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CÓD: OP-063DZ-22

7908403531226

SEMAS-PA
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE

Assistente Administrativo
EDITAL Nº 01/SEPLAD-SEMAS, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2022.
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

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no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura, compreensão e interpretação de texto(s) original(is) ou adaptado(s), de natureza diversa: descritivo, narrativo e dis-
sertativo, e de diferentes gêneros, como por exemplo: poema, crônica, notícia, reportagem, editorial, artigo de opinião, tex-
to ficcional, texto argumentativo, informativo, normativo, charge, tirinha, cartun, propaganda, ensaio e outros. Identificar a
ideia central de um texto; identificar informações no texto; estabelecer relações entre ideia principal e ideias secundárias;
relacionar uma informação do texto com outras informações oferecidas no próprio texto ou em outro texto; . Relacionar
uma informação do texto com outras informações pressupostas pelo contexto; analisar a pertinência de uma informação do
texto em função da estratégia argumentativa do autor; depreender de uma afirmação explícita outra afirmação implícita;
inferir o sentido de uma palavra ou expressão, considerando: o contexto e/ou universo temático e/ou estrutura morfológica
da palavra (radical, afixos e flexões); relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais com informações
de ilustrações ou fatos e/ou gráficos ou tabelas e/ou esquemas; relacionar informações constantes de texto com conheci-
mentos prévios, identificando situações de ambiguidade ou de ironia, opiniões, valores implícitos e pressuposições. Conhe-
cimentos linguísticos gerais e específicos relativos à leitura e interpretação de texto, recursos sintáticos e semânticos, do
efeito de sentido de palavras, expressões e ilustrações .............................................................................................................. 7
2. Interpretação de recursos coesivos na construção do texto ....................................................................................................... 19
3. Conteúdos gramaticais e conhecimento gramatical de acordo com o padrão culto da língua: fonética: acento tônico, sílaba,
sílaba tônica, ortoépia e prosódia ............................................................................................................................................... 20
4. Ortografia: divisão silábica, acentuação gráfica, correção ortográfica ........................................................................................ 20
5. Morfologia: estrutura dos vocábulos; elementos mórficos; processos de formação de palavras; derivação, composição e ou-
tros processos; classes de palavras; classificação, flexões nominais e verbais, emprego. Colocação de pronomes: próclise, me-
sóclise, ênclise ............................................................................................................................................................................ 22
6. Sintaxe: teoria geral da frase e sua análise: frase, oração, período, funções sintáticas ............................................................... 28
7. Concordância verbal e nominal .................................................................................................................................................. 30
8. Crase ........................................................................................................................................................................................... 33
9. Semântica: antônimos, sinônimos, homônimos e parônimos .................................................................................................... 34
10. Pontuação: emprego dos sinais de pontuação 34

Legislação E Ética No Serviço Público


1. Lei Estadual n. º 5.810/1994 e alterações (Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta,
das Autarquias e das Fundações Públicas do Estado do Pará.) ........................................................................................... 45
2. Lei Complementar Estadual nº. 003/90, de 26 de abril de 1990, e suas alterações ............................................................ 64
3. Lei Complementar Estadual nº. 052, de 30 de janeiro de 2006 e suas alterações .............................................................. 65
4. Lei n. 13.853/2019 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) .......................................................................................... 66
5. Ética e moral ....................................................................................................................................................................... 70
6. Ética, princípios, valores e a lei .......................................................................................................................................... 71
7. Ética e democracia: exercício da cidadania ........................................................................................................................ 71
8. Conduta ética ..................................................................................................................................................................... 72
9. Ética profissional ................................................................................................................................................................ 73
10. Ética e responsabilidade social .......................................................................................................................................... 75
11. Ética e função pública ........................................................................................................................................................ 78
12. Ética no setor público ......................................................................................................................................................... 79
13. Lei n. 8.429/1992 e suas alterações ................................................................................................................................... 80
14. Decreto n. 11.129/2022 ..................................................................................................................................................... 89
15. Lei n. 12.846/2013 e suas alterações ................................................................................................................................. 98
ÍNDICE

Noções de Informática
1. Sistema operacional e ambiente, Windows 8 .......................................................................................................................... 105
2. Windows 10............................................................................................................................................................................. 107
3. Edição de textos, planilhas e apresentações utilizando LibreOffice (Calc, Write e Impress), no ambiente Windows ................ 109
4. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet. Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e
procedimentos de Intranet ..................................................................................................................................................... 113
5. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas .............................................. 119
6. Conceitos Básico de Computação em Nuvem (Cloud Computing): Definição e tipos de nuvens (privada, pública e
híbrida) ................................................................................................................................................................................... 122

Legislação Ambiental
1. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e alterações - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências ......................................................................................... 127
2. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 - Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa ............................................................ 132
3. Decreto federal nº 7.830, de 17 de outubro de 2012 - Dispõe sobre o Sistema de Cadastro Ambiental Rural, o Cadastro
Ambiental Rural, estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental, de que trata a Lei
nº12.651, de 25 de maio de 2012, e dá outras providências ................................................................................................... 149
4. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008, e alterações - Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio
ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências ................ 152
5. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e alterações - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º
da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989 ............................... 170
6. Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999 e alterações - Dispões sobre educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências ........................................................................................................................ 175
7. Lei nº 5.887, de 09 de maio de 1995, e alterações ................................................................................................................. 178
8. Lei nº 6.462/02, de 04 de julho de 2002, e alterações - Dispões sobre a Política Estadual de Florestas ................................... 189
9. Lei nº 6.381, de 25 de julho de 2000, e alterações - dispões sobre a Política de Recursos Hídricos do Estado .......................... 193
10. Lei nº 6.745, 6 de maio de 2005, e alterações - Dispões sobre a Política de Macrozoneamento Ecológico-Econômico do
Estado do Pará......................................................................................................................................................................... 202
11. Lei Complementar nº140, de 08 de dezembro de 2011, e alterações, se houver ................................................................... 203
12. Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a lei n° 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998; e dá outras providências ........................................................................................................................... 207
13. Lei Estadual n° 9.064, de 25 de maio de 2020, institui a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro (PEGC/PA) ................ 217
14. Lei Estadual nº 9.048, de 29 de abril de 2020, que institui a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará (PEMC/
PA), e dá outras providências .................................................................................................................................................. 219
15. Lei Estadual nº 9.575, de 11 de maio de 2022. - Dispõe sobre o processo administrativo ambiental para apuração das
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, as sanções cabíveis, além de tratar da conciliação ambiental, no âmbito
da Administração Pública do Estado do Pará .......................................................................................................................... 225
16. Decreto Estadual nº 8.235, de 5 de maio de 2014 - Estabelece normas gerais complementares aos Programas de
Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito Federal, de que trata o Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012,
institui o Programa Mais Ambiente Brasil, e dá outras providências ....................................................................................... 231
17. Decreto nº 10.936, de 12 de janeiro de 2022. Regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos .................................................................................................................................................. 233
18. Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de
impacto ambiental ................................................................................................................................................................. 244
19. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997 ...................................................................................................... 246
20. Resolução CONAMA nº 371/2006, e alterações - Estabelece diretrizes sobre o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e
controle de gastos de recursos da compensação ambiental ................................................................................................... 251
ÍNDICE

21. Resolução COEMA nº 162 de 02 de fevereiro de 2021. Estabelece as atividades de impacto ambiental local, para fins de
licenciamento ambiental, de competência dos Municípios no âmbito do Estado do Pará, e dá outras providências............. 252
22. Resolução COEMA ad referendum nº 127, de 18 de novembro de 2016. Estabelece os procedimentos e critérios para o
Licenciamento Ambiental Simplificado, denominado SIMPLES AMBIENTAL, de empreendimentos e/ou atividades de baixo
potencial poluidor/degradador, no âmbito da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará – SEMAS,
e dá outras providências ......................................................................................................................................................... 254
23. Decreto nº 2.804, de 6 de dezembro de 2022, publicado no DOE no 35.211, de 06 de dezembro de 2022 .............................. 257

Conhecimentos Específicos
Assistente Administrativo
1. Noções de administração pública ................................................................................................................................................ 267
2. Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e crité-
rios de departamentalização v ..................................................................................................................................................... 269
3. Organização Administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração ................................................ 271
4. Organização administrativa do estado: administração direta e indireta ....................................................................................... 275
5. Gestão de Processos ..................................................................................................................................................................... 275
6. Gestão de contratos ...................................................................................................................................................................... 277
7. Noções de processos licitatórios .................................................................................................................................................. 287
8. Noções básicas de secretaria preparo, preenchimento e tratamento de documentos; preparo de relatórios, formulários e pla-
nilhas. Controle de documentos: envio e recebimento. Técnicas de arquivo. .............................................................................. 297
9. Noções sobre os modelos de gestão: competência, processos, projetos e resultados ................................................................. 307
10. Noções de atendimento ao público ............................................................................................................................................. 307
11. Manual de redação da presidência da república .......................................................................................................................... 319
12. Noções básicas de administração geral. Noções básicas de planejamento: tipos de planos, abrangência e horizonte temporal.. 329
13. Plano de ação 5w2h. Ciclo pdca como ferramenta de gestão ....................................................................................................... 346
14. Princípios e conceitos do gerenciamento de projetos: conceito de projeto, tipos diferença entre projetos e processos, tipos
de projetos, stakeholders, benefícios, ciclo de vida do projeto, papel do gerente de projetos ..................................................... 360
15. Noções de arquivologia princípios e conceitos fundamentais de arquivologia. Gestão de documentos; protocolos (recebimen-
to, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos); classificação de documentos; arquivamento e ordenação
de documentos de arquivo; tabela de temporalidade de documentos de arquivo; gerenciamento da informação e a gestão de
documentos; tipologias documentais e suportes físicos. ............................................................................................................. 363
16. Noções de administração de recursos materiais administração de compras e materiais; classificação de materiais; processos
de compras governamentais e gerenciamento de materiais e estoques; recebimento e armazenagem. Gestão patrimonial ..... 363
LÍNGUA PORTUGUESA

Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto,


LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi-
TEXTO(S) ORIGINAL(IS) OU ADAPTADO(S), DE suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido
NATUREZA DIVERSA: DESCRITIVO, NARRATIVO de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar
E DISSERTATIVO, E DE DIFERENTES GÊNEROS, expressões, gestos e cores quando se trata de imagens.
COMO POR EXEMPLO: POEMA, CRÔNICA, NOTÍCIA,
REPORTAGEM, EDITORIAL, ARTIGO DE OPINIÃO,
Dicas práticas
TEXTO FICCIONAL, TEXTO ARGUMENTATIVO,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
INFORMATIVO, NORMATIVO, CHARGE, TIRINHA,
CARTUN, PROPAGANDA, ENSAIO E OUTROS. ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
IDENTIFICAR A IDEIA CENTRAL DE UM TEXTO; rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
IDENTIFICAR INFORMAÇÕES NO TEXTO; ESTABELECER adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
RELAÇÕES ENTRE IDEIA PRINCIPAL E IDEIAS 2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
SECUNDÁRIAS; RELACIONAR UMA INFORMAÇÃO DO por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
TEXTO COM OUTRAS INFORMAÇÕES OFERECIDAS NO cidas.
PRÓPRIO TEXTO OU EM OUTRO TEXTO; . RELACIONAR 3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
UMA INFORMAÇÃO DO TEXTO COM OUTRAS te de referências e datas.
INFORMAÇÕES PRESSUPOSTAS PELO CONTEXTO; 4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de
ANALISAR A PERTINÊNCIA DE UMA INFORMAÇÃO DO opiniões.
TEXTO EM FUNÇÃO DA ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA 5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
DO AUTOR; DEPREENDER DE UMA AFIRMAÇÃO tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin-
EXPLÍCITA OUTRA AFIRMAÇÃO IMPLÍCITA; INFERIR tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
O SENTIDO DE UMA PALAVRA OU EXPRESSÃO, acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do
CONSIDERANDO: O CONTEXTO E/OU UNIVERSO
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto
TEMÁTICO E/OU ESTRUTURA MORFOLÓGICA DA
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor
PALAVRA (RADICAL, AFIXOS E FLEXÕES); RELACIONAR,
NA ANÁLISE E COMPREENSÃO DO TEXTO, quando afirma que...
INFORMAÇÕES VERBAIS COM INFORMAÇÕES DE
ILUSTRAÇÕES OU FATOS E/OU GRÁFICOS OU TABELAS Tipologia Textual
E/OU ESQUEMAS; RELACIONAR INFORMAÇÕES A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
CONSTANTES DE TEXTO COM CONHECIMENTOS dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele
PRÉVIOS, IDENTIFICANDO SITUAÇÕES DE pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas
AMBIGUIDADE OU DE IRONIA, OPINIÕES, VALORES classificações.
IMPLÍCITOS E PRESSUPOSIÇÕES. CONHECIMENTOS
LINGUÍSTICOS GERAIS E ESPECÍFICOS RELATIVOS À Tipos textuais
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, RECURSOS A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS, DO EFEITO DE SENTIDO dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
DE PALAVRAS, EXPRESSÕES E ILUSTRAÇÕES apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
específico para se fazer a enunciação.
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é cas:
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido Apresenta um enredo, com ações e
completo. relações entre personagens, que ocorre
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e em determinados espaço e tempo. É
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua da seguinte maneira: apresentação >
interpretação. desenvolvimento > clímax > desfecho
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do
Tem o objetivo de defender determinado
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper-
ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
tório do leitor. desenvolvimento > conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Procura expor ideias, sem a necessidade Estrofes:


de defender algum ponto de vista. Para - dístico: dois versos;
isso, usa-se comparações, informações, - terceto: três versos;
TEXTO EXPOSITIVO - quadra ou quarteto: quatro versos;
definições, conceitualizações etc. A
estrutura segue a do texto dissertativo- - quinteto ou quintilha: cinco versos;
argumentativo. - sexteto ou sextilha: seis versos;
- sétima ou septilha: sete versos;
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, - oitava: oito versos;
de modo que sua finalidade é descrever, - novena ou nona: nove versos;
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. - décima: dez versos.
Com isso, é um texto rico em adjetivos e
em verbos de ligação. O poema também pode apresentar rima:
- externa: sons semelhantes no final de diferentes versos;
Oferece instruções, com o objetivo de
- interna: rima entre a palavra final de um verso e outra do in-
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
terior do verso seguinte;
são os verbos no modo imperativo.
- rica: entre palavras pertencentes a diferentes classes grama-
ticais;
Gêneros textuais - pobre: entre palavras pertencentes à mesma classe grama-
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe- tical;
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir - emparelhada: AABB;
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo - alternada ou cruzada: ABAB;
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, - interpolada ou oposta: ABBA;
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o - mista: outro tipo de combinação, como ABACD;
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as- - aguda: entre palavras oxítonas ou monossílabas tônicas;
sim como a própria língua e a comunicação, no geral. - grave: entre palavras paroxítonas;
Alguns exemplos de gêneros textuais: - esdrúxula: entre proparoxítonas;
• Artigo - perfeita, soante ou consoante: correspondência completa de
• Bilhete sons;
• Bula - imperfeita, toante ou assoante: sem correspondência com-
• Carta pleta de sons.
• Conto
• Crônica Tipos de poema
• E-mail Poema épico ou narrativo
• Lista Conta uma história, em forma de versos, e apresenta todas as
• Manual características do gênero narrativo, como narrador, personagens,
• Notícia tempo e espaço.”
• Poema
• Propaganda Poema dramático
• Receita culinária Não apresenta a voz de um narrador, pois a história se desen-
• Resenha rola a partir das falas dos personagens, estruturadas em forma de
• Seminário versos.

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Poema lírico


determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Manifesta ideias, emoções ou desejos. Não apresenta caracte-
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, rísticas do gênero dramático nem conta uma história.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
dade e à função social de cada texto analisado. Crônica
Crônica é o tipo de texto que aborda acontecimentos do dia a
Poema dia de uma forma diferenciada. Muito encontrada nos meios de co-
Poema é um texto literário escrito em versos, que são distri- municação como revistas, jornais e rádios, tem como objetivo fazer
buídos em estrofes. Esses versos podem ser regulares, brancos uma análise crítica das situações cotidianas, possibilitando ao leitor
ou livres. Se for composto por versos regulares, esse texto pode- uma reflexão sobre aquele assunto.
rá apresentar diversos tipos de rimas. Também pode ser narrativo, A palavra deriva do latim chronica, que significa narrativa cro-
dramático ou lírico. nológica. A primeira crônica data de 1799 e foi publicada no Jornal
Com relação às diferenças entre poema e poesia, o poema se des Débats, em Paris. No Brasil, ela passou a ser conhecida na me-
refere a uma estrutura textual, enquanto a poesia está relacionada tade do século XIX e era publicada em folhetins.
ao conteúdo do texto.”
Características
Características do poema Por tratar de assuntos cotidianos e factuais, a crônica tem “vida
Um poema apresenta: curta”. O assunto em pauta hoje não será o mesmo de amanhã,
Versos: aspecto similar ao jornalismo, visto que ambas buscam inspiração
- regulares: com métrica e rima; nos acontecimentos do dia a dia.
- brancos: com métrica e sem rima;
- livres: sem métrica e sem rima.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Com uma linguagem simples, a crônica relata de forma dife- Notícia
renciada as ocorrências, seja de forma artística, em tom crítico ou Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua
com humor. linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo desse texto é infor-
Veja as principais características dessa vertente dos gêneros mar algo que aconteceu.
textuais: A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos exis-
- É escrita em textos curtos; tentes e tem como intenção nos informar acerca de determinada
- Possui linguagem despojada e simples; ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em ge-
- Narra situações do cotidiano; ral, seja na televisão, em sites pela internet ou impresso em jornais
- Visa prender a atenção do leitor. ou revistas.
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara,
Tipos de crônica objetiva e precisa, pautando-se no relato de fatos que interessam
Apesar de ter em comum o tom crítico com a intenção de cau- ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma
sar uma reflexão no leitor sobre o assunto abordado, a crônica pode vez que se trata de uma informação.
ser classificada em: descritiva, narrativa, dissertativa, narrativo-des-
critiva, humorística, lírica, jornalística e histórica. Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos
Descritiva meios de comunicação de massa. A reportagem informa, de modo
Como o próprio nome diz, a crônica descritiva detalha, expõe mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no ques-
com pormenores os atributos de pessoas, animais ou objetos. A lin- tionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, so-
guagem utilizada é dinâmica e conotativa. mando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmen-
Narrativa te costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no
Esse tipo de crônica tem como pano de fundo a narração de que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do
uma história, que pode ser feita na 1ª ou 3ª pessoa do singular, e fato principal, ampliada e composta por meio de citações, trechos
por isso acaba sendo confundida com o conto (texto fictício que cria de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resu-
fantasias e acontecimentos). Humor, ação e crítica são as principais mos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como
características. todo texto jornalístico.
O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias
Narrativo-descritiva versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e contri-
Apresenta características narrativas e descritivas de maneira buindo para formar sua opinião.
intercalada no decorrer do texto, com acontecimentos retratados A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmi-
em uma sequência temporal. ca e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos meios de
comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem
Dissertativa acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais
A apresentação explícita da opinião do autor sobre determi- informal dependendo do público a que se destina. Embora seja im-
nado assunto do cotidiano é a principal característica desse tipo de pessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os
crônica, que pode ser escrita em 1ª do singular ou 3ª pessoa do fatos ou sua interpretação.
plural.
Editorial
Humorística O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente apa-
A crônica humorística utiliza a ironia, o sarcasmo e o humor rece no início das colunas. Diferente dos outros textos que com-
para tratar assuntos que impactam a sociedade, como política, eco- põem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos
nomia e cultura. opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar
Lírica certa objetividade. Isso porque são os editoriais que apresentam
A crônica lírica apresenta uma linguagem poética e metafórica os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja,
que demonstra emoções como nostalgia, saudade e paixão. Política, Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classifi-
cados, entre outros.
Jornalística Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam
Como o próprio nome diz, esse tipo de crônica explora notícias as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a assinatura do au-
jornalísticas. A principal diferença entre a crônica jornalística e a tor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação
dissertativa é que a primeira aborda apenas os fatos que permeiam (revista, jornal, rádio, etc.).
os meios de comunicação. Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os edi-
toriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do Editor”.
Histórica Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar
A crônica histórica aborda apenas fatos reais ocorridos no pas- em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E quando falamos
sado, com personagens, tempo e espaço definidos, com uma lin- em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo
guagem leve e coloquial. em se tratando de impressões pessoais, o predomínio do padrão
formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do sin-
gular, ocupa lugar de destaque.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Artigo de Opinião Em nosso cotidiano, temos inúmeros exemplos de textos nor-
É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, mativos, dentre eles ressaltamos:
nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte ● Um contrato de trabalho ou compra e venda
dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente ● O código de defesa do consumidor
apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do ● As leis de trânsito
artigo de opinião. ● A Constituição Federal
Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem ● A Declaração Universal dos Direitos Humanos
a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa ● Diário Oficial
apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opini- ● ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
ões. ● Estatuto do idoso
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais Os textos normativos são fundamentais para relações humanas
do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar. e acima de tudo são considerados como gêneros que asseguram
nossos direitos e deveres.
Texto ficcional
O que é narrativa ficcional? Propaganda
A narrativa ficcional retrata acontecimentos, cenários e pesso- Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maio-
as de forma não necessariamente compatível com a realidade. Esse ria dos outros gêneros. Suas principais características são a lingua-
tipo aparece em meios literários, como romances, contos e novelas. gem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é
Mas um uso menos restrito do termo também leva à narrativa fazer com que o destinatário se interesse pelo produto da propa-
imaginária. Por exemplo, teatro, filmes, jogos de videogame e qua- ganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é
drinhos. Na narrativa ficcional, o autor precisa construir um mundo claro e objetivo.
imaginário, desviando-se da realidade às vezes.
Por não ter um pé na realidade, a narrativa ficcional não se Charge
preocupa em ser precisa. Isso, porque os eventos são abertos às Charge tem a finalidade de ilustrar, por meio da sátira, os acon-
interpretações e os personagens podem fazer parte de um universo tecimentos atuais que despertam o interesse público. Muito usado
totalmente fictício. em jornais e revistas por causa do cunho político e social.
É o gênero no qual o autor expressa sua visão dos fatos por
Quais são os elementos da narrativa ficcional? meio de caricaturas. A charge pode vir com um ou mais persona-
O primeiro elemento é o enredo. Por meio dele, os fatos se gens, geralmente personalidades públicas. Mas também costuma
desenrolam. Uma narrativa conta com conflito e clímax. Em alguns apresentar pessoas envolvidos na política, devido ao seu teor crí-
casos, os autores se apoiam em uma estrutura chamada de “jorna- tico. Podendo conter ou não legendas e balão de fala, faz uso do
da do herói”. humor.
O segundo elemento é o narrador. É quem conta o que vai De origem francesa, “charger” quer dizer “carga”, ou seja, o uso
acontecer na história. Os personagens são o elemento responsável do exagerado para representar alguma situação ou alguém de for-
por fazer viver os fatos da história. Podem ser mocinhos, vilões, co- ma cômica. A primeira charge publicada no Brasil tinha o título “A
adjuvantes ou pares românticos, por exemplo. Campanha e o Cujo”, criada por Manuel José de Araújo, em 1837,
Mas a história precisa se passar em algum lugar, né? É aqui que em Porto Alegre.
entram o ambiente e o tempo. Assim, é neles que acontecem os Surgiram no século XIX e trouxeram à tona a necessidade do
fatos, definido pela época em que as coisas acontecem e o mundo público de expressar indignação e insatisfação com o governo vi-
da história. gente. O leitor, através da charge, encontra caminhos para entender
os acontecimentos ocorridos no mundo todo. O profissional que as
Gênero normativo desenha, chargista, precisa ter conhecimento dos assuntos em pau-
Os textos normativos são considerados como textos regulató- ta para poder retratá-los e transmiti-los de forma objetiva.
rios capazes de sistematizar leis e códigos que asseguram nossos
direitos e deveres. Esta modalidade textual também regula as nor- Características da Charge
mas funcionais de uma determinada comunidade, instituição, igre- • Representa a atualidade: para entendimento da piada conti-
ja, escola, empresas privadas ou instituições públicas. Atualmente da no desenho, é necessário um contexto histórico. Ou seja, sem sa-
viver em sociedade significa seguir regras e respeitar normas, não é ber qual âmbito uma história está sendo contada, a piada é perdida;
verdade? Regras de como conviver com outras pessoas. Regras para • Linguagem verbal e não verbal: o desenho pode ser verbaliza-
se ter segurança no trânsito. Respeitar normas de boa convivência do ou não, através das legendas ou balões de textos.
no trabalho ou na escola. Formais ou informais. No entanto, muitas • Fator social ou político: tem como tema especialmente ques-
vezes para que uma regra seja respeitada é necessário um registro, tões políticas e sociais, sejam elas nacionais ou internacionais. E
desta forma protocolos, portarias e editais são claros exemplos de está em volta da satirizarão de um fato político e/ou social de re-
textos normativos. levância.
Os textos normativos e legais devem ser claros, de modo a não • Posicionamento editorial: normalmente pode retratar o pon-
causar problemas de compreensão para o público a quem ele se to de vista do veículo comunicacional no qual a charge está sendo
destina. Deve ser objetivo e centra-se na regulamentação do que veiculada;
está em questão, podendo ser relações de convivência, trabalho e • Circulação: é considerado um gênero jornalístico, então é
comércio. bastante usado pelo meio. Ou seja, sua circulação será em jornais
e revistas;
• Efemeridade: retrata acontecimentos contemporâneos. A
charge é tida como efêmera, pois está sempre se atualizando;

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• Exagero: aponta o exagero para provocar a vertente humo- Elas não possuem contexto histórico como os charges, mas po-
rística; o riso. No exagero, o chargista enfatiza pontos tidos como dem fazer críticas pessoais ou de fenômenos coletivos. Geralmente
principais. O profissional faz distorções da realidade, mas não tira é uma narração sequenciada pela linguagem verbal.
a veracidade;
• Caráter: humorístico, cômico, irônico e satírico. ARGUMENTAÇÃO
• Ruptura discursiva: o final inesperado trata-se de uma quebra O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma
do discurso construído na charge; informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem
• Intertemporalidade: a charge nunca irá explicar a sua própria positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado,
piada. ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de
Charge animada convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o
A Charge animada possui as mesmas características de uma texto diz e faça o que ele propõe.
charge em desenho. Ela foi popularizada por meio das redes sociais Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
e televisão. Nesse tipo é mais frequente o uso da linguagem verbal, texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
por ser desenhos em movimentos e com sonoridade. conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
Curiosidade: emissoras de TV começaram o uso das charges a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo
através das obras do cartunista Mauricio Ricardo Quirino, em fe- tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
vereiro de 2000. Atualmente, são encontradas de forma mais fre- vista defendidos.
quente no programa Big Brother Brasil da Rede Globo. As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
Qual a diferença entre Cartum e Charge veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
Bastantes confundidos, cartum e charge são diferentes e apli- acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor
cados em casos específicos. O Cartum não tem ligação com a rea- a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que
lidade. É utilizado em qualquer situação, sendo uma crítica humo- está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da
rística ou não. Esse gênero textual pode ser entendido por diversas retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos
pessoas, de diferentes países, diferentes culturas e em diferentes de linguagem.
épocas. A palavra é uma versão aportuguesada do inglês “cartoon”, Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
que significa “cartão” e tem origem italiana “cartone”. voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
Ou seja, no cartum é abordado temas universais, que todo ser obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
humano está sujeito a passar, como fome, sede, injustiça, morte, escolher entre duas ou mais coisas”.
etc. E por ser tematicamente universal não necessita de contexto, Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e
gancho ou época para ser entendido. Normalmente são aborda- uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos
dos questões de comportamento humano, mas sem referência a argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
um personagem especifico, pois são atemporais. Além disso, usa entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse
características das histórias em quadrinhos, como balões e as ono- caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
matopeias. O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que
O nascimento do cartum ocorreu a partir de um fato no ano torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua
de 1874, em Londres. O príncipe Albert queria decorar o Palácio no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor
de Westminster e, para isto, promoveu um concurso de desenhos crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais
feitos em cartões. Os vencedores teriam seus desenhos colados na possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
parede do palácio. No intuito de satirizar, a revista “Punch” publicou O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
seus próprios “cartoons”. um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
Portanto, o cartum é relacionado à acontecimentos e temas enunciador está propondo.
atemporais, enquanto que a charge é temporal, com temas da con- Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
temporaneidade. O primeiro não retrata uma personalidade isola- O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
da, mas sim a coletividade, já o segundo pode usar a imagem de demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das
pessoas públicas. premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
Características do Cartum dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
• Gênero textual de linguagem não-verbal apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
• Humorístico Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Cômico A é igual a B.
• Mistura imagens, palavras e sentido A é igual a C.
• Irônico Então: C é igual a B.
• Sátiro
• Atemporal Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
que C é igual a A.
Charge versus Tirinhas Outro exemplo:
Tirinhas é uma sequência de quadrinhos que critica os valores Todo ruminante é um mamífero.
sociais. São semelhantes as histórias em quadrinhos (HQ’s), porém A vaca é um ruminante.
mais curtas. Assim como as charges, as tirinhas também podem ser Logo, a vaca é um mamífero.
encontradas em jornais, revistas e internet.

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Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão Argumento de Quantidade
também será verdadeira. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve- duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo- largo uso do argumento de quantidade.
se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo- Argumento do Consenso
nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que
peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia
Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao
mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos. indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo,
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de
as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos.
entender bem como eles funcionam. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o frases carentes de qualquer base científica.
auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas Argumento de Existência
crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos mão do que dois voando”.
Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito, Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas
O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano.
Tipos de Argumento Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada
a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de
argumento. Exemplo: navios, etc., ganhava credibilidade.

Argumento de Autoridade Argumento quase lógico


É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias
produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade
verdadeira. Exemplo: lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade
provável.
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
conhecimento. Nunca o inverso. concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
Alex José Periscinoto. fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
indevidas.
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir Argumento do Atributo
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
acreditar que é verdade. raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
que é mais grosseiro, etc.

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Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o outros à sua dependência política e econômica”.
consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
da celebridade. A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
competência linguística. A utilização da variante culta e formal na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística assunto, etc).
socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um Convém ainda alertar que não se convence ninguém com
texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é
saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer,
maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o
adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros
certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
médico: A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
por bem determinar o internamento do governador pelo período Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir.
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações
hospital por três dias. para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no
Como dissemos antes, todo texto tem uma função qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu
argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, pensamento e seu comportamento.
para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão
comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia
pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. inflexão de voz, a mímica e até o choro.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta
não outras, etc. Veja: dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
trocavam abraços afetuosos.” “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação,
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão,
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento,
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão vista.
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
meio ambiente, injustiça, corrupção). seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em
o argumento. desenvolver as seguintes habilidades:
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite

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- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
totalmente contrária; as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
contra a argumentação proposta; O calor dilata o ferro (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação O calor dilata o bronze (particular)
oposta. O calor dilata o cobre (particular)
O ferro, o bronze, o cobre são metais
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição
sociedade. inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar
são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio - Lógico, concordo.
cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os - Claro que não!
seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Exemplos de sofismas:
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Dedução
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Todo professor tem um diploma (geral, universal)
da verdade: Fulano tem um diploma (particular)
- evidência; Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução; Indução
- enumeração. O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
(particular)
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
A forma de argumentação mais empregada na redação – conclusão falsa)
acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A
alguns não caracteriza a universalidade. “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
(silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai sentimentos não ditados pela razão.
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
para o efeito. Exemplo: método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
Fulano é homem (premissa menor = particular) sistematizar a pesquisa.
Logo, Fulano é mortal (conclusão)

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Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
relógio estaria reconstruído. a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo os pontos de vista sobre ele.
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
ser assim relacionadas: Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha - o termo a ser definido;
dos elementos que farão parte do texto. - o gênero ou espécie;
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou - a diferença específica.
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e O que distingue o termo definido de outros elementos da
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste mesma espécie. Exemplo:
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as Elemento especiediferença
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se a ser definidoespecífica
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante
são empregados de modo mais ou menos convencional. A é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
artificial. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
ou instalação”;
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
sabiá, torradeira. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
Os elementos desta lista foram classificados por ordem - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar expandida;d
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou

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LÍNGUA PORTUGUESA
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
diferenças). uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística menos que, melhor que, pior que.
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
palavra e seus significados. o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
fundamentação coerente e adequada. fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um Nesse caso, incluem-se
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar mortal, aspira à imortalidade);
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso postulados e axiomas);
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
a conclusão. não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos que parece absurdo).
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns concretos, estatísticos ou documentais.
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou argumentação:
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, cordeiro”;
assim, desse ponto de vista. Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração verdadeira;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, universalidade da afirmação;
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou

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LÍNGUA PORTUGUESA
inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o redação: é um dos possíveis.
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em que ela é inserida.
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
para a elaboração de um Plano de Redação. não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
tecnológica cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da textos caracterizada por um citar o outro.
resposta, justificar, criando um argumento básico; A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
(rever tipos de argumentação); ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
consequência); opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
argumento básico; outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
argumento básico; Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos,
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que
menos a seguinte: já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
Introdução absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
- função social da ciência e da tecnologia; implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido
- definições de ciência e tecnologia; ou lido.
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Tipos de Intertextualidade
Desenvolvimento A intertextualidade acontece quando há uma referência
- apresentação de aspectos positivos e negativos do explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
desenvolvimento tecnológico; ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
condições de vida no mundo atual; intertextualidade.
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
países subdesenvolvidos; diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
passado; apontar semelhanças e diferenças; texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
urbanos; com outras palavras o que já foi dito.
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade. A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
Conclusão é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
consequências maléficas; é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com
apresentados. esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos

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LÍNGUA PORTUGUESA
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e PONTO DE VISTA
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma narrador-observador e o narrador-personagem.
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e Primeira pessoa
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro só descobrimos ao decorrer da história.
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o Segunda pessoa
termo “citação” (citare) significa convocar. O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros sinta quase como outro personagem que participa da história.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
Pastiche é uma recorrência a um gênero. observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa
em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
a recriação de um texto. disse.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história
“conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de
comum ao produtor e ao receptor de textos. vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito acompanhando a leitura não fique confuso.
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função PARÁGRAFOS
daquela citação ou alusão em questão. São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita cada uma de forma isolada a seguir:
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, Introdução
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
A intertextualidade explícita:
– é facilmente identificada pelos leitores; Desenvolvimento
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– não exige que haja dedução por parte do leitor; conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
– apenas apela à compreensão do conteúdos. namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
A intertextualidade implícita: Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
– não é facilmente identificada pelos leitores; tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por ção do desenvolvimento:
parte dos leitores; - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
a compreensão do conteúdo. - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
dificultando a linha de compreensão do leitor.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Conclusão
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desenvolvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamentos
levantados pelo autor.
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.

Parágrafo
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve conter
introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira sintética de acordo com os objetivos do autor.
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibilidade
na discussão.
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupostos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.

Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão):

“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá
o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

Elemento relacionador: Nesse contexto.


Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.

INTERPRETAÇÃO DE RECURSOS COESIVOS NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO

Coerência e a coesão
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO Substituição de um termo por outro, para evitar repetição
ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação entre Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL palavras que possuem sentido aproximado e pertencente a
cozinha têm janelas grandes.
um mesmo grupo lexical.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência Separa
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão • Hiato (encontro de duas vogais): mo-e-da; na-vi-o; po-e-si-a
de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio. • Ditongo decrescente (vogal + semivogal) + vogal: prai-a; joi-a;
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a co- es-tei-o
erência. Veja quais são os principais princípios para um texto coe- • Dígrafo (encontro consoantal) com mesmo som: guer-ra; nas-
rente: -cer; ex-ce-ção
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contradi- • Encontros consonantais disjuntivos: ad-vo-ga-do; mag-né-ti-
tórias em diferentes partes do texto. -co, ap-ti-dão
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundan- • Vogais idênticas: Sa-a-ra; em-pre-en-der; vo-o
te, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre Não separa
si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumenta- • Ditongos (duas vogais juntas) e tritongos (três vogais juntas):
ção. des-mai-a-do; U-ru-guai
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto • Dígrafos (encontros consonantais): chu-va; de-se-nho; gui-
tenha um seguimento em relação ao assunto tratado. -lho-ti-na; quei-jo; re-gra; pla-no; a-brir; blo-co; cla-ro; pla-ne-tá-
• Princípio da progressão semântica: inserir informações no- -rio; cra-var
vas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à pro-
gressão de ideias. DICA: há uma exceção para essa regra —> AB-RUP-TO
• Dígrafos iniciais: pneu-mo-ni-a; mne-mô-ni-co; psi-có-lo-ga
Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomen- • Consoantes finais: lu-tar; lá-pis; i-gual.
dáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimen-
to de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao
longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do ORTOGRAFIA: DIVISÃO SILÁBICA, ACENTUAÇÃO
leitor; e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessan- GRÁFICA, CORREÇÃO ORTOGRÁFICA
tes e pouco previsíveis.
A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes
à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso
CONTEÚDOS GRAMATICAIS E CONHECIMENTO analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo-
GRAMATICAL DE ACORDO COM O PADRÃO CULTO DA rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que
LÍNGUA: FONÉTICA: ACENTO TÔNICO, SÍLABA, SÍLABA também faz aumentar o vocabulário do leitor.
TÔNICA, ORTOÉPIA E PROSÓDIA Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar
A fonética e a fonologia é parte da gramática descritiva, que que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique
estuda os aspectos fônicos, físicos e fisiológicos da língua. atento!
Fonética é o nome dado ao estudo dos aspectos acústicos e
fisiológicos dos sons efetivos. Com isso, busca entender a produção, Alfabeto
a articulação e a variedade de sons reais. O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
Fonologia é o estudo dos sons de uma língua, denominados fo- nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o
nemas. A definição de fonema é: unidade acústica que não é dotada alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e
de significado, e ele é classificado em vogais, semivogais e consoan- consoantes (restante das letras).
tes. Sua representação escrita é feita entre barras (/ /). Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram
É importante saber diferencias letra e fonema, uma vez que são reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo
distintas realidades linguísticas. A letra é a representação gráfica que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de
dos sons de uma língua, enquanto o fonema são os sons que dife- nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.
renciam os vocábulos (fala).
Vale lembrar que nem sempre há correspondência direta e ex- Uso do “X”
clusiva entre a letra e seu fonema, de modo que um símbolo fonéti- Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o
co pode ser repetido em mais de uma letra. X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
Divisão Silábica gar)
A divisão silábica nada mais é que a separação das sílabas que • Depois de ditongos (ex: caixa)
constituem uma palavra. Sílabas são fonemas pronunciados a partir • Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)
de uma única emissão de voz. Sabendo que a base da sílaba do por-
tuguês é a vogal, a maior regra da divisão silábica é a de que deve Uso do “S” ou “Z”
haver pelo menos uma vogal. Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob-
servadas:
O hífen é o sinal gráfico usado para representar a divisão si- • Depois de ditongos (ex: coisa)
lábica. A depender da quantidade de sílabas de uma palavra, elas • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
podem se classificar em: (ex: casa > casinha)
• Monossílaba: uma sílaba • Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
• Dissílaba: duas sílabas origem. (ex: portuguesa)
• Trissílaba: três sílabas • Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
• Polissilábica: quatro ou mais sílabas
populoso)
Confira as principais regras para aprender quando separar ou
não os vocábulos em uma sílaba:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uso do “S”, “SS”, “Ç”
• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

Acentuação
A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã, ÃS,
ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps, ímã,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
PAROXÍTONAS órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento com
o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de
saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

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LÍNGUA PORTUGUESA

MORFOLOGIA: ESTRUTURA DOS VOCÁBULOS; ELEMENTOS MÓRFICOS; PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS;


DERIVAÇÃO, COMPOSIÇÃO E OUTROS PROCESSOS; CLASSES DE PALAVRAS; CLASSIFICAÇÃO, FLEXÕES NOMINAIS E
VERBAIS, EMPREGO. COLOCAÇÃO DE PRONOMES: PRÓCLISE, MESÓCLISE, ÊNCLISE

Formação de Palavras
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológicos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra palavra. Ex: flor; pedra
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras palavras. Ex: floricultura; pedrada
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radical (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; azeite
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de palavras:

Derivação
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à palavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgovernado
(des + governar + ado)
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a palavra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo para
substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo próprio – sobrenomes).

Composição
A formação por composição ocorre quando uma nova palavra se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
• Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elementos for-
madores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex: aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, mantendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos formadores.
Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-flor / passatempo.

Abreviação
Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto (fo-
tografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Hibridismo
Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binóculo
(bi – grego + oculus – latim).

Combinação
Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (aborrecer
+ adolescente).

Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alargamento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita adicionan-
do o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / protocolizar (em vez de protocolar).

Neologismo
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falante em contextos específicos, podendo ser temporárias ou permanentes.
Existem três tipos principais de neologismos:
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma palavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Onomatopeia
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproximada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.

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Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo, Todos parecem meio bobos.
VERBO
número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação A cidade é muito bonita quando vista do alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

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Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

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Advérbios interrogativos • Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para intro- frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún-
duzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de: dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
• Lugar: onde, aonde, de onde Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
• Tempo: quando
• Modo: como • Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
• Causa: por que, por quê Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora-


Grau do advérbio
ções, nem após ponto-e-vírgula.
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto Verbos
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro
• Superlativo analítico: muito cedo possuem subdivisões.
• Superlativo sintético: cedíssimo Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
(certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
Curiosidades passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são • Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
uso de alguns prefixos (supercedo). presente, futuro do pretérito.
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) perfeito, futuro.
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem
auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- • Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí). rito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
Pronomes pretérito mais-que-perfeito, futuro.
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...). pio) ou advérbio (gerúndio).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu,
nossos...) Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no
Desse modo, os verbos se dividem em:
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- vender, abrir...)
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira (ser, ir...)
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- (falir, banir, colorir, adequar...)
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
Colocação pronominal • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, acontecer...)
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; pentear-se...)
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
gerúndio antecedidos por “em”. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
Nada me faria mais feliz. prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

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Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: SINTAXE: TEORIA GERAL DA FRASE E SUA ANÁLISE:
• Causa: Morreu de câncer. FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, FUNÇÕES SINTÁTICAS
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. dos e suas unidades: frase, oração e período.
• Lugar: O vírus veio de Portugal. Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
• Companhia: Ela saiu com a amiga. que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
• Posse: O carro de Maria é novo. e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Meio: Viajou de trem. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
Combinações e contrações bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e opcional.
havendo perda fonética (contração). Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
• Combinação: ao, aos, aonde do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
lizados com a pontuação adequada.
Conjunção
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- Análise sintática
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
mento de redigir um texto. nominais, agentes da passiva)
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
conjunções subordinativas. biais, apostos)

Conjunções coordenativas Termos essenciais da oração


As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
cinco grupos: onde o verbo está presente.
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo. O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
• Conclusivas: logo, portanto, assim. podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
• Explicativas: que, porque, porquanto. centra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Conjunções subordinativas Aluga-se casa para réveillon.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação Choveu bastante em janeiro.
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas da oração:
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
• Causais: porque, que, como. Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.
• Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do
• Comparativas: como, tal como, assim como. predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, in-
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. transitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é
• Finais: a fim de que, para que. um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nomi-
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que. nal (apresenta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais
• Temporais: quando, enquanto, agora. uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Termos integrantes da oração
Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada na
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
oração anterior
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma infor-
O candidato, que é do partido socialista, está
EXPLICATIVAS mação.
sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções
conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocupou
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou sub- com a fome no país.
juntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções
sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a corrup-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerún- ção.
dio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida que,
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila para
MENOS
existe na língua portuguesa. a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois da
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
concordar com o substantivo. Adicione meia xícara de leite.
MEIO / MEIA
Quando tem função de advérbio, modificando um Manuela é meio artista, além de ser engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

31
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente; dotado;
DE escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo; natural;
orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...

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LÍNGUA PORTUGUESA

abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

CRASE

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é demarcada
com o uso do acento grave (à), de modo que crase não é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o emprego da crase:
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela aluna.
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especificadas: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos deixando de lado a capacidade de imaginar.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima à esquerda.

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a crase:


• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor termos uma reunião frente a frente.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te atender daqui a pouco.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha fica a 50 metros da esquina.

Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo


• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. / Dei um picolé à minha filha.
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei minha avó até à feira.
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
Ana da faculdade.

DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no masculino.
Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos à escola / Amanhã iremos ao colégio.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SEMÂNTICA: ANTÔNIMOS, SINÔNIMOS, HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça as
principais relações e suas características:

Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente
<—> esperto
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam significados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: forte
<—> fraco

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”)
X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (numeral) X
sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).

Polissemia e monossemia
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a frase.
Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).

Denotação e conotação
Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé da
cadeira.

Hiperonímia e hiponímia
Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de significado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, portanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
Limão é hipônimo de fruta.

Formas variantes
São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – infarto
/ gatinhar – engatinhar.

Arcaísmo
São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que ainda
podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> farmácia /
franquia <—> sinceridade.

PONTUAÇÃO: EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-
QUESTÕES ção(ões) verdadeira(s).
(A) I, apenas
1. (FMPA – MG) (B) II e III
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- (C) III, apenas
te aplicada: (D) II, apenas
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. (E) I e II
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. 3. (UNIFOR CE – 2006)
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
(E) A cessão de terras compete ao Estado. sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
2. (UEPB – 2010) rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
maiores nomes da educação mundial na atualidade. suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
Carlos Alberto Torres indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que de.
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre- igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.
[…]
p.68)
Rosa Maria Torres
Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre
cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po-
o contexto, é
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
(A) ceticismo.
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
(B) desdém.
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
(C) apatia.
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
(D) desinteresse.
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
(E) negligência.
indesejadas.
[…]
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças.
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz.
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo.
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil
Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema para os carros e os pedestres.
identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho-
semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni- mônimos e parônimos.
mo, em relação à “diversidade”. (A) I e III.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- (B) II e III.
dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura (C) II apenas.
no paradigma argumentativo do enunciado. (D) Todas incorretas.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
dade e identidade”.

36
LÍNGUA PORTUGUESA
5. (UFMS – 2009) 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de pressa esqueci o Quincas Borba”.
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em (A) objeto direto
30/09/08. Em seguida, responda. (B) sujeito
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- (C) agente da passiva
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu (D) adjunto adverbial
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em (E) aposto
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
mente do jeito correto. 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, (A) Sujeito
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que (B) Objeto direto
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é (C) Predicativo do sujeito
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- (D) Adjunto adverbial
mática na cabeça. (E) Adjunto adnominal
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto  ao trabalho naquela
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa manhã de segunda-feira”.
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu- (A) Predicativo
la, lá vinham as palavras mágicas. (B) Complemento nominal
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha (C) Objeto indireto
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. (D) Adjunto adverbial
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. (E) Adjunto adnominal
– Ainda não fomos apresentados – ela disse.
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de 10. (MACK-SP) “Não se fazem  motocicletas  como antigamen-
terror. te”. O termo destacado funciona como:
– E ele faz o quê? (A) Objeto indireto
– Atrapalha a gente na hora de escrever. (B) Objeto direto
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia (C) Adjunto adnominal
usar trema nem se lembrava da regrinha. (D) Vocativo
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no (E) Sujeito
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. 11. (UFRJ) Esparadrapo
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
rão ao menos para determinar minha idade. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
– Esse aí é do tempo do trema.” cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
Assinale a alternativa correta. bulo*”.
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons-
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si. QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substi-
tuída por “nós”. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa. A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do
(D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça texto. Sua função resume-se em:
e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema. (A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma
(E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no coisa.
texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido. (B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen-
te.
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun-
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem: to.
“E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero (D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa.
na salada – o meu jeito de querer bem.” (E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta-
Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática dos.
de:
(A) objeto indireto e aposto
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
(D) complemento nominal e aposto
(E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo

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LÍNGUA PORTUGUESA
12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
É preciso que ela se encante por mim! queria correr nas lajes do pátio (...)”
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo.
Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. hora (...)”
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. netas, borracha (...)”
(C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
a orações subordinadas substantivas, exceto:
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais. 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(B) Desejo que ela volte. ____________________.”
(C) Gostaria de que todos me apoiassem.
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- mente a frase acima. Assinale-a.
tem. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(B) desista da ação contra aquele salafrário.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
um “se” que é . ________. (E) tentamos aquele emprego novamente.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
(C) relativa, pronome reflexivo lacunas do texto a seguir:
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos arte.”
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava (C) bastante - por - meias - ao - a - à
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e (D) meias - para - muito - pelo - em - por
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
dos dois, a mãe ficava furiosa.)
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de com a gramática:
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá- III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
riam rompidas mais uma vez. V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes-
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, (A) em I e II
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem (B) apenas em IV
que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas (C) apenas em III
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan- (D) em II, III e IV
te. (E) apenas em II
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, 19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores.
eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos. Hoje, só ___ ervas daninhas.
Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo (A) fazem, havia, existe
me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com (B) fazem, havia, existe
oitenta ainda está ativo e presente. (C) fazem, haviam, existem
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí- (D) faz, havia, existem
cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.” (E) faz, havia, existe

LUFT, 2014, p.104-105

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LÍNGUA PORTUGUESA
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
dância verbal, de acordo com a norma culta: tas nos itens a seguir:
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. migos de hipócritas;
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. desprezo por tudo;
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma A frase reescrita está com a regência correta em:
culta é: (A) I apenas
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (B) II apenas
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (C) III apenas
líderes pefelistas. (D) I e III apenas
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (E) I, II e III
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
íses passou despercebida. 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
social. (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição.
27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
as lacunas correspondentes.
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
A arma ___ se feriu desapareceu.
erroneamente, exceto em:
Estas são as pessoas ___ lhe falei.
(A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
Aqui está a foto ___ me referi.
(B) É um privilégio estar aqui hoje.
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
(D) A criança estava com desinteria.
(E) O bebedoro da escola estava estragado.
(A) que, de que, à que, cujo, que.
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.
classificação.
“____________ o céu é azul?”
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
“Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
sito pelo caminho.”
(B) Informei-lhe a nota obtida.
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
ao nosso encontro.”
sinais de trânsito.
“A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
diais. ____________?”
(E) Muita gordura não implica saúde.
(A) Porque – porquê – por que – Por quê
24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
(B) Porque – porquê – por que – Por quê
ser seguidos pela mesma preposição:
(C) Por que – porque – porquê – Por quê
(A) ávido / bom / inconsequente
(D) Porquê – porque – por quê – Por que
(B) indigno / odioso / perito
(E) Por que – porque – por quê – Porquê
(C) leal / limpo / oneroso
(D) orgulhoso / rico / sedento
(E) oposto / pálido / sábio

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LÍNGUA PORTUGUESA
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô- 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que assinale a afirmação verdadeira.
se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio- como “também” e “porém”.
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada. (B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
Assinale-a. mesma razão.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. (C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
(B) O infrator foi preso em flagrante. mesma razão que a palavra “país”.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas. (D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. rem monossílabos tônicos fechados.
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
que todas as paroxítonas são acentuadas.
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
grafadas corretamente. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar vra é acentuada graficamente:
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza (A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação (C) saudade, onix, grau, orquídea
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz (D) voo, legua, assim, tênis
(E) flores, açucar, album, virus
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras 36. (IFAL - 2011)
de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
seguia se recompôr e viver tranquilo. infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
Remígio resolveu pedí-la em casamento. tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, nião, 12.10.2010)
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
do na alternativa:
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- (A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
tuadas devido à mesma regra: importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(A) saí – dói sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(B) relógio – própria frimento da infância mais pobre.”
(C) só – sóis (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(D) dá – custará importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(E) até – pé sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
sofrimento da infância mais pobre.”
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras (C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- sofrimento da infância mais pobre.”
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
L. sofrimento, da infância mais pobre.”
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
eu. sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. sofrimento da infância mais pobre.”

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LÍNGUA PORTUGUESA
37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:
(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas 44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se-
áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara: guintes palavras:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas (A) vendavais, naufrágios, polêmicas
relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a (B) descompõem, desempregados, desejava
natureza física e fisiológica das distinções observadas. (C) estendendo, escritório, espírito
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvi- (D) quietação, sabonete, nadador
do registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empre- (E) religião, irmão, solidão
gado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores 45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras
da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes não é formada por prefixação:
da língua portuguesa. (A) readquirir, predestinado, propor
(B) irregular, amoral, demover
Quais estão INCORRETAS? (C) remeter, conter, antegozar
(A) Apenas I. (D) irrestrito, antípoda, prever
(B) Apenas II. (E) dever, deter, antever
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
(E) Apenas II e III. Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
Uma organização não governamental holandesa está propondo
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(A) tatuar grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
(B) quando O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
(C) doutor cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
(D) ainda o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
(E) além ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
um contador na rede social.
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
ras? dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(A) rosa, deve, navegador; Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
(B) barcos, grande, colado; em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
(C) luta, após, triste; a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
(D) ringue, tão, pinga; ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(E) que, ser, tão.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex-
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
Verifique a que nível se referem as características do português pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- usuários longe da rede social.”
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
formas com gerúndio, como estou fazendo. preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em ticamente.
palavras como académico e antónimo, (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
como em contacto e facto. raria o sentido do texto.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
de ir até lá. informação nova.
(D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
cima para baixo, é: (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(A) 2 – 1 – 1 – 2. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(B) 2 – 1 – 2 – 1.
(C) 1 – 2 – 1 – 2.
(D) 1 – 1 – 2 – 2.
(E) 1 – 2 – 2 – 1.

42
LÍNGUA PORTUGUESA
47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
14 B
dem a um adjetivo, exceto em:
(A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo. 15 A
(B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho. 16 C
(C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
17 A
(D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
sem fim. 18 C
(E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça. 19 D

48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas 20 C


só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são, 21 E
respectivamente: 22 C
(A) adjetivo, adjetivo
(B) advérbio, advérbio 23 A
(C) advérbio, adjetivo 24 D
(D) numeral, adjetivo
25 E
(E) numeral, advérbio
26 A
49. (ITA-SP) 27 B
Beber é mal, mas é muito bom.
28 C
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.) 29 B
30 A
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
(A) adjetivo 31 E
(B) substantivo 32 B
(C) pronome
33 E
(D) advérbio
(E) preposição 34 B
35 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o 36 E
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem 37 A
pela ordem, a: 38 A
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome 39 B
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio 40 C
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
41 B
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
42 D
GABARITO 43 A
44 D

1 C 45 E

2 B 46 D

3 D 47 B

4 C 48 B

5 C 49 B

6 A 50 E

7 D
8 C
9 B
10 E
11 C
12 B
13 E

43
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

III – reintegração;
LEI ESTADUAL N. º 5.810/1994 E ALTERAÇÕES (REGIME IV – transferência;
JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS V – reversão;
DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, DAS AUTARQUIAS E DAS
VI – aproveitamento;
FUNDAÇÕES PÚBLICAS DO ESTADO DO PARÁ.)
VII – readaptação;
VIII – recondução.
LEI Nº 5.810, DE 24 DE JANEIRO DE 1994
CAPÍTULO II
Dispõe sobre o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos DA NOMEAÇÃO
Civis da Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Pú-
blicas do Estado do Pará. SEÇÃO I
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu DAS FORMAS DE NOMEAÇÃO
sanciono a seguinte Lei:
Art. 6º A nomeação será feita:
TÍTULO I I - em caráter efetivo, quando exigida a prévia habilitação em
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES concurso público, para essa forma de provimento;
II - em comissão, para cargo de livre nomeação e exoneração,
Art. 1º Esta lei institui o Regime Jurídico Único e define os direi- declarado em lei.
tos, deveres, garantias e vantagens dos Servidores Públicos Civis do Parágrafo único. A designação para o exercício de função grati-
Estado, das Autarquias e das Fundações Públicas. ficada recairá, exclusivamente, em servidor efetivo.
Parágrafo único. As suas disposições aplicam-se aos servidores Art. 6º-A Fica vedada a nomeação de pessoas que tiverem sido
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Públi- condenadas, com trânsito em julgado, por crimes cometidos com
co e dos Tribunais de Contas. violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 2º Para os fins desta lei: Parágrafo único. O impedimento previsto no caput deste artigo
I - servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público; cessa após o integral cumprimento da pena.
II - cargo público é o criado por lei, com denominação própria, *O Art. 6-A foi incluído pela Lei nº 9.710, de 20 de setembro de
quantitativo e vencimento certos, com o conjunto de atribuições e 2022, publicado no DOE nº 35.122, de 21/09/2022.
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem Art. 7º Compete aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
ser cometidas a um servidor; ao Ministério Público e aos Tribunais de Contas na área de sua com-
III - categoria funcional é o conjunto de cargos da mesma natu- petência, prover, por ato singular, os cargos públicos.
reza de trabalho; Art. 8º O ato de provimento conterá, necessariamente, as se-
IV - grupo ocupacional é o conjunto de categorias funcionais da guintes indicações, sob pena de nulidade e responsabilidade de
mesma natureza, escalonadas segundo a escolaridade, o nível de quem der a posse:
complexidade e o grau de responsabilidade; I - modalidade de provimento e nome completo do interessa-
Parágrafo único. Os cargos públicos serão acessíveis aos brasi- do;
leiros que preencham os requisitos do art. 17, desta lei. II - denominação de cargo e forma de nomeação;
Art. 3º É vedado cometer ao servidor atribuições e responsa- III - fundamento legal.
bilidades diversas das inerentes ao seu cargo, exceto participação
assentida em órgão colegiado e em comissões legais. SEÇÃO II
Art. 4º Os cargos referentes a profissões regulamentadas serão DO CONCURSO
providos unicamente por quem satisfizer os requisitos legais res-
pectivos. Art. 9º A investidura em cargo de provimento efetivo depende
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
TÍTULO II títulos, observado o disposto no art. 4º. desta lei.
DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO, DA CARREIRA E DA VACÂN- Art. 10º A aprovação em concurso público gera o direito à no-
CIA meação, respeitada a ordem de classificação dos candidatos habi-
litados.
CAPÍTULO I §1º Terá preferência para a ordem de classificação o candidato
DO PROVIMENTO já pertencente ao serviço público estadual e, persistindo a igual-
dade, aquele que contar com maior tempo de serviço público ao
Art. 5º Os cargos públicos serão providos por: Estado.
I – nomeação; §2º Se ocorrer empate de candidatos não pertencentes ao ser-
II – promoção; viço público do Estado, decidir-se-á em favor do mais idoso.

45
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 11º A instrumentação e execução dos concursos serão cen- Art. 15º A administração proporcionará aos portadores de de-
tralizadas na Secretaria de Estado de Administração, no âmbito do ficiência, condições para a participação em concurso de provas ou
Poder Executivo, e nos órgãos competentes dos Poderes Legislativo de provas e títulos.
e Judiciário, do Ministério Público, e dos Tribunais de Contas. Parágrafo único. Às pessoas portadoras de deficiência é assegu-
§1º O conteúdo programático, para preenchimento de cargo rado o direito de inscrever- se em concurso público para provimen-
técnico de nível superior poderá ser elaborado pelo órgão solicitan- to de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência
te do concurso. de que são portadoras, às quais serão reservadas até 20% (vinte por
§2º O concurso público será realizado, preferencialmente, na cento), das vagas oferecidas no concurso.
sede do Município, ou na região onde o cargo será provido.
§3º Fica assegurada a fiscalização do concurso público, em to- SEÇÃO III
das as suas fases, pelas entidades sindicais representativas de ser- DA POSSE
vidores públicos.
Art. 12º As provas serão avaliadas na escala de zero a dez pon- Art. 16º Posse é o ato de investidura em cargo público ou fun-
tos, e aos títulos, quando afins, serão atribuídos, no máximo, cinco ção gratificada.
pontos. Parágrafo único. Não haverá posse nos casos de promoção e
Parágrafo único. As provas de título, quando constantes do Edi- reintegração.
tal, terão caráter meramente classificatório. Art. 17º São requisitos cumulativos para a posse em cargo pú-
Art. 13º O Edital do concurso disciplinará os requisitos para a blico:
inscrição, o processo de realização, os critérios de classificação, o I - ser brasileiro, nos termos da Constituição;
número de vagas, os recursos e a homologação. II - ter completado 18 (dezoito) anos;
Art. 14º Na realização dos concursos, serão adotadas as seguin- III - estar em pleno exercício dos direitos políticos;
tes normas gerais: IV - ser julgado apto em inspeção de saúde realizada em órgão
I - não se publicará Edital, na vigência do prazo de validade de médico oficial do Estado do Pará;
concurso anterior, para o mesmo cargo, se ainda houver candidato V - possuir a escolaridade exigida para o exercício do cargo;
aprovado e não convocado para a investidura, ou enquanto houver VI - declarar expressamente o exercício ou não de cargo, em-
servidor de igual categoria em disponibilidade; prego ou função pública nos órgãos e entidades da Administração
II - poderão inscrever-se candidatos até 69 anos de idade; Pública Estadual, Federal ou Municipal, para fins de verificação do
III - Os concursos terão a validade de até dois anos, a contar da acúmulo de cargos.
publicação da homologação do resultado, no Diário Oficial, prorro- *O inciso VI do Art. 17º foi alterado pela Lei nº 7.071, de 24 de
gável expressamente uma única vez por igual período. dezembro de 2007.
*O inciso III do Art. 14º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de VII - a quitação com as obrigações eleitorais e militares;
dezembro de 2007. VIII - não haver sofrido sanção impeditiva do exercício de cargo
IV - comprovação, no ato da posse, dos requisitos previstos no público.
edital. IX - não ter contra si ordem de prisão ou de medida protetiva
*O inciso IV do Art. 14º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de decretadas nos termos da Lei Federal n° 11.340, de 7 de agosto de
dezembro de 2007. 2006.
V - participação de um representante do Sindicato dos Traba- *O inciso IX do Art. 17º foi incluído pela Lei nº 9.710, de 20 de
lhadores ou de Conselho Regional de Classe das categorias afins na setembro de 2022, publicado no DOE nº 35.122, de 21/09/2022.
comissão organizadora do concurso público ou processo seletivo. Art. 18º A compatibilidade das pessoas portadoras de defici-
*O inciso V do Art. 14º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de ência, de que trata o art. 15, parágrafo único, será declarada por
dezembro de 2007. junta especial, constituída por médicos especializados na área da
§1º Será publicada lista geral de classificação contendo todos deficiência diagnosticada.
os candidatos aprovados e, paralela e concomitantemente, lista Parágrafo único. Caso o candidato seja considerado inapto para
própria para os candidatos que concorreram às vagas reservadas o exercício do cargo, perde o direito à nomeação.
aos deficientes. *O Parágrafo único do Art. 18º foi incluído pela Lei nº 7.071, de
*O §1º do Art. 14º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de de- 24 de dezembro de 2007.
zembro de 2007. Art. 19º São competentes para dar posse:
§2º Os candidatos com deficiência aprovados e incluídos na I - No Poder Executivo:
lista reservada aos deficientes serão chamados e convocados alter- a) O Governador, aos nomeados para cargos de Direção ou As-
nadamente a cada convocação de um dos candidatos chamados da sessoramento que lhe sejam diretamente subordinados;
lista geral até preenchimento do percentual reservado às pessoas b) Os Secretários de Estado e dirigentes de Autarquias e Funda-
com deficiência no edital do concurso. ções, ou a quem seja delegada competência, aos nomeados para os
*O §2º do Art. 14º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de de- respectivos órgãos, inclusive, colegiados;
zembro de 2007. II - No Poder Legislativo, no Poder Judiciário, no Ministério Pú-
§3º Equipe multiprofissional avaliará a compatibilidade entre blico e nos Tribunais de Contas, conforme dispuser a legislação es-
as atribuições do cargo e a deficiência do candidato durante o es- pecífica de cada Poder ou órgão.
tágio probatório. Art. 20º O ato de posse será transcrito em livro especial, assina-
*O §3º do Art. 14º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de de- do pela autoridade competente e pelo servidor empossado.
zembro de 2007. Parágrafo único. Em casos especiais, a critério da autoridade
*O Art. 14º foi alterado pela Lei nº 7.071, de 24 de dezembro competente, a posse poderá ser tomada por procuração específica.
de 2007

46
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 21º A autoridade que der posse verificará, sob pena de §2º Em caso de condenação criminal, transitada em julgado,
responsabilidade, se foram observados os requisitos legais para a não determinante da demissão, continuará o servidor afastado até
investidura no cargo ou função. o cumprimento total da pena, com direito a um terço do vencimen-
Art. 22º A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias, contados to ou remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão do
da publicação do ato de provimento no Diário Oficial do Estado. efetivo exercício do cargo.
§1º O prazo para a posse poderá ser prorrogado por mais quin- *Os §1º e §2º do Art. 29º foram alterados pela Lei nº 7.071, de
ze dias, em existindo necessidade comprovada para o preenchi- 24 de dezembro de 2007.
mento dos requisitos para posse, conforme juízo da Administração. Art. 30º Ao servidor da administração direta, das Autarquias
*O §1º do Art. 22º foi alterado pela Lei nº 7.071, de 24 de de- e das Fundações Públicas ou dos Poderes Legislativo e Judiciário,
zembro de 2007. do Ministério Público e dos Tribunais de Contas, diplomado para o
§2º O prazo do servidor em férias, licença, ou afastado por exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, aplica-
qualquer outro motivo legal, será contado do término do impedi- -se o disposto no Título III, Capítulo V, Seção VII, desta lei.
mento. Art. 31º O servidor no exercício de cargo de provimento efeti-
§3º Se a posse não se concretizar dentro do prazo, o ato de vo, mediante a sua concordância poderá ser colocado à disposição
provimento será tornado sem efeito. de qualquer órgão da administração direta ou indireta, da União, do
§4º No ato da posse, o servidor apresentará declaração de Estado, do Distrito Federal e dos Municípios, com ou sem ônus para
bens e valores que constituam seu patrimônio, e declaração quanto o Estado do Pará, desde que observada a reciprocidade.
ao exercício, ou não, de outro cargo, emprego ou função pública.
*Alterado pela Lei nº 7.071, de 24 de dezembro de 2007. SEÇÃO V
Art. 22º A Ao interessado é permitida a renúncia da posse, no DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
prazo legal, sendo-lhe garantida a última colocação dentre os classi-
ficados no correspondente concurso público. Art. 32º Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para o
*O Art. 22º-A foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de dezembro cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por
de 2007. período de três anos, durante os quais a sua aptidão e capacidade
serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
SEÇÃO IV os seguintes fatores:
DO EXERCÍCIO I – assiduidade;
II – disciplina;
Art. 23º Exercício é o efetivo desempenho das atribuições e res- III - capacidade de iniciativa;
ponsabilidade do cargo. IV – produtividade;
Art. 24º Compete ao titular do órgão para onde for nomeado o V – responsabilidade;
servidor, dar-lhe o exercício. §1º Quatro meses antes do findo período do estágio proba-
Art. 25º O exercício do cargo terá início dentro do prazo de tório, será submetida à homologação da autoridade competente
quinze dias, contados: a avaliação do desempenho do servidor, realizada de acordo com
I - da data da posse, no caso de nomeação; o que dispuser a lei ou regulamento do sistema de carreira, sem
II - da data da publicação oficial do ato, nos demais casos. prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
§1º Os prazos poderão ser prorrogados por mais quinze dias, incisos I a V deste artigo.
em existindo necessidade comprovada para o preenchimento dos §2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exone-
requisitos para posse, conforme juízo da Administração. rado, observado o devido processo legal.
*O §1º do inciso II do Art. 25º foi alterado pela Lei nº 7.071, de §3º O disposto no “caput” deste artigo não se aplica aos ser-
24 de dezembro de 2007 vidores que já tenham entrado em exercício na data de publicação
§2º Será exonerado o servidor empossado que não entrar em desta Lei, que se sujeitam ao regime anterior.
exercício nos prazos previstos neste artigo. *O §3º do Art. 32º foi incluído pela Lei nº 7.071, de 24 de de-
Art. 26º O servidor poderá ausentar-se do Estado, para estu- zembro de 2007.
do, ou missão de qualquer natureza, com ou sem vencimento, me- Art. 33º O término do estágio probatório importa no reconhe-
diante prévia autorização ou designação do titular do órgão em que cimento da estabilidade de ofício.
servir. Art. 34º O servidor estável aprovado em outro concurso públi-
Art. 27º O servidor autorizado a afastar-se para estudo em área co fica sujeito a estágio probatório no novo cargo.
do interesse do serviço público, fora do Estado do Pará, com ônus Parágrafo único. Ficará dispensado do estágio probatório o ser-
para os cofres do Estado, deverá, seqüentemente, prestar serviço, vidor que tiver exercido o mesmo cargo público em que já tenha
por igual período, ao Estado. sido avaliado.
Art. 28º O afastamento do servidor para participação em con- *O Art. 34º foi alterado pela Lei nº 7.071, de 24 de dezembro
gressos e outros eventos culturais, esportivos, técnicos e científicos de 2007
será estabelecido em regulamento.
Art. 29º O servidor preso em flagrante, pronunciado por crime CAPÍTULO III
comum, denunciado por crime administrativo, ou condenado por DA PROMOÇÃO
crime inafiançável, será afastado do exercício do cargo, até senten-
ça final transitada em julgado. Art. 35º A promoção é a progressão funcional do servidor está-
§1º Durante o afastamento, o servidor perceberá dois terços da vel a uma posição que lhe assegure maior vencimento base, dentro
remuneração, excluídas as vantagens devidas em razão do efetivo da mesma categoria funcional, obedecidos os critérios de antigüi-
exercício do cargo, tendo direito à diferença, se absolvido. dade e merecimento, alternadamente.

47
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 36º A promoção por antigüidade dar-se-á pela progressão Art. 45º A transferência será processada atendendo a conveni-
à referência imediatamente superior, observado o interstício de 2 ência do servidor desde que no órgão pretendido exista cargo vago,
(dois) anos de efetivo exercício. de igual denominação.
Art. 37º A promoção por merecimento dar-se-á pela progres- Art. 46º O servidor transferido somente poderá renovar o pe-
são à referência imediatamente superior, mediante a avaliação do dido, após decorridos 2 (dois) anos de efetivo exercício no cargo.
desempenho a cada interstício de 02 (dois) anos de efetivo exercí- Art. 47º Não será concedida a transferência:
cio. I - para cargos que tenham candidatos aprovados em concurso,
Parágrafo único. No critério de merecimento será obedecido o com prazo de validade não esgotado;
que dispuser a lei do sistema de carreira, considerando-se, em es- II - para órgãos da administração indireta ou fundacional cujo
pecial, na avaliação do desempenho, os cursos de capacitação pro- regime jurídico não seja o estatutário;
fissional realizados, e assegurada, no processo, a plena participação III - do servidor em estágio probatório.
das entidades de classe dos servidores. Art. 48º A transferência dos membros da Magistratura, Minis-
Art. 38º O servidor que não estiver no exercício do cargo, res- tério Público, Magistério e da Polícia Civil, será definida no âmbito
salvadas as hipóteses consideradas como de efetivo exercício, não de cada Poder, por regime próprio.
concorrerá à promoção. Art. 49º A remoção é a movimentação do servidor ocupante
§1º Não poderá ser promovido o servidor que se encontre de cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomi-
cumprindo o estágio probatório. nação e forma de provimento, no mesmo Poder e no mesmo órgão
§2º O servidor, em exercício de mandato eletivo, somente terá em que é lotado.
direito à promoção por antiguidade na forma da Constituição, obe- Parágrafo único. A remoção, a pedido ou ex-officio, do servidor
decidas as exigências legais e regulamentares. estável, poderá ser feita:
Art. 39º No âmbito de cada Poder ou órgão, o setor competen- *O Parágrafo único do Art. 49º foi incluído pela Lei nº 5.942, de
te de pessoal processará as promoções que serão efetivadas por 15 de janeiro de 1996.
atos específicos no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de I - de uma para outra unidade administrativa da mesma Secre-
abertura da vaga. taria, Autarquia, Fundação ou órgão análogo dos Poderes Legisla-
Parágrafo único. O critério adotado para promoção deverá tivo e Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
constar obrigatoriamente do ato que a determinar. *O inciso I do Parágrafo único do Art. 49º foi incluído pela Lei nº
5.942, de 15 de janeiro de 1996.
CAPÍTULO IV II - de um para outro setor, na mesma unidade administrativa.
DA REINTEGRAÇÃO *O inciso II do Parágrafo único do Art. 49º foi incluído pela Lei
nº 5.942, de 15 de janeiro de 1996.
Art. 40º Reintegração é o reingresso do servidor na adminis- Art. 50º A redistribuição é o deslocamento do servidor, com o
tração pública, em decorrência de decisão administrativa definitiva respectivo cargo ou função, para o quadro de outro órgão ou enti-
ou sentença judicial transitada em julgado, com ressarcimento de dade do mesmo Poder, sempre no interesse da Administração.
prejuízos resultantes do afastamento. §1º A redistribuição será sempre ex-officio, ouvidos os respecti-
§1º A reintegração será feita no cargo anteriormente ocupado vos órgãos ou entidades interessados na movimentação.
e, se este houver sido transformado, no cargo resultante. *Incluído pela Lei nº 5.942, de 15 de janeiro de 1996.
§2º Encontrando-se regularmente provido o cargo, o seu ocu- §2º A redistribuição dar-se-á exclusivamente para o ajustamen-
pante será deslocado para cargo equivalente, ou, se ocupava outro to do quadro de pessoal às necessidades dos serviços, inclusive nos
cargo, a este será reconduzido, sem direito à indenização. casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade.
§3º Se o cargo houver sido extinto, a reintegração dar-se-á em *Incluído pela Lei nº 5.942, de 15 de janeiro de 1996.
cargo equivalente, respeitada a habilitação profissional, ou, não §3º Nos casos de extinção de órgão ou entidade, os servidores
sendo possível, ficará o reintegrado em disponibilidade no cargo estáveis que não puderam ser redistribuídos, na forma deste artigo,
que exercia. serão colocados em disponibilidade até seu aproveitamento.
Art. 41º O ato de reintegração será expedido no prazo máximo *Incluído pela Lei nº 5.942, de 15 de janeiro de 1996.
de 30 (trinta) dias do pedido, reportando-se sempre à decisão ad- *O Art. 50º foi alterado pela Lei nº 5.942, de 15 de janeiro de
ministrativa definitiva ou à sentença judicial, transitada em julgado. 1996.
Art. 42º O servidor reintegrado será submetido à inspeção de
saúde na instituição pública competente e aposentado, quando in- CAPÍTULO VI
capaz. DA REVERSÃO

CAPÍTULO V Art. 51º Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-


DA TRANSFERÊNCIA, DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO tado:
*O Capítulo V foi alterado pela Lei nº 5.942, de 15 de janeiro I - por incapacidade permanente, quando, por junta médica ofi-
de 1996 cial, foram declarados insubsistentes os motivos da aposentadoria;
ou
Art. 43º Transferência é a movimentação do servidor ocupante *O inciso I do Art. 51º foi incluído pela Lei nº 8.975, de 13 de
de cargo de provimento efetivo, para outro cargo de igual denomi- janeiro de 2020.
nação e provimento, de outro órgão, mas no mesmo Poder. II - voluntariamente, a pedido, desde que haja interesse da Ad-
Art. 44º Caberá a transferência: ministração devidamente fundamentado e a aposentadoria tenha
I - a pedido do servidor; ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação.
II - por permuta, a requerimento de ambos os servidores inte- *O inciso II do Art. 51º foi incluído pela Lei nº 8.975, de 13 de
ressados. janeiro de 2020.

48
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§1º A reversão, ex-officio ou a pedido, dar-se-á no mesmo car- VI – falecimento;
go ou no cargo resultante de sua transformação. VII – transferência;
§2º A reversão, a pedido, dependerá da existência de cargo VIII – destituição.
vago. Parágrafo único. A vaga ocorrerá na data:
§3º Não poderá reverter o aposentado que já tiver alcançado o I - do falecimento;
limite da idade para aposentadoria compulsória. II - da publicação do decreto que exonerar, demitir, promover,
*O Art. 51 foi alterado pela Lei nº 5.942, de 15 de janeiro de aposentar, readaptar, transferir, destituir e da posse em outro cargo
1996 inacumulável.
Art. 52º Será tornada sem efeito a reversão ex-officio, e cassa- Art. 59º A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
da a aposentadoria do servidor que não tomar posse e entrar no servidor ou de ofício.
exercício do cargo. Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
CAPÍTULO VII II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
DO APROVEITAMENTO exercício no prazo legal.
Art. 60º A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:
Art. 53º O aproveitamento é o reingresso, no serviço público, I - a juízo da autoridade competente;
do servidor em disponibilidade, em cargo de natureza e padrão de II - a pedido do próprio servidor.
vencimento correspondente ao que ocupava. Art. 61º A vacância de função gratificada dar-se-á por dispensa,
Art. 54º O aproveitamento será obrigatório quando: a pedido ou de ofício, ou por destituição.
I - restabelecido o cargo de cuja extinção decorreu a disponi- Art. 62º Na vacância do cargo de titular de Autarquia ou Funda-
bilidade; ção Pública, poderá o mesmo ser provido com a nomeação tempo-
II - deva ser provido cargo anteriormente declarado desneces- rária, ressalvado no ato de provimento o disposto no art. 92, XX da
sário. Constituição do Estado.
Art. 55º Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
a disponibilidade de servidor que, aproveitado, não tomar posse e TÍTULO III
não entrar em exercício dentro do prazo legal. DOS DIREITOS E VANTAGENS

CAPÍTULO VIII CAPÍTULO I


DA READAPTAÇÃO DA DURAÇÃO DO TRABALHO

Art. 56º Readaptação é a forma de provimento, em cargo mais Art. 63º A duração da jornada diária de trabalho será de 6(seis)
compatível, pelo servidor que tenha sofrido limitação, em sua ca- horas ininterruptas, salvo as jornadas especiais estabelecidas em
pacidade física ou mental, verificada em inspeção médica oficial. lei.
§1º A readaptação ex-officio ou a pedido, será efetivada em §1º Nas atividades de atendimento público que exijam jornada
cargo vago, de atribuições afins, respeitada superior, serão adotados turnos de revezamento.
a habilitação exigida. §2º A duração normal da jornada, em caso de comprovada ne-
§2º A readaptação não acarretará diminuição ou aumento da cessidade, poderá ser antecipada ou prorrogada pela administra-
remuneração. ção.
§3º Ressalvada a incapacidade definitiva para o serviço público, Art. 64º A frequência será apurada diariamente:
quando será aposentado, é direito do servidor renovar pedido de I - pelo ponto de entrada e saída;
readaptação. II - pela forma determinada quanto aos servidores cujas ativida-
des sejam permanentemente exercidas externamente, ou que, por
CAPÍTULO IX sua natureza, não possam ser mensuradas por unidade de tempo.
DA RECONDUÇÃO Art. 65º Na antecipação ou prorrogação da duração da jornada
de trabalho, será também remunerado o trabalho suplementar, na
Art. 57º Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo forma prevista neste Estatuto.
anteriormente ocupado e decorrerá de: Art. 66º O servidor ocupante de cargo comissionado, indepen-
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; dentemente de jornada de trabalho, atenderá às convocações de-
II - reintegração do anterior ocupante. correntes da necessidade do serviço de interesse da Administração.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o
servidor será aproveitado em outro, observado o que dispõe a pre- CAPÍTULO II
sente lei nos casos de disponibilidade e aproveitamento. DA ESTABILIDADE

CAPÍTULO X Art. 67º O servidor habilitado em concurso público e empossa-


DA VACÂNCIA do em cargo de provimento efetivo, adquirirá estabilidade no servi-
ço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
Art. 58º A vacância do cargo decorrerá de: Art. 68º O servidor estável só perderá o cargo em virtude de
I – exoneração; sentença judicial transitada em julgado, ou de processo administra-
II – demissão; tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
III – promoção;
IV – aposentadoria;
V – readaptação;

49
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 69º É vedada a exoneração, a suspensão ou a demissão de *O inciso XIX foi incluído pela Lei nº 9.370, de 03 de dezembro
servidor sindicalizado, a partir do registro da candidatura a cargo de de 2021.
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, Art. 73º É vedada a contagem acumulada de tempo de servi-
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave, ço simultaneamente prestado em mais de um cargo, emprego ou
devidamente apurada em processo administrativo. função.
Parágrafo único. Em regime de acumulação legal, o Estado não
CAPÍTULO III contará o tempo de serviço do outro cargo ou emprego, para o re-
DO TEMPO DE SERVIÇO conhecimento de vantagem pecuniária.

Art. 70º Considera-se como tempo de serviço público o exclu- CAPÍTULO IV


sivamente prestado à União, Estados, Distrito Federal, Municípios, DAS FÉRIAS
Autarquias e Fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público.
§1º Constitui tempo de serviço público, para todos os efeitos Art. 74º O servidor, após cada 12 (doze) meses de exercício ad-
legais, salvo para estabilidade, o anteriormente prestado pelo ser- quire direito a férias anuais, de 30 (trinta) dias consecutivos.
vidor, qualquer que tenha sido a forma de admissão ou de paga- §1º É vedado levar, à conta das férias, qualquer falta ao serviço.
mento. §2º As férias somente são interrompidas por motivo de calami-
§2º Para efeito de aposentadoria e disponibilidade é assegu- dade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar
rada, ainda, a contagem do tempo de contribuição financeira dos ou eleitoral, ou por motivo de superior interesse público; podendo
sistemas previdenciários, segundo os critérios estabelecidos em lei. ser acumuladas, pelo prazo máximo de dois anos consecutivos.
Art. 71º A apuração do tempo de serviço será feita em dias. §3º O disposto neste artigo se estende aos Secretários de Es-
§1º O número de dias será convertido em anos, considerados tado.
sempre como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. *O §3º do Art. 74º foi incluído pela Lei nº 6.161, de 25 de no-
§2º Para efeito de aposentadoria, feita a conversão, os dias res- vembro de 1998.
tantes, até 182, não serão computados, arredondando-se para um Art. 75º As férias serão de:
ano quando excederem a esse número. I - 30 (trinta) dias consecutivos, anualmente;
Art. 72º Considera-se como de efetivo exercício, para todos os II - 20 (vinte) dias consecutivos, semestralmente, para os ser-
fins, o afastamento decorrente de: vidores que operem, direta e permanentemente, com Raios X ou
I – férias; substâncias radioativas.
II - casamento, até 8 (oito) dias; Art. 76º Durante as férias, o servidor terá direito a todas as van-
III - falecimento do cônjuge, companheira ou companheiro, pai, tagens do exercício do cargo.
mãe, filhos e irmãos, até 8 (oito) dias; §1º As férias serão remuneradas com um terço a mais do que
IV -serviços obrigatórios por lei; a remuneração normal, pagas antecipadamente, independente de
V - desempenho de cargo ou emprego em órgão da adminis- solicitação.
tração direta ou indireta de Municípios, Estados, Distrito Federal e §2º VETADO
União, quando colocado regularmente à disposição; §3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
VI - missão oficial de qualquer natureza, ainda que sem venci- perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver di-
mento, durante o tempo da autorização ou designação; reito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
VII - estudo, em área do interesse do serviço público, durante o efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.
período da autorização; *O §3º do Art. 76º foi incluído pela Lei nº 7.391, de 07 de abril
VIII - processo administrativo, se declarado inocente; de 2010.
IX - desempenho de mandato eletivo, exceto para promoção § 4º. A indenização será calculada com base na remuneração
por merecimento; do mês em que ocorrer a exoneração.
X - participação em congressos ou outros eventos culturais, *O §4º do Art. 76º foi incluído pela Lei nº 7.391, de 07 de abril
esportivos, técnicos, científicos ou sindicais, durante o período au- de 2010.
torizado. *O Art. 76º foi alterado pela Lei nº 7.391, de 07 de abril de
XI – licença-prêmio; 2010.
XII - licença maternidade com a duração de cento e oitenta dias;
XIII – licença-paternidade; CAPÍTULO V
XIV - licença para tratamento de saúde; DAS LICENÇAS
XV - licença por motivo de doença em pessoa da família;
XVI - faltas abonadas, no máximo de 3 (três) ao mês; SEÇÃO I
XVII - doação de sangue, 1 (um) dia; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
XVIII - desempenho de mandato classista.
XIX - - folgas premiais, até o máximo de 3 (três) dias por ano. Art. 77º O servidor terá direito à licença:
§1º Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às I - para tratamento de saúde;
Forças Armadas em operações de guerra. II - por motivo de doença em pessoa da família;
§2º As férias e a licença-prêmio serão contadas em dobro para III – maternidade;
efeito de aposentadoria a partir da expressa renúncia do servidor. IV – paternidade;
*O inciso III, do Art. 72º foi alterado pela Lei nº 5.995, de 02 de V - para o serviço militar e outras obrigações previstas em lei;
setembro de 1996. VI - para tratar de interesse particular;
*O inciso XII do Art. 72º foi alterado pela Lei nº 7.267, de 05 de VII - para atividade política ou classista, na forma da lei;
maio de 2009 VIII - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
IX - a título de prêmio por assiduidade. Parágrafo único. Nas hipóteses de tutela, guarda e adoção, de-
§1º As licenças previstas nos incisos I e II dependerão de inspe- verá o servidor instruir o pedido com documento legal comproba-
ção médica, realizada pelo órgão competente. tório de tal condição.
§2º Ao servidor ocupante de cargo em comissão não serão con- Art. 86º A licença para tratamento de saúde em pessoa da fa-
cedidas as licenças previstas nos incisos VI, VII e VIII. mília será concedida:
§3º A licença - da mesma espécie - concedida dentro 60 (ses- I - com remuneração integral, no primeiro mês;
senta) dias, do término da anterior, será considerada como prorro- II - com 2/3 (dois terços) da remuneração, quando exceder de
gação. 1 (um) até 6 (seis) meses;
§4º Expirada a licença, o servidor assumirá o cargo no primeiro III - com 1/3 (um terço) da remuneração quando exceder a 6
dia útil subsequente. (seis) meses até 12 (doze) meses;
§5º O servidor não poderá permanecer em licença da mesma IV - sem remuneração, a partir do 12°. (décimo segundo) e até
espécie por período superior a 24 (vinte e quatro) meses, salvo os o 24°. (vigésimo quarto) mês.
casos previstos nos incisos V, VII e VIII. Parágrafo único. O órgão oficial poderá opinar pela concessão
Art. 78º A licença poderá ser prorrogada de ofício ou mediante da licença pelo prazo máximo de 30 (trinta) dias, renováveis por
solicitação. períodos iguais e sucessivos, até o limite de 2 (dois) anos.
§1º O pedido de prorrogação deverá ser apresentado pelo me- Art. 87º Nos mesmos parâmetros do artigo anterior será conce-
nos 8 (oito) dias antes de findo o prazo. dida licença para o pai, a mãe, ou responsável legal de excepcional
§2º O disposto neste artigo não se aplica às licenças previstas em tratamento.
no art. 77, incisos III, IV, VI e IX.
Art. 79º É vedado o exercício de atividade remunerada durante SEÇÃO IV
o período das licenças previstas nos incisos I e II do art. 77. DAS LICENÇAS MATERNIDADE E PATERNIDADE
Art. 80º O servidor notificado que se recusar a submeter-se à
inspeção médica, quando julgada necessária, terá sua licença can- Art. 88º Será concedida licença à servidora gestante, por cento
celada automaticamente. e oitenta dias consecutivos, sem prejuízo de remuneração.
§1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
SEÇÃO II gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE §2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
partir do parto.
Art. 81º A licença para tratamento de saúde será concedida a §3º No caso de aborto, atestado por médico oficial, a servidora
pedido ou de ofício, com base em inspeção médica, realizada pelo terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
órgão competente, sem prejuízo da remuneração. §4º O benefício previsto no caput deste artigo alcançará a ser-
Parágrafo único. Sempre que necessário, a inspeção médica vidora que já se encontre no gozo da referida licença.
será realizada na residência do servidor ou no estabelecimento hos- *O §4º do Art. 88º foi incluído pela Lei nº 7.267, de 05 de maio
pitalar onde se encontrar internado. de 2009.
Art. 82º A licença superior a 60 (sessenta) dias só poderá ser Art. 89º Para amamentar o próprio filho, até a idade de 6 (seis)
concedida mediante inspeção realizada por junta médica oficial. meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de traba-
§1º Em casos excepcionais, a prova da doença poderá ser fei- lho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em 2 (dois)
ta por atestado médico particular se, a juízo da administração, for períodos de meia hora.
inconveniente ou impossível a ida da junta médica à localidade de Art. 90º À servidora que adotar ou obtiver a guarda judicial de
residência do servidor. criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
§2º Nos casos referidos no § anterior, o atestado só produzirá de licença remunerada.
efeito depois de homologado pelo serviço médico oficial do Estado. Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian-
§3º Verificando-se, a qualquer tempo, ter ocorrido má-fé na ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
expedição do atestado ou do laudo, a administração promoverá a será de 30 (trinta) dias.
punição dos responsáveis. Art. 91º Ao servidor será concedida licença-paternidade de 20
Art. 83º Findo o prazo da licença, o servidor será submetido (vinte) dias consecutivos, mediante a apresentação do registro civil,
à nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela retroagindo o afastamento à data do nascimento.
prorrogação da licença ou pela aposentadoria. §1º Será concedida a licença de que trata o caput deste artigo
Art. 84º O atestado e o laudo da junta médica não se referirão em caso de adoção ou de obtenção de guarda judicial para fins de
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões adoção.
produzidas por acidente em serviço e doença profissional. §2º Na hipótese de adoção, deverá ser apresentada a sentença
constitutiva do vínculo ou o registro civil constando da filiação o
SEÇÃO III nome do servidor, sendo esse o marco inicial da licença.
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ- §3º Os documentos comprobatórios da paternidade, exigidos
LIA no §2° deste artigo, devem estar acompanhados de certidão que
prove o trânsito em julgado da sentença judicial de adoção, em con-
Art. 85º Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo formidade com o §7° do art. 47 da Lei Federal n° 8.069, de 13 de
de doença do cônjuge, companheiro ou companheira, padrasto ou julho de 1990.
madrasta; ascendente, descendente, enteado, menor sob guarda, §4º Tratando-se de guarda judicial para fins de adoção, deverá
tutela ou adoção, e colateral consangüíneo ou afim até o segundo o servidor apresentar o respectivo termo outorgado pelo Juízo com-
grau civil, mediante comprovação médica. petente, retroagindo o início da licença à data de expedição desse
termo ou de documento equivalente.

51
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§5º Fica garantido o benefício previsto no caput deste artigo ao §3º O período de licença de que trata esse artigo será contado
servidor que já se encontre em gozo de licença-paternidade. para todos os feitos legais, exceto para a promoção por merecimen-
*O Art. 91º foi alterado pela Lei nº 9.348, de 18 de novembro to.
de 2021. *O Art. 95º foi alterado pela pela Lei nº 6.891, de 13 de julho
de 2006.
SEÇÃO V *O Art. 95º foi alterado pela pela Lei nº 8.975, de 13 de janeiro
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR E OUTRAS OBRIGATÓ- de 2020.
RIAS POR LEI
SEÇÃO VIII
Art. 92º O servidor será licenciado, quando: DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE
a) convocado para o serviço militar na forma e condições esta-
belecidas em lei; Art. 96º Ao servidor estável, será concedida licença sem remu-
b) requisitado pela Justiça Eleitoral; neração, quando o cônjuge ou companheiro, servidor civil ou mili-
c) sorteado para o trabalho do Júri; tar:
d) em outras hipóteses previstas em legislação federal especí- I - assumir mandato conquistado em eleição majoritária ou
fica; proporcional para exercício de cargo em local diverso do da lotação
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até do acompanhante;
30 (trinta) dias, sem remuneração, para reassumir o exercício do II - for designado para servir fora do Estado ou no exterior.
cargo. Art. 97º A licença será concedida pelo prazo da duração do
mandato, ou nos demais casos por prazo indeterminado.
SEÇÃO VI §1º A licença será instruída com a prova da eleição, posse ou
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES designação.
§2º Na hipótese do deslocamento de que trata este artigo, o
Art. 93º A critério da administração, poderá ser concedida ao servidor poderá ser lotado, provisoriamente, em repartição da Ad-
servidor estável, licença para o trato de assuntos particulares, pelo ministração Estadual direta, autárquica ou fundacional, desde que
prazo de até 2 (dois) anos consecutivos, sem remuneração. para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.
§1º A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pe-
dido do servidor ou no interesse do serviço. SEÇÃO IX
§2º Não se concederá nova licença antes de decorrido 2 (dois) DA LICENÇA-PRÊMIO
anos do término da anterior.
Art. 98º Após cada triênio ininterrupto de exercício, o servidor
SEÇÃO VII fará jus à licença de 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remunera-
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA OU CLASSISTA ção e outras vantagens.
Art. 99º A licença será:
Art. 94º O servidor terá direito à licença para atividade política, I - a requerimento do servidor:
obedecido o disposto na legislação federal específica. a) gozada integralmente, ou em duas parcelas de 30 (trinta)
Parágrafo único. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- dias;
cam-se as seguintes disposições: b) convertida integralmente em tempo de serviço, contado em
I - tratando-se de mandato federal ou estadual ficará afastado dobro;
do cargo ou função; c) VETADO
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo ou II - convertida, obrigatoriamente, em remuneração adicional,
função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; na aposentadoria ou falecimento, sempre que a fração de tempo
III - investido no mandato de Vereador: for igual ou superior a 1/3 (um terço) do período exigido para o gozo
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- da licençaprêmio.
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; Parágrafo único. Decorridos 30 (trinta) dias do pedido de licen-
b) não havendo compatibilidade de horários, será afastado do ça, não havendo manifestação expressa do Poder Público, é permi-
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. tido ao servidor iniciar o gozo de sua licença.
Art. 95º É assegurado ao servidor o direito à licença para de- Art. 100º Para os efeitos da assiduidade, não se consideram
sempenho de mandato em confederação, federação, sindicato re- interrupção do exercício os afastamentos enumerados no art. 72.
presentativo da categoria, associação de classe de âmbito local e/
ou nacional, sem prejuízo de remuneração do cargo efetivo. SEÇÃO X
§1º Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para DAS FOLGAS PREMIAIS
cargos de direção ou representação nas referidas entidades, até o
máximo de quatro por entidade constituída em conformidade com Art. 100-Aº Serão concedidas ao servidor folgas premiais pela
o art. 5°,inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal. realização facultativa de cursos de qualificação, até o máximo de 3
§2º A licença terá duração igual ao mandato, podendo ser pror- (três) dias por ano.
rogada, no caso de reeleição, por uma única vez. Art. 100-Bº As folgas premiais serão concedidas aos servidores
públicos civis estaduais que participarem facultativamente de cur-
sos de qualificação relacionados com as áreas específicas de atua-
ção no órgão/entidade de lotação.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§1º As folgas premiais serão concedidas de acordo com a soma II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando
de horas curso realizadas pelo servidor no decorrer de cada ano outro prazo por fixado em lei.
civil e usufruídas no ano subsequente, de acordo com a seguinte Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da
relação: publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessa-
I - 100 (cem) horas ou mais de curso correspondem a 03 (três) do, quando o ato não for publicado.
dias de folgas premiais; Art. 109º Para o exercício do direito de petição, é assegurada
II - entre 61 (sessenta e um) e 99 (noventa e nove) horas de vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a
curso correspondem a 02 (dois) dias de folgas premiais; procurador por ele constituído.
III - entre 30 (trinta) e 60 (sessenta) horas correspondem a 01 Parágrafo único. Os prazos contam-se continuamente a partir
(um) dia de folga premial. da publicação ou ciência do ato, excluído o dia do começo e incluin-
§2º A chefia imediata poderá autorizar o afastamento do ser- do o do vencimento.
vidor para a participação em cursos que ocorram durante o expe-
diente de trabalho, de forma excepcional e desde que não ofereça CAPÍTULO VII
prejuízos à continuidade dos serviços prestados. DA APOSENTADORIA
§3º Em caso de rompimento do vínculo do servidor com a Ad-
ministração Pública ou de afastamento que impossibilite a conces- *O Capítulo VII do Título II foi revogado pela Lei nº 8.975 de 13
são do benefício no ano correspondente, é vedado o acúmulo para de janeiro de 2020
o ano subsequente ou qualquer indenização.
Art. 100-Cº O disposto nesta seção não se aplica aos afasta- CAPÍTULO VIII
mentos previstos nos arts. 26 e 27 desta Lei DOS DIREITOS E VANTAGENS FINANCEIRAS
*A Seção X foi incluída pela Lei nº 9.370, de 03 de dezembro
de 2021. SEÇÃO I
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
CAPÍTULO VI
DO DIREITO DE PETIÇÃO Art. 116º O vencimento é a retribuição pecuniária mensal devi-
da ao servidor, correspondente ao padrão fixado em lei.
Art. 101º É assegurado ao servidor: Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de venci-
I - o direito de petição em defesa de direitos ou contra ilegali- mento, importância inferior ao salário mínimo.
dade ou abuso de poder; Art. 117º A revisão geral dos vencimentos dos servidores civis
II - a obtenção de certidões em defesa de direitos e esclareci- será feita, pelo menos, nos meses de abril e outubro, com vigência
mento de situações de interesse pessoal. a partir desses meses.
Art. 102º O direito de peticionar abrange o requerimento, a re- Parágrafo único. Abonos e antecipação, à conta da revisão, fi-
consideração e o recurso. cam condicionados ao limite de despesas, definido na Lei de Dire-
Parágrafo único. Em qualquer das hipóteses, o prazo para deci- trizes Orçamentárias.
dir será de 30 (trinta) dias; não havendo a autoridade competente, Art. 118º Remuneração é o vencimento acrescido das demais
prolatado a decisão, considerar-se-á como indeferida a petição. vantagens de caráter permanente, atribuídas ao servidor pelo exer-
Art. 103º O requerimento será dirigido à autoridade compe- cício do cargo público.
tente para decidir sobre ele e encaminhá-lo à que estiver imediata- Parágrafo único. As indenizações, auxílios e demais vantagens,
mente subordinado o requerente. ou gratificações de caráter eventual não integram a remuneração.
Art. 104º Cabe pedido de reconsideração à autoridade que Art. 119º Proventos são rendimentos atribuídos ao servidor em
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden- razão da aposentadoria ou disponibilidade.
do ser renovado. Art. 120º O vencimento, a remuneração e os proventos não se-
Art. 105º Caberá recurso: rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. Art. 121º A remuneração do servidor não excederá, no âmbito
§1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe- do respectivo Poder, os valores percebidos como remuneração, em
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva- espécie, a qualquer título, pelos Deputados Estaduais, Secretários
mente, em escala ascendente, às demais autoridades. de Estado e Desembargadores.
§2º O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade §1º Entre o maior e o menor vencimento, a relação de valores
à que estiver imediatamente subordinado o requerente. será de um para vinte.
Art. 106º O prazo para interposição de pedido de reconsidera- §2º No Ministério Público, o limite máximo é o valor percebido
ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da como remuneração, em espécie, a qualquer título, pelos Procura-
ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. dores de Justiça.
Art. 107º O recurso quando tempestivo terá efeito suspensivo §3º Os acréscimos pecuniários, percebidos pelo servidor pú-
e interrompe a prescrição. blico, não serão computados nem acumulados, para fins de con-
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi- cessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do fundamento.
ato impugnado. *O Art. 122º foi revogado pela Lei nº 7.071, de 24 de dezembro
Art. 108º O direito de requerer prescreve: de 2007.
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa- Art. 123º O 13° (décimo terceiro) salário será pago com base na
ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse remuneração ou proventos integrais do mês de dezembro.
patrimonial e créditos resultantes das relações funcionais;

53
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§1º O 13° (décimo terceiro) salário corresponderá a um doze V - contribuição para plano de previdência em favor de entida-
avos por mês de serviço, e a fração igual ou superior a 15 (quinze) de fechada ou aberta de previdência complementar, prevista na Lei
dias será considerada como mês integral. Complementar Federal nº 108, de 29 de maio de 2001, bem como
§2º Na exoneração e na demissão, o 13° (décimo terceiro) salá- seguradora que opera no ramo de seguro de vida e previdência,
rio será pago no mês dessas ocorrências. autorizada pelo órgão regulador competente;
Art. 124º O servidor perderá: VI - prêmio de seguro de vida coberto por seguradora que ope-
I - no caso de ausência e impontualidade: ra no ramo de seguro de vida e previdência, autorizada pelo órgão
a) o vencimento ou remuneração do dia, quando não compa- regulador competente;
recer ao serviço; VII - prestação referente a imóvel adquirido de entidade finan-
b) VETADO ciadora oficial, destinado à residência de servidores públicos civis;
I - metade da remuneração na hipótese de suspensão discipli- VIII - contribuições instituídas para entidades beneficentes;
nar convertida em multa; IX - prestação para amortização de empréstimo concedido por
III - o vencimento, a remuneração, ou parte deles, nos demais instituição financeira ou cooperativa de crédito constituída de acor-
casos previstos nesta lei. Parágrafo único. do com a Lei Federal nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, autori-
As faltas ao serviço, em razão de causa relevante, poderão ser zada pelo Banco Central, bem como por entidade aberta de previ-
abonadas pelo titular do órgão, quando requerido abono no dia útil dência complementar e seguradora que opera no ramo de seguro
subsequente, obedecido o disposto no art. 72, inciso XVI. de vida, autorizada pelo órgão regulador competente;
Art. 125º As reposições devidas e as indenizações por prejuízos X - pensão alimentícia voluntária, consignada em favor de de-
que o servidor causar, poderão ser descontadas em parcelas men- pendente que conste dos assentamentos funcionais; e
sais monetariamente corrigidas, não excedentes à décima parte da XI - contribuições para os fundos públicos de saúde e assistên-
remuneração ou provento. cia.
Parágrafo único. A faculdade de reposição ou indenização par- * Artigo 126-A foi acrescido a esta legislação através da Lei
celadas não se estende ao servidor exonerado, demitido ou licen- nº 9.659, de 1º de julho de 2022, publicada no DOE Nº 35.031, de
ciado sem vencimento. 1º/07/2022.
Art. 126. As consignações em folha de pagamento, para efeito
de desconto, não poderão, as facultativas, exceder a 40% (quarenta SEÇÃO II
por cento) da remuneração bruta, assim entendido o montante cal- GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DE
culado na forma do art. 118 desta Lei. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE DAS VANTAGENS
Parágrafo único. No caso de aplicação de redutor constitucio-
nal, a base de cálculo não compreenderá, para efeito de descontos Art. 127º Além do vencimento, o servidor poderá perceber as
facultativos, o montante que sobejar ao limite imposto pela norma. seguintes vantagens:
* Artigo 126 teve sua redação alterada pela Lei nº 9.659, de I – adicionais;
1º de julho de 2022, publicada no DOE Nº 35.031, de 1º/07/2022. II – gratificações;
Art. 126-A. As consignações em folha de pagamento são com- III – diárias;
pulsórias e facultativas. IV - ajuda de custo;
§ 1º São consideradas contribuições compulsórias: V – salário-família;
I - contribuições devidas em razão da condição do servidor de VI – indenizações;
segurado obrigatório do Regime de Previdência Estadual e do Regi- VII - outras vantagens e concessões previstas em lei.
me Geral de Previdência Social, na forma da lei; Parágrafo único. Excetuados os casos expressamente previstos
II - imposto sobre o rendimento do trabalho, na forma da lei; neste artigo, o servidor não poderá perceber, a qualquer título ou
III - pensões alimentícias fixadas ou homologadas judicialmen- forma de pagamento, nenhuma outra vantagem financeira.
te;
IV - restituições e indenizações ao Erário, na forma da lei; SEÇÃO III
V - reembolso de benefícios e auxílios prestados aos servidores DOS ADICIONAIS
e pela Administração Pública Estadual, na forma da lei;
VI - pagamentos de decisões judiciais, nos termos da lei; e Art. 128º Ao servidor serão concedidos adicionais:
VII - contribuição para plano de saúde em favor de entidade I - pelo exercício do trabalho em condições penosas, insalubres
administradora de planos de saúde do Estado, caso o servidor tenha ou perigosas;
manifestado sua opção pela adesão como segurado ao plano. II - pelo exercício de cargo em comissão ou função gratificada;
§ 2º São admitidas como consignações facultativas, dentre ou- III - por tempo de serviço.
tras: Art. 129º O adicional pelo exercício de atividades penosas, in-
I - contribuições mensais decorrentes da condição de associa- salubres ou perigosas será devido na forma prevista em lei federal.
do, destinadas à manutenção de entidades de classe, associações Parágrafo único. Os adicionais de insalubridade, periculosida-
ou clubes constituídos por servidores públicos; de, ou pelo exercício em condições penosas são inacumuláveis e o
II - contribuições de servidores estaduais filiados a partido po- seu pagamento cessará com a eliminação das causas geradoras, não
lítico; se incorporando ao vencimento, sob nenhum fundamento.
III - mensalidade instituída para entidades sindicais representa- *O Art. 130º foi revogado pela Lei Complementar nº 44 de 23
tivas de servidores públicos estaduais; de janeiro de 2003.
IV - contribuição para plano de saúde em favor de entidade ad- Art. 131º O adicional por tempo de serviço será devido por tri-
ministradora de planos de saúde; ênios de efetivo exercício, até o máximo de 12 (doze).
§1º Os adicionais serão calculados sobre a remuneração do car-
go, nas seguintes proporções:

54
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
I - aos três anos, 5%; Art. 137º A gratificação por regime especial de trabalho é a
II - aos seis anos, 5% - 10%; retribuição pecuniária mensal destinada aos ocupantes dos cargos
III - aos nove anos, 5% - 15%; que, por sua natureza, exijam a prestação do serviço em tempo in-
IV - aos doze anos, 5% - 20%; tegral ou de dedicação exclusiva.
V - aos quinze anos, 5% - 25%; §1º As gratificações devidas aos funcionários convocados para
VI - aos dezoito anos, 5% - 30%; prestarem serviço em regime de tempo integral ou de dedicação
VII - aos vinte e um anos, 5% - 35%; exclusiva obedecerão escala variável, fixada em regulamento, res-
VIII - aos vinte e quatro anos, 5% - 40%; peitados os seguintes limites percentuais:
IX - aos vinte e sete anos, 5% - 45%; a) pelo tempo integral, a gratificação variará entre 20% (vinte
X - aos trinta anos, 5% - 50%; por cento) e 70% (setenta por cento) do vencimento atribuído ao
XI - aos trinta e três anos, 5% - 55%; cargo; (Regulamentado pelos Decretos nº 2.538, de 1994, nº 1.048,
XII - após trinta e quatro anos, 5% - 60%. de 1996 e nº 4.000, de 2000)
§2º O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em que b) pela dedicação exclusiva, a gratificação variará entre 50%
completar o triênio, independente de solicitação. (cinqüenta por cento) e 100% (cem por cento) do vencimento atri-
buído ao cargo.
SEÇÃO IV §2º A concessão da gratificação por regime especial de traba-
DAS GRATIFICAÇÕES lho, de que trata este artigo, dependerá, em cada caso, de ato ex-
presso das autoridades referidas no art. 19 da presente lei.
Art. 132º Ao servidor serão concedidas gratificações: Art. 138º As gratificações por prestação de serviço extraordi-
I - pela prestação de serviço extraordinário; nário e por regime especial de trabalho excluem-se mutuamente.
II - a título de representação; §1º Ao servidor sujeito ao regime de dedicação exclusiva é ve-
III - pela participação em órgão colegiado; dado o exercício de outro cargo ou emprego.
IV - pela elaboração de trabalho técnico, científico ou de utili- §2º A gratificação, em regime de tempo integral, não se coadu-
dade para o serviço público; na com a mesma vantagem percebida em outro cargo, de qualquer
V - pelo regime especial de trabalho; esfera administrativa, exercido cumulativamente no serviço públi-
VI - pela participação em comissão, ou grupo especial de tra- co.
balho; Art. 139º A gratificação pela participação em comissão ou gru-
VII - pela escolaridade; po especial de trabalho e pela elaboração ou execução de trabalho
VIII - pela docência, em atividade de treinamento; técnico ou científico, em decorrência de formal designação ou auto-
IX - pela produtividade; rização, será arbitrada previamente, não podendo exceder ao ven-
X - pela interiorização; cimento ou remuneração do servidor. (Vide Lei nº 4.573, de 1995 e
XI - pelo exercício de atividade na área de educação especial; Decretos nº 442, de 1995 e nº 390, de 2003).
XII - Pelo exercício da função. §1º O percentual da gratificação será fixado, considerando-se a
Parágrafo único. Os casos considerados como de efetivo exercí- duração da atividade e o vencimento ou remuneração do servidor,
cio pelo art. 72, excetuados os incisos V, sendo idêntico para todos os membros quando se tratar de comis-
IX e XVI não implicam a perda das gratificações previstas neste são ou grupo de trabalho.
artigo, salvo a do inciso I. §2º O pagamento da gratificação cessará na data da conclusão
Art. 133º O serviço extraordinário será pago com acréscimo de do trabalho, e esta não será incorporada à remuneração, sob ne-
50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho. nhuma hipótese.
(Vide Decreto nº 005, de 1995). §3º Não havendo concluído o trabalho no prazo fixado ou pror-
§1º Somente será permitido serviço extraordinário para aten- rogado, o servidor fica obrigado a ressarcir mensalmente, no mes-
der a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite má- mo percentual recebido, o valor da gratificação de que trata este
ximo de 2 (duas) horas por jornada. artigo.
§2º Será considerado serviço extraordinário aquele que exce- §4º Esta gratificação não substitui nem impede o reconheci-
der, por antecipação ou prorrogação, à jornada normal diária de mento do direito autoral, quando a atribuição não for inerente ao
trabalho. cargo.
§3º A prestação de serviço extraordinário não poderá exceder Art. 140º A gratificação de escolaridade, calculada sobre o ven-
ao limite de 60 (sessenta) horas mensais, salvo para os servidores cimento, será devida nas seguintes proporções:
integrantes de categorias funcionais com horário diferenciados em I – VETADO
legislação própria. II – VETADO
Art. 134º O serviço noturno, prestado em horário compreendi- III - na quantia correspondente a 80% (oitenta por cento), ao
do entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5(cinco) horas do dia titular de cargo para cujo exercício a lei exija habilitação correspon-
seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cen- dente à conclusão do grau universitário.
to) computando-se cada hora como 52 (cinqüenta e dois) minutos Art. 141º A gratificação pela docência, em atividade de treina-
e 30 (trinta segundos). mento, será atribuída ao servidor, no regime hora-aula, desde que
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o esta atividade não seja inerente ao exercício do cargo e seja desem-
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a gratificação pre- penhada fora da jornada normal de trabalho.
vista no artigo anterior. Art. 142º A gratificação de produtividade destina-se a estimu-
*O Art. 135º foi revogado pela pela Lei nº 8.745, de 14 de agos- lar as atividades dos servidores ocupantes de cargos nas áreas de
to de 2018. tributação, arrecadação e fiscalização fazendária, extensiva aos ser-
Art. 136º A gratificação pela participação em órgão colegiado vidores de apoio técnico operacional e administrativo da Secretaria
será fixada através de regulamento.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
de Estado da Fazenda, observados os critérios, prazos e percentuais Art. 151º Caberá, também, ajuda de custo ao servidor desig-
previstos em regulamento. (Regulamentado pelo Decreto nº 2.595, nado para serviço ou estudo no exterior, a qual será arbitrada pela
de 1994). autoridade que efetuar a designação.
Art. 143º A gratificação de interiorização é devida aos servido- Art. 152º A ajuda de custo será calculada sobre a remuneração
res que, tendo domicílio na região metropolitana de Belém, sejam do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
lotados, transferidos, ou removidos para outros Municípios, en- exceder à importância correspondente a 3 (três) meses. (Regula-
quanto perdurar essa lotação ou movimentação. (Vide Lei nº 5.657, mentado pelo Decreto nº 411, de 1995).
de 1991). Art. 153º As ajudas de custo serão restituídas, quando:
Parágrafo único. A gratificação de interiorização será calculada I - o servidor não se apresentar na nova sede no prazo de 30
sobre o valor do vencimento, não podendo exceder-lhe e será pro- (trinta) dias;
porcional ao grau de dificuldade de acesso ao Município, observa- II - o servidor solicitar exoneração;
dos os percentuais fixados em regulamento. (Vide Lei nº 5.657, de III - a designação for tornada sem efeito.
1991).
Art. 144º A gratificação de função será devida por encargo de SEÇÃO VII
chefia e outros que a lei determinar. DO SALÁRIO-FAMÍLIA

SEÇÃO V *O Art. 154º foi revogado pela Lei Complementar nº 051 de 25


DAS DIÁRIAS de janeiro de 2006
*O Art. 155º foi revogado pela Lei Complementar nº 051 de 25
Art. 145º Ao servidor que, em missão oficial ou de estudos, de janeiro de 2006.
afastar-se temporariamente da sede em que seja lotado, serão con- Art. 156º O salário-família é devido, a partir do início do exercí-
cedidas, além do transporte, diárias a título de indenização das des- cio do cargo e comprovação da dependência.
pesas de alimentação, hospedagem e locomoção urbana. Art. 157º O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
§1º A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de- não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
vida pela metade, quando o deslocamento não exigir pernoite fora Art. 158º Será suspenso definitivamente o pagamento do salá-
da sede. rio-família quando:
§2º As diárias serão pagas antecipadamente e isentam o servi- I - cessada a dependência;
dor da posterior prestação de contas. II - verificada a inexatidão dos documentos apresentados;
Art. 146º No arbitramento das diárias será considerado o local III - um dos cônjuges já perceba esse direito.
para o qual foi deslocado o funcionário. *O Art. 159º foi revogado pela Lei Complementar nº 44 de 23
Art. 147º Não caberá a concessão de diárias, quando o desloca- de janeiro de 2003.
mento do servidor constituir exigência permanente do cargo.
Art. 148º O servidor que não se afastar da sede, por qualquer CAPÍTULO IX
motivo, fica obrigado a restituir integralmente o valor das diárias e OUTRAS VANTAGENS E CONCESSÕES
custos de transporte recebidos, no prazo de 05 (cinco) dias.
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede, no Art. 160º Além das demais vantagens previstas nesta lei, será
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá concedido:
as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput deste I - Ao servidor:
artigo. a) participação no Programa de Formação do Patrimônio do
Art. 149º Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor Servidor Público;
que realizar despesas com a utilização de meio de locomoção, con- b) vale-transporte, nos termos da Legislação Federal;
forme se dispuser em regulamento. c) auxílio-natalidade, correspondente a um salário mínimo,
após a apresentação da certidão de nascimento para a inscrição do
SEÇÃO VI dependente;
DAS AJUDAS DE CUSTO d) auxílio-doença, correspondente a um mês de remuneração,
após cada período consecutivo de 6 (seis) meses de licença para
Art. 150º A ajuda de custo será concedida ao servidor que, no tratamento de saúde;
interesse do serviço público, passar a ter exercício em nova sede e) custeio do tratamento de saúde, quando laudo de junta mé-
com mudança de domicílio. dica oficial atestar tratar-se de lesão produzida por acidente em ser-
§1º A ajuda de custo destina-se a compensar o servidor pelas viço ou doença profissional;
despesas realizadas com seu transporte e de sua família, compreen- f) quando estudante, e mediante comprovação, regime de
dendo passagem, bagagem e bens pessoais. compensação para realização de provas e abono de faltas para exa-
§2º Não será concedida ajuda de custo ao servidor que: me vestibular;
a) afastar-se do cargo ou reassumi-lo em virtude do exercício g) transporte ou indenização correspondente, quando licencia-
ou término de mandato eletivo; do para tratamento de saúde, estando impossibilitado de locomo-
b) for colocado à disposição de outro Poder, ou esfera de Go- ver-se, na forma do regulamento;
verno; h) seguro contra acidente de trabalho, para os que exerçam ati-
c) for removido ou transferido, a pedido. vidades com risco de vida.
§3º À família do servidor que falecer na nova sede, serão asse- II - Ao cônjuge, companheiro ou dependentes:
gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, a) custeio das despesas de translado do corpo, quando o ser-
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. vidor, no desempenho de suas atribuições, falecer fora da sede do
exercício;

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
b) auxílio-funeral, correspondente ao total das despesas com o *O inciso II do §8º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de
funeral do servidor falecido, limitado ao maior valor dos benefícios 13 de janeiro de 2020.
pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. *O Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de janeiro de
*A alínea B do Inciso II do Art. 160º foi alterada pela Lei nº 2020.
8.975 de 13 de janeiro de 2020. Art. 161º Garantido o direito de opção, é vedada a percepção
c) pensão especial, no valor integral do vencimento ou remu- cumulativa de duas ou mais pensões, ressalvadas a diretriz constitu-
neração, quando o servidor falecer em decorrência de acidente em cional da acumulação remunerada de cargos públicos.
serviço ou moléstia profissional;
d) vantagens pecuniárias que o servidor deixou de perceber em CAPÍTULO X
decorrência de seu falecimento. DAS ACUMULAÇÕES REMUNERADAS
§1º Consideram-se dependentes, para os fins do inciso II, alí-
nea “b”, deste artigo, os beneficiários de que cuida o art. 6º da Lei Art. 162º É vedada a acumulação remunerada de cargos pú-
Complementar nº 039, de 2002. blicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, nos se-
*O §1º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- guintes casos:
neiro de 2020. a) a de 2 (dois) cargos de professor;
§2º O pagamento do benefício de que trata a alínea “b” do in- b) a de 1 (um) cargo de professor com outro técnico ou científi-
ciso II deste artigo depende da efetiva comprovação da realização co, de nível médio ou superior;
das despesas pelo beneficiário. c) a de 2 (dois) cargos privativos de médico.
*O §2º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- Parágrafo único. A proibição de acumular estende-se a em-
neiro de 2020. pregos e funções e abrange autarquias, fundações mantidas pelo
§3º O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II deste arti- Poder Público, empresas públicas, sociedades de economia mista,
go poderá ser pago a terceiro que comprovadamente tenha realiza- da União, Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Muni-
do as despesas com o funeral, na ausência de cônjuge, companhei- cípios, não se aplicando, porém, ao aposentado, quando investido
ro ou dependentes. em cargo comissionado.
*O §3º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- Art. 163º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condi-
neiro de 2020. cionada à comprovação da compatibilidade de horários.
§4º Caso as despesas com o funeral sejam comprovadas por Parágrafo único. O servidor não poderá exercer mais de um car-
mais de uma pessoa, o benefício de que trata a alínea “b” do inciso go em comissão.
II deste artigo poderá ser rateado na proporção dos gastos, median- *O Art. 164º foi revogado pela Lei nº 9.230 de 24 de março de
te requerimento dos interessados, sempre observado o limite do 2021.
maior valor dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência Art. 165º VETADO
Social.
*O §4º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- TÍTULO IV
neiro de 2020. DA SEGURIDADE SOCIAL
§5º No caso de impossibilidade do rateio proporcional do be-
nefício de que trata o parágrafo anterior, em razão de prévio paga- CAPÍTULO I
mento integral a um primeiro requerente, o requerente remanes- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
cente fará jus apenas a eventual saldo do que restar para atingir
limite dos benefícios pagos pelo Regime Geral de Previdência Social. Art. 166º A seguridade social compreende um conjunto de
*O §5º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- ações do Estado destinadas a assegurar os direitos à saúde, à pre-
neiro de 2020. vidência e à assistência social do servidor e de seus dependentes.
§6º O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II somente Parágrafo único. Na seguridade social prevalecem os seguintes
pode ser pago uma vez, ainda que o servidor falecido estivesse em objetivos:
acumulação regular de cargos na atividade. I - universalidade da cobertura do atendimento;
*O §6º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- II - uniformidade dos benefícios;
neiro de 2020. III - irredutibilidade do valor dos benefícios;
§7º O benefício de que trata a alínea “b” do inciso II deste arti- IV - caráter democrático da gestão administrativa, com partici-
go poderá ser pago em razão do falecimento de servidor exclusiva- pação paritária do servidor estável e do aposentado eleitos para o
mente comissionado. colegiado do órgão previdenciário do Estado do Pará.
*O §7º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- Art. 167º O Município que não dispuser de sistema previdenci-
neiro de 2020. ário próprio poderá aderir, mediante convênio, ao órgão de seguri-
§8º São consideradas despesas com funeral, para os fins da alí- dade do Estado do Pará para garantir aos seus servidores a seguri-
nea “b” do inciso II deste artigo: dade, na forma da lei.
*O §8º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de 13 de ja- Art. 168º A seguridade social será financiada através das se-
neiro de 2020. guintes contribuições:
I - os gastos essenciais para a realização de velório, enterro e I - contribuição incidente sobre a folha de vencimento e remu-
cremação; e nerações;
*O inciso I do §8º do Art. 160º foi incluído pela Lei nº 8.975 de II - dos servidores de qualquer quadro funcional;
13 de janeiro de 2020. III - de outras fontes estabelecidas em lei destinadas a garantir
II - os gastos com traslado do corpo, excluídos o interestadual a manutenção ou expansão da seguridade social.
e o internacional. Parágrafo único. As receitas destinadas à seguridade social
constarão do orçamento do Estado do Pará.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 169º As metas e prioridades caracterizadoras dos progra- c) de descontar em folha, mediante autorização do servidor,
mas, projetos e atividades estabelecidas no orçamento, manterão sem ônus para a entidade sindical a que for filiado, o valor das men-
absoluta fidelidade à finalidade e ao objetivo do órgão de Previdên- salidades e contribuições definidas em Assembléia Geral da cate-
cia e Assistência dos Servidores do Estado do Pará. goria.
Art. 176º É assegurada a participação permanente do servidor
CAPÍTULO II nos colegiados dos órgãos do Estado do Pará em que seus interes-
DA SAÚDE ses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.
Art. 170º A assistência à saúde será prestada pelo órgão esta-
dual competente e, de forma complementar, por instituições públi- TÍTULO VI
cas e privadas. DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSABILIDADES
Art. 171º Nas situações de urgência e emergência o setor de
Recursos Humanos comunicará formalmente ao órgão de segurida- CAPÍTULO I
de social, no primeiro dia útil seguinte, o atendimento médico do DOS DEVERES
servidor ou de seus dependentes.
§1º A assistência à saúde fora do domicílio do servidor depen- Art. 177º São deveres do servidor:
de da manifestação favorável do órgão de seguridade social do Es- I - assiduidade e pontualidade;
tado do Pará. II – urbanidade;
§2º O atendimento de urgência e emergência fora do domicílio III – discrição;
do servidor obedecerá ao que dispuser o regulamento. IV - obediência às ordens superiores, exceto quando manifes-
tamente ilegais;
CAPÍTULO III V - exercício pessoal das atribuições;
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL VI - observância aos princípios éticos, morais, às leis e regula-
mentos;
Art. 172º Os planos de Previdência Social atenderão, nos ter- VII - atualização de seus dados pessoais e de seus dependentes;
mos da legislação pertinente: VIII - representação contra as ordens manifestamente ilegais e
I - à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluin- contra irregularidades;
do os resultantes de acidentes de trabalho, velhice e reclusão; IX - atender com presteza:
II - à pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao a) às requisições para a defesa do Estado;
cônjuge e dependente. b) às informações, documentos e providências solicitadas por
§1º A contribuição previdenciária incidirá sobre a remuneração autoridades judiciárias ou administrativas;
total do servidor, exceto salário-família, com a consequente reper- c) à expedição de certidões para a defesa de direitos, para a
cussão em benefícios. arguição de ilegalidade ou abuso de autoridade.
§2º É assegurado o reajustamento de benefícios para preser-
var-lhes, em caráter permanente, o valor real da época da conces- CAPÍTULO II
são. DAS PROIBIÇÕES
§3º O 13° (décimo terceiro) salário dos aposentados e pensio-
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de Art. 178º É vedado ao servidor:
cada ano. I - acumular inconstitucionalmente cargos ou empregos na ad-
ministração pública;
CAPÍTULO IV II - revelar fato de que tem ciência em razão do cargo, e que
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL deve permanecer em sigilo, ou facilitar sua revelação;
III - pleitear como intermediário ou procurador junto ao ser-
Art. 173º A assistência social será prestada ao servidor e de- viço público, exceto quando se tratar de interesse do cônjuge ou
pendentes. dependente;
Art. 174º A assistência social tem por objetivo: IV - deixar de comparecer ao serviço, sem causa justificada, por
I - proteção ao servidor, sobretudo nos trabalhos penosos, in- 30 (trinta) dias consecutivos;
salubres e perigosos; V - valer-se do exercício do cargo para auferir proveito pessoal
II - proteção à família, à maternidade e à infância; ou de outrem, em detrimento da dignidade da função;
III - amparo às crianças, em creche; VI - cometer encargo legítimo de servidor público à pessoa es-
IV - a cultura, o esporte, a recreação e o lazer. tranha à repartição, fora dos casos previstos em lei;
VII - participar de gerência ou administração de empresa priva-
TÍTULO V da, de sociedade civil, ou exercer o comércio, exceto na qualidade
DA ASSOCIAÇÃO SINDICAL de acionista, cotista ou comanditário;
VIII - aceitar contratos com a Administração Estadual, quando
Art. 175º É garantido ao servidor público civil do Estado do Pará vedado em lei ou regulamento;
o direito à livre associação, como também, entre outros, os seguin- IX - participar da gerência ou administração de associação ou
tes direitos, dela decorrentes: sociedade subvencionada pelo Estado, exceto entidades comunitá-
a) de ser representado pelos sindicatos, na forma da legislação rias e associação profissional ou sindicato;
processual civil; X - tratar de interesses particulares ou desempenhar atividade
b) de inamovibilidade dos dirigentes dos sindicatos até 1 (um) estranha ao cargo, no recinto da repartição;
ano após o final do mandato;

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XI - referir-se, de modo ofensivo, a servidor público e a ato da II - a natureza e a gravidade da infração e as circunstâncias em
Administração; que foi praticada;
XII - utilizar-se do anonimato, ou de provas obtidas ilicitamente; III - a repercussão do fato;
XIII - permutar ou abandonar serviço essencial, sem expressa IV - os antecedentes funcionais.
autorização; Art. 185º As penas disciplinares serão aplicadas através de:
XIV - omitir-se no zelo e conservação dos bens e documentos I - portaria, no caso de repreensão e suspensão;
públicos; II - decreto, no caso de demissão, destituição de cargo em co-
XV - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão missão ou de função gratificada, cassação de aposentadoria ou de
judicial; disponibilidade.
XVI - deixar, sem justa causa, de observar prazos legais adminis- Parágrafo único. A portaria ou o decreto indicará a penalidade
trativos ou judiciais; e o fundamento legal, com a devida inscrição nos assentamentos
XVII - praticar ato lesivo ao patrimônio Estadual; do servidor.
XVIII - solicitar, aceitar ou exigir vantagem indevida pela absten- Art. 186º Na aplicação de penalidade, serão inadmissíveis as
ção ou prática regular de ato de ofício; provas obtidas por meios ilícitos.
XIX - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autori- Art. 187º Aos acusados e litigantes, em processo administrati-
zação legal; vo, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios
XX - exercer atribuições sob as ordens imediatas de parentes e recursos a ela inerentes.
até o segundo grau, salvo em cargo comissionado; Parágrafo único. Ao servidor punido com pena disciplinar é as-
XXI - praticar atos, tipificados em lei como crime, contra a ad- segurado o direito de pedir reconsideração e recorrer da decisão.
ministração pública; Art. 188º A pena de repreensão será aplicada nas infrações de
XXII - exercer a advocacia fora das atribuições institucionais, se natureza leve, em caso de falta de cumprimento dos deveres ou das
ocupante do cargo incompatível; proibições, na forma que dispuser o regulamento.
XXIII - retardar, injustificadamente, a nomeação de classificado Art. 189º A pena de suspensão, que não exceder a 90 (noventa)
em concurso público. dias, será aplicada em caso de falta grave, reincidência, ou infração
Parágrafo único. Não se compreende na proibição do inciso VIII ao disposto no art. 178, VII, XI, XII, XIV e XVII.
o exercício de cargo ou função na Administração Indireta, quando §1º O servidor, enquanto suspenso, perderá os direitos e vanta-
regularmente colocado à disposição. gens de natureza pecuniária, exceto o salário-família.
§2º Quando licenciado, a penalidade será aplicada após o re-
CAPÍTULO III torno do servidor ao exercício.
DAS RESPONSABILIDADES §3º Quando houver conveniência para o serviço, a autoridade
que aplicar a pena de suspensão poderá convertê-la em multa, na
Art. 179º O servidor responde civil, penal e administrativamen- base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remu-
te pelo exercício irregular de suas atribuições. neração, permanecendo o servidor em exercício.
Art. 180º A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou Art. 190º A pena de demissão será aplicada nos casos de:
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou I - crime contra a Administração Pública, nos termos da lei pe-
a terceiros. nal;
§1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário II - abandono de cargo;
somente será liquidada na forma prevista no art. 125, na falta de III - inassiduidade habitual, configurada por faltas ao serviço,
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. sem causa justificada, por 60 (sessenta) dias, intercaladamente, no
§2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o ser- período de 12 (doze) meses;
vidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. *O inciso III do Art. 190º foi alterado pela Lei nº 9.230 de 24 de
§3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores março de 2021
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança rece- IV - improbidade administrativa;
bida. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
Art. 181º As sanções civis, penais e administrativas poderão VI - insubordinação grave em serviço;
cumular-se, sendo independentes entre si. VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
Art. 182º A absolvição judicial somente repercute na esfera ad- em legítima defesa própria ou de outrem;
ministrativa, se negar a existência do fato ou afastar do servidor a VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
autoria. IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo;
CAPÍTULO IV X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio es-
DAS PENALIDADES E SUA APLICAÇÃO tadual;
XI – corrupção;
Art. 183º São penas disciplinares: XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
I – repreensão; cas;
II – suspensão; XIII - lograr proveito pessoal ou de outrem, valendo-se do car-
III – demissão: go, em detrimento da dignidade da função pública;
IV - destituição de cargo em comissão ou de função gratificada; XIV - participação em gerência ou administração de empresa
V - cassação de aposentadoria ou de disponibilidade. privada, de sociedade civil, ou exercício do comércio, exceto na
Art. 184º Na aplicação das penalidades serão considerados qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
cumulativamente:
I - os danos decorrentes do fato para o serviço público;

59
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XV - atuação, como procurador ou intermediário, junto a re- §6º Apresentada a defesa escrita, a comissão processante ela-
partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenci- borará relatório conclusivo, no prazo de 5 (cinco) dias, com resumo
ários ou assistenciais a parentes até o segundo grau, e de cônjuge das principais peças dos autos, deliberando sobre a ilicitude da acu-
ou companheiro; mulação apurada e concluindo sobre a inocência ou responsabilida-
XVI - recebimento de propina, comissão, presente ou vantagem de do servidor indiciado, inclusive sua boa ou má-fé, indicando os
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; dispositivos legais infringidos e a penalidade proposta.
XVII - aceitação de comissão, emprego ou pensão de Estado §7º Elaborado o relatório conclusivo, a comissão processante
estrangeiro; encaminhará os autos do PADS à autoridade instauradora, para
XVIII - prática de usura sob qualquer de suas formas; providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso III do § 3°
XIX - procedimento desidioso; deste artigo.
XX - utilização de pessoal ou recursos materiais de repartição §8º No prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento dos au-
em serviços ou atividades particulares. tos do PADS, a autoridade julgadora proferirá sua decisão, aplican-
§1º O servidor indiciado em processo administrativo não po- do-se, quando for o caso, o disposto no § 3° do art. 223 desta Lei.
derá ser exonerado, salvo se comprovada a sua inocência ao final §9º A opção feita pelo servidor indiciado até o último dia do
do processo. prazo para defesa poderá afastar a má-fé na acumulação ilegal, hi-
*O §2º do Art. 190º foi revogado pela Lei nº 9.230 de 24 de pótese na qual a manifestação será automaticamente convertida
março de 2021. em pedido de exoneração do cargo indicado pelo optante, se es-
Art. 191º Verificada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal tadual, ou, de outra forma, observar-se-á o disposto no § 1º deste
de cargos, empregos ou funções públicos, a autoridade a que se artigo.
refere o art. 199 desta Lei notificará pessoalmente o servidor, por §10º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção por um aplicar-se-á ao servidor indiciado a pena de demissão, destituição
dos cargos, empregos ou funções em acúmulo ilegal, no prazo im- de cargo comissionado ou cassação de aposentadoria ou disponi-
prorrogável de 10 (dez) dias, contados da data do recebimento da bilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicos em
notificação. regime de acumulação, hipótese na qual deverão ser comunicados
§1º Utilizando-se do direito de opção por um dos cargos, em- os órgãos ou entidades de vinculação.
pregos ou funções públicos acumulados indevidamente, a escolha §11º O prazo para conclusão do PADS não excederá 30 (trinta)
do servidor deverá ser comprovada, independentemente de nova dias, contado da data de publicação do ato que constituir a comis-
notificação, no prazo subsequente de 15 (quinze) dias, prorrogável são processante, admitida a prorrogação por até 15 (quinze) dias,
por igual período e uma única vez, a critério da Administração Pú- quando as circunstâncias assim o exigirem e mediante decisão fun-
blica e mediante pedido motivado do interessado. damentada.
§2º Na hipótese de o servidor não comprovar a opção a que §12º O procedimento sumário ou simplificado deve seguir as
se referem o caput e o § 1° deste artigo, deverá a autoridade com- disposições deste artigo, observando-se, no que couber, as disposi-
petente instaurar Processo Administrativo Disciplinar Simplificado ções dos Capítulos V a IX do Título VI desta Lei.
(PADS), sob o rito sumário, para apuração e regularização da acu- *O Art. 191º foi alterado pela Lei nº 9.230 de 24 de março de
mulação ilegal. 2021.
§3º O PADS, de rito sumário, desenvolver-se-á nas seguintes Art. 191-Aº Na apuração de abandono de cargo ou de inassi-
fases: duidade habitual será adotado o procedimento sumário a que se
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comis- referem os §§ 3° a 12 do art. 191 desta Lei, observando-se especial-
são processante, composta por 2 (dois) servidores estáveis, o qual mente o seguinte:
deve indicar a materialidade e autoria da transgressão objeto de I - a indicação da materialidade dar-se-á:
apuração; a) na hipótese de abandono de cargo, pela juntada de prova
II - instrução sumária, que compreende a juntada de provas ob- documental precisa do período de ausência injustificada do servi-
jetivas da infração, em poder da Administração Pública, indiciação, dor ao serviço, quando superior a 30 (trinta) dias consecutivos; e
citação, defesa e relatório conclusivo da comissão processante; e b) no caso de inassiduidade habitual, pela juntada de prova do-
III - julgamento pela autoridade competente para aplicar a cumental precisa dos dias de falta ao serviço sem causa justificada,
pena de demissão. por período igual ou superior a 60 (sessenta) dias intercalados, no
§4º A indicação da autoria e da materialidade referidas no in- prazo de 12 (doze) meses.
ciso I do § 3o deste artigo dar-se-á, respectivamente, pela identifi- II- após a apresentação de defesa escrita, a comissão proces-
cação do nome e da matrícula do servidor acusado e pela descrição sante elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou respon-
dos cargos, empregos ou funções públicos em acúmulo ilegal, dos sabilidade do servidor indiciado, resumindo as principais peças dos
órgãos ou entidades de vinculação, em quaisquer esferas de Poder autos, deliberando sobre a ausência de justificativa para as faltas
ou Governo, das datas de ingresso, horários de trabalho e do cor- ao serviço indicadas nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo,
respondente regime jurídico em cada vínculo. se ocorreram de modo intencional ou mediante dolo eventual, bem
§5º A comissão processante lavrará, em até 3 (três) dias con- como indicando os dispositivos legais infringidos e a penalidade
tados da publicação do ato que a constituir, termo de indiciação do proposta; e
servidor em situação de acúmulo ilegal, considerando as informa- III- após a elaboração do relatório conclusivo, a comissão pro-
ções exigidas no cessante encaminhará os autos do PADS à autoridade instauradora,
§ 4o deste artigo, após o que deverá promover a citação pesso- para providências cabíveis ao julgamento, na forma do inciso III do
al do servidor indiciado para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentar § 3° do art. 191 desta Lei.
defesa escrita e os documentos que julgar necessários, assegurada
vista dos autos junto à comissão processante, na forma dos arts.
219 e 220 desta Lei.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Na configuração do dolo eventual a que se re- CAPÍTULO V
fere o inciso II deste artigo, deve a comissão processante comprovar DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
que o servidor faltoso, embora sem intenção expressa de abando- (Regulamentado pela Lei nº 8.972, de 2020).
nar o cargo, assumiu o risco de produzir esse resultado.
*O Art. 191º-A foi incluído pela Lei nº 9.230 de 24 de março Art. 199º A autoridade que tiver ciência de irregularidade no
de 2021. serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
Art. 192º A destituição de cargo em comissão ou de função gra- mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
tificada será aplicada nos casos de infração, sujeita à penalidade de gurada ao acusado ampla defesa.
demissão. Art. 200º As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
a exoneração efetuada, nos termos do artigo 60, será convertida em denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
destituição de cargo em comissão ou de função gratificada. ticidade.
Art. 193º A demissão ou destituição de cargo em comissão ou Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar eviden-
de função gratificada, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. te infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada,
190, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erá- por falta de objeto.
rio, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 201º Da sindicância poderá resultar:
Art. 194º A pena de demissão será aplicada com a nota “a bem I - arquivamento do processo;
do serviço público”, sempre que o ato fundamentar-se no art. 190, II - aplicação de penalidade de repreensão ou suspensão de até
incisos I, IV, VII, X e XI. 30 (trinta) dias;
Parágrafo único. O servidor demitido ou destituído do cargo em III - instauração de processo disciplinar.
comissão ou da função gratificada, na hipótese prevista neste arti- IV - a celebração de Termo de Ajustamento Disciplinar (TAD),
go, não poderá retornar ao serviço estadual. nos casos sujeitos à repreensão.
Art. 195º A demissão ou a destituição de cargo em comissão *O inciso IV do Art. 201º foi incluído pela Lei nº 9.230 de 24 de
ou de função gratificada, nas hipóteses do art. 190, incisos XIII e XV, março de 2021.
incompatibiliza o servidor para nova investidura em cargo público Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex-
estadual, pelo prazo de 5 (cinco) anos. cederá a 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período,
Art. 196º Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade a critério da autoridade superior.
do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a Art. 201-Aº Fica instituído o Termo de Ajustamento Disciplinar
demissão. (TAD), no âmbito da Administração
§1º A cassação da aposentadoria ou da disponibilidade será Pública Estadual, como instrumento substitutivo da penalidade
precedida do competente processo administrativo. de repreensão, nos termos do art. 188 e demais disposições da Lei
§2º Aplica-se, ainda, a pena de cassação de aposentadoria ou Estadual no 5.810, de 1994.
de disponibilidade se ficar provado que o inativo: §1º No TAD, o servidor interessado assume a responsabilidade
I - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; pela irregularidade a que deu causa, comprometendo-se a ajustar
II - aceitou ilegalmente representação, comissão, emprego ou sua conduta e a observar os deveres e proibições previstos na legis-
pensão de Estado estrangeiro; lação vigente.
III - praticou a usura em qualquer de suas formas; §2º O TAD poderá ser proposto pelo servidor ou de ofício pela
IV - não assumiu no prazo legal o exercício do cargo em que foi autoridade instauradora da sindicância ou pela comissão proces-
aproveitado. sante de sindicância, desde a fase inicial da sindicância e antes do
Art. 197º As penalidades disciplinares serão aplicadas, observa- relatório final da comissão, quando se tratar de infração disciplinar
da a vinculação do servidor ao respectivo Poder, órgão ou entidade: leve.
I - pela autoridade competente para nomear em qualquer caso, §3º A celebração do TAD dependerá sempre da aceitação for-
e privativamente, nos casos de demissão, destituição e cassação de mal do servidor, implicando sua recusa ou silêncio no prossegui-
aposentadoria ou disponibilidade; mento da apuração.
II - pelos Secretários de Estado e dirigentes de órgão a estes §4º No caso de propositura do TAD pelo servidor, a decisão
equiparados, nos casos de suspensão superiores a 30 (trinta) dias; quanto à celebração do TAD caberá à autoridade instauradora da
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades, na forma dos sindicância.
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de repreensão §5º Em qualquer caso, a homologação do TAD caberá à autori-
ou de suspensão até 30 (trinta) dias. dade instauradora da sindicância, no prazo de 10 (dez) dias, conta-
Art. 198º A ação disciplinar prescreverá: dos do recebimento dos respectivos autos, não constituindo direito
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis- subjetivo do interessado.
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição; §6º A homologação do TAD impõe o sobrestamento da sindi-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; cância e suspende o fluxo da prescrição da ação disciplinar, até seu
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à repreensão. integral cumprimento.
§1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o §7º Competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão
fato se tornou conhecido. ou entidade o acompanhamento e a fiscalização do cumprimento
§2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às das obrigações estabelecidas no TAD.
infrações disciplinares capituladas também como crime. §8º A celebração do TAD não constitui direito subjetivo do in-
§3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo dis- teressado, somente podendo ocorrer em conformidade com os ter-
ciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por mos previstos nesta Lei.
autoridade competente.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§9º A Secretaria de Estado de Planejamento e Administração Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
poderá editar atos normativos visando estabelecer procedimentos igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
relativos à celebração do TAD. concluído o processo.
*O Art. 201º-A foi incluído pela Lei nº 9.230 de 24 de março
de 2021. CAPÍTULO VII
Art. 201-Bº O TAD não poderá ser celebrado nas seguintes hi- DO PROCESSO DISCIPLINAR
póteses:
I - em caso de prejuízo ao Erário ou grave dano ao serviço; Art. 204º O processo disciplinar é o instrumento destinado a
II - indício de crime ou improbidade administrativa; apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exer-
III - existência de outra sindicância ou processo administrativo cício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições
disciplinar em curso para apurar infração punível com repreensão do cargo em que se encontre investido.
ou outra penalidade mais grave; Art. 205º O processo disciplinar será conduzido por comissão
IV - quando a celebração do TAD importar em solução capaz de composta de 3 (três) servidores estáveis, designados pela autorida-
violar a equidade da disciplina aplicada aos demais agentes públi- de competente, que indicará, dentre eles, o seu presidente.
cos, a critério da Administração Pública; e §1º A Comissão terá como secretário, servidor designado pelo
V - no caso de servidor que esteja em estágio probatório ou seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
que, nos últimos 2 (dois) anos, tenha se utilizado do instrumento bros.
estabelecido neste artigo ou possua registro válido de penalidade §2º Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
disciplinar em seus assentamentos funcionais. inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consan-
*O Art. 201º-B foi incluído pela Lei nº 9.230 de 24 de março güíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
de 2021. Art. 206-Aº Comissão exercerá suas atividades com indepen-
Art. 201-Cº O TAD deverá conter: dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
I - identificação completa das partes, advogado, se houver, tes- ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
temunhas, data e respectivas assinaturas; Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões te-
II - os fundamentos de fato e de direito para sua celebração; rão caráter reservado.
III - especificação da infração imputada ao agente público, refe- Art. 207º O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
rindo a capitulação legal; fases:
IV - a descrição das obrigações assumidas; I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
V - o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações; missão;
VI - a forma de fiscalização das obrigações pactuadas; e II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa
VII - os efeitos, em caso de descumprimento. e relatório;
§1º O prazo de cumprimento do TAD não excederá 180 (cento e III – julgamento.
oitenta) dias, devendo ser fixado de modo compatível com os com- Art. 208º O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
promissos assumidos pelo agente público. excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
§2º No caso de descumprimento do TAD, cuja comunicação que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual pra-
competirá à unidade de gestão de pessoas do Poder, órgão ou en- zo, quando as circunstâncias o exigirem.
tidade, a autoridade competente adotará imediatamente as provi- §1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte-
dências necessárias à instauração ou continuidade do respectivo gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon-
procedimento disciplinar, sem prejuízo da apuração relativa à ino- to, até a entrega do relatório final.
bservância das obrigações descumpridas, voltando a fluir a prescri- §2º As reuniões da comissão serão registradas em atas que de-
ção incidente. verão detalhar as deliberações adotadas.
§3º Decorrido o prazo previsto no TAD e não ocorrendo qual-
quer comunicação de descumprimento dos seus termos, a unida- CAPÍTULO VIII
de de gestão de pessoas do Poder, órgão ou entidade, enquanto DO INQUÉRITO
responsável por sua fiscalização, comunicará o cumprimento ao
respectivo titular, para declaração da extinção de punibilidade e ar- Art. 209º O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
quivamento dos autos. contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
*O Art. 201º-C foi incluído pela Lei nº 9.230 de 24 de março ção dos meios e recursos admitidos em direito.
de 2021. Art. 210º Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
Art. 202º Sempre que o ilícito praticado pelo servidor, ensejar a nar, como peça informativa da instrução.
imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con-
de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
destituição, será obrigatória a instauração de processo disciplinar. competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in-
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
CAPÍTULO VI Art. 211º Na fase do inquérito, a comissão promoverá a toma-
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO da de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabí-
veis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário,
Art. 203º Como medida cautelar e a fim de que o servidor não a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau- fatos.
radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
prejuízo da remuneração.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 212º É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o §1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
processo, pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e e devolverá o prazo para a defesa.
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular §2º Para defender o indiciado revel, a autoridades instauradora
quesitos, quando se tratar de prova pericial. do processo designará um servidor como defensor dativo, ocupante
§1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos consi- de cargo de nível igual ou superior ao do indiciado.
derados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum Art. 221º Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
interesse para o esclarecimento dos fatos. minucioso, em que resumirá as peças principais dos autos e men-
§2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- cionará as provas nas quais se baseou para formar a sua convicção.
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. §1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à
Art. 213º As testemunhas serão intimadas a depor mediante responsabilidade do servidor.
mandato expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun- §2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão in-
da via, com o ciente do intimado, ser anexada aos autos. dicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como
Parágrafo único Se a testemunha for servidor público, a expe- as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
dição do mandato será imediatamente comunicada ao chefe da re- Art. 222º O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
a inquirição. julgamento.
Art. 214º O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. CAPÍTULO IX
§1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. DO JULGAMENTO
§2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir-
mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. Art. 223º A autoridade julgadora proferirá a sua decisão, no
Art. 215º Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo.
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi- §1º Se a penalidade a ser aplicada exceder à alçada da autori-
mentos previstos nos arts. 213 e 214. dade instauradora do processo, este será encaminhado à autorida-
§1º No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido de competente, que decidirá em igual prazo.
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações so- §2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,
bre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles. o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
§2º O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, pena mais grave.
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interfe- §3º Se a penalidade prevista for a demissão, cassação de apo-
rir nas perguntas e respostas, facultando-se- lhe, porém, reinquiri- sentadoria ou disponibilidade, ou destituição o julgamento caberá
-las, por intermédio do presidente da comissão. às autoridades de que trata o inciso I do art. 197.
Art. 216º Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do Art. 224º O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja quando contrário às provas dos autos.
submetido, a exame por junta médica oficial, da qual participe, pelo Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
menos, um médico psiquiatra. provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
Parágrafo único O incidente de sanidade mental será processa- agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
do em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expe- responsabilidade.
dição do laudo pericial. Art. 225º Verificada a existência de vício insanável, a autori-
Art. 217º Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indi- dade julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo
cação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e e ordenará a constituição de outra comissão, para instauração de
das respectivas provas. novo processo.
§1º O indiciado será citado por mandato expedido pelo presi- §1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 processo.
(dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. §2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
§2º Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será comum trata o art. 198, § 2°, será responsabilizada na forma da presente lei.
e de 20 (vinte) dias. Art. 226º Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
§3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado em dobro, para julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
diligências reputadas indispensáveis. duais do servidor.
§4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia Art. 227º Quando a infração estiver capitulada como crime, o
da citação, o prazo para defesa contar-seá da data declarada, em processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
assinatura de 2 (duas) testemunhas. Art. 228º Serão assegurados transporte e diárias:
Art. 218º O indiciado que mudar de residência fica obrigado a I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede
comunicar à comissão o local onde poderá ser encontrado. de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou in-
Art. 219º Achando-se o indiciado em local incerto e não sabi- diciado;
do, será citado por Edital, publicado no Diário Oficial do Estado e II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obriga-
em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio dos a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de mis-
conhecido, para apresentar defesa. são essencial ao esclarecimento dos fatos.
Parágrafo único Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
será de 15 (quinze) dias, a partir da última publicação do Edital.
Art. 220º Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
citado, não apresentar defesa no prazo legal.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO X Art. 241º O servidor de nível superior ou equiparado ao mes-
DA REVISÃO DO PROCESSO mo, sujeito à fiscalização da autarquia profissional, ou entidade
análoga, suspenso do exercício profissional não poderá desempe-
Art. 229º O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer nhar atividade que envolva responsabilidade técnico-profissional,
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou enquanto perdurar a medida disciplinar.
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a Art. 242º Fica assegurada a participação de 1 (um) represen-
inadequação da penalidade aplicada. tante dos sindicatos de servidores públicos no Conselho de Política
§1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do de Cargos e Salários do Estado do Pará, na forma do regulamento.
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do
processo. TÍTULO VIII
§2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
requerida pelo respectivo curador.
Art. 230º No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- Art. 243º VETADO
querente. Art. 244º Aos servidores da administração direta, autarquias e
Art. 231º A simples alegação de injustiça da penalidade não fundações públicas, contratados por prazo indeterminado, pelo re-
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos gime da Consolidação das Leis do Trabalho ou como serviços presta-
ainda não apreciados no processo originário. dos é assegurado até que seja promovido concurso público para fins
Art. 232º O requerimento de revisão do processo será dirigido de provimento dos cargos por eles ocupados, ou que venham a ser
ao Secretário de Estado ou autoridade equivalente que, se autorizar criados, as mesmas obrigações e vantagens atribuídas aos demais
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade servidores considerados estáveis por força do artigo 19 do Ato das
onde se originou o processo disciplinar. Disposições Transitórias da Constituição Federal.
Parágrafo único Deferida a petição, a autoridade competente Art. 245º VETADO
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 205. Parágrafo único VETADO
Art. 233º A revisão correrá em apenso ao processo originário. Art. 246º Aos servidores em atividade na área de educação es-
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e pecial fica atribuída a gratificação de cinquenta por cento (50%) do
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que vencimento.
arrolar. Art. 247º É assegurada ao servidor a contagem da soma do
Art. 234º A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a tempo de serviço prestado à União, Estados, Distrito Federal, Terri-
conclusão dos trabalhos. tórios e Municípios, desde que ininterrupta e sucessivamente, para
Art. 235º Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no efeito de aferição da estabilidade nas condições previstas no art. 19
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição
processo disciplinar. Federal.
Art. 236º O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe- Art. 248º VETADO
nalidade, nos termos do art. 197. Art. 249º Esta lei entra em vigor na data da sua promulgação.
Parágrafo único O prazo para julgamento será de 20 (vinte) Art. 250º VETADO
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a au-
toridade julgadora poderá determinar diligências. Palácio do Governo do Estado do Pará, em 24 de janeiro de
Art. 237º Julgada procedente a revisão, será declarada sem 1994.
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
do servidor, exceto em relação à destituição, que será convertida
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº. 003/90, DE 26 DE
em exoneração. ABRIL DE 1990, E SUAS ALTERAÇÕES
Parágrafo único Da revisão não poderá resultar agravamento
de penalidade.
LEI COMPLEMENTAR Nº 003/90, DE 26 DE ABRIL DE 1990.
TÍTULO VII (REVOGADA pela Lei Complementar nº 26, de 06 de outubro
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de 1994)

Art. 238º O dia 28 de outubro é consagrado ao servidor público LEI COMPLEMENTAR Nº 26 DE 06 DE OUTUBRO DE 1994.
estadual.
Art. 239º O tempo de serviço gratuito será contado para todos * Ver Lei Complementar n° 003, de 26.04.1990.
os fins, quando prestado à autarquia profissional, ou aos que te- * Todas as disposições em contrário a Lei Complementar nº
nham exercido gratuitamente mandato de Vereador, sendo vedada 52, de 30 de janeiro de 2006, publicada no DOE Nº 30.615, de
a contagem quando for simultâneo com o exercício de cargo, em- 02/02/2006, ficam REVOGADAS.
prego ou função pública.
Art. 240º É assegurado o direito de greve, na forma da lei com- REDEFINE A COMPOSIÇÃO ORGANIZACIONAL DA FUNDAÇÃO
plementar federal. SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ E DÁ OUTRAS PROVIDÊN-
Art.240. É assegurado o direito de greve, na forma de lei espe- CIAS.
cífica. (Redação dada pela Lei nº 7.071, de 2007). A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ, estatui e eu
*O Art. 240º foi alterado pela Lei nº 7.071, de 24 de dezembro sanciono a seguinte Lei:
de 2007 Art. 1º - A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, criada
pela Lei Complementar nº 003, de 26 de abril de 1990, passa a ter a
seguinte composição organizacional:

64
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
I - NÍVEL DE DIREÇÃO SUPERIOR
a) Presidente LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº. 052, DE 30 DE
b) Vice-Presidente JANEIRO DE 2006 E SUAS ALTERAÇÕES
II - NÍVEL DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR
a) Gabinete do Presidente LEI COMPLEMENTAR Nº 052, DE 30 DE JANEIRO DE 2006.
b) Núcleo de Ensino e Pesquisa
c) Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Dispõe sobre a reestruturação organizacional da Fundação
d) Comissão de Ética Profissional Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMP e dá outras providên-
e) Comissão de Prevenção de Acidentes cias.
III - NÍVEL DE ATUAÇÃO PROGRAMÁTICA A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu
a) Coordenadoria de Clínica Médica sanciono a seguinte Lei Complementar:
b) Coordenadoria de Cirurgia Geral
c) Coordenadoria de Tocoginecologia CAPÍTULO I
d) Coordenadoria de Pediatria DA NATUREZA E FINALIDADE
e) Coordenadoria de Ambulatório
f) Coordenadoria de Cardiologia Art. 1º A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMP,
g) Coordenadoria de Nutrição e Dietética fundação instituída pela Lei Complementar nº 003, de 26 de abril
h) Coordenadoria de Laboratório de 1990, com personalidade jurídica de direito público, sem fins lu-
i) Coordenadoria de Diagnóstico por Imagem crativos, com sede em Belém, Capital do Estado do Pará, vinculada
j) Coordenadoria de Processamento de Roupas à Secretaria Especial de Estado de Proteção Social, com autonomia
l) Coordenadoria de Suprimentos técnica, administrativa e financeira, tem por finalidade institucional
m) Coordenadoria de Manutenção assegurar a execução de ações e serviços assistenciais, e de ensino
n) Coordenadoria de Funerária para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde.
o) Coordenadoria de Recursos Financeiros
p) Coordenadoria de Recursos Humanos CAPÍTULO II
Parágrafo único - O organograma contendo a composição or- DAS FUNÇÕES BÁSICAS
ganizacional da Santa Casa de Misericórdia do Pará, encontra-se
anexo a esta Lei. Art. 2º São funções básicas da Fundação Santa Casa de Miseri-
Art. 2º - O quadro de Pessoal da Fundação Santa Casa de Mi- córdia do Pará - FSCMP:
sericórdia do Pará, é integrado por cargos em comissão e efetivos, I - prestar serviços de saúde especialmente na área hospitalar
especificados nos anexos desta Lei. e ambulatorial;
Art. 3º - Ficam considerados estáveis os servidores da Funda- II - oferecer condições para a garantia do ensino e da pesquisa
ção Santa Casa de Misericórdia do Pará, em exercício na data da na área de saúde;
promulgação da Constituição Federal, há pelo menos 05 (cinco) III - zelar pela promoção e recuperação da saúde, reabilitação
anos continuados. do doente e pelo bem-estar da comunidade;
Parágrafo único - Fica o Poder Executivo autorizado a constituir IV - cooperar com o Sistema Estadual de Saúde na melhoria do
uma comissão mista de 03 (três) membros, sob a Presidência da padrão e na adoção de medidas que visem à proteção e à recupera-
Secretaria de Estado de Administração - SEAD, para proceder o en- ção dos padrões de saúde;
quadramento do pessoal efetivo, conforme o disposto neste artigo. V - manter com a comunidade os vínculos de reciprocidade e
Art. 4º - Fica o Poder Executivo autorizado a baixar os atos ne- integração psicossocial;
cessários ao cumprimento desta Lei. VI - preservar a memória histórica e os valores culturais da Fun-
Art. 5º - O cargo de Presidente ou o cargo de Vice-Presidente da dação Santa Casa de Misericórdia do Pará.
Fundação será ocupado por profissional médico.
Art. 6º - O Presidente deverá encaminhar o Estatuto da Fun- CAPÍTULO III
dação ao Chefe do Poder Executivo no prazo de 120 (cento e vinte) DA COMPOSIÇÃO ORGANIZACIONAL
dias a contar da data da publicação desta Lei, para aprovação.
Parágrafo único - Qualquer alteração ao Estatuto deverá ser Art. 3º A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMP
aprovada pelo Governador, por Decreto. terá a seguinte composição organizacional:
Art. 7º - As despesas oriundas desta Lei ficam por conta dos I - Presidência;
recursos disponíveis no Orçamento do Estado. II - Gabinete da Presidência;
Art. 8° - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, III - Diretorias; e
revogadas as disposições em contrário, especialmente as da Lei IV - Gerências.
Complementar n° 003, de 26 de abril de 1990. Parágrafo único. A representação gráfica da composição orga-
nizacional, o funcionamento, as competências das unidades, as atri-
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, em 06 de outu- buições e responsabilidades dos dirigentes serão estabelecidos em
bro de 1994. regimento aprovado pelo Chefe do Poder Executivo.

65
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO IV Art. 10. O provimento dos cargos efetivos e comissionados está
DO QUADRO DE PESSOAL condicionado à observância dos limites impostos pela Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal - LRF e à capacidade orçamentária e financeira
Art. 4º O Quadro de Pessoal da Fundação Santa Casa de Mi- do Estado.
sericórdia do Pará - FSCMP é constituído de cargos de provimento Art. 11. Fica o Poder Executivo Estadual autorizado a dispor so-
efetivo e de provimento em comissão. bre a exigência ou não das especializações e especialidades, bem
Parágrafo único. O regime jurídico dos servidores da Fundação como sobre a área de atuação dos cargos de nível superior.
Santa Casa de Misericórdia do Pará é o da Lei nº 5.810, de 24 de Art. 12. O Poder Executivo deverá regulamentar a presente Lei
janeiro de 1994. no prazo de cento e vinte dias.
Art. 5º O Quadro de Cargos de Provimento Efetivo da Fundação Art. 13. Ficam revogadas as disposições em contrário, especial-
Santa Casa de Misericórdia do Pará - FSCMP passa a se constituir na mente as da Lei Complementar n.º 26, de 6 de outubro de 1994.
forma do Anexo I desta Lei. Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 1º As atribuições e os requisitos gerais para provimento de
cargos efetivos estão previstos no Anexo II desta Lei. PALÁCIO DO GOVERNO, 30 de janeiro de 2006.
§ 2° O ingresso nos cargos de provimento efetivo far-se-á por
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com Prezado candidato, a lei na íntegra com seus respectivos anexos
critérios estabelecidos em regulamento. está disponível para consulta em:
Art. 6º Ficam criados os cargos de provimento em comissão
constantes do Anexo III da presente Lei. http://bancodeleis.alepa.pa.gov.br:8080/lei052_2006_37554.pdf

CAPÍTULO V LEI N. 13.853/2019 (LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE


DO PATRIMÔNIO E DOS RECURSOS DADOS PESSOAIS)
Art. 7º Integram o patrimônio da Fundação Santa Casa de Mi-
sericórdia do Pará - FSCMP: LEI Nº 13.853, DE 8 DE JULHO DE 2019
I - a estrutura da atual Fundação Santa Casa de Misericórdia
do Pará, que envolve o complexo hospitalar por força da Escritura Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, para dispor
Pública lavrada em 13 de dezembro de 1990, no Livro 003-SN, às fo- sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade Na-
lhas 113, do Cartório Diniz, 2º Ofício de Notas desta Cidade, e bens cional de Proteção de Dados; e dá outras providências.
móveis a ela pertencentes; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
II - doações, auxílios e subvenções da União, Estados e Muni- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
cípios, autarquias, sociedades de economia mista, empresas públi- Art. 1º A ementa da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018,
cas, entidades particulares e organismos internacionais; passa a vigorar com a seguinte redação:
III - renda originada da prestação de serviços através de convê- “Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).”
nios e contratos; Art. 2º A Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, passa a vigorar
IV - saldos de operações patrimoniais; e com as seguintes alterações:
V - outras receitas. “Art. 1º ......................................................................................
§ 1º Os bens e direitos da Fundação Santa Casa de Misericórdia ...................
do Pará serão utilizados ou aplicados na consecução de seus obje- Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta Lei são de in-
tivos, podendo para tal fim ser alienados por relevante motivo e teresse nacional e devem ser observadas pela União, Estados, Dis-
explicitação do destino dado ao produto da venda, ficando com a trito Federal e Municípios.” (NR)
cláusula de inalienabilidade o Complexo Hospitalar. “Art. 3º ......................................................................................
§ 2º Extinguindo-se a Fundação, seus bens e direitos reverterão ...................
ao patrimônio do Estado do Pará. ....................................................................................................
§ 3º Para a realização de suas funções básicas, a Fundação San- .......................
ta Casa de Misericórdia do Pará poderá celebrar convênios e/ou II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou
contratos com órgãos ou entidades municipais, estaduais, federais, o fornecimento de bens ou serviços ou o tratamento de dados de
internacionais, públicas e privadas. indivíduos localizados no território nacional; ou
....................................................................................................
CAPÍTULO VI ......................” (NR)
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS “Art. 4º ......................................................................................
................
Art. 8º Ficam extintos, no âmbito da Fundação Santa Casa de ....................................................................................................
Misericórdia do Pará - FSCMP, os cargos de provimento em comis- .....................
são constantes do Anexo IV desta Lei. § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pessoais de banco
Art. 9º Ficam transformados os cargos de Advogado e de En- de dados de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá ser
genheiro, criados pela Lei Complementar n.º 26, de 6 de outubro tratada por pessoa de direito privado, salvo por aquela que possua
de 1994, em Procurador Fundacional e Engenheiro Civil, respecti- capital integralmente constituído pelo poder público.” (NR)
vamente. “Art. 5º ......................................................................................
..................
....................................................................................................
......................

66
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controlador e opera- ....................................................................................................
dor para atuar como canal de comunicação entre o controlador, os ......................
titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou
(ANPD); produto, mediante requisição expressa, de acordo com a regula-
.................................................................................................... mentação da autoridade nacional, observados os segredos comer-
....................... cial e industrial;
XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da administração ....................................................................................................
pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem ......................
fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com § 6º O responsável deverá informar, de maneira imediata, aos
sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em agentes de tratamento com os quais tenha realizado uso comparti-
seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de lhado de dados a correção, a eliminação, a anonimização ou o blo-
caráter histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e queio dos dados, para que repitam idêntico procedimento, exceto
XIX - autoridade nacional: órgão da administração pública res- nos casos em que esta comunicação seja comprovadamente impos-
ponsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento desta sível ou implique esforço desproporcional.
Lei em todo o território nacional.” (NR) ....................................................................................................
“Art. 7º ...................................................................................... ..............” (NR)
.................. “Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de
.................................................................................................... decisões tomadas unicamente com base em tratamento automa-
....................... tizado de dados pessoais que afetem seus interesses, incluídas as
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento decisões destinadas a definir o seu perfil pessoal, profissional, de
realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autori- consumo e de crédito ou os aspectos de sua personalidade.
dade sanitária; ....................................................................................................
.................................................................................................... ......................
....................... § 3º (VETADO).” (NR)
§ 1º (Revogado). “Art. 23. ....................................................................................
§ 2º (Revogado). ..................
.................................................................................................... ....................................................................................................
...................... .....................
§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a que se refe- III - seja indicado um encarregado quando realizarem opera-
rem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser realizado para novas fina- ções de tratamento de dados pessoais, nos termos do art. 39 desta
lidades, desde que observados os propósitos legítimos e específicos Lei; e
para o novo tratamento e a preservação dos direitos do titular, as- IV - (VETADO).
sim como os fundamentos e os princípios previstos nesta Lei.” (NR) ....................................................................................................
“Art. 11. .................................................................................... ............” (NR)
................... “Art. 26. ....................................................................................
.................................................................................................... ................
....................... § 1º ...........................................................................................
II - ............................................................................................... .................
.................. ....................................................................................................
.................................................................................................... .....................
....................... IV - quando houver previsão legal ou a transferência for res-
f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado paldada em contratos, convênios ou instrumentos congêneres; ou
por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sani- V - na hipótese de a transferência dos dados objetivar exclusi-
tária; ou vamente a prevenção de fraudes e irregularidades, ou proteger e
.................................................................................................... resguardar a segurança e a integridade do titular dos dados, desde
...................... que vedado o tratamento para outras finalidades.” (NR)
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso compartilhado entre “Art. 27. ....................................................................................
controladores de dados pessoais sensíveis referentes à saúde com ................
objetivo de obter vantagem econômica, exceto nas hipóteses rela- Parágrafo único. A informação à autoridade nacional de que
tivas a prestação de serviços de saúde, de assistência farmacêutica trata o caput deste artigo será objeto de regulamentação.” (NR)
e de assistência à saúde, desde que observado o § 5º deste artigo, “Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a qualquer mo-
incluídos os serviços auxiliares de diagnose e terapia, em benefício mento, aos órgãos e às entidades do poder público a realização de
dos interesses dos titulares de dados, e para permitir: operações de tratamento de dados pessoais, informações específi-
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo titular; ou cas sobre o âmbito e a natureza dos dados e outros detalhes do tra-
II - as transações financeiras e administrativas resultantes do tamento realizado e poderá emitir parecer técnico complementar
uso e da prestação dos serviços de que trata este parágrafo. para garantir o cumprimento desta Lei.” (NR)
§ 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência “Art. 41. ....................................................................................
à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de seleção ................
de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim como na ....................................................................................................
contratação e exclusão de beneficiários.” (NR) ....................
“Art. 18. .................................................................................... § 4º (VETADO).” (NR)
...................

67
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
“Art. 52. .................................................................................... § 2º Os membros do Conselho Diretor serão escolhidos dentre
................. brasileiros que tenham reputação ilibada, nível superior de educa-
.................................................................................................... ção e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para
.................... os quais serão nomeados.
X - suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a § 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor será de 4
que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, (quatro) anos.
prorrogável por igual período, até a regularização da atividade de § 4º Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor
tratamento pelo controlador; (Promulgação partes vetadas) nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e
XI - suspensão do exercício da atividade de tratamento dos da- de 6 (seis) anos, conforme estabelecido no ato de nomeação.
dos pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6 § 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do mandato de
(seis) meses, prorrogável por igual período; (Promulgação membro do Conselho Diretor, o prazo remanescente será comple-
partes vetadas) tado pelo sucessor.”
XII - proibição parcial ou total do exercício de atividades rela- “Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente perderão
cionadas a tratamento de dados. (Promulgação partes vetadas) seus cargos em virtude de renúncia, condenação judicial transitada
.................................................................................................... em julgado ou pena de demissão decorrente de processo adminis-
..................... trativo disciplinar.
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação de san- § 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao Ministro de
ções administrativas, civis ou penais definidas na Lei nº 8.078, de 11 Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República instaurar o
de setembro de 1990, e em legislação específica. processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comis-
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do caput deste são especial constituída por servidores públicos federais estáveis.
artigo poderá ser aplicado às entidades e aos órgãos públicos, sem § 2º Compete ao Presidente da República determinar o afas-
prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, tamento preventivo, somente quando assim recomendado pela
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de comissão especial de que trata o § 1º deste artigo, e proferir o jul-
novembro de 2011. (Promulgação partes vetadas) gamento.”
.................................................................................................... “Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho Diretor, após o
..................... exercício do cargo, o disposto no art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de
§ 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas pela ANPD, maio de 2013.
inscritas ou não em dívida ativa, será destinado ao Fundo de Defesa Parágrafo único. A infração ao disposto no caput deste artigo
de Direitos Difusos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de caracteriza ato de improbidade administrativa.”
julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. “Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre a es-
§ 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do caput deste trutura regimental da ANPD.
artigo serão aplicadas: (Promulgação partes vetadas) § 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura regimen-
I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 (uma) das san- tal, a ANPD receberá o apoio técnico e administrativo da Casa Civil
ções de que tratam os incisos II, III, IV, V e VI do caput deste artigo da Presidência da República para o exercício de suas atividades.
para o mesmo caso concreto; e (Promulgação partes vetadas) § 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento interno da
II - em caso de controladores submetidos a outros órgãos e ANPD.”
entidades com competências sancionatórias, ouvidos esses órgãos. “Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de confiança
(Promulgação partes vetadas) da ANPD serão remanejados de outros órgãos e entidades do Poder
§ 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não autorizados Executivo federal.”
de que trata o caput do art. 46 desta Lei poderão ser objeto de con- “Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e das funções
ciliação direta entre controlador e titular e, caso não haja acordo, o de confiança da ANPD serão indicados pelo Conselho Diretor e no-
controlador estará sujeito à aplicação das penalidades de que trata meados ou designados pelo Diretor-Presidente.”
este artigo.” (NR) “Art. 55-J. Compete à ANPD:
“Art. 55-A. (Revogado pela Lei nº 14.460, de 2022) I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos da le-
“Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e decisória à ANPD.” gislação;
“Art. 55-C. A ANPD é composta de: II - zelar pela observância dos segredos comercial e industrial,
I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção; observada a proteção de dados pessoais e do sigilo das informações
II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- quando protegido por lei ou quando a quebra do sigilo violar os
vacidade; fundamentos do art. 2º desta Lei;
III - Corregedoria; III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de
IV - Ouvidoria; Dados Pessoais e da Privacidade;
V - (Revogado pela Medida Provisória nº 1.124, de 2022) IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de tratamento de da-
VI - unidades administrativas e unidades especializadas neces- dos realizado em descumprimento à legislação, mediante processo
sárias à aplicação do disposto nesta Lei.” administrativo que assegure o contraditório, a ampla defesa e o di-
“Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será composto de 5 reito de recurso;
(cinco) diretores, incluído o Diretor-Presidente. V - apreciar petições de titular contra controlador após com-
§ 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD serão escolhi- provada pelo titular a apresentação de reclamação ao controlador
dos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após apro- não solucionada no prazo estabelecido em regulamentação;
vação pelo Senado Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do VI - promover na população o conhecimento das normas e das
art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo em comissão do políticas públicas sobre proteção de dados pessoais e das medidas
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de de segurança;
nível 5.

68
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas nacionais e XXIV - implementar mecanismos simplificados, inclusive por
internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade; meio eletrônico, para o registro de reclamações sobre o tratamento
VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e produtos de dados pessoais em desconformidade com esta Lei.
que facilitem o exercício de controle dos titulares sobre seus dados § 1º Ao impor condicionantes administrativas ao tratamento
pessoais, os quais deverão levar em consideração as especificidades de dados pessoais por agente de tratamento privado, sejam eles
das atividades e o porte dos responsáveis; limites, encargos ou sujeições, a ANPD deve observar a exigência
IX - promover ações de cooperação com autoridades de prote- de mínima intervenção, assegurados os fundamentos, os princípios
ção de dados pessoais de outros países, de natureza internacional e os direitos dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Fe-
ou transnacional; deral e nesta Lei.
X - dispor sobre as formas de publicidade das operações de tra- § 2º Os regulamentos e as normas editados pela ANPD devem
tamento de dados pessoais, respeitados os segredos comercial e ser precedidos de consulta e audiência públicas, bem como de aná-
industrial; lises de impacto regulatório.
XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do poder pú- § 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela
blico que realizem operações de tratamento de dados pessoais in- regulação de setores específicos da atividade econômica e gover-
forme específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e os demais namental devem coordenar suas atividades, nas correspondentes
detalhes do tratamento realizado, com a possibilidade de emitir pa- esferas de atuação, com vistas a assegurar o cumprimento de suas
recer técnico complementar para garantir o cumprimento desta Lei; atribuições com a maior eficiência e promover o adequado funcio-
XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de suas ativi- namento dos setores regulados, conforme legislação específica, e o
dades; tratamento de dados pessoais, na forma desta Lei.
XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre proteção de § 4º A ANPD manterá fórum permanente de comunicação, in-
dados pessoais e privacidade, bem como sobre relatórios de impac- clusive por meio de cooperação técnica, com órgãos e entidades da
to à proteção de dados pessoais para os casos em que o tratamento administração pública responsáveis pela regulação de setores espe-
representar alto risco à garantia dos princípios gerais de proteção cíficos da atividade econômica e governamental, a fim de facilitar as
de dados pessoais previstos nesta Lei; competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da ANPD.
XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade em maté- § 5º No exercício das competências de que trata o caput deste
rias de interesse relevante e prestar contas sobre suas atividades e artigo, a autoridade competente deverá zelar pela preservação do
planejamento; segredo empresarial e do sigilo das informações, nos termos da lei.
XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no relatório de § 6º As reclamações colhidas conforme o disposto no inciso V
gestão a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, o detalha- do caput deste artigo poderão ser analisadas de forma agregada, e
mento de suas receitas e despesas; as eventuais providências delas decorrentes poderão ser adotadas
XVI - realizar auditorias, ou determinar sua realização, no âm- de forma padronizada.”
bito da atividade de fiscalização de que trata o inciso IV e com a “Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta Lei compe-
devida observância do disposto no inciso II do caput deste artigo, te exclusivamente à ANPD, e suas competências prevalecerão, no
sobre o tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de que se refere à proteção de dados pessoais, sobre as competências
tratamento, incluído o poder público; correlatas de outras entidades ou órgãos da administração pública.
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso com agen- Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação com outros
tes de tratamento para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou órgãos e entidades com competências sancionatórias e normativas
situação contenciosa no âmbito de processos administrativos, de afetas ao tema de proteção de dados pessoais e será o órgão central
acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de interpretação desta Lei e do estabelecimento de normas e dire-
de 1942; trizes para a sua implementação.”
XVIII - editar normas, orientações e procedimentos simplifica- “Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD:
dos e diferenciados, inclusive quanto aos prazos, para que microem- I - as dotações, consignadas no orçamento geral da União, os
presas e empresas de pequeno porte, bem como iniciativas empre- créditos especiais, os créditos adicionais, as transferências e os re-
sariais de caráter incremental ou disruptivo que se autodeclarem passes que lhe forem conferidos;
startups ou empresas de inovação, possam adequar-se a esta Lei; II - as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos seja efetu- lhe forem destinados;
ado de maneira simples, clara, acessível e adequada ao seu enten- III - os valores apurados na venda ou aluguel de bens móveis e
dimento, nos termos desta Lei e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro imóveis de sua propriedade;
de 2003 (Estatuto do Idoso); IV - os valores apurados em aplicações no mercado financeiro
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter terminativo, das receitas previstas neste artigo;
sobre a interpretação desta Lei, as suas competências e os casos V - (VETADO);
omissos; VI - os recursos provenientes de acordos, convênios ou contra-
XXI - comunicar às autoridades competentes as infrações pe- tos celebrados com entidades, organismos ou empresas, públicos
nais das quais tiver conhecimento; ou privados, nacionais ou internacionais;
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o descumpri- VII - o produto da venda de publicações, material técnico, da-
mento do disposto nesta Lei por órgãos e entidades da administra- dos e informações, inclusive para fins de licitação pública.”
ção pública federal; “Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras públicas e da Privacidade será composto de 23 (vinte e três) representantes,
para exercer suas competências em setores específicos de ativida- titulares e suplentes, dos seguintes órgãos:
des econômicas e governamentais sujeitas à regulação; e I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal;
II - 1 (um) do Senado Federal;
III - 1 (um) da Câmara dos Deputados;

69
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; bem viver. A moral garante uma identidade entre pessoas que po-
V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério Público; dem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de
VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; Moral entre elas.
VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com atuação rela- A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal.
cionada a proteção de dados pessoais; O objetivo da ética é buscar justificativas para o cumprimento das
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas e de ino- regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabe-
vação; lece regras. A reflexão sobre os atos humanos é que caracterizam
IX - 3 (três) de confederações sindicais representativas das ca- o ser humano ético.
tegorias econômicas do setor produtivo; Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo.
X - 2 (dois) de entidades representativas do setor empresarial Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como
relacionado à área de tratamento de dados pessoais; e correto.
XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor laboral. A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários prin-
§ 1º Os representantes serão designados por ato do Presidente cípios básicos e transversais que são:
da República, permitida a delegação. 1. O da Integridade – Devemos agir com base em princípios e
§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV, V e valores e não em função do que é mais fácil ou do que nos trás mais
VI do caput deste artigo e seus suplentes serão indicados pelos titu- benefícios
lares dos respectivos órgãos e entidades da administração pública. 2. O da Confiança/Credibilidade – Devemos agir com coerência
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, VIII, IX, X e e consistência, quer na ação, quer na comunicação.
XI do caput deste artigo e seus suplentes: 3. O da Responsabilidade – Devemos assumir a responsabilida-
I - serão indicados na forma de regulamento; de pelos nossos atos, o que implica, cumprir com todos os nossos
II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da Internet no deveres profissionais.
Brasil; 4. O de Justiça – As nossas decisões devem ser suportadas,
III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) recon- transparentes e objetivas, tratando da mesma forma, aquilo que é
dução. igual ou semelhante.
§ 4º A participação no Conselho Nacional de Proteção de Dados 5. O da Lealdade – Devemos agir com o mesmo espírito de le-
Pessoais e da Privacidade será considerada prestação de serviço pú- aldade profissional e de transparência, que esperamos dos outros.
blico relevante, não remunerada.” 6. O da Competência – Devemos apenas aceitar as funções
“Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de Proteção de Da- para as quais tenhamos os conhecimentos e a experiência que o
dos Pessoais e da Privacidade: exercício dessas funções requer.
I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsídios para a ela- 7. O da Independência – Devemos assegurar, no exercício de
boração da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da funções de interesse público, que as nossas opiniões, não são in-
Privacidade e para a atuação da ANPD; fluenciadas, por fatores alheios a esse interesse público.
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da execução das
ações da Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Pri- Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos dia-
vacidade; riamente:
III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; 1. Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, exis-
IV - elaborar estudos e realizar debates e audiências públicas tem escolhas, que embora, não estando especificamente referidas,
sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade; e na lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas.
V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de dados pes- 2. Todos os outros fazem isso – Ao longo da história da humani-
soais e da privacidade à população.” dade, o homem esforçou-se sempre, para legitimar o seu compor-
“Art. 65. Esta Lei entra em vigor: tamento, mesmo quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis.
I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-A, 55-B, 55-
C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55-J, 55-K, 55-L, 58-A e 58-B; e Nas organizações, é a ética no gerenciamento das informa-
II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua publicação, ções que vem causando grandes preocupações, devido às conse-
quanto aos demais artigos.” (NR) quências que esse descuido pode gerar nas operações internas e
Art. 3º Ficam revogados os §§ 1º e 2º do art. 7º da Lei nº 13.709, externas. Pelo Código de Ética do Administrador capítulo I, art. 1°,
de 14 de agosto de 2018. inc. II, um dos deveres é: “manter sigilo sobre tudo o que souber
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação em função de sua atividade profissional”, ou seja, a manutenção
em segredo de toda e qualquer informação que tenha valor para
Brasília, 8 de julho de 2019; 198o da Independência e 131o da a organização é responsabilidade do profissional que teve acesso
República. à essa informação, podendo esse profissional que ferir esse sigilo
responder até mesmo criminalmente.
ÉTICA E MORAL
Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convic-
ções.
São duas ciências de conhecimento que se diferenciam, no en-
tanto, tem muitas interligações entre elas.
A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previ-
são sobre os atos humanos. A moral estabelece regras que devem
ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu

70
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
No mundo corporativo não é diferente. Embora a convivência
ÉTICA, PRINCÍPIOS, VALORES E A LEI seja, por vezes, insuportável, deparamo-nos com profissionais que
atropelam os princípios, como se isso fosse algo natural, um meio
Princípios, Valores e Virtudes de sobrevivência, e adotam valores que nada tem a ver com duas
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados grandes necessidades corporativas: a convivência pacífica e o espí-
universais que definem as regras pela qual uma sociedade civiliza- rito de equipe. Nesse caso, virtude é uma palavra que não faz parte
da deve se orientar. do seu vocabulário e, apesar da falta de escrúpulo, leva tempo para
Em qualquer lugar do mundo, princípios são incontestáveis, destituí-los do poder.
pois, quando adotados não oferecem resistência alguma. Enten- Valores e virtudes baseados em princípios universais são ine-
de-se que a adoção desses princípios está em consonância com o gociáveis e, assim como a ética e a lealdade, ou você tem, ou não
pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da consti- tem. Entretanto, conceitos como liberdade, felicidade ou riqueza
tuição de um país quanto para acordos políticos entre as nações ou não podem ser definidos com exatidão. Cada pessoa tem recorda-
estatutos de condomínio. ções, experiências, imagens internas e sentimentos que dão um
O princípios se aplicam em todas as esferas, pessoa, profissio- sentido especial e particular a esses conceitos.
nal e social, eis alguns exemplos: amor, felicidade, liberdade, paz e O importante é que você não perca de vista esses conceitos
plenitude são exemplos de princípios considerados universais. e tenha em mente que a sua contribuição, no universo pessoal e
Como cidadãos – pessoas e profissionais -, esses princípios fa- profissional, depende da aplicação mais próxima possível do senso
zem parte da nossa existência e durante uma vida estaremos lutan- de justiça. E a justiça é uma virtude tão difícil, e tão negligenciada,
do para torná-los inabaláveis. Temos direito a todos eles, contudo, que a própria justiça sente dificuldades em aplicá-la, portanto, lute
por razões diversas, eles não surgem de graça. A base dos nossos pelos princípios que os valores e as virtudes fluirão naturalmente.
princípios é construída no seio da família e, em muitos casos, eles
se perdem no meio do caminho.
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA
De maneira geral, os princípios regem a nossa existência e são
comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões, queiramos ou
não. Quem age diferente ou em desacordo com os princípios uni- ÉTICA E DEMOCRACIA
versais acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas as conse- O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à éti-
quências. ca, principalmente no cenário político que se revela a cada dia, po-
Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou rém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avançado.
mantidos por determinado indivíduo, classe ou sociedade, portan- Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro caó-
to, em geral, dependem basicamente da cultura relacionada com o tico. Entre eles os principais são os golpes de estados – Golpe de
ambiente onde estamos inseridos. É comum existir certa confusão 1930 e Golpe de 1964.
entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplicações são Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e
diferentes. a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão do ensino
Diferente dos princípios, os valores são pessoais, subjetivos e, de filosofia e, consequentemente, de ética, nas escolas e universi-
acima de tudo, contestáveis. O que vale para você não vale neces- dades. Aliados a isso tivemos os direitos políticos do cidadão sus-
sariamente para os demais colegas de trabalho. Sua aplicação pode pensos, a liberdade de expressão caçada e o medo da repressão.
ou não ser ética e depende muito do caráter ou da personalidade Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e auto-
da pessoa que os adota. ritárias, nossos valores morais e sociais foram se perdendo, levando
Na prática, é muito mais simples ater-se aos valores do que a sociedade a uma “apatia” social, mantendo, assim, os valores que
aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os valores com- o Estado queria impor ao povo.
pletamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em nos-
luxo e riqueza – estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias so país no que tange à aplicabilidade das leis e da ética no poder:
somos convidados a negligenciar os princípios e adotar os valores os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais
ditados pela sociedade. investigados e a polícia tem trabalhado com mais liberdade de
Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do es- atuação em prol da moralidade e do interesse público, o que tem
pírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do levado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de
bem. Aristóteles afirmava que há duas espécies de virtudes: a inte- cometê-los.
lectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua geração e Essa nova fase se deve principalmente à democracia implanta-
crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao da como regime político com a Constituição de 1988.
passo que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito. Etimologicamente, o termo democracia vem do grego de-
Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em mokratía, em que demo significa povo e kratía, poder. Logo, a defi-
nós por natureza, visto que nada que existe por natureza pode ser nição de democracia é “poder do povo”.
alterado pela força do hábito, portanto, virtudes nada mais são do A democracia confere ao povo o poder de influenciar na ad-
que hábitos profundamente arraigados que se originam do meio ministração do Estado. Por meio do voto, o povo é que determina
onde somos criados e condicionados através de exemplos e com- quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se
portamentos semelhantes. nesse contexto a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por dirigentes, quanto dos escolhidos, que deverão prestar contas de
exemplo, conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar seus atos no poder.
valores como a supremacia da raça ariana, a aniquilação da oposi-
ção e a dominação pela força.

71
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regula- — Ética como doutrina da conduta humana
mentando e exigindo dos governantes o comportamento adequa- Como móvel de conduta humana, a Ética tem uma concepção
do à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e confe- de objeto da vontade ou das regras que a direcionam. O bem, nesse
rindo ao povo as noções e os valores necessários para o exercício caso, não se enfoca como algo básico de realidade ou perfeição,
de seus deveres e cobrança dos seus direitos. mas, sim, como o que passa a ser matéria nos domínios do volitivo2.
E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela A vontade ética torna-se nessa acepção a ser um dos assuntos
sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos pelos de grande importância, como núcleo de estudos.
ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao
interesse público. Conduta humana
Antes de entrarmos na questão, conveniente é que bem se es-
EXERCÍCIO DA CIDADANIA clareça o que o conceito conduta procura expressar, em sentido am-
Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus plo, genérico. A conduta do ser é sua resposta a um estímulo men-
direitos de cidadão; direitos esses que são garantidos constitucio- tal, ou seja, é uma ação que se segue ao comando do cérebro e que,
nalmente nos princípios fundamentais. manifestando-se variável, também pode ser observada e avaliada.
Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a Como tais respostas aos estímulos não são sempre as mesmas,
exercer também os deveres de cidadão. Por exemplo, uma pessoa variando sob diversas circunstâncias e condições, não se deve con-
que deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está fundir tal fenômeno com um simples comportamento. O compor-
no poder, afinal ela se omitiu do dever de participar do processo de tamento também é uma resposta a um estímulo cerebral, mas é
escolha dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também dos constante, ou seja, ocorre sempre da mesma forma, e, nisto, dife-
seus direitos. rencia-se da conduta, pois esta sujeita-se à variabilidade de efeitos.
Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da No emprego de conceitos, pois, como ação, atitude, comporta-
cidadania. Não se pode conceber um direito sem que antes este mento, conduta, existem diferenças que expressam razões também
seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão du- diferentes das consequências da influência do cérebro, sobre o que
pla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres ocorre na materialização de seus estímulos.
perante a sociedade. O que a Ética estuda, pois, é a ação que, comandada pelo cé-
Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais rebro, é observável e variável, representando a conduta humana.
quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa- Tais diferenças conceituais nem sempre são respeitadas e os termos
bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo, podem ser encontrados para expressarem efeitos como se sinôni-
a Constituição garante o direito à propriedade privada, mas exige- mos fossem; em realidade, todavia, a partir do início deste século,
-se que o proprietário seja responsável pelos tributos que o exercí- começaram a apresentar as diferenças que podem ser detectadas.
cio desse direito gera, como o pagamento do IPTU. A evolução conceptual é natural nas ciências e até no campo
Exercer a cidadania por consequência é também ser probo, empírico; quanto mais evolui um conhecimento, tanto mais tende a
agir com ética assumindo a responsabilidade que advém de seus ter mais e melhores conceitos.
deveres enquanto cidadão inserido no convívio social.
— Ética concebida como doutrina da conduta
O estudo doutrinário a respeito do motivo que leva a produzir a
CONDUTA ÉTICA
conduta é um específico esforço intelectual; buscar conhecer o que
promove a satisfação, prazer ou felicidade é, nessa forma de enten-
A ética é a disciplina ou campo do conhecimento que trata da der a questão, mais que analisar o bem como uma coisa isolada ou
definição e avaliação do comportamento de pessoas e organiza- ideal, simplesmente. Deixa-se o estado apenas estático, ou como al-
ções. A ética lida com aquilo que pode ser diferente do que é, da guns expressam “contemplativo” do bem, para conhecer as razões
aprovação ou reprovação do comportamento observado em rela- que levam ao mesmo e as conveniências que ditam as variações em
ção ao comportamento ideal. torno dos estímulos mentais nessa mesma direção.
O comportamento ideal é definido por meio de um código de Não se busca, no caso, o exame do ideal, mas, sim, do que leva
conduta, ou código de ética, implícito ou explícito. Códigos de ética a produzi-lo. A vida feliz, prazerosa, adequada, o bem-estar, pela
são conjuntos particulares de normas de conduta1. racional prática da virtude, a sociedade, o Estado, as posições he-
Os códigos de ética são explícitos, ex.: os juramentos que fa- donísticas etc., como ideais imaginados para o bem, como matérias
zem: administradores, contadores, engenheiros, médicos, advoga- que se tornaram objetos de estudos.
dos, etc., ou implícitos, ex.: os motoristas ao avisarem, por meio de Tal como preconizou Aristóteles quando afirmou: “para o ho-
sinais de luzes, que há fiscalização policial, para os outros motoris- mem não existe maior felicidade que a virtude e a razão e que, ao
tas que vêm em sentido contrário. mesmo tempo, por isso, deve regular sua conduta” (A política, Livro
O comportamento das pessoas, grupos e das organizações são 1V Cap. II).
orientados por código de ética. As decisões pessoais e organizacio- Através da Ética, deixam de assumir o papel principal como
nais que são tomadas com base em qualquer código de ética, refle- objeto isolado de indagação, quando se busca o conhecimento da
tem os valores vigentes na sociedade. conduta, como prioridade. Não é, pois, a coisa em si, mas como se
Cada sociedade, cada grupo social tem suas concepções; a éti- pode consegui-la, quais os caminhos que à mesma conduzem que
ca estabelece a conduta apropriada e as formas de promovê-la. Em- se torna o embrião do que se busca conhecer como verdadeiro, ou,
bora a ética estude todas as morais, a absoluta e a relativa, a ética pelo menos, lógico.
qualifica as morais que dão suporte às condutas egoístas como an-
tiéticas, porque suas ações têm abrangência restrita beneficiando
apenas indivíduos, grupos ou organizações.
2 https://psicologiaunicsul.files.wordpress.com/2013/02/c3a9tica-profissional.
1 https://www.crc-ce.org.br/crcnovo/download/apost_eticacrc.pdf pdf

72
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
O que se torna predominante é a prática que o homem segue Quais são as vantagens em estimular a ética profissional?
e que provoca os fenômenos, nessa forma de estudar-se a Ética. O Quando o RH da empresa, a gestão e os colaboradores olham
bem passa a ser uma decorrência do móvel da conduta, ou ainda, o os seus propósitos na mesma direção, a ética profissional agrega
que se consegue através de seguir-se tal ou qual direção. uma série de benefícios na rotina produtiva. Entre os principais,
Essa a forma que, já tradicionalmente, grande número de pen- destacamos os seguintes
sadores entende como certa, egressa de alguns outros clássicos e –mais facilidade na construção e manutenção dos relaciona-
de alguns pensadores modernos e contemporâneos. A Ética, como mentos interpessoais;
estudo da conduta, todavia, já é percebida em Protágoras, quando – mais motivação interna para o desenvolvimento — individual
em seus ensinamentos pregava o que fazer para ser virtuoso peran- e coletivo;
te terceiros. –aprimoramento da comunicação interna e externa da empre-
A denominada Ética da Conduta ou Ética do móvel, tem inspira- sa, na qual todos os valores são facilmente expressos, absorvidos e
ção milenar e já a encontramos nos pensadores clássicos, como nos transmitidos;
referimos. Xenofonte indicou caminhos de ação do homem para – contínuo exercício do autoconhecimento;
que fossem observados de forma adequada, perante cada um dos – respeito coletivo;
aspectos de sua presença, ou seja, perante a divindade, os amigos, – valorização dos pilares institucionais da empresa, contribuin-
a sociedade, a pátria etc., cada um exigindo uma ação específica, do com a retenção e a atração de novos talentos.
uma conduta peculiar a ser observada. Vale perceber que são benefícios que se colhem tanto em uma
Consciente como foi em relação à administração, não só mi- escala individual quanto coletiva, e para o colaborador e a empresa
litar, mas na vida prática do governo da riqueza para a satisfação também.
das necessidades humanas, com grande objetividade, escreveu ele Pois então, vamos avaliar quais atitudes o nosso manual da éti-
o que de sua experiência colheu. Apresentou entendimentos de ca profissional estão reunidas, logo abaixo, para você se inspirar em
condutas que realmente nos parecem de uma lógica irrepreensível, replicá-las no seu dia a dia?
como o que diz respeito à gestão do bem público, quando sugeriu Quais posturas podem promover a ética profissional?
que aquele que não sabe administrar sua casa não sabe, também, Quer aumentar o seu autoconhecimento e influenciar as pes-
administrar o Estado. soas a terem mais ética profissional? Essas são as atitudes que mais
Os pensadores da época entenderam por Ética a ação virtuosa, contribuem com a promoção de um ambiente justo e moral:
desde que esta resultasse do consenso de todos, ou seja, fosse acei-
ta como tal. A Ética, como um estudo visando apresentar o que se Honestidade
deve buscar para que se sinta e se pratique o bem, hoje acolhida de Tenha a sinceridade inserida no seu vocabulário diário. Por
forma relevante, também foi a forma de entender do pensamento meio dela, você exprime os seus pensamentos com clareza e impar-
da Idade Clássica, inclusive como veículo para o prazer ou felicida- cialidade, sem visar o prejuízo aos outros.
de, mas, no decorrer do tempo, arrefeceu-se na Idade Média, para, Autoconhecimento
depois, tomar nova força quando do Renascimento. Ao assumir um compromisso que você não vai dar conta, você
não está agindo de maneira ética.
Afinal de contas, sua possível falta de entrega vai se revelar uma
ÉTICA PROFISSIONAL
falha grave na relação com quem você assumiu a responsabilidade.
Portanto, o autoconhecimento é, sim, uma forma de manter a
Antes de abordarmos o tema, diretamente, vamos à concepção ética profissional em dia.
de ética, cuja palavra tem origem no significado grego de caráter —
éthos, e que significa a propriedade do caráter. Humildade
Nesse contexto, a propriedade e o caráter estão associados aos Arrogância não combina com ética profissional. Por sua vez,
padrões convencionais da sociedade, mas também intrínsecos no pessoas humildes agregam mais, no ambiente de trabalho, não de-
cuidado em não prejudicar o próximo. bocham dos outros e sabem ouvir e transmitir críticas e sugestões
Portanto, sua percepção pode variar com a de outra pessoa, sem ofender os outros.
dentro de determinados valores pessoais, mas a ética tem uma raiz
mais abrangente, que acomoda a todas as visões. Educação
Respeito, acima de tudo. Entenda e compreenda as diferenças
E a ética profissional? entre as pessoas — e em todos os níveis, dos morais aos pessoais e
Aplicando a ideia acima ao ambiente corporativo, temos a ética de acordo com as escolhas de vida de cada um.
profissional como uma pauta de tudo aquilo (pensamentos, com- Isso significa que você também não perde a calma, age com
portamentos e atitudes) que podem ferir o bom convívio. razão antes de se prender a alguma emoção para tomar decisões e
Acontece que são situações que acabam mais banalizadas do que a sua opinião é bem-vinda e respeitada.
que muita gente imagina. Em busca de alcançar seus objetivos
profissionais, por exemplo, as pessoas tendem a flexionar a ética Privacidade
— sendo que se trata de um conjunto de valores inflexíveis. Entre Pessoas bisbilhoteiras, que falam de outras pessoas quando
outros exemplos que podem prejudicar os valores morais e éticos não estão presentes e mexem na propriedade alheia não respeitam
dentro da empresa. a privacidade.
E isso não é nem um pouco ético. Aprenda a respeitar o espaço
do próximo, para evitar conflitos internos que apenas minam a con-
fiança, harmonia e produtividade da equipe.

73
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Responsabilidade 2. Respeite a confidencialidade
Falamos disso, em um exemplo anterior: tenha a responsabil- Nunca divulgue informações confidenciais sobre a organização.
idade para assumir somente aquilo que você tem a certeza de que A não ser que você seja o porta-voz autorizado por seus empre-
vai dar conta. gadores a divulgar informações, não fale em nome da empresa.
Não é nem um pouco errado, inclusive, também ter humildade Seja discreto e respeite o sigilo profissional. Assuntos que
para compartilhar essa responsabilidade com outras pessoas — se dizem respeito ao ambiente corporativo não devem vir a público
possível. Assim, você também estabelece novos patamares de um sem autorização.
espaço colaborativo e em que todos crescem juntos dentro da em-
presa. 3. Seja confiável
Cumprir horários, entregar o trabalho no prazo, dar o seu mel-
Reconhecimento hor ao executar uma tarefa e manter a palavra dada são exemplos
Nada de egoísmo, falsidade e descrença. Quem carrega os va- de atitudes que mostram aos superiores e aos colegas que podem
lores de ética profissional no seu dia a dia sabe reconhecer, e enal- confiar em você. Por isso, nunca prometa o que não poderá cumprir.
tecer, os méritos dos colegas. Mesmo que isso signifique que o seu
trabalho não foi reconhecido de imediato. Afinal de contas, todos 4. Tenha autocrítica
devem ter a oportunidade de crescimento. É importante ter a humildade de admitir que não domina de-
terminado assunto ou que não reúne as qualificações para certas
Autocrítica tarefas. É melhor informar sobre os seus pontos fracos e pedir para
Por fim, a ética profissional também estabelece um paralelo in- aprender, em vez de inventar competências que ainda não tem e
teressante com aquilo que tendemos a fazer: culpar os outros pelos colocar todo o trabalho em risco.
nossos insucessos.
E isso pode ser uma poderosa arma contra a motivação na em- 5. Seja honesto
presa, tendo em vista que a pessoa não fez aquilo que deveria ter Honestidade e sinceridade são atitudes que ganham a confi-
feito desde o princípio: ter autocrítica. ança dos que convivem com você. Nesse caso, não trapaceie, não
Com ela, você aprende mais sobre os motivos pelos quais um finja ser o que não é, não tente levar vantagens indevidas e não
resultado desejado não foi alcançado. E permite que você trabalhe, manipule pessoas ou situações para se beneficiar, por exemplo. A
cada vez mais, para reforçar esses pontos de melhoria. desonestidade é o caminho mais curto para arruinar sua reputação.

Quais atitudes antiéticas devem ser evitadas? 6. Reconheça o mérito do outro


Por fim, vamos falar de quais atitudes devem ser evitadas, se Não tente levar créditos por ideias ou projetos que não são
você pretende garantir mais ética profissional em suas atitudes. de sua autoria. Plagiar trabalhos alheios e tentar levar mérito pelo
Perceba que algumas delas já foram destacadas, previamente, que não fez é um dos comportamentos antiéticos que podem le-
mas vale reforçá-las para que passem bem longe dos seus hábitos var ao fracasso profissional. Por outro lado, reconhecer e elogiar
cotidianos. São elas: o trabalho dos colegas é ser ético e contribui para um ambiente
– falta de pontualidade; saudável.
–apresentação inadequada e fora dos valores de sua empresa;
– posturas e atitudes de brincadeiras com os colegas de tra- 7. Seja discreto
balho; As confidências e assuntos particulares dos colegas não devem
–falta de respeito com o próximo; ser motivo de fofocas na empresa. Do mesmo modo, evite expor
– fofocas — tenham elas um fundo de verdade ou não; sua vida e assuntos íntimos no ambiente de trabalho. Saiba separar
– mentiras, sejam elas para se preservar ou a outra pessoa, e a vida pessoal da profissional. Confidências e conversas particulares
também aquelas com a intenção de prejudicar um ou mais colegas; só no happy-hour de sexta-feira, depois do horário de trabalho.
– todo tipo e forma de assédio;
–desequilíbrio emocional 8. Evite reclamações e críticas
– intimidades excessivas e não permitidas pelos outros. Não seja aquela pessoa que só reclama e critica sem nunca
oferecer soluções. Observou falhas em algum processo? Viu situ-
Tudo isso está intimamente ligado a um conjunto de pensam- ações que precisam ser aprimoradas? Em vez de só reclamar e crit-
entos, ações e comportamentos que se refletem no profissional de icar colegas e superiores, ofereça sugestões para melhorias. Assim,
sucesso que você é e pode ser ainda mais! você vai se destacar pela colaboração, e não pelas reclamações.
Para obter destaque no trabalho, é preciso ter um comporta-
mento que transmita confiança aos líderes da empresa. Dessa ma- 9. Assuma seus erros
neira, torna-se fundamental agir eticamente, construindo relações Ninguém é perfeito, então você também está sujeito a falhas. O
de qualidade, inclusive entre os seus colegas. mérito, aqui, está em reconhecer e assumir seus erros, sem fugir de
Por isso mesmo, separamos 18 dicas valiosas que contribuirão responsabilidades e nem tentar colocar a culpa no outro. Admitir os
para o seu bom rendimento na equipe. Confira quais são elas: próprios erros é mais um exemplo de ética profissional.

1. Aja com educação e respeito 10. Ofereça feedback


Isso significa adotar uma atitude amigável, bem-educada e res- Seja na posição de chefia, seja entre colegas, fazer críticas con-
peitosa com todos no ambiente de trabalho — desde os servidores strutivas sobre a atuação do outro é uma maneira de aperfeiçoar
mais humildes até os ocupantes de cargos de chefia. Não importa processos e promover uma convivência baseada na confiança. Por
a posição hierárquica, todos merecem ser tratados com gentileza e isso, dê feedbacks de modo educado e discreto. Lembre-se: elogie
respeito. em público, mas corrija em particular.

74
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
11. Mantenha a boa comunicação com a equipe Como é possível se beneficiar com a ética profissional?
Em caso de conflitos ou mal-entendidos com algum colega, Todo o ambiente de trabalho pode ser beneficiado quando
fale com ele em particular e esclareça o assunto. Cortar relações os colaboradores compartilham do comprometimento com as re-
ou deixar de conversar com alguém só servirá para deixar o ambi- sponsabilidades e com os objetivos da empresa. Dessa maneira,
ente tenso e criar polaridade entre colegas. Sendo assim, contribua cultivar bons relacionamentos é vital para a melhoria da sua co-
para manter as relações cordiais e a boa comunicação dentro da municação interpessoal, motivando-o a adquirir mais capacitação
empresa. profissional.
Com isso, os líderes da organização devem promover um
12. Obedeça os regulamentos cenário que permita o desenvolvimento técnico e pessoal de seus
As empresas adotam políticas próprias e estabelecem normas funcionários, oferecendo espaço para exercitar o autoconhecimen-
de conduta e de ética profissional que devem ser seguidas por seus to e o respeito diante da equipe. Naturalmente, os resultados ten-
colaboradores. Sua obrigação, como funcionário, é obedecer ao dem a ser cada vez melhores, já que as relações serão mais valoriza-
regulamento e sempre adotar uma postura adequada aos preceitos das e positivas para todos.
morais e éticos no ambiente de trabalho. Ter uma atitude ética no âmbito profissional é contar, inclusive,
com melhores possibilidades de promoção dentro da empresa. Isso
13. Respeite a hierarquia permite o favorecimento de seu engajamento diante do crescimen-
Assim como os regulamentos, a hierarquia da empresa deve ser to da companhia e da sua carreira.
respeitada. Tentar desqualificar ou “passar por cima” de seu supe- Ser reconhecido por um comportamento ético é fundamental
rior para obter vantagens pessoais é um comportamento antiético, para um bom profissional, e isso é aplicável em qualquer tipo de
por exemplo. Atitudes de desrespeito à hierarquia contaminam o atividade. Nesse caso, é importante garantir que o espaço consid-
ambiente de trabalho e trazem reflexos negativos para sua carreira. ere as características pessoais de cada indivíduo, respeitando as id-
eias e opiniões distintas.
14. Invista em seu desenvolvimento pessoal É preciso entender como funcionam as regras e normas rela-
Investir em si mesmo para crescer pessoal e profissionalmente cionadas ao clima organizacional, pois isso possibilitará desenvolver
e, assim, oferecer o melhor para a empresa também é um compor- um trabalho muito mais alinhado, favorecendo a parceria e o res-
tamento ético muito valorizado por empregadores. peito mútuo entre toda a equipe.
Estudar e se qualificar, tanto como ser humano quanto como No futuro, caso você deseje conquistar um cargo em outra em-
profissional, fará a diferença em sua vida pessoal e contará pontos presa, esses detalhes serão valorizados pela equipe de Recursos Hu-
a seu favor no caso de um eventual corte de pessoal na empresa, manos, que transmitirá maior confiança em seu currículo e em suas
por exemplo. experiências anteriores.
Existem diversas vantagens de praticar a ética no ambiente
15. Conheça o código de conduta da empresa corporativo, portanto, não hesite em dar o seu melhor e obter
Além dos preceitos éticos universais que todos devem seguir, destaque diante da companhia. Lembre-se de que um bom com-
é importante lembrar que o código de conduta de cada instituição portamento promove a melhoria de seu desenvolvimento pessoal
pode ter variações que os colaboradores precisam conhecer e obe- e interpessoal.3
decer. Por isso, não deixe de ler o código e colocar em prática as
atitudes que a sua empresa recomenda.
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
16. Tenha comprometimento com a sua carreira
Um bom profissional geralmente apresenta responsabilidade ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
e comprometimento com tudo o que diz respeito ao seu trabalho.
Assim, é preciso contar com uma dose extra de engajamento, cum- Ética4
prindo a sua função com empenho e transparência. Isso contribui A palavra Ética (do grego ethos/etheia) pode ser traduzida por
para a valorização da carreira e também para atingir destaque “modo de ser”, ou “caráter”. Os romanos traduziram-na para o latim
profissional. mos – plural mores – com o significado de “costume”, vocábulo do
qual se origina a palavra Moral.
17. Prometa apenas o que pode cumprir Estes conceitos referem-se a um tipo de comportamento que
Outro ponto fundamental é ser responsivo e prometer apenas não é natural, mas adquirido por hábito.
o que pode cumprir. Com isso, o colaborador deve estar atento aos Assim temos que Ética e Moral referem-se a uma realidade
prazos e alinhar o seu trabalho visando sempre o cumprimento das humana, construída histórica e socialmente, fundamentadas nas
metas da empresa. Com o tempo, essa atitude contribuirá para a relações coletivas dos seres humanos, nas sociedades onde nascem
melhora da sua credibilidade diante da equipe, demonstrando que e vivem, e definem o melhor modo de viver e conviver.
você é honesto com as suas obrigações.
A ética possui caráter crítico e reflexivo e nos leva a uma refle-
18. Evite fofoca xão crítica sobre a moral.
Por fim, evite sempre fazer ou alimentar fofoca dentro do am- A ética pode ser definida como um conjunto de modelos morais
biente profissional. Isso também vale para comentários ofensivos que guiam o comportamento no meio dos negócios e na sociedade,
ou julgamentos direcionados aos seus colegas. Mesmo que pareça construindo o próprio caráter em prol do bem-estar de todos.
brincadeira, esse tipo de comportamento pode trazer desenten- 3 Fonte: www.febracis.com.br/www.blog.unyleya.edu.br
dimentos e problemas, magoando e prejudicando as pessoas que 4 COELHO. Daniela. Ética e Responsabilidade Social. INSTITUTO
ETHOS de empresa e Responsabilidade Social. Responsabilidade
convivem diariamente com você. social para Micro e pequenas empresas. São Paulo: 2003.

75
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Ou como o estudo do comportamento dos indivíduos, julgando- Lembre-se: A ética empresarial deve que ser entendida como
-os adequado ou não, perante a sociedade ou a organização. um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua
Em razão disso devemos considerar a existência de dois tipos de reputação e, consequentemente, seus bons resultados.
ética, ao qual veremos a seguir.
Ética Social
Ética Empresarial As empresas podem ser entendidas, em um contexto global,
A ética empresarial é fundamentada no relacionamento, entre como unidades fundamentais as necessidades humanas, porém
funcionários, clientes, fornecedores entre outros, atentando-se aos impactos: ambientais, sociais, diretos e indiretos, tornam-se cada
valores humanísticos de cada um. vez mais, um desafio a ser enfrentado pelas organizações na atua-
Para uma empresa tornar-se ética é preciso ter persuasão so- lidade.
bre seus colaboradores e possuir competências para transformar Até pouco tempo atrás, empresários se preocupavam apenas
suas ações em fatos concretos e objetivos, evitando e diminuindo com assuntos e atividades que lhes traziam lucros ou com o pró-
os obstáculos, dando mais atenção aos valores que defende, não prio bem estar da empresa, hoje já se pode observar uma grande
deixando-se influenciar por fatores externos. mudança nesse perfil organizacional, em razão destes, estarem as-
Algumas empresas até possuem um código de ética que deve sumindo um novo modelo ético com virtudes sérias a respeito das
ser seguido rigorosamente pelos funcionários, no qual muitas em- consequências relacionadas as questões ambientais e sociais viven-
presas obtêm a confiança e o respeito deles, além de assumir um ciadas pela população e pelo planeta.
compromisso com parceiros e clientes e em muitos casos, em virtu- A partir desta realidade não é mais possível se limitar a uma
de do grande comprometimento da equipe, adquirem o tão sonha- visão estreita, quanto aos interesses particulares da empresa, ao
do certificado de reconhecimento. ponto que estas se veem obrigadas a desenvolver critérios éticos
Uma empresa com uma política ética, só tem a ganhar, isso específicos fazendo jus à sua realidade, isto é, considerando não
porque ao agir corretamente e respeitar o próximo, ganham tam- somente fatores econômicos, mas também os fatores políticos, as
bém confiança, credibilidade, clientes, funcionários mais motiva- exigências legais e os impactos socioambientais, entre outros as-
dos e envolvidos com os projetos da empresa, e enfim o lucro tão pectos associados às suas atividades.
esperado. Neste sentido várias empresas já estão de adequando a este
Aplicada pelo gestor, a ética pode ser percebida por meio da novo modelo, agregando valores éticos a seus produtos e serviços e
abertura para criatividade, delegação de tarefas, fornecimento de obtendo resultados positivos por meio de marcas mais valorizadas.
informações necessárias, observação e fornecimento de feedback, Pois os consumidores preferem pagar um pouco mais pelo produto
estabelecimento de canais de comunicação, entre outros. em troca do valor agregado.
A ética se destina em realizar o bem comum, ou seja não preju- Com isso vale ressaltar que a ética sobre uma perceptiva social,
dicar ninguém e não permitir que ninguém o prejudique. também contribui para o desenvolvimento econômico e ao mesmo
Nos negócios, em razão dos vários relacionamentos com forne- tempo colabora com a preservação ambiental, melhora da qualida-
cedores e clientes de diferentes perfis, não há conduta sem que de de vida dos colaboradores, familiares da empresa e da comuni-
alguém saia prejudicado, em razão disso foi adotado um modelo de dade local.
ética baseado na responsabilidade, convicção e virtude. De certa forma a ética, também pode ser entendida como um
maior compromisso das empresas em proporcionar maior clareza
Modelo de Ética quanto ao gerenciamento dos recursos, processos, produção e re-
Responsabilidade: o indivíduo precisa ter consciência que toda síduos.
ação da organização afetará as pessoas com as quais têm contato. Destacando por fim, que ser uma empresa socialmente ética
Convicção: aquisição de valores que limitam a busca dos resul- também significa ser uma empresa que se preocupa com os proble-
tados planejados e a ambição da empresa. mas sociais da população, como por exemplo se preocupar com as
Virtude: é a tendência para prática do bem e as pessoas partici- condições de miséria da sociedade e tomar atitudes para que essas
pam das decisões da organização. pessoas retomem seu convívio social com dignidade.

Lembre-se: que a ética organizacional não se limita a cada um Lembre-se: A ética social é praticada pela empresa de for-
desses modelos individualmente, mas sim na sua junção. ma interna, recrutando e formando profissionais e executivos
que compartilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e
Ética como estratégia de Mercado o pluralismo, relacionando-se de maneira democrática com os
A globalização e os novos padrões de mercado, tem levado as diversos públicos, adotando o consumo responsável, respeitando
empresas a se auto avaliar constantemente. Com isso várias organi- as diferenças, cultivando a liberdade de expressão e a lisura nas
zações passarão a adotar valores éticos rigorosos para manter uma relações comerciais.
boa imagem de mercado, como é o caso da Natura, O Boticário, e
de alguns bancos como Banco Real, Unibanco/Itaú e Bradesco. Responsabilidade Social nas Empresas5
Estas empresas têm associado valores éticos à sua marca, para Várias definições podem ser atribuídas a responsabilidade so-
a obtenção de um diferencial em seus produtos e serviços, afim de cial, no enteando a mais comum é conceituada como o conjunto
alcançar melhores resultados, garantir sua permanência no merca- das atitudes dos cidadãos e organizações públicas ligadas a ética
do e atrair/ preservar clientes que também buscam pelos mesmos e direcionadas para o desenvolvimento sustentável da sociedade,
ideais. preservando o meio ambiente para futuras gerações e impulsionan-
A estratégia da empresa então se traduz em reproduzir ao con- do a diminuição das desigualdades sociais.
sumidor as ações empregadas por seus gestores e profissionais, no
qual é feita por meio de campanhas de marketing, com o intuito de 5 HONÓRIO, Camila Cristina S.; FERREIRA, Maristela Perpétu; SANTOS, Rose-
promover a imagem institucional da empresa. cleia Perpétua Gomes dos. Ética e Responsabilidade Social, 2017.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
As empresas sentem o dever de se tornarem responsáveis, uma 4. Envolver Parceiros e Fornecedores - Estabelecer um diálogo
vez que questionadas sobre o futuro da sociedade e da economia, com seus fornecedores, sendo transparente em suas ações, cum-
percebem os efeitos causados pelas suas atividades e reconhecem prindo os contratos estabelecidos, contribuindo para o seu desen-
a necessidade de reparar seu comportamento. Com isso se veem a volvimento e incentivando os fornecedores para que também assu-
frente de um desafio, o de modificar sua identidade para uma que mam compromissos de responsabilidade social. É importante que
agregue responsabilidade social à áreas financeira, logística, comer- as empresas divulguem seus valores pela cadeia de fornecedores,
cial e operacional. empresas parceiros e serviços terceirizados. Pode-se adotar como
Dessa forma, uma empresa com responsabilidade social, além critério de seleção de parceiros a exigência de valores semelhantes.
de participar de forma mais direta das ações comunitárias nos lo-
cais onde estão inseridas e reduzirem os danos ambientais resultan- 5. Proteger Clientes e Consumidores - É importante promover o
tes de suas atividades, tornam-se parceiras e corresponsáveis pelo uso do produto com segurança e responsabilidade; Oferecer infor-
desenvolvimento social. mações específicas, corretas e justas; Proibir o uso de técnicas co-
merciais antiéticas. Deve-se oferece qualidade não apenas durante
Sendo assim Silva, considera que: Responsabilidade social em- o processo de venda, mas em todo a sua rotina de trabalho.
presarial é o comprometimento permanente dos empresários de
adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimen- 6. Promover sua Comunidade - A relação que uma empresa
to econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida tem com sua comunidade de entorno é um dos principais exemplos
de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da dos seus valores. Respeito aos costumes e à cultura local, contribui-
sociedade como um todo. ção em projetos educacionais, em ONGs ou organizações comuni-
tárias, destinação de verbas a instituições socais e a divulgação de
Toda empresa responsavelmente social possui deveres morais princípios que aproximam o empreendimento das pessoas ao redor
junto à sociedade. Tais deveres podem ser do tipo reparador ou e são algumas das ações que demonstram o valor da comunidade
preventivo. Reparador, quando a empresa recupera o meio am- para a empresa.
biente após prejudicá-lo com suas atividades e preventivo, quando
a empresa se esforça para não causar danos à ele. 7. Comprometer-se com o Bem Comum - O relacionamento
ético com o poder público, assim como o cumprimento das leis,
As Sete Diretrizes da Responsabilidade Social faz parte da gestão de uma empresa socialmente responsável. Ser
A responsabilidade social é muito mais do que um conceito, pois ético, nesse caso, significa: Cumprir as obrigações de recolhimento
deve-se compreender que ela é um valor pessoal e institucional que de impostos e tributos; Alinhar os interesses da empresa com os da
se reflete nas atitudes das empresas, dos empresários e de todos os sociedade; Comprometer-se formalmente com o combate à corrup-
seus funcionários. Para muitas empresas exercer responsabilidade ção; Contribuir para projetos e ações governamentais voltadas para
social é simplesmente fazer doações e desempenhar ações de filan- o aperfeiçoamento de políticas públicas na área sócia, etc.
tropia. Tais empresas apenas praticam ações de responsabilidade
social e, em muitos anos, de forma esporádica e casual. Sendo assim, as ações movidas pela ética são de longo prazo,
Neste sentido o Instituto Ethos6, propõem sete diretrizes para a intensamente participativas e transparentes em todos os níveis da
implantação da Responsabilidade Social nas organizações, vejamos: empresa. Tais iniciativas diferem significativamente daquelas que
originam decisões oportunistas, que visam exclusivamente enrique-
1. Adote valores e trabalhe com transparência - O passo inicial cer a imagem da empresa, com resultados de lucro a curto prazo e
para se tornar uma empresa socialmente responsável é avaliar os decisões centralizadas.
seus valores éticos e transmiti-los aos seus públicos através de um
documento formal. Além disso, a empresa tem que praticar o que O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, ainda
ela se propõe e agir da forma mais transparente possível. afirma que a responsabilidade social empresarial está além do que
a empresa deve fazer por obrigação legal. A relação e os projetos
2. Valorize empregados e colaboradores - É prioritário que, mi- com a comunidade ou os benefícios para o público interno são ele-
nimamente, a empresa cumpra as leis trabalhistas, pois empresas mentos fundamentais e estratégias para a prática da Responsabili-
que valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si mes- dade Social Empresarial.
mas. Importante também que a organização encoraje novas ideias
(criar um incentivo a isso), além de incorporar a diversidade como Mas não é só isso. Incorporar critérios de Responsabilidade So-
um valor essencial, incentivar e recompensar o desenvolvimento de cial na gestão estratégica do negócio é traduzir as políticas de inclu-
talentos e assegurar saúde, bem-estar e segurança aos funcioná- são social e de promoção da qualidade ambiental, entre outras, em
rios. metas que possam ser computadas na sua avaliação de desempe-
nho é o grande desafio.
3. Faça sempre mais pelo meio ambiente - Procurar reduzir as É a nova forma de gestão empresarial, onde existe um
agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das condições compromisso da empresa em relação à sociedade em geral. E, para
ambientais. As empresas, de um modo ou de outro, dependem de uma empresa ter sucesso, para conquistar e ampliar mercado, para
insumos do meio ambiente para realizar suas atividades, então, mi- ter competitividade, a prática da responsabilidade social e a presta-
nimamente devem reduzir o desperdício de tais insumos (energia, ção de contas de seu desempenho são indispensáveis.
matérias-primas em geral e água). A Responsabilidade Social está sendo vista, como um compro-
misso da empresa com relação à sociedade e a humanidade em ge-
6MOYA, Ana Lucia de Melo. Indicadores Ethos de Responsabilidade Social em- ral, compreendendo que o papel atual das empresas vai muito além
presarial. São Paulo: Instituto Ethos, 2007.
da obtenção de lucro.

77
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Sendo assim Responsabilidade Social é entendida como o com- A GESTÃO PÚBLICA NA BUSCA DE UMA ATIVIDADE ADMINIS-
promisso que uma empresa tem com o desenvolvimento, bem-es- TRATIVA ÉTICA
tar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas Com a vigência da Carta Constitucional de 1988, a Administra-
famílias e comunidade em geral. A base da responsabilidade social ção Pública em nosso país passou a buscar uma gestão mais eficaz
corporativa está na concepção de que a entidade responde a crité- e moralmente comprometida com o bem comum, ou seja, uma ges-
rios éticos de comportamento. tão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos no artigo 37
da Carta Magna.
Para isso a Administração Pública vem implementando políti-
ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA
cas públicas com enfoque em uma gestão mais austera, com revi-
são de métodos e estruturas burocráticas de governabilidade.
Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada
exercício de determinada função. Ressalta-se que essa função não com a preparação dos agentes públicos para uma prestação de ser-
é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse viços eficientes que atendam ao interesse público, o que engloba
público, da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia uma postura governamental com tomada de decisões políticas res-
Z. Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não cor- ponsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de todo o
responde um cargo ou emprego”. funcionalismo público.
No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em ar-
além das normatizações vigentes nos órgão e entidades públicas tigo publicado pela URBE, descrevem os princípios da ética pública,
que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes pú- que, conforme afirmam, devem ser positivos e capazes de atrair ao
blicos, devem respeitar os valores éticos e morais que a sociedade serviço público, pessoas capazes de desempenhar uma gestão vol-
impõe para o convívio em grupo. A não observação desses valores tada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas
acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao públi- autoras:
co e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa – Os processos seletivos para o ingresso na função pública de-
para uma imagem negativa do órgão e do serviço. vem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não
Um dos fundamentos que precisa ser compreendido é o de que só o ingresso como carreira no âmbito da função pública;
o padrão ético dos servidores públicos no exercício de sua função – A formação continuada que se deve proporcionar aos funcio-
pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua nários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmi-
relação com o público. tir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no -se com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho realizado
exercício de suas funções, mas 24 horas por dia durante toda a sua em benefícios de “outros”;
vida. O caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida – A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na Ad-
privada, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados cons- ministração Pública devem estar presididas pelo bom propósito e
titucionalmente como princípios básicos e essenciais a uma vida uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser
equilibrada, se insiram e seja uma constante em seu relacionamen- positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidia-
to com os colegas e com os usuários do serviço. no esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a pró-
O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Po- pria existência da Administração Pública;
der Executivo Federal estabelece no primeiro capítulo valores que – A atitude de serviço e interesse visando ao coletivo deve ser
vão muito além da legalidade. o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentali-
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento dade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações
ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o sobre a ética pública e explicam por si mesmos, a importância do
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, trabalho administrativo;
o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e – Constitui um importante valor deontológico potencializar o
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e§ 4°, orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os fins
da Constituição Federal. do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade ins-
Cumprir as leis e ser ético em sua função pública. Se ele cum- titucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação
prir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, ou central para uma gestão pública que aspira à manutenção de com-
seja, para ser irrepreensível tem que ir além da legalidade. portamentos éticos;
Os princípios constitucionais devem ser observados para que – A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindí-
a função pública se integre de forma indissociável ao direito. Esses vel nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais se
princípios são: devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta
– Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à
os meandros da lei. função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua
– Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualda- do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que
de: todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam
que a lei prevê. na práxis do servidor público;
– Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprome- – O comportamento ético deve levar o funcionário público à
ter os bons costumes da sociedade. busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo
– Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público, sua tarefa;
salvo os casos previstos em lei.
– Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos
meios que são postos a sua disposição para a execução do seu tra-
balho.

78
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
– A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igual- Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés
dade e não discriminação. Ademais a atuação de acordo com o in- Sanz Mulas que em artigo publicado pela Escuela de Relaciones
teresse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber Laborales da Espanha, descreve algumas tarefas importantes que
retribuições diferentes da oficial que se recebe no organismo em devem ser desenvolvidas para se possa atingir ética nas Adminis-
que se trabalha; trações.
– O funcionário deve atuar sempre como servidor público e “Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário
não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O fun- realizar as seguintes tarefas, entre outras:
cionário como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de – Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra
ofício; a legitimidade social;
– O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito – Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e
existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que tor- quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo;
ne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exer- – Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu
cício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va-
funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acer-
poderes públicos e atuar em consequência disto. (tradução livre).” tadamente em relação à meta eleita;
– Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que
Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à dispo- se está imerso;
sição do cidadão instrumentos eficientes para possibilitar uma fis- – Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às
calização dos serviços prestados e das decisões tomadas pelos go- pessoas.” (tradução livre).
vernantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da Administração
Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas
ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
e os sistemas de transparência pública que visam a prestar infor-
mações aos cidadãos sobre a gestão pública são exemplos desses
instrumentos fiscalizatórios. Dimensões da qualidade nos deveres dos servidores públicos
Tais instrumentos têm possibilitado aos Órgãos Públicos res- Os direitos e deveres dos servidores públicos estão descritos
ponsáveis pela fiscalização e tutela da ética na Administração apre- na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
sentar resultados positivos no desempenho de suas funções, co- Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam no para-
brando atitudes coadunadas com a moralidade pública por parte digma do atendimento e do relacionamento que tem como foco
dos agentes públicos. Ressaltando-se que, no sistema de controle principal o usuário.
atual, a sociedade tem acesso às informações acerca da má gestão
por parte de alguns agentes públicos ímprobos. São eles:
Entretanto, para que o sistema funcione de forma eficaz é ne- - “atender com presteza ao público em geral, prestando as in-
cessário despertar no cidadão uma consciência política alavancada formações requeridas” e
pelo conhecimento de seus direitos e a busca da ampla democracia. - “tratar com urbanidade as pessoas”.
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de avaliar, uma
mudança na educação, onde os princípios de democracia e as no- vez que não têm o mesmo sentido para todas as pessoas, como
ções de ética e de cidadania sejam despertados desde a infância, demonstram as situações descritas a seguir.
antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir qualquer função • Serviços realizados em dois dias úteis, por exemplo, podem
pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos. não corresponder às reais necessidades dos usuários quanto ao
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está desper- prazo.
tando para essa realidade, uma vez que tem investido fortemente • Um atendimento cortês não significa oferecer ao usuário
na preparação e aperfeiçoamento de seus agentes públicos para aquilo que não se pode cumprir. Para minimizar as diferentes inter-
que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e condizentes pretações para esses procedimentos, uma das opções é a utilização
com o interesse social. do bom senso:
Além, dos investimentos em aprimoramento dos agentes pú- • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos para a en-
blicos, a Administração Pública passou a instituir códigos de ética trega dos serviços tanto para os usuários internos quanto para os
para balizar a atuação de seus agentes. Dessa forma, a cobrança de externos pode ajudar a resolver algumas questões.
um comportamento condizente com a moralidade administrativa é • Quanto à urbanidade, é conveniente que a organização inclua
mais eficaz e facilitada. tal valor entre aqueles que devem ser potencializados nos setores
Outra forma eficiente de moralizar a atividade administrativa em que os profissionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
tem sido a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº sobre a importância desse dever.
8.429/92) e da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades
nº 101/00) pelo Poder Judiciário, onde o agente público que des- intelectuais e comportamentais dos seus profissionais, além de
via sua atividade dos princípios constitucionais a que está obrigado apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas
responde pelos seus atos, possibilitando à sociedade resgatar uma habilidades incluem:
gestão sem vícios e voltada ao seu objetivo maior que é o interesse - atualização constante;
social. - soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças;
Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública - decisões criativas, diferenciadas e rápidas;
está caminhando no rumo de quebrar velhos paradigmas consubs- - flexibilidade para mudar hábitos de trabalho;
tanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio - liderança e aptidão para manter relações pessoais e profis-
de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pú- sionais;
blica comprometida com a ética e a eficiência. - habilidade para lidar com os usuários internos e externos.

79
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Encerramos esse tópico com o trecho de um texto de Andrés A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fér-
Sanz Mulas: til para se reproduzir, pois o comportamento de autoridades pú-
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário blicas está longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre
realizar as seguintes tarefas, entre outras: devido a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra especialmente, por falta de mecanismos de controle e responsabi-
a legitimidade social; lização adequada dos atos antiéticos.
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade
quais valores é preciso incorporar para alcançá-lo; nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos
- Descobrir que hábitos a organização deve adquirir em seu e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do
conjunto e os membros que a compõem para incorporar esses va- Pode Público.
lores e gerar, assim, um caráter que permita tomar decisões acer- Um dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, de-
tadamente em relação à meta eleita; vido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade não exerce
- Ter em conta os valores da moral cívica da sociedade em que sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “é como uma
se está imerso; lei”, isto é, ela existe, mas precisa ser descoberta, aprendida, utili-
- Conhecer quais são os direitos que a sociedade reconhece às zada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa evo-
pessoas.” lução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando
passa a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante um
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor- padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear
rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pes-
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual soa. Porém Milton Santos questiona se “há cidadão neste país”?
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou Pois para ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não e ao longo da vida e também da sociedade, conceitos morais que
basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão vão sendo contestados posteriormente com a formação de ideias
seja ético, acima de tudo . de cada um, porém a maioria das pessoas não sabe se são ou não
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões cidadãos.
éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci-
seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão dadão consciente para a construção de um futuro melhor.
da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fun- No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e
damentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito, sem princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e
de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas desmandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a
ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado assimilar por este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio
ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, pode- próprio.
mos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais
da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos
LEI N. 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES
e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lem-
brando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”.
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público A improbidade administrativa é a falta de probidade do servi-
e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”, dor no exercício de suas funções ou de governantes no desempe-
deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a nho das atividades próprias de seu cargo. Os atos de improbidade
questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes, administrativa importam a suspensão dos direitos políticos, a perda
não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
expresso, “todos são iguais perante a lei”. do Erário (patrimônio da administração), na forma e gradação pre-
E também a ideia de impessoalidade, supõe uma distinção vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do Com a inclusão do princípio da moralidade administrativa no
interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in- texto constitucional houve um reflexo da preocupação com a ética
teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar na Administração Pública, para evitar a corrupção de servidores.
abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão, A matéria é regulada no plano constitucional pelo art. 37, §4º,
jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer- da Constituição Federal, e no plano infraconstitucional pela Lei Fe-
cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar aci- deral Nº 8.429, de 02.06.1992, que dispõe sobre “as sanções apli-
ma de seus interesses. cáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração
igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin- pública direta, indireta ou fundacional.”
cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores A lei 8.429/92 pune os atos de improbidade praticados por
públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or- qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração.
denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao Agente público, para os efeitos desta lei, é todo aquele que exer-
padrão moral, implica, portanto, numa violação dos direitos do ci- ce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
costumes em uma sociedade. investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função. Con-
tudo, a lei também poderá ser aplicada, àquele que, mesmo não

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de § 7º Independentemente de integrar a administração indireta,
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou in- estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade pratica-
direta. dos contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou
Os atos que constituem improbidade administrativa podem ser receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à
divididos em quatro espécies: repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (In-
1. Ato de improbidade administrativa que importa enriqueci- cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
mento ilícito (art. 9º) § 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente
2) Ato de improbidade administrativa que importa lesão ao erá- de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ain-
rio (art. 10) da que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente
3) Ato de improbidade administrativa decorrente de concessão prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais
ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10- do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
A) Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público
4) Ato de improbidade administrativa que atenta contra os o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda
princípios da administração pública (art. 11). que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referi-
das no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública,
atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física
da Constituição Federal; e dá outras providências. (Redação dada ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, con-
pela Lei nº 14.230, de 2021) trato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- cooperação ou ajuste administrativo equivalente. (Incluído pela Lei
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: nº 14.230, de 2021)
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber,
CAPÍTULO I àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS dolosamente para a prática do ato de improbidade. (Redação dada
pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de
administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de im-
exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade probidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
do patrimônio público e social, nos termos desta Lei. (Redação dada comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
pela Lei nº 14.230, de 2021) em que responderão nos limites da sua participação. (Incluído pela
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica,
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as con- caso o ato de improbidade administrativa seja também sanciona-
dutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados do como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
2021) 2021)
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan- Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe- que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público compe-
tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, tente, para as providências necessárias. (Redação dada pela Lei nº
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa. 14.230, de 2021)
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230,
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta de 2021)
Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sanciona- Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao
dor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organiza- obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa-
ção do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Ju- Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º
diciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contratual, de
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (Incluído transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbida- Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a
de praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de repara-
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes pú- ção integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferi-
blicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo. (Incluído do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
pela Lei nº 14.230, de 2021) decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão

81
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de evidente X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
intuito de fraude, devidamente comprovados. (Incluído pela Lei nº ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declara-
14.230, de 2021) ção a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
CAPÍTULO II rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das en-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA tidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
SEÇÃO I integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPOR- art. 1° desta lei.
TAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
SEÇÃO II
Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importan- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM
do em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato do- PREJUÍZO AO ERÁRIO
loso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de ati- Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
vidade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efe-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) tiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire- referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada pela
ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de Lei nº 14.230, de 2021)
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida
ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica,
agente público; de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação
cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica pri-
preço superior ao valor de mercado; vada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa- patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
cilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o forne- observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
cimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de à espécie;
mercado; III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente desper-
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, sonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, ren-
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades referidas das, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empre- mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
gados ou de terceiros contratados por essas entidades; (Redação legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual- por preço inferior ao de mercado;
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou serviço por preço superior ao de mercado;
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado técni- VI - realizar operação financeira sem observância das normas
co que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado- nea;
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a obser-
1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à es-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- pécie;
to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo
bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimô- tivos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
nio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo nial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
agente da licitude da origem dessa evolução; (Redação dada pela IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autoriza-
Lei nº 14.230, de 2021) das em lei ou regulamento;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te- bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio públi-
nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou co; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
atividade; pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- gular;
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
queça ilicitamente;

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veí- II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
culos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencio- das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
nadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco
empregados ou terceiros contratados por essas entidades. a segurança da sociedade e do Estado; (Redação dada pela Lei nº
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por 14.230, de 2021)
objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associa- IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua
da sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou
nº 11.107, de 2005) de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada pela Lei nº
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem sufi- 14.230, de 2021)
ciente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formali- V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
dades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitató-
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorpo- rio, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
ração, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo,
pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares apli- irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de tercei-
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica ro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
pela administração pública a entidade privada mediante celebração VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização
de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula- e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pú-
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) blica com entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de
(Vigência) 2014) (Vigência)
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entida- IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
des privadas sem a observância das formalidades legais ou regula- X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
(Vigência) colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autori-
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fisca- dade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
lização e na análise das prestações de contas de parcerias firmadas em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
pela administração pública com entidades privadas; (Redação dada cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
pela Lei nº 14.230, de 2021) na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com-
pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor- preendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela
mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação Lei nº 14.230, de 2021)
irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação dada XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recur-
pela Lei nº 13.204, de 2015) sos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º
XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tribu- enaltecimento do agente público e personalização de atos, de pro-
tário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei gramas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públi-
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei nº cos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro
ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica-
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Incluído agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para
pela Lei nº 14.230, de 2021) si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econô- de 2021)
mica não acarretará improbidade administrativa, salvo se compro- § 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos
vado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído pela Lei nº de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis espe-
14.230, de 2021) ciais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade adminis-
trativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
SEÇÃO III § 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN- que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática
TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das
normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. (Incluído pela
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta Lei nº 14.230, de 2021)
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão § 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem
dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis
legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Reda- de sancionamento e independem do reconhecimento da produção
ção dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indi- § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
cação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sen- mente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
do necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das
sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica,
CAPÍTULO III conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
DAS PENAS de 2021)
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tute-
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano lados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de respon- prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos,
sabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. (Incluído pela
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes Lei nº 14.230, de 2021)
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen- § 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do
te, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento ocorri-
14.230, de 2021) do nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, sus- § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta
pensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão observar
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibi- o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela Lei nº
ção de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou 14.230, de 2021)
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que § 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Sus-
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; (Redação dada pela Lei pensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
nº 14.230, de 2021) observadas as limitações territoriais contidas em decisão judicial,
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores conforme disposto no § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230,
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân- de 2021)
cia, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 § 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano executadas após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, § 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspen-
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- são dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o inter-
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos; (Redação dada valo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da
pela Lei nº 14.230, de 2021) sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil
de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida CAPÍTULO IV
pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de DA DECLARAÇÃO DE BENS
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in-
diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicio-
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos; nados à apresentação de declaração de imposto de renda e proven-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) tos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no ser-
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, viço de pessoal competente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
de 2021) 2021)
§ 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos in- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
cisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de mesma § 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste arti-
qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com go será atualizada anualmente e na data em que o agente público
o poder público na época do cometimento da infração, podendo deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
caráter excepcional, estendê-la aos demais vínculos, consideradas § 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
as circunstâncias do caso e a gravidade da infração. (Incluído pela outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a
Lei nº 14.230, de 2021) declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz conside- prazo determinado ou que prestar declaração falsa. (Redação dada
rar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor calculado pela Lei nº 14.230, de 2021)
na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
reprovação e prevenção do ato de improbidade. (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser con-
siderados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo
a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO V § 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da de-
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDI- monstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos apu-
CIAL rados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser pro-
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad- cessado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
ministrativa competente para que seja instaurada investigação des- 2021)
tinada a apurar a prática de ato de improbidade. § 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei,
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência da Lei
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In-
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
conhecimento. § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à in-
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em disponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos termos
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades es- da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
tabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem in-
determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legislação cidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de
que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agen- multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade
te. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- § 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar ve-
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de ículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, semo-
procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- ventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples
probidade. e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a sub-
de Contas poderá, a requerimento, designar representante para sistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao
acompanhar o procedimento administrativo. longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens
formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de indis- do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os efeitos
ponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recompo- práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarre-
sição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de enrique- tar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº
cimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de
o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente da poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de van-
que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação, o exame e tagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras man- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta
internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o procedimento
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código
caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstração de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei
no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao re- nº 14.230, de 2021)
sultado útil do processo, desde que o juiz se convença da probabili- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
dade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com funda- § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
mento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a § 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com- proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pessoa
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a § 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste ar-
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações poste-
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
declarados indisponíveis não poderá superar o montante indicado mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilí- § 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada pela
cito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elemen-
dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição por tos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das hipóte-
caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, ses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo impossi-
a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a bilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei nº 14.230,
instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - será instruída com documentos ou justificação que con- § 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo § 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica inte-
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação ressada será intimada para, caso queira, intervir no processo. (In-
vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da Lei cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (In- § 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa ju-
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) rídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, 135,
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provi- 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
sórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310 da Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil § 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a exis-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas a se-
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330 da rem sanadas sem que estejam presentes todos os requisitos para
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo da
bem como quando não preenchidos os requisitos a que se referem demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de im-
os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quando manifestamen- probidade administrativa em ação civil pública, regulada pela Lei nº
te inexistente o ato de improbidade imputado. (Incluído pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) § 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº
autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a contestem 14.230, de 2021)
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na forma do § 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre
art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro- os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não
cesso Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
§ 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em
pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumento. (Incluí- caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e
§ 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, pode- Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contes- III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade admi-
tação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nistrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do
nº 13.964, de 2019) Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros
§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou
observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbida- de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a
instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo adminis-
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá de- trador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este
cisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de improbi- venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a
dade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo autor. (Inclu- § 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumen-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) to, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares suscita-
§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá das pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles pre- 2021)
vistos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 2021) I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, as II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem pro- III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
duzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, de § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
2021) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns-
II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução civil,
tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: (In-
2021) cluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexis- I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº
tência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda improce- 14.230, de 2021)
dente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

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II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (Inclu-
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei nº ído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230, de c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230,
2021) de 2021)
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela Lei
ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de nº 14.230, de 2021)
2021) e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo ór- Lei nº 14.230, de 2021)
gão do Ministério Público competente para apreciar as promoções f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequên-
de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da cias advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Incluído pela
ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, de
ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbidade 2021)
administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das san-
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere ções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluído pela
o caput deste artigo considerará a personalidade do agente, a natu- Lei nº 14.230, de 2021)
reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro,
improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público, da quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a sua
rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais
deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente, que indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios obje-
de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei nº
§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser 14.230, de 2021)
celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no curso § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não
da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocor-
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se re- rerá no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qual-
fere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público, de quer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor. § 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá con- Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva,
templar a adoção de mecanismos e procedimentos internos de in- de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções de ca-
tegridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades ráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado
e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas
da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras medidas em e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
favor do interesse público e de boas práticas administrativas. (Inclu- e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle
caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará impedido de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agentes
de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento. danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer ou-
Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere tro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba-
esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei nº nística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): (Incluí- e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº
do pela Lei nº 14.230, de 2021) 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos
os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos danos e à
não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, con-
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre forme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído pela (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) § 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior
e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressar-
direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houve- cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens.
rem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; (Incluído (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providên-
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada cias a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis) meses,
ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação § 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as
do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressarcimento correspondentes decisões deverão ser consideradas na formação
do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem pre- da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na con-
juízo de eventual responsabilização pela omissão verificada. (Incluí- duta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
do pela Lei nº 14.230, de 2021) § 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da con-
ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluído pela duta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
Lei nº 14.230, de 2021) 2021)
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua- § 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fa-
renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do débi- tos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da
to resultante de condenação pela prática de improbidade adminis- qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamen-
trativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de tos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de
imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). (Incluído pela Lei
Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da nº 14.230, de 2021)
sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com outras § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deve-
já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual con- rão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta
tinuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Minis-
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior tério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrati-
sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma das pe- va ou mediante representação formulada de acordo com o disposto
nas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº 14.230, no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimen-
de 2021) to investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inquérito
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei,
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação por
e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais ou cre- escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações
ditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 2021)

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VII


DAS DISPOSIÇÕES PENAIS DA PRESCRIÇÃO

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida- Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei
de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato
da denúncia o sabe inocente. ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a per-
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. manência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está su- I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
jeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
imagem que houver provocado. III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis-
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença con- trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o
denatória. curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso
afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão. (Incluído
ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for pela Lei nº 14.230, de 2021)
necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática § 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será
de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias corri-
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 dos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fun-
(noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, median- damentado submetido à revisão da instância competente do órgão
te decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo § 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação de-
quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 verá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso de ar-
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) quivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle § 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo inter-
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. rompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão con- I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
siderados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento para a (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021)

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Jus-
tiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença condena- DECRETO N. 11.129/2022
tória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído pela Lei
nº 14.230, de 2021) DECRETO Nº 11.129, DE 11 DE JULHO DE 2022
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribu-
nal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que
acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacio-
Federal que confirma acórdão condenatório ou que reforma acór- nal ou estrangeira.
dão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste o disposto na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DECRETA:
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efei-
tos relativamente a todos os que concorreram para a prática do ato CAPÍTULO I
de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do
mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qualquer Art. 1º Este Decreto regulamenta a responsabilização objetiva
deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230, de administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra
2021) a administração pública, nacional ou estrangeira, de que trata a Lei
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada, reconhe- § 1º A Lei nº 12.846, de 2013, aplica-se aos atos lesivos prati-
cer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decre- cados:
tá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no I - por pessoa jurídica brasileira contra administração pública
§ 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo. (Incluído pela estrangeira, ainda que cometidos no exterior;
Lei nº 14.230, de 2021) II - no todo ou em parte no território nacional ou que nele pro-
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacita- duzam ou possam produzir efeitos; ou
ção aos agentes públicos e políticos que atuem com prevenção ou III - no exterior, quando praticados contra a administração pú-
repressão de atos de improbidade administrativa. (Incluído pela Lei blica nacional.
nº 14.230, de 2021) § 2º São passíveis de responsabilização nos termos do disposto
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não na Lei nº 12.846, de 2013, as pessoas jurídicas que tenham sede,
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, de filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato
honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído pela ou de direito.
Lei nº 14.230, de 2021) Art. 2º A apuração da responsabilidade administrativa de pes-
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais des- soa jurídica, decorrente do exercício do poder sancionador da ad-
pesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº 14.230, ministração pública, será efetuada por meio de Processo Adminis-
de 2021) trativo de Responsabilização - PAR ou de acordo de leniência.
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em
caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada CAPÍTULO II
má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patri-
monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação de re- SEÇÃO I
cursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão DA INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de
1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 3º O titular da corregedoria da entidade ou da unidade
competente, ao tomar ciência da possível ocorrência de ato lesivo à
CAPÍTULO VIII administração pública federal, em sede de juízo de admissibilidade
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS e mediante despacho fundamentado, decidirá:
I - pela abertura de investigação preliminar;
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. II - pela recomendação de instauração de PAR; ou
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de III - pela recomendação de arquivamento da matéria.
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições § 1º A investigação de que trata o inciso I do caput terá cará-
em contrário. ter sigiloso e não punitivo e será destinada à apuração de indícios
de autoria e materialidade de atos lesivos à administração pública
federal.
§ 2º A investigação preliminar será conduzida diretamente
pela corregedoria da entidade ou unidade competente, na forma
estabelecida em regulamento, ou por comissão composta por dois
ou mais membros, designados entre servidores efetivos ou empre-
gados públicos.

89
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 3º Na investigação preliminar, serão praticados os atos ne- Art. 6º Instaurado o PAR, a comissão avaliará os fatos e as cir-
cessários à elucidação dos fatos sob apuração, compreendidas to- cunstâncias conhecidas e indiciará e intimará a pessoa jurídica pro-
das as diligências admitidas em lei, notadamente: cessada para, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e
I - proposição à autoridade instauradora da suspensão cautelar especificar eventuais provas que pretenda produzir.
dos efeitos do ato ou do processo objeto da investigação; § 1º A intimação prevista no caput:
II - solicitação de atuação de especialistas com conhecimentos I - facultará expressamente à pessoa jurídica a possibilidade de
técnicos ou operacionais, de órgãos e entidades públicos ou de ou- apresentar informações e provas que subsidiem a análise da comis-
tras organizações, para auxiliar na análise da matéria sob exame; são de PAR no que se refere aos elementos que atenuam o valor da
III - solicitação de informações bancárias sobre movimentação multa, previstos no art. 23; e
de recursos públicos, ainda que sigilosas, nesta hipótese, em sede II - solicitará a apresentação de informações e documentos,
de compartilhamento do sigilo com órgãos de controle; nos termos estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, que
IV - requisição, por meio da autoridade competente, do com- permitam a análise do programa de integridade da pessoa jurídica.
partilhamento de informações tributárias da pessoa jurídica inves- § 2º O ato de indiciação conterá, no mínimo:
tigada, conforme previsto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº I - a descrição clara e objetiva do ato lesivo imputado à pessoa
5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional; jurídica, com a descrição das circunstâncias relevantes;
V - solicitação, ao órgão de representação judicial ou equiva- II - o apontamento das provas que sustentam o entendimento
lente dos órgãos ou das entidades lesadas, das medidas judiciais da comissão pela ocorrência do ato lesivo imputado; e
necessárias para a investigação e para o processamento dos atos III - o enquadramento legal do ato lesivo imputado à pessoa
lesivos, inclusive de busca e apreensão, no Brasil ou no exterior; ou jurídica processada.
VI - solicitação de documentos ou informações a pessoas físicas § 3º Caso a intimação prevista no caput não tenha êxito, será
ou jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou estrangei- feita nova intimação por meio de edital publicado na imprensa ofi-
ras, ou a organizações públicas internacionais. cial e no sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública respon-
§ 4º O prazo para a conclusão da investigação preliminar não sável pela condução do PAR, hipótese em que o prazo para apre-
excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, mediante sentação de defesa escrita será contado a partir da última data de
ato da autoridade a que se refere o caput. publicação do edital.
§ 5º Ao final da investigação preliminar, serão enviadas à auto- § 4º Caso a pessoa jurídica processada não apresente sua de-
ridade competente as peças de informação obtidas, acompanhadas fesa escrita no prazo estabelecido no caput, contra ela correrão os
de relatório conclusivo acerca da existência de indícios de autoria e demais prazos, independentemente de notificação ou intimação,
materialidade de atos lesivos à administração pública federal, para podendo intervir em qualquer fase do processo, sem direito à repe-
decisão sobre a instauração do PAR. tição de qualquer ato processual já praticado.
Art. 7º As intimações serão feitas por qualquer meio físico ou
SEÇÃO II eletrônico que assegure a certeza de ciência da pessoa jurídica pro-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO cessada.
§ 1º Os prazos começam a correr a partir da data da cientifica-
Art. 4º A competência para a instauração e para o julgamento ção oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-
do PAR é da autoridade máxima da entidade em face da qual foi -se o dia do vencimento, observado o disposto no Capítulo XVI da
praticado o ato lesivo ou, em caso de órgão da administração públi- Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
ca federal direta, do respectivo Ministro de Estado. § 2º Na hipótese prevista no § 4º do art. 6º, dispensam-se as
Parágrafo único. A competência de que trata o caput será exer- demais intimações processuais, até que a pessoa jurídica interessa-
cida de ofício ou mediante provocação e poderá ser delegada, ve- da se manifeste nos autos.
dada a subdelegação. § 3º A pessoa jurídica estrangeira poderá ser notificada e in-
Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autoridade designará timada de todos os atos processuais, independentemente de pro-
comissão, composta por dois ou mais servidores estáveis. curação ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa do
§ 1º Em entidades da administração pública federal cujos qua- gerente, representante ou administrador de sua filial, agência, su-
dros funcionais não sejam formados por servidores estatutários, a cursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.
comissão a que se refere o caput será composta por dois ou mais Art. 8º Recebida a defesa escrita, a comissão avaliará a perti-
empregados permanentes, preferencialmente com, no mínimo, nência de produzir as provas eventualmente requeridas pela pes-
três anos de tempo de serviço na entidade. soa jurídica processada, podendo indeferir de forma motivada os
§ 2º A comissão a que se refere o caput exercerá suas ativida- pedidos de produção de provas que sejam ilícitas, impertinentes,
des com imparcialidade e observará a legislação, os regulamentos e desnecessárias, protelatórias ou intempestivas.
as orientações técnicas vigentes. § 1º Caso sejam produzidas provas após a nota de indiciação,
§ 3º Será assegurado o sigilo do PAR, sempre que necessário a comissão poderá:
à elucidação do fato ou quando exigido pelo interesse da adminis- I - intimar a pessoa jurídica para se manifestar, no prazo de dez
tração pública, garantido à pessoa jurídica processada o direito à dias, sobre as novas provas juntadas aos autos, caso tais provas não
ampla defesa e ao contraditório. justifiquem a alteração da nota de indiciação; ou
§ 4º O prazo para a conclusão dos trabalhos da comissão de II - lavrar nova indiciação ou indiciação complementar, caso as
PAR não excederá cento e oitenta dias, admitida a prorrogação, me- novas provas juntadas aos autos justifiquem alterações na nota de
diante solicitação justificada do presidente da comissão à autorida- indiciação inicial, devendo ser observado o disposto no caput do
de instauradora, que decidirá de maneira fundamentada. art. 6º.

90
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2º Caso a pessoa jurídica apresente em sua defesa informa- § 2º A autoridade julgadora terá o prazo de trinta dias para
ções e documentos referentes à existência e ao funcionamento de decidir sobre a matéria alegada no pedido de reconsideração e pu-
programa de integridade, a comissão processante deverá examiná- blicar nova decisão.
-lo segundo os parâmetros indicados no Capítulo V, para a dosime- § 3º Mantida a decisão administrativa sancionadora, será con-
tria das sanções a serem aplicadas. cedido à pessoa jurídica novo prazo de trinta dias para o cumpri-
Art. 9º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR por meio mento das sanções que lhe foram impostas, contado da data de
de seus representantes legais ou procuradores, sendo-lhes assegu- publicação da nova decisão.
rado amplo acesso aos autos. Art. 16. Os atos previstos como infrações administrativas à Lei
Parágrafo único. É vedada a retirada de autos físicos da repar- nº 14.133, de 1º de abril de 2021, ou a outras normas de licitações
tição pública, sendo autorizada a obtenção de cópias, preferencial- e contratos da administração pública que também sejam tipifica-
mente em meio digital, mediante requerimento. dos como atos lesivos na Lei nº 12.846, de 2013, serão apurados
Art. 10. A comissão, para o devido e regular exercício de suas e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito
funções, poderá praticar os atos necessários à elucidação dos fatos procedimental previsto neste Capítulo.
sob apuração, compreendidos todos os meios probatórios admiti- § 1º Concluída a apuração de que trata o caput e havendo au-
dos em lei, inclusive os previstos no § 3º do art. 3º. toridades distintas competentes para o julgamento, o processo será
Art. 11. Concluídos os trabalhos de apuração e análise, a co- encaminhado primeiramente àquela de nível mais elevado, para
missão elaborará relatório a respeito dos fatos apurados e da even- que julgue no âmbito de sua competência, tendo precedência o jul-
tual responsabilidade administrativa da pessoa jurídica, no qual su- gamento pelo Ministro de Estado competente.
gerirá, de forma motivada: § 2º Para fins do disposto no caput, o chefe da unidade res-
I - as sanções a serem aplicadas, com a respectiva indicação da ponsável no órgão ou na entidade pela gestão de licitações e con-
dosimetria, ou o arquivamento do processo; tratos deve comunicar à autoridade a que se refere o caput do art.
II - o encaminhamento do relatório final à autoridade compe- 3º eventuais fatos que configurem atos lesivos previstos no art. 5º
tente para instrução de processo administrativo específico para da Lei nº 12.846, de 2013.
reparação de danos, quando houver indícios de que do ato lesivo Art. 17. A Controladoria-Geral da União possui, no âmbito do
tenha resultado dano ao erário; Poder Executivo federal, competência:
III - o encaminhamento do relatório final à Advocacia-Geral da I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e
União, para ajuizamento da ação de que trata o art. 19 da Lei nº II - exclusiva para avocar os processos instaurados para exame
12.846, de 2013, com sugestão, de acordo com o caso concreto, de sua regularidade ou para lhes corrigir o andamento, inclusive
da aplicação das sanções previstas naquele artigo, como retribuição promovendo a aplicação da penalidade administrativa cabível.
complementar às do PAR ou para a prevenção de novos ilícitos; § 1º A Controladoria-Geral da União poderá exercer, a qual-
IV - o encaminhamento do processo ao Ministério Público, nos quer tempo, a competência prevista no caput, se presentes quais-
termos do disposto no art. 15 da Lei nº 12.846, de 2013; e quer das seguintes circunstâncias:
V - as condições necessárias para a concessão da reabilitação, I - caracterização de omissão da autoridade originariamente
quando cabível. competente;
Art. 12. Concluído o relatório final, a comissão lavrará ata de II - inexistência de condições objetivas para sua realização no
encerramento dos seus trabalhos, que formalizará sua desconsti- órgão ou na entidade de origem;
tuição, e encaminhará o PAR à autoridade instauradora, que deter- III - complexidade, repercussão e relevância da matéria;
minará a intimação da pessoa jurídica processada do relatório final IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o
para, querendo, manifestar-se no prazo máximo de dez dias. órgão ou com a entidade atingida; ou
Parágrafo único. Transcorrido o prazo previsto no caput, a au- V - apuração que envolva atos e fatos relacionados com mais de
toridade instauradora determinará à corregedoria da entidade ou à um órgão ou entidade da administração pública federal.
unidade competente que analise a regularidade e o mérito do PAR. § 2º Ficam os órgãos e as entidades da administração pública
Art. 13. Após a análise de regularidade e mérito, o PAR será obrigados a encaminhar à Controladoria-Geral da União todos os
encaminhado à autoridade competente para julgamento, o qual documentos e informações que lhes forem solicitados, incluídos os
será precedido de manifestação jurídica, elaborada pelo órgão de autos originais dos processos que eventualmente estejam em cur-
assistência jurídica competente. so.
Parágrafo único. Na hipótese de decisão contrária ao relatório Art. 18. Compete à Controladoria-Geral da União instaurar,
da comissão, esta deverá ser fundamentada com base nas provas apurar e julgar PAR pela prática de atos lesivos a administração pú-
produzidas no PAR. blica estrangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen-
Art. 14. A decisão administrativa proferida pela autoridade jul- tal previsto neste Capítulo.
gadora ao final do PAR será publicada no Diário Oficial da União e no Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração
sítio eletrônico do órgão ou da entidade pública responsável pelo pública federal direta e indireta deverão comunicar à Controlado-
julgamento do PAR. ria-Geral da União os indícios da ocorrência de atos lesivos a ad-
Art. 15. Da decisão administrativa sancionadora cabe pedido ministração pública estrangeira, identificados no exercício de suas
de reconsideração com efeito suspensivo, no prazo de dez dias, con- atribuições, juntando à comunicação os documentos já disponíveis
tado da data de publicação da decisão. e necessários à apuração ou à comprovação dos fatos, sem prejuízo
§ 1º A pessoa jurídica contra a qual foram impostas sanções no do envio de documentação complementar, na hipótese de novas
PAR e que não apresentar pedido de reconsideração deverá cumpri- provas ou informações relevantes, sob pena de responsabilização. 
-las no prazo de trinta dias, contado do fim do prazo para interposi-
ção do pedido de reconsideração.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO III II - até três por cento para tolerância ou ciência de pessoas do
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS corpo diretivo ou gerencial da pessoa jurídica;
ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS III - até quatro por cento no caso de interrupção no forneci-
mento de serviço público, na execução de obra contratada ou na
SEÇÃO I entrega de bens ou serviços essenciais à prestação de serviços pú-
DISPOSIÇÕES GERAIS blicos ou no caso de descumprimento de requisitos regulatórios;
IV - um por cento para a situação econômica do infrator que
Art. 19. As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguintes san- apresente índices de solvência geral e de liquidez geral superiores
ções administrativas, nos termos do disposto no art. 6º da Lei nº a um e lucro líquido no último exercício anterior ao da instauração
12.846, de 2013: do PAR;
I - multa; e V - três por cento no caso de reincidência, assim definida a
II - publicação extraordinária da decisão administrativa sancio- ocorrência de nova infração, idêntica ou não à anterior, tipificada
nadora. como ato lesivo pelo art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, em menos
Parágrafo único. Caso os atos lesivos apurados envolvam infra- de cinco anos, contados da publicação do julgamento da infração
ções administrativas à Lei nº 14.133, de 2021, ou a outras normas anterior; e
de licitações e contratos da administração pública e tenha ocorrido VI - no caso de contratos, convênios, acordos, ajustes e outros
a apuração conjunta prevista no art. 16, a pessoa jurídica também instrumentos congêneres mantidos ou pretendidos com o órgão ou
estará sujeita a sanções administrativas que tenham como efeito a com as entidades lesadas, nos anos da prática do ato lesivo, serão
restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar con- considerados os seguintes percentuais:
tratos com a administração pública, a serem aplicadas no PAR. a) um por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to-
talizar valor superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais);
SEÇÃO II b) dois por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
DA MULTA totalizar valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos
mil reais);
Art. 20. A multa prevista no inciso I do caput do art. 6º da Lei c) três por cento, no caso de o somatório dos instrumentos to-
nº 12.846, de 2013, terá como base de cálculo o faturamento bruto talizar valor superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
da pessoa jurídica no último exercício anterior ao da instauração do d) quatro por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
PAR, excluídos os tributos. totalizar valor superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de
§ 1º Os valores que constituirão a base de cálculo de que trata reais); ou
o caput poderão ser apurados, entre outras formas, por meio de: e) cinco por cento, no caso de o somatório dos instrumentos
I - compartilhamento de informações tributárias, na forma do totalizar valor superior a R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta
disposto no inciso II do § 1º do art. 198 da Lei nº 5.172, de 1966 - milhões de reais).
Código Tributário Nacional; Parágrafo único. No caso de acordo de leniência, o prazo cons-
II - registros contábeis produzidos ou publicados pela pessoa tante do inciso V do caput será contado a partir da data de celebra-
jurídica acusada, no Brasil ou no exterior; ção até cinco anos após a declaração de seu cumprimento.
III - estimativa, levando em consideração quaisquer informa- Art. 23. Do resultado da soma dos fatores previstos no art. 22
ções sobre a sua situação econômica ou o estado de seus negócios, serão subtraídos os valores correspondentes aos seguintes percen-
tais como patrimônio, capital social, número de empregados, con- tuais da base de cálculo:
tratos, entre outras; e I - até meio por cento no caso de não consumação da infração;
IV - identificação do montante total de recursos recebidos pela II - até um por cento no caso de:
pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano anterior ao da instaura- a) comprovação da devolução espontânea pela pessoa jurídica
ção do PAR, excluídos os tributos incidentes sobre vendas. da vantagem auferida e do ressarcimento dos danos resultantes do
§ 2º Os fatores previstos nos art. 22 e art. 23 deste Decreto se- ato lesivo; ou
rão avaliados em conjunto para os atos lesivos apurados no mesmo b) inexistência ou falta de comprovação de vantagem auferida
PAR, devendo-se considerar, para o cálculo da multa, a consolidação e de danos resultantes do ato lesivo;
dos faturamentos brutos de todas as pessoas jurídicas pertencentes III - até um e meio por cento para o grau de colaboração da
de fato ou de direito ao mesmo grupo econômico que tenham pra- pessoa jurídica com a investigação ou a apuração do ato lesivo, in-
ticado os ilícitos previstos no art. 5º da Lei nº 12.846, de 2013, ou dependentemente do acordo de leniência;
concorrido para a sua prática. IV - até dois por cento no caso de admissão voluntária pela pes-
Art. 21. Caso a pessoa jurídica comprovadamente não tenha soa jurídica da responsabilidade objetiva pelo ato lesivo; e
tido faturamento no último exercício anterior ao da instauração do V - até cinco por cento no caso de comprovação de a pessoa
PAR, deve-se considerar como base de cálculo da multa o valor do jurídica possuir e aplicar um programa de integridade, conforme os
último faturamento bruto apurado pela pessoa jurídica, excluídos parâmetros estabelecidos no Capítulo V.
os tributos incidentes sobre vendas, que terá seu valor atualizado Parágrafo único. Somente poderão ser atribuídos os percentu-
até o último dia do exercício anterior ao da instauração do PAR. ais máximos, quando observadas as seguintes condições:
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o valor da mul- I - na hipótese prevista na alínea “a” do inciso II do caput, quan-
ta será estipulado observando-se o intervalo de R$ 6.000,00 (seis do ocorrer a devolução integral dos valores ali referidos;
mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais) e o limite II - na hipótese prevista no inciso IV do caput, quando a admis-
mínimo da vantagem auferida, quando for possível sua estimação. são ocorrer antes da instauração do PAR; e
Art. 22. O cálculo da multa se inicia com a soma dos valores III - na hipótese prevista no inciso V do caput, quando o plano
correspondentes aos seguintes percentuais da base de cálculo: de integridade for anterior à prática do ato lesivo.
I - até quatro por cento, havendo concurso dos atos lesivos;

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 24. A existência e quantificação dos fatores previstos nos SEÇÃO III
art. 22 e art. 23 deverá ser apurada no PAR e evidenciada no relató- DA PUBLICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA DECISÃO
rio final da comissão, o qual também conterá a estimativa, sempre ADMINISTRATIVA SANCIONADORA
que possível, dos valores da vantagem auferida e da pretendida.
Art. 25. Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá como Art. 28. A pessoa jurídica sancionada administrativamente pela
limite: prática de atos lesivos contra a administração pública, nos termos
I - mínimo, o maior valor entre o da vantagem auferida, quando da Lei nº 12.846, de 2013, publicará a decisão administrativa san-
for possível sua estimativa, e: cionadora na forma de extrato de sentença, cumulativamente:
a) um décimo por cento da base de cálculo; ou I - em meio de comunicação de grande circulação, física ou ele-
b) R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese prevista no art. 21; e trônica, na área da prática da infração e de atuação da pessoa jurídi-
II - máximo, o menor valor entre: ca ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional;
a) três vezes o valor da vantagem pretendida ou auferida, o que II - em edital afixado no próprio estabelecimento ou no local
for maior entre os dois valores; de exercício da atividade, em localidade que permita a visibilidade
b) vinte por cento do faturamento bruto do último exercício pelo público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e
anterior ao da instauração do PAR, excluídos os tributos incidentes III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo mínimo de trinta dias e
sobre vendas; ou em destaque na página principal do referido sítio.
c) R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais), na hipótese Parágrafo único. A publicação a que se refere o caput será feita
prevista no art. 21, desde que não seja possível estimar o valor da a expensas da pessoa jurídica sancionada.
vantagem auferida.
§ 1º O limite máximo não será observado, caso o valor resul- SEÇÃO IV
tante do cálculo desse parâmetro seja inferior ao resultado calcula- DA COBRANÇA DA MULTA APLICADA
do para o limite mínimo.
§ 2º Na ausência de todos os fatores previstos nos art. 22 e art. Art. 29. A multa aplicada será integralmente recolhida pela
23 ou quando o resultado das operações de soma e subtração for pessoa jurídica sancionada no prazo de trinta dias, observado o dis-
igual ou menor que zero, o valor da multa corresponderá ao limite posto no art. 15.
mínimo estabelecido no caput. § 1º Feito o recolhimento, a pessoa jurídica sancionada apre-
Art. 26. O valor da vantagem auferida ou pretendida corres- sentará ao órgão ou à entidade que aplicou a sanção documento
ponde ao equivalente monetário do produto do ilícito, assim enten- que ateste o pagamento integral do valor da multa imposta.
dido como os ganhos ou os proveitos obtidos ou pretendidos pela § 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem que a multa te-
pessoa jurídica em decorrência direta ou indireta da prática do ato nha sido recolhida ou não tendo ocorrido a comprovação de seu pa-
lesivo. gamento integral, o órgão ou a entidade que a aplicou encaminhará
§ 1º O valor da vantagem auferida ou pretendida poderá ser o débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou das autarquias
estimado mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes me- e fundações públicas federais.
todologias: § 3º Caso a entidade que aplicou a multa não possua Dívida
I - pelo valor total da receita auferida em contrato administrati- Ativa, o valor será cobrado independentemente de prévia inscrição.
vo e seus aditivos, deduzidos os custos lícitos que a pessoa jurídica § 4º A multa aplicada pela Controladoria-Geral da União em
comprove serem efetivamente atribuíveis ao objeto contratado, na acordos de leniência ou nas hipóteses previstas nos art.17 e art. 18
hipótese de atos lesivos praticados para fins de obtenção e execu- será destinada à União e recolhida à conta única do Tesouro Nacio-
ção dos respectivos contratos; nal.
II - pelo valor total de despesas ou custos evitados, inclusive § 5º Os acordos de leniência poderão pactuar prazo distinto do
os de natureza tributária ou regulatória, e que seriam imputáveis à previsto no caput para recolhimento da multa aplicada ou de qual-
pessoa jurídica caso não houvesse sido praticado o ato lesivo pela quer outra obrigação financeira imputada à pessoa jurídica.
pessoa jurídica infratora; ou
III - pelo valor do lucro adicional auferido pela pessoa jurídica SEÇÃO V
decorrente de ação ou omissão na prática de ato do Poder Público DOS ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
que não ocorreria sem a prática do ato lesivo pela pessoa jurídica
infratora. Art. 30. As medidas judiciais, no Brasil ou no exterior, como a
§ 2º Os valores correspondentes às vantagens indevidas pro- cobrança da multa administrativa aplicada no PAR, a promoção da
metidas ou pagas a agente público ou a terceiros a ele relacionados publicação extraordinária, a persecução das sanções previstas no
não poderão ser deduzidos do cálculo estimativo de que trata o § caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013 , a reparação integral dos
1º. danos e prejuízos, além de eventual atuação judicial para a finali-
Art. 27. Com a assinatura do acordo de leniência, a multa apli- dade de instrução ou garantia do processo judicial ou preservação
cável será reduzida conforme a fração nele pactuada, observado o do acordo de leniência, serão solicitadas ao órgão de representação
limite previsto no § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013. judicial ou equivalente dos órgãos ou das entidades lesadas.
§ 1º O valor da multa prevista no caput poderá ser inferior ao Art. 31. No âmbito da administração pública federal direta, in-
limite mínimo previsto no art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013. clusive nas hipóteses de que tratam os art. 17 e art. 18, a atuação
§ 2º No caso de a autoridade signatária declarar o descumpri- judicial será exercida pela Procuradoria-Geral da União, observadas
mento do acordo de leniência por falta imputável à pessoa jurídica as atribuições da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para ins-
colaboradora, o valor integral encontrado antes da redução de que crição e cobrança de créditos da União inscritos em Dívida Ativa.
trata o caput será cobrado na forma do disposto na Seção IV, des-
contando-se as frações da multa eventualmente já pagas.

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Parágrafo único. No âmbito das autarquias e das fundações IV - cooperar plena e permanentemente com as investigações e
públicas federais, a atuação judicial será exercida pela Procurado- o processo administrativo e comparecer, sob suas expensas e sem-
ria-Geral Federal, inclusive no que se refere à cobrança da multa pre que solicitada, aos atos processuais, até o seu encerramento;
administrativa aplicada no PAR, respeitadas as competências da V - fornecer informações, documentos e elementos que com-
Procuradoria-Geral do Banco Central. provem o ato ilícito;
VI - reparar integralmente a parcela incontroversa do dano cau-
CAPÍTULO IV sado; e
DO ACORDO DE LENIÊNCIA VII - perder, em favor do ente lesado ou da União, conforme o
caso, os valores correspondentes ao acréscimo patrimonial indevi-
Art. 32. O acordo de leniência é ato administrativo negocial do ou ao enriquecimento ilícito direta ou indiretamente obtido da
decorrente do exercício do poder sancionador do Estado, que visa infração, nos termos e nos montantes definidos na negociação.
à responsabilização de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos § 1º Os requisitos de que tratam os incisos III e IV do caput se-
contra a administração pública nacional ou estrangeira. rão avaliados em face da boa-fé da pessoa jurídica proponente em
Parágrafo único. O acordo de leniência buscará, nos termos reportar à administração a descrição e a comprovação da integrali-
da lei: dade dos atos ilícitos de que tenha ou venha a ter ciência, desde o
I - o incremento da capacidade investigativa da administração momento da propositura do acordo até o seu total cumprimento.
pública; § 2º A parcela incontroversa do dano de que trata o inciso VI
II - a potencialização da capacidade estatal de recuperação de do caput corresponde aos valores dos danos admitidos pela pessoa
ativos; e jurídica ou àqueles decorrentes de decisão definitiva no âmbito do
III - o fomento da cultura de integridade no setor privado. devido processo administrativo ou judicial.
Art. 33. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas § 3º Nas hipóteses em que de determinado ato ilícito decor-
jurídicas responsáveis pela prática dos atos lesivos previstos na Lei ra, simultaneamente, dano ao ente lesado e acréscimo patrimonial
nº 12.846, de 2013, e dos ilícitos administrativos previstos na Lei nº indevido à pessoa jurídica responsável pela prática do ato, e haja
14.133, de 2021, e em outras normas de licitações e contratos, com identidade entre ambos, os valores a eles correspondentes serão:
vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que I - computados uma única vez para fins de quantificação do va-
colaborem efetivamente com as investigações e o PAR, devendo re- lor a ser adimplido a partir do acordo de leniência; e
sultar dessa colaboração: II - classificados como ressarcimento de danos para fins contá-
I - a identificação dos demais envolvidos nos ilícitos, quando beis, orçamentários e de sua destinação para o ente lesado.
couber; e Art. 38. A proposta de celebração de acordo de leniência deve-
II - a obtenção célere de informações e documentos que com- rá ser feita de forma escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica
provem a infração sob apuração. proponente declarará expressamente que foi orientada a respeito
Art. 34. Compete à Controladoria-Geral da União celebrar de seus direitos, garantias e deveres legais e de que o não atendi-
acordos de leniência no âmbito do Poder Executivo federal e nos mento às determinações e às solicitações durante a etapa de nego-
casos de atos lesivos contra a administração pública estrangeira. ciação importará a desistência da proposta.
Art. 35. Ato conjunto do Ministro de Estado da Controladoria- § 1º A proposta deverá ser apresentada pelos representantes
-Geral da União e do Advogado-Geral da União: da pessoa jurídica, na forma de seu estatuto ou contrato social, ou
I - disciplinará a participação de membros da Advocacia-Geral por meio de procurador com poderes específicos para tal ato, ob-
da União nos processos de negociação e de acompanhamento do servado o disposto no art. 26 da Lei nº 12.846, de 2013.
cumprimento dos acordos de leniência; e § 2º A proposta poderá ser feita até a conclusão do relatório a
II - disporá sobre a celebração de acordos de leniência pelo Mi- ser elaborado no PAR.
nistro de Estado da Controladoria-Geral da União conjuntamente § 3º A proposta apresentada receberá tratamento sigiloso e o
com o Advogado-Geral da União. acesso ao seu conteúdo será restrito no âmbito da Controladoria-
Parágrafo único. A participação da Advocacia-Geral da União -Geral da União.
nos acordos de leniência, consideradas as condições neles estabe- § 4º A proponente poderá divulgar ou compartilhar a existên-
lecidas e observados os termos da Lei Complementar nº 73, de 10 cia da proposta ou de seu conteúdo, desde que haja prévia anuên-
de fevereiro de 1993, e da Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, cia da Controladoria-Geral da União.
poderá ensejar a resolução consensual das penalidades previstas § 5º A análise da proposta de acordo de leniência será instru-
no art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013. ída em processo administrativo específico, que conterá o registro
Art. 36. A Controladoria-Geral da União poderá aceitar delega- dos atos praticados na negociação.
ção para negociar, celebrar e monitorar o cumprimento de acordos Art. 39. A proposta de celebração de acordo de leniência será
de leniência relativos a atos lesivos contra outros Poderes e entes submetida à análise de juízo de admissibilidade, para verificação da
federativos. existência dos elementos mínimos que justifiquem o início da ne-
Art. 37. A pessoa jurídica que pretenda celebrar acordo de le- gociação.
niência deverá: § 1º Admitida a proposta, será firmado memorando de enten-
I - ser a primeira a manifestar interesse em cooperar para a dimentos com a pessoa jurídica proponente, definindo os parâme-
apuração de ato lesivo específico, quando tal circunstância for re- tros da negociação do acordo de leniência.
levante; § 2º O memorando de entendimentos poderá ser resilido a
II - ter cessado completamente seu envolvimento no ato lesivo qualquer momento, a pedido da pessoa jurídica proponente ou a
a partir da data da propositura do acordo; critério da administração pública federal.
III - admitir sua responsabilidade objetiva quanto aos atos le- § 3º A assinatura do memorando de entendimentos:
sivos; I - interrompe a prescrição; e

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II - suspende a prescrição pelo prazo da negociação, limitado, Art. 47. O percentual de redução do valor da multa aplicável
em qualquer hipótese, a trezentos e sessenta dias. de que trata o § 2º do art. 16 da Lei nº 12.846, de 2013, levará em
Art. 40. A critério da Controladoria-Geral da União, o PAR ins- consideração os seguintes critérios:
taurado em face de pessoa jurídica que esteja negociando a cele- I - a tempestividade da autodenúncia e o ineditismo dos atos
bração de acordo de leniência poderá ser suspenso. lesivos;
Parágrafo único. A suspensão ocorrerá sem prejuízo: II - a efetividade da colaboração da pessoa jurídica; e
I - da continuidade de medidas investigativas necessárias para III - o compromisso de assumir condições relevantes para o
o esclarecimento dos fatos; e cumprimento do acordo.
II - da adoção de medidas processuais cautelares e assecurató- Parágrafo único. Os critérios previstos no caput serão objeto
rias indispensáveis para se evitar perecimento de direito ou garantir de ato normativo a ser editado pelo Ministro de Estado da Contro-
a instrução processual. ladoria-Geral da União.
Art. 41. A Controladoria-Geral da União poderá avocar os autos Art. 48. O acesso aos documentos e às informações comercial-
de processos administrativos em curso em outros órgãos ou enti- mente sensíveis da pessoa jurídica será mantido restrito durante a
dades da administração pública federal relacionados com os fatos negociação e após a celebração do acordo de leniência.
objeto do acordo em negociação. § 1º Até a celebração do acordo de leniência, a identidade da
Art. 42. A negociação a respeito da proposta do acordo de leni- pessoa jurídica signatária do acordo não será divulgada ao público,
ência deverá ser concluída no prazo de cento e oitenta dias, conta- ressalvado o disposto no § 4º do art. 38.
do da data da assinatura do memorando de entendimentos. § 2º As informações e os documentos obtidos em decorrência
Parágrafo único. O prazo de que trata o caput poderá ser pror- da celebração de acordos de leniência poderão ser compartilhados
rogado, caso presentes circunstâncias que o exijam. com outras autoridades, mediante compromisso de sua não utiliza-
Art. 43. A desistência da proposta de acordo de leniência ou a ção para sancionar a própria pessoa jurídica em relação aos mes-
sua rejeição não importará em reconhecimento da prática do ato mos fatos objeto do acordo de leniência, ou com concordância da
lesivo. própria pessoa jurídica.
§ 1º Não se fará divulgação da desistência ou da rejeição da Art. 49. A celebração do acordo de leniência interrompe o pra-
proposta do acordo de leniência, ressalvado o disposto no § 4º do zo prescricional da pretensão punitiva em relação aos atos ilícitos
art. 38. objeto do acordo, nos termos do disposto no § 9º do art. 16 da Lei
§ 2º Na hipótese prevista no caput, a administração pública nº 12.846, de 2013, que permanecerá suspenso até o cumprimento
federal não poderá utilizar os documentos recebidos durante o pro- dos compromissos firmados no acordo ou até a sua rescisão, nos
cesso de negociação de acordo de leniência. termos do disposto no art. 34 da Lei nº 13.140, de 2015.
§ 3º O disposto no § 2º não impedirá a apuração dos fatos re- Art. 50. Com a celebração do acordo de leniência, serão con-
lacionados com a proposta de acordo de leniência, quando decorrer cedidos em favor da pessoa jurídica signatária, nos termos previa-
de indícios ou provas autônomas que sejam obtidos ou levados ao mente firmados no acordo, um ou mais dos seguintes efeitos:
conhecimento da autoridade por qualquer outro meio. I - isenção da publicação extraordinária da decisão administra-
Art. 44. O acordo de leniência estipulará as condições para as- tiva sancionadora;
segurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo II - isenção da proibição de receber incentivos, subsídios, sub-
e conterá as cláusulas e obrigações que, diante das circunstâncias venções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicos
do caso concreto, reputem-se necessárias. e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo Poder Pú-
Art. 45. O acordo de leniência conterá, entre outras disposi- blico;
ções, cláusulas que versem sobre: III - redução do valor final da multa aplicável, observado o dis-
I - o compromisso de cumprimento dos requisitos previstos nos posto no art. 27; ou
incisos II a VII do caput do art. 37; IV - isenção ou atenuação das sanções administrativas previs-
II - a perda dos benefícios pactuados, em caso de descumpri- tas no art. 156 da Lei nº 14.133, de 2021, ou em outras normas de
mento do acordo; licitações e contratos.
III - a natureza de título executivo extrajudicial do instrumento § 1º No acordo de leniência poderá ser pactuada a resolução
do acordo, nos termos do disposto no inciso II do caput do art. 784 de ações judiciais que tenham por objeto os fatos que componham
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil; o escopo do acordo.
IV - a adoção, a aplicação ou o aperfeiçoamento de programa § 2º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
de integridade, conforme os parâmetros estabelecidos no Capítulo soas jurídicas que integrarem o mesmo grupo econômico, de fato
V, bem como o prazo e as condições de monitoramento; ou de direito, desde que tenham firmado o acordo em conjunto,
V - o pagamento das multas aplicáveis e da parcela a que se respeitadas as condições nele estabelecidas.
refere o inciso VI do caput do art. 37; e Art. 51. O monitoramento das obrigações de adoção, imple-
VI - a possibilidade de utilização da parcela a que se refere o mentação e aperfeiçoamento do programa de integridade de que
inciso VI do caput do art. 37 para compensação com outros valo- trata o inciso IV do caput do art. 45 será realizado, direta ou indire-
res porventura apurados em outros processos sancionatórios ou de tamente, pela Controladoria-Geral da União, podendo ser dispen-
prestação de contas, quando relativos aos mesmos fatos que com- sado, a depender das características do ato lesivo, das medidas de
põem o escopo do acordo. remediação adotadas pela pessoa jurídica e do interesse público.
Art. 46. A Controladoria-Geral da União poderá conduzir e jul- § 1º O monitoramento a que se refere o caput será realizado,
gar os processos administrativos que apurem infrações administra- dentre outras formas, pela análise de relatórios, documentos e in-
tivas previstas na Lei nº 12.846, de 2013, na Lei nº 14.133, de 2021, formações fornecidos pela pessoa jurídica, obtidos de forma inde-
e em outras normas de licitações e contratos, cujos fatos tenham pendente ou por meio de reuniões, entrevistas, testes de sistemas
sido noticiados por meio do acordo de leniência. e de conformidade com as políticas e visitas técnicas.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2º As informações relativas às etapas do processo de monito- CAPÍTULO V
ramento serão publicadas em transparência ativa no sítio eletrônico DO PROGRAMA DE INTEGRIDADE
da Controladoria-Geral da União, respeitados os sigilos legais e o
interesse das investigações. Art. 56. Para fins do disposto neste Decreto, programa de in-
Art. 52. Cumprido o acordo de leniência pela pessoa jurídica tegridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto
colaboradora, a autoridade competente declarará: de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria
I - o cumprimento das obrigações nele constantes; e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de
II - a isenção das sanções previstas no inciso II do caput do art. códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes, com objetivo
6º e no inciso IV do caput do art. 19 da Lei nº 12.846, de 2013, bem de:
como das demais sanções aplicáveis ao caso; I - prevenir, detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e
III - o cumprimento da sanção prevista no inciso I do caput do atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou
art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; e estrangeira; e
IV - o atendimento dos compromissos assumidos de que tra- II - fomentar e manter uma cultura de integridade no ambiente
tam os incisos II a VII do caput do art. 37 deste Decreto. organizacional.
Art. 53. Declarada a rescisão do acordo de leniência pela au- Parágrafo único. O programa de integridade deve ser estrutu-
toridade competente, decorrente do seu injustificado descumpri- rado, aplicado e atualizado de acordo com as características e os
mento: riscos atuais das atividades de cada pessoa jurídica, a qual, por sua
I - a pessoa jurídica perderá os benefícios pactuados e ficará vez, deve garantir o constante aprimoramento e a adaptação do re-
impedida de celebrar novo acordo pelo prazo de três anos, contado ferido programa, visando garantir sua efetividade.
da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa que Art. 57. Para fins do disposto no inciso VIII do caput do art. 7º
julgar rescindido o acordo; da Lei nº 12.846, de 2013, o programa de integridade será avaliado,
II - haverá o vencimento antecipado das parcelas não pagas e quanto a sua existência e aplicação, de acordo com os seguintes
serão executados: parâmetros:
a) o valor integral da multa, descontando-se as frações eventu- I - comprometimento da alta direção da pessoa jurídica, inclu-
almente já pagas; e ídos os conselhos, evidenciado pelo apoio visível e inequívoco ao
b) os valores integrais referentes aos danos, ao enriquecimento programa, bem como pela destinação de recursos adequados;
indevido e a outros valores porventura pactuados no acordo, des- II - padrões de conduta, código de ética, políticas e procedi-
contando-se as frações eventualmente já pagas; e mentos de integridade, aplicáveis a todos os empregados e admi-
III - serão aplicadas as demais sanções e as consequências pre- nistradores, independentemente do cargo ou da função exercida;
vistas nos termos dos acordos de leniência e na legislação aplicável. III - padrões de conduta, código de ética e políticas de integri-
Parágrafo único. O descumprimento do acordo de leniência dade estendidas, quando necessário, a terceiros, tais como fornece-
será registrado pela Controladoria-Geral da União, pelo prazo de dores, prestadores de serviço, agentes intermediários e associados;
três anos, no Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP. IV - treinamentos e ações de comunicação periódicos sobre o
Art. 54. Excepcionalmente, as autoridades signatárias poderão programa de integridade;
deferir pedido de alteração ou de substituição de obrigações pac- V - gestão adequada de riscos, incluindo sua análise e reavalia-
tuadas no acordo de leniência, desde que presentes os seguintes ção periódica, para a realização de adaptações necessárias ao pro-
requisitos: grama de integridade e a alocação eficiente de recursos;
I - manutenção dos resultados e requisitos originais que funda- VI - registros contábeis que reflitam de forma completa e preci-
mentaram o acordo de leniência, nos termos do disposto no art. 16 sa as transações da pessoa jurídica;
da Lei nº 12.846, de 2013; VII - controles internos que assegurem a pronta elaboração e a
II - maior vantagem para a administração, de maneira que se- confiabilidade de relatórios e demonstrações financeiras da pessoa
jam alcançadas melhores consequências para o interesse público jurídica;
do que a declaração de descumprimento e a rescisão do acordo; VIII - procedimentos específicos para prevenir fraudes e ilícitos
III - imprevisão da circunstância que dá causa ao pedido de no âmbito de processos licitatórios, na execução de contratos admi-
modificação ou à impossibilidade de cumprimento das condições nistrativos ou em qualquer interação com o setor público, ainda que
originalmente pactuadas; intermediada por terceiros, como pagamento de tributos, sujeição
IV - boa-fé da pessoa jurídica colaboradora em comunicar a a fiscalizações ou obtenção de autorizações, licenças, permissões e
impossibilidade do cumprimento de uma obrigação antes do ven- certidões;
cimento do prazo para seu adimplemento; e IX - independência, estrutura e autoridade da instância interna
V - higidez das garantias apresentadas no acordo. responsável pela aplicação do programa de integridade e pela fisca-
Parágrafo único. A análise do pedido de que trata o caput con- lização de seu cumprimento;
siderará o grau de adimplência da pessoa jurídica com as demais X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamen-
condições pactuadas, inclusive as de adoção ou de aperfeiçoamen- te divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados
to do programa de integridade. ao tratamento das denúncias e à proteção de denunciantes de bo-
Art. 55. Os acordos de leniência celebrados serão publicados a-fé;
em transparência ativa no sítio eletrônico da Controladoria-Geral da XI - medidas disciplinares em caso de violação do programa de
União, respeitados os sigilos legais e o interesse das investigações. integridade;
XII - procedimentos que assegurem a pronta interrupção de ir-
regularidades ou infrações detectadas e a tempestiva remediação
dos danos gerados;
XIII - diligências apropriadas, baseadas em risco, para:

96
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
a) contratação e, conforme o caso, supervisão de terceiros, tais IV - suspensão temporária de participação em licitação e im-
como fornecedores, prestadores de serviço, agentes intermediá- pedimento de contratar com a administração pública, conforme
rios, despachantes, consultores, representantes comerciais e asso- disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de
ciados; novembro de 2011;
b) contratação e, conforme o caso, supervisão de pessoas ex- V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
postas politicamente, bem como de seus familiares, estreitos cola- administração pública, conforme disposto no inciso V do caput do
boradores e pessoas jurídicas de que participem; e art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011;
c) realização e supervisão de patrocínios e doações; VI - declaração de inidoneidade para participar de licitação com
XIV - verificação, durante os processos de fusões, aquisições e a administração pública federal, conforme disposto no art. 46 da Lei
reestruturações societárias, do cometimento de irregularidades ou nº 8.443, de 16 de julho de 1992;
ilícitos ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas VII - proibição de contratar com o Poder Público, conforme dis-
envolvidas; e posto no art. 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992;
XV - monitoramento contínuo do programa de integridade VIII - proibição de contratar e participar de licitações com o Po-
visando ao seu aperfeiçoamento na prevenção, na detecção e no der Público, conforme disposto no art. 10 da Lei nº 9.605, de 12 de
combate à ocorrência dos atos lesivos previstos no art. 5º da Lei nº fevereiro de 1998; e
12.846, de 2013. IX - declaração de inidoneidade, conforme disposto no inciso V
§ 1º Na avaliação dos parâmetros de que trata o caput, serão do caput do art. 78-A combinado com o art. 78-I da Lei nº 10.233,
considerados o porte e as especificidades da pessoa jurídica, por de 5 de junho de 2001.
meio de aspectos como: Parágrafo único. Poderão ser registradas no CEIS outras san-
I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores; ções que impliquem restrição ao direito de participar em licitações
II - o faturamento, levando ainda em consideração o fato de ou de celebrar contratos com a administração pública, ainda que
ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte; não sejam de natureza administrativa.
III - a estrutura de governança corporativa e a complexidade de Art. 59. O CNEP conterá informações referentes:
unidades internas, tais como departamentos, diretorias ou setores, I - às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de
ou da estruturação de grupo econômico; 2013; e
IV - a utilização de agentes intermediários, como consultores II - ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com
ou representantes comerciais; fundamento na Lei nº 12.846, de 2013.
V - o setor do mercado em que atua; Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniên-
VI - os países em que atua, direta ou indiretamente; cia celebrados com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013, serão
VII - o grau de interação com o setor público e a importância registradas em relação específica no CNEP, após a celebração do
de contratações, investimentos e subsídios públicos, autorizações, acordo, exceto se sua divulgação causar prejuízos às investigações
licenças e permissões governamentais em suas operações; e ou ao processo administrativo.
VIII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que in- Art. 60. Constarão do CEIS e do CNEP, sem prejuízo de outros
tegram o grupo econômico. a serem estabelecidos pela Controladoria-Geral da União, dados e
§ 2º A efetividade do programa de integridade em relação ao informações referentes a:
ato lesivo objeto de apuração será considerada para fins da avalia- I - nome ou razão social da pessoa física ou jurídica sancionada;
ção de que trata o caput. II - número de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacio-
nal da Pessoa Jurídica - CNPJ ou da pessoa física no Cadastro de
CAPÍTULO VI Pessoas Físicas - CPF;
DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E III - tipo de sanção;
SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS IV - fundamentação legal da sanção;
PUNIDAS V - número do processo no qual foi fundamentada a sanção;
VI - data de início de vigência do efeito limitador ou impeditivo
Art. 58. O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspen- da sanção ou data de aplicação da sanção;
sas - CEIS conterá informações referentes às sanções administrati- VII - data final do efeito limitador ou impeditivo da sanção,
vas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição quando couber;
ao direito de participar de licitações ou de celebrar contratos com a VIII - nome do órgão ou da entidade sancionadora;
administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais: IX - valor da multa, quando couber; e
I - suspensão temporária de participação em licitação e impedi- X - escopo de abrangência da sanção, quando couber.
mento de contratar com a administração pública, conforme dispos- Art. 61. Os registros no CEIS e no CNEP deverão ser realizados
to no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 21 de junho imediatamente após o transcurso do prazo para apresentação do
de 1993; pedido de reconsideração ou recurso cabível ou da publicação de
II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a sua decisão final, quando lhe for atribuído efeito suspensivo pela
administração pública, conforme disposto no inciso IV do caput do autoridade competente.
art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993, e no inciso IV do caput do art. 156 Art. 62. A exclusão dos dados e das informações constantes do
da Lei nº 14.133, de 2021; CEIS ou do CNEP se dará:
III - impedimento de licitar e contratar com a União, os Estados, I - com o fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da san-
o Distrito Federal ou os Municípios, conforme disposto no art. 7º da ção ou depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, no art. 47 da Lei nº 12.462, ato sancionador; ou
de 4 de agosto de 2011, e no inciso III do caput do art. 156 da Lei nº II - mediante requerimento da pessoa jurídica interessada,
14.133, de 2021; após cumpridos os seguintes requisitos, quando aplicáveis:

97
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
a) publicação da decisão de reabilitação da pessoa jurídica san- Art. 69. As disposições deste Decreto se aplicam imediatamen-
cionada; te aos processos em curso, resguardados os atos praticados antes
b) cumprimento integral do acordo de leniência; de sua vigência.
c) reparação do dano causado; Art. 70. Fica revogado o Decreto nº 8.420, de 18 de março de
d) quitação da multa aplicada; e 2015.
e) cumprimento da pena de publicação extraordinária da deci- Art. 71. Este Decreto entra em vigor em 18 de julho de 2022.
são administrativa sancionadora.
Art. 63. O fornecimento dos dados e das informações de que Brasília, 11 de julho de 2022; 201º da Independência e 134º da
trata este Capítulo pelos órgãos e pelas entidades dos Poderes Exe- República.
cutivo, Legislativo e Judiciário de cada uma das esferas de governo
será disciplinado pela Controladoria-Geral da União.
LEI N. 12.846/2013 E SUAS ALTERAÇÕES
Parágrafo único. O registro e a exclusão dos registros no CEIS
e no CNEP são de competência e responsabilidade do órgão ou da
entidade sancionadora. LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013.

CAPÍTULO VII Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pes-


DISPOSIÇÕES FINAIS soas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira, e dá outras providências.
Art. 64. As informações referentes ao PAR instaurado no âm- A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
bito dos órgãos e das entidades do Poder Executivo federal serão cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
registradas no sistema de gerenciamento eletrônico de processos
administrativos sancionadores mantido pela Controladoria-Geral CAPÍTULO I
da União, conforme ato do Ministro de Estado da Controladoria- DISPOSIÇÕES GERAIS
-Geral da União.
Art. 65. Os órgãos e as entidades da administração pública, no Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad-
exercício de suas competências regulatórias, disporão sobre os efei- ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
tos da Lei nº 12.846, de 2013, no âmbito das atividades reguladas, administração pública, nacional ou estrangeira.
inclusive no caso de proposta e celebração de acordo de leniência. Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades
Art. 66. O processamento do PAR ou a negociação de acordo empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não, in-
de leniência não interfere no seguimento regular dos processos ad- dependentemente da forma de organização ou modelo societário
ministrativos específicos para apuração da ocorrência de danos e adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entida-
prejuízos à administração pública federal resultantes de ato lesivo des ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial
cometido por pessoa jurídica, com ou sem a participação de agente ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de
público. direito, ainda que temporariamente.
Art. 67. Compete ao Ministro de Estado da Controladoria-Ge- Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
ral da União editar orientações, normas e procedimentos comple- mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos pre-
mentares para a execução deste Decreto, notadamente no que diz vistos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo
respeito a: ou não.
I - fixação da metodologia para a apuração do faturamento bru- Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a res-
to e dos tributos a serem excluídos para fins de cálculo da multa a ponsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou
que se refere o art. 6º da Lei nº 12.846, de 2013; de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
II - forma e regras para o cumprimento da publicação extraordi- ilícito.
nária da decisão administrativa sancionadora; § 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemen-
III - avaliação do programa de integridade, inclusive sobre a for- te da responsabilização individual das pessoas naturais referidas no
ma de avaliação simplificada no caso de microempresas e empresas caput .
de pequeno porte; e § 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsa-
IV - gestão e registro dos procedimentos e sanções aplicadas bilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
em face de pessoas jurídicas e entes privados. Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipó-
Art. 68. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Advoca- tese de alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou
cia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União: cisão societária.
I - estabelecerão canais de comunicação institucional: § 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade
a) para o encaminhamento de informações referentes à prática da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e re-
de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estran- paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio trans-
geira ou derivadas de acordos de colaboração premiada e acordos ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
de leniência; e Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
b) para a cooperação jurídica internacional e recuperação de incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
ativos; e fraude, devidamente comprovados.
II - poderão, por meio de acordos de colaboração técnica, ar- § 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no
ticular medidas para o enfrentamento da corrupção e de delitos âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamen-
conexos. te responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin-
do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e
reparação integral do dano causado.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO II CAPÍTULO III
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
OU ESTRANGEIRA
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas ju-
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacio- rídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos nesta
nal ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados Lei as seguintes sanções:
pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte
, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao
contra princípios da administração pública ou contra os compromis- da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a
sos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta- sua estimação; e
gem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacio- II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
nada; § 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de ou cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso con-
qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos creto e com a gravidade e natureza das infrações.
nesta Lei; § 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será prece-
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física dida da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou
ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.
identidade dos beneficiários dos atos praticados; § 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui,
IV - no tocante a licitações e contratos: em qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qual- causado.
quer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento li- § 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível
citatório público; utilizar o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica,
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (ses-
de procedimento licitatório público; senta milhões de reais).
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou § 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocor-
oferecimento de vantagem de qualquer tipo; rerá na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídi-
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; ca, em meios de comunicação de grande circulação na área da prá-
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para tica da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo; publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta-
de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a belecimento ou no local de exercício da atividade, de modo visível
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de computadores.
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou § 6º (VETADO).
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das san-
contratos celebrados com a administração pública; ções:
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, I - a gravidade da infração;
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do III - a consumação ou não da infração;
sistema financeiro nacional. IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos V - o efeito negativo produzido pela infração;
e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estran- VI - a situação econômica do infrator;
geiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das in-
jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público frações;
de país estrangeiro. VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e
pública estrangeira as organizações públicas internacionais. a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta pessoa jurídica;
Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o
cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou órgão ou entidade pública lesados; e
em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como X - (VETADO).
em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo po- Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e
der público de país estrangeiro ou em organizações públicas inter- procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos
nacionais. em regulamento do Poder Executivo federal.

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LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO IV Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabili-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO dade de pessoa jurídica, após a conclusão do procedimento admi-
nistrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existên-
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrati- cia, para apuração de eventuais delitos.
vo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à
autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Execu- CAPÍTULO V
tivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo- DO ACORDO DE LENIÊNCIA
cação, observados o contraditório e a ampla defesa.
§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do pro- Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pú-
cesso administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa blica poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas jurídicas
jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação. responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colabo-
§ 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria- rem efetivamente com as investigações e o processo administrativo,
-Geral da União - CGU terá competência concorrente para instaurar sendo que dessa colaboração resulte:
processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando
ou para avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei, couber; e
para exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes o andamento. II - a obtenção célere de informações e documentos que com-
Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apu- provem o ilícito sob apuração.
ração, o processo e o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta § 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebra-
Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, obser- do se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:
vado o disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito;
Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto nº 3.678, de II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento
30 de novembro de 2000. na infração investigada a partir da data de propositura do acordo;
Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsa- III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coo-
bilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada pere plena e permanentemente com as investigações e o processo
pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser- administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que soli-
vidores estáveis. citada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação §2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa ju-
judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a que se refere o rídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e no inciso IV do
caput , poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a in- art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.
vestigação e o processamento das infrações, inclusive de busca e § 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obri-
apreensão. gação de reparar integralmente o dano causado.
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade § 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias
instauradora que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do
investigação. processo.
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 § 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pes-
(cento e oitenta) dias contados da data da publicação do ato que a soas jurídicas que integram o mesmo grupo econômico, de fato e
instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as
eventual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma condições nele estabelecidas.
motivada as sanções a serem aplicadas. § 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pú-
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante blica após a efetivação do respectivo acordo, salvo no interesse das
ato fundamentado da autoridade instauradora. investigações e do processo administrativo.
Art. 11. No processo administrativo para apuração de respon- § 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito
sabilidade, será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias investigado a proposta de acordo de leniência rejeitada.
para defesa, contados a partir da intimação. § 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comis- pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo acordo pelo prazo
são, será remetido à autoridade instauradora, na forma do art. 10, de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pú-
para julgamento. blica do referido descumprimento.
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de § 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo
reparação integral do dano não prejudica a aplicação imediata das prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
sanções estabelecidas nesta Lei. § 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão compe-
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo paga- tente para celebrar os acordos de leniência no âmbito do Poder Exe-
mento, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da fazenda cutivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra
pública. a administração pública estrangeira.
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acor-
sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir do de leniência com a pessoa jurídica responsável pela prática de
ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para ilícitos previstos na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas
provocar confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos à isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas
das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e em seus arts. 86 a 88.
sócios com poderes de administração, observados o contraditório e
a ampla defesa.

100
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
CAPÍTULO VI I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou en-
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL tidade no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ;
II - tipo de sanção; e
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador
jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na es- ou impeditivo da sanção, quando for o caso.
fera judicial. § 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta de leniência previstos nesta Lei, também deverão prestar e manter
Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as in-
das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação ju- formações acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse
dicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação procedimento vier a causar prejuízo às investigações e ao processo
com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas administrativo.
infratoras: § 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem de leniência, além das informações previstas no § 3º , deverá ser
vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento.
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; § 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão ex-
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; cluídos depois de decorrido o prazo previamente estabelecido no
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, do- e da reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do
ações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de insti- órgão ou entidade sancionadora.
tuições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legisla-
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. tivo e Judiciário de todas as esferas de governo deverão informar e
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determi- manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional
nada quando comprovado: de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público, ins-
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual tituído no âmbito do Poder Executivo federal, os dados relativos às
para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilí- da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
citos ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados. Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores
§ 2º (VETADO). aplicados com fundamento nesta Lei serão destinados preferencial-
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou mente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.
cumulativa. Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de nesta Lei, contados da data da ciência da infração ou, no caso de
representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá re- infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
querer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescri-
à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do dano ção será interrompida com a instauração de processo que tenha por
causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do ter- objeto a apuração da infração.
ceiro de boa-fé. Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo admi-
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão nistrativo na forma do seu estatuto ou contrato social.
ser aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daque- § 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão represen-
las previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das tadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.
autoridades competentes para promover a responsabilização admi- § 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo ge-
nistrativa. rente, representante ou administrador de sua filial, agência ou su-
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o cursal aberta ou instalada no Brasil.
rito previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de re- das infrações previstas nesta Lei, não adotar providências para a
parar, integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrati-
apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da vamente nos termos da legislação específica aplicável.
sentença. Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa
jurídica brasileira contra a administração pública estrangeira, ainda
CAPÍTULO VII que cometidos no exterior.
DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Ca- Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que
dastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP, que reunirá e dará constitua infração à ordem econômica.
publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de os processos de responsabilização e aplicação de penalidades de-
governo com base nesta Lei. correntes de:
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei nº
e manter atualizados, no Cnep, os dados relativos às sanções por 8.429, de 2 de junho de 1992 ; e
eles aplicadas.
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações
acerca das sanções aplicadas:

101
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - atos ilícitos alcançados pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de (C) A probidade administrativa é escolha moral que deve ser
1993, ou outras normas de licitações e contratos da administração feita por todo servidor público
pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contrata- (D) A moralidade administrativa faz parte dos valores morais
ções Públicas - RDC instituído pela Lei nº 12.462, de 4 de agosto de que regem o comportamento dos servidores públicos, condu-
2011. zindo seu comportamento profissional para o bem comum
Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
a data de sua publicação. 4. Acerca de ética, princípios e valores no serviço público, ana-
lise as afirmativas abaixo.
Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º I. O princípio é um fundamento ético.
da República. II. O valor é uma escolha moral.
III. Os princípios são por nós assimilados ao longo de nossa
vida, seja por nossas vivências, seja pelos ensinamentos que rece-
QUESTÕES
bemos. São objetos de escolha moral, a qual torna algo preferível
ou estimável.
1. Considerando os conceitos de direito e de moral, assinale a
opção correta à luz da filosofia do direito. Assinale a alternativa correta.
(A) Kant desenvolveu a teoria do mínimo ético, segundo a qual (A) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
o direito representa todo o conteúdo moral obrigatório para (B) Apenas a afirmativa III está correta
que a sociedade possa sobreviver minimamente. (C) As afirmativas I, II e III estão corretas
(B) Hans Kelsen formulou a teoria da bilateralidade atributiva, (D) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
asseverando que a moral não se distingue do direito, mas o
complementa por meio da bilateralidade ou intersubjetividade. 5. Sobre a ética, democracia e exercício da cidadania, analise as
(C) Christian Thomasius propôs a distinção entre o direito e a afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
moral, sob a inspiração pufendorfiana, com base na ideia de ( ) Exercício da cidadania é o gozo de direitos e desempenho de
coação. deveres pelo cidadão.
(D) Thomas Hobbes desenvolveu a teoria da atributividade, se- ( ) A democracia constitui forma de governo pautada pelo res-
gundo a qual direito e moral estão inter-relacionados, tendo peito à singularidade, pela defesa da transparência e pela garantia
ambos origem no direito natural. da perpetuação do exercício do poder.
(E) Max Scheler preconizava uma espécie de moral pura, condi- ( ) O exercício da cidadania deve pautar-se por contornos éti-
ção para a existência de um comportamento que, guiado pelo cos, de modo que o exercício da cidadania deve materializar-se na
direito e pela ética, não muda segundo as circunstâncias escolha da melhor conduta, tendo em vista o bem comum, resul-
tando em uma ação moral como expressão do bem.
2. Considerando as noções de ética e de moral, bem como os ( ) Democracia é o regime político em que a soberania é exer-
princípios e valores que conduzem nossa sociedade, julgue os itens cida pelo povo.
seguintes.
I- Um indivíduo em situação de miséria que encontrar, caída na Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
rua, uma carteira e decidir utilizar o cartão de crédito nela guardado cima para baixo.
para adquirir medicamentos ao seu filho terá agido de acordo com (A) V, V, F, V
as normas éticas, mas não com os princípios morais. (B) V, V, V, F
II- Os valores morais variam ao longo do tempo. (C) F, F, V, F
III- O campo da filosofia dedicado a estudar os valores e prin- (D) V, F, V, V
cípios que orientam a conduta dos seres humanos em sociedade é
denominado ética. 6. Com relação à ética, à democracia e ao exercício da cidada-
nia, assinale a alternativa correta.
Assinale a opção correta. (A) O exercício da cidadania, como uso de direitos e desempe-
(A) Apenas os itens I e II estão certos. nho de deveres, deve pautar-se por contornos éticos.
(B) Apenas os itens I e III estão certos. (B) O exercício da cidadania tem em vista o bem individual, sem
(C) Apenas os itens II e III estão certos. observar a conduta coletiva.
(D) Todos os itens estão certos. (C) A cidadania é exercida no campo individual.
(D) As atribuições cívico-políticas do cidadão independem da
3. Acerca da ética, princípios e valores no serviço público, assi- forma de governo adotada pelo Estado.
nale a alternativa correta. (E) A democracia, a transparência e a divergência de ideias não
“Note-se que a quase totalidade das sociedades ocidentais podem estar associadas.
tem a dignidade humana como princípio ético, muito embora seus
códigos morais (suas práticas habituais) sejam tão diferentes, por 7. Acerca da ética e função pública, assinale a alternativa in-
que diferentes são os valores por elas eleitos, embora todos eles correta.
tenham a dignidade humana como alicerce” (MULLER, 2018) (A) É dever do servidor atender com presteza ao público em
(A) Os valores possuem uma perspectiva ética, orientando o ser geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as pro-
humano a direcionar suas ações para o bem tegidas por sigilo
(B)Os princípios são objetos da escolha moral; ou seja, a quali- (B) É dever do servidor exercer com zelo e dedicação as atribui-
dade de algo preferível ou estimável ções do cargo

102
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
(C) É dever do servidor participar de gerência ou administração (A) ética e cidadania estão relacionados com as atitudes dos
de sociedade privada, personificada ou não personificada indivíduos e a forma como estes interagem uns com os outros
(D) É dever do servidor cumprir as ordens superiores, exceto na sociedade, cumprindo com seus direitos e deveres.
quando manifestamente ilegais (B) ética e cidadania são os cargos que ocupamos em um de-
terminado emprego.
8. Acerca da ética e função pública, assinale a alternativa in- (C) ética e cidadania estão relacionadas à classe social que cada
correta. indivíduo ocupa na sociedade.
(A) É dever do servidor público exercer com zelo e dedicação as (D) ética e cidadania corresponde a qualidade de vida que cada
atribuições do cargo indivíduo deve ter.
(B) É dever do servidor levar as irregularidades de que tiver
ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade su- 12. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Educador - Exatus/PR) O
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao que é ética?
conhecimento de outra autoridade competente para apuração (A) Ética compreende o ramo da história dedicado aos assuntos
(C) O descumprimento dos deveres funcionais do servidor, des- dos nossos ancestrais.
critos no art. 116 da Lei 8.112/1990, ensejará a aplicação da (B) Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos as-
suntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa
pena de advertência (art. 129), sendo que a reincidência impli-
aquilo que pertence ao caráter
cará na pena de suspensão (art. 130)
(C) Ética é o nome dado a pessoa que entra para a política.
(D) É direito do servidor promover manifestação de apreço ou
(D) ética significa o trabalho e a posição que o indivíduo ocupa
desapreço no recinto da repartição
na sociedade.
9. Quanto à ética no Setor Público, assinale a alternativa cor-
13. (MPE/SC - Motorista - FEPESE) Assinale a alternativa correta
reta.
em relação à ética no serviço público.
(A) É desnecessário estabelecer um padrão de comportamento (A) Em razão do interesse público indireto, os atos administrati-
a ser observado pelos servidores, uma vez que o agir ético deve vos não precisam ser publicados.
se basear nas decisões e nos conceitos individuais dos servido- (B) O conceito de moralidade da Administração Pública é res-
res públicos. trito aos procedimentos internos praticados pelos servidores.
(B) A promoção da ética no serviço público prescinde da atua- (C) O servidor poderá omitir ou falsear a verdade, quando ne-
ção permanente de Conselhos ou Comissões de Ética. cessário aos interesses da Administração Pública.
(C) A ética, por tratar-se de elemento subjetivo, torna desne- (D) O desempenho da função pública não demanda profissio-
cessário fornecer aos servidores públicos diretrizes que afir- nalismo, uma vez que tal princípio é inerente à iniciativa priva-
mem o que deve e o que não deve ser feito. da que busca lucros e resultados.
(D) A gestão de ética no serviço público deve abordar o exercí- (E) A moralidade administrativa se integra ao Direito como
cio das seguintes funções: normalização; educação; monitora- elemento indissociável dos atos praticados pela administração
mento; e aplicação de sistemas de consequências em caso de pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.
atividades antiéticas.
(E) Todo servidor deve ter estabelecido o conceito do que é 14. (Câmara Municipal de Sorocaba/SP - Mestre de Cerimônias
ético ou antiético, motivo que leva a instituição de códigos de - VUNESP) Há o estímulo e o incentivo por parte das organizações
ética de servidores públicos a ser desnecessária. públicas a projetos e causas sociais por meio de campanhas, doa-
ções diversas para entidades e trabalhos junto a comunidades. A
10. Sobre a ética no setor público, assinale a alternativa correta. doação individual do tempo, trabalho, conhecimento e talento para
(A) Princípio da diligência se refere a agir com zelo e escrúpulo causas de interesse social e comunitário, com o objetivo de melho-
em todas funções rar a qualidade de vida da comunidade, é denominada
(B) O princípio da conduta ilibada é o de agir da melhor manei- (A) responsabilidade social corporativa.
ra esperada em sua profissão e fora dela, com técnica, justiça (B) filantropia.
e discrição (C) voluntariado.
(C) O princípio da correção profissional diz respeito a não acu- (D) marketing social
mular funções incompatíveis (E) assistência social.
(D) O princípio da lealdade e da verdade orienta a guardar se-
gredo sobre as informações que acessa no exercício da profis- 15. (SUDENE/PE - Analista Técnico Administrativo - FGV) Leia o
são fragmento a seguir:
“O _____ ético da organização é à base da responsabilida-
11. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Inspetor de Alunos - EXA- de_____, expressa nos princípios e _____ adotados pela empresa”.
TUS/PR) Vivemos em sociedade onde temos regras e normas a Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do
cumprir dentre nossos direitos estabelecidos. No dia a dia saímos fragmento acima.
de casa para resolver diversas coisas, frequentamos espaços pú- (A) Processo - corporativa - padrões
blicos e particulares, em que temos que nos comportar de acordo (B) Comportamento - social - valores
com cada ambiente. Isso é viver em Sociedade. Para isso cumpri- (C) Conceito - corporativa - valores
mos com a ética e a cidadania. Portanto podemos relacionar ética (D) Processo - social - valores
e cidadania a: (E) Comportamento - corporativa - padrões

103
LEGISLAÇÃO E ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
16. (CONDER - Administrador - FGV) Leia o fragmento a seguir:
“A_____ organizacional busca o encontro entre o investimento
ANOTAÇÕES
social, práticas e comportamentos éticos responsáveis, indispensá-
veis para o conceito de cidadania, de _____ empresarial e de res- ______________________________________________________
ponsabilidade social _____”.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do ______________________________________________________
fragmento acima.
(A) eficácia – efetividade – organizacional ______________________________________________________
(B) efetividade – eficácia – corporativa ______________________________________________________
(C) efetividade – ética – corporativa
(D) eficácia – ética – organizacional ______________________________________________________
(E) efetividade – eficácia - corporativa
______________________________________________________
17. (DETRAN/MT - Auxiliar do Serviço de Trânsito - UFMT) Po-
de-se considerar que os assuntos que dizem respeito à responsa- ______________________________________________________
bilidade social das empresas com seus funcionários, com os consu- ______________________________________________________
midores de seus produtos e serviços, e com os órgãos do governo
constituem o campo da ética aplicada relacionada à ______________________________________________________
(A) ética impositiva.
(B) ética utópica. ______________________________________________________
(C) ética da repressão.
(D) ética dos negócios. ______________________________________________________

______________________________________________________
18. (CEFET/RJ - Administrador - CESGRANRIO) A responsabilida-
de social é uma atividade empresarial importante para a Adminis- ______________________________________________________
tração. Dessa forma, quando um gerente precisa monitorar e ava-
liar o desempenho da responsabilidade social da empresa, ele lança ______________________________________________________
mão de um(a):
(A) balanço social ______________________________________________________
(B) gestão social ______________________________________________________
(C) auditoria social
(D) estratégia social ______________________________________________________
(E) contabilidade social
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 C
3 C ______________________________________________________
4 A ______________________________________________________
5 D
_____________________________________________________
6 A
7 C _____________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 D
______________________________________________________
10 A
______________________________________________________
11 A
12 B ______________________________________________________
13 E ______________________________________________________
14 C
______________________________________________________
15 B
16 C ______________________________________________________

17 D ______________________________________________________
18 C
______________________________________________________

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquivos e atalhos
SISTEMA OPERACIONAL E AMBIENTE, WINDOWS 8 Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
WINDOWS 8 • Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de trabalho do Windows 8

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Área de transferência Interação com o conjunto de aplicativos
A área de transferência é muito importante e funciona em se- Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tendermos melhor as funções categorizadas.
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, Facilidades
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-
Manipulação de arquivos e pastas turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e parte desejada e colar em outro lugar.
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- Música e Vídeo
tas, criar atalhos etc. Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.

Programas e aplicativos

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive Área de trabalho


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze- Área de transferência
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos A área de transferência é muito importante e funciona em se-
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos). gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Uso dos menus

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
Programas e aplicativos e interação com o usuário pia de segurança.
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Inicialização e finalização

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-
dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

Iniciando um novo documento


EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES
UTILIZANDO LIBREOFFICE (CALC, WRITE E IMPRESS),
NO AMBIENTE WINDOWS

LIBREOFFICE OU BROFFICE

Conhecendo a Barra de Ferramentas

Alinhamentos
Ao digitar um texto frequentemente temos que alinhá-lo para
atender as necessidades do documento em que estamos trabalha-
mos, vamos tratar um pouco disso a seguir:
LibreOffice é uma suíte de aplicativos voltados para atividades
de escritório semelhantes aos do Microsoft Office (Word, Excel, Po-
werPoint ...). Vamos verificar então os aplicativos do LibreOffice:
Writer, Calc e o Impress).
O LibreOffice está disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux
e Mac OS X, mas é amplamente utilizado por usuários não Windo- GUIA PÁGINA
ws, visto a sua concorrência com o OFFICE. ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO
INCIAL
Abaixo detalharemos seus aplicativos:
Alinhamento a
Control + L
LibreOffice Writer esquerda
O Writer é um editor de texto semelhante ao Word embutido
Centralizar o texto Control + E
na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir cartas, livros, aposti-
las e comunicações em geral.
Vamos então detalhar as principais funcionalidades. Alinhamento a direita Control + R

Justificar (isto é
Área de trabalho do Writer
arruma os dois lados,
Nesta área podemos digitar nosso texto e formatá-lo de acordo
direita e esquerda Control + J
com a necessidade. Suas configurações são bastante semelhantes
de acordo com as
às do conhecido Word, e é nessa área de trabalho que criaremos
margens.
nossos documentos.
Formatação de letras (Tipos e Tamanho)

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho da letra

Aumenta / diminui tamanho

Itálico

Sublinhado

Taxado

Sobrescrito

Subescrito

Marcadores e listas numeradas Vamos à algumas funcionalidades


Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se- — Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
guinte forma:

OU GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra
Nesse caso podemos utilizar marcadores ou a lista numerada
na barra de ferramentas, escolhendo um ou outro, segundo a nossa Tamanho da letra
necessidade e estilo que ser aplicado no documento.
Aumenta / diminui
tamanho

Itálico

Outros Recursos interessantes: Cor da Fonte

Cor Plano de Fundo


ÍCONE FUNÇÃO
Mudar cor de Fundo Outros Recursos interessantes
Mudar cor do texto
Inserir Tabelas ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Imagens
Inserir Gráficos Ordenar
Inserir Caixa de Texto Ordenar em ordem
crescente
Verificação e correção ortográfica Auto Filtro
Inserir Caixa de Texto
Inserir imagem
Salvar
Inserir gráfico

LibreOffice Calc Verificação e correção


O Calc é um editor de planilhas semelhante ao Excel embutido ortográfica
na suíte LibreOffice, e com ele podemos redigir tabelas para cálcu-
los, gráficos e estabelecer planilhas para os mais diversos fins. Salvar

Área de trabalho do CALC


Nesta área podemos digitar nossos dados e formatá-los de Cálculos automáticos
acordo com a necessidade, utilizando ferramentas bastante seme- Além das organizações básicas de planilha, o Calc permite a
lhantes às já conhecidas do Office. criação de tabelas para cálculos automáticos e análise de dados e
gráficos totais.
São exemplos de planilhas CALC.
— Planilha para cálculos financeiros.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
— Planilha de vendas Formatação células
— Planilha de custos

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente. Mas como funciona uma planilha de cálculo? Veja:

A unidade central de uma planilha eletrônica é a célula que Fórmulas básicas


nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. Neste exem- — SOMA
plo coluna A, linha 2 ( Célula A2 ) A função SOMA faz uma soma de um intervalo de células. Por
Podemos também ter o intervalo A1..B3 exemplo, para somar números de B2 até B6 temos
=SOMA(B2;B6)

— MÉDIA
A função média faz uma média de um intervalo de células. Por
exemplo, para calcular a média de B2 até B6 temos
=MÉDIA(B2;B6)

LibreOffice impress
O IMPRESS é o editor de apresentações semelhante ao Power-
Point na suíte LibreOffice, com ele podemos redigir apresentações
para diversas finalidades.
São exemplos de apresentações IMPRESS.
— Apresentação para uma reunião;
— Apresentação para uma aula;
— Apresentação para uma palestra.

Para inserirmos dados basta posicionarmos o cursor na célula e A apresentação é uma excelente forma de abordagem de um
digitarmos, a partir daí iniciamos a criação da planilha. tema, pois podemos resumir e ressaltar os principais assuntos abor-
dados de forma explicativa. As ferramentas que veremos a seguir
facilitam o processo de trabalho com a aplicação. Confira:

Área de trabalho
Ao clicarmos para entrar no LibreOffice Impress vamos nos de-
parar com a tela abaixo. Nesta tela podemos selecionar um modelo
para iniciar a apresentação. O modelo é uma opção interessante
visto que já possui uma formatação prévia facilitando o início e de-
senvolvimento do trabalho.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Outros Recursos interessantes:

ÍCONE FUNÇÃO
Inserir Tabelas
Inserir Imagens
Inserir Gráficos
Inserir Caixa de Texto
Verificação e correção
ortográfica

Neste momento já podemos aproveitar a área interna para es- Salvar


crever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas, ou
até mesmo excluí-las.
Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo obtendo vários no
No exemplo a seguir perceba que já escrevi um título na caixa
mesmo formato, e podemos apenas alterar o texto e imagens para
superior e um texto na caixa inferior, também movi com o mouse os
criar os próximos.
quadrados delimitados para adequá-los melhor.

Formatação dos textos:

Itens demarcados na figura acima:


— Texto: Largura, altura, espaçamento, efeitos.
— Caractere: Letra, estilo, tamanho.
— Parágrafo: Antes, depois, alinhamento.
— Marcadores e numerações: Organização dos elementos e
tópicos.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Percebemos agora que temos uma apresentação com dois sli-
des padronizados, bastando agora alterá-los com os textos corre- CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E
tos. Além de copiar podemos movê-los de uma posição para outra, PROCEDIMENTOS DE INTERNET. CONCEITOS BÁSICOS,
trocando a ordem dos slides ou mesmo excluindo quando se fizer FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE
necessário. INTRANET

Transições Tipos de rede de computadores


Um recurso amplamente utilizado é o de inserir as transições, • LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
que é a maneira como os itens dos slides vão surgir na apresenta- Exemplos: casa, escritório, etc.
ção. No canto direito, conforme indicado a seguir, podemos selecio-
nar a transição desejada:

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-


plo.

A partir daí estamos com a apresentação pronta, bastando cli-


car em F5 para exibirmos o trabalho em tela cheia, também aces-
sível no menu “Apresentação”, conforme indicado na figura abaixo.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7 1 Botão Voltar uma página
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 2 Botão avançar uma página
8
detalhar adiante)
Mostra menu de contexto com várias 3 Botão atualizar a página
9
opções
4 Barra de Endereço.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 5 Adicionar Favoritos
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado 6 Usuário Atual
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa- Exibe um menu de contexto que iremos relatar
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- 7
seguir.
dos seguros após o uso.
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
Google Chrome dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi- pronto.
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa- Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
das por concorrentes. voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Vejamos: Para removê-lo, basta clicar em excluir.
• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Histórico • Sincronização
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces- portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, rão disponíveis na sua conta Google.
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Por exemplo:
dia a dia se preferir. – Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em Safari
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes- O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o ções implementadas.
progresso e os downloads concluídos.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO


DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

• Histórico e Favoritos Pasta


São estruturas que dividem o disco em várias partes de tama-
nhos variados as quais podem pode armazenar arquivos e outras
pastas (subpastas)1.

Arquivo
É a representação de dados/informações no computador os
quais ficam dentro das pastas e possuem uma extensão que identi-
fica o tipo de dado que ele representa.
• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.
1 https://docente.ifrn.edu.br/elieziosoares/disciplinas/informatica/aula-05-ma-
nipulacao-de-arquivos-e-pastas

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Extensões de arquivos

Existem vários tipos de arquivos como arquivos de textos, arquivos de som, imagem, planilhas, etc. Alguns arquivos são universais
podendo ser aberto em qualquer sistema. Mas temos outros que dependem de um programa específico como os arquivos do Corel Draw
que necessita o programa para visualizar. Nós identificamos um arquivo através de sua extensão. A extensão são aquelas letras que ficam
no final do nome do arquivo.
Exemplos:
.txt: arquivo de texto sem formatação.
.html: texto da internet.
.rtf: arquivo do WordPad.
.doc e .docx: arquivo do editor de texto Word com formatação.

É possível alterar vários tipos de arquivos, como um documento do Word (.docx) para o PDF (.pdf) como para o editor de texto do
LibreOffice (.odt). Mas atenção, tem algumas extensões que não são possíveis e caso você tente poderá deixar o arquivo inutilizável.

Nomenclatura dos arquivos e pastas


Os arquivos e pastas devem ter um nome o qual é dado no momento da criação. Os nomes podem conter até 255 caracteres (letras,
números, espaço em branco, símbolos), com exceção de / \ | > < * : “ que são reservados pelo sistema operacional.

Bibliotecas
Criadas para facilitar o gerenciamento de arquivos e pastas, são um local virtual que agregam conteúdo de múltiplos locais em um só.
Estão divididas inicialmente em 4 categorias:
– Documentos;
– Imagens;
– Músicas;
– Vídeos.

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Windows Explorer
O Windows Explorer é um gerenciador de informações, arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da Microsoft2.
Todo e qualquer arquivo que esteja gravado no seu computador e toda pasta que exista nele pode ser vista pelo Windows Explorer.
Possui uma interface fácil e intuitiva.
Na versão em português ele é chamado de Gerenciador de arquivo ou Explorador de arquivos.
O seu arquivo é chamado de Explorer.exe
Normalmente você o encontra na barra de tarefas ou no botão Iniciar > Programas > Acessórios.

Na parte de cima do Windows Explorer você terá acesso a muitas funções de gerenciamento como criar pastas, excluir, renomear, ex-
cluir históricos, ter acesso ao prompt de comando entre outras funcionalidades que aparecem sempre que você selecionar algum arquivo.
A coluna do lado esquerdo te dá acesso direto para tudo que você quer encontrar no computador. As pastas mais utilizadas são as de
Download, documentos e imagens.

Operações básicas com arquivos do Windows Explorer


• Criar pasta: clicar no local que quer criar a pasta e clicar com o botão direito do mouse e ir em novo > criar pasta e nomear ela. Você
pode criar uma pasta dentro de outra pasta para organizar melhor seus arquivos. Caso você queira salvar dentro de uma mesma pasta um
arquivo com o mesmo nome, só será possível se tiver extensão diferente. Ex.: maravilha.png e maravilha.doc
Independente de uma pasta estar vazia ou não, ela permanecerá no sistema mesmo que o computador seja reiniciado
• Copiar: selecione o arquivo com o mouse e clique Ctrl + C e vá para a pasta que quer colar a cópia e clique Ctrl +V. Pode também
clicar com o botão direito do mouse selecionar copiar e ir para o local que quer copiar e clicar novamente como o botão direito do mouse
e selecionar colar.
• Excluir: pode selecionar o arquivo e apertar a tecla delete ou clicar no botão direito do mouse e selecionar excluir
• Organizar: você pode organizar do jeito que quiser como, por exemplo, ícones grandes, ícones pequenos, listas, conteúdos, lista com
detalhes. Estas funções estão na barra de cima em exibir ou na mesma barra do lado direito.
• Movimentar: você pode movimentar arquivos e pastas clicando Ctrl + X no arquivo ou pasta e ir para onde você quer colar o arquivo
e Clicar Ctrl + V ou clicar com o botão direito do mouse e selecionar recortar e ir para o local de destino e clicar novamente no botão direito
do mouse e selecionar colar.

Localizando Arquivos e Pastas


No Windows Explorer tem duas:
Tem uma barra de pesquisa acima na qual você digita o arquivo ou pasta que procura ou na mesma barra tem uma opção de Pesquisar.
Clicando nesta opção terão mais opções para você refinar a sua busca.

Arquivos ocultos
São arquivos que normalmente são relacionados ao sistema. Eles ficam ocultos (invisíveis) por que se o usuário fizer alguma alteração,
poderá danificar o Sistema Operacional.
Apesar de estarem ocultos e não serem exibido pelo Windows Explorer na sua configuração padrão, eles ocupam espaço no disco.

2 https://centraldefavoritos.com.br/2019/06/05/conceitos-de-organizacao-e-de-gerenciamento-de-informacoes-arquivos-pastas-e-programas/

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Além de servir como ferramenta de backup, o Dropbox tam-
CONCEITOS BÁSICO DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM bém é uma forma eficiente de ter os arquivos importantes sempre
(CLOUD COMPUTING): DEFINIÇÃO E TIPOS DE acessíveis. Deste modo, o usuário consegue abrir suas mídias e do-
NUVENS (PRIVADA, PÚBLICA E HÍBRIDA) cumentos onde quer que esteja, desde que tenha acesso à Internet.

Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibi- OneDrive


lidade de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela inter- O OneDrive, que já foi chamado de SkyDrive, é o serviço de ar-
net3. Ou seja, não é preciso instalar aplicativos no seu computador mazenamento na nuvem da Microsoft e oferece inicialmente 15 GB
para tudo, pois pode acessar diferentes serviços on-line para fazer o de espaço para os usuários4. Mas é possível conseguir ainda mais
que precisa, já que os dados não se encontram em um computador espaço gratuitamente indicando amigos e aproveitando diversas
específico, mas sim em uma rede. promoções que a empresa lança regularmente.
Uma vez devidamente conectado ao serviço on-line, é possível Para conseguir espaço ainda maior, o aplicativo oferece planos
desfrutar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito pagos com capacidades variadas também.
para acessá-lo depois de qualquer lugar — é justamente por isso
que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar
os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.
Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você
pode acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado,
que pode ser desde um processador de textos até mesmo um jogo
ou um pesado editor de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada informação, o seu
computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que
você interaja. Para quem gosta de editar documentos como Word, Excel e
PowerPoint diretamente do gerenciador de arquivos do serviço,
Vantagens: o OneDrive disponibiliza esse recurso na nuvem para que seja dis-
– Não necessidade de ter uma máquina potente, uma vez que pensada a necessidade de realizar o download para só então poder
tudo é executado em servidores remotos. modificar o conteúdo do arquivo.
– Possibilidade de acessar dados, arquivos e aplicativos a partir
de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet para tal iCloud
— ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em um O iCloud, serviço de armazenamento da Apple, possuía em um
único computador. passado recente a ideia principal de sincronizar contatos, e-mails,
dados e informações de dispositivos iOS. No entanto, recentemente
Desvantagens: a empresa também adotou para o iCloud a estratégia de utilizá-lo
– Gera desconfiança, principalmente no que se refere à segu- como um serviço de armazenamento na nuvem para usuários iOS.
rança. Afinal, a proposta é manter informações importantes em De início, o usuário recebe 5 GB de espaço de maneira gratuita.
um ambiente virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à Existem planos pagos para maior capacidade de armazena-
vontade com isso.– Como há a necessidade de acessar servidores mento também.
remotos, é primordial que a conexão com a internet seja estável e
rápida, principalmente quando se trata de streaming e jogos.

Exemplos de computação em nuvem

Dropbox
O Dropbox é um serviço de hospedagem de arquivos em nu-
vem que pode ser usado de forma gratuita, desde que respeitado o
limite de 2 GB de conteúdo. Assim, o usuário poderá guardar com
segurança suas fotos, documentos, vídeos, e outros formatos, libe-
rando espaço no PC ou smartphone. No entanto, a grande vantagem do iCloud é que ele possui um
sistema muito bem integrado aos seus aparelhos, como o iPhone.
A ferramenta “buscar meu iPhone”, por exemplo, possibilita que
o usuário encontre e bloqueie o aparelho remotamente, além de
poder contar com os contatos e outras informações do dispositivo
caso você o tenha perdido.

Google Drive
Apesar de não disponibilizar gratuitamente o aumento da ca-
pacidade de armazenamento, o Google Drive fornece para os usuá-
rios mais espaço do que os concorrentes ao lado do OneDrive. São
15 GB de espaço para fazer upload de arquivos, documentos, ima-
gens, etc.

3 https://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-compu- 4 https://canaltech.com.br/computacao-na-nuvem/comparativo-os-principais-
tacao-em-nuvens-.htm -servicos-de-armazenamento-na-nuvem-22996/

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A contratação dos serviços de computação em nuvem IaaS
(infraestrutura como serviço) envolve a aquisição de servidores e
máquinas virtuais, armazenamento (VMs), redes e sistemas opera-
cionais.

PaaS (plataforma como serviço)


PaaS refere-se aos serviços de computação em nuvem que for-
necem um ambiente sob demanda para desenvolvimento, teste,
fornecimento e gerenciamento de aplicativos de software.
Uma funcionalidade interessante do Google Drive é o seu ser- A plataforma como serviço foi criada para facilitar aos desen-
viço de pesquisa e busca de arquivos que promete até mesmo re- volvedores a criação de aplicativos móveis ou web, tornando-a mui-
conhecer objetos dentro de imagens e textos escaneados. Mesmo to mais rápida.
que o arquivo seja um bloco de notas ou um texto e você queira Além de acabar com a preocupação quanto à configuração ou
encontrar algo que esteja dentro dele, é possível utilizar a busca ao gerenciamento de infraestrutura subjacente de servidores, ar-
para procurar palavras e expressões. mazenamento, rede e bancos de dados necessários para desenvol-
Além disso, o serviço do Google disponibiliza que sejam feitas vimento.
edições de documentos diretamente do browser, sem precisar fazer
o download do documento e abri-lo em outro aplicativo. Computação sem servidor
A computação sem servidor, assim como a PaaS, concentra-se
Tipos de implantação de nuvem na criação de aplicativos, sem perder tempo com o gerenciamento
Primeiramente, é preciso determinar o tipo de implantação de contínuo dos servidores e da infraestrutura necessários para isso.
nuvem, ou a arquitetura de computação em nuvem, na qual os ser- O provedor em nuvem cuida de toda a configuração, planeja-
viços cloud contratados serão implementados pela sua gestão de mento de capacidade e gerenciamento de servidores para você e
TI5. sua equipe.
Há três diferentes maneiras de implantar serviços de nuvem: As arquiteturas sem servidor são altamente escalonáveis e
– Nuvem pública: pertence a um provedor de serviços cloud controladas por eventos: utilizando recursos apenas quando ocorre
terceirizado pelo qual é administrada. Esse provedor fornece recur- uma função ou um evento que desencadeia tal necessidade.
sos de computação em nuvem, como servidores e armazenamento
via web, ou seja, todo o hardware, software e infraestruturas de su- SaaS (software como serviço)
porte utilizados são de propriedade e gerenciamento do provedor O SaaS é um método para a distribuição de aplicativos de soft-
de nuvem contratado pela organização. ware pela Internet sob demanda e, normalmente, baseado em as-
– Nuvem privada: se refere aos recursos de computação em sinaturas.
nuvem usados exclusivamente por uma única empresa, podendo Com o SaaS, os provedores de computação em nuvem hospe-
estar localizada fisicamente no datacenter local da empresa, ou dam e gerenciam o aplicativo de software e a infraestrutura subja-
seja, uma nuvem privada é aquela em que os serviços e a infraestru- cente.
tura de computação em nuvem utilizados pela empresa são manti- Além de realizarem manutenções, como atualizações de soft-
dos em uma rede privada. ware e aplicação de patch de segurança.
– Nuvem híbrida: trata-se da combinação entre a nuvem públi- Com o software como serviço, os usuários da sua equipe po-
ca e a privada, que estão ligadas por uma tecnologia que permite o dem conectar o aplicativo pela Internet, normalmente com um na-
compartilhamento de dados e aplicativos entre elas. O uso de nu- vegador da web em seu telefone, tablet ou PC.
vens híbridas na computação em nuvem ajuda também a otimizar
a infraestrutura, segurança e conformidade existentes dentro da
empresa. QUESTÕES

Tipos de serviços de nuvem 1. (IDAF/AC - ENGENHEIRO AGRÔNOMO - IBADE/2020) No


A maioria dos serviços de computação em nuvem se enquadra Windows 8, além das diversas funções e recursos existentes para
em quatro categorias amplas: facilitar o seu dia a dia, é possível utilizar teclas de atalhos no tecla-
– IaaS (infraestrutura como serviço); do para ajudar você a fazer o que quiser mais rápido. Qual a combi-
– PaaS (plataforma como serviço); nação de teclas de atalho para minimizar todas as janelas abertas e
– Sem servidor; ir direto para sua área de trabalho?
– SaaS (software como serviço). (A) Tecla do logotipo do Windows + L
(B) Tecla do logotipo do Windows + F
Esses serviços podem ser chamados algumas vezes de pilha (C) Tecla do logotipo do Windows + M
da computação em nuvem por um se basear teoricamente sobre (D) Tecla do logotipo do Windows + E
o outro. (E) Tecla do logotipo do Windows + F1

IaaS (infraestrutura como serviço) 2. (UFAC - TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -


A IaaS é a categoria mais básica de computação em nuvem. UFAC/2018) No Windows 8 existem muitas teclas de atalho, muito
Com ela, você aluga a infraestrutura de TI de um provedor de servi- utilizadas para agilizar a execução de alguma tarefa. Quais as teclas
ços cloud, pagando somente pelo seu uso. de atalho para abrir o programa “Windows Explorer”?
(A) Ctrl+F
(B) Alt+K
(C) “Windows”+F
5 https://ecoit.com.br/computacao-em-nuvem/

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
(D) “Windows”+E ( ) - São bibliotecas padrão do Windows: Programas, Documen-
(E) Ctrl+L tos, Imagens, Músicas, Vídeos.

3. (UFAC - TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - A sequência CORRETA das afirmações é:


UFAC/2018) Qual o navegador padrão do Microsoft Windows 8? (A) F, V, V, F, F.
(A) Google Chrome (B) V, F, V, V, F.
(B) Microsoft Edge (C) V, F, F, V, V.
(C) Mozilla Firefox (D) F, V, F, F, V.
(D) Windows Media Player (E) V, V, F, V, F.
(E) Internet Explorer
7. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJETI-
4. (PREFEITURA DE SENTINELA DO SUL/RS - FISCAL - OBJETI- VA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, analisar
VA/2020) Considerando-se o Internet Explorer 11, marcar C para as os itens abaixo:
afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela.
que apresenta a sequência CORRETA: II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por
( ) No Windows 10, é necessário instalar o aplicativo do Inter- ano.
net Explorer. III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários.
( ) É possível fixar o aplicativo do Internet Explorer na barra de IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall
tarefas do Windows 10. e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware
(A) C - C. e ransomware.
(B) C - E.
(C) E - E. Estão CORRETOS:
(D) E – C (A) Somente os itens I, II e III.
(B) Somente os itens I, III e IV.
5. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE SOCIAL (C) Somente os itens II, III e IV
- COTEC/2020) Um usuário de computador realiza comumente um (D) Todos os itens.
conjunto de atividades como copiar, recortar e colar arquivos uti-
lizando o Windows Explorer. Dessa forma, existe um conjunto de 8. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFERMA-
ações de usuários, como realizar cliques com o mouse e utilizar-se GEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema opera-
de atalhos de teclado, que deve ser seguido com o fim de realizar cional Microsoft Windows 10, possui a função de:
o trabalho desejado. Assim, para mover um arquivo entre partições (A) Selecionar tudo.
diferentes do sistema operacional Windows 10, é possível adotar o (B) Imprimir.
seguinte conjunto de ações: (C) Renomear uma pasta.
(A) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- (D) Finalizar o programa.
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- (E) Colocar em negrito.
tino e escolher a ação de colar.
(B) Clicar sobre o arquivo com o botão esquerdo do mouse, 9. (PREFEITURA DE AREAL - RJ - TÉCNICO EM INFORMÁTICA -
mantendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de GUALIMP/2020) São características exclusivas da Intranet:
destino. Por fim soltar o botão do mouse. (A) Acesso restrito e Rede Local (LAN).
(C) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- (B) Rede Local (LAN) e Compartilhamento de impressoras.
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- (C) Comunicação externa e Compartilhamento de Dados.
tino. Por fim soltar o botão do mouse. (D) Compartilhamento de impressoras e Acesso restrito.
(D) Clicar uma vez sobre o arquivo com o botão direito do mou-
se e mover o arquivo para a partição de destino. 10. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI-
(E) Clicar sobre o arquivo com o botão direito do mouse, man- NISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide Web
tendo-o pressionado e mover o arquivo para a partição de des- (WWW) são frequentemente usados como sinônimos na linguagem
tino e escolher a ação de mover. corrente, e não são porque
(A) a internet é uma coleção de documentos interligados (pági-
6. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO nas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de
AMBIENTAL - COTEC/2020) Sobre organização e gerenciamento de acesso a um computador.
informações, arquivos, pastas e programas, analise as seguintes (B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a co-
afirmações e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. nexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço
( ) - Arquivos ocultos são arquivos que normalmente são re- especial de acesso ao Google.
lacionados ao sistema. Eles ficam ocultos, pois alterações podem (C) a internet é uma rede mundial de computadores especial,
danificar o Sistema Operacional. enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que fun-
( ) - Existem vários tipos de arquivos, como arquivos de textos, cionam dentro da internet.
arquivos de som, imagem, planilhas, sendo que o arquivo .rtf só é (D) a internet possibilita uma comunicação entre vários compu-
aberto com o WordPad. tadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
( ) - Nas versões Vista, 7, 8 e 10 do Windows, é possível usar (E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquan-
criptografia para proteger todos os arquivos que estejam armazena- to a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso
dos na unidade em que o Windows esteja instalado. especial ao Google.
( ) - O Windows Explorer é um gerenciador de informações,
arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da
Microsoft.

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
11. (PREFEITURA DE PINTO BANDEIRA/RS - AUXILIAR DE SERVI- (B) * ^
ÇOS GERAIS - OBJETIVA/2019) Sobre a navegação na internet, ana- (C) * :
lisar a sentença abaixo: (D) ^ :
Os acessos a sites de pesquisa e de notícias são geralmente re- (E) * /
alizados pelo protocolo HTTP, onde as informações trafegam com
o uso de criptografia (1ª parte). O protocolo HTTP não garante que 16. (CS-UFG - TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - CS-
os dados não possam ser interceptados (2ª parte). A sentença está: -UFG/2018) Durante a elaboração de uma apresentação utilizando
(A) Totalmente correta. o LibreOffice Impress no Linux Ubuntu, um usuário quer definir al-
(B) Correta somente em sua 1ª parte. guns elementos de um slide, como, por exemplo, cores e fontes, de
(C) Correta somente em sua 2ª parte. uma forma que fiquem padronizados e sejam mostrados em todos
(D) Totalmente incorreta. os slides. Qual recurso pode ser usado neste caso?
(A) Formatação.
12. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER - (B) Slide root.
IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas (C) Classificador de slides.
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções (D) Slide mestre.
dos navegadores, assinale a alternativa correta.
(A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador 17. (IF/TO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - IF/TO/2019)
Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome. Quais são as extensões-padrão dos arquivos gerados pelo LibreOffi-
(B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens ce Writer e LibreOffice Calc, ambos na versão 5.2, respectivamente?
do navegador Firefox. (A) .odt e .ods
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quan- (B) .odt e .odg
do uma página é fechada incorretamente. (C) .ods e .odp
(D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na (D) .odb e .otp
intranet. (E) .ods e .otp
(E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores
quando estão em uma rede da internet. 18. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR-
SOS/2018) São considerados modelos de implantação de compu-
13. (UFPEL - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO - UFPEL- tação em nuvem:
-CES/2019) Analise as afirmações: I- Nuvem privada (private clouds): compreende uma infraes-
I) O Calc do LibreOffice funciona no Linux mas não no Windows. trutura de nuvem operada publicamente por uma organização. Os
II) O LibreOffice tem Editor de Texto e Planilha Eletrônica, mas serviços são oferecidos para serem utilizados internamente pela
não tem Banco de Dados. própria organização, não estando disponíveis publicamente para
III) A planilha eletrônica do LibreOffice é o Writer. uso geral.
IV) Arquivos gerados no Calc do LibreOffice no ambiente Linux II- Nuvem comunidade (community cloud): fornece uma in-
podem ser abertos pelo Microsoft Excel no ambiente Windows. fraestrutura compartilhada por uma comunidade de organizações
com interesses em comum.
Está(ão) correta(s), III- Nuvem pública (public cloud): a nuvem é disponibilizada
(A) III e IV, apenas. publicamente através do modelo pay-per-use. Tipicamente, são
(B) I e II, apenas. oferecidas por companhias que possuem grandes capacidades de
(C) II e IV, apenas. armazenamento e processamento.
(D) IV, apenas. IV- Nuvem híbrida (hybrid cloud): a infraestrutura é uma com-
(E) I, apenas. posição de duas ou mais nuvens (privada, comunidade ou pública)
que continuam a ser entidades públicas, porém, conectadas através
14. (BANCO DA AMAZÔNIA - TÉCNICO BANCÁRIO - CESGRAN- de tecnologia proprietária ou padronizada.
RIO/2018) A imagem abaixo foi extraída da barra de ferramentas
do LibreOffice: Está correto o contido:
(A) Apenas na opção I.
(B) Apenas na opção II.
(C)Apenas nas opções II e III.
(D) Nas opções I, II e III.

19. (CÂMARA DE CABIXI/RO - CONTADOR - MS CONCUR-


Essa ferramenta é utilizada para SOS/2018) O modelo de computação em nuvem é composto por
(A) apagar parte da figura. algumas características essenciais, dentre elas:
(B) apagar parte do texto. I- Serviço sob-demanda: as funcionalidades computacionais
(C) pintar uma área de texto. são providas automaticamente sem a interação humana com o pro-
(D) pintar uma área de figura. vedor do serviço.
(E) copiar a formatação. II- Amplo acesso aos serviços: os recursos computacionais es-
tão disponíveis através da Internet e são acessados via mecanismos
15. (CÂMARA MUNICIPAL DE ELDORADO DO SUL/RS - ANALIS- padronizados para que possam ser utilizados por dispositivos mó-
TA LEGISLATIVO - FUNDATEC/2018) Os operadores matemáticos do veis e portáteis, computadores, etc.
software Calc do pacote LibreOffice 5, responsáveis por executar a III- Resource pooling: os recursos computacionais (físicos ou
potência e divisão, são, respectivamente: virtuais) do provedor são utilizados para servir a múltiplos usuários,
(A) ^ / sendo alocados e realocados dinamicamente conforme a demanda

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
do usuário. Nesse cenário, o usuário do serviço não tem a noção da
localização exata do recurso, mas deve ser capaz de definir a locali-
ANOTAÇÕES
zação em um nível mais alto (país, estado, região).
______________________________________________________
Está correto o contido:
(A) Apenas na opção I. ______________________________________________________
(B) Apenas na opção II.
(C) Apenas nas opções II e III. ______________________________________________________
(D) Nas opções I, II e III.
______________________________________________________
20. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CORDEIROS/PB - TÉCNICO
______________________________________________________
EM ENFERMAGEM - CPCON/2019) Sobre a computação em nuvem,
assinale a alternativa que apresenta FALSA informação. ______________________________________________________
(A) Reduz os custos do usuário na aquisição de hardware e sof-
tware. ______________________________________________________
(B) Fornece diversos serviços de computação, dentre os quais,
banco de dados, servidores e softwares. ______________________________________________________
(C) O IaaS (infraestrutura como serviço) é uma categoria de ser-
viços de computação em nuvem, responsável pela distribuição ______________________________________________________
de aplicativos de software pela Internet sob demanda e, nor-
______________________________________________________
malmente, baseado em assinaturas.
(D) O PaaS (plataforma como serviço) refere-se aos serviços de ______________________________________________________
computação em nuvem que fornecem um ambiente sob de-
manda para desenvolvimento, teste, fornecimento e gerencia- ______________________________________________________
mento de aplicativos de software.
(E) Permite acesso remoto às informações. ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
______________________________________________________
2 D
3 E ______________________________________________________
4 D ______________________________________________________
5 E
______________________________________________________
6 B
7 B ______________________________________________________

8 A ______________________________________________________
9 B ______________________________________________________
10 C
_____________________________________________________
11 C
12 A _____________________________________________________
13 D ______________________________________________________
14 E
______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 D
17 A ______________________________________________________
18 C ______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 C
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

126
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das


LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981, E características do meio ambiente;
ALTERAÇÕES - DISPÕE SOBRE A POLÍTICA NACIONAL III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante
DO MEIO AMBIENTE, SEUS FINS E MECANISMOS de atividades que direta ou indiretamente:
DE FORMULAÇÃO E APLICAÇÃO, E DÁ OUTRAS a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da popu-
PROVIDÊNCIAS lação;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambien-
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins te;
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
cias. ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Na- privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causa-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: dora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, su-
Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. perficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o
23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, pela Lei nº 7.804, de 1989)
constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui
o Cadastro de Defesa Ambiental. (Redação dada pela Lei nº 8.028, DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
de 1990) Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico social
DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objeti- ecológico;
vo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental re-
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvol- lativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interes-
vimento sócioeconômico, aos interesses da segurança nacional e ses da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Territórios e dos
à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes Municípios; (Vide decreto nº 5.975, de 2006)
princípios: III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológi- ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos am-
co, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a bientais;
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologia s nacio-
coletivo; nais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à di-
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambien- vulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma
tais; consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualida-
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas de ambiental e do equilíbrio ecológico;
representativas; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetiva- vistas á sua utilização racional e disponibilidade permanente, con-
mente poluidoras; correndo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de con-
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; tribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômi-
VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento) cos.
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; Art. 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente
X - educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participa- dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Terri-
ção ativa na defesa do meio ambiente. tórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, obser-
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e vados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga Parágrafo único. As atividades empresariais públicas ou priva-
e rege a vida em todas as suas formas; das serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política
Nacional do Meio Ambiente.

127
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE biental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de
Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consi-
Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações deradas patrimônio nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e me- 1990)
lhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do III - (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)
Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: IV - homologar acordos visando à transformação de penalida-
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de des pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para
assessorar o Presidente da República na formulação da política na- a proteção ambiental; (VETADO);
cional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou
recursos ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participa-
Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar ção em linhas de fiananciamento em estabelecimentos oficiais de
e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governa- crédito; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
mentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais
âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e em-
com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sa- barcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;
dia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao con-
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidên- trole e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao
cia da República, com a finalidade de planejar, coordenar, super- uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
visionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem preju-
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação ízo de suas funções, o Presidente do Conama. (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 8.028, de 1990)
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambien-
te e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AM-
Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Men- BIENTE
des, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Am-
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acor- biente:
do com as respectivas competências; (Redação dada pela Lei nº I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
12.856, de 2013) II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais res- III - a avaliação de impactos ambientais;
ponsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou poten-
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação am- cialmente poluidoras;
biental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, respon- a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da
sáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas res- qualidade ambiental;
pectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas
de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
forem estabelecidos pelo CONAMA. VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões fede- VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento
rais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas de Defesa Ambiental;
no parágrafo anterior. IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais menciona- cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
dos neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetu- da degradação ambiental.
adas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitima- X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente,
mente interessada. a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Am-
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo biente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei
autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às ativi- nº 7.804, de 1989)
dades do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando ine-
DO CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE xistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
Art. 7º (Revogado pela Lei nº 8.028, de 1990) XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei nº 8.028, poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela
de 1990) Lei nº 7.804, de 1989)
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e crité- XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, ser-
rios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente vidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº
poluídoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo 11.284, de 2006)
IBAMA; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natu-
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estu- ral ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por
dos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama,
projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, es- limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para pre-
taduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informa-
ções indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto am-

128
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
servar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, III - os direitos e deveres do proprietário instituidor e dos fu-
instituindo servidão ambiental. (Redação dada pela Lei nº 12.651, turos adquirentes ou sucessores; (Incluído pela Lei nº 12.651, de
de 2012). 2012).
§ 1o O instrumento ou termo de instituição da servidão am- IV - os direitos e deveres do detentor da servidão ambiental;
biental deve incluir, no mínimo, os seguintes itens: (Redação dada (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012).
pela Lei nº 12.651, de 2012). V - os benefícios de ordem econômica do instituidor e do de-
I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, conten- tentor da servidão ambiental; (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012).
do pelo menos um ponto de amarração georreferenciado; (Incluído VI - a previsão legal para garantir o seu cumprimento, inclusive
pela Lei nº 12.651, de 2012). medidas judiciais necessárias, em caso de ser descumprido. (Incluí-
II - objeto da servidão ambiental; (Incluído pela Lei nº 12.651, do pela Lei nº 12.651, de 2012).
de 2012). § 2o São deveres do proprietário do imóvel serviente, entre
III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor; outras obrigações estipuladas no contrato: (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). 12.651, de 2012).
IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão I - manter a área sob servidão ambiental; (Incluído pela Lei nº
ambiental. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). 12.651, de 2012).
§ 2o A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preserva- II - prestar contas ao detentor da servidão ambiental sobre as
ção Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. (Redação dada condições dos recursos naturais ou artificiais; (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.651, de 2012). 12.651, de 2012).
§ 3o A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área III - permitir a inspeção e a fiscalização da área pelo detentor da
sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida servidão ambiental; (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012).
para a Reserva Legal. (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). IV - defender a posse da área serviente, por todos os meios em
§ 4o Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no direito admitidos. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012).
registro de imóveis competente: (Redação dada pela Lei nº 12.651, § 3o São deveres do detentor da servidão ambiental, entre
de 2012). outras obrigações estipuladas no contrato: (Incluído pela Lei nº
I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambien- 12.651, de 2012).
tal; (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). I - documentar as características ambientais da propriedade;
II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012).
ambiental. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). II - monitorar periodicamente a propriedade para verificar
§ 5o Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão se a servidão ambiental está sendo mantida; (Incluído pela Lei nº
ambiental deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis en- 12.651, de 2012).
volvidos. (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012). III - prestar informações necessárias a quaisquer interessados
§ 6o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão am- na aquisição ou aos sucessores da propriedade; (Incluído pela Lei
biental, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão nº 12.651, de 2012).
do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de retificação IV - manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades
dos limites do imóvel. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). da área objeto da servidão; (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012).
§ 7o As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão V - defender judicialmente a servidão ambiental. (Incluído pela
florestal, nos termos do art. 44-A da Lei no 4.771, de 15 de setem- Lei nº 12.651, de 2012).
bro de 1965, passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento
de servidão ambiental. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambien-
Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, tais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qual-
temporária ou perpétua. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). quer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio
§ 1o O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15 licenciamento ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar nº
(quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). 140, de 2011)
§ 2o A servidão ambiental perpétua equivale, para fins credi- § 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva
tícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos, à concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódi-
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, definida no art. co regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de
21 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. (Incluído pela Lei nº comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. (Redação
12.651, de 2012). dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011)
§ 3o O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê- § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou 140, de 2011)
em caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entida- § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
de pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim 140, de 2011)
social. (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei Complementar nº
Art. 9o-C. O contrato de alienação, cessão ou transferência da 140, de 2011)
servidão ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel. (In- Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e pa-
cluído pela Lei nº 12.651, de 2012). drões para implantação, acompanhamento e fiscalização do licen-
§ 1o O contrato referido no caput deve conter, no mínimo, os ciamento previsto no artigo anterior, além das que forem oriundas
seguintes itens: (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). do próprio CONAMA. (Vide Lei nº 7.804, de 1989)
I - a delimitação da área submetida a preservação, conservação § 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 140, de 2011)
ou recuperação ambiental; (Incluído pela Lei nº 12.651, de 2012). § 2º Inclui-se na competência da fiscalização e controle a aná-
II - o objeto da servidão ambiental; (Incluído pela Lei nº 12.651, lise de projetos de entidades, públicas ou privadas, objetivando a
de 2012). preservação ou a recuperação de recursos ambientais, afetados por
processos de exploração predatórios ou poluidores.

129
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 12. As entidades e órgãos de financiamento e incentivos a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente; (Inclu-
governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados ído pela Lei nº 7.804, de 1989)
a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cum- b) lesão corporal grave; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
primento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de trans-
CONAMA. porte; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
Parágrafo único. As entidades e órgãos referidos no caput deste III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em
artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e feriado. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação § 2º Incorre no mesmo crime a autoridade competente que
ambiental e a melhoria da qualidade do meio ambiente. deixar de promover as medidas tendentes a impedir a prática das
Art. 13. O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao condutas acima descritas. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
meio ambiente, visando: Art. 16 - (Revogado pela Lei nº 7.804, de 1989)
I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processos tec- Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasi-
nológicos destinados a reduzir a degradação da qualidade ambien- leiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:
tal; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
II - à fabricação de equipamentos antipoluidores; I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de
III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso Defesa Ambiental, para registro obrigatório de pessoas físicas ou ju-
de recursos ambientais. rídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre problemas ecoló-
Parágrafo único. Os órgãos, entidades e programas do Poder gicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, apa-
Público, destinados ao incentivo das pesquisas científicas e tecno- relhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva
lógicas, considerarão, entre as suas metas prioritárias, o apoio aos ou potencialmente poluidoras; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
projetos que visem a adquirir e desenvolver conhecimentos básicos II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Po-
e aplicáveis na área ambiental e ecológica. luidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro obri-
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legisla- gatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades
ção federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e da- e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio
nos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora.
transgressores: (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no Art. 17-A. São estabelecidos os preços dos serviços e produtos
mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajus- do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
táveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reinci- Renováveis - Ibama, a serem aplicados em âmbito nacional, con-
dência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua forme Anexo a esta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000) (Vide
cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Medida Provisória nº 687, de 2015)
Federal, Territórios ou pelos Municípios; Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Am-
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais conce- biental – TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de
didos pelo Poder Público; polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de finan- Recursos Naturais Renováveis – Ibama para controle e fiscalização
ciamento em estabelecimentos oficiais de crédito; das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
IV - à suspensão de sua atividade. naturais. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (Vide Medida
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste Provisória nº 687, de 2015)
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de § 1o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente § 2o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aquele que exerça as
União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de respon- atividades constantes do Anexo VIII desta Lei. (Redação dada pela
sabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2º No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, § 1o O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia
caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das penalida- 31 de março de cada ano relatório das atividades exercidas no ano
des pecuniárias prevista neste artigo. anterior, cujo modelo será definido pelo Ibama, para o fim de cola-
§ 3º Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato borar com os procedimentos de controle e fiscalização. (Redação
declaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição da au- dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
toridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios, § 2o O descumprimento da providência determinada no § 1o
incentivos ou financiamento, cumprimento resolução do CONAMA. sujeita o infrator a multa equivalente a vinte por cento da TCFA de-
§ 4º (Revogado pela Lei nº 9.966, de 2000) vida, sem prejuízo da exigência desta. (Redação dada pela Lei nº
§ 5o A execução das garantias exigidas do poluidor não impede 10.165, de 2000)
a aplicação das obrigações de indenização e reparação de danos § 3o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
previstas no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimento e os seus valo-
Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a incolumidade huma- res são os fixados no Anexo IX desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
na, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave situação de 10.165, de 2000)
perigo existente, fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) § 1o Para os fins desta Lei, consideram-se: (Redação dada pela
anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Lei nº 7.804, de 1989) I – microempresa e empresa de pequeno porte, as pessoas
§ 1º A pena e aumentada até o dobro se: (Redação dada pela jurídicas que se enquadrem, respectivamente, nas descrições dos
Lei nº 7.804, de 1989) incisos I e II do caput do art. 2o da Lei no 9.841, de 5 de outubro de
I - resultar: (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) 1999; (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)

130
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II – empresa de médio porte, a pessoa jurídica que tiver receita IV – R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio
bruta anual superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil porte; (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
reais) e igual ou inferior a R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais); V – R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande porte.
(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
III – empresa de grande porte, a pessoa jurídica que tiver recei- Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165,
ta bruta anual superior a R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais). de 2000)
(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) Art. 17-J. (Revogado pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2o O potencial de poluição (PP) e o grau de utilização (GU) de Art. 17-L. As ações de licenciamento, registro, autorizações,
recursos naturais de cada uma das atividades sujeitas à fiscalização concessões e permissões relacionadas à fauna, à flora, e ao contro-
encontram-se definidos no Anexo VIII desta Lei. (Incluído pela Lei nº le ambiental são de competência exclusiva dos órgãos integrantes
10.165, de 2000) do Sistema Nacional do Meio Ambiente. (Incluído pela Lei nº 9.960,
§ 3o Caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade su- de 2000)
jeita à fiscalização, pagará a taxa relativamente a apenas uma delas, Art. 17-M. Os preços dos serviços administrativos prestados
pelo valor mais elevado. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) pelo Ibama, inclusive os referentes à venda de impressos e publica-
Art. 17-E. É o Ibama autorizado a cancelar débitos de valores in- ções, assim como os de entrada, permanência e utilização de áreas
feriores a R$ 40,00 (quarenta reais), existentes até 31 de dezembro ou instalações nas unidades de conservação, serão definidos em
de 1999. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000) portaria do Ministro de Estado do Meio Ambiente, mediante pro-
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as entidades pú- posta do Presidente daquele Instituto. (Incluído pela Lei nº 9.960,
blicas federais, distritais, estaduais e municipais, as entidades filan- de 2000)
trópicas, aqueles que praticam agricultura de subsistência e as po- Art. 17-N. Os preços dos serviços técnicos do Laboratório de
pulações tradicionais. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Produtos Florestais do Ibama, assim como os para venda de produ-
Art. 17-G. A TCFA será devida no último dia útil de cada tri- tos da flora, serão, também, definidos em portaria do Ministro de
mestre do ano civil, nos valores fixados no Anexo IX desta Lei, e o Estado do Meio Ambiente, mediante proposta do Presidente da-
recolhimento será efetuado em conta bancária vinculada ao Ibama, quele Instituto. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
por intermédio de documento próprio de arrecadação, até o quinto Art. 17-O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com re-
dia útil do mês subseqüente. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de dução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –
2000) ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental - ADA, deverão reco-
Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, lher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da
de 2000) Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.
§ 2o Os recursos arrecadados com a TCFA terão utilização res- (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
trita em atividades de controle e fiscalização ambiental. (Incluído § 1o-A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo
pela Lei nº 11.284, de 2006) não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto
Art. 17-H. A TCFA não recolhida nos prazos e nas condições es- proporcionada pelo ADA. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
tabelecidas no artigo anterior será cobrada com os seguintes acrés- § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pa-
cimos: (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) gar do ITR é obrigatória. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
I – juros de mora, na via administrativa ou judicial, contados do § 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá
mês seguinte ao do vencimento, à razão de um por cento; (Redação ser efetivado em cota única ou em parcelas, nos mesmos moldes
dada pela Lei nº 10.165, de 2000) escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em docu-
II – multa de mora de vinte por cento, reduzida a dez por cento mento próprio de arrecadação do Ibama. (Redação dada pela Lei nº
se o pagamento for efetuado até o último dia útil do mês subse- 10.165, de 2000)
qüente ao do vencimento; (Redação dada pela Lei nº 10.165, de § 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela
2000) poderá ser inferior a R$ 50,00 (cinqüenta reais). (Redação dada pela
III – encargo de vinte por cento, substitutivo da condenação Lei nº 10.165, de 2000)
do devedor em honorários de advogado, calculado sobre o total do § 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobran-
débito inscrito como Dívida Ativa, reduzido para dez por cento se o ça de juros e multa nos termos dos incisos I e II do caput e §§ 1o-A e
pagamento for efetuado antes do ajuizamento da execução. (Inclu- 1o, todos do art. 17-H desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 10.165,
ído pela Lei nº 10.165, de 2000) de 2000)
§ 1o-A. Os juros de mora não incidem sobre o valor da multa de § 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados
mora. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) constantes do ADA não coincidam com os efetivamente levantados
§ 1o Os débitos relativos à TCFA poderão ser parcelados de pelos técnicos do Ibama, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, con-
acordo com os critérios fixados na legislação tributária, confor- tendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Re-
me dispuser o regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº ceita Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei
10.165, de 2000) nº 10.165, de 2000)
Art. 17-I. As pessoas físicas e jurídicas que exerçam as ativida- Art. 17-P. Constitui crédito para compensação com o valor de-
des mencionadas nos incisos I e II do art. 17 e que não estiverem vido a título de TCFA, até o limite de sessenta por cento e relativa-
inscritas nos respectivos cadastros até o último dia útil do terceiro mente ao mesmo ano, o montante efetivamente pago pelo estabe-
mês que se seguir ao da publicação desta Lei incorrerão em infração lecimento ao Estado, ao Município e ao Distrito Federal em razão
punível com multa de: (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) de taxa de fiscalização ambiental. (Redação dada pela Lei nº 10.165,
I – R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física; (Incluído pela Lei de 2000)
nº 10.165, de 2000) § 1o Valores recolhidos ao Estado, ao Município e ao Distrital
II – R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se microempresa; (In- Federal a qualquer outro título, tais como taxas ou preços públicos
cluído pela Lei nº 10.165, de 2000) de licenciamento e venda de produtos, não constituem crédito para
III – R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno por- compensação com a TCFA. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de
te; (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) 2000)

131
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2o A restituição, administrativa ou judicial, qualquer que seja II - reafirmação da importância da função estratégica da ati-
a causa que a determine, da taxa de fiscalização ambiental estadual vidade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de
ou distrital compensada com a TCFA restaura o direito de crédito do vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico,
Ibama contra o estabelecimento, relativamente ao valor compensa- na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na pre-
do. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) sença do País nos mercados nacional e internacional de alimentos e
Art. 17-Q. É o Ibama autorizado a celebrar convênios com os bioenergia; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Estados, os Municípios e o Distrito Federal para desempenharem III - ação governamental de proteção e uso sustentável de flo-
atividades de fiscalização ambiental, podendo repassar-lhes parcela restas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização
da receita obtida com a TCFA. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da
2000) água, do solo e da vegetação; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Art. 18. (Revogado pela Lei nº 9.985, de 2000) IV - responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Fede-
Art 19 -(VETADO). ral e Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação
Art. 19. Ressalvado o disposto nas Leis nºs 5.357, de 17 de no- de políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa
vembro de 1967, e 7.661, de 16 de maio de 1988, a receita pro- e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais;
veniente da aplicação desta Lei será recolhida de acordo com o (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
disposto no art. 4º da Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. V - fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da ino-
(Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)) vação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e
Art. 20. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa;
Art. 21. Revogam-se as disposições em contrário. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
VI - criação e mobilização de incentivos econômicos para fo-
Brasília, 31 de agosto de 1981; 160º da Independência e 93º mentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para
da República. promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentá-
veis. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Prezado candidato, a lei na íntegra com seus respectivos anexos Art. 2º As florestas existentes no território nacional e as demais
está disponível para consulta em: https://www.planalto.gov.br/cci- formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que
vil_03/leis/L6938compilada.htm revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do
País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações
que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012 - DISPÕE SOBRE § 1º Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omis-
A PROTEÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA sões contrárias às disposições desta Lei são consideradas uso irre-
gular da propriedade, aplicando-se o procedimento sumário previs-
LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. to no inciso II do art. 275 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973
- Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabilidade civil,
Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos termos do § 1º do art. 14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1981, e das sanções administrativas, civis e penais.
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs § 2º As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transfe-
e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá rência de domínio ou posse do imóvel rural.
outras providências. Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Rorai-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- ma, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do
meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão;
CAPÍTULO I II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida,
DISPOSIÇÕES GERAIS coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica
Art. 1º (VETADO). e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger
Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Re- III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma proprieda-
serva Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima de ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função
florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econô- naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos
micos e financeiros para o alcance de seus objetivos. (Incluído pela processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,
Lei nº 12.727, de 2012). bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento sus- IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupa-
tentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios: (Incluído pela ção antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações,
Lei nº 12.727, de 2012). benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último
I - afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preser- caso, a adoção do regime de pousio;
vação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explo-
como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integri- rada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreen-
dade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes dedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de re-
e futuras; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). forma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3º da Lei nº 11.326,
de 24 de julho de 2006;

132
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
VI - uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa b) implantação de instalações necessárias à captação e condu-
e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como ati- ção de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga
vidades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de do direito de uso da água, quando couber;
energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturis-
outras formas de ocupação humana; mo;
VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno
para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, ancoradouro;
respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema ob- e) construção de moradia de agricultores familiares, remanes-
jeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, centes de comunidades quilombolas e outras populações extrativis-
a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos tas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se
produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros dê pelo esforço próprio dos moradores;
bens e serviços; f) construção e manutenção de cercas na propriedade;
VIII - utilidade pública: (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeita-
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; dos outros requisitos previstos na legislação aplicável;
b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência
serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele ne- e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respei-
cessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municí- tada a legislação específica de acesso a recursos genéticos;
pios, saneamento, gestão de resíduos , energia, telecomunicações, i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes,
radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique su-
esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mine- pressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental
ração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e da área;
cascalho; (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, co-
c) atividades e obras de defesa civil; munitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não
d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal
na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste ar- nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área;
tigo; k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como
e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Na-
motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexis- cional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais
tir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, de Meio Ambiente;
definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; XI - (VETADO);
IX - interesse social: (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hi-
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da dromórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa
vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, - buriti emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos
controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios de espécies arbustivo-herbáceas; (Redação pela Lei nº 12.727, de
com espécies nativas; 2012).
b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena XIII - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos
propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recen-
tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal exis- tes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegeta-
tente e não prejudique a função ambiental da área; ção natural conhecida como mangue, com influência fluviomarinha,
c) a implantação de infraestrutura pública destinada a espor- típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão des-
tes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas contínua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amapá e
urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabeleci- de Santa Catarina;
das nesta Lei; XIV - salgado ou marismas tropicais hipersalinos: áreas situadas
d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocu- em regiões com frequências de inundações intermediárias entre
pados predominantemente por população de baixa renda em áreas marés de sizígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia
urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil),
Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009; onde pode ocorrer a presença de vegetação herbácea específica;
e) implantação de instalações necessárias à captação e condu- XV - apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões
ção de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos entremarés superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias,
hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; que apresentam salinidade superior a 150 (cento e cinquenta) par-
f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e tes por 1.000 (mil), desprovidas de vegetação vascular;
cascalho, outorgadas pela autoridade competente; XVI - restinga: depósito arenoso paralelo à linha da costa, de
g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimen-
motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexis- tação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem
tir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas influência marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada
em ato do Chefe do Poder Executivo federal; em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando,
X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e
a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes arbóreo, este último mais interiorizado;
e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que
ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à reti- apresenta perenidade e dá início a um curso d’água; (Vide ADIN Nº
rada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal 4.903)
sustentável; XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mes-
mo que intermitente;

133
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XIX - leito regular: a calha por onde correm regularmente as CAPÍTULO II
águas do curso d’água durante o ano; (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
Nº 4.903)
XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com SEÇÃO I
predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou re- DA DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
cuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Ur- PERMANENTE
bano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de
moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zo-
da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, nas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifes- I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene
tações culturais; e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do
XXI - várzea de inundação ou planície de inundação: áreas mar- leito regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de
ginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas; 2012). (Vide ADIN Nº 4.903)
XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou pla- a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10
nície de inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoa- (dez) metros de largura;
mento da enchente; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de
XXIII - relevo ondulado: expressão geomorfológica usada para 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
designar área caracterizada por movimentações do terreno que ge- c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50
ram depressões, cuja intensidade permite sua classificação como (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
relevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e monta- d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de
nhoso. 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
XXIV - pousio: prática de interrupção temporária de atividades e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham
ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cin- largura superior a 600 (seiscentos) metros;
co) anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa
da estrutura física do solo; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). com largura mínima de:
XXV - áreas úmidas: pantanais e superfícies terrestres cobertas a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo
de forma periódica por águas, cobertas originalmente por florestas d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal
ou outras formas de vegetação adaptadas à inundação; (Incluído será de 50 (cinquenta) metros;
pela Lei nº 12.727, de 2012). b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
XXVI – área urbana consolidada: aquela que atende os seguin- III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais,
tes critérios: (Redação dada pela Lei nº 14.285, de 2021) decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água na-
a) estar incluída no perímetro urbano ou em zona urbana pelo turais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;
plano diretor ou por lei municipal específica; (Incluída pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN
14.285, de 2021) Nº 4.903)
b) dispor de sistema viário implantado; (Incluída pela Lei nº IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água pere-
14.285, de 2021) nes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de
c) estar organizada em quadras e lotes predominantemente 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
edificados; (Incluída pela Lei nº 14.285, de 2021) (Vide ADIN Nº 4.903)
d) apresentar uso predominantemente urbano, caracterizado V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º
pela existência de edificações residenciais, comerciais, industriais, , equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;
institucionais, mistas ou direcionadas à prestação de serviços; (In- VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras
cluída pela Lei nº 14.285, de 2021) de mangues;
e) dispor de, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
de infraestrutura urbana implantados: (Incluída pela Lei nº 14.285, VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de rup-
de 2021) tura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em pro-
1. drenagem de águas pluviais; (Incluída pela Lei nº 14.285, de jeções horizontais;
2021) IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altu-
2. esgotamento sanitário; (Incluída pela Lei nº 14.285, de 2021) ra mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25º
3. abastecimento de água potável; (Incluída pela Lei nº 14.285, , as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a
de 2021) 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação
4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; e (In- à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por
cluída pela Lei nº 14.285, de 2021) planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados,
5. limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos; (Incluí- pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
da pela Lei nº 14.285, de 2021) X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) me-
XXVII - crédito de carbono: título de direito sobre bem intan- tros, qualquer que seja a vegetação;
gível e incorpóreo transacionável. (Incluído pela Lei nº 12.727, de XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com
2012). largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço per-
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamen- manentemente brejoso e encharcado. (Redação dada pela Lei nº
to dispensado aos imóveis a que se refere o inciso V deste artigo 12.727, de 2012).
às propriedades e posses rurais com até 4 (quatro) módulos fiscais § 1º Não será exigida Área de Preservação Permanente no
que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como às terras entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de
indígenas demarcadas e às demais áreas tituladas de povos e comu- barramento ou represamento de cursos d’água naturais. (Redação
nidades tradicionais que façam uso coletivo do seu território. (Vide dada pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº
ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) 4.903)

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). biente - Sisnama, não podendo o uso exceder a 10% (dez por cento)
§ 3º (VETADO). do total da Área de Preservação Permanente. (Redação dada pela
§ 4º Nas acumulações naturais ou artificiais de água com su- Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42)
perfície inferior a 1 (um) hectare, fica dispensada a reserva da faixa § 2º O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de
de proteção prevista nos incisos II e III do caput , vedada nova su- Reservatório Artificial, para os empreendimentos licitados a partir
pressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão da vigência desta Lei, deverá ser apresentado ao órgão ambiental
ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e aprovado até
Sisnama. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº o início da operação do empreendimento, não constituindo a sua
42) (Vide ADIN Nº 4.903) ausência impedimento para a expedição da licença de instalação.
§ 5º É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural (Vide ADC Nº 42)
familiar, de que trata o inciso V do art. 3º desta Lei, o plantio de § 3º (VETADO).
culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente,
de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder
desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação na- Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de ve-
tiva, seja conservada a qualidade da água e do solo e seja protegida getação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
a fauna silvestre. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e des-
§ 6º Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é lizamentos de terra e de rocha;
admitida, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste II - proteger as restingas ou veredas;
artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente III - proteger várzeas;
a ela associada, desde que: (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de ex-
I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e tinção;
água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico,
de acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; cultural ou histórico;
II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou pla- VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
nos de gestão de recursos hídricos; VII - assegurar condições de bem-estar público;
III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental com- VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das au-
petente; toridades militares.
IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR. IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância
V - não implique novas supressões de vegetação nativa. (Inclu- internacional. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
ído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 7º (VETADO). SEÇÃO II
§ 8º (VETADO). DO REGIME DE PROTEÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
§ 9º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). PERMANENTE
§ 10. Em áreas urbanas consolidadas, ouvidos os conselhos es-
taduais, municipais ou distrital de meio ambiente, lei municipal ou Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Perma-
distrital poderá definir faixas marginais distintas daquelas estabele- nente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou
cidas no inciso I do caput deste artigo, com regras que estabeleçam: ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito pú-
(Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021) blico ou privado.
I – a não ocupação de áreas com risco de desastres; (Incluído § 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área
pela Lei nº 14.285, de 2021) de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou
II – a observância das diretrizes do plano de recursos hídricos, ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição
do plano de bacia, do plano de drenagem ou do plano de sanea- da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
mento básico, se houver; e (Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021) § 2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza real e é trans-
III – a previsão de que as atividades ou os empreendimentos mitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse
a serem instalados nas áreas de preservação permanente urbanas do imóvel rural.
devem observar os casos de utilidade pública, de interesse social ou § 3º No caso de supressão não autorizada de vegetação rea-
de baixo impacto ambiental fixados nesta Lei. (Incluído pela Lei nº lizada após 22 de julho de 2008 , é vedada a concessão de novas
14.285, de 2021) autorizações de supressão de vegetação enquanto não cumpridas
Art. 5º Na implantação de reservatório d’água artificial destina- as obrigações previstas no § 1º . (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº
do a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a 42) (Vide ADIN Nº 4.902)
aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em
pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente criadas Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses
em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambien- de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto am-
tal, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima biental previstas nesta Lei.
de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) § 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes,
metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana. (Redação dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utili-
dada pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº dade pública.
4.903) § 2º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área
§ 1º Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do
trata o caput , o empreendedor, no âmbito do licenciamento am- caput do art. 4º poderá ser autorizada, excepcionalmente, em lo-
biental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do En- cais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida,
torno do Reservatório, em conformidade com termo de referência para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas
expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Am-

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áre- VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das co-
as urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. munidades locais. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
(Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.903) § 2º A licença ambiental, na hipótese deste artigo, será de 5
§ 3º É dispensada a autorização do órgão ambiental compe- (cinco) anos, renovável apenas se o empreendedor cumprir as exi-
tente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de se- gências da legislação ambiental e do próprio licenciamento, me-
gurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à diante comprovação anual, inclusive por mídia fotográfica. (Incluído
prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 4º Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização § 3º São sujeitos à apresentação de Estudo Prévio de Impacto
de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além Ambiental - EPIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA os novos
das previstas nesta Lei. empreendimentos: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Art. 9º É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de I - com área superior a 50 (cinquenta) hectares, vedada a frag-
Preservação Permanente para obtenção de água e para realização mentação do projeto para ocultar ou camuflar seu porte; (Incluído
de atividades de baixo impacto ambiental. pela Lei nº 12.727, de 2012).
II - com área de até 50 (cinquenta) hectares, se potencialmente
CAPÍTULO III causadores de significativa degradação do meio ambiente; ou (In-
DAS ÁREAS DE USO RESTRITO cluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - localizados em região com adensamento de empreendi-
Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a mentos de carcinicultura ou salinas cujo impacto afete áreas co-
exploração ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as muns. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando § 4º O órgão licenciador competente, mediante decisão mo-
novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo tivada, poderá, sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e
condicionadas à autorização do órgão estadual do meio ambiente, penais cabíveis, bem como do dever de recuperar os danos ambien-
com base nas recomendações mencionadas neste artigo. (Redação tais causados, alterar as condicionantes e as medidas de controle e
dada pela Lei nº 12.727, de 2012). adequação, quando ocorrer: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25º e 45º , serão per- I - descumprimento ou cumprimento inadequado das condi-
mitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades cionantes ou medidas de controle previstas no licenciamento, ou
agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física desobediência às normas aplicáveis; (Incluído pela Lei nº 12.727,
associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas prá- de 2012).
ticas agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas, ex- II - fornecimento de informação falsa, dúbia ou enganosa, in-
cetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social. (Vide clusive por omissão, em qualquer fase do licenciamento ou período
ADIN Nº 4.903) de validade da licença; ou (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
III - superveniência de informações sobre riscos ao meio am-
CAPÍTULO III-A biente ou à saúde pública. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.727, DE 2012). § 5º A ampliação da ocupação de apicuns e salgados respeita-
DO USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL DOS APICUNS E rá o Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Costeira - ZEEZOC,
SALGADOS com a individualização das áreas ainda passíveis de uso, em escala
mínima de 1:10.000, que deverá ser concluído por cada Estado no
Art. 11-A. A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos prazo máximo de 1 (um) ano a partir da data da publicação desta
do § 4º do art. 225 da Constituição Federal, devendo sua ocupação Lei. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável. (Incluído § 6º É assegurada a regularização das atividades e empreen-
pela Lei nº 12.727, de 2012). dimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação
§ 1º Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008, desde que o em-
de carcinicultura e salinas, desde que observados os seguintes re- preendedor, pessoa física ou jurídica, comprove sua localização em
quisitos: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). apicum ou salgado e se obrigue, por termo de compromisso, a pro-
I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez teger a integridade dos manguezais arbustivos adjacentes. (Incluído
por cento) dessa modalidade de fitofisionomia no bioma amazôni- pela Lei nº 12.727, de 2012).
co e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País, excluídas § 7º É vedada a manutenção, licenciamento ou regularização,
as ocupações consolidadas que atendam ao disposto no § 6º deste em qualquer hipótese ou forma, de ocupação ou exploração irregu-
artigo; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). lar em apicum ou salgado, ressalvadas as exceções previstas neste
II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbus- artigo. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
tivos e dos processos ecológicos essenciais a eles associados, bem
como da sua produtividade biológica e condição de berçário de re- CAPÍTULO IV
cursos pesqueiros; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). DA ÁREA DE RESERVA LEGAL
III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão
ambiental estadual, cientificado o Instituto Brasileiro do Meio Am- SEÇÃO I
biente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de DA DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL
uso de terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada re-
gularização prévia da titulação perante a União; (Incluído pela Lei Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de
nº 12.727, de 2012). vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da apli-
IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos cação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, ob-
efluentes e resíduos; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). servados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do
V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: (Redação
respeitadas as Áreas de Preservação Permanente; e (Incluído pela dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
Lei nº 12.727, de 2012). I - localizado na Amazônia Legal:

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de flo- nos termos da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e Cota de
restas; Reserva Ambiental. (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área ADIN Nº 4.901)
de cerrado; § 2º Os Estados que não possuem seus Zoneamentos Ecológi-
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos co-Econômicos - ZEEs segundo a metodologia unificada, estabele-
gerais; cida em norma federal, terão o prazo de 5 (cinco) anos, a partir da
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). data da publicação desta Lei, para a sua elaboração e aprovação.
§ 1º Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer tí- Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural
tulo, inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrá- deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios:
ria, será considerada, para fins do disposto do caput , a área do I - o plano de bacia hidrográfica;
imóvel antes do fracionamento. II - o Zoneamento Ecológico-Econômico
§ 2º O percentual de Reserva Legal em imóvel situado em área III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva
de formações florestais, de cerrado ou de campos gerais na Ama- Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Con-
zônia Legal será definido considerando separadamente os índices servação ou com outra área legalmente protegida;
contidos nas alíneas a, b e c do inciso I do caput . IV - as áreas de maior importância para a conservação da bio-
§ 3º Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas diversidade; e
de floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será au- V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
torizada pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o § 1º O órgão estadual integrante do Sisnama ou instituição por
imóvel estiver inserido no mencionado cadastro, ressalvado o pre- ele habilitada deverá aprovar a localização da Reserva Legal após a
visto no art. 30. inclusão do imóvel no CAR, conforme o art. 29 desta Lei.
§ 4º Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público poderá § 2º Protocolada a documentação exigida para a análise da lo-
reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), para calização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor
fins de recomposição, quando o Município tiver mais de 50% (cin- rural não poderá ser imputada sanção administrativa, inclusive res-
quenta por cento) da área ocupada por unidades de conservação da trição a direitos, por qualquer órgão ambiental competente inte-
natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas. grante do Sisnama, em razão da não formalização da área de Reser-
(Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901) va Legal. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 5º Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação
ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel,
Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado desde que: (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65% I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão
(sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de novas áreas para o uso alternativo do solo;
de conservação da natureza de domínio público, devidamente re- II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo
gularizadas, e por terras indígenas homologadas. (Vide ADC Nº 42) de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão
(Vide ADIN Nº 4.901) estadual integrante do Sisnama; e
§ 6º Os empreendimentos de abastecimento público de água e III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do
tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.
Legal. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901) § 1º O regime de proteção da Área de Preservação Permanente
§ 7º Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiri- não se altera na hipótese prevista neste artigo.
das ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou § 2º O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal
autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas conservada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural - CAR de que
quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, trata o art. 29, cuja área ultrapasse o mínimo exigido por esta Lei,
subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distri- poderá utilizar a área excedente para fins de constituição de servi-
buição de energia elétrica. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901) dão ambiental, Cota de Reserva Ambiental e outros instrumentos
§ 8º Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas congêneres previstos nesta Lei.
ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de § 3º O cômputo de que trata o caput aplica-se a todas as mo-
capacidade de rodovias e ferrovias. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN dalidades de cumprimento da Reserva Legal, abrangendo a regene-
Nº 4.901) ração, a recomposição e a compensação. (Redação dada pela Lei nº
Art. 13. Quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-Econô- 12.727, de 2012).
mico - ZEE estadual, realizado segundo metodologia unificada, o § 4º É dispensada a aplicação do inciso I do caput deste arti-
poder público federal poderá: go, quando as Áreas de Preservação Permanente conservadas ou
I - reduzir, exclusivamente para fins de regularização, mediante em processo de recuperação, somadas às demais florestas e outras
recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de formas de vegetação nativa existentes em imóvel, ultrapassarem:
imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) I - 80% (oitenta por cento) do imóvel rural localizado em áreas
da propriedade, excluídas as áreas prioritárias para conservação da de floresta na Amazônia Legal; e (Incluído pela Lei nº 12.727, de
biodiversidade e dos recursos hídricos e os corredores ecológicos; 2012).
II - ampliar as áreas de Reserva Legal em até 50% (cinquenta II - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
por cento) dos percentuais previstos nesta Lei, para cumprimento Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de con-
de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de domínio ou coletiva entre propriedades rurais, respeitado o percen-
emissão de gases de efeito estufa. tual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel. (Incluído pela Lei
§ 1º No caso previsto no inciso I do caput , o proprietário ou nº 12.727, de 2012).
possuidor de imóvel rural que mantiver Reserva Legal conservada Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de
e averbada em área superior aos percentuais exigidos no referido Reserva Legal poderá ser agrupada em regime de condomínio entre
inciso poderá instituir servidão ambiental sobre a área excedente, os adquirentes.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO II III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de in-
DO REGIME DE PROTEÇÃO DA RESERVA LEGAL divíduos e da espécie coletada no caso de coleta de flores, folhas,
cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes.
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva
de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou Legal com propósito comercial depende de autorização do órgão
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito pú- competente e deverá atender as seguintes diretrizes e orientações:
blico ou privado. I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a
§ 1º Admite-se a exploração econômica da Reserva Legal me- conservação da vegetação nativa da área;
diante manejo sustentável, previamente aprovado pelo órgão com- II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;
petente do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de
art. 20. medidas que favoreçam a regeneração de espécies nativas.
§ 2º Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena pro- Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal even-
priedade ou posse rural familiar, os órgãos integrantes do Sisnama tual sem propósito comercial, para consumo no próprio imóvel,
deverão estabelecer procedimentos simplificados de elaboração, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo ape-
análise e aprovação de tais planos de manejo. nas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da
§ 3º É obrigatória a suspensão imediata das atividades em área exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20
de Reserva Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de (vinte) metros cúbicos.
2008. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADC Nº 42) Art. 24. No manejo florestal nas áreas fora de Reserva Legal,
(Vide ADIN Nº 4.902) (Vide ADIN Nº 4.903) aplica-se igualmente o disposto nos arts. 21, 22 e 23.
§ 4º Sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais
cabíveis, deverá ser iniciado, nas áreas de que trata o § 3º deste SEÇÃO III
artigo, o processo de recomposição da Reserva Legal em até 2 (dois) DO REGIME DE PROTEÇÃO DAS ÁREAS VERDES URBANAS
anos contados a partir da data da publicação desta Lei, devendo tal
processo ser concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabele-
Regularização Ambiental - PRA, de que trata o art. 59. (Incluído pela cimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos:
Lei nº 12.727, de 2012). I - o exercício do direito de preempção para aquisição de rema-
Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão nescentes florestais relevantes, conforme dispõe a Lei nº 10.257, de
ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata 10 de julho de 2001;
o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas
de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as expansões urbanas
exceções previstas nesta Lei. III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos lotea-
§ 1º A inscrição da Reserva Legal no CAR será feita mediante mentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infra-
a apresentação de planta e memorial descritivo, contendo a indi- estrutura; e
cação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da com-
amarração, conforme ato do Chefe do Poder Executivo. pensação ambiental.
§ 2º Na posse, a área de Reserva Legal é assegurada por termo
de compromisso firmado pelo possuidor com o órgão competente CAPÍTULO V
do Sisnama, com força de título executivo extrajudicial, que expli- DA SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA USO ALTERNATIVO DO
cite, no mínimo, a localização da área de Reserva Legal e as obriga- SOLO
ções assumidas pelo possuidor por força do previsto nesta Lei.
§ 3º A transferência da posse implica a sub-rogação das obri- Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo
gações assumidas no termo de compromisso de que trata o § 2º . do solo, tanto de domínio público como de domínio privado, depen-
§ 4º O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação derá do cadastramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e
no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a de prévia autorização do órgão estadual competente do Sisnama.
data da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou § 1º (VETADO).
possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratui- § 2º (VETADO).
dade deste ato. (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). § 3º No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados
Art. 19. A inserção do imóvel rural em perímetro urbano defi- projetos que contemplem a utilização de espécies nativas do mes-
nido mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou pos- mo bioma onde ocorreu a supressão.
seiro da manutenção da área de Reserva Legal, que só será extinta § 4º O requerimento de autorização de supressão de que trata
concomitantemente ao registro do parcelamento do solo para fins o caput conterá, no mínimo, as seguintes informações:
urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante as I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Perma-
diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art. 182 da Cons- nente, da Reserva Legal e das áreas de uso restrito, por coordenada
tituição Federal. geográfica, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro
Art. 20. No manejo sustentável da vegetação florestal da Reser- do imóvel;
va Legal, serão adotadas práticas de exploração seletiva nas moda- II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4º
lidades de manejo sustentável sem propósito comercial para consu- do art. 33;
mo na propriedade e manejo sustentável para exploração florestal III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas;
com propósito comercial. IV - o uso alternativo da área a ser desmatada.
Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, Art. 27. Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supres-
tais como frutos, cipós, folhas e sementes, devendo-se observar: são de vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaça-
I - os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos da de extinção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal
específicos, quando houver;
II - a época de maturação dos frutos e sementes;

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
ou estadual ou municipal do Sisnama, ou espécies migratórias, de- II - determinação do estoque existente;
penderá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que III - intensidade de exploração compatível com a capacidade de
assegurem a conservação da espécie. suporte ambiental da floresta;
Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para IV - ciclo de corte compatível com o tempo de restabelecimen-
uso alternativo do solo no imóvel rural que possuir área abandona- to do volume de produto extraído da floresta;
da. (Vide ADIN Nº 4.901) V - promoção da regeneração natural da floresta;
VI - adoção de sistema silvicultural adequado;
CAPÍTULO VI VII - adoção de sistema de exploração adequado;
DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL VIII - monitoramento do desenvolvimento da floresta remanes-
cente;
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito IX - adoção de medidas mitigadoras dos impactos ambientais
do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, e sociais.
registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para to- § 2º A aprovação do PMFS pelo órgão competente do Sisnama
dos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações confere ao seu detentor a licença ambiental para a prática do ma-
ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de nejo florestal sustentável, não se aplicando outras etapas de licen-
dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e ciamento ambiental.
econômico e combate ao desmatamento. § 3º O detentor do PMFS encaminhará relatório anual ao órgão
§ 1º A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, prefe- ambiental competente com as informações sobre toda a área de
rencialmente, no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos manejo florestal sustentável e a descrição das atividades realizadas.
termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural: § 4º O PMFS será submetido a vistorias técnicas para fiscalizar
(Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). as operações e atividades desenvolvidas na área de manejo.
I - identificação do proprietário ou possuidor rural; § 5º Respeitado o disposto neste artigo, serão estabelecidas em
II - comprovação da propriedade ou posse; ato do Chefe do Poder Executivo disposições diferenciadas sobre os
III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial des- PMFS em escala empresarial, de pequena escala e comunitário.
critivo, contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo § 6º Para fins de manejo florestal na pequena propriedade ou
menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informan- posse rural familiar, os órgãos do Sisnama deverão estabelecer pro-
do a localização dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas cedimentos simplificados de elaboração, análise e aprovação dos
de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas referidos PMFS.
consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva § 7º Compete ao órgão federal de meio ambiente a aprovação
Legal. de PMFS incidentes em florestas públicas de domínio da União.
§ 2º O cadastramento não será considerado título para fins de Art. 32. São isentos de PMFS:
reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco eli- I - a supressão de florestas e formações sucessoras para uso
mina a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2º da Lei alternativo do solo;
nº 10.267, de 28 de agosto de 2001. II - o manejo e a exploração de florestas plantadas localizadas
§ 3º A inscrição no CAR é obrigatória e por prazo indetermina- fora das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal;
do para todas as propriedades e posses rurais. (Redação dada pela III - a exploração florestal não comercial realizada nas proprie-
Lei nº 13.887,de 2019) dades rurais a que se refere o inciso V do art. 3º ou por populações
§ 4º Os proprietários e possuidores dos imóveis rurais que os tradicionais.
inscreverem no CAR até o dia 31 de dezembro de 2020 terão direito Art. 33. As pessoas físicas ou jurídicas que utilizam matéria-pri-
à adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), de que ma florestal em suas atividades devem suprir-se de recursos oriun-
trata o art. 59 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.887,de 2019) dos de:
Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido aver- I - florestas plantadas;
bada na matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o II - PMFS de floresta nativa aprovado pelo órgão competente
perímetro e a localização da reserva, o proprietário não será obriga- do Sisnama;
do a fornecer ao órgão ambiental as informações relativas à Reserva III - supressão de vegetação nativa autorizada pelo órgão com-
Legal previstas no inciso III do § 1º do art. 29. petente do Sisnama;
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos ter- IV - outras formas de biomassa florestal definidas pelo órgão
mos do caput , deverá apresentar ao órgão ambiental competente a competente do Sisnama.
certidão de registro de imóveis onde conste a averbação da Reserva § 1º São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou
Legal ou termo de compromisso já firmado nos casos de posse. jurídicas que utilizam matéria-prima florestal oriunda de supressão
de vegetação nativa ou que detenham autorização para supressão
CAPÍTULO VII de vegetação nativa.
DA EXPLORAÇÃO FLORESTAL § 2º É isento da obrigatoriedade da reposição florestal aquele
que utilize:
Art. 31. A exploração de florestas nativas e formações sucesso- I - costaneiras, aparas, cavacos ou outros resíduos provenientes
ras, de domínio público ou privado, ressalvados os casos previstos da atividade industrial
nos arts. 21, 23 e 24, dependerá de licenciamento pelo órgão com- II - matéria-prima florestal:
petente do Sisnama, mediante aprovação prévia de Plano de Mane- a) oriunda de PMFS;
jo Florestal Sustentável - PMFS que contemple técnicas de condu- b) oriunda de floresta plantada;
ção, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os c) não madeireira.
variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme. § 3º A isenção da obrigatoriedade da reposição florestal não
§ 1º O PMFS atenderá os seguintes fundamentos técnicos e desobriga o interessado da comprovação perante a autoridade
científicos: competente da origem do recurso florestal utilizado.
I - caracterização dos meios físico e biológico;

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 4º A reposição florestal será efetivada no Estado de origem da programas de informática a serem utilizados e definir o prazo para
matéria-prima utilizada, mediante o plantio de espécies preferen- integração dos dados e as informações que deverão ser aportadas
cialmente nativas, conforme determinações do órgão competente ao sistema nacional.
do Sisnama. § 5º O órgão federal coordenador do sistema nacional poderá
Art. 34. As empresas industriais que utilizam grande quanti- bloquear a emissão de Documento de Origem Florestal - DOF dos
dade de matéria-prima florestal são obrigadas a elaborar e imple- entes federativos não integrados ao sistema e fiscalizar os dados e
mentar Plano de Suprimento Sustentável - PSS, a ser submetido à relatórios respectivos. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
aprovação do órgão competente do Sisnama. Art. 36. O transporte, por qualquer meio, e o armazenamento
§ 1º O PSS assegurará produção equivalente ao consumo de de madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subprodutos flores-
matéria-prima florestal pela atividade industrial. tais oriundos de florestas de espécies nativas, para fins comerciais
§ 2º O PSS incluirá, no mínimo: ou industriais, requerem licença do órgão competente do Sisnama,
I - programação de suprimento de matéria-prima florestal observado o disposto no art. 35.
II - indicação das áreas de origem da matéria-prima florestal § 1º A licença prevista no caput será formalizada por meio da
georreferenciadas; emissão do DOF, que deverá acompanhar o material até o benefi-
III - cópia do contrato entre os particulares envolvidos, quando ciamento final.
o PSS incluir suprimento de matéria-prima florestal oriunda de ter- § 2º Para a emissão do DOF, a pessoa física ou jurídica res-
ras pertencentes a terceiros. ponsável deverá estar registrada no Cadastro Técnico Federal de
§ 3º Admite-se o suprimento mediante matéria-prima em ofer- Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos
ta no mercado: Ambientais, previsto no art. 17 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
I - na fase inicial de instalação da atividade industrial, nas con- 1981.
dições e durante o período, não superior a 10 (dez) anos, previstos § 3º Todo aquele que recebe ou adquire, para fins comerciais
no PSS, ressalvados os contratos de suprimento mencionados no ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos ou subpro-
inciso III do § 2º ; dutos de florestas de espécies nativas é obrigado a exigir a apresen-
II - no caso de aquisição de produtos provenientes do plantio tação do DOF e munir-se da via que deverá acompanhar o material
de florestas exóticas, licenciadas por órgão competente do Sisna- até o beneficiamento final.
ma, o suprimento será comprovado posteriormente mediante rela- § 4º No DOF deverão constar a especificação do material, sua
tório anual em que conste a localização da floresta e as quantidades volumetria e dados sobre sua origem e destino.
produzidas. § 5º O órgão ambiental federal do Sisnama regulamentará os
§ 4º O PSS de empresas siderúrgicas, metalúrgicas ou outras casos de dispensa da licença prevista no caput . (Incluído pela Lei
que consumam grandes quantidades de carvão vegetal ou lenha nº 12.727, de 2012).
estabelecerá a utilização exclusiva de matéria-prima oriunda de flo- Art. 37. O comércio de plantas vivas e outros produtos oriundos
restas plantadas ou de PMFS e será parte integrante do processo de da flora nativa dependerá de licença do órgão estadual competente
licenciamento ambiental do empreendimento. do Sisnama e de registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades
§ 5º Serão estabelecidos, em ato do Chefe do Poder Executivo, Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais,
os parâmetros de utilização de matéria-prima florestal para fins de previsto no art. 17 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, sem
enquadramento das empresas industriais no disposto no caput . prejuízo de outras exigências cabíveis.
Parágrafo único. A exportação de plantas vivas e outros produ-
CAPÍTULO VIII tos da flora dependerá de licença do órgão federal competente do
DO CONTROLE DA ORIGEM DOS PRODUTOS FLORESTAIS Sisnama, observadas as condições estabelecidas no caput .

Art. 35. O controle da origem da madeira, do carvão e de outros CAPÍTULO IX


produtos ou subprodutos florestais incluirá sistema nacional que in- DA PROIBIÇÃO DO USO DE FOGO E DO CONTROLE DOS
tegre os dados dos diferentes entes federativos, coordenado, fisca- INCÊNDIOS
lizado e regulamentado pelo órgão federal competente do Sisnama.
(Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012). Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas se-
§ 1º O plantio ou reflorestamento com espécies florestais nati- guintes situações:
vas ou exóticas independem de autorização prévia, desde que ob- I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o
servadas as limitações e condições previstas nesta Lei, devendo ser emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, median-
informados ao órgão competente, no prazo de até 1 (um) ano, para te prévia aprovação do órgão estadual ambiental competente do
fins de controle de origem. Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que es-
§ 2º É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas tabelecerá os critérios de monitoramento e controle;
plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Perma- II - emprego da queima controlada em Unidades de Conserva-
nente e Reserva Legal. ção, em conformidade com o respectivo plano de manejo e median-
§ 3º O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em te prévia aprovação do órgão gestor da Unidade de Conservação,
área de uso alternativo do solo serão permitidos independente- visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa, cujas ca-
mente de autorização prévia, devendo o plantio ou reflorestamento racterísticas ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocor-
estar previamente cadastrado no órgão ambiental competente e a rência do fogo;
exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pes-
origem. quisa devidamente aprovado pelos órgãos competentes e realizada
§ 4º Os dados do sistema referido no caput serão disponibiliza- por instituição de pesquisa reconhecida, mediante prévia aprova-
dos para acesso público por meio da rede mundial de computado- ção do órgão ambiental competente do Sisnama.
res, cabendo ao órgão federal coordenador do sistema fornecer os

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 1º Na situação prevista no inciso I, o órgão estadual ambien- a) o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do
tal competente do Sisnama exigirá que os estudos demandados estoque e a diminuição do fluxo de carbono;
para o licenciamento da atividade rural contenham planejamento b) a conservação da beleza cênica natural;
específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios. c) a conservação da biodiversidade;
§ 2º Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas d) a conservação das águas e dos serviços hídricos;
de prevenção e combate aos incêndios e as de agricultura de subsis- e) a regulação do clima;
tência exercidas pelas populações tradicionais e indígenas. f) a valorização cultural e do conhecimento tradicional ecos-
§ 3º Na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do sistêmico;
fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente g) a conservação e o melhoramento do solo;
para fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causali- h) a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, de Re-
dade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano serva Legal e de uso restrito;
efetivamente causado. II - compensação pelas medidas de conservação ambiental ne-
§ 4º É necessário o estabelecimento de nexo causal na verifi- cessárias para o cumprimento dos objetivos desta Lei, utilizando-se
cação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo dos seguintes instrumentos, dentre outros:
em terras públicas ou particulares. a) obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades,
Art. 39. Os órgãos ambientais do Sisnama, bem como todo e com taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores
qualquer órgão público ou privado responsável pela gestão de áre- que os praticados no mercado;
as com vegetação nativa ou plantios florestais, deverão elaborar, b) contratação do seguro agrícola em condições melhores que
atualizar e implantar planos de contingência para o combate aos as praticadas no mercado;
incêndios florestais. c) dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva
§ 1º Os planos de contingência para o combate aos incêndios Legal e de uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a Pro-
florestais dos órgãos do Sisnama conterão diretrizes para o uso da priedade Territorial Rural - ITR, gerando créditos tributários;
aviação agrícola no combate a incêndios em todos os tipos de vege- d) destinação de parte dos recursos arrecadados com a cobran-
tação. (Incluído pela Lei nº 14.406, de 2022) ça pelo uso da água, na forma da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de
§ 2º As aeronaves utilizadas para combate a incêndios deverão 1997, para a manutenção, recuperação ou recomposição das Áreas
atender às normas técnicas definidas pelas autoridades competen- de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito na
tes do poder público e ser pilotadas por profissionais devidamente bacia de geração da receita;
qualificados para o desempenho dessa atividade, na forma do regu- e) linhas de financiamento para atender iniciativas de preser-
lamento. (Incluído pela Lei nº 14.406, de 2022) vação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora
Art. 40. O Governo Federal deverá estabelecer uma Política Na- nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sus-
cional de Manejo e Controle de Queimadas, Prevenção e Combate tentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação
aos Incêndios Florestais, que promova a articulação institucional de áreas degradadas;
com vistas na substituição do uso do fogo no meio rural, no controle f) isenção de impostos para os principais insumos e equipa-
de queimadas, na prevenção e no combate aos incêndios florestais mentos, tais como: fios de arame, postes de madeira tratada, bom-
e no manejo do fogo em áreas naturais protegidas. bas d’água, trado de perfuração de solo, dentre outros utilizados
§ 1º A Política mencionada neste artigo deverá prever instru- para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Pre-
mentos para a análise dos impactos das queimadas sobre mudan- servação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito;
ças climáticas e mudanças no uso da terra, conservação dos ecos- III - incentivos para comercialização, inovação e aceleração das
sistemas, saúde pública e fauna, para subsidiar planos estratégicos ações de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas
de prevenção de incêndios florestais. e demais formas de vegetação nativa, tais como:
§ 2º A Política mencionada neste artigo deverá observar ce- a) participação preferencial nos programas de apoio à comer-
nários de mudanças climáticas e potenciais aumentos de risco de cialização da produção agrícola;
ocorrência de incêndios florestais. b) destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnoló-
§ 3º A Política de que trata o caput deste artigo contemplará gica e a extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade am-
programa de uso da aviação agrícola no combate a incêndios em biental.
todos os tipos de vegetação. (Incluído pela Lei nº 14.406, de 2022) § 1º Para financiar as atividades necessárias à regularização
ambiental das propriedades rurais, o programa poderá prever:
CAPÍTULO X I - destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnoló-
DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À PRESERVAÇÃO E gica e a extensão rural relacionadas à melhoria da qualidade am-
RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE biental;
II - dedução da base de cálculo do imposto de renda do pro-
Art. 41. É o Poder Executivo federal autorizado a instituir, sem prietário ou possuidor de imóvel rural, pessoa física ou jurídica,
prejuízo do cumprimento da legislação ambiental, programa de de parte dos gastos efetuados com a recomposição das Áreas de
apoio e incentivo à conservação do meio ambiente, bem como para Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito cujo
adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a produtivida- desmatamento seja anterior a 22 de julho de 2008;
de agropecuária e florestal, com redução dos impactos ambientais, III - utilização de fundos públicos para concessão de créditos
como forma de promoção do desenvolvimento ecologicamente reembolsáveis e não reembolsáveis destinados à compensação, re-
sustentável, observados sempre os critérios de progressividade, cuperação ou recomposição das Áreas de Preservação Permanente,
abrangendo as seguintes categorias e linhas de ação: (Redação de Reserva Legal e de uso restrito cujo desmatamento seja anterior
dada pela Lei nº 12.727, de 2012). a 22 de julho de 2008.
I - pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribui-
ção, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos
ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais como, isolada
ou cumulativamente:

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2º O programa previsto no caput poderá, ainda, estabelecer § 3º A Cota de Reserva Florestal - CRF emitida nos termos do
diferenciação tributária para empresas que industrializem ou co- art. 44-B da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, passa a ser
mercializem produtos originários de propriedades ou posses rurais considerada, pelo efeito desta Lei, como Cota de Reserva Ambien-
que cumpram os padrões e limites estabelecidos nos arts. 4º , 6º , tal.
11 e 12 desta Lei, ou que estejam em processo de cumpri-los. § 4º Poderá ser instituída CRA da vegetação nativa que integra
§ 3º Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais inscritos a Reserva Legal dos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º
no CAR, inadimplentes em relação ao cumprimento do termo de desta Lei.
compromisso ou PRA ou que estejam sujeitos a sanções por infra- Art. 45. A CRA será emitida pelo órgão competente do Sisnama
ções ao disposto nesta Lei, exceto aquelas suspensas em virtude em favor de proprietário de imóvel incluído no CAR que mantenha
do disposto no Capítulo XIII, não são elegíveis para os incentivos área nas condições previstas no art. 44.
previstos nas alíneas a a e do inciso II do caput deste artigo até que § 1º O proprietário interessado na emissão da CRA deve apre-
as referidas sanções sejam extintas. sentar ao órgão referido no caput proposta acompanhada de:
§ 4º As atividades de manutenção das Áreas de Preservação I - certidão atualizada da matrícula do imóvel expedida pelo
Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito são elegíveis para registro de imóveis competente;
quaisquer pagamentos ou incentivos por serviços ambientais, con- II - cédula de identidade do proprietário, quando se tratar de
figurando adicionalidade para fins de mercados nacionais e inter- pessoa física;
nacionais de reduções de emissões certificadas de gases de efeito III - ato de designação de responsável, quando se tratar de pes-
estufa. soa jurídica;
§ 5º O programa relativo a serviços ambientais previsto no in- IV - certidão negativa de débitos do Imposto sobre a Proprieda-
ciso I do caput deste artigo deverá integrar os sistemas em âmbito de Territorial Rural - ITR;
nacional e estadual, objetivando a criação de um mercado de ser- V - memorial descritivo do imóvel, com a indicação da área a
viços ambientais. ser vinculada ao título, contendo pelo menos um ponto de amarra-
§ 6º Os proprietários localizados nas zonas de amortecimen- ção georreferenciado relativo ao perímetro do imóvel e um ponto
to de Unidades de Conservação de Proteção Integral são elegíveis de amarração georreferenciado relativo à Reserva Legal.
para receber apoio técnico-financeiro da compensação prevista no § 2º Aprovada a proposta, o órgão referido no caput emitirá a
art. 36 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, com a finalidade de CRA correspondente, identificando:
recuperação e manutenção de áreas prioritárias para a gestão da I - o número da CRA no sistema único de controle;
unidade. II - o nome do proprietário rural da área vinculada ao título;
§ 7º O pagamento ou incentivo a serviços ambientais a que se III - a dimensão e a localização exata da área vinculada ao título,
refere o inciso I deste artigo serão prioritariamente destinados aos com memorial descritivo contendo pelo menos um ponto de amar-
agricultores familiares como definidos no inciso V do art. 3º desta ração georreferenciado;
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). IV - o bioma correspondente à área vinculada ao título;
Art. 42. O Governo Federal implantará programa para conver- V - a classificação da área em uma das condições previstas no
são da multa prevista no art. 50 do Decreto nº 6.514, de 22 de julho art. 46.
de 2008, destinado a imóveis rurais, referente a autuações vincula- § 3º O vínculo de área à CRA será averbado na matrícula do
das a desmatamentos em áreas onde não era vedada a supressão, respectivo imóvel no registro de imóveis competente.
que foram promovidos sem autorização ou licença, em data ante- § 4º O órgão federal referido no caput pode delegar ao órgão
rior a 22 de julho de 2008. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). estadual competente atribuições para emissão, cancelamento e
Art. 43. (VETADO). transferência da CRA, assegurada a implementação de sistema úni-
Art. 44. É instituída a Cota de Reserva Ambiental - CRA, título co de controle.
nominativo representativo de área com vegetação nativa, existente Art. 46. Cada CRA corresponderá a 1 (um) hectare:
ou em processo de recuperação: (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC I - de área com vegetação nativa primária ou com vegetação
Nº 42) secundária em qualquer estágio de regeneração ou recomposição;
I - sob regime de servidão ambiental, instituída na forma do art. II - de áreas de recomposição mediante reflorestamento com
9º-A da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; espécies nativas.
II - correspondente à área de Reserva Legal instituída volunta- § 1º O estágio sucessional ou o tempo de recomposição ou re-
riamente sobre a vegetação que exceder os percentuais exigidos no generação da vegetação nativa será avaliado pelo órgão ambiental
art. 12 desta Lei; estadual competente com base em declaração do proprietário e
III - protegida na forma de Reserva Particular do Patrimônio Na- vistoria de campo.
tural - RPPN, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.985, de 18 de julho § 2º A CRA não poderá ser emitida pelo órgão ambiental com-
de 2000; petente quando a regeneração ou recomposição da área forem im-
IV - existente em propriedade rural localizada no interior de prováveis ou inviáveis.
Unidade de Conservação de domínio público que ainda não tenha Art. 47. É obrigatório o registro da CRA pelo órgão emitente, no
sido desapropriada. prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da sua emissão, em bolsas
§ 1º A emissão de CRA será feita mediante requerimento do de mercadorias de âmbito nacional ou em sistemas de registro e
proprietário, após inclusão do imóvel no CAR e laudo comproba- de liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco Central
tório emitido pelo próprio órgão ambiental ou por entidade cre- do Brasil.
denciada, assegurado o controle do órgão federal competente do Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente,
Sisnama, na forma de ato do Chefe do Poder Executivo. a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito público ou privado,
§ 2º A CRA não pode ser emitida com base em vegetação nativa mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente.
localizada em área de RPPN instituída em sobreposição à Reserva § 1º A transferência da CRA só produz efeito uma vez registrado
Legal do imóvel. o termo previsto no caput no sistema único de controle.

142
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2º A CRA só pode ser utilizada para compensar Reserva Legal CAPÍTULO XII
de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título DA AGRICULTURA FAMILIAR
está vinculado. (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN
Nº 4.901) Art. 52. A intervenção e a supressão de vegetação em Áreas
§ 3º A CRA só pode ser utilizada para fins de compensação de de Preservação Permanente e de Reserva Legal para as atividades
Reserva Legal se respeitados os requisitos estabelecidos no § 6º do eventuais ou de baixo impacto ambiental, previstas no inciso X do
art. 66. art. 3º , excetuadas as alíneas b e g, quando desenvolvidas nos imó-
§ 4º A utilização de CRA para compensação da Reserva Legal veis a que se refere o inciso V do art. 3º , dependerão de simples
será averbada na matrícula do imóvel no qual se situa a área vincu- declaração ao órgão ambiental competente, desde que esteja o
lada ao título e na do imóvel beneficiário da compensação. imóvel devidamente inscrito no CAR.
Art. 49. Cabe ao proprietário do imóvel rural em que se situa Art. 53. Para o registro no CAR da Reserva Legal, nos imóveis
a área vinculada à CRA a responsabilidade plena pela manutenção a que se refere o inciso V do art. 3º , o proprietário ou possuidor
das condições de conservação da vegetação nativa da área que deu apresentará os dados identificando a área proposta de Reserva Le-
origem ao título. gal, cabendo aos órgãos competentes integrantes do Sisnama, ou
§ 1º A área vinculada à emissão da CRA com base nos incisos I, instituição por ele habilitada, realizar a captação das respectivas
II e III do art. 44 desta Lei poderá ser utilizada conforme PMFS. coordenadas geográficas.
§ 2º A transmissão inter vivos ou causa mortis do imóvel não Parágrafo único. O registro da Reserva Legal nos imóveis a que
elimina nem altera o vínculo de área contida no imóvel à CRA. se refere o inciso V do art. 3º é gratuito, devendo o poder público
Art. 50. A CRA somente poderá ser cancelada nos seguintes prestar apoio técnico e jurídico.
casos: Art. 54. Para cumprimento da manutenção da área de reserva
I - por solicitação do proprietário rural, em caso de desistência legal nos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º , poderão
de manter áreas nas condições previstas nos incisos I e II do art. 44; ser computados os plantios de árvores frutíferas, ornamentais ou
II - automaticamente, em razão de término do prazo da servi- industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema
dão ambiental; intercalar ou em consórcio com espécies nativas da região em sis-
III - por decisão do órgão competente do Sisnama, no caso de temas agroflorestais.
degradação da vegetação nativa da área vinculada à CRA cujos cus- Parágrafo único. O poder público estadual deverá prestar apoio
tos e prazo de recuperação ambiental inviabilizem a continuidade técnico para a recomposição da vegetação da Reserva Legal nos
do vínculo entre a área e o título. imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º .
§ 1º O cancelamento da CRA utilizada para fins de compensa- Art. 55. A inscrição no CAR dos imóveis a que se refere o inciso
ção de Reserva Legal só pode ser efetivado se assegurada Reserva V do art. 3º observará procedimento simplificado no qual será obri-
Legal para o imóvel no qual a compensação foi aplicada. gatória apenas a apresentação dos documentos mencionados nos
§ 2º O cancelamento da CRA nos termos do inciso III do caput incisos I e II do § 1º do art. 29 e de croqui indicando o perímetro do
independe da aplicação das devidas sanções administrativas e pe- imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os remanescentes
nais decorrentes de infração à legislação ambiental, nos termos da que formam a Reserva Legal.
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Art. 56. O licenciamento ambiental de PMFS comercial nos
§ 3º O cancelamento da CRA deve ser averbado na matrícula imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º se beneficiará de proce-
do imóvel no qual se situa a área vinculada ao título e do imóvel no dimento simplificado de licenciamento ambiental.
qual a compensação foi aplicada. § 1º O manejo sustentável da Reserva Legal para exploração
florestal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, para
CAPÍTULO XI consumo no próprio imóvel a que se refere o inciso V do art. 3º , in-
DO CONTROLE DO DESMATAMENTO depende de autorização dos órgãos ambientais competentes, limi-
tada a retirada anual de material lenhoso a 2 (dois) metros cúbicos
Art. 51. O órgão ambiental competente, ao tomar conhecimen- por hectare.
to do desmatamento em desacordo com o disposto nesta Lei, deve- § 2º O manejo previsto no § 1º não poderá comprometer mais
rá embargar a obra ou atividade que deu causa ao uso alternativo de 15% (quinze por cento) da biomassa da Reserva Legal nem ser
do solo, como medida administrativa voltada a impedir a continui- superior a 15 (quinze) metros cúbicos de lenha para uso doméstico
dade do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio ambien- e uso energético, por propriedade ou posse rural, por ano.
te e dar viabilidade à recuperação da área degradada. § 3º Para os fins desta Lei, entende-se por manejo eventual,
§ 1º O embargo restringe-se aos locais onde efetivamente sem propósito comercial, o suprimento, para uso no próprio imóvel,
ocorreu o desmatamento ilegal, não alcançando as atividades de de lenha ou madeira serrada destinada a benfeitorias e uso energé-
subsistência ou as demais atividades realizadas no imóvel não rela- tico nas propriedades e posses rurais, em quantidade não superior
cionadas com a infração. ao estipulado no § 1º deste artigo.
§ 2º O órgão ambiental responsável deverá disponibilizar publi- § 4º Os limites para utilização previstos no § 1º deste artigo no
camente as informações sobre o imóvel embargado, inclusive por caso de posse coletiva de populações tradicionais ou de agricultura
meio da rede mundial de computadores, resguardados os dados familiar serão adotados por unidade familiar.
protegidos por legislação específica, caracterizando o exato local da § 5º As propriedades a que se refere o inciso V do art. 3º são
área embargada e informando em que estágio se encontra o res- desobrigadas da reposição florestal se a matéria-prima florestal for
pectivo procedimento administrativo. utilizada para consumo próprio.
§ 3º A pedido do interessado, o órgão ambiental responsável Art. 57. Nos imóveis a que se refere o inciso V do art. 3º , o ma-
emitirá certidão em que conste a atividade, a obra e a parte da área nejo florestal madeireiro sustentável da Reserva Legal com propósi-
do imóvel que são objetos do embargo, conforme o caso. to comercial direto ou indireto depende de autorização simplificada
do órgão ambiental competente, devendo o interessado apresen-
tar, no mínimo, as seguintes informações:
I - dados do proprietário ou possuidor rural;

143
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II - dados da propriedade ou posse rural, incluindo cópia da ou no termo de compromisso para a regularização ambiental das
matrícula do imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as
Imóveis ou comprovante de posse; multas referidas neste artigo serão consideradas como convertidas
III - croqui da área do imóvel com indicação da área a ser objeto em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade
do manejo seletivo, estimativa do volume de produtos e subprodu- do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais consolidadas
tos florestais a serem obtidos com o manejo seletivo, indicação da conforme definido no PRA. (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42)
sua destinação e cronograma de execução previsto. (Vide ADIN Nº 4.902)
Art. 58. Assegurado o controle e a fiscalização dos órgãos am- § 6º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
bientais competentes dos respectivos planos ou projetos, assim § 7º Caso os Estados e o Distrito Federal não implantem o PRA
como as obrigações do detentor do imóvel, o poder público poderá até 31 de dezembro de 2020, o proprietário ou possuidor de imó-
instituir programa de apoio técnico e incentivos financeiros, poden- vel rural poderá aderir ao PRA implantado pela União, observado
do incluir medidas indutoras e linhas de financiamento para aten- o disposto no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei 13.887, de 2019)
der, prioritariamente, os imóveis a que se refere o inciso V do caput Art. 60. A assinatura de termo de compromisso para regulariza-
do art. 3º , nas iniciativas de: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de ção de imóvel ou posse rural perante o órgão ambiental competen-
2012). te, mencionado no art. 59, suspenderá a punibilidade dos crimes
I - preservação voluntária de vegetação nativa acima dos limi- previstos nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
tes estabelecidos no art. 12; de 1998, enquanto o termo estiver sendo cumprido. (Vide ADIN Nº
II - proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção; 4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902)
III - implantação de sistemas agroflorestal e agrossilvipastoril; § 1º A prescrição ficará interrompida durante o período de sus-
IV - recuperação ambiental de Áreas de Preservação Perma- pensão da pretensão punitiva. (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADIN Nº
nente e de Reserva Legal; 4.902)
V - recuperação de áreas degradadas; § 2º Extingue-se a punibilidade com a efetiva regularização pre-
VI - promoção de assistência técnica para regularização am- vista nesta Lei.
biental e recuperação de áreas degradadas;
VII - produção de mudas e sementes; SEÇÃO II
VIII - pagamento por serviços ambientais. DAS ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE
CAPÍTULO XIII
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 61. (VETADO).
Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada,
SEÇÃO I exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de
DISPOSIÇÕES GERAIS ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22
de julho de 2008. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADIN
Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão im- Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902)
plantar Programas de Regularização Ambiental (PRAs) de posses e § 1º Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo
propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos termos deste fiscal que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação
Capítulo. (Redação dada pela Lei 13.887, de 2019) (Vide ADC Nº 42) Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a
(Vide ADIN Nº 4.902) recomposição das respectivas faixas marginais em 5 (cinco) metros,
§ 1º Na regulamentação dos PRAs, a União estabelecerá nor- contados da borda da calha do leito regular, independentemente
mas de caráter geral, e os Estados e o Distrito Federal ficarão in- da largura do curso d´água. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
cumbidos do seu detalhamento por meio da edição de normas de § 2º Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo
caráter específico, em razão de suas peculiaridades territoriais, cli- fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais que possuam áreas conso-
máticas, históricas, culturais, econômicas e sociais, conforme pre- lidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos
ceitua o art. 24 da Constituição Federal.. (Redação dada pela Lei d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas
13.887, de 2019) faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha
§ 2º A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória do leito regular, independentemente da largura do curso d´água.
para a adesão ao PRA, que deve ser requerida em até 2 (dois) anos, (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
observado o disposto no § 4º do art. 29 desta Lei. (Redação dada § 3º Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módu-
pela Lei 13.887, de 2019) los fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas
§ 3º Com base no requerimento de adesão ao PRA, o órgão consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de
competente integrante do Sisnama convocará o proprietário ou cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respec-
possuidor para assinar o termo de compromisso, que constituirá tivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda
título executivo extrajudicial. da calha do leito regular, independentemente da largura do curso
§ 4º No período entre a publicação desta Lei e a implantação d’água. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, bem como após a § 4º Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) mó-
adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido dulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preser-
o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor não poderá vação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obri-
ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, gatória a recomposição das respectivas faixas marginais: (Incluído
relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preserva- pela Lei nº 12.727, de 2012).
ção Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. (Vide ADIN Nº I - (VETADO); e (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902) II - nos demais casos, conforme determinação do PRA, observa-
§ 5º A partir da assinatura do termo de compromisso, serão do o mínimo de 20 (vinte) e o máximo de 100 (cem) metros, conta-
suspensas as sanções decorrentes das infrações mencionadas no dos da borda da calha do leito regular. (Incluído pela Lei nº 12.727,
§ 4º deste artigo e, cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA de 2012).

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 5º Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Pre- IV - plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ci-
servação Permanente no entorno de nascentes e olhos d’água pe- clo longo, exóticas com nativas de ocorrência regional, em até 50%
renes, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, (cinquenta por cento) da área total a ser recomposta, no caso dos
de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recompo- imóveis a que se refere o inciso V do caput do art. 3º ; (Incluído pela
sição do raio mínimo de 15 (quinze) metros. (Incluído pela Lei nº Lei nº 12.727, de 2012).
12.727, de 2012). V - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
§ 6º Para os imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em § 14. Em todos os casos previstos neste artigo, o poder públi-
Áreas de Preservação Permanente no entorno de lagos e lagoas na- co, verificada a existência de risco de agravamento de processos
turais, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, erosivos ou de inundações, determinará a adoção de medidas mi-
de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposi- tigadoras que garantam a estabilidade das margens e a qualidade
ção de faixa marginal com largura mínima de: (Incluído pela Lei nº da água, após deliberação do Conselho Estadual de Meio Ambiente
12.727, de 2012). ou de órgão colegiado estadual equivalente. (Incluído pela Lei nº
I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) 12.727, de 2012).
módulo fiscal; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). § 15. A partir da data da publicação desta Lei e até o término do
II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 prazo de adesão ao PRA de que trata o § 2º do art. 59, é autorizada
(um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais; (Incluído pela a continuidade das atividades desenvolvidas nas áreas de que trata
Lei nº 12.727, de 2012). o caput , as quais deverão ser informadas no CAR para fins de moni-
III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a toramento, sendo exigida a adoção de medidas de conservação do
2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais; e (Inclu- solo e da água. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
ído pela Lei nº 12.727, de 2012). § 16. As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imó-
IV - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área superior a veis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção
4 (quatro) módulos fiscais. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). Integral criadas por ato do poder público até a data de publicação
§ 7º Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será desta Lei não são passíveis de ter quaisquer atividades considera-
obrigatória a recomposição das faixas marginais, em projeção ho- das como consolidadas nos termos do caput e dos §§ 1º a 15, res-
rizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, de salvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e aprovado
largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do
I - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área de até 4 Sisnama, nos termos do que dispuser regulamento do Chefe do Po-
(quatro) módulos fiscais; e (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). der Executivo, devendo o proprietário, possuidor rural ou ocupante
II - 50 (cinquenta) metros, para imóveis rurais com área supe- a qualquer título adotar todas as medidas indicadas. (Incluído pela
rior a 4 (quatro) módulos fiscais. (Incluído pela Lei nº 12.727, de Lei nº 12.727, de 2012).
2012). § 17. Em bacias hidrográficas consideradas críticas, conforme
§ 8º Será considerada, para os fins do disposto no caput e nos previsto em legislação específica, o Chefe do Poder Executivo po-
§§ 1º a 7º , a área detida pelo imóvel rural em 22 de julho de 2008. derá, em ato próprio, estabelecer metas e diretrizes de recupera-
(Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). ção ou conservação da vegetação nativa superiores às definidas no
§ 9º A existência das situações previstas no caput deverá ser caput e nos §§ 1º a 7º , como projeto prioritário, ouvidos o Comitê
informada no CAR para fins de monitoramento, sendo exigida, nes- de Bacia Hidrográfica e o Conselho Estadual de Meio Ambiente. (In-
ses casos, a adoção de técnicas de conservação do solo e da água cluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
que visem à mitigação dos eventuais impactos. (Incluído pela Lei nº § 18. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
12.727, de 2012). Art. 61-B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais
§ 10. Antes mesmo da disponibilização do CAR, no caso das in- que, em 22 de julho de 2008, detinham até 10 (dez) módulos fiscais
tervenções já existentes, é o proprietário ou possuidor rural respon- e desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas
sável pela conservação do solo e da água, por meio de adoção de em Áreas de Preservação Permanente é garantido que a exigência
boas práticas agronômicas. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). de recomposição, nos termos desta Lei, somadas todas as Áreas
§ 11. A realização das atividades previstas no caput observará de Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará: (Incluído
critérios técnicos de conservação do solo e da água indicados no pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42)
PRA previsto nesta Lei, sendo vedada a conversão de novas áre- (Vide ADIN Nº 4.902)
as para uso alternativo do solo nesses locais. (Incluído pela Lei nº I - 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis
12.727, de 2012). rurais com área de até 2 (dois) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº
§ 12. Será admitida a manutenção de residências e da infra- 12.727, de 2012).
estrutura associada às atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo II - 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis
e de turismo rural, inclusive o acesso a essas atividades, indepen- rurais com área superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos fis-
dentemente das determinações contidas no caput e nos §§ 1º a 7º cais; (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
, desde que não estejam em área que ofereça risco à vida ou à in- III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
tegridade física das pessoas. (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). Art. 61-C. Para os assentamentos do Programa de Reforma
§ 13. A recomposição de que trata este artigo poderá ser feita, Agrária, a recomposição de áreas consolidadas em Áreas de Preser-
isolada ou conjuntamente, pelos seguintes métodos: (Incluído pela vação Permanente ao longo ou no entorno de cursos d’água, lagos
Lei nº 12.727, de 2012). e lagoas naturais observará as exigências estabelecidas no art. 61-
I - condução de regeneração natural de espécies nativas; (Inclu- A, observados os limites de cada área demarcada individualmente,
ído pela Lei nº 12.727, de 2012). objeto de contrato de concessão de uso, até a titulação por parte do
II - plantio de espécies nativas; (Incluído pela Lei nº 12.727, de Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra. (Incluí-
2012). do pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº
III - plantio de espécies nativas conjugado com a condução 42) (Vide ADIN Nº 4.902)
da regeneração natural de espécies nativas; (Incluído pela Lei nº
12.727, de 2012).

145
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 62. Para os reservatórios artificiais de água destinados a I - a caracterização físico-ambiental, social, cultural e econômi-
geração de energia ou abastecimento público que foram registra- ca da área;
dos ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assi- II - a identificação dos recursos ambientais, dos passivos e fragi-
nados anteriormente à Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de lidades ambientais e das restrições e potencialidades da área;
agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a III - a especificação e a avaliação dos sistemas de infraestrutu-
distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima ra urbana e de saneamento básico implantados, outros serviços e
maximorum . (Vide ADIN Nº 4.903) equipamentos públicos;
Art. 63. Nas áreas rurais consolidadas nos locais de que tratam IV - a identificação das unidades de conservação e das áreas de
os incisos V, VIII, IX e X do art. 4º , será admitida a manutenção de proteção de mananciais na área de influência direta da ocupação,
atividades florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de sejam elas águas superficiais ou subterrâneas;
ciclo longo, bem como da infraestrutura física associada ao desen- V - a especificação da ocupação consolidada existente na área;
volvimento de atividades agrossilvipastoris, vedada a conversão de VI - a identificação das áreas consideradas de risco de inunda-
novas áreas para uso alternativo do solo. (Vide ADC Nº 42) (Vide ções e de movimentos de massa rochosa, tais como deslizamento,
ADIN Nº 4.937) (Vide ADIN Nº 4.902) queda e rolamento de blocos, corrida de lama e outras definidas
§ 1º O pastoreio extensivo nos locais referidos no caput deverá como de risco geotécnico;
ficar restrito às áreas de vegetação campestre natural ou já con- VII - a indicação das faixas ou áreas em que devem ser resguar-
vertidas para vegetação campestre, admitindo-se o consórcio com dadas as características típicas da Área de Preservação Permanente
vegetação lenhosa perene ou de ciclo longo. com a devida proposta de recuperação de áreas degradadas e da-
§ 2º A manutenção das culturas e da infraestrutura de que trata quelas não passíveis de regularização;
o caput é condicionada à adoção de práticas conservacionistas do VIII - a avaliação dos riscos ambientais;
solo e da água indicadas pelos órgãos de assistência técnica rural. IX - a comprovação da melhoria das condições de sustentabili-
§ 3º Admite-se, nas Áreas de Preservação Permanente, previs- dade urbano-ambiental e de habitabilidade dos moradores a partir
tas no inciso VIII do art. 4º , dos imóveis rurais de até 4 (quatro) da regularização; e
módulos fiscais, no âmbito do PRA, a partir de boas práticas agro- X - a demonstração de garantia de acesso livre e gratuito pela
nômicas e de conservação do solo e da água, mediante deliberação população às praias e aos corpos d’água, quando couber.
dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente ou órgãos colegiados § 2º Para fins da regularização ambiental prevista no caput , ao
estaduais equivalentes, a consolidação de outras atividades agros- longo dos rios ou de qualquer curso d’água, será mantida faixa não
silvipastoris, ressalvadas as situações de risco de vida. edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado.
Art. 64. Na Reurb-S dos núcleos urbanos informais que ocupam § 3º Em áreas urbanas tombadas como patrimônio histórico e
Áreas de Preservação Permanente, a regularização fundiária será cultural, a faixa não edificável de que trata o § 2º poderá ser redefi-
admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fun- nida de maneira a atender aos parâmetros do ato do tombamento.
diária, na forma da lei específica de regularização fundiária urbana.
(Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) SEÇÃO III
§ 1º O projeto de regularização fundiária de interesse social de- DAS ÁREAS CONSOLIDADAS EM ÁREAS DE RESERVA LEGAL
verá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das condições
ambientais em relação à situação anterior com a adoção das medi- Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que deti-
das nele preconizadas. nha, em 22 de julho de 2008, área de Reserva Legal em extensão
§ 2º O estudo técnico mencionado no § 1º deverá conter, no inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação,
mínimo, os seguintes elementos: independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes al-
I - caracterização da situação ambiental da área a ser regulari- ternativas, isolada ou conjuntamente:
zada; I - recompor a Reserva Legal;
II - especificação dos sistemas de saneamento básico; II - permitir a regeneração natural da vegetação na área de Re-
III - proposição de intervenções para a prevenção e o controle serva Legal;
de riscos geotécnicos e de inundações; III - compensar a Reserva Legal.
IV - recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis § 1º A obrigação prevista no caput tem natureza real e é trans-
de regularização; mitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse
V - comprovação da melhoria das condições de sustentabilida- do imóvel rural.
de urbano-ambiental, considerados o uso adequado dos recursos § 2º A recomposição de que trata o inciso I do caput deverá
hídricos, a não ocupação das áreas de risco e a proteção das unida- atender os critérios estipulados pelo órgão competente do Sisnama
des de conservação, quando for o caso; e ser concluída em até 20 (vinte) anos, abrangendo, a cada 2 (dois)
VI - comprovação da melhoria da habitabilidade dos moradores anos, no mínimo 1/10 (um décimo) da área total necessária à sua
propiciada pela regularização proposta; e complementação.
VII - garantia de acesso público às praias e aos corpos d’água. § 3º A recomposição de que trata o inciso I do caput poderá ser
Art. 65. Na Reurb-E dos núcleos urbanos informais que ocupam realizada mediante o plantio intercalado de espécies nativas com
Áreas de Preservação Permanente não identificadas como áreas de exóticas ou frutíferas, em sistema agroflorestal, observados os se-
risco, a regularização fundiária será admitida por meio da aprova- guintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012). (Vide
ção do projeto de regularização fundiária, na forma da lei especí- ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
fica de regularização fundiária urbana. (Redação dada pela Lei nº I - o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as
13.465, de 2017) espécies nativas de ocorrência regional;
§ 1º O processo de regularização fundiária de interesse espe- II - a área recomposta com espécies exóticas não poderá ex-
cífico deverá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das ceder a 50% (cinquenta por cento) da área total a ser recuperada.
condições ambientais em relação à situação anterior e ser instruído § 4º Os proprietários ou possuidores do imóvel que optarem
com os seguintes elementos: (Redação dada pela Lei nº 13.465, de por recompor a Reserva Legal na forma dos §§ 2º e 3º terão direito
2017) à sua exploração econômica, nos termos desta Lei.

146
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 5º A compensação de que trata o inciso III do caput deverá CAPÍTULO XIV
ser precedida pela inscrição da propriedade no CAR e poderá ser DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES E FINAIS
feita mediante: (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901)
I - aquisição de Cota de Reserva Ambiental - CRA; Art. 69. São obrigados a registro no órgão federal competente
II - arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou do Sisnama os estabelecimentos comerciais responsáveis pela co-
Reserva Legal; mercialização de motosserras, bem como aqueles que as adquiri-
III - doação ao poder público de área localizada no interior de rem.
Unidade de Conservação de domínio público pendente de regula- § 1º A licença para o porte e uso de motosserras será renovada
rização fundiária; a cada 2 (dois) anos.
IV - cadastramento de outra área equivalente e excedente à § 2º Os fabricantes de motosserras são obrigados a imprimir,
Reserva Legal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em em local visível do equipamento, numeração cuja sequência será
imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regene- encaminhada ao órgão federal competente do Sisnama e constará
ração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma. nas correspondentes notas fiscais.
§ 6º As áreas a serem utilizadas para compensação na forma do Art. 70. Além do disposto nesta Lei e sem prejuízo da criação de
§ 5º deverão: (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901) unidades de conservação da natureza, na forma da Lei nº 9.985, de
I - ser equivalentes em extensão à área da Reserva Legal a ser 18 de julho de 2000, e de outras ações cabíveis voltadas à proteção
compensada; das florestas e outras formas de vegetação, o poder público federal,
II - estar localizadas no mesmo bioma da área de Reserva Legal estadual ou municipal poderá:
a ser compensada; I - proibir ou limitar o corte das espécies da flora raras, endêmi-
III - se fora do Estado, estar localizadas em áreas identificadas cas, em perigo ou ameaçadas de extinção, bem como das espécies
como prioritárias pela União ou pelos Estados. necessárias à subsistência das populações tradicionais, delimitando
§ 7º A definição de áreas prioritárias de que trata o § 6º bus- as áreas compreendidas no ato, fazendo depender de autorização
cará favorecer, entre outros, a recuperação de bacias hidrográficas prévia, nessas áreas, o corte de outras espécies;
excessivamente desmatadas, a criação de corredores ecológicos, a II - declarar qualquer árvore imune de corte, por motivo de sua
conservação de grandes áreas protegidas e a conservação ou recu- localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes;
peração de ecossistemas ou espécies ameaçados. III - estabelecer exigências administrativas sobre o registro e
§ 8º Quando se tratar de imóveis públicos, a compensação de outras formas de controle de pessoas físicas ou jurídicas que se de-
que trata o inciso III do caput poderá ser feita mediante concessão dicam à extração, indústria ou comércio de produtos ou subprodu-
de direito real de uso ou doação, por parte da pessoa jurídica de tos florestais.
direito público proprietária de imóvel rural que não detém Reser- Art. 71. A União, em conjunto com os Estados, o Distrito Fede-
va Legal em extensão suficiente, ao órgão público responsável pela ral e os Municípios, realizará o Inventário Florestal Nacional, para
Unidade de Conservação de área localizada no interior de Unidade subsidiar a análise da existência e qualidade das florestas do País,
de Conservação de domínio público, a ser criada ou pendente de em imóveis privados e terras públicas.
regularização fundiária. Parágrafo único. A União estabelecerá critérios e mecanismos
§ 9º As medidas de compensação previstas neste artigo não po- para uniformizar a coleta, a manutenção e a atualização das infor-
derão ser utilizadas como forma de viabilizar a conversão de novas mações do Inventário Florestal Nacional.
áreas para uso alternativo do solo. Art. 72. Para efeitos desta Lei, a atividade de silvicultura, quan-
Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de do realizada em área apta ao uso alternativo do solo, é equiparada
2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam rema- à atividade agrícola, nos termos da Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de
nescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto 1991, que “dispõe sobre a política agrícola”.
no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com Art. 73. Os órgãos centrais e executores do Sisnama criarão e
a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas no- implementarão, com a participação dos órgãos estaduais, indicado-
vas conversões para uso alternativo do solo. (Vide ADC Nº 42) (Vide res de sustentabilidade, a serem publicados semestralmente, com
ADIN Nº 4.901) (Vide ADIN Nº 4.902) vistas em aferir a evolução dos componentes do sistema abrangidos
Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que por disposições desta Lei.
realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os percentu- Art. 74. A Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, de que trata
ais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em o art. 20-B da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, com a redação
que ocorreu a supressão são dispensados de promover a recompo- dada pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 31 de agosto de 2001,
sição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos é autorizada a adotar medidas de restrição às importações de bens
nesta Lei. (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.901) de origem agropecuária ou florestal produzidos em países que não
§ 1º Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão observem normas e padrões de proteção do meio ambiente com-
provar essas situações consolidadas por documentos tais como a patíveis com as estabelecidas pela legislação brasileira.
descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de co- Art. 75. Os PRAs instituídos pela União, Estados e Distrito Fede-
mercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e docu- ral deverão incluir mecanismo que permita o acompanhamento de
mentos bancários relativos à produção, e por todos os outros meios sua implementação, considerando os objetivos e metas nacionais
de prova em direito admitidos. para florestas, especialmente a implementação dos instrumentos
§ 2º Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Ama- previstos nesta Lei, a adesão cadastral dos proprietários e possui-
zônia Legal, e seus herdeiros necessários que possuam índice de dores de imóvel rural, a evolução da regularização das propriedades
Reserva Legal maior que 50% (cinquenta por cento) de cobertura e posses rurais, o grau de regularidade do uso de matéria-prima
florestal e não realizaram a supressão da vegetação nos percentuais florestal e o controle e prevenção de incêndios florestais.
previstos pela legislação em vigor à época poderão utilizar a área Art. 76. (VETADO).
excedente de Reserva Legal também para fins de constituição de Art. 77. (VETADO).
servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental - CRA e outros ins- Art. 78. O art. 9º-A da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
trumentos congêneres previstos nesta Lei. passa a vigorar com a seguinte redação:

147
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
“Art. 9º-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natu- I - a delimitação da área submetida a preservação, conservação
ral ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por ou recuperação ambiental;
termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, II - o objeto da servidão ambiental;
limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para pre- III - os direitos e deveres do proprietário instituidor e dos futu-
servar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, ros adquirentes ou sucessores;
instituindo servidão ambiental. IV - os direitos e deveres do detentor da servidão ambiental;
§ 1º O instrumento ou termo de instituição da servidão am- V - os benefícios de ordem econômica do instituidor e do de-
biental deve incluir, no mínimo, os seguintes itens: tentor da servidão ambiental;
I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, conten- VI - a previsão legal para garantir o seu cumprimento, inclusive
do pelo menos um ponto de amarração georreferenciado; medidas judiciais necessárias, em caso de ser descumprido.
II - objeto da servidão ambiental; § 2º São deveres do proprietário do imóvel serviente, entre ou-
III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor; tras obrigações estipuladas no contrato:
IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão I - manter a área sob servidão ambiental;
ambiental. II - prestar contas ao detentor da servidão ambiental sobre as
§ 2º A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preserva- condições dos recursos naturais ou artificiais;
ção Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. III - permitir a inspeção e a fiscalização da área pelo detentor
§ 3º A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área da servidão ambiental;
sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida IV - defender a posse da área serviente, por todos os meios em
para a Reserva Legal. direito admitidos.
§ 4º Devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel no § 3º São deveres do detentor da servidão ambiental, entre ou-
registro de imóveis competente: tras obrigações estipuladas no contrato:
I - o instrumento ou termo de instituição da servidão ambien- I - documentar as características ambientais da propriedade;
tal; II - monitorar periodicamente a propriedade para verificar se a
II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão servidão ambiental está sendo mantida;
ambiental. III - prestar informações necessárias a quaisquer interessados
§ 5º Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão na aquisição ou aos sucessores da propriedade;
ambiental deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis en- IV - manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades
volvidos. da área objeto da servidão;
§ 6º É vedada, durante o prazo de vigência da servidão am- V - defender judicialmente a servidão ambiental.”
biental, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão Art. 80. A alínea d do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei nº 9.393,
do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de retificação de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte reda-
dos limites do imóvel. ção:
§ 7º As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão “Art. 10. .....................................................................
florestal, nos termos do art. 44-A da Lei nº 4.771, de 15 de setem- § 1º ...................................... .............
bro de 1965, passam a ser consideradas, pelo efeito desta Lei, como .............................................................................................
de servidão ambiental.” (NR) II - ................................................... ................
Art. 78-A. Após 31 de dezembro de 2017, as instituições finan- .............................................................................................
ceiras só concederão crédito agrícola, em qualquer de suas modali- d) sob regime de servidão ambiental;
dades, para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no ...................................................................................” (NR)
CAR. (Redação dada pela Lei nº 13.295, de 2016) (Vide ADC Nº 42) Art. 81. O caput do art. 35 da Lei nº 11.428, de 22 de dezembro
(Vide ADIN Nº 4.902) de 2006, passa a vigorar com a seguinte redação:
Parágrafo único. O prazo de que trata este artigo será prorroga- “Art. 35. A conservação, em imóvel rural ou urbano, da vege-
do em observância aos novos prazos de que trata o § 3º do art. 29. tação primária ou da vegetação secundária em qualquer estágio de
(Incluído pela Lei nº 13.295, de 2016) regeneração do Bioma Mata Atlântica cumpre função social e é de
Art. 79. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar interesse público, podendo, a critério do proprietário, as áreas su-
acrescida dos seguintes arts. 9º-B e 9º-C: jeitas à restrição de que trata esta Lei ser computadas para efeito da
“Art. 9º-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratui- Reserva Legal e seu excedente utilizado para fins de compensação
ta, temporária ou perpétua. ambiental ou instituição de Cota de Reserva Ambiental - CRA.
§ 1º O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15 ...................................................................................” (NR)
(quinze) anos. Art. 82. São a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
§ 2º A servidão ambiental perpétua equivale, para fins credi- cípios autorizados a instituir, adaptar ou reformular, no prazo de 6
tícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos, à (seis) meses, no âmbito do Sisnama, instituições florestais ou afins,
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, definida no art. 21 devidamente aparelhadas para assegurar a plena consecução desta
da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Lei.
§ 3º O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la Parágrafo único. As instituições referidas no caput poderão
ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em credenciar, mediante edital de seleção pública, profissionais de-
caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade vidamente habilitados para apoiar a regularização ambiental das
pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim propriedades previstas no inciso V do art. 3º , nos termos de regula-
social.” mento baixado por ato do Chefe do Poder Executivo.
“Art. 9º-C. O contrato de alienação, cessão ou transferência da Art. 83. Revogam-se as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de
servidão ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel. 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e suas alterações posteriores,
§ 1º O contrato referido no caput deve conter, no mínimo, os e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001.
seguintes itens: Art. 84. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

148
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Brasília, 25 de maio de 2012; 191º da Independência e 124º da IX - planta - representação gráfica plana , em escala mínima
República. de 1:50.000, que contenha particularidades naturais e artificiais do
imóvel rural;
X - croqui - representação gráfica simplificada da situação ge-
DECRETO FEDERAL Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO ográfica do imóvel rural, a partir de ima gem de satélite georrefe-
DE 2012 - DISPÕE SOBRE O SISTEMA DE CADASTRO renciada disponibilizada via SICAR e que inclua os remanescentes
AMBIENTAL RURAL, O CADASTRO AMBIENTAL RURAL, de vegetação nativa, as servidões, as áreas de preservação perma-
ESTABELECE NORMAS DE CARÁTER GERAL AOS nente, as áreas de uso restrito, as áreas consolidadas e a localização
PROGRAMAS DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL, DE das reservas legais;
QUE TRATA A LEI Nº12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012, E XI - pousio - prática de interrupção temporária de atividades
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo cinco
anos, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da
DECRETO Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012 estrutura física do solo;
XII - rio perene - corpo de água lótico que possui naturalmente
Dispõe sobre o Sistema de Cadastro Ambiental Rural, o Cadas- escoamento superficial durante todo o período do ano;
tro Ambiental Rural, estabelece normas de caráter geral aos Pro- XIII - rio intermitente - corpo de água lótico que naturalmente
gramas de Regularização Ambiental, de que trata a Lei nº 12.651, não apresenta escoamento superficial por períodos do ano;
de 25 de maio de 2012, e dá outras providências. XIV - rio efêmero - corpo de água lótico que possui escoamen-
to superficial apenas durante ou imediatamente após períodos de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe precipitação;
confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e XV - regularização ambiental - atividades desenvolvidas e im-
tendo em vista o disposto na Lei n º 12.651, de 25 de maio de 2012, plementadas no imóvel rural que visem a atender ao disposto na
DECRETA: legislação ambiental e, de forma prioritária, à manutenção e recu-
peração de áreas de preservação permanente, de reserva legal e
CAPÍTULO I de uso restrito, e à compensação da reserva legal, quando couber;
DISPOSIÇÕES GERAIS XVI - sistema agroflorestal - sistema de uso e ocupação do solo
em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação
Art. 1 º Este Decreto dispõe sobre o Sistema de Cadastro Am- com plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas agrícolas,
biental Rural - SICAR, sobre o Cadastro Ambiental Rural - CAR, e forrageiras em uma mesma unidade de manejo, de acordo com ar-
estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização ranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e inte-
Ambiental - PRA, de que trata a Lei n º 12.651, de 25 de maio de rações entre estes componentes;
2012. XVII - projeto de recomposição de área degradada e alterada-
Art. 2 º Para os efeitos deste Decreto entende-se por: instrumento de planejamento das ações de recomposição conten-
I - Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SICAR - sistema ele- do metodologias, cronograma e insumos; e
trônico de âmbito nacional destinado ao gerenciamento de infor- XVIII - Cota de Reserva Ambiental - CRA - título nominativo re-
mações ambientais dos imóveis rurais; presentativo de área com vegetação nativa existente ou em proces-
II - Cadastro Ambiental Rural - CAR - registro eletrônico de so de recuperação conforme o disposto no art. 44 da Lei nº 12.651,
abrangência nacional junto ao órgão ambiental competente, no de 2012 .
âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente –
SINIMA, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade CAPÍTULO II
de integrar as informações ambientais das propriedades e posses DO SISTEMA DE CADASTRO AMBIENTAL RURAL E DO
rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, CADASTRO AMBIENTAL RURAL
planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamen-
to; SEÇÃO I
III - termo de compromisso - documento formal de adesão ao DO SISTEMA DE CADASTRO AMBIENTAL RURAL - SICAR
Programa de Regularização Ambiental - PRA, que contenha, no mí-
nimo, os compromissos de manter, recuperar ou recompor as áreas Art. 3 º Fica criado o Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SI-
de preservação permanente, de reserva legal e de uso restrito do CAR, com os seguintes objetivos:
imóvel rural, ou ainda de compensar áreas de reserva legal; I - receber, gerenciar e integrar os dados do CAR de todos os
IV - área de remanescente de vegetação nativa - área com ve- entes federativos;
getação nativa em estágio primário ou secundário avançado de re- II - cadastrar e controlar as informações dos imóveis rurais, re-
generação; ferentes a seu perímetro e lo calização, aos remanescentes de ve-
V - área degradada - área que se encontra alterada em função getação nativa, às áreas de interesse social, às áreas de utilidade
de impacto antrópico, sem capacidade de regeneração natural; pública, às Áreas de Preservação Permanente, às Áreas de Uso Res-
VI - área alterada - área que após o impacto ainda mantém ca- trito, às áreas consolidadas e às Reservas Legais;
pacidade de regeneração natural; III - monitorar a manutenção, a recompo sição, a regeneração,
VII - área abandonada - espaço de produção convertido para o a compensação e a supressão da vegetação nativa e da cobertura
uso alternativo do solo sem nenhuma exploração produtiva há pelo vegetal nas áreas de Preservação Permanente, de Uso Restrito, e de
menos trinta e seis meses e não formalmente caracterizado como Reserva Legal, no interior dos imóveis rurais;
área de pousio; IV - promover o planejamento ambiental e econômico do us o
VIII - recomposição - restituição de ecossistema ou de comuni- do solo e conservação ambiental no território nacional; e
dade biológica nativa degradada ou alterada a condição não degra- V - disponibilizar informações de natureza pública sobre a re-
dada, que pode ser diferente de sua condição original; gularização ambiental dos imóveis rurais em território nacional, na
Internet.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 1 º Os órgãos integrantes do SINIMA disponibilizarão e m § 2º Enquanto não houver manifestação do órgão competente
sítio eletrônico localizado na Internet a interface de programa de acerca de pendências ou inconsistências nas informações declara-
cadastramento integrada ao SICAR destinado à inscrição, consulta e das e nos documentos apresentados para a inscrição no CAR, será
acompanhamento da situação da regularização ambiental dos imó- considerada efetivada a inscrição do imóvel rural no CAR, para to-
veis rurais. dos os fins previstos em lei.
§ 2 º Os entes federativos que não disponham de sistema para § 3º O órgão ambiental competente poderá realizar vistorias de
o cadastramento de imóveis rurais poderão utilizar o módulo de campo sempre que julgar necessário para verificação das informa-
cadastro ambiental rural, disponível no SICAR, por meio de instru- ções declaradas e acompanhamento dos compromissos assumidos.
mento de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente. § 4º Os documentos comprobatórios das informações declara-
§ 3 º Os órgãos competentes poderão desenvolver módulos das poderão ser solicitados, a qualquer tempo, pelo órgão compe-
complementares para atender a peculiaridades locais, desde que tente, e poderão ser fornecidos por meio digital.
sejam compatíveis com o SICAR e observem os Padrões de Intero- Art. 8º Para o registro no CAR dos imóveis rurais referidos no
perabilidade de Governo Eletrônico - e-PING, em linguagem e me- inciso V do caput do art. 3º , da Lei nº 12.651, de 2012, será ob-
canismos de gestão de dados. servado procedimento simplificado, nos termos de ato do Minis-
§ 4 º O Ministério do Meio Ambiente dis ponibilizará imagens tro de Estado do Meio Ambiente, no qual será obrigatória apenas
destinadas ao mapeamento das propriedades e posses rurais para a identificação do proprietário ou possuidor rural, a comprovação
compor a base de dados do sistema de informações geográficas do da propriedade ou posse e a apresentação de croqui que indique
SICAR, com vistas à implantação do CAR. o perímetro do imóvel, as Áreas de Preservação Permanente e os
Art. 4 º Os entes federativos que já disponham de sistema para remanescentes que formam a Reserva Legal.
o ca dastramento de imóveis rurais deverão integrar sua base de § 1º Caberá ao proprietário ou possuidor apresentar os dados
dados ao SICAR, nos termos do inciso VIII do caput do art. 8º e do com a identificação da área proposta de Reserva Legal.
inciso VIII do caput do art. 9º da Lei Complementar nº 140, de 8 de § 2º Caberá aos órgãos competentes integrantes do SISNAMA,
dezembro de 2011 . ou instituição por ele habilitada, realizar a captação das respectivas
coordenadas geográficas, devendo o poder público prestar apoio
SEÇÃO II técnico e jurídico, assegurada a gratuidade de que trata o parágrafo
DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL único do art. 53 da Lei nº 12.651, de 2012, sendo facultado ao pro-
prietário ou possuidor fazê-lo por seus próprios meios.
Art. 5 º O Cadastro Ambiental Rural - CAR deverá contemplar os § 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao proprietário ou possei-
dados do proprietário, possuidor rural ou responsável direto pelo ro rural com até quatro módulos fiscais que desenvolvam atividades
imóvel rural, a respectiva planta georreferenciada do perímetro do agrossilvipastoris, e aos povos e comunidades indígenas e tradicio-
imóvel, das áreas de interesse social e das áreas de utilida de pú- nais que façam uso coletivo do seu território.
blica, com a informação da localização dos remanescentes de vege-
tação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de CAPÍTULO III
Uso Restrito, das áreas consolidadas e da localização das Reservas DO PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL - PRA
Legais.
Art. 6º A inscrição no CAR, obrigatória para todas as proprie- Art. 9º Serão instituídos, no âmbito da União, dos Estados e
dades e posses rurais, tem natureza declaratória e permanente, e do Distrito Federal, Programas de Regularização Ambiental - PRAs,
conterá informações sobre o imóvel rural, conforme o disposto no que compreenderão o conjunto de ações ou iniciativas a serem de-
art. 21. senvolvidas por proprietários e posseiros rurais com o objetivo de
§ 1 º As informações são de responsabilidade do declarante, adequar e promover a regularização ambiental com vistas ao cum-
que incorrerá em sanções penais e administrativas, sem prejuízo de primento do disposto no Capítulo XIII da Lei no 12.651, de 2012.
outras previstas na legislação, quando total ou parcialmente falsas, Parágrafo único. São instrumentos do Programa de Regulariza-
enganosas ou omissas. ção Ambiental:
§ 2 º A inscrição no CAR deverá ser requerida no prazo de 1 I - o Cadastro Ambiental Rural - CAR, conforme disposto no
(um) ano contado da sua implantação, preferencialmente junto ao caput do art. 5º ;
órgão ambien tal municipal ou estadual competente do Sistema Na- II - o termo de compromisso;
cional do Meio Ambiente - SISNAMA. III - o Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Altera-
§ 3 º As informações serão atualizadas periodicamente ou sem- das; e,
pre que houver alteração de natureza dominial ou possessória. IV - as Cotas de Reserva Ambiental - CRA, quando couber.
§ 4º A atualização ou alteração dos dados ins eridos no CAR Art. 10. Os Programas de Regularização Ambiental - PRAs deve-
só poderão ser efetuadas pelo proprietário ou possuidor rural ou rão ser implantados no prazo de um ano, contado da data da publi-
representante legalmente constituído. cação da Lei nº 12.651, de 2012, prorrogável por uma única vez, por
Art. 7 º Caso detectadas pendências ou inconsistências nas in- igual período, por ato do Chefe do Poder Executivo.
formações declaradas e nos documentos apresentados no CAR, o Art. 11. A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obriga-
órgão responsável deverá notificar o requerente, de uma única vez, tória para a adesão ao PRA, a que deverá ser requerida pelo inte-
para que preste informações complementares ou promova a corre- ressado no prazo de um ano, contado a partir da sua implantação,
ção e adequação das informações prestadas. prorrogável por uma única vez, por igual período, por ato do Chefe
§ 1º Na hipótese do caput, o requerente deverá fazer as altera- do Poder Executivo.
ções no prazo estabelecido pelo órgão ambiental competente, sob Art. 12. No período entre a publicação da Lei nº 12.651, de
pena de cancelamento da sua inscrição no CAR. 2012, e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal,
e após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo
cumprido o termo de compromisso, o proprietário ou possuidor

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
não poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de IV - plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de
julho de 2008, relativas à supressão irregular de vegetação em Áre- ciclo longo, exóticas com nativas de ocorrência regional, em até cin-
as de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. quenta por cento da área total a ser recomposta, no caso dos imó-
Art. 13. A partir da assinatura do termo de compromisso, serão veis a que se refere o inciso V do caput do art. 3º da Lei nº 12.651,
suspensas as sanções decorrentes das infrações mencionadas no de 2012.
art. 12, e cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no ter- § 1º Para os imóveis rurais com área de até um módulo fiscal
mo de compromisso para a regularização ambiental das exigências que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Perma-
previstas na Lei nº 12.651, de 2012, nos prazos e condições neles nente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recom-
estabelecidos. posição das respectivas faixas marginais em cinco metros, contados
Parágrafo único. As multas decorrentes das infrações referidas da borda da calha do leito regular, independentemente da largura
no caput serão consideradas como convertidas em serviços de pre- do curso d´água.
servação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, § 2º Para os imóveis rurais com área superior a um módulo
regularizando o uso de áreas rurais consolidadas conforme definido fiscal e de até dois módulos fiscais que possuam áreas consolidadas
no PRA. em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água
Art. 14. O proprietário ou possuidor rural inscrito no CAR que naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas
for autuado pelas infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, marginais em oito metros, contados da borda da calha do leito re-
durante o prazo de que trata o art. 11, poderá promover a regula- gular, independentemente da largura do curso d´água.
rização da situação por meio da adesão ao PRA, aplicando-se-lhe o § 3º Para os imóveis rurais com área superior a dois módulos
disposto no art. 13. fiscais e de até quatro módulos fiscais que possuam áreas conso-
Art. 15. Os PRAs a serem instituídos pela União, Estados e Dis- lidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos
trito Federal deverão incluir mecanismo que permita o acompanha- d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas
mento de sua implementação, considerando os objetivos e metas faixas marginais em quinze metros, contados da borda da calha do
nacionais para florestas, especialmente a implementação dos ins- leito regular, independentemente da largura do curso d’água.
trumentos previstos na Lei nº 12.651, de 2012, a adesão cadastral § 4º Para fins do que dispõe o inciso II do § 4º do art. 61-A da
dos proprietários e possuidores de imóvel rural, a evolução da re- Lei nº 12.651, de 2012, a recomposição das faixas marginais ao lon-
gularização das propriedades e posses rurais, o grau de regularida- go dos cursos d’água naturais será de, no mínimo:
de do uso de matéria-prima florestal e o controle e prevenção de I - vinte metros, contados da borda da calha do leito regular,
incêndios florestais. para imóveis com área superior a quatro e de até dez módulos fis-
Art. 16. As atividades contidas nos Projetos de Recomposição cais, nos cursos d’água com até dez metros de largura; e
de Áreas Degradadas e Alteradas deverão ser concluídas de acordo II - nos demais casos, extensão correspondente à metade da
com o cronograma previsto no Termo de Compromisso. largura do curso d’água, observado o mínimo de trinta e o máximo
§ 1º A recomposição da Reserva Legal de que trata o art. 66 da de cem metros, contados da borda da calha do leito regular.
Lei nº 12.651, de 2012, deverá atender os critérios estipulados pelo § 5º Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Pre-
órgão competente do SISNAMA e ser concluída em até vinte anos, servação Permanente no entorno de nascentes e olhos d’água pe-
abrangendo, a cada dois anos, no mínimo um décimo da área total renes, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris,
necessária à sua complementação. de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposi-
§ 2 º É facultado ao proprietário ou possuidor de imóvel rural, ção do raio mínimo de quinze metros.
o uso alternativo do solo da área necessária à recomposição ou re- § 6º Para os imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em
generação da Reserva Legal, resguardada a área da parcela mínima Áreas de Preservação Permanente no entorno de lagos e lagoas na-
definida no Termo de Compromisso que já tenha sido ou que esteja turais, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris,
sendo recomposta ou regenerada, devendo adotar boas práticas de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposi-
agronômicas com vistas à conservação do solo e água. ção de faixa marginal com largura mínima de:
Art. 17. Os PRAs deverão prever as sanções a serem aplicadas I - cinco metros, para imóveis rurais com área de até um mó-
pelo não cumprimento dos Termos de Compromisso firmados nos dulo fiscal;
termos deste Decreto. II - oito metros, para imóveis rurais com área superior a um
Art. 1 8. A recomposição das áreas de reserva legal poderá ser módulo fiscal e de até dois módulos fiscais;
realizada mediante o plantio intercalado de espécies nativas e exóti- III - quinze metros, para imóveis rurais com área superior a dois
cas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: módulos fiscais e de até quatro módulos fiscais; e
I - o plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as IV - trinta metros, para imóveis rurais com área superior a qua-
espécies nativas de ocorrência regional; e tro módulos fiscais.
II - a área recomposta com espécies exóticas não poderá exce- § 7º Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será
der a cinquenta por cento da área total a ser recuperada. obrigatória a recomposição das faixas marginais, em projeção ho-
Parágrafo único. O proprietário ou possuidor de imóvel rural rizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, de
que optar por recompor a reserva legal com utilização do plantio largura mínima de:
intercalado de espécies exóticas terá direito a sua exploração eco- I - trinta metros, para imóveis rurais com área de até quatro
nômica. módulos fiscais; e
Art. 19. A recomposição das Áreas de Preservação Permanente II - cinquenta metros, para imóveis rurais com área superior a
poderá ser feita, isolada ou conjuntamente, pelos seguintes méto- quatro módulos fiscais.
dos: § 8º Será considerada, para os fins do disposto neste artigo, a
I - condução de regeneração natural de espécies nativas; área detida pelo imóvel rural em 22 de julho de 2008.
II - plantio de espécies nativas;
III- plantio de espécies nativas conjugado com a condução da
regeneração natural de espécies nativas; e

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO IV III - multa diária;
DISPOSIÇÕES FINAIS IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna
e flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração, instru-
Art. 20. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que mentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer nature-
firmaram o Termo de Adesão e Compromisso que trata o inciso I do za utilizados na infração; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de
caput do art. 3º do Decreto nº 7.029, de 10 de dezembro de 2009, 2008).
até a data de publicação deste Decreto, não serão autuados com V - destruição ou inutilização do produto;
base nos arts. 43, 48, 51 e 55 do Decreto nº 6.514, de 22 de julho VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
de 2008. VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
Art. 21. Ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente estabele- VIII - demolição de obra;
cerá a data a partir da qual o CAR será considerado implantado para IX - suspensão parcial ou total das atividades; e
os fins do disposto neste Decreto e detalhará as informações e os X - restritiva de direitos.
documentos necessários à inscrição no CAR, ouvidos os Ministros § 1o Os valores estabelecidos na Seção III deste Capítulo, quan-
de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvol- do não disposto de forma diferente, referem-se à multa simples e
vimento Agrário. não impedem a aplicação cumulativa das demais sanções previstas
Art. 22. Este Decreto e ntra em vigor na data de sua publicação. neste Decreto.
Art. 23. Fica revogado o Decreto nº 7.029, de 10 de dezembro § 2o A caracterização de negligência ou dolo será exigível nas
de 2009 . hipóteses previstas nos incisos I e II do § 3o do art. 72 da Lei no
9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Brasília, 17 de outubro de 2012; 191º da Independência e 124º Art. 4o O agente autuante, ao lavrar o auto de infração, indica-
da República. rá as sanções estabelecidas neste Decreto, observando: (Redação
dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
I - gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e
DECRETO Nº 6.514, DE 22 DE JULHO DE 2008, E suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;
ALTERAÇÕES - DISPÕE SOBRE AS INFRAÇÕES E II - antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legis-
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS AO MEIO AMBIENTE, lação de interesse ambiental; e
ESTABELECE O PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL III - situação econômica do infrator.
PARA APURAÇÃO DESTAS INFRAÇÕES, E DÁ OUTRAS § 1o Para a aplicação do disposto no inciso I, o órgão ou entida-
PROVIDÊNCIAS de ambiental estabelecerá de forma objetiva critérios complemen-
tares para o agravamento e atenuação das sanções administrativas.
(Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
DECRETO Nº 6.514, DE 22 DE JULHO DE 2008. § 2o As sanções aplicadas pelo agente autuante estarão sujei-
tas à confirmação pela autoridade julgadora. (Incluído pelo Decreto
Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio nº 6.686, de 2008).
ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apu-
ração destas infrações, e dá outras providências. SUBSEÇÃO I
DA ADVERTÊNCIA
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe
confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo Art. 5o A sanção de advertência poderá ser aplicada, mediante
em vista o disposto no Capítulo VI da Lei no 9.605, de 12 de feverei- a lavratura de auto de infração, para as infrações administrativas de
ro de 1998, e nas Leis nos 9.784, de 29 de janeiro de 1999, 8.005, de menor lesividade ao meio ambiente, garantidos a ampla defesa e o
22 de março de 1990, 9.873, de 23 de novembro de 1999, e 6.938, contraditório.
de 31 de agosto de 1981, § 1º Consideram-se infrações administrativas de menor lesivi-
DECRETA: dade ao meio ambiente aquelas em que a multa consolidada não
ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) ou, na hipótese de mul-
CAPÍTULO I ta por unidade de medida, não exceda o valor referido. (Redação
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS AO MEIO dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
AMBIENTE § 2o Sem prejuízo do disposto no caput, caso o agente autuan-
te constate a existência de irregularidades a serem sanadas, lavrará
SEÇÃO I o auto de infração com a indicação da respectiva sanção de adver-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS tência, ocasião em que estabelecerá prazo para que o infrator sane
tais irregularidades.
Art. 1o Este Capítulo dispõe sobre as condutas infracionais ao § 3o Sanadas as irregularidades no prazo concedido, o agente
meio ambiente e suas respectivas sanções administrativas. autuante certificará o ocorrido nos autos e dará seguimento ao pro-
Art. 2o Considera-se infração administrativa ambiental, toda cesso estabelecido no Capítulo II.
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo- § 4o Caso o autuado, por negligência ou dolo, deixe de sanar as
ção, proteção e recuperação do meio ambiente, conforme o dispos- irregularidades, o agente autuante certificará o ocorrido e aplicará a
to na Seção III deste Capítulo. sanção de multa relativa à infração praticada, independentemente
Parágrafo único. O elenco constante da Seção III deste Capítulo da advertência.
não exclui a previsão de outras infrações previstas na legislação. Art. 6o A sanção de advertência não excluirá a aplicação de ou-
Art. 3o As infrações administrativas são punidas com as seguin- tras sanções.
tes sanções: Art. 7o Fica vedada a aplicação de nova sanção de advertência
I - advertência; no período de três anos contados do julgamento da defesa da últi-
II - multa simples; ma advertência ou de outra penalidade aplicada.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SUBSEÇÃO II § 1º O agravamento será apurado no procedimento da nova
DAS MULTAS infração, do qual se fará constar certidão com as informações sobre
o auto de infração anterior e o julgamento definitivo que o confir-
Art. 8o A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, mou. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
quilograma, metro de carvão-mdc, estéreo, metro quadrado, dúzia, § 2º Constatada a existência de decisão condenatória irrecorrí-
estipe, cento, milheiros ou outra medida pertinente, de acordo com vel por infração anterior, o autuado será notificado para se manifes-
o objeto jurídico lesado. tar, no prazo de dez dias, sobre a possibilidade de agravamento da
Parágrafo único. O órgão ou entidade ambiental poderá espe- penalidade. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
cificar a unidade de medida aplicável para cada espécie de recurso § 3º Caracterizada a reincidência, a autoridade competente
ambiental objeto da infração. agravará a penalidade, na forma do disposto nos incisos I e II do
Art. 9o O valor da multa de que trata este Decreto será corrigi- caput. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
do, periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legisla- § 4º O agravamento da penalidade por reincidência não poderá
ção pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o ser aplicado após o julgamento de que trata o art. 124. (Redação
máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
§ 1º Decorrido o prazo estabelecido no caput do art. 113, as § 5º A adesão a uma das soluções legais previstas na alínea
multas estarão sujeitas à atualização monetária até o seu efetivo “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A não eximirá a contabilização da
pagamento, sem prejuízo da aplicação de juros de mora e demais infração cometida para fins de aplicação do disposto neste artigo.
encargos, conforme previsto em lei. (Incluído pelo Decreto nº (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
11.080, de 2022) Art. 12. O pagamento de multa por infração ambiental imposta
§ 2º O valor da multa ambiental consolidada não poderá exce- pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a
der o limite previsto no caput, ressalvado o disposto no § 1º. (Inclu- aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decor-
ído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) rência do mesmo fato, respeitados os limites estabelecidos neste
Art. 10. A multa diária será aplicada sempre que o cometimen- Decreto.
to da infração se prolongar no tempo. Parágrafo único. Somente o efetivo pagamento da multa será
§ 1o Constatada a situação prevista no caput, o agente autuan- considerado para efeito da substituição de que trata o caput, não
te lavrará auto de infração, indicando, além dos requisitos constan- sendo admitida para esta finalidade a celebração de termo de com-
tes do art. 97, o valor da multa-dia. promisso de ajustamento de conduta ou outra forma de compro-
§ 2o O valor da multa-dia deverá ser fixado de acordo com os misso de regularização da infração ou composição de dano, salvo se
critérios estabelecidos neste Decreto, não podendo ser inferior ao deste também participar o órgão ambiental federal. (Redação dada
mínimo estabelecido no art. 9o nem superior a dez por cento do pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
valor da multa simples máxima cominada para a infração. Art. 13. Reverterão ao Fundo Nacional do Meio Ambiente -
§ 3o Lavrado o auto de infração, será aberto prazo de defesa FNMA vinte por cento dos valores arrecadados em pagamento de
nos termos estabelecidos no Capítulo II deste Decreto. multas aplicadas pela União, podendo o referido percentual ser
§ 4o A multa diária deixará de ser aplicada a partir da data em alterado, a critério dos órgãos arrecadadores. (Redação dada pelo
que o autuado apresentar ao órgão ambiental documentos que Decreto nº 6.686, de 2008).
comprovem a regularização da situação que deu causa à lavratu- Parágrafo único. A destinação dos valores excedentes ao per-
ra do auto de infração. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de centual estabelecido no caput a fundos administrados por outros
2008). entes federativos dependerá da celebração de instrumento espe-
§ 5o Caso o agente autuante ou a autoridade competente veri- cífico entre o órgão arrecadador e o gestor do fundo, observado o
fique que a situação que deu causa à lavratura do auto de infração disposto no art. 73 da Lei nº 9.605, de 1998. (Incluído pelo Decreto
não foi regularizada, a multa diária voltará a ser imposta desde a nº 11.080, de 2022)
data em que deixou de ser aplicada, sendo notificado o autuado,
sem prejuízo da adoção de outras sanções previstas neste Decreto. SUBSEÇÃO III
(Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). DAS DEMAIS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
§ 6o Por ocasião do julgamento do auto de infração, a autori-
dade ambiental deverá, em caso de procedência da autuação, con- Art. 14. A sanção de apreensão de animais, produtos e subpro-
firmar ou modificar o valor da multa-dia, decidir o período de sua dutos da fauna e flora, produtos e subprodutos objeto da infração,
aplicação e consolidar o montante devido pelo autuado para pos- instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos e embarcações
terior execução. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). de qualquer natureza utilizados na infração reger-se-á pelo disposto
§ 7o O valor da multa será consolidado e executado periodi- nas Seções II, IV e VI do Capítulo II deste Decreto. (Redação dada
camente após o julgamento final, nos casos em que a infração não pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
tenha cessado. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). Art. 15. As sanções indicadas nos incisos V a IX do art. 3o se-
§ 8o A celebração de termo de compromisso de reparação ou rão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabe-
cessação dos danos encerrará a contagem da multa diária. (Incluído lecimento não estiverem obedecendo às determinações legais ou
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). regulamentares.
Art. 11. O cometimento de nova infração ambiental pelo mes- Art. 15-A. O embargo de obra ou atividade restringe-se aos lo-
mo infrator, no período de cinco anos, contado da data em que a cais onde efetivamente caracterizou-se a infração ambiental, não
decisão administrativa que o tenha condenado por infração ante- alcançando as demais atividades realizadas em áreas não embarga-
rior tenha se tornado definitiva, implicará: (Redação dada pelo De- das da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a infra-
creto nº 11.080, de 2022) ção. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
I - aplicação da multa em triplo, no caso de cometimento da Art. 15-B. A cessação das penalidades de suspensão e embargo
mesma infração; ou dependerá de decisão da autoridade ambiental após a apresenta-
II - aplicação da multa em dobro, no caso de cometimento de ção, por parte do autuado, de documentação que regularize a obra
infração distinta. ou atividade. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 16. No caso de áreas irregularmente desmatadas ou quei- Art. 20. As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas
madas, o agente autuante embargará quaisquer obras ou ativida- físicas ou jurídicas são:
des nelas localizadas ou desenvolvidas, excetuando as atividades de I - suspensão de registro, licença ou autorização; (Redação
subsistência. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 1o O agente autuante deverá colher todas as provas possí- II - cancelamento de registro, licença ou autorização; (Redação
veis de autoria e materialidade, bem como da extensão do dano, dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
apoiando-se em documentos, fotos e dados de localização, incluin- III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
do as coordenadas geográficas da área embargada, que deverão IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financia-
constar do respectivo auto de infração para posterior georreferen- mento em estabelecimentos oficiais de crédito; e
ciamento. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008). V - proibição de contratar com a administração pública;
§ 2o Não se aplicará a penalidade de embargo de obra ou ativi- § 1º A autoridade julgadora fixará o período de vigência das
dade, ou de área, nos casos em que a infração de que trata o caput sanções previstas no caput, observados os seguintes prazos: (Reda-
se der fora da área de preservação permanente ou reserva legal, ção dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
salvo quando se tratar de desmatamento não autorizado de mata I - até três anos para a sanção prevista no inciso V; (Incluído
nativa. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008). pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Art. 17. O embargo de área irregularmente explorada e objeto II - até um ano para as demais sanções. (Incluído pelo Decreto
do Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS não exonera seu nº 6.686, de 2008).
detentor da execução de atividades de manutenção ou recupera- § 2o Em qualquer caso, a extinção da sanção fica condicionada
ção da floresta, na forma e prazos fixados no PMFS e no termo de à regularização da conduta que deu origem ao auto de infração.
responsabilidade de manutenção da floresta. (Redação dada pelo (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Decreto nº 6.686, de 2008).
Art. 18. O descumprimento total ou parcial de embargo, sem SEÇÃO II
prejuízo do disposto no art. 79, ensejará a aplicação cumulativa das DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS
seguintes sanções:
I - suspensão da atividade que originou a infração e da venda Art. 21. Prescreve em cinco anos a ação da administração obje-
de produtos ou subprodutos criados ou produzidos na área ou local tivando apurar a prática de infrações contra o meio ambiente, con-
objeto do embargo infringido; e tada da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente
II - cancelamento de registros, licenças ou autorizações de fun- ou continuada, do dia em que esta tiver cessado.
cionamento da atividade econômica junto aos órgãos ambientais § 1o Considera-se iniciada a ação de apuração de infração am-
e de fiscalização. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). biental pela administração com a lavratura do auto de infração.
§ 1o O órgão ou entidade ambiental promoverá a divulgação § 2o Incide a prescrição no procedimento de apuração do
dos dados do imóvel rural, da área ou local embargado e do respec- auto de infração paralisado por mais de três anos, pendente de
tivo titular em lista oficial, resguardados os dados protegidos por julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício
legislação específica para efeitos do disposto no inciso III do art. 4º ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da
da Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003, especificando o exato local apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação.
da área embargada e informando que o auto de infração encontra- (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
-se julgado ou pendente de julgamento. (Incluído pelo Decreto nº § 3o Quando o fato objeto da infração também constituir cri-
6.686, de 2008). me, a prescrição de que trata o caput reger-se-á pelo prazo previsto
§ 2o A pedido do interessado, o órgão ambiental autuante emi- na lei penal.
tirá certidão em que conste a atividade, a obra e a parte da área § 4o A prescrição da pretensão punitiva da administração não
do imóvel que são objetos do embargo, conforme o caso. (Incluído elide a obrigação de reparar o dano ambiental. (Incluído pelo De-
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). creto nº 6.686, de 2008).
Art. 19. A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada Art. 22. Interrompe-se a prescrição:
pela autoridade ambiental, após o contraditório e ampla defesa, I - pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação
quando: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). do infrator por qualquer outro meio, inclusive por edital;
I - verificada a construção de obra em área ambientalmente II - por qualquer ato inequívoco da administração que importe
protegida em desacordo com a legislação ambiental; ou apuração do fato; e
II - quando a obra ou construção realizada não atenda às con- III - pela decisão condenatória recorrível.
dicionantes da legislação ambiental e não seja passível de regula- Parágrafo único. Considera-se ato inequívoco da administra-
rização. ção, para o efeito do que dispõe o inciso II, aqueles que impliquem
§ 1o A demolição poderá ser feita pela administração ou pelo instrução do processo.
infrator, em prazo assinalado, após o julgamento do auto de infra- Art. 23. O disposto neste Capítulo não se aplica aos procedi-
ção, sem prejuízo do disposto no art. 112. mentos relativos a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental de que
§ 2o As despesas para a realização da demolição correrão às trata o art. 17-B da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
custas do infrator, que será notificado para realizá-la ou para re-
embolsar aos cofres públicos os gastos que tenham sido efetuados
pela administração.
§ 3o Não será aplicada a penalidade de demolição quando, me-
diante laudo técnico, for comprovado que o desfazimento poderá
trazer piores impactos ambientais que sua manutenção, caso em
que a autoridade ambiental, mediante decisão fundamentada, de-
verá, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, impor as medidas
necessárias à cessação e mitigação do dano ambiental, observada a
legislação em vigor. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

154
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO III ação, ocorrendo a contagem individual, a multa final restar despro-
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS COMETIDAS CONTRA O porcional em relação à gravidade da infração e a capacidade econô-
MEIO AMBIENTE mica do infrator. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Art. 25. Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico,
SUBSEÇÃO I no País ou fora de sua área de distribuição natural, sem parecer
DAS INFRAÇÕES CONTRA A FAUNA técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade ambien-
tal competente, quando exigível: (Redação dada pelo Decreto nº
Art. 24. Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espéci- 6.686, de 2008).
mes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exem-
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou plar excedente de:
em desacordo com a obtida: I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não
Multa de: constante em listas oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de
I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por indivíduo de espécie não extinção;
constante de listas oficiais de risco ou ameaça de extinção; II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie cons-
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie cons- tante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção,
tante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
inclusive da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da § 1o Entende-se por introdução de espécime animal no País,
Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES. (Redação além do ato de ingresso nas fronteiras nacionais, a guarda e manu-
dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). tenção continuada a qualquer tempo.
§ 1o As multas serão aplicadas em dobro se a infração for prati- § 2o Incorre nas mesmas penas quem reintroduz na natureza
cada com finalidade de obter vantagem pecuniária. espécime da fauna silvestre sem parecer técnico oficial favorável e
§ 2o Na impossibilidade de aplicação do critério de unidade por licença expedida pela autoridade ambiental competente, quando
espécime para a fixação da multa, aplicar-se-á o valor de R$ 500,00 exigível. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
(quinhentos reais) por quilograma ou fração. Art. 26. Exportar peles e couros de anfíbios e répteis em bruto,
§ 3o Incorre nas mesmas multas: sem autorização da autoridade competente:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autoriza- Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo de:
ção ou em desacordo com a obtida; I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade não constante em
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadou- listas oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de extinção; ou
ro natural; ou II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade constante de lis-
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da
tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem Parágrafo único. Caso a quantidade ou espécie constatada no
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros ato fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela au-
não autorizados, sem a devida permissão, licença ou autorização da toridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a
autoridade ambiental competente ou em desacordo com a obtida. autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.
§ 4o No caso de guarda doméstica de espécime silvestre não Art. 27. Praticar caça profissional no País:
considerada ameaçada de extinção, pode a autoridade competen- Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com acréscimo de:
te, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a multa, em I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por indivíduo capturado; ou
analogia ao disposto no § 2o do art. 29 da Lei no 9.605, de 1998. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 5o No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autori- II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por indivíduo de espécie cons-
dade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste De- tante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção,
creto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao inclusive da CITES. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
órgão ambiental competente. Art. 28. Comercializar produtos, instrumentos e objetos que
§ 6o Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscali- impliquem a caça, perseguição, destruição ou apanha de espécimes
zatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade da fauna silvestre:
ambiental competente, o agente autuante promoverá a autuação Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), com acréscimo de R$ 200,00
considerando a totalidade do objeto da fiscalização. (duzentos reais), por unidade excedente.
§ 7o São espécimes da fauna silvestre, para os efeitos deste Art. 29. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar ani-
Decreto, todos os organismos incluídos no reino animal, pertencen- mais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
tes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras não exóticas, Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil
aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo ori- reais) por indivíduo.
ginal de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro Art. 30. Molestar de forma intencional qualquer espécie de ce-
ou em águas jurisdicionais brasileiras. (Redação dada pelo Decreto táceo, pinípede ou sirênio em águas jurisdicionais brasileiras:
nº 6.686, de 2008). Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).
§ 8o A coleta de material destinado a fins científicos somente é Art. 31. Deixar, o jardim zoológico e os criadouros autorizados,
considerada infração, nos termos deste artigo, quando se caracte- de ter o livro de registro do acervo faunístico ou mantê-lo de forma
rizar, pelo seu resultado, como danosa ao meio ambiente. (Incluído irregular:
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). Multa de R$ 500,00 a R$ 5.000,00 (mil reais).
§ 9o A autoridade julgadora poderá, considerando a natureza Parágrafo único. Incorre na mesma multa quem deixa de man-
dos animais, em razão de seu pequeno porte, aplicar multa de R$ ter registro de acervo faunístico e movimentação de plantel em sis-
500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) quando temas informatizados de controle de fauna ou fornece dados incon-
a contagem individual for de difícil execução ou quando, nesta situ- sistentes ou fraudados.
Art. 32. Deixar, o comerciante, de apresentar declaração de es-
toque e valores oriundos de comércio de animais silvestres:

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil § 1o Incorre na mesma multa quem introduzir espécies nativas
reais). ou exóticas em águas jurisdicionais brasileiras, sem autorização do
Art. 33. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal órgão competente, ou em desacordo com a obtida.
silvestre mantido irregularmente em cativeiro ou em situação de § 2o A multa de que trata o caput será aplicada em dobro se
abuso ou maus-tratos: houver dano ou destruição de recife de coral.
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (qui- Art. 39. Explorar campos naturais de invertebrados aquáticos e
nhentos mil reais). algas, bem como recifes de coral sem autorização do órgão ambien-
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica ao uso de tal competente ou em desacordo com a obtida:
imagem para fins jornalísticos, informativos, acadêmicos, de pes- Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 50.000,00 (cin-
quisas científicas e educacionais. qüenta mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo
Art. 34. Causar degradação em viveiros, açudes ou estação de ou espécime do produto.
aqüicultura de domínio público: Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (qui- I - utiliza, comercializa ou armazena invertebrados aquáticos,
nhentos mil reais). algas, ou recifes de coral ou subprodutos destes sem autorização do
Art. 35. Pescar em período ou local no qual a pesca seja proi- órgão competente ou em desacordo com a obtida; e
bida: II - fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer nature-
Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem za sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados
mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou em carta náutica.
fração do produto da pescaria, ou por espécime quando se tratar Art. 40. A comercialização do produto da pesca de que trata
de produto de pesca para uso ornamental. esta Subseção agravará a penalidade da respectiva infração quan-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem: do esta incidir sobre espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes sobreexplotação, conforme regulamento do órgão ambiental com-
com tamanhos inferiores aos permitidos; petente, com o acréscimo de:
II - pesca quantidades superiores às permitidas ou mediante a I - R$ 40,00 (quarenta reais) por quilo ou fração do produto da
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permi- pesca de espécie constante das listas oficiais brasileiras de espécies
tidos; ameaçadas de sobreexplotação; ou
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espéci- II - R$ 60,00 (sessenta reais) por quilo ou fração do produto da
mes provenientes da coleta, apanha e pesca proibida; pesca de espécie constante das listas oficiais brasileiras de espécies
IV - transporta, conserva, beneficia, descaracteriza, industriali- sobreexplotadas.
za ou comercializa pescados ou produtos originados da pesca, sem Art. 41. Deixar, os comandantes de embarcações destinadas à
comprovante de origem ou autorização do órgão competente; pesca, de preencher e entregar, ao fim de cada viagem ou semanal-
V - captura, extrai, coleta, transporta, comercializa ou exporta mente, os mapas fornecidos pelo órgão competente:
espécimes de espécies ornamentais oriundos da pesca, sem autori- Multa: R$ 1.000,00 (mil reais).
zação do órgão competente ou em desacordo com a obtida; e Art. 42. Para os efeitos deste Decreto, considera-se pesca todo
VI - deixa de apresentar declaração de estoque. ato tendente a extrair, retirar, coletar, apanhar, apreender ou captu-
Art. 36. Pescar mediante a utilização de explosivos ou substân- rar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos aquáti-
cias que, em contato com a água, produzam efeitos semelhantes, cos e vegetais hidróbios suscetíveis ou não de aproveitamento eco-
ou substâncias tóxicas, ou ainda, por outro meio proibido pela au- nômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes
toridade competente: nas listas oficiais da fauna e da flora.
Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem Parágrafo único. Entende-se por ato tendente à pesca aquele
mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou em que o infrator esteja munido, equipado ou armado com petre-
fração do produto da pescaria. chos de pesca, na área de pesca ou dirigindo-se a ela.
Art. 37. Exercer a pesca sem prévio cadastro, inscrição, autori-
zação, licença, permissão ou registro do órgão competente, ou em SUBSEÇÃO II
desacordo com o obtido: DAS INFRAÇÕES CONTRA A FLORA
Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil
reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de ve-
do produto da pesca, ou por espécime quando se tratar de produto getação natural ou utilizá-las com infringência das normas de prote-
de pesca para ornamentação. ção em área considerada de preservação permanente, sem autori-
Parágrafo único. Caso a quantidade ou espécie constatada no zação do órgão competente, quando exigível, ou em desacordo com
ato fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela au- a obtida: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
toridade ambiental competente, o agente autuante promoverá a Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüen-
autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização. ta mil reais), por hectare ou fração.
Art. 38. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, Art. 44. Cortar árvores em área considerada de preservação
em qualquer estágio de desenvolvimento, bem como introduzir es- permanente ou cuja espécie seja especialmente protegida, sem
pécies nativas, exóticas ou não autóctones em águas jurisdicionais permissão da autoridade competente:
brasileiras, sem autorização ou licença do órgão competente, ou em Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil
desacordo com a obtida: reais) por hectare ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por
Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta árvore, metro cúbico ou fração.
mil reais), com acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fra- Art. 45. Extrair de florestas de domínio público ou áreas de pre-
ção do produto da pescaria, ou por espécime quando se tratar de servação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou
espécies aquáticas, oriundas de produto de pesca para ornamen- qualquer espécie de minerais:
tação. Multa simples de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00
(cinqüenta mil reais) por hectare ou fração.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 46. Transformar madeira oriunda de floresta ou demais § 2o Para os fins dispostos no art. 49 e no caput deste arti-
formas de vegetação nativa em carvão, para fins industriais, ener- go, são consideradas de especial preservação as florestas e demais
géticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, sem formas de vegetação nativa que tenham regime jurídico próprio e
licença ou em desacordo com as determinações legais: especial de conservação ou preservação definido pela legislação.
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro cúbico de Art. 51. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou
carvão-mdc. qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas,
Art. 47. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, em área de reserva legal ou servidão florestal, de domínio público
madeira serrada ou em tora, lenha, carvão ou outros produtos de ou privado, sem autorização prévia do órgão ambiental competente
origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, ou- ou em desacordo com a concedida: (Redação dada pelo Decreto nº
torgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que 6.686, de 2008).
deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.
Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) por unidade, estéreo, qui- Art. 51-A. Executar manejo florestal sem autorização prévia do
lo, mdc ou metro cúbico aferido pelo método geométrico. órgão ambiental competente, sem observar os requisitos técnicos
§ 1o Incorre nas mesmas multas quem vende, expõe à venda, estabelecidos em PMFS ou em desacordo com a autorização conce-
tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão ou dida: (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração. (Incluí-
tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autorida- do pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
de competente ou em desacordo com a obtida. Art. 52. Desmatar, a corte raso, florestas ou demais formações
§ 2o Considera-se licença válida para todo o tempo da viagem nativas, fora da reserva legal, sem autorização da autoridade com-
ou do armazenamento aquela cuja autenticidade seja confirmada petente:
pelos sistemas de controle eletrônico oficiais, inclusive no que diz Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração. (Reda-
respeito à quantidade e espécie autorizada para transporte e arma- ção dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
zenamento. Art. 53. Explorar ou danificar floresta ou qualquer tipo de ve-
§ 3o Nas infrações de transporte, caso a quantidade ou espécie getação nativa ou de espécies nativas plantadas, localizada fora de
constatada no ato fiscalizatório esteja em desacordo com o auto- área de reserva legal averbada, de domínio público ou privado, sem
rizado pela autoridade ambiental competente, o agente autuante aprovação prévia do órgão ambiental competente ou em desacordo
promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fis- com a concedida:
calização. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hectare ou fração, ou
§ 4o Para as demais infrações previstas neste artigo, o agente por unidade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.
autuante promoverá a autuação considerando o volume integral de Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem deixa de cum-
madeira, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal que prir a reposição florestal obrigatória.
não guarde correspondência com aquele autorizado pela autorida- Art. 54. Adquirir, intermediar, transportar ou comercializar pro-
de ambiental competente, em razão da quantidade ou espécie. (In- duto ou subproduto de origem animal ou vegetal produzido sobre
cluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008). área objeto de embargo:
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas Multa de R$ R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilograma ou
ou demais formas de vegetação nativa em unidades de conservação unidade.
ou outras áreas especialmente protegidas, quando couber, área de Parágrafo único. A aplicação do disposto neste artigo depende-
preservação permanente, reserva legal ou demais locais cuja rege- rá de prévia divulgação dos dados do imóvel rural, da área ou local
neração tenha sido indicada pela autoridade ambiental competen- embargado e do respectivo titular de que trata o § 1o do art. 18 e
te: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). estará limitada à área onde efetivamente ocorreu o ilícito. (Redação
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fração. dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
(Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). Art. 54-A. Adquirir, intermediar, transportar ou comercializar
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica para o uso produto ou subproduto de origem animal ou vegetal produzido so-
permitido das áreas de preservação permanente. (Redação dada bre área objeto de desmatamento irregular, localizada no interior
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). de unidade de conservação, após a sua criação: (Incluído pelo De-
Art. 49. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de ve- creto nº 11.080, de 2022)
getação nativa, objeto de especial preservação, não passíveis de Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilograma ou uni-
autorização para exploração ou supressão: (Redação dada pelo De- dade. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
creto nº 6.686, de 2008). Art. 55. Deixar de averbar a reserva legal: (Vide Decreto nº
Multa de R$ 6.000,00 (seis mil reis) por hectare ou fração. 6.686, de 2008) (Vide Decreto nº 7.029, de 2009) (Vide Decreto nº
Parágrafo único. A multa será acrescida de R$ 1.000,00 (mil re- 7.497, de 2011) (Vide Decreto nº 7.640, de 2011) (Vide Decreto nº
ais) por hectare ou fração quando a situação prevista no caput se 7.719, de 2012)
der em detrimento de vegetação primária ou secundária no estágio Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cin-
avançado ou médio de regeneração do bioma Mata Atlântica. qüenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração
Art. 50. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de ve- da área de reserva legal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de
getação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de especial 2008).
preservação, sem autorização ou licença da autoridade ambiental § 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e
competente: oitenta dias, apresente termo de compromisso de regularização da
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração. reserva legal na forma das alternativas previstas na Lei no 4.771, de
§ 1o A multa será acrescida de R$ 500,00 (quinhentos reais) por 15 de setembro de 1965.. (Redação dada pelo Decreto nº 7.029, de
hectare ou fração quando a situação prevista no caput se der em 2009)
detrimento de vegetação secundária no estágio inicial de regenera- § 2o Durante o período previsto no § 1o, a multa diária será
ção do bioma Mata Atlântica. suspensa. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 3o Caso o autuado não apresente o termo de compromisso II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda
previsto no § 1o nos cento e vinte dias assinalados, deverá a auto- que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas ou que pro-
ridade ambiental cobrar a multa diária desde o dia da lavratura do voque, de forma recorrente, significativo desconforto respiratório
auto de infração, na forma estipulada neste Decreto. (Incluído pelo ou olfativo devidamente atestado pelo agente autuante; (Redação
Decreto nº 6.686, de 2008). dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 4o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção
quando o prazo previsto não for cumprido por culpa imputável ex- do abastecimento público de água de uma comunidade;
clusivamente ao órgão ambiental. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo lança-
de 2008). mento de substâncias, efluentes, carreamento de materiais ou uso
§ 5o O proprietário ou possuidor terá prazo de cento e vinte indevido dos recursos naturais;
dias para averbar a localização, compensação ou desoneração da V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óle-
reserva legal, contados da emissão dos documentos por parte do os ou substâncias oleosas em desacordo com as exigências estabe-
órgão ambiental competente ou instituição habilitada. (Incluído lecidas em leis ou atos normativos;
pelo Decreto nº 7.029, de 2009) VI - deixar, aquele que tem obrigação, de dar destinação am-
§ 6º No prazo a que se refere o § 5º, as sanções previstas nes- bientalmente adequada a produtos, subprodutos, embalagens,
te artigo não serão aplicadas. (Incluído pelo Decreto nº 7.029, de resíduos ou substâncias quando assim determinar a lei ou ato nor-
2009) mativo;
Art. 56. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer VII - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade com-
modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos petente, medidas de precaução ou contenção em caso de risco ou
ou em propriedade privada alheia: de dano ambiental grave ou irreversível; e
Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$1.000,00 (mil reais) por VIII - provocar pela emissão de efluentes ou carreamento de
unidade ou metro quadrado. materiais o perecimento de espécimes da biodiversidade.
Art. 57. Comercializar, portar ou utilizar em floresta ou demais IX - lançar resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou em
formas de vegetação, motosserra sem licença ou registro da autori- quaisquer recursos hídricos; (Redação dada pelo Decreto nº 10.936,
dade ambiental competente: de 2022)
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por unidade. X - lançar resíduos sólidos ou rejeitos in natura a céu aberto,
Art. 58. Fazer uso de fogo em áreas agropastoris sem autoriza- excetuados os resíduos de mineração, ou depositá-los em unidades
ção do órgão competente ou em desacordo com a obtida: inadequadas, não licenciadas para a atividade; (Redação dada pelo
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou fração. Decreto nº 10.936, de 2022)
Art. 59. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que pos- XI - queimar resíduos sólidos ou rejeitos a céu aberto ou em
sam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegeta- recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para a ati-
ção, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: vidade; (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022)
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), XII - descumprir obrigação prevista no sistema de logística re-
por unidade. versa implementado nos termos do disposto na Lei nº 12.305, de
Art. 60. As sanções administrativas previstas nesta Subseção 2010, em conformidade com as responsabilidades específicas esta-
serão aumentadas pela metade quando: belecidas para o referido sistema; (Redação dada pelo Decreto nº
I - ressalvados os casos previstos nos arts. 46 e 58, a infração 10.936, de 2022)
for consumada mediante uso de fogo ou provocação de incêndio; e XIII - deixar de segregar resíduos sólidos na forma estabelecida
II - a vegetação destruída, danificada, utilizada ou explorada para a coleta seletiva, quando a referida coleta for instituída pelo
contiver espécies ameaçadas de extinção, constantes de lista oficial. titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos
Art. 60-A. Nas hipóteses previstas nos arts. 50, 51, 52 e 53, em sólidos; (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022)
se tratando de espécies nativas plantadas, a autorização de corte XIV - destinar resíduos sólidos urbanos à recuperação energéti-
poderá ser substituída pelo protocolo do pedido junto ao órgão am- ca em desconformidade com o disposto no § 1º do art. 9º da Lei nº
biental competente, caso em que este será instado pelo agente de 12.305, de 2010, e no seu regulamento; (Redação dada pelo Decre-
fiscalização a fazer as necessárias verificações quanto à real origem to nº 10.936, de 2022)
do material. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008). XV - deixar de atualizar e disponibilizar ao órgão municipal
competente e a outras autoridades informações completas sobre
SUBSEÇÃO III a execução das ações do sistema de logística reversa sobre sua res-
DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À POLUIÇÃO E OUTRAS ponsabilidade (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022)
INFRAÇÕES AMBIENTAIS XVI -  deixar de atualizar e disponibilizar ao órgão municipal
competente, ao órgão licenciador do Sisnama e a outras autori-
Art. 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais dades informações completas sobre a implementação e a opera-
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou cionalização do plano de gerenciamento de resíduos sólidos sob a
que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significa- sua responsabilidade; e (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de
tiva da biodiversidade: 2022)
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cin- XVII - deixar de cumprir as regras sobre registro, gerenciamen-
qüenta milhões de reais). to e informação de que trata o § 2º do art. 39 da Lei nº 12.305, de
Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o 2010. (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022)
caput serão aplicadas após laudo técnico elaborado pelo órgão am- § 1º As multas de que tratam os incisos I a XI do caput serão
biental competente, identificando a dimensão do dano decorrente aplicadas após laudo de constatação. (Redação dada pelo Decreto
da infração e em conformidade com a gradação do impacto. nº 10.936, de 2022)
Art. 62. Incorre nas mesmas multas do art. 61 quem:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocupação
humana;

158
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2º Os consumidores que descumprirem as obrigações pre- II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença
vistas nos sistemas de logística reversa e de coleta seletiva ficarão ambiental.
sujeitos à penalidade de advertência. (Redação dada pelo Decreto Art. 67. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam
nº 10.936, de 2022) causar dano à fauna, à flora ou aos ecossistemas: (Redação dada
§ 3º Na hipótese de reincidência no cometimento da infração pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
prevista no § 2º, poderá ser aplicada a penalidade de multa no valor Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco
de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais). (Reda- milhões de reais).
ção dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022) Art. 68. Conduzir, permitir ou autorizar a condução de veículo
§ 4º A multa a que se refere o § 3º poderá ser convertida em automotor em desacordo com os limites e exigências ambientais
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do previstos na legislação:
meio ambiente. (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022) Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
§ 5º Não estão compreendidas na infração de que trata o inciso Art. 69. Importar ou comercializar veículo automotor sem Li-
IX do caput as atividades de deslocamento de material do leito de cença para Uso da Configuração de Veículos ou Motor - LCVM expe-
corpos d’água por meio de dragagem, devidamente licenciado ou dida pela autoridade competente:
aprovado. (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022) Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000.000,00 (dez mi-
§ 6º As bacias de decantação de resíduos ou rejeitos industriais lhões de reais) e correção de todas as unidades de veículo ou motor
ou de mineração, devidamente licenciadas pelo órgão competen- que sofrerem alterações.
te do Sisnama, não serão consideradas corpos hídricos para fins Art. 70. Importar pneu usado ou reformado em desacordo com
do disposto no inciso IX do caput. (Redação dada pelo Decreto nº a legislação:
10.936, de 2022) Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), por unidade.
Art. 63. Executar pesquisa, lavra ou extração de minerais sem a § 1o Incorre na mesma multa quem comercializa, transporta,
competente autorização, permissão, concessão ou licença da auto- armazena, guarda ou mantém em depósito pneu usado ou reforma-
ridade ambiental competente ou em desacordo com a obtida: do, importado nessas condições.
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 3.000,00 § 2o Ficam isentas do pagamento da multa a que se refere este
(três mil reais), por hectare ou fração. artigo as importações de pneumáticos reformados classificados nas
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem deixa de NCM 4012.1100, 4012.1200, 4012.1300 e 4012.1900, procedentes
recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autoriza- dos Estados Partes do MERCOSUL, ao amparo do Acordo de Com-
ção, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão am- plementação Econômica no 18.
biental competente. Art. 71. Alterar ou promover a conversão de qualquer item em
Art. 64. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, co- veículos ou motores novos ou usados que provoque alterações nos
mercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depó- limites e exigências ambientais previstas na legislação:
sito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saú- Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil
de humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências reais), por veículo, e correção da irregularidade.
estabelecidas em leis ou em seus regulamentos: Art. 71-A. Importar resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000.000,00 (dois como resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio
milhões de reais). ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem abandona os produtos para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou recuperação: (Re-
ou substâncias referidas no caput, descarta de forma irregular ou os dação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022)
utiliza em desacordo com as normas de segurança. Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez
§ 2o Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a milhões de reais). (Redação dada pelo Decreto nº 10.936, de 2022)
multa é aumentada ao quíntuplo.
Art. 65. Deixar, o fabricante de veículos ou motores, de cumprir SUBSEÇÃO IV
os requisitos de garantia ao atendimento dos limites vigentes de DAS INFRAÇÕES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O
emissão de poluentes atmosféricos e de ruído, durante os prazos e PATRIMÔNIO CULTURAL
quilometragens previstos na legislação:
Multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um Art. 72. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
milhão de reais). I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcio- decisão judicial; ou
nar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente po- científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão
luidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais com- judicial:
petentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 500.000,00 (qui-
normas legais e regulamentos pertinentes: (Redação dada pelo De- nhentos mil reais).
creto nº 6.686, de 2008). Art. 73. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão ju-
milhões de reais). dicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, ar-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem: tístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabeleci- monumental, sem autorização da autoridade competente ou em
mento, obra ou serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado desacordo com a concedida:
em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento, ou Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 200.000,00 (duzen-
em áreas de proteção de mananciais legalmente estabelecidas, sem tos mil reais).
anuência do respectivo órgão gestor; e (Redação dada pelo Decreto
nº 6.686, de 2008).

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 74. Promover construção em solo não edificável, ou no seu Parágrafo único. Quando a infração de que trata o caput en-
entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, eco- volver movimentação ou geração de crédito em sistema oficial de
lógico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, controle da origem de produtos florestais, a multa será acrescida de
etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade com- R$ 300,00 (trezentos reais) por unidade, estéreo, quilo, metro de
petente ou em desacordo com a concedida: carvão ou metro cúbico. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem Art. 83. Deixar de cumprir compensação ambiental determina-
mil reais). da por lei, na forma e no prazo exigidos pela autoridade ambiental:
Art.75. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um
alheia ou monumento urbano: milhão de reais).
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil Subseção VI
reais). Das Infrações Cometidas Exclusivamente em Unidades de Con-
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa servação
tombada, a multa é aplicada em dobro. Art. 84. Introduzir em unidade de conservação espécies alóc-
tones:
SUBSEÇÃO V Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS CONTRA A reais).
ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de prote-
ção ambiental, as florestas nacionais, as reservas extrativistas e as
Art. 76. Deixar de inscrever-se no Cadastro Técnico Federal de reservas de desenvolvimento sustentável, bem como os animais
que trata o art.17 da Lei 6.938, de 1981: e plantas necessários à administração e às atividades das demais
Multa de: categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se
I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física; dispuser em regulamento e no plano de manejo da unidade.
II - R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se microempresa; § 2o Nas áreas particulares localizadas em refúgios de vida sil-
III - R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno por- vestre, monumentos naturais e reservas particulares do patrimônio
te; natural podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas
IV - R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo
porte; e com o que dispuser o seu plano de manejo.
V - R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande porte. Art. 85. Violar as limitações administrativas provisórias impos-
Art. 77. Obstar ou dificultar a ação do Poder Público no exercí- tas às atividades efetiva ou potencialmente causadoras de degra-
cio de atividades de fiscalização ambiental: dação ambiental nas áreas delimitadas para realização de estudos
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem com vistas à criação de unidade de conservação:
mil reais). Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00
Art. 78. Obstar ou dificultar a ação do órgão ambiental, ou de (um milhão de reais).
terceiro por ele encarregado, na coleta de dados para a execução Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem explora a
de georreferenciamento de imóveis rurais para fins de fiscalização: corte raso a floresta ou outras formas de vegetação nativa nas áreas
(Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). definidas no caput.
Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (trezentos reais) Art. 86. Realizar pesquisa científica, envolvendo ou não coleta
por hectare do imóvel. de material biológico, em unidade de conservação sem a devida au-
Art. 79. Descumprir embargo de obra ou atividade e suas res- torização, quando esta for exigível:
pectivas áreas: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil
Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um reais).
milhão de reais). § 1o A multa será aplicada em dobro caso as atividades de pes-
Art. 80. Deixar de atender a exigências legais ou regulamen- quisa coloquem em risco demográfico as espécies integrantes dos
tares quando devidamente notificado pela autoridade ambiental ecossistemas protegidos.
competente no prazo concedido, visando à regularização, correção § 2o Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção
ou adoção de medidas de controle para cessar a degradação am- ambiental e reservas particulares do patrimônio natural, quando as
biental: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). atividades de pesquisa científica não envolverem a coleta de mate-
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão rial biológico.
de reais). Art. 87. Explorar comercialmente produtos ou subprodutos não
Art. 81. Deixar de apresentar relatórios ou informações am- madeireiros, ou ainda serviços obtidos ou desenvolvidos a partir
bientais nos prazos exigidos pela legislação ou, quando aplicável, de recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais em unidade
naquele determinado pela autoridade ambiental: de conservação sem autorização ou permissão do órgão gestor da
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil re- unidade ou em desacordo com a obtida, quando esta for exigível:
ais). (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Art. 82. Elaborar ou apresentar informação, estudo, laudo ou Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 100.000,00
relatório ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omis- (cem mil reais).
so, seja nos sistemas oficiais de controle, seja no licenciamento, na Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas
concessão florestal ou em qualquer outro procedimento adminis- de proteção ambiental e reservas particulares do patrimônio natu-
trativo ambiental: ral.
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 Art. 88. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de unidade
(um milhão de reais). de conservação sem autorização do órgão gestor da unidade ou em
desacordo com a recebida:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (dois
milhões de reais).

160
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas Art. 95. O processo será orientado pelos princípios da legali-
de proteção ambiental e reservas particulares do patrimônio natu- dade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, mo-
ral. ralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
Art. 89. Realizar liberação planejada ou cultivo de organismos público e eficiência, bem como pelos critérios mencionados no pa-
geneticamente modificados em áreas de proteção ambiental, ou rágrafo único do art. 2o da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
zonas de amortecimento das demais categorias de unidades de Art. 95-A. A conciliação e a adesão a uma das soluções legais
conservação, em desacordo com o estabelecido em seus respecti- previstas na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A serão estimu-
vos planos de manejo, regulamentos ou recomendações da Comis- ladas pela administração pública federal ambiental, de acordo com
são Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio: o disposto neste Decreto, com vistas a encerrar os processos admi-
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 nistrativos federais relativos à apuração de infrações administrati-
(um milhão de reais). vas por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. (Redação
§ 1o A multa será aumentada ao triplo se o ato ocorrer no inte- dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
rior de unidade de conservação de proteção integral. Art. 95-B. O procedimento para a adesão a uma das soluções
§ 2o A multa será aumentado ao quádruplo se o organismo ge- legais previstas na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A será
neticamente modificado, liberado ou cultivado irregularmente em estabelecido em regulamento do órgão ou da entidade ambiental
unidade de conservação, possuir na área ancestral direto ou paren- responsável pela apuração da infração ambiental. (Incluído pelo De-
te silvestre ou se representar risco à biodiversidade. creto nº 11.080, de 2022)
§ 3o O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio § 1º A adesão de que trata o caput será admitida somente na
de organismos geneticamente modificados nas áreas que circun- hipótese de multa ambiental consolidada. (Incluído pelo Decreto nº
dam as unidades de conservação até que seja fixada sua zona de 11.080, de 2022)
amortecimento e aprovado o seu respectivo plano de manejo. § 2º Na hipótese de adesão à conversão da multa em serviços
Art. 90. Realizar quaisquer atividades ou adotar conduta em ambientais, o desconto incidirá de acordo com a fase em que se
desacordo com os objetivos da unidade de conservação, o seu pla- encontrar o processo no momento do requerimento, observado o
no de manejo e regulamentos: disposto no § 2º do art. 143. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil 2022)
reais). § 3º O pagamento da multa ambiental consolidada será inter-
Art. 91. Causar dano à unidade de conservação: (Redação dada pretado como adesão a solução legal e implicará o encerramento
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). imediato do processo administrativo, observadas as condições pre-
Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil vistas em regulamento do órgão ou da entidade ambiental respon-
reais). sável pela apuração da infração ambiental. (Incluído pelo Decreto
Art. 92. Penetrar em unidade de conservação conduzindo subs- nº 11.080, de 2022)
tâncias ou instrumentos próprios para caça, pesca ou para explora-
ção de produtos ou subprodutos florestais e minerais, sem licença SEÇÃO II
da autoridade competente, quando esta for exigível: DA AUTUAÇÃO
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem penetrar Art. 96. Constatada a ocorrência de infração administrativa am-
em unidade de conservação cuja visitação pública ou permanência biental, será lavrado auto de infração, do qual deverá ser dado ci-
sejam vedadas pelas normas aplicáveis ou ocorram em desacordo ência ao autuado, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa.
com a licença da autoridade competente. § 1o O autuado será intimado da lavratura do auto de infração
Art. 93. As infrações previstas neste Decreto, quando afetarem pelas seguintes formas: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de
ou forem cometidas em unidade de conservação ou em sua zona 2008).
de amortecimento, terão os valores de suas respectivas multas apli- I - pessoalmente; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
cados em dobro, ressalvados os casos em que a determinação de II - por seu representante legal; (Incluído pelo Decreto nº 6.686,
aumento do valor da multa seja superior a este ou as hipóteses em de 2008).
que a unidade de conservação configure elementar do tipo. (Reda- III - por carta registrada com aviso de recebimento; (Incluído
ção dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
IV - por edital, se estiver o infrator autuado em lugar incerto,
CAPÍTULO II não sabido ou se não for localizado no endereço. (Incluído pelo De-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA APURAÇÃO DE creto nº 6.686, de 2008).
INFRAÇÕES AMBIENTAIS § 2o Caso o autuado se recuse a dar ciência do auto de infra-
ção, o agente autuante certificará o ocorrido na presença de duas
SEÇÃO I testemunhas e o entregará ao autuado. (Redação dada pelo Decre-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES to nº 6.686, de 2008).
§ 3o Nos casos de evasão ou ausência do responsável pela in-
Art. 94. Este Capítulo regula o processo administrativo federal fração administrativa, e inexistindo preposto identificado, o agen-
para a apuração de infrações administrativas por condutas e ativi- te autuante aplicará o disposto no § 1o, encaminhando o auto de
dades lesivas ao meio ambiente. infração por via postal com aviso de recebimento ou outro meio
Parágrafo único. O objetivo deste Capítulo é dar unidade às válido que assegure a sua ciência. (Incluído pelo Decreto nº 6.686,
normas legais esparsas que versam sobre procedimentos adminis- de 2008).
trativos em matéria ambiental, bem como, nos termos do que dis- § 4º A intimação pessoal ou por via postal com aviso de re-
põe o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, disciplinar as re- cebimento será substituída por intimação eletrônica, observado o
gras de funcionamento pelas quais a administração pública federal, disposto na legislação específica. (Redação dada pelo Decreto nº
de caráter ambiental, deverá pautar-se na condução do processo. 11.080, de 2022)

161
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 5º Do termo de notificação da lavratura do auto de infração II - a desistência de impugnar judicial ou administrativamente a
constará que o autuado, no prazo de vinte dias, contado da data da autuação ambiental ou de prosseguir com eventuais impugnações
cientificação, poderá: (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) ou recursos administrativos e ações judiciais que tenham por objeto
I - apresentar defesa, observado o disposto nos art. 97-A e art. o auto de infração discriminado no requerimento; e (Incluído pelo
113; (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) Decreto nº 11.080, de 2022)
II - requerer a realização de audiência de conciliação ambiental, III - a renúncia a quaisquer alegações de direito sobre as quais
nos termos do disposto no art. 97-A; ou (Incluído pelo Decreto nº possam ser fundamentadas as impugnações e os recursos adminis-
11.080, de 2022) trativos e as ações judiciais a que se refere o inciso II. (Incluído pelo
III - aderir imediatamente a uma das soluções legais previstas Decreto nº 11.080, de 2022)
na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A, na forma do disposto Parágrafo único. Na hipótese de autuação ambiental impugna-
nos art. 97-A e art. 97-B. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) da judicialmente, o autuado apresentará, no ato do requerimento
Art. 97. O auto de infração deverá ser lavrado em impresso pró- de que trata o caput, cópia do protocolo do pedido de extinção do
prio, com a identificação do autuado, a descrição clara e objetiva respectivo processo com resolução do mérito, dirigido ao juízo com-
das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respec- petente, com fundamento na alínea “c” do inciso III do caput do art.
tivos dispositivos legais e regulamentares infringidos, não devendo 487 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo
conter emendas ou rasuras que comprometam sua validade. Civil. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Art. 97-A. O autuado poderá, perante o órgão ou a entidade Art. 98. O auto de infração, os eventuais termos de aplicação
da administração pública federal responsável pela lavratura do auto de medidas administrativas, o relatório de fiscalização e o docu-
de infração, no prazo de vinte dias, contado da data da ciência da mento de comprovação da ciência do autuado serão encaminhados
autuação: (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) ao setor competente para o processamento da autuação ambiental.
I - requerer a realização de audiência de conciliação ambiental; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
(Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) Parágrafo único. O relatório de fiscalização será elaborado pelo
II - requerer a adesão imediata a uma das soluções legais pre- agente autuante e conterá: (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de
vistas na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A; ou (Incluído pelo 2019) (Vigência)
Decreto nº 11.080, de 2022) I - a descrição das circunstâncias que levaram à constatação da
III - apresentar defesa. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de infração ambiental e à identificação da autoria; (Incluído pelo De-
2022) creto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
§ 1º O requerimento de participação em audiência de concilia- II - o registro da situação por fotografias, vídeos, mapas, termos
ção ambiental interromperá o prazo para oferecimento de defesa. de declaração ou outros meios de prova; (Incluído pelo Decreto nº
(Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) 9.760, de 2019) (Vigência)
§ 2º A interrupção do prazo a que se refere o § 1º não prejudi- III - os critérios utilizados para a fixação da multa acima do li-
cará a eficácia das medidas administrativas eventualmente aplica- mite mínimo, quando for o caso; (Redação dada pelo Decreto nº
das. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) 11.080, de 2022)
§ 3º Serão consideradas como desistência do interesse em par- IV - a indicação justificada da incidência de circunstâncias agra-
ticipar de audiência de conciliação ambiental: (Incluído pelo Decre- vantes ou atenuantes, observados os critérios estabelecidos pelo
to nº 11.080, de 2022) órgão ou pela entidade ambiental; e (Redação dada pelo Decreto
I - a não apresentação do requerimento de participação em au- nº 11.080, de 2022)
diência de conciliação ambiental; (Incluído pelo Decreto nº 11.080, V - outras informações consideradas relevantes. (Incluído pelo
de 2022) Decreto nº 11.080, de 2022)
II - a apresentação de defesa; e (Incluído pelo Decreto nº Art. 98-A. O Núcleo de Conciliação Ambiental será composto
11.080, de 2022) por, no mínimo, dois servidores efetivos do órgão ou da entidade
III - a adesão imediata a uma das soluções legais previstas na da administração pública federal ambiental responsável pela lavra-
alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A. (Incluído pelo Decreto nº tura do auto de infração. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080,
11.080, de 2022) de 2022)
§ 4º Antes da realização da audiência de conciliação ambiental § 1º Compete ao Núcleo de Conciliação Ambiental: (Incluído
designada, o autuado poderá aderir a uma das soluções legais pre- pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
vistas na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A. (Incluído pelo I - realizar a análise preliminar da autuação para: (Incluído pelo
Decreto nº 11.080, de 2022) Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
§ 5º A adesão a uma das soluções legais previstas na alínea a) convalidar de ofício o auto de infração que apresentar vício
“b” do inciso II do § 1º do art. 98-A será admitida somente após a sanável; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
consolidação da multa no âmbito da análise preliminar da autuação b) declarar nulo o auto de infração que apresentar vício insaná-
ambiental. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) vel; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
§ 6º O processo somente seguirá ao Núcleo de Conciliação Am- c) decidir sobre a manutenção da aplicação das medidas admi-
biental caso, no prazo estabelecido no caput, o autuado requeira a nistrativas de que trata o art. 101 e sobre a aplicação das demais
realização de audiência de conciliação ambiental ou solicite a ade- sanções de que trata o art. 3º; e (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de
são a uma das soluções legais possíveis para encerrar o processo. 2019) (Vigência)
(Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) d) consolidar o valor da multa ambiental, observado o disposto
Art. 97-B. O requerimento de adesão imediata a uma das solu- no art. 4º; e (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
ções legais previstas na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A II - realizar a audiência de conciliação ambiental para: (Incluído
conterá: (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
I - a confissão irrevogável e irretratável do débito, indicado pelo a) explanar ao autuado as razões de fato e de direito que en-
autuado, decorrente de multa ambiental consolidada na data do sejaram a lavratura do auto de infração; (Incluído pelo Decreto nº
requerimento; (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) 9.760, de 2019) (Vigência)

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
b) apresentar as soluções legais possíveis para o encerramento I - a qualificação do autuado e, quando for o caso, de seu ad-
do processo, quais sejam: (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, vogado ou procurador legalmente constituído, e dos servidores
de 2022) públicos integrantes do Núcleo de Conciliação Ambiental, com as
1. o desconto para pagamento da multa; (Incluído pelo Decreto respectivas assinaturas; (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019)
nº 11.080, de 2022) (Vigência)
2. o parcelamento da multa; e (Incluído pelo Decreto nº 11.080, II - a certificação de que foi realizada a análise preliminar da
de 2022) autuação; (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
3. a conversão da multa em serviços de preservação, de melho- III - a certificação de que foram explanadas ao autuado as ra-
ria e de recuperação da qualidade do meio ambiente; (Incluído pelo zões de fato e de direito que ensejaram a lavratura do auto de infra-
Decreto nº 11.080, de 2022) ção, e que foram apresentadas as soluções possíveis para encerrar o
c) decidir sobre questões de ordem pública; e (Incluído pelo processo; (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) IV - a manifestação do autuado: (Incluído pelo Decreto nº
d) homologar a opção do autuado por uma das soluções de 9.760, de 2019) (Vigência)
que trata a alínea “b”. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) a) de interesse na conciliação, que conterá: (Incluído pelo De-
(Vigência) creto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
§ 2º Os integrantes do Núcleo de Conciliação Ambiental serão 1. a indicação da solução legal por ele escolhida para encerrar
designados em ato do dirigente máximo do órgão ou da entidade o processo e os compromissos assumidos para o seu cumprimento;
ambiental da administração pública federal. (Redação dada pelo (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
Decreto nº 11.080, de 2022) 2. a declaração de desistência de impugnar judicial e adminis-
§ 3º (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022) trativamente a autuação e de renúncia a quaisquer alegações de di-
§ 4º O Núcleo de Conciliação Ambiental integra a estrutura do reito sobre as quais se fundamentariam as referidas impugnações;
órgão ou da entidade da administração pública federal ambiental e (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
responsável pela lavratura do auto de infração. (Incluído pelo De- 3. a assunção da obrigação de protocolar pedido de extinção
creto nº 9.760, de 2019) (Vigência) do processo com resolução do mérito em eventuais ações judiciais
Art. 98-B. A conciliação ambiental ocorrerá em audiência única, propostas, no prazo de quinze dias, contado da data de realização
na qual serão praticados os atos previstos no inciso II do § 1º do da audiência de conciliação ambiental; ou (Incluído pelo Decreto nº
art. 98-A, com vistas a encerrar o processo administrativo de apura- 9.760, de 2019) (Vigência)
ção da infração administrativa ambiental. (Incluído pelo Decreto nº b) de ausência de interesse na conciliação, que conterá, obriga-
9.760, de 2019) (Vigência) toriamente, a declaração de ciência de início do prazo para apresen-
§ 1º O não comparecimento do autuado à audiência de con- tação de defesa contra o auto de infração de que trata o art. 113;
ciliação ambiental designada será considerado como ausência de (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
interesse em conciliar e a contagem do prazo para apresentação V - decisão fundamentada acerca do disposto nas alíneas “c”
da defesa contra o auto de infração reiniciará integralmente, nos e “d” do inciso II do §1º do art. 98-A; e (Incluído pelo Decreto nº
termos do disposto no art. 113. (Redação dada pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
11.080, de 2022) VI - as providências a serem adotadas, conforme a manifesta-
§ 2º O autuado poderá apresentar justificativa para o seu não ção do autuado. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigên-
comparecimento à audiência de conciliação ambiental, acompa- cia)
nhada da respectiva prova, no prazo de dois dias, contado da data § 1º O termo de conciliação ambiental será publicado no sítio
agendada para a audiência. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de eletrônico do órgão ou da entidade da administração pública fede-
2019) (Vigência) ral ambiental, no prazo de dez dias, contado da data de sua realiza-
§ 3º Fica a critério exclusivo do Núcleo de Conciliação Ambien- ção. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
tal reconhecer como válida a justificativa de que trata o § 2º e agen- § 2º A realização de conciliação ambiental não exclui a obriga-
dar uma nova data para a audiência de conciliação ambiental, com ção de reparar o dano ambiental. (Incluído pelo Decreto nº 9.760,
devolução do prazo para oferecimento de defesa. (Incluído pelo De- de 2019) (Vigência)
creto nº 9.760, de 2019) (Vigência) Art. 98-D. Na hipótese de insucesso da audiência de conciliação
§ 4º Não cabe recurso contra o indeferimento da justificativa ambiental, por não comparecimento ou por ausência de interesse
de que trata o § 2º. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vi- em conciliar, o autuado poderá optar por uma das soluções legais
gência) previstas na alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 98-A, observados
§ 5º A audiência de conciliação ambiental será realizada, pre- os percentuais de desconto aplicáveis a cada solução e incidentes
ferencialmente, por videoconferência, conforme as diretrizes e os de acordo com a fase em que se encontrar o processo. (Redação
critérios estabelecidos em regulamento do órgão ou da entidade dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
ambiental responsável pela apuração da infração ambiental. (Reda- § 1º O disposto no caput aplica-se igualmente a auto de infra-
ção dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) ção lavrado sob a égide de regime jurídico anterior e cuja multa
§ 6º Excepcionalmente, por iniciativa da administração pública, esteja pendente de constituição definitiva na data de publicação do
poderá ser dispensada a realização de audiência de conciliação am- Decreto nº 11.080, de 24 de maio de 2022. (Incluído pelo Decreto
biental ou designada audiência complementar, conforme situações nº 11.080, de 2022)
previstas em regulamento do órgão ou da entidade ambiental res- § 2º Na hipótese prevista no § 1º, o requerimento de adesão à
ponsável pela apuração da infração ambiental. (Redação dada pelo solução legal observará o disposto no art. 97-B. (Incluído pelo De-
Decreto nº 11.080, de 2022) creto nº 11.080, de 2022)
Art. 98-C. A audiência de conciliação ambiental será reduzida Art. 99. O auto de infração que apresentar vício sanável poderá
a termo e conterá: (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vi- ser, a qualquer tempo, convalidado de ofício pela autoridade julga-
gência) dora. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. Constatado o vício sanável, sob alegação do II - forem encontrados em área de preservação permanente ou
autuado, o procedimento será anulado a partir da fase processual quando impedirem a regeneração natural de vegetação em área
em que o vício foi produzido, reabrindo-se novo prazo para defesa, cujo corte não tenha sido autorizado, desde que, em todos os casos,
aproveitando-se os atos regularmente produzidos. tenha havido prévio embargo.
Art. 100. O auto de infração que apresentar vício insanável será § 1o Na hipótese prevista no inciso II, os proprietários deverão
declarado nulo pela autoridade julgadora. (Redação dada pelo De- ser previamente notificados para que promovam a remoção dos
creto nº 11.080, de 2022) animais do local no prazo assinalado pela autoridade competente.
§ 1o Para os efeitos do caput, considera-se vício insanável § 2o Não será adotado o procedimento previsto no § 1o quan-
aquele em que a correção da autuação implica modificação do fato do não for possível identificar o proprietário dos animais apreendi-
descrito no auto de infração. dos, seu preposto ou representante.
§ 2o Nos casos em que o auto de infração for declarado nulo e § 3o O disposto no caput não será aplicado quando a atividade
estiver caracterizada a conduta ou atividade lesiva ao meio ambien- tenha sido caracterizada como de baixo impacto e previamente au-
te, deverá ser lavrado novo auto, observadas as regras relativas à torizada, quando couber, nos termos da legislação em vigor. (Incluí-
prescrição. do pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 3o O erro no enquadramento legal da infração não implica Art. 104. A autoridade ambiental, mediante decisão funda-
vício insanável, podendo ser alterado pela autoridade julgadora mentada em que se demonstre a existência de interesse público
mediante decisão fundamentada que retifique o auto de infração. relevante, poderá autorizar o uso do bem apreendido nas hipóteses
(Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008). em que não haja outro meio disponível para a consecução da res-
Art. 101. Constatada a infração ambiental, o agente autuante, pectiva ação fiscalizatória.
no uso do seu poder de polícia, poderá adotar as seguintes medidas Parágrafo único. Os veículos de qualquer natureza que forem
administrativas: (Vide ADPF 640) apreendidos poderão ser utilizados pela administração ambiental
I - apreensão; para fazer o deslocamento do material apreendido até local ade-
II - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; quado ou para promover a recomposição do dano ambiental.
III - suspensão de venda ou fabricação de produto; Art. 105. Os bens apreendidos deverão ficar sob a guarda do
IV - suspensão parcial ou total de atividades; órgão ou entidade responsável pela fiscalização, podendo, excep-
V - destruição ou inutilização dos produtos, subprodutos e ins- cionalmente, ser confiados a fiel depositário, até o julgamento do
trumentos da infração; e processo administrativo.
VI - demolição. Parágrafo único. Nos casos de anulação, cancelamento ou revo-
§ 1o As medidas de que trata este artigo têm como objetivo gação da apreensão, o órgão ou a entidade ambiental responsável
prevenir a ocorrência de novas infrações, resguardar a recuperação pela apreensão restituirá o bem no estado em que se encontra ou,
ambiental e garantir o resultado prático do processo administrativo. na impossibilidade de fazê-lo, indenizará o proprietário pelo valor
§ 2o A aplicação de tais medidas será lavrada em formulário de avaliação consignado no termo de apreensão.
próprio, sem emendas ou rasuras que comprometam sua valida- Art. 106. A critério da administração, o depósito de que trata o
de, e deverá conter, além da indicação dos respectivos dispositivos art. 105 poderá ser confiado:
legais e regulamentares infringidos, os motivos que ensejaram o I - a órgãos e entidades de caráter ambiental, beneficente, cien-
agente autuante a assim proceder. tífico, cultural, educacional, hospitalar, penal e militar; ou
§ 3o A administração ambiental estabelecerá os formulários II - ao próprio autuado, desde que a posse dos bens ou animais
específicos a que se refere o § 2o. não traga risco de utilização em novas infrações.
§ 4o O embargo de obra ou atividade restringe-se aos locais § 1o Os órgãos e entidades públicas que se encontrarem sob a
onde efetivamente caracterizou-se a infração ambiental, não alcan- condição de depositário serão preferencialmente contemplados no
çando as demais atividades realizadas em áreas não embargadas caso da destinação final do bem ser a doação.
da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a infração. § 2o Os bens confiados em depósito não poderão ser utilizados
(Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008). pelos depositários, salvo o uso lícito de veículos e embarcações pelo
Art. 102. Os animais, produtos, subprodutos, instrumentos, próprio autuado.
petrechos, veículos de qualquer natureza referidos no inciso IV do § 3o A entidade fiscalizadora poderá celebrar convênios ou
art. 72 da Lei no 9.605, de 1998, serão objeto da apreensão de que acordos com os órgãos e entidades públicas para garantir, após a
trata o inciso I do art. 101, salvo impossibilidade justificada. (Vide destinação final, o repasse de verbas de ressarcimento relativas aos
ADPF 640) custos do depósito.
§ 1º A apreensão de produtos, subprodutos, instrumentos, pe- Art. 107. Após a apreensão, a autoridade competente, levando-
trechos e veículos de qualquer natureza de que trata o caput inde- -se em conta a natureza dos bens e animais apreendidos e conside-
pende de sua fabricação ou utilização exclusiva para a prática de rando o risco de perecimento, procederá da seguinte forma:
atividades ilícitas. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) I - os animais da fauna silvestre serão libertados em seu hábitat
§ 2º Na hipótese de o responsável pela infração administrativa ou entregues a jardins zoológicos, fundações, entidades de caráter
ou o detentor ou o proprietário dos bens de que trata o caput ser cientifico, centros de triagem, criadouros regulares ou entidades as-
indeterminado, desconhecido ou de domicílio indefinido, a notifica- semelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos
ção da lavratura do termo de apreensão será realizada por meio da habilitados, podendo ainda, respeitados os regulamentos vigentes,
publicação de seu extrato no Diário Oficial da União. (Incluído pelo serem entregues em guarda doméstica provisória. (Redação dada
Decreto nº 11.080, de 2022) pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
Art. 103. Os animais domésticos e exóticos serão apreendidos II - os animais domésticos ou exóticos mencionados no art.103
quando: (Vide ADPF 640) poderão ser vendidos;
I - forem encontrados no interior de unidade de conservação III - os produtos perecíveis e as madeiras sob risco iminente de
de proteção integral; ou perecimento serão avaliados e doados.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 1o Os animais de que trata o inciso II, após avaliados, poderão § 1o A demolição poderá ser feita pelo agente autuante, por
ser doados, mediante decisão motivada da autoridade ambiental, quem este autorizar ou pelo próprio infrator e deverá ser devida-
sempre que sua guarda ou venda forem inviáveis econômica ou mente descrita e documentada, inclusive com fotografias. (Redação
operacionalmente. dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 2o A doação a que se refere o § 1o será feita às instituições § 2o As despesas para a realização da demolição correrão às
mencionadas no art. 135. custas do infrator.
§ 3o O órgão ou entidade ambiental deverá estabelecer meca- § 3o A demolição de que trata o caput não será realizada em
nismos que assegurem a indenização ao proprietário dos animais edificações residenciais.
vendidos ou doados, pelo valor de avaliação consignado no termo
de apreensão, caso esta não seja confirmada na decisão do proces- SEÇÃO III
so administrativo. DA DEFESA
§ 4o Serão consideradas sob risco iminente de perecimento
as madeiras que estejam acondicionadas a céu aberto ou que não Art. 113. O autuado poderá apresentar, no prazo de vinte dias,
puderem ser guardadas ou depositadas em locais próprios, sob vi- contado da data da ciência da autuação, defesa contra o auto de
gilância, ou ainda quando inviável o transporte e guarda, atestados infração, observado o disposto no § 1º do art. 97-A. (Redação dada
pelo agente autuante no documento de apreensão. pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
§ 5o A libertação dos animais da fauna silvestre em seu hábitat § 1º Na hipótese de insucesso da audiência de conciliação am-
natural deverá observar os critérios técnicos previamente estabele- biental, por não comparecimento do autuado ou por ausência de
cidos pelo órgão ou entidade ambiental competente. (Incluído pelo interesse em conciliar, a contagem do prazo para apresentação de
Decreto nº 6.686, de 2008). defesa de que trata o caput reiniciará integralmente. (Redação dada
Art. 108. O embargo de obra ou atividade e suas respectivas pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
áreas tem por objetivo impedir a continuidade do dano ambiental, § 2º O desconto de trinta por cento de que tratam o § 2º do art.
propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recu- 3º e o art. 4º da Lei nº 8.005, de 22 de março de 1990, será aplicado
peração da área degradada, devendo restringir-se exclusivamente na hipótese de o autuado optar pelo pagamento da multa à vista.
ao local onde verificou-se a prática do ilícito. (Redação dada pelo (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Decreto nº 6.686, de 2008). Art. 114. A defesa poderá ser protocolizada em qualquer uni-
§ 1o No caso de descumprimento ou violação do embargo, a dade administrativa do órgão ambiental que promoveu a autuação,
autoridade competente, além de adotar as medidas previstas nos que o encaminhará imediatamente à unidade responsável.
arts. 18 e 79, deverá comunicar ao Ministério Público, no prazo Art. 115. A defesa será formulada por escrito e deverá conter
máximo de setenta e duas horas, para que seja apurado o come- os fatos e fundamentos jurídicos que contrariem o disposto no auto
timento de infração penal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de infração e termos que o acompanham, bem como a especifica-
de 2008). ção das provas que o autuado pretende produzir a seu favor, devi-
§ 2o Nos casos em que o responsável pela infração adminis- damente justificadas.
trativa ou o detentor do imóvel onde foi praticada a infração for Parágrafo único. Requerimentos formulados fora do prazo de
indeterminado, desconhecido ou de domicílio indefinido, será re- defesa não serão conhecidos, podendo ser desentranhados dos au-
alizada notificação da lavratura do termo de embargo mediante a tos conforme decisão da autoridade ambiental competente.
publicação de seu extrato no Diário Oficial da União. Art. 116. O autuado poderá ser representado por advogado ou
Art. 109. A suspensão de venda ou fabricação de produto cons- por procurador legalmente constituído e anexará o respectivo ins-
titui medida que visa a evitar a colocação no mercado de produtos e trumento de procuração à defesa, sob pena de não conhecimento
subprodutos oriundos de infração administrativa ao meio ambiente da defesa apresentada. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de
ou que tenha como objetivo interromper o uso contínuo de maté- 2022)
ria-prima e subprodutos de origem ilegal. Parágrafo único. O advogado ou o procurador legalmente cons-
Art. 110. A suspensão parcial ou total de atividades constitui tituído apresentará o instrumento de que trata o caput, indepen-
medida que visa a impedir a continuidade de processos produtivos dentemente de caução, no prazo de quinze dias, prorrogável por
em desacordo com a legislação ambiental. igual período por decisão da autoridade julgadora. (Redação dada
Art. 111. Os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e ins- pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
trumentos utilizados na prática da infração poderão ser destruídos Art. 117. A defesa não será conhecida quando apresentada:
ou inutilizados quando: I - fora do prazo;
I - a medida for necessária para evitar o seu uso e aproveita- II - por quem não seja legitimado; ou
mento indevidos nas situações em que o transporte e a guarda fo- III - perante órgão ou entidade ambiental incompetente.
rem inviáveis em face das circunstâncias; ou
II - possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou SEÇÃO IV
comprometer a segurança da população e dos agentes públicos en- DA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
volvidos na fiscalização.
Parágrafo único. O termo de destruição ou inutilização deverá Art. 118. Ao autuado caberá a prova dos fatos que tenha ale-
ser instruído com elementos que identifiquem as condições ante- gado, sem prejuízo do dever atribuído à autoridade julgadora para
riores e posteriores à ação, bem como a avaliação dos bens des- instrução do processo.
truídos. Art. 119. O setor responsável pela instrução e a autoridade
Art. 112. A demolição de obra, edificação ou construção não julgadora poderão requisitar a produção de provas necessárias à
habitada e utilizada diretamente para a infração ambiental dar-se-á convicção, de parecer técnico ou de contradita do agente autuan-
excepcionalmente no ato da fiscalização nos casos em que se cons- te, com a especificação do objeto a ser esclarecido. (Redação dada
tatar que a ausência da demolição importa em iminente risco de pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde. (Re- § 1o O parecer técnico deverá ser elaborado no prazo máximo
dação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). de dez dias, ressalvadas as situações devidamente justificadas.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2o A contradita deverá ser elaborada pelo agente autuante Art. 126. Julgado o auto de infração, o autuado será notificado
no prazo de cinco dias, contados a partir do recebimento do pro- por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que
cesso. assegure a certeza de sua ciência para pagar a multa no prazo de
§ 3o Entende-se por contradita, para efeito deste Decreto, as cinco dias, a partir do recebimento da notificação, ou para apresen-
informações e esclarecimentos prestados pelo agente autuante ne- tar recurso.
cessários à elucidação dos fatos que originaram o auto de infração, Parágrafo único. O pagamento realizado no prazo disposto no
ou das razões alegadas pelo autuado, facultado ao agente, nesta caput contará com o desconto de trinta por cento do valor corrigido
fase, opinar pelo acolhimento parcial ou total da defesa. da penalidade, nos termos do art. 4o da Lei no 8.005, de 1990.
Art. 120. As provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias propostas pelo autuado serão recusadas por meio de SEÇÃO V
decisão fundamentada. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de DOS RECURSOS
2022)
Art. 121. O órgão da Procuradoria-Geral Federal, quando hou- Art. 127. Da decisão proferida pela autoridade julgadora cabe-
ver controvérsia jurídica, emitirá parecer fundamentado para a rá recurso no prazo de vinte dias. (Redação dada pelo Decreto nº
motivação da decisão da autoridade julgadora. (Redação dada pelo 6.686, de 2008).
Decreto nº 6.686, de 2008). § 1º O recurso voluntário de que trata este artigo será dirigi-
Art. 122. Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de ma- do à autoridade que proferiu o julgamento na primeira instância, a
nifestar-se em alegações finais, no prazo máximo de dez dias. qual, se não reconsiderar a decisão no prazo de cinco dias, o enca-
Parágrafo único. O setor responsável pela instrução processual minhará à autoridade competente para o julgamento em segunda
notificará o autuado, para fins de apresentação de alegações finais: e última instância administrativa. (Redação dada pelo Decreto nº
(Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) 11.080, de 2022)
I - por via postal com aviso de recebimento; (Incluído pelo De- § 2o O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em
creto nº 11.080, de 2022) ato próprio, a autoridade superior que será responsável pelo julga-
II - por notificação eletrônica, observado o disposto no § 4º do mento do recurso mencionado no caput. (Incluído pelo Decreto nº
art. 96; ou (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) 6.686, de 2008).
III - por outro meio válido que assegure a certeza da ciência. § 3º O autuado poderá exercer, no prazo a que se refere o
(Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) caput, a faculdade prevista no § 2º do art. 148, o que caracterizará
Art. 123. A decisão da autoridade julgadora não se vincula às a renúncia ao direito de recorrer. (Incluído pelo Decreto nº 11.080,
sanções aplicadas pelo agente autuante, ou ao valor da multa, po- de 2022)
dendo, em decisão motivada, de ofício ou a requerimento do inte- Art. 127-A. O julgamento proferido em primeira instância es-
ressado, minorar, manter ou majorar o seu valor, respeitados os li- tará sujeito ao reexame necessário nas hipóteses estabelecidas em
mites estabelecidos na legislação ambiental vigente. (Redação dada regulamento do órgão ou da entidade ambiental competente. (Re-
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). dação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Parágrafo único. Na hipótese de ser identificada, após o encer- Parágrafo único. O recurso de ofício será interposto mediante
ramento da instrução processual, a possibilidade de agravamento declaração na própria decisão. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de
da penalidade, o autuado será notificado, para que formule, no pra- 2008).
zo de dez dias, as suas alegações, antes do julgamento de que trata Art. 128. O recurso interposto na forma prevista no art. 127 não
o art. 124: (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) terá efeito suspensivo.
I - por via postal com aviso de recebimento; (Incluído pelo De- § 1o Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incer-
creto nº 11.080, de 2022) ta reparação, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior
II - por notificação eletrônica, observado o disposto no § 4º do poderá, de ofício ou a pedido do recorrente, conceder efeito sus-
art. 96; ou (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) pensivo ao recurso.
III - por outro meio válido que assegure a certeza da ciência. § 2o Quando se tratar de penalidade de multa, o recurso de
(Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) que trata o art. 127 terá efeito suspensivo quanto a esta penalidade.
Art. 124. Oferecida ou não a defesa, a autoridade julgadora, no Art. 129. A autoridade responsável pelo julgamento do recurso
prazo de trinta dias, julgará o auto de infração, decidindo sobre a poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmen-
aplicação das penalidades. te, a decisão recorrida. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de
§ 1o Nos termos do que dispõe o art. 101, as medidas adminis- 2022)
trativas que forem aplicadas no momento da autuação deverão ser § 1o (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
apreciadas no ato decisório, sob pena de ineficácia. § 2o (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
§ 2o A inobservância do prazo para julgamento não torna nula Art. 130. (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
a decisão da autoridade julgadora e o processo. Art. 131. O recurso não será conhecido quando interposto:
§ 3o O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em I - fora do prazo;
ato próprio, a autoridade administrativa responsável pelo julga- II - perante órgão ambiental incompetente; ou
mento da defesa, observando-se o disposto no art. 17 da Lei no III - por quem não seja legitimado.
9.784, de 1999. Art. 132. (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Art. 125. A decisão deverá ser motivada, com a indicação dos Art. 133. (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
fatos e fundamentos jurídicos em que se baseia.
Parágrafo único. A motivação deve ser explícita, clara e con-
gruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações ou decisões,
que, neste caso, serão parte integrante do ato decisório.

166
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO VI SEÇÃO VII
DO PROCEDIMENTO RELATIVO À DESTINAÇÃO DOS BENS E DO PROCEDIMENTO DE CONVERSÃO DE MULTA SIMPLES EM
ANIMAIS APREENDIDOS SERVIÇOS DE PRESERVAÇÃO, MELHORIA E RECUPERAÇÃO
DA QUALIDADE DO MEIO AMBIENTE
Art. 134. Após decisão que confirme o auto de infração, os bens
e animais apreendidos que ainda não tenham sido objeto da desti- Art. 139. Fica instituído o Programa de Conversão de Multas
nação prevista no art. 107, não mais retornarão ao infrator, deven- Ambientais emitidas por órgãos e entidades da União integrantes
do ser destinados da seguinte forma: do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. (Redação dada
I - os produtos perecíveis serão doados; pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
II - as madeiras poderão ser doadas a órgãos ou entidades pú- Parágrafo único. A autoridade competente, nos termos do
blicas, vendidas ou utilizadas pela administração quando houver disposto no § 4º do art. 72 da Lei nº 9.605, de 1998, poderá con-
necessidade, conforme decisão motivada da autoridade competen- verter a multa simples em serviços de preservação, de melhoria e
te; (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). de recuperação da qualidade do meio ambiente, exceto as multas
III - os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão decorrentes de infrações ambientais que tenham provocado morte
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educa- humana e outras hipóteses previstas em regulamento do órgão ou
cionais; da entidade ambiental responsável pela apuração da infração am-
IV - os instrumentos utilizados na prática da infração poderão biental. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
ser destruídos, utilizados pela administração quando houver ne- Art. 140. São considerados serviços de preservação, melhoria
cessidade, doados ou vendidos, garantida a sua descaracterização, e recuperação da qualidade do meio ambiente, as ações, as ativi-
neste último caso, por meio da reciclagem quando o instrumento dades e as obras incluídas em projetos com, no mínimo, um dos
puder ser utilizado na prática de novas infrações; seguintes objetivos: (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
V - os demais petrechos, equipamentos, veículos e embarca- I - recuperação: (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
ções descritos no inciso IV do art. 72 da Lei nº 9.605, de 1998, pode- a) de áreas degradadas para conservação da biodiversidade e
rão ser utilizados pela administração quando houver necessidade, conservação e melhoria da qualidade do meio ambiente; (Incluída
ou ainda vendidos, doados ou destruídos, conforme decisão moti- pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
vada da autoridade ambiental; b) de processos ecológicos e de serviços ecossistêmicos essen-
VI - os animais domésticos e exóticos serão vendidos ou doa- ciais; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
dos. c) de vegetação nativa; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080,
VII - os animais da fauna silvestre serão libertados em seu há- de 2022)
bitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações, centros de tria- d) de áreas de recarga de aquíferos; e (Redação dada pelo De-
gem, criadouros regulares ou entidades assemelhadas, desde que creto nº 11.080, de 2022)
fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados. (Incluído e) de solos degradados ou em processo de desertificação; (In-
pelo Decreto nº 6.686, de 2008). cluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
Art. 135. Os bens apreendidos poderão ser doados pela au- II - proteção e manejo de espécies da flora nativa e da fauna
toridade competente para órgãos e entidades públicas de caráter silvestre; (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
científico, cultural, educacional, hospitalar, penal, militar e social, III - monitoramento da qualidade do meio ambiente e desen-
bem como para outras entidades sem fins lucrativos de caráter be- volvimento de indicadores ambientais; (Redação dada pelo Decreto
neficente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). nº 9.179, de 2017)
Parágrafo único. Os produtos da fauna não perecíveis serão IV - mitigação ou adaptação às mudanças do clima; (Redação
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educa- dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
cionais. V - manutenção de espaços públicos que tenham como objeti-
Art. 136. Tratando-se de apreensão de substâncias ou produ- vo a conservação, a proteção e a recuperação de espécies da flora
tos tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde humana ou ao meio am- nativa ou da fauna silvestre e de áreas verdes urbanas destinadas
biente, as medidas a serem adotadas, inclusive a destruição, serão à proteção dos recursos hídricos; (Incluída pelo Decreto nº 9.179,
determinadas pelo órgão competente e correrão a expensas do in- de 2017)
frator. VI - educação ambiental; (Redação dada pelo Decreto nº 9.760,
Art. 137. O termo de doação de bens apreendidos vedará a de 2019) (Vigência)
transferência a terceiros, a qualquer título, dos animais, produtos, VII - promoção da regularização fundiária de unidades de con-
subprodutos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veículos e servação; (Redação dada pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
embarcações doados. VIII - saneamento básico; (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de
Parágrafo único. A autoridade ambiental poderá autorizar a 2019) (Vigência)
transferência dos bens doados quando tal medida for considerada IX - garantia da sobrevivência e ações de recuperação e de re-
mais adequada à execução dos fins institucionais dos beneficiários. abilitação de espécies da flora nativa e da fauna silvestre por insti-
Art. 138. Os bens sujeitos à venda serão submetidos a leilão, tuições públicas de qualquer ente federativo ou privadas sem fins
nos termos do § 5o do art. 22 da Lei no 8.666, de 21 de junho de lucrativos; ou (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
1993. X - implantação, gestão, monitoramento e proteção de unida-
Parágrafo único. Os custos operacionais de depósito, remoção, des de conservação. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vi-
transporte, beneficiamento e demais encargos legais correrão à gência)
conta do adquirente. § 1o Na hipótese de os serviços a serem executados deman-
darem recuperação da vegetação nativa em imóvel rural, as áreas
beneficiadas com a prestação de serviço objeto da conversão deve-
rão estar inscritas no Cadastro Ambiental Rural - CAR. (Incluída pelo
Decreto nº 9.179, de 2017)

167
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2o O disposto no § 1o não se aplica aos assentamentos de I - sessenta por cento, quando o requerimento for apresentado
reforma agrária, aos territórios indígenas e quilombolas e às unida- no prazo estabelecido no caput do art. 97-A ou até a audiência de
des de conservação, ressalvadas as Áreas de Proteção Ambiental. conciliação ambiental; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de
(Incluída pelo Decreto nº 9.179, de 2017) 2022)
Art. 140-A. (Revogado pelo Decreto nº 11.080, de 2022) II - cinquenta por cento, quando o requerimento for apresenta-
Art. 141. Não caberá conversão de multa para reparação de do até a decisão de primeira instância; e (Redação dada pelo Decre-
danos decorrentes das próprias infrações. (Redação dada pelo De- to nº 9.760, de 2019) (Vigência)
creto nº 9.179, de 2017) III - quarenta por cento, quando o requerimento for apresen-
Art. 142. O autuado poderá requerer a conversão de multa tado até a decisão de segunda instância. (Incluído pelo Decreto nº
de que trata esta Seção: (Redação dada pelo Decreto nº 9.760, de 9.760, de 2019) (Vigência)
2019) (Vigência) § 3o a § 6o (Revogado pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigên-
I - ao Núcleo de Conciliação Ambiental, por meio de requeri- cia)
mento de adesão apresentado no prazo estabelecido no caput do § 7º Na hipótese de a penalidade cominada ter intervalos mí-
art. 97-A ou até a data da audiência de conciliação ambiental desig- nimo e máximo, o valor resultante do desconto não poderá ser
nada; (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022) inferior ao valor mínimo aplicável à infração. (Redação dada pelo
II - à autoridade julgadora, até a decisão de primeira instância; Decreto nº 11.080, de 2022)
ou (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) Art. 144. (Revogado pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
III - à autoridade superior, até a decisão de segunda instância. Art. 145. Compete ao Núcleo de Conciliação Ambiental, à auto-
(Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) ridade julgadora ou à autoridade superior decidir sobre o pedido de
Art. 142-A. A conversão da multa se dará por meio de uma das conversão da multa, a depender do momento de sua apresentação,
seguintes modalidades: (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de nos termos do disposto no art. 142. (Redação dada pelo Decreto nº
2022) 9.760, de 2019) (Vigência)
I - pela implementação, sob a responsabilidade do autuado, de § 1º O Núcleo de Conciliação Ambiental ou a autoridade com-
projeto de serviço de preservação, de melhoria e de recuperação da petente considerará as peculiaridades do caso concreto, os ante-
qualidade do meio ambiente que contemple, no mínimo, um dos cedentes do infrator e o efeito dissuasório da multa ambiental e,
objetivos de que trata o caput do art. 140; ou (Redação dada pelo em decisão motivada, poderá deferir ou não o pedido de conversão
Decreto nº 11.080, de 2022) formulado pelo autuado, observado o disposto no art. 141 e as dire-
II - pela adesão a projeto previamente selecionado na forma trizes estabelecidas em regulamento do órgão ou da entidade am-
do disposto no § 3º e que contemple, no mínimo, um dos objetivos biental responsável pela apuração da infração ambiental. (Redação
de que trata o caput do art. 140. (Redação dada pelo Decreto nº dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
11.080, de 2022) § 2º Na hipótese de deferimento do pedido de conversão, o au-
§ 1º A administração pública federal ambiental indicará o pro- tuado será instado a assinar o termo de compromisso de que trata o
jeto ou a cota-parte de projeto de serviço a ser implementado. (Re- art. 146: (Redação dada pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
dação dada pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) I - pelo Núcleo de Conciliação Ambiental, nas hipóteses de ade-
§ 2º As modalidades previstas no caput ficarão condicionadas são a solução na fase de conciliação ambiental; ou (Incluído pelo
à regulamentação dos procedimentos necessários à sua operacio- Decreto nº 11.080, de 2022)
nalização pelo órgão ou pela entidade ambiental responsável pela II - pela autoridade julgadora ou pela autoridade superior, me-
apuração da infração ambiental. (Redação dada pelo Decreto nº diante notificação para comparecimento à unidade administrativa
11.080, de 2022) indicada pelo órgão ou pela entidade da administração pública fe-
§ 3º O órgão ou a entidade ambiental responsável pela apura- deral emissora da multa. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
ção da infração ambiental poderá realizar processos de seleção para § 3º Caberá recurso, no prazo de vinte dias, da decisão do Nú-
escolher projetos apresentados por órgãos e entidades públicas ou cleo de Conciliação Ambiental que indeferir o pedido de conversão
privadas, que visem à execução dos serviços de que trata o art. 140, da multa aplicada. (Redação dada pelo Decreto nº 9.760, de 2019)
observado o procedimento previsto na legislação. (Redação dada (Vigência)
pelo Decreto nº 11.080, de 2022) § 4º O Núcleo de Conciliação Ambiental, se não reconsiderar o
§ 4º O autuado arcará com os custos necessários à efetiva im- recurso de que trata o § 3º, o encaminhará à autoridade julgadora,
plementação do serviço ambiental descrito no projeto selecionado. no prazo de cinco dias. (Redação dada pelo Decreto nº 9.760, de
(Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022) 2019) (Vigência)
§ 5º A adesão, integral ou parcial, a projeto aprovado será pre- § 5º Caberá recurso hierárquico da decisão da autoridade jul-
vista em regulamento do órgão ou da entidade ambiental respon- gadora que indeferir o pedido de conversão da multa aplicada, na
sável pela apuração da infração ambiental. (Incluído pelo Decreto forma do disposto no art. 127. (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de
nº 11.080, de 2022) 2019) (Vigência)
Art. 143. O valor dos custos dos serviços de preservação, con- § 6º Não caberá recurso da decisão da autoridade superior que
servação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente indeferir o pedido de conversão da multa aplicada. (Incluído pelo
será igual ou superior ao valor da multa convertida. (Redação dada Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
pelo Decreto nº 9.179, de 2017) Art. 146. Na hipótese de decisão favorável ao pedido, as partes
§ 1o Independentemente do valor da multa aplicada, o autua- celebrarão termo de compromisso, que estabelecerá os termos da
do fica obrigado a reparar integralmente o dano que tenha causa- vinculação do autuado ao objeto da conversão de multa pelo prazo
do. (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017) de execução do projeto aprovado ou de sua cota-parte no projeto
§ 2º O Núcleo de Conciliação Ambiental, a autoridade julgadora escolhido pelo órgão federal emissor da multa. (Redação dada pelo
ou a autoridade superior, ao deferirem o pedido de conversão, apli- Decreto nº 9.179, de 2017)
carão sobre o valor da multa consolidada o desconto de: (Redação § 1o O termo de compromisso conterá as seguintes cláusulas
dada pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) obrigatórias: (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017)

168
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
I - nome, qualificação e endereço das partes compromissadas Art. 148. Ao autuado que, sob a égide de regime jurídico an-
e de seus representantes legais; (Incluído pelo Decreto nº 9.179, terior, tenha pleiteado tempestivamente a conversão da multa, é
de 2017) garantido o desconto de sessenta por cento sobre o valor da multa
II - serviço ambiental objeto da conversão; (Incluído pelo De- consolidada, na apreciação do seu pedido pela autoridade julgado-
creto nº 9.179, de 2017) ra competente. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
III - prazo de vigência do compromisso, que será vinculado ao § 1º Por ocasião do julgamento do auto de infração ou do re-
tempo necessário à conclusão do objeto da conversão que, em fun- curso, a autoridade competente apreciará o pedido de conversão
ção de sua complexidade e das obrigações pactuadas, poderá variar de multa, em decisão única. (Redação dada pelo Decreto nº 11.080,
entre o mínimo de noventa dias e o máximo de dez anos, admitida a de 2022)
prorrogação, desde que justificada; (Incluído pelo Decreto nº 9.179, § 2º Deferido o pedido de que trata o caput, o autuado será
de 2017) intimado a confirmar, no prazo de vinte dias, contado da ciência da
IV - multa a ser aplicada em decorrência do não cumprimen- decisão, o seu interesse na conversão da multa. (Redação dada pelo
to das obrigações pactuadas; (Incluído pelo Decreto nº 9.179, de Decreto nº 11.080, de 2022)
2017) § 3º O decurso do prazo de que trata o § 2º sem a manifestação
V - efeitos do descumprimento parcial ou total do objeto pactu- do autuado implicará a desistência tácita do pedido de conversão
ado; (Incluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017) de multa, hipótese em que o processo seguirá o seu fluxo regular.
VI - regularização ambiental e reparação dos danos decorren- (Redação dada pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
tes da infração ambiental, conforme regulamento; e (Redação dada
pelo Decreto nº 11.080, de 2022) CAPÍTULO III
VII - foro competente para dirimir litígios entre as partes. (In- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
cluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017)
§ 2o Na hipótese da conversão prevista no inciso I do caput do Art. 149. Os órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacio-
art. 142-A, o termo de compromisso conterá: (Redação dada pelo nal do Meio Ambiente - SISNAMA ficam obrigados a dar, trimes-
Decreto nº 9.179, de 2017) tralmente, publicidade das sanções administrativas aplicadas com
I - a descrição detalhada do objeto; (Incluído pelo Decreto nº fundamento neste Decreto: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686,
9.179, de 2017) de 2008).
II - o valor do investimento previsto para sua execução; (Incluí- I - no Sistema Nacional de Informações Ambientais - SISNIMA,
do pelo Decreto nº 9.179, de 2017) de que trata o art. 9o, inciso VII, da Lei no 6.938, de 1981; e
III - as metas a serem atingidas; e (Incluído pelo Decreto nº II - em seu sítio na rede mundial de computadores.
9.179, de 2017) Parágrafo único. Quando da publicação das listas, nos termos
IV - o anexo com plano de trabalho, do qual constarão os crono- do caput, o órgão ambiental deverá, obrigatoriamente, informar se
gramas físico e financeiro de implementação do projeto aprovado. os processos estão julgados em definitivo ou encontram-se penden-
(Incluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017) tes de julgamento ou recurso. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de
§ 3o (Revogado pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) 2008).
§ 4o A assinatura do termo de compromisso suspende a exigi- Art. 149-A. O disposto no art. 11 aplica-se aos autos de infra-
bilidade da multa aplicada e implica renúncia ao direito de recor- ção lavrados a partir da entrada em vigor do Decreto nº 11.080, de
rer administrativamente. (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2022. (Incluído pelo Decreto nº 11.080, de 2022)
2017) Art. 150. Nos termos do que dispõe o § 1o do art. 70 da Lei no
§ 5o A celebração do termo de compromisso não põe fim ao 9.605, de 1998, este Decreto se aplica, no que couber, à Capitania
processo administrativo e o órgão ambiental monitorará e avaliará, dos Portos do Comando da Marinha.
a qualquer tempo, o cumprimento das obrigações pactuadas. (Re- Art. 150-A. Os prazos de que trata este Decreto contam-se na
dação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017) forma do disposto no caput do art. 66 da Lei nº 9.784, de 1999 .
§ 6o A efetiva conversão da multa se concretizará somente (Incluído pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência)
após a conclusão do objeto, parte integrante do projeto, a sua com- Art. 151. Os órgãos e entidades ambientais federais compe-
provação pelo executor e a aprovação pelo órgão federal emissor da tentes estabelecerão, por meio de instrução normativa, os procedi-
multa. (Redação dada pelo Decreto nº 9.179, de 2017) mentos administrativos complementares relativos à execução deste
§ 7o O termo de compromisso terá efeito nas esferas civil e Decreto.
administrativa. (Incluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017) Art. 152. O disposto no art. 55 entrará em vigor em 11 de junho
§ 8o O inadimplemento do termo de compromisso implica: (In- de 2012. (Redação dada pelo Decreto nº 7.719, de 2012))
cluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017) Art. 152-A. Os embargos impostos em decorrência da ocupa-
I - na esfera administrativa, a inscrição imediata do débito em ção irregular de áreas de reserva legal não averbadas e cuja vegeta-
dívida ativa para cobrança da multa resultante do auto de infração ção nativa tenha sido suprimida até 21 de dezembro de 2007, serão
em seu valor integral, acrescido dos consectários legais incidentes; suspensos até 11 de dezembro de 2009, mediante o protocolo pelo
e (Incluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017) interessado de pedido de regularização da reserva legal junto ao ór-
II - na esfera civil, a execução judicial imediata das obrigações gão ambiental competente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.695,
pactuadas, tendo em vista seu caráter de título executivo extrajudi- de 2008)
cial. (Incluído pelo Decreto nº 9.179, de 2017) Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica a desma-
§ 9o (Revogado pelo Decreto nº 9.760, de 2019) (Vigência) tamentos irregulares ocorridos no Bioma Amazônia. (Incluído pelo
Art. 147. Os extratos dos termos de compromisso celebrados Decreto nº 6.695, de 2008)
serão publicados no Diário Oficial da União. (Redação dada pelo De- Art. 153. Ficam revogados os Decretos nos 3.179, de 21 de se-
creto nº 9.179, de 2017) tembro de 1999, 3.919, de 14 de setembro de 2001, 4.592, de 11 de
fevereiro de 2003, 5.523, de 25 de agosto de 2005, os arts. 26 e 27
do Decreto nº 5.975, de 30 de novembro de 2006, e os arts. 12 e 13
do Decreto nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007.

169
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 154. Este Decreto entra em vigor na data de sua publica- CAPÍTULO III
ção. DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO

Brasília, 22 de julho de 2008; 187o da Independência e 120o Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementa-
da República. ção da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação
dos aspectos de quantidade e qualidade;
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997, E II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades
ALTERAÇÕES - INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das
RECURSOS HÍDRICOS, CRIA O SISTEMA NACIONAL diversas regiões do País;
DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS, III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão
REGULAMENTA O INCISO XIX DO ART. 21 DA ambiental;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E ALTERA O ART. 1º DA LEI IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o
Nº 8.001, DE 13 DE MARÇO DE 1990, QUE MODIFICOU dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e
A LEI Nº 7.990, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1989 nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.
da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº
7.990, de 28 de dezembro de 1989. CAPÍTULO IV
DOS INSTRUMENTOS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hí-
dricos:
TÍTULO I I - os Planos de Recursos Hídricos;
DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água;
CAPÍTULO I III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
DOS FUNDAMENTOS IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
seguintes fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público; SEÇÃO I
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor eco- DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
nômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que
hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacio-
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o nal de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos.
uso múltiplo das águas; Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementa- prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período
ção da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; conteúdo mínimo:
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das co- II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evo-
munidades. lução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de
ocupação do solo;
CAPÍTULO II III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos re-
DOS OBJETIVOS cursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de
conflitos potenciais;
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponi- melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;
bilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respec- V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvi-
tivos usos; dos e projetos a serem implantados, para o atendimento das metas
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, in- previstas;
cluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento VI - (VETADO)
sustentável; VII - (VETADO)
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos
de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos hídricos;
naturais. IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos
IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o apro- hídricos;
veitamento de águas pluviais. (Incluído pela Lei nº 13.501, de 2017)

170
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, § 2º (VETADO)
com vistas à proteção dos recursos hídricos. Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo de-
bacia hidrográfica, por Estado e para o País. terminado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
SEÇÃO II II - ausência de uso por três anos consecutivos;
DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, III - necessidade premente de água para atender a situações
SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas ad-
versas;
Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, se- IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação
gundo os usos preponderantes da água, visa a: ambiental;
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse
exigentes a que forem destinadas; coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, me- VI - necessidade de serem mantidas as características de nave-
diante ações preventivas permanentes. gabilidade do corpo de água.
Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos
legislação ambiental. far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável.
Art. 17. (VETADO)
SEÇÃO III Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas,
DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos SEÇÃO IV


hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de
acesso à água. Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário
dos seguintes usos de recursos hídricos: uma indicação de seu real valor;
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um II - incentivar a racionalização do uso da água;
corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, III - obter recursos financeiros para o financiamento dos progra-
ou insumo de processo produtivo; mas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a
final ou insumo de processo produtivo; outorga, nos termos do art. 12 desta Lei.
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resídu- Parágrafo único. (VETADO)
os líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos
transporte ou disposição final; recursos hídricos devem ser observados, dentre outros:
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a quali- retirado e seu regime de variação;
dade da água existente em um corpo de água. II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme de- gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as caracterís-
finido em regulamento: ticas físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de
de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidro-
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insig- gráfica em que foram gerados e serão utilizados:
nificantes; I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras
III - as acumulações de volumes de água consideradas insigni- incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;
ficantes. II - no pagamento de despesas de implantação e custeio admi-
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de nistrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional
geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII § 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo
do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado.
específica. § 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser apli-
Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de cados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo
uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respei- considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o
tar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manu- regime de vazão de um corpo de água.
tenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando § 3º (VETADO)
for o caso. Art. 23. (VETADO)
Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá
preservar o uso múltiplo destes. SEÇÃO V
Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade compe- DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS
tente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Fede-
ral. Art. 24. (VETADO)
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e
ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito
de uso de recurso hídrico de domínio da União.

171
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO VI Art. 31. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hí-
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS dricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e dos municípios
promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico,
Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com
um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.
de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em
sua gestão. TÍTULO II
Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão HÍDRICOS
incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos
Hídricos. CAPÍTULO I
Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Siste- DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO
ma de Informações sobre Recursos Hídricos:
I - descentralização da obtenção e produção de dados e infor- Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de
mações; Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
II - coordenação unificada do sistema; I - coordenar a gestão integrada das águas;
III - acesso aos dados e informações garantido à toda a socie- II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com
dade. os recursos hídricos;
Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações so- III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
bre Recursos Hídricos: IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recu-
I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações peração dos recursos hídricos;
sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Brasil; Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Re-
II - atualizar permanentemente as informações sobre disponi- cursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
bilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território na- I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada
cional; pela Lei 9.984, de 2000)
III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recur- I-A. – a Agência Nacional de Águas; (Incluído pela Lei 9.984, de
sos Hídricos. 2000)
II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito
CAPÍTULO V Federal; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; (Redação dada pela Lei
INTERESSE COMUM OU COLETIVO 9.984, de 2000)
IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Dis-
Art. 28. (VETADO) trito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a
gestão de recursos hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000)
CAPÍTULO VI V – as Agências de Água. (Redação dada pela Lei 9.984, de
DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO 2000)

Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hí- CAPÍTULO II


dricos, compete ao Poder Executivo Federal: DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
I - tomar as providências necessárias à implementação e ao
funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recur- Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto
sos Hídricos; por:
II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regula- I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência
mentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência; da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos hídricos;
Hídricos, em âmbito nacional; II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Re-
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com cursos Hídricos;
a gestão ambiental. III - representantes dos usuários dos recursos hídricos;
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decre- IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.
to, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito Parágrafo único. O número de representantes do Poder Exe-
de uso dos recursos hídricos sob domínio da União. cutivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos
Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hí- membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
dricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal, Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
na sua esfera de competência: I - promover a articulação do planejamento de recursos hídri-
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamen- cos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos seto-
tar e fiscalizar os seus usos; res usuários;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;
Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal; III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em
a gestão ambiental. que serão implantados;

172
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encami- VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recur-
nhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos sos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;
Comitês de Bacia Hidrográfica; VII - (VETADO)
V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a VIII - (VETADO)
recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras
VI - estabelecer diretrizes complementares para implementa- de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
ção da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfi-
instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de ca caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais
Recursos Hídricos; de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência.
VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hi- Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por
drográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus representantes:
regimentos; I - da União;
VIII - (VETADO) II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem,
IX – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Re- ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;
cursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cum- III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área
primento de suas metas; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) de atuação;
X - estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;
de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação com-
XI - zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança provada na bacia.
de Barragens (PNSB); (Incluído pela Lei nº 12.334, de 2010) § 1º O número de representantes de cada setor mencionado
XII - estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, apli- neste artigo, bem como os critérios para sua indicação, serão es-
cação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de In- tabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação
formações sobre Segurança de Barragens (SNISB); (Incluído pela Lei dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Muni-
nº 12.334, de 2010) cípios à metade do total de membros.
XIII - apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazen- § 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fron-
do, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das teiriços e transfronteiriços de gestão compartilhada, a represen-
obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional. (Incluído tação da União deverá incluir um representante do Ministério das
pela Lei nº 12.334, de 2010) Relações Exteriores.
Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido § 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territó-
por: rios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes:
I - 1 (um) Presidente, que será o Ministro de Estado do Desen- I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da re-
volvimento Regional; (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) presentação da União;
II - 1 (um) Secretário-Executivo, que será o titular do órgão in- II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses
tegrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional na bacia.
responsável pela gestão dos recursos hídricos. (Redação dada pela § 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica
Lei nº 13.844, de 2019) com área de atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual,
dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos.
CAPÍTULO III Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por
DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros.

Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de CAPÍTULO IV


atuação: DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA
I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;
II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água princi- Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria
pal da bacia, ou de tributário desse tributário; ou executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográ-
III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. fica.
Parágrafo único. A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica Art. 42. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de
em rios de domínio da União será efetivada por ato do Presidente um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
da República. Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autoriza-
Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito da pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos
de sua área de atuação: Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais
I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hí- Comitês de Bacia Hidrográfica.
dricos e articular a atuação das entidades intervenientes; Art. 43. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao
II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos atendimento dos seguintes requisitos:
relacionados aos recursos hídricos; I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de
III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; Bacia Hidrográfica;
IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos
bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de suas recursos hídricos em sua área de atuação.
metas; Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área
V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de de atuação:
Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações e lança- I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos
mentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatorie- hídricos em sua área de atuação;
dade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;
com os domínios destes;

173
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança IV - organizações não-governamentais com objetivos de defesa
pelo uso de recursos hídricos; de interesses difusos e coletivos da sociedade;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a se- V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional
rem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos.
Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira respon- Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos,
sável pela administração desses recursos; as organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arre- constituídas.
cadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área
de atuação; TÍTULO III
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
sua área de atuação;
VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos
para a execução de suas competências; hídricos superficiais ou subterrâneos:
VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apre- I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade,
ciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; sem a respectiva outorga de direito de uso;
IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recur- II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento rela-
sos hídricos em sua área de atuação; cionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, super-
X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do ficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quan-
respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; tidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou
XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hi- entidades competentes;
drográfica: III - (VETADO)
a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou servi-
para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Con- ços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições
selhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio estabelecidas na outorga;
destes; V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou ope-
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; rá-los sem a devida autorização;
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobran- VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou de-
ça pelo uso de recursos hídricos; clarar valores diferentes dos medidos;
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse co- VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei
mum ou coletivo. e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e
procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;
CAPÍTULO V VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades
DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE competentes no exercício de suas funções.
RECURSOS HÍDRICOS Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regula-
mentar referente à execução de obras e serviços hidráulicos, deriva-
Art. 45. A Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recur- ção ou utilização de recursos hídricos, ou pelo não atendimento das
sos Hídricos será exercida pelo órgão integrante da estrutura do Mi- solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente,
nistério do Desenvolvimento Regional responsável pela gestão dos ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua
recursos hídricos. (Redação dada pela Lei nº 13.844, de 2019) ordem de enumeração: (Redação dada pela Lei nº 14.066, de 2020)
Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos
de Recursos Hídricos: (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) para correção das irregularidades;
I – prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Con- II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infra-
selho Nacional de Recursos Hídricos; (Redação dada pela Lei 9.984, ção, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 50.000.000,00 (cinquenta mi-
de 2000) lhões de reais); (Redação dada pela Lei nº 14.066, de 2020)
II – revogado; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução
III – instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Esta- de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condi-
duais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; (Re- ções de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao
dação dada pela Lei 9.984, de 2000) uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
IV – revogado; (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o
V – elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hí-
orçamentária anual e submetê-los à aprovação do Conselho Nacio- dricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de
nal de Recursos Hídricos. (Redação dada pela Lei 9.984, de 2000) Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.
§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a ser-
CAPÍTULO VI viço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida,
DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza
a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do
Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organiza- valor máximo cominado em abstrato.
ções civis de recursos hídricos: § 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena
I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográ- de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a
ficas; Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados
II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de re- incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem
cursos hídricos; prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.
III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse
na área de recursos hídricos;

174
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá re-
curso à autoridade administrativa competente, nos termos do re- LEI N° 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999 E ALTERAÇÕES -
gulamento. DISPÕES SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, INSTITUI A
§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DÁ
OUTRAS PROVIDÊNCIAS
TÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS LEI N° 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999.

Art. 51. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Con- Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacio-
selhos Estaduais de Recursos Hídricos poderão delegar a organiza- nal de Educação Ambiental e dá outras providências.
ções sem fins lucrativos relacionadas no art. 47 desta Lei, por prazo
determinado, o exercício de funções de competência das Agências O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
(Redação dada pela Lei nº 10.881, de 2004)
Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regulamentado o CAPÍTULO I
Plano Nacional de Recursos Hídricos, a utilização dos potenciais hi- DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
dráulicos para fins de geração de energia elétrica continuará subor-
dinada à disciplina da legislação setorial específica. Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por
Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e vinte dias a meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores so-
partir da publicação desta Lei, encaminhará ao Congresso Nacional ciais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências volta-
projeto de lei dispondo sobre a criação das Agências de Água. das para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, passa povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
a vigorar com a seguinte redação: Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e
“Art. 1º ............................................................................. permanente da educação nacional, devendo estar presente, de for-
........................................................................................ ma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo edu-
III - quatro inteiros e quatro décimos por cento à Secretaria de cativo, em caráter formal e não-formal.
Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos
Hídricos e da Amazônia Legal; têm direito à educação ambiental, incumbindo:
IV - três inteiros e seis décimos por cento ao Departamento Na- I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Consti-
cional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE, do Ministério de Minas tuição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimen-
e Energia; são ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis
V - dois por cento ao Ministério da Ciência e Tecnologia. de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recupera-
.................................................................................... ção e melhoria do meio ambiente;
§ 4º A cota destinada à Secretaria de Recursos Hídricos do Mi- II - às instituições educativas, promover a educação ambiental
nistério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia de maneira integrada aos programas educacionais que desenvol-
Legal será empregada na implementação da Política Nacional de vem;
Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Re- III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Am-
cursos Hídricos e na gestão da rede hidrometeorológica nacional. biente - Sisnama, promover ações de educação ambiental inte-
§ 5º A cota destinada ao DNAEE será empregada na operação e gradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do
expansão de sua rede hidrometeorológica, no estudo dos recursos meio ambiente;
hídricos e em serviços relacionados ao aproveitamento da energia IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de manei-
hidráulica.” ra ativa e permanente na disseminação de informações e práticas
Parágrafo único. Os novos percentuais definidos no caput deste educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambien-
artigo entrarão em vigor no prazo de cento e oitenta dias contados tal em sua programação;
a partir da data de publicação desta Lei. V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e pri-
Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamentará esta Lei no vadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalha-
prazo de cento e oitenta dias, contados da data de sua publicação. dores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de
Art. 56. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo
Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário. no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à
Brasília, 8 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atua-
da República. ção individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e
a solução de problemas ambientais.
Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, conside-
rando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico
e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na pers-
pectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as prá-
ticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo edu-
cativo;

175
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da so-
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, ciedade no que diz respeito à problemática ambiental.
regionais, nacionais e globais; § 3o As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversida- -se-ão para:
de individual e cultural. I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando
Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental: à incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar,
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio nos diferentes níveis e modalidades de ensino;
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo as- II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações so-
pectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômi- bre a questão ambiental;
cos, científicos, culturais e éticos; III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visan-
II - a garantia de democratização das informações ambientais; do à participação dos interessados na formulação e execução de
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica pesquisas relacionadas à problemática ambiental;
sobre a problemática ambiental e social; IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de ca-
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanen- pacitação na área ambiental;
te e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, in-
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor in- cluindo a produção de material educativo;
separável do exercício da cidadania; VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens,
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.
em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da SEÇÃO II
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, res- DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FORMAL
ponsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação es-
e a tecnologia; colar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos po- ensino públicas e privadas, englobando:
vos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humani- I - educação básica:
dade. a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
CAPÍTULO II c) ensino médio;
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL II - educação superior;
III - educação especial;
SEÇÃO I IV - educação profissional;
DISPOSIÇÕES GERAIS V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma
Art. 6o É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental. prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os
Art. 7o A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em níveis e modalidades do ensino formal.
sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sis- § 1o A educação ambiental não deve ser implantada como dis-
tema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacio- ciplina específica no currículo de ensino.
nais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos § 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas vol-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e orga- tadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se
nizações não-governamentais com atuação em educação ambien- fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
tal. § 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissio-
Art. 8o As atividades vinculadas à Política Nacional de Educa- nal, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da
ção Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.
educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter- Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de
-relacionadas: formação de professores, em todos os níveis e em todas as disci-
I - capacitação de recursos humanos; plinas.
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber
III - produção e divulgação de material educativo; formação complementar em suas áreas de atuação, com o propó-
IV - acompanhamento e avaliação. sito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e
§ 1o Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de ins-
esta Lei. tituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada,
§ 2o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para: observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei.
I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, espe-
cialização e atualização dos educadores de todos os níveis e moda- SEÇÃO III
lidades de ensino; DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL
II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, espe-
cialização e atualização dos profissionais de todas as áreas; Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as
III - a preparação de profissionais orientados para as atividades ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade
de gestão ambiental; sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na
IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na defesa da qualidade do meio ambiente.
área de meio ambiente; Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e
municipal, incentivará:

176
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de XII - fomento à conscientização ambiental em áreas turísticas,
massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, com estímulo ao turismo sustentável; (Incluído pela Lei nº 14.393,
e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; de 2022)
II - a ampla participação da escola, da universidade e de orga- XIII - divulgação e disponibilização de estudos científicos e de
nizações não-governamentais na formulação e execução de progra- soluções tecnológicas adequadas às políticas públicas de proteção
mas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal; do meio ambiente; (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022)
III - a participação de empresas públicas e privadas no desen- XIV - promoção de ações socioeducativas destinadas a diferen-
volvimento de programas de educação ambiental em parceria com tes públicos nas unidades de conservação da natureza em que a
a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; visitação pública é permitida; (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022)
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unida- XV - debate, divulgação, sensibilização e práticas educativas
des de conservação; atinentes às relações entre a degradação ambiental e o surgimento
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais liga- de endemias, epidemias e pandemias, bem como à necessidade de
das às unidades de conservação; conservação adequada do meio ambiente para a prevenção delas;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; e (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022)
VII - o ecoturismo. XVI - conscientização relativa a uso racional da água, escassez
Art. 13-A. Fica instituída a Campanha Junho Verde, a ser cele- hídrica, acesso a água potável e tecnologias disponíveis para melho-
brada anualmente como parte das atividades da educação ambien- ria da eficiência hídrica. (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022)
tal não formal. (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) § 3º Na Campanha Junho Verde, será observado o conceito de
§ 1º O objetivo da Campanha Junho Verde é desenvolver o en- Ecologia Integral, que inclui dimensões humanas e sociais dos desa-
tendimento da população acerca da importância da conservação fios ambientais. (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022)
dos ecossistemas naturais e de todos os seres vivos e do controle da
poluição e da degradação dos recursos naturais, para as presentes e CAPÍTULO III
futuras gerações. (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
§ 2º A Campanha Junho Verde será promovida pelo poder pú- AMBIENTAL
blico federal, estadual, distrital e municipal em parceria com esco-
las, universidades, empresas públicas e privadas, igrejas, comércio, Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Am-
entidades da sociedade civil, comunidades tradicionais e popula- biental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela
ções indígenas, e incluirá ações direcionadas para: (Incluído pela Lei regulamentação desta Lei.
nº 14.393, de 2022) Art. 15. São atribuições do órgão gestor:
I - divulgação de informações acerca do estado de conservação I - definição de diretrizes para implementação em âmbito na-
das florestas e biomas brasileiros e dos meios de participação ativa cional;
da sociedade para a sua salvaguarda; (Incluído pela Lei nº 14.393, II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas
de 2022) e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional;
II - fomento à conservação e ao uso de espaços públicos ur- III - participação na negociação de financiamentos a planos,
banos por meio de atividades culturais e de educação ambiental; programas e projetos na área de educação ambiental.
(Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera
III - conservação da biodiversidade brasileira e plantio e uso de de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretri-
espécies vegetais nativas em áreas urbanas e rurais; (Incluído pela zes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os
Lei nº 14.393, de 2022) princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
IV - sensibilização acerca da redução de padrões de consumo, Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de aloca-
da reutilização de materiais, da separação de resíduos sólidos na ção de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação
origem e da reciclagem; (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes cri-
V - divulgação da legislação ambiental brasileira e dos princí- térios:
pios ecológicos que a regem; (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Po-
VI - debate sobre transição ecológica das cadeias produtivas, lítica Nacional de Educação Ambiental;
economia de baixo carbono e carbono neutro; (Incluído pela Lei nº II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema
14.393, de 2022) Nacional de Educação;
VII - inovação ambiental por meio de projetos educacionais re- III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude
lacionados ao potencial da biodiversidade do País; (Incluído pela Lei dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou
nº 14.393, de 2022) programa proposto.
VIII - preservação da cultura dos povos tradicionais e indígenas Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo,
que habitam biomas brasileiros, inseridos no contexto da proteção devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, progra-
da biodiversidade do País; (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) mas e projetos das diferentes regiões do País.
IX - debate sobre as mudanças climáticas e seus impactos nas Art. 18. (VETADO)
cidades e no meio rural, com a participação dos Poderes Legislati- Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira rela-
vos estaduais, distrital e municipais; (Incluído pela Lei nº 14.393, tivos a meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e
de 2022) municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.
X - estímulo à formação da consciência ecológica cidadã a res-
peito de temas ambientais candentes, em uma perspectiva trans- CAPÍTULO IV
disciplinar e social transformadora, pautada pela ética intergeracio- DISPOSIÇÕES FINAIS
nal; (Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022)
XI - debate, em todos os níveis e modalidades do processo edu- Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
cativo, sobre ecologia, conservação ambiental e cadeias produtivas; noventa dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Nacional de
(Incluído pela Lei nº 14.393, de 2022) Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.

177
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Brasília, 27 de abril de 1999; 178o da Independência e 111o da
República. Art. 3º. São objetivos da Política Estadual do Meio ambiente:
I – promover e alcançar o desenvolvimento econômico-social,
compatibilizando-o, respeitadas as peculiaridades, limitações e ca-
LEI Nº 5.887, DE 09 DE MAIO DE 1995, E ALTERAÇÕES rências locais, com a conservação da qualidade do meio ambiente e
do equilíbrio ecológico, com vistas ao efetivo alcance de condições
LEI ORDINÁRIA Nº 5.887, DE 9 DE MAIO DE 1995 de vida satisfatórias e o bem-estar da coletividade;
II – definir as áreas prioritárias da ação governamental relativa
Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e dá ou- à questão ambiental, atendendo aos interesses da coletividade;
tras providências. III – estabelecer critérios e padrões de qualidade para o uso e
manejo dos recursos ambientais, adequando-os continuamente às
TÍTULO I inovações tecnológicas e às alterações decorrentes de ação antró-
DA POLÍTICA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE pica ou natural;
IV – garantir a preservação da biodiversidade do patrimônio na-
CAPÍTULO I tural e contribuir para o seu conhecimento científico;
DOS PRINCÍPIOS V – criar e implementar instrumentos e meios de preservação e
controle do meio ambiente;
Art. 1º. A Política Estadual do Meio Ambiente é o conjunto VI – fixar, na forma e nos limites da lei, a contribuição dos usu-
de princípios, objetivos, instrumentos de ação, medidas e diretri- ários pela utilização dos recursos naturais públicos, com finalidades
zes fixadas nesta Lei, para o fim de preservar, conservar, proteger, econômicas;
defender o meio ambiente natural e recuperar e melhorar o meio VII – promover o desenvolvimento de pesquisas e a geração e
ambiente antrópico, artificial e do trabalho, atendidas as peculiari- difusão de tecnologias regionais orientadas para o uso racional de
dades regionais e locais, em harmonia com o desenvolvimento eco- recursos ambientais;
nômico-social, visando assegurar a qualidade ambiental propícia à VIII – estabelecer os meios indispensáveis à efetiva imposição
vida. ao degradador público ou privado de obrigação de recuperar e in-
Parágrafo Único. As normas da Política Estadual do Meio Am- denizar os danos causados ao meio ambiente, sem prejuízo das san-
biente serão obrigatoriamente observadas na definição de qualquer ções penais e administrativas cabíveis.
política, programa ou projeto, público ou privado, no território do
Estado, como garantia do direito da coletividade ao meio ambiente TÍTULO II
sadio e ecologicamente equilibrado. DO PATRIMÔNIO NATURAL
Art. 2º. São princípios básicos da Política Estadual do Meio Am-
biente, consideradas as peculiaridades locais, geográficas, econô- Art. 4º. Compõem o patrimônio natural os ecossistemas exis-
micas e sociais, os seguintes: tentes no Estado, com seus elementos, leis, condições, processos,
I – todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi- funções, estruturas, influências, inter-relações, intra-relações, de
librado; ordem física, química, biológica e social, que contém, possibilitam,
II – o Estado e a coletividade têm o dever de proteger e defen- e selecionam todas as formas de vida.
der o meio ambiente, conservando-o para a atual e futuras gera- § 1º. A proteção do patrimônio natural far-se-á através dos
ções, com vistas ao desenvolvimento sócio-econômico; instrumentos que têm por fim implementar a Política Estadual do
III – o desenvolvimento econômico-social tem por fim a valo- Meio Ambiente.
rização da vida e emprego, que devem ser assegurados de forma § 2º. A elaboração de normas sobre o uso ou a exploração de
saudável e produtiva, em harmonia com a natureza, através de di- recursos que integram o patrimônio natural do Estado, deverá ob-
retrizes que colimem o aproveitamento dos recursos naturais de servar e respeitar o previsto nesta Lei, visando resguardar os princí-
forma ecologicamente equilibrada, porém economicamente viável pios e objetivos da Política Estadual do Meio Ambiente.
e eficiente, para ser socialmente justa e útil; Art. 5º. Compõem o potencial genético do Estado, os genótipos
IV – o combate à pobreza e à marginalização e a redução das dos seres vivos existentes nos ecossistemas.
desigualdades sociais e regionais são condições fundamentais para Art. 6º. Para assegurar a proteção do patrimônio natural e do
o desenvolvimento sustentável; potencial genético, compete ao Poder Público:
V – a utilização do solo urbano e rural deve ser ordenada de I – garantir os espaços territoriais especialmente protegidos
modo a compatibilizar a sua ocupação com as condições exigidas previstos na legislação em vigor, bem como os que vierem a ser
para a conservação e melhoria da qualidade ambiental; assim declarados por ato do Poder Público;
VI – deve ser garantida a participação popular nas decisões re- II – garantir os centros mais relevantes da biodiversidade;
lacionadas ao meio ambiente; III – criar e manter reservas genéticas e bancos de germoplas-
VII – o direito de acesso às informações ambientais deve ser mas com amostras significativas do potencial genético, dando ênfa-
assegurado a todos; se às espécies ameaçadas de extinção;
VIII – o respeito aos povos indígenas, às formas tradicionais de IV – incentivar a criação e o plantio de espécies nativas e autóc-
organização social e às suas necessidades de reprodução física e tones, visando a conservação ex situ.
cultural e melhoria de condição de vida, nos termos da Constituição Parágrafo Único. São espécies nativas as originárias do País e
Federal e da legislação aplicável, em consonância com os interesses adaptadas às condições do ecossistema amazônico e autóctones as
da comunidade regional em geral, SÃO FATORES INDISPENSÁVEIS que se encontram em área de distribuição natural.
NA ORDENAÇÃO, PROTEÇÃO E DEFESA DO MEIO AMBIENTE.

178
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
TÍTULO III CAPÍTULO II
DO SISTEMA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE DA POLUIÇÃO

Art. 7º – Este artigo foi revogado pela Lei Estadual nº 8.096, de SEÇÃO I
1º de janeiro de 2015, publicada no DOE de 01/01/2015 DA POLUIÇÃO DO SOLO
Art. 8º – Este artigo foi revogado pela Lei Estadual nº 8.096, de
1º de janeiro de 2015, publicada no DOE de 01/01/2015. Art. 13. O Poder Público manterá, sob sua responsabilidade,
Art. 9º – Este artigo foi revogado pela Lei Estadual nº 8.096, de áreas especificamente destinadas para disposição final de resíduos
1º de janeiro de 2015, publicada no DOE de 01/01/2015. de qualquer natureza, cabendo-lhe a elaboração e aprovação dos
projetos necessários e específicos relativos a essa utilização do solo.
TÍTULO IV § 1º. No caso de utilização de solo de propriedade privada para
DO CONTROLE AMBIENTAL disposição final de resíduos de qualquer natureza, deve ser obser-
vado projeto específico licenciado pelo órgão ambiental competen-
CAPÍTULO I te.
DAS NORMAS GERAIS § 2º. Quando o destino final do resíduo exigir a execução de
aterros, deverão ser asseguradas medidas adequadas para a prote-
Art. 10. O controle ambiental nos limites do território do Esta- ção das águas superficiais e subterrâneas.
do, será exercido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e § 3º. Os resíduos portadores de microorganismos patogênicos
Meio Ambiente – SECTAM. ou de alta toxicidade, bem como inflamáveis, explosivos, radioati-
Art. 11. Os resíduos líquidos, sólidos, gasosos ou em qualquer vos e outros classificados como perigosos, antes de sua disposição
estado de agregação da matéria, provenientes de fontes poluidoras, final no solo, deverão ser submetidas a tratamento e acondiciona-
somente poderão ser lançados ou liberados, direta ou indiretamen- mento adequados.
te, nos recursos ambientais situados no território do Estado, desde Art. 14. Fica vedado o transporte e a disposição final no solo
que obedecidas as normas e padrões estabelecidos nesta Lei e em do território estadual, de quaisquer resíduos tóxicos, radioativos e
legislação complementar. nucleares, quando provenientes de outros Estados ou Países.
§ 1º. Considera-se fonte de poluição, qualquer atividade, siste- Art. 15. A acumulação de resíduos que ofereçam comprovados
ma, processo, operação, maquinaria, equipamento ou dispositivo, riscos de poluição ambiental, na área de propriedade da fonte ge-
móvel ou não, que induza, produza ou possa produzir poluição. radora do risco ou em outros locais, somente será permitida me-
§ 2º. Considerando-se recursos ambientais, a atmosfera, as diante observância das cautelas necessárias, com aquiescência do
águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar órgão ambiental.
territorial, o solo e os elementos nele contidos, o subsolo, a flora Art. 16. O transporte, a disposição e o tratamento de resíduos
e a fauna. de qualquer natureza deverão ser feitos pelos responsáveis da fon-
§ 3º. Considera-se poluente toda e qualquer forma de matéria te geradora.
ou energia que, direta ou indiretamente, cause poluição em inten- Parágrafo Único. O disposto neste artigo aplica-se também aos
sidade, em quantidade, em concentração ou com características em lodos, digeridos ou não, do sistema de tratamento de resíduos ou
desacordo com as normas e padrões estabelecidos em legislação de outros materiais.
específica. Art. 17. O reaproveitamento, a reciclagem e a venda de resí-
§ 4º. Considera-se poluição, a degradação da qualidade am- duos perigosos dependerão de prévio licenciamento do órgão am-
biental resultante de atividades que direta ou indiretamente: biental.
I – prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da popu-
lação; SEÇÃO II
II – criem condições adversas às atividades sociais e econômi- DA POLUIÇÃO DO AR
cas;
III – afetem desfavoravelmente o conjunto de seres animais e Art. 18. O Poder Público, visando ao controle da poluição do ar,
vegetais de uma região; por fontes fixas ou móveis, estabelecerá os limites máximos permis-
IV – afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio am- síveis de emissão de poluentes atmosféricos e os padrões de qua-
biente; lidade do ar, através de normas específicas em consonância com a
V – lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões legislação federal em vigor.
ambientais estabelecidos. Art. 19. As fontes de poluição atmosférica, para as quais não fo-
Art. 12. Fica o Poder Executivo autorizado a determinar medi- rem estabelecidos os limites máximos de emissão, deverão adotar
das de emergência a fim de evitar episódios críticos de poluição am- sistemas de controle e tratamento de poluentes, baseados no uso
biental ou impedir sua continuidade em casos de grave e iminente de tecnologias comprovadamente eficientes para cada caso.
risco para as vidas humanas ou recursos econômicos. Art. 20. Os responsáveis pelas fontes geradoras de poluentes
Parágrafo Único. Para a execução das medidas de emergência atmosféricos, instalados ou a se instalarem no Estado, ficam obri-
de que trata este artigo poderão, durante o período crítico serem gados a adoção de medidas destinadas à prevenir ou corrigir os
reduzidas ou impedidas quaisquer atividades em áreas atingidas inconvenientes e prejuízos decorrentes de suas emissões no meio
pela ocorrência. ambiente, a serem definidas em norma específica, obedecidos os
princípios e diretrizes estabelecidos em lei:
§ 1º. A adoção de tecnologias dos sistemas de controle ou tra-
tamento de poluentes depende da elaboração de plano de controle
aprovado pelo órgão ambiental.

179
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2º. O plano de controle será elaborado pelo responsável da Art. 31. Fica proibida a reutilização de embalagens de agrotóxi-
fonte de poluição e conterá as medidas a serem adotadas e os res- cos, seus componentes e afins, salvo quando autorizado pelo órgão
pectivos níveis de emissão, compatibilizados com as características competente.
da região onde a fonte se localiza. Art. 32. A responsabilidade pela remoção, transporte, inutiliza-
Art. 21. Incumbe ao órgão ambiental a ampla e sistemática di- ção e destinação final de agrotóxicos proibidos, bem como de suas
vulgação dos níveis de qualidade do ar e das principais fontes polui- embalagens será solidária entre o fabricante e o comerciante.
doras, através dos diversos meios de comunicação de massa. Art. 33. O Poder Público desenvolverá campanhas de informa-
ções sobre os riscos representados pelo uso, armazenagem e desti-
SEÇÃO III no final de resíduos e embalagens de agrotóxicos, seus componen-
DA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS tes e afins para a saúde humana e animal e para o meio ambiente.
Art. 34. As atividades de extração mineral, particularmente de
Art. 22. Os efluentes de qualquer atividade somente poderão ouro, que utilizarem mercúrio metálico, cianeto e outros, devem
ser lançados, direta ou indiretamente nas águas interiores, superfi- dispor de equipamentos ou dispositivos que permitam a recupera-
ciais ou subterrâneas e nos coletores de água desde que obedeçam ção dessas substâncias.
aos padrões de emissão estabelecidos em legislação específica, fe- Art. 35. O Poder Público, ouvidos os segmentos envolvidos, po-
deral e estadual. derá proibir ou restringir o uso de substâncias e produtos perigosos
Parágrafo Único. Os efluentes de que trata este artigo não po- no território sob jurisdição do Estado.
derão conferir ao corpo receptor, características em desacordo com Parágrafo Único. Quando instituições oficiais de pesquisa, aler-
os critérios e padrões de qualidade das águas, definidas pelo órgão tarem para riscos ou desaconselharem o uso de substâncias e pro-
competente em consonância com a legislação federal em vigor. dutos perigosos, a autoridade competente deverá adotar imediatas
Art. 23. Fica vedado a diluição dos efluentes líquidos com águas providências, sob pena de responsabilidade.
não poluidoras ou outras que possam alterar a sua composição ao Art. 36. As substâncias e produtos perigosos apreendidos como
serem lançados no corpo receptor. resultados de ação fiscalizadora, serão inutilizados ou poderão ter
Art. 24. Os órgãos estaduais competentes estabelecerão me- outro destino, a critério da autoridade competente.
didas contra a contaminação das águas interiores, superficiais e Art. 37. Ficam os órgãos estaduais competentes, obrigados a
subterrâneas, bem como a instituição das respectivas áreas de pro- instalar infraestrutura laboratorial capacitada para analisar subs-
teção. tâncias ou produtos perigosos, nos alimentos, no organismo huma-
Art. 25. As águas doces, salobras e salinas do Estado, obedece- no e animal e no meio ambiente.
rão à classificação geral prevista na legislação federal, complemen-
tada por norma específica, naquilo que couber. CAPÍTULO IV
DAS ATIVIDADES MINERAIS
SEÇÃO IV
DA POLUIÇÃO SONORA Art. 38. A lavra de recursos minerais, sob qualquer regime de
exploração e aproveitamento, sempre respeitada a legislação fede-
Art. 26. Os níveis máximos permitidos dos sons, ruídos e vibra- ral pertinente e os demais atos e normas específicos de atribuição
ções, bem como as diretrizes, critérios e padrões, para o controle da União, dependerá de:
da poluição sonora interna e externa, decorrentes de atividades I - prévio licenciamento do órgão ambiental competente;
industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive de propa- II - indenização monetária pelos danos causados ao meio am-
ganda política e outras formas de divulgação sonorizada em normas biente, independentemente da obrigação de reparo do dano.
específicas. * Este artigo foi alterado pela Lei n° 6.986, de 29 de junho de
Art. 27. Os ruídos e sons produzidos por veículos automotores 2007, publicada no DOE No 30.958, DE 03/07/2007.
deverão atender aos limites estabelecidos pelo Poder Público, em § 1°. Constitui fato gerador da indenização monetária pelos da-
consonância com a legislação federal pertinente. nos causados ao meio ambiente, a saída de produto mineral das
áreas da jazida, mina, salina ou de outros depósitos minerais de
CAPÍTULO III onde provém e se equipara à saída, o consumo ou a utilização da
DAS SUBSTÂNCIAS E PRODUTOS PERIGOSOS substância mineral, em processo de industrialização realizado den-
tro das áreas da jazida, mina, salina ou de outros depósitos mine-
Art. 28. Para os efeitos desta Lei, são consideradas substâncias rais, suas áreas limítrofes ou ainda em qualquer estabelecimento.
e produtos perigosos os agrotóxicos, seus componentes e afins, o § 2°. A indenização monetária pelos danos causados ao meio
mercúrio, o ácido cianídrico e sais derivados e as substâncias que ambiente prevista no inciso II deste artigo, será calculada sobre o
destroem a camada de ozônio, bem como as que possam causar total das receitas resultantes da venda do produto mineral, obtido
riscos à vida e ao meio ambiente. após a última etapa do processo de beneficiamento adotado e antes
Art. 29. O Poder Público inspecionará a industrialização, o con- de sua transformação industrial, excluídos os tributos incidentes.
sumo, o comércio, o armazenamento e o transporte das substâncias § 3°. O percentual da indenização prevista no inciso II deste
e produtos perigosos no território sob sua jurisdição, obedecendo artigo, de acordo com as classes de substâncias minerais será de:
ao disposto na legislação federal e em norma específica. I - bauxita, manganês, ouro e ferro: 3% (três por cento);
Parágrafo Único. As pessoas físicas ou jurídicas que desempe- II - pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis, carbonatos e
nharem quaisquer das atividades discriminadas neste artigo, deve- metais nobres: 0,2% (dois décimos por cento);
rão obter licença junto ao órgão ambiental. III - areia, pedra, barro, seixo e demais materiais básicos de
Art. 30. Somente poderão ser comercializados no Estado do construção civil, incluindo aterros: 0,5 (cinco décimos por cento);
Pará os agrotóxicos e seus componentes registrados nos órgãos fe- IV - demais substâncias minerais: 2% (dois por cento).
derais competentes e, quando for o caso, que tenham uso permiti- § 4°. A indenização monetária pelos danos causados ao meio
do no seu país de origem. ambiente prevista no inciso II deste artigo, será lançada mensal-
mente pelo devedor em documento próprio, que conterá a descri-

180
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
ção da operação que lhe deu origem, o produto a que se referir V – no planejamento e na execução de projetos de aprovei-
o respectivo cálculo, em parcelas destacadas, e discriminação dos tamentos hidrelétricos, deverão ser privilegiadas alternativas que
tributos incidentes, se houver, de forma a tornar possível sua cor- minimizem a remoção e inundação de núcleos populacionais, re-
reta identificação. servas indígenas remanescente florestais nativos e associações ve-
§ 5°. Tanto o lançamento como o pagamento da indenização getais relevantes;
monetária, serão efetuados mensalmente diretamente ao Estado, VI – a execução de projetos de aproveitamento hidrelétrico de-
até o último dia do terceiro mês subsequente ao do fato gerador. verá ser precedida e acompanhada de medidas que assegurem a
§ 6°. O não cumprimento do estabelecido no § 5o deste artigo, proteção de espécies raras, vulneráveis ou em perigo de extinção,
implicará em correção do débito pela variação do valor nominal da da fauna e flora, bem como das áreas representativas dos ecossis-
UFIR ou outra unidade ou índice que venha substituí-la, pagamento temas a serem afetados;
de juro de mora de 1% (um por cento) ao mês e multa de 2% (dois VII – os reservatórios das usinas hidrelétricas deverão ser dota-
por cento), aplicados sobre o montante final apurado, sem prejuízo das de faixa marginal de proteção, constante de floresta, plantada
das sanções de natureza civil ou penal cabíveis. com essências nativas;
* Os parágrafos deste artigo foram acrescentados pela Lei n° VIII – nas áreas a serem inundadas pelos projetos de aprovei-
6.986, de 29 de junho de 2007, publicada no DOE n°30.958, de tamento hidrelétrico, deverão ser tomadas medidas que evitem ou
03/07/2007. atenuem alterações negativas na qualidade da água e propiciem o
Art. 39. A realização de trabalhos de pesquisa, lavra ou bene- pleno , aproveitamento da biomassa vegetal afetada;
ficiamento de recursos minerais em espaços territoriais especial- IX – os padrões operacionais das usinas hidrelétricas deverão
mente protegidos, dependerá do regime jurídico a que estiverem ser fixados de forma a evitar ou minimizar os impactos ambientais
submetidos, podendo o Poder Público estabelecer normas específi- negativos;
cas para permiti-los ou impedi-los, conforme o caso, tendo em vista X – os padrões de emissões das usinas termoelétrica e da quali-
a preservação do equilíbrio ecológico. dade de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas deverão ser,
Art. 40. A extração e o beneficiamento de minérios em lagos, obrigatoriamente, sujeitos a automonitoramento.
rios e quaisquer correntes de água, só poderão ser realizados de Art. 46. É vedado a instalação de:
acordo com a solução técnica aprovada pelos órgãos competentes. I – unidades geradoras de energia de qualquer natureza em lo-
Art. 41. O titular de autorização de pesquisa, de concessão de cais de ocorrência de falhas geológicas que possam colocar em risco
lavra, de permissão de lavra garimpeira, de manifesto de mina ou a estabilidade destas unidades;
qualquer outro título minerário, responderá pelos danos causados II – usinas termoelétricas nos cursos d´água de classe especial,
ao meio ambiente, sem prejuízo das combinações legais pertinen- segundo a classificação estabelecida na legislação federal.
tes. Art. 47. VETADO.
Art. 42. Os responsáveis pela execução de atividades minerá-
rias, ficam obrigados a efetuar o monitoramento sistemático dos CAPÍTULO VI
componentes ambientais atingidos pela operação. DAS ATIVIDADES AGROSSILVIPASTORIS
Art. 43. O detentor de qualquer título minerário fica obriga-
do a informar o órgão ambiental sobre a presença de monumentos Art. 48. As atividades a que se refere este capítulo somente
geológicos, depósitos fossolíferos, sítios arqueológicos e cavernas poderão ser desenvolvidas com a observância dos seguintes prin-
na área de influência direta da execução de suas atividades, assim cípios:
como responsabilizar-se pela sua preservação. I – a utilização de agrotóxicos e fertilizantes deverá ser feita de
Art. 44. A criação de áreas de garimpagem e a concessão de forma restrita, observando-se as normas do receituário agronômico
lavra garimpeira dependerão de prévio licenciamento do órgão am- e as condições do solo;
biental do Estado. II – as estradas ou caminhos necessários à implantação das ati-
vidades de que trata este artigo, deverão ser construídas adotan-
CAPÍTULO V do as convenientes estruturas de drenagem, utilizando-se critérios
DAS ATIVIDADES DE INFRAESTRUTURAS ENERGÉTICAS adequados, de forma a evitar erosão;
III – nas áreas onde já se realizam atividades agrossilvipastoris
Art. 45. A execução de qualquer obra de infra-estrutura energé- sua continuidade fica condicionada à adoção de sistema de manejo
ticas, fica sujeita, dentre outros, aos seguintes princípios: adequado, ou outras modalidades permitidas pela legislação nacio-
I – os aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar o uso nal ou oriundas de pesquisas técnicas compatíveis, aprovados pelo
múltiplo da água, em especial a necessária ao abastecimento públi- órgão ambiental, e desde que sua localização não implique na de-
co, à irrigação e ao lazer, bem como a reprodução das espécies da sestabilização das encostas e maciços adjacentes;
fauna aquática e terrestre; IV – a irrigação somente poderá ser utilizada de modo a não
II – as barragens dos aproveitamentos hidrelétricos deverão comprometer o solo e os mananciais de abastecimento público;
assegurar a navegabilidade dos cursos d´água potencialmente na- V – o Poder Público estimulará a prática ou o uso de sistemas
vegáveis; agrossilvipastoris, sustentáveis ecologicamente;
III – os oleodutos deverão ser dotados de mecanismos que VI – o Poder Público fomentará a pecuária somente em áreas
assegurem a qualidade das águas dos cursos das bacias por eles selecionadas, preferencialmente através do zoneamento ecológico-
seccionadas para, em caso de acidente, não comprometerem sua -econômico e na falta deste, por estudos técnico-científicos aprova-
classificação; dos pelo órgão ambiental;
IV – os concessionários do aproveitamento hidrelétrico ficam Art. 49. É vedado o uso de desfolhantes na agricultura, ressal-
obrigados a fomentar o manejo integrado de solos e águas nas áre- vados os casos licenciados pelo órgão ambiental, bem como o uso
as de contribuição direta dos reservatórios das usinas hidrelétricas, de anabolizantes na pecuária;
sob orientação do órgão ambiental;

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo Único. A inobservância do disposto nos incisos deste da área, sua organização espacial, impactos significativos, limites de
artigo, impede a concessão de qualquer benefício junto às institui- saturação, efluentes, capacidade dos recursos hídricos e disposição
ções financeiras do Estado ou implica na anulação dos que já te- de rejeitos industriais.
nham sido concedidos. Art. 54. As indústrias instaladas ou a se instalarem no territó-
Art. 50. É vedado o licenciamento de projetos agrossilvipasto- rio paraense são obrigadas a promover as medidas necessárias a
ris, nos seguintes casos: prevenir ou corrigir as inconveniências e prejuízos da poluição e da
I – quando implicarem no desmatamento de espaços territo- contaminação ao meio ambiente.
riais especialmente protegidos; Parágrafo Único. As medidas a que se refere esse artigo serão
II – quando resultarem em degradação irreversível dos solos e estabelecidas pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente, com ob-
mananciais; servância rigorosa desta Lei e demais provimentos legais e regula-
III – em áreas que correspondam a ecossistemas frágeis, cienti- mentares aplicáveis, mediante proposta do órgão ambiental.
ficamente diagnosticados como tais. Art. 55. O Estado, no limite de sua competência, e com inte-
Art. 51. Os projetos de manejo florestal para fim de exploração gral observância das leis aplicáveis, poderá estabelecer condições
racional de madeiras, serão fiscalizados pelo órgão competente de viáveis e compatíveis com as peculiaridades locais, para o funciona-
6 (seis) em 6 (seis) meses. mento das empresas, quanto à contenção da poluição industrial e
da contaminação do meio ambiente, respeitados os critérios, nor-
CAPÍTULO VII mas e padrões legalmente vigentes.
DAS ATIVIDADES DE INFRAESTRUTURAS DE TRANSPORTES Art. 56. O Estado ouvido os Municípios definirá padrões de uso
e ocupação do solo, em áreas nas quais ficará vedada a localização
Art. 52. As atividades de que trata este capítulo, deverão obe- de indústrias, com vistas à preservação de mananciais de água su-
decer, dentre outros, aos seguintes princípios: perficiais e subterrâneas e a proteção de áreas especiais de interes-
I – dispor de conveniente sistema de drenagem de águas plu- se ambiental, em razão de suas características ecológicas, paisagís-
viais, as quais deverão ser lançadas de forma a não provocar erosão; ticas e culturais.
II – os sistemas de drenagem das rodovias e ferrovias que lan- Art. 57. As indústrias instaladas ou a se instalarem no territó-
çarem águas pluviais no interior de áreas com remanescentes da rio do Estado, ficam sujeitas a monitoramento do Poder Público e
cobertura vegetal significativa, deverão ser dotadas das convenien- a automonitoramento permanente da qualidade ambiental e das
tes estruturas hidráulicas de dissipação de energia e promover o emissões por elas geradas.
lançamento final das águas em talvegues estáveis para as vazões - Parágrafo Único. As atividades relativas ao automonitoramen-
máximas do projeto; to dependerão de planos específicos, aprovados pelo órgão am-
III – quando seccionarem mananciais de abastecimento públi- biental, de responsabilidade técnica e financeira dos interessados
co, deverão estar dotadas de convenientes dispositivos de drena- na implantação ou operação dos empreendimentos.
gem e outros tecnicamente necessários que garantam a sua preser- Art. 58. As indústrias que utilizam matéria-prima florestal, de-
vação, inclusive, quando for o caso, minimizando as possibilidades verão assegurar sua reposição mediante manejo sustentado do re-
de acidentes com cargas tóxicas; curso e reflorestamento da área respectiva, conforme estabelecido
IV – quando transpuserem corpos de águas potencialmente na- nesta Lei e em legislação complementar.
vegáveis, deverão assegurar sua livre navegabilidade;
V – respeitar as características do relevo, assegurando a estabi- CAPÍTULO IX
lidade dos taludes objeto de corte e a integração harmônica com a DOS ASSENTAMENTOS RURAIS
paisagem das áreas reconstituídas;
VI – os projetos contemplarão obrigatoriamente traçados que Art. 59. Os assentamentos rurais deverão obedecer, dentre ou-
evitem ou minimizem o seccionamento de áreas remanescentes de tros, aos seguintes princípios:
cobertura vegetal significativa; I – os projetos deverão ser desenvolvidos de forma a estabele-
VII – será obrigatório o reflorestamento, preferencialmente cer módulos compatíveis com a capacidade de uso e conservação
com espécies nativas e autóctones, das faixas de domínio das estra- do solo, bem como traçados de maneira a minimizar as possibilida-
das de rodagem e ferrovias; des de erosão, protegendo as áreas com limitação natural à explo-
VIII – os locais que abrigam cavidades naturais do solo em ge- ração agrícola;
ral deverão ser dotadas de medidas de proteção, inclusive nos seus II – através de mecanismo de fomento e de zoneamento agrí-
entornos. cola, deverão ser estabelecidas políticas destinadas a compatibilizar
o potencial agrícola dos solos e a dimensão das unidades produti-
CAPÍTULO VIII vas de forma a maximizar o rendimento econômico e a proteção do
DAS ATIVIDADES INDUSTRIAIS meio ambiente ;
III – os módulos rurais mínimos, o parcelamento do solo rural e
Art. 53. A localização, implantação, operação, ampliação e al- os projetos de assentamento deverão assegurar áreas mínimas que
teração de atividades industriais, nas condições previstas no artigo garantam a compatibilidade entre as necessidades da produção e
93 desta Lei, dependerão de licença ambiental, observadas, quando a manutenção dos sistemas florísticos típicos da região, bem como
for o caso, as desconformidades em face das condições ambientais das reservas legais e áreas de preservação permanente;
especiais, particularmente as que resultarem da implantação de es- IV – nos projetos de assentamentos rurais, as derrubadas da
paços territoriais especialmente protegidos. vegetação incidentes no Estado só serão permitidas quando res-
Parágrafo Único. O licenciamento de que trata este artigo leva- peitado, em qualquer caso, o limite percentual, de reserva legal de
rá em conta as condições, critérios, padrões e parâmetros definidos cada lote.
no zoneamento ecológico-econômico, considerando, dentre ou-
tros, as circunstâncias e aspectos envolvidos na situação ambiental

182
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO X Art. 65. Em áreas de loteamento localizadas em balneários ou
DOS ASSENTAMENTOS URBANOS próximas aos cursos d´água, o proprietário se responsabilizará, no
mínimo, pela construção de fossas sépticas e filtros anaeróbios,
Art. 60. Os assentamentos urbanos, mediante o parcelamen- caso não haja sistema convencional de esgotamento sanitário im-
to do solo e a implantação de empreendimentos de caráter social, plantado no local.
atenderão aos princípios e normas urbanísticas em vigor, observa- Art. 66. Nas áreas não servidas por sistemas públicos de esgo-
das ainda, as seguintes disposições: to sanitário e de abastecimento de água, a infiltração do efluente
I – é vedado o lançamento de esgotos urbanos nos cursos d´á- sanitário deve ocorrer de acordo com normas estabelecidas pelo
gua, sem prévio tratamento adequado que compatibilizem seus órgão ambiental.
efluentes com a classificação do curso d´água receptor; Art. 67. Na ausência do sistema convencional de tratamento de
II – as áreas de mananciais destinadas ao abastecimento urba- esgoto, todos os conjuntos habitacionais multifamiliares deverão
no deverão ser protegidas mediante índices urbanísticos apropria- ter, no máximo, fossas sépticas e filtros anaeróbios.
dos; Art. 68. Poderão ser adotadas outras soluções alternativas para
III – é vedada a urbanização em áreas geologicamente instá- o tratamento de esgoto desde que previamente aprovadas pelo ór-
veis, com acentuada declividade e ecologicamente frágeis, sujeitas gão ambiental.
à inundação ou aterradas com material nocivo à saúde pública, sem Art. 69. O Poder Público procederá a fiscalização e o controle
projeto de manejo adequado, aprovado pelo órgão ambiental, ob- das atividades das empresas particulares de manutenção de fossas
servadas as proibições legais; sépticas.
IV – é vedado o parcelamento do solo em áreas de preservação Art. 70. Fica proibido o lançamento de resíduos sólidos, coleta-
permanente ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitá- dos por sistemas de limpeza, públicos ou privados, nos corpos d´á-
rias suportáveis, até a sua correção; gua e no solo a céu aberto.
V – nas áreas de relevante interesse social, turístico ou paisa- Parágrafo único. Nas áreas onde não existam sistemas públi-
gístico, os padrões de urbanização e as dimensões das edificações cos de coleta, transporte e destino final de resíduos sólidos, os de-
devem guardar relações de harmonia e proporção definidoras da correntes das atividades domésticas deverão, se possível, ser reci-
paisagem local. clados ou enterrados em local distante das áreas de proteção de
mananciais considerados de primeira categoria, salvaguardando-se
CAPÍTULO XI a qualidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de
DO SANEAMENTO acordo com seu uso e segundo a legislação vigente.

Art. 61. Ficam sujeitas a licenciamento prévio do órgão ambien- TÍTULO V


tal, as obras de saneamento previstas na legislação federal em vigor, DOS INSTRUMENTOS DE AÇÃO
bem como aquelas para quais seja possível identificar significativas
modificações ambientais, por seu porte, natureza e peculiaridades CAPÍTULO I
apresentadas. DO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
Art. 62. Fica estabelecida a obrigatoriedade, em todo o Estado,
da coleta, do tratamento e do destino final adequado dos esgotos Art. 71. O Poder Público utilizará o Zoneamento Ecológico-Eco-
sanitários, na forma disposta neste artigo. nômico, que, quando concluído, deverá ser aprovado por lei, como
§ 1º. Na impossibilidade da implantação do sistema convencio- base do planejamento estadual no estabelecimento de políticas,
nal de tratamento de esgoto, deverão ser adotados os procedimen- programas e projetos, visando à ordenação do território e à melho-
tos a seguir enumerados, caso o Poder Público não indique outros: ria da qualidade de vida das populações urbanas e rurais.
I – nos Municípios ou localidades de grande e médio porte, o Parágrafo Único. A Política Estadual do Meio Ambiente deverá
uso de fossas sépticas e filtros anaeróbios, seguido de destino final ser ajustadas às conclusões e recomendações do zoneamento eco-
adequado para os efluentes tratados, resguardada a qualidade dos lógico-econômico.
mananciais, dos cursos d´água, do lençol subterrâneo e do solo;
II – nos Municípios de pequeno porte, o uso de formas sanitá- CAPÍTULO II
rias, cujo efluente líquido, se houver, deve ter destino final adequa- DO GERENCIAMENTO COSTEIRO
do, resguardada a qualidade dos mananciais, dos cursos d´água, do
lençol subterrâneo e do solo. Art. 72. O Poder Público estabelecerá políticas, planos e pro-
§ 2º. No caso de adoção de fossas sépticas ou similares, essas gramas para o gerenciamento da zona costeira estadual, que será
unidades deverão ser esgotadas periodicamente sob orientação definida em lei específica, com o objetivo de:
técnica do órgão componente. I – planejar e gerenciar, de forma integrada, descentralizada e
Art. 63. O Poder Público deverá criar locais adequados para o participativa, as atividades sócioeconômicas, de forma a garantir a
tratamento e o destino final do lodo digerido ou retirado das fossas utilização, controle, conservação, preservação e recuperação dos
sépticas ou similares. recursos naturais e ecossistemas;
Art. 64. Para os fins do disposto nesta Lei, as áreas de proteção II – obter um correto dimensionamento das potencialidades e
dos mananciais obedecerão à seguinte classificação: vulnerabilidades;
I – primeira categoria, como as de uso mais restrito; III – assegurar a utilização dos recursos naturais, com vistas a
II – segunda categoria, como as de uso menos restrito; sua sustentabilidade permanente;
§ 1º. Os critérios de classificação considerados no caput deste IV – compatibilizar a ação humana, em quaisquer de suas mani-
artigo, serão definidos pelo Poder Público em legislação específica. festações, com a dinâmica dos ecossistemas, de forma a assegurar
§ 2º. Nas áreas de proteção de mananciais, os efluentes só po- o desenvolvimento econômico e social ecologicamente sustentado
derão ser lançados em áreas consideradas de segunda categoria e e a melhoria da qualidade de vida;
de modo que não ofereçam riscos de contaminação ou poluição às
áreas classificadas como de primeira categoria.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
V – exercer efetivo controle sobre os agentes causadores de § 2º. Os critérios de identificação, natureza e delimitação nu-
poluição, sob todas as suas formas, ou de degradação ambiental mérica das comunidades tradicionais serão definidos por ato do
que afetem, ou possam vir a afetar, a zona costeira. Poder Executivo.
Art. 78. O Estado poderá cobrar preços públicos pela utilização
CAPÍTULO III de áreas de domínio público, independentemente do fim a que se
DOS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS destinam, sendo o produto da arrecadação aplicado prioritariamen-
te na área que o gerou.
Art. 73. Os espaços territoriais especialmente protegidos, Art. 79. As áreas declaradas de interesse social, para fins de
aqueles necessários a preservação ou conservação dos ecossiste- desapropriação, objetivando a implantação de unidades de conser-
mas representativos do Estado, são os seguintes: vação da natureza, serão consideradas espaços territoriais espe-
I - as áreas de preservação permanente previstas na legislação cialmente protegidos, não sendo nelas permitidas atividades que
federal; degradem o meio ambiente, ou que, por qualquer forma, possam
II - as áreas criadas por ato do Poder Público. comprometer a integridade das condições ambientais que motiva-
* O inciso II deste artigo foi alterado pela Lei nº 6.745, de 06 de ram a expropriação.
maio de 2005, publicada no DOE n° 30.435, de 12/05/2005. Parágrafo Único. As áreas desapropriadas serão consideradas
Art. 74. Na distribuição de terras públicas destinadas à agrope- especiais, enquanto não for declarado interesse diversos daquele
cuária, definidas em planos de colonização e reforma agrária, não que motivou a expropriação.
podem ser incluídas as áreas de que trata o artigo anterior. Art. 80. As áreas de domínio privado incluídas nos espaços
Art. 75. Os espaços territoriais especialmente protegidos, para territoriais especialmente protegidos, sem necessidade de trans-
efeitos ambientais, serão classificados, sob regimes jurídicos espe- ferência do domínio público, ficarão sob regime jurídico especial
cíficos, conforme as áreas por eles abrangidas sejam: disciplinador das atividades, empreendimentos, processos, uso e
I – de domínio público do Estado; ocupação do solo, objetivando, conforme a figura territorial de pro-
II – de domínio privado, porém, sob regime jurídico especial, teção ambiental declarada, a defesa e o desenvolvimento do meio
tendo em vistas a declaração das mesmas como de interesse para a ambiente ecologicamente equilibrado.
implantação de unidade de conservação da natureza, as limitações Parágrafo Único. A declaração dos espaços territoriais especial-
de organização territorial e de uso e ocupação do solo; mente protegidos implicará, conforme o caso:
III – de domínio privado, cuja vegetação de interesse ambien- I – na disciplina especial para as atividades de utilização e ex-
tal, original ou constituída, a critério da autoridade competente seja ploração racional de recursos naturais;
gravado com cláusula de perpetuidade, mediante averbação em re- II – na fixação de critérios destinados a identificá-los como ne-
gistro público. cessários para a proteção de entornos das áreas públicas de conser-
Parágrafo Único. VETADO vação ambiental, bem como das que mereçam proteção especial;
Art. 76. As áreas mencionadas no inciso I do artigo anterior se- III – na proteção das cavidades naturais subterrâneas, dos sítios
rão classificadas, para efeito de organização e administração, obser- arqueológicos e outros de interesse cultural, bem como de seus en-
vados os seguintes critérios: tornos de proteção;
I – proteção dos ecossistemas que somente poderão ser defini- IV – na proteção dos ecossistemas que não envolvam a neces-
dos e manejados sob pleno domínio de seus fatores naturais; sidade de controle total dos fatores naturais;
II – desenvolvimento científico e técnico e atividades educa- V – na declaração de regimes especiais para definição de ín-
cionais; dices ambientais, de qualquer natureza, a serem observados pelo
III – manutenção de comunidades tradicionais; Poder Público e pelos particulares;
IV – desenvolvimento de atividades de lazer, cultura e turismo VI – no estabelecimento de normas, critérios, parâmetros e pa-
ecológico; drões conforme planejamento e zoneamento ambientais;
V – conservação de recursos genéticos; VII – na declaração automática da desconformidade de todas
VI – conservação da diversidade biológica e do equilíbrio do as atividades, empreendimentos, processos e obras que forem in-
meio ambiente; compatíveis com os objetivos ambientais inerentes ao espaço terri-
VII – consecução do controle da erosão e assoreamento em torial protegido em que se incluam.
áreas significativamente frágeis. Art. 81. Para fins do disposto no inciso III do artigo 75, o Poder
§ 1º. O Poder Público fixará os critérios de uso, ocupação e Público criará incentivos e estímulos para promover a constituição
manejo das áreas referidas neste artigo, sendo vedada quaisquer voluntária de áreas protegidas de domínio privado, concedendo
ações ou atividades que comprometam ou possam vir a comprome- preferências e vantagens aos respectivos proprietários na manu-
ter, direta ou indiretamente, seus atributos e características. tenção das mesmas, nos termos do regulamento.
§ 2º. O plano de manejo das áreas de domínio público poderá Art. 82. Fica criado o Sistema Estadual de Unidades de Conser-
contemplar atividades privadas, somente mediante autorização ou vação – SEUC, constituído pelas Unidades de Conservação da Natu-
permissão, onerosa ou não, desde que estritamente indispensáveis reza já existentes e as que vierem a ser criadas, e será administrado
aos objetivos dessas áreas. pelo órgão ambiental.
Art. 77. As comunidades tradicionais poderão ser inseridas em Art. 83. As unidades de conservação integrantes do SEUC, se-
áreas de domínio público, a critério da autoridade competente, rão classificadas de acordo com seus objetivos, em três grupos, que
desde que: comportam categorias de manejo, baseadas em estudos e pesqui-
I – respeitadas as condições jurídicas pertinentes; sas das vocações naturais e condições sócio-econômicas das áreas
II – obedecido o plano de manejo das referidas áreas; e selecionadas, quais sejam:
III – mantidas as suas características originais. I – Unidades de Proteção Integral, que têm como característi-
§ 1º. Fica garantida a participação das comunidades tradicio- cas básicas a proteção total dos atributos naturais, a preservação
nais no procedimento de que trata este artigo. dos ecossistemas em estado natural com o mínimo de alterações e
o uso indireto de seus recursos;

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II – Unidades de Manejo Provisório, que têm como caracte- CAPÍTULO VI
rísticas básicas a proteção total, de forma transitória dos recursos DA PESQUISA E DO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
naturais e o uso indireto sustentável por parte das comunidades TECNOLÓGICO
tradicionais;
III – Unidades de Manejo Sustentável, que têm como caracte- Art. 88. Compete ao Poder Público, promover e incentivar o
rísticas básicas a proteção parcial dos atributos naturais e/ou uso desenvolvimento científico e tecnológico em matéria ambiental,
direto dos recursos disponíveis em regime de manejo sustentado. visando à melhoria da qualidade de vida do sistema produtivo e à
Art. 84. As categorias de manejo das unidades de conservação, minimização dos problemas sociais e ao progresso da ciência.
de que trata o artigo anterior, e o uso das áreas adjacentes às uni- Parágrafo Único. A pesquisa básica, a capacitação tecnológica
dades de conservação da natureza serão disciplinadas pelo Poder e a ampla difusão dos conhecimentos são termos referenciais da
Público, respeitadas as características regionais. pesquisa e do desenvolvimento científico e tecnológico.
Art. 89. O Poder Público, ao promover a pesquisa básica, a ca-
CAPÍTULO IV pacitação tecnológica e a difusão dos conhecimentos, com vistas
DO MONITORAMENTO ao desenvolvimento tecnológico e a adaptação de tecnologias exis-
tentes às necessidades regionais, levará em conta as características
Art. 85. O monitoramento ambiental consiste no acompanha- dos ecossistemas do Estado e o desenvolvimento das atividades
mento da qualidade dos recursos ambientais, com o objetivo de: produtivas existentes ou que venham a se instalar, conforme as pe-
I – aferir o atendimento aos padrões de qualidade ambiental; culiaridades dessas atividades e observados os critérios do desen-
II – controlar o uso dos recursos ambientais; volvimento sustentável.
III – avaliar o efeito de políticas, planos e programas de gestão Art. 90. O Poder Público fornecerá condições de formação e
ambiental e de desenvolvimento econômico e social; aperfeiçoamento de profissionais necessários ao desenvolvimento
IV – acompanhar o estágio populacional de espécies da flora e da ciência e tecnologia ambientais, bem como incentivar a iniciativa
fauna, especialmente as ameaçadas de extinção; privada, na forma da lei.
V – subsidiar medidas preventivas e ações emergênciais em ca-
sos de acidentes ou episódios críticos de poluição. CAPÍTULO VII
Art. 86. As obras e atividades sujeitas ao licenciamento am- DA PARTICIPAÇÃO POPULAR E DO DIREITO À INFORMAÇÃO
biental ficam obrigados ao automonitoramento, sem prejuízo do
monitoramento procedido pelo Poder Público. Art. 91. A participação da comunidade nas decisões relaciona-
Parágrafo Único. O Poder Público poderá dispensar, tempora- das ao meio ambiente será assegurada, dentre outras formas, pelas
riamente, o automonitoramento das indústrias que comprovarem seguintes:
insuficiência técnica e financeira. I – a representação majoritária da sociedade civil organizada,
especialmente através de entidades devidamente constituídas e
CAPÍTULO V regulares perante a legislação brasileira, de trabalhadores profis-
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL sionais, produtores e industriais e organismos não-governamentais,
todas voltadas para a questão ambiental, no Conselho Estadual do
Art. 87. Na busca da efetivação da cidadania, da garantia de Meio Ambiente;
melhor qualidade de vida, da melhor distribuição de riquezas e de II – consulta à população interessada, através de audiência pú-
maior equilíbrio entre desenvolvimento sócio-econômico e preser- blica e, quando requerido, plebiscito convocado na forma do dis-
vação do meio ambiente, a educação ambiental deverá ser efetiva- posto na Constituição Estadual, ambos realizados antes da expedi-
da, obedecendo aos seguintes princípios: ção da licença prévia para a implantação de projeto ou atividade,
I – os programas relacionados à exploração racional de recursos pública ou privada, que possa colocar em risco o equilíbrio ecológi-
naturais, recuperação de áreas, bem como atividades de controle, co ou provocar significativa degradação do meio ambiente;
de fiscalização, de uso, de preservação e de conservação ambien- III – convite à participação pública nas etapas iniciais do pro-
tal, devem contemplar, em suas formulações, ações de educação jeto, ou do planejamento público ou privado, através das reuniões
ambiental; para definição do alcance dos estudos e elaboração dos termos de
II – os programas de assistência técnica e financeira do Estado, referência da avaliação de impacto ambiental.
relativos à educação ambiental, deverão priorizar a necessidade de Art. 92. O direito da população à informação em matéria am-
inclusão das questões ambientais nos conteúdos a serem desenvol- biental será assegurado, especialmente através de:
vidos nas propostas curriculares, em todos os níveis e modalidades I – ampla e sistemática divulgação das diretrizes básicas da Po-
de ensino; lítica Estadual do Meio Ambiente e de suas alterações, sempre que
III – os programas de pesquisas em ciência e tecnologia, finan- estas ocorrerem;
ciados com recursos do Estado, deverão contemplar, sempre que II – ampla divulgação dos pareceres conclusivos e das decisões
possível, a questão ambiental em geral e em especial, a educação de mérito proferidas pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente,
ambiental; decorrentes da análise do Estudo Prévio de Impacto Ambiental e
IV – os recursos arrecadados em função de multas por descum- respectivo Relatório de Impacto Ambiental – EPIA/RIMA;
primento da legislação ambiental, deverão ter revertidos no míni- III – publicação, no prazo de 10 (dez) dias, dos atos concessivos
mo, 20% (vinte por cento) do seu total, para aplicação das ações de de incentivos, através de recursos públicos, à proteção do meio am-
educação ambiental, aplicáveis no local de origem da ocorrência da biente e à utilização racional dos recursos ambientais;
infração. IV – publicação, no prazo de 10 (dez) dias, dos atos de suspen-
são dos incentivos e dos contratos celebrados entre o Poder Públi-
co e as pessoas físicas ou jurídicas que descumprirem a legislação
ambiental;
V – ampla divulgação das informações oriundas das pesquisas
incentivadas pelo Poder Público, na área ambiental;

185
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
VI – ampla divulgação da realização das audiências públicas, Art. 96. É vedada a concessão de licenciamento ambiental an-
dos plebiscitos e do conteúdo do Relatório de Impacto Ambiental tes de efetivadas as exigências acatadas pelo Poder Público, em au-
– RIMA; diências públicas.
VII – amplo acesso de qualquer cidadão, junto aos órgãos in-
tegrantes do Sistema Estadual do Meio Ambiente, às informações CAPÍTULO IX
pertinentes aos assuntos regulados por esta Lei, que sejam de in- DA AVALIAÇÃO PRÉVIA DE IMPACTO AMBIENTAL
teresse coletivo ou geral, as quais serão prestadas no prazo de 15
dias, dando-se-lhe, inclusive, se requeridas, vistas aos processos Art. 97. O licenciamento de obra ou atividade, comprovada-
administrativos, sob pena de responsabilidade do agente da admi- mente considerada efetiva ou potencialmente poluidora ou capaz
nistração, que, por ventura, venha negar, protelar ou dificultar, por de causar degradação ambiental, dependerá de avaliação dos im-
qualquer meio, esse acesso. pactos ambientais.
§ 1º. Para os efeitos dos incisos III e IV deste artigo, a publica- § 1º. V E T A D O
ção far-se-á no mínimo, no Diário Oficial do Estado. § 2º. Ressalvado o disposto no parágrafo anterior, o Conselho
§ 2º. A ampla divulgação referida nos incisos I, II, V e VI, dar- Estadual do Meio Ambiente definirá, através de Resolução as ativi-
-se-á no mínimo, através de nota resumida, publicada em jornal de dades e obras que dependerão de elaboração de EPIA/RIMA, obser-
circulação local. vando as normas federais vigentes sobre a matéria e, dentre outros,
§ 3º. Para a efetiva garantia do direito a informações, o órgão os seguintes requisitos:
ambiental manterá serviço específico. I – as diretrizes do planejamento e zoneamento ambientais,
nos termos estatuídos nesta Lei;
CAPÍTULO VIII II – o grau de complexidade de cada obra ou atividade;
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL III – a natureza e as dimensões dos empreendimentos;
IV – as peculiaridades de cada obra ou atividade;
Art. 93. A construção, instalação, ampliação, reforma e funcio- V – os estágios em que já se encontram os empreendimentos
namento de empreendimentos e atividades utilizadoras e explora- iniciados;
doras de recursos naturais, considerados efetiva ou potencialmente VI – as condições ambientais da localidade ou região;
poluidoras, bem como, os capazes de causar significativa degrada- VII – o grau de saturação do meio ambiente, em razão do fator
ção ambiental, sob qualquer forma, dependerão de prévio licencia- de agregação de atividades poluidoras na localidade ou região.
mento do órgão ambiental. Art. 98. Para o licenciamento de obra ou atividade que dispen-
Parágrafo Único. O licenciamento de que trata o caput desse sar a elaboração do EPIA/RIMA, o órgão ambiental poderá exigir
artigo será precedido de estudos que comprovem, dentre outros outros instrumentos específicos para a avaliação dos impactos am-
requisitos, os seguintes: bientais.
I – os reflexos sócio-econômicos às comunidades locais, consi- Parágrafo Único. No caso das obras ou atividades referidas no
derados os efetivos e comprovados riscos caput deste artigo poderá o Poder Público utilizar a autorização, a
e poluição do meio ambiente e de significativa degradação am- título precário como procedimento preliminar de regularização.
biental, comparados com os benefícios resultantes para a vida e o Art. 99. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EPIA é instru-
desenvolvimento material e intelectual da sociedade; mento de análise de processos e métodos sobre a viabilidade da
II – as conseqüências diretas ou indiretas sobre outras ativida- implantação de obra ou atividade, pública ou privada, tendo como
des praticadas na região, inclusive de subsistência. objetivo deferir ou indeferir o licenciamento requerido.
Art. 94. Para efeito do disposto no artigo anterior, o licencia- Art. 100. O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA refletirá as
mento obedecerá às seguintes etapas: conclusões do EPIA e visa a transmitir informações fundamentais
I – Licença Prévia (LP) – emitida na fase preliminar da atividade, do mencionado estudo, através de linguagem acessível a todos os
devendo resultar da análise dos requisitos básicos a serem aten- segmentos da população, de modo a que se conheça as vantagens
didos quanto a sua localização, instalação e operação, observadas e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências am-
as diretrizes do zoneamento ecológico-econômico, sem prejuízo de bientais decorrentes de sua implantação.
atendimento ao disposto nos planos de uso e ocupação do solo; Art. 101. A elaboração do EPIA/RIMA obedecerá os princípios,
II – Licença de Instalação (LI) – emitida após a fase anterior, a objetivos e diretrizes estabelecidos pelo Conselho Estadual do Meio
qual autoriza a implantação da atividade, de acordo com as especi- Ambiente, em perfeita consonância e compatibilização com a legis-
ficações constantes do projeto executivo aprovado; lação federal pertinente, especialmente as normas sobre a matéria
III – Licença de Operação (LO) – emitida após a fase anterior, a editadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
qual autoriza a operação da atividade e o funcionamento de seus Naturais Renováveis – IBAMA.
equipamentos de controle ambiental, de acordo com o previsto nas Art. 102. A análise do EPIA/RIMA deverá obedecer a prazos fi-
Licenças Prévia e de Instalação. xados em regulamento, segundo o grau de complexidade dos res-
§ 1º. A Licença Prévia poderá ser dispensada no caso de am- pectivos empreendimentos.
pliação de atividades. Art. 103. O órgão ambiental, ao receber o RIMA, estabelecerá
§ 2º. As Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, serão ex- prazo para o recebimento dos comentários por parte dos órgãos
pedidas por tempo certo, a ser determinado pelo órgão ambiental, públicos e demais interessados e sempre que julgar necessário, pro-
não podendo em nenhum caso ser superior a 5 (cinco) anos. moverá a realização de audiência pública.
§ 3º. A Licença de Operação será renovada ao final de cada pe- § 1º. As audiências públicas destinar-se-ão a fornecer informa-
ríodo de sua validade. ções sobre o projeto e seus impactos ambientais e a possibilitar a
Art. 95. Os pedidos de licenciamento e a respectiva concessão discussão e o debate sobre o RIMA.
ou renovação serão publicados no Diário Oficial do Estado, bem § 2º. As audiências públicas serão convocadas pelo órgão am-
como no jornal de maior circulação local, às expensas do interes- biental, por solicitação:
sado. I – do representante legal do órgão ambiental;
II – de entidade da sociedade civil;

186
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III – de órgão ou entidade pública, que direta ou indiretamente Art. 109. A ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus anexos, ser-
tenha envolvimento com as questões ambientais; virão de base, juntamente com o Relatório de Impacto sobre o Meio
IV – do Ministério Público Federal ou Estadual; Ambiente, para a análise e parecer final do licenciador quanto à
V – de cinquenta ou mais cidadãos. aprovação ou não do projeto.
§ 3º. A audiência pública deverá ser realizada em local de fácil
acesso aos interessados. CAPÍTULO XI
§ 4º. Comparecerão obrigatoriamente à audiência pública, os DA FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
servidores públicos responsáveis pela análise e licenciamento am-
biental, os representantes de cada especialidade da equipe multi- Art. 110. A fiscalização ambiental necessária à consecução dos
disciplinar que elaborou o RIMA, o requerente do licenciamento ou objetivos desta Lei, bem como de qualquer norma de cunho am-
seu representante legal e o representante do Ministério Público, biental, será efetuada pelos diferentes órgãos do Estado, sob a co-
que para tal fim deve ser notificado pela autoridade competente, ordenação do órgão ambiental, ou quando for o caso, do Conselho
com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. Estadual do Meio Ambiente.
§ 5º. A realização das audiências públicas será sempre precedi- Parágrafo Único. É assegurado a qualquer cidadão o direito
da de ampla divulgação, assegurada pela publicação de, no mínimo, exercer a fiscalização referenciada neste artigo, mediante comuni-
três vezes consecutivas, no Diário Oficial e nos jornais de grande cir- cação do ato ou fato delituoso à Secretaria de Estado de Ciência,
culação no Estado, através de nota contendo todas as informações Tecnologia e Meio Ambiente ou à autoridade policial, que adotarão
indispensáveis ao conhecimento público da matéria. as providências, sob pena de responsabilidade.
Art. 104. O órgão ambiental somente emitirá parecer final so- Art. 111. O Poder Executivo, mediante decreto, regulamentará
bre o RIMA, após concluída a fase de audiência pública. os procedimentos fiscalizatórios necessários à implementação das
Parágrafo Único. O órgão ambiental, ao emitir parecer sobre disposições deste capítulo.
o licenciamento requerido, analisará as proposições apresentadas
na audiência pública, manifestando-se sobre a pertinência das mes- CAPÍTULO XII
mas. DOS CADASTROS E INFORMAÇÕES AMBIENTAIS

CAPÍTULO X Art. 112. O Poder Público manterá atualizados os cadastros téc-


DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS nicos de atividades de defesa do meio ambiente e das atividades
potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos ambientais.
Art. 105. A audiência pública a que se refere esta Lei tem por fi- § 1º. O cadastro técnico de atividades de defesa ambiental,
nalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise tem por fim proceder ao registro obrigatório de pessoas físicas ou
e do seu referido Relatório de Impacto Ambiental, dirimindo dúvi- jurídicas prestadoras de serviço relativos às atividades de controle
das e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito. do meio ambiente, inclusive através da fabricação, comercialização,
Art. 106. Sempre que julgar necessário, ou quando for solicita- instalação ou manutenção de equipamentos.
do por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinquenta) § 2º. O cadastro técnico de atividades potencialmente polui-
ou mais cidadãos, a Secretaria de Meio Ambiente promoverá a rea- doras ou utilizadoras de recursos ambientais, tem por objetivo pro-
lização de audiência pública. ceder ao registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
§ 1º. Secretaria de Meio Ambiente, a partir da data do recebi- dedicam a atividades, potencialmente poluidoras ou de extração,
mento do Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, fixará em produção, transporte e comercialização de produtos potencialmen-
edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo, que será te perigosos ao meio ambiente, assim como, de produtos e subpro-
no mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias, para solicitação de audi- dutos da fauna e flora.
ência pública. Art. 113. V E T A D O
§ 2º. No caso de haver solicitação de audiência pública e na Parágrafo Único. Fica dispensada a exigência de apresentação
hipótese da Secretaria de Meio Ambiente não realizá-la, a licença da Certidão, para a obtenção de créditos ou financiamentos oficiais,
concedida não terá validade. destinados à recuperação do meio ambiente degradado, desde que
§ 3º. Após este prazo, a convocação será feita pelo órgão licen- o interessado comprove quitação com as multas ambientais, deven-
ciador através de correspondência registrada aos solicitantes e da do o respectivo projeto ser aprovado pelo órgão ambiental.
divulgação em órgão da imprensa local.
§ 4º. A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos CAPÍTULO XIII
interessados. DOS ESTÍMULOS E INCENTIVOS
§ 5º. Em função da localização geográfica dos solicitantes, e da
complexidade do tema, poderá ser realizada mais de uma audiência Art. 114. O Poder Público incentivará ações, atividades e pro-
pública sobre o mesmo projeto e respectivo Relatório de Impacto cedimentos, de caráter público ou privado, que visem à proteção,
sobre o Meio Ambiente. manutenção e recuperação do meio ambiente e à utilização sus-
Art. 107. A audiência pública será dirigida pelo representante tentada dos recursos naturais, mediante a concessão de vantagens
do órgão licenciador que, após a exposição objetiva do projeto e de fiscais e creditícias, mecanismos e procedimentos compensatórios,
seu respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, abrirá apoio financeiro, técnico, científico e operacional.
as discussões com os interessados presentes. § 1º. Na concessão de incentivos, o Poder Público dará priori-
Art. 108. Ao final de cada audiência pública, será lavrada uma dade às atividades de recuperação, proteção e manutenção de re-
ata sucinta. cursos ambientais, bem como às de educação e de pesquisas dedi-
Parágrafo Único. Serão anexados à ata, todos os documentos cadas ao desenvolvimento da consciência ecológica e de tecnologia
que forem entregues ao presidente dos trabalhos durante a sessão. para o manejo sustentado de espécies e ecossistemas.
§ 2º. O Poder Público somente concederá incentivos mediante
comprovação, pelo interessado, da licença ambiental.

187
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 3º. Os incentivos concedidos nos termos deste artigo, serão Art. 142. REVOGADO.
sustados ou extintos quando o beneficiário descumprir as disposi- Art. 143. REVOGADO.
ções da legislação ambiental. Art. 144. REVOGADO.
Art. 145. REVOGADO.
CAPÍTULO XIV Art. 146. REVOGADO.
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES
CAPÍTULO XIV
SESSÃO I DO FUNDO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 147. Fica criado o Fundo Estadual do Meio Ambiente –
Art. 115. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio FEMA, com o objetivo de financiar planos, programas, projetos,
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san- pesquisas e tecnologias que visem ao uso racional e sustentado dos
ções penais, civis e administrativas, independentemente da obriga- recursos naturais, bem como a implementação de ações voltadas ao
ção de reparo do dano. controle, à fiscalização, à defesa e à recuperação do meio ambiente,
Art. 116. O servidor público estadual que verificar a ocorrência observadas as diretrizes da Política Estadual de Meio Ambiente.
de infração à legislação ambiental e não for competente para for- Parágrafo Único. O FEMA possui natureza contábil autônoma e
malizar a exigência, comunicará o fato, em representação circuns- constitui unidade orçamentária vinculada à Secretaria de Estado de
tanciada, à chefia imediata, que adotará as providências cabíveis. Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
Art. 148 – Este artigo foi revogado pela Lei Estadual nº 8.096,
SESSÃO II de 1º de janeiro de 2015, publicada no DOE de 01/01/2015.
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES CÍVEIS Art. 149 – Este artigo foi revogado pela Lei Estadual nº 8.096,
de 1º de janeiro de 2015, publicada no DOE de 01/01/2015.
Art. 117. É o poluidor obrigado a indenizar os danos que, por
ação ou omissão, causar ao meio ambiente. TÍTULO VI
Parágrafo Único. Quando se tratar de pesca predatória pratica- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
da sob qualquer instrumento, fica o poluidor passível das penalida-
des previstas no art. 122, desta Lei. Art. 150. Os responsáveis por atividades e empreendimentos
em funcionamento no território do Estado deverão, no prazo de 12
SESSÃO III meses e no que couber, submeter à aprovação do órgão ambiental
DAS INFRAÇÕES E DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS plano de adequação às imposições estabelecidas nesta Lei que já
(ESTA SEÇÃO FOI REVOGADA PELA LEI Nº 9.575, DE não constituam exigência de lei anterior.
11/05/2022, PUBLICADA NO DOE Nº 34.968, DE 12/05/2022.) Parágrafo Único. O titular do órgão ambiental, mediante des-
pacho motivado, poderá prorrogar o prazo a que se refere o caput
Art. 118. REVOGADO. deste artigo desde que, por razões técnicas ou financeiras demons-
Art. 119. REVOGADO. tráveis, seja solicitado pelo interessado.
Art. 120. REVOGADO. Art. 151. O Poder Público estabelecerá, por Lei, normas, parâ-
Art. 121. REVOGADO. metros e padrões de utilização dos recursos ambientais, cuja inob-
Art. 122. REVOGADO. servância caracterizará degradação ambiental, sujeitando os infra-
Art. 123. REVOGADO. tores às penalidades previstas nesta Lei, bem como às exigências de
Art. 123-A. REVOGADO. adoção de medidas necessárias à recuperação da área degradada.
Art. 124. REVOGADO. Art. 152. Para fins de exploração econômica, o diâmetro das
Art. 125. REVOGADO. espécies florestais será definido em regulamento.
Art. 126. REVOGADO. Art. 153. Ficam sujeitas às normas dispostas nesta Lei as pesso-
Art. 127. REVOGADO. as físicas e jurídicas, inclusive órgãos e entidades públicas federais,
Art. 128. REVOGADO. estaduais e municipais, que pretenderem executar quaisquer das
Art. 129. REVOGADO. atividades previstas no artigo 93 desta Lei, no território sobre juris-
Art. 130. REVOGADO. dição do Estado.
Art. 131. REVOGADO. Parágrafo Único. Para efeitos do previsto no artigo 94, poderá o
Art. 132. REVOGADO. Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SEC-
Art. 133. REVOGADO. TAM, nos casos e na forma que forem estabelecidos em regulamen-
Art. 134. REVOGADO. tos ou resoluções do COEMA, conceder às obras e atividades de que
Art. 135. REVOGADO. trata esta Lei autorizações, a título precário, como procedimentos
preliminares com vistas à competente regularização.
SEÇÃO IV Art. 154. O Poder Público, no exercício regular do poder de po-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO lícia ambiental, cobrará taxas e tarifas, conforme o previsto em lei
(ESTA SEÇÃO FOI REVOGADA PELA LEI Nº 9.575, DE específica.
11/05/2022, PUBLICADA NO DOE Nº 34.968, DE 12/05/2022.) Art. 155. VETADO.
Art. 156. O Poder Executivo regulamentará a atuação das Polí-
Art. 136. REVOGADO. cias Civil e Militar, na manutenção da ordem pública do meio am-
Art. 137. REVOGADO. biente.
Art. 138. REVOGADO. Parágrafo Único. A atuação das Polícias Civil e Militar de que
Art. 139. REVOGADO. trata este artigo se fará sob a coordenação do órgão ambiental.
Art. 140. REVOGADO.
Art. 141. REVOGADO.

188
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 157. Esta Lei será regulamentada no prazo de 180 (cento SEÇÃO II
e oitenta) dias, contados da data de sua publicação, naquilo que se DOS OBJETIVOS
fizer necessário.
Art. 158. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, re- Art. 3º. São objetivos da Política Estadual de Florestas e demais
vogadas as disposições em contrário e, em especial, a Lei nº 5.638, Formas de Vegetação:
de 9 de janeiro de 1991. I – assegurar à atual e às futuras gerações a disponibilidade dos
recursos naturais da flora, na medida de suas necessidades e em
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 9 de maio de padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
1995. II – identificar, criar, implantar e gerenciar unidades de conser-
vação, de forma a proteger amostras representativas dos ecossiste-
mas vegetais;
LEI Nº 6.462/02, DE 04 DE JULHO DE 2002, E III – promover e apoiar o desenvolvimento de pesquisas e difu-
ALTERAÇÕES - DISPÕES SOBRE A POLÍTICA ESTADUAL são de tecnologias voltadas para o aproveitamento de produtos da
DE FLORESTAS flora natural e para a valorização de novas espécies florestais;
IV – mensurar o valor ecológico, econômico e social da flora
LEI ORDINÁRIA Nº6.462, DE 04 DE JULHO DE 2002 natural do Estado do Pará;
V – realizar o monitoramento da flora natural do Estado do
Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e demais Formas Pará;
de Vegetação e dá outras providências. VI – contribuir com a execução e implementação do zoneamen-
to ecológico-econômico;
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e san- VII – criar meios e instrumentos com a finalidade de suprir a
ciono a seguinte Lei: demanda de produtos bioenergéticos, celulósicos, madeireiros e
não-madeireiros;
CAPÍTULO I VIII – instituir programas de recuperação de áreas alteradas ou
DA POLÍTICA ESTADUAL DE FLORESTAS E DEMAIS FORMAS em processo de degradação;
DE VEGETAÇÃO IX – instituir e difundir programas de educação ambiental e de
turismo ecológico;
Art. 1º. A Política Estadual de Florestas e demais Formas de X – promover a conservação e a preservação dos recursos da
Vegetação é o conjunto de princípios, objetivos e instrumentos de flora natural e do seu patrimônio genético;
ação fixados nesta Lei com fins de preservar, conservar e recuperar XI – instituir programas de proteção que permitam orientar,
o patrimônio de flora natural e contribuir para o desenvolvimento prevenir e controlar pragas, doenças e incêndios florestais;
sócio-econômico do Estado do Pará, em consonância com a Polí- XII – identificar e monitorar as associações vegetais, as espé-
tica Estadual do Meio Ambiente e na forma da Legislação Federal cies ameaçadas de extinção e os pólos de dispersão das espécies
aplicável. endêmicas;
Parágrafo único. Compõem o patrimônio de flora natural do Es- XIII – identificar e dimensionar as áreas de preservação perma-
tado as florestas e demais formas de vegetação, reconhecido o seu nente existentes no território do Estado;
valor ecológico, cultural e econômico. XIV – sistematizar informações do setor florestal;
XV – ordenar as atividades de reflorestamento e criar mecanis-
SEÇÃO I mos de incentivo ao cultivo de essências da flora natural;
DOS PRINCÍPIOS XVI – estimular a implantação de formas associativas na explo-
ração florestal e no aproveitamento de recursos naturais da flora;
Art. 2º. São princípios da Política Estadual de Florestas e demais XVII – ordenar as atividades de uso alternativo do solo;
Formas de Vegetação os previstos na Lei nº 5.887, de 9 de maio de XVIII – ordenar as atividades de manejo florestal, criando me-
1995, para a Política Estadual de Meio Ambiente e mais os seguin- canismos de exploração auto-sustentada dos recursos florestais.
tes:
I – os direitos fundamentais da pessoa humana; SEÇÃO III
II – o reconhecimento de que a flora natural do Estado do Pará DOS INSTRUMENTOS
é bem de uso comum do povo, respeitadas as limitações do direito
de propriedade; Art. 4º. São instrumentos da Política Estadual de Florestas e de-
III – as características do meio físico-biótico em relação à po- mais Formas de Vegetação:
tencialidade dos recursos da flora natural; I – zoneamento ecológico-econômico;
IV – a preservação, conservação e uso sustentável dos recursos II – a classificação da fitofisionomia no território paraense;
da biodiversidade; III – os planos de manejo e os planos de recuperação de áreas
V – a função social da propriedade; alteradas;
VI – a compatibilização entre o desenvolvimento econômico e IV – os planos e programas de controle e prevenção de pragas,
a qualidade do meio ambiente; doenças e incêndios;
VII – a imposição ao agressor de reparar o dano causado; V – a lista das espécies ameaçadas de extinção comprovadas
VIII – a imposição ao usuário de contribuição pela utilização, através de levantamento estatístico de campo, realizado nas áreas
com fins econômicos, de recursos vegetais provenientes da flora de suas ocorrências e distribuições naturais;
natural; VI – o reflorestamento e a reposição florestal;
IX – estimular a manutenção dos serviços ecológicos. VII – os critérios, padrões e normas relativas para o manejo,
comercialização, beneficiamento, transporte e estocagem dos pro-
dutos da flora natural do Estado;
VIII – os espaços territoriais especialmente protegidos;

189
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
IX – os estudos elaborados para o licenciamento de atividades I – através de reflorestamento em áreas de propriedade da pes-
e obras efetivas ou potencialmente causadoras de degradação am- soa física ou jurídica obrigada a fazê-la ou em área de propriedade
biental; de terceiros, da qual aquela detenha a posse, mediante contratos
X – o inventário e o monitoramento da flora natural do Estado; admitidos na legislação em vigor;
XI – a fiscalização, o licenciamento e a autorização; II – através da participação comprovada da pessoa física ou ju-
XII – os incentivos a proteção e ao uso sustentável da flora na- rídica obrigada a fazê-la em projetos de reflorestamento, comunitá-
tural; rios ou cooperativos.
XIII – a auditoria ambiental; Art. 11. A reposição florestal será efetuada exclusivamente no
XIV – a educação ambiental; Estado, preferencialmente no município de origem da matéria-pri-
XV – o Sistema Estadual de Informações Ambientais; ma explorada.
XVI – a pesquisa e a extensão; Parágrafo único. A reposição florestal será objeto de licencia-
XVII – o Cadastro de Comerciantes e adquirentes de equipa- mento do órgão competente.
mentos de exploração florestal; Art. 12. Fica isenta de reposição florestal:
XVIII – o banco de dados da flora natural do Estado; I – a utilização de matéria-prima florestal, quando proveniente:
XIX – as taxas sobre o uso dos recursos florestais; a) de floresta não-vinculada à reposição obrigatória;
XX – a cooperação técnica, científica e financeira, nacional e b) de floresta objeto de plano de manejo;
estrangeira; II – a utilização de resíduos oriundos da exploração e da indus-
XXI – as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo des- trialização florestal;
cumprimento de normas e medidas necessárias à prevenção e cor- III – a utilização de matéria-prima, quando oriunda da implan-
reção da degradação da flora natural; tação de projetos de uso alternativo, comprovado o interesse pú-
XXII – o fomento e o incentivo à reposição das espécies amea- blico ou social.
çadas de extinção. Parágrafo único. As hipóteses de isenção previstas neste artigo
ficam sujeitas à comprovação da origem da matéria-prima junto ao
SUBSEÇÃO I órgão competente.
DO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO
SUBSEÇÃO IV
Art. 5º. No processo de gestão dos recursos da flora natural, DOS ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS
o Poder Executivo utilizará, prioritariamente, o zoneamento eco-
lógico-econômico para ordenar e racionalizar a ocupação e o uso Art. 13. São espaços territoriais especialmente protegidos as
dos espaços territoriais de acordo com as suas potencialidades e florestas e demais formas de vegetação natural de preservação per-
limitações. manente previstas no Código Florestal e as unidades de conserva-
ção da natureza.
SUBSEÇÃO II Art. 14. O órgão competente pode licenciar o uso das florestas
DOS PLANOS DE MANEJO E DOS PLANOS DE RECUPERAÇÃO e demais formas de vegetação natural de preservação previsto no
DE ÁREAS ALTERADAS Código Florestal, quando comprovado o interesse público ou social.
Art. 15. O Poder Executivo poderá declarar área de preservação
Art. 6º. Os planos de manejo são instrumentos indispensáveis as florestas e demais formas de vegetação,destinadas a:
para a utilização dos recursos da flora natural com fins econômicos. I – atenuar a erosão;
Art. 7º. São modalidades do plano de manejo: II – fixar dunas;
I – plano de manejo florestal sustentável; III – formar faixas de proteção ao longo de ferrovias e rodovias
II – plano de manejo florestal simplificado; e outras áreas de preservação permanente não-previstas no Código
III – plano de manejo florestal comunitário; Florestal;
IV – plano para manejo agroflorestal. IV – proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico
Art. 8º. Os planos de recuperação de áreas alteradas permitem ou histórico;
a recomposição dos ecossistemas. V – asilar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de ex-
Parágrafo único. A recomposição dos ecossistemas far-se-á, tinção;
prioritariamente, através de espécies nativas, obedecendo sempre VI – assegurar condições de bem-estar público.
os critérios econômicos e sociais, assim como os critérios estabele- Art. 16. As unidades de conservação da natureza são as defini-
cidos na Legislação Federal. das na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e classificam-se
em:
SUBSEÇÃO III I – unidades de conservação integral:
DO REFLORESTAMENTO E DA REPOSIÇÃO FLORESTAL a) parques estaduais;
b) reservas biológicas;
Art. 9º. A pessoa física ou jurídica deverá promover o reflores- c) estações ecológicas;
tamento de áreas alteradas, prioritariamente através de espécies d) reservas de recursos;
nativas, em número sempre superior a uma única espécie visando a e) reservas particulares do patrimônio natural;
restauração da área, sendo que o bioma original seja utilizado como II – unidades de desenvolvimento sustentável:
referência. a) florestas estaduais;
Art. 10. A pessoa física ou jurídica que explore, utilize, transfor- b) Áreas de Proteção Ambiental – APA;
me ou consuma matéria-prima florestal fica obrigada a promover a c) reservas extrativistas;
reposição florestal. d)reservas legais, em percentuais previstos em Lei Federal.
Parágrafo único. A reposição de que trata este artigo poderá
ser realizada:

190
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 1º. O uso das unidades de proteção integral e reservas legais § 1º. Nos termos do inciso I, o órgão estadual competente po-
far-se-á de conformidade com os planos de manejo elaborados pelo derá admitir, para cumprimento da manutenção de reserva florestal
órgão competente, excluindo sob qualquer forma a exploração ma- legal, o cômputo de áreas plantadas com espécies arbóreas, frutí-
deireira das unidades de conservação da natureza. feras ou industriais, compostas por espécies nativas, cultivadas em
§ 2º. O uso das unidades de desenvolvimento sustentável de sistemas intercalar ou em consórcio.
domínio público far-se-á de conformidade com os respectivos pla- § 2º. Na impossibilidade de compensação da reserva flores-
nos de manejo florestal e de uso múltiplo, elaborado com base nas tal legal dentro da mesma microbacia hidrográfica, deve o órgão
diretrizes estabelecidas pelo órgão competente e por ele aprovado ambiental estadual competente aplicar o critério de maior proximi-
e autorizado. dade possível entre a propriedade desprovida de reserva florestal
§ 3º. O Poder Executivo poderá definir outras categorias de uni- legal e a área escolhida para compensação, desde que na mesma
dades de conservação da natureza, não previstas no inciso deste bacia hidrográfica e dentro do Estado, atendido, quando houver, o
artigo. respectivo Plano de Bacia, e respeitadas as demais condicionantes
§ 4º. As desapropriações para implantação de unidades de con- estabelecidas no inciso III.
servação da natureza, far-se-ão na forma da Lei. § 3º. O proprietário do imóvel poderá, com anuência do órgão
§ 5º. O Poder Executivo fixará, no orçamento anual, o montan- ambiental competente, alterar a destinação da área averbada, des-
te de recursos financeiros para atender ao programa de desapro- de que mantidos os limites das áreas de preservação permanente
priação de áreas destinadas à implantação de unidades de conser- e os percentuais fixados na Lei Federal para a reserva florestal legal
vação da natureza. assim realocada ou compensada nos termos do inciso III.
§ 6º. A utilização das Florestas Estaduais por terceiros deverá
ser feita sob regime de concessão. SUBSEÇÃO V
§ 7º. O prazo para a concessão que trata o parágrafo anterior DO INVENTÁRIO E DO MONITORAMENTO DA FLORA
será definido pelo Órgão Estadual competente, que considerará a NATURAL
natureza da floresta, fixando tal prazo em número de anos corres-
pondente a um ciclo de corte, se floresta nativa, e a rotação, se Art. 19. O Poder Executivo procederá ao inventário dos recur-
floresta plantada, não ultrapassando, em qualquer hipótese, o li- sos da flora natural do Estado situadas nas unidades de conserva-
mite de quarenta anos, sendo, entretanto permitido a renovação ção, visando à adoção de medidas especiais de proteção, controle,
do contrato. fiscalização e monitoramento.
§ 8º. A concessão da área das Florestas Estaduais não gera di-
reitos de posse e domínio sob a terra. SUBSEÇÃO VI
Art. 17. As florestas de domínio privado não-sujeitas à preser- DO LICENCIAMENTO E CONTROLE
vação permanente, são suscetíveis de utilização, obedecidas às res-
trições previstas em lei. Art. 20. A exploração dos recursos da flora natural, bem como
§ 1º. Os proprietários manterão as reservas legais em confor- das atividades que provoquem alteração da cobertura vegetal natu-
midade com a Lei Federal e/ou a critério do zoneamento ecológico- ral, fica sujeita ao prévio licenciamento do órgão competente, con-
-econômico definido pelo Estado. forme definido pela Lei Estadual nº 5.887, de 09 de maio de 1995.
§ 2º. No parcelamento do solo de área destinada aos projetos Parágrafo único. São isentos de licenciamento os pequenos
de assentamento, colonização e de reforma agrária, a reserva legal agricultores que se dedicam ao cultivo anual de subsistência, na
deve ser considerada na proporção da totalidade do projeto, em forma de pousio.
áreas demarcadas de acordo com as características físicas do terre- Art. 21. O licenciamento a que se refere o artigo anterior con-
no, subtraindo-se desta as áreas de preservação permanente que siderará:
remanescerem em cada parcela. I – o potencial de recursos naturais da flora;
§ 3º. A área de reserva legal deverá ser averbada à margem da II – a fragilidade do solo;
inscrição da matrícula do imóvel, no cartório de registro imobiliário III – as diversidades biológicas;
competente, sendo vedada a alteração de sua destinação nos casos IV – os sítios arqueológicos;
de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. V – as populações tradicionais;
§ 4º. Para cômputo da reserva legal, estarão inseridas áreas de VI – os recursos hídricos;
preservação permanente e cobertura florestal com vegetação nati- VII – a topografia;
va quando estas áreas representarem percentual significativo em VIII – a reserva legal, em percentual previsto em Lei Federal.
relação à área total da propriedade. Art. 22. O órgão competente utilizará de sistema de autoriza-
Art. 18. O proprietário rural ficará obrigado, caso a autoridade ção como instrumento de controle das atividades de transporte dos
competente constate essa necessidade, a recompor em sua pro- produtos in natura e beneficiados da flora natural.
priedade a reserva legal, podendo optar pelas seguintes alternati- Art. 23. Fica vedado:
vas, isoladas ou conjuntamente: I – a expansão da conversão de áreas arbóreas em áreas agríco-
I – recompor a reserva florestal legal mediante o plantio, a cada las nas propriedades que possuam áreas desmatadas abandonadas,
três anos, de no mínimo 1/3 da área total necessária à sua comple- subutilizadas ou utilizadas de forma inadequada;
mentação, com espécies nativas ou exóticas, de acordo com crité- II – uso do fogo nas florestas e demais formas de vegetação
rios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente; primárias.
II – conduzir a regeneração natural da área destinada à reserva Parágrafo único. É facultado o uso do fogo na eliminação da re-
florestal legal; generação florestal em pastagens cultivadas, desde que autorizada
III – compensar a reserva florestal legal em outra propriedade, pelo órgão competente.
dentro do Estado, por área equivalente em importância ecológica e
extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja loca-
lizada na mesma microbacia, conforme critérios a serem estabeleci-
dos pelo órgão estadual competente.

191
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SUBSEÇÃO VII SUBSEÇÃO IX
DOS INCENTIVOS À PROTEÇÃO, PRODUÇÃO, PESQUISA E DAS TAXAS FLORESTAIS
EXTENSÃO
Art. 26. A exploração, utilização, transformação e consumo
Art. 24. O Poder Executivo, através dos órgãos competentes e de matéria-prima florestal sujeitam-se às taxas previstas na Lei nº
observadas as diretrizes do zoneamento econômico-ecológico, po- 6.013, de 27 de dezembro de 1996, inclusive quanto às demais dis-
derá conceder incentivos ou linhas de créditos especiais à pessoa posições. E caberá ao órgão competente através de lei adequar as
física ou jurídica que: demais taxas referentes aos serviços florestais.
I – preservar ou conservar a cobertura vegetal nativa existente Parágrafo único. O valor da arrecadação das taxas será aplicado
na propriedade, sob a forma de reserva particular do patrimônio exclusivamente em projetos voltados ao controle, à preservação, à
natural; reposição e à conservação dos recursos florestais.
II – recuperar com espécies nativas ou ecologicamente adap-
tadas às áreas já devastadas ou erosionadas de sua propriedade; SUBSEÇÃO X
III – promover pesquisas e incorporar melhorias tecnológicas DAS PENALIDADES DISCIPLINARES OU COMPENSATÓRIAS
ao processo de produção e industrialização de matérias-primas pro-
venientes da flora nativa e reflorestada, proporcionando o aumento Art. 27. As pessoas físicas e jurídicas que cometerem infração
do valor agregado ao produto final; administrativa ficam sujeitas à aplicação de penalidades disciplina-
IV – reflorestar com a finalidade de suprir sua própria demanda res ou compensatórias.
de matéria-prima; Parágrafo único. Comete infração administrativa aquele que
V – explorar a floresta nativa mediante Planos de Manejo Flo- violar limitação administrativa florestal, imposta por norma geral
restal; federal, por esta Lei, seu regulamento e pelas resoluções do Conse-
VI – implantar projetos de reflorestamento ou consórcios agro- lho Estadual do Meio Ambiente.
florestais não-vinculados à reposição florestal obrigatória; Art. 28. Aplicam-se às infrações administrativas, conforme o
VII – promover a conscientização ecológica, mediante projetos disposto no parágrafo único do artigo anterior, as penalidades e o
de educação ambiental e difusão de práticas conservacionistas; processo administrativo punitivo, previstos na Lei nº 5.887, de 9 de
VIII – sofrer limitações ou restrições no uso de recursos natu- maio de 1995.
rais existentes na sua propriedade, em conseqüência de ato de ór- Parágrafo único. A multa a ser aplicada na infração administra-
gão federal, estadual ou municipal, para fins de proteção dos ecos- tiva obedecerá aos seguintes pressuposto
sistemas e conservação do solo; e I – terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma
IX – utilizar matéria-prima florestal originada de manejo flores- ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto lesado;
tal ou de reflorestamento. II – terá seu valor fixado no regulamento desta Lei e corrigido
§ 1º. Para efeitos desta Lei, considera-se incentivo ou linha de periodicamente com base nos índices estabelecidos na legislação
crédito especial: pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máxi-
I – a obtenção de apoio financeiro oficial, através da concessão mo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais);
de crédito rural e de outros tipos de financiamento; III – a multa diária será aplicada no valor mínimo de R$ 15,00
II – a prioridade na concessão de benefícios associados a pro- (quinze reais) e máximo de R$ 1.000,00 (mil reais).
gramas de infra-estrutura rural, notadamente da proteção à recu- Art. 29. A invasão voluntária por pessoas ou grupos de pessoas,
peração do solo, energização, irrigação, armazenamento, telefonia que vier a causar danos de qualquer espécie à flora do local, será
e habitação; considerada agressão ao meio ambiente, sendo responsabilizados
III – a preferência na obtenção de serviços oficiais de assistên- os invasores ou, solidariamente, as suas entidades de classe, se a
cia técnica e de fomento, através dos órgãos competentes; invasão se realizar sob iniciativa, comando ou controle destas, su-
IV – o fornecimento de mudas de espécies nativas e/ou ecolo- jeitando- e os infratores às penas da Lei.
gicamente adaptadas, produzidas com a finalidade de recompor a Art. 30. O órgão competente, a fim de evitar episódios críticos
cobertura florestal; e de alteração da qualidade do meio ambiente, bem como no caso de
V – o apoio técnico-educativo no desenvolvimento de projetos infração instantânea surpreendida na sua flagrância, poderá aplicar,
de preservação, conservação e recuperação ambiental. independentemente do processo administrativo punitivo, as pena-
§ 2º. Fica vedada a concessão de incentivos ou linhas de crédito lidades a seguir descritas, como medidas de emergência:
à pessoa física ou jurídica em débito para com o Estado do Pará e I – apreensão de produtos, instrumentos, apetrechos, equipa-
junto ao Ministério do Trabalho. mentos e veículos de qualquer natureza utilizados no cometimento
da infração;
SUBSEÇÃO VIII II – interdição do produto;
DO CADASTRO DE ATIVIDADE FLORESTAL III – interdição parcial ou total, temporária ou definitiva, do es-
tabelecimento ou atividade.
Art. 25. A pessoa física ou jurídica que utilize a matéria-prima Parágrafo único. As medidas de emergência serão impostas
florestal fica obrigada a proceder o cadastramento florestal, discri- através da lavratura dos respectivos autos.
minando equipamentos e produção, junto ao órgão competente.
Parágrafo único. O cadastro florestal será renovado a cada dois CAPÍTULO II
anos. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 31. O Poder Executivo fortalecerá os municípios a fim de


exercerem o poder de polícia administrativa quanto aos recursos
florestais, limitando-se a desempenhar a coordenação dessa ativi-
dade no território sob a sua jurisdição.

192
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 32. Aplicam-se à proteção, preservação e conservação dos I – a água é um bem de domínio público;
recursos vegetais, no que for cabível, os dispositivos da Lei nº 5.887, II – a água é um recurso natural limitado, dotado de função
de 9 de maio de 1995. social e de valor econômico;
Art. 33. Fica proibido o corte e a comercialização sob qualquer III – o uso prioritário da água é o consumo humano e a desse-
hipótese da castanheira (bertholetia excelsa) e da seringueira ( ha- dentação de animais;
vea SPP) em florestas nativas, primitivas ou regeneradas. IV – a adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-terri-
Art. 34. No caso de transferência de propriedade, que conte- torial para implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos
nha Projeto de Manejo Florestal sustentado ou reflorestamento e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hí-
aprovado pelo órgão competente, o proprietário antigo deverá dricos;
encaminhar ao órgão competente do Estado, dentro do prazo de V – o planejamento e a gestão dos recursos hídricos realizados
sessenta dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de forma a:
de propriedade, devidamente assinado e datado, sob pena de ter a) ser compatível com as exigências do desenvolvimento sus-
que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e tentável;
suas reincidências até a data da comunicação. b) assegurar os usos múltiplos das águas;
Art. 35. O órgão estadual competente celebrará o Pacto Federa- c) descentralizar, contando com a participação do Poder Públi-
tivo de Gestão Descentralizada e Compartilhada da Política Florestal co, dos usuários e das comunidades;
no Estado do Pará com o Ministério do Meio Ambiente, através do d) considerar as interações do ciclo hidrológico entre as águas
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- superficiais, subterrâneas e meteóricas;
nováveis – IBAMA, para promover a integração político-territorial, e) considerar os aspectos econômicos, sociais e ambientais na
adequando a sua colaboração com aquele órgão aos termos desta utilização da água no território do Estado do Pará.
Lei, simplificando e unificando a fiscalização das atividades flores-
tais e eliminando o controle duplo por um mesmo ato. CAPÍTULO II
Art. 36. Esta Lei deverá ser distribuída gratuitamente em todas DOS OBJETIVOS
as escolas públicas ou privadas, sindicatos e associações de patrões
e de trabalhadores rurais do Estado, bibliotecas públicas e prefei- Art.2. São objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos:
turas municipais, acompanhada de amplo processo de divulgação I – assegurar à atual e às futuras gerações a disponibilidade dos
e explicação do seu conteúdo e dos princípios de conservação da recursos hídricos, na medida de suas necessidades e em padrões
natureza. qualitativos e quantitativos adequados aos respectivos usos;
Art. 37. Fica revogada a Lei Estadual nº 5.440, de 10 de maio de II – o aproveitamento racional e integrado dos recursos hídri-
1998, e caberá ao Poder Executivo, no prazo de cento e oitenta dias, cos, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
criar ou designar o órgão competente para execução das normas da III – a proteção das bacias hidrográficas contra ações que pos-
presente Lei Florestal do Estado. sam comprometer o seu uso atual e futuro;
Parágrafo único. O órgão competente regulamentará esta Lei IV – o controle do uso dos recursos hídricos;
no prazo de cento e oitenta dias. V – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos
Art. 38. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. de origem natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos
Art. 39. Revogam-se as disposições em contrário. naturais.

PALÁCIO DO GOVERNO, 4 de julho de 2002. CAPITULO III


DAS DIRETRIZES
LEI Nº 6.381, DE 25 DE JULHO DE 2000, E ALTERAÇÕES Art. 3. Constituem diretrizes para a implementação da Política
- DISPÕES SOBRE A POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS Estadual de Recursos Hídricos:
DO ESTADO I – a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação
dos aspectos quantitativos e qualitativos;
LEI ORDINÁRIA Nº6.381, DE 25 DE JULHO DE 2001 II – a adequação da gestão dos recursos hídricos às diversida-
des físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais
Dispõe Sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, insti- das diversas regiões do Estado;
tuí o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras III – a integração da gestão de recursos hídricos com a ambien-
providências. tal;
IV – a articulação dos planejamentos dos recursos hídricos com
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e san- os dos setores usuários e com os planejamentos regional e federal;
ciono a seguinte Lei: V – a compatibilização da gestão dos recursos hídricos com a
do uso do solo;
TÍTULO I VI – a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos
DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS sistemas estaduais e zonas costeiras;
VII – o desenvolvimento do transporte aquaviário e seu apro-
CAPÍTULO I veitamento econômico, em consonância com os princípios desta
DOS PRINCÍPIOS Lei;
VIII – a criação e operação da rede hidrometeorológica do Esta-
Art 1. Esta Lei, com fundamento na Constituição Estadual e na do e o intercâmbio das informações com instituições federais, esta-
Lei nº 9433, de 8 de janeiro de 1997, estabelece a Política Estadual duais, municipais e privadas;
de Recursos Hídricos, que tem por objeto as águas superficiais, sub- IX – a criação e operação de um sistema integrado de monito-
terrâneas e meteóricas, de conformidade com os seguintes princí- ramento permanente de recursos hídricos;
pios:

193
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
X – a execução e manutenção de campanhas educativas visan- Art. 7. Os Planos de Recursos Hídricos são de longo prazo, com
do à conscientização da sociedade para a utilização racional de re- horizonte de planejamento compatível com o período de imple-
cursos hídricos. mentação de seus programas e projetos, e terão o seguinte conte-
§ 1º O Estado fomentará e coordenará ações integradas nas údo mínimo:
bacias hidrográficas, tendo em vista garantir que o tratamento de I – objetivos e diretrizes gerais visando ao aperfeiçoamento do
efluentes e esgotos urbanos, industriais e outros, realizados pe- Sistema de Planejamento Estadual e Interregional de Recursos Hí-
los respectivos usuários, ocorra antes do lançamento nos corpos dricos;
d’água. II – inventário e balanço entre disponibilidade e demanda, atu-
§ 2º O Estado realizará programas integrados com os Municí- al e futura, dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com
pios, mediante convênios de mútua cooperação, assistência técnica identificação de conflitos potenciais;
e econômico-financeira, com vistas: III – diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos, con-
I – à instituição de áreas de proteção e conservação das águas siderando os aspectos físicos, biológicos, antrópicos, sociais e am-
utilizáveis para abastecimento das populações; bientais;
II – à proteção e conservação das áreas de preservação perma- iV – análise de alternativas de crescimento demográfico, de
nente obrigatória, além daquela consideradas de risco aos múlti- evolução de atividades produtivas e de modificações dos usos e pa-
plos usos dos recursos hídricos; drões de ocupação do solo;
III – ao zoneamento das áreas inundáveis, com restrições a usos V – estudo de balanço hídrico, desenvolvimento tecnológico e
incompatíveis nas áreas sujeitas a inundações frequentes e manu- sistematização de informações relacionadas com os recursos hídri-
tenção da capacidade de infiltração do solo; cos;
IV – à implantação do sistema de alerta e defesa civil para ga- VI – metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e
rantir a segurança e a saúde pública, quando se tratar de eventos melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;
hidrológicos indesejáveis; VII – medidas a serem tomadas, programas a serem desenvol-
§ 3º O Estado, observados os dispositivos constitucionais rela- vidos e projetos a serem implantados para atendimento de metas
tivos à matéria, articular-se-á com a União, Estados vizinhos e Mu- previstas;
nicípios, visando à atuação conjunta para o aproveitamento e con- VIII – propostas para a criação de áreas sujeitas à restrição de
trole dos recursos hídricos e respectivos impactos em seu território. uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos;
IX – prioridades para a outorga de direito de uso;
CAPÍTULO IV X – diretrizes e critérios para cobrança pelo uso dos recursos
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS hídricos;
HÍDRICOS XI – diretrizes e critérios para o rateio do custo das obras e apro-
veitamento dos recursos hídricos de interesse comum ou coletivo;
Art. 4. São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hí- XII – controle da exploração de recursos minerais em leito e
dricos: margens de rios;
I – os Planos de Recursos Hídricos; XIII – diretrizes para implantar, obrigatoriamente, os planos de
II – o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo contingência contra lançamentos e/ou derramamento de substân-
os usos preponderantes; cias tóxicas ou nocivas em corpos de água, observando o disposto
III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; na Lei Federal;
IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos; XIV – propostas de enquadramento dos corpos de água em
V – a compensação aos Municípios; classes de usos preponderantes;
VI – o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídri- XV – diretrizes para o transporte fluvial nos cursos de água
cos; onde haja tráfego de embarcações;
VII – a capacitação, desenvolvimento tecnológico e educação XVI – estudos de gestão de águas subterrâneas, compreenden-
ambiental. do a pesquisa, o planejamento, o mapeamento da vulnerabilidade
à poluição, a delimitação de áreas destinadas a sua proteção, o con-
SEÇÃO I trole e o monitoramento.
DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS Art. 8. Os Planos de Bacias Hidrográficas serão elaborados pe-
las respectivas Agências de Bacias Hidrográficas, com atualizações
Art. 5. Os Planos de Recursos Hídricos são Planos Diretores ela- periódicas de no máximo quatro anos, e aprovados pelo respectivo
borados por bacia hidrográfica e para o Estado, que visam funda- Comitê de Bacia Hidrográfica.
mentar e orientar a implementação da Política Estadual de Recur- § 1º Na inexistência da Agência de Bacia Hidrográfica, os Planos
sos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. de Bacias Hidrográficas poderão ser elaborados pelo órgão gestor
Art. 6. O Plano Estadual de Recursos Hídricos é o documento dos recurso hídrico do Estado, aprovados pelos respectivos Comi-
programático do Governo do Estado definidor das ações oficiais no tês.
campo do planejamento e gerenciamento desses recursos. § 2º Na inexistência de Comitê de Bacia, os Planos de Bacias
§ 1º A elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos deve- Hidrográficas poderão ser aprovados pelo Conselho Estadual de Re-
rá considerar as diretrizes da Política Nacional de Recursos Hídricos cursos Hídricos.
e dos Planos Nacional e Setoriais de Recursos Hídricos.
§ 2º O planejamento de recursos hídricos consubstanciar-se-á SEÇÃO II
em Planos de Recursos Hídricos, elaborados por bacias hidrográfi- DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES,
cas localizadas no Estado, que integrarão o Plano Estadual de Re- SEGUNDO OS USOS PREPONDERANTES DA ÁGUA
cursos Hídricos.
Art.9. Os corpos de água estaduais serão enquadrados nas clas-
ses segundo os usos preponderantes da água, objetivando:

194
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
I – assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais Art.17. Nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos, se-
exigentes a que forem destinadas; rão respeitados os seguintes limites de prazos, contados da data
II – diminuir os custos de combate à poluição das águas, me- de publicação dos respectivos atos administrativos de autorização:
diante ações preventivas permanentes. I – até dois anos, para início da implantação do empreendimen-
Art.10. A classificação e o enquadramento dos corpos de água to objeto da outorga;
nas classes de uso serão estabelecidos em obediência à legislação II – até seis anos, para conclusão da implantação do empreen-
ambiental específica, normas, resoluções e pareceres técnicos. dimento projetado;
Parágrafo único. As propostas de classificação e enquadramen- III – até trinta e cinco anos, para vigência da outorga de direitos
to devem considerar as peculiaridades e especificidade dos am- de uso.
bientes amazônicos. § 1º. Os prazos de vigência das outorgas de direito de uso de
recursos hídricos serão fixados em função da natureza e do porte do
SEÇÃO III empreendedor, levando-se em consideração, quando for o caso, o
DA OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS período de retorno do investimento.
§2º. Os prazos a que se referem os incisos I e II poderão ser
Art. 11. O regime de outorga de critérios de direitos de uso de ampliados, quando o porte e a importância social e econômica do
recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quanti- empreendimento o justificar, ouvindo o Conselho Estadual de Re-
tativo e qualitativo dos corpos hídricos e o efetivo exercício do di- cursos Hídricos.
reito de acesso à água. §3º. O prazo de que trata o inciso III poderá ser prorrogado pelo
Art. 12. Estão sujeitos à outorga pelo Poder Público os direitos órgão gestor de recursos hídricos, respeitando-se as prioridades es-
dos seguintes usos dos recursos hídricos: tabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.
I – derivação ou captação de parcela da água existente em um §4º. As outorgas de direito de uso de recursos hídricos para
corpo de água para o consumo final, inclusive abastecimento públi- concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de
co ou insumo de processo produtivo; energia hidrelétrica vigorarão por prazos coincidentes com os dos
II – extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo correspondentes contratos de concessão ou atos administrativos de
final ou insumo de processo produtivo; III – lançamento de esgotos autorização.
e demais resíduos, tratados ou não, em corpo de água, com o fim de Art.18. O órgão gestor de recursos hídricos poderá emitir ou-
sua diluição, transporte ou disposição final; torgas preventivas de uso de recurso hídricos com a finalidade de
IV – aproveitamento de potenciais hidrelétricos; declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, obser-
V – utilização das hidrovias para o transporte; vando o disposto no art.13 da Lei Federal nº 9.433, de 1997.
VI – outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qua- § 1º. A outorga preventiva não confere direito de uso de recur-
lidade da água existente em um corpo de água. sos hídricos e se destina reservar a vazão passível de outorga, pos-
Art.13. Independem de outorga, conforme definido em regu- sibilitando aos investidores o planejamento de empreendimentos
lamento: que necessitem desses recursos.
I – o uso dos recursos hídricos para a satisfação das necessida- § 2º. O prazo de validade da outorga preventiva será fixado le-
des de pequenos núcleos populacionais distribuídos no meio rural; vando-se em conta a complexidade do planejamento do empreen-
II – as derivações, captações e lançamentos considerados in- dimento, limitando-se ao máximo de três anos, findo o qual será
significantes por decisão dos respectivos Comitês de Bacia Hidro- considerado o disposto nos incisos I e II do art. 17.
gráficas ou órgão dos recursos hídricos, no caso de inexistência de Art. 19º. Para licitar a concessão ou autorizar o uso de poten-
Comitês. cial de energia hidráulica em corpo de água de domínio do Estado,
Art.14. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL deverá solicitar ao
estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e respeitará a classe órgão gestor dos recursos hídricos a prévia obtenção de declaração
em que o corpo de água estiver enquadrado. de reserva de disponibilidade hídrica.
§1º Na inexistência de Planos de Recursos Hídricos, a outorga §1º. A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será
obedecerá a critérios e normas estabelecidos pelo órgão gestor dos transformada automaticamente, pelo poder outorgante, em outor-
recursos hídricos; ga de direito de uso de recursos hídricos à instituição ou empresa
§2º A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o que receber da ANEEL a concessão ou a autorização de uso do po-
uso múltiplo destes. tencial de energia hidráulica.
Art.15. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade compe- §2º. A declaração de reserva de disponibilidade hídrica obe-
tente do Poder Executivo Estadual, por meio de autorização. decerá ao disposto no art. 13º da Lei Federal nº 9.433, de 1997, e
Art.16. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá será fornecido em prazos a serem regulamentados por decreto do
ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo de- Governador do Estado do Pará.
terminado, nas seguintes circunstâncias: Art. 20. O órgão gestor de recursos hídricos dará publicidade
I – não-cumprimento, pelo outorgado, dos termos da outorga; aos pedidos de outorga de direito de uso de recursos hídricos, bem
II – ausência de uso por três anos consecutivos; como aos atos administrativos que deles resultarem, por meio de
III – necessidade premente de água para atender às situações publicação na imprensa oficial e em pelo menos um jornal de gran-
de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas ad- de circulação do Estado do Pará.
versas; Art.21. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que
IV – necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação são inalienáveis, mas no simples direito de uso.
ambiental; Art.22. Não será concedida outorga para:
V – necessidade de se atender a usos prioritários de interesse I – lançamento de resíduos sólidos, radiativos, metais pesados
coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas; e outros resíduos tóxicos perigosos;
Parágrafo único. Nas suspensões definitivas, deverá ser previa- II – lançamento de poluentes nas águas subterrâneas.
mente ouvido o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH –
PA.

195
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art.23. O órgão gestor de recursos hídricos poderá outorgar o Art. 28. – Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de
direito de uso de recursos hídricos em rios federais, uma vez que recursos hídricos serão aplicados, prioritariamente, na bacia hidro-
haja delegação da União. gráfica em que foram gerados e serão utilizados:
I – no pagamento de despesas de monitoramento dos corpos
SEÇÃO IV de água, de fiscalização do uso dos recursos hídricos e custeio dos
DA COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS órgãos e entidades integrantes do SEGRH-PA.
II – no financiamento de estudos, programas, projetos e obras
Art.24. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: incluídos no Plano Estadual de Recursos Hídricos;
I – reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário
uma indicação de seu real valor; SEÇÃO V
II – incentivar a racionalização do uso da água; DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS
III – obter recursos financeiros para o financiamento de pro-
gramas e intervenções incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; Art. 29. Poderão ser estabelecidos mecanismos compensató-
IV – incentivar o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos rios aos Municípios, conforme dispuser lei específica.
e o rateio, na forma desta Lei, dos custos das obras executadas par
esse fim; SEÇÃO VI
V – proteger as águas contra ações que possam comprometer DO SISTEMA ESTADUAL DE INFORMAÇÕES SOBRE
os seus usos atual e futuro; RECURSOS HÍDRICOS
VI – promover a defesa contra eventos críticos que ofereçam
riscos à saúde e à segurança públicas e causem prejuízos econômi- Art. 30º. O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hí-
cos ou sociais; dricos tem por finalidade a coleta, o tratamento, o armazenamento
VII – incentivar a melhoria do gerenciamento dos recursos hí- e a disseminação de informações sobre recursos hídricos e fatores
dricos nas respectivas bacias hidrográficas; intervenientes em sua gestão, devendo ser compatibilizado com o
VIII – promover a gestão descentralizada e integrada em rela- Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos, de acordo
ção aos demais recursos naturais; com o previsto na Lei Federal nº 9.433, de 1997.
IX – disciplinar a localização dos usuários, buscando a conserva- Art. 31. São princípios básicos para o funcionamento do Siste-
ção dos recursos hídricos, de acordo com sua classe preponderante ma Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos:
de uso; I – a descentralização da obtenção e produção de dados e in-
X – promover o desenvolvimento do transporte hidroviário e formações;
seu aproveitamento econômico. II – a coordenação unificada do Sistema;
Art.25. No cálculo e na fixação dos valores a serem cobrados III – a disponibilização dos dados e informações garantindo à
pelo uso de recursos hídricos, serão observados os seguintes aspec- toda sociedade.
tos, dentre outros: Art. 32. São objetivos do Sistema Estadual de Informações so-
I – nas derivações, nas captações e nas extrações de água, o bre Recursos Hídricos:
volume retirado e seu regime de variação; I – reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações
II – nos lançamentos de esgotos domésticos e demais efluentes sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos do
líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as Estado;
características físico-químicas, biológicas e de toxicidade do efluen- II – atualizar, permanentemente, as informações sobre dispo-
te; nibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território do
III – a classe de uso preponderante em que esteja enquadrado Estado;
o corpo de água no local do uso ou da derivação; III – fornecer subsídios para a elaboração de planos diretores
IV – a disponibilidade e o grau de regularização da oferta hídri- de recursos hídricos;
ca local; IV – informar os resultados da utilização e aplicação dos investi-
V – princípio de tarifação progressiva em razão do consumo. mentos e do funcionamento do Sistema Estadual de Gerenciamen-
§ 1º – Os fatores referidos neste artigo poderão ser utilizados, to de Recursos Hídricos;
para efeito de calculo, de forma isolada, simultânea, combinada ou V – divulgar o relatório bienal sobre a situação dos recursos
cumulativa, observado o que dispuser o regulamento hídricos do Estado do Pará, na forma prevista em regulamento.
§ 2º – Os procedimentos para o cálculo e a fixação dos valores
a serem cobrados pelo uso da água serão aprovados pelo CERH-PA, SEÇÃO VII
mediante proposta do órgão gestor de recursos hídricos, instituído DA CAPACITAÇÃO, DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E
na forma da Lei, ouvido os Comitês de Bacias. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 26. – A cobrança pelo uso de recursos hídricos não recairá
sobre os usos considerados insignificantes, nos termos do regula- Art. 33. A capacitação, desenvolvimento tecnológico e educa-
mento. ção ambiental visam a criar condições de conhecimento técnico e
Art. 27. – Os valores inerentes à cobrança pelos direitos de uso científico sobre a gestão de recursos hídricos.
de recursos hídricos serão arrecadados e geridos pelo órgão gestor Parágrafo único. A implementação das atividades necessárias
dos recursos hídricos, instituído na forma da lei, que deverão ser deverá ser organizadas em programas para o Estado e por bacias
depositados e geridos em conta bancaria própria. hidrográficas.
Parágrafo único. – A forma, o processo e as demais estipula- Art. 34. Os programas de educação ambiental deverão ser foca-
ções de caráter técnico e administrativo, inerentes à cobrança pelos dos na gestão de recursos hídricos e visar à criação de condições de
direitos de uso dos recursos hídricos, serão estabelecidos por ato apoio da sociedade e entidades públicas nas mudanças sócio-políti-
do Poder Executivo. co-culturais para a implementação de recursos hídricos.

196
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 35. Os programas de capacitação e desenvolvimento tec- I – tomar as providências necessárias à implantação e ao fun-
nológico deverão visar à adaptação de técnicas de preservação con- cionamento do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos
servação, recuperação e reutilização da água, segundo as diferentes Hídricos – SEGRH–PA;
características regionais, buscando o aumento da eficiência no uso II – submeter ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos crité-
dos recursos hídricos. rios e normas administrativas gerais para a outorga dos direitos de
§1º Os Programas deverão ser elaborados pela Agências de Ba- uso dos recursos hídricos;
cia e aprovados pelo respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica. III – outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, regula-
§2º No caso de ausência de Agência de Bacia, o programa po- mentar e fiscalizar os usos no âmbito de sua competência;
derá ser elaborado pelo órgão estadual gestor de recursos hídricos, IV – implantar e gerir o Sistema Estadual de Informações sobre
devendo ser aprovado pelo respectivo Comitê de Bacia Hidrográfi- Recursos Hídricos;
ca. V – realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
§3º No caso da não-existência de Comitê de Bacia Hidrográfi- VI – observar e aplicar a legislação ambiental federal e estadual
ca, o programa deverá ser elaborado pelo órgão estadual gestor de de modo compatível e integrado com a política e o gerenciamento
recursos hídricos, devendo ser aprovado pelo Conselho Estadual de de recursos hídricos de domínio do Estado;
Recursos Hídricos; VII – elaborar a proposta do Plano Estadual de Recursos Hídri-
Art. 36. A implementação dos programas deverá ser feita pela cos, submetendo-o ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos;
Agência de Bacia, sob a supervisão e fiscalização do respectivo Co- VIII – implantar, operar e manter estações medidoras de dados
mitê de Bacia Hidrográfica. hidrometeorológicos em pontos estrategicamente definidos;
§1º No caso de ausência de Agência de Bacia, os programas IX – obter, mediante cooperação técnica com outros órgãos es-
poderão ser implementados pelo órgão estadual gestor de recursos taduais e federais, dados de estações hidrometeorológicas por eles
hídricos, sob a supervisão e fiscalização do respectivo Comitê de mantidas ou operadas;
Bacia Hidrográfica. X – propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos o embar-
§2º – No caso de não-existência de Comitê de Bacia Hidrográ- go às intervenções levadas a efeito nas bacias hidrográficas, julga-
fica, os programas deverão ser implementados pelo órgão estadual das incompatíveis com a Política Estadual de Recursos Hídricos ou
gestor dos recursos hídricos, sob a supervisão e fiscalização do Con- com o uso racional da água;
selho Estadual de Recursos Hídricos; Art. 40. O Poder Executivo Estadual se articulará com os Mu-
Art. 37. As atividades previstas nos programas poderão ser im- nicípios, por meio dos Comitês de Bacia Hidrográfica, com a finali-
plementadas por entidades públicas e privadas com interesse na dade de promover a integração das políticas locais de saneamento
área de recursos hídricos, nas respectivas bacias hidrográficas. básico, de uso, ocupação e conservação do solo e do meio ambiente
com as políticas federal e estadual de recursos hídricos.
CAPITULO V
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO DE TÍTULO II
INTERESSE COMUM OU COLETIVO DO SISTEMA ESTADUAL DE GERENCIAMENTO DOS
RECURSOS HÍDRICOS
Art. 38. As obras de uso múltiplo de recursos hídricos, de inte-
resse comum ou coletivo, terão seus custos rateados, direta ou in- Art.41.Fica criado o Sistema Estadual de Gerenciamento de Re-
diretamente, segundo critérios e normas a serem estabelecidos em cursos Hídricos – SEGRH – PA com os seguintes objetivos:
regulamento baixado pelo Poder Executivo, após aprovação pelo I – coordenar a gestão integrada dos recursos hídricos;
CERH-PA, atendidos os seguintes procedimentos: II – arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com
I – a concessão ou a autorização de vazão com potencial de os recursos hídricos;
aproveitamento múltiplo será precedida de negociação sobre o ra- III – implementar a Política Estadual de Recursos Hídricos;
teio de custos entre os beneficiários, inclusive os de aproveitamen- IV – planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recu-
to hidrelétrico, mediante articulação com a União; peração dos recursos hídricos;
II – a construção de obras de interesse comum ou coletivo V – promover a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
dependerá de estudo de viabilidade técnica, econômica, social e Art. 42. Compõem o Sistema Estadual de Gerenciamento de
ambiental, que conterá previsão de formas de retorno dos investi- Recursos Hídricos:
mentos públicos ou justificativas circunstanciadas da destinação de I – o Conselho Estadual de Recursos Hídricos;
recursos a fundo perdido. II – o órgão gestor dos recursos hídricos, instituído na forma
§ 1º. O Poder Executivo regulamentará a matéria de que trata da lei;
este artigo mediante decreto que estabelecerá diretrizes e critérios III – os Comitês de Bacia Hidrográfica;
para financiamento ou concessão de subsídios, conforme estudo IV – as Agências de Bacias;
aprovado pelo CERHPA. V – os órgãos dos Poderes Públicos estaduais e municipais,
§ 2º. Os subsídios a que se refere o parágrafo anterior somen- cujas competências se relacionam com a gestão de Recursos Hídri-
te serão concedidos no caso de interesse público relevante ou na cos.
impossibilidade prática de identificação dos beneficiários, para con-
sequente rateio dos custeios inerentes às obras de uso múltiplo de CAPÍTULO I
recursos hídricos, de interesse comum ou coletivo. DO CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO VI Art.43. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos é composto


DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO por:
I – representantes de órgãos públicos estaduais com atuação
Art. 39. Na implementação da Política Estadual de Recursos Hí- no gerenciamento no uso dos recursos hídricos;
dricos, compete ao Poder Executivo Estadual: II – representantes dos Municípios;
III – representantes dos usuários dos recursos hídricos;

197
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
IV – representantes das organizações civis legalmente constitu- III – propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos critérios
ídas, com efetiva atuação na área de recursos hídricos. de prioridades para investimento na área de recursos hídricos no
Parágrafo único. O número de representantes dos Poderes Pú- Estado, ouvidos os Comitês de Bacias Hidrográficas;
blicos, mencionados nos incisos I e II deste artigo, não poderá exce- IV – prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Con-
der à metade mais um do total de membros. selho Estadual de Recursos Hídricos;
Art. 44. Compete ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos: V – instruir os expedientes provenientes dos Comitês de Bacias
I – promover a articulação do planejamento de recursos hídri- Hidrográficas;
cos com os planejamentos nacional, estaduais, municipais e de se- VI – coordenar o Sistema Estadual de Informação sobre Recur-
tores usuários; sos Hídricos;
II – deliberar sobre projetos de aproveitamento dos recursos VII – coordenar a elaboração dos programas estaduais de capa-
hídricos cujas repercussões extrapolem a área de atuação de um citação, desenvolvimento tecnológico e educação ambiental focada
Comitê de Bacia Hidrográfica; em gestão de recursos hídricos.
III – deliberar sobre questões que lhe tenham sido encaminha-
das pelos Comitês de Bacias Hidrográficas; CAPÍTULO III
IV – estabelecer diretrizes complementares para implemen- DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
tação da Política Estadual de Recursos Hídricos, aplicação de seus
instrumentos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Art.48. Os Comitês de Bacias Hidrográficas terão como área de
Recursos Hídricos; atuação:
V – exercer funções normativas e deliberativas relativas à Polí- I – a totalidade de uma bacia hidrográfica;
tica Estadual de Recursos Hídricos; II – a sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água prin-
VI – aprovar e acompanhar a execução do Plano Estadual de cipal da bacia ou de tributário desse tributário;
Recursos Hídricos e determinar as providencias necessárias ao cum- III – grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
primento de suas metas; Art. 49. A instituição de Comitês de Bacias Hidrográficas em
VII – aprovar os critérios e normas relativos à cobrança pela rios de domínio do Estado será efetivada por ato do Governador,
utilização dos recursos hídricos; mediante proposição do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
VIII – aprovar os critérios e normas relativos à outorga de direi- Art. 50. Na composição dos Comitês de Bacias Hidrográficas, será
to de uso dos recursos hídricos; IX – aprovar os critérios e normas assegurada a participação do Poder Público, da sociedade civil or-
relativos ao rateio, entre os beneficiados, dos custos das obras e ganizada e dos usuários de recursos hídricos.
serviços de usos múltiplos dos recursos hídricos, de interesse co- Art. 51. Os Comitês de Bacias Hidrográficas são compostos por
mum ou coletivo; representantes;
X – aprovar os relatórios bienais sobre a situação dos recursos I – do poder público federal e estadual;
hídricos no Estado do Pará, a ser divulgado à sociedade; II – dos Municípios localizados nas bacias hidrográficas, no todo
XI – estabelecer os critérios e normas relativos à criação dos ou em parte, de sua área de atuação;
Comitês de Bacia Hidrográfica; III – dos usuários de sua área de atuação;
XII – aprovar as propostas de instituição dos Comitês de Bacia IV – de entidades da sociedade civil organizada com sede e atu-
Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus ação comprovada na bacia hidrográfica;
regimentos internos; V – de representantes das comunidades indígenas residentes
XIII – encaminhar ao Governador do Estado as proposta de cria- na bacia hidrográfica, quando for o caso.
ção dos Comitês de Bacias Hidrográficas; § 1º. Um dos representantes da União deverá representar a
XIV – decidir, em última instância administrativa, os conflitos Fundação Nacional do Índio – FUNAI, quando a área da bacia hidro-
sobre os usos das águas de domínio do Estado; gráfica estiver contida ou conter áreas indígenas.
XV – aprovar os programas estaduais de capacitação, desenvol- § 2º. A participação da União nos Comitês de Bacias Hidrográ-
vimento tecnológico e educação ambiental focada em gestão dos ficas com área de atuação restrita às bacias de rios sob domínio es-
recursos hídricos. Art. 45. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos tadual dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos
será presidido pelo titular da Secretaria Especial de Estado de Pro- internos;
dução. § 3º. A representação do governo do Estado nos Comitês de
Bacias Hidrográficas deverá ter, obrigatoriamente, no mínimo, um
CAPÍTULO II representante do órgão estadual gestor dos recursos hídricos;
DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO ESTADUAL DE § 4º. O número de representantes de cada setor mencionado
RECURSOS HÍDRICOS neste artigo e os critérios para indicação dos mesmos serão estabe-
lecidos nos regimentos dos Comitês, limitada a representação da
Art.46. A Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Recur- somatória dos representantes dos Poderes Executivos da União, do
sos Hídricos será exercida pelo titular do órgão gestor dos recursos Estado e dos Municípios ao máximo de quarenta por cento do total
hídricos. de membros.
Art. 47. À Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Recur- § 5º. A somatória dos representantes dos usuários deverá ser
sos Hídricos compete: igual a quarenta por cento do total de membros.
I – coordenar a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídri- §6º A somatória dos representantes das entidades da socieda-
cos e encaminhá-lo à aprovação do Conselho Estadual de Recursos de civil será de no mínimo vinte por cento do total de membros.
Hídricos; §7º. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão um Presidente, um
II – fomentar a captação de recursos para financiar ações e ati- Vice-Presidente e um Secretário Executivo, eleitos por seus mem-
vidades do Plano Estadual de Recursos Hídricos, supervisionando e bros para um mandato de dois anos, permitida a reeleição uma
coordenando sua aplicação; única vez;
§ 8º. As reuniões dos Comitês de Bacia Hidrográfica serão pú-
blicas;

198
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 9º. As deliberações dos Comitês de Bacia Hidrográfica serão Art. 56. Às Agência de Bacia Hidrográfica compete:
tomadas pela maioria simples de seus membros, observado o “quo- I – elaborar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica,
rum” mínimo de metade mais um. para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;
Art. 52º. Aos Comitês de Bacias Hidrográficas, órgãos colegia- II – apoiar os Poderes Executivos Municipais, nos planos, pro-
dos de atuação deliberativa e normativa, compete: gramas e projetos de intervenção ambiental que visem à proteção,
I – promover o debate das questões relacionadas a recursos à conservação e o controle dos recursos hídricos, previstos no Plano
hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica;
II – arbitrar, em primeira instância administrativa os conflitos III – elaborar os relatórios sobre a situação dos recursos hídri-
relacionados aos recursos hídricos; cos da bacia hidrográfica na respectiva bacia, encaminhando-os aos
III – aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; Comitês para avaliação e divulgação;
IV – acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da IV – criar e manter atualizado o cadastro de usuários da bacia
bacia e sugerir as providencias necessárias ao cumprimento de suas hidrográfica;
metas; V – manter e operar instrumentos técnicos e de apoio aos Co-
V – propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos as acu- mitês de Bacias, em especial os relacionados com o provimento de
mulações, derivações, captações, e lançamentos de pouca expres- dados para o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hí-
são, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direi- dricos;
tos de uso de recursos hídricos; VI – manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos
VI – estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recur- hídricos em sua área de atuação;
sos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; VII – efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança
VII – estabelecer critérios e promover o rateio de custo das pelo uso de recursos hídricos;
obras de uso múltiplo de interesse comum e coletivo; VIII – gerenciar a administração financeira dos recursos arreca-
VIII – acompanhar o plano de proteção, conservação, recupera- dados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua área
ção e utilização dos recursos hídricos da bacia hidrográfica, referen- de atuação;
dado em audiências públicas; IX – celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços
IX – propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos para a execução de suas competências;
de água da bacia hidrográfica, de acordo com as diretrizes estabele- X – elaborar a sua proposta orçamentária e submete-la à apro-
cidas pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos; vação do Comitês de Bacia Hidrográfica;
X – avaliar o relatório sobre a situação dos recursos hídricos da XI – promover os estudos necessários para a gestão dos recur-
bacia hidrográfica; sos hídricos em sua área de atuação;
XI – aprovar a previsão orçamentária anual da respectiva Agên- XII – analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a
cia de Bacia Hidrográfica; serem custeados com recursos gerados pela cobrança pelo uso de
XII – aprovar o Plano de Contas da Agência de Bacia Hidrográ- recursos hídricos;
fica; XIII – propor ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica:
XIII – exercer outras atribuições estabelecidas em lei ou regula- a)o enquadramento dos corpos de água em classes de uso,
mento, compatíveis com a gestão de recursos hídricos. para encaminhamento ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos;
XIV – desenvolver e apoiar iniciativas na área de Educação b) os valores a serem cobrados pela utilização dos recursos hí-
Ambiental, em consonância com a Lei Federal nº 9.795 de abril de dricos;
1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. c)os planos de aplicação dos recursos arrecadados com a co-
XV – aprovar os Programas de Capacitação, Desenvolvimen- brança pelo uso dos recursos hídricos; d) o rateio de custo das obras
to Tecnológico e Educação Ambiental focada em recursos hídricos de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
para a respectiva bacia hidrográfica. XIV – conceber e incentivar programas, projetos e ações ligados
§ 1º. Os Comitês de Bacias Hidrográficas organizar-se-ão de à área de educação ambiental e estimular o desenvolvimento de
acordo com as peculiaridades e realidades físicas, sociais, econômi- tecnologia que possibilite o uso racional de recursos hídricos;
cas e ambientais de suas respectivas bacias, na forma de regimento XV – exercer outras ações, atividades e funções previstas em
interno próprio. lei, regulamento ou decisão do Conselho Estadual de Recursos Hí-
§ 2º. Os Comitês de Bacias Hidrográficas poderão criar Câmaras dricos, compatíveis com a gestão integrada dos recursos hídricos;
Técnicas de caráter consultivo, para o tratamento de questões es- XVI – encaminhar os recursos financeiros gerados a partir da
pecíficas de interesse para o gerenciamento integrado dos recursos cobrança pelo uso de recursos hídricos à instituição financeira in-
hídricos. dicada pelo Comitê de Bacia, responsável pela aplicação financeira
Art. 53. Das decisões dos Comitês de Bacias Hidrográficas ca- dos mesmos;
berá recurso ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos. CAPÍTULO XVII – acompanhar a administração financeira dos recursos ar-
IV Agências de Bacias Hidrográficas Art. 54. Os Comitês de Bacia recadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua
Hidrográfica, na qualidade de órgãos integrantes do Sistema Na- área de atuação;
cional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, deverão proceder XVIII – empreender diretamente estudos recomendados pelo
à criação de suas respectivas Agências de Bacias, destinadas a lhes Plano Estadual de Recursos Hídricos ou confiá- los a organismos es-
prestar apoio técnico e administrativo e exercer as funções de sua pecializados;
Secretaria Executiva. Parágrafo único. As Agências de Bacia deverão XIX – implementar sistema de cobrança pelo uso da água;
ser constituídas, preferencialmente, com natureza jurídica de fun- XX – acompanhar e cadastrar a execução de obras previstas no
dação, devendo constar de seus estatutos que a entidade não tem Plano Estadual de Recursos Hídricos, levadas a efeito nos território
fins lucrativos, que sua existência é por prazo indeterminado e sem de sua abrangência;
prejuízo do disposto no art. 44 da Lei no 9.433, de 1997. XXI – elaborar e implementar os Programas de Capacitação,
Art. 55. As Agências de Bacia Hidrográfica exercerão a função Desenvolvimento Tecnológico e Educação Ambiental focada em
de Secretaria Executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Ba- gestão dos recursos hídricos para a respectiva bacia hidrográfica.
cia Hidrográfica.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 57. A criação de Agência de Bacia será autorizada pelo Con- TÍTULO III
selho Estadual de Recursos Hídricos, mediante solicitação de um ou DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
mais Comitês de Bacia Hidrográfica, ficando condicionada ao aten-
dimento do seguinte requisitos: Art. 64. Para efeito desta Lei, são consideradas águas subterrâ-
I – prévia existência do respectivo ou respectivos Comitê de Ba- neas as que ocorrem natural ou artificialmente no subsolo, de for-
cia Hidrográfica; ma suscetível de extração e utilização.
II – viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso de Parágrafo Único – Considera-se poluição qualquer alteração das
recursos hídricos em sua área de atuação. propriedades fiscais, químicas e biológicas das águas subterrâneas
Art. 58. A Agência de Bacia, na condição de unidade executi- que possam ocasionar prejuízo à saúde, à segurança e ao bem estar
va dos Comitês de Bacias Hidrográficas, terá personalidade jurídica das populações, comprometer o seu uso para fins agropecuários,
própria, de caráter privado, autonomia administrativa e financeira, industriais, comerciais e recreativos e causa danos à fauna e à flora.
devendo seus integrantes e corpo técnico ser portadores de reco- Art. 65. Quando, no interesse da conservação, proteção ou ma-
nhecido currículo e trajetória profissional que os qualifiquem para nutenção do equilíbrio natural das águas subterrâneas, dos serviços
o exercício de suas funções específicas. públicos de abastecimento de águas, ou por motivos geológicos, ge-
otécnicos ou ecológicos, se fizer necessário restringir a capacitação
CAPÍTULO V e o uso dessas águas, poderão ser delimitadas áreas destinadas a
DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS sua proteção e controle.
Art. 66. Para fins desta Lei, as áreas de proteção e controle dos
Art. 59. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organiza- aqüíferos classificam-se em:
ções civis de recursos hídricos; I – Área de Proteção Máxima – compreendendo, no todo ou em
I – os consórcios e associações intermunicipais de bacias hidro- parte, zonas de recarga de aqüíferos altamente vulneráveis à polui-
gráficas; ção e que se constituam em depósitos de águas essenciais para o
II – as associação regionais, locais ou setoriais dos usuários dos abastecimento público;
recursos hídricos; II – Área de Restrição e Controle – caracterizada pela necessi-
III – as organização técnicas e de ensino e pesquisa com interes- dade de disciplina das extrações, controle máximo das fontes polui-
se na área de recursos hídricos; doras já implantadas e restrição a novas atividades potencialmente
IV – as organizações não-governamentais com objetivo de de- poluidoras;
fesa de interesses difusos e coletivos da sociedade; III – Área de Proteção de Poços e Outras Captações – incluindo
V – outras organizações reconhecidas pelo Conselho Estadual a distância mínima entre poços e outras captações e o respectivo
de Recursos Hídricos. perímetro de proteção.
Art. 60. Para compor o Sistema Estadual de Gerenciamento de Art. 67. Nas Áreas de Proteção Máxima, não serão permitidos:
Recursos Hídricos, as organizações civis de recursos hídricos devem I – implantação de indústrias de alto risco ambiental, pólos
ser legalmente constituídas e estar na plenitude de entendimento petroquímicos, carboquímicos e cloroquímicos, usinas nucleares e
das exigências legais estabelecidas em seus regimentos. quaisquer outras fontes de grande impacto ambiental ou extrema
Art. 61. O Conselho Estadual de Recursos Hídricos deverá, em periculosidade;
seu regimento, estabelecer critérios para definir exigências técnicas II – atividades agrícolas que utilizem produtos tóxicos de gran-
mínimas para participação dessas organizações civis no Sistema Es- de mobilidade e que possam colocar em risco as águas subterrâ-
tadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. neas, conforme relação divulgada pelo órgão gestor dos recursos
hídricos do Estado;
CAPÍTULO VI III – parcelamento do solo urbano sem sistema adequado de
DA PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NA GESTÃO DE tratamento de efluentes ou de disposições de resíduos sólidos.
RECURSOS HÍDRICOS Art. 68. Nos casos de escassez de água subterrânea ou de pre-
juízo sensível aos aproveitamentos existentes nas Áreas de Prote-
Art. 62. O Estado incentivará a formação de consórcios e asso- ção Máxima, o órgão gestor dos recursos hídricos do Estado poderá:
ciações intermunicipais de bacias hidrográficas, de modo especial I – proibir novas captações até que o aqüífero se recupere ou
nas que apresentarem quadro crítico relativamente aos recursos hí- seja superado máximo a ser extraído e o regime de operação;
dricos, nas quais o gerenciamento deve ser feito segundo diretrizes II – restringir e regular a captação de água subterrânea estabe-
e objetivos especiais, e estabelecerá com eles convênios de mútua lecendo o volume máximo a ser extraído e o regime de operação;
cooperação e assistência. III – controlar as fontes de poluição existentes, mediante proce-
Art. 63. O Estado poderá delegar ao Município que se organi- dimento específico de monitoramento;
zar técnica e administrativamente o gerenciamento de recursos hí- IV – restringir novas atividades potenciais poluidoras.
dricos de interesse exclusivamente local, compreendendo, dentre Art. 69. Nas Áreas de Restrição e Controle, quando houver es-
outros, os de bacias hidrográficas que se situem exclusivamente no cassez de água subterrânea ou prejuízo sensível aos aproveitamen-
território do Município e os aqüíferos subterrâneos situados em sua tos existentes, poderão ser adotadas as medidas previstas no artigo
área de domínio. anterior.
Parágrafo Único Os critérios, normas e condições gerais a se- Art. 70. Nas Áreas de Proteção de Poços e Outras Captações
rem observados pelos convênios entre o Estado e o Município, será instituído um perímetro imediato de proteção sanitária, abran-
tendo como objetivo a delegação a que se refere o “caput” deste gendo raio de dez metros, a partir do ponto de captação, cercado e
artigo, serão estipulados em regulamento próprio, proposto pelo protegido, devendo seu interior estar resguardando da entrada ou
órgão dos recursos hídricos e aprovado pelo Conselho Estadual de infiltração de poluentes.
Recursos Hídricos.

200
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 71. Os poços abandonados ou em funcionamento que Art. 81. Constitui infração das normas de utilização dos recur-
acarretem ou possam acarretar poluição ou representem riscos aos sos hídricos superficiais, meteóricos e subterrâneos, emergentes ou
aqüíferos e as perfurações realizadas para outros fins que não a ex- em depósitos:
tração de água deverão ser adequadamente tamponados, de forma I – derivar ou utilizar recursos hídricos sem a respectiva outorga
a evitar acidentes que contaminem ou poluam os aqüíferos. de direito de uso;
Parágrafo Único. Os responsáveis pelos poços ficam obrigados II – iniciar a implantação ou implantar empreendimentos re-
a comunicar ao órgão gestor dos recursos hídricos do Estado a de- lacionados com a derivação ou utilização de recursos hídricos su-
sativação destes, temporária ou definitiva. perficiais, subterrâneos e meteóricos que implique alterações no
Art. 72. Os poços jorrantes deverão ser dotados de dispositivos regime, quantidade ou qualidade dos membros, sem a autorização
que impeçam o desperdício da água ou eventuais desequilíbrios dos órgãos ou entidades competentes;
ambientais. III – utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou servi-
Art. 73. As escavações, sondagens ou obras para pesquisa rela- ços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições
tiva à lavra mineral ou para outros fins, que atingirem águas subter- estabelecidas na outorga, para qualquer finalidade;
râneas, deverão ter tratamento idêntico ao de poços abandonados, IV – perfurar poços para extração de água subterrânea ou ope-
de forma a preservar e conservar os aqüíferos. rá-los sem a devida outorga;
Art. 74. A recarga artificial de aqüíferos dependerá de autoriza- V – fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou de-
ção do órgão gestor dos recursos hídricos do Estado e estará condi- clarar valores diferentes dos medidos;
cionado à realização de estudos que comprovem sua conveniência VI – infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei
técnica, econômica e sanitária, e a preservação da qualidade das e nos regulamentos administrativos, compreendendo instrução e
águas subterrâneas. procedimentos fixados pelos órgão ou entidades competentes;
Art. 75. Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar convênios VII – obstar ou dificultar a ação fiscalização das autoridades
com outros Estados, relativamente aos aqüíferos também a eles competentes, no exercício de suas funções;
subjacentes, objetivando estabelecer normas e critérios que permi- VIII – continuar a utilizar o recurso hídrico após o término do
tam o uso harmônico e sustentável das águas subterrâneas. prazo estabelecido na outorga, sem a prorrogação ou revalidação
Art. 76. Quando as águas subterrâneas, por razões de qualida- desta;
de fisioquímica e propriedades oligominerais, se prestarem à explo- IX – poluir ou degradar recursos hídricos acima dos limites es-
ração para fins comerciais ou terapêuticos e puderem ser classifi- tabelecidos na legislação ambiental pertinente;
cadas como água mineral, sua utilização será regida pela legislação X – degradar ou impedir a regeneração de florestas e demais
federal pertinente, pela legislação relativa à saúde pública e pelas formas de vegetação permanente, adjacentes aos recursos hídricos,
disposições desta Lei, no que couber. definidas no Código Florestal;
Art. 77. As captações de águas subterrâneas já existentes deve- XI – utilizar recursos hídricos de maneira prejudicial a direito de
rão ser regularizadas, com pedido de outorga, no prazo máximo de terceiros e à vazão mínima remanescente estabelecida.
trezentos e sessenta dias, contados da publicação desta Lei. Parágrafo único. As infrações mencionadas neste artigo serão
apuradas em procedimento administrativo próprio, iniciado com a
TÍTULO IV lavratura do auto de infração, observados o rito e os prazos estabe-
DAS FISCALIZAÇÃO, INFRAÇÕES E PENALIDADES lecidos em regulamento.
Art. 82. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamen-
Art. 78. Ficam sujeitos à fiscalização do órgão competente todo tar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação
o uso de recursos hídricos, inclusive aqueles dispensados de outor- ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração do
ga. Parágrafo único. A utilização de águas subterrâneas para servi- Estado, ou pelo não-atendimento das solicitações feitas, o infrator,
dão pública, com natureza comercial ou não, estará sujeita á fiscali- a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes pe-
zação do órgão competente, quanto, à qualidade, à potabilidade e nalidades, independentemente de sua ordem de enumeração:
ao risco de poluição. I – advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos
Art. 79. Fica assegurado aos agentes credenciados da fiscaliza- para correção das irregularidades;
ção o livre acesso aos locais em que estiverem situadas as obras de II – multas simples ou diária, proporcional à gravidade da infra-
captação de águas subterrâneas e onde estiverem sendo executa- ção, de 100 (cem) a 100.000 (cem mil) Unidades Padrão Fiscal do
das quaisquer atividades que, de alguma forma, possam afetar os Estado do Pará – UPF– PA;
aqüíferos. III – embargo provisório, por prazo determinado, para execução
Parágrafo único. A atividade de explotação obriga o interessado de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condi-
a instalar hidrômetro na tubulação de saída do poço. ções de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao
Art. 80. Aos agentes credenciados, no exercício das funções fis- uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
calizadoras, compete: IV – embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o
I – efetuar vistorias, levantamentos, avaliações e verificar a do- caso, para repor incontinente, no seu antigo estado, os recursos hí-
cumentação pertinente; dricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código
II – colher amostras e efetuar medições; de Águas, ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.
III – verificar a ocorrência de infração e lavrar o respectivo auto; § 1º. Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a ser-
IV – notificar, por escrito, os responsáveis pelas fontes poluido- viços públicos de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida,
ras ou potencialmente poluidoras, ou por ações indesejáveis sobre perecimento de bens ou animais, ou prejuízo de qualquer natureza
as águas subterrâneas, a prestarem esclarecimentos em local oficial a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do
e em data previamente estabelecidos; valor máximo cominado em abstrato.
V – efetuar outras atividades definidas pelo órgão competen-
tes;
VI – aplicar as sanções previstas nesta Lei. Parágrafo único. Os
agentes de fiscalização poderão requisitar força policial.

201
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 2º. No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena geográfica estadual de acordo com as tendências e desenvolvimen-
de multa, serão cobrados do infrator as despesas em que incorrer a to científico e tecnológico, garantindo a conservação das amostras
Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados representativas dos ecossistemas do território estadual.
incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do código de Águas, sem Art. 3º O Poder Público utilizará o Macrozoneamento Ecológi-
prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa. coEconômico como base do planejamento estadual na elaboração
§ 3º. Da aplicação das sanções previstas neste artigo caberá e fixação de políticas, programas e projetos, visando à ordenação
recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do do território e à melhoria da qualidade de vida das populações ur-
regulamento. banas e rurais.
§ 4º. Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro. § 1º As Políticas Públicas Estaduais e Municipais deverão ser
Art. 83. Em decorrência dos critérios, padrões e normas, pre- ajustadas às conclusões e definições do Macrozoneamento Ecoló-
vistos nesta Lei, incidem sobre a exploração, dos recursos hídricos gico-Econômico.
as normas constantes do seu decreto regulamentador e das resolu- § 2º O uso das terras, águas, ecossistemas, biodiversidade, sí-
ções do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. tios arqueológicos, cavidades naturais e estruturas geológicas que
constituem o território estadual fica sujeito às disposições estabe-
TÍTULO V lecidas nesta Lei e na legislação em vigor.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 4º A área territorial do Estado do Pará fica distribuída em
quatro grandes zonas, definidas a partir de dados atuais relativos
Art. 84. Na implementação da Política Estadual de Recursos Hí- ao grau de degradação ou preservação da qualidade ambiental e à
dricos, os Municípios promoverão a sua integração com as políticas intensidade do uso e exploração de recursos naturais, sendo:
locais de saneamento básico, de uso ocupação e conservação do I - 65% (sessenta e cinco por cento), no mínimo, destinados a
solo e de meio ambiente. Art. 85. Fica o Poder Executivo Estadual áreas especialmente protegidas, assim distribuídas:
autorizado a celebrar convênios com os Estados vizinhos para a pro- a) 28% (vinte e oito por cento), no mínimo, para terras indíge-
teção e administração dos aqüíferos comuns. nas e terras de quilombos;
Art. 86. Fica revogada a Lei n.º 5.796, de 4 de janeiro de 1994, b) 27% (vinte e sete por cento), no mínimo, destinados a unida-
no que se refere às normas de Política Estadual de Recursos Hídri- des de conservação de uso sustentável; e
cos e às funções do Conselho Consultivo de Política Hídrica e Mine- c) 10% (dez por cento), no mínimo, destinados a unidades de
rária, inerentes aos recursos hídricos. conservação de proteção integral; e
Art.87. Ficam revogadas as disposições da Lei n.º. 6.105, de 14 II - 35% (trinta e cinco por cento), no máximo, para consolida-
de janeiro de 1998. ção e expansão de atividades produtivas, áreas de recuperação e
Art.88. O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que cou- áreas alteradas.
ber, no prazo de cento e oitenta dias, definindo, inclusive, o órgão § 1º Os limites e configurações específicos das áreas menciona-
responsável pela gestão da Política Estadual de Recursos Hídricos. das no inciso II deste artigo serão definidos em escalas detalhadas e
Art. 89. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. aprovados por ato do Poder Executivo.
Art. 90. Ficam revogadas as disposições em contrário. § 2º Os percentuais previstos neste artigo podem ser alterados
quando as modificações resultarem de estudos de aprimoramento
PALÁCIO DO GOVERNO, 25 de julho de 2001. técnico-científico.
Art. 5º A zona destinada à consolidação das atividades pro-
dutivas deverá incluir as áreas antropizadas ou que apresentam
LEI Nº 6.745, 6 DE MAIO DE 2005, E ALTERAÇÕES - degradação da qualidade ambiental e será objeto de zoneamento
DISPÕES SOBRE A POLÍTICA DE MACROZONEAMENTO ecológico-econômico em escala de detalhe, a ser realizado de acor-
ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO ESTADO DO PARÁ do com prioridades definidas pelo Poder Executivo, observada a
legislação aplicável.
LEI ORDINÁRIA Nº6.745, DE 6 DE MAIO DE 2005 Art. 6º As terras indígenas e as terras de quilombos serão cons-
tituídas por aquelas já existentes e por aquelas que vierem a ser
Institui o Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado legalmente instituídas.
do Pará e dá outras providências. Art. 7º As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentá-
vel (US) são aquelas compostas pelas unidades federais, estaduais,
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e san- municipais e particulares legalmente instituídas, acrescidas das áre-
ciono a seguinte Lei: as referidas no Anexo II e identificadas numericamente no Anexo
Art. 1º Fica instituído o Macrozoneamento Ecológico-Econômi- I desta Lei, que serão criadas de acordo com sua vocação natural,
co do Estado do Pará, nos Termos do Mapa de Gestão Territorial, seguindo as categorias de manejo de unidades de conservação pro-
constante do Anexo I da Lei Estadual nº 6.745, de 6 de maio de postas pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e o art. 84 da Lei
2005, apresentado na escala de 1:6.000.000 e elaborado na escala nº 5.887, de 9 de maio de 1995.
de 1:1.000.000, com base em dados e mapas de geologia, geomor- Parágrafo único. As áreas exatas, os limites e as confrontações
fologia, solos, hidrologia, climatologia, vulnerabilidade natural, po- das categorias de manejo serão definidos em ato do Poder Execu-
tencialidade socioeconômica, ecossistemas vegetais, ecorregiões, tivo.
corredores ecológicos, antropização e definição de áreas priori- Art. 8º As unidades de conservação do grupo de Proteção Inte-
tárias para a preservação da biodiversidade e de uso sustentável gral (PI) são aquelas compostas pelas unidades federais, estaduais
dos recursos naturais *O art 1º teve sua redação alterada pela Lei e municipais legalmente instituídas, acrescidas das áreas referidas
nº7.213, de …., publicada no DOE Nº……, 04/11/2008 no anexo III e identificadas numericamente no Anexo I desta Lei,
Art. 2º O Macrozoneamento Ecológico-Econômico ora institu- que serão criadas de acordo com sua vocação natural, seguindo as
ído tem como objetivo compatibilizar a utilização de recursos na- categorias de manejo de unidades de conservação propostas pela
turais com a preservação e a conservação do meio ambiente, bem Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e o art. 84 da Lei nº 5.887, de
como realizar o levantamento e o monitoramento periódico da área 9 de maio de 1995.

202
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. As áreas exatas, os limites e as confrontações § 2º A cota de que trata o “caput” será regulamentada por ato
das categorias de proteção integral serão definidos em ato do Poder do Poder Executivo, que disporá sobre as modalidades, caracterís-
Executivo, numeradas no Anexo I desta Lei. ticas, prazo de validade e mecanismos que assegurem ao seu ad-
Art. 9º No interior das áreas destinadas à consolidação e ex- quirente a existência e a manutenção da unidade de conservação
pansão de atividades produtivas e de recuperação poderão ser cria- objeto do título.
das unidades de conservação. Art. 19. As despesas com o Zoneamento Ecológico-Econômico
Parágrafo único. A criação das unidades de conservação a que correrão por conta de dotação orçamentária específica, resultante
se refere o “caput” deste artigo deverá observar a compatibilida- de recursos próprios, transferências voluntárias e recursos obtidos
de com as vocações naturais, com as condições socioeconômicas, través de operações de crédito pelo Poder Executivo Estadual.
a dimensão adequada, de acordo com os zoneamentos ecológico- Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
-econômicos detalhados e a justificativa técnica a partir de estudos
específicos, observada a legislação em vigor. PALÁCIO DO GOVERNO, 6 de maio de 2005.
Art. 10. No interior das Unidades de Conservação de Uso Sus-
tentável atuais e as novas unidades a serem criadas por esta Lei,
podem ser criadas unidades de conservação do grupo de Proteção LEI COMPLEMENTAR Nº140, DE 08 DE DEZEMBRO DE
Integral, de acordo com a legislação ambiental em vigor, desde que 2011, E ALTERAÇÕES, SE HOUVER
as novas unidades sejam devidamente justificadas a partir de estu-
dos específicos. LEI COMPLEMENTAR Nº 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011
Parágrafo único. O recursos financeiros para o desenvolvimen-
to dos estudos específicos visando à criação de unidades de conser- Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do
vação previstas neste artigo, virão da Cota de Proteção Ambiental parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a coope-
criada nesta Lei. ração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Art. 11. As áreas especialmente protegidas devem constituir e, nas ações administrativas decorrentes do exercício da competên-
dentro do possível, contribuir para formar corredores ecológicos, cia comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à
proteger amostras de ecorregiões, ecossistemas e/ou centros rele- proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer
vantes de biodiversidade, proteger populações de espécies amea- de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora;
çadas de extinção e contribuir para a manutenção de serviços eco- e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
lógicos.
Art. 12. O Poder Público Estadual estabelecerá um programa A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
permanente de proteção e, quando necessário, de recuperação de cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
áreas degradadas, respeitadas as utilizações previstas em lei.
Art. 13. O Zoneamento Ecológico-Econômico em escala de de- CAPÍTULO I
talhe será aprovado por ato do Poder Executivo, ouvido o Conselho DISPOSIÇÕES GERAIS
Estadual de Meio Ambiente.
Art. 14. O Mapa do Macrozoneamento Ecológico-Econômico Art. 1o Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos in-
poderá ser alterado por ato do Poder Executivo, ouvido o Conselho cisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Consti-
Estadual de Meio Ambiente, quando as modificações resultarem de tuição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Dis-
estudos de aprimoramento técnico e científico e desde que não se- trito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes
jam alterados os percentuais previstos no art. 4º desta Lei. do exercício da competência comum relativas à proteção das paisa-
Parágrafo único. Até a edição de novo mapa oficial, ficam ga- gens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à
rantidas todas as atividades em desenvolvimento, respeitadas as poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas,
determinações do mapa em vigor. da fauna e da flora.
Art. 15. Compete à Secretaria Executiva de Estado de Ciência, Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:
Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM administrar a execução des- I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo
ta Lei, sob a coordenação da Secretaria Especial de Estado de Pro- destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores
dução. Parágrafo único. Por ato do Poder Executivo, será criado um de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
Comitê Supervisor do Zoneamento Ecológico- econômico, garantida capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental;
a participação dos setores representativos da sociedade paraense. II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substi-
Art. 16. O inciso II do art. 73 da Lei n° 5.887, de 9 de maio de tui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas
1995, passa a vigorar com a seguinte redação : hipóteses definidas nesta Lei Complementar;
“Art. 73. .........................................................................… III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa
II - as áreas criadas por ato do Poder Público.” a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das compe-
Art. 17. Será permitida a compensação da reserva legal por ou- tências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originaria-
tra área, na forma da lei. mente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.
Art. 18. Fica criada a Cota de Proteção Ambiental, título repre- Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos Es-
sentativo de unidade de conservação legalmente instituída pelo Es- tados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da compe-
tado do Pará. tência comum a que se refere esta Lei Complementar:
§ 1º Os recursos oriundos da alienação das Cotas de Proteção I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologica-
Ambiental serão destinados à implementação, manutenção e ges- mente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrá-
tão das unidades de conservação integrantes do Sistema Estadual e tica e eficiente;
Unidades de Conservação - SEUC, criado pela Lei Estadual n° 5.887, II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico
de 9 de maio de 1995. com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pes-
soa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualda-
des sociais e regionais;

203
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a
a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma a Política Nacional do Meio Ambiente;
evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administra- II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas
tiva eficiente; atribuições;
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o III - promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio
País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais. Ambiente nos âmbitos nacional e internacional;
IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e
CAPÍTULO II entidades da administração pública da União, dos Estados, do Dis-
DOS INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO trito Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão
ambiental;
Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em
seguintes instrumentos de cooperação institucional: apoio à Política Nacional do Meio Ambiente;
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor; VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas dire-
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instru- cionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados
mentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, respei- obtidos;
tado o art. 241 da Constituição Federal; VII - promover a articulação da Política Nacional do Meio Am-
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estadu- biente com as de Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Or-
ais e Comissão Bipartite do Distrito Federal; denamento Territorial e outras;
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econô- VIII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e en-
micos; tidades da administração pública dos Estados, do Distrito Federal
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação sobre Meio
respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar; Ambiente (Sinima);
VI - delegação da execução de ações administrativas de um IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e re-
ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta gional;
Lei Complementar. X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem es-
§ 1o Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem pecialmente protegidos;
ser firmados com prazo indeterminado. XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os ní-
§ 2o A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritaria- veis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio
mente, por representantes dos Poderes Executivos da União, dos ambiente;
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
os entes federativos. qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;
§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, parita- XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendi-
riamente, por representantes dos Poderes Executivos da União, dos mentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente,
Estados e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão am- for cometida à União;
biental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos. XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimen-
§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, pa- tos e atividades:
ritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em
e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambien- país limítrofe;
tal compartilhada e descentralizada entre esses entes federativos. b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na platafor-
§ 5o As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito ma continental ou na zona econômica exclusiva;
Federal terão sua organização e funcionamento regidos pelos res- c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
pectivos regimentos internos. d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação
Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental
a execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Com- (APAs);
plementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambien-
a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. tal, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei
para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transpor-
compatível com a demanda das ações administrativas a serem de- tar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio,
legadas. ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e apli-
cações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear
CAPÍTULO III (Cnen); ou
DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Execu-
tivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegu-
Art. 6o As ações de cooperação entre a União, os Estados, o rada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio
Distrito Federal e os Municípios deverão ser desenvolvidas de modo Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial
a atingir os objetivos previstos no art. 3o e a garantir o desenvolvi- poluidor e natureza da atividade ou empreendimento; Regulamen-
mento sustentável, harmonizando e integrando todas as políticas to
governamentais. XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas
Art. 7o São ações administrativas da União: e formações sucessoras em:

204
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou uni- XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os ní-
dades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e veis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio
b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambiente;
ambientalmente, pela União; XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora amea- técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
çadas de extinção e de espécies sobre-explotadas no território na- qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;
cional, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendi-
as atividades que conservem essas espécies in situ; mentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente,
XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas po- for cometida aos Estados;
tencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, ha- XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou
bitats e espécies nativas; empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de cau-
fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; sar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o;
XIX - controlar a exportação de componentes da biodiversidade XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou
brasileira na forma de espécimes silvestres da flora, micro-organis- empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de
mos e da fauna, partes ou produtos deles derivados; conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção
XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos Ambiental (APAs);
e larvas; XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas
XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na re- e formações sucessoras em:
lação prevista no inciso XVI; a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do
XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacio- Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
nal ou regional; b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso
XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento XV do art. 7o; e
tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais; c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados,
XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte maríti- ambientalmente, pelo Estado;
mo de produtos perigosos; e XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ame-
XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interes- açadas de extinção no respectivo território, mediante laudos e es-
tadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos. tudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem
Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja essas espécies in situ;
localização compreenda concomitantemente áreas das faixas ter- XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos
restre e marítima da zona costeira será de atribuição da União ex- e larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa cientí-
clusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato fica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o;
do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre;
Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho XX - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual;
Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios e
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendi- XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e ter-
mento. Regulamento restre de produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV
Art. 8o São ações administrativas dos Estados: do art. 7o.
I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Na- Art. 9o São ações administrativas dos Municípios:
cional do Meio Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas
à proteção ambiental; Nacional e Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente;
atribuições; II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas
III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a atribuições;
Política Estadual de Meio Ambiente; III - formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de
IV - promover, no âmbito estadual, a integração de programas Meio Ambiente;
e ações de órgãos e entidades da administração pública da União, IV - promover, no Município, a integração de programas e ações
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à de órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e
proteção e à gestão ambiental; municipal, relacionados à proteção e à gestão ambiental;
V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em
apoio às Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente; apoio às Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambien-
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas dire- te;
cionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas dire-
obtidos; cionados à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados
VII - organizar e manter, com a colaboração dos órgãos munici- obtidos;
pais competentes, o Sistema Estadual de Informações sobre Meio VII - organizar e manter o Sistema Municipal de Informações
Ambiente; sobre Meio Ambiente;
VIII - prestar informações à União para a formação e atualiza- VIII - prestar informações aos Estados e à União para a forma-
ção do Sinima; ção e atualização dos Sistemas Estadual e Nacional de Informações
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em sobre Meio Ambiente;
conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional; IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos am-
X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem es- bientais;
pecialmente protegidos; X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem es-
pecialmente protegidos;

205
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os ní- § 1o As exigências de complementação oriundas da análise do
veis de ensino e a conscientização pública para a proteção do meio empreendimento ou atividade devem ser comunicadas pela autori-
ambiente; dade licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de aquelas decorrentes de fatos novos.
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a § 2o As exigências de complementação de informações, docu-
qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei; mentos ou estudos feitas pela autoridade licenciadora suspendem
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendi- o prazo de aprovação, que continua a fluir após o seu atendimento
mentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, integral pelo empreendedor.
for cometida ao Município; § 3o O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática
previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento am- de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura a competência
biental das atividades ou empreendimentos: supletiva referida no art. 15.
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbi- § 4o A renovação de licenças ambientais deve ser requerida
to local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração
Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este
potencial poluidor e natureza da atividade; ou automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do ór-
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo gão ambiental competente.
Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo
XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos nas ações administrativas de licenciamento e na autorização am-
previstas nesta Lei Complementar, aprovar: biental, nas seguintes hipóteses:
a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e forma- I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ções sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desem-
conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Prote- penhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua
ção Ambiental (APAs); e criação;
b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e forma- II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de
ções sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações
ambientalmente, pelo Município. administrativas municipais até a sua criação; e
Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previs- III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de
tas nos arts. 8o e 9o. meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempe-
Art. 11. A lei poderá estabelecer regras próprias para atribui- nhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles
ções relativas à autorização de manejo e supressão de vegetação, entes federativos.
considerada a sua caracterização como vegetação primária ou se- Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos
cundária em diferentes estágios de regeneração, assim como a exis- dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, administrativo ou fi-
tência de espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção. nanceiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação.
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou ente originariamente detentor da atribuição nos termos desta Lei
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de cau- Complementar.
sar degradação ambiental, e para autorização de supressão e mane- Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou
jo de vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou ativida-
de conservação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental de, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo adminis-
(APAs). trativo para a apuração de infrações à legislação ambiental come-
Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável tidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
pelo licenciamento e autorização a que se refere o caput, no caso § 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar in-
das APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e fração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade uti-
“h” do inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” lizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente polui-
do inciso XIV do art. 9o. dores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput,
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou para efeito do exercício de seu poder de polícia.
autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em § 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da
conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do
Lei Complementar. fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mi-
§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifes- tigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as
tar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira providências cabíveis.
não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licencia- § 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício
mento ambiental. pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da con-
§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos formidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencial-
ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador. mente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legisla-
§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e ção ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental
outros serviços afins devem guardar relação de proporcionalidade lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou
com o custo e a complexidade do serviço prestado pelo ente fede- autorização a que se refere o caput.
rativo.
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos esta-
belecidos para tramitação dos processos de licenciamento.

206
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO IV ciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às respon-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS sabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos
econômicos aplicáveis.
Art. 18. Esta Lei Complementar aplica-se apenas aos processos § 1o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas
de licenciamento e autorização ambiental iniciados a partir de sua ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou
vigência. indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvol-
§ 1o Na hipótese de que trata a alínea “h” do inciso XIV do art. vam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de
7o, a aplicação desta Lei Complementar dar-se-á a partir da entrada resíduos sólidos.
em vigor do ato previsto no referido dispositivo. § 2o Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são re-
§ 2o Na hipótese de que trata a alínea “a” do inciso XIV do art. gulados por legislação específica.
9o, a aplicação desta Lei Complementar dar-se-á a partir da edição Art. 2o Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nes-
da decisão do respectivo Conselho Estadual. ta Lei, nas Leis nos 11.445, de 5 de janeiro de 2007, 9.974, de 6
§ 3o Enquanto não forem estabelecidas as tipologias de que de junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas es-
tratam os §§ 1o e 2o deste artigo, os processos de licenciamento e tabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente
autorização ambiental serão conduzidos conforme a legislação em (Sisnama), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do
vigor. Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e
Art. 19. O manejo e a supressão de vegetação em situações ou do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade In-
áreas não previstas nesta Lei Complementar dar-se-ão nos termos dustrial (Sinmetro).
da legislação em vigor.
Art. 20. O art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, CAPÍTULO II
passa a vigorar com a seguinte redação: DEFINIÇÕES
“Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento
de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambien- Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
tais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qual- I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre
quer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou
licenciamento ambiental. comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade
§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva compartilhada pelo ciclo de vida do produto;
concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódi- II - área contaminada: local onde há contaminação causada
co regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de pela disposição, regular ou irregular, de quaisquer substâncias ou
comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. resíduos;
§ 2o (Revogado). III - área órfã contaminada: área contaminada cujos responsá-
§ 3o (Revogado). veis pela disposição não sejam identificáveis ou individualizáveis;
§ 4o (Revogado).” (NR) IV - ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o
Art. 21. Revogam-se os §§ 2º, 3º e 4º do art. 10 e o § 1o do art. desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e in-
11 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. sumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final;
Art. 22. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente se-
publicação. gregados conforme sua constituição ou composição;
VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos
Brasília, 8 de dezembro de 2011; 190o da Independência e que garantam à sociedade informações e participação nos proces-
123o da República. sos de formulação, implementação e avaliação das políticas públi-
cas relacionadas aos resíduos sólidos;
VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de
LEI N° 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010, QUE INSTITUI
resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a
A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS;
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações
ALTERA A LEI N° 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998; E
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Su-
asa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
VIII - disposição final ambientalmente adequada: distribuição
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais
9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas,
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio
de suas atividades, nelas incluído o consumo;
TÍTULO I X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exer-
DISPOSIÇÕES GERAIS cidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequa-
CAPÍTULO I da dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequa-
DO OBJETO E DO CAMPO DE APLICAÇÃO da dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada
de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos
Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sólidos, exigidos na forma desta Lei;
dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao geren-

207
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações vol- Art. 5o A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra a Política
tadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política Nacional de
a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural Educação Ambiental, regulada pela Lei no 9.795, de 27 de abril de
e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento 1999, com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada pela
sustentável; Lei nº 11.445, de 2007, e com a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005.
XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento eco-
nômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedi- CAPÍTULO II
mentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos DOS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
ambientalmente adequada; I - a prevenção e a precaução;
XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que consi-
das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem dere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica
comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessi- e de saúde pública;
dades das gerações futuras; IV - o desenvolvimento sustentável;
XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos só- V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o forne-
lidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico- cimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que
-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e
novos produtos, observadas as condições e os padrões estabeleci- a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais
dos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação
do Suasa; estimada do planeta;
XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público,
as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tec- o setor empresarial e demais segmentos da sociedade;
nológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente ade- produtos;
quada; VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclá-
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem vel como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja e renda e promotor de cidadania;
destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obriga- IX - o respeito às diversidades locais e regionais;
do a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases X - o direito da sociedade à informação e ao controle social;
contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem XI - a razoabilidade e a proporcionalidade.
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos Art. 7o São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento
XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente
produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas adequada dos rejeitos;
dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza ur- consumo de bens e serviços;
bana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias
de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os limpas como forma de minimizar impactos ambientais;
impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decor- V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos peri-
rentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; gosos;
XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomen-
sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química, tar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais re-
observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos cicláveis e reciclados;
competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; VII - gestão integrada de resíduos sólidos;
XIX - serviço público de limpeza urbana e de manejo de resí- VIII - articulação entre as diferentes esferas do poder público, e
duos sólidos: conjunto de atividades previstas no art. 7º da Lei nº destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e
11.445, de 2007. financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;
IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
TÍTULO II X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universaliza-
DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ção da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de ma-
nejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e
CAPÍTULO I econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços
DISPOSIÇÕES GERAIS prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacio-
nal e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007;
Art. 4o A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjun- XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais,
to de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações para:
adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de co- a) produtos reciclados e recicláveis;
operação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis
com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
adequado dos resíduos sólidos.

208
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e reci- TÍTULO III
cláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada DAS DIRETRIZES APLICÁVEIS AOS RESÍDUOS SÓLIDOS
pelo ciclo de vida dos produtos;
XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida CAPÍTULO I
do produto; DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão am-
biental e empresarial voltados para a melhoria dos processos pro- Art. 9o Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve
dutivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a re- ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redu-
cuperação e o aproveitamento energético; ção, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e dis-
XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. posição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
§ 1o Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recupera-
CAPÍTULO III ção energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido
DOS INSTRUMENTOS comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implanta-
ção de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos
Art. 8o São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sóli- aprovado pelo órgão ambiental.
dos, entre outros: § 2o A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Políticas de
I - os planos de resíduos sólidos; Resíduos Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos serão compatíveis com o disposto no caput e no § 1o deste artigo e
sólidos; com as demais diretrizes estabelecidas nesta Lei.
III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras Art. 10. Incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão
ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos territórios,
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; sem prejuízo das competências de controle e fiscalização dos ór-
IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas gãos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS e do Suasa, bem
ou de outras formas de associação de catadores de materiais reuti- como da responsabilidade do gerador pelo gerenciamento de resí-
lizáveis e recicláveis; duos, consoante o estabelecido nesta Lei.
V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e Art. 11. Observadas as diretrizes e demais determinações es-
agropecuária; tabelecidas nesta Lei e em seu regulamento, incumbe aos Estados:
VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público I - promover a integração da organização, do planejamento e
e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos produ- da execução das funções públicas de interesse comum relacionadas
tos, métodos, processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reuti- à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, aglome-
lização, tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente rações urbanas e microrregiões, nos termos da lei complementar
adequada de rejeitos; estadual prevista no § 3º do art. 25 da Constituição Federal;
VII - a pesquisa científica e tecnológica; II - controlar e fiscalizar as atividades dos geradores sujeitas a
VIII - a educação ambiental; licenciamento ambiental pelo órgão estadual do Sisnama.
IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; Parágrafo único. A atuação do Estado na forma do caput deve
X - o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de apoiar e priorizar as iniciativas do Município de soluções consorcia-
Desenvolvimento Científico e Tecnológico; das ou compartilhadas entre 2 (dois) ou mais Municípios.
XI - o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Re- Art. 12. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
síduos Sólidos (Sinir); organizarão e manterão, de forma conjunta, o Sistema Nacional de
XII - o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir), articulado
(Sinisa); com o Sinisa e o Sinima.
XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de Parágrafo único. Incumbe aos Estados, ao Distrito Federal e aos
saúde; Municípios fornecer ao órgão federal responsável pela coordenação
XIV - os órgãos colegiados municipais destinados ao controle do Sinir todas as informações necessárias sobre os resíduos sob sua
social dos serviços de resíduos sólidos urbanos; esfera de competência, na forma e na periodicidade estabelecidas
XV - o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos; em regulamento.
XVI - os acordos setoriais; Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a se-
XVII - no que couber, os instrumentos da Política Nacional de guinte classificação:
Meio Ambiente, entre eles: I - quanto à origem:
a) os padrões de qualidade ambiental; a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésti-
b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Po- cas em residências urbanas;
luidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais; b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, lim-
c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de peza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza
Defesa Ambiental; urbana;
d) a avaliação de impactos ambientais; c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e
e) o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Si- “b”;
nima); d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de
f) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou poten- serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas
cialmente poluidoras; alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
XVIII - os termos de compromisso e os termos de ajustamento e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os ge-
de conduta; rados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
XIX - o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e
de cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação das instalações industriais;
escalas de aproveitamento e à redução dos custos envolvidos.

209
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados
saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabele- nas unidades de disposição final de resíduos sólidos;
cidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS; V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, re- à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de mate-
formas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos riais reutilizáveis e recicláveis;
os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas
civis; previstas;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agro- VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos
pecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utili- da União, para a obtenção de seu aval ou para o acesso a recur-
zados nessas atividades; sos administrados, direta ou indiretamente, por entidade federal,
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de por- quando destinados a ações e programas de interesse dos resíduos
tos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários sólidos;
e passagens de fronteira; VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, dos resíduos sólidos;
extração ou beneficiamento de minérios; IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de ges-
II - quanto à periculosidade: tão de resíduos sólidos das regiões integradas de desenvolvimento
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas caracte- instituídas por lei complementar, bem como para as áreas de espe-
rísticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, cial interesse turístico;
patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenici- X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e,
dade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade quando couber, de resíduos;
ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; XI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea âmbito nacional, de sua implementação e operacionalização, asse-
“a”. gurado o controle social.
Parágrafo único. Respeitado o disposto no art. 20, os resíduos Parágrafo único. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos será
referidos na alínea “d” do inciso I do caput, se caracterizados como elaborado mediante processo de mobilização e participação social,
não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou incluindo a realização de audiências e consultas públicas.
volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder pú-
blico municipal. SEÇÃO III
DOS PLANOS ESTADUAIS DE RESÍDUOS SÓLIDOS
CAPÍTULO II
DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS Art. 16. A elaboração de plano estadual de resíduos sólidos,
nos termos previstos por esta Lei, é condição para os Estados te-
SEÇÃO I rem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados
DISPOSIÇÕES GERAIS a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos
sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamen-
Art. 14. São planos de resíduos sólidos: tos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade.
I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos; (Vigência)
II - os planos estaduais de resíduos sólidos; § 1o Serão priorizados no acesso aos recursos da União referi-
III - os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos dos no caput os Estados que instituírem microrregiões, consoante o
de resíduos sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações ur- § 3o do art. 25 da Constituição Federal, para integrar a organização,
banas; o planejamento e a execução das ações a cargo de Municípios limí-
IV - os planos intermunicipais de resíduos sólidos; trofes na gestão dos resíduos sólidos.
V - os planos municipais de gestão integrada de resíduos sóli- § 2o Serão estabelecidas em regulamento normas complemen-
dos; tares sobre o acesso aos recursos da União na forma deste artigo.
VI - os planos de gerenciamento de resíduos sólidos. § 3o Respeitada a responsabilidade dos geradores nos termos
Parágrafo único. É assegurada ampla publicidade ao conteúdo desta Lei, as microrregiões instituídas conforme previsto no § 1o
dos planos de resíduos sólidos, bem como controle social em sua abrangem atividades de coleta seletiva, recuperação e reciclagem,
formulação, implementação e operacionalização, observado o dis- tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, a ges-
posto na Lei no 10.650, de 16 de abril de 2003, e no art. 47 da Lei tão de resíduos de construção civil, de serviços de transporte, de
nº 11.445, de 2007. serviços de saúde, agrossilvopastoris ou outros resíduos, de acordo
com as peculiaridades microrregionais.
SEÇÃO II Art. 17. O plano estadual de resíduos sólidos será elaborado
DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS para vigência por prazo indeterminado, abrangendo todo o territó-
rio do Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revi-
Art. 15. A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do sões a cada 4 (quatro) anos, e tendo como conteúdo mínimo:
Meio Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência I - diagnóstico, incluída a identificação dos principais fluxos de
por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atuali- resíduos no Estado e seus impactos socioeconômicos e ambientais;
zado a cada 4 (quatro) anos, tendo como conteúdo mínimo: II - proposição de cenários;
I - diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras,
II - proposição de cenários, incluindo tendências internacionais com vistas a reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos encaminha-
e macroeconômicas; dos para disposição final ambientalmente adequada;
III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados
com vistas a reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos encaminha- nas unidades de disposição final de resíduos sólidos;
dos para disposição final ambientalmente adequada;

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas II - implantarem a coleta seletiva com a participação de coope-
à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de mate- rativas ou outras formas de associação de catadores de materiais
riais reutilizáveis e recicláveis; reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa ren-
VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas da.
previstas; § 2o Serão estabelecidas em regulamento normas complemen-
VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos tares sobre o acesso aos recursos da União na forma deste artigo.
do Estado, para a obtenção de seu aval ou para o acesso de recur- Art. 19. O plano municipal de gestão integrada de resíduos só-
sos administrados, direta ou indiretamente, por entidade estadual, lidos tem o seguinte conteúdo mínimo:
quando destinados às ações e programas de interesse dos resíduos I - diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no res-
sólidos; pectivo território, contendo a origem, o volume, a caracterização
VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão consorciada dos resíduos e as formas de destinação e disposição final adotadas;
ou compartilhada dos resíduos sólidos; II - identificação de áreas favoráveis para disposição final am-
IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de ges- bientalmente adequada de rejeitos, observado o plano diretor de
tão de resíduos sólidos de regiões metropolitanas, aglomerações que trata o § 1o do art. 182 da Constituição Federal e o zoneamento
urbanas e microrregiões; ambiental, se houver;
X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, III - identificação das possibilidades de implantação de soluções
quando couber, de resíduos, respeitadas as disposições estabeleci- consorciadas ou compartilhadas com outros Municípios, conside-
das em âmbito nacional; rando, nos critérios de economia de escala, a proximidade dos lo-
XI - previsão, em conformidade com os demais instrumentos de cais estabelecidos e as formas de prevenção dos riscos ambientais;
planejamento territorial, especialmente o zoneamento ecológico-e- IV - identificação dos resíduos sólidos e dos geradores sujei-
conômico e o zoneamento costeiro, de: tos a plano de gerenciamento específico nos termos do art. 20 ou
a) zonas favoráveis para a localização de unidades de tratamen- a sistema de logística reversa na forma do art. 33, observadas as
to de resíduos sólidos ou de disposição final de rejeitos; disposições desta Lei e de seu regulamento, bem como as normas
b) áreas degradadas em razão de disposição inadequada de re- estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
síduos sólidos ou rejeitos a serem objeto de recuperação ambiental; V - procedimentos operacionais e especificações mínimas a se-
XII - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no rem adotados nos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
âmbito estadual, de sua implementação e operacionalização, asse- de resíduos sólidos, incluída a disposição final ambientalmente ade-
gurado o controle social. quada dos rejeitos e observada a Lei nº 11.445, de 2007;
§ 1o Além do plano estadual de resíduos sólidos, os Estados VI - indicadores de desempenho operacional e ambiental dos
poderão elaborar planos microrregionais de resíduos sólidos, bem serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos só-
como planos específicos direcionados às regiões metropolitanas ou lidos;
às aglomerações urbanas. VII - regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento
§ 2o A elaboração e a implementação pelos Estados de planos de resíduos sólidos de que trata o art. 20, observadas as normas
microrregionais de resíduos sólidos, ou de planos de regiões me- estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS e demais disposi-
tropolitanas ou aglomerações urbanas, em consonância com o pre- ções pertinentes da legislação federal e estadual;
visto no § 1o, dar-se-ão obrigatoriamente com a participação dos VIII - definição das responsabilidades quanto à sua implemen-
Municípios envolvidos e não excluem nem substituem qualquer das tação e operacionalização, incluídas as etapas do plano de geren-
prerrogativas a cargo dos Municípios previstas por esta Lei. ciamento de resíduos sólidos a que se refere o art. 20 a cargo do
§ 3o Respeitada a responsabilidade dos geradores nos termos poder público;
desta Lei, o plano microrregional de resíduos sólidos deve atender IX - programas e ações de capacitação técnica voltados para
ao previsto para o plano estadual e estabelecer soluções integradas sua implementação e operacionalização;
para a coleta seletiva, a recuperação e a reciclagem, o tratamento e X - programas e ações de educação ambiental que promovam
a destinação final dos resíduos sólidos urbanos e, consideradas as a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos
peculiaridades microrregionais, outros tipos de resíduos. sólidos;
XI - programas e ações para a participação dos grupos interes-
SEÇÃO IV sados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação
DOS PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por
RESÍDUOS SÓLIDOS pessoas físicas de baixa renda, se houver;
XII - mecanismos para a criação de fontes de negócios, empre-
Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada go e renda, mediante a valorização dos resíduos sólidos;
de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição XIII - sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços
para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, bem
União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e como a forma de cobrança desses serviços, observada a Lei nº
serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos 11.445, de 2007;
sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamen- XIV - metas de redução, reutilização, coleta seletiva e recicla-
tos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. gem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos en-
(Vigência) caminhados para disposição final ambientalmente adequada;
§ 1o Serão priorizados no acesso aos recursos da União referi- XV - descrição das formas e dos limites da participação do po-
dos no caput os Municípios que: der público local na coleta seletiva e na logística reversa, respeitado
I - optarem por soluções consorciadas intermunicipais para a o disposto no art. 33, e de outras ações relativas à responsabilidade
gestão dos resíduos sólidos, incluída a elaboração e implementação compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
de plano intermunicipal, ou que se inserirem de forma voluntária
nos planos microrregionais de resíduos sólidos referidos no § 1o
do art. 16;

211
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XVI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, SEÇÃO V
no âmbito local, da implementação e operacionalização dos planos DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
de gerenciamento de resíduos sólidos de que trata o art. 20 e dos
sistemas de logística reversa previstos no art. 33; Art. 20. Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento
XVII - ações preventivas e corretivas a serem praticadas, in- de resíduos sólidos:
cluindo programa de monitoramento; I - os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas “e”,
XVIII - identificação dos passivos ambientais relacionados aos “f”, “g” e “k” do inciso I do art. 13;
resíduos sólidos, incluindo áreas contaminadas, e respectivas me- II - os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços
didas saneadoras; que:
XIX - periodicidade de sua revisão, observado prioritariamente a) gerem resíduos perigosos;
o período de vigência do plano plurianual municipal. b) gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não peri-
XIX - periodicidade de sua revisão, observado o período máxi- gosos, por sua natureza, composição ou volume, não sejam equipa-
mo de 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020) rados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal;
§ 1o O plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos III - as empresas de construção civil, nos termos do regulamen-
pode estar inserido no plano de saneamento básico previsto no art. to ou de normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama;
19 da Lei nº 11.445, de 2007, respeitado o conteúdo mínimo pre- IV - os responsáveis pelos terminais e outras instalações referi-
visto nos incisos do caput e observado o disposto no § 2o, todos das na alínea “j” do inciso I do art. 13 e, nos termos do regulamento
deste artigo. ou de normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e, se couber,
§ 2o Para Municípios com menos de 20.000 (vinte mil) habitan- do SNVS, as empresas de transporte;
tes, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos terá V - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido
conteúdo simplificado, na forma do regulamento. pelo órgão competente do Sisnama, do SNVS ou do Suasa.
§ 3o O disposto no § 2o não se aplica a Municípios: Parágrafo único. Observado o disposto no Capítulo IV deste
I - integrantes de áreas de especial interesse turístico; Título, serão estabelecidas por regulamento exigências específicas
II - inseridos na área de influência de empreendimentos ou ati- relativas ao plano de gerenciamento de resíduos perigosos.
vidades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou Art. 21. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos tem o
nacional; seguinte conteúdo mínimo:
III - cujo território abranja, total ou parcialmente, Unidades de I - descrição do empreendimento ou atividade;
Conservação. II - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados,
§ 4o A existência de plano municipal de gestão integrada de contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, in-
resíduos sólidos não exime o Município ou o Distrito Federal do li- cluindo os passivos ambientais a eles relacionados;
cenciamento ambiental de aterros sanitários e de outras infraestru- III - observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisna-
turas e instalações operacionais integrantes do serviço público de ma, do SNVS e do Suasa e, se houver, o plano municipal de gestão
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos pelo órgão compe- integrada de resíduos sólidos:
tente do Sisnama. a) explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerencia-
§ 5o Na definição de responsabilidades na forma do inciso VIII mento de resíduos sólidos;
do caput deste artigo, é vedado atribuir ao serviço público de limpe- b) definição dos procedimentos operacionais relativos às eta-
za urbana e de manejo de resíduos sólidos a realização de etapas do pas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do
gerenciamento dos resíduos a que se refere o art. 20 em desacordo gerador;
com a respectiva licença ambiental ou com normas estabelecidas IV - identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas
pelos órgãos do Sisnama e, se couber, do SNVS. com outros geradores;
§ 6o Além do disposto nos incisos I a XIX do caput deste artigo, V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em situ-
o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos contem- ações de gerenciamento incorreto ou acidentes;
plará ações específicas a serem desenvolvidas no âmbito dos órgãos VI - metas e procedimentos relacionados à minimização da ge-
da administração pública, com vistas à utilização racional dos recur- ração de resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas
sos ambientais, ao combate a todas as formas de desperdício e à pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e re-
minimização da geração de resíduos sólidos. ciclagem;
§ 7o O conteúdo do plano municipal de gestão integrada de VII - se couber, ações relativas à responsabilidade compartilha-
resíduos sólidos será disponibilizado para o Sinir, na forma do re- da pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31;
gulamento. VIII - medidas saneadoras dos passivos ambientais relaciona-
§ 8o A inexistência do plano municipal de gestão integrada de dos aos resíduos sólidos;
resíduos sólidos não pode ser utilizada para impedir a instalação ou IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo
a operação de empreendimentos ou atividades devidamente licen- de vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos
ciados pelos órgãos competentes. do Sisnama.
§ 9o Nos termos do regulamento, o Município que optar por § 1o O plano de gerenciamento de resíduos sólidos atenderá
soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos ao disposto no plano municipal de gestão integrada de resíduos só-
sólidos, assegurado que o plano intermunicipal preencha os requisi- lidos do respectivo Município, sem prejuízo das normas estabeleci-
tos estabelecidos nos incisos I a XIX do caput deste artigo, pode ser das pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa.
dispensado da elaboração de plano municipal de gestão integrada § 2o A inexistência do plano municipal de gestão integrada de
de resíduos sólidos. resíduos sólidos não obsta a elaboração, a implementação ou a
operacionalização do plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 3o Serão estabelecidos em regulamento:

212
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
I - normas sobre a exigibilidade e o conteúdo do plano de ge- § 2o Nos casos abrangidos pelo art. 20, as etapas sob responsa-
renciamento de resíduos sólidos relativo à atuação de cooperativas bilidade do gerador que forem realizadas pelo poder público serão
ou de outras formas de associação de catadores de materiais reuti- devidamente remuneradas pelas pessoas físicas ou jurídicas res-
lizáveis e recicláveis; ponsáveis, observado o disposto no § 5o do art. 19.
II - critérios e procedimentos simplificados para apresentação Art. 28. O gerador de resíduos sólidos domiciliares tem cessada
dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos para microempre- sua responsabilidade pelos resíduos com a disponibilização ade-
sas e empresas de pequeno porte, assim consideradas as definidas quada para a coleta ou, nos casos abrangidos pelo art. 33, com a
nos incisos I e II do art. 3o da Lei Complementar no 123, de 14 de devolução.
dezembro de 2006, desde que as atividades por elas desenvolvidas Art. 29. Cabe ao poder público atuar, subsidiariamente, com
não gerem resíduos perigosos. vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome conhecimento
Art. 22. Para a elaboração, implementação, operacionalização e de evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública relacionado
monitoramento de todas as etapas do plano de gerenciamento de ao gerenciamento de resíduos sólidos.
resíduos sólidos, nelas incluído o controle da disposição final am- Parágrafo único. Os responsáveis pelo dano ressarcirão inte-
bientalmente adequada dos rejeitos, será designado responsável gralmente o poder público pelos gastos decorrentes das ações em-
técnico devidamente habilitado. preendidas na forma do caput.
Art. 23. Os responsáveis por plano de gerenciamento de resí-
duos sólidos manterão atualizadas e disponíveis ao órgão municipal SEÇÃO II
competente, ao órgão licenciador do Sisnama e a outras autorida- DA RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA
des, informações completas sobre a implementação e a operacio-
nalização do plano sob sua responsabilidade. Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo
§ 1o Para a consecução do disposto no caput, sem prejuízo de de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada
outras exigências cabíveis por parte das autoridades, será imple- e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribui-
mentado sistema declaratório com periodicidade, no mínimo, anu- dores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços
al, na forma do regulamento. públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, conso-
§ 2o As informações referidas no caput serão repassadas pelos ante as atribuições e procedimentos previstos nesta Seção.
órgãos públicos ao Sinir, na forma do regulamento. Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo
Art. 24. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos é parte de vida dos produtos tem por objetivo:
integrante do processo de licenciamento ambiental do empreendi- I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e so-
mento ou atividade pelo órgão competente do Sisnama. ciais e os processos de gestão empresarial e mercadológica com os
§ 1o Nos empreendimentos e atividades não sujeitos a licen- de gestão ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis;
ciamento ambiental, a aprovação do plano de gerenciamento de II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcio-
resíduos sólidos cabe à autoridade municipal competente. nando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias pro-
§ 2o No processo de licenciamento ambiental referido no § 1o dutivas;
a cargo de órgão federal ou estadual do Sisnama, será assegurada III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de ma-
oitiva do órgão municipal competente, em especial quanto à dispo- teriais, a poluição e os danos ambientais;
sição final ambientalmente adequada de rejeitos. IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade
ao meio ambiente e de maior sustentabilidade;
CAPÍTULO III V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o
DAS RESPONSABILIDADES DOS GERADORES E DO PODER consumo de produtos derivados de materiais reciclados e reciclá-
PÚBLICO veis;
VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência
SEÇÃO I e sustentabilidade;
DISPOSIÇÕES GERAIS VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade socioam-
biental.
Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade Art. 31. Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano
são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegu- de gerenciamento de resíduos sólidos e com vistas a fortalecer a
rar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das di- responsabilidade compartilhada e seus objetivos, os fabricantes,
retrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu importadores, distribuidores e comerciantes têm responsabilidade
regulamento. que abrange:
Art. 26. O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de I - investimento no desenvolvimento, na fabricação e na coloca-
manejo de resíduos sólidos é responsável pela organização e pres- ção no mercado de produtos:
tação direta ou indireta desses serviços, observados o respectivo a) que sejam aptos, após o uso pelo consumidor, à reutilização,
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, a Lei nº à reciclagem ou a outra forma de destinação ambientalmente ade-
11.445, de 2007, e as disposições desta Lei e seu regulamento. quada;
Art. 27. As pessoas físicas ou jurídicas referidas no art. 20 são b) cuja fabricação e uso gerem a menor quantidade de resíduos
responsáveis pela implementação e operacionalização integral do sólidos possível;
plano de gerenciamento de resíduos sólidos aprovado pelo órgão II - divulgação de informações relativas às formas de evitar, re-
competente na forma do art. 24. ciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a seus respectivos
§ 1o A contratação de serviços de coleta, armazenamento, produtos;
transporte, transbordo, tratamento ou destinação final de resíduos III - recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes
sólidos, ou de disposição final de rejeitos, não isenta as pessoas fí- após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambien-
sicas ou jurídicas referidas no art. 20 da responsabilidade por danos talmente adequada, no caso de produtos objeto de sistema de lo-
que vierem a ser provocados pelo gerenciamento inadequado dos gística reversa na forma do art. 33;
respectivos resíduos ou rejeitos.

213
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
IV - compromisso de, quando firmados acordos ou termos de II - disponibilizar postos de entrega de resíduos reutilizáveis e
compromisso com o Município, participar das ações previstas no recicláveis;
plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, no caso de III - atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de
produtos ainda não inclusos no sistema de logística reversa. associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, nos
Art. 32. As embalagens devem ser fabricadas com materiais casos de que trata o § 1o.
que propiciem a reutilização ou a reciclagem. § 4o Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso,
§ 1o Cabe aos respectivos responsáveis assegurar que as em- aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das embalagens
balagens sejam: a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou
I - restritas em volume e peso às dimensões requeridas à prote- embalagens objeto de logística reversa, na forma do § 1o.
ção do conteúdo e à comercialização do produto; § 5o Os comerciantes e distribuidores deverão efetuar a devo-
II - projetadas de forma a serem reutilizadas de maneira tecni- lução aos fabricantes ou aos importadores dos produtos e embala-
camente viável e compatível com as exigências aplicáveis ao produ- gens reunidos ou devolvidos na forma dos §§ 3o e 4o.
to que contêm; § 6o Os fabricantes e os importadores darão destinação am-
III - recicladas, se a reutilização não for possível. bientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos
§ 2o O regulamento disporá sobre os casos em que, por razões ou devolvidos, sendo o rejeito encaminhado para a disposição final
de ordem técnica ou econômica, não seja viável a aplicação do dis- ambientalmente adequada, na forma estabelecida pelo órgão com-
posto no caput. petente do Sisnama e, se houver, pelo plano municipal de gestão
§ 3o É responsável pelo atendimento do disposto neste artigo integrada de resíduos sólidos.
todo aquele que: § 7o Se o titular do serviço público de limpeza urbana e de ma-
I - manufatura embalagens ou fornece materiais para a fabrica- nejo de resíduos sólidos, por acordo setorial ou termo de compro-
ção de embalagens; misso firmado com o setor empresarial, encarregar-se de atividades
II - coloca em circulação embalagens, materiais para a fabrica- de responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores
ção de embalagens ou produtos embalados, em qualquer fase da e comerciantes nos sistemas de logística reversa dos produtos e
cadeia de comércio. embalagens a que se refere este artigo, as ações do poder público
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de serão devidamente remuneradas, na forma previamente acordada
logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo entre as partes.
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza § 8o Com exceção dos consumidores, todos os participantes
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importa- dos sistemas de logística reversa manterão atualizadas e disponíveis
dores, distribuidores e comerciantes de: (Regulamento) ao órgão municipal competente e a outras autoridades informações
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros completas sobre a realização das ações sob sua responsabilidade.
produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigo- Art. 34. Os acordos setoriais ou termos de compromisso referi-
so, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos dos no inciso IV do caput do art. 31 e no § 1o do art. 33 podem ter
previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos abrangência nacional, regional, estadual ou municipal.
órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; § 1o Os acordos setoriais e termos de compromisso firmados
II - pilhas e baterias; em âmbito nacional têm prevalência sobre os firmados em âmbito
III - pneus; regional ou estadual, e estes sobre os firmados em âmbito munici-
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; pal. (Vide Decreto nº 9.177, de 2017)
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de § 2o Na aplicação de regras concorrentes consoante o § 1o, os
luz mista; acordos firmados com menor abrangência geográfica podem am-
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. (Regula- pliar, mas não abrandar, as medidas de proteção ambiental constan-
mento) tes nos acordos setoriais e termos de compromisso firmados com
§ 1o Na forma do disposto em regulamento ou em acordos se- maior abrangência geográfica. (Vide Decreto nº 9.177, de 2017)
toriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o Art. 35. Sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva
setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão estendidos pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos e na
a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou aplicação do art. 33, os consumidores são obrigados a:
de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prio- I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os re-
ritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao síduos sólidos gerados;
meio ambiente dos resíduos gerados. (Regulamento) II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizá-
§ 2o A definição dos produtos e embalagens a que se refere o § veis e recicláveis para coleta ou devolução.
1o considerará a viabilidade técnica e econômica da logística rever- Parágrafo único. O poder público municipal pode instituir in-
sa, bem como o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao centivos econômicos aos consumidores que participam do sistema
meio ambiente dos resíduos gerados. de coleta seletiva referido no caput, na forma de lei municipal.
§ 3o Sem prejuízo de exigências específicas fixadas em lei ou re- Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ci-
gulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do clo de vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de
SNVS, ou em acordos setoriais e termos de compromisso firmados limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, observado, se
entre o poder público e o setor empresarial, cabe aos fabricantes, houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:
importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos a que se I - adotar procedimentos para reaproveitar os resíduos sólidos
referem os incisos II, III, V e VI ou dos produtos e embalagens a que reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços públicos de limpeza
se referem os incisos I e IV do caput e o § 1o tomar todas as medi- urbana e de manejo de resíduos sólidos;
das necessárias para assegurar a implementação e operacionaliza- II - estabelecer sistema de coleta seletiva;
ção do sistema de logística reversa sob seu encargo, consoante o III - articular com os agentes econômicos e sociais medidas
estabelecido neste artigo, podendo, entre outras medidas: para viabilizar o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos sólidos reu-
I - implantar procedimentos de compra de produtos ou emba- tilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços de limpeza urbana e de
lagens usados; manejo de resíduos sólidos;

214
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
IV - realizar as atividades definidas por acordo setorial ou ter- § 3o Sempre que solicitado pelos órgãos competentes do Sis-
mo de compromisso na forma do § 7o do art. 33, mediante a devida nama e do SNVS, será assegurado acesso para inspeção das instala-
remuneração pelo setor empresarial; ções e dos procedimentos relacionados à implementação e à ope-
V - implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos racionalização do plano de gerenciamento de resíduos perigosos.
orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas § 4o No caso de controle a cargo de órgão federal ou estadual
de utilização do composto produzido; do Sisnama e do SNVS, as informações sobre o conteúdo, a imple-
VI - dar disposição final ambientalmente adequada aos resídu- mentação e a operacionalização do plano previsto no caput serão
os e rejeitos oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de repassadas ao poder público municipal, na forma do regulamento.
manejo de resíduos sólidos. Art. 40. No licenciamento ambiental de empreendimentos ou
§ 1o Para o cumprimento do disposto nos incisos I a IV do atividades que operem com resíduos perigosos, o órgão licenciador
caput, o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de mane- do Sisnama pode exigir a contratação de seguro de responsabilida-
jo de resíduos sólidos priorizará a organização e o funcionamento de civil por danos causados ao meio ambiente ou à saúde pública,
de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de observadas as regras sobre cobertura e os limites máximos de con-
materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de tratação fixados em regulamento.
baixa renda, bem como sua contratação. Parágrafo único. O disposto no caput considerará o porte da
§ 2o A contratação prevista no § 1o é dispensável de licitação, empresa, conforme regulamento.
nos termos do inciso XXVII do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho Art. 41. Sem prejuízo das iniciativas de outras esferas governa-
de 1993. mentais, o Governo Federal deve estruturar e manter instrumentos
e atividades voltados para promover a descontaminação de áreas
CAPÍTULO IV órfãs.
DOS RESÍDUOS PERIGOSOS Parágrafo único. Se, após descontaminação de sítio órfão reali-
zada com recursos do Governo Federal ou de outro ente da Federa-
Art. 37. A instalação e o funcionamento de empreendimento ção, forem identificados os responsáveis pela contaminação, estes
ou atividade que gere ou opere com resíduos perigosos somente ressarcirão integralmente o valor empregado ao poder público.
podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades competen-
tes se o responsável comprovar, no mínimo, capacidade técnica e CAPÍTULO V
econômica, além de condições para prover os cuidados necessários DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS
ao gerenciamento desses resíduos.
Art. 38. As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigo- Art. 42. O poder público poderá instituir medidas indutoras e
sos, em qualquer fase do seu gerenciamento, são obrigadas a se ca- linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciati-
dastrar no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos. vas de:
§ 1o O cadastro previsto no caput será coordenado pelo órgão I - prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no pro-
federal competente do Sisnama e implantado de forma conjunta cesso produtivo;
pelas autoridades federais, estaduais e municipais. II - desenvolvimento de produtos com menores impactos à saú-
§ 2o Para o cadastramento, as pessoas jurídicas referidas no de humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida;
caput necessitam contar com responsável técnico pelo gerencia- III - implantação de infraestrutura física e aquisição de equipa-
mento dos resíduos perigosos, de seu próprio quadro de funcio- mentos para cooperativas ou outras formas de associação de cata-
nários ou contratado, devidamente habilitado, cujos dados serão dores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas
mantidos atualizados no cadastro. físicas de baixa renda;
§ 3o O cadastro a que se refere o caput é parte integrante do IV - desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos sóli-
Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras dos de caráter intermunicipal ou, nos termos do inciso I do caput
ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e do Sistema de Informa- do art. 11, regional;
ções previsto no art. 12. V - estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística
Art. 39. As pessoas jurídicas referidas no art. 38 são obrigadas reversa;
a elaborar plano de gerenciamento de resíduos perigosos e sub- VI - descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as áre-
metê-lo ao órgão competente do Sisnama e, se couber, do SNVS, as órfãs;
observado o conteúdo mínimo estabelecido no art. 21 e demais exi- VII - desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias
gências previstas em regulamento ou em normas técnicas. limpas aplicáveis aos resíduos sólidos;
§ 1o O plano de gerenciamento de resíduos perigosos a que se VIII - desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e em-
refere o caput poderá estar inserido no plano de gerenciamento de presarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
resíduos a que se refere o art. 20. reaproveitamento dos resíduos.
§ 2o Cabe às pessoas jurídicas referidas no art. 38: Art. 43. No fomento ou na concessão de incentivos creditícios
I - manter registro atualizado e facilmente acessível de todos os destinados a atender diretrizes desta Lei, as instituições oficiais de
procedimentos relacionados à implementação e à operacionaliza- crédito podem estabelecer critérios diferenciados de acesso dos
ção do plano previsto no caput; beneficiários aos créditos do Sistema Financeiro Nacional para in-
II - informar anualmente ao órgão competente do Sisnama e, vestimentos produtivos.
se couber, do SNVS, sobre a quantidade, a natureza e a destinação Art. 44. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
temporária ou final dos resíduos sob sua responsabilidade; no âmbito de suas competências, poderão instituir normas com o
III - adotar medidas destinadas a reduzir o volume e a periculo- objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros ou creditícios,
sidade dos resíduos sob sua responsabilidade, bem como a aperfei- respeitadas as limitações da Lei Complementar no 101, de 4 de
çoar seu gerenciamento; maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a:
IV - informar imediatamente aos órgãos competentes sobre a I - indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamen-
ocorrência de acidentes ou outros sinistros relacionados aos resí- to e à reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território na-
duos perigosos. cional;

215
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II - projetos relacionados à responsabilidade pelo ciclo de vida de 12 de fevereiro de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e
dos produtos, prioritariamente em parceria com cooperativas ou administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis ambiente, e dá outras providências”, e em seu regulamento.
e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda; Art. 52. A observância do disposto no caput do art. 23 e no § 2o
III - empresas dedicadas à limpeza urbana e a atividades a ela do art. 39 desta Lei é considerada obrigação de relevante interes-
relacionadas. se ambiental para efeitos do art. 68 da Lei nº 9.605, de 1998, sem
Art. 45. Os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei prejuízo da aplicação de outras sanções cabíveis nas esferas penal
no 11.107, de 2005, com o objetivo de viabilizar a descentralização e administrativa.
e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos, Art. 53. O § 1o do art. 56 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
têm prioridade na obtenção dos incentivos instituídos pelo Gover- 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:
no Federal. “Art. 56. .................................................................................
Art. 46. O atendimento ao disposto neste Capítulo será efetiva- § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
do em consonância com a Lei Complementar nº 101, de 2000 (Lei I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou
de Responsabilidade Fiscal), bem como com as diretrizes e objeti- os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de seguran-
vos do respectivo plano plurianual, as metas e as prioridades fixa- ça;
das pelas leis de diretrizes orçamentárias e no limite das disponibi- II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reu-
lidades propiciadas pelas leis orçamentárias anuais. tiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma
diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
CAPÍTULO VI .............................................................................................”
DAS PROIBIÇÕES (NR)
Art. 54. A disposição final ambientalmente adequada dos rejei-
Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou dis- tos deverá ser implantada até 31 de dezembro de 2020, exceto para
posição final de resíduos sólidos ou rejeitos: os Municípios que até essa data tenham elaborado plano intermu-
I - lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hí- nicipal de resíduos sólidos ou plano municipal de gestão integrada
dricos; de resíduos sólidos e que disponham de mecanismos de cobrança
II - lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos que garantam sua sustentabilidade econômico-financeira, nos ter-
de mineração; mos do art. 29 da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, para os
III - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equi- quais ficam definidos os seguintes prazos: (Redação dada pela Lei
pamentos não licenciados para essa finalidade; nº 14.026, de 2020)
IV - outras formas vedadas pelo poder público. I - até 2 de agosto de 2021, para capitais de Estados e Municí-
§ 1o Quando decretada emergência sanitária, a queima de pios integrantes de Região Metropolitana (RM) ou de Região Inte-
resíduos a céu aberto pode ser realizada, desde que autorizada e grada de Desenvolvimento (Ride) de capitais; (Incluído pela Lei nº
acompanhada pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e, 14.026, de 2020)
quando couber, do Suasa. II - até 2 de agosto de 2022, para Municípios com população
§ 2o Assegurada a devida impermeabilização, as bacias de de- superior a 100.000 (cem mil) habitantes no Censo 2010, bem como
cantação de resíduos ou rejeitos industriais ou de mineração, devi- para Municípios cuja mancha urbana da sede municipal esteja si-
damente licenciadas pelo órgão competente do Sisnama, não são tuada a menos de 20 (vinte) quilômetros da fronteira com países
consideradas corpos hídricos para efeitos do disposto no inciso I limítrofes; (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
do caput. III - até 2 de agosto de 2023, para Municípios com população
Art. 48. São proibidas, nas áreas de disposição final de resíduos entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes no
ou rejeitos, as seguintes atividades: Censo 2010; e (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
I - utilização dos rejeitos dispostos como alimentação; IV - até 2 de agosto de 2024, para Municípios com população
II - catação, observado o disposto no inciso V do art. 17; inferior a 50.000 (cinquenta mil) habitantes no Censo 2010. (Incluí-
III - criação de animais domésticos; do pela Lei nº 14.026, de 2020)
IV - fixação de habitações temporárias ou permanentes; § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.026, de 2020)
V - outras atividades vedadas pelo poder público. § 2º Nos casos em que a disposição de rejeitos em aterros sa-
Art. 49. É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos nitários for economicamente inviável, poderão ser adotadas outras
e rejeitos, bem como de resíduos sólidos cujas características cau- soluções, observadas normas técnicas e operacionais estabelecidas
sem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade pelo órgão competente, de modo a evitar danos ou riscos à saúde
vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais. (Inclu-
recuperação. ído pela Lei nº 14.026, de 2020)
Art. 55. O disposto nos arts. 16 e 18 entra em vigor 2 (dois)
TÍTULO IV anos após a data de publicação desta Lei.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS Art. 56. A logística reversa relativa aos produtos de que tratam
os incisos V e VI do caput do art. 33 será implementada progressi-
Art. 50. A inexistência do regulamento previsto no § 3o do art. vamente segundo cronograma estabelecido em regulamento. (Re-
21 não obsta a atuação, nos termos desta Lei, das cooperativas ou gulamento)
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis Art. 57. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
e recicláveis.
Art. 51. Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da Brasília, 2 de agosto de 2010; 189o da Independência e 122o
existência de culpa, reparar os danos causados, a ação ou omis- da República.
são das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância aos
preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita os infratores às
sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei no 9.605,

216
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO II
LEI ESTADUAL N° 9.064, DE 25 DE MAIO DE 2020, DOS PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E OBJETIVOS DA POLÍTICA
INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL DE GERENCIAMENTO
COSTEIRO (PEGC/PA) SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS
LEI N° 9.064, DE 25 DE MAIO DE 2020
Art. 3º São princípios da Política Estadual de Gerenciamento
Institui a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro (PEGC/ Costeiro (PEGC/PA):
PA). I - desenvolvimento sustentável, ao buscar o desenvolvimen-
to das atividades socioeconômicas, considerando a manutenção e
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará estatui e eu sancio- valoração dos serviços ambientais, capacidade de suporte e resili-
no a seguinte Lei: ência dos ecossistemas costeiros, garantindo o equilíbrio ecológico
da Zona Costeira como patrimônio público a ser necessariamente
CAPÍTULO I assegurado e conservado, tendo em vista o uso coletivo;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES II - ação governamental, com vistas ao acompanhamento, pla-
nejamento e fiscalização da qualidade ambiental e do uso sustentá-
Art. 1º Fica instituída a Política Estadual de Gerenciamento Cos- vel dos recursos naturais pelo Estado, para a manutenção do equi-
teiro (PEGC/PA), com seus princípios, diretrizes, objetivos e instru- líbrio ecológico;
mentos, nos termos desta Lei. III - descentralização, assegurando o comprometimento e a
Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, serão adotados os se- cooperação entre os níveis de governo, e desses com a sociedade,
guintes conceitos: no estabelecimento de políticas, planos e programas estaduais e
I - Gerenciamento Costeiro (GERCO): o conjunto de atividades e municipais, para assegurar a consecução da Política Estadual de Ge-
procedimentos que, por meio de instrumentos específicos, permite renciamento Costeiro;
a gestão dos recursos naturais da Zona Costeira, de forma integra- IV - informação, ao assegurar a ampla, transparente e efetiva
da e participativa, objetivando a melhoria da qualidade de vida das disponibilização de dados e fatos ambientais relacionados à gestão
populações locais, a preservação dos habitats específicos indispen- da Zona Costeira;
sáveis à conservação da fauna e flora, adequando as atividades hu- V - participação, ao garantir a participação de todos os atores
manas à capacidade de suporte dos ecossistemas; envolvidos na gestão da Zona Costeira; e
II - Plano de Gestão: o conjunto de projetos setoriais integrados VI - legalidade, ao assegurar o cumprimento de todas as leis e
e compatibilizados com as diretrizes estabelecidas no Zoneamento ações incidentes na Zona Costeira, pela sociedade, poder público e
Ecológico-Econômico Costeiro, elaborado por grupo de coordena- iniciativa privada.
ção composto pelo Estado, Municípios e a sociedade civil organi-
zada; SEÇÃO II
III - Planejamento Espacial Marinho (PEM): o processo público DAS DIRETRIZES
de análise e alocação de distribuição espacial e temporal das ati-
vidades humanas, nas áreas marinhas e estuarinas, para alcançar Art. 4º São diretrizes para implementação da Política Estadual
objetivos ecológicos, econômicos e sociais tendo como enfoque a de Gerenciamento Costeiro (PEGC/PA):
participação efetiva da sociedade, dos governos e iniciativa privada; I - acesso às informações ambientais com vistas à formação da
IV - Qualidade Ambiental: estado das condições do meio am- consciência cidadã, no âmbito dos processos educativos do indiví-
biente, expressas em termos de indicadores e índices relacionados duo e da comunidade costeira, ao promover a melhoria da qualida-
com padrões de qualidade ambiental na legislação vigente; de de vida, por meio da implantação do Sistema de Informações do
V - Zona Costeira do Estado do Pará, o espaço geográfico cons- Gerenciamento Costeiro (SIGERCO) e do Sistema de Monitoramen-
tituído: to Ambiental da Zona Costeira Estadual (SMA-ZC);
a) na faixa terrestre, pelo conjunto de territórios dos municí- II - capacitação dos atores governamentais e não governamen-
pios que confrontam com o mar, abrangem o sistema insular es- tais na área de gestão costeira;
tuarino da Ilha do Marajó e a Costa Atlântica paraense, abrigando III - compatibilização dos Planos Diretores, Código de Posturas,
a complexidade dos ecossistemas costeiros, estuarinos e insulares Código de Obras e o Plano de Saneamento, assim como as Leis Or-
relevantes e das atividades socioeconômicas características da Zona gânicas dos municípios costeiros às ações do GERCO/PA;
Costeira; IV - fortalecimento dos setores das instituições que implemen-
b) na faixa marítima, pelas 12 (doze) milhas marítimas de largu- tam a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro do Pará;
ra que constituem o mar territorial na forma do art. 20, inciso VI, da V - integração efetiva dos municípios da Zona Costeira paraen-
Constituição da República de 1988. se, no âmbito de um Comitê Técnico de Apoio ao Gerenciamento
VI - Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC): o ins- Costeiro do Pará (CT-GERCO/PA), a fi m de socializar, planejar e di-
trumento básico de planejamento que estabelece, após discussão fundir experiências associadas ao Gerenciamento Costeiro;
pública de suas recomendações técnicas, inclusive a nível munici- VI - promoção de ações para elevação do nível de formação da
pal, diretrizes de uso e ocupação do solo e do mar, e de manejo sociedade e difusão de conhecimentos sobre a Zona Costeira, prio-
dos recursos naturais em zonas específicas, definidas a partir das rizando áreas geograficamente nela inseridas; e
análises de suas características ecológicas e socioeconômicas. VII - utilização de mecanismos para fomentar estudos, pes-
quisas e consultorias aplicadas à otimização do uso sustentável da
Zona Costeira.

217
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO III V - Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira (RQA-
DOS OBJETIVOS -ZC);
VI - Sistema de Avaliação do Plano Estadual de Gerenciamento
Art. 5º São objetivos da Política Estadual de Gerenciamento Costeiro;
Costeiro (PEGC/PA): VII - Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro (SI-
I - assegurar a conservação da qualidade do meio ambiente e GERCO);
do equilíbrio ecológico, em consonância com o desenvolvimento VIII - Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira
econômico, com vistas ao efetivo alcance de condições de bem-es- Estadual (SMA-ZC); e
tar da coletividade; IX - Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC).
II - criar e implementar instrumentos e formas de fiscalização, §1º Os indicadores do Sistema citado no inciso VI serão cria-
preservação, conservação e controle da qualidade ambiental; dos e avaliados pelo Comitê Técnico de Apoio ao Gerenciamento
III - fomentar e incentivar ações voltadas ao desenvolvimento Costeiro do Pará (CT-GERCO/PA) de forma contínua, por meio de
da ciência, tecnologia, inovação e extensão rural, pesqueira, aquí- metodologia própria e consistente.
cola e universitária, com vistas à produção e difusão de conheci- §2º Os resultados deverão ser amplamente divulgados nos
mento de base regionalizada na Zona Costeira paraense; meios de comunicação estadual por prazos estipulados pelo CT-
IV - garantir o ordenamento do uso e ocupação da Zona Cos- -GERCO/PA.
teira, otimizando a aplicação dos instrumentos de licenciamento,
controle, monitoramento e de gestão, como o Zoneamento Econô- CAPÍTULO V
micoEcológico Costeiro (ZEEC), de modo integrado, descentralizado DAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
e participativo e em escala adequada à gestão;
V - propiciar a melhoria da qualidade de vida das populações Art. 8º Consideram-se para a gestão da Zona Costeira do Estado
locais, a proteção dos ecossistemas, a beleza cênica e o patrimônio do Pará as seguintes atribuições e competências institucionais do
natural, histórico e cultural; Poder Público Estadual:
VI - valorizar as áreas prioritárias de preservação da biodiver- I - apoiar a criação de programas de certificação ambiental que
sidade, garantindo amostras representativas do ecossistema e do levem em consideração os diferentes setores econômicos e caracte-
patrimônio genético, com o objetivo de proteger as espécies exis- rísticas da paisagem, a fim de potencializar e fomentar a qualidade
tentes e perpetuar a evolução natural, na forma da Lei; e ambiental da Zona Costeira paraense;
VII - valorizar e garantir o modo de vida dos povos, comunida- II - apoiar o Governo Federal nas ações de Gerenciamento Cos-
des tradicionais, indígenas, quilombolas e ribeirinhos a fim de pre- teiro no Pará;
servar suas formas de sobrevivência. III - apontar os principais problemas que merecem ações emer-
genciais e implementá-las;
CAPÍTULO III IV - capacitar os servidores, preferencialmente efetivos, em ati-
DA ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA vidades relacionadas à Zona Costeira;
V - VETADO
Art. 6° A faixa terrestre da Zona Costeira, para fi ns da Política VI - criar e promover reuniões periódicas do Comitê Técnico de
Estadual de Gerenciamento Costeiro, é composta por 47 (quarenta Apoio ao Gerenciamento Costeiro (CTGERCO/PA);
e sete) municípios subdivididos em 5 (cinco) setores: VII - efetivar a articulação intersetorial e interinstitucional em
I - Setor 1 – Marajó Ocidental: Afuá, Breves, Anajás, Chaves, âmbito estadual;
São Sebastião da Boa Vista, Curralinho, Melgaço, Portel, Bagre, Oei- VIII - fortalecer os órgãos estaduais e municipais de gestão am-
ras do Pará e Gurupá; biental incentivando nos municípios a implementação de comitês
II - Setor 2 – Marajó Oriental: Santa Cruz do Arari, Soure, Salva- técnicos para a gestão integrada da zona costeira, respeitadas as
terra, Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras e Muaná; competências e autonomias dos entes federativos;
III - Setor 3 – Continental Estuarino, considerando a Região Me- IX - fomentar a participação da comunidade científica, popula-
tropolitana de Belém: Abaetetuba, Barcarena, Belém, Ananindeua, ções locais, órgãos públicos nas esferas Municipal, Estadual e Fede-
Marituba, Benevides, Santa Bárbara do Pará, Santa Isabel do Pará, ral nas ações integradas de fiscalização e vistoria a fim de garantir a
Inhangapi e Castanhal; conservação e o desenvolvimento sustentável costeiro;
IV - Setor 4 – Flúvio-Marítimo: Colares, Vigia, Santo Antônio do X - fiscalizar os empreendimentos na Zona Costeira baseado em
Tauá, São Caetano de Odivelas, São João da Ponta, Curuçá, Terra padrões de qualidade ambiental exigidos pela legislação pertinente;
Alta, Marapanim, Magalhães Barata e Maracanã; e XI - promover a articulação junto ao setor público para capta-
V - Setor 5 – Costa Atlântica Paraense: Santarém Novo, Salinó- ção de apoio técnico e financeiro para execução da Política Estadual
polis, São João de Pirabas, Primavera, Quatipuru, Capanema, Tra- de Gerenciamento Costeiro do Pará;
cuateua, Bragança, Augusto Corrêa e Viseu. XII - promover e apoiar o intercâmbio nacional e internacional
sobre pesquisas e políticas em Zonas Costeiras;
CAPÍTULO IV XIII - promover ações de extensão rural, pesqueira e aquícolas
DOS INSTRUMENTOS sustentáveis, garantindo aos órgãos oficiais de assistência técnica e
extensão rural e fomento, a Empresa de Assistência Técnica e Exten-
Art. 7º Aplicam-se para a gestão da Zona Costeira os seguintes são Rural do Estado do Pará (EMATER-PARÁ) e a Secretaria de Esta-
instrumentos, de forma articulada e integrada: do de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (SEDAP), autono-
I - Plano de Capacitação e Difusão de Conhecimentos sobre a mia na captação de recursos para pesquisa e acompanhamento das
Zona Costeira; ações no processo de execução do GERCO/PA, nas comunidades
II - Plano de Gestão Integrada da Orla (PGI); tradicionais e pesqueiras do Estado do Pará;
III - Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (PEGC); XIV - realizar audiências públicas para atividades que causem
IV - Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro (PMGC); impacto ambiental na Zona Costeira;
XV - subsidiar com informações e dados o SIGERCO; e

218
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XVI - viabilizar a formação e difusão de conhecimentos por VI - da participação: assegurar a participação de todos os inte-
meio do Plano de Capacitação e Difusão de Conhecimentos sobre ressados, por meio da cooperação entre Poder Público e coletivida-
a Zona Costeira. de, na tomada de decisões acerca da proteção do meio ambiente;
VII - poluidor-pagador: pessoa física ou jurídica, de direito pú-
CAPÍTULO VI blico ou privado, responsável, direta ou indiretamente, deve assu-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS mir a responsabilidade de arcar com os custos decorrentes do dano
ambiental;
Art. 9º A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabili- VIII - precaução: a ausência de certeza cientifica absoluta não
dade (SEMAS) deverá apoiar a mobilização dos gestores municipais será utilizada como razão para o adiamento de medidas eficazes
e a captação de recursos para elaboração dos PMGCs. para prevenir a degradação ambiental, quando houver ameaça de
Art. 10. O Poder Executivo Estadual regulamentará a presente danos graves ou irreversíveis;
Lei mediante Decreto, no prazo máximo de 1 (um) ano. IX - prevenção: em caso de certeza cientifica sobre o dano am-
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. biental, medidas devem ser tomadas por todos para se evitar e mi-
tigar os danos previstos, com o objetivo de preservação do meio
PALÁCIO DO GOVERNO, 25 de maio de 2020. ambiente;
X - protetor-recebedor: pessoa física ou jurídica, de direito pú-
blico ou privado, que recebe incentivos os quais podem ser finan-
LEI ESTADUAL Nº 9.048, DE 29 DE ABRIL DE 2020, QUE ceiros ou não, por práticas que contribuem para a conservação e a
INSTITUI A POLÍTICA ESTADUAL SOBRE MUDANÇAS proteção do meio ambiente;
CLIMÁTICAS DO PARÁ (PEMC/PA), E DÁ OUTRAS XI - solidariedade intergeracional: assegurar que as presentes
PROVIDÊNCIAS gerações garantam às futuras a fruição do meio ambiente ecologi-
camente equilibrado;
LEI Nº 9048, DE 29 DE ABRIL DE 2020 XII - ubiquidade: o meio ambiente está presente em toda parte
e ultrapassa fronteiras territoriais humanas, cujas questões relati-
Institui a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará vas às mudanças e adaptações climáticas devem ser consideradas
(PEMC/PA), e dá outras providências. na criação das demais políticas públicas e proposituras de instru-
mentos normativos; e
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu XIII - usuário-pagador: o usuário deverá realizar uma contribui-
sanciono a seguinte Lei: ção econômica pela utilização de recursos naturais, no intuito de
racionalizar o uso do capital natural e evitar seu desperdício.
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS, CONCEITOS E DIRETRIZES DA POLÍTICA SEÇÃO II
CONCEITOS
SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS Art.3º Para os fins previstos nesta Lei, serão adotados os se-
guintes conceitos:
Art. 1º Fica instituída a Política Estadual sobre Mudanças Climá- I - adaptação: conjunto de ações e estratégias públicas e/ou pri-
ticas do Pará (PEMC/PA), com seus princípios, diretrizes, objetivos vada antecipatórias, preventivas ou reativas, adotadas em resposta
e instrumentos. às alterações atuais ou esperadas, provocadas pelas mudanças cli-
Parágrafo único. Os Municípios do Estado do Pará, ao desen- máticas;
volverem e implementarem suas políticas e planos sobre mudanças II - capital natural: estoque de recursos naturais que geram um
climáticas, deverão observar ao disposto nesta Lei. fluxo de benefícios para a sociedade e são passíveis de exploração
Art. 2º A Política Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará humana, denominados serviços ecossistêmicos;
atenderá aos seguintes princípios: III - certificação: sistema institucional de verificação em confor-
I - do acesso à informação: assegurar a ampla, transparente e midade com programas, projetos ou produtos, com relação à meto-
efetiva disponibilização de dados e fatos ambientais; dologia e a critérios de elegibilidade;
II - da ação governamental: deve haver acompanhamento, IV - efeitos adversos da mudança do clima: alterações no meio
planejamento e fiscalização da qualidade ambiental e do uso sus- físico ou biota resultantes da mudança do clima que tenham efeitos
tentável dos recursos naturais pelo Estado, para a manutenção do negativos significativos na composição, na resistência ou na produ-
equilíbrio ecológico; tividade de ecossistemas naturais e sob gestão, no funcionamento
III - da educação ambiental: o indivíduo e a coletividade devem dos sistemas socioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar hu-
construir, por meio de processos, valores sociais, conhecimentos, manos;
habilidades, atitudes e competências voltadas para a preservação V - efeito estufa: processo natural de absorção de gases e re-
do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia emissão de radiação que resulta no aquecimento da superfície da
qualidade de vida e sua sustentabilidade; atmosfera;
IV - das responsabilidades comuns, porém diferenciadas: os VI - emissão/emissões: liberação de gases de efeito estufa e/ou
Estados mais desenvolvidos, em um espírito de proatividade para seus precursores na atmosfera, em uma área específica e por um
a conservação, proteção e integridade dos ecossistemas, devem to- período determinado;
mar a iniciativa no combate à mudança global do clima e aos seus VII - etnomapeamento: mapeamento participativo das áreas
efeitos negativos, com urgência na ação efetiva; de relevância ambiental, sociocultural e produtiva para indígenas,
V - do desenvolvimento sustentável: deve haver equilíbrio en- quilombolas, povos e comunidades tradicionais, com base nos co-
tre a igualdade social, crescimento econômico e proteção ambien- nhecimentos e saberes tradicionais;
tal, no intuito de não comprometer a satisfação das necessidades
intergeracionais;

219
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
VIII - etnozoneamento: instrumento de planejamento partici- XXV - sumidouro de carbono: processo, atividade ou mecanis-
pativo que visa à categorização de áreas de relevância ambiental, mo que remova da atmosfera gás de efeito estufa, aerossol ou pre-
sociocultural e produtiva para indígenas, quilombolas, povos e co- cursor de gás de efeito estufa;
munidades tradicionais, desenvolvido a partir do etnomapeamen- XXVI - sustentabilidade financeira: capacidade de autofinancia-
to; mento, por meio do uso eficiente dos recursos disponíveis; e
IX - fonte: processo ou atividade que libera gases de efeito estu- XXVII - vulnerabilidade: grau de propensão de um sistema em
fa, aerossol e/ou seus elementos precursores na atmosfera; ser afetado aos impactos climáticos, entre os quais a variabilidade
X - gases de efeito estufa: constituintes gasosos da atmosfera, climática e os eventos extremos.
naturais e/ ou antrópicos, que absorvem e reemitem radiação na
atmosfera; SEÇÃO III
XI - impacto climático: consequências das mudanças climáticas DIRETRIZES
que afetam de diferentes formas e intensidades os sistemas huma-
nos e naturais, bem como os variados setores da economia; Art.4º São diretrizes para a implementação da Política Estadual
XII - indígenas: todo indivíduo de origem e ascendência pré-co- sobre Mudanças Climáticas do Pará:
lombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um I - adoção de medidas de adaptação para reduzir os efeitos ad-
grupo étnico, cujas características culturais o distingam da socieda- versos da mudança do clima e a vulnerabilidade dos sistemas am-
de nacional; biental, social, cultural e econômico;
XIII - inventário de gases de efeito estufa: mapeamento formal II - conservação da cobertura vegetal original e o combate à
das fontes e suas emissões de gases de efeito estufa, em âmbito destruição de áreas de vegetação natural remanescente, para ga-
público e privado, bem como dos impactos climáticos, ambientais e rantir a conservação da biodiversidade e o alto estoque de biomas-
outros aspectos relacionados às mudanças climáticas; sa e carbono;
XIV - justiça climática: conjunto de princípios e de medidas de III - constituição de um sistema de registro para ações, progra-
adaptação e de mitigação das mudanças climáticas, de modo a prio- mas e projetos monitoráveis e verificáveis de mitigação de redução
rizar grupos e indivíduos vulnerabilizados pelos efeitos adversos do de emissões de gases de efeito estufa, compativeis e integrados
clima e pelos seus impactos socioambientais; com metodologias reconhecidas nacional e internacionalmente;
XV - mitigação: ações preventivas que visam a atenuar os efei- IV - cooperação com todas as esferas de governo, comércio, in-
tos decorrentes das mudanças climáticas, reduzir as emissões de dústrias, organizações multilaterais, organizações não governamen-
gases de efeito estufa e aumentar sumidouros; tais, indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais,
XVI - mudanças climáticas: alteração no clima ocorrida ao longo organizações de produtores e de trabalhadores rurais, empresas,
do tempo, atribuída direta ou indiretamente à atividade humana e institutos de pesquisa e demais atores relevantes para a implemen-
à variabilidade climática natural; tação desta Política;
XVII - pagamento por serviços ambientais: incentivo, monetário V - criação de políticas públicas para proteger e ampliar os su-
ou não, que visa a compensar quem contribui para preservar e re- midouros e reservatórios de gases de efeito estufa;
cuperar os ecossistemas e seus serviços ecossistêmicos; VI- criação de políticas públicas que considerem os interesses
XVIII - povos e comunidades tradicionais: grupos culturalmente e as necessidades de grupos vulneráveis aos efeitos das mudanças
diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem for- climáticas;
mas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios VII - desenvolvimento de pesquisas cientifico-tecnológicas e
e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, de difusão de tecnologias sustentáveis, de processos e de práticas
social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, orientados a mitigar a mudança do clima por meio da redução de
inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição; emissões antrópicas e a identificar vulnerabilidades para adotar
XIX- quilombolas: grupos étnico-raciais, segundo critérios de medidas de adaptação adequadas;
autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de rela- VIII- elaboração de planos de ação que contribuam para mitiga-
ções territoriais específicas, com presunção de ancestralidade ne- ção ou adaptação aos efeitos adversos das mudanças climáticas nos
gra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida; planejamentos estadual e municipal;
XX - redução de emissões por desmatamento e degradação IX - estimulo e apoio aos padrões sustentáveis de produção e
ambiental: conjunto de ações para promover a redução de emis- consumo, incluindo o incentivo das compras públicas sustentáveis
sões, provenientes de desmatamento e degradação florestal, bem no Estado;
como a promoção da conservação, do manejo florestal sustentável, X - fomento, formulação, adoção e implementação de planos,
da manutenção e do aumento dos estoques de carbono florestal; programas, projetos, políticas, instrumentos econômicos e finan-
XXI - salvaguardas: medidas para prever, minimizar, mitigar ceiros e mecanismos de mercado, para mitigação das emissões de
ou lidar com impactos adversos associados a ações de mitigação gases de efeito estufa e adaptação às mudanças climáticas, sendo
e de adaptação às mudanças do clima, em especial a impactos a considerado o ordenamento territorial e o planejamento urbano;
indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais, jovens XI - implementação e apoio a redes de monitoramento meteo-
e mulheres; rológico, climático, hidrometeorológico e da qualidade do ar;
XXII - sequestro de carbono: processo de aumento da concen- XII - incentivo do uso de energias renováveis e a substituição
tração de carbono em outro reservatório que não seja a atmosfera; gradual dos combustíveis fósseis por outros com menor potencial
XXIII - serviços ambientais: resultados alcançados pelas ações de emissão de gases de efeito estufa;
humanas desenvolvidas, com vistas a recuperar, manter ou melho- XIII - incentivo à adoção de práticas que reduzam a emissão de
rar a produção de serviços ecossistêmicos; gases de efeito estufa e promovam sumidouros, podendo incluir,
XXIV - serviços ecossistêmicos: benefícios gerados pelos ecos- para tanto, o incentivo à compensação dos atores cujos esforços de
sistemas que favorecem a vida, o bem-estar humano e as econo- redução da destruição de áreas naturais e de emissões associadas,
mias; no território estadual, sejam comprovados;

220
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XIV - incorporação da abordagem de riscos climáticos na formu- III - compatibilizar o desenvolvimento econômico às políticas
lação de projetos de investimento, bem como a variável de riscos de de redução das emissões de gases de efeito estufa, cumprindo os
desastres, resiliência e vulnerabilidade às mudanças climáticas nos padrões globais de competitividade e de desempenho ambiental;
instrumentos de planejamento territorial do Estado, a fim de ter IV - desenvolver programas e iniciativas de educação ambien-
uma gestão preventiva e planejada ante os impactos climáticos e tal e de sensibilização da população sobre mudança do clima, suas
seus riscos; causas e consequências;
XV - integração da agenda climática na elaboração de planos, V - disponibilizar informações da agenda climática estadu-
programas e projetos públicos e privados; al, atualizadas, completas e periódicas, como forma de garantir a
XVI - implementação de ações que promovam a equidade de transparência ambiental;
gênero e a participação de jovens nos processos de implementação VI - estimular a criação de políticas e fóruns sobre mudanças
desta Política, com a adoção de medidas e de instrumentos para o climáticas nos Municípios, bem como garantir a participação de in-
monitoramento e a avaliação dos avanços alcançados nos diferen- dígenas, quilombolas e povos e comunidades tradicionais;
tes níveis; VII - fomentar e criar instrumentos para a mitigação das emis-
XVII - participação do Poder Público e de toda a coletividade sões de gases de efeito estufa;
nas discussões nacionais e internacionais de relevância sobre o VIII - identificar e implementar ações para a proteção, gestão,
tema das mudanças e adaptações climáticas, sendo assegurada a conservação e restauração de ecossistemas, especialmente em áre-
atuação de todos os gêneros, de pessoas vulnerabilizadas, de in- as naturais que gozem de proteção especial, a fi m de garantir que
dígenas, de quilombolas, de povos e comunidades tradicionais e continuem a fornecer serviços ecossistêmicos;
das lideranças jovens, na governança, nos processos de tomada de IX - incentivar o uso e o intercâmbio de tecnologias e de práti-
decisão e na implementação da Política Estadual sobre Mudanças cas ambientalmente sustentáveis;
Climáticas do Pará; X - incorporar a mitigação e a adaptação no planejamento ter-
XVIII - participação de indígenas, quilombolas, povos e comu- ritorial em níveis regional e local, ao promover processos susten-
nidades tradicionais na continua proteção, conservação e manejo táveis de construção, desenvolvimento de capacidades técnicas e
sustentável das florestas, constituindo importantes reservas de car- profissionais, inovação tecnológica e incorporação de tecnologias
bono e recuperando áreas desmatadas em todo o território estadu- locais, para a construção de cidades sustentáveis, resilientes e am-
al, a fi m de aumentar as áreas destinadas a essas reservas; bientalmente seguras;
XIX - promoção da sustentabilidade financeira nas ações de de- XI - projetar, executar, monitorar e avaliar medidas de mitigação
senvolvimento econômico, para mitigação e adaptação às mudan- e de adaptação às mudanças climáticas, considerando seu impacto
ças climáticas; nos Direitos Humanos, particularmente de mulheres, crianças, indí-
XX - promoção de ações de educação ambiental sobre os im- genas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais e de outros
pactos climáticos e suas consequências em redes estaduais de en- grupos vulnerabilizados, respeitando suas tradições e o direito à au-
sino, bem como apoio às pesquisas em todas as áreas do conheci- todeterminação, com o fim de assegurar a justiça climática;
mento, para mitigação e adaptação às mudanças climáticas; XII - promover a conservação e a eficiência energéticas em se-
XXI - promoção do desenvolvimento sustentável em territórios tores específicos da economia estadual;
indígenas, quilombolas e de povos e comunidades tradicionais; XIII - promover incentivos econômicos e tributários para ativi-
XXII - promover a conservação do patrimônio ambiental, a pres- dades de mitigação de emissões de gases de efeito estufa em con-
tação de seus serviços ecossistêmicos ao benefício da coletividade e sonância com esta Lei;
assegurar meios de coibição de sua degradação, especialmente por XIV - proteger, recuperar e ampliar os sumidouros de carbono,
meio de planos, programas e projetos que objetivem a prevenção, mediante emprego de práticas de conservação, recuperação e uso
o controle e as alternativas sustentáveis ao desmatamento ilegal; e sustentável do capital natural;
XXIII - recuperação, valorização e utilização do conhecimento XV - realizar o etnomapeamento, o etnozoneamento e os
tradicional de indígenas, quilombolas, povos e comunidades tra- monitoramentos territorial e ambiental das terras indígenas, qui-
dicionais, da sua visão de desenvolvimento harmônico com a na- lombolas e de povos e comunidades tradicionais, para garantir o
tureza e da sua cultura alimentar, na composição de medidas de protagonismo desses povos e de suas organizações no Estado do
mitigação e de adaptação às mudanças climáticas, garantindo uma Pará, em territórios vizinhos, nos mosaicos de terras indígenas e em
distribuição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso des- unidades de conservação;
se conhecimento. XVI - realizar o monitoramento das condições climáticas, com o
intuito de prever possíveis eventos extremos relacionados ao clima
CAPÍTULO II e, assim, mitigar os impactos à população; e
DOS OBJETIVOS DA POLÍTICA XVII - substituir, gradativa e racionalmente, as fontes energéti-
cas fósseis.
Art.5º A Política Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará
tem como base integrar o esforço global e promover medidas para CAPÍTULO III
alcançar as condições necessárias à adaptação e à mitigação aos DO SISTEMA ESTADUAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS -
impactos derivados das mudanças do clima, por meio dos seguintes SEMUC
objetivos:
I - adotar instrumentos econômicos, financeiros e fiscais, para SEÇÃO I
a promoção dos objetivos, diretrizes, ações, programas e políticas DO OBJETIVO DO SISTEMA
previstas nesta Lei;
II - apoiar a pesquisa, o desenvolvimento, a divulgação e a pro- Art.6º Fica criado o Sistema Estadual sobre Mudanças Climáti-
moção do uso de tecnologias para o enfrentamento às mudanças cas, com o objetivo de implementar a Política instituída por esta Lei.
climáticas e das medidas de adaptação e de mitigação dos respecti-
vos impactos climáticos;

221
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO II tivos e técnico-cientificos e de outros segmentos com atuação na
DA COMPOSIÇÃO DO SISTEMA área de mudanças climáticas e de desenvolvimento de baixas emis-
sões de carbono.
Art.7º Integram o Sistema Estadual sobre Mudanças Climáticas:
I - Comitê Gestor do Sistema Estadual sobre Mudanças Climá- SEÇÃO IV
ticas – COGES; CONSELHO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
II - Conselho Estadual de Recursos Hídricos CERH;III -
III - Conselho Estadual do Meio Ambiente -COEMA; Art.10. São atribuições do Conselho Estadual de Recursos Hí-
IV - Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará; dricos:
V - Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climáticas - I - deliberar sobre questões que lhe tenham sido encaminhadas
FPMAC; pelo Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climáticas ou Fó-
VI - Fóruns Municipais de Mudanças Climáticas; runs Regionais e Municipais de Mudanças Climáticas e pela Defesa
VII - Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade Civil;
do Estado do Pará - IDEFLOR-Bio; e II - emitir pareceres sobre propostas de políticas setoriais, ins-
VIII - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilida- trumentos legais e normas relevantes para o tema das mudanças
de. climáticas; e
III - estabelecer normas, critérios e padrões relacionados aos
SEÇÃO III recursos hídricos condizentes com os objetivos da Política Estadual
DO COMITÊ GESTOR DO SISTEMA ESTADUAL SOBRE sobre Mudanças Climáticas do Pará.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
SEÇÃO V
Art. 8º São atribuições do Comitê Gestor do Sistema Estadual DO CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
sobre Mudanças Climáticas:
I - acompanhar a execução dos instrumentos da Política Esta- Art. 11. São atribuições do Conselho Estadual do Meio Ambien-
dual sobre Mudanças Climáticas do Pará e determinar providências te:
necessárias para o cumprimento de suas metas; I - deliberar sobre questões encaminhadas pelos demais mem-
II - analisar e deliberar sobre projetos e estudos referentes às bros do Sistema Estadual sobre Mudanças Climáticas;
mudanças climáticas; II - emitir pareceres sobre propostas de políticas setoriais, ins-
III - estabelecer diretrizes complementares para a implemen- trumentos legais e de normas relevantes para o tema das mudanças
tação da Política Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará, apli- climáticas; e
cação dos seus instrumentos e atuação do Sistema Estadual sobre III - garantir o cumprimento das diretrizes e dos objetivos do
Mudanças Climáticas; Plano Estadual sobre Mudanças Climáticas, deliberando, no âmbito
IV - exercer funções consultivas, normativas e deliberativas re- de sua competência, sobre as normas e os padrões de qualidade
lativas aos instrumentos da Política Estadual sobre Mudanças Cli- ambiental.
máticas do Pará; e
V - promover a articulação entre os integrantes do Sistema Es- SEÇÃO VI
tadual sobre Mudanças Climáticas. CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO PARÁ
Art.9º O Comitê Gestor do Sistema Estadual sobre Mudanças
Climáticas possui a seguinte estrutura: Art.12. São atribuições do Corpo de Bombeiros Militar do Es-
I – Presidência; tado do Pará, por meio de sua Coordenadoria Estadual de Defesa
II – Secretaria Executiva; Civil:
III – Plenário; I- coordenar e executar ações de adaptação e medidas emer-
IV- Câmaras Técnicas; e genciais em situações de eventos climáticos extremos; e
V - Grupos de Trabalho. II- estabelecer planos de ações de prevenção, preparação, res-
§ 1º A Presidência do Comitê Gestor do Sistema Estadual sobre postas e reconstrução aos efeitos adversos das mudanças climáti-
Mudanças Climáticas é exercida pelo Secretário de Estado de Meio cas.
Ambiente e Sustentabilidade. Art.13. O Poder Executivo Estadual determinará a criação de
§ 2º O Plenário é o órgão superior de deliberação do Comitê Núcleos de Adaptação às Mudanças Climáticas e Gestão de Riscos,
Gestor do Sistema Estadual sobre Mudanças Climáticas. no âmbito da Superintendência de Defesa Civil, com o objetivo de
§ 3º A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabili- estabelecer planos de ações de prevenção e de adaptação aos efei-
dade prestará apoio logístico ao Comitê Gestor do Sistema Estadual tos adversos das mudanças do clima, bem como incluirá o tema das
sobre Mudanças Climáticas, cabendo aos demais membros, no âm- mudanças climáticas nas atividades de competência das Coordena-
bito de suas competências, prestar apoios técnicos e operacional dorias Estaduais de Defesa Civil existentes.
ao Comitê Gestor. § 1º O Poder Público promoverá estudos de vulnerabilidade e
§ 4º A função de Secretário Executivo do Comitê Gestor do Sis- de riscos associados às mudanças climáticas para embasar medidas
tema Estadual sobre Mudanças Climáticas é exercida pelo titular da de adaptação da sociedade paraense ao fenômeno e o desenvolvi-
Secretaria Adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima. mento dos planos de ação e de contingência.
§ 5º O Poder Executivo Estadual estabelecerá, por meio de De- § 2º Os Núcleos de Adaptação às Mudanças Climáticas e Ges-
creto, a composição e as regras de funcionamento do Comitê Ges- tão de Riscos poderão estabelecer parcerias com instituições públi-
tor do Sistema Estadual sobre Mudanças Climáticas, observada a cas e privadas para o desenvolvimento e a implementação de seus
participação da sociedade civil, conforme previsto na Constituição planos de ação e de contingência.
Estadual, bem como assegurada a participação dos setores produ-

222
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art.14. O Sistema Estadual de Defesa Civil deverá conscientizar e estudos que auxiliem na definição e na avaliação de políticas pú-
seus integrantes e a população em geral quanto à mudança de com- blicas, com o objetivo de incorporar a dimensão climática no seu
portamento no uso e na preservação dos recursos naturais, contri- processo de implementação.
buindo com isso para minimizar os efeitos das mudanças climáticas.
Art. 15. O Poder Público estabelecerá sistema de monitora- SEÇÃO VIII
mento e de previsão de eventos climáticos extremos e alerta rápido DOS FÓRUNS MUNICIPAIS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
para atendimento das necessidades da população, em virtude das
mudanças climáticas, que deverá incluir os seguintes elementos: Art.19. São atribuições dos Fóruns Municipais de Mudanças
I - disponibilização de informação sobre mudanças climáticas Climáticas:
mediante bases regionais, com tendências e projeções, acessíveis I - divulgar as informações técnicas sobre as mudanças e a
pela internet e disponíveis para toda a sociedade, em tempo ade- adaptação climáticas no âmbito local; e
quado para tomada de providências e minimização de impactos cli- II - promover a discussão e a difusão no âmbito local sobre as
máticos nocivos; questões relacionadas a mudanças climáticas globais, visando co-
II - instalação de sistemas de alerta prévio, combinados com lher subsídios para formulação de políticas públicas, garantindo am-
educação pública sobre os perigos enfrentados, as ações preven- pla participação popular.
tivas a serem adotadas antecedentes aos alertas e respostas apro-
priadas quando da emissão destes; SEÇÃO IX
III - programas de comunicação pública da política climática DO INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL E DA
estadual que atendam às especificidades linguísticas, culturais e BIODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
territoriais de indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradi-
cionais; Art.20. São atribuições do Instituto de Desenvolvimento Flores-
IV - programas de educação pública relativos à prontidão frente tal e da Biodiversidade do Estado do Pará:
a ameaças de iniciação lenta, não identificadas pelos sistemas de I - auxiliar a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Susten-
alerta; e tabilidade nos levantamentos de informações e/ou inventário de
V - realização de parcerias com organizações de previsão do emissões das Unidades de Conservação de gestão de competência
tempo, de forma a facilitar a entrega, interpretação e aplicação dos do órgão;
dados no gerenciamento de riscos climáticos. II - elaborar relatórios de controle e de monitoramento; e
Art.16. O Poder Público adotará programa permanente de de- III - realizar a gestão da biodiversidade e a execução das políti-
fesa civil e de auxílio à população, voltado à prevenção de danos, cas de preservação, de conservação e do uso sustentável da biodi-
ajuda aos necessitados e reconstrução de áreas atingidas por even- versidade, da fauna e da flora terrestres e aquáticas no Estado, em
tos extremos decorrentes das mudanças climáticas, por meio de consonância com os objetivos e as diretrizes desta Lei.
medidas necessárias, dentre as quais se destacam:
I- destinação de verbas para a elaboração de mapas de risco e SEÇÃO X
de vulnerabilidade e de modelos para previsão de impactos espe- DA SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E
cíficos, como danos humanos, materiais e ambientais, bem como SUSTENTABILIDADE
prejuízos econômicos e sociais;
II - elaboração de planos de contingências e guias específicos Art.21. São atribuições da Secretaria de Estado de Meio Am-
da Defesa Civil para as áreas mais críticas identificadas nos mapas biente e Sustentabilidade:
de risco e de vulnerabilidade, com especial atenção às necessidades I - coordenar a elaboração e a atualização, bem como dar am-
específicas de mulheres e meninas; pla publicidade ao inventário de emissões antrópicas por fontes e
III - elaboração de planos de migração ordenada, de gerencia- de remoções por sumidouros de gases de efeito estufa, de todas as
mento de mantimentos, de recursos e de construção de infraestru- atividades relevantes existentes no Estado do Pará, que deve incluir
tura emergencial, para abrigar e atender à população atingida por informações sobre as medidas de mitigação e de adaptação adota-
desastres decorrentes de eventos climáticos extremos; das no Estado;
IV - elaboração de programas de capacitação e de cursos de II - estabelecer normas, critérios e padrões de qualidade am-
prevenção, de adaptação e de preparação, para enfrentamento das biental, para assegurar os objetivos da Política Estadual sobre Mu-
mudanças climáticas para agentes de Defesa Civil, brigadas e lide- danças Climáticas do Pará;
ranças comunitárias; e III - incorporar, no licenciamento ambiental de empreendimen-
V - incentivo a microprojetos de proteção nas comunidades tos e em suas bases de dados, a finalidade climática, compatibili-
mais afetadas, como sistemas pluviométricos, abrigos comunitários zando-se com a comunicação estadual, a avaliação ambiental estra-
e rádio-contato, dentre outros. tégica e o registro público de emissões;
Art.17. A compatibilização entre as atividades previstas na Polí- IV - integrar ao controle da poluição atmosférica e ao geren-
tica Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará e as competências ciamento da qualidade do ar e das águas a redução na emissão de
exercidas pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil será feita por gases de efeito estufa, instrumentos pelos quais o Poder Público
meio de regulamento. impõe limites para a emissão de contaminantes locais;
V - monitorar a redução de emissões de gases de efeito estufa,
SEÇÃO VII bem como o cumprimento das metas e dos objetivos estabelecidos
DO FÓRUM PARAENSE DE MUDANÇAS E ADAPTAÇÃO em cada programa, subprograma ou projeto;
CLIMÁTICAS VI - orientar a sociedade sobre os fins desta Lei, por meio de
outros instrumentos normativos, normas técnicas e manuais de
Art. 18. O Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climáti- boas práticas;
cas, criado pelo Decreto Estadual nº 254, de 8 de agosto de 2019, é VII - promover a coordenação de políticas e de medidas ado-
a instância consultiva que possui, além das competências previstas tadas em todas as áreas de governo, em observância a esta Lei; e
no referido Decreto, a atribuição de promover debates, consultas

223
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
VIII - proteger, restaurar e gerenciar de maneira sustentável o II - relatórios de diagnóstico e de gestão de mudanças climáti-
ciclo hidrológico e os sistemas hídricos existentes nas bacias do Es- cas, os quais deverão conter informações sobre as medidas de miti-
tado do Pará, por meio de um gerenciamento e planejamento do gação e de adaptação adotadas pelo Estado.
território que preveja sua vulnerabilidade sob os efeitos das mu- § 1º O primeiro inventário de gases de efeito estufa e de remo-
danças climáticas, garantindo o direito à água. ção por sumidouro de carbono será realizado e publicado no prazo
máximo de 2 (dois) anos, a partir da publicação desta Lei.
CAPÍTULO IV § 2º O rol disposto no art. 14 desta Lei é exemplificativo, por-
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA quanto novos elementos poderão integrar o procedimento de
transparência e de comunicação.
SEÇÃO I
DA DEFINIÇÃO SEÇÃO V
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS, FINANCEIROS E FISCAIS
Art.22. Compõem a Política Estadual sobre Mudanças Climáti-
cas do Pará: Art. 29. Os instrumentos econômicos, financeiros e fiscais têm
I - gestão pública sustentável; como objetivo incentivar atividades que promovam a prevenção, a
II - instrumentos de educação, pesquisa e inovação; mitigação de emissões de gases de efeito estufa e a adaptação às
III - instrumentos de transparência e de comunicação; mudanças climáticas.
IV - instrumentos econômicos, financeiros e fiScais; e Art. 30. Fica o Poder Executivo Estadual autorizado a imple-
V - Plano Estadual sobre Mudanças Climáticas. mentar, dentre outros, os seguintes instrumentos:
I - doações realizadas por entidades públicas, privadas, nacio-
SEÇÃO II nais ou internacionais;
GESTÃO PÚBLICA SUSTENTÁVEL II - dotações orçamentárias específicas para ações de mitigação
e de adaptação climáticas;
Art. 23. O Poder Público adotará, em conformidade com os III - recursos de estratégias econômicas e de fundos públicos ou
princípios e os critérios administrativos e ambientais, programas e privados nacionais ou internacionais;
ações que incentivem o consumo sustentável, bem como promove- IV - incentivos fiscais e financeiros, observada a Lei Estadual nº
rá a integração dos servidores públicos às políticas socioambientais, 6.489, de 27 de setembro de 2002, no que couber;
com ênfase particular à dimensão da mudança do clima e dos obje- V - linhas de crédito e financiamento específicos;
tivos contidos nesta Lei. VI - pagamento por serviços ambientais;
Art.24. As licitações para aquisição de produtos e serviços po- VII - recursos provenientes de contratos de gestão e de convê-
derão exigir dos licitantes, nos termos do art. 3º da Lei Federal nº nios elaborados com órgãos e entidades das Administrações Públi-
8.666, de 21 de junho de 1993, no que couber, certificação reconhe- cas Federal, Estadual e Municipal;
cida pelo Estado, nos termos do edital ou do instrumento convoca- VIII - redução de emissões provenientes do desflorestamento
tório, que comprove a efetiva conformidade do licitante à Política e da degradação florestal; e IX - selos para certificação de produtos
Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará. produzidos de forma sustentável.
§ 1º Para a concessão de incentivos financeiros e fiscais e de li-
SEÇÃO III nhas de crédito e financiamento deverão ser estabelecidos critérios
INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO, PESQUISA E INOVAÇÃO e indicadores de sustentabilidade e definidos segmentos e ativida-
des econômicos prioritários.
Art.25. Constitui instrumento da Política Estadual sobre Mu- § 2º O prazo máximo para a regulamentação deste artigo será
danças Climáticas do Pará a promoção da educação, da pesquisa e de 1 (um) ano após a publicação desta Lei.
da inovação sobre o tema mudanças e adaptação climáticas, a ser Art.31. Implicará na revogação do benefício fiscal ou de outra
facilitada e financiada em todo o Estado, por entidades públicas e natureza a prática de quaisquer atos que importem no descum-
privadas, a partir de planos específicos, formulados de forma par- primento da Política instituída por esta Lei, em tudo observado o
ticipativa. devido processo legal, no qual sejam assegurados contraditório e
Art.26. As entidades públicas e privadas desenvolverão ações ampla defesa.
de educação e de conscientização ambiental, por meio de práticas
sustentáveis no ambiente escolar. SEÇÃO VI
Art. 27. O Estado incentivará a criação de centros de inovação e DO PLANO ESTADUAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
de pesquisa, que colaborarão com o desenvolvimento tecnológico
da região, no intuito de promover a mitigação e medidas de adapta- Art.32. O Plano Estadual sobre Mudanças Climáticas deve ser
ção aos efeitos das mudanças climáticas. formulado e executado com vistas a implementar a Política Esta-
dual sobre Mudanças Climáticas do Pará, com o seguinte conteúdo
SEÇÃO IV mínimo:
DOS INSTRUMENTOS DE TRANSPARÊNCIA E DE I - diagnóstico atual dos estoques de carbono florestal, das fon-
COMUNICAÇÃO tes e das remoções de gases de efeito estufa no Estado, contendo
o mapeamento das vulnerabilidades e das suscetibilidades aos im-
Art. 28. O Poder Executivo Estadual publicará, periodicamente: pactos esperados das mudanças climáticas e respectivos prognós-
I - inventário de gases de efeito estufa, o qual deverá conter in- ticos;
formações sobre emissões antrópicas por fontes e de remoções por II - estratégia estadual de transição para a economia de baixo
sumidouros de carbono de todas as atividades relevantes existentes carbono; e
no Estado do Pará, com base em metodologias internacionalmente
aceitas; e

224
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III - planos setoriais, compostos por medidas de conservação zação dos efeitos de eventos hidrometeorológicos adversos, ações
das florestas, de mitigação e de adaptação, considerando aspectos de serviços ambientais e Redução de Emissões por Desmatamento
socioeconômicos e de planejamentos territorial e ambiental, in- e Degradação Florestal (REDD+);
cluindo previsão de projetos a serem implantados para o atendi- II - acompanhar o monitoramento de sistema de alerta hidro-
mento das metas previstas. meteorológico e de focos de calor e os monitoramentos de tempo
§ 1º O Plano Estadual sobre Mudanças Climáticas será elabo- e de clima; e
rado considerando os inventários e informações técnicas, dentre III - estruturar, implementar e manter a rede estadual de moni-
outros subsídios, mediante participação da sociedade civil, visando toramento hidrológico, meteorológico e hidrometeorológico.”
receber contribuições dos setores envolvidos e de demais segmen- “Art. 5º-Z. Ao Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico,
tos da sociedade, no âmbito do Fórum Paraense de Mudanças e diretamente subordinado à Secretaria Adjunta de Gestão de Recur-
Adaptação Climáticas. sos Hídricos e Clima, compete:
§ 2º O diagnóstico de que trata o inciso I do caput deste artigo I - planejar e executar a instalação, a operação e a manutenção
deverá ser atualizado periodicamente. da rede de observações meteorológicas e hidrometeorológicas, de
§ 3º Os planos setoriais dispostos no inciso III do caput deste forma preventiva e/ ou corretiva, de responsabilidade desta insti-
artigo serão estabelecidos por meio de regulamento próprio, consi- tuição;
derando as especificidades de cada setor. II - realizar o monitoramento qualiquantitativo dos corpos hí-
dricos no Estado do Pará;
CAPÍTULO V III - realizar a coleta e o tratamento dos dados meteorológicos
DOS COMPROMISSOS DE REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GASES e hidrometeorológicos gerados para os Sistemas de Informação e
DE EFEITO ESTUFA Suporte à Decisão de Recursos Hídricos, bem como organizá-los em
banco de dados;
Art.33. Para alcançar os objetivos desta Política, o Estado ado- IV - elaborar relatórios técnicos das informações adquiridas pe-
tará ações de redução de emissões associadas às fontes antrópicas las estações meteorológicas e hidrológicas e do acompanhamento
de gases de efeito estufa, por meio do estabelecimento de metas a do índice de transmissão de dados das estações; e
serem definidas em regulamento próprio. V - realizar o monitoramento da qualidade do ar no Estado do
§ 1º O prazo de revisão das metas deverá ser definido em regu- Pará.” Art. 39. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
lamento previsto no caput deste artigo.
§ 2º As metas deverão ser definidas com base no inventário de PALÁCIO DO GOVERNO, 29 de abril de 2020
gases de efeito estufa do Estado e, na sua ausência, nos relatórios
do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa -
SEEG. LEI ESTADUAL Nº 9.575, DE 11 DE MAIO DE 2022.
- DISPÕE SOBRE O PROCESSO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO VI AMBIENTAL PARA APURAÇÃO DAS CONDUTAS
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS E ATIVIDADES LESIVAS AO MEIO AMBIENTE,
AS SANÇÕES CABÍVEIS, ALÉM DE TRATAR DA
Art.34. As demais políticas públicas deverão ser compatibili- CONCILIAÇÃO AMBIENTAL, NO ÂMBITO DA
zadas com os princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos desta ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ
Política Estadual sobre Mudanças Climáticas do Pará e da Política
Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas. LEI Nº 9.575, DE 11 DE MAIO DE 2022
Art.35. O Poder Público deverá consignar em seu orçamento os
recursos para a implementação do disposto nesta Lei. Dispõe sobre o processo administrativo ambiental para apu-
Art.36. Fica estabelecido o prazo de até 3 (três) anos, conta- ração das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, as san-
dos a partir da publicação desta Lei, para o Governador do Estado ções cabíveis, além de tratar da conciliação ambiental, no âmbito
elaborar, aprovar e publicar o Plano Estadual sobre Mudanças Cli- da Administração Pública do Estado do Pará e altera e revoga dis-
máticas. positivos da Lei Estadual n° 5.752, de 26 de julho de 1993, e da Lei
Art.37. Fica criado o Núcleo de Monitoramento Hidrometeoro- Estadual n° 5.887, de 9 de maio de 1995.
lógico na estrutura organizacional da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Sustentabilidade. A Assembléia Legislativa do Estado do Pará estatui e eu sancio-
Art.38. A Lei Estadual nº 5.752, de 26 de julho de 1993, passa a no a seguinte Lei:
vigorar com as seguintes alterações: “Art.
3º………… CAPÍTULO I
………… DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
XXI - Diretoria de Bioeconomia, Mudanças Climáticas e Serviços
Ambientais; Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o processo administrativo ambien-
………… tal para apuração das condutas e atividades lesivas ao meio am-
XVIII - Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico.”. biente, e dispõe sobre as sanções cabíveis, no âmbito da Adminis-
“Art. 5º-T. À Diretoria de Bioeconomia, Mudanças Climáticas e tração Pública do Estado do Pará, e altera as Leis Estaduais n° 5.752,
Serviços Ambientais, diretamente subordinada à Secretaria Adjunta de 26 de julho de 1993, e 5.887, de 9 de maio de 1995.
de Recursos Hídricos e Clima, compete: Parágrafo único. O processo administrativo ambiental, de que
I - planejar e executar planos, ações e programas referentes à trata esta Lei, fica denominado processo administrativo infracional.
meteorologia, clima, hidrologia e mudanças climáticas, por meio do Art. 2º A conciliação deve ser estimulada pela Administração
desenvolvimento e da implementação de políticas, ações, pesqui- Pública estadual ambiental, de acordo com o rito estabelecido em
sas e estudos técnicos voltados para a mitigação e adaptação às decreto, com vistas a aplicar, de forma consensual, uma solução
mudanças climáticas, melhoria da disponibilidade hídrica e minimi-

225
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
legal que vise encerrar o processo administrativo infracional e ga- CAPÍTULO III
rantir a preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio DAS SANÇÕES
ambiente.
Art. 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio SEÇÃO I
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES
sanções penais, civis e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. Art. 9º Para imposição e gradação da sanção, será observado:
Art. 4º O processo de que trata esta Lei é orientado pelos prin- I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e
cípios que regem a Administração Pública, pelas normas federais e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
estaduais que regulam o processo administrativo, bem como preza II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da le-
pela qualidade técnica da instrução processual e pelo respeito aos gislação de interesse ambiental; e
direitos dos administrados. III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Art. 5º Considera-se infração administrativa ambiental toda Art. 10º Sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo- cabíveis, as infrações ambientais serão punidas isolada, alternativa
ção, proteção e recuperação do meio ambiente. ou cumulativamente, com as seguintes sanções:
I - advertência;
CAPÍTULO II II - multa simples;
DA COMPETÊNCIA III - multa diária;
IV - apreensão de animais, de produtos, instrumentos, petre-
Art. 6º Compete ao órgão ambiental estadual, coordenador chos, equipamentos e veículos, de qualquer natureza, utilizados no
seccional do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e ór- cometimento da infração ambiental;
gão central do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hí- V - interdição parcial ou total de estabelecimento, atividade,
dricos (SISEMA): obras ou construções feitas sem licença ambiental ou com ela em
I - controlar e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja desacordo;
atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometi- VI - suspensão de venda ou fabricação de produto;
da aos Estados, observado o disposto no art. 17 da Lei Complemen- VII - destruição ou inutilização de produtos, subprodutos e ins-
tar n° 140, de 8 de dezembro de 2011; trumentos da infração;
II - lavrar auto de infração; VIII - doação de produtos perecíveis;
III - apurar as infrações administrativas ambientais; IX - destinação de animais apreendidos;
IV - aplicar medidas administrativas cautelares; X - inutilização ou desfazimento de petrechos predatórios;
V - aplicar sanções administrativas; XI - lacre de equipamentos utilizados para degradação ambien-
VI - realizar a conciliação ambiental; e tal;
VII - converter multa simples em serviços de preservação, me- XII - embargo de obras, construções e respectivas áreas feitas
lhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. sem licença ambiental ou com ela em desacordo; e
Parágrafo único. O órgão ambiental estadual poderá celebrar XIII - restritivas de direitos.
convênios com outros órgãos e entidades, integrantes do Sistema §1º As sanções impostas pela autoridade competente deverão
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA), para o atender o caráter pedagógico como forma de conscientização do
exercício das atribuições previstas neste artigo. infrator.
Art. 7º O poder de polícia administrativa ambiental será exerci- §2º As sanções previstas nos incisos IV a XII podem ser aplica-
do por servidor público estadual efetivo, aprovado para cargo técni- das cautelarmente pelo agente de fiscalização, assim como a guar-
co de nível superior, designado por ato do titular do órgão compe- da ou depósito de produtos, subprodutos e equipamentos, objetos
tente integrante do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos da apreensão.
Hídricos (SISEMA). §3º Caso o infrator cometa, simultaneamente, duas ou mais
Parágrafo único. O exercício do poder de polícia administrativa infrações, serão aplicadas, individualizada e cumulativamente, as
ambiental poderá ser realizado por servidor público estadual não sanções a elas cominadas.
efetivo, quando constatada a iminência ou ocorrência de degrada- §4º Quando uma única infração puder ser enquadrada em mais
ção da qualidade ambiental, que necessite intervenção urgente e de um dispositivo, prevalecerá o enquadramento no item mais es-
ostensiva para fazer cessá-la ou mitigá-la, e nas hipóteses excep- pecífico em relação ao mais genérico.
cionais previstas na Lei Complementar Estadual n° 07, de 25 de se- Art. 11º A multa simples poderá ser convertida em serviços de
tembro de 1991. preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio am-
Art. 8º O servidor público estadual que verificar a ocorrência de biente, excetua das as multas decorrentes de infrações ambientais
infração administrativa ambiental e não for competente para for- que tenham provocado mortes humanas.
malizar o ato, comunicará o fato, em representação circunstancia- §1º O valor dos custos dos serviços de preservação, conserva-
da, à chefia imediata, que adotará as providências cabíveis. ção, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente será
Parágrafo único. É assegurado a qualquer pessoa, constatando igual ou superior ao valor da multa convertida.
infração ambiental, o direito de dirigir representação, mediante co- §2º O infrator poderá requerer a conversão de multa:
municação do ato ou fato delituoso, ao órgão ambiental estadual I - ao Núcleo de Conciliação Ambiental, por ocasião da audiên-
e demais entidades integrantes do Sistema Estadual de Meio Am- cia de conciliação ambiental;
biente e Recursos Hídricos (SISEMA) ou à autoridade policial, que II - à autoridade julgadora, até a decisão de primeira instância;
adotarão as providências, sob pena de responsabilidade. ou
III - à autoridade superior, até a decisão de segunda instância.
§3º Não caberá conversão de multa para reparação de danos
decorrentes das próprias infrações.

226
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 12º A multa diária será aplicada quando o cometimento I - até 10% (dez por cento), nas hipóteses dos incisos III e IV do
da infração se prolongar no tempo, a partir da lavratura do auto de caput do art. 16;
infração ou do término do prazo determinado para regularização II - até 25% (vinte e cinco por cento), na hipótese do inciso I do
previsto em leis e regulamentos. caput do art. 16; e
Parágrafo único. O valor da multa diária não pode ser inferior a III - até 35% (trinta e cinco por cento), na hipótese do inciso II
R$ 50,00 (cinquenta reais) nem superior a 10% (dez por cento) do do caput do art. 16.
valor da multa simples máxima cominada para a infração. §1º Indicada a existência de mais de uma circunstância atenu-
Art. 13º A contagem da multa diária se encerrará nas seguintes ante, será aplicada aquela de maior percentual de redução.
hipóteses: §2º A redução decorrente da verificação da existência de cir-
I - apresentação ao órgão ambiental de documentos que com- cunstâncias atenuantes não poderá ser inferior:
provem a regularização da situação que deu causa à lavratura do I - ao valor mínimo cominado para a infração; ou
auto de infração; ou II - ao valor mínimo unitário cominado para a infração, quando
II - celebração do termo de compromisso de reparação ou ces- a multa for determinada com base em unidade de medida.
sação de danos. Art. 18º São circunstâncias que agravam a sanção:
§1º Durante o prazo para a regularização, a multa diária ficará I - reincidência;
suspensa, assim como o prazo prescricional previsto no § 2° do art. II - ausência de comunicação após o acidente, em até 48h (qua-
29 desta Lei. renta e oito horas), ao órgão ambiental e, quando couber, à defesa
§2º Caso o autuado não comprove sua regularização no prazo civil;
estabelecido pelo órgão ambiental, a multa diária será cobrada des- III - o ato infracional afetar ou expor a perigo, de maneira grave,
de a lavratura do auto de infração. a saúde pública ou o meio ambiente;
Art. 14º As sanções restritivas de direitos aplicáveis às pessoas IV - o ato infracional atingir:
físicas ou jurídicas são: a) áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato
I - suspensão de registro, licença ou autorização; do Poder Público, a regime especial de uso;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; b) espaço territorial especialmente protegido;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; c) áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financia- d) espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais, de ór-
mento em estabelecimentos oficiais de crédito, e gãos ou entidades competentes; ou
V - proibição de contratar com a Administração Pública. e) propriedade alheia;
§1º A autoridade competente fixará o período de vigência das V - o ato infracional ser praticado:
sanções previstas neste artigo, observando os seguintes prazos: a) em período ou local proibido;
I - até 3 (três) anos para a sanção prevista no inciso V do caput b) aos domingos ou em feriados municipais, estaduais e fede-
deste artigo; e rais;
II - até 1 (um) ano para as demais sanções. c) à noite;
§2º A extinção da sanção fica condicionada à regularização da d) em épocas de seca ou inundações;
conduta que deu origem ao auto de infração, exceto quando se tra- e) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura
tar da restrição prevista no inciso V do caput deste artigo. de animais;
f) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmen-
SEÇÃO II te, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
DAS CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES g) no exercício de atividades econômicas financiadas direta ou
indiretamente por verbas públicas;
Art. 15º A autoridade competente, ao apreciar a proporcionali- h) mediante coação a outrem para execução material da infra-
dade e razoabilidade das penalidades, deverá observar a existência ção;
de circunstâncias agravantes e atenuantes da sanção. i) mediante a participação, coação ou indução de menor de 18
Art. 16º São consideradas circunstâncias atenuantes, quando (dezoito) anos de idade;
o autuado: j) mediante fraude ou abuso de confiança;
I - possuir baixo grau de instrução ou escolaridade; k) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autori-
II - ter se arrependido da infração praticada, manifestado pela zação ambiental;
espontânea e imediata reparação do dano, ou limitação significati- l) com a facilitação de servidor público; ou
va da degradação ambiental causada; m) com a redução de alguém à condição análoga a de escravo;
III - comunicar previamente o perigo iminente de degradação n) com a utilização do trabalho infantil.
ambiental; Art. 19º Indicada a existência de circunstâncias agravantes, o
IV - colaborar com a fiscalização ambiental. valor da multa deverá ser aumentado, justificadamente, segundo
Parágrafo único. Para fins do disposto no inciso IV do caput des- os seguintes critérios:
te artigo, considera-se como colaboração: I - até 10% (dez por cento), nas hipóteses da alínea “e” do inciso
I - o não oferecimento de resistência e o livre acesso às depen- IV e alíneas “b” e “c” do inciso V do caput do art. 18 desta Lei;
dências, instalações ou locais de ocorrência da infração; II - até 20% (vinte por cento), na hipótese das alíneas “a”, “f”,
II - a apresentação de documentos ou informações no prazo “g” e “h” do inciso V do caput do art. 18 desta Lei;
estabelecido; e III - até 35% (trinta e cinco por cento), nas hipóteses dos incisos
III - a disponibilidade de recursos, não pecuniários, para a ado- I, II, III e das alíneas “d” e “i” do inciso V do caput do art. 18 desta
ção de medidas administrativas que visem à mitigação ou cessação Lei;
do dano ambiental no momento da fiscalização ambiental. IV - até 50% (cinquenta por cento), nas hipóteses das alíneas
Art. 17º Indicada a existência de circunstâncias atenuantes, o “a”, “b”, “c” e “d” do inciso IV e das alíneas “e” e “j” a “m” do inciso
valor da multa deverá ser justificadamente reduzido, segundo os V do caput do art. 18 desta Lei.
seguintes critérios:

227
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. Indicada a existência de mais de uma circuns- Art. 27º A multa terá por base a unidade, hectare, metro cú-
tância agravante, será aplicada aquela de maior percentual de au- bico, quilograma, metro de carvão-mdc, estéreo, metro quadrado,
mento. dúzia, estipe, cento, milheiro ou outra medida pertinente, de acor-
Art. 20º Indicada a existência de circunstâncias atenuantes e do com o objeto jurídico lesado.
agravantes que ensejem na redução e aumento de percentual se: Parágrafo único. O órgão ambiental poderá especificar a uni-
I - idêntico, nenhuma circunstância será aplicada; e dade de medida aplicável para cada espécie de recurso ambiental
II - diferente, será aplicada a circunstância de maior percentual, objeto da infração.
após subtração da porcentagem da circunstância de menor percen- Art. 28º Os valores das multas serão convertidos em Unidade
tual. Padrão Fiscal (UPF-PA) para fins de arrecadação pelo órgão compe-
tente, observando o disposto no art. 24 desta Lei.
SEÇÃO III Parágrafo único. Ocorrendo a extinção da Unidade Padrão Fis-
DA ADVERTÊNCIA cal (UPF-PA), será adotada, para efeitos deste artigo, a unidade ou
índice que a substituir.
Art. 21º A sanção de advertência poderá ser aplicada mediante
a lavratura de auto de infração, para as infrações administrativas de CAPÍTULO IV
menor lesividade ao meio ambiente. DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS
§1º Consideram-se infrações administrativas de menor lesivi-
dade ao meio ambiente aquelas em que a multa máxima cominada Art. 29º Prescreve em 5 (cinco) anos a ação da administração
não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), ou que, no caso objetivando apurar a prática de infrações contra o meio ambiente,
de cálculo de multa por unidade de medida, a multa aplicável não contada da data da prática do ato ou, no caso de infração perma-
exceda o valor referido. nente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado.
§2º Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, caso o §1º Considera-se iniciada a ação de apuração de infração am-
agente de fiscalização ambiental constate a existência de irregulari- biental pela administração com a lavratura do auto de infração.
dades a serem sanadas, lavrará o auto de infração com a indicação §2º Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto
da respectiva sanção de advertência, ocasião em que estabelecerá de infração paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de jul-
prazo para que o infrator sane tais irregularidades. gamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou
Art. 22º Fica vedada a aplicação de nova sanção de advertência mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apu-
no período de 3 (três) anos contados do julgamento da defesa da ração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação.
última advertência ou de outra penalidade aplicada. §3º Quando o fato objeto de infração também constituir crime,
Art. 23º Constitui reincidência a prática de nova infração am- a prescrição de que trata o caput deste artigo será regida pelo prazo
biental cometida pelo mesmo agente no período de 5 (cinco) anos, previsto na lei penal.
contados a partir do trânsito em julgado administrativo, circunstân- §4º A prescrição da pretensão punitiva da administração não
cia essa que leva ao agravamento da nova penalidade, sendo clas- elide a obrigação de reparar o dano ambiental.
sificada como: Art. 30º Interrompe-se a prescrição:
I - específica: cometimento de infração da mesma natureza; ou I - pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação
II - genérica: o cometimento de infração ambiental de natureza do infrator por qualquer outro meio, inclusive por edital;
diversa. II - por qualquer ato inequívoco da administração que importe
Parágrafo único. No caso de reincidência específica ou genéri- apuração do fato; ou
ca, a multa a ser imposta pela prática da nova infração terá seu valor III - pela decisão condenatória recorrível.
aumentado ao triplo e ao dobro, respectivamente. Parágrafo único. Considera-se ato inequívoco da administra-
ção, para o efeito do que dispõe o inciso II do caput deste artigo,
SEÇÃO IV aqueles que impliquem em atividade de instrução do processo.
DA MULTA Art. 31º Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão da Adminis-
tração Pública de promover a execução da multa por infração am-
Art. 24º As multas estarão sujeitas à atualização monetária des- biental, cuja contagem do prazo prescricional inicia-se:
de a lavratura do auto de infração até o seu efetivo pagamento, sem I - no dia seguinte ao descumprimento dos prazos fixados para
prejuízo da aplicação de juros de mora de 1% (um por cento) ao pagamento na conciliação ambiental;
mês, calculado, cumulativamente, sobre o valor do débito, devendo II - no dia seguinte ao do decurso dos prazos previstos no art.
o órgão fazendário estadual ser comunicado para fins de inscrição 34 desta Lei, quando não houver oferecimento de defesa ou inter-
de dívida ativa. posição de recurso;
Art. 25º O valor da multa será fixado respeitados os limites III - na data do recebimento da notificação da decisão final so-
mínimo e máximo do tipo administrativo violado e será corrigido, bre o recurso interposto.
periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação
pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máxi- CAPÍTULO V
mo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA APURAÇÃO DE
Art. 26º O pagamento da multa no prazo previsto para defesa INFRAÇÕES AMBIENTAIS
poderá ensejar desconto de 50% (cinquenta por cento) em seu va-
lor. Art. 32º Os processos serão instruídos e julgados em observân-
Parágrafo único. O interessado poderá optar, ao invés do des- cia à ordem de distribuição para julgamento, admitida a prioridade
conto, pelo parcelamento do valor da multa, conforme definido em nas hipóteses previstas em lei, além das seguintes:
decreto, implicando, em ambos os casos, na desistência de defesa I - processos com risco iminente de prescrição;
ou recurso. II - processos em que constem produtos e subprodutos apre-
endidos;

228
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III - interesse na propositura de ação civil pública de recupera- Parágrafo único. As sanções aplicadas pelo agente autuante es-
ção do dano ambiental, indicado pela Procuradoria-Geral do Estado tarão sujeitas à confirmação pela autoridade julgadora.
ou Consultoria Jurídica do órgão ambiental estadual autuante; Art. 38º O autuado será notificado da lavratura do auto de in-
IV - solicitação de prioridade do titular do órgão ambiental fração e dos demais atos do processo por uma das seguintes for-
estadual, devidamente fundamentada na necessidade de conferir mas:
celeridade à responsabilização administrativa face à gravidade do I - pessoalmente;
dano ambiental causado; II - por seu representante legal;
V - pedido de pagamento ou parcelamento da multa apresen- III - por meio eletrônico;
tada pelo autuado. IV - por via postal com aviso de recebimento; ou
Parágrafo único. Caberá ao autuado solicitar a prioridade pro- V - por edital.
cessual prevista em lei, mediante petição instruída com os docu- §1º As formas de notificação de que trata este artigo podem
mentos que comprovem a condição, que deverá ser registrada no ser substituídas por qualquer outro meio disponível que assegure a
processo para fins de efeitos jurídicos. certeza da ciência do autuado.
§2º A notificação por via postal com aviso de recebimento de-
SEÇÃO I verá ser substituída por notificação eletrônica quando houver con-
DOS PRAZOS PROCESSUAIS cordância expressa do autuado e tecnologia disponível que confir-
me o seu recebimento.
Art. 33º Os prazos processuais contam-se em dias úteis e come- §3º Eventuais tentativas de notificação infrutíferas devem ser
çam a correr a partir da data da notificação, excluindo-se da conta- registradas e fundamentadas no processo.
gem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. Art. 39º Considera-se notificado o autuado, além do disposto
Art. 34º Aplica-se ao processo administrativo para apuração de no art. 38 desta Lei, quando do seu comparecimento espontâneo
infração ambiental os seguintes prazos máximos: ao órgão ambiental ou do seu acesso, por meio eletrônico, ao pro-
I - 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa contra o auto cesso administrativo estadual ambiental.
de infração, manifestar interesse de conciliar ou efetuar o pagamen- §1º O comparecimento ou o acesso do autuado deverão ser
to imediato, contados do recebimento da notificação de autuação; certificados nos autos do respectivo processo.
II - 20 (vinte) dias para o infrator recorrer da decisão de primei- §2º As notificações serão nulas quando feitas sem observân-
ra instância; cia das prescrições legais, mas o comparecimento ou o acesso do
III - 10 (dez) dias para o pagamento de multa, contados da data autuado de que trata o caput deste artigo supre sua falta ou irre-
do recebimento da notificação da decisão administrativa transitada gularidade.
em julgado; e Art. 40º A notificação por via postal, com aviso de recebimento,
IV - 5 (cinco) dias para a autoridade julgadora de primeira ins- é considerada válida quando:
tância reconsiderar a decisão proferida. I - a devolução indicar a recusa do recebimento pelo autuado;
Art. 35º No prazo de defesa, o autuado poderá produzir as pro- II - recebida no endereço do autuado;
vas que julgar necessárias e, no prazo de recurso, poderá juntar do- III - recebida por funcionário da portaria responsável pelo rece-
cumentos que julgar convenientes. bimento de correspondência nos condomínios, edifícios ou lotea-
Parágrafo único. Em se tratando de transgressões que depen- mentos com controle de acesso; ou
dam de análises laboratoriais ou periciais para completa elucidação IV - enviada para o endereço atualizado da pessoa jurídica.
dos fatos, o prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser Art. 41º Na hipótese de devolução de notificação por via postal,
prorrogado em até mais 20 (vinte) dias úteis, mediante despacho com aviso de recebimento, o órgão ambiental autuante realizará:
fundamentado da autoridade julgadora de primeira instância. I - notificação por via postal, com aviso de recebimento, em
novo endereço obtido, se constatado que o autuado se mudou ou é
SEÇÃO II desconhecido no endereço; ou
DA AUTUAÇÃO II - notificação pessoal, se constatado que o autuado reside em
endereço com restrição de entrega postal, desde que não compro-
Art. 36º Constatada a ocorrência de infração administrativa meta as atividades da equipe de fiscalização.
ambiental, será lavrado o auto de infração e notificado o autuado Parágrafo único. É possível dirigir a nova tentativa de notifica-
para ciência da autuação e dos prazos para defesa e conciliação. ção ao endereço:
§1º A notificação deverá dar ciência ao autuado para, queren- I - do sócio, no caso de pessoa jurídica; ou
do, comparecer ao órgão ambiental em data e horário agendados, a II - do advogado, desde que conste nos autos procuração com
fim de participar de audiência de conciliação ambiental. outorga de poderes específicos para recebimento de notificações.
§2º A fluência do prazo para defesa fica sobrestada pelo agen- Art. 42º A notificação por edital só será realizada:
damento da audiência de conciliação ambiental e o seu curso se I - se infrutíferas as tentativas de notificação de que trata os
iniciará a contar da data de sua realização. incisos de I a IV do art. 38 desta Lei;
§3º O sobrestamento de que trata o § 2° deste artigo não pre- II - quando demonstrado o desconhecimento do local em que
judica a eficácia das medidas administrativas eventualmente apli- se encontra o autuado; ou
cadas. III - na hipótese de autuado estrangeiro não residente e sem
§4º Se o autuado não comparecer à audiência de conciliação representante constituído no país.
designada, o prazo para a defesa começará a correr no dia útil se- Art. 43º O autuado pode indicar, a qualquer tempo, no curso
guinte. do processo:
Art. 37º O auto de infração será lavrado, preferencialmente, I - endereço eletrônico para receber notificações, desde que
por meio eletrônico, com a identificação do autuado, a descrição haja concordância expressa e tecnologia disponível que confirme o
clara e objetiva da infração administrativa constatada, a indicação seu recebimento;
dos respectivos dispositivos legais e regulamentares infringidos e as II - endereços alternativos para recebimento de correspondên-
sanções e medidas aplicadas. cias; e

229
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III - endereço do seu procurador, desde que conste dos autos CAPÍTULO VI
procuração com outorga de poderes específicos para recebimento DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
de notificações.
Art. 51º Para os efeitos desta Lei, entende-se por trânsito em
SEÇÃO III julgado administrativo o momento processual em que proferido o
DA CONCILIAÇÃO AMBIENTAL julgamento pela autoridade julgadora de primeira instância e es-
coado o prazo legal sem interposição de recurso, quando efetuado
Art. 44º A conciliação ambiental poderá encerrar o processo de o pagamento do débito, ou, quando proferido o julgamento pela
apuração de infrações ambientais, mediante a adoção das seguin- autoridade julgadora de segunda instância e transcorrido o prazo
tes soluções legais: para pagamento do débito.
I - parcelamento de multa simples; Parágrafo único. Com o trânsito em julgado administrativo ope-
II - pagamento antecipado com desconto em percentual a ser ra-se a preclusão para a reforma do julgado administrativo.
definido em decreto; Art. 52º Os recursos administrativos em trâmite no Conselho
III - pagamento de multa, passado o prazo para quitação com Estadual de Meio Ambiente (COEMA) serão encaminhados ao Tri-
desconto em percentual a ser definido por decreto; bunal Administrativo de Recursos Ambientais (TRA) em até 90 (no-
IV - conversão de multa em prestação de serviços de preserva- venta) dias, a contar da vigência desta Lei.
ção, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. Art. 53º Os valores arrecadados com o pagamento de multas
Parágrafo único. A conciliação implica desistência de questio- constituirão recursos do Fundo Estadual do Meio Ambiente (FEMA)
nar, judicial ou administrativamente, a imposição da sanção pecu- e deverão ser executados, preferencialmente, para fins de estrutu-
niária e de renúncia a quaisquer alegações de direito sobre as quais ração e apoio às operações fiscalizatórias.
se fundamentam as referidas impugnações. Art. 54º Durante a ausência de regulamentação estadual es-
Art. 45º Compete ao Núcleo de Conciliação Ambiental realizar pecífica, serão aplicadas as legislações federais que tratam sobre
a audiência de conciliação ambiental para: conciliação ambiental e conversão de multa.
I - explanar ao autuado as razões de fato e de direito que ense- Art. 55º A Lei Estadual n° 5.752, de 26 de julho de 1993, passa
jaram a lavratura do auto de infração; a vigorar com a seguinte redação:
II - apresentar as soluções legais possíveis para encerrar o pro- “Art. 3° .........................................…...........................................
cesso; e ...............
III - homologar a opção do autuado por uma das soluções de II-A - Órgãos de Julgamento;..........................................................
que trata o art. 44 desta Lei. XXVIII - Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico; e
Art. 46º Não havendo encerramento do processo na forma pre- XXIX - Núcleo de Conciliação Ambiental.
vista no art.44 desta Lei, o auto de infração será julgado pela auto- ..........................................................….......................................
ridade de primeira instância. ......................
Art. 5º-Z São órgãos para julgamento dos processos administra-
SEÇÃO IV tivos ambientais instaurados para apuração das condutas e ativida-
DO JULGAMENTO des lesivas ao meio ambiente:
I - a Julgadoria de Primeira Instância, responsável pelo julga-
Art. 47º Da decisão de primeira instância caberá recurso à se- mento em primeira instância; e
gunda instância. II - o Tribunal Administrativo de Recursos Ambientais (TRA),
§1º A interposição de defesa ou de recurso não terá efeito sus- responsável pelo julgamento em grau de recurso e em segunda e
pensivo, salvo quanto à penalidade de multa. última instância.
§2º Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incer- Parágrafo único. O regimento interno dos órgãos de julgamen-
ta reparação, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior to será regulamentado por meio de Decreto.
poderá, de ofício ou a pedido do recorrente, conceder efeito sus- Art. 5º-AA Compete à Julgadoria de Primeira Instância analisar
pensivo ao recurso. e julgar os processos administrativos para apuração de infrações
§3º O efeito suspensivo não atinge as obrigações cíveis decor- ambientais, e quando necessário, os pedidos de conversão de mul-
rentes da infração ambiental. ta e de conciliação ambiental.
Art. 48º São órgãos para julgamento dos processos administra- §1º O julgamento em primeira instância compete aos servido-
tivos infracionais, que compõem a estrutura do órgão ambiental: res que atendam aos requisitos previstos no art. 5°-AB desta Lei.
I - Julgadoria de Primeira Instância, responsável pelo julgamen- §2º Os julgadores de primeira instância são impedidos de ana-
to em primeira instância; e lisar e julgar os processos:
II - Tribunal Administrativo de Recursos Ambientais (TRA), res- I - de interesse próprio, ou de seu cônjuge ou companheiro,
ponsável pelo julgamento em grau de recurso e em segunda e últi- ou parentes, consanguíneo e afim, em linha reta ou colateral, até o
ma instância. terceiro grau, inclusive;
Art. 49º A análise e julgamento dos processos administrativos II - de interesse de pessoa jurídica de que eles ou seu cônjuge
infracionais deverão observar a ordem cronológica de conclusão, ou companheiro, ou parentes, consanguíneo ou afim, em linha reta
observadas as hipóteses de prioridade de que trata esta Lei. ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, sejam diretores, adminis-
Art. 50º É vedada, na fase recursal, a majoração da sanção de- tradores, sócios, acionistas, membros do Conselho Fiscal, assesso-
corrente de circunstância que não tenha sido apreciada quando do res ou a quem estejam ligados por vínculo profissional;
julgamento do auto de infração. III - em que tenham emitido manifestação ou parecer em pro-
cesso de licenciamento ambiental.
Art. 5º-AB A Julgadoria de Primeira Instância será integrada por
servidores públicos estaduais, graduados em curso de nível supe-
rior, preferencialmente em Ciências Sociais Aplicadas, e designados
pelo titular do órgão ambiental estadual.

230
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 5º-AC Deverá julgar-se suspeita a autoridade julgadora que Art. 6º-B O Fundo Estadual de Meio Ambiente (FEMA) tem por
tenha amizade íntima ou inimizade notória com o autuado, ou com objetivo financiar planos, programas, projetos, pesquisas e tecnolo-
pessoa diretamente interessada no resultado do processo, ou com gias que visem ao uso racional e sustentado dos recursos naturais,
seus respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até ter- bem como as implementações voltadas ao controle, fiscalização, à
ceiro grau. defesa e à recuperação do meio ambiente, observadas as diretrizes
Art. 5º-AD Compete ao Tribunal Administrativo de Recursos da Política Estadual de Meio Ambiente.
Ambientais (TRA) analisar e julgar os recursos interpostos contra Parágrafo único. O Fundo Estadual de Meio Ambiente (FEMA)
decisão de primeira instância e, quando necessário, os pedidos de poderá financiar ações de políticas públicas a serem implementa-
conversão de multa e de conciliação ambiental. das ou executadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Art. 5º-AE O Tribunal Administrativo de Recursos Ambientais Sustentabilidade (SEMAS).
(TRA) compõe-se de 3 (três) Conselheiros Titulares, incluindo-se o ........................................................…
Presidente, e 3 (três) Conselheiros Substitutos, todos nomeados Art. 6º-L .....................................................................................
por ato do Chefe do Poder Executivo Estadual. ...............…
§1º A Presidência do Tribunal Administrativo de Recursos Am- §1º Os recursos arrecadados em função de multas por descum-
bientais é exercida pelo titular da Secretaria de Estado de Meio primento da legislação ambiental deverão ser revertidos, no míni-
Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) e os demais Conselheiros Ti- mo:
tulares serão escolhidos dentre os Secretários Adjuntos da SEMAS. I - 20% (vinte por cento) para aplicação das ações de educação
§2º É assegurada a participação de autoridades ou personali- ambiental, no local de origem de ocorrência da infração;
dades, de reconhecido saber em suas especialidades, ou represen- II - 20% (vinte por cento) ao Instituto de Desenvolvimento Flo-
tantes da sociedade civil, a fim de opinarem sobre temas específi- restal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio), quando
cos nas sessões plenárias, na condição de convidados, com direito a a infração for cometida em unidades de conservação; e
voz e sem direito a voto. III - 50% (cinquenta por cento) à Secretaria de Estado de Meio
§3º Os membros do Tribunal Administrativo de Recursos Am- Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS).”
bientais (TRA) são impedidos de discutir e votar nos expedientes: Art. 56. Aos casos omissos, aplicam-se, subsidiariamente, a Lei
I - de interesse próprio, ou de seu cônjuge ou companheiro, Federal n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, o Decreto Federal n°
ou parentes, consanguíneo e afim, em linha reta ou colateral, até o 6.514, de 22 de julho de 2008, a Lei Estadual n°. 5.887, de 9 de maio
terceiro grau, inclusive; de 1995 e a Lei Estadual n° 8.972, de 13 de janeiro de 2020.
II - de interesse de pessoa jurídica de que eles ou seu cônjuge Art. 57º Revoga-se:
ou companheiro, ou parentes, consanguíneo ou afim, em linha reta I - o inciso VII, do art. 2°-C, da Lei Estadual n° 5.752, de 26 de
ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, sejam diretores, adminis- julho de 1993;
tradores, sócios, acionistas, membros do Conselho Fiscal, assesso- II - as Seções III e IV do Capítulo XIV do Título V, e seus arts. 118
res ou a quem estejam ligados por vínculo profissional; a 146, da Lei Estadual n° 5.887, de 9 de maio de 1995.
III - em que houver proferido decisão sobre o mérito, na pri- Art. 58º Esta Lei entrará em vigor após 180 (cento e oitenta)
meira instância. dias da data de sua publicação, exceto o § 2° do art. 11 e arts. 44,
§4º O membro que se declarar suspeito não terá direito a voz 45, 54 e 55 desta Lei, que entrarão em vigor na data de publicação
e voto. com efeito ex tunc aos processos administrativos infracionais em
Art. 5º-AF O Tribunal Administrativo de Recursos Ambientais curso no órgão ambiental, para fins de conciliação e conversão de
(TRA) tem a seguinte estrutura: multa.
I - Presidência;
II - Pleno; PALÁCIO DO GOVERNO, 11 de maio de 2022.
III - Câmara Técnica;
IV - Secretaria-Geral.
Parágrafo único. É obrigatória a presença de ao menos 1 (um) DECRETO ESTADUAL Nº 8.235, DE 5 DE MAIO DE 2014
Conselheiro Titular na Sessão do Pleno do Tribunal Administrativo - ESTABELECE NORMAS GERAIS COMPLEMENTARES
de Recursos Ambientais (TRA). AOS PROGRAMAS DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL
Art. 5º-AG Caberá à Câmara Técnica emitir parecer circunstan- DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL, DE QUE TRATA
ciado para subsidiar as decisões do Tribunal Administrativo de Re- O DECRETO Nº 7.830, DE 17 DE OUTUBRO DE 2012,
cursos Ambientais (TRA), além de outras atribuições definidas em INSTITUI O PROGRAMA MAIS AMBIENTE BRASIL, E DÁ
regimento interno. OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Art. 5º-AH À Secretaria-Geral do Tribunal Administrativo de
Recursos Ambientais (TRA) cabe secretariar todas as atividades do DECRETO Nº 8.235, DE 5 DE MAIO DE 2014
Pleno e da Câmara Técnica, além de outras atribuições definidas em
regimento interno. Estabelece normas gerais complementares aos Programas de
Art. 5º-AI Ao Núcleo de Conciliação Ambiental (NUCAM), di- Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito Federal, de que
retamente subordinados à Diretoria de Gestão Administrativa e trata o Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012, institui o Pro-
Financeira, compete realizar o agendamento, a audiência e a ho- grama Mais Ambiente Brasil, e dá outras providências.
mologação da conciliação ambiental, nos termos previstos em re-
gulamento. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
Art. 6º Os órgãos colegiados de que tratam os arts. 2°-C e 2°-E confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
serão regulamentados por meio de ato do Chefe do Poder Execu- o disposto na Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012,
tivo. DECRETA:
...........................................................

231
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO I § 2º Na hipótese de regularização do passivo ambiental por
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES intermédio da compensação da reserva legal, os proprietários ou
possuidores deverão apresentar os documentos comprobatórios de
Art. 1º Este Decreto estabelece normas gerais complementares uma das opções previstas no § 5º do art. 66 da Lei nº 12.651, de
aos Programas de Regularização Ambiental dos Estados e do Distri- 2012.
to Federal - PRA, de que trata o Decreto nº 7.830, de 17 de outubro Art.5º Após a solicitação de adesão ao PRA, o proprietário ou
de 2012, e institui o Programa Mais Ambiente Brasil. possuidor do imóvel rural assinará termo de compromisso que de-
Art. 2º Os programas a que se refere este Decreto restringem- verá conter:
-se à regularização das Áreas de Preservação Permanente, de Re- I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromis-
serva Legal e de uso restrito, que poderá ser efetivada mediante sadas ou dos representantes legais;
recuperação, recomposição, regeneração ou compensação. II - os dados da propriedade ou posse rural;
Parágrafo único. A compensação aplica-se exclusivamente às III - a localização da Área de Preservação Permanente ou Re-
Áreas de Reserva Legal e poderá ser feita mediante as opções pre- serva Legal ou área de uso restrito a ser recomposta, recuperada,
vistas no § 5º do art. 66 da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. regenerada ou compensada;
Art. 3º Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais de- IV - descrição da proposta simplificada do proprietário ou pos-
verão inscrever seus imóveis no Cadastro Ambiental Rural - CAR, suidor que vise à recomposição, recuperação, regeneração ou com-
conforme disposto na Seção II do Capítulo II do Decreto nº 7.830, pensação das áreas referidas no inciso III;
de 2012. V - prazos para atendimento das opções constantes da propos-
§ 1º A inscrição no CAR será realizada por meio do Sistema de ta simplificada prevista no inciso IV e o cronograma físico de execu-
Cadastro Ambiental Rural -Sicar, que emitirá recibo para fins de ção das ações;
cumprimento do disposto no § 2º do art. 14 e no § 3º do art. 29 VI - as multas ou sanções que poderão ser aplicadas aos pro-
da Lei nº 12.651, de 2012, e se constitui em instrumento suficiente prietários ou possuidores de imóveis rurais compromissados e os
para atender ao disposto no art. 78-A da referida Lei. casos de rescisão, em decorrência do não cumprimento das obriga-
§ 2º Realizada a inscrição no CAR, os proprietários ou os pos- ções nele pactuadas; e
suidores de imóveis rurais com passivo ambiental relativo às Áre- VII - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.
as de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito § 1º Caso opte o interessado, no âmbito do PRA, pelo sanea-
poderão proceder à regularização ambiental mediante adesão aos mento do passivo de Reserva Legal por meio de compensação, o
Programas de Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito termo de compromisso deverá conter as informações relativas à
Federal - PRA, com base nas normas estabelecidas pelo Capítulo exata localização da área de que trata o art. 66, § 6º , da Lei nº
II deste Decreto e pelo Capítulo III do Decreto nº 7.830, de 2012. 12.651, de 2012, com o respectivo CAR.
§ 3º Identificada na inscrição a existência de passivo ambiental, § 2º A proposta simplificada a que se refere o inciso IV do caput
o proprietário ou possuidor de imóvel rural poderá solicitar de ime- poderá ser apresentada pelo proprietário ou possuidor do imóvel
diato a adesão ao PRA. rural independentemente de contratação de técnico responsável.
§ 4º As áreas degradadas ou alteradas, conceituadas nos inci- § 3º Tratando-se de Área de Reserva Legal, o prazo de vigên-
sos V e VI do caput do art. 2º do Decreto nº 7.830, de 2012, serão cia dos compromissos, previsto no inciso V do caput, poderá variar
consideradas áreas antropizadas para efeitos de cadastramento no em até vinte anos, conforme disposto no § 2º do art. 66 da Lei nº
CAR. 12.651, de 2012.
§ 5º A inscrição referida no §2º poderá ser realizada pelo pro- § 4º No caso de território de uso coletivo titulado ou concedido
prietário ou possuidor do imóvel rural independentemente de con- aos povos ou comunidades tradicionais, o termo de compromisso
tratação de técnico responsável. será firmado entre o órgão competente e a instituição ou entidade
representativa dos povos ou comunidades tradicionais.
CAPÍTULO II § 5º Em assentamentos de reforma agrária, o termo de com-
DOS PROGRAMAS DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DOS promisso a ser firmado com o órgão competente deverá ser assi-
ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL - PRA nado pelo beneficiário da reforma agrária e pelo órgão fundiário.
Art. 6º Após a assinatura do termo de compromisso, o órgão
Art. 4º Nos termos do § 1º do art. 59 da Lei nº 12.651, de 2012, competente fará a inserção imediata no Sicar das informações e das
os programas de regularização ambiental serão implantados pelos obrigações de regularização ambiental.
Estados e pelo Distrito Federal, observados os seguintes requisitos: Art. 7º O termo de compromisso firmado poderá ser alterado
I - termo de compromisso, com eficácia de título executivo ex- em comum acordo, em razão de evolução tecnológica, caso fortuito
trajudicial; ou força maior.
II - mecanismos de controle e acompanhamento da recompo- Art. 8º Quando houver necessidade de alteração das obriga-
sição, recuperação, regeneração ou compensação e de integração ções pactuadas ou das especificações técnicas, deverá ser enca-
das informações no Sicar; e minhada solicitação, com justificativa, ao órgão competente, para
III - mecanismos de acompanhamento da suspensão e extinção análise e deliberação.
da punibilidade das infrações de que tratam o § 4º do art. 59 e o Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às hipóteses
art. 60 da Lei nº 12.651, de 2012, que incluam informações sobre o de regularização da Reserva Legal por meio da compensação de que
cumprimento das obrigações firmadas para a suspensão e o encer- trata o parágrafo único do art. 2º .
ramento dos processos administrativo e criminal. Art. 9º Enquanto estiver sendo cumprido o termo de compro-
§ 1º Os órgãos competentes deverão firmar um único termo de misso pelos proprietários ou possuidores de imóveis rurais, ficará
compromisso por imóvel rural. suspensa a aplicação de sanções administrativas, associadas aos fa-
tos que deram causa à celebração do termo de compromisso, con-
forme disposto no § 5º do art. 59 da Lei nº 12.651, de 2012.

232
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 1º A suspensão de que trata o caput não impede a aplicação II - as unidades de conservação de domínio público pendentes
de penalidade a infrações cometidas a partir de 22 de julho de 2008, de regularização fundiária;
conforme disposto no § 4º do art. 59 da Lei nº 12.651, de 2012. III - as áreas que abriguem espécies migratórias ou ameaçadas
§ 2º Caso seja descumprido o termo de compromisso: de extinção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos integrantes
I - será retomado o curso do processo administrativo, sem pre- do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama; e
juízo da aplicação da multa e das sanções previstas no termo de IV - as áreas identificadas pelos Estados e Distrito Federal.
compromisso; e Art. 17. Em caso de solicitação de compensação da Reserva Le-
II - serão adotadas as providências necessárias para o prosse- gal a ser realizada fora do Estado, o órgão competente da origem
guimento do processo criminal. do processo de regularização verificará, sem prejuízo dos demais
Art. 10. O órgão competente poderá utilizar recursos tecnoló- requisitos previstos no § 6º do art. 66 da Lei nº 12.651, de 2012, se
gicos para verificar o cumprimento das obrigações assumidas pelo a área a ser compensada atende ao disposto no art. 16.
proprietário ou possuidor rural no termo de compromisso. Art. 18. A conclusão da compensação prevista no inciso III do §
Art. 11. O cumprimento das obrigações será atestado pelo ór- 5º do art. 66 da Lei nº 12.651, de 2012, ocorrerá mediante apresen-
gão que efetivou o termo de compromisso, por intermédio de noti- tação de termo de doação.
ficação simultânea ao órgão de origem da autuação e ao proprietá- Art. 19. Após aprovação da compensação da Reserva Legal, o
rio ou possuidor de imóvel rural. órgão competente efetuará o registro no Sicar.
Parágrafo único. Após a inscrição das informações no Sicar pelo Art. 20. O Sicar disponibilizará demonstrativo da situação das
órgão competente, o processo será concluído e as eventuais multas informações declaradas no CAR relativas às Áreas de Preservação
e sanções serão consideradas convertidas em serviços de preser- Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito, para os fins do dis-
vação e melhoria da qualidade do meio ambiente, atendendo ao posto no inciso II do caput do art. 3º do Decreto nº 7.830, de 2012.
disposto no § 5º do art. 59 da Lei nº 12.651, de 2012. Art. 21. Nas hipóteses mencionadas no § 5º do art. 59 da Lei
Art. 12. Os termos de compromissos ou instrumentos similares nº 12.651, de 2012 , em que haja áreas embargadas pelo órgão am-
para a regularização ambiental do imóvel rural referentes às Áre- biental competente, o requerimento de desembargo deverá neces-
as de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito, sariamente estar acompanhado do termo de compromisso de que
firmados sob a vigência da legislação anterior, deverão ser revistos trata o art. 5º .
para se adequarem ao disposto na Lei nº 12. 651, de 2012. Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se apenas aos ca-
§ 1º O disposto no caput aplica-se exclusivamente aos casos sos em que o interessado tenha aderido ao PRA, nos termos deste
em que o proprietário ou o possuidor do imóvel rural requerer a Decreto.
revisão. Art. 22. Ato conjunto dos Ministros de Estado do Meio Ambien-
§ 2º Realizadas as adequações requeridas pelo proprietário ou te, do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura, Pecuária e Abaste-
possuidor, o termo de compromisso revisto deverá ser inscrito no cimento e da Advocacia-Geral da União disciplinará, no prazo de um
Sicar. ano, contado da data de publicação deste Decreto, o programa para
§ 3º Caso não haja pedido de revisão, os termos ou instrumen- conversão das multas aplicadas por desmates ocorridos em áreas
tos de que trata o caput serão respeitados. onde não era vedada a supressão de vegetação referido no art. 42
da Lei no 12.651, de 2012.
CAPÍTULO III Parágrafo único. O cumprimento das obrigações estabelecidas
DO PROGRAMA MAIS AMBIENTE BRASIL no programa poderá resultar, na forma disciplinada pelo ato con-
junto previsto no caput, na conversão da multa aplicada às hipóte-
Art. 13. Fica instituído o Programa Mais Ambiente Brasil, com ses previstas no art. 3º , caput, inciso I, art. 139, art. 140 e art. 141
o objetivo de apoiar, articular e integrar os Programas de Regulari- do Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008.
zação Ambiental dos Estados e do Distrito Federal, em atendimento Art. 23. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
ao disposto no art. 59 da Lei nº 12.651, de 2012.
Art. 14. O Programa será composto de ações de apoio à regula- Brasília, 5 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da
rização ambiental de imóveis rurais, em especial: República.
I - educação ambiental;
II - assistência técnica e extensão rural;
III - produção e distribuição de sementes e mudas; e DECRETO Nº 10.936, DE 12 DE JANEIRO DE 2022.
IV - capacitação de gestores públicos envolvidos no processo de REGULAMENTA A LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO
regularização ambiental dos imóveis rurais nos Estados e no Distrito DE 2010, QUE INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE
Federal. RESÍDUOS SÓLIDOS
Art. 15. Caberá ao Ministério do Meio Ambiente a coordenação
do Programa de que trata este Capítulo. DECRETO Nº 10.936, DE 12 DE JANEIRO DE 2022
Parágrafo único. As despesas com a execução das atividades do
programa e suas ações correrão à conta das dotações orçamentá- Regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que
rias consignadas anualmente no orçamento do Ministério do Meio institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Ambiente.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe
CAPÍTULO IV confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e
DISPOSIÇÕES FINAIS tendo em vista o disposto na Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010
DECRETA
Art. 16. Para os fins do disposto no inciso III do § 6º do art. 66
da Lei nº 12.651, de 2012, consideram-se áreas prioritárias:
I - as áreas definidas pelo Ministério do Meio Ambiente, nos
termos do Decreto nº 5.092, de 21 de maio de 2004 ;

233
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
TÍTULO I I - será implantado pelo titular do serviço público de limpeza
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES urbana e de manejo de resíduos sólidos;
II - estabelecerá, no mínimo, a separação de resíduos secos e
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Política Nacional de Resí- orgânicos, de forma segregada dos rejeitos; e
duos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. III - será progressivamente estendido à separação dos resíduos
Parágrafo único. A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra secos em suas parcelas específicas.
a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com as diretri- § 2º Para fins do disposto neste artigo, os geradores de resídu-
zes nacionais para o saneamento básico e com a política federal de os sólidos deverão segregá-los e disponibilizá-los adequadamente,
saneamento básico, nos termos do disposto na Lei nº 11.445, de 5 na forma estabelecida pelo titular do serviço público de limpeza ur-
de janeiro de 2007. bana e de manejo de resíduos sólidos.
Art. 2º O disposto neste Decreto aplica-se às pessoas físicas ou Art. 9º Os titulares do serviço público de limpeza urbana e de
jurídicas, de direito público ou privado: manejo de resíduos sólidos, em sua área de abrangência, estabele-
I - responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resí- cerão os procedimentos para o acondicionamento adequado e para
duos sólidos; e a disponibilização dos resíduos sólidos objeto da coleta seletiva.
II - que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou Art. 10. O sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos priori-
ao gerenciamento de resíduos sólidos. zará a participação de cooperativas ou de outras formas de associa-
ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis constituídas
TÍTULO II por pessoas físicas de baixa renda.
DAS RESPONSABILIDADES DOS GERADORES DE RESÍDUOS Art. 11.  A coleta seletiva será implementada sem prejuízo da
SÓLIDOS E DO PODER PÚBLICO implementação e operacionalização de sistemas de logística rever-
sa.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO III
DA LOGÍSTICA REVERSA
Art. 3º Os fabricantes, os importadores, os distribuidores, os
comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos SEÇÃO I
de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsá- DO PROGRAMA NACIONAL DE LOGÍSTICA REVERSA
veis pelo ciclo de vida dos produtos.
Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada será imple- Art. 12. Fica instituído o Programa Nacional de Logística Rever-
mentada de forma individualizada e encadeada. sa, integrado ao Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão
Art. 4º Na hipótese de haver sistema de coleta seletiva estabe- dos Resíduos Sólidos - Sinir e ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos
lecida pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos - Planares.
ou sistema de logística reversa a que se refere o art. 18, o consumi- § 1º O Programa Nacional de Logística Reversa é instrumento
dor deverá: de coordenação e de integração dos sistemas de logística reversa e
I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os re- tem como objetivos:
síduos sólidos gerados; e I - otimizar a implementação e a operacionalização da infraes-
II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizá- trutura física e logística;
veis e recicláveis para coleta ou para devolução. II - proporcionar ganhos de escala; e
Art. 5º O disposto no art. 4º não isenta o consumidor de obser- III - possibilitar a sinergia entre os sistemas.
var as regras previstas na legislação do titular do serviço público de § 2º O Programa Nacional de Logística Reversa será coordena-
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos referentes: do pelo Ministério do Meio Ambiente.
I - ao acondicionamento; § 3º Ato do Ministério do Meio Ambiente estabelecerá os crité-
II - à segregação; e rios e as diretrizes do Programa Nacional de Logística Reversa.
III - à destinação final dos resíduos. Art. 13. A logística reversa é instrumento de desenvolvimento
Art. 6º O Poder Público, o setor empresarial e a sociedade são econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, de proce-
responsáveis pela efetividade das ações destinadas a assegurar a dimentos e de meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição
observância à Política Nacional de Resíduos Sólidos e ao disposto dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,
na Lei nº 12.305, de 2010, e neste Decreto. em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou para outra destina-
Art. 7º O disposto no art. 32 da Lei nº 12.305, de 2010, não se ção final ambientalmente adequada.
aplica às embalagens de produtos destinados à exportação. Art. 14. Os fabricantes, os importadores, os distribuidores e os
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, o fabricante comerciantes dos produtos a que se referem os incisos II, III, V e VI
atenderá às exigências do país importador. do caput do art. 33 da Lei nº 12.305, de 2010, e dos produtos e das
embalagens de que tratam os incisos I e IV do caput e o § 1º do art.
CAPÍTULO II 33 da referida Lei deverão:
DA COLETA SELETIVA I - estruturar, implementar e operar os sistemas de logística re-
versa, por meio do retorno dos produtos e das embalagens após o
Art. 8º A coleta seletiva será realizada em conformidade com as uso pelo consumidor; e
determinações dos titulares do serviço público de limpeza urbana e II - assegurar a sustentabilidade econômico-financeira da logís-
de manejo de resíduos sólidos, por meio da segregação prévia dos tica reversa.
referidos resíduos, de acordo com sua constituição ou sua compo- § 1º Para fins do disposto no caput, os fabricantes, os importa-
sição. dores, os distribuidores e os comerciantes ficam responsáveis pela
§ 1º O sistema de coleta seletiva, de acordo com as metas esta- realização da logística reversa no limite da proporção dos produtos
belecidas nos planos de resíduos sólidos:

234
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
que colocarem no mercado interno, conforme metas progressivas, ma, estabelecidos pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e pe-
intermediárias e finais estabelecidas no instrumento que determi- los seus regulamentos, sem prejuízo do exercício das competências
nar a implementação da logística reversa. de outros órgãos e entidades públicos.
§ 2º Na implementação e na operacionalização do sistema de Art. 17. O sistema de logística reversa de agrotóxicos, seus resí-
logística reversa, poderão ser: duos e suas embalagens, observará o disposto em legislação espe-
I - adotados procedimentos de compra de produtos ou de em- cífica sobre a matéria.
balagens usadas; e
II - instituídos postos de entrega de resíduos reutilizáveis e re- SEÇÃO II
cicláveis. DOS INSTRUMENTOS E DA FORMA DE IMPLANTAÇÃO DA
§ 3º As cooperativas e as associações de catadores de materiais LOGÍSTICA REVERSA
recicláveis poderão integrar o sistema de logística reversa de que
trata o caput: Art. 18. Os sistemas de logística reversa serão implementados e
I - desde que sejam legalmente constituídas, cadastradas e ha- operacionalizados por meio dos seguintes instrumentos:
bilitadas, nos termos do disposto nos art. 40 e art. 42; e I - acordos setoriais;
II - por meio de instrumento legal firmado entre a cooperativa II - regulamentos editados pelo Poder Público; ou
ou a associação e as empresas ou entidades gestoras para presta- III - termos de compromisso.
ção dos serviços, na forma prevista na legislação. § 1º Os instrumentos de que trata o caput disporão, no míni-
§ 4º Na hipótese de a importação dos produtos de que trata mo, sobre:
este artigo ser realizada por terceiro, nas modalidades por conta I - definições; 
e ordem e por encomenda, na qual a mercadoria importada seja II - objeto;
repassada ao adquirente ou ao encomendante, conforme o caso, e III - estruturação da implementação do sistema de logística re-
este se configure como o real destinatário do produto, a estrutura- versa;
ção, a implementação e a operacionalização do sistema de logística IV - operacionalização do sistema de logística reversa e do seu
reversa de que trata o caput serão de responsabilidade do adquiren- plano operativo;
te ou do encomendante do produto, de acordo com a modalidade V - financiamento do sistema de logística reversa;
contratada, conforme estabelecido em regulamentos específicos. VI - governança para acompanhamento de performance;
§ 5º A empresa terceirizada contratada para efetuar a impor- VII - entidades gestoras;
tação deve apresentar, por meio eletrônico, ao órgão de controle a VIII - forma de participação dos consumidores no sistema de
cópia do contrato firmado entre as partes e do termo aditivo, quan- logística reversa;
do houver, que caracterize a vinculação da entrega das unidades IX - obrigações dos fabricantes, dos importadores, dos distri-
importadas à empresa contratante, com menção à responsabilida- buidores e dos comerciantes;
de do adquirente ou do encomendante pelo cumprimento da legis- X - planos de comunicação e de educação ambiental;
lação que trata do sistema de logística reversa. XI - objetivos, metas e cronograma;
§ 6º Na hipótese de inobservância ao disposto no § 5º, a em- XII - monitoramento e avaliação do sistema;
presa terceirizada contratada para efetuar a importação observará XIII - viabilidade técnica e econômica do sistema de logística
o disposto no caput quanto à estruturação, à implementação e à reversa; e
operacionalização do sistema de logística reversa. XIV - gestão de riscos e de resíduos perigosos.
§ 7º A empresa importadora terceirizada incluirá na declaração § 2º As propostas de acordo setorial e de termo de compromis-
de importação, para as autoridades competentes, a informação do so serão acompanhadas:
responsável por estruturar, implementar e operacionalizar o siste- I - dos atos constitutivos das entidades participantes e da rela-
ma de logística reversa do importador, conforme definido em con- ção dos associados de cada entidade, se for o caso;
trato, na forma prevista no § 4º. II - dos documentos comprobatórios de identificação e qualifi-
Art. 15. Os sistemas de logística reversa deverão ser integrados cação dos representantes e dos signatários da proposta e cópia dos
ao Sinir, no prazo de cento e oitenta dias, contado da data de publi- respectivos mandatos; e
cação deste Decreto. III - da cópia de estudos, de dados e de informações que emba-
§ 1º Fica instituído o manifesto de transporte de resíduos, do- sarem a proposta.
cumento autodeclaratório e válido no território nacional, emitido § 3º Os instrumentos de que trata o caput serão avaliados com,
pelo Sinir, para fins de fiscalização ambiental dos sistemas de logís- no mínimo, cento e oitenta dias de antecedência quanto ao prazo
tica reversa de que trata o art. 14. estabelecido no instrumento ou em termo aditivo correspondente.
§ 2º Além das informações sobre o transporte de resíduos, os Art. 19. Os instrumentos de que trata o art. 18 estabelecidos:
responsáveis pelos sistemas de logística reversa integrarão e man- I - em âmbito nacional prevalecem sobre os firmados em âmbi-
terão atualizadas as informações, entre outras solicitadas pelo Mi- to regional, distrital ou estadual; e
nistério do Meio Ambiente, sobre: II - em âmbito regional, distrital ou estadual prevalecem sobre
I - a localização de pontos de entrega voluntária; os firmados em âmbito municipal.
II - os pontos de consolidação; e Parágrafo único. Os instrumentos de que trata o art. 18 com
III - os resultados obtidos, consideradas as metas estabelecidas. menor abrangência geográfica:
§ 3º Ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente poderá de- I - não alteram as obrigações dos fabricantes, dos importado-
finir as normas e os critérios para atendimento ao disposto neste res, dos distribuidores e dos comerciantes na forma prevista no art.
artigo. 14; e
Art. 16. A fiscalização do cumprimento das obrigações previstas II - devem ser compatíveis com as normas previstas em acordos
em instrumentos de logística reversa caberá aos órgãos executores, setoriais, regulamentos e termos de compromisso estabelecidos
seccionais e locais do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisna- com maior abrangência geográfica.
Art. 20. Os sistemas de logística reversa serão estendidos, por
meio da utilização dos instrumentos previstos no art. 18, aos:

235
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
I - produtos comercializados em embalagens plásticas, metáli- II - submissão da proposta à consulta pública, pelo Ministério
cas ou de vidro; e do Meio Ambiente, pelo prazo de trinta dias, contado da data da
II - demais produtos e embalagens, considerados prioritaria- sua divulgação;
mente o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio III - oitiva dos órgãos federais com competências relacionadas à
ambiente dos resíduos gerados. matéria, após o encerramento da consulta pública, que deverão se
§ 1º  Ato do Ministério do Meio Ambiente definirá os produtos manifestar no prazo de trinta dias; e
e as embalagens a que se refere o caput. IV - consolidação e análise das manifestações dos órgãos fede-
§ 2º Para fins do disposto no § 1º, serão ouvidos previamente: rais com competências relacionadas à matéria a que se refere o in-
I - o Ministério da Saúde; ciso III e das contribuições recebidas por meio da consulta pública,
II - o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; pelo Ministério do Meio Ambiente, que poderá:
III - o Ministério da Economia; e a) ajustar e encaminhar a proposta de regulamento ao Presi-
IV - o Ministério do Desenvolvimento Regional. dente da República; ou
§ 3º Os órgãos a que se refere o § 2º terão o prazo de trinta dias b) determinar o arquivamento do processo, na hipótese de
para se manifestar, contado da data de envio de ofício pelo Ministé- concluir pela inviabilidade da proposta.
rio do Meio Ambiente por meio eletrônico. § 1º Os fabricantes, os importadores, os distribuidores e os co-
merciantes deverão apresentar, no prazo estabelecido para a reali-
SUBSEÇÃO I zação da consulta pública, estudo de viabilidade técnica e econômi-
DOS ACORDOS SETORIAIS ca do sistema de logística reversa objeto do regulamento, de forma
a contribuir para o aprimoramento da proposta.
Art. 21. Os acordos setoriais a que se refere o inciso I do caput § 2º O estudo de que trata o § 1º não vincula a decisão final do
do art. 18 são atos de natureza contratual, firmados entre o Poder Ministério do Meio Ambiente e a ausência de seu envio, no prazo
Público e os fabricantes, os importadores, os distribuidores ou os estabelecido, não obsta a continuidade do procedimento previsto
comerciantes, com vistas à implantação da responsabilidade com- no caput ou a edição do regulamento.
partilhada pelo ciclo de vida do produto.
Art. 22. A implementação ou o aprimoramento de sistema de SUBSEÇÃO III
logística reversa por meio de acordo setorial de âmbito nacional ob- DOS TERMOS DE COMPROMISSO
servará o seguinte procedimento:
I - apresentação de proposta formal pelos fabricantes, pelos Art. 25. O Poder Público poderá firmar os termos de compro-
importadores, pelos distribuidores ou pelos comerciantes dos pro- misso de que trata o inciso III do caput art. 18 com os fabricantes,
dutos e das embalagens a que se refere o art. 14, ao Ministério do os importadores, os distribuidores ou os comerciantes a que se re-
Meio Ambiente, com as informações estabelecidas no § 1º do art. fere o art. 14, com vistas ao estabelecimento de sistema de logística
18 e os documentos de que trata o § 2º do referido artigo; reversa:
II - submissão da proposta à consulta pública, pelo Ministério I - nas hipóteses em que não houver, na mesma área de abran-
do Meio Ambiente, pelo prazo de trinta dias, contado da data da gência, o acordo setorial ou o regulamento específico de que trata
sua divulgação; o art. 18, nos termos do disposto neste Decreto; ou
III - oitiva dos órgãos federais com competências relacionadas II - para o estabelecimento de compromissos e metas mais exi-
à matéria, após o encerramento da consulta pública de que trata o gentes do que aqueles previstos no acordo setorial ou no regula-
inciso II, que deverão se manifestar no prazo de trinta dias; e mento de que trata o art. 18.
IV - consolidação e análise das manifestações a que se refere o Art. 26. A implementação ou o aprimoramento de sistema de
inciso III e das contribuições recebidas por meio da consulta públi- logística reversa por meio de termo de compromisso de âmbito na-
ca, pelo Ministério do Meio Ambiente, que poderá: cional observará o seguinte procedimento:
a) aceitar a proposta, hipótese em que convidará os represen- I - apresentação de proposta formal pelos fabricantes, pelos
tantes do setor empresarial para assinatura do acordo setorial, com importadores, pelos distribuidores ou pelos comerciantes dos pro-
a publicação de seu extrato no Diário Oficial da União; dutos e das embalagens a que se refere o art. 14, ao Ministério do
b) solicitar aos representantes do setor empresarial a comple- Meio Ambiente, com as informações estabelecidas no § 1º do art.
mentação ou o ajuste da proposta de acordo setorial, com subse- 18 e os documentos de que trata o § 2º do referido artigo;
quente encaminhamento para a hipótese prevista na alínea “a” ou II - oitiva dos órgãos federais com competências relacionadas à
“c”; ou matéria, que deverão se manifestar no prazo de quinze dias; e
c) determinar o arquivamento do processo, quando não houver III - análise das manifestações a que se refere o inciso II, pelo
consenso na negociação do acordo. Ministério do Meio Ambiente, que poderá:
a) aceitar a proposta, hipótese em que convidará os represen-
SUBSEÇÃO II tantes do setor empresarial para assinatura do termo de compro-
DO REGULAMENTO misso, com a publicação de seu extrato no Diário Oficial da União;
b) solicitar aos representantes do setor empresarial a comple-
Art. 23.  A logística reversa poderá ser implementada ou apri- mentação ou o ajuste da proposta de termo de compromisso, com
morada diretamente por meio de regulamento editado pelo Poder subsequente encaminhamento para a hipótese prevista na alínea
Executivo. “a” ou “c”; ou
Art. 24. A implementação ou o aprimoramento de sistema de c) determinar o arquivamento do processo, quando não houver
logística reversa por meio de regulamento editado pelo Poder Exe- consenso na negociação do termo de compromisso.
cutivo federal observará o seguinte procedimento: Parágrafo único. Os sistemas de logística reversa estabelecidos
I - elaboração de proposta de regulamento pelo Ministério do por termo de compromisso não serão precedidos de consulta pú-
Meio Ambiente, com as informações estabelecidas no § 1º do art. blica.
18;

236
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SUBSEÇÃO IV art. 13 da referida Lei, será disciplinada, de forma específica, em
DA ISONOMIA ato conjunto dos Ministros de Estado do Meio Ambiente, de Minas
e Energia e do Desenvolvimento Regional.
Art. 27. Fica assegurada a isonomia na fiscalização e no cumpri- Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica ao apro-
mento das obrigações imputadas aos fabricantes, aos importado- veitamento energético dos gases gerados na biodigestão e na de-
res, aos distribuidores e aos comerciantes de produtos, de seus re- composição da matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos em
síduos e de suas embalagens sujeitos à logística reversa obrigatória. aterros sanitários.
Art. 28. Os fabricantes, os importadores, os distribuidores e Art. 32. Compete ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão
os comerciantes de produtos, de seus resíduos e de suas embala- integrada de resíduos sólidos gerados em seus territórios, sem pre-
gens aos quais se refere o caput do art. 33 da Lei nº 12.305, de 2 de juízo do exercício das competências de controle e de fiscalização
agosto de 2010, e de outros produtos, de seus resíduos ou de suas dos órgãos federais e estaduais do Sisnama, do Sistema Nacional
embalagens que sejam objeto de logística reversa na forma prevista de Vigilância Sanitária - SNVS e do Sistema Unificado de Atenção à
no § 1º do referido artigo, não signatários de acordo setorial ou Sanidade Agropecuária - Suasa e da responsabilidade do gerador
termo de compromisso firmado com a União deverão estruturar e pelo gerenciamento de resíduos, nos termos do disposto na Lei nº
implementar sistemas de logística reversa, consideradas as obriga- 12.305, de 2010.
ções imputáveis aos signatários e aos aderentes de acordo setorial Art. 33. Observado o disposto na Lei nº 12.305, de 2010, e nes-
ou ao termo de compromisso firmado com a União. te Decreto, compete aos Estados e ao Distrito Federal:
§ 1º As obrigações a que se refere o caput incluem os disposi- I - promover a integração da organização, do planejamento e
tivos referentes: da execução das funções públicas de interesse comum relacionadas
I - à operacionalização, aos prazos, às metas, aos controles e à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, aglome-
aos registros da operacionalização dos sistemas de logística reversa; rações urbanas e microrregiões, nos termos do disposto na lei com-
II - aos planos de comunicação, às avaliações e ao monitora- plementar a que se refere o § 3º do art. 25 da Constituição;
mento dos sistemas de logística reversa; e II - controlar e fiscalizar as atividades dos geradores de resíduos
III - às penalidades e às obrigações específicas imputáveis aos sólidos sujeitas a licenciamento ambiental pelo órgão estadual ou
fabricantes, aos importadores, aos distribuidores e aos comercian- distrital do Sisnama; e
tes. III - incentivar a regionalização dos serviços de limpeza urbana
§ 2º Eventual revisão dos termos e das condições previstos em e de manejo de resíduos sólidos, por meio de consórcios públicos e
acordo setorial ou em termo de compromisso firmado com a União, arranjos de prestação regionalizada, nos termos do disposto no in-
consubstanciada em termos aditivos e que altere as obrigações de ciso VI do caput do art. 3º da Lei nº 11.445, de 2007, principalmente
que trata este artigo, será atendida pelos fabricantes, pelos impor- quanto à implantação de unidades regionalizadas, que atendam a
tadores, pelos distribuidores e pelos comerciantes a que se refere mais de um Município, para a destinação final ambientalmente ade-
o caput. quada de resíduos em seu território.
Art. 29. Na hipótese de descumprimento das obrigações previs- Art. 34. Os geradores de resíduos sólidos deverão adotar me-
tas em acordo setorial ou em termo de compromisso de que trata o didas que promovam a redução da geração dos resíduos, principal-
art. 18, inclusive daquelas decorrentes do disposto no art. 28, serão mente dos resíduos perigosos, na forma prevista nos planos de resí-
aplicadas aos signatários, aos aderentes e aos não signatários as duos sólidos de que trata o art. 44 e a legislação aplicável.
penalidades previstas na legislação ambiental. Art. 35. Observará o estabelecido nas normas do Sisnama, do
SNVS e do Suasa o gerenciamento:
TÍTULO III I - de resíduos sólidos presumidamente veiculadores de agen-
DAS DIRETRIZES APLICÁVEIS À GESTÃO E AO tes etiológicos de doenças transmissíveis ou de pragas;
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS II - de resíduos de serviços de transporte gerados em portos,
em aeroportos e em passagens de fronteira; e
Art. 30. Na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos, será III - de material apreendido proveniente do exterior.
observada a seguinte ordem de prioridade:
I - não geração de resíduos sólidos; TÍTULO IV
II - redução de resíduos sólidos; DA PARTICIPAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS
III - reutilização de resíduos sólidos; RECICLÁVEIS E REUTILIZÁVEIS
IV - reciclagem de resíduos sólidos;
V - tratamento de resíduos sólidos; e Art. 36. O sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos priori-
VI - disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. zará a participação de cooperativas ou de outras formas de associa-
§ 1º A sustentabilidade econômico-financeira dos serviços de ção de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, constituí-
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos será assegurada das por pessoas físicas de baixa renda, com vistas:
por meio de instrumento de remuneração, com cobrança dos usu- I - à formalização da contratação;
ários, garantida a recuperação dos custos decorrentes da prestação II - ao empreendedorismo;
dos serviços essenciais e especializados. III - à inclusão social; e
§ 2º Na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos, serão IV - à emancipação econômica.
incentivados o desenvolvimento científico e tecnológico, a inovação Parágrafo único. A participação de cooperativas ou de outras
e o empreendedorismo, de forma a desenvolver a cadeia de valor formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e de
dos resíduos sólidos. recicláveis em sistemas de logística reversa observará o disposto no
Art. 31. A recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos § 3º do art. 14.
a que se refere o § 1º do art. 9º da Lei nº 12.305, de 2010, qualifi-
cados nos termos do disposto na alínea “c” do inciso I do caput do

237
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 37. Os planos municipais de gestão integrada de resíduos II - a impossibilidade de participação no Programa Coleta Se-
sólidos definirão programas e ações para a participação dos grupos letiva Cidadã, sem prejuízo da aplicação das sanções previstas na
interessados, em especial das cooperativas ou de outras formas de legislação.
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis cons- Art. 43. O Ministério do Meio Ambiente adotará as medidas
tituídas por pessoas físicas de baixa renda. complementares necessárias à execução do Programa Coleta Se-
Art. 38. As ações desenvolvidas pelas cooperativas ou por ou- letiva Cidadã, com vistas a fomentar a melhoria das condições de
tras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis trabalho, incluídas:
e recicláveis, no âmbito do gerenciamento de resíduos sólidos das I - a formalização da contratação;
atividades a que se refere o art. 20 da Lei nº 12.305, de 2010, de- II - as oportunidades de empreendedorismo; e
verão estar descritas, quando couber, nos planos de gerenciamento III - a inclusão social e a emancipação econômica dos catadores
de resíduos sólidos. de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Art. 39. As políticas públicas destinadas aos catadores de mate-
riais reutilizáveis e recicláveis deverão observar: TÍTULO V
I - a possibilidade de dispensa de licitação, nos termos do dis- DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS
posto no inciso XXVII do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de
junho de 1993, enquanto estiver em vigor, e na alínea “j” do inciso CAPÍTULO I
IV do caput do art. 75 da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, para DISPOSIÇÕES GERAIS
a contratação de cooperativas ou de associações de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis; Art. 44. São planos de resíduos sólidos:
II - quanto às cooperativas, o estímulo: I - o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
a) à capacitação; II - os planos estaduais e distrital de resíduos sólidos;
b) ao fortalecimento institucional; III - os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos
c) à formalização; e de resíduos sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações ur-
d) ao empreendedorismo; e banas;
III - a melhoria das condições de trabalho dos catadores de ma- IV - os planos intermunicipais de resíduos sólidos;
teriais reutilizáveis e recicláveis. V - os planos municipais de gestão integrada de resíduos sóli-
Parágrafo único. Para fins do disposto nos incisos II e III dos; e
do caput, poderão ser firmados contratos, convênios ou outros ins- VI - os planos de gerenciamento de resíduos sólidos.
trumentos congêneres com pessoas jurídicas de direito público ou Parágrafo único. Os planos de resíduos sólidos com menor
privado que atuem na criação e no desenvolvimento de cooperati- abrangência geográfica serão compatíveis com os planos com
vas ou de outras formas de associação de catadores de materiais maior abrangência geográfica, hipótese em que apresentarão, no
reutilizáveis e recicláveis, observada a legislação aplicável. que couber, a contribuição do recorte geográfico considerado para
Art. 40. Fica instituído o Programa Coleta Seletiva Cidadã, por o plano com maior abrangência geográfica, observada a precedên-
meio do qual os órgãos e as entidades da administração pública fe- cia estabelecida nos incisos I a V do caput.
deral, direta e indireta, deverão:
I - separar os resíduos reutilizáveis e recicláveis; e CAPÍTULO II
II - destinar resíduos reutilizáveis e recicláveis, prioritariamen- DOS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS ELABORADOS PELO
te, às associações e às cooperativas de catadores de materiais re- PODER PÚBLICO
cicláveis.
Parágrafo único. Estarão aptas a coletar os resíduos recicláveis SEÇÃO I
descartados pelos órgãos e pelas entidades da administração pú- DO PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
blica federal, direta e indireta, as associações e as cooperativas de
catadores de materiais recicláveis que: Art. 45. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos será elaborado
I - sejam formalmente constituídas por catadores de materiais pela União, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente,
reutilizáveis e recicláveis; vigerá por prazo indeterminado e terá horizonte de vinte anos.
II - possuam infraestrutura para realizar a triagem e a classifica- Parágrafo único. O plano de que trata o caput será atualizado a
ção dos resíduos recicláveis descartados; cada quatro anos.
III - apresentem o sistema de rateio entre os associados e os Art. 46. A elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos
cooperados; e considerará o conteúdo mínimo estabelecido no art. 15 da Lei nº
IV - estejam regularmente cadastradas e habilitadas no Sinir. 12.305, de 2010, e observará o seguinte procedimento:
Art. 41. Caberá aos órgãos e às entidades da administração pú- I - formulação e divulgação da proposta preliminar;
blica federal, direta e indireta, realizar os procedimentos necessá- II - submissão da proposta à consulta pública, pelo prazo de
rios para a seleção de associações e de cooperativas cadastradas no sessenta dias, contado da data da sua divulgação;
Sinir, observado o disposto na legislação, com vistas a firmar termo III - realização de uma audiência pública em cada Região do
de compromisso. País e uma audiência pública de âmbito nacional, no Distrito Fe-
Art. 42. As associações e as cooperativas de catadores de mate- deral, simultaneamente ao período de consulta pública referido no
riais recicláveis deverão realizar a destinação final ambientalmente inciso II;
adequada dos resíduos não reaproveitados para reutilização ou re- IV - oitiva:
ciclagem. a) do Ministério da Saúde;
Parágrafo único. A inobservância ao disposto no caput poderá b) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
acarretar: c) do Ministério da Economia;
I - a revogação da habilitação da associação e da cooperativa d) do Ministério de Minas e Energia;
no Sinir; e e) do Ministério do Desenvolvimento Regional; e
f) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações;

238
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
V - análise das contribuições recebidas por meio da consulta e § 2º Os planos municipais de gestão integrada de resíduos só-
das audiências públicas e das manifestações dos órgãos a que se lidos identificarão e indicarão medidas saneadoras para os passivos
refere o inciso IV pelo Ministério do Meio Ambiente; e ambientais originados, dentre outros, de:
VI - encaminhamento, pelo Ministro de Estado do Meio Am- I - áreas contaminadas, inclusive lixões e aterros controlados; e
biente, ao Presidente da República, da proposta de decreto que II - empreendimentos sujeitos à elaboração de planos de ge-
aprova o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. renciamento de resíduos sólidos, nos termos do disposto na Lei nº
Art. 47. Após a publicação do plano nacional de resíduos só- 12.305, de 2010.
lidos, o Ministério do Meio Ambiente encaminhará ao Conselho § 3º Os planos municipais de gestão integrada e os planos inter-
Nacional do Meio Ambiente - Conama o relatório anual sobre a im- municipais de resíduos sólidos deverão demonstrar o atendimento
plementação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. ao disposto nos art. 29 e art. 35 da Lei nº 11.445, de 2007, quanto à
Parágrafo único. Caberá ao Conama monitorar a execução do sustentabilidade econômico-financeira decorrente da prestação de
Plano Nacional de Resíduos Sólidos e sugerir os aperfeiçoamentos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos e aos
necessários, consideradas as informações do relatório a que se re- mecanismos de cobrança dos referidos serviços.
fere o caput. Art. 52. Os Municípios com população total inferior a vinte mil
Art. 48. Nos termos do disposto no art. 45, as atualizações do habitantes, apurada com base nos dados demográficos do censo
Plano Nacional de Resíduos Sólidos observarão o seguinte procedi- mais recente da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
mento: tística  - IBGE, poderão adotar planos municipais simplificados de
I - formulação e divulgação da proposta preliminar; gestão integrada de resíduos sólidos.
II - submissão da proposta à consulta pública, pelo prazo de § 1º Ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente definirá nor-
trinta dias, contado da data da sua divulgação; mas e critérios para atendimento ao disposto no caput.
III - realização de audiência pública de âmbito nacional, no Dis- § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos Municípios:
trito Federal, simultaneamente ao período de consulta pública a I - integrantes de áreas de especial interesse turístico;
que se refere o inciso II; II - inseridos na área de influência de empreendimentos ou de
IV - análise das contribuições recebidas por meio da consulta e atividades com impacto ambiental significativo de âmbito regional
da audiência pública pelo Ministério do Meio Ambiente; e ou nacional; ou
V - aprovação em ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente. III - cujo território abranja, total ou parcialmente, unidades de
conservação.
SEÇÃO II Art. 53. Os Municípios que optarem por soluções consorciadas
DOS PLANOS ESTADUAIS E DISTRITAL E DOS PLANOS intermunicipais para gestão de resíduos sólidos ficarão dispensados
REGIONAIS DE RESÍDUOS SÓLIDOS da elaboração do plano municipal de gestão integrada de resíduos
sólidos, desde que o plano intermunicipal observe o conteúdo mí-
Art. 49. Os planos estaduais de resíduos sólidos vigerão por nimo previsto no art. 19 da Lei nº 12.305, de 2010.
prazo indeterminado e terão horizonte de vinte anos. Art. 54. Os planos municipais de gestão integrada de resíduos
§ 1º Os planos de que trata o caput serão atualizados ou revis- sólidos e os planos intermunicipais de resíduos sólidos poderão ser
tos a cada quatro anos. elaborados por meio do Sinir, a partir de informações declaradas
§ 2º Os planos estaduais e distrital de resíduos sólidos abran- pelos responsáveis pela sua elaboração.
gerão o território do Estado ou do Distrito Federal e considerarão o
conteúdo mínimo estabelecido no art. 17 da Lei nº 12.305, de 2010. SEÇÃO IV
Art. 50. Além dos planos estaduais e distrital, os Estados e o DA RELAÇÃO ENTRE OS PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Distrito Federal poderão elaborar planos microrregionais de resí- E DOS PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO QUANTO AO
duos sólidos e planos de regiões metropolitanas ou aglomerações COMPONENTE DE LIMPEZA URBANA E DE MANEJO DE
urbanas. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
§ 1º Na elaboração e na implementação dos planos a que se re-
fere o caput, os Estados incentivarão a participação dos Municípios Art. 55. Os serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
que integram a microrregião, a região metropolitana ou a aglome- de resíduos sólidos urbanos, compostos pelas atividades a que se
ração urbana. refere a alínea “c” do inciso I do caput do art. 3º e o art. 7º da Lei nº
§ 2º O conteúdo dos planos a que se refere o caput será esta- 11.445, de 2007, serão prestados em conformidade com os planos
belecido em conjunto com os Municípios que integram a microrre- de saneamento básico previstos na referida Lei e no seu regulamen-
gião, a região metropolitana ou a aglomeração urbana, vedada a to.
exclusão ou a substituição de quaisquer das prerrogativas relativas Art. 56. Na hipótese dos serviços de que trata o art. 55, os pla-
aos Municípios. nos de resíduos sólidos serão compatíveis com os planos de sane-
amento básico previstos na Lei nº 11.445, de 2007, e no seu regu-
SEÇÃO III lamento
DOS PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE Parágrafo único. O componente de limpeza urbana e de ma-
RESÍDUOS SÓLIDOS nejo de resíduos sólidos urbanos dos planos municipais de gestão
integrada de resíduos sólidos poderá constar dos planos de sanea-
Art. 51. Os planos municipais de gestão integrada de resíduos mento básico previstos no art. 19 da Lei nº 11.445, de 2007, obser-
sólidos serão elaborados nos termos do disposto no art. 19 da Lei vado o conteúdo mínimo a que se refere o art. 19 da Lei nº 12.305,
nº 12.305, de 2010. de 2010, ou o disposto no art. 51 deste Decreto, conforme o caso.
§ 1º Os planos municipais de gestão integrada de resíduos só-
lidos serão atualizados ou revistos, prioritariamente, de forma con-
comitante à elaboração dos planos plurianuais municipais.

239
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO III Art. 62. Ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente poderá
DOS PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS dispor sobre a exigibilidade e o conteúdo do plano de gerenciamen-
to de resíduos sólidos relativo à atuação de cooperativas ou de ou-
SEÇÃO I tras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
DAS REGRAS APLICÁVEIS AOS PLANOS DE GERENCIAMENTO recicláveis.
DE RESÍDUOS SÓLIDOS
SEÇÃO III
Art. 57. Os empreendimentos sujeitos à elaboração de plano DOS PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
de gerenciamento de resíduos sólidos poderão optar pela apresen- RELATIVOS ÀS MICROEMPRESAS E ÀS EMPRESAS DE
tação do plano de forma coletiva e integrada, desde que: PEQUENO PORTE
I - estejam localizados no mesmo condomínio, Município, mi-
crorregião, região metropolitana ou aglomeração urbana; Art. 63. Ficam dispensadas de apresentar o plano de gerencia-
II - exerçam atividades características do mesmo setor produ- mento de resíduos sólidos as microempresas e as empresas de pe-
tivo; e queno porte a que se referem os incisos I e II do caput do art. 3º da
III - possuam mecanismos formalizados de governança coletiva Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que gerem
ou de cooperação em atividades de interesse comum. somente resíduos sólidos domiciliares ou, nos termos do disposto
Parágrafo único. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos no parágrafo único do art. 13 da Lei nº 12.305, de 2010, que gerem
apresentado na forma prevista no caput conterá a indicação indivi- resíduos sólidos equiparados aos resíduos sólidos domiciliares pelo
dualizada das atividades e dos resíduos sólidos gerados e as ações e Poder Público municipal até o volume de duzentos litros por empre-
as responsabilidades atribuídas a cada um dos geradores. endimento por dia.
Art. 58. Os responsáveis pelo plano de gerenciamento de re- § 1º O volume previsto no caput também será aplicado aos Mu-
síduos sólidos disponibilizarão ao órgão municipal competente, ao nicípios que não dispuserem de norma específica à equiparação de
órgão licenciador do Sisnama e às demais autoridades competen- que trata o parágrafo único do art. 13 da Lei nº 12.305, 2010.
tes, com periodicidade anual, informações completas e atualizadas § 2º Os geradores de resíduos sólidos de que trata a alínea “d”
sobre a implementação e a operacionalização do plano sob sua res- do inciso I do caput do art. 13 da Lei nº 12.305, de 2010, caracte-
ponsabilidade, por meio eletrônico, conforme as regras estabeleci- rizados como não perigosos podem ser equiparados aos resíduos
das pelo Ministério do Meio Ambiente. domiciliares pelo Poder Público municipal, em decorrência de sua
§ 1º O plano de gerenciamento de resíduos sólidos poderá ser natureza, sua composição ou seu volume.
gerado no Sinir a partir das informações declaradas pelos responsá- Art. 64. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos das mi-
veis pela sua elaboração. croempresas e das empresas de pequeno porte, quando exigível,
§ 2º Ato do Ministro de Estado do Meio Ambiente poderá defi- poderá constar do plano de gerenciamento de empresas com as
nir normas e critérios para atendimento ao disposto no caput. quais operem de forma integrada, desde que estejam localizadas
Art. 59. No processo de elaboração e execução do plano de ge- na área de abrangência da mesma autoridade de licenciamento
renciamento de resíduos sólidos, será assegurada a utilização dos ambiental.
subprodutos e resíduos de valor econômico não descartados, de Parágrafo único. Os planos de gerenciamento de resíduos sóli-
origem animal ou vegetal, a que se referem a Lei nº 8.171, de 17 dos apresentados na forma prevista no caput conterão a indicação
de janeiro de 1991, e a Lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000, como individualizada das atividades e dos resíduos sólidos gerados e as
insumos de cadeias produtivas. ações e as responsabilidades atribuídas a cada um dos empreen-
Parágrafo único. Serão assegurados o aproveitamento de bio- dimentos.
massa na produção de energia e o rerrefino de óleos lubrificantes Art. 65. Os planos de gerenciamento de resíduos sólidos das
usados, na forma prevista na legislação aplicável. microempresas e das empresas de pequeno porte poderão ser
apresentados por meio de formulário eletrônico simplificado dis-
SEÇÃO II ponível no Sinir, conforme estabelecido em ato do Ministério do
DO CONTEÚDO DOS PLANOS DE GERENCIAMENTO DE Meio Ambiente.
RESÍDUOS SÓLIDOS QUANTO À PARTICIPAÇÃO DAS Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se às microempre-
COOPERATIVAS E ÀS OUTRAS FORMAS DE ASSOCIAÇÃO DE sas e às empresas de pequeno porte não enquadradas no disposto
CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS no art. 63.
Art. 66. O disposto nesta Seção não se aplica às microempresas
Art. 60. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos dos em- e às empresas de pequeno porte geradoras de resíduos perigosos.
preendimentos a que se refere o art. 20 da Lei nº 12.305, de 2010, Parágrafo único. Para fins do disposto nesta Seção, não são
poderá prever a participação de cooperativas ou de associações de considerados geradores de resíduos perigosos aqueles que gera-
catadores de materiais recicláveis no gerenciamento dos resíduos rem, em peso, mais de noventa e cinco por cento de resíduos não
sólidos recicláveis ou reutilizáveis, quando: perigosos em relação ao total dos resíduos sólidos gerados.
I - houver cooperativas ou associações de catadores com capa- Art. 67. A dispensa ou a simplificação referente ao plano de
cidade técnica e operacional para gerenciar os resíduos sólidos; gerenciamento de resíduos sólidos não exime as microempresas e
II -  a contratação de cooperativas e de associações de catado- as empresas de pequeno porte de realizar a destinação final am-
res para o gerenciamento dos resíduos sólidos for economicamente bientalmente adequada dos resíduos sólidos gerados.
viável; e
III - não houver conflito com a segurança operacional do em-
preendimento.
Art. 61. Para fins do disposto no art. 60, o plano de gerencia-
mento de resíduos sólidos deverá especificar as atividades atribuí-
das às cooperativas e às associações, considerado o conteúdo míni-
mo de que trata o art. 21 da Lei nº 12.305, de 2010.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
TÍTULO VI I - obrigatoriamente, quando houver instalações devidamente
DOS RESÍDUOS PERIGOSOS licenciadas para recuperação energética a até cento e cinquenta
quilômetros de distância da fonte de geração dos resíduos; e
CAPÍTULO I II - preferencialmente, em condição distinta da estabelecida no
DISPOSIÇÕES GERAIS inciso I.
§ 1º Para fins do disposto no caput, consideram-se resíduos pe-
Art. 68. Para fins do disposto neste Decreto, consideram-se ge- rigosos com características de inflamabilidade, entre outros:
radores ou operadores de resíduos perigosos os empreendimentos I - borras oleosas;
ou as atividades: II - borras de processos petroquímicos;
I - cujo processo produtivo gere resíduos perigosos; III - borras de fundo de tanques de combustíveis e de produtos
II - cuja atividade envolva o comércio de produtos que possam inflamáveis;
gerar resíduos perigosos e cujo risco seja significativo, a critério do IV - elementos filtrantes de filtros de combustíveis e de lubri-
órgão ambiental; ficantes;
III - que prestem serviços que envolvam a operação com produ- V - solventes e borras de solventes;
tos que possam gerar resíduos perigosos e cujo risco seja significa- VI - borras de tintas à base de solventes;
tivo, a critério do órgão ambiental; VII - ceras que contenham solventes;
IV - que prestem serviços de coleta, transporte, transbordo, ar- VIII - panos, estopas, serragem, equipamentos de proteção
mazenamento, tratamento, destinação e disposição final de resídu- individual, elementos filtrantes e absorventes contaminados com
os ou rejeitos perigosos; ou óleos lubrificantes, solventes ou combustíveis, tais como álcool, ga-
V - que exerçam atividades classificadas como geradoras ou solina e óleo diesel;
como operadoras de resíduos perigosos em normas editadas pelos IX - lodo de caixa separadora de óleo com mais de cinco por
órgãos do Sisnama, do SNVS ou do Suasa. cento de hidrocarbonetos derivados de petróleo; e
Art. 69. As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigo- X - solo contaminado com combustíveis ou com um dos compo-
sos, em qualquer fase do seu gerenciamento, são obrigadas a ela- nentes a que se referem os incisos I a IX.
borar plano de gerenciamento de resíduos perigosos e submetê-lo § 2º O disposto no caput não se aplica às hipóteses em que o
ao órgão competente do Sisnama e, quando couber, do SNVS e do transporte para as instalações de recuperação energética seja con-
Suasa, observadas as exigências estabelecidas neste Decreto ou em siderado inviável pelo órgão ambiental competente.
normas técnicas específicas. Art. 73. O disposto no art. 72 não se aplica ao óleo lubrificante
Parágrafo único. O plano de gerenciamento de resíduos perigo- usado ou contaminado que será destinado à reciclagem por meio
sos poderá constar do plano de gerenciamento de resíduos sólidos. do processo de rerrefino, de acordo com as metas estabelecidas em
Art. 70. A instalação e o funcionamento de empreendimento ato do Poder Executivo.
ou de atividade que gere ou opere com resíduos perigosos somente § 1º A reciclagem a que se refere o caput poderá ser realizada,
podem ser autorizados ou licenciados pelas autoridades competen- a critério do órgão ambiental competente, por meio de outro pro-
tes se o responsável comprovar, no mínimo: cesso tecnológico com eficácia ambiental comprovada equivalente
I - capacidade técnica; ou superior ao rerrefino.
II - capacidade econômica; e § 2º O processamento do óleo lubrificante usado ou contami-
III - ter condições para prover os cuidados necessários ao ge- nado será admitido para a fabricação de produtos a serem consumi-
renciamento dos referidos resíduos.  dos exclusivamente pelos geradores industriais.
Parágrafo único. Para fins de comprovação das condições esta- § 3º Na hipótese de comprovação da inviabilidade das destina-
belecidas nos incisos I e II do caput, empreendimentos ou ativida- ções previstas no caput e no § 1º, junto ao órgão ambiental com-
des deverão: petente, qualquer outra utilização do óleo lubrificante usado ou
I  -  dispor de meios técnicos e operacionais adequados para contaminado dependerá de licenciamento ambiental.
o atendimento da respectiva etapa do processo de gerenciamento § 4º Os processos utilizados para a reciclagem do óleo lubrifi-
dos resíduos sob sua responsabilidade, observados as normas e os cante deverão estar licenciados pelo órgão ambiental competente.
outros critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente; e
II  - na hipótese de concessão ou de renovação do licenciamen- CAPÍTULO II
to ambiental, apresentar, resguardado o sigilo das informações: DO CADASTRO NACIONAL DE OPERADORES DE RESÍDUOS
a) as demonstrações financeiras do último exercício social; PERIGOSOS
b) a certidão negativa de falência; e
c) a estimativa de custos anuais para o gerenciamento dos re- Art. 74. As pessoas jurídicas que operam com resíduos perigo-
síduos perigosos. sos, em qualquer fase de seu gerenciamento, deverão se cadastrar
Art. 71. No licenciamento ambiental de empreendimentos ou no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos.
de atividades que operem com resíduos perigosos, o órgão licencia- Parágrafo único. As pessoas jurídicas de que trata o caput in-
dor do Sisnama poderá exigir a contratação de seguro de responsa- dicarão o responsável técnico pelo gerenciamento dos resíduos
bilidade civil por danos causados ao meio ambiente ou à saúde pú- perigosos, que deverá estar habilitado e cujos dados serão manti-
blica, observadas as regras sobre a cobertura e os limites máximos dos atualizados no Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos
de contratação estabelecidos pelo Conselho Nacional de Seguros Perigosos.
Privados. Art. 75. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
Parágrafo único. A aplicação do disposto no caput considerará sos Naturais Renováveis - Ibama será responsável por coordenar o
o porte e as características da empresa. Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos, que será
Art. 72. Observada a ordem de prioridade estabelecida no art. implantado de forma conjunta pelos órgãos federais, estaduais, dis-
9º da Lei nº 12.305, de 2010, e no art. 30 deste Decreto, os resíduos tritais e municipais competentes.
perigosos que apresentem características de inflamabilidade serão
destinados à recuperação energética:

241
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
§ 1º O Ibama adotará medidas com vistas a assegurar a dispo- Art. 81. Os dados, as informações, os relatórios, os estudos, os
nibilidade e a publicidade do cadastro a que se refere o caput aos inventários e os instrumentos equivalentes referentes à regulação
órgãos e às entidades interessados. ou à fiscalização dos serviços relacionados à gestão dos resíduos
§ 2º O Ibama promoverá a integração do Cadastro Nacional de sólidos e aos direitos e aos deveres dos usuários e dos operadores
Operadores de Resíduos Perigosos com o Cadastro Técnico Federal serão disponibilizados pelo Sinir em sítio eletrônico oficial.
de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recur- § 1º A publicidade das informações divulgadas por meio do
sos Ambientais e com o Sinir. Sinir observará o sigilo comercial, industrial, financeiro ou de qual-
Art. 76. Entre outras fontes, o Cadastro Nacional de Operado- quer outro tipo previsto na legislação.
res de Resíduos Perigosos será constituído com as informações: § 2º As pessoas físicas e jurídicas que fornecerem informações
I - dos planos de gerenciamento de resíduos perigosos; de caráter sigiloso aos órgãos e às entidades da administração pú-
II - do relatório específico anual do Cadastro Técnico Federal de blica deverão indicar essa circunstância, de forma expressa e fun-
Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos damentada, a fim de que seja resguardado o sigilo a que se refere
Ambientais; e o § 1º.
III - sobre a quantidade, a natureza e a destinação temporária
ou final dos resíduos sob responsabilidade da pessoa jurídica. TÍTULO VIII
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO DOS RESÍDUOS
TÍTULO VII SÓLIDOS
DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE A
GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Art. 82. A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos
é parte integrante da Política Nacional de Resíduos Sólidos e tem
Art. 77. O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos como objetivo o aprimoramento do conhecimento, dos valores, dos
Resíduos Sólidos - Sinir, instituído sob a coordenação e a articulação comportamentos e do estilo de vida relacionados com a gestão e
do Ministério do Meio Ambiente, tem como objetivos: com o gerenciamento ambientalmente adequado de resíduos só-
I - coletar e sistematizar os dados relativos à prestação dos ser- lidos.
viços públicos e privados de gestão e de gerenciamento de resíduos § 1º A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos ob-
sólidos, inclusive dos sistemas de logística reversa implementados; servará:
II - promover o ordenamento adequado para a geração, o ar- I - as diretrizes gerais estabelecidas na Lei nº 9.795, de 27 de
mazenamento, a sistematização, o compartilhamento, o acesso e a abril de 1999, e no Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002; e
disseminação dos dados e das informações de que trata o inciso I; II - as regras específicas estabelecidas na Lei nº 12.305, de
III - classificar os dados e as informações, de acordo com sua 2010, e neste Decreto.
importância e sua confidencialidade, em conformidade com o dis- §  2º O Poder Público adotará as seguintes medidas, entre ou-
posto na legislação; tras, com vistas ao cumprimento do objetivo de que trata o caput:
IV - disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações I - incentivar atividades de caráter educativo e pedagógico, em
relevantes, com vistas à caracterização da demanda e da oferta de colaboração com entidades do setor empresarial e da sociedade
serviços de gestão e de gerenciamento de resíduos sólidos; civil;
V - permitir e facilitar o monitoramento, a fiscalização e a ava- II - promover a articulação da educação ambiental na gestão
liação da eficiência da gestão e do gerenciamento de resíduos sóli- de resíduos sólidos com a Política Nacional de Educação Ambiental,
dos nos diversos níveis, inclusive nos sistemas de logística reversa instituída pela Lei nº 9.795, de 1999;
implementados; III - realizar ações educativas destinadas aos fabricantes, aos
VI - possibilitar a avaliação dos resultados e o acompanhamen- importadores, aos comerciantes e aos distribuidores, com enfoque
to das metas dos planos e das ações de gestão e de gerenciamento diferenciado para os agentes envolvidos direta e indiretamente com
de resíduos sólidos nos diversos níveis, inclusive dos sistemas de os sistemas de coleta seletiva e de logística reversa;
logística reversa implantados; IV - desenvolver ações educativas destinadas à conscientização
VII - informar a sociedade sobre as atividades realizadas no dos consumidores quanto ao consumo sustentável e às suas res-
âmbito da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos; ponsabilidades, no âmbito da responsabilidade compartilhada de
VIII - disponibilizar periodicamente à sociedade o diagnóstico que trata a Lei nº 12.305, de 2010;
da situação dos resíduos sólidos no País, por meio do inventário V - promover a capacitação dos gestores públicos para que
nacional de resíduos sólidos; e atuem como multiplicadores nos diversos aspectos da gestão inte-
IX - agregar as informações sob a esfera de competência da grada de resíduos sólidos; e
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios sobre a VI - divulgar os conceitos relacionados com:
gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos. a) a coleta seletiva;
Art. 78. O Sinir conterá informações publicamente disponibili- b) a logística reversa;
zadas em outras bases de dados oficiais que possam contribuir para c) o consumo consciente; e
a melhoria da gestão e do gerenciamento ambientalmente adequa- d) a minimização da geração de resíduos sólidos.
do de resíduos sólidos. § 3º As ações de educação ambiental estabelecidas neste arti-
Art. 79. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponi- go não excluem as responsabilidades dos fornecedores quanto ao
bilizarão anualmente ao Sinir as informações necessárias sobre os dever de informar o consumidor sobre o cumprimento dos sistemas
resíduos sólidos em seu âmbito de competência. de logística reversa e coleta seletiva instituídos.
Art. 80. Os planos de gestão de resíduos sólidos de que trata
o art. 44 serão disponibilizados pelos seus responsáveis no Sinir e
ficarão disponíveis para acesso público.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
TÍTULO IX II  -  atividades relacionadas à gestão e ao gerenciamento de
DAS CONDIÇÕES DE ACESSO A RECURSOS resíduos sólidos, incluídas:
a) triagem mecanizada;
Art. 83. A elaboração dos planos de resíduos sólidos de que tra- b) reutilização;
tam o art. 44 deste Decreto e os art. 16 e art. 18 da Lei nº 12.305, c) reciclagem;
de 2010, é condição para que os Estados, o Distrito Federal e os d) compostagem;
Municípios tenham acesso a recursos da União ou por ela contro- e) recuperação e aproveitamento energético;
lados destinados: f) tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente
I - aos empreendimentos e aos serviços relacionados à gestão adequada de rejeitos; e
de resíduos sólidos; ou g) atividades de inovação e desenvolvimento;
II - à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos. III  -  projetos de investimentos em gestão e gerenciamento de
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se ao recebimento de bene- resíduos sólidos; e
fícios por incentivos ou por financiamentos de entidades federais IV - recuperação de áreas contaminadas por atividades relacio-
de crédito ou de fomento. nadas à disposição inadequada de resíduos sólidos.
§ 2º O acesso aos recursos de que trata o caput fica condiciona-
do à comprovação da regularidade fiscal perante a União. TÍTULO XI
§ 3º Quando destinados à gestão de resíduos sólidos urbanos, DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
a alocação de recursos públicos federais e os financiamentos com
recursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos Art. 87. Na hipótese de haver, na data de publicação deste De-
ou entidades da União serão feitos nos termos do disposto na Lei creto, sistema de logística reversa com o procedimento a que se
nº 11.445, de 2007, na Lei nº 14.026, de 2020, e nos seus regula- refere o art. 24 em andamento, o prazo de que trata o § 1º do refe-
mentos. rido artigo será de trinta dias, contado da data de publicação deste
Art. 84. A disponibilização de informações atualizadas no Sinir Decreto.
é condição para que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, aplica-se o dis-
tenham acesso a recursos da União, ou por ela controlados, desti- posto no § 2º do art. 24.
nados a empreendimentos, equipamentos e serviços relacionados
à gestão de resíduos sólidos. TÍTULO XII
Parágrafo único. A situação de regularidade em relação ao dis- DISPOSIÇÕES FINAIS
posto no caput poderá ser verificada a partir de relatório gerado
automaticamente pelo Sinir e considerará a conformidade dos Esta- Art. 88. Para fins do disposto no inciso I do caput do art. 47
dos, do Distrito Federal e dos Municípios quanto ao ciclo de decla- da Lei nº 12.305, de 2010, o deslocamento de material do leito de
ração mais recente, observados os prazos estabelecidos em ato do corpos d’água por meio de dragagem:
Ministério do Meio Ambiente. I - não será considerado lançamento; e
II - será objeto de licenciamento ou de autorização do órgão
TÍTULO X ambiental competente.
DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS Art. 89. Na hipótese de decretação de emergência sanitária, a
queima de resíduos poderá ser realizada a céu aberto.
Art. 85. As iniciativas a que se refere o art. 42 da Lei nº 12.305, Parágrafo único. A queima de resíduos de que trata o caput de-
de 2010, serão fomentadas por meio das seguintes medidas: verá ser e autorizada e acompanhada pelos órgãos competentes do
I - incentivos fiscais, financeiros e creditícios; Sisnama, do SNVS e, quando couber, do Suasa.
II - cessão de terrenos públicos; Art. 90. O Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008, passa a
III - destinação dos resíduos recicláveis descartados pelos ór- vigorar com as seguintes alterações:
gãos e pelas entidades da administração pública federal às asso- “Art. 62. .....................................................................................
ciações e às cooperativas dos catadores de materiais reutilizáveis e .................
recicláveis, nos termos do disposto nos art. 40 a art. 42; ....................................................................................................
IV - subvenções econômicas; .................
V - estabelecimento de critérios, metas e outros dispositivos IX - lançar resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou em
complementares de sustentabilidade ambiental para as aquisições quaisquer recursos hídricos;
e contratações públicas; X - lançar resíduos sólidos ou rejeitos in natura a céu aberto,
VI - pagamento por serviços ambientais, na forma prevista na excetuados os resíduos de mineração, ou depositá-los em unidades
legislação; e inadequadas, não licenciadas para a atividade;
VII - apoio à elaboração de projetos no âmbito de mecanismos XI - queimar resíduos sólidos ou rejeitos a céu aberto ou em
decorrentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu- recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para a ati-
dança do Clima, promulgada pelo Decreto nº 2.652, de 1º de julho vidade;
de 1998. XII - descumprir obrigação prevista no sistema de logística re-
Parágrafo único. O Poder Público poderá estabelecer outras versa implementado nos termos do disposto na Lei nº 12.305, de
medidas indutoras além daquelas previstas no caput. 2010, em conformidade com as responsabilidades específicas esta-
Art. 86. As instituições financeiras federais poderão criar linhas belecidas para o referido sistema;
especiais de financiamento para: XIII - deixar de segregar resíduos sólidos na forma estabelecida
I  - aquisição de máquinas e equipamentos utilizados na ges- para a coleta seletiva, quando a referida coleta for instituída pelo
tão de resíduos sólidos, realizada por cooperativas ou por outras titular do serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e re- sólidos;
cicláveis;

243
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XIV - destinar resíduos sólidos urbanos à recuperação energéti- Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avalia-
ca em desconformidade com o disposto no § 1º do art. 9º da Lei nº ção de impacto ambiental
12.305, de 2010, e no seu regulamento;
XV - deixar de atualizar e disponibilizar ao órgão municipal O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA,
competente e a outras autoridades informações completas sobre no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do Decreto nº
a execução das ações do sistema de logística reversa sobre sua res- 88.351, de 1º de junho de 1983, 156para efetivo exercício das res-
ponsabilidade ponsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo de-
XVI -  deixar de atualizar e disponibilizar ao órgão municipal creto, e
competente, ao órgão licenciador do Sisnama e a outras autorida- Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições,
des informações completas sobre a implementação e a operacio- as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para
nalização do plano de gerenciamento de resíduos sólidos sob a sua uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um
responsabilidade; e dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, resolve:
XVII - deixar de cumprir as regras sobre registro, gerenciamen- Art. 1o Para efeito desta Resolução, considera-se impacto am-
to e informação de que trata o § 2º do art. 39 da Lei nº 12.305, de biental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e bio-
2010. lógicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria
§ 1º As multas de que tratam os incisos I a XI do caput serão ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indi-
aplicadas após laudo de constatação. retamente, afetam:
§ 2º Os consumidores que descumprirem as obrigações pre- I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
vistas nos sistemas de logística reversa e de coleta seletiva ficarão II - as atividades sociais e econômicas;
sujeitos à penalidade de advertência. III - a biota;
§ 3º Na hipótese de reincidência no cometimento da infração IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
prevista no § 2º, poderá ser aplicada a penalidade de multa no valor V - a qualidade dos recursos ambientais.
de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais). Art. 2o Dependerá de elaboração de estudo de impacto am-
§ 4º A multa a que se refere o § 3º poderá ser convertida em biental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e da Secre-
meio ambiente. taria Especial do Meio Ambiente - SEMA157 em caráter supletivo, o
§ 5º Não estão compreendidas na infração de que trata o inciso licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais
IX do caput as atividades de deslocamento de material do leito de como:
corpos d’água por meio de dragagem, devidamente licenciado ou I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
aprovado. II - Ferrovias;
§ 6º As bacias de decantação de resíduos ou rejeitos industriais III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos quími-
ou de mineração, devidamente licenciadas pelo órgão competente cos;
do Sisnama, não serão consideradas corpos hídricos para fins do IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do
disposto no inciso IX do caput.” (NR) Decreto-Lei nº 32, de 18 de setembro de 1966158;
“Art. 71-A. Importar resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e
como resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio emissários de esgotos sanitários;
ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
para tratamento, reforma, reúso, reutilização ou recuperação: VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez como: barragem159 para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de sa-
milhões de reais).”(NR) neamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, dre-
Art. 91. Ficam revogados: nagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras
I - o Decreto nº 5.940, de 25 de outubro de 2006; e embocaduras, transposição de bacias, diques;
II - o Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo , xisto, carvão);
III - o Decreto nº 9.177, de 23 de outubro de 2017; e IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no
IV - o inciso IV do caput do art. 5º do Decreto nº 10.240, de 12 Código de Mineração;
de fevereiro de 2020. X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resídu-
Art. 92. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. os tóxicos ou perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fon-
Brasília, 12 de janeiro de 2022; 201º da Independência e 134º te de energia primária, acima de 10MW;
da República. XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petro-
químicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha,
extração e cultivo de recursos hídricos hidróbios?)160;
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01, DE 23 DE JANEIRO XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
DE 1986. DISPÕE SOBRE CRITÉRIOS BÁSICOS E XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas
DIRETRIZES GERAIS PARA A AVALIAÇÃO DE IMPACTO acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas signifi ca-
AMBIENTAL tivas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista
ambiental;
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 1, DE 23 DE JANEIRO DE 1986 XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consi-
deradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos
Correlações: órgãos municipais e estaduais competentes estaduais ou munici-
· Alterada pela Resolução nº 11/86 (alterado o art. 2o) pais;
· Alterada pela Resolução no 5/87 (acrescentado o inciso XVIII) XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados
· Alterada pela Resolução nº 237/97 (revogados os art. 3o e ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por
7o) dia. (nova redação dada pela Resolução n° 11/86)

244
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de rios e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
1.000 ha. ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas signifi cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios so-
cativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ciais.
ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. (inciso acres- III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos,
centado pela Resolução n° 11/86) entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento
XVIII - Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimô- de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
nio espeleológico nacional. (inciso acrescentado pela Resolução n° IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monito-
5/87) ramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e
Art. 3o Dependerá de elaboração de estudo de impacto am- parâmetros a serem considerados.
biental e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação da Parágrafo único. Ao determinar a execução do estudo de im-
SEMA, o licenciamento de atividades que, por lei, seja de compe- pacto ambiental, o órgão estadual competente; ou a SEMA ou
tência federal. (Revogado pela Resolução n° 237/97) quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que
Art. 4o Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais se fi zerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e caracte-
do SISNAMA deverão compatibilizar os processos de licenciamento rísticas ambientais da área.
com as etapas de planejamento e implantação das atividades modi- Art. 7o (Revogado pela Resolução n° 237/97)
ficadoras do meio ambiente, respeitados os critérios e diretrizes es- Art. 8o Correrão por conta do proponente do projeto todas
tabelecidos por esta Resolução e tendo por base a natureza o porte as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto
e as peculiaridades de cada atividade. ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações,
Art. 5o O estudo de impacto ambiental, além de atender à le- trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos
gislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos im-
Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes dire- pactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cin-
trizes gerais: co) cópias.
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localiza- Art. 9o O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as
ção do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo:
do projeto; I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e com-
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambien- patibilidade com as políticas setoriais, planos e programas gover-
tais gerados nas fases de implantação e operação da atividade; namentais;
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indire- II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e
tamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de constru-
projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na ção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-
qual se localiza; -obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais,
lV - Considerar os planos e programas governamentais, pro- os prováveis efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os
postos e em implantação na área de influência do projeto, e sua empregos diretos e indiretos a serem gerados;
compatibilidade. III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos am-
Parágrafo único. Ao determinar a execução do estudo de im- biental da área de influência do projeto;
pacto ambiental o órgão estadual competente, ou a SEMA ou, no IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implan-
que couber ao Município 161, fi xará as diretrizes adicionais que, tação e operação da atividade, considerando o projeto, suas al-
pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da ternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e
área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua iden-
e análise dos estudos. tificação, quantificação e interpretação;
Art. 6o O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no míni- V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de
mo, as seguintes atividades técnicas: influência, comparando as diferentes situações da adoção do pro-
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto com- jeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não re-
pleta descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, alização;
tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras
área, antes da implantação do projeto, considerando: previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacan- que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado;
do os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos
os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as impactos;
correntes atmosféricas; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (con-
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a fl clusões e comentários de ordem geral).
ora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado de forma obje-
valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as tiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser tra-
áreas de preservação permanente; duzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, qua-
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos dros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo
da água e a sócioeconomia, destacando os sítios e monumentos que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto,
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de bem como todas as consequências ambientais de sua implemen-
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a tação.
potencial utilização futura desses recursos. Art. 10. O órgão estadual competente, ou a SEMA ou, quando
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas al- couber, o Município terá um prazo para se manifestar de forma con-
ternativas, através de identificação, previsão da magnitude e inter- clusiva sobre o RIMA apresentado.
pretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discri-
minando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos),
diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporá-

245
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. O prazo a que se refere o caput deste artigo Art. 1º A Audiência Pública referida no § 2º do art. 11 da Reso-
terá o seu termo inicial na data do recebimento pelo órgão estadual lução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986 e disciplinada pela
competente ou pela SEMA do estudo do impacto ambiental e seu Resolução CONAMA nº 9, de 3 de dezembro de 1987, poderá ser
respectivo RIMA. realizada de forma remota por meio da Rede Mundial de Compu-
Art. 11. Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e de- tadores (Internet), em caráter excepcional e temporário, enquanto
monstrando pelo interessado o RIMA será acessível ao público. estiver vigente o Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos cen- Art. 2º Fica mantida para a Audiência Pública Remota, o regra-
tros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do órgão estadual mento previsto na Resolução CONAMA nº 9, de 1987.
de controle ambiental correspondente, inclusive durante o período Parágrafo único. Não se aplica a esta Resolução o § 4º do art. 2º
de análise técnica. da Resolução CONAMA nº 9, de 1987.
§ 1o Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tive- Art. 3º O órgão ambiental competente definirá os procedimen-
rem relação direta com o projeto, receberão cópia do RIMA, para tos técnicos relativos à realização de Audiência Pública Virtual, de
conhecimento e manifestação. modo a garantir a efetiva participação dos interessados, conforme
§ 2o Ao determinar a execução do estudo de impacto ambien- previsto na legislação, devendo ser observados os seguintes passos:
tal e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou a I - ampla divulgação e disponibilização do conteúdo do produto
SEMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para em análise e do seu referido RIMA;
recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos II - viabilização, observada a segurança sanitária dos partici-
e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá pantes, de ao menos um ponto de acesso virtual aos diretamente
a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e impactados pelo empreendimento e, caso se faça necessário, de
seus impactos ambientais e discussão do RIMA. outros pontos, conforme a análise do caso pela autoridade licen-
Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- ciadora;
ção. III - Discussão do RIMA;
FLÁVIO PEIXOTO DA SILVEIRA - Presidente do Conselho IV - esclarecimento das dúvidas; e
V - recebimento dos participantes das críticas e sugestões.
ALTERAÇÃO DADA PELA RESOLUÇÃO Nº 494/2020 Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
ção.
RESOLUÇÃO Nº 494 DE 11 DE AGOSTO DE 2020

Correlação: RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, DE 19 DE DEZEMBRO DE


• Resoluções nºs 001/1986 e 009/1987 1997

Estabelece, em caráter excepcional e temporário, nos casos RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997
de licenciamento ambiental, a possibilidade de realização de au-
diência pública de forma remota, por meio da Rede Mundial de Correlações:
Computadores, durante o período da pandemia do Novo Corona- · Altera a Resolução no 1/86 (revoga os art. 3o e 7o)
vírus (COVID-19).
Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no e critérios utilizados para o licenciamento ambiental
uso das competências que lhe são conferidas pelo art. 8º, inciso
VI, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e pelo art. 2º, § 9º, e O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no
art. 3º da Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993, tendo em vista o uso das atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei
disposto em seu Regimento Interno, e nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº
Considerando a decisão da Organização Mundial da Saúde - 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu
OMS, no dia de 11 de março de 2020, de declarar como Pandemia a Regimento Interno, e
doença causada pelo Novo Coronavírus (COVID- 19); Considerando a necessidade de revisão dos procedimentos e
Considerando o estado de calamidade pública reconhecido ofi- critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar
cialmente no Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 06, de 20 a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de ges-
de março de 2020, que autoriza o Poder Público a adotar condutas tão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente;
temporárias e excepcionais, a fim de superar uma situação de crise; Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de
Considerando que a COVID-19 se espalha de forma rápida e fa- licenciamento ambiental os instrumentos de gestão ambiental, vi-
cilmente entre pessoas que estão em contato próximo, ou por meio sando o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua;
de tosses e dos espirros; Considerando as diretrizes estabelecidas na Resolução CONA-
Considerando que a situação excepcional demanda o emprego MA nº 11/94, que determina a necessidade de revisão no sistema
urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, de licenciamento ambiental;
danos e agravos à saúde pública, a fim de evitar a disseminação da Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos
doença no País; do licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de
Considerando o estado de quarentena vigente em grande parte Meio Ambiente que ainda não foram definidos;
do País, inclusive com o estabelecimento do teletrabalho para seto- Considerando a necessidade de ser estabelecido critério para
res não essenciais do serviço público; e exercício da competência para o licenciamento a que se refere o
Considerando, ainda, que uma das medidas recomendadas artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;
para prevenção e contenção do vírus é evitar aglomerações e redu- Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos ór-
zir o contato social, resolve: gãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNA-
MA na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, em confor-
midade com as respectivas competências, resolve:

246
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
definições: III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites
I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo territoriais do País ou de um ou mais Estados;
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, ins- IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, trans-
talação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades portar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer está-
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou poten- gio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas
cialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia
causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e Nuclear - CNEN;
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. V - bases ou empreendimentos militares, quando couber, ob-
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão am- servada a legislação específica.
biental competente, estabelece as condições, restrições e medidas § 1o O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo
de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empre- após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambien-
endedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar tais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou em-
e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos preendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação am- dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.
biental. § 2o O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos rela- delegar aos Estados o licenciamento de atividade com significativo
tivos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instala- impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando pos-
ção, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, sível, as exigências.
apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais Art. 5o Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito
como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e ativi-
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de ma- dades:
nejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou
de risco. em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito
IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto Federal;
ambiental que afete diretamente (área de influência direta do pro- II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas
jeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no
Art. 2o A localização, construção, instalação, ampliação, modifi artigo 2o da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas
cação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente polui- municipais;
doras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer for- III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites
ma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licen- territoriais de um ou mais Municípios;
ciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal,
licenças legalmente exigíveis. por instrumento legal ou convênio.
§ 1o Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendi- Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito
mentos e as atividades relacionadas no anexo 1, parte integrante Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após consi-
desta Resolução. derar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Mu-
§ 2o Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios nicípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem
de exigibilidade, o detalhamento e a complementação do anexo 1, como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes
levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envol-
o porte e outras características do empreendimento ou atividade. vidos no procedimento de licenciamento.
Art. 3o A licença ambiental para empreendimentos e ativida- Art. 6o Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os
des consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de signifi- órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal,
cativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e
ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem de-
(EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de legadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.
audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamen- Art. 7o Os empreendimentos e atividades serão licenciados em
tação. um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando anteriores.
que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causa- Art. 8o O Poder Público, no exercício de sua competência de
dor de significativa degradação do meio ambiente, definirá os es- controle, expedirá as seguintes licenças:
tudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licencia- I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planeja-
mento. mento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização
Art. 4o Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNA- requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
MA, o licenciamento ambiental a que se refere o artigo 10 da Lei nº fases de sua implementação;
6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreen-
com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regio- dimento ou atividade de acordo com as especificações constantes
nal, a saber: dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem
país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona motivo determinante;
econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de con-
servação do domínio da União.

247
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade Art. 12. O órgão ambiental competente definirá, se necessário,
ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas
que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle am- a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empre-
biental e condicionantes determinados para a operação. endimento e, ainda, a compatibilização do processo de licencia-
Parágrafo único. As licenças ambientais poderão ser expedidas mento com as etapas de planejamento, implantação e operação.
isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, característi- § 1o Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados
cas e fase do empreendimento ou atividade. para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de
Art. 9o O CONAMA definirá, quando necessário, licenças impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos
ambientais específicas, observadas a natureza, características e Conselhos de Meio Ambiente.
peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a com- § 2o Poderá ser admitido um único processo de licenciamento
patibilização do processo de licenciamento com as etapas de plane- ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares
jamento, implantação e operação. e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimen-
Art. 10. O procedimento de licenciamento ambiental obedece- to aprovados, previamente, pelo órgão governamental competen-
rá às seguintes etapas: te, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a partici- empreendimentos ou atividades.
pação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos am- § 3o Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplifi-
bientais, necessários ao início do processo de licenciamento corres- car os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e
pondente à licença a ser requerida; empreendimentos que implementem planos e programas voluntá-
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, rios de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimo-
acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais per- ramento do desempenho ambiental.
tinentes, dando-se a devida publicidade; Art. 13. O custo de análise para a obtenção da licença ambien-
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do tal deverá ser estabelecido por dispositivo legal, visando o ressar-
SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apre- cimento, pelo empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão
sentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; ambiental competente.
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo ór- Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedor acesso à pla-
gão ambiental competente integrante do SISNAMA, uma única vez, nilha de custos realizados pelo órgão ambiental para a análise da
em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos am- licença.
bientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração Art. 14. O órgão ambiental competente poderá estabelecer
da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença
não tenham sido satisfatórios; (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empre-
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regula- endimento, bem como para a formulação de exigências comple-
mentação pertinente; mentares, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento
órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/
quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses.
esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; § 1o A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, suspensa durante a elaboração dos estudos ambientais comple-
parecer jurídico; mentares ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor.
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dan- § 2o Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados,
do-se a devida publicidade. desde que justificados e com a concordância do empreendedor e
§ 1o No procedimento de licenciamento ambiental deve- do órgão ambiental competente.
rá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, Art. 15. O empreendedor deverá atender à solicitação de escla-
declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade recimentos e complementações, formuladas pelo órgão ambiental
estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupa- competente, dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar
ção do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de do recebimento da respectiva notificação
vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos Parágrafo único. O prazo estipulado no caput poderá ser pror-
competentes. rogado, desde que justificado e com a concordância do empreende-
§ 2o No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao dor e do órgão ambiental competente.
estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de Art. 16. O não cumprimento dos prazos estipulados nos artigos
nova complementação em decorrência de esclarecimentos já pres- 14 e 15, respectivamente, sujeitará o licenciamento à ação do órgão
tados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, me- que detenha competência para atuar supletivamente e o empreen-
diante decisão motivada e com a participação do empreendedor, dedor ao arquivamento de seu pedido de licença.
poderá formular novo pedido de complementação. Art. 17. O arquivamento do processo de licenciamento não im-
Art. 11. Os estudos necessários ao processo de licenciamento pedirá a apresentação de novo requerimento de licença, que de-
deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às verá obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, me-
expensas do empreendedor. diante novo pagamento de custo de análise.
Parágrafo único. O empreendedor e os profissionais que subs- Art. 18. O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos
crevem os estudos previstos no caput deste artigo serão respon- de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo
sáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
administrativas, civis e penais. I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no
mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos,
programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade,
não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

248
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá Indústria de produtos minerais não metálicos
ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do - beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à
empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) extração
anos. - fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá tais como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto
considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 e vidro, entre outros.
(quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.
§ 1o A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão Indústria metalúrgica
ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem - fabricação de aço e de produtos siderúrgicos
os prazos máximos estabelecidos nos incisos I e II. - produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames /
§ 2o O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive gal-
de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empre- vanoplastia
endimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, - metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e
estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos infe- secundárias, inclusive ouro
riores. - produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferro-
§ 3o Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma ativi- sos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
dade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, - relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas
mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de - produção de soldas e anodos
validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou - metalurgia de metais preciosos
empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os - metalurgia do pó, inclusive peças moldadas
limites estabelecidos no inciso III. - fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de
§ 4o A renovação da Licença de Operação (LO) de uma ativi- superfície, inclusive galvanoplastia
dade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência - fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos
mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de va- com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
lidade, fixado na respectiva licença, fi cando este automaticamente - têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, trata-
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental com- mento de superfície
petente.
Art. 19. O órgão ambiental competente, mediante decisão mo- Indústria mecânica
tivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de con- - fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessó-
trole e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, rios com e sem tratamento térmico e/ou de superfície
quando ocorrer:
I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações
normas legais; - fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores
II - omissão ou falsa descrição de informações relevantes que - fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos
subsidiaram a expedição da licença; para telecomunicação e informática
III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. - fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos
Art. 20. Os entes federados, para exercerem suas competên-
cias licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Indústria de material de transporte
Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, - fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários,
ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais peças e acessórios
legalmente habilitados. - fabricação e montagem de aeronaves
Art. 21. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi- - fabricação e reparo de embarcações e estruturas fl utuantes
cação, aplicando seus efeitos aos processos de licenciamento em
tramitação nos órgãos ambientais competentes, revogadas as dis- Indústria de madeira
posições em contrário, em especial os artigos 3o e 7o da Resolução - serraria e desdobramento de madeira
CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986. - preservação de madeira
- fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensa-
GUSTAVO KRAUSE GONÇALVES SOBRINHO - Presidente do Con- da e compensada
selho - fabricação de estruturas de madeira e de móveis
RAIMUNDO DEUSDARÁ FILHO - Secretário-Executivo
Indústria de papel e celulose
ANEXO 1 - fabricação de celulose e pasta mecânica
ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOS SUJEITOS AO LICENCIA- - fabricação de papel e papelão
MENTO AMBIENTAL - fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e
fibra prensada
Extração e tratamento de minerais
- pesquisa mineral com guia de utilização Indústria de borracha
- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem benefi - beneficiamento de borracha natural
ciamento - fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento
- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento de pneumáticos
- lavra garimpeira - fabricação de laminados e fi os de borracha
- perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural - fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma
de borracha , inclusive látex

249
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Indústria de couros e peles - fabricação de bebidas alcoólicas
- secagem e salga de couros e peles
- curtimento e outras preparações de couros e peles Indústria de fumo
- fabricação de artefatos diversos de couros e peles - fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras ativida-
- fabricação de cola animal des de beneficiamento do fumo

Indústria química Indústrias diversas


- produção de substâncias e fabricação de produtos químicos - usinas de produção de concreto
- fabricação de produtos derivados do processamento de pe- - usinas de asfalto
tróleo , de rochas betuminosas e da madeira - serviços de galvanoplastia
- fabricação de combustíveis não derivados de petróleo
- produção de óleos /gorduras/ceras vegetais-animais/óleos Obras civis
essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira - rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos
- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e - barragens e diques
de borracha e látex sintéticos - canais para drenagem
- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para - retificação de curso de água
caça-desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos - abertura de barras, embocaduras e canais
- recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e - transposição de bacias hidrográficas
animais - outras obras de arte
- fabricação de concentrados aromáticos naturais, artifi ciais e
sintéticos Serviços de utilidade
- fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfe- - produção de energia termoelétrica
tantes, inseticidas, germicidas e fungicidas -transmissão de energia elétrica
- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes, impermeabili- - estações de tratamento de água
zantes, solventes e secantes - interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de
- fabricação de fertilizantes e agroquímicos esgoto sanitário
- fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários - tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e
- fabricação de sabões, detergentes e velas sólidos )
- fabricação de perfumarias e cosméticos - tratamento/ disposição de resíduos especiais tais como: de
- produção de álcool etílico, metanol e similares agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, en-
tre outros
Indústria de produtos de matéria plástica - tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusi-
- fabricação de laminados plásticos ve aqueles provenientes de fossas
- fabricação de artefatos de material plástico - dragagem e derrocamentos em corpos d’água
- recuperação de áreas contaminadas ou degradadas
Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos
- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal Transporte, terminais e depósitos
e sintéticos - transporte de cargas perigosas
- fabricação e acabamento de fi os e tecidos - transporte por dutos
- tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do - marinas, portos e aeroportos
vestuário e artigos diversos de tecidos - terminais de minério, petróleo e derivados e produtos quí-
- fabricação de calçados e componentes para calçados micos
- depósitos de produtos químicos e produtos perigosos
Indústria de produtos alimentares e bebidas
- beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produ- Turismo
tos alimentares - complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e
- matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e deriva- autódromos
dos de origem animal
- fabricação de conservas Atividades diversas
- preparação de pescados e fabricação de conservas de pesca- - parcelamento do solo
dos - distrito e pólo industrial
- preparação, beneficiamento e industrialização de leite e de-
rivados Atividades agropecuárias
- fabricação e refinação de açúcar - projeto agrícola
- refino / preparação de óleo e gorduras vegetais - criação de animais
- produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal - projetos de assentamentos e de colonização
para alimentação
- fabricação de fermentos e leveduras Uso de recursos naturais
- fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados - silvicultura
para animais - exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos
- fabricação de vinhos e vinagre florestais
- fabricação de cervejas, chopes e maltes - atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna
- fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafa- silvestre
mento e gaseificação de águas minerais - utilização do patrimônio genético natural

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
- manejo de recursos aquáticos vivos ficativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambien-
- introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modifi- tal competente, com fundamento em Estudos de Impacto Ambien-
cadas tal-EIA e Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, conforme o art. 36
- uso da diversidade biológica pela biotecnologia da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e no art. 31 do Decreto no
4.340, de 22 de agosto de 2002.
Art. 2o O órgão ambiental licenciador estabelecerá o grau de
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 371/2006, E ALTERAÇÕES impacto ambiental causado pela implantação de cada empreendi-
- ESTABELECE DIRETRIZES SOBRE O CÁLCULO, mento, fundamentado em base técnica específi ca que possa ava-
COBRANÇA, APLICAÇÃO, APROVAÇÃO E CONTROLE liar os impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais
DE GASTOS DE RECURSOS DA COMPENSAÇÃO identificados no processo de licenciamento, de acordo com o EIA/
AMBIENTAL RIMA, e respeitado o princípio da publicidade.
§ 1o Para estabelecimento do grau de impacto ambiental serão
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 371, DE 5 DE ABRIL DE 2006 considerados somente os impactos ambientais causados aos recur-
sos ambientais, nos termos do art. 2o , inciso IV da Lei no 9.985, de
Correlações: 2000, excluindo riscos da operação do empreendimento, não po-
· Revoga a Resolução no 2/96 dendo haver redundância de critérios.
§ 2o Para o cálculo do percentual, o órgão ambiental licencia-
Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, dor deverá elaborar instrumento específi co com base técnica, ob-
cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos servado o disposto no caput deste artigo.
advindos de compensação ambiental, conforme a Lei n° 9.985, de Art. 3o Para o cálculo da compensação ambiental serão consi-
18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades derados os custos totais previstos para implantação do empreendi-
de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras providências. mento e a metodologia de gradação de impacto ambiental definida
pelo órgão ambiental competente.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no § 1o Os investimentos destinados à melhoria da qualidade am-
uso de suas competências previstas na Lei no 6.938, de 31 de agos- biental e à mitigação dos impactos causados pelo empreendimento,
to de 1981, regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de julho exigidos pela legislação ambiental, integrarão os seus custos totais
de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, para efeito do cálculo da compensação ambiental.
anexo à Portaria no 168, de 10 de junho de 2005; § 2o Os investimentos destinados à elaboração e implementa-
Considerando que o art. 36 da Lei no 9.985, de 18 de julho de ção dos planos, programas e ações, não exigidos pela legislação am-
2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação biental, mas estabelecidos no processo de licenciamento ambiental
da Natureza-SNUC, determina que nos casos de licenciamento am- para mitigação e melhoria da qualidade ambiental, não integrarão
biental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, os custos totais para efeito do cálculo da compensação ambiental.
assim considerado pelo órgão ambiental competente, com funda- § 3o Os custos referidos no parágrafo anterior deverão ser
mento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório-EIA/ apresentados e justificados pelo empreendedor e aprovados pelo
RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manu- órgão ambiental licenciador.
tenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, Art. 4o Para efeito do cálculo da compensação ambiental, os
de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei; empreendedores deverão apresentar a previsão do custo total de
Considerando a necessidade de se estabelecer diretrizes gerais implantação do empreendimento antes da emissão da Licença de
que orientem os procedimentos para aplicação da compensação Instalação, garantidas as formas de sigilo previstas na legislação vi-
ambiental, segundo a ordem de prioridades estabelecida pelo art. gente.
33 do Decreto no 4.340, de 22 de agosto de 2002, pelos órgãos am- Art. 5o O percentual estabelecido para a compensação ambien-
bientais competentes, conferindo-lhes clareza e objetividade; tal de novos empreendimentos deverá ser definido no processo de
Considerando a necessidade de estabelecer princípios gerais licenciamento, quando da emissão da Licença Prévia, ou quando
para efeito de cálculo e aplicação dos recursos da compensação esta não for exigível, da Licença de Instalação.
ambiental que devem ser adotados pelos órgãos ambientais; Consi- § 1o Não será exigido o desembolso da compensação ambien-
derando o Princípio da Participação, consagrado pela Declaração do tal antes da emissão da Licença de Instalação.
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Princípio 10) e pela § 2o A fixação do montante da compensação ambiental e a ce-
Constituição Federal (art. 225); lebração do termo de compromisso correspondente deverão ocor-
Considerando que a compensação ambiental decorre da obri- rer no momento da emissão da Licença de Instalação.
gatoriedade de o empreendedor em apoiar a implantação e manu- § 3o O termo de compromisso referido no parágrafo anterior
tenção de unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral, deverá prever mecanismo de atualização dos valores dos desem-
conforme menciona a Lei no 9.985, de 2000, sendo que o montante bolsos.
de recursos a ser destinado para esta finalidade não pode ser infe- Art. 6o Nos casos de licenciamento ambiental para a amplia-
rior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação ção ou modificação de empreendimentos já licenciados, sujeitas25
do empreendimento; a EIA/RIMA, que impliquem em significativo impacto ambiental, a
Considerando que os empreendedores públicos e privados se compensação ambiental será definida com base nos custos da am-
submetem às mesmas exigências no que se refere à compensação pliação ou modificação.
ambiental; e Considerando que o CONAMA é o órgão consultivo e Art. 7o Para os empreendimentos que já efetivaram o apoio à
deliberativo do SNUC, conforme art. 6° da Lei n° 9.985, de 2000, implantação e manutenção de unidade de conservação, não haverá
resolve: reavaliação dos valores aplicados, nem a obrigatoriedade de desti-
Art. 1o Esta resolução estabelece diretrizes para cálculo, co- nação de recursos complementares, salvo os casos de ampliação ou
brança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos fi- modificação previstos no art. 6o desta Resolução, e os casos pre-
nanceiros advindos da compensação ambiental decorrente dos vistos no art. 19, incisos I e II da Resolução do Conselho Nacional
impactos causados pela implantação de empreendimentos de signi- do Meio Ambiente-CONAMA no 237, de 19 de dezembro de 1997.

251
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 8o Os órgãos ambientais licenciadores deverão instituir câ- sob supervisão do órgão ambiental competente, o programa de
mara de compensação ambiental, prevista no art. 32 do Decreto trabalho elaborado pelas respectivas entidades ou órgãos gestores,
no 4.340, de 2002, com finalidade de analisar e propor a aplicação contendo as atividades, estudos e projetos a serem executados e os
da compensação ambiental em unidades de conservação federais, respectivos custos.
estaduais e municipais, visando ao fortalecimento do Sistema Na- Art. 12. Os órgãos ambientais responsáveis pela gestão dos re-
cional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC envolvendo cursos de compensação ambiental deverão dar publicidade, bem
os sistemas estaduais e municipais de unidades de conservação, se como informar anualmente aos conselhos de meio ambiente res-
existentes. pectivos, a aplicação dos recursos oriundos da compensação am-
Parágrafo único. As câmaras de compensação ambiental deve- biental apresentando, no mínimo, o empreendimento licenciado, o
rão ouvir os representantes dos demais entes federados, os siste- percentual, o valor, o prazo de aplicação da compensação, as uni-
mas de unidades de conservação referidos no caput deste artigo, dades de conservação beneficiadas, e as ações nelas desenvolvidas.
os Conselhos de Mosaico das Unidades de Conservação e os Conse- Parágrafo único. Informações sobre as atividades, estudos e
lhos das Unidades de Conservação afetadas pelo empreendimento, projetos que estejam sendo executados com recursos da compen-
se existentes. sação ambiental deverão estar disponibilizadas ao público, assegu-
Art. 9o O órgão ambiental licenciador, ao definir as unidades rando-se publicidade e transparência às mesmas.
de conservação a serem beneficiadas pelos recursos oriundos da Art. 13. Nos26 materiais de divulgação produzidos com recur-
compensação ambiental, respeitados os critérios previstos no art. sos da compensação ambiental deverão constar a fonte dos recur-
36 da Lei no 9.985, de 2000 e a ordem de prioridades estabelecida sos com os dizeres: “recursos provenientes da compensação am-
no art. 33 do Decreto no 4.340 de 2002, deverá observar: biental da Lei no 9.985, de 2000 - Lei do SNUC”.
I - existindo uma ou mais unidades de conservação ou zonas Art. 14. Não serão reavaliados27 os valores combinados ou
de amortecimento afetadas diretamente pelo empreendimento ou pagos, nem haverá a obrigatoriedade de destinação de recursos
atividade a ser licenciada, independentemente do grupo a que per- complementares constantes em acordos, termos de compromisso,
tençam, deverão estas ser beneficiárias com recursos da compensa- Termos de Ajustamento de Conduta-TAC, contratos, convênios, atas
ção ambiental, considerando, entre outros, os critérios de proximi- ou qualquer outro documento formal firmados pelos órgãos am-
dade, dimensão, vulnerabilidade e infraestrutura existente; e bientais, a título de compensação ambiental prevista no art. 36 da
II - inexistindo unidade de conservação ou zona de amorteci- Lei no 9.985, de 2000.
mento afetada, parte dos recursos oriundos da compensação am- Art. 15. O valor da compensação ambiental fica fixado em meio
biental deverá ser destinada à criação, implantação ou manutenção por cento dos custos previstos para a implantação do empreendi-
de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral localiza- mento até que o órgão ambiental estabeleça e publique metodolo-
da preferencialmente no mesmo bioma e na mesma bacia hidrográ- gia para definição do grau de impacto ambiental.
fica do empreendimento ou atividade licenciada, considerando as Art. 16. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Re- ção.
partição dos Benefícios da Biodiversidade, identificadas conforme o Art. 17. Revoga-se a Resolução CONAMA no 2, de 18 de abril
disposto no Decreto nº 5.092, de 21 de maio de 2004, bem como as de 1996.
propostas apresentadas no EIA/RIMA.
Parágrafo único. O montante de recursos que não forem des- MARINA SILVA – Presidente do Conselho
tinados na forma dos incisos I e II deste artigo deverá ser empre-
gado na criação, implantação ou manutenção de outras unidades
de conservação do Grupo de Proteção Integral em observância ao RESOLUÇÃO COEMA Nº 162 DE 02 DE FEVEREIRO
disposto no SNUC. DE 2021. ESTABELECE AS ATIVIDADES DE IMPACTO
Art. 10. O empreendedor, observados os critérios estabelecidos AMBIENTAL LOCAL, PARA FINS DE LICENCIAMENTO
no art. 9o desta Resolução, deverá apresentar no EIA/RIMA suges- AMBIENTAL, DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS
tões de unidades de conservação a serem beneficiadas ou criadas. NO ÂMBITO DO ESTADO DO PARÁ, E DÁ OUTRAS
§ 1o É assegurado a qualquer interessado o direito de apre- PROVIDÊNCIAS
sentar por escrito, durante o procedimento de licenciamento am-
biental, sugestões justificadas de unidades de conservação a serem RESOLUÇÃO COEMA Nº 162 DE 02 DE FEVEREIRO DE 2021
beneficiadas ou criadas.
§ 2o As sugestões apresentadas pelo empreendedor ou por Estabelece as atividades de impacto ambiental local, para fi ns
qualquer interessado não vinculam o órgão ambiental licenciador, de licenciamento ambiental, de competência dos Municípios no
devendo este justificar as razões de escolha da(s) unidade(s) de âmbito do Estado do Pará, e dá outras providências.
conservação a serem beneficiadas e atender o disposto nos arts. 8o
e 9o desta Resolução. O CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, no uso da atri-
Art. 11. A entidade ou órgão gestor das unidades de conserva- buição que lhe confere o art. 2º – C da Lei 5.752, de 26 de julho
ção selecionadas deverá apresentar plano de trabalho da aplicação de 1993, e suas alterações, e tendo em vista o disposto no artigo
dos recursos para análise da câmara de compensação ambiental, 23, incisos VI e VII, da Constituição Federal de 1988, e nos artigos
visando a sua implantação, atendida a ordem de prioridades esta- 9º, XIV, alínea “a” e 18, §2º da Lei Complementar nº 140, de 08 de
belecidas no art. 33 do Decreto no 4.340, de 2002. dezembro de 2011; e
§ 1o Somente receberão recursos da compensação ambiental CONSIDERANDO a 78ª Reunião Extraordinária do Conselho Es-
as unidades de conservação inscritas no Cadastro Nacional de Uni- tadual de Meio Ambiente -COEMA/PA, realizada em 02 de fevereiro
dades de Conservação, ressalvada a destinação de recursos para de 2021,
criação de novas unidades de conservação. RESOLVE:
§ 2o A destinação de recursos da compensação ambiental para
as unidades de conservação selecionadas somente será efetivada
após aprovação pela câmara de compensação ambiental ficando

252
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO I II – o resgate, a captura, o afugentamento, o transporte e a
DISPOSIÇÕES GERAIS translocação de fauna silvestre decorrente do licenciamento am-
biental de atividades de impacto local, em área urbana ou rural,
Art.1º Estabelecer as atividades de impacto ambiental local, inclusive o monitoramento.
para fi ns de licenciamento ambiental, de competência dos Municí- Parágrafo único. Nos procedimentos autorizativos de supres-
pios no âmbito do Estado do Pará. são de vegetação, os Municípios deverão observar as normas regu-
Art.2º Para os efeitos desta Resolução, entende-se por: lamentares vigentes, referentes à caracterização como vegetação
I - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a primária ou secundária em diferentes estágios de regeneração, as-
auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das compe- sim como a existência de espécies da flora ou da fauna ameaçadas
tências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originaria- de extinção.
mente detentor, das ações administrativas de licenciamento e au- Art.6º Será promovido pelo ente federativo que licenciar a ati-
torização ambiental; vidade principal, considerando a sinergia e cumulatividade dos im-
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que substitui pactos ambientais:
o ente federativo originariamente detentor das ações administrati- I - o licenciamento ambiental envolvendo mais de uma tipo-
vas de licenciamento e autorização ambiental; logia, em que a concepção do projeto incluir atividades principal,
III - impacto ambiental local: qualquer alteração das proprie- secundária e/ou de apoio;
dades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por II - o licenciamento ambiental envolvendo empreendimentos e
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades hu- atividades secundárias e/ou de apoio instalados ou com pretensão
manas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança de instalação no interior da área patrimonial de outra empresa, in-
e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a clusive de uma outra linha de produção; e
biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, a qua- III - quando duas ou mais tipologias licenciáveis utilizarem o
lidade dos recursos ambientais, dentro dos limites do Município; mesmo sistema de tratamento de água e/ou efl uentes, o licencia-
IV- licenciamento ambiental: procedimento administrativo des- mento ambiental deverá ser promovido por um único ente federa-
tinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de tivo, considerando a sinergia e cumulatividade dos impactos am-
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou ca- bientais.
pazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; e Art.7º A avaliação dos impactos ambientais de um empreen-
V - órgão ambiental capacitado: aquele que possui técnicos dimento deverá corresponder à totalidade dos impactos, incluindo
próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número aqueles decorrentes da supressão de vegetação, bem como do res-
compatível com a demanda das ações administrativas a serem exe- gate, captura, afugentamento, transporte e translocação de fauna
cutadas. silvestre.
Art.3º O Município deverá estruturar o Sistema Municipal de Parágrafo único. O licenciamento ambiental de empreendi-
Meio Ambiente, com órgão ambiental capacitado e Conselho de mento que compreender mais de uma atividade será efetuado pelo
Meio Ambiente, nos termos da Lei Complementar nº 140, de 8 de ente competente considerando o enquadramento no potencial po-
dezembro de 2011, para exercer as ações administrativas decorren- luidor/degradador de maior porte, sendo vedado o fracionamento
tes da competência comum prevista no art. 23, incisos III, VI e VII da do licenciamento.
Constituição Federal. Art.8º O órgão ambiental municipal ao constatar a formaliza-
ção de processo de licenciamento ambiental fora do seu âmbito de
CAPÍTULO II competência, deverá encaminhar a solicitação ao órgão ambiental
DO LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES E competente e cientificar o requerente.
EMPREENDIMENTOS DE IMPACTO LOCAL Art.9º O órgão ambiental municipal exigirá, quando couber, no
processo de licenciamento, a outorga de recursos hídricos ou a de-
Art.4º Estão sujeitas ao licenciamento ambiental municipal as claração de dispensa de outorga emitida pelo Estado ou União, nos
atividades ou empreendimentos relacionados no Anexo I, II e III, termos das normas aplicáveis ao uso dos recursos hídricos.
partes integrantes desta Resolução, bem como as atividades ou em- Parágrafo único. A solicitação de que trata o caput aplica-se
preendimentos localizados em unidades de conservação instituídas aos casos de captação, derivação, lançamento de esgotos e demais
pelo Município. resíduos líquidos ou gasosos, extração de água de aquífero subter-
§1º O Anexo I apresenta as tipologias classifi cadas como de râneo, entre outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a
impacto local, passíveis de licenciamento ambiental municipal até qualidade dos recursos hídricos.
os limites estabelecidos nesta Resolução. Art.10. Ao licenciamento ambiental de tipologias no interior de
§2º O Anexo II e III apresentam as tipologias classifi cadas como imóveis rurais, aplicam-se os dispositivos regulamentares atinentes
de impacto local em que todos os portes são de competência do ao Cadastro Ambiental Rural – CAR, nos termos da Lei nº 12.651,
Município promover o licenciamento. e 25 de maio de 2012 e decretos regulamentadores, bem como os
§3º As atividades ou empreendimentos listados nos Anexos I e demais atos normativos vigentes sob jurisdição do território do Es-
II não serão classificadas como de impacto ambiental local, quando: tado do Pará.
I – os impactos diretos ultrapassarem os limites territoriais de Art.11. Os procedimentos a serem adotados para o licencia-
um município; ou mento ambiental das atividades ou empreendimentos de impacto
II – localizadas em unidades de conservação instituídas pela ambiental local, obedecerão às outras normas legais e aos requisi-
União ou pelo Estado, à exceção das unidades de conservação na tos técnicos estabelecidos na legislação vigente, inclusive às regu-
categoria Áreas de Proteção Ambiental (APA’s). lamentações impostas pelo Conselho de Meio Ambiente do Estado
Art.5º Observadas as atribuições dos demais entes federativos, do Pará – COEMA.
compete aos Municípios aprovar:
I – a supressão de vegetação decorrente de licenciamento am-
biental de atividades ou de empreendimentos listados nos Anexos
I e II; e

253
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
SEÇÃO I CAPÍTULO IV
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM UNIDADES DE DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
CONSERVAÇÃO
Art. 19. A solicitação de renovação da licença ambiental ou de
Art.12. Nos processos de licenciamento ambiental com impac- outras etapas do licenciamento deverá ser realizada com antece-
tos incidentes sobre unidades de conservação, observada a Lei Fe- dência mínima de 120 (cento e vinte) dias, observando as seguintes
deral nº 9.985, de 18 de julho de 2000, o órgão ambiental municipal hipóteses:
deverá dar ciência prévia ao órgão gestor da área especialmente I – no caso das atividades ou empreendimentos, que por esta
protegida, quando a atividade ou empreendimento: Resolução, passaram a ser classificados como impacto local, a solici-
I – puder causar impacto direto na unidade de conservação; ou tação será feita perante o órgão licenciador municipal competente;
II – estiver localizado na zona de amortecimento da unidade. e
Parágrafo único. Nos casos de incidência sobre Reserva Parti- II - no caso das atividades ou empreendimentos, que por esta
cular do Patrimônio Natural (RPPN), o órgão licenciador municipal Resolução, deixaram de ser classifi cados como impacto local, a so-
deverá cientificar previamente o órgão responsável pela sua criação licitação será feita perante o órgão ambiental estadual.
e o proprietário. Art.20. A SEMAS manterá atualizada e disponibilizará em seu
Art.13. As unidades de conservação criadas pelos Municípios sítio eletrônico oficial, a relação dos municípios que exercem a ges-
deverão estar registradas no Cadastro Nacional de Unidades de tão ambiental das atividades ou empreendimentos de impacto am-
Conservação (CNUC). biental local, consoante os princípios de transparência e acesso à
Art.14. Caberá ao órgão ambiental do ente federativo institui- informação.
dor da unidade de conservação a competência para emitir a licença Art.21. O Município poderá obter delegação de competência,
ambiental das atividades nela desenvolvidas. por meio de convênio, para a execução de ações administrativas
Art.15. O licenciamento ambiental em Áreas de Proteção Am- cuja competência seja do Estado, mediante o atendimento de re-
biental (APAs) deverá observar o porte do empreendimento ou ati- quisitos definidos em norma específica.
vidade objeto de licenciamento ambiental, independente do ente Art.22. Revogam-se as Resoluções COEMA nº 107, de 08 de
federativo que instituiu a unidade de conservação. março de 2013 e nº 120, 28 de outubro de 2015 e suas alterações.
Art.23. Esta resolução entra em vigor a partir da data de sua
CAPÍTULO III publicação.
DA AÇÃO SUPLETIVA E SUBSIDIÁRIA
PLENÁRIO DO CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CO-
Art.16. O Município deverá comunicar ao COEMA e à SEMAS, EMA, em 02 de fevereiro de 2021
em até 30(trinta) dias, a perda de qualquer das condições para o
exercício da gestão ambiental municipal, sob pena de responsabili- Prezado candidato, a Resolução na íntegra com seus respecti-
dade perante os órgãos de controle governamental. vos anexos está disponível para consulta em: https://www.semas.
Parágrafo único. No impedimento do exercício da gestão am- pa.gov.br/wp-content/uploads/2021/10/Resolu%C3%A7%C3%A3o-
biental municipal, de que trata do caput, o Município deverá notifi -COEMA-n%C2%BA-162-de-02-de-fevereiro-de-2021.pdf
car os empreendedores licenciados desta condição e prever proce-
dimentos para remessa dos processos de licenciamento ambiental
municipal ao órgão estadual para o exercício da competência su- RESOLUÇÃO COEMA AD REFERENDUM Nº 127,
pletiva. DE 18 DE NOVEMBRO DE 2016. ESTABELECE
Art.17. Inexistindo órgão ambiental municipal capacitado, o Es- OS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS PARA O
tado exercerá a competência supletiva de que trata o art. 15, II, da LICENCIAMENTO AMBIENTAL SIMPLIFICADO,
Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011, observando DENOMINADO SIMPLES AMBIENTAL, DE
as seguintes hipóteses: EMPREENDIMENTOS E/OU ATIVIDADES DE BAIXO
I - para licenciar as atividades relacionadas no Anexo I, o órgão POTENCIAL POLUIDOR/DEGRADADOR, NO ÂMBITO
ambiental estadual promoverá o licenciamento ambiental das tipo- DA SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE E
logias de impacto local, conforme os procedimentos normatizados SUSTENTABILIDADE DO PARÁ – SEMAS, E DÁ OUTRAS
na legislação vigente; PROVIDÊNCIAS
II - para licenciar as atividades relacionadas no Anexo II, o órgão
ambiental estadual realizará o licenciamento ambiental na modali- RESOLUÇÃO AD REFERENDUM Nº 127, DE 18 DE NOVEMBRO
dade Declaratório, conforme estabelece o inciso II, do Art. 2º, da DE 2016
Resolução COEMA nº 127, de 18 de novembro de 2016; e
III - para licenciar as atividades relacionadas no Anexo III, reali- *Alterada em seus Arts. 1º, 2º, 3º e Anexo Único, pela Errata da
zará o procedimento de dispensa ou inexigibilidade do licenciamen- Resolução nº 127, de 18 de novembro de 2016, publicada no DOE
to ambiental. nº 33.491, de 06/11/2017.
Art.18. Sem prejuízo de outras formas de cooperação e con- *Incluídas as alíneas “i” e “k”, nos incisos I e II do Art. 3º, in-
siderando a ação subsidiária dos entes federativos, o Município cluído o Art. 20-A, e tipologias no ANEXO ÚNICO, pela Resolução
poderá solicitar à SEMAS, apoio técnico e administrativo para o li- COEMA nº 134, de 03/10/2017, publicada no DOE nº 33.491, de
cenciamento, monitoramento ou fiscalização de determinado em- 06/11/2017.
preendimento ou atividade, nos termos do art. 16 da Lei Comple-
mentar 140, de 2011. Estabelece os procedimentos e critérios para o Licenciamen-
to Ambiental Simplificado, denominado SIMPLES AMBIENTAL, de
empreendimentos e/ou atividades de baixo potencial poluidor/
degradador, no âmbito da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Sustentabilidade do Pará – SEMAS, e dá outras providências.

254
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
O PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE I – Licenciamento Ambiental Simplificado: É o procedimento
DO PARÁ, no uso das atribuições que lhes são conferidas no art. administrativo pelo qual a Secretaria de Estado de Meio Ambiente
2º-D da Lei Estadual nº 5.752, de 26 de agosto de 1993, com suas e Sustentabilidade – SEMAS, poderá conceder a Licença Prévia – LP,
devidas alterações, e o disposto no Decreto Estadual nº 1.859, de Licença Instalação – LI, Licença de Operação – LO e a Licença de Ati-
16 de setembro de 1993, vidade Rural – LAR, em conjunto ou isoladamente, para empreen-
CONSIDERANDO que o art. 23 da Constituição Federal, de dimentos e/ou atividades de baixo potencial poluidor/degradador,
1988, dispõe que é competência comum da União, dos Estados, do incluídas no Anexo Único desta Resolução, sendo dispensada a vis-
Distrito Federal e dos Municípios a proteção do meio ambiente e o toria prévia para estes empreendimentos, mediante cumprimento
combate à poluição em qualquer de suas formas; das condições apresentadas nesta Resolução, bem como o aceite
CONSIDERANDO o Capítulo III da Lei Federal Complementar nº do Termo de Ciência e Responsabilidade;
123, de 14 de dezembro de 2006, que institui tratamento simplifica- II – licenciamento ambiental declaratório: procedimento admi-
do, unificado e integrado para o registro e legalização de empresas; nistrativo pelo qual a SEMAS licencia empreendimentos e/ou ativi-
CONSIDERANDO a Lei Federal nº 11.598, de 3 de dezembro de dades de baixo potencial poluidor/degradador, incluídas no Anexo
2007, que institui a Rede Nacional para a Simplificação do Registro único desta Resolução, mediante cumprimento de condições espe-
e da Legalização de Empresas e Negócios – REDESIM em todo ter- cificadas neste Normativo, bem como o aceite do Termo de Ciência
ritório nacional, visando a desburocratização e integração entre os e Responsabilidade, sendo concedidas a Licença Prévia – LP, a Licen-
órgãos licenciadores das esferas federal, estadual e municipal; ça Instalação – LI, a Licença de Operação – LO e a Licença de Ativida-
CONSIDERANDO da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de de Rural – LAR, em um único momento ou isoladamente, devendo
2012, que estabelece o procedimento para o licenciamento am- as mesmas ser solicitadas pelo empreendedor por meio eletrônico;
biental simplificado para o pequeno proprietário/posse rural fa- III – Integrador Pará: programa integrador estadual que visa
miliar, bem como incentiva as atividades produtivas de agricultura integrar e simplificar os procedimentos dos órgãos das esferas es-
familiar e agrossilvipastoril; taduais e municipais, responsáveis pelos atos de registro e lega-
CONSIDERANDO que os §§ 1º e 2º do art. 12 da Resolução nº lização de empreendimentos e/ou atividades, bem como os atos
237, de 19 de dezembro de 1997, do Conselho Nacional do Meio necessários para este fim, conforme dispõe a Rede Nacional para a
Ambiente – CONAMA, estabelecem que o órgão ambiental definirá Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios
procedimentos simplificados para as atividades e empreendimen- – REDESIM, instituída pela Lei Federal nº 11.598, de 3 de dezembro
tos de pequeno potencial de impacto ambiental; de 2007.
CONSIDERANDO o Decreto Estadual nº 1.628, de 18 de outubro *Alterado pela Errata da Resolução nº 127, publicada no DOE
de 2016, que dispõe sobre as regras de simplificação do processo Nº 33.491, de 06/11/2017.
de abertura, alteração e baixa de empresas no Estado do Pará, ins-
tituindo o sistema integrador da Rede Nacional para a Simplificação CAPÍTULO II
do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – REDESIM; DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL SIMPLIFICADO OU
CONSIDERANDO a Instrução Normativa nº 02, de 25 de abril de DECLARATÓRIO
2012, que dispõe sobre procedimentos para protocolo de processos
de licenciamento ambiental que dependem de Outorga Preventiva SEÇÃO I
ou Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos; DOS REQUISITOS
CONSIDERANDO os princípios Constitucionais que regem a Ad-
ministração Pública, especialmente, os da eficiência e publicidade; Art. 3º Serão passíveis de licenciamento ambiental simplificado
CONSIDERANDO a necessidade de promover a melhoria na ou declaratório, as atividades do Anexo único que atenderem aos
análise dos processos, propiciando maior celeridade aos atos admi- seguintes critérios:
nistrativos e eficácia nos serviços prestados; I – quanto a empreendimentos e/ou atividades localizadas em
CONSIDERANDO a necessidade de disciplinar o licenciamento área urbana:
ambiental simplificado de atividades/empreendimentos considera- a) não necessitar de supressão de vegetação;
dos de baixo impacto, por meio de processo simplificado, conside- b) não realizar intervenções em Área de Preservação Perma-
rando o porte, o potencial poluidor e a natureza do empreendimen- nente – APP, exceto quando se tratar de ponte e/ou pontilhão, cais/
to ou atividade; muro de arrimo, instalação portuária de pequeno porte, instalação
CONSIDERANDO que a política de transparência e monitora- portuária de turismo, trapiche, ancoradouro, marina e rampa de
mento ambiental, implementada pelo Governo do Estado do Pará, acesso;
possibilita a simplificação do processo de licenciamento, sem preju- c) não estejam localizados em unidades de conservação, áreas
ízo do controle social e da qualidade do meio ambiente; militares e terras indígenas;
RESOLVE: d) não utilizar e/ou gerar produtos/resíduos Classe I;
e) possuir a outorga preventiva ou outorga de direito de uso
CAPÍTULO I dos recursos hídricos (captação e/ou lançamento) ou dispensa de
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES outorga, quando for o caso.
f) não realizar no seu processamento operações de tratamento
Art. 1º Estabelecer os procedimentos e critérios de licencia- térmico, tratamento superficial, fundição de metais, operações de
mento ambiental simplificado, denominado SIMPLES AMBIENTAL, lavagem e/ou desinfecção de material plástico para recuperação.
de empreendimentos e/ou atividades de baixo potencial poluidor/ g) não necessitar de terraplanagem em volume superior a
degradador. 6.000 m³ (seis mil metros cúbicos), quando se tratar de via; e
*Alterado pela Errata da Resolução nº 127, publicada no DOE h) não necessitar de áreas de empréstimo de material, mesmo
Nº 33.491, de 06/11/2017. que estejam localizadas em área sob a influência da atividade/em-
Art. 2º Para efeitos desta Resolução considera-se: preendimento.
i) não haver necessidade de relocação de pessoas. (*Alínea in-
cluída pela Resolução COEMA nº 134, de 03/10/2017)

255
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II- quanto a empreendimentos e/ou atividades localizadas em SEÇÃO III
Áreas Rurais: DA CONCESSÃO
a) não necessitar de supressão de vegetação;
b) possuir o Cadastro Ambiental Rural – CAR, com exceção da Art. 7º Para o licenciamento ambiental simplificado poderá ser
atividade de pesquisa mineral desde de que sem lavra experimen- dispensada a vistoria prévia, desde que cumpridas as condições
tal e quando minerador não for proprietário ou possuidor da área, apresentadas nesta Resolução, bem como assinado Termo de Ciên-
devendo atender aos prazos e procedimentos de regularização e/ou cia e Responsabilidade pelo interessado.
adequação ambiental legalmente previstos, no caso de existência Parágrafo único. Os estabelecimentos serão fiscalizados a qual-
de passivo ambiental; quer tempo, a fim de se verificar a manutenção das condições pre-
c) não estar localizado em unidades de conservação, áreas mi- viamente estabelecidas que possibilitaram o licenciamento.
litares e terras indígenas, incluindo as áreas dos quilombolas, dos Art. 8º A emissão de LP, LI, LO e LAR, em processo unificado, im-
ribeirinhos e outras comunidades tradicionais; plicará na aceitação, por parte do requerente, das condições esta-
d) possuir a outorga preventiva ou outorga de direito de uso belecidas na legislação vigente mediante ciência e responsabilidade
dos recursos hídricos (captação e/ou lançamento) ou dispensa de do cumprimento dos requisitos legais impostos.
outorga, quando for o caso; Parágrafo único. O empreendedor e o responsável técnico se
e) estar localizado em áreas consolidadas, nos termos da Lei responsabilizarão pela veracidade das informações prestadas no
Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012; momento da solicitação das licenças, sob pena da aplicação das
f) estar localizado em Zona de Consolidação, conforme a Lei sanções administrativa, civil e penal.
Estadual nº 6.745, de 6 de maio de 2005, que dispõe sobre o Macro- Art. 9º O licenciamento ambiental simplificado ou declaratório,
zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará – MZEE/PA; de que trata esta norma, deverá obedecer a validade das licenças
g) não realizar intervenções em Área de Preservação Perma- prévia, de instalação e de operação estabelecido no Decreto Esta-
nente – APP, exceto quando se tratar de ponte/pontilhão, cais/muro dual nº 1.120, de 8 de julho de 2008, considerando suas alterações;
de arrimo, instalação portuária de pequeno porte, instalação portu- já a validade da LAR observará o disposto no art. 9º do Decreto Es-
ária de turismo, trapiche, ancoradouro, marina e rampa de acesso; tadual nº 2.593, de 27 de novembro de 2006.
h) não necessitar de terraplanagem em volume superior a Art. 10. No caso de alteração e/ou ampliação de empreendi-
6.000m³ (seis mil metros cúbicos), quando se tratar de via; mento ou atividade, desde que esteja enquadrado nos limites cons-
i) não necessitar de áreas de empréstimo de material, mesmo tantes no Anexo único desta Resolução, o empreendedor deverá
que estejam localizadas em área sob a influência da atividade/em- informar à SEMAS sobre a alteração para emissão de nova licença,
preendimento, exceto nos casos que estiverem dentro da faixa de mantendo-se o mesmo prazo de validade, sem prejuízo do paga-
domínio, quando se tratar de via; e mento do DAE respectivo.
j) não estar em áreas objeto de embargos ambientais, assim Parágrafo único. Caso as atividades ou empreendimentos ul-
como em áreas de Reserva Legal. trapassem os limites constantes no Anexo único desta Resolução,
k) não haver necessidade de relocação de pessoas. (*Alínea in- deverá o empreendedor passar pelo processo ordinário de licen-
cluída pela Resolução COEMA nº 134, de 03/10/2017) ciamento.
*Artigo alterado pela Errata da Resolução nº 127, publicada no Art. 11. Após cumprir todas as formalidades estabelecidas nes-
DOE Nº 33.491, de 06/11/2017. ta Resolução o interessado poderá imprimir a(s) licença(s), requeri-
da(s) no endereço eletrônico do Integrador Pará ou, nos casos em
SEÇÃO II que não constarem neste endereço, diretamente no site oficial da
DO PEDIDO SEMAS.
Parágrafo único. As licenças emitidas conterão o QR Code, para
Art. 4º A documentação e as informações necessárias para ob- acesso aos dados do empreendimento.
tenção de LP, LI, LO e LAR constarão no roteiro orientativo (check-
-list) disponível no endereço eletrônico da Secretaria de Estado de CAPÍTULO III
Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pará – SEMAS (www.semas. DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO E DA SUSPENSÃO DA
pa.gov.br) e do Integrador Pará (www.jucepa.pa.gov.br/integrador). LICENÇA
Parágrafo único. O Integrador Pará somente será utilizado pe-
los usuários que desejam fazer a abertura de empresa, bem como Art. 12. Em caso de indeferimento da solicitação do Licencia-
alterações no contrato social e os demais casos, deverão ser solici- mento Ambiental Simplificado ou Declaratório, por não atendi-
tados no endereço eletrônico da SEMAS. mento aos requisitos estabelecidos nesta Resolução, o interessado
Art. 5º O interessado deverá preencher todas as informações deverá protocolar o requerimento para licenciamento ambiental
pertinentes e solicitadas durante o processo de cadastro, bem como ordinário, por processo administrativo junto à SEMAS, obedecendo
apresentar a documentação exigida, por meio do envio eletrônico aos procedimentos vigentes.
(upload), para o processo de licenciamento. Art. 13. Os empreendimentos e/ou atividades, contemplados
Parágrafo único. No momento da solicitação da licença am- com o licenciamento ambiental simplificado ou declaratório, pode-
biental, deverá o interessado informar as coordenadas geográficas rão ter a licença suspensa/cancelada quando verificada a não ve-
do empreendimento ou atividades, para fins de monitoramento da racidade das informações prestadas, bem como situação de risco
SEMAS. iminente à saúde humana ou significativo impacto ao meio ambien-
Art. 6º O interessado deverá emitir, individualmente, o Docu- te, sem prejuízo às sanções administrativas, civis e penais cabíveis.
mento de Arrecadação Estadual – DAE conforme os valores das ta-
xas das respectivas licenças, no endereço eletrônico da Secretaria
de Estado da Fazenda do Pará – SEFA.

256
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO IV
DA RENOVAÇÃO E MANUTENÇÃO DA LICENÇA DECRETO Nº 2.804, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2022,
PUBLICADO NO DOE NO 35.211, DE 06 DE DEZEMBRO
Art. 14. O processo de renovação da licença ambiental simpli- DE 2022
ficada ou declaratória deverá obedecer ao prazo mínimo de 120
(cento e vinte) dias, estabelecido no art. 9º do Decreto Estadual nº DECRETO Nº 2.804, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2022
1.120, de 2008.
Art. 15. A manutenção da validade das licenças ambientais, Regulamenta o poder de polícia administrativa ambiental
previstas nesta Resolução, obedecerá ao disposto no art. 7º do De- para apuração das condutas e atividades lesivas ao meio ambien-
creto Estadual nº 1.120, de 2008. te no Estado do Pará e revoga o Decreto Estadual nº 552, de 17 de
fevereiro de 2020.
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES FINAIS O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARÁ, no uso das atribuições
que lhe são conferidas pelo art. 135, inciso V, da Constituição Esta-
Art. 16. Os empreendimentos e/ou atividades (pessoas físicas dual, e
ou jurídicas), que estejam com processo em trâmite ou a serem so- Considerando o disposto na Lei Estadual nº 9.575, de 11 de
licitados na SEMAS, desde que se enquadrem no artigo 3o e Anexo maio de 2022,
único desta Resolução, poderão passar por processo de licencia- DECRETA:
mento simplificado ou declaratório, a ser definido pelo órgão am-
biental. CAPÍTULO I
Art. 17. No caso de empreendimentos que desenvolvam mais DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
de uma atividade, que utilizem a mesma matéria-prima e/ou in-
sumos ou que sejam atividades afins e acessórias, a regularização Art. 1º Este Decreto regulamenta o poder de polícia administra-
ambiental deverá ser efetuada por um único órgão, podendo ser tiva ambiental para apuração das condutas e atividades lesivas ao
emitida uma única licença. meio ambiente no Estado do Pará, em observância à Lei Estadual nº
Art. 18. Esta Resolução não se aplica às tipologias e portes esta- 9.575, de 11 de maio de 2022.
belecidas nas Resoluções nº 107, de 8 de março de 2013, e nº 120, Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:
de 28 de outubro de 2015, do Conselho Estadual de Meio Ambiente I - agente de fiscalização ambiental: servidor público estadual,
do Pará – COEMA. designado pelo titular do órgão ambiental competente integrante
Parágrafo único. Nos casos em que os municípios se declarem do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISE-
impossibilitados de exercer a gestão ambiental local, plena ou par- MA), mediante portaria, para desempenhar as atividades inerentes
cial, de determinados empreendimentos ou atividades constantes ao exercício do poder de polícia administrativa ambiental;
no Anexo único da Resolução nº 120, de 2015, do COEMA, o Estado II - auto de infração: documento que dá início à ação de apura-
licenciará, supletivamente, tais empreendimentos em rito ordinário ção da infração ambiental praticada pelo infrator por violação das
ou simplificado, a ser definido pelo órgão ambiental, atendido o dis- regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
posto no art. 3º e Anexo único desta Resolução. meio ambiente;
Art. 19. Caberá à SEMAS, por meio do setor competente, efeti- III - equipe de instrução processual: conjunto de servidores do
var o monitoramento das atividades e empreendimentos licencia- órgão ambiental estadual competente, designado para formalizar
dos nos termos desta Resolução. o processo administrativo ambiental para apuração de condutas e
Art. 20. A SEMAS disciplinará, em normativo específico, os pro- atividades lesivas ao meio ambiente, e providenciar a notificação
cedimentos necessários para o fiel cumprimento desta norma, no do autuado e a instrução processual com o auto de infração, o re-
prazo de 60 (sessenta) dias. latório de fiscalização ambiental, os termos de autuação cautelar,
Art. 20-A Os procedimentos e critérios para o Licenciamento a defesa do autuado e, quando for o caso, o pedido de conciliação
Ambiental Simplificado, denominado SIMPLES AMBIENTAL, de que ambiental;
trata esta Resolução, e que estão disponíveis no site da SEMAS, po- IV - fiscalização ambiental: exercício do poder de polícia admi-
derão ser utilizados pelos Municípios. (*Artigo incluído pela Resolu- nistrativa ambiental, pelo qual a Administração Pública, em razão
ção COEMA nº 134, de 03/10/2017) do interesse público, limita ou disciplina liberdade ou interesse e
Art. 21. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- a prática de ato ou abstenção de fato, mediante procedimentos
ção. próprios, para garantia do cumprimento da legislação em vigor,
por meio da realização de atos e procedimentos de fiscalização
GABINETE DO PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE MEIO que podem ou não resultar na aplicação de sanção administrativa
AMBIENTE, 18 de novembro de 2016. ambiental, visando à proteção de bens ambientais e à melhoria da
qualidade ambiental;
Prezado candidato, a Resolução na íntegra com seus respecti- V - multa aberta: multa cujo valor fixado em lei ou regulamen-
vos anexos está disponível para consulta em: https://www.semas. to consiste em um intervalo discricionário a ser definido durante o
pa.gov.br/legislacao/files/pdf/222.pdf processo de apuração da infração, com base nas circunstâncias ate-
nuantes e agravantes constantes na Lei Estadual nº 9.575, de 2022,
e nas medidas disciplinadas em regulamento específico;
VI - multa fechada: multa cujo valor é previamente fixado em
lei ou regulamento, com base unicamente em unidade de medida,
de acordo com o objeto jurídico lesado;
VII - multa indicada: valor da multa indicado pelo agente de
fiscalização ambiental no auto de infração, sujeito à confirmação
posterior;

257
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
VIII - multa consolidada: valor da multa consolidada pela auto- XIX - termo de entrega de bem apreendido: documento no qual
ridade competente, que pode contemplar circunstâncias majoran- se atesta que o bem ou produto foi entregue pelo depositário ao
tes, atenuantes, reincidência e demais adequações eventualmente órgão ambiental competente, fazendo constar o estado físico e de-
cabíveis, além dos acréscimos legais, respeitados os limites da legis- mais alterações verificadas no ato da entrega;
lação ambiental vigente; XX - termo de entrega voluntária de animal silvestre: docu-
IX - notificação: documento no qual se lavra a comunicação ao mento no qual se lavra a entrega voluntária de animal silvestre, por
infrator acerca da autuação, das obrigações e sanções que lhe fo- quem esteja em posse deste, ao órgão ambiental competente;
ram impostas pela autoridade competente, dos prazos processuais XXI - termo de guarda ou depósito: documento no qual se lavra
e demais informações necessárias para a condução do processo ad- o local de armazenamento e o responsável pela guarda ou depósito
ministrativo ambiental, tais como: dos produtos e subprodutos da apreensão;
a) edital: documento no qual se lavra a comunicação da au- XXII - termo de destruição ou inutilização e de demolição ou
tuação do infrator e as decisões proferidas pelo órgão ambiental desfazimento: documento no qual se lavra a aplicação das respec-
competente, quando o infrator se encontrar em lugar incerto, não tivas medidas acautelatórias sobre produtos, subprodutos e instru-
sabido ou se não for localizado no endereço conhecido; mentos da infração ambiental;
b) notificação de autuação e de penalidade: documento no XXIII - termo de interdição: documento no qual se lavra a apli-
qual se lavra a comunicação da autuação e da penalidade, e do cação da medida acautelatória de interdição sobre estabelecimento
valor da multa impostos ao infrator, quando da impossibilidade de ou atividade que apresente perigo iminente à saúde pública e ao
realizá-la pessoalmente, fazendo constar o prazo processual para meio ambiente, ou em casos de infração continuada e reincidência;
defesa e demais informações necessárias ao respectivo processo XXIV - termo de notificação: termo formal que gera no sistema
administrativo; e a formalização da notificação efetuada pelo agente de fiscalização
c) notificação emergencial: documento no qual se lavra a co- ambiental; e
municação de obrigações impostas ao infrator, visando regular a ati- XXV - termo de soltura de animais silvestres: documento no
vidade, evitar episódios críticos de poluição ambiental ou impedir qual se lavra a soltura dos animais da fauna silvestre em seu habitat,
sua continuidade em casos de grave e iminente risco para as vidas fazendo referência à espécie, quantidade, estado físico, identifica-
humanas ou recursos econômicos e naturais, fazendo constar o pra- ção da anilha, quando for o caso, e ao local da soltura.
zo para cumprimento e demais informações necessárias; Parágrafo único. As multas de que tratam os incisos V a VIII do
X - ofício: documento no qual se lavra a solicitação ou presta- caput deste artigo poderão ser de natureza simples ou diária, nos
ção de informação à determinada pessoa, física ou jurídica, para termos dos incisos II e III do art. 10 da Lei Estadual nº 9.575, de
providências cabíveis; 2022, e serão regulamentadas pelo órgão ambiental estadual com-
XI - relatório de fiscalização ambiental: documento no qual se petente.
lavram os fatos ocorridos no contexto da ação fiscalizatória, no in- Art. 3º Os instrumentos de fiscalização ambiental, as atribui-
tuito de subsidiar o julgamento do auto de infração, corroborando ções dos agentes de fiscalização ambiental, no exercício do poder
tal documento com todos os meios de provas legais colhidos por de polícia administrativa ambiental e os procedimentos para fiscali-
ocasião da referida ação; zação, autuação e aplicação das sanções cabíveis serão regulamen-
XII - Relatório de Verificação do Desmatamento (RVD): relatório tados por este Decreto.
encaminhado pelo órgão ambiental municipal com relato dos focos Art. 4º Todos os atos administrativos praticados pelo agente de
de desmatamento detectados no município, nos termos do instru- fiscalização ambiental são dotados de autoexecutoriedade e coerci-
mento de cooperação a ser firmado entre os entes federativos; bilidade e deverão observar as normas e princípios administrativos
XIII - sanção administrativa: penalidade aplicada ao autuado, e ambientais vigentes, além do disposto neste Decreto, com vistas
pela autoridade competente, para evitar ou punir a prática de in- a garantir a preservação e proteção ambiental, bem como o devido
fração ambiental; processo legal, sob pena de responsabilidade administrativa, civil
XIV - termo de apreensão: documento no qual se lavra a aplica- e penal.
ção da medida acautelatória de apreensão sobre os bens e produ- Art. 5º A lavratura do auto de infração de que trata este Decre-
tos, objetos da infração ambiental; to é orientada pelos princípios que regem a Administração Pública
XV - termo de desembargo: documento no qual se lavra a sus- e o direito administrativo sancionador, bem como preza pela qua-
pensão dos efeitos do embargo anteriormente imposto pela autori- lidade técnica da instrução processual e pelo respeito aos direitos
dade competente, em razão de deixarem de existir os motivos que dos administrados.
ensejaram sua aplicação; Art. 6º O uso de meios eletrônicos é admitido no processo ad-
XVI - termo de desinterdição: documento no qual se lavra a sus- ministrativo ambiental para apuração das condutas e atividades le-
pensão dos efeitos da interdição anteriormente imposta pela auto- sivas ao meio ambiente no Estado do Pará.
ridade competente, em razão de deixarem de existir os motivos que Parágrafo único. Nos processos administrativos eletrônicos, a
ensejaram sua aplicação; autoria, a autenticidade e a integridade dos documentos e da assi-
XVII - termo de doação de produtos perecíveis: documento no natura poderão ser obtidas por meio de certificado digital ou iden-
qual se lavra a doação de produtos apreendidos perecíveis, bem tificação por meio de usuário e senha, conforme estabelecido pelo
como as madeiras sob risco iminente de perecimento, para órgãos e órgão ambiental estadual competente.
entidades públicas de caráter científico, cultural, educacional, hos- Art. 7º O processo administrativo ambiental é de interesse pú-
pitalar, penal, militar e social, bem como para outras entidades sem blico, cujas informações serão disponibilizadas nos termos das leis e
fins lucrativos de caráter beneficente; regulamentos que tratam sobre o acesso à informação.
XVIII - termo de embargo: documento no qual se lavra a aplica-
ção da medida acautelatória de embargo sobre obras ou atividades CAPÍTULO II
e suas respectivas áreas, em decorrência da constatação de irregu- DOS INSTRUMENTOS DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
laridade ambiental, visando impedir a continuidade da infração am-
biental e/ ou do dano ambiental, propiciar a regeneração do meio Art. 8º São instrumentos de fiscalização ambiental:
ambiente e dar viabilidade à recuperação da área degradada; I - auto de infração ambiental;

258
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
II - notificação emergencial; X - submeter-se às atividades inerentes ao exercício da fiscaliza-
III - relatório de fiscalização ambiental; ção, autuando em locais, dias e horários de acordo com as normas
IV - Relatório de Verificação do Desmatamento (RVD); vigentes; e
V - termo de apreensão; XI - zelar pela manutenção e pelo uso adequado e racional dos
VI - termo de desembargo; equipamentos, barcos, veículos, armas e outros instrumentos que
VII - termo de desinterdição; lhe forem confiados.
VIII - termo de doação de produtos perecíveis; Art. 12. Compete ao agente de fiscalização ambiental:
IX - termo de embargo; I - aplicar medidas administrativas cautelares;
X - termo de entrega de bem apreendido; II - apurar as infrações ambientais;
XI - termo de entrega voluntária de animal silvestre; III - colher todos os meios de prova legais de autoria e materia-
XII - termo de guarda ou depósito; lidade, bem como a extensão do dano verificado no ato da fiscali-
XIII - termo de destruição ou inutilização e de demolição ou zação ambiental;
desfazimento; IV - dar ciência ao autuado acerca do auto de infração, das obri-
XIV - termo de interdição; e gações, das medidas administrativas cautelares e dos prazos para
XV - termo de soltura de animais silvestres. defesa, pagamento ou conciliação;
§ 1º Constará dos instrumentos lavrados pelo agente de fisca- V - impor obrigações emergenciais; e
lização ambiental o prazo para que o infrator apresente defesa ou VI - lavrar e registrar, em formulário próprio ou em sistema in-
impugnação, quando for o caso, documentações e considerações, formatizado, os instrumentos de fiscalização ambiental.
nos termos deste Decreto e demais previsões normativas que tra- § 1º Caso os instrumentos de fiscalização ambiental não pos-
tam do assunto. sam ser lavrados ou entregues ao autuado no ato da fiscalização
§ 2º As notificações administrativas deverão ser juntadas aos ambiental, deverão ser providenciados assim que possível, bem
autos do processo administrativo ambiental, acompanhadas do res- como a justificativa deverá ser registrada no relatório de fiscaliza-
pectivo comprovante de recebimento. ção ambiental.
Art. 9º A forma e o conteúdo dos instrumentos de fiscalização § 2º Os meios de prova legais, de que trata o inciso III do caput
ambiental serão definidos pelo órgão ambiental estadual compe- deste artigo, poderão ser textuais, cartográficos, iconográficos, fil-
tente por meio de instrução normativa. mográficos, sonoros, micrográficos, documentais, testemunhais,
periciais, inspeções e informáticos, e acompanharão o respectivo
CAPÍTULO III relatório de fiscalização ambiental.
DAS OBRIGAÇÕES E ATRIBUIÇÕES DOS AGENTES DE § 3º Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL qualidade ambiental, o agente de fiscalização ambiental que tiver
conhecimento do fato deverá aplicar medidas administrativas cau-
Art. 10. O agente de fiscalização ambiental, que, no exercício telares para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, além de adotar
do poder de polícia ambiental, constatar a infração, deverá lavrar outros procedimentos necessários previstos neste Decreto, no que
o auto de infração, aplicar a sanção cabível e, quando necessário, couber.
aplicar medidas administrativas cautelares e impor obrigações Art. 13. Todo e qualquer material inerente à fiscalização em po-
emergenciais, nos termos previstos neste Decreto. der do agente de fiscalização ambiental deverá ser devolvido por
Art. 11. São obrigações do agente de fiscalização ambiental: ocasião do seu afastamento definitivo da atividade ou por ocasião
I - aplicar as técnicas, procedimentos e conhecimentos ineren- de alteração de sua lotação.
tes à prática fiscalizatória do meio ambiente, adquiridas em cursos
e treinamentos; CAPÍTULO IV
II - apresentar relatório de suas atividades, relatórios circuns- DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS CAUTELARES
tanciados na apuração da infração ambiental e documentos proba-
tórios sobre danos ambientais para formalizar e instruir o processo Art. 14. Constatada a infração, o agente de fiscalização ambien-
administrativo ambiental; tal, no exercício do poder de polícia administrativa ambiental, pode-
III - atuar nas áreas protegidas do Estado utilizando os meios rá aplicar as seguintes medidas administrativas cautelares:
inerentes à fiscalização; I - apreensão;
IV - conhecer a estrutura organizacional, os objetivos e as com- II - demolição;
petências do órgão em que desempenha suas atribuições, e sobre III - destruição ou inutilização dos produtos, subprodutos e ins-
as políticas nacional, estadual e municipal de meio ambiente; trumentos da infração;
V - cumprir os dispositivos deste Decreto e demais normas es- IV - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
pecíficas sobre fiscalização ambiental; V - suspensão de venda ou fabricação de produto; e/ou
VI - declarar-se suspeito ou impedido para atuar em determi- VI - suspensão parcial ou total de atividades.
nada fiscalização ou processo administrativo ambiental, nos termos Parágrafo único. As medidas administrativas cautelares, dota-
dos arts. 27 a 29 da Lei Estadual nº 8.972, de 13 de janeiro de 2020; das de autoexecutoriedade, decorrentes do poder de polícia ad-
VII - identificar-se sempre que estiver em ação de fiscalização ministrativa ambiental, serão aplicadas para fazer cessar a infração
ambiental; ambiental ou a continuidade do ato infracional, bem como prevenir
VIII - lavrar corretamente os instrumentos de fiscalização, pre- a ocorrência de novos ilícitos, resguardar a recuperação do meio
enchendo-os de forma concisa, legível e objetiva, com o devido en- ambiente e garantir o resultado prático do processo administrativo
quadramento legal e a sanção cabível aplicada; ambiental.
IX - observar os deveres, proibições, determinações superiores Art. 15. A análise da regularidade e a consequente decisão in-
e responsabilidades relativas aos serviços e servidores públicos do terlocutória de eventuais medidas administrativas cautelares apli-
Estado do Pará, além de outras obrigações dispostas na Lei Estadual cadas caberá à Julgadoria de Primeira Instância.
nº 5.810, de 24 de janeiro de 1994;

259
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. Os recursos interpostos contra a decisão da § 4º A demolição ou desfazimento deverá ser formalizada em
Julgadoria de Primeira Instância que mantiver medida administra- termo próprio, com a descrição detalhada da obra, edificação ou
tiva cautelar imposta serão apreciados pelo Tribunal Administrati- construção, acompanhada de relatório que exponha as circunstân-
vo de Recursos Ambientais (TRA), que deverá pautar o julgamento cias que a justifiquem e de registro fotográfico da obra, edificação
desses casos com prioridade, dada a urgência na possível reversão ou construção de sua demolição.
da medida.
SEÇÃO II
SEÇÃO I DO PROCEDIMENTO DE INTERDIÇÃO E DE EMBARGO
DO PROCEDIMENTO DE DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO E
DE DEMOLIÇÃO OU DESFAZIMENTO Art. 20. A medida administrativa cautelar de interdição total
ou parcial e temporária será aplicada pelo agente de fiscalização
Art. 16. Constatada a infração, o agente de fiscalização ambien- ambiental, com vistas à recuperação e regeneração do ambiente
tal poderá adotar as medidas administrativas cautelares de destrui- degradado, nos seguintes casos:
ção ou inutilização e de demolição ou desfazimento dos produtos, I - quando a infração gerar perigo iminente à saúde pública e ao
subprodutos e instrumentos da infração, formalizando o ato admi- meio ambiente; e/ou
nistrativo por meio do respectivo termo. II - quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcio-
nando sem a devida autorização, em desacordo com a concedida ou
SUBSEÇÃO I com violação de disposição legal ou regulamentar.
DO PROCEDIMENTO DE DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO Art. 21. A imposição da medida administrativa cautelar previs-
ta no art. 20 deste Decreto importa na suspensão automática da
Art. 17. Os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e instru- licença, autorização ou permissão concedida pelo órgão ambiental
mentos utilizados na prática da infração ambiental poderão ser des- competente.
truídos ou inutilizados quando: Art. 22. A interdição definitiva será determinada mediante de-
I - a medida for necessária para evitar o seu uso e aproveita- cisão final da autoridade julgadora, nos autos do processo adminis-
mento indevidos nas situações em que o transporte e a guarda fo- trativo ambiental.
rem inviáveis em face das circunstâncias; Art. 23. O embargo de obra ou atividade e suas respectivas áre-
II - possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou as tem por objetivo impedir a continuidade do dano ambiental, pro-
comprometer a segurança da população e dos agentes públicos en- piciar a regeneração do meio ambiente e viabilizar a recuperação da
volvidos na fiscalização ambiental; ou área degradada, devendo se restringir exclusivamente ao local em
III - a própria natureza do bem impossibilitar sua utilização para que verificada a prática do ilícito.
fins lícitos. Art. 24. No caso de descumprimento ou violação do embargo,
§ 1º Os produtos, subprodutos e instrumentos utilizados na a autoridade competente, além de aplicar as sanções previstas em
prática da infração ambiental deverão ser apresentados em formu- lei, deverá comunicar ao Ministério Público para fins de apuração
lário próprio com a posterior lavratura do respectivo termo de des- de infração penal.
truição ou inutilização, contendo a descrição do bem. Parágrafo único. O embargo restringe-se ao local em que se ve-
§ 2º A motivação da destruição ou inutilização será atestada rificou a infração ambiental, não alcançando as demais atividades
nos autos, por meio de laudo técnico de constatação e registro realizadas em áreas não embargadas da propriedade ou posse, ou
fotográfico elaborados pelo agente de fiscalização ambiental que não correlacionadas com a infração.
participou da ação fiscalizatória, devendo ser considerada medida Art. 25. No caso de áreas irregularmente desmatadas ou quei-
excepcional. madas, o agente de fiscalização ambiental embargará quaisquer
Art. 18. O termo de destruição ou inutilização deverá ser ins- obras ou atividades nelas localizadas ou desenvolvidas, excetuan-
truído com elementos que identifiquem as condições anteriores e do-se as atividades de subsistência.
posteriores à ação, bem como a avaliação dos bens destruídos. Parágrafo único. Não se aplicará a penalidade de embargo de
obra ou atividade, ou de área, nos casos em que a infração de que
SUBSEÇÃO II trata este artigo se der fora da área de preservação permanente ou
DO PROCEDIMENTO DE DEMOLIÇÃO OU DESFAZIMENTO reserva legal, salvo quando se tratar de desmatamento não autori-
zado de mata nativa.
Art. 19. A demolição ou desfazimento de obra, edificação ou Art. 26. A cessação da medida administrativa cautelar de em-
construção não habitada e utilizada diretamente para a infração bargo ou de interdição dependerá de decisão da autoridade am-
ambiental dar-se-á excepcionalmente no ato de fiscalização nos biental após a apresentação, por parte do autuado, de documenta-
casos em que se constatar que a ausência da demolição importa ção que regularize a obra ou atividade.
em iminente risco de agravamento do dano ambiental ou de graves Art. 27. A pedido do interessado, o órgão ambiental estadual
riscos à saúde. competente emitirá certidão em que conste a atividade, a obra e
§ 1º A demolição ou desfazimento poderá ser feita pelo agente a parte da área do imóvel que são objeto do embargo, conforme
de fiscalização ambiental, por quem este autorizar ou pelo próprio o caso.
infrator e deverá ser devidamente descrita e documentada, inclusi- Art. 28. O órgão ambiental estadual competente poderá autuar
ve com fotografias. e embargar as áreas com ocorrência de desmatamento ilegal, cons-
§ 2º As despesas para a realização da demolição ou desfazi- tatadas a partir de:
mento correrão às custas do infrator. I- fiscalização em campo;
§ 3º A demolição ou desfazimento de que trata o caput deste II- Relatório de Verificação do Desmatamento (RVD); e/ou
artigo não será realizada em edificações residenciais, devendo os III - Relatório Técnico expedido pelo Centro Integrado de Mo-
órgãos competentes ser comunicados para conhecimento e provi- nitoramento Ambiental do Pará (CIMAM), nos termos do 15 do De-
dências cabíveis. creto Estadual nº 2.290, de 13 de dezembro de
2018.

260
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Art. 29. As obras ou atividades e suas respectivas áreas serão VI - desativar e retirar fornos para fabricação de carvão, insta-
objeto de medida administrativa cautelar de embargo quando: lados dentro da zona urbana ou que não estejam localizados em
I - realizadas sem licença ou autorização ambiental ou em desa- centrais de carbonização licenciadas pelo órgão ambiental compe-
cordo com a concedida; tente;
II - realizadas em locais ou áreas proibidas; ou VII - desobstruir igarapés e nascentes; e
III - houver risco de dano ou de seu agravamento. VIII - apagar incêndios florestais.
§ 1º O embargo será formalizado em termo próprio, que: Parágrafo único. Para a execução das obrigações emergenciais
I - indicará a obra, atividade ou processo produtivo a ser em- de que trata este artigo, poderão, durante o período crítico, ser re-
bargado; e duzidas ou impedidas quaisquer atividades em áreas atingidas pela
II - será instruído com a poligonal georreferenciada da extensão ocorrência.
embargada. Art. 34. O agente de fiscalização ambiental notificará o infrator
§ 2º O embargo de obra ou atividade limitar-se-á àquela exe- da imposição das obrigações emergenciais, para que, no prazo de
cutada de forma irregular, sem conformidade com as condições, até 30 (trinta) dias úteis, efetive o seu cumprimento.
parâmetros ou padrões estabelecidos em norma ou indicados nos § 1º O prazo para o cumprimento da obrigação emergencial
processos de licenciamento ou autorização ambiental. poderá ser aumentado ou prorrogado em casos excepcionais por
§ 3º O embargo de área limitar-se-á àquela em que se desen- motivos de interesse público, mediante apresentação de justificati-
volvem as atividades irregulares, salvo impossibilidade de dissocia- va e despacho fundamentado da autoridade competente do setor
ção de eventuais atividades regulares ou evidente risco de continui- de fiscalização.
dade infracional. § 2º A desobediência à determinação contida na notificação de
§ 4º Constatada a existência de desmatamento ou queimada que trata este artigo acarretará a imposição de multa diária, arbi-
caracterizados como infração ambiental, o embargo recairá sobre trada de acordo com os valores correspondentes à classificação da
todas as obras ou atividades existentes na área, ressalvadas as ativi- infração, até o exato cumprimento da obrigação, ou pelo prazo de-
dades de subsistência ou as demais atividades realizadas no imóvel limitado no caput deste artigo, sem prejuízo de outras penalidades
não relacionadas com a infração. previstas na legislação.
Art. 30. O embargo será revogado mediante comprovação da
regularidade ambiental ou adoção de medidas efetivas quanto à CAPÍTULO VI
regularização, assim consideradas pela autoridade competente em DA FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
decisão fundamentada, observados os requisitos estabelecidos em
lei ou ato normativo próprio. Art. 35. O órgão competente iniciará a fiscalização das infrações
§ 1º A decisão de indeferimento da revogação do embargo será ambientais:
fundamentada com base em laudo técnico que indique que o passi- I - de ofício;
vo ambiental da área ainda está pendente de regularização. II - mediante requisição do Ministério Público ou do Poder Ju-
§ 2º A autoridade ambiental competente terá o prazo máximo diciário;
de 15 (quinze) dias para a tomada de decisão quanto ao pedido de III - mediante representação de órgãos ou entidades ou denún-
revogação ou cessação da medida administrativa cautelar de em- cia; e
bargo. IV - mediante Planejamento Operacional Anual (POA), nos ter-
§ 3º No caso de indeferimento do pedido de revogação do em- mos da lei.
bargo abrir-se-á o prazo de 20 (vinte) dias para que o embargado Art. 36. A chefia imediata da unidade administrativa respon-
apresente recurso ao Tribunal de Recursos Ambientais (TRA), a ser sável pela fiscalização ambiental, mediante Ordem de Fiscalização
apreciado no prazo máximo de 10 (dez) dias. devidamente assinada, designará a equipe que integrará a ação fis-
Art. 31. No caso de descumprimento do embargo que enseje calizatória e os elementos para o seu cumprimento, indicando:
a lavratura de novo auto de infração, o respectivo processo deverá I - o coordenador e a equipe de apoio;
ser vinculado ao processo originário. II - a área de abrangência da atuação;
III - os instrumentos e condições materiais a serem emprega-
CAPÍTULO V dos;
DAS OBRIGAÇÕES EMERGENCIAIS IV - o período da operação; e
V - demais informações necessárias ao resultado prático da
Art. 32. As obrigações emergenciais serão impostas ao autuado ação fiscalizatória.
pelo agente de fiscalização ambiental, com vistas a regularizar a ati- Parágrafo único. A ação fiscalizatória poderá ser determinada,
vidade, evitar episódios críticos de poluição ambiental ou impedir excepcionalmente, por meio de correio eletrônico e aplicativos de
sua continuidade em casos de grave e iminente risco para as vidas mensagens, nos casos de grave e iminente risco para as vidas hu-
humanas ou recursos econômicos e naturais. manas ou recursos econômicos e naturais, ou em razão das circuns-
Art. 33. São obrigações emergenciais, para fins deste Decreto, tâncias da infração ambiental, devendo o agente de fiscalização
dentre outras estabelecidas por órgãos ambientais competentes e/ ambiental acusar o recebimento da informação, a fim de garantir
ou reguladores: a eficácia do ato.
I - providenciar o licenciamento ambiental; Art. 37. Fica assegurado ao agente de fiscalização ambiental,
II - paralisar a atividade de imediato; no exercício de suas funções de fiscalização ou de inspeção, livre
III - cessar, imediatamente, a queima de resíduos industriais a acesso, em qualquer dia e hora, aos estabelecimentos ou empre-
céu aberto; endimentos sujeitos ao licenciamento ambiental e/ou passíveis de
IV - retirar entulhos e materiais de vias públicas e outros locais fiscalização ambiental, inclusive em local notoriamente abandona-
indevidos; do ou em caso de flagrante delito ou desastre.
V - consertar equipamentos e recuperar obras utilizadas para
minimizar impactos negativos, que acidentalmente foram danifica-
dos;

261
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Parágrafo único. O acesso de que trata o caput deste artigo será Art. 40. Constatada a ocorrência de infração administrativa am-
realizado, preferencialmente, com o auxílio da Polícia Militar do biental, o agente de fiscalização ambiental indicará no auto de infra-
Pará (PMPA) e/ou do Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), ção as sanções administrativas previstas no art. 10 da Lei Estadual
para resguardar a segurança dos agentes de fiscalização ambiental nº 9.575, de 2022.
e a manutenção da ordem pública do meio ambiente.
SEÇÃO II
SEÇÃO I DO RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
DA AUTUAÇÃO
Art. 41. O relatório de fiscalização ambiental conterá:
Art. 38. O auto de infração será lavrado em formulário próprio I - a unidade administrativa responsável pela ação fiscalizatória;
ou por meio de sistema informatizado, no local em que for cons- II - a menção da demanda que originou a ação fiscalizatória;
tatada a infração ou na sede do órgão ambiental competente, por III - a data ou período, a hora e o local da ação fiscalizatória;
agente de fiscalização ambiental que a houver constatado ou dela IV - a identificação, com nome completo, dos integrantes da
tenha tido conhecimento, devendo conter: equipe de fiscalização;
I - a qualificação do autuado; V - a identificação do infrator, quando possível;
II - o local, a data e a hora da lavratura; VI - a descrição dos fatos ocorridos no contexto da ação fiscali-
III - a descrição do fato e os dispositivos legais infringidos; zatória, mencionando a data, a hora e o local e os meios utilizados
IV - a penalidade aplicada, e quando for o caso, o valor da mul- para sua realização, bem como a materialidade da infração;
ta; VII - a individualização da conduta dos infratores responsáveis
V- o preceito legal que autoriza a imposição da penalidade a pelo dano ambiental ou respectiva infração;
que está sujeito o infrator; VIII - as circunstâncias atenuantes e agravantes, previstas nos
VI - as circunstâncias agravantes e atenuantes, previstas na Lei arts. 16 e 18 da Lei Estadual nº 9.575, de 2022;
Estadual nº 9.575, de 2022; IX - as medidas acautelatórias aplicadas, fazendo referência aos
VII - a assinatura do autuante e indicação de seu nome comple- respectivos termos lavrados;
to, cargo ou função e o número da matrícula; e X - as obrigações emergenciais impostas; e
VIII - o prazo para defesa, pagamento ou conciliação. XI - as provas legais colhidas por ocasião da ação fiscalizatória.
§ 1º Nos casos em que o auto de infração for lavrado com base Parágrafo único. Todas as provas colhidas por ocasião de ação
em manifestações técnicas ou jurídicas, a cópia dos respectivos do- fiscalizatória ou obtidas por meio de outras demandas que atestem
cumentos deverá acompanhar o relatório de fiscalização ambiental. a infração ambiental deverão ser mencionadas e seus registros ane-
§ 2º Caso o autuado se recuse a dar ciência do auto de infração, xados ao relatório de fiscalização ambiental.
o agente de fiscalização ambiental certificará o ocorrido e o entre- Art. 42. O agente de fiscalização ambiental deverá colher to-
gará ao autuado, constando tal recusa como causa de agravamento das as provas possíveis de autoria e materialidade, bem como da
do valor da multa. extensão do dano, apoiando- se em documentos, fotos e dados de
§ 3º Nos casos de evasão ou ausência do responsável e inexis- localização, incluindo as coordenadas geográficas da área embar-
tindo preposto identificado, aplica-se o disposto no § 1o deste arti- gada, que deverão constar do respectivo relatório de fiscalização
go, cujo auto de infração será encaminhado, preferencialmente, por ambiental para posterior georreferenciamento.
meio eletrônico, quando houver concordância expressa do autuado
e tecnologia disponível que confirme o seu recebimento, ou outro SEÇÃO III
meio válido que assegure a sua ciência. DA NOTIFICAÇÃO
§ 4º A qualificação do autuado, de que trata o inciso I do caput
deste artigo, além do nome completo e endereço com Código de Art. 43. A notificação será realizada nos termos do art. 38 da Lei
Endereçamento Postal (CEP), deverá conter o número de inscrição Estadual nº 9.575, de 2022.
do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional de Pes- Art. 44. A equipe de instrução processual procederá à notifica-
soas Jurídicas (CNPJ) e outras informações que possibilitem sua cor- ção do autuado quando restar infrutífera a notificação pessoal no
reta identificação e localização, para fins de instrução processual. ato de fiscalização ambiental.
§ 5º Caso o autuado não seja portador de registro junto ao Ca- Art. 45. Notificado o autuado, a equipe de instrução processual
dastro de Pessoas Físicas (CPF), deverá ser oficiada a Delegacia da aguardará o término do prazo para o autuado apresentar defesa,
Receita Federal do Brasil para inscrição de ofício do autuado junto efetuar o pagamento ou manifestar interesse em conciliar.
àquele cadastro. § 1º Nos casos em que não for apresentada a defesa no prazo
§ 6º Em se tratando de empreendimento empresarial desen- legal, nem a manifestação do autuado em conciliar, a equipe de ins-
volvido por sociedade em comum, sem inscrição junto ao Cadastro trução processual deverá certificar o fato nos autos, para os efeitos
Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), deverá constar do auto de in- legais, e encaminhará o processo administrativo ambiental para a
fração ou da notificação esta circunstância, lavrando-se a respectiva Julgadoria de Primeira Instância.
autuação ou notificação em nome das pessoas naturais que sejam § 2º Caso o autuado manifeste interesse em conciliar, a equipe
responsáveis pelo exercício profissional da atividade econômica. de instrução processual encaminhará os autos ao Núcleo de Con-
§ 7º Caso o infrator não saiba ler, nem escrever, o auto de infra- ciliação Ambiental (NUCAM) da Secretaria de Estado de Meio Am-
ção poderá ser assinado a rogo. biente e Sustentabilidade (SEMAS).
Art. 39. No caso de infrator menor de 18 (dezoito) anos de ida-
de, deverá constar no auto de infração, além do disposto no art. 38
deste Decreto, a filiação ou a identificação dos responsáveis legais.
Parágrafo único. O Ministério Público e o Conselho Tutelar do
município em que ocorreu a infração deverão ser comunicados, nos
termos do art. 48 deste Decreto.

262
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO VII Art. 53. Aos casos omissos, aplicam-se, subsidiariamente, a Lei
DAS COMUNICAÇÕES Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, o Decreto Federal nº
6.514, de 22 de julho de 2008, e outras normas federais regulamen-
Art. 46. A comunicação de crime e/ou infração ambiental aos tares pertinentes.
órgãos e entidades públicas competentes será formalizada por Art. 54. Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar
meio de ofício, encaminhado pelo titular do órgão ambiental com- infração ambiental decorrente de empreendimentos ou atividades
petente. utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente po-
Parágrafo único. A atribuição de comunicação, de que trata o luidores, poderá dirigir representação ao órgão ambiental compe-
caput deste artigo, poderá ser delegada ao responsável pela unida- tente e demais órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional
de administrativa de fiscalização ambiental, mediante ato do titular de Meio Ambiente (SISNAMA), para cumprimento do exercício do
do órgão ambiental competente. poder de polícia ambiental.
Art. 47. Compete à equipe de instrução processual elaborar mi- Art. 55. Compete ao órgão ambiental competente para o li-
nuta de ofício, para fins de comunicação: cenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendi-
I - ao Ministério Público competente, quando se tratar de crime mento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar
ambiental; processo administrativo ambiental para a apuração de infrações à
II - ao Ministério Público do Trabalho, no caso do ato infracional legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade
ser praticado com a redução de alguém à condição análoga à de licenciada ou autorizada.
escravo ou com utilização de trabalho infantil; § 1º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício
III - à Promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização de
do Estado do Pará e ao Conselho Tutelar, quando se tratar de infra- conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou po-
ção ambiental praticada por menor de idade; tencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais, com
IV - aos órgãos ambientais, acerca da lavratura de auto de infra- a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração
ção, quando competentes para o licenciamento ou autorização da lavrado pelo órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou
atividade ou empreendimento, nos termos da Lei Complementar autorização.
Federal nº 140, de 8 de dezembro de 2011; e § 2º Nos casos em que a fiscalização regular do órgão ambien-
V - ao Departamento de Trânsito do Estado do Pará (DETRAN- tal ou da entidade a este vinculada constatar infração ambiental co-
-PA), à Capitania dos metida por empreendimento ou atividade cujo licenciamento seja
Portos ou a outro órgão e/ou entidade competente de registro, de competência de outro ente, deverá ser lavrado auto de infração
acerca da apreensão de veículos de qualquer natureza. acompanhado de relatório circunstanciado, encaminhando cópias
Parágrafo único. As minutas de ofício serão encaminhadas ao dos documentos ao ente licenciador.
titular do órgão ambiental competente, para análise e posterior Art. 56. Os procedimentos para apreensão e destinação dos
envio, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 46 deste produtos e subprodutos objetos de infração ambiental deverão ob-
Decreto. servar o disposto no Decreto Estadual nº 204, de 4 de julho de 2019.
Art. 48. O Ministério Público será comunicado da ocorrência Art. 57. Fica revogado o Decreto Estadual nº 552, de 17 de fe-
de crime ambiental, devendo ser encaminhado o respectivo o auto vereiro de 2020.
de infração. Art. 58. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. Nos casos de crimes ambientais com graves
riscos à saúde pública e ao meio ambiente, e os previstos nos inci- PALÁCIO DO GOVERNO, 6 de dezembro de 2022.
sos II e III do art. 47 deste Decreto, o Ministério Público deverá ser
comunicado em até 5 (cinco) dias úteis.
Art. 49. O Ministério Público Federal será comunicado dos cri- QUESTÕES
mes ambientais quando for interessada a União, suas autarquias ou
empresas estatais. 1. Assinale a alternativa INCORRETA:
Art. 50. As comunicações de que trata este Capítulo poderão (A) Pode configurar poluição a degradação da qualidade am-
se realizar por meio eletrônico ou qualquer outro sistema de comu- biental resultante de atividades que, direta ou indiretamente,
nicação apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informa- prejudiquem a saúde, a segurança e o bemestar da população.
ções, a partir de acordos previamente firmados entre os órgãos ou (B) Não se entende por poluidor a pessoa jurídica de direito
entidades. público responsável indiretamente por atividade causadora de
Art. 51. Para os efeitos deste Decreto, os instrumentos de cor- degradação ambiental.
respondência são documentos lavrados em formulário próprio ou (C) Um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente é
emitidos por sistema informatizado, por meio dos quais a autori- impor ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os
dade competente registra e formaliza o ato administrativo que visa danos causados, sendo ele obrigado, independentemente da
comunicar a decisão do órgão ambiental, bem como prestar ou so- existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados
licitar informações, sendo estes: ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.
I - ofício; e/ou (D) O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para pro-
II - notificação. por ação buscando a responsabilização civil por danos causa-
dos ao meio ambiente do trabalho, bem como ação civil pública
CAPÍTULO VIII que tenha como causa de pedir o descumprimento de normas
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS relativas à segurança, higiene e saúde dos servidores públicos.
(E) Não respondida.
Art. 52. Aplicam-se aos prazos previstos neste Decreto o dis-
posto na Lei Estadual nº 9.575, de 2022, e na Lei Estadual nº 8.972,
de 2020.

263
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
2. De acordo com a Lei nº 6.938/1981, os órgãos e as entida- (D) É permitido, durante o prazo de vigência da servidão am-
des da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos biental, a alteração da destinação da área, nos casos de trans-
Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Públi- missão do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou
co, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, de retificação dos limites do imóvel.
constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). So- (E) O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15
bre a estruturação do SISNAMA, é considerado como órgão supe- (quinze) anos.
rior:
(A) O Conselho de Governo, com a função de assessorar o Pre- 5. Visando o desempenho de atividade de fiscalização ambien-
sidente da República na formulação da política nacional e nas tal mediante a utilização de parcela de recursos obtidos por meio da
diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos taxa de controle e fiscalização ambiental (TCFA), o estado da Fede-
ambientais. ração poderá formalizar com o IBAMA
(B) Os órgãos ou as entidades estaduais responsáveis pela exe- (A) termo de fomento.
cução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de (B) termo de colaboração.
atividades capazes de provocar a degradação ambiental. (C) contrato de repasse.
(C) A Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da Repúbli- (D) acordo de cooperação técnica.
ca, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e (E) convênio.
controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente. 6. De acordo com o Código Florestal e Áreas de Preservação
(D) O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na- Permanente, assinale a alternativa CORRETA.
turais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Con- (A) É dispensada a autorização do órgão ambiental competente
servação da Biodiversidade (Instituto Chico Mendes), com a para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segu-
finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes rança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à
governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
as respectivas competências. (B) A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes,
dunas e restingas não poderá ser autorizada em nenhuma hi-
3. O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), discipli- pótese.
nado pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre (C) É permitida a conversão de vegetação nativa para uso alter-
a Política Nacional do Meio Ambiente, é composto de diversos ór- nativo do solo no imóvel rural que possuir área abandonada.
gãos, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambien- (D) É proibido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Pre-
tal. servação Permanente para obtenção de água e para realização
No âmbito municipal, o SISNAMA é estruturado por: de atividades de baixo impacto ambiental.
(A) Órgãos Executores, com a finalidade de executar e fazer (E) No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados pro-
executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para jetos que contemplem a utilização de qualquer bioma.
o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências.
(B) Órgãos Seccionais, responsáveis pela execução de progra- 7. Assinale a alternativa que está de acordo com a Lei nº
mas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capa- 12.651/2012.
zes de provocar a degradação ambiental. (A) É vedado o acesso de pessoas às Áreas de Preservação Per-
(C) Órgão consultivo e deliberativo, com a finalidade de asses- manente para obtenção de água.
sorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de (B) Os empreendimentos de abastecimento público de água e
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos tratamento de esgoto estão sujeitos à constituição de Reserva
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre nor- Legal.
mas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologica- (C) O órgão federal integrante do Sisnama deverá aprovar a lo-
mente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. calização da Reserva Legal após a inclusão do imóvel no CAR.
(D) Órgãos Locais, responsáveis pelo controle e fiscalização (D) No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Le-
dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. gal poderá ser agrupada em regime de condomínio entre os
(E) Órgão Central, com a finalidade de planejar, coordenar, su- adquirentes.
pervisionar e controlar a política nacional e as diretrizes gover- (E) É dispensado o estabelecimento de nexo causal na verifica-
namentais fixadas para o meio ambiente. ção das responsabilidades por infração pelo uso irregular do
fogo em terras particulares.
4. Assinale a alternativa INCORRETA acerca da Lei nº 6.938/1981,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. 8. Responda a questão com base no Decreto 6.514, de 22 de
(A) Entende-se por poluidor a pessoa física ou jurídica, de di- julho de 2008, que dispõe sobre as infrações e sanções adminis-
reito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, trativas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo
por atividade causadora de degradação ambiental. federal para a apuração destas infrações.
(B) O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é órgão Constatada a ocorrência de infração ambiental deverá ser la-
consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambien- vrado o Auto de Infração, do qual deverá ser dada ciência ao au-
te – SISNAMA. tuado assegurando-se o contraditório e a ampla defesa. Marque
(C) São órgãos executores do SISNAMA: o Instituto Brasileiro do a alternativa que indica corretamente quais as formas de procedi-
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA – mento que deverão ser feitas para intimar o autuado da lavratura
e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Auto de Infração e em que prazo o autuado poderá apresentar
– Instituto Chico Mendes. defesa conta o Auto de Infração.
(A) O autuado será intimado da lavratura do Auto de Infração
somente pessoalmente e a defesa deverá ser apresentada no
prazo de 20 (vinte) dias, contados da data da ciência da autu-

264
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
ação. 11. A água é um recurso natural limitado, dotado de expressi-
(B) O autuado será intimado da lavratura do Auto de Infração vo valor econômico, necessário para o desenvolvimento de toda a
pessoalmente, por seu representante legal, por carta registra- cadeia produtiva e imprescindível para a manutenção da vida hu-
da com aviso de recebimento, por edital, se estiver em lugar mana, animal e vegetal. Dada a sua importância, foi constituída a
incerto, não sabido ou se não for localizado no endereço e a Política Nacional de Recursos Hídricos, que tem como instrumen-
defesa deverá ser apresentada no prazo de 30 (trinta) dias, con- tos, entre outros,
tados da data da ciência da autuação. (A) a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos.
(C) O autuado será intimado da lavratura do Auto de Infração (B) o sistema integrado de captação de águas pluviais.
pessoalmente, por seu representante legal, por carta registra- (C) o gerenciamento das usinas de recaptação pluviométrica.
da com aviso de recebimento, por edital, se estiver em lugar (D) o sistema integrado de gerenciamento dos aquíferos.
incerto, não sabido ou se não for localizado no endereço e a (E) o sistema de reúso e dessalinização.
defesa deverá ser apresentada no prazo de 20 (vinte) dias, con-
tados da data da ciência da autuação. 12. Assinale a opção correta de acordo com as disposições da
(D) O autuado será intimado da Lavratura do Auto de Infração Lei nº 9.433/1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hí-
pessoalmente, por carta registrada com aviso de recebimento, dricos.
por edital, se estiver em lugar incerto, não sabido ou se não for (A) A água é bem de domínio público de natureza limitada e
localizado no endereço e a defesa deverá ser apresentada no sem valor econômico mensurável.
prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da autu- (B) O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos
ação. tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qua-
litativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de
9. O Decreto nº 6.514 de 22 de Julho de 2008, Dispõe sobre as acesso à água.
infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece (C) A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada,
o processo administrativo federal para apuração destas infrações. estando sujeita ao regime de outorga a extração de água de
Concernente ao disposto no decreto, assinale a afirmativa correta: aquífero subterrâneo, salvo se destinada para o consumo final.
(A) As sanções serão aplicadas aos locais onde caracterizou-se a (D) São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos,
infração ambiental alcançando às demais atividades realizadas entre outros, a gratuidade pelo uso de recursos hídricos e o en-
em áreas não embargadas da propriedade. quadramento dos corpos de água em classes, segundo os seus
(B) As sanções serão aplicadas aos locais onde caracterizou-se usos preponderantes.
a infração ambiental e as não correlacionadas com a infração (E) Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hí-
para prevenir um desastre ambiental maior. dricos deve atender o consumo humano e a produção de ali-
(C) As sanções serão aplicadas aos locais onde caracterizou-se mentos básicos.
a infração ambiental e as não correlacionadas com a infração
para prevenir danos por morte.
(D) As sanções serão aplicadas aos locais onde efetivamente GABARITO
caracterizou-se a infração ambiental.
1 B
10. A Política Nacional de Recursos Hídricos busca prevenir e
evitar eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorren- 2 A
tes do uso inadequado dos recursos naturais, prevendo a gestão 3 D
descentralizada e democrática dos recursos hídricos, por meio do
estabelecimento 4 D
(A) das Agências de Águas, que devem estabelecer os meca- 5 E
nismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os
6 A
valores a serem cobrados.
(B) do Conselho Nacional e dos Conselhos Estaduais de Recur- 7 D
sos Hídricos, que julgarão os recursos das decisões dos Comitês 8 C
de Bacia Hidrográfica de acordo com sua esfera de competên-
cia. 9 D
(C) da Secretaria Nacional de Segurança Hídrica do Ministério 10 B
de Desenvolvimento Regional, que deverá decidir, em última
instância administrativa, conflitos existentes entre Conselhos 11 A
Estaduais de Recursos Hídricos. 12 B
(D) dos Comitês de Bacia Hidrográfica, que deverão elaborar
o Plano de Recursos Hídricos para apreciação das Agências de
Águas. ANOTAÇÕES
(E) da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, a qual
deverá aprovar o enquadramento dos corpos de água em clas-
ses, em consonância com as diretrizes do Conselho Nacional do ______________________________________________________
Meio Ambiente (CONAMA).
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
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266
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Administrativo

regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con-


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati-
va de políticas de governo.
Administração pública A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de
Conceito governo e desempenhar a função administrativa em favor do in-
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda-
de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
agentes públicos. público.
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e A Administração Pública também possui elementos que a com-
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos função administrativa estatal.
interesses coletivos”.
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a — Observação importante:
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco-
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
em sentido objetivo. a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo. tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
Em suma, temos: trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
SUBJETIVO órgãos administrativos}. 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
SUBJETIVO agentes públicos}. sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
SENTIDO Sentido amplo {função política e administra- Municípios e Distrito Federal).
OBJETIVO tiva}.
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por esses Princípios da administração pública
OBJETIVO entes}. De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
Existem funções na Administração Pública que são exercidas um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
viço público. de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
uma das funções. Vejamos: pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de- Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida- aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
de ou de interesse público.
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati- Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
em prol do interesse coletivo. legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi- la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis- os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
jurídico e com predominância pública. O serviço público também que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.

267
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in- – Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos óticas:
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo, a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
dando-lhe unicidade e coerência. aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po- na objetividade.
sitivados e não escritos na lei de forma expressa. b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe-
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
— Observação importante: primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci- atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
plícitos. terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’

Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin- – Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati-
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis- va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- na Administração Pública.
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público.
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
os individuais.
te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
Sua principal função é orientar a nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
PÚBLICO
ses da Administração Pública. trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais dade sobre os seus atos.
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam- luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
em concurso público para o provimento dos cargos públicos. ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
Princípios Administrativos ser afastado.
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad-
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade, Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
Vejamos:
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo, EC n. 19/1998.
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir. São decorrentes do princípio da eficiência:
— Observação importante: O princípio da legalidade considera a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
art. 59 da Constituição Federal. b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
art. 41, § 4º da CFB/88.

268
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No que se refere à importância econômica e social, a organi-
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES FOR- zação permite o emprego dos fatores de produção (terra, capital,
MAIS MODERNAS: TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZA- trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades humanas de
CIONAL, NATUREZA, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE DE- modo racional e sustentável, uma vez que os bens são escassos e as
PARTAMENTALIZAÇÃO necessidades são ilimitadas.
Com a transformação de recursos em produtos e serviços, a
Organização sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos, tributos,
O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como “um infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do mercado.
sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo
(ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos, as orga- Quanto aos tipos de organização, as organizações podem ser
nizações têm dois outros componentes importantes: processos de públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou não.
transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3). Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil (Lei
10.406, de 2002):
Maximiano explica: • Pessoas jurídicas de direito público interno – União, Estados,
• Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação de Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (inclusive as
produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais como associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas
satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empregos, promo- por lei (art. 41);
ver bem-estar social etc. • Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados estran-
• Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível das geiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacional público
organizações; além dos recursos humanos são necessários recur- (art. 42);
sos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis (tempo, • Pessoas jurídicas de direito privado – associações, socieda-
conhecimentos, tecnologias). des, fundações, organizações religiosas e partidos políticos (art. 44).
• Processos de transformação – os processos viabilizam o alcan- Destas, somente as sociedades possuem fins econômicos.
ce dos resultados, pois são um conjunto ou sequência de atividades Funções organizacionais são as tarefas especializadas que
interligadas com início, meio e fim, combinando os recursos para ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos e
fornecer produtos ou serviços. É a estrutura de ação de um sistema, serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais importantes
sendo os mais importantes: processo de produção (transformação são:
de matérias-primas) e processo de administração de recursos • Operações – também chamada de produção, é a responsável
humanos (transformação de necessidades de mão-de-obra em pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da transforma-
pessoas capacitadas e motivadas para atuarem na organização). ção dos recursos.
• Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de pessoas • Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e manter a
são especializadas em tarefas necessárias ao alcance dos objetivos ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários
da organização, sendo que a especialização faz superar limitações ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvimento de pro-
individuais. A soma das especializações de cada um produz sinergia, dutos, definição de preços, propaganda e vendas etc. É uma função
um resultado maior que o trabalho individual. que ocorre tanto em organizações lucrativas como naquelas que
não visam lucro em suas operações.
Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização “é • Finanças – responsável pelo dinheiro da organização, busca
a ordenação e agrupamento de funções, alocação de recursos e a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros, inclusive
atribuição de trabalho em um departamento para que as atividades a maximização do lucro quando se trata de empresas. Preocupa-se
possam ser realizadas conforme o planejado”. com a liquidez para saldar obrigações da organização e abrange
Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de financiamento (busca de recursos financeiros), investimento
atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas, (aplicação), controle do desempenho financeiro e destinação dos
que cooperam entre si, comunicando-se e participando em ações resultados.
conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum. Continua o • Recursos humanos – também chamada de gestão de pessoas,
autor em uma abordagem mais ampla: busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a organização
As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos huma- necessita, envolvendo atividades anteriores à contratação do fun-
nos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir cionário e posteriores ao seu desligamento, tais como: planejamen-
objetivos específicos. Isso significa que as organizações são constru- to de mão-de-obra, recrutamento e seleção, treinamento, avaliação
ídas de maneira planejada e elaboradas para atingir determinados de desempenho e remuneração etc.
objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, reestruturadas e • Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar as informa-
redefinidas, na medida em que os objetivos são atingidos ou que se ções de marketing, as ideias originais e os avanços da ciência em
descobrem meios melhores para atingi-los com menor custo e me- produtos e serviços. Identifica e introduz novas tecnologias, bem
nor esforço. Uma organização nunca constitui uma unidade pronta como melhora os processos produtivos para redução de custos.
e acabada, mas um organismo social vivo e sujeito a constantes
mudanças (CHIAVENATO, 2009, p.12-13). • Estrutura organizacional
Uma organização é a coordenação de diferentes atividades de A estrutura organizacional na administração é classificada
contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações como o conjunto de ordenações, ou conjunto de responsabilida-
planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção tradicio- des, sejam elas de autoridade, das comunicações e das decisões
nal de divisão de trabalho ao se referir às diferentes atividades e de uma organização ou empresa.
à coordenação existente na organização e aos recursos humanos
como participantes ativos dos destinos dessa organização.

269
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É estabelecido através da estrutura organizacional o desen- • Departamentalização por produtos: A organização se es-
volvimento das atividades da organização, adaptando toda e trutura em torno de seus diferentes tipos de produtos ou ser-
qualquer alteração ou mudança dentro da organização, porém viços. Justificando-se quando a organização possui uma gama
essa estrutura pode não ser estabelecida unicamente, deve-se muito variada de produtos que utilizem tecnologias bem diver-
estar pronta para qualquer transformação. sas entre si, ou mesmo que tenham especificidades na forma de
Essa estrutura é dividida em duas formas, estrutura infor- escoamento da produção ou na prestação de cada serviço.
mal e estrutura formal, a estrutura informal é estável e está su- Vantagem: facilitar a coordenação entre os departamentos
jeita a controle, porém a estrutura formal é instável e não está envolvidos em um determinado nicho de produto ou serviço,
sujeita a controle. possibilitando maior inovação na produção.
Desvantagem: a “pulverização” de especialistas ao longo da
• Tipos de departamentalização organização, dificultando a coordenação entre eles.
É uma forma de sistematização da estrutura organizacional,
visa agrupar atividades que possuem uma mesma linha de ação • Departamentalização geográfica: Ou departamentalização
com o objetivo de melhorar a eficiência operacional da empre- territorial, trata-se de critério de departamentalização em que
sa. Assim, a organização junta recursos, unidades e pessoas que a empresa se estabelece em diferentes pontos do país ou do
tenham esse ponto em comum. mundo, alocando recursos, esforços e produtos conforme a de-
Quando tratamos sobre organogramas, entramos em con- manda da região.
ceitos de divisão do trabalho no sentido vertical, ou seja, ligado Aqui, pensando em uma organização Multinacional, pressu-
aos níveis de autoridade e hierarquia existentes. Quando fala- pondo-se que há uma filial em Israel e outra no Brasil. Obvia-
mos sobre departamentalização tratamos da especialização ho- mente, os interesses, hábitos e costumes de cada povo justifica-
rizontal, que tem relação com a divisão e variedade de tarefas. rão que cada filial tenha suas especificidades, exatamente para
atender a cada povo. Assim, percebemos que, dentro de cada
• Departamentalização funcional ou por funções: É a forma filial nacional, poderão existir subdivisões, para atender às dife-
mais utilizada dentre as formas de departamentalização, se tra- rentes regiões de cada país, com seus costumes e desejos. Como
tando do agrupamento feito sob uma lógica de identidade de cada filial estará estabelecida em uma determinada região geo-
funções e semelhança de tarefas, sempre pensando na especia- gráfica e as filiais estarão focadas em atender ao público dessa
lização, agrupando conforme as diferentes funções organizacio- região. Logo, provavelmente haverá dificuldade em conciliar os
nais, tais como financeira, marketing, pessoal, dentre outras. interesses de cada filial geográfica com os objetivos gerais da
Vantagens: especialização das pessoas na função, facilitan- empresa.
do a cooperação técnica; economia de escala e produtividade,
mais indicada para ambientes estáveis. • Departamentalização por projetos: Os departamentos são
Desvantagens: falta de sinergia entre os diferentes departa- criados e os recursos alocados em cada projeto da organização.
mentos e uma visão limitada do ambiente organizacional como Exemplo (construtora): pode dividir sua organização em torno
um todo, com cada departamento estando focado apenas nos das construções “A”, “B” e “C”. Aqui, cada projeto tende a ter
seus próprios objetivos e problemas. grande autonomia, o que viabiliza a melhor consecução dos ob-
jetivos de cada projeto.
• Por clientes ou clientela: Este tipo de departamentalização Vantagem: grande flexibilidade, facilita a execução do pro-
ocorre em função dos diferentes tipos de clientes que a orga- jeto e proporciona melhores resultados.
nização possui. Justificando-se assim, quando há necessidades Desvantagem: as equipes perdem a visão da empresa como
heterogêneas entre os diversos públicos da organização. Por um todo, focando apenas no seu projeto, duplicação de estru-
exemplo (loja de roupas): departamento masculino, departa- turas (sugando mais recursos), e insegurança nos empregados
mento feminino, departamento infantil. sobre sua continuidade ou não na empresa quando o projeto no
Vantagem: facilitar a flexibilidade no atendimento às de- qual estão alocados se findar.
mandas específicas de cada nicho de clientes.
Desvantagens: dificuldade de coordenação com os objetivos • Departamentalização matricial
globais da organização e multiplicação de funções semelhantes Também é chamada de organização em grade, e é uma mis-
nos diferentes departamentos, prejudicando a eficiência, além tura da departamentalização funcional (mais verticalizada), com
de poder gerar uma disputa entre as chefias de cada departa- uma outra mais horizontalizada, que geralmente é a por proje-
mento diferente, por cada uma querer maiores benefícios ao tos.
seu tipo de cliente. Nesse contexto, há sempre autoridade dupla ou dual, por
responder ao comando da linha funcional e ao gerente da ho-
• Por processos: Resume-se em agregar as atividades da or- rizontal. Assim, há a matricial forte, a fraca e a equilibrada ou
ganização nos processos mais importantes para a organização. balanceada:
Sendo assim, busca ganhar eficiência e agilidade na produção de • Forte – aqui, o responsável pelo projeto tem mais autori-
produtos/serviços, evitando o desperdício de recursos na pro- dade;
dução organizacional. É muito utilizada em linhas de produção. • Fraca – aqui, o gerente funcional tem mais autoridade;
Vantagem: facilita o emprego de tecnologia, das máquinas e • Equilibrada ou Balanceada – predomina o equilíbrio entre
equipamentos, do conhecimento e da mão-de-obra e possibilita os gerentes de projeto e funcional.
um melhor arranjo físico e disposição racional dos recursos, au-
mentando a eficiência e ganhos em produtividade. Porém, não há consenso na literatura se a departamentali-
zação matricial de fato é um critério de departamentalização, ou
um tipo de estrutura organizacional.

270
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desvantagens: filiais, ou projetos, possuírem grande auto- rem, respeitados os meios legias, a forma adequada de repartição
nomia para realizar seu trabalho, dificultando o processo admi- de competencias internas e escalonamento de pessoas para melhor
nistrativo geral da empresa. Além disso, a dupla subordinação a atender os assuntos relativos ao interesse público.
que os empregados são submetidos pode gerar ambiguidade de Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito
decisões e dificuldade de coordenação. Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pessoas de
Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que lhe as-
• Organização formal e informal sistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os encargos de
Organização formal trata-se de uma organização onde duas sua alçada entre diferentes unidades, representativas, cada qual,
ou mais pessoas se reúnem para atingir um objetivo comum com de uma parcela de atribuições para decidir os assuntos que lhe são
um relacionamento legal e oficial. A organização é liderada pela afetos...”
alta administração e tem um conjunto de regras e regulamentos
a seguir. O principal objetivo da organização é atingir as metas A Organização Administrativa é a parte do Direito Administra-
estabelecidas. Como resultado, o trabalho é atribuído a cada tivo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a compõem,
indivíduo com base em suas capacidades. Em outras palavras, além da estrutura interna da Administração Pública.
existe uma cadeia de comando com uma hierarquia organizacio- Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n.
nal e as autoridades são delegadas para fazer o trabalho. 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração Pública
Além disso, a hierarquia organizacional determina a relação Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
lógica de autoridade da organização formal e a cadeia de coman- O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o Esta-
do determina quem segue as ordens. A comunicação entre os do pode desenvolver as atividades administrativas que lhe compete
dois membros é apenas por meio de canais planejados. por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio de outros
sujeitos.
Tipos de estruturas de organização formal: A Organização Administrativa estabelece as normas justamen-
— Organização de Linha te para regular a prestação dos encargos administrativos do Estado
— Organização de linha e equipe bem como a forma de execução dessas atividades, utilizando-se de
— Organização funcional técnicas administrativas previstas em lei.
— Organização de Gerenciamento de Projetos
— Organização Matricial ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura ad-
Organização informal refere-se a uma estrutura social inter- ministrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e Admi-
ligada que rege como as pessoas trabalham juntas na vida real. É nistração Indireta.
possível formar organizações informais dentro das organizações.
Além disso, esta organização consiste em compreensão mútua, Administração Direta
ajuda e amizade entre os membros devido ao relacionamento A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públi-
interpessoal que constroem entre si. Normas sociais, conexões cos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental que
e interações governam o relacionamento entre os membros, ao a integram.
contrário da organização formal. DECRETO-LEI 200/67
Embora os membros de uma organização informal tenham
responsabilidades oficiais, é mais provável que eles se relacio- Art. 4° A Administração Federal compreende:
nem com seus próprios valores e interesses pessoais sem dis- I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integra-
criminação. dos na estrutura administrativa da Presidência da República e dos
A estrutura de uma organização informal é plana. Além dis- Ministérios.
so, as decisões são tomadas por todos os membros de forma co-
letiva. A unidade é a melhor característica de uma organização Por característica não possuem personalidade jurídica própria,
informal, pois há confiança entre os membros. Além disso, não patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas são reali-
existem regras e regulamentos rígidos dentro das organizações zadas diretamente por meio do orçamento da referida esfera.
informais; regras e regulamentos são responsivos e adaptáveis​​
às mudanças. Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos executa-
Ambos os conceitos de organização estão inter-relaciona- dos pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de órgãos que
dos. Existem muitas organizações informais dentro de organiza- estão integrados na sua estrutura.
ções formais, portanto, eles são mutuamente exclusivos. Outra característica marcante da Administração Direta é que
não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direi-
tos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: CENTRALIZAÇÃO,
política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios).
DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCEN-
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou
TRAÇÃO
seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação processual.
Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda
NOÇÕES GERAIS que pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de al-
Para que a Administração Pública possa executar suas ativida- guma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a demanda em face
des administrativas de forma eficiente com o objetivo de atender da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa polí-
os interesses coletivos é necessária a implementação de tecnicas tica dotada de personalidade jurídica com capacidade postulatória
organizacionais que permitam aos administradores públicos decidi- para compor a demanda judicial.

271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Administração Indireta Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés
São integrantes da Administração indireta as fundações, as au- de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado
tarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
DECRETO-LEI 200/67 Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin-
do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser-
Art. 4° A Administração Federal compreende: viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa
[...] que transfere e a que acolhe as atribuições.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes ca-
tegorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
a) Autarquias; Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
b) Empresas Públicas; e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
c) Sociedades de Economia Mista. de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
d) fundações públicas. forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra- e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au-
ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
estiver enquadrada sua principal atividade. (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex-
tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis-
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são criadas por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá
para a execução de atividades de forma descentralizada, seja para ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto.
a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais,
econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con-
e eficiência da prestação do serviço público. Têm característica de gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu-
autonomia na parte administrativa e financeira ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a títu- regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio
lo de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu art. 173: de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse cole- órgão. Vejamos:
tivo;
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional. ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, des-
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando de que não provoque aumento de despesas, bem como a criação
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na atividade ou a extinção de outros órgãos.
econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
com os particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu-
inclusive quanto à livre concorrência. nal de Contas da União.

Desconcentração e Descentralização Pessoas administrativas


Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad-
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias,
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre mista.
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra- e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede- existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen- direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União, uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e funções para as quais foram criadas de forma correta.
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, Pessoas políticas
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons-
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político.
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su- Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a
bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi- se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven-
nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia. çadas na Constituição Federal.
Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos
entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas

272
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida-
Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte- de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
rística que se encontra presente somente no âmbito da República é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati- público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público,
vos. nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina
que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
Autarquias sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con-
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias, corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti-
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- tuição Federal, que assim determina:
lização. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em ção de serviços, dispondo sobre:
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser- I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo sociedade;
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe- das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação balhistas e tributários;
a que estão vinculadas. III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- nações, observados os princípios da Administração Pública;
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi-
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica- V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re- dade dos administradores
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no Vejamos em síntese, algumas características em comum das
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na empresas públicas e das sociedades de economia mista:
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- • Devem realizar concurso público para admissão de seus em-
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo pregados;
Poder. • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
constitucional;
Empresas Públicas • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
Sociedades de Economia Mista bem como ao controle do Poder Legislativo;
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di- • Não estão sujeitas à falência;
reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de • Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
empresas estatais. trativo no que se refere às suas atividades-meio;
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas constitucionalmente;
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan- • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco-
nomia mista. Fundações e outras entidades privadas delegatárias
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- duas características que se encontram presentes de forma contun-
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988
legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre-
exclusiva e prioritária pelo direito público. dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe-
deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza-
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco- ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso
nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. das autarquias.

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun- Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em
dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res-
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi- pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi-
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
Autárquica. objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I – promoção da assistência social;
Observação importante: a autarquia é definida como serviço II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio
personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu- histórico e artístico;
ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
a uma finalidade específica de interesse social. complementar de participação das organizações de que trata esta
Vejamos como o Código Civil determina: Lei;
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...) IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com-
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; plementar de participação das organizações de que trata esta Lei;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis- VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado. promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo-
O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações luntariado;
da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
Administração Pública. bate à pobreza;
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro-
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so- dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se e crédito;
que o foro de ambas é na Justiça Federal. X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
Delegação Social XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
Organizações sociais manos, da democracia e de outros valores universais;
As organizações sociais são entidades privadas que recebem XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de- técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao neste artigo.
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do receber a qualificação. Vejamos:
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito I – as sociedades comerciais;
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec- de categoria profissional;
nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali- IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
ficação de OSs. fundações;
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- de e assemelhados;
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- mantenedoras;
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é tuito e suas mantenedoras;
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as IX – as Organizações Sociais;
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili- X – as cooperativas;
zação de bens públicos e servidores públicos.
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade
Organizações da sociedade civil de interesse público e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi-
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido
sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu- constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me-
tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n.
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que
do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades
o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos: da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De

274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá-
deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es- veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a
tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en-
a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos, tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
consultorias, cooperação técnica e assessoria. ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.

Entidades de utilidade pública


O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO: ADMI-
NISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta-
tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o
setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor. Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro tópicos anteriores.
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública,
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem-
GESTÃO DE PROCESSOS
plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil
de interesse público (OSCIP).
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor Um processo é uma sequência de atividades rotineiras que, em
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda- conjunto com outros processos, compõe a forma pela qual a orga-
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da nização funcionará. É a abordagem pela qual esses processos serão
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga- desenhados, descritos, medidos, supervisionados e controlados.
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos.
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de- Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ, esse tipo
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não de gestão necessita de visão sistêmica, pois sem ela é impossível
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa perceber como o todo significa muito mais, do que a uma simples
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici- soma das partes. A abordagem sistêmica dentro de uma organiza-
ência da sociedade. ção faz com que o foco de sua gestão esteja voltado não só para o
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do seu ambiente interno, mas para o externo também, ou seja, que
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos haja uma sinergia entre as partes para que os objetivos planejados
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa sejam alcançados.
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor A gestão de processos realiza diversos papéis dentro da organi-
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos zação. Sendo o primeiro passo para organizar e entender como as
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es- áreas, bem como seus processos funcionam internamente. É por
tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um meio dela que os responsáveis compreenderão como melhorar o
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que aproveitamento dos recursos disponíveis e quais ações necessitam
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade ser tomadas para aperfeiçoar o fluxo de trabalho e otimizando e
civil de interesse público. adequando a organização para o mercado vigente.
O termo publicização também é atribuído a um segundo sen-
tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o en-
à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem tendimento de como funciona a organização. A série de atividades
fins lucrativos. estruturadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente
No que condizente às características das entidades que com- à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten- base na departamentalização, onde os procedimentos existentes
de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: dentro de cada setor da organização eram separados por depar-
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- tamentos e cada área pensava separadamente, sem sinergia umas
nham sido autorizadas por lei; com as outras. Focada em cilos verticais separados.
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú-
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado);
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público;
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por
isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi-
nistração
5. Pública e ao Tribunal de Contas;
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga-
do parcialmente por normas direito público;
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de
não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam-
bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi-
reta. Objetivos da Gestão de Processos
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor — Gerir sistemas de rotinas que envolve o cotidiano da organi-
são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, zação e delegar responsabilidades;
seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri- — Administrar os processos com o objetivo de alcançar resulta-
vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de dos perceptíveis (e não tarefas específicas);

275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
— Ampliar e detectar melhorias contínuas na comunicação e As melhorias podem ser concernentes a inclusão ou exclusão de
relação entre participantes e áreas da organização; atividades, realocação de responsabilidades, documentação, novas
— Facilitar o planejamento, padronizando-o com acompanhan- ferramentas de apoio e sequências diferentes, por exemplo.
do de perto o que acontece no ambiente; Melhorar o desempenho para reduzir custos, aumentar a efi-
— Perceber oportunidades de otimização de processos através ciência, aprimorar a qualidade do produto/serviço e melhorar o re-
de gargalos encontrados; lacionamento com o cliente, devem ser o objetivo.
— Ao invés de criar novos modelos; concentrar-se na melhoria O processo todo em si é cíclico: finalizando essa fase, volta-se a
de processos que já existem. analisar a situação no negócio, investigam se os processos estão si-
— Efetuar toda e qualquer correção que possam surgir nos nérgicos ao objetivo da empresa, mapeia-se novas situações diante
processos antes de automatizá-los, para não acelerar o que está das melhorias apontadas. Executa-se as mudanças, monitorando-as
desorganizado. e otimizando-as!

Análise de Processos • Técnicas de Mapeamento


Geralmente é nessa etapa que a empresa é mapeada. É preci-
so analisar com exatidão como acontece cada processo no negócio • Modelo AS-IS /
atualmente. Assim, os processos são listados e descritos pelo con- Levantar e documentar a atual situação dos processos, geral-
junto de atividades que os compõem. mente realizado pelos usuários diretamente envolvidos nos proces-
É preciso conhecer realmente como funciona a empresa, para sos-chaves.
realizar esse mapeamento. Somente sim o gestor terá conhecimen- O levantamento das principais oportunidades de melhorias é
to dos pontos de melhoria na operação com clareza. realizado com as equipes através de entrevistas feitas com essas
pessoas, que relatarão como são realizadas as atividades.
Nessa etapa verifica-se:
— A compreensão do negócio com os processos principais que • TO-BE
o compõem; Após, é realizado o mapeamento “To-Be”, que define a meta a
— Plano estratégico com metas e indicadores; ser alcançada e as mudanças que será necessário implementar para
— Senso comum dos processos; isso. Nesse processo é importante documentar pontos de melho-
— Entradas e saídas, incluindo clientes e fornecedores; rias e acréscimos esperados quantitativamente, realizar a definição
— Responsabilidades de diferentes áreas e equipes; dos recursos, ferramentas e responsabilidades de cada atividade.
— Avaliação dos recursos disponíveis.
• Tipos de Mapeamento
— Noções de estatística aplicada ao controle e à melhoria de Fluxograma de processos: Desenho simplificado de um proces-
processos so usando símbolos padronizados. Forma simples de representar
visualmente a teia de atividades envolvidas na operação.
• Execução
É importante estudar os recursos necessários, antes de insti- Fluxograma horizontal: Visando uma melhor representação
tucionalizar as mudanças, como: remanejar equipe, ferramentas, dos processos, o fluxograma horizontal foi criado, possibilitando as-
mudanças no layout da organização, aquisição de programas (soft- sim mais alternativas ao gestor.
wares), entre outras. Em uma matriz o fluxo de tarefas é detalhado, cujo o eixo hori-
Existem duas vertentes para a implantação das novas estraté- zontal indica quais processos estão em andamento e o eixo vertical
gias: mostra as etapas de produção ou os responsáveis por cada proces-
— Implantação sistêmica, quando são utilizados softwares so. Possibilitando assim, uma visão mais clara em relação ao fluxo-
para isso grama de processos.
— Implantação não sistêmica, que não necessitam de ferra-
mentas desse tipo. Mapofluxograma: Principal mapeamento utilizado para linhas
A visão dessa execução deve ser positiva, pois irá auxiliar orga- de produção, por exemplo.
nização a estruturar melhor seus processos, não sendo que atrapa- É a união de um fluxograma dentro de um layout industrial.
lhará o ciclo de trabalho. Aqui, o fluxograma é representado sobre o desenho da planta. Isso
facilita a visão e compreensão da movimentação de materiais e pes-
• Monitoramento soas.
Através dos indicadores de desempenho pré-definidos, os no-
vos processos devem ser constantemente acompanhados. Geral- BPMN: Tipo de modelagem de processos mais utilizado, aten-
mente, algumas das métricas a constar em cada processo são: o dendo inclusive às normas especiais.
tempo de duração, o custo, a capacidade (quanto cada processo Os símbolos são padronizados com formas e cores previamente
realmente produz) e a qualidade (medida com indicadores próprios definidas, facilita muito mais a compreensão e representação de
que variam de processo a processo). um processo complexo. Como é de uma “linguagem universal”, se
torna também possível apresentar o fluxo para clientes, possibilita
• Melhoria de Processos que novos integrantes façam alterações agregando valor aos pro-
Nessa etapa, observa-se os indicadores previamente levanta- cessos.
dos, onde se torna possível identificar quais são os principais garga-
los em todo processo e se os objetivos estão sendo conquistados.

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
— BPM • aumentando o controle sobre as condições que podem
Gestão de Processos de Negócio (Business Process Manage- ser aceitas nos contratos, protegendo a empresa de acatar valores
ment ou BPM) é um conceito que une gestão  de negócios e  tec- e cláusulas incluídas pelos fornecedores sem realizar pesquisas e
nologia da informação com foco na otimização dos resultados das cotações com outras organizações;
organizações por meio da melhoria dos processos de negócio. • fornecendo apoio para a gestão de obrigações, fazendo
A utilização do BPM, ao longo dos últimos anos, vem crescendo com que as partes de um acordo tenham vantagens estratégicas;
de forma bastante significativa, dada a sua utilidade e rapidez com • administrando contratos de vários tipos, como os relacio-
que melhora os processos nas empresas onde já foi implementado. nados a fornecedores, obtenção de crédito (antecipação de recebí-
A sua perspectiva de crescimento é muito grande. veis, financiamentos, empréstimos etc.), contratação de colabora-
O termo ‘processos operacionais’ se refere aos processos de dores, entre outros;
rotina (repetitivos) desempenhados pelas organizações no seu dia a • melhorando o controle de cronogramas e vencimentos de
dia, ao contrário de ‘processos de decisão estratégica’, os quais são pagamentos inclusos nos acordos, beneficiando, entre outros pon-
desempenhados pela alta direção. O BPM difere da remodelagem tos, o ciclo financeiro e o ciclo operacional do empreendimento
de processos de negócio, uma abordagem sobre gestão bem popu- etc.
lar na década de 90, cujo enfoque não eram as alterações revolu-
cionárias nos processos de negócio, mas a sua melhoria contínua. Todas essas atribuições beneficiam a empresa, gerando redu-
Adicionalmente, as ferramentas denominadas sistemas de ges- ção de custos e, consequentemente, melhorando o lucro e outras
tão de processos do negócio (sistemas BPM) monitoram o anda- contas que constituem o DRE e o Balanço Patrimonial do negócio.
mento dos processos de uma forma rápida e barata. Dessa forma,
os gestores podem analisar e alterar processos baseados em dados O papel do gestor de contratos
reais e não apenas por intuição. O papel do gestor de contratos é amplo, já que ele deve acom-
A alta direção da empresa pode enxergar, por exemplo, onde panhar todas as fases de um contrato, analisando e checando se o
estão os gargalos, quem está atrasando (e o quanto está atrasando) que foi estabelecido está em conformidade com o realizado. Para
determinada tarefa, com que frequência isso ocorre, o percentual tanto, ele deve registrar eventos relacionados a cada acordo, visan-
de processos concluídos e em andamento, entre outros. Como con- do a obter maior controle para fins de auditoria.
sequência, fatores cruciais para o bom desempenho da organização Além disso, ele precisa detectar desvios e ocorrências desali-
podem ser analisados com extrema facilidade e rapidez o que geral- nhadas às cláusulas contratuais e procurar meios de solucioná-los.
mente não ocorre com outras ferramentas que não o BPM. Também deve ser apto a buscar o cumprimento de obrigações con-
tratuais que envolvam documentos gerenciais e contábeis, como
notas fiscais, atas, inventários, entre outros.
GESTÃO DE CONTRATOS
Inclusive, ele precisa exigir que os contratos sejam feitos e
cumpridos com qualidade, objetivando a mitigação de riscos e a
O que é gestão de contratos economia. Realizar análises críticas, observar pontos de ajustes e
Gestão de contratos não tem a ver só com o arquivamento e sugerir melhorias são outras ações que devem ser tomadas quando
o controle de documentos em depósitos ou no ambiente virtual. necessário.
Ela acompanha todo o ciclo de vida de cada documento, desde sua
criação, passando pela execução e chegando até o término de sua Como organizar os contratos de forma eficiente
vigência/utilidade. Contratos administrativos, de fornecedores, de clientes etc.
Esse processo também assegura benefícios a contratados e precisam ser controlados adequadamente. Para isso, é fundamen-
contratantes, além de fornecer apoio e informações para o geren- tal adotar procedimentos de organização, que ajudam a monitorar
ciamento financeiro e a gestão de projetos de uma empresa. e a otimizar o trabalho do gestor de contratos e de sua equipe. Veja
alguns:
A importância da gestão de contratos • garantir que a companhia tenha recursos suficientes para
As organizações privadas e públicas são pressionadas constan- executar o que for estabelecido nos contratos;
temente para diminuírem os custos, elevarem a performance finan- • manter um acompanhamento constante de prazos de
ceira e reduzirem os riscos operacionais. Além disso, também preci- vencimento dos documentos;
sam maximizar o capital de giro por meio de economia de recursos • garantir que os envolvidos tenham conhecimento detalha-
e investimentos planejados. do do conteúdo contratual;
Para conquistar esses objetivos, além de eliminar desperdícios • montar uma tabela de planejamento que organize as ati-
e otimizar fluxos de trabalho, é preciso monitorar as variações or- vidades e eventos constantes nos acordos, bem como suas etapas.
çamentárias, controlar adequadamente o fluxo de caixa e negociar Isso pode ser feito, inclusive, por meio de planilhas ou em um siste-
contratos mais vantajosos. Além disso, é necessário ter atenção a ma de gestão que automatize esse processo, como um ERP;
regulamentos e legislações. • checar frequentemente se as cláusulas contratuais estão
Todos esses pontos podem ser aperfeiçoados direta ou indire- sendo realmente cumpridas;
tamente por uma boa gestão de contratos. Afinal, ela é a respon- • implantar sistemas que acompanham vencimentos e de-
sável por lidar com a crescente complexidade e o volume dos con- mais prazos. Isso evita custos extras com juros e multas devido a
tratos atuais, tendo por objetivo uma administração eficaz desses atrasos;
documentos. Para tanto, ela atua: • assegurar que cada contrato, após arquivado, seja facil-
• dando suporte para a elevação do poder de negociação mente encontrado;
da empresa e para a maximização dos benefícios de cada contrato; • verificar renovações e rescisões, buscando evitar que es-
• supervisionando, de forma eficaz, o cumprimento de obri- ses processos gerem custos financeiros ou problemas jurídicos à
gações contratuais; companhia.

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para garantir uma boa organização dos contratos, é fundamen- • prazos de disponibilização de produtos ou serviços;
tal contar com uma equipe especializada na gestão desses docu- • datas para liberação da equipe para começar a gerenciar
mentos. É interessante que seus integrantes tenham conhecimen- os principais pontos dos contratos.
tos sobre planejamento e confecção desses acordos. Habilidades
de negociação são diferenciais, pois ajudam na obtenção de mais Como guardar os contratos de maneira organizada
vantagens para o negócio. Primeiramente, lembre-se de fazer, ao menos, uma cópia de
cada contrato final e manter documentos relacionados a ele. Ex-
Como entender o ciclo de vida dos contratos tensões nos acordos ou modificações, como ordens de mudança,
Uma boa gestão do ciclo de vida do contrato ajuda a mitigar ris- devem ser executadas em conformidade com as cláusulas desses
cos e diminuir custos. Para isso, primeiro, é preciso entender quais documentos, sendo guardadas junto a eles.
as etapas desse ciclo, que são: Também é preciso contar com um bom sistema de gerencia-
• pré-contratação: identifica-se a necessidade de um pro- mento para organizar os contratos e facilitar a sua busca. Digitali-
duto, serviço ou parceria. Depois, ocorre a definição dos requisitos zá-los é uma opção positiva para diminuir as chances de perdas de
necessários para a negociação, como formas de pagamento, tipo documentos e facilitar a administração.
de entrega, exigências para a contratação etc. Após isso, cria-se o Com uma boa gestão de contratos, você conseguirá melhorar a
rascunho do contrato; empresa, pois as negociações passam a ser otimizadas. Isso resulta
• contratação: negociação e formalização do acordo. As em economias de custos, prazos mais condizentes com as condi-
cláusulas são debatidas e, se necessário, realizam-se ajustes no do- ções do negócio e maior controle dos acordos.
cumento. Aspectos econômicos, técnicos e jurídicos precisam estar
corretamente registrados. Após aprovação pelas partes, o contrato Fonte: https://blog.biva.com.br/empreendedor/gestao-de-contra-
é assinado; tos/
• pré-execução (técnica): são feitas as ações iniciais para a
execução do que consta no contrato, como aquisição de insumos, Contratos Administrativos
contratação de colaboradores, organização de materiais etc. Essa e No desempenho da função administrativa, o Poder Público
outras etapas devem ter cronogramas de entregas e vistorias; empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídicas,
• pré-execução (administrativa): aqui, acontecem a compila- públicas e privadas. A partir do momento em que tais relações se
ção, a estruturação e o armazenamento da documentação contratual; constituem por intermédio da manifestação bilateral da vontade
• pré-execução (financeira): o financeiro recebe o fluxo das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato da Adminis-
de pagamentos e dados econômicos de cada acordo. Nessa e nas tração.
demais fases, é preciso definir certidões, termos necessários para Denota-se que os contratos da Administração podem ser nas
execução do contrato, notificar envolvidos sobre prazos, liberar ati- formas:
vidades etc; Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas
• execução: o objeto do contrato é entregue e as ações normas de Direito Público.
administrativas de acompanhamento do documento são feitas de- Contratos de Direito Privado firmados pela Administração:
talhadamente. Nessa etapa, os pagamentos são controlados, reali- são aqueles comandados por normas de Direito Privado.
za-se a prorrogação de termos, ocorre o registro de aditivos, entre
outras ações; Princípios
• encerramento: se a data de vigência do contrato expirar Princípio da legalidade
e não ocorrer renovação, conclui-se a negociação. É nessa etapa Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como
que se verifica se todas as ações previstas nas cláusulas contratuais um produto do Liberalismo, que propagava evidente superioridade
foram feitas adequadamente. do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade veio a ser
bipartida em importantes desdobramentos:
Como gerir contratos empresariais 1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência sobre os
Uma gestão de contratos efetiva atua minuciosamente com or- atos da Administração;
ganização, programação e planejamento de ações relacionadas à 2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser for-
administração desses documentos. Algumas empresas contam com malizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de caráter
setores específicos para isso, enquanto outras delegam as ativida- normativo.
des dessa área para a controladoria ou o departamento adminis- Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o
trativo. principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis-
Para otimizar o gerenciamento dos contratos, é importante trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só
contar com indicadores de desempenho, métricas de resultados poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos,
e análises de históricos. Também é preciso analisar orçamentos e agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o
cotações para verificar se há viabilidade nos acordos prontos, em princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen-
vigência ou que ainda serão feitos. tos legais é ilícito.
Esse item é essencial para assegurar maior sustentabilidade
financeira para a empresa, de modo que ela consiga atingir seus Princípio da impessoalidade
objetivos com os acordos e obtenha benefícios. Além disso, é im- Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui
portante definir, por exemplo: duas interpretações possíveis:
• responsabilidades de cada uma das partes e os cargos que a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Públi-
ajudarão na gestão do contrato; ca deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico
• prioridades de serviços, produtos ou demais ações previs- aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas
tas nas cláusulas; a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata- Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados
mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma
posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação
material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do
8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as-
portadores de deficiência. pectos.
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna
toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di-
educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art. reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial
37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar nomes, símbolos da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará-
ou servidores públicos”. ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra-
ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para,
Princípio da moralidade por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua- law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra
ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia- abusos do Estado).
pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo
administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da
segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo: constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons-
a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13 trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos
do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das te-
parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é orias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento
um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho-
a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política. mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito
do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber,
Princípio da publicidade na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em
Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor-
do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art. cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado
2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a de Direito.
transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di-
o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin- ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro-
do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi-
praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma
atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade,
Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di- vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos
reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais, excessos cometidos pelo Poder Público.
com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ- subprincípios:
ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo- a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será
tivação dos atos administrativos. adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado
pretendido.
Princípio da eficiência b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998, do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan-
com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá
Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio- o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda-
nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das mentais.
finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo: c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma
duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita- típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual
bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art. a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica-
37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998). da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que que será efetivado.
garantem sua eficiência:
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio- se privado (princípio da finalidade pública)
rar a situação de outrem. É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número categorias:
de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”).

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a
necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os
justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi- comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos.
dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o
exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a
outros. assumir um importante papel no condizente ao processo de iden-
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró- tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a
prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se tutela da Administração Pública.
ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple- Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida-
mentado através de atividades administrativas instrumentais que de e da participação, a administração termina por voltar-se para a
são necessárias ao atendimento do interesse público primário. coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações
Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para
público e ao patrimônio público. resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou
entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o
Princípio da continuidade ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in-
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola-
tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do
ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de consenso e da participação.
satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação. De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma-
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú- da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos
blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con-
do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa
serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen- ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final
tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o
às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do
pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação
o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular. dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atu-
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não ação coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA
e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser NETO, 2006, p. 337-338).
prestado sempre na medida em que a necessidade da população Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne- neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico-
cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado -políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos
sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne- seus institutos participativos e consensuais.
cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem-
plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou- Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
tros. boa-fé
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
Princípio da autotutela boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si.
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re- O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-
ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de dos:
legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em
e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido,
346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999. o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB);
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades, b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas rela-
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela cionadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal
e revogação de ato inconveniente ou inoportuno. Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos
esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante particulares;
à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti- b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológico
culares de modo geral. daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteri-
zação da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do
Princípios da consensualidade e da participação particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor- atuação do Estado.
naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi-
de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização
a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi-
contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a nam por surpreender os seus receptores.
atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí-
dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com
supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí-

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da Características
CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei- A doutrina não é unânime quanto às características dos contra-
to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988. tos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos aduzir
Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o que são as seguintes:
princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi-
9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti- nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual na
ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos: posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um rol de
a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar prerrogativas que acabam por a colocar em posição de hierarquia
no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos: diante do particular, sendo que tais prerrogativas se materializam
confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente; nas cláusulas exorbitantes;
confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi- B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos de
ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá estar
que as suas expectativas são razoáveis; presente a incessante busca da satisfação do interesse público, sob
b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi- pena de incorrer em desvio de poder;
nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien- C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei pro-
tam o cidadão a adotar determinada conduta; cedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos contratos
c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa- administrativos, que contém, dentre outras medidas, autorização
ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio legislativa, justificativa de preço, motivação, autorização pela auto-
jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável; ridade competente, indicação de recursos orçamentários e licita-
d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con- ção;
fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to- D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito
lerância da Administração); e privado ou de direito público, os contratos são formados a partir de
e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga- manifestações bilaterais de vontades da Administração contratante
ções no caso. e do particular contratado;
E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de vonta-
Elementos des plenas e livres, e não de ato impositivo;
Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a respei- F) Formalidade – não basta que haja a vontade das partes para
to, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer alguns que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo necessário o
paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz do contrato cumprimento de determinações previstas na Lei 8.666/1993;
administrativo. Desta forma, o contrato administrativo é: H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico conven-
1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas e cionado;
determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabelecidas I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das presta-
e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além de rece- ções do contratante e do contratado, sendo que estas devem ser
berem da outra prestação proporcional à sua, podem apreciar ime- previamente definidas e conhecidas;
diatamente, verificando previamente essa equivalência. Ressalta-se J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações recíprocas
que o contrato comutativo se encontra em discordância do contrato tanto para a Administração contratante como para o contratado;
aleatório que é aquele contrato por meio do qual, as partes se ar- K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contratos
riscam a uma contraprestação que por ora se encontra desconheci- administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela Admi-
da ou desproporcional, dizendo respeito a fatos futuros. Exemplo: nistração.
contrato de seguro, posto que uma das partes não sabe se terá que Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta
cumprir alguma obrigação, e se tiver, nem sabe qual poderá ser. do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao
Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do Decre- fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais es-
to-Lei n.7.568/2011: tabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não esteja
Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse com precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a adminis-
entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de chama- tração quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato de estar
mento público a ser realizado pelo órgão ou entidade concedente, vinculada às normas e também ao princípio da indisponibilidade do
visando à seleção de projetos ou entidades que tornem mais eficaz interesse público;
o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto n. 7.568, de 2011) L) Caráter intuitu personae – por que os contratos administrati-
2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens vos são firmados tomando em conta as características pessoais do
para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida a subcontra-
sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Existe tação total ou parcial do objeto contratado, a associação do contra-
um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por meio tado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem
do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre de forma como a fusão, cisão ou incorporação, cuja desobediência é motivo
contrária do contrato gratuito, como a doação, posto que neste, só para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei 8.666/1993). Entretanto, a
uma das partes possui obrigação, que é entregar o bem, já a outra, regra anterior é amparada pelo art. 72 da mesma lei, que determina
não tem. a possibilidade de subcontratação de partes de obra, serviço ou for-
3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na legis- necimento, até o limite admitido pela Administração. Aduz-se que a
lação para que tenha validade. A formalização do contrato encon- possibilidade de subcontratação é abominada pela doutrina, tendo
tra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se, por opor- em vista vez que permite que uma empresa que não participou por
tuno, que o contrato administrativo é celebrado pela forma escrita, meios legais da licitação de forma indireta, acabe contratando com
nos ditames art. 60, parágrafo único. o Poder Público, o que ofende o princípio da licitação previsto no
art. 37, XXI, da Constituição Federal.

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Formalização Alteração
Em regra, os contratos administrativos são precedidos da reali- Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Lici-
zação de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das quais a lei tações, a Administração Pública possui o poder de fazer alterações
estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste procedimento. Além durante a execução de seus contratos de maneira unilateral, inde-
disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado pela Administração pendentemente da vontade do ente contratado.
com o licitante vencedor, constitui anexo do edital de licitação, dele Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o condão
sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III). de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo. Além dis-
Os contratos administrativos são em regra, formais e escritos. so, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser de ordem
Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo legal acerca do
nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços, assunto:
bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade de Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados nos dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
limites daquelas duas modalidades licitatórias. I - unilateralmente pela Administração:
Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será facul- a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
tativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento con- ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
tratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instrumento b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir (art. 62, § corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
2º): nos limites permitidos por esta Lei;
Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de ade- II - por acordo das partes:
são, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Adminis- a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
tração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláusulas são b) quando necessária a modificação do regime de execução da
fixadas por apenas uma das partes, no caso do contrato administra- obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de
tivo, a Administração. verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori-
ginários;
Prazo c) quando necessária a modificação da forma de pagamento,
Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor
prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência dos inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela-
respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em regra, os con- ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra-
tratos terão duração de um ano, levando em conta que esse é o prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
prazo de vigência dos créditos orçamentários que são passados aos d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei 4.320/1964, o crédito mente entre os encargos do contratado e a retribuição da adminis-
orçamentário tem duração de um ano, vindo a coincidir com o ano tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
civil. objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras situa- previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
ções que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos: impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força
• Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me- maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro- mica extraordinária e extracontratual. (Redação dada pela Lei nº
gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha 8.883, de 1994)
sido previsto no ato convocatório; Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo per-
• À prestação de serviços a serem executados de forma contí- mite de forma regulamentada, que haja alteração em suas cláu-
nua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e suces- sulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é um
sivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo pode
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Reda- sofrer alterações para que venha a se adequar às modificações que
ção dada pela Lei nº 9.648, de 1998); forem preciso durante a execução contratual. Além disso, a lei fixa
• Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de percentuais por meio dos quais a Administração pode promover al-
informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 terações no objeto do contrato, restando o contratado obrigado a
(quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. acatar as modificações realizadas, desde que dentro dos percentu-
De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo pra- ais fixados pela legislação.
zo do Governo tem o dever de estar contida do plano plurianual.
Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa programa- Revisão
ção a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida enquanto A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexecu-
existir a previsão nessa lei específica. ção contratual possuem o condão de gerar apenas a interrupção
Em relação aos serviços contínuos na Administração Pública, momentânea da execução contratual, bem como a total impos-
denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do servi- sibilidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em tais
ço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente manter por situações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa do con-
um período maior ao invés de ficar renovando e trocando todos os tratado, este poderá vir a paralisar a execução de forma que não
anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi acrescentado seja considerado descumpridor. Assegurado pela CFB/1988, em seu
mais um dispositivo que determina que o contrato pode ter dura- art. 37, XXI, o equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual
ção superior a um ano, que é a regra geral consiste na manutenção das condições de pagamento estabeleci-
das quando do início do contrato, de forma que a relação se mante-

282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
nha estável entre as obrigações do contratado e haja correta e justa Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se que
retribuição da Administração pelo fornecimento do bem, execução este proíbe a existência de contrato administrativo com prazo de
de obra ou prestação de serviço. vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é aplicada ao
Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato sem contrato de concessão de direito real de uso de terrenos públicos
que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabelecida. para finalidades específicas de regularização fundiária de interes-
Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional. Nesse sen- se social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra,
tido, caso o contrato seja atingido por acontecimentos posteriores aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comuni-
à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o equilíbrio econô- dades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modali-
mico-financeiro inicial deverá, nos termos legais que lhe assiste, ser dades de interesse social em áreas urbanas, que poderá ser firmado
restabelecido por intermédio da recomposição contratual. Desta por tempo certo ou indeterminado (Decreto-lei 271/1967, art. 7º,
maneira, a inexecução sem culpa do contratado virá a acarretar a com redação dada pela Lei 11.481/2007).
revisão contratual, caso tenha havido alteração do equilíbrio eco- Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel
nômico-financeiro cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto, exis-
tem situações nas quais não é possível o cumprimento da avença no
Prorrogação prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei admite a prorro-
Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela Lei gação dos prazos contratuais, desde que tal fato seja justificado e
8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vigência autorizado de forma antecedente pela autoridade competente para
dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há exceções a celebrar o contrato, o que é aceito pela norma nos casos em que
essa regra nas seguintes situações: houver (art. 57, § 1º):
a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos cujos A) alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra-
Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi-
da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato con- ções de execução do contrato;
vocatório (art. 57, I); C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo
b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços a se- de trabalho por ordem e no interesse da Administração; aumento
rem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites per-
prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à obtenção de mitidos por essa Lei;
preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
a 60 meses (art. 57, II); terceiro reconhecido pela Administração em documento contem-
c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de pro- porâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providências a car-
gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo go da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art. 57, IV); que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na exe-
d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos cução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos
seguintes motivos: responsáveis.
I) possibilidade de comprometimento da segurança nacional;
II) para as compras de material de uso das forças armadas, Renovação
exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou em
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A finalidade
apoio logístico naval, aéreo e terrestre; da renovação contratual é a manutenção da continuidade do servi-
III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou pres- ço público, tendo em vista a admissão da recontratação direta do
tados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a justifiquem e
tecnológica e defesa nacional; permitam seu enquadramento numa das hipóteses dispostas por
IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa e de- lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação, como acontece por
senvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º, 4º, 5º e exemplo, quando o contrato original é extinto, vindo a faltar ínfima
20 da Lei 10.973/2004. parte da obra, serviço ou fornecimento para concluída, ou quando
Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120 me- durante a execução, surge a necessidade de reparação ou amplia-
ses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo incluído ção não prevista, mas que pode ser feita pelo pessoal e equipamen-
pela Lei 12.349, de 2010). tos que já se encontram em atividade.
É importante registrar que em se tratando de casos de contra- Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova lici-
tos celebrados com dispensa de licitação por motivos de emergên- tação, com a devida observância de todas as formalidades legais.
cia ou calamidade pública, a duração do contrato deverá se esten- Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento no edital
der apenas pelo período necessário ao afastamento da urgência, de cláusulas que venham a favorecer o atual contratado em preju-
tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocorrência da emer- ízo dos demais concorrentes, com exceção das que prevejam sua
gência ou calamidade, vedada a sua prorrogação (art. 24, IV). indenização por equipamentos ou benfeitorias que serão utilizados
Embora a lei determine a proibição da prorrogação de contrato pelo futuro contratado.
com fundamento na dispensa de licitação por emergência ou cala-
midade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar entendi- Reajuste contratual
mento de que pode haver exceções a essa regra em algumas hipó- Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio econô-
teses restritas, advindas de fato superveniente, e também, desde mico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte de
que a duração do contrato se estenda por período de tempo razo- uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para proteger os
ável e suficiente para enfrentar a situação emergencial (AC- 1941- contratados dos efeitos inflacionários.
39/07-P).

283
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o reajus- ais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de qualquer
te como cláusula estritamente necessária em todo contrato a que responsabilidade assumida, tendo em vista que o comportamento
estabeleça o preço e as condições de pagamento, os critérios, data- ocorreu de forma alheia à vontade da parte.
-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do contra-
atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga- to enseja à Administração Pública o poder de aplicar as sanções de
ções e a do efetivo pagamento. natureza administrativa dispostas no art. 87:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Adminis-
Execução e inexecução tração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as
Por determinação legal a execução do contrato será acompa- seguintes sanções:
nhada e também fiscalizada por um representante advindo da Ad- I – advertência;
ministração designado, sendo permitida a contratação de terceiros II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a essa atribui- no contrato;
ção. III – suspensão temporária de participação em licitação e impe-
Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrências dimento de contratar com a Administração, por prazo não superior
pertinentes à execução do contrato, determinando o que for pre- a 2 (dois) anos;
ciso à regularização das faltas bem como dos defeitos observados. IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
Ressalta-se, que tanto as decisões como as providências que ultra- a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi-
passarem a competência do representante deverão ser requeridas nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante
a seus superiores em tempo suficiente para a adoção das medidas a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
que se mostrarem pertinentes. sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admitido resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base
pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo no inciso anterior.
na execução contratual. O contratado possui como obrigação o de-
ver de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas Cláusulas exorbitantes
custas, no total ou em parte, o objeto do contrato no qual forem De todas as características, essa é a mais importante. As Cláu-
encontrados vícios, defeitos ou incorreções advindas da execução sulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a Adminis-
ou de materiais empregados. tração em detrimento do contratado. Mesmo que de forma implíci-
Além do exposto a respeito do contratado, este também é res- ta, se encontram presentes em todos os contratos administrativos.
ponsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão
terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução contratual, esses poderes para a Administração Pública, consideradas como
não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade, vindo
o acompanhamento por meio do órgão interessado. O contratado a conferir poderes apenas a uma das partes.
também se encontra responsável pelos encargos trabalhistas, previ- O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes ou
denciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ilegali-
dade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos, além
Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que a disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos e obriga-
mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93. Veja- ções. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato privado que
mos: atribua direito somente a uma das partes, esta cláusula será ilegal
Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua e leonina.
rescisão com as consequências contratuais e as previstas em lei ou São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de alte-
regulamento. ração unilateral do contrato por intermédio da Administração, sua
rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilidade de
Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Administra- aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na hipótese
ção Pública responde solidariamente com o contratado pelos encar- de rescisão contratual.
gos previdenciários resultantes da execução do contrato
Anulação
Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial ou Apenas a Administração Pública detém o poder de executar a
total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das partes, anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou outro
não é observado um prazo disposto em cláusula específica em ha- interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que recorrer
vendo a inexecução total, se o contratado não veio a executar o ob- às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anulação do contra-
jeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas situações são passí- to é advinda de ilegalidade constatada na sua execução ou, ainda,
veis de propiciar responsabilidade para o inadimplente, resultando na fase de licitação, posto que os vícios gerados no procedimento
em sanções contratuais e legais proporcionais à falta cometida pela licitatório causam a anulação do contrato.
parte inadimplente, vindo tais sanções a variar desde as multas, a Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demonstrado
revisão ou a rescisão do contrato. que a nulidade não possui o condão de exonerar a Administração
Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resulta- do dever de indenização ao contratado pelo que este houver feito
do de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte agi- até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos causados
do com negligência, imprudência e imperícia. Podem também ter comprovados, desde que não lhe seja imputável, vindo a promover
acontecido causas justificadoras por meio das quais o contratan- a responsabilização de quem deu motivo ao ocorrido. Assim sendo,
te tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas contratu- caso ocorra anulação, o contratado deverá auferir ganhos pelo que
já executou, pois, caso contrário, seria considerado enriquecimen-

284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
to ilícito da Administração Pública. Porém, caso seja o contratado Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anulação,
que tenha dado causa à nulidade, infere-se que este não terá esse considera-se que a lei prevê consequências diferentes para o caso
mesmo direito. de haver ou não haver culpa do contratado no fato que deu causa à
rescisão contratual. Existindo culpa do contratado pela rescisão do
Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc, ou contrato, as consequências são as seguintes (art. 80, I a IV):
seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a lei 1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local
dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos e im- em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
pede que se produzam novos efeitos. 2) ocupação e utilização provisória do local, instalações, equi-
pamentos, material e pessoal empregados na execução do contra-
Revogação to, necessários à sua continuidade, que deverá ser precedida de
A questão da possibilidade de desfazimento do processo de autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secre-
licitação e do contrato administrativo por meio da própria Adminis- tário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art. 80, § 3º);
tração Pública é matéria que não engloba discussões doutrinárias e 3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da Ad-
jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos atos administra- ministração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos;
tivos se encontra baseado no princípio da autotutela, que se trata 4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite
do poder - dever da Administração Pública de revogar e anular seus dos prejuízos causados à Administração.
próprios atos, desde que haja justificação pertinente, com vistas a Em síntese, temos:
preservar o interesse público, bem como sejam respeitados o devi-
do processo legal e os direitos e interesses legítimos dos destinatá- EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
rios, conforme determina a Súmula 473 do STF. Vejamos:
Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus próprios ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles I –Pelo cumprimento do objeto;
I – Pela anulação;
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência II – Pelo advento do termo final do
II – Pela rescisão.
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, contrato.
em todos os casos, a apreciação judicial.
Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93, Equilíbrio Econômico-financeiro
assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitatórios: Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contratual,
a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI dispõe o
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedi- seguinte:
mento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qualquer
público decorrente de fato superveniente devidamente compro- dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obedecerá aos
vado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, eficiência e também, ao seguinte:
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrativo, serviços, compras e alienações serão contratados mediante proces-
por motivos de interesse público, a discricionariedade administra- so de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos
tiva exige que a questão do interesse público deve ser justificada os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa-
em fatos de grande relevância, o que torna insuficiente a simples gamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
alegação do interesse público, se restarem ausentes a comprovação da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação téc-
das lesões advindas da manutenção do contrato e das circunstân- nica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das
cias extraordinárias, bem como dos danos irreparáveis ou de difícil obrigações.
reparação. Denota-se que os mencionados dispositivos determinam que
as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não tendo
Extinção e Consequências como argumentar de maneira contrária no que diz respeito à le-
A extinção do contrato administrativo diz respeito ao término galidade da modificação do valor contratual original, com o obje-
da obrigação vinculada existente entre a Administração e o contra- tivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pactuado no
tado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas: momento da assinatura, bem como ao que foi disposto a pagar a
A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.: na contratante ao contratado.
finalização da construção de instituição pública) ou pelo aconteci- Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para
mento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data final de um adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também
contrato de fornecimento de forma contínua); pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias ade-
B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão quadas que o valor do serviço ou produto contratado se encontra
contratual. acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por deflação ou
Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não com- queda de valores nos insumos, produtos ou serviços, ou até mesmo
porta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao cumprir suas em decorrência de uma desvalorização cambial. Além disso, o Po-
obrigações, a consequência natural a ocorrer é a extinção do víncu- der Público não tem a obrigação de pagar além do que se propôs,
lo obrigacional, sem maiores necessidades de manifestação por via nem valor menor ao acordado inicialmente, devendo sempre haver
administrativa ou judicial. equilíbrio em relação aos pactos contratuais.

285
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9 1e respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido que a
10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se completam administração, desde que seja motivos de interesse público se ne-
em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da legalidade, gue a equilibrar um contrato que esteja resultando em prejuízos ao
existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos aos entes contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe em uma das
públicos. Vejamos: hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Proposta que não
Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará pode ser executada, não é passível de equilíbrio.
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 destaca
quanto aos relativos: o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos:
§ 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico- I - unilateralmente pela Administração:
-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devida- a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
mente autuados em processo: ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração; b) quando necessária a modificação do valor contratual em de-
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho corrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto,
à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições nos limites permitidos por esta Lei;
de execução do contrato; II - por acordo das partes:
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do rit- a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
mo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; b) quando necessária a modificação do regime de execução da
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contra- obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de
to, nos limites permitidos por esta Lei; verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais ori-
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de ginários;
terceiro reconhecido pela Administração em documento contempo- c) quando necessária a modificação da forma de pagamento,
râneo à sua ocorrência; por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administra- inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com rela-
ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, dire- ção ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contra-
tamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, prestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicial-
Como se observa, existe previsão explicita na Lei no. 8666/93, mente entre os encargos do contratado e a retribuição da Adminis-
art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve ser equilibrado tração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
sempre que houver uma das condições dos incisos I a VI, de forma objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro ini-
que o legislador previu quais as hipóteses que se encaixam para o cial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
equilíbrio. Entretanto, não apresenta de forma clara, cabendo ao previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
administrador agir com legalidade e bom senso nos casos concretos impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força
específicos. No entanto, a aludida previsão não se restringe somen- maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econô-
te ao art. 57, § 1º, incisos I, II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo mica extraordinária e extracontratual.
previsão ainda no art. 58 do mesmo diploma legal. Vejamos: Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve haver
Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins- o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avençado,
tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a retri-
prerrogativa de: buição da administração para que haja justa remuneração, sendo
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às mantidas as condições originais do termo contratual. Em se tratan-
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contra- do, especificamente da concessão de serviço público, a Lei 8.987/95
tado; dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma forma de equilíbrio
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no in- financeiro. Vejamos:
ciso I do art. 79 desta Lei; Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo
III – fiscalizar-lhes a execução; preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas re-
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial gras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. § 2º.
do ajuste; Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º. Ressal-
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do vados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção
contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi- de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da
nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó- proposta, quando comprovado seu impacto, implicara a revisão da
tese de rescisão do contrato Administrativo. tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 4º. Em haven-
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos con- do alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio
tratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia con- econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo,
cordância do contratado. concomitantemente à alteração.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômi- Art. 10º. Sempre que forem atendidas as condições do contra-
co-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante- to, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro.
nha o equilíbrio contratual. Atentos às fundamentações legais, observamos que parte na
Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o direi- inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administração Pú-
to ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação em blica é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro, entretan-
manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º prevê to, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajuste contratual,

286
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
principalmente pela ausência de conhecimento da legislação, o que
acaba por causar problemas de ordem econômica, tanto em relação NOÇÕES DE PROCESSOS LICITATÓRIOS
ao contratado quanto ao contratante. Registre-se, por fim, que o
pacto contratual deve ser mantido durante o período completo de Princípios
execução, e o equilíbrio financeiro acaba por se tornar a ferramenta Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
mais adequada para proporcionar essa condição. mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-
Convênios e terceirização ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais estejam continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito de reali- começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
zação de objetivos de interesse comum. com a aplicação da nova Lei.
Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº.
o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde. 14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no
Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº.
comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos e 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art.
contraditórios. 5º, da seguinte forma:
Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alude Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
que nos contratos existem partes e nos convênios existem partíci- da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
pes. da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração de segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades da julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
Administração Pública depende de antecedente aprovação de com- competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
petente plano de trabalho a ser proposto pela organização interes- cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
sada, que deverá conter as seguintes informações: disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei
A) identificação do objeto a ser executado; de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
B) metas a serem atingidas; O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta
C) etapas ou fases de execução; que for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente
D) plano de aplicação dos recursos financeiros; à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se
E) cronograma de desembolso; que este possui como foco, determinar que a licitação seja destina-
F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem assim, da com o objetivo de garantir a observância do princípio constitu-
da conclusão das etapas ou fases programadas; cional da isonomia.
Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não
Em relação à terceirização na esfera da Administração Pública, é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou-
depreende-se que é exigida do administrador muito cuidado, posto tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma
que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei 8.666/93, a dívi- expressa no texto legal.
da trabalhista das empresas terceirizadas acabam por recair sobre Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do
o órgão tomador dos serviços, que é o que chamamos de respon- art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do
sabilidade subsidiária. Assim sendo, o administrador público deverá desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa,
exigir garantias, bem como passar a acompanhar o cumprimento apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no
das obrigações trabalhistas advindos da empresa prestadora de ser- qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão
viços, com fito especial quando do encerramento do contrato. de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e
Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomadora serviços nacionais.
dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base no
Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do Traba- Princípio da legalidade
lho – TST, que aduz: A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de
“O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório.
serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor
administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das público, representando, desta forma, uma garantia aos administra-
empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que dos contra as condutas abusivas do Estado.
haja participado da relação processual e constem também do título No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega-
executivo judicial.” lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento
Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incon- licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se
táveis são as decisões condenatórias à Administração Pública, em que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú-
relação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem de for- blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado
ma original à empresa prestadora de serviços, onerando o erário, na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso
vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é a redução venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de
de custos à Administração Pública. alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa
ou judicial.

287
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual- Princípio da eficiência do interesse público
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de- Trata-se de um dos princípios norteadores da administração
corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili-
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con- dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos da segurança jurídica e do interesse público.
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993. Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da
legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial
Princípio da impessoalidade que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que
Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da haja melhor organização e estruturação advinda da administração
impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra- pública.
ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme-
estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento
princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios
administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob- devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao
apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto cuidar da Administração Pública.
do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi-
deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como Princípio da Probidade Administrativa
passível de fazer interferências no julgamento das propostas. A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro-
bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois
Princípios da moralidade e da probidade administrativa princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada
A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração
da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um
distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja
que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética, em conformidade com a ética e os bons costumes.
isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí-
licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside- pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo
rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos.
ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis- O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito
tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida-
dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei
o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar 8.429/1992.
os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é
constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade Princípio da igualdade
administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que
possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992. a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan-
tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual-
Princípio da Publicidade dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação,
Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu- todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe,
blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das
do que os administradores estão realizando, e também de manei- propostas.
ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei
tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da 8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir,
Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem
conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”. o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades co-
Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito operativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên-
de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in- cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de
terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos “qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
(Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine). específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici- 12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991.
dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância
modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên- restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou
cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru-
número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o mento de convocação do certame.
valor do contrato dispensa maior divulgação. “ O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua-
Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for- litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi-
necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver- guais, na medida de suas desigualdades.
bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por
obediência ao princípio da publicidade.

288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Princípio do Planejamento O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da
A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en- moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput,
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item
dever legal do planejamento como um todo. 3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle
Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen- Interno do Ministério da Fazenda.
der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a
licitação e também toda a contratação pública de forma adequada Princípio da motivação
e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de O princípio da motivação predispõe que a administração no
forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo
princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com
todo. a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla- haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que
ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res- levaram o agente público a proceder daquele modo.
ponsabilidade do agente público.
Princípio da vinculação ao edital
Princípio da transparência Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi-
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da dade das determinações de habilidades, que possui o condão de
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade, impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de
imparcialidade, eficiência, dentre outros. que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade.
um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici- Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem
dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista
do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans- que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas
parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio entidades.
da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida- Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se
de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
de forma transparente. e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le-
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor- galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob- O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí-
jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085, pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009). proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje-
Princípio da eficácia to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for-
ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por Princípio do julgamento objetivo
parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De
dentro da legalidade. acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató-
Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório,
ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de
administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien- forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas.
te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre-
maneira conjunta e não sobrepostas. tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e,
por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros.
Princípio da segregação de funções
Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar Princípio da razoabilidade
falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o Trata-se de um princípio de grande importância para o contro-
poder e criando independência para as funções de execução opera- le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto
cional, custódia física, bem como de contabilização que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos
Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina- requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao
da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun- trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí-
ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im-
venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que
controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a
de uma verificação cruzada. razão administrativa como um todo.

289
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco- Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido
plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei
com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção
a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida. do desenvolvimento nacional sustentável.
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime
Princípio da competitividade Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi-
O princípio da competição se encontra relacionado à competiti- mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser-
vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal.
de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com
se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de-
inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei- vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º:
ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só-
pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos lidos gerados pelas obras contratadas;
pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi- B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental,
dade na licitação. que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental;
Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin- c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova-
gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais;
poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro- D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação
cesso licitatório. urbanística;
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con- imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si- reto causado pelas obras contratadas;
tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com
a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a mobilidade reduzida.
Administração Pública, como também a observância do princípio
constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá- Princípios correlatos
rio). Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que
Princípio da proporcionalidade também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio quais se destacamos:
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades
determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou Princípio da obrigatoriedade
suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto
exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que
no âmbito dos direitos fundamentais. as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e
locações da Administração Pública, quando forem contratadas por
Princípio da celeridade terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório,
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside- com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente.
rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o
princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro- Princípio do formalismo
cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi- Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo
gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o
possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão. art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro-
cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati-
Princípio da economicidade vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais Pública”.
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces-
sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar Princípio do sigilo das propostas
coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona- Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante-
do ao princípio da moralidade e da eficiência. cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade, pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43,
entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida- § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro-
de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco- postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar
nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de-
sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho, mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das
1998, p.66). Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2
(dois) a 3 (três) anos, e multa;
Princípio da licitação sustentável
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten-
tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de
que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a
preservação do meio ambiente”.

290
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá
Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi- dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com-
mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis-
seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta tração pública.
nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior. A mencionada modificação constitucional, teve como objeti-
Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga- vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e
rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con- contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica
trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto. das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba-
Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado.
possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das
licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in- vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam
teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula- ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi-
ridade Insanável. cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti-
cos da administração direta, autárquica e fundacional.
Princípio da competitividade Em observância e cumprimento à determinação da Constitui-
É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha- ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que
vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi- criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi-
nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista
da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde-
competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú- ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei
blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I.
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em-
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope- presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen-
rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu- sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga-
ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por
do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias.
no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” . Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten- nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser-
de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais
manifestação do princípio da indistinção. naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme-
ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen- pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de
te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá, nº. 14.133/2.021:
por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es- 1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula-
teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32,
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas IV, da Lei nº 13.303/16;
ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
Lei 8.666/1993. seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
Competência Legislativa 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
A União é munida de competência privativa para legislar sobre nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de-
normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi- sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se
nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua
Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII, vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações.
da CFB/1988.
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita- Dispensa e inexigibilidade
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver
federados, competindo a estes, editar normas específicas que são inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei
aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple- de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto
mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la. as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por-
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos:
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades li- Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
citatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o esta- em especial nos casos de:
belecimento de novos tipos de licitação (critérios de julgamento das I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
propostas); c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos. contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art. empresa ou representante comercial exclusivos;
173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente
lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú- ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que crítica especializada ou pela opinião pública;
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de

291
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife-
serviços de publicidade e divulgação: rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje- nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o
tos executivos; procedimento.
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande
ou tributárias; parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce-
viços; der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen-
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en- Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a
saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento Administração já determinou previamente para qual órgão ou en-
de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de
serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso; realização do certame licitatório.
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de
credenciamento; Critérios de Julgamento
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins- Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências
talações e de localização tornem necessária sua escolha. que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis-
Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu- tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac-
sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu- terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação
sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe-
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para
ainda, pelas entidades equivalentes. a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des-
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis- conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior
pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis- lance (leilão), maior retorno econômico.
sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário, Vejamos:
levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente.
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos Menor preço
especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási-
publicidade e divulgação. co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o
pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante
forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e
ser adotado. comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape-
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe- por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas
cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um
se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza trabalho de qualidade.
singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O
serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade, Maior desconto
relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin- Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
do demandar a contratação de prestador com a devida e notória maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
especialização. vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante- ponentes venham a oferecer seus descontos.
riormente como estudos, experiências, publicações, organização, Denota-se que o texto de lei determina que a administração li-
equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal
suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto
trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de
do contrato. grande importância para a administração Pública, tendo em vista
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen-
várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata-
ção de serviços de advocacia e também de contabilidade.

292
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem
mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica-
a Administração admite. ção da nova Lei.

Melhor técnica ou conteúdo artístico Concorrência


Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência
em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques- é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es- fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi-
pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de
de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por seu objeto.
exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi- Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade
vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou- licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso
tros pertinentes à matéria. ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie
de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon-
Técnica e preço tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores
Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga- forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de
tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do
como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da
concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe- modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida-
cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu- de, jamais o contrário.
mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con-
para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada
o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in-
ordem. termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para
contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge-
Maior lance (leilão) ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais
Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon- simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a
tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos prazos mais extensos de publicidade do certame.
próximos tópicos.
Concurso
Maior retorno econômico Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida- de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico,
des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita-
um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam ções:
uma espécie de contrato de eficiência. Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas
em edital, que indicará:
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: I - a qualificação exigida dos participantes;
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, concedida ao vencedor.
na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra- Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
tado com base em percentual da economia gerada; projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter-
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao
não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e
dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens oportunidade das autoridades competentes.
advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de
ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma- Leilão
quina pública. Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá
ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto-
Modalidades ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Li- deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
citações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul-
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: concor- gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
rência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo. utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de serem leiloados
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
licitante vencedor, na forma definida no edital.

293
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação,
que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes
lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor participantes, para evitar conluio.
de avaliação do bem. A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ-
A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final
por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme da Sessão.
os ditames da legislação pertinente. No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá
Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi- de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis-
nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá
por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não conter as exposições com a motivação da interposição.
for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve-
rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações. Diálogo competitivo
Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali-
Pregão dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi-
Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata- nistração:
-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço, Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata-
designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns. ções em que a Administração:
Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
formas eletrônica e presencial. a) inovação tecnológica ou técnica;
Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade
10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05. com precisão suficiente pela Administração;
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta-
diferentes que serão adotadas pelo Poder Público. que para os seguintes aspectos:
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para a) a solução técnica mais adequada;
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi-
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe- nida;
rencial. c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici-
par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia- tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de
como os documentos pertinentes. diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con-
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades
cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin- e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta
do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis,
A classificação a respeito das formas de pregão está também para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o prego- parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele-
eiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima mentos necessários para a realização do projeto.
da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo
ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão Habilitação, Julgamento e recursos
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas.
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em Habilitação
conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema, tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase
dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações
carta convite. e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci-
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da dade do licitante de realizar o objeto da licitação.
licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse- Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram
guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são aceitação de balanço de abertura.
lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer- No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe-
tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade
este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste- para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
ma, até que esta fase venha a se encerrar. para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de- mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre- e devidamente justificados no processo de licitação.
denciamento.

294
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha- Recursos
bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex- Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor-
pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em
o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta-
empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos. dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato
Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita- deverá acontecer em apenas uma etapa.
ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul-
direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se
por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e, manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi-
quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser no de cada sessão, sob pena de preclusão
contratada. Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre-
Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento,
exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio- afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in-
nal. Vejamos: tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento
das propostas.
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis-
sional e técnico-operacional será restrita a: Adjudicação e homologação
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser- de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua
viço de características semelhantes, para fins de contratação; como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse- pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide
lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem a execução.
capacidade operacional na execução de serviços similares de com- Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson
como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi-
art. 88 desta Lei; ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório,
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare- embora não seja livre.
lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o
licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc- encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho-
nica que se responsabilizará pelos trabalhos; mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe- administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de
cial, quando for o caso; produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, Considera-se que a homologação do processo de licitação re-
quando for o caso; presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor-
as informações e das condições locais para o cumprimento das obri- dante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
gações objeto da licitação. Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi-
nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con-
Julgamento trato.
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de Registro de preços
agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra
os seguintes critérios: apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco-
1. Menor preço; mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento
2. Maior desconto; de licitação de forma específica para cada uma destas contratações.
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a
4. Técnica e preço; mais órgãos pertencentes à Administração.
5. Maior lance, no caso de leilão; De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor-
6. Maior retorno econômico. riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como
seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela-
nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade, das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma
trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de
de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato tais bens vir a perecer ou deteriorar.
de eficiência de forma geral. Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico Lictações que regem o sistema de registro de preços:
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
trouxer um maior retorno econômico. I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;

295
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou, § 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu-
no caso de serviços, de unidades de medida; lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen-
III - a possibilidade de prever preços diferentes: sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife- serviços por mais de um órgão ou entidade.
rentes; Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro-
b) em razão da forma e do local de acondicionamento; misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri-
c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita-
lote; ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente
d) por outros motivos justificados no processo; motivada.
IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de
quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que
nos limites dela; comprovado o preço vantajoso.
V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de
preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis-
mercado; posições nela contidas.
VI - as condições para alteração de preços registrados;
VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi- Revogação e anulação da licitação
ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce-
vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso
a ordem de classificação; tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a
VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não
de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se
validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer-
ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de
no edital; interesse público, impõe-se a aplicação da revogação.
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da
e suas consequências fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia- aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo
bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó-
sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de rio e à ampla defesa”.
preços unitários máximos deverá ser indicado no edital. Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório
a contratação posterior de item específico constante de grupo de e a ampla defesa.
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da
vantagem para o órgão ou entidade. aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di-
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio-
apenas nas seguintes situações: nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
entidade não tiver registro de demandas anteriores; julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei
II - no caso de alimento perecível; 8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o
de bens. contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória procedimento de licitação tiver sido concluído.
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é
de outro órgão ou entidade na ata. considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con-
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo-
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se
engenharia, observadas as seguintes condições: ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re- fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como
gulamento; os motivos de não prosseguir com o processo licitatório.
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle;
IV - atualização periódica dos preços registrados; Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro-
V - definição do período de validade do registro de preços; cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei- • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17,
tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence- será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante para todos os procedimentos licitatórios.
que mantiver sua proposta original.

296
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato e
de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo.
• O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do sistema virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade, segu-
rança e isonomia para as licitações de forma geral.
• A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório.
• Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações, sejam eles federais, estaduais ou municipais.
• Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as demandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de qualidade
comum, não superior à necessária para cumprir as finalidades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
• Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação de
serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
• São atos da Administração Pública antes de formalizar ou prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal do
contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP).
• A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Penal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Código
Penal de 1.940:
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do con-
tratado, durante a execução dos contratos celebrados com a Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos
respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Perturbação de processo licitatório


• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atualizará,
a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a substituí-lo, os
valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no PNCP.

NOÇÕES BÁSICAS DE SECRETARIA PREPARO, PREENCHIMENTO E TRATAMENTO DE DOCUMENTOS; PREPARO DE RELATÓ-


RIOS, FORMULÁRIOS E PLANILHAS. CONTROLE DE DOCUMENTOS: ENVIO E RECEBIMENTO. TÉCNICAS DE ARQUIVO.

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante
a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em
documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá
sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, insti-
tuições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física,
qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins
de prova ou informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas
atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES,
Marilena Leite, 1986).

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua
atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Mari-
lena Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar
o acervo.

A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.

297
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se carac-
teriza como um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de pro-
dução, utilização e conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre
da própria atividade da instituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no
exercício das suas atividades ou das suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por
outros, como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes
no estudo da arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua pro-
dução.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade
explica-se pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se
referem não funcionarão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresen-
ta o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada
e preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.
Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são
a Biblioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que
trata-se de conceitos distintos.

O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

298
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Arquivos Públicos Documento arquivístico: Informação registrada, indepen-
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, dente da forma ou do suporte, produzida ou recebida no de-
Capítulo II: correr da atividade de uma instituição ou pessoa e que possui
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos pro- conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de prova
duzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos dessa atividade.
públicos de âmbito federal, estadual, do distrito federal e mu- Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma ta-
nicipal, em decorrência de suas funções administrativas, legis- refa de considerável importância para as organizações atuais,
lativas e judiciárias”. sejam essas privadas ou públicas, tarefa essa que encontra su-
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo arti- porte na Tecnologia da Gestão de Documentos, importante fer-
go diz: ramenta que auxilia na gestão e no processo decisório.
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos
produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por A gestão de documentos representa um conjunto de pro-
entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos cedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,
no exercício de suas atividades. tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a
caráter público implica o recolhimento de sua documentação guarda permanente.
à instituição arquivística pública ou a sua transferência à insti-
tuição sucessora.» Através da Gestão Documental é possível definir qual a po-
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos litica arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patri-
públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público mônio arquivistico. Outro aspecto importante da gestão docu-
– mediante delegação de serviços públicos) são considerados mental é definir os responsáveis pelo processo arquivistico.
arquivos públicos, independentemente da esfera de governo. A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implan-
tação do programa de gestão, que envolve ações como as de
Arquivos Privados acesso, preservação, conservação de arquivo, entre outras ati-
De acordo com a mesma Lei citada acima: vidades.
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de docu- Por assegurar que a informação produzida terá gestão ade-
mentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídi- quada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de
cas, em decorrência de suas atividades.” ser rastreada, a Gestão de Documentos favorece o processo de
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido Acreditação e Certificação ISO, processos esses que para deter-
artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz res- minadas organizações são de extrema importância ser adquiri-
peito à pessoa jurídica de direito privado, não se confundindo, do.
portanto, com pessoa jurídica de direito público, pois os órgãos Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a
que compõe a administração indireta da União, Estados, Distrito racionalização de espaço para guarda de documentos e o con-
Federal e Municípios, são também pessoas jurídicas, destituídas trole deste a produção até arquivamento final dessas informa-
de poder político e dotadas de personalidade jurídica própria, ções.
porém, de direito público. A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso
Exemplos: adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamen-
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc. to Eletrônico de Documentos deve ser efetiva visando à garantia
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, no processo de atualização da documentação, interrupção no
etc. processo de deterioração dos documentos e na eliminação do
• Comercial: companhias, empresas, etc. risco de perda do acervo, através de backup ou pela utilização
A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional de sistemas que permitam acesso à informação pela internet e
com formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo intranet.
Estado. Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, A Gestão de Documentos no âmbito da administração pú-
centros de documentação, arquivos privados ou públicos, insti- blica atua na elaboração dos planos de classificação dos docu-
tuições culturais etc. mentos, TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da permanente de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso
gestão documental, conservação, preservação e disseminação rápido à informação e preservação dos documentos.
da informação contida nos documentos, assim como pela pre- Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e
servação do patrimônio documental de um pessoa (física ou expedição de documentos.
jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como Esse processo acima descrito de gestão de informação e
um todo. documentos segue um tramite para que possa ser aplicado de
Também é função do arquivista recuperar informações ou forma eficaz, é o que chamamos de protocolo.
elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas. 1 O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções
pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, dis-
GESTÃO DE DOCUMENTOS tribuição e movimentação dos documentos em curso.
Um documento (do latim documentum, derivado de docere A finalidade principal do protocolo é permitir que as infor-
“ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que mações e documentos sejam administradas e coordenadas de
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de forma concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desne-
uma afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequen- cessários, de forma que mesmo havendo um aumento de pro-
temente sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um dução de documentos sua gestão seja feita com agilidade, rapi-
valor probatório. dez e organização.

1 Adaptado de George Melo Rodrigues

299
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um Sistemas de classificação
sistema de base de dados, onde os documentos são registrados O conceito de classificação e o respectivo sistema classifi-
assim que chegam à organização. cativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elabo-
A partir do momento que a informação ou documento che- ração de um plano de classificação que permita um bom funcio-
ga é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou pro- namento do arquivo.
blemas decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos
perceber: Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes
características:
Recebimento: - Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando
Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto
e onde se separa o que é oficial e o que é pessoal. mais simples forem as regras de classificação adotadas, tanto
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários. melhor se efetuará a ordenação da documentação;
Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensi-
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições
vos são abertos e analisados, anexando mais informações e as-
do organismo (divisão de competências) ou em última análise,
sim encaminhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados
focando a estrutura das entidades de onde provém a corres-
diretos para seus destinatários.
pondência;
Registro: - Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do
Todos os documentos recebidos devem ser registrados ele- serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
tronicamentecom seu número, nome do remetente, data, as- - Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classifi-
sunto dentre outras informações. cações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que
Depois do registro o documento é numerado (autuado) em se entender conveniente.
ordem de chegada.
Depois de analisado o documento ele é classificado em A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de
uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de
momento pode-se ate dar um código a ele. agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas re-
lacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência,
Distribuição: recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o tra-
Também conhecido como movimentação, é a entrega para balho arquivístico é realizado com base no conteúdo do docu-
seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da mento, o qual reflete a atividade que o gerou e determina o uso
empresa seria feita pela expedição. da informação nele contida. A classificação define, portanto, a
organização física dos documentos arquivados, constituindo-se
Tramitação: em referencial básico para sua recuperação.
A tramitação são procedimentos formais definidas pela Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos do-
empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua en- cumentais distribuídos de acordo com as funções e atividades
trada na empresa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua desempenhadas pelo órgão.
função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que
o protocolo consiga localizar o documento. Quando os dados A classificação deve ser realizada de acordo com as seguin-
são colocados corretamente, como datas e setores em que o tes características:
documento caminhou por exemplo, ajudará aagilizar a sua lo-
calização. De acordo com a entidade criadora
- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito fe-
Expedição de documentos:
deral ou estadual ou municipal.
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados
se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a
à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas,
correspondência no original e nas cópias, pois as cópias são o
acompanhamento da tramitação do documento na empresa e sociedades e associações.
serão encaminhadas ao arquivo. As originais são expedidas para - COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e compa-
seus destinatários. nhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos fa-
Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos miliares ou pessoas individualmente.
devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou .
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tem-
po de vida de um arquivo)
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a
documentação mais atual e frequentemente consultada. Pode
ser mantido em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui
documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram
de ser usados com frequência. Mas eles ainda podem ser con-
sultados pelos órgãos que os produziram e os receberam, se
surgir uma situação idêntica àquela que os gerou.

300
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades
encontram os documentos que perderam o valor administrativo competentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu
e cujo uso deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são con- destino para arquivamento, após receber despacho final.
servados somente por causa de seu valor histórico, informativo O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta-
para comprovar algo para fins de pesquisa em geral, permitindo belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda
que se conheça como os fatos evoluíram. a atenção é necessária, pois um documento arquivado erronea-
mente poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente.
De acordo com a extensão da atenção O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o
Os arquivos se dividem em: prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacio-
nais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. As operações para arquivamento são:
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os 1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
documentos correntes provenientes dos diversos órgãos que in- 2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atri-
tegram a estrutura de uma instituição. buir um código conforme o assunto;
3. Ordenar os documentos na ordem sequencial;
De acordo com a natureza de seus documentos 4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência
- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas for- de antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam
mas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microfor- do mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
mas (fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles 5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos
merecem tratamento adequado não apenas quanto ao armaze- – usar uma pasta para cada código, evitando a classificação “di-
namento das peças, mas também quanto ao registro, acondicio- versos”;
namento, controle e conservação. 6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como ar- de acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética,
quivo técnico, é responsável pela guarda os documentos de um geográfica, verificando a existência de cópias e eliminando-as.
determinado assunto ou setor/departamento específico. Caso não exista o original manter uma única cópia;
7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em
De acordo com a natureza do assunto caixa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não preju- conteúdo e registrando a sua localização no documento que o
dicam a administração; encaminhou.
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, 8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
com divulgação restrita. documentos/processos estão armazenados.

De acordo com a espécie Devemos considerar duas formas de arquivamento: A hori-


- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente zontal e a vertical.
administrativas; - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; uns sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indica-
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação do para arquivos permanentes e para documentos de grandes
jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternati- dimensões, pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
vas para evitar a esfera judicial. - Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
De acordo com o grau de sigilo correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não- dos documentos.
-autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos
neles previstos; Para o arquivamento e ordenação dos documentos no ar-
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, quivo, devemos considerar tantos os métodos quanto os siste-
instalações, projetos, planos ou operações de interesse nacio- mas.
nal, a assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a pos-
detalhes, programas ou instalações estratégicos, cujo conheci- sibilidade ou não de recuperação da informação sem o uso de
mento não autorizado possa acarretar dano grave à segurança instrumentos.
da sociedade e do Estado; Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de
- ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobe- uma ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante)
rania e à integridade territorial nacional, a plano ou operações para localizar um documento em um arquivo.
militares, às relações internacionais do País, a projetos de pes- Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sis-
quisa e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse tema direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os
da defesa nacional e a programas econômicos, cujo conheci- métodos alfabético e geográfico.
mento não autorizado possa acarretar dano excepcionalmente Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema
grave à segurança da sociedade e do Estado. indireto de busca e/ou recuperação, como são os métodos nu-
méricos.
Arquivamento e ordenação de documentos
O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram clas-
que visa ao acondicionamento e armazenamento dos documen- sificados dentre de um mesmo assunto.
tos no arquivo.

301
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organi- - Método numérico dígito-terminal
zada e categorizada previamente para posterior arquivamento. A partir do momento em que se faz uso de números maio-
Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza res, com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso
dos documentos, podendo ser:2 ocorre porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por isso,
nesse caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-terminal.
1. Arquivamento por assunto Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois
Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de docu- últimos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é
mentos é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já dada a partir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o
adianta, essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos arquivamento mais ágil e eficiente.
documentos de acordo com o assunto tratado neles.
Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos 4. Método eletrônico
correlatos e permite encontrar informações completas sobre O método eletrônico consiste em arquivar os documen-
determinada matéria de forma simples e direta, sendo especial-
tos de forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que
mente interessante para empresas que lidam com um grande
permite não só organizá-los de diversas formas distintas e de
volume de documentos de um mesmo tema.
acordo com o método que mais se encaixa na organização e nas
necessidades da empresa, mas fazer sua gestão online e até
2. Método alfabético
Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de do- mesmo remota.
cumentos é o método alfabético, que consiste em organizar os
documentos arquivados de acordo com a ordem alfabética des- 5. Método geográfico
ses, permitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente. Esse método é aquele usado quando os documentos apre-
Como a própria denominação já indica, nesse esquema o sentam a sua organização por meio do local, isto é, quando a
elemento principal considerado é o nome. Estamos falando empresa escolhe classificar os documentos a partir de seu local
sobre um método muito usado nas empresas por apresentar a de origem.
vantagem de ser rápido e simples. No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas
No entanto, quando se armazena um número muito grande normas precisam ser empregadas para que o método geográfico
de informações, é comum que existam alguns erros. Isso acon- seja utilizado de forma adequada. Confira!
tece devido à grande variedade de grafia dos nomes e também
ao cansaço visual do funcionário. - Norma do método geográfico 1
Para que a localização e o armazenamento dos documentos Quando os documentos são organizados por país ou por es-
se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa for-
a escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a ma, fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as
letra procurada. cidades de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem
Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores alfabética. Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início
como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a locali- da lista, uma vez que elas são, normalmente, as mais procura-
zação e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é das, tendo uma quantidade maior de documentos.
somente uma variação do método alfabético. É possível, ainda,
combinar esse método ao de arquivamento por assunto, usando - Norma do método geográfico 2
a ordem alfabética para subdividir a organização. Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não exis-
te separação por estado, não há a exigência de que as capitais
3. Método numérico fiquem no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. En-
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma
tretanto, ao final de cada cidade, o estado a que ela correspon-
ótima escolha para empresas que lidam com um grande volu-
de precisa aparecer na identificação.
me de documentos. Ele consiste em determinar um número
sequencial para cada documento, permitindo sua consulta de
6. Método temático
acordo com um índice numérico previamente determinado.
Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado Esse é um método que propõe a organização dos documen-
quando os documentos são ordenados por números. É possível tos por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assun-
escolher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, tos e temas básicos, que podem admitir diversas composições.
cronológico ou dígito-terminal.
7. Índice onomástico (opcional)
- Método numérico simples Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve
Esse método é usado quando o modo de organizar é feito ser utilizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir.
pelo número da pasta ou do documento em que ele foi arqui- Deve ser organizado da mesma maneira que o índice remissivo.
vado. É muito utilizado na organização de prontuários médicos,
filmes, processos e pastas de funcionários. Tabela de temporalidade
Instrumento de destinação, que determina prazos e condi-
- Método numérico cronológico ções de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento,
Um método usado para fazer a organização dos documentos descarte de documentos, com a finalidade de garantir o acesso
por data. É extremamente utilizado para organizar documentos à informação a quantos dela necessitem.
financeiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento
essencial para buscar a informação.

2 Adaptado de www.agu.gov.br

302
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores (primário/
administrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos docu-
mentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na
instituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição
no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda
permanente, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:


1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo
com as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para
agilizar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária,
visando atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e
até quitação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS
- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da
tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação
dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO.


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos es-
pecíficos, de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda
estabelecido na tabela de temporalidade e destinação.

303
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, - reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quan-
que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são do os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos
diversas, como dispositivos externos de gravação,porém, o mais em funcionamento sem interrupção;
indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece - proteger os documentos e suas embalagens da incidência
além da segurança, a facilidade de acesso. direta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas;
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das ra-
Armazenamento diações ultravioleta;
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas
Áreas de armazenamento fluorescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às
luminárias;
Áreas Externas - promover regularmente a limpeza e o controle de insetos
A localização de um depósito de arquivo deve prever facili- rasteiros nas áreas de armazenamento;
dades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evi- - manter um programa integrado de higienização do acervo
tando-se, por exemplo: e de prevenção de insetos;
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de - monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira
inundações, como margens de rios e subsolos; e poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes,
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de com- utilizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento
bustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções e a abertura controlada de janelas;
irregulares; - armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magné-
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de ticos e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa tem-
poluição atmosférica, como refinarias de petróleo; peratura e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias mecânicos bem dimensionados, sobretudo para a manutenção
e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos. da estabilidade dessas condições, a saber: fotografias em preto
e branco T 12ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC
Áreas Internas ± 1ºC e UR 35% ± 5% filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão e UR 40% ± 5%.
atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquan-
to as de armazenamento de documentos devem ser totalmente Acondicionamento
independentes das demais. Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e
invólucros apropriados, que assegurem sua preservação.
Condições Ambientais A escolha deverá ser feita observando-se as características
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de físicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição
trabalho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos do mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre quali-
depósitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar dade e resistência e sobre segurança no trabalho.
entre si, considerando-se as necessidades específicas de preser- O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, pro-
vação para cada tipo de suporte. move a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos.
Os documentos devem ser guardados em arquivos, estantes,
A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao armários ou prateleiras, apropriados a cada suporte e formato.
longo do tempo, ocorre por reações químicas, que são acele- Os documentos de valor permanente que apresentam gran-
radas por flutuações e extremos de temperatura e umidade re- des formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser ar-
lativa do ar e pela exposição aos poluentes atmosféricos e às mazenados horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas
radiações luminosas, especialmente dos raios ultravioleta. medidas, ou enrolados sobre tubos confeccionados em cartão
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes au- alcalino e acondicionados em armários ou gavetas. Nenhum do-
tores (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa cumento deve ser armazenado diretamente sobre o chão.
entre 45% e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o empre- As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de com-
go de meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos putador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos
de investimento em equipamentos, manutenção e energia. que possam causar a distorção ou a perda de dados. O armaze-
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relati- namento será preferencialmente em mobiliário de aço tratado
va do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem com pintura sintética, de efeito antiestático.
a ocorrência de infestações de insetos e o desenvolvimento de As embalagens protegem os documentos contra a poeira e
microorganismos, que aumentam as proporções dos danos. danos acidentais, minimizam as variações externas de tempera-
Com base nessas constatações, recomenda-se: tura e umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água
- armazenar todos os documentos em condições ambientais e fogo em casos de desastre.
que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabele- As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao
cido, isto é, em temperatura e umidade relativa do ar adequa- peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilha-
das a cada suporte documental; das. Precisam ser mantidas em boas condições de conservação
- monitorar as condições de temperatura e umidade rela- e limpeza, de forma a proteger os documentos.
tiva do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar
previamente definida; formatos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos docu-
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direcio- mentos que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser
nadas à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa preenchidos para proteger o documento.
estabilizados na média, evitando variações súbitas;

304
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Todos os materiais usados para o armazenamento de docu- - Qualidades do ar
mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis O controle da qualidade é muito importante porque os ga-
ao longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações ses e as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração
que afetem a preservação dos documentos. de materiais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses
Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e poluentes podem tanto vir do ambiente externo como podem
invólucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas ser gerando no próprio ambiente.
de preservação dos documentos.
No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, 2. Agentes biológicos
recomenda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, entre
para evitar o contato direto de documentos com materiais ins- outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os
táveis.3 fungos, cuja presença depende quase que exclusivamente das
condições ambientais reinantes nas dependências onde se en-
PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE AR- contram os documentos.
QUIVO
A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na - Fungos
tabela de temporalidade dependem de três aspectos: Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e
umidade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos
Fatores de deterioração em acervos de arquivos papéis, amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umi-
Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos dade é fator indispensável para o metabolismo dos nutrientes e
acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais es- para sua proliferação. Essa umidade é encontrada na atmosfera
tão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos noci- local, nos materiais atacados e na própria colônia de fungos.
vos e traçar políticas de conservação para minimizá-los. Além da umidade e nutrientes, outras condições contribuem
A grande maioria dos arquivos é constituída de documen- para o crescimento das colônias: temperatura elevada, falta de
tos impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de circulação de ar e falta de higiene.
celulose, portanto, identificar os principais agentes nocivos da
celulose e descobrir soluções para evita-los é um grande passo As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos
na preservação e na conservação documental. são:
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se li- - estabelecer política de controle ambiental, principalmen-
mita a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa te temperatura, umidade relativa e ar circulante
degradação ocorrer, como veremos a seguir: - praticar a higienização tanto do local quanto dos docu-
mentos, com metodologia e técnicas adequadas;
1. Fatores ambientais - instruir o usuário e os funcionários com relação ao manu-
São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, seio dos documentos e regras de higiene do local;
como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Ra- - manter vigilância constante dos documentos contra aci-
diação da Luz, Qualidade do Ar. dentes com água, secando-os imediatamente caso ocorram.

- Temperatura e umidade relativa - Roedores


O calor e a umidade contribuem significativamente para a A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arqui-
destruição dos documentos, principalmente quando em supor- vos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir
te-papel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. as possíveis entradas para os ambientes dos acervos é um co-
O calor acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações meço. As iscas são válidas, mas para que surtam efeito devem
químicas, é dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da ser definidas por especialistas em zoonose. O produto deve ser
umidade relativa proporciona as condições necessárias para de- eficiente, desde que não provoque a morte dos roedores no
sencadear intensas reações químicas nos materiais. recinto. A profilaxia se faz nos mesmos moldes citados acima:
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante temperatura e umidade relativa controladas, além de higiene
importante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade periódica.
relativa elevada.
- Ataques de insetos
- Radiação da luz Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto reves-
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de timentos, provocam perdas de superfície e manchas de excre-
acervos, provocando consideráveis danos através da oxidação. mentos. As baratas se reproduzem no próprio local e se tornam
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos infestação muito rapidamente, caso não sejam combatidas.
acervos: Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imen-
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas sos em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao
que bloqueiem totalmente o sol; acervo é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento,
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no con- que ocorre no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o
trole da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em papel e seus derivados, como também a madeira do mobiliário,
lâmpadas fluorescentes. portas, pisos e todos os materiais à base de celulose.
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os mate-
riais para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe
3 Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.eboxdigital. ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete.
com.br

305
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só os papéis orientais, borrachas plásticas etc., usados tanto para
para as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem pequenas intervenções sobre os documentos como para acon-
áreas internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instala- dicionamento.
ções elétricas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., mui-
tas vezes fora do alcance dos nossos olhos. 7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para
Chegam aos acervos em ataques massivos, através de es- a conservação de acervos
tantes coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, as- Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante
soalhos etc. ter conhecimentos básicos sobre os materiais que integram
nossos acervos para que não corramos o risco de lhes causar
3. Intervenções inadequadas nos acervos mais danos.
Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de
em um conjunto de documentos com o objetivo de interromper grande importância para a estabilização dos documentos.
ou melhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam
em danos ainda maiores. 8. Higienização
Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os
um conhecimento das características individuais dos documen- documentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a
tos e dos materiais a serem empregados no processo de con- condições ambientais inadequadas, provoca reações de destrui-
servação. ção de todos os suportes num acervo. Portanto, a higienização
das coleções deve ser um hábito de rotina na manutenção de
4. Problemas no manuseio de livros e documentos bibliotecas ou arquivos, razão por que é considerada a conser-
O manuseio inadequado dos documentos é um fator de de- vação preventiva por excelência.
gradação muito frequente em qualquer tipo de acervo. - Processos de higienização
O manuseio abrange todas as ações de tocar no documen- - Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos
to, sejam elas durante a higienização pelos funcionários da ins- de bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e,
tituição, na remoção das estantes ou arquivos para uso do pes- portanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir
quisador, nas foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc. poeira, partículas sólidas, incrustações, resíduos de excremen-
tos de insetos ou outros depósitos de superfície.
5. Fatores de deterioração - Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser
Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são ir- avaliado individualmente para determinar se a higienização é
reversíveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma necessária e se pode ser realizada com segurança. No caso de
política de conservação, existem medidas que podemos tomar termos as condições abaixo, provavelmente o tratamento não
sem despender grandes somas de dinheiro, minimizando dras- será possível:
ticamente os efeitos desses agentes. Alguns investimentos de • Fragilidade física do suporte
baixo custo devem ser feitos, a começar por: • Papéis de textura muito porosa
- treinamento dos profissionais na área da conservação e - Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção
preservação; da sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é
- atualização desses profissionais (a conservação é uma feita através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras ou-
ciência em desenvolvimento constante e a cada dia novas técni- tras ferramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça,
cas, materiais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar espátula, agulha, cotonete;
a conservação dos documentos);
- monitoração do ambiente – temperatura e umidade rela- - Limpeza de livros
tiva em níveis aceitáveis; - Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel
- uso de filtros e protetores contra a luz direta nos docu- macio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encader-
mentos; nação;
- adoção de política de higienização do ambiente e dos - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lom-
acervos; bada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os
- contato com profissionais experientes que possam asses- cortes, começando pela cabeça do livro, que é a área que está
sorar em caso de necessidade. mais exposta à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada
e intensa, utilizar, primeiramente, aspirador de pó de baixa po-
6. Características gerais dos materiais empregados em tência ou ainda um pedaço de carpete sem uso;
conservação - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa
Nos projetos de conservação/preservação de acervos de bi- primeira higienização;
bliotecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de - Oxigenar as folhas várias vezes.
materiais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais
livres de quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resisten- - Higienização de documentos de arquivo - materiais arqui-
tes, duráveis. Suas características, em relação aos documentos vísticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis,
onde são aplicados, distinguem-se pela estabilidade, neutrali- distorcidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao alto
dade, reversibilidade e inércia. Dentro das especificações po- índice de acidez resultante do uso de papéis de baixa qualidade.
sitivas, encontramos vários materiais: os papéis e cartões alca- As más condições de armazenamento e o excesso de manuseio
linos, os poliésteres inertes, os adesivos alcalinos e reversíveis, também contribuem para a degradação dos materiais. Tais docu-
mentos têm que ser higienizados com muito critério e cuidado.

306
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com a empresa competitiva, flexível, capaz de responder as exigên-
os livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exa- cias do mercado, reduzindo custos operacionais e apresentando
me dos documentos, testes de estabilidade de seus componen- produtos competitivos e de qualidade.
tes para o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de A reestruturação das organizações gerou um público inter-
intervenção devem ser cuidadosamente realizados. no de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais cons-
- Documentos em grande formato cientes, responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das
- Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no empresas em todos os setores. Diante desse novo modelo or-
geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha, ganizacional, é que se propõe como atribuição do profissional
após testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e de Relações Públicas ser o intermediador, o administrador dos
embebido em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis po- relacionamentos institucionais e de negócios da empresa com
dem ter distorções causadas pela umidade que são irreversíveis os seus públicos. Sendo assim, fica claro que esse profissional
ou de difícil remoção. tem seu campo de ação na política de relacionamento da orga-
- Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são
nização.
muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo
A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como
cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acondiciona-
um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa sig-
mento.
nificativamente maior que um simples programa de comunica-
- Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma aten-
ção especial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em ção impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as
boas condições, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar empresas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmi-
grandes áreas. cos, abertos, treinados, com visões integradas e em permanen-
te estado de alerta para as ameaças e oportunidades ditadas
9. Pequenos reparos pelo meio ambiente.
Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode- Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Re-
mos executar visando interromper um processo de deterioração lações Públicas: estratégica, política, institucional, mercadoló-
em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer gica, social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para
a critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de me- cumprir os objetivos da organização e definir suas políticas ge-
lhorar o estado de conservação dos documentos. Caso esses rais de relacionamento.
critérios não sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Pú-
muito grande e muitas vezes de caráter irreversível. blicas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de
Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de- comunicação total da empresa, tanto no nível do entendimento,
vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documen- como no nível de persuasão nos negócios.
tos permitem algumas intervenções, de simples a moderadas.
Os materiais utilizados para esse fim devem ser de qualidade Pronúncia correta das palavras
arquivística e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a in- Proferir as palavras corretamente. Isso envolve:
tervenção deve obedecer a técnicas e procedimentos reversí- - Usar os sons corretos para vocalizar as palavras;
veis. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, - Enfatizar a sílaba certa;
não pode existir nenhum obstáculo na técnica e nos materiais - Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
utilizados.
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoria- Por que é importante?
mente deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que
Proteção Individual – tais como avental, luva, máscara, toucas, pregamos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da
óculos de proteção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas ma-
mensagem sem ser distraídos por erros de pronúncia.
nifestações alérgicas, como rinite, irritação ocular, problemas
Fatores a considerar. Não há um conjunto de regras de
respiratórios, protegendo assim a saúde do profissional. 4
pronúncia que se aplique a todos os idiomas. Muitos idiomas
utilizam um alfabeto. Além do alfabeto latino, há também os
NOÇÕES SOBRE OS MODELOS DE GESTÃO: COMPETÊN- alfabetos árabe, cirílico, grego e hebraico. No idioma chinês, a
CIA, PROCESSOS, PROJETOS E RESULTADOS escrita não é feita por meio de um alfabeto, mas por meio de
caracteres que podem ser compostos de vários elementos.
Esses caracteres geralmente representam uma palavra ou
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
parte de uma palavra. Embora os idiomas japonês e coreano
tópicos anteriores.
usem caracteres chineses, estes podem ser pronunciados de
maneiras bem diferentes e nem sempre ter o mesmo signifi-
NOÇÕES DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO cado.
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que
se use o som correto para cada letra ou combinação de letras.
Quando se fala em comunicação interna organizacional, au-
Quando o idioma segue regras coerentes, como é o caso do es-
tomaticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas,
panhol, do grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as
pois ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com
palavras estrangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm
os seus diversos públicos (internos, externos e misto).
uma pronúncia parecida à original. Assim, determinadas letras,
As organizações têm passado por diversas mudanças bus-
ou combinações de letras, podem ser pronunciadas de diver-
cando a modernização e a sobrevivência no mundo dos negó-
sas maneiras ou, às vezes, simplesmente não ser pronunciadas.
cios. Os maiores objetivos dessas transformações são: tornar
Você talvez precise memorizar as exceções e então usá-las re-
4 Adaptado de Norma Cianflone Cassares gularmente ao conversar. Em chinês, a pronúncia correta exige

307
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a memorização de milhares de caracteres. Em alguns idiomas, Lê-se em caso de uma sequencia de números de três em
o significado de uma palavra muda de acordo com a entonação. três algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro nú-
Se a pessoa não der a devida atenção a esse aspecto do idioma, meros juntos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos.
poderá transmitir ideias erradas. O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o nú-
Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é mero “11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como
importante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam “onze”.
esse tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição Veja abaixo os exemplos
da sílaba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que 011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero
fogem a essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o – zero, três
que torna relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. 021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – três, três
Contudo, se houver muitas exceções às regras, o problema fica – quatro, três
mais complicado. Nesse caso, exige bastante memorização para 031.386.1198 – zero, três, um – três, oito, meia – onze –
se pronunciar corretamente as palavras. nove, oito
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção
aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determi- Exceções
nadas letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç. 110 -cento e dez
Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas arma- 111 – cento e onze
dilhas. A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação 211 – duzentos e onze
e até de esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em 118 – cento e dezoito
desuso. Tais coisas apenas chamam atenção para o orador. Por 511 – quinhentos e onze
outro lado, é bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso 0001 – mil ao contrario
da linguagem quanto na pronúncia das palavras. Algumas des-
sas questões já foram discutidas no estudo “Articulação clara”. Atendimento telefônico
Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocu-
um país para outro — até mesmo de uma região para outra no tor se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da
mesmo país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com so- utilização de um canal de comunicação a distância. É preciso,
taque. Os dicionários às vezes admitem mais de uma pronúncia portanto, que o processo de comunicação ocorra da melhor ma-
para determinada palavra. Especialmente se a pessoa não teve neira possível para ambas as partes (emissor e receptor) e que
muito acesso à instrução escolar ou se a sua língua materna for as mensagens sejam sempre acolhidas e contextualizadas, de
outra, ela se beneficiará muito por ouvir com atenção os que fa- modo que todos possam receber bom atendimento ao telefone.
lam bem o idioma local e imitar sua pronúncia. Como Testemu- Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações
nhas de Jeová queremos falar de uma maneira que dignifique para o atendimento telefônico:
a mensagem que pregamos e que seja prontamente entendida • não deixar o cliente esperando por um tempo muito lon-
pelas pessoas da localidade. go. É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retor-
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está nar a ligação em seguida;
bem familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem
problema numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá de se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
se deparar com palavras que não usa no cotidiano. • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo
que o atendente não possa fornecer, é importante oferecer al-
Maneiras de aprimorar ternativas;
Muitas pessoas que têm problemas de pronúncia não se • agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou
dão conta disso. “boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição
Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, são atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o
consulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não nome do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que
tiver prática em usar o dicionário, procure em suas páginas ini- ele é importante para a empresa ou instituição. O atendente
ciais, ou finais, a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os deve também esperar que o seu interlocutor desligue o telefo-
símbolos fonéticos usados ou, se necessário, peça que alguém ne. Isso garante que ele não interrompa o usuário ou o cliente.
o ajude a entendê-los. Em alguns casos, uma palavra pode ter Se ele quiser complementar alguma questão, terá tempo de re-
pronúncias diferentes, dependendo do contexto. Alguns dicio- tomar a conversa.
nários indicam a pronúncia de letras que têm sons variáveis
bem como a sílaba tônica. Antes de fechar o dicionário, repita a No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal
palavra várias vezes em voz alta. para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso
Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para que o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas
alguém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija demandas de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso
seus erros. correto da língua portuguesa e a qualidade da dicção também
Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar aten- são fatores importantes para assegurar uma boa comunicação
ção aos bons oradores. telefônica. É fundamental que o atendente transmita a seu in-
terlocutor segurança, compromisso e credibilidade.
Pronúncia de números telefônicos
O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por
algarismo.
Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo.

308
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, • Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro-
procedimentos para a excelência no atendimento telefônico: nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expres-
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém sões como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
gosta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o • Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evi-
atendente da chamada deve identificar-se assim que atender ao tar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, des-
telefone. Por outro lado, deve perguntar com quem está falando viando-se do tema da conversa, bem como evitar comer ou be-
e passar a tratar o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal ber enquanto se fala);
faz com que o interlocutor se sinta importante; • Comportamento ético na conversação – o que envolve
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que também evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
atende ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou
seja, comprometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma Atendimento e tratamento
resposta rápida. Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas O atendimento está diretamente relacionado aos negócios
“vou imediatamente saber” ou “daremos uma resposta logo de uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de
que seja possível”.Se não for mesmo possível dar uma resposta acordo com suas normas e regras. O atendimento estabelece,
ao assunto, o atendente deverá apresentar formas alternativas dessa forma, uma relação entre o atendente, a organização e
para o fazer, como: fornecer o número do telefone direto de o cliente.
alguém capaz de resolver o problema rapidamente, indicar o
e-mail ou numero da pessoa responsável procurado. A pessoa A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
que ligou deve ter a garantia de que alguém confirmará a recep- por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente
ção do pedido ou chamada; a:
• Não negar informações: nenhuma informação deve ser • competência – recursos humanos capacitados e recursos
negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de a for- tecnológicos adequados;
necer, para confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários esta-
é adequada a seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois belecidos previamente;
entraremos em contato com o senhor • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao • segurança – sigilo das informações pessoais;
tempo, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal
mostrar que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, de contato;
dando feedback, mas não interrompendo o raciocínio do inter- • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos
locutor; serviços.
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra
que o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada; Fatores críticos de sucesso ao telefone:
• Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catas-  A voz / respiração / ritmo do discurso
trófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que  A escolha das palavras
as boas;  A educação
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de co-
municação, não se estabele o contato visual, é necessário que Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro
o atendente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefo- lado da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos,
ne durante alguns segundos, peça licença para interromper o mas você transmite através da voz o sentimento que está ali-
diálogo e, depois, peça desculpa pela demora. Essa atitude é mentando ao conversar com ela. As emoções positivas ou nega-
importante porque poucos segundos podem parecer uma eter- tivas, podem ser reveladas, tais como:
nidade para quem está do outro lado da linha; • Interesse ou desinteresse,
• Ter as informações à mão: um atendente deve conservar a • Confiança ou desconfiança,
informação importante perto de si e ter sempre à mão as infor- • Alerta ou cansaço,
mações mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar • Calma ou agressividade,
a rapidez de resposta e demonstra o profissionalismo do aten- • Alegria ou tristeza,
dente; • Descontração ou embaraço,
• Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: • Entusiasmo ou desânimo.
quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa
deve voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por
instituição vai retornar a chamada. minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por mi-
nuto aproximadamente, tornando o discurso mais claro.
Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem
no atendimento telefônico: e pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a
• Receptividade - demonstrar paciência e disposição para julgar que não existe entusiasmo da sua parte.
servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns
dos usuários como se as estivesse respondendo pela primeira O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao
vez. Da mesma forma é necessário evitar que interlocutor espe- cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua sim-
re por respostas; patia. Está relacionada a:
• Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, di- • Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando
zer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, prontamente a solicitação do usuário;
anotar a mensagem do interlocutor);

309
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor- 10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o
dialidade; nome da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda,
• Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não- das tradicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além dis-
-previstas. so, quando for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso,
agradecendo e reafirmando o que foi acordado.
A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vis- 11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que
ta, que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la não está presente na sua empresa no momento da ligação, ja-
compreender a essência da mesma é uma tarefa que envolve mais peça a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do
inúmeras variáveis que transformam a comunicação humana atendente, ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa
em um desafio constante para todos nós. estiver de volta à organização.
E essa complexidade aumenta quando não há uma comu- 12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização
nicação visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é um dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja
é o único instrumento capaz de transmitir a mensagem de um vista, que é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos
emissor para um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas co- principais que foram abordados.
metem erros primários no atendimento telefônico, por se tratar 13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não
de algo de difícil consecução. tem responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado de-
monstra desleixo e incompetência, comprometendo assim, a
Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, imagem da empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado,
de modo a atingirmos a excelência, confira: ou, retornar uma ligação lembre-se de sua responsabilidade,
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem evitando esquecimentos.
formal, privilegiando uma comunicação que transmita respei- 14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o
to e seriedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois telefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de
assim fazendo, você estará gerando uma imagem positiva de si quem realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com
mesmo por conta do profissionalismo demonstrado. os problemas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de
2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente voz desinteressado, melancólico e enfadado contribuem para a
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo desmotivação do cliente, sendo assim, é necessário demonstrar
que atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de interesse e iniciativa para que a outra parte se sinta acolhida.
aparelhos eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atenta-
manter a linha “limpa” para que a comunicação seja eficiente, mente, sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positi-
evitando desvios. vamente para a identificação dos problemas existentes e conse-
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que quentemente para as possíveis soluções que os mesmos exigem.
seja minimamente compreensível, evitando desconforto para o 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar
cliente que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o para alguma empresa e teve que esperar um longo período de
atendente fale mais alto. tempo para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo ex-
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não tremamente inconveniente e constrangedor. Por esse motivo,
cometa o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure en- busque não delongar as conversas e evite conversas pessoais,
contrar o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o objetivando manter, na medida do possível, sua linha sempre
cliente entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser trans- disponível para que o cliente não tenha que esperar muito tem-
mitida com clareza e objetividade. po para ser atendido.
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coe-
são para que a mensagem tenha organização, evitando possí- Buscar a excelência constantemente na comunicação hu-
veis erros de interpretação por parte do cliente. mana é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente estamos nos comunicando o tempo todo com outras pessoas.
sem educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o Infelizmente algumas pessoas não levam esse importante ato
atentamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá- a sério, comprometendo assim, a capacidade humana de trans-
-lo, pois assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja mitir uma simples mensagem para outra pessoa. Sendo assim,
vista, que esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, devemos ficar atentos para não repetirmos esses erros e conse-
eles se matam sozinhos. quentemente aumentarmos nossa capacidade de comunicação
7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente com nosso semelhante.
para que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um
clima confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto
com criatividade, de modo a transmitir emoções inteligentes e ao atendimento de ligações ou transferências
contagiantes. O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa..
8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o Por isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes
cliente para aguardar na linha, mas não demore uma eterni- do seu trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter
dade, pois, o cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o contato com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir
telefone. muito para a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não
9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é aten- esqueça: a primeira impressão é a que fica.
der o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato
que demonstra afabilidade e empenho em tentar entregar para
o cliente a máxima eficiência.

310
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina Lembre-se:
do seu trabalho: Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas
- Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural formalidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” ,
possível. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo. “Queira desculpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comu-
- Calma: Ás vezes pode não ser fácil mas é muito impor- nicação e induz a outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de
tante que você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que tratamento.
esta chamando merece ser atendida com toda a delicadeza. Não A conversa: existem expressões que nunca devem ser usa-
deve ser apressada ou interrompida. Mesmo que ela seja um das, tais como gírias, meias palavras, e palavras com conotação
pouco grosseira, você não deve responder no mesmo tom. Pelo de intimidade. A conversa deve ser sempre mantida em nível
contrário, procure acalmá-la. profissional.
- Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece
atenção especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser Equipamento básico
sempre simpática e demonstrar interesse em ajudar. Além da sala, existem outras coisas necessárias para asse-
- Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de deta- gurar o bom andamento do seu trabalho:
lhes importantes sobre o assunto que será tratado. Esses deta- - Listas telefônicas atualizadas.
lhes são confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvi- - Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem
das. Você deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra alfabética).
de sigilo nas ligações telefônicas é considerada uma falta grave, - Relação dos números de telefones mais chamados.
sujeita às penalidades legais. - Tabela de tarifas telefônicas.
- Lápis e caneta
O que dizer e como dizer - Bloco para anotações
Aqui seguem algumas sugestões de como atender as cha- - Livro de registro de defeitos.
madas externas:
- Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome O que você precisa saber:
da sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite. O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu
- Essa chamada externa vai solicitar um ramal ou pessoa. material de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso
Você deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de você deve saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipa-
que entendeu corretamente. Em seguida diga: “ Um momento, mento que você usa é chamado de CPCT - Central Privada de
por favor,” e transfira a ligação. Comunicação Telefônica, que permite você fazer ligações inter-
nas (de ramal para ramal) e externas. Atualmente existem dois
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já pos- tipos: PABX e KS.
sui; faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o ne- - PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,
cessário e evite assuntos pessoais. todas as ligaçõesinternas e a maioria das ligações para fora da
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao empresa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações
seu interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a liga- que entram, passam pela telefonista.
ção, mantenha-o ciente dos passos desse atendimento. - KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada,
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar de saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista
dela. Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à
disposição dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o Informações básicas adicionais
para quem realmente possa atendê-lo e resolver sua solicita- - Ramal: são os terminais de onde saem e entram as liga-
ção. Transferir o cliente de um setor para outro, quando essa ções telefônicas. Eles se dividem em:
ligação já tiver sido transferida várias vezes não favorece a ima- * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem
gem da empresa. Nesse caso, anote a situação e diga que irá fazer ligações para fora sem passar pela telefonista
retornar com as informações solicitadas. * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferên- auxilio da telefonista para ligar para fora.
cia, diga à pessoa que chamou: “O ramal está ocupado. Posso * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
anotar o recado e retornar a ligação.” É importante que você -Linha - Tronco: linha telefônica que ligaa CPCT à central
não deixe uma linha ocupada com uma pessoa que está apenas Telefônica Pública.
esperando a liberação de um ramal. Isso pode congestionar as - Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
linhas do equipamento, gerando perda de ligações. Mas caso mente as linhas que estão em busca automática, devendo ser o
essa pessoa insista em falar com o ramal ocupado, você deve único número divulgado ao público.
interromper a outra ligação e dizer: “Desculpe-me interromper - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligações entre ra-
sua ligação, mas há uma chamada urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) mais e linhas-tronco.
para este ramal. O (a) senhor (a) pode atender?” Se a pessoa - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a rea-
puder atender , complete a ligação, se não, diga que a outra lização de ligações interurbanas.
ligação ainda está em andamento e reafirme sua possibilidade - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
em auxiliar. queado, cuja cobrança das ligações é feita no telefone chamado.
- DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas
vão direto para o ramal desejado, sem passar pela telefonista .
Isto só é possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
- Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo,
distância e horário.

311
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Consultores: empregados da Telems que dão orientação 5ª – Discussão com o Cliente
às empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você
telecomunicações. sempre perde!
- Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou
dar assistência às CPCTs. “discutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -,
- Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos ho- de forma que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emo-
rários fora do expediente para determinados ramais. Só é possí- cional do Cliente, quando esta for negativa. Exemplos:
vel em CPCTs do tipo PBX e PABX.
O Cliente está... Reaja de forma oposta
Em casos onde você se depara com uma situação que repre-
sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à
cada circunstância. Abaixo alguns exemplos. Falando alto, gritando. Fale baixo, pausadamente.

1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer? Irritado Mantenha a calma.


 Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a rai-
va. Desafiando Não aceite. Ignore o desafio.
 Acima de tudo, mantenha-se calmo.
 Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em Ameaçando Diga-lhe que é possível resolver o
um estado de nervosismo. problema sem a necessidade de uma
 Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está ação extrema.
muito nervoso (a), tente acalmar-se”.
 Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam
Ofendendo Diga-lhe que o compreende, que
acalmar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo
gostaria que ele lhe desse uma opor-
tunidade para ajudá-lo.
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer?
 O tratamento deverá ser sempre positivo, indepen-
dentemente das circunstâncias. 6ª – Equilíbrio Emocional
 Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a en- Em uma época em que manter um excelente relaciona-
tender que você não é o alvo. mento com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um
 Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando alto coeficiente de IE (Inteligência Emocional) é muito impor-
para não parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age tante para todos os profissionais, particularmente os que tra-
positivamente, coloca uma pressão psicológica no Cliente, para balham diretamente no atendimento a Clientes.
que ele reaja de modo positivo.
Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que:
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa  For paciente e compreensivo com o Cliente.
 ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível.  Tiver uma crescente capacidade de separar as ques-
 Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver tões pessoais dos problemas da empresa.
ao seu alcance para que o problema seja resolvido.  Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você,
 CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai mas, sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de
corrigir. “para-raios”.
 Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema.  Não fizer pré julgamentos dos clientes.
 EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar.  Entender que cada cliente é diferente do outro.
 Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE,  Entender que para você o problema apresentado pelo
mas com muita prudência. O Cliente não se interessa por “jus- cliente é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o pro-
tificativas”. Este é um problema da empresa. blema é único, é o problema dele.
 Entender que seu trabalho é este: atender o melhor
4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer? possível.
 Concentre-se para entender o que realmente o Cliente  Entender que você e a empresa dependem do cliente,
quer ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o por- não ele de vocês.
quê.  Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depen-
 Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, der o futuro da relação do cliente com a empresa.
até que o Cliente entenda.
 Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cor-
gerente, o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do dialidade)
possível, que o Cliente saia sem entender ou concordar com a
resolução. A FUGA DOS CLIENTES
As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas
fogem delas por problemas relacionados à postura de atendi-
mento.
Numa escala decrescente de importância, podemos obser-
var os seguintes percentuais:

312
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
 68% dos clientes fogem das empresas por problemas dimento, como forma de avançar no próprio negócio. Dessa ma-
de postura no atendimento; neira, estes dois itens se tornam complementares e inter-rela-
 14% fogem por não terem suas reclamações atendidas; cionados, com dependência recíproca para terem peso.
 9% fogem pelo preço; Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se
 9% fogem por competição, mudança de endereço, necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento.
morte.
Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento:
A origem dos problemas está nos sistemas implantados 01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de com-
nas organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não preender e atender as necessidades dos clientes, fazer com que
definem uma política clara de serviços, não definem o que é o ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e pro-
próprio serviço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita porcioná-lo um ambiente agradável. Este profissional é voltado
dificuldade em satisfazer plenamente o cliente. completamente para a interação com o cliente, estando sempre
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não con- com as suas antenas ligadas neste, para perceber constante-
tratam profissionais com características básicas para atender o mente as suas necessidades. Para este profissional, não basta
público, não treinam estes profissionais na postura adequada, apenas conhecer o produto ou serviço, mas o mais importante
não criam um padrão de atendimento e este passa a ser realiza- é demonstrar interesse em relação às necessidades dos clientes
do de acordo com as características individuais e o bom senso e atendê-las.
de cada um. 02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
A falta de noção clara da causa primária da perda de clien- dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
tes faz com que as empresas demitam os funcionários “porque entender o lado humano, é necessário que este profissional te-
eles não sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendi- nha uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com
mento é a tarefa mais simples da empresa e que menos merece gente. Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois
preocupação. Ao contrário, é a mais complexa e recheada de para este profissional, a felicidade de uma pessoa começa no
nuances que perpassam pela condição individual e por condi- mesmo instante em que ela cessa a busca de sua própria felici-
ções sistêmicas. dade para buscar a felicidade do outro.
03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍ-
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: RITO POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positi-
1. Falta de uma política clara de serviços; vos, para ter atitudes adequadas no momento do atendimento.
2. Indefinição do conceito de serviços; Ele sabe que é fundamental separar os problemas particulares
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de aten- do dia a dia do trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito
dimento; antes da chegada do cliente. O primeiro passo de cada dia, é
4. Falta de um padrão de atendimento; iniciar o trabalho com a consciência de que o seu principal papel
5. Inexistência do follow up; é o de ajudar os clientes a solucionarem suas necessidades. A
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. postura é de realizar serviços para o cliente.

Nas condições individuais, podemos encontrar a contrata- Os requisitos para contratação deste profissional
ção de pessoas com características opostas ao necessário para Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisi-
atender ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... tos são essenciais ao atendente. São eles:
 Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO  Gostar de lidar com gente.
Observando estas duas condições principais que causam a  Ser extrovertido.
vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos  Ter humildade.
separar a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens:  Cultivar um estado de espírito positivo.
os serviços e a postura de atendimento.  Satisfazer as necessidades do cliente.
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações  Cuidar da aparência.
e, como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de ser- Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
viços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tra- A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os
tados os aspectos gerais da organização que dão peso ao negó- aspectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua
cio, como: o ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este totalidade e nossa condição emocional.
item, portanto, depende mais diretamente da empresa e está Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
mais relacionado com as condições sistêmicas. POSTURA. São eles:
01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por
Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dis- um posicionamento de humildade, mostrando-se sempre dispo-
pensado às pessoas, está mais relacionado com o funcionário nível para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta
em si, com as suas atitudes e o seu modo de agir com os clien- POSTURA DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimen-
tes. Portanto, está ligado às condições individuais. tos positivos nos clientes, como por exemplo:
É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políti- a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o
cas das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de peito aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade
atendimento e de um perfil básico para o profissional de aten- e acolhimento;
b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente incli-
nado transmite ao cliente a humildade do atendente;

313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem res- Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 me-
peito e segurança; tros de distância do público e de um tempo imediato, ou seja,
d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetivi- prontamente.
dade e calorosidade. Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcio-
nário estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para
02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que a interação, a tornam mais eficaz.
se caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dize- Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento
mos e o que expressamos no nosso corpo. verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um
Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e con- aceno de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se
fortáveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos acolhido e certo de estar recebendo toda a atenção necessária
sentimentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos senti- para satisfazer os seus anseios.
mos mais livres do stress, das doenças, dos medos.
Alguns exemplos são:
03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho
aspectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas de limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamen-
traduzem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua te olha para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”.
função social que diz em que condições ocorreu a expressão, 2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no mo-
seus efeitos sobre o observador e quem a expressa. mento do pagamento;
Podemos concluir, entendendo que, qualquer comporta- 3. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o
mento inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa carro entrando no posto e faz uma sudação...
entre o organismo e o seu meio ambiente.
A INVASÃO
O olhar Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do INVASÃO DE TERRITÓRIO.
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos Vamos entender melhor isso.
mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este terri-
somente a ele, mas a fisionomia como um todo para entender- tório não se configura apenas em um espaço físico demarcado,
mos o real sentido dos olhos. mas principalmente num espaço pessoal e social, o que pode-
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de aco- mos traduzir como a necessidade de privacidade, de respeito,
lhimento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de manter uma distância ideal entre si e os outros de acordo
de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz com cada situação.
fraqueza e desinteresse, dando ao cliente, a impressão de des- Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na
gosto e dissabor pelo atendimento. privacidade, o que normalmente traz consequências negativas.
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este bri- Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações
lho nos nossos olhos ? A resposta é simples: corriqueiras: uma piada muito picante contada na presença de
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gos- pessoas estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do
tar de ajudar o próximo. outro, quase se encostando nele; dar um tapinha nas costas...
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto, Nas situações de atendimento, são bastante comuns as in-
pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para vasões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria,
o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender causam mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles
as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito. como atitudes grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os
exemplos destas atitudes e situações mais comuns:
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode trans- Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um bem;
mitir:  Seguir o cliente por toda a loja;
01. Interesse quando:  O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente
 Brilha; passageiro;
 Tem atenção;  O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo
 Vem acompanhado de aceno de cabeça. pratos sem ser solicitado;
 O funcionário que cumprimenta o cliente com dois bei-
02. Desinteresse quando: jinhos e tapinhas nas costas;
 É apático;  O funcionário que transfere a ligação ou desliga o tele-
 É imóvel, rígido; fone sem avisar.
 Não tem expressão.
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profis-
olhar nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com sional do atendimento.
o olhar.

A aproximação - raio de ação.


A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de
RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, indepen-
dente deste ser cliente ou não.

314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O sorriso O atendente está na linha de frente e é responsável pelo
O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni- contato, além de representar a empresa neste momento. Para
versal. transmitir confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado,
Imagine que você tem um exame de saúde muito importan- se faz necessário, também, ter uma boa apresentação pessoal.
te para receber e está apreensivo com o resultado. Você che- Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais
ga à clínica e é recebido por uma recepcionista que apresenta completo. São eles:
um sorriso caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro 01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da fun-
e mais confiante, diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste ção higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça;
caso, o sorriso foi interpretado como um ato de apaziguamento. 02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, ca-
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito belos cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável,
das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes axilas asseadas, barba feita;
são avaliadas mais favoravelmente do que as não sorridentes. 03. Roupas limpas e conservadas;
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de co- 04. Sapatos limpos;
municação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e ge- 05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo
ralmente informa mais do que a linguagem falada e a escrita. cliente.
Dessa forma, podemos passar vários tipos de sentimentos e
acarretar as mais diversas emoções no outro. Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente
se questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua apa-
Ir ao encontro do cliente rência pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromis- serviço ? “
so no atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto impor-
importância dada ao cliente no momento de atendimento, na tante para criar uma relação de proximidade e confiança entre
qual o atendente faz tudo o que é possível para atender as suas o cliente e o atendente.
necessidades, pois ele compreende que satisfazê-las é funda-
mental. Indo ao encontro do cliente, o atendente demonstra o Cumprimento caloroso
seu interesse para com ele. O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem
firmeza ?
A primeira impressão Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRI- alguém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto
MEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA. de mão.
Você concorda com ela? O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade,
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a em- baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de compro-
presa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão misso com o contato.
inicial, se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que ma-
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o chuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa
cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os um mal estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão
seus desejos satisfeitos. e desrespeito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normal- toda a mão, mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto
mente os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos de mão demonstra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de
que as empresas adotam são os contatos via telemarketing, ma- energia, atividade e compromisso com o contato.
la-direta, visitas, mas nem sempre são eficazes. É importante lembrar que o cumprimento deve estar as-
A maioria das empresas não têm noção da quantidade de sociado ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o
clientes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam peito abertos, totalizando uma sintonia entre fala e expressão
mecanismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações corporal.
destes clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que te- Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de
riam para reforçar os seus processos internos e o seu sistema cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
de trabalho.
Quando as organizações atentam para essa importância, Tom de voz
elas passam a aplicar instrumentos de medição. A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a rea- de intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos
lidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou as palavras, são mais importantes do que as próprias palavras.
pedem a opinião aberta sobre o assunto. Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher do conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na
as informações reais. próxima semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e acordo com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações
dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o diferentes do cliente.
produto adquiridos da empresa. Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpan-
do pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando
Apresentação pessoal com calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando reação do cliente será de compreensão.
o atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as
roupas mal cuidadas... ?

315
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica, busca ser reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitu-
estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos des, o atendente satisfaz as necessidades do cliente de estima
ter um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gri- e consideração.
tando... Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a
As palavras são símbolos com significados próprios. A forma sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retor-
como elas são utilizadas também traz o seu significado e com nar ao atendente como um bumerangue.
isso, cada palavra tem a sua vibração especial. O EFEITO BUMERANGUE é bastante comum em situações
de atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou não,
Saber escutar do cliente em relação ao atendente. Com este efeito, as atitudes
Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se batem e voltam, ou seja, se você atende bem, o cliente se sente
você respondeu que não, você errou. bem e trata o atendente com respeito. Se este atende mal, o
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadei- cliente reage de forma negativa e hostil. O cliente não está na
ro sentido, compreendendo e interpretando a essência, o con- esteira da linha de produção, merecendo ser tratado com dife-
teúdo da comunicação. renciação e apreço.
O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nos- Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas,
sa capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o ou- que façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida,
tro, o cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar que é SERVIR AO PRÓXIMO.
das barreiras que atrapalham e empobrecem o processo de co- Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade,
municação. São elas: retratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes,
* os nossos PRECONCEITOS; o atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste,
* as DISTRAÇÕES; vá embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo.
* os JULGAMENTOS PRÉVIOS; Assim, o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer
* as ANTIPATIAS. o cliente FELIZ.

Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisa- As gafes no atendimento


mos compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do Depois de conhecermos a postura correta de atendimento,
outro, fazendo uma leitura completa da situação. também é importante sabermos quais são as formas erradas,
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de re- para jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um
ceptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma verdadeiro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em
boca, o que nos sugere que é preciso escutar mais do que falar. duas partes, que são:
Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o,
falando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações Postura inadequada
- tiramos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura
anseios e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois física ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na pre-
não iremos conseguir atende-las. sença do cliente.
A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos Em relação à postura física, podemos destacar como inade-
conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os quado, o atendente:
sentimentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, * se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no
é preciso que o atendente esteja sintonizado emocionalmente seu birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que
com o cliente. Esta sintonia se dá através do despojamento das ele interaja no raio de ação);
barreiras que já falamos antes. * mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
* cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
Agilidade devem ser feitas no banheiro);
Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofe-
qualidade do serviço prestado. recem lanches ou têm cantina);
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de * gritar para pedir alguma coisa;
respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do * se coçar na frente do cliente;
cliente em relação à utilização adequada do seu tempo. * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
Quando há agilidade, podemos destacar: Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
 o atendimento personalizado; * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona,
 a atenção ao assunto; por exemplo;
 o saber escutar o cliente; * receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
 cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante * fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou servi-
todo o seu percurso na empresa. ços na frente do cliente;
* desmerecer ou criticar o fabricante do produto que ven-
O calor no atendimento de, o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o
O atendimento caloroso evita dissabores e situações cons- cliente;
trangedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estu- * falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do
dados sobre postura. cliente;
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para * usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir * reclamar na frente do cliente;
importante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente * lamentar;

316
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
* colocar problemas salariais; No Momento da Verdade, o atendente se relaciona direta-
* “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente. mente com o cliente, tentando atender a todas as suas neces-
sidades. Não existe outra forma de atender, a não ser pelo con-
LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E tato direto e, portanto, a pessoa fundamental neste momento
NÃO SE SERVIR DOS OUTROS. é o cliente.

Usar chavões B ) a hora


O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o pre-
de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Cita- sente, pois somente nele podemos atuar.
mos aqui, os mais comuns: O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o
futuro não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente
PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A como fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O
ESTE ATENDENTE? aqui e agora são os únicos momentos nos quais podemos inte-
* o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER... ragir e precisamos fazer isto da melhor forma.
* o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ
PELO SENHOR... C ) a tarefa
* o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS... Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais impor-
* AÍ VEM ELE DE NOVO... tante diante desta pessoa mais importante para nós, na hora
mais importante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE
Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libe- FELIZ, atendendo as suas necessidades.
ração do lado bom da pessoa que atende o cliente. Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um cír- Verdade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os
culo vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os funcionários de linha de frente, ou seja, que atendem os clien-
chavões (pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação tes, tenham poder de decisão. É necessário que os chefes con-
de atendimento ), o cliente se aborrece e descarrega no aten- cedam autonomia aos seus subordinados para atuarem com
dente, ou simplesmente não volta mais. precisão nos Momentos da Verdade.
Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radi- Teleimagem
cal no pensamento e postura do atendente. Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM
da empresa e dele mesmo.
Impressões finais do cliente TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na
Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o sua mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e ,
cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, conse- consequentemente, sobre a empresa ( que é representada por
quentemente, sobre a empresa. este atendente).
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente
cliente: encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a em-
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pes- presa é comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem
soal) e/ou telefônico com o atendente; é negativa, vemos normalmente o cliente fugindo da empresa.
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos co- Como no atendimento telefônico, o único meio de interação
nhecê-las com mais detalhes. com o cliente, é através da palavra e sendo a palavra o instru-
mento, faz-se necessário usá-la de forma adequada para satisfa-
Momentos da verdade zer as exigências do cliente. Dessa forma, classificamos 03 itens
Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer básicos ligados a palavra e as atitudes, como fundamentais na
episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer as- formação da TELEIMAGEM.
pecto da organização e obtem uma impressão da qualidade do
seu serviço. São eles:
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do 01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passa-
Este é o momento que separa o grande profissional dos demais. mos ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidi-
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a sa- da e atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente
tisfação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO de sentir-se assistido, valorizado, respeitado, importante.
ATENDIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é com-
posto de elementos básicos do processo de interação, que são: 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o aten-
dente passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressa-
A ) a pessoa mente PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho,
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. chuchu, mulherzinha, queridinha, colega...
Então, podemos entender que a pessoa mais importante é o
cliente que está na frente e precisa de atenção. 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão
de educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de trans-
ferir a ligação antes do cliente concluir o que iniciou a falar;
passar a ligação para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com
isso que não ouviu o que ele disse ); desligar sem cumprimento

317
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ou saudação; dividir a atenção com outras conversas; deixar o Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois
telefone tocar muitas vezes sem atender; dar risadas no tele- as raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, pode-
fone. mos lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Prín-
cipe: “Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos
Aspectos psicológicos do atendente olhos“. Isto é empatia.
Nós falamos sobre a importância da postura de atendimen-
to. Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendi- PERCEPÇÃO
mento. Vamos a eles. PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e
captar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no
Empatia processo de atendimento ao público. Para percebermos melhor,
O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que precisamos passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, fican-
significa entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capaci- do assim, mais próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos
dade de nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre ficar vazios? É isso mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos pre-
entender as suas necessidades, os seus anseios, os seus senti- conceitos, das nossas antipatias, dos nossos medos, dos nos-
mentos. Dessa forma, é uma aptidão pessoal fundamental na sos bloqueios, vamos observar as situações na sua totalidade,
relação atendente - cliente. Para conseguirmos ser empáticos, para entendermos melhor o que o cliente deseja. Vamos ilustrar
precisamos nos despojar dos nossos preconceitos e preferên- com um exemplo real: certa vez, em uma loja de carros, entra
cias, evitando julgar o outro a partir de nossas referências e va- um senhor de aproximadamente 65 anos, usando um chapéu
lores. de palha, camiseta rasgada e calça amarrada na cintura por um
A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa es- barbante. Ele entrou na sala do gerente, que imediatamente
tarmos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto se levantou pedindo para ele se retirar, pois não era permitido
mais isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos senti- “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência, retirou de
mentos dos outros. Quando não temos certeza dos nossos pró- um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse:
prios sentimentos, dificilmente conseguimos ver os dos outros. “eu quero comprar aquele carro ali”.
E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramen-
na capacidade de interpretar os canais não verbais de comuni- te o que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as
cação do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões situações.
faciais... Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é
Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e
ao envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer não é harmônico e com ele percebemos a essência dos fatos e
uma atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela situações.
é impossível ser empático. Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com
Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira a PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na
deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do qual vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos inte-
egoísmo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino ressa. Esta seleção age como um filtro, que deixa passar apenas
mundo. o que convém. Esta filtragem está diretamente relacionada com
O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a huma- a nossa condição física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos
nidade, impedindo-a de ser feliz. entender:
Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian- a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a
do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso
nós achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar;
olhar para o outro e perguntar como ele está, do que ele preci- b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um
sa, em que podemos ajudar. cheiro agradável de comida;
Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimen- c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte
tos e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos mais amena da repreensão e reprimir a mais severa.
vaidosos e passamos a ver os outros de acordo com o que estes
óculos registram: os nossos preconceitos, nossos valores, nos- Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo
sos sentimentos... de defesa.
Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabe-
mos repartir, não sabemos doar. O ESTADO INTERIOR
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a con-
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando dição interna, o estado de espírito diante das situações.
os nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permi-
tem harmonização com o outro e passam por cima de tudo. A atitude de quem atende o público está diretamente rela-
OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR cionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém
COM O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLO- um equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas,
CAR NO LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS as suas atitudes serão mais positivas frente ao cliente.
E NECESSIDADES. Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos
e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte
as atitudes frente ao cliente.

318
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos Encantando o cliente
negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitu- Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo
des advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão: o seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessida-
* Atitudes preconceituosas; des do cliente, mas talvez não ultrapasse o normal.
* Atitudes de exclusão e repulsa; Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a
* Atitudes de fechamento; grande diferença no atendimento.
* Atitudes de rejeição.
Atuação extra
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade, A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que
para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com se caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabe-
os clientes e as situações. lecidas nos procedimentos de trabalho. É produzir um serviço
acima da expectativa do cliente.
O ENVOLVIMENTO
A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente Autonomia
e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamen-
para o verdadeiro sentido de atender. to do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa.
Na área de serviços, o produto é o próprio serviço presta- Mas, nem sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o
do, que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. consumidor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja,
Um serviço é, então, um resultado psicológico e pessoal que um balconista que pode resolver as suas queixas sem se dirigir
depende de fatores relacionados com a interação com o outro. ao gerente.
Quando o atendente tem um envolvimento baixo com o clien- A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo
te, este percebe com clareza a sua falta de compromisso. As de tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o fun-
preocupações excessivas, o trabalho estafante, as pressões exa- cionário precise decidir, deve haver autonomia.
cerbadas, a falta deliderança, o nível de burocracia, são fatores No atendimento ao público, é fundamental haver autono-
que contribuem para uma interação fraca com o cliente. Esta mia do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas
fraqueza de envolvimento não permite captar a essência dos para o sucesso deste tipo de trabalho.
desejos do cliente, o que se traduz em insatisfação. Um exem- Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de
plo simples disso é a divisão de atenção por parte do atendente. poder para atuar de acordo com a situação e esse poder deve
Quando este divide a atenção no atendimento entre o cliente e ser conquistado. O poder aos funcionários serve para agilizar o
os colegas ou outras situações, o cliente sente-se desrespeita- negócio. Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca
do, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a empresa é liderança do chefe.
de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre.
Esta ação traz consequências negativas como: impossibili- Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, des-
dade de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o burocratização, respeito, compromisso, organização.
seu tempo, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendi- Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro
mento. , não precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes:
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade- “Esse assunto eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro
quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a setor...”
dividir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que
quando normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. a empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o
Neste caso, o ideal seria separar os dois tipos de atendimento, sistema funciona para atendê-lo integralmente, e essa postura
evitando problemas desta espécie. é vital, visto que a imagem transmitida pelo atendente é a ima-
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são: gem que será gerada no cliente em relação à organização, dessa
* atender pessoalmente e interromper com o telefone forma, ao atender, o atendente precisa se lembrar que naquele
* atender o telefone e interromper com o contato direto cargo, ele representa uma marca, uma instituição, um nome, e
* sair para tomar café ou lanchar que todas as suas atitudes devem estar em conformidade com a
* conversar com o colega do lado sobre o final de sema- proposta de visão que essa organização possui, focando sempre
na, férias, namorado, tudo isso no momento de atendimento em um atendimento efetivamente eficaz e de qualidade.
ao cliente.

Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O
cliente deve ser poupado dele. A terceira edição do Manual de Redação da Presidência
da República foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas
Os desafios do profissional de atendimento mudanças quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o
Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas manual foi criado em 1991 e surgiu de uma necessidade de pa-
situações exigem um alto grau de maturidade do atendente e dronizar os protocolos à moderna administração pública. Assim,
é nestes momentos que este profissional tem a grande opor- ele é referência quando se trata de Redação Oficial em todas as
tunidade de mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas esferas administrativas.
situações. O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar
regras importantes, quanto aos substantivos de tratamento. Ex-
pressões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentís-

319
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
simo, Vossa Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
ilustríssimo, digno ou digníssimo e respeitável) foram retiradas escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
e substituídas apenas por: Senhor (a). Excepciona a nova regra a) alguém que comunique: o serviço público.
quando o agente público entender que não foi atendido pelo b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do
decreto e exigir o tratamento diferenciado. órgão que comunica.
c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma
A redação oficial é instituição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Po-
A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações der Executivo ou dos outros Poderes.
oficiais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e
precisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoa- Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a
lidade, formalidade e padronização e uso da norma padrão da finalidade do documento, para que o texto esteja adequado à
língua portuguesa. situação comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter norma-
tivo) estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, regulam
SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS o funcionamento dos órgãos e entidades públicos. Para alcan-
çar tais objetivos, em sua elaboração, precisa ser empregada
• Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou a linguagem adequada. O mesmo ocorre com os expedientes
agramatical oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e
§ Parágrafo objetividade.
adj. adv. Adjunto adverbial
Atributos da redação oficial:
arc. Arcaico • clareza e precisão;
art.; arts. Artigo; artigos • objetividade;
cf. Confronte • concisão;
• coesão e coerência;
CN Congresso Nacional • impessoalidade;
Cp. Compare • formalidade e padronização; e
EM Exposição de Motivos • uso da norma padrão da língua portuguesa.
f.v. Forma verbal
CLAREZA PRECISÃO
fem. Feminino
Para a obtenção de clareza, sugere-se: O atributo da precisão
ind. Indicativo
a) utilizar palavras e expressões sim- complementa a clareza
ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira ples, em seu sentido comum, salvo quan- e caracteriza-se por:
masc. Masculino do o texto versar sobre assunto técnico, a) articulação da
hipótese em que se utilizará nomenclatu- linguagem comum ou
obj. dir. Objeto direto ra própria da área; técnica para a perfeita
obj. ind. Objeto indireto b) usar frases curtas, bem estruturadas; compreensão da ideia
p. Página apresentar as orações na ordem direta e veiculada no texto;
evitar intercalações excessivas. Em certas b) manifestação do
p. us. Pouco usado ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere- pensamento ou da
pess. Pessoa -se a adoção da ordem inversa da oração; ideia com as mesmas
c) buscar a uniformidade do tempo ver- palavras, evitando o
pl. Plural
bal em todo o texto; emprego de sinonímia
pref. Prefixo d) não utilizar regionalismos e neologismos; com propósito mera-
pres. Presente e) pontuar adequadamente o texto; mente estilístico; e
f) explicitar o significado da sigla na c) escolha de expres-
Res. Resolução do Congresso Nacional primeira referência a ela; e são ou palavra que
RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados g) utilizar palavras e expressões em outro não confira duplo
RISF Regimento Interno do Senado Federal idioma apenas quando indispensáveis, em sentido ao texto.
razão de serem designações ou expressões
s. Substantivo de uso já consagrado ou de não terem exa-
s.f. Substantivo feminino ta tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico.
s.m. Substantivo masculino
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que
SEI! Sistema Eletrônico de Informações se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conse-
sing. Singular guir isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual
tb. Também é a ideia principal e quais são as secundárias. A objetividade
conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as
v. Ver ou verbo informações, sem subterfúgios, sem excessos de palavras e de
v.g. verbi gratia ideias. É errado supor que a objetividade suprime a delicadeza
var. pop. Variante popular de expressão ou torna o texto rude e grosseiro.

320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de in- O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú-
formações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome
alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e
se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único o nome do destinatário nas hipóteses de:
objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da
de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada administração ser insuficiente para a identificação do destina-
acrescentem ao que já foi dito. tário; ou
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente pú-
atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os blico específico.
elementos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e
coerência quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de ex-
frases e os parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade pedientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que
uns aos outros. Alguns mecanismos que estabelecem a coesão pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo
e a coerência de um texto são: de uniformizá-los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação
• Referência (termos que se relacionam a outros necessá- únicas, que sigam o que chamamos de padrão ofício.
rios à sua interpretação); Consistem em partes do documento no padrão ofício:
• Substituição (colocação de um item lexical no lugar de ou-
tro ou no lugar de uma oração); • Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto); página do documento, centralizado na área determinada pela
• Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, pe- formatação. No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da
ríodos ou parágrafos). República no topo da página; nome do órgão principal; nomes
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço dos órgãos secundários, quando necessários, da maior para a
público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cida- menor hierarquia; espaçamento entrelinhas simples (1,0). Os
dãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais dados do órgão, tais como endereço, telefone, endereço de cor-
não devem ser tratados de outra forma que não a estritamente respondência eletrônica, sítio eletrônico oficial da instituição,
impessoal. podem ser informados no rodapé do documento, centralizados.

As comunicações administrativas devem ser sempre for- • Identificação do expediente:


mais, isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido a) nome do documento: tipo de expediente por extenso,
tanto para as comunicações feitas em meio eletrônico, quanto com todas as letras maiúsculas;
para os eventuais documentos impressos. Recomendações: b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “núme-
• A língua culta é contra a pobreza de expressão e não con- ro”, padronizada como Nº;
tra a sua simplicidade; c) informações do documento: número, ano (com quatro
• O uso do padrão culto não significa empregar a língua de dígitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da
modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do menor para a maior hierarquia, separados por barra (/);
estilo literário; d) alinhamento: à margem esquerda da página.
• A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na
redação de um bom texto. • Local e data:
a) composição: local e data do documento;
O único pronome de tratamento utilizado na comunicação b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido
com agentes públicos federais é “senhor”, independentemente o documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da
do nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da unidade da federação depois do nome da cidade;
ocasião. c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia
do mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês.
Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o femi- Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia
nino e para o plural. do mês;
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
São formas de tratamento vedadas: e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data;
I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo; f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem
II - Vossa Senhoria; direita da página.
III - Vossa Magnificência;
IV - doutor; • Endereçamento: O endereçamento é a parte do docu-
V - ilustre ou ilustríssimo; mento que informa quem receberá o expediente. Nele deverão
VI - digno ou digníssimo; e constar :
VII - respeitável. a) vocativo;
b) nome: nome do destinatário do expediente;
Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos pro- c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
nomes de tratamento, mediante invocação de normas especiais d) endereço: endereço postal de quem receberá o expe-
referentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do diente, dividido em duas linhas: primeira linha: informação de
mesmo modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao
administrativo ou admoestar o interlocutor nos autos do expe- mesmo órgão, informação do setor; segunda linha: CEP e cida-
diente caso haja erro na forma de tratamento empregada. de/unidade da federação, separados por espaço simples. Na

321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
separação entre cidade e unidade da federação pode ser substi- d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12
tuída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao pontos; citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Roda-
mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, podendo pé: tamanho 10 pontos.
ficar apenas a informação da cidade/unidade da federação; e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indica-
e) alinhamento: à margem esquerda da página. das, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.

• Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata • Fechos para comunicações: O fecho das comunicações
o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguin- oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto,
te maneira: saudar o destinatário.
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que defi- a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente,
ne o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos; inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia in-
do documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se ferior ou demais casos: Atenciosamente,
deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco pa-
lavras; • Identificação do signatário: Excluídas as comunicações as-
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o sinadas pelo Presidente da República, todas as demais comuni-
título, deve ser destacado em negrito; cações oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em
e) alinhamento: à margem esquerda da página. letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome
do signatário;
• Texto: b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, re-
digido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que li-
NOS CASOS EM QUE QUANDO FOREM USADOS guem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
NÃO SEJA USADO PARA PARA ENCAMINHAMENTO DE c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser cen-
ENCAMINHAMENTO DOCUMENTOS, A ESTRUTURA tralizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não
DE DOCUMENTOS, É MODIFICADA: deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira
O EXPEDIENTE DEVE para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
CONTER A SEGUINTE
ESTRUTURA: • Numeração de páginas: A numeração das páginas é obri-
gatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela
a) introdução: deve iniciar com deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte forma-
a) introdução: em que é referência ao expediente que tação:
apresentado o objetivo da solicitou o encaminhamento. Se a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2
comunicação. Evite o uso a remessa do documento não cm da margem inferior; e
das formas: Tenho a honra tiver sido solicitada, deve iniciar b) fonte: Calibri ou Carlito.
de, Tenho o prazer de, com a informação do motivo da
Cumpre-me informar que. comunicação, que é encaminhar, Quanto a formatação e apresentação, os documentos do
Prefira empregar a forma indicando a seguir os dados padrão ofício devem obedecer à seguinte forma:
direta: Informo, Solicito, completos do documento a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
Comunico; encaminhado (tipo, data, origem b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
b) desenvolvimento: em ou signatário e assunto de que c) margem lateral direita: 1,5 cm;
que o assunto é detalhado; se trata) e a razão pela qual está d) margens superior e inferior: 2 cm;
se o texto contiver mais de sendo encaminhado; e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da
uma ideia sobre o assunto, b) desenvolvimento: se o autor margem superior do papel;
elas devem ser tratadas da comunicação desejar fazer f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do docu-
em parágrafos distintos, o algum comentário a respeito mento;
que confere maior clareza à do documento que encaminha, g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode
exposição; e poderá acrescentar parágrafos ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens es-
c) conclusão: em que é de desenvolvimento. Caso querda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares
afirmada a posição sobre o contrário, não há parágrafos de (margem espelho);
assunto. desenvolvimento em expediente h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em pa-
usado para encaminhamento de pel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida
documentos. para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso,
Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documen- o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, subli-
to deve ser formatado da seguinte maneira: nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas
a) alinhamento: justificado; ou qualquer outra forma de formatação que afete a sobriedade
b) espaçamento entre linhas: simples; e a padronização do documento;
c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser
após cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da grafadas em itálico;
margem esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando
o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro
parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;

322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa
ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do do-
cumento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo.

323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional,
com algumas possíveis variações: de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
envia o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A orçamentos anuais e créditos adicionais.
sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente. b) Encaminhamento de medida provisória.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de c) Indicação de autoridades.
um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presi-
único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão dente da República se ausentarem do país por mais de 15 dias.
na epígrafe. e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando de concessão de emissoras de rádio e TV.
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remeten- terior.
tes constarão na epígrafe. g) Mensagem de abertura da sessão legislativa.
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, i) Comunicação de veto.
o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Aprecia-
dos órgãos que receberão o expediente. ção de intervenção federal.

Exposição de motivos (EM) As mensagens contêm:


É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao a) brasão: timbre em relevo branco;
VicePresidente para: b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à
a) propor alguma medida; margem esquerda, no início do texto;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o
ou pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo
c) informa-lo de determinado assunto. de parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú- e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, ali-
blica por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto nhados à margem direita. A mensagem, como os demais atos
tratado envolva mais de um ministério, a exposição de moti- assinados pelo Presidente da República, não traz identificação
vos será assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por de seu signatário.
essa razão, chamada de interministerial. Independentemente
de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministe- A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática
rial, a sequência numérica das exposições de motivos é única. comum, não só em âmbito privado, mas também na administra-
A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil. ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sen-
A exposição de motivos é a principal modalidade de comu- tidos. Dependendo do contexto, pode significar gênero textual,
nicação dirigida ao Presidente da República pelos ministros. endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao eletrônica. Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado
Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário. um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Ofi- evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação
ciais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elabora- oficial. Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores pú-
ção, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a adminis- blicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.
tração e a gerência das exposições de motivos com as propostas br”, por exemplo. Como sistema de transmissão de mensagens
de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se
da República. na principal forma de envio e recebimento de documentos na
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do sig- administração pública.
natário são substituídos pela assinatura eletrônica que informa Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agos-
o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do to de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é,
consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta. para que possa ser aceito como documento original, é necessá-
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre rio existir certificação digital que ateste a identidade do reme-
os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens en- tente, segundo os parâmetros de integridade, autenticidade e
viadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para validade jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasilei-
informar sobre fato da administração pública; para expor o pla- ra – ICPBrasil.
no de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
para submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil;
de deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer contudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repeti-
comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e ção do ato por meio documento físico assinado ou por meio
da Nação. eletrônico reconhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos minis- é dado ao ente público impor a aceitação de documento eletrô-
térios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a nico que não atenda os parâmetros da ICP-Brasil.
redação final. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da
mensagem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacionado ao conteúdo global da mensagem.
Assim, quem irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, localizar a
mensagem na caixa do correio eletrônico.
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação. Quando endereçado para outras instituições, para recep-
tores desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor”
ou “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada Senhora”.

Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
“Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto,
não devem ser utilizados em e-mails profissionais.
Sugere-se que todas as instituições da administração pública adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de
documento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em formato que possa ser editado.
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais.
Muitas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondên-
cia particular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação
oficial ou de um ato normativo. Assim, toda revisão que se faça em determinado documento ou expediente deve sempre levar em
conta também a correção ortográfica.

HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


O hífen é um sinal usado para: As aspas têm os seguintes Emprega-se itálico em:
a) ligar os elementos de empregos: a) títulos de publicações (livros,
palavras compostas: vice- a) antes e depois de uma revistas, jornais, periódicos etc.) ou
Usa-se o negrito para
ministro; citação textual direta, quando títulos de congressos, conferências,
realce de palavras e
b) para unir pronomes átonos esta tem até três linhas, sem slogans, lemas sem o uso de aspas
trechos. Deve-se evitar o
a verbos: agradeceu-lhe; e utilizar itálico; (com inicial maiúscula em todas as
uso de sublinhado para
c) para, no final de uma linha, b) quando necessário, para palavras, exceto nas de ligação);
realçar palavras e trechos
indicar a separação das sílabas diferenciar títulos, termos b) palavras e as expressões em latim
em comunicações oficiais.
de uma palavra em duas partes técnicos, expressões fixas, ou em outras línguas estrangeiras não
(a chamada translineação): definições, exemplificações e incorporadas ao uso comum na língua
com-/parar, gover-/no. assemelhados. portuguesa ou não aportuguesadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Os parênteses são empregados para intercalar, em um Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos, serão
texto, explicações, indicações, comentários, observações, adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Elaboração de Textos
como por exemplo, indicar uma data, uma referência da Consultoria Legislativa do Senado Federal (1999), em que:
bibliográfica, uma sigla. a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um título; e
O travessão, que é representado graficamente por um hífen b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sílabas ou
prolongado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos. partes dos vocábulos de um título.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir
o pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito
da oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois
muitas vezes dificulta a compreensão.
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escri-
ta, pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de
um termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto
oficial, deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da
dificuldade de identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.

325
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A concordância é o processo sintático segundo o qual cer- A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, fra-
tas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que ses e unidades maiores da comunicação verbal, os significados
dependem. Essa acomodação formal se chama flexão e se dá que lhe são atribuídos. Ao considerarmos o significado de de-
quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou prono- terminada palavra, levamos em conta sua história, sua estrutura
mes), números e pessoa (nos verbos). Daí, a divisão: concordân- (radical, prefixos, sufixos que participam da sua forma) e, por
cia nominal e concordância verbal. fim, o contexto em que se apresenta.
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo
CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA NOMINAL texto oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de
determinada expressão com determinado sentido. O emprego
O verbo concorda com Adjetivos (nomes ou pronomes), de expressões ditas de uso consagrado confere uniformidade e
seu sujeito em pessoa e artigos e numerais concordam transparência ao sentido do texto. Mas isso não quer dizer que
número. em gênero e número com os os textos oficiais devam limitar-se à repetição de chavões e de
substantivos de que dependem. clichês.
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sen-
Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, su- do utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desne-
bordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de cessárias ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais
dependência que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um precisos para as palavras repetidas; mas se sua substituição for
termo rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos comprometer o sentido do texto, tornando-o ambíguo ou me-
regentes ou subordinantes (substantivos, adjetivos, verbos) re- nos claro, não hesite em deixar o texto como está.
gem os termos regidos ou subordinados (substantivos, adjeti- É importante lembrar que o idioma está em constante mu-
vos, preposições) que lhes completam o sentido. tação. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciên-
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as cias, da política, enfim da vida social em geral, impõe a criação
seguintes finalidades: de novas palavras e de formas de dizer.
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na A redação oficial não pode alhear-se dessas transforma-
leitura; ções, nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o vocabulares, por um lado, elas devem sempre ser usadas com
autor, devem merecer destaque; e critério, evitando-se aquelas que podem ser substituídas por
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades. vocábulos já de uso consolidado sem prejuízo do sentido que
se lhes quer dar.
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto
entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na purismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às
oração, quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, sepa- criações vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A ra-
ra estruturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É pidez do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a
também usado em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se criação de inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa
quer dizer. forma a velocidade com que a língua deve incorporá-los. O im-
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir cita- portante é usar o estrangeirismo de forma consciente, buscar o
ções, marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimen- equivalente português quando houver ou conformar a palavra
to, um resumo ou uma consequência do que se afirmou. estrangeira ao espírito da Língua Portuguesa.
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome,
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa di- O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou empre-
reta. O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, gados em contextos em que não cabem, é em geral causado ou
espanto, admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica pelo desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou
geralmente restrito aos discursos e às peças de retórica. pela incorporação acrítica do estrangeirismo.
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- • A homonímia é a designação geral para os casos em que
cunstâncias: palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homô-
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente esti- nimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos ho-
ver próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. mófonos).
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente esti- • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia,
ver próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem como nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), man-
se redige. ga (fruta) e manga (de camisa), em que temos pronúncia idênti-
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente ca; e apelo (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do
estiver distante tanto do emissor quanto do receptor da men- pres. Do ind. Do verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com
sagem. o aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar),
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; com pronúncia diferente. Os homógrafos de idêntica pronúncia
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; diferenciam-se pelo contexto em que são empregados.
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo pas- • Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre
sado mais longínquo, ou histórico. com palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no tex- ou à pronúncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descri-
to, ainda será mencionado; ção (ato de descrever) e discrição (qualidade do que é discreto),
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto; retificar (corrigir) e ratificar (confirmar).
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi men-
cionada no texto.

326
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa que têm por escopo, fundamentalmente, suprimir a situação
de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos questionada sem contemplar, de forma detida e racional, as al-
de justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento ternativas possíveis ou as causas determinantes desse estado
social harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses de coisas negativo. Outras vezes, deixa-se orientar por senti-
complexos objetivos da norma jurídica são expressos nas funções: mento inverso, buscando, pura e simplesmente, a preservação
I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com- do status quo.
pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma
da vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais); imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legis-
II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organiza- lativa deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alter-
ção, de definição e de distribuição de competências; nativas existentes, seus prós e contras. A existência de diversas
III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o alternativas para a solução do problema não só amplia a liber-
arbítrio ao vincular os próprios órgãos do Estado; dade do legislador, como também permite a melhoria da quali-
IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcio- dade da decisão legislativa.
nar condutas por meio de modelos; Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, de-
V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem vem-se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois
jurídica e no plano social. pontos de vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: ve-
rificar se a análise sobre os dados fáticos e prognósticos se mos-
Requisitos da elaboração normativa: tra consistente; b) De uma perspectiva axiológica: aferir, com
• Clareza e determinação da norma; a utilização de critérios de probabilidade (prognósticos), se os
• Princípio da reserva legal; meios a serem empregados mostram-se adequados a produzir
• Reserva legal qualificada (algumas providências sejam as consequências desejadas. Devem-se contemplar, igualmente,
precedidas de específica autorização legislativa, vinculada à as suas deficiências e os eventuais efeitos colaterais negativos.
determinada situação ou destinada a atingir determinado ob- O processo de decisão normativa estará incompleto caso se
jetivo); entenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do
• Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e ad- ato normativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de
ministrativo; elaboração normativa exige um cuidadoso controle das diversas
• Princípio da proporcionalidade; consequências produzidas pelo novo ato normativo.
• Densidade da norma (a previsão legal contenha uma dis- É recomendável que o legislador redija as leis dentro de
ciplina suficientemente concreta); um espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a
• Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à harmonia interna de suas disposições, mas também a sua ade-
coisa julgada; quada inserção no sistema jurídico como um todo. Essa sistema-
• Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, tização expressa uma característica da cientificidade do Direito
sejam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete e corresponde às exigências mínimas de segurança jurídica, à
apreender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido). medida que impedem uma ruptura arbitrária com a sistemática
adotada na aplicação do Direito. Costuma-se distinguir a siste-
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição mática da lei em sistemática interna (compatibilidade teleo-
(processo legislativo externo), a doutrina identifica o chamado lógica e ausência de contradição lógica) e sistemática externa
processo legislativo interno, que se refere à forma de fazer ado- (estrutura da lei).
tada para a tomada da decisão legislativa.
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, Regras básicas a serem observadas para a sistematização
é essencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada do texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua es-
a identificação do problema em decorrência de impulsos ex- truturação:
ternos (manifestações de órgãos de opinião pública, críticas de a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tra-
segmentos especializados) ou graças à atuação dos mecanismos tadas em um mesmo contexto ou agrupamento;
próprios de controle, o problema deve ser delimitado de forma b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a or-
precisa. dem cronológica, se possível;
A análise da situação questionada deve contemplar as cau- c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permi-
sas ou o complexo de causas que eventualmente determinaram tir que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada;
ou contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas po- e
dem ter influências diversas, tais como condutas humanas, de- d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
senvolvimentos sociais ou econômicos, influências da política
nacional ou internacional, consequências de novos problemas • O artigo de alteração da norma deve fazer menção expres-
técnicos, efeitos de leis antigas, mudanças de concepção etc. sa ao ato normativo que está sendo alterado.
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, • Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos
deve-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com que não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha
a aprovação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, pontilhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e
não difere, fundamentalmente, da atuação do homem comum, a não alteração do trecho do artigo.
que se caracteriza mais por saber exatamente o que não quer,
sem precisar o que efetivamente pretende. O termo “republicação” é utilizado para designar apenas
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generaliza- a hipótese de o texto publicado não corresponder ao original
da e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante assinado pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese
acabam por permitir que predominem as soluções negativistas, por motivo de erro já constante do documento subscrito pela

327
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
autoridade ou, muito menos, por motivo de alteração na opi- do Executivo, destinados a prover as situações gerais ou indivi-
nião da autoridade. Considerando que os atos normativos so- duais, abstratamente previstas, de modo expresso ou implícito,
mente produzem efeitos após a publicação no Diário Oficial da na lei.
União, mesmo no caso de republicação, não se poderá cogitar • Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos
a existência de efeitos retroativos com a publicação do texto podem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, de-
corrigido. Contudo, o texto publicado sem correspondência com cretos referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito,
aquele subscrito pela autoridade poderá ser considerado inváli- de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de
do com efeitos retroativos. perda de nacionalidade, etc.).
Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado • Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares
corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que conti- são atos normativos subordinados ou secundários.
nha lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas • Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organiza-
autoridades envolvidas e, em muitos casos, é menos convenien- ção e funcionamento da administração pública federal, quando
te do que a mera alteração da norma. não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
A correção de erro material que não afete a substância do órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos,
ato singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações quando vagos.
da denominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido
a denominação modificada em decorrência de lei ou de decre- Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras au-
to superveniente à expedição do ato pessoal a ser apostilado toridades expedem instruções sobre a organização e o funcio-
são realizadas por meio de apostila. O apostilamento é de com- namento de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de
petência do setor de recurso humanos do órgão, autarquia ou sua competência.
fundação, e dispensa nova assinatura da autoridade que subs-
creveu o ato originário. O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis
Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis
apostilamento para os atos relativos à vacância ou ao provi- delegadas), mas também a elaboração das emendas constitu-
mento decorrente de alteração de estrutura de órgão, autar- cionais, das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das
quia ou fundação pública. O apostilamento não se aplica aos resoluções.
casos nos quais a essência do cargo em comissão ou da fun- A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A ini-
ção de confiança tenham sido alterados, tais como nos casos ciativa comum ou concorrente compete ao Presidente da Re-
de alteração do nível hierárquico, transformação de atribuição pública, a qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão
de assessoramento em atribuição de chefia (ou vice-versa) ou de qualquer das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa
transferência de cargo para unidade com outras competências. popular. A Constituição confere a iniciativa da legislação sobre
Também deve-se alertar para o fato que a praxe atual tem sido certas matérias, privativamente, a determinados órgãos, deno-
exigir que o apostilamento decorrente de alteração em estrutu- minada de iniciativa reservada. A Constituição prevê, ainda, sis-
ra regimental seja realizado na mesma data da entrada em vigor tema de iniciativa vinculada, na qual a apresentação do projeto
de seu decreto. é obrigatória. Nesse caso, o Chefe do Executivo Federal deve en-
A estrutura dos atos normativos é composta por dois ele- caminhar ao Congresso Nacional os projetos referentes às leis
mentos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A or- orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias
dem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei e o orçamento anual).
ou do decreto; a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de
corpo do ato. lei é confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas
A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em re- Legislativas.
gra, normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, Emenda é a proposição apresentada como acessória de
normalmente, pela generalidade e pela abstração (lei material), outra proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de
estas contêm, não raramente, normas singulares (lei formal ou emenda. Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, en-
ato normativo de efeitos concretos). tretanto, for de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Ju-
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a diciário, o seu titular também pode apresentar modificações,
rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam acréscimos, o que fará por meio de mensagem aditiva, dirigida
a revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. ao Presidente da Câmara dos Deputados, que justifique a neces-
Com a instituição de lei complementar, o constituinte buscou sidade do acréscimo. A apresentação de emendas a qualquer
resguardar determinadas matérias contra mudanças céleres ou projeto de lei oriundo de iniciativa reservada é autorizada, des-
apressadas, sem deixá-las exageradamente rígidas, o que difi- de que não implique aumento de despesa e que tenha estrita
cultaria sua modificação. A lei complementar deve ser aprova- pertinência temática.
da pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso A Constituição não impede a apresentação de emendas ao
Nacional. projeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatí-
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo veis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentá-
Presidente da República em decorrência de autorização do Po- rias e devem indicar os recursos necessários, sendo admitidos
der Legislativo, expedida por meio de resolução do Congresso apenas aqueles provenientes de anulação de despesa. A Cons-
Nacional e dentro dos limites nela traçados. Medida provisória tituição veda a propositura de emendas ao projeto de lei de
é ato normativo com força de lei que pode ser editado pelo Pre- diretrizes orçamentárias que não guardem compatibilidade com
sidente da República em caso de relevância e urgência. Decre- o plano plurianual.
tos são atos administrativos de competência exclusiva do Chefe

328
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das
Casas do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução NOÇÕES BÁSICAS DE ADMINISTRAÇÃO GERAL. NO-
do projeto nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é ÇÕES BÁSICAS DE PLANEJAMENTO: TIPOS DE PLANOS,
o ato pelo qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ABRANGÊNCIA E HORIZONTE TEMPORAL
ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se
aqui a fusão da vontade do Congresso Nacional com a do Presi- ADMINISTRAÇÃO GERAL
dente, da qual resulta a formação da lei.
O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega Definição e visão geral da Administração
sanção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão Administração é, segundo o Dicionário Houaiss, “ato, pro-
em lei. Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: cesso ou efeito de administrar”. E este verbo etmologicamente
a) inconstitucionalidade; ou vem do latim “administrare”, significando “ajudar em alguma
b) contrariedade ao interesse público. coisa, servir alguém, ocupar-se de, dirigir, governar, regrar, exe-
cutar, administrar”. Na mesma linha, “a palavra administração
O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de deriva da expressão latina “administratio” e significa a ação
15 dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e co- de governar, de dirigir, de supervisionar, de gerir os negócios
municado ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à próprios ou de terceiros” (CASSIANO, BARRETTI, 1980, p.18).
sua oposição. O veto não impede a conversão do projeto em lei, O Professor Natanael C. Pereira descreve as habilidades
podendo ser superado por deliberação do Congresso Nacional. do administrador em seu trabalho no Instituto Federal de São
A promulgação e a publicação constituem fases essenciais Paulo (2014)5:
da eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente Segundo Katz, existem três tipos de habilidades que o admi-
da República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, nistrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade
decorrido da sanção ou da superação do veto. Nesse último técnica, habilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade
caso, se o Presidente não promulgar a lei, competirá a promul- é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes
gação ao Presidente do Senado Federal, que disporá, igualmen- e o todo dos assuntos administrativos das empresas, consoli-
te, de 48 horas para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o dando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos
Vice-Presidente do Senado Federal, em prazo idêntico. disponíveis. A seguir é apresentado a definição das três habili-
O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor dades e na Fig. 3 é apresentado os níveis organizacionais e a três
é chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de habilidades do administrador segundo Katz.
disposição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso - habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos,
de um lapso de tempo entre a data da publicação e o termo métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização
inicial da obrigatoriedade (45 dias). de tarefas específicas por meio da experiência profissional;
Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo: - habilidade humana: consiste na capacitação e discerni-
a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração mento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender
das leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e suas atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz;
complementares. - habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar
b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que
dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a de- a pessoa faça abstrações e desenvolva filosofias e princípios
liberação terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comis- gerais de ação.
sões Permanentes.
c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas A adequada combinação dessas habilidades varia à medida
regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de confe- que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de
rir urgência a certas proposições. supervisão a posição de alta direção.
d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvol-
Casas do Congresso Nacional mecanismo que assegura delibe- ver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade
ração instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação. de pensar, de definir situações organizacionais complexas, de
e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento diagnosticar e de propor soluções.
legislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresen- Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e con-
tação das matérias em reuniões conjuntas de deputados e se- ceituais – requerem certas competências pessoais para serem
nadores. Ex. para leis financeiras e delegadas. colocadas em ação com êxito. As competências – qualidades de
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e
englobam-se dois ritos distintos com características próprias, resolver assuntos ou problemas. O administrador para ser bem
um destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competên-
à de códigos. cias duráveis: o conhecimento, a perspectiva e a atitude.

5. Introdução à Administração – Curso Superior de Tecnologia em Análise e


Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de São Paulo – Campus São
Carlos. Obtido em http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.
pdf

329
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Figura – Níveis Organizacionais e as três Habilidades do Administrador segundo Katz.

Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador
possui a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que
ocorrem com intensidade cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renová-lo continuamente. Isso
significa aprender a aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo reciclar-se continuamente para
não tornar-se obsoleto e ultrapassado;
Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar o
conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. É a perspectiva que dá autonomia
e independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades;
Atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de
levar as coisas para frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito
empreendedor, o inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas.
Conforme o Art. 2º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão de administrador, sua atividade
profissional será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:
a)pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos
da Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, ad-
ministração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos
em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos.
Assim, o administrador deve ocupar diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolver papéis essenciais à susten-
tabilidade e crescimento dos negócios.

Figura – As competências essenciais do administrador, segundo Chiavenato

330
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De acordo com o Professor Natanael C. Pereira, citando Mintzberg, é possível identificar dez papéis específicos do admi-
nistrador divididos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. “Papel significa um conjunto de expectativas da
organização a respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para
cumprir as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar.” (PEREIRA, 2014).

Figura – Papéis do administrador segundo Mintzberg (apud Pereira, 2014)

O papel do gerente
De acordo com Ronaldo Guedes (2006)6, o administrador deve desenvolver várias habilidades e algumas características são
apontadas como fundamentais ao bom desempenho para desempenhar suas funções e sustentar sua posição:

Classificação de Administradores
Stoner (1999) classifica o Administrador pelo nível que ocupa na organização (de primeira linha, intermediários e altos admi-
nistradores) e pelo âmbito das atividades organizacionais pelas quais são responsáveis (os chamados administradores funcionais
e gerais).

Pelo nível que ocupam na organização


Gerentes de Primeira Linha: Estão localizados no nível mais baixo de gerência, costumam ser chamados de supervisores, não
são responsáveis por outros supervisores e gerenciam apenas trabalhadores operacionais.
Gerentes Médios: Estão localizados no nível intermediário, são responsáveis por Gerentes de Primeira Linha e podem também
gerenciar trabalhadores operacionais.
Administradores de Topo: São comumente chamados de CEO (Chief Executive Officer), Presidente, Vice-Presidente, ocupam o
cargo máximo nas organizações, são responsáveis por seu direcionamento e seus recursos.

Pelo âmbito das atividades


Administradores Funcionais: São os Administradores responsáveis por uma área funcional, e pela equipe que compõe essa
área funcional. Ex.: Diretor de Marketing, Diretor de Produção, Gerente Comercial.
Administradores Gerais: Comum em pequenas organizações, o Administrador Geral é responsável pelas diversas áreas funcio-
nais da empresa e pelas pessoas envolvidas nas funções.

Papéis dos Administradores


Mintzberg (apud STONER, 1999) fez um levantamento sobre os papéis dos Administradores dividindo-os em Papéis Interpes-
soais, Papéis Informacionais e Papéis Decisórios. Esses papéis são desenvolvidos constantemente no dia a dia dos Administradores.

Papéis Interpessoais
São os papéis que os Administradores executam relativos ao relacionamento com as pessoas e construção conjunto dos resul-
tados. São divididos em três papéis: Símbolo, Líder e Ligação.
Símbolo representa a função de estar presente em locais e momentos importantes, basicamente tarefas cerimoniais, compa-
recer a casamentos, e outros eventos. O Administrador representa a organização, portanto ele é um símbolo desta organização, e
ela será conceituada à partir do Administrador.

6. Obtido em http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/administrador-habilidades-e-caracteristicas/13089/

331
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Líder é o papel que o Administrador representa o tempo Percebe-se que para desenvolver bem seu trabalho, o
todo, pois ele é responsável por seus atos e de todos seus su- Administrador precisar dominar as três habilidades e dosá-las
bordinados. conforme sua posição na organização.
Elemento de Ligação é o papel que o Administrador repre- Habilidades Técnicas são as habilidades ligadas à execução
senta ao possibilitar relacionamentos que auxiliam o desenvol- do trabalho, e ao domínio do conhecimento específico para
vimento de sua empresa e de outros. Ele faz o intercâmbio entre executar seu trabalho operacional.
pessoas que irão gerar novos negócios ou facilitar os negócios Segundo Chiavenato (2000, p. 3) habilidade técnica “[...]
existentes. consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equi-
pamentos necessários para o desempenho de tarefas específi-
Papéis Informacionais cas, por meio da experiência e educação. É muito importante
As organizações, o mercado, as pessoas vivem em torno da para o nível operacional”.
um fluxo intenso e contínuo de informações, para um bom de- Logo as habilidades técnicas são mais importantes para os
senvolvimento, as empresas e os Administradores precisam sa- gerentes de primeira linha e para os trabalhadores operacionais.
ber receber, tratar e repassar essas informações. Nesse cenário Habilidades Humanas são as habilidades necessárias para
são destacados três papéis: Coletor; Disseminador; e Porta-voz. um bom relacionamento. Administradores com boas habili-
O Coletor busca as informações dentro e fora das organiza- dades humanas se desenvolvem bem em equipes e atuam de
ções, procura se informar o máximo possível nas mais variadas maneira eficiente e eficaz como líderes. Segundo Chiavenato
fontes de informação. O papel do coletor é possuir o maior (2000, p. 3) habilidade humana “[...]consiste na capacidade e
volume de informações relativas à organização. facilidade para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender
Disseminador é o papel que o Administrador representa ao suas atitudes e motivações e liderar grupos de pessoas”.
comunicar as informações à equipe para mantê-la atualizada e
em sintonia com a empresa. Habilidades humanas são imprescindíveis para o bom exer-
O Administrador deve ser um Porta-voz quando se faz ne- cício da liderança organizacional
cessário comunicar informações para pessoas que se localizam Habilidades Conceituais são as habilidades necessárias
fora da organização. O Administrador deve possuir a sensibili- ao proprietário, presidente, CEO de uma empresa. São essas
dade para discernir entre o que pode ou não ser comunicado as habilidades que mantêm a visão da organização como um todo,
informações empresariais. influenciando diretamente no direcionamento e na Administra-
ção da empresa.
Papéis Decisórios Segundo Chiavenato (2000, p. 3):
Com toda a informação disponível, cabe aos Administrado- “Habilidade conceitual: Consiste na capacidade de com-
res estudarem-na e tomar decisões baseadas nelas. As decisões preender a complexidade da organização com um todo e o
são de responsabilidade total dos Administradores, por isso ajustamento do comportamento de suas partes. Essa habilidade
é necessário cautela e preparo para tomá-las. Quatro são os permite que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos
papéis decisórios, Empreendedor, Solucionador de Problemas, da organização total e não apenas de acordo com os objetivos e
Alocador de Recursos e Negociador. as necessidades de seu departamento ou grupo imediato.”
Empreendedor é o papel que o Administrador assume ao As habilidades conceituais são imprescindíveis aos Adminis-
tentar melhorar seus negócios propondo maneiras inovadores tradores de Topo.
ou novos projetos que alavanquem a organização.
O Administrador é um solucionador de problemas, pois se Características
encontra em um ambiente instável e suscetível a um variado Algumas características são consideradas fundamentais ao
leque de problemas. Ele deve atuar identificando esses proble- Perfil de um bom Administrador moderno.
mas e apresentando soluções, portanto um Solucionador de Segundo pesquisa realizada em empresas:
Problemas. “[...] as organizações desejam profissionais de Administra-
Alocador de recursos, porque o dirigente está inserido em ção com as seguintes características: Capacidade de identificar
um cenário de necessidades ilimitadas para recursos limitados, prioridades; Capacidade de operacionalizar ideias; Capacidade
assim sendo ele deve encontrar o equilíbrio para alocar a quan- de delegar funções; Habilidade para identificar oportunida-
tidade correta de recursos e sua utilização. Todo Administrador des; Capacidade de comunicação, redação e criatividade;
deve ser um bom negociador, pois estará praticando esse papel Capacidade de trabalho em equipe; Capacidade de liderança;
constantemente em suas atividades. Ele deve negociar tanto Disposição para correr riscos e responsabilidade; Facilidade de
com o ambiente interno como com o ambiente externo sempre relacionamento interpessoal; Domínio de métodos e técnicas de
objetivando os melhores resultados para sua empresa e para a trabalho; Capacidade de adaptar-se a normas e procedimentos;
sociedade. Capacidade de estabelecer e consolidar relações; Capacidade
de subordinar-se e obedecer à autoridade. MEIRELES (2003, p.
Habilidades 34).”
Para ocupar posições nas empresas, executar seus papéis e São características desafiadoras, não é fácil desenvolvê-las,
buscar as melhores maneiras de Administrar, o Administrador sustentá-las é ainda mais complicado. Essa é exatamente a
deve desenvolver e fazer uso de várias habilidades. Robert L. missão do Administrador, vencer todos seus desafios e mostrar
Katz (apud STONER, 1999) classificou-as em três grandes habi- sua capacidade de se manter e crescer nos mais diferentes ce-
lidades: Técnicas, Humanas e Conceituais. Todo administrador nários. Somente assim o Administrador será considerado capaz
precisa das três habilidades. de Administrar (GUEDES, 2006).

332
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Figura – As habilidades administrativas, segundo Chiavenato

Segundo Patrick J. Montana e Bruce H. Charnov (2010, pp.9-10), “competência administrativa é a habilidade que contribui para
um alto desempenho no cargo gerencial”. Estes autores destacam as recomendações da American Assembly of Collegiate Schools
of Business (AACSB) para o desenvolvimento de habilidades pessoais que levem ao sucesso gerencial:
•Liderança – habilidade para influenciar outros na execução de tarefas;
•Auto-objetividade – habilidade da pessoa de se avaliar de modo realista;
•Pensamento analítico – habilidade para interpretar e explicar padrões nas informações;
•Comportamento flexível – habilidade para modificar o comportamento pessoal para atingir um objetivo;
•Comunicação oral – habilidade para se expressar claramente em apresentações orais;
•Comunicação escrita – habilidade para expressar com clareza as próprias ideias ao escrever;
•Impacto pessoal – habilidade para passar uma boa impressão e infundir confiança;
•Resistência ao estresse – habilidade para desempenhar sob condições estressantes; e
•Tolerância à incerteza – habilidade para desempenhar em situações ambíguas.

Funções da Administração

Planejamento
O Planejamento deve ser visto como o processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais
eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos da empresa (OLIVEIRA, 1999, p.33). Planejar não é
prever o futuro! É preparar-se para um futuro desejado. Antecede a decisão e a ação, em organizações públicas ou privadas.
Com a ação de planejar, busca-se:
• Eficiência: medida do rendimento individual dos componentes do sistema. É fazer certo o que está sendo feito. Refere-se à
otimização dos recursos utilizados para a obtenção dos resultados.
• Eficácia: medida do rendimento global do sistema. É fazer o que é preciso ser feito. Refere-se à contribuição dos resultados
obtidos para alcance dos objetivos globais da empresa.
• Efetividade: refere-se à relação entre os resultados alcançados e os objetivos propostos ao longo do tempo.

No setor privado, os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade são assim resumidos por Oliveira (1999):

Eficiência
- fazer as coisas de maneira adequada;
- resolver problemas;
- salvaguardar os recursos aplicados;
- cumprir o seu dever; e
- reduzir os custos.

Eficácia
- fazer as coisas certas;
- produzir alternativas criativas;
- maximizar a utilização de recursos;
- obter resultados; e
- aumentar o lucro.

333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Efetividade Alta administração – corpo dos dirigentes máximos da orga-
- manter-se no ambiente; e nização, conforme definição normativa ou decisão consensual.
- apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo Geralmente abrange o principal dirigente, o seu substituto
(permanentemente) imediato e o seu staff.
Alto desempenho institucional – corresponde ao nível de
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na excelência no exercício da ação pública que se objetiva alcançar,
execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. caracterizado pelo pleno atendimento às necessidades dos ci-
Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resulta- dadãos usuários e pela imagem positiva de organização pública
dos institucionais da organização. e por ser referência em práticas de gestão e resultados.
Efetividade – eliminar ou reduzir sensivelmente o proble- Benchmark – prática ou resultado considerado um re-
ma que afeta a sociedade, alcançando a satisfação do cidadão. ferencial ou padrão de excelência, utilizado para efeito de
comparação de desempenho. O melhor da classe. Dependendo
Importância do planejamento da abrangência do conjunto de empresas considerado para sua
A organização pode ser entendida como uma série de seleção, o benchmark pode ser internacional, nacional, regional
componentes – tarefas, indivíduos, organização formal e orga- ou setorial.
nização informal – cuja natureza de interação e relação entre si Benchmarking – procedimento de comparar processos, prá-
afeta a combinação para se chegar ao produto, definindo o tipo ticas, funções e resultados com benchmarkings, para identificar
de sistema organizacional. Planejamento, por sua vez, é uma as oportunidades para melhoria do desempenho. Trata-se de
metodologia de administração que consiste em determinar os um processo contínuo. Essa comparação pode ser feita inclusive
objetivos a alcançar e as ações a serem realizadas, compatibili- com resultados coletados em ramos de atuação diferentes do
zando-as com os meios disponíveis para sua execução. setor em que atua a organização.
Na esfera das organizações o planejamento pode ser concei- Cargo público – ocupação instituída na estrutura do serviço
tuado como um processo de gestão desenvolvido para o alcance público, com denominação própria, atribuições e responsabili-
de uma situação desejada com o máximo de eficiência, eficácia dades específicas e estipêndio correspondente, a ser provido
e efetividade, buscando a melhor concentração de esforços e por um titular.
recursos. Carreira – no setor público é um conjunto de cargos sujeito
O propósito do planejamento, conforme Djalma P.R. Oli- a regras específicas de ingresso, promoção, atuação, lotação e
veira (1999), pode ser definido como o desenvolvimento de remuneração, cujos integrantes detêm um repertório comum
processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais propor- de qualificações e habilidades. A carreira é criada por lei e deve
cionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de aplicar-se às atividades típicas de Estado. O cargo público pode
decisões presentes em função dos objetivos empresariais que ser isolado ou de carreira.
facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, Ciclo para aprendizado – conjunto de atividades visando
coerente, eficiente e eficaz. Dentro deste raciocínio, pode-se avaliar, melhorar e/ou inovar as práticas de gestão e os respec-
afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende a tivos padrões de trabalho. As organizações devem possuir even-
provocar aumento da probabilidade de alcance dos objetivos tos específicos e pró-ativos para reflexão e questionamento das
e desafios estabelecidos para a empresa. Para este autor, pla- práticas e padrões existentes e buscar a sua melhoria contínua.
nejamento organizacional é a esquematização dos requisitos Ciclo para controle – conjunto de atividades visando ve-
organizacionais para poder realizar os meios propostos. Como rificar se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão
exemplo, cita a estruturação da empresa em unidades estraté- sendo cumpridos, estabelecendo prioridades, planejando e
gicas de negócios. implementando, quando necessário, as ações de correção e/ou
A administração estratégica se ocupa com o futuro da orga- prevenção.
nização, assumindo uma filosofia da adaptação, buscando como Controle social – acompanhamento e fiscalização das ativi-
resultado a efetividade por meio da inovação ou diversificação dades de uma organização, exercidos pelas partes interessadas,
visando o desenvolvimento sustentado com atitudes pró-ativas pela comunidade, pela sociedade como um todo e pelos meios
(auto-estimulação...) com posturas de crescimento (conjuntura de comunicação social.
de oportunidades × fraquezas) ou de desenvolvimento (conjun- Definição dos rumos – procedimento de projetar o estado
tura de oportunidades × forças). futuro desejado da organização, partindo da sua missão insti-
Seu grande foco é a estruturação da organização com o tucional.
objetivo de instalar as condições exigidas no esforço de um Desempenho global – desempenho da organização como
planejamento estratégico que promoverá a organização à níveis um todo, explicitado por meio de resultados que refletem as
de maior competitividade e consequente vantagem no mercado necessidades de todas as partes interessadas. Está relacionado
de inserção. Começando com as premissas básicas (negócio, com os resultados planejados pela estratégia da organização.
missão, visão, objetivos permanentes), diretrizes, políticas, Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resulta-
análise do ambiente externo (oportunidades, fraquezas, concor- dos institucionais da organização.
rência...), do ambiente interno (forças, fraquezas), enfim todas Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na
as variáveis relevantes para a formulação do plano estratégico execução de um procedimento ou na prestação de um serviço.
(HERRERA, 2007). Fatores Críticos de Sucesso – são condições fundamentais
que precisam ser satisfeitas para que a instituição ou a estraté-
GLOSSÁRIO gia tenha sucesso.
Análise crítica – avaliação global de um projeto, serviço, Fornecedor – aquele que fornece insumos para os pro-
produto, processo ou informação da organização, com relação cessos da organização, seja um produto, seja um serviço, seja
a requisitos, objetivando a identificação de problemas e a pro- informação ou orientação. No setor público, as relações entre
posição de soluções. organização e fornecedor, que envolvam a aquisição de bens ou
serviços, são regulamentadas por lei e regidas por um contrato

334
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
administrativo com características distintas das observadas Pró-atividade – capacidade de antecipar-se aos fatos com
em contratos privados, tais como a exigência de licitação, só ações preventivas e de promover a inovação e o aperfeiçoamen-
dispensável em determinadas situações previstas em lei. to de processos, serviços e produtos.
Função – atribuição conferida a uma categoria profissional Processo – conjunto de recursos e atividades inter-relacio-
ou atribuída a um colaborador para a execução de serviços nadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em
eventuais. Todo cargo tem função, mas pode haver função sem produtos/serviços (saídas). Esses processos são geralmente pla-
cargo. As funções do cargo são definitivas, as funções autôno- nejados e realizados para agregar valor aos produtos/serviços.
mas são transitórias. Processo crítico – processo de natureza estratégica para o
Indicador – dado que representa ou quantifica um insumo, sucesso institucional.
um resultado, uma característica ou o desempenho de um pro- Processos de apoio – processos que dão suporte a alguma
cesso, de um serviço, de um produto ou da organização como atividade-fim da organização, tais como a gestão de pessoas, a
um todo. Pode ser simples (decorrente de uma única medição) gestão de compras, o planejamento e o acompanhamento das
ou composto; direto ou indireto em relação à característica me- ações institucionais etc.
dida; específico (atividades ou processos específicos) ou global Processo finalístico – processo associado às atividades-fim
(resultados pretendidos pela organização como um todo); e da organização ou diretamente envolvido no atendimento às
direcionadores (indicam que algo pode ocorrer) ou resultantes necessidades dos seus usuários.
(indicam o que aconteceu). Qualidade – adequação para o uso (Juran). Fazer certo a
Indicadores de processo – representação objetiva de carac- coisa certa já na primeira vez, com excelência no atendimen-
terísticas do processo que devem ser acompanhadas ao longo to. Totalidade de características de uma organização que lhe
do tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Medem a confere a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e
eficiência e a eficácia dos processos. implícitas dos clientes.
Informações relevantes – informações que a organização Referenciais comparativos adequados – indicadores, práti-
necessariamente tem que conhecer e manter atualizadas como cas ou resultados desenvolvidos ou alcançados por organização
subsídio ao seu processo decisório. pública ou privada, que possam ser usados para fins de compa-
Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e ração ou benchmarking.
preferências dos cidadãos usuários ou das demais partes inte- Requisitos – condições que devem ser satisfeitas, exigências
ressadas. legais ou particulares essenciais para o sucesso de um processo,
Organização do trabalho – maneira pela qual as pessoas são serviço ou produto. São as necessidades básicas dos usuários
organizadas ou se organizam em áreas formais ou informais, ou das demais partes interessadas, explicitadas por eles, de
temporárias ou permanentes, tais como: equipes, áreas fun- maneira formal ou informal, e essenciais e importantes para
cionais, times, grupos de trabalho, comissões, forças-tarefa e sua satisfação.
outras. Responsabilidade pública – consiste na responsabilidade
Padrões de trabalho – qualquer meio que oriente o funcio- dos administradores e dos servidores públicos em promover e
namento das práticas de gestão, podendo estar na forma de disseminar os valores e os princípios fundamentais da Adminis-
diretrizes organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho, tração Pública e apresentar comportamentos éticos, exercendo
normas administrativas, fluxogramas, quantificação dos níveis um estilo de administração transparente, voltada para a presta-
que se pretende atingir ou qualquer meio que permita orientar ção de contas, procurando estar continuamente consciente dos
a execução das práticas. O padrão de trabalho pode ser esta- impactos públicos potenciais relacionados com sua atuação.
belecido utilizando como critérios as necessidades das partes Resultados da organização – são os resultados institucionais
interessadas, as estratégias, requisitos legais, o nível de desem- obtidos pela organização pública, no exercício de suas principais
penho de concorrentes, informações comparativas pertinentes, atividades, de acordo com suas atribuições e áreas de compe-
normas nacionais e internacionais etc. tência.
Parceria institucional – relação de trabalho estabelecida Resultados orçamentários/financeiros – são os resultados
entre duas ou mais organizações públicas e/ou privadas, por relacionados com a utilização eficiente e eficaz dos recursos
meio da qual cada uma desenvolve um conjunto de ações que, orçamentários/financeiros da União ou oriundos de receita pró-
integradas, tem a finalidade de atingir a objetivos comuns. pria, medidos, entre outros, por meio da redução de custos dos
Partes interessadas – são as pessoas físicas ou jurídicas processos, pela relação entre o orçamento aprovado e projetos
envolvidas ativa ou passivamente no processo de definição, realizados etc.
elaboração, implementação e prestação de serviços e produtos Sinergia – coordenação de um ato ou esforço simultâneo
da organização, na qualidade de clientes, agentes, fornecedores de várias organizações, unidades ou pessoas na realização de
ou parceiros. Podem ser servidores públicos, organizações uma atividade ou projeto. Combinação da ação de dois ou mais
públicas, instituições privadas, cidadãos, grupos de interesse, agentes que usualmente gera resultados superiores quando
associações e a sociedade como um todo. comparado à ação individual desses agentes.
Pessoal do Quadro Próprio – Pessoal vinculado ao Regime Sistema de liderança – refere-se à forma como a liderança
Jurídico Único ou à CLT, pertencente ao quadro de pessoal do é exercida por toda a organização, de modo a captar as neces-
órgão ou de outros órgãos públicos. sidades das partes interessadas e usar as informações para a
Pessoal Terceirizado – Pessoal oriundo de empresa contra- tomada de decisão e a sua comunicação e condução em todos
tada para prestação de serviços especializados. os níveis.
Práticas de gestão – atividades executadas sistematicamen- Usuários atuais – todos os cidadãos efetivamente atendidos
te com a finalidade de gerenciar uma organização, consubs- pela organização ou que têm acesso garantido ao serviço quan-
tanciadas nos padrões de trabalho. São também chamadas de do dele necessita.
processos, métodos ou metodologias de gestão. Usuários potenciais – todos os cidadãos com direito a re-
ceber o serviço prestado pela organização e que não consegue
obtê-lo.

335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Valores organizacionais – entendimentos e expectativas que descrevem como todos os profissionais da organização se com-
portam e sobre os quais todas as relações e decisões organizacionais estão baseadas.
Visão de futuro – representação do que a organização espera de si mesma e de seu desempenho dentro de um cenário futuro.
É uma projeção de si mesma, com base em suas expectativas.

Estrutura do planejamento (estratégico, tático, operacional)


O Planejamento Estratégico fundamenta-se nos princípios da prevenção de problemas e na visão de longo alcance como estra-
tégia para o progressivo desenvolvimento institucional. Como se estabelecem as diretrizes estratégicas, os fatores críticos para o
sucesso e os principais planos estratégicos, e como são desdobrados em planos e metas para todas as áreas, para os fornecedores
e parceiros da organização, considerando-se os objetivos da organização.
O planejamento estratégico consiste em definir-se de maneira clara, participativa e com base em um diagnóstico atual e futuro
dos ambientes interno e externo, a direção que se quer dar à organização, formulando missão, visão e valores, e ainda programar
e controlar os objetivos, as estratégias7 e os planos de ações definidos. É o modelo de gestão que pauta a administração pública
gerencial.8

Figura – Pensamento estratégico


Fonte: LONA, Miriam, 2009.

Percebe-se que o planejamento estratégico tem, na atualidade, um amplo leque de definições, especialmente no que tange a
abrangência e aplicabilidade (esse conceito refere-se ao processo de planejar como um todo). O plano, por sua vez, refere-se ao
documento que consolida e contempla os resultados das atividades desenvolvidas durante o processo de planejamento que, por
si só, tem importância secundária, já que o processo de planejamento promove o amadurecimento e desenvolvimento efetivo das
pessoas envolvidas e, consequentemente, das empresas. O plano estratégico tem como fim ser o roteiro que deve ser seguido pelos
envolvidos na implementação das estratégias e táticas desenvolvidas durante o planejamento. “Os movimentos estratégicos das
empresas referem-se às constantes buscas por vantagens competitivas no ambiente econômico onde se desenrola o processo de
concorrência.” (ANGELONI e MUSSI, 2008).
Os três níveis de decisão em uma organização correspondem aos três tipos de planejamento: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO,
PLANEJAMENTO TÁTICO e PLANEJAMENTO OPERACIONAL.

Planejamento Estratégico 3 a 5 anos Visão, arquitetura, objetivos do negócio


Planejamento Tático 1 a 2 anos Alocação de recursos, seleção de projetos
Planejamento Operacional 6 meses a 1 ano Atendimento de prazos e orçamento

Nível
Estratégico
o

Nível
Tático

– TEMPOS E CONTEÚDO
Nível DO PLANEJAMENTO
operacional

Figura – Níveis de planejamento


7. “Caminho, maneira ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os objetivos e desafios, estabelecidos, no melhor
posicionamento da empresa perante seu ambiente” (Djalma Oliveira). “A estratégia consiste de ações e abordagens comerciais que a gerência emprega para atingir
os objetivos de desempenho da empresa. “ (Arthur Thompson).
8. A administração pública gerencial caracteriza-se, entre outras coisas, pela descentralização política (os recursos são transferidos para os níveis regionais e locais) e
administrativa, em que os administradores públicos são transformados em gerentes autônomos. Organizações que adotam esse modelo gerencial contam com poucos
níveis hierárquicos, e nelas existe confiança limitada, em substituição à desconfiança total, em relação aos funcionários e dirigentes. Trata-se de administração voltada
para o atendimento do cidadão e aberta ao controle social.

336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Planejamento Estratégico está relacionado com os objetivos de longo prazo e com as ações que afetarão a organização
como um todo. Deve-se privilegiar a eficácia, a eficiência e a efetividade. “O processo administrativo que proporciona sustentação
metodológica para se esclarecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o
ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada” (OLIVEIRA, 2002).
O plano que ocupa a categoria “Estratégica” tem como foco a empresa ou unidade de negócios como um todo. Ele aborda todos
os aspectos diretos e indiretos vinculados aos negócios, tendo como horizonte temporal o longo prazo, ou seja, tem como objetivo
preparar a empresa para o futuro. O mesmo serve, adicionalmente, como orientador para que os planos de nível hierárquico
inferior (táticos e operacionais) possam ser elaborados, criando, assim, uma consonância de pensamento entre os diversos níveis
de colaboradores da empresa. Esse é, usualmente, desenvolvido pela alta administração (presidência, diretoria e alta gerência)
enquanto que, empresas pequenas e médias empresas, pelos proprietários, diretores e gerentes (Marcos Dortes, 2009).

Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo estratégico e envolve toda a organização; é direcionado a longo prazo;
foca o futuro e o destino; tem ação global. É o resultado de análises dos ambientes externos e internos à empresa cujos cenários
podem mudar a qualquer momento. Por isso, deve ser sempre monitorado para que os ajustes sejam feitos periodicamente,
deixando-os atualizados. Está associado a uma linha de atuação de forma a atingir objetivos de longo prazo.
Define qual o negócio da organização, onde ela está hoje e onde quer chegar. Para isso, fixa macro-objetivos que necessitam
ser detalhados e compatibilizados com as possibilidades a cada ponto de sua execução. É o caminho a ser seguido pela organização,
como forma de responder às mudanças do ambiente. Deve levar em conta:
• Ameaças e Oportunidades do ambiente externo
• Expectativas da sociedade
• Valores (princípios, motivações)
• Pontos Fortes e Fracos da Organização

No Planejamento Estratégico, premissas são os grandes balizamentos que mediante análise do ambiente interno e externo
orientarão as ações da empresa. Servem para comunicar os princípios éticos e as intenções maiores da empresa. As premissas são
compostas de:
• Missão: Razão de ser da Instituição, do grupo ou organização que planeja.
• Visão de Futuro: Situação desejada onde se pretende chegar.
• Valores: São crenças, normas, princípios ou padrões que orientam a atuação da organização. Também expressam motivações
e necessidades dos componentes das organizações.

Figura – Esquema do planejamento estratégico

Fonte: Chiavenato, 2005.

337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A situação futura será diferente da situação atual. É fun- • A primeira demanda maior envolvimento da cúpula e
damental buscar reduzir incertezas e riscos. O planejamento pode acarretar falta de comprometimento do nível operacional.
deve ser sistêmico, único e integrado. A instituição deve estar Este problema pode ser sanado se a questão motivacional e de
permanentemente buscando competitividade. As etapas do explicitação dos benefícios for bem trabalhada.
planejamento estratégico envolvem: • A segunda busca uma visão geral do que a maior parte dos
• Tendências de mercado colaboradores (servidores) deseja. Mas pode não ter nada a ver
• Potencial de mercado com o que a cúpula almeja para a organização.
• Análise da concorrência
• Análise SWOT Uma forma eficiente de desenvolver um planejamento
• Segmentação estratégico pode se dar em etapas:
• Visão (Obstáculos/Resoluções)
• Objetivos numéricos de longo prazo Etapa 1 – Pré-diagnóstico
• Estratégias para atingir a visão Em uma organização esta etapa é visualizada como um
• Pessoas/Pensamento “primeiro olhar” sobre ela e seu ambiente externo, conversas
• Execução/Controle informais com os dirigentes nos dirão se:
- a organização precisa de um planejamento;
No entanto, a realização de um planejamento estratégico, - quem poderia desenvolver esse planejamento;
por si só, não garante os resultados. É necessário desenvolver - quais as expectativas dos dirigentes com relação aos
o planejamento tático e o planejamento operacional, de modo resultados.
que sejam elaborados os planos de ação de cada item sugerido Esta etapa é fundamental para que não se inicie o pro-
e implementado com o seu devido acompanhamento. cesso de planejamento estratégico em momento errado. Esta
As organizações planejam a fim de identificar o que deve avaliação pode ser feita em uma reunião ou em circulação pela
ser feito. Para saber qual a direção a ser tomada, é a questão organização.
do foco. Não há como identificar necessidades sem ter conhe-
cimento do meio social em que está inserido e de sua realidade Etapa 2 – Sensibilização
interna. Segundo Mintzberg (1994), a organização precisa Uma vez identificada a necessidade de se desenvolver
planejar porque: um planejamento estratégico, é fundamental sensibilizar os
• necessita coordenar suas atividades de modo integrado; integrantes de toda a organização para a importância do plane-
• necessita considerar o futuro: jamento, desmistificando os “fantasmas” que existem em torno
• Preparar-se para o inevitável; de qualquer ação que provoque mudança.
• Ter opções frente ao indesejável;
• Controlar o controlável. Etapa 3 – Diagnóstico Estratégico
• precisa de racionalidade através da adoção de procedi- Após a etapa da sensibilização, o próximo passo a ser dado
mentos formalizados, padronizados e sistemáticos; é o desenvolvimento de um diagnóstico estratégico mais deta-
• necessita exercer controle. lhado da real situação da organização e de seu ambiente ex-
terno – meio social. É também chamado de análise situacional.
A questão do que fazer é a fixação dos objetivos que pode- Vale a pena observar que deve ser apenas um roteiro,
rão ser desenvolvidos em um planejamento. Planeja-se: podendo-se acrescentar variáveis e alterando o que pensar ser
1. Para verificar prioridades – por que fazer? interessante, a fim de adaptá-lo à realidade da organização na
2. Para estabelecer metas – quando fazer? qual está sendo desenvolvido o diagnóstico estratégico. Para
3. Para definir estratégias e ações – como fazer? poder otimizar os resultados de qualquer diagnóstico é sempre
4. Para estabelecer responsabilidades – quem fará? bom considerar os conceitos de ponto forte, ponto fraco, opor-
5. Para delinear recursos – qual o custo? tunidade e ameaça:
6. Para executar e acompanhar. • Ponto Forte: é uma diferenciação da organização que lhe
proporciona uma vantagem competitiva;
Antes de desenvolver um planejamento estratégico é • Ponto Fraco: é um aspecto negativo da organização que
importante saber que existem muitas metodologias para essa lhe proporciona uma desvantagem competitiva;
finalidade. Desde a década de 1970, autores clássicos como An- • Oportunidade: é uma força ambiental externa que pode
soff e Steiner passaram a ver a formulação de estratégias como criar uma situação favorável para a organização;
um processo formal, separado e sistemático. O modelo básico • Ameaça: é uma força ambiental externa que cria uma
de planejamento, desenvolvido por Steiner surgiu dividido em situação de risco para a organização e que não pode ser evitada.
seis etapas:
• Fixação de objetivos; Um roteiro no estilo de lista de verificação ou check list
• Auditoria Externa; pode ser utilizado para o desenvolvimento estratégico.
• Auditoria Interna;
• Avaliação da Estratégia; Etapa 4 – Definição da base estratégica corporativa
• Operacionalização da Estratégia e Esta etapa consiste em definir missão, visão, negócio e con-
• Programar o processo. sequentemente slogan, valores e objetivos para a organização.
Abordando os temas separadamente, temos que:
A direção do planejamento estratégico, o nível hierárquico
de início, pode ser uma opção. Existem organizações que pre- – A missão deve representar o que a organização quer ser.
ferem desenvolvê-la a partir do nível estratégico em direção ao Tem uma conotação futura. Da mesma forma que a etapa
nível operacional. A duplicidade de escolhas tem seus aspectos de sensibilização, a definição da missão pode ser feita a partir
negativos e positivos: de uma reunião com a cúpula da organização, com as pessoas-
-chave ou até mesmo com todos os colaboradores.

338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Há várias maneiras de se desenvolver uma missão, se tivermos em mão algumas perguntas, esse processo ficará mais simples.
As questões que devem ser colocadas:
• O que devemos fazer?
• Qual o perfil de nosso “cliente”?
• Como devemos atender nossos “clientes”? Quais meios devem ser escolhidos?
• Qual a responsabilidade social que devemos ter?

– A visão deve representar um sonho a ser perseguido.


Há organizações que querem sobressair pelo tamanho (porte) e outras pela qualidade de seus produtos e serviços, e há ainda
as que querem as duas coisas. Cabe a cada organização, e a seu gestor ou gestores, escolher o caminho e o seu sonho.

A partir da definição de negócio, pode-se formular um slogan para a organização, que poderá e deverá ser usado como
marketing institucional.
– Os valores devem representar a forma de conduta de todas as pessoas da organização.
Após a apresentação dos valores de uma organização, desenvolve-se uma justificativa, no sentido de explicar por que aquele
valor é importante para a organização.
– Os objetivos estratégicos representam um resultado a ser atingido.

Etapa 5 – Definição de estratégias


Para cada estratégia definida, deve-se atribuir uma nota aos fatores. Quanto maior o valor atribuído, maior será o nível de
gravidade, urgência ou tendência. A matriz GUT entra em ação.

Etapa 6 – Definição de Planos de Ação


Para cada estratégia definida, um conjunto de ações, para cada ação uma meta e um responsável em administrá-la. Envolvendo
todos os níveis hierárquicos no planejamento elaborado dentro de um cronograma de execução.

Etapa 7 – Definição de recursos


Todos os gastos devem ser calculados, mesmo que a organização não vá gastar além dos desembolsos normais, tendo em vista
que a partir do momento que as pessoas estão envolvidas com qualquer tipo de atividade, isso representa gasto para a organização.

Etapa 8 – Implementação
Nesta etapa, pode-se definir como será deflagrado o processo de implementação do planejamento e deve-se desenvolver um
relatório detalhado do que foi planejado e distribuído aos responsáveis pelos objetivos, estratégias e ações. E mais, um relatório
resumido e personalizado para as outras pessoas.

Etapa 9 – Monitoração, Avaliação e Controle


Como as mudanças ambientais não param somente porque estamos implementando um planejamento, deve-se definir o
responsável pelo monitoramento, isto é, quem irá refazer o diagnóstico estratégico e com qual periodicidade.
Segundo Dortes (2009), a atividade de planejamento estratégico não é uma atividade estática, que uma vez realizada termina
em si própria. Planejamentos estratégicos devem ser realizados e revisados periodicamente, de forma que as diversas mudanças
ambientais possam ser devidamente tratadas, no sentido de que a empresa continue ou efetue ajustes de rota para se manter
sempre no melhor caminho que a leve a seus objetivos e consequentemente a seu sucesso. Neste sentido o processo de planeja-
mento estratégico torna-se uma atividade cíclica, com periodicidade de revisão anual ou de bienal. A figura abaixo ilustra um ciclo
típico de planejamento.

Figura – Dinâmica de planejamento


Fonte: Marcos Dortes, 2009.

339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No conjunto “Ambiente Interno”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente interno da empresa, foco do
planejamento, que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planeja-
mento. Os elementos ambientais internos: pontos fortes e fracos, aspectos dos produtos, aspectos da área comercial (estrutura,
experiência, número de funcionários, grau de atuação e agressividade, maturidade, política comercial, canais de distribuição etc.),
área de marketing, área produtiva, área de logística, dentre outros diversos.
Já no conjunto “Ambiente Externo”, encontram-se todos os elementos pertencentes ao ambiente da empresa foco do plane-
jamento, que por sua vez não só a influenciam como também interferem direta ou indiretamente no processo de planejamento.
Os elementos ambientais externos: riscos, oportunidades, mercados alvo, perfil dos consumidores, hábitos de compra e consumo,
concorrência (número de concorrentes, distribuição, grau de agressividade, grau de experiência, posicionamento etc.), aspectos
macroeconômicos, político-sociais, tecnológicos, reguladores, dentre outros (DORTES, 2009).
A ferramenta mais utilizada para a definição de cenários é a matriz de análise SWOT. O termo vem do inglês e representa as
iniciais das palavras Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Assim, a
análise estratégica da organização se divide em:
• Análise do Ambiente Externo – Permite construir uma visão integrada das principais tendências de curto, médio e longo
prazos do contexto de atuação, sinalizando as oportunidades 9 e ameaças10, no cumprimento de sua Missão e na construção de sua
Visão de Futuro.
• Análise do Ambiente Interno – Análise das características internas da organização vai revelar, sob um ponto de vista estraté-
gico, as forças11 e fraquezas12, bem como, permite identificar as suas causas.

O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de atuação
definidas pelos próprios membros da organização. Desta forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte, ele
deve ser ressaltado ao máximo; e quando for percebido um ponto fraco, a organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos,
minimizar seu efeito.
Já o ambiente externo está totalmente fora do controle da organização. Mas, apesar de não poder controlá-lo, a empresa
deve conhecê-lo e monitora-lo com frequência, de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Evitar ameaças nem
sempre é possível, no entanto pode-se fazer um planejamento para enfrentá-las, minimizando seus efeitos (CONSELHO NACIONAL
DE JUSTIÇA).

Análise AMBIENTE INTERNO


A Situacional
Predominância de Predominância de
M Pontos Fracos Pontos Fortes

B Postura Estratégica: Postura Estratégica:


Predominância de Sobrevivência Manutenção
I Ameaças

E
- Redução de - Estabilidade
custos
- Nicho
N - Desinvestimento
- Especialização
T - Liquidação

E
Predominância de Postura Estratégica: Postura Estratégica:
Oportunidades Crescimento Desenvolvimento

E - Inovação - De produção
X
- Parcerias
- De usuários
T -
-
De capacidade
Expansão
E - De estabilidade
R - De diversificação
N
O

Figura – Análise estratégica da organização

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um processo de planejamento estratégico é basicamente um processo de
mudança. Ele visa reduzir a lacuna existente entre o ganho de desempenho incremental, decorrente de uma evolução “natural”
da situação atual, e o esempenho necessário. Superar essa lacuna demanda alteração do status quo, o que gera processos comuns
de reação.

9. Oportunidades são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem contribuir em grau relevante e por longo tempo
para a realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho.
10. Ameaças são situações, tendências ou fenômenos externos à organização, atuais ou potenciais, que podem prejudicar substancialmente e por longo tempo para a
realização de sua missão e objetivos e/ou para o alcance de um bom desempenho.
11. Forças (pontos fortes) são fenômenos ou condições internas capazes de auxiliarem, por longo tempo, o desempenho ou o cumprimento da missão e dos objetivos.
12. Fraquezas (pontos fracos) são situações, fenômenos ou condições internas, que podem dificultar a realização da missão e o cumprimento dos objetivos.

340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A reação diante da mudança tem fonte nas incertezas, novas condições de prestação de contas, alteração nos hábitos profis-
sionais estabelecidos, mudanças técnicas e sociais. Há quatro grupos de posicionamento tipicamente identificados em pessoas
envolvidas em processos de mudança. Esses grupos podem ser agregados em dois conjuntos de características comportamentais.
O processo de comunicação da estratégia precisa levar as pessoas do primeiro grupo ao segundo.

Figura – conjuntos de características comportamentais

Fonte: Conselho Nacional de Justiça-CNJ

Os processos de planejamento estratégico definem três graus de intensidade de mudanças nas organizações:
• Satisfação = é encontrada nos processos em que os aspectos financeiros relacionados são preocupações básicas, não pos-
suindo, assim, outros desdobramentos tais como expansão, refinamento operacional, melhoria de qualidade ou outros.
• Otimização = pode ser considerada um avanço da “Satisfação”, pois busca também, além da otimização e maximização
dos aspectos financeiros, a otimização dos processos diversos da organização, porém atêm-se, somente, ao ambiente interno da
empresa.
• Adaptação = pode ser considerada um avanço da “Otimização”, pois, por ser mais abrangente, estabelece o equilíbrio entre
o ambiente interno e externo como preocupação, promovendo, assim, a melhoria constante do processo, independente das alte-
rações do ambiente externo.

O Processo de Gestão da Estratégia (PGE) enfatiza três elementos gerenciais, quais sejam:
• O ciclo de gestão da operação: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação das operações;
• A gestão de projetos: diz respeito ao planejamento, organização, liderança e avaliação da execução da carteira de projetos
necessários à implementação de uma dada estratégia (ou, à entrega de uma missão); e,
• O ciclo de aprendizado estratégico: diz respeito à avaliação da execução da estratégia escolhida pela organização (ou, à
entrega de sua missão).

Na análise do ambiente externo, a análise PEST é uma ferramenta do planejamento estratégico, consistindo na análise de
quatro variáveis do ambiente externo: Político-legal, Econômico, Sócio-cultural e Tecnológico.
Uma ferramenta utilizada para a prospecção de cenários é a análise PEST. Segundo Castor (2000, p. 05) “O acrônimo PEST é
utilizado para identificar quatro dimensões de análise ambiental de natureza qualitativa de fenômenos dificilmente quantificá-
veis: a Política, a Econômica, a Social e a Tecnológica”. O mesmo afirma que essa ferramenta torna-se mais útil quando utilizada
conjuntamente com outros instrumentos de análises, e a limitação quanto à quantidade de variáveis a ser investigadas tem uma
razão de ser. Pois, quando há um excesso de informações, uma empresa pode ficar imobilizada, com receio de deixar uma variável
importante de lado, perdendo o foco e deixando de agir tempestivamente. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta de análise
qualitativa, Castor (2000) afirma que a utilização de métodos quantitativos seja importante, onde são atribuídas probabilidades
a cada uma das variáveis, e feitas avaliações sobre os impactos das mesmas sobre a capacidade da empresa de alcançar seus
objetivos corporativos (SOBER, 2010).13
Na análise do ambiente interno, recomenda-se a Cadeia de valor, que consiste na análise de adequação e suficiência do
sequenciamento dos processos necessários ao fornecimento dos serviços aos clientes.
Segundo Kaplinsky e Morris (2000), a cadeia de produção é chamada de cadeia de valor, que consiste no arranjo das ativi-
dades necessárias para produzir um bem ou serviço, desde a sua concepção, passando pelas diferentes fases da produção até a
entrega para o consumidor final. Sob esse enfoque, os agentes presentes em cada um dos elos da cadeia de produção dão a sua
contribuição para aumentar o valor do produto final. Vale ressaltar que o produto que chega ao consumidor final é a soma dos
valores adicionados por cada um dos elos ao longo da cadeia produtiva, resultado da ação dos agentes e da coordenação entre
eles (BESANKO et al., 2004). Sendo assim, as condições em que o produto chega ao consumidor final depende tanto das atividades
internas à organização quanto da sua coordenação com os outros elos da cadeia produtiva da qual faz parte.
13. Obtido em http://www.sober.org.br/palestra/15/744.pdf

341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vale ressaltar que as relações entre os diferentes elos de tação estabelecidas. Apresenta-se principalmente através de
uma cadeia produtiva geralmente são desiguais, o que revela a documentos escritos. São os planos de ação ou planos operacio-
presença de agentes que capturam maior valor do que outros nais, que correspondem a um conjunto de partes homogêneas
ao longo da cadeia (Roberta de Castro Souza e João Amato Neto, do planejamento tático. Seu conteúdo abrange:
2005).14 • Recursos necessários para desenvolvimento e implantação
A abordagem do planejamento estratégico e o desdobra- • Procedimentos básicos a serem adotados
mento dos planos da organização incluem o desenvolvimento, • Produtos ou resultados finais esperados
a tradução e o desdobramento eficaz dos requisitos globais • Prazos estabelecidos
de desempenho (operacional e em relação aos clientes), pro- • Responsáveis pela sua execução e implantação
venientes da estratégia. Enfatizam, portanto, que a qualidade
centrada no cliente e a excelência do desempenho operacional Sistemas de Liderança Burocrático-Mecanicista
são questões estratégicas críticas que, obrigatoriamente, pre- Os Sistemas de Liderança com características burocráti-
cisam ser partes integrantes do planejamento da organização. co-mecanicista são próprios de organizações que atuam em
Deste modo, a melhoria e a aprendizagem devem fazer contextos de baixa complexidade, onde há maior previsibilidade
parte das atividades diárias de todas as unidades de trabalho. e estabilidade de demandas, ou seja, baixa variabilidade nas ne-
O papel fundamental do planejamento estratégico é direcionar cessidades dos beneficiários e, por conseguinte, nos produtos/
o trabalho cotidiano, alinhando-o com as diretrizes estratégicas serviços e estabilidade nas ofertas tecnológicas (baixo grau de
da organização e assegurando, dessa forma, que a melhoria inovação do produto e do processo).
reforce as prioridades da organização. Geralmente, são organizações de grande porte; com um
O Planejamento Tático são os objetivos de médio prazo. É o grande universo de usuários/beneficiários potenciais e reais;
planejamento dos subsistemas organizacionais. baixa variabilidade em seus processos e relativa estabilidade no
O plano que ocupa a categoria “Tático” tem como foco os formato final dos seus serviços e produtos. Esse é o caso dos
departamentos operacionais da empresa. Com base na visão, órgãos e entidades que prestam serviços direto à sociedade civil
objetivos e metas preestabelecidas pelo plano estratégico, os organizada e/ou ao cidadão, como, por exemplo, aqueles que
planos táticos tratam de estabelecer seus próprios objetivos e atuam na área social, como educação, saúde e previdência.
metas que, sendo cumpridos, colaborarão para o cumprimento Para essas organizações é recomendável, em nome da efi-
dos objetivos e metas maiores (Marcos Dortes, 2009). ciência, um desenho organizacional mais rígido e programável,
Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo o que conduz a um sistema de liderança mais hierarquizado.
gerencial e envolve cada departamento; é direcionado a médio
prazo; foca o mediato; tem Ação departamental. Tem por obje- Os modelos de gestão mecanicistas possuem as seguintes
tivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa características:
como um todo. Trabalha com decomposições dos objetivos, • a estratégia é mais estável e reativa;
estratégias e políticas fixadas no planejamento estratégico. De- • o conjunto de produtos (bens ou serviços) é mais padroni-
senvolve-se em níveis organizacionais inferiores e busca a utili- zado, menos ou pouco diferenciado;
zação eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de • os processos de trabalho são mais rotinizados, progra-
objetivos previamente estabelecidos, segundo uma estratégia máveis, regulamentados e autônomos (circunscritos dentro da
predeterminada. Visa às políticas orientativas para o processo organização);
decisório da empresa. Pode ser: mercadológico, financeiro, de • os quadros funcionais são mais fixos – com carreiras es-
recursos humanos, de produção, organizacional etc. truturadas e com mais servidores do quadro que colaboradores,
Enquanto o planejamento estratégico relaciona-se com com competências pré-definíveis e capacitação orientada por
objetivos de longo prazo (institucionais) e com maneiras e conhecimentos disponíveis no setor;
ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, • a cultura organizacional tende a destacar valores tais
o planejamento tático relaciona-se a objetivos de mais curto como disciplina e impessoalidade;
prazo e com maneiras e ações que geralmente, afetam somente • a liderança emana mais da autoridade do cargo formal;
uma parte da empresa. • a comunicação é mais formal e tende a seguir a hierar-
O Planejamento Operacional está relacionado com os quia; e
objetivos a curto prazo e com os níveis hierárquicos mais • os sistemas de informação são centralizados e herméticos.
baixos da organização. Consiste nos planos de ação ou planos
operacionais, que formalizam o processo de planejamento. “É O modelo de gestão mecanicista proporciona maior eficiên-
a formalização, principalmente através de documentos escritos, cia em ambientes estáveis. Seu sistema de liderança é constituí-
das metodologias de desenvolvimento e implantação estabele- do por estruturas rígidas, verticalizadas e que reproduzem uma
cidas” (OLIVEIRA, 2002). alta separação entre direção e execução, demarcando de forma
O plano que ocupa a categoria “Operacional” ou de “Ação” muito contundente instâncias de decisão e planejamento/
nada mais é do que um desdobramento dos planos táticos que formulação (uma Alta Administração pensante) e instâncias de
contempla o detalhamento de ações, recursos, tempos, prazos, execução (uma base operacional).
enfim, todo o necessário ao cumprimento dos objetivos e metas
estabelecidas nos planos táticos. Usualmente, são desenvolvi- Sistemas de Liderança Orgânicos
dos por chefes de departamento, supervisores ou outros níveis Os sistemas de liderança orgânicos são típicos de organiza-
próximos do escalão executivo(Marcos Dortes, 2009). ções que atuam em contextos de alta complexidade, caracteri-
Este tipo de planejamento exige também maior atuação do zados pela incerteza, ambiguidade, pluralidade e instabilidade
grupo gerencial e envolve cada tarefa/atividade; é direcionado das demandas (alta variabilidade nas necessidades dos bene-
a curto prazo; foca o imediato/presente; tem ação específica. É ficiários e, por conseguinte, nos produtos/serviços) e ofertas
a formalização das metodologias de desenvolvimento e implan- tecnológicas (alta inovação do produto e do processo).
14. Obtido em ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/asp1-2-05.pdf

342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os ambientes instáveis ou turbulentos proporcionam alta incerteza da tarefa, que, nesse caso, impõe, em nome da efetividade
(o impacto necessário, a partir dos produtos necessários), um desenho organizacional mais flexível e capaz de se reprogramar para
atender rapidamente às variações do contexto.

Os modelos de gestão orgânicos possuem as seguintes características:


• estratégia mutante, emergente e proativa, voltada, inclusive, para criação do futuro em bases autopoiéticas (na qual a
organização passa a modelar o ambiente mais que este modela a organização);
• o conjunto de serviços/produtos é mais diversificado, mais ou muito diferenciado, podendo, no limite, ser totalmente cus-
tomizado;
• os processos de trabalho são estruturados, mas menos rotinizados, menos programáveis e menos regulamentados e sujeitos
a constantes inovações e integrações laterais com organizações parceiras;
• os quadros funcionais são mais variáveis (com maior número de colaboradores), algumas competências são pré-definíveis,
mas há competências emergentes e conhecimentos gerados exclusivamente dentro da organização;
• a cultura organizacional tende a destacar valores tais como iniciativa, capacidade de empreender e sensibilidade;
• a liderança emana da capacidade de resolver problemas e lidar com pessoas e situações difíceis sob pressão;
• a comunicação é mais informal e multidirecional; e
• os sistemas informacionais são descentralizados e acessíveis a todos.

Um modelo de gestão com estas características proporciona melhor capacidade de resposta em ambientes instáveis. Seu
sistema de liderança constitui-se por estruturas mais flexíveis, horizontalizadas (menos níveis hierárquicos e eliminação de “in-
termediários” na média gerência) e que buscam uma integração entre direção e execução (a Alta Administração se envolve em
questões operacionais e a base operacional pensa estrategicamente e ganha maior autonomia/empowerment).
Modelos mecanicistas ou orgânicos não são bons nem maus a priori, sua adequação é sempre contingente, embora todas as
organizações tenham traços de ambos (é muito usual que áreas como produção ou operações e área administrativa sejam mais
mecanicistas; ao passo que áreas de pesquisa e desenvolvimento sejam mais orgânicas). 15

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais


15. Obtido em <www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/guia/Guia_Modelagem.pdf>. Acesso em 31 jul 2012

343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fonte: Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais

Direção
Saldanha dos Santos cita Amato (1971) para dizer que direção é a função que se refere às relações interpessoais dos adminis-
tradores em todos os níveis de organização e seus respectivos subordinados. “É o processo administrativo que conduz e coordena
o pessoal na execução das tarefas antecipadamente planejadas. Dirigir uma organização pública significa conseguir que os agentes
públicos executem as tarefas pelas quais respondem” (Santos, 2006, p.51).
Ainda segundo Santos, os meios de direção são: ordens e instruções; motivação; comunicação; liderança.

344
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um dos fundamentos da Teoria Comportamental da Admi- Os componentes de um sistema de controle são:
nistração é a motivação humana, onde a teoria administrativa • Padrões de controle – informações que permitem avaliar
recebeu vultosa contribuição. o desempenho e tomar decisões; são extraídos dos objetivos,
Segundo Chiavenato (2003), a teoria comportamental das atividades e dos planos de aplicações de recursos.
fundamenta-se no comportamento individual das pessoas, para • Aquisição de informações – sobre o andamento das ati-
explicar o comportamento organizacional. Os autores dessa vidades e o progresso em direção aos objetivos; é o processo
Teoria verificaram que o administrador precisa conhecer as de monitoramento ou acompanhamento, que define qual
necessidades humanas, para conhecer melhor o seu compor- informação deve ser produzida, os meios e o momento de sua
tamento e poder usar a motivação como meio para melhorar a obtenção.
qualidade de vida dentro das organizações. • Comparação e ação corretiva – na etapa final do processo
A Teoria Comportamental tem seus principais fundamentos de controle, a informação sobre o desempenho real é compa-
a partir dos estudos e abordagem das ciências do comporta- rada com os objetivos ou padrões, resultando em medidas de
mento humano individual, para explicar como as pessoas se correção ou de reforço da atividade ou desempenho.
comportam organizacionalmente. Esta Teoria, também conhe- • Recomeço do ciclo de planejamento – tomada de decisões
cida como Teoria Behaviorista (behaviorial sciences approach), sobre novos objetivos e novos padrões de controle; o controle
por causa dos estudos sóciopsicológicos feitos por seus autores, complementa o planejamento e vice-versa, pois é comum o
a maioria norte-americanos, aprofundou os estudos no campo planejamento depender muito mais de informações de controle
da motivação humana, na qual prestou muitas contribuições à do que de projeções ou previsões sobre o futuro, segundo
teoria administrativa (CARVALHO, 2008). Maximiano.
Nesta abordagem, Chiavenato (2003) explica que os es-
tudiosos verificaram que o administrador precisa conhecer as O processo de controle envolve todos os aspectos de uma
necessidades humanas para entender o seu comportamento e organização, abrangendo seus três níveis hierárquicos princi-
utilizar a motivação como meio para melhorar a qualidade de pais:
vida, dentro das organizações. A Teoria Comportamental tem • Controle estratégico – complementa o planejamento
abordagem explicativa e descritiva, atuando nas organizações, estratégico (sua definição e redefinição), monitorando: grau
formal e informalmente. Possui ênfase nas pessoas e no am- de realização das missões, estratégias e objetivos estratégicos,
biente. Sua concepção é de um homem administrativo, tomador a adequação dos mesmos às ameaças e oportunidades do
de decisões quanto à participação nas organizações. ambiente; concorrência e outros fatores externos; eficiência e
Sobre a motivação organizacional, destacam-se estudos de outros fatores internos.
Abraham Maslow (1908-1970), segundo os quais as necessida- • Controles administrativos – produzem informações es-
des humanas estão organizadas em níveis, numa hierarquia de pecializadas e possibilitam a tomada de decisão em cada uma
importância e de influência. Segundo Maslow, “as necessidades das áreas operacionais: produção, marketing, finanças, recursos
estão classificadas em fisiológicas (mais baixas na hierarquia humanos etc.
piramidal), de segurança, sociais, de estima e de auto-realiza- • Controle operacional – focaliza as atividades e o consumo
ção (mais elevadas na hierarquia). As necessidades assumem de recursos em qualquer nível da organização, notadamente por
formas que variam de acordo com o indivíduo” (MASLOW apud meio de cronogramas, diagramas de precedência e orçamentos.
CHIAVENATO, 2003, p. 330).
É preciso eficácia na definição dos procedimentos e das
Controle ferramentas para produção, processamento e apresentação das
Para Maximiano (2010), controle é o processo de produzir informações necessárias ao desempenho do sistema de contro-
informações para tomar decisões sobre a realização de objeti- le. Maximiano (2010) destaca as principais características de um
vos, permitindo manter a organização orientada para os mes- sistema de controle eficaz:
mos através de monitoramento ou acompanhamento contínuo • Foco nos pontos estratégicos – são aqueles em que há
sobre: maior probabilidade de ocorrência de algum desvio em relação
• Quais objetivos devem ser atingidos por uma organização aos resultados esperados; os desvios provocariam os maiores
ou sistema. problemas; as atividades, operações ou processos são críticos
• Desempenho da organização ou sistema em comparação para o desempenho da organização. Podem ser detectados nas
com os objetivos. atividades de transformação ou nos elementos mais significati-
• Riscos e oportunidades no trajeto desde o início das ativi- vos de determinada operação.
dades até o objetivo. • Precisão – informação precisa para permitir a decisão
• O que deve ser feito para assegurar a realização dos adequada, caso contrário será difícil ou impossível decidir.
objetivos. • Rapidez – o encaminhamento rápido da informação
• Necessidade de mudar o objetivo. permite que a ação corretiva ou de reforço possa ser posta em
prática a tempo de produzir os efeitos esperados. A demora
O processo de controle se divide em outros processos, tais poderá gerar uma decisão tardia.
como: monitoramento ou acompanhamento (buscar informa- • Objetividade – informações claras sobre o desempenho e
ções sobre o desempenho), avaliação (comparar e tirar conclu- indicação qual o desvio em relação ao objetivo.
sões sobre o desempenho). O objetivo é o critério ou padrão de • Economia – o sistema de controle eficaz tem custo menor
controle e avaliação do desempenho da organização ou sistema. que seus benefícios, por exemplo, a fiscalização não pode custar
mais que a arrecadação.

345
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Aceitação pelas pessoas – para enfrentar a resistência que são atingidos os objetivos realmente pretendidos, associa-
e a sabotagem dos sistemas de controle, as pessoas precisam do ao grau de eficiência na utilização dos recursos, determina o
entender as razões do controle; perceber o controle como pro- nível de desempenho. Mede-se o desempenho através de indi-
cesso importante para seu trabalho ou sua segurança; enxergar cadores diversos. O resultado das medidas permite interpretar
o controle como evidência de sua importância como indivíduos. o nível do desempenho.
• Ênfase na exceção – diante da impossibilidade de contro- Menezes define que é uma apreciação sistemática do
lar tudo, o controle enfatiza as exceções e seu sistema procura desempenho de cada pessoa em função das atividades que ela
focalizar a atenção da administração no que é essencial em desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do
termos de desvios. seu potencial de desenvolvimento, sendo justificável porque:
• toda pessoa precisa receber retroação a respeito de seu
Os aspectos humanos do processo de controle, segundo desempenho (chefe e funcionário);
Maximiano (2010), são: • a organização precisa saber como as pessoas desempe-
• Tipos de controle sobre as pessoas – para que as pessoas nham suas atividades (para fundamentar aumentos salariais,
comportem-se de acordo com padrões definidos por outras pes- promoções, transferências, demissões).
soas, existem os seguintes tipos: controle formal (utilização da
autoridade formal para induzir ou inibir algum comportamento), A avaliação de desempenho traz benefícios para as organi-
controle social (aceitação das crenças, valores e normas sociais zações, pois:
de um grupo = conformidade social), controle técnico (exercido • abarca o desempenho do funcionário dentro do cargo
por sistemas e não por pessoas, como ocorre com o relógio de ocupado, o alcance das metas estabelecidas e objetivos;
ponto, a velocidade das máquinas, o orçamento disponível). • enfatiza o indivíduo no cargo;
• Resistência ao controle – para combater o sentimento de • melhora a produtividade do indivíduo à medida em que é
perda da liberdade e serem eficazes, os sistemas de controle aceita pelo funcionário e pela organização (MENEZES).
devem: ter legitimidade (reconhecidos como necessários); ser A avaliação permite identificar os aspectos menos desenvol-
participativos (promover a participação das pessoas na defini- vidos (pontos fracos) em relação ao modelo, que devem ser con-
ção e avaliação de seu próprio desempenho); ser flexíveis (para siderados como oportunidades de melhoria da organização, ou
possibilitar o erro). seja, aspectos que devem ser, prioritariamente, objeto de ações
• Avaliação do desempenho – todo sistema de controle de melhoria. Se realizada de forma sistemática, a avaliação da
deve dar feed-back aos integrantes da equipe do gerente, infor- gestão institucional funciona como forma de aprendizado sobre
mando-os qual é seu desempenho, para reforçá-lo (feed-back a própria organização e como instrumento de internalização dos
positivo) ou inibi-lo (feed-back negativo). As características do princípios, valores e práticas da gestão pela excelência.
feed-back eficaz são: rapidez (o intervalo entre a observação
do desempenho do desempenho e a aplicação do reforço ou
correção deve ser o menor possível, sob pena de esquecimento PLANO DE AÇÃO 5W2H. CICLO PDCA COMO FERRAMEN-
e ineficácia); descrição em lugar de julgamento (quando se trata TA DE GESTÃO
de ações corretivas, ao invés de julgar os atos ou motivos do
avaliado, o avaliador descreve as expectativas ou objetivos, o O Estado tem passado a desempenhar um papel-chave como
desempenho observado que deve ser feito para igualar os dois); produtor de valor público, e como tal tem priorizado a criação de
administração de recompensas (os princípios do behaviorismo condições para o desenvolvimento e o bem-estar social, além da
mostram que recompensas incentivam o bom desempenho e produção de serviços e da oferta de infraestrutura.
são mais eficazes que as punições, que apenas suprimem tem- Esta mudança na função do Estado tem transformado várias
porariamente o comportamento indesejado). frentes da administração pública, pela exigência cada vez mais con-
• Autocontrole – o compromisso e a disciplina interior é tundente dos cidadãos que exercem também o papel de usuários
o melhor substituto para a obediência ditada pelos controles, dos serviços.
o que faz o autocontrole substituir os sistemas formais e ser A crise fiscal do modelo anterior, uma vez esgotado o período
uma das ferramentas da autogestão. Maximiano ressalta que de esplendor do Estado do Bem-Estar, tem trazido novos proble-
criar uma cultura orientada para o compromisso e a disciplina mas. Dentre eles, destaca-se a crescente necessidade de atender
interior é um dos principais desafios da moderna administração. uma demanda irrefreável de bens públicos de boa qualidade, típica
do Estado de Bem-Estar, porém hoje acompanhada da exigência
Avaliação e feed-back de diminuir a pressão fiscal – inclusive naqueles casos em que ain-
A Avaliação de Desempenho é um processo que tem como da persiste um modelo de estado anterior ao de bem-estar. Esta
objetivo conseguir que os membros da equipe de trabalho substituição de missão trouxe muitos desafios ao Estado, entre os
orientem seus esforços no sentido dos objetivos da organização. quais a redefinição dos conceitos de administração, gestão pública
Os gestores utilizando de instrumento específico identificam e valor público.
habilidades e competências dos funcionários que precisam ser Além disso, essas transformações têm afetado profundamente
mantidas e as que necessitam ser desenvolvidas. A avaliação de as práticas dos dirigentes públicos (políticos e gerentes) e a teoria
desempenho é parte atuante da estratégia gerencial e orientam na qual fundamentavam suas ações.
as ações e decisões dos gestores relacionadas a promoções, Da mesma forma, esta mudança afetou o sistema de controle
transferências, treinamentos, desligamentos (ROBBINS, 2005). da ação do Estado; está-se migrando da exigência de rigor nos pro-
Pode-se definir desempenho como a forma como os recur- cedimentos para a exigência de resultados – inerente a um Estado
sos se organizam, interagem e atuam para atingir um objetivo que se apresenta como provedor de serviços, capacitador de de-
expresso ou tácito, segundo um roteiro e sequência de passos senvolvimento e fornecedor de bem-estar.
formal ou informalmente estabelecidos. O grau de eficácia com

346
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desta troca de missão se deriva uma variação na posição do - Constitucionais: a maioria das constituições regula o uso dos
cidadão perante o Estado. fundos públicos por parte das autoridades em cumprimento de
O cidadão comum se preocupa em assegurar-se uma correta mandato.
e burocrática (homogênea, idêntica e não discricionária) aplicação - Políticas: as autoridades devem responder pelas suas ações e
da lei e da norma. O cidadão-usuário se interessa por conseguir o pelo conteúdo dos seus programas eleitorais, por respeito ao prin-
melhor retorno fiscal – enquanto bens coletivos. cípio da responsabilidade do cargo.
Vê-se, pois, que o Estado deve deslocar sua atenção, antes co- - Cidadãs: por obediência ao princípio de delegação democrá-
locada no procedimento como produto principal de sua atividade, tica, os cidadãos confiam nas autoridades eleitas, delegando-lhes a
agora voltada para o de serviços e bem-estar. A gestão por resul- gestão dos fundos públicos – produto da coleta de seus impostos.
tados é um dos lemas que melhor representa o novo desafio. Isto Apesar de existirem muitos documentos que tratem da GpR,
não significa que não interessa o modo de fazer as coisas, apenas não existe uma definição única para ela. A maioria dos textos usa
exprime que agora é muito mais relevante o quê se faz pelo bem este termo como uma noção “guarda-chuvas”, por assim dizer. Na
da comunidade. literatura em língua espanhola é comum achar um uso indistinto de
conceitos: controle de gestão, gestão do desempenho, gestão por
Nestes últimos tempos, a Gestão Pública – como disciplina – resultados, gestão por objetivos, avaliação do desempenho, avalia-
tem abordado estes desafios novos com o auxílio da lógica geren- ção de resultados, sem uma clara diferenciação.
cial, isto é, pela racionalidade econômica que procura conseguir Trata-se, portanto, de um conceito muito amplo quanto ao seu
eficácia e eficiência. Esta lógica compartilha, mais ou menos expli- uso, interpretação e definição. A heterogeneidade da expressão e
citamente, três propósitos fundamentais: do conceito também se observa na sua aplicação operacional: os
- Assegurar a constante otimização do uso dos recursos públi- países põem em prática a GpR segundo suas próprias perspectivas.
cos na produção e distribuição de bens públicos como resposta às Um estudo para identificar o significado que lhe atribuem os
exigências de mais serviços e menos impostos, mais eficácia e mais gestores públicos de diferentes nações demonstrou que frequen-
eficiência, mais equidade e mais qualidade. temente eles empregam os mesmo termos com sentido diferente.
- Assegurar que o processo de produção de bens e serviços pú- É assim como o conceito “resultados” varia notavelmente entre as
blicos (incluindo a concessão, a distribuição e a melhoria da produ- distintas instituições públicas. Isto não ocorre na empresa privada,
tividade) seja transparente, equitativo e controlável. onde os indicadores-chave do êxito se conhecem nitidamente: ren-
- Promover e desenvolver mecanismos internos que melhorem tabilidade, benefícios, quotas de mercado etc. Muitos autores des-
o desempenho dos dirigentes e servidores públicos, e, com isso, tacam a dificuldade de determinar e avaliar os resultados da ação
fomentar a efetividade dos organismos governamentais, visando a estatal como uma das características que diferenciam a gestão do
concretização dos objetivos anteriores. setor público do privado.

Estes objetivos estão relacionados ao fator QUALIDADE, pre- Pode-se observar que a GpR possui as seguintes dimensões:
sentes nas atuais demandas cidadãs e aos quais se orienta a Ges- - É um marco conceitual de gestão organizacional, pública ou
tão por Resultados (GpR), são, conjuntamente com a democracia, o privada, em que o fator resultado se converte na referência-chave
principal pilar de legitimidade do Estado atual. Desta forma, a Nova quando aplicado a todo o processo de gestão.
Gestão Pública fornece os elementos necessários à melhoria da - É um marco de assunção de responsabilidade de gestão, por
capacidade de gerenciamento da administração pública focada na causa da vinculação dos dirigentes ao resultado obtido.
Gestão da Qualidade bem como à elevação do grau de governabili- - É um marco de referência capaz de integrar os diversos com-
dade do sistema político. ponentes do processo de gestão, pois se propõe interconectá-los
O conceito e a prática da GpR no setor público têm um grau de para otimizar o seu funcionamento.
desenvolvimento e consolidação relativamente baixo. Inicialmente, - Finalmente, e especialmente na esfera pública, a GpR se
a GpR se utilizou principalmente no setor privado, mesmo quando apresenta como uma proposta de cultura organizadora, diretora,
o governo federal dos Estados Unidos da América começou a usar de gestão, mediante a qual se põe ênfase nos resultados e não nos
algumas de suas propostas no gerenciamento de diferentes órgãos processos e procedimentos.
públicos. Somente durante o governo do presidente Nixon é que se Todas estas dimensões situam a GpR como uma ferramenta
começou a implantar no conjunto da administração pública o que cultural, conceitual e operacional, que se orienta a priorizar o resul-
passou a ser conhecida como a Nova Gestão Pública. tado em todas as ações, e que é capaz de otimizar o desempenho
Esta moderna filosofia sugere a passagem de uma gestão buro- governamental. Assim, se trata de um exercício de direção dos or-
crática a uma de tipo gerencial. ganismos públicos que procura conhecer e atuar sobre todos aque-
Na base destas novas ideias se encontrava uma preocupação les aspectos que afetem ou modelem os resultados da organização.
generalizada sobre as mudanças que o entorno exigia e sobre a im- A GpR tem, portanto, uma dimensão de controle organizacio-
periosa necessidade de repensar o papel do Estado; de melhorar a nal que convém esclarecer, pois o conceito de controle no setor
eficiência, a eficácia e a qualidade dos serviços públicos; de otimizar público possui conotações particulares derivadas, fundamental-
o desempenho dos servidores públicos e das organizações em que mente, do sistema de auditoria externa que domina nesse Estado.
trabalhavam. A ferramenta GpR não faz parte dessa concepção de controle, mas
de outro universo: o de gestão e direção estratégico/operacional,
Vários estudiosos e especialistas em gestão pública alertaram porque permite e facilita aos gerentes da administração pública
para os benefícios que o enfoque da GpR poderia trazer para este melhor conhecimento, maior capacidade de análise, desenho de al-
novo cenário. De acordo com Emery, a GpR acarreta três tipos de ternativas e tomada de decisões para que sejam alcançados os me-
considerações para a administração do setor público: lhores resultados possíveis, afinados com os objetivos pré-fixados.

347
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É importante assinalar esta diferença porque, muito embora já possuir determinado conhecimento. No setor público, podemos
a GpR seja uma boa base para uma melhor prestação de contas (e entender os requisitos dos concursos públicos como um esforço
uma maior transparência), sua função principal não é a de servir nesse sentido, particularmente para contratação de especialistas
como instrumento de controle da atuação dos gerentes públicos, como médicos ou dentistas.
mas a de proporcionar a eles um meio de monitoramento e regula-
ção que lhes garanta o exercício de suas Por conseguinte, com base nestes elementos, sugere-se a se-
guinte definição para a GpR:
A Gestão por Resultados GpR) está caracterizada por: A Gestão para Resultados é um marco conceitual cuja função é
- Uma estratégia na qual se definam os resultados esperados a de facilitar às organizações públicas a direção efetiva e integrada
por um organismo público no que se refere à mudança social e à de seu processo de criação de valor público, a fim de otimizá-lo,
produção de bens e serviços; assegurando a máxima eficácia, eficiência e efetividade de desem-
- Uma cultura e um conjunto de ferramentas de gestão orien- penho, além da consecução dos objetivos de governo e a melhora
tado à melhoria da eficácia, da eficiência, da produtividade e da contínua de suas instituições, de maneira que a excelência de quali-
efetividade no uso dos recursos do Estado para uma melhora dos dade nos serviços públicos seja de fato alcançada.
resultados no desempenho das organizações públicas e de seus
funcionários; FERRAMENTAS de Gestão da qualidade
- Sistemas de informação que permitam monitorar a ação pú-
blica, informar à sociedade e identificar o serviço realizado, ava- BENCHMARKING
liando-o; O benchmarking, introduzido em 1970 na empresa Xerox, é ca-
- Promoção da qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, racterizado como um processo contínuo e sistemático de pesquisa
mediante um processo de melhoramento contínuo; para avaliar produtos, serviços, processos de trabalho de ouras em-
- Sistemas de contratação de funcionários de gerência pública, presas, a fim de identificar quais são as melhores práticas adotadas
visando aprofundar a responsabilidade, o compromisso e a capaci- por elas. A partir dessa análise, a instituição verifica seus próprios
dade de ação dos mesmos; processos e realiza o aprimoramento organizacional, desenvolven-
- Sistemas de informação que favoreçam a tomada de decisões do a habilidade dos administradores de visualizar no mercado as
dos que participam destes processos. melhores práticas administrativas das empresas consideradas ex-
celentes (benchmarks) em certos aspectos.
Implantação da Gestão por Resultados A meta é definir objetivos de gestão e legitimá-los por meio
Após a tomada de decisão referente adoção da gestão por re- de comparações externas. A comparação costuma ser um saudá-
sultados e também às alternativas para atingir os objetivos, a etapa vel método didático, pois desperta para as ações que as empresas
seguinte é a implantação do modelo. Nessa etapa, compete ao ges- excelentes estão desenvolvendo e que servem de lição. A base do
tor coordenar a implantação, procurando vincular dinamicamente benchmarking é não fechar-se em si mesma, no caso da empresa,
os recursos aos objetivos. Para tanto, a função de coordenação mas sim observar e avaliar constantemente o mundo exterior.
pode ser empreendida por outro conjunto de mecanismos, que se-
gundo Mintzberg (2001) são os seguintes: Segundo Chiavenato, o benchmarking exige três objetivos que
- Ajustamento mútuo - típico de tarefas que envolvem grupos a organização precisa definir:
pequenos, a coordenação é obtida pelo simples processo de comu- • Conhecer suas operações e avaliar seus pontos fortes e fra-
nicação informal. São realizadas reuniões com o objetivo de discutir cos. Deve documentar os passos e práticas de processos de traba-
os processos de trabalho, ajustando-os quando necessário; lho, definir medidas de desempenho e diagnosticar suas fragilida-
- Supervisão direta - segundo este mecanismo, uma pessoa ou des.
organização coordena o processo, por meio de instruções, cobran- • Localizar e conhecer os concorrentes ou organizações líderes
ças, alocação de recursos, etc; do mercado, para poder definir as habilidades, conhecendo seus
- Padronização de normas - significa que os funcionários com- pontos fortes e fracos e compará-los com seus próprios pontos for-
partilham um conjunto de crenças e valores; é exposta a compreen- tes e fracos.
são de cada um em relação às normas, com o objetivo de criar uma • Incorporar o melhor do melhor adotando os pontos fortes
ideia coletiva de conduta, obtendo, informalmente, a coordenação dos concorrentes e, se possível, excedendo-os e ultrapassando-os.
a partir delas; A principal barreira à adoção dessa ferramenta é convencer os ad-
- Padronização de processos - refere-se à prescrição do conte- ministradores de que seus desempenhos podem ser melhorados.
údo do trabalho por meio de procedimentos, normalmente escri- Isso requer uma paciente abordagem e apresentação de evidências
tos, a serem seguidos. Trata-se do mapeamento dos processos e de melhores métodos utilizados por outras organizações.
da manualização dos procedimentos. Na iniciativa privada, é muito
comum em programas de qualidade, como aqueles promovidos BRAINSTORMING
pela International Organization for Standardization com a série ISO- O brainstorming, desenvolvido em 1930 por Alex F. Osborn,
9000. No caso das organizações públicas, podemos associar esta busca, a partir da criatividade de um grupo, a geração de ideias
padronização às regras formais burocráticas ou à própria legislação; para um determinado fim.
- Padronização de resultados - trata-se da especificação dos A técnica propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez
resultados a serem atingidos, em substituição à especificação dos pessoas) se reúna e se utilize das diferenças em seus pensamentos
meios como os procedimentos ou habilidades; e ideias para que possa chegar a um denominador comum eficaz e
- Padronização de habilidades - refere-se à designação de pes- com qualidade.
soal qualificado, já possuidor de determinada habilidade adequada É preferível que as pessoas que se envolvam nesse método se-
ao trabalho a ser feito. Não é o trabalho, mas o funcionário que jam de setores e competências diferentes e nenhuma ideia é des-
é padronizado. A coordenação é obtida em razão do funcionário cartada ou julgada como errada ou absurda. O ambiente deve ser

348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
encorajador e sem críticas para os participantes ficarem a vonta- Esta técnica utiliza uma abordagem de classificação para enu-
de e deve ser incentivado o trabalho em grupo. Pegar carona nas merar as causas de acordo com suas contribuições para atingir um
ideias dos outros deve ser incentivado. dado efeito. A causa mais recorrente é vista do lado esquerdo do
diagrama e as causas menos recorrentes são mostradas em ordem
As quatro principais regras do brainstorming são: decrescente do lado direito. Em geral, a melhoria inicia-se a partir
• Críticas são rejeitadas, pois a crítica pode inibir a participação da causa mais recorrente, indo para as outras em ordem decrescen-
das pessoas; te e assim por diante.
• Criatividade é bem-vinda. Vale qualquer ideia que lhe venha
a mente, sem preconceitos e sem medo que isso irá prejudicar. DIAGRAMA DE ISHIKAWA
Uma ideia esdrúxula pode desencadear ideias inovadoras; Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica utilizada pela
• Quantidade é necessária. Quanto mais ideias forem geradas, administração para o gerenciamento e o controle da qualidade em
maior é a chance de se encontrar uma boa ideia; diversos processos, e também é conhecido como Diagrama de Cau-
• Combinação e aperfeiçoamento são necessários. sa e Efeito ou Diagrama Espinha de peixe.
Na sua estrutura, os problemas são classificados em seis tipos
O brainstorming pode ser feito de duas formas: estruturado ou diferentes:
não estruturado. • Método,
• No brainstorming ESTRUTURADO - os participantes lançam • Matéria prima,
ideias seguindo uma sequência inicialmente estabelecida. Quando • Mão de obra,
chega a sua vez, você lança a sua ideia. A vantagem desta forma é • Máquinas,
que propicia oportunidades iguais a todos os participantes, geran- • Medição
do maior envolvimento. • Meio ambiente.
• No brainstorming NÃO ESTRUTURADO - as ideias são lança-
das aleatoriamente, sem uma sequencia inicialmente definida. Isso Esse sistema permite estruturar hierarquicamente as causas
cria um ambiente mais informal, porém com risco dos mais falantes potenciais de um determinado problema ou também uma oportu-
dominarem a cena. nidade de melhoria, assim como seus efeitos sobre a qualidade dos
produtos.
BRAINWRITING O Diagrama de Ishikawa é uma das ferramentas mais eficazes
É uma variação do brainstorming, em que as ideias são escri- e mais utilizadas nas ações de melhoria e controle de qualidade nas
tas, trazendo ordem e calma ao processo. Evita efeitos negativos de organizações, permitindo agrupar e visualizar as várias causas que
reuniões, como a influência da opinião de coordenadores e chefes, estão na origem qualquer problema ou de um resultado que se pre-
ou a dificuldade em verbalizar rapidamente as ideias. tende melhorar.

MATRIZ GUT 5W2H


A Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) é uma forma A ferramenta 5W2H é uma forma rápida de verificação de
de priorização baseado em medidas ou observações subjetivas. As execução de tarefas a serem distribuídas aos colaboradores da em-
letras têm o seguinte significado: presa. Funciona como um mapeamento das atividades e pode ser
• G (gravidade) – impacto do problema sobre os processos, usada de várias formas: para organizar tarefas, escrever um texto,
pessoas, resultados. Refere-se ao custo por deixar de tomar uma enviar um email ou escrever um. A grande vantagem é criar um
ação que poderia solucionar o problema; mecanismo de comunicação eficaz uma vez que, se preenchidas as
• U (urgência) - relaciona-se com o tempo disponível ou o ne- questões, teremos tudo o que é preciso para em termos de dados.
cessário para resolver o problema; A sigla 5W2H representa:
• T (tendência) – refere-se ao rumo ou propensão que o pro- - O QUÊ será feito (what)
blema assumirá se nada for feito para eliminar o problema. - QUANDO será feito (when)
- QUEM fará (who)
A filosofia do GUT é atribuir notas de 1 a 5 para cada uma das - ONDE será feito (where)
variáveis G, U e T dos problemas listados e tomar o produto como o - POR QUÊ será feito (why)
peso relativo do problema. - COMO será feito (how)
O método deve ser desenvolvido em grupo, sendo as notas - QUANTO custará (how much)
atribuídas por consenso. Consenso é a concordância obtida pela
argumentação lógica. Uma vez obtidas as notas, os problemas são PROGRAMA 5S
organizados em ordem decrescente. O Programa 5S, originário no Japão, é considerado um pré-re-
quisito para qualquer programa de Gestão da Qualidade Total. O
PRINCÍPIO DE PARETO 5S foca o ambiente de trabalho da organização a fim de simplificar
O diagrama de Pareto é uma técnica de priorização das in- o ambiente de trabalho e reduzir o desperdício. Como resultado,
formações, dando uma ordem hierárquica de importância. Esta ocorre melhoria no aspecto de qualidade e segurança. O ambiente
técnica permite estabelecer dois grupos de causas para a maioria se torna limpo, organizado, evitando a perda de tempo e o desper-
dos processos. Uma grande quantidade de causas (ordem de 80%) dício de material.
contribui muito pouco (ordem de 20%) para os efeitos observados. Assim, o resultado da implantação dessa ferramenta será o
Uma pequena quantidade de causas (ordem de 20%) contribui de menor desperdício, melhor qualidade e ganhos expressivos na ad-
forma preponderante (ordem de 80%) para os efeitos observados. ministração do tempo.
O primeiro grupo é denominado “maiorias triviais” e o segundo
grupo de “minorias essenciais”.

349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A sigla 5S refere-se na realidade a 5 letras iniciais de palavras operacionais, objetivando a redução de etapas, inovação em cada
japonesas: uma delas, minimizando tempo e, melhor ainda, a eliminação de
• Seiri - Descartar normas de procedimento.
• Seiton - Organizar Os prestadores de serviços devem ter consciência que usam a
• Seiso - Limpar mais valiosa das matérias-primas - o tempo - a única que não tem
• Seiketsu - Saudável e seguro reposição. A excelência dos serviços públicos, especialmente em
• Shitsuke – Autodisciplina educação e saúde, é a melhor das estratégias para reduzir a desi-
gualdade social.
REENGENHARIA A chave da eficácia também pode ser encontrada na redução
A reengenharia pode ser considerada uma reação às mudanças das atividades-meios e na eliminação das formalidades que não
ambientais velozes e intensas e à total inabilidade das organizações agregam valores às atividades-fins. O maior desafio da classe políti-
em ajustar-se a essas mudanças. Significa fazer uma nova engenha- ca e dos gestores públicos é transformar uma instituição mecânica,
ria da estrutura organizacional. em orgânica. Gestão transparente, interativa e que coloque o cida-
Representa uma reconstrução e não simplesmente uma refor- dão em primeiro lugar - é um modelo exemplar. Os profissionais de
ma parcial da empresa. Não se trata de fazer reparos rápidos ou Recursos Humanos, dos órgãos públicos, têm a gratificante missão
mudanças cosméticas na engenharia atual, mas de fazer um dese- de dinamizar os programas de capacitação funcional, focando a ex-
nho organizacional totalmente novo e diferente. celência organizacional.
A reengenharia se baseia nos processos empresariais e consi- Enquanto as organizações privadas são custeadas pela comer-
dera que eles devem fundamentar o formato organizacional. Não cialização de produtos e serviços, as organizações públicas são cria-
se pretende melhorar os processos já existentes, mas a sua total das por lei e custeadas pelos impostos e taxas pagas pelos cidadãos,
substituição por processos inteiramente novos. Nem se pretende ai se incluem todos os órgãos e suas diversas unidades organizacio-
automatizar os processos já existentes. Não se confunde com a me- nais, em todos os poderes e níveis de governo. Espera-se que elas
lhoria contínua, pois a reengenharia pretende criar um processo sejam bem administradas e possam cumprir as suas finalidades,
inteiramente novo e baseado na tecnologia da informação e não o pois representam os interesses da coletividades e exercem ações
aperfeiçoamento gradativo e lento do processo atual. decorrentes das funções do Estado.
Num mundo globalizado ampliam-se as exigências de uma ad-
Segundo Chiavenato, a reengenharia se fundamenta em qua- ministração de qualidade e refinada, no sentido do uso de técnicas
tro palavras chave: e metodologias que contribuam para a implantação do desenvolvi-
• Fundamental – busca reduzir a organização ao essencial e mento social baseado em resultados efetivos.
fundamental. A busca da excelência organizacional deve nortear a adminis-
• Radical – impõe uma renovação radical, desconsiderando as tração pública, por meio do desempenho aprimorado das funções
estruturas e os procedimentos atuais para inventar novas maneiras administrativas. Pensar no aprimoramento dessas funções é pensar
de fazer o trabalho. no conjunto das organizações do Setor Público e de forma sistê-
• Drástica – destrói o antigo e busca sua substituição por algo mica. Reconhecer que ações de aprimoramento deve envolver to-
inteiramente novo. dos os níveis organizacionais, todas as unidades administrativas de
• Processos – orienta o foco para os processos e não mais para modo a obter um comprometimento estratégico.
as tarefas ou serviços, nem para pessoas ou para a estrutura orga-
nizacional. Sob o ponto de vista formal, uma organização empresarial con-
siste em um conjunto de encargos funcionais e hierárquicos, orien-
Excelência nos Serviços Públicos tados para o objetivo econômico de produzir bens ou serviços. A
Um dos fatores que mais provoca perda de produtividade nos estrutura orgânico deste conjunto de encargos está condicionada à
serviços públicos é o excesso de burocracia, que além de não impe- natureza do ramo de atividade, aos meios de trabalho, às circuns-
dir corrupções e fraudes, tem inibido o desempenho das empresas, tâncias sócioeconômicas da comunidade e à maneira de conceber
motivado a sonegação fiscal e incentivado a informalidade. a atividade empresarial. As principais características da organização
Um dos maiores entraves para a melhoria dos serviços públi- formal são:
cos no Brasil era a maneira secundária com que a administração 1. Divisão do Trabalho;
pública encarava a necessidade da formação de quadros e de uma 2. Especialização;
profissionalização muito mais intensa. Enquanto o Brasil não fizesse 3. Hierarquia;
a reforma administrativa para modernizar a administração pública. 4. Distribuição da autoridade e da responsabilidade;
Baseado nos princípios constitucionais que regem a adminis- 5. Racionalismo.
tração pública (legalidade, impessoalidade, publicidade, moralida-
de e eficiência), é dever do servidor prezar pela prestação de servi- 1. Divisão do Trabalho
ços de qualidade. Para a excelência pode ser atingida por meio de O objetivo imediato e fundamental de todo e qualquer tipo de
avaliação de desempenho e produtividade. Esse modelo foi implan- organização é a produção. Para ser eficiente, a produção deve ba-
tado pelo governo de São Paulo e pode ser usado como ferramenta sear-se na divisão do trabalho, que nada mais é do que a maneira
na busca da excelência do serviço público. pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma
Agregar valor na gestão pública significa investir em projetos série de pequenas tarefas. O procedimento de dividir o trabalho co-
que aumentem a produtividade oferecendo à população um dos meçou a ser praticado mais intensamente com o advento da Revo-
mais valiosos bens da atualidade - a praticidade. Os ganhos em pro- lução Industrial, provocando uma mudança radical no conceito de
dutividade passam por uma revisão de cada detalhe dos processos produção, principalmente no fabrico maciço de grandes quantida-
des através do uso da máquina, substituindo o artesanato, e o uso
do trabalho especializado na linha de montagem. O importante era

350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que cada pessoa pudesse produzir o máximo de unidades dentro de formulação orgânica de um conjunto lógico de encargos funcionais
um padrão aceitável, objetivo que somente poderia ser atingido au- e hierárquicos está baseada no princípio de que os homens vão fun-
tomatizando a atividade humana ao repetir a mesma tarefa várias cionar efetivamente de acordo com tal sistema racional.
vezes. Essa divisão do trabalho foi iniciada ao nível dos operários De qualquer forma, via de regra, toda organização se estrutura
com a Administração Científica no começo deste século. a fim de atingir os seus objetivos, procurando com a sua estrutu-
ra organizacional a minimização de esforços e a maximização do
2. Especialização rendimento. Em outras palavras, o maior lucro, pelo menor custo,
A especialização do trabalho proposta pela Administração dentro de um certo padrão de qualidade. A organização, portanto,
Científica constitui uma maneira de aumentar a eficiência e de di- não é um fim, mas um meio de permitir à empresa atingir adequa-
minuir os custos de produção. Simplificando as tarefas, atribuindo a damente determinados objetivos.
cada posto de trabalho tarefas simples e repetitivas que requeiram
pouca experiência do executor e escassos conhecimentos prévios, Departamentalização
reduzem-se os períodos de aprendizagem, facilitando substituições Quando uma empresa é pequena e constituída de poucas pes-
de uns indivíduos por outros, permitindo melhorias de métodos de soas, nenhum arranjo formal para definir e agrupar as suas ativi-
incentivos no trabalho e, consequentemente, aumentando o rendi- dades é necessário. As pequenas empresas não requerem diferen-
mento de produção. ciação ou especialização para distinguir o trabalho de uma pessoa
ou unidade dos demais. Mas, à medida que as empresas se tornam
3. Hierarquia maiores e envolvem atividades mais diversificadas, elas são força-
Uma das consequências do princípio da divisão do trabalho é a das a dividir as principais tarefas empresariais e transformá-las em
diversificação funcional dentro da organização. Porém, uma plura- responsabilidades departamentais ou divisionais.
lidade de funções desarticuladas entre si não forma uma organiza- Departamento designa uma área, divisão ou um segmento dis-
ção eficiente. Como decorrência das funções especializadas, surge tinto de uma empresa sobre o qual um administrador (seja diretor,
inevitavelmente a de comando, para dirigir e controlar todas as gerente, chefe, supervisor etc) tem autoridade para o desempenho
atividades para que sejam cumpridas harmoniosamente. Portanto, de atividades específicas. Assim, um departamento ou divisão é
a organização precisa, além de uma estrutura de funções, de uma empregado com um significado genérico e aproximativo: pode ser
estrutura hierárquica, cuja missão é dirigir as operações dos níveis um órgão de produção, uma divisão de vendas, a seção de conta-
que lhes estão subordinados. Em toda organização formal existe bilidade, a unidade de pesquisa e desenvolvimento ou o setor de
uma hierarquia. Esta divide a organização em camadas ou escalas compras. Em algumas empresas, a terminologia departamental
ou níveis de autoridade, tendo os superiores autoridade sobre os é levada a sério e indica relações hierárquicas bem definidas: um
inferiores. À medida que se sobe na escala hierárquica, aumenta a superintendente cuida de uma divisão; um gerente de um depar-
autoridade do ocupante do cargo. tamento; um chefe de uma seção; um supervisor de um setor. Em
outras empresas, a terminologia é simplesmente casual e pouco or-
4. Distribuição da Autoridade e da Responsabilidade denada. Daí a dificuldade de uma terminologia universal.
A hierarquia na organização formal representa a autoridade e O desenho departamental decorre da diferenciação de ativida-
a responsabilidade em cada nível da estrutura. Por toda a organi- des dentro da empresa. À medida que ocorre a especialização com
zação, existem pessoas cumprindo ordens de outras situadas em o trabalho e o aparecimento de funções especializadas, a empresa
níveis mais elevados, o que denota suas posições relativas, bem passa a necessitar de coordenação dessas diferentes atividades,
como o grau de autoridade em relação às demais. A autoridade é, agrupando-as em unidades maiores. Daí o princípio da homogenei-
pois, o fundamento da responsabilidade, dentro da organização dade: as funções devem ser atribuídas a unidades organizacionais
formal, ela deve ser delimitada explicitamente. De um modo geral, na base da homogeneidade de conteúdo, no sentido de alcançar
a generalidade do direito de comandar diminui à medida que se vai operações mais eficientes e econômicas. As funções são homogê-
do alto para baixo na estrutura hierárquica. neas na medida em que o seu conteúdo apresente semelhanças
Fayol dizia que a “autoridade” é o direito de dar ordens e o po- entre si. O desenho departamental é mais conhecido como depar-
der de exigir obediência, conceituando-a, ao mesmo tempo, como tamentalização ou divisionalização. A departamentalização é uma
poder formal e poder legitimado. Assim, como a condição básica característica típica das grandes empresas e está relacionada com o
para a tarefa administrativa, a autoridade investe o administrador tamanho da empresa e com a natureza de suas operações. Quando
do direito reconhecido de dirigir subordinados, para que desempe- a empresa cresce, as suas atividades não podem ser supervisiona-
nhem atividades dirigidas pra a obtenção dos objetivos da empre- das diretamente pelo proprietário ou pelo diretor. Essa tarefa de
sa. A autoridade formal é sempre um poder, uma faculdade, con- supervisão pode ser facilitada atribuindo-se a diferentes departa-
cedidos pela organização ao indivíduo que nela ocupe uma posição mentos a responsabilidade pelas diferentes fases ou aspectos dessa
determinada em relação aos outros. atividade.

5. Racionalismo da Organização Formal O desenho departamental ou departamentalização apresenta


Uma das características básicas da organização formal é o ra- uma variedade de tipos.Os principais tipos de departamentalização
cionalismo. Uma organização é substancialmente um conjunto de são:
encargos funcionais e hierárquicos a cujas prescrições e normas a)funcional;
de comportamento todos os seus membros se devem sujeitar. O b)por produtos e serviços;
princípio básico desta forma de conceber uma organização é que, c)por base territorial;
dentro de limites toleráveis, os seus membros se comportarão d) por clientela:
racionalmente, isto é, de acordo com as normas lógicas de com- e) por processo;
portamento prescritas para cada um deles. Dito de outra forma, a f) por projeto;
g) matricial.

351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A gestão privada prioriza o econômico-mercantil e desenvolve Da mesma forma, esta mudança afetou o sistema de controle
seus instrumentos e processos de gestão sempre dando prioridade da ação do Estado; está-se migrando da exigência de rigor nos pro-
às finalidades de ordem econômica, sobretudo mercadológica. cedimentos para a exigência de resultados – inerente a um Estado
A gestão pública tem como atribuição a gestão de necessida- que se apresenta como provedor de serviços, capacitador de de-
des do social, principalmente por meio das chamadas políticas pú- senvolvimento e fornecedor de bem-estar. Desta troca de missão
blicas e políticas sociais. se deriva uma variação na posição do cidadão perante o Estado.
Gestão pública refere-se às funções de gerência pública dos O cidadão comum se preocupa em assegurar-se uma correta
negócios do governo. e burocrática (homogênea, idêntica e não discricionária) aplicação
De uma maneira sucinta, pode-se classificar o agir do adminis- da lei e da norma. O cidadão-usuário se interessa por conseguir o
trador público em três níveis distintos: melhor retorno fiscal – enquanto bens coletivos.
a) atos de governo, que situam-se na órbita política; Vê-se, pois, que o Estado deve deslocar sua atenção, antes co-
b) atos de administração, atividade neutra, vinculada à lei; e locada no procedimento como produto principal de sua atividade,
c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parâmetro agora voltada para o de serviços e bem-estar. A gestão por resul-
básicos: tados é um dos lemas que melhor representa o novo desafio. Isto
I - tradução da missão; não significa que não interessa o modo de fazer as coisas, apenas
II - realização de planejamento e controle; exprime que agora é muito mais relevante o quê se faz pelo bem
III - administração de recursos humanos, materiais, tecnológi- da comunidade.
cos e financeiros;
IV - inserção de cada unidade organizacional no foco da orga- Nestes últimos tempos, a Gestão Pública – como disciplina –
nização; e tem abordado estes desafios novos com o auxílio da lógica geren-
V - tomada de decisão diante de conflitos internos e externos. cial, isto é, pela racionalidade econômica que procura conseguir
Portanto, fica clara a importância da gestão pública na realiza- eficácia e eficiência. Esta lógica compartilha, mais ou menos expli-
ção do interesse público, porque é ela que vai viabilizar o controle citamente, três propósitos fundamentais:
da eficiência do Estado na realização do bem comum estabelecido • Assegurar a constante otimização do uso dos recursos pú-
politicamente e normatizado administrativamente. blicos na produção e distribuição de bens públicos como resposta
No que tange a gestão por resultados, temos que a sociedade às exigências de mais serviços e menos impostos, mais eficácia e
demanda – de modo insistente – a necessidade de promover um mais eficiência, mais equidade e mais qualidade.
crescimento constante da produtividade no ambiente público, exi- • Assegurar que o processo de produção de bens e serviços
gindo a redução da pressão fiscal e o incremento, ao mesmo tem- públicos (incluindo a concessão, a distribuição e a melhoria da pro-
po, da produção de bens públicos. O resultado se transforma, as- dutividade) seja transparente, equitativo e controlável.
sim, em um instrumento-chave para a valorização da ação pública; • Promover e desenvolver mecanismos internos que me-
e a gestão para resultados e do resultado surge como instrumento lhorem o desempenho dos dirigentes e servidores públicos, e, com
e objetivo da melhoria e modernização da administração pública. isso, fomentar a efetividade dos organismos governamentais, vi-
As especificidades nacionais, a natureza abrangente do concei- sando a concretização dos objetivos anteriores.
to gestão para resultados – derivada da própria lógica integrado-
ra do processo de gestão – e a enorme quantidade de produção PRINCIPAIS TEÓRICOS e suas contribuições para a gestão da
teórica, conceitual, operacional e experimental existente sobre o qualidade.
tema, convidam e obrigam à mais absoluta humildade em qualquer Qualidade é o atendimento das exigências do cliente. Segundo
tentativa de aproximação ao tema. Edwards Deming, a qualidade deve ter como objetivo as necessida-
O Estado tem passado a desempenhar um papel-chave como des do usuário, presentes e futuras. Para Juran, representa a quali-
produtor de valor público, e como tal tem priorizado a criação de dade como a adequação à finalidade ou ao uso.
condições para o desenvolvimento e o bem-estar social, além da O importante é entender que por trás de vários conceitos de
produção de serviços e da oferta de infra-estrutura. qualidade está sempre a figura do cliente, que pode ser interno ou
Esta mudança na função do Estado tem transformado várias externo à organização.
frentes da administração pública, pela exigência cada vez mais con- Destaca-se que enquanto a MELHORIA CONTÍNUA da quali-
tundente dos cidadãos que exercem também o papel de usuários dade é aplicável no nível operacional da instituição, a QUALIDADE
dos serviços. TOTAL estende o conceito da qualidade para toda a organização,
A crise fiscal do modelo anterior, uma vez esgotado o período abrangendo todos os níveis da organização, desde o pessoal de es-
de esplendor do Estado do Bem-Estar, tem trazido novos proble- critório e do chão da fábrica até a cúpula da administração em um
mas. Dentre eles, destaca-se a crescente necessidade de atender envolvimento total.
uma demanda irrefreável de bens públicos de boa qualidade, típica Tanto a melhoria contínua como a qualidade total são abor-
do Estado de Bem-Estar, porém hoje acompanhada da exigência dagens incrementais para se obter excelência em qualidade dos
de diminuir a pressão fiscal – inclusive naqueles casos em que ain- produtos e processos, ou seja, sempre visando ao atendimento do
da persiste um modelo de estado anterior ao de bem-estar. Esta objetivo principal que é a satisfação do cliente. O objetivo é fazer
substituição de missão trouxe muitos desafios ao Estado, entre os acréscimo de valor continuamente.
quais a redefinição dos conceitos de administração, gestão pública William Edwards Deming, norte-americano, foi um renomado
e valor público. estatístico e participou, junto com Joseph Juran, das palestras aos
Além disso, essas transformações têm afetado profundamente empresários japoneses e colaborou de forma significativa na mu-
as práticas dos dirigentes públicos (políticos e gerentes) e a teoria dança da economia e posição global do Japão. Destacou-se como o
na qual fundamentavam suas ações. responsável pelo desenvolvimento de indústrias japonesas no pe-
ríodo do pós-guerra e o responsável pela disseminação de muitas
das técnicas de gerenciamento da qualidade.

352
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Entre seus estudos, é importante conhecer os 14 princípios • Fazer certo na primeira vez – É mais economicamente vanta-
para a produtividade gerencial que visa ao programa de melhoria joso fazer certo logo na primeira vez do que ter retrabalho refazen-
contínua da organização. Preste bastante atenção e entenda cada do o que foi feito de forma incorreta.
item porque é cobrado em prova.
Crosby propõe uma sequência de passos para a implantação de
Seguem os 14 princípios de Deming: um programa de melhoria da qualidade:
1. Criar e publicar para todas as pessoas os objetivos e pro- 1. Compromisso da Alta Direção em relação ao programa de
pósitos da empresa quanto à melhoria do produto ou serviço. A qualidade. A Direção da organização deve estar convencida da ne-
alta direção deve demonstrar constantemente seu total apoio ao cessidade da melhoria da qualidade e exprimi-lo claramente atra-
programa. vés de um documento escrito que defina a política de qualidade da
2. A alta administração e todas as pessoas devem aprender e organização. Deve exprimir o que cada um deve fazer para respon-
adotar a nova filosofia: não mais conviver com atrasos, erros e de- der às necessidades dos clientes.
feitos no trabalho. 2. Criar as equipes de melhoria da qualidade. A Direção deve
3. Conhecer os propósitos da qualidade, para melhorar os pro- estabelecer uma equipe para supervisionar a melhoria da qualida-
cessos e reduzir os custos. Deve-se investir na prevenção de defei- de em todos os departamentos. O papel da equipe é avaliar o que
tos, em vez de investir na correção. é necessário em cada departamento e levar a cabo tudo o que res-
4. Suspender a prática de fazer negócios apenas na base do peita à política geral da qualidade da organização.
preço. 3. Criar os indicadores da qualidade que devem ser introduzi-
5. Melhorar sempre e constantemente o sistema de produ- dos de forma a identificar as necessidades de melhoria.
ção e serviços, identificando e solucionando problemas. A maneira 4. Avaliação do custo da não qualidade. As equipes da melhoria
como os produtos são fabricados e os serviços produzidos deve ser da qualidade deverão fazer uma estimativa dos custos da não quali-
alvo de constantes melhorias. dade como, por exemplo, despesas com retrabalhos, despesas com
6. Instituir treinamento no trabalho. Deve-se treinar constan- trocas, de forma a identificar zonas prioritárias em que as ações
temente a força de trabalho, de modo a valorizá-la e capacitá-la serão imediatamente rentáveis.
com as metodologias e ferramentas mais adequadas ao sucesso da 5. Tomada de consciência das necessidades da qualidade. Os
organização. funcionários deverão compreender a importância do respeito pelas
7. Ensinar e instituir liderança para conduzir pessoas na pro- especificações e o custo das não conformidades.
dução. 6. Adotar as ações corretivas para os problemas identificados
8. Eliminar o medo de errar. Criar a confiança e um clima para na fase 4. Uma vez identificados os custos da não qualidade, deve-
a inovação. Proporcionar um ambiente no qual os colaboradores rão ser adotadas ações para eliminá-los.
sintam-se seguros para contribuir com sugestões e críticas para a 7. Planejar um programa “zero defeitos” que tem a finalidade
melhoria da qualidade. de fortalecer a cultura do fazer certo da primeira vez.
9. Incentivar grupos e equipe para alcançar os objetivos e pro- 8. Formação dos responsáveis e inspetores. Desde o início do
pósitos da empresa. programa, aos diferentes níveis de responsabilidade, os dirigentes
10. Demolir as barreiras funcionais entre departamentos. devem ser formados para implementar o que lhes compete no pro-
11. Eliminar exortações à produtividade sem que os métodos grama global de melhoria da qualidade.
não tenham sido providenciados. 9. Instituir “um dia zero defeitos” para que o conjunto dos fun-
12. Remover as barreiras que impedem as pessoas de orgulhar- cionários da organização seja sensibilizado nas novas normas de
-se do seu trabalho. Os colaboradores que venham a se destacar desempenho.
e busquem contribuir de maneira significativa para a melhoria do 10. Definição dos objetivos. Para transformar os compromissos
desempenho organizacional devem ser publicamente reconhecidos em ação os indivíduos e os grupos devem ser encorajados a esta-
pelo seu empenho. belecerem metas de aperfeiçoamento. Para isso, cada responsável
13. Encorajar a educação e o auto aperfeiçoamento de cada define, com os membros da sua equipa, os objetivos específicos a
pessoa. Instituir um forte programa de educação e auto aprimora- atingir cujos resultados sejam mensuráveis. Estes objetivos podem
mento. ser do conhecimento de todos e o seu progresso pode ser avaliado
14. Garantir a ação necessária para acompanhar essa transfor- em reuniões regulares.
mação. Todos na organização devem se empenhar para o sucesso 11. Eliminar as causas dos erros. Os empregados devem ser en-
das transformações em prol da qualidade. corajados a comunicar as dificuldades que têm em atingir as suas
metas de aperfeiçoamento e na remoção das causa de erros.
Philip Crosby nasceu nos Estados Unidos em 1926 e pregava 12. Reconhecimento. Deve ser manifestado publicamente o
que a prevenção de problemas é economicamente mais rentável reconhecimento àqueles que atingem os seus objetivos de forma
do que ser competente para resolvê-los após ocorrerem. A ênfase regular.
deveria ser na prevenção e não na inspeção. 13. Implantar os círculos de qualidade. Os especialistas em
Qualidade e as pessoas particularmente motivadas pelo progresso
Destacam-se alguns conceitos apresentados por ele: da melhoria da qualidade devem-se encontrar regularmente a fim
• Zero Defeitos – Não significa que todos os produtos serão de trocarem ideias e experiências.
perfeitos. Representa que a Alta Direção deverá assumir um com- 14. Recomeçar e progredir sempre. Reiniciar o ciclo para dar
promisso de que se esforçará e fornecerá todas as condições ne- continuidade ao programa. O conjunto de passos anteriores deve
cessárias para que todos na organização busquem a conformidade ser iniciado com regularidade, o que renova o compromisso dos
com os requisitos já na primeira vez. antigos funcionários e introduz os novos no processo.

353
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Joseph M. Juran, junto com Deming, foi um dos responsáveis Também foram estabelecidos quatro eixos estratégicos com o
pelo reerguimento da economia japonesa pós-guerra. intuito de pôr a FNQ à frente de suas congêneres mundiais:
Para o autor, os pontos fundamentais da gestão da qualidade ••• Efetividade no cumprimento da missão
são: ••• Sustentabilidade financeira
• O planejamento da qualidade ••• Capacidade de promover a evolução do Modelo de Exce-
• A melhoria da qualidade lência de Gestão (MEG)
• O controle da qualidade ••• Reconhecimento pela sociedade
Considerava a qualidade como o resultado do desempenho do
produto que satisfaz o cliente, ou seja, a satisfação do cliente em Os processos de transformação da FNQ contaram com três eta-
relação ao produto passa a fazer parte do planejamento da quali- pas:
dade. ••• De 1991 a 1996 - desenvolver estrutura e conquistar cre-
dibilidade baseada em sólidos conceitos e critérios de avaliação da
Armand Vallin Feigenbaun nasceu em 1922 e destacou-se gestão das organizações;
como um dos importantes pensadores da qualidade. Nos anos 50, ••• De 1997 a 2003 - consolidar o PNQ como marco referencial
definiu o que seria o controle da qualidade total como um sistema para a Excelência em Gestão no País;
eficiente para a integração do desenvolvimento da qualidade, da ••• Desde 2004 - conscientizar profissionais e empresários de
manutenção da qualidade e dos esforços de melhoramento da qua- todo o Brasil da importância de uma gestão eficaz e disseminar os
lidade dos diversos grupos numa organização, para permitir produ- conceitos e fundamentos da excelência que fazem parte do Modelo
tos e serviços mais econômicos que levem em conta a satisfação de Excelência da Gestão
total do consumidor. O MODELO DE EXCELÊNCIA DA GESTÃO (MEG) da FNQ possui
Destacam-se algumas de suas ideias sobre qualidade: uma visão sistêmica da gestão organizacional.
• É um instrumento estratégico para a organização É um modelo baseado em 11 fundamentos e 8 critérios. Pode-
• É uma filosofia de gestão, um compromisso com a Excelência mos definir os fundamentos como os pilares, a base teórica de uma
• É o único objetivo da organização boa gestão. Esses fundamentos são colocados em prática por meio
• A qualidade é determinada pelos clientes dos oito critérios.
• Pressupõe trabalho em grupo ••• Fundamentos: pensamento sistêmico; aprendizado organi-
• A qualidade exige o compromisso da Alta Direção zacional; cultura de inovação; liderança e constância de propósitos;
• A qualidade exige empowerment (Significa dar poder de ação orientação por processos e informações; visão de futuro; geração
aos escalões mais baixos da estrutura organizacional, incentivando de valor; valorização de pessoas; conhecimento sobre o cliente e o
a autonomia e a descentralização. É importante frisar que indivídu- mercado; desenvolvimento de parcerias e responsabilidade social.
os com empowerment precisam conhecer a missão organizacional ••• Critérios: liderança; estratégias e planos; clientes; socieda-
a fim de atingir os objetivos da instituição). de; informações e conhecimento; pessoas; processos e resultados.
A figura representativa do MEG simboliza a organização, con-
MODELO DA FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE. siderada como um sistema orgânico e adaptável ao ambiente ex-
A FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, muito conhecida terno. O MEG é representado pelo diagrama acima, que utiliza o
pela sigla FNQ, é uma entidade privada e sem fins lucrativos que conceito de aprendizado segundo o ciclo de PDCA (Plan, Do, Check,
foi criada em 1991 por representantes de organizações brasileiras Action).
dos setores público e privado. Sua principal função era administrar O sucesso de uma organização está diretamente relacionado à
o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) e as atividades decorrentes sua capacidade de atender às necessidades e expectativas de seus
do processo de premiação em todo o território nacional, bem como CLIENTES. Elas devem ser identificadas, entendidas e utilizadas para
fazer a representação institucional externa do PNQ nos fóruns in- que se crie o valor necessário para conquistar e reter esses clientes.
ternacionais. É importante compreender que o PNQ é um prêmio Para que haja continuidade em suas operações, a empresa
que reconhece à excelência da gestão das organizações. também deve identificar, entender e satisfazer as necessidades e
Em 2004, ao completar 13 ciclos de premiação, a até então expectativas da SOCIEDADE e das comunidades com as quais in-
chamada de FPNQ - Fundação para o Prêmio Nacional da Qualida- terage sempre de forma ética, cumprindo as leis e preservando o
de - havia cumprido seu papel inicial, voltado ao estabelecimento ambiente.
do PNQ, seguindo as melhores práticas internacionais. Em 2005, a De posse de todas essas informações, a LIDERANÇA estabelece
FPNQ lançou projeto a fim de se tornar um dos principais centros os princípios da organização, pratica e vivencia os fundamentos da
mundiais de estudo, debate e irradiação de conhecimento sobre excelência, impulsionando, com seu exemplo, a cultura da excelên-
Excelência em Gestão. Nesse sentido, passou a se chamar FNQ - cia na organização. Os líderes analisam o desempenho e executam,
Fundação Nacional da Qualidade, nomenclatura que mantém até sempre que necessário, as ações requeridas, consolidando o apren-
hoje. dizado organizacional.
As ESTRATÉGIAS são formuladas pelos líderes para direcionar a
A retirada da palavra “Prêmio” do nome evidencia uma nova organização e o seu desempenho, determinando sua posição com-
etapa da FNQ, que antes tinha como principal foco de atuação o petitiva. Elas são desdobradas em todos os níveis da organização,
PNQ. Essa mudança também passa, necessariamente, pela missão com planos de ação de curto e longo prazos. Recursos adequados
da instituição de disseminar os Fundamentos da Excelência em são alocados para assegurar sua implementação. A organização
gestão para o aumento da competitividade das organizações e do avalia permanentemente a implementação das estratégias e mo-
Brasil. Para isso, a FNQ propõe difundir amplamente esse conceito nitora os respectivos planos e responde rapidamente às mudanças
em organizações de todos os setores e portes, contribuindo para o nos ambientes interno e externo.
aperfeiçoamento da gestão nas empresas.

354
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
No dia 18/10/2016 entrou em vigor a 21ª edição do Modelo 6 Desenvolvimento sustentável
de Excelência da Gestão (MEG), principal publicação da Funda- Compromisso da organização em responder pelos impactos
ção Nacional da Qualidade (FNQ), um dos principais centros de de suas decisões e atividades, na sociedade e no meio ambiente,
referência para melhoria da produtividade das organizações e da e de contribuir para a melhoria das condições de vida, tanto atuais
competitividade no Brasil. quanto para as gerações futuras, por meio de um comportamento
ético e transparente.
As duas principais mudanças propostas pela 21ª edição con-
sistem: 7 Orientação por processos
• apresentação do novo Diagrama do MEG, baseado no Reconhecimento de que a organização é um conjunto de pro-
Tangram, quebra cabeça de sete peças de origem chinesa e em cessos, que precisam ser entendidos de ponta a ponta e conside-
seus oito Fundamentos da Gestão para Excelência, que substituem rados na definição das estruturas: organizacional, de trabalho e de
os antigos Critérios de Excelência. gestão. Os processos devem ser gerenciados visando à busca da
• inovação na metodologia para avaliação e autoavaliação eficiência e da eficácia nas atividades, de forma a agregar valor para
do nível de maturidade de gestão das organizações. a organização e as partes interessadas.
A FNQ considera o MEG como um modelo de referência em 8 Geração de valor
gestão organizacional, que tem como principal característica a de Alcance de resultados econômicos, sociais e ambientais, bem
ser um modelo integrador. A evolução do diagrama do MEG de como de resultados dos processos que os potencializam, em níveis
uma mandala (20ª edição) para o tangram (21ª edição) e a subs- de excelência e que atendam às necessidades e expectativas as par-
tituição dos Critérios de Excelência pelos Fundamentos da Gestão tes interessadas.16
para Excelência reforça esta ideia, visto que a FNQ considera que os
Fundamentos não são aspectos isolados, pois, possuem inter-rela- O que é GPD?
ções que caracterizam o MEG como um modelo verdadeiramente Para entender o que é GPD é preciso ter em mente que ele é
holístico. um dos fundamentos da gestão da qualidade total.
Segundo a FNQ ao utilizar como referência os oito Fundamen- O GPD, também conhecido como desdobramento das diretri-
tos da Gestão para Excelência apresentados abaixo, a organização zes de uma empresa, foi desenvolvido por Yoji Akao.
pode realizar uma autoavaliação e obter um diagnóstico da matu- Dentre os seus objetivos, o gerenciamento pelas diretrizes tra-
ridade da gestão. ta de uma metodologia que consiga desenvolver o planejamento
de maneira prática. Além, ele deve ser executado passo a passo,
1 Pensamento sistêmico sendo também sensível às possíveis mudanças durante esse pro-
Compreensão e tratamento das relações de interdependência cesso.
e seus efeitos entre os diversos componentes que formam a orga- Por isso, não é de estranhar que ele englobe em sua técnica a
nização, bem como entre estes e o ambiente com o qual interagem. adoção do método PDCA (Plan-Do-Check-Act). Dessa forma, o GPD
também tem uma relação forte com o controle e a melhoria contí-
2 Aprendizado organizacional e inovação nua de qualidade.
Busca e alcance de novos patamares de competência para a or- Em sua composição é possível encontrar três pilares que são a
ganização e sua força de trabalho, por meio da percepção, reflexão, razão do grande sucesso do método. E é impossível entender o que
avaliação e compartilhamento de conhecimentos, promovendo um é GPD sem conhecer esse pilares:
ambiente favorável à criatividade, experimentação e implementa- - O primeiro deles é a crença de que os resultados são direta-
ção de novas ideias capazes de gerar ganhos sustentáveis para as mente afetados pela dedicação e ação criativa das pessoas envol-
partes interessadas. vidas no processo.
- O segundo pilar é a inovação, que deve estar presente na ro-
3 Liderança transformadora tina e sempre ser incentivada.
Atuação dos líderes de forma ética, inspiradora, exemplar e - Por último, o terceiro pilar reza que as mudanças a serem pro-
comprometida com a excelência, compreendendo os cenários e duzidas realmente aconteçam. Afinal, de nada adianta tanto empe-
tendências prováveis do ambiente e dos possíveis efeitos sobre a nho e alocação de energia se a estrutura não tem a real disposição
organização e suas partes interessadas, no curto e longo prazos - para evoluir e se aprimorar.
mobilizando as pessoas em torno de valores, princípios e objetivos
da organização; explorando as potencialidades das culturas pre- O gerenciamento pelas diretrizes de uma empresa
sentes; preparando líderes e pessoas; e interagindo com as partes Para que possa funcionar de maneira verdadeira e propor-
interessadas. cionar os resultados esperados, o GPD entende que é necessário
conseguir alinhar todos os níveis de gestão da empresa. Somente
4 Compromisso com as partes interessadas com essa comunicação fluindo na mesma direção será possível re-
Estabelecimento de pactos com as partes interessadas e suas almente ter êxito.
inter-relações com as estratégias e processos, em uma perspectiva Sendo assim, o método trata de ir desdobrando atividades que
de curto e longo prazos. passam pelos âmbitos estratégico (alta gestão da empresa), tático
(gestão intermediária, departamentos e áreas) e operacional (su-
5 Adaptabilidade pervisão e coordenações ligadas à produção).
Flexibilidade e capacidade de mudança em tempo hábil, frente Somente dessa forma poderá ser garantido que haverá verda-
a novas demandas das partes interessadas e alterações no contex- deiro envolvimento de toda a empresa em seus objetivos traçados.
to.

16 Fonte: www.administradores.com.br – Por José Márcio Arcanjo

355
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sistemas de gerenciamento
Buscando tornar mais prática a aplicação desse método nos três níveis de gestão, o GPD apresenta dois sistemas de gerenciamento:
- O primeiro é o gerenciamento interfuncional, que vislumbra, prioritariamente, o futuro da empresa. Ele está diretamente ligado à
alta administração, ao desdobramento das diretrizes da empresa e sua divisão entre os departamentos.
- O segundo é o gerenciamento funcional, que está voltado para a melhoria contínua e a manutenção das rotinas da organização. Ele
é diretamente ligado à administração e ao controle da qualidade das atividades diárias e rotineiras da empresa.

Planos
Seguindo a estrutura de funcionamento do GPD, é preciso identificar a separação que é feita de todo o planejamento estratégico. São
três tipos de planos complementares que ditarão o ritmo de trabalho da empresa no futuro imediato e também nos anos que se seguirão.
O plano anual detalha as ações dentro dos próximos meses e contempla também o orçamento. É, naturalmente, mais detalhado que
os demais.
O plano de médio prazo busca elencar as estratégias que serão a base do de maior prazo. Ele é a visão intermediária entre os outros
dois e é concebido para entender um período, normalmente, em torno de três anos.
O plano de longo prazo busca trabalhar para conseguir concretizar a visão de futuro da empresa, contemplando um intervalo que vai
de cinco a dez anos, sendo aquele que foca as mudanças estruturais de maior impacto na empresa.

A aplicação do GPD
Sendo uma ferramenta estratégica de negócios, o GPD precisa ser flexível a qualquer tipo de empresa ou mercado. Esse sistema ja-
ponês utiliza a capacidade individual, estimulando a criatividade para que se possam buscar resultados concretos de maneira organizada
e também estratégica.
Basicamente, ele vai desdobrando metas e planos de ação para cada nível da empresa com conferência rotineira de fatos e resultados.
Com base nesse funcionamento cíclico e orientado pelos objetivos e planejamento bem estruturado, é possível trilhar um caminho
que seja claro para todos os envolvidos. Além disso, é possível colher os benefícios da melhoria contínua, que são intrínsecos ao PDCA.

Vantagens do método

Na prática, as principais vantagens do gerenciamento pelas diretrizes são os bons resultados. Como cada processo é feito de maneira
clara, é possível entender muito bem o que favorece a corporação.
Outros dois benefícios marcantes do GPD nas empresas são a estabilidade e a eficiência. A estabilidade é conquistada pela forma bem
estruturada e sistemática de atuação que evita a repetição de erros.
Quanto à eficiência, ela acaba ocorrendo naturalmente, uma vez que desperdícios de recursos, sejam quais forem, são evitados, já
que o processo busca sempre a melhoria continuada e consegue ser muito objetivo, não dando margem para retrabalhos.

Cuidados
Por fim, é importante ressaltar que o GPD precisa ser muito bem estruturado para ser aplicado em uma empresa. Como as metas
acabam sendo expostas e há uma grande transparência do processo, alguns profissionais podem se sentir muito pressionados a conseguir
sempre oferecer grandes resultados.
Esse tipo de pressão pode acabar inibindo a criatividade desses indivíduos e até reduzindo a sua produtividade, o que é algo prejudi-
cial para a empresa e também estressante para o colaborador, uma vez que a sua autoconfiança pode ficar abalada.
De toda forma, o método de gerenciamento pelas diretrizes é uma estratégia de gestão que tem grande potencial. Ele ajuda no de-
senvolvimento dos processos e, consequentemente, nos resultados da empresa.

356
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É uma solução prática e aplicável a todo tipo de negócio que, se funções que, teoricamente, seriam as mais apropriadas para as em-
conduzida com disciplina e atenção, pode mudar positivamente a presas de cada segmento de negócios, quando da implantação de
cultura organizacional e garantir melhores chances de sucesso para estratégias através de uma estrutura organizacional.
toda a empresa.
Se você gostou de conhecer esse método e tem interesse em BALANCED SCORECARD
se manter informado a respeito de mais dicas e boas práticas do O Balanced Scorecard é uma nova ferramenta de medição de
mercado na área de gestão de negócios, aproveite para nos seguir desempenho, desenvolvida por David Norton e Robert Kaplan, ba-
em nossas redes sociais: Facebook, Twitter e LinkedIn. seado em dados financeiros e não financeiros, que proporciona
O STRATWs One é um software de gestão de performance cor- uma gestão estratégica nos diversos setores de uma organização,
porativa robusto e fácil de usar, que permite: que busque a realização de metas estratégicas de longo prazo.
- Integrar pessoas, operação e estratégia; O uso do Balanced Scorecard no planejamento estratégico atua
- Encontrar oportunidades de melhoria; diretamente na organização. É uma técnica que visa à integração e
- Fazer a gestão de reuniões e do portfólio de projetos; balanceamento de todos os principais indicadores de desempenho
- Aumentar a produtividade; existentes em uma empresa, desde os financeiros/administrativos
- Criar, acompanhar e compartilhar KPIs com agilidade e trans- até os relativos aos processos internos, estabelecendo objetivos da
parência; qualidade (indicadores) para funções e níveis relevantes dentro da
Assim, pode ser de grande ajuda para quem deseja implemen- organização, ou seja, desdobramento dos indicadores corporativos
tar a GPD na empresa. em setores, com metas claramente definidas.
Assim, esse modelo traduz a missão e a estratégia de uma em-
Planejamento Estratégico presa em objetivos e medidas tangíveis. As medidas representam
O planejamento estratégico pode ser definido como o proces- o equilíbrio entre os diversos indicadores externos (voltados para
so de criação e implementação de decisões sobre o futuro de uma acionistas e clientes), e as medidas internas dos processos críticos
organização (KERZNER, 2002). Outro conceito atualmente em uso de negócios (como a inovação, o aprendizado e o crescimento).
é o gerenciamento de projetos. Hoje, é necessária uma estratégia Através da observação dos resultados obtidos em outras em-
gerencial que utiliza as unidades operacionais para conduzir o tra- presas, Kaplan e Norton concluíram que o Balanced Scorecard dei-
balho, checar a eficiência e manter informado o alto nível gerencial. xara de ser um sistema de medição para se tornar rapidamente um
A metodologia de gerenciamento de projetos pode fazer tudo sistema de gestão, com o qual os executivos estavam não somente
isto e é a maneira escolhida por muitas empresas para gerenciar comunicando a estratégia, mas também efetuando a sua gerência.
seus aspectos críticos dos negócios (CLELAND; IRELAND, 2000). King O Balanced Scorecard emergiu porque é um sistema capaz de com-
(1978) diz que os projetos podem unificar as estratégias e disse- preender a estratégia empresarial e comunicá-la a toda a organi-
miná-las pelas áreas da corporação. Um gerenciamento de proje- zação.
tos de sucesso requer o preenchimento da lacuna entre a visão da O Balanced Scorecard sinaliza em quais segmentos de mercado
empresa e seus projetos (DINSMORE, 1998). Esta é a maneira pela se deve competir e que clientes conquistar. Oferece uma visão do
qual as estruturas de projetos, tais como a funcional, a projetizada futuro e um caminho para chegar até ele. Deve ser utilizado pelos
e a matricial e o PMO (Project Management Office), estrutura que executivos que precisam tomar uma série de decisões: a respeito
aplica os conceitos de gerenciamento de projetos dentro de uma de suas operações, de seus processos de produção, de seus obje-
empresa, podem ajudar a gerar resultados planejados na estraté- tivos, produtos e clientes, ou seja, visando atingir o Planejamento
gia da mesma, através do gerenciamento de projetos. Os modelos Estratégico da organização. Os indicadores devem traduzir a estra-
e as configurações de estruturas organizacionais devem ser anali- tégia da empresa e devem ser utilizadas para auxiliar qualquer um
sados pensando-se nas configurações gerais e de manufatura da na organização e tentar atingir as prioridades estratégicas. Somen-
estratégia de uma organização e sua posição na matriz volume-va- te assim as empresas serão capazes de não apenas criar estratégia,
riedade (PORTER, 1979); (SLACK et al., 1996). As empresas devem mas também implementá-las.
procurar se organizar de uma melhor maneira para gerenciar seus Por contemplar medidas não financeiras pode auxiliar as em-
projetos, fazendo o alinhamento entre as características temporais presas frente às mudanças do meio ambiente onde os ativos intan-
dos mesmos e decidindo como elas irão se estruturar para executar gíveis da organização ganharam maior importância como fonte de
seus projetos. A seleção da correta estrutura pelas empresas será vantagem competitiva no final do século XX.
estratégica no sucesso dos projetos gerenciados por elas. Quando O Balanced Scorecard é baseado em quatro perspectivas (fi-
estes projetos são gerenciados por grandes empresas, o risco dos nanceira, clientes, processos internos e aprendizado/crescimento),
mesmos não se tornarem um sucesso, por uma deficiente estrutura formando um conjunto coeso e interdependente, com seus obje-
organizacional, é muito alto. E o impacto financeiro, devido a uma tivos e indicadores se inter-relacionando e formando um fluxo ou
deficiente estrutura organizacional, também é muito alto, sendo diagrama de causa e efeito que se inicia na perspectiva do aprendi-
proporcional ao tamanho do projeto. Para esta dissertação, a opção zado e crescimento e termina na perspectiva financeira. Apresen-
metodológica adotada foi a análise de múltiplos estudos de casos, ta-se como uma medida bastante atual para a gestão estratégica,
selecionando três empresas dos seguintes segmentos: cosméticos, por permitir integração com as atuais pratica de qualidade e men-
eletro-eletrônico e aeroespacial. Os principais elementos inves- suração de custos adotados pelas empresas de excelência de classe
tigados no estudo de campo foram: categorização das empresas, mundial que objetivam manter-se no mercado.
o papel estratégico das atividades de gerenciamento de projetos,
a estrutura de gerenciamento de projetos existente e os investi-
mentos em atividades relacionadas ao gerenciamento de projetos.
Após a condução das entrevistas, foi feita uma análise relacionando
as funções adotadas na prática pelas empresas estudadas, com as

357
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mapas Estratégicos
O novo contexto organizacional caracterizado pelo crescente processo de mudanças, flexibilidade, rapidez e desenvolvimento de
aptidões, exige das empresas e dos funcionários uma serie de competências e habilidades estratégicas para que permaneçam atuando de
forma satisfatória e competitiva.
A estratégia surge como fator primordial para atuar sobre essas mudanças proporcionando uma melhor e mais eficiente redefinição
dos objetivos das empresas, além de ações favoráveis a serem implementadas, ou seja, caracteriza-se como o conjunto dos meios que
uma organização utiliza para alcançar seus objetivos. Tal processo envolve as decisões que definem os produtos e os serviços para deter-
minados clientes e a posição da empresa em relação a seus concorrentes e etc.
Dessa forma, a viabilização para traduzir a estratégia em termos gerenciais, alinhar a organização à estratégia, transformar a mesma
em tarefa de todos, converter a estratégia em princípio contínuo, e mobilizar a mudança por meio de lideranças, será alcançada através
da adoção e implementação de um mapa estratégico.
Mapas estratégicos têm a função de equilibrar ideias contraditórias, baseando-se em proposições diferenciadas de valores para os
clientes, fornecer as reais estratégias do negócio, auxiliando ainda na viabilização de unir forças para superação de problemas e dificulda-
des referente as a mudanças do cenário global.
O Balanced Scorecard é uma ferramenta de avaliação que está sendo cada vez mais usada para medir desempenho. A estratégia da
organização é avaliada segundo perspectiva financeira, perspectiva de cliente e medidas operacionais (WILLYERD, 1997).
Cabe ressaltar que o Scorecard não deve apenas derivar da estratégia organizacional, mas tem que deixar transparecer essa estraté-
gia aos observadores possibilitando, também, a visualização dos seus objetivos e medidas. Quando atinge esse grau de transparência, o
Balanced Scorecard conseguiu traduzir a visão e a estratégia num conjunto integrado de medidas de desempenho (KAPLAN e NORTON,
2004).

O Balanced Scorecard oferece um método simples para articular a estratégia e monitorar o progresso das metas estabelecidas. Pos-
sibilita traduzir a estratégia de longo prazo da organização em termos de específico, ou seja, metas em áreas diferentes da organização
(financeiro, cliente, negócio interno, inovação e aprendizado) (GENDRON, 1997).
Mapa Estratégico é considerado uma outra ferramenta, que utiliza as mesmas perspectivas do Balanced Scorecard. O mesmo tem o
intuito de fornecer um modelo para uma representação simples da organização, das relações de causa e efeito entre os objetivos tanto
das dimensões aprendizado/crescimento e processos internos (vetores do desempenho), quanto das dimensões mercadológica e econô-
mico-financeira (resultados) da estratégia.
KAPLAN E NORTON (2004) explicam que o mapa estratégico acrescenta uma segunda camada de detalhes ao Balanced Scorecard,
ilustrando a dinâmica temporal da estratégia, e também adiciona um nível de detalhe que melhora a clareza e o foco, ao mesmo tempo
em que o Balanced Scorecard traduz os objetivos do mapa estratégico em indicadores e metas. Porém, as organizações devem lançar um
conjunto de programas que criarão valor e condições para que se realizem as metas e os objetivos de todos os indicadores.
De acordo com os mesmos autores, existem alguns princípios que norteiam o mapa estratégico, são eles:
• A estratégia equilibra forças contraditórias;
• A estratégia baseia-se em proposição de valor diferenciada para os clientes;
• Cria-se valor por meio dos processos internos;
• A estratégia compõe-se de temas complementares e simultâneos;
• Alinhamento estratégico determina o valor dos ativos intangíveis.
O mapa estratégico tanto é viável para o setor privado, quanto para o setor público e entidades sem fins lucrativos.

358
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Perspectiva Financeira pregados, pois afeta os processos de gestão da inovação, os proces-
KAPLAN e NORTON (2004) definem que a perspectiva financei- sos de gestão de clientes e de complementadores, os processos de
ra descreve os resultados tangíveis da empresa em ternos financei- gestão de operações e os processos regulatórios e sociais.
ros tradicionais. Nessa perspectiva torna-se necessário o balancea-
mento entre duas forças contraditórias: que são as de longo prazo, Vale alertar as organizações para um fato já comprovado: es-
que abrange a profundidade; e as de curto prazo que tem como tratégias de negócio geralmente não são ruins, o que temos são
foco apenas a lucratividade, e este equilíbrio entre estas forças de implementações de estratégia ruins. Este fato remete há um pro-
crescimento e da produtividade é que irá indicar se está existindo a blema clássico de gerência, ou seja, como podemos gerenciar uma
conexão com a estratégia. área, departamento ou organização, se não podemos mensurar
nosso retorno financeiro, desempenho do nosso pessoal, nossos
Perspectiva do cliente processos e a relação com nossos clientes?
Segundo o mesmo autor, a perspectiva do cliente geralmente Há algumas décadas, existiam apenas sistemas de monitoração
inclui vários indicadores para o acompanhamento de resultados de de desempenho gerencial baseados em indicadores financeiros e
uma estratégia bem formulada e bem implementada, esses são: contábeis. Isso se devia ao fato de que as empresas possuíam valo-
- Satisfação do cliente; res diferentes das organizações atuais. Se analisarmos a frase clás-
- Retenção dos clientes; sica de Henry Ford, presidente da companhia de automóveis Ford,
- Rentabilidade dos clientes; veremos claramente isso. Henry Ford dizia: “forneceremos aos nos-
- Participação de mercado; sos clientes o automóvel que pretendam, desde que seja um Ford
- Participação nas compras dos clientes. modelo T de cor preta”. Atualmente, o mercado encontra-se de for-
ma diferente ao da época na qual Henry Ford fez essa afirmação. As
Perspectiva Interna empresas são obrigadas a fornecer o máximo de customização de
Os processos internos cumprem dois componentes vitais da produtos, objetivando atingir o maior número possível de clientes
estratégia da organização: e seguirem competitivas no mercado.
- Valor para o cliente; Antigamente, o paradigma de valor estava diretamente asso-
- Melhoram os processos e reduz os custos para a dimensão ciado aos ativos tangíveis, tais como máquinas, equipamentos e
produtividade da perspectiva financeira. edifícios. Hoje, o referencial foi mudando e o valor de uma organi-
zação passou a ser baseado em grande parte dos ativos intangíveis,
Essa perspectiva organiza os vários processos da organização como capacidade de inovar, valor da marca, aptidão para imple-
em quatro agrupamentos: mentar a estratégia, dentre outros.
- Processos de gestão operacional – São os processos básicos, Neste contexto, os professores Robert Kaplan e David Norton
realizados todos os dias pelas empresas, através dos quais elas pro- da Havard University, criaram uma ferramenta cuja proposta é aju-
duzem seus produtos e serviços e entregam a seus clientes. dar as organizações de quaisquer tipo e tamanho a efetivamente
- Processos de gestão de clientes – São os processos que visão implantarem suas estratégias. Esta ferramenta, chamada de BSC
a ampliação e o aprofundamento das relações com os clientes-alvo. (Balanced Scorecard), resultou das necessidades de captar toda a
- Processos de inovação – identificam as oportunidades para complexidade da performance na organização e tem sido ampla e
novos produtos e serviços, desenhando e desenvolvendo com o ob- crescentemente utilizada em empresas e organizações. Entre suas
jetivo de lançar no mercado. contribuições estão a composição e a visualização de medidas de
- Processos regulatórios e sociais – São normas e padrões rela- performance que reflitam a estratégia de negócios da empresa. O
cionados a o meio-ambiente, a segurança e saúde, as práticas tra- BSC deve levar à criação de uma rede de indicadores de desempe-
balhistas e aos investimentos na comunidade. nho que deve atingir todos os níveis organizacionais, tornando-se,
assim, uma ferramenta para comunicar e promover o comprometi-
Perspectiva de Aprendizado e Crescimento mento geral com a estratégia da corporação. Em resumo, Balanced
A perspectiva de aprendizado e crescimento descreve os ativos Scorecard “É um modelo de gestão que auxilia as organizações na
intangíveis da organização e seu papel na estratégia. Esta perspec- tradução de sua estratégia em objetivos operacionais. Isso ajuda a
tiva possui objetivos que indicam como conectar de forma coerente direcionar o comportamento das pessoas na empresa e influencia
os ativos intangíveis que são classificados em três categorias: o comportamento da mesma”. Em seus artigos, Kaplan e Norton
- O capital humano – dispor de habilidades, talento e know- apresentam a medição do desempenho organizacional abrangen-
-how entre os empregados, tornando-os capazes de resolver os do quatro dimensões críticas - financeira, clientes, processos inter-
processos internos críticos. nos e aprendizagem e crescimento - denominadas de perspectivas,
- O capital da informação – Situa-se no núcleo de estratégias para a gestão estratégica da organização.
de aprisionamento. Os recursos de informação fornecem a plata-
forma utilizada pelos clientes, complementadores e concorrentes.
Idealmente, a plataforma de informação deve ser complexa para
que os concorrentes não possam imitá-la com facilidade, mas que
os clientes e complementadores considerem de fácil acesso e uso.
Fornecer recursos de informação complexos com interface fácil de
usar é um desafio para a tecnologia da informação da empresa.
- O capital organizacional – Toda organização deve manter-
-se focada em aumentar os custos de mudança de seus clientes e
complementadores atuais e em reduzir os custos de mudanças dos
clientes e complementadores potenciais que hoje são atendidos
pelos concorrentes. Tal cultura deve ser difusa entre todos os em-

359
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A figura abaixo, apresentada no livro a Estratégia em Ação, ilustra o conceito das perspectivas vinculadas à estratégia.

Figura 1. Relações entre as perspectivas e a estratégia no Balanced Scorecard.

Na nossa visão, podemos analisar essas perspectivas hierarquicamente, partindo do aprendizado e crescimento até as finanças, ou
seja, se investimos nas pessoas, melhoramos nossos processos internos, se melhoramos nossos processos internos, satisfazemos nossos
clientes e então, consequentemente, nós ganhamos dinheiro. Não é simples, mas entendemos ser o caminho, alertando que “ganhar
dinheiro” não precisa ser levado ao pé da letra, pois organizações vão além e, principalmente, devem contribuir com a sociedade.

PRINCÍPIOS E CONCEITOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS: CONCEITO DE PROJETO, TIPOS DIFERENÇA ENTRE PROJE-
TOS E PROCESSOS, TIPOS DE PROJETOS, STAKEHOLDERS, BENEFÍCIOS, CICLO DE VIDA DO PROJETO, PAPEL DO GERENTE DE
PROJETOS

GESTÃO DE PROJETOS.
O Gerenciamento de Projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma efe-
tiva e eficaz. Trata-se de uma competência estratégica para organizações, permitindo com que elas unam os resultados dos projetos
com os objetivos do negócio – e, assim, melhor competir em seus mercados.
Tem relação direta com a capacidade das empresas de atingirem suas metas, justamente porque os projetos atuais necessitam
da união de esforços aplicados de forma integrada para serem realizados com êxito. Em diversas ações das empresas, é necessário
um projeto, direcionando esforços temporários para produzir determinado produto, serviço ou resultado único.
Gerência de projetos ou gestão de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas na elaboração de atividades
relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré definidos. O conhecimento e as práticas da gerência de projetos são mais
bem descritos em termos de seus processos componentes.
A gerência de projetos é frequentemente a responsabilidade de um indivíduo intitulado gerente de projeto, que trabalha para
manter o progresso e a interação mútua progressiva dos diversos participantes do empreendimento, de modo a reduzir o risco de
fracasso do projeto.
Todo processo é sujeito a influencia de variáveis, que podem afetar, seu andamento caso a organização não esteja preparada
para lidar com elas.
Vejamos as variáveis mais comuns:
Variáveis controláveis ou previsíveis
Ex.: recursos, valores ou tempo (embora não possa controlar o tempo é possível calcular o tempo estimado para executar de-
terminada tarefa, de forma, que se torna possível controlar essa variável dentro de um planejamento).
Variáveis incontroláveis ou imprevisíveis
Ocorrências naturais, mortes, acidentes, atividades que se dependa de uma terceira pessoa.
No gerenciamento do projeto, temos três variáveis fundamentais para a sua execução.
Tempo ou prazo
O tempo requerido para terminar as etapas do projeto, é normalmente influenciado quando se pretende baixar o tempo para
execução de cada tarefa que contribui diretamente à conclusão de cada componente.
Custo
Envolve vários aspectos, tais como custo de mão de obra, custos de materiais, gerência de risco, produtos, equipe, equipamen-
to, o próprio tempo, lucro, entre outros.
Escopo ou contexto

360
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
São as exigências especificadas para o resultado fim, ou seja, O gerenciamento de projetos tenta adquirir controle sobre
o que se pretende, e o que não se pretende realizar. A qualidade essas três variáveis (tempo, custo, escopo), no entanto, algu-
do produto final pode ser tratada como um componente do es- mas literaturas definem como quatro variáveis, sendo qualida-
copo. Normalmente a quantidade de tempo empregada em cada de a quarta variável, contudo a qualidade é uma das principais
tarefa é determinante para a qualidade total do projeto. componentes do escopo. Estas variáveis podem ser dadas por
Lembre-se das variáveis incontroláveis ou imprevisíveis, clientes externos ou internos. O(s) valor(es) das variáveis rema-
elas estão ai para dar o tempero do seu projeto. Gestores de nescentes está/estão a cargo do gerente do projeto, idealmente
projetos costumam considerar margens de segurança definidas baseado em sólidas técnicas de estimativa.
com o apoio de gestores técnicos que irão executar o projeto. Geralmente, os valores em termos de tempo, custo, quali-
Por exemplo, aplica-se uma margem de segurança na mão dade e escopo são definidos por contrato.
de obra, para cobrir eventuais faltas e atrasos, e para prover o
projeto uma certa “margem de manobra” para que atividades de Para manter o controle sobre o projeto do início ao fim, um
emergência sejam executadas sem um impacto muito grande no gerente de projetos utiliza várias técnicas, dentre as quais se
prazo final do projeto. Aplica-se uma margem de segurança nos destacam:
recursos materiais prevendo desperdícios e eventuais danos ou - Planejamento de projeto
extravios, mas as margens neste caso devem ser aplicadas com - Análise de valor agregado
critério para que a excessiva margem de segurança em materiais - Gerenciamento de riscos de projeto
não seja um prejuízo no projeto. - Cronograma
Um projeto bem planejado leva em conta o imprevisto, se - Melhoria de processo
alguma coisa der errado, o projeto vai parar? Pode-se executar
outra tarefa enquanto resolvemos o problema que impede o an- Áreas de conhecimento em Gerenciamento de Projetos
damento do projeto? E este problema pode ser simplesmente Há um consenso por parte dos gerentes que atuam na área
uma etapa de aprovação do cliente por exemplo. Neste caso as de gestão de projetos: Um mesmo projeto, gerenciado por 10
tarefas que não fazem parte do caminho crítico podem ser exe- gerentes diferentes, vai gerar 10 resultados distintos. Mesmo
cutadas para que a equipe não fique parada por exemplo. que estejam alinhados a um guia comum. Cada gerente, enquan-
Etapas de um projeto to pessoa, tem um modo específico de perceber e decidir sobre
Todo projeto é desenvolvido em cinco etapas: Iniciação, pla- a situação. Isso tem impacto direto sobre cronograma, custos
nejamento, execução, controle e conclusão. e desempenho do projeto. Mesmo que todos projetos tenham
Iniciação é a etapa onde tomamos conhecimento do projeto uma estrutura organizacional semelhante, com elementos repe-
a ser feito, é o momento da confecção do briefing, ou de sua titivos, o resultado de cada projeto é obtido sob uma combina-
leitura à equipe, é nesta hora onde surgem diversas dúvidas do ção exclusiva de objetivos, circunstâncias, condições, contextos,
projeto. Em geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em fornecedores etc. O gerenciamento de projetos consiste na apli-
uma reunião de brainstorm. cação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas
Planejamento é onde o projeto é detalhado, se aplicarmos adequadas às atividades do projeto, a fim de atender aos seus
o principio de Pareto, é onde investimos 80% do nosso tempo. É requisitos. Aqui vamos abordar, detalhadamente, as nove áreas
o momento em que detalhamos as atividades, pesquisamos, de- do conhecimento que caracterizam os principais aspectos envol-
terminamos prazos, alocamos recursos e custos. O resultado do vidos em um projeto e no seu gerenciamento.
planejamento é uma lista de tarefas e/ou um gráfico de Gantt. Áreas do conhecimento: Ao todo são nove áreas do conhe-
Execução é o objetivo do projeto, é a “hora da verdade”, cimento: Integração; Escopo; Tempo; Custo; Qualidade; Recur-
quem executa é o gestor técnico, é a hora de colocar o projeto sos humanos; Comunicações; Riscos; Aquisições. Este conjunto
em prática. de conhecimentos é utilizado para orientar o gerenciamento de
Controle, o gestor do projeto faz o controle da execução, 42 processos, agrupados em 5 grupos: Iniciação; Planejamento;
registrando tempo e recursos, e gerenciando as possíveis mu- Execução; Monitoramento; Encerramento. Vamos descrever o
danças. que cada área do conhecimento aborda, para depois estabelecer
Conclusão, bom conclusão dispensa mais comentários, é a a relação entre as áreas de conhecimento e os processos.
hora em que o projeto termina. - Integração: “O Gerenciamento da integração do projeto
Na verdade as cinco etapas do projeto não acontecem como inclui os processos e as atividades necessárias para identificar,
uma sequência linear, afinal, como já vimos existem problemas definir, combinar, unificar e coordenar os vários processos e ati-
não previstos, existem ajustes à serem feitos. E estes ajustes vidades dos grupos de processos de gerenciamento.” Em suma,
são feitos “on the fly”, ou seja, durante a execução do projeto, podemos dizer que à área de integração cabe a tarefa de articu-
configurando um ciclo claro que passa por execução, controle e lar as partes interessadas para que objetivos do projeto sejam
planejamento. atingidos.
Geralmente na hora da execução é que o planejamento é - Escopo: Esse gerenciamento está relacionado principal-
posto a prova, o controle é o acompanhamento que o gestor de mente com a definição e controle do que está e do que não está
projetos faz junto ao gestor técnico, ele registra os tempos e uso incluso no projeto. Consiste em definir o que será feito e o que
de recursos. Este controle pode apontar tanto uma tendência à não será feito no projeto, monitorar e controlar possíveis mu-
economia de recursos quando à necessidade de utilizar recursos danças.
alem do planejado. - Tempo: “O Gerenciamento do tempo do projeto inclui os
É atribuição do gestor de projetos revisar seu planejamen- processos necessários para gerenciar o término pontual do pro-
to para avaliar os impactos destas variações e tomar as devidas jeto.“ Consiste de definição das atividades, sequenciamento de
providências. atividades, estimativas de duração de atividades, criação do cro-
nograma e controle do cronograma.

361
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Custos: “O gerenciamento dos custos do projeto inclui os É interessante destacar que em uma EAP não se inclui as
processos envolvidos em estimativas, orçamentos e controle atividades, mas sim os pacotes de trabalho ou entregas que re-
dos custos, de modo que o projeto possa ser terminado dentro sultam em uma atividade ou grupos de atividades. Cada pacote
do orçamento aprovado. de trabalho deve ser referenciado com substantivos – coisas,
- Qualidade: O gerenciamento é responsável por monitorar em vez de ações. Uma EAP deve ser orientada a entregas, mas
se os resultados do projeto estão as necessidades que origina- isso não significa que apenas as entregas são inclusas, deve ser
ram o projeto. Na etapa do planejamento são estabelecidos incluso todo escopo do projeto, do produto e os esforços para
padrões de qualidade, que permitem aferir o desempenho do alcançá-los.
projeto no quesito qualidade.
- Recursos Humanos: Projetos sempre envolvem pessoas. É Para criar uma EAP, são necessárias as seguintes entradas:
preciso montar uma equipe, selecionar, organizar e definir pa- - Plano de gerenciamento do projeto;
péis e estabelecer prazos. Estes são assuntos que dizem respeito - Declaração do escopo do projeto;
ao gerenciamento de recursos humanos. - Documentação dos requisitos;
- Comunicação: “O gerenciamento das comunicações do - Fatores ambientais da empresa;
projeto inclui os processos necessários para assegurar que as - Ativos de processos organizacionais.
informações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas,
armazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna Podem ser utilizadas as seguintes ferramentas:
e apropriada.”. Comunicação é, sem dúvida, uma das áreas mais - Decomposição;
importantes na gestão de projetos. Gerentes passam boa parte - Opinião especializada.
do tempo recebendo informações dos interessados no projeto
e transferindo estas informações para a equipe executora. Esse E irá resultar nas seguintes saídas:
processo contínuo de comunicação garante que uma ideia seja - Linha de base do escopo;
transformada em projeto e posteriormente executada na prá- - Atualizações dos documentos do projeto.
tica.
- Riscos: Trata da identificação, análise e resposta a riscos Algumas regras a serem seguidas para o desenvolvimento
do projeto. É composta pelo plano de gerência, identificação, de uma EAP:
análise qualitativa, análise quantitativa, plano de respostas, e - A EAP deve ser criada com a ajuda da equipe;
monitoramento e controle dos riscos. O gerenciamento de ris- - Cada nível da EAP é uma parte menor do nível anterior;
cos visa reduzir a probabilidade e o impacto de eventos negati- - O projeto inteiro deve ser incluso em cada um dos níveis
vos, aumentando a probabilidade de eventos positivos. mais elevados da EAP;
EAP – Estrutura Analítica de Projetos, também conheci- - A EAP deve incluir apenas as entregas necessárias para o
da como WBS – Work breakdown structure. O conhecimento projeto;
da aplicação dessa ferramenta serve para o gerenciamento de - As entregas que não estão na EAP não fazem parte do pro-
projetos e para profissionais que vão se submeter a certificação jeto.17
PMP – Project Management Professional, o qual é indispensável,
vamos entender o porquê: Escritório de Projetos
Para o PMI a EAP é um elemento obrigatório no gerencia- O objetivo do Escritório de Projetos é que a partir da sua im-
mento de projeto. É uma ferramenta que organiza todo o es- plementação a empresa alcance benefícios com a padronização
copo do projeto de maneira visual, subdividindo o mesmo em de processos, definição de políticas, procedimentos e práticas
entregas de maneira que essas sejam melhores gerenciadas. Ao de gerenciamento de projetos. O Escritório de Projetos também
invés do gerente de projetos apresentar um documento textual pode fornecer funções de controle, como auditorias nos proje-
extenso às partes interessadas (patrocinador, clientes, equipe, tos. Mas isso não é o bastante. O Escritório deve evoluir para
gerente funcional, gerente de portfólio e pessoas afetadas pelo servir também como uma fonte de orientação, documentação
projeto), ele apresenta a EAP, fornecendo uma visão rápida e e capacitação relacionadas às práticas envolvidas na gestão dos
geral do que está incluso no escopo do projeto, facilitando a projetos dentro da organização.
análise e ajudando a identificar possíveis incoerências e neces- Um Escritório de Projetos baseia a sua gestão nas principais
sidades. Também ajuda o gerente de projetos e a equipe de de- abordagens ou melhores práticas de gerenciamento de projetos
senvolvimento a não se esquecerem dos elementos solicitados, conhecidas no mercado e como exemplo podemos citar as me-
evitando impactos negativos e diminuindo o número de solicita- lhoras práticas definidas pelo PMI – Project Management Insti-
ções de mudanças. tute, através de seu Guia de Conhecimento (PMBOK – Project
A EAP é desenvolvida dentro do processo de gerenciamento Management Body of Knowledge).
de escopo, mas pode ser utilizada em vários outros processos
do gerenciamento de projetos; na gestão de riscos, na gestão A principal função é do Escritório de Projetos é assegurar
de tempo, na gestão de custos, e até nas comunicações, pois ela que a metodologia de gerenciamento de projetos seja seguida,
facilita a demonstração do andamento do projeto, identificando porém, não é a única, vejamos algumas delas:
as entregas finalizadas, as em execução, ou ainda as que não - Definição, padronização e suporte à metodologia e ferra-
começaram. A criação de uma EAP é um esforço para decompor menta de gerenciamento de projetos.
as entregas e o trabalho necessário para produzi-las em partes - Assegurar que o projeto ande conforme o planejado, for-
menores, chamadas de pacotes de trabalho. Ela permite dividir necendo apoio as áreas funcionais.
um projeto grande em partes que você possa planejar, organi- - Definição e acompanhamento dos indicadores de desem-
zar, gerenciar e controlar, mas não se engane, pois para o PMI penho.
ela também é obrigatória em projetos pequenos. 17 Texto adaptado de Daiany Silva

362
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Coaching: suporte e treinamento aos gerentes funcionais,
membros de equipe e áreas interessadas. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS
- Revisão, auditoria de projetos e intervenção para recupe- ADMINISTRAÇÃO DE COMPRAS E MATERIAIS; CLAS-
ração de projetos com problemas. SIFICAÇÃO DE MATERIAIS; PROCESSOS DE COMPRAS
GOVERNAMENTAIS E GERENCIAMENTO DE MATERIAIS
- Monitoramento do portfólio de projetos.
E ESTOQUES; RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM. GESTÃO
- Garantir a qualidade final do projeto e satisfação do Clien-
PATRIMONIAL
te.
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Existe uma diversidade de modelos e funções que o Escri-
Recurso – Conceito = É aquele que gera, potencialmente ou de
tório de Projetos pode assumir. Os modelos de PMO variam de
forma efetiva, riqueza.
acordo com o nível de controle e a influência que podem exer-
cer na gestão de projetos dentro da organização. Como exemplo
Administração de Recursos - Conceitos - Atividade que plane-
podemos citar:
ja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas,
- Projeto Autônomo (APT – Autonomus Project Team): des-
o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos e com-
tinado ao gerenciamento de um projeto ou programa específico.
prar até a entrega do produto terminado para o cliente.
- Escritório de Suporte a Projetos (PSO – Project Support Of-
É um sistema integrado com a finalidade de prover à adminis-
fice): criado em uma esfera departamental para apoio a diversos
tração, de forma contínua, recursos, equipamentos e informações
projetos simultâneos.
essenciais para a execução de todas as atividades da Organização.
- Centro de Excelência (PMCOE – Project Management Cen-
ter of Excellence): seu papel é disseminar a cultura de gerencia-
Evolução da Administração de Recursos Materiais e Patrimo-
mento de projetos na empresa, manter as metodologias, desen-
niais
volver gerentes de projetos, líderes e membros de equipes.
A evolução da Administração de Materiais processou-se em
- Escritório de Projetos Corporativo (PrgMO – Program Ma-
várias fases:
nagement Office): criado em uma esfera corporativa, compreen-
- A Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empre-
de as funções do Centro de Excelência e, alguns casos, com-
sa, pois comprar era a essência do negócio;
preende as funções do Escritório de Suporte a Projetos, atuando
- Atividades de compras como apoio às atividades produtivas
no gerenciamento estratégico dos projetos.
se, portanto, integradas à área de produção;
Não há garantia de sucesso com a implementação de um
- Condenação dos serviços envolvendo materiais, começando
determinado modelo, mas sim com a implementação do modelo
com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos
correto e adequado à estrutura organizacional e nível de matu-
acabados, em uma organização independente da área produtiva;
ridade da empresa.
- Agregação à área logística das atividades de suporte à área
O apoio da Alta Administração é fundamental para o suces-
de marketing.
so da sua implementação. O PMO é uma entidade organizacio-
nal estratégica empregada em nível corporativo, que define pa-
Com a mecanização, racionalização e automação, o excedente
drões para o gerenciamento de projetos em toda a empresa e é
de produção se torna cada vez menos necessário, e nesse caso a
apoiado pela Alta Administração.
Administração de Materiais é uma ferramenta fundamental para
manter o equilíbrio dos estoques, para que não falte a matéria-pri-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA PRINCÍPIOS E CONCEITOS ma, porém não haja excedentes.
FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA. GESTÃO DE DO- Essa evolução da Administração de Materiais ao longo dessas
CUMENTOS; PROTOCOLOS (RECEBIMENTO, REGISTRO, fases produtivas baseou-se principalmente, pela necessidade de
DISTRIBUIÇÃO, TRAMITAÇÃO E EXPEDIÇÃO DE DOCU-
produzir mais, com custos mais baixos. Atualmente a Administra-
MENTOS); CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS; ARQUI-
ção de Materiais tem como função principal o controle de produ-
VAMENTO E ORDENAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUI-
ção e estoque, como também a distribuição dos mesmos.
VO; TABELA DE TEMPORALIDADE DE DOCUMENTOS
DE ARQUIVO; GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO E A
GESTÃO DE DOCUMENTOS; TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS As Três Fases da Administração de Recursos Materiais e Patri-
E SUPORTES FÍSICOS. moniais
1 – Aumentar a produtividade. Busca pela eficiência.
2 – Aumentar a qualidade sem preocupação em prejudicar ou-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado
tras áreas da Organização. Busca pela eficácia.
em tópicos anteriores.
3 – Gerar a quantidade certa, no momento certo par atender
bem o cliente, sem desperdício. Busca pela efetividade.

Visão Operacional e Visão Estratégica


Na visão operacional busca-se a melhoria relacionada a ativida-
des específicas. Melhorar algo que já existe.
Na visão estratégica busca-se o diferencial. Fazer as coisas de
um modo novo. Aqui se preocupa em garantir a alta performance
de maneira sistêmica. Ou seja, envolvendo toda a organização de
maneira interrelacional.

363
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Com relação à Fábula de La Fontaine, a preocupação do au- Condições de pagamento
tor era, conforme sua época, garantir a melhoria quantitativa das Deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha
ações dos empregados. Aqueles que mantêm uma padronização de maior flexibilidade na transformação ou venda do produto.
são recompensados pela Organização. Na moderna interpretação
da Fábula a autora passa a idéia de que precisamos além de traba- Diferença Básica entre Administração de Materiais e Adminis-
lhar investir no nosso talento de maneira diferencial. Assim, pode- tração Patrimonial
remos não só garantir a sustentabilidade da Organização para os A diferença básica entre Administração de Materiais e Admi-
diversos invernos como, também, fazê-los em Paris. nistração Patrimonial é que a primeira se tem por produto final a
Historicamente, a administração de recursos materiais e patri- distribuição ao consumidor externo e a área patrimonial é respon-
moniais tem seu foco na eficiência de processos – visão operacio- sável, apenas, pela parte interna da logística. Seu produto final é a
nal. Hoje em dia, a administração de materiais passa a ser chamada conservação e manutenção de bens.
de área de logística dentro das Organizações devido à ênfase na A Administração de Materiais é, portanto um conjunto de
melhor maneira de facilitar o fluxo de produtos entre produtores atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma cen-
e consumidores, de forma a obter o melhor nível de rentabilidade tralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os
para a organização e maior satisfação dos clientes. materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atri-
A Administração de Materiais possui hoje uma Visão Estraté- buições. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisio-
gica. Ou seja, foco em ser a melhor por meio da INOVAÇÃO e não namento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos
baseado na melhor no que já existe. A partir da visão estratégica a materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes,
Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais passa ser co- até as operações gerais de controle de estoques etc.
nhecida por LOGISTICA. A Administração de Materiais destina-se a dotar a adminis-
tração dos meios necessários ao suprimento de materiais impres-
Sendo assim: cindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno,
na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor
VISÃO OPERACIONAL VISÃO ESTRATÉGICA custo.
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de
EFICIENCIA EFETIVIDADE materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do
ESPECIFICA SISTEMICA momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima
QUANTITATIVA E das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a pro-
QUANTITATIVA vidência do suprimento após esse momento poderá levar a falta do
QUALTAITIVA
material necessário ao atendimento de determinada necessidade
MELHORAR O QUE JÁ da administração.
INOVAÇÃO
EXISTE
QUANTO QUANDO São tarefas da Administração de Materiais:
- Controle da produção;
Princípios da Administração de Recursos Materiais e Patrimo- - Controle de estoque;
niais - Compras;
- Qualidade do material; - Recepção;
- Quantidade necessária; - Inspeção das entradas;
- Prazo de entrega - Armazenamento;
- Preço; - Movimentação;
- Condições de pagamento. - Inspeção de saída
- Distribuição.
Qualidade do Material
O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten-
aceitação dentro e fora da empresa (mercado). dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza-
ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de
Quantidade atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção,
Deverá ser estritamente suficiente para suprir as necessidades aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for-
da produção e estoque, evitando a falta de material para o abaste- mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação
cimento geral da empresa bem como o excesso em estoque. de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o
serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à nature-
Prazo de Entrega za dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.),
Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendi- ou do tipo de demanda, estocagem, etc.
mento aos consumidores e evitar falta do material.
Classificação de Materiais
Menor Preço Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma,
O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posi- dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar confu-
ção da concorrência no mercado, proporcionando à empresa um são, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que
lucro maior. seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classifica-
ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material
ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos pode-
rão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si.

364
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segun- fanumérico e numérico, também chamado “decimal”. A escolha do
do critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sistema utilizado deve estar voltada para obtenção de uma codifi-
sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração cação clara e precisa, que não gere confusão e evite interpretações
na qualidade. duvidosas a respeito do material. Este processo ficou conhecido
O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalo- como “código alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codifi-
gação, simplificação, especificação, normalização, padronização cação está a de afastar todos os elementos de confusão que por-
e codificação de todos os materiais componentes do estoque da ventura se apresentarem na pronta identificação de um material.
empresa. O sistema classificatório permite identificar e decidir priorida-
O sistema de classificação é primordial para qualquer Departa- des referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de
mento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da
eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos mate-
correto do almoxarifado. riais.
Para Viana um bom método de classificação deve ter algumas
O princípio da classificação de materiais está relacionado à: características: ser abrangente, flexível e prático.
- Abrangência: deve tratar de um conjunto de características,
Catalogação em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação - Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos
de materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um con- de classificação de modo que se obtenha ampla visão do gerencia-
junto de dados relativos aos itens identificados, codificados e ca- mento do estoque;
dastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas - Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
da empresa. Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversi- uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
dade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de
de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se materiais.
a simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simpli-
ficarmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos Para o autor Viana os principais tipos de classificação são:
as despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos - Por tipo de demanda
com capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para - Materiais críticos
que haja a normalização. - Pericibilidade
Ao requisitar uma quantidade desse material, o usuário irá for- - Quanto à periculosidade
necer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e formato), o - Possibilidade de fazer ou comprar
que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como tam- - Tipos de estocagem
bém o desempenho daqueles que se servem do material, pois a não - Dificuldade de aquisição
simplificação (padronização) pode confundir o usuário do material, - Mercado fornecedor.
se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de
maneira totalmente diferente. - Por tipo de demanda: A classificação por tipo de demanda se
divide em materiais não de estoque e materiais de estoque. Mate-
Especificação riais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para
Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento. Esses
material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de
entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais
material a ser requisitado. somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em
que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição
Normalização quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se
A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili- forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no
zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são mate-
e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar riais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para
e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino- que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimen-
logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida to automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser
e formato. automático, com base na demanda prevista e na importância para
a empresa.
Codificação
É a apresentação de cada item através de um código, com as Os materiais de estoque se subdividem ainda;
informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que
letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armaze- compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao
nados no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e in-
Em função de uma boa classificação do material, poderemos partir sumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo
para a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as infor- produtivo. Produtos em fabricação que são também conhecidos
mações necessárias, suficientes e desejadas por meios de números como materiais em processamento que estão sendo processados
e/ou letras. Os sistemas de codificação mais comumente usados ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque por-
são: o alfabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, que já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque
passou-se a adotar de uma ou mais letras o código numérico), al- ainda não são produtos acabados. Produtos acabados: produtos já

365
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manutenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais não
incorporados ao produto no processo produtivo da empresa. Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em diversos
setores da empresa.

Quanto ao valor de consumo: Para que se alcance a eficácia na gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo
que é essencial do que é secundário em termos de valor de consumo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta cha-
mada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a importância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio consumo
em determinado período. Curva ABC é um importante instrumento para se examinar estoques, permitindo a identificação daqueles itens
que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo espaço de tempo (nor-
malmente 6 meses ou 1 ano), do consumo em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, paraque eles possam ser classificados
em ordem decrescente de importância.

Os materiais são classificados em:


- Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser trabalhados com uma atenção especial pela administração. Os dados aqui
classificados correspondem, em média, a 80% do valor monetário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são orienta-
tivos e não são regra).
- Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os
segundos em importância. Os dados aqui classificados correspondem em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
30% dos itens estudados (esses valores são orientadores e não são regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gerarem
custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, somente
5% do valor monetário total representam esta classe, porém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são orientadores
e não são regra).

Metodologia de cálculo da curva ABC


A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de prio-
ridades, para a programação da produção.

Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes, desne-
cessária. É conveniente que os itens mais importantes, segundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes. Assim,
economiza-se tempo e recursos.
Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o processo em 6 etapas a seguir:
1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada um
deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark-up, etc.
2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com esses
dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a quantidade pelo custo unitário.
3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é preciso organizá-los em ordem decrescente de valor.
4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumulado
e os percentuais do custo total acumulado de cada item em relação ao total.
5º) Construir a curva ABC

366
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total
acumulado.

6º) Análise dos resultados


Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

Classe % itens Valor acumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

Classe Nº itens % itens Valor acumulado Itens em estoque


A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola, Giz, Isqueiro.

A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A
(apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C
(sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais
rentável para a empresa do nosso exemplo.

Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter
o material.
Os materiais são classificados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem
colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais
classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em
curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas,
ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?

Ainda em relação aos tipos de materiais temos;


- Materiais Críticos: São materiais de reposição específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o ris-
co. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto,
sujeitos ao controle de obsolescência.
A quantidade de material cadastrado como material crítico dentro de uma empresa deve ser mínimo.

367
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os materiais são classificados como críticos segundo os se- As atribuições básicas do Recebimento são:
guintes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material - Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devo-
importado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de lução de materiais;
difícil obtenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de - Analisar a documentação recebida, verificando se a compra
materiais de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de está autorizada;
transporte; Críticos por problemas de armazenagem ou transpor- - Controlar os volumes declarados na nota fiscal e no manifesto
te de materiais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou de transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos;
grandes dimensões; Críticos por problema de previsão, por ser di- - Proceder a conferência visual, verificando as condições de
fícil prever seu uso; Críticos por razões de segurança de materiais embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se
de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção. for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos docu-
mentos;
- Perecibilidade: Os materiais também podem ser classificados - Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos mate-
de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades riais recebidos;
físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classifica- - Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso;
ção; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado - Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da libe-
em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utiliza- ração de pagamento ao fornecedor;
ção poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem - Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxa-
por longos períodos. Ex. alimentos, remédios; rifado;

- Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação permite a A análise do Fluxo de Recebimento de Materiais permite dividir
identificação de materiais que devido a suas características físico- a função em quatro fases:
-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, trans-
porte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis. 1a fase - Entrada de Materiais
A recepção dos veículos transportadores efetuada na portaria
- Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa de- da empresa representa o início do processo de Recebimento e tem
terminar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fa- os seguintes objetivos:
bricados internamente ou comprados: - A recepção dos veículos transportadores;
- Fazer internamente: fabricados na empresa; - A triagem da documentação suporte do recebimento;
- Comprar: adquiridos no mercado; - Constatação se a compra, objeto da nota fiscal em análise,
- Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; está autorizada pela empresa;
- Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a - Constatação se a compra autorizada está no prazo de entrega
análise de custos. contratual;
- Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classificados em - Constatação se o número do documento de compra consta
materiais de estocagem permanente e temporária. na nota fiscal;
- Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis - Cadastramento no sistema das informações referentes a com-
de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes. pras autorizadas, para as quais se inicia o processo de recebimento;
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- - O encaminhamento desses veículos para a descarga;
mento, ou seja, é um material não de estoque.
As compras não autorizadas ou em desacordo com a progra-
- Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser classifica- mação de entrega devem ser recusadas, transcrevendo-se os mo-
dos por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisi- tivos no verso da Nota Fiscal. Outro documento que serve para
ção e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: as operações de análise de avarias e conferência de volumes é o
Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogra- “Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga”, que é emitido
ma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no quando do recebimento da mercadoria a ser transportada.
mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalida- As divergências e irregularidades insanáveis constatadas em
de: há alteração da oferta do material em determinados períodos relação às condições de contrato devem motivar a recusa do re-
do ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um cebimento, anotando-se no verso da 1a via da Nota Fiscal as cir-
único fornecedor; Logística sofisticada: material de transporte es- cunstâncias que motivaram a recusa, bem como nos documentos
pecial, ou difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves do transportador. O exame para constatação das avarias é feito
burocráticos, liberação de verbas ou financiamentos externos. através da análise da disposição das cargas, da observação das em-
balagens, quanto a evidências de quebras, umidade e amassados.
- Mercado fornecedor: Esta classificação está intimamente li- Os materiais que passaram por essa primeira etapa devem ser
gada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mer- encaminhados ao Almoxarifado. Para efeito de descarga do mate-
cado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais do rial no Almoxarifado, a recepção é voltada para a conferência de
mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais volumes, confrontando-se a Nota Fiscal com os respectivos regis-
em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvol- tros e controles de compra. Para a descarga do veículo transpor-
vendo fornecedores nacionais. tador é necessária a utilização de equipamentos especiais, quais
sejam: paleteiras, talhas, empilhadeiras e pontes rolantes.
Recebimento e Armazenagem O cadastramento dos dados necessários ao registro do rece-
Recebimento é a atividade intermediária entre as tarefas de bimento do material compreende a atualização dos seguintes sis-
compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilida- temas:
de a conferência dos materiais destinados à empresa.

368
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Sistema de Administração de Materiais e gestão de esto- As atividades que compõem a armazenagem são:
ques: dados necessários à entrada dos materiais em estoque, vi- - Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a
sando ao seu controle; identificação do material recebido, analisar o documento fiscal com
- Sistema de Contas a pagar : dados referentes à liberação de o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal.
pendências com fornecedores, dados necessários à atualização da - Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda
posição de fornecedores; do material. A classificação dos estoques constitui-se em: estoque
- Sistema de Compras : dados necessários à atualização de sal- de produtos em processo, estoque de matéria – prima e materiais
dos e baixa dos processos de compras; auxiliares ,estoque operacional, estoque de produtos acabados e
estoques de materiais administrativos.
2a fase - Conferência Quantitativa - Distribuição: está relacionada à expedição do material, que
É a atividade que verifica se a quantidade declarada pelo for- envolve a acumulação do que foi recebido da parte de estocagem,
necedor na Nota Fiscal corresponde efetivamente à recebida. A a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu des-
conferência por acusação também conhecida como “contagem tino final. Nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de
cega “ é aquela no qual o conferente aponta a quantidade recebi- saída para que haja controle do estoque.
da, desconhecendo a quantidade faturada pelo fornecedor. A con-
frontação do recebido versus faturado é efetuada a posteriori por Tipos de armazenagem:
meio do Regularizador que analisa as distorções e providencia a A armanezagem temporária tem como função conseguir uma
recontagem. forma de arrumação fácil de material, como por exemplo, a coloca-
Dependendo da natureza dos materiais envolvidos, estes po- ção de estrados para uma armazenagem direta entre outros. Já a
dem ser contados utilizando os seguintes métodos: armazenagem permanente tem um local pré-definido para o depó-
- Manual: para o caso de pequenas quantidades; sito de materiais, assim o fluxo do material determina a disposição
- Por meio de cálculos: para o caso que envolve embalagens do armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, assim, garan-
padronizadas com grandes quantidades; tindo a organização do mesmo.
- Por meio de balanças contadoras pesadoras: para casos que
envolvem grande quantidade de pequenas peças como parafusos, Vantagens da armazenagem:
porcas, arruelas; A armazenagem quando efetuada de maneira correta pode
- Pesagem: para materiais de maior peso ou volume, a pesa- trazer muitos benefícios, nos quais traz diretamente a redução de
gem pode ser feita através de balanças rodoviárias ou ferroviárias; custos.
- Medição: em geral as medições são feitas por meio de trenas; - Redução dos custos de movimentação bem como das exis-
tências;
3a fase - Conferência Qualitativa - Facilidade na fiscalização do processo;
Visa garantir a adequação do material ao fim que se destina. A - Redução de perdas e inutilidades.
análise de qualidade efetuada pela inspeção técnica, por meio da - Aproxima a empresa de seus clientes e fornecedores;
confrontação das condições contratadas na Autorização de Forne- - Agiliza o processo de entrega;
cimento com as consignadas na Nota Fiscal pelo Fornecedor, visa - Compensa defasagens de produção
garantir o recebimento adequado do material contratado pelo exa- - Melhor aproveitamento do espaço;
me dos seguintes itens:
- Características dimensionais; Desvantagens da armazenagem:
- Características específicas; Algumas desvantagens segundo:
- Restrições de especificação; - Imobilização de capital;
- A armazenagem requer serviços administrativos de controles
A armazenagem nada mais é do que um conjunto de funções e gerenciamento;
que tem nele a recepção, descarga, carregamento, arrumação e - A mercadoria tem prazo de validade nos quais devem ser res-
conservação de matérias – primas, produtos acabados ou semi – peitados;
acabados. - Um armazém de grande porte requer máquinas com tecno-
Este processo envolve mercadorias, e apenas produz resul- logia.
tados quando é realizado uma operação com o objetivo de lhe
acrescentar valor. A armazenagem pode ser definida como o com- Armazenagem em função das prioridades
promisso entre os custos e a melhor solução para as empresas. Na Não existe nenhuma norma que regule o modo como os ma-
prática isso só é possível se tiver em conta todos os fatores que teriais devem estar dispostos no armazém, porém essa decisão de-
influenciam os custos de armazenagem, bem como a importância pende de vários fatores. Senão veja-se:
relativa dos mesmos.
A função de armazenamento de material é agir com maior agi- Armazenagem por agrupamento:
lidade entre suprimento e as necessidades de produção. Esta espécie de armazenagem facilita a arrumação e busca de
O armazenamento incorpora diversos aspectos diferentes das materiais, podendo prejudicar o aprovisionamento do espaço. É o
operações logísticas. Devido à interação, o armazenamento não caso dos moldes, peças, lotes de aprovisionamento aos quais se
se enquadra nitidamente em esquemas de classificação utilizados atribui um número que por sua vez pertence a um grupo, identifi-
quando se fala em gerenciamento de pedidos, inventário ou trans- cando-os com a divisão da estante respectiva .
porte.

369
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Armazenagem por tamanho, peso e característica do material. material a armazenagem faz-se em silos ou reservatórios de gran-
Neste critério o talão de saída deve conter a informação relati- des dimensões. Para quantidades menores utilizam-se bidões, latas
va ao setor do armazém onde o material se encontra. Este critério e caixas. Armazena-se grãos, produtos líquidos, etc;
permite um melhor aprovisionamento do espaço, mas exige um - Armazéns frigorificados: Produtos perecíveis, frutas, comida
controlo rigoroso de todas as movimentações. congelada, etc;
- Armazéns para utilidades domésticas e mobiliário: Produtos
Armazenagem por frequência domésticos e mobiliário;
O controle através da ficha técnica permite determinar o lo- - Armazéns de mercadorias em geral: Produtos diversos. O
cal onde o material deverá ser colocado, consoante a frequência principal objetivo é agregar o material em unidades de transporte e
com que este é movimentado. A ficha técnica também consegue armazenagem tão grandes quanto possíveis, de modo a preencher
verificar o tamanho das estantes, de modo a racionalizar o aprovei- o veiculo por completo.
tamento do espaço. - Gases - Os gases obedecem a medidas especiais de precau-
ção, uma vez que tornam-se perigosos ao estarem sujeitos a altas
Armazenagem com separação entre lote de reserva e lote di- pressões e serem inflamáveis. Por sua vez a armazenagem de gar-
ário rafas de gás está sujeita a regras específicas e as unidades de trans-
Esta armazenagem é constituída por um segundo armazém de porte são por norma de grandes dimensões.
pequenos lotes o qual se destina a cobrir as necessidades do dia-
-a-dia. Este armazém de movimento possui uma variada gama de Critérios de Armazenagem
materiais. Dependendo das características do material, a armazenagem
pode dar-se em função dos seguintes parâmetros:
Armazenagem por setores de montagem - Fragilidade;
Neste tipo de armazenagem as peças de série são englobadas - Combustibilidade;
num só grupo, de forma a constituir uma base de uma produção - Volatilização;
por família de peças. Este critério conduz à organização das peças - Oxidação;
por prioridades dentro de cada grupo. - Explosividade;
- Intoxicação;
A mecanização dos processos de armazenagem fará com que o - Radiação;
critério do percurso mais breve e de menor frequência seja imple- - Corrosão;
mentado na elaboração de novas técnicas de armazenagem - Inflamabilidade;
- Volume;
Tipos de Armazenagem - Peso;
Armazenagem temporária - Forma.
Aqui podem ser criadas armações corridas de modo a conse-
guir uma arrumação fácil do material, colocação de estrados para Os materiais sujeitos à armazenagem não obedecem regras ta-
uma armazenagem direta, pranchas entre outros. Aqui a força da xativas que regulem o modo como os materiais devem ser dispos-
gravidade joga a favor. tos no Almoxarifado. Por essa razão, deve-se analisar, em conjunto,
os parâmetros citados anteriormente, para depois decidir pelo tipo
Armazenagem permanente de arranjo físico mais conveniente, selecionando a alternativa que
É um processo predefinido num local destinado ao depósito melhor atenda ao fluxo de materiais:
de matérias. • armazenagem por tamanho: esse critério permite bom
O fluxo de material determina: aproveitamento do espaço;
- A disposição do armazém - critério de armazenagem; • armazenamento por frequência: esse critério implica ar-
- A técnica de armazenagem - espaço físico no armazém; mazenar próximo da saída do almoxarifado os materiais que te-
- Os acessórios do armazém; nham maior frequência de movimento;
- A organização da armazenagem. • armazenagem especial, onde destacam-se:
• os ambientes climatizados;
Armazenagem interior/exterior • os produtos inflamáveis, que são armazenados sob rígidas
A armazenagem ao ar livre representa uma clara vantagem a normas de segurança;
nível econômico, sendo esta muito utilizada para material de ferra- • os produtos perecíveis (método FIFO)
gens e essencialmente material pesado. • Armazenagem em área externa: devido à sua natureza,
muitos materiais podem ser armazenados em áreas externas, o
Armazenagem em função dos materiais que diminui os custos e amplia o espaço interno para materiais que
A armazenagem deve ter em conta a natureza dos materiais necessitam de proteção em área coberta. Podem ser colocados nos
de modo a obter-se uma disposição racional do armazém, sendo pátios externos os materiais a granel, tambores e “containers”, pe-
importante classificá-los. ças fundidas e chapas metálicas.
- Armazém de commodities: Madeira, algodão, tabaco e cere- • Coberturas alternativas: não sendo possível a expansão
ais; do almoxarifado, a solução é a utilização de galpões plásticos, que
- Armazém para granel: A armazenagem deste material deve dispensam fundações, permitindo a armazenagem a um menor
ocorrer nas imediações do local de utilização, pois o transporte des- custo.
te tipo de material é dispendioso. Para grandes quantidades deste Independentemente do critério ou método de armazenamen-
to adotado é oportuno observar as indicações contidas nas emba-
lagens em geral.

370
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estudo do layout INTERMEDIÁRIOS
Alguns cuidados devem ser tomados durante o projeto do Relacionam-se abaixo, alguns exemplos dos principais interme-
layout de um almoxarifado, de forma que se possa obter as seguin- diários atuantes em um canal de distribuição:
tes condições: - Varejista: tipo de intermediário cujo principal objetivo é re-
• Máxima utilização do espaço; alizar a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente final.
• Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra e Ex.: Supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de calçados, etc.
equipamentos); - Atacadista: intermediário que compra e revende mercado-
• Pronto acesso a todos os itens; rias para os varejistas e a outros comerciantes e/ou para estabe-
• Máxima proteção aos itens estocados; lecimentos industriais, institucionais e usuários comerciantes, mas
• Boa organização; que não vende em pequenas quantidades para clientes finais. Ex.:
• Satisfação das necessidades dos clientes. Martins, Atacadão
- Distribuidor: geralmente, esse termo é confundido com o
No projeto de um almoxarifado devem ser verificados os se- Atacadista. Porém, para bens industriais, o mesmo agrega, além da
guintes aspectos: venda, armazenagem e assistência técnica dentro de uma área ge-
• Itens a serem estocados (itens de grande circulação, gran- ográfica delimitada de atuação, ou seja, busca atender demandas
de peso e volume); mais regionalizadas. Ex.: Distribuidor de tratores e implementos
• Corredores (facilidades de acesso); agrícolas em uma determinada região.
• Portas de acesso (altura, largura); - Agentes (relações de longo prazo) e Corretores (relações de
• Prateleiras e estruturas (altura x peso); curto prazo): pessoas jurídicas comissionadas que vendem uma li-
• Piso (resistência). nha de produtos de uma empresa sob relação contratual. Podem
trabalhar com exclusividade apenas os produtos de uma única em-
Distribuição De Materiais presa (agentes exclusivos) ou trabalham com produtos similares de
O processo de distribuição: conceitos e estratégias empresas diferentes (agentes não exclusivos).
Ter um bom produto (bem ou serviço) não basta! Há a necessi-
dade que esse produto chegue até o cliente da melhor forma possí- IMPORTÂNCIA DOS INTERMÉDIARIOS
vel, seja esse um produto de consumo ou industrial. Nesse sentido, Pode-se identificar diversos aspectos que justificam a impor-
é necessário identificar adequadamente os meios para distribuir o tância dos intermediários no canal de distribuição, dentre esses
produto, para que esse chegue ao cliente certo, na quantidade cer- destacam-se:
ta e no momento certo. - Aumento da eficiência do processo de distribuição, pois não
Um bom produto pode não ter aceite do mercado, caso esse seria eficiente para um fabricante ou produtor buscar atender
não esteja disponível nos lugares certos para o consumo. Portan- clientes individualmente;
to, o sucesso ou fracasso de um produto no mercado depende de - Transformação das transações em processos repetitivos e
sua disponibilidade para consumo, no tempo e quantidade certa. O rotineiros, simplificando atividades e os processos de pedido, pa-
cliente ao procurar uma determinada marca, não encontrando-a, gamento, etc.
esse tenderá comprar uma outra marca qualquer. Dessa forma, um - Facilitação do processo de busca de produtos, ampliando o
dos instrumentos da Logística que busca solucionar esse problema acesso dos clientes a uma gama maior de produtos.
e o desenvolvimento e utilização de um correto Processo de Distri-
buição. FUNÇÕES DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
As funções objetivam tornar o canal de distribuição mais efe-
Dimensões do processo de distribuição: canal de distribuição e tivo (eficiente e eficaz), podendo ser dividida em três categorias:
distribuição física Transacionais: compreendem a compra, a venda dos produtos,
- Canal de distribuição está relacionado ao conjunto de orga- bem como assumir os riscos comerciais envolvidos no processo;
nizações interdependentes envolvidas na disponibilização de um Facilitação: relacionam-se com o financiamento de crédito,
produto (bem e/ou serviço) para uso e/ou consumo. Dessa forma, o controle de produtos (inspecionar e classificar produtos), bem
entende-se canal de distribuição como sendo, o conjunto de or- como a coleta de informações de marketing, tornando mais fáceis
ganizações que executam as funções necessárias para deslocar os os processos de compra e venda. Produtores e intermediários po-
produtos da produção até o consumo. Nesse contexto surgem os dem trabalhar juntos para criar valor para seus clientes por meio
intermediários que são as organizações que constituem o canal de de previsões de vendas, análises competitivas e relatórios sobre as
distribuição, ou seja, são empresas comerciais que operam entre os condições do mercado, focando atingir as reais necessidades dos
produtores e os clientes finais. clientes;
- Distribuição Física: refere-se à movimentação de produtos Logísticas: envolvem a movimentação e a combinação de pro-
para o local adequado, nas quantidades e tempos (prazos) corretos, dutos em quantidades que os tornem fáceis de comprar.
de maneira eficiente e eficaz em termos de custo, ou seja, refere-se
ao uso correto das estratégias de logística relacionadas ao processo
de distribuição, tais como, armazenagem/estocagem, embalagem,
transporte, movimentação interna de materiais, bem como dos sis-
temas e equipamentos necessários para essas funções.

371
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DECISÕES DE PROJETO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO FabricanteAgente(Atacadista) Varejista Cliente Final (NÍVEL
Para se projetar um canal de distribuição é necessário avaliar TRES): Nesse sistema, o agente (broker) desempenha a função de
alguns atributos: reunir o comprador e o vendedor. O agente é na verdade, um in-
Avaliar claramente os mercados (reais e potenciais) a serem termediário que não compra produtos, apenas representa o fabri-
trabalhados. cante ou o atacadista (aqueles que realmente compram os bens) na
- Determinar as características dos clientes (segmentação), em busca de mercados à produção dos fabricantes ou na localização de
termos de números de clientes, dispersão geográfica, frequência fontes de suprimento para esses fabricantes.
de compra, etc.
- Determinar as características dos produtos quanto à pere- Prestador de Serviço Usuário Final: A distribuição de serviços
cibilidade, dimensões, grau de padronização e necessidades dos para usuários finais ou empresariais é mais simples e direta do que
clientes. a distribuição de bens tangíveis, em função das características dos
- Determinar as características dos intermediários, quanto ao serviços. O profissional de Marketing de Serviços está menos pre-
tipo de transporte, sistema de equipamentos e armazenagem utili- ocupado com a armazenagem, transporte e controle do estoque
zado, sistemas de TI, etc. e, normalmente usa canais mais curtos. Outra consideração é a
- Diagnosticar as características ambientais quanto às condi- contínua necessidade de manutenção de relacionamentos pessoais
ções locais, legislação, etc. entre produtores e usuários de serviços.
- Avaliar as características das empresas envolvidas quanto so-
lidez financeira, composto de produtos (bens e serviços), nível de Prestador de ServiçoAgente Usuário Final: Na prestação de ser-
serviço, estratégias de marketing, etc. viços também há a possibilidade da utilização de agentes, os quais
nesse caso são denominados de corretores. Os exemplos mais co-
TIPOLOGIAS DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO muns incluem os corretores de seguro, corretores de fundo de in-
FabricanteCliente Final/Cliente Empresarial (NÍVEL ZERO) - é vestimentos, agentes de viagem, etc.
o canal de distribuição mais simples e direto do fabricante até o
usuário final, sendo também o mais comum no cenário empresa- GESTÃO DAS RELAÇÕES NO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO
rial. Quando essse canal de distribuição é usado em mercados de Conflitos no Canal
consumo, pode assumir duas formas. A primeira é a Venda Direta Conflito é um fenômeno que resulta da natureza social dos re-
que envolve contatos de vendas pessoais entre o comprador e o lacionamentos. Especificamente, no caso dos canais de distribui-
vendedor, como aqueles que ocorrem com os produtos agrícolas ção, o conflito surge quando um membro do canal crê que outro
(feiras), processo Avon, Yakult, etc. Já a segunda forma é o Marke- membro esteja impedindo a realização de seus objetivos especí-
ting Direto, o qual abrange uma comunicação direta entre o com- ficos. Diversos fatores podem favorecer o surgimento de conflito
prador e o vendedor, conforme ocorre nas vendas por meio de ca- entre os membros do canal:
tálogos ou mala direta. Pode-se considerar que os canais diretos - Incongruência de papéis entre os membros;
são mais importantes no mercado empresarial (B2B), onde a maior - Escassez de recursos e discordância na sua alocação;
parte dos equipamentos, peças e matéria-prima são vendidas por - Diferenças de percepção e interpretação dos estímulos am-
meio de contatos diretos entre vendedores e compradores. Esse bientais;
canal é requisitado quando o fabricante prefere não utilizar os in- - Diferenças de expectativas em relação ao comportamento es-
termediários disponíveis no mercado, optando pela força de venda perado dos outros membros;
própria e providenciando a movimentação física dos produtos até - Discordância no domínio da decisão;
o cliente final. O mesmo oferece às empresas a vantagem de maior - Incompatibilidade de metas específicas dos membros;
controle das funções de Marketing a serem desempenhadas, sem - Dificuldades de comunicação.
a necessidade de motivar intermediários e depender de resultados Há três principais tipos de conflitos que podem ocorrer nos ca-
de terceiros. Uma das desvantagens é a exigência de maiores inves- nal de distribuição:
timentos, uma vez que as funções mercadológicas são assumidas. - O conflito Vertical – tipo de conflito que ocorre entre mem-
bros de diferentes níveis no canal. Ex.: Fabricantes versus Ataca-
FabricanteVarejistaCliente Final (NÍVEL UM) - é um dos canais distas ou Varejistas. Quando um fabricante vende seus produtos
mais utilizados pelos fabricantes de produtos de escolha, como diretamente aos clientes via internet, poderá gerar algum tipo de
alimentação, vestuário, livros, eletrodomésticos. Nesse caso, o fa- conflito vertical entre esse e seus varejistas.
bricante transfere ao intermediário grande parte das funções mer- - O conflito Horizontal, conflito que envolve divergências entre
cadológicas (venda, transporte, crédito, embalagens). Ex.: Lojas membros do mesmo nível no canal, como Atacadistas versus Ata-
Bahia, Supermercado Extra, etc. cadistas ou franqueados (lojas) pertencentes a uma certa franquia
competindo em uma mesma região. Esses conflitos podem ocorrer,
FabricanteAtacadista Varejista Cliente Final (NÍVEL DOIS) - esse devido as diferenças quanto aos limites de território ou em termos
tipo de canal é utilizado no mercado de bens de consumo, quando dos preços praticados.
a distribuição visa atingir um número muito grande e disperso de - Conflito Multicanal – é o conflito que surge quando um fabri-
clientes (ampliar capilaridade). cante utiliza dois ou mais canais simultâneos que vendem para o
Uma empresa que visa cobrir um mercado de forma intensiva mesmo mercado. Ex. loja virtual versus loja física ou uso de repre-
pode utilizar esse canal que, além das vendas, oferece financiamen- sentantes.
to, transportes, promoções, etc. É um dos sistemas mais tradicio-
nais para alguns tipos de produtos como bebidas, limpeza, etc.

372
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Poder no canal der os produtos com base em sua localização, reputação, clientela
Poder é a capacidade que um dos membros do canal tem de in- e outros pontos fortes. A distribuição seletiva é empregada quan-
fluenciar as variáveis do mix mercadológico de um outro membro. do osclientes buscam produtos de compra comparada. Cabe ainda
Nesse sentido, o membro que exerce Poder está interferindo ou destacar que, nesse caso, havendo menos “parceiros” de canal,
até modificando os objetivos mercadológicos do outro membro. De torna-se possível desenvolver relacionamentos mais estreitos com
uma forma mais geral, conceito de Poder está associado à capaci- cada um desses, permitindo que o fabricante obtenha boa cobertu-
dade de um membro particular do canal de controlar ou influenciar ra do mercado com mais controle e menos custos, comparado com
o comportamento de outro(s) membro(s) do canal. a distribuição intensiva.

Fontes de Poder no canal - Distribuição exclusiva - ocorre quando o fabricante vende


Em geral, existem cinco tipos de fontes de poder que são exer- seus produtos por meio de um único intermediário em uma de-
cidos no canal: terminada região, onde esserecebe o direito exclusivo de distribuir
- Recompensa: é a capacidade de um agente recompensar um tais produtos. Esse tipo de estratégia é utilizada quando um deter-
outro quando esse último conforma-se à influência do primeiro. A minado produto requer um esforço especializado de venda ou in-
recompensa, normalmente está associada com fontes econômicas. vestimentos em estoques e instalações específicas. A distribuição
- Coerção: é o oposto do Poder de recompensa, onde o exer- exclusiva é oposta à distribuição intensiva, sendo mais adequada à
cício do Poder está associado à expectativa de um dos agentes em medida em que se deseja operar apenas com “parceiros” exclusivos
relação à capacidade de retaliação do outro, caso esse não se sub- de canal que possam apoiar ou servir o produto de forma adequa-
meta às tentativas de influência do primeiro. da, ou seja, enfatizando uma determinada imagem que possa cara-
- Legítimo: deriva de normas internalizadas em um membro terizar luxo ou exclusividade.
(contrato) e que estabelecem que outro membro tem o direito de
influenciá-lo, existindo a obrigação de aceitar essa influência. A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de distri-
- Informacional: origina-se pela posse de um membro de infor- buição depende essencialmente de cada organização, da forma
mações valorizadas por outros membros do canal. com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia
- Experiência: deriva do conhecimento (know-how) que um de suprimentos. Porém, é possível identificar alguns fatores gerais,
membro detem em relação a outro membro. comum na maioria deles:
- Assegurar a rápida disponibilidade do produto no mercado
Liderança do canal identificado como prioritários, ou seja, o produto precisa estar dis-
Quando os conflitos se reduzem e há um aumento de coope- ponível para a venda nos estabelecimentos varejistas do tipo cor-
ração entre os membros do canal, essas características podem re- reto;
sultar no surgimento de membros que, devido a fatores como, alto - Intensificar ao máximo o potencial de vendas do produto sob
poder de barganha, poder legítimo, poder de informação, tornam- enfoque, isto é buscar parcerias entre fabricante e varejista que
-se líderes do canal.Por ouro lado, alguns autores identificaram um possibilitem a exposição mais adequada da mercadoria nas lojas;
padrão consistente de condições que determinam o surgimento de - Promover cooperação entre os participantes da cadeia de su-
uma liderança no canal: o líder do canal tende emergir quando o ca- primentos, principalmente relacionada aos fatores mais significati-
nal de distribuição enfrenta ambientes ameaçadores, aqueles onde vos associados à distribuição física, ou seja, buscar lotes mínimos
a demanda é declinante, a concorrência aumenta e a incerteza é dos pedidos, uso ou não de paletização ou de tipos especiais de
elevada. acondicionamentos em embalagens, condições de descarga, restri-
ções de tempo de espera, etc.
Construindo a confiança no canal - Assegurar nível de serviço estabelecido previamente pelos
Muitos canais estão rumando para a construção da confiança parceiros da cadeia de suprimentos;
mútua como base para o sucesso das relações entre os membros - Garantir rápido e preciso fluxo de informações entre os par-
do canal. Geralmente essa confiança requer que esses membros ceiros; e
reconheçam sua interdependência e saibam compartilhar proces- - Procurar redução de custos, de maneira integrada, atuando
sos e informações. em conjunto com os parceiros, analisando a cadeia de suprimentos
na sua totalidade.
ESTRATÉGIAS DE DISTRIBUIÇÃO
Em termos gerais, existem três tipos de estratégias de distri- Os canais de distribuição podem desempenhar quatro funções
buição: básicas, segundo as modernas concepções trazidas pelo supply
- Distribuição intensiva – essa estratégia torna um certo produ- chain management:
to disponível no maior número de estabelecimentos de uma região, - Indução da demanda – as empresas da cadeia de suprimentos
visando obter maior exposição e ampliar a oportunidade de ven- necessitam gerar ou induzir a demanda de seus serviços ou merca-
da. Produtos com baixo valor unitário e alta frequência de compra dorias;
são vendidos intensivamente, de modo que os clientes considerem - Satisfação da demanda – é necessário comercializar os servi-
conveniente comprá-los. Assim, por meio da distribuição intensiva, ços ou mercadorias para satisfazer a demanda;
os clientes podem encontrar os produtos no maior número de lo- - Serviço de pós-venda – uma vez comercializados os serviços
cais possíveis. ou mercadorias, precisa-se oferecer os serviços de pós-venda; e
- Troca de informações – o canal viabiliza a troca de informa-
- Distribuição seletiva – estratégia que consiste no fato do fa- ções ao longo de toda a cadeia de suprimentos, acrescendo-se tam-
bricante vender produtos por meio de mais de um dos intermediá- bém os consumidores que disponibilizam um retorno importante
rios disponíveis em uma região, mas não em todos. Sendo assim, os tanto para os fabricantes quanto para os varejistas.
intermediários escolhidos são considerados osmelhores para ven-

373
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Entre fatores estratégicos importantes no sistema distributivo Para um melhor entendimento, seguem os níveis da adminis-
podem ser levantadas as seguintes questões: tração da distribuição física.
- Se o número, o tamanho e a localização das unidades fabris • Estratégico;
atendem às necessidades de mercado, • Tático;
- Se a localização geográfica dos mercados e os seus respecti- • Operacional.
vos custos de abastecimento são compatíveis,
- Se a frequência de compras dos clientes, o número e o tama- a. Nível Estratégico
nho dos pedidos justificam o esforço distributivo, Neste nível, a alta administração da empresa decide o modo
- Se o custo do pedido e o custo de distribuição estão em bases que deve ter a configuração do sistema de distribuição. Podem ser
compatíveis com o mercado, relacionadas às seguintes preocupações:
- Se os métodos de armazenagem e os seus custos são justificá- • Localização dos armazéns;
veis com os resultados operacionais gerados, • Seleção dos modais de transportes;
- Se os métodos de transporte adotados são adequados, • Sistema de processamento de pedidos etc.
Em conformidade com o potencial do mercado, é importante b. Nível Tático
analisar a demanda de cada mercado atendido pela empresa e se o É o nível em que a média gerência da empresa estará envolvida
tipo de sistema de distribuição adotado é adequado. em utilizar seus recursos da melhor e maior forma possível. Suas
preocupações são:
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA • Ociosidade do equipamento de transmissão de pedidos ser
A distribuição física de produtos ou distribuição física são os a mínima;
processos operacionais e decontrole que permitem transferir os • Ocupação otimizada da área de armazéns;
produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que a mer- • Otimização dos meios de transportes, sempre em níveis má-
cadoria é finalmente entregue ao consumidor. (NOVAES, 1994). ximos possíveis à carga etc.
Pode-se dizer que seu objetivo geral é levar os produtos certos,
para os lugares certos, no momento certo e com o nível de serviço c. Nível Operacional
desejado, pelo menor custo possível. É o nível em que a supervisão garante a execução das tarefas
A distribuição física tem, como foco principal, todos os produ- diárias para assegurar que os produtos se movimentem pelo canal
tos que a companhia oferece para vender, ou seja, desde o instante de distribuição até o último cliente. Podem ser citadas:
em que a produção é terminada até o momento em que o cliente • Carregar caminhões;
recebe a mercadoria (produto). • Embalar produtos;
Toda produção visa a um ponto final, que é chegar às mãos do • Manter registros dos níveis de inventário etc.
consumidor.
“Nadar e morrer na praia” não é objetivo de nenhuma institui- MODALIDADES DE TRANSPORTE
ção que vise ao lucro. Nem entidades sem fins lucrativos desejam O transporte de mercadorias é parte fundamental do comér-
que seus feitos não alcancem os objetivos, mesmo que estes não cio. Como o produto é entregue e a qualidade com que chega até o
sejam financeiros. cliente final é o que define a satisfação do comprador e a possibili-
Uma boa distribuição, associada a um produto de boa quali- dade de um cliente fiel. Sendo assim, deve-se usar o modal – meio
dade, a uma propaganda eficaz e a um preço justo, faz com que de transporte – que atenda às expectativas do comprador.
os produtos sejam disponibilizados a seus consumidores, de modo Dados mostram que o transporte representa 60% dos custos
que estes possam fazer a opção pela compra. Estando nas pratelei- logísticos, 3,5% do faturamento e tem papel preponderante na
ras, o produto passa a fazer parte de uma gama de produtos con- qualidade dos serviços logísticos, impactando diretamente no tem-
correntes que podem ser comprados ou não. po de entrega, confiabilidade e segurança dos produtos.
O primeiro passo para ele poder fazer parte dessa opção de
compra é estar disponível nas prateleiras. Qual o melhor modal?
Outros fatores como propaganda, preço e qualidade do produ- São basicamente cinco os modais: rodoviário, ferroviário,
to, podem variar entre produtos concorrentes, mas a distribuição aquaviário, aéreo e dutoviário.
é uma condição obrigatória para todas as empresas que querem Para o transporte de mercadorias, cada modal possui suas van-
vender seus produtos. tagens e desvantagens. Para cada rota há possibilidade de escolha
Se o produto não está disponível na prateleira, independente e esta deve ser feita mediante análise profunda dos custos e carac-
de todos os outros fatores que influenciam a compra, este não po- terísticas do serviço.
derá ser comprado.
Imagine um produto com uma qualidade maravilhosa, com O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exte-
uma estratégia de propaganda primorosa, com um preço imbatível, rior classifica o Sistema de Transporte, quanto à forma, em:
mas não disponível no mercado. - Modal: envolve apenas uma modalidade (ex.: Rodoviário);
A distribuição física acontece em vários níveis dentro de uma - Intermodal: envolve mais de uma modalidade (ex.: Rodoviá-
instituição. Isso ocorre em razão de que a posição hierárquica inter- rio e Ferroviário);
fere no processo. Uma decisão tomada pela alta administração de - Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, regido
uma empresa é chamada de decisão estratégica e deve ser seguida por um único contrato;
pelos demais níveis hierárquicos. - Segmentados: envolve diversos contratos para diversos mo-
A decisão tática é tomada e imposta pela média gerência e a dais;
operacional diz respeito à supervisão que se encarregará de fazer - Sucessivos: quando a mercadoria, para alcançar o destino fi-
com que os projetos sejam cumpridos e executados. nal, necessita ser transbordada para prosseguimento em veículo da
mesma modalidade de transporte (regido por um único contrato).

374
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE TRANSPORTE

Transporte Rodoviário
É aquele que se realiza em estradas, com utilização de caminhões e carretas. Trata-se do transporte mais utilizado no Brasil, apesar
do custo operacional e do alto consumo de óleo diesel.

Vantagens Desvantagens

• Capacidade de tráfego por qualquer rodovia (flexibilida- • Menor capacidade de cargas entre todos os
de operacional) modais;

• Usado em qualquer tipo de carga. • Alto custo de operação

• Agilidade no transporte e no acesso às cargas • Alto risco de roubo/Frota antiga- acidentes

• • Vias com gargalos gerando gastos extras e


Não necessita de entrepostos especializados
maior tempo para entrega.

• Amplamente disponível • Alto grau de poluição


• Fácil contratação e gerenciamento. • Alto valor de transporte.
• Adequado para curtas e médias distâncias • Menos competitivo à longa distância;

Quando usar o Transporte Rodoviário - Mercadorias perecíveis, mercadorias de alto valor agregado, pequenas distâncias (até 400
Km), trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quando o tempo de trânsito for valor agregado.

Transporte Ferroviário
Transporte ferroviário é aquele realizado sobre linhas férreas, para transportar pessoas e mercadorias. As mercadorias transportadas
neste modal são de baixo valor agregado e em grandes quantidades como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão, derivados
de petróleo, etc.

Vantagens Desvantagens

• Grande capacidade de cargas • Alto custo de implantação

• Transporte lento devido às suas operações de


• Baixo custo de transporte (Inexistência de pedágios) carga e descarga

• Adequado para longas distâncias • Pouca flexibilidade de equipamentos.

• Baixíssimo nível de acidentes. • Malha ferroviária insuficiente.

• Alta eficiência energética. • Malha ferroviária sucateada

• Melhores condições de segurança da carga. • Necessita de entrepostos especializados.

• • Menor flexibilidade no trajeto (nem sempre chega


Menor poluição do meio ambiente
ao destino final, dependendo de outros modais.)

Quando usar o Transporte Ferroviário - Grandes volumes de cargas / Grandes distâncias a transportar (800 km) / Trajetos exclusivos
(não há vias para outros modais)

375
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Transporte Aquaviário
Realizado por meio de barcos, navios ou balsas. Engloba tanto o transporte marítimo, utilizando como via de comunicação os mares
abertos, como o transporte fluvial, por lagos e rios. É o transporte mais utilizado no comércio internacional.

Vantagens Desvantagens

• Maior capacidade de carga • Necessidade de transbordo nos portos

• Menor custo de transporte (Frete de custo • Longas distâncias dos centros de pro-
relativamente baixo) dução

• Apesar de limitado às zonas costeiras, registra • Menor flexibilidade nos serviços aliado
grande competitividade para longas distâncias a frequentes congestionamentos nos portos

• • É de gerenciamento complexo,
Mercadoria de baixo valor agregado.
exigindo muitos documentos.

Quando usar o Transporte Aquaviário- Grandes volumes de carga / Grandes distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há vias
para outros modais) / Tempo de trânsito não é importante / Encontra-se uma redução de custo de frete.

Tipos de navios:
Navios para cargas gerais ou convencionais:
Navios dotados de porões (holds) e pisos (decks), utilizados para carga seca ou refrigerada, embaladas ou não.

Navios especializados:
Graneleiros (bulk vessels): carga a granél (líquido, gasoso e sólido), sem decks.
Ro-ro (roll-on roll-off): cargas rolantes, veículos entram por rampa, vários decks de diversas alturas.

Navios Multipropósito:
Transportam cargas de navios de cargas gerais e especializados ao mesmo tempo.
Granel sólido + líquido
Minério + óleo
Ro-ro + container

Navios porta-container:
Transportam exclusivamente cargas em container.
Sólido, líquido, gasoso
Desde que seja em container
Tem apenas 01 (um) deck (o principal)

Transporte Aéreo
O transporte aéreo é aquele realizado através de aeronaves e pode ser dividido em Nacional e Internacional.

Vantagens Desvantagens

• • Menor capacidade de carga (Limite


É o transporte mais rápido
de volume e peso|)

• Não necessita embalagem mais reforçada (ma- • Valor do frete mais elevado em
nuseio mais cuidadoso); relação aos outros modais

• Os aeroportos normalmente estão localizados • Depende de terminais de acesso


mais próximos aos centros de produção.

• Transporte de grandes distâncias.


• Seguro de transporte é muito baixo.
Quando usar o Transporte Ferroviário - Pequenos volumes de cargas / Mercadorias com curto prazo de validade e/ou frágeis / Gran-
des distâncias a transportar / Trajetos exclusivos (não há via para outros modais) / Tempo de trânsito é muito importante.

376
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tipos de Aeronaves:
Full pax = somente de passageiros.
Full cargo = somente de cargas.
Combi = misto de carga e passageiros

Transporte Dutoviário
Esta modalidade de transporte não apresenta nenhuma flexibilidade, visto que há uma limitação no número de produtos que podem
utilizar este modal. O transporte é feito através de dutos cilíndricos. Pode ser utilizado para transporte de petróleo, produtos derivados
do minério, gases e grãos.

Vantagens Desvantagens

• Muitas dutovias são subterrâneas e/ou submarinas, • Pode ocasionar um grande acidente
considerado uma vantagem, pois minimizam os riscos causados
ambiental caso suas tubulações se rompam
por outros veículos;

• O dutoviário transporta de forma segura e para longas • Possui uma capacidade de serviço
distancias muito limitada

• Proporciona um menor índice de perdas e roubos • Custos fixos são mais elevados

• Baixo consumo de energia. • Investimento inicial elevado.


• Alta confiabilidade. • Requer mais licenças ambientais.
• Simplificação de carga e descarga

• Transporte de volumes granéis muito elevados.

Tipos de dutos
- Subterrâneos
- Aparentes
- Submarinos

Oleodutos = gasolina, álcool, nafta, glp, diesel.


Minerodutos = sal-gema, ferro, concentr.fosfático.
Gasodutos = gás natural.

Observa-se que os meios de transportes estão cada vez mais inter-relacionados buscando compartilhar e gerar economia em escala,
capacidade no movimento de cargas e diferencial na oferta de serviços logísticos. Porém, o crescimento dessa integração multimodal
muitas vezes é dificultado pela infraestrutura ofertada pelos setores privados e públicos.

Estoques
“Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que descreve
bem o dilema da descrição de estoques. O controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a
40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta compreensão do
seu papel na logística e de como devem ser gerenciados”.

Razões para manter estoque


A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sin-
cronização entre a oferta e a demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível
conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se acumular
estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição.

Na verdade, estoques servem para uma série de finalidades, ou seja:


- Melhoram o nível de serviço.
- Incentivam economias na produção.
- Permitem economias de escala nas compras e no transporte.
- Agem como proteção contra aumentos de preços.
- Protegem a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento.
- Servem como segurança contra contingências.

377
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Abrangência da Administração de Estoques presentam a minoria da quantidade total e a maioria do valor total,
A administração de estoques é de importância significativa na “classe C” a maioria da quantidade total e a minoria do valor total,
maioria das empresas, tanto em função do próprio valor dos itens “classe B” valores e quantidades intermediárias.
mantidos em estoque, associação direta com o ciclo operacional da O controle da “classe A” é mais intenso e o controle da “classe
empresa. Da mesma forma como as contas a receber, os níveis de B e C” menos sofisticados.
estoques também dependem em grande parte do nível de vendas,
com uma diferença: enquanto os valores a receber surgem após a MODELO DE LOTE ECONÔMICO
realização das vendas, os estoques precisam ser adquiridos antes Permite determinar a quantidade ótima que minimiza os cus-
das realizações das vendas. tos totais de estocagem de pedido para um item do estoque. Con-
Essa é uma diferença crítica e a necessidade de prever as ven- siderando os custo de pedir e os custos de manter os materiais.
das antes de se estabelecer os níveis desejados de estoques, torna Sendo os custos de pedir, os fixos, administrativos ao se efetuar e
sua administração uma tarefa difícil. Deve se observar também que receber um pedido e o custo de manter são os variáveis por unida-
os erros na fixação dos níveis de estoque podem levar à perda das de da manutenção de um item de estoque por umdeterminado pe-
vendas (caso tenham sido subdimensionados) ou a custos de es- ríodo (custo de armazenagem) segundo, “oportunidade” de outros
tocagem excessivos (caso tenham sido superdimensionados), resi- investimentos.
dindo, portanto, na correta determinação dos níveis de estoques,
a importância da sua administração. Seu objetivo é garantir que os Custo total = custo de pedir + custo de manter
estoques necessários estejam disponíveis quando necessários para
manutenção do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que os PONTO DE PEDIDO
custos de encomenda e manutenção de estoques sejam minimi- Determina em que ponto os estoques serão pedidos levando
zados. em consideração o tempo de entrega dos principais itens.

Os estoques podem ser classificados como: Ponto de pedido = tempo de reposição em dias x demanda
- Matéria-prima diária
- Produtos em processo
- Materiais de embalagem SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUES
- Produtos acabados Os Sistemas básicos utilizados na administração de estoques
- Suprimentos são:

A razão para manutenção de estoques depende fundamental- 1. FMS (Flexible Manufacturing System)
mente da natureza desses materiais. Nesse sistema, os computadores comandam as operações
Para manutenção dos estoques de matérias primas, são utiliza- das máquinas de produção e, inclusive, comandam a troca de fer-
das justificativas como a facilidade para o planejamento do proces- ramentas das operações de manuseio de materiais, ferramentas,
so produtivo, a manutenção do melhor preço deste produto, a pre- acessórios e estoques. Pode-se incluir no software módulos de
venção quanto à falta de materiais e, eventualmente, a obtenção monitoração do controle estatístico da qualidade. Normalmente, é
de descontos por aquisição de grandes quantidades. aplicado em fábricas com grande diversidade de peças de produtos
Essas razões são contra-argumentadas de várias formas. Atu- finais montados em lotes. Podemos destacar entre as vantagens do
almente, as modernas técnicas de administração de estoques, FMS, as seguintes:
o conceito do “Supply Chain Management” que ajuda a reduzir • Permite maior produtividade das máquinas, que passam
custos, representam alternativas eficientes para evitar-se falta de a ter utilização de 80% a 90% do tempo disponível.
materiais. Adicionalmente, a realização de contratos futuros pode • Possibilita maior atenção aos consumidores em função
representar um instrumento eficiente para proteger a empresa de da flexibilidade proporcionada.
eventual oscilação de preços de seus insumos básicos. • Diminui os tempos de fabricação.
Para manutenção de estoques de materiais em processos, jus- • Em função do aumento da flexibilidade, permite aumen-
tifica-se a maior flexibilidade do processo produtivo, caso ocorra tar a variedade dos produtos ofertados.
interrupção em alguma das linhas de produção da empresa. Obvia-
mente, essa questão deve ser substituída pela adoção de proces- 2. MRP-Material Requirement Planing
sos de produção mais confiáveis, para evitar a ocorrências destas O MRP é um sistema completo para emitir ordens de fabrica-
interrupções. ção, de compras, controlar estoques e administrar a carteira de
A manutenção de estoques de produtos acabados é justificada pedidos dos clientes. Opera em base semanal, impondo com isso
por duas razões: garantir atendimentos efetuados para as vendas uma previsão de vendas no mesmo prazo, de modo a permitir a ge-
realizadas e diminuir os custos de mudança na linha de produção. ração de novas ordens de produção para a fábrica. O sistema pode
operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de compras,
Técnicas de Administração de estoques fabricação e montagem, operando ainda com diversos estoques de
material em processo, como estoque de matérias primas, partes,
CURVA ABC submontagens e produtos acabados.A maior vantagem do MRP
Segrega os estoques em três grupos, demonstrando grafica- consiste em utilizar programas de computadores complexos, levan-
mente com eixos de valores e quantidades, que considera os mate- do em consideração todos os fatores relevantes para conseguir o
riais divididos em três grandes grupos, de acordo com seus valores melhor cumprimento de prazos de entrega, com estoques baixos,
de preço/custo e quantidades, sendo assim materiais “classe A” re- mesmo que a fábrica tenha muitos produtos em quantidade, de
uma semana para outra.

378
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Um ponto fundamental para o correto funcionamento do sis- relações entre as empresas - inclusive com o emprego de recur-
tema é a rigorosa disciplina a ser observada pelos funcionários que sos de comunicação e tecnologias de informação, devem ser ga-
interagem com o sistema MRP, em relação à informação de dados rantidas de tal forma que os resultados, e, portanto, os serviços
para computador. Sem essadisciplina, a memória do MRP vai acu- prestados pela logística obedeçam exatamente às necessidades de
mulando erros nos saldos em estoques e nas quantidades neces- serviços expressas pelos clientes. É muito importante, portanto que
sárias. haja uma cooperação, um bom relacionamento entre a empresa e
seus fornecedores externos e internos. Um ponto muito favorável
3. Sistema Periódico no Just in Time é que ele diminui a probabilidade de que ocorram
A característica básica deste sistema é a divisão da fábrica em perdas de produtos.
vários setores de processamento sucessivo de vários produtos simi-
lares. Cada setor recebe um conjunto de ordens de fabricação para Outros sistemas de estoques
serem iniciados e terminados no período. Com isso, no fim de cada Sistema de Duas Gavetas - Consiste na separação física em
período, se todos os setores cumprirem sua carga de trabalho, não duas partes. Uma parte será utilizada totalmente até a data da en-
haverá qualquer material em aberto. Isso facilita o controle de cada comenda de um novo lote e a outra será utilizada entre a data da
setor da fábrica, atribuindo responsabilidades bem definidas. encomenda e a data do recebimento do novo lote. A grande van-
Esse sistema com período fixo é antigo, mas devido às suas ca- tagem deste sistema está na substancial redução do processo bu-
racterísticas, não se tornou obsoleto face aos sistemas modernos, rocrático de reposição de material (bujão de gás). A denominação
nos quais é possível à adoção de períodos curtos, menores que uma “DUAS GAVETAS” decorre da ideia de guardar um mesmo lote em
semana. duas gavetas distintas.

4. OPT-Optimezed Production Technology Sistema de Estoque Mínimo - É usado principalmente quando


O sistema OPT foi desenvolvido com uma abordagem diferen- a separação entre as duas partes do estoque não é feita fisicamen-
te dos sistemas anteriores, enfatizando a racionalidade do fluxo te, mas apenas registrada na ficha de controle de estoque, com o
de materiais pelos diversos postos de trabalho de uma fábrica. Os ponto de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo
pressupostos básicos do OPT foram originados por formulações estiver sendo utilizado, o Departamento de Compras terá prazo su-
matemáticas. Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas ficiente para adquirir e repor o material no estoque.
como tendo de passar por filas de espera de atendimento nos di-
versos postos de trabalho na fábrica. O conjunto de postos de tra- Sistema de Renovação Periódica - Consiste em fazer pedidos
balho forma então uma rede de filas de espera. para reposição dos estoques em intervalos de tempo pré-estabe-
O sistema OPT usa um conjunto de coeficientes gerenciais para lecidos para cada item. Estes intervalos, para minimizar o custo de
ajudar a determinar o Lote ótimo para cada componente ou sub- estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser com-
montagem a ser processado em cada posto de trabalho. Muita ên- prada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade
fase é dedicada aos pontos de gargalo da produção. existente em estoque, seja suficiente para atender a demanda até
o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este sistema
5. Sistema KANBAN-JIT obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar pe-
O sistema Kanban foi desenvolvido para ser utilizado onde os ríodos iguais para um grande número de itens em estoque pois,
empregados possuem motivação e mobilização, com grande liber- procedendo a compra simultânea de diversos itens, pode-se obter
dade de ação. Nessas fábricas, na certeza de que os empregados condições vantajosas na transação (compra e transporte).
trabalham com dedicação e responsabilidade, é legítimo um tra-
balhador parar a linha de montagem ou produção porque achou Sistema de Estocagem para um Fim Específico - Apresenta duas
algo errado, os empregados mantém-se ocupados todo o tempo, subdivisões:
ajudando-se mutuamente ou trocando de tarefas conforme as ne- a) Estocagem para atender a um programa de produção pré-
cessidades. O sistema Kanban-JIT é um sistema que “puxa” a produ- -determinado:
ção da fábrica, inclusive até o nível de compras, pelas necessidades É utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semicontínuo
geradas na montagem final. As peças ou submontagens são colo- que estabelece, com antecedência de vários meses, os níveis de
cadas em caixa feitas especialmente para cada uma dessas partes, produção. A programação (para vários períodos, semanas e meses)
que, ao serem esvaziadas na montagem, são remetidas ao posto de elaborada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmen-
trabalho que faz a última operação a essa remessa, que funciona tos, desde o recebimento do material até o embarque do produto
como uma ordem de produção. acabado.

6. Sistema Just in Time Vantagens:


É preciso que haja um sistema integrado de planejamento de * Estoques menores, sem riscos de se esgotarem, objetiva-
distribuição. É assim que surge o Just in Time, que é derivado do mente controlados por se conhecer a demanda futura.
sistema Kanban. De acordo com Henrique Corrêa e Irineu Gianesi, a * Melhores condições de compra de materiais, pois pode-se
responsável pela implantação do Just in Time foi a Toyota, criando aceitarcontratos de grandes volumes para entregas parceladas. Aa-
esse sistema em 1970 e impondo-o para quem quisesse trabalhar tividade de compra fica reduzida, sem a necessidade de emitirpedi-
em parceria. Com isso, diminuiu muito seu estoque, passando a dos de fornecimento para cada lote de material.
responsabilidade e o comprometimento de não parar sua produção
para seus terceirizados. b) Estocagem para atender especificamente a uma ordem de
O Just in Time visa o “estoque zero”. O objetivo principal é produção ou a uma requisição: É o método empregado nas produ-
suprir produtos para a linha de produção e clientes da empresa, ções do tipo intermitente, onde a indústria fabrica sob encomenda,
somente quando for necessário. Ao longo da cadeia logística, as sendo justificável no caso de materiais especiais ou necessários es-

379
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
poradicamente. Os pedidos de material neste sistema são baseadas ência de registros patrimoniais quando for por lote, que é denomi-
principalmente na lista material (“ROW MATERIAL”) e na progra- nado “número de tombamento”. Pelo tombamento aplica-se uma
mação geral (AP = “ANNUAL PLANNING”). Existem casos em que o conta patrimonial do Plano de Contas do órgão a cada material, de
pedido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto do acordo com a finalidade para a qual foi adquirido. O valor do bem
produto estar detalhado, ou seja, antes da listagem do material es- a ser registrado é o valor constante do respectivo documento de
tar pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de fabrica- incorporação (valor de aquisição).
ção excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e navios. A marcação física caracteriza-se pela aplicação, no bem, de pla-
queta de identificação, por colagem ou rebitamento, a qual conterá
Enfim, o controle de estoques exerce influência muito grande o número de registro patrimonial.
na rentabilidade da empresa. Eles absorvem capital que poderia Na colocação da plaqueta deverão ser observados os seguintes
estar sendo investido de outras maneiras. Portanto, aumentar a aspectos: local de fácil visualização para efeito de identificação por
rotatividade do estoque auxilia a liberar ativos e economiza o custo meio de leitor óptico, preferencialmente na parte frontal do bem;
de manutenção e controle que podem absorver de 25 a 40% dos evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta ou que pos-
custos totais, conforme mencionado anteriormente. sam acarretar sua deterioração; evitar fixar a plaqueta em partes
que não ofereçam boa aderência, por apenas uma das extremida-
Gestão patrimonial des ou sobre alguma indicação importante do bem.
O patrimônio é o objeto administrado que serve para propi- Os bens patrimoniais recebidos sofrerão marcação física antes
ciar às entidades a obtenção de seus fins. Para que um patrimônio de serem distribuídos aos diversos centros de responsabilidade do
seja considerado como tal, este deve atender a dois requisitos: o órgão. Os bens patrimoniais cujas características físicas ou a sua
elemento ser componente de um conjunto que possua conteúdo própria natureza impossibilitem a aplicação de plaqueta também
econômico avaliável em moeda; e exista interdependência dos ele- terão número de tombamento, mas serão marcados e controlados
mentos componentes do patrimônio e vinculação do conjunto a em separado. Caso o local padrão para a colagem da plaqueta seja
uma entidade que vise alcançar determinados fins. de difícil acesso, como, por exemplo, nos arquivos ou estantes en-
Do ponto de vista econômico, o patrimônio é considerado costadas na parede, que não possam ser movimentados devido ao
uma riqueza ou um bem suscetível de cumprir uma necessidade peso excessivo, a plaqueta deverá ser colada no lugar mais próximo
coletiva, sendo este observado sob o aspecto qualitativo, enquan- ao local padrão. Em caso de perda, descolagem ou deterioração da
to que sob o enfoque contábil observa-se o aspecto quantitativo plaqueta, o responsável pelo setor onde o bem está localizado de-
(Ativo =Passivo + Situação Líquida). Exceção a alguns casos, quando verá comunicar, impreterivelmente, o fato ao Setor de Patrimônio.
se utiliza o termo “substância patrimonial” é que a contabilidade A seguir, são apresentadas algumas sugestões para fixação
visualiza o patrimônio de forma qualitativa. de plaquetas (ou adesivos): a) estantes, armários, arquivos e bens
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – conhecida semelhantes: a plaqueta deve ser fixada na parte frontal superior
como Lei de Responsabilidade Fiscal – apresentam em seus arti- direita, no caso de arquivos de aço, e na parte lateral superior di-
gos 44, 45 e 46, medidas destinadas à preservação do patrimônio reita, no caso de armários, estantes e bens semelhantes, sempre
público. Uma delas estabelece que o resultado da venda de bens com relação a quem olha o móvel; b) mesas e bens semelhantes:
móveis e imóveis e de direitos que integram o patrimônio público a plaqueta deve ser fixada na parte frontal central, contrária à po-
não poderá mais ser aplicado em despesas correntes, exceto se a sição de quem usa o bem, com exceção das estações de trabalho
lei autorizativa destiná-la aos financiamentos dos regimes de previ- e/ou àqueles móveis que foram projetados para ficarem encosta-
dência social, geral e própria dos servidores. dos em paredes, nos quais as plaquetas serão fixadas em parte de
Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorporação de fácil visualização; c) motores: a plaqueta deve ser fixada na parte
ativos por venda, que é receita de capital, deverão ser aplicados em fixa inferior do motor; d) máquinas e bens semelhantes: a plaqueta
despesa de capital, provocando a desincorporação de dívidas (pas- deve ser fixada no lado externo direito, em relação a quem opera
sivo), por meio da despesa de amortização da dívida ou o incremen- a máquina; e) cadeiras, poltronas e bens semelhantes: neste caso
to de outro ativo, com a realização de despesas de investimento, de a plaqueta nunca deve ser colocada em partes revestidas por cour-
forma a manter preservado o valor do patrimônio público. vin, couro ou tecido, pois estes revestimentos não oferecem segu-
rança. A plaqueta deverá ser fixada na base, nos pés ou na parte
TOMBAMENTO DE BENS. mais sólida; f) aparelhos de ar condicionado e bens semelhantes:
O tombamento dos bens públicos inicia-se com recebimento em aparelhos de ar condicionado, o local indicado é sempre na par-
dos bens móveis pelos órgãos, como visto anteriormente, pela con- te mais fixa e permanente do aparelho, nunca no painel removível
ferência física dos bens pelo Almoxarifado. Após registro de entra- ou na carcaça; g) automóveis e bens semelhantes: a plaqueta deve
da do bem no sistema de gerenciamento de material no estoque, ser fixada na parte lateral direita do painel de direção, em relação
o responsável por este encaminhará uma comunicação ao Setor de ao motorista, na parte mais sólida e nãoremovível, nunca em aces-
Patrimônio (com cópia da nota de empenho, documentos fiscais e sórios; h) quadros e obras de arte: a colocação da plaqueta, neste
outros que se fizerem necessários), informando o destino (centros caso, deve ser feita de tal forma que não lhes tire a estética, nem
de responsabilidades) dos bens. Se eles permanecerem em esto- diminua seu valor comercial; i) esculturas: nas esculturas a plaque-
que, o Setor de Patrimônio deverá aguardar comunicação de saí- ta deve ser fixada na base. Nos quadros ela deve ser colocada na
da deste, através de uma Guia de Baixa de Materiais emitida pelo parte de trás, na lateral direita; j) quadros magnéticos: nos qua-
Almoxarifado. Caso o bem seja entregue diretamente ao destino dros magnéticos a plaqueta deverá ser colocada na parte frontal
final, o Almoxarifado encaminhará a Guia de Saída ao Patrimônio, inferior direita, caso não seja possível a colagem neste local, colar
juntamente com os demais documentos do processo de empenho. nesta mesma posição na parte posterior do quadro; e k) fixação de
O tombamento consiste na formalização da inclusão física de plaquetas em outros bens: entende-se como outros bens aqueles
um bem patrimonial no acervo do órgão, com a atribuição de um
único número por registro patrimonial, ou agrupando-se uma sequ-

380
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
materiais que não podem ser classificados claramente como apa- A movimentação de qualquer bem móvel será feita mediante o
relhos, máquinas, motores, etc. Em tais bens, a plaqueta deve ser preenchimento do Termo de Responsabilidade, que deverá conter
fixada na base, na parte onde são manuseados. no mínimo, as seguintes informações: número do Termo de Res-
A seguir são elencados, como sugestões, dados necessários ponsabilidade; nome do local de lotação do bem (incluindo tam-
ao registro dos bens no sistema de patrimônio: número do tomba- bém o nome do sublocal de lotação); declaração de responsabilida-
mento; data do tombo; descrição padronizada do bem (descrição de; número do tombamento; descrição; quantidade; indicação se é
básica pré-definida em um sistema de patrimônio); marca/modelo/ plaquetável; valor unitário; valor total; total de bens arrolados no
série (também pré-definidos em um sistema de patrimônio); carac- Termo de Responsabilidade; data do Termo; nome e assinatura do
terísticas (descrição detalhada); valor unitário de aquisição (valor responsável patrimonial; e data de assinatura do Termo.
histórico); agregação (acessório ou componente); forma de ingres- A transferência é a operação de movimentação de bens, com a
so (compra, fabricação própria, doação, permuta, cessão, outras); consequente alteração da carga patrimonial. A autoridade transfe-
classificação contábil/patrimonial; número do empenho e data de ridora solicita ao setor competente do órgão a oficialização do ato,
emissão; fonte de recurso; número do processo de aquisição e ano; por meio das providências preliminares. É importante destacar que
tipo/número do documento de aquisição (nota fiscal/fatura, co- a transferência de responsabilidade com movimentação de bens
mercial invoice, Guia de Produção Interna, Termo de Doação, Ter- somente será efetivada pelo Setor de Patrimônio mediante solicita-
mo de Cessão, Termo de Cessão em Comodato, outros); nome do ção do responsável pela carga cedente com anuência do recebedor.
fornecedor (código); garantia (data limite da garantia e empresa de A devolução ao Setor de Patrimônio de bens avariados, obsoletos
manutenção); localização (identificação do centro de responsabili- ou sem utilização também se caracteriza como transferência. Neste
dade); situação do bem (registrado, alocado, cedido em comoda- caso, a autoridade da unidade onde o bem está localizado devolve-
to, em manutenção, em depósito para manutenção, em depósito -o com a observância das normas regulamentares, a fim de que a o
para triagem, em depósito para redistribuição, em depósito para Setor Patrimonial possa manter rigoroso controle sobre a situação
alienação, em sindicância, desaparecido, baixado, outros); estado do bem. Os bens que foram restituídos ao Setor de Patrimônio do
de conservação (bom, regular, precário, inservível, recuperável); órgão também ficam sob a guarda dos servidores deste setor (fiéis
histórico do bem vinculado a um sistema de manutenção, quando depositários), e serão objetos de análise para a determinação da
existir. Tal informação permitirá o acompanhamento da manuten- baixa ou transferência a outros setores. É importante colocar que
ção dos bens e identificação de todos os problemas ocorridos nes- uma cópia do Termo de Responsabilidade de cada setor deverá ser
tes números do Termo de Responsabilidade; e plaquetável ou não fixada em local visível a todos, dentro de seu recinto de trabalho,
plaquetável. visando facilitar o controle dos bens (sugestão: atrás da porta de
O registro dos bens imóveis no órgão inicia-se com o recebi- acesso ao setor). Para que ocorra a transferência de responsabili-
mento da documentação hábil, pelo Setor de Patrimônio, que pro- dade entre dois setores pertencentes a um mesmo órgão, deverão
cederá ao tombamento e cadastramento em sistema específico, ser observados os seguintes parâmetros:solicitação, por escrito, do
utilizando diversos dados, tais como: número do registro; tipo de interessado em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de
imóvel; denominação do imóvel; características (descrição detalha- acordo” do setor cedente com a autorização de transferência ; so-
da do bem); valor de aquisição (valor histórico); forma de ingres- licitação do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emis-
so (compra, doação, permuta, comodato, construção, usucapião, são do Termo de Responsabilidade; após a emissão do Termo de
desapropriação, cessão, outras); classificação contábil/patrimonial; Responsabilidade, o Setor de Patrimônio remeterá o mesmo ao
número do empenho e data de emissão; fonte de recurso; núme- agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e
ro do processo de aquisição e ano; tipo/número do documento de do recebedor.
aquisição (nota fiscal/fatura, comercial invoice, Guia de Produção Para que ocorra a transferência de responsabilidade entre dois
Interna, Termo de Doação, Termo de Cessão, Termo de Cessão setores pertencentes órgãos diferentes, deverão ser observados
em Comodato, outros); nome do fornecedor (código); localização os seguintes parâmetros: solicitação, por escrito, do interessado
(identificação do centro de responsabilidade); situação do bem (re- em receber o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo” do
gistrado, alocado, cedido em comodato, em manutenção, em de- setor cedente com a autorização de transferência e anuência das
pósito para manutenção, em depósito para triagem, em depósito unidades de controle do patrimônio e do titular do órgão; solicita-
para redistribuição, em depósito para alienação, em sindicância, ção do agente patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão do
desaparecido, baixado, outros); estado de conservação (bom, re- Termo de Transferência de Responsabilidade; após a emissão do
gular, precário, inservível); data da incorporação; unidade da fede- Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio o remeterá ao
ração; tipo de logradouro; número; complemento;bairro/distrito; agente patrimonial, para que este colha assinaturas do cedente e
município; cartório de registro; matrícula; livro; folhas; data do re- do recebedor. Quando a transferência de responsabilidade do bem
gistro; data da reavaliação; moeda da reavaliação; valor do aluguel; ocorrer sem a movimentação deste, isto é, quando ocorrer a mu-
valor do arrendamento; valor de utilização; valor de atualização; dança da responsabilidade patrimonial de um servidor para outro,
moeda de atualização; data da atualização; reavaliador; e CPF/CNPJ desde que não pressuponha mudança de local do bem, deverão ser
do reavaliador. observados os seguintes procedimentos: o Setor de Recursos Hu-
manos (ou equivalente) deverá encaminhar ao Setor de Patrimônio
CONTROLE DE BENS. cópia da portaria que substitui o servidor responsável; de posse das
Caracteriza-se como movimentação de bens patrimoniais o informações contidas na portaria, o Setor de Patrimônio emite o
conjunto de procedimentos relativos à distribuição, transferência, respectivo Termo de Transferência de Responsabilidade; emitido o
saída provisória, empréstimo e arrendamento a que estão sujeitos Termo, este será encaminhado ao agente patrimonial da unidade,
no período decorrido entre sua incorporação e desincorporação. que providenciará a conferência dos bens e assinatura do Termo;
Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribuição de uma vez assinado o Termo, o agente providenciará para que uma
material permanente recém adquirido, de acordo com a destina- das vias seja arquivada no setor onde os bens se encontram e outra
ção dada no processo administrativo de aquisição correspondente. encaminhada ao Setor de Patrimônio.

381
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Saída provisória: A saída provisória caracteriza-se pela movi- e o Passivo ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade
mentação de bens patrimoniais para fora da instalação ou depen- dos agentes sob cuja guarda se encontram determinados bens. Os
dência onde estão localizados, em decorrência da necessidade de diversos tipos de inventários são realizados por determinação de
conserto, manutenção ou da sua utilização temporária por outro autoridade competente, por iniciativa própria do Setor de Patrimô-
centro de responsabilidade ou outro órgão, quando devidamente nio e das unidades de controle patrimonial ou de qualquer detentor
autorizado. Qualquer que seja o motivo da saída provisória, esta de carga dos diversos centros de responsabilidade, periodicamente
deverá ser autorizada pelo dirigente do órgão gestor ou por outro ou a qualquer tempo. Os inventários na Administração Pública de-
servidor que recebeu delegação para autorizar tal ato. Toda a ma- vem ser levantados não apenas por uma questão de rotina ou de
nutenção de bem incorporado ao patrimônio de um órgão deverá disposição legal, mas também como medida de controle, tendo em
ser solicitada pelos agentes patrimoniais ou responsáveis e resulta- vista que os bens nele arrolados não pertencem a uma pessoa físi-
rá na emissão de uma Ordem de Serviço pelo Setor de Manutenção, ca, mas ao Estado, e precisam estar resguardados quanto a quais-
que tomará todas as providências para proceder à assistência de quer danos. Na Administração Pública o inventário é obrigatório,
bem em garantia ou utilizando-se de seus recursos próprios. pois a legislação estabelece que o levantamento geral de bens mó-
Empréstimo: O empréstimo é a operação de remanejamen- veis e imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade
to de bens entre órgãos por um período determinado de tempo, gestora e os elementos da escrituração sintética da contabilidade
sem envolvimento de transação financeira. O empréstimo deve ser (art. 96 da Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964).
evitado. Porém, se não houver alternativa, os órgãos envolvidos A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais,
devem manter um rigoroso controle, de modo a assegurar a de- bem como a responsabilidade dos setores onde se localizam tais
volução do bem na mesma condição em que estava na ocasião do bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário median-
empréstimo. Já o empréstimo a terceiros de bens pertencentes ao te verificações físicas pelo menos uma vez por ano. Para fins de
poder público é vedado, salvo exceções previstas em leis. atualização física e monetária e de controle, a época da inventaria-
Arrendamento a terceiros: O arrendamento a terceiros tam- ção será: anual para todos os bens móveis e imóveis sob-respon-
bém deve ser evitado, por não encontrar, a princípio, nenhum res- sabilidade da unidade gestora em 31 de dezembro (confirmação
paldo legal. dos dados apresentados no Balanço Geral); e no início e término
da gestão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no
INVENTÁRIO. caso de bens móveis.
O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históri-
e em processos, para comparar a quantidade física com os dados cos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos valores constan-
contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias tes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição.
que possam existir entre os valores contábeis, dos livros, e o que Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica ve-
realmente existe em estoque. dada toda e qualquer movimentação física de bens localizados nos
O inventário pode ser geral ou rotativo: O inventário geral é endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante
elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com autorização específica das unidades de controle patrimonial, ou do
a contagem física de todos os itens de uma só vez. O inventário dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a Comis-
rotativo é feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer são de Inventário de Bens.
tipo de parada no processo operacional, concentrando-se em cada Nas fases do inventário dois pontos devem ser destacados
grupo de itens em determinados períodos. sobre as fases do inventário: o levantamento pode ser físico e/ou
Inventário na administração pública: Inventário são a discrimi- contábil: Levantamento físico, material ou de fato é o levantamen-
nação organizada e analítica de todos os bens (permanentes ou de to efetuado diretamente pela identificação e contagem ou medida
consumo) e valores de um patrimônio, num determinado momen- dos componentes patrimoniais.
to, visando atender uma finalidade específica. É um instrumento Levantamento contábil é o levantamento pelo apanhado de
de controle para verificação dos saldos de estoques nos almoxari- elementos registrados nos livros e fichas de escrituração. O simples
fados e depósitos, e da existência física dos bens em uso no órgão arrolamento não interessa para a contabilidade se não for comple-
ou entidade, informando seu estado de conservação, e mantendo tado pela avaliação. Sem a expressão econômica, o arrolamento
atualizados e conciliados os registros do sistema de administração serve apenas para controle da existência dos componentes patri-
patrimonial e os contábeis, constantes do sistema financeiro. Além moniais.
disso, o inventário também pode ser utilizado para subsidiar as to- O inventário é dividido em três fases: Levantamento: compre-
madas de contas indicando saldos existentes, detectar irregularida- ende a coleta de dados sobre todos os elementos ativos e passivos
des e providenciar as medidas cabíveis. do patrimônio e é subdividido nas seguintes partes: identificação,
Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribui- agrupamento e mensuração. Arrolamento: é o registro das carac-
ção da carga de cada material permanente, permitindo a atualiza- terísticas e quantidades obtidas no levantamento. O arrolamento
ção dos registros dos bens permanentes bem como o levantamen- pode apresentar os componentes patrimoniais deforma resumida
to da situação dos equipamentos e materiais em uso, apurando e recebe a denominação “sintética”. Quando tais componentes são
a ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade. relacionados individualmente, o arrolamento é analítico; Avaliação:
Podem-se verificar também no inventário as necessidades de ma- é nesta fase que é atribuída uma unidade de valor ao elemento pa-
nutenção e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens trimonial. Os critérios de avaliação dos componentes patrimoniais
móveis, possibilitando maior racionalização e minimização de cus- devem ter sempre por base o custo. A atribuição do valor aos com-
tos, bem como a correta fixação da plaqueta de identificação. Na ponentes patrimoniais obedece a critérios que se ajustam a sua na-
Administração Pública, o inventário é entendido como o arrola- tureza, função na massa patrimonial e a sua finalidade.
mento dos direitos e comprometimentos da Fazenda Pública, fei-
to periodicamente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos
valores que são registrados na contabilidade e que formam o Ativo

382
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ALIENAÇÃO DE BENS. o detentor da carga deverá preencher formulário próprio criado
De acordo com o direito administrativo brasileiro, entende-se pelo órgão normatizador e encaminhar ao órgão competente que
como alienação a transferência de propriedade, remunerada ou poderá verificar, antecipadamente, junto às entidades filantrópicas
gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação, dação em paga- reconhecidas como de interesse público, delegacias, escolas ou bi-
mento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio. bliotecas municipais e estaduais, no âmbito de sua jurisdição, se
Qualquer dessas formas de alienação pode ser usada pela existe interesse pelos bens.
Administração, desde que satisfaça as exigências administrativas. Se houver interesse, a autoridade competente deverá efetuar
Muito embora as Constituições Estaduais possam determinar que o Termo de Doação. Enquanto isso, o bem a ser baixado permane-
a autorização de doação de bens móveis seja submetida à Assem- cerá guardado em local apropriado, sob a responsabilidade de um
bleia Legislativa, a Lei Federal n° 8.666, de 21 de junho de 1993, servidor público, até a aprovação de baixa, ficando expressamente
que institui normas para licitações e contratos da Administração proibido o uso do bem desde o início da tramitação do processo de
Pública 37 e dá outras providências, faculta a obrigação de licitação baixa até sua destinação final.
específica para doação de bens para fins sociais e dispõe sobre a O registro no sistema patrimonial será efetivado com base no
alienação por leilão. Termo de Baixa de Bens, onde deverão constar os seguintes dados:
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subor- número do tombamento; descrição; quantidade baixada (quando
dinada à existência de interesse público devidamente justificado. se tratar de lote de bens não plaquetados); forma de baixa; motivo
A alienação de bens está sujeita à existência de interesse públi- de baixa; data de baixa; número da Portaria ou Termo de Baixa. Vi-
co e à autorização da Assembleia Legislativa (para os casos previs- sando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial,
tos em lei), e dependerá de avaliação prévia, que será efetuada por faz-se necessário a adoção dos procedimentos a seguir: o Setor de
comissão de licitação de leilão ou outra modalidade prevista para a Patrimônio, ao receber o processo que autoriza a baixa, emitirá por
Administração Pública. processamento o Termo de Baixa dos Bens; o Setor de Patrimônio
A seguir, são sugeridos alguns procedimentos voltados à alie- verificará junto ao Setor Financeiro quanto à existência do compro-
nação dos bens: o requerimento de baixa deverá ser remetido ao vante de pagamento, em caso de licitação e, em seguida, procederá
Setor de Patrimônio, o qual instaurará o procedimento respectivo; à entrega do mesmo mediante recibo próprio; emitido o Termo,
sempre que possível, os bens serão agrupados em lotes para que o Setor de Patrimônio providenciará o documento de quitação de
seja procedida a sua baixa; os bens objeto de baixa serão vistoria- responsabilidade patrimonial e entregará uma via a quem detinha
dos in loco por uma Comissão Interna de Avaliação de Bens, no pró- a responsabilidade do bem.
prio órgão, os quais, observando o estado de conservação, a vida Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao
útil, o valor de mercado e o valor contábil, formalizando laudo de dirigente do órgão, periodicamente, provocar expedientes para
avaliação dos bens, classificando-os em: a) bens móveis permanen- que seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação
tes inservíveis: quando for constatado serem os bens danificados, ou desfazimento.18
obsoletos, fora do padrão ou em desuso devido ao seu estado pre-
cário de conservação; e b) bens móveis permanentes excedentes “Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas
ou ociosos: quando for constatado estarem os bens em perfeitas nunca podemos ser pego com algum estoque”. É uma frase que
condições de uso e operação, porém sem utilização. descreve bem o dilema da descrição de estoques. O controle de
Os bens móveis permanentes considerados excedentes ou estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem ab-
ociosos serão recolhidos para o Almoxarifado Central, ficando proi- sorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção
bida a retirada de peças e dos periféricos a ele relacionados, exceto substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a cor-
nos casos autorizados pelo chefe da unidade gestora. reta compreensão do seu papel na logística e de como devem ser
gerenciados”.
ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS.
O desfazimento é a operação de baixa de um bem pertencen-
te ao acervo patrimonial do órgão e consequente retirada do seu QUESTÕES
valor do ativo imobilizado. Considera-se baixa patrimonial, a reti-
rada de bem da carga patrimonial do órgão, mediante registro da 1. Sobre a Administração de Materiais, considere as seguintes
transferência deste para o controle de bens baixados, feita exclu- afirmativas:
sivamente pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo I. Controle de produção, compras, controle de estoque, mo-
gestor. O número de patrimônio de um bem baixado não deverá vimentação de materiais, tráfego, recebimento, embarque e ar-
ser utilizado em outro bem. mazenagem são funções relacionadas a ela.
A baixa patrimonial pode ocorrer por quaisquer das formas a II. Seu enfoque fundamental é determinar o que, quanto e
seguir: alienação; permuta; perda total; extravio; destruição; co- como adquirir ao menor custo - desde o momento de sua con-
modato; transferência; sinistro; e exclusão de bens no cadastro. Em cepção até seu consumo final - para repor o estoque.
qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa de- III. Atingir o equilíbrio Ideal entre estoque e consumo é
finitiva dos bens considerados inservíveis por obsoletismo, por seu meta primordial; portanto, deve existir uma integração das ativi-
estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço dades, como Compras, Recepção e Estocagem desses materiais,
público. As orientações administrativas devem ser obedecidas, em
cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sistema de ges-
tão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessada.
18 Fonte: BRASIL Revista TECHOJE/Ttransportes, administração de
Sendo o bem considerado obsoleto ou não havendo interesse em materiais e distribuição física. Trad. Hugo T. Y. Yoshizaki/ FOINA, Paulo
utilizá-lo no órgão onde se encontra, mas estando em condições Rogério. Tecnologia de informação: planejamento e gestão/www.ad-
de uso (em estado regular de conservação), o dirigente do órgão ministradores.com.br /www.itsmnapratica.com.br/www.purainfo.com.
deverá, primeiramente, colocá-lo em disponibilidade. Para tanto, br – por DiegoDuarte/ por Rogerio Araujo)

383
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
com o Sistema de Abastecimento, que, juntamente com outros 4. (AFPR/COPS-UEL) - Sobre sistemas de arquivos e protoco-
componentes do Sistema, necessitam de uma coordenação es- los, considere as afirmativas a seguir.
pecífica de forma a permitir a racionalização de sua manipulação. I. O método de arquivamento por assunto ou específico re-
IV. Tem como finalidade gerir e coordenar esse aglomerado cupera arquivos através de seu conteúdo.
de atividades, insumos materiais e estabelecer normas, crité- II. Os documentos públicos são identificados como ofício,
rios e rotinas operacionais de modo que tudo funcione regu- recorrentes e fixos.
larmente. III. Os documentos de valor corrente são inalienáveis e im-
prescritíveis.
São verdadeiras: IV. Arquivos Públicos são arquivos de instituições governa-
(A) I, II, III e IV. mentais de âmbito federal ou estadual ou municipal.
(B) Somente a I.
(C) Somente a I e a II. Assinale a alternativa correta.
(D) Somente a I, a II e a III. (A) Somente as afirmativas I e II são corretas
(B) Somente as afirmativas I e IV são corretas
2. (FCC – AL/SP) Um dos fatores de qualidade no atendi- (C) Somente as afirmativas III e IV são corretas
mento ao público é a empatia. Empatia é (D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
(A) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e (E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas
confiança ao público.
(B) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o 5. (CESPE/ANTAQ) Julgue o item que se segue, a respeito de
que foi prometido ao público arquivologia.
(C) o grau de cuidado e atenção individual que o atendente Ainda que tenham surgido novos suportes documentais,
demonstra para com o público, colocando-se em seu lugar principalmente os documentos natodigitais, o conceito de ar-
para um melhor entendimento do problema. quivo mantém-se inalterado.
(D) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pron- ( ) CERTO
tamente o cidadão ( ) ERRADO
(E) a habilidade em definir regras consensuais para o efeti-
vo atendimento 6. (CONSULPLAN/TSE) Em relação à comunicação nas orga-
nizações, analise.
3. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário - Conhecimentos I. Uma comunicação eficaz é um processo horizontal, em
Básicos) No que concerne aos princípios da administração públi- que todos os envolvidos mantêm uma ética relacional.
ca, assinale a opção correta. II. É possível melhorar a comunicação por meio de treina-
(A) Em razão do princípio da continuidade, os serviços pú- mento e desenvolvimento de pessoal.
blicos não podem ser interrompidos, visto que se destinam III. A comunicação é elemento acessório no processo de
a atender os interesses da coletividade. Por isso, é vedado busca de qualidade nas organizações.
àquele que contrata com a administração pública valer-se
da exceção de contrato não cumprido quando a administra- Assinale
ção, sem ter cumprido sua obrigação, exige a satisfação de (A) se apenas a afirmativa I estiver correta.
obrigação de quem com ela contratou. (B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
(B) A administração pública está obrigada a controlar os (C) se apenas a afirmativa II estiver correta.
atos administrativos em relação ao mérito e à legalidade. (D) se apenas a afirmativa III estiver correta.
Nesse sentido, os atos inconvenientes ou inoportunos de-
vem ser retirados do ordenamento jurídico por meio da 7. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - ASSISTENTE SOCIAL)
anulação, e os ilegítimos, por meio da revogação. Assinale a alternativa correta acerca de Estado, Governo e Ad-
(C) Dado o principio da publicidade, é imprescindível a di- ministração Pública.
vulgação dos atos, contratos e outros instrumentos celebra- (A) Segundo a Constituição Federal, a tripartição de funções é
dos pela administração pública, de modo que os órgãos e absoluta no âmbito do aparelho do Estado.
as entidades públicas são obrigados a divulgar informações (B) O estudo da administração pública, do ponto de vista subje-
relativas à execução orçamentária e financeira, mas não as tivo, abrange a maneira como o Estado participa das atividades
referentes a despesas e receita. econômicas privadas.
(D) O princípio da moralidade apenas adquiriu conotação (C) O Estado constitui a nação politicamente organizada, en-
e significação jurídica para a administração pública a partir quanto a administração pública corresponde à atividade que
da edição da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe estabelece objetivos do Estado, conduzindo politicamente os
sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos negócios públicos.
de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, (D) Os conceitos de governo e administração não se equipa-
emprego ou função na administração pública. ram; o primeiro refere-se a uma atividade essencialmente polí-
tica, ao passo que o segundo, a uma atividade eminentemente
(E) A administração pública direta, as autarquias e as fun-
técnica.
dações de direito público submetem-se aos princípios ad-
(E) Tradicionalmente, na Doutrina, os elementos apontados
ministrativos constantes do texto constitucional; já as em-
como constitutivos do Estado são: o povo, a uniformidade lin-
presas públicas e as sociedades de economia mista, por
guística e o governo.
exercerem atividades de natureza econômica, não se sujei-
tam a tais princípios, mas ao sistema normativo aplicável às
empresas privadas.

384
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
8. (IBFC - 2016 - EBSERH - Analista Administrativo - Administra- (A) o controle social é requisito essencial para a administração
ção (HUAP-UFF)) pública contemporânea em regimes democráticos, o que re-
Leia as afirmações abaixo sobre Administração Pública e assi- sulta em garantia de transparência de suas ações e atos e na
nale a alternativa correta. institucionalização de canais de participação social, enquanto
I. Administração Pública é um conjunto de órgãos públicos, au- as organizações privadas estão fortemente orientadas para a
tarquias, fundações entre outros, enfim, toda a estrutura que forma preservação e proteção dos interesses corporativos (dirigentes
o aparelho do Estado. e acionistas).
II. Administração Pública é o modo de gestão do aparelho do (B) a administração pública e as organizações privadas não po-
Estado, ou seja, a forma como são aplicados os processos de plane- dem fazer acepção de pessoas, devem tratar a todos igualmen-
jamento, organização, direção e controle pelas diversas entidades te e com qualidade. O tratamento diferenciado não é permitido
que formam o Estado. por lei.
III. A Administração Pública abrange um vasto campo do pro- (C) a administração pública só pode fazer o que a lei permite,
cesso administrativo do Estado, e, portanto, é importante a sua con- enquanto a iniciativa privada pode fazer tudo que não estiver
ceituação e compreensão do seu processo evolutivo para se ter o proibido por lei. A legalidade fixa os parâmetros de controle da
entendimento das principais mudanças pelas quais atravessam as administração e do administrador, para evitar desvios de con-
organizações governamentais atualmente. duta.
(D) a administração pública tem o poder de regular e gerar
(A) Somente a afirmação III está correta obrigações e deveres para a sociedade, assim, as suas decisões
(B) Nenhuma das afirmações está correta e ações normalmente geram efeitos em larga escala para a so-
(C) Somente a afirmação I está correta ciedade e em áreas sensíveis. O Estado é a única organização
(D) Somente a afirmação II está correta que, de forma legítima, detém este poder de constituir unilate-
(E) Todas as afirmações estão corretas ralmente obrigações em relação a terceiros.
(E) as organizações privadas buscam o lucro financeiro e formas
9. (IBFC - 2015 - EMBASA - ANALISTA DE SANEAMENTO - EN- de garantir a sustentabilidade do negócio. A administração pú-
FERMEIRO DO TRABALHO) blica busca gerar valor para a sociedade e formas de garantir o
Assinale a alternativa INCORRETA considerando as normas da desenvolvimento sustentável, sem perder de vista a obrigação
Constituição Federal sobre a Administração Publica. de utilizar os recursos de forma eficiente.
(A) A administração fazendária e seus servidores fiscais terão,
dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei. GABARITO
(B) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, 1 A
neste último caso, definir as áreas de sua atuação. 2 C
(C) Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante 3 A
processo de licitação pública que assegure igualdade de condi- 4 B
ções a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da 5 CERTO
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exi- 6 C
gências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações. 7 D
(D )Independe de autorização legislativa a criação de subsidi- 8 E
árias de empresa pública, de sociedade de economia mista e
de fundação, assim como a participação de qualquer delas em 9 D
empresa 10 B
10. .ESAF - 2014 - RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA
RECEITA FEDERAL
Conforme o Instrumento “Para Avaliação da Gestão Públi-
ca”(Brasil,2010),diversas características inerentes à natureza pú-
blica diferenciam as organizações da administração pública das
organizações da iniciativa privada.É incorreto apresentar como ca-
racterística:

385
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ANOTAÇÕES

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