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EDITAL Nº 1 - 2022/001 BB,

DE 22 DE DEZEMBRO DE 2022

Banco do
brasil

ESCRITURÁRIO -
AGENTE
COMERCIAL

ATUALIZADO

2023
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão de textos ..................................................................................................................................................... 7
2. Ortografia oficial ................................................................................................................................................................. 16
3. Classe e emprego de palavras. Colocação dos pronomes oblíquos átonos (próclise, mesóclise e ênclise) .............................. 17
4. Emprego do acento indicativo de crase .............................................................................................................................. 23
5. Sintaxe da oração e do período .......................................................................................................................................... 23
6. Emprego dos sinais de pontuação ...................................................................................................................................... 26
7. Concordância verbal e nominal .......................................................................................................................................... 27
8. Regência verbal e nominal ................................................................................................................................................. 28

Língua Inglesa
1. Conhecimento de um vocabulário fundamental e dos aspectos gramaticais básicos para a compreensão de textos .................... 37

Matemática
1. Números inteiros, racionais e reais .............................................................................................................................................. 77
2. Problemas de contagem ............................................................................................................................................................... 85
3. Razões e proporções; divisão proporcional .................................................................................................................................. 90
4. Regras de três simples e compostas ............................................................................................................................................. 91
5. Porcentagens ................................................................................................................................................................................ 92
6. Lógica proposicional ..................................................................................................................................................................... 94
7. Noções de conjuntos .................................................................................................................................................................... 114
8. Relações e funções; Funções polinomiais; Funções exponenciais e logarítmicas ......................................................................... 116
9. Matrizes. Determinantes. Sistemas lineares ................................................................................................................................ 128
10. Sequências. Progressões aritméticas e progressões geométricas ............................................................................................... 138

Atualidades do Mercado Financeiro


1. Os bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e desafios. Internet banking. Mobile banking. Open banking. Novos
modelos de negócios. Fintechs, startups e big techs. Sistema de bancos-sombra (Shadow banking). O dinheiro na era
digital: blockchain, bitcoin e demais criptomoedas. Segmentação e interações digitais. Transformação digital no Sistema
Financeiro .............................................................................................................................................................................. 147
2. Funções da moeda .................................................................................................................................................................. 151
3. Marketplace........................................................................................................................................................................... 151
4. Correspondentes bancários ................................................................................................................................................... 151
5. Arranjos de pagamentos ........................................................................................................................................................ 151
6. Sistema de pagamentos instantâneos (PIX) ........................................................................................................................... 151
ÍNDICE

Matemática Financeira
1. Conceitos gerais - O conceito do valor do dinheiro no tempo; Capital, juros, taxas de juros; Capitalização, regimes de
capitalização; Fluxos de caixa e diagramas de fluxo de caixa; Equivalência financeira. Juros simples - Cálculo do montante,
dos juros, da taxa de juros, do principal e do prazo da operação financeira. Juros compostos - Cálculo do montante, dos
juros, da taxa de juros, do principal e do prazo da operação financeira. Sistemas de amortização - Sistema price; Sistema
SAC.......................................................................................................................................................................................... 157

Conhecimentos Bancários
1. Sistema Financeiro Nacional: Estrutura do Sistema Financeiro Nacional; Órgãos normativos e instituições supervisoras, execu-
toras e operadoras ...................................................................................................................................................................... 183
2. Mercado financeiro e seus desdobramentos (mercados monetário, de crédito, de capitais e cambial) ..................................... 187
3. Moeda e política monetária: Políticas monetárias convencionais e nãoconvencionais (Quantitative Easing); Taxa SELIC e ope-
rações compromissadas; O debate sobre os depósitos remunerados dos bancos comerciais no Banco Central do Brasil .......... 187
4. Orçamento público, títulos do Tesouro Nacional e dívida pública ............................................................................................... 189
5. Produtos Bancários: Noções de cartões de crédito e débito, crédito direto ao consumidor, crédito rural, poupança, capitali-
zação, previdência, consórcio, investimentos e seguros ............................................................................................................. 189
6. Noções de Mercado de capitais .................................................................................................................................................. 195
7. Noções de Mercado de Câmbio: Instituições autorizadas a operar e operações básicas ............................................................ 195
8. Regimes de taxas de câmbio fixas, flutuantes e regimes intermediários ..................................................................................... 196
9. Taxas de câmbio nominais e reais ............................................................................................................................................... 196
10. Impactos das taxas de câmbio sobre as exportações e importações ........................................................................................... 196
11. Diferencial de juros interno e externo, prêmios de risco, fluxo de capitais e seus impactos sobre as taxas de câmbio ................... 196
12. Dinâmica do Mercado: Operações no mercado interbancário .................................................................................................... 197
13. Mercado bancário: Operações de tesouraria, varejo bancário e recuperação de crédito ........................................................... 197
14. Taxas de juros de curto prazo e a curva de juros; taxas de juros nominais e reais ........................................................................ 197
15. Garantias do Sistema Financeiro Nacional: aval; fiança; penhor mercantil; alienação fiduciária; hipoteca; fianças bancárias .... 198
16. Crime de lavagem de dinheiro: conceito e etapas; Prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro: Lei nº 9.613/98 e
suas alterações ............................................................................................................................................................................ 199
17. Circular nº 3.978, de 23 de janeiro de 2020 ................................................................................................................................ 204
18. Carta Circular nº 4.001, de 29 de janeiro de 2020 e suas alterações. .......................................................................................... 213
19. Autorregulação bancária e Normativos SARB. ............................................................................................................................ 216
20. Sigilo Bancário: Lei Complementar nº 105/2001 e suas alterações ............................................................................................. 216
21. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 e suas alterações ............................................ 218
22. Legislação anticorrupção: Lei nº 12.846/2013 ............................................................................................................................ 230
23. Decreto nº 11.129, de 11/07/2022 ............................................................................................................................................. 234
24. Segurança cibernética: Resolução CMN nº 4.893, de 26/02/2021 .............................................................................................. 243
25. Ética aplicada: ética, moral, valores e virtudes ............................................................................................................................ 247
26. noções de ética empresarial e profissional. ................................................................................................................................ 247
27. A gestão da ética nas empresas públicas e privadas. ................................................................................................................... 248
28. Código de Ética do Banco do Brasil (disponível no sítio do BB na internet). ................................................................................ 249
29. Política de Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil (disponível no sítio do BB na internet) ................................... 260
30. ASG (Ambiental, Social e Governança): Economia Sustentável; Financiamentos; Mercado PJ .................................................... 260
ÍNDICE

Conhecimentos de Informática
1. Noções de sistemas operacionais - Windows 10 (32-64 bits) e ambiente Linux (SUSE SLES 15 SP2)...................................... 269
2. Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office - Word, Excel e PowerPoint - versão O365)............ 272
3. Segurança da informação: fundamentos, conceitos e mecanismos de segurança. Proteção de estações de trabalho: Controle
de dispostivos USB, hardening, antimalware e firewall pessoal............................................................................................ 277
4. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas........................................... 280
5. Redes de computadores: Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. Navegador
Web (Microsoft Edge versão 91 e Mozilla Firefox versão 78 ESR), busca e pesquisa na Web.................................................. 282
6. Correio eletrônico.................................................................................................................................................................. 288
7. Grupos de discussão.............................................................................................................................................................. 293
8. Fóruns e wikis........................................................................................................................................................................ 294
9. Redes Sociais (Twitter, Facebook, Linkedin, WhatsApp, YouTube, Instagram e Telegram).................................................... 295
10. Visão geral sobre sistemas de suporte à decisão e inteligência de negócio.......................................................................... 298
11. Fundamentos sobre análise de dados................................................................................................................................... 298
12. Conceitos de educação a distância........................................................................................................................................ 303
13. Conceitos de tecnologias e ferramentas multimídia, de reprodução de áudio e vídeo........................................................ 304
14. Ferramentas de produtividade e trabalho a distância (Microsoft Teams, Cisco Webex, Google Hangout, Google Drive
e Skype)................................................................................................................................................................................ 311

Vendas e Negociação
1. Noções de estratégia empresarial: análise de mercado, forças competitivas, imagem institucional, identidade e
posicionamento ................................................................................................................................................................... 327
2. Segmentação de mercado .................................................................................................................................................... 329
3. Ações para aumentar o valor percebido pelo cliente ........................................................................................................... 330
4. Gestão da experiência do cliente ......................................................................................................................................... 331
5. Aprendizagem e sustentabilidade organizacional ................................................................................................................ 332
6. Características dos serviços: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade ........................................... 334
7. Gestão da qualidade em serviços ......................................................................................................................................... 335
8. Técnicas de vendas: da pré-abordagem ao pós-vendas ....................................................................................................... 339
9. Noções de marketing digital: geração de leads; técnica de copywriting; gatilhos mentais; Inbound marketing .................... 341
10. Ética e conduta profissional em vendas ............................................................................................................................... 345
11. Padrões de qualidade no atendimento aos clientes ............................................................................................................. 347
12. Utilização de canais remotos para vendas ............................................................................................................................ 349
13. Comportamento do consumidor e sua relação com vendas e negociação ........................................................................... 349
14. Política de Relacionamento com o Cliente: Resolução nº 4.949, de 30 de setembro de 2021 .............................................. 351
15. Resolução CMN nº 4.860, de 23 de outubro de 2020 que dispõe sobre a constituição e o funcionamento de componente
organizacional de ouvidoria pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil ................................................................................................................................................................... 353
16. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência): Lei nº 13.146, de 06 de julho
de 2015................................................................................................................................................................................. 356
17. Código de Proteção e Defesa do Consumidor: Lei nº 8.078/1990 (versão atualizada) .......................................................... 372
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO DE TEXTOS A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é específico para se fazer a enunciação.
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido cas:
completo.
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e Apresenta um enredo, com ações e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- relações entre personagens, que ocorre
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua em determinados espaço e tempo. É
interpretação. TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do da seguinte maneira: apresentação >
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que desenvolvimento > clímax > desfecho
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
Tem o objetivo de defender determinado
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper-
TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
tório do leitor.
DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão.
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a necessidade
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. de defender algum ponto de vista. Para
isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
Dicas práticas definições, conceitualizações etc. A
estrutura segue a do texto dissertativo-
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
argumentativo.
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. de modo que sua finalidade é descrever,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- Com isso, é um texto rico em adjetivos e
cidas. em verbos de ligação.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- Oferece instruções, com o objetivo de
te de referências e datas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de são os verbos no modo imperativo.
opiniões.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele Alguns exemplos de gêneros textuais:
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Artigo
classificações. • Bilhete
• Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Lista Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Manual A é igual a B.
• Notícia A é igual a C.
• Poema Então: C é igual a B.
• Propaganda
• Receita culinária Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Resenha que C é igual a A.
• Seminário Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em A vaca é um ruminante.
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Logo, a vaca é um mamífero.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
dade e à função social de cada texto analisado. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
texto diz e faça o que ele propõe. a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
vista defendidos. as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas entender bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
de linguagem. que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
escolher entre duas ou mais coisas”. porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse Tipos de Argumento
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua argumento. Exemplo:
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais Argumento de Autoridade
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
enunciador está propondo. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos verdadeira. Exemplo:
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
apenas do encadeamento de premissas e conclusões.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
conhecimento. Nunca o inverso. concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
Alex José Periscinoto. do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais indevidas.
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Argumento do Atributo
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
acreditar que é verdade. daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
Argumento de Quantidade que é mais grosseiro, etc.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
largo uso do argumento de quantidade. da celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
Argumento do Consenso competência linguística. A utilização da variante culta e formal
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos médico:
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
frases carentes de qualquer base científica. conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
por bem determinar o internamento do governador pelo período
Argumento de Existência de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o hospital por três dias.
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
mão do que dois voando”. Como dissemos antes, todo texto tem uma função
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
navios, etc., ganhava credibilidade. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
Argumento quase lógico episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa não outras, etc. Veja:
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios trocavam abraços afetuosos.”
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade
provável.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão vista.
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
meio ambiente, injustiça, corrupção). é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
o argumento. para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do desenvolver as seguintes habilidades:
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite totalmente contrária;
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
outros à sua dependência política e econômica”. contra a argumentação proposta;
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação oposta.
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
assunto, etc). argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o sociedade.
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no dedução.
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
pensamento e seu comportamento. argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo da verdade:
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não - evidência;
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, - divisão ou análise;
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - ordem ou dedução;
inflexão de voz, a mímica e até o choro. - enumeração.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma A forma de argumentação mais empregada na redação
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar alguns não caracteriza a universalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
(silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo sentimentos não ditados pela razão.
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
para o efeito. Exemplo: realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
Fulano é homem (premissa menor = particular) sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
Logo, Fulano é mortal (conclusão) sistematizar a pesquisa.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o ferro (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
O calor dilata o bronze (particular) o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
O calor dilata o cobre (particular) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
O ferro, o bronze, o cobre são metais seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) relógio estaria reconstruído.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa ser assim relacionadas:
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
- Lógico, concordo. dos elementos que farão parte do texto.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Claro que não! informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
Exemplos de sofismas: em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
Dedução fenômeno.
Todo professor tem um diploma (geral, universal) A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
Fulano tem um diploma (particular) as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Indução análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
(particular) por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral são empregados de modo mais ou menos convencional. A
– conclusão falsa) classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores; variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- artificial.
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
sabiá, torradeira. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
Os elementos desta lista foram classificados por ordem - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar expandida;d
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto diferenças).
do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na palavra e seus significados.
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
os pontos de vista sobre ele. fundamentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
- o termo a ser definido; é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por
- o gênero ou espécie; indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
- a diferença específica. o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
a conclusão.
O que distingue o termo definido de outros elementos da Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
mesma espécie. Exemplo: argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
Elemento especiediferença maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
a ser definidoespecífica acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
ou instalação”;

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LÍNGUA PORTUGUESA
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
assim, desse ponto de vista. contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de cordeiro”;
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, verdadeira;
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de universalidade da afirmação;
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
menos que, melhor que, pior que. desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada.
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos para a elaboração de um Plano de Redação.
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
tem mais caráter confirmatório que comprobatório. tecnológica
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido resposta, justificar, criando um argumento básico;
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
Nesse caso, incluem-se construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
mortal, aspira à imortalidade); (rever tipos de argumentação);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
postulados e axiomas); que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria consequência);
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda argumento básico;
que parece absurdo). - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados argumento básico;
concretos, estatísticos ou documentais. - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. menos a seguinte:
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões Introdução
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - função social da ciência e da tecnologia;
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que - definições de ciência e tecnologia;
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- Desenvolvimento
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- - apresentação de aspectos positivos e negativos do
argumentação: desenvolvimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
condições de vida no mundo atual;

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LÍNGUA PORTUGUESA
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade Tipos de Intertextualidade
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos A intertextualidade acontece quando há uma referência
países subdesenvolvidos; explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
passado; apontar semelhanças e diferenças; intertextualidade.
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
urbanos; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
mais a sociedade. as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
Conclusão texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
consequências maléficas; com outras palavras o que já foi dito.
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
apresentados. A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
redação: é um dos possíveis. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados
que ela é inserida. de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante.
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
textos caracterizada por um citar o outro. “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre
um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322
se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa
diferentes. Assim, como você constatou, uma história em produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
opinião pode mencionar um provérbio conhecido. sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com termo “citação” (citare) significa convocar.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, Pastiche é uma recorrência a um gênero.
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los a recriação de um texto.
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
ou lido. comum ao produtor e ao receptor de textos.
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
daquela citação ou alusão em questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita Introdução
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
Desenvolvimento
A intertextualidade explícita: Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
– é facilmente identificada pelos leitores; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
– não exige que haja dedução por parte do leitor; lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
– apenas apela à compreensão do conteúdos. Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores; São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; ção do desenvolvimento:
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
parte dos leitores; - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para dificultando a linha de compreensão do leitor.
a compreensão do conteúdo.
Conclusão
PONTO DE VISTA Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos tos levantados pelo autor.
de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
compreende a perspectiva através da qual se conta a história. “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma Parágrafo
narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
narrador-observador e o narrador-personagem. esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
Primeira pessoa - Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto sintética de acordo com os objetivos do autor.
de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos - Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução),
o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili-
também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma dade na discussão.
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas - Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos-
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.
só descobrimos ao decorrer da história.
Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução,
Segunda pessoa desenvolvimento e conclusão):
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha.
sinta quase como outro personagem que participa da história. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico-
Terceira pessoa trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa caos. ”
em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse. Elemento relacionador: Nesse contexto.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação
acompanhando a leitura não fique confuso. de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS
PARÁGRAFOS
São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
cada uma de forma isolada a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Coerência e a coesão
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) – anafórica João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e advérbios) Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA
– catafórica africana.
Comparativa (uso de comparações por semelhanças) Mais um ano igual aos outros...
Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO Substituição de um termo por outro, para evitar repetição
ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO Conexão entre duas orações, estabelecendo relação entre elas
quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL palavras que possuem sentido aproximado e pertencente a um
cozinha têm janelas grandes.
mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

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