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POLÍCIA

FEDERAL
agente administrativo

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Polícia Federal

PF-Polícia Federal
Agente Administrativo

NV-006MR-21
Cód.: 7908428800277
Obra Produção Editorial

Carolina Gomes
PF-Polícia Federal Josiane Inácio

Agente Administrativo Karolaine Assis

Organização

Arthur de Carvalho
Autores
Roberth Kairo
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Saula Isabela Diniz
Giselli Neves e Nelson Sartori

NOÇÕES DE INFORMÁTICA • Fernando Nishimura Revisão de Conteúdo

Ana Cláudia Prado


RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof.º Kaká)
Fernanda Silva
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Jaíne Martins
Zantedeschi e Jonatas Albino Maciel Rigoni
Nataly Ternero
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ON-LINE) • Ricardo Reis Análise de Conteúdo

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA • Ana Beatriz Mamede


Ronaldo Nagai João Augusto Borges

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES • Nágila


Diagramação
Vilela
Dayverson Ramon
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS • Ricardo Reis Higor Moreira

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA • Maríllia Cunha Willian Lopes

LEGISLAÇÃO APLICADA À POLÍCIA FEDERAL (ON-LINE)• Samantha Capa


Rodrigues, Nathan Pilonetto e Antônio Pequeno
Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Março/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento de seus estudos garante a sua prepara-
ção de sucesso na busca pela tão almejada aprovação em um
cargo público. Por isso, pensando no máximo aproveitamento
de seus estudos, esse livro foi organizado considerando os itens
relevantes do último edital para Agente Administrativo da PF –
didaticamente reunidos em um sumário planejado para otimi-
zar o seu tempo e o seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra-
dos nas provas, além de Questões Comentadas das principais
bancas para complementar seus estudos. E para treinar seus
conhecimentos, a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios
gabaritados da banca organizadora do último certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

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Noções de Administração Pública e Legislação Aplicada a PF e o
Curso com 10 horas de videoaulas, conforme os assuntos cobra-
dos no edital. Para acessar, basta seguir as orientações na pró-
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CONTEÚDO ON-LINE

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BÔNUS:

• Curso On-line.
à Língua Portuguesa - Interpretação de Texto
à Noções de Informática - Sistema Operacional Linux
à Raciocínio Lógico - Negações e Equivalências Lógicas
à Noções de Direito Administrativo - Licitação: Procedimento
à Noções de Direito Constitucional - Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
à Noções de Administração Pública - Planejamento e Gestão Estratégica
à Noções de Gestão de Pessoas nas Organizações - Evolução da Gestão de Pessoas e
Comportamento Organizacional
à Noções de Recursos Materiais - Classificação de Materiais
à Noções de Arquivologia - Conceitos Fundamentais e Classificação de Documentos
à Legislação - Lei 10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento: Dos Crimes e das Penas

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Noções de Administração Pública


• Legislação Aplicada à Polícia Federal

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS .......................................................................... 11

TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 14

ORTOGRAFIA OFICIAL........................................................................................................................ 20

ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 21

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS......................................................................................... 22

EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS........................................................... 38

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.................................................................................. 39

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO............................................................................................... 40

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 52

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL............................................................................................ 55

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL........................................................................................................ 61

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS........................................................................................................ 63

REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA


REPÚBLICA)......................................................................................................................................... 66

ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO..............................................................................79

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO......................................................................................85

NOÇÕES DE INFORMÁTICA...........................................................................................97
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES LINUX E WINDOWS)................................... 97

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E


BROFFICE)..........................................................................................................................................105

REDES DE COMPUTADORES............................................................................................................129

CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E


INTRANET........................................................................................................................................................129

PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX, GOOGLE


CHROME E SIMILARES)..................................................................................................................................129

PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK EXPRESS, MOZILLA THUNDERBIRD E


SIMILARES)......................................................................................................................................................131
SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET..............................................................................................134

GRUPOS DE DISCUSSÃO.................................................................................................................................136

REDES SOCIAIS................................................................................................................................................137

COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING).......................................................................................138

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS,


PASTAS E PROGRAMAS...................................................................................................................141

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO......................................................................................................141

PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA...............................................................................................................141

NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS.......................................................................................145

APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.).................................151

RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................................................... 157


LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL)................................................................................157

PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS, TABELAS VERDADE, EQUIVALÊNCIAS, LEIS DE


DE MORGAN.....................................................................................................................................................157

ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO.............................................................165

ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES, CONCLUSÕES E DIAGRAMAS LÓGICOS...................................165

LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM.........................................................................................................172

PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE...........................................................................174

OPERAÇÕES COM CONJUNTOS.....................................................................................................180

RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS, GEOMÉTRICOS E


MATRICIAIS.......................................................................................................................................183

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................. 213


NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA............................................................................213

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA..........................................................................................................213

CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO..............................213

AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA...................215

ATO ADMINISTRATIVO....................................................................................................................217

CONCEITO........................................................................................................................................................217

REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................217


ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.................................................................................................219

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.........................................................................................219

ESPÉCIES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS....................................................................................................220

AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................220

DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS..........................................................................................220

LEGISLAÇÃO PERTINENTE: LEI Nº 8.112/1990............................................................................................221

DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS.......................................................................................................................221

Conceito, Espécies, Cargo, Emprego e Função Pública............................................................................... 221

PODERES ADMINISTRATIVOS.........................................................................................................230

HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR, REGULAMENTAR E DE POLÍCIA...................................................................230

USO E ABUSO DO PODER................................................................................................................................232

LICITAÇÃO.........................................................................................................................................233

PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................233

CONTRATAÇÃO DIRETA..................................................................................................................................234

Dispensa e Inexigibilidade.............................................................................................................................. 234

MODALIDADES.................................................................................................................................................238

TIPOS LICITAÇÃO............................................................................................................................................240

PROCEDIMENTO..............................................................................................................................................241

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................................................................................245

CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...........................................................................245

CONTROLE JUDICIAL......................................................................................................................................245

CONTROLE LEGISLATIVO...............................................................................................................................247

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO........................................................................................249

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO.............................................................249

Responsabilidade por Ato Comissivo e Omissivo do Estado...................................................................... 249

REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO.........................................250

CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO......................................250

REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO...........................................................................................253

CONCEITO .......................................................................................................................................................253

PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................................................254


DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO
CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL)........................................................................................257

RESOLUÇÕES 1 A 10 DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA DA PRESIDÊNCIA DA


REPÚBLICA........................................................................................................................................261

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................. 277


CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................................................................................................277

CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES, PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS....................................................................277

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.....................................................................................282

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.......................................................................................282

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS...................................................................................................................288

DIREITOS SOCIAIS...........................................................................................................................................290

DIREITOS DA NACIONALIDADE......................................................................................................................292

DIREITOS POLÍTICOS......................................................................................................................................294

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA...............................................................................295

UNIÃO...............................................................................................................................................................295

ESTADOS..........................................................................................................................................................297

MUNICÍPIOS ....................................................................................................................................................298

DISTRITO FEDERAL.........................................................................................................................................298

TERRITÓRIOS...................................................................................................................................................299

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.............................................................................................................304

DISPOSIÇÕES GERAIS, SERVIDORES PÚBLICOS..........................................................................................304

PODER EXECUTIVO...........................................................................................................................312

ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E DOS MINISTROS DE ESTADO......................................312

DA SEGURANÇA PÚBLICA...............................................................................................................328

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA............ 335


ORÇAMENTO PÚBLICO....................................................................................................................335

CONCEITO........................................................................................................................................................335

TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS .......................................................................................................................335

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS......................................................................................................................336
CICLO ORÇAMENTÁRIO..................................................................................................................................338

O ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL............................................................................................342

PLANO PLURIANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL....................................................................................342

Diretrizes Orçamentárias na Constituição Federal....................................................................................... 342

ORÇAMENTO ANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL....................................................................................343

ESTRUTURA PROGRAMÁTICA.......................................................................................................................343

PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA...............................................350

DESCENTRALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA..............................................................................350

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO............................................................................................................350

RECEITA PÚBLICA.............................................................................................................................353

CONCEITO........................................................................................................................................................353

CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NATUREZA....................................................................................................358

ETAPAS E ESTÁGIOS.......................................................................................................................................360

DESPESA PÚBLICA...........................................................................................................................357

CONCEITO........................................................................................................................................................357

CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NATUREZA....................................................................................................358

ETAPAS E ESTÁGIOS.......................................................................................................................................360

RESTOS A PAGAR............................................................................................................................................362

DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES.....................................................................................................363

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL...............................................................................................366

CONCEITOS, OBJETIVOS E PLANEJAMENTO...............................................................................................366

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES.......................... 383


NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES...........................................................383

CONCEITOS......................................................................................................................................................383

IMPORTÂNCIA.................................................................................................................................................385

RELAÇÃO COM OS OUTROS SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO.......................................................................385

A FUNÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE PESSOAS: ATRIBUIÇÕES BÁSICAS E OBJETIVOS,


POLÍTICAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS..........................................................386

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES INDIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO,


MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, DESEMPENHO.....................................................................................389
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS..................................................................... 395
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS..............................................................................................395

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS.....................................................................................................398

TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO.............................................................................................................................398

GESTÃO DE ESTOQUES....................................................................................................................404

COMPRAS..........................................................................................................................................412

MODALIDADES DE COMPRA, CADASTRO DE FORNECEDORES..................................................................412

COMPRAS NO SETOR PÚBLICO......................................................................................................416

EDITAL DE LICITAÇÃO.....................................................................................................................................416

RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM.................................................................................................422

ENTRADA, CONFERÊNCIA, CRITÉRIOS E TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM.................................................422

GESTÃO PATRIMONIAL....................................................................................................................430

CONTROLE DE BENS.........................................................................................................................431

INVENTÁRIO, ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS.............................................................................................431

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA..................................................................................... 437


CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA........................................................................437

O GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO DE DOCUMENTOS....................................447

ARQUIVOS CORRENTES E INTERMEDIÁRIOS...............................................................................................447

AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS......................................................................................................................454

DIAGNÓSTICOS...............................................................................................................................................457

ARQUIVOS PERMANENTES............................................................................................................................458

PROTOCOLOS..................................................................................................................................................459

TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS....................................................................461

MICROFILMAGEM...........................................................................................................................................462

AUTOMAÇÃO...................................................................................................................................................463

PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS......................................................463


de praticar seus conhecimentos realizando os exercí-
cios de cada tópico, bem como, a seleção de exercícios
finais, selecionados especialmente para que este mate-
rial cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.

LÍNGUA PORTUGUESA INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS Dica
INTRODUÇÃO Como já mencionamos, interpretar é buscar ideias,
pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões A primeira e mais importante delas é identificar a
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer orientação do pensamento do autor do texto, que fica
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse perceptível quando identificamos como o raciocínio
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
a aprovação. Além disso, seja a compreensão textual, da análise de dados, informações com fontes confiáveis
seja a interpretação textual, ambas guardam uma rela- ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
ção de proximidade com um assunto pouco explorado das consequências, a fim de se identificar as causas.
pelos cursos de português: a semântica, que incide suas Por isso, é preciso compreender como podemos
relações de estudo sobre as relações de sentido que a interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
forma linguística pode assumir. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
Portanto, neste material você encontrará recursos que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
ção e compreensão textual, associando a essas temá- zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, A partir disso, selecionamos estratégias de leitura
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi-
que foquem nas formas de inferência sobre um texto.
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que
Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
precisa ser reconhecido por quem o lê.
o processo de inferência, que se dá por dedução ou
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma
por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
breve diferença entre os termos compreensão e
interpretação textual.
O marido da minha chefe parou de beber.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
material, ainda que existam relações de sinonímia Observe que é possível inferir várias informações.
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor A primeira é que a chefe do enunciador é casada (infor-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido mação comprovada pela expressão “marido”), a segun-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a da é que o enunciador está trabalhando (informação
interpretação realiza ligações com o texto a partir comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. é que o marido da chefe do enunciador bebia (expres-
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no são comprovada pela expressão “parou de beber”).
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma Note que há pistas contextuais do próprio texto que
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- induzem o leitor a interpretar essas informações.
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos Tratando-se de interpretação textual, os processos
essencialmente relacionados à significação das palavras de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
Sabendo disso, é importante separarmos os con- interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou com- texto junto da articulação com as informações acessa-
preensivo. Neste material, você encontrará um forte das pelo leitor do texto.
LÍNGUA PORTUGUESA

conteúdo que relaciona semântica e interpretação, A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
contendo questões sobre os assuntos: inferência; senta como ocorre a relação desses processos:
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex-
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e INFERÊNCIA
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin-
guísticas e suas consequências para o sentido.
Todos esses assuntos completam o estudo basilar A partir desse esquema exclusivo, conseguimos visua-
de semântica com foco em provas e concursos, sem- lizar melhor como o processo de interpretação ocorre.
pre de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo
você a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer as estratégias que compõem cada maneira de inferir 11
informações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos Dica
tópicos seguintes como usar estratégias de cunho deduti-
vo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhe- Em questões de concurso, as bancas costumam
cimento de mundo na interpretação de textos. procurar nos enunciados implícitos do texto aspec-
tos para abordar em suas provas.
A INDUÇÃO
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
As estratégias de interpretação que observam conhecimentos prévios a partir de uma informação
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- forme, Kleiman (2016, p. 47):
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
texto e que variam conforme o tipo textual.
temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
tema; ele estará também postulando uma possí-
identificar uma organização cronológica e espacial no vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, vando seu conhecimento prévio, e na testagem
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação conhecimento.
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado Fique atento a essa informação, pois é uma das
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
ideia/ponto de vista. pretação textual: formular hipóteses, a partir da
No processo interpretativo indutivo, as ideias são macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
organizadas a partir de uma especificação para uma cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
generalização. Vejamos um exemplo: ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
entre outras informações que podem vir como “aces-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
espécie de animal. O que observei neles, no tempo leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
te para não os amar, nem os imitar. São em geral pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de um objetivo mais definido.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos O processo de interpretação por estratégias de dedu-
detalhados e impotentes para generalizar, cur- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- z Conhecimento Linguístico;
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo z Conhecimento Textual;
critério de beleza.
z Conhecimento de Mundo.
(BARRETO, 2010, p.21)
O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
O trecho em destaque na citação do escritor Lima assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
indutivo compõe a interpretação e decodificação de Conhecimento Linguístico
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, Esse é o conhecimento basilar para compreensão
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
ção cronológica de um texto. das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
A propriedade vocabular leva nhecimento das regras de uma língua.
o cérebro a aproximar as pa- É importante salientar que as regras de reconhe-
PROCURE SINÔNIMOS cimento sobre o funcionamento da língua não são,
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto. necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
Os conectivos (conjunções, que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
preposições, pronomes) tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
ATENÇÃO AOS que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e bo-objeto (SVO) etc.
localizadores textuais. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
A DEDUÇÃO sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
A leitura de um texto envolve a análise de diversos o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
12 maneira implícita no enunciado. dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acessado em: 22/09/2020. Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol-
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores prévio que é essencial na interpretação de questões.
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito, assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que EXERCÍCIOS COMENTADOS
podemos usar métodos dedutivos.
1. (FGV – 2019) “Quando se julga por indução e sem o
Conhecimento Textual necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega-
-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores”. Indu-
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- ção é um processo lógico que parte do particular para
mento linguístico e se desenvolve pela experiência o geral, como ocorre no seguinte raciocínio:
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- a) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque também;
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que b) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê chovido durante toda a noite;
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma c) A torcida do Corinthians está presente em todos os
reportagem como se lê um poema. jogos; domingo não deve ser diferente;
d) O estacionamento do restaurante está cheio de carros;
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
o lucro desse restaurante deve ser alto;
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
e) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
meu automóvel enguiçou ontem.
Conhecimento de Mundo
Indução é um processo lógico que parte do particu-
lar para o geral. Se houver alguma dúvida na reso-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
lução, é só ir por exclusão das alternativas
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
a) Todos os dias.../ hoje...
importante que o candidato a cargos públicos reserve b) as ruas/ toda a noite
LÍNGUA PORTUGUESA

um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes c) em todos os jogos/ domingo...
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- d) Resposta certa
tar seu conhecimento de mundo. e) Os carros.../ meu automóvel...Resposta: Letra D.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com- 2. (CESPE – 2014) Julgue o item, relativo à dedução e
preensão textual é ativado, por isso, é natural ao nosso indução.
cérebro associar informações, a fim de compreender A conclusão de um argumento dedutivo é uma con-
o novo texto que está em processo de interpretação. sequência necessária da verdade da conjunção das
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- premissas, o que significa que, sendo verdadeiras
cício para atestarmos a importância da ativação do as premissas, é impossível a conclusão ser falsa.
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: ( ) CERTO ( ) ERRADO 13
Pois o pensamento dedutivo parte do conheci-
GÊNERO TEXTUAL
mento geral, visando ao conhecimento particular,
assim, para a lógica dedutiva as premissas verda-
deiras não podem gerar enunciados falsos. Respos-
ta: Certo. FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO

3. (UFPE – 2018 - Adaptada) Na temática da Lógica,


leia o texto a seguir sobre os tipos de inferência: A partir desse esquema, podemos identificar que a
A dedução e a indução são conhecidas com o nome orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
predominante que o texto deve manter, organizado
de outra já conhecida. Sobre a indução e a dedu-
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
ção, entende-se como inferências mediatas.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996, p. 68.)
TIPO TEXTUAL
Adaptado.
Classifica-se conforme as marcas linguísticas
A autora acima enfatiza a singularidade dos tipos de apresentadas no texto. Também é chamado de
inferência no âmbito da razão discursiva. Sobre isso, sequência textual.
observe a seguinte inferência: GÊNERO TEXTUAL
Sócrates é homem e mortal
Platão é homem e mortal Classifica-se conforme a função do texto, atri-
Aristóteles é homem e mortal buída socialmente.
Logo, todos os homens são mortais.
Uma última informação muito importante sobre
A inferência expressa o raciocínio: tipos textuais que devemos considerar é que nenhum
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
a) Dialético. re é a existência de predominância de algumas sequên-
b) Disjuntivo. cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
c) Indutivo. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
d) Conjuntivo.
suas principais características e marcas linguísticas.
e) Argumentativo.
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
Porque parte de premissas particulares para outras PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
mais genéricas. Resposta: Letra C.
Narrativo

Os textos compostos predominantemente por se-


TIPOLOGIA TEXTUAL quências narrativas cumprem o objetivo de contar
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
Tipos ou sequências textuais são unidades que
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL- desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles:
marcam uma forma de organização da estrutura do
texto que se molda a depender do gênero discursivo e z Situação inicial – envolve a “quebra” de um equi-
da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêne- líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
ros que apresentam a predominância de narrações – z Complicação – desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente;
contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
–, outros predominam a argumentação – redação do ampliam a tensão;
ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc. z Resolução – Momento de solução da tensão;
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, z Situação final – Retorno da situação equilibrada;
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos z Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre
essa figura que demonstra como podemos identificar a resolução;
os tipos textuais e suas principais características, tendo z Moral – Apresentação de valores morais que a histó-
em vista que, cada sequência textual apresenta carac- ria possa ter apresentado.
terísticas próprias que, conforme mencionamos, pouco
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu- te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”
ra linguística quase rígida que nos permite classificar Vamos ler e identificar essas características, bem
os tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descriti- como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
14 vo; Expositivo; Instrucional; Argumentativo). tual narrativo.
Era um garoto que como eu Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
1. Situação inicial:
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de responsável por contar os fatos que compõem o texto.
Girava o mundo sempre a cantar
equilíbrio;
As coisas lindas da América Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
Não era belo, mas mesmo assim soa. O narrador participa dos fatos.
Havia uma garota afim
Cantava Help and Ticket to Ride Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Oh Lady Jane, Yesterday soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade
início da tensão porém não participa das ações.
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
Fora chamado na América
3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Stop! Com Rolling Stones
não participa das ações, porém o fluxo de consciência
Stop! Com Beatles songs
do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax;
Lutar com vietcongs 1ª pessoa.
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução; Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Girava o mundo, mas acabou predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Fazendo a guerra no Vietnã rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
Cabelos longos não usa mais mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Não toca a sua guitarra e sim
narrativos, não significa que não possam apresentar
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota,
6. Situação final; outras sequências em sua composição.
7. Avaliação; Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
Só gente morta caindo ao chão ção nas marcas que predominam no texto.
Ao seu país não voltará Após demarcarmos as principais características do
Pois está morto no Vietnã tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Stop! Com Rolling Stones cas mais importantes da sequência textual classifica-
Stop! Com Beatles songs da como descritiva.
8. Moral.
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há Descritivo
Mas duas medalhas sim
Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020. O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Essas sete marcas que definem o tipo textual nar- zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza- cia descritiva como suporte para um propósito maior.
ção linguística que são caracterizadas por: Presença São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre-
classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
dominantemente, utilizados no passado; presença Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
de narrador e personagens. sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.

Importante! Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e


quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex- entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
tuais em sua composição, tendo em vista que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
nenhum texto é composto exclusivamente por uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
uma sequência textual. Por isso, devemos sem- ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
pre identificar as marcas linguísticas que são pre- da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
com as curvas assim tintas, e também os colos dos
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
Para sua compreensão, também é preciso saber o gonha nenhuma.
que são marcadores temporais e espaciais.
(https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha)
LÍNGUA PORTUGUESA

São formas linguísticas como advérbios, prono-


mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço Note que apesar da presença pontual da sequência
físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar- narrativa, há predominância da descrição do cenário
rativos, esses elementos são essenciais para marcar o e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento, de relato descritivo para manter a comunicação entre
aqui, ali, então... a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con-
Um outro indicador do texto narrativo é a pre- siderando as emergências comunicativas do mundo
sença do narrador da história. Por isso, é importante moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e,
aprendermos a identificar os principais tipos de nar- aos poucos, substituído por outros gêneros como, por
rador de um texto: exemplo, o e-mail. 15
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio abaixo:

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml

Note que há presença de muitos adjetivos, locuções e substantivos que buscam levar o leitor a imaginar o
objeto descrito. O gênero acima apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc) com uso de
adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele está organizado de forma
16
esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
panquecas) de maneira que facilita a leitura (o pedi- guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
do, no caso) do cliente. gir esse objetivo.
Organização do texto descritivo: Assim como os tipos textuais apresentados ante-
riormente, os textos expositivos também apresentam
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
mentativos que são classificados como expositivos,
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Expositivo
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a sença de verbos de estado;
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
textual, é muito comum a presença de dados, informa- organizam a informação;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Desenvolve-se mediante uso de recursos
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- enumerativos;
z Presença de figuras de linguagem como Metáfora
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
e Comparação;
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.
LÍNGUA PORTUGUESA

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p.73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados- em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na inter-
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016 net, horóscopos e também nos manuais de instrução.
A principal marca linguística dessa tipologia é a
O infográfico acima apresenta as informações per- presença de verbos conjugados no modo imperati-
tinentes sobre o panorama mundial da situação da vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. 17
Para que possamos identificar corretamente essa A seguir, apresentamos um quadro sintético com
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- algumas estruturas linguísticas que funcionam como
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
exemplo a seguir: a leitura de textos argumentativos:

OPERADORES ARGUMENTATIVOS
Como faço para criar uma conta do Instagram?
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: É incontestável que...
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
ou Google Play Store (Android). É mister, é fundamental, é essencial...
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
para abri-lo. Essas estruturas utilizadas adequadamente no
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de texto argumentativo expõem a opinião do autor, aju-
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi- estrutura argumentativa desse tipo textual.
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se
cadastrar com sua conta do Facebook.
Importante!
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha O tipo textual argumentativo não pode ser
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você confundido com o gênero textual dissertativo-
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na -argumentativo. Esse gênero é composto por
conta do Facebook, caso tenha saído dela. sequências argumentativas, mas também há
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: a apresentação, dissertação de ideias, a fim de
07/09/2020. alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame
Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame
No exemplo acima, podemos destacar a presença que cobra esse gênero em sua prova de redação.
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo,
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra característi- Agora que já conhecemos os cinco principais tipos
ca dos textos injuntivos é a enumeração de passos a textuais, vamos exercitar nossos conhecimentos com
as seguintes questões de concurso:
serem cumpridos para a realização correta da tare-
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
didática.
É importante lembrar que a principal marca
linguística dessa tipologia é a presença de verbos
EXERCÍCIOS COMENTADOS
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi- 1. (COMPERVE – 2017) A questão refere-se ao texto
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar abaixo.
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
nadas pelo gênero. Há vida fora da Terra?

Argumentativo 1º Em 15 de agosto de 1977, um radiotelescópio do


Instituto Seti (“Busca por Inteligência Extraterrestre”,
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais na sigla em inglês), nos EUA, captou uma mensagem
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior estranha. Foi um sinal de rádio que durou apenas 72
grau de dificuldade na identificação, bem como em segundos, só que muito mais intenso que os ruídos
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo comuns vindos do Cosmo. Ao analisar as impressões
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a em papel feitas pelo aparelho, o cientista Jerry Ehman
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- tomou um susto. O sistema captara um sinal 30 vezes
tos que visam sustentar essa tese. mais forte que o normal. Seria alguma civilização ten-
tando fazer contato? Ehman ficou tão impressionado
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen-
que circulou os dados do computador e escreveu ao
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto,
lado: “Wow!”. O caso ficou conhecido como Wow sig-
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser nal (sinal “uau”!), e até hoje é o episódio mais mar-
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No cante na busca por inteligência extraterrestre. O Seti
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar e outras instituições tentaram detectar o sinal várias
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto vezes depois, mas ele nunca foi encontrado.
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- 2º Mesmo assim, hoje, muitos cientistas acreditam
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências que o contato com extraterrestres é mera questão
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o de tempo. “Numa escala de 1 (pouco provável) a 10
autor conclui ratificando seu ponto de vista e apresen- (muito provável), eu diria que nossa chance de fazer
ta possíveis soluções para o problema em questão. contato com ETs em meados deste século é 8”, acre-
Outro aspecto importante dos textos argumentati- dita o físico Michio Kaku, da City College de Nova York.
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti- Esse otimismo tem justificativa. “Pelo menos 25% das
cas conhecidas como operadores argumentativos, que estrelas têm planetas. E, dessas estrelas, pelo menos
organizam as orações subordinadas, estruturas mais a metade tem planetas semelhantes à Terra”, explica
o físico Marcelo Gleiser. Isso significa que, na nossa
18 comuns nesse tipo textual.
galáxia, podem existir até 10 bilhões de planetas pare- No primeiro parágrafo, há a narração de uma his-
cidos com o nosso. Uma quantidade imensa. Ou seja: tória sobre um contato de possíveis extraterrestres
pela lei das probabilidades, é muito possível que haja com a Terra, para contar essa história, o autor
civilizações alienígenas. O satélite Kepler, da Nasa, já utilizou muitos verbos no passado, predominando
catalogou 2740 planetas parecidos com a Terra, onde trechos como este: “o cientista Jerry Ehman tomou
água líquida e vida talvez possam existir. Um dos mais um susto”. Já o segundo parágrafo, apresenta a pre-
“próximos” é o Kepler 42d, a 126 anos -luz do Sol (um dominância de informações que visam a explicar o
ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). fenômeno narrado anteriormente, o que fica claro
3º Kaku acredita que, para civilizações muito avan- por trechos assim: “Esse otimismo tem justificati-
çadas, essa distância não seria um problema – pois va. ‘Pelo menos 25% das estrelas têm planetas. E,
elas poderiam manipular o espaço-tempo e utilizar dessas estrelas, pelo menos a metade tem planetas
portais no Cosmos, como nos filmes de ficção cientí- semelhantes à Terra’, explica o físico Marcelo Glei-
fica. Ok, mas então por que até hoje esse pessoal não ser”. Resposta: Letra B.
veio aqui? “Se são mesmo tão avançados, talvez não
estejam interessados em nós”, opina Kaku. “É como a 2. (FUNDEP – 2019)
gente ir a um formigueiro e dizer às formigas: ‘Levem-
-nos a seu líder!’.” Para outros cientistas, contudo, a Circuito Fechado
existência de civilizações avançadas é mera especula- Ricardo Ramos
ção. E explicar por que elas não colonizaram a Terra já
é querer dar uma de psicólogo de aliens. Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Esco-
4º Tudo bem que existem bilhões de terras por aí. E va, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pin-
que a probabilidade de existir vida lá fora é muito gran- cel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria,
de. Mas não significa que seja vida inteligente. “Você água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
pode ter um planeta cheio de vida, mas formada por camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
amebas e outros seres unicelulares”, acredita Glei- paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves,
ser. Afinal, com a Terra foi assim. A vida aqui existe lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor-
há cerca de 3,5 bilhões de anos. Mas durante quase nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
todo esse tempo (3 bilhões de anos), só havia seres guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo.
unicelulares: as cianobactérias, também chamadas de Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,
algas verdes e azuis. agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas,
5º Além disso, não basta o tempo passar para que as espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso
formas de vida se tornem complexas e inteligentes. A com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bande-
função essencial da vida é se adaptar bem ao ambiente ja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone,
onde ela está. A vida só muda – na esteira de alguma relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
mutação genética – se uma mudança ambiental exigir bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cin-
que ela mude. Assim, se o ambiente não mudar e a vida zeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
estiver bem adaptada, as mutações genéticas que, em fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,
geral, aparecem ao longo de gerações não vão fazer xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadronegro, giz,
diferença. Tudo depende da história de cada planeta. Se papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras,
o asteroide que matou os dinossauros há 65 milhões de copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
anos não tivesse caído aqui na Terra, e os dinossauros Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de den-
não tivessem sido extintos, não estaríamos aqui. tes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone,
6º “Não temos nenhuma prova ou argumento forte revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone inter-
sobre a existência de vida inteligente fora da Terra”, no, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel,
diz Gleiser. “Existe vida? Certamente. Mas como não relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
entendemos bem como a evolução varia de planeta telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xíca-
para planeta, é muito difícil prever ou responder se ra, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço
existe ou não vida inteligente fora daqui”, completa. de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Pol-
“Se existe, a vida inteligente fora da Terra é muito rara.” trona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,
Decepcionante. talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fós-
7º Mas antes de lamentar a solidão da humanidade foro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
no Cosmos, saiba que ela pode ser uma boa notícia. na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos,
Porque, se aliens inteligentes realmente existirem, não meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos.
serão necessariamente bondosos. “Se eles algum dia Coberta, cama, travesseiro.
nos visitarem, acho que o resultado será o mesmo que Disponível em: <https://tinyurl.com/y4e7n4u7>.
quando Cristóvão Colombo chegou à América. Não foi
LÍNGUA PORTUGUESA

bom para os índios nativos”, afirmou, certa vez, o físi- Acesso em: 17 jul. 2019.
co Stephen Hawking. A respeito da tipologia desse texto, é correto afirmar
Disponível em:> http://super.abril.com.br/ciencia/ha-vida-fora-da- que ele é:
terra-2/>. Acesso em: 7 jul. 2017. [Adaptado]
a) dissertativo-argumentativo.
No primeiro e no segundo parágrafos, predominam, b) dissertativo-expositivo.
respectivamente: c) descritivo.
d) narrativo.
a) Narração e descrição.
b) Narração e explicação. O texto descritivo é caracterizado pela forte presen-
c) Explicação e descrição. ça de adjetivos, conforme o texto em debate. Respos-
d) Explicação e injunção. ta: Letra C. 19
3. (UFPR – 2017) O texto a seguir é referência para a Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
questão. Dançou e gargalhou como se ouvisse música
Desmarcar o encontro com o contatinho, cancelar E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
uma reunião de negócios ou sair mais cedo de um ani- E flutuou no ar como se fosse um pássaro
versário: suspender compromissos leva a sensação E se acabou no chão feito um pacote flácido
de liberdade. Agonizou no meio do passeio público
Amy Banks, neurobiologista, terapeuta especializada Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego [...]
em relacionamentos e autora do livro Wired to Con-
(“Construção” – Chico Buarque)
nect (sem edição no Brasil), afirma que a explicação
para isso é simples. Algumas pessoas possuem a pro-
gramação tão cheia que eliminar uma atividade é uma Quanto à relação entre o gênero desse texto e sua
forma de conseguir uma folga para si. tipologia, assinale a alternativa correta.
A pesquisadora afirma que as pessoas subestimam
o quanto conseguem dar conta das coisas. Por isso, a) Trata-se de um poema que qualifica um evento, por-
cancelar um compromisso é prazeroso, já que o tem- tanto, é um texto de tipo descritivo.
po livre é realmente necessário. b) O texto é uma crônica que apresenta um fato do coti-
Além disso, a satisfação pode estar relacionada com o diano, o que qualifica a tipologia como dissertativa
que você pensa da outra pessoa. As relações em que expositiva.
não existem sentimentos mútuos e encontrar essas c) “Construção” é um conto, que brevemente analisa uma
pessoas pode ser estressante. Então, sentimos alívio história em um contexto social, portanto, a tipologia é
ao cancelar o compromisso. dissertativa argumentativa.
(Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/ d) Quanto ao gênero, trata-se de uma letra de música que
noticia/2017/11/voce-se-sente-bem-ao-cancelar-um-compromisso-
narra um evento ocorrido com um personagem, sendo,
ciencia-explica.html>.Acesso em: 08/09/2020.
então, do tipo textual narrativo.
Sobre o texto acima, considere as seguintes afirmativas:
Temos um trecho narrativo em que há um espaço e
um tempo, é contado algo, um acontecimento, um
1. Trata-se de um texto narrativo, porque conta como se
fato. Resposta: Letra D.
desenvolveu determinada pesquisa.
2. Os termos usados para se referir a Amy Banks durante
5. (FADESP – 2019) O trecho “O que aconteceu de verda-
todo o texto foram: neurobiologista, terapeuta, pesqui-
de foi um pouco mais complicado: a onda que povoou
sadora e autora.
a América se dividiu dentro do próprio continente.
3. Segundo a autora da pesquisa, as pessoas acham
Onde hoje estão os EUA, um grupo que ficou conhe-
que não têm capacidade de cumprir todos os seus
cido como ‘Cultura Clóvis’ prosperou e avançou em
compromissos, razão pela qual se sentem bem ao
direção ao sul. Quando chegou por aqui, deu origem
cancelá-los.
a populações como a de Lagoa Santa (MG) – à qual
4. Os parênteses foram utilizados para inserir opinião do
pertence Luzia. Luzia, então, é ‘neta’ de Clóvis’. É:
autor.
a) argumentativo.
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
b) descritivo.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
c) narrativo.
c) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
d) dissertativo
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Temos um trecho narrativo, em que há um espaço
e um tempo, é contado algo, um acontecimento, um
Afirmação 1- falsa, o texto não apresenta elementos
fato. Havendo uma apresentação e um desfecho, o
linguísticos que fundamentam a tipologia narrativa.
qual demonstra que Luzia é “neta” de Clóvis. Res-
Afirmação 2 – verdadeira, durante o texto, o autor
posta: Letra C.
utilizou recursos de sinonímia para manter a coe-
são e o tópico frasal do texto, diversificando o voca-
bulário sem deixar o texto repetitivo.
Afirmação 3 – verdadeira, realmente o texto afir-
ma que as pessoas sentem prazer em desmarcar ORTOGRAFIA OFICIAL
compromissos.
Afirmação 4 – falsa, os parênteses foram utilizados As regras de ortografia são muitas e, na maioria
fora do texto para identificar a referência de onde o dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a
texto foi retirado. Resposta: Letra B. lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas
vezes, é derivada de processos históricos de evolução
4. (FUNDEP – 2019) Leia o texto a seguir. da língua.
Amou daquela vez como se fosse a última Por isso, vale sempre lembrar a dica de ouro do
Beijou sua mulher como se fosse a última aluno craque em ortografia: leia sempre! Somente a
E cada filho seu como se fosse o único prática de leitura irá lhe garantir segurança no pro-
E atravessou a rua com seu passo tímido cesso de grafia das palavras.
Subiu a construção como se fosse máquina Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas parte das regras não são efêmeras, porém, são em
Tijolo com tijolo num desenho mágico grande número. Neste material, iremos apresen-
Seus olhos embotados de cimento e lágrima tar uma forma condensada e prática de nunca mais
Sentou pra descansar como se fosse sábado esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-
20 Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe vras são acentuadas.
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- Regras de Acentuação
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-
à escrita correta, veja: labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
z É com X ou CH: empregamos X após os ditongos.
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
USAMOS X: USAMOS CH: nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
� Depois da sílaba EM, se � Depois da sílaba EM, se abdômen, hímen.
a palavra não for derivada a palavra for derivada de
de palavras iniciadas por palavras iniciadas por CH:
CH: enxerido, enxada; encher, encharcar; Importante!
� Depois de ditongo: cai- � Em palavras derivadas
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
xa, faixa; de vocábulos que são gra-
DITONGO!
� Depois da sílaba inicial fados com CH: recauchu-
ME se a palavra não for de- tar, fechadura Além da regra derivada das oxítonas, é funda-
rivada de vocábulo iniciado mental não esquecer dessa regra.
por CH: mexer, mexilhão. Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
rádio etc.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020.

z Palavras proparoxítonas: A regra mais sim-


z É com G ou com J: usamos G em substantivos
ples e fácil de lembrar: todas as proparoxítonas
terminados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem,
DEVEM ser acentuadas!
ferrugem;
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio;
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir;
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
-jer. Ex.: viajar, lisonjear;
ou proparoxítona.
Termos derivados do latim escritos com j.
São as chamadas Proparoxítonas Aparentes.
z É com Ç ou S: após ditongos, usamos, geralmente,
Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
Ç, quando houver som de S e escrevemos S, quan-
final de suas sílabas, esse ditongo pode ser aceito ou
do houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa.
pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
z É com S ou com Z: palavras que designam nacio- palavras:
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A
inglês; marquesa; duquesa. VÁ-CUO/ VA-CU-O
Palavras que designam qualidade, cuja termina- PÁ-TIO/ PÁ-TI-O
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: Antes de concluir, é importante mencionar o uso
Embriaguez; lucidez; acidez. do acento nas formas verbais TER e VIR:

Essas regras para correção ortográfica das pala- Ele tem / Eles têm
vras, em geral, apresentam muitas exceções, por isso Ele vem / Eles vêm
é importante ficar atento e manter uma rotina de lei-
tura, pois esse aprendizado é consolidado com essa Percebam que, no plural, essas formas admitem o
prática. A verdade é que sua capacidade ortográfica uso de um acento (^), portanto, fiquem atentos à con-
ficará melhor a partir da leitura e da escrita de textos, cordância verbal, quando usarem esses verbos.
por isso recomendamos que se mantenha atualizado
e leia fontes confiáveis de informação, pois além de
contribuir para seu conhecimento geral, sua habilida-
de em língua portuguesa também aumentará. EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FCC – 2018) Jugue o item a seguir: “As operações de
LÍNGUA PORTUGUESA

saída com destino a empresas do comercio varejista


ACENTUAÇÃO GRÁFICA e insumos agropecuários dispõem de isenção fiscal
e redução de base de cálculo, conforme já prevê em
Muitas são as regras de acentuação das palavras lei, desde que observados os requisitos exigidos para
da língua portuguesa, para compreender essas regras, cada caso.”
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
respeitar a divisão das sílabas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Sempre buscando facilitar a vida do estudante,
pensamos em uma forma de condensar o conteúdo Ainda que tenha sido respeitados quase todas as
sobre acentuação e, em vez de ser necessário decorar regras gramaticais, faltou o acento da palavra
todas as regras, agora basta você se dedicar a uma “comercio”, que deve ser acentuada, pois é uma paro-
delas: a regra de acentuação das palavras oxítonas. xítona terminada em ditongo. Resposta: Errado 21
2. (FCC – 2019) “Um juramento expõe a beleza da von- b) A garota prefere lutar por ele, pois o considera uma
tade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra boa pessoa.
mostra também nossos limites”. c) A família está em festa com a chegada do bebê.
Numa nova e igualmente correta redação da frase d) Poderia me passar a colher, por favor?
acima, iniciada agora pelo segmento “A quebra de um e) Mariana é uma mulher com um coração de ouro.
juramento mostra nossos limites”, pode-se seguir esta
coerente complementação: “não fosse a beleza que Os artigos indefinidos são “um/uma” e suas flexões
também têm na quebra mesma da nossa vontade”. de plural. A única opção que apresenta somente
artigos indefinidos é a Resposta: Letra E.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NUMERAIS
A forma verbal TER admite a marcação de plural
com o uso do acento diferencial ^, porém na recons- Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
trução da frase mencionada o sujeito está no singu- vo, inferindo ideia de quantidade ou posição.
lar, não sendo necessário o uso do plural do verbo Os numerais podem ser:
citado. Resposta: Errado
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
meninos eram bons em português.
EMPREGO DAS CLASSES DE z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
PALAVRAS série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
INTRODUÇÃO
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
A palavra morfologia refere-se ao estudo das
novo emprego.
formas, por isso, o termo é usado pelos linguistas e
também pelos médicos, que estudam as formas dos z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
órgãos e suas funções. nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
Analogamente, para compreender bem as funções de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, metade do pagamento.
precisamos conhecer como essa forma se classifica e
como se organiza. Por isso, em língua portuguesa, estu- Um numeral ou um artigo?
damos as formas das palavras na morfologia, que orga-
niza as classes das palavras em dez categorias. A seguir, A forma um pode assumir na língua a função de
iremos estudar detalhadamente cada uma delas, e tam- artigo indefinido ou de numeral cardinal, então, como
bém acrescentamos um “bônus” para seus estudos: as podemos reconhecer cada função? É preciso observar
palavras denotativas, atualmente, muito cobradas o contexto em uso, vejamos:
por bancas exigentes, como FCC e Cebraspe/CESPE.
z Durante a votação, houve um deputado que se
ARTIGOS
posicionou contra o projeto.
Os artigos devem concordar em gênero e número z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- cionou contra o projeto.
minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti- Na primeira frase, podemos substituir o termo um
gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter- por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
segundos funcionam como determinantes imprecisos. der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
z Artigos definidos: o, os; a, as. por exemplo.
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. Já na segunda oração, a alteração do gênero não
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
Os artigos podem ser combinados às preposições:
deputado, marcando a quantidade.
são as chamadas contrações. Algumas contrações
comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
à; de + a = da. atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
Toda palavra determinada por um artigo torna-se que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc. Sobre o numeral milhão/milhares, é importante
destacar que sua forma é masculina, logo, o artigo que
precede será sempre no masculino

EXERCÍCIO COMENTADO z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.


z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
1. (SCT - 2020) Marque a alternativa cujo período apre-
senta apenas artigos indefinidos: Dica
a) Uma das vantagens de ser garçonete é que acabo A forma 14 por extenso apresenta duas formas
22 conhecendo todas as pessoas. aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
Flexão de gênero
EXERCÍCIO COMENTADO
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
1. (CONSESP – 2018) Analise os itens a seguir: ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
I. A quadragésima quinta Feira do Livro foi um sucesso (45ª). formes. Os substantivos uniformes podem ser:
II. Pela milésima vez ele acenou positivamente (1000ª).
III. Há uma década que não o vejo (10 anos). z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
Os numerais entre parênteses foram grafados correta- pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
mente, conforme apresentados em destaque, em: / a cliente; o líder / a líder.
z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
a) 1 e 2, apenas. sentam distinção entre masculino e feminino, a
b) 2 e 3, apenas. diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
c) 1 e 3, apenas. ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
d) 1, 2, e 3. macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
girafa macho / girafa fêmea.
Todas as frases colocam adequadamente os nume-
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e
rais nas frases, por extenso, e entre parênteses. Res-
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
posta: Letra D.
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
SUBSTANTIVOS
Os substantivos biformes, como o nome indi-
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma ca, designam os substantivos que apresentam duas
característica básica dessa classe é admitir um deter- formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio- professor/professora.
nam-se em gênero, número e grau. Destacamos que alguns substantivos, apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
Tipos de substantivos mas diferentes no masculino e no feminino:

A classificação dos substantivos admite nove tipos Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
diferentes de substantivos. São eles:
Outros substantivos modificam o radical para
z Simples: Formados a partir de um único radical. designar formas diferentes no masculino e no femini-
Ex.: vento, escola. no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
ção. Ex.: couve-flor, aguardente.
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo Gênero e significação
substantivo. Ex.: pedra, dente.
É importante salientar que alguns substantivos
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.: uniformes podem aparecer com marcação de gênero
pedreiro, dentista. diferente, ocasionando uma modificação no sentido,
z Concreto: Designam seres com independência veja, por exemplo:
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.: z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
Deus, fada, carro. z O testemunho: relato de experiência, associado a
religiões.
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
dade. Ex.: coragem, Liberalismo. Algumas formas substantivas mantêm o radical e
a pequena alteração o gênero interfere no significado:
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
Ex.: homem, cidade.
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
LÍNGUA PORTUGUESA

Maria, Fortaleza. z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.

z Coletivo: Usados no singular, designam um con- Além disso, algumas palavras na língua apresen-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, tam dificuldade quanto a identificação do gênero, pois
manada. são usadas em contextos informais com gêneros dife-
rentes, é o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a
É importante destacar que a classificação de um gênese; a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formi-
substantivo depende do contexto em que ele está inse- cida; o telefonema; o trema.
rido. Vejamos: Algumas formas que não apresentam, necessaria-
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio). mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/ masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. 23
Flexão de número z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei- Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. fogaréu, boqueirão, poetastro.
Porém, podem apresentar outras terminações: males,
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres- z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
mal/males. pequenina, papelucho.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral Dica
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
aceitas meles e méis. dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem vras, podendo assumir um valor:
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. Afetivo: filhinha;
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs- Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
tantivos que admitem até três formas de plural:
O novo Acordo Ortográfico e o uso de maiúsculas
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães. O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
para o uso de substantivos próprio, exigindo o uso da
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com
letra maiúscula as inicias das palavras que designam:
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil;
órgãos; órfão / órfãos.
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da
Vice-presidência.
Plural dos substantivos compostos
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
Os substantivos compostos são aqueles formados Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
por justaposição e o plural dessas formas obedece às nome próprio, este também deverá ser escrito com
seguintes regras: inicial maiúscula.

z Variam os dois elementos: z Nomenclatura legislativa especificada deve ser


escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
substantivo + substantivo: zes e Bases da Educação (LDB).
Ex.: mestre-sala / mestres-salas; z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Substantivo + adjetivo: Vacina; Guerra Fria.
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
Adjetivo + substantivo: Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
Ex.: boas-vindas;
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
Numeral + substantivo:
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
Ex.: terça-feira / terças - feiras.
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
z Varia apenas um elemento: substantivo + prepo-
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
sição + substantivo. Ex.: canas-de-açúcar;
-Bretanha, Timor-Leste.
Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável.
Ex.: abaixo-assinados.
EXERCÍCIO COMENTADO
Verbo + substantivo.
Ex.: guarda-roupas. 1. (FCC - 2018) Julgue o item a seguir: Organiza-se o sen-
Redução + substantivo. tido, nos versos 1 e 3, por meio de sequências verbais,
Ex.: bel-prazeres. das quais se destaca o uso recorrente do substantivo
“seco” devidamente flexionado.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos Terra seca árvore seca
formados por verbo + advérbio e verbo + substan- E a bomba de gasolina
tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os Casa seca paiol seco
saca-rolha. E a bomba de gasolina

Variação de grau ( ) CERTO ( ) ERRADO

A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação A palavra “seco” no contexto mencionado não é
de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma substantivo, funciona como adjetivo, portanto, está
24 diminuição. incorreta. Resposta: Errado.
ADJETIVOS Para identificar um adjetivo de relação, observe as
seguintes características:
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
podem indicar: sentar meios de subjetividade. Ex.: Menino bonito
- o adjetivo é subjetivo, pois a beleza do menino
z Qualidade: professor chato. depende dos olhos de quem o descreve.
z Estado: aluno triste.
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
relação sempre são posicionados após o substanti-
Locuções adjetivas vo. Ex.: casa paterna.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor tivo por derivação prefixal ou sufixal.
dos adjetivos, indicando as mesmas características
deles. z Não admitem variação de grau: os graus compa-
Elas são formadas por preposição + substantivo, rativo e superlativo não são admitidos.
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas te americano (não é subjetivo; posicionado após o
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, substantivo; derivado de substantivo; não existe a
importantes para seu estudo: forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
z Voo de águia / aquilino; roteiro carnavalesco.

z Poder de aluno / discente; Variação de grau


z Cor de chumbo / plúmbeo;
O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
z Bodas de cobre / cúprico; tivo ou Superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Sangue de baço / esplênico; respectivas categorias.

z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; z Grau comparativo: exprime a característica de


z Noite de inverno / hibernal ou invernal. um ser, comparando-o com outro da mesma classe
nos seguintes sentidos:
É importante destacar que mais do que “decorar”
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- „ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão
quanto;
damental reconhecer as principais características de
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e „ Superioridade: mais do que;
apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza- „ Inferioridade: menos do que.
da on-line. Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios
Quando a locução adjetiva é composta pela pre- (comparativo de igualdade);
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução O amor é mais suficiente do que o dinheiro
(comparativo de superioridade);
adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
Homens são menos engajados do que mulhe-
te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
res (comparativo de inferioridade).
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
zando o substantivo “abertura”. vo, é importante considerar que o valor semântico
Já na segunda frase, a locução destacada é adver- desse grau apresenta variações, podendo indicar:
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, „ Característica de um ser elevada ao último
demonstrando seu caráter adverbial. grau: Superlativo Absoluto, que pode ser analí-
As locuções adjetivas também desempenham fun- tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café „ Característica de um ser relacionada com
LÍNGUA PORTUGUESA

com açúcar. outros indivíduos da mesma classe: Superla-


Já as locuções adverbiais desempenham função tivo Relativo, que pode ser de superioridade (O
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, mais) ou de inferioridade (O menos)
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
fome; agiu com rapidez. absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
Adjetivo de relação sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorren-
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar tes? (Superlativo relativo de superioridade).
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de O candidato é o menos preparado entre os con-
relação”, muito cobrado por bancas de concursos, correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
sobretudo a FGV. inferioridade). 25
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo que se refere, nem receber grau superlativo. Assinale
ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, a opção que indica o adjetivo do texto que não está
mais magra, mais bonito etc.). incluído nessa categoria:
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica se referir a) Herói nacional.
a seres diferentes, empregamos a forma sintética b) Guerra mundial.
(melhor, pior, menor etc.). c) Diferença social.
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria. d) Povo cordial.
e) Traço cultural.
Formação dos adjetivos
Como vimos, uma outra característica dos adjeti-
Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, vos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não
simples ou compostos. denotam questões subjetivas, tal qual o adjetivo
“cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de rela-
z Primitivos: são os adjetivos que não derivam de ção. Resposta: Letra D
outras palavras e, a partir deles, é possível formar
novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc. ADVÉRBIOS
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
Advérbios são palavras invariáveis que modificam
mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um alguns casos, os advérbios também podem modificar
único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc. uma frase inteira, indicando circunstância.
z Compostos: são formados a partir da união de Os grandes cientistas da gramática da língua por-
dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra- tuguesa apresentam uma lista exaustiva com as fun-
sileiro, amarelo-ouro etc. ções dos advérbios, porém, decorar as funções dos
advérbios, além de desgastante, pode não ter o resul-
Dica tado esperado na resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às
O plural dos adjetivos simples é realizado da principais funções designadas por um advérbio e, a
mesma forma que o plural dos substantivos. partir delas, consiga interpretar a função exercida nos
enunciados das questões que tratem dessa classe de
Plural dos adjetivos compostos palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu-
O plural dos adjetivos compostos segue as seguin- mas funções basilares exercidas pelo advérbio:
tes regras:
z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
z Invariável: adjetivos compostos como azul-mari-
nho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa,
cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tape- z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
tes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro. z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
invariável, como em mal-educados, recém-forma-
dos; adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde- Novamente, chamamos sua atenção para a função
-claros, cabelos castanho-escuros.
que o advérbio deve exercer na oração. Como disse-
mos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo
Adjetivos pátrios
ou um outro advérbio, por isso, para identificar com
mais propriedade a função denotada pelos advérbios,
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como
é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalida-
As respostas sempre irão indicar circunstâncias
de dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de adverbiais expressas por advérbios, locuções adver-
um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama- biais ou orações adverbiais.
zonense, fluminense, cearense. Vejamos como podemos identificar a classificação/
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz função adequada dos advérbios:
respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo
-eiro, costumeiramente usado para designar profissões. z O homem morreu... de fome (causa); com sua família
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
origem com as pessoas que comercializavam o pau-
-brasil, esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, z A criança comeu... demais (intensidade); ontem
termo que passou a indicar os nascidos em nosso país. (tempo); com garfo e faca (instrumento); às cla-
ras (modo).

Locuções adverbiais
EXERCÍCIO COMENTADO
As locuções adverbiais, como já mostramos ante-
1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de riormente, são bem semelhantes às locuções adjeti-
adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que pos- vas. É importante saber que as locuções adverbiais
suem marcas diferentes de outros adjetivos, como a
apresentam um valor passivo.
de não poder ser empregado antes do substantivo a
26 Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetiva, tornando tal estrutura agramatical, por isso,
inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


LÍNGUA PORTUGUESA

Bem Otimamente Muito bem Inferioridade


Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza qual a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural, caso a
palavra aceite uma dessas flexões será adjetivo. 27
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que PRONOMES
descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio. Pronomes são palavras que representam ou acom-
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função
Palavras denotativas dos pronomes é substituir ou determinar uma pala-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos-
São termos que apresentam semelhança aos se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no
advérbios, em alguns casos são até classificados como espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
tal, mas não exercem função modificadora de verbo, Destacamos, ainda, que os pronomes exercem
adjetivo ou advérbio. papel importante na análise sintática e também na
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que interpretação textual, pois colaboram para a comple-
você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, mentação de sentido de termos essenciais da oração,
geralmente, é isso que as bancas de concurso cobram. além de estruturar a organização textual, contribuin-
do para a coesão e também para a coerência de um
z Eis: sentido de designação; texto.
z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação; Pronomes pessoais
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão. Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
curso; algumas informações relevantes sobre esses
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas pronomes são:
expletivas ou de realce, geralmente formadas pela
forma ser + que (é que). A principal característica des- PRONOMES PRONOMES
sas palavras é que podem ser retiradas sem causar PESSOAS DO CASO DO CASO
prejuízo sintático ou semântico na frase. Ex.: Eu é que RETO OBLÍQUO
faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, 1º pessoa do Me, mim,
EU
não, é porque etc. singular comigo

2º pessoa do
Algumas observações interessantes TU Te, ti, contigo
singular

O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado 3º pessoa do Se, si, consigo,
ELE/ELA
após o verbo ou complemento verbal, caso venha des- singular o, a, lhe
locado, em geral, separamos por vírgulas.
1ª pessoa do
Em uma sequência de advérbios terminados com NÓS Nos, conosco.
plural
o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a
terminação destacada. 2º pessoa do
VÓS Vos, convosco
plural

3º pessoa do Se, si, consigo,


ELES/ELAS
EXERCÍCIOS COMENTADOS plural os, as, lhes

1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras Os pronomes pessoais do caso reto costumam
denotativas não foram bem classificadas: substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
a) A palavra SE, por exemplo, pode ter muitas funções nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
(explicação). com o namorado; Maura saiu comigo.
b) Todos saíram exceto o vigia (exclusão).
c) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia, esteve z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto
aqui (de adição). direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
d) Mesmo eu não sabia de nada (exclusão). mei-o sobre todas as questões.
e) Ele também participou da homenagem (inclusão). z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
A expressão “isto é” designa explicação, portanto, o por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
item incorreto é a corresponde a alternativa c. Res- a ele).
posta: Letra C.
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais
2. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: O antônimo de são pronomes substantivos, além disso, é importan-
“bem-estar” se constrói com o adjetivo mau. te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós
( ) CERTO ( ) ERRADO podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
que exercem.
O contrário de “bem-estar” é “mal-estar”, admitin- Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados
do-se apenas a forma adverbial da palavra. Respos- com força e precedidos de preposição. Costumam ter
28 ta: Errado função de complemento:
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco É importante mencionar que o quadro faz referên-
(plural). cia a pronomes de tratamento e suas respectivas desig-
nações sociais conforme indica o Manual de Redação
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
oficial da Presidência da República, portanto, essas
(plural).
designações devem ser seguidas com atenção, quando
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s) o gênero textual abordado for um gênero oficial.
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata-
Importante lembrar que não devemos usar prono- mento, é importante destacar:
mes do caso reto como objeto ou complemento ver- O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
caso reto como complemento verbal, desde que ante- com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon- O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
trei apenas ela na festa. tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci- da República nunca deve ser abreviado.
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos. Pronomes indefinidos

Pronomes de tratamento Os pronomes indefinidos indicam quantidade de


maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
Os pronomes de tratamento são formas que expres-
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
variar e podem ser invariáveis, vejamos:
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas;
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
Constituição. Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje
à noite. As palavras certo e bastante serão pronomes
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
Como mencionamos anteriormente, os pronomes serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
modelo de carro certo (adjetivo).
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
A palavra bastante é, geralmente, confundida com
instituídos pelos falantes.
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes advérbio ou adjetivo, por isso fique atento:
de tratamento só devem ser utilizados em contextos
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen- z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
outras. Dessa forma, apresentamos o seguinte quadro z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
relacionando alguns pronomes de tratamento com as
ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
funções sociais que designam:
foram bastantes para a festa.
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu- z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
ques e seus respectivos femininos. cos aumentaram os juros”
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais.
Pronomes demonstrativos
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
LÍNGUA PORTUGUESA

e das Forças Armadas membros do alto escalão. Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus apontam elementos a que se referem as pessoas do
respectivos femininos. discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes.
textual.
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
cerimonioso a comerciantes importantes.
z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
z Vossa Santidade (V. S.): Papa.
z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
Bispos. z Invariáveis: isto, isso, aquilo. 29
Usamos este, esta, isto para indicar: c) este – do outro – na primeira – no último.
d) nisto – disso – naquela – desse.
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi- e) na primeira – do segundo – numa – noutra.
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
minha; Entreguei-lhe isto como prova. Devemos lembrar das regras de proximidade e dis-
tância que organizam o uso dos pronomes demons-
z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
trativos. Resposta: Letra A.
começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
prestação da casa.
Pronomes relativos
z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
e Carla no shopping, esta procurava um presente Uma das classes de pronomes mais complexas, os
para o marido (o pronome refere-se ao último ter- pronomes relativos têm função muito importante na
mo mencionado). língua, refletida em assuntos de grande relevância
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
Usamos esse, essa, isso para indicar: é essencial conhecer adequadamente a função desses
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente.
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta- Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
combinou muito com você.
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.: nado anteriormente) chamamos de antecedente.
Não me fale mais nisso; A população não confia São pronomes relativos:
nesses políticos.
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana, z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo. quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta,
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. quantas.
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes- z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
sa sua expressão. z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- recebi de volta.
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete,
quem é aquele ali perto da porta?
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
z Referência a um tempo muito remoto, um passado relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor- que dizer).
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
conheço aquela mulher. ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos
nós quem fizemos o bolo.
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan- subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá,
aquela, refrigerante. z Emprego do relativo quanto: seu antecedente
deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
Dica tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
O pronome “mesmo” não pode ser usado em pei a vida inteira.
função demonstrativa referencial, veja:
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
para indicar posse e aparecer relacionando dois
ceu de preencher o gabarito. ERRADO.
termos que devem ser um possuidor e uma coisa
O candidato fez a prova, porém esqueceu de possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
preencher o gabarito. CORRETO. portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
suidor) a matéria (coisa possuída).

O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-


EXERCÍCIO COMENTADO ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
1. (FCC – 2018) “Tratando do estado de solidão ou da cujo: Cujo o, cuja a
necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de soli- Não podemos substituir cujo por outro pronome
dão uma contrapartida da necessidade de convívio, relativo;
assim como vê na necessidade de convívio uma aber- O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
tura para encontrar satisfação no estado de solidão.” do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima subs- Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
tituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por: gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
a) naquele – desta – nesta – naquele. rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
b) nisso – daquilo – naquela – deste. Do rapaz.)
30
z Emprego do pronome relativo onde: empregado „ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
onde meu pai nasceu. „ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin- apresente como um rico investidor, ele nada
do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for. tem.
O relativo onde pode ser empregado sem antece- „ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex:
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Em se tratando de futebol, Maradona foi um
z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e ídolo.
suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa- „ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.:
do em substituição a outros pronomes relativos, Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe
sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin- agradecemos.
guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas- „ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
sado do qual (que) ninguém se lembra. tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
textual, desfazendo estruturas ambíguas. z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo.

Pronomes interrogativos Casos que atraem o pronome para mesóclise:


Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que
São utilizados para introduzir uma pergunta ao estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum
texto e se apresentam de formas variáveis (Que? motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei-
Quais? Quanto? Quantos) e invariáveis (Que? Quem?). jos agora...”
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
Quantos anos tem seu pai? z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
Casos que atraem o pronome para ênclise:
interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Os pronomes interrogativos que e quem são pro- „ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
nomes substantivos. to honrada com esse título.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
Pronomes possessivos favor.
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do quanto sou importante.
discurso e indicam posse:
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo).
1ª pessoa; Meu, minha, meus, minhas.
SINGULAR 2ª pessoa; Teu, tua, teus, tuas. Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou
3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas. de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada
(correto).
1ª pessoa; Nosso, nossa, nossos, nossas. Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
PLURAL 2ª pessoa; Vosso, vossa, vossos, vossas (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
3ª pessoa. Seu, sua, seus, suas.
VERBOS
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo Certamente, a classe de palavras mais complexa e
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain- importante dentre as palavras da língua portuguesa é
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
relação do pronome é com o objeto da posse.
e os agentes desses atos, além de ser uma importante
Outras funções dos pronomes possessivos:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso; fique atento às nossas dicas.
z Delimitam o substantivo a que se referem;
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
z Não concordam com o referente;
fato. As flexões verbais são marcadas por desinências
z O pronome possessivo que acompanha o substan- que podem ser: número-pessoal, indicando se o verbo
LÍNGUA PORTUGUESA

tivo exerce função sintática de adjunto adnominal. está no singular ou plural, bem como em qual pessoa
verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-temporal,
Colocação pronominal que indica em qual modo e tempo verbais a ação
foi realizada, iremos apresentar estas desinências a
Estudo da posição dos pronomes na oração. seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências
modo-temporais, precisamos explicar o que são o
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. modo e o tempo verbais:

Casos que atraem o pronome para próclise: Modos

„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Não me submeto a essas condições. ção enunciada pelo verbo. 31
z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de MODO MODO
certeza. Ex.: Estudei muito para ser aprovado. TEMPO
INDICATIVO SUBJUNTIVO
z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude Futuro -rá e -re -r
de dúvida, desejo ou possibilidade. Ex.: Se eu estu- Futuro do
dasse, seria aprovado. -ria *
pretérito
z Imperativo: o modo imperativo designa ordem,
convite, conselho, súplica ou pedido. Ex.: Estuda! * Nem todas as formas verbais apresentam desi-
Assim, serás aprovado. nências modo-temporais.

Tempos Flexões modo-temporais – tempos compostos


(indicativo)
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
(presente do indicativo) + verbo principal particí-
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
pio. Ex.: Tenho estudado.
Porém, existem ramificações específicas.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
z Presente: pode expressar não apenas um fato liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver-
atual, como também uma ação habitual. Ex.: bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
Estudo todos os dias no mesmo horário. z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do
Uma ação passada. indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.:
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura. Terei saído.
Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei) z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no particípio. Ex.: Teria estudado.
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode Flexões modo-temporais – tempos compostos
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. (subjuntivo)
Ex.: Estudava todos os dias.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou- z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans- (presente o subjuntivo) + Verbo principal particí-
bordara da banheira. pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda- liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
rei bastante ano que vem. verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse
Futuro do pretérito: expressa um fato posterior estudado
em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim-
muito, se tivesse me planejado. ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
A partir dessas informações, podemos também
identificar os verbos conjugados nos tempos simples Formas nominais do verbo e locuções verbais
e nos tempos compostos. Os tempos verbais simples
são formadas por uma única palavra, ou verbo, con- As formas nominais do verbo são as formas infi-
jugado no presente, passado ou futuro; já os tempos nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
compostos são formados por dois verbos, um auxiliar determinados contextos. São chamadas nominais pois
e um principal, nesse caso, o verbo auxiliar é o único funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
a sofrer flexões. Agora, vamos conhecer as desinên-
cias modo-temporais dos tempos simples e compostos, z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu
respectivamente: valor indica duração de uma ação e, por vezes,
Flexões modo-temporais – tempos simples pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
compadeceu.
MODO MODO
TEMPO z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
INDICATIVO SUBJUNTIVO
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
-e(1ªconjugação) ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
Presente * e -a ( 2ª e 3ª número e gênero.
conjugações) Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Pretérito -ra(3ª pessoa do z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
*
perfeito plural) do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
-va (1ª conjuga- nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
Pretérito
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito „ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
conjugações)
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
Pretérito
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
mais-que-per- -ra *
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
32 feito que ele ensina.
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome z Anômalos: esses verbos apresentam profundas
do verbo, servindo para indicar apenas a con- alterações no radical e nas desinências verbais,
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª consideradas anomalias morfológicas, por isso,
conjugação; Partir - 3ª conjugação. recebem essa classificação. Um exemplo bem
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
orações reduzidas. ficados dessa forma, os verbos ser e ir, vejamos a
conjugação o verbo ser:
„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar PRETÉRITO PERFEITO
para pagar as contas; Haver de + verbo principal PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
Eu sou Fui
Não confunda locuções verbais com tempos com-
postos. O particípio formador de tempo composto na Tu és Foste
voz ativa não se flexiona: O homem teria realizado Ele/ você é Foi
sua missão.
Nós somos Fomos
Classificação dos verbos
Vós sois Fostes
Os verbos são classificados quanto a sua forma de
Eles/ vocês são Foram
conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das As bancas adoram usar essa classificação para con-
formas nominais. Vamos conhecer as particularida- fundir os candidatos. Os verbos ser e ir são irregulares,
des de cada um a seguir: porém, apresentam uma forma específica de irregula-
ridade, que ocasiona uma anomalia em sua conjuga-
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis ção, por isso, são classificados como anômalos.
de compreender, pois apresentam regularidade no
uso das desinências, ou seja, as terminações ver- z Abundantes: são formas verbais abundantes os
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man- verbos que apresentam mais de uma forma de
têm o paradigma morfológico com o radical, que particípio aceitas pela norma culta gramatical.
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar
Geralmente, apresentam uma forma de particípio
regular e outra irregular; falaremos disso poste-
PRETÉRITO PERFEITO riormente, quando trataremos das formas nomi-
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:
Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos Acender Acendido Aceso
Vós cantais Cantastes Afligir Afligido Aflito
Eles/ vocês cantam Cantaram
Corrigir Corrigido Correto
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam Encher Enchido Cheio
alteração no radical e nas desinências verbais, por
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor- Fixar Fixado Fixo
re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre � Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
uma sutil diferença na conjugação do verbo estar mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
que utilizamos como exemplo, isso é importante um defeito na conjugação, por isso o nome. São
para não confundir os verbos irregulares com os
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver.
verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa
do singular do presente do indicativo. Bem como:
LÍNGUA PORTUGUESA

PRETÉRITO PERFEITO Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder,


PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo-
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.
Eu estou Estive Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
Tu estás Esteves nos temporais também apresentam essa caracte-
rística, como latir, bramir, chover.
Ele/ você está Esteve
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Nós estamos Estivemos nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
é importante lembrar que esses pronomes não
Vós estais Estiveste apresentam função sintática. Predominantemen-
Eles/ vocês estão Estiveram te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se 33
PRETÉRITO PERFEITO „ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO,
PRESENTE INDICATIVO -GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
INDICATIVO
classificado em particípio regular e irregular,
Eu me sento Sentei-me sendo as formas regulares finalizadas em -ADO
e -IDO.
Tu te sentas Sentaste-te

Ele/ você se senta Sentou-se A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os
Nós nos sentamos Sentamo-nos verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban-
Vós vos sentais Sentastes-vos didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
„ Infinitivo: marca as conjugações verbais.
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR,
z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro- PasseAR);
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta- ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER,
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses pÔR);
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par-
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum- tIR, SaIR)
primentamos friamente. O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. acontece com verbos que deste derivam.

O verbo haver com sentido de existir ou marcando Vozes verbais


tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia
muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui As vozes verbais definem o papel do sujeito na
aprovado em concurso público. oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
Os verbos ser e estar também são verbos impes- verbal ou se ele recebe a ação verbal.
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo.
Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos. z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
O verbo ser para indicar hora, distância ou data bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
concorda com esses elementos.
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal.
O verbo fazer também poderá ser impessoal,
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
siva sintética.
muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin- z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
taticamente, classificamos como sujeito inexistente. tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.
Dica z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
O verbo ser será impessoal quando o espaço tempo, porém percebemos que há uma ação com-
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
se olharam antes do julgamento.
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
do verbo fazer, podendo ser impessoal também, A voz passiva é realizada a partir da troca de
o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo funções entre sujeito e objeto da voz ativa, falamos
Mariana” melhor desse processo no capítulo funções do SE em
verbos transitivos direto.
z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são Só podemos transformar uma frase da voz ativa
empregados nas formas compostas dos verbos e para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
também nas locuções verbais. Os principais verbos transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. com a presença do objeto direto.
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a bida pelo sujeito ao mesmo tempo, essa relação pode
concordância verbal, porém, o verbo principal deter- ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
mina a regência estabelecida na oração. sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
Apresentam forte carga semântica que indica Ou a ação pode ser compartilhada entre dois
ou mais indivíduos que praticam e sofrem a
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun-
ação. Ex.: Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática.
cumprimentaram.
São importantes na formação da voz passiva
No último caso, a voz reflexiva é também chamada
analítica. de recíproca, por isso, fique atento.
Não confunda os verbos pronominais com as
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
três formas nominais dos verbos: sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
-se, entre outros acompanham um pronome que faz
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor parte integrante do seu significado, diferentemente,
durativo da ação e equivale a um advérbio ou das vozes verbais que acompanham o pronome SE
34 adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. com função sintática própria.
Outras funções do “SE” O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
Como vimos, o SE pode funcionar como item essen- que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento ção são, predominantemente, regulares.
também acumula outras atribuições. Vejamos:

z Partícula apassivadora: como será abordado PRESENTE - INDICATIVO


posteriormente, a voz passiva sintética é feita com
Eu Crio
verbos transitivos direto (TD) ou transitivos direto
indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE junto ao Tu Crias
verbo, por isso o elemento SE é designado partí-
cula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-se Ele/Você Cria
a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícula
apassivadora) Nós Criamos
O SE exercerá essa função apenas: Com verbos Vós Criais
cuja transitividade seja TD ou TDI; Verbos concor-
dam com o sujeito; Com a voz passiva sintética. Eles/Vocês criam
Lembramos que na voz passiva nunca haverá
objeto direto (OD), pois ele se transforma em sujei- Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
to paciente. mente, são irregulares e apresentam alguma modifica-
z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun- ção no radical ou nas desinências. Assim como o verbo
cionará nessa condição quando não for possível passear, são derivados dessa terminação os verbos:
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Além disso, não podemos confundir essa função
do SE com a de apassivador, já que para ser índi- PRESENTE - INDICATIVO
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa Eu Passeio
estar na voz ativa.
Outra importante característica do SE como índi- Tu Passeias
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos Ele/Você Passeia
de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar Nós Passeamos
na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
Vós Passeais
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro- Eles/Vocês Passeiam
cidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
Conjugação de alguns verbos
cipais características são: sujeito recebe e pratica
a ação; funcionará, sintaticamente, como objeto
direto ou indireto; o sujeito da frase poderá estar Vamos agora conhecer algumas conjugações de
explícito ou implícito. Ex.: Ele se via no espelho / verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
Deu-se um presente de aniversário. to de questões em concursos.
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo
z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será as mesmas desinências desse verbo, as formas
parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE
exerce essa função, jamais terá uma função sin- PRESENTE - INDICATIVO
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da Eu Adiro
mãe, quando olhou a filha. Tu Aderes
z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
Ele/Você Adere
que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
no sentido e na compreensão global do texto. A Nós Aderimos
partícula de realce não exerce função sintática,
pois é desnecessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se Vós Aderis
os dedos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Eles/Vocês Aderem
z Conjunção: o SE será conjunção condicional,
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
SE exerce função de conjunção integrante, ape- PRESENTE - INDICATIVO
nas ligando as orações e poderá ser substituída
pela conjunção caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser Eu Ponho
aprovado. Tu Pões
Ele/Você Põe
Conjugação de verbos derivados
Nós Pomos
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- Vós Pondes
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
Eles/Vocês Põem
preensão dessas conjugações verbais. 35
São conjugados da mesma forma os verbos: dispor, Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas.
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en- / Ao invés de chegar molhado, chegou cedo.
trepor, supor. Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado
em: 19/11/2020.

EXERCÍCIO COMENTADO Combinações e contrações

1. (FCC - 2018) “Uma tendência que já coroava as edi- As preposições podem ser contraídas com outras
ções anteriores do prêmio”. classes de palavras, veja:
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que
se encontra acima está sublinhado em: z Preposição + artigo:
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos.
a) Por meio do qual definia uma suposta obra de arte. De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
b) O novo prêmio atenderia o mercado. dos, dum, duns, duma, dumas.
c) Ou o que o contraria. Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
d) O leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no,
e) Ele contempla os títulos com mais chance.
nos, num, nuns, numa, numas.
z Preposição + pronome demonstrativo:
Coroava, assim como definia, está conjugado no pre- A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque-
térito imperfeito do indicativo. Resposta: Letra A. le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
PREPOSIÇÕES essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes-
Conceito sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
queles, naquelas, naquilo.
São alavras invariáveis que ligam orações ou De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
outras palavras. As preposições apresentam funções sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
importantes tanto no aspecto semântico quanto no deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
aspecto sintático, pois complementam o sentido de desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado les, daquelas, daquilo.
sem a presença da preposição, modificando a transiti-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de z Preposição + advérbio:
sentido de palavras deverbais1. De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- z Preposição + pronomes pessoais:
te, por, sem, sob, trás. Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
chamadas, pois pertencem a outras classes grama- z Preposição + pronome relativo:
ticais, mas, ocasionalmente, funcionam como pre- A + onde: aonde.
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante, z Preposição + pronomes indefinido:
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”). De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.

Locuções prepositivas Algumas relações semânticas estabelecidas por


preposições
São grupos de palavras que equivalem a uma pre-
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca É importante ressaltar que as preposições podem
do tema da prova. apresentar valor relacional ou podem atribuir um
A locução prepositiva na segunda frase substitui valor nocional. As preposições que apresentam um
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre- valor relacional cumprem uma relação sintática
positivas sempre terminam em uma preposição, e há com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
alguns exemplos de locuções prepositivas:
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; tarão função deverbal.
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. pela regência do verbo concordar).
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
lhanças morfológicas, mas significados completamen- complemento nominal).
te diferentes, como: Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- gida pelo adjetivo).
nejamento inicial. / As decisões do público foram de Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
encontro à proposta do programa. advérbio).
1 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
36 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
Em todos esses casos, a preposição mantém uma Conjunções coordenativas
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença. As conjunções coordenativas são aquelas que
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
nal é preponderante apresentam uma modificação fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas
no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
componentes obrigatórios na construção da senten- ção. As conjunções coordenadas podem ser:
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
As preposições de valor nocional estabelecem uma z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também,
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.:
etc. Vejamos algumas: Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
ferido, não só da filha, senão de toda família.
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
VALOR NOCIONAL DAS tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
SENTIDO
PREPOSIÇÕES Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a
Posse Carro de Marcelo. população, senão dos vereadores (equivale a “mas
sim”).
O cachorro está sob a
Lugar
mesa. „ Importante: a conjunção E pode apresentar
valor adversativo, mormente quando é antece-
Votar em branco, chegar
Modo dido por vírgula: Estava querendo dormir, e o
aos gritos.
barulho não deixava.
Causa Preso por estupro.
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja,
Assunto Falar sobre política. ora...ora, já...ja. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja
Descende de família por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Origem
simples.
„ Importante: a palavra SENÃO pode funcionar
Olhe para frente! Iremos como conjunção alternativa: Saia agora, senão
Destino
a Paris. chamarei os guardas! (podemos trocá-la por
ou).

z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início


EXERCÍCIO COMENTADO da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é
mais leve que a enxada!
1. (FCC – 2018) Observe as seguintes passagens:
„ Importante: Pois com sentido explicativo ini-
I. Para o comitê, Brasília era um marco do desenvolvi- cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
mento moderno. sinto saudades.
II. Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, preci-
sava de leis... Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
III. Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano... vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
IV. Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião. subir.

Considerando-se o contexto, o vocábulo PARA expri- z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
me ideia de finalidade em: por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
a) I e III, apenas. aprovado.
b) I, II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas. As conjunções e, nem não devem ser empregadas
d) II e III, apenas. juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a
e) I, II, III e IV. mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta
em redundância.
A preposição para indicará finalidade quando puder
LÍNGUA PORTUGUESA

ser substituída pela locução “a fim de”, como ocorre Conjunções subordinativas
nos itens II e III, configurando como certa a Respos-
ta: Letra D. Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
CONJUNÇÕES apresentadas em um texto, porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
Assim como as preposições, as conjunções também subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
são invariáveis e também auxiliam na organização para terem o sentido apreendido.
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
ções. Por manterem relação direta com a organização z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser: visto que, uma vez que, como (equivale a porque)
coordenativas ou subordinativas. etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca fez dieta. 37
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de Nem precisamos ler o texto mencionado pela ques-
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.: tão para sabermos que o item está correto, pois
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. conquanto, assim como embora, é uma conjunção
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de concessiva. Resposta: Certo
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro. INTERJEIÇÕES
z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con- As interjeições também fazem parte do grupo de
forme o planejado. palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
junções. Sua função é expressar estado de espírito e
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que emoções, por isso apresenta forte conotação semânti-
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado. ca, ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler
a uma frase, como será melhor exposto no capítulo
z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
sobre frase, oração e período. Ex.: Tchau!
a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
falar com você, teria respondido sua mensagem.
As interjeições, como mencionamos, indicam rela-
z Proporcional: À proporção que, à medida que, ções de sentido diversas, a seguir apresentamos um
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
quadro com os sentimentos e sensações mais expres-
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
aprovado. sos pelo uso de interjeições:

z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro- VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
fessora dá exemplos para que você aprenda!
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei Alívio Arre! Ufa! Ah!
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che- Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva!
guei à cidade, fui assaltado.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Os valores semânticos das conjunções não se
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
prendem às formas morfológicas desses elementos.
O valor das conjunções é construído contextualmen- Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena!
te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você, Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
por que você não a procura? (SE = causal = já que);
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
puro no campo. (quando = causal = já que). Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!

Conjunções integrantes
É salutar lembrar que o sentido exato de cada
As conjunções integrantes fazem parte das orações interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram texto, por isso, em questões que abordem essa classe
uma oração principal à outra, subordinada. Existem de palavras, o candidato deve manter a calma e reler
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. o trecho em que a interjeição aparece, a fim de se cer-
tificar do sentido expresso no texto.
z Quando é possível substituir o que pelo pronome Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.
nar como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões,
z Sempre haverá conjunção integrante em orações por exemplo, que são interjeições por excelência,
substantivas e, consequentemente, em períodos mas, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
alterado.
Perguntei = isso.
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
Ora bolas! Valha-me Deus!
Brasil é um país desigual (certo).

EXERCÍCIO COMENTADO EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E


1. (CESPE/CEBRASPE – 2018) O uso da conjunção
MODOS VERBAIS
“embora” pela conjunção “conquanto” prejudicaria o
sentido original do texto: O referido conteúdo já foi abordado em “Emprego
das Classes de Palavras”, especificamente no estudo
38 ( ) CERTO ( ) ERRADO dos verbos.
Casos proibitivos
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
CRASE Seguem-se as dicas abaixo para melhor orientação
de quando não usar a crase.
Outro assunto de grande dúvida é o uso da cra-
se, fenômeno gramatical que corresponde à junção � Antes de nomes masculinos
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
rial agrada a todos.” (MM)
junção da preposição a + os pronomes demonstrativo
O carro é movido a álcool.
aquele, aquela ou aquilo. Representa-se graficamen-
Venda a prazo.
te pela marcação (`) + (a) = (à).
� Antes de palavras femininas que não aceitam
Ex.: Entregue o relatório à diretoria. artigos
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Ex.: Iremos a Portugal.

Regra geral: haverá crase sempre que o termo Macete de crase:


antecedente exigir a preposição a e o termo conse- Se vou a; Volto da = Crase há!
quente aceite o artigo a. Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
ge preposição).
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + � Antes de forma verbal infinitiva
palavra que não aceita artigo). Ex.: Os produtos começaram a chegar.
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
no uso da crase, mas existem especificidades que aju- com franqueza, parecem dar a entender que o
dam no momento de identificação, conforme são mos- fazem por exceção de regra.” (MM)
tradas a seguir. � Antes de expressão de tratamento
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Casos convencionados Excelência.

� Locuções adverbiais formadas por palavras � No a (singular) antes de palavra no plural, quando
a regência do verbo exigir preposição
femininas:
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. � Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Espero vocês à noite na estação de metrô. Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
Estou à beira-mar desde cedo. o pacote.
Locuções prepositivas formadas por palavras Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prê-
femininas: mio.
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
� Locuções conjuntivas formadas por palavras ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
femininas: Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos contrato.
vão aumentando. Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude.
� Quando indicar marcação de horário, no plural Eles estavam conservando a certa altura.
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. Faremos a obra a qualquer custo.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
que de = a / da = à, portanto:
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) � Antes de pronomes demonstrativos que não acei-
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase) tam artigo (esse, essa, isso / este, esta, isto)
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
aquilo: � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada personalidades históricas
àquele outono. Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
Por favor, entregue as flores àquela moça que está � Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
LÍNGUA PORTUGUESA

sentada. Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.


Dedique-se àquilo que lhe faz bem. O pacote foi entregue a ti ontem.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou � Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
de: lado)
Ex.: Referimo-nos à que está de preto. Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
Referimo-nos à de preto. de justiça.
� Com o pronome relativo a qual, as quais: � Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou sem determinante
de sair. Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Astronauta volta a Terra em dois meses.
férias. 39
Os pesquisadores chegaram a terra depois da A compreensão da crase vai muito além da estética
expedição marinha. gramatical, ela serve também para evitar ambiguida-
Vocês o observaram a distância. des comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Crase facultativa pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
Nestes casos, podemos escrever as palavras das como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender advérbio de instrumento da ação de pintar.
detalhadamente, observe as seguintes dicas:

� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem


se tem proximidade
EXERCÍCIO COMENTADO
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
1. (TJ-SC – 2010) Quanto ao uso da crase:
� Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a/à sua residência. I. O anúncio foi feito por meio da rede de miniblogs
Tweeter, à qual ele aderiu duas semanas atrás.
� Após preposição até, com ideia de limite
II. Estou esperando por você desde às 8 horas da manhã.
Ex.: Dirija-se até a/à portaria. III. Alguns investigadores preferiram seguir a pista do
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até dinheiro à da honra.
às [ou as] lágrimas, e disse com mui estranho afe- IV. Cabe a cada um decidir o rumo que dará à sua vida.
to.” (CBr. 1, 67)
a) Somente as proposições II e IV estão corretas.
Casos especiais b) Estão corretas somente as proposições I, III e IV.
c) Estão corretas somente as proposições II, III e IV.
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra. d) Estão corretas somente as proposições I, II e III.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes e) Todas as proposições estão corretas.
forem femininos, normalmente não se usa crase.
Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para evitar Justificativa do erro no item II: a palavra desde é
ambiguidades. uma preposição que “designa o ponto de partida de
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto) um movimento ou extensão (no espaço, no tempo ou
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de numa série), para assinalar especialmente a distân-
instrumento) cia” (ROCHA LIMA, 1997). Portanto, a forma corre-
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto) ta é “desde as 8h”. As outras estão corretas, pois a
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de alternativa I cabe crase antes do pronome relativo,
instrumento) a III está correta devido o paralelismo – no primei-
ro termo a pista tem artigo, no segundo deverá ter
Quando usar ou não a crase em sentenças com também, além da preposição a, originando a crase.
nomes de lugares Por fim, a última está correta, pois antes do prono-
me possessivo sua, a crase é facultativa.
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE
passo pela Bahia)
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
Macetes
os grandes grupos de palavras existentes na língua,
como verbos, os substantivos ou adjetivos. Esses são
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído grupos morfológicos. Ao combinar as palavras em fra-
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra ses, nós construímos um painel morfológicos.
a, com a, à moda de, durante a. As palavras normalmente recebem uma dupla
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. classificação: a morfológica, que está relacionada à
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase. classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
cionada à função específica que assumem em deter-
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder minada frase.
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
uma equivaler a a duas, não ocorre crase. Frase
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
Frase é todo enunciado com sentido completo.
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
por a este, a esta e a isto.
conjunto de palavras.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e Ex.: Fogo!
nomes de cidades quando esses termos estiverem Silêncio!
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- “A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
40 tância de 200 metros do pico da montanha. Ramos)
Oração Núcleo do sujeito

Oração é o enunciado que se estrutura em torno de O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
um verbo (explícito, implícito ou subentendido) ou de porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
uma locução verbal. Quanto ao sentido, a oração pode núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
apresentá-lo completo ou incompleto. do determinada função sintática, que atua ou sofre
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
poluição. tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque) pronome.

Período z O sujeito simples contém apenas um núcleo.


Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Sujeito: O povo
orações.
Núcleo do sujeito: povo
Classifica-se em:
z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
� Simples: quando possui apenas uma oração. de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ninguém viu o acidente. Sujeito: As luzes e as cores
� Composto: quando possui duas ou mais orações. Núcleo do sujeito: luzes/cores
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque)
Dica
� Chegou em casa e tomou banho.
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
PERÍODO SIMPLES - OS TERMOS DA ORAÇÃO as expressões interrogativas quem? ou o quê?
Antes do verbo.
Os termos que formam o período simples são dis- Ex.: A população pediu uma providência ao
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- governador.
grantes (complemento verbal, complemento nominal
quem pediu uma providência ao governador?
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
adjunto adverbial e aposto).
Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
Termos Essenciais da Oração outro.
o que iria de um lado para o outro?
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Tipos de sujeito
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
seguir cada um deles.

SUJEITO Simples

DETERMINADO Composto
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
pelo verbo. Elíptico
O sujeito pode ser:
Com verbos flexionados na 3ª
� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo; pessoa do singular
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
pelo verbo; se (índice de indeterminação do
� o termo que pode ser substituído por um pronome sujeito)
do caso reto;
Usado para fenômenos da
� o termo com o qual o verbo concorda. INEXISTENTE natureza ou com verbos
Ex.: A população implorou pela compra da vacina impessoais.
da COVID-19.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Determinado: quando se identifica a pessoa, o


No exemplo anterior a população é: lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:

z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo- „ Simples: quando há apenas um núcleo.
rou pela compra da vacina); Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
z O elemento que pratica a ação de implorar; Núcleo: aluguel
z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo Sujeito simples: O aluguel da casa
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
z O termo que pode ser substituído por um pronome Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
do caso reto. Núcleos: sons, cores.
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.) Sujeito composto: Os sons e as cores 41
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não “Partícula” corresponde ao termo central do sujei-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- to “uma partícula extremamente quente e pesada”.
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. Portanto tem função de núcleo do sujeito. Resposta:
Letra C
Vi o noticiário hoje de manhã.
Sujeito: (Eu) Classificação do sujeito quanto à voz

z Indeterminado: quando não é possível identificar z Voz ativa (sujeito agente)


o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a
ce a ação na frase.
partícula “se”.
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
se referindo a nenhuma palavra determinada no
Ex.: Corta-se cabelo.
contexto.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
Entende-se que alguém passou cedo. “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
Colocando-se verbos sem complemento direto item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) na 3ª oração.
pessoa do singular acompanhados do pronome se,
que atua como índice de indeterminação do sujeito. Importante notar que não há preposição entre
Ex.: Não se vê com a neblina. o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
Entende-se que ninguém consegue ver nessa “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
condição. sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
EXERCÍCIO COMENTADO e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
ção “-se”.
1. (CONSESP - 2018) Assinale a alternativa em que
temos sujeito indeterminado.
z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
a) Levaram-me para uma casa velha. Ex.: A minha saia azul está rasgada.
b) Era uma tarde maravilhosa. O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
c) Vendem-se espetos de carne aqui. ça da partícula -se.
d) Alguns assistiram ao filme até o final.

A construção verbal “Levaram-me”, da alternativa


A, indica que o sujeito está na 3ª pessoa do plural EXERCÍCIO COMENTADO
e é indeterminado porque não se sabe quem levou.
Resposta: Letra A. 1. (FURB – 2019) Assinale a alternativa que contém
a classificação correta do sujeito da oração “Neste
Sujeito inexistente ou oração sem sujeito primeiro momento, foram entregues 30 aparelhos
auditivos”.
Quando uma oração ocorre sem o sujeito de for-
ma que ela tenha sentido completo. Os verbos são a) Sujeito composto.
impessoais e normalmente representam fenômenos b) Oração sem sujeito.
da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer ou c) Sujeito oculto (desinencial).
haver no sentido de existir. d) Sujeito indeterminado.
Geia no Paraná. e) Sujeito simples.
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão.
Há dois anos esse restaurante abriu. O sujeito da oração é “30 aparelhos auditivos”. Na
ordem direta, a sentença fica: “30 aparelhos audi-
tivos foram entregues neste primeiro momento”.
EXERCÍCIO COMENTADO Como o sujeito é formado por apenas um núcleo,
logo o sujeito é simples. Resposta: Letra E
1. (FEPESE - 2016) Na oração “Uma partícula extrema-
mente quente e pesada começou a se ‘contorcer’”, o PREDICADO
núcleo do sujeito é a palavra:
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
a) quente. o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
b) pesada. mos essenciais na oração, há casos em que a oração
c) partícula. não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
d) contorcer torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
42 e) extremamente. impossível existir uma oração sem sujeito.
O predicado pode ser: O verbo “são” é de ligação, o que confere uma
característica do sujeito com os termos posteriores
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. “diferentes uma da outra”, que são o predicativo do
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
sujeito. Portanto, A alternativa correta é a A, consi-
(José de Alencar)
derando que o predicado da oração é nominal. Res-
Predicado: seguem sua marcha
posta: Letra A
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
to (oração sem sujeito):
Ex.: Chove pouco nesta época do ano. Predicado verbal
Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
Para determinar o predicado, basta separar o verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica- cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: demais termos do predicado.
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves O verbo do predicado pode ser classificado em
Dias) transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
ge um complemento não preposicionado, o objeto
Classificação do Predicado direto.
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
A classificação do predicado depende do significa- Noel Rosa
do e do tipo de verbo que apresenta.
z Verbo Transitivo Direto: Fazer.
z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig- Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
nificativo se concentra em um nome (corresponde
a um predicativo do sujeito). z Verbo Transitivo Direto: trouxe.
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti-
O predicado nominal tem por núcleo um nome vo indireto tem como necessidade o complemen-
(substantivo, adjetivo ou pronome).
to acompanhado de uma preposição para fazer
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
sentido.
Mendes)
Predicado: são mais bonitas. Ex.: Nós acreditamos em você.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo z Verbo transitivo indireto: acreditamos
Bilac) Preposição: em
Predicado: estão cheias de calafrios. Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.

É importante não confundir: z Verbo transitivo indireto: obedeceu


Preposição: a (a + os)
z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, Ex.: Os professores concordaram com isso.
mas um estado momentâneo ou permanente que
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é z Verbo transitivo indireto: concordaram
o predicativo do sujeito. Preposição: com
z Predicativo do sujeito, função exercida por subs- z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri- verbo de sentindo incompleto que exige dois com-
buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
plementos: objeto direto (sem preposição) objeto
Ex.: O garoto está bastante feliz.
indireto (com preposição).
Verbo de ligação: está.
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte. tras.” (Machado de Assis)
Verbo de ligação: é. z Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Predicativo do sujeito: muito forte. Objeto direto 1: anedotas
LÍNGUA PORTUGUESA

Objeto indireto 1: lhe


EXERCÍCIO COMENTADO z Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Objeto direto 2: outras
1. (AMEOSC - 2019) “Elas são diferentes uma da outra, Objeto indireto 2: lhe.
[...]”. Na oração, os termos destacados exercem fun-
ção sintática de: z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
a) Predicado nominal. plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
b) Predicado verbal. oração.
c) Predicado verbo-nominal. Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
d) Predicativo do sujeito. Verbo intransitivo: adormeciam. 43
Ela era vitoriosa.
EXERCÍCIO COMENTADO Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
1. (CRESCER CONSULTORIAS – 2019) Ocorre predicado
ligação (foi e era, respectivamente).
verbal em:

a) “O rapaz foi condenado a dez anos de liberdade vigia-


da e terapia”.
b) “Mesmo se formos todos bem intencionados”.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
c) “crianças ricas são mais vulneráveis a problemas de
abuso de substâncias”. 1. (SERCTAM - 2016) Na oração “Este homem parece
d) “filhos de pais ricos não estão necessariamente livres uma criança”, o termo destacado é:
de problemas de adequação”.
a) sujeito.
O predicado “foi condenado a dez anos de liberdade b) predicado verbal.
vigiada e terapia” contém um verbo intransitivo dire- c) predicativo do objeto.
to (“foi”), e consequentemente um complemento de d) predicado nominal.
mesmo valor sintático. Portanto. Resposta: Letra A e) predicado verbo-nominal.

Predicado verbo-nominal O verbo “parece” é transitivo direto, e “uma crian-


ça” tanto complementa o sentido do verbo como
Ocorre quando há dois núcleos significativos: caracteriza o sujeito “Este homem”. Portanto, o tre-
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um cho “parece uma criança” corresponde a um predi-
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo cado nominal. Resposta: Letra D
transitivo, predicativo do objeto).
2. (FUMARC - 2012) Há oração sem sujeito em:
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
Verbo intransitivo: parou a) “Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.”
Predicativo do sujeito: atento b) “Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade [...]”
c) “Com certeza, já haviam tomado café da manhã em
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
casa [...]”
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
d) “É muito grave esse processo de abstração da lingua-
considerado predicativo do sujeito.
gem, de sentimentos [...]”
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo intransitivo: marchou Oração sem sujeito acontece quando não há um ele-
Predicativo do sujeito: desorientado mento ao qual se atribui o predicado. Ocorre, por
exemplo quando temos o verbo “haver” no sentido
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- de existir, acontecer, pois o mesmo não tem sujeito.
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- Na alternativa B temos o verbo falar na 3º pessoa do
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. singular + SE, indicando indeterminação do sujeito.
Na alternativa C temos o verbo haver, mas no sen-
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Ma- tido de ter, por isso o mesmo encontra-se no plural,
chado de Assis) temos, portanto, Sujeito indeterminado. E na letra
Verbo transitivo direto: achou D temos como sujeito esse processo de abstração da
Objeto direto: o raciocínio linguagem, de sentimentos. Resposta: Letra A
Predicativo do objeto: exato
3. (INSTITUTO CONSULPLAN - 2020) Os predicados
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza das orações “uma força-tarefa do Ministério do Traba-
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, lho em conjunto com o Ministério Público do Trabalho,
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos Defensoria Pública da União e Polícia Rodoviária Fede-
concluir que temos um caso de predicativo do obje- ral resgatou 18 trabalhadores em condições análogas
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é à escravidão (...)” (7º§) e “Fiscalizações do tipo, infe-
o sujeito.
lizmente, são raras.” (7º§) são classificados, respecti-
O que é o predicativo do objeto?
vamente, como:
É o termo que confere uma característica, uma
qualidade ao termo a que se refere.
A formação do predicativo do objeto se dá por um a) Verbal e nominal.
adjetivo ou por um substantivo. b) Nominal e verbal.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso. c) Verbal e verbo-nominal.
Predicativo do objeto: proveitoso d) Nominal e verbo-nominal.
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Predicativo do objeto: vitoriosa O predicado “resgatou 18 trabalhadores em condi-
Para facilitar a identificação do predicativo do ções análogas à escravidão” é verbal, com um verbo
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres- transitivo direto, e o predicado “são raras” confe-
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí- re uma característica ao sujeito “Fiscalizações do
fica é relacionar o predicativo ao nome. tipo”. Portanto a alternativa que corresponde a essa
44 O filme foi proveitoso. classificação é a A. Resposta: Letra A
4. (UEPB - 2020) Os fragmentos de textos abaixo foram Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
publicados no Jornal Correio da Paraíba, no dia 9 de feminino definido)
fevereiro de 2020. Analise quanto à estrutura sintática
os termos destacados em (1) e (2), e responda ao que z Objeto direto preposicionado
se pede:
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
1. “São alarmantes entre americanos níveis de senti- preposição no seu complemento, algumas palavras
mento de solidão”. requerem o uso da preposição para não perder o sen-
2. O Brasil ocupa o 2º lugar em número de casos de han- tido de “alvo” do sujeito.
seníase no mundo. Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
facultativos.
Assinale a alternativa que apresenta, na sequência, a
classificação CORRETA para os termos destacados.
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
a) Sujeito simples posposto ao verbo e sujeito simples
Não entendo nem a ele nem a ti.
anteposto ao verbo.
Respeitava-se aos mais antigos.
b) Sujeito composto posposto ao verbo e sujeito simples
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
anteposto ao verbo.
Amavam-se um ao outro.
c) Predicado verbal e sujeito simples.
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
d) Predicado nominal e predicado verbal.
feita.” (Ciro dos Anjos)
e) Sujeito indeterminado e sujeito simples.
Exemplos com ocorrência facultativa de preposição:
A oração 1 está na ordem indireta. Se a colocarmos
na ordem direta, verificaremos que “níveis de senti-
mento de solidão” é sujeito simples, veja: “Níveis de Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
sentimento de solidão são alarmantes entre ameri- le templo.
canos”. Na oração 2, o termo “O Brasil” já está na A escultura atrai a todos os visitantes.
posição da ordem direta, isto é, anteposto ao verbo Não admito que coloquem a Sua Excelência num
“ocupa”. Resposta: Letra A pedestal.
Ao povo ninguém engana.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
São vocábulos que se agregam a determinadas sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
estruturas para torná-las completas. De acordo com sente para indicar parte de um todo, quando assim
a gramática de língua portuguesa, esses termos são for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
divididos em: bebeu uma porção da água, e não ela toda.

Complementos Verbais z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência


dessa função sintática na mesma oração, a fim de
São termos que completam o sentido de verbos enfatizar um único significado.
transitivos diretos e transitivos indiretos.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom- Andrade)
panhado de preposição.
Ex.: Examinei o relógio de pulso. z Objeto direto interno: Representado por palavra
Gostaria de vê-lo no topo do mundo. que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = mesmo significado.
aqueles)
Ex.: Riu um riso aterrador.
Pronomes e sua relação com o objeto direto Dormiu o sono dos justos.
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Como diferenciar objeto direto de sujeito
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), quase sempre exer- Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
cem função de objeto direto os pronomes oblíquos Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
me, te, se, nos, vos também podem exercer essa fun- O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
ção sintática. va analítica e se transforma em sujeito.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram Os jogos da seleção foram ignorados.
LÍNGUA PORTUGUESA

quem? A minha pessoa”)


Nunca vos tomeis como grandes personalidades. z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) preposição obrigatória, que se liga diretamente a
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
“Convidaram quem? Ela”) o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
Receberam quem? Nós) Por favor, entregue a carta ao proprietário da
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem casa 260.
ser objetos diretos. Normalmente aparecem antes do Gosto de ti, meu nobre.
pronome relativo que. Não troque o certo pelo duvidoso.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: Vamos insistir em promover o novo romance de
esse algo é o objeto direto) ficção. 45
Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
Pode ser representado pelos seguintes pronomes ficaram esquecidos no quarto.
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro- Iam cheios de si.
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. Estava conquistando o respeito dos seus.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor. O novo regulamento originou a revolta dos
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, funcionários.
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim? z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
z Objeto indireto pleonástico exercem essa função sintática quando assumem
valor de pronomes possessivos.
Ocorrência repetida dessa função sintática com o Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).
objetivo de enfatizar uma mensagem.
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda. z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal
COMPLEMENTO NOMINAL
Quando o adjunto adnominal for representado
Completa o sentido de substantivos, adjetivos e por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
advérbios. É uma função sintática regida de preposi- com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A a dica:
presença de um complemento nominal nos contextos
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti- „ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao
do do nome. qual se liga for concreto.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. Ex.: A casa da idosa desapareceu.
Estou longe de casa e tão perto do paraíso. Se indicar posse ou o agente daquilo que
Para melhor identificar um complemento nomi- expressa o substantivo abstrato.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
nal, siga a instrução:
Nome + preposição + QUEM ou QUÊ „ Será complemento nominal: se indicar o alvo
Como diferenciar complemento nominal de com- daquilo que expressa o substantivo.
plemento verbal? Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. foi respeitada.
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se Notava-se o amor pelo seu trabalho.
diretamente ao verbo “obedecia”) Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
Naquela época, a obediência ao meu coração pre- Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).

Agente da passiva EXERCÍCIO COMENTADO


É o complemento de um verbo na voz passiva ana- 1. (NOVA CONCURSOS - 2021) Identifique os adjuntos
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais adnominais das orações abaixo.
raramente, da preposição de.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares a) Os inscritos atrasados não puderam entrar.
ser, estar, viver, andar, ficar. b) As consequências serão graves.
c) Os alunos calados estiveram atentos.
Termos Acessórios Da Oração d) Os funcionários da recepção continuaram calados.
e) O romance da jovem escritora foi publicado.
Há termos que apesar de dispensável na estrutu-
ra básica da oração são importantes para compreen- a) “atrasados”, qualificando o termo “inscritos”
são do enunciado porque trazem informações novas. b) “As”, artigo relacionado do termo “consequências”
Esses termos são chamados acessórios da oração. c) “calados”, qualificando o termo “alunos”
d) “da recepção”, indicando quais são os funcionários
Adjunto Adnominal e) “da jovem escritora”, indicando de quem é o
romance.
São termos que acompanham o substantivo,
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar, Adjunto Adverbial
especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar Termo representado por advérbios, locuções
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
como adjunto adnominal:
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
circunstâncias.
z Artigos
z Adjetivos
z Tempo: Quero que ele venha logo.
z Numerais
z Pronomes z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida.
46 z Locuções adjetivas z Modo: O dia começou alegremente.
z Intensidade: Almoçou pouco. � Enumerativo: é usado para desenvolver ideias que
z Causa: Ela tremia de frio. foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
z Companhia: Venha jantar comigo. Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as riachos.
roupas. Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo. preconceito, antipatia e arrogância.
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
z Finalidade: Vivia para o trabalho.
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez. malmente, por um pronome indefinido.
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel. Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
estavam empolgados com a feira.
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui.
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste,
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã. países africanos onde se fala português.
z Origem: Descendia de nobres. � Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
Não confunda! rumo.
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- � Circunstancial: Exprime uma característica
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que circunstancial.
o sentido seja parecido. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui apropriadas.
é um adjunto adnominal) � Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um substantivo de sentido genérico, não separado por
adjunto adverbial) vírgulas, para especificá-lo ou individualizá-lo. É
constituído por substantivos próprios.
Exs.: O mês de abril.
O rio Amazonas.
EXERCÍCIO COMENTADO Meu primo José.
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
1. (NOVA CONCURSOS - 2021) O termo grifado em: fato expresso pela oração, ou uma palavra que
“Watson estava numa sala ao lado” exerce a função condensa.
sintática de: Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
preocupação.
a) Adjunto adnominal O noticiário disse que amanhã farpa muito calor -
b) Objeto direto ideia que não me agrada.
c) Predicativo
d) Complemento Nominal z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
e) Adjunto Adverbial
para as perguntas.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
O verbo “estava” é seguido de um adjunto adverbial
de lugar, neste caso temos um adjunto adverbial.
Resposta: Letra E Dica
O aposto pode aparecer antes do termo a que se
Aposto refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
São estruturas relacionadas a substantivos, prono- na marcou uma geração.
mes ou orações. O aposto tem como propósito expli- Segundo Cegalla, quando o aposto se refere a
car, identificar, esclarecer, especificar, comentar ou um termo preposicionado, pode ele vir igualmen-
apontar algo, alguém ou um fato. te preposicionado.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
bicicleta. tudo ele tinha medo.
Aposto: filha de D. Raimunda O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: O escritor, Machado de Assis, escreveu gran- Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
LÍNGUA PORTUGUESA

des obras. (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)


Aposto: Machado de Assis. Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
Classifica-se nas seguintes categorias: de modo)

z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Separa-se do substantivo a que se refere por uma adnominal: Normalmente, é possível retirar a
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões preposição que precede o aposto. Caso seja um
ou dois-pontos. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram fica prejudicada.
ontem, acabaram de voltar de férias. Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) 47
O clima de Fortaleza é quente.
período simples período composto
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
para evitar aglomeração.
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
adjetivo.
Os que estão em negrito são os verbos.
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- Para não esquecer:
jetivo) Período simples é aquele formado por uma só
Homem desesperado, João sempre perde o con- oração
trole. Período composto é aquele formado por duas ou
(aposto; núcleo: homem – substantivo) mais orações.

Classifica-se nas seguintes categorias:


EXERCÍCIO COMENTADO
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;
1. (CESPE - 2014) No trecho, as vírgulas isolam segmen-
to – “Sua vocação eminentemente hídrica impõe, ao „ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
longo dos séculos, a necessidade do deslocamento...” sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
com função de aposto explicativo.
z Por subordinação:
( ) CERTO ( ) ERRADO
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
O trecho “ao longo dos séculos” não é um aposto e
pletivas nominais, predicativas, apositivas.
não sugere explicação. Na verdade, ele é um adjunto
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
adverbial de tempo deslocado na frase, intercalado
explicativas.
por vírgulas. Se trouxesse esse trecho para o início „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
do período, ficaria: “Ao longo dos séculos, sua voca- comparativas, concessivas, condicionais, con-
ção eminentemente hídrica impõe a necessidade do formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
deslocamento.” Resposta: Errado temporais.

Vocativo z Por coordenação e subordinação: orações for-


madas por períodos mistos.
O vocativo é um termo que não mantém relação z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para Período Composto por Coordenação
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
ja se comunicar. É um termo independente, pois As orações são sintaticamente independentes. Isso
não faz parte da estrutura da oração. significa que uma não possui relação sintática com
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
consulta. período.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
(Fernando Pessoa)
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Oração coordenada 3: a obra nasce.
outro termo da oração.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
O aposto se relaciona sintaticamente com outro Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
termo da oração. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. porta da sala de Damasceno
Sujeito: a cozinha de lufe. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao Conjunção adversativa: mas nada
sujeito).
Orações Coordenadas Sindéticas
PERÍODO COMPOSTO
As orações coordenadas podem aparecer ligadas
Observe os exemplos a seguir: às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
A apostila de Português está completa. vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
Um verbo: Uma oração = período simples sindética. Veremos agora cada uma delas:
Português e Matemática são disciplinas essen-
ciais para ser aprovado em concursos. z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
Dois verbos: duas orações = período composto simultaneidade.
O período composto é formado por duas ou mais Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado bém, mas ainda, bem como, como também, se-
48 períodos simples e período compostos. não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
Os convidados não compareceram nem explica- não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
ram o motivo. no infinitivo.
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. rir a nenhum termo na oração.
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
morte.” (Laurindo Rabelo) cional) (or. sub. subst. subje.)
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou z Orações subordinadas substantivas objetivas
se excluem. diretas: exercem a função de objeto direto de um
Conjunções constitutivas: [ou], [ou ... ou], [ora ... verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
ora], [que ... quer], [seja ... seja], [já ... já], [talvez reto da oração principal.
... talvez]. Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
Você quer suco de laranja ou refrigerante? subst. obj. dir.)
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica z Orações subordinadas substantivas completi-
sobre um raciocínio. vas nominais: exercem a função de complemento
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início da oração principal.
de frase). Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima mento nominal)
semana. Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
Mendes Campos) pl. nom.)
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem z Orações subordinadas substantivas predicati-
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, vas: funcionam como predicativos do sujeito da
porquanto, pois. oração principal. Sempre figuram após o verbo de
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale ligação ser.
a “pois”) Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos sujeito)
com fome. Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Formado por orações sintaticamente dependentes, de dois-pontos ou entre vírgulas.
considerando a função sintática em relação a um ver- Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
bo, nome ou pronome de outra oração. Só quero uma coisa: que você volte imediata-
Tipos de orações subordinadas: mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
z Substantivas;
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Adjetivas;
raramente, aposto explicativo). São introduzidas
z Adverbiais.
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
Orações Subordinadas Substantivas orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
explicativas e restritivas.
São classificadas nas seguintes categorias:
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
z Orações subordinadas substantivas conectivas: não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
são introduzidas pelas conjunções subordinativas tam uma explicação sobre o termo antecedente.
LÍNGUA PORTUGUESA

integrantes que e se. São consideradas termo acessório no período,


Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
impostos. das por vírgulas.
Não sei se poderei sair hoje à noite. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
cria trinta gatos.
z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: são introduzidas por advérbios ou pronomes z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
interrogativos (onde, como, quando, quanto, especificam ou limitam a significação do termo
quem etc.) antecedente, acrescentando-lhe um elemento
indispensável ao sentido. Não são isoladas por
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias vírgulas.
roubadas. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. incurável. 49
Dica Para separar as orações de um período composto, é
Como diferenciar as Orações subordinadas adje- necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
tivas restritivas das Orações subordinadas adje- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
tivas explicativas? (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
Ele visitará o irmão que mora em Recife. esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
visitar apenas o que mora em Recife) ções verbais. Exs.:
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [para fixar outros] – 2ª oração
mora em Recife) [que os rodeiam] – 3ª oração
[e se deleitem com a imaginação deles]. (M. de As-
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem sis) – 4ª oração
uma circunstância relativa a um fato expresso em
outra oração. Têm função de adjunto adverbial.
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
São introduzidas por conjunções subordinativas
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
tes grupos: A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
� Orações subordinadas adverbiais causais: são
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
Orações Reduzidas
que, visto que etc.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
que ficamos sem gasolina. z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo).
� Orações subordinadas adverbiais comparati-
vas: são introduzidas por como, assim como, tal z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
qual, como, mais etc. iniciadas por conjunções.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
que a importada. z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
por pronomes relativos.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas:
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São conectivos.
introduzidas por embora, ainda que, mesmo que,
por mais que, se bem que etc. z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. prepositiva.
Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
� Orações subordinadas adverbiais condicionais:
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
são introduzidas por se, caso, desde que, salvo se,
contanto que, a menos que etc. conjunção
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
(desenvolvida)
� Orações subordinadas adverbiais conforma- O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
tivas: são introduzidas por como, conforme,
segundo, consoante.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos. Orações reduzidas de infinitivo

� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.


são introduzidas por que (precedido na oração Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
anterior de termos intensivos como tão, tanto,
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de for-
ma que, sem que. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles) direta reduzida de infinitivo)
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas predicativa reduzida de infinitivo)
por para que, a fim de que, porque e que (= para Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
que). completiva nominal reduzida de infinitivo)
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
tivessem bom estudo. substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
nais: são introduzidas por à medida que, à pro- pelas mãos.
porção que, quanto mais, quanto menos etc. O meu manual para fazer bolos certamente vai
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
agradar a todos.
aprecio.
� Orações subordinadas adverbiais temporais: z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
são introduzidas por quando, enquanto, logo continua jogando bola.
que, depois que, assim que, sempre que, cada Sem estudar, não passarão.
vez que, agora que etc. Ele passou mal, de tanto comer doces.
50 Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. Orações reduzidas de gerúndio
Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
sitivas, adjetivas, adverbiais. Importante!
O segredo para classificar as orações é per-
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
livre dos juros.
relativos).
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ajudando um ao outro. (subjetiva)
Agora ouvimos artistas cantando no shopping. � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
(objetiva direta) entre si
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
coração. cautelosa, não faz tudo sozinha.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não
contou a verdade. Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa
Orações Reduzidas de Particípio � Orações subordinadas adverbiais coordenadas
entre si
Podem ser adjetivas ou adverbiais. Ex.: Não só quando estou presente, mas também
quando não estou, sou discriminado.
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
Nosso planeta, ameaçado constantemente por
nós mesmos, ainda resiste. presente
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- Oração subordinada adverbial 2: quando não
ria problemas. (condicional) estou
Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
(causal/temporal) � Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
Comprada a casa, a família se mudou logo. mo período
(temporal) Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
seu papel, no entanto a realidade não é assim.
O particípio concorda em gênero e número com os Oração principal: Presume-se
termos referentes. Oração subordinada subjetiva da principal: as
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- penitenciárias cumpram seu papel
quentes em provas de concurso. Oração coordenada sindética adversativa da ante-
rior: no entanto a realidade não é assim.
Períodos Mistos

São períodos que apresentam estruturas oracio-


nais de coordenação e subordinação.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
EXERCÍCIOS COMENTADOS
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
das a uma oração principal. 1. (UEPA - 2013) No trecho: “Até hoje, os prédios resi-
denciais no Brasil têm dois elevadores: o social, para
os patrões e aqueles no topo da hierarquia social, e
1ª oração 2ª oração 3ª oração o elevador de serviço, apropriado para empregados
e pobres”. A repetição do conectivo “e” tem efeito de
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem. marcar uma:
verbo verbo verbo
a) descontinuidade de fatos.
b) sequência cronológica dos fatos.
1ª oração: oração coordenada assindética. c) coordenação entre as ideias principais.
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em d) implicação natural de consequência dos dois últimos
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração.
fatos em relação ao primeiro.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta
e) subordinação entre a sequência dos fatos.
em relação à 2ª oração.
O conectivo “e” junta duas ideias coordenadas “o
Resumindo: período composto por coordenação e
subordinação [elevador] social” e “o elevador de serviço”. Respos-
LÍNGUA PORTUGUESA

As orações subordinadas são coordenadas entre si, ta: Letra C


ligadas ou não por conjunção.
2. (CEPERJ - 2013) “É razoável que as pessoas tenham
z Orações subordinadas substantivas coordena- medo de assaltos”. Abaixo estão cinco (5) formas de
das entre si reescrever-se essa primeira frase do texto. Assinale a
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe única forma errada.
meus pais, nem que culpe meus parentes.
Oração principal: Espero a) É razoável as pessoas temerem assaltos.
Oração coordenada 1: que você não me culpe b) É razoável que as pessoas temessem assaltos.
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais c) É razoável que as pessoas tenham medo de ser assaltadas.
Oração coordenada 3: nem que culpe meus d) É razoável que assaltos causem medo às pessoas.
parentes. e) É razoável que assaltos sejam temidos pelas pessoas. 51
A forma “que as pessoas temessem” está também Usa-se a vírgula para separar os elementos de
no subjuntivo, mas pertence a tempo verbal diferen- enumeração.
te da frase original, alterando o sentido. Resposta: Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
Letra B. arrastado pelo tsunami.

3. (TJ-SC - 2010) Assinale a alternativa que NÃO apre- � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra
senta orações coordenadas: que já apareceu na frase) do verbo
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
a) Como queria ser juiz, dedicou-se para valer aos estudos. Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
b) O partido conservador perdeu, pois obteve 20 votos filmes de terror.
aquém do necessário para a maioria absoluta.
c) Varri chão, lavei banheiro, pagava pra trabalhar. � Para separar palavras ou locuções explicativas,
d) Com a diminuição dos recursos, os projetos se fragili- retificativas
zam e as ações se tornam provisórias e descontinuadas. Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
e) O Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe muitos anos.
avanços, mas ainda se buscam melhorias.
� Para separar datas e nomes de lugar
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
O trecho “dedicou-se para valer aos estudos” é
subordinado à oração principal “Como queria ser � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
juiz”, numa relação de condição. Resposta: Letra A e, nem, ou.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
4. (TJ-SC - 2010) Indique a alternativa que apresenta
análise errada da oração em grifo: A vírgula também é facultativa quando a expres-
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão,
a) A concretização dos negócios seria garantida se o mas uma palavra só. Exemplos:
Brasil participasse de acordos internacionais de inves- Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
timento. [subordinada adverbial condicional] Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
b) A conta de comércio melhorou em 2009, com a reces- em casa.
são, mas o investimento direto diminuiu. [coordenada Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
adversativa] Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
c) Pode ser chamado de gratuito o horário eleitoral que Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono
custa R$ 851 milhões ao Estado? [subordinada adjeti- durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
va restritiva]
ficou com sono durante a aula.
d) O estudo realizado em 1993 na Amazônia tem pouca
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
abrangência por ter sido feito com apenas 30 pessoas.
amanhã, se não chover.
[subordinada adverbial causal reduzida de infinitivo]
e) Alegou não terem ocorrido os pressupostos da one-
NÃO se usa vírgula nas seguintes situações
rosidade excessiva uma vez que a avença foi firma-
da numa época de estabilidade do real. [subordinada
� Entre o sujeito e o verbo
adverbial comparativa]
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
A oração “uma vez que a avença foi firmada numa ram a explicação. (errado)
época de estabilidade do real” é subordinada adver- Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
bial explicativa. Resposta: Letra E sertaram minha visão. (errado)
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
dicativo do sujeito:
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
PONTUAÇÃO ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
Outro tópico que gera dúvida trata da pontuação. dem. (errado)
Veremos a seguir as regras sobre seus usos, para sanar Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
essas dúvidas. (errado)

Uso De Vírgula � Entre um substantivo e seu complemento nominal


ou adjunto adnominal.
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da pelos alunos. (errado)
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e � Entre locução verbal de voz passiva e agente da
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando passiva:
qualquer ambiguidade. Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
Quando se trata de separar termos de uma mesma
professor para a feira. (errado)
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
� Para separar os termos de mesma função Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
52 Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta. Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
EXERCÍCIO COMENTADO distributivo ou uma oração subordinada substan-
tiva apositiva
1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que NÃO apresenta Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
erro de pontuação: sores, jornalistas, médicos.

a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos � Introduzir uma explicação ou enumeração após
cobertos por petróleo, são questões ambientais que expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
teriam suficiente relevância para alarmar a população, saber, como.
e automaticamente, motivar encontros e discussões. Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos Filosofia, Ciências... • Marcar uma pausa entre
apontados são faces de uma nova abordagem meto- orações coordenadas (relação semântica de oposi-
dológica para a proteção do meio ambiente. ção, explicação/causa ou consequência)
c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des- Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
pender recursos financeiros com o recolhimento das homem culto.
custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve- Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar cautela.
a restituição, se julgada procedente a sua pretensão.
d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari- � Marcar invocação em correspondências
zação entre os setores de planejamento e produção, Ex.: Prezados senhores:
privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma Comunico, por meio deste, que...
coordenada.
e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou Travessão
discricionário –, há que ser praticado com a observân-
cia formal e ideológica da lei. � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
discurso de interlocutor: Ex.:
No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a ― Que gente é aquela, Alberto?
restituição, se julgada procedente a sua pretensão”, ― São japoneses.
as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de
tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula � Serve também para colocar em relevo certas
se justifica pela condicional “se julgada procedente expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
a sua pretensão”. Resposta: Letra C tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
colchetes:
Uso de Ponto e Vírgula Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
ca ― vão fazer videoaulas.
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto aposto explicativo
e vírgula (;): Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar.
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas oração intercalada
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, � Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
ficou triste. na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- Parênteses
to, exausto.
Têm função semelhante à dos travessões e das
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma) vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o mos, expressões ou orações.
ouvinte. Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
sorvete.
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
� Em enumerações, portarias, sequências jantar. (oração intercalada)
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
o Procurador-Geral da República; Ponto-final
o Colégio de Procuradores da República;
LÍNGUA PORTUGUESA

o Conselho Superior do Ministério Público Federal. É o sinal que denota maior pausa.
Usa-se:
Dois-pontos
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda período.
não foi concluída. Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Servem para: Carlos Drummond de Andrade

� Introduzir uma citação (discurso direto): � Nas abreviaturas


Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um Ex.: apart. ou apto. = apartamento
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas sec. = secretário
respostas”. a.C. = antes de Cristo 53
Dica Uso das Aspas

Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- São usadas em citações ou em algum termo que
tos químicos não vêm com ponto final: precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
Exemplos: km, m, cm, He, K, C por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
destaque.
Ponto de Interrogação Usam-se nos seguintes casos:

Marca uma entonação ascendente (elevação da � Antes e depois de citações:


voz) em tom questionador. Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Usa-se: afirma Dad Squarisi, 64.

� Em frase interrogativa direta: � Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-


Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas:
� Entre parênteses para indicar incerteza: Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho que desejava.
que havia palavra melhor no contexto. Não gosto de “pavonismos”.
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar Dê um “up” no seu visual.
surpresa: � Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?) às vezes com ironia ou malícia
� E interrogações retóricas: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
que não jogaremos comida fora à toa”). sonoro.
� Para citar nomes de mídias, livros etc.
Ponto de Exclamação Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.

� É empregado para marcar o fim de uma frase com Colchetes


entonação exclamativa:
Ex.: Que linda mulher! Representam uma variante dos parênteses, porém
Coitada dessa criança! tem uso mais restrito.
� Aparece após uma interjeição: Usam-se nos seguintes casos:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
� Usado para substituir vírgulas em vocativos � Para incluir num texto uma observação de nature-
enfáticos: za elucidativa:
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?” Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer
marcar uma ênfase: � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
metros em 20 segundos!!! que pareça, o texto original é assim mesmo:
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
Reticências do.” (Machado de Assis)
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda
São usadas para:
Fonologia:
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
� Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: ― Estou ciente de que... � Para suprimir parte de um texto (assim como
― Pode dizer... parênteses)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
� Indicar partes suprimidas de um texto:
desceu as escadas apressadamente. ou
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
vel segundo as normas da ABNT)
depois desceu as escadas apressadamente.)
� Para sugerir prolongamento da fala: Asterisco
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar... � É colocado à direita e no canto superior de uma
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
� Para indicar hesitação:
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
de rodapé:
vergonha.
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal- triste acrescido do sufixo -eza*.
mente com outras intenções: *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
54 Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...! vo, o que origina um novo substantivo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
tuição a um substantivo próprio:
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
nhado aos responsáveis. umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- Observe o exemplo:
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: A pequena garota andava sozinha pela cidade.
Ex.: Parecer, do latim *parescere. A: Artigo, feminino, singular;
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras Garota: Substantivo, feminino, singular.
da gramática.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
Uso da barra número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: cia: verbal e nominal.

� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser Concordância Verbal


substituída pela conjunção ou:
É a adaptação em número – singular ou plural e
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
sujeito.
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
ção das conjunções e/ou. Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
e/ou escritos. sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- peus, asiáticos e africanos.”
ção entre si. Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
(plural/singular). respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
O carro atingiu os 220 km/h. singular.
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Destrinchando o período, temos que os termos
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
barras para indicar a separação das estrofes. “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
Ex.: Prefiro natação a futebol.
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
Verbo bitransitivo: Prefiro
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
Objeto direto: natação
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
Objeto indireto: a futebol
não foi escrita na sua totalidade:
Popularmente usa-se “do que” no lugar de “a”,
Ex.: a/c = aos cuidados de;
o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
s/ = sem natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
� Para separar o numerador do denominador nos drão, a forma correta é como consta na imagem.
números fracionários, substituindo a barra da
fração: Concordância Verbal com o Sujeito Simples
Ex.: 1/3 = um terço
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
� Nas datas: sujeito.
Ex.: 31/03/1983 Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
� Nos números de telefone: exorbitante.
Ex.: 225 03 50/51/52
Diferentes situações:
LÍNGUA PORTUGUESA

� Nos endereços:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232 z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
� Na indicação de dois anos consecutivos: sentido coletivo o verbo fica no singular. Ex.: A
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso. multidão gritou entusiasmada.

� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
Ex.: /s/
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
Embora não existam regras muito definidas sobre
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. quem resolveu a questão. 55
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- Assinale a alternativa em que, ao se alterar o termo
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos “um terço”, não se tenha mantido a concordância em
conformidade com a norma culta. Desconsidere a
nós quem resolvemos a questão.
possibilidade de concordância atrativa.
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / intermédio de instituições financeiras foi tributado
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no apenas por aquela contribuição.
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza-
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos dos por intermédio de instituições financeiras foram
essa questão. tributados apenas por aquela contribuição.
c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza-
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu-
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, tado apenas por aquela contribuição.
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados
ver artigo definido antes de uma palavra plura- por intermédio de instituições financeiras foram tribu-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse tados apenas por aquela contribuição.
e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
por intermédio de instituições financeiras foi tributado
Unidos continuam uma potência. apenas por aquela contribuição.
Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- Em “grande parte dos pagamentos realizados...
de de Santos fica em São Paulo.”) foi tributado”, não houve concordância adequada,
deveria ser “foi tributada”, para concordar com o
núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C
Importante!
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
verbo fica no singular ou no plural. palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. chegou. (Duas horas deram...)
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais badaladas soaram)
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
da escola soou dez badaladas)
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Mais de um aluno compareceu à aula. z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Mais de cinco alunos compareceram à aula. verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
dem-se casas de veraneio aqui.
A expressão mais de um tem particularidades: Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo interessada.
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Mais de um irmão se abraçaram. Majestade está preocupada?
Suas Excelências precisam de algo?
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
Mais de um aluno, mais de um professor esta- exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
vam presentes.
Concordância Verbal com o Sujeito Composto
z Quando o sujeito é formado de um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
numerado ou com o número inteiro, mas pode ticais diferentes
concordar com o especificador dele. Se o numeral Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
vier precedido de um determinante, o verbo con- � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. garam ontem.
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é ou nenhum
viver bem. Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. ter o espírito esportivo.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
singular
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
davam. (preferencialmente no singular)
EXERCÍCIO COMENTADO
� Gradação entre os núcleos do sujeito
1. (FGV - 2008) “... mostram que um terço dos pagamen- Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
me acalmar. (preferencialmente no singular)
tos realizados por intermédio de instituições financei-
ras foi tributado apenas por aquela contribuição...” � Núcleos do sujeito no infinitivo
56 (L.67-70) Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- São eles que sempre chegam cedo.
mitivo (nada, tudo, ninguém) É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. trução adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
(construção inadequada)
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão Concordância do infinitivo
meu foco nos estudos.
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
to esclarecido)
bem como, assim como, tanto quanto
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
implícito “nós”)
final.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas (dois pronomes implícitos: eu, nós)
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim Até me encontrarem, vocês terão de procurar
como; não só... mas também etc.) muito. (preposição no início da oração)
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
popularidade em alta. (verbos pronominais)
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- indicando tempo)
co núcleo, o verbo fica no singular concordando Estudo para me considerarem capaz de aprova-
com o núcleo único. Mas, se houver determinante ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
sujeito passa a ser composto. foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos particípio)
combustíveis aumentaram.
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
Concordância verbal do Ser Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
ção verbal)
� Concorda com o sujeito Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
Ex.: Nós somos unha e carne. sendo sujeito do infinitivo)

� Concorda com o sujeito (pessoa) Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo


Ex.: Os meninos foram ao supermercado. no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Em predicados nominais, quando o sujeito for impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
representado por um dos pronomes tudo, nada,
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
dará com o predicativo (preferencialmente) ou com valor genérico)
com o sujeito. São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
Ex.: No início, tudo é/são flores. dido de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem � Concordância do verbo parecer
Ex.: Quem foram os classificados? Flexiona-se ou não o infinitivo.
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
Ex.: São nove horas. de acordo com o sujeito, no plural)
É frio aqui. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas? logo o infinitivo será impessoal)
� O verbo fica no singular quando precede termos � Concordância dos verbos impessoais
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
LÍNGUA PORTUGUESA

menos etc. junto a especificações de preço, peso, sempre na 3ª pessoa do singular.


quantidade, distância. E também quando seguido Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
do pronome o. Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Divertimentos é o que não lhe falta. auxiliar fica no singular)
Dez reais é nada diante do que foi gasto. Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser � Concordância com sujeito oracional
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo concordará com o termo não preposiciona- verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
do entre eles. singular.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. 57
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados. Silepse de Número e de Pessoa
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
Urge que você estude. Conhecida também como “concordância irregular,
Era preciso encontrar a verdade. ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:

Casos mais frequentes em provas z Silepse de número: usa-se um termo discordando


do número da palavra referente, para concordar
Veja agora uma lista com os casos mais abordados com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
em concursos: vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores)
� Sujeito posposto distanciado z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
brasileira seres estranhos. ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
diversas etnias, somos multiculturais.
� Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Concordância Nominal
Havia problemas no setor.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Define-se como a adaptação em gênero e número
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
� Verbo na voz passiva sintética o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
� Verbo concordando com o antecedente correto gênero e número com o nome a que se referem.
do pronome relativo ao qual se liga Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que Muro alto. / Muros altos.
tinham experiência.
� Sujeito coletivo com especificador plural Casos com adjetivos
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
z Com função de adjunto adnominal: quando o
� Sujeito oracional adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no ver após os substantivos, poderá concordar com
singular) as somas desses ou com o elemento mais próximo.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
to ou complemento no plural Encontrei colégios e faculdades ótimos.
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
Há casos em que o adjetivo concordará apenas
atrito. (verbo no singular)
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
tencer somente a este.
Casos Facultativos
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
estádio.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
fizeram rir. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
Existem complicadas regras e conceitos.
z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
brasileira. francesa e alemã.
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
ciência. (1,5% corresponde ao singular) os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
z Chegaram/Chegou João e Maria. língua inglesa, a francesa e a alemã.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
aqui. z Com função de predicativo do sujeito

z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
brasileira. com a soma dos elementos.
z O problema do sistema é/são os impostos. Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Hoje é/são 22 de agosto. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
quanto com o nome mais próximo.
a aprovação.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
58 z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- É proibido entrada de crianças. / É proibida a
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os entrada de crianças.
substantivos por um pronome: Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
� Menos / pseudo
(substitui-se por “eles”)
São invariáveis.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
Ex.: Havia menos violência antigamente.
existem complicados”.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
to é pseudo-objetivo.
então é um adjunto adnominal.
� Muito / bastante
z Com função de predicativo do objeto Quando modificam o substantivo: concordam com
ele.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Quando modificam o verbo: invariáveis.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
dância com o termo mais próximo. irritados.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e tante irritados.
seus subordinados. Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
Algumas convenções tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
� Tal qual
� Obrigado / próprio / mesmo Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. com o substantivo posterior.
A própria enfermeira virá para o debate. Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
Elas mesmas conversaram conosco. pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Dica quais os pais.
Silepse (também chamada concordância
O termo mesmo no sentido de “realmente” será figurada)
invariável. É a que se opera não com o termo expresso, mas o
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. que está subentendido.
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
z Só / sós linda!)
Variáveis quando significarem “sozinho” / Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
“sozinhos”. com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Invariáveis quando significarem “apenas, Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
somente”. leiros, estamos esperançosos.)
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
apenas queriam ficar sozinhas.) � Possível
A locução “a sós” é invariável. Concordará com o artigo, em gênero e número, em
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
ficar a sós.
Conheci crianças as mais belas possíveis.
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os
� Meio
elementos que compõem a oração precisam estar em
Quando significar “metade”: concordará com o
harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que
elemento referente.
NÃO há erro de concordância nominal:
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Quando significar “um pouco”: será invariável.
a) Sempre educada e prestativa, a menina olhou para
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
todos os convidados e disse: “Muito obrigado!”
LÍNGUA PORTUGUESA

� Grama b) As taxas inclusa no pacote de viagem são muito altas.


Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- c) Os diretores mesmo realizaram a campanha na escola.
do significar unidade de medida, é masculino. d) Bebi meia garrafa de vinho e fiquei meia tonta.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. e) Gosto muito de ler Clarice Lispector. Na biblioteca há
“A grama do vizinho sempre é mais verde.” bastantes livros de sua autoria.
� É proibido entrada / É proibida a entrada Na alternativa A, a frase enunciada pela menina
Se o sujeito vier determinado, a concordância do deveria flexionar no feminino o adjetivo “obrigada”,
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou portanto está incorreta. Na alternativa B, o adjeti-
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- vo “inclusa” deve concordar em gênero e número,
rão com o determinante. havendo a necessidade do plural, o mesmo ocorre
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- em C, portanto mais duas alternativas incorretas.
nhada está boa. Na alternativa D a palavra “meia” é um advérbio, 59
pois modifica o adjetivo tonta, sendo, portanto, O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
invariável, acarretando o erro dessa alternativa. Já lógica de “musgo” do exemplo anterior.
na alternativa E termos “bastantes” corretamente
empregado, pois assume valor de “muitos”. Respos-
ta: Letra E
Dica
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
2. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
concordância nominal: sempre invariáveis.
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro-
cedimentos como a apuração da base de cálculos. mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos
por Maria e José. Lista de Flexão dos dois elementos
c) As duplicatas apenso não foram resgatadas.
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora � Nos substantivos compostos formados por pala-
aprazado. vras variáveis, especialmente substantivos e
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito adjetivos:
obrigado”. segunda-feira – segundas-feiras;
matéria-prima – matérias-primas;
O trecho “[...] se faz necessária a agilização” está couve-flor – couves-flores;
correto porque o termo “necessária” concorda com guarda-noturno – guardas-noturnos;
o artigo definido feminino singular “a”. Resposta:
primeira-dama – primeiras-damas.
Letra A
� Nos substantivos compostos formados por
3. (TJ-SC – 2010) “Ao meio-dia e ____ , encontrando a temas verbais repetidos:
porta da lancheria _____ aberta, Joana entrou e pediu corre-corre – corres-corres;
____ grama de sal e _____ porção de sanduíche.” O tex- pisca-pisca – piscas-piscas;
to fica gramaticalmente correto com a inserção de: pula-pula – pulas-pulas.
Nestes substantivos também é possível a flexão
a) meia – meio – meia – meia apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
b) meio – meia – meio – meia
-piscas, pula-pulas.
c) meia – meia – meia – meia
d) meia – meio – meio – meia
e) meio – meio – meio – meio Flexão apenas do primeiro elemento

Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria z Nos substantivos compostos formados por subs-
[meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta- tantivo + substantivo em que o segundo termo
de do termo masculino grama] grama de sal e meia limita o sentido do primeiro termo:
porção [...]. Resposta: Letra D decreto-lei – decretos-lei;
cidade-satélite – cidades-satélite;
PLURAL DE COMPOSTOS público-alvo – públicos-alvo;
elemento-chave – elementos-chave.
Substantivos Nestes substantivos também é possível a flexão
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
O adjetivo concorda com o substantivo referen- públicos-alvos, elementos-chaves.
te em gênero e número. Se o termo que funciona
como adjetivo for originalmente um substantivo fica z Nos substantivos compostos preposicionados:
invariável. cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola pôr do sol – pores do sol;
também é um substantivo; mantém-se no singular) fim de semana – fins de semana;
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é pé de moleque – pés de moleque.
um substantivo; mantém-se no singular)
Flexão apenas do segundo elemento
Adjetivos
� Nos substantivos compostos formados por tema
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
verbal ou palavra invariável + substantivo ou
mo elemento concordará com o substantivo referente.
Os demais ficarão na forma masculina singular. adjetivo:
Se um dos elementos for originalmente um subs- bate-papo – bate-papos;
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. quebra-cabeça – quebra-cabeças;
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. arranha-céu – arranha-céus;
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o ex-namorado – ex-namorados;
plural, pois ambos são adjetivos. vice-presidente – vice-presidentes.
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. � Nos substantivos compostos em que há repeti-
Nesse caso, o termo composto não concorda com o ção do primeiro elemento:
plural do substantivo referente, “folhas”. zum-zum – zum-zuns;
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. tico-tico – tico-ticos;
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam- lufa-lufa – lufa-lufas;
60 bém pode ser um substantivo. reco-reco – reco-recos.
� Nos substantivos compostos grafados ligada- V. T. I.: aspiram
mente, sem hífen: Objeto indireto: a um mês de férias
girassol – girassóis;
pontapé – pontapés; A seguir, uma lista dos principais verbos que
mandachuva – mandachuvas; geram dúvidas quanto à regência:
fidalgo – fidalgos.
� Nos substantivos compostos formados com � Abraçar: transitivo direto
grão, grã e bel: Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
grão-duque – grão-duques; O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
grã-fino – grã-finos; � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
bel-prazer – bel-prazeres. Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
Não flexão dos elementos to com sentido de “acariciar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
no sentido de “ser agradável a”)
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
re em frases substantivadas e em substantivos � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
compostos por um tema verbal e uma palavra transitivo direto e indireto
invariável ou outro tema verbal oposto: Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
o disse me disse – os disse me disse; personificado)
o leva e traz – os leva e traz; Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
o cola-tudo – os cola-tudo. personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas)
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
preposição a, rege indiferentemente objeto direto
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se e objeto indireto.
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
advérbio) exige complemento preposicionado, esse indireto)
nome é um termo regente e seu complemento é um Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
termo regido, pois há uma relação de dependência rege apenas objeto direto:
entre o nome e seu complemento. Ajudaram o ladrão a fugir.
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em direto:
forma de pronome oblíquo átono. Ajudei-o muito à noite.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
foram leais.
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei-
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
to (desprovido de preposição)
sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Pronome oblíquo átono: lhe
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
sujeito (desprovido de preposição). sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
como complemento)
Regência Verbal � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
Relação de dependência entre um verbo e seu vo direto com sentido de “respirar”)
complemento. As relações podem ser diretas ou indi- Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
retas, isto é, com ou sem preposição. indireto no sentido de “desejar”)

Há verbos que admitem mais de uma regência � Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
sem que o sentido seja alterado. Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“prestar assistência”
O médico assistia os acidentados.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia O médico assistia aos acidentados.
Objeto direto: os favores recebidos. - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos. Não assisti ao final da série.
LÍNGUA PORTUGUESA

V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos. O verbo assistir não pode ser empregado no
particípio.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos É incorreta a forma “O jogo foi assistido por
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, milhares de pessoas.”
alterando seu significado.
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos. direto e indireto
(aspiramos = sorvemos) Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
V. T. D.: aspiramos A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
Objeto direto: ar poluídos. vo indireto)
Os funcionários aspiram a um mês de férias. O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
(aspiram = almejam) to e indireto) 61
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
predicativo do objeto de “vir depois”)
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
to com sentido de “convocar”)
Regência Nominal
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
dicativo do objeto com sentido de “denominar,
qualificar”) Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
bios) exigem complementos preposicionados, exceto
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Advérbios terminados em “mente”
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
regência dos adjetivos:
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
� Esquecer: admite três possibilidades análoga / analogicamente a
Ex.: Esqueci os acontecimentos. contrária / contrariamente a
Esqueci-me dos acontecimentos. compatível / compativelmente com
Esqueceram-me os acontecimentos. diferente / diferentemente de
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; favorável / favoravelmente a
transitivo direto e indireto paralela / paralelamente a
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. próxima / proximamente a/de
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) relativa / relativamente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má Preposições prefixos verbais
disposição”)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo Alguns nomes regem preposições semelhantes a
direto e indireto com sentido de envolver-se”) seus “prefixos”:
� Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à dependente, dependência de
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou inclusão, inserção em
sobre inerente em/a
Informaram o réu de sua condenação. descrente de/em
Informaram o réu sobre sua condenação. desiludido de/com
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- desesperançado de
sa: objeto indireto, com a preposição a desapego de/a
Informaram a condenação ao réu. convívio com
convivência com
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
reto, com as preposições em e por demissão, demitido de
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia. encerrado em
enfiado em
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi- imersão, imergido, imerso em
tivo direto e indireto instalação, instalado em
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran- interessado, interesse em
sitivo com sentido de “cortejar”) intercalação, intercalado entre
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo supremacia sobre
indireto com sentido de “desejar muito”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”) EXERCÍCIOS COMENTADOS
� Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito. 1. (CEPERJ - 2013) “...não passa de uma manifestação
Não desobedeçam à sinalização de trânsito. de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de decla-
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi- rar-se isento”; nesse segmento do texto, o emprego da
tivo direto e indireto forma “do qual” está ligado à presença do termo “isen-
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto) to”, que solicita a presença da preposição de. A frase
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo criada apresenta desvio da norma culta nesse mesmo
indireto) tipo de estrutura em:
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto) a) Os assaltos dos quais falam são cotidianos na cidade
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; de São Paulo.
transitivo direto e indireto b) Os crimes contra os quais lutam os policiais oferecem
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) perigo à sociedade.
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) c) A pesquisa da qual foram submetidos revelou infor-
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e mações novas.
indireto) d) As objeções contra as quais se levantaram não tinham
� Suceder; intransitivo; transitivo direto qualquer fundamento.
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no e) As leis às quais se referem foram julgadas pela
62 sentido de “ocorrer”) pesquisa.
O correto é “A pesquisa à qual foram submetidos”, nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
para respeitar a regência do nome “submetidos”. ênfase à informação que se quer passar para o recep-
Faz-se a pergunta: “Submetidos a quem ou a quê?”. tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
Resposta: Letra C isso, é muito utilizada em textos informativos, como
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
2. (TJ-SC – 201) Analise as proposições sob o aspecto ticos, entre outros.
da regência verbal: Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
I. Comunique aos candidatos de que as provas serão O coração é um músculo que bombeia sangue para
realizadas em outro local. o corpo. (coração: parte do corpo)
II. Fundação, pilares, lajes, vigas, caixas-d’água, escadas
em concreto armado devem obedecer às normas da CONOTAÇÃO
ABNT.
III. Essa mudança de percepção dos riscos ambientais O sentido conotativo compreende o significado
implica maior influência da participação popular nos figurado e depende do contexto em que está inserido.
projetos industriais. A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
IV. Esperamos que cheguem logo a nossas mãos os tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
documentos visando a instruir o processo. poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
a) Estão corretas somente as proposições II, III e IV. possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
b) Estão corretas somente as proposições I, II e III. no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
c) Estão corretas somente as proposições I, III e IV. sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
d) Estão corretas somente as proposições I, II e IV. publicitários e outros.
e) Todas as proposições estão corretas. Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração.
A forma correta de I seria: “Comunique aos candida-
tos que as provas serão realizadas em outro local”. O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
O verbo “comunicar” é transitivo direto e indireto,
e no contexto o objeto direto é a oração subordina- Quando escolhemos determinadas palavras ou
da substantiva “que as provas serão realizadas em expressões dentro de um conjunto de possibilidades
outro local”. Resposta: Letra A de uso, estamos levando em conta o contexto que
influencia e permite o estabelecimento de diferentes
3. (TJ-SC – 2010) Indique em que frase a regência verbal relações de sentido. Essas relações podem se dar por
não se conforma às normas gramaticais: meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
a) Os presidenciáveis responderam às perguntas dos
telespectadores.
b) Assistimos aos jogos de futebol pela tevê aberta Importante!
c) O não pagamento implica a devolução do produto.
d) Procedeu-se ao inquérito. Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
e) Obedeça a sinalização. sões de um idioma.
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
O correto seria “Obedeça à sinalização”, entendendo a
que cada falante seleciona do léxico para se
regência do verbo: “obedeça a algo”. Resposta: Letra E
comunicar.
4. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de
concordância nominal:
SINONÍMIA
a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro-
cedimentos como a apuração da base de cálculos. São palavras ou expressões que, empregados em
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos um determinado contexto, têm significados seme-
por Maria e José. lhantes. É importante entender que a identidade dos
c) As duplicatas apenas não foram resgatadas. sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
aprazado. o que pode não acontecer em outras situações. O
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
obrigado”. exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
No trecho “se faz necessária a agilização”, o termo de suas significações é diferente.
LÍNGUA PORTUGUESA

“necessária” concorda com o artigo feminino singu- O emprego dos sinônimos é um importante recurso
lar definido que vem logo após. Resposta: Letra A para a coesão textual, uma vez que essa estratégia reve-
la, além do domínio do vocabulário do falante, a capa-
cidade que ele tem de realizar retomadas coesivas, o
que contribuiu para melhor fluidez na leitura do texto.
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ANTONÍMIA
DENOTAÇÃO São palavras ou expressões que, empregadas em
um determinado contexto, têm significados opostos. As
O sentido denotativo da linguagem compreende relações de antonímia podem ser estabelecidas em gra-
o significado literal da palavra independente do seu dações (grande/pequeno; velho/jovem); reciprocidade
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais (comprar/vender) ou complementaridade (ele é casa-
objetivo e literal associado ao significado que aparece do/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: 63
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
estático (imóvel) extático (admirado)
esterno (osso do peito) externo (exterior)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
php. Acessado em: 17/10/2020.

A relação de sentido estabelecida na tirinha é PARÔNIMOS


construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- Parônimos são palavras que apresentam sentido
se contexto. diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:
HOMONÍMIA
Absorver/absolver
Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- z Tentaremos absorver toda esta água com espon-
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a jas. (sorver)
z Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
seus pecados. (inocentar)
nimos importantes:
Aferir/auferir
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) z Realizaremos uma prova para aferir seus conheci-
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) mentos. (avaliar, cotejar)
z O empresário consegue sempre auferir lucros em
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
seus investimentos. (obter)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
bucho (estômago) buxo (arbusto) Cavaleiro/cavalheiro
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
z Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
do rei participaram na batalha. (homem que anda
cela (pequeno quarto)
sela (forma do verbo selar; de cavalo)
arreio) z Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) sempre as portas para eu passar. (homem educado
e cortês)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
Cumprimento/comprimento
cerrar (fechar) serrar (cortar)
cervo (veado) servo (criado) z O comprimento do tecido que eu comprei é de
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
z Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
xeque (lance no jogo de
cheque (ordem de pagamento)
xadrez)
Delatar/dilatar
círio (vela) sírio (natural da Síria)
cito (forma do verbo citar) sito (situado) z Um dos alunos da turma delatou o colega que chu-
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) tou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
z Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando
concerto (sessão musical) conserto (reparo)
seu estômago. (alargar, estender)
coser (costurar) cozer (cozinhar)
exotérico (que se expõe em Dirigente/diligente
esotérico (secreto)
público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem z O dirigente da empresa não quis prestar decla-
assiste) esperança, que espera) rações sobre o funcionamento da mesma. (pessoa
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) que dirige, gere)
z Minha funcionária é diligente na realização de
espiar (observar) expiar (pagar pena)
64 suas funções. (expedito, aplicado)
Discriminar/descriminar CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL

NÚMEROS DE HABITANTES
100%
z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar 90%
80%
naquele clube. (diferenciar, segregar) 70%
60%
z Em muitos países se discute sobre descrimi- 50%
nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, 40%
30%
inocentar) 20%
10%
0%
REFERÊNCIA Franceses Alemães Inglêses Espanhóis Outros Total
CIDADES

Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-
Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021.
-par onimas/. Acessado em 17/10/2020.

Infográficos
POLISSEMIA (PLURISSIGNIFICAÇÃO)

Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- Os infográficos são uma forma moderna de apre-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras sentar o sentido.
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre Essa palavra une os termos info (informação) e
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou
semia é encontrada no exemplo a seguir: seja, um desenho ou imagem que, com o apoio de um
texto, informa sobre um assunto que não seria muito
bem compreendido somente com um texto, auxilian-
do a compreensão do leitor.
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
título, ao tema e a fonte das informações é vital para
HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO uma boa análise e interpretação.

Relação estabelecida entre termos que guardam


relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo –
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...

EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE


RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS

A representação de sentido por meio de tabelas


e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
principalmente nos meios de comunicação, ainda
mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade
com que podemos analisar e interpretar as informa-
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos
para a sua análise. A análise de gráficos auxilia na
resolução de questões não apenas de português, por
isso, requer atenção.

Gráfico: componentes de um gráfico


LÍNGUA PORTUGUESA

Título: na maioria dos casos possuem um título


que indica a que informação ele se refere.
Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram, com o ano de
publicação.
Números: o mais importante, pois é deles que pre-
cisamos para comparar as informações dadas pelos
gráficos. Usados para representar quantidade ou tem-
po (mês, ano, período).
Legendas: ajuda na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca
diferentes informações. Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm. 65
Para se compreender a mensagem, é preciso reconhe-
EXERCÍCIOS COMENTADOS cer que a placa retratada combina de maneira curiosa:

1. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa na qual não a) denotação e conotação.


haja o emprego de linguagem figurada: b) norma culta e norma popular.
c) língua padrão e língua viciosa.
a) “ela estava por dentro de tudo”. d) sinonímia e antonímia.
b) “logo se viu nadando em oportunidades”. e) homonímia e polissemia.
c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”.
d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de A placa alerta aos fumantes sobre o risco de incên-
dinheiro”. dio, provocado por bitucas de cigarro, ou seja,
e) “O mercado ficou saturado”. utiliza-se do sentido denotativo e conotativo da
expressão “segure as pontas”, causando o efeito
A linguagem figurada é também chamada lingua- “curioso” na placa. Resposta: Letra A.
gem conotativa, e a única alternativa em que encon-
tramos o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é REFERÊNCIAS
na alternativa D. Resposta: Letra D.
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e
2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em coerência. São Paulo: parábola, 2005.
sentido conotativo em:
CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do
a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” texto. São Paulo: contexto, 2013.
b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera
pronto para amar.” KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cogniti-
c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe vos da leitura. 16.ed. Campinas: Pontes, 2016.
uma estátua.”
d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan- KOCH , Ingedore Grunfed Villaça; EL IAS, Vanda
tes por aí...” Maria . Ler e compreender: os sentidos do texto.
3. ed . São Paulo: Contexto, 2015.
“Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
SACCONI, L.A. Nossa Gramática Completa Sac-
- temos um sentido figurado, “faca no peito” dá sen-
coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova
tido de cobrança. Resposta: Letra A.
Geração, 2010.
3. (PREFEITURA DE FORTALEZA-CE – 2016) Conside-
SCHLITTLER, J.M.M. Recursos de Estilo em Reda-
rando-se o conteúdo semântico dos trechos “o dia
ção Profissional. Campinas/SP: Servanda, 2008.
nasce da noite escura” (linha 02) e “a esperança de
encontrar as saídas e soluções fáceis” (linha 05), as
palavras destacadas em cada trecho estabelecem,
respectivamente, entre si a relação de:
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS
a) sinonímia e antonímia. OFICIAIS (MANUAL DE REDAÇÃO DA
b) sinonímia e paronímia. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
c) antonímia e sinonímia.
d) antonímia e paronímia. MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA
As palavras “dia”, “noite”, “saídas” e “soluções”
apresentam, respectivamente, uma relação de opo- Sabe-se da importância de se trabalhar o conteú-
sição (antonímia) e uma relação de semelhança do de Redação Oficial, já que o tema está presente
(sinonímia). Resposta: Letra C. em muitos dos editais de concursos federais. A fonte
de pesquisa básica é a 3ª edição de 29 de dezembro
4. (FUNRIO – 2014) de 2018 revista, atualizada e ampliada do Manual de
Redação Oficial da Presidência da República (MRPR).
Veremos, a seguir, os pontos mais importantes desse
documento.

RETROSPECTIVA HISTÓRICA

Em 11 de janeiro de 1991, o Presidente da Repú-


blica autorizou a criação de uma comissão, presidida
pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar
Ferreira Mendes, para rever, atualizar, uniformizar e
simplificar as normas de redação de atos e comuni-
cações oficiais. Depois de 9 meses, foi apresentada a
primeira edição do Manual de Redação Oficial da Pre-
66 sidência da República.
Esse Manual foi dividido em duas partes: a primei- (...)
ra, elaborada pelo diplomata Nestor Forster Jr., tratava A primeira revisão ocorreu em 2002, motivada
das comunicações oficiais, sistematizava seus aspectos pelas alterações tecnológicas e legislativas da época.
essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes, (...)
exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sen- A partir de 2003, foram publicadas sessenta emen-
do utilizados desde 1937, suprimia arcaísmos e apresen- das constitucionais, sobre os mais diversos assuntos.
tava uma súmula gramatical aplicada à redação oficial; (...)
a segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes, Nessa conjuntura, a partir de modificações fáticas
ocupava-se da elaboração e redação dos atos normati- e legislativas, bem como de maior fiscalização estatal,
vos no âmbito do Executivo, da conceituação e exempli- instaurou-se um novo método de se fazer administra-
ficação desses atos e do procedimento legislativo. ção pública no Brasil. Pretende-se, pois, que a terceira
Depois de 10 anos do lançamento da 1ª edição, foi edição do Manual de Redação da Presidência Repúbli-
necessário fazer uma adequação das formas de comu- ca possa refletir as evoluções ocorridas nas últimas
nicação usadas na administração aos avanços da infor- duas décadas, repetindo o legado de êxito deixado
mática. Outras alterações decorreram da necessidade pelas edições anteriores na construção de uma cultu-
de adaptação do texto à evolução legislativa na matéria ra administrativa profissional e obediente às normas
e às alterações constitucionais ocorridas no período.
da Constituição da República.
Segundo o apresentador dessa nova edição, Pedro
Gilmar Ferreira Mendes
Parente, Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú-
blica do Governo de Fernando Henrique Cardoso,
z Panorama da comunicação oficial
esperava-se que esta nova edição do Manual contri-
buísse, tal qual a primeira, para a consolidação de
uma cultura administrativa de profissionalização A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala,
dos servidores públicos e de respeito aos princípios quer pela escrita. Para que haja comunicação, são
constitucionais da legalidade, impessoalidade, mora- necessários:
lidade, publicidade e eficiência, com a consequente
melhoria dos serviços prestados à sociedade. „ Alguém que comunique;
Nesta 3ª edição, você perceberá muitas mudanças „ Algo a ser comunicado;
significativas, tanto na formatação dos documentos „ Alguém que receba essa comunicação.
oficiais, quanto na formulação dos aspectos da lingua-
gem e das normas estruturais No caso da redação oficial, quem comunica é
E o que é Redação Oficial na concepção dos organi- sempre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela
zadores desse trabalho? Veja a resposta que foi dada Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Servi-
por eles a essa pergunta: ço, Seção); o que se comunica é sempre algum assun-
“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial to relativo às atribuições do órgão que comunica; e o
é a maneira pela qual o Poder Público redige atos destinatário dessa comunicação é o público, uma
normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do instituição privada ou outro órgão ou entidade públi-
ponto de vista do Poder Executivo.” ca, do Poder Executivo ou dos outros Poderes. Além
Agora, para nós que lidamos com o conteúdo para disso, deve-se considerar a intenção do emissor e
concursos públicos, quais são as principais características a finalidade do documento, para que o texto esteja
normativas cobradas nas provas de concursos públicos? adequado à situação comunicativa.
Percebam que os três motivos principais da preo- A necessidade de empregar determinado nível de
cupação da elaboração do Manual e de suas revisões linguagem nos atos e nos expedientes oficiais decor-
são a modernização, a atualização e a eficiência. A re, de um lado, do próprio caráter público desses
passagem do tempo por si só já pediria essas revisões, atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.
haja vista a consequente evolução da linguagem e da Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de cará-
sociedade por que passamos. ter normativo, ou estabelecem regras para a condu-
É justamente esse o ponto que originou a partici-
ta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos
pação desse assunto nos concursos públicos. Afinal,
órgãos e entidades públicos, o que só é alcançado
para quem vai trabalhar no setor público, é realmente
se, em sua elaboração, for empregada a linguagem
importante saber comunicar-se com habilidade e usar
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais,
os meios adequados para isso, se o que se propõe é um
cuja finalidade precípua é a de informar com clareza
serviço eficiente para a sociedade.
e objetividade.
Por isso, ao estudar redação oficial, lembrem-se
de que vocês têm de saber as características da lin-
guagem da redação oficial, a formatação e a estrutura z O que é redação oficial?
das redações, especialmente a do padrão ofício, quem
LÍNGUA PORTUGUESA

envia determinadas correspondências, quem as rece- Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é
be e qual é a finalidade de cada uma delas. a maneira pela qual o Poder Público redige comunica-
Nosso objetivo é tornar esse assunto em um ponto ções oficiais e atos normativos. Neste Manual, interes-
bem simples e objetivo a ser estudado. sa-nos tratá-la do ponto de vista do Serviço Público.
A redação oficial não é necessariamente árida e
z Notas do Prefácio de Gilmar Mendes contrária à evolução da língua. É que sua finalidade
básica – comunicar com objetividade e máxima cla-
Prefácio reza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
É com grande entusiasmo que recebo a incumbên- língua, de maneira diversa daquele da literatura, do
cia de prefaciar a terceira edição do Manual de Reda- texto jornalístico, da correspondência particular etc.
ção da Presidência da República, vinte e sete anos Apresentadas essas características fundamentais
após presidir a Comissão encarregada da primeira da redação oficial, passemos à análise pormenorizada
edição desta obra. de cada um de seus atributos. 67
A redação oficial deve caracterizar-se por: compreensão por seu destinatário. O que nos parece
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio
„ Clareza e precisão; que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrên-
„ Objetividade; cia de nossa experiência profissional, muitas vezes,
„ Concisão; faz com que os tomemos como de conhecimento geral,
„ Coesão e coerência; o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva,
„ Impessoalidade; esclareça, precise os termos técnicos, o significado das
„ Formalidade e padronização; e siglas e das abreviações e os conceitos específicos que
„ Uso da norma padrão da língua portuguesa. não possam ser dispensados.
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são
CLAREZA E PRECISÃO elaboradas certas comunicações quase sempre compro-
mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assun-
z Clareza tos atrasados”, diz a máxima. Evite, pois, o atraso, com
sua indesejável repercussão no texto redigido.
A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex- A clareza e a precisão não são atributos que se
to oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que atinjam por si sós: elas dependem estritamente das
possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se demais características da redação oficial, apresen-
concebe que um documento oficial ou um ato nor- tadas a seguir.
mativo de qualquer natureza seja redigido de forma
obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreen- OBJETIVIDADE
são. A transparência é requisito do próprio Estado
de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se
ato normativo não seja entendido pelos cidadãos. O deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para
princípio constitucional da publicidade não se esgota conseguir isso, é fundamental que o redator saiba
na mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à de antemão qual é a ideia principal e quais são as
necessidade de que o texto seja claro. secundárias.
Para a obtenção de clareza, sugere-se: Procure perceber certa hierarquia de ideias que
existe em todo texto de alguma complexidade: as
„ Utilizar palavras e expressões simples, em seu fundamentais e as secundárias. Essas últimas podem
sentido comum, salvo quando o texto versar
esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplifi-
sobre assunto técnico, hipótese em que se utili-
cá-las; mas existem também ideias secundárias que
zará nomenclatura própria da área;
não acrescentam informação alguma ao texto, nem
„ Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen-
tar as orações na ordem direta e evitar inter- têm maior relação com as fundamentais, podendo,
calações excessivas. Em certas ocasiões, para por isso, ser dispensadas, o que também proporciona-
evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da rá mais objetividade ao texto.
ordem inversa da oração; A objetividade conduz o leitor ao contato mais
„ Buscar a uniformidade do tempo verbal em direto com o assunto e com as informações, sem sub-
todo o texto; terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É erra-
„ Não utilizar regionalismos e neologismos; do supor que a objetividade suprime a delicadeza de
„ Pontuar adequadamente o texto; expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
„ Explicitar o significado da sigla na primeira
referência a ela; e CONCISÃO
„ Utilizar palavras e expressões em outro idioma
apenas quando indispensáveis, em razão de A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
serem designações ou expressões de uso já con- terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
sagrado ou de não terem exata tradução. Nesse transmitir o máximo de informações com o mínimo de
caso, grafe-as em itálico, conforme orientações palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como
do subitem 10.2 deste Manual.
economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar
passagens substanciais do texto com o único objetivo
z Precisão
de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de
excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que
O atributo da precisão complementa a clareza e
nada acrescentem ao que já foi dito.
caracteriza-se por:
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto
deve evitar caracterizações e comentários supérfluos,
„ Articulação da linguagem comum ou técnica
adjetivos e advérbios inúteis, além de uma subordina-
para a perfeita compreensão da ideia veiculada
no texto; ção excessiva. A seguir, um exemplo de período mal
„ Manifestação do pensamento ou da ideia com construído, prolixo:
as mesmas palavras, evitando o emprego de “Apurado, com impressionante agilidade e preci-
sinonímia com propósito meramente estilísti- são, naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à
co; e população acriana, verificou-se que a esmagadora e
„ Escolha de expressão ou palavra que não confi- ampla maioria da população daquele distante estado
ra duplo sentido ao texto. manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da
alteração realizada pela Lei nº 11.662/2008. Não satis-
É indispensável, também, a releitura de todo o tex- feita, inconformada e indignada, com a nova hora legal
to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população
obscuros provém principalmente da falta da releitu- do Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar
ra, o que tornaria possível sua correção. Na revisão ao quarto fuso, estando cinco horas a menos que em
68 de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil Greenwich.”
Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessá- IMPESSOALIDADE
rios, abusou-se no emprego de adjetivos (impressio-
nante, esmagadora, ampla, inconformada, indignada), A impessoalidade decorre de princípio constitucio-
o que lhe confere carga afetiva injustificável, sobre- nal (Constituição, art. 37), e seu significado remete a
tudo em texto oficial, que deve primar pela impes- dois aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que
soalidade. Eliminados os excessos, o período ganha a administração pública proceda de modo a não pri-
concisão, harmonia e unidade: vilegiar ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja,
“Apurado o resultado da consulta à população sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da
acreana, verificou-se que a maioria da população se pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a
manifestou pela rejeição da alteração realizada pela
ação administrativa ser exercida por intermédio de seus
Lei nº 11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora
legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da popu- servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal.
lação do Acre demonstrou que a ela seria melhor A redação oficial é elaborada sempre em nome do
regressar ao quarto fuso, estando cinco horas menos serviço público e sempre em atendimento ao interes-
que em Greenwich.” se geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos obje-
tos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de
COESÃO E COERÊNCIA outra forma que não a estritamente impessoal.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal
É indispensável que o texto tenha coesão e coerên- que deve ser dado aos assuntos que constam das
cia. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a har- comunicações oficiais decorre:
monia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o
texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se „ Da ausência de impressões individuais de quem
verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão comunica: embora se trate, por exemplo, de um
entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
expediente assinado por Chefe de determinada
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do
coerência de um texto são: referência, substituição,
elipse e uso de conjunção. serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável
padronização, que permite que as comunicações
z Referência elaboradas em diferentes setores da administra-
ção pública guardem entre si certa uniformidade;
Diz respeito aos termos que se relacionam a outros „ Da impessoalidade de quem recebe a comuni-
necessários a sua interpretação. Esse mecanismo cação: ela pode ser dirigida a um cidadão, sem-
pode dar-se por retomada de um termo, relação com pre concebido como público, ou a uma instituição
o que é precedente no texto, ou por antecipação de um privada, a outro órgão ou a outra entidade públi-
termo cuja interpretação dependa do que se segue. ca. Em todos os casos, temos um destinatário con-
Exemplos: cebido de forma homogênea e impessoal; e
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrup- „ Do caráter impessoal do próprio assunto tra-
ção. Ele aguardou a decisão do Plenário. tado: se o universo temático das comunicações
O TCU apontou estas irregularidades: falta de assi-
oficiais se restringe a questões que dizem res-
natura e de identificação no documento.
peito ao interesse público, é natural não caber
qualquer tom particular ou pessoal.
z Substituição

É a colocação de um item lexical no lugar de Não há lugar na redação oficial para impressões
outro(s) ou no lugar de uma oração. pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
Exemplos: carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jor-
O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder nal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial
Executivo federal propôs reduzir as alíquotas. deve ser isenta da interferência da individualidade de
O ofício está pronto. O documento trata da exone- quem a elabora. A concisão, a clareza, a objetividade
ração do servidor. e a formalidade de que nos valemos para elaborar os
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
seguida, os prefeitos fizeram o mesmo. alcançada a necessária impessoalidade.

z Elipse FORMALIDADE E PADRONIZAÇÃO


Consiste na omissão de um termo recuperável pelo
As comunicações administrativas devem ser
contexto.
sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo:
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, forma (BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as
os particulares. (Na segunda oração, houve a omissão comunicações feitas em meio eletrônico (por exem-
do verbo “regulamenta”). plo, o e-mail, o documento gerado no SEI! — O Sistema
Eletrônico de Informações é uma ferramenta de gestão
Dica de documentos —, o documento em html etc.), quanto
para os eventuais documentos impressos.
Outra estratégia para proporcionar coesão e coe- É imperativa, ainda, certa formalidade de trata-
rência ao texto é utilizar conjunção para estabele- mento. Não se trata somente do correto emprego deste
cer ligação entre orações, períodos ou parágrafos. ou daquele pronome de tratamento para uma autori-
Exemplo: dade de certo nível, mais do que isso: a formalidade
O Embaixador compareceu à reunião, pois iden- diz respeito à civilidade no próprio enfoque dado ao
tificou o interesse de seu Governo pelo assunto. assunto do qual cuida a comunicação. 69
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à Essa informação nos ajuda a entender por que os
necessária uniformidade das comunicações. Ora, se dois pronomes acima são de 2ª pessoa, entretanto,
a administração pública federal é una, é natural que as quando usamos o “você”, o verbo e os demais prono-
comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O esta- mes que a ele se referem ficam na 3ª pessoa; ao con-
belecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, trário do que ocorre com o “tu”, cujas concordâncias
exige que se atente para todas as características da redação são em 2ª pessoa. Afinal, se existe um distanciamento
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. entre as pessoas revelado pelo “você”, as concordân-
A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes cias devem realmente ser em 3ª pessoa.
para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer
necessária a impressão, e a correta diagramação do z Emprego dos pronomes de tratamento
texto são indispensáveis para a padronização. Consul-
Modernamente, então, temos:
te o Capítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito
de normas específicas para cada tipo de expediente. „ Você (s): para tratamento informal;
Em razão de seu caráter público e de sua finalidade, „ Senhor (e flexões): para tratamento cerimo-
os atos normativos e os expedientes oficiais requerem nioso formal.
o uso do padrão culto do idioma, que acata os precei-
tos da gramática formal e emprega um léxico compar- Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de
tilhado pelo conjunto dos usuários da língua. O uso do tratamento adota a segunda pessoa do plural, de
padrão culto é, portanto, imprescindível na redação maneira indireta, para referenciar atributos da pes-
oficial por estar definido como padrão para tal ativi- soa à qual se dirige. Na redação oficial, é necessário
dade, sendo importante evitar as diferenças lexicais, atenção para o uso dos pronomes de tratamento em
morfológicas ou sintáticas, regionais, os modismos três momentos distintos: no endereçamento, no voca-
vocabulares e as particularidades linguísticas. tivo e no corpo do texto. No vocativo, o autor dirige-se
Recomendações: A língua culta é contra a pobre- ao destinatário no início do documento. No corpo do
za de expressão e não contra a sua simplicidade; texto, pode-se empregar os pronomes de tratamento
O uso do padrão culto não significa empregar a lín- em sua forma abreviada ou por extenso. O endereça-
gua de modo rebuscado ou utilizar figuras de lingua- mento é o texto utilizado no envelope que contém a
gem próprias do estilo literário; correspondência oficial.
A consulta ao dicionário e à gramática é imperati- A seguir, alguns exemplos de utilização de prono-
va na redação de um bom texto. mes de tratamento no texto oficial.
Pode-se concluir que não existe propriamente um
padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma AUTORIDADE Presidente da República
padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
ou será obedecida certa tradição no emprego das formas Excelentíssimo Senhor Presi-
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se VOCATIVO
dente da República,
consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser TRATAMENTO NO
Vossa Excelência
evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada. CORPO DO TEXTO

ABREVIATURA Não se usa


ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL

A redação das comunicações oficiais deve, antes Presidente do Congresso


AUTORIDADE
de tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Nacional
“Aspectos gerais da redação oficial”. Além disso, há carac-
terísticas específicas de cada tipo de expediente, que ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de pas- Excelentíssimo Senhor Presi-
sarmos a sua análise, vejamos outros aspectos comuns a VOCATIVO
dente do Congresso Nacional,
quase todas as modalidades de comunicação oficial.
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
z Pronomes de tratamento CORPO DO TEXTO

ABREVIATURA Não se usa


De acordo com a forma como queremos ou deve-
mos tratar as pessoas, ou seja, de maneira formal ou
informal, empregamos determinados pronomes cha- Presidente do Supremo Tribu-
mados de tratamento. Assim, originalmente, usamos: AUTORIDADE
nal Federal

„ Tu: para tratamento íntimo, familiar, informal; ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
„ Você (s): para tratamento cerimonioso formal. Excelentíssimo Senhor Pre-
VOCATIVO sidente do Supremo Tribunal
Muitos de vocês devem ter estranhado essa coloca- Federal,
ção, mas é a verdade. Só estranhamos, porque usamos
o “você” para qualquer pessoa, independentemente de TRATAMENTO NO Vossa Excelência
haver com ela intimidade ou não. Mas isso não quer CORPO DO TEXTO
dizer nada, afinal por que a língua teria os dois prono-
ABREVIATURA Não se usa
70 mes? Porque há um motivo: o que mostramos acima.
AUTORIDADE Vice-Presidente da República AUTORIDADE Senador da República

ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor

Senhor Vice-Presidente da VOCATIVO Senhor Senador,


VOCATIVO
República,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
TRATAMENTO NO Vossa Excelência CORPO DO TEXTO
CORPO DO TEXTO
ABREVIATURA V. Exa.
ABREVIATURA V. Exa.

AUTORIDADE Deputado Federal


AUTORIDADE Ministro de Estado ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor VOCATIVO Senhor Deputado,
VOCATIVO Senhor Ministro, TRATAMENTO NO Vossa Excelência
TRATAMENTO NO Vossa Excelência CORPO DO TEXTO
CORPO DO TEXTO ABREVIATURA V. Exa.
ABREVIATURA V. Exa.
Ministro do Tribunal de Contas
AUTORIDADE
da União
Secretário-Executivo de Minis-
AUTORIDADE tério e demais ocupantes ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
de cargos de natureza especial
Senhor Ministro do Tribunal de
VOCATIVO
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor Contas da União,

VOCATIVO Senhor Secretário-Executivo, TRATAMENTO NO Vossa Excelência


CORPO DO TEXTO
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO ABREVIATURA V. Exa.

ABREVIATURA V. Exa.
Ministro dos Tribunais
AUTORIDADE
Superiores
AUTORIDADE Embaixador
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
VOCATIVO Senhor Ministro,
VOCATIVO Senhor Embaixador,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
TRATAMENTO NO Vossa Excelência CORPO DO TEXTO
CORPO DO TEXTO
ABREVIATURA V. Exa.
ABREVIATURA V. Exa.

A profusão de normas estabelecendo hipóteses de


Oficial-General das Forças tratamento por meio do pronome “Vossa Excelência”
AUTORIDADE para categorias específicas tornou inviável arrolar
Armadas
todas as hipóteses, por isso, trouxemos apenas alguns
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
exemplos mais recorrentes.
VOCATIVO Senhor + Posto,
Concordância com os pronomes de tratamento
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
Os pronomes de tratamento apresentam certas
LÍNGUA PORTUGUESA

ABREVIATURA V. Exa. peculiaridades quanto às concordâncias verbal, nomi-


nal e pronominal. Embora se refiram à segunda pes-
soa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam a
AUTORIDADE Outros postos militares concordância para a terceira pessoa.
ENDEREÇAMENTO Ao Senhor Os pronomes Vossa Excelência ou Vossa Senhoria
são utilizados para se comunicar diretamente com o
VOCATIVO Senhor + Posto, receptor. Ex.: Vossa Senhoria designará o assessor.
TRATAMENTO NO Vossa Excelência Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
CORPO DO TEXTO a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
pessoa. Ex.: Vossa Senhoria designará seu substituto. (E
ABREVIATURA V. Exa.
não “Vossa Senhoria designará vosso substituto.”) 71
Já quanto aos adjetivos referidos a esses prono- o Presidente francês ou o presidente francês). Porém,
mes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo em palavras com hífen, após se optar pelo uso da
da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que maiúscula ou da minúscula, deve-se manter a escolha
compõe a locução. Ex.: Se o interlocutor for homem, o para a grafia de todos os elementos hifenizados: pode-
correto é: Vossa Excelência está atarefado. -se escrever “Vice-Presidente” ou “vice-presidente”,
O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer mas não “Vice-presidente”.
referência a alguma autoridade (indiretamente). Ex.:
A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da Casa z Vocativo
Civil (por exemplo, no endereçamento do expediente).
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas
z Signatário comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido
de vírgula.
„ Cargos interino e substituto: na identificação Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, uti-
do signatário, depois do nome do cargo, é pos- liza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentís-
sível utilizar os termos interino e substituto, sima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vírgula.
conforme situações a seguir: interino é aquele Exemplos:
nomeado para ocupar transitoriamente cargo Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
público durante a vacância; substituto é aque- Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
le designado para exercer as atribuições de Nacional;
cargo público vago ou no caso de afastamen- Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tri-
to e impedimentos legais ou regulamentares bunal Federal.
do titular. Esses termos devem ser utilizados As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas
depois do nome do cargo, sem hífen, sem vírgu- por Vossa Excelência, receberão o vocativo Senhor ou
la e em minúsculo. Senhora seguido do cargo respectivo.
Exemplos:
Exemplos: Diretor-Geral interino; Senhora Beneficiária;
Secretário-Executivo substituto. Senhor Contribuinte.
Na hipótese de comunicação com particular,
„ Signatárias do sexo feminino pode-se utilizar o vocativo Senhor ou Senhora e a
forma utilizada pela instituição para referir-se ao
Na identificação do signatário, o cargo ocupado interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte,
por pessoa do sexo feminino deve ser flexionado no eleitor etc.
gênero feminino. Exemplos:
Exemplos: Ministra de Estado; Senhora Senadora;
Secretária-Executiva interina; Senhor Juiz;
Técnica Administrativa;
Senhora Ministra.
Coordenadora Administrativa.
Ainda, quando o destinatário for um particular, no
vocativo, pode-se utilizar Senhor ou Senhora seguido
„ Grafia de cargos compostos: escrevem-se com
do nome do particular ou pode-se utilizar o vocativo
hífen.
“Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.
Exemplos:
Exemplos:
Senhora [Nome];
Cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-ge-
Prezado Senhor.
ral, relator-geral, ouvidor-geral;
Em comunicações oficiais, está abolido o uso de
Postos e gradações da diplomacia: primeiro-secre-
Digníssimo (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.).
tário, segundo-secretário;
Evite-se o uso de “doutor” indiscriminadamente. O
Postos da hierarquia militar: tenente-coronel,
tratamento por meio de Senhor confere a formalidade
capitão-tenente;
desejada.
Exemplos:
Senhora [Nome];
Importante!
Prezado Senhor.
Nomes compostos com elemento de ligação
preposicionado ficam sem hífen: general de exér- FINALIDADE DO EXPEDIENTES OFICIAIS
cito, general de brigada, tenente-brigadeiro do ar,
capitão de mar e guerra. z O padrão ofício

Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos


Cargos que denotam hierarquia dentro de uma de expedientes que se diferenciavam antes pela finali-
empresa: diretor-presidente, diretor-adjunto, editor- dade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memoran-
-chefe, sócio-gerente, diretor-executivo; do. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar
Cargos formados por numerais: primeiro-minis- nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o que
tro, primeira-dama; chamamos de padrão ofício.
Cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”: A distinção básica anterior entre os três era:
ex-diretor, vice-coordenador.
O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o uso „ Aviso: era expedido exclusivamente por Minis-
de iniciais maiúsculas em palavras usadas reveren- tros de Estado, para autoridades de mesma
cialmente, por exemplo para cargos e títulos (exemplo:
72 hierarquia;
„ Ofício: era expedido para e pelas demais auto- Exemplo:
ridades; e
„ Memorando: era expedido entre unidades
administrativas de um mesmo órgão.

Nesta nova edição, ficou abolida aquela distinção e


passou-se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses.
A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento
aparece no documento oficial.

z Partes do documento no padrão ofício

„ Cabeçalho: o cabeçalho é utilizado apenas na


primeira página do documento, centraliza-
do na área determinada pela formatação (ver
subitem “Formatação e apresentação”).

No cabeçalho, deverão constar os seguintes


elementos:
[Nome do órgão]
„ Brasão de Armas da República: no topo da [Secretaria/Diretoria]
página. Não há necessidade de ser aplicado em [Departamento/Setor/Entidade]
cores. O uso de marca da instituição deve ser
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone,
evitado na correspondência oficial para não se
endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrô-
sobrepor ao Brasão de Armas da República.
nico oficial da instituição, podem ser informados no
rodapé do documento, centralizados.

z Identificação do expediente

Os documentos oficiais devem ser identificados da


seguinte maneira:

„ Nome do documento: tipo de expediente por


extenso, com todas as letras maiúsculas;
„ Indicação de numeração: abreviatura da
palavra “número”, padronizada como No;
„ Informações do documento: número, ano
(com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que
expede o documento, da menor para a maior
hierarquia, separados por barra (/); e
„ Alinhamento: à margem esquerda da página.

Exemplo: OFÍCIO Nº 652/2018/SAA/SE/MT

z Local e data do documento

Na grafia de datas em um documento, o conteúdo


deve constar da seguinte forma:
O desenho oficial atualizado do Brasão de Armas
„ Composição: local e data do documento;
da República pode ser localizado no sítio eletrôni-
co da Presidência da República, na seção Símbolos „ Informação de local: nome da cidade onde foi
Nacionais. Disponível em: http://www2.planalto.gov. expedido o documento, seguido de vírgula. Não
se deve utilizar a sigla da unidade da federação
LÍNGUA PORTUGUESA

br/conheca-a-presidencia/acervo/simbolos-nacionais/
brasao/brasao-da-republica.jpg/view depois do nome da cidade;
No caso de documento a ser impresso, exclusiva- „ Dia do mês: em numeração ordinal se for o
mente quando o signatário for o Presidente da Repú- primeiro dia do mês e em numeração cardinal
blica, Ministro de Estado ou a autoridade máxima de para os demais dias do mês. Não se deve uti-
autarquia, será utilizado timbre em relevo branco, lizar zero à esquerda do número que indica o
nos termos do disposto no Decreto no 80.739, de 14 de dia do mês;
novembro de 1977. „ Nome do mês: deve ser escrito com inicial
minúscula;
„ Nome do órgão principal; „ Pontuação: coloca-se ponto-final depois da
„ Nomes dos órgãos secundários, quando neces- data; e
sários, da maior para a menor hierarquia; e „ Alinhamento: o texto da data deve ser alinha-
„ Espaçamento: entrelinhas simples (1,0). do à margem direita da página. 73
Exemplo: Exemplos:
Brasília, 2 de fevereiro de 2018. Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão
julho/2018.
z Endereçamento Assunto: Aquisição de computadores.

O endereçamento é a parte do documento que z Texto do documento


informa quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos: O texto do documento oficial deve seguir a seguin-
te padronização de estrutura:
„ Vocativo: na forma de tratamento adequada
para quem receberá o expediente (ver subitem
„ Nos casos em que não seja usado para enca-
“4.1 Pronomes de tratamento”);
„ Nome: nome do destinatário do expediente; minhamento de documentos, o expediente
„ Cargo: cargo do destinatário do expediente; deve conter a seguinte estrutura:
„ Endereço: endereço postal de quem receberá o
expediente, dividido em duas linhas: Introdução: em que é apresentado o objetivo da
comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de,
Primeira linha: informação de localidade/logra- Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira
douro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico;
órgão, informação do setor; Desenvolvimento: em que o assunto é detalhado;
Segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede- se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto,
ração, separados por espaço simples. Na separação elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que
entre cidade e unidade da federação pode ser substi- confere maior clareza à exposição; e
tuída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso Conclusão: em que é afirmada a posição sobre o
de ofício ao mesmo órgão, não é obrigatória a infor-
assunto.
mação do CEP, podendo ficar apenas a informação da
cidade/unidade da federação; e
„ Quando forem usados para encaminhamento
„ Alinhamento: à margem esquerda da página. de documentos, a estrutura é modificada:

O pronome de tratamento no endereçamento das Introdução: deve iniciar com referência ao expe-
comunicações dirigidas às autoridades tratadas por diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa
Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Exce- do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar
lência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”. com a informação do motivo da comunicação, que é
Quando o tratamento destinado ao receptor for encaminhar, indicando a seguir os dados completos
Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é do documento encaminhado (tipo, data, origem ou
“Ao Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se signatário e assunto de que se trata) e a razão pela
utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A qual está sendo encaminhado; e
Sua Senhoria a Senhora”. Exemplos:
Exemplos: Em resposta ao Ofício no 12, de 1º de fevereiro de
A Sua Excelência o Senhor 2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril
[Nome]
de 2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas,
Ministro de Estado da Justiça
Esplanada dos Ministérios Bloco T que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.
70064-900 Brasília/DF Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia
do Ofício no 12, de 1º de fevereiro de 2018, do Pre-
À Senhora sidente da Confederação Nacional da Indústria, a
[Nome] respeito de projeto de modernização de técnicas agrí-
Diretora de Gestão de Pessoas colas na região Nordeste.
SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I Desenvolvimento: se o autor da comunicação
70070-030 Brasília. DF desejar fazer algum comentário a respeito do docu-
mento que encaminha, poderá acrescentar pará-
z Assunto grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há
parágrafos de desenvolvimento em expediente usado
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o para encaminhamento de documentos.
documento, de forma sucinta.
Ele deve ser grafado da seguinte maneira: „ Tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o tex-
to do documento deve ser formatado da seguinte
„ Título: a palavra “Assunto” deve anteceder a frase maneira:
que define o conteúdo do documento, seguida de
dois-pontos;
Alinhamento: justificado;
„ Descrição do assunto: a frase que descreve o
conteúdo do documento deve ser escrita com Espaçamento entre linhas: simples;
inicial maiúscula, não se deve utilizar verbos Parágrafos:
e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras; Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
„ Destaque: todo o texto referente ao assun- cada parágrafo;
to, inclusive o título, deve ser destacado em Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
negrito; gem esquerda;
„ Pontuação: coloca-se ponto-final depois do Numeração dos parágrafos: apenas quando o
assunto; e documento tiver três ou mais parágrafos, desde o pri-
74 „ Alinhamento: à margem esquerda da página. meiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
Dica z Numeração das páginas
Houve alteração das fontes e símbolos de Times A numeração das páginas é obrigatória apenas a
New Roman para Calibri ou Carlito. partir da segunda página da comunicação. Ela deve
ser centralizada na página e obedecer à seguinte
z Fechos para comunicações formatação:

O fecho das comunicações oficiais objetiva, além „ Posição: no rodapé do documento, ou acima da
da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o des- área de 2 cm da margem inferior; e
tinatário. Os modelos para fecho anteriormente utili-
„ Fonte: Calibri ou Carlito.
zados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do
Ministério da Justiça, que estabelecia quinze padrões.
z Formatação e apresentação
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los,
este Manual estabelece o emprego de somente dois Os documentos do padrão ofício devem obedecer à
fechos diferentes para todas as modalidades de comu- seguinte formatação:
nicação oficial:
Para autoridades de hierarquia superior à do „ Tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
remetente, inclusive o Presidente da República: „ Margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm
Respeitosamente, de largura;
Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar- „ Margem lateral direita: 1,5 cm;
quia inferior ou demais casos: Atenciosamente, „ Margens superior e inferior: 2 cm;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações
„ Área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem
partir da margem superior do papel;
a rito e tradição próprios.
„ Área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior
„ O fecho da comunicação deve ser formatado do documento;
da seguinte maneira: „ Impressão: na correspondência oficial, a
impressão pode ocorrer em ambas as faces do
Alinhamento: alinhado à margem esquerda da papel. Nesse caso, as margens esquerda e direita
página; terão as distâncias invertidas nas páginas pares
Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
(margem espelho);
gem esquerda;
„ Cores: os textos devem ser impressos na cor
Espaçamento entre linhas: simples;
Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após preta em papel branco, reservando-se, se
cada parágrafo e não deve ser numerado. necessário, a impressão colorida para gráficos
e ilustrações;
z Identificação do signatário „ Destaques: para destaques, deve-se utilizar,
sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presi-
com uso de itálico, sublinhado, letras maiús-
dente da República, todas as demais comunicações ofi-
culas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou
ciais devem informar o signatário segundo o padrão:
qualquer outra forma de formatação que afete
„ Nome: nome da autoridade que as expede, gra- a sobriedade e a padronização do documento;
fado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se „ Palavras estrangeiras: palavras estrangeiras
usa linha acima do nome do signatário; devem ser grafadas em itálico;
„ Cargo: cargo da autoridade que expede o docu- „ Arquivamento: dentro do possível, todos os
mento, redigido apenas com as iniciais maiús- documentos elaborados devem ter o arquivo
culas. As preposições que liguem as palavras do
de texto preservado para consulta posterior ou
cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
aproveitamento de trechos para casos análogos.
„ Alinhamento: a identificação do signatário
deve ser centralizada na página. Deve ser utilizado, preferencialmente, forma-
to de arquivo que possa ser lido e editado pela
LÍNGUA PORTUGUESA

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a maioria dos editores de texto utilizados no ser-
assinatura em página isolada do expediente. Trans- viço público, tais como docx, odt ou rtf.
fira para essa página ao menos a última frase anterior „ Nome do arquivo: para facilitar a localização,
ao fecho os nomes dos arquivos devem ser formados da
Exemplo:
seguinte maneira:
(espaço para assinatura)
NOME
tipo do documento + número do documento + ano do
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presi-
dência da República documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do conteúdo
(espaço para assinatura) Exemplo:
NOME Ofício 123_2018_relatório produtividade anual
Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas Seguem exemplos de Ofício: 75
76
(29,7 cm x 21 cm)

LÍNGUA PORTUGUESA

77
78
ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO

z Variações dos documentos oficiais

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:

„ [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um
órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
„ [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expe-
diente para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
„ [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o
mesmo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

z Exposição de Motivos

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:


propor alguma medida; submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou informá-lo de determinado
assunto.
A exposição de Motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que
o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros
envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

z Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:

„ Apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou
informar ao Presidente da República algum assunto;
„ Indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se
solucionar o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes
sobre o assunto informado, quando for esse o caso; e
„ Na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que permi-
tam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:

„ Permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;


„ Ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a
edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições
normativas no âmbito do Poder Executivo;
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Conferir transparência aos atos propostos;


„ Resumir os principais aspectos da proposta; e
„ Evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos


ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.

z Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República. 79
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do assunto Forma
e Estrutura, são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a exposição
de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
Exemplo de exposição de motivos:

80
z Mensagem

A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente, as
mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da adminis-
LÍNGUA PORTUGUESA

tração pública; para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter ao
Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer
comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias
caberá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

„ Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de lei


complementar e os que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais
e créditos adicionais: os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime normal (Consti-
tuição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). O projeto pode ser encaminhado sob o regime
normal e, mais tarde, ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. 81
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos „ Encaminhamento das contas referentes ao
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada exercício anterior: o Presidente da República
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil tem o prazo de 60 dias após a abertura da ses-
da Presidência da República ao Primeiro-Secretário são legislativa para enviar ao Congresso Nacio-
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua nal as contas referentes ao exercício anterior
tramitação (Constituição, art. 64, caput). (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para
Quanto aos projetos de lei que compreendem pla- exame e parecer da Comissão Mista permanen-
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos te (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a
anuais e créditos adicionais, as mensagens de enca- Câmara dos Deputados realizar a tomada de
contas (Constituição, art. 51, caput, inciso II) em
minhamento dirigem-se aos membros do Congresso
procedimento disciplinado no art. 215 do seu
Nacional, e os respectivos ofícios são endereçados
Regimento Interno.
ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é
„ Mensagem de abertura da sessão legislati-
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação
va: deve conter o plano de governo, exposição
congressual em sessão conjunta, mais precisamente,
sobre a situação do país e a solicitação de pro-
“na forma do regimento comum”. E, à frente da Mesa
vidências que julgar necessárias (Constituição,
do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado
art. 84, inciso XI). O portador da mensagem é o
Federal (Constituição, art. 57, § 5º), que comanda as
Chefe da Casa Civil da Presidência da Repúbli-
sessões conjuntas.
ca. Esta mensagem difere das demais, porque
vai encadernada e é distribuída a todos os con-
„ Encaminhamento de medida provisória: gressistas em forma de livro.
para dar cumprimento ao disposto no art. 62 „ Comunicação de sanção (com restituição
da Constituição, o Presidente da República de autógrafos): esta mensagem é dirigida aos
encaminha Mensagem ao Congresso, dirigida a Membros do Congresso Nacional, encaminhada
seus Membros, com ofício para o Primeiro-Se- por ofício ao Primeiro-Secretário da Casa onde
cretário do Senado Federal, juntando cópia da se originaram os autógrafos. Nela, se informa
medida provisória. o número que tomou a lei e se restituem dois
„ Indicação de autoridades: nas mensagens que exemplares dos três autógrafos recebidos, nos
submetem ao Senado Federal a indicação de quais o Presidente da República terá aposto o
pessoas para ocuparem determinados cargos despacho de sanção.
(magistrados dos tribunais superiores, minis- „ Comunicação de veto: dirigida ao Presidente
tros do Tribunal de Contas da União, presidentes do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a
e diretores do Banco Central, Procurador-Geral mensagem informa sobre a decisão de vetar, se
da República, chefes de missão diplomática, o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e
diretores e conselheiros de agências etc.) têm as razões do veto. Seu texto é publicado na ínte-
em vista que a Constituição, incisos III e IV do gra no Diário Oficial da União, ao contrário das
caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congres- demais mensagens, cuja publicação se restrin-
so Nacional competência privativa para aprovar ge à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
a indicação. „ Outras mensagens remetidas ao Legislativo:

O curriculum vitae do indicado, assinado, com a Apreciação de intervenção federal (Constituição,


informação do número de Cadastro de Pessoa Físi- art. 36, § 2º).
ca, acompanha a mensagem. Encaminhamento de atos internacionais que acar-
retam encargos ou compromissos gravosos (Constitui-
„ Pedido de autorização para o Presidente ou ção, art. 49, caput, inciso I);
o Vice-Presidente da República se ausenta- Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
rem do país por mais de 15 dias: trata-se de às operações e prestações interestaduais e de exporta-
exigência constitucional (Constituição, art. 49, ção (Constituição, art. 155, § 2º, inciso IV);
caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da Proposta de fixação de limites globais para o mon-
competência privativa do Congresso Nacional. O tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
Presidente da República, tradicionalmente, por caput, inciso VI);
cortesia, quando a ausência é por prazo inferior Pedido de autorização para operações financeiras
a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. Convocação extraordinária do Congresso Nacional
„ Encaminhamento de atos de concessão e (Constituição, art. 57, § 6º);
de renovação de concessão de emissoras de Pedido de autorização para exonerar o Procura-
rádio e TV: a obrigação de submeter tais atos dor-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso
à apreciação do Congresso Nacional consta no XI, e art. 128, § 2º);
inciso XII do caput do art. 49 da Constituição. Pedido de autorização para declarar guerra e decretar
Somente produzirão efeitos legais a outorga mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
ou a renovação da concessão após deliberação Pedido de autorização ou referendo para celebrar
do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
§ 3º). Descabe pedir na mensagem a urgência Justificativa para decretação do estado de defesa
prevista na Constituição, art. 64, uma vez que o ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º);
§ 1º do art. 223 já define o prazo da tramitação. Pedido de autorização para decretar o estado de
Além do ato de outorga ou renovação, acompa- sítio (Constituição, art. 137);
nha a mensagem o correspondente processo Relato das medidas praticadas na vigência do estado de
82 administrativo. sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5º);
Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de
veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8º);
Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
art. 188, § 1º). Forma e estrutura

As mensagens contêm:

„ Brasão: timbre em relevo branco


„ Identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
„ Vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
com o recuo de parágrafo dado ao texto;
„ Texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
„ Local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu sig-
natário. Exemplo de mensagem:

LÍNGUA PORTUGUESA

83
z Correio eletrônico (e-mail) z Local e data

A utilização do e-mail para a comunicação tornou- São desnecessários no corpo da mensagem, uma
-se prática comum, não só em âmbito privado, mas vez que o próprio sistema apresenta essa informação.
também na administração pública. O termo e-mail
pode ser empregado com três sentidos. Dependendo z Saudação inicial/vocativo
do contexto, pode significar gênero textual, endereço
eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado
eletrônica. por uma saudação. Quando endereçado para outras
Como gênero textual, o e-mail pode ser conside- instituições, para receptores desconhecidos ou para
rado um documento oficial, assim como o ofício. Por- particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme
tanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou
com uma comunicação oficial. “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado
Como endereço eletrônico utilizado pelos servido- Senhor”, “Prezada Senhora”.
res públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a Exemplos:
extensão “.gov.br”, por exemplo.
Senhor Coordenador,
Como sistema de transmissão de mensagens ele-
Prezada Senhora,
trônicas, por seu baixo custo e celeridade, transfor-
mou-se na principal forma de envio e recebimento de
z Fecho
documentos na administração pública.
Atenciosamente é o fecho padrão em comunica-
z Valor documental
ções oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o
uso de abreviações como “Att.”, e de outros fechos,
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de ampla-
documental, isto é, para que possa ser aceito como mente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
documento original, é necessário existir certificação devem ser utilizados em e-mails profissionais.
digital que ateste a identidade do remetente, segundo O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
os parâmetros de integridade, autenticidade e valida- uma saudação inicial e um fecho menos formal. No
de jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra- entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
sileira – ICP-Brasil. deve ser formal, como a que se usaria em qualquer
O destinatário poderá reconhecer como válido outro documento oficial.
o e-mail sem certificação digital ou com certificação
digital fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questiona- z Bloco de texto da assinatura
mento, será obrigatório a repetição do ato por meio
documento físico assinado ou por meio eletrônico Sugere-se que todas as instituições da administra-
reconhecido pela ICP-Brasil. ção pública adotem um padrão de texto de assinatura.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público A assinatura do e-mail deve conter o nome completo,
impor a aceitação de documento eletrônico que não o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
atenda os parâmetros da ICP-Brasil. Exemplo:
Maria da Silva
z Forma e estrutura Assessora
Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
Um dos atrativos de comunicação por correio (61)XXXX-XXXX
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interes-
sa definir padronização da mensagem comunicada. z Anexos
No entanto, devem-se observar algumas orientações
quanto à sua estrutura. A possibilidade de anexar documentos, planilhas
e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
z Campo “Assunto”
do e-mail. A mensagem que encaminha algum arqui-
vo deve trazer informações mínimas sobre o conteú-
O assunto deve ser o mais claro e específico pos-
do do anexo.
sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem.
Assim, quem irá receber a mensagem identificará Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele
rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, é realmente indispensável e se seria possível colocá-lo
posteriormente, localizar a mensagem na caixa do no corpo do correio eletrônico.
correio eletrônico. Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencami-
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramen- nhamento de anexos nas mensagens de resposta.
te o conteúdo completo da mensagem para que não Os arquivos anexados devem estar em formatos
pareça, ao receptor, que se trata de mensagem não usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um Quando se tratar de documento ainda em discussão,
assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião os arquivos devem, necessariamente, ser enviados em
84 sobre a Reforma da Previdência”. formato que possa ser editado.
z Recomendações

„ Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não esteja disponível, deve
constar da mensagem pedido de confirmação de recebimento;
„ Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos computadores, mantêm-se a recomendação de tipo de
fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta;
„ Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
„ A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros
documentos oficiais;
„ O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
utilizados;
„ Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
„ Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
„ Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de
logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
„ Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO

z Ata

Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para um determinado fim.

z Normas

Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de aber-
tura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela
autoridade delegação de poderes para tanto; esta também deverá numerar e rubricar todas as folhas do livro.
Como a ata é um documento de valor jurídico, deve ser lavrada de tal forma, que nada lhe poderá ser acrescen-
tado ou modificado. Se houver engano, o secretário escreverá a expressão “digo”, retificando o pensamento. Se o
engano for notado no final da ata, escrever-se-á a expressão — “Em tempo: Onde se lê..., leia-se...”.
Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também as abreviações. As atas são redigi-
das sem se deixarem espaços ou parágrafos. a fim de se evitarem acréscimos.
O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do indicativo.
Quanto à assinatura, deverão fazê-lo todas as pessoas presentes ou, quando deliberado, apenas o presidente
e o secretário.
Permite-se também a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que as mesmas sejam convenientemente
arquivadas, impossibilitando fraude.
Em casos muito especiais, usam-se formulários já impressos, como os das seções eleitorais.

Comércio de Peças 24 horas Ltda.

DATA/HORA E LOCAL - Aos vinte de abril de 2.002, às dez horas, na sede da sociedade, na rua Esmeralda nº
280, Bairro Pedralina, em Pedra Azul, em (nome do Estado), CEP 30.220.060; PRESENÇA – sócios representando
mais de ¾ do capital social; COMPOSIÇÃO DA MESA – FULANO DE TAL, presidente e BELTRANO DE TAL,
secretário; PUBLICAÇÕES – anúncio de convocação, no (órgão oficial do Estado) e no (jornal de grande
circulação), nas edições de 10, 11 e 12 do corrente mês, às fls ... e.., respectivamente; ORDEM DO DIA -
tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico;
DELIBERAÇÕES – após a leitura dos documentos mencionados na ordem do dia, que foram colocados à
disposição de todos os sócios, trinta dias antes, conforme recibo, postos em discussão e votação, foram aprovados
LÍNGUA PORTUGUESA

sem reservas e restrições; ENCERRAMENTO E APROVAÇÃO DA ATA. Terminados os trabalhos, inexistindo


qualquer outra manifestação, lavrou-se a presente ata que, lida, foi aprovada e assinada por todos os sócios.

Beltrano de Tal, Sicrano de Tal, Fulano de Tal , Filmando de tal, Orlando de Tal, Capistrano de Tal.

z Atestado

Atestado é o documento firmado por uma pessoa favor de outra, atestando a verdade a respeito de determina-
do fato. As repartições públicas, em razão de sua natureza, fornecem atestados, e não declarações.
O atestado difere da certidão, porque, enquanto esta prova fatos permanentes, aquele se refere a fatos
transitórios.
85
„ Como fazer:

O Atestado, geralmente, é fornecido por alguém que exerce posição de cargo superior ou igual ao da pessoa
que está pedindo o atestado;
O papel do atestado deve conter carimbo ou timbre da entidade que o expede;
O atestado costuma ser escrito em atendimento à solicitação do interessado.

„ A redação de um atestado apresenta a seguinte ordem:

Título, ou seja, a palavra ATESTADO em maiúsculas;


Nome e identificação da pessoa que emite (que pode ser escrito no final, após a assinatura) e o nome e identi-
ficação da pessoa que solicitou;
Texto, sempre resumido, claro e preciso, contendo o que se está confirmando ou negando;
Assinatura, nome e cargo ou função de quem atesta.

Secretaria de Segurança Pública


ATESTADO DE BONS ANTECEDENTES

Atestamos para os devidos fins que o Sr. Adelmiro Floresta, residente nesta cidade na Rua
Fagundes Sobrinho, 123, Bairro Sobradinho, é pessoa de bons antecedentes, nada constando em nossos ar-
quivos, até a presente data, que venha a desabonar sua conduta.

São Paulo, 9 de setembro de 2009.

Roberto Dagoberto
Roberto Dagoberto
Escrivão DE Polícia da 17ª DP

z Circular

Circular é o meio de correspondência pelo qual alguém se dirige, ao mesmo tempo, a várias repartições ou
pessoas. E, portanto, correspondência multidirecional. Na circular, não consta destinatário, pois ela não é unidi-
recional, e o endereçamento vai no envelope.

CIRCULAR GERAL Nº 58, Porto Alegre, 17 de dezembro de 1998.

ASSUNTO: Obras no Estacionamento

Entre os dias X e Y o setor de estacionamento da Acme Com. Ltda. passará por obras de
reforma estrutural, de modo a melhorar o serviço prestado aos funcionários. Durante este período,
o local estará interditado sendo liberado o uso do pátio dos fundos para guarda dos veículos.
Atenciosamente,

Fulano de Tal
Fulano de Tal
Diretor-Geral de Negócios

86
z Declaração
Declaração é um documento que se assemelha ao atestado, mas que não deve ser expedido por órgãos públicos.
É um documento em que se manifesta uma opinião, conceito, resolução ou observação.
Compõe-se de

„ Título: DECLARAÇÃO;
„ Texto: nome do declarante – identificação pessoal ou profissional (ou ambas0, residência, domicílio, finali-
dade e exposição de assunto;
„ Local e data;
„ Assinatura (e identificação do signatário).

DECLARAÇÃO

Declaro, para os devidos fins, que Mulher Maravilha, brasileira, solteira, amazonense, natural
do município de Itacoatiara, nascida em 28 de fevereiro de 1986, filha de Batmam e de Super Girl
, trabalhou na Liga da Justiça no período de 1999 a 2006, exercendo com correção, responsabilidade e
competência a função de heroína para a qual está devidamente qualificada, conforme currículo anexo.

Manaus, 20 de abril de 2007

ClarkKent
_____________________
Super Homem

z Requerimentos

Requerimentos são instrumentos utilizados para os mais diferentes tipos de solicitações às autoridades ou
órgãos públicos. A seguir, apresentamos um modelo, que pode ser adaptado para os diferentes casos.
Nele, podemos observar as seguintes partes:

„ Nome e qualificação do requerente;


„ Exposição e solicitação;
„ Pedido de deferimento;
„ Local e data;
„ Assinatura.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

9 - 40/1
A Com FOCO Virtual, representada pelo Sr. João Paulo Silva, Gerente Comer-
cial, vem, mui respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que se digne declará-la de uti-
lidade pública federal, na conformidade da Lei n° 91, de 28 de agosto de 1935 e Decreto n°
50.517, de 02 de maio de 1961, para o que, anexa ao presente, os documentos exigidos pela lei.

Termos em que pede


LÍNGUA PORTUGUESA

deferimento.
Brasília, 25 de setembro de 2006.

João Paulo Silva


Gerente Comercial
Crotalo Nefasto

Importante!
Não é obrigatória a assinatura do presidente nos requerimentos apresentados como modelo, podendo fazê-lo
os seus prepostos desde que devidamente credenciados. 87
z Relatório

É modalidade de comunicação pela qual se faz a narração ou descrição, ordenada e mais ou menos minuciosa,
daquilo que se viu, ouviu ou observou.
Compõe-se de

„ Título: relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);


„ Vocativo - relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
„ Introdução - apresentação do observador e do fato observado;
„ Texto - exposição cronológica do fato observado;
„ Fecho;
„ Local e data;
„ Assinatura (e identificação do signatário).

RELATÓRIO DO CURSO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO

Senhor Superintendente Regional do Departamento de Polícia Federal do Distrito Federal – SR/


DPF/DF,

No período de 6 a 10 de novembro de 2006 foi realizado o Curso de Inteligência Policial no Combate


ao Narcotráfico para policiais do MERCOSUL e países Associados, oferecido pela Academia Nacional de
Polícia (ANP), sob supervisão do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do MERCOSUL (CCCP).
O evento ocorreu na Academia Nacional de Polícia em Brasília/Brasil, e contou com a participação de
22 alunos do MERCOSUL, sendo: (6) da Argentina; (1) do Chile; (1) do Uruguai; (2) da Venezuela e (12) do Brasil.
Na cerimônia de abertura estiveram presentes autoridades da Polícia Federal, como: o diretor de Inteligência
Policial, DPF RENATO HALFEN DA PORCIÚNCULA; o diretor da Academia Nacional de Polícia, DPF VALDINHO JACINTO
CAETANO;ocoordenadordePolíciaCriminalInternacional,DPFALBERTOLASSERREKRATZFILHO;alémdestasignatária;
Também estiveram presentes: o diretor do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do Mercosul,
Coronel Hugo Greca, da Argentina; o Sr. Hector Daniel Pujol, da Polícia Federal Argentina; Carlos Gabriel Heredia,
da Polícia de Segurança Aeroportuária da Argentina; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez, do
Ministério do Interior. E ainda, o Sr. Maikel Trento, da Assessoria Internacional do Ministério da Justiça do Brasil.
Discursaram na cerimônia a oficial de ligação do Brasil junto ao CCCP, DPF Mirânjela
M. B. Leite, que destacou as atividades a serem instituídas pelo centro; também o Diretor do
Centro, Cel. Hugo Greca; o diretor da ANP; e o diretor de Inteligência Policial. Todos destacaram a
importância da integração entre as forças de segurança pública do MERCOSUL e países associados,
como fundamental para buscar a eficácia no combate a criminalidade em todos os países.
Logo após a cerimônia de abertura do curso, o diretor da Diretoria de Combate ao Crime Organizado, Delegado de
PolíciaFederal,GetúlioBezerradosSantos,proferiupalestra,deumahora,abordandootema:CrimeOrganizadonoMercosul.
Na cerimônia de encerramento estiveram presentes, o diretor da Academia Nacional de Polícia, DPF
Valdinho Jacinto Caetano; o representante da Argentina Omar Aníbal Tabares; o oficial de ligação do Chile
Armando Muñoz Moreno; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez; além desta signatária.
Nos discursos de encerramento, foi destacada a importância de se fortalecer o Centro de Coordenação
e Capacitação Policial do MERCOSUL, para que se realizem os eventos de capacitação continuada
das forças de segurança e/ou policiais, enviando participantes, o que criará uma rede integrada de
pessoas, o que certamente reforçará o efetivo para o combate ao crime organizado nos nossos países.
Ao final foram entregues certificados a todos os participantes.
Brasília, 3 de janeiro de 2007.

Mariângela Margarida da Nata Leite


Mariângela Margarida da Nata Leite
Delegada da 89ª Delegacia de Chapecó - AC

z Parecer

A forma de comunicação pela qual um especialista emite uma opinião fundamentada sobre determinado
assunto.

„ Vocativo;
„ Identificação do especialista;
88
„ Introdução - apresentação do assunto;
„ Texto - exposição de opinião e seu fundamento;
„ Local e data;
„ Assinatura (e identificação do signatário).

Ref. Ação 001/1.01.0000000-0

Sr. Juiz,

Nomeado Perito na ação número 001/1.01.0000000-0, em que são partes Engênio Da Silva Civil, como Autor,
e Réunaldo Culpaldo , como Réu, venho trazer aos autos o Laudo Pericial produzido.
Introdução
A Perícia buscou identificar as características físicas e o valor de locação para o imóvel em questão,
situado a Rua Xavante Xexeu, 999, no bairro Xaxambu, em Cidade Caxumba Paulista .
Vistoria
A vistoria ao imóvel objeto desta ação foi realizada no dia 31 de março, às 9h, na presença do Réu e dos
procuradores das partes, Dr. Causídico Leal e Dr. Jurisprudêncio Legal.
Na ocasião foram examinadas as construções, avaliando-se o estado de conservação, e foram
tomadas medidas para identificar as áreas construídas com registro fotográfico e croqui do imóvel.
O terreno tem dimensões de 12m x 32m e área de 384m2. Verificou-se que existem duas construções
(identificadas nesse Laudo como Casa A e Casa B). Pode-se dizer que são duas construções, pois são independentes,
embora compartilhem parte de área coberta (área de serviço). A construção principal (Casa A) tem 106,40 m2
no total, sendo 63,00m2 referentes ao projeto original (fls. 28 dos autos em apenso – referentes à ação número
1000000000-1), com acréscimos posteriores. A outra construção (Casa B) tem 31,20m2. A área total construída é
de 137,60m2, aproximando-se da área apontada pela Prefeitura Municipal a fls. 25 dos mesmos autos em apenso.
Concluindo esse laudo pericial, ressalto as principais questões abordadas: (a) no terreno da matrícula MA 8875H
(AnexoI)existeumaáreaconstruídade137,60m2compostaporduascasas,umaemmadeiraeoutraemalvenaria(Fotografias
1 e 2, Tabela 1); e (b) o valor de locativo mensal adequado para essas construções é de R$ 400,00 (quatrocentos reais).

Para apreciação de V. Exa.,


Respeitosamente,
Cidade, 7 de abril de 2008.

Eugênio Da Silva Civil


Profissional
Engenheiro Civil

É muito importante deixar claro que o Decreto O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribui-
9.758, de 11 de abril de 2019, não alterou o Manual ção que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea
de Redação da Presidência da República. “O Decreto “a”, da Constituição, DECRETA:
dispõe sobre a forma de tratamento empregada na Objeto e âmbito de aplicação
comunicação, oral ou escrita, com agentes públicos
da administração pública federal direta e indireta, Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de trata-
e sobre a forma de endereçamento de comunicações mento empregada na comunicação, oral ou escri-
escritas a eles dirigidas.” Isso significa que serão ta, com agentes públicos da administração pública
novas regras aplicadas às redações oficiais realiza- federal direta e indireta (nota: os agentes do Poder
das a partir dessa data apenas entre os agentes do Executivo Federal), e sobre a forma de endereça-
Poder Executivo Federal. mento de comunicações escritas a eles dirigidas.
Comunicações destinadas aos outros poderes § 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimô-
nias das quais o agente público federal participe.
permanecem segundo o MRPR. Logo, só implicará
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto:
alteração em provas de concurso caso o edital traga
1. aos servidores públicos ocupantes de cargo
orientações que orientem sobre as mudanças per-
efetivo;
tinentes a esse decreto, indicando claramente que 2. aos militares das Forças Armadas ou das forças
serão cobradas as legislações correlatas ou especi- auxiliares;
ficando o Decreto n. 9.758, de 11 de abril de 2019. Do
LÍNGUA PORTUGUESA

3. aos empregados públicos;


contrário, valem unicamente as determinações que 4. ao pessoal temporário;
estão no MANUAL. 5. aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e
Tendo esclarecido isso, vamos à mudança em si. aos presidentes de empresas públicas e sociedades
Observa-se que as alterações se aplicam clara- de economia mista;
mente às formas de emprego dos pronomes de 6. aos empregados terceirizados que exercem ativi-
tratamento. dades diretamente para os entes da administração
pública federal;
DECRETO N. 9.758, DE 11 DE ABRIL DE 2019 7. aos ocupantes de cargos em comissão e de fun-
ções de confiança;
Dispõe sobre a forma de tratamento e de endere- 8. às autoridades públicas de qualquer nível hierár-
quico, incluídos os Ministros de Estado; e
çamento nas comunicações com agentes públicos da
9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.
administração pública federal. 89
§ 3º Este Decreto não se aplica:
1. às comunicações entre agentes públicos federais HORA DE PRATICAR!
e autoridades estrangeiras ou de organismos inter-
1. (CESPE-CEBRASPE– 2020) Texto CG3A2-I
nacionais; e
2. às comunicações entre agentes públicos da admi-
Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma
nistração pública federal e agentes públicos do
estranha pergunta explodiu de minha boca. De que
Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal
cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada, cus-
de Contas, da Defensoria Pública, do Ministério tei reconhecer o quarto da nova casa em que esta-
Público ou de outros entes federativos, na hipótese va morando e não conseguia me lembrar de como
de exigência de tratamento especial pela outra par- havia chegado até ali. E a insistente pergunta, mar-
te, com base em norma aplicável ao órgão, à entida- telando, martelando... De que cor eram os olhos
de ou aos ocupantes dos cargos. de minha mãe? Aquela indagação havia surgido
há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e
Pronome de tratamento adequado outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os
olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido
Art. 2º O único pronome de tratamento utiliza- um mero pensamento interrogativo, naquela noite
do na comunicação com agentes públicos federais é se transformou em uma dolorosa pergunta carrega-
“senhor”, independentemente do nível hierárquico, da de um tom acusativo. Então, eu não sabia de que
da natureza do cargo ou da função ou da ocasião. cor eram os olhos de minha mãe? (...)
Parágrafo único. O pronome de tratamento é fle-
E quando, após longos dias de viagem para chegar
xionado para o feminino e para o plural.
à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos
de minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?
Formas de tratamento vedadas
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria
Art. 3º É vedado na comunicação com agentes feliz. Mas, eram tantas lágrimas, que eu me pergun-
públicos federais o uso das formas de tratamento, tei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos
ainda que abreviadas: sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe
1. Vossa Excelência ou Excelentíssimo; trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por
2. Vossa Senhoria; isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor
3. Vossa Magnificência; dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água.
4. doutor; Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profun-
5. ilustre ou ilustríssimo; dos e enganosos para quem contempla a vida ape-
6. digno ou digníssimo; e nas pela superfície. Sim, águas de Mamãe Oxum.
7. respeitável.
§ 1º O agente público federal que exigir o uso Assinale a opção em que a palavra apresentada
dos pronomes de tratamento de que trata está corretamente grafada.
o caput, mediante invocação de normas espe-
a) atravéz
ciais referentes ao cargo ou carreira, deverá
b) obedescer
tratar o interlocutor do mesmo modo.
c) projeto
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo
d) meza
ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente e) sintonisar
caso haja erro na forma de tratamento empregada.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O texto desta questão
Endereçamento de comunicações será utilizado para responder as questões a seguir.

Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigi- Texto CG2A2-I


das a agentes públicos federais não conterá prono-
me de tratamento ou o nome do agente público. Atribui-se ao filósofo Rousseau o uso originário da
Parágrafo único. Poderão constar o pronome de expressão serviço público. Em um texto da obra O
tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do contrato social, a expressão abrange qualquer ativi-
destinatário nas hipóteses de: dade estatal. E o faz com duas conotações: de um
1. a mera indicação do cargo ou da função e do lado, trata-se de atividades destinadas ao serviço do
setor da administração ser insuficiente para a iden- público, isto é, ações pelas quais se assegura aos
tificação do destinatário; ou cidadãos a satisfação de uma necessidade sentida
coletivamente, sem que cada um tenha de atendê-la
2. a correspondência ser dirigida à pessoa de agente
pessoalmente; de outro, é concebida como uma ativi-
público específico.
dade estatal que sucede ao serviço do rei, porque se
operou uma substituição na titularidade da soberania.
Vigência
Na França e nos países que sofreram sua influência,
Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio esse conceito político de Rousseau vai extravasar
de 2019. para o plano jurídico, com as duas mesmas notas
Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independência entrelaçadas, que, por sinal, permanecem válidas na
e 131º da República. configuração atual do conceito, quais sejam: 1) tra-
90 JAIR MESSIAS BOLSONARO ta-se de uma atividade estatal, não de uma atividade
privada; 2) trata-se de uma atuação a serviço do públi- 4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto 1A3-I
co para satisfazer a uma necessidade sentida coleti-
vamente pela sociedade. A política tributária não se restringe ao objetivo de
abastecer os cofres públicos, mas tem também obje-
Ademais, para a captação do conceito de serviço públi- tivos econômicos e sociais. Se fosse aumentada a
co, deve-se considerar ainda o fator histórico- político, tributação sobre um produto considerado nocivo para
o seu surgimento em uma época presidida ideologica- o consumidor ou para a sociedade, o seu consumo
mente por determinada concepção das relações entre poderia ser desestimulado. Caso a intenção fosse
Estado e sociedade e pela separação de suas distintas promover uma melhor distribuição de renda, o Estado
esferas de atuação, que apareceram com a Revolução poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos
Francesa. mais consumidos pela população de renda mais baixa
e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta.
A concepção predominante no século XIX, na fórmula
do Estado liberal ou Estado abstencionista, pretendia Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de
o distanciamento do Estado em relação à vida social, determinado setor da economia, os custos desse setor
econômica e religiosa dos indivíduos. diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de
seus produtos e poderia gerar um crescimento das ven-
Esse afastamento significava, em primeiro lugar, a não das. Outro efeito viável dessa política seria o aumento
interferência do Estado na sociedade; daí as reduzi- do lucro das empresas, favorecendo-se, assim, a eleva-
das funções que lhe cabiam e a inibição do Estado no ção dos seus investimentos — e, consequentemente, da
âmbito econômico e social. Em segundo lugar, impor- produção — e o surgimento de novas empresas, o que
tava no antagonismo à existência de grupos interme- provavelmente resultaria no crescimento da produção,
diários que pudessem interpor-se entre o indivíduo bem como no acirramento da concorrência, com possí-
e o Estado, como associações políticas, culturais, veis reflexos sobre os preços. Em qualquer um desses
profissionais. cenários, o setor seria estimulado.

Ficando o indivíduo politicamente só diante do Esta- No texto 1A3-I, a oração “se o Estado reduzisse a tribu-
do, este se viu progressivamente obrigado a assumir, tação de determinado setor da economia” apresenta,
como próprias, algumas tarefas que, até então, não no período em que se insere, noção de
tinham sido consideradas estatais, por serem desen-
volvidas pela sociedade organicamente estruturada, a) concessão, uma vez que representa uma exceção às
ou seja, eram assumidas pela Igreja (em todas as suas regras de tributação do país.
múltiplas personificações), pelas fundações, pelas b) explicação, uma vez que esclarece uma ação que
corporações, pelas universidades e por outros entes diminuiria os custos do referido setor.
representativos do corpo social. c) proporcionalidade, uma vez que os custos do referi-
do setor diminuiriam à medida que se diminuísse a
Assim aconteceu, até meados do século XIX, com tributação.
os hoje chamados serviços públicos assistenciais e d) tempo, uma vez que a diminuição dos custos do referi-
sociais, aqueles que garantiam o direito do adminis- do setor ocorreria somente após a redução da tributa-
trado à conservação da vida e da saúde e ao aprimo- ção sobre ele.
ramento de sua personalidade, como beneficência, e) condição, uma vez que a diminuição dos custos do
saúde e educação, que eram atividades assumidas referido setor dependeria da redução da tributação
pela sociedade, embora o Estado as regulasse. sobre ele.

No texto CG2A2-I, o verbo “extravasar” tem o mesmo 5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG3A1-I
sentido de
No século 21, eu acredito que a missão da Organiza-
a) veicular. ção das Nações Unidas (ONU) será definida por uma
b) transformar. consciência nova e mais profunda da santidade e da
c) deliberar. dignidade de cada vida humana, independentemente de
d) expressar-se. raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o nosso
e) estender-se. olhar para além da estrutura dos Estados, ou da simples
superfície de nações ou comunidades. Devemos enfo-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Com base nas informa- car, como nunca, a melhoria das condições de vida de
ções veiculadas no texto CG2A2-I, é correto afirmar homens e mulheres, individualmente, que dão ao Estado
que o filósofo Rousseau ou à nação a sua riqueza e o seu caráter.
LÍNGUA PORTUGUESA

a) inspirou-se na expressão serviço público para escre- Neste novo século, devemos começar pela com-
ver a obra O contrato social. preensão de que a paz pertence não somente aos
b) não considerava como serviços públicos algumas ati- Estados ou povos, mas também a cada um e a todos
vidades do Estado. os membros dessas comunidades. A soberania dos
c) incluiu no conceito de serviço público as iniciativas Estados não mais deverá ser utilizada como um escu-
privadas. do contra grandes violações aos direitos humanos. A
d) exprimiu um conceito de serviços públicos que inclui paz deve ser real e tangível no dia a dia de cada indi-
a garantia do atendimento de necessidades dos víduo que dela necessite. Devemos buscá-la, acima
cidadãos. de tudo, pelo fato de ser a condição para que cada
e) não influenciou posteriores desdobramentos da membro da família humana possa levar uma vida de
expressão serviços públicos. dignidade e segurança. 91
A lição do século passado nos fez entender que amea- No período em que se insere no texto CG1A1-II, a ora-
çar ou atropelar a dignidade do indivíduo — como naque- ção “Ao coletar um dado” exprime uma circunstância
les países onde o cidadão não desfruta do direito básico de
de escolher o seu governo, ou do direito de o escolher
regularmente — resultou em conflitos, perdas de civis a) causa.
inocentes, vidas abreviadas e comunidades destruídas. b) modo.
c) finalidade.
Com efeito, os obstáculos à democracia têm muito d) explicação.
pouco a ver com cultura ou religião, e muito mais e) tempo.
com o desejo daqueles que se encontram no poder e
querem manter sua posição a qualquer custo. Não se 7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto CG3A3-II
trata de um fenômeno novo nem restrito a uma parte
específica do mundo. As pessoas de todas as cultu- Nascido em 1902, nos Estados Unidos da América,
ras prezam por sua liberdade de escolha e sentem a Theodore Schultz foi o primeiro acadêmico que efe-
necessidade de ter direito de voz nas decisões que tivamente sistematizou a relação existente entre
afetam suas vidas. aumento de investimentos em educação e aumento
de produtividade e salários no setor agrícola — e, claro,
No texto CG3A1-I, o sujeito elíptico das formas ver- na economia como um todo.
bais “levemos” e “Devemos” corresponde a
Em seus estudos, o economista comparou a situação
a) eu. de desequilíbrio entre países pobres(A), cuja capacida-
b) você. de de produção agrícola é baixa, e países ricos(A), de
c) eles. alta capacidade produtiva. Nessa análise(B), percebeu-
d) nós. -se(C) que os países desenvolvidos(E) possuíam muito
e) vós. mais dinheiro investido no chamado capital humano,
mais especificamente em educação.
6. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG1A1-II
Notavelmente, educação traz desenvolvimento econô-
Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º mico e social, além de gerar, em um contexto micro,
13.709/2018), dados pessoais são informações que habilidades para o indivíduo que possam ser apro-
podem identificar alguém. Dentro desse conceito, foi veitadas tanto por ele quanto por outros ao seu redor
criada uma categoria chamada de “dado sensível”, que — fato já conhecido por Schultz. Contudo, o pesquisa-
diz respeito a informações sobre origem racial ou étni- dor foi além e sistematizou a influência da educação
ca, convicções religiosas, opiniões políticas, saúde ou sobre a riqueza de uma nação. Ele analisou a econo-
vida sexual. Registros como esses, a partir da vigên- mia norte-americana e percebeu que a maior parte do
cia da lei, passam a ter nível maior de proteção, para crescimento econômico do país estava associada ao
evitar formas de discriminação. Todas as atividades capital humano, materializado em investimentos em
realizadas no país e todas as pessoas que estão no educação, e não no capital físico.
Brasil estão sujeitas à lei. A norma vale para coletas
operadas em outro país, desde que estejam relacio- Ainda nesse estudo, Schultz analisou os custos da
nadas a bens ou serviços ofertados a brasileiros. Mas educação. Além do óbvio custo material (profes-
há exceções, como a obtenção de informações pelo sores, infraestrutura e material escolar), há outros
Estado para a segurança pública. custos que envolvem, principalmente, tempo: pessoas
que trabalhariam passam a estudar — não produzindo,
Ao coletar um dado, as empresas deverão informar nem ganhando salários. Assim, Schultz concluiu que
a finalidade da coleta. Se o usuário aceitar repassar há custos para as pessoas (deixar de ganhar dinhei-
suas informações, o que pode acontecer, por exem- ro com trabalho para estudar) e eventualmente para o
plo, quando ele concorda com termos e condições de governo (pagar a educação das pessoas sem que elas
um aplicativo, as companhias passam a ter o direito produzam).
de tratar os dados (respeitada a finalidade específica),
desde que em conformidade com a legislação. A lei Seu trabalho o levou à conclusão de que países que
prevê uma série de obrigações, como a garantia da investem mais em educação tendem a ser mais ricos.
segurança das informações e a notificação do titular Segundo ele, mesmo que isso tenha um custo, quan-
em caso de um incidente de segurança. A norma per- to mais se investir na capacitação das pessoas, mais
mite a reutilização dos dados por empresas ou órgãos produtiva e rica uma nação será, de modo que os efei-
públicos, em caso de “legítimo interesse”. tos tendem a ser mais positivos que negativos.

Por outro lado, o titular ganhou uma série de direitos. A correção gramatical e os sentidos originais do
Ele pode, por exemplo, solicitar à empresa os dados segundo parágrafo do texto CG3A3-II seriam mantidos
que ela tem sobre ele, a quem foram repassados caso
(em situações como a de reutilização por “legítimo
interesse”) e para qual finalidade. Caso os registros a) as vírgulas empregadas logo após “pobres” e “ricos”
estejam incorretos, ele poderá cobrar a correção. Em fossem suprimidas.
determinados casos, o titular terá o direito de se opor b) a vírgula empregada logo após “análise” fosse
a um tratamento. A lei também prevê a revisão de deci- suprimida.
sões automatizadas tomadas com base no tratamen- c) o ponto final destacado em amarelo fosse substituí-
to de dados, como as notas de crédito ou os perfis de do por vírgula, com a devida alteração de maiúscula e
92 consumo. minúscula no início do período subsequente.
d) uma vírgula fosse inserida logo após “percebeu-se”. mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capa-
e) uma vírgula fosse introduzida logo após “desenvolvidos”. cidade dos países em produzir comida para todos.
A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e
8. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto 1A1-I métodos que aumentassem a produção.

O direito tributário brasileiro depara-se com grandes Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Eco-
desafios, principalmente em tempos de globalização nomia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes,
e interdependência dos sistemas econômicos. Entre identificou a existência de populações com fome mes-
essespontos de atenção, destacam-se três. O primeiro é mo em países que não convivem com problemas de
a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS. O principal tributo abastecimento. O economista indiano traçou então,
em vigor, atualmente, é estadual, o que faz contribuintes pela primeira vez, uma relação causal entre fome e
e advogados se debruçarem sobre vinte e sete diferentes questões sociais como pobreza e concentração de
legislações no país para entendê-lo. Isso se tornou um renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e
atentado contra o princípio de simplificação, contribuin- mudou o tom do debate internacional sobre a questão
do para o incremento de uma guerra fiscal entre os esta- e as políticas públicas(B) a serem tomadas a partir daí.
dos, que buscam alterar regras para conceder benefícios
e isenções, a fim de atrair e facilitar a instalação de novas As últimas décadas foram de grande evolução no com-
empresas. É, portanto, um dos instrumentos mais utili- bate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
zados na disputa por investimentos, gerando, com isso, 7,7% da população mundial superou o problema, o que
consequências negativas do ponto de vista tanto econô- representa 216 milhões de pessoas. É como se mais
micoquanto fiscal. que toda a população brasileira saísse da subnutrição
em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo
A competitividade gerada pela interdependência esta- ainda vive sem acesso a uma dieta(C) que forneça o
dual é outro ponto. Na década de 60, a adoção do mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma
imposto sobre valor agregado (IVA) trouxe um avan-
vida saudável, e 21 mil pessoas morrem diariamente
ço importante para a tributação indireta, permitindo a
por fome ou problemas derivados dela.
internacionalização das trocas de mercadorias com a
facilitação da equivalência dos impostos sobre con-
Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização
sumo e tributação, e diminuindo as diferenças entre
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricul-
países. O ICMS, adotado no país, é o único caso no
tura) mostra que a produção mundial de alimentos é
mundo de imposto que, embora se pareça com o IVA,
suficiente para atender a demanda(A) das 7,3 bilhões
não é administrado pelo governo federal — o que dá
aos estados total autonomia para administrar, cobrar de pessoas que habitam a Terra(D). Apesar disso, apro-
e gastar os recursos dele originados. A competência ximadamente uma em cada nove dessas pessoas ain-
estadual do ICMS gera ainda dificuldades na relação da vive a realidade da fome. A pesquisa põe em xeque
entre as vinte e sete unidades da Federação, dada a toda a política internacional de combate à subnutrição
coexistência dos princípios de origem e destino nas crônica colocada em prática nas últimas décadas. Em
transações comerciais interestaduais, que gera a já vez de crescimento da produção e ajudas momentâ-
comentada guerra fiscal. neas, surge agora como caminho uma abordagem ter-
ritorial que valorize e potencialize a produção local(E).
A harmonização com os outros sistemas tributários é
outro desafio que deve ser enfrentado. É preciso inte- Embora os números absolutos estejam caindo, o tema
grar-se aos países do MERCOSUL, além de promover ainda é um dos mais delicados da agenda internacio-
a aproximação aos padrões tributários de um mundo nal. Um exemplo da extensão do problema está na
globalizado e desenvolvido, principalmente quando se declaração dada em 2017 pelo Fundo das Nações
trata de Europa. Só assim o país recuperará o poder Unidas para a Infância (UNICEF), segundo a qual 1,4
da economia e poderá utilizar essa recuperação como milhão de crianças, de quatro diferentes países da
condição para intensificar a integração com outros paí- África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul —, cor-
ses e para participar mais ativamente da globalização. re risco iminente de morrer de fome. A questão é tão
antiga quanto complexa, e se conecta intrinsecamente
Mantendo-se a correção gramatical e o sentido origi- com a estrutura política e econômica sobre a qual o
nal do trecho “O direito tributário brasileiro depara-se sistema internacional está construído. Concentração
com grandes desafios”, do texto 1A1-I, o segmento da renda e da produção, falta de vontade política e até
“depara-se com” poderia ser substituído por mesmo desinformação e consolidação de uma cultura
alimentar pouco nutritiva são fatores que compõem o
a) depara-se a. cenário da fome e da desnutrição no planeta.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) confronta com.
c) depara-se diante de. A correção gramatical do texto CG2A1-I seria preser-
d) confronta-se a. vada se fosse inserido sinal indicativo de crase em
e) depara com.
a) “a demanda”.
9. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O texto desta questão b) “as políticas públicas”.
será utilizado para responder as questões a seguir. c) “a uma dieta” .
d) “a Terra”.
Texto CG2A1-I e) “a produção local”.

Na década de 1960, o mundo passou por um aumento 10. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No texto CG2A1-I, o ter-
populacional inédito devido à brusca queda na taxa de mo “a questão” remete à 93
a) pobreza. Segundo o filósofo francês Dany-Robert Dufour, a pós-
b) concentração de renda. -modernidade produz um sujeito não engendrado, o
c) fome. que significa um sujeito que se vê na posição de não
d) produção de alimentos. dever mais nada à geração precedente. Trata-se de
e) queda na taxa de mortalidade. uma condição que comporta riscos, pois, segundo
Dufour, desaparece o motivo geracional. No que tange
11. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Assinale a opção que à família, a consequência é o surgimento de relações
apresenta a frase correta do ponto de vista gramati- pautadas em trocas reais e carentes de valores sim-
cal e ortográfico. bólicos que se contraponham à lógica do consumo.
Assim, assiste-se a uma ruptura na ordem da trans-
a) Há pessoas no mundo que precisa usar óculos para missão, o que gera indivíduos desprovidos de identi-
enxergar o amor-próprio. dade sólida, condição esta que acarreta a redução de
b) Há pessoas no mundo que precisam usar óculos para sua capacidade crítica e dificulta o estabelecimento
enxergar o amor-próprio. de compromisso com a causa que lhe precede.
c) Há pessoas no mundo que precisam usar óculos para
enchergar o amor-próprio. As autoras do texto CG1A1-I consideram que
d) Hão pessoas no mundo que precisam usar óculos
para enxergar o amor-próprio. a) o fato de duas ou mais pessoas viverem juntas é bas-
e) Há pessoas no mundo que precizam usar óculos para tante para que sejam consideradas uma família.
enxergar o amor-próprio. b) a família, na atualidade, define-se como instituição
cujos membros não se comprometem uns com os
outros.
12. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Assinale a opção que
c) a família concebida nos moldes tradicionais não exis-
apresenta a frase gramaticalmente correta.
te no século XXI.
d) o conceito geral de família sempre esteve em constan-
a) Fazem dois anos que saí do emprego.
te mudança.
b) Beatriz e eu gostamos de ir à praia.
e) a definição de família constitui um grande desafio.
c) Aconteceu muitas festas no ano passado.
d) Os sapatos pretos que combinava com seus vestidos.
14. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Cada uma das opções
e) Têm muito barulho nessa festa.
a seguir apresenta uma proposta de reescrita para
o seguinte trecho do texto CG1A1-I: “Trata-se de
13. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG1A1-I uma condição que comporta riscos, pois, segundo
Dufour, desaparece o motivo geracional.”.
“Família, família/ vive junto todo dia/ nunca perde essa
mania” — os versos da canção Família, composta por Assinale a opção em que a proposta de reescrita apre-
Arnaldo Antunes e Tony Belotto na década de 80 do sentada mantém os sentidos originais e a correção
século passado, no Brasil, parece que já não traduzem gramatical do texto.
mais a realidade dos arranjos familiares. Observa-se
que a solidez dos lugares ocupados por cada uma a) Isso se trata de uma condição que comporta riscos,
das pessoas, nos moldes da família nuclear, não se pois, segundo Dufour, desaparece o motivo geracional.
adéqua à realidade social do momento, em que as b) Segundo Dufour, trata-se de uma condição que com-
relações são caracterizadas por sua dinamicidade e porta riscos, pois desaparece o motivo geracional.
pluralidade. De acordo com o médico e psicanalista c) Trata-se de uma condição que comporta riscos pois,
Jurandir Freire Costa, “família nem é mais um modo de segundo Dufour, desaparece o motivo geracional.
transmissão do patrimônio material; nem de perpetua- d) Trata-se de uma condição que comporta riscos, visto
ção de nomes de linhagens; nem da tradição moral ou que o motivo geracional, segundo Dufour, desaparece.
religiosa; tampouco é a instituição que garante a esta- e) Se trata de uma condição que redunda em riscos, pois,
bilidade do lugar em que são educadas as crianças”. segundo Dufour, o motivo geracional desaparece.

Então, o que é a família? Como defini-la, consideran- 15. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG2A1-I
do-se que uma de suas marcas na pós-modernidade é A tecnologia, especialmente a Internet, exerce grande
justamente a falta de definição? Para a cientista social influência em vários segmentos do nosso dia a dia.
e política Elizabete Dória Bilac, a variabilidade histó- Você já reparou que hoje assistimos a filmes e ouvi-
rica da instituição família desafia qualquer conceito mos músicas via computador e celulares com siste-
geral de família. ma operacional? Esses exemplos são só alguns que
sofrem influência das novas tecnologias de informa-
A centralidade assumida pelos interesses individuais ção e comunicação e que refletem no modo como
no mundo contemporâneo é um dos aspectos que consumimos entretenimento. A praticidade que as
influenciam a singularidade de cada família e dis- lojas virtuais oferecem para quem quer adquirir um
tinguem os propósitos que justificam a escolha de produto é outro exemplo. Graças ao comércio eletrôni-
duas pessoas ou mais viverem juntas, compartilhan- co, bastam alguns cliques no mouse para você efetuar
do regras, necessidades e obrigações. Se não é fácil a sua compra.
definir a família, é legítimo o esforço de tentar decifrar O trânsito também é influenciado diariamente pelas
quem é o homem pós-moderno e quais as necessida- novas tecnologias. O modo como trabalham as ofici-
des emergentes que o impulsionam ao encontro com nas, como ensinam os centros de instrução de condu-
o outro, seja no espaço social, seja no interior da famí- tores e até como atua a legislação na fiscalização das
lia, produzindo significados e razões que o lançam na infrações tem relação com os recursos proporciona-
94 busca de realização. dos pelas ferramentas tecnológicas.
Graças a programas de computador avançados, a edu- razão universal e impessoal, à medida que os indivíduos
cação no trânsito passou por alguns avanços, como, inventam e constroem diversas racionalidades inerentes
por exemplo, a criação de um sistema de escola onli- a cada sociedade e seus respectivos tipos de saberes.
ne, que traz controle de frequência, grade de conteúdo Estes, por sua vez, exprimem estruturas, valores e proje-
e disponibilidade de atividades e tarefas para alunos. tos específicos que geram, no interior dessas socieda-
Há, também, simuladores que atuam para aperfeiçoar des, concepções peculiares de conhecimento, posto que
a prática dos alunos na direção de um veículo. o modo de questionar é solidário com o modo de ser e
viver, de crenças e valores, de práticas e instituições, pre-
Quem reside nas grandes cidades brasileiras sabe que sentes em cada grupo social.
é possível perder horas preciosas do dia em engarra-
famentos intermináveis. O fato é que, quanto maior Assinale a opção que apresenta o principal objeti-
a cidade, melhor deve ser o planejamento urbano. vo do historiador da ciência, na perspectiva do texto
Assim, algumas ferramentas da tecnologia podem CG1A1-I.
dar uma mãozinha: controle de semáforos por meio
de sensores que percebem a presença de veículos a) estudar o funcionamento de determinada máquina
e regulam o funcionamento do semáforo conforme b) narrar fatos ligados ao desenvolvimento tecnológico
o fluxo de tráfego, de forma a evitar o acúmulo de c) identificar mudanças sociais trazidas pela ciência
carros; monitoramento remoto por câmeras de alta d) testar diferentes teorias e métodos de pesquisa
resolução com capacidade de captar infrações às leis e) adotar a ciência como técnica universal e impessoal
de trânsito, tais como não utilização de cinto de segu-
rança, estacionamento em local indevido e excesso 17. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Texto CB1A1-II
de velocidade; análises de tráfego (por exemplo, ruas
onde passam mais veículos de carga, horários em que Ainda hoje, em muitos rincões do nosso país, são
determinada via apresenta maior fluxo de veículos encontrados administradores públicos cujas ações
etc.). em muito se assemelham às de Nabucodonosor, rei
do império babilônico, que, buscando satisfazer sua
Seja para a educação de pedestres e motoristas, rainha Meda, saudosa das colinas e florestas de sua
seja para quem quer iniciar um investimento no ramo pátria,providenciou a construção de estupendos jar-
automotivo, as ferramentas tecnológicas atuais estão dins suspensos. Essa excentricidade, que consumiu
aí para trazer mais facilidade. Portanto, se você é (ou anos de labor e gastos incalculáveis, culminou em
pretende se tornar) um profissional que atua nesse uma das sete maravilhas do mundo antigo.
segmento, deve, sempre, estar atualizado com as novi-
dades tecnológicas criadas para essa área. Tal “maravilha”, que originou mais ônus do que pro-
priamente benefícios, apresenta grande similitude
Conclui-se do texto CG2A1-I que com devaneios atuais em que se constata o gasto
de dinheiro público com atos de motivação fútil e
a) o habitante das grandes metrópoles não se preocupa imoral, finalidade dissociada do interesse público
com a perda de tempo cotidiana. e em total afronta à razoabilidade administrativa,
b) o planejamento do tráfego urbano ganha com a uti- com flagrante desproporção entre o numerário des-
lização dos dados precisos gerados pelas novas pendido e o benefício auferido pela coletividade.
tecnologias.
c) o comércio eletrônico substituirá as formas tradicio- Além da insensatez detectada em alguns atos de
nais de compra e venda, eliminando as lojas físicas. administração, constata-se a existência de situa-
d) o planejamento eficiente de tarefas cotidianas pres- ção mais grave e preocupante, a degeneração de
cinde do uso das ferramentas das tecnologias da caráter em muitos entre os que ascendem à gestão
informação e comunicação. do interesse público. Essa degeneração, em alguns
e) o acesso tecnológico a conteúdos sobre educação casos, precede a investidura; em outros, tem cau-
para o trânsito gera condutores e usuários pouco sas endêmicas, sendo o resultado inevitável da inte-
qualificados. ração com um meio viciado.

16. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Texto CG1A1-I Depreende-se do texto CB1A1-II que os jardins sus-
pensos construídos no império do rei Nabucodono-
O estudo do desenvolvimento das ciências vai muito sor representavam
além da simples percepção da progressão da técni-
ca ou do entendimento de como determinado objeto a) as sete maravilhas do mundo antigo.
surgiu e de como ele funciona. Acima de tudo, trata b) a riqueza do império babilônico.
LÍNGUA PORTUGUESA

de compreender as variáveis incutidas nos desdo- c) a degeneração de caráter de Nabucodonosor.


bramentos da evolução científico- tecnológica. Saber d) a fertilidade do bioma local.
quem melhor se aproveitou dessa evolução, qual teria e) a paisagem da pátria da rainha Meda.
sido sua finalidade e quais mudanças sociais e de con-
cepções culturais a ciência operou constitui o objetivo 18. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No texto CB1A1-II, pre-
último do historiador da ciência. Partir da máxima de domina a tipologia
Francis Bacon, de que o saber confere poder, pode ser
um início muito esclarecedor para essa questão. a) injuntiva.
b) narrativa.
A ciência tem como pressuposto de sua práxis a utiliza- c) descritiva.
ção de modelos teóricos que obedeçam a determinados d) expositiva.
princípios, sem que isso implique a aceitação de uma e) argumentativa. 95
19. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O texto desta questão 20. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De acordo com o texto
será utilizado para responder as questões a seguir. 1A2-I, a convivência em sociedade é

Texto 1A2-I a) obstáculo à ética.


b) dissociável da ética.
Ética é o conjunto de princípios e valores que usa- c) pautada na ética.
mos individualmente para decidir nossa conduta d) oposta à ética.
social. Se só existisse um ser humano no planeta, e) produto da ética.
não existiria a questão ética, porque ela é a regula-
ção da conduta, da vida coletiva. Esse sujeito único
seria absolutamente soberano para fazer tudo sem 9 GABARITO
se importar com nada. Como vivemos todos juntos,
precisamos ter princípios e valores de convivência, de
maneira que tenhamos uma vida íntegra, do ponto de 1 C
vista físico, material e espiritual. 2 E
A ética é o conjunto desses princípios de convivência. 3 D
A moral é a prática. Não existe ética individual, existe
ética de um grupo, de uma sociedade, de uma nação. 4 E
Porém, existe moral individual, porque moral é a prá-
tica. Ainda não temos uma ética universal, isto é, que 5 D
tenha validade para todos os seres humanos em qual- 6 E
quer tempo e em qualquer lugar. O que mais se apro-
ximou disso foi a Declaração Universal dos Direitos 7 B
Humanos, de 1948.
8 E
As grandes questões universais são: o que é certo e o
9 A
que é errado? O que é o bem e o que é o mal? Tenho um
princípio pessoal para julgar o que é bom e o que é ruim. 10 C
Tudo o que eu fizer que ajude a mim ou outro ser huma-
no a ter mais vitalidade e não diminua sua dignidade e 11 B
capacidade é bom. Tudo o que eu fizer que diminua sua
dignidade, capacidade ou vitalidade não é bom. 12 B

13 E
As questões éticas podem mudar ao longo da histó-
ria. O advento das plataformas digitais, por exemplo, 14 D
trouxe novas questões éticas relacionadas à ideia de
privacidade. A ética é relativa ao seu tempo. Ela só é 15 B
compreendida quando se levam em consideração a
sociedade em que surge, a época em que vem à tona e 16 C
também a cultura em que se situa.
17 E
Há coisas que quero, mas não posso. Há coisas que 18 E
posso, mas não devo. E há coisas que devo, mas não
quero. O equilíbrio na vida vem quando o que você 19 E
quer é algo que você pode e algo que você deve.
20 C
Posso fazer qualquer coisa porque sou livre, mas não
devo fazer qualquer coisa. E o que não devo fazer? O
que macula a minha história, o que torna desonrosa a
minha vitória, o que torna indecente o meu sucesso, o
que torna repugnante o meu patrimônio... Isto é, tudo
ANOTAÇÕES
aquilo que fraturar, que apodrecer a minha integridade.

Até o século VI a.C., ethos (em grego arcaico) signifi-


cava morada do humano, o lugar onde nós vivemos
juntos. Depois, os gregos passaram a chamar isso de
oikos, o que chamamos de ecologia. Se moramos jun-
tos, temos de conviver bem. Os latinos traduziram isso
por “moral” — morada, moradia — ou “hábito” — habita-
ção. É onde vivemos juntos. Portanto, a ética relaciona-
-se com a nossa convivência. Não existe ser humano
que tenha só vivência; tudo para nós é convivência.

É correto afirmar que o texto 1A2-I tem como finalidade

a) realizar uma crítica de obras relativas à ética.


b) discutir notícias relacionadas à ética.
c) contar fatos cotidianos referentes ao tema da ética.
d) explicar as consequências do comportamento ético.
96 e) apresentar uma opinião sobre ética.
Atualmente o Windows é oferecido na versão 10,
que possui suporte para os dispositivos apontadores
tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para
acompanhar o movimento do usuário, como no siste-
ma Kinect do videogame xBox).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA Em concursos públicos, as novas tecnologias e supor-
tes avançados são raramente questionados. As questões
aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o
modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL O sistema operacional Windows é um software pro-
(AMBIENTES LINUX E WINDOWS) prietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
O sistema operacional proporciona a base para
execução de todos os demais softwares no computa-
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para Importante!
comunicação com o hardware (através dos drivers).
Os computadores podem receber diferentes sistemas, A banca prioriza o conhecimento básico das
segundo a sua arquitetura de construção. configurações do sistema operacional. O usuário
É possível termos dois ou mais sistemas operacionais não encontrará muitas questões sobre a “parte
instalados em um dispositivo. No caso dos computado- prática”, como ocorrem com outras organiza-
res, o usuário pode criar partições (divisões lógicas) no doras de concursos. Em outras palavras, as pri-
disco de armazenamento e instalar cada sistema (Win- meiras páginas do material sobre Windows são
dows e Linux) em uma delas. O usuário também poderá as mais importantes para as provas da banca
executar no formato de Máquina Virtual (Virtual Machi- CESPE/Cebraspe.
ne), conforme detalhado no tópico Virtualização.
O que os sistemas operacionais têm em comum?
Funcionamento do sistema operacional
z Plataforma para execução de programas – eles
oferecem recursos que são compartilhados pelos Do momento em que ligamos o computador até o
programas executados, desenvolvidos para serem momento em que a interface gráfica está completa-
compatíveis com o sistema operacional. mente disponível para uso, uma série de ações e con-
z Núcleo monolítico – arquitetura monobloco, onde figurações são realizadas, tanto nos componentes de
um único processo centraliza e executa as princi- hardware como nos aplicativos de software. Acompa-
pais funções. No Windows, é o explorer.exe. nhe a seguir estas etapas.
z Interface gráfica – mesmo oferecendo uma inter-
face de linha de comandos, a interface gráfica é Hardware Software
a mais utilizada e questionada em provas, com
ícones que representam os itens existentes no Energia elétrica - botão ON/OFF POST - Power On Self Test
dispositivo. BIOS - Carregado para a memória
Equipamento OK
z Multiusuário – os sistemas permitem que vários RAM
usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
Disco de Inicialização Gerenciador de Boot
respectiva conta e credenciais de acesso.
z Multiprocessamento – os sistemas possibilitam Memória RAM Núcleo do Sistema Speracional
a execução de vários processos simultanea-
mente, gerenciando os recursos oferecidos pelo Periféricos de Entrada Drivers
processador.
z Preemptivo – o sistema operacional poderá inter- Interface Gráfica
romper processos durante a sua execução.
Aplicativos
z Multitarefas – os sistemas operacionais possibilitam
a execução de várias tarefas de forma simultânea
e concorrentes entre si, através do gerenciamento Todo dispositivo possui um sistema de inicializa-
profundo da memória do dispositivo. ção. Quando colocamos a chave no contato do carro
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z Interface com o hardware – o sistema operacio- e damos a primeira mexida, todas as luzes do painel
nal contém arquivos que atuam como tradutores, se acendem e somente aquelas que estiverem ativa-
possibilitando a comunicação do software com o das permanecem. Quando ligamos o micro-ondas, ele
hardware. acende todo o painel e faz um beep. Quando ligamos
o nosso smartphone, ele acende a tela e faz um toque.
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: Estes procedimentos são úteis para identificar que os
WINDOWS 10 recursos do dispositivo estão disponíveis corretamen-
te para utilização.
O sistema operacional Windows foi desenvolvido POST – Power On Self Teste – autoteste da iniciali-
pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em zação. Instruções definidas pelo fabricante para veri-
meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi- ficação dos componentes conectados.
ca baseada em janelas, com suporte para apontadores BIOS – Basic Input Output System – sistema básico
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis), de entrada e saída. Informações gravadas em um chip
canetas e mesas digitalizadoras. CMOS (Complementary Metal Oxidy Semiconductor) 97
que podem ser configuradas pelo usuário usando o z Convidado ou Visitante – poderá acessar apenas os
programa SETUP (executado quando pressionamos itens liberados previamente pelo administrador. Esta
DEL ou outra tecla específica no momento que liga- conta geralmente permanece desativada nas confi-
mos o computador, na primeira tela do autoteste – gurações do Windows, por questões de segurança.
POST Power On Self Test).
KERNEL – Núcleo do sistema operacional. O No Windows, as permissões NTFS podem ser atri-
Windows tem o núcleo fechado e inacessível para buídas em Propriedades, guia Segurança. Através de
o usuário. O Linux tem núcleo aberto e código fon- permissões como Controle Total, Modificar, Gravar,
te disponível para ser utilizado, copiado, estudado, entre outras, o usuário poderá definir o que será aces-
modificado e redistribuído sem restrição. O kernel do sado e executado por outros usuários do sistema. As
Linux está em constante desenvolvimento por uma permissões do sistema de arquivos NTFS não são compatí-
comunidade de programadores, e para garantir sua veis diretamente com o sistema operacional Linux, e caso
integridade e qualidade, as sugestões de melhorias tenhamos dois sistemas operacionais ou dois dispositivos
são analisadas e aprovadas (ou não) antes de serem na rede com sistemas diferentes, um servidor Samba será
disponibilizadas para download por todos. necessário, para realizar a ‘tradução’ das configurações.
GERENCIADOR DE BOOT - O Linux tem diferentes O Windows oferece a interface gráfica (a mais usa-
gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são o da e questionada) e pode oferecer uma interface de
LILO e o Grub. linha de comandos para digitação. O Prompt de Coman-
GUI - Graphics User Interface. Interface gráfica, por- dos é a representação do sistema operacional MS-DOS
que o sistema operacional oferece também a interface de
(Microsoft Disk Operation System), que era a opção
comandos (Prompt de Comandos ou Linha de Comandos)
padrão de interface para o usuário antes do Windows.
Quando o sistema Windows não consegue ini-
O Windows 10 oferece o Prompt de Comandos ‘bási-
ciar de forma correta, é possível recuperar o acesso
co’ e tradicional, acionado pela digitação de CMD segui-
através de ferramentas de inicialização. Para acesso
do de Enter, na caixa de diálogo Executar (aberta pelo
a estes recursos, pode ser necessária uma conta com
atalho de teclado Windows+R = Run). Além dele, existe
credenciais de administrador.
o Windows Power Shell, que é a interface de comandos
programável, acessível pelo menu do botão Iniciar.
z Restauração do Sistema – a cada vez que o Win-
Para conhecer as configurações do dispositivo, o
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res-
usuário pode acessar as Propriedades do computa-
tauração foi criado. A cada instalação de software
dor no Explorador de Arquivos, ou o item Sistema em
ou alterações significativas das configurações, um
ponto de restauração é criado. Em caso de instabi- Configurações (atalho de teclado Windows+I), ou pela
lidade, o usuário pode retornar o Windows para Central de Ações (atalho de teclado Windows+A), ou
um ponto de restauração previamente criado. acionar o atalho de teclado Windows+Pause.
z Reparação do Sistema – se arquivos do sistema foram A interface gráfica do Windows é caracterizada
seriamente modificados ou se tornaram inacessíveis, pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do
o Windows não iniciará e não conseguirá recuperar Windows exibe ícones de pastas, arquivos, progra-
para um ponto de restauração. O Windows permite a mas, atalhos, Barra de Tarefas (com programas que
criação de um disco de recuperação do sistema, que podem ser executados e programas que estão sendo
restaura o Windows para as configurações originais. executados) e outros componentes do Windows.
z Histórico de Arquivos – a cada alteração, o Windo-
ws armazena cópias dos arquivos originais e grava
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o Lixeira
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e Edge Chrome Thunderbird secure Co

retornar para uma cópia anterior do mesmo item.


z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra) – altera- W X

ções de conteúdos de pastas são monitorados pelo Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
Windows. O usuário poderá acessar no menu de
contexto, item Propriedades, guia Versões anterio-
res, as cópias anteriores da mesma pasta, restau- Digite Aqui Para Pesquisar

rando e descartando as alterações posteriores.


Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.
O Windows possui 3 níveis de acesso, que são as
credenciais. Navegador padrão Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos

z Administrador – usuário que poderá instalar pro-


gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
configurações. Os programas podem ser desinsta- Lixeira
Edge Chrome Thunderbird secure Co
lados ou reparados pelo administrador. Pasta de Arquivos
Arquivos
W X
„ Administrador local – configurado para o Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas
dispositivo. Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
„ Administrador domínio – quando o dispositivo Barra de Tarefas

está conectado em uma rede (domínio), o admi- Digite Aqui Para Pesquisar
nistrador de redes também poderá acessar o
dispositivo com credenciais globais. Cortana Área de Notificação
Botão Iniciar Visão de tarefas
Central de Ações
z Usuário – poderá executar os programas que Barra de acesso rápido
foram instalados pelo administrador, mas não
98 poderá desinstalar ou alterar as configurações. Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.
A Área de Trabalho, caracterizada pela imagem do z Gerenciador de Tarefas – para controlar os aplica-
papel de parede personalizada pelo usuário, poderá ter tivos, processos e serviços em execução. Atalho de
uma proteção de tela ativada. Após algum tempo sem uti- teclado: Ctrl+Shift+Esc.
lização dos periféricos de entrada (mouse e teclado), uma z Minimizar todas as janelas – com o atalho de tecla-
imagem ou tela será exibida no lugar da imagem padrão. do Windows+M (Minimize), o usuário pode mini-
Na área de trabalho do Windows, o usuário pode- mizar todas as janelas abertas, visualizando a área
rá armazenar arquivos e pastas, além de criar atalhos de trabalho.
para itens no dispositivo, na rede ou na Internet. z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece o
A tela da área de trabalho poderá ser estendida ou sistema de proteção BitLocker, que criptografa os
duplicada, com os recursos de projeção. Ao acionar o ata- dados de uma unidade de disco, protegendo contra
lho de teclado Windows+P (Projector), o usuário poderá:
acessos indevidos. Para uso no computador, uma
chave será gravada em um pendrive, e para aces-
z Tela atual – exibir somente na tela atual.
sar o Windows, ele deverá estar conectado.
z Estender – ampliar a área de trabalho, usando dois
z Windows Hello – sistema de reconhecimento facial
ou mais monitores, iniciando em uma tela e ‘conti-
nuando’ na outra tela. ou biometria, para acesso ao computador sem a
z Duplicar – exibir a mesma imagem nas duas telas. necessidade de uso de senha.
z Somente projetor – desativar a tela atual (no note- z Windows Defender – aplicação que integra recur-
book, por exemplo) e exibir somente no projetor sos de segurança digital, como o firewall, antivírus
ou Datashow. e antispyware.

O Windows 10 apresenta algumas novidades em


relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega- Importante
dor de Internet, locais que centralizam informações, etc.
A banca prioriza o conhecimento de novos
recursos dos softwares constantes do edital
z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos instala-
dos no computador, com os itens recentes no início da publicado.
lista e os demais itens classificados em ordem alfabé-
tica. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Win- No Windows, algumas definições sobre o que está sen-
dows 8 com a lista de programas do Windows 7.
do executado podem variar, segundo o tipo de execução.
z Pesquisar – com novo atalho de teclado, permite
Confira:
localizar a partir da digitação de termos, itens no
dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
teclado: Windows+S (Search). z Aplicativos – são os programas de primeiro plano,
z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas de que o usuário executou.
informações no dispositivo, na rede local e na Internet. z Processos – são os programas de segundo plano,
z Visão de Tarefas – permite alternar entre os pro- carregados na inicialização do sistema operacional,
gramas em execução e abre novas áreas de traba- componentes de programas instalados pelo usuário.
lho. Atalho de teclado: Windows+TAB. z Serviços – são componentes do sistema operacio-
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão do nal carregados durante a inicialização para auxi-
Windows 10. Ele está configurado com o buscador liar na execução de vários programas e processos.
padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário baixar Os aplicativos em execução no Windows poderão
novos aplicativos para Windows. ser acessados de várias formas, alternando a exibição
z Windows Mail – aplicativo para correio eletrônico, que de janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:
carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se tor-
nar um hub de e-mails com adição de outras contas. z Alt + Tab – alterna entre os aplicativos em execu-
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de progra- ção, exibindo uma lista de miniaturas deles para
mas para acessar rapidamente. o usuário escolher. A cada toque em Alt+Tab, a
seleção passa para o próximo item, retornando ao
Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão começo quando passar por todos.
direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu z Alt + Esc – alterna diretamente para o próximo
rápido, que permite fixar arquivos abertos recentemen- aplicativo em execução, sem exibir nenhuma jane-
te e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

la de seleção.
Central de Ações – centraliza as mensagens de
z Ctrl + Alt + Tab – alterna entre os aplicativos em
segurança e manutenção do Windows, como as atua-
execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece
lizações do sistema operacional. Atalho de teclado:
Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa em exibição, podendo usar as setas de movimenta-
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automati- ção para escolha do programa.
camente quando o Windows é inicializado. z Windows + Tab – mostra a Visão de Tarefas, para
Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a escolher programas em execução ou outras áreas
área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em de trabalho abertas.
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
Vários recursos presentes no sistema operacional
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado Windows podem auxiliar nas tarefas do dia-a-dia. Pro-
Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com- cure praticar as combinações de atalhos de teclado, por
putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e
sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del. elas caem em provas de concursos. 99
4 - Maximizar O sistema de arquivos NTFS (New Technology File
2 - Barra ou linha de título System) armazena os dados dos arquivos em localiza-
3 - Minimizar 5 Fechar
1 - Barra de Menus ções dos discos de armazenamento. Os arquivos pos-
suem nome, e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de
armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.
Área de trabalho
TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO

Unidade de disco de armazena-


Disco de mento permanente, que possui
armazenamento um sistema de arquivos e man-
Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10.
tém os dados gravados.
1 - Barra de menus: são apresentados os menus com
os respectivos serviços que podem ser executados Estruturas lógicas que endereçam
no aplicativo. as partes físicas do disco de arma-
Sistema de
2 - Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui- zenamento. NTFS, FAT32, FAT são
Arquivos
alguns exemplos de sistemas de
vo e o nome do aplicativo que está sendo execu-
arquivos do Windows.
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos
mover a janela quando a mesma não está maximi-
zada. Para isso, clique na barra de título, mante- Circunferência do disco físico
nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você Trilhas (como um hard disk HD ou uni-
estará movendo a janela para a posição desejada. dades removíveis ópticas).
Depois é só soltar o clique.
3 - Botão minimizar: reduz uma janela de documento São ‘fatias’ do disco, que divi-
ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela Setores
dem as trilhas.
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste
botão ou clique duas vezes na barra de títulos. Unidades de armazenamento no
4 - Botão maximizar: aumenta uma janela de docu- Clusters disco, identificado pela trilha e
mento ou aplicativo para preencher a tela. Para setor onde se encontra.
restaurar a janela para seu tamanho e posição
anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes Estrutura lógica do sistema de
na barra de títulos. Pastas ou
arquivos para organização dos
5 - Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. diretórios
dados na unidade de disco.
Solicita que você salve quaisquer alterações não
salvas antes de fechar. Alguns aplicativos, como Arquivos Dados. Podem ter extensões.
os navegadores de Internet, trabalham com guias Pode identificar o tipo de arquivo,
ou abas, que possui o seu próprio controle para associando com um software que
fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4. Extensão permita visualização e/ou edição.
6 - Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do As pastas podem ter extensões
lado direito (e inferior de uma janela de documento). como parte do nome.
Para deslocar-se para outra parte do documento, arras-
te a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem. Arquivos especiais, que apon-
tam para outros itens computa-
Conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos cionais, como unidades, pastas,
Atalhos arquivos, dispositivos, sites na
No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas. Internet, locais na rede, etc. Os
E algumas pastas são especiais, coleções de arquivos, ícones possuem uma seta, para
chamadas de Bibliotecas. São quatro Bibliotecas: Docu- diferenciar dos itens originais.
mentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O usuário poderá
criar Bibliotecas, para sua organização pessoal. Elas oti- O disco de armazenamento de dados tem o seu
mizam a organização dos arquivos e pastas, inserindo tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e
apenas ligações para os itens em seus locais originais. até trilhões de bytes de capacidade. Os nomes usados
são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão
listados na escala a seguir.

Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
Pasta com Pasta sem Pasta vazia (KB) mil milhão
Byte
100 subpasta subpasta (B)
Ainda não temos discos com capacidade na ordem representada pela barra invertida: Documentos
de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens),
comercialmente, mas quem sabe um dia? Hoje estas Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músicas)
medidas muito altas são usadas para identificar gran- – bibliotecas
des volumes de dados na nuvem, em servidores de „ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus
redes, em empresas de dados, etc. Documentos), Imagens (Minhas Imagens),
1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbo-
Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músi-
lo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que
cas) – bibliotecas
vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam
o sistema binário para representação de informações. „ Área de Trabalho: Desktop, que permite aces-
A palavra “Nova”, quando armazenada no disposi- so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos,
tivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação grava- programas e atalhos.
da na memória. „ Lixeira do Windows: Armazena os arquivos
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 de discos rígidos que foram excluídos, permi-
bits de informação. tindo a recuperação dos dados.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos
do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um z Atalhos
pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões
de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua „ Arquivos que indicam outro local: Extensão
residência está operando em 150 Mbps, ou 150 megabits LNK, podem ser criados arrastando o item com
por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arqui- ALT ou CTRL+SHIFT pressionado.
vo com 75 MB de tamanho, levará 4 segundos para ser
transferido do seu dispositivo para o roteador wireless. z Drivers

„ Arquivos de configuração: Extensão DLL e


Importante! outras, usadas para comunicação do software
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exi- com o hardware
bido em modo de visualização de Detalhes, nas
Propriedades (botão direito do mouse, menu de O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que
contexto) e na barra de status do Explorador de antes era Windows Explorer) para o gerenciamento
Arquivos. Poderão ter as unidades KB, MB, GB, de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações de
TB, indicando quanto espaço ocupam no disco manipulação de informações no computador, desde o
de armazenamento. básico (formatar discos de armazenamento) até o avan-
çado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado
Quando os computadores pessoais foram apresen- para executar o Explorador de Arquivos.
tados para o público, a árvore foi usada como analo- Como o Windows 10 está associado a uma con-
gia para explicar o armazenamento de dados, criando ta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou
o termo “árvore de diretórios”. Outlook), o usuário tem disponível um espaço de
armazenamento de dados na nuvem Microsoft One-
Drive. No Explorador de Arquivos, no painel do lado
Documentos
Imagens Folhas direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a
Músicas Flores nuvem. Ao inserir arquivos ou pastas no OneDrive,
Vídeos Frutos eles serão enviados para a nuvem e sincronizados
com outros dispositivos que estejam conectados na
mesma conta de usuário.
Tronco e galhos Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos
Pastas e subpastas
somente leitura... os atributos dos itens podem ser
definidos pelo item Propriedades no menu de contex-
to. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que
tenham o atributo oculto, desde que ajuste a configu-
Diretório raiz Raiz ração correspondente.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Extensões de arquivos

Figura 4. Árvore de diretórios O Windows 10 apresenta ícones que representam


arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão
No Windows 10, a organização segue a seguinte caracteriza o tipo de informação que o arquivo arma-
definição: zena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é
atribuída para ele, de acordo com o programa que o
z Pastas criou. É possível alterar esta extensão, porém corre-
mos o risco de perder o acesso ao arquivo, que não
„ Estruturas do sistema operacional: Arqui- será mais reconhecido diretamente pelas configura-
vos de Programas (Program Files), Usuários ções definidas em Programas Padrão do Windows.
(Users), Windows. A primeira pasta da undia- Confira na tabela a seguir algumas das extensões e
de é chamada raiz (da árvore de diretórios), ícones mais comuns em provas de concursos. 101
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser Formato ZIP, padrão do


criado e editado pelos Windows para arquivos
aplicativos Office. Forma- compactados. Não ne-
ZIP
to de documento portá- cessita de programas adi-
PDF
vel (Portable Document cionais, como o formato
Format) que poderá ser RAR que exige o WinRAR.
visualizado em várias
plataformas. Biblioteca de ligação
dinâmica do Windows.
Documento de textos do Arquivo que contém in-
Microsoft Word. Textos DLL formações que podem
DOCX com formatação que po- ser usadas por vários pro-
dem ser editados pelo Li- gramas, como uma caixa
breOffice Writer. de diálogo.

Pasta de trabalho do Mi- Arquivos executáveis,


crosoft Excel. Planilhas que não necessitam de
XLSX de cálculos que podem EXE, COM, outros programas para
ser editadas pelo LibreOf- BAT serem executados.
fice calc.

Apresentação de slides
do Microsoft PowerPoint,
PPTX que poderá ser editada
pelo LibreOffice Impress. Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho
de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Texto sem formatação.
Formato padrão do aces- Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e
sório Bloco de Notas. editado por outro programa de escolha do usuário.
TXT
Poderá ser aberto por
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle.
vários programas do
computador. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajus-
tes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Rich Text Format – for-
mato de texto rico. Através deste item o usuário poderá instalar e
Padrão do acessório Wor- desinstalar programas e dispositivos, configurar o
RTF dPad, este documento de
texto possui alguma for- Windows, além de outros recursos administrativos.
matação, como estilos de Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10,
fontes. acessado pela opção Configurações, localizada na lista
Formato de vídeo. Quan- exibida a partir do botão Iniciar, é possível configu-
do o Windows efetua a
rar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/
leitura do conteúdo, exi-
MP4, AVI, be no ícone a miniatura Modo avião/ Status da rede/ Ethernet/ Conexão disca-
MPG do primeiro quadro. No da/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy.
Windows 10, Filmes e TV
Modo Avião é uma configuração comum em smar-
reproduzem os arquivos
de vídeo. tphones e tablets que permite desativar, de manei-
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que
Formato de áudio. O Gra-
vador de Som pode gra- inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS,
var o áudio. O Windows NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio.
MP3
Media Player e o Groove
Music, podem reproduzir Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos.
o som. Como resolver?
Formato de imagem. O Explorador de Arquivos possui diferentes modos
Quando o Windows efe- de exibição. Poderá ser em Lista, ou Detalhes, ou Con-
tua a leitura do conteúdo,
BMP, GIF, teúdo, entre outras. O usuário poderá ativar ou desati-
exibe no ícone a miniatu-
JPG, PCX, var a exibição das extensões dos arquivos, facilitando
ra da imagem. No Windo-
PNG, TIF
ws 10, o acessório Paint a manipulação dos itens.
visualiza e edita os arqui-
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao
vos de imagens.
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar
informações, como, por exemplo, a data de modifica-
102 ção e o tamanho de cada arquivo.
Modos de Exibição do Windows 10 Para obter uma imagem de alguma janela em
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade, é usar a
Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível
no Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem cap-
turada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo
na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.

Ícones Extra Grandes Ícones Extra Grandes com nome (e extensão)


Importante!
Ícones Grandes com nome (e extensão)
Ícones Grandes
A área de transferência é um dos principais
Ícones médios com nome (e extensão) recursos do Windows, que permite o uso de
Ícones Médios
organizados da esquerda para a direita
comandos, realização de ações e controle das
Ícones pequenos com nome (e extensão)
Ícones Pequenos
organizados da esquerda para a direita ações que serão desfeitas.
Ícones pequenos com nome (e extensão)
Lista
organizados de cima para baixo
Operações de manipulação de arquivos e pastas
Ícones pequenos com nome, data de
Detalhes
modificaçã, tipo e tamanho.
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-
Ícones médios com nome, tipo e tamanho,
Lado a Lado
organizado da esquerda para a direita. cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
Ícones médios com nome, autores, data de zada com sucesso.
Conteúdo
modificação, marcas e tamanho.
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
Área de Transferência ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
Um arquivo chamado documento.docx será consi-
Um dos itens mais importantes do Windows não é derado igual ao nome Documento.DOCX.
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans- z O Windows não permite que dois itens tenham o
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
uma informação de cada vez. A informação armaze- rem armazenados no mesmo local.
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba z O Windows não aceita determinados caracteres
trabalhando em praticamente todas as operações de nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
manipulação de pastas e arquivos. para outras operações, que são proibidos na hora
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
estamos movendo o item selecionado para a memória vos e pastas podem ser compostos por qualquer
RAM, para a Área de Transferência. caractere disponível no teclado, exceto os carac-
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
Windows+V (View). opção), | (barra vertical, significa concatenador de
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), comandos), \ (barra invertida, indica um caminho),
estamos copiando o item para a memória RAM, para “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, sig-
ser inserido em outro local, mantendo o original e nifica unidade de disco), < (sinal de menor, signi-
criando uma cópia. fica direcionador de entrada) e > (sinal de maior,
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta- significa direcionador de saída).
mos copiando uma ‘foto da tela inteira’ para a Área de z Existem termos que não podem ser usados, como
Transferência, para ser inserida em outro local, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, sig-
em um documento do Microsoft Word ou edição pelo nifica impressora) e AUX (indica um auxiliar), por
acessório Microsoft Paint. referenciar itens de hardware nos comandos digi-
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, tados no Prompt de Comandos. (por exemplo, para
estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a enviar para a impressora um texto através da linha
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de Transferência, desconsiderando outros ele- de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT > PRN).
mentos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o As ações realizadas pelos usuários em relação à
conteúdo que está armazenado na Área de Transfe- manipulação de arquivos e pastas, pode estar condi-
rência será inserido no local atual. cionada ao local onde ela é efetuada, ou ao local de
As ações realizadas no Windows, em sua quase origem e destino da ação. Portanto, é importante veri-
totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de ficar no enunciado da questão, geralmente no texto
teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. associado, estes detalhes que determinarão o resulta-
Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres- do da operação.
sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z As operações podem ser realizadas com atalhos
(Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces- de teclado, com o mouse, ou com a combinação de
sidade de acessar a Lixeira do Windows. ambos. A banca organizadora CESPE/Cebraspe não
E outras ações podem ser repetidas, acionando o costuma questionar ações práticas nas provas, e rara-
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível. mente utiliza imagens nas questões. 103
OPERAÇÕES COM TECLADO Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o
item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
Atalhos de teclado Resultado da operação excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a
Não é possível recortar e Lixeira, não poderão ser recuperados. É possível recupe-
Ctrl+X e Ctrl+V na colar na mesma pasta. Será rar com programas de terceiros, mas isto não é considera-
mesma pasta exibida uma mensagem de do no concurso, que segue a configuração padrão.
erro. Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados
com o mouse para fora dela, restaurando o item para
Recortar (da origem) e colar
Ctrl+X e Ctrl+V em o local onde o usuário liberar o botão do mouse.
(no destino). O item será
locais diferentes A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido
movido
em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alte-
Copiar e colar. O item será rar o tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá
Ctrl+C e Ctrl+V na duplicado. A cópia receberá desativar ela excluindo os itens diretamente, e configu-
mesma pasta um sufixo (Copia) para dife- rar Lixeiras individuais para cada disco conectado.
renciar do original.

Copiar (da origem) e colar OPERAÇÕES COM MOUSE


Ctrl+C e Ctrl+V em (no destino). O item será du-
Ação do usuário Resultado da operação
locais diferentes plicado, mantendo o nome e
extensão. Clique simples no botão
Selecionar o item.
principal.
Deletar, apagar, enviar para
a Lixeira do Windows, po- Clique simples no botão Exibir o menu de contexto
Tecla Delete em um dendo recuperar depois, se secundário. do item.
item do disco rígido o item estiver em um disco
rígido local interno ou exter- Executar o item, se for
no conectado na CPU. executável. Abrir o item,
se for editável, com o pro-
Será excluído definitivamen- grama padrão que está
te. A Lixeira do Windows Duplo clique.
Tecla Delete em associado. Nos progra-
não armazena itens de mas do computador, po-
um item do disco
unidades removíveis (pen- derá abrir um item através
removível
drive), ópticas ou unidades da opção correspondente.
remotas.
Renomear o item. Se o
Independentemente do local nome já existe em outro
Shift+Delete onde estiver o item, ele será Duplo clique pausado. item, será sugerido nu-
excluído definitivamente merar o item renomeado
com um sufixo.
Renomear. Trocar o nome e
a extensão do item. Se hou- Arrastar com botão prin-
ver outro item com o mes- cipal pressionado, e sol-
mo nome no mesmo local, O item será movido.
tar na mesma unidade de
um sufixo numérico será disco.
F2
adicionado para diferenciar
os itens. Não é permitido Arrastar com botão prin-
renomear um item que es- cipal pressionado, e sol-
O item será copiado.
teja aberto na memória do tar em outra unidade de
computador. disco.

Arrastar com botão se-


Exibe o menu de contexto,
Lixeira cundário do mouse
podendo “Copiar aqui” (no
pressionado, e soltar na
local onde soltar).
Um dos itens mais questionados em concursos mesma unidade.
públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os Arrastar com botão se- Exibe o menu de contexto,
itens que foram excluídos de discos rígidos locais, cundário do mouse pres- podendo “Copiar aqui” (no
internos ou externos conectados na CPU. sionado, e soltar em outra local onde soltar) ou “Mo-
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla unidade de disco. ver aqui”.
DELETE (DEL), o item é removido do local original e
armazenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE
escolher a opção ‘Restaurar’, para retornar ele para o Ação do usuário Resultado da operação
local original. Se o local original não existe mais, pois
suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira O item será copiado,
Arrastar com o botão
recupera o caminho e restaura o item. quando a tecla CTRL for
principal pressionado um
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluí- liberada, independente da
item com a tecla CTRL
origem ou do destino da
dos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixei- pressionada.
ação.
104 ra” no menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE As extensões dos arquivos editáveis produzidos
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na
O item será movido, tabela a seguir.
Arrastar com o botão
quando a tecla SHIFT for
principal pressionado um
liberada, independente da EXTENSÕES
item com a tecla SHIFT MICROSOFT
origem ou do destino da DE ARQUIVOS LIBREOFFICE
pressionada. OFFICE
ação.
Editor de Textos DOCX ODT
Arrastar com o botão
Será criado um atalho
principal pressionado Planilhas de
para o item, independente XLSX ODS
um item com a tecla Cálculos
da origem ou do destino
ALT pressionada (ou
da ação. Apresentações
CTRL+SHIFT). PPTX ODP
de Slides
Clique em itens com o
botão principal, enquanto Seleção individual de
mantém a tecla CTRL itens. As extensões do Microsoft Office, para arquivos
pressionada. editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo
formatado com XML, que foi introduzido na versão
Seleção de vários itens. 2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em
Clique em itens com o O primeiro item clicado referência ao Open Document, do Open Office.
botão principal, enquanto será o início, e o último
mantém a tecla SHIFT item será o final, de Microsoft Office
pressionada. uma região contínua de
seleção.
Office 2003 Office 2007 Office 365
As ações envolvendo tela touchscreen foram ques-
tionadas quando o Windows 8 estava disponível. No Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo
Windows 10, apesar de ter suporte para telas sensí- Microsoft Office eram identificados com extensões
veis ao toque, não temos questões sobre as ações no de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões
sistema operacional com esta interface. de concursos ainda apresentam estas extensões nas
alternativas das questões.
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup
Language) foi implementado para oferecer portabili-
EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS dade aos documentos produzidos. As extensões dos
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras,
E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES como DOCX, XLSX e PPTX.
MICROSOFT OFFICE E BROFFICE) Com o avanço dos recursos de computação na nuvem,
o Office foi disponibilizado na versão on-line, que poste-
Um pacote de aplicativos para escritório é sem riormente se chamou 365, e é a versão atual do pacote.
dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um com- Com um novo formato de licenciamento, com assinaturas
putador pode ter instalado. Independente do perfil de mensais e anuais, ao invés da venda de licenças de uso,
utilização do usuário, algum dos aplicativos disponí- a instalação do Office 365 no computador disponibiliza a
veis em um pacote como o Microsoft Office, atendem a última versão do pacote para escritórios.
diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft
mais complexas. Office usar ou estudar?
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de pro- Para bancas CESPE/Cebraspe e Instituto Quadrix,
dutividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice. você deve ter a última versão disponível. Elas ques-
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que tionam as novidades das últimas versões disponíveis.
trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente Já outras bancas organizadoras, a versão é indiferen-
está na versão Office 365, que disponibiliza recursos te. O mais importante será o conceito envolvido e sua
via Internet (computação nas nuvens), com armaze- aplicação na formatação de arquivos.
namento de arquivos no Microsoft OneDrive. LibreOffice
Serviços adicionais de comunicação, como o Micro-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

soft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote


Microsoft Office 365. Open Office BrOffice LibreOffice

PROGRAMAS MICROSOFT O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi-


LIBREOFFICE
OFFICE ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de
arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para
Editor de Textos LibreOffice os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen-
Microsoft Word
Writer to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP
(Presentation – apresentação de slides).
Planilhas de
Microsoft Excel LibreOffice Calc O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o
Cálculos
pacote com recursos especificamente úteis para os
Apresentações brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo
Microsoft LibreOffice
de Slides programático dos editais de concursos (BrOffice.org),
PowerPoint Impress
além das questões que já foram aplicadas pelas bancas. 105
O LibreOffice é o pacote atual, disponível para z Parágrafos – formado por palavras e marcas de
download e instalação em diversas plataformas. Está formatação. Finalizado com Enter, contém forma-
na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme- tação independente do parágrafo anterior e do
lhantes às versões anteriores, com uma interface parágrafo seguinte.
redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis- z Linhas – sequência de palavras que pode ser um
ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro- parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc). finalizado com Quebra de Linha, a configuração
Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi- atual permanece na próxima linha.
ce usar ou estudar? z Palavras – formado por letras, números, símbolos,
Para concursos das bancas CESPE/Cebraspe e Ins- caracteres de formatação, etc.
tituto Quadrix, você deverá ter a última versão dis-
ponível. No site do LibreOffice você poderá fazer o Os arquivos produzidos nas versões anteriores do
download gratuito. Ao passo que para outras bancas Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
organizadoras é recomendável verificar se o edital vos de formato DOC são abertos em Modo de Compa-
pede uma versão específica (como LibreOffice 5) ou tibilidade, com alguns recursos suspensos. Para usar
se pede várias versões (LibreOffice 5 ou superior). Se todos os recursos da versão atual, deverá “Salvar
for uma versão específica, serão questionados ícones como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
e atalhos de teclado apenas dela. Se for uma versão Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão
específica com o “ou superior” complementando, ser editados pelas versões antigas do Office, desde que
instale um pacote de compatibilidade, disponível para
então serão questionados os recursos válidos para
download no site da Microsoft.
todas as versões, e você poderá usar a última versão
Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office
disponível para estudos.
podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft
Grande parte das questões de concursos públicos
Word, desde a versão 2013, possui o recurso “Refuse
procuram questionar as diferenças entre os aplica-
PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fos-
tivos. Questiona-se, por exemplo, a respeito de um
se um documento do Word.
recurso que é acionado com um atalho de teclado no
O Microsoft Word pode gravar o documento no for-
Microsoft Word, mas que no LibreOffice Writer tem
mato ODT, do LibreOffice, assim como é capaz de editar
um atalho de teclado diferente.
documentos produzidos no outro pacote de aplicativos.
Durante a edição de um documento, o Microsoft
EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES
Word:
(AMBIENTES MICROSOFT E LIBREOFFICE)
z Faz a gravação automática dos dados editados
MICROSOFT WORD
enquanto o arquivo não tem um nome ou local
de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
Estrutura básica dos documentos
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não
salvos”.
Os documentos produzidos com o editor de textos
z Faz a gravação automática de auto recuperação
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
dos arquivos em edição que tenham nome e local
definidos, permitindo recuperar as alterações que
z Documentos – arquivos DOCX criados pelo Microsoft
não tenham sido salvas.
Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal-
editáveis pelo usuário, que podem ser compartilha-
vamento automático”, associado à conta Microsoft,
dos com outros usuários para edição colaborativa.
para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri-
z Os Modelos (Template), com extensão DOTX, con- ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
tém formatações que serão aplicadas aos novos vamento será realizado.
documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
do para a padronização de documentos. O formato de documento RTF (Rich Text Format) é
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM padrão do acessório do Windows chamado WordPad,
(Document Template Macros – modelo de docu- e por ser portável, também poderá ser editado pelo
mento com macros). As macros são códigos desen- Microsoft Word.
volvidos em Visual Basic for Applications (VBA) Em questões sobre pacotes de aplicativos nas
para a automatização de tarefas. provas elaboradas pela banca organizadora CESPE/
z Páginas – unidades de organização do texto, segun- Cebraspe, as extensões de arquivos são amplamente
do a orientação, o tamanho do papel e margens. As questionadas.
principais definições estão na guia Layout, mas tam- Ao iniciar a edição de um documento, o modo
bém encontrará algumas definições na guia Design. de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de
z Seção – divisão de formatação do documento, Impressão”. O documento será mostrado na tela da
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre mesma forma que será impresso no papel.
que forem usadas configurações diferentes, como O Modo de Leitura permite visualizar o documen-
margens, colunas, tamanho da página, orientação, to sem outras distrações como a Faixa de Opções com
cabeçalhos, numeração de páginas, entre outras, os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a
106 as seções serão usadas. barra de título continua sendo exibida.
O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE
visualizar o documento como ele seria exibido se esti-
vesse publicado na Internet como página web.
Folha de
Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Rosto
Títulos serão mostrados, auxiliando na organização
dos blocos de conteúdo. Página
O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, Páginas em
exibe o conteúdo de texto do documento sem os elemen- Branco
tos gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que Quebra de
faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemen- Página
to da interface do Microsoft Office.

Acesso Rápido Inserir Tabelas Tabela


Guia Atual Guias ou Abas Item com Listagem

Imagem

Imagens
Ilustrações Online

Ícone com Opções


Caixa de Diálogo do Grupo Grupo
Formas

Figura 1. Faixa de opções do Microsoft Word

Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o ata- A banca organizadora de concursos CESPE/Cebraspe
lho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão não costuma utilizar imagens em suas provas. Ela priori-
2007 ela era fixa e não podia ser ocultada. Atualmen- za o conhecimento do candidato acerca dos conceitos dos
te ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a softwares. Outras bancas organizadoras, como Fundação
preferência do usuário. VUNESP e Fundação Getúlio Vargas, priorizam o conhe-
A Faixa de Opções contém guias, que organizam os cimento do candidato acerca do uso dos recursos para a
ícones em grupos. produção de arquivos (parte prática dos programas).
As guias possuem uma organização lógica, sequen-
GUIA GRUPO ITEM ÍCONE cial, das tarefas que serão realizadas no documento,
desde o início até a visualização do resultado final.
Recortar
BOTÃO/GUIA DICA

Copiar Comandos para o documento atual.


Arquivo Salvar, salvar como, imprimir, Salvar
Área de e enviar.
Transferência
Colar Tarefas iniciais. O início do docu-
mento, acesso à Área de Trans-
Página Inicial ferência, formatação de fontes,
Pincel de
parágrafos. Formatação do conteú-
Página Formata-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do da página.
Inicial ção

Nome da Calibri (Corp Tarefas secundárias. Adicionar


fonte um objeto que ainda não existe no
Inserir documento. Tabela, Ilustrações,
Instantâneos.
Tamanho
da fonte
Configuração da página. Formata-
Fonte Layout da ção global do documento, formata-
Aumentar Página ção da página.
fonte

Diminuir Reúne formatação da página e plano


Design de fundo.
fonte
107
BOTÃO/GUIA DICA MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO
Botão 2 cliques Seleciona
Índices e acessórios. Notas de roda- -
principal na margem o parágrafo
Referências pé, notas de fim, índices, sumários,
etc. Botão 3 cliques Seleciona o
-
principal na margem documento
Mala direta. Cartas, envelopes,
Correspondên- etiquetas, e-mails e diretório de Seleciona
Selecionar
cias contatos. - Shift+Home até o início
até o início
da linha
Correção do documento. Ele está Seleciona
ficando pronto... Ortografia e gramá- Selecionar
- Shift+End até o final
tica, idioma, controle de alterações, até o final
Revisão da linha
comentários, comparar, proteger,
etc. Seleciona
Ctrl+Shif- Selecionar até o
-
Visualização. Podemos ver o resul- t+Home até o início início do
tado de nosso trabalho. Será que documento
Exibir
ficou bom?
Seleciona
Ctrl+Shif- Selecionar até o
-
t+End até o final final do
Edição e formatação de textos documento

A edição e formatação de textos consiste em apli- Botão Seleção Palavra por


Ctrl
car estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos principal individual palavra
parágrafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas Seleção de
para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formata- Botão Seleção um ponto
Shift
ções envolvem as definições de fontes e parágrafos, principal bloco até outro
sendo úteis para a criação dos índices ao final da edi- local
ção do documento. Os índices são gerenciados através Botão prin-
das opções da guia Referências. Seleção Seleção
cipal pres- Ctrl+Alt
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Pági- bloco vertical
sionado
na Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no
menu Estilos. Seleção
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário Botão prin- vertical,
Seleção
poderá copiar a formatação de um local e aplicar em cipal pres- Alt iniciando
bloco
outro local no mesmo documento, ou em outro arquivo sionado no local do
aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de cursor
formatação no texto’, clique no ícone da guia Página Ini-
cial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação. Teclas de atalhos e seleção com mouse são impor-
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a tantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Expe-
formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc rimente praticar no computador. No Microsoft Word,
ou iniciar uma digitação. se você digitar =rand(10,30) no início de um documen-
to em branco, ele criará um texto ‘aleatório’ com 10
Seleção parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode
praticar à vontade.
Através do teclado e do mouse, como no sistema
operacional, podemos selecionar palavras, linhas, Edição e formatação de fontes
parágrafos e até o documento inteiro.
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gra-
vadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para
MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO
todos os programas do computador.
Selecionar Seleciona o Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do
- Ctrl+T
tudo documento Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New,
Verdana, são os mais comuns. Atalho de teclado para
Botão 1 clique na Posiciona formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
-
principal palavra o cursor A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acio-
Botão 2 cliques Seleciona a nada com o atalho Ctrl+D.
- Ao lado, um número indica o tamanho da fonte:
principal na palavra palavra
8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser,
Botão 3 cliques Seleciona digite o valor específico para o tamanho da letra.
-
principal na palavra o parágrafo Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para
mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente
Botão 1 clique na Selecionar
- pelo teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e
principal margem a linha
108 Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
subscrito
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independente,
que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Edição e formatação de parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter.


Um parágrafo poderá ter diferentes formatações. Confira:

z Marcadores – símbolos no início dos parágrafos.


z Numeração – números, ou algarismos romanos, ou letras, no início dos parágrafos.
z Aumentar recuo – aumentar a distância do texto em relação à margem.
z Diminuir recuo – diminuir a distância do texto em relação à margem.
z Alinhamento – posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado.
z Espaçamento entre linhas – distância entre as linhas dentro do parágrafo.
z Espaçamento antes – distância do parágrafo em relação ao anterior.
z Espaçamento depois – distância do parágrafo em relação ao seguinte.
z Sombreamento – preenchimento atrás do parágrafo.
z Bordas – linhas ao redor do parágrafo.

Figura 2. Recuos de parágrafos (nos símbolos da régua)

Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z Recuo – distância do texto em relação à margem.


z Realce – marca-texto, preenchimento do fundo das palavras.
z Sombreamento – preenchimento do fundo dos parágrafos.
z Folha de Rosto – primeira página do documento, capa.
z SmartArt – diagramas, representação visual de dados textuais.
z Orientação – posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem.
z Quebras – são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas.
z Sumário – índice principal do documento.

Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os carac-
teres não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar
tudo). 109
CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR
MICROSOFT WORD

Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo – muda de pará-


Enter -
grafo e pode mudar a formatação.

Quebra de Linha – muda de linha e


Shift+Enter -
mantém a formatação atual.

Quebra de página – muda de página, no


local atual do cursor. Disponível na guia
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return Inserir, grupo Páginas, ícone Quebra de Quebra de página
Página, e na guia Layout, grupo Configu-
rar Página, ícone Quebras.

Quebra de coluna – indica que o texto


continua na próxima coluna. Disponível
Ctrl+Shift+ Enter Quebra de coluna
na guia Layout, grupo Configurar Pági-
na, ícone Quebras.

Separador de Estilo – usado para modi-


Ctrl+Alt+ Enter -
ficar o estilo no documento.

Insere uma marca de tabulação


TAB (1,25cm). Se estiver no início de um
texto, aumenta o recuo.

- - Fim de célula, linha ou tabela

ESPAÇO Espaço em branco

Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- -
Texto oculto (definido na caixa Fonte,
Ctrl+D) abc
- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

Tabelas

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma
planilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de
Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
110 lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel.

WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos. Somente o conteúdo da primeira célula será mantido.

Tabela, Em inglês, com referências direcio- Em português, com referências posicionais


Fórmulas nais =SUM(ABOVE). =SOMA(A1:A5).

Tabelas,
Não recalcula automaticamente. Recalcula automaticamente e manualmente (F9).
Fórmulas

Tachado Texto Não tem atalho de teclado. Atalho: Ctrl+5.

Quebra de linha
Shift+Enter. Alt+Enter.
manual

Pincel de Copia apenas a primeira formatação


Copia várias formatações diferentes.
Formatação da origem.

Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte. Duplica a informação da célula acima.

Ctrl+E Centralizar. Preenchimento Relâmpago.

Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo). Ir para...

Ctrl+R Repetir o último comando. Duplica a informação da célula à esquerda.

Atualizar os campos de uma mala


F9 Atualizar o resultado das fórmulas.
direta.

F11 - Inserir gráfico.

Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na célula


Ctrl+Enter Quebra de página manual.
atual.

Alt+Enter Repetir digitação. Quebra de linha manual.

Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na célula


Shift+Enter Quebra de linha manual.
acima da atual, se houver.

Alternar entre maiúsculas e


Shift+F3 Inserir função.
minúsculas.

Índices

Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.

z Sumário – principal índice do documento.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z Notas de Rodapé – inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões.
z Notas de Fim – inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé.
z Citações e Bibliografia – permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referên-
cias Bibliográficas segundo os estilos padronizados.
z Legendas – inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações.
z Índice – para marcação manual das entradas do índice.
z Índice de Autoridades – formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido. 111
Os índices suportam Referências Cruzadas, que colunas (nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas
permitem o usuário navegar entre os links do docu- (numeradas).
mento de forma semelhante ao documento na web. Ao Pasta de Trabalho – arquivo do Excel (extensão
clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acordo com
Ao clicar no local, retorna para o local de origem. quantidade de memória RAM disponível, nomeadas
como Planilha1, Planilha2, Planilha3).
Alça de preenchimento – no canto inferior direi-
Importante! to da célula, permite que um valor seja copiado na
direção em que for arrastado. No Excel, se houver 1
A guia Referências é uma das opções mais
número, ele é copiado. Se houver 2 números, uma
questionadas em concursos públicos por dois
sequência será criada. Se for um texto, é copiado. Mas
motivos: envolvem conceitos de formatação do texto com números é incrementado. Dias da semana,
documento exclusivos do Microsoft Word e é nome de mês e datas são sempre criadas as continua-
utilizado pelos estudantes na formatação de um ções (sequências).
TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Mesclar – significa simplesmente “Juntar”. Haven-
do diversos valores para serem mesclados, o Excel
manterá somente o primeiro destes valores, e centra-
MICROSOFT EXCEL
lizará horizontalmente na célula resultante.
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas
Mesclar e Centralizar
nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde
a criação de uma agenda de compromissos, passan- Mesclar e Centralizar
do pelo controle de ponto dos funcionários e folha de Mesclar através
pagamento, ao controle de estoque de produtos e base
de clientes. Diversas funções internas oferecem os Mesclar Células
G H
recursos necessários para a operação. Desfazer Mesclagem de Células
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de
ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje,
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para poderá juntar as informações das células.
XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar,
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o disponível na guia Página Inicial:
Office 2007, e permanece até hoje.
As planilhas de cálculos não são banco de dados. z Mesclar e Centralizar – Une as células seleciona-
Muitos usuários armazenam informações (dados) em das a uma célula maior e centraliza o conteúdo da
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de nova célula. Este recurso é usado para criar rótu-
dados, porém o Microsoft Access é o software do paco-
los (títulos) que ocupam várias colunas.
te Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um
z Mesclar através – Mesclar cada linha das células
banco de dados tem informações armazenadas em
selecionadas em uma célula maior.
registros, separados em tabelas, conectados por rela-
z Mesclar células – Mesclar (unir) as células selecio-
cionamentos, para a realização de consultas.
nadas em uma única célula, sem centralizar.
z Desfazer Mesclagem de Células – desfaz o procedi-
Conceitos básicos
mento realizado para a união de células.

Célula – unidade da planilha de cálculos, o encon-


Elaboração de tabelas e gráficos
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com a
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha
tecla SHIFT (assim como no sistema operacional).
de dados, é o conjunto de valores armazenados nas
Coluna – células alinhadas verticalmente, nomea-
células. Estes dados poderão ser organizados (classi-
das com uma letra.
ficação), separados (filtro), manipulados (fórmulas
Linha – células alinhadas horizontalmente, nume-
e funções), além de apresentar em forma de gráfico
radas com números.
(uma imagem que representa os valores informados).
Para a elaboração, poderemos:

z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta


iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido
na célula.
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponí-
vel na área superior do aplicativo, a linha de fór-
mulas é o conteúdo da célula. Se a célula possui um
valor constante, além de mostrar na célula, este
aparecerá na barra de fórmulas. Se a célula possui
um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mos-
trada na barra de fórmulas.
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado
Planilha – o conjunto de células organizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções
112 em uma folha de dados. Na versão atual são 65546 automáticas do Excel.
z Os dados inseridos nas células poderão ser forma- O ícone % é para mostrar um valor com o forma-
tados, ou seja, continuam com o valor original (na to de porcentagem. Ou seja, o número é multiplica-
linha de fórmulas) mas são apresentados com uma do por 100. Exibe o valor da célula como percentual
formatação específica. (Ctrl+Shift+%)
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho
de teclado Ctrl+1 (Formatar Células). FORMATO PORCENTAGEM
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, VALOR PORCENTAGEM E 2 CASAS %
ß,0
encontraremos o item Personalizado, para criação % ,0 0
de máscaras de entrada de valores na célula.
1 100% 100,00%
Formatos de números, disponível na guia Página 0,5 50% 50,00%
Inicial
2 200% 200,00%
Geral
123 Sem formato especifico 100 10000% 10000,00%

Número 0,004 0% 0,40%


12 4,00
Moeda
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o
R$4,00
valor da célula com um separador de milhar. Este
Contábil comando alterará o formato da célula para Contábil
R$4,00 sem um símbolo de moeda.

Data Abreviada
04/01/1900 FORMATO
CONTÁBIL SEPARADOR
Data Completa VALOR DE MILHARES
quarta-feira, 4 de janeiro de 1900 CONTÁBIL
R$4,00 000
Hora
00:00:00
1500 R$1.500,00 1.500,00
Porcentagem
400,00% 16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00
1 Fração 1 R$1,00 1,00
2 4
Científico 400 R$400,00 400,00
102 4,00E+00
27568 R$27.568,00 27.568,00
Texto
ab 4
ß,0 ,00
Os ícones ,00 à,0 são usados para Aumentar casas
As informações existentes nas células poderão ser decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo
exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exem- mais casas decimais) ou Diminuir casas decimais
plo, na verdade é um número formatado como data. (Mostrar valores menos precisos exibindo menos
Por isso conseguimos calcular a diferença entre datas. casas decimais).
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre Quando um número na casa decimal possui valor abso-
si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de luto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas
Moeda, o alinhamento da célula é respeitado e o sím- decimais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
bolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o ali- Quando um número na casa decimal possui valor
nhamento é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredonda-
esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal. do para cima ou para baixo, de ao diminuir as casas
decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da
Moeda função ARRED, para arredondar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

R$4,00
Simbologia específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a


seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o signifi-
cado e alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Contábil Faz a soma de


R$4,00 + (mais) Adição = 18 + 2
18 e 2
113
OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Se o valor de
Subtrai 5 do valor
- (menos) Subtração = 20 – 5 = SE (A1 = A1 for igual a 2,
20 = (igual) Igual a
2 ; 10 ; 50 ) então mostre 10,
senão mostre 50.
Multiplica 5 (mul-
*
Multiplicação =5*4 tiplicando) por 4
(asterisco)
(multiplicador) Princípios dos operadores relacionais
Divide 25 por
/ (barra) Divisão = 25 / 10 10, resultando
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que
em 2,5 outro valor ao mesmo tempo.
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não
Faz 20 por cento, é igual a zero, é vazio.
%
Percentual = 20% ou seja, 20 dividi- z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito
(percentual)
do por 100 diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito
Faz 3 elevado a
diretamente na fórmula, use >=
Exponencia- 2, 3 ao quadrado
=3^2
^ (circun- ção =9
=8^(1 O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito
flexo) Cálculo de Faz 8 elevado a
/3)
raízes 1/3, ou seja, raiz diretamente na fórmula, use <=
cúbica de 8
OPERADORES DE REFERÊNCIA
Ordem das operações matemáticas Símbolo Significado Exemplo Comentários

z ( ) – parênteses Trava a célula


na coluna A
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado
=$A1 Trava a célula
a outro número) Travar
$ (cifrão) =A$1 na linha 1
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão uma célula
=$A$1 Trava a célula
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração A1, ela não
mudará
Como resolver as questões de planilhas de cálculos?
Obtém o valor
1. Leitura atenta do enunciado (português e inter- ! (exclama- = de A3 que está
pretação de textos) Planilha
ção) Planilha2!A3 na planilha
2. Identificar a simbologia básica do Excel Planilha2.
(informática)
Informa o nome
3. Respeitar as regras matemáticas básicas
de outro arqui-
(matemática) [] Pasta de =[Pasta2]Pla-
vo do Excel,
4. Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (colchetes) Trabalho nilha1!$A$2
onde deverá
(raciocínio lógico) buscar o valor.

Informa o
OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES =’C:\Fernan- caminho de
doNishimu- outro arquivo
Símbolo Significado Exemplo Comentários
‘ ra\ do Excel, onde
Caminho
Se o valor de A1 (apóstrofe) [pasta2. deverá encon-
= SE (A1 > for maior que 5, xlsx]Plani- trar o arquivo
> (maior) Maior que lha1’!$A$2 para buscar o
5 ; 15 ; 17 ) então mostre 15,
senão mostre 17 valor.

Se o valor de A1 Soma 15 e 4 e
; (ponto e = SOMA (15 ;
= SE (A1 < 3 for menor que 3, Significa E 6, resultando
< (menor) Menor que vírgula) 4;6)
; 20 ; 40 ) então mostre 20, em 25.
senão mostre 40.
Soma de A1 até
Se o valor de A1 : (dois Significa = SOMA B4, ou seja, A1,
for maior ou igual pontos) ATÉ (A1:B4) A2, A3, A4, B1,
>= (maior Maior ou = SE (A1 >= B2, B3, B4.
a 7, então mostre
ou igual) igual a 7;5;1)
5, senão
Executa uma
mostre 1.
=SOMA(- operação sobre
Intersecção
Se o valor de A1 Espaço F4:H8 as células em
($)
for menor ou igual H6:K10) comum nos
<= (menor Menor ou = SE (A1 <= intervalos.
a 5, então mostre
ou igual) igual a 5 ; 11 ; 23 )
11, senão
mostre 23.
Princípios dos operadores de referência
Se o valor de A1
<> (menor = SE (A1 <> for diferente de 1, z O símbolo de cifrão transforma uma referência
Diferente
e maior) 1 ; 100 ; 8 ) então mostre 100,
relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou
senão mostre 8.
114 $A1 ) ou em referência absoluta ( $A$1 )
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2

O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:

a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
e) R$ 360,00

A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará.
Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1
E se temos dois símbolos de cifrão, temos uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2

115
SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de 15 e 3.
= 15 + 3
Início de fórmula, função Compara o valor de A1 com 5, e caso
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
ou comparação. seja verdadeiro, mostra 10, caso seja
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
falso, mostra 11.

Retorna a data atual do computador.


Identifica uma função ou = HOJE ( )
() Faz a soma de A1 e B1.
os valores de uma opera- = SOMA (A1;B1)
parênteses Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por
ção prioritária. = (3+5) / 2
2.

; (ponto e A função SE tem 3 partes, e estas estão


Separador de argumentos. =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
vírgula) separadas por ponto e vírgula.

Executa uma operação sobre as células


Espaço Intersecção. =SOMA(F4:H8 H6:K10)
em comum nos intervalos.

Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Fernando.


“ (aspas duplas) Texto exato = “Fernando”
Se usado em testes, é “igual a”.

Número Exibe os zeros não significativos, 0001 como texto


‘(apóstrofe) ‘0001
como texto. (ex.: placa de carro).

= “Fernando ”&” Exibe “Fernando Nishimura” (sem as aspas), o re-


& (“E” comercial) Concatenar.
Nishimura” sultado da junção dos textos individuais.

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7).

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3).

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3).

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4).

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a =CONCATENAR(A1;A2;A3).

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144).

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem
mensagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de
digitação, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de
cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! – indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0.


116 z #NOME? – indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece.
z #NULO! – a fórmula contém uma interseção de =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
duas áreas que não se interceptam. área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
z #NUM! – a fórmula apresenta um valor numérico nas um será mostrado.
inválido.
z #REF! – indica que na fórmula existe a referência z MAIOR(valores;posição) : exibe o maior valor de
para uma célula que não existe. uma série, segundo o argumento apresentado.
z #VALOR! – indica que a fórmula possui um tipo
errado de argumento. Valores iguais ocupam posições diferentes.
z ##### – indica que o tamanho da coluna não é sufi-
ciente para exibir seu valor.
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
las A1 até D6.
Funções Básicas

z SOMA(valores) : realiza a operação de soma nas z MÍNIMO(valores) : exibe o menor valor das célu-
células selecionadas. las selecionadas.

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição =MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
dos valores numéricos informados em seus argumen- área de A1 até D6.
tos. Se existirem células com textos, elas serão ignora-
das. Células vazias não são somadas. z MENOR(valores;posição) : exibe o menor valor de
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis- uma série, segundo o argumento apresentado.
tentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
Valores iguais ocupam posições diferentes.
tentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
célula A1, com 34 (valor literal) e B3. =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis- las A1 até D6.
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’,
operando apenas áreas quadrangulares. z SE(teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor-
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro
com B1 e C1 até C3. caso seja falso.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com
3 e o valor A1 duas vezes. Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na
z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
de soma nas células selecionadas, se uma condição
segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi-
for atendida.
ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para serão realizadas as duas operações, somente uma
que seja somado) delas, segundo o resultado do teste.
A função SE usa operadores relacionais (maior,
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15 te) para construção do teste. As aspas são usadas para
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo- textos literais.
res de A1 até A10 que forem iguais a 10.
=SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da
z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas célula A1 não é 10”)
células selecionadas e exibe o valor médio encontrado. =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
valor não é negativo”)
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
=SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma não é positivo”)
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células
vazias não entram no cálculo da média. É possível encadear funções, ampliando as áreas
de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z MED(valores) : informa a mediana de uma série vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
de valores.
=SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência negativo”;”Valor é positivo”))
de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados
e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5.
exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for
Se temos uma sequência de valores com quantida-
de par, a mediana será a média dos valores que estão igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). é menor que zero, só poderia ser maior do que zero,
e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
selecionadas. usado somente no início da digitação da célula. 117
As funções CONT são usadas para informar a quanti- z SOMASES(células para somar; células1; teste1;
dade de células, que atendem às condições especificadas. células2; teste2)
Verifica as células que atendem aos testes e soma
- CONT.NÚM - para contar quantas células possuem as células correspondentes.
números. Os intervalos de teste e de soma podem ser os
- CONT.VALORES - quantidade de células que estão mesmos.
preenchidas.
- CONTAR.VAZIO - quantidade de células que não z MÉDIASE(células para testar;teste;células para
estão preenchidas. calcular a média)
- CONT.SE - quantidade de células que atendem a Efetua um teste nas células especificadas, e calcula
uma condição específica. a média das células correspondentes.
- CONT.SES - quantidade de células que atendem a Os intervalos de teste e de média podem ser os
várias condições simultaneamente. mesmos.

z CONT.VALORES(células): esta função conta todas as z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_


células em um intervalo, exceto as células vazias. índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
A função PROCV é utilizada para localizar o valor_pro-
= CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da curado dentro da matriz_tabela, e quando encontrar,
contagem, informando quantas células estão preen- retornar à enésima coluna informada em núm_índice_
chidas com valores, quaisquer valores. coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou FAL-
SO, é usada para identificar se precisa ser o valor exato
z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um (F) ou pode ser valor aproximado (V).
intervalo, exceto células vazias e células com texto. Por exemplo:

=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e


intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos. =PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO)

z CONT.SE(células;condição): Esta função conta quan- A função PROCV é um membro das funções de pes-
tas vezes aparece um determinado valor (número ou quisa e Referência, que incluem a função PROCH.
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que Use a função tirar ou a função arrumar para
indicar qual é o critério a ser contado) remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
z ESQUERDA(texto;quantidade)
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
Extrai de uma sequência de texto, uma quanti-
do o valor 5.
dade de caracteres especificados, a partir do início
(esquerda).
z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi-
ção2): Esta função conta quantas vezes aparece
=ESQUERDA(“Fernando Nishimura”;8) exibe “Fern
um determinado valor (número ou texto) em um
ando”
intervalo de células (o usuário tem que indicar
qual é o critério a ser contado), atendendo a todas
z DIREITA(texto;quantidade)
as condições especificadas.
Extrai de uma sequência de texto, uma quantidade
de caracteres especificados, a partir do final.
=CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”)
Efetua a contagem de quantas células existem no
intervalo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes- =DIREITA(“Polícia Federal”;7) exibe “Federal”.
mo tempo, quantas células existem no intervalo de B1
até B10 contendo o valor 7. z CONCATENAR(texto1;texto2; ... )
Junta os textos especificados em uma nova sequência.
z CONTAR.VAZIO (células) : conta as células vazias
de um intervalo. =CONCATENAR(“Escrevente “;”Técnico “;”Judiciá-
rio”) – exibe “Escrevente Técnico Judiciário”.
=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células
vazias existem no intervalo A1 até A8. z INT(valor)
Extrai a parte inteira de um número.
z SOMASE(células para testar;teste;células para
somar) =INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor
Efetua um teste nas células especificadas, e soma 3,14159 exibe 3.
as correspondentes nas células para somar.
Os intervalos de teste e de soma podem ser os z TRUNCAR(valor;casas decimais)
mesmos. Exibe um número com a quantidade de casas deci-
mais, sem arredondar.
=SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
de A1 até A10 que sejam maiores que 6. =TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem
118 menores que 3. z ARRED(valor;casas decimais)
Exibe um número com a quantidade de casas deci- Gráficos
mais, arredondando para cima ou para baixo.
Além da produção de planilhas de cálculos, o
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos
com os dados existentes nas células.
decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.
Gráficos são a representação visual de dados
numéricos, e poderão ser inseridos na planilha como
z HOJE() – Exibe a data atual do computador.
gráficos ‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
z AGORA() – Exibe a data e hora atuais do computador. Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâ-
z DIA(data) – Extrai o número do dia de uma data. micas, são construídos com dados existentes em uma
z MÊS(data) – Extrai o número do mês de uma data. ou várias pastas de trabalho, associando e agrupando
z ANO(data) – Extrai o número do ano de uma data. informações para a produção de relatórios completos.
z DIAS(data1;data2) - Informa a diferença em dias
entre duas datas. z Os gráficos de Colunas representam valores em
z DIAS360(data1;data2) – Informa a diferença em colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas:
dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias) Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agru-
z POTÊNCIA(base;expoente) pada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
Eleva um número (base) ao expoente informado.
=POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16

z MULT(número;número;número; ... )
Multiplica os números informados nos argumentos.

FUNÇÕES LÓGICAS

z Os gráficos de Linhas representam valores com


Retorna VERDADEIRO se linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de
E (Função E) todos os seus argumentos Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha-
forem VERDADEIROS da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores,
100% Empilhada com Marcadores, e 3D.

Retorna VERDADEIRO se
OU (Função OU) um dos argumentos for
VERDADEIRO

Inverte o valor lógico do


NÃO (Função NÃO)
argumento

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


Retorna o valor lógico cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
FALSO (Função FALSO)
FALSO Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

VERDADEIRO (Função Retorna o valor lógico


VERDADEIRO) VERDADEIRO

z Os gráficos de Barras representam dados de forma


Retornará um valor que semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon-
você especifica se uma fór- tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas,
SEERRO (Função
mula for avaliada para um Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D
SEERRO)
erro; do contrário, retornará Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o resultado da fórmula

Importante!
z Os gráficos de Área representam dados de forma seme-
Foram apresentadas muitas funções neste lhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
material, não é verdade? Existem milhares de até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área:
funções no Microsoft Excel e LibreOffice Calc. Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Em concursos públicos, estas são as mais Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.
questionadas. Em provas da banca organizado-
ra CESPE, raramente aparecem questões com
funções, e quando aparecem, são as básicas e
intermediárias. 119
z Os gráficos de Dispersão representam duas séries
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.
z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao
gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de z Os gráficos do tipo Histograma são usados para
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa
séries de valores com evolução, como idades da
Coroplético.
população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
grama: Histograma e Pareto.

z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-


jam organizados em preço na alta, preço na baixa
e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para proje-
serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
ção de valores.
de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
-Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as varia-


ções dos valores ao longo do tempo.

z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos


de Linhas, e preenchem a superfície com cores. z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em
São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
ordem decrescente.
Delineada, Contorno e Contorno Delineado.

z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a z Os gráficos do tipo Combinação permitem com-
evolução de itens. São exemplos de gráficos de binar dois tipos de gráficos para a exibição de
Radar: Radar, Radar com Marcadores, e Radar séries de dados. São exemplos de gráficos do tipo
Preenchido. Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Colu-
na Clusterizada-Linha no Eixo Secundário, Área
Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade
de criação de uma Combinação Personalizada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
120
Classificação de dados
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
A classificação de dados é uma parte importante Se você tiver formatado manual
da análise de dados. ou condicionalmente um interva-
Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), lo de células ou uma coluna de
Classificar por
números (dos menores para os maiores ou dos maiores tabela, por cor de célula ou cor
cor de célula,
de fonte, poderá classificar por
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a cor de fonte ou
essas cores. Também será pos-
mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ícones
sível classificar por um conjunto
ou mais colunas. Você também poderá classificar por de ícones criados ao aplicar uma
uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) formatação condicional.
ou por formato, incluindo a cor da célula, a cor da fonte
Você pode usar uma lista perso-
ou o conjunto de ícones. A maioria das operações de
nalizada para classificar em uma
classificação é identificada por coluna, mas você tam- Classificar ordem definida pelo usuário. Por
bém poderá identificar por linhas. por uma lista exemplo, uma coluna pode conter
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, personalizada valores pelos quais você deseja
a classificação poderá ser de texto, números, datas ou classificar, como Alta, Média e
horas, por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por Baixa.
uma lista personalizada, linhas, por mais de uma colu- Na caixa de diálogo Opções de
na ou linha, ou por uma coluna sem afetar as demais. Classificação, em Orientação,
Classificar linhas clique em Classificar da esquerda
para a direita e, em seguida, cli-
que em OK.

Classificar por Na caixa de diálogo Classificar,


mais de uma adicione mais de um critério para
coluna ou linha ordenação.

Classificar uma
Basta selecionar a coluna deseja-
coluna em um
da, e na janela de diálogo, manter
intervalo de célu-
o item “Continuar com a seleção
las sem afetar as
atual”.
demais

MICROSOFT POWERPOINT

As apresentações de slides criadas pelo Microsoft


PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de
extensão .PPTX. Caso contenham macros (comandos
para automatização de tarefas) será atribuída a exten-
são .PPTM. E ainda podemos trabalhar com os mode-
los (extensão .POTX e POTM).
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS Apesar de ser um aplicativo com finalidade dife-
A classificação de dados alfanu- rente do editor de textos, ele possui muitas semelhan-
méricos poderá ser ‘Classificar de ças que acabam ajudando quem está iniciando nele.
A a Z’ em ordem crescente, Da mesma forma que o editor de textos, é possível tra-
Classificar texto balhar com seções (divisões), é possível inserir núme-
ou ‘Classificar de Z a A’ em
ordem decrescente. É possível ros de slides, é possível comparar apresentações, etc.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

diferenciar letras maiúsculas e


minúsculas. TIPO DE
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO
Quando a coluna possui números,
Classificar podemos ‘Classificar do menor para Apresentação Versão 2003 ou
PPT
números o maior’ ou ‘Classificar do maior editável. anterior.
para o menor’
Apresentação Versão 2003 ou
PPS
Se houver datas ou horas, po- executável. anterior.
demos ‘Classificar da mais
Modelo de Versão 2003 ou
Classificar datas antiga para a mais nova’ POT
apresentação. anterior.
ou horas ou ‘Classificar da mais nova
para a mais antiga’, resumindo, Apresentação Versão 2007 ou
PPTX
cronologicamente. editável. superior.
121
TIPO DE z Slide Mestre – slide com o modelo de formatação
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO que será usado pelos slides da apresentação atual.
Versão 2007 ou z Design – aparência do slide ou de toda a apresen-
superior, que não tação. O design combina cores, estilos e padrões
Apresentação
PPSX necessita de pro- para que a aparência tenha um visual harmoniza-
executável.
gramas para ser
do. O PowerPoint oferece “Ideias de Design” a cada
visualizada.
objeto inserido no slide.
Recursos para pa- z Layout – disposição dos elementos dentro do slide.
Modelo de
POTX dronização de novas
apresentação. Quando a apresentação é iniciada, o slide de sli-
apresentações.
de de título é apresentado. O usuário poderá alte-
Recursos para pa-
Modelo de apre- rar para outro layout. Cada slide da apresentação
dronização e auto-
POTM sentação com poderá ter um layout diferente.
matização de novas
macros.
apresentações.

Formato do LibreOf-
fice Impress, que Slide de Título Título e Conteúdo Cabeçalho da Duas Partes de Comparação
ODP Open Document pode ser editado e Seção Conteúdo
Presentation. salvo pelo Microsoft
PowerPoint.
Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com
Legenda Legenda
Formato de docu-
mento portável, sem
Figura 2. Layout de slide
Portable Docu- alguns recursos
PDF/XPS
ment Format. multimídia inseridos
na apresentação de z Seção – divisão de formatação dentro da apresen-
slide. tação (usadas para Apresentações Personalizadas).
Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e no
início, escolher qual delas será exibida para o público.
z Transições – animação entre os slides. Ao selecionar
Importante! algum efeito de animação entre os slides (guia Tran-
Apresentações de slides é um tópico pouco sições, grupo Transição para este slide), será disponi-
questionado em provas de concursos. Conhe- bilizada a opção para configuração do Intervalo.
cendo os conceitos do Microsoft PowerPoint,
z Animação – animação dentro do slide, em um
você poderá aproveitá-los quando estudar
LibreOffice Impress. objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas ani-
mações simultaneamente, enquanto a transição do
slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saí-
As apresentações de slides podem ser gravadas em
formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até da ou Trajetórias de Animação.
transformadas em vídeo (extensão MP4).
Os recursos do PowerPoint, como animações, tran- Conceito de slides
sições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá
ser reproduzido em outros dispositivos, como Smart Conforme observado no item anterior, os slides são as
TV em totens de propagandas.
unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as pági-
nas de um documento do Microsoft Word, os slides pos-
suem configurações como margens, orientação, números
de páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés, etc.
O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais
de slides,

z Slide (modo de exibição Normal) – cada slide é


mostrado para edição de seu conteúdo.
z Slide Mestre – para alterar o design e o layout dos
Figura 1. Para produzir um vídeo da apresentação, acessar o botão
Arquivo, menu Exportar, item Criar Vídeo. slides mestres, alterando toda a apresentação de
uma vez.
Vamos conhecer alguns termos usados no aplicati- z Folhetos Mestre – para alterar o design e layout
vo de edição de apresentações de slides.
dos folhetos que serão impressos.
z Slide – unidade de edição, como uma página da z Anotações Mestras – para alterar o design e layout
122 apresentação. das folhas de anotações.
slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Durante a apresentação de slides, as setas de direção
permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para o
próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal
(esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em
branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela pre-
ta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem
os princípios do editor de textos Word. E os comandos tam-
bém são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.
De acordo com o formato escolhido, alguns recursos
poderão ser desabilitados.
Figura 3. Modo de exibição Normal, para edição da apresentação de
slides ANIMA- TRANSI- HIPER-
FORMA- ÁUDIO VÍDEO
TO ÇÕES ÇÕES LINKS
Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu
PPTX X X X X X
uma pequena mudança em relação às versões ante-
riores, com a inclusão do item Modo de Exibição de PPSX X X X X X
Estrutura de Tópicos:
PDF - - - - X

z Normal – no modo de exibição Normal, minia- MP4 X X X X X


turas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado
JPG/
esquerdo, o slide atual aparecerá no centro (sendo PNG
- - - - -
possível sua edição) e na área inferior da tela apa-
recerá a área de anotações. Ajustar à janela encai- Tabela. Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - )
xa o slide na área.
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos – O formato PDF é portável, e poderá ser usado em
para editar e alternar entre slides no painel de qualquer plataforma. Praticamente todos os progra-
estrutura de tópicos. Útil para a criação de uma mas disponíveis no mercado reconhecem o formato
apresentação a partir dos tópicos de um documen- PDF.
to do Microsoft Word. Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costu-
z Classificação dos Slides – no modo de exibição mam ser questionados em provas.
Classificação de Slides, apenas miniaturas dos sli-
des serão mostradas. Estas miniaturas poderão
Para entrar em modo de apresentação de sli-
ser organizadas, arrastando-as. As operações de
des do começo, devemos pressionar F5.
slides estão disponíveis, como Excluir slide, Ocul-
tar slide, etc. Mas não é possível editar o conteúdo.
Somente após duplo clique será possível a edição A outra forma de iniciar uma apresentação
do conteúdo. de slides é a partir do Slide Atual, pressio-
nando Shift+F5 ou clicando no ícone da guia
z Anotações – Exibir a página de anotações para
Apresentação de Slides.
editar as anotações do orador da forma como fica-
rão quando forem impressas. Apresentar on-line – Transmitir a apresen-
z Modo de Exibição de Leitura – Exibir a apresen- tação de slides para visualizadores remotos
tação como uma apresentação de slides que cabe que possam assisti-la em um navegador da
na janela. A barra de título do PowerPoint conti- Web.
nuará sendo exibida.
Apresentação de Slides Personalizada – Criar
Noções de edição e formatação de apresentações ou executar uma apresentação de slides
personalizada. Uma apresentação de slides
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A preparação de uma apresentação de slides segue personalizada exibirá somente os slides


uma série de recomendações, quanto a quantidade de tex- selecionados. Este recurso permite que você
to, quantidade de slides, tempo da apresentação, etc. tenha vários conjuntos de slides diferentes
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. (por exemplo, uma sucessão de slides de 30
O questionamento é sobre como fazer, onde configurar, minutos e outra de 60 minutos) na mesma
como apresentar, etc. apresentação.
Para entrar em modo de apresentação de slides do
começo, devemos pressionar F5. Podemos escolher o ícone Configurar Apresentação de Slides – Confi-
‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar gurar opções avançadas para a apresentação
Apresentação de Slides. E ainda clicar no ícone correspon- de slides, como o modo de quiosque (em que
dente na barra de status, ao lado do zoom. a apresentação reinicia após o último slide, e
continua em loop até pressionar ESC), apre-
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exi-
sentação sem narração, vários monitores,
bição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
avançar slides, etc.
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de 123
Ocultar Slide – Ocultar o slide atual da apre- Importante!
sentação. Ele não será mostrado durante a
apresentação de slides de tela inteira. O que você faz no Word, você faz no Writer. Qua-
se tudo tem correspondente entre os aplicati-
Testar Intervalos – Iniciar uma apresentação vos. Alguns atalhos de teclado são diferentes,
de slides em tela inteira na qual você possa alguns nomes de comandos são diferentes, mas
testar sua apresentação. A quantidade de
a maioria dos itens são iguais.
tempo utilizada em cada slide é registrada e
você pode salvar esses intervalos para exe-
cutar a apresentação automaticamente no abc
futuro. O botão é usado para fazer a verificação orto-
gráfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação
Gravar Apresentação de Slides – Gravar nar- ortográfica o atalho é Shift+F7. A auto verificação
rações de áudio, gestos do apontador laser ou ortográfica é para correção automática de todos os
intervalos de slide e animação para reprodu-
erros do documento segundo as configurações pré-de-
ção durante a apresentação de slides.
terminadas pelo editor de textos Writer.
Álbum de Fotografias – criar ou editar uma O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela
apresentação com base em uma série de tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma
imagens. Cada imagem será colocada em palavra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho)
um slide individual. ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado
verde). Já a autocorreção é um recurso diferente, que
Ação – Adicionar uma ação ao objeto selecio- permite substituir erros comuns, como a ausência de
nado para especificar o que deve acontecer maiúscula no início de uma frase, corrigir o uso aci-
quando você clicar nele ou passar o mouse dental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre
sobre ele. maiúscula e minúscula), acentuação na palavra não
(quando digitamos naõ), e principalmente a substitui-
Inserir número do slide - o número do slide ção de símbolos por palavras, definidos pelo usuário,
reflete sua posição na apresentação. no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.

Estrutura básica dos documentos


Inserir vídeo no slide - permite inserir um
Os documentos do LibreOffice Writer possuem a
videoclipe no slide.
seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos
do Microsoft Word e conceitos:

Inserir áudio no slide - permite inserir um z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text).
clipe de áudio no slide. Os documentos são arquivos editáveis pelo usuá-
rio. Os Modelos, com extensão OTT (Open Template
Text), contém formatações que serão aplicadas aos
Gravação de tela – gravar o que está sendo novos documentos criados a partir dele.
exibido na tela e inserir no slide. z Páginas: unidades de organização do texto, segundo
o tamanho do papel e margens. Definições estão no
menu Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.
Formas – linhas, retângulos, formas básicas,
setas largas, formas de equação, fluxogra-
ma, estrelas e faixas, textos explicativos e
botões de ação.
A4

LIBREOFFICE WRITER

A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interfa-


ce da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um
fundo cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando
mais parecido com o Word 2016.
A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão
Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N).
z Seção: divisão de formatação do documento, onde
O LibreOffice Writer é integrado com os demais
programas do pacote, permitindo a inserção de fór- cada parte tem a sua configuração. Sempre que
mulas avançadas de cálculos do LibreOffice Calc em forem usadas configurações diferentes, como mar-
uma tabela do documento de textos, por exemplo. gens, colunas, tamanho, etc., as seções serão usa-
O LibreOffice Writer grava documentos com a das. Disponível no menu Inserir, item Seção...
extensão ODT, mas também poderá gravar em outros z Parágrafos: formado por palavras e marcas de
formatos como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos formatação. Finalizado com Enter, contém forma-
que são gravados pelo programa, também poderão tação independente do parágrafo anterior, e do
124 ser abertos por ele. parágrafo seguinte.
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração de formatação atual permanece na próxima linha.
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação, etc. Podemos definir a formata-
ção do texto no menu Formatar, item Texto (nas versões anteriores era Caractere). E podemos escolher em Tex-
to. A novidade na versão 5 é que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos e efeitos disponíveis no editor.

Edição e formatação de textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos parágra-
fos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem todos estes recursos, como o Microsoft Word.
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração
aplicada.

Edição e formatação de FONTES.

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível

na barra de formatação de Caracteres.


E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Forma-
tar, Texto.
Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.

ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Negrito Ctrl+N Ctrl+B (Bold) Exemplo de Texto

Itálico Ctrl+I Ctrl+I (Italic) Exemplo de Texto

Sublinhado (simples) Ctrl+S Ctrl+U (Underline) Exemplo de Texto


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sublinhado duplo - - Ctrl+D (Double) Exemplo de Texto

Tachado (simples) - - Exemplo de Texto

Tachado duplo Fonte (Ctrl+D) Formatar, Texto Exemplo de Texto

Sobrelinha - - - Exemplo de Texto

Sobrescrito Ctrl+Shift+mais Ctrl+Shift+P Exemplo de Texto


125
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Subscrito Ctrl+ igual Ctrl+Shift+B Exemplo de Texto

Sombra - - Exemplo de Texto

Contorno - - Exemplo de Texto

Aumentar tamanho Ctrl+Shift+ponto Ctrl + ] Exemplo de Texto

Ctrl+Shift+vír-
Diminuir tamanho Ctrl + [ Exemplo de Texto
gula

Maiúsculas EXEMPLO DE TEXTO

Minúsculas exemplo de texto

Alternar (Circular caixa) Shift+F3 Shift+F3 Exemplo de Texto

Versalete - Ctrl+Shift+K - Exemplo de Texto

Limpar formatação - Ctrl+M Exemplo de Texto

Cor da Fonte - - Exemplo de Texto

Realce de Texto - - Exemplo de Texto

Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).

Atalhos de teclado dos editores de textos

Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.

ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS


Ctrl+A Abrir Selecionar tudo (All) Selecionar tudo (All)

Ctrl+B Salvar Negrito (Bold) Negrito (Bold)

Ctrl+D1 Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -

Ctrl+E Centralizar Centralizar Ctrl+Shift+E

Ctrl+F - Localizar (Find) Localizar na página

Ctrl+G2 Alinhar texto à direita Ir para (Go To) Ctrl+Shift+R

Ctrl+H Localizar e Substituir

Ctrl+I Itálico Itálico Itálico

1 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
126 2 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Ctrl+J3 Justificado Justificado Ctrl+Shift+J

Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink Barra de endereços do navegador

Ctrl+L4 Localizar Alinhar texto à esquerda (Left) Ctrl+Shift+L

Ctrl+M Aumentar recuo5 Limpar formatação direta Ctrl+\

Ctrl+N6 Negrito Novo documento (New) -

Ctrl+O Novo documento Abrir documento (Open) Abrir documento (Open)

Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -

Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)

Ctrl+S Sublinhado Salvar documento (Save) Salvar página web

Ctrl+U Localizar e Substituir Sublinhado (Underline) Sublinhado (Underline)

Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando

Ctrl+igual7 Subscrito Ctrl+Shift+B Ctrl+vírgula

Ctrl+Shift+mais Sobrescrito Ctrl+Shift+P Ctrl+ponto final

Ctrl+Shift+V Colar Especial Colar Especial Colar sem formatação

Ctrl+Alt+Shift+V Colar sem formatação

Shift+F38 Maiúsculas e Minúsculas Maiúsculas e Minúsculas -

Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.

No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:

z Página
z Títulos
z Tabelas
z Quadros
z Objetos OLE
z Marca-páginas
z Seções
z Hiperlinks
z Referências
z Índices
z Anotações
z Objetos de Desenho
Controle
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z
z Fórmula de tabela
z Fórmula de tabela incorreta

A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:
3 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
4 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
6 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
7 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
8 O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também. 127
MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO Permite adicionar um item que não existe
no documento atual. Adicionar qualquer
Selecionar Seleciona o objeto no arquivo atualmente editado. Se
- Ctrl+A
tudo documento este objeto é atualizável, será um campo.
Inserir
Botão 1 clique na Posiciona Elementos da página, elementos gráficos,
- elementos visuais, referências e índices,
principal palavra o cursor
elementos de mala direta e cabeçalho e
Botão 2 cliques Seleciona a rodapé.
-
principal na palavra palavra
Formatar significa dar um formato a um
Botão 3 cliques Selecionar objeto que já existe. Parágrafo, estilos,
- Forma-
principal na palavra a frase marcadores e numeração, tabulações, etc.
tar
Permite alterar elementos editáveis do
Botão 4 cliques Seleciona documento.
-
principal na palavra o parágrafo
Os estilos são formatações pré-definidas
Estilos para serem usadas no texto. Posteriormen-
Cabeçalhos te poderão ser organizadas em um índice.

Localizado na margem superior da página, poderá Disponibilizam ferramentas para o trabalho


ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé. com tabelas, segundo as convenções pró-
Assim como no Word, é possível trabalhar com Tabelas prias do recurso. Ao incluir uma tabela no
configurações diferentes dentro do mesmo documen- documento, a barra de ícones Tabela será
to. Para isto, use as seções para dividir a formatação exibida.
do documento.
Permite a edição e programação de formu-
Esta região aceitará qualquer elemento que seria Formu-
lários diretamente no documento aberto,
usado no documento, como textos, imagens, tabelas, lários
para entrada de dados padronizados.
campos, formas geométricas, hiperlinks, entre outros.
Oferece comandos para o gerenciamento
Ferra- do aplicativo, alterando as configurações
Inserir mentas em todos os próximos arquivos editados
pelo aplicativo.

Oferece opções para organizar as janelas


Janela
dos documentos em edição.

Impressão
Cabeçalho e rodapé Cabeçalho

Disponível no menu Arquivo, e também pelo ata-


lho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar
Impressão), a impressão permite o envio do arquivo
Diferentemente da interface do Microsoft Word, em edição para a impressora. A impressora listada
que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos vem do Windows, do Painel de Controle (ou Configu-
e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em rações, no caso do Windows 10).
menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para Podemos escolher a impressora, definir como será a
compreender a sequência de comandos e menus do impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas
Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e específicas), quais serão as páginas (números separados
LibreOffice Impress. com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais,
separadas por traço uma sequência de páginas).
MENU SIGNIFICADO

Permitem acesso às configurações de ar-


Arquivo quivo sobre o documento atual (novo, abrir,
fechar, salvar, imprimir, propriedades).

Permite acesso à Área de Transferência,


além das opções temporárias (localizar,
Editar
substituir, selecionar) e área de transferên-
cia do Windows/Linux,

Permite a configuração dos objetos que


serão exibidos na tela do aplicativo. Modos
Exibir de visualização, interface do usuário, ele-
mentos da tela de edição, Marcas de For-
matação, Barra Lateral e Zoom
128
Havendo a possibilidade disponível na impresso- CONCEITO USO COMENTÁRIOS
ra, serão impressas de um lado da página, ou frente e
Conhecido como nuvem, e tam-
verso automático, ou manual. Ao contrário do Word, bém como World Wide Web, ou
que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o WWW, a Internet é um ambiente
Conexão entre
Writer divide em guias as opções da impressão. Internet inseguro, que utiliza o protoco-
computadores
lo TCP para conexão em con-
junto a outros para aplicações
específicas.

Ambiente seguro que exige


REDES DE COMPUTADORES identificação, podendo estar
restrito a um local, que poderá
Conexão com
CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, Intranet acessar a Internet ou não. A
autenticação
Intranet utiliza o mesmo proto-
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E colo da Internet, o TCP, podendo
INTRANET usar o UDP também.

Conexão remota segura, prote-


A Internet é a rede mundial de computadores que Conexão entre gida com criptografia, entre dois
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, Extranet dispositivos dispositivos, ou duas redes. O
para proteger os sistemas de comunicação em caso de ou redes acesso remoto é geralmente su-
portado por uma VPN.
ataque nuclear, durante a Guerra Fria.
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta-
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
mas também questionam Extranet. A conexão remota
procuravam proteger as informações secretas de
segura que conecta Intranet’s através de um ambiente
ambos os países e seus blocos de influência. inseguro que é a Internet, é naturalmente um resulta-
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced do das redes de computadores.
Research Projects Agency, era um modelo de troca e
compartilhamento de informações que permitisse a
descentralização das mesmas, sem um ‘nó central’, Internet, Intranet e Extranet

garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó Redes de


computadores
fosse desligado.
A troca de mensagens começou antes da própria
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio Internet Intranet Extranet

a Internet como conhecemos e usamos. Rede mundial de Rede local de Acesso remoto
computadores acesso restrito seguro
Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
Utiliza os mesmos
dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
comercial, permitindo o acesso de todos.
Padrão de Criptografia em
Família TCP/IP
comunicação VPN

A Internet é transparente para o usuário. Qual-


quer usuário poderá acessar a Internet sem ter conhe-
Usuário Modem
Internet cimento técnico dos equipamentos que existem para
Provedor de Acesso possibilitar a conexão.
Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se
conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX, GOOGLE
A navegação na Internet é possível através da com- CHROME E SIMILARES)
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

colos da família TCP/IP, que permite a comunicação


camadas ou 4 camadas). entre os dispositivos nas redes de computadores. São
A Internet conecta diversos países e grandes cen- exemplos de protocolos de transferência de dados:
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas HTTP (hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma
de backbones. São conexões de alta velocidade que segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio
eletrônico), NNTP (grupos de discussão e notícias),
permitem a troca de dados entre as redes conectadas.
entre outros.
O usuário não consegue se conectar diretamente no Ao navegar na Internet com um navegador ou bro-
backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou wser, o usuário está em uma sessão de navegação.
uma operadora de telefonia através de um modem, e A sessão de navegação poderá ser em janelas ou
a empresa se conecta na ‘espinha dorsal’. em guias dentro das janelas.
As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli-
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve que em links das páginas visitadas, ou clique no link
utilizar programas específicos para realizar a navega- enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou ata-
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores. lho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou 129
clique no link com o botão direito do mouse para aces- dispositivo e continue em outro dispositivo logado na
sar o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link mesma conta Microsoft. Semelhante ao Google Con-
em nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas tas, mas nomeado como Coleções no Edge, permite
com o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4. adicionar sugestões do Pinterest.
A janela de navegação ‘normal’ é aberta com o Outro recurso específico do navegador é a repro-
atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
mantém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link Microsoft Bing (buscador da Microsoft).
com o botão direito do mouse para acessar o menu de
contexto e escolher a opção “Abrir link em nova jane- Internet Explorer
la”. A janela poderá ser fechada com o atalho de tecla-
do Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela, Foi o navegador padrão dos sistemas Windows,
com o atalho de teclado Alt+F4, todas serão fechadas. e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o
Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada, questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T.
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade.
Os navegadores de Internet permitem a continua-
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi-
ção da navegação nas guias que estavam abertas na
mento de substitutos para os programas, que deter-
última sessão. Alterando as configurações do navega-
mina que a nova versão ou novo produto, terá os
dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as
recursos e irá operar como as versões anteriores ou
últimas guias que foram acessadas na última sessão.
Os navegadores de Internet não permitem a edi- produtos de origem.
ção de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF O atalho de teclado para abrir uma nova janela de
é o mais popular para distribuição de conteúdo na navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P.
Internet, e pode ser editado por aplicativos específicos As Opções de Internet, disponível no menu Fer-
como o Microsoft Word. ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
Os navegadores de Internet possuem mecanis- de Controle do Windows, devido à alta integração do
mos internos que procuram proteger a navegação do navegador com o sistema operacional.
usuário por sites, alertando sobre sites que tenham
conteúdo malicioso, download automático de códigos, Mozilla Firefox
arquivos que são potencialmente perigosos se execu-
tados, entre outras medidas. O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que,
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con-
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Importante! Internet como na Intranet.
É um navegador com código aberto, software livre,
Os navegadores possuem mais recursos em que permite download para estudo e modificações.
comum do que diferenças. As bancas costumam Possui suporte ao uso de applets (complementos de
perguntar os itens que são diferentes ou exclusivos. terceiros), que são instalados por outros programas
no computador do usuário, como o Java.
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização
Microsoft Edge de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con-
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan-
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre o dados não serão sincronizados.
kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma Assim como nos outros navegadores, é possível
série de itens semelhantes ao Google Chrome. definir uma página inicial padrão, uma página inicial
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS- escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar
creen, permite o bloqueio de sites que contenham a navegação das guias abertas na última sessão.
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela
o usuário, como páginas que pedem login/senha do permite copiar para a Área de Transferência do com-
cartão de crédito). putador, parte da imagem da janela que está sendo
Outro recurso de proteção é usado para combater acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que poderá colar a imagem capturada ou salvar direta-
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar- mente pelo navegador.
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário. Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles
oferecem pequenas dicas para que você possa apro-
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese- da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e
nhar’ sobre o conteúdo do PDF. muito mais.
Mantém as características dos outros navegado-
res de Internet, como a possibilidade de instalação de Google Chrome
extensões ou complementos, também chamados de
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos O navegador mais utilizado pelos usuários da
específicos para a navegação em determinados sites. Internet é oferecido pela Google, que mantém servi-
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- ços como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube),
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, entre muitos outros.
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas Uma das pequenas diferenças do navegador em
como PDF no dispositivo do usuário. relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclu- para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
130 sivo para permitir que a navegação inicie em um F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se O erro está na sigla SMTP, que deveria ser IMAP4 para se
você acessar pelo Google Chrome. tornar correta. O protocolo FTP é usado para transferên-
Outro recurso especialmente útil do Chrome é o cia de arquivos, enviando (upload) ou recebendo (down-
Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla- load) dados. O protocolo NNTP (Network News Transfer
do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador Protocol) é um protocolo da Internet para grupos de dis-
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas cussão da chamada Usenet.
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa. O protocolo SMTP é para envio de mensagens de cor-
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’ reio eletrônico, mas é usado por um cliente de e-mail,
do site de buscas, como a tradução automática de como o Microsoft Outlook ou o Mozilla Thunderbird.
páginas pelo Google Tradutor. Os navegadores de Internet usam o IMAP4, para aces-
É possível compartilhar o uso do navegador com so à caixa de mensagens do usuário através da moda-
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que lidade de acesso webmail. Resposta: Errado.
cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma das ferramentas
rentes de acessos, que podem ser definidos quando o mais completas do Mozilla Firefox é o corretor orto-
usuário conecta ou não em sua conta Google. gráfico, que é instalado no navegador e contém todos
os idiomas em um único dicionário.
z Modo Normal – sem estar conectado na conta Goo-
gle, o navegador armazena localmente as informa- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ções da navegação para o perfil atual do sistema
operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
O erro está na afirmação final, que um único dicio-
consultar as informações armazenadas.
nário contém todos os idiomas. Se existisse um úni-
z Modo Normal conectado na conta Google – o nave-
co dicionário com todos os idiomas disponíveis, este
gador armazena localmente as informações da
seria ‘imenso’, literalmente.
navegação e sincroniza com outros dispositivos
Os conteúdos digitados nos campos dos formulá-
conectados na mesma conta Google.
z Modo Visitante – o navegador acessa a Internet, rios nos sites de Internet poderão ser verificados em
mas não acessa as informações da conta Google relação à gramática e sua ortografia.
registrada. Assim como qualquer outro aplicativo de edição de
z Modo de Navegação Anônima – o navegador aces- documentos, os dicionários são separados por idio-
sa a Internet e apaga os dados acessados quando a mas. Para efetuar a correção ortográfica em um idio-
janela é fechada. ma diferente do padrão, é preciso fazer o download
do dicionário correspondente. Resposta: Errado.
O navegador Google Chrome, quando conectado em
uma conta Google, permite que a exclusão do histórico PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK
de navegação seja realizada em todos os dispositivos EXPRESS, MOZILLA THUNDERBIRD E SIMILARES)
conectados. Esta funcionalidade não estará disponível,
caso não esteja conectado na conta Google. O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é
Um dos atalhos de teclado diferente no Google uma forma de comunicação assíncrona, ou seja, mes-
Chrome em comparação aos demais navegadores mo que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
é F6. Para acessar a barra de endereços nos outros armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
navegadores, pressione F4. No Google Chrome o ata- disponível até ela ser acessada novamente.
lho de teclado é F6. O correio eletrônico (popularmente conhecido
Para verificar a versão atualmente instalada do como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen- e se mantém usual até os dias de hoje.
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos O Mozilla Thunderbird é um cliente de e-mail
gratuito com código aberto que poderá ser
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
usado em diferentes plataformas.
com as mesmas credenciais de login.
O Google Chrome permite a personalização com
O eM Client é um cliente de e-mail gratuito
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina- para uso pessoal no ambiente Windows e
das para alterar a visualização da janela do aplicativo. Mac. Facilmente configurável. Tem a versão
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pro, para clientes corporativos.


O Microsoft Outlook, integrante do pacote Mi-
crosoft Office, é um cliente de e-mail que per-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mite a integração de várias contas em uma
caixa de entrada combinada.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) As versões mais moder-
O Microsoft Outlook Express foi o cliente de
nas dos navegadores Chrome, Firefox e Edge reconhe- e-mail padrão das antigas versões do Win-
cem e suportam, em instalação padrão, os protocolos dows. Ainda aparece listado nos editais de
de Internet FTP, SMTP e NNTP, os quais implemen- concursos, porém não pode ser utilizado nas
tam, respectivamente, aplicações de transferência de versões atuais do sistema operacional.
arquivos, correio eletrônico e compartilhamento de Webmail. Quando o usuário utiliza um nave-
notícias. gador de Internet qualquer para acessar sua
caixa de mensagens no servidor de e-mails,
( ) CERTO ( ) ERRADO ele está acessando pela modalidade webmail. 131
O Microsoft Outlook possui recursos que permitem Os protocolos de e-mails são usados para a troca
o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização de mensagens entre os envolvidos na comunicação.
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha- O usuário pode personalizar a sua configuração, mas
mento, e também recursos relacionados a reuniões e
em concursos públicos o que vale é a configuração
compromissos.
Os eventos adicionados ao calendário poderão ser padrão, apresentada neste material.
enviados na forma de notificação por e-mail para os SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
participantes. lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo
O Outlook possui o programa para instalação no cliente de e-mail para enviar para o servidor de men-
computador do usuário e a versão on-line. A versão sagens, e entre os servidores de mensagens do reme-
on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
tente e do destinatário.
mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA,
integrante do Microsoft Office 365). POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de
e-mail para receber as mensagens do servidor remo-
to, removendo-as da caixa de entrada remota.
Usuário IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é
usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
@ los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail,
Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor transferindo cópias das mensagens para a janela do
de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador navegador e mantendo as originais na caixa de men-
de Internet
sagens do servidor remoto.
Formas de acesso ao correio eletrônico

Podemos usar um programa instalado em nosso


dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador Servidor Exchange Enviar e Receber
SMTP
Servidor Gmail

de Internet para acessarmos as mensagens recebi-


Enviar – SMTP
das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
Enviar e Receber
da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem Receber – POP3 IMAP4
suas características e protocolos. Confira.

FORMA DE
CARACTERÍSTICAS Remetente Destinatário
ACESSO Cliente
Webmail

Protocolo SMTP para enviar mensa- Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
gens e POP3 para receber. As mensa- (cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
Cliente de E-mail gens são transferidas do servidor para (Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail,
o cliente e são apagadas da caixa de e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
mensagens remota.
os e-mails recebidos.
Protocolo IMAP4 para enviar e para re-
ceber mensagens. As mensagens são Uso do correio eletrônico
Webmail copiadas do servidor para a janela do
navegador e são mantidas na caixa de
mensagens remota. Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o
usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial-
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali-
zada na RFC5322.
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails
Dica
RFC é Request for Comments, um documento
Receber IMAP4
Receber – POP3 de texto colaborativo que descreve os padrões
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
usado nas redes de computadores.
Usuário Usuário
De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
Cliente de e-mail Navegador de Internet também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para formato reduzido usuário@provedor no enunciado
o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de das questões, ao invés do formato detalhado usuá-
132 Internet e mantida no servidor de e-mails. rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@ CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL
PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
CAMPO CARACTERÍSTICAS
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
Identifica o (primeiro) destinatário da
Antes do símbolo de @, identifica um mensagem. Poderão ser especifica-
Usuário
único usuário no serviço de e-mail. dos vários endereços de destinatá-
rios neste campo, e serão separados
Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e separa TO (Para) por vírgula ou ponto-e-vírgula (segun-
a parte esquerda que identifica o usuá- do o serviço). Todos que receberem
@ rio, da parte à sua direita, que identifica a mensagem, conhecerão os outros
o provedor do serviço de mensagens destinatários informados neste
eletrônicas. campo.
Imediatamente após o símbolo de @, Identifica os destinatários da men-
identifica a empresa ou provedor que ar- sagem que receberão uma cópia do
Nome do domínio mazena o serviço de e-mail (o servidor e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
de e-mail executa softwares como o Mi- CC (com cópia ou
Copy (cópia carbono).
crosoft Exchange Server, por exemplo). cópia carbono)
Todos que receberem a mensagem,
conhecerão os outros destinatários
Identifica o tipo de provedor, por exem-
informados neste campo.
plo, COM (comercial), .EDU (educa-
cional), REC (entretenimento), GOV Identifica os destinatários da men-
Categoria do
(governo), ORG (organização não-gover- sagem que receberão uma cópia do
domínio
namental), etc., de acordo com as defi- BCC (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind
nições de Domínios de Primeiro Nível cópia oculta ou cópia Carbon Copy (cópia carbono oculta).
(DPN) na Internet. carbono oculta) Todos que receberem a mensagem
não conhecerão os destinatários in-
Informação que poderá ser omitida,
formados neste campo.
quando o serviço está registrado nos
Estados Unidos. O país é informado por Identifica o conteúdo ou título da
País SUBJECT (assunto)
duas letras, como: BR, Brasil, AR, Argen- mensagem. É um campo opcional.
tina, JP, Japão, CN, China, CO, Colômbia,
etc. Anexar Arquivo: Identifica o(s) ar-
quivo(s) que estão sendo enviados
junto com a mensagem. Existem res-
ATTACH (anexo) trições quanto ao tamanho do anexo
Dica e tipo (executáveis são bloqueados
pelos webmails). Não são enviadas
Quando o símbolo @ é usado no início, antes pastas.
do nome do usuário, identifica uma conta em
O conteúdo da mensagem de e-mail,
rede social. Para o endereço URL do Instagram Mensagem poderá ter uma assinatura associada
inserida no final.
https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
nome do usuário é @novaconcursos.
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou
salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
preencher os campos disponíveis para destinatário(s), A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
título da mensagem, entre outros. recebidas, lidas e não lidas.
Para enviar a mensagem, é preciso que exista A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe-
tivamente enviadas.
um destinatário informado em um dos campos de A pasta Itens Excluídos contém as mensagens
destinatários. apagadas.
Se um destinatário informado não existir no servi- A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e
não enviadas.
dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece- o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado, ocorre quando enviamos uma mensagem no app
WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet.
a mensagem tentará ser entregue depois. A mensagem permanece com um ícone de relógio,
Conheça estes elementos na criação de uma nova enquanto não for enviada.
mensagem de e-mail. Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo.
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL não solicitados, que geralmente são enviados para
CAMPO CARACTERÍSTICAS um grande número de pessoas. Quando o conteúdo
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem
Identifica o usuário que está en- é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commer-
viando a mensagem eletrônica, o cial E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas
FROM (De)
remetente. É preenchido automatica-
mensagens são marcadas pelo filtro AntiSpam, e pro-
mente pelo sistema.
curam identificar mensagens enviadas para muitos 133
destinatários ou com conteúdo publicitário irrelevan-
te para o usuário.
Servidor Exchange Servidor Gmail
Outras operações com o correio eletrônico Enviar e-mail
O servidor confirma a
com confirmação
de entrega entrega do e-mail na caixa
de entreda do destinatário
O usuário poderá sinalizar a mensagem, tanto as
Recebendo a
mensagens recebidas como as mensagens enviadas. confirmação de entrega
Ele poderá solicitar confirmação de entrega e confir-
Destinatário
mação de leitura. A mensagem recebida poderá ser
Webmail
impressa, visualizar o código fonte ou ignorar mensa- Remetente
Cliente
gens de um remetente.
Confira a seguir as operações ‘extras’ para o uso do Figura 6. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails
correio eletrônico com mais habilidade e profissiona- do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na
lismo, facilitando a organização do usuário. Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.

Enviar e-mail
Ação e características

z Alta prioridade – Quando marca a mensagem Servidor Exchange Servidor Gmail


Enviar e-mail
como Alta Prioridade, o destinatário verá um pon- com confirmação O destinatário
to de exclamação vermelho no destaque do título. de leitura confirma a leitura
da mensagem
z Baixa prioridade – Quando o remetente marca a Recebendo a
confirmação de leitura
mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
verá uma seta azul apontando para Baixo no des- Remetente Destinatário
Cliente
taque do título. Webmail

z Imprimir mensagem – O programa de e-mail ou Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
navegador de Internet prepara a mensagem para Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do
conteúdo do e-mail.
ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
ção do e-mail.
z Ver código fonte da mensagem – As mensagens
possuem um cabeçalho com informações técnicas EXERCÍCIOS COMENTADOS
sobre o e-mail, e o usuário poderá visualizar elas.
z Ignorar – Disponível no cliente de e-mail e em 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O símbolo @ em endere-
alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as ços de email tem o sentido da preposição no, sendo
próximas mensagens recebidas do mesmo reme- utilizado para separar o nome do usuário do nome do
provedor.
tente serão excluídas imediatamente ao serem
armazenadas na Caixa de Entrada.
( ) CERTO ( ) ERRADO
z Lixo Eletrônico – Sinalizador que move a mensa-
gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio Em um endereço eletrônico padrão usuário@prove-
eletrônico para fazer o mesmo com as próximas dor, o símbolo @ indica que é o usuário ‘no’ prove-
mensagens recebidas daquele remetente. dor de e-mails. Resposta: Certo.
z Tentativa de Phishing – Sinalizador que move a
mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Nos softwares de email, a
serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem opção Bcc (blind carbon copy) tem como um de seus
estar enviando links maliciosos que tentam captu- objetivos esconder os destinatários para evitar ações
de spam.
rar dados dos usuários.
z Confirmação de Entrega – O servidor de e-mails do
( ) CERTO ( ) ERRADO
destinatário envia uma confirmação de entrega,
informando que a mensagem foi entregue na Cai- Quando um endereço de destinatário é informado
xa de Entrada dele com sucesso. no campo CCO ou BCC, ele receberá a mensagem e os
z Confirmação de Leitura – O destinatário pode anexos, mas não terá o seu endereço revelado para
confirmar ou não a leitura da mensagem que foi os outros destinatários. Como seu endereço está
enviada para ele. oculto, caso a mensagem seja utilizada por alguém
ou algum programa de captura de dados para envio
A confirmação de entrega é independente da con- de spams, as informações não serão reveladas. Res-
firmação de leitura. Quando o remetente está elabo- posta: Certo.
rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar
SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET
as duas opções simultaneamente. Se as duas opções
forem marcadas, o remetente poderá receber duas Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesqui-
confirmações para a mensagem que enviou, sendo sa têm como finalidade apresentar os resultados de
uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do endereços URLs com as informações solicitadas pelo
134 próprio destinatário. usuário.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft COMANDO USO EXEMPLO
Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
Resultados de apenas livro site:www.
quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê, site:
um site. uol.com.br
Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
acessibilidade das informações existentes na Internet, Somente um tipo de apostila
filetype:
indexando em diretórios os conteúdos disponíveis. arquivo. filetype:pdf
Os sites de pesquisas foram incorporados aos nave- define: Definição de um termo. define:smtp
gadores de Internet, e na configuração dos browsers
intitle: No título da página. intitle:concursos
temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que permite
a busca dos termos digitados diretamente na barra de No endereço URL da
inurl: inurl:nova
endereços do cliente web. Esta funcionalidade trans- página.
forma a nossa barra de endereços em uma omnibox Pesquisa o horário em
time: time:japan
(caixa de pesquisa inteligente), que preenche com os determinado local.
termos pesquisados anteriormente e oferece suges-
related:uol.com.
tões de termos para completar a pesquisa. related: Sites relacionados.
br
O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como bus-
cador padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome cache:uol.com.
cache: Versão anterior do site.
br
têm o Google Buscas como buscador padrão. As confi-
gurações podem ser personalizadas pelo usuário. Páginas que contenham link:
link:
Os sites de pesquisas incorporam recursos para link para outras. novaconcursos
operações cotidianas, como pesquisa por textos, Informações de um de- location:méxico
location:
imagens, notícias, mapas, produtos para comprar terminado local. terremoto
em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, tra-
duz textos de um idioma para outro, entre inúmeras
Os comandos são seguidos de dois pontos e não pos-
funcionalidades.
Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acen- suem espaço com a informação digitada na pesquisa.
tuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras O site de pesquisas Google também oferece respos-
minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas. tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe-
E além de todas estas características, os sites de rece mecanismos similares.
pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím- As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
bolos) para refinar os resultados e comandos para tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con- permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
cursos públicos, estes são os itens mais questionados. de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais
de concursos públicos, esta parte você consegue pra- PEDIDO USO EXEMPLO
ticar, até no seu smartphone. Comece a usar os sím-
bolos e comandos nas suas pesquisas na Internet, e traduzir ... para Google traduzir maçã
visualize os resultados obtidos. ... Tradutor. para japonês

lista telefôni- Páginas com o Lista telefôni-


SÍMBOLO USO EXEMPLO ca:número telefone. ca:99999-9999
Pesquisa exata, na mes- Cotação da bol-
“Nova código da ação GOOG
Aspas duplas ma ordem que forem sa de valores.
Concursos”
digitados os termos.
Previsão do
Menos ou Excluir termo da concursos clima localidade clima são paulo
traço pesquisa. –militares
tempo.

concursos Status de um
Til (acento) Pesquisar sinônimos. código do voo ba247
~públicos voo (viagens).

Substituir termos na
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pesquisa, para pesqui- Os resultados apresentados pelas pesquisas do


sar ‘inscrições encer-
Asterisco inscrições * site são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura
radas’, e ‘inscrições
abertas’, e ‘inscrições filtrar os resultados com conteúdo adulto, evitando
suspensas’, etc. a sua exibição. Quando desativado, os resultados de
Cifrão Pesquisar por preço. celulares $1000 conteúdo adulto serão exibidos normalmente.
No Microsoft Bing, na página do buscador www.
Intervalo de datas ou campeão
Dois pontos
preço. 1980..1990
bing.com, acesse o menu no canto superior direito e
escolha o item Pesquisa Segura.
Pesquisar em redes @Instagram
Arroba No Google, na página do site do buscador www.
sociais. novaconursos
google.com, acesse o menu Configurações no can-
Pesquisar nas marca- to inferior direito e escolha o item Configurações de
Hashtags #informática
ções de postagens.
Pesquisa. 135
Os antigos grupos de discussão foram o modelo
Importante! a ser seguido para o desenvolvimento dos grupos do
As bancas costumam questionar funcionali- Facebook, dos grupos no comunicador WhatsApp e
dades do Microsoft Bing que são idênticas às no Telegram. Nos grupos de Facebook o participante
funcionalidades do Google Buscas. Ao inserir o envia um post, ou anúncio, ou arquivo, e todos podem
nome do navegador da Microsoft na questão, a consultar na página o que foi compartilhado. Nos gru-
banca procura desestabilizar o candidato com a pos de WhatsApp e Telegram também, e todos podem
dúvida acerca do recurso questionado. consultar o grupo no aplicativo.

Como funcionam os grupos de discussão?


GRUPOS DE DISCUSSÃO

Existem serviços na Internet que possibilitam a O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
troca de mensagens entre os assinantes de uma lista nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
de discussão. O Grupos do Google é o último serviço incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
em atividade, segundo o formato original. o link recebido em um convite por e-mail.
Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu
de 2019, e os membros não poderão mais enviar ou e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem.
receber e-mails do Yahoo Grupos. Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo
Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem-
Fórum de Discussão são denominações equivalentes brando que nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama-
para um serviço que centraliza as mensagens recebi-
nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário.
das que foram enviadas pelos membros e redistribui
O envio para um endereço único permite a distribui-
para os demais participantes.
Os grupos de discussão do Facebook surgiram den- ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia
tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente da mensagem e anexos se houverem, será disponibiliza-
pela facilidade de acesso, associação e participação. da no mural da página do grupo, para consultas futuras.

Mensagem
ITEM CARACTERÍSTICAS enviada para
Grupos de todos os
O grupo poderá ser público e visível, discussão participantes
inscritos no
ou restrito e visível (qualquer um pode Mensagem enviada grupo
Privacidade pedir para participar), ou secreto e in- para o endereço de de discussão
e-mail do grupo
visível (somente convidados podem
Usuários da Internet
ingressar).
Quem não é inscrito
no grupo, não recebe
Proprietário Criador do grupo. Usuário participante a mensagem

Figura 8. Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam


Participantes convidados pelo pro-
mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os
Gerentes ou prietário para auxiliar na moderação
demais participantes.
Moderadores das mensagens e gerenciamento do
grupo.
A qualquer momento o usuário poderá desistir e
Em grupos no Facebook, pode ser o sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
Administrador criador ou gerente/moderador convi- ço de e-mail próprio (unsubscribe).
dado pelo dono do grupo. A principal diferença entre um grupo de discussão
Como receberá as mensagens. Pode- e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
rá ser uma por uma, ou resumo das com a exibição do endereço dos participantes. Em um
mensagens por e-mail, ou e-mail de grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
Assinatura
resumos (com os tópicos recebidos endereço que enviará cópia para todos os participan-
no grupo), ou nenhum e-mail (para lei- tes do grupo, e nas mensagens respondidas, aparece o
tura na página do grupo). endereço original do remetente.
Apesar do tópico aparecer em diversos editais
Quais são as vantagens de um grupo? de concursos, faz vários anos que não são aplicadas
questões sobre o tema, em todos os concursos, inde-
z Os participantes podem enviar uma mensagem, pendente da banca organizadora.
que será enviada para todos os participantes.
z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses.
Dica
z Organizar reuniões, eventos e conferências.
z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com Os Grupos de Discussão (com as características
possibilidade de acesso aos conteúdos que foram e funcionalidades originais) desapareceram ao
enviados antes do seu ingresso no grupo.
longo do tempo, sendo substituídos pelos gru-
pos nas redes sociais (com novos recursos e
Neste momento você irá se perguntar: “mas isto o
Facebook, WhatsApp e até o Telegram já fazem, não é integração com os perfis delas). Este é um tópi-
mesmo?”. co que deverá ser questionado cada vez menos,
136 Verdade. assim como Redes Sociais.
REDES SOCIAIS
REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
As redes sociais se tornaram populares entre
os usuários, ao oferecerem os pilares dos relacio- O Instagram é uma Todos os usuá-
namentos em formato digital: curtir, comentar e rede social para rios de Internet e
compartilhar. compartilhamento empresas.
Teoricamente, elas se dividem em duas categorias: de fotos, vídeos e
sites de relacionamento (redes sociais) e mídias sociais. venda de produtos.
Na prática, estes conceitos acabam sendo sobre- O Tumblr é uma rede Todos os usuá-
postos nas novas redes. social para compar- rios de Internet e
O modelo pode ser centralizado, descentralizado tilhamento de con- empresas.
ou distribuído. teúdo como blogs
No modelo centralizado, as informações são exi- (textos, imagens, ví-
bidas para os usuários a partir de servidores de uma deos, links, etc.)
empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuá-
Wordpress é um Usuários de In-
rio. Localização, idade, sexo, preferências políticas, e
portal de blogs que ternet com foco
todas as demais informações dadas pelos usuários no permite o armazena- em produção de
perfil da rede social, serão usadas para a apresentação mento de websites. conteúdo.
dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um
exemplo centralizado, com distribuição de conteúdo O Youtube é um portal Produtores de con-
semelhante à topologia Estrela, das redes de computa- de vídeos com recur- teúdo multimídia e
dores, com um nó centralizador. sos de redes sociais. consumidores.
As redes sociais ou mídias descentralizadas são
aquelas que, apesar de existirem nós maiores e prin- O Wikipedia é um Usuários colabora-
cipais, os usuários acessam apenas parte das informa- site para publica- dores e voluntários
ções disponíveis. Critérios informados nos perfis dos ção de conheci- que contribuem
usuários, postagens que ele curtiu, postagens que ele mento no formato com novos conteú-
ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos colaborativo. dos e revisões.
dentro das redes sociais, etc. O Facebook é um exem-
plo de rede descentralizada, onde as conexões pes-
Saiba: Redes sociais é um tópico pouco questionado
soais são expandidas para o grupo.
em concursos públicos, devido às atualizações que elas
As redes sociais distribuídas são aquelas que oferecem quase diariamente em seus recursos e opera-
dependem das conexões de um usuário para ter aces- ção de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje com
so a outras conexões. O LinkedIn é um exemplo, que as regras e recursos do Facebook do ano passado, poderá
prioriza as conexões conhecidas e as conexões rela- ver a quantidade de funcionalidades que foram alteradas.
cionadas, independente dos grupos onde o usuário
está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de EXERCÍCIOS COMENTADOS
dados de usuários pode comprometer a segurança
da informação. Técnicas de Engenharia Social podem 1. (CESPE-CEBRASPE – 2012) O Facebook, espaço
ser usadas para vasculhar as informações publicadas público e gratuito, permite a troca de informações
pelos usuários, à procura de conexões, relacionamen- entre usuários cadastrados que criam suas redes
tos, senhas, dados de documentos e outras informa- sociais. As informações postadas em uma página
ções que poderão ser usadas contra o usuário. pessoal podem ser vistas por todas as pessoas que
estejam cadastradas no Facebook, em todo o mundo.
REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO ( ) CERTO ( ) ERRADO
SOCIAIS
O Facebook é a Todos os usuá- Os usuários que se conectam ao Facebook, criam
maior rede social da rios de Internet e um perfil público e gratuito. A partir deste perfil,
atualidade. empresas. ele poderá trocar informações com outros usuários
da rede, poderá personalizar o seu perfil, tornar ele
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Twitter é uma Ativistas, ar tis- restrito, ingressar em grupos, criar páginas, curtir
rede social para pu- tas, empresas e conteúdos, comentar postagens e compartilhar em
blicações curtas e políticos. seu perfil, ou através do hub de mensagens Messen-
rápidas. ger. Resposta: Certo.

O LinkedIn é uma Empresas, empre- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2012) No Facebook, a análise


rede social para co- gados, empregado- do perfil (linha do tempo) permite a aprovação ou a
nexões entre empre- res e candidatos. recusa das marcações que as pessoas adicionam às
sas e empregados. publicações de um usuário. Já a análise de marcações
Facebook Workpla- Empresas que con- permite a aprovação ou a recusa das publicações, em
que as pessoas marcam o usuário antes de elas serem
ce, usado por empre- tratem o serviço e
exibidas no perfil desse usuário (linha do tempo).
sas para conectar seus colaboradores.
seus colaboradores.
( ) CERTO ( ) ERRADO 137
Os conceitos estão trocados. No Facebook, a análi- desenvolvimento de sistemas, espaço para testes de
se de marcações permite a aprovação ou recusa das aplicativos etc. Webware, ou software baseado na
marcações que outros usuários realizaram com o Internet, é a denominação para estes programas que
nosso nome de usuário. Se forem aceitas, poderão ser
operam como serviços na rede.
compartilhadas na timeline. As marcações poderão
ser recusadas ou anuladas (sem link para o perfil).
Já a análise do perfil permite visualizar os convites Dica
para grupos, páginas, eventos e outros itens relacio-
nados com as publicações de nossa timeline. Res- Tudo que é oferecido pela nuvem é um Serviço,
posta: Errado. escalável e personalizável.

COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD COMPUTING) Armazenamento em nuvem é uma opção de arma-


zenamento remoto que usa o espaço em um provedor
Computação em nuvem (em inglês, cloud compu- de data center e é acessível de qualquer computador
ting) refere-se ao processamento de dados remotos. O
com acesso à Internet. Google Drive, Microsoft One-
usuário envia informações inseridas em seu dispositi-
vo local, os programas na nuvem executam as opera- Drive, Apple iCloud e Dropbox são exemplos de servi-
ções solicitadas e devolvem para o periférico de saída ços de armazenamento em nuvem.
do dispositivo local do usuário os resultados obtidos.
A expressão “nuvem” é usada para designar a Internet, Tecnologias de serviços na nuvem
mas na prática poderá estar referenciando um processa-
mento remoto dentro da rede interna da empresa. Exis- Existem várias opções que poderão ser contrata-
tem nuvens privadas, públicas, híbridas e comunitárias.
das como serviços, sendo as principais em concursos
A computação em nuvem é a evolução do princípio
da computação em grade. Na computação em grade, públicos: IaaS, PaaS e SaaS.
grande quantidade de clusters computacionais (servi-
dores conectados entre si dentro de uma infraestrutu- z Infrastructure as a Service (IaaS) fornece recursos
ra compartilhada), aliado a disseminação da conexão de computação virtualizados pela Internet. O pro-
de banda larga, facilitaram a adoção da Computação vedor hospeda o hardware, o software, os servido-
nas Nuvens por diferentes empresas.
res e os componentes de armazenamento.
z Platform as a Service (PaaS) proporciona acesso
às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento
usados para entregar os aplicativos.
z Software as a Service (SaaS) permite aos usuários
ter acesso a bancos de dados e software de apli-
cativo. Os provedores de nuvem gerenciam a
infraestrutura. Os usuários armazenam dados nos
servidores do provedor de nuvem.

Dica
Novas definições são criadas por empresas,
com propósitos de marketing. Em concursos
públicos, as definições mais questionadas são
Figura 8. Os diferentes dispositivos acessarão os recursos SaaS, PaaS e IaaS.
disponibilizados na nuvem (Internet)
Um sistema de computação legado, ou dedicado, é
Computação na Nuvem pode ser vista como a evo- aquele que a empresa é responsável por todos os itens
lução e convergência das tecnologias de virtualização
do projeto, desde o fornecimento de energia para a
e das arquiteturas (como os clusters computacionais)
orientadas a serviços. operação dos servidores adquiridos por ela, até a dis-
Atualmente a Computação nas Nuvens é o ponto ponibilização das aplicações que licenças foram com-
de partida para o desenvolvimento de soluções com- pradas para utilização.
putacionais que necessitem de rapidez, flexibilidade Na computação em nuvem, é possível contratar de
e acesso facilitado, oferecendo instantaneamente, a uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados,
nível global, uma solução para problemas do dia-a-dia.
armazenamento, servidores e sistemas de virtualiza-
Quem nunca pediu uma refeição por um aplicati-
vo, ou um meio de transporte? O sistema de proces- ção. Esta é uma Infraestrutura como um Serviço (IaaS).
samento dos pedidos, distribuição das demandas, Desenvolvedores podem contratar de uma opera-
localização dos prestadores de serviços e controle dora de nuvem, datacenters, rede de dados, armazena-
fiscal das vendas... Tudo foi realizado na nuvem, em mento, servidores, sistemas de virtualização, sistema
servidores que estão distribuídos ao redor do mundo, operacional, banco de dados e segurança digital. Esta
conectados em tempo real para o atendimento das
é uma Plataforma como um Serviço (PaaS).
demandas.
A computação na nuvem oferecerá tudo como Usuários podem contratar de uma operadora de
um serviço. Armazenamento de dados, plataforma nuvem tudo, desde os datacenters até as aplicações.
138 para execução de aplicações, infraestrutura para o Este é um Software como um Serviço.
um datacenter na empresa), disponibilidade em tem-
po integral e escalabilidade sob demanda (expansão
ou contração da empresa de acordo com o dia-a-dia
da operação).
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o
usuário uma economia de gastos (novamente, rela-
cionada ao hardware que não precisa ser adquirido),
desenvolvimento simplificado de aplicativos (ambien-
tes de desenvolvimento para diferentes plataformas),
colaboração (on-line com outros desenvolvedores)
e ambiente integrado (para teste, implementação e
gerenciamento).
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá econo-
Figura 9. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido mia de gastos (menor custo das licenças de softwares),
pelo usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas compartilhamento de arquivos (de forma fácil e rápi-
de um acesso à rede.
da), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais,
o acesso ao serviço não será impactado com novas
Como é possível observar, a computação nas
instalações e configurações) e independência do siste-
nuvens é uma forma de disponibilização de recursos
ma operacional (a troca de dados será realizada pelo
equivalente à computação local, mas remotamente.
protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas
Na tabela a seguir, vamos comparar estes dois forma- operacionais).
tos e suas responsabilidades.

COMPUTAÇÃO COMPUTAÇÃO
LOCAL NAS NUVENS

Teclado, mouse,
Entrada de Enviado para um
scanner, monitor
Dados serviço na rede.
touch screen.

Processa- Computadores
Processador do
mento de remotos, distri-
computador.
Dados buídos na rede.

Disponibilizado
Monitor, impressora,
um link para
Saída de placa de modem,
download, visua-
Dados placa de rede, USB,
lização ou com-
HD etc.
partilhamento.
Figura 10. Os provedores, desenvolvedores e usuários finais,
Programas Instalados no Disponíveis na fornecem, suportam ou consomem recursos da nuvem.
(softwares) computador. Internet.
Os softwares são desenvolvidos na Plataforma
Serviços Responsabilidade Responsabilida- (PaaS), utilizando os recursos da estrutura na Infraes-
(backup) do usuário. de da empresa. trutura (IaaS), para serem utilizados pelos usuários
finais como um serviço (SaaS).
Serviços Responsabilidade
Responsabilida- Na tabela a seguir vamos associar os itens da com-
(desfragmen- do sistema opera-
de da empresa. putação local com os itens da computação na nuvem,
tador) cional local.
para entender que na Nuvem temos uma adaptação
Responsabilidade Responsabilida- do nosso computador de casa.
Antivírus
do usuário. de da empresa.
COMPUTAÇÃO COMPUTAÇÃO
Responsabilidade Responsabilida- LOCAL NA NUVEM
Firewall
do usuário. de da empresa.
Microsoft Office Microsoft Office
SOFTWARE
Oferecido pela (instalado) (on-line)
Permissões Responsabilidade
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

empresa, defini-
de acesso do usuário. Microsoft Win- Microsoft Win-
do pelo usuário. PLATAFORMA
dows 10 dows Azure
Gerencia-
Responsabilidade Responsabilida- Hardware e
mento da Hardware e
energia elétrica
do usuário. de da empresa. INFRAESTRUTURA energia elétrica
estrutura da empresa
do usuário
provedora

Benefícios dos serviços na nuvem


Vantagens da computação em nuvem
Ao contratar Infraestrutura como um Serviço
(IaaS), o usuário obtém economia de custo (não há O usuário não precisará se preocupar com atuali-
necessidade de comprar e manter hardwares), tempo zações de softwares e hardware, que serão realizadas
de colocação no mercado (poderá iniciar suas opera- pela empresa contratada. Elas serão automáticas e
ções imediatamente, sem esperar pela instalação de disponibilizadas em tempo real para todos. 139
O compartilhamento de informações será faci- As principais características da computação em
litado, bastando que outros usuários tenham aces- nuvem
so à Internet para que possam acessar os dados
On Demand Self Service, ou auto atendimento
compartilhados.
sob demanda, significa que o usuário pode usar os
Os serviços serão disponibilizados 24 horas, 7 dias serviços, aumentar ou diminuir as capacidades com-
por semana, com sistemas de redundância e recu- putacionais alocadas como: o tempo de servidor e
peração de falhas sob responsabilidade da empresa armazenamento de rede, sem a intervenção huma-
contratada. na com o provedor de serviços. O limite de crédito
Diminui a necessidade de manutenção da infraes- do seu cartão de crédito virtual é um exemplo desta
trutura física da rede local, bastando para o usuário característica.
o fornecimento de energia elétrica e conexão de rede Ubiquitous Network Access, ou amplo acesso à
rede, significa que os serviços são acessíveis a partir
para acesso aos serviços remotos.
de qualquer plataforma. O usuário poderá acessar
Por ter menos equipamentos na infraestrutura
um sistema desenvolvido para Windows, armazena-
local, o consumo de energia elétrica, refrigeração e do em um servidor Linux, a partir de seu smartphone
espaço físico serão reduzidos. Indiretamente con- Apple. Quase todos os serviços disponíveis na nuvem
tribui para preservação e uso racional dos recursos são assim.
naturais. Resource Pooling, ou pool de recursos, significa
Flexibilidade no uso e na contratação de serviços. que os serviços são armazenados em servidores dis-
O usuário poderá contratar um pacote básico de servi- tribuídos globalmente e seus recursos virtuais são
ços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar dinamicamente atribuídos ou retribuídos pelo clien-
parâmetros do contrato alterando de forma dinâmica te conforme sua demanda. É o modelo multi-inquili-
no (multi-tenancy), que possibilita a adesão de novos
os limites de utilização.
clientes sem detrimento da oferta para os clientes
Elasticidade rápida, onde os recursos são provi- atuais.
sionados dinamicamente, atendendo as necessida- Um usuário em São Paulo poderá contratar e aces-
des pontuais da operação do cliente (uma loja virtual sar um serviço ofertado por uma empresa em Belo
pode aumentar a quantidade de acessos simultâneos Horizonte, que mantém os servidores em uma cidade
ao site apenas na Black Friday, por exemplo). Esta é a na Índia.
sua característica mais marcante. Rapid Elasticy, ou elasticidade rápida, significa que
a alocação de mais ou menos recursos da nuvem ocor-
Desvantagens da computação em nuvem rerá com agilidade, provisionando e liberando elas-
ticamente as demandas solicitadas pelo usuário. Ao
contratar um armazenamento de dados na nuvem, o
Quanto mais aplicações forem acessadas na
espaço disponível para uso será imediatamente ajus-
nuvem, mais velocidade de transferência de dados tado após a confirmação do pagamento.
será necessária. Portanto, a principal desvantagem da Measured Service, ou serviços mensuráveis, sig-
nuvem é inerente ao propósito dela mesma. nifica que todos os serviços são controlados e moni-
Tempo de inatividade é outra desvantagem. Quan- torados automaticamente pela nuvem, de maneira
do todos os sistemas estão em uma plataforma, se transparente para o usuário, sem a necessidade de
ela ficar indisponível, a empresa e os usuários não conhecimento técnico sobre a sua operação.
terão acesso a nada. Felizmente isto tem mudado, e Transparência para o usuário, pois ele não precisa
atualmente as empresas fornecedoras de serviços na conhecer onde estão alocados os recursos computa-
cionais contratados e acessa apenas a interface para
nuvem conseguem oferecer up-time (tempo de uso
acesso, tornando tudo transparente.
disponível) acima de 99,9999%.
Dificuldade de migração, e esta é a principal des- Tipos de nuvem
vantagem. Quanto mais utilizamos uma determinada
empresa fornecedora, mais nos tornamos dependente Podemos classificar as nuvens de acordo com a
dela. Caso exista a necessidade de migração dos dados, infraestrutura ou seus usuários em: Privada, Pública,
ela poderá ser dificultada ou até impossibilitada. Para Híbrida ou Comunidade (comunitária).
minimizar esta desvantagem, a replicação de servido- No modelo de nuvem privada, a infraestrutura
res é uma alternativa, quando os dados são replicados é proprietária ou alugada por uma única organiza-
entre um servidor local e um servidor na nuvem. ção para ser operada exclusivamente por ela mesma.
Poderá ser local ou remota, e a empresa aplica políti-
cas de acesso aos serviços (para os usuários cadastra-
dos e autorizados).
A definição de nuvem pública indica que a
infraestrutura pertence a uma organização que vende
serviços para o público em geral e poderá ser acessa-
da por qualquer usuário que conheça a localização do
serviço, não sendo admitidas técnicas de restrição de
acesso ou autenticação.
No formato de nuvem híbrida, que tem como
característica a infraestrutura ser composta por pelo
menos duas nuvens, que preservam as característi-
cas originais do seu modelo e estão interligadas por
140 Figura 11. Diferentes apresentações para a nuvem uma tecnologia que possibilite a portabilidade de
informações e de aplicações, é o tipo mais comum Entre o servidor remoto e o usuário final, as infor-
encontrado no mercado. mações solicitadas passarão por vários dispositivos de
Na nuvem comunidade (comunitária), a infraes- conexão (roteadores, repetidores de sinal, switches,
trutura é compartilhada por diversas organizações bridges, gateways) antes de serem apresentadas no
que normalmente possuem interesses comuns, como dispositivo do usuário.
requisitos de segurança, políticas, aspectos de flexibi- Paradigma cliente-servidor. Nós somos clientes e
lidade e/ou compatibilidade. acessamos informações em servidores remotos. As
redes de computadores, em concursos públicos, são
abordadas seguindo este paradigma. Usamos cliente
web (browser ou navegador) para acessar um servi-
dor web. Usamos cliente de e-mail para acessar um
servidor de e-mail. Usamos um cliente FTP para aces-
sar um servidor FTP.

Figura 12. De acordo com a natureza do acesso e dos interesses


envolvidos, uma nuvem poderá ser do tipo Pública, Privada, Híbrida
ou Comunitária.

Figura 2. O tráfego de dados em uma conexão é um ativo


CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE interessante para invasores, vírus de computadores e softwares
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, maliciosos.

ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS


Invasores tentarão acessar a conexão e capturar
os dados trafegados, vírus de computador procuram
O referido assunto já foi abordado em “Noções de
infectar os arquivos e causar danos aos sistemas,
sistema operacional (ambientes Linux e Windows)”.
softwares maliciosos podem infectar dispositivos e
sequestrar arquivos.

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA

Uma pergunta curta, mas que tem muitas informa-


ções relacionadas para elaboração de uma resposta
completa. As informações para responder esta per-
gunta você encontrará nos tópicos deste material.
As redes de computadores se tornaram cada vez
mais interligadas e complexas. Figura 3. Um protocolo seguro protege o tráfego de dados em uma
Elas integram atualmente muitos dispositivos, que conexão insegura, criptografando as informações que são enviadas
talvez você não conheça, mas que estão ali promovendo e recebidas.
a troca de dados entre o seu equipamento e o servidor
remoto que está acessando. E claro, os criminosos vir- O usuário deverá utilizar um protocolo seguro
tuais podem acessar redes de qualquer lugar do mundo. para acessar os dados, manter o seu dispositivo atua-
Os profissionais de Segurança da Informação lizado e protegido, utilizar uma senha forte de acordo
procuram proteger os dados armazenados e trafega- com as políticas de segurança e práticas recomenda-
dos entre os dispositivos por meio de equipamentos, das, entre outras ações.
programas e técnicas direcionadas. Treinamento dos O usuário deve utilizar conexões seguras (como
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

usuários também é importante, considerando que ele as VPN’s – Virtual Private Network) para acesso aos
é o elo mais fraco e vulnerável no que se refere à Segu- Serviços remotos (Computação na Nuvem); proteger-
rança da Informação. -se das ameaças e ataques à Segurança da Informação
utilizando medidas de proteção em seu dispositivo
(como antivírus, firewall e anti-spyware).
Iniciaremos os estudos de Segurança da Informa-
ção com o tópico VPN. Elas são muito importantes
para a comunicação segura, e foi destaque no ano
de 2020 por causa do trabalho remoto (home office).
Empresas e usuários que não utilizavam uma cone-
xão remota segura, precisaram se adaptar aos novos
Figura 1. A conexão entre o usuário cliente e o servidor é realizada tempos. Em concursos, a tendência é que aumente a
por diferentes equipamentos, que são transparentes para o usuário frequência de questões, pois se tornou um tema popu-
final. lar devido à pandemia. 141
A seguir, conheceremos como é a Computação na Dica
Nuvem. Suas características, os tipos de nuvem, os
serviços oferecidos e as vantagens e desvantagens. Toda Intranet é uma LAN, mas nem toda LAN é
Lembrando que este foi um tópico importante nos uma Intranet.
concursos da Polícia Federal e Polícia Rodoviária
Federal, em provas de todos os cargos. Por que usar uma VPN? Porque é importante e
Vírus de computador e softwares maliciosos.
necessário.
Quem nunca foi vítima, não é mesmo? O terceiro tópi-
co de Segurança da Informação abordará os ataques A Internet é a rede mundial de computadores, que
e ameaças, com destaque para os principais e mais conecta diversos dispositivos entre si, utilizando uma
comuns em provas de concursos. Assim como Compu- estrutura pública e insegura, oferecida pelos governos
tação na nuvem, o tópico “noções de vírus, worms e e operadoras de telefonia. O acesso à Internet é ofereci-
pragas virtuais” também é muito questionado em con-
do para todos, e usuários mal intencionados poderiam
cursos públicos.
Finalizando o conteúdo de Segurança da Informa- interceptar a comunicação de outros usuários, monito-
ção, estudaremos os mecanismos de proteção e defesa rando o tráfego de dados e roubando informações.
contra os ataques e ameaças. Existem equipamentos Com uma VPN estabelecida entre os dispositivos, o ris-
de proteção, mas em concursos públicos são questio- co na transmissão é muito pequeno. Lembrando que nada
nados os “aplicativos para segurança (antivírus, fire-
wall, anti-spyware etc)”. será 100% seguro em Informática, independentemente
da quantidade de sistemas e proteções implementadas.
Dica
Apesar de existirem soluções integradas e avan-
çadas para os problemas de Segurança da Infor-
mação, que até usamos em nossos dispositivos,
nos concursos públicos são questionadas as
definições oficiais e as configurações padrão
dos programas.

NOÇÕES DE REDES PRIVADAS VIRTUAIS (VPN) Figura 5. Usuários mal intencionados procuram ‘escutar’ uma
conexão insegura em busca de dados que possam comprometer a
As redes privadas virtuais, popularmente identi-
privacidade do usuário ou empresa.
ficadas pela sigla VPN (do inglês Virtual Private Net-
work), são criadas pelas empresas e usuários para
estabelecer uma conexão segura entre dois pontos. As empresas utilizam softwares de terceiros para
Antes de estudarmos elas, vamos conhecer alguns dos estabelecer a conexão segura entre os dispositivos
conceitos básicos das redes de computadores, de acordo de seus colaboradores. Existem vários softwares que
com as suas características de uso e nível de segurança.
possibilitam a conexão segura, como: a Área de Tra-
balho Remota (Windows) e soluções de empresas de
REDE CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe,
Local Area Network é uma denominação
TeamViewer, LogMeIn etc).
LAN relacionada ao alcance de uma rede, res-
trita a um prédio ou pequena região. Para estabelecer uma conexão segura, protocolos segu-
ros serão usados, criando um túnel seguro entre o emissor
É uma rede local (pelo seu alcance é uma
LAN), interna de uma organização, segura, e o receptor, por meio de um ambiente vulnerável.
Intranet
com acesso restrito aos usuários cadastra- Os protocolos são padrões de comunicação e os
dos no servidor da rede. protocolos seguros procuram encapsular os dados
É o acesso remoto seguro, por meio transmitidos para que, em caso de monitoramento, a
Extranet de um ambiente inseguro, à intranet da leitura do conteúdo se torne impossível, uma vez que
organização.
os dados se tornam criptografados.
Rede mundial de computadores, de aces-
so público e considerada insegura. A Inter-
Internet
net é comumente representada por uma
nuvem.

Figura 6. Usuários mal intencionados não conseguem monitorar o


Figura 4. A Extranet é uma conexão segura através de um ambiente conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo
142 inseguro (Internet) para redes internas protegidas (Intranet). seguro.
TIPO DE VPN CARACTERÍSTICA

Um usuário pode conectar-se a uma


rede, para acessar seus serviços e re-
VPN de acesso cursos remotamente. A conexão é se-
remoto gura e ocorrerá por meio de uma rede
(VPN client to pública, como a Internet.
site) Será uma conexão (cliente) para um
servidor remoto que aceita várias
conexões.

Dois roteadores estabelecem uma


conexão segura para a troca de
dados, um operando como cliente
VPN e o outro operando como ser-
vidor VPN. É o modelo mais usado
no âmbito empresarial, para conec-
tar com segurança a rede interna
VPN site a site
de uma filial com a rede interna de
uma matriz.
Serão várias conexões (filial) aces-
sando um servidor remoto que acei-
ta várias conexões (matriz).
Também conhecida como VPN LAN
to LAN.

Protocolos

Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o cliente,
de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o cliente acessa
as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados utilizando-se de chaves e certificados digitais para garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas.

PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?


GRE Generic Routing Encapsulation Desenvolvido pela CISCO, prioriza a velocidade Não
SSL Secure Sockets Layer Camada adicional de segurança para a conexão Sim
TLS Transport Layer Security Camada de transporte seguro para a conexão Sim
Orientar o servidor para criação de uma conexão se-
SSH Secure Shell Sim
gura com o cliente
Extensão do protocolo IP para suprir a falta de se-
IPsec IP Security Protocol gurança de informações que trafegam em uma rede Sim
pública
Protocolo para facilitar a comunicação bidirecional,
Telnet baseada em texto interativo (comandos), usando Não
uma conexão de terminal virtual.
Atualização dos protocolos L2F (Protocolo de En-
L2TP Layer 2 Tunnelling Protocol caminhamento da Camada 2) e PPTP (Protocolo de Não
Tunelamento Ponto-a-Ponto).
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O PPTP adiciona um canal seguro ao TCP e utiliza


PPTP Point-to-Point Tunneling Protocol um túnel GRE. Algumas questões o apresentam Sim
com a sigla PPP.
Criar conexões ponto a ponto (point to point) e site
OpenVPN VPN de Código aberto a site (site to site), usando um protocolo personali- Sim
zado baseado no TLS e SSL.

Dica
Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.

Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital. 143
Figura 7. A criptografia é usada para garantir a autenticidade e a integridade das conexões.

Importante!
A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança (utilizando
protocolos seguros para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão).

Programas

Conhecendo as definições de uma VPN e os protocolos que podem ser utilizados, vem uma dúvida: quais são
os programas que usamos para transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN? Depende.
Cada dispositivo tem um sistema operacional, e de acordo com a origem (cliente) e o destino (servidor), existem
programas mais adequados para cada cenário.

ORIGEM (CLIENTE) DESTINO (SERVIDOR) EXEMPLO DE PROGRAMA PARA VPN

Windows Windows Área de Trabalho Remota

Windows Linux PuTTy

Linux Windows OpenVPN

Linux Linux Network-Manager.

A utilização de um software de VPN, a fim de acessar a rede interna de uma organização (no modelo VPN client
to site), implementa segurança aos dados trafegados na forma de criptografia, para garantir a autenticidade e a
integridade das conexões.

Onde a VPN será ‘iniciada’?

Nas redes de computadores, o firewall é um item especialmente importante em relação à segurança da infor-
mação. Ele é um filtro de portas TCP, que permite ou bloqueia o tráfego de dados. Logo, se uma conexão deseja
enviar e receber dados, precisa ter a porta correspondente liberada, em ambos os lados, tanto no cliente como no
servidor.
Se existe um firewall na rede, a VPN poderá ser instalada (e configurada) no firewall (mais comum), em frente
ao firewall (para autenticar o que está chegando), atrás do firewall (para autenticar o que chegou), paralelamente
ao firewall (para acompanhar o envio e recebimento dos pacotes) ou na interface dedicada do firewall (na conexão
VPN site to site, para atender a vários dispositivos da rede).
No Windows 10, a definição da VPN poderá ser realizada por meio da Central de Ações (atalho de teclado Win-
dows + A) ou em Configurações, Rede e Internet, VPN.

Importante!
O acesso Home Office é um tipo de conexão externa que deverá utilizar uma VPN para proteger os dados
trafegados, com o uso de criptografia, implementada por protocolos seguros.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma SSL VPN provê acesso de rede virtual privada por meio das funções de criptografia
SSL embutidas em navegadores web padrão, sem exigir a instalação de software cliente específico na estação de
trabalho do usuário final.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Para estabelecer uma conexão segura usando VPN, poderá ser usado o SSL ou o IPsec. SSL (Secure Sockets Layer)
144 é um protocolo seguro que oferece uma camada adicional de segurança, usado para estabelecer uma VPN (rede
privada virtual), que ao contrário do IPsec (exten- Ameaças
são do protocolo IP), não precisa de software espe-
cífico no computador do usuário. Resposta: Certo. As ameaças são identificadas como aquelas que
possuem potencial para comprometer a oferta ou
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) VPN (virtual private net- existência dos ativos computacionais, tais como:
work) é uma tecnologia de segurança de redes de com- informações, processos e sistemas.
putadores que pode ser usada para permitir o acesso Um ransomware, software que sequestra dados
remoto de um usuário à intranet de uma empresa. utilizando-se de criptografia, e solicita o pagamento
de resgate para a liberação das informações seques-
( ) CERTO ( ) ERRADO tradas, é um exemplo de ameaça. Observe que a
ameaça existe, entretanto, se não ocorrer uma ação
deliberada para execução ou se medidas de proteção
Uma rede privada virtual, conhecida também como
forem implementadas, a ameaça deixa de existir e
VPN (virtual private network), pode ser usada para
não se torna um ataque.
conectar um dispositivo a outro dispositivo, um
As ameaças à segurança da informação podem ser
dispositivo a um site (local), ou uma rede local com
classificadas como:
outra rede local. A conexão segura permite o acesso
de um usuário à rede interna da empresa, iniciando
z Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão
o acesso em sua residência, por exemplo. Resposta:
ou tecnologia, sem a devida atualização ou upgrade.
Certo.
z Humanas: intencionais ou acidentais, que explo-
ram vulnerabilidades nos sistemas.
NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS
z Naturais: não intencionais, relacionadas ao
ambiente, como as catástrofes naturais.
Ameaças e riscos de segurança estão presentes
no mundo virtual. Assim como existem pessoas boas
As empresas precisam fazer uma avaliação das
e más no mundo real, existem usuários com boas ou
ameaças que possam causar danos ao ambiente com-
más intenções no mundo virtual.
putacional dela mesma (Gerenciamento de Risco),
Os criminosos virtuais são genericamente denomi-
implementar sistemas de autenticação (Controlar o
nados como hackers, porém o termo mais adequado
Acesso), definir os requisitos de senha forte (Políti-
seria cracker. Um hacker é um usuário que possui
ca de Segurança), manter um inventário e realizar o
muitos conhecimentos sobre tecnologia, e podem ser
rastreamento de todos os ativos (Gerenciamento de
nomeados como White Hat (hacker ético que usa suas
Recursos), além de utilizar sistemas de backup e res-
habilidades com propósitos éticos e legais), Gray Hat
tauração de dados (Gerenciamento de Continuidade
(cometem crimes, mas sem ganho pessoal, geralmen- de Negócios).
te para exposição de falhas nos sistemas) e Black Hat
(violam a segurança dos sistemas para obtenção de
Falhas
ganhos pessoais).
Amadores ou inexperientes, profissionais ou expe-
As falhas de segurança nos sistemas de informa-
rientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes
ção poderão ser propositais ou involuntárias.
ao uso dos recursos computacionais.
Se o programador insere no código do sistema uma
São riscos de segurança digital: falha, que produza danos ou permita o acesso sem
autenticação, temos um exemplo de falha proposital.
z Ameaças – vulnerabilidades que existem e podem Se uma falha for descoberta após a implantação do
ser exploradas por usuários. sistema, sem que tenha sido uma falha proposital, e
z Falhas – vulnerabilidades existentes nos sistemas, seja explorada por invasores, temos um exemplo de
sejam propositais ou acidentais. falha involuntária, inerente ao sistema.
z Ataques – ação que procura denegrir ou suspender Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas
a operação de sistemas. empresas que desenvolveram o sistema por meio da
distribuição de notificações e correções de segurança.
Devido à crescente integração entre as redes de O Windows Update, serviço da Microsoft para atuali-
comunicação, conexão com novos e inusitados dis- zação do Windows, distribui mensalmente os patches
positivos (IoT – Internet das Coisas) e criminosos (pacotes) de correções de falhas de segurança.
com acesso de qualquer lugar do mundo, as redes de
informações se tornaram particularmente difíceis de Ataques
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

se proteger. Profissionais altamente qualificados são


formados e contratados pelas empresas com a única Sem dúvida, o que tem mais destaque, tanto em
função de proteger os sistemas informatizados. concursos como no mundo real, são os ataques. Coor-
Em concursos públicos, as ameaças e os ataques denados ou isolados, os ataques procuram romper as
são os itens mais questionados. barreiras de segurança definidas na Política de Segu-
rança, com o objetivo de anular o sistema ou capturar
Dica dados.
Os ataques podem ser classificados como:
Você conhece a Cartilha de Segurança CERT?
Disponível gratuitamente na Internet, ela é a z Baixa complexidade: exploram falhas de segu-
fonte oficial de informações sobre ameaças, rança de forma isolada e são facilmente identifica-
ataques, defesas e segurança digital. Disponível dos e anulados.
em: <https://cartilha.cert.br/>. Acesso em: 13 z Média complexidade: combinam duas ou mais
nov. 2020. ferramentas e técnicas, para obter acesso aos 145
dados, sendo de média complexidade para a solu-
ção, gerando impactos na operação dos sistemas,
como a indisponibilidade.
z Alta complexidade: refinados e avançados, os
ataques combinam o acesso às falhas do sistema,
novos códigos maliciosos desconhecidos, distribui-
ção do ataque com redes zumbis, tornando difícil
a resolução do problema.

Dica
Ameaças existem e podem afetar ou não os sis-
temas computacionais.
Falhas existem e podem ser exploradas ou não
pelos invasores.
Ataques são realizados todo o tempo contra
todos os tipos de sistemas.

Vírus de computador O vírus de computador poderá entrar no disposi-


tivo do usuário por meio de um arquivo anexado em
O vírus de computador é a ameaça digital mais uma mensagem de e-mail, ou por cópia de arquivos
popular. Todos já ouviram falar dele e ele tem uma existentes em uma mídia removível como o pen drive,
recebidos por alguma rede social, baixados de sites na
definição fácil de ser compreendida. Tem este nome
Internet, entre outras formas de contaminação.
por se assemelhar a um vírus orgânico ou biológico.
O vírus biológico é um organismo que possui um VÍRUS DE
código viral que infecta uma célula de outro organismo. CARACTERÍSTICAS
COMPUTADOR
Quando a célula infectada é acionada, o código viral é
Infectam o setor de boot do disco de
duplicado e se propaga para outras células saudáveis
Vírus de boot inicialização. Cada vez que o sistema
do corpo. Quanto mais vírus existirem no organismo, é iniciado, o vírus é executado.
menor será o seu desempenho e recursos vitais serão
consumidos, podendo levar o hospedeiro à morte. Armazenados em sites na Internet,
são carregados e executados quando
O vírus de computador é um código malicioso que Vírus de script
o usuário acessa a página usando um
infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo navegador de Internet.
é executado, o código do vírus é duplicado e se propa-
As macros são desenvolvidas em lin-
ga para outros arquivos do computador. Quanto mais
guagem Visual Basic for Applications
vírus existirem no dispositivo, menor será o seu desem- (VBA) nos arquivos do Office, para a
penho e recursos computacionais serão consumidos, Vírus de macro
automatização de tarefas. Quando
podendo levar o hospedeiro a uma falha catastrófica. desenvolvido com propósitos malicio-
sos, é um vírus de macro.
Dica Vírus ‘mutantes’ ou ‘polimórficos’, a
Vírus do tipo cada nova multiplicação, o novo vírus
Os vírus de computador infectam arquivos e se mutante mantém traços do original, mas é dife-
propagam para outros arquivos. rente do original.

São programados para agir em uma


Vírus time determinada data, causando algum
bomb tipo de dano no dia previamente
agendado.

Um vírus stealth é um código malicioso


muito complexo, que se esconde depois
de infectar um computador. Ele mantém
cópias dos arquivos que foram infecta-
Vírus stealth
dos para si, e quando um software anti-
vírus realiza a detecção, o vírus stealth
apresenta o arquivo original, enganando
o mecanismo de proteção.

O vírus Nimda explora as falhas de se-


gurança do sistema operacional. Ele
se propaga pelo correio eletrônico, e
Vírus Nimda
também pela web, em diretórios com-
partilhados, pelas falhas de servidor
Microsoft IIS e nas trocas de arquivos.
146
Todos os sistemas operacionais estão vulneráveis
aos vírus de computador. Quando um vírus de compu-
tador é desenvolvido por um hacker, ele procura fazer
para um software que tenha uma grande quantidade
de usuários iniciantes, o que aumenta as suas chances
de sucesso.
O Windows tem muitos usuários e a maioria deles
não tem preocupações com segurança. A maioria dos
vírus de computadores são desenvolvidos para ataca-
rem sistemas Windows.
O Linux tem poucos usuários (se comparado ao
Windows) e a maioria deles possuem muito conheci-
mento sobre Informática, tornando a ação de vírus no
Linux uma ocorrência rara.
O Android, software operacional dos smartphones
populares, é uma variação do sistema Linux origi-
nal, e apesar de possuir esta origem nobre, é alvo de
milhares de vírus por causa dos seus usuários, que na
maioria das vezes não tem rotinas de proteção e segu-
rança de seus aparelhos.
Um vírus de computador poderá ser recebido por
e-mail, transferido de sites na Internet, comparti-
lhado em arquivos, através do uso de mídias remo-
víveis infectadas, nas redes sociais e por mensagens
instantâneas.
Um vírus necessita ser executado para que entre
em ação, pois ele tem um hospedeiro definido e um
alvo estabelecido.
Se propaga inserindo cópias de si em outros
arquivos.
E altera ou remove arquivos do dispositivo, para
propagação e auto proteção (não ser detectado pelo Dica
antivírus). Os worms infectam dispositivos e se propagam
para outros dispositivos de forma autônoma,
Worms sem interferência do usuário.

O worm é um verme, que explora de forma inde- Os worms podem ser recebidos automaticamente
pendente as vulnerabilidades nas redes de dispositi- pela rede, inseridos por um invasor ou por ação de
vos. Geralmente eles deixam a comunicação na rede outro código malicioso. Assim como vírus, ele poderá
lenta, por ocuparem a conexão de dados ao enviarem ser recebido por e-mail, transferido de sites na Inter-
cópias de seu código malicioso. net, compartilhado em arquivos, por meio do uso de
mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por
Um verme biológico parasita um organismo con-
mensagens instantâneas.
sumindo seus recursos, deixando o corpo debilitado. Ele é auto executável, e procura explorar as vulne-
Um verme tecnológico parasita um dispositivo consu- rabilidades dos dispositivos.
mindo seus recursos de memória e conexão de rede, Envia cópias de si mesmo para outros dispositivos
deixando o aparelho e a rede de dados lentos. e usuários conectados.
Os worms não precisam ser executados pelo usuá- Por ser auto executável, costuma consumir gran-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

rio como os vírus de computador e a sua propagação de quantidade de recursos computacionais, promo-
será rápida, caso não existam barreiras de proteção ve a instalação de outros códigos maliciosos e inicia
ataques na Internet, tentando alcançar outras redes
que os impeçam.
remotas.

Pragas Virtuais

z Cavalo de Troia ou Trojan: É um código malicioso


que realiza operações mal-intencionadas, enquan-
to realiza uma operação desejada pelo usuário,
como um jogo on-line ou reprodução de um vídeo.

Ele é enviado com o conteúdo desejado e ao ser


executado, desativa as proteções do dispositivo para 147
que o invasor tenha acesso aos arquivos e dados. O Os softwares espiões podem ser especializados na
nome está relacionado com a história do presente captura de teclas digitadas (keylogger), nas telas e cliques
dado pelos gregos para os troianos, que era um cava- efetuados (screenlogger) ou para apresentação de propa-
lo de madeira, com soldados em seu interior. Após
gandas alinhadas com os hábitos do usuário (adware).
entrar nas fortificações de Troia, os gregos desativa-
Eles geralmente são instalados por outros progra-
ram as defesas e permitiram o acesso do seu exército.
mas maliciosos para aumentar a quantidade de dados
Existem muitas pragas virtuais, que genericamen-
te são chamadas de Malwares (software malicioso), capturados.
por apresentarem características semelhantes: ofere-
cem alguma vantagem para o usuário, mas realizam z Bot: é um programa malicioso que mantém conta-
ações danosas que acabarão prejudicando-o. to com o invasor, permitindo que comandos sejam
A banca organizadora CESPE/Cebraspe considera executados remotamente. O dispositivo controla-
o trojan ou cavalo de Troia como um tipo de vírus de do por um bot poderá integrar uma rede de dispo-
computador nos enunciados de suas questões. sitivos zumbis, a chamada botnet.

Quando o invasor deseja atacar sites para provo-


car Negação de Serviço, ele aciona os bots que estão
distribuídos nos dispositivos do usuário para que
façam a ação danosa. Além de esconder os rastros da
identidade do verdadeiro atacante, os bots poderão
continuar sua propagação através do envio de cópias
para outros contatos do usuário afetado.

z Backdoor: é um código malicioso semelhante ao


bot, mas que além de executar comandos recebi-
dos do invasor, ainda realiza ações para desativa-
ção de proteções e aberturas de portas de conexão.

O invasor, ciente das portas TCP que estão disponí-


veis, consegue acesso ao dispositivo para a instalação
de outros códigos maliciosos e roubo de informações.
Assim como os spywares, existem backdoors legí-
timos (adicionados pelo desenvolvedor do software
para funcionalidades administrativas) e ilegítimos
(para operarem independente do consentimento do
usuário).

z Rootkit: é um código malicioso especializado em


esconder e assegurar a presença de outros códigos
maliciosos para o invasor acessar o sistema. Estas
pragas virtuais podem ser incorporadas em outras
pragas, para que o código que camufla a presença,
seja executado escondendo os rastros do software
malicioso.

Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado


não se recupera dos dados apagados, sendo necessá-
rio uma cópia segura (backup) para restauração dos
arquivos.

Dica
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Root-
z Spyware: é um programa malicioso que procu-
kit são as pragas digitais mais questionadas em
ra monitorar as atividades do sistema e enviar
os dados capturados durante a espionagem para
concursos públicos.
terceiros. Existem software espiões considerados
legítimos (instalados com consentimento do usuá- Confira na tabela a seguir outras pragas digitais
rio) e maliciosos (que executa ações prejudiciais à que ameaçam a Segurança da Informação e a privaci-
148 privacidade do usuário). dade dos usuários de sistemas computacionais.
CÓDIGO MALICIOSO CARACTERÍSTICAS

Gatilho para a execução de outros códigos maliciosos que permanece inativa até que um
Bomba lógica
evento acionador seja executado.

Sequestrador de dados que criptografa pastas, arquivos e discos inteiros, solicitando o


Ransomware
pagamento de resgate para liberação.

Simulam janelas do sistema operacional, induzindo o usuário para acionar um comando,


Scareware fazendo a operação continuar normalmente. O comando iniciará a instalação de códigos
maliciosos.

Fraude que engana o usuário, induzindo a informar seus dados pessoais em páginas de
Phishing
captura de dados falsas.

Ataque aos servidores de DNS para alteração das tabelas de sites, direcionando a nave-
Pharming
gação para sites falsos.

Ataques na rede que simulam tráfego acima do normal com pacotes de dados formata-
Negação de Serviço dos incorretamente, fazendo o servidor remoto se ocupar com os pedidos e erros, negan-
do acesso para outros usuários.

Código que analisa ou modifica o tráfego de dados na rede, em busca de informações


Sniffing relevantes como login e senha. Enquanto o spyware não modifica o conteúdo, o sniffing
pode alterar.

Falsificando dados de identificação, seja do remetente de um e-mail (e-mail Spoofing),


Spoofing do endereço IP, dos serviços ARP e DNS. Desta forma, é escondida a real identidade do
atacante.

Man-In-The-Midle Intercepta as comunicações da rede para roubar os dados que trafegam na conexão.

Intercepta as comunicações do aparelho móvel, para roubar os dados que trafegam na


Man-In-The-Mobile
conexão do aparelho smartphone.

Enquanto uma falha não é corrigida pelo desenvolvedor do software, invasores podem
Ataque de dia zero
explorar a vulnerabilidade identificada antes da implantação da proteção.

Modificam páginas na Internet, alterando a sua apresentação (face) para os usuários


Defacement
visitantes.

Sequestrador de navegador que pode desde alterar a página inicial do browser, até mu-
HiJacker
danças do mecanismo de pesquisas e direcionamento para servidores DNS falsos.

Uma das ações mais comuns que procuram comprometer a segurança da informação é o ataque Phishing.
O usuário recebe uma mensagem (e-mail, ou rede social, ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em um link
malicioso. O link acessa uma página que pode ser semelhante ao site original, induzindo o usuário a fornecer
dados pessoais como login e senha. Em ataques mais elaborados, as páginas capturam dados bancários e de car-
tões de crédito. O objetivo é simples: roubar dinheiro das contas do usuário.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

149
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma das partes de um
vírus de computador é o mecanismo de infecção, que
determina quando a carga útil do vírus será ativada no
dispositivo infectado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Outra ação mais elaborada tecnicamente, é o Os vírus de computadores infectam arquivos, ane-
Pharming. xando o seu código malicioso (carga útil) em outros
O invasor ataca um servidor DNS, modifica as arquivos. Quando o arquivo infectado é executado,
tabelas que direcionam o tráfego de dados, e o usuá- o código é copiado para outros arquivos no disposi-
rio acessa uma página falsa. Da mesma forma que o tivo, aumentando a infecção. O vírus de computador
Phishing, este ataque procura capturar dados bancá- não infecta o dispositivo como um worm (verme).
rios do usuário e roubar o seu dinheiro. Resposta: Errado.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Situação hipotética: Ao


processar um código executável malicioso que havia
recebido como anexo de um e-mail, Mateus percebeu
que um malware havia infectado seu aparelho e que,
automaticamente, havia sido enviada uma mensagem
idêntica, com um anexo malicioso idêntico, a todos
os contatos de sua lista de endereços, a partir do seu
aparelho.
Assertiva: Essa situação é um exemplo clássico de
infecção de vírus de computador.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Os vírus de computadores infectam arquivos e só


se propagam para outros arquivos quando o hos-
pedeiro (arquivo infectado) é executado. Na situa-
ção hipotética apresentada na questão, o usuário
Mateus recebeu o código malicioso por uma men-
sagem de correio eletrônico, que enviou cópias do
anexo malicioso para todos os contatos de sua lista
de endereços. Um vírus de computador poderá ser
recebido por e-mail, transferido de sites na Inter-
150 net, compartilhado em arquivos, através do uso de
mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e
por mensagens instantâneas. Resposta: Certo.

APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS,


FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.)

Nos itens anteriores, conhecemos as diferentes


ameaças e ataques que podem comprometer a segu-
rança da informação, expondo a privacidade do
usuário.
Para todas elas, existem mecanismos de proteção.
Softwares ou hardwares que detectam e removem os
Quando o antivírus encontra um código malicioso
códigos maliciosos, ou impedem a sua propagação.
em algum arquivo, que tenha correspondência com a
Independentemente da quantidade de sistemas de base de assinaturas de vírus, ele poderá:
proteção, o comportamento do usuário poderá levar
à uma infecção por códigos maliciosos, pois a maio- z Remover o vírus que infecta o arquivo.
ria deles necessita de acesso ao dispositivo do usuário z Criptografar o arquivo infectado e manter na pas-
mediante autorização, dada pelo próprio usuário. ta Quarentena, isolado.
A autorização de acesso poderá estar camuflada z Excluir o arquivo infectado.
em um arquivo válido, como o Cavalo de Troia, ou em
mensagens falsas apresentadas em sites, como o ata- O antivírus poderá proteger o dispositivo através
que de Phishing. Portanto, a navegação segura começa de três métodos de detecção: assinatura dos vírus
com a atitude do usuário na rede. conhecidos, verificação heurística e comportamento
do código malicioso quando é executado.
O que fazer quando o código malicioso do vírus
Antivírus não está na base de assinaturas? A base de assinatu-
ras é atualizada pelo fabricante do antivírus, com as
Os vírus de computadores, como conhecemos no informações conhecidas dos vírus detectados. Entre-
tópico anterior, infecta um arquivo e se propaga para tanto, muitos novos vírus são criados diariamente.
outros arquivos quando o hospedeiro é executado. Para detecção destes novos códigos maliciosos, os pro-
O código que infecta o arquivo é chamado de assi- gramas oferecem a Análise Heurística.
natura do vírus.
Os programas antivírus são desenvolvidos para Análise heurística
detectarem a assinatura do vírus existente nos arqui-
vos do computador. O antivírus precisa estar atualiza- O software antivírus poderá analisar os arquivos
do dispositivo através de outros parâmetros, além da
do, com as últimas definições da base de assinaturas
base de assinaturas de vírus conhecidos, para encon-
de vírus, para que seja eficiente na remoção dos códi-
trar novos códigos maliciosos que ainda não foram
gos maliciosos. identificados.
Se o código enviado para análise for comprovada-
mente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na
base de vírus conhecidos, e na próxima atualização
do antivírus, todos poderão reconhecer e remover o
novo código recém descoberto.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

151
Windows Defender liberado, como e-mails e páginas web, não serão blo-
queados pelo firewall.
Em concursos públicos, as soluções de antivírus de
terceiros raramente são questionadas. Avast, AVG, Avi-
ra e Kaspersky são alguns exemplos. Usamos no nosso
dia a dia, mas em provas de concursos as bancas tra-
balham com as configurações padrões dos programas.
O Windows 10 possui uma solução integrada de
proteção, que é o Windows Defender. Na época do
Windows 7, a Microsoft adquiriu e disponibilizou o
programa Microsoft Security Essentials como antiví-
rus padrão do sistema operacional.
A seguir, foi desenvolvida a solução Windows
Defender, para detecção e remoção de outros códi-
Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede
gos maliciosos, como os worms e Cavalos de Troia. E os ataques provenientes da rede.
o Windows sempre ofereceu o firewall, um filtro de
conexões para impedir ataques oriundos das redes O firewall não é um antivírus e não é um antispy-
conectadas. ware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas
No Windows 10, o Windows Defender faz a detec- portas TCP do dispositivo.
ção de vírus de computador, códigos maliciosos e
O uso do firewall não dispensa o uso de outras
opera o firewall do sistema operacional, impedindo
ferramentas de segurança como o antivírus e o
ataques e invasões.
antispyware.
Firewall
Importante!
O firewall é um filtro de conexões e poderá ser um
software, instalado em cada dispositivo, ou um hard- O firewall não é um antivírus, mas ele impede um
ware, instalado na conexão da rede, protegendo todos ataque de vírus. Ele impedirá por ser um ataque,
os dispositivos da rede interna. não por ser um vírus.
O sistema operacional disponibiliza um firewall
pré-configurado com regras úteis para a maioria dos
usuários. A maioria das portas comuns estão liberadas Antispyware
e a maioria das portas específicas estão bloqueadas.
Da mesma forma que existe a solução antivírus
contra vírus de computadores, existe uma solução
que procura detectar, impedir a propagação e remo-
ver os códigos maliciosos que não necessitam de um
hospedeiro.
Genericamente, malware é um software malicioso.
Genericamente, spyware é um software espião. Quan-
Figura 13. O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes.
do os softwares maliciosos ganharam destaque e rele-
vância para os usuários dos sistemas operacionais, os
O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, por- spywares se destacavam, e comercialmente se tornou
tanto ele permite que códigos maliciosos como os
interessante nomear a solução como antispyware.
vírus de computadores infectem o computador, quan-
Na prática, um antispyware ou um antimalware,
do chegam como anexos de uma mensagem de e-mail.
detecta e remove vários tipos de pragas digitais.
O usuário deve executar um antivírus e antispyware
nos anexos antes de executá-los.

Figura 16. O antispyware é usado para evitar pragas digitais no


dispositivo do usuário.

Figura 14. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, e mensagens


com anexos maliciosos passarão pela barreira e chegarão até o Para proteção, o usuário deverá:
usuário.
z Manter o firewall ativado.
O firewall impede um ataque, seja de um hacker, de z Manter o antivírus atualizado e ativado.
um vírus, de um worm, ou qualquer outra praga digi- z Manter o antispyware atualizado e ativado.
tal que procure acessar a rede ou o computador por z Manter os programas atualizados com as corre-
152 meio de suas portas de conexão. Apenas o conteúdo ções de segurança.
z Usar uma senha forte para acesso aos sistemas, e
optar pela autenticação em dois fatores quando
HORA DE PRATICAR!
disponível.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item subsequen-
te, relativo aos programas de navegação Microsoft
Internet Explorer e Mozilla Firefox.
No Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Suge-
ridos, o usuário pode registrar os sítios que considera
mais importantes e recomendá-los aos seus amigos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE-CEBRASPE– 2014) No que diz respeito aos sis-


temas operacionais Windows e Linux, julgue o próximo
Figura 17. Para proteção, firewall ativado, antivírus atualizado e item. No ambiente Linux, é possível utilizar comandos
ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares para copiar arquivos de um diretório para um pen drive.
instaladas e uso de senha forte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
UTM
3. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item subsequen-
Unified Threat Management (UTM) ou “Gerencia- te, relativo aos programas de navegação Microsoft
mento Unificado de Ameaças”, são soluções abrangen- Internet Explorer e Mozilla Firefox.
tes que integram diferentes mecanismos de proteção Nas versões recentes do Mozilla Firefox, há um recur-
em apenas um programa. so que mantém o histórico de atualizações instaladas,
Ele realiza em tempo real a filtragem de códigos no qual são mostrados detalhes como a data da insta-
lação e o usuário que executou a operação.
acessados, otimiza o tráfego de dados nas conexões,
controla a execução das aplicações, protege o dispo-
( ) CERTO ( ) ERRADO
sitivo com um firewall, estabelece uma conexão VPN
segura para navegação e entrega relatórios de fácil
4. (CESPE-CEBRASPE– 2014) Acerca dos conceitos de
compreensão para o usuário.
organização, gerenciamento de arquivos e segurança
da informação, julgue o item a seguir.
Defesa contra ataques
Um dos objetivos da segurança da informação é
manter a integridade dos dados, evitando-se que eles
Quando o ataque é direcionado ao e-mail e nave- sejam apagados ou alterados sem autorização de seu
gador de Internet, os filtros antispam e filtros anti- proprietário.
phishing atendem aos requisitos de proteção.
Se o ataque chega disfarçado, medidas de preven- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção devem ser adotadas, como nunca fornecer infor-
mações confidenciais ou secretas por e-mail, resistir à 5. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No que diz respeito aos
tentação de cliques em links das mensagens, observar sistemas operacionais Windows e Linux, julgue o pró-
os downloads automáticos ou não iniciados, e dentro ximo item.
das políticas de segurança para os funcionários, des- No Windows, não há possibilidade de o usuário intera-
tacar que não se deve submeter à pressão de pessoas gir com o sistema operacional por meio de uma tela de
desconhecidas. computador sensível ao toque.
Quando os ataques procuram atingir um servidor
da empresa, como ataques DoS (negação de serviço), ( ) CERTO ( ) ERRADO
DDos (ataque distribuído de negação de serviços)
ou spoofing (fraude de identidade), uma das formas 6. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Acerca dos conceitos de
de proteção é o bloqueio de pacotes externos não organização, gerenciamento de arquivos e segurança
convencionais. da informação, julgue o item a seguir.
Se o usuário está utilizando um dispositivo móvel Um arquivo sem conteúdo pode ser criado e armaze-
e sofre um ataque, deve aumentar o nível de proteção nado no disco rígido de um computador, desde que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do aparelho e as senhas precisam ser redefinidas o seja nomeado no momento da criação.


mais breve possível.
E por fim, os ataques contra aplicativos poderão ( ) CERTO ( ) ERRADO
ser minimizados ou anulados se o usuário manter
os programas atualizados em seu dispositivo, apli- 7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a sistemas
cando as correções de segurança tão logo elas sejam operacionais e ferramentas de edição de texto e plani-
disponibilizadas. lhas, julgue o item a seguir.
Quando o usuário é envolvido na perpetração de Na edição de um documento no Microsoft Word, a
ataques digitais, ele é considerado o elo mais fraco da inserção de recuos nos parágrafos deve ser feita por
corrente de segurança da informação, por estar sujei- meio da barra de espaço do teclado, uma vez que nem
to a enganos e trapaças dos atacantes. Engenharia sempre a régua está visível e os comandos de recuo
Social é o conjunto de técnicas e atividades que pro- só funcionam para tabelas.
curam estabelecer confiança mediante dados falsos,
ameaças ou dissimulação. ( ) CERTO ( ) ERRADO 153
8. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Com relação ao MS Excel 15. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item subsequen-
2013, julgue o item. A função PROCV permite localizar te, a respeito de conceitos e modos de utilização de
itens em qualquer posição de uma tabela ou em um tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
intervalo por coluna, pesquisando-se a partir de deter- tos associados à Internet. As versões mais modernas
minado valor para se obter o valor de retorno. dos navegadores Chrome, Firefox e Edge reconhecem
e suportam, em instalação padrão, os protocolos de
( ) CERTO ( ) ERRADO Internet FTP, SMTP e NNTP, os quais implementam, res-
pectivamente, aplicações de transferência de arquivos,
9. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Julgue o item seguinte, a correio eletrônico e compartilhamento de notícias.
respeito dos conceitos de planilhas e SQL.
Os dados em uma planilha podem ser classificados: ( ) CERTO ( ) ERRADO
se os nomes forem classificados em ordem crescente,
então eles serão classificados de A para Z. 16. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a informáti-
ca e processo digital, julgue o item que se segue. Ape-
( ) CERTO ( ) ERRADO sar de a Internet ser uma rede mundial de acesso amplo
e gratuito, os usuários domésticos a utilizam por meio de
10. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a sistemas algum provedor de acesso à Internet, isto é, uma empre-
operacionais e ferramentas de edição de texto e pla- sa privada que cobra pelo acesso ao serviço.
nilhas, julgue o item a seguir. No Excel, para uma fór-
mula que tenha vários operadores, as operações serão ( ) CERTO ( ) ERRADO
realizadas na seguinte ordem: adição ou subtração (+
ou –); multiplicação ou divisão (* ou /); exponenciação
17. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Com relação aos conceitos
(^); porcentagem (%).
de segurança da informação, julgue o item subsequente.
O uso de soluções baseadas em nuvem (cloud compu-
( ) CERTO ( ) ERRADO
ting) é um serviço que está além da armazenagem de
arquivos e que pode ser usado para serviços de virtua-
11. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a sistemas
lização e hospedagem de máquinas Linux e Windows
operacionais e ferramentas de edição de texto e plani-
e, ainda, para bancos de dados
lhas, julgue o item a seguir. No Excel, o uso de referên-
cias absolutas com auxílio do sinal $ (cifrão) garante
que uma fórmula não seja alterada quando for copiada. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 18. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a conceitos


básicos de informática, julgue o item que se segue.
12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No programa MS Excel, As intranets utilizam tecnologias da Internet para via-
as fórmulas podem ser criadas por meio de referên- bilizar a comunicação entre os empregados de uma
cias relativas ou absolutas. Assinale a opção que empresa, permitindo-lhes compartilhar informações e
apresenta o sinal a ser utilizado para que não haja alte- trabalhar de forma colaborativa.
ração da fórmula nem de seu conteúdo quando ela for
copiada para uma nova célula na planilha, tornando-a ( ) CERTO ( ) ERRADO
assim absoluta.
19. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito de ferramen-
a) = tas do Windows, julgue o item a seguir.
b) + No Internet Explorer, é possível abrir várias janelas
c) $ dentro de uma mesma guia do navegador.
d) *
e) / ( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No Excel, a fórmula 20. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito de ferramen-
=(B2+C2+D2+E2)/4 tas do Windows, julgue o item a seguir.
Instalados em navegadores da Web, os complemen-
a) permite o cálculo da média entre os valores contidos tos são aplicativos utilizados para permitir que deter-
nas células B2, C2, D2 e E2. minados conteúdos sejam exibidos na tela.
b) permite o cálculo da soma dos valores entre as células
B2 até E2. ( ) CERTO ( ) ERRADO
c) não é válida, pois o Excel não permite fórmulas com
parênteses.
c) permite o cálculo da divisão do valor de cada célula 9 GABARITO
por 4, individualmente.
d) permite multiplicar o valor em cada célula pela soma 1 ERRADO
dos valores nas 4 células.
2 CERTO
14. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca do navegador 3 ERRADO
Google Chrome, julgue o item seguinte.
O atalho SHIFT + ESC permite acessar o Gerenciador 4 CERTO
de Tarefas para visualizar e finalizar processos do
Google Chrome em execução. 5 ERRADO

6 CERTO
154 ( ) CERTO ( ) ERRADO
7 ERRADO

8 ERRADO

9 CERTO

10 ERRADO

11 CERTO

12 C

13 A

14 CERTO

15 ERRADO

16 CERTO

17 CERTO

18 CERTO

19 ERRADO

20 CERTO

ANOTAÇÕES

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

155
ANOTAÇÕES

156
Toda proposição pode ser representada simbolica-
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo:

p: Sabino é um pintor esperto.


r: Kate é uma mulher alta.
RACIOCÍNIO LÓGICO Na situação temos duas proposições sendo repre-
sentadas pelas letras p e r.
Agora que já sabemos o que são proposições lógi-
cas, fica tranquilo distinguir o que não são propo-
LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL) sições. Isto é fundamental, pois várias questões de
prova perguntam exatamente isso – são apresentadas
PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS, TABELAS
algumas frases e você precisa identificar qual delas
VERDADE, EQUIVALÊNCIAS, LEIS DE DE MORGAN não é uma proposição. Vejamos os casos que mais
aparecem:
Valores Lógicos
� Perguntas: são as orações interrogativas.
Na lógica temos apenas dois valores lógicos – ver- Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
dadeiro ou falso. Quando temos uma declaração ver- Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
dadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é dadeira ou falsa;
falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F). � Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
Proposições Lógicas Simples Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
sentam percepções subjetivas;
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que � Ordens: são orações com verbo no imperativo.
é uma proposição lógica. Observe a frase abaixo: Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
Ex.: Paula vai à praia.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci- Uma ordem não pode ser classificada como verda-
samos de três requisitos fundamentais: deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos; sição lógica.
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen- Não são proposições – perguntas, exclamações e
tando uma situação, um fato; ordens.
z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa : Temos um outro caso menos cobrado em provas,
ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro mas que também não é proposição lógica, sendo o
ou o valor lógico falso para a declaração. paradoxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a
seguir:
Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen-
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição Ex.: Esta frase é uma mentira.
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma
informação completa (temos o sujeito claro na oração) Quando atribuímos um valor de verdade para
e podemos afirmar se é verdade ou falsa. a frase, então na verdade ele mentiu, uma vez que
a própria frase já diz isso. E se atribuirmos o valor
falso, então a frase é verdade, pois a frase diz ela é
Importante! uma mentira e já sabemos que isso é falso. Perceba
que sempre que valoramos a frase ela nos resulta um
Proposição Lógica é uma oração declarativa que valor contrário, ou seja, estamos diante de uma frase
admite apenas um valor lógico: V ou F. que é contraditória em si mesma. Isto é a definição de
um paradoxo.
Ou então podemos também esquematizar o que é
SENTENÇA ABERTA
uma proposição lógica assim:
Chama-se proposição toda sentença declarativa
Dizemos que uma sentença é aberta quando não
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só conseguimos ter a informação completa que a oração
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta- nos mostra. Veja o exemplo abaixo:
mente com o sentido completo (caráter informativo).
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.


Verdadeira
Perceba que há presença do verbo e que consegui-
Sentença Sentido mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
Declarativa OU Completo Mas logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa in-
formação não consegue ser completa e por isso temos
Falsa mais um caso que não é proposição lógica. Observe mais
alguns exemplos:
X + 5 = 10
Obrigatório
Aquele carro é amarelo.
5+5
VERBO
X – Y = 20 157
Todos os exemplos acima são sentenças abertas. Exemplos:
Então podemos resumir da seguinte forma:
As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti- z Na linguagem natural:
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta.
Sempre será uma proposição lógica na escrita „ O macaco bebe leite e o gato come banana.
matemática e podemos notar que há verbos nos casos „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta.
a seguir: „ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
= (é igual) „ Se estudar, então vai passar.
≠ (é diferente) „ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro.
> (é maior)
< (é menor) z Na linguagem simbólica:
≥ (é maior ou igual)
≤ (é menor ou igual) „ p ^ q;
Esquematizando o que não são proposições lógicas: „ p v q;
„ p v q;
Sentenças Interrogativas(?) „ p → q;
„ p ⟷ q.
Sentenças sem Verbo
NÃO SÃO
PROPOSIÇÕES Sentenças com Verbo no Agora que já fomos apresentados aos conectivos
Imperativo lógicos, vamos ver algumas camuflagens dos opera-
Sentenças Abertas dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja:
Paradoxo
� Conectivos “e” usando “mas”
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL
� Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
ambos”;
É fundamental que você conheça três princípios
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
para deixarmos tudo alinhado com as proposições
não ambos;
lógicas. Veja:
� Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”
z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição
Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia;
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra
Caso você estude, irá passar no concurso;
possibilidade. Não é possível que uma proposição
Basta Ana comer massas, e engordará;
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”;
Quem joga bola é rápido;
z Princípio da não-contradição: Dizemos que uma
Todos os médicos sabem operar;
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo, Qualquer criança anda de bicicleta;
verdadeira e falsa; Toda vez que chove, não vou à praia.
z Princípio da Identidade: Cada ser é igual a si mes-
mo, ou seja, uma proposição não assume o signifi- É importante saber que na condicional a 1º Na con-
cado de outra proposição lógica. dicional a 1º proposição é o termo antecedente e a 2º
é o termo consequente.
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
P→Q
Temos proposições compostas quando há duas ou P = antecedente
Q = consequente
mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
tivos lógicos. Veja os exemplos:
TABELA VERDADE
z Sabino corre e Marcos compra leite;
Trata-se de uma tabela na qual conseguimos apresen-
z O gato é azul ou o pato é preto;
tar todos os valores lógicos possíveis de uma proposição.
z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar.
Números de Linhas de Tabela Verdade
Cada conectivo tem sua representação simbólica e
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos: Neste momento, vamos aprender a construir tabe-
las verdade para proposições compostas.
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA 1º passo: Contar a quantidade de proposições
e Conjunção ^ envolvidas no enunciado.
ou Disjunção v Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
ou...ou Disjunção Exclusiva v 2º passo: Calcular a quantidade de linhas da tabela
usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número de
se...então Condicional →
proposições).
se e somente se Bicondicional ⟷
158 Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.
Conectivo Conjunção “e” (^)
P Q PVQ
Só teremos uma resposta verdadeira quando todos
os valores lógicos envolvidos forem verdadeiros.

P Q P^Q
V V V
V F F
3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na primeira
coluna fazendo o agrupamento pela metade do núme- F V F
ro de linhas da tabela. F F F
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F). Conectivo Disjunção “ou” (v)

P Q PVQ Teremos resposta verdadeira quando pelo menos


V um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro.
V
P Q PVQ
F
V V V
F
V F V
F V V
4º passo: Preencher as demais colunas com agru- F F F
pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela meta-
de do agrupamento anterior. Conectivo Disjunção Exclusiva “ou...ou” ( v )
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima
será de 1 em 1). Teremos resposta verdadeira quando os valores
lógicos envolvidos forem diferentes.
P Q PVQ
V V P Q PVQ
V F V V F
F V V F V
F F F V V
F F F
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
mos aprender qual o resultado que teremos quando com- Conectivo Bicondicional “se e somente se” ()
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógico.
Teremos resposta verdadeira quando os valores
Número de linhas da tabela verdade:
lógicos envolvidos forem iguais.
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
Vamos caminhar mais um pouco e aprender todas as
combinações lógicas possíveis para cada conectivo lógico. P Q PQ
V V V
Negação (~P)
V F F
Uma proposição quando negada, recebe valores F V F
lógicos opostos dos valores lógicos da proposição ori- F F V
ginal. O símbolo que iremos utilizar é p ou ~p.
Conectivo Condicional “se...,então” (→)
P ~P
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan-
V F
do teremos o resultado falso, pois o conectivo con-
RACIOCÍNIO LÓGICO

F V dicional só tem uma possibilidade de isso ocorrer.


Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
Dupla Negação ~(~P)
do antecedente for verdadeiro e o consequente falso.

A dupla negação nada mais é do que a própria pro-


posição. Isto é, ~(~P) = P P Q P→Q
V V V
P ~P ~(~P) V F F
V F V F V V
F V F F F V 159
Condicional falsa: CONECTIVOS LÓGICOS
Vai Ficar Falsa
VF=F Conceito

TAUTOLOGIA Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como


também podem ser chamados, servem para ligar duas
É uma proposição cujo valor lógico é sempre ou mais proposições simples e formar, assim, propo-
verdadeiro. sições compostas.
Exemplo 1: A proposição P ∨ (~P) é uma tautologia, Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e cada
pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela um tem sua nomenclatura e representação simbólica.
verdade. Veja a tabela abaixo:

P ~P P V ~P Tabela de conectivos
V F V
CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
F V V
e Conjunção ^ peq
Exemplo 2: A proposição (P Λ Q) → (PQ) é uma ou Disjunção v p ou q
tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só Disjunção
possui V. ou...ou v Ou p ou q
exclusiva
Condicional
se...,então → Se p, então q
P Q (P^Q) (PQ) (P^Q)→(PQ) (implicação)
V V V V V p se e
se e Bicondicional
V F F F V somente
somente se (bi-implicação)
se q
F V F F V
F F F V V z Conjunção (conectivo “e”): Sua representação
simbólica é ^.
CONTRADIÇÃO
Exemplo:
É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso.
Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradição, „ Na linguagem natural: O macaco bebe leite e o
pois o seu valor lógico é sempre F, conforme a tabela gato come banana;
verdade. „ Na linguagem simbólica: p ^ q.

P ~P P ^ (~P) z Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”): Sua repre-


V F F sentação simbólica é v.
F V F
Exemplo:

CONTINGÊNCIA
„ Na linguagem natural: Maria é bailarina ou
Juliano é atleta;
Sempre que uma proposição composta recebe
„ Na linguagem simbólica: p v q.
valores lógicos falsos e verdadeiros, independente-
mente dos valores lógicos das proposições simples
z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): Sua
componentes, dizemos que a proposição em questão é
representação simbólica é: v.
uma contingência. Ou seja, quando a tabela verdade
apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verdadei-
Exemplo:
ros e alguns falsos.
Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
„ Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi-
contingência, conforme a tabela verdade.
do ou a raposa é lenta;
„ Na linguagem simbólica: p v q.
P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q)
V V F F F z Condicional (conectivos “se, então”): Sua repre-
sentação simbólica é →.
V F V V V
F V F V V Exemplo:
F F F V V
„ Na linguagem natural: Se estudar, então vai
z Tautologia: uma proposição que é sempre passar;
verdadeira; „ Na linguagem simbólica: p → q.
z Contradição: uma proposição que é sempre falsa;
z Contingência: uma proposição que pode assumir z Bicondicional (conectivo “se e somente se”): Sua
160 valores lógicos V e F, conforme o caso. representação simbólica é ⟷.
Exemplo: Distribuição (equivalência pela distributiva)

„ Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e


somente se ele receber dinheiro;
„ Na linguagem simbólica: p⟷q. a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
z Negação: Uma proposição quando negada, recebe
valores lógicos opostos dos valores lógicos da pro-
posição original. O símbolo que iremos utilizar é
p ou ~p. P (P ∧ Q)
P Q R Q∨R ∧ P∧Q P∧R ∨
Exemplos: (Q ∨ R) (P ∧ R)
V V V V V V V V
p: O gato é amarelo.
V V F V V V F V
~p: O gato não é amarelo.
q: Raciocínio Lógico é difícil. V F V V V F V V
~q: É falso que raciocínio lógico é difícil. V F F F F F F F
r: Maria chegou tarde em casa ontem.
~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em casa F V V V F F F F
ontem. F V F V F F F F

A negação além da forma convencional, pode ser F F V V F F F F


escrita com as expressões abaixo: F F F F F F F F
É falso que ...
Não é verdade que...
Agora que já fomos apresentados aos conectivos
lógicos, vamos ver algumas “camuflagens” dos opera- b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja:

z Conectivo “e” usando “mas”


P (P ∨ Q)
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor. P Q R Q∧R ∨ P∨ Q P∨R ∧
(Q ∧ R) (P ∨ R)
z Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não ambos”
V V V V V V V V
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, V V F F V V V V
mas não ambos. V F V F V V V V
z Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso, V F F F V V V V
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que” F V V V V V V V
F V F F F V F F
Exemplos:
F F V F F F V F
Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia. F F F F F F F F
Caso você estude, irá passar no concurso.
Basta Ana comer massas, e engordará.
Quem joga bola é rápido.
Todos os médicos sabem operar. Associação (equivalência pela associativa)
Qualquer criança anda de bicicleta.
Toda vez que chove, não vou à praia.

Dica a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)

Na condicional a 1° proposição é o termo ante-


cedente e a 2° é o termo consequente.
PQ P (P ∧ Q)
P = antecedente P Q R Q∧R ∧ P∧Q P∧R ∧
Q = consequente (Q ∧ R) (P ∧ R)
RACIOCÍNIO LÓGICO

EQUIVALÊNCIA LÓGICA NOTÁVEL V V V V V V V V


V V F F F V F F
Afirma-se que uma proposição P é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q se as V F V F F F V F
tabelas verdade dessas duas proposições são iguais. E V F F F F F F F
o que isto significa? Ora, duas proposições são equiva-
lentes quando elas dizem exatamente a mesma coisa; F V V V F F F F
quando elas têm o mesmo significado; quando uma F V F F F F F F
pode ser substituída pela outra. Para indicar que são
equivalentes, usaremos a seguinte notação: F F V F F F F F
F F F F F F F F
P⟺Q 161
b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r) ~P → ~Q →
P Q ~P ~Q P→Q Q→P
~Q ~P
P (P ∨ Q) V V F F V V V V
P Q R Q∨R ∨ P∨Q P∨R ∨ V V F V F V V F
(Q ∨ R) (P ∨ R)
V F V F V F F V
V V V V V V V V V F V V V V V V
V V F V V V V V
z Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p;
V F V V V V V V
V F F F V V V V Vale ressaltar que olhando para a tabela, a condi-
cional p → q e a sua recíproca q → p ou a sua contrária
F V V V V V V V ~p → ~q não são equivalentes.
F V F V V V F V
Implicação Material
F F V V V F V V
Na lógica proposicional, temos uma regra de subs-
F F F F F F F F
tituição que diz que é válida que uma sentença con-
dicional seja substituída por uma disjunção em que
Idempotência o antecedente é negado e essa é a Implicação Mate-
rial. A regra determina que P implica Q é logicamente
a) p ⇔ (p ∧ p) equivalente a não ~P ou Q e pode substituir o outro
em provas lógicas: P → Q ⟺ ~P v Q.
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
P P P∧P substituído em uma prova com.”
V V V Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
F F F
substituída por «~P v Q”.
Exemplo:
b) p ⇔ (p ∨ p) Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
Assim, ele não é um tigre ~P ou ele pode correr Q.
Se for descoberto que o tigre não podia correr,
P P P∨P
escrito simbolicamente como P v ~Q, ambas as sen-
V V V tenças são falsas, mas caso contrário, elas são ambas
F F F verdadeiras.

Transposição
Pela exportação-importação
A transposição é uma regra de substituição válida
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)] para “P → Q” onde é permitido trocar o antecedente
P pelo consequente Q de um enunciado condicional
em uma prova lógica se eles estão ambos negados. É
(P ∧ Q) P→
P Q R P∧Q Q→R a inferência verdadeira de “A implica B”, a verdade
→R (Q → R)
do “Não-B implica não-A”, e vice-versa. É a regra que:
V V V V V V V
P→Q⟺~Q→~P
V V F V F F F
Onde “⟺” é um símbolo que representa “pode ser
V F V F V V V
substituído em uma prova com.”
V F F F V V V Ou seja, sempre que uma instância de “P → Q” é
F V V F V V V exibida em uma linha de uma prova, ela pode ser
substituída por ~ Q → ~ P “.
F V F F V F V
Exemplo:
F F V F V V V Se ele é um tigre P, então ele pode correr Q.
F F F F V V V Assim, Se ele não pode correr ~Q, então ele não é
um tigre ~P.
Proposições Associadas a uma Condicional (se,
EQUIVALÊNCIA CONDICIONAL
então)
Agora vamos tratar duas equivalências impor-
Podemos dizer que as três proposições condicio- tantes desse conectivo que tem a maior incidência
nais que contêm p e q são associadas a p → q. Veja a nas provas de concursos. A primeira delas ensina
como transformar uma proposição composta pelo
abaixo:
“se…então” em outra proposição composta pelo “se…
então”. A outra ensina como transformar uma propo-
z Proposições recíprocas: p → q: q → p; sição composta pelo “se…então” em uma composta
162 z Proposição contrária: p → q: ~p → ~q; pelo conectivo “ou” (e vice-versa). Vamos lá!
Contrapositiva z Com o conectivo “ou” e “tabela-verdade”

Para fazermos essa equivalência devemos inverter Já para entendermos essa equivalência, precisa-
as proposições e depois negar todas as proposições. mos lembrar dos casos na tabela-verdade do conetivo
Inverte e nega tudo mantendo o se então “se e somente se” quando temos resultados verdadei-
Exemplo: A → B ⇔ ~B → ~A ros, ou seja, quando os valores lógicos são iguais. Se
Se Marcos estuda, então ele passa. ⇔ Se Marcos você não lembra direito, então volte lá no módulo de
não passa, então ele não estuda. tabela-verdade e relembre aquela tabela de valoração
Estas duas proposições são equivalentes. Percebeu lógica que fiz para você, ok? Sabendo disso, podemos
o processo de construção da segunda a partir da pri- dizer então que o conectivo “se e somente se” terá
meira? Você deve inverter a ordem das proposições e resultado verdadeiro quando as proposições forem
negar ambas. todas verdadeiras ou quando forem todas falsas
(vale lembrar que a negação de “V” será “F”). Logo,
z “se...então” vira “ou” veja o exemplo de como ficará essa equivalência:
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A ^ B) v (~A ^ ~B)
Essa equivalência é feita negando a primeira pro- O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
posição, trocando o conectivo “se...então” pelo conec- ⇔ O céu ficará azul e hoje não vai chover ou o céu não
tivo “ou”, repetindo a segunda proposição. ficará azul e hoje vai chover.
Nega ou Repete. Agora observe a tabela verdade envolvendo todas
Exemplo: as equivalências da Bicondicional:
A → B ⇔ ~A v B
Se o urso é ovíparo, então o macaco voa. ⇔ O urso (A→B) (A ^ B)
não é ovíparo ou o macaco voa. A B ~A ~B A ⟷ B B⟷A ^ V
Observe a tabela a seguir e veja que os resultados (B→A) (~A ^ ~B)
são iguais, ou seja, equivalentes: V V F F V V V V
V F F V F F F F
A B ~A ~B A→B ~B → ~A ~A V B
F V V F F F F F
V V F F V V V
F F V V V V V V
V F F V F F F
F V V F V V V
COMUTAÇÃO
F F V V V V V
Leis Comutativas
EQUIVALÊNCIA BICONDICIONAL
Conjunção “e”
Geralmente aprendemos somente a equivalência A^B⇔B^A
básica desse conectivo (a comutação), mas precisa- Joana é magra e Maria é baixa. ⇔ Maria é baixa e
mos ficar atentos para os casos especiais. O conectivo Joana é magra.
“se e somente se” tem mais duas equivalências lógicas
quando interpretamos de maneira mais minuciosa o A B A^B B^A
seu significado e sua tabela-verdade. E eu como um V V V V
professor que sempre busca entender e mapear os
perfis das bancas de concursos, não poderia deixar de V F F F
te ensinar esses detalhes que estão aparecendo cada F V F F
vez mais nas provas. Então vamos lá! F F F F

Comutação
Disjunção Inclusiva “ou”
Exemplo: A ⟷ B ⇔ B ⟷ A Exemplo: A v B ⇔ B v A
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. João anda de barco ou Sabrina vai à praia.⇔ Sabri-
⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul. na vai à praia ou João anda de barco.
Disjunção Exclusiva “ou...ou”
z Com o conectivo “e” e “se...então” Exemplo: A v B ⇔ B v A
Ou Romeu compra uma moto ou ele vende o carro.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Para fazer essa equivalência vamos interpretar o ⇔ Ou Romeu vende o carro ou ele compra uma moto.
conectivo “se e somente se”. Na sua nomenclatura
temos uma bicondicional e o que isso significa exa- A B A⊻B B⊻A
tamente? Significa que temos duas condicionais (se...
V V F F
então). E, pensando nisso, podemos dizer então que
temos uma condicional indo e uma condicional vol- V F V V
tando; repare que a simbologia (⟷) são duas setas. F V V V
Agora vamos traduzir isso tudo com um exemplo.
F F F F
Exemplo: A ⟷ B ⇔ (A → B) ^ (B → A)
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover.
⇔ Se o céu ficará azul, então hoje não vai chover e se Bicondicional “se e somente se”
hoje não vai chover, então o céu ficará azul. Exemplo: A ⟷ B ⇔ B A 163
O céu ficará azul se e somente se hoje não chover. A B ~A ~B AvB ~(A v B) ~A ^ ~B
⇔ Hoje não choverá se e somente se o céu ficar azul.
V V F F V F F
V F F V V F F
A B A⟷B B⟷A
F V V F V F F
V V V V
F F V V F V V
V F F F
F V F F
Negação de uma Disjunção Exclusiva
F F V V
Para negarmos a disjunção exclusiva, devemos
Condicional “Se então” apenas trocar o conectivo “ou...ou” pelo “se e somente
É o único conectivo lógico que não aceita a pro-
se”. Isso mesmo! Trocamos um conectivo pelo outro e
priedade de comutação, pois o seu antecedente não
o restante é só deixar igual. Veja um exemplo: ~ (A ⊻ B)
pode ser o consequente e vice-versa.
A→B≠B→A ⇔ A ⟷ B Ou faz sol ou chove muito.
Negação: Faz sol se e somente se chove muito.
LEIS DE MORGAN
A B A⊻B ~ (A ⊻ B) A⟷B
Quando fazemos a negação de uma proposição
composta primitiva, geramos outra posição que tam- V V F V V
bém é composta e equivalente à sua primitiva. É V F V F F
recorrente em provas a cobrança para que você res-
F V V F F
ponda qual a equivalência da negação de determina-
da proposição. F F F V V

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan) Negação de uma bicondicional

Para negarmos a conjunção, devemos troca-la pela A bicondicional pode ser negada das seguintes
disjunção (ou) e negar todas as proposições envolvi- maneiras, veja:
das. Veja: ~ (A ^ B) ⇔ ~A v ~B
Exemplo: Vou comprar um carro e vou ganhar di- z Trocando pelo conectivo “ou...ou”
nheiro.
Proposição 1: vou comprar um carro.
Exemplo: ~ (A ⟷ B) ⇔ A v B
Proposição 2: vou ganhar dinheiro.
1º - trocar o “e” pelo “ou” Marta viaja se e somente se Paulo não vai ao cinema.
2º - negar todas as proposições Negação: Ou Marta viaja ou Paulo não vai ao
Negação: cinema.
~P1: Não vou comprar um carro
~P2: Não vou ganhar dinheiro z (Mantém e Nega) ou (Mantém e Nega)
Assim temos, Não vou comprar um carro ou não
vou ganhar dinheiro. Essa negação é feita vindo da equivalência lógica
que usa o conectivo “se...,então”.
A B ~A ~B A^B ~(A ^ B) ~A V ~B Exemplo:
V V F F V F F ~ (A ⟷ B) ⇔ (A → B) ^ (B → A)
V F F V F V V ~[(A → B) ^ (B → A)] ⇔ (A ^ ~B) v (B ^ ~A)
F V V F F V V A: Marta viaja se e somente se Paulo não vai ao
F F V V F V V cinema.
Negação: Marta viaja e Paulo vai ao cinema ou
Paulo não vai ao cinema e Marta não viaja.
Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)
z Mantendo o conectivo “se e somente se”
Para negarmos a disjunção, devemos trocar pela
conjunção (e) e negar todas as proposições envolvi-
das. Veja: ~ (A v B) ⇔ ~A ^ ~B Para fazermos essa negação vamos manter o
Exemplo: Vou pegar a bola ou Pedro vai chutar a lata. conectivo “se e comente se” e negar apenas uma das
Proposição 1: vou pegar a bola. proposições.
Proposição 2: Pedro vai chutar a lata. Exemplo:
1º - trocar o “ou” pelo “e” 1 - ~ (A ⟷ B) ⇔ ~A ⟷ B
2º - negar todas as proposições
2 - ~ (A ⟷ B) ⇔ A ⟷ ~B
Negação:
A: Passo se e somente se estudo muito.
~P1: Não vou pegar a bola.
~P2: Pedro não vai chutar a lata. Negação:
Assim temos, 1 – Não passo se e somente se estudo muito.
164 Não vou pegar a bola e Pedro não vai chutar a lata. 2 – Passo se e somente se não estudo muito.
A A (A ^ ~B) ~A A
A B ~A ~B ⟷ ~(A ⟷ B) ⊻ V ⟷ ⟷ ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICAS DE
B B (B ^ ~A) B ~B ARGUMENTAÇÃO
V V F F V F F F F F
ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES,
V F F V F V V V V V CONCLUSÕES E DIAGRAMAS LÓGICOS
F V V F F F V V V V
Estrututas Lógicas
F F V V V V F F F F
A negação com o conectivo “não”
Negação de uma Condicional
Representação simbólica: (~p) ou (p)
Sabemos que o valor lógico de “p” e “~p” são opos-
A negação de uma proposição composta por uma
tos, isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será
condicional é uma das mais cobradas em provas e, falsa, e vice-versa. Exemplo:
por esse motivo, devemos aprendê-la e resolver mui- p: Matemática é difícil.
(~p) ou (p): Matemática não é difícil.
tas questões sobre o assunto. Então a sua negação é
feita repetindo a primeira proposição E negando a Outras maneiras que também podemos usar para
negar uma proposição, e que vem aparecendo muito
segunda proposição. nas provas de concursos, são:
Exemplo: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B
Se o gato late, então o cachorro mia. Não é verdade que matemática é difícil.
É falso que matemática é difícil.
Negação: O gato late e o cachorro não mia.
Conjunção (Conectivo “E”)
A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B
Representação simbólica: ^
V V F V F F Exemplos:
V F V F V V
F V F V F F z Na linguagem natural:
„ O macaco bebe leite e o gato come banana.
F F V V F F
z Na linguagem simbólica:
DUPLA NEGAÇÃO (TEORIA INVOLUTIVA) „ p^q

Disjunção Inclusiva (Conectivo “ou”)


De uma proposição simples
~ (~A) ⇔ A Representação simbólica: v
Exemplo:

A ~A ~ (~A) z Na linguagem natural:


V F V „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta.
F V F
z Na linguagem simbólica:
„ pvq
De uma condicional
Vamos fazer duas negações lógicas para o conecti- Disjunção Exclusiva (conectivo “Ou...ou”)
vo se... então de forma que sua resposta será equiva- Representação simbólica: ⊻
lente à sua proposição primitiva. Veja: Exemplo:
Proposição Primitiva:A → B
z Na linguagem natural:
1ª negação: ~ (A → B) ⇔ A ^ ~B „ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
2ª negação: ~ (A ^ ~B) ⇔ ~A v B
z Na linguagem simbólica:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Logo, A → B ⇔ ~A v B
„ p⊻q

1ª 2ª Condicional (conectivo “Se então”)


negação negação

A B ~B A→B ~ (A → B) A ^ ~B ~A v B Representação simbólica: →


Exemplo:
V V F V V F V
V F V F F V F z Na linguagem natural:
F V F V V F V „ Se estudar, então vai passar.

F F V V V F V z Na linguagem simbólica:
„ p→q 165
Bicondicional (conectivo “Se e somente se”) Nenhum homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Representação simbólica: exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Exemplo: que “Nenhum A é B” significa que A e B não tem ele-
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
z Na linguagem natural: tação com diagrama:
„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
dinheiro.

z Na linguagem simbólica: A B
„ p⟷q

DIAGRAMAS LÓGICOS (SILOGISMOS)


Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B
Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos
Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
que são elementos que especificam a extensão da vali- lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
dade de um predicado sobre um conjunto de constan- tando o diagrama, serão os seguintes:
tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
que indicam que houve quantificação. São exemplos Todo A é B – É falsa.
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo, Algum A é B – É falsa.
pelo menos um, nenhum. Algum A não é B – é verdadeira.
Esses quantificadores podem ser classificados em
dois tipos: Quantificador Particular (Afirmativo): “Algum” / “Pelo
Menos um” / “Existe”
z Quantificador Universal
z Quantificador Existencial (particulares) Exemplo:
Algum A é B.
Universais temos TODO e NENHUM, já os particula- Algum homem joga bola.
res temos pelo menos um, existe um e o algum. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Agora, vamos estudar a representação de cada um exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
dos quantificadores através dos diagramas lógicos. que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
Quantificador Universal “Todo” (afirmativo) seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
mos fazer quatro representações com diagramas:
Exemplo:
A B
Todo A é B.

Todo homem joga bola.

Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no


exemplo, o do homem e o de joga bola. Vale lembrar
que Todo A é B significa que todo elemento de A tam- Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
bém é elemento de B. Logo, podemos representar com
o diagrama: Veja que em todas as representações de A e B
possuem intersecção. Então, quando “Algum A é B”
B é verdadeira, os valores lógicos das outras proposi-
ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
A
seguintes:
Todo A é B – É indeterminado
Nenhum A é B – É falsa.
Algum A não é B – É indeterminado.
O conjunto A dentro do conjunto B
Quantificador Particular (negativo): “Algum” / “Pelo
Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi- Menos um” / “Existe” + a partícula “Não”
cos das outras proposições categóricas, interpretando
os diagramas, serão os seguintes: Exemplo:
Nenhum A é B – É falsa. Algum A não é B.
Algum A é B – É verdadeira. Algum homem não joga bola.
Algum A não é B – é falsa. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Quantificador Universal “Nenhum” (negativo) que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
pelo menos um elemento que não pertence ao con-
Exemplo: junto B. Logo, podemos fazer três representações com
166 Nenhum A é B. diagramas:
REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO

Regras relativas aos termos:

z 1ª Regra – O silogismo tem três termos: o maior, o


menor e o médio. Exemplo:

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há „ As margaridas são flores.
contato de alguns elementos de A com B „ Algumas mulheres são Margaridas.
„ Logo, algumas mulheres são flores.
Veja que em todas as representações o conjunto
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao Veja que “margaridas” e “Margaridas” é termo
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda- equívoco. Não respeitamos esta regra, porque este
silogismo tem 4 termos. O termo “margaridas” está
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
empregue em 2 sentidos, valendo por 2 termos.
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É falsa. z 2ª Regra – Se um termo está distribuído na con-
Nenhum A é B – É indeterminada. clusão, tem de estar distribuído nas premissas.
Algum A não é B – É indeterminado. Exemplo:

SILOGISMOS „ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não


distribuído)
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro „ Os portugueses não são espanhóis.
do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por „ Logo, os portugueses não são inteligentes.
três proposições, em que de duas delas, que funcio-
Menor extensão na conclusão do que nas premissas.
nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
proposição que é a sua conclusão ou consequente. z 3ª Regra – O termo médio nunca pode estar na
Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de conclusão. Exemplo:
argumento.
„ Toda planta é ser vivo.
Estrutura do silogismo categórico „ Todo animal é ser vivo.
„ Todo ser vivo é animal ou planta.
z Premissa maior (geralmente é a primeira): Con-
tém o termo maior (T), que é sempre o predicado z 4ª Regra – O termo médio tem de estar distribuído
da conclusão e nos diz qual é a premissa maior, da pelo menos uma vez. Exemplo:
qual faz parte.
z Premissa menor (geralmente é a segunda): Con- „ Alguns (não distribuído) homens são ricos.
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da „ Alguns (não distribuído) homens são artistas.
„ Alguns artistas são ricos.
conclusão e nos indica qual é a premissa menor.
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
Regras relativas às proposições:
médio (M).
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
z 5ª Regra – De duas premissas negativas nada se
maior e termo menor. Aparece nas duas premis- pode concluir. Exemplo:
sas, mas nunca aparece na conclusão.
„ Nenhum palhaço é chinês.
Veja os exemplos abaixo: „ Nenhum chinês é holandês.
„ Logo, (não se pode concluir).
Exemplo 1:
Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-
z Todos os mamíferos são animais. ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
z Os cães são mamíferos. que não existe nenhuma relação entre estes e o termo
z Logo, os cães são animais. médio (que é o único que nos permite relacioná-los).

„ Termo maior: animais; z 6ª Regra – De duas premissas afirmativas não se


pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo:
RACIOCÍNIO LÓGICO

„ Termo menor: cães;


„ Termo médio: mamíferos.
„ Todos os mortais são desconfiados.
„ Alguns seres são mortais.
Exemplo 2:
„ Alguns seres não são desconfiados.
z Todos os homens são mortais. z 7ª Regra – A conclusão segue sempre a parte mais
z Sócrates é homem. fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa
z Logo, Sócrates é mortal. for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se
uma premissa for particular, a conclusão tem de
„ Termo maior: mortais; ser particular. Exemplo:
„ Termo menor: Sócrates;
„ Termo médio: homem. „ Todos os homens são felizes. 167
„ Alguns homens são espertos. Sabendo que somente um dos três falou a verdade,
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que
pode ser geral) disse a verdade são, respectivamente,

a) Huguinho e Luizinho.
z 8ª Regra – De duas premissas particulares, nada se
b) Huguinho e Zezinho.
pode concluir. Exemplo: c) Zezinho e Huguinho.
d) Luizinho e Zezinho.
„ Alguns italianos não são vencedores. e) Luizinho e Huguinho.
„ Alguns italianos são pobres.
„ Logo, (nada se pode concluir). Para esse tipo de questão devemos buscar as infor-
mações contraditórias, pois numa contradição
Pelo menos, uma premissa tem de ser universal, haverá uma “verdade e mentira”.
para que possa existir ligação entre o termo médio e Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos
os outros termos e ser possível extrair uma conclusão. três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor-
Esquematizando! mações contraditórias:
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se
contradizem.
REGRAS Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!”
PREMISSAS TERMOS Não podemos afirmar quem disse a VERDADE ou
z De duas premissas nega- z Todo silogismo contém quem MENTIU ainda, mas já sabemos que quem
tivas, nada se conclui somente três termos: quebrou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas MEN-
z De duas premissas afir- maior, médio e menor TIRA para quem não está na contradição).
mativas não pode haver z Os termos da conclusão Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – MENTIRA,
conclusão negativa não podem ter extensão logo ele quebrou o vaso.
z A conclusão segue sem- maior que os termos Eliminamos as letras C, D e E.
pre a premissa mais fraca das premissas Agora, perceba que não tem como o Zezinho está
z De duas premissas parti- z O termo médio não pode falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho
culares, nada se conclui entrar na conclusão quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e
z O termo médio deve Luizinho falando a verdade. Resposta: Letra A.
ser universal ao menos
uma vez
2. (IF-PA – 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são
quatro amigas com diferentes idades. Quando se per-
VERDADES E MENTIRAS guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as
seguintes respostas:
Estamos diante de um assunto bem interessante,
pois em Verdades e Mentiras vemos casos em que z Ângela: Eu sou a mais velha;
várias pessoas afirmam certas situações e entre elas z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem;
existe aquela que diz algo verdadeiro, mas também z Carol: Eu não sou a mais jovem;
há aquela que só mente. Então, o seu dever é entender � Denise: Eu sou a mais jovem.
o que o enunciado está querendo e achar quem são os
Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a
mentirosos e verdadeiros.
verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen-
Em algumas questões, você terá que fazer um teste te, são:
lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis-
posta no enunciado. Caso não aconteça divergência a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha.
entre as informações, sua suposição estará correta e b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha.
você conseguirá achar quem está falando a verdade c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha.
ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha.
que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha.
teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio
Lógico, então, vamos aprender como resolver esse Vamos analisar:
� Ângela: Eu sou a mais velha;
tipo de questão praticando bastante.
� Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
jovem;
� Carol: Eu não sou a mais jovem;
� Denise: Eu sou a mais jovem.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois
se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem
1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação. jovem, teremos um cenário em que todas as meni-
Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que
quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
ser a mais jovem.
cada um.
Como o enunciado diz que apenas uma delas está
mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” mesmo tempo, o que é logicamente impossível em
168 Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” um grupo de 4 meninas.
Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.
Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
jovem. Resposta: Letra D. a verdade e disse que foi o Ercílio. Resposta: Letra E.

3. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e 5. (FCC – 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair
Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas
uma pessoa. Na delegacia: um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus-
peitos deram as seguintes declarações:
z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas; Cássio: Jair é o culpado do crime.
z Rogério disse que tinha sido Paulo; Ernesto: Geraldo é o culpado do crime.
z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor; Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime.
z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso. Álvaro: Ernesto não cometeu o crime.
Jair: Eu não cometi o crime.
Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos,
a) Lucas. exatamente três mentiram na declaração. Sendo
b) Sandro. assim, o único inocente que declarou a verdade foi
c) Rogério.
d) Vitor. a) Cássio.
e) Paulo. b) Ernesto.
c) Geraldo.
As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja: d) Álvaro.
Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas; e) Jair.
Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
Se um estiver falando a verdade, outro está men- Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó-
tindo. Como, ao todo, temos apenas uma mentira, rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA.
então as demais frases são verdadeiras. Assim, Cássio: Jair é o culpado do crime.
analisando as afirmações, percebemos que a frase Jair: Eu não cometi o crime.
de Rogério (que é 100% verdade) deixa claro que o Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul-
culpado foi Paulo. Resposta: Letra E. pado e disse a verdade como o enunciado afirmou.
Mas, note que não podemos ter duas verdades como
4. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão a situação apresentada nos mostrou, pois é uma
cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e
e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi- não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen-
di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma te e falou a verdade. Resposta: Letra E.
quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
nota que um deles não entregou sua parte, consegue LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO: PROBLEMAS
detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin- ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
do as seguintes alegações:
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo; os diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio; agora resolver algumas questões que envolvem pro-
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar; blemas com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria,
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio; pois como disse: esse tópico reúne diversos conceitos
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino. já estudados, tais como Diagrama de Venn, Associação
Lógica, Equivalências, Negações, etc. Logo, devemos
Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men- resolver questões para entendermos como são cobra-
tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi? das em provas.

a) Arnaldo.
b) Belarmino.
c) Cleocimar. EXERCÍCIOS COMENTADOS
d) Dionésio.
RACIOCÍNIO LÓGICO

e) Ercílio. 1. (FUNDATEC – 2020) Em shopping da cidade, foram


entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gosta de
São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei- séries ou quem gosta de filmes. Dos dados levanta-
ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami- dos, tem-se que 256 gostam de séries e 194 gostam
gos, já foi possível identificar a contradição. Repare de filmes. Sabendo que todos preferem pelo menos
o que diz Dionésio e Ercílio: uma das duas opções e que ninguém disse que não
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio; gosta de nada, quantas pessoas gostam de séries e
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio; filmes ao mesmo tempo?
Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem
a verdade: a) 110.
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo; b) 130.
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar; c) 150. 169
d) 170. 4. (IBADE – 2020) Numa avenida em linha reta, a agência
e) 190. dos correios fica entre a escola e o restaurante, e a
escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con-
Temos uma questão que relaciona os conceitos de clui-se que:
conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos
somar todos os valores e descontar do total. Fica: a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos correios.
Total = 320.
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios.
Séries = 256.
c) a escola fica entre a agência dos correios e o restaurante.
Filmes = 194.
Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola.
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B. e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios.

2. (FCC – 2019) Antônio, Bruno e Carlos correram uma Primeiro: Escola__Correios__Restaurante


maratona. Logo após a largada, Antônio estava em Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica.
primeiro lugar, Bruno em segundo lugar e Carlos em Ótica__Escola__Correios__Restaurante
terceiro lugar. Durante a corrida Bruno e Antônio tro- (A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa
caram de posição 5 vezes, Bruno e Carlos trocaram de representação). Resposta: Letra E.
posição 4 vezes e Antônio e Carlos trocaram de posi-
ção 7 vezes. A ordem de chegada foi 5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Seis amigos — Alberto,
Bruno, Carla, Dani, Evandro e Flávio — estão enfileira-
a) Antônio (1º), Carlos (2º) e Bruno (3º).
dos, da esquerda para a direita, e dispostos da seguin-
b) Bruno (1º), Carlos (2º) e Antônio (3º).
c) Bruno (1º), Antônio (2º) e Carlos (3º). te forma:
d) Carlos (1º), Bruno (2º) e Antônio (3º).
e) Carlos (1º), Antônio (2º) e Bruno (3º). I. Bruno está em uma posição anterior à de Carla;
II. Carla está imediatamente após Dani;
Para resolver essa questão basta saber que: se o III. Evandro não está antes de todos os outros, mas está
número de trocas for PAR (não importa a quantida- mais próximo da primeira posição do que da última;
de) as posições vão ser mantidas, se for ímpar (não IV. Flávio está em uma posição anterior à de Bruno;
importa a quantidade), serão trocadas. V. Bruno não ocupa a quarta posição da fila.
Logo,
1º Antônio Com base nessas informações, julgue o item a seguir,
2º Bruno considerando a ordenação da esquerda para a direita.
3º Carlos
Bruno e Dani estão, necessariamente, em posições
Bruno e Antônio trocaram 5 vezes  número ímpar,
então, Antônio trocará de lugar com Bruno: 1º Bru- consecutivas.
no 2º Antônio 3º Carlos
Bruno e Carlos trocaram 4 vezes  número par, ( ) CERTO ( ) ERRADO
cada um ficará no seu lugar: 1º Bruno 2º Antônio
3º Carlos A primeira informação nos diz que Bruno está antes
Antônio e Carlos trocaram 7 vezes  número ímpar, de Carla.
então, Antônio trocará de lugar com Carlos: Da esquerda para a direita;
1º Bruno 2º Carlos 3º Antônio. Resposta: Letra B. ____Bruno___Carla___
No espaço pode conter outros amigos ou não;
3. (VUNESP – 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra- O item II deixa claro que Carla está logo após Dani,
balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira, Ana sem ninguém entre elas.
chegou depois de Bete, e Carol chegou antes de Ana.
___Dani-Carla___
Nesse dia, Carol não foi a primeira a chegar no serviço.
Juntando à anterior, fica:
A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar no
serviço nesse dia foram: ___Bruno___Dani-Carla___
Item IV fala que Flávio está antes de Bruno:
a) Bete, Ana e Carol. __Flávio___ Bruno___ Dani-Carla___
b) Bete, Carol e Ana. Falta Alberto e Evandro, lembrando que:
c) Ana, Carol e Bete. Só a Dani pode ser a quarta pessoa ou não:
d) Ana, Bete e Caro. Flávio – Evandro – Bruno – Alberto – Dani – Carla
e) Carol, Bete e Ana. Obedecendo todas as regras, o quarto pode ser Alber-
to ou Bruno, então, necessariamente deixa o item
Ana chegou depois de Bete  Então, Ana não foi a errado, pois tem outra forma. Resposta: Errado.
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
Carol chegou antes de Ana  Se Carol chegou antes
ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
foi a última a chegar, elimine a alternativa A.
Carol não foi a primeira a chegar no serviço.  Já Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta-
que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a remos interessados em verificar se eles são válidos
alternativa E. ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o
Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana. Resposta: que significa um argumento válido e um argumento
170 Letra B. inválido.
Argumentos Válidos (V) (F)
Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Também podem ser chamados de argumentos Fez sol. (V)
bem-construído ou legítimo.
Logo, vou à praia. (F)
Para que o argumento seja válido, não basta que
a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
Como já sabemos e estudamos lá no módulo de ta-
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
bela-verdade, quando temos a combinação lógica ver-
ou seja, quando a conclusão é uma consequência
necessária das premissas, dizemos que o argumen- dade no antecedente e falso no consequente (V 
to é válido. F) para o conectivo “se...,então”, o nosso resultado só
Vamos analisar o exemplo: poderá ser falso.

p1: Todo padre é homem. (V) (F)


p2: José é padre. Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F)
c: José é homem. Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F)
Quando temos argumentos utilizando os quanti-
ficadores lógicos, representamos através dos diagra- Percebe-se, então, que não está de acordo com a
mas lógicos para saber a validade de um argumento. nossa valoração inicial, ou seja, DEU ERRO. Logo, nos-
Veja que temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, so argumento é válido.
logo:
ARGUMENTOS INVÁLIDOS
Homem
Também podem ser chamados de argumentos mal
construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos.
Padre Dizemos que um argumento é inválido quando a
verdade das premissas não é suficiente para garantir
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo para
José clarear um pouco mais sobre o assunto: Exemplo:

p1: Todas as crianças gostam de chocolate;


p2: Patrícia não é criança;
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate.
Perceba que a premissa 2 afirma que José é
padre, ou seja, José tem que estar dentro do con- Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura
junto dos padres. Sendo assim, como não há pos- de argumentos utilizando os quantificadores lógicos,
sibilidade de um padre não ser homem, podemos vamos representar através dos diagramas lógicos
afirmar que José também é homem, como afirma para saber a validade de um argumento. Veja que
nossa conclusão. Logo, o argumento é válido. temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo:

Gostam de chocolate
Vamos analisar agora um argumento usando
conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
devemos usar o seguinte lembrete:
Crianças
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
premissas são verdadeiras;
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
conectivo envolvido no argumento; Patrícia
3°. Se der ERRO (não ficar de acordo com o padrão
de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
mento é válido.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Veja na prática: Gostam de chocolate

Se fizer sol, então vou à praia. (V)


Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F) Crianças

Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada


proposição os valores lógicos de acordo com o nosso Patrícia
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia
é falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mes-
mo svalores lógicos para proposição composta pelo Não gostam de chocolate
conectivo “se...,então” na primeira premissa. Assim, 171
Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é DEU ERRO ARGUMENTO VÁLIDO
criança, temos duas interpretações:
NÃO DEU ARGUMENTO
1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de cho- INVÁLIDO
ERRO
colate ou;
2°. Ela pode não ser criança e não gostar de cho-
colate. Sendo assim, não há possibilidade de Para podermos praticar um pouco mais sobre esse
afirmar com 100% de certeza que Patrícia não assunto, analisaremos algumas questões de concursos.
gosta de chocolate, como consta na conclusão.
Logo, o argumento é inválido.

Para analisar um argumento inválido, utilizando LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM


conectivos lógicos, deve-se seguir os mesmos passos
para a análise de argumentos válidos, porém se leva "Professor, eu sempre vejo esse tema em alguns
em consideração um detalhe. editais, mas nunca entendo o que realmente preciso
estudar". Bom, ntão, eu vou te ajudar a esclarecer isso
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as de uma maneira rápida e simples.
premissas são verdadeiras; Lógica de 1° ordem é igual a Quantificadores Lógi-
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do cos. Então, toda vez que você vir esse tema no edi-
conectivo envolvido no argumento; tal, terá que saber três coisas fundamentais sobre os
3°. Se não der ERRO (ficar de acordo com o padrão quantificadores:
de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
mento é inválido. z Negação;
z Equivalência; e
Veja na prática: z Representação por diagramas.

Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine- Quantificadores Lógicos ou Proposições Categó-
ma. (V) ricas são elementos que especificam a extensão da
O tempo ficou nublado. (V) validade de um predicado sobre um conjunto de cons-
Logo, vou ao cinema. (F) tantes individuais, ou seja, são palavras ou expressões
que indicam que houve quantificação. São exemplos
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada de quantificadores as expressões: “existe”, “algum”,
proposição os valores lógicos de acordo com o nosso “todo”, “pelo menos um” e “nenhum”.
lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
ma é falso e o tempo ficar nublado é verdadeiro. CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Distribuímos os valores lógicos para proposição com-
Esses quantificadores podem ser classificados em
posta pelo conectivo “se...então” na primeira pre-
dois tipos:
missa, de acordo com cada proposição. Perceba que
a proposição não vou ao cinema está negando o que
z Quantificador Universal: “todo” e “nenhum”;
está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
z Quantificador Existencial (particulares):“pelo menos
valor lógico dela. Assim,
um”, “existe um” e o “algum”.
(V) (V)
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “TODO” (AFIRMATIVO)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Exemplos:

Logo, vou ao cinema. (F)


Todo A é B.
Todo homem joga bola.
Como já estudamos lá no módulo de tabela-verdade,
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
tudo que não estiver no padrão de combinação lógica
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
- verdade no antecedente e falso no consequente (V
que “Todo A é B” significa que todo elemento de A
 F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro.
também é elemento de B. Logo, podemos representar
com o diagrama:
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
B
O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F) A

Percebe-se, então, que o argumento está de acor-


do com a nossa valoração inicial, ou seja, NÃO DEU
ERRO. Logo, nosso argumento é inválido.
172 Sabendo disso, guarde o esquema abaixo. O conjunto A dentro do conjunto B
Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi- QUANTIFICADOR PARTICULAR (NEGATIVO):
cos das outras proposições categóricas, interpretando “ALGUM” / “PELO MENOS UM” / “EXISTE” + A
os diagramas, serão os seguintes: PARTÍCULA “NÃO”

z Nenhum A é B: É falsa; Exemplo:


z Algum A é B: É verdadeira;
z Algum A não é B: é falsa. Algum A não é B.
Algum homem não joga bola.
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “NENHUM” (NEGATIVO) Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Exemplos:
que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
Nenhum A é B. pelo menos um elemento que não pertence ao con-
Nenhum homem joga bola. junto B. Logo, podemos fazer três representações com
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no diagramas:
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que “Nenhum A é B” significa que A e B não tem ele-
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
tação com diagrama:

A B Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há


contato de alguns elementos de A com B

Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B


Veja que todas as representações o conjunto A tem
pelo menos um elemento que não pertence ao conjun-
Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores to B. Então, quando “Algum A não é B” é verdadeira,
lógicos das outras proposições categóricas, interpre- os valores lógicos das outras proposições categóricas,
tando o diagrama, serão os seguintes: interpretando o diagrama, serão os seguintes:

z Todo A é B: É falsa; z Todo A é B: É falsa;


z Algum A é B: É falsa; z Nenhum A é B: É indeterminada;
z Algum A não é B: é verdadeira. z Algum A não é B: É indeterminado.

QUANTIFICADOR PARTICULAR (AFIRMATIVO): NEGAÇÃO DOS QUANTIFICADORES LÓGICOS OU


“ALGUM” / “PELO MENOS UM” / “EXISTE”
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Exemplo:
Você vai aprender de uma vez por todas como
Algum A é B. negar proposições quantificadas, ou seja, proposi-
Algum homem joga bola. ções que utilizam expressões como “todo”, “algum”
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no e “nenhum”. Recapitulando sobre a negação de uma
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar proposição, podemos, então, dizer que negar uma pro-
que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo posição significa trocar o seu valor lógico. Em outras
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou palavras, a negação de uma proposição verdadeira é
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode- uma proposição falsa; a negação de uma proposição
mos fazer quatro representações com diagramas: falsa é uma proposição verdadeira.
Tudo que você precisa para negar uma proposição
A B
quantificada é saber como classificá-la, então, veja
alguns exemplos:

QUANTIFICADOR CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO


RACIOCÍNIO LÓGICO

Universal Todo homem joga


Todo
Afirmativo bola.
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
Nenhum homem
Nenhum Universal Negativo
joga bola.
Veja que em todas as representações de A e B possuem
intersecção. Então, quando “Algum A é B” é verdadeira, Particular Algum homem
Algum
Afirmativo joga bola.
os valores lógicos das outras proposições categóricas,
interpretando o diagrama, serão os seguintes: Algum homem não
Algum + Não Particular Negativo
joga bola.
z Todo A é B: É indeterminado;
z Nenhum A é B: É falsa; Sabendo disso, é muito simples negar proposições
z Algum A não é B: É indeterminado. quantificadas. 173
Exemplo: “Todo pato é amarelo”. = “Se é pato,
UNIVERSAL NEGAÇÃO PARTICULAR então é amarelo”.

z NENHUM
PARTICULAR NEGAÇÃO UNIVERSAL

„ “Nenhum A é B” é equivalente a dizer “Todo A


não é B”.
VERBO NEGAÇÃO VERBO NEGATIVO
AFIRMATIVO
Vemos aqui que: troca-se “nenhum” por “todo”, a
VERBO
primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
VERBO NEGAÇÃO
NEGATIVO AFIRMATIVO Exemplo: “Nenhum macaco é branco” = “Todo
macaco não é branco”.

z Se o quantificador utilizado for universal, a nega-


ção utilizará um quantificador particular; EQUIVALÊNCIA
z Se o quantificador utilizado for particular, a nega-
ção utilizará um quantificador universal;
negação
z Se o verbo for afirmativo, a negação utilizará um AéB A não é B A não é B

verbo negativo; TODO ALGUM NENHUM


z Se o verbo for negativo, a negação utilizará um
A não é B AéB AéB
verbo afirmativo. negação

Esquematizando tudo: EQUIVALÊNCIA

QUANTIFICADOR NEGAÇÃO EXEMPLO


p: Todo homem
Universal afirmati- Particular negativa joga bola.
va “todo” “algum + não” ~p: Algum homem PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
não joga bola.
p: Nenhum homem
PROBABILIDADE
Universal negativa Particular afirmati- joga bola.
“nenhum” va “algum” ~p: Algum homem Para estudarmos probabilidade é necessária uma
joga bola. boa compreensão sobre em noções básicas de
p: Algum homem contagem, ou seja, você precisa saber muito bem
Particular afirmati- Universal negativa joga bola. o Princípio Fundamental da Contagem e é disso
va “algum” “nenhum” ~p: Nenhum ho- que vamos falar agora.
mem joga bola.
p: Algum homem Primeiro, vamos aprender uma ferramenta impor-
Particular negativa Universal afirmati- não joga bola.
tante para o nosso estudo: Fatorial.
“algum + não” va “todo” ~p: Todo homem
joga bola.
Fatorial de um Número Natural
Olhando para as iniciais de cada quantificador
lógico particular (Pelo menos / Existe / Algum), pode- Serve para facilitar e acelerar resolução de ques-
mos escrever o lembrete abaixo para negação: tões. Veja sua representação simbólica:
FATORIAL DE N = n!
Sendo “n” um número natural, observe como
TODO NEGAÇÃO PEA + NÃO desenvolver o fatorial de n:
n! = n · (n-1) · (n-2) · ... · 2 · 1, para n ≥ 2
1! = 1
NENHUM NEGAÇÃO PEA 0! = 1
Exemplos:
3! = 3 · 2 · 1= 6
EQUIVALÊNCIA LÓGICA DE QUANTIFICADORES 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24
5! = 5 · 4 · 3 · 2 · 1 = 120
z TODO Agora, veja esse outro exemplo:
6!
Calcular 4!
„ “Todo A é B” é equivalente a dizer “nenhum A
não é B”. Resolução:
6! 6·5·4·3·2·1 = 6 · 5 = 30
=
Vemos aqui que: Troca-se “todo” por “nenhum”, ou 4! 4·3·2·1
seja, a primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
Poderíamos também resolver abrindo o 6! até 4! e
Exemplo: “Todo gato pula alto”. = “Nenhum gato
depois simplificar. Veja:
não pula alto”.
6! 6·5·4! = 6 · 5 = 30
174 „ “Todo A é B” equivale a “Se é A, então é B”. 4!
=
4!
Princípio Fundamental da Contagem
CAJU CUJA ACJU AUJC
Podemos, também, encontrar como princípio mul-
CAUJ CJUA ACUJ ...
tiplicativo. Vamos esquematizar uma maneira que vai
ser bem simples para resolvermos problemas sobre o CJAU AUCJ
CUAJ ...
tema, observe o lembrete:

1. Identificar as etapas do enunciado; Desta maneira, o número de anagramas é 4! =


2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; 4·3·2·1 = 24 anagramas.
3. Multiplicar.
Dica
Exemplo: Para fazer uma viagem São Paulo-For-
ANAGRAMA é a ordenação de maneira distin-
taleza-São Paulo, você pode escolher como meio de
ta das letras que compõem uma determinada
transporte ônibus, carro, moto ou avião. De quantas
palavra.
maneiras posso escolher os transportes?
Resolução:
Permutação com Repetição
Usando o lembrete dado:
Quantos anagramas tem na palavra ARARA? O
1. Identificar as etapas do enunciado. problema é causado por conta da repetição de letras
Escolher o meio de transporte para ida e para a na palavra ARARA. Veja que temos 3 letras A e 2 letras
volta. R. De maneira tradicional, faríamos 5! (número de
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa; letras na palavra), mas é preciso que descontemos as
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ôni- letras repetidas. Assim, devemos dividir pelo número
bus, carro, moto ou avião) e para a volta temos 4 de letras fatorial, ou seja, 3! e 2!.
possibilidades de escolha (ônibus, carro, moto ou
avião). 5! 5·4·3! 5·4
3!·2·1 = 2
= = 10
3. Multiplicar. 3!·2!
4 · 4 = 16 maneiras. Temos, então, 10 anagramas na palavra ARARA.

E se o problema dissesse que você não pode vol- Na permutação com repetição devemos descontar
tar no mesmo transporte que viajou na ida. Qual seria os anagramas iguais, por isso dividimos pelo fatorial
a resolução? O desenvolvimento é o mesmo, apenas do número de letras repetidas.
mudará a quantidade de possibilidades de escolhas
para voltar. Veja: Permutação com Repetição
Resolução:
Usando o lembrete: Vamos imaginar que temos uma mesa circular com
5 lugares e queremos ordenar 5 pessoas de maneiras
1. Identificar as etapas do enunciado. distintas. Observe as duas disposições abaixo das pes-
Escolher o meio de transporte para ida e para a soas A, B, C, D, e E ao redor da mesa:
volta.
2. Calcular todas as possibilidades em cada etapa;
A E
Na ida temos 4 possibilidades de escolha (ônibus,
carro, moto ou avião) e para a volta temos 3 possi-
bilidades de escolha (não posso voltar no mesmo B D
A
E
meio de transporte).
MESA MESA
3. Multiplicar.
4 · 3 = 12 maneiras.
D C C B
Permutação Simples

Imagine que temos 5 livros diferentes para serem Diante do conceito de permutação, essas duas
ordenados em uma estante. De quantas maneiras é disposições são iguais, ou seja, a pessoa A tem à sua
possível ordenar? Para questões envolvendo permu- direita E, e à sua esquerda B, e assim sucessivamente).
tação simples, devemos encarar de um modo geral Não podemos contar duas vezes a mesma disposição.
que temos n modos de escolhermos um objeto (livro) Repare ainda que, antes da primeira pessoa se sentar
RACIOCÍNIO LÓGICO

que ocupará o primeiro lugar, n-1 modos de escolher à mesa, todas as 5 posições disponíveis são equivalen-
um objeto (um outro livro) que ocupará o segundo tes. Isto porque não existe uma referência espacial
lugar, ..., 1 modo de escolher o objeto (um outro livro) (ponto fixo determinado). Nestes casos, devemos uti-
que ocupará o último lugar. Então, temos: lizar a fórmula da permutação circular de n pessoas,
Modos de ordenar: n · (n-1) · ... 1 = n! que é:
Então, resolvendo, teremos 5! = 5·4·3·2·1 = 120
maneiras de ordenar os livros na estante. Pc (n) = (n-1)!
Agora, observe um outro exemplo:
Quantos são os anagramas da palavra CAJU? Em nosso exemplo, o número de possibilidades de
Resolução: posicionar 5 pessoas ao redor de uma mesa será:
Cada anagrama de CAJU é uma ordenação das
letras que a compõem, ou seja, C, A, J, U. Pc(5) = (5-1)! = 4! = 4 · 3 · 2 · 1 = 24 175
Arranjo Simples Para resolvermos é necessário usar a fórmula:

Imagine agora que quiséssemos posicionar 5 pes- n!


soas nas cadeiras de uma praça, mas temos apenas 3 C(n, p) =
(n - p) !p!
cadeiras à disposição. De quantas formas poderíamos
fazer isso? Substituindo na fórmula, os valores do exemplo,
Para a primeira cadeira temos 5 pessoas disponí- temos:
veis, isto é, 5 possibilidades. Já para a segunda cadei- 4!
C(4, 3) =
ra, restam-nos 4 possibilidades, dado que uma já foi (4 - 3) !3!
utilizada na primeira cadeira. Por último, na terceira
4·3·2·1
cadeira, poderemos colocar qualquer das 3 pessoas C(4, 3) =
restantes. Observe que sempre sobrarão duas pessoas 1·3·2·1
em pé, pois temos apenas 3 cadeiras. A quantidade de C(4, 3) = 4
formas de posicionar essas pessoas sentadas é dada
pela multiplicação abaixo:
Formas de organizar 5 pessoas em 3 cadeiras = 5 · 4 · Dica
3 = 60
No arranjo a ordem importa.
O exemplo acima é um caso típico de ARRANJO
SIMPLES. Sua fórmula é dada abaixo: Na combinação a ordem não importa.

n!
A(n, p) =
(n - p) !
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Lembre-se de que pretendemos posicionar “n” ele-
mentos em “p” posições (p sendo menor que n), e onde 1. (VUNESP – 2016) Um Grupamento de Operações
a ordem dos elementos diferencia uma possibilidade
Especiais trabalha na elucidação de um crime. Para
da outra.
Observe a resolução do nosso exemplo usando a investigações de campo, 6 pistas diferentes devem
fórmula: ser distribuídas entre 2 equipes, de modo que cada
equipe receba 3 pistas. O número de formas diferen-
5! 5!
= 5·4·3·2·1 = 60
tes de se fazer essa distribuição é
A(5, 3) = =
(5 - 3) ! 2! 2·1
Uma outra informação muito importante é que nos a) 6.
problemas envolvendo ARRANJO SIMPLES a ordem b) 10.
dos elementos importa, ou seja, a ordem é diferente c) 12.
de uma possibilidade para outra. Vamos supor que as d) 18.
5 pessoas sejam: Ana, Bianca, Clara, Daniele e Esme- e) 20.
ralda. Agora observe uma maneira de posicionar as
pessoas na praça: Vamos descobrir o número de formas de escolher 3
pistas em 6, visto que ao escolher 3 pistas, restarão
CADEIRA 1ª 2ª 3ª outras 3 pistas que vão compor o outro grupo de
OCUPANTE Ana Bianca Clara pistas. Dessa maneira, de quantas formas podemos
escolher 3 pistas em um grupo de 6? Aqui a ordem
Perceba que Daniele e Esmeralda ficaram em pé não é relevante, então, vamos usar a combinação:
nessa disposição. C(6, 3)= 6!
=
6 · 5 · 4 · 3! = 6 · 5 · 4
(6 - 3) !3! 3!3! 3!

= 6 · 5 · 4 = 5 · 4 = 20. Resposta: Letra E.


CADEIRA 1ª 2ª 3ª 3·2·1
OCUPANTE Clara Bianca Ana 2. (IDECAN – 2016) Felipe é uma criança muito bagun-
ceira e sempre espalha seus brinquedos pela casa.
A Daniele e a Esmeralda continuam de fora e a Quando vai brincar na casa da sua avó, ele só pode
Bianca permaneceu no mesmo lugar. O que mudou
levar 3 brinquedos. Felipe sempre escolhe 1 carrinho,
foi a posição da Ana em relação a Clara. Assim, uma
simples mudança na posição da ordem gera uma nova 1 boneco e 1 avião. Sabendo que Felipe tem 7 carri-
possibilidade de posicionamento. nhos, 5 bonecos e 4 aviões diferentes, quantas vezes
Felipe pode visitar a sua avó sem levar o mesmo con-
Combinação junto de brinquedos já levados antes?

Para entendermos esse tema, vamos imaginar a) 100 vezes.


que queremos fazer uma salada de frutas e precisa- b) 115 vezes.
mos usar 3 frutas das 4 que temos disponíveis: maçã, c) 130 vezes.
banana, mamão e morango. Cortando as frutas maçã, d) 140 vezes.
banana e morango e depois colocando em um prato.
Agora cortando as frutas banana, morango e maçã
Perceba que Felipe tem 7 carrinhos para escolher 1,
para colocar em um outro prato.
Você percebeu que a ordem aqui não importou? 5 bonecos para escolher 1 e 4 aviões para escolher 1,
É exatamente isso, a ordem não importa e estamos queremos formar grupos de 3 brinquedos, sendo um
diante de um problema de Combinação. Será preciso de cada tipo. O total de possibilidades será dado por:
calcular quantas combinações de 4 frutas, 3 a 3, é pos- 7 x 5 x 4 = 140 possibilidades (conjuntos de brinque-
176 sível formar. dos diferentes). Resposta: Letra D.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um aeroporto, 30 PROBABILIDADE
passageiros que desembarcaram de determinado
voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais Conceito
ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
para ser examinados. Constatou-se que exatamente A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti-
25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
ca que cria modelos que são utilizados para estudar
em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
desses 25 passageiros estiveram em A e em B. experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ-
Com referência a essa situação hipotética, julgue o são do resultado de determinado experimento.
item que segue.
A quantidade de maneiras distintas de se escolher 2 Espaço Amostral e Evento
dos 30 passageiros selecionados de modo que pelo
menos um deles tenha estado em C é superior a 100. Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
os resultados possíveis do experimento.
( ) CERTO ( ) ERRADO Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
Se 25 passageiros tiveram em A ou B e nenhum deles
em C, então, C teve 5 passageiros (é o que falta para isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
o total de 30). Vamos escolher 2 passageiros, de conjunto dos resultados possíveis de um determinado
modo que pelo menos um seja de C, teremos: experimento aleatório (não se pode prever o resul-
Podemos achar o total para escolha dos 2 passagei- tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
ros que seria: algum padrão).
C30,2 = 30.29/2 = 15.29 = 435 Agora pense que você só tem interesse nos núme-
Agora, tiramos a opção de nenhum deles ser de C,
ros ímpares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
que seria:
C25,2 = 25.24/2 = 25.12 = 300 ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
Então, pelo menos um deles é de C, teremos: apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
435 - 300 = 135. Resposta: Certo. cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
la para calcular a probabilidade de um evento de um
4. (IBFC – 2015) Paulo quer assistir um filme e tem dis- determinado experimento aleatório, é o que podemos
ponível 5 filmes de terror, 6 filmes de aventura e 3 fil- chamar de probabilidade de um evento qualquer.
mes de romance. O total de possibilidades de Paulo
Espaço amostral é igual a todas as possibilidades
assistir a um desses filmes é de:
possíveis e o evento é um subconjunto do espaço
a) 90 amostral.
b) 33
c) 45 PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
d) 14
n (evento)
Paulo tem disponível 14 filmes no total, 5 de terror, 6 Probabilidade do Evento =
de aventura e 3 de romance; e dentre esses 14 filmes n (espaço amostral)
disponíveis tem que escolher um, portanto o total
de possibilidades será dado pela combinação de 14 Na fórmula acima, n(Evento) é o número de ele-
elementos, tomados um a um. mentos do subconjunto Evento, isto é, o número de
C(14,1) = 14 possibilidades. Resposta: Letra D. resultados favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o núme-
ro total de resultados possíveis no experimento alea-
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um processo de cole-
tório. Por isso, costumamos dizer também que:
ta de fragmentos papilares para posterior identifica-
ção de criminosos, uma equipe de 15 papiloscopistas
deverá se revezar nos horários de 8 h às 9 h e de 9 h às número de resultados favoráveis
10 h. Probabilidade do Evento =
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item números total de resultados
a seguir.
Se dois papiloscopistas forem escolhidos, um para Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme-
atender no primeiro horário e outro no segundo horá- ros impares que nos interessam, temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO

rio, então a quantidade, distinta, de duplas que podem


ser formadas para fazer esses atendimentos é supe- n(Evento) = 3 possibilidades
rior a 300. n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades
Logo,
( ) CERTO ( ) ERRADO 3 1
Probabilidade do Evento = = = 0,50 = 50%
6 2
Quantos servidores há para escolher que ficará no
1° horário? 15. Dica
Agora, já para escolher o que ficará no 2° horário,
temos apenas 14, pois um já foi escolhido para ficar Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1.
no 1° horário. Multiplicando as possibilidades = Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤
15x14 = 210. Resposta: Errado. 100%. 177
Eventos Independentes Uma outra forma de calculá-la é através da seguin-
te divisão:
Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-
tos consecutivos do dado, obtermos um resultado P (A k B)
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe- P (A\B) =
P (B)
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança-
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocor-
do primeiro lançamento em nada influencia o resulta- rer, dado que B ocorreu, é a divisão entre a proba-
do do segundo. bilidade de A e B ocorrerem simultaneamente e a
Quando temos experimentos independentes, a probabilidade de B ocorrer. Para que A e B ocorram
probabilidade de ter um resultado favorável em um e simultaneamente (resultado ímpar e inferior a 4), te-
um resultado favorável no outro é feito pela multipli- mos como possibilidades o resultado igual a 1 e 3. Isto
cação das probabilidades de cada experimento: é, apenas 2 dos 6 resultados nos atende. Logo, P (A∩B)

P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2)


= 2 =1.
6 3
Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
3 1
Em nosso exemplo, teríamos: que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2
Usando a fórmula acima, temos:
P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
1
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares P (A + B) 3 1 2 2
P (A\B) = = = 3 · 1 = 3 =66,6%
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%. P (B) 1
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de 2
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles:
Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
P (A e B) = P(A) x P(B) quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
Sendo mais formal, também é possível escrever
P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
entre os eventos A e B.
A fórmula pode ser traduzida como “a proba-
PROBABILIDADE CONDICIONAL bilidade da união de dois eventos é igual a soma das
probabilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem
subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
recorrente em questões de concursos. Imagine que
eventos simultaneamente”.
vamos lançar um dado e estamos analisando 2 even-
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
tos distintos:
tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
A – sair um resultado ímpar
(A) + P (B).
B – sair um número inferior a 4
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
damente a probabilidade de cada um desses eventos: plo de 3 ou de 5?
Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
3 1 isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
P(A) = = 0,5 = 50%
6 2 do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
3 1 fórmula:
P(B) = = 0,5 = 50% P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
6 2
Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento: 6
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade P(A) =
20
de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per- Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o 4
P(B) = 20
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre- P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo
ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”. de 3 e 5
Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Por- Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo
tanto, o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3
tempo.
(três resultados possíveis). Destes resultados, apenas 1
dois deles (o resultado 1 e 3) atendem o evento A. Por- P(A ∩ B) =
20
tanto, a probabilidade de A ocorrer, dado que B ocor- Aplicando na fórmula, temos:
reu, é simplesmente: P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)

2 6 4 - 1 6+4-1 9
178 P (A\B) = = 66,6% P (A ∪ B) = + = =
3 20 20 20 20 20
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS c) 41%.
EVENTOS d) 34%.
e) 28%.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A
probabilidade de A ∩ B é dada por: Se a probabilidade de chover é de 60%, então, a pro-
babilidade de não chover é de 40%. Para que a opera-
P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B) ção ocorra no dia programado, temos duas situações:
� chove (60%) e ocorre a operação (20%) = 60% x
Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de 20% = 12%
ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A � não chove (40%) e ocorre a operação (85%) = 40%
(probabilidade condicional). x 85% = 34%
Se a ocorrência do evento A não interferir na pro-
Somando as probabilidades desses dois cenários,
babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde-
temos: 12% + 34% = 46%. Resposta: Letra B.
pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade
da intersecção será dada por:
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A sorte de ganhar ou per-
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) der, num jogo de azar, não depende da habilidade do
jogador, mas exclusivamente das probabilidades dos
Imagine que você vai lançar dois dados sucessi- resultados. Um dos jogos mais populares no Brasil é
vamente. Qual a probabilidade de sair um número a Mega Sena, que funciona da seguinte forma: de 60
ímpar e o número 5? bolas, numeradas de 1 a 60, dentro de um globo, são
O “e” que aparece na pergunta é que determina a sorteadas seis bolas. À medida que uma bola é retira-
utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a da, ela não volta para dentro do globo. O jogador pode
probabilidade de sair um número ímpar e o número apostar de 6 a 15 números distintos por volante e rece-
5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não berá o prêmio se acertar os seis números sorteados.
interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois Também são premiados os acertadores de 5 números
eventos independentes. ou de 4 números.
Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5}
A partir dessas informações, julgue o item que se
Evento B: sair o número 5 = {5}
segue.
Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Logo, A probabilidade de a primeira bola sorteada ser um
número múltiplo de 8 é de 10%.
P(A) = 3 = 1
6 2 ( ) CERTO ( ) ERRADO
1
P(B) = Múltiplos de 8: {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 72...}
6
1 1 1 Números da Mega Sena: 1 a 60.
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · = Os múltiplos de 8 na Mega Sena são: 8, 16, 24, 32, 40,
2 6 12
48, 56, ou seja, 7 números.
Logo 7/60 = 11%. Resposta: Errado.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em um jogo de azar, dois
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um grupo de 10 jogadores lançam uma moeda honesta, alternada-
pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele- mente, até que um deles obtenha o resultado cara. O
cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a jogador que detiver esse resultado será o vencedor.
probabilidade de que no máximo duas dessas pes- A probabilidade de o segundo jogador vencer o jogo
soas sejam crianças é igual a logo em seu primeiro arremesso é igual a

a) 1/6. a) 2/3.
b) 2/6.
b) 1/2.
c) 3/6.
d) 4/6. c) 1/4.
e) 5/6. d) 1/8.
e) 3/4.
Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para Precisamos calcular a probabilidade do primeiro
obter os casos favoráveis. jogador tirar coroa e o segundo jogador obter cara.
Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6 Probabilidade de o primeiro tirar coroa: 1/2 e o
RACIOCÍNIO LÓGICO

1 – 1/6 = 5/6. Resposta: Letra E. segundo tirar cara: 1/2. Logo, 1/2 · 1/2 = 1/4.
Resposta: Letra C.
2. (VUNESP – 2017) Um centro de meteorologia infor-
mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva
5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Cinco mulheres e quatro
no dia programado para ocorrer a operação. Mediante
homens trabalham em um escritório. De forma aleató-
essa informação, o oficial no comando afirmou que as
probabilidades de que a operação seja realizada nesse ria, uma dessas pessoas será escolhida para trabalhar
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não no plantão de atendimento ao público no sábado. Em
houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de seguida, outra pessoa será escolhida, também aleato-
que a operação ocorra no dia programado é de riamente, para o plantão no domingo.
Considerando que as duas pessoas para os plantões
a) 59%. serão selecionadas sucessivamente, de forma aleató-
b) 46%. ria e sem reposição, julgue o próximo item. 179
A probabilidade de os dois plantonistas serem homens
é igual ou superior a 4/9.
X Y

( ) CERTO ( ) ERRADO

Sábado: Há 4 homens possíveis, em 9 pessoas no


total = 4/9
Domingo: Há 3 homens possíveis, de 8 pessoas no
total (uma já foi escolhida no sábado) = 3/8 a b c
Como queremos que seja escolhido um homem no
sábado e um homem no domingo, multiplicamos as
probabilidades: 4/9 x 3/8 = 12/72 = 4/24. d
A questão é errada, pois 4/24 não é igual ou maior
que 4/9. Resposta: Errado.
Interpretando os conjuntos acima, temos:
O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
pois ele está numa região que não tem contato com
o conjunto Y, já o elemento “c” faz parte somente ao
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS conjunto Y.
Perceba que o elemento “b” pertence aos dois con-
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas juntos, ou seja, faz parte da interseção entre os con-
que possuem a mesma característica, por exemplo, juntos X e Y. A representação simbólica é feita por X ∩
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só Y. Como o elemento “b” faz parte dessa região, temos:
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
de músicas eletrônicas. dos conjuntos X e Y.
Representamos um conjunto da seguinte forma: Já o elemento “d” não faz parte de nenhum dos
dois conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
Conjunto X tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é a jun-
ção das regiões dos dois conjuntos e é representada
simbolicamente por X ∪ Y. Assim,
y d ∉ (X ∪ Y) – o elemento “d” não pertence à união
entre os conjuntos X e Y.
x Vamos analisar uma outra situação:

X Y
Podemos afirmar que no interior do círculo há
todos os elementos que pertencem (compõem) ao con-
junto X, já na parte externa do círculo, estão todos os
elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não X–Y X∩Y Y–X
pertence ao conjunto X.

Dica
No gráfico acima podemos dizer que o elemento
“x” pertence ao conjunto X e o elemento “y” não Nesta representação, podemos interpretar a
pertence. região X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a
região formada pelos elementos de X que não fazem
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi- parte do conjunto Y. Veja o exemplo:
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos o Y = {5, 6, 7, 9, 10}
símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. Mate- X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
maticamente: y ∉ X. e também em Y, ou seja,
X – Y = {2, 3, 4, 8}
Complemento de um conjunto Já no caso da região Y – X, temos:
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
O complemento de X é o conjunto formado por Y = {5, 6, 7, 9, 10}
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz Y – X = {9, 10}
parte dele, claro que com exceção daqueles que estão Podemos falar, também, da região de interseção
presentes em X. Representamos o complemento, ou dos conjuntos X ∩ Y.
complementar, pelo símbolo XC. Podemos afirmar X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
que “y” não pertence a X, mas pertence ao conjunto Y = {5, 6, 7, 9, 10}
complementar de X: matematicamente: y Є XC. X ∩ Y = {5, 6, 7}
E por fim, vamos identificar a união entre os
Interpretando regiões e conhecendo a Interseção e conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os
União de Conjuntos elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele-
mentos presentes na interseção. Veja:
Uma outra situação é quando temos dois conjuntos X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
(X e Y), podemos representar da seguinte forma, no Y = {5, 6, 7, 9, 10}
180 geral: X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está
SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos
Significa “Para todo”
Em algumas situações, a intersecção entre os con- ∀ para todo ou “Para qualquer que
juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo. seja”.
Isso acontece quando todos os elementos de B são tam-
bém elementos de A. Veja isso no gráfico abaixo: Indica relação de
Є pertence pertinência de
X elementos.
Indica relação de
∉ não pertence não pertinência de
elementos.
Indica relação de
Y ∃ existe
existência.
Indica que não há re-
∄ não existe
lação de existência.
Indica que um con-
Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos ⊂ está contido junto está contido em
a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y outro conjunto.
está contido no conjunto X, representado matemati-
camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer ainda que o Indica que um conjun-
conjunto X contém o conjunto Y, representado mate- ⊄ não está contido to não está contido
maticamente por X ⊃ Y. em outro conjunto.
Indica que determina-
⊃ contém do conjunto contém
Importante! outro conjunto.
Entenda a diferença: Indica que determina-
⊅ não contém do conjunto não con-
● Falamos que um ELEMENTO pertence ou não
tém outro conjunto.
pertence a um CONJUNTO;
Serve para fazer a li-
● Falamos que um CONJUNTO está contido ou gação entre a compo-
não está contido em outro CONJUNTO.
| tal que sição de um conjunto
na “representação em
Representação de Conjunto usando Chaves chaves”.
união de Lê-se como “X união
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- A∪B
conjuntos Y”.
sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para
interseção de Lê-se como “X inter-
representar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, A∩B
d} etc. Ainda podemos utilizar notações matemáticas conjuntos secção Y”.
para representar os conjuntos. Veja o exemplo abaixo: diferença de Lê-se como “diferen-
A-B
conjuntos ça de A com B”.
A = {∀ x Є Z | x ≥ 0} Refere-se ao comple-
XC complementar
mento do conjunto X.
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto
acima da seguinte maneira: o conjunto A é composto
por TODO x pertencente ao conjunto dos números intei- Diagrama de VENN
ros, TAL QUE x é maior ou igual a zero.
Agora, veja um outro exemplo: Vamos entender como se resolve questões que
envolvem Operações com Conjuntos se relacionan-
B = {∃ x Є Z | x > 5} do. Acompanhe os exemplos seguintes e a maneira
como desenvolvemos suas resoluções.
Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto
B EXISTE x pertencente ao conjunto dos números intei- Exemplo 1: Em uma sala de aula, 20 alunos gostam
ros, TAL QUE x é maior do que 5. de Matemática, 30 gostam de Português, e 10 gostam
Agora vamos esquematizar todas as simbologias das duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam
para que você possa gravar mais facilmente e aplicar na
RACIOCÍNIO LÓGICO

de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos há


hora de resolver as questões. Observe a tabela abaixo:
nessa sala de aula?
Siga os passos abaixo:
SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
Ex: X = {a,b,c} repre- 1. Identifique os conjuntos;
{,} chaves senta o conjunto X 2. Represente em forma de diagramas;
composto por a, b e c. 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
Significa que o con- interseção para as demais informações);
junto não tem elemen- 4. Preencha as demais informações no diagrama;
{ } ou ∅ conjunto vazio
tos, é um conjunto 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
vazio. envolvidos. 181
Vamos a resolução: 10+10+20+5 = X
X = 45 alunos é o total dessa sala.
1. Identifique os conjuntos;
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
2. Represente em forma de diagramas;
tão usando a seguinte fórmula:
Matemática Português
n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
Matemática (M)
Português (p)
n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)
3. Preencha as informações de dentro para fora (da n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10
interseção para as demais informações); n(M ∪ P) = 40
Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou
Matemática Português Português (aqui já está incluso quem gostam das duas
matérias). Para finalizar a resolução, devemos apenas
somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.
Exemplo 2:Assim como nos problemas com 2 con-
juntos, quando nós tivermos 3 conjuntos será possível
resolver o problema por meio de Diagramas de Venn
10
ou por meio de fórmula. Acompanhe a resolução do
exemplo:
André, Bernardo e Carol ouviram certa quantida-
de de músicas. Nenhum deles gostou de seis músicas
4. Preencha as demais informações no diagrama;
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
Matemática (20) Português (30) ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
música alguma que somente um deles tivesse gostado.
O número de músicas que eles ouviram foi?
Siga os passos abaixo:

20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20 1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
5 interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
Total = X 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
20 gostam de Matemática envolvidos.
30 gostam de Português
10 gostam dos dois Vamos a resolução:
10 gostam apenas de Matemática
20 gostam apenas de Português 1. Identifique os conjuntos;
5 não gostam de nenhuma
2. Represente em forma de diagramas;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos
envolvidos; André Bernardo

Matemática (20) Português (30)

20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20

Carol
182 5
3. Preencha as informações de dentro para fora (da Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o que
interseção para as demais informações); aprendemos, não é mesmo? VAMOS PRATICAR!

André Bernardo

RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO


PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
10
PROBLEMAS ARITMÉTICOS

Vamos relembrar alguns conceitos e fórmulas


sobre aritmética a fim de construirmos uma base de
Carol
entendimento para resolvermos questões sobre esse
tópico

4. Preencha as demais informações no diagrama; RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES

André Bernardo A razão entre duas grandezas é igual a divisão


entre elas, veja:
2
ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se “2 está
5
para 5”).
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
2 4
0 12 0 = ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6
3 6
(Lê-se “2 está para 3 assim como 4 está para 6”).
10 Os problemas mais comuns que envolvem razão
e proporção é quando se aplica uma “variável” qual-
9 4 quer dentro da proporcionalidade e se deseja saber o
valor dela. Veja o exemplo:
0 Carol
2 x
6 = ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe- usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
mos que os três gostaram de dez músicas, depois ção: “produto dos meios pelos extremos”.
preenchemos com as demais informações: Meio: 3 e x
12 músicas que SOMENTE André e Bernardo gosta- Extremos: 2 e 6
ram (na interseção entre os 2 apenas); Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
9 que SOMENTE André e Carol gostaram; numa igualdade. Observe:
4 que SOMENTE Bernardo e Carol gostaram; 3·X=2.6
6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três 3X = 12
conjuntos). X = 12/3
Os “zeros” representam o fato de que não houve X=4
música que somente um deles tivesse gostado. Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
Logo, vem a última etapa: vendo esse tema são resolvidos utilizando essa proprie-
dade fundamental. Porém, algumas questões acabam
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elementos sendo um pouco mais complexas e pode ser útil conhe-
envolvidos; cer algumas propriedades para facilitar. Vamos a elas.

Total = X Propriedade das Proporções


6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas Somas Externas
RACIOCÍNIO LÓGICO

Questões com três conjuntos podem ser resolvidos a c a+c


= =
b d b+d
usando a fórmula abaixo:
Vamos entender um pouco melhor resolvendo um
n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X questão exemplo:
∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z) Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
Traduzindo a fórmula: e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
Total de elementos da união = soma dos conjuntos – está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
interseções dois a dois + interseção dos três fábrica. Quanto cada um vai receber? 183
Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C Vejamos um exemplo para melhor entendimento:
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000
Diego vai receber, temos: proporcionalmente ao número de anos trabalhados.
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na
C D empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos.
=
3 2 Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
Utilizando a propriedade das somas externas: o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,
temos:
C D C+D A B
= = =
3 2 3+2 2 3

Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas), Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
então podemos substituir na proporção: funcionários na categoria B, podemos escrever que a
soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
C D C+D 10.000
= = = =2.000
3 2 3+2 5 2A + 3B = 13.000
Aqui cabe uma observação importante!
Agora multiplicando em cima e embaixo de um
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
partes dentro da proporção. Veja: 2A 3B
=
4 9
C
= 2.000
3 Aplicando a propriedade das somas externas,
C = 2000 x 3 podemos escrever o seguinte:
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)
2A 3B 2A + 3B
D
= 2.000
= =
2 4 9 4+9
D = 2.000 x 2 Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
D = 4.000 (esse é o valor de Diego) porção, temos:
Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
ber R$4.000. 2A 3B 2A + 3B 13.000
= = = =1.000
4 9 4+9 13
Somas Internas
Logo,
a c a+b c+d
= = = 2A
b d b d
= 1.000
4
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
2A = 4 x 1.000
minador ao efetuar essa soma interna, desde que
2A = 4.000
o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
A = 2.000
proporção.
Fazendo a mesma resolução em B:
a c a+b c+d 3B
= = = = 1.000
b d a c 9
Vejamos um exemplo: 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
x 2 B = 3.000
= Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
-
14 x 5
receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
x + 14 - x 2+5
= anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
x 2
O total pago pela empresa será:
14
=
7 Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
x 2 Agora vamos estudar um tipo de problema que
aparece frequentemente em provas de concursos
7 . x = 2 · 14
envolvendo razão e proporção.
14 · 2
x= =4 REGRA DA SOCIEDADE
7
Portanto, encontramos que x = 4. Diretamente proporcional

Observação: vale lembrar que essa propriedade Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
também serve para subtrações internas. va é “dividir uma determinada quantia em partes
proporcionais a determinados números. Vejamos um
Soma com Produto por Escalar: exemplo para entendermos melhor como esse assun-
to é cobrado:
a c a + 2b c + 2d
184 = = = Exemplo:
b d b d
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em x
=
1.200.000
=240.000
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor 5 5
dessas partes corresponde a: x
=
1.200.000
= 200.000
Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro- 6 6
porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X Logo, as partes dividas inversamente proporcio-
é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor- nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de 240K e 200K.
razão. Veja:
X
=
Y
=
Z
= constante de proporcionalidade. REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA
4 5 6
Regra de Três Simples
Usando uma das propriedades da proporção,
somas externas, temos:
A Regra de Três Simples envolve apenas duas
X+Y+Z 900.000 grandezas. São elas:
= 60.000
4+5+6 15
z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se dese-
A menor dessas partes é aquela que é proporcional ja calcular a partir da grandeza explicativa;
a 4, logo: z Grandeza Explicativa ou Independente é aque-
la utilizada para calcular a variação da grandeza
X
= 60.000 dependente.
4
X = 60.000 x 4
Existem dois tipos principais de proporcionalida-
X = 240.000 des que aparecem frequentemente em provas de con-
cursos públicos. Veja abaixo:
Inversamente proporcional
z Grandezas Diretamente Proporcionais: o aumento
É um tipo de questão menos recorrente, mas não de uma grandeza implica o aumento da outra;
menos importante. Consiste em distribuir uma quan- z Grandezas Inversamente Proporcionais: o aumen-
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um to de uma grandeza implica a redução da outra;
quinhão inversamente proporcional a três números.
Vejamos um exemplo: Vamos esquematizar para sabermos quando será
Exemplo: direta ou inversamente proporcional:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Diretamente + / + OU - / -
Vamos chamar de X as quantias que devem ser
Proporcional
distribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6,
respectivamente. Devemos somar as razões e igualar
ao total que deve ser distribuído para facilitar o nosso Aqui as grandezas aumentam ou diminuem juntas
cálculo, veja: (sinais iguais)

X X X
+ + = 740.000 Proporcional + / - OU - / +
4 5 6
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- Aqui uma grandeza aumenta e a outra diminui
mos a fração. (sinais diferentes)
Agora vamos esquematizar a maneira que iremos
4–5–6|2 resolver os diversos problemas:
2–5–3|2
1–5–3|3 Diretamente Multiplica Cruzado
1–5–1|5 Proporcional
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
Inversamente Multiplica na Horizontal
Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e Proporcional
multiplicando o resultado pelo numerador temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO

Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco


15x 12x 10x
+ + = 740.000 mais como isso tudo funciona.
60 60 60
Exemplo 1: Um muro de 12 metros foi construí-
37x do utilizando 2 160 tijolos. Caso queira construir um
= 740.000
60 muro de 30 metros nas mesmas condições do ante-
rior, quantos tijolos serão necessários?
X = 1.200.000
Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente
Agora basta substituir o valor de X nas razões para
proporcional.
achar cada parte da divisão inversa.
12 m -------- 2 160 (tijolos)
x 1.200.000
= = 300.000 30 m -------- X (tijolos) 185
4 4
Veja que de 12m para 30m tivemos um aumen- 6x = 4 . 24
to (+) e que para fazermos um muro maior vamos 6x = 96
precisar de mais tijolos, ou seja, também deverá ser x = 96/6
aumentado (+). Logo, as grandezas são diretamente x = 16
proporcionais e vamos resolver multiplicando cruza- Como já haviam comido por 6 dias é só somar:
do. Observe: 6 dias (consumidos por 4) + 16 dias (consumidos por
6) = 22 dias (a comida acabará no dia 22 de abril).
Resposta: Errado.
12 m -------- 2 160 (tijolos)
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O motorista de uma
30 m -------- X (tijolos)
empresa transportadora de produtos hospitalares
12 · X = 30 . 2160 deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega
12X = 64800 de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproxima-
X = 5400 tijolos damente 1.100 km, ele estimou, para controlar as des-
pesas com a viagem, o consumo de gasolina do seu
Assim, comprovamos que realmente são necessá- veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, conside-
rios mais tijolos. rou que esse consumo é constante.
Exemplo 2: Uma equipe de 5 professores gastou 12 Considerando essas informações, julgue o item que
dias para corrigir as provas de um vestibular. Consi- segue.
derando a mesma proporção, quantos dias levarão 30 Nessa viagem, o veículo consumirá 110.000 dm3 de
gasolina.
professores para corrigir as provas?
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
( ) CERTO ( ) ERRADO
montar a relação e analisar:
Com 1 litro ele faz 10 km
5 (prof.) --------- 12 (dias)
Sabendo que 1 L é igual a 1dm³, então podemos
30 (prof.) -------- X (dias) dizer que com 1dm³ ele faz 10km
Portanto,
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um 10 km -------- 1dc³
aumento (+), mas como agora estamos com uma equi- 1.100 km --------- x
pe maior o trabalho será realizado mais rapidamente. 10x = 1.000
Logo, a quantidade de dias deverá diminuir (-). Des- x = 110dm³ (a gasolina que será consumida).
sa forma, as grandezas são inversamente proporcio- Resposta: Errado.
nais e vamos resolver multiplicando na horizontal.
Observe: 3. (VUNESP – 2020) Uma pessoa comprou determinada
quantidade de guardanapos de papel. Se ela utilizar 2
5 (prof.) 12 (dias) guardanapos por dia, a quantidade comprada irá durar
30 (prof.) X (dias) 15 dias a mais do que duraria se ela utilizasse 3 guarda-
30 . X = 5 . 12 napos por dia. O número de guardanapos comprados foi
30X = 60
X=2 a) 60.
b) 70.
c) 80.
A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
d) 90.
para corrigir as provas. e) 100.

x = dias
3 guardanapos por dia -------- x
EXERCÍCIOS COMENTADOS 2 guardanapos por dia -------- x+15
São valores inversamente proporcionais, quanto
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No item seguinte apre- mais guardanapos por dia, menos dias durarão.
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser- Assim, multiplicamos na horizontal:
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade, 3x = 2 . (x+15)
porcentagens e descontos. 3x = 30+2x
No primeiro dia de abril, o casal Marcos e Paula com- 3x-2x = 30
prou alimentos em quantidades suficientes para que x = 30
eles e seus dois filhos consumissem durante os 30 Podemos substituir em qualquer uma das duas
dias do mês. No dia 7 desse mês, um casal de amigos situações:
chegou de surpresa para passar o restante do mês 3 guardanapos x 30 dias= 90
2 guardanapos x 45(30+15) dias = 90 . Resposta:
com a família. Nessa situação, se cada uma dessas
Letra D.
seis pessoas consumir diariamente a mesma quan-
tidade de alimentos, os alimentos comprados pelo
4. (FUNDATEC – 2017) Cinco mecânicos levaram 27
casal acabarão antes do dia 20 do mesmo mês. minutos para consertar um caminhão. Supondo que
fossem três mecânicos, com a mesma capacidade e
( ) CERTO ( ) ERRADO ritmo de trabalho para realizar o mesmo serviço, quan-
tos minutos levariam para concluir o conserto desse
4 Pessoas ------- 24 Dias mesmo caminhão?
6 Pessoas ------- x Dias
Temos grandezas inversas, então é só multiplicar a) 20 minutos.
186 na horizontal: b) 35 minutos.
c) 45 minutos. 40 ? ?
d) 50 minutos. = #
X ? ?
e) 55 minutos.
Analisando isoladamente duas a duas:
Mecânicos ------ Minutos
5 ---------------- 27 6 (imp.) -------- 40 (min)
3 ---------------- x 3 (imp.) ---- ---- X (min)
Quanto menos mecânicos, mais minutos eles gas-
tarão para finalizar o trabalho, logo a grande- Perceba que de 6 impressoras para 3 impressoras
za é inversamente proporcional. Multiplica na o valor diminui ( - ) e que o tempo irá aumentar ( + ),
horizontal: pois agora teremos menos impressoras para realizar
3x = 27.5 a tarefa. Logo, as grandezas são inversas e devemos
3x = 135 inverter a razão.
x = 135/3
x = 45 minutos. Resposta: Letra C. 40 3 ?
= #
X 6 ?
5. (IESES – 2019) Cinco pedreiros construíram uma casa
em 28 dias. Se o número de pedreiros fosse aumenta- Analisando isoladamente duas a duas:
do para sete, em quantos dias essa mesma casa fica- 1000 (panf.) -------- 40 (min)
ria pronta? 2000 (panf.) ------ -- X (min)

a) 18 dias. Perceba que de 1000 panfletos para 1200 panfle-


b) 16 dias. tos o valor aumenta ( + ) e que o tempo também irá
c) 20 dias. aumentar ( + ). Logo, as grandezas são diretas e deve-
d) 22 dias. mos manter a razão.

5 (pedreiros) ---------- 28 (dias) 40 3


#
1000
=
7 (pedreiros) ------------- X (dias) X 6 2000
Perceba que as grandezas são inversamente propor-
cionais, então basta multiplicar na horizontal. Agora basta resolver a proporção para acharmos
5 . 28=7 . X o valor de X.
7X = 140
X = 140/7 40 3000
X
= 12000
X = 20 dias . Resposta: Letra C.
3X = 40 x 12
Regra de Três Composta 3X = 480
X = 160
A Regra de Três Composta envolve mais de duas
variáveis. As análises sobre se as grandezas são dire- As três impressoras produziriam 2000 panfletos
tamente ou inversamente proporcionais devem ser em 160 minutos, que correspondem a 2 horas e 40
feitas cautelosamente levando-se em conta alguns minutos.
princípios: Para fixarmos mais ainda nosso conhecimento,
vamos analisar mais um exemplo.
z As análises devem sempre partir da variável Exemplo 2:Um texto ocupa 6 páginas de 45 linhas
dependente em relação as outras variáveis; cada uma, com 80 letras (ou espaços) em cada linha.
z As análises devem ser feitas individualmente. Ou Para torná-lo mais legível, diminui-se para 30 o núme-
seja, deve-se comparar as grandezas duas a duas, ro de linhas por página e para 40 o número de letras
mantendo as demais constantes. (ou espaços) por linha. Considerando as novas condi-
z A variável dependente fica isolada em um dos ções, determine o número de páginas ocupadas.
lados da proporção. Já aprendemos o passo a passo no exemplo ante-
rior. Aqui vamos resolver de maneira mais rápida.
Vamos analisar alguns exemplos e ver na prática
como isso tudo funciona.
6 (pág.) -------- 45 (linhas) -------- 80 (letras)
Exemplo 1: Se 6 impressoras iguais produzem 1000
X (pág.) -------- 30 (linhas) -------- 40 (letras)
panfletos em 40 minutos, em quanto tempo 3 dessas
impressoras produziriam 2000 desses panfletos?
RACIOCÍNIO LÓGICO

6 ? ?
= #
X ? ?
Da mesma forma que na regra de três simples,
Analisando isoladamente duas a duas:
vamos montar a relação entre as grandezas e analisar
cada uma delas isoladamente duas a duas.
6 (pág.) -------- 45 (linhas)
6 (imp.) -------- 1000 (panf.) -------- 40 (min) X (pág.) -- ----- 30 (linhas)
3 (imp.) -------- 2000 (panf.) -------- X (min)
Perceba que de 45 linhas para 30 linhas o valor diminui
Vamos escrever a proporcionalidade isolando a ( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo, as
parte dependente de um lado e igualando às razões da grandezas são inversas e devemos inverter a razão.
seguinte forma: se for direta vamos manter a razão,
6 30 ?
agora se for inversa vamos inverter a razão. Observe: = # 187
X 45 ?
Analisando isoladamente duas a duas: 5 máquinas -------1 lote --------- 8 dias ------------ 6 horas
4 máquinas -------2 lotes --------x dias -------------8 horas
6 (pág.) -------- 80 (letras) Quanto mais dias para entrega do lote, menos
X (pág.) ------- 40 (letras) horas trabalhadas por dia (inversa), menos máqui-
nas para fazer o serviço (inversa) e mais lotes para
serem entregues (direta).
Veja que de 80 letras para 40 letras o valor diminui
Resolvendo:
( - ) e que o número de páginas irá aumentar ( + ). Logo,
8/x = 1/2 * 8/6 * 4/5 (simplifique 8/6 por 2)
as grandezas são inversas e devemos inverter a razão. 8/x = 1/2 * 4/3 * 4/5
6 30 40 8/x = 16/30 (simplifique 16/30 por 2)
= # 8/x = 8/15
X 45 80
6 2 1 8x = 120
= # x = 120/8
X 3 2
6 2 x = 15 dias.
X
=
6 Resposta: Letra E.
2X = 36
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir é apre-
X = 18 sentada uma situação hipotética, seguida de uma
assertiva a ser julgada, a respeito de proporcionalida-
O número de páginas a serem ocupadas pelo texto de, divisão proporcional, média e porcentagem.
respeitando as novas condições é igual a 18. Todos os caixas de uma agência bancária trabalham
com a mesma eficiência: 3 desses caixas atendem 12
clientes em 10 minutos. Nessa situação, 5 desses cai-
xas atenderão 20 clientes em menos de 10 minutos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Determinado equipa-
mento é capaz de digitalizar 1.800 páginas em 4 dias, 3 caixas - 12 clientes - 10 minutos
funcionando 5 horas diárias para esse fim. Nessa 5 caixas - 20 clientes - x minutos
10 5 12
situação, a quantidade de páginas que esse mesmo = #
X 3 20
equipamento é capaz de digitalizar em 3 dias, operan- 5 · 12 · X = 10 · 3 · 20
do 4 horas e 30 minutos diários para esse fim, é igual a 60x = 600
X = 10.
a) 2.666. Os 5 caixas atenderão em exatamente 10 minutos.
b) 2.160. Não em menos de 10 como a questão afirma.
c) 1.215. Resposta: Errado.
d) 1.500.
e) 1.161. 4. (VUNESP - 2020) Das 9 horas às 15 horas, de trabalho
ininterrupto, 5 máquinas, todas idênticas e trabalhan-
Primeiro vamos passar para minutos: do com a mesma produtividade, fabricam 600 unida-
5h = 300min. des de determinado produto. Para a fabricação de 400
4h30min= 270min. unidades do mesmo produto por 3 dessas máquinas,
min.-----Dias-----Pag. trabalhando nas mesmas condições, o tempo estima-
300 -------4-------1800 do para a realização do serviço é de
270 -------3-------X
Resolvendo temos: a) 5 horas e 54 minutos
b) 6 horas e 06 minutos.
300 (Simplifica por 30)
1800 4 c) 6 horas e 20 minutos.
X
=
3
# 270 (Simplifica por 30) d) 6 horas e 40 minutos.
1800 4 10 e) 7 horas e 06 minutos.
= #
X 3 9
4 · X · 10 = 1800 · 3 · 9 Das 9h às 15h = 6 horas = 360 min
X = 1215 páginas que esse mesmo equipamento é 360 min ------ 5 máquinas ----- 600 unidades (cortam-se os zeros
capaz de digitalizar. Resposta: Letra C. iguais)
x ------------- 3 máquinas ---- 400 unidades (cortam-se os zeros
iguais)
2. (VUNESP – 2016) Em uma fábrica, 5 máquinas, todas
operando com a mesma capacidade de produção, 360
=
3
#
6
fabricam um lote de peças em 8 dias, trabalhando 6 X 5 4
horas por dia. O número de dias necessários para que x·3·6 = 360·5·4
4 dessas máquinas, trabalhando 8 horas por dia, fabri- x·18 = 7.200
quem dois lotes dessas peças é x = 7200/18
x = 400
a) 11. Logo, transformando minutos para horas novamen-
b) 12. te temos:
c) 13. X = 400min
d) 14. X = 6h40min
188 e) 15. Resposta: Letra D.
5. (VUNESP – 2020) Em uma fábrica de refrigerantes, 3 Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a
máquinas iguais, trabalhando com capacidade máxima, parte que corresponde a 10% de 1000.
ligadas ao mesmo tempo, engarrafam 5 mil unidades de
refrigerante, em 4 horas. Se apenas 2 dessas máquinas
Dica
trabalharem, nas mesmas condições, no engarrafamen-
to de 6 mil unidades do refrigerante, o tempo esperado Quando o todo varia, a porcentagem também
para a realização desse trabalho será de varia!

a) 6 horas e 40 minutos. Veja um exemplo:


b) 6 horas e 58 minutos. Roberto assistiu a 2 aulas de Matemática Financei-
c) 7 horas e 12 minutos. ra. Sabendo que o curso que ele comprou possui um
d) 7 horas e 20 minutos. total de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assisti-
e) 7 horas e 35 minutos. das por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
3 máquinas ------------ 5 mil garrafas ------------ 4 horas devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
2 máquinas ------------ 6 mil garrafas ------------ x
Veja que se aumentar o tempo de trabalho quer dizer 2
=
1
que serão engarrafados mais refrigerantes (direta) e 8 4
se aumentar o tempo de trabalho quer dizer que são Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
menos máquinas trabalhando (inversa). vamos multiplicar a fração por 100:
4 5000 2
= #
X 6000 3 1
2·X·5 = 4·6·3 x 100 = 25%
4
10X = 72
x = 7, 2 horas (7 horas + 0,2 horas = 7 horas + 0,2 × Soma e Subtração de Porcentagem
60 min = 7 horas e 12 minutos)
OBS: Para transformar horas em minutos, basta As operações de soma e subtração de porcentagem
multiplicarmos o número por 60 min. Logo, 0,2 horas são as mais comuns. É o que acontece quando se diz
= 0,2 x 60 = 120/10 = 12 min. Resposta: Letra C. que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe-
rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou
PORCENTAGEM
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli-
car pelo valor da grandeza.
A porcentagem é uma medida de razão com base
Exemplo 1:
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou
como podemos representar um número porcentual. aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
horas-aula do curso ao final?
30
30% = (forma de fração) Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
100
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
30
30% = = 0,3 (forma decimal) aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
100
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
30 3
30% = = (forma de fração simplificada) de horas-aula do curso será:
100 10
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
várias maneiras: (1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula

30% =
30
= 0,3 =
3 Dica
100 10
A avaliação do crescimento ou da redução per-
Também é possível fazer a conversão inversa, isto centual deve ser feita sempre em relação ao
é, transformar um número qualquer em porcentual. valor inicial da grandeza.
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: Final - Inicial
Variação percentual =
Inicial
25 x 100 = 2500%
0,35 x 100 = 35% Veja mais um exemplo para podermos fixar
RACIOCÍNIO LÓGICO

0,586 x 100 = 58,6% melhor.


Exemplo 2:
Número Relativo Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres- Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo caído 20%?
A variação percentual de uma grandeza corres-
que estamos especificando. Para descobrir a quanto
ponde ao índice:
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
Final - Inicial 180 - 200
Variação percentual = =
Inicial 200
10 20
10% de 1000 = x 1000 = 100 =– = - 0,10 189
100 200
Como o resultado foi negativo, podemos afirmar prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está número de homens que fizeram a prova corresponde a
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%. uma porcentagem de

a) 45,2%.
b) 46,5%.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c)
d)
47,8%.
48,4%.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja, e) 49,3%.
uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em
duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par- Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte. prova.
Caso queira antecipar o crédito correspondente ao Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
valor da parcela, a lojista paga para a financeira uma res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
o percentual dos homens pelo total:
taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da
55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
parcela.
0,55 x 0,88 = 0,484.
Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
Transformando em porcentagem
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-
0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D.
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.
4. (FCC – 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista-
( ) CERTO ( ) ERRADO
dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí.
Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores,
Valor da bicicleta =1720,00
então, a porcentagem de entrevistados que não gos-
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) tam de nenhum dos dois é de
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
a) 80%.
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja b) 61%.
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00 c) 20%.
(juros) e dividir por 800,00. Resultado: d) 10%.
120,00/800,00 = 0,15% ao mês. e) 5%.
A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
está errada. Resposta: Errado. Vamos dispor as informações em forma de conjun-
tos para facilitar nossa resolução:
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Na assembleia legislati-
va de um estado da Federação, há 50 parlamentares, Graviola Açaí
entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7 60% - 15% = 15% 50% - 15% =
parlamentares presentes à sessão.
Infere-se da situação apresentada que, nessa assem- 45% 35%
bleia legislativa, havia
Nenhum = x
a) 10 deputadas. Vamos somar todos os valores e igualar ao total que
b) 14 deputadas. é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
c) 15 deputadas. 95% + X = 100%
d) 20 deputadas. X = 5%. Resposta: Letra E.
e) 25 deputadas.
5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$
50 parlamentares 20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
Deputadas = X que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
Deputados = 50-X meses. O restante foi investido em uma aplicação,
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7 que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o no sistema de juros simples.
valor de X. Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
20% x + 10% (50-x) = 7 tiveram:
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7 a) prejuízo de R$2.800,00.
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC) b) lucro de R$3.200,00.
2x + 50 - x = 70 c) lucro de R$2.800,00.
2x - x = 70 - 50 d) prejuízo de R$6.000,00
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legis- e) lucro de R$5.000,00.
lativa. Resposta: Letra D.
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00
3. (VUNESP – 2016) Um concurso recebeu 1500 ins- 12.000,00 · 4% = 480,00
190 crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da 480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli- Taxas proporcionais e equivalentes
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
mês, durante 10 meses: Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é im-
portante saber a unidade de tempo sobre a qual a taxa
8.000,00 · 5% = 400,00
de juros é definida. Isto é, não adianta saber apenas
400 · 10 meses= 4.000
que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber se essa
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos que duas
4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
taxas de juros são proporcionais quando guardam a
Resposta: Letra C. mesma proporção em relação ao prazo. Por exemplo,
12% ao ano é proporcional a 6% ao semestre, e tam-
JUROS SIMPLES E COMPOSTO bém é proporcional a 1% ao mês.
Basta efetuar uma regra de três simples. Para
Juros Simples obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
A premissa que é a base da matemática financeira
é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado 12% ao ano ----------------------- 1 ano
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar Taxa bimestral ------------------ 2 meses
os seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente
racional, é melhor pagar o mais tarde possível caso Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
não haja incidência de juros (ou caso esses juros xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
sejam inferiores ao que você pode ganhar aplicando temporal, temos:
o dinheiro).
“Juros” é o termo utilizado para designar o “preço 12% ao ano ---------------------- 12 meses
do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan- Taxa bimestral ------------------ 2 meses
Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
12% x 2 = Taxa bimestral x 12
remuneração em cima do valor que ele te emprestou,
Taxa bimestral = 2% ao bimestre
pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa
pela taxa de juros.
Dica
Nos juros simples a incidência recorre sempre Duas taxas de juros são equivalentes quando
sobre o valor original. Veja um exemplo para melhor são capazes de levar o mesmo capital inicial C
entender. ao montante final M, após o mesmo intervalo de
Exemplo 1: tempo.
Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um
regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo Uma outra informação muito importante e que
e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5 você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi-
meses. Então temos o seguinte: valentes quando estamos no regime de juros simples
pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6%
ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
CAPITAL
inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío-
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
(1000,00) do de tempo.
No regime de juros simples, taxas de juros propor-
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00
cionais são também taxas de juros equivalentes.
2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
4° mês = 1150,00
5° mês = 1200,00
1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00
1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FEPESE – 2018) Uma TV é anunciada pelo preço
Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais de R$ 1.908,00 para pagamento em 12 parcelas de
de juros. 159,00. A mesma TV custa R$ 1.410,00 para paga-
Fórmulas utilizadas em juros simples mento à vista. Portanto o juro simples mensal incluído
na opção parcelada é:
RACIOCÍNIO LÓGICO

J=C·i·t a) Menor que 2%.


b) Maior que 2% e menor que 2,5%.
M=C+J c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%.
d) Maior que 2,75% e menor que 3%.
e) Maior que 3%.
M = C · (1 + i ·J)
Onde, 1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
J = juros J=C·I·t
C = capital 498 = 1410 · 12 · i / 100
i = taxa em percentual (%) 49800 = 16920i
t = tempo i = 49800/16920
M = montante i = 2,94%. Resposta: Letra D. 191
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma pessoa atrasou em c) R$ 620,00.
15 dias o pagamento de uma dívida de R$ 20.000, cuja d) R$ 1820,00.
taxa de juros de mora é de 21% ao mês no regime de e) R$ 240,00.
juros simples.
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o J=C·i·t
mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente. J= 5000 · 0,03 · 8
No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é J= 150 · 8
equivalente à taxa de 252% ao ano. J = 1200 de lucro
Montante do aplicado com lucro M= C + J
( ) CERTO ( ) ERRADO M=5000 + 1200
M = 6200 montante inicial e lucro
No regime simples, sabemos que taxas propor- Nova aplicação de metade que lucrou 6200 / 2 =3100
cionais são também equivalentes. Como temos 12 J=C·i·t
meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am J = 3100 · 0,05 · 4
é, simplesmente: J = 155 · 4
21% x 12 = 252% ao ano J = 620 lucro da nova aplicação
Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também Somatório dos lucros:
é EQUIVALENTE a 21% ao mês. Portanto, o item M = 1200 + 620 = 1820 dos lucros
está certo. Resposta: Certo. Resposta: Letra D.

3. (FUNDATEC – 2020) Qual foi a taxa mensal de uma Juros Compostos


aplicação, sob regime de juros simples, de um capital
de R$ 3.000,00, durante 4 bimestres, para gerar juros Imagine que você pegou um empréstimo de
de R$ 240,00? R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea-
lizado após 4 meses, sob taxa de juros de 10% ao mês.
a) 8%. Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês
b) 5%. será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e
c) 3%. não somente sobre o valor inicialmente emprestado.
d) 2%. Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com-
e) 1%. postos. Podemos montar a seguinte tabela:

J = 240 MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00


C = 3.000
i=? 1º MÊS 11.000,00
t = 4 bimestres, ou seja, 4 · 2 = 8 meses. 2º MÊS 12.100,00
Substituindo:
3º MÊS 13.310,00
J=C·i·t
240 = 3000 · i · 8 4º MÊS 14.641,00
240 = 24000 · i
i = 240 / 24000 Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver
i = 0,01 ou 1% ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial
Resposta: Letra E. (R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00.
Fórmula utilizada em juros compostos
4. (VUNESP – 2020) Um capital de R$ 1.200,00, aplicado
no regime de juros simples, rendeu R$ 65,00 de juros.
Sabendo-se que a taxa de juros contratada foi de 2,5% ao M = C · (1 + i)t
ano, é correto afirmar que o período da aplicação foi de
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem-
a) 20 meses.
plo. Veja:
b) 22 meses.
c) 24 meses.
d) 26 meses. M = 10000 x (1 + 10%)4
e) 30 meses. M = 10000 x (1 + 0,10)4
M = 10000 x (1,10)4
J = c. i. t/100 M = 10000 x 1,4641
65 = 1.200 x 2,5 x t/100 M = 14.641,00 reais
65 = 30t
t = 65/30 x 12 Podemos fazer a comparação entre juros simples e
t = 26 meses compostos. Observe a tabela abaixo:
Resposta: Letra D.
JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
5. (IBADE – 2019) Juliana investiu R$ 5.000,00, a juros
simples, em uma aplicação que rende 3% ao mês, Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
durante 8 meses. Passados 8 meses, Juliana retirou Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
todo o dinheiro e investiu somente metade em uma
outra aplicação, a juros simples, a uma taxa de 5% ao Juros capitalizados no final Juros capitalizados periodi-
mês por mais 4 meses. O total de juros arrecadado por do prazo camente (“juros sobre juros”)
Juliana após os 12 meses foi: Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
Valores similares para pra- Valores similares para pra-
a) R$ 1.200,00.
zos e taxas curtos zos e taxas curtos
192 b) R$ 1440,00.
Juros compostos – cálculo do prazo M = 150.000 x 1,092727
M = 15 x 10927,27
Nas questões em que é preciso calcular o prazo M = 163.909,05 reais
você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t” Resposta: Letra A.
está no expoente da fórmula de juros compostos. A
propriedade mais importante a ser lembrada é que, 2. (FCC – 2017) O montante de um empréstimo de 4
sendo dois números A e B, então: anos da quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram
juros compostos de 10% ao ano, será igual a
log AB = B x log A
a) R$ 26.000,00.
Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente b) R$ 28.645,00.
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A. c) R$ 29.282,00.
Uma outra propriedade bastante útil dos logarit- d) R$ 30.168,00.
mos é a seguinte: e) R$ 28.086,00.

log bAl = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B Temos um prazo de t = 4 anos, capital inicial C =


B 20000 reais, juros compostos de j = 10% ao ano. O
Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é igual montante final é:
à subtração dos logaritmos de cada número. M = C x (1+j)t
Também é importante ter em mente que “logA” M = 20000 x (1+0,10)4
significa “logaritmo do número A na base 10”. M = 20000 x 1,14
Observe um exemplo: M = 20000 x 1,4641
No regime de juros compostos com capitalização M = 2 x 14641
mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de M = 29282 reais
meses que o capital de R$100.000 deverá ficar investi- Resposta: Letra C.
do para produzir o montante de R$120.000 é expressa
log2, 1 3. (FGV – 2018) Certa empresa financeira do mundo
por . real cobra juros compostos de 10% ao mês para os
log1, 01
Temos a taxa j = 1%am, capital C = 100.000 e mon- empréstimos pessoais. Gustavo obteve nessa empre-
tante M = 120.000. Na fórmula de juros compostos: sa um empréstimo de 6.000 reais para pagamento,
M = C x (1+j)t incluindo os juros, três meses depois.
O valor que Gustavo deverá pagar na data do venci-
mento é:
120000 = 100000 x (1+1%)t
12 = 10 x (1,01)t
1,2 = (1,01)t a) 6.600 reais;
Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados: b) 7.200 reais;
log1,2 = log (1,01)t c) 7.800 reais;
log1,2 = t · log 1,01 d) 7.986 reais;
e) 8.016 reais.
log1, 1
t=
log1, 01 Aqui foram dados C = 6000 reais, i = 10% a m e t = 3
Logo, questão errada. meses. Aplicando a fórmula, temos:
M = C x (1 + j)t
M = 6000 x (1,1)³
EXERCÍCIOS COMENTADOS M = 6000 x 1,331
M = 7986 reais
1. (FCC – 2017) A Cia. Escocesa, não tendo recursos Resposta: Letra D.
para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 na data
do vencimento, fez um acordo com a instituição finan- 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um indivíduo investiu a
ceira credora para pagá-la 90 dias após a data do quantia de R$ 1.000 em determinada aplicação, com
vencimento. Sabendo que a taxa de juros compostos taxa nominal anual de juros de 40%, pelo período de 6
cobrada pela instituição financeira foi 3% ao mês, o meses, com capitalização trimestral. Nesse caso, ao
valor pago pela empresa, desprezando-se os centa- final do período de capitalização, o montante será de
vos, foi, em reais,
a) R$ 1.200.
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) 163.909,00. b) R$ 1.210.
b) 163.500,00. c) R$ 1.331.
c) 154.500,00. d) R$ 1.400.
d) 159.135,00. e) R$ 1.100.
e) 159.000,00.
Temos a taxa de 40% a. a. com capitalização trimes-
Temos uma dívida de C = 150.000 reais a ser paga após tral, o que resulta em uma taxa efetiva de 40%/4 =
t = 3 meses no regime de juros compostos, com a taxa 10% ao trimestre. Em t = 6 meses, ou melhor, t = 2
de j = 3% ao mês. O montante a ser pago é dado por: trimestres, o montante será:
M = C x (1+j)t M = C x (1+j)t
M = 150.000 x (1+0,03)3 M = 1.000 x (1+0,10)2
M = 150.000 x (1,03)3 M = 1.000 x 1,21 193
M = 1.210 reais presentes, o que totalizou 27 alunos (homens e mulhe-
Resposta: Letra B. res) presentes na aula. Nas condições dadas, o total
de alunos homens matriculados nesse curso é igual a
5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item seguinte,
a) 18
relativo à matemática financeira.
b) 10
Considere que dois capitais, cada um de R$ 10.000,
c) 15
tenham sido aplicados, à taxa de juros de 44% ao d) 12
mês — 30 dias —, por um período de 15 dias, sendo e) 21
um a juros simples e outro a juros compostos. Nes-
sa situação, o montante auferido com a capitalização Seja x a quantidade de alunos matriculados no cur-
no regime de juros compostos será superior ao mon- so, sabemos que 2/3 são mulheres. Assim, temos
tante auferido com a capitalização no regime de juros 2x/3 mulheres e x/3 homens. Sabemos que 2/5 das
simples. mulheres e todos os homens estavam presentes,
totalizando 27 pessoas. Temos:
( ) CERTO ( ) ERRADO
2 2x x = 27
# +
Veja que a taxa de juros é mensal, e o prazo da apli- 5 3 3
cação foi de t = 0,5 mês (quinze dias). 4x x = 27
+
Quando o prazo é fracionário (inferior a 1 unida- 15 3
de temporal), juros simples rendem MAIS que juros 5x + 4x = 27
compostos. Logo, o montante auferido com a capi- 15
talização no regime de juros compostos será INFE- 9x = 27 × 15
RIOR ao montante auferido no regime simples. 9x = 405
Resposta: Errado. x=45
O total de homens é igual a x/3 = 45/3 = 15. Resposta:
PROBLEMAS ARITMÉTICOS Letra C.

Vimos no início de nosso estudo toda a parte teóri- 3. (FGV - 2017) Fernando teve três filhos em três anos
ca que nos deu suporte para que cheguemos até aqui seguidos. Quando ele fez 39 anos reparou que essa
sua idade era igual à soma das idades dos seus três
e conseguíssemos resolver mais algumas questões
filhos. Nesse dia, o seu filho mais velho tinha:
sobre esse tópico. Mas lembre-se que geralmente os
tópicos fração, razão e proporção e porcentagem são
a) 12 anos;
os mais cobrados e por isso este será o nosso foco prin-
b) 13 anos;
cipal. Mãos à obra! c) 14 anos;
d) 15 anos;
e) 16 anos

EXERCÍCIOS COMENTADOS Perceba que os filhos nasceram em anos seguidos,


então, podemos dizer que o mais novo tem X anos,
1. (FGV - 2015) Francisco vendeu seu carro e, do valor os demais têm X+1 e X+2 anos de idade. Sabemos
recebido, usou a quarte parte para pagar dívidas, fican- que a idade de Fernando (39) é igual à soma das ida-
do então com R$ 21.600,00. Francisco vendeu seu car- des dos filhos, ou seja,
ro por: 39 = X + X+1 + X+2
39 = 3X + 3
a) R$ 27.600,00 3X = 39 – 3
b) R$ 28.400,00 3X = 36
c) R$ 28.800,00 X = 12
O filho mais velho tem X+2 = 12+2= 14 anos. Respos-
d) R$ 29.200,00
ta: Letra C.
e) R$ 29.400,00
4. (VUNESP - 2018) Três quartos do total de uma ver-
Aqui temos uma questão clássica sobre problemas ba foi utilizada para o pagamento de um serviço A, e
com frações. Para resolver, você precisa ficar atento um quinto do que não foi utilizado para o pagamento
ao enunciado da questão para extrair os dados da desse serviço foi utilizado para o pagamento de um
melhor maneira possível. Veja: serviço B. Se, da verba total, após somente esses
Se Francisco usou 1/4 do valor recebido para pagar pagamentos, sobraram apenas R$ 200,00, então, é
dívidas, a fração restante é igual a 3/4, pois essa é verdade que o valor utilizado para o serviço A, quando
a fração complementar para completar um inteiro comparado ao valor utilizado para o serviço B, corres-
¼ + ¾ = 1. ponde a um número de vezes igual a
Assim, 3/4 do valor do carro equivalem a R$
21.600,0. Qual o valor do carro todo? a) 13.
3/4x = 21600 b) 14.
4x * 21600 = 3 c) 15.
x = 28800. Resposta: Letra C. d) 16.
e) 17.
2. (FCC - 2016) Em um curso de informática, 2/3 dos alu-
nos matriculados são mulheres. Em certo dia de aula, Seja “X” o valor da verba. O serviço A foi pago com
2/5 das mulheres matriculadas no curso estavam ¾ dessa verba: ¾ de x = 3x/4. Não foi utilizado, por-
194 presentes e todos os homens matriculados estavam tanto, ¼ de x = x/4.
O serviço B foi pago com um quinto do que não foi Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a
utilizado do serviço A. 140 anos:
Logo: 1/5 de x/4 = x/20. X1 + X2 + X3 + X4 = 140
Após esses dois pagamentos, restaram 200 reais. 32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
Portanto: 74 + 2X4 = 140
2. X4 = 66
x - 3x - x = 200 X4 = 33
4 20
20x - 15x - x = 200 Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020.
20 E S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985. Não
4x = 200 podemos afirmar que S2 nasceu antes de 1984. Res-
20 posta: Errado.
4x = 200 × 20
4x =4000 PROBLEMAS GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS
x =1000
Os valores usados para pagar os serviços A e B foram: Antes de começar a resolver exercícios sobre esse
Serviço A = 3000/4 = 750 reais assunto, é necessário ter o entendimento adequado
Serviço B = 1000/20 = 50 reais sobre geometria e matrizes. Para isso, vamos explanar
Logo, o valor de A em relação a B é: 750/50 = 15 a parte teórica sobre geometria e matriz, e logo em
vezes maior. Resposta: Letra C. seguida iremos resolver algumas questões envolven-
do problemas geométricos e matriciais.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em um tanque A, há uma
mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de GEOMETRIA
álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão
misturados homogeneamente com 50 L de álcool.
Ponto, Reta e Plano
A respeito dessas misturas, julgue os itens subsequentes.
Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique
igual à do tanque B é suficiente acrescentar no tanque Quando falamos sobre ponto, reta e plano, deve-
A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L. mos ficar atentos que a parte mais importante é em
relação a sua representação geométrica e espacial.
( ) CERTO ( ) ERRADO Representação Simbólica:

A proporção álcool/gasolina do tanque B é de 50/150 z Os pontos são representados por letras maiúsculas
= 1/3. do nosso alfabeto, ou seja, A, B, C, ...etc.
Suponha que precisamos acrescentar uma quanti- z As retas são representadas pelas letras minúsculas
dade X de álcool no tanque A para ele chegar nesta
do nosso alfabeto, ou seja, a, b, c, ...etc.
mesma proporção. A quantidade de álcool passará
a ser de 60 + X e a de gasolina será 240, de modo que z Os planos são representados pelas letras gregas
ficaremos com a razão: minúsculas, ou seja, β, ∞, α, ...etc.
1/3 = (60+X) / 240
Como o 240 está dividindo o lado direito, vamos Representação Gráfica
passá-lo para o lado esquerdo multiplicando:
240 × 1/3 = 60 + X
r
80 = 60 + X
60 + X = 80 P
α
X = 80 - 60
X = 20 litros. Resposta: Certa. ponto

6. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os indivíduos S1, S2, S3


e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram reta plano
interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
depoimento, com relação à responsabilização pela Vamos agora sobre alguns pontos interessantes:
prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
A partir dessa situação, julgue os itens a seguir. z Passando por um ponto “P” qualquer podemos tra-
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja 8 çar infinitas retas e dois pontos determinam uma
anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho que
RACIOCÍNIO LÓGICO

única reta. Veja:


S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a 140 anos,
então é correto afirmar que S2 nasceu antes de 1984. Pelo ponto P podemos Os pontos A e B definem a
traçar infinitas retas posição de uma reta
( ) CERTO ( ) ERRADO

S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que S3, A


ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de idade.
P
Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos dizer que:
Idade de S2 = Idade de S4 + 2
Usando X1, X2, X3 e X4 para designar as respectivas B
idades no ano de 2020, podemos escrever que:
X2 = X4 + 2 195
z Pontos colineares são aqueles que pertencem à Reta s
s
mesma reta.

Segmento de Reta AB
C A B t
B
A B Semirreta AB
A B u
A c
r
COLINEARES
r Feixe de Retas Paralelas
NÃO COLINEARES
Um conjunto de três ou mais retas paralelas num
z Um plano pode ser determinado de algumas plano é chamado feixe de retas paralelas. Temos, ain-
maneiras. Veja:
da, uma reta que corta a reta de feixe que é chamada
„ Três pontos não colineares de reta transversal. Veja:

C α s t

B b
A
c

„ Por uma reta e um ponto fora dela d

P α
Teorema de Tales

Quando temos um feixe de retas paralelas sobre


duas transversais quaisquer, determinamos segmen-
r A B
tos proporcionais. Veja a figura abaixo para entender
um pouco mais:
„ Por duas retas concorrentes
s t

α A D a

S C B E
b

r A B C F
c

D G
d
z Por duas retas distintas

α Vamos destacar algumas proporções:

AB ⁄ BC = DE ⁄ E F
S BC ⁄ AB = EF ⁄ DE
AB ⁄ D E = BC ⁄ E F
r D E ⁄ AB = EF ⁄ BC

Razão entre Segmentos de Reta Ângulos

Quando dois pontos delimitam um conjunto de Ângulo é a medida de uma abertura delimitada
pontos numa mesma reta, chamamos de segmento de por duas semirretas Veja na figura abaixo o ângulo
reta e podemos representar por duas letras como, por
exemplo AB. O início do segmento é em A e termina A, que é a abertura delimitada pelas duas semirretas
196 em B. Veja abaixo: desenhadas:
A semirretas que divide um ângulo em duas partes
iguais é denominada Bissetriz. Veja:

A/2

O ponto desenhado acima no encontro entre as A/2


duas semirretas é denominado “Vértice do ângulo”.
Um ângulo é medido de acordo com a sua abertura.
Dizemos que uma abertura completa mede 360 graus Agora observe esse cruzamento de retas. Vamos
(360º). Veja:
tirar algumas conclusões interessantes.

A
A C
D

Os ângulos formados pelo cruzamento das retas


são denominados ângulos opostos pelo vértice e tem
Como 360o representam uma volta completa, 180º o mesmo valor. Ou seja, A = C e B = D.
representam meia-volta, como você pode ver abaixo: Os ângulos A e B são suplementares, pois a soma
entre eles é de 180o, assim como a soma dos ângulos B
180°
e C, C e D, e D e A.

Dica
Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma
Por sua vez, 90 representa metade de meia-volta,
o medida.
isto é, ¼ de volta. Este ângulo é conhecido como ângu-
lo reto, e tem uma representação bem característica: Uma outra unidade de medida de ângulos é cha-
mada de “radianos”. Dizemos que 180o correspondem
a π (“pi”) radianos. Vamos usar uma regra de três sim-
ples para convertermos qualquer ângulo em radia-
nos. Veja, vamos converter 60o para radianos:

180° ---------------------------------- π radianos


90° 60° ------------------------------------ x radianos
180x = 60 π
60r r
x= = radianos.
180 3
Os ângulos podem ser classificados quanto ao
valor do ângulo em relação a 90°: Polígonos

z Ângulos agudos: são aqueles ângulos inferiores à Polígono qualquer figura geométrica fechada for-
90°. Ex.: 30o, 42o, 63o. mada por uma série de segmentos de reta. Observe:
z Ângulos obtusos: são aqueles ângulos superiores à
90o. Ex.: 100o, 125o, 155o.

Observação: os ângulos de 0 e 180º são denomina-


dos de ângulos rasos.
Outra classificação de ângulos é em relação a
RACIOCÍNIO LÓGICO

medida:

z Ângulos congruentes: são congruentes (iguais)


quando possuem a mesma medida.
Os elementos de qualquer polígono são:
z Ângulos complementares: são complementares
quando a soma entre os ângulos é 90o. Ex.: 60° +
30° = 90°. Os ângulos 30° e 60° são complementares z Lados: são os segmentos de reta que formam o
um do outro. polígono (a figura abaixo, um pentágono, possui 5
z Ângulos suplementares: são suplementares quan- segmentos de reta, isto é, 5 lados).
do a soma entre os ângulos é 180o. Ex.: 110° + 70° z Vértices: são os pontos de junção de dois segmen-
= 180°. Os ângulos 70° e 110° são suplementares tos de reta consecutivos. Estão marcados com
entre si. letras maiúsculas na figura abaixo. 197
z Diagonais: são os segmentos de reta que unem dois J
vértices não consecutivos. São as retas vermelha
traçadas no polígono abaixo.
x
A D E
115°

B E a 55°

K L

A soma dos valores dos ângulos “x” e “a” é

C D a) 170°.
b) 180°.
c) 185°.
Para calcular o número de diagonais de um polígo-
d) 190°.
no, vamos precisar levar em consideração os vértices e) 195°.
(lados). Chegamos na seguinte fórmula:
J
n # (n - 3)
D=
2
a
55° x
Veja que o pentágono (n = 5) possui 5 diagonais. D E
115°
z a soma do ângulo interno e do ângulo externo de
um mesmo vértice é igual a 180º;
a 55°
z a soma dos ângulos internos de um polígono de n
K L
lados é:
Veja que podemos colocar o ângulo “a” como suple-
S = (n – 2) × 180° mentar de 115°, pois os segmentos KL e DE são
paralelos. Assim como o ângulo 55° é suplementar
do ângulo “x”. Assim,
Dica
a + 115 = 180
A soma dos ângulos internos de um triângulo (n = a = 65º
3) é 180º e nos quadriláteros (polígonos de 4 lados) ------------------
x + 55 = 180
esta soma é 360º.
x = 125º
Logo, x + a = 190º. Resposta: Letra D.
Os polígonos que possuem todos os lados iguais
e todos os ângulos internos iguais (congruentes) são 2. (CONSULPLAN – 2018) A soma dos ângulos internos
chamados de polígonos regulares. Conheça algumas de um polígono regular que tem 20 diagonais é
nomenclaturas dos principais polígonos regulares e
a) 495
os seus números de lados. b) 720
c) 990
Nº DE NOME Nº DE NOME d) 1080
LADOS LADOS
Vamos aplicar a fórmula das diagonais de um polí-
3 Triângulo 9 Eneágono
gono para descobrir o número de lados:
4 Quadrilátero 10 Decágono
5 Pentágono 11 Undecágono n # (n - 3)
D=
6 Hexágono 12 Dodecágono 22
n - 3n
7 Heptágono ... ... 20 =
2
8 Octógono 20 Icoságono
40 = n2 - 3n
n – 3n - 40 = 0
2

Vamos achar as raízes da equação do 2° grau:


EXERCÍCIOS COMENTADOS
- (-3) ± √(-3)2 -4 · 1 · (- 40)
n=
1. (IDECAN – 2013) No triângulo a seguir, o lado KL é
2·1
198 paralelo ao segmento DE.
Assim, 2x + 3x + 4x = 180°
3 ± √9 + 160 9x = 180°
n=
x = 20°
2
O maior ângulo é 4x = 4 ∙ 20° = 80°
Resposta: Letra D.
3 ± 13
n=
MÉTRICA. ÁREAS E VOLUMES. ESTIMATIVAS.
2
APLICAÇÕES

Como “n” é o número de diagonais, precisamos ape- Sistema de Unidades de Medidas


nas pegar o resultado positivo. Logo,
Quando estudamos o sistema de medidas nos
3 + 13 atentamos ao fato de que ele serve para quantificar
n= = 8 lados dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
2 Porém existem as conversões entre as unidades para
uma melhor interpretação e leitura.
Aplicando a fórmula da soma dos ângulos internos
de um polígono, temos: Medidas de Comprimento
S = (n – 2) × 180°
S = (8 – 2) × 180° A unidade principal tomada como referência é o
S = 1080°. Resposta: Letra D. metro. Além dele, temos outras seis unidades dife-
rentes que servem para medir dimensões maiores ou
3. (FEPESE – 2019) Na figura abaixo, as retas r e s são menores. A conversão de unidades de comprimento
paralelas. segue potências de 10. Veja o esquema abaixo:
r
α hm dam m dm cm mm
Km
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (mlímetro)

×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10


β
θ
s
Km hm dam m dm cm mm
Se o ângulo α mede 44°30’ e o ângulo θ mede 55°30’,
então a medida do ângulo β é: :10 :10 :10 :10 :10 :10

a) 100°. Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros.


b) 55°30’. Para sair do metro e chegar no centímetro deve-
c) 60°. mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas
d) 44°30”. casas até chegar em centímetro. Logo,
e) 80°. 5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm.

r Medidas de Área (Superfície)


α

A unidade principal tomada como referência é o


metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades
α
diferentes que servem para medir dimensões maiores
β ou menores. A conversão de unidades de superfície
θ θ segue potências de 100. Veja o esquema abaixo:
s
β=α+θ
β = 44°30’ + 55°30’ = 99°60’ = 100° Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
Resposta: Letra A. quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

4. (ESAF – 2003) Os ângulos de um triângulo encontram- ×100 ×100 ×100 ×100 ×100 ×100
-se na razão 2 : 3 : 4. O ângulo maior do triângulo, por-
RACIOCÍNIO LÓGICO

tanto, é igual a:
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
a) 40°
b) 70° :100 :100 :100 :100 :100 :100
c) 75°
d) 80°
e) 90° Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2.
Para sair do metro quadrado e chegar no cen-
Se os ângulos do triângulo se encontram na razão tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000
2:3:4, podemos chamá-los de 2x, 3x e 4x e a soma (100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em
dos ângulos de um triângulo qualquer é sempre centímetro quadrado. Logo, 5,3m2 = 5,3 x 10000 =
180º. 53000 cm2. 199
Medidas de Volume (Capacidade) PERÍMETRO E ÁREA

A unidade principal tomada como referência é o Retângulo


metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades
diferentes que servem para medir dimensões maiores Chamamos de retângulo um paralelogramo (polí-
ou menores. A conversão de unidades de superfície gono que tem 4 lados opostos paralelos) com todos os
segue potências de 1000. Veja o esquema abaixo: ângulos internos iguais a 90°.

Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3 b


(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (mlímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000


h h
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

:1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000


b

Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3. Chamamos o lado “b” maior de base, e o lado
Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro menor “h” de altura.
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro Área do Retângulo
cúbico. Logo,
5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3. Para calcularmos a área, vamos fazer a multipli-
Veja agora algumas relações interessantes e que cação de sua base (b) pela sua altura (h), conforme a
você precisa ter em mente para resolver a diversas
fórmula:
questões.
A=b×h
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
Exemplo: um retângulo com 10 centímetros de
1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
lado e 5 centímetros de altura, a área será:
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
A = 10cm × 5cm = 50cm2
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)

1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3) Quando trabalhamos o conceito e cálculo de áreas
das figuras geométricas, usamos a unidade ao quadra-
1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2) do que no nosso exemplo tínhamos centímetros e pas-
1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2) samos para centímetros quadrados, que neste caso é a
unidade de área.
Medidas de Tempo
Quadrado
Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu-
to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como Nada além de um retângulo no qual a base e a altu-
se faz a relação nessa unidade: ra têm o mesmo comprimento, ou seja, todos os lados
Para transformar de uma unidade maior para a do quadrado têm o mesmo comprimento, que chama-
unidade menor, multiplica-se por 60. Veja: remos de L. Veja:
1 hora = 60 minutos
4 h = 4 x 60 = 240 minutos L
Para transformar de uma unidade menor para a
unidade maior, divide-se por 60. Veja:
20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.
Para medir ângulos a unidade básica é o grau. L L
Temos as seguintes relações:
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e L
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes, A área também será dada pela multiplicação da
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja: base pela altura (b x h). Como ambas medem L, tere-
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um ins- mos L x L, ou seja:
tante do dia.
200 1º 32’ 24” é a medida de um ângulo. A = L2
Trapézio A área do paralelogramo também é dada pela mul-
tiplicação da base pela altura:
Temos um polígono com 4 lados, sendo 2 deles
paralelos entre si, e chamados de base maior (B) e
A=b×h
base menor (b). Temos, também, a sua altura (h) que
é a distância entre a base menor e a base maior. Veja
na figura abaixo: Triângulo

b Trata-se de uma figura geométrica com 3 lados.


Veja-a abaixo:

a c
B

Conhecendo b, B e h, podemos calcular a área do


trapézio através da fórmula abaixo:

(B + b) # h b
A=
2
Losango Para calcular a área do triângulo, é preciso conhe-
cer a sua altura (h):
É um polígono com 4 lados de mesmo comprimen-
to. Veja abaixo:

L L
a c

h
L L

b
Para calcular a área de um losango, vamos preci-
sar das suas duas diagonais: maior (D) e menor (d) de
O lado “b”, em relação ao qual a altura foi dada, é
acordo com a figura a seguir:
chamado de base. Assim, calcula-se a área do triângu-
lo utilizando a seguinte fórmula:
L L
b#h
d A=
2
D Vamos conhecer os tipos de triângulos existentes:
L L
„ Triângulo isósceles: é o triângulo que tem dois
Assim, a área do losango é dada pela fórmula lados iguais. Consequentemente, os 2 ângulos
abaixo: internos da base são iguais (simbolizados na
figura pela letra A):
D#d
A=
2
Paralelogramo
a a
RACIOCÍNIO LÓGICO

É um quadrilátero (4 lados) com os lados opostos


paralelos entre si. Esses lados opostos possuem o mes- c
mo tamanho.

b
A A
h C

„ Triângulo escaleno: é o triângulo que possui os


três lados com medidas diferentes, tendo tam-
b bém os três ângulos internos distintos entre si: 201
a B
c b h c

C A n m

b C H B

a
„ Triângulo equilátero: é o triângulo que tem
todos os lados iguais. Consequentemente, ele Devemos nos atentar em relação a algumas fórmulas
terá todos os ângulos internos iguais: que são extraídas do triângulo acima que poderão nos aju-
dar com a resolução de algumas questões. Veja quais são:

h2 = m×n
b2 = m×a
A
a a c2 = n×a
h b×c = a×h

A A Essas fórmulas são chamadas de relações métricas


do triângulo retângulo.
a
Círculo
Podemos calcular a altura usando a seguinte fórmula:
Todos os pontos estão a uma mesma distância em
relação ao centro do círculo ou circunferência. Chama-
a 3
h= mos de raio e geralmente é representada por “r”. Veja na
2
figura abaixo:
Para calcular a área do triângulo equilátero usan-
do apenas o valor da medida dos lados (a), usamos a
fórmula a seguir:
2
a 3
A=
4
r
TEOREMA DE PITÁGORAS

Triângulo retângulo: possui um ângulo de 90°.

A área de um círculo é dada pela fórmula: A = π ×


B
r2. Na fórmula, a letra π (“pi”) representa um número
c
irracional que é, aproximadamente, igual a 3,14.
a
Vejamos um exemplo para calcular a área de um
círculo com 10 centímetros de raio:
A
A = π × r2
b
A = π × (10)2
A = π × 100
Temos as seguintes nomenclaturas para cada lado Substituindo π por 3,14, temos:
do triângulo. Veja: A = 3,14×100 = 314cm2
O ângulo marcado com um ponto é o ângulo reto
(90º). Oposto a ele temos o lado “c” do triângulo, que O perímetro de uma circunferência que é a mesma
chamaremos de hipotenusa. Já os lados “a” e “b”, que coisa que o comprimento da circunferência, é dado por:
são adjacentes ao ângulo reto, são chamados de catetos.
C=2×π×r
O Teorema de Pitágoras nos dá uma relação entre
a hipotenusa e os catetos, dizendo que a soma dos
Para exemplificar, agora vamos calcular o períme-
quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipote- tro daquela circunferência com 10cm de raio:
nusa: a2 = b2 + c2.
Agora vamos falar sobre algumas métricas interes- C = 2 × 3,14 × 10
202 santes que estão presentes no triângulo retângulo. C = 6,28 × 10 = 62,8 cm
O diâmetro (D) de uma circunferência é um seg- Paralelepípedo reto retângulo e Cubo
mento de reta que liga um lado ao outro da circun-
ferência, passando pelo centro. Veja que o diâmetro
mede o dobro do raio, ou seja, 2r.
c a

b
a a

D = 2r O cubo é um caso particular do paralelepípedo


reto retângulo, ou seja, basta que igualemos os valo-
res de a = b = c.
Para calcular o volume de um paralelepípedo reto-
-retângulo, devemos multiplicar suas três dimensões.
Veja:
V=a×b×c

Repare na figura abaixo. No caso do cubo, o volume fica:

A V = a × a × = a3

Dica
α
As faces do paralelepípedo são retangulares,
C B enquanto as faces do cubo são todas quadradas.

A área total do cubo é a soma das 6 faces quadra-


das. Ou seja,

AT = 6a2
Note que formamos uma região delimitada dentro do
círculo. Essa região é chamada de setor circular. Temos ain- Agora no paralelepípedo reto retângulo temos 2
da um ângulo central desse setor circular simbolizado por retângulos de lados (a, b), dois retângulos de lados (b,
α. Com base neste ângulo, conseguimos determinar a área c) e dois retângulos de lados (b, c). Portanto, a área
do setor circular e o comprimento do segmento de círculo total de um paralelepípedo é:
compreendido entre os pontos A e B.
Sabemos que o ângulo central de uma volta com- AT = 2ab + 2ac + 2bc
pleta no círculo é 360º. E também sabemos a área des-
ta volta completa, que é a própria área do círculo ( π × Prismas
r2). Vejamos como calcular a área do setor circular, em
função do ângulo central “α”: Vamos estudar os prismas retos, ou seja, aqueles
que têm as arestas laterais perpendiculares às bases.
360° ---------------------- π × r2 Os prismas são figuras espaciais bem parecidas com
α ------------------------- Área do setor circular
os cilindros. O que os difere é que a base de um prisma
não é uma circunferência.
2
a # rr O prisma será classificado de acordo com a sua
Logo, área do setor circular =
360c base. Por exemplo, se a base for um pentágono, o pris-
Usando a mesma ideia, podemos calcular o com- ma será pentagonal.
primento do segmento circular entre os pontos A e B,
cujo ângulo central é “α” e que o comprimento da cir-
cunferência inteira é 2 πr. Confira abaixo:

360° --------------- ------ 2 πr


α -------------------------- Comprimento do setor circular
Prisma
RACIOCÍNIO LÓGICO

Prisma Prisma Prisma


triangular pentagonal hexagonal quadrangular
a # 2rr
Logo, comprimento do setor circular =
360c
O volume para qualquer tipo de prisma será sem-
GEOMETRIA ESPACIAL
pre o produto da área da base pela altura. Veja:
Poliedros
V = Ab × h
São figuras espaciais formadas por diversas faces,
cada uma delas sendo um polígono regular que estu- A área total de um prisma será a soma da área late-
damos anteriormente. Vamos conhecer os principais ral com duas bases.
poliedros, destacando alguns pontos importantes
como área e volumes: AT = Al + 2Ab 203
Cilindro Cone

Vamos estudar o cilindro reto cujas geratrizes são Observe a figura abaixo:
perpendiculares às bases. Observe a figura abaixo:

Altura

Geratriz
base (círculo)

Geratriz

Base
A distância entre as duas bases é chamada de altu-
ra (h). Quando a altura do cilindro é igual ao diâmetro
Vamos extrair algumas informações.
da base, o cilindro é chamado de equilátero.
A base de um cone é um círculo, então a área da
Cilindro equilátero: ℎ = 2r base é πr2.
Quando “abrimos” um cone, temos a figura a
A base do cilindro é um círculo. Portanto, a área da
seguir:
base do cilindro é igual a πr2.
Perceba que se “desenrolássemos” a área lateral e
“abríssemos” todo o cilindro, teríamos o seguinte:

H H

R C R

R
Temos, também, a área lateral é dada pela fórmula
A área da superfície lateral do cilindro é igual a πrg , onde “g” é o comprimento da geratriz do cone.
2πℎ.
E o volume do cilindro é o produto da área da base Para calcularmos o volume de um cone, basta
pela altura: V = πr2 × ℎ. sabermos que equivale a 1/3 do produto entre a área
da base pela altura. Veja:
Esfera
2
Quando estamos estudando a esfera, precisamos rr h
V=
lembrar que tudo depende e gira em torno do seu raio, 3
ou seja, é o sólido geométrico mais fácil de trabalhar.
Dica
Em um cone equilátero a sua geratriz será igual
ao diâmetro, ou seja, 2r.

Pirâmides

A base de uma pirâmide poderá ser qualquer polí-


gono regular, no caso estamos falando apenas de pirâ-
mides regulares.

O raio é simplesmente a distância do centro da es-


fera até qualquer ponto da sua superfície.
O volume da esfera é calculado usando a seguinte
fórmula:
4 3
V = 3 # rr

E a área da superfície pela fórmula abaixo:


pirâmide pirâmide pirâmide
triangular quadrangular pentagonal
204 A = 4 × πr2
Sabendo que 70% da área dessa praça estão recober-
tos de grama, então, a área não recoberta com grama
tem

a) 450 m2.
b) 500 m2.
c) 400 m2.
d) 350 m2.
e) 550 m2.
pirâmide pirâmide
hexagonal heptagonal Foi dado o perímetro dessa praça, que corresponde
à soma de todos os lados. Logo:
O segmento de reta que liga o centro da base a um 2x + 2(x + 20) = 160
ponto médio da aresta da base é denominado “apótema 2x + 2x + 40 = 160
da base”. Indicaremos por “m” o apótema da base. E o 4x = 120
segmento que liga o vértice da pirâmide ao ponto médio x = 30 m
de uma aresta da base é denominado “apótema da pirâ- A área, portanto, será:
mide”. Indicaremos por m′ o apótema da pirâmide. Veja: Área = 30 x (30 + 20)
Área = 30 x 50 = 1500 m²
Como 70% está recoberta por grama, 100 – 70 = 30%
não é recoberta. Logo:
Área não recoberta = 0,3 x 1500 = 450 m². Resposta:
Letra A.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os lados de um terreno


quadrado medem 100 m. Houve erro na escrituração,
m1 e ele foi registrado como se o comprimento do lado
medisse 10% a menos que a medida correta. Nessa
situação, deixou-se de registrar uma área do terreno
igual a

a) 20 m²
m b) 100 m²
c) 1.000 m²
d) 1.900 m²
A área lateral da pirâmide é dada por: e) 2.000 m²

Aℓ = pm′ A área de um quadrado é L². Inicialmente os lados


do quadrado deveriam medir L = 100 m, portanto a
A área total da pirâmide é dada por: área seria A = 100² = 10000 m². Porém, L foi regis-
trado com 10% a menos, ou seja, 100 – 10% x 100 =
90 m. Logo, a área passou a ser 90² = 8100 m².
AT = Ab + Aℓ
Então, a área que deixou de ser registrada foi de:
10000 – 8100 = 1900 m². Resposta: Letra D.
O volume da pirâmide é calculado da mesma for-
ma que o volume do cone: 1/3 do produto da área da
3. (IDECAN – 2018) A figura a seguir é composta por
base pela altura. Veja:
losangos cujas diagonais medem 6 cm e 4 cm. A área
da figura mede
Ab # h
V= 3

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2018) Uma praça retangular, cujas medi-
das em metros, estão indicadas na figura, tem 160m
de perímetro.
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) 48 cm2.
b) 50 cm2.
c) 52 cm2.
× d) 60 cm2.
e) 64 cm2.

Sendo D e d as diagonais de um losango, sua área é


dada por:
× + 20
Área = D x d / 2 = 6 x 4 / 2 = 12cm2
Como ao todo temos 5 losangos, a área total é:
Figura fora de escala
5 x 12 = 60cm2. Resposta: Letra D. 205
4. (IBFC – 2017) A alternativa que apresenta o número O volume total do reservatório é de 4 + 3,5 = 7,5m3.
total de faces, vértices e arestas de um tetraedro é: Usando a fórmula para calcular o volume, ou seja,
Volume = comprimento x largura x altura
a) 4 faces triangulares, 5 vértices e 6 arestas 7,5 = 2,5 x 2 x h
b) 5 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas 3=2xh
c) 4 faces triangulares, 4 vértices e 7 arestas h = 1,5m
d) 4 faces triangulares, 4 vértices e 6 arestas Resposta: Letra B.
e) 4 faces triangulares, 4 vértices e 5 arestas
MATRIZES E DETERMINANTES
Um tetraedro é uma figura formada por 4 faces ape-
nas, veja: Matrizes

V Uma matriz Mmxn é uma tabela com “m linhas e n


colunas”. Os elementos desta tabela são representa-
dos na forma aij, onde “i representa a linha e j repre-
a
a senta a coluna” deste termo. Veja um exemplo de uma
matriz A2x2:
C
; E
5 -3
A A=
1 7
a
a
Veja que temos 2 linhas e 2 colunas, ou seja, Aij =
B
A2x2. O termo a12, por exemplo, é igual a -3.
É importante saber que dizemos que a ordem des-
Temos 4 vértices A, B, C e V. Também sabemos que ta matriz é 2x2. A partir dela, podemos criar a matriz
temos 4 faces. O número de arestas pode ser conta- transposta AT, que é construída trocando a linha de
do ou, então, obtido pela relação: cada termo pela sua coluna e a coluna pela linha.
V+F=A+2 Repare que a ordem de AT é 2x2:
4+4=A+2
A = 6 arestas .
< 3 7F
5 1
Resposta: Letra D. AT =
-
5. (VUNESP – 2018) Em um reservatório com a forma
Uma matriz é quadrada quando possui o mesmo
de paralelepípedo reto retângulo, com 2,5 m de com-
número de linhas e colunas. Foi o que aconteceu no
primento e 2 m de largura, inicialmente vazio, foram
nosso exemplo.
despejados 4 m³ de água, e o nível da água nesse
Uma matriz possui uma diagonal principal, que no
reservatório atingiu uma altura de x metros, conforme
mostra a figura. nosso exemplo da matriz A2x2 é formada pelos núme-
ros 5 e 7. A outra diagonal é dita secundária, formada
pelos números -3 e 1.

; E
5 -3
A=
1 7

Secundária Principal
×
Falamos que há uma matriz de identidade de or-
h dem “n” quando a matriz quadrada possui todos os
termos da diagonal principal iguais a 1 e todos os de-
2 mais termos iguais a zero. Veja a matriz identidade de
ordem 3:
RS1 0 0VW
2,5 S W
S0 1 0WW
I3 = S
Sabe-se que para enchê-lo completamente, sem trans-
S
SS0 W W
0 1W
bordar, é necessário adicionar mais 3,5 m³ de água. T X
Nessas condições, é correto afirmar que a medida da Dada uma matriz A, chamamos de inversa de A, ou
altura desse reservatório, indicada por h na figura, é, A-1, a matriz tal que:
em metros, igual a
A x A-1 = I (matriz identidade)
a) 1,25.
b) 1,5. Determinantes
c) 1,75.
d) 2,0. O determinante de uma matriz é um número a ela
206 e) 2,5. associado. Vejamos como calcular.
Matriz de ordem 1 Veja um exemplo:

Em uma matriz quadrada de ordem 1, o determi- JK1 2 1 0N


O
nante é o próprio termo que forma a matriz. Exemplo: KK O
KK2 3 1 0O
O
Se A = O , então, devemos seguir os passos
Se A = [4], então det(A) = 4. KK2 -3 2 1O
OO apresentados acima:
KK
2 1 1 4O
Matriz de ordem 2 L P
1. Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê prefe-
Em uma matriz quadrada de ordem 2, o determi- rência para a que tiver mais zeros);
nante é dado pela subtração entre o produto da dia-
gonal principal e o produto da diagonal secundária.
Veja: JK1 2 1 0N
O
KK O
KK2 3 1 0O
O O
; E , então det(A) = 5×7 – (-3) × 1 = 38.
5 -3
Se A = KK2 3 2 1O
OO
KK
4O
1 7
2 1 1
L P
Matriz de ordem 3
2. Calcular o cofator relativo a cada termo da linha
Em uma matriz quadrada de ordem 3, o determi- ou coluna escolhida;
nante é calculado da seguinte forma:
Os termos da quarta coluna são o a14, a24, a34 e a44, e
RS 1 1 2V
W chamaremos os respectivos cofatores de A14, A24, A34 e
SS W
Se A = SS- 2 3 5W WW , então, veja o passo a passo como A44. Como os termos a14 e a24 são iguais a zero, eu não pre-
ciso calcular os cofatores A14 e A24, pois eles serão multi-
SS 0 7 - 1W
W calcular o det(A). plicados por zero e o resultado final será igual a zero.
T X O cofator A34 será:
1. Repetir as duas primeiras colunas:
1. Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê prefe-
1 1 2 1 1 rência para a que tiver mais zeros);

-2 3 5 -2 3
JK1 2 1 0N
O
0 7 -1 0 7 KK O
KK2 3 1 0O
O
KK2 O
2 . Multiplicar os termos no sentido da diagonal prin- 3 2 1O
OO
cipal (retas vermelhas) e subtrair a multiplicação KK
dos termos no sentido da diagonal secundária 2 1 1 4O
L P
(retas azuis):
Olhando somente para os termos que sobraram,
1 1 2 1 1 veja que temos uma matriz com 3 linhas e 3 colunas
apenas, cujo determinante sabemos calcular:
-2 3 5 -2 3
Determinante = 1.3.1 + 2.1.2 + 2.1.1 – 1.3.2 – 2.2.1 – 1.1.1
0 7 -1 0 7 Determinante = -2

O cofator A34 será:


[(1 × 3 × (-1) +1 × 5 × 0 + 2 × (-2) × 7)] - [(2 × 3 × 0 + 1 ×
5 × 7 + 1 × (-2) × (-1))] A34 = (-1)3+4 × determinante
(-3 + 0 – 28) – (0 + 35 + 2) = A34 = (-1)7 × (-2)
-31 – 37 = -68. A34 = (-1) × (-2)
Logo, o det(A) = -68. A34 = 2

Matriz de ordem 4 ou superior Agora, vamos calcular o cofator A44. Para isso,
devemos excluir a quarta linha e a quarta coluna da
Siga os passos abaixo: matriz original, ficando com:

1. Escolher uma linha ou coluna da matriz (dê prefe-


RACIOCÍNIO LÓGICO

rência para a que tiver mais zeros);


JK1 2 1 0N
O
KK O
2. Calcular o cofator relativo a cada termo da linha KK2 3 1 0O
O
ou coluna escolhida; KK2 O
-3 2 1O
OO
3. Multiplicar cada termo da linha ou coluna esco- KK
lhida pelo seu respectivo cofator e, então, somar 2 1 1 4O
tudo. L P

Cofator Calculando o determinante 3x3 que restou, temos:

O cofator de uma matriz de ordem n ≥ 2 é definido Determinante = 1.3.2 + 2.1.2 + 2.(-3).1 – 1.3.2 – 1.(-3).1
como: – 2.2.2
Aij = (-1) i + j. Dij Determinante = -7 207
Assim, o cofator A44 é: 2. (FCC – 2017) Um terreno tem a forma de um trapézio.
Os lados não paralelos têm a mesma medida.
A44 = (-1)4+4× determinante A base maior desse trapézio mede 12 m, a base menor
A44 = (-1)8 × (-7) mede 6 m e a altura mede 4 m. A área e o perímetro
A44 = 1 × (-7) desse terreno são, respectivamente, iguais a
A44 = -7.
a) 32 m² e 28 m.
Agora, podemos calcular o determinante da matriz b) 36 m² e 28 m.
original: c) 36 m² e 24 m.
d) 32 m² e 24 m.
Determinante = a14× A14 + a24× A24 + a34 × A34 + a44× A44 e) 36 m² e 26 m.
Determinante = 0A14 + 0A24 + 1.2 + 4 (-7)
Determinante = 0 + 0 + 2 - 28 Extraindo os dados temos B = 12 m, b = 6 m e H =
Determinante = -26 4m. Vamos chamar os lados não paralelos de “L”.
Veja como fica esse trapézio:
As principais propriedades do determinante são:
6m
z O determinante de A é igual ao de sua transposta AT
z Se uma fila (linha ou coluna) de A for toda igual a
zero, det(A) = 0
L L
z Se multiplicarmos todos os termos de uma linha 4m
ou coluna de A por um valor “k”, o determinante
da matriz será também multiplicado por k;
z Se multiplicarmos todos os termos de uma matriz 3m 3m
por um valor “k”, o determinante será multiplica-
do por kn, onde n é a ordem da matriz; 12 m
z Se trocarmos de posição duas linhas ou colunas de A,
o determinante da nova matriz será igual a –det(A); Para descobrir o valor de L, basta aplicar o Teore-
z Se A tem duas linhas ou colunas iguais, então ma de Pitágoras no triângulo formado pelo lado L
det(A) = 0 com a altura de 4m e o trecho de 3m. Veja:
z Sendo A e B matrizes quadradas de mesma ordem, L² = 4² + 3²
det(AxB) = det(A)det(B) L² = 16 + 9
z Uma matriz quadrada A é inversível se, e somente L² = 25
se, det(A) ≠ 0. L=5m
z Se A é uma matriz inversível, det(A-1) = 1/det(A).
O perímetro do trapézio é dado pela soma de seus
PROBLEMAS GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS quatro lados. Logo:
L + L + 6 + 12 = 5 + 5 + 18 = 28 m
Agora que já relembramos a parte teórica sobre
geometria e matrizes, chegou o momento de resolver- A área é dada por:
mos mais questões sobre esses tipos de problemas. A = (B + b) # h
Assim, saberemos exatamente como as questões são 2
cobradas em provas. (12 + 6) # 4
A=
2
A= 18 # 4
EXERCÍCIOS COMENTADOS 2
A = 72 = 36m2
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os lados de um terreno 2
quadrado medem 100 m. Houve erro na escrituração, Resposta: Letra A.
e ele foi registrado como se o comprimento do lado
medisse 10% a menos que a medida correta. Nessa 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O preço do litro de deter-
situação, deixou-se de registrar uma área do terreno minado produto de limpeza é igual a R$ 0,32. Se um
igual a recipiente tem a forma de um paralelepípedo retângu-
lo reto, medindo internamente 1,2 dam × 125 cm × 0,08
a) 20 m² hm, então o preço que se pagará para encher esse reci-
b) 100 m² piente com o referido produto de limpeza será igual a:
c) 1.000 m²
d) 1.900 m² a) R$ 3,84.
e) 2.000 m² b) R$ 38,40.
c) R$ 384,00.
A área de um quadrado é L². Inicialmente, os lados d) R$ 3.840,00.
do quadrado deveriam medir L = 100 m, portanto a e) R$ 38.400,00.
área seria A = 100² = 10000 m². Porém, L foi regis-
trado com 10% a menos, ou seja, 100 – 10% x 100 = Devemos colocar todas as medidas na mesma uni-
90 m. Logo, a área passou a ser 90² = 8100 m². dade. Veja que:
Então, a área que deixou de ser registrada foi de: 1,2 dam = 12m = 120dm = 1200 cm
208 10000 – 8100 = 1900 m². Resposta: Letra D. 0,08hm = 0,8dam = 8m = 80dm = 800cm
Assim, o volume total é de: Área = 6.x = 6.8 = 48 cm2.
V = 1200 x 125 x 800 Resposta: Letra B.
V = 120.000.000 cm3
V = 120.000 dm3
V = 120.000 litros
Se cada litro custa 0,32 reais, o preço total será de: HORA DE PRATICAR!
Preço = 0,32 x 120.000
Preço = 38.400 reais. Resposta: Letra E. 1. (CEBRASPE-CESPE – 2020) O setor de gestão de
pessoas de determinada empresa realiza regular-
4. (IBFC – 2016) Considerando as matrizes: mente a análise de pedidos de férias e de licenças
dos seus funcionários. Os pedidos são feitos em

; E e B = < 1 2F
3 -2 1 4 processos, em que o funcionário solicita apenas
A=
férias, apenas licença ou ambos (férias e licença).
1 2 -
Em determinado dia, 30 processos foram analisa-
detA dos, nos quais constavam 15 pedidos de férias e 23
Então, o resultado da expressão é igual a: pedidos de licenças.
detB
Com base nessa situação hipotética, julgue o item que
a) 4/3 se segue.
b) -2 A quantidade de processos analisados nesse dia que
c) 3/4 eram referentes apenas a pedido de férias é igual a 8.
d) 2
e) ½ ( ) CERTO ( ) ERRADO

Para encontra a resposta da questão, você precisa 2. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Em um sistema de aces-
achar o determinante de cada matriz. Sendo assim: so a uma rede de computadores, os usuários devem
3 2 cadastrar uma senha de 6 dígitos, que deve ser for-
det A = = 3 × 2 – (-2 × 1) = 6 + 2 = 8
1 2 mada da seguinte maneira:

1 4 z os 2 primeiros dígitos devem ser letras minúsculas


det B = = 1 × 2 – 4 × (-1) = 6 distintas, escolhidas entre as 26 letras do alfabeto;
1 2
z os demais 4 dígitos da senha devem ser números
inteiros entre 0 e 9, admitindo-se repetição.
Logo, detA = 8 = 4 . Resposta: Letra A.
detB 6 3
Nessa situação, a quantidade de senhas diferentes
5. (VUNESP – 2017) Uma peça de madeira tem o forma- que podem ser formadas é igual a
to de um prisma reto com 15 cm de altura e uma base
retangular com 6 cm de comprimento, conforme mos- a) 3.674.
tra a figura. b) 5.690.
c) 1.965.600.
d) 3.276.000.
e) 6.500.000.

15 cm 3. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando-se os


conectivos lógicos usuais (∨, ∧, →) e que as proposi-
ções lógicas simples sejam representadas por meio
de letras maiúsculas, a sentença “Um bom estado de
saúde é consequência de boa alimentação e da prá-
x
tica regular de atividade física”
6 cm
(Figura fora de escala) a) pode ser corretamente representada pela expressão P.
b) pode ser corretamente representada pela expressão P
Sabendo que o volume dessa peça é 720 cm3, a área → Q.
da base é c) pode ser corretamente representada pela expressão P
→ (Q ∧ R).
a) 40 cm2. d) pode ser corretamente representada pela expressão P
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) 48 cm2. ∨ Q.
c) 44 cm2. e) não é uma proposição lógica.
d) 36 cm2.
e) 52 cm2. 4. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Considerando que P seja
a proposição “Não basta à mulher de César ser hones-
O volume é dado pela multiplicação das dimensões, ta, ela precisa parecer honesta”, julgue o item seguinte,
ou seja, acerca da lógica sentencial.
720 = 15 . 6 . x Se a proposição “A mulher de César é honesta” for fal-
120 = 15 . x sa e a proposição “A mulher de César parece honesta”
40 = 5 . x for verdadeira, então a proposição P será verdadeira.
8=x
A área da base é: ( ) CERTO ( ) ERRADO 209
5. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando a proposi- z P4: “Se os beneficiários dos serviços prestados pelo
ção P: “Se o servidor gosta do que faz, então o cida- setor Alfa são mal atendidos, então os beneficiários
dão-cliente fica satisfeito”, julgue o item a seguir. dos serviços prestados por esse setor padecem.”.
P é uma proposição composta formada por duas pro- z C: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor
posições simples, de modo que sua tabela-verdade Alfa, então os servidores públicos que atuam nesse
possui 2 linhas. setor padecem e os beneficiários dos serviços presta-
dos por esse setor padecem.”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Considerando esse argumento, julgue o item seguinte.
6. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Considerando que P seja A proposição P3 é equivalente à proposição “Se os
a proposição “Não basta à mulher de César ser hones- servidores públicos que atuam nesse setor não pade-
ta, ela precisa parecer honesta”, julgue o item seguinte, cem, então o trabalho dos servidores públicos que
acerca da lógica sentencial. atuam no setor Alfa não fica prejudicado.”.
Se a proposição “Basta à mulher de César ser hones-
ta” for falsa e a proposição “A mulher de César precisa ( ) CERTO ( ) ERRADO
parecer honesta” for verdadeira, então a proposição P
será verdadeira. 11. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere que as seguin-
tes proposições sejam verdadeiras.
( ) CERTO ( ) ERRADO
z P: “Se o processo foi relatado e foi assinado, então ele
7. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere que as foi discutido em reunião”.
seguintes proposições sejam verdadeiras. z Q: “Se o processo não foi relatado, então ele não foi
assinado”.
z P: “Se o processo foi relatado e foi assinado, então ele
foi discutido em reunião”. Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
z Q: “Se o processo não foi relatado, então ele não foi
assinado”. A proposição Q é equivalente à proposição “Se o pro-
cesso foi relatado, então ele foi assinado”.
Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O valor lógico da proposição Q→(P∨Q) é sempre
12. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Três merendeiras traba-
verdadeiro.
lham em uma repartição. A respeito dessas funcio-
nárias, sabe-se que:
( ) CERTO ( ) ERRADO
z todas as merendeiras gostam de café;
8. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando a proposi-
z as merendeiras que não gostam de suco também não
ção P: “Se o servidor gosta do que faz, então o cida-
gostam de café.
dão-cliente fica satisfeito”, julgue o item a seguir.
A proposição “O servidor não gosta do que faz, ou o
Dessas informações conclui-se que
cidadão-cliente não fica satisfeito” é uma maneira cor-
reta de negar a proposição P.
a) nenhuma merendeira gosta de suco.
b) alguma merendeira não gosta de café, mas gosta de
( ) CERTO ( ) ERRADO suco.
c) alguma merendeira não gosta de suco, mas gosta de
9. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considerando a proposi- café.
ção P: “Se o servidor gosta do que faz, então o cida- d) alguma merendeira não gosta de suco nem de café.
dão-cliente fica satisfeito”, julgue o item a seguir. e) todas as merendeiras gostam de suco.
A proposição P é logicamente equivalente à seguinte
proposição: “Se o cidadão-cliente não fica satisfeito, 13. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Considerando que P seja
então o servidor não gosta do que faz”. a proposição “Não basta à mulher de César ser hones-
ta, ela precisa parecer honesta”, julgue o item seguinte,
( ) CERTO ( ) ERRADO acerca da lógica sentencial. A negação da proposição
P está corretamente expressa por “Basta à mulher de
10. (CEBRASPE-CESPE – 2020) No argumento seguinte, César ser honesta, ela não precisa parecer honesta”.
as proposições P1, P2, P3 e P4 são as premissas, e
C é a conclusão. ( ) CERTO ( ) ERRADO

z P1: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor 14. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere a situação
Alfa, então o trabalho dos servidores públicos que hipotética seguinte, que aborda compreensão de
atuam nesse setor pode ficar prejudicado.”. estruturas lógicas. No processo de manutenção
z P2: “Se há carência de recursos tecnológicos no setor de um computador, as seguintes afirmações são
Alfa, então os beneficiários dos serviços prestados válidas:
por esse setor podem ser mal atendidos.”.
z P3: “Se o trabalho dos servidores públicos que atuam p: se aumentar o tamanho da memória ou instalar
no setor Alfa fica prejudicado, então os servidores um novo antivírus, então a velocidade da Internet
210 públicos que atuam nesse setor padecem.”. aumentará;
q: se a velocidade da Internet aumentar, então os apli- 18. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere o seguin-
cativos abrirão mais rapidamente. te argumento: “O boto-cor-de-rosa possui asas e
possui patas, pois todo animal amazônico possui
Concluída a manutenção, foi verificado que a velocida- patas, todo animal fluvial possui asas, e o boto-cor-
de da Internet não aumentou. de-rosa é um animal fluvial amazônico».
Nessa situação, é correto concluir que Com base nessas informações, assinale a opção cor-
reta, com relação à lógica da argumentação.
a) os aplicativos não abrirão mais rápido.
b) o tamanho da memória não foi aumentado e também a) A assertiva “todo animal amazônico possui patas” é
não foi instalado um novo antivírus. uma proposição lógica composta.
c) ou o tamanho da memória não foi aumentado ou um b) A assertiva “o boto-cor-de-rosa é um animal fluvial
novo antivírus não foi instalado. amazônico” é a conclusão desse argumento.
d) o tamanho da memória pode ter sido aumentado, mas c) Esse argumento possui três premissas.
um novo antivírus não foi instalado. d) Esse argumento é inválido, pois nem todas as espé-
e) um novo antivírus pode ter sido instalado, mas o tama- cies amazônicas possuem asas.
nho da memória não foi aumentado.
e) Esse argumento é inválido, pois sua conclusão é falsa.
15. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere que as seguin-
19. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Julgue o item seguinte,
tes proposições sejam verdadeiras.
relativo a lógica proposicional e a lógica de primeira
ordem.
z P: “Se o processo foi relatado e foi assinado, então ele
A negação da proposição “Todas as reuniões devem
foi discutido em reunião”.
ser gravadas por mídias digitais” é corretamente
z Q: “Se o processo não foi relatado, então ele não foi
assinado”. expressa por “Nenhuma reunião deve ser gravada por
mídias digitais”.
Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
A proposição “Se o processo não foi discutido em reu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nião, então ele não foi assinado” é verdadeira.
20. (CEBRASPE-CESPE – 2020) O quadro de servidores
( ) CERTO ( ) ERRADO de transporte escolar de determinada prefeitura é
formado por motoristas e monitores, apenas. A res-
16. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Considere as seguintes peito desses servidores, sabe-se que:
proposições.
z alguns motoristas gostam de futebol;
z P: “Se Paulo é fiscal, então João é motorista.” z todos os monitores gostam de futebol;
z Q: “Maria é enfermeira ou João é motorista.” z todos os servidores que gostam de futebol também
gostam de voleibol.
Sabendo-se que a proposição P é verdadeira e que a
proposição Q é falsa, é correto concluir que Com base nessas informações, sabendo-se que Pedro
é servidor desse quadro e não gosta de voleibol, con-
a) Maria não é enfermeira, João não é motorista e Paulo clui-se que Pedro é
não é fiscal.
b) Maria não é enfermeira, João é motorista e Paulo é a) motorista e gosta de futebol.
fiscal. b) motorista e não gosta de futebol.
c) Maria é enfermeira, João não é motorista e Paulo não c) monitor e gosta de futebol.
é fiscal. d) monitor e não gosta de futebol.
d) Maria é enfermeira, João não é motorista e Paulo é e) monitor, mas não se sabe se ele gosta ou não de
fiscal. futebol.
e) Maria não é enfermeira, João não é motorista e Paulo
é fiscal.
9 GABARITO
17. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Paulo, Pedro e João
têm, cada um, uma única profissão. 1 ERRADO

Sabe-se que: 2 E

z se Paulo é pedreiro, então Pedro não é porteiro; 3 A


RACIOCÍNIO LÓGICO

z se Pedro não é porteiro, então João é encanador. 4 ERRADO

Com base nessas informações, sabendo-se que João 5 ERRADO


não é encanador, conclui-se que
6 CERTO
a) Pedro é porteiro e Paulo não é pedreiro. 7 CERTO
b) Pedro é porteiro e Paulo é pedreiro.
c) Pedro não é porteiro e Paulo é pedreiro. 8 ERRADO
d) Pedro não é porteiro, mas não se sabe se Paulo é ou
não pedreiro. 9 CERTO
e) Pedro é porteiro, mas não se sabe se Paulo é ou não 10 CERTO
pedreiro. 211
11 ERRADO

12 E

13 ERRADO

14 B

15 CERTO

16 A

17 A

18 C

19 ERRADO

20 B

ANOTAÇÕES

212
Art. 41 São pessoas jurídicas de direito público
interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
NOÇÕES DE DIREITO IV - as autarquias, inclusive as associações
públicas;

ADMINISTRATIVO V - as demais entidades de caráter público criadas


por lei.

NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO EXERCÍCIOS COMENTADOS


ADMINISTRATIVA 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito da administra-
ção pública brasileira, julgue o item a seguir.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu-
nicações integra a administração direta, enquanto a
Para atingir seus objetivos, a Administração Públi- Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência
ca atuará, em termos simples, por meio de seus agen- sob a supervisão desse ministério, integra a adminis-
tes públicos e de sua estrutura. No presente tópico nós tração indireta.
entenderemos uma divisão bastante básica da estru-
tura administrativa. Vejamos os conceitos básicos ( ) CERTO ( ) ERRADO
para administração direta e administração indireta.
Os Ministérios fazem parte da administração indi-
z Administração direta é composta pela estrutura reta, pois são órgãos. A FINEP é empresa pública,
administrativa dos entes federados (União, Esta- portanto é uma entidade da administração indireta.
dos, Distrito Federal e Municípios). Resposta: Certo.
z Administração indireta é composta por entida-
des personalizadas apartadas da estrutura admi- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2012) Acerca da administração
nistrativa dos entes federados. direta e indireta, assinale a opção correta.

Em complemento, é importante sabermos o con- a) A descentralização pode ser feita por meio de outorga
ceito de órgão, que são centros de competência des- ou delegação, meios de que dispõe o poder público
personalizados. A partir disso, podemos compreender para transferir, por tempo determinado, a prestação
melhor uma das principais diferenças entre a admi- de determinado serviço público a ente público ou a
nistração direta e indireta. Enquanto aquela é com- particular.
posta por uma estrutura hierarquizada que poderá se b) A administração direta compreende os órgãos que
subdividir em órgãos, esta é uma entidade com perso- integram as pessoas políticas do Estado, aos quais se
nalidade própria, com autonomia para atuar. atribui competência para exercício, de forma descen-
Importante termos contato com o artigo 4º do tralizada, das atividades administrativas.
Decreto-Lei nº 200/67, que definiu a administração c) A administração indireta abrange as fundações ins-
direta e indireta em âmbito federal, sendo bastante tituídas e mantidas pelo poder público, as empresas
importante para o estudo do assunto ainda hoje, por públicas e as sociedades de economia mista.
refletir o que ocorre também na estrutura administra- d) A descentralização administrativa não admite a des-
tiva dos outros entes federados. concentração territorial, material e hierárquica.
e) As autarquias são entidades administrativas autôno-
Art. 4° A Administração Federal compreende: mas, criadas por lei específica, com personalidade
I - A Administração Direta, que se constitui dos jurídica, patrimônio e receita próprios, resultantes da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
serviços integrados na estrutura administrativa da desconcentração do exercício das atividades públicas.
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende
Há alguns conceitos que ainda não estudamos aqui,
as seguintes categorias de entidades, dotadas de
mas a resposta correta aborda exatamente o que
personalidade jurídica própria:
vimos acima. Resposta. Letra C.
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista. CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO,
d) fundações públicas. CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
Parágrafo único. As entidades compreendidas na
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério Concentração e desconcentração
em cuja área de competência estiver enquadrada
sua principal atividade. A concentração e a desconcentração estão ligadas
ao surgimento ou extinção de órgãos. Lembremos,
Por fim, é importante ressaltarmos uma pequena então, o conceito de órgão.
desatualização do dispositivo acima, que não traz o
consórcio público de direito público (também conhe- z Órgão: são centros de competência despersonalizados.
cidas por associações públicas), também entidade
integrante da administração indireta, conforme cons- Por meio da criação e extinção de órgãos, a Adminis-
ta no Código Civil. tração Pública se organiza da melhor maneira segundo 213
a decisão de seus agentes públicos. Vamos a um exemplo No sentido oposto, caso tenhamos a extinção de
para ajudar no entendimento. Veja, no caso da estrutura uma dessas entidades, as suas funções, a princípio,
federal, que abaixo da Presidência da República temos recairão sobre a estrutura administrativa centraliza-
vários Ministérios. Você deve se recordar que os Ministé- da pré-existente. Ou seja, a atividade passará a ser
rios variam em número de governo para governo, ou até exercida de maneira centralizada.
mesmo dentro de um mesmo mandato. Isso ocorre para Lembre-se que esse conceito doutrinário se apli-
uma melhor organização dos serviços públicos ligados a ca à Administração Pública de qualquer dos entes
cada um desses órgãos. federados, como vimos anteriormente.
Ainda, tendo em mente o conceito de órgão coloca- Finalizando esse entendimento trago um exem-
do acima, cada um deles tem suas competências defi- plo para você. O Ministério da Educação faz parte da
nidas (Ministério da Educação, Ministério da Saúde, estrutura centralizada do governo. Já uma universida-
etc). E dentro dessas áreas, atuam em nome da União, de federal a ele vinculada será uma autarquia (entida-
pois são centros de competência despersonalizados.
de da administração indireta).
Em outros termos, as consequências de sua atuação
serão imputadas à União e a ela devem obediência
hierárquica.
De forma similar ocorrerá em Estados e Municípios
Importante!
em relação às suas Secretárias e Governo/Prefeitura. Não há relação de hierarquia entre as entidades
Importante destacar que a criação de órgãos tem o da administração indireta e a estrutura adminis-
objetivo de dividir as tarefas e aumentar a eficiência tração central. Há apenas vinculação para fins de
do serviço público. controle finalístico. Em outros termos, a entida-
Diante disso, temos os seguintes conceitos.
de da administração indireta estará ligada a um
órgão da administração direta que verificará se
z Concentração: extinção de órgãos (ou sua não
criação). os objetivos para os quais a entidade fora criada
z Desconcentração: criação de órgãos dentro de estão sendo cumpridos.
uma mesma pessoa jurídica.
Para que não façamos confusão do assunto do pre-
Finalizando o tema, trago dois importantes dispo-
sente tópico com o anterior, cabe uma comparação.
sitivos constitucionais sobre a criação ou extinção de
Vejamos:
órgãos públicos. CF/88.

Art. 84 Compete privativamente ao Presidente Estrutura


da República: Administrativa Central
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa Descentralização: Criação de órgão -
nem criação ou extinção de órgãos públicos; criação de entidades nova / centro de competência
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a san- personalidade jurídica despersonalizado
ção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor
sobre todas as matérias de competência da União, Formas de descentralização
especialmente sobre:
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos A descentralização poderá ocorrer por meio de
da administração pública; três formas diferentes. Vejamos quais são:

Centralização e descentralização z Outorga: criação de entidade da administração


indireta para exercício de determinada atividade.
Os institutos da centralização e descentralização Faz-se necessária a edição de lei.
estão ligados à atribuição de competências a entida- z Delegação (ou colaboração): realizada por meio
des fora da estrutura administrativa central, que pos- de contrato ou ato unilateral, ocorrendo a trans-
suem personalidade jurídica própria. ferência de determinadas atribuições para o
De forma direta, temos aqui os seguintes conceitos: setor privado. Aqui ocorre a transferência ape-
nas da execução, permanecendo a competência
z Centralização: exercício das atividades por meio com o ente público devido à imposição do texto
da estrutura administrativa direta e seus órgãos. constitucional.
z Descentralização: atribuição de atividades a enti- z Geográfica: criação de território federal.
dades com personalidade jurídica própria.
Portanto, de forma esquemática temos o seguinte.
Chamo sua atenção para a própria semântica (sig-
nificado) das palavras que trazem nossos conceitos
(centralização x descentralização). Lembra que as
Descentralização
entidades da administração indireta têm personali- Administrativa
dade própria? O termo quer nos informar justamente
que quando elas são criadas teremos uma entidade
que atuará de forma “separada” da estrutura admi-
nistrativa “central” do ente federado em questão. Por delegação
Ou seja, teremos uma entidade que atuará de forma Por outorga Geográfica
(colaboração)
214 “descentralizada”.
AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS entes federados prejudiquem uns aos outros por meio
E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA da tributação. Vejamos a literalidade do dispositivo.

Depois de estudarmos o surgimento das entidades Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias assegu-
da administração indireta, conheceremos as espécies radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Esta-
que compõem o gênero, que são as seguintes. dos, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

Autarquias Pagamento por meio de precatórios

A Constituição Federal impõe modalidade especí-


fica de pagamento no caso de sentenças judiciais. O
Fundações Públicas intuito é a proteção do patrimônio público. Vejamos
o dispositivo.

Art. 100 Os pagamentos devidos pelas Fazendas


Adm. Púb. Indireta Empresas Públicas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Munici-
pais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apre-
sentação dos precatórios e à conta dos créditos
Sociedade de Economia respectivos, proibida a designação de casos ou de
Mista pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim.

Autonomia administrativa x autonomia política


Associações Públicas

Uma característica marcante das entidades da


administração indireta é a autonomia. Como vimos
No entanto, inicialmente conheceremos algumas anteriormente, elas possuem personalidade jurídica,
informações que se aplicam a todas elas para, em segui- sendo sujeitas de direito e obrigações.
da, adentrarmos aos detalhes atinentes a cada uma. No entanto, não podemos confundir autonomia
administrativa com autonomia política. A autonomia
Responsabilidade civil objetiva política é natural aos entes federados (União, Estado,
Distrito Federal e Municípios). Já a autonomia admi-
A regra geral para a responsabilidade para os entes nistrativa se refere à capacidade de atuar conforme
públicos é a responsabilidade civil objetiva, constante seus objetivos, sem subordinação hierárquica em
do artigo 37, parágrafo sexto, da Constituição Federal. relação ao órgão ao qual estão vinculadas.
Isso inclui as entidades da administração indireta, A autonomia administrativa encontra respaldo no
inclusive as de personalidade privadas que prestarem princípio da vinculação, que informa a inexistência de
serviço público. Vejamos a literalidade do dispositivo. subordinação, mas a vinculação para fins de controle
finalístico (controle da finalidade da entidade).
Art. 37 [...]
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as Autarquias
de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nes- As autarquias são pessoas jurídicas de direito
sa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o público. Suas finalidades estão ligadas a atividades
direito de regresso contra o responsável nos casos típicas de Estado, como fiscalização. O Decreto-Lei nº
de dolo ou culpa. 200/67 traz a sua definição.

Em termos simples, sempre que as entidades que Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
se enquadrem no conceito acima causarem dano I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
deverão repará-lo. No entanto, como trazido no final personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
do dispositivo, poderão apurar a responsabilidade de para executar atividades típicas da Administração
seus agentes (analisando a culpa ou dolo na conduta) Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamen-
os obrigando a ressarcir os prejuízos tidos pela pessoa to, gestão administrativa e financeira descentralizada.
jurídica em nome da qual atuam.
As exceções a essa regra serão oportunamente Aqui temos um pequeno detalhe que muitas vezes
abordadas em outro ponto no material. é cobrado em prova. Enquanto as demais entidades
A reponsabilidade civil objetiva é aquela em que estudadas hoje têm a criação autorizada por lei, a
autarquia é criada pela própria lei. Veja o dispositi-
não se analisa a culpa ou dolo da conduta, sendo a
vo correlato abaixo, que já traz as duas informações.
reparação devida desde a constatação do dano.
Art. 37 [...]
Imunidade tributária recíproca XIX – somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa
Há uma importante vedação na Constituição Fede- pública, de sociedade de economia mista e de fun-
ral ao poder de tributar. O objetivo é a manutenção dação, cabendo à lei complementar, neste último
e estabilidade do pacto federativo, impedindo que os caso, definir as áreas de sua atuação; 215
Com base no princípio da simetria das formas, a A possibilidade da personalidade jurídica de direi-
sua extinção também deverá ocorrer por meio de lei to público para as fundações encontra respaldo na
específica, em que pese a inexistência expressa desde jurisprudência nacional.
comando. Dentre as características das fundações públicas
Dentre as características das autarquias, devemos de direito privado, destacamos as seguintes.
destacar as seguintes:
z Atos com base no direito privado como regra;
z Atuam sob regime de direito público – sua atua- z Submetidas à Lei de Licitações – Lei nº 8.666/90;
ção prevalecerá sobre o particular; z Seus bens são privados (não possuem as prerroga-
z Presença do poder de império como regra em tivas naturais aos bens públicos).
seus atos;
z Seus bens são públicos, possuindo suas prerro- Empresas Públicas
gativas específicas: inalienabilidade, impenho-
rabilidade e imprescritibilidade (não podem ser As empresas públicas podem atuar tanto na explo-
adquiridos por meio da usucapião); ração de atividades econômicas quanto na presta-
z Prerrogativas típicas de Estado de maneira geral. ção de serviços públicos. Muito importante que você
saiba que seu capital será formado 100 % por capital
Fundações Públicas público, no próximo tópico você entenderá o motivo.
É pessoa jurídica de direito privado, ou seja, em
As fundações públicas são patrimônios personali- regra atuará em igualdade com o particular (diferente-
zados com a finalidade de exercer atividades de inte- mente das autarquias e fundações autárquicas, lembra?).
resse social, não tendo fins lucrativos. A Constituição Federal traz as hipóteses em que
O significado do termo patrimônio personalizado poderão atuar as empresas públicas no caso de explo-
entenderemos pela sua própria origem: a doação de ração de atividade econômica.
um patrimônio por parte do instituidor. Tal definição
consta do nosso CC/02. Art. 173 Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
tituição, a exploração direta de atividade econômi-
Art. 62 Para criar uma fundação, o seu instituidor ca pelo Estado só será permitida quando necessária
fará, por escritura pública ou testamento, dotação aos imperativos da segurança nacional ou a rele-
especial de bens livres, especificando o fim a que vante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la. É importante saber que as empresas públicas e socie-
dades de economia mista não poderão gozar de privi-
Também conforme o CC/02, o Ministério Público légios não extensivos ao setor privado (CF/88, 173, § 2º)
terá a função de fiscalizar seu funcionamento. Vejamos a definição de empresa pública constante
do Decreto-Lei nº 200/67.
Art. 66 Velará pelas fundações o Ministério Público Decreto-Lei nº 200.
do Estado onde situadas.
Art. 5º [...]
A fundação pública poderá ser de direito privado II - Empresa Pública - a entidade dotada de perso-
ou de direito público, conforme a forma pela qual for nalidade jurídica de direito privado, com patrimô-
criada. nio próprio e capital exclusivo da União, criado por
lei para a exploração de atividade econômica que o
z Fundação pública de direito público: por lei Governo seja levado a exercer por força de contin-
gência ou de conveniência administrativa, podendo
específica – conhecidas também por fundações
revestir-se de qualquer das formas admitidas em
autárquicas, terão, além da atividade voltada a
direito.
interesse social, as características associadas no
tópico anterior às autarquias.
Como dito anteriormente, cabe aqui também a inter-
z Fundação pública de direito privado: autorizada
pretação do conceito para os demais entes federados,
por lei e criada pelo registro dos atos constitutivos no
em que pese a citação do dispositivo apenas da União.
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Nesse
Dentre as características das empresas públicas,
caso, sua personalidade será de direito privado.
ressaltamos aqui as seguintes.
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67. Você
z Personalidade de direito privado – sem prerroga-
perceberá que ela se limita à hipótese da personalida-
tivas perante o particular;
de jurídica de direito privado.
z Capital 100 % público – ainda que de mais de um
ente federado;
Art. 5º [...]
z Podem adotar qualquer tipo societário;
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, sem
z Devem observar a Lei das Estatais;
fins lucrativos, criada em virtude de autorização z Seus bens são privados.
legislativa, para o desenvolvimento de atividades
que não exijam execução por órgãos ou entidades Sociedades de Economia Mista
de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos Entidade bastante parecida com as empresas
de direção, e funcionamento custeado por recursos públicas. A principal diferença é a composição do
216 da União e de outras fontes. capital social e a imposição de forma societária.
Enquanto na empresa pública o capital social era 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à gestão
100 % público, aqui a maior parte do capital votante nas organizações da administração pública brasileira,
deverá ser público, podendo o restante ser privado. julgue os próximos itens.
A forma societária será obrigatoriamente socieda- Fundações públicas são entidades dotadas de perso-
de anônima. nalidade jurídica de direito público ligadas à adminis-
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67. tração indireta.
Decreto-Lei nº 200.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Art. 5º [...]
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dota- Como vimos, as fundações públicas podem ter per-
da de personalidade jurídica de direito privado, sonalidade jurídica tanto de direito público, como
criada por lei para a exploração de atividade eco- de direito privado. Resposta: Errado.
nômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria
à União ou a entidade da Administração Indireta.

Dentre as características das sociedades de econo- ATO ADMINISTRATIVO


mia mista, ressaltamos aqui as seguintes.
CONCEITO
z Personalidade de direito privado – sem prerroga-
tivas perante o particular; Podemos entender ato administrativo como uma
z Maioria do capital votante público. manifestação unilateral relevante para o mundo
z Devem adotar o tipo sociedade anônima; jurídico. Por meio deles, a Administração Pública irá
z Devem observar a Lei das Estatais; procurar os efeitos jurídicos ligados aos diversos inte-
z Seus bens são privados. resses públicos que estará buscando, de acordo com
cada situação.

Importante! z Ato administrativo: manifestação unilateral da


Administração Pública com objetivo de atingir o
Enquanto na empresa pública o capital é 100% interesse público por meio de efeitos jurídicos.
público, na sociedade de economia mista impõe-
-se que a maioria do capital votante seja público. Devemos ter em mente que esse conceito deve ser
Não confunda essas informações! entendido como a atuação da Administração Públi-
ca, em regra, por meio de seu poder de império, se
impondo perante o particular.
Consórcio Público de Direito Público Por outro lado, o termo atos da administração
será entendido quando a Administração Pública atua
O aprofundamento nessa espécie foge aos nossos obje- desprovida de seu poder de império, portanto em
tivos. No entanto, devemos entendê-la conceitualmente. igualdade com o particular.
Trazida pela Lei nº 11.107/05, trata-se de pessoa Não confunda atos administrativos com atos da
jurídica criada por entes federados para consecução administração. Os atos administrativos são predomi-
de objetivos comuns. nantemente regidos pelo direito público, enquanto os
Também poderá ser citado como associação públi- atos da administração, predominantemente regidos
ca, autarquia interfederativa ou multifederada. pelo direito privado.

REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

EXERCÍCIOS COMENTADOS São cinco os requisitos ou elementos do ato admi-

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


nistrativo: competência, finalidade, forma, motivo
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à organiza- e objeto. Quando temos a ausência ou algum tipo de
ção administrativa e à administração pública direta e vício sobre um deles, poderemos ter até mesmo a nuli-
indireta, julgue o item a seguir. dade total do ato. Vejamos cada um deles.
Diferentemente das empresas públicas, que podem ser
constituídas sob qualquer forma empresarial admitida Competência
em direito, as sociedades de economia mista somente
podem constituir-se sob a forma de sociedade anônima. É o conjunto de atribuições de determinado agente
público, entidade ou órgão. Para que haja o respeito a
( ) CERTO ( ) ERRADO esse requisito, é necessário que autoridade que prati-
ca o ato esteja respaldada por atos normativos, ainda
As empresas públicas e sociedades de economia que infralegais.
mista têm muito em comum, uma diferença marcan- A competência é irrenunciável, intransferível
te, muito cobrada em provas é a forma societária e imprescritível (não se extingue com o decurso do
sob a qual poderão ser organizar. Conforme dito na tempo). No entanto, a lei permite a delegação e a avo-
questão, as empresas públicas poderão adotar qual- cação. Esta sempre ocorrerá no contexto hierárquico
quer forma societária prevista em lei, enquanto as entre os órgãos envolvidos, o que não se impõe ao ins-
sociedades de economia mista deverão se organizar tituto da delegação, que poderá ocorrer entre órgãos
sob a forma de sociedade anônima. Resposta: Certo. sem subordinação hierárquica. 217
Vejamos agora alguns vícios que podem recair Lei nº 9.784/99
sobre o requisito competência.
Inicialmente temos o usurpador de função. Nesse Art. 22. Os atos do processo administrativo não
caso uma pessoa se passa por agente público, exer- dependem de forma determinada senão quando a
cendo suas atribuições sem ter qualquer ligação com lei expressamente a exigir.
a Administração Pública. Aqui não há possibilidade
No dispositivo podemos perceber o princípio da
de convalidação do ato (conserto, correção), pois ele
informalidade, que não deve ser utilizada para impe-
é inexistente. Tal conduta é crime previsto do artigo
dir ou retardar a prática dos atos pelos interessados
328 do Código Penal. Exemplo: pessoa se finge de fis-
no processo administrativo.
cal para extorquir e aplica multa.
Em seguida, temos o excesso de poder, que ocorre
Motivo
quando a autoridade competente pratica um ato até
previsto no ordenamento jurídico, mas fora de suas Agora vamos ao atributo motivo, que corresponde
atribuições. Tal ato é passível de convalidação, des- aos fundamentos de fato e de direito que respaldam
de que seja realizada pela autoridade que teria com- a execução do ato administrativo. Vamos entender
petência para praticar o ato inicialmente. Exemplo: melhor isso.
superior hierárquico aplica pena de suspensão de 20 Aqui temos duas definições passíveis de serem
dias, quando a lei permitiria apenas 15. cobradas em prova.
Finalmente temos a função de fato. Esse é o caso
em que o agente fora irregularmente investido pela z Motivo de direito: a previsão em lei de hipótese
Administração Pública nas funções que esteja exercen- que irá permitir a execução do ato.
do. Nesse caso os atos praticados deverão ser convali- z Motivo de fato: a ocorrência da hipótese prevista
dados desde que haja boa-fé dos terceiros envolvidos. em lei no mundo real.
Exemplo: servidor empossado em cargo público sem
ter a escolaridade mínima prevista em edital. Para o melhor entendimento, é interessante um
exercício de imaginação. Imagine-se diante do espe-
Finalidade lho. A sua imagem é uma projeção abstrata, enquanto
você é real. Assim são os motivos de fato e de direito.
O ato administrativo sempre terá como finalida- Eles são como o corpo e a imagem. Para que o ato pos-
sa ser praticado, você deve ter tanto a ocorrência na
de atingir o interesse público. No entanto, de acordo
realidade como a sua previsão abstrata em lei.
com o contexto aplicável, teremos uma finalidade
Temos agora uma informação com a qual você
específica àquele ato praticado. Diante disso temos
deve ter muito cuidado: não confunda motivo com
dois conceitos: finalidade geral (mediata) e finalidade
motivação. O motivo fora devidamente abordado aci-
específica (imediata). ma. A motivação é a exposição dos motivos que o res-
paldam quando for praticado o ato.
z Finalidade geral (mediata): satisfação do interesse Vejamos agora o que traz a Lei nº 9.784/99 sobre a
público. motivação de atos administrativos.
z Finalidade específica (imediata): alcance do resul-
tado específico esperado para o ato. Lei nº 9.784/99
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser moti-
O vício que recai sobre finalidade não poderá ser vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
convalidado. Aqui temos duas hipóteses, que vão seguir jurídicos, quando:
a linha dos conceitos de finalidade colocados acima. I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
A finalidade geral poderá ser ferida quando o
sanções;
agente público pratica o ato em interesse próprio.
III - decidam processos administrativos de concur-
Vejamos um exemplo. Caso um superior promova a so ou seleção pública;
remoção de um servidor com base em divergências IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
políticas, o ato foi praticado com o objetivo de atender processo licitatório;
a um interesse particular, não ao interesse público, V - decidam recursos administrativos;
portanto será viciado. VI - decorram de reexame de ofício;
Já a finalidade específica, utilizando uma hipótese VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada
parecida, será ferida quando a remoção de um servi- sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;
dor para um município diferente ocorrer com a fina-
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
lidade de punir o servidor por determinada conduta
convalidação de ato administrativo.
irregular. Nesse caso, ainda que haja motivo para que
o servidor seja punido, a remoção não é prevista como Há a possibilidade da motivação de um ato admi-
punição, mas como instrumento de gestão de pessoal. nistrativo por meio da referência a outro ato ou
processo. É o que a doutrina chama de motivação
Forma aliunde, que significa “a outro lugar”.
Finalmente, importante que você saiba da Teoria
A forma é o modo pelo qual é exteriorizado o ato dos Motivos Determinantes, bastante cobrada em
administrativo. Nesse contexto, importante trazermos provas. Segundo ela, se os motivos apontados no ato
o artigo 22, da Lei nº 9.784/99, Lei do Processo Admi- administrativo forem inválidos, também o será o ato
218 nistrativo Federal. administrativo praticado.
Objeto z Casos expressamente previstos em lei;
z Urgência da situação apresentada / grande possibi-
Por fim, temos o objeto do ato administrativo, que lidade de dano.
será o próprio conteúdo do ato, seu efeito jurídico, a
alteração que ele causa.
Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele
O vício no elemento objeto é insanável.
impõe que os atos administrativos praticados devem
O motivo e o objeto são os elementos que cons-
tituem o mérito administrativo, que é a margem de ser previamente definidos em lei, não cabendo ao
escolha e valoração por parte do agente competente. agente competente para a prática criar atos que não
sejam previamente constantes da lei.
Nesse contexto, o avaliador poderá usar o termo
ato inominado para se referir a atos administrativos
EXERCÍCIO COMENTADO sem prévia previsão em lei.

1. (CESPE-CEBRASPE - 2019) No que se refere a atos


administrativos, julgue o item a seguir:
De acordo com a teoria dos motivos determinantes, a EXERCÍCIO COMENTADO
validade de um ato administrativo vincula-se aos moti-
vos indicados como seus fundamentos, de modo que, se 1. (FCC - 2010) É atributo do ato administrativo, dentre
inexistentes ou falsos os motivos, o ato torna-se nulo. outros,

( ) CERTO ( ) ERRADO a) a competência.


b) a forma.
A teoria dos motivos determinantes impõe que se
c) a finalidade.
os motivos apontados no ato administrativo forem
d) a autoexecutoriedade.
falsos, nulo será o ato. O enunciado está conforme o
enunciado da teoria estudada. Resposta: Certo. e) o objeto.

ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS A autoexecutoriedade é um dos atributos que estuda-


mos no presente tópico. As demais alternativas trazem
Os atos administrativos possuem características elementos do ato administrativo. Resposta: Letra D.
fundamentais para que possam atingir os fins a que
se propõem. Vejamos cada um dos atributos. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Os atos administrativos gozam de presunção de
veracidade e de legitimidade. Em termos simples, São várias as classificações dos atos administrati-
significa que as informações trazidas pelos atos admi- vos. Destacaremos aqui algumas que estão entre as
nistrativos deverão ser tidas como verdadeira (vera- mais cobradas em concursos públicos.
cidade) e conforme a lei (legitimidade) até que haja
prova em contrário. Quantos aos destinatários
Ou seja, uma vez praticado o ato administrativo
ocorre a inversão do ônus da prova, cabendo ao parti-
Os atos podem ser gerais ou individuais.
cular provar eventual impropriedade que ele contenha.
z Atos gerais: os destinatários são indeterminados.
Dica z Atos individuais: seus destinatários são determinados.
A presunção relativa, que estudamos neste
momento, é também conhecida como presunção A classificação não leva em conta o número de des-
juris tantum. Em sentido oposto, a presunção tinatários, mas se eles são determinados ou não.

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


absoluta, não aplicável neste tema, é também
conhecida como presunção jure et de jure. Quanto ao grau de liberdade

Temos também a imperatividade, que é o poder Os atos podem ser discricionários ou vinculados.
da Administração Pública de impor ao particular seus
atos administrativos. É decorrente do poder extrover- z Atos discricionários: possuem margem de valora-
so do Estado, que permitirá a imposição de deveres e ção e escolha para o agente público que o pratica,
obrigações ao particular. conhecida como mérito administrativo.
Importante ressaltar que esse é um atributo que nem z Atos vinculados: há pouca ou nenhuma margem
sempre estará presente nos atos administrativos, pois se
de escolha na prática dos atos administrativos.
mostrará apenas quando impuser condições ao particular.
A autoexecutoriedade é a característica dos atos
Lembrando os elementos dos atos administrati-
administrativos que confere à Administração Pública
a capacidade de executar diretamente seus atos inde- vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto),
pendentemente de recorrer a qualquer outro Poder. destacamos que a diferença nessa classificação que
De forma similar à imperatividade, nem sempre acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles:
estará presente nos atos administrativos. motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são
A autoexecutoriedade poderá se fazer presente em vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis-
duas hipóteses: cricionários, se assim for o ato. 219
Quanto aos efeitos produtivos coercitiva aos administrados, os quais estão obriga-
dos a obedecer-lhes.
Os atos podem ser internos e externos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
z Atos internos: produzem efeitos apenas dentro da
estrutura da administração pública. Nem sempre a Administração Pública atuará pauta-
z Atos externos: impactam os administrados. da na supremacia do interesse público, impondo sua
vontade ao particular. Por vezes poderá atuar em
Destacamos que, uma vez que os atos externos posição de igualdade, o que acontece quando pratica
recairão sobre o cidadão, deverão ser necessariamen- os atos administrativos classificados como de gestão.
te publicados, o que não se aplica aos atos internos. Em oposição, os atos de império serão aqueles em que
estará a presente a supremacia do interesse público
Quanto à manifestação de vontade ou poder extroverso do Estado. Resposta: Certo.

Os atos podem ser simples, complexos ou compostos. ESPÉCIES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

z Atos simples: há uma única manifestação de von- Vejamos agora algumas espécies importantes de
tade, ainda que de um órgão que seja composto atos administrativos.
por mais de um agente público.
z Atos complexos: manifestação de mais de uma z Atos normativos: trazem comandos gerais e abs-
vontade para que haja a produção de efeitos. Só se tratos baseados em leis ou mesmo em outras nor-
aperfeiçoa com a manifestação de todos os agentes mas que nelas tenham se baseado.
competentes. z Atos ordinatórios: têm como destinatários os servi-
z Atos compostos: manifestação de uma única von- dores públicos, tendo como finalidade o bom anda-
tade. No entanto, há necessidade de manifestação mento do serviço.
posterior para que haja produção de efeitos. Tal z Atos negociais: são atos em que o particular bus-
manifestação de vontade é definida pela doutrina ca a anuência (concordância) da Administração
como instrumental. Pública para a prática de determinada atividade.
z Atos punitivos: impõe penalidade aos administra-
Quanto ao objeto dos ou aos servidores.

Os atos poderão ser de império, de gestão ou de


expediente.
EXERCÍCIO COMENTADO
z Atos de império: possuem em si o poder extrover-
so de Estado, impondo ao particular a vontade da 1. (VUNESP - 2017) Resolução do Conselho Federal de
Administração Pública. Biologia, subscrita por seu presidente, e que estabelece
z Atos de gestão: praticados com intuito de gerir o requisitos mínimos para o biólogo atuar em pesquisas,
patrimônio público. projetos, perícias e outras atividades, é ato administrativo:
z Atos de expediente: são atos de mera rotina interna
das repartições, sem conteúdo decisório relevante. a) complexo, porque resulta da conjugação de vontade de
órgãos diferentes.
b) composto, porque espelha a vontade dos Conselhos
Também quanto ao objeto, teremos outra classifi-
Regionais ratificada pela autoridade competente.
cação. Poderão ser constitutivos, extintivos, modifica-
c) concreto, porque regula a atuação dos Conselhos
tivos ou declaratórios.
Regionais.
d) ordinatório, porque disciplina a conduta dos seus
z Atos constitutivos: criam uma nova situação jurí-
agentes.
dica para os seus destinatários.
e) normativo, porque expedido por alta autoridade para
z Atos extintivos: extinguem um direito ou relação
regulamentar competência exclusiva.
jurídica.
z Atos modificativos: modificam situações pré-exis-
Atos normativos são aqueles que trazem normas
tentes sem extinguir direitos ou obrigações.
gerais e abstratas, que procuram regular um tema
z Atos declaratórios: declaram a existência ou situa-
de forma ampla, para todos os sujeitos que com ele
ção jurídica.
possam se envolver ou tratar. Resposta: Letra E.

EXERCÍCIO COMENTADO
AGENTES PÚBLICOS
1. (CESPE-CEBRASPE - 2016) Com relação aos atos admi-
nistrativos e suas classificações, julgue o item seguinte. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
Atos administrativos de gestão são atos praticados
pela administração pública como se fosse pessoa Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello
privada, o que afasta a supremacia que lhe é peculiar são agentes públicos as pessoas que exercem uma
em relação aos administrados. Atos administrativos função pública, ainda que em caráter temporário ou
de império, por sua vez, são aqueles praticados de sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla
220 ofício pelos agentes públicos e impostos de maneira e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que,
dentro da organização da Administração Pública, Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
exercem determinada função pública. são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
o qual comporta diversas espécies, como os agentes tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car-
políticos, os agentes militares, os servidores públi- gos não-vitalícios), bem como o desligamento ocorrer
cos estatutários, os empregados públicos, os agentes apenas mediante sentença condenatória transitada
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura,
cada um deles com maiores detalhes. do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do
Ministério Público.
Agentes políticos Além da estabilidade, é também assegurado aos
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas,
Os agentes políticos possuem como característica vejamos aqui os mais importantes:
principal o fato de exercerem uma função pública de
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante Art. 39. [...]
eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o § 3°, da CF/1988: a) salário mínimo, b) remune-
condão de extinguir a relação destes com o Estado de ração de trabalho noturno superior ao diurno, c)
modo automático pelo simples decurso do tempo. Per- repouso semanal remunerado, d) férias remunera-
cebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Esta- das, e) licença à gestante etc.
do não é profissional, mas estatutária ou institucional.
São agentes políticos os parlamentares, o Presidente da Empregado Público
República, os prefeitos, os governadores, bem como seus
respectivos vices, ministros de Estado e secretários. De modo diferente da contratação dos servidores, os
empregados públicos são contratados mediante regime
Agentes Militares celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de
Os agentes militares constituem uma categoria a uma vinculação contratual. A contratação de emprega-
parte dos demais agentes políticos, uma vez que as ins- dos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
tituições militares possuem fortes bases fundamenta- direito privado integrantes da Administração Indireta
das na hierarquia e na disciplina. Apesar de também (empresas públicas, sociedades de economia mista, con-
apresentarem vinculação estatutária, seu regime jurí- sórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas tam-
dico é disciplinado por legislação especial, e não aquela bém depende da sua aprovação em concurso público.
aplicável aos servidores civis. São agentes militares os O regime dos empregados públicos é menos prote-
membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bom- tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
beiros militares dos Estados, Distrito Federal e Territó- que os empregados públicos não gozam da estabilida-
rios, bem como os demais militares ligados ao Exército, de que os servidores possuem. Ao serem empossados,
Marinha e Aeronáutica. Algumas características que os empregados passam por um período de experiên-
merecem destaque são: a proibição de sindicalização cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
dos militares, a proibição do direito de greve, e a proi- empregados públicos podem ser dispensados.
bição à filiação partidária. A diferença dos empregados públicos para com
os demais consiste no fato de que a sua demissão
Servidores Públicos será sempre motivada, após regular processo admi-
nistrativo, mediante contraditório e a ampla defesa.
De modo geral, podemos dizer que a Constituição Importante lembrar que, para a Administração Públi-
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para ca, a motivação de seus atos, bem como o tratamento
os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
Os servidores públicos são contratados pelo regi- um empregado público seria absolutamente inadmis-
me estatutário, enquanto os empregados públicos são sível nessas condições.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
contratados pelo regime celetista, que muito se asse-
melha às regras contidas na CLT.
Atente-se a esse conceito: Servidor público é o
agente contratado pela Administração Pública, direta
ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
LEGISLAÇÃO PERTINENTE: LEI Nº
nado mediante concurso público, para ocupar cargos 8.112/1990
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
reza estatutária e não-contratual. DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS:
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela
Lei Federal n° 8.112/1990, também conhecida como Conceito, Espécies, Cargo, Emprego e Função Pública
Estatuto do Servidor Público.
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado O regime dos servidores públicos possui ampla pre-
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o visão normativa. Além do renomado artigo 37 da Cons-
fim do período de estágio probatório. Tal alcance per- tituição Federal, no âmbito infraconstitucional temos a
mite que o servidor não seja desligado de suas funções, Lei n° 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos
salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurí-
judicial transitada em julgado, processo administrativo dico dos servidores públicos da União, autarquias, fun-
disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica dações, agências reguladoras e associações, todas em
de desempenho (art. 41, § 1°, da CF/1988). âmbito federal. 221
Dos Cargos Públicos: conceito, investidura na função diretrizes do sistema de carreira na Administração
pública, provimento, vacância Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará-
grafo único, da Lei n° 8.112/1990).
Para todos os efeitos legais, o servidor público está z Readaptação: é, também, uma forma de provimen-
intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Con- to derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição
forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo ao servidor para um cargo com funções e respon-
público é o conjunto de atribuições e responsabilidades sabilidades distintas e compatíveis com a limita-
previstas na estrutura organizacional que devem ser ção que tenha sofrido em sua capacidade física ou
cometidas a um servidor. Os cargos públicos, acessíveis mental, verificada em inspeção médica. Assim, por
a todos os brasileiros, são criados por lei, com denomi- exemplo, um motorista de ônibus que sofre aciden-
nação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, te e acaba perdendo algum membro essencial para
para provimento em caráter efetivo ou em comissão. dirigir poderá ser readaptado para executar uma
A criação, transformação, e extinção de cargos, função similar, mas não idêntica à anterior. Na
empregos ou funções públicas depende sempre de uma hipótese do servidor readaptando se mostrar com-
lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo pletamente inválido para exercer qualquer cargo,
um cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar ele será compulsoriamente aposentado.
mediante expedição de decreto pelo Poder Executivo. z Reversão: outra forma de provimento derivado,
Para ocupar um cargo público, é necessário haver em que temos o retorno à atividade de um servi-
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato dor aposentado por invalidez, ou por puro e sim-
administrativo constitutivo e hábil para a investidu- ples interesse da Administração, desde que
ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos
requisitos para a investidura em cargo público, dis- a) tenha solicitado a reversão;
põe o art. 5° da Lei n° 8.112/1990: b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
São requisitos básicos para investidura em cargo c) estável quando na atividade;
público: d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação;
I - a nacionalidade brasileira; e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servido-
II - o gozo dos direitos políticos; res Públicos).
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais; A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício cargo resultante de sua transformação. Em termos de
do cargo; remuneração, o servidor que retornar à atividade por
V - a idade mínima de dezoito anos; interesse da Administração perceberá a remuneração
VI - aptidão física e mental. do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
sentadoria que recebia (art. 25, § 4°, idem).
Há diversas formas de provimento dos cargos
públicos, podendo ser classificados em dois grupos: z Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
to derivado consistente no retorno de servidor em
z Quanto à durabilidade: O provimento pode ser de disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e até cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em comis- os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei n°
são, quando o referido cargo não goza de estabilida- 8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
de, podendo o servidor ser destituído ad nutum, isso mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
é, de forma unilateral, sem a anuência do servidor. entrar em exercício no prazo legal, salvo comprova-
z Quanto à preexistência de vínculo: temos o provi- da doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
mento originário, que não depende de vinculação z Reintegração: é a forma de provimento derivado
jurídica anterior com o Estado (nomeação); ou deri- que ocorre pela reinvestidura do servidor estável no
vado, se o referido servidor já possuía algum víncu- cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultan-
lo com o Estado (promoção, remoção, readaptação). te de sua transformação, na hipótese de sua demissão
ser invalidada por decisão judicial ou administrati-
O art. 8° da Lei n° 8.112/1990 dispõe sobre as for- va, tendo direito também ao ressarcimento de todas
mas de provimento em cargos públicos: as vantagens (art. 28, caput, Lei n° 8.112/1990).

z Nomeação: trata-se da única forma de provimen- Supondo que, em uma situação anterior, o servi-
to originário, uma vez que não exige uma relação dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
nomeação depende sempre de prévia habilitação ter sido erroneamente acusado de ter praticado
em concurso público de provas, ou de provas e títu- uma transgressão (falaremos das transgressões em
los. Além disso, a nomeação poderá ser promovi- momento posterior). Carlos, então, resolveu ingressar
da não somente em caráter efetivo, como também em juízo e conseguiu comprovar que a sua demissão
para os cargos de confiança ou em comissão (inci- foi injusta. Assim, a decisão judicial (pode ser a admi-
sos I e II, do art. 9° e 10, da Lei n° 8.112/1990) nistrativa também) determinou a invalidação de sua
z Promoção: é uma forma de provimento derivado, demissão. Com isso, ele pode ser reintegrado e voltar
haja vista que ela beneficia somente os servidores a trabalhar para a sua repartição pública.
que já ingressaram em cargos públicos em caráter Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
222 promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2°, idem).
Como estamos buscando salientar, a Administra- chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial
ção não pode ficar criando cargos públicos a esmo, ele terão substitutos indicados no regimento interno ou, no
tem um número certo de cargos e de servidores públi- caso de omissão, previamente designados pelo dirigen-
cos ocupantes desses cargos. Logo, o cargo pertence te máximo do órgão ou entidade.
originalmente a Carlos. Assim, se por exemplo, duran- A substituição é, assim, uma troca de um servidor
te o período que esteve fora o servidor, Márcio estava por outro, aplicável somente para os cargos de comis-
ocupando seu cargo, ele deverá ser ou reconduzido são ou função de direção e chefia, bem como cargos
para o seu cargo de origem, ou se isso não for possível de Natureza Especial. O servidor substituto indica-
(porque esse cargo foi extinto durante esse período), do assume, automaticamente, o exercício do cargo,
ele pode ser aproveitado em outro cargo similar. nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos- regulamentares do titular, bem como na hipótese de
to em disponibilidade vacância do cargo.
Um direito muito importante do servidor substitu-
z Recondução: por fim, a recondução é a forma to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
de provimento derivado consistente no retorno antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
do servidor público estável ao cargo anteriormen- pela remuneração mais vantajosa (art. 38, § 2°).
te ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio Seria injusto o substituto ganhar menos do que
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela recebia antes da substituição.
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da
Lei n° 8.112/1990). Uma situação excepcional é a Acumulação de cargo, emprego e função pública
da extinção do cargo durante o período de estágio
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
n° 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o ser- públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
vidor será exonerado. co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
É o caso do servidor Márcio, já mencionado duran- inclusive, para as entidades da Administração Indi-
te a reintegração do servidor Carlos. A recondução reta. O caput do art. 118 da Lei n° 8.112/1990 dispõe
tem prioridade em relação a pôr o servidor em dis- no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
ponibilidade. Pôr o servidor em disponibilidade é Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
considerada uma última medida, pois o correto é a cargos públicos. Apesar do referido texto legal dispor
Administração fazer com que todos os servidores que sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
contratou trabalhem para ela, ela deve evitar de ter que também possa ser aplicado aos agentes públicos
um quadro cheio de servidores que recebem remu- dos Estados, Municípios, e Distrito Federal.
neração e outros benefícios, mas que ficam “parados” Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
porque não possuem um cargo para ocupar. Constituição Federal dispõe de um rol de casos excep-
Mas a Lei n° 8.112/1990 também faz menção das cionais em que é permitida a acumulação dessas fun-
hipóteses de vacância, isso é, são casos em que temos ções. Há entendimento praticamente unânime de que
a extinção do cargo público: se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas
aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
Art. 33 São formas de vacância dos cargos públicos: Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
I – exoneração; titucionalmente autorizadas são:
II - demissão;
III - promoção; z Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
IV (REVOGADO); z Um cargo de professor com outro técnico ou cien-
V (REVOGADO); tífico (art. 37, XVI, b);
VI - readaptação; z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
VII - aposentadoria; nais na área da saúde (art. 37, XVI, c);
VIII - posse em outro cargo inacumulável; z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego
IX - falecimento. ou função pública (art. 38, III);
z Um cargo de magistrado e outro de magistério (art. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Observe que algumas das hipóteses de vacância são 95, par. único, I);
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre z Um cargo de membro do Ministério Público e outro
porque, como mencionamos, o provimento derivado de magistério (art. 128, § 5°, II, d).
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica
anterior entre o servidor e a Administração Pública. Das prerrogativas, dos Direitos, vantagens e
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder autorizações dos servidores públicos
Público necessita extinguir um cargo público (uma
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. Prerrogativa é qualquer situação de vantagem
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci- obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
mentos é a exoneração. Nas linhas do artigo 35, a exo- No caso dos agentes públicos, existem algumas prer-
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, rogativas que são comuns para todo e qualquer car-
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- go público, e existem algumas prerrogativas que são
lizada quando não satisfeitas as condições do estágio mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos.
probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de
A substituição encontra-se disposta no artigo 38 natureza política.
do Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os ser- No momento, é importante focar nas prerrogativas
vidores investidos em cargo ou função de direção ou que se aplicam para todos os servidores públicos, que 223
ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande (art. 128, § 5°, a), e os cargos ocupados pelos membros
prerrogativa diz respeito à estabilidade. do Tribunal de Contas da União ou TCU (art. 73, § 3°).
A estabilidade é a condição que o servidor público A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que
atinge após completar alguns requisitos. O seu princi- a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses
pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor cargos vitalícios, ela somente pode ser exonerada median-
público não pode ser demitido por razões de conve- te sentença judicial transitada em julgado. Essa é a única
niência ou oportunidade pela Administração. Ela não hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante
pode demitir o servidor estável “porque não quer uma prerrogativa maior do que apenas a estabilidade.
mais” trabalhar com ele. Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
Segundo o artigo 21 do Estatuto dos Servidores aspecto relativo ao Regime de Previdência, é tam-
Públicos Civis da União, uma vez que o servidor seja bém considerada como uma forma de exoneração
habilitado em concurso público e empossado em cargo a aposentadoria compulsória, isso é, a concessão do
de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço referido benefício previdenciário quando o servidor
público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. estável ou vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos
Interessante observar que a Constituição Federal de idade. A diferença é que, no caso da aposentadoria
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida- compulsória, o servidor para de trabalhar, mas con-
de em seu artigo 41. Todavia, os requisitos são distin- tinua recebendo uma “remuneração”, chamada de
tos: para o Texto Constitucional, o servidor público só provento.
adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de A Lei n° 8.112/1990, em seus artigos 40 e 41, elen-
efetivo exercício. ca diversos direitos e gratificações aos servidores
Isso não significa que, uma vez o servidor estando públicos, os quais são de grande importância conhe-
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não cer. Vejamos os principais direitos:
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
o conteúdo do artigo 22 da Lei n° 8.112/1990: O servidor assim como o salário está para o empregado. Con-
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judi- siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
cial transitada em julgado ou de processo administrati-
cargo público, cujo valor é previamente fixado
vo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre-
regra, irredutíveis.
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi-
z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
dor estável. São elas:
to do cargo, somado a todas as outras vantagens
pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
z Por sentença judicial transitada em julgado: é
pago ao servidor público, independentemente de
a forma mais demorada para se demitir um servi-
sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis-
te (art. 39, § 3°, da CF/1988).
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da
sentença somente ocorre quando esgotados todos
O artigo 39 da Constituição Federal apresenta algu-
os recursos cabíveis.
mas regras gerais sobre o regime dos servidores públi-
z Mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes cos. Dentre as regras constitucionais, o §1° do referido
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) dispositivo prevê que a fixação dos padrões de ven-
serão vistas mais adiante. cimento e dos demais componentes do sistema
z Mediante procedimento de avaliação periódica remuneratório observará três aspectos: a natureza,
de desempenho, na forma de lei complementar, o grau de responsabilidade e a complexidade dos car-
assegurada ampla defesa: quem não for aprovado gos componentes de cada carreira; os requisitos para
na avaliação periódica de desempenho, pode ser a investidura; e também as peculiaridades dos cargos.
exonerado de seu cargo público, independentemen-
te de ter completado o período de efetivo exercício. z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses cial de remuneração, feita em uma única parcela.
1 a 3 estão previstas nos incisos do artigo 41. Toda- O regime de subsídios, previsto no art. 39, § 4°, da
via, essa última hipótese encontra-se disposta no CF/1988, foi introduzido com a finalidade de coibir
artigo 169, § 3°, II da CF/1988. Sob o aspecto orça- os “supersalários” comumente existentes no regi-
mentário e financeiro, não pode a Administração me de servidores públicos brasileiros. Importante
Pública realizar gastos superiores àqueles previs- ressaltar que recebem por subsídios somente os
tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a Chefes do Poder Executivo, parlamentares, magis-
necessidade, é possível, sim, que um servidor está- trados, ministros de Estado, secretários estaduais,
vel seja exonerado de seu cargo, apenas por moti- membros do Ministério Público e da Advocacia
vos de “balancear” as contas públicas. Pública, entre outros.
z Indenizações: as indenizações são valores pagos
Outra prerrogativa que merece maior destaque é aos servidores, mas que não integram seus ven-
a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com cimentos. O Estatuto prevê algumas hipóteses de
a estabilidade, mas não pode ser confundida com a recebimento de indenizações:
mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer z Ajuda de custo por mudança, devida como forma
servidor: ela é somente concedida para alguns cargos de compensar as despesas de instalação de servi-
públicos especiais. dor que tiver exercício em nova sede, ocorrendo
São considerados cargos vitalícios, segundo a pró- mudança de seu domicílio;
pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura z Ajuda de custo por falecimento: devido à família
224 (art. 95, inciso I), os membros do Ministério Público do servidor que vier a falecer na nova sede, sendo
devido para custear o transporte para a localidade I – para servir a outro órgão ou entidade;
de origem; II – para exercício de mandato eletivo;
z Diárias por deslocamento: devida ao servidor III – para estudos ou missões no exterior;
que se afastar, por motivos de serviço, da sede em IV – para participação em programa de pós-gra-
caráter transitório, para outro local dentro ou fora duação stricto sensu dentro do País.
do país, receberá tal indenização como forma de
ajuda no custeio do processo de mudança; Para compreender melhor a diferença entre licen-
z Auxílio-moradia: trata-se de ressarcimento das ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa.
despesas comprovadamente realizadas pelo servi-
dor com aluguel de moradia ou com hospedagem LICENÇA AFASTAMENTO
realizado por algum hotel, dependendo do preen-
chimento de alguns requisitos, como não ter um Finalidade é de interesse ex- Finalidade é de interesse
clusivo do agente público. do agente e da Adminis-
imóvel funcional disponível para uso, seu cônju-
tração Pública.
ge não ser ocupante de imóvel funcional, ou que
nenhuma outra pessoa que resida com o servidor Ex: doença do cônjuge/mem- Ex: realização de especia-
receba a mesma indenização etc. bro da família; para exercer lização; realização de mis-
z Gratificações, Adicionais e Retribuições: O art. atividade política; para tratar são no exterior; para servir
61 do Estatuto dos Servidores Públicos também de interesses particulares. a outro órgão/entidade.
prevê o pagamento das seguintes gratificações: I
- retribuição pelo exercício de função de direção, Possui prazos mais cur- Possui prazos mais lon-
chefia e assessoramento; II - gratificação natalina; tos (dias, semanas). gos (meses, anos).
IV - adicional pelo exercício de atividades insa-
lubres, perigosas ou penosas; V - adicional pela Uma questão que costuma cair com bastante fre-
prestação de serviço extraordinário; VI - adicional quência nas provas de concurso público é sobre a
noturno; VII - adicional de férias; VIII - outros, rela- remuneração de servidor afastado para exercício de
tivos ao local ou à natureza do trabalho; IX - gratifi- mandato eletivo (artigo 94, Lei n° 8.112/1990). A regra
cação por encargo de curso ou concurso. geral é que, para exercer um mandato eletivo, o ser-
vidor deve se afastar do cargo e deixar de receber a
O servidor, em relação às férias, fará jus a trinta remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de exercí-
dias de licença para cada 12 meses de serviço, que cio de mandato de Prefeito, o servidor afastar pode-
podem ser acumuladas, até o máximo de dois perío- rá optar, dentre as duas remunerações, por aquela
dos, no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei n° que lhe for mais vantajosa (valores maiores, mais
8.112/1990). Poderão ser parceladas em até três perío- benefícios etc.). Outro aspecto importante: no caso de
dos, desde que assim requeridas pelo servidor, e no mandato de Vereador, o servidor poderá exercer os
interesse da administração pública, na forma do § 3° dois cargos e receber ambas as remunerações, des-
do mesmo dispositivo legal. de que comprovada a compatibilidade de horários
As licenças são uma espécie de afastamento com (atua como Vereador de dia e como agente público de
algumas características próprias. Estão dispostas nos noite, e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos
artigos 81 e seguintes da Lei dos Servidores Públicos dois cargos, o Vereador pode optar pela remuneração
Federais. Conceder-se-á licença ao servidor: mais vantajosa, igual ao Prefeito. Isso é assim porque,
muitas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereado-
I - por motivo de doença em pessoa da família;
res de pequenos Municípios costuma ser menor do que
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
companheiro;
III - para o serviço militar; facilmente se locomover de um ambiente de trabalho
IV - para atividade política; para outro nesse Municípios de porte menor.
V - para capacitação;
VI - para tratar de interesses particulares; Do Regime Previdenciário (RPPS)

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


VII - para desempenho de mandato classista.
Servidor público não é empregado. Por isso, não se
Apesar de haver previsão para concessão de licen- aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipóte- também como RGPS. Os servidores possuem um regi-
se acabou sendo revogada pela Lei n° 9.527/1997. As me próprio denominado Regime Próprio de Previdên-
licenças, como se depreende, são hipóteses de desli- cia dos Servidores (ou RPPS).
gamento temporário do servidor com o seu respectivo Esse regime tem suas políticas elaboradas e execu-
cargo, havendo uma expectativa para o seu retorno. tadas pela Secretaria de Previdência do Ministério da
As licenças poderão ser concedidas com ou sem remu- Fazenda. Neste Regime, é compulsório para o servidor
neração, a depender de cada situação. público do ente federativo que o tenha instituído, com
Os afastamentos, que não se confundem com as teto e subtetos definidos pela Emenda Constitucional
licenças, são hipóteses em que há um desligamento n° 41/2003.
permanente do servidor com o seu cargo, e, em regra, Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam-
o seu prazo para retorno é bem maior, o que torna bém possui dispositivos previstos em seu Estatuto.
menos provável a sua chance de retorno. Além disso, Segundo o artigo 184 da Lei n° 8.112/1990, o Plano
quem tem interesse no afastamento do servidor são de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a
ambos o servidor e a própria Administração Pública. que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreen-
Estão previstos nos artigos 93 e seguintes da Lei n° de um conjunto de benefícios e ações que atendam às
8.666/1990. São quatro hipóteses: seguintes finalidades: 225
I - garantir meios de subsistência nos eventos de anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cin-
doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina- co) se mulher, com proventos proporcionais a esse
tividade, falecimento e reclusão; tempo; aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com pro-
III - assistência à saúde. ventos proporcionais ao tempo de serviço.

De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é


garantido os seguintes benefícios previdenciários:
Importante!
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Consti- Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
tuição Federal quanto na Lei n° 8.112/1990. O Regi- nal n° 103/2019, as regras para a aposentadoria
me Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS)
voluntária dos agentes públicos sofreram algu-
também sofreu alterações na chamada “reforma
mas alterações. As chances de uma questão
da previdência”, promulgada pela Emenda Cons-
sobre essas novas regras caírem em uma prova
titucional n° 103/2019. Com isso, temos dois textos
normativos que, até o presente momento, dispõem no momento são pequenas, mas é importante
sobre a aposentadoria. se prevenir. Existem também regras de transição
mais específicas, as quais devem ser conhecidas
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor pelo candidato, ao menos um pouco. Por isso,
será aposentado: uma leitura da emenda constitucional 103/2019,
na íntegra, é altamente recomendada.
z Por incapacidade permanente para o trabalho,
no cargo em que estiver investido, quando insus-
z Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natalida-
cetível de readaptação. O Texto Constitucional
de é devido à servidora por motivo de nascimento
explicita que será obrigatória a realização de ava-
de filho, em quantia equivalente ao menor ven-
liações periódicas para verificação da continuida-
cimento do serviço público, inclusive no caso de
de das condições que ensejaram a concessão da
natimorto.
aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente
z Salário-Família (art. 197): o salário-família é
federativo.
devido ao servidor segundo o número de depen-
z Compulsoriamente, com proventos proporcionais
dentes econômicos deste. Para todos os efeitos, são
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
considerados dependentes econômicos, na forma
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade,
do artigo 197, parágrafo único:
na forma de lei complementar n° 152/2015. Essa
Lei complementar dispõe sobre a aposentadoria
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
compulsória com proventos proporcionais, sendo
os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
aplicável aos servidores ocupantes de cargos públi- estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
cos da União, Estados, Municípios, Distrito Federal do, de qualquer idade;
e suas autarquias e fundações; aos membros do II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
Poder Judiciário; aos membros do Ministério Públi- te autorização judicial, viver na companhia e às
co; e aos membros da Defensoria Pública. expensas do servidor, ou do inativo;
z Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 III - a mãe e o pai sem economia própria.
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no z Licença para tratamento de saúde (art. 202),
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- essa licença dependente de perícia médica, sem
cípios, na idade mínima estabelecida mediante prejuízo da remuneração a que fizer jus. O servi-
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- dor precisa comprovar que realmente está doente
nicas, observados o tempo de contribuição e os e não pode trabalhar.
demais requisitos estabelecidos em lei comple- z Licença à gestante, à adotante e licença-pater-
mentar do respectivo ente federativo. nidade (art. 207): a licença à gestante/adotante/
paternidade será concedida por prazo não supe-
Com base na Lei n° 8.666/1990 (art. 186), ao servi- rior a 120 dias, sem prejuízo da remuneração.
dor federal poderá ser concedido aposentadoria: Todavia, a servidora gestante poderá prorrogar
esse prazo, desde que o requeira até o final do pri-
z Aposentadoria por invalidez permanente; sendo os meiro mês após o parto, e terá duração de sessenta
proventos integrais quando decorrente de acidente dias. Trata-se de uma inovação trazida pelo Decre-
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, to n° 6.690/2008
contagiosa ou incurável, especificada em lei, e propor- z Licença por acidente em serviço (art. 211): o
cionais nos demais casos; Estatuto considera como acidente em serviço o
z Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
idade, com proventos proporcionais ao tempo de ser- relacione, mediata ou imediatamente, com as atri-
viço; ou ainda buições do cargo exercido.
z Aposentadoria voluntária, de acordo com os z Pensão por morte (art. 215): esse é um dos raros
seguintes critérios de idade e de contribuições: aos benefícios que não é devido ao servidor (por moti-
35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos vos óbvios), mas a seus dependentes, incluindo
30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; aos nesse grupo o cônjuge, o cônjuge divorciado ou
30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções separado judicialmente ou de fato; o companhei-
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se ro ou companheira que comprove união está-
226 professora, com proventos integrais; aos 30 (trinta) vel como entidade familiar; ou ainda ao filho de
qualquer condição, ou seja, todos os entes equipa- III - recusar fé a documentos públicos;
rados a filho (enteado, menor tutelado), desde que IV - opor resistência injustificada ao andamento de
preencha as seguintes condições: a) seja menor de documento e processo ou execução de serviço;
21 (vinte e um) anos; b) seja inválido; c) tenha defi- V - promover manifestação de apreço ou desapreço
ciência grave; ou ainda d) tenha deficiência inte- no recinto da repartição;
lectual ou mental. VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
z Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício tam- dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
buição que seja de sua responsabilidade ou de seu
bém devido aos dependentes do servidor, cujo
subordinado;
valor poderá ser:
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
I - dois terços da remuneração, quando afastado
a partido político;
por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva,
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
determinada pela autoridade competente, enquan-
ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
to perdurar a prisão;
parente até o segundo grau civil;
II - metade da remuneração, durante o afastamen-
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
to, em virtude de condenação, por sentença defini-
ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
tiva, a pena que não determine a perda de cargo.
ção pública;
X - participar de gerência ou administração de
Dos Deveres e Responsabilidades dos Servidores sociedade privada, personificada ou não personifi-
Públicos cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
Apesar da grande quantidade de direitos e vanta- XI - atuar, como procurador ou intermediário,
gens, o Estatuto dos Servidores Públicos também atri- junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
bui aos mesmos diversos deveres, com base no regime tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a ins- de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
tauração de processo disciplinar para a apuração de companheiro;
infrações funcionais. XII - receber propina, comissão, presente ou van-
Nos termos do artigo 116 da Lei n° 8.112/1990: tagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
Art. 116 São deveres do servidor: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do do estrangeiro;
cargo XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
II - ser leal às instituições a que servir; XV - proceder de forma desidiosa;
III - observar as normas legais e regulamentares; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando repartição em serviços ou atividades particulares;
manifestamente ilegais; XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
V - atender com presteza; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
a) ao público em geral, prestando as informações emergência e transitórias;
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
b) à expedição de certidões requeridas para defesa incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
de direito ou esclarecimento de situações de inte- com o horário de trabalho;
resse pessoal; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; quando solicitado.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
superior ou, quando houver suspeita de envolvi- vidores públicos, o art. 121 da Lei n° 8.112/1990 é bas-
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade tante claro ao dispor que “O servidor responde civil,
competente para apuração; penal e administrativamente pelo exercício irregular
VII - zelar pela economia do material e a conserva- de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
ção do patrimônio público; conduta praticada pelo referido servidor pode ense-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; jar em responsabilização em três esferas distintas. A
IX - manter conduta compatível com a moralidade responsabilidade civil do servidor público decorre
administrativa;
da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
capazes de causar danos materiais ao erário (patrimô-
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou nio público), ou a terceiros.
abuso de poder. A responsabilidade penal do servidor tem seu
fundamento na apuração de uma conduta criminal,
Ao mesmo tempo, o artigo 117 da mesma Lei isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
impõe aos servidores públicos diversas proibições. ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade
Trata-se de uma matéria que exige grande capacidade penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma
de memorização, ainda que não necessite de um alon- vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto
gamento muito detalhado. pela condenação do servidor condenado, como pela
sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela
Art. 117 Ao servidor é proibido: negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem apenas exceções.
prévia autorização do chefe imediato; A responsabilidade administrativa, por outro
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade lado, consiste na instauração de processo disciplinar
competente, qualquer documento ou objeto da (art. 116 e seguintes, Lei n° 8.112/1990), pelo qual have-
repartição; rá a verificação da conduta delituosa do agente, bem 227
como a aplicação da pena mais adequada. Imprescin- trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
dível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
servidor público pressupõe um processo administra-
tivo, sendo assegurado ao acusado direito ao contra- Do Processo Administrativo Disciplinar: conceito,
ditório e à ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive, princípios, fases e modalidades
a presença do advogado em todas as fases do referido
processo (Súmula n° 343 do STJ). Todavia, tal entendi- O processo administrativo é o instrumento desti-
mento vem sofrendo alterações, pois o STF já reconhe- nado a apurar as responsabilidades do servidor por
ceu em Súmula Vinculante n° 5 entendimento de que infração praticada no exercício de suas atribuições ou
a falta de defesa técnica no processo administrativo relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
disciplinar não é inconstitucional. rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
Em relação às penalidades administrativas apli- A sindicância é definida como uma averiguação
cáveis aos servidores públicos, a Lei n° 8.112/1990 sumária promovida no intuito de obter informações
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: ou esclarecimentos necessários à determinação do
verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
por escrito para o servidor que cometer atos como: sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
fé a documento público; retirar qualquer docu- ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
mento da repartição sem a devida autorização; e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou Segundo o artigo 145, da sindicância poderá resul-
parente até o segundo grau; entre outros. tar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trin-
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- ta) dias;III - instauração de processo disciplinar.
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a Como forma de impedir que o servidor venha
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser interferir de forma negativa durante a investigação
aplicada por prazo maior a noventa dias. da apuração de sua conduta, estabelece o artigo 147
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- o afastamento preventivo do mesmo: Como medida
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- cautelar e a fim de que o servidor público não venha
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
aplicada nos casos em que o servidor: cometer atribuída, a autoridade instauradora do processo
crime contra a administração pública; abandonar administrativo-disciplinar, verificando a existência de
seu cargo; improbidade administrativa; praticar veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
conduta escandalosa na repartição; ofender fisica- nar o seu afastamento do exercício do cargo.
mente, em serviço, outro servidor; revelar segre- Uma vez encerrada a sindicância e, constatado uma
do o qual obteve devido a sua função; corrupção; conduta irregular, temos o início do processo admi-
receber propina, comissão, ou outra vantagem de nistrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segundo o
qualquer espécie em razão de suas atribuições; artigo 148, o processo administrativo ordinário é
etc. Muitas dessas hipóteses impedem que o infra- o instrumento destinado a apurar responsabilidade do
tor retorne ao serviço público federal, por isso tra- servidor público pela infração praticada no exercício de
tar-se de uma das penalidades mais gravosas. suas atribuições ou que tenha relação com as atribui-
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- ções do cargo em que se encontre investido.
lidade: o servidor inativo que houver praticado Segundo o artigo 149, o processo será conduzido
falta punível com a demissão, terá a sua aposenta- por Comissão composta de três servidores estáveis
doria, ou sua disponibilidade cassada. designados pela autoridade competente, observado o
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função
disposto no § 3° do art. 143, que indicará, dentre eles,
Comissionada: caso o servidor ocupante de car-
o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
pena de suspensão e demissão, poderá perder o
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
seu cargo de confiança ou função comissionada.
Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces-
so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”.
Por fim, é importante ressaltar que ao servidor é
A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela
conferido direito de petição, na forma do artigo 104 e
fica encarregada de realizar um relatório contendo
seguintes da Lei n° 8.666/1990, para requerer direitos e
todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente
interesses próprios em face do Poder Público. O reque-
investigados. Ao todo, são três as fases do processo
rimento será dirigido à autoridade competente para
administrativo disciplinar (art. 151):
decidi-lo e na sequência encaminhado por intermé-
dio daquela a qual o servidor estiver imediatamente
I - instauração, com a publicação do ato que cons-
subordinado. Deve ser respeitado o princípio do con-
tituir a comissão;
traditório e da ampla defesa, dando espaço para que II - inquérito administrativo, que compreende ins-
tanto o servidor público como o Estado possam impug- trução, defesa e relatório;
nar todos os pontos do requerimento, apresentar sua III - julgamento.
defesa técnica escrita, e interpor recursos (art. 107, Lei Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promo-
n° 8.666/1990) das decisões que lhe prejudicarem. verá a tomada de depoimentos, acareações, investi-
O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos, gações e diligências cabíveis, objetivando a coleta
quanto aos atos de demissão e de cassação de apo- de prova, recorrendo, quando necessário, a técni-
sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes- cos e peritos, de modo a permitir a completa eluci-
228 se patrimonial e créditos resultantes das relações de dação dos fatos.
O inquérito administrativo é a fase em que temos a A fase do julgamento tem início com o recebimento
apuração da responsabilidade disciplinar do servidor do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
público. Ela compreende a fase instrutória (colheita dias (art. 167) para decidir se acata o relatório ou não.
de provas), a citação e apresentação da defesa do ser- O artigo 168, caput e Parágrafo Único, dispõe,
vidor que está sendo acusado, além da produção de de modo geral, que a autoridade julgadora não está
um documento chamado relatório. subordinada ao que foi dito no relatório da Comissão.
Importante o conteúdo do artigo 156, ao dispor que O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
quando contrário às provas dos autos. Quando o rela-
Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de tório da comissão contrariar as provas dos autos, a
acompanhar o processo pessoalmente ou por inter- autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu- a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servi-
nhas, produzir provas e contraprovas e formular dor de responsabilidade.
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Art. 172 O servidor que responder a processo
Esse artigo 156 trata de um conteúdo muito impor- disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou
tante, por ser a respeito do direito de defesa do servi- aposentado voluntariamente, após a conclusão
dor público. Não é porque não estamos num processo do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
judicial (com a figura de um membro do Poder Judi- so aplicada. Ocorrida a exoneração de que trata o
ciário) que não devem ser aplicados os princípios parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será con-
mais básicos e fundamentais do mesmo. É cabível no vertido em demissão, se for o caso.
processo administrativo o respeito ao contraditório e
ampla defesa, a disparidade de armas, o direito de ter A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão
ciência e conhecimento do processo, o direito de ser do procedimento administrativo de que resultou sanção
representado por autoridade competente etc. disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias
A seguir temos alguns meios de prova que são que possam justificar a inocência do requerente, men-
admitidos no processo administrativo. São muito cionados ou não no procedimento original (art. 174).
parecidos, praticamente os mesmos meios de prova A revisão é uma de defesa utilizada pelo acusado
admitidos em processo judicial. ou seu representante, para que a autoridade possa
As testemunhas estão dispostas no artigo 157, e realizar um novo julgamento do PAD, porque apare-
serão intimadas a depor mediante mandado expedido ceu um fato ou circunstância nova que comprovem a
pelo presidente da comissão, devendo a segunda via, inocência do requerente.
com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. A revisão de que trata este artigo poderá ser requeri-
Quem chama as testemunhas para colher seus respec- da em caso de falecimento, ausência ou desaparecimen-
tivos depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos to do servidor público, por qualquer pessoa da família;
os meios de prova é a Comissão e não a autoridade jul- ou ainda em caso de incapacidade mental do servidor
gadora. Esta somente vai atuar no PAD quando todo o público, pelo respectivo curador (art. 174, §§ 1° e 2°).
trabalho da Comissão tiver encerrado. No processo revisional, o ônus da prova recai sem-
Se a testemunha for servidor público, a expedição pre ao requerente, correndo em apenso ao processo
do mandado tem que ser imediatamente comunicada original (arts. 175 e 178).
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para
dia e hora marcados para inquirição. (art. 157, parágra- a conclusão dos trabalhos de revisão. O prazo para
fo único). O servidor não pode se ausentar de seu servi- julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do rece-
ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto. bimento do processo, no curso do qual a autoridade
Concluída a inquirição das testemunhas, a comis- julgadora poderá determinar diligências (art. 181,
são promoverá o interrogatório do acusado, obser- parágrafo único).
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e Lembrando que, se da revisão do processo resultar
158. No caso de mais de um acusado, cada um deles a inocência do servidor, ele tem direito de ser reinte-
será ouvido separadamente e, sempre que divergirem grado ao cargo que antigamente ocupava.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, A revisão do processo não admite a reformatio in
será promovida a acareação entre eles. pejus, o que significa que não poderá resultar agravamen-
A citação do indiciado está disposta no artigo 161. to da penalidade já aplicada (art. 182, parágrafo único).
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
indiciação do servidor, com a especificação dos fatos
a ele imputados e das respectivas provas. O indiciado
será citado por mandado expedido pelo presidente da EXERCÍCIOS COMENTADOS
comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
10 (dez) dias, sendo assegurado dar vista do processo 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Se um servidor em dis-
na repartição, isso é, olhar página por página, parágra- ponibilidade reingressa no serviço público, em cargo
fo por parágrafo, tudo o que já foi produzido no PAD. de natureza e padrão de vencimento correspondentes
Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- ao que ocupava, então, nesse caso, ocorre o que se
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. denomina
A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
cesso e devolverá o prazo para a defesa. a) redistribuição.
Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela- b) aproveitamento.
borará um relatório de tudo que foi constado no pro- c) readaptação.
cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será d) recondução.
encaminhado para a autoridade julgadora. e) remoção. 229
A letra A está errada, redistribuição é o desloca- Poder vinculado
mento de cargo de provimento efetivo (que já está
em serviço), ocupado ou vago no âmbito do qua- O poder vinculado se exterioriza quando a Adminis-
dro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade tração Pública deve se manifestar diante de determina-
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão da situação. Aqui não haverá margem de escolha para o
central do SIPEC. A letra C está errada, pois rea- agente competente. Em outros termos, o mérito adminis-
daptação é a investidura do servidor em cargo de trativo (margem de escolha) é reduzido ou inexistente.
atribuições e responsabilidades compatíveis com
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade Poder discricionário
física ou mental verificada em inspeção médica. A
letra D está errada, a recondução é o retorno do Em oposição às características do poder vinculado,
servidor estável para o mesmo cargo anteriormen- aqui a manifestação da Administração Pública terá
te ocupado, que ocorre geralmente por inabilitação margem de escolha, portanto teremos a manifestação
em estágio probatório relativo a outro cargo, ou por do mérito administrativo. Dentro das possibilidades
reintegração do anterior ocupante. A letra E está colocadas pela lei ou ato normativo aplicável, haverá
errada, a remoção é o deslocamento do servidor que margem de escolha para o agente competente.
se encontra em serviço, a pedido deste ou de ofício,
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança
z Poder discricionário: há margem de escolha para a
de sede. Resposta: Letra B.
atuação da Administração Pública;
z Poder vinculado: há pouca ou nenhuma margem de
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de administração
escolha para a atuação da Administração Pública.
de cargos, carreiras e salários, julgue o item a seguir.
Na administração pública, a remuneração abrange o
ressarcimento por dispêndios havidos pelo servidor Dica
em razão da execução de atividades laborais.
Você deve estar lembrando aqui dos atos admi-
( ) CERTO ( ) ERRADO
nistrativos. O mérito administrativo sobre o qual
falamos lá é exatamente o que vemos aqui. Lá
A remuneração do servidor público pode ser aufe- aprendemos que o mérito administrativo, no ato
rida pela conjunção de seus vencimentos, mais as administrativo, se manifestará nos elementos
suas vantagens. O ressarcimento por dispêndios motivo e objeto.
havidos pela execução de suas atividades laborais
são as indenizações (ajuda de custo, diárias, auxí-
lio-moradia etc.), que não integram a remuneração
do servidor público. Resposta: Errado. EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE - 2018) Julgue o item subsecuti-
vo, a respeito dos poderes da administração pública.
PODERES ADMINISTRATIVOS Poder discricionário corresponde à prerrogativa do
gestor público de avaliar a conveniência e a oportuni-
HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR, REGULAMENTAR E DE dade de praticar determinado ato administrativo.
POLÍCIA
( ) CERTO ( ) ERRADO
Noções introdutórias
O poder discricionário do agente público é aquele
A Administração Pública tem vários objetivos a em que há maior margem de escolha para sua atua-
cumprir, sempre buscando o interesse público, sob ção. Os termos conveniência e oportunidade serão
diversas formas diferentes. Para o alcance desses comuns quando da sua descrição. Resposta: Certo.
objetivos, lançará mão de instrumentos. Os atos admi-
nistrativos são, sem dúvida, um desses instrumentos. Poder hierárquico
No assunto de hoje veremos uma outra forma
de entender como a Administração Pública causa Por meio do poder hierárquico, a Administração
mudanças no mundo real. Os poderes administrativos Pública se organiza, atribuindo as competências e
instrumentos dotados de prerrogativas, para que a responsabilidades a seus órgãos e agentes da melhor
Administração Pública possa executar determinadas maneira possível.
tarefas. Não são absolutos, pois encontram limitações Esse poder se manifesta não só na possibilidade de
nos direitos dos particulares. Por outro lado, são mar- organização, como também por meio da hierarquiza-
cados pela irrenunciabilidade e pela obrigatorieda-
ção das estruturas, permitindo a imposição de diretri-
de de exercício.
zes, ordens e revisão de trabalhos dentro da cadeia de
Uma vez que eles são de exercício obrigatório, a
subordinação.
doutrina vê esse poder como um poder-dever. Pois,
Devemos, no entanto, nos lembrar que esse poder
ao mesmo tempo em que há neles possibilidades de
imposição perante o particular, há também a impo- não será absoluto, devendo o agente público que even-
sição ao agente público competente do seu exercício tualmente receber ordem ilegal se recusar a cumpri-la.
para que seja alcançado o interesse público. No estatuto dos servidores civis federais temos, espe-
Passemos agora a conhecer os diferentes poderes cificamente no artigo 116, a previsão da desnecessidade
230 administrativos. do cumprimento de ordem manifestamente ilegal.
Lei nº 8.112/90.
Art. 116 São deveres do servidor: EXERCÍCIO COMENTADO
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
1. (CESPE-CEBRASPE - 2019) Aplicação de multa a
manifestamente ilegais;
sociedade empresária em razão de descumprimento
de contrato administrativo celebrado por dispensa de
Os superiores hierárquicos têm a possibilidade de
licitação constitui manifestação do poder
delegar determinadas atribuições aos subordinados,
quando assim julgar conveniente. a) de polícia.
Nesse contexto, temos algumas atribuições que b) disciplinar.
não podem ser delegadas. São elas as seguintes: c) hierárquico.
d) regulamentar.
z Atribuição de um Poder político para outro (salvo e) vinculante.
quando previsto na CF/88);
z Atribuições previstas em lei como exclusivas; Devemos nos lembrar que uma característica mar-
z Atribuições de natureza política. cante do poder disciplinar é a existência prévia de
vinculação entre o sancionado e a Administração
Especificamente na esfera federal, com base na Lei Pública. O enunciado descreve uma manifestação do
nº 9.784/99, temos algumas outras limitações para a poder disciplinar, pois há um vínculo entre a Admi-
nistração Pública e o sancionado. Resposta: Letra B.
possibilidade de delegação. Vejamos.
Poder regulamentar
z Atos de caráter normativo;
z Decisão de recurso administrativo; O poder regulamentar é aquele por meio do qual
z Matéria de competência exclusiva. as autoridades do Poder Executivo expedem regula-
mentos para o cumprimento das leis.
Poderá ocorrer também a avocação, que é trazer Esse poder regulamentar tem como objetivo dar
para si atribuições do subordinado, sempre em cará- maior concretude às normas constantes das leis, ema-
ter temporário. nando diretrizes específicas e detalhadas para seu
melhor cumprimento.
É importante ter em mente que não há, em regra, a
possibilidade de inovação, mas apenas de pormenoriza-
EXERCÍCIO COMENTADO ção e detalhamento dos comandos constantes das leis.
Nesse contexto, é importante conhecermos três
1. (CESPE-CEBRASPE - 2019) Acerca de poderes admi- tipos de regulamentos trazidos pela doutrina.
nistrativos, julgue o item subsequente. O regulamento executivo (também chamados de
Em decorrência do poder hierárquico, é lícita a avoca- decretos regulamentares), que terá como finalidade o
ção por órgão superior, em caráter ordinário e por tem- cumprimento das leis, sendo atos normativos secundá-
rios. Em que pese o dispositivo constitucional abaixo se
po indeterminado, de competência atribuída a órgão
referir apenas ao Presidente da República, sua aplicação
hierarquicamente inferior.
deve ser estendida a todos os Chefes de Poder Executivo.

( ) CERTO ( ) ERRADO Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da


República (...)
A avocação, que ocorre quando um órgão superior traz IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
para si atribuição de órgão subordinado, deverá ocor- bem como expedir decretos e regulamentos para
rer sempre em caráter temporário. Resposta: Errado. sua fiel execução;

Poder disciplinar O regulamento autônomo terá a capacidade de NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


inovar na ordem jurídica por expressa previsão cons-
O poder disciplinar é a possibilidade que tem a titucional, sendo atos normativos primários. Ou seja,
ele não regulamenta uma lei, pois traz normas verda-
Administração Pública de aplicar sanções àqueles que
deiramente novas.
a ela estejam vinculados, ainda que temporariamen-
te. Aqui temos um ponto que merece atenção. Para Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
que tenhamos a manifestação do poder disciplinar é República:(...)
necessário que haja um vínculo. VI – dispor, mediante decreto, sobre:
Tal vínculo poderá ser contratual (particular que a) organização e funcionamento da administração
presta serviços à Administração Pública) ou funcional federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
(servidor público). Em que pese a natureza diferentes
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
desses vínculos, há um vínculo específico.
vagos;
Por outro lado, aquele que sofre sanção por come-
ter alguma irregularidade, por exemplo, no âmbito da Por fim, teremos os regulamentos autorizados,
legislação de trânsito, não será sancionado com base que são atos normativos expedidos com base em auto-
no poder disciplinar, mas baseado no poder de polícia rização concedida pelo Poder Legislativo. Esse fenô-
(que conheceremos em breve). meno é conhecido como deslegalização. Nele a lei 231
autoriza que um tema que originariamente deveria Primeiramente, temos a discricionariedade. É da
ser tratado por meio de uma lei seja definido por meio própria essência do poder de polícia, estando a atua-
de um decreto. ção da Administração Pública associada à conveniên-
Aqui temos um ato normativo secundário que cia e oportunidade.
poderá inovar por expressa previsão legal. Normal- Temos também a autoexecutoriedade, que permite
mente acontece em matérias excessivamente técnicas. à Administração Pública decidir e praticar seus atos
Há na doutrina uma interpretação segundo a qual sem submeter-se a outro Poder.
o poder regulamentar é exercido apenas pelos Chefes Aqui, assim como vimos por ocasião do estudo dos
de Poder Executivo. Enquanto que o poder norma-
atos administrativos, teremos duas possibilidades:
tivo seria exercido pelas outras autoridades. Nesse
entendimento, o poder normativo é um conceito mais
z Previsão expressa em lei;
amplo, que engloba o conceito de poder regulamentar
z Situação de urgência que requer imediata intervenção.
Poder de polícia
A autoexecutoriedade é desdobrada por alguns
Poder de polícia pode ser entendido como a capa- autores em outros dois atributos:
cidade que tem o Estado de restringir liberdades indi-
viduais, uso de bens, fruição de direitos em prol da z Exigibilidade: capacidade de impor ao administra-
coletividade. do suas próprias decisões, sem a necessidade de
Temos aqui um poder essencialmente discricionário. autorização de outro Poder;
Por meio do seu exercício temos a possibilidade da z Executoriedade: executar as ações próprias, inclu-
imposição do pagamento de taxas (espécie de tributo) sive, com uso de força física.
por expressa previsão do Código Tributário Nacional.
Código Tributário Nacional Por fim, temos a coercibilidade, que é a capacidade
que tem a Administração Pública de impor sua vontade ao
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade administrado, independentemente da sua concordância.
da administração pública que, limitando ou disci-
plinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higie- EXERCÍCIO COMENTADO
ne, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 1. (CESPE-CEBRASPE - 2020) Cada um do item a
dependentes de concessão ou autorização do Poder seguir apresenta uma situação hipotética seguida
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
de uma assertiva a ser julgada, acerca dos poderes
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
administrativos.
O corpo de bombeiros de determinada cidade, em busca
A doutrina classifica o poder de polícia em amplo e
da garantia de máximo benefício da coletividade, interdi-
restrito. Isso porque, para que haja qualquer restrição
a um direito individual é necessário que antes haja a tou uma escola privada, por falta de condições adequa-
previsão legal. Ou seja, o poder de polícia nasce em das para a evacuação em caso de incêndio. Nesse caso,
uma restrição trazida pela lei. a atuação do corpo de bombeiros decorre imediatamen-
te do poder disciplinar, ainda que o proprietário da escola
z Poder de polícia em sentido amplo: atos normati- tenha direito ao prédio e a exercer o seu trabalho.
vos do Poder Legislativo e Executivo;
z Poder de polícia em sentido estrito: atos do ( ) CERTO ( ) ERRADO
Poder Executivo que impliquem em limitações aos
administrados. Primeiramente afastamos a aplicação do poder
disciplinar diante da existência de uma relação de
Muita atenção para a diferença que será apresen- obrigacional específica entre a escola e o corpo de
tada agora! Não se pode de forma alguma confundir a bombeiros. Em seguida, temos a interdição de um
atuação da polícia judiciária com o poder de polícia da estabelecimento, que significa a privação da fruição
Administração Pública. de um bem por parte do particular. Tal privação se
A polícia judiciária é aquela que atua junto ao dá em decorrência do poder de polícia, que tem como
Poder Judiciário para a elucidação de crimes e contra- objetivo preservar a coletividade. Isso fica claro
venções penais. No âmbito estadual será a Polícia Civil
quando a questão se refere à inadequação do plano
e no âmbito federal a Polícia Federal.
de evacuação em caso de incêndio. O exemplo descri-
Já o poder de polícia da administração se mani-
to traz uma clara manifestação do poder de polícia,
festará na prevenção e repressão de ilícitos, pelo
menos inicialmente, de natureza administrativa. Por com base na limitação a direitos de administrados
exemplo, se você tem um restaurante, deve obedecer para proteção da coletividade. Resposta. Errado.
à regulamentação da vigilância sanitária, sujeito a
sanções. USO E ABUSO DO PODER
O poder de polícia atuará de três formas distintas:
preventiva (atos normativos), repressiva (apreensões, O abuso de poder mostra quando, de alguma for-
multas) e fiscalizadora (vistorias). ma, o agente competente desrespeita os limites que a
O poder de polícia possui três atributos. Vejamos lei impõe a sua atuação.
232 cada um deles. Temos duas espécies. Vejamos quais são.
z Excesso de poder (ou desvio de competência): pública que assegure igualdade de condições a
o agente competente extrapola os limites de sua todos os concorrentes, com cláusulas que estabele-
competência, configurando vício do elemento çam obrigações de pagamento, mantidas as condi-
competência; ções efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
z Desvio de finalidade: o agente atua conforme a somente permitirá as exigências de qualificação
lei, mas busca fim diverso do previsto, configuran- técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.
do vício do elemento finalidade.

Relembrando o que aprendemos quando do estu- Vemos que temos tanto o mandamento para reali-
do dos atos administrativos, é possível a convalidação zação da licitação, como a possibilidade de exceções ao
(correção) do vício que recai sobre o elemento compe- procedimento, as quais veremos em momento oportuno.
tência. No entanto, o vício que recai sobre o elemento Temos também a imposição de licitação para a
finalidade é insanável. prestação de serviços públicos, constante do artigo
175 da Carta Magna.

Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,


EXERCÍCIO COMENTADO diretamente ou sob regime de concessão ou permis-
são, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.
1. (CESPE-CEBRASPE - 2016) No que se refere aos pode-
res da administração pública e aos serviços públicos,
O artigo 1º da Lei de Licitações traz as entidades
julgue o item subsecutivo.
que a ela se submetem, em complemento ao caput do
Configura-se desvio de poder ou de finalidade quando
artigo 37 da CF/88, reproduzido acima
o agente atua fora dos limites de suas atribuições, ou Lei nº 8.666/93.
seja, no caso de realizar ato administrativo não incluí-
do no âmbito de sua competência. Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita-
ções e contratos administrativos pertinentes a obras,
( ) CERTO ( ) ERRADO serviços, inclusive de publicidade, compras, aliena-
ções e locações no âmbito dos Poderes da União, dos
Vimos que o abuso de poder se divide em excesso de Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
poder e desvio de poder (ou desvio de finalidade). A Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta
questão nos traz um caso de excesso de poder, pois Lei, além dos órgãos da administração direta, os fun-
o agente atou além de sua competência. Aqui o vício dos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
recai sobre o elemento competência, não sobre o ele- empresas públicas, as sociedades de economia mista e
mento finalidade. Resposta: Errado. demais entidades controladas direta ou indiretamente
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Nesse contexto, muito importante sabermos que as


sociedades de economia mista e empresas públicas que
LICITAÇÃO desempenham atividade econômica não estão obrigadas
a licitar na execução de suas atividades-fim, mas apenas
INTRODUÇÃO nas atividades-meio. Tal norma visa possibilitar a existên-
cia dessas entidades em um ambiente de mercado.
Sabemos que em breve as normas relativas ao Quanto à competência, a Constituição Federal
presente tema sofrerão considerável mudança. No impõe que apenas a União poderá dispor sobre nor-
entanto, é provável que a cobrança da Lei nº 8.666/93 mas gerais de licitação e contratação.
continue a ocorrer por algum tempo, ainda incerto.
Diante disso, nesta oportunidade estudaremos tal Art. 22 Compete privativamente à União legislar
normal, mas sempre atentos à necessidade do estu- sobre(...)
do da nova norma que em breve deverá ser cobrada XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
pelas bancas. em todas as modalidades, para as administrações NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O procedimento licitatório tem como um dos seus públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
objetivos garantir à Administração Pública a condi- União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe-
ção mais vantajosa para a contratação pretendida. decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre-
Aqui não podemos entender condição mais vantajosa sas públicas e sociedades de economia mista, nos
necessariamente como o preço mais baixo. Veremos termos do art. 173, § 1°, III.
que este é apenas um dos critérios possíveis.
A realização de licitação tem respaldo na própria PRINCÍPIOS
Constituição Federal. Vejamos o dispositivo correlato.
Além dos princípios aplicáveis à Administração
Art. 37 A administração pública direta e indireta Pública como um todo (estudados em outra oportu-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do nidade), temos princípios específicos para o procedi-
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos mento licitatório. Eles constam do artigo 3º da Lei nº
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- 8.666/93 – Lei de Licitações.
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...) Art. 3º A licitação destina-se a garantir a obser-
XXI - ressalvados os casos especificados na legis- vância do princípio constitucional da isonomia, a
lação, as obras, serviços, compras e alienações seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
serão contratados mediante processo de licitação tração e a promoção do desenvolvimento nacional 233
sustentável e será processada e julgada em estrita Publicidade
conformidade com os princípios básicos da lega-
lidade, da impessoalidade, da moralidade, A melhor definição para o presente princípio
da igualdade, da publicidade, da probidade tem por base o seguinte comando da própria Lei de
administrativa, da vinculação ao instrumento Licitações.
convocatório, do julgamento objetivo e dos que
lhes são correlatos. Art. 3º [...]
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
Vejamos a seguir cada um dos princípios. acessíveis ao público os atos de seu procedimento,
salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
Isonomia respectiva abertura.

Segundo o princípio da isonomia todos os licitan- Vinculação ao instrumento convocatório


tes devem ser tratados de forma igual ou isonômica.
No entanto, uma das leituras possíveis do princípio O edital/convite impõe obrigações não só aos lici-
da isonomia é o tratamento diferenciado para aqueles tantes, mas também à Administração Pública, sendo a
que se encontrem em posição mais frágil ou inferior lei interna da licitação.
em relação aos demais.
Com base nisso, temos a flexibilização do princípio Adjudicação compulsória
da isonomia, tendo a lei elegido os seguintes critérios
de desempate de acordo com a maneira ou local como Uma vez realizado o certame e declarado o ven-
foram produzidos os bens ou prestados os serviços. cedor, não poderá a Administração Pública atribuir
(adjudicar) o objeto da licitação a outro vencedor. Ou
z No país; seja, o objeto será compulsoriamente adjudicado ao
z Por empresa brasileira; vencedor da licitação.
z Por empresa que invista em tecnologia no país; Tal princípio não afasta as possibilidades de revo-
z Empresa que reserva cargos para PCD (pessoas com gação ou anulação da licitação, conforme o caso.
deficiência) / atendam às regras de acessibilidade.

Outra possibilidade de relativização do princípio


da isonomia é a margem de preferência para produ- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tos manufaturados / serviços nacionais. Essa margem
será estabelecida por meio de estudos revistos perio- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca dos princípios do
dicamente, em prazo não superior a 5 anos, levando processo licitatório, julgue o item que se segue:
em consideração os seguintes fatores: Durante a execução de um contrato, a fim de garantir o
princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
z Geração de emprego e renda; para qualquer alteração contratual que modifique con-
z Efeito na arrecadação de tributos federais, esta- dições previstas inicialmente no edital de licitação, é
duais e municipais; necessário consultar os licitantes à época da licitação
z Desenvolvimento e inovação tecnológica realiza- a respeito dessas alterações.
dos no País;
z Custo adicional dos produtos e serviços; ( ) CERTO ( ) ERRADO
z Em suas revisões, análise retrospectiva de
resultados. A vinculação ao instrumento convocatório impõe
que o edital vincula tanto a administração pública
Outra relativização do princípio da isonomia bas- quanto os licitantes. Resposta: Errado.
tante cobrada em provas é a preferência para empre-
sas de pequeno porte (EPP) e microempresas (ME). 2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A respeito de licitações,
Foi criada uma condição favorável para que seja con- julgue o item que se segue:
siderada a ocorrência de empate. No caso do pregão, essa Dado o princípio da adjudicação compulsória, a admi-
diferença será de 5 %. Nas demais modalidades, 10 %. nistração não pode, concluída a licitação, atribuir
Ocorrendo a situação prevista, será oportunizado o objeto desse procedimento a outrem que não o
à EPP ou ME ofertar preço menor que o do vencedor vencedor.
original. Caso se recuse a fazê-lo, a chance será conce-
dida a outras EPP/ME que tenham obedecido à condi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção de empate definida em lei.
O princípio da adjudicação compulsória no proces-
Impessoalidade e julgamento objetivo so licitatório impõe a adjudicação do objeto ao lici-
tante vencedor. Reposta: Certo.
Tal princípio tem ligação íntima com o princípio da
isonomia. Segundo o princípio da impessoalidade, não CONTRATAÇÃO DIRETA
deverá ocorrer diferença de tratamento entre os licitan-
tes, devendo o processo ser pautado no interesse público. Dispensa e Inexigibilidade
Já o princípio do julgamento objetivo impõe o jul-
gamento segundo critérios claros e objetivos definidos Vimos que, por expresso comando constitucional,
no edital ou convite, sendo vedada a presença de cri- a regra na Administração Pública será a contratação
234 tério ou fator sigiloso. por meio de licitação. No entanto, temos exceções,
que são conhecidas como contratação direta. São as Vejamos as hipóteses, que são divididas pela lei em
seguintes hipóteses: relacionadas a bens móveis ou imóveis.

z Licitação inexigível; Bens imóveis


z Licitação dispensável;
z Licitação dispensada. Dependerá de autorização legislativa para
órgãos da administração direta e entidades autárqui-
Vejamos a seguir os detalhes de cada uma das cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as enti-
hipóteses. dades paraestatais, dependerá de avaliação prévia,
dispensada a licitação nos seguintes casos:
Licitação inexigível
z Dação em pagamento;
Essa primeira informação é muito importante z Doação, permitida exclusivamente para outro
para o entendimento do tema: a licitação será inexigí- órgão ou entidade da administração pública, de
vel quando inexistir a possibilidade de competição. qualquer esfera de governo;
Essa é a regra geral da hipótese. No entanto, a lei z Permuta, por outro imóvel que que seja destina-
traz situações que já elenca como competição inviá- do ao atendimento das finalidades precípuas da
vel. Vejamos a literalidade do artigo 25. administração, cujas necessidades de instalação e
Lei nº 8.666/93. localização condicionem a sua escolha, desde que
o preço seja compatível com o valor de mercado,
Art. 25 É inexigível a licitação quando houver segundo avaliação prévia;
inviabilidade de competição, em especial: z Investidura;
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou z Venda a outro órgão ou entidade da administração
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, pública, de qualquer esfera de governo;
empresa ou representante comercial exclusivo, z Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con-
vedada a preferência de marca, devendo a compro- cessão de direito real de uso, locação ou permissão
vação de exclusividade ser feita através de atesta- de uso de bens imóveis residenciais construídos,
do fornecido pelo órgão de registro do comércio do destinados ou efetivamente utilizados no âmbito
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o de programas habitacionais ou de regularização
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação fundiária de interesse social desenvolvidos por
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; órgãos ou entidades da administração pública;
II - para a contratação de serviços técnicos enu- z Procedimentos de legitimação de posse de que tra-
merados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, ta o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de
com profissionais ou empresas de notória especia- 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos
lização, vedada a inexigibilidade para serviços de da Administração Pública em cuja competência
publicidade e divulgação; legal inclua-se tal atribuição;
III - para contratação de profissional de qualquer
z Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con-
setor artístico, diretamente ou através de empre-
cessão de direito real de uso, locação ou permissão
sário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito
especializada ou pela opinião pública.
local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta
metros quadrados) e inseridos no âmbito de pro-
A hipótese do inciso II depende do artigo 13.
gramas de regularização fundiária de interesse
Lei nº 8.666/93.
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública;
Art. 13 Para os fins desta Lei, consideram-se servi-
z Alienação e concessão de direito real de uso, gra-
ços técnicos profissionais especializados os traba-
tuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União
lhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos
na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o
básicos ou executivos; limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha
II - pareceres, perícias e avaliações em geral; (mil e quinhentos hectares), para fins de regulari-
III - assessorias ou consultorias técnicas e audito- zação fundiária, atendidos os requisitos legais; NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
rias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de Bens móveis
obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou Dependerá de avaliação prévia e a licitação será
administrativas; dispensada nos seguintes casos:
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor z Doação, permitida exclusivamente para fins e uso
histórico. de interesse social, após avaliação de sua opor-
tunidade e conveniência socioeconômica, relativa-
Licitação dispensada mente à escolha de outra forma de alienação;
z Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos
Na presente hipótese, a realização de procedimen- ou entidades da Administração Pública;
to licitatório é dispensada pela lei. Não há discriciona- z Venda de ações, que poderão ser negociadas em
riedade para fazer ou não o procedimento, a lei está bolsa, observada a legislação específica;
impondo que ele não será realizado. z Venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
A lei traz uma lista extensa, porém exaustiva de hipó- z Venda de bens produzidos ou comercializados por
teses. Ou seja, não cabe ao agente público criar outras órgãos ou entidades da Administração Pública, em
hipóteses que não as já constantes da Lei de Licitações. virtude de suas finalidades; 235
z Venda de materiais e equipamentos para outros localização condicionem a sua escolha, desde que
órgãos ou entidades da Administração Pública, o preço seja compatível com o valor de mercado,
sem utilização previsível por quem deles dispõe. segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, ser-
Licitação dispensável viço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de classi-
ficação da licitação anterior e aceitas as mesmas
A licitação dispensável é aquela em que a lei deixa
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclu-
ao agente público a possibilidade de decidir se faz ou
sive quanto ao preço, devidamente corrigido;
dispensa o procedimento licitatório. XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e
Os casos aqui previstos também são exaustivos. outros gêneros perecíveis, no tempo necessário
Vejamos o artigo 24. Leia com atenção agora, sem se para a realização dos processos licitatórios cor-
preocupar em decorar, ao final você terá uma dica respondentes, realizadas diretamente com base no
para facilitar. preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira
Art. 24. É dispensável a licitação: incumbida regimental ou estatutariamente da pes-
I - para obras e serviços de engenharia de quisa, do ensino ou do desenvolvimento institucio-
valor até R$ 33.000,00, desde que não se refiram nal, ou de instituição dedicada à recuperação social
a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ain- do preso, desde que a contratada detenha inques-
da para obras e serviços da mesma natureza e no tionável reputação ético-profissional e não tenha
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e fins lucrativos;
concomitantemente; XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos ter-
II - para outros serviços e compras de valor até mos de acordo internacional específico aprovado
R$ 17.600,00 e para alienações, nos casos previstos pelo Congresso Nacional, quando as condições
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de ofertadas forem manifestamente vantajosas para o
um mesmo serviço, compra ou alienação de maior Poder Público;
vulto que possa ser realizada de uma só vez; XV - para a aquisição ou restauração de obras de
III - nos casos de guerra ou grave perturbação arte e objetos históricos, de autenticidade certifica-
da ordem; da, desde que compatíveis ou inerentes às finalida-
IV - nos casos de emergência ou de calamidade des do órgão ou entidade.
pública, quando caracterizada urgência de aten- XVI - para a impressão dos diários oficiais, de for-
dimento de situação que possa ocasionar prejuízo mulários padronizados de uso da administração, e
ou comprometer a segurança de pessoas, obras, de edições técnicas oficiais, bem como para pres-
serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou tação de serviços de informática a pessoa jurídica
particulares, e somente para os bens necessários ao de direito público interno, por órgãos ou entidades
atendimento da situação emergencial ou calamito- que integrem a Administração Pública, criados
sa e para as parcelas de obras e serviços que pos- para esse fim específico;
sam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento XVII - para a aquisição de componentes ou peças
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, conta- de origem nacional ou estrangeira, necessários
dos da ocorrência da emergência ou calamidade, à manutenção de equipamentos durante o perío-
vedada a prorrogação dos respectivos contratos; do de garantia técnica, junto ao fornecedor origi-
V - quando não acudirem interessados à lici- nal desses equipamentos, quando tal condição de
tação anterior e esta, justificadamente, não exclusividade for indispensável para a vigência da
puder ser repetida sem prejuízo para a Adminis- garantia;
tração, mantidas, neste caso, todas as condições XVIII - nas compras ou contratações de serviços
preestabelecidas; para o abastecimento de navios, embarcações,
VI - quando a União tiver que intervir no domí- unidades aéreas ou tropas e seus meios de desloca-
nio econômico para regular preços ou normalizar mento quando em estada eventual de curta duração
o abastecimento; em portos, aeroportos ou localidades diferentes de
VII - quando as propostas apresentadas con- suas sedes, por motivo de movimentação operacio-
signarem preços manifestamente superiores nal ou de adestramento, quando a exiguidade dos
aos praticados no mercado nacional, ou forem prazos legais puder comprometer a normalidade e
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais os propósitos das operações e desde que seu valor
competentes, casos em que, observado o parágrafo não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inci-
único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, so II do art. 23 desta Lei;
será admitida a adjudicação direta dos bens ou ser- XIX - para as compras de material de uso pelas For-
viços, por valor não superior ao constante do regis- ças Armadas, com exceção de materiais de uso pes-
tro de preços, ou dos serviços; soal e administrativo, quando houver necessidade
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de de manter a padronização requerida pela estrutura
direito público interno, de bens produzidos ou ser- de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terres-
viços prestados por órgão ou entidade que integre tres, mediante parecer de comissão instituída por
a Administração Pública e que tenha sido criado decreto;
para esse fim específico em data anterior à vigência XX - na contratação de associação de portadores de
desta Lei, desde que o preço contratado seja compa- deficiência física, sem fins lucrativos e de compro-
tível com o praticado no mercado; vada idoneidade, por órgãos ou entidades da Admi-
IX - quando houver possibilidade de comprometi- nistração Pública, para a prestação de serviços ou
mento da segurança nacional, nos casos estabeleci- fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço
dos em decreto do Presidente da República, ouvido contratado seja compatível com o praticado no
o Conselho de Defesa Nacional; mercado.
X - para a compra ou locação de imóvel destina- XXI - para a aquisição ou contratação de produto
do ao atendimento das finalidades precípuas da para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso
236 administração, cujas necessidades de instalação e de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por
cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I direta, sua autarquia ou fundação em projetos de
do caput do art. 23; ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento insti-
XXII - na contratação de fornecimento ou supri- tucional, científico e tecnológico e estímulo à inova-
mento de energia elétrica e gás natural com conces- ção, inclusive na gestão administrativa e financeira
sionário, permissionário ou autorizado, segundo necessária à execução desses projetos, ou em par-
as normas da legislação específica; cerias que envolvam transferência de tecnologia
XXIII - na contratação realizada por empresa de produtos estratégicos para o Sistema Único de
pública ou sociedade de economia mista com suas Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste arti-
subsidiárias e controladas, para a aquisição ou go, e que tenha sido criada para esse fim específico
alienação de bens, prestação ou obtenção de servi- em data anterior à vigência desta Lei, desde que o
ços, desde que o preço contratado seja compatível preço contratado seja compatível com o praticado
com o praticado no mercado. no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma
de serviços com as organizações sociais, qualifi- e o aprimoramento de estabelecimentos penais,
cadas no âmbito das respectivas esferas de gover-
desde que configurada situação de grave e iminente
no, para atividades contempladas no contrato de
risco à segurança pública.
gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição
Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de Como você mesmo viu, são muitos casos de lici-
fomento para a transferência de tecnologia e para tação dispensável. Então a melhor forma de fixar o
o licenciamento de direito de uso ou de exploração conhecimento é decorar os casos de licitação dispen-
de criação protegida. sada e licitação inexigível, trabalhando por exclusão
XXVII - na contratação da coleta, processamento e para enquadrar uma questão que eventualmente
comercialização de resíduos sólidos urbanos reci- aborde hipótese de licitação dispensável.
cláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de Para diferenciar licitação dispensada de licitação
coleta seletiva de lixo, efetuados por associações dispensável, se atenha ao significado das palavras
ou cooperativas formadas exclusivamente por pes- para que não ocorra engano na hora da prova.
soas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder
Quanto à discricionariedade das três hipóteses de
público como catadores de materiais recicláveis,
contratação direta, temos o seguinte.
com o uso de equipamentos compatíveis com as
normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, z Licitação inexigível: não é possível a concorrên-
produzidos ou prestados no País, que envolvam, cia – ato vinculado;
cumulativamente, alta complexidade tecnológica z Licitação dispensada: é possível a concorrência –
e defesa nacional, mediante parecer de comissão ato vinculado;
especialmente designada pela autoridade máxima z Licitação dispensável: é possível a concorrência
do órgão. – discricionário.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de ser-
viços para atender aos contingentes militares das
Forças Singulares brasileiras empregadas em ope-
rações de paz no exterior, necessariamente justifi-
cadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou
EXERCÍCIOS COMENTADOS
executante e ratificadas pelo Comandante da Força.
XXX - na contratação de instituição ou organiza- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A existência de fornece-
ção, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, dor exclusivo de determinado produto é hipótese de
para a prestação de serviços de assistência técnica inexigibilidade de licitação.
e extensão rural no âmbito do Programa Nacional
de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricul- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por
lei federal. A inexigibilidade se mostra presente quando é
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento impossível o caráter competitivo da licitação. A
do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
exclusividade comercial é uma das hipóteses trazi-
de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios
das pela lei, especificamente no seu artigo 25, I.
gerais de contratação dela constantes.
XXXII - na contratação em que houver transferên-
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi-
cia de tecnologia de produtos estratégicos para o lidade de competição, em especial:
Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elenca- gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
dos em ato da direção nacional do SUS, inclusive empresa ou representante comercial exclusivo, veda-
por ocasião da aquisição destes produtos durante da a preferência de marca, devendo a comprovação de
as etapas de absorção tecnológica. exclusividade ser feita através de atestado fornecido
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem pelo órgão de registro do comércio do local em que
fins lucrativos, para a implementação de cisternas se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
ou outras tecnologias sociais de acesso à água para Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
consumo humano e produção de alimentos, para
ainda, pelas entidades equivalentes; Resposta: Certo.
beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingi-
das pela seca ou falta regular de água.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Se a administração públi-
direito público interno de insumos estratégicos ca de um estado da Federação tiver de contratar um
para a saúde produzidos ou distribuídos por funda- grupo de dança consagrado pela mídia local para festi-
ção que, regimental ou estatutariamente, tenha por vidades do aniversário da capital desse estado, a con-
finalidade apoiar órgão da administração pública tratação, nesse caso, deverá ocorrer mediante 237
a) dispensa de licitação em razão da escolha do executante. entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos
b) inexigibilidade de licitação por previsão legal. e legais para sua utilização em condições de seguran-
c) concurso. ça estrutural e operacional e com as características
d) licitação na modalidade convite. adequadas às finalidades para que foi contratada.
e) licitação na modalidade tomada de preços. Sobre os tipos de licitação, entenderemos cada um
deles mais adiante.
Aqui temos mais uma vez a ocorrência da inexigibi-
lidade, no entanto em relação à hipótese constante Tomada de preços
do artigo 25, III.
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver Vamos entender a tomada de preços por meio da
inviabilidade de competição, em especial: definição constante da Lei de Licitações.
III - para contratação de profissional de qualquer
setor artístico, diretamente ou através de empresário Art. 22 São modalidades de licitação:
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especia- II - tomada de preços;
lizada ou pela opinião pública. Resposta: Letra B. § 2º Tomada de preços é a modalidade de licita-
ção entre interessados devidamente cadastrados
MODALIDADES ou que atenderem a todas as condições exigidas
para cadastramento até o terceiro dia anterior à
As modalidades de licitações são formas específi- data do recebimento das propostas, observada a
cas por meio das quais será realizada a licitação. Cada necessária qualificação.
uma tem suas peculiaridades com base nos objetivos
a serem atingidos. Vemos que aqui teremos por um lado a existência
A Lei de Licitações traz 5 modalidades diferentes, de um cadastro prévio e por outro um prazo máximo
que são as seguintes: concorrência, tomada de preços, para aqueles que desejem se cadastrar para participar
convite, concurso e leilão. Há outras modalidades no do certame.
ordenamento jurídico, mas que escapam ao escopo do Os limites impostos pela lei para o uso dessa moda-
nosso estudo. lidade estão logo abaixo do que conhecemos para a
A criação de modalidades está dentro da compe- concorrência. São eles os seguintes:
tência para legislar sobre normas gerais de licitação e
contratações, por isso só poderá ser feita pela União. z Obras e serviços de engenharia: R$ 3.300.000,00.
Vamos conhecer agora cada uma das modalidades z Compras e outros serviços: R$ 1.430.000,00.
de licitação.
O prazo para recebimento das propostas será de
Concorrência trinta dias para tomada de preços, quando a licitação
for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”, sen-
Aqui temos a modalidade voltada para os contratos do de 15 dias nos demais casos.
de maior valor, portanto mais complexa. A lei impõe a
concorrência para as seguintes hipóteses: Convite

z Obras de engenharia com valor superior a R$ Vejamos mais uma vez a literalidade da lei para
3.300.000,00 e compras e outros serviços que não conhecermos a definição da presente modalidade.
sejam de engenharia que tenham valor acima de
R$ 1.400.000,00. Art. 22 São modalidades de licitação:
z Compras e alienações de bens imóveis – exceto III - convite;
adquiridos por meio de processo judicial ou dação § 3º Convite é a modalidade de licitação entre inte-
em pagamento, hipóteses em que poderá ser ado- ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadas-
tada a modalidade de leilão. trados ou não, escolhidos e convidados em
z Concessões de direito real de uso. número mínimo de 3 (três) pela unidade adminis-
z Para adoção do sistema de registro de preços. trativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
z Concessão de serviços públicos. do instrumento convocatório e o estenderá aos
z Licitação internacional. demais cadastrados na correspondente espe-
cialidade que manifestarem seu interesse com
Ainda segundo a lei, concorrência é a modalidade antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
de licitação entre quaisquer interessados que, na fase apresentação das propostas.
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir
os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edi- Aqui temos dois tipos de participantes: os convi-
tal para execução de seu objeto. dados (em número mínimo de 3) e os não convidados
Na concorrência o prazo do edital deve ser de 45 (limite de 24 horas de antecedência à apresentação
dias nos casos de contrato a celebrar segundo regi- das propostas).
me de empreitada integral ou o tipo da licitação for A lei traz ainda que existindo na praça mais de 3
melhor técnica ou técnica e preço. Para os demais possíveis interessados, a cada novo convite, realizado
casos o prazo será de 30 dias. para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o
Veja a definição de empreitada integral constante da lei. convite a, no mínimo, mais um interessado, enquan-
Empreitada integral: quando se contrata um to existirem cadastrados não convidados nas últimas
empreendimento em sua integralidade, compreen- licitações.
dendo todas as etapas das obras, serviços e instalações No caso do convite, o instrumento convocatório é a
necessárias, sob inteira responsabilidade da contrata- carta-convite, não sendo imposta pela lei a publicação
238 da até a sua entrega ao contratante em condições de de edital.
Seguindo a lógica das modalidades anteriores, O julgamento será feito por uma comissão especial
aqui teremos valores menores do que vimos na toma- integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhe-
da de preços. Ao final no tópico teremos um quadro cido conhecimento da matéria em exame, servidores
comparativo para uma visão geral. Vejamos. públicos ou não.

z Obras e serviços de engenharia: R$ 330.000,00. Leilão


z Compras e outros serviços: R$ 176.000,00.
Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
Ainda, poderá ser usada esta modalidade quando, interessados para a venda de bens móveis inserví-
em licitações internacionais, não houver fornecedor veis para a administração ou de produtos legalmente
de bens no Brasil, obedecidos os limites anteriormen- apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de
te definidos. bens imóveis cuja aquisição haja derivado de pro-
O prazo mínimo para o recebimento das propostas cedimentos judiciais ou de dação em pagamento,
será de 5 dias úteis, sendo de 2 dias o prazo para apre- a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
sentação de recursos. valor da avaliação
De acordo com o que vimos das três modalidades Para o caso de alienação de bens móveis, a lei impõe
até então, vejamos um quadro resumo com os valores. o limite de R$ 1.430.000,00, conforme artigo 17, § 6º.
Não há limitação para o caso de bens imóveis, des-
OBRAS E COMPRAS de que derivados de procedimentos judiciais ou de
MODALIDADE SERVIÇOS DE E OUTROS dação em pagamento. Lembrando que a lei impõe as
ENGENHARIA SERVIÇOS seguintes regras:

Acima de R$ Acima de R$ z Avaliação dos bens alienáveis;


Concorrência
3.300.000,00 1.430.000,00 z Comprovação da necessidade ou utilidade da
Tomada de Até de R$ Até de R$ alienação;
Preços 3.300.000,00 1.430.000,00 z Adoção do procedimento licitatório, sob a modali-
dade de concorrência ou leilão.
Até de R$ Até de R$
Convite
330.000,00 176.000,00 Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado
pela Administração para fixação do preço mínimo de
arrematação.
Concurso
Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
Seguindo em frente com nossos estudos, vejamos a
e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local
definição legal para a modalidade concurso.
do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o
qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo
Art. 22 São modalidades de licitação:
estipulado no edital de convocação, sob pena de per-
IV – concurso;
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre
der em favor da Administração o valor já recolhido.
quaisquer interessados para escolha de traba- Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela
lho técnico, científico ou artístico, mediante a à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
instituição de prêmios ou remuneração aos O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
vencedores, conforme critérios constantes de edi- principalmente no município em que se realizará.
tal publicado na imprensa oficial com antecedên-
cia mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Diferentemente do que vimos para as três modali- EXERCÍCIOS COMENTADOS


dades anteriores, aqui não temos limitações de valo-
res, mas apenas o direcionamento da finalidade do 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito do regime
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
procedimento (natureza do trabalho contratado). de concessão e permissão da prestação de serviços
Segundo a Lei de Licitações, ressalvados os casos públicos, julgue os itens a seguir.
de inexigibilidade de licitação, os contratos para A concorrência é a modalidade de licitação a ser ado-
a prestação de serviços técnicos profissionais tada para concessão de serviços públicos que não
especializados deverão, preferencialmente, ser sejam precedidos de execução de obra pública.
celebrados mediante a realização de concurso, com
estipulação prévia de prêmio ou remuneração. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Cuidado com o termo utilizado pelo examinador
na hora da prova. Não confunda preferencialmente Afirmativa correta, conforme previsto na Lei nº
com necessariamente, por exemplo. 8.987/95. Lembre-se de que, apesar de a questão se
O concurso ser precedido de regulamento próprio, remeter à hipótese de concessão de serviços públi-
a ser obtido pelos interessados no local indicado no cos que não são precedidos por obra pública (hipó-
edital. O regulamento deverá indicar. tese do inciso II abaixo), toda e qualquer concessão
de serviços públicos deverá ocorrer por meio da
I- a qualificação exigida dos participantes; modalidade concorrência.
II- as diretrizes e a forma de apresentação do Art. 2º (...)
trabalho; II - concessão de serviço público: a delegação de sua
III- as condições de realização do concurso e os prê- prestação, feita pelo poder concedente, mediante
mios a serem concedidos. licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa 239
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre geral e, em particular, para a elaboração de estudos téc-
capacidade para seu desempenho, por sua conta e nicos preliminares e projetos básicos e executivos
risco e por prazo determinado; A lei traz comando específico para a contração de
III - concessão de serviço público precedida da execu- bens e serviços de informática. Vejamos.
ção de obra pública: a construção, total ou parcial,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento Art. 45 [...]
de quaisquer obras de interesse público, delegada § 4º Para contratação de bens e serviços de
pelo poder concedente, mediante licitação, na moda- informática, a administração observará o disposto
lidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consór- no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991,
cio de empresas que demonstre capacidade para a levando em conta os fatores especificados em seu
sua realização, por sua conta e risco, de forma que parágrafo 2º e adotando obrigatoriamente o tipo
o investimento da concessionária seja remunerado e de licitação “técnica e preço”, permitido o emprego
de outro tipo de licitação nos casos indicados em
amortizado mediante a exploração do serviço ou da
decreto do Poder Executivo.
obra por prazo determinado; Resposta Certo.
Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Se um órgão da adminis-
tado o seguinte procedimento claramente explicitado
tração pública desejar adquirir trabalho científico com
no instrumento convocatório, o qual fixará o preço
oferta de prêmio aos vencedores, a modalidade de lici-
máximo que a Administração se propõe a pagar:
tação a ser adotada e a quantidade mínima de dias de
antecedência em relação ao evento para publicação
I - serão abertos os envelopes contendo as pro-
do edital devem ser, respectivamente,
postas técnicas exclusivamente dos licitantes pre-
viamente qualificados e feita então a avaliação e
a) convite; trinta dias. classificação destas propostas de acordo com os
b) pregão; quinze dias. critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado,
c) concurso; quarenta e cinco dias. definidos com clareza e objetividade no instrumen-
d) leilão; quarenta e cinco dias. to convocatório e que considerem a capacitação e a
e) concorrência; trinta dias. experiência do proponente, a qualidade técnica da
proposta, compreendendo metodologia, organiza-
A questão traz a cobrança direta da modalidade ção, tecnologias e recursos materiais a serem uti-
concurso e a respectiva quantidade mínima de dias lizados nos trabalhos, e a qualificação das equipes
em relação à ocorrência do certame. Vejamos os dis- técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
positivos legais correlatos. II - uma vez classificadas as propostas técnicas,
Art. 22 (...) proceder-se-á à abertura das propostas de preço
dos licitantes que tenham atingido a valorização
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre
mínima estabelecida no instrumento convocató-
quaisquer interessados para escolha de trabalho
rio e à negociação das condições propostas, com
técnico, científico ou artístico, mediante a institui-
a proponente melhor classificada, com base nos
ção de prêmios ou remuneração aos vencedores, orçamentos detalhados apresentados e respectivos
conforme critérios constantes de edital publicado preços unitários e tendo como referência o limite
na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 representado pela proposta de menor preço entre
(quarenta e cinco) dias. os licitantes que obtiveram a valorização mínima;
Art. 21 (...) III - no caso de impasse na negociação anterior, pro-
§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas cedimento idêntico será adotado, sucessivamente,
ou da realização do evento será: com os demais proponentes, pela ordem de classifica-
I - quarenta e cinco dias para: ção, até a consecução de acordo para a contratação;
a) concurso; Resposta: Letra C. IV - as propostas de preços serão devolvidas intac-
tas aos licitantes que não forem preliminarmente
TIPOS LICITAÇÃO habilitados ou que não obtiverem a valorização
mínima estabelecida para a proposta técnica.
Vejamos agora os tipos de licitação que são pre- Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado-
tado, adicionalmente ao constante acima, o
vistos na Lei nº 8.666/93. Os tipos serão utilizados no
seguinte procedimento claramente explicitado no
momento do julgamento de cada proposta.
instrumento convocatório:
I - será feita a avaliação e a valorização das pro-
z Menor preço: quando o critério de seleção da postas de preços, de acordo com critérios objetivos
proposta mais vantajosa para a Administração preestabelecidos no instrumento convocatório;
determinar que será vencedor o licitante que apre- II - a classificação dos proponentes far-se-á de acor-
sentar a proposta de acordo com as especificações do com a média ponderada das valorizações das pro-
do edital ou convite e ofertar o menor preço; postas técnicas e de preço, de acordo com os pesos
z Melhor técnica; preestabelecidos no instrumento convocatório.
z Técnica e preço;
z Maior lance ou oferta, nos casos de alienação/con-
cessão de uso real de bem.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “técnica e
preço” serão utilizados exclusivamente para serviços de 1. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Uma modalidade complexa
natureza predominantemente intelectual, em especial de licitação é a concorrência, cujo prazo para divulgação,
na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, super- em regra, é de trinta dias, podendo ser estendido para
240 visão e gerenciamento e de engenharia consultiva em quarenta e cinco dias caso a concorrência seja do tipo
a) serviços comuns. bem como para início da abertura dos envelopes, e
b) trabalho científico. indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
c) convite. I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
d) técnica e preço. II - prazo e condições para assinatura do con-
trato ou retirada dos instrumentos, para execução
A questão nos cobra a possibilidade constante do artigo do contrato e para entrega do objeto da licitação;
21, I, b). No entanto, ainda que não tenhamos o dispo- III - sanções para o caso de inadimplemento;
sitivo em mente por ocasião da resolução da questão, IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
podemos chegar à resposta correta analisando a natu- projeto básico;
reza das alternativas. Perceberemos que a alternativa V - se há projeto executivo disponível na data
que traz um tipo de licitação é a alternativa D. da publicação do edital de licitação e o local onde
possa ser examinado e adquirido;
Art. 21 (...)
VI - condições para participação na licitação e
I - quarenta e cinco dias para:
forma de apresentação das propostas;
b) concorrência, quando o contrato a ser celebra-
VII - critério para julgamento, com disposições
do contemplar o regime de empreitada integral ou claras e parâmetros objetivos;
quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios
“técnica e preço”. Resposta: Letra D. de comunicação à distância em que serão forneci-
dos elementos, informações e esclarecimentos rela-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) De acordo com os dispo- tivos à licitação e às condições para atendimento
sitivos legais que regulam as licitações públicas, jul- das obrigações necessárias ao cumprimento de seu
gue o item a seguir. objeto;
São considerados tipos de licitação: a de menor preço, IX - condições equivalentes de pagamento entre
a de melhor técnica, a de técnica e preço e a de maior empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de lici-
lance ou oferta. tações internacionais;
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
( ) CERTO ( ) ERRADO global, conforme o caso, permitida a fixação de pre-
ços máximos e vedados a fixação de preços míni-
mos, critérios estatísticos ou faixas de variação em
O enunciado trouxe os tipos de licitação. Vejamos o dis-
relação a preços de referência;
positivo legal correlato para que possamos rever a infor-
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a
mação e melhor a sua fixação. variação efetiva do custo de produção, admitida a
Art. 45 - § 1o Para os efeitos deste artigo, constituem adoção de índices específicos ou setoriais, desde a
tipos de licitação, exceto na modalidade concurso: data prevista para apresentação da proposta, ou do
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da pro- orçamento a que essa proposta se referir, até a data
posta mais vantajosa para a Administração determinar do adimplemento de cada parcela;
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta XIII - limites para pagamento de instalação e mobi-
de acordo com as especificações do edital ou convite e lização para execução de obras ou serviços que
ofertar o menor preço; serão obrigatoriamente previstos em separado das
II - a de melhor técnica; demais parcelas, etapas ou tarefas;
III - a de técnica e preço. XIV - condições de pagamento, prevendo:
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de a) prazo de pagamento não superior a trinta dias,
bens ou concessão de direito real de uso. Resposta: Certo. contado a partir da data final do período de adim-
plemento de cada parcela;
PROCEDIMENTO b) cronograma de desembolso máximo por período,
em conformidade com a disponibilidade de recur-
sos financeiros;
Fases da licitação
c) critério de atualização financeira dos valores
a serem pagos, desde a data final do período de
O procedimento licitatório pode ser subdividido adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
em duas fases: interna e externa. A fase interna inclui pagamento;
todas as medidas das quais não participam os licitan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) compensações financeiras e penalizações, por
tes (formação da comissão de licitação, pesquisas de eventuais atrasos, e descontos, por eventuais ante-
preços, preparação do instrumento convocatório). cipações de pagamentos;
Na fase externa, temos uma sequência de eventos e) exigência de seguros, quando for o caso;
que carecem de publicidade para que possam gerar XV - instruções e normas para os recursos previstos
efeitos. Em resumo, são os seguintes passos: con- nesta Lei;
vocação, recebimento de documentos e propostas, XVI - condições de recebimento do objeto da
habilitação, julgamento e classificação, homologação, licitação;
adjudicação e assinatura do contrato. XVII - outras indicações específicas ou peculiares
da licitação.
Edital
A lei também traz lista exemplificativa de docu-
O edital é a lei interna da licitação e vincula tanto mentos que podem ser anexos ao edital.
os licitantes, quanto a própria Administração Pública.
z O projeto básico e/ou executivo, com todas as suas par-
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de tes, desenhos, especificações e outros complementos;
ordem em série anual, o nome da repartição inte- z Orçamento estimado em planilhas de quantitati-
ressada e de seu setor, a modalidade, o regime de vos e preços unitários;
execução e o tipo da licitação, o local, dia e hora z A minuta do contrato a ser firmado entre a Admi-
para recebimento da documentação e proposta, nistração e o licitante vencedor; 241
z As especificações complementares e as normas de As obras e os serviços somente poderão ser lici-
execução pertinentes à licitação. tados quando:

Vamos conhecer dois conceitos importantes, cita- I - houver projeto básico aprovado pela autoridade
dos acima: projeto básico e projeto executivo. competente e disponível para exame dos interessa-
dos em participar do processo licitatório;
Projeto Básico II - existir orçamento detalhado em planilhas que
expressem a composição de todos os seus custos
Conjunto de elementos necessários e suficientes, unitários;
com nível de precisão adequado, para caracterizar III - houver previsão de recursos orçamentários
que assegurem o pagamento das obrigações decor-
a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
rentes de obras ou serviços a serem executadas no
objeto da licitação, elaborado com base nas indica-
exercício financeiro em curso, de acordo com o res-
ções dos estudos técnicos preliminares, que assegu-
pectivo cronograma;
rem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do IV - o produto dela esperado estiver contemplado
impacto ambiental do empreendimento, e que possi- nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, quan-
bilite a avaliação do custo da obra e a definição dos do for o caso.
métodos e do prazo de execução, devendo conter os
seguintes elementos: Os avisos contendo os resumos dos editais das
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos
z Desenvolvimento da solução escolhida de forma a e dos leilões, embora realizados no local da repartição
fornecer visão global da obra e identificar todos os interessada, deverão ser publicados com antecedên-
seus elementos constitutivos com clareza; cia, no mínimo, por uma vez:
z Soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
mente detalhadas, de forma a minimizar a neces-
I. no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici-
sidade de reformulação ou de variantes durante
tação feita por órgão ou entidade da Administração
as fases de elaboração do projeto executivo e de
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
realização das obras e montagem;
financiadas parcial ou totalmente com recursos
z Identificação dos tipos de serviços a executar e
federais ou garantidas por instituições federais;
de materiais e equipamentos a incorporar à obra,
II. no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
bem como suas especificações que assegurem os
quando se tratar, respectivamente, de licitação fei-
melhores resultados para o empreendimento, sem
ta por órgão ou entidade da Administração Públi-
frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
ca Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;
z Informações que possibilitem o estudo e a dedução
III. em jornal diário de grande circulação no Estado
de métodos construtivos, instalações provisórias e
e também, se houver, em jornal de circulação
condições organizacionais para a obra, sem frus-
no Município ou na região onde será realizada
trar o caráter competitivo para a sua execução;
a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado
z Subsídios para montagem do plano de licitação e
gestão da obra, compreendendo a sua programa- ou alugado o bem, podendo ainda a Administra-
ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis- ção, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de
calização e outros dados necessários em cada caso; outros meios de divulgação para ampliar a área
z Orçamento detalhado do custo global da obra, fun- de competição.
damentado em quantitativos de serviços e forneci-
mentos propriamente avaliados; A lei impõe um prazo mínimo entre a publicação
do aviso e a data da entrega das propostas. Vejamos
Projeto Executivo um quadro que resumo os prazos impostos.

O conjunto dos elementos necessários são suficien- PRAZO MÍNIMO


tes à execução completa da obra, de acordo com as
Modalidade Prazo (dias) Tipo
normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas - ABNT; Concursos 45 Corridos
O artigo 7º traz a sequência que deve ser obede-
cida pelos procedimentos licitatórios, abordando os 45 (empreitada inte-
conceitos colocados acima. gral ou tipo “melhor
Corridos
Concorrência técnica” ou “técnica
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para e preço”)
a prestação de serviços obedecerão ao disposto nes-
te artigo e, em particular, à seguinte sequência: 30 (outros) Corridos
I - projeto básico;
30 (tipo “melhor
II - projeto executivo;
Tomada de técnica” ou “técnica Corridos
III - execução das obras e serviços.
preços e preço”)
A execução de cada etapa será obrigatoriamen- 15(outros) Corridos
te precedida da conclusão e aprovação, pela auto-
ridade competente, dos trabalhos relativos às etapas Leilão 15 Corridos
anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual
poderá ser desenvolvido concomitantemente com Pregão 8 Úteis
a execução das obras e serviços, desde que também
Convite 5 Úteis
242 autorizado pela Administração.
Habilitação por balancetes ou balanços provisórios, podendo
ser atualizados por índices oficiais quando encer-
Nessa fase será verificado se cada participante tem rado há mais de 3 (três) meses da data de apresen-
condições de atuar no processo licitatório. Também tação da proposta;
conhecida como fase subjetiva. II. certidão negativa de falência ou recuperação
Aqui ocorrerá a abertura dos envelopes contendo judicial expedida pelo distribuidor da sede da pes-
a documentação referente à habilitação dos concor- soa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida
rentes. Os que eventualmente sejam considerados no domicílio da pessoa física;
inabilitados, terão os envelopes com as respectivas III. garantia, nas mesmas modalidades e critérios
propostas devolvidos lacrados. previstos na lei, limitada a 1% (um por cento) do
Exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, valor estimado do objeto da contratação.
documentação relativa a (art. 27, Lei n° 8.666/1993):
A documentação relativa à regularidade fiscal e
I. habilitação jurídica; trabalhista, conforme o caso, consistirá em (art. 29):
II. qualificação técnica;
III. qualificação econômico-financeira; I. prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
IV. regularidade fiscal e trabalhista; (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
V. ao cumprimento da proibição de trabalho notur-
II. prova de inscrição no cadastro de contribuintes
no, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e
estadual ou municipal, se houver, relativo ao domi-
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos,
cílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze
de atividade e compatível com o objeto contratual;
anos, de acordo com a CF/88.
III. prova de regularidade para com a Fazenda
Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede
A documentação relativa à habilitação jurídica,
do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;
conforme o caso, consistirá em (art. 28):
IV. prova de regularidade relativa à Seguridade
Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Servi-
I. cédula de identidade;
ço (FGTS), demonstrando situação regular no cum-
II. registro comercial, no caso de empresa individual;
primento dos encargos sociais instituídos por lei;
III. ato constitutivo, estatuto ou contrato social em
vigor, devidamente registrado, em se tratando de V. prova de inexistência de débitos inadimplidos
sociedades comerciais, e, no caso de sociedades por perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresen-
ações, acompanhado de documentos de eleição de tação de certidão negativa.
seus administradores;
IV. inscrição do ato constitutivo, no caso de socie- A regularidade perante o FGTS deve ser observada
dades civis, acompanhada de prova de diretoria em por quem contrata com a APU durante todo o período
exercício; de celebração do contrato e não apenas na sua assina-
V. decreto de autorização, em se tratando de empre- tura, de acordo com o Tribunal de Contas da União.
sa ou sociedade estrangeira em funcionamento no
País, e ato de registro ou autorização para funcio-
Julgamento
namento expedido pelo órgão competente, quando
a atividade assim o exigir.
Nesta etapa as propostas serão classificadas de
acordo com os critérios previamente definidos no ins-
A documentação relativa à qualificação técnica
limitar-se-á (art. 30): trumento convocatório.
Em um primeiro momento, será verificado se cada
I. registro ou inscrição na entidade profissional proposta atende ao previsto no edital, ocorrendo a
competente; desclassificação, se for o caso.
II. comprovação de aptidão para desempenho de O artigo 48 traz duas hipóteses em que ocorrerá a
atividade pertinente e compatível em característi- desclassificação do proponente.
cas, quantidades e prazos com o objeto da licitação,

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


e indicação das instalações e do aparelhamento e Art. 48 Serão desclassificadas:
do pessoal técnico adequados e disponíveis para a I - as propostas que não atendam às exigências do
realização do objeto da licitação, bem como da qua- ato convocatório da licitação;
lificação de cada um dos membros da equipe técni- II - propostas com valor global superior ao limi-
ca que se responsabilizará pelos trabalhos; te estabelecido ou com preços manifestamente
III. comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de inexequíveis, assim considerados aqueles que não
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
venham a ter demonstrada sua viabilidade através
que tomou conhecimento de todas as informações e
de documentação que comprove que os custos dos
das condições locais para o cumprimento das obri-
insumos são coerentes com os de mercado e que os
gações objeto da licitação;
coeficientes de produtividade são compatíveis com
IV. prova de atendimento de requisitos previstos em
lei especial, quando for o caso. a execução do objeto do contrato, condições estas
necessariamente especificadas no ato convocatório
da licitação.
A documentação relativa à qualificação econômi-
co-financeira limitar-se-á (art. 31):
Para os efeitos do disposto no inciso II acima, con-
I. balanço patrimonial e demonstrações contábeis sideram-se manifestamente inexequíveis, no caso de
do último exercício social, já exigíveis e apresenta- licitações de menor preço para obras e serviços de enge-
dos na forma da lei, que comprovem a boa situação nharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a
financeira da empresa, vedada a sua substituição 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: 243
z Média aritmética dos valores das propostas A homologação é o ato por meio do qual a autori-
superiores a 50% (cinquenta por cento) do valor dade confirma o procedimento e atesta sua correção.
orçado pela administração, ou Após o recebimento do processo a autoridade
z Valor orçado pela administração. homologará o resultado e adjudicará o objeto ao ven-
cedor, caso não haja irregularidade no processo.
Não se admitirá proposta que apresente preços Se houver vício sanável, irá devolver o processo à
global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor comissão para que sane as irregularidades.
zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salá- Se for insanável, deverá anular o procedimento
rios de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, como um todo.
ainda que o ato convocatório da licitação não tenha Há também a hipótese de revogação da licitação,
estabelecido limites mínimos, exceto quando se refe- desde que com base em fato superveniente devida-
rirem a materiais e instalações de propriedade do mente comprovado.
próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela
ou à totalidade da remuneração. Assinatura do contrato
Após as eventuais desclassificações, as propostas
serão ordenadas de acordo com os critérios previa- Após a adjudicação do objeto ao vencedor, a Admi-
mente definidos no instrumento convocatório. nistração Pública tem 60 dias para convocá-lo para a
Será assegurada preferência, como critério de assinatura do contrato. Vencido esse prazo, os licitantes
desempate, sucessivamente, aos bens e serviços: ficam liberados dos compromissos assumidos. Tal pra-
zo poderá ser prorrogado uma vez por igual período.
I. produzidos no País; Caso o licitante convocado para assinatura do con-
II. produzidos ou prestados por empresas trato não compareça, a Administração Pública poderá
brasileiras. convocar os demais licitantes, respeitada a ordem de
III. produzidos ou prestados por empresas que classificação do certame, tendo também a opção de
invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tec- revogar o procedimento.
nologia no País. O licitante que eventualmente for convocado no
IV. produzidos ou prestados por empresas que com- lugar do vencedor poderá aceitar ou não. As condi-
provem cumprimento de reserva de cargos prevista ções serão as da proposta vencedora.
em lei para pessoa com deficiência ou para reabili-
tado da Previdência Social e que atendam às regras
de acessibilidade previstas na legislação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Recursos
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à hotela-
Por meio dos recursos os resultados, ainda que par- ria hospitalar, julgue o seguinte item:
ciais, do procedimento licitatório, poderão ser ataca- Cabe à administração pública exigir documentos de
dos. Eles constam basicamente do artigo 109. Vejamos. habilitação compatíveis com o ramo do objeto licitado.

Art. 109 Dos atos da Administração decorrentes da ( ) CERTO ( ) ERRADO


aplicação desta Lei cabem:
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a con- Vejamos os dispositivos legais.
tar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-
casos de: -á dos interessados, exclusivamente, documentação
a) habilitação ou inabilitação do licitante; relativa a:
b) julgamento das propostas; II - qualificação técnica;
c) anulação ou revogação da licitação; Art. 30. A documentação relativa à qualificação téc-
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro nica limitar-se-á a:
cadastral, sua alteração ou cancelamento; II - comprovação de aptidão para desempenho de
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do
atividade pertinente e compatível em características,
art. 79 desta Lei;
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indi-
f) aplicação das penas de advertência, suspensão
cação das instalações e do aparelhamento e do pessoal
temporária ou de multa;
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis técnico adequados e disponíveis para a realização do
da intimação da decisão relacionada com o objeto objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
da licitação ou do contrato, de que não caiba recur- um dos membros da equipe técnica que se responsabi-
so hierárquico; lizará pelos trabalhos; Resposta: Certo.
III - pedido de reconsideração, de decisão de
Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou 2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) Com relação aos pro-
Municipal, conforme o caso, na hipótese do § 4o do cessos licitatórios na administração pública, julgue o
art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez) dias úteis da item:
intimação do ato. A homologação do certame é o ato administrativo
pelo qual se atribui ao vencedor o objeto da licitação,
Homologação outorgando-lhe a titularidade jurídica do resultado
alcançado.
Após o julgamento e classificação das propostas, a
comissão encaminhará o processo à autoridade com- ( ) CERTO ( ) ERRADO
petente para que ocorra a homologação e posterior
adjudicação do objeto ao vencedor. Aqui termina o O ato descrito é a adjudicação e não homologação.
244 trabalho da comissão de licitação. Resposta: Errado.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO EXERCÍCIOS COMENTADOS
PÚBLICA
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o item a seguir,
acerca de controle da administração pública.
A Administração Pública estará sujeita a vários meca-
O sistema de contencioso administrativo ocorre no
nismos que irão verificar a regularidade da sua atuação.
Por vezes, mecanismos internos, assim como externos, âmbito de tribunais de competência especializada que
sujeitam-se a controles exercidos por outros Poderes. não integram a estrutura do Poder Judiciário, cujas
Essa possibilidade de um Poder limitar o outro sentenças são dotadas de força de coisa julgada.
você poderá encontrar referida como sistema de freios
e contrapesos ou checks and balances. Nada mais é do ( ) CERTO ( ) ERRADO
que a limitação mútua de um Poder para com outro,
de forma que o poder que emana do povo seja exerci- O contencioso administrativo nada mais é do que a
do de forma equilibrada pelos representantes eleitos. discussão de direitos em âmbito administrativo, o
que se dará conforme o assunto e a competência. No
CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO entanto, tais decisões ainda são passíveis de aprecia-
PÚBLICA ção por parte do Poder Judiciário. Resposta: Certo.

O controle administrativo é o controle exercido 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) A respeito de reparação


pela própria Administração Pública sobre seus atos. de danos, sindicância e processo administrativo, e
Uma importantíssima característica do controle inter- controle interno da administração pública, julgue o
no é a amplitude, pois recairá tanto sobre os aspectos item seguinte.
de legalidade como sobre os aspectos de mérito. O controle interno instituído pela Constituição Federal
Vejamos o artigo 70 da CF/88, que faz menção direta à de 1988 foi mais um instrumento para a garantia da
existência do sistema de controle interno de cada Poder. legalidade das ações nos órgãos e nas entidades da
administração pública federal.
Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orça-
mentária, operacional e patrimonial da União e ( ) CERTO ( ) ERRADO
das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, O controle interno a ser exercido pelos Poderes tem pre-
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, visão no próprio texto constitucional. Nesse contexto,
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante importantíssimo o artigo 74. Vejamos a sua literalidade.
controle externo, e pelo sistema de controle inter-
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
no de cada Poder.
rio manterão, de forma integrada, sistema de con-
trole interno com a finalidade de:
Tal informação deve ser desde já trabalhada em
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
comparação ao controle externo exercido sobre outros
plano plurianual, a execução dos programas de
poderes sobre a Administração Pública. Nesses casos,
governo e dos orçamentos da União;
além de eles acontecerem nas hipóteses constitucio-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
nalmente previstas, em regra, deverão recair apenas
sobre os aspectos de legalidade do ato praticado. quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
A CF/88 fala mais uma vez sobre o controle interno ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
no seu artigo 74. da administração federal, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado;
Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- III - exercer o controle das operações de crédito, avais
rio manterão, de forma integrada, sistema de con- e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
trole interno com a finalidade de: IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no missão institucional. Resposta: Certo.
plano plurianual, a execução dos programas de

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


governo e dos orçamentos da União; CONTROLE JUDICIAL
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá- Esse é o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades os atos praticados pelos demais poderes e de seus pró-
da administração federal, bem como da aplica-
prios atos quando do exercício da função administrativa.
ção de recursos públicos por entidades de direito
Importante lembrar que no Brasil aplica-se o prin-
privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais
cípio da inafastabilidade de jurisdição, segundo o qual
e garantias, bem como dos direitos e haveres da nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito poderá
União; ser afastada a apreciação do Poder Judiciário.
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua Nesse contexto, importante lembrar que, em
missão institucional. âmbito administrativo, teremos a ocorrência do con-
tencioso administrativo nesses termos. Tribunais
Temos também a possibilidade de reexame da administrativos especializados apreciarão a matéria
matéria por meio da interposição de recursos pelos de sua competência, o que não afasta a competência
eventuais interessados. Em regra, esses recursos serão do Poder Judiciário de apreciar novamente a matéria.
analisados dentro da estrutura do próprio Poder, sen- No entanto, como já vimos anteriormente, essa
do então classificados como recursos próprios. Quan- análise, em regra, não poderá adentrar ao mérito
do à análise do recurso se der em outro Poder, será administrativo dos atos analisados, devendo se ater
classificado como recurso impróprio. aos aspectos vinculados. 245
Ainda, segundo o princípio da inércia que norteia regulamentadora torne inviável o exercício dos
a atuação do Poder Judiciário, deverá ser sempre pro- direitos e liberdades constitucionais e das prerro-
vocado por um dos interessados na sua manifestação. gativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
Dica
Habeas data
O Poder Judiciário só poderá se manifestar sobre a
execução de políticas públicas diante de situações Este remédio constitucional tem como finalidade
extremas, quando o mínimo aceitável não tenha garantir o direito à informação. Ele consta expressa-
sido feito. Deverá, na análise, levar em conta o prin- mente do artigo 5º da Constituição Federal. Vejamos a
cípio da reserva do possível, para que seja definido literalidade do dispositivo.
o mínimo aceitável na situação apresentada.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Veremos agora algumas ações por meio das quais de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
poderá ser provocado o Poder Judiciário para mani- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
festação. As situações e que ensejam seus usos são
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
diferentes. Vejamos os pontos mais importantes.
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações
Mandado de segurança relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governa-
O mandado de segurança tem seus pormenores mentais ou de caráter público;
constantes da Lei nº 12.016/09. Segundo a própria b) para a retificação de dados, quando não se prefira
Constituição Federal servirá para proteger direito fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data. Outra condicionante é a ilegalidade ser O habeas data será cabível para obtenção de infor-
praticada por autoridade pública ou agente de pessoa mações pessoais.
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
(como concessionárias de serviço público).
O conceito de autoridade aqui deverá ser inter-
pretado em sentido amplo, incluindo tanto servidores EXERCÍCIOS COMENTADOS
públicos, como agentes particulares de delegatários
de serviços públicos. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A administração pública,
O mandado de segurança poderá ser tanto repres- além de estar sujeita ao controle dos Poderes Legisla-
sivo, preventivo. Ou seja, pode ser anterior a uma tivo e Judiciário, exerce controle sobre seus próprios
lesão ao direito. atos. Tendo como referência inicial essas informações,
Temos situações em que não será cabível o manda- julgue o item a seguir, acerca do controle da administra-
do de segurança. Vejamos. ção pública.
O Poder Judiciário tem competência para apreciar o
z Contra ato do qual seja cabível recurso administrativo mérito dos atos discricionários exarados pela admi-
com efeito suspensivo, sem necessidade de caução; nistração pública, devendo, no entanto, restringir-se à
z Contra decisão judicial transitada em julgado; análise da legalidade desses atos.
z Contra lei em tese;
z Para assegurar liberdade de locomoção (aqui será ( ) CERTO ( ) ERRADO
cabível o habeas corpus).
O Poder Judiciário deverá analisar os atos admi-
Mandado de injunção nistrativos apenas quando provocado. No entanto,
o mérito administrativo, em regra, não deverá ser
Será cabível como remédio jurídico para garantir alterado, devendo a análise se ater aos elementos
ao cidadão exercício de direito que dependa de norma vinculados do ato administrativo. Resposta: Certo.
ainda não existente. Vejamos a literalidade do texto
constitucional para um melhor entendimento. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação à classifica-
ção da Constituição Federal de 1988, ao controle de
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção constitucionalidade e à atividade administrativa do
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
Estado brasileiro, julgue (C ou E).
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
O controle de legalidade dos atos administrativos, que
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
verifica a compatibilidade formal do ato com a legis-
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- lação infraconstitucional, pode ser exercido tanto no
pre que a falta de norma regulamentadora torne âmbito interno, por meio da autotutela administrativa,
inviável o exercício dos direitos e liberdades consti- quanto externo, pelos órgãos do Poder Judiciário.
tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali- Comentários.
dade, à soberania e à cidadania;
( ) CERTO ( ) ERRADO
O mandado de injunção é regulamentado pela Lei
nº 13.300/2016. Vejamos seu artigo 2º. O artigo 70 da Constituição Federal traz as diretri-
zes para o controle interno de cada Poder. Há tam-
Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção bém as hipóteses de controle externo. Uma delas é o
246 sempre que a falta total ou parcial de norma controle realizado pelo Poder Judiciário, que deverá
ocorrer mediante provocação. Abaixo o dispositivo XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo refe-
constitucional citado. rentes a atividades nucleares;
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e
dades da administração direta e indireta, quanto à o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou conces-
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida
são de terras públicas com área superior a dois mil
pelo Congresso Nacional, mediante controle exter-
e quinhentos hectares.
no, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Vejamos agora as atribuições que competem
Resposta: Certo.
privativamente ao Senado Federal, art. 52 da
CF/88.
CONTROLE LEGISLATIVO
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Pre-
sidente da República nos crimes de responsa-
O controle legislativo é o controle realizado pelo bilidade, bem como os Ministros de Estado e
Poder Legislativo sobre os demais poderes. O contro- os Comandantes da Marinha, do Exército e da
le poderá ser político ou financeiro, de acordo com a Aeronáutica nos crimes da mesma natureza cone-
hipótese constitucionalmente prevista. xos com aqueles;
Em regra, o aspecto financeiro será aquele fiscali- II - processar e julgar os Ministros do Supremo
zado com o auxílio do TCU (ou Tribunal de Contas de Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacio-
outra esfera, se for o caso), conforme previsto no arti- nal de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
go 70 da Constituição Federal (leia novamente, agora Público, o Procurador-Geral da República e o Advo-
nesse contexto). gado-Geral da União nos crimes de responsabilida-
Temos aqui uma importante exceção no funcio- de; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
namento do controle legislativo. Veja que os termos 45, de 2004)
“legitimidade, economicidade” constantes do disposi- III - aprovar previamente, por voto secreto,
tivo que você acabou de ler permitirão uma análise após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
que poderá, conforme o caso, adentrar em aspectos
Constituição;
do mérito administrativo. Portanto, fique atento com
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indi-
termos extremos nos enunciados das questões quan- cados pelo Presidente da República;
do estiverem abordando a presente temática. c) Governador de Território;
Vejamos as competências exclusivas do Congres- d) Presidente e diretores do banco central;
sos Nacional trazidas pelo artigo 49, da Constituição e) Procurador-Geral da República;
Federal. f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
I - resolver definitivamente sobre tratados, acor- arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
dos ou atos internacionais que acarretem encargos missão diplomática de caráter permanente;
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; V - autorizar operações externas de natureza finan-
II - autorizar o Presidente da República a declarar ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distri-
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças to Federal, dos Territórios e dos Municípios;
estrangeiras transitem pelo território nacional VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
ou nele permaneçam temporariamente, ressalva- limites globais para o montante da dívida consoli-
dos os casos previstos em lei complementar; dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente dos Municípios;
da República a se ausentarem do País, quando a VII - dispor sobre limites globais e condições para
ausência exceder a quinze dias; as operações de crédito externo e interno da União,
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspen- de suas autarquias e demais entidades controladas
der qualquer uma dessas medidas; pelo Poder Público federal;
V - sustar os atos normativos do Poder Executi- VIII - dispor sobre limites e condições para a con-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
vo que exorbitem do poder regulamentar ou dos cessão de garantia da União em operações de crédi-
limites de delegação legislativa; to externo e interno;
VI - mudar temporariamente sua sede; IX - estabelecer limites globais e condições para o
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados montante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis-
Federais e os Senadores; trito Federal e dos Municípios;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Pre- X - suspender a execução, no todo ou em parte,
sidente da República e dos Ministros de Estado; de lei declarada inconstitucional por decisão
IX - julgar anualmente as contas prestadas definitiva do Supremo Tribunal Federal;
pelo Presidente da República e apreciar os rela- XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secre-
tórios sobre a execução dos planos de governo; to, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- República antes do término de seu mandato;
quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, XII - elaborar seu regimento interno;
incluídos os da administração indireta; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamen-
XI - zelar pela preservação de sua competência to, polícia, criação, transformação ou extinção dos
legislativa em face da atribuição normativa dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a ini-
outros Poderes; ciativa de lei para fixação da respectiva remunera-
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei
concessão de emissoras de rádio e televisão; de diretrizes orçamentárias;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal XIV - eleger membros do Conselho da República,
de Contas da União; nos termos do art. 89, VII. 247
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do II - julgar as contas dos administradores e
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e demais responsáveis por dinheiros, bens e
seus componentes, e o desempenho das administra- valores públicos da administração direta e
ções tributárias da União, dos Estados e do Distrito indireta, incluídas as fundações e sociedades ins-
Federal e dos Municípios. tituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as
contas daqueles que derem causa a perda, extravio
Finalmente, vejamos as atribuições que competem ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
privativamente à Câmara dos Deputados. erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
tauração de processo contra o Presidente e o Vice- título, na administração direta e indireta, incluí-
-Presidente da República e os Ministros de Estado; das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
II - proceder à tomada de contas do Presiden- Público, excetuadas as nomeações para cargo de
te da República, quando não apresentadas ao provimento em comissão, bem como a das conces-
Congresso Nacional dentro de sessenta dias sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressal-
após a abertura da sessão legislativa; vadas as melhorias posteriores que não alterem o
III - elaborar seu regimento interno; fundamento legal do ato concessório;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara
polícia, criação, transformação ou extinção dos dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a ini- técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
ciativa de lei para fixação da respectiva remunera- natureza contábil, financeira, orçamentária, opera-
ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei cional e patrimonial, nas unidades administrativas
de diretrizes orçamentárias; dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
V - eleger membros do Conselho da República, nos demais entidades referidas no inciso II;
termos do art. 89, VII. V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União par-
ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
Importante! tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
Quando a Constituição Federal se refere ao repassados pela União mediante convênio, acordo,
“Congresso Nacional”, devemos entender Sena- ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Esta-
do e Câmara reunidos em sessão conjunta para do, ao Distrito Federal ou a Município;
deliberação. VII - prestar as informações solicitadas pelo
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre
Comissão Parlamentar de Inquérito a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de
São comissões que podem ser criadas pela Câma- auditorias e inspeções realizadas;
ra ou pelo Senado, em conjunto ou separadamen- VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilega-
te, mediante 1/3 dos seus membros, com poderes de lidade de despesa ou irregularidade de contas, as
investigação, para apuração de fato determinado e sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
por prazo certo. outras cominações, multa proporcional ao dano
As CPIs podem realizar diligências, convocar e tomar causado ao erário;
depoimentos, requisitar informações e documentos de IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
órgãos, requisitar auditorias e inspeções do TCU. adote as providências necessárias ao exato cumpri-
Segundo jurisprudência do STF, é vedado às CPIs mento da lei, se verificada ilegalidade;
fazer buscas e apreensões domiciliares, determinar X - sustar, se não atendido, a execução do ato
interceptações telefônicas, dar ordem de prisão (exce- impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
to em flagrante). Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregu-
laridades ou abusos apurados.
Tribunais de Contas
Cuidado com o termo! As contas do Presidente da
Como dito anteriormente, o Tribunal de Contas irá
República são apreciadas pelo TCU, enquanto as dos
auxiliar o Poder Legislativo no exercício de suas atribui-
ções constitucionais. Importante frisar que não estão a demais administradores de dinheiro e bens públicos
ele subordinados, nem fazem parte de sua estrutura. são julgadas.
Ainda, em que pese o nome “tribunal”, suas
decisões não fazem coisa julgada como as do Poder
Judiciário. Em consequência, aquele que se julgar
prejudicado poderá recorrer ao Poder Judiciário para EXERCÍCIOS COMENTADOS
apreciação da matéria.
Conforme artigo 71, da CF/88, o controle externo, a 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do controle da
cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxí- atividade financeira do Estado e do controle exercido
lio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: pelos tribunais de contas, julgue o próximo item.
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras
I - apreciar as contas prestadas anualmente atribuições, representar ao poder competente sobre
pelo Presidente da República, mediante parecer irregularidades ou abusos apurados.
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias
248 a contar de seu recebimento; ( ) CERTO ( ) ERRADO
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Deus na terra, investidos desse Poder por obra divina.
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal Tal teoria seria superada com o advento do Estado de
de Contas da União, ao qual compete: Direito francês, sobretudo do julgamento pelo Tribu-
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- nal de Conflitos da França, denominado Aresto Blanco,
dades ou abusos apurados. no ano de 1873. O julgamento consistia na imputação
Dentre as competências de controle externo do Con- ao Estado do dever de reparar danos causados por
gresso Nacional previstas no artigo 71, temos a hipó- um vagão da Companhia Nacional de Manufatura do
tese trazida pela questão no inciso XI. Resposta: Certo. Fumo, que havia atropelado uma menina enquanto
brincava na rua.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com relação à respon- A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a
sabilidade civil do Estado, aos serviços públicos e primeira tentativa de explicar a imputação ao Estado
ao controle da administração pública, julgue o item do dever de reparar os danos patrimoniais e demais
subsequente. prejuízos causados pela conduta de seus agentes. Por
A função fiscalizatória exercida pelos tribunais de con- essa corrente teórica, o Estado passaria a adquirir
tas dos estados constitui uma expressão de controle do uma segunda personalidade denominada “fisco”, sen-
Poder Legislativo sobre os atos da administração pública. do esta uma personalidade patrimonial, capaz de res-
sarcir os particulares pela prática de atos de gestão.
( ) CERTO ( ) ERRADO No caso apresentado, o Estado acabou se tornando
o ente responsável por reparar a família pela mor-
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- te da menina. Ocorre que a grande inovação se deu
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- quando a corte julgadora decidiu que a responsabi-
dades da administração direta e indireta, quanto à lidade do Estado não poderia ter o seu fundamento
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação retirado do Direito Civil. Assim, a responsabilidade
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida
estatal tem seu fundamento ligado às noções de res-
pelo Congresso Nacional, mediante controle exter-
ponsabilidade mais amplas do que o âmbito de Direito
no, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Civil, o que significa que, para o Estado ser conside-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
rado responsável, deve haver a comprovação de que
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
este agiu com culpa lato sensu, abrangendo as hipóte-
de Contas da União, ao qual compete:
ses de dolo (intenção de lesar), bem como as de negli-
O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo no
gência, imprudência e imperícia (culpa stricto sensu).
controle externo. Nesse contexto, são importantes
Essa era a grande dificuldade dessa teoria: pelo fato
os artigos 70 e 71 da Constituição Federal, que espe-
cificam a natureza do controle e as hipóteses especí- da relação entre a Administração Pública e o parti-
ficas do seu exercício. Resposta: Certo. cular ser desigual, a vítima muitas vezes não possuía
meios suficientes para comprovar a conduta dolosa
ou culposa do Estado. No Brasil, adotamos a teoria
subjetiva no Direito Público, EXCEPCIONALMEN-
TE, nos casos de omissão da Administração, ou na
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO possibilidade de ação regressiva desta perante seus
agentes.
Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia A terceira teoria, denominada Teoria da Res-
de responsabilidade civil e extracontratual do Estado. ponsabilidade Objetiva, surge nos meados de 1946.
Significa dizer que ao Estado é imputado o dever de Consiste no afastamento da necessidade de compro-
ressarcir particulares pelos prejuízos praticados na vação de dolo ou culpa do agente público, tendo por
conduta de seus agentes, independentemente de qual- fundamento do dever de indenizar a concepção de
quer acordo ou pacto estabelecido.
risco administrativo. Quem presta um serviço públi-
Todavia, essa concepção que temos atualmen-
co, assume o risco dos prejuízos que eventualmente
te não “brotou da terra”: ela foi o resultado de uma
causar a outrem. Não cabe, dessa forma, a discussão
longa evolução histórica sobre a forma de atuação do
sobre aspectos subjetivos da responsabilidade estatal,
Poder Público na esfera privada. Por isso, é importan-
exceto nas hipóteses de ação regressiva. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
te analisar a evolução histórica da responsabilidade
estatal, tendo como foco os países ocidentais, sobre-
tudo o Brasil. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO
BRASILEIRO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TEORIAS DE
RESPONSABILIDADE Responsabilidade por ato Comissivo e Omissivo do
Estado
De modo geral, pode-se afirmar que a responsa-
bilidade civil da Administração passou por três gran- A Constituição Federal de 1988 adotou a teoria da
des fases. A primeira fase, denominada Teoria da responsabilidade objetiva, na variação de risco admi-
Irresponsabilidade, adveio na época dos Estados nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever
Absolutistas, onde havia uma concentração do poder de indenizar, conforme se depreende da leitura do
político nas mãos de uma única pessoa. O Monarca, art. 37, § 6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direi-
assim, praticava atos que jamais poderiam ensejar a to público e as de direito privado prestadoras de servi-
reparação pelos danos, uma vez que o Monarca fazia ços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
a sua vontade ter força de lei. A fundamentação dessa nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
soberania dos reis absolutistas era baseada na teoria direito de regresso contra o responsável nos casos de
político-teológica de que eles eram representantes de dolo ou culpa”. 249
Observe que o texto constitucional imputa as pes- fato gerador da responsabilidade civil do Estado. Isso
soas jurídicas de direito privado, como sociedades de significa que nem toda conduta omissiva caracteriza-se
economia mista e empresas públicas, o dever de repa- em um dever de indenizar, configurando-se na respon-
rar na mesma modalidade que as pessoas da Adminis- sabilização do ente estatal. Somente quando o Estado
tração Direta. A Lei nº 8.112/1990, que dispõe sobre se omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência
o regime dos servidores públicos, apresenta uma do dano é que será civilmente responsável.
seção sobre responsabilidades dos agentes públicos, Ainda sobre a omissão, há uma discussão dou-
colocando em destaque a responsabilidade objetiva. trinária a respeito da responsabilidade omissiva ser
Temos no art. 112 da referida Lei: “A responsabilida- objetiva ou subjetiva. A primeira corrente, defendida
de civil decorre de ato omissivo ou comissivo, dolo- por juristas como Hely Lopes Meirelles, defende que
so ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a se a Constituição Federal não distinguiu a responsabi-
terceiros”. lidade por ação e omissão, então não deve o intérprete
O dever estatal de indenizar os particulares possui fazê-lo também.
dois fundamentos distintos: a legalidade e a igualda- Porém, a corrente majoritária defendida por
de. Na hipótese de o Poder Público praticar um ato juristas como Celso Antônio Bandeira de Mello diz
ilícito, causador de danos patrimoniais para a coleti- que a responsabilidade civil por omissão é sempre
vidade, o dever de indenizar advém do princípio da subjetiva. Nesses casos, o Estado raramente é o autor
legalidade, uma vez que a atuação do agente público do ato danoso. Por isso, só responderá se restar com-
deve ser feita sempre de acordo com a lei (secundum provado que ele tinha o dever legal de agir para impe-
legem). Há, também, casos em que a Administração dir o resultado, e não o faz. Há uma análise subjetiva
pratique atos lícitos, mas que também podem causar da conduta do Poder Público. Assim, o entendimento
prejuízos especiais ao particular. Nessas hipóteses, o mais correto é de que a responsabilidade civil do Esta-
dever de indenizar advém do princípio da isonomia, do, no caso de conduta omissiva, só ocorrerá quando
que pressupõe a igual repartição dos encargos sociais. presentes os elementos que caracterizam a culpa em
sentido amplo, logo, responsabilidade subjetiva.
REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE DO ESTADO CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA
RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Para que haja a configuração da responsabilidade
civil do Estado, é importante a presença de três ele- Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsa-
mentos: a) um ato do agente público, b) dano ao bilidade estatal, existem duas vertentes distintas. A
particular, c) nexo de casualidade entre o dano e o primeira, denominada risco integral, dispõe que o
ato praticado. Estado possui o dever de indenizar todo e qualquer
Em relação ao segundo elemento, a doutrina cos- dano causado pela prática de seus atos, não admitindo
tuma apontar quais são os danos que ensejam o dever nenhuma excludente. Trata-se de uma variação radi-
de indenizar, isso é, quais são os denominados danos cal, em que a Administração se transforma em um
indenizáveis. Assim, considera-se dano indenizável: indenizador universal. Não é adotado em nenhum
país, sendo adotado no Brasil somente como exce-
z Dano anormal: é o dano que ultrapassa os incon- ção em alguns casos específicos, como nos acidentes
venientes naturais e esperados da vida em socie- de trabalho, na indenização coberta pelo seguro obri-
dade. A vida em sociedade é caracterizada pelo gatório para automóveis (DPVAT) etc.
advento de certos incômodos normais e toleráveis A segunda vertente, denominada teoria do ris-
a todos os cidadãos. Tais desconfortos só enseja- co administrativo, é a adotada como regra geral no
ram o dever de indenizar se forem considerados direito brasileiro. Tal teoria reconhece algumas exclu-
intoleráveis. Assim, por exemplo, a feira colocada dentes da responsabilidade do Estado. Excludentes
em rua residencial não enseja dever de indenizar. são circunstâncias que, como o próprio nome diz,
z Dano específico: é aquele que atinge uma certa afastam o dever de indenizar durante a sua ocorrên-
pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa cia. São, ao todo, três modalidades:
forma, se o ato da Administração é capaz de causar
danos de modo geral, para toda a coletividade, não z Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que
se caracteriza dano indenizável. Por exemplo: não o prejuízo é consequência da intenção delibera-
é considerado dano indenizável o aumento da tari- da da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar
fa do transporte público, haja vista que todos as o referido serviço público, acaba sofrendo danos
pessoas daquela cidade sofrerão com tal medida. por uma ação tomada por ela mesma, não haven-
do qualquer relação com as condutas do Poder
RESPONSABILIDADE POR AÇÃO E Público. É o caso, por exemplo, de pessoa que se
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO joga na frente de viatura policial para ser atrope-
lada. Não se confunde com a culpa concorrente,
A responsabilidade por ação é aquela que se carac- que se traduz no dano causado pela conduta recí-
teriza pelo ato comissivo. O Estado pode causar danos proca do Estado e da própria vítima. Neste caso,
aos particulares tanto por ação ou por omissão. Quan- há uma análise pericial para determinar os dife-
do o ato é comissivo, não há questionamento acerca rentes graus de culpa de cada agente, ensejando
da culpa do Estado em sua conduta. Nesse caso, a reparação.
responsabilidade objetiva do Estado se dará pela pre- z Força maior: é o evento imprevisível e involuntá-
sença dos seus pressupostos: o fato administrativo, o rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato
dano e o nexo causal existente entre os dois. da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima.
Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, Geralmente são causados pela força da natureza.
250 será preciso distinguir se a omissão constitui ou não É o caso, por exemplo, do desabamento de terras
que arruínam as casas de um bairro, devido às for- RESPONSABILIDADE DO ESTADO SEGUNDO
tes chuvas. Não se confunde com o caso fortuito, REITERADAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL
em que o dano decorre de ato humano, ou da pró- FEDERAL (STF)
pria Administração, como o desabamento de uma
É bem comum que algumas questões exijam do
estrada. O caso fortuito enseja o dever de respon-
candidato conhecimentos sobre a jurisprudência de
sabilidade somente se tal evento for causado pelo
determinada matéria. De fato, a teoria da responsa-
agente público.
bilidade extracontratual do Estado abrange diversas
z Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuí- casuísticas que podem gerar algumas dúvidas, sobre
zo é atribuído a pessoa estranha aos quadros da as quais a doutrina faz pouca menção.
Administração Pública. Dessa forma, não há como Observe as seguintes ementas relacionadas com a
o Estado ser imputado responsável por atos pra- referida matéria, todas extraídas do STF:
ticados por pessoas que não fazem parte de sua
composição. EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUS-
SÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Curioso é o caso dos danos causados pelas enchentes, POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, §
sobretudo em cidades onde o escoamento das águas é 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade
precário, como ocorre em algumas regiões da cidade de civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em
São Paulo. Como regra geral, o Estado não se responsabi- seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco admi-
liza por prejuízos causados pelas enchentes. A 3º Câma- nistrativo, tanto para as condutas estatais comissivas
ra de Direito Público do TJ/SP negou provimento à AC nº quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do
0170440220058260602 interposta por três proprietários risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de
de imóveis afetados pelas fortes chuvas do início do ano causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos
de 2012, que pleiteavam pedido de indenização pelos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a
danos causados pelas chuvas, pois as galerias pluviais efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado
danoso. 3. É dever do Estado e direito subjetivo do pre-
de seu bairro não eram suficientes para escoar toda a
so que a execução da pena se dê de forma humanizada,
água, caracterizando-se em falta no serviço público.
garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e
Segundo voto do relator, porém, não havia qualquer
o de ter preservada a sua incolumidade física e moral
prova que defina a ocorrência de qualquer falta de ser-
(artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O
viço que possa ser atribuída ao Município e que tenha dever constitucional de proteção ao detento somente
sido causa concorrente para o evento. se considera violado quando possível a atuação estatal
Todo aquele que se sentir prejudicado por con- no sentido de garantir os seus direitos fundamentais,
duta comissiva ou omissiva de agente público pode pressuposto inafastável para a configuração da respon-
pleitear, pela via administrativa ou judicial, a devi- sabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37,
da reparação pelos danos causados. Na via adminis- § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad impossibilia nemo
trativa, basta que o prejudicado formule o pedido tenetur, por isso que nos casos em que não é possível
a autoridade competente, que instaurará processo ao Estado agir para evitar a morte do detento (que
administrativo para apurar a responsabilidade e o ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade),
pagamento de indenização. rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a res-
Porém, é preferível que a vítima utilize a via judi- ponsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-
cial, hipótese mais comum haja vista o direito de peti- -se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco
ção, que se caracteriza no dever do Poder Judiciário integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte
de atender todas as demandas feitas pelos cidadãos. do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g.,
O direito à indenização da vítima se instrumentaliza homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo
que nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por
pela ação indenizatória. A ação indenizatória, dessa
mais que adote as precauções exigíveis. 7. A responsa-
forma, é aquela proposta pela vítima contra a pessoa
jurídica que o agente público causador do dano per-
bilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
que o Poder Público comprova causa impeditiva da
tence. Conforme dispõe o art. 206, § 3º, V, do Código
sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de
Civil, o prazo prescricional para a propositura de ação causalidade da sua omissão com o resultado danoso.
indenizatória é de três anos, contados da ocorrência 8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese
do evento danoso. de que: em caso de inobservância do seu dever especí-
Lembrando também que sempre há a possibilida- fico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da
de de direito de regresso, por parte do ente público, Constituição Federal, o Estado é responsável pela mor-
contra o agente que, de fato, praticou a conduta dano- te do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que
sa. Óbvio, quando a culpa recair totalmente sobre um inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem
agente ou um pequeno grupo de agentes públicos, o outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da
Estado não pode ser o único a arcar com os prejuí- sua omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita
zos da reparação, ele possui direito de regresso. Ain- a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal.
da que os agentes não indenizem a vítima, sobre eles 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO.
podem recair a ação regressiva com essa finalidade
(RE 841526, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
específica. Significa dizer que os agentes públicos só
30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
podem responder de forma subjetiva, devendo inde- MÉRITO DJe-159 DIVULGAÇÃO 29-07-2016 PUBLICAÇÃO 01-08-
nizar o Poder Público pela prática de seus atos. 2016) 251
Um tema que costuma cair bastante em questões pessoa incapaz ou sem os cuidados específicos. Assim,
de prova diz respeito à morte do preso. Segundo enten- é hipótese de responsabilidade subjetiva.
dimento do STF, o Estado tem o dever de garantir que CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTA-
a pessoa do detento cumpra sua pena com dignidade, DO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDI-
respeitados os seus direitos humanos fundamentais. CAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO
Assim, quando um detento morre dentro da prisão, PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO
demonstra-se uma omissão do Estado de atuar em DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPON-
garantir seus direitos. Até mesmo em casos de suicí- SABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS
dio é possível a responsabilização civil do Estado. NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO.

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPER- I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
CUSSÃO GERAL RECONHECIDA. DIREITO CONSTITUCIO- direito privado prestadoras de serviço público é
NAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL objetiva relativamente a terceiros usuários e não-
DO ESTADO POR OMISSÃO. ART. 37, § 6º, DA CONSTI- -usuários do serviço, segundo decorre do art. 37,
TUIÇÃO FEDERAL. FISCALIZAÇÃO DO COMÉRCIO DE § 6º, da Constituição Federal.
FOGOS DE ARTIFÍCIO. TEORIA DO RISCO ADMINIS- II. A inequívoca presença do nexo de causalidade
TRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. NECESSI- entre o ato administrativo e o dano causado ao
DADE DE VIOLAÇÃO DO DEVER JURÍDICO ESPECÍFICO terceiro não-usuário do serviço público, é condi-
DE AGIR. 1. A Constituição Federal, no art. 37, § 6º, ção suficiente para estabelecer a responsabilida-
consagra a responsabilidade civil objetiva das pessoas de objetiva da pessoa jurídica de direito privado.
jurídicas de direito público e das pessoas de direito III. Recurso extraordinário desprovido.
privado prestadoras de serviços públicos. Aplicação
(RE 591874, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno,
da teoria do risco administrativo. Precedentes da COR- julgado em 26/08/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237
TE. 2. Para a caracterização da responsabilidade civil DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-10 PP-
estatal, há a necessidade da observância de requisitos 01820 RTJ VOL-00222-01 PP-00500)
mínimos para aplicação da responsabilidade objeti-
va, quais sejam: a) existência de um dano; b) ação ou Outro caso que é bastante comum e costuma cair
omissão administrativa; c) ocorrência de nexo causal em questões de prova diz respeito ao serviço públi-
entre o dano e a ação ou omissão administrativa; e co de transporte coletivo. Indaga-se como recairia a
d) ausência de causa excludente da responsabilidade responsabilidade do Estado quando, por exemplo, um
estatal. 3. Na hipótese, o Tribunal de Justiça do Estado motorista de ônibus atropela um civil andando na
de São Paulo concluiu, pautado na doutrina da teoria rua, que é considerado um terceiro não-usuário do
do risco administrativo e com base na legislação local, serviço. Segundo o entendimento do STF, as pessoas
que não poderia ser atribuída ao Município de São jurídicas concessionários do serviço de transporte
Paulo a responsabilidade civil pela explosão ocorri- possuem responsabilidade civil objetiva quando
da em loja de fogos de artifício. Entendeu-se que não o dano for causado contra terceiros, sejam eles
houve omissão estatal na fiscalização da atividade, usuários do serviço ou não. A presença do nexo de
uma vez que os proprietários do comércio desenvol- casualidade é bastante evidente.
viam a atividade de forma clandestina, pois ausente
a autorização estatal para comercialização de fogos
de artifício. 4. Fixada a seguinte tese de Repercussão
Geral: “Para que fique caracterizada a responsabilida- EXERCÍCIOS COMENTADOS
de civil do Estado por danos decorrentes do comércio
de fogos de artifício, é necessário que exista a violação 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que diz respeito a des-
de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá vio e excesso de poder e à responsabilidade civil do
quando for concedida a licença para funcionamen- Estado, julgue o item subsecutivo.
to sem as cautelas legais ou quando for de conheci- É possível responsabilizar a administração pública por
mento do poder público eventuais irregularidades ato omissivo do poder público, desde que seja inequí-
praticadas pelo particular”. 5. Recurso extraordinário voco o requisito da causalidade, em linha direta e ime-
diata, ou seja, desde que exista o nexo de causalidade
desprovido.
entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o
(RE 136861, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: dano causado a terceiro.
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11/03/2020,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-201 ( ) CERTO ( ) ERRADO
DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020)
A doutrina costuma conceituar a responsabilida-
Fogos de artifício são produtos altamente perigosos de extracontratual do Estado como a obrigação de
e que podem causar danos a diversas vítimas, seja ela reparar danos causados a terceiros em decorrência de
o adquirente do produto, ou ainda terceiros. Observe comportamentos comissivos ou omissivos, materiais
que, no caso mencionado, a vítima adquiriu fogos de ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes
artifícios de forma clandestina dos proprietários do públicos. Ainda que seja por uma conduta omissiva,
comércio. Não houve, assim, a aquisição de licença não há a necessidade de comprovar dolo ou culpa na
para a venda desses produtos. Sendo assim, firmou- conduta omissiva do agente público. Resposta: Certo.
-se entendimento de que só caberá responsabilida-
de civil do Estado quando restar comprovado que 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item a seguir,
houve a violação de um dever jurídico específico acerca das disposições constitucionais a respeito de
252 de agir, como no caso de concessão de licença para direito administrativo.
Um município poderá ser condenado ao pagamen- z Hierárquico: prevalece a de maior hierarquia. Ex.:
to de indenização por danos causados por conduta CF/88 sobre qualquer norma interna.
de agentes de sua guarda municipal, ainda que tais z Cronológico: prevalecerá a lei mais nova sobre o
danos tenham decorrido de conduta amparada por tema.
causa excludente de ilicitude penal expressamente z Especialidade: prevalecerá a lei mais específica
reconhecida em sentença transitada em julgado. sobre o tema.

( ) CERTO ( ) ERRADO REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

A responsabilidade extracontratual do Estado bra- O regime jurídico pode ser definido como conjunto
sileiro é fundada na teoria do risco administrativo, o de normas que irá orientar uma determinada relação
que significa que ela admite, excepcionalmente, causas jurídica. Vejamos dois exemplos para, desde já, seja
de exclusão da responsabilidade. São três ao todo: 1- possível ter em mente que esse conjunto de normas
Culpa exclusiva da vítima; 2- Caso fortuito e 3- Força poderá variar de acordo com a situação.
maior. Assim, a causa excludente de ilicitude penal não O primeiro deles seria um desentendimento seu com
é suficiente para excluir a responsabilidade administra- seu vizinho em uma eventual construção irregular, que
tiva. Vale lembrar que as esferas cível, penal e adminis- extrapola o direito de um e invade o direito do outro.
trativa de responsabilização são independentes entre si Num segundo momento, imagine que você foi fla-
e, em regra, não se comunicam. Resposta: Certo. grado por uma viatura policial ao avançar um sinal
vermelho em alta velocidade.
Veja que, em que pese caber discussões de defesa
de direitos em ambos os exemplos, as normas apli-
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO cáveis aos casos não são as mesmas. No primeiro
exemplo há uma clara igualdade, o que não ocorre no
CONCEITO segundo momento.
Para começar a entender o regime jurídico-admi-
Hoje conheceremos o regime jurídico-adminis- nistrativo, ou seja, o regime jurídico ao qual se submete
trativo aplicável à Administração Pública, sendo, no a Administração Pública quando da sua atuação, deve-
entanto, necessário termos uma breve noção da dife- remos entender dois princípios, chamados pela doutri-
rença entre princípios e regras. na em Direito Administrativo de supra princípios:

Princípios x Regras z Supremacia do interesse público;


z Indisponibilidade do interesse público.
Os princípios são a base de um ordenamento jurí-
dico, anteriores até mesmo à existência das normas, Com base na supremacia do interesse público serão
pois influenciam no próprio processo legislativo. criadas prerrogativas para proteger o interesse públi-
Podem constar expressamente ou não, tendo como co diante do interesse particular. Exemplo: presunção
característica terem enunciados genéricos, para apli- de veracidade e legitimidade dos atos administrativos.
cação num máximo possível de situações. Já a indisponibilidade do interesse público irá
Os princípios possuem alto nível de abstração, impor restrições ao uso da coisa pública, também com
outra característica que irá permitir a sua aplicabili- intuito de proteção: inalienabilidade condicionada
dade a um grande número de situações. dos bens públicos.
Também poderão ser utilizados para análise da Importante ressaltar que a Administração Pública
validade de normas constantes do ordenamento jurí- nem sempre estará atuando sob este regime jurídi-
dico, assim como a sua correta interpretação. co-administrativo, apesar de esta ser a regra. Have-
Não há hierarquia na aplicação dos princípios. rá situações em que a Administração Pública estará
Eles devem ser interpretados de forma harmônica. No atuando de igual para igual com o particular, sujeita
entanto, isso não impede que um ou outro esteja mais a um regime de direito privado. Portanto, dito isso,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
presente quando da análise de uma situação concre- vamos organizar essa parte do raciocínio.
ta. Nesse ponto, não falaremos de hierarquia, mas da
mera aplicabilidade do princípio à situação concreta z Regime jurídico de direito público: conceito restri-
trazida à análise. to (regime jurídico-administrativo).
Vamos enumerar as características dos princípios z Regime jurídico de direito privado.
colocadas até então:

z Generalidade;
z Abstração; EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Ausência de hierarquia entre si;
z Interpretação e validação de regras. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à origem e às
fontes do direito administrativo, aos sistemas adminis-
Vejamos agora sobre as regras. Elas serão menos trativos e à administração pública em geral, julgue o item
genéricas e abstratas. Ainda que aplicáveis eventual- que segue.
mente a várias situações correlatas, elas já procuram O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita
se aproximar da realidade dos fatos, apresentando a administração pública e que não se encontra nas relações
comandos mais claros e concretos. entre particulares constitui o regime jurídico administrativo.
No Brasil temos alguns critérios que podem ser uti-
lizados para a solução do conflito entre regras: ( ) CERTO ( ) ERRADO 253
A atuação da Administração Pública, diferentemente Art. 5º (...)
da atuação entre pessoas privadas, em regra será regi- II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da por um conjunto de normas próprias. Esse conjunto fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
de normas a doutrina chama de regime jurídico-ad-
ministrativo. Ele tem como pilares os supra princípios Veja que o mandamento para o particular é permis-
supremacia do interesse público e indisponibilidade do sivo. Ele poderá fazer tudo que não estiver proibido em
interesse público, como vimos acima. Resposta: Certo. lei. Será obrigado a algo apenas quando da lei constar.
Essa não é a interpretação do princípio da legalidade
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administração para o agente público. Aqui já cabe falar em legalidade
pública e de suas funções, julgue o item a seguir. administrativa. Ao agente público será permitido tudo
A supremacia do interesse público sobre o particular pode que a lei autorizar ou mandar. Ou seja, a relação é opos-
ser verificada por meio tanto das prerrogativas associa- ta. Não é um mandamento permissivo, mas restritivo.
das ao regime jurídico administrativo quanto da inexistên-
cia de restrições à atuação da administração pública. Impessoalidade

( ) CERTO ( ) ERRADO O princípio da impessoalidade, também conhecido


como princípio da finalidade, tem como objetivo maxi-
O regime jurídico administrativo tem como pilares mizar os resultados da Administração Pública para a
os princípios da supremacia do interesse público e sociedade como um todo. Ele irá impedir, por meio de
da indisponibilidade do interesse público. A supre- cada uma de suas facetas, o direcionamento da atuação
macia do interesse público impõe uma relação de do Estado tanto para o interesse de um particular ou
verticalidade do interesse público em relação ao um grupo específico de particulares, como para o pró-
interesse particular. No entanto, relação de supe- prio interesse do agente público tomador de decisão.
rioridade se dará conforme haja previsão legal, não A partir disso temos algumas leituras possíveis
sendo uma inexistência total de restrições, confor- para o princípio. Uma delas é a aplicação do princípio
me colocado pela questão. Resposta: Errado. da impessoalidade por meio da ausência de qualquer
tipo de promoção pessoal do agente público cometen-
PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS DA te, buscando apenas o interesse público.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Outra leitura possível passará pelo tratamento iso-
nômico dos administrados. A isonomia permite o tra-
tamento diferenciado de acordo com diferenças entre
Vamos começar a conhecer cada um dos princí-
os administrados. É o que você na reserva de vagas
pios. Conheceremos os princípios expressos da Cons-
para idosos, por exemplo.
tituição Federal. É importante que você saiba que há
Portanto, temos dois tipos de isonomia, a saber:
princípios expressos em várias outras normas que não
são a CF/88. Conheceremos aqui apenas os constantes
z Isonomia horizontal: pessoas em situações seme-
do caput do artigo 37. Vejamos a sua literalidade.
lhantes devem ser tratadas da mesma forma;
z Isonomia vertical: pessoas em situações diferentes
Art. 37 A administração pública direta e indireta
podem ter tratamentos distintos.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
Moralidade
aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também,
A moralidade administrativa estará intimamente
ao seguinte:
ligada ao conceito de certo e errado, honesto e deso-
nesto, extrapolando a letra fria da lei. No entanto, não
Veja que a aplicabilidade do caput é bastante
para desobedecê-la, mas para complementar com um
ampla: todos os poderes, todas as esferas, administra- conteúdo moral que muitas vezes não consta expres-
ção direta e indireta. sa e claramente do texto legal, mas deve ser aplicado
Você deve decorar esses princípios, fazendo uso do pelo agente público quando da sua atuação.
famoso LIMPE, que traz a inicial de cada um dos prin- Importante citar que a moralidade se aplica tanto
cípios constantes do caput. ao agente público, quanto ao particular que defende
seu interesse diante da Administração Pública.
Legalidade Há na Constituição outro mandamento que expõe
a importância do princípio da moralidade, constante
O princípio da legalidade tem sua origem no próprio do artigo 5º. Vejamos.
estado de Direito. Vejamos o artigo 1º da Constituição.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo- bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
crático de Direito e tem como fundamentos: à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
Em um Estado de Direito, a vida das pessoas, assim LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
como também do Estado, será pautada no que cons- propor ação popular que vise a anular ato lesi-
tar da lei. No entanto, a interpretação do princípio da vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
legalidade terá abordagens diferentes quando olhar- Estado participe, à moralidade administrativa, ao
mos para o particular ou para o agente público. meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
Vejamos a legalidade aplicável ao particular, cons- ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
254 tante do artigo 5º da Carta Magna. custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Publicidade c) Legitimidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
de e empatia.
A importância do princípio da publicidade está na d) Legalidade, impessoalidade, modicidade, publicidade
própria existência e exercício da democracia. Como e eficiência.
poderiam os cidadãos fiscalizar a atuação do Estado e e) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
seus governantes sem saber o que está acontecendo? eficiência.
A publicidade trará a transparência necessária para
que os administrados possam exercer a democracia. São os princípios expressos constantes do caput do arti-
No entanto, devemos saber que tal princípio não go 37, da Constituição.
tem aplicação absoluta. Há situações em que o sigilo, Art. 37. A administração pública direta e indireta de
a título de exceção, deverá prevalecer. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
É o caso, por exemplo, de operações sigilosas de inves- to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
tigações de ilícitos ou mesmo inquéritos cuja publicidade legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
possa ofender a privacidade de uma eventual vítima. eficiência e, também, ao seguinte: Resposta: Letra E.
Há, por outro lado, atos que devem ser publicados
para que gerem efeitos, pois como poderiam ser os 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) O Tribunal de Contas de
particulares cobrados a respeito de determinado ato determinado estado da Federação, ao analisar as con-
ou norma do qual não tiveram a devida ciência? tas prestadas anualmente pelo governador do estado,
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos conforme verificou que empresa de publicidade foi contratada,
a necessidade ou não da sua publicidade.
mediante inexigibilidade de licitação, para divulgar
ações do governo. Na campanha publicitária promo-
z Atos sigilosos: não podem ser publicados;
vida pela empresa contratada, constavam nomes,
z Atos internos: não precisam ser publicados, pois
símbolos e imagens que promoviam a figura do gover-
não causam impacto nos administrados;
nador, que, em razão destes fatos, foi intimado por
z Atos externos: precisam ser publicados para ciên-
Whatsapp para apresentar defesa. Na data de visuali-
cia dos interessados.
zação da intimação, a referida autoridade encaminhou
resposta, via Whatsapp, declarando-se ciente. Ao final
Há ainda a possibilidade de obtenção de informações
do procedimento, o Tribunal de Contas não acolheu a
por parte dos administrados, trazida no artigo 5º da CF/88.
defesa do governador e julgou irregular a prestação de
Art. 5º [...] contas.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos A partir da situação hipotética apresentada, julgue o
públicos informações de seu interesse particular, item a seguir.
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta- Dado o teor da campanha publicitária, é correto inferir
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, que, na situação, se configurou ofensa aos princípios
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível da impessoalidade e da moralidade.
à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independente- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mente do pagamento de taxas:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, Não pode haver associação entre atos governamen-
para defesa de direitos e esclarecimento de situa-
tais e pessoas, sobre pena de ofensa aos princípios da
ções de interesse pessoal;
impessoalidade e moralidade, no caso apresentado.
Art. 37 (...)
Eficiência
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, ser-
viços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
O princípio da eficiência foi introduzido no caput
caráter educativo, informativo ou de orientação
do artigo 37 da CF/88 por meio da Emenda Constitu-
social, dela não podendo constar nomes, símbolos
cional de 1998, tendo como objetivo, juntamente com
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
a mudança de outros dispositivos, aumentar a eficiên-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cia do Estado brasileiro. autoridades ou servidores públicos. Resposta: Certo.
A atuação da Administração Pública dentro desse
contexto, tentando se aproximar do conceito de admi- PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO
nistração gerencial, deverá buscar a maximização das PÚBLICA
receitas do Estado, economicidade do gasto público,
corte de gastos desnecessários etc. O princípio implícito ao ordenamento jurídico é
aquele que não está escrito em norma alguma, mas
se pode depreender do conjunto das normas deste
ordenamento. Em Direito Administrativo, a doutrina
EXERCÍCIOS COMENTADOS nos trará inúmeros princípios. Uns são, naturalmente,
mais citados e importantes. Nos ateremos a eles.
1. (FGV – 2015) A Constituição da República de 1988, em seu
Art. 37, estabelece expressamente que a Administração Princípio da autotutela
Pública direta e indireta obedecerá aos seguintes princípios:
Segundo o princípio da autotutela, a Administra-
a) Legitimidade, imparcialidade, modicidade, popularida- ção Pública poderá rever seus atos, podendo revogá-
de e empatia. -los ou anulá-los conforme o caso.
b) Legalidade, imparcialidade, moralidade, popularidade Esse direito não é irrestrito, encontrando limite no arti-
e eficiência. go 54 da Lei nº 9.784/99, Processo Administrativo Federal. 255
Art. 54 O direito da Administração de anular os Tal importância traz impacto inclusive no direito
atos administrativos de que decorram efeitos favo- de greve de servidores públicos.
ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo Art. 37 [...]
comprovada má-fé. VII - o direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica;
Os efeitos causados por essa revisão podem variar.
Caso seja uma anulação, pois era viciado o ato admi- A Lei nº 8.987/95, que trata de concessão de servi-
nistrativo, os efeitos serão, em regra, retroativos. ços públicos, traz a mitigação da exceção do contrato
No caso de se tratar de revogação, que é quando não cumprido (exceptio non adimpleti contractus). Um
o ato não é viciado, mas se tornou inconveniente, os concessionário que tenha perante si uma Administra-
efeitos não serão retroativos. ção Pública inadimplente, só poderá romper o contra-
Por fim, a revisão pode resultar em manutenção to depois da apreciação da Justiça, diferentemente do
do ato anteriormente praticado, sendo mero exercício que permite a lei entre particulares.
da autotutela e poder hierárquico da estrutura admi-
nistrativa em questão. Dica
Exceptio non adimpleti contractus: princípio
Princípio da veracidade e da legitimidade decorrente do estudo de contratos em Direito
Civil que permite a uma parte contratante não
Visto também em atos administrativos, o princípio cumprir seu contrato diante da inadimplência do
da veracidade e da legitimidade informam que a atua- outro contratante.
ção da Administração Pública estará conforme a lei e
conforme a verdade dos fatos. Segundo o mesmo diploma normativo, teremos
Trata-se de presunções relativas, ou seja, o par- duas situações em que não restará caracterizada a
ticular que se julgar prejudicado poderá se insurgir descontinuidade dos serviços:
contra os atos da Administração Pública. No entanto,
tais presunções têm como consequência a inversão z Interrupções ocasionadas por situações de emergência;
do ônus da prova, devendo o particular provar que a z Interrupções após aviso prévio por razões técnicas
Administração Pública está errada, seja em processo ou segurança das instalações;
administrativo ou judicial. z Interrupção após aviso prévio por inadimplemen-
to do usuário.
Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade
Princípio da segurança jurídica
Não há unanimidade na doutrina na forma como
se correlacionam esses dois princípios. No entanto, O princípio da segurança jurídica tem como obje-
tivo conferir estabilidade às relações jurídicas. Por
passaremos aqui a leitura que nos parece mais fre-
meio dele busca-se proteger:
quente em provas.
Entenderemos a proporcionalidade como um sub-
z Direito adquirido;
princípio da razoabilidade. A proporcionalidade é
z Coisa julgada;
fácil de ser entendida quando falamos da duração de
z Ato jurídico perfeito.
um processo judicial ou administrativo. Aliás, direito
constante do artigo 5º da CF/88. Tal princípio do Processo Administrativo Federal, em
que há vedação expressa à aplicação retroativa de nova
Art. 5º [...] interpretação de norma, privilegia a estabilidade das
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, relações e situações jurídicas previamente estabelecidas.
são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Já para entender a proporcionalidade eu vou pedir


EXERCÍCIOS COMENTADOS
que você imagine um outro cenário. Imagine uma mul-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o próximo item, a
tidão de manifestantes que possuem alguns objetos
respeito dos atos administrativos.
que podem causar danos ou ferimentos, mas sabe-se
Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites
que não possuem arma de fogo. Caso haja necessidade para o poder da administração de revogar seus próprios
de conter os manifestantes, seria razoável por parte do atos segundo critérios de conveniência e oportunidade.
policiamento o uso de armamentos não letais.
No entanto, dentro dessa escolha correta o agente ( ) CERTO ( ) ERRADO
público deverá medir o correto uso desse meio. Não
poderá usar indiscriminadamente o material, uma A autotutela não é absoluta, existindo danos admi-
vez que ele é adequado. O uso desproporcional de nistrativos que não podem ser revogados, dentre
um material adequado àquela situação poderá trazer eles constam atos vinculados, certidões e atos de
problemas aos administrados. procedimentos. Resposta: Errado.

Princípio da continuidade do serviço público 2. (CESPE-CEBRASPE – 2015 - ADAPTADA) O princípio


da segurança jurídica informa a atividade jurisdicional,
Os serviços públicos garantem serviços essenciais mas é irrelevante à atividade administrativa.
à população, por isso não podem, como regra, serem
256 interrompidos, mas fornecidos permanentemente. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O princípio da segurança jurídica é importante para Costuma-se definir deontologia como o conjunto
conferir estabilidade de previsibilidade em um siste- de princípios e regras de conduta ou deveres de uma
ma jurídico. A sua aplicação se dará tanto no campo determinada profissão. Significa que cada profissio-
judicial como no administrativo. Ainda que sejam nal deve ter a sua deontologia própria para regular o
campos diferentes, há a necessidade de estabilidade exercício da profissão, de acordo com o código de éti-
nas discussões jurídicos e seus respectivos resulta- ca de sua categoria. Assim, as regras deontológicas são
dos nas duas áreas. Resposta: Errado. as regras de conduta que todo servidor público deve
ter, no exercício de suas atribuições.
São ao todo treze regras deontológicas, e, por sua
importância, é necessário vê-las e fazer alguns comen-
tários, uma a uma.
DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE
ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO ciência dos princípios morais são primados maio-
res que devem nortear o servidor público, seja no
FEDERAL) exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
refletirá o exercício da vocação do próprio poder
Ética no Serviço Público é uma matéria que possui estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes
duas partes: uma mais teórica, e outra mais jurídica. serão direcionados para a preservação da honra e
A parte teórica não será o enfoque de nossos estu- da tradição dos serviços públicos.
dos, pois ela não foi expressamente cobrada nos edi-
tais do referido concurso. O estudo da origem da ética, Dignidade e decoro possuem definições muito
da moral, seus aspectos filosóficos, esses pontos não similares. Significa agir com respeito as instituições.
são importantes no presente momento. É se comportar de acordo com a função que o profis-
Vamos nos aprofundar mais na parte jurídica da sional ocupa.
matéria. De início, cumpre apontar alguns pontos Zelo é a dedicação do servidor ao serviço.
importantes do Código de Ética Profissional do Ser- Eficácia é a capacidade que o servidor tem de
vidor Público Federal, disposto na parte anexa do resolver os problemas concernentes ao seu serviço,
Decreto nº 1.171/1994. gerando resultados positivos.
Consciência dos princípios morais é ter conheci-
mento da ordem moral, da ética, do respeito mútuo etc.
DECRETO Nº 1.171/ 1994 - CÓDIGO DE ÉTICA
Ao dizer que a dignidade, decoro, zelo, eficácia e
PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO
consciência dos princípios morais são primados maio-
PODER EXECUTIVO FEDERAL
res, significa que tais características devem servir de
base para a atuação do servidor, tanto no exercício
Noções gerais
do serviço público quanto fora dele. É por isso que a
parte final da regra diz: Seus atos, comportamentos
Como já mencionamos, o Decreto nº 1.171, de 22 de e atitudes serão direcionados para a preservação da
junho de 1994, é o instrumento normativo que apro- honra e da tradição dos serviços públicos.
va o Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal. II - O servidor público não poderá jamais despre-
Preliminarmente, é importante destacar a quem zar o elemento ético de sua conduta. Assim, não
se aplica o referido Código de Ética. Nesse sentido, terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o
o artigo 2º disciplina que “Os órgãos e entidades da justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,
Administração Pública Federal direta e indireta o oportuno e o inoportuno, mas principalmente
implementarão, em sessenta dias, as providências entre o honesto e o desonesto, consoante as regras
necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclu- contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
sive mediante a Constituição da respectiva Comissão Federal.
de Ética, integrada por três servidores ou empregados
Um exemplo de hipótese em que o servidor despre-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
titulares de cargo efetivo ou emprego permanente”.
Para relembrar: Administração Pública Direta é a za o elemento ético de sua conduta é aquela em que o
União, os Estados, Municípios, o Distrito Federal, e os servidor age com base no pensamento “se a lei não me
seus respectivos órgãos, secretarias, departamentos proíbe, então eu posso fazer isso”. O servidor precisa
e ministérios. Administração Pública Indireta são as conhecer as necessidades do seu serviço, sobretudo
aquelas de natureza ética, ele não pode apenas se sub-
pessoas jurídicas autônomas, que podem ser direito
meter à vontade da lei (se apegar demais ao princípio
público ou de direito privado. São, de modo geral, as
da legalidade). Deve decidir principalmente entre o
autarquias, as fundações, as empresas públicas e as
honesto e o desonesto.
sociedades de economia mista.
Apesar de ser parte da legislação federal, o Código
III - A moralidade da Administração Pública não
de Ética é cobrado em concursos públicos para cargos se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo
em órgãos estaduais e municipais, pois ele serve como ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem
parâmetro para todos os servidores em geral. comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida-
de, na conduta do servidor público, é que poderá
Das regras deontológicas consolidar a moralidade do ato administrativo.

A sessão das regras deontológicas é a parte mais impor- A moralidade está prevista no caput do artigo 37
tante do Código de Ética dos servidores públicos, pois é a da CF/1988, como um princípio norteador da Admi-
parte que mais costuma cair em questões de prova. nistração Pública. É nessa regra deontológica que 257
vemos o conteúdo, o significado dessa moralidade 2011). A publicidade está intimamente ligada à noção
administrativa. de transparência, pois um ato público é muito mais
Com a Constituição Federal de 1988, a moralida- fácil de sofrer controle fiscalizatório por parte da
de foi elevada para o mesmo padrão da legalidade. população do que um ato sigiloso.
Assim, um ato administrativo pode ser considerado
ilícito, mesmo sendo legal, pelo simples fato de ser VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor
ato imoral. A moralidade é consolidada quando há não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária
equilíbrio entre a legalidade e a finalidade do ato aos interesses da própria pessoa interessada ou
administrativo. da Administração Pública. Nenhum Estado pode
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo
IV- A remuneração do servidor público é custeada do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
pelos tributos pagos direta ou indiretamente por sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como quanto mais a de uma Nação.
contrapartida, que a moralidade administrativa se
integre no Direito, como elemento indissociável de Essa regra dispõe sobre o dever do servidor público
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como de falar a verdade, ele não pode dela se omitir, ou falsifi-
consequência, em fator de legalidade. cá-la, ainda que tal verdade seja contrária aos seus inte-
resses, da Administração, ou até mesmo do interessado.
A moralidade se integra com o Direito. Para que o O erro e a mentira não podem ser considerados
ato seja considerado legítimo e correto, precisa obede- bases de uma Nação, muito menos da conduta do ser-
cer ao princípio da moralidade. vidor público.
A moralidade é exigida justamente pelo fato de
que todos custeiam a remuneração do servidor públi- IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo
co. Por isso, qualquer pessoa pode “cobrar” a morali- dedicados ao serviço público caracterizam o esfor-
dade do servidor. ço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga
seus tributos direta ou indiretamente significa cau-
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público sar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano
perante a comunidade deve ser entendido como acrés- a qualquer bem pertencente ao patrimônio público,
cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às
ser considerado como seu maior patrimônio. instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
de boa vontade que dedicaram sua inteligência,
O servidor público serve, como o nome diz, ao seu tempo, suas esperanças e seus esforços para
público. Assim, quando ele trabalha com moral e dig- construí-los.
nidade, seu trabalho é visto como acréscimo ao seu X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à
próprio bem-estar. O seu êxito é muito importante, espera de solução que compete ao setor em que
dessa forma. exerça suas funções, permitindo a formação de
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
VI - A função pública deve ser tida como exercício
tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
profissional e, portanto, se integra na vida particu-
principalmente grave dano moral aos usuários dos
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
serviços públicos.
verificados na conduta do dia a dia em sua vida
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
conceito na vida funcional. A noção de disciplina é encarada por meio desses
parâmetros: a cortesia, a boa vontade, o cuidado e o
Significa que o servidor público pode ter o seu tempo dedicados ao serviço público.
conceito na vida funcional afetado pelo seu comporta- A regra mencionada traz as noções de dano moral
mento na vida particular. O que ele faz na vida priva- e dano material que podem ser causados pelo servi-
da é importante aos olhos da Administração Pública. dor. Quem trata mal particular que busca atendimen-
Por isso, não pode o servidor, por exemplo, apresen- to do servidor está lhe causando dano moral, e deverá
tar-se embriagado para o serviço, ainda que ele tenha ressarcir o particular. Ao mesmo tempo, caracteriza
ingerido bebida alcoólica fora do horário de serviço. também como dano moral a espera demasiada em
longas filas de atendimento.
VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves- O dano material configura-se quando o servidor
tigações policiais ou interesse superior do Estado causar dano a qualquer bem e/ou equipamento per-
e da Administração Pública, a serem preservados tencente ao patrimônio público, seja por descuido ou
em processo previamente declarado sigiloso, nos de propósito (dolo e culpa).
termos da lei, a publicidade de qualquer ato admi-
nistrativo constitui requisito de eficácia e moralida- XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
de, ensejando sua omissão comprometimento ético ordens legais de seus superiores, velando atenta-
contra o bem comum, imputável a quem a negar. mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e
A publicidade é um fator de legalidade. Para que o o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
ato possa ser considerado eficaz, ele deve ser público, de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência
de conhecimento de todos. Além disso, ainda que tais no desempenho da função pública.
informações não tenham sido abertas para o público,
ela deve ser concedida para todos aqueles que a soli- Aqui estabelece-se um dever de obediência às
citarem. Esse é o mandamento geral da Lei de Acesso ordens legais do superior do servidor público. Assim,
258 à Informação (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de toda ordem de seu superior que for considerada ilegal,
ele tem o dever de, além não obedecer, de representar g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e
contra o referido ato. Os repetidos erros, o descaso e o atenção, respeitando a capacidade e as limitações
acúmulo de desvios, somados, resultam na imprudên- individuais de todos os usuários do serviço público,
cia administrativa. sem qualquer espécie de preconceito ou distinção
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
local de trabalho é fator de desmoralização do ser- forma, de causar-lhes dano moral;
viço público, o que quase sempre conduz à desor-
dem nas relações humanas. A primeira parte do dispositivo demonstra o que o
servidor deve fazer para evitar incorrer em conduta
Ausência injustificada significa que o servidor não que cause danos morais ao particular. O servidor deve
compareceu em serviço, e não deu uma boa explica- tratar com respeito todos, sem preconceito ou qual-
ção para sua ausência. É altamente vedado. quer outra distinção.

XIII - O servidor que trabalha em harmonia com h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum
a estrutura organizacional, respeitando seus cole- temor de representar contra qualquer comprome-
gas e cada concidadão, colabora e de todos pode timento indevido da estrutura em que se funda o
receber colaboração, pois sua atividade pública Poder Estatal;
é a grande oportunidade para o crescimento e o i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
engrandecimento da Nação. quicos, de contratantes, interessados e outros que
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
O servidor que respeita os seus colegas, o particu- gens indevidas em decorrência de ações imorais,
lar cidadão e seus superiores, é o servidor que todos ilegais ou aéticas e denunciá-las;
devem buscar se tornar.
Retoma-se, aqui, a discussão sobre obediência e
Principais deveres do servidor público a ordem manifestamente ilegal. O servidor não pode
cumprir ordens ilegais. Pelo contrário: deverá repre-
Os deveres e proibições presentes no Código de Éti- sentar contra tal ato, ainda que emitido por seu supe-
ca muito se assemelham com os deveres e proibições rior hierárquico.
dispostos no seu Estatuto (Lei nº 8.112/1990). Todavia, O servidor deve resistir a pressões que poderiam
ganham um contorno especial quando analisados sob
resultar no oferecimento de favores e vantagens inde-
o enfoque da ética no serviço público.
vidas. É, também, considerada uma ordem manifesta-
Vejamos, primeiro, os deveres fundamentais do
mente ilegal.
servidor público, dispostos no inciso XIV:
Na prática, o Código não faz diferença entre repre-
sentar e denunciar. São tratados como sinônimos,
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, ainda que formalmente possuam características dis-
função ou emprego público de que seja titular; tintas. O importante é que o Código não quer que o
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição servidor se mantenha calado.
e rendimento, pondo fim ou procurando priori-
tariamente resolver situações procrastinatórias, j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi-
principalmente diante de filas ou de qualquer outra gências específicas da defesa da vida e da seguran-
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo ça coletiva;
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
evitar dano moral ao usuário; O direito de greve dos servidores públicos é res-
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda guardado pela Constituição Federal. Mas ele deve
a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, tomar certos cuidados ao exercer esse direito. Há
quando estiver diante de duas opções, a melhor e a
alguns agentes públicos, inclusive, que não podem
mais vantajosa para o bem comum;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
exercer direito de greve, como os militares.
O bem comum aparece múltiplas vezes no Código
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de
de Ética. Deve ser o objetivo mor, a finalidade primor- que sua ausência provoca danos ao trabalho orde-
dial do servidor. nado, refletindo negativamente em todo o sistema;

d) jamais retardar qualquer prestação de contas,


Assiduidade é o comparecimento em serviço. Ser-
condição essencial da gestão dos bens, direitos e
vidor assíduo é aquele que comparece ao serviço. Ser-
serviços da coletividade a seu cargo;
vidor frequente é aquele que comparece sempre no
momento certo. A falta injustificada é fator de desmo-
A prestação de contas das autoridades públicas é
uma forma de oferecer maior transparência sobre os ralização do serviço público.
gastos anuais feitos pelos mesmos.
m) comunicar imediatamente a seus superiores
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
aperfeiçoando o processo de comunicação e conta- público, exigindo as providências cabíveis;
to com o público;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por A expressão “qualquer ato ou fato” significa que
princípios éticos que se materializam na adequada o servidor tem o dever de comunicar sobre qualquer
prestação dos serviços públicos; ilícito, sem distinções. 259
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- de violações desse Código, deve o servidor oferecer
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua denúncia à Comissão de Ética.
organização e distribuição;
o) participar dos movimentos e estudos que se rela- Das vedações ao servidor público
cionem com a melhoria do exercício de suas fun-
ções, tendo por escopo a realização do bem comum;
Por outro lado, o Código de Ética também apresen-
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
ta um vasto rol de vedações, de condutas que o ser-
quadas ao exercício da função;
vidor está proibido de fazer. Vejamos as principais
vedações:
As vestimentas adequadas ao exercício da função
dependem da própria função que o servidor exerce.
XV - E vedado ao servidor público;
Quem atua com o público deve vestir-se de uma for-
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
ma. Quem apenas exerce funções de comunicação
tempo, posição e influências, para obter qualquer
entre as repartições, de caráter interno, tem outra for-
favorecimento, para si ou para outrem;
ma de se vestir. b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
servidores ou de cidadãos que deles dependam;
q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
O servidor deve sempre buscar manter a boa repu-
onde exerce suas funções;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e tação dele mesmo e de seus colegas. Não é moralmen-
as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou te correto espalhar rumores e boatos sobre outras
função, tanto quanto possível, com critério, segu- pessoas, sendo colegas servidores ou terceiros.
rança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa
ordem. c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
conivente com erro ou infração a este Código de Éti-
O servidor deve estar sempre atualizado em rela- ca ou ao Código de Ética de sua profissão;
ção as normas concernentes ao seu serviço. Seria
ilógico que o servidor baseie o seu trabalho em uma Ser conivente significa omitir-se do dever de
Portaria ou Decreto já revogado. denunciar o erro ou infração. Existem também Códi-
Deve, também, trabalhar com critério, segurança, go de Ética específico para determinados cargos, como
e rapidez, sempre mantendo tudo em ordem. É muito Código de Ética de engenharia. No caso do servidor
comum que o servidor seja eventualmente substituí- engenheiro, ele deve obediência aos dois.
do por outro. Deixando tudo em ordem facilita essa
transição. d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
o exercício regular de direito por qualquer pessoa,
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços causando-lhe dano moral ou material;
por quem de direito; e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí-
ficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
Essa fiscalização é promovida pelos próprios atendimento do seu mister;
órgãos administrativos (Tribunal de Contas, órgãos f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
de controle interno). O controle interno tem a mesma caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
importância que o controle externo, devendo o servi-
cionados administrativos ou com colegas hierar-
dor facilitar o exercício de ambos.
quicamente superiores ou inferiores;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de O servidor tem que tomar cuidado para que as
fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos suas relações interpessoais, sejam positivas ou nega-
usuários do serviço público e dos jurisdicionados tivas, não interfiram no serviço desempenhado. Não
administrativos; pode, por exemplo, não exercer seu trabalho pelo fato
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- de que não recebeu promoção de seu superior.
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha
ao interesse público, mesmo que observando as for- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
malidades legais e não cometendo qualquer viola- qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê-
ção expressa à lei; mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
Todo servidor tem algum tipo de prerrogativa para o cumprimento da sua missão ou para influen-
quando no exercício de suas funções. O dever aqui ciar outro servidor para o mesmo fim;
impõe a utilização dessa prerrogativa com modera-
ção. Lembre-se que o servidor não é o dono do inte- O servidor não pode exigir o famoso “dinheiro do
resse público, não pode fazer tudo de acordo com sua café” para poder fazer o seu trabalho. Os valores ofer-
vontade para alcançar o bem comum. tados podem ser maiores, o que configura em verda-
deiras propinas. As vantagens podem ser de natureza
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua não financeira também.
classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
mulando o seu integral cumprimento. h) alterar ou deturpar o teor de documentos que
deva encaminhar para providências;
Aqui o Código impõe o dever de ser divulgado i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces-
260 pelos próprios servidores. Quando houver indícios site do atendimento em serviços públicos;
É a hipótese em que servidor mente para o parti- z Orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
cular apenas porque não quer realizar o seu devido servidor, do tratamento com as pessoas e com o
serviço com diligência e rapidez. patrimônio público;
z Conhecer concretamente, de imputação ou de pro-
j) desviar servidor público para atendimento a inte- cedimento susceptível de censura (inciso XXII); e
resse particular; z Fornecer aos órgãos de pessoal registros sobre a
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen- conduta ética dos servidores (inciso XVIII).
te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
pertencente ao patrimônio público; As demais regras a respeito da Comissão de Ética
Pública serão vistas em momento posterior. Seu Regi-
Isso não significa que o servidor não pode retirar mento Interno está disposto na Resolução nº 4/2001
documentos ou livros ou bens, nunca. Deve, entretan- da própria CEP.
to, pedir autorização para fazê-lo. Por fim, o inciso XXIV dispõe sobre quais pessoas
podem ter o seu comprometimento ético apurado,
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas isso é, quem é considerado “servidor público”, aos
no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró- olhos do Código de Ética.
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros; Para fins de apuração do comprometimento ético,
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora entende-se por servidor público todo aquele que,
dele habitualmente; por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
preste serviços de natureza permanente, temporária
Tal aspecto foi apresentado em uma regra deon- ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
tológica. A vedação faz uma menção ao termo “habi- desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
tualmente”, o que significa que não pode o servidor órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
apresentar-se embriagado todos os dias, ou com mui- ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
ta frequência. públicas e as sociedades de economia mista, ou em
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que Essa definição de servidor público não se encaixa
atente contra a moral, a honestidade ou a dignida- completamente com a definição utilizada em Direito
de da pessoa humana; Administrativo, pois a sua finalidade é distinta: ser-
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o ve para apurar o comprometimento ético do profis-
seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. sional. O elemento que mais chama atenção é que o
servidor público, nesse caso, é aquele que presta ser-
Empreendimento de cunho duvidoso não pre- viços de natureza permanente, temporária ou excep-
cisa ser necessariamente ilícito. É o caso dos famo- cional, ainda que sem retribuição financeira. Assim,
sos “esquemas de pirâmide”, a natureza obscura do os empregados regidos pelo regime celetista, o ter-
negócio faz com que ela ganhe um conteúdo aético, e ceirizado que presta apoio processual, o consultor, o
promove uma imagem ruim do servidor que trabalha estagiário, os particulares que atuam em serviços de
nesse tipo de esquema. notas e registros, todas essas pessoas podem não ser
servidores públicos em sentido estrito, mas terão seu
Das Comissões de Ética comprometimento ético apurado.

A redação original do Código de Ética trazia diver-


sas disposições sobre as Comissões de Ética. Porém, a
matéria foi bastante alterada, pois houve revogação RESOLUÇÕES 1 A 10 DA COMISSÃO DE
de diversos dispositivos pelo Decreto nº 6.029/2007. ÉTICA PÚBLICA DA PRESIDÊNCIA DA
Quais órgãos precisam ter uma Comissão de Ética?
O inciso XVI dispõe justamente sobre isso: na Admi- REPÚBLICA
nistração Direta, inclusive na Presidência, Vice-Pre-
sidência, Ministérios etc.; na Administração Indireta, Como já vimos, a Comissão de Ética Pública
somente em autarquias e fundações públicas. (CEP) é um órgão vinculado ao Presidente da Repú- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
blica, criada por meio do Decreto de 26 de maio de
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- 1999, competindo-lhe atuar como instância consulti-
tração Pública Federal direta, indireta autárquica e va do Presidente da República e Ministros de Estado
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que em matéria de ética pública, bem como administrar
exerça atribuições delegadas pelo poder público, a aplicação do Código de Conduta da Alta Administra-
deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarre- ção Federal.
gada de orientar e aconselhar sobre a ética profis- Durante o exercício das funções públicas, é certo
sional do servidor, no tratamento com as pessoas e que muitas situações surgiram ao longo do tempo, que
com o patrimônio público, competindo-lhe conhe- causaram diversas dúvidas sobre como proceder de
cer concretamente de imputação ou de procedimen- forma mais ética possível. Por ser um ponto com bas-
to susceptível de censura. tante subjetividade, e considerando que se espera que
todos os agentes públicos atuem com máxima exce-
Não existe obrigatoriedade de criar essas Comis- lência, é essencial que essas pessoas possam dirimir
sões nas empresas públicas e sociedades de economia suas dúvidas em um órgão encarregado, justamente,
mista. Mas os seus empregados devem obedecer às de promover a conduta ética no serviço público.
normas previstas no Código de Ética. Assim, a CEP possui uma grande gama de
As atribuições das Comissões de Ética são as atribuições, dentre elas destacamos: subme-
seguintes: ter ao Presidente da República medidas para seu 261
aprimoramento, dirimir dúvidas a respeito de inter- I - da data de publicação desta Resolução, para as
pretação de suas normas, deliberando sobre casos autoridades que já se encontram no exercício do
omissos; apurar, mediante denúncia ou de ofício, as cargo;
condutas que estão em desacordo com as normas nele II - da data da posse, para as autoridades que vie-
previstas; dirimir dúvidas de interpretação sobre as rem a ser doravante nomeadas.
normas do Código de Ética Profissional do Servidor Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a
Público Civil do Poder Executivo Federal de que trata prestar informações (art. 2º do Código de Conduta):
I - Ministros e Secretários de Estado;
o Decreto nº 1.171/1994; coordenar, avaliar e supervi-
II - titulares de cargos de natureza especial,
sionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder
secretários-executivos, secretários ou auto-
Executivo Federal; aprovar o seu regimento inter-
ridades equivalentes ocupantes de cargo do
no; escolher o seu Presidente; entre outras.
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores
Para melhor compreender sobre o papel da Comis- - DAS, nível seis;
são de Ética Pública dentro do Poder Executivo, foram III - presidentes e diretores de agências nacio-
elaboradas diversas Resoluções sobre diversos temas nais, autarquias, inclusive as especiais, fun-
em que a referida Comissão deve dirimir controvér- dações mantidas pelo Poder Público, empresas
sias sobre. O conteúdo de cada uma dessas Resoluções públicas e sociedades de economia mista.
é bastante autodidático, motivo pelo qual não cabe Art. 6º As informações prestadas serão mantidas
fazer análises pormenores a respeito de cada um dos em sigilo, como determina o § 2º do art. 5º do refe-
dispositivos dessas Resoluções. rido Código.
Tanto as Resoluções como as notas explicativas das Art. 7º As informações de que trata esta Resolução
mesmas podem ser encontradas em maiores detalhes deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado,
no endereço eletrônico da página oficial1 da Empresa localizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala
de Planejamento e Logísticas (EPL) S.A. 250 - Brasília-DF.

RESOLUÇÃO Nº 1, DE 13 DE SETEMBRO DE 2000 Brasília, 13 de setembro de 2000


João Geraldo Piquet Carneiro
Essa é a Resolução que estabelece procedimentos Presidente
para apresentação de informações sobre situação
patrimonial pelas autoridades submetidas ao Código RESOLUÇÃO Nº 2, DE 24 DE OUTUBRO DE 2000
de Conduta da Alta Administração Federal. Procura,
assim, regulamentar melhor o conteúdo previsto no A Resolução nº 2 da Comissão de Ética é o instru-
artigo 4º do Código de Conduta da Alta Administração mento normativo que regula a participação de auto-
Federal. ridade pública abrangida pelo Código de Conduta da
Alta Administração Federal em seminários e outros
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas eventos. Serve, assim, para melhor regulamentar o
atribuições, e tendo em vista o disposto no art. parágrafo único do artigo 7º do Código de Conduta da
4o do Código de Conduta da Alta Administração Alta Administração Federal.
Federal,
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no
RESOLVE: art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999,
adota a presente resolução interpretativa do pará-
Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4o do grafo único do art.7º do Código de Conduta da Alta
Código de Conduta da Alta Administração Federal, Administração Federal.
que trata da apresentação de informações sobre a 1. A participação de autoridade pública abrangi-
situação patrimonial das autoridades a ele subme- da pelo Código de Conduta da Alta Administração
tidas, será atendido mediante o envio à Comissão Federal em atividades externas, tais como seminá-
de Ética Pública - CEP de: rios, congressos, palestras e eventos semelhantes,
I - lista dos bens, com identificação dos respectivos no Brasil ou no exterior, pode ser de interesse insti-
valores estimados ou de aquisição, que poderá ser tucional ou pessoal.
substituída pela remessa de cópia da última decla- 2. Quando se tratar de participação em even-
ração de bens apresentada à Secretaria da Receita to de interesse institucional, as despesas de
Federal do Ministério da Fazenda; transporte e estada, bem como as taxas de
II - informação sobre situação patrimonial específi- inscrição, se devidas, correrão por conta do
ca que, a juízo da autoridade, suscite ou possa even- órgão a que pertença a autoridade, observado
tualmente suscitar conflito com o interesse público o seguinte:
e, se for o caso, o modo pelo qual pretende evitá-lo. I - excepcionalmente, as despesas de transpor-
Art. 2º As informações prestadas na forma do te e estada, bem como as taxas de inscrição,
artigo anterior são de caráter sigiloso e, uma vez poderão ser custeadas pelo patrocinador do
conferidas por pessoa designada pela CEP, serão evento, se este for:
encerradas em envelope lacrado. a) organismo internacional do qual o Brasil
Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à faça parte;
CEP as participações de que for titular em socieda- b) governo estrangeiro e suas instituições;
des de economia mista, de instituição financeira ou c) instituição acadêmica, científica e cultural;
de empresa que negocie com o Poder Público, con- d) empresa, entidade ou associação de classe
forme determina o art. 6o do Código de Conduta. que não esteja sob a jurisdição regulatória
Art. 4º O prazo de apresentação de informações do órgão a que pertença a autoridade, nem
será de dez dias, contados: que possa ser beneficiária de decisão da qual

262 1 Link: <https://www.epl.gov.br/resolucoes-da-comissao-de-etica-publica>


participe a referida autoridade, seja indivi- RESOLUÇÃO Nº 3, 23 DE NOVEMBRO DE 2000
dualmente, seja em caráter coletivo.
II - a autoridade poderá aceitar descontos de trans- A Resolução nº 3 da Comissão de Ética Pública é o
porte, hospedagem e refeição, bem como de taxas instrumento normativo que dispõe regras sobre o tra-
de inscrição, desde que não se refira a benefício tamento de presentes e brindes aplicáveis às autori-
pessoal. dades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da
3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal Alta Administração Federal, regulamentando, assim, a
da autoridade, as despesas de remuneração, trans- vedação disposta no artigo 9º do Código de Conduta da
porte e estada poderão ser custeadas pelo patroci- Alta Administração Federal.
nador, desde que: A Comissão de Ética Pública, com fundamento no
I - a autoridade torne públicas as condições aplicá- art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e
veis à sua participação, inclusive o valor da remu- considerando que:
neração, se for o caso;
II - o promotor do evento não tenha interesse em a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta
decisão que possa ser tomada pela autoridade, seja da Alta Administração Federal, é vedada a acei-
individualmente, seja de caráter coletivo. tação de presentes por autoridades públicas a ele
4. As atividades externas de interesse pessoal não submetidas;
poderão ser exercidas em prejuízo das atividades b) a aplicação da mencionada norma e de suas
normais inerentes ao cargo. exceções requer orientação de caráter prático às
5. A publicidade da remuneração e das despesas referidas autoridades,
de transporte e estada será assegurada mediante
registro do compromisso na respectiva agenda de Resolve adotar a presente Resolução de caráter
trabalho da autoridade, com explicitação das con- interpretativo:
dições de sua participação, a qual ficará disponível
para consulta pelos interessados. Presentes
6. A autoridade não poderá aceitar o paga-
mento ou reembolso de despesa de transporte e 1. A proibição de que trata o Código de Con-
estada, referentes à sua participação em even- duta se refere ao recebimento de presentes de
to de interesse institucional ou pessoal, por qualquer valor, em razão do cargo que ocupa
pessoa física ou jurídica com a qual o órgão a autoridade, quando o ofertante for pessoa,
a que pertença mantenha relação de negócio, empresa ou entidade que:
salvo se o pagamento ou reembolso decorrer I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do
de obrigação contratual previamente assumi- órgão a que pertença a autoridade;
da perante aquele órgão. II – tenha interesse pessoal, profissional ou
empresarial em decisão que possa ser tomada
Brasília, 24 de outubro de 2000 pela autoridade, individualmente ou de caráter
João Geraldo Piquet Carneiro coletivo, em razão do cargo;
Presidente III – mantenha relação comercial com o órgão a
que pertença a autoridade; ou
IV – represente interesse de terceiros, como pro-
Pela Resolução apresentada, conclui-se que o Códi-
curador ou preposto, de pessoas, empresas ou
go de Conduta da Alta Administração Federal esta- entidades compreendidas nos incisos I, II e III.
beleceu os limites que devem ser observados para 2. É permitida a aceitação de presentes:
a participação de autoridades a ele submetidas em I – em razão de laços de parentesco ou ami-
seminários, congressos e eventos semelhantes. Antes zade, desde que o seu custo seja arcado pelo
da publicação da referida Resolução, algumas dúvidas próprio ofertante, e não por pessoa, empresa
surgiam a respeito de algumas matérias, como utilizar ou entidade que se enquadre em qualquer das
as licenças para participar desses seminários e con- hipóteses previstas no item anterior;
gressos, bem como questões de natureza econômica e II – quando ofertados por autoridades estran-
financeira. Sobre esse último aspecto, as despesas de geiras, nos casos protocolares em que houver
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
reciprocidade ou em razão do exercício de fun-
viagem e estada da autoridade eram custeadas pelo
ções diplomáticas.
promotor do seminário ou congresso. Essa situação
3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imedia-
poderia comprometer a imagem do governo ou, até ta de presente cuja aceitação é vedada, a autorida-
mesmo, colocar a autoridade em situação de cons- de deverá adotar uma das seguintes providências,
trangimento. É o que ocorre, por exemplo, quando em razão da natureza do bem:
o patrocinador tem interesse em decisão específica I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural
daquela autoridade. ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do
Após o advento do Código de Conduta, diversas Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN
consultas sobre o tema chegaram à Comissão de Ética para que este lhe dê o destino legal adequado;
Pública, o que demonstrou a inequívoca necessidade II – promover a sua doação a entidade de caráter
de tornar mais clara e detalhada a aplicação da nor- assistencial ou filantrópico reconhecida como de
utilidade pública, desde que, tratando-se de bem
ma constante do Código de Conduta. Dessa forma, a
não perecível, esta se comprometa a aplicar o bem
Comissão procurou, mediante a referida Resolução,
ou o produto da sua alienação em suas atividades
fixar os balizamentos mínimos a serem observados fim; ou
pelas autoridades abrangidas pelo Código de Conduta, III - determinar a incorporação ao patrimônio da
sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias entidade ou do órgão público onde exerce a função.
normas internas sobre a participação de seus servido- 4. Não caracteriza presente, para os fins desta
res em eventos externos. Resolução: 263
I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à seja de forma coletiva; que mantenha relação comer-
autoridade por entidade acadêmica, científica cial de qualquer natureza com o órgão a que perten-
ou cultural, em reconhecimento por sua con- ce a autoridade (fornecedores de bens e serviços, por
tribuição de caráter intelectual; exemplo); ou ainda que represente interesse de tercei-
II – prêmio concedido em razão de concurso de ros, na qualidade de procurador ou preposto, de pes-
acesso público a trabalho de natureza acadê- soas, empresas ou entidades conforme especificados
mica, científica, tecnológica ou cultural; anteriormente.
III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoa- Mas essa vedação não é absoluta. Excepcional-
mento profissional ou técnico da autoridade,
mente, o recebimento de presente só é permitido em
desde que o patrocinador não tenha interesse
duas hipóteses: quando o ofertante for autoridade
em decisão que possa ser tomada pela autori-
estrangeira, nos casos protocolares, ou em razão do
dade, em razão do cargo que ocupa.
exercício de funções diplomáticas; ou ainda por moti-
vo de parentesco ou amizade, desde que o respectivo
Brindes
custo seja coberto pelo próprio parente ou amigo, e
não por pessoa física ou entidade que tenha interesse
5. É permitida a aceitação de brindes, como tal
em decisão da autoridade.
entendidos aqueles:
Como pode-se depreender, a situação apresenta
I –que não tenham valor comercial ou sejam distri-
buídos por entidade de qualquer natureza a título
um conteúdo bastante subjetivo, e é muito comum
de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou haver dúvidas quanto a aceitação de presentes e
por ocasião de eventos ou datas comemorativas de outras gratificações. Assim, é muito importante que
caráter histórico ou cultural, desde que não ultra- também nessa matéria os abrangidos utilizem, sem-
passem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais); pre que necessário, o canal de consulta oferecido pela
II – cuja periodicidade de distribuição não seja infe- própria Comissão de Ética.
rior a 12 (doze) meses; e
III –. que sejam de caráter geral e, portanto, não se RESOLUÇÃO Nº 4, DE 7 DE JUNHO DE 2001
destinem a agraciar exclusivamente uma determi-
nada autoridade. A Resolução nº 4 da Comissão de Ética Pública é
6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem o instrumento normativo que apresenta o Regimento
reais), será ele tratado como presente, aplicando- Interno da própria Comissão de Ética Pública. A reso-
-se-lhe a norma prevista no item 3 acima. lução, assim, dispõe sobre a estrutura organizacional
7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial e o funcionamento da CEP, além de outras atribuições
de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determi- importantes.
nará sua avaliação junto ao comércio , podendo
ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento
tratamento de presente.
no art. 2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de
Divulgação e solução de dúvidas 1999
8. A autoridade deverá transmitir a seus subordi- RESOLVE:
nados as normas constantes desta Resolução, de Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o
modo a que tenham ampla divulgação no ambiente Regimento Interno da Comissão de Ética Pública.
de trabalho.
9. A incorporação de presentes ao patrimônio his-
Capítulo I
tórico cultural e artístico, assim como a sua doação
Da Competência
a entidade de caráter assistencial ou filantrópi-
co reconhecida como de utilidade pública, deverá
Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP):
constar da respectiva agenda de trabalho ou de
I - assegurar a observância do Código de Con-
registro específico da autoridade, para fins de even-
duta da Alta Administração Federal, apro-
tual controle.
vado pelo Presidente da República em 21 de
10. Dúvidas específicas a respeito da implementa-
agosto de 2000, pelas autoridades públicas
ção das normas sobre presentes e brindes poderão
federais por ele abrangidas;
ser submetidas à Comissão de Ética Pública, con-
II - submeter ao Presidente da República suges-
forme o previsto no art. 19 do Código de Conduta.
tões de aprimoramento do Código de Conduta
e resoluções de caráter interpretativo de suas
Brasília, 23 de novembro de 2000 normas;
João Geraldo Piquet Carneiro III - dar subsídios ao Presidente da República
Presidente e aos Ministros de Estado na tomada de deci-
são concernente a atos de autoridade que pos-
O recebimento de presentes e outras gratificações sam implicar descumprimento das normas do
é uma matéria complicada, pois por mais que haja Código de Conduta;
boas intenções em quem dá e quem recebe tais gratifi- IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia,
cações, a regra geral é que as autoridades abrangidas condutas que possam configurar violação do
Código de Conduta, e, se for o caso, adotar as
pelo Código de Conduta estão proibidas de receber
providências nele previstas;
presentes, de qualquer valor, em razão do seu cargo.
V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do
A vedação se configura quando o ofertante do Código de Conduta e deliberar sobre os casos
presente seja pessoa, empresa ou entidade que se omissos;
encontre numa das seguintes situações: esteja sujei- VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos
ta à jurisdição regulatória do órgão a que pertença a e entidades da administração federal, esta-
autoridade; que tenha interesse pessoal, profissional dual e municipal, ou dos Poderes Legislativo e
ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela Judiciário; e
264 autoridade, em razão do cargo, seja individualmente, VII - dar ampla divulgação ao Código de Conduta.
Capítulo II Código de Conduta da Alta Administração Federal,
Da Composição a execução de diligências e a expedição de comuni-
cados à autoridade pública para que se manifeste
Art. 3º A CEP é composta por sete membros desig- na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e
nados pelo Presidente da República, com mandato IX - decidir os casos de urgência, ad referendum da
de três anos, podendo ser reconduzidos. CEP.
§ 1º Os membros da CEP não terão remuneração e Art. 9º Aos membros da CEP compete:
os trabalhos por eles desenvolvidos são considera- I - examinar as matérias que lhes forem submeti-
dos prestação de relevante serviço público. das, emitindo pareceres;
§ 2º As despesas com viagens e estada dos membros II - pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
da CEP serão custeadas pela Presidência da Repú- III - solicitar informações a respeito de matérias
blica, quando relacionadas com suas atividades. sob exame da Comissão; e
IV - representar a CEP em atos públicos, por delega-
Capítulo III ção de seu Presidente.
Do Funcionamento Art. 10 Ao Secretário-Executivo compete:
I - organizar a agenda das reuniões e assegurar o
apoio logístico à CEP;
Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu pre-
II - secretariar as reuniões;
sidente, que terá mandato de um ano, permitida a
III - proceder ao registro das reuniões e à elabora-
recondução.
ção de suas atas;
Art. 5º As reuniões colegiadas da CEP serão ins-
IV - dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cum-
tauradas mediante a presença, física ou remota, da
primento das atividades que lhes sejam próprias;
maioria absoluta de seus membros (redação dada
V - instruir as matérias submetidas à deliberação;
pela Resolução nº 14, de 25 de março de 2020).
VI - providenciar, previamente à instrução de maté-
Parágrafo único. As deliberações da CEP serão
ria para deliberação pela CEP, nos casos em que
tomadas por maioria simples, cabendo ao Presi- houver necessidade, parecer sobre a legalidade de
dente o voto de qualidade. (incluído pela Resolução ato a ser por ela baixado;
nº 14, de 25 de março de 2020). VII - desenvolver ou supervisionar a elaboração de
Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vincu- estudos e pareceres como subsídios ao processo de
lado à Casa Civil da Presidência da República, que tomada de decisão da CEP;
lhe prestará apoio técnico e administrativo. VIII - solicitar às autoridades submetidas ao Códi-
§ 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente go de Conduta informações e subsídios para ins-
à CEP plano de trabalho que contemple suas prin- truir assunto sob apreciação da CEP; e
cipais atividades e proponha metas, indicadores e IX - tomar as providências necessárias ao cum-
dimensione os recursos necessários. primento do disposto nos arts. 8o, inciso VII, e 12
§ 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário- deste Regimento, bem como outras determinadas
-Executivo prestará informações sobre o estágio de pelo Presidente da Comissão, no exercício de suas
execução das atividades contempladas no plano de atribuições.
trabalho e seus resultados, ainda que parciais.
Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter Capítulo V
ordinário, mensalmente, e, extraordinariamente, Das Deliberações
sempre que necessário, por iniciativa de qualquer
de seus membros.
Art. 11 As deliberações da CEP relativas ao Código
§ 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a
de Conduta compreenderão:
partir de sugestões de qualquer de seus membros I - homologação das informações prestadas em
ou por iniciativa do Secretário-Executivo, admitin- cumprimento às obrigações nele previstas;
do-se no início de cada reunião a inclusão de novos II - adoção de orientações complementares:
assuntos na pauta. a) mediante resposta a consultas formuladas por
§ 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser autoridade a ele submetidas;
objeto de deliberação mediante comunicação entre b) de ofício, em caráter geral ou particular, median-
os membros da CEP. te comunicação às autoridades abrangidas, por
meio de resolução, ou, ainda, pela divulgação perió-
Capítulo IV dica de relação de perguntas e respostas aprovada NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Das Atribuições pela CEP;
III - elaboração de sugestões ao Presidente da
Art. 8º Ao Presidente da CEP compete: República de atos normativos complementares ao
I - convocar e presidir as reuniões; Código de Conduta, além de propostas para sua
II - orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os eventual alteração;
debates, iniciar e concluir as deliberações; IV - instauração de procedimento para apuração de
III - orientar e supervisionar os trabalhos da ato que possa configurar descumprimento ao Códi-
Secretaria-Executiva; go de Conduta; e
IV - tomar os votos e proclamar os resultados; V - adoção de uma das seguintes providências em
V - autorizar a presença nas reuniões de pessoas caso de infração:
que, por si ou por entidades que representem, pos- a) advertência, quando se tratar de autoridade no
sam contribuir para os trabalhos da CEP; exercício do cargo;
VI - proferir voto de qualidade; b) censura ética, na hipótese de autoridade que já
VII - determinar o registro de seus atos enquanto tiver deixado o cargo; e
membro da Comissão, inclusive reuniões com auto- c) encaminhamento de sugestão de exoneração à
ridades submetidas ao Código de Conduta; autoridade hierarquicamente superior, quando se
VIII - determinar ao Secretário-Executivo, ouvida tratar de infração grave ou de reincidência.
a CEP, a instauração de processos de apuração de
prática de ato em desrespeito ao preceituado no Capítulo VI 265
Das Normas de Procedimento É interessante observar que o Regimento Interno
da Comissão de Ética Pública dispõe sobre deveres e
Art. 12 O procedimento de apuração de infração ao responsabilidades de seus membros. Não é porque
Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofí- são membros da CEP que essas pessoas não terão suas
cio ou em razão de denúncia fundamentada, desde condutas e eventuais infrações apuradas também.
que haja indícios suficientes, observado o seguinte:
I - a autoridade será oficiada para manifestar-se RESOLUÇÃO Nº 5, DE 7 DE JUNHO DE 2001
por escrito no prazo de cinco dias;
II - o eventual denunciante, a própria autoridade A Resolução nº 5 da CEP é o instrumento normati-
pública, bem assim a CEP, de ofício, poderão produ- vo que aprova o modelo de Declaração Confidencial de
zir prova documental; Informações a ser apresentada por autoridade subme-
III - a CEP poderá promover as diligências que con- tida ao Código de Conduta da Alta Administração Fede-
siderar necessárias, assim como solicitar parecer ral. Assim, a Resolução disciplina sobre a atualização
de especialista quando julgar imprescindível; de informações patrimoniais para os fins do art. 4º do
IV - concluídas as diligências mencionadas no inci- Código de Conduta da Alta Administração Federal.
so anterior, a CEP oficiará à autoridade para nova
manifestação, no prazo de três dias; A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamen-
V - se a CEP concluir pela procedência da denúncia, to no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de
adotará uma das providências previstas no inciso 1999, e nos termos do art. 4o do Código de Conduta
V do art. 11, com comunicação ao denunciado e ao da Alta Administração Federal,
seu superior hierárquico.
RESOLVE:
Capítulo VII
Dos Deveres e Responsabilidade dos Membros Art. 1º A autoridade pública nomeada para cargo
da Comissão abrangido pelo Código de Conduta da Alta Admi-
nistração Federal, aprovado pelo Presidente da
Art. 13 Os membros da CEP obrigam-se a apresen- República em 21 de agosto de 2000, encaminhará
tar e manter arquivadas na Secretaria-Executiva à Comissão de Ética Pública, no prazo de dez dias
declarações prestadas nos termos do art. 4o do da data de nomeação, Declaração Confidencial de
Código de Conduta. Informações - DCI, conforme modelo anexo.
Art. 14 Eventuais conflitos de interesse, efetivos Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI
ou potenciais, que possam surgir em função do ministros, secretários de estado, titulares de car-
exercício das atividades profissionais de membro gos de natureza especial, secretários executivos,
da Comissão, deverão ser informados aos demais secretários ou autoridade equivalentes ocupantes
membros. de cargos do Grupo-Direção e Assessoramento
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão Superiores - DAS, nível seis, presidentes e direto-
de sua atividade profissional, tiver relacionamento res de agências nacionais, autarquias, inclusive as
especiais, fundações mantidas pelo Poder Público,
específico em matéria que envolva autoridade sub-
empresas públicas e sociedades de economia mista.
metida ao Código de Conduta da Alta Administra-
Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP,
ção, deverá abster-se de participar de deliberação
no mesmo prazo, quaisquer alterações relevantes
que, de qualquer modo, a afete.
nas informações prestadas, podendo, para esse fim,
Art. 15 As matérias examinadas nas reuniões da apresentar nova DCI.
CEP são consideradas de caráter sigiloso até sua Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchi-
deliberação final, quando a Comissão deverá deci- mento da DCI, assim como sobre situação patri-
dir sua forma de encaminhamento. monial que, real ou potencialmente, possa suscitar
Art. 16 Os membros da CEP não poderão se mani- conflito com o interesse público, serão submetidas
festar publicamente sobre situação específica que à CEP e esclarecidas por sua Secretaria Executiva.
possa vir a ser objeto de deliberação formal do
Colegiado. Brasília, 7 de junho de 2001
Art. 17 Os membros da CEP deverão justificar even- João Geraldo Piquet Carneiro
tual impossibilidade de comparecer às reuniões. Presidente

Capítulo VIII RESOLUÇÃO Nº 6, DE 25 DE JULHO DE 2001


Das Disposições Gerais
A Resolução nº 6 da CEP é o instrumento normati-
Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, vo que não disciplina uma matéria nova, mas tem por
será substituído pelo membro mais antigo da finalidade alterar o conteúdo do item 3 da Resolução
Comissão. nº 3, de 23 de novembro de 2000.
Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida rela-
cionada a este Regimento Interno, bem como pro- A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas
mover as modificações que julgar necessárias. atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 2º,
Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que a
pelo colegiado. instituiu, adotou a seguinte
Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de
sua publicação. RESOLUÇÃO:

Brasília, 7 de junho de 2001 Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de


João Geraldo Piquet Carneiro novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte
266 Presidente redação:
3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imedia- deverão ser registradas por servidor do órgão ou enti-
ta de presente cuja aceitação é vedada, a autorida- dade por ela designado para acompanhar a reunião;
de deverá adotar uma das seguintes providências: II – eventos político-eleitorais de que participe,
I - ........................................................................................ informando as condições de logística e financeiras
II - promover a sua doação a entidade de caráter da sua participação.
assistencial ou filantrópico reconhecida como de Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de inte-
utilidade pública, desde que, tratando-se de bem resse entre a atividade político-eleitoral e a função
não perecível, se comprometa a aplicar o bem ou pública, a autoridade deverá abster-se de partici-
o produto da sua alienação em suas atividades fim; par daquela atividade ou requerer seu afastamento
ou do cargo.
III - determinar a incorporação ao patrimônio da Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá
entidade ou do órgão público onde exerce a função.” consultar a Comissão de Ética Pública.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de
sua publicação. Brasília, 14 de fevereiro de 2002
João Geraldo Piquet Carneiro
Brasília, 25 de julho de 2001 Presidente
João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente A Resolução da CEP Nº 7 possui duplo objetivo.
Primeiro, ela busca reconhecer o direito de qualquer
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2002 autoridade de participar em atividades e eventos
políticos e eleitorais. Além disso, ela também busca,
A Resolução nº 7 da CEP é o instrumento normativo mediante explicitação de normas de conduta, permi-
que regula a participação de autoridade pública sub- tir que as autoridades exerçam esse direito a salvo de
metida ao Código de Conduta da Alta Administração críticas, desde que cumpram os preceitos dessa Reso-
Federal em atividades de natureza político-eleitoral. lução de forma adequada.
Pelo texto do artigo 3º, o dispositivo recomenda
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no que a autoridade não se valha de viagem de trabalho
art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, para participar de eventos político-eleitorais. Essa é
adota a presente resolução interpretativa do Códi- uma norma de caráter mais prático pois é difícil exer-
go de Conduta da Alta Administração Federal, no cer algum controle/separação entre a proibição des-
que se refere à participação de autoridades públi- sas viagens, cujo fim seja o exercício tais atividades
cas em eventos político-eleitorais. eleitorais, daquelas viagens que são inerentes ao car-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código go público. A Resolução não impede que a autoridade
de Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) que viajou por seus próprios meios para participar de
poderá participar, na condição de cidadão-eleitor,
evento político-eleitoral cumpra outros compromis-
de eventos de natureza político-eleitoral, tais como
sos inerentes ao seu cargo ou função.
convenções e reuniões de partidos políticos, comí-
A autoridade não deve expor publicamente suas
cios e manifestações públicas autorizadas em lei.
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autorida-
divergências com outra autoridade administrativa
de não poderá resultar em prejuízo do exercício federal, ou lhe criticar a honorabilidade ou o desem-
da função pública, nem implicar o uso de recursos, penho funcional. Não é uma restrição ao direito de
bens públicos de qualquer espécie ou de servidores fazer críticas, mas deve-se adequá-lo ao fato de que,
a ela subordinados. afinal, a autoridade exerce um cargo de livre nomea-
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de: ção na administração, estando vinculada a deveres de
I – se valer de viagens de trabalho para partici- fidelidade e confiança.
par de eventos político-eleitorais; A autoridade também não pode aceitar encargo
II – expor publicamente divergências com de administrador de campanha eleitoral, diante da
outra autoridade administrativa federal ou dificuldade de compatibilizar essa atividade com suas
criticar-lhe a honorabilidade e o desempenho atribuições funcionais. Mas a autoridade pode requi-
funcional (artigos 11 e 12, inciso I, do CCAAF); sitar licença para exercer tal cargo de natureza eleito-
III – exercer, formal ou informalmente, função ral, sem remuneração.
de administrador de campanha eleitoral. Se por qualquer motivo se verificar a possibilidade NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que par- de conflito de interesse entre a atividade político-elei-
ticipar, a autoridade não poderá fazer promessa, toral e a função pública, a autoridade deverá escolher
ainda que de forma implícita, cujo cumprimento
entre abster-se de participar daquela atividade ou
dependa do cargo público que esteja exercendo, tais
requerer o seu afastamento do cargo.
como realização de obras, liberação de recursos e
nomeação para cargos ou empregos.
Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que RESOLUÇÃO Nº 8, DE 25 DE SETEMBRO DE 2003
manifestar de forma pública a intenção de candida-
tar-se a cargo eletivo, não poderá praticar ato de A Resolução nº 8 do CEP é o instrumento norma-
gestão do qual resulte privilégio para pessoa físi- tivo que identifica situações que suscitam conflito de
ca ou entidade, pública ou privada, situada em sua interesses e dispõe sobre o modo de preveni-los.
base eleitoral ou de seus familiares.
Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa sus- A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo
citar dúvidas quanto à sua conduta ética e ao cum- de orientar as autoridades submetidas ao Código
primento das normas estabelecidas pelo CCAAF, a de Conduta da Alta Administração Federal na iden-
autoridade deverá consignar em agenda de traba- tificação de situações que possam suscitar conflito
lho de acesso público: de interesses, esclarece o seguinte:
I – audiências concedidas, com informações sobre 1. Suscita conflito de interesses o exercício de ati-
seus objetivos, participantes e resultados, as quais vidade que: 267
a) em razão da sua natureza, seja incompatível Presidente
com as atribuições do cargo ou função pública da
autoridade, como tal considerada, inclusive, a ati- Essa é uma matéria que também vimos no Código
vidade desenvolvida em áreas ou matérias afins à de Ética dos Servidores Públicos. Há algumas ativida-
competência funcional;
des que, dada a sua natureza e outras circunstâncias,
b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocu-
pante de cargo em comissão ou função de confiança, não devem ser exercidas pelos agentes públicos, ante
que exige a precedência das atribuições do cargo ou o fato de ser considerada atividades antiéticas.
função pública sobre quaisquer outras atividades; Novamente é importante frisar que não estamos
c) implique a prestação de serviços a pessoa física falando de aspectos legais. Não é feito um julgamen-
ou jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio to de legalidade sobre a natureza dessas atividades, e
com pessoa física ou jurídica que tenha interesse sim um julgamento sobre a moral e padrões mínimos
em decisão individual ou coletiva da autoridade; de ética. Não se pode mais aceitar o pensamento que
d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de infor-
o servidor geralmente costuma ter de que ele pode
mação à qual a autoridade tenha acesso em razão
do cargo e não seja de conhecimento público; fazer tudo o que a lei não proibir: ele não pode pensar
e) possa transmitir à opinião pública dúvida a res- “isso não é errado, porque a lei não me proíbe”.
peito da integridade, moralidade, clareza de posi-
ções e decoro da autoridade. RESOLUÇÃO Nº 9, DE 20 DE MAIO DE 2005
2. A ocorrência de conflito de interesses independe
do recebimento de qualquer ganho ou retribuição A Resolução nº 9 da CEP é o instrumento norma-
pela autoridade. tivo que aprova o modelo anexo da Declaração Con-
3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de
fidencial de Informações, documento esse tratado na
conflito de interesses ao adotar, conforme o caso,
uma ou mais das seguintes providências:
Resolução nº 5, de 7 de junho de 2001.
a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo,
enquanto perdurar a situação passível de suscitar O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA,
conflito de interesses; no uso de suas atribuições e tendo em vista o dis-
b) alienar bens e direitos que integram o seu patri- posto no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio
mônio e cuja manutenção possa suscitar conflito de de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e
interesses; nos termos do art. 4º do Código de Conduta da Alta
c) transferir a administração dos bens e direitos que Administração Federal,
possam suscitar conflito de interesses a instituição
financeira ou a administradora de carteira de valo- RESOLVE:
res mobiliários autorizada a funcionar pelo Banco
Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários, Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Decla-
conforme o caso, mediante instrumento contratual
ração Confidencial de Informações de que trata a
que contenha cláusula que vede a participação da
Resolução no 5, de 7 de junho de 2001.
autoridade em qualquer decisão de investimento
assim como o seu prévio conhecimento de decisões Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vin-
da instituição administradora quanto à gestão dos culado ao Código de Conduta da Alta Administração
bens e direitos; Federal deverá apresentar a Declaração Confiden-
d) na hipótese de conflito de interesses específico cial de Informações, devidamente preenchida:
e transitório, comunicar sua ocorrência ao supe- I - pela primeira vez, até dez dias após a posse; e
rior hierárquico ou aos demais membros de órgão II - sempre que ocorrer alteração relevante nas infor-
colegiado de que faça parte a autoridade, em se tra- mações prestadas, até trinta dias da ocorrência.
tando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de
participar da discussão do assunto; sua publicação.
e) divulgar publicamente sua agenda de compro- Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução no 5, de
missos, com identificação das atividades que não 7 de junho de 2001.
sejam decorrência do cargo ou função pública.
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informa-
FERNANDO NEVES DA SILVA
da pela autoridade e opinará, em cada caso con-
Presidente da Comissão de Ética Pública
creto, sobre a suficiência da medida adotada para
prevenir situação que possa suscitar conflito de
interesses. RESOLUÇÃO Nº 10, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008
5. A participação de autoridade em conselhos de
administração e fiscal de empresa privada, da A Resolução nº 10 da CEP é o instrumento normati-
qual a União seja acionista, somente será permi- vo que dispõe sobre as normas de funcionamentos e o
tida quando resultar de indicação institucional da rito processual adotado pelas Comissões de Ética cria-
autoridade pública competente. Nestes casos, é-lhe das a partir do Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994
vedado participar de deliberação que possa susci-
(Código de Ética dos Servidores Públicos Federais).
tar conflito de interesses com o Poder Público.
6. No trabalho voluntário em organizações do ter-
ceiro setor, sem finalidade de lucro, também deverá A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas
ser observado o disposto nesta Resolução. atribuições conferidas pelo art. 1º do Decreto de
7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Públi- 26 de maio de 1999 e pelos arts. 1º, inciso III, e 4º,
ca deverão estar acompanhadas dos elementos per- inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de
tinentes à legalidade da situação exposta. 2007, nos termos dos Decretos nos 1.171, de 22 de
junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro
Brasília, 25 de setembro de 2003 de 2002 e tendo em vista a Lei nº 9.784, de 29 de
268 João Geraldo Piquet Carneiro janeiro de 1999,
RESOLVE c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de expe-
diente ao setor competente para exame de even-
Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolu- tuais transgressões de naturezas diversas;
ção, as normas de funcionamento e de rito pro- d) adotar outras medidas para evitar ou sanar
cessual, delimitando competências, atribuições, desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo de
procedimentos e outras providências no âmbito Conduta Pessoal e Profissional - ACPP;
das Comissões de Ética instituídas pelo Decreto nº XVI - arquivar os processos ou remetê-los ao órgão
1.171, de 22 de junho de 1994, com as alterações competente quando, respectivamente, não seja
estabelecidas pelo Decreto nº 6.029, de 1º de feve- comprovado o desvio ético ou configurada infra-
reiro de 2007. ção cuja apuração seja da competência de órgão
distinto;
Capítulo I XVII - notificar as partes sobre suas decisões;
Das Competências e Atribuições XVIII - submeter ao dirigente máximo do órgão ou
entidade sugestões de aprimoramento ao código de
Art. 2º Compete às Comissões de Ética: conduta ética da instituição;
I - atuar como instância consultiva do dirigente XIX - dirimir dúvidas a respeito da interpretação
máximo e dos respectivos servidores de órgão ou das normas de conduta ética e deliberar sobre os
de entidade federal; casos omissos, observando as normas e orienta-
II - aplicar o Código de Ética Profissional do ções da CEP;
Servidor Público Civil do Poder Executivo XX - elaborar e propor alterações ao código de ética
Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de ou de conduta próprio e ao regimento interno da
1994, devendo: respectiva Comissão de Ética;
a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP XXI - dar ampla divulgação ao regramento ético;
propostas de aperfeiçoamento do Código de XXII - dar publicidade de seus atos, observada a
Ética Profissional; restrição do art. 14 desta Resolução;
b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, XXIII - requisitar agente público para prestar ser-
fato ou conduta em desacordo com as normas viços transitórios técnicos ou administrativos à
éticas pertinentes; Comissão de Ética, mediante prévia autorização do
c) recomendar, acompanhar e avaliar o desen- dirigente máximo do órgão ou entidade;
volvimento de ações objetivando a dissemi- XXIV - elaborar e executar o plano de trabalho de
nação, capacitação e treinamento sobre as gestão da ética; e
normas de ética e disciplina; XXV - indicar por meio de ato interno, representan-
III - representar o órgão ou a entidade na Rede de tes locais da Comissão de Ética, que serão desig-
Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o nados pelos dirigentes máximos dos órgãos ou
art. 9º do Decreto nº 6.029, de 2007; entidades, para contribuir nos trabalhos de educa-
IV - supervisionar a observância do Código ção e de comunicação.
de Conduta da Alta Administração Federal e
comunicar à CEP situações que possam confi- Das competências da CEP, gostaríamos de destacar as
gurar descumprimento de suas normas; funções de natureza consultiva. Como vimos em outras
V - aplicar o código de ética ou de conduta próprio, Resoluções, muitas situações dentro do Código de Ética
se couber; como também outras situações podem gerar dúvidas
VI - orientar e aconselhar sobre a conduta ética do sobre como proceder da maneira mais ética possível.
servidor, inclusive no relacionamento com o cida- A CEP deve justamente dirimir essas dúvidas:
dão e no resguardo do patrimônio público;
ela deve atuar não só de forma impositiva (forçar os
VII - responder consultas que lhes forem
outros ao cumprimento das regras do Código de Éti-
dirigidas;
VIII - receber denúncias e representações contra
ca), mas também de forma consulta (tirar dúvidas
servidores por suposto descumprimento às normas sobre situações em que há comprometimento ético).
éticas, procedendo à apuração;
IX - instaurar processo para apuração de fato ou Capítulo II
conduta que possa configurar descumprimento ao Da Composição
padrão ético recomendado aos agentes públicos;
X - convocar servidor e convidar outras pessoas a Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
prestar informação; será composta por três membros titulares e res-
XI - requisitar às partes, aos agentes públicos e aos pectivos suplentes, servidores públicos ocupantes
órgãos e entidades federais informações e docu- de cargo efetivo ou emprego do seu quadro perma-
mentos necessários à instrução de expedientes; nente, designados por ato do dirigente máximo do
XII - requerer informações e documentos necessá- correspondente órgão ou entidade.
rios à instrução de expedientes a agentes públicos § 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou
e a órgãos e entidades de outros entes da federação na entidade em número suficiente para instituir a
ou de outros Poderes da República; Comissão de Ética, poderão ser escolhidos servido-
XIII - realizar diligências e solicitar pareceres de res públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego
especialistas; do quadro permanente da Administração Pública.
XIV - esclarecer e julgar comportamentos com indí- § 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada
cios de desvios éticos; prestação de relevante serviço público e não enseja
XV - aplicar a penalidade de censura ética ao servi- qualquer remuneração, devendo ser registrada nos
dor e encaminhar cópia do ato à unidade de gestão assentamentos funcionais do servidor.
de pessoal, podendo também: § 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de poderá ser membro da Comissão de Ética.
ocupante de cargo ou função de confiança; § 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do servi- membro mais antigo, em caso de impedimento ou
dor ao órgão ou entidade de origem; vacância. 269
§ 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da ou de conduta do órgão ou entidade, bem como as
Comissão será preenchido mediante nova escolha diligências e convocações;
efetuada pelos seus membros. III - designar relator para os processos;
§ 6º Na ausência de membro titular, o respectivo suplen- IV - orientar os trabalhos da Comissão de Ética,
te deve imediatamente assumir suas atribuições. ordenar os debates e concluir as deliberações;
§ 7º Cessará a investidura de membros das Comis- V - tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e
sões de Ética com a extinção do mandato, a renún- proclamar os resultados; e
cia ou por desvio disciplinar ou ético reconhecido VI - delegar competências para tarefas específicas
pela Comissão de Ética Pública.
aos demais integrantes da Comissão de Ética.
Parágrafo único. O voto de qualidade de que tra-
Os membros da Comissão de Ética Pública são mem- ta o inciso V somente será adotado em caso de
bros de dentro do próprio Estado. Segundo a Resolução, desempate.
eles podem ser ou servidores públicos ou empregados Art. 9º Compete aos membros da Comissão de
públicos. Isso significa que o vínculo entre a autoridade Ética:
e o Estado é irrelevante para compor a CEP. I - examinar matérias, emitindo parecer e voto;
Todavia isso não significa que todo e qualquer II - pedir vista de matéria em deliberação;
agente público pode compor a CEP. Não seria reco- III - fazer relatórios; e
mendado que agentes temporários componham a IV - solicitar informações a respeito de matérias
Comissão, uma vez que o seu vínculo com o Estado é sob exame da Comissão de Ética.
temporário. Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo:
I - organizar a agenda e a pauta das reuniões;
Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma II - proceder ao registro das reuniões e à elabora-
Secretaria-Executiva, que terá como finalidade
ção de suas atas;
contribuir para a elaboração e o cumprimento do
III - instruir as matérias submetidas à deliberação
plano de trabalho da gestão da ética e prover apoio
da Comissão de Ética;
técnico e material necessário ao cumprimento das
atribuições. IV - desenvolver ou supervisionar a elaboração de
§ 1º O encargo de secretário-executivo recairá em estudos e subsídios ao processo de tomada de deci-
detentor de cargo efetivo ou emprego permanente são da Comissão de Ética;
na administração pública, indicado pelos membros V - coordenar o trabalho da Secretaria-Executiva,
da Comissão de Ética e designado pelo dirigente bem como dos representantes locais;
máximo do órgão ou da entidade. VI - fornecer apoio técnico e administrativo à
§ 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser mem- Comissão de Ética;
bro da Comissão de Ética. VII - executar e dar publicidade aos atos de compe-
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar represen- tência da Secretaria-Executiva;
tantes locais que auxiliarão nos trabalhos de edu- VIII - coordenar o desenvolvimento de ações objeti-
cação e de comunicação. vando a disseminação, capacitação e treinamento
§ 4º Outros servidores do órgão ou da entidade sobre ética no órgão ou entidade; e
poderão ser requisitados, em caráter transitório, IX - executar outras atividades determinadas pela
para realização de atividades administrativas jun- Comissão de Ética.
to à Secretaria-Executiva.
§ 1º Compete aos demais integrantes da Secreta-
ria-Executiva fornecer o suporte administrativo
Capítulo III
necessário ao desenvolvimento ou exercício de suas
Do Funcionamento
funções.
§ 2º Aos representantes locais compete contribuir
Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão
com as atividades de educação e de comunicação.
tomadas por votos da maioria de seus membros.

Capítulo V
Nesse caso, entendemos que a Resolução dispõe da
Dos Mandatos
maioria absoluta, que é a maioria de votos obtidas
pela metade do número de membros totais da Comis-
Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumpri-
são, acrescido de um (50% + 1 de todos os membros).
rão mandatos, não coincidentes, de três anos, per-
mitida uma única recondução.
Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordina-
riamente pelo menos uma vez por mês e, em cará- § 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos
ter extraordinário por iniciativa do Presidente, dos respectivos suplentes serão de um, dois e três anos,
seus membros ou do Secretário-Executivo. estabelecidos em portaria designatória.
Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética § 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao
será composta a partir de sugestões do presiden- cargo de membro da Comissão de ética o servidor
te, dos membros ou do Secretário-Executivo, sendo público que for designado para cumprir o manda-
admitida a inclusão de novos assuntos no início da to complementar, caso o mesmo tenha se iniciado
reunião. antes do transcurso da metade do período estabele-
cido no mandato originário.
Capítulo IV § 3º Na hipótese de o mandato complementar ser
Das Atribuições exercido após o transcurso da metade do período
estabelecido no mandato originário, o membro da
Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética: Comissão de Ética que o exercer poderá ser condu-
I - convocar e presidir as reuniões; zido imediatamente ao posterior mandato regular
II - determinar a instauração de processos para a de 3 (três) anos, permitindo-lhe uma única recondu-
270 apuração de prática contrária ao código de ética ção ao mandado regular.
Capítulo VI de improbidade administrativa ou de infração
Das Normas Gerais Do Procedimento disciplinar, encaminhará cópia dos autos às auto-
ridades competentes para apuração de tais fatos,
Art. 12 As fases processuais no âmbito das Comis- sem prejuízo da adoção das demais medidas de sua
sões de Ética serão as seguintes: competência.
I - Procedimento Preliminar, compreendendo: Art. 17 A decisão final sobre investigação de condu-
a) juízo de admissibilidade; ta ética que resultar em sanção, em recomendação
b) instauração; ou em Acordo de Conduta Pessoal e Profissional
c) provas documentais e, excepcionalmente, mani- será resumida e publicada em ementa, com a omis-
festação do investigado e realização de diligências são dos nomes dos envolvidos e de quaisquer outros
urgentes e necessárias; dados que permitam a identificação.
d) relatório; Parágrafo único. A decisão final contendo nome e
e) proposta de ACPP; identificação do agente público deverá ser remetida
f) decisão preliminar determinando o arquivamen- à Comissão de Ética Pública para formação de ban-
to ou a conversão em Processo de Apuração Ética; co de dados de sanções, para fins de consulta pelos
II - Processo de Apuração Ética, subdividindo-se em: órgãos ou entidades da administração pública fede-
a) instauração; ral, em casos de nomeação para cargo em comissão
b) instrução complementar, compreendendo: ou de alta relevância pública.
1. a realização de diligências; Art. 18 Os setores competentes do órgão ou enti-
2. a manifestação do investigado; e dade darão tratamento prioritário às solicitações
3. a produção de provas; de documentos e informações necessárias à instru-
c) relatório; e ção dos procedimentos de investigação instaura-
d) deliberação e decisão, que declarará improce- dos pela Comissão de Ética, conforme determina o
dência, conterá sanção, recomendação a ser aplica- Decreto nº 6.029, de 2007.
da ou proposta de ACPP. § 1º A inobservância da prioridade determinada
neste artigo implicará a responsabilidade de quem
Observe que, por mais que o processo de apura- lhe der causa.
§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em rela-
ção de condutas éticas possua alguns contornos espe-
ção aos respectivos agentes públicos a Comissão
ciais, isso não significa que é algo totalmente único e
de Ética terá acesso a todos os documentos neces-
diferente. Esse procedimento é muito parecido com o sários aos trabalhos, dando tratamento específico
procedimento dos processos administrativos discipli- àqueles protegidos por sigilo legal.
nares (PADs).
Esse procedimento possui duas fases, ao contrá- Capítulo VII
rio do PAD que possui três. Mas ele apresenta mui- Do Rito Processual
tos pontos em comum com este. Dentre esses pontos
em comum, denota-se: a) uma instauração do pro- Art. 19 Qualquer cidadão, agente público, pessoa
cedimento a requerimento ou ex officio; b) uma fase jurídica de direito privado, associação ou entidade
de investigação/apuração da conduta, algo similar a de classe poderá provocar a atuação da Comissão
sindicância; c) uma fase instrutória, sendo admitidos de Ética, visando a apuração de transgressão ética
como meios de provas a inquirição de testemunhas, imputada ao agente público ou ocorrida em setores
e a manifestação do acusado; e c) um relatório da competentes do órgão ou entidade federal.
Comissão, que não é a decisão final, mas ela servirá de
base para o julgamento posterior. O caput menciona apenas a instauração mediante
provocação, mas é admitida também a instauração de
Art. 13 A apuração de infração ética será forma- ofício, conforme veremos mais adiante.
lizada por procedimento preliminar, que deverá
observar as regras de autuação, compreendendo Parágrafo único. Entende-se por agente públi-
numeração, rubrica da paginação, juntada de docu- co todo aquele que por força de lei, contrato ou
mentos em ordem cronológica e demais atos de qualquer ato jurídico, preste serviços de natu-
expediente administrativo. reza permanente, temporária, excepcional ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 14 Até a conclusão final, todos os expedientes eventual, ainda que sem retribuição finan-
de apuração de infração ética terão a chancela de ceira, a órgão ou entidade da Administração
“reservado”, nos termos do Decreto nº 4.553, de Pública Federal direta e indireta.
27 de dezembro 2002, após, estarão acessíveis aos
interessados conforme disposto na Lei nº 9.784, de Texto importante, porque traz uma definição de
29 de janeiro de 1999. agente público bastante abrangente, igual ao que
Art. 15 Ao denunciado é assegurado o direito de ocorre com a definição apresentada pelo Código de
conhecer o teor da acusação e ter vista dos autos Ética.
no recinto da Comissão de Ética, bem como de obter
cópias de documentos.
Art. 20 O Procedimento Preliminar para apura-
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas
ção de conduta que, em tese, configure infração
formalmente à Comissão de Ética.
ao padrão ético será instaurado pela Comissão
de Ética, de ofício ou mediante representação ou
O direito de ter vista aos autos, bem como de apre- denúncia formulada por quaisquer das pessoas
sentar defesa, tem por fundamento os princípios do mencionadas no caput do art. 19.
contraditório e ampla defesa, aplicáveis ao processo § 1º A instauração, de ofício, de expediente de inves-
judicial e ao processo administrativo também. tigação deve ser fundamentada pelos integrantes
da Comissão de Ética e apoiada em notícia públi-
Art. 16 As Comissões de Ética, sempre que consta- ca de conduta ou em indícios capazes de lhe dar
tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, sustentação. 271
§ 2º Se houver indícios de que a conduta configu- seguimento ao feito, convertendo o Procedimento
re, a um só tempo, falta ética e infração de outra Preliminar em Processo de Apuração Ética.
natureza, inclusive disciplinar, a cópia dos autos § 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal
deverá ser encaminhada imediatamente ao órgão e Profissional o descumprimento ao disposto no
competente. inciso XV do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 1994.
§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado Art. 24 Ao final do Procedimento Preliminar,
deverá ser notificado sobre a remessa do expedien- será proferida decisão pela Comissão de Ética
te ao órgão competente. do órgão ou entidade determinando o arqui-
§ 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da vamento ou sua conversão em Processo de
conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de Apuração Ética.
improbidade, crime de responsabilidade ou infra-
ção de natureza diversa, a Comissão de Ética, em O julgamento da autoridade ainda não começou.
caráter excepcional, poderá solicitar parecer reser- Estamos apenas em um ponto preparatório para o
vado junto à unidade responsável pelo assessora-
Processo de Apuração Ética, algo parecido com a sin-
mento jurídico do órgão ou da entidade.
dicância no processo administrativo.
Art. 21 A representação, a denúncia ou qualquer
outra demanda deve conter os seguintes requisitos:
I - descrição da conduta; Art. 25 Instaurado o Processo de Apuração
II - indicação da autoria, caso seja possível; e Ética, a Comissão de Ética notificará o inves-
III - apresentação dos elementos de prova ou tigado para, no prazo de dez dias, apresentar
indicação de onde podem ser encontrados. defesa prévia, por escrito, listando eventuais
Parágrafo único. Quando o autor da demanda não testemunhas, até o número de quatro, e apre-
se identificar, a Comissão de Ética poderá acolher sentando ou indicando as provas que pretende
os fatos narrados para fins de instauração, de ofí- produzir.
cio, de procedimento investigatório, desde que con-
tenha indícios suficientes da ocorrência da infração Outra menção ao direito do acusado de acompa-
ou, em caso contrário, determinar o arquivamento nhar o processo e se manifestar sobre o mesmo, sob o
sumário. fundamento dos princípios do contraditório e ampla
Art. 22 A representação, denúncia ou qualquer defesa.
outra demanda será dirigida à Comissão de Ética,
podendo ser protocolada diretamente na sede da Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo
Comissão ou encaminhadas pela via postal, correio poderá ser prorrogado por igual período, a juízo da
eletrônico ou fax. Comissão de Ética, mediante requerimento justifi-
§ 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação cado do investigado.
oficial divulgando os endereços físico e eletrônico Art. 26 O pedido de inquirição de testemunhas
para atendimento e apresentação de demandas. deverá ser justificado.
§ 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou § 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando:
representar compareça perante a Comissão de
I - formulado em desacordo com este artigo;
Ética, esta poderá reduzir a termo as declarações
II - o fato já estiver suficientemente provado por
e colher a assinatura do denunciante, bem como
documento ou confissão do investigado ou quais-
receber eventuais provas.
quer outros meios de prova compatíveis com o rito
§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprova-
descrito nesta Resolução; ou
ção do recebimento da denúncia ou representação
III - o fato não possa ser provado por testemunha.
por ele encaminhada.
§ 2º As testemunhas poderão ser substituídas des-
Art. 23 Oferecida a representação ou denúncia, a
de que o investigado formalize pedido à Comissão
Comissão de Ética deliberará sobre sua admissibi-
de Ética em tempo hábil e em momento anterior à
lidade, verificando o cumprimento dos requisitos
audiência de inquirição.
previstos nos incisos do art. 21.
§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a Art. 27 O pedido de prova pericial deverá ser justi-
colheita de informações complementares ou de ficado, sendo lícito à Comissão de Ética indeferi-lo
outros elementos de prova que julgar necessários. nas seguintes hipóteses:
§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fun- I - a comprovação do fato não depender de conheci-
damentada, arquivará representação ou denún- mento especial de perito; ou
cia manifestamente improcedente, cientificando o II - revelar-se meramente protelatório ou de
denunciante. nenhum interesse para o esclarecimento do fato.
§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de Art. 28 Na hipótese de o investigado não requerer
pedido de reconsideração dirigido à própria Comis- a produção de outras provas, além dos documentos
são de Ética, no prazo de dez dias, contados da ciên- apresentados com a defesa prévia, a Comissão de
cia da decisão, com a competente fundamentação. Ética, salvo se entender necessária a inquirição de
§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante con- testemunhas, a realização de diligências ou de exa-
sentimento do denunciado, poderá ser lavrado me pericial, elaborará o relatório.
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional. Parágrafo único. Na hipótese de o investigado,
§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profis- comprovadamente notificado ou citado por edital
sional, o Procedimento Preliminar será sobrestado, público, não se apresentar, nem enviar procura-
por até dois anos, a critério da Comissão de Ética, dor legalmente constituído para exercer o direito
conforme o caso. ao contraditório e à ampla defesa, a Comissão de
§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Ética designará um defensor dativo preferencial-
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for cum- mente escolhido dentre os servidores do quadro
prido, será determinado o arquivamento do feito. permanente para acompanhar o processo, sendo-
§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissio- -lhe vedada conduta contrária aos interesses do
272 nal for descumprido, a Comissão de Ética dará investigado.
Art. 29 Concluída a instrução processual e elabo- investigado, ou com os respectivos cônjuges, com-
rado o relatório, o investigado será notificado para panheiros ou parentes até o terceiro grau; ou
apresentar as alegações finais no prazo de dez dias. IV - for seu cônjuge, companheiro ou parente
Art. 30 Apresentadas ou não as alegações finais, a até o terceiro grau o denunciante, denunciado
Comissão de Ética proferirá decisão. ou investigado.
§ 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do inves- Art. 34 Ocorre a suspeição do membro quando:
tigado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penali- I - for amigo íntimo ou notório desafeto do
dade de censura ética prevista no Decreto nº 1.171, denunciante, denunciado ou investigado, ou
de 1994, e, cumulativamente, fazer recomendações, de seus respectivos cônjuges, companheiros ou
bem como lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e parentes até o terceiro grau; ou
Profissional, sem prejuízo de outras medidas a seu II - for credor ou devedor do denunciante,
cargo. denunciado ou investigado, ou de seus respec-
§ 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissio-
tivos cônjuges, companheiros ou parentes até
nal seja descumprido, a Comissão de Ética dará
o terceiro grau.
seguimento ao Processo de Apuração Ética.
§ 3º É facultada ao investigado pedir a reconside-
ração acompanhada de fundamentação à própria A decretação de impedimento tem por fundamen-
Comissão de Ética, no prazo de dez dias, contado da to uma disposição de ordem legal, sendo por isso um
ciência da respectiva decisão. ato vinculado. A arguição de suspeição, por sua vez,
Art. 31 Cópia da decisão definitiva que resultar em é ato discricionário, pois por mais que o dispositivo
penalidade a detentor de cargo efetivo ou de empre- apresente hipóteses de suspeição, essas pessoas sus-
go permanente na Administração Pública, bem peitas não estão obrigadas de participar do processo.
como a ocupante de cargo em comissão ou função A suspeição apenas não recomenda que elas partici-
de confiança, será encaminhada à unidade de ges- pem, o que significa que há uma margem de liberdade
tão de pessoal, para constar dos assentamentos do
para o administrador de arguir ou não a suspeição.
agente público, para fins exclusivamente éticos.
§ 1º O registro referido neste artigo será cancela-
do após o decurso do prazo de três anos de efetivo Capítulo IX
exercício, contados da data em que a decisão se tor- Disposições Finais
nou definitiva, desde que o servidor, nesse período,
não tenha praticado nova infração ética. Art. 35 As situações omissas serão resolvidas por
§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem deliberação da Comissão de Ética, de acordo com
vínculo direto ou formal com o órgão ou entidade, o previsto no Código de Ética próprio, no Código
a cópia da decisão definitiva deverá ser remetida ao de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
dirigente máximo, a quem competirá a adoção das Poder Executivo Federal, no Código de Conduta da
providências cabíveis. Alta Administração Federal, bem como em outros
§ 3º Em relação aos agentes públicos listados no § atos normativos pertinentes.
2º, a Comissão de Ética expedirá decisão definitiva Art. 36 O Regimento Interno de cada Comissão de
elencando as condutas infracionais, eximindo-se de Ética poderá estabelecer normas complementares
aplicar ou de propor penalidades, recomendações a esta Resolução.
ou Acordo de Conduta Pessoal e Profissional. Art. 37 Fica estabelecido o prazo de seis meses para
que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades
Capítulo VIII do Poder Executivo Federal possam se adequar ao
Dos Deveres e Responsabilidades dos Integran- disposto nesta Resolução.
tes da Comissão Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo
poderá ser prorrogado, mediante envio de justifica-
Art. 32 São princípios fundamentais no trabalho tivas, nos trinta dias que antecedem o termo final,
desenvolvido pelos membros da Comissão de Ética: para apreciação e autorização da Comissão de Éti-
I - preservar a honra e a imagem da pessoa ca Pública.
investigada; Art. 38 Esta Resolução entra em vigor na data de
II - proteger a identidade do denunciante; sua publicação.
III - atuar de forma independente e imparcial;
IV - comparecer às reuniões da Comissão de Ética,
JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
justificando ao presidente da Comissão, por escrito,
Presidente da Comissão de Ética Pública
eventuais ausências e afastamentos;
V - em eventual ausência ou afastamento, instruir o
substituto sobre os trabalhos em curso; Faremos algumas notas conclusivas sobre a referi-
VI - declarar aos demais membros o impedimento ou da Resolução.
a suspeição nos trabalhos da Comissão de Ética; e Primeiro, é importante lembrar que a Comissão de
VII - eximir-se de atuar em procedimento no qual Ética Pública, além de um papel consultivo, pode tam-
tenha sido identificado seu impedimento ou suspeição. bém apurar condutas e infrações antiéticas pratica-
Art. 33 Dá-se o impedimento do membro da das pelas autoridades públicas submetidas a ela. Da
Comissão de Ética quando: apuração das infrações podem resultar a aplicação de
I - tenha interesse direto ou indireto no feito; sanções, ou uma recomendação, ou ainda em um Acor-
II - tenha participado ou venha a participar,
do de Conduta Pessoal e Profissional (ACPP).
em outro processo administrativo ou judicial,
Mesmo sendo um processo de apuração de condu-
como perito, testemunha ou representante
legal do denunciante, denunciado ou investi- tas éticas, deve ser assegurado o direito da autorida-
gado, ou de seus respectivos cônjuges, compa- de denunciada de manifestar defesa dos atos que lhe
nheiros ou parentes até o terceiro grau; são imputados, sendo assegurado também o direito de
III - esteja litigando judicial ou administrati- acompanhar todos os atos do processo que corre con-
vamente com o denunciante, denunciado ou tra a sua pessoa. 273
Por fim, durante a apuração da conduta ética, é
vedada a divulgação de dados pessoais como do nome HORA DE PRATICAR!
do acusado, a repartição/local onde trabalha e outras
características que possam identificá-lo. O processo de 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte item,
apuração de condutas éticas deve correr sob sigilo, relativo à organização administrativa da União.
pois trata-se de uma situação vexatória e humilhante, Os órgãos não dotados de personalidade jurídica pró-
que pode causar problemas na própria relação de tra- pria que exercem funções administrativas e integram
balho da autoridade investigada. A honra e a imagem a União por desconcentração, componentes de uma
da pessoa investigada devem ser preservadas. hierarquia, fazem parte da administração direta.

( ) CERTO ( ) ERRADO
EXERCÍCIO COMENTADO
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Sob o aspecto da inicia-
1. (FCC – 2011) Em face do Código de Ética do Servidor tiva, a revisão de conduta da administração públi-
Público Federal, considere as seguintes afirmações: ca ocorrida em atenção a requerimento ou recurso
dirigido à autoridade administrativa por um servidor
I . A função pública deve ser tida como exercício profissio- público caracteriza um exemplo de
nal e, portanto, se integra na vida de cada servidor públi-
co. Entretanto, os fatos e atos verificados na conduta do a) controle por vinculação.
dia a dia em sua vida privada não poderão acrescer ou b) controle por subordinação.
diminuir o seu bom conceito na vida funcional. c) controle interno.
II. A ausência injustificada do servidor de seu local de traba- d) controle de ofício.
lho, não é fator de desmoralização do serviço público. e) controle provocado.
III. Ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
representar contra qualquer comprometimento inde- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Aplicação de multa a
vido da estrutura em que se funda o Poder Estatal, é sociedade empresária em razão de descumprimen-
dever fundamental do servidor público. to de contrato administrativo celebrado por dispen-
IV. O servidor público não poderá jamais desprezar o ele- sa de licitação constitui manifestação do poder
mento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir
somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o con-
a) de polícia.
veniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
b) disciplinar.
mas principalmente entre o honesto e o desonesto.
c) hierárquico.
V. Salvo os casos de segurança nacional, investigações
d) regulamentar.
policiais ou interesse superior do Estado e da Admi-
nistração Pública, a serem preservados em processo e) vinculante.
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei,
a publicidade de qualquer ato administrativo cons- 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsecuti-
titui requisito de eficácia e moralidade, ensejando vo, a respeito dos poderes da administração pública.
sua omissão comprometimento ético contra o bem Poder discricionário corresponde à prerrogativa do
comum, imputável a quem a negar. gestor público de avaliar a conveniência e a oportuni-
dade de praticar determinado ato administrativo.
Está correto o que se afirma APENAS em:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) I, II e IV.
b) I e III. 5. (CESPE-CEBRASPE –2019) Considerando os con-
c) II, III e V. ceitos doutrinários acerca da polícia judiciária e da
d) II e IV. polícia administrativa, julgue o próximo item.
e) III, IV e V. A polícia judiciária é repressiva e está adstrita aos
órgãos e agentes do Poder Judiciário, enquanto a
A questão exige conhecimento sobre as regras deon- polícia administrativa é preventiva e está disseminada
tológicas. A frase I está errada, A função pública deve pelos órgãos da administração pública.
ser tida como exercício profissional e, portanto, se
integra na vida particular de cada servidor público. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia
a dia em sua vida privada poderão acrescer ou dimi-
6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito da adminis-
nuir o seu bom conceito na vida funcional (inc. VI,
tração pública brasileira, julgue o item a seguir.
Dec. nº 1.171/1994). A frase II é falsa, segundo o inci-
A descentralização por colaboração ocorre, por exemplo,
so XII do Decreto nº 1.171/1994, toda ausência injus-
tificada do servidor de seu local de trabalho é fator quando a administração pública, por meio de ato admi-
de desmoralização do serviço público, o que quase nistrativo, transfere a execução de um serviço a uma pes-
sempre conduz à desordem nas relações humanas. A soa jurídica, mas mantém a titularidade do serviço.
frase III é verdadeira, trata-se de um dos deveres fun-
damentais do servidor público na forma do art. XIV, ( ) CERTO ( ) ERRADO
h, do Decreto nº 1.171/1994. A frase IV é verdadeira, é
o texto do inciso II do Decreto nº 1.171/1994. A frase 7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca dos órgãos públi-
V é verdadeira, é o texto do inciso VII do Decreto nº cos e dos institutos da centralização e da descentra-
274 1.171/1994. Resposta: Letra E. lização administrativa, assinale a opção correta.
a) Os entes criados por descentralização permanecem 12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com base em dispo-
hierarquicamente subordinados aos órgãos dos quais sições normativas concernentes à administração
foram descentralizados. pública, julgue o item a seguir.
b) A administração centralizada atua por meio de órgãos De acordo com o princípio da presunção de legitimi-
públicos, que são unidades dotadas de personalidade dade, as decisões administrativas das pessoas jurídi-
jurídica e que expressam a vontade do Estado. cas de direito público são de execução imediata e têm
c) A descentralização administrativa caracteriza-se pela a possibilidade de criar obrigações para o particular,
retirada de atribuições da esfera do interesse público independentemente de sua anuência.
e sua transferência para o domínio privado.
d) A criação e a extinção de órgãos públicos devem ( ) CERTO ( ) ERRADO
observar a exigência de lei ou decreto específico.
e) A descentralização política ocorre quando o ente 13. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Assinale a opção que
descentralizado exerce atribuições próprias que não apresenta o atributo pelo qual determinados atos
decorrem do ente central. administrativos podem ser executados direta e
imediatamente pela própria administração públi-
8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca dos poderes ca, independentemente de intervenção do Poder
administrativos, julgue o item a seguir. Judiciário.
A inércia do administrador ao não adotar conduta
comissiva prevista em lei é ilegal em função do poder- a) presunção de legitimidade
-dever de agir da administração pública, caso em que b) imperatividade
é inaplicável a reserva do possível. c) autoexecutoriedade
d) tipicidade
( ) CERTO ( ) ERRADO e) presunção de veracidade

9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o próximo item, 14. (CCESPE-CEBRASPE – 2014) Ao ato jurídico de atra-
a respeito dos poderes e deveres do administrador ção, por parte de autoridade pública, de compe-
público. tência atribuída a agente hierarquicamente inferior
O dever de eficiência do administrador público está dá-se o nome de
intrinsecamente relacionado à sua conduta como ele-
mento necessário à legitimidade de seus atos. a) deliberação.
b) delegação.
( ) CERTO ( ) ERRADO c) avocação.
d) subsunção.
10. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Para a construção de e) incorporação.
uma obra pública, conforme previsão em edital, o
qual permite o consórcio, será realizada licitação da 15. (CCESPE-CEBRASPE – 2014) A legislação concede à
qual poderão participar empresas tanto nacionais administração poderes extraordinários, necessários
quanto estrangeiras. para que o Estado alcance os seus fins. Em relação
Considerando essa situação hipotética, julgue os itens aos poderes da administração pública, julgue o item
a seguir. seguinte.
A participação na referida licitação de empresas estran- A remoção de ofício de um servidor, como forma de
geiras como consorciadas está em conformidade com puni-lo por faltas funcionais, configura abuso de poder.
a legislação pertinente, pois é permitida desde que,
além do atendimento às demais exigências legais, a ( ) CERTO ( ) ERRADO
liderança seja de empresa brasileira.
16. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Acerca da disciplina do
( ) CERTO ( ) ERRADO funcionalismo público no Brasil, julgue o item sub-
sequente no que tange à disciplina constitucional e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
11. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O controle da adminis- à Lei n.º 8.112/1990.
tração pública pelos tribunais de contas O administrador público que age fora dos limites de
a) compreende, para fins de registro, a apreciação da sua competência atua com desvio de poder.
legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qual-
quer título, salvo os de nomeações para os cargos em ( ) CERTO ( ) ERRADO
comissão, bem como os atos de concessões de apo-
sentadorias, reformas e pensões. 17. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No que se refere ao direi-
to administrativo e seus princípios, assinale a opção
b) alcança os órgãos integrantes da administração dire- correta.
ta, exceto aqueles que executem atividades meio do
Poder Legislativo e do Judiciário. a) Em face do princípio da legalidade, a administração
c) abrange o julgamento anual das contas prestadas pública pode realizar uma interpretação contra legem,
pelo presidente da República e a apreciação dos rela- secundum legem e praeter legem, conforme a neces-
tórios sobre a execução dos planos de governo. sidade, adequação e proporcionalidade em prol do
d) envolve a aplicação de sanções em casos de ilegalida- interesse público.
des ou irregularidades de contas, à exceção das mul- b) O conceito de moralidade administrativa foi defendido
tas, que devem ser aplicadas pelo Judiciário. por Gaston Jezè, a partir da noção de boa administra-
e) compreende a legalidade dos atos de que resultem a ção, o que influenciou a ideia do princípio da moralida-
previsão da receita e a fixação da despesa. de na contemporaneidade. 275
c) A alteração de edital de concurso prescinde da veicu-
13 C
lação em jornal de grande circulação, podendo ser vei-
culada apenas em diário oficial sem que isso ofenda o 14 C
princípio da publicidade.
d) A lei é fonte primária do direito, sendo que o costume, 15 CERTO
fonte secundária, não é considerado fonte do direito
16 ERRADO
administrativo.
e) Para Gaston Jezè, defensor da Escola do Serviço 17 C
Público, o direito administrativo tem como objeto a
soma das atividades desenvolvidas para a realização 18 CERTO
dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição. 19 E

18. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No que se refere à Lei 20 CERTO


n.º 8.666/1993, julgue o item subsequente.
Todos os contratos para os quais a lei exige licitação
são firmados intuitu personae, ou seja, em razão de
condições pessoais do contratado, apuradas no pro- ANOTAÇÕES
cedimento da licitação.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O contrato adminis-


trativo firmado com a administração pública deve
sempre buscar a proteção de um interesse coleti-
vo e, justamente por isso, se sujeita à aplicação do
regime público com características próprias, dentre
as quais se pode destacar a reciprocidade de obri-
gações. Essa característica é própria do contrato
administrativo

a) oneroso.
b) consensual.
c) cumulativo.
d) personalíssimo.
e) sinalagmático.

20. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere ao con-


trole da administração pública, julgue o item seguinte.
Contrato de direito privado firmado em igualdade de
condições pela administração pública com particular
não pode ser anulado unilateralmente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 CERTO

2 E

3 B

4 CERTO

5 ERRADO

6 CERTO

7 E

8 ERRADO

9 ERRADO

10 CERTO

11 A

12 CERTO
276
Os princípios possuem três funções:

z Informativa, que servem como orientação para o


legislador ao elaborar a norma;
z Função integrativa, que suprem os vazios deixados
NOÇÕES DE DIREITO pela legislação; e
z Função interpretativa, que como o próprio nome
CONSTITUCIONAL já demonstra, auxilia na interpretação das normas.

Os princípios expressam os valores da sociedade e


só se encontram significados quando eles são acompa-
nhados de uma solução prática. Ainda, um princípio
CONSTITUIÇÃO FEDERAL jamais limitará a aplicação de outro princípio.
Quando ocorrer, deverá ter uma ponderação entre
CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES, PRINCÍPIOS ambos, por exemplo, podemos citar o princípio da
FUNDAMENTAIS moralidade no âmbito da Administração Pública,
pois está relacionado à ideia de boa fé e probidade,
Conceito e Natureza sendo que o agente público deve atuar buscando o
interesse público e evitar se valer do cargo público
e do poder incumbido para se promover ou atender
Os princípios são um alicerce de um sistema, uma algum interesse individual.
estrutura básica do ordenamento jurídico, trazendo
também uma melhor orientação à interpretação de PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE
um texto constitucional que não pode ser feita somen- INTERPRETAÇÃO
te pela análise do texto constitucional, mas de todo o
contexto. Conforme já analisado no tópico de estudo da her-
Os princípios constitucionais podem ser explíci- menêutica constitucional, os dispositivos necessitam
tos ou implícitos. Os princípios explícitos são aqueles de interpretação, ainda que o texto seja claro e objeti-
que estão de forma expressa no texto constitucional vo. Assim, vejamos os princípios de interpretação da
(escritos), já os implícitos são obtidos por meio de uma constituição.
construção lógica, ora, estão implícitos no texto mes-
mo não aparecendo expressamente. z Supremacia da constituição: parte do entendi-
mento de que a Constituição é a norma suprema
Como exemplo, podemos citar os princípios especí-
e que todo ordenamento jurídico deve obediência
ficos da Administração pública, que são os princípios a ela, sob pena de nulidade das normas que forem
expressos no art. 37 da Constituição, chamados de contrarias a ela, ou seja, das normas inconstitucio-
princípios explícitos. Bem como, também a Admi- nais. Por exemplo, é aprovada uma emenda consti-
nistração Pública deve observar os princípios implí- tucional que estabelece a pena de prisão perpétua,
citos, por exemplo, o princípio da supremacia do violando o art. 60 § 4º, inciso IV da CF. Observe que
interesse público, princípio da razoabilidade, princí- no exemplo citado foi violado um direito (conteú-
pio da proporcionalidade, princípio da autotutela e do) da Constituição Federal.
princípio da segurança jurídica, que são princípios z Presunção de constitucionalidade das normas
inconstitucionais: A Constituição é a norma
que apesar de não estarem expressos na Constituição
suprema, porém as normas infraconstitucionais,
também devem ser observados pela Administração na sua edição, presumem-se constitucional até que
Pública. haja o reconhecimento de sua inconstitucionalida-
de. Portanto, a princípio, há uma presunção relati-
va das normas na sua edição.
EXPLÍCITOS
z Princípio da máxima efetividade: no momento
de interpretar uma norma constitucional, o inter-
PRINCÍPIOS

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


prete deve aprofundar ao máximo sua interpreta-
ção, para obter a máxima efetividade. Por exemplo,
IMPLÍCITOS
busca-se a máxima efetividade da interpretação
da Constituição referente os direitos fundamen-
O tema princípios constitucionais é muito cobra- tais, para que possam ser observados e aplicados
em potencial e não com limitações.
do em provas. No ano de 2019, a banca CESPE cobrou
z Princípio da unidade da constituição: tem rela-
princípios em todas suas provas de carreiras poli- ção com o método sistemático, pelo fato de que
ciais, focando em interpretação e doutrina. aqui a Constituição deve ser interpretada como
um todo e não como forma isolada, ou seja, não
FUNÇÕES E APLICAÇÃO existe hierarquia entre os dispositivos inseridos
no texto constitucional, todos fazem parte de um
Os princípios são mais do que regras. No ordena- conjunto de regras que devem ser observado na
mento jurídico temos princípios e regras, sendo que sua totalidade, por exemplo, não existe controle de
constitucionalidade em face da própria Constitui-
as regras são as ordens mandamentais, já os princí-
ção Federal.
pios, como estudado no tópico anterior, vão além das
z Princípio do efeito integrador: a interpretação
regras e ordens. da constituição não pode ser dada caso resulte na
Assim, os princípios têm uma função mais ampla desintegração social e conflito entre entes políti-
do que as regras, pois contêm conteúdos de maior cos, deve ser interpretada como forma de integrar
abrangência e importância. os entes políticos. 277
z Princípio da justeza ou conformidade funcio- o poder é descentralizado, pois a Constituição prevê
nal: O intérprete da Constituição, que no Brasil é núcleos de poder, concedendo autonomia para os seus
o Supremo Tribunal Federal, que é o responsável entes (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
pela força normativa da Constituição, ou seja, deve
interpretar a Constituição com rigor, não podendo
FORMA DE SISTEMA DE REGIME DE FORMA DE
alterar o texto dos seus dispositivos. Por exemplo,
GOVERNO GOVERNO GOVERNO ESTADO
o STF, no exercício de suas funções, não pode alte-
rar a repartição das competências estabelecidas República Presidencialismo Democracia Federação
pelo constituinte originário, nos arts. 22, 23, 24 e
25 da CF.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
z Princípio da harmonização ou concordância
prática: tem ligação com o princípio da unidade
Os princípios fundamentais são mandamentos que
da constituição. Prevê que diante do conflito de
vão influenciar em toda ordem jurídica, por exemplo, é
bens jurídicos, não deve haver total anulação de
um em função do outro, ou seja, deve haver uma nesse momento que o texto constitucional formaliza a
concordância prática entre eles em um possível relação entre povo, poder e território. Além disso, ser-
conflito aplicável a um caso concreto. Por exem- vem como um norte para outras normas e estão locali-
plo, não pode o legislador impor uma eventual sus- zados no título I da CF/88, o qual é composto por quatro
pensão de processo, sem instituir a suspensão dos artigos.
prazos prescricionais1. Percebe como, neste caso, Note que é nesses artigos que se proclama o regime
deve haver uma harmonização entre a aplicabili- político democrático com fundamento na soberania
dade das normas. popular e garantia da separação de função entre os
governos. Bem como, também se determina os valores
REPÚBLICA E FEDERAÇÃO e diretrizes para o ordenamento constitucional.
Vejamos no texto a seguir um resumo:
República é uma forma de governo, assim como
a Monarquia e a Teocracia, ou seja, é a forma como z Título I: Dos Princípios Fundamentais
se institui o poder na sociedade e como os órgãos de „ Art. 1º. Fundamentos:
governo se relacionam. No sistema democrático do
Brasil, a República é caracterizada pelo chefe de um “SO.CI.DI.VA.PLU”
estado eleito para um mandato por período determi- SOberania;
nado. Já na Monarquia, esse cargo é recebido de forma CIdadania;
hereditária e vitalício, como é o caso do Reino Unido. DIgnidade da pessoa humana;
Também existe a chamada Teocracia que é quando VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
o chefe do Estado é chamado por motivos religiosos, PLUralismo Político.
como acontece, por exemplo, no Vaticano e no Irã.
„ Art. 2º. Separação dos Poderes
REPÚBLICA MONARQUIA TEOCRACIA JUDICIÁRIO:
Aplica as leis.
Democracia LEGISLATIVO:
Chefe do Esta- Chefe do Esta-
– Chefe do Elabora as leis.
do é um cargo do é chamado
Estado eleito EXECUTIVO:
recebido de for- por motivos
por um período Administra o Estado.
ma hereditária. religiosos.
determinado.

Exemplo: Reino Exemplo: „ Art. 3º. Objetivos Fundamentais


Exemplo: Brasil. “CON.GA.ER.PRO”
Unido. Vaticano.
CONstruir uma sociedade livre, justa e
solidária;
Conforme determina o art. 2º do ADCT, ficou deter- GArantir o desenvolvimento nacional;
minado que em 7 de setembro de 1993 o eleitorado ERradicar a pobreza e a marginalização e redu-
deveria decidir através de um plebiscito a forma de
zir as desigualdades sociais e regionais;
governo e o sistema de governo. Nessa oportunidade,
PROmover o bem de todos, sem preconceitos
a população entendeu que o Brasil deveria continuar
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
sendo uma República Presidencialista.
outras formas de discriminação.
Art. 2º No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado
definirá, através de plebiscito, a forma (república „ Art. 4º. Princípios das Relações Internacionais
ou monarquia constitucional) e o sistema de Independência nacional;
governo (parlamentarismo ou presidencialismo) Prevalência dos direitos humanos;
que devem vigorar no País. Autodeterminação dos povos;
Não intervenção;
Um Estado Federado é constituído por um con- Igualdade entre os Estados;
junto de Estados-Membros. Vale ressaltar que os Defesa da paz;
Estados-Membros são autônomos, pois são dotados Solução pacífica dos conflitos;
de autonomia e autogoverno, por outro lado, não Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
são soberanos, uma vez que a soberania é somente a Cooperação entre os povos para o progresso da
Federação como um todo. No nosso pacto federativo, humanidade.
278 1 Exemplo extraído do julgamento pelo STF do RE 966177 RG, rel. Min. Luiz Fux, julgado em 07.06.2017, DJe 01.02.2019.
Fundamentos Dica
Os fundamentos da República Federativa do Brasil Cuidado para não confundir cidadania com
servem como base para todo o ordenamento jurídico, nacionalidade:
pois se refere aos valores de formação da República Nacionalidade é o vínculo jurídico político que
Federativa do Brasil. Veja a importância do artigo, não une uma pessoa a um Estado e a cidadania é a
somente em relação à Constituição, mas como para participação do indivíduo no Estado. Inclusive a
toda a ordem jurídica do Estado. Assim, vamos anali- nacionalidade é requisito para ser cidadão, ou
sar o art. 1º da Constituição Federal. seja, para ser cidadão o indivíduo deve ser brasi-
leiro nato ou naturalizado.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e A dignidade da pessoa humana
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos: A dignidade da pessoa humana é um valor que
I - a soberania; influencia o conteúdo de todos os direitos fundamen-
II - a cidadania; tais do homem consagrados no texto constitucional, é
III - a dignidade da pessoa humana; uma proteção não somente do indivíduo em face do
IV - os valores sociais do trabalho e da livre Estado, mas também perante a toda sociedade. Nesse
iniciativa; sentido, considera Alexandre de Moraes (2011), a dig-
V - o pluralismo político. nidade da pessoa humana é valor espiritual e moral,
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que que se manifesta na autodeterminação da própria
o exerce por meio de representantes eleitos ou dire- vida e traz consigo a busca pelo respeito por parte das
tamente, nos termos desta Constituição. demais pessoas2.
Nesse tópico de estudo é importante mencionar a
A soberania súmula vinculante nº 11 editada pelo STF sobre o uso
de algemas, vejamos:
A soberania se refere a um poder supremo e inde-
pendente, é a capacidade de editar suas próprias nor- Súmula Vinculante 11
mas, de forma que qualquer outra lei só possa existir
caso respeite as normas norteadoras definidas na Só é lícito o uso de algemas em casos de resis-
Constituição. Em suma, é a autonomia que o Brasil tência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
tem para se organizar politicamente sem a interferên- integridade física própria ou alheia, por parte do
cia de outro Estado. preso ou de terceiros, justificada a excepcionalida-
Nesse sentido, preleciona José Afonso da Silva de por escrito, sob pena de responsabilidade disci-
(2017), a soberania é um poder político, supremo e plinar, civil e penal do agente ou da autoridade e
de nulidade da prisão ou do ato processual a que
independente, ainda, é fundamento do próprio con-
se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
ceito de Estado, diante disto, não precisaria ser men-
Estado.
cionada no texto constitucional.
Não obstante, a demonstração do poder supremo
Note que, a dignidade da pessoa humana é o direi-
pode ser vista de forma interna (poder do Estado) ou
to de titularidade universal, isto é, todos têm acesso
externa (quando nos relacionamos com entidades
a esse direito pelo simples fato de ser pessoa, assim,
internacionais). a nacionalidade e/ou capacidade não são fatores que
possibilitam maior proteção, mas sim o fato de ser
A cidadania cidadão, seja ele nacional ou estrangeiro.

Podemos considerar cidadania como um objeto de Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
direito fundamental, pois é a participação do indiví-
duo no Estado Democrático de Direito. No texto consti- Dispositivo que objetiva a proteção ao trabalho,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tucional, em sentido amplo, a existência da cidadania pois é através deste que o homem garante sua subsis-
está atrelada à vivencia social, na construção de rela- tência e o crescimento do Brasil, aqui não se menciona
ções, na mudança de mentalidade, na reivindicação somente o “trabalhador CLT3”, mas também os autôno-
de direitos e no cumprimento de deveres. mos, empresários, empreendedores e empregadores.
Assim, podemos concluir que a cidadania pode
ser exercida não somente com o direito de voto, mas O pluralismo político
também com a participação do cidadão em conselhos
de temas importantes, como saúde, educação, compa- O legislador originário se preocupou em afirmar a
recimento em audiências públicas e participação nas ampla participação popular nos destinos políticos do
reuniões referentes ao orçamento participativo. Brasil, com a inclusão da sociedade na participação
Atenção, nem toda pessoa é considerada cida- dos processos de formação da vontade geral da nação,
dão. Em provas de concurso é importante observar garantindo a liberdade e a participação dos partidos
que cidadão é todo ser humano que está em condição políticos.
de votar e ser votado. Assim, podemos concluir que Ainda, podemos conceituar o pluralismo como a
uma criança e os estrangeiros não naturalizados não garantia de que todo aquele de vive em sociedade terá
podem ser considerados cidadãos. direito a sua própria convicção política e partidária.
2 MORAES, op. cit, p. 24.
3 Trabalhador CLT – Termo vulgar utilizado para definir trabalhador/funcionário regido pela CLT (carteira assinada). 279
Separação dos Poderes I - construir uma sociedade livre, justa e solidária

O art. 2º da Constituição, ao definir a indepen- Preceito estabelecido visando o bem estar e qua-
dência e a harmonia entre si dos poderes, consagra o lidade de vida, o objetivo é construir uma sociedade
chamado princípio da separação dos poderes, ou prin- livre, sem uma intervenção estatal exagerada, justa,
cípio da divisão funcional do poder do Estado. aplicando as normas do ordenamento jurídico e soli-
dária, que se preocupa com o próximo.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e O objetivo em tela consagra as três gerações de
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o direitos fundamentais, como direito de primeira gera-
Judiciário. ção, menciona a liberdade, direito de segunda geração
está relacionado ao direito de justiça social, e por fim
Assim, cada poder tem suas funções e organização os direitos de terceira geração estão relacionados à
definidas, vejamos: ideia de fraternidade e solidariedade.
Cuidado: esse objetivo também pode ser chamado
z Poder executivo exerce as funções de governo e de princípio da solidariedade.
administração. Como exemplo de administração,
podemos mencionar o art. 84, I da CF, que define II - garantir o desenvolvimento nacional
como competência do Presidente da República
nomear e exonerar Ministros; Neste caso, aplica-se pelo aperfeiçoamento do ser
z Poder legislativo é exercido pelo Congresso humano, ou seja, que o desenvolvimento seja esten-
Nacional, sua função é legislar, ou seja, tem a dido à política, à economia e à vida social. Bem como,
função de elaborar as normas jurídicas gerais e ao buscar o desenvolvimento econômico, deve ser res-
abstratas. Por exemplo, é de competência do Con- peitada às normas ambientais.
gresso Nacional a votação para aprovação de lei Cuidado: na questão de prova as bancas exa-
complementar (art. 69 da CF); minadoras gostam de trocar a palavra nacional por
z Poder judiciário cabe o exercício da jurisdição, regional.
por exemplo, a aplicação do Direito em um caso
concreto através de um processo judicial.
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
as desigualdades sociais e regionais
A Teoria da tripartição de poderes foi idealizada
por Montesquieu e determina a composição e divisão
Tem como objetivo a igualdade de condições para
do Estado, a teoria objetiva que cada poder deve ser
todos os cidadãos, com a intenção de reduzir as desi-
independente e harmônico entre si, como forma de
gualdades, ou seja, deve trazer melhorias para áreas
dividir as funções do Estado, entre poder executivo,
poder legislativo e poder judiciário, entendimento esse como educação, saúde e emprego para todos, mas na
também chamado de teoria dos freios e contrapesos. medida de suas desigualdades, entenda a seguir:
O objetivo é reduzir a chamada desigualdade
Objetivos da República Federativa do Brasil material, que significa tratar iguais os iguais e os
desiguais com desigualdade na medida de suas desi-
O artigo 3° da Constituição Federal apresenta os gualdades, ou seja, é uma forma de proteção a certos
objetivos fundamentais do Estado brasileiro, ou seja, grupos sociais, pessoas que foram discriminadas ao
dita os compromissos que o Estado tem em relação longo da história do Brasil. Isso ocorre por meio das
aos cidadãos, em especial na garantia plena de igual- chamadas ações afirmativas, que visam, por meio da
dade entre todos os brasileiros. política pública, reduzir os prejuízos.
José Afonso da Silva observa que (2017), é a primei- Sobre esse tema e explicações referente igualdade
ra vez que uma Constituição relaciona especificamen- formal e igualdade material será abordado na sequên-
te os objetivos do Estado brasileiro, que valem como cia, no tópico de estudo do princípio da igualdade (art.
base para as prestações positivas que venham a con- 5º, caput da CF).
cretizar a democracia econômica, social e cultural4.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
República Federativa do Brasil: formas de discriminação.
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional; Todo direito e todo dever tem de ser estendido a
III - erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
qualquer indivíduo, independente de gênero ou cor,
zir as desigualdades sociais e regionais;
visando aqui à igualdade plena. Conforme a letra da
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras lei, nenhum tipo de preconceito deve ser tolerado no
formas de discriminação. Brasil.

O rol dos objetivos fundamentais relacionados no Princípios das relações internacionais


art. 3º da CF é um rol meramente exemplificativo, pois
se refere a metas, ou seja, objetivos que o Estado bus- O art. 4º da Constituição enumera os princípios
ca alcançar. fundamentais orientadores das relações internacio-
A seguir, vamos analisar cada um dos incisos deste nais; consagra, ainda, a não subordinação no plano
artigo tão importante da Constituição Federal. internacional e a igualdade estre os Estados. Vejamos:
280 4 SILVA, op. cit, p. 107.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se b) a promoção do bem de todos, sem preconceito de
nas suas relações internacionais pelos seguintes origem, raça, sexo, cor e quaisquer outras formas de
princípios: discriminação.
I - independência nacional; c) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
II - prevalência dos direitos humanos;
d) a forma democrática de Estado.
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
e) a dignidade da pessoa humana.
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
Os fundamentos da República Federativa do Brasil
VII - solução pacífica dos conflitos; estão relacionados no art. 1º da Constituição, a dig-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; nidade da pessoa humana se encontra no inciso III
IX - cooperação entre os povos para o progresso da do mencionado dispositivo. Resposta: Letra E.
humanidade;
X - concessão de asilo político. 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da organização con-
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil temporânea do Estado brasileiro, é correto afirmar que
buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à a) a forma de Estado vigente é denominada Estado
formação de uma comunidade latino-americana de unitário.
nações. b) a forma de governo adotada é a presidencialista.
c) o presidente da República é o chefe de Estado, mas
Os princípios enumerados no mencionado dispo- não o chefe de governo.
sitivo reconhecem a soberania do Estado no plano d) a forma de Estado vigente é o Estado democrático de
internacional, ou seja, não deve haver subordina- direito.
ção entre os Estados. Sob esse mesmo entendimento e) a forma de governo adotada é a república e o regime
temos o princípio da não-intervenção e o princípio da político é o democrático.
autodeterminação dos povos, assegurando que inter-
namente o Estado não deve sofrer nenhum tipo de Cuidado para não confundir. No Brasil, a forma de
interferência sobre assuntos de interesse interno. governo é República, o sistema de governo é o Presi-
O repúdio ao terrorismo e a concessão de asilo dencialismo, o regime de governo é a Democracia e
político têm relação com o princípio da prevalência
a forma de Estado é a Federação. Resposta: Letra E.
dos direitos humanos relacionado no inciso II, este
último deve ser rigorosamente respeitado. Nesse sen-
4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) À luz da Constituição
tido, em caso de extrema violação da prevalência dos
Federal de 1988, julgue o item a seguir.
direitos humanos, pode até levar a interferência de
A cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valo-
outros Estados naquele, com o apoio do Brasil.
Ainda a Constituição determina que o Brasil busca- res sociais do trabalho e da livre iniciativa encontram-
rá integração econômica, política, social e cultural dos -se entre os fundamentos da República Federativa do
povos da América Latina, visando à formação de uma Brasil.
comunidade latino-americana de nações5.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Os fundamentos da República Federativa do Bra-


EXERCÍCIOS COMENTADOS sil estão relacionados no art. 1º da CF/88, são os
seguintes: a soberania, a cidadania, a dignidade da
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Assinale a opção que pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da
apresenta um princípio que rege as relações interna- livre iniciativa e o pluralismo político. Perceba que,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cionais do Brasil. referente ao tema Princípios fundamentais, o exa-
minador gosta de perguntar a letra da lei. Resposta:
a) prevalência dos direitos humanos
Certo.
b) garantia do desenvolvimento nacional
c) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) De acordo com as disposi-
d) pluralismo político
çõesdaConstituiçãoFederalde1988(CF)sobreprincípios,
e) construção de sociedade livre, justa e solidária
direitos e garantias fundamentais, julgue o seguinte item.
Conforme determina o inciso II do art. 4º da CF, a A defesa da paz e a solução pacífica de conflitos são
prevalência dos direitos humanos faz parte do rol fundamentos da República Federativa do Brasil.
dos princípios que regem as relações internacionais
do país. Resposta: Letra A. ( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) É fundamento da Repú- A defesa da paz e a solução pacifica de conflitos são
blica Federativa do Brasil princípios das relações internacionais, e não funda-
mentos da República, conforme o art. 4º, inciso VI e
a) a erradicação da pobreza. VII da CF/88. Resposta: Errado.
5 MORAES, op. cit, p. 27. 281
É importante ressaltar também que o STF decidiu
DIREITOS E GARANTIAS pela legitimidade da realização de pesquisas com
FUNDAMENTAIS a utilização de células-tronco7 embrionárias, obti-
das de embriões humanos produzidos por fertilização
Os direitos fundamentais estão localizados no in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
título II da CF/88, do art. 5º ao art. 17, os quais estão atendidas as condições estipuladas no art. 5º da Lei
classificados em cinco grupos: direitos individuais e 11.105/2005, que estabelece as normas de segurança
coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, e maneiras de fiscalização das atividades que envol-
direitos políticos e direitos relacionados à existência, vam organismos geneticamente modificados. Nesse
organização e participação em partidos políticos. sentido, o STF considerou que as mencionadas pesqui-
Também são classificados em três dimensões de sas não violam direito à vida, vejamos o dispositivo
direito, pois surgiram em épocas diferentes, tópico já mencionado:
estudado neste material. Vamos relembrar:
Lei 11.105 de 25 de março de 2005
DIREITOS DIREITOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia,
DE 1º DIMENSÃO DE 2º DIMENSÃO DE 3º DIMENSÃO a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
de embriões humanos produzidos por fertilização
Direitos civis e po- Direitos sociais, eco- in vitro e não utilizados no respectivo procedimen-
Fraternidade.
líticos. nômicos e culturais. to, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
congelados na data da publicação desta Lei, depois
de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
Conforme prevê o art. 5º da CF/88 todos são iguais
data de congelamento.
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimen-
garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade,
to dos genitores.
à igualdade, à segurança e à propriedade.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde
que realizem pesquisa ou terapia com células-tron-
Direito à vida
co embrionárias humanas deverão submeter seus
projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
A Constituição protege a vida, extrauterina e comitês de ética em pesquisa.
intrauterina – neste caso, com a proibição do aborto. § 3º É vedada a comercialização do material bioló-
Entretanto, o art. 128 do Código Penal prevê a autori- gico a que se refere este artigo e sua prática implica
zação do aborto como exceção em duas hipóteses, são o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de
eles: como único meio para salvar a vida da mulher e fevereiro de 1997.
no caso de gravidez resultante de estupro.

Art. 128 Não se pune o aborto praticado por médico:


Importante!
Aborto necessário As decisões do STF também são objeto de ques-
tionamento em provas.
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro Direito à liberdade

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é Trata-se de direito fundamental de primeira


precedido de consentimento da gestante ou, quando dimensão, ou seja, são os direitos fundamentais que
incapaz, de seu representante legal estão ligados ao valor liberdade, sendo eles: os direi-
tos civis e os direitos políticos.
Subentende-se direito à saúde, na vedação à pena Legalidade, previsto no art. 5º, II da CF, traz con-
de morte, proibição do aborto e, por fim, direito às sigo uma regra interessante: define qual a única ação
condições mínimas necessárias para uma existência que pode restringir a liberdade dentro do Brasil, ou
digna, conforme também prevê o princípio da digni- seja, todos têm liberdade de fazer ou deixar de fazer o
dade da pessoa humana, apresentado no art. 1º, inciso que convém a cada um, entretanto essa liberdade está
III da CF/88. limitada na lei.
Note que, a constituição ao determinar o direito à
vida, possui dois aspectos, direito à integridade física II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
e psíquica. fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Importante mencionar que o STF já se posicionou
sobre gravidez de feto anencéfalo, decidindo, em Liberdade de pensamento, previsto no inciso IV
julgamento de grande repercussão, que não constitui da CF, determina a livre manifestação do pensamento,
crime a interrupção da gravidez nestes casos. Ainda, o porém, é importante se atentar à parte final do inciso,
julgamento somente autorizou a interrupção da gravi- que veda o anonimato, por exemplo: um indivíduo vai
dez de feto portador de anencefalia, não se estenden- até uma manifestação nas ruas com panos no rosto e
do a nenhuma outra deficiência.6 comete atos ilícitos (como furto).
6 ADPF 54/DF Min Marco Aurélio, julgado em 11.04.2012, DJe 24.04.2013.
282 7 ADI 3.510/DF, rel. Min. Carlos Brito, julgamento em 29.05.2008, DJe em 05.06.2008
Questão muito cobrada em provas. Mas o que é calamidade pública?
Ainda sobre a liberdade de pensamento, é impor-
tante mencionar que no Brasil a denúncia anônima O dicionário Aurélio assim define calamidade
é permitida. Contudo, o poder público não pode ini- “desgraça pública; grande infortúnio; catástrofe”, ou
ciar o procedimento formal tendo como base única seja, é um estado anormal resultante de um desastre
uma denúncia anônima. de natureza, pandemia ou até financeiro, situações
O STF considerou desnecessária a utilização em que o Governo Federal deve intervir nos outros
de diploma de jornalismo e registro profissional no Entes Federativos (entenda entes: Estados - DF e Muni-
Ministério do Trabalho como condição para o exercí- cípios) para auxiliar no combate a situação.
cio da profissão de jornalista, pois tem na sua essên- Ainda, conforme o Governo Federal, o reconheci-
cia a manifestação do pensamento.8 mento do estado de calamidade pública é previsto para
Liberdade de consciência e crença está localiza- durar até 31 de dezembro de 2020, sendo que, é neces-
do no inciso VI, VII e VIII do art. 5º da CF. É importante sário “em virtude do monitoramento permanente da
mencionar que o Brasil não tem religião oficial, sendo pandemia Covid-19, da necessidade de elevação dos
considerado um Estado laico e tem como base o plu- gastos públicos para proteger a saúde e os empregos
ralismo político. dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecada-
ção”9 Entenda a explicação sobre calamidade pública:
Art. 5° [...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de 1º Decretado estado de Calamidade Pública, através
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul- de aprovação das duas casas: Senado Federal e
tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote- Câmara dos Deputados. Permite que o Executivo
ção aos locais de culto e a suas liturgias; gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de fiscais para custear ações de combate à pandemia.
assistência religiosa nas entidades civis e militares 2º O Governo Federal já pode determinar quais medi-
de internação coletiva; das de apoio serão tomadas. Com base na lei com-
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- plementar 101/2020.
vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 3º Governo Federal poderá:
política, salvo se as invocar para eximir-se de obri-
gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir Liberar recursos; enviar defesa civil militar; enviar
prestação alternativa, fixada em lei; kits emergenciais. Estados podem:
Parcelar dívidas; atrasar execução de gastos; não
Liberdade de locomoção, localizado no inciso XV precisa fazer licitações.
da CF, é um tópico muito importante e está ligado ao Agora que entendemos como funciona o estado
direito de ir e vir, sendo que não é um direito abso- de calamidade pública, vamos à análise do direito de
luto, pois temos os casos de prisão previstos na lei, ou locomoção que foi restringido.
seja, as diversas situações em que prisões são necessá- Primeiramente, é importante mencionar que
rias deixam claro que o direito a locomoção não é um nenhum direito fundamental pode ser considerado
direito absoluto. absoluto (quando dizemos isso, significa que esse
direito pode ser violado, desde que cumpra alguns
Atualidade! Direito de ir e vir x Coronavírus requisitos), e a proporcionalidade de cada situação
(Covid-19) deve ser observada.
O interesse da coletividade deve ser sempre
Aqui temos um tema muito comentado, o isola- observado e ter preferência em relação ao direito
mento, ou seja, a proibição das pessoas de abrirem do particular, com o objetivo de aplicar o denomina-
suas próprias empresas, proibição de permanecerem do princípio da supremacia do interesse público
em praças, lugares públicos, isto é, seu direito de ir e sobre o particular, que inclusive é um dos principais
vir limitado, entenda: princípios do direito administrativo.
Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que
prevê o direito a saúde como sendo um dever do Esta-
Somente grupo de risco deve do (no sentido de nação politicamente organizada, ou
ficar isolado em casa. (idosos seja, é um dever do País/Governo Federal).
Vertical

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


e pessoas com problemas de
saúde)
Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Esta-
Isolamento do, garantido mediante políticas sociais e econômi-
cas que visem à redução do risco de doença e de
Toda população deve ficar outros agravos e ao acesso universal e igualitário
Horizontal isolada em casa e empresas
fechadas
às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.

Se o direito à liberdade de locomoção é um direito Ainda, cabe mencionar o princípio da proporcio-


fundamental de ir e vir, pode-se proibir que a pessoas nalidade, o qual tem como finalidade equilibrar os
se locomovam? Mas e a constituição? direitos individuais com os da sociedade, exatamente
No caso do covid-19, em 18 de março de 2020, foi como no caso que aqui estamos analisando.
aprovado pelo Congresso Nacional o decreto que colo- Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor-
ca o país em estado de calamidade pública, tendo em me os requisitos demonstrados na situação atual para
vista a situação excepcional de emergência de saúde. provas: direito de ir e vir é um direito fundamen-
Para você entender melhor, vamos estudar por etapas. tal, mas fique atento: direito fundamental de ir e
8 STF RE/511961, Min. Gilmar Mendes, 17.06.2009.
9 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
2020. 283
vir não é um direito absoluto! No caso da violação igual os iguais e os desiguais com desigualdade, na medi-
desse direito em face do covid-19, foi observado o da de suas desigualdades, ou seja, é uma forma de pro-
princípio da proporcionalidade e o princípio da teção a certos grupos sociais, certos grupos de pessoas
supremacia do interesse público sobre o particular. que foram discriminadas ao longo da história do Brasil.
Lembrando que o desrespeito a qualquer medida Isso ocorre por meio das chamadas ações afirmativas,
imposta configura como crime contra a saúde públi- que visam, por meio da política pública, reduzir os pre-
ca prevista no art. 268 do código penal, que pune cri- juízos. Por exemplo, temos o sistema de cotas para os
minalmente a conduta de “infringir determinação do afrodescendentes nas universidades públicas. Sobre o
poder público, destinada a impedir introdução ou pro- tema, o STF já se posicionou pela constitucionalidade, e
pagação de doença contagiosa”. a decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraor-
A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI dinário (RE 597285), com repercussão geral, em que um
do art. 5º da CF, deve ser pacífica e sem armas, bem estudante questionava os critérios adotados pela UFRGS
como não deve frustrar outra reunião anteriormente para reserva de vagas.10
convocada para aquele local, tendo preferência quem
avisar primeiro, chamado o aviso prévio a autorida- Igualdade nos concursos públicos
de competente, sendo diferente de autorização, pois a
reunião não pende de autorização. Tem como base o também chamado princípio da
Liberdade de associação tem previsão no inci- isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado
so XVII até o XXI do art. 5º da CF. É importante men- sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo
cionar que todos esses incisos já foram cobrados em respectivo concurso público.
provas em geral. Cuidado com o texto constitucional, Entretanto, alguns concursos exigem, por exem-
como por exemplo: plo, idade, altura e etc. Note que todas as exigências
contidas no edital que façam distinção entre as pes-
Art. 5º [...] soas somente serão lícitas e constitucionais desde
XVII - é plena a liberdade de associação para fins que preencham dois requisitos:
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
z Deve estar previsto em lei – igualdade formal;
A expressão utilizada como “plena” no dispositivo z Deve ser necessário ao cargo.
é no mesmo sentido de ser considerada livre a
liberdade de associação, desde que para fins lícitos. Como por exemplo, concurso para contratação de
agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
Por conseguinte, o texto constitucional prevê a tal constar que é permitido somente mulheres para
possibilidade de criação de associações e cooperati- investidura do cargo.
vas, independente de autorização. Ainda, só poderão Exemplo muito comentado também é sobre a proi-
ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades por bição de tatuagem contida nos editais de concurso
decisão judicial. Bem como, ninguém pode ser obriga- público, sobre o tema o STF assim entendeu: “Editais
do a associar-se ou permanecer associado. Por fim, o de concurso público não podem estabelecer restrição
texto constitucional autoriza desde que expressamen- a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcio-
te autorizado, a representação dos associados pelas nais, em razão de conteúdo que viole valores constitu-
entidades associativas. cionais”, foi à tese de repercussão geral fixada.11
Entenda: tatuagem que viole os princípios cons-
Igualdade titucionais e os princípios do Estado brasileiros. Ex.:
tatuagem de suástica nazista.
Princípio da igualdade, previsto também no caput
do art. 5º da CF, é muito importante, e, deste princípio, União estável homoafetiva
inúmeros outros decorrem diretamente, conforme
veremos a seguir. Tema muito comentado e, em 2011, o STF se posi-
cionou sobre o reconhecimento da união estável para
Igualdade na lei x igualdade perante a lei casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argu-
mento que o artigo 3º, inciso IV, da CF veda qual-
A igualdade na lei vincula o legislador a tratar quer discriminação em virtude de sexo, raça, cor
todos da mesma forma ao criar as normas, já a igual- e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuí-
dade perante a lei significa que quem administra o do ou discriminado em função de sua orientação
Estado também deve observar o princípio da igual- sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrá-
dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis- ria, não se presta para desigualação jurídica”, con-
trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar clui-se, portanto, que qualquer depreciação da união
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV
particulares. do artigo 3º da CF.12

Igualdade formal x igualdade material Legalidade

A igualdade formal, ou também chamada de igual- Princípio da legalidade está previsto no art. 5º,
dade jurídica, significa que todos devem ser tratados da inciso II da CF, e preceitua que “ninguém será obriga-
mesma forma. Já a igualdade material significa tratar do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
10 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
11 Recurso Extraordinário 898450 Tema de Repercussão Geral. STF. Min. Luiz Fux, julgado em 17.08.2016.
284 12 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011.
virtude de lei”. Note que, quando se fala em princípio É importante frisar que, se o agente policial entrar
da legalidade, se está falando no âmbito particular e na residência e não constatar a ocorrência de crime
não da administração pública. em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos
No tocante aos particulares, o princípio da lega- agentes policiais se forem apresentadas fundadas
lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade razões que os levaram a invadir aquela casa, o que,
para criar obrigações de fazer, também chamadas de sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que
obrigações positivas, e também as chamadas obriga- posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo
ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e, Ministério Público (a quem compete exercer o con-
nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu- trole externo da atividade policial, nos termos do art.
ma, é dado ao particular fazer o que bem entender, 129, VII, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar-
ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em -se a legitimidade de eventual prova colhida durante
lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse essa entrada à residência.
ponto o princípio da autonomia da vontade. Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim
Referente ao poder público, o conteúdo do prin- considerou:
cípio da legalidade é outro: esse tem a ideia de que A entrada forçada em domicílio sem mandado
o Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo de que judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
governar é atividade a qual a realização exige a edição quando amparada em fundadas razões, devida-
de leis, sendo que, o poder público não pode atuar, mente justificadas “a posteriori”, que indiquem
nem contrário às leis, nem na ausência da lei. que dentro da casa ocorre situação de flagrante
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
Inviolabilidade civil e penal do agente ou da autoridade, e de nuli-
dade dos atos praticados.
Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a
honra e da imagem das pessoas tem previsão no art. repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro-
5º, inciso X da CF, vejamos: vimento ao recurso extraordinário em que se discutia,
à luz do art. 5º, XI, LV e LVI, da Constituição, a legalida-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, de das provas obtidas mediante invasão de domicílio
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o por autoridades policiais sem o devido mandado de
direito a indenização pelo dano material ou moral busca e apreensão. O acórdão impugnado assentara
decorrente de sua violação; o caráter permanente do delito de tráfico de drogas
e mantivera condenação criminal fundada em busca
Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí- domiciliar sem a apresentação de mandado de busca
dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à e apreensão. A Corte asseverou que o texto constitu-
própria imagem frente aos meios de comunicação em cional trata da inviolabilidade domiciliar e de suas
massa (televisão, jornais etc.). exceções no art. 5º, XI (“a casa é asilo inviolável do
Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-
XI do art. 5º da CF: sentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, duran-
Art. 5º [...] te o dia, por determinação judicial”). Seriam estabele-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém cidas, portanto, quatro exceções à inviolabilidade:
nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou a) flagrante delito;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o b) desastre;
dia, por determinação judicial; c) prestação de socorro; e
d) determinação judicial.

Importante! A interpretação adotada pelo STF seria no sentido


de que, se dentro da casa estivesse ocorrendo um cri-
Memorize que como dia entende-se o período
me permanente, seria viável o ingresso forçado pelas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
das 6h às 18h. forças policiais, independentemente de determinação
judicial. Isso se daria porque, por definição, nos cri-
mes permanentes, haveria um interregno entre a con-
Note que existem exceções à inviolabilidade: fla-
sumação e o exaurimento. Nesse interregno, o crime
grante delito, desastre, prestação de socorro e deter-
estaria em curso. Assim, se dentro do local protegido o
minação judicial. Convém lembrar também que, de
crime permanente estivesse ocorrendo, o perpetrador
acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o
estaria cometendo o delito. Caracterizada a situação
conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com-
de flagrante, seria viável o ingresso forçado no domi-
partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou
cílio. (RE 603616/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
barraca); qualquer aposento ocupado de habitação
em 5.11.2015 e DJe 13.11.2015)
coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como
A inviolabilidade das correspondências e comu-
qualquer compartimento privado onde alguém exerça nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da
profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas. CF, vejamos.
O STF, em relevante julgamento com repercussão
geral (art. 102, § 3° da CF), firmou compreensão no XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mes- comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
mo no período noturno – fundamentada e devi- cações telefônicas, salvo, no último caso, por
damente justificada, se indicado que no interior na ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
casa se está praticando algum crime, ou seja, em esta- estabelecer para fins de investigação criminal ou
do de flagrante delito. instrução processual penal; 285
As correspondências são invioláveis, com exce- O direito de propriedade assegurado na constitui-
ção nos casos de decretação de estado de defesa ção como direito constitucional abrange tanto os bens
e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante corpóreos quanto os incorpóreos.
mencionar também que o STF já reconheceu a possi- Bens corpóreos são os bens possuidores de
bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a existência física, são concretos e visíveis, como por
inviolabilidade de correspondência não pode ser usa- exemplo, uma casa, um automóvel etc. Já os bens
da como defesa para atividades ilícitas.13 incorpóreos, são bens abstratos que não possuem
Possibilidade de interceptação telefônica: inter- existência física, ou seja, não são concretos, mas pos-
ceptação telefônica é a captação e gravação de conver- suem um valor econômico, como por exemplo, pro-
sa telefônica, no momento em que ela se realiza, por priedade intelectual, direitos do autor e etc.
terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer um Em relação à propriedade de bens incorpóreos,
dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso refere-se à específica proteção constitucional a deno-
XII do art. 5º da CF acima mencionado, que para ser minada propriedade intelectual, a qual abrange os
lícita deve obedecer três requisitos: direitos de autor e os direitos relativos à propriedade
industrial, como a proteção de marcas e patentes.

Ordem Judicial; Desapropriação


Para fins de investigação
Interceptação telefônica criminal;
Hipóteses e formas que a Como característica dos direitos fundamentais, o
lei estabelecer. direito de propriedade também não é um direito abso-
luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten-
da uma função social, há outras hipóteses em que
Ainda, a interceptação telefônica dependerá de o interesse público pode justificar a imposição de
ordem judicial, conforme art. 1º da Lei 9.926/96. limitações.
Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo-
Art. 1º A interceptação de comunicações telefôni- cupou em atribuir tratamento especial à política de
cas, de qualquer natureza, para prova em investi- desenvolvimento urbano. Referente à desapropria-
gação criminal e em instrução processual penal, ção de imóvel rural, somente é lícita a desapropria-
observará o disposto nesta Lei e dependerá de ção para fins de interesse social, ou seja, imóvel
ordem do juiz competente da ação principal, sob rural que não estiver cumprindo sua função social
segredo de justiça. é desapropriado.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à Nesse sentido, é importante verificar a importân-
interceptação do fluxo de comunicações em siste- cia do art. 5°, XXIV, que determina o poder geral de
mas de informática e telemática. desapropriação por interesse social. Ora, desde que
seja paga a indenização mencionada neste artigo,
O segundo requisito necessário exige que a pro- qualquer imóvel poderá ser desapropriado por inte-
dução desse meio de prova seja dirigida para fins de resse social para fins de reforma agrária.
investigação criminal ou instrução processual penal,
assim, não é possível a autorização da interceptação Defesa do consumidor
telefônica em processos civis, administrativos, disci-
plinares e etc. Conforme prevê o art. 5º, inciso XXXII da CF “o esta-
Já o último requisito refere-se a uma lei que deve do promoverá, na forma da lei, a defesa do consumi-
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a dor”. Tema também mencionado no art. 170, inciso V
interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbi- da CF, o qual estabeleceu como princípio fundamental
to de investigação criminal ou instrução processual de nossa ordem econômica a “defesa do consumidor”.
penal.
A regulamentação deste dispositivo veio com a Lei Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza-
9.296/1996, que legitimou a interceptação das comu- ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
nicações como meio de prova, estendendo também por fim assegurar a todos existência digna, con-
a sua regulamentação à interceptação de fluxo de forme os ditames da justiça social, observados os
comunicações em sistemas de informática e telemáti- seguintes princípios:
ca (combinação de meios eletrônicos de comunicação [...]
com informática, e-mail e outros). V - defesa do consumidor;

Direito de propriedade Ainda, assim que foi promulgada a Constituição


em 1988, o legislador se preocupou em estipular um
Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art. prazo de cento e vinte dias para que o legislador ela-
5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF. borasse o Código de Defesa do Consumidor, exigência
estipulada por meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Dis-
Art. 5º, [...] XXII - é garantido o direito de posições Constitucionais Transitórias. São regras
propriedade; que estabelecem a harmonia da transição do regime
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza- constitucional anterior – 1969, para o novo regime
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem - 1988).
por fim assegurar a todos existência digna, con- Entretanto, o prazo exigido não foi observado e o
forme os ditames da justiça social, observados os Código de Defesa do Consumidor foi publicado ape-
seguintes princípios: nas dois anos após a publicação da Constituição – Lei
II - propriedade privada; 8.078/1990.
286 13 STF. HC 70.814-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 24.06.1994.
Direito de informação Júri popular

Instrumento de natureza administrativa, derivado A nossa carta magna reconhece no seu inciso XXX-
do princípio da publicidade da atuação da administra- VIII a instituição do júri, que é visto como uma prerro-
ção pública, o qual tem como objetivo a atuação trans- gativa democrática do cidadão, e que exige que o réu
parente em decorrência da própria indisponibilidade deve ser julgado pelos seus semelhantes. O tribunal
do interesse público, disciplinado nos incisos XXXIII é composto por um juiz togado e vinte cinco jurados
e LXXII do art. 5º da CF e Lei 9507/1997 que regula o que serão sorteados dentre os alistados.
direito de acesso a informações e disciplina o rito pro-
cessual do habeas data. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos a) a plenitude de defesa;
públicos informações de seu interesse parti- b) o sigilo das votações;
cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão c) a soberania dos veredictos;
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi- d) a competência para o julgamento dos crimes
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- dolosos contra a vida;
cindível à segurança da sociedade e do Estado;
Destarte, a competência mencionada na alínea “d”
Direito de certidão não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica-
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro
O Estado é obrigado a fornecer as informações especial por prerrogativa de função, que deverão ser
solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção julgados por tribunais específicos conforme previsto
por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que na Constituição.
é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun-
mandado de segurança, tema também abordados no ção se refere ao órgão competente para julgar ações
título Garantias Constitucionais. penais contra certas autoridades públicas, levando-se
O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV, em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de
“b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja,
do pagamento de taxas, o seguinte: por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de
determinar o órgão julgador competente não acompa-
XXXIV - são a todos assegurados, independente- nha a pessoa após o fim do exercício do cargo.
mente do pagamento de taxas:
[...] Princípio da legalidade penal e da retroatividade da lei
b) a obtenção de certidões em repartições públi-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de Princípio da legalidade penal, com previsão no
situações de interesse pessoal; inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de
princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do
Importante frisar aqui que, conforme entendi- princípio da legalidade, de forma mais específica no
mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen- âmbito do direito penal.
to no sentido de que não se exige do administrado a Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre-
demonstração da finalidade específica do pedido. vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a
cominação da pena, a qual não é admissível à configu-
Direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito ração de crime baseado nos costumes.

Assim prevê o inciso XXXVI do art. 5º da CF: “a lei XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico per- nem pena sem prévia cominação legal;
feito e a coisa julgada”. Entenda:
Direito adquirido é aquele direito que cumpriu Princípio da retroatividade da lei tem previsão no
todos os requisitos previstos em lei, como por exem-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
inciso XL do art. 5º da CF, o qual consiste em analisar
plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exi- um fato passado à luz de um direito presente, esta-
gidos para concessão da aposentadoria por idade, belece que os fatos sejam apreciados com base na lei
conforme determina o art. 201, § 7º, I da CF, tem o em vigor no tempo do crime. Assim, a lei aplicável é a
direito adquirido para requerer seu benefício. lei do tempo do crime, ou seja, na regra geral, as nor-
mas penais não retroagem, salvo se trouxerem algum
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral tipo de benefício para o réu.
de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
as seguintes condições: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e ciar o réu;
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
vado tempo mínimo de contribuição; Cuidado, aqui tem um exemplo de exceção da
exceção:
Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor- Crimes praticados durante a vigência de lei tempo-
me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes- rária ou excepcional não podem ser beneficiados pela
te caso já cumpriu todos os requisitos conforme a lei retroatividade da lei mais benéfica. Entenda:
vigente na época, tornando-se, portanto, completo. Lei excepcional é a lei criada para regular fatos
Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi- ocorridos dentro de uma situação irregular, a qual
cial, decisão judicial a qual não cabe mais recurso, tor- perde seus efeitos após findar situação irregular que
nando-a imutável e indiscutível. a motivou. 287
Lei temporária vigorou até extinguir o prazo de IX – furto qualificado pelo emprego de explo-
duração fixado pelo legislador, por exemplo, uma lei sivo ou de artefato análogo que cause perigo
que fixa a tabela de preços de artigos de consumo. comum (art. 155, § 4º-A).
III – o crime de comércio ilegal de armas de
fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
Crimes
dezembro de 2003;
IV – o crime de tráfico internacional de arma de
O legislador originário também se preocupou em fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci- da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados V – o crime de organização criminosa, quando
contra ordem constitucional. direcionado;

XLII - a prática do racismo constitui crime Fique atento com os artigos mencionados acima
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de e as novidades legislativas, são temas preferidos de
reclusão, nos termos da lei; bancas examinadoras.

Entenda. A pena de reclusão é a pena prevista GARANTIAS CONSTITUCIONAIS


para os casos mais graves, o qual o regime inicial será
fechado, em prisão de segurança máxima. É importante não confundir direitos fundamentais
com garantias fundamentais. Os direitos fundamen-
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e tais são vantagens, proteção em favor das pessoas,
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor- como por exemplo o direito de informação. Já as
tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas garantias fundamentais são instrumentos processuais
afins, o terrorismo e os definidos como crimes para defesa daqueles direitos, conhecidos como ações
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os ou remédios constitucionais, como por exemplo:
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; habeas data, habeas corpus, Mandado de Segurança,
Mandado de Injunção e a Ação Popular, conforme
Crimes hediondos são aqueles que a legislação veremos a seguir.
entende que geram maior reprovação por parte da
sociedade, assim merecem uma rigidez maior. Não Habeas corpus
são necessariamente crimes cometidos com alto grau
de violência ou crueldade, mas sim os crimes previs- Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir,
tos expressamente no art. 1º da Lei 8.072/90. ou seja, sempre que alguém sofrer ou se achar amea-
O homicídio qualificado é o primeiro mencionado çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
na legislação, ou seja, quando praticado em circuns- de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, está
tância que revele perversidade – por exemplo, se o fundamentado no art. 5º, LXVIII da CF e art. 647 a 667
crime é praticado por motivo fútil ou torpe. do CPP,
Bem como, o homicídio praticado por grupo de Pode ser habeas corpus preventivo para evitar
extermínio também está no rol dos crimes hediondos, uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus
mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo. repressivo, o qual busca o fim de uma coação já
cometida. Importante frisar também que não existe a
XLIV - constitui crime inafiançável e impres- necessidade de um advogado para entrar com a ação.
critível a ação de grupos armados, civis ou mili-
tares, contra a ordem constitucional e o Estado z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa.
Democrático; z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
estrangeiro.
Entenda: prescrição é a perda do direito de punir z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen-
do Estado pelo seu não exercício em determinado lap- te público que cometeu ilegalidade ou abuso de
so de tempo. poder contra particular.
Em 2015, duas leis incluíram, no rol de cri-
mes hediondos, o assassinato de policiais e o Habeas corpus também pode ser impetrado por
feminicídio. estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra
Em 2019 houve alterações na legislação penal e pro- particular.
cessual diante da aprovação da Lei nº 13.964, também Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar
militar, salvo se imposta pela autoridade competente.
chamada de Pacote Anticrime, nessa oportunidade hou-
Destacamos a seguir algumas Súmulas importan-
ve a inclusão de crimes no rol dos crimes hediondos.
tes do STF sobre o tema:
Veja quais foram os crimes incluídos:
Súmula 395: Não se conhece de recurso de habeas
II – roubo: corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
a) circunstanciado pela restrição de liberdade custas, por não estar mais em causa à liberdade de
da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); locomoção.
b) circunstanciado pelo emprego de arma de Súmula 431: É nulo o julgamento de recurso crimi-
fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
157, § 2º-B); Súmula 692: Não se conhece de habeas corpus con-
III – extorsão qualificada pela restrição da liber- tra omissão de relator de extradição, se fundado em
dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
288 morte (art. 158, § 3º); dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra deci- jurídico-processuais, deverá ter seu mérito aprecia-
são condenatória a pena de multa, ou relativo a do”. (EDcl no MS 22.157/DF, Rel. Ministro Herman
processo em curso por infração penal a que a pena Benjamin, Rel. p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salo-
pecuniária seja a única cominada. mão, julgado em 14.03.2019, DJe 11.06.2019)
Súmula 694: Não cabe habeas corpus contra a
imposição da pena de exclusão de militar ou de per- z Agente ativo: Pessoa física ou jurídica. Agentes
da de patente ou de função pública. políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo.
Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já z Agente passivo: autoridade, pessoa física revesti-
extinta a pena privativa de liberdade. da de poder público. União, Estados e DF ingres-
sarão como litisconsortes necessários, por meio de
Habeas data seus procuradores, no caso do município através
de seu Prefeito.
Com previsão no art. 5º, LXXII da CF e Lei 9507/1997 z Liminar: cabimento conforme art. 7º, III da Lei
que regula o direito de acesso às informações, e disci- 12.016/2009, o juiz poderá determinar a suspensão
plina o rito processual do habeas data, tem o objetivo do ato (que causou a violação do direito), desde
de acessar e retificar informações do impetrante que que exista motivo relevante, vejamos:
estão em um órgão público ou de caráter público14,
como por exemplo: entidade privada de caráter públi- Art. 7° Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao
co = SPC/SERASA.
pedido, quando houver fundamento relevante e
Note que, neste caso, precisa ser demonstrado que
do ato impugnado puder resultar a ineficácia da
foram solicitadas as informações em um primeiro medida, caso seja finalmente deferida, sendo facul-
momento, ou seja, precisa-se esgotar a via administrativa. tado exigir do impetrante caução, fiança ou depósi-
A doutrina e jurisprudência admitem que cônju- to, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
ge, ascendente, descendente ou irmão podem impe- pessoa jurídica.
trar habeas data em favor de terceiro, caso este esteja
incapacitado ou ausente. Mandado de Segurança Coletivo

Mandado de Segurança Previsto no art. 5º, LXX da CF e no art. 21 da Lei


12.016/2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de
Agora passaremos a análise do mandado de segu- pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo deca-
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo, dencial são os mesmos do Mandado de Segurança
vejamos: individual.

Mandado de Segurança Individual z Agente ativo: Partido político com representação


no Congresso Nacional; ou organização sindical,
Previsto no art. 5º LXIX da CF e Lei 12.016/2009, entidade de classe ou associação legalmente cons-
tem o objetivo de proteger direito líquido e certo tituída e em funcionamento há pelo menos um
(requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da ano, em defesa de seus membros ou associados,
lesão), devidamente comprovado com provas docu- deve demonstrar pertinência temática.
mentais, não há prova testemunhal nem pericial. Tem z Agente passivo: autoridade coatora.
caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de z Liminar: cabimento conforme art. 7º, III e art. 22§2º
habeas corpus e nem habeas data. da Lei 12.016/2009. Basta representar os requisitos
Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
autoridade pública. A súmula 625 do STF dispõe que,
“Controvérsia sobre matéria de direito não impede con- Súmulas importantes do STF sobre o tema:
cessão de mandado de segurança”, ou seja, caso houver
dúvida a respeito de interpretação da lei não impede Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de
o deferimento do mandado de segurança. segurança coletivo por entidade de classe em favor
Não cabe Mandado de segurança nos seguintes dos associados independe da autorização destes.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
casos: Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legi-
timação para o mandado de segurança ainda quan-
z Atos meramente informativos; do a pretensão veiculada interesse apenas a uma
z Atos que transitaram em julgado; parte da respectiva categoria.
z Ato administrativo que comporte recurso com
efeito suspensivo; e Mandado de Injunção
z Ato judicial em fase recursal.
Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF e Lei 13.300/2016
Cuidado! Referente aos atos que transitaram em (lei do MS), não tem lei específica própria, devem ser
julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí- observadas as normas da lei do Mandado de Seguran-
vel mitigação da súmula 268 do STF. Vejamos: ça, conforme prevê o art. 24, parágrafo único da lei
8.038/1990.
“No entanto, sendo a impetração do mandado
de segurança anterior ao trânsito em julga- Art. 24 [...]
do da decisão questionada, mesmo que venha Parágrafo único - No mandado de injunção e
a acontecer, posteriormente, não poderá ser no habeas data, serão observadas, no que couber,
invocado o seu não cabimento ou a sua perda as normas do mandado de segurança, enquanto
de objeto, mas preenchidas as demais exigências não editada legislação específica.

14 Caso a banca da sua prova for a FGV, esta entende que o habeas data é uma ação personalíssima. 289
z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamen- Sobre o tema, vejamos também art. 5º, §4º da Lei
tadora de direito, liberdade constitucional e das 4.717/1965:
prerrogativas inerentes a nacionalidade, sobera-
nia e cidadania. Buscar o exercício do direito para Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é
uma pessoa ou certo grupo de pessoas. competente para conhecer da ação, processá-la e
Exemplo: Conseguir se aposentar ou exercer o julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
direito de greve. judiciária de cada Estado, o for para as causas que
z Agente ativo: Qualquer pessoa. interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
z Liminar: Mandado de Injunção não tem liminar. ou ao Município.
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá à sus-
pensão liminar do ato lesivo impugnado.
Ação Popular
Ainda, é possível requerer a condenação por per-
É um direito fundamental e individual de todo
das e danos dos responsáveis pela lesão. Sendo que
cidadão, fundamentada no art. 5º, LXXIII e regulado
cabe a todos os cidadãos a fiscalização da vida públi-
pela lei 4.717/1965, e tem como objetivo a proteção
ca, auxiliando o Estado na boa gestão da vida pública.
do patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
meio ambiente e da moralidade administrativa, como
DIREITOS SOCIAIS
é o caso das obras superfaturadas.
Ação popular pode ter duas formas, a preventiva
Os direitos sociais tem previsão no art. 6º ao 11º
que é ajuizada antes da consumação dos efeitos do
da Constituição, e também podem ser encontrados no
ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos
título VIII da Constituição Federal, que trata da ordem
consumados.
social.
São direitos que pertencem à segunda geração dos
z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este
direitos fundamentais, ou seja, da dimensão que tra-
abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.
ta dos direitos da democracia e informação, e alguns
doutrinadores também os chamam de liberdades
O Ministério Público não pode propor, mas pode
positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omis-
assumir andamento e dar execução a decisão da ação
so com o objetivo de assegurar uma compensação
popular (legitimidade extraordinária ou superveniente).
resultante da desigualdade entre as pessoas.
Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado
z Agente passivo: administrador da entidade que em face da desigualdade social e tem aplicabilidade
lesionou. imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a
igualdade formal (ou também chamada de igualdade
Lei 4.717/1965
jurídica, conforme prevê na CF/88, significa que todos
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas
devem ser tratados da mesma forma).
públicas ou privadas e as entidades referidas no art.
Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em
1º, contra as autoridades, funcionários ou adminis-
tradores que houverem autorizado, aprovado, rati-
três espécies:
ficado ou praticado o ato impugnado, ou que, por
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e con- a) Direitos sociais destinados a toda sociedade; (Art.
tra os beneficiários diretos do mesmo. (grifo nosso) 6º da CF)
b) Direitos sociais para os trabalhadores; (Art.7° da
CF)
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para plei- c) Direitos sociais coletivos dos trabalhadores. (Art.
tear a anulação ou a declaração de nulidade de atos 8º ao 11º da CF)
lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de Direitos sociais destinados a toda sociedade
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141,
§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
represente os segurados ausentes, de empresas públicas,
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
de serviços sociais autônomos, de instituições ou funda-
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
ções para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
ção à maternidade e à infância, a assistência aos
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cen-
desamparados, na forma desta Constituição.
to do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incor-
poradas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas Direitos garantidos para toda sociedade brasileira,
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres com exceção, por exemplo, da previdência social, que
públicos. neste caso só terá benefício quem for contribuinte e
preencher todos os requisitos legais exigidos.
z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus
boni iuris” e “periculum in mora”. Direito à propriedade x direito à moradia

Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não Na sua prova, cuidado! Direito de propriedade é
substitui a ação popular. um direito individual, conforme já estudado neste
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legiti- material, já o direito à moradia é um direito social,
midade para propor ação popular. localizado no caput do art. 6º da CF/88.
Direito à segurança, localizado no art. 5º (direi-
A Ação popular é isenta de custas judiciais e do to individual) e art. 6º (direito social), entenda a
290 ônus de sucumbência. diferença:
Segurança mencionada no art. 5º da CF se refere XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
a segurança jurídica, já a segurança mencionada no coletivos de trabalho;
art. 6º da CF, refere-se ao direito à segurança pública. XXVII - proteção em face da automação, na forma
da lei;
Direitos sociais para os trabalhadores XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
culpa;
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
condição social:
relações de trabalho, com prazo prescricional de
I - relação de emprego protegida contra despedida
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
até o limite de dois anos após a extinção do contra-
complementar, que preverá indenização compensa-
to de trabalho;
tória, dentre outros direitos;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercí-
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
cio de funções e de critério de admissão por motivo
involuntário;
de sexo, idade, cor ou estado civil;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
unificado, capaz de atender a suas necessidades
lhador portador de deficiência;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
técnico e intelectual ou entre os profissionais
ne, transporte e previdência social, com reajustes
respectivos;
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
plexidade do trabalho;
de aprendiz, a partir de quatorze anos;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
convenção ou acordo coletivo;
com vínculo empregatício permanente e o trabalha-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
dor avulso
para os que percebem remuneração variável;
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
VIII - décimo terceiro salário com base na remune-
trabalhadores domésticos os direitos previstos
ração integral ou no valor da aposentadoria;
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
IX - remuneração do trabalho noturno superior à
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
do diurno;
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
lei e observada a simplificação do cumprimento
do crime sua retenção dolosa; das obrigações tributárias, principais e acessórias,
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin- decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-
culada da remuneração, e, excepcionalmente, par- dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
ticipação na gestão da empresa, conforme definido e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
em lei; social.
XII - salário-família pago em razão do dependente
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
O mencionado dispositivo aborda os direitos dos
XIII - duração do trabalho normal não superior a
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, trabalhadores de uma forma genérica, pois todos são
facultada a compensação de horários e a redução tratados de forma específica em legislação especial.
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva Cabe ressaltar aqui neste tópico que os examina-
de trabalho; dores das bancas gostam muito de perguntar datas e
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza- questões numéricas. Por exemplo, um tema sempre
do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo muito cobrado em provas é sobre a prescrição traba-
negociação coletiva; lhista, ou seja, referente ao prazo máximo para entrar
XV - repouso semanal remunerado, preferencial- com a reclamação trabalhista após o término do con-
mente aos domingos; trato de trabalho para discutir os últimos cinco anos,
XVI - remuneração do serviço extraordinário ou seja, os créditos trabalhistas prescrevem nos últi- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do mos cinco anos.
normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal; Prazo para entrar com reclamação trabalhista: 2 anos.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego Prescrição dos créditos: últimos 5 anos.
e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DOS
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, TRABALHADORES
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; observado o seguinte:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
meio de normas de saúde, higiene e segurança; para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; co a interferência e a intervenção na organização
XXIV - aposentadoria; sindical;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes II - é vedada a criação de mais de uma organização
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em sindical, em qualquer grau, representativa de cate-
creches e pré-escolas; goria profissional ou econômica, na mesma base 291
territorial, que será definida pelos trabalhadores z jus solis: atribui nacionalidade ao território onde
ou empregadores interessados, não podendo ser o indivíduo nasce.
inferior à área de um Município; z jus sanguinis: atribui a nacionalidade ao vínculo
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte- sanguíneo.
resses coletivos ou individuais da categoria, inclu-
sive em questões judiciais ou administrativas; Brasileiro nato
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que,
em se tratando de categoria profissional, será des- Conforme prevê o art. 12, inciso I da CF, é conside-
contada em folha, para custeio do sistema con- rado brasileiro nato:
federativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei; z Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se desde que estes não estejam a serviço de seu
filiado a sindicato; país.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho; Atenção: No que diz respeito à necessidade de
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser ambos os genitores estrangeiros estarem a serviço
votado nas organizações sindicais; do país, entende-se que deve haver a verificação do
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- fato do deslocamento desse Estado (país) ao Brasil ter
zado a partir do registro da candidatura a cargo de ocorrido em virtude de interesse do seu país. Ainda
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que um deles não exerça função governamental, por
que suplente, até um ano após o final do mandato, exemplo:
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Pais argentinos, a serviço da Argentina – nesse caso
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- o filho nascido no Brasil não será brasileiro nato15.
cam-se à organização de sindicatos rurais e de Pais argentinos a serviço do Uruguai – nesse caso o
colônias de pescadores, atendidas as condições que filho nascido no Brasil será brasileiro nato, pois os pais
a lei estabelecer. não estão a serviço de seu país (no exemplo Argentina).
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de z Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira,
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio desde que qualquer um deles esteja a serviço
dele defender. do Brasil;
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida- Neste caso o termo a “serviço da República Federati-
des inadiáveis da comunidade. va do Brasil” engloba a serviço da administração direta e
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
às penas da lei.
Art. 10 É assegurada a participação dos trabalha- z Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos brasileira, desde que sejam registrados em repar-
públicos em que seus interesses profissionais tição brasileira competente (embaixada ou con-
ou previdenciários sejam objeto de discussão e sulado) ou venham a residir no Brasil e optem,
deliberação. em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre-
gados, é assegurada a eleição de um representante Atenção: O filho poderá optar pela nacionalidade
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes brasileira observando três requisitos cumulativos:
o entendimento direto com os empregadores.
1. Idade mínima: 18 anos;
As garantias deste último grupo de direitos sociais 2. Residência no Brasil;
estão divididas em: direito de associação sindical, 3. Obedecendo aos dois requisitos acima, deve-
direito de greve e direito de representação. -se optar a qualquer tempo pela nacionalidade
Direito de associação sindical tem relação com o brasileira.
princípio da liberdade de associação. Direito de greve,
citado no art. 9º, não é o mesmo direito de greve asse- A Constituição Federal em seu art. 12 §3º determi-
gurado ao servidor público no art. 37 da CF, ou seja, a na quais os cargos que são privativos para brasileiro
greve mencionada no art. 9º é autoaplicável (norma nato, vejamos:
de eficácia contida), não preciosa de lei para regula-
mentar o direito de greve. Já o direito de representa- z �Presidente e Vice-Presidente da República;
ção, fique atento com os números também, como por z �Presidente da Câmara dos Deputados;
exemplo, no art. 11º da CF. z �Presidente do Senado Federal;
z �Ministro do STF;
z �Carreira Diplomática;
DIREITOS DA NACIONALIDADE
z �Oficial das Forças Armadas;
z �Ministro de Estado da Defesa.
Ligação que une um indivíduo a cada território.
Grande parte dos países determina o modo de aqui- Naturalizados
sição e perda da nacionalidade em suas respectivas
constituições. Neste caso, o indivíduo não tem vínculo, nem de
A nacionalidade é considerada pela CF/88 um solo, nem de sangue, com o Brasil, mas quer tornar-
direito fundamental, e tem previsão no título II da CF. -se brasileiro, simplesmente por vontade, ou seja, é o
O Brasil adota dois critérios para definir a aquisi- estrangeiro que optou pela nacionalidade brasileira
ção da nacionalidade brasileira: (art. 12, inciso II da CF).
292 15 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova.
z Estrangeiros provenientes de países de língua z Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa
portuguesa devem ter um ano de residência no por um Estado ao Tribunal nos termos do presente
Brasil e idoneidade moral. Estatuto.
Ex.: Portugal, Angola, Cabo Verde e etc. z Por “extradição”, entende-se a entrega de uma
z Nacionalidade extraordinária: para os demais pessoa por um Estado a outro Estado, conforme
estrangeiros, deve-se ter 15 anos de residência previsto em um tratado, em uma convenção ou no
ininterrupta e ausência de condenação penal. direito interno.

O Supremo Tribunal Federal entende que a natu- Considerações referente à nacionalidade


ralização extraordinária é ato declaratório do Brasil.
Estrangeiro que provar os requisitos necessários, Extradição
ou seja, possuir 15 anos de residência ininterrupta e
ausência de condenação penal, tem o direito subje- Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país)
tivo16 à naturalização. Negado este pedido, caberá de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note
Mandado de Segurança. que, conforme a súmula 421 do STF, não há impedi-
Importante mencionar também a leitura do Esta- mento à extradição o fato de o extraditado ser casado
tuto do Estrangeiro, a Lei nº 6.815/1980. com brasileira ou ter filho brasileiro.
Conforme prevê o art. 22, inciso XV da CF, compete
à União legislar sobre extradição.
Perda da nacionalidade
A constituição brasileira também dispõe que
“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
Conforme art. 14 §4º da CF/88, tanto o brasilei- lizado, em caso de crime comum, praticado antes da
ro nato, quanto o naturalizado, poderá perder a sua naturalização, ou de comprovado envolvimento em
nacionalidade. tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
Existem dois instrumentos que podem ser usados ma da lei.” Bem como, “não será concedida extradição
para decretar a perda da nacionalidade brasileira: de estrangeiro por crime político ou de opinião” (art.
5º, incisos LI e LII da CF).
z Sentença Judicial transitada em julgado: esta Ainda, o art. 102, I, g da CF, dispõe que o Supremo
alcança apenas o brasileiro naturalizado que feriu Tribunal Federal será o responsável por processar e
o interesse nacional. Neste caso, o indivíduo que julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
perdeu a nacionalidade poderá apenas readqui-
ri-la por meio de uma ação, chamada de Ação Expulsão
Rescisória.17
z Alcança brasileiro nato e naturalizado que Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo
adquire voluntariamente outra nacionalidade, coativo, por infração ou ato que o torne inconve-
este ato engloba tanto a aceitação quanto o pedido niente à defesa e à conservação da ordem interna do
da naturalização oferecida por outro país. Neste Estado.
caso, existem duas exceções, ou seja, existem dois Neste caso, a União é responsável para legislar
casos em que é permitida a dupla cidadania: sobre expulsão, art. 22, inciso XV da CF.
Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife-
rente da extradição, a expulsão não será admitida
„ Reconhecimento da nacionalidade pela lei
quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde
estrangeira; que não esteja divorciado ou separado de fato) e o
„ Imposição por outro país, como condição de casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos,
permanência em seu território ou para exer- ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob
cício dos direitos civis. Exemplo: atletas/joga- sua guarda e dependência econômica.
dores de futebol quando são “vendidos” e
representam times estrangeiros. Deportação

Dica Nesse caso se refere ao estrangeiro que ingressou

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


ou permaneceu de forma irregular no território
Atualmente compete ao Ministro da Justiça nacional, ou seja, é a devolução do estrangeiro por
declarar a perda e a requisição da nacionalidade. entrar no Brasil de forma irregular. Assim, não há
deportação de brasileiros no Brasil (art. 5º, inciso XV
Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum da CF).
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da natura- XV - é livre a locomoção no território nacional em
lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
Importante frisar que o brasileiro nato não pode com seus bens;
ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao
TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que, podem Note que a deportação não tem relação com a prática
ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza- do estrangeiro em território brasileiro, mas sim, do não
dos e estrangeiros. cumprimento dos requisitos legais para sua entrada.
Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Bem como, não existe mais o instituto do banimen-
Internacional, decreto lei nº 4388/2002, em seu art. to, que era o envio compulsório de brasileiros para o
102, define a diferença entre a entrega e extradição, exterior. Observe também que há vedação constitucio-
vejamos: nal de seu reestabelecimento no art. 5º, XLVII, d, da CF.
16 O direito subjetivo se refere aos direitos que são efetivamente garantidos ao indivíduo pela lei.
17 Ação rescisória é um meio processual que tem o objetivo de desconstituir ou revogar acórdão ou sentença transitada em julgado. 293
DIREITOS POLÍTICOS
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Tem regras fixadas pela constituição no Capítulo
IV referente à participação popular no processo polí- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Servidores públicos de
tico, Art. 14 e seguintes da Constituição. determinado estado da Federação iniciaram movi-
Os direitos políticos conferidos à população brasi- mento grevista, motivados pelo atraso no pagamen-
leira são o sufrágio universal, o voto direto e secreto to de seus vencimentos, na tentativa de regularizar
e a participação em plebiscitos, referendos ou inicia- a situação salarial. Inconformado com a paralisação
tivas populares. de atividades que julgava essenciais, o gestor público
Sufrágio universal é o direito de homens e mulhe- expediu ato administrativo determinando o desconto
res naturalizados ou nascidos em um país de partici- do salário dos servidores grevistas, bem como o pro-
cessamento da devida anotação funcional.
par das eleições, ou seja:
Nessa situação hipotética, o instrumento processual
de controle judicial que o sindicato dos servidores
z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar;
deverá invocar para suspender o ato administrativo de
z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser
desconto e anotação dos dias não trabalhados é o
votado.
a) mandado de injunção.
Condições de elegibilidade b) recurso ordinário.
c) habeas corpus.
Conforme art. 14, § 3º da CF, são condições de elegi- d) habeas data.
bilidade, na forma da lei: e) mandado de segurança.

No caso em tela, houve uma violação de um direito


Nacionalidade brasileira;
Não ter direitos políticos cassados; líquido e certo previsto na constituição, uma afron-
Alistamento eleitoral; ta a esse direito de greve dá causa ao Mandado de
ELEGIBILIDADE Segurança. Sobre o tema, o STF já se posicionou
Domicilio eleitoral na circunscrição
correspondente; sobre a ilegalidade do desconto, em virtude de greve
Filiação partidária. motivada por ilicitude do poder público – STF. RE n.
693.456 - Tema 531. Resposta: Letra E.
A constituição também define a idade mínima que
cada candidato, correspondente a seu cargo deve ter: 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte,
relativo ao direito de nacionalidade.
z Presidente + Vice Senador: 35 anos Os indivíduos que possuem multinacionalidade vincu-
z Governador + Vice dos Estados e DF: 30 anos lam-se a dois requisitos de aquisição de nacionalidade
z Deputado Federal, Estadual e Distrital, Prefeito + primária: o direito de sangue e o direito de solo.
Vice: Juiz de Paz: 21 anos
z Vereador: 18 anos ( )CERTO ( )ERRADO

O Brasil adota dois critérios para definir a aquisi-


Perda ou suspensão dos direitos políticos
ção da nacionalidade brasileira: direito de solo (na
sua prova também pode ser chamada de jus solis),
A perda ou suspensão dos direitos políticos estão
que atribui nacionalidade ao território onde o indi-
apresentadas no art. 15 da Constituição, vamos ao víduo nasce, e direito de sangue (também pode ser
estudo do mencionado dispositivo. chamada de jus sanguinis), que atribui a naciona-
Como o nome já diz, a suspensão é o cancelamento lidade ao vínculo sanguíneo. Resposta: Certo.
por um tempo determinado, já a perda, o cancelamen-
to por prazo indeterminado. Vejamos em quais situa- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos direitos e
ções podem ocorrer perda ou suspensão, analisando o garantias fundamentais, julgue o item que se segue,
art. 15 da CF/88. tendo como referência a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal.
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos, É vedado ao legislador editar lei em que se exija o
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: pagamento de custas processuais para a impetração
I - cancelamento da naturalização por sentença de habeas corpus.
transitada em julgado; perda.
II - incapacidade civil absoluta; (grifo nosso) ( )CERTO ( )ERRADO
suspensão
III - condenação criminal transitada em julgado, O habeas corpus não tem custas processuais, é gra-
enquanto durarem seus efeitos; suspensão tuito e também não tem necessidade de advogado,
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta conforme prevê o art. 5º, inciso LXXVII da Constitui-
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; ção. Resposta: Certo.
perda.
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 4. (FCC – 2019) Acerca do que dispõe a Constituição
37, § 4º. suspensão Federal sobre nacionalidade,

Dica a) são brasileiros natos os nascidos na República Fede-


rativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
294 Não existe a cassação dos direitos políticos. que estes não estejam a serviço de seu país.
b) a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros Dica
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos em
lei complementar. A descentralização é basicamente quando as
c) é privativo de brasileiro nato o cargo de membro da funções atribuídas a um só poder passam a ser
Câmara dos Deputados. repartidas, por exemplo, com a delegação das
d) será declarada a perda da nacionalidade do brasilei- competências.
ro que tiver cancelada sua naturalização, por decisão
administrativa, em virtude de atividade nociva ao inte- Conforme art. 18. § 1º da CF, atualmente Brasília
resse nacional. é a Capital Federal, trata-se de uma inovação do legis-
e) é fator impeditivo de aquisição da nacionalidade bra- lador constituinte de 1988. Conforme preleciona José
sileira a condenação, por improbidade administrativa, Afonso da Silva (2017) Brasília tem uma posição jurí-
de cidadão estrangeiro residente no Brasil por período dica específica no conceito de cidade até porque não
superior a quinze anos ininterruptos. se enquadra no conceito geral de cidade pelo fato de
Sim, são brasileiros natos os nascidos na República não ser sede de um Município18.
Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país. UNIÃO
Tome cuidado, sempre que a questão mencionar que
os pais estão a serviço do seu país de origem: o filho A União é a entidade federativa autônoma e exer-
nascido no Brasil não será brasileiro nato. Res- ce as atribuições de soberania do Estado brasileiro.
posta: Letra A. Conforme preleciona Pedro Lenza (2020) a União
possui “dupla personalidade” assumindo um papel
5. (FGV – 2019) João, servidor público, preencheu todos internamente como pessoa de direito público interno,
os requisitos exigidos para o recebimento de determi- componente da Federação e detentor de autonomia
nado benefício pecuniário, mas decidiu que iria reque- financeira, administrativa e política e um papel inter-
rê-lo somente na semana seguinte. Ocorre que, no dia nacionalmente sendo que representa a República
anterior àquele em que apresentaria o seu requerimen- Federativa do Brasil19.
to, foi editada a Lei nº XX, que extinguiu o benefício. A União representa o Estado brasileiro nas rela-
À luz da sistemática constitucional, a edição da Lei nº XX: ções internacionais, perante os Estados estrangeiros
a ela rege-se pelo princípio da independência nacio-
a) impede que João receba o benefício; nal, prevalência dos direitos humanos, autodetermi-
b) não impede que João receba o benefício, pois a lei nação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os
não pode prejudicar a coisa julgada; Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos,
c) não impede que João receba o benefício, pois a lei repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre
não pode prejudicar o direito adquirido; os povos para o progresso da humanidade e concessão
d) não impede que João receba o benefício, pois a lei
de asilo político (art. 4º, CF/88).
não pode prejudicar o ato jurídico perfeito;
As competências da União estão elencadas no texto
e) somente impedirá que João receba o benefício
constitucional, organizadas pelo legislador originário
caso não o requeira no dia imediato à promulga-
com base no chamado princípio da predominância
ção da lei.
do interesse público pelo particular. Neste sentido, as
João deve receber o benefício, pois a lei, na data em atribuições de interesse nacional são de competência
que foi editada, já garantia seu direito adquirido. Cui- da União, por exemplo: declarar guerra e celebrar paz.
dado para não confundir coisa julgada com direito As competências da União são classificadas como
adquirido, sendo que na coisa julgada é conferida a competência administrativa e legislativa, a primei-
sentença quando não cabem mais recursos e o direi- ra que se relaciona com as funções de organização do
to adquirido se dá quando o indivíduo já preencheu Estado e a segunda que é a competência de legislar.
todos os requisitos exigidos por lei (no tempo em que Vejamos os exemplos:
determinada lei era vigente) para se beneficiar de
determinado direito. Resposta: Letra C. � Competência administrativa: é competência de
a União elaborar e executar planos nacionais e
regionais de ordenação do território e de desen-
volvimento econômico e social;

ORGANIZAÇÃO
� Competência legislativa: é competência de a NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
União legislar sobre nacionalidade, cidadania e
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA naturalização.

FEDERAÇÃO O estudo das competências será abordado de for-


ma mais aprofundada em tópico específico na sequên-
Federação é a organização política, administrativa cia deste material.
e jurídica formada por uma população em um territó- Cuidado para não confundir União com República
rio determinado. O Estado federado é constituído por Federativa do Brasil:
um conjunto de Estados membros autônomos unidos
por uma Constituição, mas somente a Federação como z A República Federativa do Brasil é um Estado
um todo é considerada soberana, bem como, cada Federado, ou seja, é constituído por um conjunto
Estado membro é considerado uma unidade federati- de Estados-Membros. Vale ressaltar que os Esta-
va que possui poder político descentralizado. dos-Membros são autônomos, pois são dotados de
Sendo assim, são componentes da República Fede- autonomia e autogoverno, por outro lado, não são
rativa: a União, os Estados, o Distrito Federal e os soberanos, uma vez que a soberana é somente a
Municípios. Federação como um todo. No nosso pacto federativo,
18 SILVA, op. cit, p. 476.
19 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 497. 295
o poder é descentralizado, pois a Constituição prevê Vejamos o art. 20 do texto constitucional que enu-
núcleos de poder e concede autonomia para os seus mera os bens da União:
entes (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
z A União é uma entidade federativa, pessoa jurídica I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
de direito público interno que integra a República rem a ser atribuídos;
Federativa do Brasil, é através da União que o país
é representado nas relações internacionais. Exemplo: as ilhas, rios, mar territorial, entre outros,
com exceção das terras de aldeamentos extintos, ainda
Os bens da União estão enumerados no art. 20 da que ocupadas por indígenas em passado remoto, confor-
Constituição Federal, que compreende:
me dispõe a Súmula nº 650 do STF.
z Terrenos de marinha: são os terrenos situa-
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
dos nas margens dos rios e lagoas, até onde haja
fronteiras, das fortificações e construções milita-
influência das marés (vão de 1831 até 33 metros
res, das vias federais de comunicação e à preserva-
para a parte da terra), além destes são também os
ção ambiental, definidas em lei;
que contornam as ilhas situadas em zona onde se
faça sentir a influência das marés;
z terreno acrescido de marinha: são terrenos As terras devolutas são terras que não tem destina-
acrescidos de marinha os que se tiverem forma- ção pública e também não integram o patrimônio de
do, natural ou artificialmente, para o lado do mar um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas
ou dos rios e lagoas, em seguimento nos terre- na Amazônia.
nos de marinha (art. 2 da Lei nº 3.438/1941);
z Mar territorial: é a faixa de doze milhas náuticas III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
do litoral continental e insular, no Brasil a costa é um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
banhada pelo oceano Atlântico; se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
z Zona contígua: é a faixa do mar que se estende nham, bem como os terrenos marginais e as praias
das doze às vinte e quatro milhas marítimas, con- fluviais;
tadas a partir das linhas de base que servem para
medir a largura do mar territorial; Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de
z Zona econômica exclusiva: compreende uma Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul.
faixa que se estende das doze às duzentas milhas
marítimas, contadas a partir das linhas de base que
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
servem para medir a largura do mar territorial, é
com outros países; as praias marítimas; as ilhas
a faixa territorial do Atlântico. O Brasil tem sobe-
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
rania para fins de exploração e aproveitamento,
contenham a sede de Municípios, exceto aque-
conservação e gestão dos recursos naturais, vivos
ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do las áreas afetadas ao serviço público e a unidade
mar, do leito do mar e seu subsolo, e; ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
z Plataforma continental: é a faixa de terra do
fundo do mar, que vai até 200m de profundidade, Exemplo: a ilha do Bananal, situada no estado de
ou seja, compreende o leito e o subsolo das áreas Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil,
submarinas que se estendem além do seu mar ter- com 25.000 km².
ritorial, é uma importante área de exploração e
pesquisa de petróleo (art. 11 da Lei nº 8617/1993). V - os recursos naturais da plataforma continental
e da zona econômica exclusiva;
Entenda melhor na ilustração a seguir:
Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraí-
do da plataforma continental.

VI - o mar territorial;

Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial


brasileiro estão sujeitos aos regulamentos estabeleci-
dos pelo Brasil.

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33


metros para a parte da terra).

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

Para efeito de exploração, os potencias hidráuli-


cos dos rios pertencem à União, por exemplo a Usina
Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada na cidade de
Porto Velho, estado de Rondônia.

296 IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;


Exemplo: ferro, ouro, cobre etc.

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios


arqueológicos e pré-históricos;

Exemplo: Sítio Arqueológico, Parque Nacional do


Catimbau, localizado no estado de Pernambuco. LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
Assembleia Legislativa Governador do Estado Tribunais e Juízes

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.


Formação de novos estados
Exemplo: a terra tradicionalmente ocupada pelos
indígenas no oeste de Santa Catarina, localizado entre Na forma prevista do art. 18 e art. 48, VI da CF/88
os rios Chapecó e Chapecósinho, a 70 km de Chapecó, a estrutura territorial do Brasil poderá ser modifica-
denominada como terra indígena Xapecó. da por meio de alteração dos limites territoriais dos
Ainda, a redação do § 1º do mencionado dispo- diferentes entes federados existentes. Por exemplo,
sitivo foi modificada pela Emenda Constitucional em 1988 o norte do estado de Goiás foi desmembrado,
nº 102/2019, conforme a atual redação a Constitui- formando o estado de Tocantins.
ção prevê possibilidade da participação da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no Art. 18. A organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a União,
resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
de recursos hídricos para fins de geração de energia autônomos, nos termos desta Constituição.
elétrica e de outros recursos minerais. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, sub-
Por conseguinte, a Constituição consagra a terra dividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
designada como faixa de fronteira, sendo esta a fai- outros, ou formarem novos Estados ou Territórios
xa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, Federais, mediante aprovação da população direta-
ao longo das fronteiras terrestres, considerada fun- mente interessada, através de plebiscito, e do Con-
damental para defesa do território nacional, ainda gresso Nacional, por lei complementar.
determina que a sua ocupação e utilização devem ser
reguladas em lei. (art. 20 § 2º). INCORPORAÇÃO SUBDIVISÃO DESMEMBRAMENTO

ESTADOS Separar uma ou mais


Fusão Cisão
partes de um estado
Os estados possuem autonomia para se organiza-
rem (auto-organização) caracterizado por um auto- Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção
governo, autoadministração e autolegislação, onde o do Presidente da República, não exigida esta para
o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre
povo que escolhe diretamente os seus representantes
todas as matérias de competência da União, espe-
no poder legislativo e executivo local, sem que haja cialmente sobre: [...]
subordinação por parte da União (arts. 27, 28 e 125 VI - Incorporação, subdivisão ou desmembramento
da CF). de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res-
pectivas Assembleias Legislativas;
z autogoverno: autonomia política para eleger seus
representantes, por exemplo, eleição de Governa- Ainda, conforme o art. 235 da Constituição, nos dez
dor (art.27 e 28 da CF/88). primeiros anos de sua criação a Assembleia Legislati-
z autoadministração: decorre das competências va será composta de dezessete Deputados se a popula-
administrativas conferidas aos Estados, por exem- ção do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes,
plo, os estados poderão, mediante lei com- e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse núme-
plementar, instituir regiões metropolitanas, ro, até um milhão e quinhentos mil, o Governo terá no
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
aglomerações urbanas e microrregiões, consti- máximo dez Secretarias, o Tribunal de Contas terá três
tuídas por agrupamentos de municípios limítro- membros, nomeados, pelo Governador eleito, den-
tre brasileiros de comprovada idoneidade e notório
fes, para integrar a organização, o planejamento
saber, o Tribunal de Justiça terá sete Desembargado-
e a execução de funções públicas de interesse res, os primeiros Desembargadores serão nomeados
comum (art. 25, § 3º da CF). pelo Governador eleito, escolhidos conforme dispõe o
z autolegislação: tem competência de elaborar sua inciso V do mencionado dispositivo:
própria Constituição, ou seja, cada estado tem
autonomia de criar a sua própria constituição esta- a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta
dual, entretanto esta deve sempre obedecer à lei e cinco anos de idade, em exercício na área do novo
maior (CF/88). Estado ou do Estado originário;
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições,
e advogados de comprovada idoneidade e saber
Os estados organizam-se e regem-se pelas Consti- jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício
tuições e leis que adotarem. Ainda, conforme estudado profissional, obedecido o procedimento fixado na
no título do poder constituinte derivado decorrente, Constituição;
o art. 25 da CF consagra aos Estados federados auto-
nomia política e administrativa, com capacidade de Caso o novo estado seja proveniente de Território
elaborar suas próprias Constituições estaduais, obe- Federal, os cinco primeiros Desembargadores pode-
decendo às diretrizes da Constituição Federal 1988. rão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer 297
parte do País e em cada Comarca, o primeiro Juiz de Como exemplo da autonomia municipal, podemos
Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público serão citar a capacidade de normatização, em que consiste
nomeados pelo Governador eleito após concurso na capacidade do município de elaborar a sua própria
público de provas e títulos. lei orgânica e demais legislações municipais.
É possível a incorporação, subdivisão e o desmem- Conforme art. 30 do texto constitucional, os muni-
bramento de estado, vejamos: cípios tem competência legislativa local, ou seja,
podem legislar sobre assuntos de interesse local e
z Incorporação: quando dois ou mais estados se suplementando a legislação federal e estadual no que
unem com outro nome, perdendo sua personali- couber, por exemplo, é de competência do município
dade por integrarem um novo estado. Por exem- a fixação do horário de funcionamento do comércio
local. (Súmula 645 do STF).
plo, como se houvesse a incorporação do estado de
Ainda, os Municípios também tem autonomia polí-
Santa Catarina e Rio Grande do sul, passando a ser
tica, por exemplo, têm a capacidade de eleger Prefeito,
um só estado.
Vice-Prefeito e vereadores sem a intervenção do esta-
z Subdivisão: quando um estado se divide em novos do ou da União. Além de autonomia administrativa, ou
vários estados, todos estes com personalidades seja, tem capacidade de atuar sobre assuntos de inte-
diferentes. Por exemplo, o estado do Rio Grande do resse local, por exemplo, cabe ao município promover
Sul deixa de existir, ou seja, o estado foi dividido a proteção do patrimônio histórico cultural local.
em dois ou mais estados, cada um com personali-
dades distintas. Formação de novos municípios
z Desmembramento: Já na hipótese de separar uma
ou mais partes de um estado sem que este perca Os municípios também tem autorização constitu-
sua identidade. Por exemplo, como ocorreu com o cional para criação, incorporação, fusão e desmem-
estado de Goiás, formando o estado de Tocantins. bramento de municípios. Vejamos os requisitos e
procedimento para a incorporação, a subdivisão e o
Vejamos os requisitos e procedimento para a incor- desmembramento de município (art. 18, § 4º da CF):
poração, a subdivisão e o desmembramento do estado
(art. 18, § 3º da CF):
1º 2º
FAVORÁVEL
Lei Complementar Plebiscito + Estudo de
viabilidade
1º 2º Aprovação de lei comple-
mentar, fixando o período Consulta prévia, mediante
dentro do qual poderá ocor- plebiscito às populações dos
Plebiscito Propositura de projeto de rer a criação, incorporação, municípios envolvidos, após
lei complementar fusão e o desmembramento; divulgação dos estudos de
Consulta prévias as popula- viabilidade municipal, apre-
ções diretamente interessa- Caso a população seja favo- sentados e publicados na for-
das. (Expressão da vontade e rável no plebiscito será ma da lei;
da opinião do povo, demons- proposto projeto de lei com-
trada através de votação); plementar perante qualquer
Atenção! O plebiscito é con- uma das casas do Congresso
dição prévia, caso não hou- Nacional. 3º
ver aprovação, não passará
para a próxima fase.
Lei Estadual

Aprovação de lei ordiná-


3º 4º ria estadual formalizando a
criação, incorporação, fusão,
ou desmembramento do
Oitiva da assembleia Lei complementar município.
Oitiva das assembleias legisla- Aprovação de lei comple-
tivas dos estados interessados; mentar pelo Congresso
Atenção! Mesmo que a Nacional. DISTRITO FEDERAL
assembleia seja desfavorá- Congresso Nacional não é
vel, pode continuar o pro- obrigado a aprovar, mas
cesso de formação do novo caso assim decida deverá
A Constituição Federal 1988 conferiu ao Distri-
estado, não é vinculativo. ser conforme determina art. to Federal natureza de ente federativo autônomo,
69 da CF/88, pelo quórum de com capacidade de auto-organização, autogoverno
absoluta.
e autoadministração, sendo proibida a possibilidade
de subdivisão em Municípios (art. 32, caput), como
MUNICÍPIOS exemplo de autonomia do Distrito Federal podemos
citar a capacidade do Distrito Federal para criar a sua
No Brasil, não só os Estados membros, mas tam- lei orgânica, bem como na capacidade de eleger seu
bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o Governador e Vice-Governador, sem interferência da
nosso pacto federativo é formado pela União, Estados, União nas eleições.
Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre- A sede do governo do Distrito Federal é Brasília,
vista no art. 18, caput da CF/88, vejamos.
conforme consagra a Lei Orgânica do DF, art. 6º.
Conforme art. 32, § 1º da CF, ao Distrito Federal são
Art. 18. A organização político-administrativa
da República Federativa do Brasil compreende a atribuídas às competências legislativas reservadas
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- aos Estados e Municípios, cumulativamente. Entre-
pios, todos autônomos, nos termos desta Consti- tanto, conforme o § 4º do dispositivo em comento a
298 tuição. (grifo nosso) lei federal disporá sobre a utilização pelo Governo do
DF, da polícia civil, da polícia penal, da polícia mili- por exemplo, art. 21 da CF que consagra a competên-
tar e do corpo de bombeiros militar, ou seja, estes são cia exclusiva da União. Bem como, pelo modelo verti-
mantidos diretamente pela União. cal, que atribui a mais de um ente a competência, por
exemplo, é o caso da competência legislativa concor-
TERRITÓRIOS rente da União, do Estado e do Distrito Federal previs-
ta no art. 24 da CF.
Os Territórios Federais são divisões administra-
tivas da União, sem pertencer a qualquer Estado; z Espécies de competências
podem surgir da divisão de um Estado membro ou
desmembramento, existindo autonomia administrati- Na nossa Carta Magna a repartição das competên-
va, mas não política, ou seja, os Estados podem subdi-
cias tem previsão nos artigos 21, 22, 23 e 24 e tem o
vidir-se ou desmembrar-se para formarem Territórios
objetivo de partilhar entre os entes federados as ati-
Federais, mediante aprovação da população direta-
vidades do Estado, classificada como competência
mente interessada, por meio de plebiscito e do Con-
gresso Nacional, por intermédio de lei complementar. administrativa e competência legislativa.
Entretanto, no caso de criação de um Território o
texto constitucional não exige a realização de plebisci- „ Competência administrativa
to, porém nada impede que possa ocorrer.
Sendo que os Territórios a partir da CF/88 não são A competência administrativa também pode ser
considerados entes federativos, servem para que a chamada de competência material, pois trata-se da
União administre áreas que não possuem um governo organização do Estado para efetuar tarefas e realização
estadual, ou seja, trata-se apenas de uma mera autar- de atividades referente às matérias nela relacionadas,
quia em regime especial que é designada para admi- podem ser classificadas como competência exclusiva da
nistrar parcela de território do país. União e competência comum entre os Entes Federados.
Atualmente não existem mais Territórios Federais
no Brasil, inclusive a própria Constituição Federal
1988 no Ato das Disposições Gerais Transitórias art. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA
14 transformou os Territórios Federais de Roraima e GERENCIAL OU MATERIAL
do Amapá em Estados Federados. Art. 21 da CF Art. 23 da CF
Como vimos, atualmente no Brasil não existem
mais Territórios Federais, entretanto conforme art. EXCLUSIVA DA UNIÃO COMUM
18, § 2° da CF há uma autorização constitucional para INDELEGÁVEL
sua criação, a qual deve ser regulada em lei comple-
mentar, vejamos. Como memorizar? Entes federados.União, Es-
Os incisos fazem menção tados, DF e Municípios.
Art. 18 A organização político-administrativa da à atuação e ação.
República Federativa do Brasil compreende a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
Competência exclusiva da União é indelegável, ou
autônomos, nos termos desta Constituição.
seja, não pode ser delegada a outro ente federativo,
§ 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua prevista no art. 21 da CF. Perceba que os incisos fazem
criação, transformação em Estado ou reintegração menção a atuação e ação, vejamos:
ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
mentar. (grifo nosso)
IMPORTANTE
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS
Colocamos o art. 21 da CF da íntegra, pois é
A repartição das competências são atribuições que muito cobrado em provas, recomenda-se a lei-
tura do dispositivo reiteradas vezes!
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
a Constituição dá aos Entes federados, de natureza
administrativa e legislativa. O legislador se preocupou
em dividir essas atribuições (competências) com base
Art. 21 Compete à União:
no chamado princípio da predominância do interes-
I - manter relações com Estados estrangeiros e par-
se, ou seja, as atribuições de interesse nacional são
ticipar de organizações internacionais;
de competência da União (exemplo: declarar guerra
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
e celebrar paz), já as atribuições de interesse Estadual
III - assegurar a defesa nacional;
são de competência dos estados (exemplo: exploração
IV - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
de serviço de transporte de passageiros intermunici-
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
pal) e atribuições de interesse local de competência
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
dos municípios (exemplo: expedição de alvará de esta-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
belecimento comercial).
intervenção federal;

Dica Exemplo: Em 2018 foi decretada a intervenção


Não existe hierarquia entre os Entes da Federação. federal no estado do Rio de Janeiro (Decreto nº 9.288
de 2018), uma medida excepcional de natureza mili-
A divisão de competências é basicamente por dois tar com o objetivo de reestabelecer a ordem pública e
modelos, modelo horizontal, quando a Constituição resolver algumas questões de segurança pública prin-
dá atribuição a um único ente (exclusiva e privativa), cipalmente nas comunidades. 299
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio reprocessamento, a industrialização e o comércio
de material bélico; de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
VII - emitir moeda; os seguintes princípios e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- a) toda atividade nuclear em território nacional
calizar as operações de natureza financeira, espe- somente será admitida para fins pacíficos e median-
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, te aprovação do Congresso Nacional;
bem como as de seguros e de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a
comercialização e a utilização de radioisóto-
Exemplo: Compete a União administrar os ativos pos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e
financeiros em moeda estrangeira, ou seja, são as reser- industriais;
vas internacionais, denominadas como reservas cam- c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
biais, é como um ativo do Banco Central do Brasil, assim dução, comercialização e utilização de radioisóto-
cabe a União optar por vender esses ativos ou não. pos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares
IX - elaborar e executar planos nacionais e regio- independe da existência de culpa;
nais de ordenação do território e de desenvolvimen- XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
to econômico e social; trabalho;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
nacional; exercício da atividade de garimpagem, em forma
XI - explorar, diretamente ou mediante autoriza- associativa.
ção, concessão ou permissão, os serviços de teleco-
municações, nos termos da lei, que disporá sobre a
No que tange à competência comum, que também
organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;
pode ser chamada de competência paralela, concor-
XII - explorar, diretamente ou mediante autoriza- rente ou cumulativa, todos os Entes podem agir de for-
ção, concessão ou permissão: ma independente, é a competência comum da União,
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e Estados, Distrito Federal e Munícipios, consagrada no
imagens; art. 23 da CF, vejamos:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e
o aproveitamento energético dos cursos de água, Art. 23. É competência comum da União, dos Esta-
em articulação com os Estados onde se situam os dos, do Distrito Federal e dos Municípios:
potenciais hidroenergéticos; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru- instituições democráticas e conservar o patrimônio
tura aeroportuária; público;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário II - cuidar da saúde e assistência pública, da
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou proteção e garantia das pessoas portadoras de
que transponham os limites de Estado ou Território; deficiência;
e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
dual e internacional de passageiros;
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
arqueológicos;
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte-
rios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia rização de obras de arte e de outros bens de valor
penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili- histórico, artístico ou cultural;
tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên- V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
cia financeira ao Distrito Federal para a execução educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
de serviços públicos, por meio de fundo próprio; inovação;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta- VI - proteger o meio ambiente e combater a polui-
tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito ção em qualquer de suas formas;
nacional; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, VIII - fomentar a produção agropecuária e organi-
de diversões públicas e de programas de rádio e zar o abastecimento alimentar;
televisão; IX - promover programas de construção de mora-
XVII - conceder anistia; dias e a melhoria das condições habitacionais e de
XVIII - planejar e promover a defesa permanente saneamento básico;
contra as calamidades públicas, especialmente as X - combater as causas da pobreza e os fatores de
secas e as inundações; marginalização, promovendo a integração social
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento dos setores desfavorecidos;
de recursos hídricos e definir critérios de outorga XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces-
de direitos de seu uso sões de direitos de pesquisa e exploração de recur-
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento sos hídricos e minerais em seus territórios;
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e XII - estabelecer e implantar política de educação
transportes urbanos;
para a segurança do trânsito.
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
ma nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, Ainda, o parágrafo único do mencionado dispositivo
aeroportuária e de fronteiras; estabelece que tendo em vista o equilíbrio do desenvol-
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares vimento e do bem-estar em âmbito nacional as leis com-
de qualquer natureza e exercer monopólio esta- plementares fixarão normas para a cooperação entre a
300 tal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
„ Competência legislativa XX - sistemas de consórcios e sorteios; (grifo
nosso)
A competência legislativa como o próprio nome já
nos remete é a competência para elaborar leis, clas- Veja Súmula Vinculante nº 2: É inconstitucional a
sificada em competência privativa, concorrente, resi- lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que dispo-
dual e local, são atribuições que tratam da edição de nha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
normas gerais e abstratas. bingos e loterias.

„ Competência privativa: é a competência da XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-


União para legislar sobre determinados assun- rial bélico, garantias, convocação, mobilização,
tos de interesse nacional, com a edição de nor- inatividades e pensões das polícias militares e dos
mas de interesse processual, normas de direito corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias
material e administrativo.
rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
PROCESSUAL MATERIAL ADMINISTRATIVO XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
Normas de Normas de direito Demais matérias, XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
processo civil, civil, comercial, como requisições XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
processo pe- penal, político- civis e militares, em todas as modalidades, para as administrações
nal e processo -eleitoral, agrário, tempo de guerra, públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
do trabalho. marítimo, aeronáu- trânsito, transpor- União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe-
tico, espacial e do te etc. decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre-
trabalho. sas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;
Art. 22 da CF XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defe-
sa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
Privativa Da União
XXIX - propaganda comercial.
Como memorizar? Parágrafo único. Lei complementar poderá
Os incisos do art. 22 da CF fazem menção à legis- autorizar os Estados a legislar sobre questões
lar, privativa e delegável. específicas das matérias relacionadas neste arti-
Fique atento! Cabe delegação aos Estados e go. (grifo nosso)
DF, mediante lei complementar sobre questões
específicas. Delegável: Deve ocorrer por lei complementar
federal, editada pelo Congresso Nacional. Obs.: Tam-
Art. 22 Compete privativamente à União legislar bém contempla o Distrito Federal. (Art. 32, § 1º da CF.)
sobre: Não confunda a competência exclusiva da União
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito- com a competência privativa da União:
ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;
II - desapropriação; EXCLUSIVA ART. 21 PRIVATIVA ART. 22
III - requisições civis e militares, em caso de iminen- DA CF DA CF
te perigo e em tempo de guerra; Administrativa Legislativa
IV - águas, energia, informática, telecomunicações
e radiodifusão; Indelegável Delegável
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
garantias dos metais; „ Competência concorrente: tem fundamento
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transfe- no art. 24 da CF, dispõe que a União (que se
rência de valores; limita a estabelecer normas gerais), os Estados

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


VIII - comércio exterior e interestadual;
e o Distrito Federal (normas suplementares)
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
podem legislar concorrentemente.
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte; Atente-se:
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e Os Municípios não foram contemplados com essa
metalurgia; possibilidade.
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; Em relação ao Art. 24, da CF, considere:
XIV - populações indígenas; Concorrente Entre:
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
expulsão de estrangeiros; z União: normas gerais
XVI - organização do sistema nacional de emprego z Estados/DF: normas suplementares
e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defenso- Federal legislar concorrentemente sobre:
ria Pública dos Territórios, bem como organização I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco-
administrativa destes; nômico e urbanístico;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de II - orçamento;
geologia nacionais; III - juntas comerciais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da IV - custas dos serviços forenses;
poupança popular; V - produção e consumo; 301
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da a Constituição Federal, pois as providências não afas-
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, taram atos a serem praticados pelos demais entes
proteção do meio ambiente e controle da poluição; federativos no âmbito da competência comum para
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, legislar sobre saúde pública (artigo 23, II da CF).
artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, SAÚDE – CRISE – CORONAVÍRUS – MEDIDA
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, PROVISÓRIA – PROVIDÊNCIAS – LEGITIMAÇÃO
estético, histórico, turístico e paisagístico; CONCORRENTE
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
Surgem atendidos os requisitos de urgência e neces-
X - criação, funcionamento e processo do juizado de
sidade, no que medida provisória dispõe sobre pro-
pequenas causas;
vidências no campo da saúde pública nacional, sem
XI - procedimentos em matéria processual;
prejuízo da legitimação concorrente dos Estados, do Dis-
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
trito Federal e dos Municípios. (ADI 6341, rel. Min. Mar-
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
co Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em 26.03.2020)
XIV - proteção e integração social das pessoas por-
Entenda o caso: Considerou o Ministro do STF
tadoras de deficiência;
que com fundamento no art. 23, II da CF que dispõe
XV - proteção à infância e à juventude;
da competência de todos os entes cuidarem da saú-
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
de e assistência pública. É oportuno mencionar tam-
polícias civis.
bém o art. 198, inciso I da CF. Vejamos os dispositivos
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competên-
mencionados.
cia da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplemen- Art. 23 É competência comum da União, dos
tar dos Estados. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os II - cuidar da saúde e assistência pública, da
Estados exercerão a competência legislativa plena, proteção e garantia das pessoas portadoras de defi-
para atender a suas peculiaridades. ciência; (grifo nosso)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
lhe for contrário. constituem um sistema único, organizado de acor-
do com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada
As regras de aplicação da competência concor-
esfera de governo; (grifo nosso)
rente estão relacionadas no § 1º ao 4º do mencionado
dispositivo, que determina que a União limitar-se-á
Por exemplo, em 11 de maio de 2020 o Presidente
a estabelecer normas gerais, entretanto não exclui a da República definiu como serviço essencial as acade-
competência suplementar dos Estados. Ainda, inexis- mias, salões de beleza e barbearias. Entretanto, com
tindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer- base no entendimento do STF e o art. 23 da CF expli-
cerão a competência legislativa plena, para atender a cado acima, cada estado poderá optar por receber e
suas peculiaridades. Por conseguinte, consagra o tex- implantar as regras contidas no Decreto do Presiden-
to constitucional que a superveniência de lei federal te, ou seja, cada Governador poderá entender por
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei esta- não receber este decreto e decidir por não aplica-
dual, no que lhe for contrário. -lo em seu estado, sempre observando o princípio
da proporcionalidade e o princípio da supremacia do
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E AS DECISÕES interesse público sobre o particular20.
FRENTE AO CORONAVÍRUS – ADI 926/2020
z Competência residual
Em março de 2020 determinado partido político
ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI A competência residual é a competência dos Esta-
6341) para questionar a Medida Provisória (MP) dos membros para se organizarem, consagrada art.
926/2020 – autoria do Governo Federal, que dispõe 25 da CF. Em relação ao Art. 25, da CF, considere:
sobre medidas para o enfrentamento da emergência
de saúde pública decorrente do coronavírus 2020. „ Competência Residual: Estados Organizam-se
Os legitimados da ADI sustentaram que a redis- e regem-se, assim fazendo a sua própria consti-
tribuição de poderes de polícia sanitária introduzida tuição estadual e leis observando os princípios
da CF/88.
pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu no regi-
me de cooperação entre os entes federativos. Ainda,
Art. 25 Os Estados organizam-se e regem-se pelas
alegaram que essa centralização de competência
Constituições e leis que adotarem, observados os
esvazia a responsabilidade constitucional de esta-
princípios desta Constituição.
dos e municípios para cuidar da saúde, dirigir o § 1º São reservadas aos Estados as competências
Sistema Único de Saúde e executar ações de vigi- que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
lância sanitária e epidemiológica. § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
Assim, ao apreciar o caso em tela, o Ministro Mar- mediante concessão, os serviços locais de gás cana-
co Aurélio, em decisão monocrática, considerou que lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida
a redistribuição de atribuições pela MP 926/2020 não provisória para a sua regulamentação.
afasta a competência concorrente dos entes fede- § 3º Os Estados poderão, mediante lei complemen-
rativos, ou seja, entendeu que a distribuição de atri- tar, instituir regiões metropolitanas, aglomera-
buições prevista na Medida Provisória não contraria ções urbanas e microrregiões, constituídas por

302 20 Decreto Nº 10.344, de 11 de Maio de 2020


agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- z STF considerou que lei estadual não pode isentar
grar a organização, o planejamento e a execução de cobrança de estacionamento de estabelecimen-
funções públicas de interesse comum. tos comerciais22. Da mesma forma considerou que
lei estadual não pode alterar data de vencimento
z Competência local das mensalidades escolares23.
z STF também já considerou que compete aos muni-
É a competência atribuída aos Municípios consa- cípios legislar sobre tempo de fila em banco.
grada no art. 30 da CF. Os municípios podem legislar Tema de Repercussão Geral nº 27224.
sobre temas da competência legislativa concorrente,
desde que seja no interesse local e suplementando a
Por fim, vejamos algumas Súmulas vinculantes25
legislação federal e estadual no que couber.
Ex.: O município pode legislar sobre o tema de Pes- importantes sobre o tema abordado:
ca se atividade econômica pescaria for predominante
no município, conforme o art. 30, I e II combinado Súmula Vinculante 2: É inconstitucional a lei ou
com art. 24 § 2º da CF. ato normativo Estadual ou Distrital que disponha
Em relação ao Art. 30, da CF, considere: sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
bingos e loterias.
„ Competência Legislativa Local: Temas de Súmula vinculante 38: É competente o Município
competência legislativa concorrentes desde para fixar o horário de funcionamento de estabele-
que seja de interesse local. cimento comercial.
Súmula vinculante 39: Compete privativamente à
Art. 30 Compete aos Municípios: União legislar sobre vencimentos dos membros das
I - legislar sobre assuntos de interesse local; polícias civil e militar e do corpo de bombeiros mili-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no tar do Distrito Federal.
que couber; Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito responsabilidade e o estabelecimento das respecti-
Federal legislar concorrentemente sobre: vas normas de processo e julgamento são de com-
[...] § 2º A competência da União para legislar sobre petência legislativa privativa da União.
normas gerais não exclui a competência suplemen-
tar dos Estados.

É sempre bom lembrar que no art. 32 da CF, o legis- EXERCÍCIOS COMENTADOS


lador dispõe sobre o Distrito Federal, o qual o mesmo
tem competência cumulativa, ou seja, a Lei Distrital 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à organiza-
pode ter conteúdo estadual e municipal. (Art. 32 § 1º, ção do Estado e às funções essenciais à justiça, julgue
art. 147 e 155 da CF). o item subsecutivo:
A forma federativa de Estado é cláusula pétrea, por-
Art. 32 O Distrito Federal, vedada sua divisão em que a Constituição Federal de 1988 veda a possibili-
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dade de emenda constitucional tendente a aboli-la,
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e não fazendo o mesmo em relação à forma de governo,
aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que constitui princípio sensível da ordem federativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
podendo ser autorizada intervenção federal no ente
lecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com- federado que a desrespeitar.
petências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios. ( ) CERTO ( ) ERRADO
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governa-
dor, observadas as regras do art. 77, e dos Deputa- As cláusulas pétreas estão relacionadas no § 4º do
dos Distritais coincidirá com a dos Governadores art. 60 da CF/88. Vejamos :
e Deputados Estaduais, para mandato de igual “§ 4º não será objeto de deliberação a proposta de
duração. emenda tendente a abolir:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislati- I - a forma federativa de Estado;
va aplica-se o disposto no art. 27. II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
III - a separação dos Poderes;
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
IV - os direitos e garantias individuais”.(grifo nosso)
polícia penal, da polícia militar e do corpo de bom-
beiros militar.
Resposta: Certo.

z A superveniência de lei federal sobre normas 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da organização


gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que político-administrativa do Estado, julgue os itens a
lhe for contrária. seguir.
z Regulamento de Uber (exemplo) deve ser fei-
to através de lei federal, mas quem fiscaliza é o I. O desmembramento de um município será determina-
município, ora, compete à lei federal regulamentar do por lei municipal, dentro do período determinado
transporte de pessoas que utilizam o aplicativo21. por lei complementar federal, e dependerá de consulta
21 Lei 13.640 de 26 de março de 2018.
22 ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.08.2016, DOU 07.02.2017.
23 ADI 1007/PE, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 31.08.2005, DOU 16.03.2016.
24 RE 610221RG, rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 29.04.2010, DOU 20.08.2010.
25 Súmula Vinculante é decisão editada pelo STF, por reiteradas decisões em matéria constitucional. 303
prévia, mediante plebiscito, às populações dos muni- 5. (VUNESP – 2019) Considerando a repartição de com-
cípios envolvidos, inexistindo a necessidade de divul- petências constitucionais, assinale a alternativa que
gação prévia de estudos de viabilidade municipal na aponta hipóteses de competência em que o Município
imprensa oficial. pode suplementar uma lei de outro ente federativo.
II. Os estados podem incorporar-se entre si, mediante a
aprovação da população diretamente interessada, por a) Explorar serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei imagens e sistemas de poupança, captação e garantia
complementar. da poupança popular.
III. É permitida somente à União a criação de distinções b) Legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios e
entre brasileiros. seguridade social e sobre registros públicos.
c) Fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
Assinale a opção correta. cimento alimentar e legislar sobre populações indígenas.
d) Cuidar da saúde e assistência pública e proteção e
a) Apenas o item I está certo.
garantia das pessoas portadoras de deficiência.
b) Apenas o item II está certo.
e) Proteger o patrimônio histórico, cultural, artístico,
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos. turístico e paisagístico e explorar os serviços locais de
e) Todos os itens estão certos. gás canalizado.

Cuidar da saúde e assistência pública e proteção e


Conforme o § 3º do art. 18 da CF os estados podem
garantia das pessoas portadoras de deficiência é
incorporar-se, subdividir-se ou desmembra-se para
se anexarem a outros mediante aprovação da popu- hipótese de competência em que o Município pode
lação através do plebiscito e do Congresso por lei suplementar uma lei de outro ente federativo, ou seja,
complementar. Referente Aos municípios, há necessi- é competência comum e tem previsão no inciso II do
dade de consulta prévia, mediante plebiscito às popu- art. 23 da CF. Resposta: Letra D.
lações dos municípios envolvidos, após divulgação
dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. Resposta: Letra B.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Conforme regras e inter-
pretação da CF, julgue o item subsequente, relativo à DISPOSIÇÕES GERAIS, SERVIDORES PÚBLICOS
autonomia municipal e intervenção de estado-membro
em município. Noções de Administração Pública
No âmbito de sua jurisdição, compete ao município a
Segundo José Afonso da Silva (2017), adminis-
fixação do horário de funcionamento de estabelecimen-
tração pública é o conjunto de meios institucionais,
tos comerciais, uma vez que se trata de assunto de inte-
financeiros e humanos destinados à execução das
resse local.
decisões políticas26.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras
( ) CERTO ( ) ERRADO
gerais e preceitos específicos no Título III, Capítulo
VII. São normas que tratam da organização, diretrizes,
Entendimento conforme súmula vinculante nº 38 remuneração e atuação dos servidores, acesso aos car-
“É competente o Município para fixar o horário de fun- gos públicos etc. Assim, a seguir passaremos a estudar as
cionamento de estabelecimento comercial.” Respos-
regras e preceitos específicos da Administração Pública.
ta: Certo.
Natureza e Elementos
4. (VUNESP – 2018) Considerando os dispositivos da
Constituição Federal que tratam da repartição de com-
O Título III, da Constituição Federal refere-se às nor-
petências dos entes federados, se um Estado editar
mas das orientações de atuação dos agentes administra-
uma lei disciplinando o funcionamento do juizado de
tivos, empregos públicos, responsabilidade civil etc..., ou
pequenas causas, essa lei será:
seja, trata-se da administração de bens e interesse públi-
co, assim, conclui-se que a administração pública tem
a) inconstitucional, pois os Estados não podem legislar
natureza de “múnus público”. Por exemplo, os agentes
sobre essa matéria.
públicos são obrigados a velar pela estrita observância
b) constitucional, uma vez que essa matéria é de com-
dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
petência legislativa comum entre todos os entes
dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
federados.
afetos, caso contrário o agente estará cometendo ato de
c) constitucional se ela se limitar a suplementar as nor-
improbidade administrativa sujeito as sanções e penali-
mas gerais da União existentes sobre a matéria.
dades previstas na Lei nº 8429/1992.
d) constitucional, porque os Estados podem legislar, pri-
vativamente, sobre normas gerais nessa matéria.
e) inconstitucional, uma vez que a competência para Dica
legislar sobre essa matéria é privativa da União.
A palavra múnus tem origem no latim e signifi-
Conforme inciso X, do art. 24 da CF é competência ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma
concorrente da União e dos Estados legislar sobre obrigação imposta por lei, em atendimento ao
criação, funcionamento e processo do juizado de poder público, que beneficia a coletividade e não
pequenas causas. Resposta: Letra C. pode ser recusado, exceto nos casos previstos
304 26 SILVA, op. cit, p. 665.
em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como Temos a princípio o poder vinculado que é o
testemunha, atuar como mesário eleitoral, servi- poder que a Administração Pública deve exercer nos
ço militar, entre outros.27 termos da lei.
Quanto ao poder discricionário, a Administração
Toda vez que a administração pública pratica uma
ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato possui uma margem de escolha entre as opções exis-
administrativo que produz efeitos que podem criar, tentes na lei.
modificar ou extinguir direitos. Por sua vez, o poder normativo é aquele conferi-
Os elementos dos atos administrativos são com- do ao Poder Executivo para editar normas, por exem-
petência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda
plo, conforme art. 84 da CF/88, inciso IV, vejamos:
vez que um ato é praticado deve se observar qual é a
competência da pessoa que o praticou, ou seja, a com-
petência é a função atribuída a cada órgão ou autori- Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
dade por lei, tem como característica ser irrenunciável, República:
imprescritível, inderrogável e improrrogável. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 (Lei que regula o bem como expedir decretos e regulamentos para
processo administrativo no âmbito da administração sua fiel execução;
pública), permite a delegação de competência, vejamos:
Por conseguinte, o poder disciplinar é o poder
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par- que fundamenta a Administração Pública a aplicar
te da sua competência a outros órgãos ou titulares, sanção disciplinar e apurar possíveis infrações dos
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente servidores públicos. Importante frisar que os parti-
subordinados, quando for conveniente, em razão de culares contratados pela administração pública tam-
circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
bém se sujeitam ao poder disciplinar, por exemplo,
jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo estão sujeitos às penalidades impostas no art. 87 da
aplica-se à delegação de competência dos órgãos Lei 8.666/1993.
colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 87 Pela inexecução total ou parcial do contrato
O resultado do ato administrativo é o objeto, ou a Administração poderá, garantida a prévia defesa,
seja, é aquilo que o ato decide, por exemplo, a puni- aplicar ao contratado as seguintes sanções:
ção decorrente de uma multa de trânsito. O elemento I - advertência;
motivo são as razões de fato e de direito que levaram II - multa, na forma prevista no instrumento convo-
a Administração Pública a praticar determinado ato,
catório ou no contrato;
por exemplo, é a infração de trânsito que deu origem
III - suspensão temporária de participação em lici-
a multa. A finalidade deve objetivar alcançar sempre
tação e impedimento de contratar com a Adminis-
o interesse público (definido em lei), é o resultado
que a Administração Pública pretende alcançar com tração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
determinado ato, por exemplo, a desapropriação por IV - declaração de inidoneidade para licitar ou
utilidade pública. Por fim, a forma é manifestação do contratar com a Administração Pública enquanto
ato, por exemplo, publicar no Diário Oficial da União perdurarem os motivos determinantes da punição
a nomeação do Servidor Público. ou até que seja promovida a reabilitação perante a
própria autoridade que aplicou a penalidade, que
será concedida sempre que o contratado ressarcir
COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato.
a Administração pelos prejuízos resultantes e após
OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide. decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
inciso anterior.
MOTIVO Razões fáticas e jurídicas.

Resultado que o ato deseja (interesse O poder hierárquico atribui a distribuição de NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
FINALIDADE
público). competências no âmbito da Administração Pública,
FORMA Manifestação do ato. ou seja, é o escalonamento de competências e funções.
Já o poder de polícia é quando o Estado coloca con-
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA dições (limites) ao exercício de direitos individuais,
para garantia da ordem pública, segurança pública,
Os poderes que a Administração Pública possui são interesse público e saúde pública. Por exemplo, a
exercidos quando o Estado assume a sua função admi- determinação pela autoridade competente de fecha-
nistrativa. A função administrativa é exercida pelos mento de um estabelecimento comercial por vender
três poderes da República, de forma típica pelo exe-
produtos com prazo de validade vencido.
cutivo e de forma atípica pelo legislativo e judiciário.
Ainda, a Administração Pública não pode renun- Cuidado para não confundir poder de polícia com
ciar os poderes, sendo exercício obrigatório. Assim, a prestação de serviço público que são ações positi-
agora vamos falar sobre cada um dos poderes atribuí- vas, fazeres do Estado. O art. 78 do Código Tributário
dos à Administração Pública. Nacional traz o conceito do poder de polícia, observe:
27 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
em: 12 out 2020. 305
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade da A banca examinadora ao formular uma questão
administração pública que, limitando ou discipli- também pode se referir aos entes da Administração
nando direito, interesse ou liberdade, regula a práti- Direta pelos seguintes nomes:
ca de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, z �Entes Federados;
aos costumes, à disciplina da produção e do merca- z �Entes Políticos;
do, ao exercício de atividades econômicas dependen- z �Pessoas Políticas;
tes de concessão ou autorização do Poder Público, à z �Administração Centralizada.
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
aos direitos individuais ou coletivos. Já as entidades da Administração Pública indire-
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício ta são entidades criadas pela administração pública
do poder de polícia quando desempenhado pelo direta (por meio de lei, tendo uma finalidade espe-
órgão competente nos limites da lei aplicável, com cífica), que tem autonomia administrativa (para se
observância do processo legal e, tratando-se de organizar), técnica (atribuições especificadas em lei)
atividade que a lei tenha como discricionária, sem e financeira, ou seja, a Administração Pública indireta
abuso ou desvio de poder. é quando o serviço público é prestado pelo estado de
forma descentralizada.
ORGANIZAÇÃO Fazem parte da Administração Pública indireta as
Autarquias, Fundações Públicas, Sociedade de Econo-
“A organização no Estado Federal é complexa, mia Mista e Empresas Públicas:
porque a função administrativa é institucionalmente
imputada a diversas entidades governamentais autô- z Autarquias Federais são responsáveis pela fisca-
nomas, que, no caso brasileiro estão expressamente lização e regulamentação de atividades ligadas à
referidas no próprio art. 37, de onde decorre a exis- telecomunicação, energia elétrica e petróleo. Ex.:
tência de várias Administrações Públicas: a federal ANATEL, ANEEL, ANP;
(da União), a de cada Estado (Administração estadual), z Fundações são entidades que executam ativida-
a do Distrito Federal e a de cada Município (Adminis- des sociais (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucra-
tração municipal ou local), cada qual submetida a um tivos. Ex.: FUNASA, FUNAI etc.;
Poder político próprio, expresso por uma organização z Empresas Públicas são entidades em que 100%
governamental autônoma.” (SILVA, 2017, p. 665). do capital é público, podendo ser tanto uma socie-
dade anônima como uma sociedade limitada. Ex.:
Conforme o art. 4º do Decreto-Lei 200/1967 a Admi-
Correios e Caixa Econômica Federal;
nistração Pública no Brasil compreende em adminis-
z Sociedade de Economia Mista deve ser criada
tração direta e administração indireta.
necessariamente sobre a forma de uma sociedade
anônima (S.A). Seu capital é formado por dinheiro
Art. 4º A Administração Federal compreende:
público e privado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras.
I - A Administração Direta, que se constitui dos
serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios. A administração direta exerce o chamado controle
Exemplo: São os também os chamados entes políti- finalístico ou supervisão ministerial sobre a adminis-
cos com autonomia para se organizar e editar suas tração indireta.
normas. Ainda, a banca examinadora ao formular uma
II - A Administração Indireta, que compreende questão também pode se referir aos entes da Admi-
as seguintes categorias de entidades, dotadas de nistração Indireta com os seguintes nomes:
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias; z Entidade Administrativa;
b) Empresas Públicas; z Administração Pública Descentralizada;
c) Sociedades de Economia Mista. z A Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
d) fundações públicas.
na prova também podem ser chamadas de: Empre-
Parágrafo único. As entidades compreendidas na
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
sas Estatais.
em cuja área de competência estiver enquadrada
sua principal atividade. ADM. PÚBLICA ADM. PÚBLICA
DIRETA INDIRETA
A Administração Pública direta é composta por Entidade administra-
pessoas jurídicas de direito público regidas pelos tiva.
Entes políticos
princípios da supremacia do interesse público sobre o Autarquias-fundações
FORMAÇÃO União - Estados - DF
públicas-sociedade de
particular e da indisponibilidade do interesse público. - Municípios
economia mista – em-
Ainda, tem autonomia política (para editar normas), presas públicas.
administrativa (organização) e financeira (podem
Pessoas jurídicas
realizar auditoria das próprias contas, além da lei de de direito público, Pessoas jurídicas de
responsabilidade fiscal), sendo que os Entes da Admi- com autonomia direito público e pri-
nistração Pública direta não possuem hierarquia. O NATUREZA política, adminis- vado, com autonomia
texto constitucional no art. 18 dispõe da administra- trativa e financeira. administrativa, técnica
ção direta, vejamos: Entes políticos são e financeira.
PJ de DP interno.
Art. 18 A organização político-administrativa da Não existe hie-
República Federativa do Brasil compreende a União, rarquia entre os Não tem subordinação
ESPECIFIDADES
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos entes, esses têm entre elas.
306 autônomos, nos termos desta Constituição. autonomia.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA ADMINISTRAÇÃO LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra-
PÚBLICA tivo, são assegurados a razoável duração do pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
Os princípios específicos da Administração Pública tramitação.
estão fundamentados no caput do art. 37 da Constitui-
ção, são os chamados princípios constitucionais explí-
Referente ao princípio da razoabilidade e pro-
citos da administração pública, vejamos:
porcionalidade o agente público quando vai agir
Art. 37 A administração pública direta e indireta deve praticar os atos de forma proporcional, para
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do evitar os excessos, serve de limite para os atos discri-
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos cionários. Por exemplo, o art. 132, VII, da Lei nº Lei
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- 8.112/90, prevê a demissão do servidor público em
de, publicidade e eficiência [...].
caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso
Vamos à análise de cada um dos princípios expres- das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali-
sos no caput dispositivo em comento. sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso
No princípio da legalidade o agente público está de força física em alguns casos, sendo que esta não é
restringido ao que a lei o autoriza a fazer (compe- uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto.
tência de atuação), ou seja, deve atuar somente den-
Já o princípio da supremacia do interesse público
tro dos limites estabelecidos em lei, assim, quando o
agente pratica um ato que não está previsto em lei, se refere ao interesse público, devendo este sempre
este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse
público recebe vantagem econômica de qualquer da sociedade prevalece sobre o interesse individual.
natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de
ou a prática de jogos de azar. 2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação
No princípio da impessoalidade (ou princípio da
finalidade) o agente público sempre deve prezar pela pelo poder público para que ocorresse o isolamento
defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia (lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu
(tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun- direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala-
ções públicas. midade pública decretada, note que, o interesse da
Já o princípio da moralidade está relacionado à coletividade deve ser sempre observado e ter prefe-
ideia de boa fé e probidade, sendo que o agente deve
rência em relação ao direito do particular.
atuar buscando o interesse público e evitar se valer do
cargo público e do poder incumbido para se promover No que tange ao princípio da autotutela, esse
ou atender algum interesse individual. se refere ao poder que a Administração Pública tem
No que tange ao princípio da publicidade, este para anular seus próprios atos, ou seja, não depende
exige que a atuação do poder público seja transparen- do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas.
te e com acesso à informação a toda população, sendo
Por exemplo, a Previdência Social defere a con-
que as informações devem ser claras e publicadas no
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade cessão de benefício previdenciário (por força de uma
(editais) conforme a lei de acesso à informação, assim interpretação errônea) a um determinado cidadão,
os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos entretanto após identificar o erro à própria Previdên-
agentes públicos. cia Social pode cancelar esse benefício.
No que concerne aos princípios, o princípio da efi-
Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem
ciência, como o próprio nome já demonstra, refere-se
à atuação da administração pública com presteza e da por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia
maneira mais eficiente possível, por exemplo, a pres- de que o agente público irá desempenhar sua função
teza do agente público no atendimento em um hospi- observando as diretrizes da Administração Pública.
tal, objetivando garantir o atendimento mais rápido
possível aos pacientes, garantindo a estes o acesso ao

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


médico e medicamentos de maneira eficiente. PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
z Princípios implícitos
EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS
Ainda, além dos princípios expressos no art. 37 da
Expressos art. 37 CF/88
Constituição, a Administração Pública também deve
observar os da supremacia do interesse público, “L I M P E”
princípio da razoabilidade, princípio da propor- � Supremacia do Inte-
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da z Legalidade; resse Público;
segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha- z Impessoalidade; � Razoabilidade;
madas de “princípios implícitos” que, apesar de não z Moralidade; z Proporcionalidade;
estarem expressos na Constituição, também devem z Publicidade; z Autotutela;
ser observados pela Administração Pública. z Eficiência. z Segurança Jurídica.
Os princípios implícitos são obtidos por meio de
uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí- O Agente público deve observar os princípios
citos no texto mesmo não aparecendo expressamente. administrativos explícitos do art. 37 da CF e também
Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está
escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele os princípios implícitos da Administração Pública,
também pode ser observado a partir do que dispõe o sendo que a não observância do mesmo resultará em
art. 5º, inciso LXXVIII da CF, vejamos: responsabilização criminal, civil e administrativa. 307
SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES O art. 41 da CF consagra estabilidade para os ser-
vidores públicos após três anos de efetivo exercício
Nesse tópico de estudo é importante não confundir (estágio probatório), desde que cumpram os seguin-
agente público, agente político e agente administrati- tes requisitos: a) aprovação em concurso público;
vo, pois a troca de uma simples palavra pode mudar b) nomeação; c) avaliação especial de desempenho.
todo contexto e definição. Vejamos o § 4º do mencionado dispositivo que deter-
A utilização da expressão agente público é um mina a obrigatoriedade de comissão com a finalidade
termo genérico, pois abrange a todos que tem vínculo de avaliação para estabilidade:
com o Estado, inclusive aqueles que têm um vínculo
temporário e não remunerado. § 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
Agentes políticos são os detentores de manda- de, é obrigatória a avaliação especial de desempe-
to eletivo, chamados também de agentes de primei- nho por comissão instituída para essa finalidade.
ro escalão, cargos previstos na CF/88, por exemplo:
o Presidente da República, Senadores, Deputados, Após o estágio probatório o servidor público só
Ministros do STJ, Membros do Ministério Público etc. perderá o cargo em virtude de sentença transitada em
Bem como, os agentes administrativos são aque- julgado, mediante processo administrativo, assegura-
les que exercem uma atividade sujeita a hierarquia do a ampla defesa, ou mediante procedimento de ava-
funcional, ocupantes dos cargos públicos, empregos liação periódica de desempenho, assegurada ampla
públicos e funções públicas na administração direta defesa. Sobre esse tema, é importante a observância
ou indireta da Federação. O acesso ao cargo ocorrerá do art. 41, § 2º da CF, sobre eventual invalidade da
a partir de nomeação, concurso público ou designa- demissão do servidor estável:
ção, cabendo exercer atividade de forma remunerada
e profissional. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
José Afonso da Silva (2017) preleciona que, confor- servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
me a Constituição Federal, os agentes administrativos ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
se repartem em dois grupos: servidores públicos e de origem, sem direito a indenização, aproveitado
militares. em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço.
z Servidores públicos
z Empregados públicos: Os servidores investidos
Os servidores públicos compreendem outras em empregos têm regime jurídico de natureza
quatro categorias: 1) Servidores investidos em car- trabalhista, ou seja, são regidos pela CLT (Conso-
gos (estatutário); 2) Servidores públicos investidos lidação das Leis do Trabalho). O ingresso também
em empregos (empregados públicos); 3) Servidores é por meio de concurso público, entretanto não
admitidos em funções públicas (comissionados); adquirem a estabilidade do art. 41 da CF. Ex.: Ban-
4) Servidores contratados por tempo determinado cário da Caixa Econômica Federal.
(temporários). z Servidores comissionados: Os servidores investi-
dos em funções públicas são os que ocupam car-
go em comissão e são livremente nomeados ou
AGENTES PÚBLICOS exonerados por autoridade competente (art. 37, V
da CF). Cabe ressaltar que os ocupantes de cargos
PARTICULARES
AGENTE AGENTE
EM comissionados têm caráter transitório, ou seja, não
POLÍTICO ADMINISTRATIVO gozam de estabilidade.
COLABORAÇÃO
z Servidores temporários: Os servidores temporá-
� Servidores Públi- � Militares � Agentes rios são contratados por tempo determinado em
cos (estatutário) � Emenda Constitu- Honoríficos situações excepcionais de interesse público, exer-
� Empregados Pú- cional 18/1998 � Agente cem função pública remunerada de caráter tem-
blicos (celetista) Delegado porário, o vínculo com a administração pública
� Servidores � Agentes é contratual (contrato de direito público – não de
Comissionados Credenciados natureza trabalhista). Ex.: Professores, conforme
� Servidores a Lei nº 8745/1993 que dispõe sobre a contratação
Temporários por tempo determinado para atender à necessida-
de temporária de excepcional interesse público.
z Servidores públicos estatutários:
Já os particulares em colaboração são pessoas que
Estão sujeitos ao regime jurídico de direito públi- transitoriamente prestam serviços para o Estado,
co, ingresso por meio de concurso público, titulares de vejamos:
cargos efetivos. Ex.: Delegado e Analista.
O prazo de validade do concurso público será de z Agentes Honoríficos: Solicitado para designar um
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período serviço específico, em função de sua honra para
(art. 37, III da CF). Bem como, durante o prazo impror- colaborar com o Estado, sem remuneração e sem
rogável previsto no edital de convocação, o candidato vínculo. Ex.: Mesários eleitorais e Jurado.
aprovado em concurso público de provas ou de pro- z Agente Delegado: É um particular autorizado a
vas e títulos será convocado com prioridade sobre realizar um determinado serviço público, remune-
novos concursados para assumir cargo ou emprego. rado pela atividade executada, sem vínculo com a
(Art. 37, IV da CF). administração. Ex.: Leiloeiro.
Ainda, conforme art. 37, VI da CF é assegurado z Agentes Credenciados: Representam o Estado
ao servidor público civil o direito à livre associação com um objetivo específico, sendo remunerado
308 sindical. para executar a atividade determinada. Ex.: Pessoa
competente para representar o Brasil em deter- § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
minado evento em função de seu conhecimento seguintes condições:
sobre tema específico. I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
MILITARES II - se contar mais de dez anos de serviço, será
agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
sará automaticamente, no ato da diplomação, para
A Emenda Constitucional n. 18/1998 modificou o a inatividade.
texto constitucional, que antes consagrava os milita-
res como servidores públicos e dispôs dos militares Conforme nova redação atribuída pela Emenda
como um grupo separado, ou seja, formalmente dei- Constitucional nº 109/2019, para fins de aposentado-
xaram de ser tratados pela Constituição como servi- ria será assegurada a contagem recíproca do tempo
dores públicos. de contribuição entre o Regime Geral de Previdência
Entretanto, na prática não houve mudanças e con- Social e os regimes próprios de previdência social, e
tinuam sendo agentes públicos. Bem como, são remu- destes entre si, observada a compensação financeira,
nerados por subsídio, conforme art. 39, § 4º da CF. de acordo com os critérios estabelecidos em lei. Bem
como, o tempo de serviço correspondente será conta-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato do para fins de disponibilidade (art. 40 § 9º da CF).
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Ainda, terão contagem recíproca para fins de ina-
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- tivação militar ou aposentadoria e a compensação
sivamente por subsídio fixado em parcela única, financeira será devida entre as receitas de contribui-
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi- ção referentes aos militares e as receitas de contribui-
cional, abono, prêmio, verba de representação ou ção aos demais regimes. Por exemplo, caso o militar
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- tenha atuado nas forças armadas e posteriormente
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. tomou posse em cargo público poderá averbar esse
tempo que atuou como militar para fins de aposenta-
A seção III do título III da Constituição que trata doria civil.
dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Por conseguinte, a Emenda Constitucional nº
Territórios tem apenas um artigo (art. 42), pois as 101/2019 também incluiu o § 3º ao art. 42 da CF para
forças armadas são tratadas em capítulo diverso (art. vedar a acumulação remunerada de cargos públicos
142), ou seja, após a EC 18/1998 a Constituição passou pelos militares, ou seja, determinou a aplicação do art.
a tratar de forma diversa os militares, dividindo em 37, XVI da CF para os militares dos Estados, DF e Ter-
dois capítulos. Conforme considerações de Alexandre ritórios, vejamos.
de Moraes:
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
A organização e o regime únicos dos servidores públicos, exceto, quando houver compatibilidade
públicos militares já diferiam entre si, até porque de horários, observado em qualquer caso o dispos-
o ingresso nas Forças Armadas dá-se tanto pela via to no inciso XI:
compulsória do recrutamento oficial, quanto pela a) a de dois cargos de professor;
via voluntária do concurso de ingresso nos cursos b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
de formação dos oficiais; enquanto o ingresso dos científico;
servidores militares das polícias militares ocor- c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
re somente por vontade própria do interessado, sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
que se submeterá a obrigatório concurso público.
(MORAES, 2011, p. 413) Dica
Cuidado ao responder questão de prova: confor-
Entenda:
me a Constituição Federal (EC nº18/19998), os
militares não são denominados como servidores
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
MILITARES NA CF/88 públicos civis.
POLÍCIA MILITAR FORÇAS ARMADAS IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Art. 42 da CF Art. 142 e 143 da CF
Os atos de improbidade administrativa são os atos
Ingresso: Ingresso:
previsto na Lei nº 8429/1992 que violam os princí-
pios constitucionais e legais da administração públi-
z Voluntário: median- z Compulsório
ca, estando sujeitos a sanções aplicáveis aos agentes
te aprovação em – recrutamento;
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exer-
concurso público; z Voluntário – curso de
cício de mandato, cargo, emprego ou função na admi-
formação;
nistração pública direta, indireta ou fundacional. Por
exemplo, no caso de enriquecimento ilícito, o agente
Conforme art. 42 da CF, com base na hierarquia e público poderá perder os bens ou valores acrescidos
disciplina, os militares dos Estados, Distrito Federal e ao seu patrimônio.
Territórios são compostos por membros das Polícias Os agentes públicos de qualquer nível ou hierar-
Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Ainda, o quia são obrigados a velar pela estrita observância
mencionado dispositivo no § 1º dispõe que os milita- dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
res são alistáveis e elegíveis, devendo ser observadas dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
as regras do art. 14, § 8º da CF: afetos (art. 4º da Lei nº 8429/1992). 309
Vamos relembrar conforme estudamos no tópico e este contra o particular, não sendo possível o parti-
dos princípios administrativos: cular mover a ação diretamente contra o Estado e o
Agente público. Vejamos:
z Princípio da legalidade: o agente público deve
atuar somente dentro dos limites estabelecidos RECURSO EXTRAORDINÁRIO – RESPONSABI-
em lei, por exemplo, o agente público recebe van- LIDADE OBJETIVA DO ESTADO – ENQUADRA-
tagem econômica de qualquer natureza, direta ou MENTO NO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL
indireta, para tolerar a exploração ou a prática de – AGRAVO PROVIDO. 1. O Tribunal de origem
jogos de azar; reformou o entendimento adotado na sentença,
z Princípio da impessoalidade: o agente público afirmando caber à vítima escolher quem demanda-
sempre deve prezar pela defesa do interesse públi- rá: o agente público responsável pelo ato lesivo ou
co, deve tratar a todos sem privilégio no exercício o Estado. Consignou inexistirem motivos razoáveis
para proibir o acionamento direto do servidor cujos
das funções públicas;
atos tenham, culposa ou dolosamente, prejudicado
z Princípio da moralidade: o agente deve atuar
o indivíduo. Entendeu estarem presentes os requisi-
buscando o interesse público e evitar se valer do
tos para responsabilização da recorrida por danos
cargo público e do poder incumbido para se pro- materiais, tendo em vista a ilegalidade do ato de
mover ou atender algum interesse individual; remoção do autor. (RE 1.027.633 SP, rel, Min. Marco
z Princípio da publicidade: este exige que a atua- Aurélio, julgado em 14.08.2019, Dje em 06.12.2019)
ção do poder público seja transparente e com aces-
so à informação a toda população, por exemplo, PLANEJAMENTO, COORDENAÇÃO,
as informações devem ser claras e publicadas no DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGAÇÃO DE
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicida-
COMPETÊNCIA E CONTROLE
de (editais) conforme a lei de acesso à informação,
assim os cidadãos podem fiscalizar os atos pratica-
O planejamento, coordenação, descentralização,
dos pelos agentes públicos.
delegação de competência e controle, são princípios
z Princípio da eficiência: como o próprio nome já
fundamentais que as atividades da administração
demonstra, refere-se à atuação da administração
federal devem obediência, estão consagrados no texto
pública com presteza e de maneira mais eficiente
do Decreto-Lei nº 200/1967, decreto que estabeleceu a
possível, por exemplo, a presteza do agente públi-
reforma administrativa federal do regime militar.
co no atendimento em um hospital, objetivando
garantir o atendimento mais rápido possível aos
Art. 6º As atividades da Administração Federal
pacientes, garantindo a estes o acesso ao médico e
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
medicamentos de maneira eficiente.
I - Planejamento.
II - Coordenação.
Conforme art. 37, § 4º da CF os atos de improbi- III - Descentralização.
dade importarão na suspensão dos direitos políticos, IV - Delegação de Competência.
perda da função pública, indisponibilidade dos bens e V - Controle.
o ressarcimento ao erário.
Ainda, a Constituição no art. 37, § 6º prevê a res- Planejamento
ponsabilidade civil objetiva do Estado nos danos
causados por seus agentes públicos, ou seja, as pes- O planejamento visa a segurança nacional e o
soas jurídicas de direito público e as de direito priva- desenvolvimento econômico-social do Brasil que com-
do prestadoras de serviços públicos respondem pelos preenderá a elaboração e atualização do plano geral
danos causados por seus agentes a terceiros. de governo, dos programas gerais, setoriais e regio-
Entretanto, é assegurado o direito de regresso nais, de duração plurianual, do orçamento-programa
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, ou anual e da programação financeira de desembolso.
seja, caso seja comprovada o dolo ou a culpa do agen- Ainda, conforme consagra o art. 15 do decreto-lei
te público pode a Administração pública ajuizar ação 200/67, a ação administrativa do Poder Executivo obe-
contra este agente que causou o dano. decerá a programas gerais, setoriais e regionais de
Neste caso, é necessário o particular demonstrar duração plurianual, elaborados pelos órgãos de plane-
a ocorrência entre o dano e o fato ocorrido, ou seja, a jamento, sob a orientação e a coordenação superiores
ocorrência do nexo de causalidade, configurada esta- do Presidente da República.
rá à responsabilidade civil do Estado. Como exemplo, podemos citar o plano plurianual
Vejamos o exemplo a seguir: (PPA) modelo orçamentário de planejamento e gestão
Um determinado agente público no exercício de está previsto no art. 165 da Constituição, em que as
suas funções colide com o veículo de um particular; leis de iniciativa do poder executivo estabelecerão o
plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os
O particular move ação de indenização contra o
orçamentos anuais.
Estado;
O plano plurianual estabelece os programas de
Posteriormente o estado é condenado a pagar o
duração continuada e despesas de capital da adminis-
dano causado. tração Pública, ou seja, é um planejamento de médio
O Estado verifica o dolo do agente, que estava sob prazo que estabelece de forma regionalizada as metas
efeito de álcool, então move ação de regresso para que e diretrizes da administração pública.
o causador ressarça ao Estado a indenização que foi Ainda, conforme consagra o art. 15, § 3º, a aprova-
paga ao particular; ção dos planos e programas gerais, setoriais e regionais
Obs.: Além das sanções administrativas que este é da competência do Presidente da República, sendo
Agente está sujeito. que, cada ano será elaborado um orçamento-progra-
Seguindo este entendimento o Supremo Tribunal ma, que pormenorizará a etapa do programa pluria-
Federal, em agosto de 2019, considerou que a pessoa nual a ser realizada no exercício seguinte e que servirá
310 prejudicada deve mover ação somente contra Estado de roteiro à execução coordenada do programa anual.
Coordenação Controle

A coordenação tem como objetivo a organização da O controle deve ser feito pela chefia por meio de
administração pública, ou seja, objetiva evitar a dupli- auditorias e também pelo sistema de controle interno.
cidade de atuação pelos órgãos da administração. Conforme consagra o art. 13 do mencionado decre-
Diante disto, as atividades da Administração to, o controle das atividades da Administração Federal
deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os
Federal e, especialmente, a execução dos planos e
órgãos, compreendendo, particularmente, o contro-
programas de governo, serão objeto de permanente
le da execução dos programas e da observância das
coordenação (art. 8º Decreto-lei 200/67). normas que governam a atividade específica do órgão
Bem como, a coordenação será exercida em todos controlado, o controle, pelos órgãos próprios de cada
os níveis da administração, com a realização sistemáti- sistema, da observância das normas gerais que regu-
ca de reuniões e com a participação das chefias subor- lam o exercício das atividades auxiliares e o controle
dinadas e a instituição e funcionamento de comissões da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos
de coordenação em cada nível administrativo. bens da União pelos órgãos próprios do sistema de
Exemplo, O Ministério do Exército administra os contabilidade e auditoria.
negócios do Exército, o Ministério da Aeronáutica Exemplo: o Tribunal de contas da União que tem
administra os negócios da Aeronáutica e o Ministério como função realizar inspeções e auditorias de natu-
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
da Marinha administra os negócios da Marinha de
patrimonial, nas unidades administrativas dos Pode-
Guerra.
res Legislativo, Executivo e Judiciário.
Descentralização

A descentralização é a delegação de ativida- EXERCÍCIOS COMENTADOS


des, mas sem o Estado deixar de fiscalizar, atuando
indiretamente. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De acordo com os prin-
O decreto em estudo prevê que a descentralização cípios e valores que regem a administração pública, o
deve ser posta em prática em três planos principais servidor público.
(art. 10), quais sejam:
a) deverá zelar pelo princípio da supremacia do interesse
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distin- público, que veda, ao servidor, o questionamento da
guindo-se claramente o nível de direção do de execução; validade do ato a ser praticado.
b) da Administração Federal para a das unidades b) deverá impor a penalidade cabível àquele que deixar
federadas, quando estejam devidamente aparelha- de observar a legislação aplicável a um caso concreto,
das e mediante convênio; sendo irrelevante a comprovada boa-fé demonstrada
c) da Administração Federal para a órbita privada, pelo particular.
mediante contratos ou concessões. c) deverá zelar pelos princípios que regem a adminis-
tração pública e deles não poderá se afastar, sob
Sendo que a aplicação dessa possibilidade está con- pena de eventual responsabilização criminal, civil e
dicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse administrativa.
público e às conveniências da segurança nacional. d) poderá afastar o comando da lei diante de uma
Exemplo: as Autarquias Federais que são res- injustiça.
ponsáveis pela fiscalização e regulamentação de ati- e) poderá deixar de entregar documentos sigilosos soli-
vidades ligadas à telecomunicação, energia elétrica citados pelas autoridades competentes que possam
e petróleo. (Ex.: ANATEL, ANEEL, ANP) e Fundações comprometer a administração pública e o interesse
que são entidades que executam atividades sociais público.
(pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucrativos (Ex.:
FUNASA, FUNAI etc.); O agente público deve observar os princípios admi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
nistrativos explícitos do art. 37 da CF e também os
Delegação de competência princípios implícitos da Administração Pública, sen-
do que a não observância do mesmo resultará em
É um instrumento de descentralização administrati- responsabilização criminal, civil e administrativa.
va, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetivi- Resposta: Letra C.
dade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos,
pessoas ou problemas a atender (art. 11 Decreto-lei 2. (FCC – 2020) De acordo com o artigo 37 da Constitui-
200/67), ou seja, um órgão administrativo poderá dele- ção Federal de 1988, os princípios da Administração
gar parte de sua competência a outros órgãos, ainda que pública da
estes não sejam hierarquicamente subordinados.
Ainda, o ato de delegação deverá indicar com pre- a) moralidade e publicidade devem ser obedecidas por
cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e uma autarquia estadual.
as atribuições objeto de delegação. b) legalidade e universalidade devem ser obedecidas por
Exemplo: em 1996 por meio da Lei nº 9.277/1996, uma assembleia legislativa estadual.
a União delegou aos Estados a administração de rodo- c) eficiência e competência devem ser obedecidas por
vias e exploração de trechos de rodovias, ou obras empresas públicas estaduais.
rodoviárias federais. d) exclusividade e impessoalidade devem ser obe-
São indelegáveis atos normativos, decisões em recur- decidas por instituições sem fins lucrativos não
sos administrativos e matérias de competência exclusiva. governamentais. 311
e) prudência e eficiência devem ser obedecidas pelos e) inquérito policial do qual tenha resultado relatório final
órgãos da administração direta estadual. assinado pelo Delegado de Polícia apontando prática
de crime.
Conforme art. 37 da CF/88 a Administração pública indi-
reta também deve obediência aos princípios da mora- A alternativa (b) está em consonância com o art. 41,
lidade e publicidade conforme caput do art. 37 da CF. § 1º, III da CF: O servidor público somente perde-
Resposta: Letra A. rá o cargo diante de três hipóteses, em virtude de
sentença judicial transitada em julgado, mediante
3. (VUNESP – 2018) Nos termos da Constituição Fede- processo administrativo em que lhe seja assegu-
ral, invalidada por sentença judicial a demissão do ser- rada ampla defesa ou mediante procedimento de
vidor estável, avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa. Resposta:
a) ele não será reintegrado e deverá aguardar decisão Letra B.
sobre as providências que serão adotadas em rela-
ção ao eventual ocupante da vaga, o qual necessitará
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando a jurispru-
ser dispensado após a conclusão do devido processo
dência do STF a respeito do direito de greve dos servi-
administrativo, assegurando-se a ampla defesa e o
dores públicos, julgue o item seguinte.
contraditório.
Os servidores públicos, sejam eles civis ou militares,
b) ele não será reintegrado e deverá aguardar decisão
possuem direito a greve.
sobre as providências que serão adotadas em relação
ao eventual ocupante da vaga, o qual necessitará ser
exonerado, dispensando-se a instauração de processo ( ) CERTO ( ) ERRADO
administrativo.
c) será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se Aos militares é proibida a sindicalização e greve,
estável, reconduzido ao cargo de origem com direito conforme art. 142, §3º, IV da CF. Nesse sentido, o
à indenização, aproveitado em outro cargo ou posto Supremo Tribunal Federal já se posicionou sobre
em disponibilidade com remuneração proporcional ao o tema, vejamos: “O exercício do direito de greve,
tempo de serviço. sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos
d) será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se policiais civis e a todos os servidores públicos que
estável, reconduzido ao cargo de origem sem direito atuem diretamente na área de segurança pública”
à indenização, aproveitado em outro cargo ou posto (STF. ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de
em disponibilidade com remuneração proporcional ao Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11-6-2018). Resposta:
tempo de serviço. Errado.
e) será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
estável, não poderá ser reconduzido ao cargo de ori-
gem, devendo permanecer em situação de disponibili-
dade até o surgimento de novo cargo, assegurando-se
o direito à indenização. PODER EXECUTIVO

Após o estágio probatório, o servidor público só per- ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E


derá o cargo em virtude de sentença que, transitada DOS MINISTROS DE ESTADO
em julgado, mediante processo administrativo em
que lhe seja assegurado ampla defesa ou mediante A teoria criada por Montesquieu determina a com-
procedimento de avaliação periódica de desempe- posição e divisão do Estado. Ela objetiva que cada
nho, assegurada ampla defesa. Ainda, conforme art. poder seja independente e harmônico entre si, como
41, § 2º da CF, caso seja invalidada a decisão por forma de dividir as funções do Estado, entre poder
sentença judicial será ele reintegrado, e o eventual executivo, poder legislativo e poder judiciário, a esse
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo entendimento chamamos de Teoria da Separação dos
de origem, sem direito a indenização, aproveitado Poderes.
em outro cargo ou posto em disponibilidade com O poder legislativo tem o poder de fazer emendas,
remuneração proporcional ao tempo de serviço. alterar e revogar leis, já o poder executivo, função de
Resposta: Letra D. administrar o Estado, e por fim, o poder judiciário é
quem tem a função jurisdicional, por exemplo, a apli-
4. (FGV – 2018) A Constituição da República de 1988 cação do Direito em um caso concreto, através de um
estabelece que o servidor público estável só perderá processo judicial.
o cargo nas hipóteses lá elencadas, dentre elas, em
virtude de:
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
a) sentença judicial recorrível, em que tenham sido asse- Administra o
Elabora as leis Aplica as leis
gurados o contraditório e a ampla defesa; Estado
b) procedimento de avaliação periódica de desempenho, Presidente da
na forma de lei complementar, assegurada a ampla Senadores e Deputados; Supremo Tribunal
República;
Federais; Federal;
defesa; Governadores
Deputados Estaduais; Tribunais;
c) sindicância sumária disciplinar, em que tenham sido Vereadores.
do Estado;
Juízes.
assegurados o contraditório e a ampla defesa; Prefeitos.
d) processo administrativo de que tenha resultado con-
denação por ato de improbidade administrativa aplica- A seguir iniciaremos o estudo específico de cada
312 da pelo chefe do Poder Executivo; um dos poderes.
PODER EXECUTIVO O art. 12, § 3°da CF relaciona os cargos privativos
de brasileiro nato:
O poder executivo está consagrado no art. 76 a 91
da Constituição e tem como função a solução e admi-
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
nistração de casos concretos e individualizados, de
acordo com as leis gerais e abstratas elaboradas pelo I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
legislativo, ou seja, tem a função típica de adminis- II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
trar e gerenciar o Estado. Entretanto, também pode III - de Presidente do Senado Federal;
exercer funções legislativas através das medidas pro- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
visórias e leis delegadas. V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
Federal
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Conforme já abordado anteriormente, o nosso país
é regido pelo sistema presidencialista, em que as fun- Estadual e Distrital
ções de chefe de Estado estão na figura do Presiden-
te da República, conforme o art. 76 da CF. No âmbito No âmbito estadual, o chefe do Executivo é o Gover-
Federal, o Poder Executivo é representado pelo Pre- nador do respectivo Estado membro, com mandato de
sidente da República com o auxílio dos Ministros de quatro anos, também eleito pelo sistema majoritário
Estado. absoluto, e tem como auxiliar direto os secretários esta-
duais e, no Distrito Federal, os secretários distritais.
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
dente da República, auxiliado pelos Ministros de O Governador de estado deve ser cidadão brasilei-
Estado. ro, com idade mínima de 30 anos, conforme determi-
na o art. 14, § 3º, VI, b da CF/88.
O Presidente da República e seu vice têm um man-
dato de quatro anos e são eleitos pelo sistema majori- VI - a idade mínima de:
tário absoluto. b) trinta anos para Governador e Vice-Governador
Majoritário absoluto: ganha a eleição o candida- de Estado e do Distrito Federal;
to que conseguir a maioria de votos (o primeiro núme-
ro inteiro, depois da metade do total) avaliados em 1° Municipal
ou em 2° turno.
1° Turno: realizado no 1° domingo de outubro;
No âmbito municipal, o Poder Executivo é coman-
2° Turno: último domingo de outubro.
dado pelo Prefeito, o qual deve ser cidadão brasileiro
Bem como, conforme art.14, § 3° VI, a da CF/88, o
Presidente da República deve ter a idade mínima de e, conforme art. 14 § 3°, VI, da CF, deve ter idade míni-
35 anos e ser brasileiro nato (art. 12 § 3°, I da CF/88). ma de 21 anos. O mandato é de quatro anos, contando
com o auxílio dos secretários municipais. Eleito pelo
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sistema majoritário absoluto, para município com mais
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, de 200 mil eleitores, e sistema majoritário simples ou
com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
relativo, para municípios com até 200 mil eleitores.
mediante:
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
Majoritário simples ou relativo: ganha a eleição o
I - a nacionalidade brasileira; candidato que conseguir a maioria dos votos válidos, ou
II - o pleno exercício dos direitos políticos; seja, ganha o mais votado em um só turno.
III - o alistamento eleitoral; Exemplo: 100.000 votos válidos.
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; Realizado no 1° domingo de outubro.
V - a filiação partidária;

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Cuidado! Se houver empate, ganha o mais idoso.
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice- Sistema também usado para eleição de Senadores.
-Presidente da República e Senador; (grifo nosso)
Município com mais de 200 Município com até 200 mil
A Constituição consolidou o direito do povo para mil eleitores eleitores
eleger seus representantes, pelo sufrágio universal e Sistema de eleição majoritá- Sistema de eleição majoritá-
voto secreto. rio absoluto rio simples ou relativo
Por conseguinte, ainda se tratando do art. 14, esse
consagra que é possível uma reeleição para um perío- PODER EXEUTIVO
do subsequente. Entretanto, atualmente não é mais FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL
possível um terceiro mandato seguido. Sobre esse Presidente da Governador do Esta- Prefeito + Vice = Mandato
aspecto, é importante frisar que a reeleição não é uma República + Vice do + Vice = Mandato de quatro anos.
= Mandato de de quatro anos. Auxiliar direto: Secretários
cláusula pétrea, podendo ser retirada da Constituição. quatro anos. Auxiliar direto: Es- Municipais. Sistema de
Auxiliar direto: tados - Secretários eleição majoritário abso-
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Ministros do Estaduais. luto, para município com
Estado. Distrito Federal: Se- mais de 200 mil eleitores.
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
Sistema de elei- cretários Distritais. Sistema de eleição majo-
houver sucedido, ou substituído no curso dos man- ção majoritário Sistema de eleição ritário simples ou relativo,
datos poderão ser reeleitos para um único perío- absolutO. majoritário absoluto. para município com até
200 mil eleitores.
do subsequente. 313
Ordem de substituição ou sucessão Presidencial A lei 1.079/1950 foi recepcionada pela ADPF 378
(estudaremos o que é uma ADPF no tópico Controle
O Presidente será eleito com um Vice-Presidente, de Constitucionalidade).
companheiro de chapa. A eleição do Presidente impli- ADPF 378teve por objeto central analisar a compatibi-
ca na eleição do Vice com ele registrado. lidade do rito de impeachment de Presidente da República,
O Vice-Presidente tem função de auxiliar o Presidente previsto na Lei nº 1.079/1950 com a Constituição de 1988.
sempre que convocado para missões especiais, bem como,
O crime de responsabilidade trata-se de um ilícito
no caso de impedimento, o substituirá (art. 79 da CF).
político administrativo definido em lei especial fede-
Ainda, conforme determina o art. 80 da CF, em caso
ral, que podem ser cometidos no desempenho de suas
de impedimento concomitante do Presidente e do Vice,
funções, e como consequência pode resultar no impe-
ou vacância dos respectivos cargos, serão chamados ao
dimento para o exercício de suas funções públicas.
exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribu- Trata-se de um resultado obtido através do processo
nal Federal, sucessivamente, nessa ordem. de impeachment.
O art. 85 da CF dispõe sobre crimes de responsa-
ORDEM DE SUBSTITUIÇÃO OU SUCESSÃO PRESIDENCIAL
bilidade, ou seja, os atos do Presidente da República
que atentem contra a Constituição Federal e, especial-
mente, contra a existência da União, livre exercício do
Ministério Público e dos Poderes constitucionais dos
Temporário Definitivo Estados e DF, direitos políticos, individuais e sociais,
segurança interna do país, probidade na administra-
ção, lei orçamentária, cumprimento das leis e deci-
sões judiciais.
Qualquer cidadão é legitimado ativo para pro-
Presidente da Câmara Vice-Presidente por a acusação contra o Presidente da República
dos Deputados Definitivamente na Câmara dos Deputados pela prática de crime de
Presidente do Senado ou temporário - responsabilidade.
Federal interinamente
Presidente do STF Art. 85 São crimes de responsabilidade os atos
do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
Conforme consagra o art. 81 da CF, vagando os car- I - a existência da União;
gos de Presidente e Vice, far-se-á eleição noventa dias II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
para complementar o mandato, depois de aberta a Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
última vaga. Ainda, caso ocorra à vacância nos últi- constitucionais das unidades da Federação;
mos dois anos do período presidencial, a eleição III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
para ambos os cargos será feita em trinta dias depois sociais;
da última vaga, pelo Congresso Nacional. IV - a segurança interna do País;
Importante atentar que o dispositivo em comento V - a probidade na administração;
só é aplicado se não houver definitivamente Presiden- VI - a lei orçamentária;
te e nem Vice-Presidente. VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Linha do tempo da sucessão Presidencial: Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em
lei especial, que estabelecerá as normas de proces-
so e julgamento.
Eleição Direta Eleição Indireta
Primeiros 2 ANOS Últimos 2 ANOS Crimes comuns cometidos pelo Presidente da
República

Os crimes comuns cometidos pelo Presidente da


Eleição direta até 90 dias da Eleição Indireta feita pelo República abrangem todas as infrações penais, por
última vaga Congresso Nacional, em até exemplo, caso o Presidente da República venha a
30 dias da última vaga
cometer crime de homicídio.
Sendo que, dependerá de autorização pela Câmara
Nos dois casos, serão eleitos novo Presidente e dos Deputados, que aprovará o recebimento ou não
novo Vice-Presidente para completar o mandato, cha- da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal.
mado como mandato tampão. Importante lembrar que o Presidente não dispõe
É possível eleição indireta nas demais esferas fede- da imunidade material, a qual somente se estende
rativas (ex.: Governador - Prefeito) aos membros do Poder Legislativo, ou seja, o Presi-
dente não é inviolável por suas palavras e opiniões,
Crimes de responsabilidade mesmo que no exercício de suas funções.

Os crimes de responsabilidade têm previsão Processo de impeachment


nos arts. 85 e 52 da CF, bem como na Lei 1079/1950,
que define os crimes de responsabilidade e regula o O processo de impeachment é previsto na Consti-
respectivo processo de julgamento, por exemplo, o tuição Federal nos arts. 86, 52 e na Lei nº 1079/1950,
Presidente da República cometeu improbidade admi- que define os crimes de responsabilidade e regula o
314 nistrativa ou não obedeceu a decisão do STF. respectivo processo de julgamento.
O processo de impeachment tem duas fases: a pri- § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
meira fase é o chamado juízo de admissibilidade e a mandato, não pode ser responsabilizado por atos
segunda fase é o julgamento, vejamos: estranhos ao exercício de suas funções.

1º Fase – Juízo de admissibilidade CRIME DE


CRIME COMUM
RESPONSABILIDADE
Acusação: Significa estabelecer autoria e materia- Caso seja ação penal
lidade – Quem fez o que? DENÚNCIA Qualquer cidadão
pública, será o PGR
Exemplo: Presidente da República cometeu crime Dois terços da Dois terços da
de responsabilidade ao realizar a improbidade admi- QUEM
Câmara dos Câmara dos
RECEBE
nistrativa/pedaladas fiscais, ou o Presidente da Repú- Deputados Deputados
blica cometeu improbidade administrativa ao não JULGAMENTO Senado Federal STF
obedecer a decisão do STF.
Recebimento: Câmara dos Deputados por dois ter- PODER LEGISLATIVO
ços dos membros (Dois terços = 63% = 342 Deputados).
É o poder de fazer, emendar, alterar e revogar leis,
2º Fase - Julgamento consagrado no art. 44 a 75 da Constituição. Assim, a
função típica do Poder Legislativo é legislar, ou seja,
Julgamento é feito pelo Senado Federal, por dois tem a função de elaborar as normas jurídicas gerais e
terços dos membros (Dois terços = 64 Senadores). abstratas, bem como, tem como função atípica admi-
Recebida a acusação, inicia a segunda fase (julga- nistrar e julgar.
mento): o Presidente da República fica suspenso por Exemplo de função atípica: Controle de contas
180 dias de suas funções. públicas, autorização para instauração de processos
O julgamento é presidido pelo Presidente do contra certas autoridades, julgamento de crimes de
Supremo Tribunal Federal e caso decorra o prazo de responsabilidade e etc.
180 dias, e o julgamento não estiver concluído, cessará Fiscalização contábil conta com o auxílio do Tribu-
o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular nal de Contas da União (art. 70 a 74 CF).
prosseguimento do processo. Tribunal de contas nos Estados e Distrito Federal
Condenado, o Presidente perderá o cargo e fica- (art. 75 da CF/88).
rá inabilitado por oito anos para exercício de função
pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais Federal
cabíveis (art. 52, parágrafo único da CF).
Condenado o Presidente, nem função honorífica No âmbito nacional temos o Congresso Nacional
pode exercer, por exemplo, mesário de eleições e jura- que é denominado bicameral, pois é composto pelas
do de júri. duas casas, a Câmara dos Deputados e Senado Federal,
também chamado de bicameralismo federativo, pois é
composto por representantes dos estados e do Distrito
1º FASE Federal.
Início da fase 2º FASE
ADMISSIBILIDADE
de criação JULGAMENTO
e instalação Câmara dos Deputados
Recebimento da ⟶ ⟶
de comissão Plenário do
denúncia pelo
especial para Senado Federal Composto por representantes do povo, eleitos pelo
Presidente da
analisar a para votação.
Câmara. sistema proporcional para mandatos de quatro anos,
denúncia.
permitindo sucessivas reeleições.
Sistema proporcional: o eleitor escolhe ser repre-
Para ficar mais fácil a compreensão, vejamos os sentado por determinado partido e preferencialmente
crimes cometidos pelo Presidente da República, con- pelo candidato escolhido. Entretanto, caso o candida-
forme dispõe o art. 86 da CF. to escolhido não seja eleito, o voto será somado aos

Art. 86 Admitida a acusação contra o Presidente


demais votos da legenda, compondo a votação do par- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tido ou coligação.
da República, por dois terços da Câmara dos Depu- Cada estado será representado de acordo com a
tados, será ele submetido a julgamento perante o
sua população, ou seja, quanto mais populoso, maior
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
será o número de representantes do ente federado
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
nesta casa. Ainda, conforme art. 45, §1° da CF, nenhu-
de responsabilidade.
ma unidade da federação terá menos de oito ou mais
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
de setenta deputados, exceção territórios (que atual-
I - nas infrações penais comuns, se recebida à
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
mente não existem mais, mas se voltarem a existir)
Federal; poderão eleger quatro Deputados Federais.
II - nos crimes de responsabilidade, após a instau-
ração do processo pelo Senado Federal. Senado Federal
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
julgamento não estiver concluído, cessará o afasta- Composto por representantes dos Estados e Distri-
mento do Presidente, sem prejuízo do regular pros- to Federal, eleitos pelo sistema majoritário simples.
seguimento do processo. Cada Estado e o Distrito Federal elege o número fixo
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenató- de três Senadores, com mandato de oito anos. Ainda,
ria, nas infrações comuns, o Presidente da Repúbli- cada Senador será eleito com dois suplementes (art.
ca não estará sujeito a prisão. 46 da CF). 315
Cada Estado elege o número fixo de três Senadores. Senado e os demais cargos serão exercidos, alterna-
Cada Senador terá dois Suplentes. damente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal, confor-
z Funcionamento do Congresso Nacional me determina o art. 57§ 5º da CF. Ainda, a presidên-
cia é exercida pelo presidente do Senado. Vejamos as
Conforme art. 57 da CF, o Congresso Nacional reu- atribuições para as mesas nos seguintes artigos, art.
nir-se-á na Capital Federal de 2 de fevereiro a 17 de 50 § 1° e § 2° CF, art. 55§ 2 e § 3° e art. 103, II e III CF.
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, período
denominado como sessão legislativa, ou seja, é o Art. 50 A Câmara dos Deputados e o Senado Fede-
período em que o congresso se reúne anualmente. ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão con-
Entenda: Período denominado sessão legislativa vocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares
é o período em que o congresso se reúne para ativida- de órgãos diretamente subordinados à Presidência
des anualmente. da República para prestarem, pessoalmente, infor-
Sessão legislativa mações sobre assunto previamente determinado,
02 de fevereiro a 17 de julho importando crime de responsabilidade a ausência
01 de agosto a 22 de dezembro sem justificação adequada.
Sessão legislativa ordinária: período de atividade § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer
normal do Congresso (mencionado acima). ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados,
Sessão legislativa extraordinária: trabalho rea- ou a qualquer de suas Comissões, por sua ini-
lizado durante o recesso parlamentar, mediante ciativa e mediante entendimentos com a Mesa
convocação. respectiva, para expor assunto de relevância de
Recesso seu Ministério.
18 de julho a 31 de julho § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
23 de dezembro a 01 de fevereiro Senado Federal poderão encaminhar pedidos
Não confundir sessão legislativa com legislatu- escritos de informações a Ministros de Estado
ra: legislatura é o período de quatro anos de execução ou a qualquer das pessoas referidas no caput
das atividades do Congresso Nacional. Vide artigo 44, deste artigo, importando em crime de responsabi-
parágrafo único da CF. lidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de
trinta dias, bem como a prestação de informações
falsas. (grifo nosso)
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Con-
gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Art. 55 Perderá o mandato o Deputado ou
Deputados e do Senado Federal. Senador:
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração I - que infringir qualquer das proibições esta-
de quatro anos. belecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompa-
Cuidado com o art. 57, § 3º da CF, que dispõe sobre tível com o decoro parlamentar;
as reuniões – referente à sessão Conjunta, o qual ocor- III - que deixar de comparecer, em cada sessão
rerá em quatro casos, vejamos. legislativa, à terça parte das sessões ordiná-
rias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
Art. 57 O Congresso Nacional reunir-se-á, anual- missão por esta autorizada;
mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de IV - que perder ou tiver suspensos os direitos
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. políticos;
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos
transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, casos previstos nesta Constituição;
quando recaírem em sábados, domingos ou feriados. VI - que sofrer condenação criminal em sentença
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida transitada em julgado.
sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar,
orçamentárias. além dos casos definidos no regimento interno, o
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constitui-
abuso das prerrogativas asseguradas a membro do
ção, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
Congresso Nacional ou a percepção de vantagens
reunir-se-ão em sessão conjunta para:
I - inaugurar a sessão legislativa; indevidas.
I - inaugurar a sessão legislativa; § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do
II - elaborar o regimento comum e regular a criação mandato será decidida pela Câmara dos Deputa-
de serviços comuns às duas Casas; dos ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta,
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice- mediante provocação da respectiva Mesa ou de
-Presidente da República; (grifo nosso) partido político representado no Congresso Nacio-
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. nal, assegurada ampla defesa.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a
Em relação ao Art. 57, § 3º, inciso III, guarde que: a ses- perda será declarada pela Mesa da Casa res-
são acontece no primeiro ano do mandato do Presidente pectiva, de ofício ou mediante provocação de
qualquer de seus membros, ou de partido político
z Mesas do Congresso Nacional representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa. (grifo nosso)
As mesas são os órgãos diretivos da Câmara dos Art. 103. Podem propor a ação direta de incons-
Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacio- titucionalidade e a ação declaratória de
nal. As mesas têm responsabilidade de administrar constitucionalidade:
sua casa, eleitos pelos próprios parlamentares. I - o Presidente da República;
A composição da mesa do Congresso Nacional II - a Mesa do Senado Federal;
pode ser alterada por regimentos, com mandato de III - a Mesa da Câmara dos Deputados; (grifo
316 dois anos, devendo ser presidida pelo Presidente do nosso)
O Presidente da mesa é o Presidente da sua res- fatos definidos como crime. Nesse caso, o parlamentar
pectiva casa, cabe a este declarar a perda de mandato ofendido não pode mover processo contra o Senador,
(art. 55 da CF). pois as ofensas proferidas estão relacionadas ao exer-
cício da atividade parlamentar.
Estadual e Distrital Parlamentar não pode renunciar à imunidade par-
lamentar e abrir mão do foro privilegiado.
Conforme o art. 29, VIII da CF/88, os vereadores
O âmbito Estadual e Distrital é composto pela
tem essa proteção, mas somente na circunscrição do
Assembleia Legislativa, através dos Deputados esta- Município.
duais, eleitos pelo sistema proporcional (26 Deputados
por Estado), com mandato de quatro anos, aplicando Art. 29 O Município reger-se-á por lei orgânica, vota-
as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, da em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda dias, e aprovada por dois terços dos membros da
de mandato, licença, impedimentos e incorporação Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
às Forças Armadas. Ainda, o subsídio dos Deputados princípios estabelecidos nesta Constituição, na Cons-
Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assem- tituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
bleia Legislativa (art. 27 da CF). [...]
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi-
Municipal niões, palavras e votos no exercício do mandato e
na circunscrição do Município;
Na esfera municipal temos os Vereadores eleitos
pelo sistema proporcional, com mandato de quatro Imunidade Formal: Relativa propriamente dita.
anos – Unicameral. O número de vereadores que ocu- Na imunidade formal, há a possibilidade de sus-
pam a Câmara Municipal é definido de acordo com o pensão da prisão e do processo para a maioria abso-
número de habitantes da respectiva cidade, conforme luta dos membros da respectiva casa, consiste no
art. 29, IV da CF. julgamento pelo STF, desde a expedição do Diploma.
Os vereadores apenas gozam da imunidade Note que os vereadores não podem ser presos, salvo
material. em flagrante de crime inafiançável.
A diplomação ocorre antes da posse, é um ato que
Imunidade Parlamentar comprova que o candidato foi eleito e está apto para
tomar a posse no respectivo cargo. É neste ato que ocorre
a entrega do documento (diploma) pela justiça eleitoral.
A imunidade parlamentar é também conheci-
da como imunidade legislativa, pode ser imunidade
Art.53 Os Deputados e Senadores são invioláveis,
material ou imunidade formal, vejamos: Imunidade
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
Material: absoluta inviolabilidade. palavras e votos.
Parlamentares são imunes civil e penalmente para § 3º Recebida à denúncia contra o Senador ou
suas opiniões, palavras e votos, desde que no exer- Deputado, por crime ocorrido após a diploma-
cício da atividade parlamentar. Sendo que, não ção, o Supremo Tribunal Federal dará ciência
cometem no exercício da atividade parlamentar: inju- à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido
ria calúnia e difamação. Todos os parlamentares pos- político nela representado e pelo voto da maioria de
suem essa imunidade. seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
A imunidade material está consagrada no art. 53 do andamento da ação.
texto constitucional, que prevê que Deputados e Sena- § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
dores são invioláveis civis e penalmente, vejamos. respectiva no prazo improrrogável de quarenta e
cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
Art. 53 Os Deputados e Senadores são invioláveis, § 5º A sustação do processo suspende a prescrição,
civil e penalmente, por quaisquer de suas opi- enquanto durar o mandato.
niões, palavras e votos. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obriga-
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedi- dos a testemunhar sobre informações recebidas ou

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


ção do diploma, serão submetidos a julgamento prestadas em razão do exercício do mandato, nem
perante o Supremo Tribunal Federal. sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles rece-
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros beram informações.
do Congresso Nacional não poderão ser pre- § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputa-
dos e Senadores, embora militares e ainda que em
sos, salvo em flagrante de crime inafiançável.
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vin-
Casa respectiva.
te e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores sub-
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
sistirão durante o estado de sítio, só podendo ser sus-
prisão. (grifo nosso)
pensas mediante o voto de dois terços dos membros
da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
A imunidade é uma espécie de proteção aos par- do recinto do Congresso Nacional, que sejam incom-
lamentares no exercício de suas funções, para que patíveis com a execução da medida. (grifo nosso)
estes tenham ampla liberdade de expressão e debate
de ideias nas questões de interesse de seus represen- Caso seja determinada a prisão de algum Depu-
tados. Ainda, a imunidade material é absoluta, sen- tado ou Senador após a diplomação, os autos serão
do que as palavras e opiniões do parlamentar ficam enviados para a respectiva casa, para que, pelo voto
excluídas de ação condenatória. da maioria de seus membros, a casa resolva sobre
Por exemplo, determinado Senador, ao discutir a prisão, a qual poderá determinada a sustação do
temas políticos com outro parlamentar, profere pala- andamento da ação até o final do mandato (Neste
vras de injuria e acusa o parlamentar de praticar caso, fica suspensa a prescrição). 317
Comissões CPI Pode

Comissões são os grupos de parlamentares reuni- z Convocar ministro de Estado;


dos para discutir sobre diversos assuntos, por exem- z Tomar depoimento de autoridade federal, estadual
plo, cabe às comissões convocar Ministros de Estado ou municipal;
para prestar informações sobre assuntos inerentes a z Ouvir suspeitos (que têm direito ao silêncio para
suas atribuições. Vejamos o art. 58 da CF. não se auto incriminar) e testemunhas (que têm o
compromisso de dizer a verdade e são obrigadas a
Art. 58 O Congresso Nacional e suas Casas terão comparecer);
comissões permanentes e temporárias, constituí- z Ir a qualquer ponto do território nacional para
das na forma e com as atribuições previstas no respec- investigações e audiências públicas;
tivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. z Prender em flagrante delito;
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, z Requisitar informações e documentos de reparti-
é assegurada, tanto quanto possível, a representa- ções públicas e autárquicas;
ção proporcional dos partidos ou dos blocos parla- z Requisitar funcionários de qualquer poder para
mentares que participam da respectiva Casa. ajudar nas investigações, inclusive policiais;
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua com- z Pedir perícias, exames e vistorias, inclusive busca
petência, cabe: e apreensão (vetada em domicílio);
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, z Determinar ao Tribunal de Contas da União (TCU)
na forma do regimento, a competência do Plenário, a realização de inspeções e auditorias; e
salvo se houver recurso de um décimo dos mem- z Quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusi-
bros da Casa;
ve telefônico, ou seja, extrato de conta e não escuta
II - realizar audiências públicas com entidades
ou grampo).
da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar
informações sobre assuntos inerentes a suas CPI Não Pode
atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representa- z Não pode condenar;
ções ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou z Não pode determinar medida cautelar, como pri-
omissões das autoridades ou entidades públicas; sões, indisponibilidade de bens, arresto, sequestro;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade z Não pode determinar interceptação telefônica e
ou cidadão; quebra de sigilo de correspondência;
VI - apreciar programas de obras, planos nacio- z Não pode impedir que o cidadão deixe o território
nais, regionais e setoriais de desenvolvimento e nacional e determinar apreensão de passaporte;
sobre eles emitir parecer. (grifo nosso) z Não pode expedir mandado de busca e apreensão
domiciliar; e
Comissão parlamentar de inquérito – CPI z Não pode impedir a presença de advogado do
depoente na reunião (advogado pode: ter acesso a
É uma investigação conduzida pelo poder legislati-
documentos da CPI; falar para esclarecer equívo-
vo, que serve para ouvir depoimentos e esclarecimentos
co ou dúvida; opor a ato arbitrário ou abusivo; ter
sobre fatos relevantes da vida pública, também pode
ocorrer durante o recesso parlamentar, ou seja, apura manifestações analisadas pela CPI até para impug-
fato certo por prazo determinado. A CPI tem prazo de nar prova ilícita).
duração de 120 dias, se for o caso, pode ser prorrogado
por até 60 dias mediante deliberação do Plenário. Sobre a admissibilidade da instauração de CPI, em
Para criação tem que ter um terço dos votos (ou 2020 determinado deputado federal insurgiu contra
seja, pelo voto favorável de pelo menos 171 Deputa- ato, por meio do qual o Presidente da Câmara dos
dos Federais ou de 27 Senadores) dos Deputados ou Deputados indeferiu pedido de instauração de CPI
Senadores, em conjunto ou separadamente. Depois destinada a investigar a metodologia de elaboração e
de encerrado, se for o caso, é enviado para o Minis- divulgação de pesquisas e os reflexos no resultado das
tério Público para que promova a responsabilização eleições. Assim, ao analisar o Mandado de Segurança,
civil e criminal dos infratores. o STF considerou que:
Conforme art. 58, § 3º da CF, as comissões terão
poderes de investigação próprios das autoridades “É atribuição do Presidente da Câmara aferir o
judiciais, vejamos: preenchimento dos requisitos atinentes à instaura-
ção de comissão parlamentar de inquérito”.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que (MS 33.521, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15.05.2020, Dje em
terão poderes de investigação próprios das 24.06.2020)
autoridades judiciais, além de outros previstos
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas
Tribunais de conta
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal,
em conjunto ou separadamente, mediante requeri-
mento de um terço de seus membros, para a apu- O Tribunal de contas da União tem como função
ração de fato determinado e por prazo certo, sendo auxiliar o Congresso Nacional no controle externo,
suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao referente à fiscalização. É um órgão independente,
Ministério Público, para que promova a responsabi- composto por nove ministros, aos quais competem as
lidade civil ou criminal dos infratores. (grifo nosso) seguintes funções (art. 71 da CF):

A seguir, organizamos um quadro explicativo refe- z Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
318 rente ao que pode e o que não pode ser realizado pela CPI. sidente da República;
É função do TCU, mediante parecer prévio (deve ser Exemplo: Conforme abordado acima, o TCU comu-
elaborado no prazo de 60 dias), analisar as contas nica ao Congresso Nacional sobre as irregulari-
anuais do Presidente da República, por exemplo, análi- dades e abusos apurados para que, se for o caso,
se das demonstrações contábeis consolidadas da União
anule o contrato administrativo ou a licitação.
(também chamados de balanços gerais da União).
z Julgar as contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos Do Processo legislativo
da administração direta e indireta;
Exemplo: é função do TCU julgar as contas das É o conjunto de atos a serem observados para a
autarquias. produção, criação, modificação ou revogação de nor-
z Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos mas, realizado pelos órgãos competentes.
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na A iniciativa pode ser parlamentar (quando outor-
administração direta e indireta;
gada aos Membros do Congresso Nacional – Câmara
z Exemplo: apreciar a legalidade de ato de admis-
são da empresa brasileira de Correios, mediante a dos Deputados ou Senado Federal) ou extraparlamen-
prorrogação de concurso público. tar (quando conferida aos demais órgãos ou pessoas
� Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos que não integram o Congresso Nacional, por exemplo,
Deputados, do Senado Federal, de Comissão téc- através da iniciativa popular).FIQUE ATENTO!
nica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
No processo legislativo de elaboração e criação de
natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
racional e patrimonial, nas unidades administrati- normas, o Senado Federal só será a casa iniciadora,
vas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; se o projeto for apresentado por Senadores ou suas
Exemplo: apurar denúncias referente à legalidade comissões.
de atos administrativos.
� Fiscalizar as contas nacionais das empresas supra- z Medida provisória: tem iniciativa na Câmara
nacionais de cujo capital social a União participe;
dos Deputados, art. 62 §8° da CF.
Exemplo: o Brasil tem acordo realizado com o Gover-
no do Iraque, nesse sentido, a União participa do z Iniciativa popular: a CF exige a subscrição de no
denominado Banco Brasileiro Iraquiano S. A (BBI). mínimo 1% do eleitorado, nacional, distribuído
� Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- por pelo menos cinco estados, com não menos de
sados pela União mediante convênio, acordo, ajus- 0,3% dos eleitores, cada um deles, e será apresen-
te ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao tado perante a Câmara dos Deputados, art. 61, §2°
Distrito Federal ou a Município;
da CF. A tramitação é a mesma do projeto de lei
Exemplo: fiscalização do repasse dos recursos
Federais transferidos aos Estados. ordinária. Exemplo de iniciativa popular para lei
� Prestar as informações solicitadas pelo Congresso complementar – lei da ficha limpa.
Nacional;
Exemplo: emitir pronunciamento conclusivo sobre Os projetos de lei começam a tramitar na Câmara
os projetos de lei relativos ao plano plurianual, dos Deputados, com exceção de quando são apresen-
diretrizes orçamentárias e ao orçamento anual. tados por Senador ou comissão do senado, nesses
� Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade dois casos, começam pelo Senado. Caso o projeto seja
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
aprovado por uma Casa, ele será revisto pela outra,
previstas em lei;
em um só turno de discussão e votação (em cada casa).
Exemplo: Verificada fraude comprovada à licita-
ção, o Tribunal poderá proibir o sancionado de
participar de licitação na Administração pública z Se tiver iniciado a tramitação na Câmara (regra),
Federal por até cinco anos. o projeto segue para o Senado, onde será analisa-
� Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote do e votado. Se for alterado, volta para a Câma-
as providências necessárias ao exato cumprimen-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
ra, que analisa apenas as alterações, podendo
to da lei, se verificada ilegalidade; mantê-las ou recuperar o texto original.
Exemplo: Verificada a ilegalidade de uma licitação, z Em seguida, vai para sanção ou veto do presidente
o Tribunal determina o prazo de quinze dias para
da República.
que o responsável adote as providências necessá-
rias (alegações de defesa ou, se for o caso, adequar
o contrato a lei). Atenção! Se tiver vindo do Senado (exceção) e for
� Sustar se não atendido, a execução do ato impug- aprovado sem alterações, segue para sanção ou veto
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu- do presidente da República.
tados e ao Senado Federal;
Exemplo: caso verificada a ilegalidade de uma lici- z Se for alterado, volta para o Senado, que analisa as
tação e o responsável não responder no prazo as mudanças da Câmara, podendo mantê-las ou recu-
alegações de sua defesa ou, se for o caso, não ade- perar o texto original.
quar o contrato a lei, o TCU pode sustar a execução
z Em seguida, vai para sanção ou veto do Presidente
ato impugnado, entretanto, o TCU não tem poder
da República.
para anular contrato administrativo, mas, se for
o caso, pode comunicar a autoridade administrati-
va para que anule o contrato ou a licitação. Entenda: Na casa revisora, o projeto pode ser rejei-
� Representar ao Poder competente sobre irregula- tado (arquivado), se aprovado (depois de ser enviado
ridades ou abusos apurados. para o Presidente dar a sanção ou veto), ou emendado. 319
INICIATIVA Art. 66 A Casa na qual tenha sido concluída a vota-
ção enviará o projeto de lei ao Presidente da Repú-
blica, que, aquiescendo, o sancionará.
Casa iniciadora
§ 1º Se o Presidente da República considerar o
CÂMARA DOS projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou
DEPUTADOS
contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, conta-
Aprovado dos da data do recebimento, e comunicará, dentro
Casa revisora Aprovado PRESIDENTE DA de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado
REPÚBLICA
SENADO FEDERAL Federal os motivos do veto.
15 dias
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto inte-
gral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
Art. 66 da CF § 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do
Alterado
Presidente da República importará sanção.
Volta para Câmara SANÇÃO VETO

Analisa apenas as 48 horas Veto pode ser derrubado:


alterações:
Pode mantê-las ou Promulgação Pode ser
recuperar o texto ori- e posterior derrubado pela
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, den-
ginal. Em seguida, vai publicação Câmara dos
para sanção ou veto Deputados e tro de trinta dias a contar de seu recebimento, só
Senado Federal
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria abso-
luta dos Deputados e Senadores. (grifo nosso)
Lei ordinária: a votação para aprovação será por § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto envia-
maioria simples. do, para promulgação, ao Presidente da República.
Lei Complementar: a votação para aprovação
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido
será por maioria absoluta;
Emenda Constitucional: a votação para aprova- no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da
ção será por três quintos dos membros. sessão imediata, sobrestadas as demais proposi-
ções, até sua votação final.
Deliberação § 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta
e oito horas pelo Presidente da República, nos casos
A deliberação é a competência exclusiva do Pre-
sidente da República, após concluída a votação. dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulga-
Ocorre apenas no processo das leis ordinárias e rá, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao
complementares. Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Sanção: concordância com o projeto de lei apre-
sentado, podendo ser expressa (assinatura) ou tácita
O veto pode ser “derrubado” pelo Congresso
(quando o Presidente não se manifesta sobre no prazo
de 15 dias). Vide Art. 66 § 1º da CF. Nacional, em sessão conjunta, no prazo de 30 dias, só
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta
z Sanção expressa: se ocorrer a subscrição do pro- dos Deputados e Senadores, após, o projeto será reen-
jeto de lei. Ou seja, quando o Presidente da Repú-
viado ao presidente para a promulgação.
blica manifestar concordância ao Projeto de Lei
aprovado pelo Congresso Nacional, no prazo de 15
dias úteis. Veto
z Sanção tácita: caso não ocorra veto (discordância)
no prazo de 15 dias. Ou seja, o Presidente não se
manifestou dentro do prazo, inerte, entende pela PRESIDENTE SENADO FEDERAL
sua concordância com o Projeto de Lei aprovado.
30 dias
Veto: é a discordância do Presidente com o projeto Sessão Conjunta
de lei aprovado, este deve ser manifestado obrigato-
riamente de maneira expressa (diferente da sanção
tácita que ocorre com a inércia do Presidente dentro Deputado Federal
do prazo de 15 dias), pode ser total ou parcial. Tem +
prazo de 15 dias para se apresentar, ainda, deve no Senadores
prazo de 48 horas comunicar os motivos do veto ao
Presidente do Senado Federal.
O Congresso Nacional deve apreciar o veto dentro
z Veto será expresso, motivado, formalizado, supe- do prazo máximo de 30 dias em sessão conjunta,
rável e supressivo. podendo rejeitá-lo pelo voto secreto da maioria
absoluta dos Deputados e Senadores.
O veto pode ser total, que atinge todo o projeto, ou Congresso Nacional decide não manter o Veto –
320 parcial, que atinge somente alguns dispositivos. Envia novamente o texto ao Presidente.
Promulgação e Publicação
Câmara dos Deputados:
z Promulgação: Competência do Presidente da Composição: 513
República, deve ser realizado no prazo de 48 horas Deputados
após a sanção ou depois de derrubado o veto. Congresso Nacional
z Publicação: realizada no Diário Oficial, o qual é
Senado Federal:
obrigatório para levar a conhecimento geral a Composição: 81
existência da lei. Senadores

Espécies Normativas Ou seja, se a Câmara dos Deputados é composta


por 513 Deputados, para fins de resultado de votação,
Agora, vamos ao estudo de cada uma das espécies quando a Constituição menciona 3/5 dos votos, enten-
normativas enumeradas no art. 59 da Constituição da se refere ao voto de 308 deputados. Já o Senado
Federal. Federal, como é composto por 81 Senadores, logo 3/5
se refere ao voto de 49 senadores.
I - Emenda Constitucional

Conforme art. 60 da CF/88, a emenda constitucio- CÂMARA DOS SENADO FEDERAL


nal é um mecanismo para alteração da Constituição. DEPUTADOS
Assim, as emendas possuem a mesma hierarquia que 1º Turno de votação 1º Turno de votação
a Constituição Federal, sendo que as emendas são a 3/5 = 60% dos votos: 3/5 = 60% dos votos:
única maneira de modificar a Constituição. 308 Deputados 49 Senadores
Bem como, o § 1º do mencionado dispositivo deter-
mina que a Constituição não poderá ser emendada na 2° Turno de votação 2° Turno de votação
vigência de intervenção federal, de estado de defesa 3/5 = 60% dos votos: 3/5 = 60% dos votos:
ou de estado de sítio. 308 Deputados 49 Senadores
Ainda, não pode ser objeto de deliberação as pro-
posta de emenda constitucional que objetivem abolir Entenda:
as denominadas cláusulas pétreas, consagradas no
art. 60, § 4º da CF/88, vejamos. 3/5 é o mesmo que 60% dos votos.
3/5 em dois turnos = duas votações na Câmara dos
4º Não será objeto de deliberação a proposta de
Deputados e duas votações no Senado Federal.
emenda tendente a abolir
I - a forma federativa de Estado; Duas casas = votação no Senado e na Câmara.
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; Por fim, a emenda à Constituição será promulgada
III - a separação dos Poderes; pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
IV - os direitos e garantias individuais. Federal, com o respectivo número de ordem.
Conforme art. 67 da CF/88 “A matéria constante
A emenda constitucional é um mecanismo para de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir
alteração da Constituição. Sendo que as emendas pos-
objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa,
suem a mesma hierarquia que a Constituição Federal
mediante proposta da maioria absoluta dos membros
no ordenamento jurídico e necessitam de um procedi-
de qualquer das Casas do Congresso Nacional”.
mento especial para aprovação, até porque a CF/1988
é de difícil mudança, ou seja, também classificada
como uma constituição rígida. Iniciativa Da Pec
Conforme o art. 60 da CF/88, a Constituição pode-
rá ser emendada mediante proposta de um terço, z 1/3 da Câmara dos Deputados ou do Senado
no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados Federal;
ou do Senado Federal, do Presidente da República e z Presidente da República;

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


de mais da metade das Assembleias Legislativas das z Mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma unidades da Federação, manifestando-se a maioria
delas, pela maioria relativa de seus membros. relativa de seus membros.
No que tange à votação da emenda constitucio-
nal, o art. 60 § 2º da CF dispõe que para a norma ter CÂMARA DOS SENADO FEDERAL
status de emenda constitucional (consequentemente DEPUTADOS APROVADA
obter hierarquia das demais normas e estar ao lado
Votação em dois turnos, Votação em dois turnos,
da Constituição) é necessário um procedimento de necessária aprovação necessário aprovação
votação junto ao Congresso Nacional, nesse caso, cada de 3/5 dos membros. de 3/5 dos membros.
casa vai votar e deve ter um número mínimo de par-
lamentares que aprovem a emenda.

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada PEC Rejeitada PEC Aprovada


Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, con-
siderando-se aprovada se obtiver, em ambos, três Se rejeitada, será arqui- Segue para promulgação
quintos dos votos dos respectivos membros. vada e pela Mesa da Câmara
não poderá ser objeto de dos Deputados e Senado
O Congresso Nacional é composto por duas casas: a nova proposta na mes- Federal.
ma sessão legislativa.
Câmara dos Deputados e o Senado Federal. 321
II - Lei Complementar Art. 62 Em caso de relevância e urgência, o Presiden-
te da República poderá adotar medidas provisórias,
É a lei criada para complementar as normas cons- com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
titucionais, as hipóteses de regulamentação estão Congresso Nacional.
taxativamente previstas na Constituição Federal. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias
Aprovadas por maioria absoluta, em apenas um tur- sobre matéria:
no de votação nas duas casas do Congresso Nacional. I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, par-
Conforme o art. 69 da CF.
tidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
por maioria absoluta. Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias,
Dica orçamento e créditos adicionais e suplementares,
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
A Lei complementar só vai existir quando já for II - que vise à detenção ou sequestro de bens, de pou-
autorizada pela Constituição Federal. pança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
III - reservada a lei complementar;
III- Lei Ordinária IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
É um ato normativo relativo às normas gerais e do Presidente da República.
tem incidência quando não há previsão específica.
Trata sobre matéria não abrangida pela lei comple- V - Lei Delegada
mentar, sua aprovação se dá por maioria simples, ora,
maioria dos votos de cada casa, em um turno de vota- O Presidente da República solicita ao Congresso
ção, presente a maioria dos seus membros. Nacional delegação para legislar sobre determina-
A apresentação do projeto de lei, qual seja, a inicia- do tema, a qual se dará por resolução do Congresso
tiva pode ser reservada ou geral, devidamente funda- Nacional. Tal resolução fixará os limites, por exem-
mentado e justificado. plo, a lei nº 13/1992, que institui gratificações de ati-
Projeto de iniciativa geral, como por exemplo a vidade para os servidores civis do Poder Executivo.
iniciativa popular, é uma matéria não reservada a Entenda: quando se fala em solicitar delega-
órgãos (autoridades). ção ao Congresso Nacional, isso significa que o
Projeto de iniciativa reservada é o projeto apre- Presidente da República pede autorização ao Con-
sentado por determinadas autoridades, como por gresso Nacional para legislar sobre determinados
exemplo, o art. 61, §1° da CF, a qual dispõe as leis que assuntos.
serão de iniciativa do Presidente da República. Não serão delegados os atos de competência
exclusiva do Congresso Nacional e os de Com-
IV - Medida Provisória petência privativa da Câmara dos Deputados e
Senado Federal, pois é matéria reservada a Lei
Espécie normativa com força de lei. No caso de Complementar. Vejamos art. 68 §1º da CF.
relevância e urgência, o Presidente da República
poderá editar, sendo editadas com o prazo máximo de Art. 68 As leis delegadas serão elaboradas pelo Pre-
60 dias (prorrogando uma vez só pelo mesmo prazo + sidente da República, que deverá solicitar a delega-
ção ao Congresso Nacional.
60 dias), de acordo com o art. 62 da CF e EC 32/2001.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de
O Congresso Nacional poderá aprovar com ou sem
competência exclusiva do Congresso Nacional,
alteração do texto, rejeição expressa ou rejeição tácita os de competência privativa da Câmara dos Depu-
(rejeitado perde seu efeito). Deve ser apreciada pela tados ou do Senado Federal, a matéria reservada
Câmara dos Deputados em 45 dias. Caso não seja apre- à lei complementar, nem a legislação sobre:
ciada dentro do prazo, entra em regime de urgência. I - organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros;
Aprovado tem prazo determinado de 60 dias, II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais,
podendo prorrogar uma vez + 60 dias políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos. (grifo nosso)

Editada pelo Câmara dos Se não for VI - Decreto Legislativo


Presidente Deputados apreciada em
da deve apreciar 45 dias, entra Matérias de competência exclusiva do Congresso
República
→ no máximo
→ em regime de Nacional, como por exemplo, resolver sobre tratados,
em 45 dias urgência. acordos ou atos internacionais que acarretem encar-
gos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacio-
nal. Vide art. 62, § 3º da CF.
Não cabe medida provisória de matéria reservada Art. 62 Em caso de relevância e urgência, o Pre-
à lei complementar. Ainda, há um rol de matérias que sidente da República poderá adotar medidas pro-
não podem ser objeto de edição de medida provisória, visórias, com força de lei, devendo submetê-las de
322 conforme o § 1º do art. 62 da CF, vejamos: imediato ao Congresso Nacional.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o dispos- STF. Supremo Tribunal Federal
to nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, CNJ. Conselho Nacional de Justiça
se não forem convertidas em lei no prazo de sessen- STJ. Superior Tribunal de Justiça
ta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez
TJ. Tribunal de Justiça (Estados)
por igual período, devendo o Congresso Nacional
disciplinar, por decreto legislativo, as relações
TRF. Tribunal Regional Federal (Justiça Federal)
jurídicas delas decorrentes. (grifo nosso) TST. Tribunal Superior do Trabalho
TRT. Tribunal Regional do Trabalho
VII - Resolução TSE. Tribunal Superior Eleitoral
TRE. Tribunal Regional Eleitoral
Trata-se das competências privativas de cada casa STM. Superior Tribunal Militar
do Congresso Nacional. É importante ressaltar que
esta não está sujeita a sanção ou veto, sendo promul- ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
gada pela própria Mesa da Casa que a editou.
STF CNJ
PODER JUDICIÁRIO

O poder judiciário está consagrado no texto cons- JUSTIÇA COMUM


titucional do art. 92 ao 126 da CF, tem o objetivo de
exercer a jurisdição (administrar justiça, aplicar o STF JUSTIÇA ESPECIALIZADA
direito com o objetivo de solucionar conflito de inte-
resses), bem como, no âmbito de sua função atípica
STM
administrativa, como exemplo, podemos citar o art. ESTADUAL FEDERAL TST TSE

92, inciso I - A da CF, incluído pela emenda Constitu-


cional nº 45/2004, criando como órgão do poder judi- TJ TRF TRT TRE Juízes
ciário também o “Conselho Nacional de Justiça”. Militares

Art. 92 São órgãos do Poder Judiciário: Juízes Juízes Juízes do Juiz


Estaduais Federais Trabalho Eleitoral
I-A o Conselho Nacional de Justiça

De acordo com a Constituição Federal, compete ao


Conforme dispõe o art. 93 da CF, o ingresso na
CNJ zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
cumprimento do Estatuto da Magistratura, definir os carreira da magistratura é feito através de concurso
planos, metas e programas de avaliação institucional público de provas e títulos, inicialmente no cargo de
do Poder Judiciário, receber reclamações, petições juiz substituto, a qual exige do Bacharel em Direito no
eletrônicas e representações contra membros ou mínimo três anos de atividade jurídica.
órgãos do Judiciário, julgar processos disciplinares
e melhorar práticas e celeridade, publicando semes-
tralmente relatórios estatísticos referentes à atividade Importante!
jurisdicional em todo o país28, composto por membros
do Ministério Público, Advogados e representantes da CNJ não tem competência jurisdicional.
sociedade civil. O Poder judiciário é dividido em duas
esferas: Justiça Federal e a Justiça Estadual.
Quinto constitucional

Poder Judiciário Conforme art. 94 da CF, um quinto dos lugares dos


Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Esta-
dos, e do Distrito Federal e Territórios são compostos
de membros do Ministério Público e Advogados. Com-
Justiça Federal Justiça Estadual
posto por membros:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
TJ
Ministério Público:
Comum Especializada com + 10 anos de carreira
1/5
Art. 109 da CF
TRF

JUSTIÇA ESPECIALIZADA ADVOGADOS:


TRABALHO ELEITORAL MILITAR JUIZADOS ESPECIAIS notório saber jurídico e reputação iliba-
Art. 111 Art. 118 Art. 124 Art. 98, inciso I e II da + 10 anos de efetiva atividade jurídica
Autorização cons-
titucional para a
criação dos Juizados
Especiais e a Justiça Como é feita a indicação destes profissionais:
de paz. Através de indicações dos nomes feitas através de
uma lista (lista sêxtupla) pelos órgãos de represen-
Órgãos do poder judiciário tação das respectivas classes. Enviada esta lista para
o Tribunal, este escolherá três nomes (lista tríplice)
Como previsão no art. 92 da CF/88, vejamos os de sua preferência, e enviará ao Poder Executivo.
órgãos que compõem o Poder Judiciário: Entenda:
28 Disponível em <http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj>. Acesso em 20 de set. de 2020. 323
Lista Sêxtupla Lista Tríplice
Chefe do Poder ÓRGÃO
AUTORIDADE INFRAÇÃO
Executivo deci- JULGADOR
OAB indica Tribunal
de qual dos três STF
seis nomes → Escolhe três →
nomes será es- Ministros STF Comum Art. 102, Inciso
nomes
colhido no pra-
e exclui os I, “b”.
zo de 20 dias.
demais
Ministros STF Senado Federal
Responsabilidade
Art. 52, II.
A Emenda Constitucional 45/2004 inseriu o quinto
constitucional na Justiça do Trabalho, nos Tribunais
O foro especial por prerrogativa de função não se
Regionais do trabalho (art. 115, I da CF) e no Tribunal
estende a magistrados aposentados29. Conforme Súmu-
Superior de Justiça (art. 111-A da CF).
la nº 451 do STF, a competência especial por prerroga-
tiva de função não se estende ao crime cometido após
Garantias constitucionais dos magistrados
a cessação definitiva do exercício funcional.
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas
A Constituição Federal em seu art. 95 assegura aos
aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
magistrados as garantias da vitaliciedade, inamovibi-
relacionados às funções desempenhadas.
lidade e irredutibilidade de subsídios.
Note que, após o final da instrução processual, com
Vitaliciedade: só pode ser demitido depois do
a publicação do despacho de intimação para apresen-
trânsito em julgado da decisão judicial.
tação de alegações finais, a competência para proces-
sar e julgar ações penais não será mais afetada em
z No primeiro grau de jurisdição somente é adquiri-
razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou
da depois de dois anos de estágio probatório, que
deixar o cargo que ocupava por qualquer que seja o
se inicia com o efetivo exercício da posse.
z No segundo grau de jurisdição, este benefício se dá motivo.30
com o efetivo exercício (quando nome deste Magis-
trado já está no quinto constitucional). Supremo Tribunal Federal

Inamovibilidade: proibição de remoção do ma- Órgão máximo do Poder Judiciário, também deno-
gistrado de um cargo para outro, salvo por motivo de minado como guardião da Constituição. Composto por
interesse público, mediante voto da maioria absoluta onze membros, nomeados pelo Presidente da Repúbli-
do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa. ca, conforme o art. 101, parágrafo único, da CF, após
Irredutibilidade de subsídios: Assegura que o aprovação por maioria absoluta do Senado Federal.
magistrado não tenha diminuído o valor de seus sub- Composto por onze Ministros do Supremo Tribu-
sídios, salvo imposição constitucional. nal Federal, os quais devem ser brasileiros natos, com
Sendo que, tais garantias são asseguradas também idade entre 35 e 65 anos, cidadão em pleno gozo dos
aos membros do Ministério Público e Conselheiros e direitos e possuir notável saber jurídico e reputação
Ministros dos Tribunais de Contas. ilibada.
Cabe ressaltar que os magistrados também tem
foro especial por prerrogativa de função, sendo julga- Art. 101 O Supremo Tribunal Federal compõe-se
dos originalmente por tribunais indicados na Consti- de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com
tuição Federal. Vejamos: mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação
ilibada.
ÓRGÃO Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribu-
AUTORIDADE INFRAÇÃO
JULGADOR nal Federal serão nomeados pelo Presidente da
Juízes Estaduais Comum/ TJ República, depois de aprovada a escolha pela maio-
e do DF responsabilidade Art. 96, III. ria absoluta do Senado Federal.

Juízes Fede- TRF Dica para memorizar: lembre-se que 11 ministros


rais, bem como Comum/ Art. 108, inciso é o mesmo nº de jogadores de um time de futebol.
Juízes da Jus- responsabilidade I, “a”.
tiça Militar e do
Competência do Supremo Tribunal Federal:
Trabalho.
STJ A competência está prevista nos arts. 102 e 103 da
Membros: Art. 105, inciso Constituição, sendo dividida em competência originá-
Comum/
TJ, TRF, TER e I, “a”. ria e competência recursal, sendo que, na competência
responsabilidade
TRT originária, o STF processa e julga em única instância,
e na competência recursal, o STF aprecia a matéria a
Membros STF ele chegada por meio de recurso ordinário ou extraor-
Comum/
dos Tribunais Art. 102, inciso dinário. A seguir será exposto o art. 102 da CF.
responsabilidade
Superiores: I, “c”. Observe que os incisos destacados são os mais
STJ, TST, TSE e cobrados em provas, bem como, observe os demais
STM. grifos com aspectos importantes para memoriza-
ção. É de suma importância a leitura deste artigo para
auxiliar na memorização.
29 RE 549.560, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 22.3.2012, DJe 30.5.2014.
324 30 AP 937 QO, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03.05.2018, DJe 11.12.2018.
Art. 102 Compete ao Supremo Tribunal Fede- decididos em única instância pelos Tribunais Supe-
ral, precipuamente, a guarda da Constituição, riores, se denegatória a decisão;
cabendo-lhe: b) o crime político;
I - processar e julgar, originariamente: III - julgar, mediante recurso extraordinário,
a) a ação direta de inconstitucionalidade de as causas decididas em única ou última ins-
lei ou ato normativo federal ou estadual e a tância, quando a decisão recorrida:
ação declaratória de constitucionalidade de a) contrariar dispositivo desta Constituição;
lei ou ato normativo federal; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da lei federal;
República, o Vice-Presidente, os membros do Con- c) julgar válida lei ou ato de governo local contesta-
gresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procu- do em face desta Constituição.
rador-Geral da República; d) julgar válida lei local contestada em face de
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de lei federal.
responsabilidade, os Ministros de Estado e os § 1º A arguição de descumprimento de preceito
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- fundamental, decorrente desta Constituição, será
náutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os mem- apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na for-
bros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de ma da lei
Contas da União e os chefes de missão diplomática § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas
de caráter permanente; pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias
pessoas referidas nas alíneas anteriores; o man- de constitucionalidade produzirão eficácia contra
dado de segurança e o habeas data contra atos todos e efeito vinculante, relativamente aos demais
do Presidente da República, das Mesas da Câmara órgãos do Poder Judiciário e à administração públi-
dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de ca direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
Contas da União, do Procurador-Geral da Repúbli- municipal.
ca e do próprio Supremo Tribunal Federal; § 3º No recurso extraordinário o recorrente
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou orga- deverá demonstrar a repercussão geral das ques-
nismo internacional e a União, o Estado, o Dis- tões constitucionais discutidas no caso, nos termos
trito Federal ou o Território; da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão
f) as causas e os conflitos entre a União e os do recurso, somente podendo recusá-lo pela mani-
Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre festação de dois terços de seus membros. (grifos
uns e outros, inclusive as respectivas entidades da nosso)
administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; Súmula Vinculante
i) o habeas corpus , quando o coator for Tribu-
nal Superior ou quando o coator ou o paciente for A súmula vinculante é um instrumento que rela-
autoridade ou funcionário cujos atos estejam ciona as principais e reiteradas decisões do Supremo
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tri- Tribunal Federal em matéria constitucional, tem pre-
bunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma visão no art. 103-A da CF (incluído pela EC 45/2004) e
jurisdição em uma única instância; na Lei 11.417/2006. Vejamos o que dispõe a Constitui-
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus ção sobre o tema:
julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua compe- Art. 103-A O Supremo Tribunal Federal poderá,
tência e garantia da autoridade de suas decisões; de ofício ou por provocação, mediante decisão de
m) a execução de sentença nas causas de sua dois terços dos seus membros, após reiteradas
competência originária, facultada a delegação de decisões sobre matéria constitucional, aprovar
atribuições para a prática de atos processuais; súmula que, a partir de sua publicação na impren-
n) a ação em que todos os membros da magistra- sa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
tura sejam direta ou indiretamente interessados, demais órgãos do Poder Judiciário e à admi-
e aquela em que mais da metade dos membros do nistração pública direta e indireta, nas esferas
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam federal, estadual e municipal, bem como proceder
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
direta ou indiretamente interessados; à sua revisão ou cancelamento, na forma estabele-
o) os conflitos de competência entre o Superior cida em lei.
Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a inter-
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer pretação e a eficácia de normas determinadas, acer-
outro tribunal; ca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
p) o pedido de medida cautelar das ações dire- judiciários ou entre esses e a administração pública
tas de inconstitucionalidade; que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
q) o mandado de injunção, quando a elabora- multiplicação de processos sobre questão idêntica.
ção da norma regulamentadora for atribuição § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em
do Presidente da República, do Congresso Nacional, lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmu-
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das la poderá ser provocada por aqueles que podem
Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribu- propor a ação direta de inconstitucionalidade
nal de Contas da União, de um dos Tribunais Supe- § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
riores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; contrariar a súmula aplicável ou que indevidamen-
r) as ações contra o Conselho Nacional de Jus- te a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribu-
tiça e contra o Conselho Nacional do Ministé- nal Federal que, julgando-a procedente, anulará o
rio Público; ato administrativo ou cassará a decisão judicial
II - julgar, em recurso ordinário: reclamada, e determinará que outra seja proferi-
a) o habeas corpus , o mandado de seguran- da com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
ça, o habeas data e o mandado de injunção caso. (grifos nosso) 325
Note que a revisão, edição e cancelamento depen- Superior Tribunal de Justiça
de da decisão de (dois terços) dos membros do Supre-
mo Tribunal Federal, em sessão plenária. Art. 2º § 3º O STJ é composto por no mínimo 33 Ministros,
da Lei 11.417/2006. nomeados pelo Presidente da República, sendo estes
O art. 103-A é uma norma constitucional de eficá- brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de
cia limitada (normas cuja aplicabilidade é mediata, notável saber jurídico e reputação ilibada, depois da
indireta e reduzida). aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
A Súmula terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração Art. 104 O Superior Tribunal de Justiça compõe-
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual -se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
e municipal, bem como proceder à sua revisão ou can- Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal
celamento, na forma estabelecida em lei. de Justiça serão nomeados pelo Presidente da
Caso haja descumprimento de Súmula Vinculante, República, dentre brasileiros com mais de trinta
o recurso cabível é Reclamação ao STF, conforme art. e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de
7º da lei 11.417/2006. notável saber jurídico e reputação ilibada, depois
de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo Senado Federal, sendo:
que contrariar enunciado de súmula vinculan- I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regio-
te, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente nais Federais e um terço dentre desembarga-
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fede- dores dos Tribunais de Justiça, indicados em
ral, sem prejuízo dos recursos ou outros meios lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
admissíveis de impugnação. (grifo nosso) II - um terço, em partes iguais, dentre advoga-
dos e membros do Ministério Público Federal,
Ainda, podem propor (fazer a proposta e não o Estadual, do Distrito Federal e Territórios,
julgamento) aprovação, revisão ou cancelamento dos alternadamente, indicados na forma do art. 94.
legitimados previstos no art. 3º da lei 11.417/2006. Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio-
nais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito
Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revi- Federal e Territórios será composto de membros, do
são ou o cancelamento de enunciado de súmula Ministério Público, com mais de dez anos de carreira,
vinculante: e de advogados de notório saber jurídico e de reputa-
I - o Presidente da República; ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
II - a Mesa do Senado Federal; profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
III – a Mesa da Câmara dos Deputados; de representação das respectivas classes.
IV – o Procurador-Geral da República; Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribu-
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do nal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe-
Brasil; cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá
VI - o Defensor Público-Geral da União; um de seus integrantes para nomeação.
VII – partido político com representação no Con-
gresso Nacional; Requisitos para escolha dos Ministros:
VIII – confederação sindical ou entidade de classe
de âmbito nacional; z Idade entre 35 e 65 anos;
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câma- z Possuir notável saber jurídico e reputação ilibada.
ra Legislativa do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; „ 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça – TRF
de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os „ 1/3 de desembargadores dos tribunais de Justi-
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regio- ça estaduais – TJ
nais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais „ 1/3 divididos desta forma: 1/6 de advogados; e
e os Tribunais Militares. „ 1/6 de membros MP, estaduais e do DF
§ 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao „ Indicados na forma do art. 94 da CF/88 – quinto
curso de processo em que seja parte, a edição, a revi- constitucional.
são ou o cancelamento de enunciado de súmula vin-
culante, o que não autoriza a suspensão do processo. Competência STF X STJ

Existem órgãos que podem descumprir a Súmula A seguir, organizamos dois quadros das competên-
Vinculante sem sofrer penalidades. São os seguintes: cias do STF e STJ, com fundamento nos arts. 102 e 105
da CF. Pedimos atenção especial nesses artigos, pois
z STF de oficio para rever ou cancelar; são de extrema importância. Cuidado para não con-
z Processo legislativo – na sua função típica, ou seja, fundir as competências de cada órgão.
ao legislar.

Cuidado: Na sua função atípica, que seria admi- STF - ART. 102 DA CF
nistrar e julgar, deve respeitar a súmula vinculante: ADI, ADC e ADPF*
Crime comum:
z Presidente da República pode editar Medida Pro-
visória contrária à súmula vinculante (pois, neste Presidente República + Vice
326 caso, ele estaria legislando). Membros Congresso Nacional, Ministros e o PGR
STF - ART. 102 DA CF
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Crime de comum e responsabilidade:
Ministros estado, Comandante Marinha, Exército e Ae- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No âmbito do Poder Legis-
ronáutica, membros Tribunais Superiores, TCU e Chefes lativo Federal, as comissões parlamentares de inquérito
de missão diplomática.
HC quando coator for Tribunal Superior e o paciente for a) podem investigar fatos referentes a questões de inte-
autoridade/funcionários quando atos estejam sujeitos resse de um estado-membro, ou seja, sem relevância
jurisdição STF; nacional.
MS e HD contra atos do Presidente República, Mesa da b) podem determinar medida de arresto e sequestro de
Câmara dos Deputados e Senadores; bens de investigados.
Extradição; c) têm poderes para determinar medida de busca e
Litigio entre Estado estrangeiro e a União, o Estado, o apreensão domiciliar e interceptação telefônica.
Distrito Federal ou o Território*; d) podem determinar que um investigado não se ausente
Ações contra CNJ e CNMP (Conselho Nacional do Mi- do país.
nistério Público); e) têm poderes para quebrar sigilo de dados telefônicos.
Extradição solicitada por estado estrangeiro;
Revisão criminal e ação rescisória de seus julgados; Conforme o STF, a CPI tem competência constitucio-
Reclamação – preservação de sua competência; nal para ordenar a quebra de sigilo bancário, fiscal
Ações contra CNJ e o CNMP. e telefônico (MS 23.868, rel Min. Celso de Mello, jul-
Competência em recurso Ordinário: habeas corpus, gamento em 30.8.2001, DJ de 21.6.2002). Resposta:
mandado de segurança, habeas data e mandado de Letra E.
injunção, decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores; 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A Constituição Fede-
Competência em Recurso Extraordinário: ral de 1988 elenca como atribuição do presidente da
Causas decididas em única ou última instância, caso República
decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição
Federal. a) dispor, por decreto, sobre o funcionamento da admi-
nistração pública federal, ainda que isso implique
aumento de despesa.
b) conceder indulto e comutação de penas.
STJ - ART. 105 DA CF c) autorizar empréstimos contraídos pela União no
ADI, ADC e ADPF* exterior.
Crime comum: d) celebrar e referendar acordos internacionais, na condi-
ção de chefe de Estado.
Governador de Estado e DF; e) celebrar a paz, com referendo do Senado Federal.
Crimes comuns e de responsabilidade: 1Desembargado-
res do TJ (Estados e DF), membros do TCE e TCDF, dos TRF, A Constituição Federal no art. 84 trata da competên-
TER e TRT, dos conselhos do TCU e do MPU;*1HC quando cia do Presidente da República, sendo que no inci-
coator ou paciente for pessoas acima mencionadas, ou so XII dispõe que compete ao Presidente conceder
quando for Tribunal sujeito a sua jurisdição, Ministro de indulto e comutar penas, com audiência, se necessá-
Estado ou Comandante do Exército, Marinha e Aeronáuti- rio, dos órgãos instituídos em lei. Resposta: Letra B.
ca, salvo competência da Justiça Eleitoral;
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administração
Mandado de Segurança e Habeas Data contra ato de
pública e da organização dos poderes, julgue o item
Ministro de Estado, Comandantes do Exército, Marinha
subsequente à luz da CF.
e Aeronáutica, ou Ministros do STJ;1Conflito de compe- Cabe ao Congresso Nacional exercer, mediante con-
tência entre os Tribunais (salvo art. 102, I “o” – conflito trole externo, a fiscalização contábil, financeira, orça-
entre STJ x Tribunais);1Revisão Criminal e Ação Rescisó- mentária, operacional e patrimonial da União.
ria de seus julgados;1Reclamação – preservação de sua
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
competência;1Conflito entre autoridades administrativas
( ) CERTO ( ) ERRADO
e judiciárias da União, entre autoridades judiciárias de um
Estado e administrativas de outro ou do DF, ou entre es-
Sim, a função será exercida pelo Congresso Nacio-
ses e a União;1Mandado de Injunção quando a elabora-
nal mediante controle externo, conforme o art. 70
ção da norma for atribuição de autoridade Federal, salvo
da CF/88. Resposta: Certo.
casos de competência do STF, Justiça Militar, Eleitoral e
do Trabalho;1Competência em recurso Ordinário:1Ha-
4. (FCC – 2018) O Tribunal de Contas, órgão dotado de
beas Corpus decidido em única ou última instância pelos
prerrogativas especiais, atua como auxiliar do Poder
TRF ou TJ dos Estados e DF quando denegatória.
Mandado de Segurança decidido em única instância a) Executivo, na função de controle interno da
pelo TRF ou TJ dos Estados e DF, também quando Administração.
denegatória a decisão. Causas em que forem partes b) Legislativo, na função de controle externo da
Estado estrangeiro ou organismo Internacional de um
Administração.
lado, e, de outro, Município ou pessoa residente ou do-
miciliada no país;1Competência em Recurso Especial: c) Legislativo e do Poder Judiciário, respectivamente, na
Causas decididas em única ou ultima instância pelo função de controle interno e externo da Administração.
TRF ou TJ dos Estados ou DF, quando decisão recorrida d) Judiciário, exercendo função jurisdicional, no controle
contrariar Lei Federal. externo da Administração.
e) Legislativo, exercendo função administrativa, no con-
*Muito cobrado em provas trole interno da Administração. 327
O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas República:
da União na sua função administrativa, conforme IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
dispõe art. 71 da CF/88. Resposta: Letra B. Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos
o Conselho da República e o Conselho de Defesa
5. (FCC – 2018) Nos termos da Constituição Federal, a Nacional, decretar estado de defesa para preservar
adoção, pelo Presidente da República, de medidas de ou prontamente restabelecer, em locais restritos
e determinados, a ordem pública ou a paz social
reorganização da Administração federal, que impli-
ameaçadas por grave e iminente instabilidade ins-
quem a extinção de cargos e funções vagos,
titucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
a) é incabível, por se tratar de matéria privativa de lei, não
passível de delegação legislativa, vedada a edição de
3º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
medida provisória sobre o tema.
b) cabe ser tomada mediante decreto, independente-
z Confirma: Art. 49, IV da CF/88
mente de edição prévia de lei que o autorize a tanto.
z Rejeita: Art. 136 § 4º da CF/88
c) cabe ser tomada apenas mediante medida provisó-
ria, desde que presentes requisitos de urgência e
Controle político imediato – ocorre na decreta-
relevância.
ção ou caso persistirem as razões que justificaram o
d) cabe ser tomada apenas mediante delegação legislati-
estado de defesa, este poderá ser prorrogado por mais
va do Congresso Nacional.
30 dias, então o Presidente da República no prazo de
e) cabe ser tomada mediante decreto, desde que median-
24 horas submete a decisão ao Congresso Nacional,
te a edição prévia de lei que o autorize a tanto.
que deverá decidir pelo voto da maioria absoluta e
mediante decreto legislativo, sobre a aprovação ou
A constituição no art. 84, inciso IV, “a”, autoriza a
suspensão.
decisão mediante decreto, não sendo necessário lei
Caso o Congresso estiver em recesso, será convocado
que previamente autorize, denominado pela doutri-
no prazo de cinco dias – Sessão Legislativa Extraordiná-
na como um Decreto Autônomo. Resposta: Letra B.
ria. Deverá, também, apreciar o decreto no prazo de dez
dias do seu recebimento (art. 136, §5º e 6º da CF/88).
Controle político concomitante (ao mesmo
tempo) - Neste caso, cinco membros da mesa do Con-
DA SEGURANÇA PÚBLICA gresso Nacional têm que acompanhar e fiscalizar as
medidas tomadas.
ESTADO DE DEFESA Controle político sucessivo (no final) – Ocorre nos
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter-
O Estado de Defesa e Estado de Sítio são legalida- mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli-
des extraordinárias temporárias, criadas por Decreto cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
do Presidente da República, consagrados no Título V da República em mensagem ao Congresso Nacional.
da Constituição Federal. Caso o Congresso Nacional não aceite a justifica-
O estado de defesa tem o objetivo de preservar ou tiva relada pelo Presidente da República no controle
reestabelecer em locais restritos à ordem pública e a político sucessivo e se, caracterizado algum crime de
paz social ameaçada por grave e iminente instabilida- responsabilidade, poderá o Presidente ser submetido
de institucional ou atingidas por calamidade de gran- ao processo, conforme a Lei 1.079/1950 e art. 85 da
de proporção da natureza, conforme dispõe art. 136 CF/88. (controle jurídico)
da CF/88.
É obrigatória análise pelo Conselho da República ESTADO DE SÍTIO
e pelo Conselho de Defesa Nacional (art. 89 a 91 da
CF/88), ainda que a opinião dos Conselhos não seja O estado de sítio está consagrado no art. 137 a 139
vinculante. O controle político ocorre após a decreta- da CF/88 e será decretado diante da ineficácia do esta-
ção do Presidente deve no prazo de 24 horas enviar ao do de defesa, diante de comoção de grave repercussão
Congresso Nacional para análise, para ser autorizado nacional. E não pode ser decretado por mais de 30 dias,
depende da autorização da maioria absoluta de seus porém, se necessário, pode ser prorrogado por mais 30,
membros. se necessário de novo, mais 30, e assim por diante.
O tempo de duração não será superior a 30 dias, No caso de declaração de estado de guerra ou res-
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual posta a agressão armada estrangeira, o estado de sítio
período. Nesse período será limitado o direito de reu- poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar
nião, mesmo que exercida junto às associações, sigilo a guerra ou a agressão armada estrangeira.
de correspondência e sigilo de comunicação telegráfi- Procedimento:
ca e telefônica.
Procedimento: 1º: Presidente da República consulta dois conselhos.

1º: Presidente da República consulta dois conselhos. z Conselho da República


z Conselho da Defesa Nacional
z Conselho da República
z Conselho da Defesa Nacional 2º: Controle político prévio - Presidente da Repúbli-
ca solicita autorização ao Congresso Nacional par
2º: Presidente da República decreta Estado de Defesa a decretação ou prorrogação do estado de sítio
328 (Art. 84 IX e 136 caput da CF) (Art. 137, parágrafo único da CF/88).
Autorização será por maioria absoluta e por ESTADO DE
ESTADO DE SÍTIO
decreto legislativo (art. 49, IV da CF/88). DEFESA

Comoção grave de
3º: Presidente da República decreta estado de sítio. repercussão nacio-
Art. 84 IX e 137 caput da CF. nal ou ineficácia
da medida tomada
4º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional: durante o estado de
defesa;
Controle político concomitante (ao mesmo tem- 30 dias podendo
30 dias podendo ser se for o caso ser
po) –A partir do momento que o estado de sítio é auto- prorrogado somen- prorrogado suces-
rizado, o Congresso designa cinco membros da mesa PRAZO te uma vez por igual sivamente 30 + 30
do Congresso Nacional para acompanhar e fiscalizar período. + 30 [...]
Exemplo: 30 + 30 Declaração de esta-
as execuções das medidas referente ao estado de sítio. do de guerra ou res-
Art. 49, IV e art. 140 da CF/88. posta a agressão
armada estrangeira.
Controle político sucessivo (no final) - Ocorre nos
Decretado pelo
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter- tempo que durar a
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli- guerra ou agressão
armada.
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
da República em mensagem ao Congresso Nacional. COMPETÊNCIA
Presidente da Presidente da
República República
O direito de reunião pode ser limitado por decreto
presidencial no estado de defesa e estado de sítio. A
Posterior: Prévio:
censura também se torna possível no estado de sítio. Depois de decreta- Presidente da Re-
Ainda, caso decretado estado de sítio por comoção do estado de defesa pública depende de
grave de repercussão nacional ou ineficácia da medi- CONTROLE o Presidente da Re- autorização pelo
POLÍTICO pública comunica Congresso Nacio-
da tomada durante o estado de defesa, só poderão ser congresso nacional nal para decretar o
tomadas contra as pessoas as medidas consagradas no que pode confirmar estado de sítio.
ou cessar.
art. 139 da CF, vejamos:

I - obrigação de permanência em localidade


FORÇAS ARMADAS
determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados
As forças armadas estão consagradas no título V da
ou condenados por crimes comuns; Constituição Federal, conforme art. 142, as forças arma-
III - restrições relativas à inviolabilidade da corres- das são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáu-
pondência, ao sigilo das comunicações, à prestação tica, a qual são instituições nacionais permanentes e
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifu- regulares, organizadas com base na hierarquia e dis-
são e televisão, na forma da lei; ciplina, sob autoridade do Presidente da República. As
IV - suspensão da liberdade de reunião; funções das forças armadas, além da defesa da pátria,
V - busca e apreensão em domicílio; também englobam a defesa do estado e das instituições
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; democráticas (garantidoras da lei e da ordem).
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do Dica
inciso III a difusão de pronunciamentos de parla- As forças armadas estão inseridas na estrutura
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
mentares efetuados em suas Casas Legislativas, do Poder Executivo.
desde que liberada pela respectiva Mesa.
Os membros das forças armadas são denomina-
ESTADO DE dos como militares e tem função subsidiária, ou seja,
ESTADO DE SÍTIO
DEFESA desempenham funções que originalmente são de
competência das forças da segurança pública (polícia
TÍTULO V Seção I Seção II
federal, civil e militar dos estados e DF).
ART. 136 A 141 Art. 136 da CF Art. 137 da CF
Ainda, conforme dispõe o art. 142 do texto constitu-
cional, as forças armadas estão sob a autoridade supre-
Preservar ou rees- Comoção grave de
tabelecer ordem repercussão nacio- ma do Presidente da República, e destinam-se à defesa
pública e a paz nal ou ineficácia da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
social ameaçada da medida tomada iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
por grave e imi- durante o estado de
PRESSUPOSTOS
nente instabilidade defesa;
institucional; Declaração de esta- FORÇAS ARMADAS PRESIDENTE DA REPÚBLICA É
Calamidade de do de guerra ou res-
AUTORIDADE SUPREMA
grande proporção posta a agressão
da natureza. armada estrangeira. Marinha Exército Aeronáutica
329
Internamente são subordinadas aos seus respecti- § 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
vos comandantes, integrados no Ministério da Defesa serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujei-
com obediência ao Presidente da República. Assim, as tos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
patentes são conferidas pelo Presidente da República,
entretanto a perda desta só ocorrerá se for julgado Exemplo prático de uso das Forças Armadas!
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por Em 20/10/2020 foi publicado no DOU decreto pre-
decisão de tribunal militar de caráter permanente, sidencial que autoriza o uso das Forças Armadas nas
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
eleições municipais de 2020.
de guerra, conforme incisos I e VI do art. 142 da CF/88.
O objeto é garantir a ordem pública durante a
Aos militares é proibida a sindicalização e greve.
Ainda, no serviço ativo não pode estar filiado a parti- votação e segurança do processo eleitoral.
do político. DECRETO Nº 10.522, DE 19 DE OUTUBRO DE 2020
STF já se posicionou sobre o tema: Autoriza o emprego das Forças Armadas para a
garantia da ordem pública durante a votação e a apu-
z O exercício do direito de greve, sob qualquer for- ração das eleições de 2020.
ma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribui-
a todos os servidores públicos que atuem direta- ções que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e XIII,
mente na área de segurança pública. da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 15
z É obrigatória a participação do poder público em da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, e no
mediação instaurada pelos órgãos classistas das art. 23, caput , inciso XIV, da Lei nº 4.737, de 15 de julho
carreiras de segurança pública, nos termos do art. de 1965 - Código Eleitoral, DECRETA:
165 do CPC, para vocalização dos interesses da cate-
goria. (STF. ARE 654.432, rel. Min. Alexandre de Art. 1º Fica autorizado o emprego das Forças Arma-
Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11.60.2018, Tema 541) das para a garantia da ordem pública durante a vota-
ção e a apuração das eleições de 2020.
Conforme dispõe o § 2º do art. 142 da CF, não cabe Art. 2º As localidades e o período de emprego das
habeas corpus em caso de punição militar, sendo que Forças Armadas serão definidos conforme os ter-
este segue as próprias regras de hierarquia e disciplina. mos de requisição do Tribunal Superior Eleitoral.
Mas cuidado! A doutrina e jurisprudência enten- Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua
de que se aplica o mencionado dispositivo quanto ao publicação.
mérito das punições militares, ou seja, quando for
o caso de ilegalidade dos pressupostos, como com- SEGURANÇA PÚBLICA
petência e cumprimento de regras estabelecidas no
regulamento militar é cabível a impetração de habeas
corpus para análise do poder judiciário. A segurança pública é dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, a qual objetiva a preserva-
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMI- ção da ordem pública e da incolumidade de pessoas e
NAL. PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. Não há que se do patrimônio, conforme consagra o art. 144 do texto
falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se a con- constitucional.
cessão de habeas corpus, impetrado contra puni- É exercido por meio de órgãos federais e esta-
ção disciplinar militar, volta-se tão-somente para duais como a polícia federal, polícia rodoviária fede-
os pressupostos de sua legalidade, excluindo a ral, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
apreciação de questões referentes ao mérito. Con- militares, o corpo de bombeiros militares e as polícias
cessão de ordem que se pautou pela apreciação dos penais federal, estadual e distrital, esta última acres-
aspectos fáticos da medida punitiva militar, invadindo centada pela Emenda Constitucional nº 104/2019.
seu mérito. A punição disciplinar militar atendeu aos Conforme o § 8º do art. 144 da CF os municípios
pressupostos de legalidade, quais sejam, a hierarquia, podem constituir guardas municipais destinados à
o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena sus- proteção de seus bens, serviços e instalações (deve
ceptível de ser aplicada disciplinarmente, tornando, atuar somente na municipalidade). Cuidado! Esse
portanto, incabível a apreciação do habeas corpus. órgão não integra a estrutura de segurança pública
Recurso conhecido e provido.” (STF. RE 338.840, rel. para exercer a função de polícia ostensiva.
min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJ de 12.09.2003) Para o STF os órgãos que compõe a segurança
pública estão relacionados nos incisos I ao VI do art.
A Constituição também prevê o serviço militar
144 da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem
obrigatório, conforme art. 143, entretanto o inciso
os municípios ou estados criarem outros órgãos para
VIII do art. 5º desobriga o alistado do serviço militar
integrarem à segurança pública.
por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou
política, desde que cumpra prestação alternativa, que
Art. 144 A segurança pública, dever do Estado, direito
é de competência das forças armadas atribuir.
e responsabilidade de todos, é exercida para a preser-
vação da ordem pública e da incolumidade das pes-
Art. 143 O serviço militar é obrigatório nos termos
da lei. soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, I - polícia federal;
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de II - polícia rodoviária federal;
paz, após alistados, alegarem imperativo de cons- III - polícia ferroviária federal;
ciência, entendendo-se como tal o decorrente de IV - polícias civis;
crença religiosa e de convicção filosófica ou políti- V - polícias militares e corpos de bombeiros
ca, para se eximirem de atividades de caráter essen- militares.
330 cialmente militar. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou: A Polícia Ferroviária Federal surgiu no Brasil em
Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede- 1852 por Decreto Imperial, nessa época era denomi-
ral, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Cons- nada como “Polícia dos Caminhos de Ferro” e tinha o
tituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da objetivo de cuidar das riquezas que eram transporta-
segurança pública. Entre eles não está o Departamen- das pelos trilhos de ferro.
to de Trânsito. Resta, pois, vedada aos Estados-mem- Entretanto, apesar de ter autorização na atual
bros a possibilidade de estender o rol, que esta Corte constituição, hoje essa polícia não existe de fato.
já firmou ser numerus clausus, para alcançar o Depar-
tamento de Trânsito. z Polícias Civis (art. 144, § 4º da CF) são dirigidas
[ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11- por delegados de carreiras e subordinadas aos
2005, P, DJ de 10-3-2006.] Governadores dos estados ou DF têm função de
Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9- polícia judiciária (exercício da segurança pública)
2010, P, DJE de 6-4-2011 e apuração de infrações penais, salvo as militares.
Serviços da segurança pública são custeados
mediante impostos, sendo que não é permitida a cria-
Art. 144 [...]
ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remunera- § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
ção dos servidores será exclusivamente por subsídio polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
fixado em parcela única, na forma do § 4º do art. 39 tência da União, as funções de polícia judiciária e a
da CF/88. apuração de infrações penais, exceto as militares.

Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Fique atento que o art. 144 § 4º não menciona a ati-
Municípios instituirão conselho de política de admi- vidade penitenciária como atividade da polícia civil.
nistração e remuneração de pessoal, integrado por A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define
servidores designados pelos respectivos Poderes.
incumbir às polícias civis “as funções de polícia judi-
[...]
ciária e a apuração de infrações penais, exceto as mili-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
tares”. Não menciona a atividade penitenciária, que
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais;
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
não atribui essa atividade específica à polícia civil.
sivamente por subsídio fixado em parcela úni-
(STF. ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, DJE de 14-5-2010)
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em z Polícias militares e Corpo de Bombeiros Militar
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (art. 144, § 5º da CF): as polícias militares cabem
à polícia ostensiva sendo atribuído a preservação
z Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF) é órgão per- da ordem pública e ao corpo de bombeiros milita-
manente, organizado e mantido pela União. Exer- res objetivam a execução das atividades de defesa
ce a função de polícia judiciária da União, que está civil, prevenção e combate a incêndios, buscas e
disposto nos incisos I ao IV, vejamos: salvamentos públicos.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão Ainda, conforme consagra § 6º do art. 144 da CF
permanente, organizado e mantido pela União e ambos “subordinam-se, juntamente com as polícias
estruturado em carreira, destina-se a: civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
I - apurar infrações penais contra a ordem polí- Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
tica e social ou em detrimento de bens, serviços e Territórios”.
interesses da União ou de suas entidades autárqui-
cas e empresas públicas, assim como outras infra-
z Polícias Penais Federal, estaduais e distrital (art.
ções cuja prática tenha repercussão interestadual
ou internacional e exija repressão uniforme, segun- 144 § 5º-A) foi incluído pela Emenda Constitucio-
do se dispuser em lei; nal nº 104 de 2019, às polícias penais cabe à segu-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor- rança dos estabelecimentos penais, vinculadas ao
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca- órgão administrador do sistema penal da unidade
minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros federativa a que pertencem.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

Conforme considerações do STF, na busca e apreen-


são de tráfico de drogas o cumprimento da ordem EXERCÍCIOS COMENTADOS
judicial pela polícia militar não contamina o flagrante
e a busca e apreensão realizadas. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Conforme a CF, às polí-
cias civis, dirigidas por delegados de polícia de carrei-
III - exercer as funções de polícia marítima, aero- ra, cabe
portuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polí-
cia judiciária da União. a) exercer as funções de polícia marítima, aérea e de
fronteiras.
z Polícia Rodoviária Federal (art. 144, § 2º da CF) b) patrulhar ostensivamente as ferrovias federais.
é órgão permanente, organizado e mantido pela c) apurar as infrações penais contra a ordem política e
União, tem como função o patrulhamento ostensi- social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
vo das rodovias federais. da União.
z Polícia Ferroviária Federal (art. 144, § 3º da CF) d) exercer as funções de polícia judiciária e apurar as
é órgão permanente, organizado e mantido pela infrações penais, exceto as de natureza militar.
União, tem como função o patrulhamento ostensi- e) responder pelo policiamento ostensivo, pela preserva-
vo das ferrovias federais. ção da ordem pública e pela defesa civil. 331
O item “d” está em consonância com o Art. 144. § fundamentais dos investigados e que os atos inves-
40º: “Às polícias civis, dirigidas por delegados de tigatórios – necessariamente documentados e pra-
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe- ticados por membros do MP – devem observar as
tência da União, as funções de polícia judiciária e a hipóteses de reserva constitucional de jurisdição,
apuração de infrações penais, exceto as militares”. bem como as prerrogativas profissionais garanti-
Resposta: Letra D. das aos advogados, como o acesso aos elementos
de prova que digam respeito ao direito de defesa.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A CF, em seu art. 144, Destacaram ainda a possibilidade do permanente
apresenta o rol dos órgãos encarregados da seguran- controle jurisdicional de tais atos.” (STF. RE 593727
ça pública. Esse rol é Tema de Repercussão Geral. Min. Cezar Peluso, jul-
gado em 14.05.2015). Resposta: Errado.
a) taxativo para a União e inaplicável aos estados e ao
Distrito Federal. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Conforme o STF, no que
b) taxativo para a União e exemplificativo para os esta- se refere às carreiras de segurança pública, o exercício
dos e o Distrito Federal. do direito de greve é
c) exemplificativo para a União e taxativo para os esta-
dos e para o Distrito Federal. a) vedado aos policiais civis e a todos os servidores
d) taxativo para a União, para os estados e para o Distrito públicos que atuem diretamente na área de segurança
Federal. pública.
b) permitido aos servidores públicos civis e aos militares.
e) exemplificativo para a União, para os estados e para o
c) permitido apenas aos policiais civis, salvo em caso de
Distrito Federal.
estado de sítio e estado de defesa.
d) permitido apenas aos policiais civis que atuem direta-
Conforme entendimento do STF os órgãos que com-
mente na área de segurança pública.
põe a segurança pública estão relacionados nos e) vedado aos policiais civis, salvo se essa atividade for
incisos I ao VI do art. 144 da CF são rol taxativo, suprida por órgão da iniciativa privada.
numerus clausus (ADI 1.182, voto do rel. min. Eros
Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.) Fique aten- Aos militares é proibida a sindicalização e greve,
to! A Emenda Constitucional nº 104 de 2019 incluiu ainda, no serviço ativo não pode estar filiado a par-
no rol também às Polícias Penais Federal, estaduais tido político. STF já se posicionou sobre em tema de
e distrital. Resposta: Letra D. repercussão geral, vejamos:
1 – O exercício do direito de greve, sob qualquer for-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As polícias civis, dirigidas ma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a
por delegados de polícia de carreira, subordinam-se todos os servidores públicos que atuem diretamente
na área de segurança pública.
a) as polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de 2 – É obrigatória a participação do poder público
carreira, subordinam-se somente ao governador do em mediação instaurada pelos órgãos classistas das
Distrito Federal e dos territórios. carreiras de segurança pública, nos termos do art.
b) ao governador do Distrito Federal e aos governadores 165 do CPC, para vocalização dos interesses da cate-
de estado e dos territórios. goria (ARE 654.432, rel. Min. Alexandre de Moraes,
c) à União e ao governador do Distrito Federal e dos j. 5-4-2017, P, DJE de 11-6-2018, Tema 541). Respos-
territórios. ta: Letra A.
d) somente aos governadores de estado.
e) aos governadores de estado e à União.

Em consonância com o art. 144, § 6º As polícias milita- HORA DE PRATICAR!


res e os corpos de bombeiros militares, forças auxilia-
res e reserva do Exército subordinam-se, juntamente 1. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Quanto à organização
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, jul-
distrital (novidade incluída pela Emenda Constitucio- gue o item a seguir.
nal n 104/2019), aos Governadores dos Estados, do É viável a extinção de órgãos públicos por meio de
Distrito Federal e dos Territórios. Resposta: Letra B. decreto do presidente da República na hipótese de
redução de despesa para a União.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação à defesa do
Estado e das instituições democráticas, julgue o item ( ) CERTO ( ) ERRADO
que se segue.
A exclusividade atribuída pela Constituição Federal de
2. (CEBRASPE-CESPE – 2018) No que se refere ao
1988 à Polícia Federal para o exercício das funções de
exercício da competência privativa do presidente
polícia judiciária da União impede a realização de ativi-
da República para dispor sobre a organização e o
dade de investigação criminal pelo Ministério Público.
funcionamento da administração federal, assinale a
opção correta.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) O presidente, como chefe de Estado, pode dispor sobre
O Ministério Público tem poder de investigação,
tal matéria mediante medida provisória nos casos de
conforme entendimento do STF em tema de reper-
relevância e urgência.
cussão geral entendeu que o Ministério Público
b) O presidente, como chefe de governo, pode dispor
tem poder para promover, por autoridade própria
sobre tal matéria mediante medida provisória se não
investigações de natureza penal. Ainda, entendeu
houver aumento de despesa.
332 que “devem ser respeitados os direitos e garantias
c) O presidente, como chefe de Estado, pode dispor 7. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Com relação à seguran-
sobre tal matéria mediante decreto regulamentar de ça pública e à atuação da Polícia Federal, julgue o
lei prévia, desde que não extrapole os limites da lei e item seguinte.
não haja aumento de despesa. Compete à Polícia Federal exercer, com exclusividade,
d) O presidente, como chefe de governo, pode dispor as funções de polícia judiciária da União.
sobre tal matéria mediante decreto autônomo, desde
que não haja aumento de despesa nem criação ou ( ) CERTO ( ) ERRADO
extinção de órgãos públicos.
e) O presidente, como chefe de governo, pode dispor 8. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Conforme disposições
sobre tal matéria mediante decreto autônomo em constitucionais a respeito da organização da segu-
caso de urgência, mesmo que a proposta implique rança pública, julgue o item a seguir.
aumento de despesa. O poder constituinte originário, ao tratar da seguran-
ça pública no ordenamento constitucional vigente, fez
menção expressa à segurança viária, atividade exer-
3. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o próximo item,
cida para a preservação da ordem pública, da inco-
relativo à organização dos poderes.
lumidade das pessoas e de seu patrimônio nas vias
Quando um cargo público federal estiver vago, o pre-
públicas.
sidente da República poderá extingui-lo por decreto,
sem a necessidade de lei.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Com relação à compe-
tência legislativa dos municípios, é correto afirmar
4. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Acerca da organização que é constitucional lei municipal que
político-administrativa, assinale a opção correta.
a) discipline o regime jurídico dos servidores e dos
a) Compete privativamente à União legislar sobre empregados públicos municipais.
orçamento. b) disponha sobre tempo máximo de espera de clientes
b) Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal em filas em estabelecimentos comerciais e bancários.
legislar concorrentemente a respeito de comércio c) trate sobre trânsito e transporte, nos limites autoriza-
interestadual. dos por lei complementar federal.
c) Compete privativamente à União legislar a respeito de d) normatize, concorrentemente com legislação federal
direito econômico. e estadual, procedimentos em matéria processual em
d) Incumbe aos estados explorar os serviços locais de geral.
gás canalizado. e) institua regiões metropolitanas, aglomerações urba-
e) É competência comum da União e do Distrito Fede- nas e microrregiões.
ral exercer a classificação de diversões públicas para
efeito indicativo. 10. (CEBRASPE-CESPE – 2019) À luz da Constituição
Federal de 1988, julgue o item a seguir.
5. (CEBRASPE-CESPE – 2020) Conforme as previsões Os aprovados em concurso público ainda em prazo
constitucionais e a jurisprudência do STF sobre improrrogável de convocação terão prioridade de
segurança pública, em especial sua estrutura e convocação sobre os aprovados em concurso públi-
organização, admite-se que co posterior para o mesmo cargo ou para emprego na
mesma carreira.
a) lei estadual crie órgãos diversos de segurança públi-
ca, de forma diferente da estabelecida constitucional- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mente para os órgãos federais.
11. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Com relação à perda
b) lei municipal constitua guardas municipais destinadas
da nacionalidade de brasileiro, julgue o item que se
à proteção dos bens, dos serviços e das instalações
segue.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
do município.
Perderá a nacionalidade de brasileiro aquele cuja natu-
c) lei municipal subordine excepcionalmente as polícias
ralização seja cancelada judicialmente em virtude de
militares e a reserva do Exército aos prefeitos, em
atividade nociva ao interesse nacional.
caso de calamidade pública.
d) lei estadual atribua às polícias civis funções de apura- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção de infrações penais militares.
e) lei federal transfira temporariamente aos corpos de 12. (CEBRASPE-CESPE – 2019) Com relação à perda
bombeiros militares a execução de atividades de defe- da nacionalidade de brasileiro, julgue o item que se
sa civil. segue.
Brasileiro nato ou naturalizado residente em territó-
6. (CEBRASPE-CESPE – 2019) À luz da Constituição rio estrangeiro perderá a nacionalidade brasileira se
Federal de 1988, julgue o item que se segue, a res- adquirir outra nacionalidade, exceto nas hipóteses
peito de direitos e garantias fundamentais e da constitucionalmente estabelecidas.
defesa do Estado e das instituições democráticas.
A segurança viária compreende a educação, a enge- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nharia e a fiscalização de trânsito, vetores que assegu-
ram ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. 13. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Com relação aos direi-
tos e às garantias fundamentais constitucionalmente
( ) CERTO ( ) ERRADO assegurados, julgue o item que se segue. 333
Apesar de o ordenamento jurídico vedar a extradição 20. (CEBRASPE-CESPE – 2014) Considerando os princí-
de brasileiros, brasileiro devidamente naturalizado pios, direitos e garantias fundamentais previstos na
poderá ser extraditado se comprovado seu envolvi- CF e a responsabilidade civil do Estado, julgue (C ou
mento com o tráfico ilícito de entorpecentes. E) o item subsequente.
O repúdio ao terrorismo e ao racismo é princípio
( ) CERTO ( ) ERRADO regente das relações internacionais da República
Federativa do Brasil, sendo a prática do racismo crime
14. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclu-
são, e o terrorismo, crime inafiançável e insuscetível
relativo ao direito de nacionalidade.
de graça ou anistia.
Considera-se hipótese excepcional de quase nacio-
nalidade aquela que depende tanto da manifestação
( ) CERTO ( ) ERRADO
da vontade do estrangeiro quanto da aquiescência do
chefe do Poder Executivo.
9 GABARITO
( ) CERTO ( ) ERRADO
1 ERRADO
15. (CEBRASPE-CESPE – 2018) A respeito dos direitos e
das garantias fundamentais, julgue o item seguinte. 2 D
Situação hipotética: João, cuja mãe é brasileira e cujo 3 CERTO
pai é espanhol e mora em Londres, nasceu em país
estrangeiro e não foi registrado em repartição brasilei- 4 D
ra competente. Hoje, aos 21 anos de idade, ele reside
5 B
no Brasil e pretende requerer a nacionalidade brasilei-
ra. Assertiva: Nesse caso, poderá ser conferida a João 6 CERTO
a condição de brasileiro nato.
7 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO 8 ERRADO

16. (CEBRASPE-CESPE – 2014) No que se refere aos 9 B


direitos e às garantias fundamentais, julgue o seguinte
10 CERTO
item.
Considere que uma criança tenha nascido nos Esta- 11 CERTO
dos Unidos da América (EUA) e seja filha de pai ame-
ricano e de mãe brasileira, que trabalhava, à época do 12 CERTO
parto, na embaixada brasileira nos EUA. Nesse caso, 13 CERTO
a criança somente será considerada brasileira nata se
for registrada na repartição brasileira competente nos 14 ERRADO
EUA. 15 CERTO

( ) CERTO ( ) ERRADO 16 ERRADO

17 ERRADO
17. (CEBRASPE-CESPE – 2018) À luz da Constituição
Federal de 1988, julgue o item que se segue, acerca 18 ERRADO
dos princípios fundamentais e do meio ambiente.
Ressalvada a hipótese de flagrante delito, a prisão 19 ERRADO
decorrente da prática de transgressão militar depen- 20 CERTO
derá de ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente.

( ) CERTO ( ) ERRADO
ANOTAÇÕES
18. (CEBRASPE-CESPE – 2018) Com relação às normas
do direito brasileiro, julgue o item que se segue.
Todos os tratados internacionais que versem sobre
direitos humanos são incluídos no ordenamento jurí-
dico brasileiro com força de norma constitucional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CEBRASPE-CESPE – 2014) No que concerne aos


princípios fundamentais, julgue o item subsecutivo.
A aplicação do princípio da legalidade não distingue o
particular do administrador público.

334 ( ) CERTO ( ) ERRADO


fixado pelos planos nacionais em que estão definidos
os grandes objetivos e metas. Na definição de Baleei-
ro (2010), trata-se do ato pelo qual o Poder Legislati-
vo prevê e autoriza ao Poder Executivo as despesas
destinadas ao funcionamento da máquina pública e
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO as receitas já criadas em lei.

FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Em suma, podemos resumir o conceito de orça-


mento público como a técnica, materializada por meio
de um instrumento formal como a lei, que objetiva a
previsão das receitas e a fixação das despesas.

ORÇAMENTO PÚBLICO Dica


O Senado Federal criou um portal chamado
CONCEITO
“Orçamento Fácil”, que tem como objetivo dis-
Vamos começar nossos estudos com uma pergun- ponibilizar as informações sobre o orçamento
ta: o que seria o orçamento? O termo é frequente- público de forma mais leve e amigável, e com
mente utilizado no nosso dia a dia: “acho que aquela isso ampliar o alcance das informações. Vale a
viagem dos sonhos terá que ser adiada... o orçamento pena conferir o site:
está apertado”, ou “vamos comprar aquele carro! As https://www12.senado.leg.br/orcamentofacil
parcelas cabem no orçamento!”. É justamente essa a
ideia. O orçamento é o processo em que realizamos Muito bem! Superados a definição e o conceito de
um planejamento e programação das entradas (recei- orçamento público, seguimos com algumas técnicas
tas) e saídas (despesas) dos recursos financeiros, orçamentárias.
objetivando a concretização de metas e objetivos. Os
orçamentos estão presentes em nossa vida pessoal, TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS
nas empresas e na área pública e é justamente essa
última que teremos como foco em nossos estudos. Antes de avençarmos, cabe esclarecer que em editais
Mãos à obra! de concurso é comum encontrarmos este tema como
“Espécies Orçamentárias”, “Tipos de Orçamento” ou
A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO: CONCEITOS “Técnicas de elaboração orçamentária”. Apesar de os
E CARACTERÍSTICAS termos possuírem sutis diferenças, para fins de concur-
sos públicos podemos nos referir ao mesmo conteúdo.
Antes mesmo de falarmos sobre o orçamen- A técnica de elaboração do orçamento não segue
to público, vamos compreender o que é a atividade uma única regra e método, pois a eficácia do controle
financeira do estado. orçamentário depende da adequação dos instrumen-
Segundo Baleeiro (1999) a atividade financeira do tos aos fatores internos e externos de um órgão. Por
Estado consiste em obter, criar, gerir e despender o exemplo, uma determinada técnica orçamentária
dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfa- pode ser mais adequada para órgãos com uma matu-
ção o Estado assumiu ou cometeu a outras pessoas de ridade e disciplina orçamentária maior do que aque-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


direito público. Em linha semelhante, define Paludo les que estão introduzindo um sistema orçamentário
(2017) que a atividade financeira é exercida pelo Esta- pela primeira vez. Além disso, o nível de controle ao
do, visando ao bem comum da coletividade. A ativida- qual estão submetidos certos órgãos ou programas
de do Estado está vinculada à arrecadação de recursos da administração podem requerer um grau maior ou
destinados à concretização dos objetivos e à satisfação menor de precisão das informações, o que impactará
de necessidades públicas básicas. diretamente a técnica adotada.
Em ambas as definições destacamos os aspectos Vejamos quais são esses tipos (ou técnicas) de
de “obter” (a arrecadação de receita pública), “criar” orçamento:
(créditos / empréstimos públicos), “gerir” (gestão do
orçamento público) e “despender” (a aplicação em z Orçamento Tradicional (ou clássico): o orçamen-
despesas públicas), ou seja, todo o ciclo de atividades to tradicional ou clássico surgiu na Inglaterra por
típico na gestão orçamentária pelo Estado. Por fim, volta de 1822 e possui um caráter extremamente
podemos dizer que, em sentido estrito, a atividade prescritivo e rígido: o processo orçamentário se
financeira está ligada ao exercício da soberania do restringe a prever receitas e autorizar despesas, é
Estado. formulado hierarquicamente, e é pouco alinhado
com programas e projetos dos órgãos, pois a ênfa-
O ORÇAMENTO PÚBLICO se está no objeto do gasto. Ademais, no orçamento
tradicional temos o foco no controle da legalidade
Orçamento público é um instrumento de planeja- dos gastos em detrimento da efetividade, eficácia e
mento governamental que envolve o gerenciamento eficiência das ações governamentais;
e controle dos recursos públicos, além do monitora- z Orçamento-programa: trata-se de uma concepção
mento dos gastos governamentais. É um instrumento gerencial de orçamento público, pois não se restringe
que os administradores públicos usam para organizar ao objeto do gasto, promove o vínculo do instrumento
os seus recursos financeiros. orçamentário com o planejamento das ações gover-
Segundo Giacomoni (2010), o orçamento público namentais e dá ênfase nos impactos que as ações
constitui-se, no curto prazo, em um instrumento para governamentais geram à sociedade. As despesas são
operacionalizar os programas setoriais e regionais classificadas com base em uma lógica funcional e pro-
de médio prazo, que por sua vez cumprem o marco gramática das despesas públicas. 335
Destacamos três momentos da presença do orça- um incremento do percentual relativo à correção
mento-programa no ordenamento jurídico brasileiro: inflacionária. Na definição da Secretaria do Tesouro
primeiro, o seu surgimento quando mencionado no Nacional – STN, o orçamento incremental é aquele
art.2º da Lei nº 4.320/64 (ainda sem a obrigatorieda- realizado mediante ajustes marginais nos seus itens
de de sua adoção); segundo, por meio do art.16 do de receita e despesa. Note que o conceito é o oposto
Decreto-Lei nº 200/67 tornando o orçamento-progra- do OBZ visto anteriormente. Dessa forma, tem como
ma obrigatório aos órgãos da administração pública; vantagem a facilidade na elaboração e as desvanta-
e por fim, o terceiro momento, com a edição do Decre- gens o desestímulo às ações de contenção de gastos e
to Federal nº 2.829/98, considerado o marco da efetiva redução de custos;
implementação do orçamento-programa. z Orçamento de desempenho: também chama-
Antes de abordarmos os demais tipos de orçamen- do de orçamento de realizações. Trata-se de uma
tos, resumiremos o orçamento tradicional e o orça- evolução do orçamento tradicional, onde “o que o
mento-programa em uma tabela comparativa, pois as governo compra” dá lugar, em relevância, a “o que
diferenças entre ambas é tema frequente nas provas: o governo faz”. É um processo orçamentário que
apresenta duas dimensões do orçamento: o objeto
ORÇAMENTO de gasto e um programa de trabalho contendo as
ORÇAMENTO- ações desenvolvidas. Neste tipo de orçamento, as
ASPECTO TRADICIONAL
-PROGRAMA unidades gestoras são contempladas com recursos
(CLÁSSICO)
orçamentários conforme o desempenho de perío-
Orçamento dos anteriores.
Não há integra- vinculado e in- z Orçamento Participativo: trata-se da técnica que
Integração com
ção (ou há inte- tegrado com o contempla a sociedade no processo de discussão e
Planejamento.
gração mínima). planejamento elaboração da peça orçamentária, por meio de lide-
governamental. ranças, realização de audiências públicas, represen-
Foco na alo- tantes de classe, entre outros. Tem como vantagem o
Meios, objeto dos Fins, objetivos e caráter democrático do processo, mas em contrapar-
cação dos
gastos. metas. tida enfrenta alguns desafios como a necessidade de
recursos.
um alto grau de mobilização social e a disposição do
Ênfase no plane- poder público em descentralizar o poder.
Estrutura Ênfase contábil e jamento, estraté-
orçamentária. legal. gia, programas e Compreendidas as técnicas ou tipos de orçamento,
projetos. passaremos à discussão dos princípios orçamentários.
É um tema de grande importância e frequentemente
Principal critério
Unidades Funções e cobrado nos certames.
de classificação
administrativas. programas.
das despesas.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Intensa avalia-
Inexistência ou Princípios são relevantes na medida que repre-
ção dos resulta-
pouca relevância sentam o alicerce, ou a base fundamental de um
Sistemas dos por meio de
da avaliação dos ordenamento jurídico. A partir dos princípios temos
de acompa- indicadores.
programas de o direcionamento e orientação das normas jurídicas
nhamento e Controle possui
trabalho. Controle e, por esse motivo, os mesmos servem como integra-
controle. foco na eficiên-
possui foco na dores da interpretação normativa. Os princípios orça-
cia, eficácia e
legalidade. mentários, dessa forma, estabelecem as diretrizes
efetividade.
para a elaboração, execução, monitoramento e avalia-
ção do orçamento público.
z Orçamento base zero (OBZ): as despesas referen- Conforme definição do Poder Legislativo Brasi-
tes aos programas, projetos ou ações da adminis- leiro, os princípios orçamentários são as “regras que
tração são detalhadamente justificadas a cada ano. cercam a instituição orçamentária, visando a dar-lhe
As linhas constantes no orçamento não devem consistência, principalmente no que se refere ao con-
tomar como base os valores executados em exer- trole pelo Poder Legislativo”.
cícios passados, pois a ideia do OBZ é justamente Trataremos em seguida dos princípios orçamentários
evitar os gastos incrementais de despesas desne- mais comuns citados pela doutrina. Destaca-se que este
cessárias executadas no passado. As vantagens do tema é um dos mais frequentes em concursos públicos.
OBZ envolvem a necessidade de um esforço maior
no controle orçamentário e dos indicadores de Princípio da legalidade
performance, além da promoção de uma discipli-
na orçamentária mais rígida. Em contrapartida, Trata-se de um princípio não exclusivo da admi-
a elaboração do OBZ pode ser mais complexa e nistração orçamentária e financeira e presente em
demorada, cara e exigente do ponto de vista da todos os ramos do Direito. A legalidade encontra sede
maturidade da cultura orçamentária. no inciso II do art.5º da Constituição de 1988 – “nin-
z Orçamento incremental: como a própria descri- guém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
ção, nesta técnica o administrador toma como base coisa senão em virtude de lei”. Nessa seara, o princípio
a estrutura orçamentária de exercícios passados e da legalidade orienta que o planejamento orçamentá-
realiza apenas pequenos ajustes dos valores já exe- rio seja realizado por leis. O orçamento público, PPA,
cutados. Por exemplo, o administrador pode tomar LDO e LOA, é uma lei formal, passa pelo exame do
como base uma despesa com serviços de seguran- Poder Legislativo, blindando-as das arbitrariedades
336 ça executada no exercício passado e promover da Administração Pública.
Os três próximos princípios são dispostos explici- z Exceção ao princípio: alguns créditos especiais
tamente na Lei 4.320/64 em seu art. 2º, verbis: autorizados nos últimos quatro meses do exercício
poderão ser reabertos no próximo exercício finan-
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discrimina- ceiro. Esta exceção mitiga o princípio da anualida-
ção da receita e despesa de forma a evidenciar a de. Fique tranquilo, pois trataremos dos créditos
política econômica financeira e o programa de tra- especiais e suas regras mais à frente! Por hora, é
balho do Gôverno, obedecidos os princípios de uni- importante compreendermos que os princípios
dade universalidade e anualidade. não são absolutos.

Princípio da unidade ou totalidade Princípio da exclusividade

Segundo este princípio, não devem existir orça- Este princípio está fundado no §8º do art.165 da
mentos paralelos. Cada ente da Federação deve ela- Constituição Federal:
borar e aprovar uma única lei orçamentária, apesar
de possuírem em sua estrutura diversos órgãos com [...]
autonomia financeira. Por exemplo, um ente federa- § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispo-
tivo poderá possuir autarquias com autonomia finan- sitivo estranho à previsão da receita e à fixa-
ceira e administrativa, mas seu orçamento autárquico ção da despesa, não se incluindo na proibição a
deverá integrar uma única peça consolidada pelo Exe- autorização para abertura de créditos suplemen-
cutivo daquele ente. tares e contratação de operações de crédito, ainda
Note que o fato do orçamento possuir uma uni- que por antecipação de receita, nos termos da lei.
dade não significa que não seja multidocumental. A
LOA é composta por três documentos que represen- Ou seja, impede que o legislador inclua na lei
tam os orçamentos fiscal, da seguridade social e dos orçamentária matérias não relacionadas ao tema de
investimentos. orçamento, mais especificamente dispositivos que
não sejam relativos à previsão da receita e fixação de
Princípio da universalidade despesas.
Trata-se de uma previsão importante, pois caso
Apesar da semelhança entre os termos, universalida- não existisse, a lei orçamentária estaria “recheada” de
de não se confunde com unidade. Se na unidade tratamos temas “carona”, aproveitando a tramitação especial e
aprovação mais célere da lei orçamentária.
da peça única do orçamento, este princípio determina
que a peça orçamentária englobará todas as receitas e
z Exceção ao princípio: a autorização para aber-
despesas referentes a todos os Poderes e órgãos da admi-
tura de créditos suplementares e a autorização
nistração. Em outras palavras, dentro do universo pos-
para contratação de operações de crédito, previs-
sível de receitas e despesas de um órgão, nada pode ser
tos explicitamente no art. 165, §8º da Constituição
excluído ou omitido na peça orçamentária.
Federal. Créditos suplementares e operações de
Ainda que essa omissão não tenha impacto líquido
crédito são temas bem específico dentro da disci-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


financeiro no orçamento, se um órgão, por exemplo, plina orçamentária e serão tratados em capítulos
omitir R$ 1 milhão em receitas e o mesmo montan- exclusivos!
te em uma previsão de receitas, todas as informações
devem ser apresentadas na Lei Orçamentária, para Princípio do orçamento bruto
o melhor controle e acompanhamento da gestão dos
recursos públicos. As receitas e despesas devem ser apresentadas na
lei orçamentária pelos seus valores totais, sem dedu-
z Exceção ao princípio: orçamentos das empresas ções ou compensações. Este princípio pode ser verifi-
estatais, por seu caráter de exigência do mercado, cado no art. 6º da Lei 4.320/64:
estarão fora do escopo da lei orçamentária.
Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da
Princípio da anualidade ou periodicidade Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções.
O orçamento deve ser elaborado por um período
determinado de tempo. No caso brasileiro esse período O exemplo que evidencia de forma clara o princí-
pio do orçamento bruto estão nas transferências de
é de um ano, coincidindo com o ano civil veja que o art.
recursos. Um recurso transferido de um órgão para
34 da Lei nº 4.320/64 faz menção ao seguinte: Art. 34. O
o outro será demonstrado duas vezes no orçamen-
exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
to: como despesa no órgão que transferiu o recurso
Qual o objetivo de se determinar o orçamento em
e como receita no órgão receptor, ainda que o efeito
um período de tempo? A fixação temporal contribui monetário líquido da receita e despesa seja nulo.
para que os investimentos e gastos tenham uma pro-
gramação, facilitando o seu controle, mensuração e Princípio da publicidade / transparência
comparação. Veja que alguns gastos (investimentos)
que ultrapassam um exercício financeiro (por exem- Tal como o princípio da publicidade, não se trata
plo, um gasto em infraestrutura) demandam uma de uma exclusividade da administração financeira e
apresentação diferenciada nas peças orçamentárias. orçamentária. 337
O princípio da publicidade está presente em quase perderem a sua finalidade (programas confiden-
todos os ramos do Direito e norteia a obrigatoriedade ciais, de segredo de estado, de segurança nacional,
da divulgação dos atos, contratos e demais instrumen- por exemplo).
tos celebrados pela Administração. A publicidade está
prevista no art. 37 da Constituição: Princípio da clareza

Art. 37 A administração pública direta e indireta de


O princípio da clareza sugere que o orçamento
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin- deve apresentar as informações com uma linguagem
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, clara e acessível, sem ambiguidades, de modo a per-
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) mitir um alcance mais abrangente a toda a sociedade.
Na prática, trata-se de um grande desafio, haja vista
No que se refere especificamente à disciplina de que a matéria orçamentária possui característica
administração financeira e orçamentária, o princí- extremamente técnica.
pio da publicidade está presente no §3º do art.165 da
Constituição Federal: Princípio da não afetação ou não vinculação da
receita de impostos
Art. 165 [...]
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias
após o encerramento de cada bimestre, relatório
Por este princípio, está vedada à Administração
resumido da execução orçamentária. Pública a vinculação de receita de impostos à fundos,
órgãos e despesas. Veja que originalmente a Consti-
O art. 48 da LRF também tratou da questão da tuição, nos termos do art. 67, foi categórica em deter-
transparência, estabelecendo os instrumentos de minar que apenas a arrecadação dos impostos não
transparência orçamentários: deve possuir vinculação. Isso significa que os demais
tributos, via de regra, estariam afastadas da regra de
Art. 48 São instrumentos de transparência da ges- vinculação.
tão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação,
inclusive em meios eletrônicos de acesso público:
z Exceção ao princípio: a não vinculação não opera
os planos, orçamentos e leis de diretrizes orça-
mentárias; as prestações de contas e o respectivo nas hipóteses previstas pela própria Constituição:
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução repasses de recursos da União para os Estados e
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as Municípios – FPE e FPM; recursos para as ações e
versões simplificadas desses documentos. serviços de saúde; manutenção e desenvolvimento
do ensino – Fundeb; recursos destinados às ativi-
Princípio da especificação ou especialização dades da administração tributária; recursos para
prestação de garantia às operações de crédito por
Trata-se de um princípio explícito na legislação: antecipação de receita; recursos destinados à pres-
tação de contragarantia à União e para pagamento
Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dota-
ções globais destinadas a atender indiferentemente
de débitos para com esta; fundo de financiamento
a despesas de pessoal, material, serviços de tercei- ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e
ros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado Centro-Oeste.
o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.
[...] CICLO ORÇAMENTÁRIO
Art. 15 Na Lei de Orçamento a discriminação da
despesa far-se-á no mínimo por elementos. O ciclo orçamentário pode ser compreendido como
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da
uma série de processos desencadeados no tempo, que
despesa com pessoal, material, serviços, obras e
outros meios de que se serve a administração públi- contempla desde a elaboração das leis até a avaliação
ca para consecução dos seus fins. e controle da execução.
Antes de adentrarmos no ciclo orçamentário pro-
Os artigos 5º e 15 da Lei 4.320/64 determinam que priamente dito, cabe esclarecer que ciclo orçamentá-
as receitas e despesas no orçamento devem possuir rio e exercício financeiro não se confundem! O ciclo
um nível razoável de especificação ou detalhamento. orçamentário envolve um período mais amplo e pode
Evita-se, dessa forma, a existência de generalida- envolver mais de um exercício financeiro. O exercício
des na peça orçamentária, que dificultam a atividade financeiro, por sua vez, é definido pelo art. 34 da Lei
de monitoramento, avaliação e fiscalização do orça- nº 4.320/64:
mento. Do ponto de vista social, a pormenorização das
receitas e despesas permite à sociedade que se possa
Art. 34 O exercício financeiro coincidirá com o ano
conhecer com precisão as origens e aplicações dos
civil.
recursos por parte do gestor público.
No caso brasileiro é o período compreendido entre
z Exceção ao princípio: as chamadas reservas de
contingência (dotações orçamentárias para eventos 1º de janeiro e 31 de dezembro de cada ano civil.
incertos), por suas próprias características, podem Em termos didáticos, podemos considerar o ciclo orça-
ensejar descrições mais globais, assim como os cha- mentário como estrito e estendido. O ciclo estrito pode
mados Programas Especiais de Trabalhos (PET) que ser representado em quatro etapas e o ciclo estendido em
338 não terão suas despesas discriminadas sob risco de sete, conforme os esquemas que apresentamos abaixo:
Ciclo orçamentário “estendido”

Elaboração da PPA

Execução, controle
e avaliação Elaboração de
orçamentária outros planos

Apreciação,
Aprovação, sanção
Elaboração da LDO
e publicação
LOA

Elaboração de LOA

Ciclo orçamentário “estrito”

Elaboração

Execução Aprovação

Sanção/
Veto

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Para compreendermos quais as diferenças entre os dois ciclos, apresentamos a figura abaixo, que esquematiza
cada um dos instrumentos orçamentários em uma linha do tempo:

Notem que o ciclo estendido engloba as etapas de elaboração da LOA, Lei Orçamentária Anual, em consonân-
cia com a LDO e PPA. Há aqui uma visão integrada do processo orçamentário, que tem como grande diretriz o PPA
e o resultado da avaliação da LOA como insumos para a elaboração do próximo PPA.
Feitas as considerações acima, vamos passar para o estudo das fases. Vamos nos basear no processo federal,
mas podemos “transportar” o processo para os demais níveis da federação.

Elaboração

A fase de elaboração se desencadeia com a iniciativa, que sempre deve ser de responsabilidade do Poder Executivo:
339
Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

Nesta fase de elaboração cada órgão da administração envia a sua proposta orçamentária à Secretaria de Orçamento Fede-
ral para consolidação e posterior envio ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, que por sua vez enviará ao
Presidente da República. Neste processo, os demais Poderes, o Ministério Público e a Defensoria também enviarão as suas pro-
postas ao executivo, que fará a alocação dos recursos no orçamento seguindo as etapas de fixação da meta fiscal, projeção das
receitas, projeção das despesas obrigatórias, e apuração das despesas discricionárias.
O envio será de responsabilidade do Presidente da República, nos termos do art. 84, XXIII da Constituição Federal:
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da República: [...]
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de
orçamento previstos nesta Constituição;

Importante!
A autonomia administrativa e financeira:
Conforme vimos, os diversos órgãos e Poderes enviam as suas propostas orçamentárias ao Poder Executivo
para consolidação. Tal prática é consoante à autonomia administrativa e financeira garantida pela nossa cons-
tituição nos seguintes dispositivos:
� Poder Judiciário: art. 99 da CF/88;
� Ministério Público: art. 127 da CF/88
� Defensorias públicas: art. 134, §§ 2º e 3º da CF/88

Cabe aqui esclarecermos o conteúdo dessas “propostas orçamentárias”. O art. 22 da Lei 4.320/64 nos fornece
algumas informações importantes:

Art. 22 A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabele-
cidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á:
I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada com
demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compromissos
financeiros exigíveis; exposição e justificação da política econômica-financeira do Govêrno; justificação da recei-
ta e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital;
II - Projeto de Lei de Orçamento;
III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão, em colunas distintas
e para fins de comparação:
a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se elaborou a proposta;
b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;
c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;
d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;
e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e
f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.
IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações globais, em têrmos de metas
visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de
justificação econômica, financeira, social e administrativa.
Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição sucinta de
suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.

Um outro ponto que merece destaque nesta análise inicial do ciclo orçamentário diz respeito aos prazos de
cada ente na elaboração e encaminhamento das peças orçamentárias. Aproveitaremos o nosso esquema dos ins-
trumentos orçamentários distribuídos na linha do tempo apresentado anteriormente para tratar dos prazos da
PPA, LDO e LOA:

340
Caso os prazos acima não sejam respeitados (por Outra hipótese é a aprovação de emendas no caso de
exemplo, por uma omissão do Poder Executivo em erros, omissões das peças orçamentárias.
enviar a proposta orçamentária), o Poder Legislativo O Presidente da República poderá também propor
considerará como proposta a Lei de Orçamento vigen- modificações nos projetos de lei por meio das men-
te, conforme disposto no art.32 da Lei 4.320/64: sagens. As mensagens poderão ser submetidas ao
Congresso Nacional antes do início da votação na
Art. 32 Se não receber a proposta orçamentária no comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.
prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgâni-
Além das vedações às emendas já apresentadas,
cas dos Municípios, o Poder Legislativo considera-
rá como proposta a Lei de Orçamento vigente. destacamos outras hipóteses previstos na art. 33 da
Lei 4.320/64
Discussão e aprovação
Art. 33 Não se admitirão emendas ao projeto de Lei
A fase de discussão e aprovação tem início com o de Orçamento que visem a:
recebimento das peças orçamentárias pelo Congresso a) alterar a dotação solicitada para despesa de cus-
Nacional. Os projetos de PPA, LDO e LOA são examina- teio, salvo quando provada, nesse ponto a inexati-
dos por uma Comissão Mista, que é responsável pela dão da proposta;
emissão de parecer sobre os projetos e as contas apre- b) conceder dotação para o início de obra cujo pro-
sentadas pelo Presidente da República. jeto não esteja aprovado pelos órgãos competentes;
c) conceder dotação para instalação ou funcio-
Art. 166 Os projetos de lei relativos ao plano plu- namento de serviço que não esteja anteriormente
rianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
criado;
anual e aos créditos adicionais serão apreciados
pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma d) conceder dotação superior aos quantitativos
do regimento comum. previamente fixados em resolução do Poder Legis-
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de lativo para concessão de auxílios e subvenções.
Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos refe- Findo o processo de discussão, os projetos são
ridos neste artigo e sobre as contas apresentadas apreciados pelo Plenário do Congresso Nacional. Caso
anualmente pelo Presidente da República; alcance o quórum de maioria simples em cada uma
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e pro-
das casas do Poder Legislativo (Câmara dos Deputa-
gramas nacionais, regionais e setoriais previstos
nesta Constituição e exercer o acompanhamento e dos e Senado Federal), são encaminhados ao Presiden-
a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atua- te da República para sanção ou veto.
ção das demais comissões do Congresso Nacional
e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. Execução orçamentária

Outro processo importante nesta etapa de apro- Orçamento aprovado, passa-se para a etapa de
vação e discussão do orçamento (e que rende muitas execução. De pronto, destacamos o art. 8º da Lei de
negociações!) envolve a apresentação de emendas. Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00):
As emendas são utilizadas para modificar os itens
dos projetos de lei, para que necessidades ou compro- Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orça-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


missos políticos sejam atendidos. Em outras palavras, mentos, nos termos em que dispuser a lei de diretri-
neste processo os parlamentares brigam para alocar zes orçamentárias e observado o disposto na alínea
os recursos aos projetos de seus interesses. Há, con- c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabele-
tudo, regras para a aprovação de tais emendas. Essas cerá a programação financeira e o cronograma
regras estão dispostas no art.166, §3º: de execução mensal de desembolso.

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento Caberá ao Poder Executivo publicar a programa-


anual ou aos projetos que o modifiquem somente ção financeira e o cronograma de desembolso dos
podem ser aprovadas caso: recursos em até 30 (trinta) dias após a aprovação da
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com LOA. Além disso, a LRF é cuidadosa em estabelecer
a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos
mecanismo de cumprimento da execução orçamentá-
apenas os provenientes de anulação de despesa, ria, como a necessidade de apresentação das metas de
excluídas as que incidam sobre: arrecadação dos recursos orçamentários. Veja o que
a) dotações para pessoal e seus encargos; diz o art. 13 da LRF:
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Art. 13 No prazo previsto no art. 8o, as receitas pre-
Estados, Municípios e Distrito Federal; ou vistas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em
III - sejam relacionadas: metas bimestrais de arrecadação, com a especifica-
a) com a correção de erros ou omissões; ou ção, em separado, quando cabível, das medidas de
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. combate à evasão e à sonegação, da quantidade e
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida
orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
ativa, bem como da evolução do montante dos crédi-
incompatíveis com o plano plurianual.
tos tributários passíveis de cobrança administrativa.
Em resumo: as emendas só poderão ser aprovadas
Acompanhamento da execução orçamentária
se compatíveis com o PPA e LDO, se os recursos des-
tinados às emendas sejam devidamente indicados e
sejam oriundos da anulação de despesas, desde que a Por fim, os processos de avaliação e controle têm
anulação não tenha sido sobre despesas com pessoal como finalidade acompanhar o cumprimento das metas
e encargos, dívida e transferências tributárias. e objetivos estabelecidos nas peças orçamentárias. 341
Nesse sentido, a Administração Pública deverá I - o plano plurianual;
implementar as medidas de controle e as estruturas II - as diretrizes orçamentárias;
de controle interno necessárias para a avaliação da III - os orçamentos anuais.
legalidade dos atos, correta aplicação dos recursos
orçamentários e cumprimento do programa de tra- Outras normas infraconstitucionais são de extre-
balho. O tema de avaliação e controle orçamentário ma relevância para o estudo do orçamento no Brasil.
é denso, cabendo seções exclusivas para tratar de Tratam-se da Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964 e da
seu conteúdo, abrangência, aspectos constitucionais, Lei Complementar nº 101 de 4 de maio de 2000, a cha-
entre outros. Para fins de compreensão do ciclo orça- mada “Lei de Responsabilidade Fiscal” (LRF).
mentário, destaca-se a importância de compreender A primeira, em vigor até os dias atuais, represen-
a avaliação e controle como fornecedora de informa- tou um marco histórico e se tornou o principal nortea-
ções para “retroalimentar” o ciclo orçamentário. dor dos processos orçamentários de todos os órgãos
da Administração. Já a LRF trouxe importantes inova-
ções no que tange às novas formas de responsabiliza-
ção dos gestores públicos, regras e limites para gastos
O ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL com pessoal, criação de despesas de duração conti-
nuada entre outras inovações.
O estudo do orçamento público é ancestral, e o orça-
mento na administração pública é um dos mais antigos PLANO PLURIANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
instrumentos de planejamento e controle na humani-
dade. No caso brasileiro, as normas regrando o orça- Diretrizes Orçamentárias na Constituição Federal
mento público acompanharam a evolução legislativa
brasileira, de modo que podemos encontrar traços des- O PPA é uma inovação trazida pela Constituição de
se tema nas diversas Constituições da nossa história. 1988. Trata-se do planejamento estratégico de médio
Faremos a seguir uma breve retrospectiva histórica. prazo da administração pública e tem por finalida-
A Constituição de 1824 do Brasil Imperial é con- de estabelecer e informar de forma regionalizada as
siderada pioneira por prever a elaboração formal Diretrizes, Objetivos e Metas (DOM) da adminis-
do orçamento pela administração. Havia a figura tração. Importante destacar qual o significado desses
do “orçamento misto”, em decorrência da interação conceitos:
entre o Poder Executivo, responsável pela elaboração,
e o Poder Legislativo, pela sua aprovação. Na Consti- z Diretrizes: normas e orientações de caráter geral
tuição de 1891 o Poder Legislativo passa a ter maior e estratégico para o Governo;
protagonismo no processo orçamentário, elaborando z Objetivos: o que deve ser feito, concretizado,
e aprovando o orçamento. durante o período do PPA, em linha com as dire-
A Constituição de 1934 resgata o “orçamento misto” trizes traçadas;
com o reestabelecimento do rito de elaboração da pro-
z Metas: alcance do objetivo, de natureza quantita-
posta pelo Poder Executivo e a aprovação pelo Legislati-
tiva ou qualitativa
vo. Ocorre que a Constituição de 1937 retrocede neste
ponto, pois apesar de legalmente termos a previsão do
Podemos representar o DOM como o triângulo da
envolvimento do Legislativo e Executivo na peça orça-
figura abaixo: as diretrizes sendo apresentadas de for-
mentária, na prática o orçamento passou a ser elabora-
ma ampla, abrangente, de caráter geral, seguido dos
do e decretado pelo próprio Poder Executivo.
objetivos que especificarão as diretrizes em um nível
Com a Constituição de 1946 e o processo de rede-
de concretude maior. As metas traduzem os alcances
mocratização do país, retoma-se o processo misto.
dos objetivos de forma mais específica, apresentando
Destaca-se, ainda, que, na Carta de 1946, alguns prin-
medidas, indicadores e referências.
cípios da legislação atual, como os princípios da uni-
dade, universalidade e exclusividade, que veremos
adiante, são introduzidos no ordenamento pátrio e as
funções do Tribunal de Contas se tornam mais eviden-
tes. Em seguida, a Constituição de 1967 (no período
do regime militar) mantém o orçamento misto, contu-
do considerava-se que a participação do Poder Legis-
lativo ocorria somente no plano teórico, pois pelo
arranjo institucional era praticamente impossível o
parlamento propor emendas à peça orçamentária.
Por fim, a Constituição de 1988, vigente, conserva
o orçamento misto e devolve a prerrogativa da pro- Trazendo para o mundo das empresas privadas,
posição de emendas ao projeto de lei orçamentária podemos nos arriscar em dizer que o PPA é semelhante
pelo Poder Legislativo. Ademais, a carta de 1988 inova ao planejamento estratégico das organizações, guiando
introduzindo o conjunto de instrumentos de planeja- todas as ações no horizonte do médio prazo. O PPA está
mento, composto pelo PPA – Plano Plurianual; a Lei de previsto na Constituição Federal conforme abaixo:
Diretrizes Orçamentárias – LDO e os Planos e Progra-
mas Nacionais, Regionais e Setoriais de orçamentos. Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo I - o plano plurianual;
342 estabelecerão: [...]
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelece- ORÇAMENTO ANUAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
rá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos E ESTRUTURA PROGRAMÁTICA
e metas da administração pública federal para as
despesas de capital e outras delas decorrentes e para Em outros capítulos você estudou conteúdos
as relativas aos programas de duração continuada. importantes relacionados à administração financeira
e orçamentária, como princípios orçamentários, ciclo
Importante salientar, que apesar do caráter dire- orçamentários e técnicas orçamentárias. Vimos tam-
tivo e estratégico do PPA, ele não tem por função a bém, que a disciplina se encontra dispersa em alguns
redução das desigualdades, sendo essa uma função normativos, dentre os quais destacamos a Lei 4.320/64
reservada aos orçamentos fiscal e de investimentos, e a Lei Complementar 101/00 (Lei de Responsabilidade
contemplados na Lei Orçamentária Anual. Veja os dis- Fiscal), além da Constituição. Neste capítulo, veremos
postos no §5º e §7º do art. 165: com maiores detalhes os dispositivos constitucionais,
analisando-os de forma detalhada e comentada.
[...] § 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da Dispositivos constitucionais e administração
União, seus fundos, órgãos e entidades da adminis- financeira e orçamentária
tração direta e indireta, inclusive fundações insti-
tuídas e mantidas pelo Poder Público; Destacamos na tabela abaixo os artigos da Cons-
II - o orçamento de investimento das empresas tituição Federal que serão tratados ao longo deste
em que a União, direta ou indiretamente, detenha a capítulo:
maioria do capital social com direito a voto;
[...]
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste DISPOSITIVO
CONTEÚDO
artigo, compatibilizados com o plano plurianual, NA CF/88
terão entre suas funções a de reduzir desi-
Art. 163 e 164 Normas Gerais
gualdades inter-regionais, segundo critério
populacional. Leis dos orçamentos
Art. 165
(PPA, LDO, LOA)
Destacamos na tabela abaixo, outros dispositivos
relevantes relacionados ao PPA: Art. 166 Ciclo orçamentário

Art. 167 Vedações constitucionais


DISPOSITIVO NA
CONTEÚDO
CF/88 Art. 168 Duodécimos

PPA será apreciado pelas duas Art. 169 Limites para despesas de pessoal
Art. 166, caput
Casas do Congresso Nacional

Caberá a uma Comissão Mista Art. 163 Lei complementar disporá sobre:
Permanente de senadores e de- I - finanças públicas;
Art. 166, §1º, I II - dívida pública externa e interna, incluída a das
putados examinar e emitir pare-
cer sobre o PPA autarquias, fundações e demais entidades controla-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


das pelo Poder Público;
Emenda dos parlamentares re- III - concessão de garantias pelas entidades
Art. 166, §2º lativas ao PPA serão apresenta- públicas;
das na Comissão Mista IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração públi-
O Presidente da República po- ca direta e indireta;
derá enviar mensagem ao Con- VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e
Art. 166, §5º entidades da União, dos Estados, do Distrito Fede-
gresso Nacional para propor
modificação no PPA ral e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições
O projeto de lei do PPA será en- oficiais de crédito da União, resguardadas as carac-
Art. 166, §6º e viado pelo Presidente da Repú- terísticas e condições operacionais plenas das vol-
art.135, §2º, I da blica ao Congresso Nacional até tadas ao desenvolvimento regional.
ADCT quatro meses antes do encerra-
mento do exercício financeiro. ARTS. 163 E 164 – DAS FINANÇAS PÚBLICAS:
NORMAS GERAIS
Aplica-se ao PPA, no que não
contrariar o disposto nessa se- Antes de falarmos especificamente da PPA, LDO e
Art. 166, §7º
ção, as demais normas do pro- LOA, cabe analisarmos os artigos que abrem o capítu-
cesso legislativo. lo das Finanças Públicas na Constituição, destacando
Nenhum investimento cuja exe- os pontos relevantes para o seu concurso. Segundo o
cução ultrapasse um exercício art. 163, as matérias elencadas nos incisos I a VII são
financeiro poderá ser iniciado reservadas à Lei Complementar. Segundo o Supremo
Art. 167, §1º sem prévia inclusão no Plano Tribunal Federal – STF, tais matérias não precisam
Plurianual, o sem lei que autori- figurar em um único diploma legal, podendo ser vei-
culadas de forma fragmentada no nosso ordenamento
ze a inclusão, sob pena de crime
jurídico1. A reserva de Lei Complementar é apresenta-
de responsabilidade.
da também nos § 9º do art. 165:
1. STF,ADI 2.238-MC 343
[...] III - os orçamentos anuais.
§ 9º Cabe à lei complementar: § 1º A lei que instituir o plano plurianual esta-
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, belecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
os prazos, a elaboração e a organização do plano objetivos e metas da administração pública
plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da federal para as despesas de capital e outras delas
lei orçamentária anual; decorrentes e para as relativas aos programas de
II - estabelecer normas de gestão financeira e patri- duração continuada.
monial da administração direta e indireta bem § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreen-
derá as metas e prioridades da administração
como condições para a instituição e funcionamento
pública federal, incluindo as despesas de capital
de fundos.
para o exercício financeiro subseqüente, orientará
III - dispor sobre critérios para a execução equita- a elaboração da lei orçamentária anual, dis-
tiva, além de procedimentos que serão adotados porá sobre as alterações na legislação tributária
quando houver impedimentos legais e técnicos, e estabelecerá a política de aplicação das agências
cumprimento de restos a pagar e limitação das pro- financeiras oficiais de fomento.
gramações de caráter obrigatório, para a realiza- § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias
ção do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166. após o encerramento de cada bimestre, relató-
Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e rio resumido da execução orçamentária.
os Municípios disponibilizarão suas informações e § 4º Os planos e programas nacionais, regionais
dados contábeis, orçamentários e fiscais, conforme e setoriais previstos nesta Constituição serão ela-
periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo borados em consonância com o plano plurianual e
órgão central de contabilidade da União, de forma apreciados pelo Congresso Nacional.
a garantir a rastreabilidade, a comparabili-
dade e a publicidade dos dados coletados, os PPA – Plano plurianual e a LDO – Lei de diretrizes
quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de orçamentárias
amplo acesso público.
Inicialmente, destaca-se que o PPA e a LDO são
O art. 163-A foi introduzido recentemente pela inovações trazidas pela Carta de 1988, em substituição
Emenda Constitucional nº 108 de 2020. Note que o aos antigos orçamentos plurianuais de investimen-
dispositivo tem estrita relação com o princípio orça- tos. A PPA, LDO e LOA são leis de iniciativa do Poder
mentário da publicidade e da transparência. Dessa Executivo. Ou seja, na União a responsabilidade é do
forma, questões relacionando o artigo a esses princí- Presidente da República e é indelegável (nos estados e
pios, e a mitigação da publicidade e transparência dos municípios a responsabilidade será respectivamente
dos governadores e prefeitos).
atos públicos (quando se tratar de informação estraté-
Concernente à definição de PPA e LDO, costu-
gia, afeto à segurança nacional, por exemplo) poderão
ma ser cobrado de forma literal nos certames. Vale
ser explorados em seu exame. compreendermos bem esse ponto. O PPA e a LDO se
diferenciam pela função que desempenham no ciclo
Art. 164 A competência da União para emitir moe- orçamentário. Podemos dizer que o PPA é um instru-
da será exercida exclusivamente pelo banco central. mento de médio prazo, pois estabelece o planejamen-
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta to da administração em um horizonte de quatro anos.
ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacio- Já a LDO fará a “ponte” entre o planejamento de médio
nal e a qualquer órgão ou entidade que não seja prazo da administração e a Lei Orçamentária – LOA.
instituição financeira. (orientará a elaboração da lei orçamentária anual).
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títu- Enquanto o PPA estabelecerá as Diretrizes, Obje-
los de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo tivos e Metas (DOM) a LDO compreenderá as Metas
de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. e Prioridades da administração. Então:
§ 3º As disponibilidades de caixa da União
serão depositadas no banco central; as dos Esta-
PPA → DOM
dos, do Distrito Federal, dos Municípios e dos
órgãos ou entidades do Poder Público e das empre- LDO → MP
sas por ele controladas, em instituições financei-
ras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Notar também que: programas de duração con-
tinuada constam no PPA (pois o PPA tratará de um
Em relação ao art. 164, destacamos à vedação do plano com duração de quatro anos) e alterações na
banco central na concessão de empréstimo e sua pre- legislação tributária e a política de aplicação das
visão constitucional de vender títulos de emissão do agências financeiras oficiais de fomento constam
na LDO. Ainda sobre a relação entre PPA, LDO e LOA,
Tesouro Nacional. O § 3º merece destaque, pois pode
podemos dizer que o PPA estabelece as ações de gover-
ser cobrado no exame. Trata das instituições autori-
no no nível estratégico e a LOA responde colocando-as
zadas para receber o dinheiro dos entes da federação. em prática no nível operacional anualmente.
No caso da União, o banco central. Os demais entes O § 3º dispõe sobre a obrigatoriedade do Poder
realizarão o depósito das disponibilidades nas insti- Executivo em divulgar o RREO - relatório resumido de
tuições financeiras oficiais. execução orçamentária 30 dias após o encerramento
Trataremos em seguida o art. 165, situado na seção de cada bimestre, consagrando novamente o princí-
II – dos orçamentos. Trata-se de um artigo longo, com pio da transparência e publicidade, além de reforçar
diversos parágrafos e inciso, de modo que faremos a a etapa de monitoramento e avaliação do orçamento
sua análise em partes. dentro do ciclo orçamentário.
Fechamos esta parte com o § 4º onde destacamos
Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo que a apreciação será feita pelo Congresso Nacional
estabelecerão: nos termos da Constituição. Atenção, pois não se trata
I - o plano plurianual; do Senado Federal ou da Câmara de Deputados, mas
344 II - as diretrizes orçamentárias; do Congresso Nacional.
LOA – Lei Orçamentária Anual conta de algum benefício que estima conceder, você
deve apresentar os efeitos que esse benefício trará no
Vamos avançar com os demais dispositivos do art. orçamento”.
165: O § 7º trata dos orçamentos fiscal e de investimen-
to da LOA, que em conjunto com o PPA possuem o
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: papel de reduzir as desigualdades inter-regionais. Por
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da fim, o § 8º apresenta uma importante vedação cons-
União, seus fundos, órgãos e entidades da adminis- titucional, relacionado ao princípio orçamentário da
tração direta e indireta, inclusive fundações insti-
Exclusividade. O dispositivo impede que o legislador
tuídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas inclua na lei orçamentária matérias não relacionadas
em que a União, direta ou indiretamente, detenha a ao tema orçamentário, mais especificamente disposi-
maioria do capital social com direito a voto; tivos que não sejam relativos à previsão da receita e
III - o orçamento da seguridade social, abrangen- fixação de despesas. Trata-se de uma previsão impor-
do todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da tante para evitar as “caudas orçamentárias”, temas
administração direta ou indireta, bem como os fundos alheios à matéria da LOA que pegariam “carona” na
e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. tramitação célere da LOA. Veja que a vedação não é
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompa- absoluta: o próprio § 8º prevê que a autorização para
nhado de demonstrativo regionalizado do abertura de créditos suplementares e contratação
efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de operações de crédito, ainda que por antecipa-
de isenções, anistias, remissões, subsídios e ção de receita podem ser incluídas na LOA. É uma
benefícios de natureza financeira, tributária
exceção ao princípio da exclusividade.
e creditícia.
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste arti- Os dispositivos que trataremos a seguir merecem
go, compatibilizados com o plano plurianual, atenção, pois foram introduzidos recentemente pela
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades Emenda Constitucional nº 102/19.
inter-regionais, segundo critério populacional.
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá § 10 A administração tem o dever de executar as
dispositivo estranho à previsão da receita e à programações orçamentárias, adotando os meios e
fixação da despesa, não se incluindo na proibição as medidas necessários, com o propósito de garan-
a autorização para abertura de créditos suplemen- tir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade.
tares e contratação de operações de crédito, ainda § 11 O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da
que por antecipação de receita, nos termos da lei. lei de diretrizes orçamentárias:
I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos
Estes parágrafos tratam do conteúdo da Lei Orça- constitucionais e legais que estabeleçam metas fis-
mentária – LOA, algumas regras e restrições que a cais ou limites de despesas e não impede o cancela-
LOA deve observar. Não se assustem, pois o texto só mento necessário à abertura de créditos adicionais;
parece difícil. Primeiramente, veja que a LOA é com- II - não se aplica nos casos de impedimentos de
posta por três orçamentos: o fiscal, de investimento ordem técnica devidamente justificados;
e da seguridade social: III - aplica-se exclusivamente às despesas primá-
rias discricionárias.
§ 12 Integrará a lei de diretrizes orçamentárias,
para o exercício a que se refere e, pelo menos, para
os 2 (dois) exercícios subsequentes, anexo com pre-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Orçamento
Fiscal
visão de agregados fiscais e a proporção dos recur-
sos para investimentos que serão alocados na lei
orçamentária anual para a continuidade daqueles
Orçamento de Orçamento da em andamento.
Investimento Seguridade § 13 O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10,
Social 11 e 12 deste artigo aplica-se exclusivamente aos
orçamentos fiscal e da seguridade social da União.
§ 14 A lei orçamentária anual poderá conter pre-
visões de despesas para exercícios seguintes, com

LOA a especificação dos investimentos plurianuais e


daqueles em andamento.
§ 15 A União organizará e manterá registro cen-
tralizado de projetos de investimento contendo, por
Estado ou Distrito Federal, pelo menos, análises de
viabilidade, estimativas de custos e informações
O fato de a LOA ser composta por três orçamen- sobre a execução física e financeira.
tos distintos não confronta o princípio da unidade,
o qual determina que o orçamento deve ser uno, ou Incialmente, observe que temos disposições aplicá-
seja, representado por uma única peça orçamentária. veis à LDO e à LOA. No que tange à LDO, o § 12 prevê a
Na realidade, a divisão entre esses três orçamentos inclusão do anexo com previsão de agregados fiscais e
está em consonância com o princípio, servindo ape- proporção dos recursos para investimentos. Ademais,
nas como uma referência para classificação do gasto a redação do § 10 reforça o dever da administração
na administração pública. pública para execução das programações orçamen-
O § 6º dispõe que caso o orçamento tenha previs- tárias, mas ratificando a observância aos limites de
to algum tipo de “redução” do potencial de receita por despesas e metas fiscais determinados em lei, não se
conta de isenções fiscais, benefícios concedidos, remis- aplicando nos casos de impedimento de ordem técni-
sões, entre outros, deverá acompanhar um demonstra- ca justificados e aplicado exclusivamente às despe-
tivo dos efeitos nas despesas e receitas do ente. sas primárias discricionárias.
A ideia imprimida neste parágrafo é o seguinte: “se Em relação à LOA, originalmente fixa a despesa
você está prevendo uma queda de arrecadação por para o exercício a que se refere, mas o § 14 traz uma 345
inovação referente à possibilidade de conter previ- encargos, serviços da dívida e transferências tributá-
sões de despesas para exercícios seguintes, espe- rias para outros entes da federação). O fundamento
cificando os investimentos plurianuais e aqueles em desta regra está no seguinte: emendas não podem ser
andamento. financiadas por despesas essenciais para a adequada
operação do aparato administrativo (despesa com pes-
Art. 166 - Processo legislativo orçamentário soal), tampouco financiadas por recursos que possam
comprometer o funcionamento de entes, que muitas
A seguir, vamos adentrar aos dispositivos do art. vezes dependem dos repasses tributários para equili-
166, que tratarão do ciclo orçamentário. brar o seu orçamento (transferências tributárias). Por
fim, emendas podem ser aprovadas para correção de
Art. 166 Os projetos de lei relativos ao plano plu- erros e omissões na peça orçamentária.
rianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados
pelas duas Casas do Congresso Nacional, na Pessoal e
encargos
forma do regimento comum.
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Indicar recursos
necessários Serviço da
Senadores e Deputados:
(de anulação de des- dívida
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos pesa, exceto):
referidos neste artigo e sobre as contas apresenta- Transferências
das anualmente pelo Presidente da República; Emendas tributárias
Compatibilidade
II - examinar e emitir parecer sobre os planos com PPA e LDO constitucionais
e programas nacionais, regionais e setoriais pre-
vistos nesta Constituição e exercer o acompanha-
Correção de Erros
mento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo
ou Omissões
da atuação das demais comissões do Congresso
Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com
o art. 58. Art. 166-A As emendas individuais impositivas
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão
apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual
mista, que sobre elas emitirá parecer, e aprecia-
das, na forma regimental, pelo Plenário das duas poderão alocar recursos a Estados, ao Distrito
Casas do Congresso Nacional. Federal e a Municípios por meio de:
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento I - transferência especial; ou
anual ou aos projetos que o modifiquem somente II - transferência com finalidade definida.
podem ser aprovadas caso: § 1º Os recursos transferidos na forma do caput
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e deste artigo não integrarão a receita do Esta-
com a lei de diretrizes orçamentárias; do, do Distrito Federal e dos Municípios para
II - indiquem os recursos necessários, admitidos fins de repartição e para o cálculo dos limites
apenas os provenientes de anulação de despesa, da despesa com pessoal ativo e inativo, nos ter-
excluídas as que incidam sobre:
mos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida; federado, vedada, em qualquer caso, a aplicação
c) transferências tributárias constitucionais para dos recursos a que se refere o caput deste artigo no
Estados, Municípios e Distrito Federal; ou pagamento de:
III - sejam relacionadas: I - despesas com pessoal e encargos sociais relati-
a) com a correção de erros ou omissões; ou vas a ativos e inativos, e com pensionistas; e
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei II - encargos referentes ao serviço da dívida.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orça- § 2º Na transferência especial a que se refere o
mentárias não poderão ser aprovadas quando inciso I do caput deste artigo, os recursos:
incompatíveis com o plano plurianual. I - serão repassados diretamente ao ente federado
beneficiado, independentemente de celebração de
Os principais pontos dos trechos apresentados aci- convênio ou de instrumento congênere;
ma se referem ao seguinte exame do PPA, LDO e LOA, II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva
que serão apreciados pelas duas casas do Congresso
transferência financeira; e
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal). O
III - serão aplicadas em programações finalísticas
exame e parecer sobre as peças orçamentárias, os pla-
das áreas de competência do Poder Executivo do
nos e programas serão de responsabilidade de uma
ente federado beneficiado, observado o disposto no
Comissão Mista.
§ 5º deste artigo
Outro ponto se refere às emendas. Emendas são
utilizadas para modificar os itens dos projetos de lei, § 3º O ente federado beneficiado da transferência
para que necessidades ou compromissos políticos especial a que se refere o inciso I do caput deste
sejam atendidos. A discussão, apreciação e aprovação artigo poderá firmar contratos de cooperação
dessas emendas devem seguir as regras dispostas nes- técnica para fins de subsidiar o acompanhamen-
se artigo. Dessa forma as emendas são apresentadas to da execução orçamentária na aplicação dos
na Comissão Mista e apreciadas no Plenário das duas recursos.
casas do Congresso Nacional. § 4º Na transferência com finalidade definida a que se
Ademais, as emendas somente poderão ser aprova- refere o inciso II do caput deste artigo, os recursos serão:
das se forem compatíveis com o PPA e LDO e tenham I - vinculados à programação estabelecida na
os recursos necessários indicados. emenda parlamentar; e
Esses recursos devem ter origem da anulação de II - aplicados nas áreas de competência constitu-
346 despesa (exceto anulação de despesas de pessoal e cional da União.
§ 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das Quanta “emenda” não é mesmo? Só não confunda
transferências especiais de que trata o inciso I do as Emendas Constitucionais com as emendas parla-
caput deste artigo deverão ser aplicadas em des- mentares. Estas últimas, são alterações no orçamento
pesas de capital, observada a restrição a que se anual feitas pelos parlamentares e podem ser de apro-
priação (acréscimo de despesas para um projeto de
refere o inciso II do § 1º deste artigo.
seu interesse), remanejamento (proposição de novos
projetos com recursos já previstos anteriormente), ou
O artigo 166-A também foi incluído pela Emenda
cancelamento (supressão, eliminação de alguma des-
Constitucional 100/19 e trata de situações específicas pesa prevista).
de alocação das emendas aos Estados, DF e Municí-
pios. Via de regra, temos duas formas de transferência, Art. 167 – Vedações constitucionais
quais sejam, a transferência especial e a com finalida-
de definida. Cada forma de transferência contemplará Veremos agora as vedações constitucionais em
regras e procedimentos específicos, apresentados no matéria de orçamento público. As vedações se encon-
esquema abaixo para melhor visualização. tram no art. 167 da Carta de 1988. Destacamos nos
quadros abaixo as principais vedações:
Recursos são repassadas
diretamente ao entente Art. 167 São vedados:
beneficiado (não necessita I - o início de programas ou projetos não incluídos
celebração de convênio) na lei orçamentária anual;
Pertencerá ao ente na II - a realização de despesas ou a assunção de obri-
Especial efetivação da transferência gações diretas que excedam os créditos orçamentá-
financeira rios ou adicionais;
III - a realização de operações de créditos que exce-
Aplicação em programa dam o montante das despesas de capital, ressalva-
finalísticos das áreas de das as autorizadas mediante créditos suplementares
competência do ente
ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Transferências
Poder Legislativo por maioria absoluta;
Vinculado à programação
estabelecida ma emenda [...]
parlamentar
Os incisos I e II são de simples compreensão. Por
Com Aplicação nas áreas de uma questão da responsabilidade no uso do recurso
finalidade competência da União público, uma despesa imprevista no orçamento, ou
definida
uma despesa acima do que está previsto, não será per-
mitida. Destacamos o inciso III, que consagra a “Regra
Pelo menos 70% aplicados e de Ouro” e o equilíbrio orçamentário. A regra do refe-
despesas de capital
rido inciso tem como objetivo o controle do endivi-
damento do Estado, impondo limites à realização de

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


operações de créditos pelos entes. Há, contudo, uma
As regras comuns às duas modalidades de transfe-
exceção: o Poder Legislativo poderá autorizar despe-
rência envolvem: sas com finalidades específicas, por meio de créditos
suplementares ou especiais, mediante aprovação por
� Os recursos recebidos pelos entes nas duas formas maioria absoluta.
de transferência não integram a base para o cálcu-
lo de limite de despesas com pessoal ativo e inati- Art. 167 São vedados:
vo; e [...]
z Os recursos recebidos em transferência não pode- IV - a vinculação de receita de impostos a órgão,
fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do pro-
rão ser utilizados para pagamento de despesas com
duto da arrecadação dos impostos a que se referem
pessoal e encargos referentes ao serviço da dívida os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as
ações e serviços públicos de saúde, para manuten-
Para saber um pouco mais sobre as emendas ção e desenvolvimento do ensino e para realização
de atividades da administração tributária, como
z A Emenda Constitucional 86/15 tornou obrigatória determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º,
a execução da programação orçamentária relativa 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às opera-
ções de crédito por antecipação de receita, previs-
às emendas individuais à LOA por parte dos con-
tas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
gressistas (tais emendas são aprovadas no limite deste artigo;
de 1,2% da Receita Corrente Líquida – RCL). Res- V - a abertura de crédito suplementar ou especial
saltamos a obrigatoriedade da execução das emen- sem prévia autorização legislativa e sem indicação
das individuais, e não as emendas de bancada. dos recursos correspondentes;
VI - a transposição, o remanejamento ou a trans-
Somente com a introdução da Emenda Constitu-
ferência de recursos de uma categoria de progra-
cional 100/19 as emendas de bancada passam a ser mação para outra ou de um órgão para outro, sem
obrigatórias (no limite de 0,8% da RCL em 2020 e prévia autorização legislativa;
1,0% da RCL em 2021). VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; 347
VIII - a utilização, sem autorização legislativa espe- perdurem por mais de um exercício se estes não estive-
cífica, de recursos dos orçamentos fiscal e da segu- rem previstos no PPA.
ridade social para suprir necessidade ou cobrir De fato, caso a vedação não existisse, encontraría-
déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive mos um problema ainda maior com projetos e pro-
dos mencionados no art. 165, § 5º; gramas iniciados e inacabados e gestores públicos
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza,
herdando verdadeiros “elefantes brancos” de gestões
sem prévia autorização legislativa.
passadas. Note que a questão de abertura de créditos
[...]
é sempre tratada com muita cautela pela legislação.
E com razão, pois um “território livre” para a con-
O inciso IV está relacionado ao princípio da não
vinculação da receita de impostos, determinando tratação de operações de crédito traria um resultado
que a arrecadação de impostos não poderá ter desti- desastroso com entes assumindo dívidas impagáveis.
nação definida, excetuada as hipóteses definidas nes-
te inciso. Art. 168 – Duodécimos e Art. 169 – Limites para
Esta vedação tem como objetivo permitir a aloca- despesa de pessoal
ção racional dos recursos conforme as prioridades
públicas e não “engessar” o orçamento público. Exis- Para fecharmos este capítulo vamos tratar dos
tem, contudo, exceções à referida vinculação, como a artigos 168 e 169 da Constituição.
disposta no § 4º desse mesmo artigo:
Art. 168 Os recursos correspondentes às dotações
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias orçamentárias, compreendidos os créditos suple-
geradas pelos impostos a que se referem os arts. mentares e especiais, destinados aos órgãos dos
155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Públi-
158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garan- co e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até
tia ou contragarantia à União e para pagamento de o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da
débitos para com esta. [...] lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

Os incisos V, VI e VII operam no sentido de redu- Trata-se de um dispositivo que objetiva regrar a
zir os riscos de endividamento do ente pela abertura execução do orçamento pelo Poder Executivo, deter-
descontrolada de créditos, bem como as alocações e minando que os recursos devem ser entregues todo
realocações arbitrárias dos recursos de uma categoria o dia 20 de cada mês em duodécimos (razão de 1/12),
para outra. Veja que se tais vedações não existissem, evitando que algum ente ou órgão sofra com a incer-
a essência do orçamento programático se perderia e o teza de recebimento de recursos em sua programação
controle e avaliação dos programas seria prejudicado. orçamentária.
A vedação dos incisos VIII e IX limitam a atuação
do administrado, à medida que obriga a obtenção de Art. 169 A despesa com pessoal ativo e inativo da
autorização legislativa para instituição de fundos e União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
direciona recursos para suprir déficit de empresas, cípios não poderá exceder os limites estabeleci-
fundações e fundos. dos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumen-
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultra- to de remuneração, a criação de cargos, empregos
passe um exercício financeiro poderá ser iniciado e funções ou alteração de estrutura de carreiras,
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem bem como a admissão ou contratação de pessoal, a
lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de qualquer título, pelos órgãos e entidades da admi-
responsabilidade. nistração direta ou indireta, inclusive fundações
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão instituídas e mantidas pelo poder público, só pode-
vigência no exercício financeiro em que forem auto- rão ser feitas:
rizados, salvo se o ato de autorização for promul- I - se houver prévia dotação orçamentária suficien-
gado nos últimos quatro meses daquele exercício, te para atender às projeções de despesa de pes-
caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, soal e aos acréscimos dela decorrentes;
serão incorporados ao orçamento do exercício II - se houver autorização específica na lei de
financeiro subsequente. diretrizes orçamentárias, ressalvadas as
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somen- empresas públicas e as sociedades de econo-
te será admitida para atender a despesas imprevi- mia mista.
síveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei com-
comoção interna ou calamidade pública, observado plementar referida neste artigo para a adaptação
o disposto no art. 62. aos parâmetros ali previstos, serão imediatamen-
[...] te suspensos todos os repasses de verbas federais
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transfe- ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e
rência de recursos de uma categoria de programa- aos Municípios que não observarem os referidos
ção para outra poderão ser admitidos, no âmbito limites.
das atividades de ciência, tecnologia e inovação, § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos
com o objetivo de viabilizar os resultados de proje- com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei
tos restritos a essas funções, mediante ato do Poder complementar referida no caput, a União, os Esta-
Executivo, sem necessidade da prévia autorização dos, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as
legislativa prevista no inciso VI deste artigo. seguintes providências:
I - redução em pelo menos vinte por cento das
Por fim, destacamos os parágrafos finais do art. 167. despesas cargos em comissão e funções de
O §1º impõe importante regra na gestão orçamentária, confiança;
348 vedando a assunção de compromissos financeiros que II - exoneração dos servidores não estáveis
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágra- os principais documentos utilizados pela Conta Única
fo anterior não forem suficientes para assegurar para movimentação de recursos. Vamos a eles.
o cumprimento da determinação da lei comple-
mentar referida neste artigo, o servidor estável z Ordem Bancária (OB): pagamento de obrigações
poderá perder o cargo, desde que ato normativo da unidade gestora;
motivado de cada um dos Poderes especifique a ati- z Guia de Recolhimento da União (GRU): docu-
vidade funcional, o órgão ou unidade administrati- mento que consolida o recolhimento de todas as
va objeto da redução de pessoal. receitas da União, além de depósitos diversos,
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do devoluções, em todos os órgãos e entidades que
parágrafo anterior fará jus a indenização corres-
integram o orçamento fiscal e da seguridade social,
pondente a um mês de remuneração por ano de
exceto as receitas administradas pelo INSS, Receita
serviço.
Federal e Procuradoria Geral da Fazenda Nacional;
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos pará-
z Documento de Arrecadação de Receitas Fede-
grafos anteriores será considerado extinto, vedada
a criação de cargo, emprego ou função com atribui-
rais (Darf): recolhimento das receitas adminis-
ções iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro tradas pela Receita Federal e Procuradoria Geral
anos. da Fazenda Nacional. Podem ser categorizados
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a em Darf Comum (pagamento de receitas federais
serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. pelas pessoas físicas e jurídicas, exceto do Simples
Nacional), Darf Simples (dedicado ao recolhimen-
O art. 169 costuma ser bastante abordado nos to das receitas pelas empresas enquadradas no
exames, pois o tema da despesa de pessoal é sempre Simples Nacional) e DJE (demandas judiciais ou
polêmico, é uma das principais causas dos problemas extrajudiciais);
orçamentários enfrentados pelos entes, dando origem z Guia de Previdência Social – GPS: recolhimento
para calorosos debates e notícias na mídia. Inicialmen- das receitas administradas pelo INSS
z Documento de Receitas de Estados e/ou Municí-
te, cabe destacar que o aumento do quadro e despesa
pios (DAR): recolhimento de tributos dos Governos
de pessoal só será admitido na hipótese de existirem
Estaduais;
recursos suficientes na lei orçamentária e o aumento
z Guia de Recolhimento do FGTS e de Informa-
esteja autorizado na LDO exceto as empresas públi-
ções da Previdência Social (GFIP): Recolhimen-
cas e as sociedades de economia mista. As exceções à
to de receitas do Fundo de Garantia por Tempo de
regra para os casos de empresas públicas e sociedades
Serviço;
de economia mista são coerentes, pois essas empresas
z Nota de Sistema (NS): movimentações realizadas
participando em um domínio econômico tipicamente
pelo BACEN na Conta Única, mediante autorização
das empresas privadas, terá que operar em condições
do Tesouro Nacional;
semelhantes a elas para que possam ser eficientes. z Nota de Lançamento (NL): lançamentos que ser-
Importante também ressaltar as medidas que os vem como conciliação da Conta Única.
entes deverão tomar, no que tange ao gerenciamen-
to e controle das despesas de pessoal, possuem uma ADCT e o Novo Regime Fiscal (Emenda
regra de aplicação. Em outras palavras, as medidas Constitucional Nº 95/2016)
de reequilíbrio das contas por meio das despesas de

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


pessoal devem seguir estritamente a ordem disposta O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
na Constituição: primeiro, reduz-se em pelo menos – ADCT traz também tópicos relevantes para o estudo
20% (vinte por cento) os cargos em comissão e funções do orçamento público. Destacamos os tópicos relevan-
de confiança. Se ainda assim as medidas não forem tes para o seu concurso a seguir.
suficientes, os servidores não estáveis poderão ser Segundo o ADCT, o PPA tem vigência de quatro
demitidos. anos, iniciando-se no segundo exercício financeiro
do mandato do chefe do executivo e terminando no
Conta Única do Tesouro e GRU primeiro exercício financeiro do mandato subsequen-
te. Outros prazos concernentes ao ciclo orçamentário
Conforme vimos, o art.164 determina que, salvo estão dispostos no ADCT, § 2º do art. 35:
disposição em contrário, as disponibilidades de caixa
dos entes federativos são depositadas no Banco Cen- § 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a
tral no caso da União e no caso dos Estados, Distrito que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas
Federal, Municípios, órgãos e empresas controladas as seguintes normas:
pelo Poder Público utilizaram instituições financeiras I - o projeto do plano plurianual, para vigência até
oficiais. Trata-se do princípio da unidade de caixa. o final do primeiro exercício financeiro do manda-
Algumas contas não integram a Conta Única do to presidencial subseqüente, será encaminhado até
Tesouro como contas em moeda estrangeira; con- quatro meses antes do encerramento do primeiro
exercício financeiro e devolvido para sanção até o
tas para situações especiais (autorizadas em nível
encerramento da sessão legislativa;
ministerial); de empresas estatais independentes, que
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será
integram apenas o orçamento de investimento das encaminhado até oito meses e meio antes do encer-
estatais; de fomento; de suprimento de fundos; de ramento do exercício financeiro e devolvido para
Execução de Programas Sociais e de apoio à ciência sanção até o encerramento do primeiro período da
e pesquisa. sessão legislativa;
A Conta Única do Tesouro é exigida nos certames III - o projeto de lei orçamentária da União será
de modo geral, exigindo do candidato conhecimentos encaminhado até quatro meses antes do encerra-
gerais sobre o tema. Além disso, costuma ser cobrado, mento do exercício financeiro e devolvido para san-
no contexto de execução orçamentária, noções sobre ção até o encerramento da sessão legislativa. 349
O ADCT trouxe, também, regras transitórias acerca e) a lei ordinária disporá, dentre outros assuntos, sobre a
do limite de despesa com pessoal da União, Estados e fiscalização financeira da Administração pública dire-
Municípios, bem como regras para retorno aos limites ta e indireta.
estabelecidos. Contudo, não há que se preocupar com
tais dispositivos, uma vez que a Lei Complementar É o que está expressamente disposto no § 2º do art.
101/00 resolveu estes limites (e que são cobrados em 164. Resposta: Letra A.
seu exame).
Por fim, um tema de debates acalorados na mídia 2. (VUNESP – 2016) O plano plurianual, as diretrizes
e na academia se refere ao art. 106 do ADCT, incluído orçamentárias e os orçamentos anuais
pela Emenda Constitucional nº 96/16, conhecida como
a “Emenda do Teto de Gastos”:
a) são instituídos por meio de projetos de lei do Poder
Legislativo.
Art. 106 Fica instituído o Novo Regime Fiscal no
b) são instrumentos colocados à disposição do Executi-
âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade
Social da União, que vigorará por vinte exercícios vo para controle do Legislativo.
financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 deste c) são estabelecidos por leis de iniciativa do Poder
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias Executivo.
d) devem ser elaborados pelo Tribunal de Contas do
Trata-se de uma série de regras introduzidas para Estado para fins de controle de gastos do Poder Exe-
impor restrições orçamentárias e regras de controle cutivo Municipal.
do orçamento, que tem como pano de fundo os diver- e) exigem a participação popular em todas as etapas de
sos questionamentos da saúde financeira dos entes sua elaboração.
da federação, principalmente no curso da crise eco-
nômica e política vivida pelo Brasil. Dentre as diver- É a disposição literal do caput do art. 165. Resposta:
sas regras impostas por esses dispositivos podemos Letra C.
destacar:
REFERÊNCIAS
z Limites individualizados, para cada ente e órgão
da Administração, das despesas primárias; BALEEIRO, A. Uma introdução à ciência das
z Vedações à abertura de créditos suplementares
finanças. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010
ou especiais que ampliem as despesas primárias
sujeitas aos limites impostos por esse artigo;
z Restrições orçamentárias aos órgãos e entes que BRASIL. Manual de receita nacional: aplicado à
descumprirem os limites, que podem passar pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
vedação de criação de cargo público, admissão de Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2008.
pessoal, criação de benefícios, concessão de van-
tagens, criação de despesas obrigatórias, entre _______. Constituição da República Federativa
outros. do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
Os dispositivos introduzidos pela “Emenda do Teto caocompilado.htm>. Acesso em: 12 set. 2020.
de Gastos” têm como condão propor o princípio do
equilíbrio orçamentário em um nível Constitucional, ________. Lei complementar nº 101, de 4 de maio
algo semelhante ao movimento ocorrido em países de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
como Portugal e Espanha após as sérias crises finan- br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 12
ceiras que enfrentaram nos anos 2000. No Brasil, tal set. 2020.
princípio jamais esteve explícito, mas somente sugeri-
do na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complemen-
tar nº 101/00) em seus artigos inaugurais. Veja que são ________. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Dis-
assuntos ainda “quentes”, que podem aparecer em ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
seu certame. leis/l4320.htm>. Acesso em: 12 set. 2020.
Espero que tenham aproveitado este capítulo. Até
a próxima e bons estudos! GIACOMONI, J. Orçamento Público. 15ª edição.
São Paulo: Atlas, 2010.

EXERCÍCIOS COMENTADOS PALUDO, Agostinho Vicente. Orçamento públi-


co, administração financeira e orçamentária e
1. (FCC – 2019) A respeito do que estabelece a Consti- LRF. 10ª ed. Salvador: JusPodivm, 2020.
tuição Federal sobre as Finanças Públicas:

a) o banco central poderá comprar e vender títulos de


emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regu- PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO
lar a oferta de moeda ou a taxa de juros. ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA
b) a competência da União para emitir moeda será exer-
cida exclusivamente pela Casa da Moeda. DESCENTRALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E
c) é permitido ao banco central conceder, direta ou indi- FINANCEIRA E ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO
retamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qual-
quer órgão ou entidade, ainda que não seja instituição
financeira. Apesar de já ter sido abordado de forma sintética
d) as disponibilidades de caixa da União poderão ser na seção anterior, abrimos este tópico específico para
depositadas em qualquer instituição financeira oficial, tratar de aspecto pormenorizados da programação e
350 ressalvados os casos previstos em lei. execução orçamentária e financeira.
Alguns assuntos relacionados a este tópico mere- Conta Única do Tesouro Nacional e elaborar a programa-
cem destaque, pois são recorrentes nos exames. Trata- ção financeira dos órgãos. Há a liberação da cota.
remos da descentralização orçamentária e financeira O processo é bem simples e intuitivo. Os créditos são
e o acompanhamento da execução. solicitados pelas UGs aos órgãos setoriais, que servem
como intermediadoras do processo, pois enviam essas
Descentralização de Créditos solicitações ao STN. Após aprovação da solicitação pelo
STN, são os órgãos setoriais que procedem com a libe-
Descentralização de crédito (ou orçamentária) diz ração dos recursos aprovados pelo STN às UGs. Mas
como ocorrem as liberações de recursos? O art.19 do já
respeito à transferência de uma unidade orçamentá-
citado Decreto nº 825/93 determina o seguinte:
ria (UO) a outra unidade orçamentária, a possibilida-
de utilização de créditos orçamentários ou créditos
Art. 19 A liberação de recursos se dará por meio
adicionais que lhes sejam atribuídos. Trata-se das de:
movimentações de créditos entre entidades. Há a libe- I - liberação de cotas do órgão central para o seto-
ração da dotação. A descentralização orçamentária é rial de programação financeira;
regulamentada pelo Decreto nº 825/93. Diz o art.2º do II - repasse:
referido Decreto: a) do órgão setorial de programação financeira
para entidades da Administração indireta, e entre
Art. 2° A execução orçamentária poderá processar- estas;
-se mediante a descentralização de créditos entre b) da entidade da Administração indireta para
unidades gestoras de um mesmo órgão/ministério órgão da Administração direta, ou entre estes, se
de outro órgão ou Ministério;
ou entidade integrantes dos orçamentos fiscal e da
III - sub-repasse dos órgãos setoriais de programa-
seguridade social, designando-se este procedimen-
ção financeira para as unidades gestoras de sua
to de descentralização interna.
jurisdição e entre as unidades gestoras de um mes-
Parágrafo único. A descentralização entre unida- mo ministério, órgão ou entidade.
des gestoras de órgão/ministério ou entidade de
estruturas diferentes, designar-se-á descentraliza-
Temos aqui dois conceitos importantes que costu-
ção externa.
mam aparecer nas provas: o repasse e o sub-repas-
se. Sub-repasse é a movimentação interna (entre os
Ou seja, a execução orçamentária (já vista ante- órgãos setoriais e as unidades de gestão a ela vincula-
riormente) poderá ser processada pela descentraliza- das). Já o repasse é a movimentação externa de recur-
ção de crédito entre unidades gestoras de um mesmo sos (entre órgãos setoriais e outras unidades gestoras
órgão. O conceito mais importante para memorizar- da administração). As transferências são processadas
mos (e mais frequente nas provas), trata das diferen- por meio da Nota de Programação Financeira.
tes classificações de descentralizações orçamentárias. Para consolidarmos este assunto, veja e memori-
A descentralização orçamentária poderá ser interna ze o esquema abaixo. Ele irá ajudá-los a diferenciar
(chamada de provisão) ou externa (denominada des- a descentralização orçamentária da financeira e asso-
taque). Veja a seguir: ciará os principais termos que abordamos até aqui:

Provisão (interna):

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


z Entre unidades gestoras de um mesmo órgão.
Exemplos:

„ Transferência de créditos entre unidades de


saúde subordinadas ao Ministério da Saúde.

Destaque (externa):

z Unidades gestoras de órgãos ou estruturas diferen-


tes. Exemplo:

„ Transferência de crédito entre o Ministério da


Saúde e o Ministério da Defesa.

As transferências são processadas por meio da


Notas de Movimentação de Crédito, sendo obrigatória
a aplicação do crédito no cumprimento do objetivo pre-
visto pelo programa de trabalho, devendo ser mantida
a classificação funcional e estrutura programática.
SIAF – SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO
Descentralização Financeira FINANCEIRA DO GOVERNO FEDERAL

Trata-se de conceito distinto da descentralização orça- O Sistema Integrado de Administração Financeira


mentária apresentada anteriormente. Na descentralização do Governo Federal (SIAF) é o documento que sinte-
financeira temos o processo de “liberação” dos recursos do tiza as normas e procedimentos operacionais, sendo
Tesouro às Unidades Gestoras (UGs). A STN – Secretaria referência para outros países no mundo. Trata-se
do Tesouro Nacional é a responsável por administrar a de um dos mais famosos sistemas de administração 351
pública e é responsável por processar toda a execução em qualquer órgão da administração pública (fede-
orçamentária, financeira e contábil dos órgãos e enti- ral) e em qualquer território, seja possível replicar
dades da Administração Pública Federal. uma rotina de trabalho simples, como o pagamento
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) conceitua de contas. A unificação de recursos financeiros está
o SIAF da seguinte forma: relacionada à centralização de todos os recursos do
Governo na Conta Única do Tesouro Nacional, facili-
Modalidade de acompanhamento das atividades tando a gestão do caixa.
relacionadas com a Administração financeira dos Em suma, as principais atribuições do SIAF são: a
recursos da União, que centraliza ou uniformi- execução orçamentária e a execução financeira, ela-
za o processamento da execução orçamentária,
boração das demonstrações contábeis e elaboração do
recorrendo a técnicas de elaboração eletrônica
de dados, com o envolvimento das unidades exe- balanço geral da União (BGU).
cutoras e setoriais, sob a supervisão do Tesouro Referente a sua estrutura, está organizado em um
Nacional e resultando na integração dos procedi- Sistema, que por sua vez está organizado em subsiste-
mentos concernentes, essencialmente, à programa- mas (atualmente 21), que se desdobram em módulos.
ção financeira, à contabilidade e à Administração Os Sistemas são estruturados por exercícios financeiros,
orçamentária. sendo que cada ano equivale a um sistema diferente.
Atualmente, o Tesouro Nacional classifica didati-
O SIAF foi desenvolvido em 1986, mas efetivamente camente os 21 subsistemas do SIAF em cinco grupos:
implantado em 1987 e desde então tem sido melhorado
para que possa refletir a realidade econômica do país. � Controle de haveres e obrigações:
Estão sujeitos à aplicação do SIAF: „ Dívida Pública - DIVIDA
„ Haveres - HAVERES
z Todos os órgãos da administração direta de todos „ Controle de Obrigações - OBRIGAÇÃO
os Poderes;
„ Operações Oficiais de Crédito - O2C
z Entidades da administração indireta integrantes
do orçamento fiscal e da seguridade social (dessa
z Administração do Sistema:
forma, empresas públicas que não utilizam recur-
sos do orçamento fiscal estariam desobrigadas a „ Administração do Sistema - ADMINISTRA
utilizar o SIAF). „ Auditoria - AUDITORIA
„ Centro de Informação - CI
São cinco os objetivos principais do SIAF: „ Conformidade - CONFORM
„ Manual – MANUALMF
z Proporcionar à Administração Pública um contro-
le diário da execução orçamentária; z Execução Orçamentária e Financeira:
z Agilizar a programação financeira através do con- „ Contábil - CONTABIL
trole unificado dos recursos de caixa; „ Documentos do SIAF - DOCUMENTO
z Suportar a Contabilidade aplicada à Administra- „ Orçamentário e Financeiro – ORCFIN
ção Pública no sentido de agilizar a coleta rápida
e segura de informações em todos os níveis da ges- z Organização de Tabelas:
tão pública
z Integrar e compatibilizar informações „ Tabelas administrativas - TABADM
z Suportar a transparência dos gastos públicos „ Tabelas de apoio - TABAPOIO
„ Tabelas do cadastro de obrigações - TABOBRIG
A Instrução Normativa STN nº 03/2001 inclui, ain- „ Tabelas orçamentárias -TABORC
da, mais três objetivos: „ Tabelas de receitas orçamentárias
– TABRECEITA
z Permitir o acompanhamento orçamentário em
nível analítico; z Recursos Complementares com Aplicação
z Permitir o registro contábil dos balancetes dos Específica:
Estados, Municípios e de suas supervisionadas „ Programação orçamentária - PROGORCAM
z Suportar o controle da dívida interna e externa e „ Convênios - CONVENIOS
das transferências negociadas. „ Contas a pagar e a receber - CPR
„ Estados e Municípios - ESTMUN.

Importante! Por fim, no que tange às formas de acesso ao SIAF,


“Permitir o registro contábil dos balancetes dos os usuários deverão estar devidamente cadastrados e
Estados, Municípios e de suas supervisionadas” habilitados no sistema e de posso de senha pessoal.
Este objetivo do SIAF costuma ser muito cobra- Atualmente são cinco formas de acesso ao sistema dis-
do em provas! ponibilizados aos usuários: intranet, VPN, extranet,
acesso seguro pela internet, acesso discado.

Veja que os cinco objetivos do SIAF são muito SIDOR – SISTEMA INTEGRADO DE DADOS
aderentes com as suas caraterísticas, sustentado na ORÇAMENTÁRIOS
padronização de procedimentos, métodos e rotinas
de trabalho, bem como a unificação de recursos finan- O Sistema Integrado de Dados Orçamentários
ceiros da administração. A padronização de procedi- (Sidor) é um conjunto de procedimentos integrados
352 mentos, métodos e rotinas de trabalho permite que que tem como objetivo gerenciar o processamento
orçamentário. Está sob supervisão da Secretaria de Os ingressos extraorçamentários são aqueles
Orçamento Federal – SOF. que, apesar de pertencerem a terceiros, são arrecada-
O Sidor é responsável pela elaboração da propos- dos pelo ente público exclusivamente para fazer face às
ta orçamentária no âmbito da União, sendo o PLOA – exigências contratuais pactuadas para posterior devo-
Projeto de Lei Orçamentária o seu produto final. Veja lução. Esses recursos financeiros apresentam caráter
então que se a execução orçamentária é realizada no temporário e não integram o orçamento público, uma
SIAF, a elaboração do orçamento e modificações pos- vez que o Estado é seu mero depositário desses valores,
que constituem passivos exigíveis e cujas restituições
teriores fica a cargo do Sidor.
não se sujeitam à autorização legislativa. Citamos como
O Sidor, assim como o SIAF, possui alguns subsis-
exemplos: depósitos em caução, fianças, Operações
temas como por exemplo o Cadastro de pro/gramas
de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária
e ações, Prioridades e metas anuais, Legislação orça- (ARO), emissão de moeda e outras entradas compensa-
mentária, Alinhamento da série histórica, Definição tórias no ativo e passivo financeiros.
dos limites, Elaboração da proposta setorial, Análise
da proposta setorial, Simulador de fontes, Compatibi-
lização da proposta orçamentária, Formalização do Importante!
projeto de lei orçamentária, Receita, Pessoal, Dívida,
Precatórios, Pleitos e Recursos humanos. As Operações de Crédito por Antecipação de
Por fim, mencionamos o Siop – Sistema Integrado Receita Orçamentária (ARO) são ingressos
de Planejamento e Orçamento, com o objetivo de inte- extraorçamentários.
grar os atuais sistemas utilizados na elaboração, exe-
cução e acompanhamento orçamentário. Os ingressos orçamentários são aqueles perten-
centes ao ente público arrecadados exclusivamente
para aplicação em programas e ações governamentais.
Estes ingressos são denominados Receita Pública.
RECEITA PÚBLICA De acordo com a definição constante no Manual de
Procedimentos das Receitas Públicas (2004, p. 14),
CONCEITO
“Receitas Públicas são todos os ingressos de cará-
Quando pensamos em serviços que o Estado deve ter não devolutivo auferidas pelo poder público,
em qualquer esfera governamental, para alocação
prover à população, pensamos em saúde, educação,
e cobertura das despesas públicas. Dessa forma,
transporte, justiça etc. Porém, para esses serviços, cer-
todo o ingresso orçamentário constitui uma receita
tamente existe um custo envolvido a ser sustentado pública, pois tem como finalidade atender às despe-
por toda a sociedade, uma vez que tais serviços são sas públicas.” (grifo nosso)
públicos. Não é mera coincidência que a Constituição
Federal, ao estabelecer diversos deveres de atuação Receitas públicas são apenas os ingressos orça-
estatal, também preveja os meios disponíveis para mentários, ou seja, aqueles que não têm caráter
cumpri-los. Existem diversas maneiras de o Estado devolutivo, e que custearão despesas públicas.
gerar recursos para sustentar suas atividades, como A receita orçamentária é a fonte de recursos uti-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


a exploração do seu próprio patrimônio e, principal- lizada pelo Estado em ações e programas, com fina-
mente, a instituição de tributos. lidade de atender às necessidades e demandas da
Os recursos que entram nas contas do Estado são sociedade. Essas receitas integram o patrimônio do
chamados genericamente de “ingressos” ou “entra- Poder Público, aumentam-lhe o saldo financeiro e, por
das”, uma vez que nem todos os recursos podem ser força princípio da universalidade, estão previstas na
chamados de receitas públicas. O Estado, em sua ativi- Lei Orçamentária Anual (LOA).
dade financeira, recebe valores que apenas circulam Para fins contábeis, as receitas orçamentárias
transitoriamente por suas contas, sem se agregar ao podem ser classificadas quanto ao impacto no Patri-
seu patrimônio, como, por exemplo, um depósito rece- mônio Líquido do ente federativo como Receita
bido em garantia para contratação em uma licitação. Orçamentária Efetiva ou Receita Orçamentária Não
Se o licitante cumprir devidamente o contrato, o Esta- Efetiva. Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada
do é obrigado a devolver o valor depositado, porém, ao Setor Público (2019, p. 31):
caso não cumpra, haverá aplicação penalidade, cujo
valor será descontado do depósito. z Receita Orçamentária Efetiva: é aquela em que
A Lei nº 4.320/64 regulamenta os ingressos de dispo- os ingressos de disponibilidade de recursos não
nibilidades de todos os entes da federação classificando- foram precedidos de registro de reconhecimento
-os em dois grupos: orçamentários e extraorçamentários. do direito e não constituem obrigações corres-
pondentes. Desta forma, a Receita Orçamentária
Efetiva altera positivamente o Patrimônio Líqui-
Ingressos do do ente estatal quando a receita é reconheci-
extraorçamentários
da, tratando-se de um fato contábil modificativo
Ingresso de aumentativo. As Receitas Orçamentárias Efetivas
valores aos cofres correspondem às receitas correntes e às transfe-
Públicos rências de capital;
z Receita Orçamentária Não Efetiva: é aque-
Ingressos orçamentários la em que os ingressos de disponibilidades de
(Receitas Públicas)
recursos foram precedidos de registro do reco-
nhecimento do direito ou constituem obrigações 353
correspondentes, como é o caso das operações de z Receita de Contribuições
crédito. Assim, a Receita Orçamentária Não Efeti- z Receita Patrimonial
va não altera o Patrimônio Líquido do ente estatal, z Receita Agropecuária
uma vez que há uma simples troca de elementos z Receita Industrial
patrimoniais, tratando-se de simples fato contábil z Receita de Serviços
permutativo. Elas correspondem às receitas de z Transferências Correntes
capital e às transferências de capital. z Outras Receitas Correntes.

Não confunda Ingresso Extraorçamentário com Receitas de Capital:


Receita Orçamentária Não Efetiva.
Apesar de os dois conceitos não provocarem alte- z Operações de Crédito
ração no Patrimônio Líquido, o primeiro, conforme z Alienação de Bens
explicado acima, não se trata de receita pública. z Amortização de Empréstimos
z Transferências de Capital
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NATUREZA z Outras Receitas de Capital.

Retomando a explicação dada no capítulo anterior, Baseado no esquema acima a Secretaria de Orça-
podemos dizer que nem todo ingresso de recursos aos mento Federal (SOF) padronizou, por meio da Portaria
cofres públicos pode ser chamado de receita pública, Interministerial nº 5/2015, a classificação da receita, a
mas apenas aqueles ingressos que se incorporam no ser utilizada por todos os entes da Federação.
patrimônio público do ente estatal. Esta classificação tem o objetivo de identificar a
A classificação da receita orçamentária é defini- origem do recurso segundo seu fato gerador, ou
da no Manual de Técnico de Orçamento (2020, p. 10) seja, o acontecimento real que ocasionou o ingresso
segundo os seguintes critérios: da receita nos cofres públicos. Segundo essa Portaria,
a Receita deve ser classificada segundo uma sequência
z Natureza de receita; de 8 dígitos, em que cada dígito tem um significado:
z Indicador de resultado primário;
z Fonte/destinação de recursos; e
z Esfera orçamentária. DÍGITO: SIGNIFICADO

1º Categoria Econômica
Antes de começarmos a explicar cada umas dessas
classificações, é necessário conhecer uma outra classifica- 2º Origem
ção que foi criada pela doutrina. A doutrina pode ser defi-
nida como ideias e ensinamentos de estudiosos do Direito 3º Espécie
que influenciam e fundamentam as decisões judiciais. Desdobramento para identificação de
Assim, a doutrina classifica a Receita Pública em: 4º ao 7º
peculiaridades da recita

z Receitas Públicas Originárias: são aquelas arre- 8º Tipo


cadadas por meio da exploração de atividades eco-
nômicas pelo Estado, principalmente, de rendas
do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado Apesar de aparentemente complicada, essa codi-
(receita de aluguel), de preços públicos, de presta- ficação está relacionada com a classificação men-
ção de serviços comerciais e de venda de produtos cionada acima, do art. 11, § 4º, da Lei nº 4.320/1964.
industriais ou agropecuários; Tomando como exemplo, o imposto de renda de pes-
z Receitas Públicas Derivadas: são aquelas obtidas soa física, quando recolhido, é alocado segundo o
por meio da soberania estatal. Decorrem de norma código “1.1.1.3.01.1.1”, que significa:
constitucional ou legal e, por isso, são auferidas de
forma impositiva, como, por exemplo, as receitas
tributárias e as de contribuições especiais.

Vamos iniciar o estudo da classificação da Recei-


ta Orçamentária, tópico muito cobrado em provas de
concursos públicos.

Classificação por Natureza de Receita

A classificação por natureza de receita é determi-


nada no art. 11, § 4º, da Lei nº 4.320/1964, segundo o
qual deve ser obedecido o seguinte esquema:

Receitas Correntes:
Para um concurso, não há necessidade de saber,
z Receita Tributária por exemplo, que o código 3.01.1 do Desdobramen-
to para Identificação de Peculiaridades se refere ao
„ Impostos; Imposto de Renda de Pessoa Física, até porque, mes-
„ Taxas; mo que cobrado, valeria mais a pena ao candidato
354 „ Contribuições de Melhoria; concentrar seus esforços em outras questões do que
investir seu tempo em uma que cobra memorização z Contribuições: são oriundas das contribuições
de uma tabela de códigos. sociais, de intervenção no domínio econômi-
No entanto, é importante conhecer as outras classifi- co e de interesse das categorias profissionais ou
cações decorrentes da classificação da receita pública por econômicas;
sua natureza, conforme passamos a apresentar a seguir. z Receita Patrimonial: são provenientes da fruição
de patrimônio pertencente ao ente público, tais
Categoria Econômica como as decorrentes de aluguéis, dividendos, com-
pensações financeiras/royalties, concessões, entre
Segundo o art. 11 da Lei nº 4.320/1964, a Receita Públi- outras;
ca se classifica nas seguintes categorias econômicas: z Receita Agropecuária: receitas de atividades de
exploração ordenada dos recursos naturais vege-
z Receitas Correntes: são aquelas arrecadadas den- tais em ambiente natural e protegido. Compreen-
tro do exercício, aumentam as disponibilidades de as atividades de cultivo agrícola, de cultivo
financeiras do ente federativo, geralmente com de espécies florestais para produção de madeira,
efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido e são celulose e para proteção ambiental, de extração de
utilizadas para financiar os objetivos definidos madeira em florestas nativas, de coleta de produ-
nos programas e ações correspondentes às polí- tos vegetais, além do cultivo de produtos agrícolas;
ticas públicas. Segundo o art. 11, § 1º, da Lei nº z Receita Industrial: são provenientes de ativida-
4.320/1964, classificam-se em tributárias; de con- des industriais exercidas pelo ente público, tais
tribuições; da exploração do patrimônio estatal como a extração e o beneficiamento de matérias-
(Patrimonial); da exploração de atividades econô- -primas, a produção e a comercialização de bens
micas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de relacionados às indústrias mecânica, química e de
recursos financeiros recebidos de outras pessoas transformação em geral;
de direito público ou privado, quando destinadas z Receita de Serviços: decorrem da prestação
a atender despesas classificáveis em Despesas Cor- de serviços por parte do ente público, tais como
rentes (Transferências Correntes); e demais recei- comércio, transporte, comunicação, serviços hos-
tas que não se enquadram nos itens anteriores pitalares, armazenagem, serviços recreativos, cul-
(Outras Receitas Correntes). turais etc. Tais serviços são remunerados mediante
z Receitas de Capital: são aquelas que aumentam preço público, também chamado de tarifa;
as disponibilidades financeiras do Estado, entre- z Transferências Correntes: são provenientes do
tanto, diferentemente das Receitas Correntes, as recebimento de recursos financeiros de outras
Receitas de Capital não provocam efeito sobre o pessoas de direito público ou privado destinados a
Patrimônio Líquido. Conforme o art. 11, § 2º, da atender despesas de manutenção ou funcionamen-
Lei nº 4.320/1964, as Receitas de Capital são pro-
to que não impliquem contraprestação direta em
venientes da realização de recursos financeiros
bens e serviços a quem efetuou essa transferência.
oriundos da constituição de dívidas; conversão,
Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos
em espécie, de bens e direitos; recebimento de
vincula-se à determinação constitucional ou legal,
recursos de outras pessoas de direito público ou
ou ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem
privado, quando destinados a atender Despesas de
entre entidades públicas de diferentes esferas ou
Capital; e, superávit do Orçamento Corrente.
entre entidades públicas e instituições privadas;
z Outras Receitas Correntes: constituem-se pelas

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


É importante saber que existe uma denominação receitas cujas características não permitam o
que é cobrada nas provas que são as Receitas de Ope-
enquadramento nas demais classificações da
rações Intraorçamentárias. Trata-se de operações
receita corrente, tais como indenizações, restitui-
realizadas entre órgãos e demais entidades perten-
ções, ressarcimentos, multas previstas em legisla-
centes à mesma esfera de governo e ao mesmo orça-
ções específicas, entre outras.
mento de um ente federativo.
Não representam novas entradas de recursos nos
Por outro lado, as origens que compõem as Recei-
cofres públicos do ente, mas apenas remanejamen-
tas de Capital são:
to de receitas entre seus órgãos para evitar a dupla
contagem na consolidação das contas governamen-
tais. Ao instituir tais dispositivos, a legislação não z Operações de Crédito: recursos financeiros oriun-
criou novas categorias econômicas, e nem poderia, já dos da colocação de títulos públicos ou da contra-
que se trata de matéria fixada na Lei nº 4.320/64, mas tação de empréstimos junto a entidades públicas
apenas criou maior especificação das Receitas Corren- ou privadas, internas ou externas;
tes e Receitas de Capital. z Alienação de Bens: ingressos financeiros pro-
venientes da venda de bens móveis, imóveis ou
Origem intangíveis de propriedade do ente público;
z Amortização de Empréstimos: ingressos finan-
ceiros provenientes da amortização de financia-
A origem é o detalhamento das categorias econô-
mentos ou empréstimos que o ente público haja
micas Receitas Correntes e Receitas de Capital, com o
previamente concedido;
objetivo de identificar a procedência das receitas no
momento que ingressam nos cofres públicos.
Segundo o Manual de Técnico de Orçamento (2020, Embora a amortização do empréstimo seja origem
p. 13), as origens que compõem as Receitas Corren- da categoria econômica Receitas de Capital, os juros
tes são: recebidos associados ao empréstimo são classifica-
dos em Receitas Correntes / de Serviços / Serviços e
z Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria: Atividades Financeiras / Retorno de Operações, Juros
são decorrentes da arrecadação dos tributos pre- e Encargos Financeiros, pois os juros representam a
vistos na Constituição Federal; remuneração do capital. 355
z Transferências de Capital: recursos financeiros d) são arrecadadas dentro do exercício financeiro
recebidos de outras pessoas de direito público ou seguinte.
privado destinados a atender despesas com inves- e) são as provenientes da constituição de dívidas.
timentos ou inversões financeiras, independente-
mente da contraprestação direta a quem efetuou As Receitas Correntes são aquelas arrecadadas
essa transferência. Por outro lado, a utilização dos dentro do exercício, aumentam as disponibilida-
recursos recebidos vincula-se ao objeto pactuado. des financeiras do ente federativo, geralmente com
Tais transferências ocorrem entre entidades públi- efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido e são
cas de diferentes esferas ou entre entidades públi- utilizadas para financiar os objetivos definidos nos
cas e instituições privadas; programas e ações correspondentes às políticas
z Outras Receitas de Capital: registram-se nesta públicas. Resposta: Letra A.
origem receitas cujas características não permi-
tam o enquadramento nas demais classificações 2. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa correta em
da receita de capital, tais como resultado do Ban- relação às características da Receita Pública.
co Central, remuneração das disponibilidades do
Tesouro, entre outras. a) As receitas tributárias, bem como as receitas de presta-
ção de serviços, são consideradas extraorçamentárias.
Espécie b) As receitas não efetivas constituem-se de ingressos
de recursos financeiros de natureza orçamentária que
A espécie representa um nível de classificação sub- aumentam o valor do patrimônio líquido público.
sequente e vinculado à classificação da origem, per- c) Em relação ao critério de coercitividade, tem-se que
mite extrair maiores detalhes acerca do fato gerador as receitas originárias são recursos financeiros prove-
das receitas. nientes do poder que o Estado possui de exigir uma
Por exemplo, dentro da origem “Contribuições”, prestação pecuniária sobre o patrimônio, renda e lucro
identificam-se as espécies “Contribuições Sociais”, “Con- dos particulares.
tribuições Econômicas” e “Contribuições para Entidades d) A classificação econômica ou de natureza divide a
Privadas de Serviço Social e de Formação Profissional”. receita orçamentária em três categorias: receitas cor-
rentes, receitas de capital e receitas financeiras.
Desdobramento para Identificação de Peculiaridades e) Os ingressos financeiros oriundos de operações de
crédito, alienação de bens e amortização de emprésti-
Foram reservados 4 dígitos para desdobramentos mos são receitas de capital.
com a finalidade de identificar peculiaridades de cada
receita, caso seja necessário. Desse modo, esses dígitos Segundo o Manual de Técnico de Orçamento (2020,
podem ou não ser utilizados conforme a necessidade p. 13), as Receitas de Capital são originadas de ope-
de especificação do recurso. rações de crédito, alienação de bens, amortização
de empréstimos, transferências de capital e outras
Tipo receitas de capital. Resposta: Letra E.

O tipo correspondente ao último dígito na nature- ETAPAS E ESTÁGIOS


za de receita e tem a finalidade de identificar o tipo de
arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo: Estágios da receita pública são as etapas da receita
orçamentária que podem ser resumidas em: previsão,
z “0”, quando se tratar de natureza de receita não lançamento, arrecadação e recolhimento.
valorizável ou agregadora; Vamos às explicações de cada etapa:
z “1”, quando se tratar da arrecadação Principal da
receita; z Previsão: a arrecadação da receita deve ser esti-
z “2”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da mada na Lei Orçamentária Anual (LOA), com-
respectiva receita; preendendo duas fases distintas:
z “3”, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva „ A primeira fase compreende a previsão de
receita; e arrecadação da receita orçamentária constante
z “4”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da da Lei Orçamentária Anual (LOA), resultante
Dívida Ativa da respectiva receita. das metodologias de projeção usualmente ado-
tadas, observadas as disposições constantes na
Assim, todo código de natureza de receita será Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), principal-
finalizado com um dos dígitos mencionados, e as arre- mente o artigo 12:
cadações de cada recurso – sejam elas da receita pro-
priamente dita, sejam elas de seus acréscimos legais Art. 12 As previsões de receita observarão as nor-
– ficarão agrupadas sob um mesmo código, sendo mas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
diferenciadas apenas no último dígito. alterações na legislação, da variação do índice de
preços, do crescimento econômico ou de qualquer
outro fator relevante e serão acompanhadas de
demonstrativo de sua evolução nos últimos três
EXERCÍCIOS COMENTADOS anos, da projeção para os dois seguintes àquele a
que se referirem, e da metodologia de cálculo e pre-
1. (VUNESP – 2020) As Receitas Correntes missas utilizadas.

a) aumentam as disponibilidades financeiras do Estado. A previsão de receitas é a etapa que antecede à


b) constituem instrumento para reduzir programas e fixação das despesas que constarão na LOA, além de
ações orçamentários. ser base para se estimar as necessidades de financia-
356 c) não provocam efeito sobre o patrimônio líquido. mento do governo.
„ A segunda fase consiste no lançamento. Segun- DÍVIDA ATIVA
do o art. 53 da Lei nº 4.320/1964, lançamento
é ato da repartição competente, que verifica a Dívida ativa é a denominação que se dá ao con-
procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe junto de créditos tributários e não tributários em
favor da Fazenda Pública que não foram pagos no
é devedora e inscreve o débito desta. Por outro
prazo devido e, por isso, inscritos pelo órgão ou enti-
lado, nos termos do art. 142 do Código Tribu- dade competente, após a devida apuração de liquidez
tário Nacional, lançamento é o procedimento e certeza.
administrativo tendente a verificar a ocorrên- Assim, é considerada uma fonte potencial de
cia do fato gerador da obrigação corresponden- entrada no Caixa do Tesouro e é reconhecida contabil-
te, determinar a matéria tributável, calcular o mente no ativo. Não se deve confundir a dívida ativa
montante do tributo devido, identificar o sujei- com a dívida pública, uma vez que esta representa as
to passivo e, sendo caso, propor a aplicação da obrigações do ente público com terceiros e é reconhe-
cida contabilmente no passivo.
penalidade cabível.
O art. 39 da Lei nº 4.320/1964 dispõe:
Assim, pode ser dito que o lançamento refe-
re-se à atividade estatal de escrituração dos Art. 39 Os créditos da Fazenda Pública, de nature-
futuros débitos dos contribuintes de impostos za tributária ou não tributária, serão escriturados
diretos, cotas ou contribuições prefixadas ou como receita do exercício em que forem arrecada-
decorrentes de outras fontes de recursos, efe- dos, nas respectivas rubricas orçamentárias.
§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis
tuados pelos órgãos competentes que verificam
pelo transcurso do prazo para pagamento, serão
a procedência do crédito a natureza da pessoa inscritos, na forma da legislação própria, como
do contribuinte quer seja física, quer seja jurí- Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a
dica e o valor correspondente à respectiva esti- sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será
mativa. Enfim, o lançamento é a legalização da escriturada a esse título.
receita pela sua instituição e a respectiva inclu- [...]
são no orçamento.
Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda
Pública decorrente de créditos tributários não pagos
z Arrecadação: corresponde à entrega, realiza- pelos contribuintes, e incluem os respectivos adicio-
da pelos contribuintes ou devedores, aos agentes nais e multas. Por outro lado, a Dívida Ativa não Tri-
arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, butária são os demais créditos da Fazenda Pública,
dos recursos devidos ao Tesouro. Assim, quando o como aqueles provenientes de empréstimos compul-
contribuinte vai ao banco pagar o boleto do IPTU, sórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de
por exemplo, ocorre a arrecadação. qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias,
Vale destacar que, segundo o art. 35 da Lei nº foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação,
custas processuais, preços de serviços prestados por
4.320/1964, pertencem ao exercício financeiro
estabelecimentos públicos, indenizações, reposições,
as receitas nele arrecadadas, o que representa restituições, alcances dos responsáveis definitiva-
a adoção do regime de caixa para o ingresso das mente julgados, bem assim os créditos decorrentes de
receitas públicas. obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


A arrecadação ocorre somente uma vez, sendo hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos
seguida pelo recolhimento. Quando um ente arre- em geral ou de outras obrigações legais.
cada para outro ente, cumpre-lhe apenas entregar- Deste modo, verificado o não recebimento do cré-
dito no prazo de vencimento, cabe ao órgão ou enti-
-lhe os recursos pela transferência dos recursos,
dade de origem do crédito encaminhá-lo ao órgão ou
não sendo considerada arrecadação, quando do entidade competente para sua inscrição em dívida
recebimento pelo ente beneficiário. ativa, com observância dos prazos e procedimentos
z Recolhimento: é a transferência dos valores arre- estabelecidos.
cadados à conta específica do Tesouro, responsá- A inscrição do crédito em dívida ativa configura
vel pela administração e controle da arrecadação fato contábil permutativo (não aumenta o Patrimô-
e programação financeira, observando o Princí- nio Líquido do ente público).
pio da Unidade de Caixa representado pelo con-
trole centralizado dos recursos arrecadados em
cada ente, conforme previsto no art. 56 da Lei nº
4.320/1964: DESPESA PÚBLICA

Art. 56 O recolhimento de todas as receitas far-se- CONCEITO


-á em estrita observância ao princípio de unidade
de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para Como já vimos, a atividade estatal está vinculada
criação de caixas especiais. ao dispêndio de recursos com o objetivo de satisfazer
às necessidades sociais, sendo que esses dispêndios
devem obedecer às decisões deliberadas e estabeleci-
Os estágios da receita pública estão dispostos con-
das no âmbito do Poder Legislativo, por meio da Lei
forme a ordem cronológica em que ocorrem os fenô- Orçamentária Anual (LOA).
menos econômicos. Esses estágios são estabelecidos Assim, o orçamento, que é um instrumento de pla-
levando-se em consideração o modelo do orçamento nejamento de qualquer entidade, seja pública ou pri-
brasileiro. Assim, a ordem inicia com a previsão e ter- vada, uma vez que representa o fluxo de ingressos e
mina com o recolhimento. aplicação de recursos em determinado período, para 357
o setor público, passa a ser de vital importância, pois é CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A NATUREZA
a LOA que fixa a despesa pública autorizada para um
exercício financeiro. Como já dissemos no tópico anterior, a saúde
financeira do ente federativo está intimamente ligada
A despesa orçamentária pública é o conjunto de
ao controle da despesa pública, assim é natural que
dispêndios realizados pelos entes públicos para o fun-
ela seja analisada de várias formas. Nesse sentido, o
cionamento e manutenção dos serviços públicos pres-
instrumento legal que orienta a classificação da des-
tados à sociedade. pesa pública é o Manual Técnico de Orçamento (MTO),
Em termos de importância, a despesa pública editado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF),
demanda mais atenção da sociedade, uma vez que o juntamente com o Manual de Despesa Nacional e o
gasto desordenado pode implicar desequilíbrio orça- Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público.
mentário e afetar a saúde financeira do Estado por Existem diversas classificações que você precisa
muitos anos. Além disso, em um país como o Bra- conhecer, pois este assunto é bastante cobrado nos
sil, com tanta desigualdade social, é natural que as concursos públicos. Tentaremos facilitar e esque-
demandas por ações do governo superem os recursos matizar as classificações para que você possa enten-
disponíveis. Ou seja, políticas populistas que procu- der melhor e, mais importante, acertar as questões.
rem atender todas as demandas da sociedade podem Vamos lá?
não ser factíveis, uma vez que a realidade das receitas
públicas limita as despesas públicas. ESTRUTURA DA PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipifi-
Segundo o Manual Técnico de Orçamento (2020, p. 23):
cados em orçamentários e extraorçamentários.
Nos termos do art. 35 da Lei nº 4.320/1964:
A compreensão do orçamento exige o conhecimento
de sua estrutura e sua organização, implementadas
Art. 35 Pertencem ao exercício financeiro:
por meio de um sistema de classificação estrutu-
I - as receitas nêle arrecadadas; rado. Esse sistema tem o propósito de atender às
II - as despesas nêle legalmente empenhadas. exigências de informação demandadas por todos
os interessados nas questões de finanças públicas,
Portanto, despesa orçamentária é toda transa- como os poderes públicos, as organizações públicas
ção que depende de autorização legislativa, na forma e privadas e a sociedade em geral.
de consignação de dotação orçamentária, para ser
efetivada. Complicado? A definição acima quer dizer que a
Dispêndio extraorçamentário é aquele que não classificação da despesa leva em conta a estrutura da
consta na lei orçamentária anual, compreendendo organização onde ela será aplicada, classificando-a
determinadas saídas de numerários decorrentes de tanto no aspecto organizacional quanto no aspecto
depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de orçamentário/financeiro. Segundo o Manual Técnico
operações de crédito por antecipação de receita e de Orçamento (2020, p.23), “o orçamento público está
recursos transitórios. organizado em programas de trabalho, que contêm
informações qualitativas e quantitativas, sejam físicas
Além do conceito acima, é necessário saber que,
ou financeiras”.
para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser
Vamos primeiro analisar as informações qualitati-
classificada quanto ao impacto na situação patrimo-
vas, quais sejam: classificação por esfera orçamentá-
nial líquida em:
ria, classificação institucional, classificação funcional
e classificação programática. E, em seguida, passare-
z Despesa Orçamentária Efetiva: é aquela que, no mos a analisar as informações quantitativas: IDOC,
momento de sua realização, reduz a situação líqui- IDUSO, Fonte de Recursos, Natureza da Despesa e
da patrimonial da entidade. Constitui fato contá- Identificador de Resultado Primário.
bil modificativo diminutivo. A despesa corrente,
geralmente, é uma despesa orçamentária efetiva, Classificação Qualitativa
como, por exemplo, pagamento de salários de fun-
cionários públicos. Entretanto, é necessário tomar A classificação qualitativa está ligada ao tipo de
cuidado, pois existem casos de despesas correntes orçamento praticado no Brasil, que é o Orçamento
não efetivas, como, por exemplo, a despesa com Programa, o qual está relacionado ao planejamento e
a aquisição de materiais para estoque e a despe- expressa o compromisso das ações do governo com a
sa com adiantamentos, que representam fatos sociedade. Segundo o Manual Técnico de Orçamento
permutativos; (2020, p. 23)
z Despesa Orçamentária Não Efetiva: é aquela que,
no momento da sua realização, não reduz a situa- O programa de trabalho, que define qualitativa-
mente a programação orçamentária, deve res-
ção líquida patrimonial da entidade. Constitui fato
ponder, de maneira clara e objetiva, às perguntas
contábil permutativo. Geralmente, as despesas de
clássicas que caracterizam o ato de orçar, sendo, do
capital se enquadram como despesa orçamentária ponto de vista operacional, composto dos seguin-
não efetiva, entretanto, há despesas de capital que tes blocos de informação: classificação por esfera,
são efetivas como, por exemplo, as transferências de classificação institucional, classificação funcional,
capital, que causam variação patrimonial diminuti- estrutura programática e principais informações
358 va e, por isso, classificam-se como despesa efetiva. do Programa e da Ação.
BLOCOS DA ITEM DA PERGUNTA A SER (F), da Seguridade Social (S) ou de Investimento das
ESTRUTURA ESTRUTURA RESPONDIDA Empresas Estatais (I).

Classificação Esfera Em qual Orçamen- Classificação Institucional


por Espera Orçamentária to ?

Órgão Na classificação institucional, busca-se identificar


Classificação Quem é o responsá- o órgão e unidade orçamentária responsáveis pela
Institucional Unidade vel por fazer ? execução da despesa. Compreende dois níveis hie-
Orçamentária rárquicos, quais sejam, órgão orçamentário e unidade
orçamentária. O código da classificação institucional
Função Em que áreas de
compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros
Classificação despesas a ação
reservados à identificação do órgão orçamentário e os
Funcional Subfunção governamental será
demais à UO:
realizada

O que será desen- 1º 2º 3 4º 5º


Estrutura volvido para alcan-
Programa Órgão Unidade Orçamentária
Programática çar o objetivo do
programa ? Orçamentário

O que está desen- Codificação da classificação institucional. Fonte: MTO (2020)


volvido para alcan-
Ação Importante ressaltarmos que um órgão orçamen-
çar o objetivo do
programa? tário ou unidade orçamentária (UO) não correspon-
de necessariamente a uma estrutura administrativa
O que é feito ? para (ex.: fundos especiais, transferências aos Estados e
Descrição
que é feito ? Municípios, reservas de contingência etc.).
Forma de Im- As dotações orçamentárias, especificadas por cate-
Informações Como é feito ? goria de programação em seu menor nível, são con-
plementação
Principais da signadas às UOs, que são aquelas responsáveis pela
Ação O que será produzi- concretização das ações.
Produto
do ou prestado ?
Classificação Funcional da Despesa
Unidade de Como é Mensura-
Medida do ?
A classificação funcional leva em considera-
Onde é feito ? ção funções e subfunções, buscando responder ao
Subtítulo seguinte questionamento: em que áreas da despesa a
Onde está o benefi-
ação será realizada? Essa classificação foi instituída
ciário do gasta ?
pela Portaria nº 42/1999 do então Ministério do Orça-
mento e Gestão.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Esta classificação funcional é independente da
classificação programática, de aplicação comum e
obrigatória a todos os entes da federação, é formada
Classificação da despesa por Esfera Orçamentária
por cinco dígitos. Os dois primeiros correspondentes à
função e os três últimos à subfunção:
A classificação por esfera orçamentária tem como
objetivo a evidenciação do “local” onde está inserida
a despesa. Mas qual seria esse “local”? 1º 2º 3 4º 5º
Veja que a nossa Constituição, no art.165 §5º deter-
Função Subfunção
mina que:
Codificação da funcional institucional. Fonte: MTO (2020)
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da Para o seu exame, lembre-se que a função é o
União, seus fundos, órgãos e entidades da admi- maior nível de agregação das diversas áreas de atua-
nistração direta e indireta, inclusive fundações ins- ção do setor público e reflete a própria competên-
tituídas e mantidas pelo Poder Público; cia institucional do órgão. A subfunção é o nível de
II - o orçamento de investimento das empresas em
agregação imediatamente inferior à função. Veja um
que a União, direta ou indiretamente, detenha a
exemplo:
maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da 10 - FUNÇÃO SAÚDE
administração direta ou indireta, bem como os fun- 301 – subfunção – Atenção Básica
dos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder 304 – subfunção – Vigilância Sanitária
Público.
Subfunções podem ser combinadas de forma
Ou seja, a Lei Orçamentária compreenderá os matricial com outras funções, desde que realmen-
orçamentos fiscais, de investimento e da seguridade te relacionadas. Por exemplo, a subfunção “131 –
social. A classificação por esfera orçamentária irá Comunicação Social” poderá ser combinada com as
identificar se a despesa pertence ao Orçamento Fiscal funções “20- Agricultura” ou “25 – Energia” ou ainda 359
com quaisquer funções que tenham em seu escopo a Cabe, ainda, diferenciar programas de ações e de loca-
Comunicação Social. lizadores de gastos:
Mas atenção à função Encargos Especiais (função
28). Trata-se de um caso específico, no qual poderão z Programas: articula um conjunto de ações que
ser englobadas somente as suas funções típicas: concorrem para a concretização de um objetivo
comum.
841 – Refinanciamento da Dívida z Ação: operações das quais resultam produtos
Interna (bens e serviços) que contribuem para atender o
842 – Refinanciamento da Dívida
objetivo do programa.
Externa
28 – Encargos 843 – Serviço da Dívida Interna z Localizador de Gasto: indicação da localização
Especiais 844 – Serviço da Dívida Externa física das ações.
845 – Outras Transferências
846 – Outros Encargos Especiais A diferenciação conceitual acima será representa-
847 – Transferências para a Educa- da na estrutura programática da União composta de
ção Básica 12 dígitos, em três partes iguais:
Função 28 – encargos especiais e subfunções. Fonte: MTO (2020)
XXXX XXXX XXXX
Estrutura Programática Programa Ação Localizador de Gasto

Todas as ações do orçamento são organizadas em


programas. Mas o que é um programa? Segundo a Cabe agora compreendermos a classificação e
Portaria MOG nº 42/99, art. 2º, a): codificação das Ações. Como vimos, as ações são ope-
rações que resultam em bens ou serviços, que contri-
Art. 2º Para os efeitos da presente Portaria, enten- buem para atender ao objetivo de um programa. São
dem-se por: três os tipos de ações:
a) Programa, o instrumento de organização da
ação governamental visando à concretização dos
z Atividade: conjunto de operações que se realizam
objetivos pretendidos, sendo mensurado por indi-
de modo contínuo e permanente (processo de ope-
cadores estabelecidos no plano plurianual;
ração de um hospital).
z Projeto: conjunto de operações limitadas no tem-
Ou seja, trata-se do instrumento de organização
da ação governamental, em linha com o nível estra- po (ex.: a construção de um hospital).
tégico da gestão. Veja como o programa está alocado z Operação especial: despesas que não contribuem
no mapa estratégico do PPA (plano plurianual 2020 para manutenção, expansão ou aperfeiçoamento
-2023): das ações do governo. Não há geração de produto
direto e não há contraprestação direta na forma de
bens ou serviços.

Em relação à classificação, as ações são identifica-


das seguindo a lógica abaixo:

1º 2º 3 4º 5º 6º 7º
Numérico Alfanuméricos Numéricos
AÇÃO SUBTÍTULO
Codificação das Ações Orçamentárias. Fonte: MTO (2020)

O primeiro dígito da ação determinará se corres-


ponde a um projeto, atividade ou operação especial:

1º DÍGITO TIPO DE AÇÃO

1, 3, 5 ou 7 Projeto
Mapa estratégico. Fonte: PPA 2020-2023
2, 4, 6 ou 8 Atividade
Observe que o programa, situado na dimensão 0 Operação Especial
tática do mapa, tem a função de articular um conjun-
to de ações suficientes para atender as diretrizes do Codificação da Ação. Fonte: MTO (2020)
PPA. Segundo o Manual Técnico de Orçamento (2020),
os programas são Temáticos (quando envolve ações ETAPAS E ESTÁGIOS
governamentais para entrega de bens e serviços à
sociedade) e de Gestão, Manutenção e Serviços ao Durante o processo orçamentário, a despesa passa
Estado (quando envolve as ações destinadas ao apoio, por três etapas: planejamento, execução e controle e
360 à gestão e à manutenção da atuação governamental). avaliação.
na reserva de dotação orçamentária para um fim
específico.
Controle O empenho é formalizado mediante a emissão de
Planejamento Execução e um documento denominado “Nota de Empenho”,
Avaliação no qual deve constar o nome do credor (contrata-
da), a especificação do credor e o valor da despesa,
bem como os demais dados necessários ao contro-
le da execução orçamentária.
Segundo o art. 60 da Lei nº 4.320/1964, é proibida
z Planejamento: A etapa do planejamento é a etapa a realização da despesa sem prévio empenho.
em que se fixa da despesa orçamentária, se des- Quando o valor empenhado for insuficiente para
centraliza/movimenta os créditos, se realiza a pro- atender à despesa a ser realizada, o empenho
gramação orçamentária e financeira e o processo poderá ser reforçado. Caso o valor do empenho
de licitação. exceda o montante da despesa realizada, o empe-
z Fixação da despesa: refere-se ao processo de pla- nho deverá ser anulado parcialmente. Será anu-
nejamento orçamentário adequado e compatível lado totalmente quando o objeto do contrato não
com a LDO e o PPA. O processo da fixação da des- tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido
pesa orçamentária é concluído com a autorização emitido incorretamente.
dada pelo Poder Legislativo por meio da Lei Orça- Os empenhos podem ser classificados em:
mentária Anual. „ Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as
z Descentralizações de créditos orçamentários: despesas de valor fixo e previamente determina-
ocorrem quando for efetuada movimentação de do, cujo pagamento deve ocorrer de uma só vez;
parte do orçamento, mantidas as classificações ins- „ Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para
titucional, funcional, programática e econômica, as despesas cujo montante não se pode deter-
para que outras unidades administrativas possam minar previamente, tais como serviços de for-
executar a despesa orçamentária. necimento de água e energia elétrica, aquisição
Na descentralização, as dotações serão emprega-
de combustíveis e lubrificantes e outros; e
das obrigatória e integralmente na consecução do
„ Global: é o tipo de empenho utilizado para des-
objetivo previsto pelo programa de trabalho perti-
pesas contratuais ou outras de valor determina-
nente, respeitada fielmente a classificação funcio-
nal e a estrutura programática. Portanto, a única do, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo,
diferença é que a execução da despesa orçamentá- os compromissos decorrentes de aluguéis.
ria será realizada por outro órgão ou entidade.
z Programação orçamentária e financeira: consis- z Liquidação: conforme dispõe o art. 63 da Lei nº
te na compatibilização do fluxo dos pagamentos 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do
com o fluxo dos recebimentos, visando o ajuste da direito adquirido pelo credor tendo por base os
despesa fixada às novas projeções de resultados e títulos e documentos comprobatórios do respecti-
da arrecadação. vo crédito e tem por objetivo apurar:
Se houver frustração da receita estimada no orça- „ A origem e o objeto do que se deve pagar;
mento, deverá ser estabelecida limitação de empe- „ A importância exata a pagar; e
nho e movimentação financeira, com objetivo de „ A quem se deve pagar a importância para

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


atingir os resultados previstos na LDO e impedir extinguir a obrigação.
a assunção de compromissos sem respaldo finan-
ceiro, o que acarretaria uma busca de socorro
z Pagamento: consiste na entrega de numerário ao
no mercado financeiro, situação que implica em
credor por meio de cheque nominativo, ordens
encargos elevados.
z Processo de licitação: compreende um conjunto de de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser
procedimentos administrativos que objetivam adqui- efetuado após a liquidação da despesa. Segundo o
rir materiais, contratar obras e serviços, alienar ou art. 64 da Lei nº 4.320/1964, a ordem de pagamento
ceder bens a terceiros, bem como fazer concessões é o despacho emitido por autoridade competente,
de serviços públicos com as melhores condições para determinando que a despesa liquidada seja paga.
o Estado, observando os princípios da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da Controle e Avaliação
publicidade, da probidade administrativa, da vincu-
lação ao instrumento convocatório, do julgamento Esta etapa refere-se à fiscalização realizada pelos
objetivo e de outros que lhe são correlatos. órgãos de controle e pela sociedade, para avaliação da
z Execução: Durante esta etapa, a despesa é execu- ação governamental, da gestão dos administradores
tada conforme os seguintes estágios: empenho, públicos e da aplicação de recursos públicos, por inter-
liquidação e pagamento. médio da fiscalização contábil, financeira, orçamentá-
ria, operacional e patrimonial, com finalidade de:

Importante! z Avaliar o cumprimento das metas previstas no


A execução da despesa é separada em estágios, Plano Plurianual, a execução dos programas de
enquanto, no processo orçamentário, a despesa governo e dos orçamentos; e
passa por etapas. z Comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
quanto à eficácia e à eficiência da gestão orça-
mentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
z Empenho: segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, entidades da Administração Pública, bem como da
trata-se do ato de autoridade competente que cria aplicação de recursos públicos por entidades de
para o ente a obrigação de pagamento, que consiste direito privado. 361
Por controle social entende-se a participação da execução ocorrerá no próximo exercício. Podem ser
sociedade no planejamento, na implementação, no de dois tipos: os restos a pagar processados (despe-
acompanhamento e verificação das políticas públicas, sas já liquidadas); e os restos a pagar não processa-
avaliando objetivos, processos e resultados. dos (despesas a liquidar ou em liquidação). Segundo o
disposto no seu art. 36:

EXERCÍCIOS COMENTADOS Art. 36 Consideram-se Restos a Pagar as despe-


sas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de
1. (FUNDATEC – 2019) A despesa pública consiste na dezembro distinguindo-se as processadas das não
realização de gastos que possibilitam a manutenção, processadas.
o funcionamento e a expansão dos serviços públicos.
Dessa forma, a despesa pública é realizada através de Tendo em vista que a continuidade dos estágios de
estágios. A fase em que se verifica o direito adquirido execução dessas despesas ocorrerá no próximo exer-
pelo credor, tendo por base os títulos e documentos cício, devem ser controlados em contas de natureza
comprobatórios do respectivo crédito, é conhecida por: de informação orçamentária específicas.

a) Pagamento. Inscrição dos Restos a Pagar


b) Empenho.
c) Liquidação. No fim do exercício, as despesas orçamentárias
d) Conferência. empenhadas e não pagas podem ser inscritas em res-
e) Recolhimento. tos a pagar. A inscrição de restos a pagar deve obser-
var as disponibilidades financeiras e condições da
Conforme dispõe o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a legislação pertinente, de modo a prevenir riscos e cor-
liquidação consiste na verificação do direito adquiri- rigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
do pelo credor, tendo por base os títulos e documen- públicas, conforme estabelecido na Lei de Responsa-
tos comprobatórios do respectivo crédito. Resposta: bilidade Fiscal (LRF). Embora a LRF não defina o que
Letra C. pode ou não ser inscrito em restos a pagar, há vedação
expressa ao ente público de contrair obrigações no
2. (VUNESP – 2019) Um dos estágios da execução da último ano do mandato do governante sem que exista
despesa orçamentária consiste na verificação do direi- a respectiva cobertura financeira, evitando que um
to adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e governante contrate, por exemplo, obras vultosas em
documentos comprobatórios do respectivo crédito. seu último ano de mandato e deixe a conta para ser
Trata-se do estágio paga por seu sucessor, como era comum no passado.
Conforme disposto no seu art. 42:
a) da liquidação.
b) do empenho. Art. 42 É vedado ao titular de Poder ou órgão refe-
c) do pagamento. rido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do
d) da anulação. seu mandato, contrair obrigação de despesa que
e) do parcelamento. não possa ser cumprida integralmente dentro dele,
ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício
seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de
Conforme vimos acima, o art. 63 da Lei nº 4.320/1964
caixa para este efeito.
dispõe que a liquidação é a verificação do direito
Parágrafo único. Na determinação da disponibi-
adquirido pelo credor, com base nos títulos e docu- lidade de caixa serão considerados os encargos e
mentos comprobatórios do crédito respectivo. Res- despesas compromissadas a pagar até o final do
posta: Letra A. exercício.

RESTOS A PAGAR Portanto, a norma estabelece que, no encerramen-


to do exercício, a parcela da despesa orçamentária
Restos a Pagar estão intimamente ligados ao prin- que se encontrar empenhada, mas ainda não paga,
cípio da anualidade orçamentária. Relembrando, a poderá ser inscrita em restos a pagar. O raciocínio é
Lei Orçamentária Anual (LOA) tem vigência de um
de que, de forma geral, a receita orçamentária a ser
ano. Na LOA estão previstas as receitas e fixadas as
utilizada para pagamento da despesa orçamentária já
despesas. Considerando que a LOA tem vigência de
deve ter sido arrecadada no exercício, anteriormente
apenas um ano, o que acontece com aquela despesa,
por exemplo, uma compra de computadores para um à realização dessa despesa. Assim, considera-se que a
órgão, que foi empenhada e a contratada entregou despesa que for empenhada com base nesse crédito
devidamente os equipamentos, em 30 de dezembro orçamentário também deverá pertencer ao mesmo
daquele mesmo ano? Pelo prazo, ficaria complica- exercício. Portanto, o critério de definição do exer-
do ao órgão verificar a documentação para fazer a cício financeiro para alocar a despesa orçamentária
liquidação ainda no mesmo exercício. E mesmo que não é seu pagamento, mas o empenho.
liquidasse no exercício, será que conseguiria realizar Um ponto importante a se atentar é o parágrafo
o pagamento? A contratada ficaria sem recebimento? único do art. 103 da Lei nº 4.320/1964:
Prevendo essa situação, a legislação orçamentária
traz a figura dos “restos a pagar”. Art. 103 [...]
A Lei nº 4.320/1964 define Restos a Pagar como Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercí-
aquelas despesas regularmente empenhadas que não cio serão computados na receita extraorçamen-
puderam ser pagas ou foram canceladas até 31 de tária para compensar sua inclusão na despesa
362 dezembro do exercício financeiro vigente, mas cuja orçamentária.
Assim, Restos a Pagar devem ser considerados previsto no art. 37 da CF, que rege a Administração
despesas orçamentárias quando inscritos, uma vez Pública. O cancelamento caracteriza, inclusive, for-
que se trata de despesa empenhada no mesmo exer- ma de enriquecimento ilícito, conforme Parecer nº
cício em que estava fixada no orçamento. Em contra- 401/2000 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
partida, no Balanço Financeiro do exercício em que
a despesa for inscrita em restos a pagar, deve haver DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES
um lançamento de receita extraorçamentária para
que não se verifique uma diminuição do patrimônio
São chamadas Despesas de Exercícios Anteriores
do ente público.
Adicionalmente, é preciso atentar para o seguinte (DEA) aquelas despesas fixadas no orçamento vigente
ponto: conforme explicado no parágrafo anterior, no decorrentes de compromissos assumidos em exercí-
momento da inscrição do empenho, Restos a Pagar cios anteriores ao exercício em que ocorre o pagamen-
se torna despesa orçamentária, porém, no momento to. Não se confundem com restos a pagar, tendo em
do efetivo pagamento da despesa inscrita, trata-se de vista que sequer foram empenhadas ou, se foram,
despesa extraorçamentária, pois se trata de despesa tiveram seus empenhos anulados ou cancelados.
de exercício anterior. O art. 37 da Lei nº 4.320/1964 dispõe que:

Restos a Pagar Não Processados (RPNP)


Art. 37 As despesas de exercícios encerrados, para
as quais o orçamento respectivo consignava crédito
Restos a Pagar Não Processados são aquelas des-
próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que
pesas empenhadas, mas não liquidadas até o final
não se tenham processado na época própria, bem
do exercício. Podem ocorrer nas seguintes condições:
como os Restos a Pagar com prescrição interrom-
z O serviço ou material contratado tenha sido pres- pida e os compromissos reconhecidos após o encer-
tado ou entregue e que se encontre, em 31 de ramento do exercício correspondente poderão ser
dezembro de cada exercício financeiro em fase de pagos à conta de dotação específica consignada no
liquidação; ou orçamento, discriminada por elementos, obedeci-
z O prazo para cumprimento da obrigação assumida da, sempre que possível, a ordem cronológica.
pelo credor estiver vigente (despesa a liquidar).
Para fins de identificação como despesas de exercí-
A inscrição de despesa em restos a pagar não pro- cios anteriores, considera-se:
cessados é realizada após verificar quais despesas
devem ser inscritas em restos a pagar, e anulando-se z Despesas que não tenham sido processadas na
as demais. Em seguida, inscreve-se os restos a pagar época própria, como aquelas cujo empenho tenha
não processados do exercício.
sido considerado insubsistente e anulado no
As despesas empenhadas a liquidar são aquelas cujo
prazo para cumprimento da obrigação, assumida pelo cre- encerramento do exercício correspondente, mas
dor (contratado), encontra-se vigente, ou seja, a entrega do que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha
material ou do serviço adquirido ainda estão pendentes. cumprido sua obrigação;
As despesas empenhadas em liquidação são aque- z Restos a pagar com prescrição interrompida, a des-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


las em que o contratado realizou a entrega do mate- pesa cuja inscrição como restos a pagar tenha sido
rial ou do serviço, mas a verificação do seu direito ao cancelada, mas ainda vigente o direito do credor;
pagamento ainda não foi finalizada, ou seja, ainda z Compromissos reconhecidos após o encerramento do
não se deu a devida liquidação.
exercício, a obrigação de pagamento criada em virtude
O cancelamento das despesas empenhadas em
liquidação deve ser criterioso, tendo em vista que o de lei, mas somente reconhecido o direito do reclaman-
fornecedor de bens/serviços cumpriu com sua parte te após o encerramento do exercício correspondente.
da obrigação e a Administração está em fase de ava-
liação da prestação do serviço ou entrega do material. O reconhecimento da obrigação de pagamento das
Esse cancelamento pode gerar a devolução do mate- despesas com exercícios anteriores, pela autoridade
rial recebido, indenização, ou não, dos serviços já rea- competente, deverá ocorrer em procedimento admi-
lizados, observada a legislação pertinente. nistrativo específico, sendo necessário, no mínimo,
os seguintes elementos:
Restos a Pagar Processados
z Identificação do credor/favorecido;
São chamados de Restos a Pagar Processados
z Descrição do bem, material ou serviço adquirido/
aquelas despesas liquidadas e não pagas no exer-
cício financeiro, ou seja, aquelas em que o serviço, a contratado;
obra ou o material contratado tenha sido prestado ou z Data de vencimento do compromisso;
entregue e aceito pelo contratante. z Importância exata a pagar;
No caso das despesas orçamentárias inscritas em z Documentos fiscais comprobatórios;
restos a pagar processados, percebe-se que houve o z Certificação do cumprimento da obrigação pelo
cumprimento dos estágios de empenho e liquidação, credor/favorecido;
restando pendente apenas o pagamento. Os Restos a z Motivação pelo qual a despesa não foi empenhada
Pagar Processados, em geral, não podem ser cance-
ou paga na época própria.
lados, tendo em vista que o fornecedor de bens ou
serviços cumpriu sua obrigação contratual. Assim,
a Administração não pode se furtar ao pagamento, O reconhecimento da obrigação de pagamento das
exceto em casos previstos na legislação, sob pena de despesas com exercícios anteriores cabe à autoridade
estar deixando de cumprir o Princípio da Moralidade, competente para empenhar a despesa. 363
categoria econômica, grupo de natureza de despesa e
EXERCÍCIOS COMENTADS modalidade de aplicação.
O orçamento anual pode ser alterado por meio de
1. (VUNESP – 2019) Caso ocorra uma inscrição em res- créditos adicionais. Por crédito adicional, entendem-
tos a pagar que fique inferior ao valor real a ser pago, -se as autorizações de despesas não computadas ou
a diferença deve ser insuficientemente dotadas na lei orçamentária.
Segundo o artigo 41 da Lei nº 4.320/1964, os crédi-
a) empenhada e liquidada em dívida ativa. tos adicionais podem ser classificados em:
b) empenhada e liquidada em serviços de terceiros.
c) liquidada no elemento de despesa próprio. z Suplementares: destinado ao reforço de dotação
d) empenhada e liquidada em despesas de exercícios orçamentária. A LOA poderá conter autorização
anteriores. ao Poder Executivo para abertura de créditos
e) liquidada no mesmo ano da inscrição em custeio. suplementares até determinada importância;
z Especial: destinado a atender despesas para as
Caso uma despesa for inscrita em restos a pagar, sig- quais não haja crédito orçamentário específico,
nifica que houve, pelo menos, seu empenho. Ou seja, devendo ser autorizados por lei; e
trata-se de uma obrigação reconhecida pela Adminis- z Extraordinários: destinado a atender despesas
tração decorrente de um direito da contratada. Caso imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de
o valor inscrito em restos a pagar for insuficiente guerra, comoção interna ou calamidade pública.
para cobrir o valor a ser pago, a diferença deverá
O crédito suplementar incorpora-se ao orçamento,
correr por conta de despesas de exercícios anterio-
adicionando-se à dotação orçamentária que deva refor-
res. Resposta: Letra D.
çar, enquanto que os créditos especiais e extraordinários
conservam sua especificidade, demonstrando-se as des-
2. (FAFIPA – 2019) A ocorrência de despesas de exer- pesas realizadas à conta dos mesmos, separadamente.
cícios anteriores caracteriza-se, entre outros fatores, Ressalta-se que os recursos que, em decorrência de
como uma exceção ao princípio da competência para veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamen-
a contabilidade. No entanto, ante o caráter excepcional tária anual, ficarem sem despesas correspondentes
da mesma, o reconhecimento da despesa a ser paga poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
a este título depende de alguns pressupostos. Neste créditos especiais ou suplementares, com prévia e
sentido, acerca do instituto das despesas de exercí- específica autorização legislativa.
cios anteriores e sua previsão na Lei nº 4.320/64, assi- A Lei 4.320/1964 determina, em seus artigos 42 e 43,
nale a alternativa correta: que os créditos suplementares e especiais serão aber-
tos por decreto do poder executivo, dependendo de
a) É desembolsada em exercícios anteriores, mas gerada prévia autorização legislativa, necessitando da existên-
cia de recursos disponíveis e precedida de exposição
no exercício corrente.
justificada. Na União, para os casos onde haja necessi-
b) Não possuíam crédito em dotação própria com saldo
dade de autorização legislativa para os créditos adicio-
suficiente para atendê-las no exercício em que deve- nais, estes são considerados autorizados e abertos com
riam ser geradas. a sanção e publicação da respectiva lei.
c) Consiste na entrega de numerário a servidor, sempre Consideram-se recursos disponíveis para fins de
precedida de empenho na dotação própria para o fim abertura de créditos suplementares e especiais, con-
de realizar despesas, que não possam subordinar-se forme disposto no § 1º do artigo 43 da Lei nº 4.320/1964:
ao processo normal de aplicação. Superávit financeiro apurado em balanço patrimo-
d) São notadamente despesas orçamentárias, apesar de nial do ano anterior, resultante da diferença positiva
não ter sido empenhadas em época própria. entre o ativo e o passivo financeiro, conjugando-se, ain-
da, os saldos dos créditos adicionais reabertos e as ope-
Segundo o art. 37 da Lei nº 4.320/1964, as Despesas rações de crédito a eles vinculadas. Esse superávit deve
de Exercícios Anteriores (DEA) são pagas à conta ser apurado por fonte de recursos e quando vinculado
de dotação específica consignada no orçamento, ou deve ser aplicado na finalidade específica;
seja, são despesas orçamentárias, apesar de não
terem sido empenhadas em época própria. Resposta: z Os provenientes de excesso de arrecadação, ou
seja, o saldo positivo das diferenças acumula-
Letra D.
das mês a mês, entre a arrecadação prevista e a
realizada, considerando-se, ainda, a tendência
DÍVIDA PÚBLICA do exercício, deduzindo os valores dos créditos
extraordinários abertos;
A autorização legislativa para a realização da des- z Os resultantes da anulação parcial ou total de dotações
pesa constitui crédito orçamentário, que poderá ser orçamentárias ou de créditos adicionais autorizados
inicial ou adicional. em lei, nas quais se inclui a reserva de contingência; e
Por crédito orçamentário inicial, entende-se aque- z O produto de operações de créditos autorizadas de
le aprovado pela lei orçamentária anual, constan- forma que, juridicamente, possibilite o poder exe-
te dos orçamentos fiscais, da seguridade social e de cutivo realizá-las.
investimentos das empresas estatais.
O orçamento anual consignará importância para A Constituição Federal de 1988, no § 8º do artigo
atender determinada despesa a fim de executar ações 166, estabelece que os recursos objeto de veto, emen-
que lhe caiba realizar. Tal importância é denominada da ou rejeição do projeto de lei orçamentária que fica-
de dotação. rem sem destinação podem ser utilizados como fonte
Na lei orçamentária anual, a discriminação da des- hábil para abertura de créditos especiais e suplemen-
364 pesa, quanto à sua natureza, far-se-á, no mínimo, por tares, mediante autorização legislativa.
A reserva de contingência destinada ao atendimento „ Para atender despesas eventuais, inclusive
de passivos contingentes e outros riscos, bem como even- em viagem e com serviços especiais, que exi-
tos fiscais imprevistos, poderá ser utilizada para abertura jam pronto pagamento.
de créditos adicionais, desde que autorizada na LDO. „ Quando a despesa deva ser feita em caráter sigi-
O artigo 44 da Lei nº 4.320/1964 regulamenta que loso, conforme se classificar em regulamento; e
os créditos extraordinários devem ser abertos por „ Para atender despesas de pequeno vulto,
decreto do poder executivo e submetidos ao poder assim entendidas aquelas cujo valor, em cada
legislativo correspondente. Na União, esse tipo de cré- caso, não ultrapassar limite estabelecido em
dito é aberto por medida provisória do poder executi- ato normativo próprio.
vo e submetido ao Congresso Nacional.
A vigência dos créditos adicionais restringe-se ao
z Não se concederá suprimento de fundos:
exercício financeiro em que foram autorizados, exce-
to os créditos especiais e extraordinários, abertos nos „ A responsável por dois suprimentos;
últimos quatro meses do exercício financeiro, que „ A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou
poderão ter seus saldos reabertos por instrumento utilização do material a adquirir, salvo quando
legal apropriado, para vigerem até o término do exer- não houver na repartição outro servidor;
cício financeiro subsequente. „ A responsável por suprimento de fundos que,
esgotado o prazo, não tenha prestado contas de
SUPRIMENTO DE FUNDOS sua aplicação; e
„ A servidor declarado em alcance.
Apesar desse nome diferente, “suprimento de fun-
dos” nada mais é do que um adiantamento de valo-
res para um servidor, sendo que este servidor fica
obrigado a realizar posterior prestação de contas.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Esse adiantamento é uma despesa orçamentária, 1. (VUNESP– 2018) Com relação ao suprimento de fun-
ou seja, para sua concessão é necessário percorrer dos, é correto afirmar que
os três estágios da despesa orçamentária: empenho,
liquidação e pagamento. Apesar disso, o suprimento
a) se trata de despesa que reduz o patrimônio líquido.
de fundos não representa uma despesa pelo enfoque
b) poderá ser concedido a servidor responsável por até
patrimonial, uma vez que, no momento de sua conces- dois adiantamentos.
são, não ocorre redução no patrimônio líquido. Na c) atende despesas para pagamentos de prêmios ou
liquidação da despesa orçamentária, ao mesmo tempo seguros.
em que ocorre o registro de um passivo, há também a d) tem por finalidade complementar valores insuficientes.
incorporação de um ativo, que representa o direito de e) irá atender despesas eventuais de pronto pagamento.
receber um bem ou serviço, objeto do gasto a ser efe-
tuado pelo suprido (servidor que recebeu o adianta- O suprimento de fundos deve ser utilizado para aten-
mento), ou a devolução do numerário adiantado. der despesas eventuais, inclusive em viagem e com ser-
Portanto, suprimento de fundos é aplicável aos casos viços especiais, que exijam pronto pagamento; quando
de despesas expressamente definidos em lei e consis- a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme
te na entrega de numerário (dinheiro) a um servidor, se classificar em regulamento; e para atender despe-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


sempre precedida de empenho em dotação própria, sas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo
com o objetivo de realizar despesas que não possam valor, em cada caso, não ultrapassar limite estabeleci-
subordinar-se ao processo normal de aplicação. do em ato normativo próprio. Resposta: Letra E.
Os artigos 68 e 69 da Lei nº 4.320/1964 definem
e estabelecem regras gerais aplicáveis ao regime de 2. (FAFIPA – 2019) Nos termos da Lei nº 4.320/64, um
adiantamento de observância obrigatória por todos os caso excepcional para pagamento da despesa pública
entes federativos. pode ocorrer, a critério do ordenador da despesa e sob
sua responsabilidade, mediante a entrega de numerá-
Art. 68 O regime de adiantamento é aplicável aos rio a servidor, sempre precedida de empenho na dota-
casos de despesas expressamente definidos em lei e ção própria para o fim de realizar despesas, que não
consiste na entrega de numerário a servidor, sem- possam subordinar-se ao processo normal de aplica-
pre precedida de empenho na dotação própria para ção. O conceito refere-se estritamente à(ao):
o fim de realizar despesas, que não possam subordi-
nar-se ao processo normal de aplicação. a) Restos a Pagar.
Art. 69 Não se fará adiantamento a servidor em b) Despesa de Exercícios Anteriores.
alcance nem a responsável por dois adiantamentos. c) Empenho por Estimativa.
d) Suprimento de Fundos.
Segundo o art. 69 da Lei nº 4.320/1964, não se pode
efetuar adiantamento a servidor em alcance e nem a De acordo com o art. 68 da Lei nº 4.320/1964, o
responsável por dois adiantamentos. Por servidor suprimento de fundos é “aplicável aos casos de des-
em alcance, entende-se aquele que não efetuou, no pra- pesas expressamente definidos em lei e consiste na
zo, a comprovação dos recursos recebidos ou que, caso entrega de numerário a servidor, sempre precedida
tenha apresentado a prestação de contas dos recursos, de empenho na dotação própria para o fim de rea-
esta tenha sido impugnada total ou parcialmente. lizar despesas, que não possam subordinar-se ao
Destacam-se algumas regras estabelecidas para processo normal de aplicação”. Resposta: Letra D.
esse regime:
3. (VUNESP– 2018) O regime de adiantamento é aplicá-
z O suprimento de fundos deve ser utilizado nos vel aos casos de despesas expressamente definidos
seguintes casos: em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, 365
para realizar despesas que não possam subordinar-se Além disso, nesse período ocorreram graves crises
ao processo normal de aplicação, políticas, como o escândalo dos anões do orçamento
(1993) e escândalo dos títulos precatórios (1997), que
a) sempre precedida de empenho na dotação própria.
levaram a sociedade a exigir maior transparência de
b) mediante a entrega do relatório de consubstanciação.
seus governantes no trato do dinheiro público.
c) previamente adicionado aos restos a pagar.
Embora o art. 163 da CF previsse uma lei com-
d) suportada do pedido formal do adiantamento previa-
mente autorizado por nível de competência. plementar estabelecendo normas gerais acerca de
e) mediante cheque administrativo ao portador. finanças públicas, dívida pública externa e inter-
na, concessão de garantias pelas entidades públicas,
A questão é respondida com base no art. 37 da Lei nº emissão e resgate de títulos da dívida pública, fisca-
4.320/1964, assim como a anterior. Resposta: Letra lização financeira da administração pública direta e
A. indireta, operações de câmbio realizadas por órgãos
e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal
REFERÊNCIAS e dos Municípios e compatibilização das funções das
instituições oficiais de crédito – apenas em 4 de maio
BRASIL. Constituição da República Federativa de 2000, com a edição da LRF, o Brasil passou a contar
do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www. com um verdadeiro instrumento de controle na ges-
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui- tão dos recursos públicos.
caocompilado.htm>. Acesso em: 12 set. 2020.

_______. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de Importante!


2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 12 set. 2020. Embora a LRF estabeleça normas gerais sobre
finanças públicas, ela não revogou a Lei nº
_______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Dis- 4.320/1964, a qual continua vigente e estudare-
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ mos mais à frente.
leis/l4320.htm>. Acesso em: 12 set. 2020.

_______. Manual de Contabilidade Aplicada ao Segundo Paludo (2020, p. 390), a LRF foi um divisor
Setor Público. 8ª ed. Brasília: Secretaria do Tesou- na história das finanças públicas no Brasil, tornando-
ro Nacional, 2019. -se uma espécie de código a orientar a conduta dos
administradores públicos, impondo-lhes, de um lado,
_______. Manual de Despesa Nacional. 1ª ed. Bra- regras e limites e exigindo prestação de contas da
sília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2008. utilização dos recursos públicos, e, de outro, abrindo
espaço para a responsabilização e aplicação de san-
_______. Manual de Técnico de Orçamento 2020.
ções pessoais.
Brasília: Secretaria do Orçamento Federal, 2020.
A LRF estabeleceu a responsabilidade na gestão fis-
cal, a qual pressupõe a ação planejada e transparente,
em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes
de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas e a obediência a limites e condições no que
CONCEITOS, OBJETIVOS E PLANEJAMENTO tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas conso-
Conceitos Gerais lidadas e mobiliárias, operações de crédito, inclusive
por antecipação de receita, concessão de garantia e
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi editada inscrição em Restos a Pagar.
em um contexto em que o Brasil passava por uma gra- Desta forma, é possível afirmar que a LRF alme-
ve crise econômica e fiscal. Essa crise foi ocasionada ja implantar um modelo de gestão do setor público
por vários fatores, dentre os quais podemos citar uma com vistas a fortalecer o controle centralizado das
escassez de crédito mundial, decorrente de comple-
dotações orçamentárias, uma vez que se estabelecem
xas crises econômicas em países e regiões emergen-
limites totais de gasto e limites específicos para algu-
tes, como as crises econômicas do México (1995), da
mas despesas. Ademais, a LRF vincula o PPA, a LDO e
Ásia (1997) e da Rússia (1998); uma crise monetária,
a LOA, de forma que haja um mecanismo de planeja-
a qual obrigou o governo FHC a mudar sua política
cambial (1999) adotando o câmbio flutuante e aban- mento integrado de longo, médio e curto prazo obje-
donando sua principal bandeira na implantação do tivando garantir que a fase da execução não se desvie
Plano Real, qual seja, a paridade fixa, em que um real do planejamento inicial. Por fim, a LRF procura forta-
equivalia a um dólar; e, principalmente, uma dívida lecer os instrumentos de avaliação e controle da ação
interna crescente e descontrolada, decorrente de gas- governamental.
tos exagerados sem as necessárias contrapartidas de Em suma, a LRF se apoia em quatro pilares: plane-
366 financiamento desses gastos. jamento, transparência, controle e responsabilização.
Segundo Paludo (2020, p. 394), a LRF deu ênfase
e tornou mais clara a obrigatoriedade de elaboração
do PPA por todos os entes da Federação, incluindo
também os pequenos municípios, quando estabeleceu
que a LOA e a realização de despesas deveriam ter
compatibilidade com o PPA.
Por outro lado, a LDO e a LOA têm vigência de um
LRF ano e definem os planos de aplicação em estrita corre-
lação com o PPA.
O processo legislativo para a aprovação dessas

Responsabilização
Transparência peças orçamentárias é determinado pela CF e será
Planejamento

explicado na Seção “Administração Financeira e Orça-

Controle
mentária e a Constituição Federal de 1988”.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

A LDO é uma lei que estabelece uma ligação entre


o PPA e a LDO.
Segundo Pascoal (2019, p. 46), a LRF trouxe uma
série de inovações em relação à LDO, uma vez que
aumenta o seu conteúdo e a transforma no principal
Suas disposições abrangem a União, os Estados,
instrumento de planejamento para uma administra-
o Distrito Federal e os Municípios, compreendendo
ção equilibrada.
o Executivo, o Legislativo, neste abrangidos os Tri-
O conteúdo do art. 165, § 2º, da CF e do art. 4º, I, da
bunais de Contas, o Judiciário e o Ministério Públi-
LRF são muito cobrados pelas bancas examinadoras.
co, bem como as respectivas administrações diretas
Vale a pena decorá-los:
e indiretas, sejam fundos, autarquias, fundações ou
empresas estatais dependentes.
Art. 165 [...]
Embora a o art. 31, § 4º, da CF vede a criação de § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreende-
Tribunais de Contas Municipais, os municípios de São rá as metas e prioridades da administração públi-
Paulo e do Rio de Janeiro já possuíam seus tribunais ca federal, incluindo as despesas de capital para o
de contas na época da promulgação da CF, e por isso exercício financeiro subsequente, orientará a elabo-
foram mantidos. ração da lei orçamentária anual, disporá sobre as
Os demais municípios contam com Tribunais alterações na legislação tributária e estabelecerá a
de Contas dos Municípios, órgãos vinculados aos política de aplicação das agências financeiras ofi-
estados. ciais de fomento.
[...]
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o
disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e:
I - disporá também sobre:
O planejamento orçamentário é um processo con-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


a) equilíbrio entre receitas e despesas;
tínuo e dinâmico, fundamental para o Estado, nas três
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser
esferas governamentais, gerir de uma maneira racio- efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do
nal e inteligente seus recursos. O art. 1º, § 1º, da LRF, inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso II do §
ao afirmar que “a responsabilidade na gestão fiscal 1o do art. 31;
pressupõe a ação planejada e transparente”, explici- c) (VETADO)
ta a importância do planejamento para uma gestão d) (VETADO)
fiscal eficiente e responsável, uma vez que, com o e) normas relativas ao controle de custos e à avalia-
planejamento, é possível prever riscos e planejar as ção dos resultados dos programas financiados com
contramedidas a serem tomadas, caso os riscos se con- recursos dos orçamentos;
cretizem, aumentando a probabilidade de alcançar os f) demais condições e exigências para transferên-
objetivos planejados. cias de recursos a entidades públicas e privadas;
A CF, em seu art. 165, determina que o Poder Exe- [...]
cutivo, por meio de leis ordinárias de sua iniciativa,
estabeleça as três ferramentas de planejamento e con- Uma das principais inovações da LRF foi a previ-
trole orçamentário público: o Plano Plurianual (PPA), são de dois anexos a integrar a LDO: o Anexo de Metas
a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orça- Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais.
O Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fis-
mentária Anual (LOA).
cais compõem a LDO, e não a LOA.
É recorrente as bancas examinadoras pergunta-
O Anexo de Metas Fiscais estabelece metas anuais,
rem qual o tipo de lei que a LOA, LDO e o PPA são.
em valores correntes e constantes, relativas a receitas,
Essas três leis orçamentárias são leis ordinárias, despesas, resultados nominal e primário e montante
enquanto a LRF é uma lei complementar. da dívida pública, para o exercício a que se referi-
O PPA tem vigência de quatro anos e tem como rem e para os dois seguintes. O anexo contém, ainda,
objetivo definir o plano de ação do governo, por esta- uma avaliação do cumprimento das metas relativas
belecido por meio de programas. Podemos exempli- ao ano anterior; um demonstrativo das metas anuais,
ficar alguns programas do governo federal, como o instruído com memória e metodologia de cálculo que
Programa Bolsa Família, o Programa Minha Casa, justifiquem os resultados pretendidos, comparando-
Minha Vida ou o Programa de Erradicação do Traba- -as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
lho Infantil – PETI​, dentre outros. denciando a consistência delas com as premissas e os 367
objetivos da política econômica nacional; a evolução z A LOA não pode consignar dotação para investi-
do patrimônio líquido, também nos últimos três exer- mento com duração superior a um exercício finan-
cícios, destacando a origem e a aplicação dos recur- ceiro que não esteja previsto no plano plurianual
sos obtidos com a alienação de ativos; uma avaliação ou em lei que autorize a sua inclusão;
da situação financeira e atuarial dos regimes geral de z Integrarão as despesas da União, e serão incluídas
previdência social e próprio dos servidores públicos na LOA, as do Banco Central do Brasil relativas a
e do Fundo de Amparo ao Trabalhador e dos demais pessoal e encargos sociais, custeio administrativo,
fundos públicos e programas estatais de natureza inclusive os destinados a benefícios e assistência
atuarial; um demonstrativo da estimativa e compen- aos servidores, e a investimentos.
sação da renúncia de receita e da margem de expan-
são das despesas obrigatórias de caráter continuado. “Receita corrente líquida” é um termo recorrente
Por outro lado, no Anexo de Riscos Fiscais são ava- em matéria orçamentária, cuja definição, conforme
liados os passivos contingentes e outros riscos capazes o art. 2º, IV, da LRF, é o somatório das receitas tribu-
de afetar as contas públicas, informando as providên- tárias, de contribuições, patrimoniais, industriais,
cias a serem tomadas, caso se concretizem. agropecuárias, de serviços, transferências correntes
e outras receitas também correntes. Ela é apurada
Lei Orçamentária Anual (LOA) somando-se as receitas arrecadadas no mês em refe-
rência e nos onze anteriores, excluídas as duplicida-
A LOA deve ser elaborada de forma compatível des. Além disso, a receita corrente líquida deve ser
com o PPA e com a LDO e pode ser considerada um deduzida dos seguintes itens:
verdadeiro plano de aplicação do governo, uma vez
que é por meio da LOA que o governo determina a z Na União: dos valores transferidos aos Estados e
gestão dos recursos públicos. Municípios por determinação constitucional ou
Segundo Paludo (2020, p. 85), a LOA é um instru- legal, das contribuições do empregador, do tra-
mento de planejamento que operacionaliza no curto balhador e dos demais segurados da previdência
prazo os programas contidos no PPA. A LOA contem- social, e das contribuições do PIS/PASEP;
pla, conforme selecionado pela LDO, as prioridades z Nos Estados: as parcelas entregues aos Municípios
contidas no PPA e as metas que deverão ser atingi-
por determinação constitucional;
das no exercício financeiro. A LOA disciplina todas as
z Na União, nos Estados e nos Municípios: a contri-
ações do governo e é com base em suas autorizações
buição dos servidores para o custeio do seu siste-
que as despesas do exercício são executadas.
ma de previdência e assistência social e as receitas
As bancas examinadoras costumam cobrar a pre-
provenientes da compensação financeira devida
visão do conteúdo da LOA previsto na CF e na LRF.
Segundo o art. 165, § 5º, da CF, a LOA deve con- entre as receitas de contribuição referentes aos
ter o orçamento fiscal, o orçamento de investimento militares e as receitas de contribuição aos demais
das empresas em que a União (e qualquer outro ente regimes.
federativo), direta ou indiretamente, detenha a maio-
ria do capital social com direito a voto e o orçamento Execução Orçamentária e do Cumprimento das
da seguridade social, abrangendo todas as entidades Metas
e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou
indireta, bem como os fundos e fundações instituídos Após a aprovação da LOA, o orçamento precisa ser
e mantidos pelo Poder Público. colocado em execução. Assim, o Poder Executivo deve
Por outro lado, segundo o art. 5º da LRF, a LOA estabelecer a programação financeira e o cronograma
deve conter: de execução mensal de desembolso em até 30 (trinta)
dias após sua publicação.
Porém, se, ao final de um bimestre, se verificar
z Demonstrativo da compatibilidade da programa-
que a realização da receita poderá não comportar o
ção dos orçamentos com os objetivos e metas cons- cumprimento das metas de resultado primário ou
tante no Anexo de Metas Fiscais da LDO; nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais da
z Demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as LDO, os Poderes e o Ministério Público promoverão,
receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, por ato próprio e nos montantes necessários, nos 30
remissões, subsídios e benefícios de natureza finan- dias subsequentes, limitação de empenho e movimen-
ceira, tributária e creditícia, bem como das medidas tação financeira, segundo os critérios fixados pela
de compensação a renúncias de receita e ao aumen- LDO.
to de despesas obrigatórias de caráter continuado; Apesar da previsão de limitação de empenho,
z Previsão de reserva de contingência, cuja forma de algumas despesas não poderão sofrer limitações: as
utilização e montante, definido com base na recei- despesas que constituam obrigações constitucionais
ta corrente líquida, serão estabelecidos na LDO, e legais, inclusive aquelas destinadas ao pagamento
destinada ao atendimento de passivos contingen- do serviço da dívida, e aquelas ressalvadas pela LDO.
tes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos; O Resultado Primário indica se o nível dos gas-
z Todas as despesas relativas à dívida pública, mobi- tos orçamentários do ente federativo está compatível
liária ou contratual, e as receitas que as atenderão; com sua arrecadação. De acordo com o art. 2º, II, da
z O refinanciamento da dívida pública constará Lei nº 9.496/1997, esse indicador pela diferença entre
separadamente na LOA e nas de crédito adicional; as Receitas Primárias e as Despesas Primárias. Quan-
z A atualização monetária do principal da dívida do seu valor for positivo, ou seja, as receitas supe-
mobiliária refinanciada não poderá superar a raram o valor das despesas, dizemos que houve um
variação do índice de preços previsto na LOA, ou Superávit Primário, e, caso contrário, houve um Défi-
em legislação específica. cit Primário.
z É vedado consignar na LOA crédito com finalidade Receitas Primárias ou Não Financeiras decorrem
368 imprecisa ou com dotação ilimitada; da atividade fiscal do governo, como, por exemplo, as
receitas tributárias e de transferências recebidas de Dica
outros entes públicos. Muitos cofundem tributos com impostos.
Despesas Primárias ou Não Financeiras são gas- Na verdade, o conceito de tributo é mais amplo
tos necessários para promover os serviços públicos à que imposto. Segundo o art. 5º do Código Tribu-
sociedade, desconsiderando o pagamento de emprés- tário Nacional (Lei nº 5.172/1966), “os tributos
timos e financiamentos. São exemplos as despesas são impostos, taxas e contribuições de melho-
com pessoal, encargos sociais, transferências para ria”. Assim, podemos dizer que imposto é uma
outros entes públicos e investimentos. espécie do gênero tributo.
O Resultado Nominal representa a variação da
dívida fiscal líquida em determinado período, ou seja, As previsões de receita devem observar normas
esse indicador representa a evolução da dívida. técnicas e legais, considerando os efeitos das altera-
Adicionalmente, até o final dos meses de maio, ções na legislação, da variação do índice de preços,
setembro e fevereiro, o Poder Executivo deverá demons- do crescimento econômico ou de qualquer outro
fator relevante.
trar e avaliar o cumprimento das metas fiscais de cada
Caso haja necessidade de se reestimar a receita
quadrimestre, em audiência pública na Comissão Mista
por parte do Poder Legislativo, isso só será admitido
permanente de Deputados e Senadores ou equivalente
se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou
nas Casas Legislativas estaduais e municipais. legal.
Além disso, o montante previsto para as receitas
PREVISÃO E ARRECADAÇÃO DE RECEITAS de operações de crédito não poderá ser superior ao
das despesas de capital constantes do projeto de LOA.
O Estado necessita de recursos para atender às O Poder Executivo deverá desdobrar as receitas
demandas da sociedade. Um exemplo típico de recur- previstas em metas bimestrais de arrecadação, com a
so são os impostos pagos pela população. especificação, em separado, quando cabível, das medi-
O conjunto de recursos que entram nos cofres públi- das de combate à evasão e à sonegação, da quantidade
cos são chamados de ingressos. Desses ingressos, parte e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida
ativa, bem como da evolução do montante dos crédi-
se incorpora ao patrimônio público e outros não, como
tos tributários passíveis de cobrança administrativa.
por exemplo, as garantias contratuais que as empresas
contratadas pelo Estado são obrigadas a apresentar para RENÚNCIA DE RECEITAS
assegurar o pleno cumprimento do contrato adminis-
trativo. Essas garantias contratuais são realizadas por O Manual de Procedimentos das Receitas Públicas
meio de fiança-bancária, caução em dinheiro ou segu- (2004, p. 39) esclarece que renúncia de receitas “é a
ro garantia que são devolvidas à contratada ao final do não arrecadação de receita em função da concessão
contrato se a prestação for realizada a contento. de isenções, anistias ou subsídios”. Ainda, segundo
Segundo o Manual de Receita Nacional (2008, p. 21), o manual, a renúncia de receitas deve seguir os pre-
ceitos determinados no art. 14 da LRF. Assim, pode-
“receita, pelo enfoque orçamentário, são todos os ingres-
mos dizer que a regra é a arrecadação dos tributos
sos disponíveis para cobertura das despesas orçamentá- para comporem a receita pública, e a renúncia, uma

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


rias e operações que, mesmo não havendo ingresso de exceção.
recursos, financiam despesas orçamentárias.” Conforme o art. 14, § 1º, da LRF, são tipos de renún-
As receitas públicas são previstas na LOA. cia de receitas:
Tendo em vista que o ingresso das receitas não é
um evento certo, somente é possível à Administração z Anistia: corresponde ao perdão do valor devido
estimá-lo. Tomando como exemplo a pandemia do relativo a multas por infrações cometidas ante-
riormente à vigência da lei que a concedeu;
COVID-19, à época da elaboração da LOA do exercício
z Remissão: é a autorização prevista em lei para que
de 2020, a pandemia era um evento imprevisível, mas a administração perdoe uma dívida, no todo ou
que certamente afetou a economia nacional e, como em parte, por exemplo, por causa da situação eco-
consequência, afetou a arrecadação tributária. Desta nômica da pessoa tributada ou por erro ou igno-
forma, podemos imaginar que o montante estimado rância desculpáveis do sujeito passivo ou devido à
como receita pública, em 2019, na elaboração da LOA diminuta importância do tributo cobrado;
do exercício de 2020 não se efetivará. z Subsídio: são incentivos fiscais que objetivam pro-
E como a receita pública é essencial para o desen- mover o desenvolvimento de alguma atividade ou
região, como, por exemplo, a redução de impostos
volvimento das atividades estatais, o art. 11 da LRF
para atrair empresas de forma a gerar emprego
prevê que: em uma região;
z Crédito presumido: trata-se de uma redução do
“constituem requisitos essenciais da responsabi- valor do tributo devido, concedido pela adminis-
lidade na gestão fiscal a instituição, previsão e tração, na forma de um crédito do tributo;
efetiva arrecadação de todos os tributos da com- z Concessão de isenção em caráter não geral: a
petência constitucional do ente da Federação”. isenção é dispensa legal, pelo Estado, do crédito
tributário;
z Alteração de alíquota ou modificação de base de
Quanto aos impostos, é vedada a realização de
cálculo que implique redução discriminada de tri-
transferências voluntárias para o ente federativo, butos ou contribuições
exceto aquelas relativas a ações de educação, saúde e z Outros benefícios que correspondam a tratamento
assistência social. diferenciado. 369
Como obviamente as renúncias impactam direta- Para que sejam consideradas autorizadas e regula-
mente nas receitas públicas, o art. 14 da LRF prevê res, a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação
que para a: governamental que acarrete aumento da despesa
deverá ser acompanhado de:
Concessão ou ampliação de incentivo ou bene-
fício de natureza tributária da qual decorra z Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
renúncia de receita deverá estar acompanhada exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
de estimativa do impacto orçamentário-fi-
subsequentes;
nanceiro no exercício em que deva iniciar sua
vigência e nos dois seguintes, atender a pelo z Declaração do ordenador da despesa de que o
menos uma das seguintes condições: aumento tem adequação orçamentária e financei-
I. Demonstração de que a renúncia foi considera- ra com a lei orçamentária anual e compatibilidade
da na estimativa de receita da LOA e de que não com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
afetará as metas de resultados fiscais previstas no orçamentárias.
anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II. Estar acompanhada de medidas de compensa- DESPESAS OBRIGATÓRIAS DE CARÁTER
ção, no exercício em que deva iniciar sua vigên- CONTINUADO
cia e nos dois seguintes, por meio do aumento
de receita, proveniente da elevação de alíquotas, A LRF destaca um tipo especial de despesa que ela
ampliação da base de cálculo, majoração ou
chama de despesa obrigatória de caráter continuado.
criação de tributo ou contribuição.
Segundo a LRF, essa despesa é uma despesa corrente
derivada de lei, medida provisória ou ato adminis-
GERAÇÃO DE DESPESAS
trativo normativo que fixem para o ente a obrigação
Toda vez que o Estado é requisitado a fornecer legal de sua execução por um período superior a
algum bem ou a prestar algum serviço à sociedade, dois exercícios.
isso normalmente acarreta um dispêndio de recursos. O caput do art. 17 da LRF é bastante cobrado pelas
O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Públi- bancas examinadoras. Vale a pena decorar!
co (2019, p. 65) esclarece que a “despesa orçamentária
pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos Art. 17 Considera-se obrigatória de caráter conti-
entes públicos para o funcionamento e manutenção nuado a despesa corrente derivada de lei, medida
dos serviços públicos prestados à sociedade”. Ainda, provisória ou ato administrativo normativo que
segundo o manual para “o setor público, é de vital fixem para o ente a obrigação legal de sua execução
importância, pois é a lei orçamentária que fixa a des- por um período superior a dois exercícios.
pesa pública autorizada para um exercício financeiro”.
A LOA prevê as receitas e fixa as despesas. Tendo em vista que despesas de caráter continua-
Conforme explicamos no capítulo anterior, somen- do impactam o orçamento público por longos perío-
te é possível à Administração fazer uma previsão do dos, é natural que o legislador tenha se preocupado
ingresso das receitas, uma vez que se trata de um em apontar diversas condições para sua aprovação.
evento futuro e incerto. São elas:
Por outro lado, tendo em vista o princípio do equi-
líbrio orçamentário, as despesas não podem ultra- z Análise do impacto orçamentário-financeiro no
passar a previsão das receitas e, por isso, são fixadas exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
na LOA. Caso fosse autorizado que se ultrapassasse o subsequentes;
valor estimado de receitas, estaríamos dizendo que o z Demonstrar a origem dos recursos para seu
orçamento seria deficitário, o que iria contra os pre- custeio;
ceitos da LRF. z Comprovação de que a despesa não afetará as
Segundo Oliveira (2016, p. 38), a despesa pública metas previstas no Anexo de Metas Fiscais da LDO;
deve sempre perseguir as necessidades públicas, por
z Seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes,
meio de decisões políticas a serem deliberadas e esta-
devem ser compensados pelo aumento permanen-
belecidas pelo legislativo, através da LOA, conforme
te de receita ou pela redução permanente de despe-
os enunciados no texto constitucional e nos outros
diplomas legislativos. A despesa pública não está vin- sa. Considera-se aumento permanente de receita o
culada a necessidades coletivas, de determinado gru- resultante da elevação de alíquotas, ampliação da
po de pessoas, nem a necessidades privadas, de um base de cálculo, majoração ou criação de tributo
indivíduo específico. Não se deve confundir o inte- ou contribuição.
resse particular do gestor público ou de determinada
coletividade com o interesse público, embora possam DESPESAS COM PESSOAL
ser coincidentes.
Segundo a LRF, uma despesa adequada com a LOA O controle das despesas com pessoal é de suma
é aquele objeto de dotação específica e suficiente, ou importância para o equilíbrio das contas governa-
que esteja abrangida por crédito genérico, de forma mentais, tendo em vista que se trata de uma despesa
que somadas todas as despesas da mesma espécie, recorrente e que afeta atualmente grande parcela do
realizadas e a realizar, previstas no programa de orçamento público dos entes. Segundo Paludo (2020,
trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabe- p. 412), é natural que se considere esse um tema a ser
lecidos para o exercício. Além disso, a despesa deve tratado com atenção, uma vez que as despesas com
ser compatível com o PPA e a LDO, conforme com as pessoal disputam com a dívida pública o posto de item
diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos de despesa de maior dispêndio no setor público, mas
nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas com um agravante: embora maior, a dívida pode ser
370 disposições. reduzida ou mesmo paga, enquanto que as despesas
com pessoal perduram durante toda a vida do servi- z Com inativos, ainda que por intermédio de fundo
dor e continuam com os servidores aposentados. específico, custeadas por recursos provenientes:
Desta forma, a LRF considera despesa com pessoal „ Da arrecadação de contribuições dos segurados;
o somatório dos gastos com o pessoal ativo, inativo e „ Da compensação financeira referente ao regi-
pensionista, relativo a mandatos eletivos, cargos, fun- me geral de previdência social e os regimes
ções ou empregos, civis, militares e de membros de próprios de previdência social;
Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais „ Das demais receitas diretamente arrecadadas
como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, sub- por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive
sídios, proventos da aposentadoria, reformas e pen- o produto da alienação de bens, direitos e ati-
sões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vos, bem como seu superávit financeiro.
vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como
encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente Além dos limites globais de despesa total com pes-
às entidades de previdência. Resumindo, segundo a soal, o art. 20 da LRF define outros limites por Poder,
LRF todo e qualquer gasto dessa natureza deve ser conforme tabela abaixo:
considerado despesa com pessoal.
As bancas examinadoras adoram formular ques- ESTADOS ESTADOS
tões acerca do art. 18, § 1º, da LRF. UNIÃO SEM TC DOS COM TC DOS MUNICÍPIOS
MUNICÍPIOS MUNICÍPIOS
Não caia na “pegadinha”!
Legislativo 2,5% 3% 3,4% 6%
Contratos de terceirização de mão-de-obra que se
e Tribunal
referem à substituição de servidores e empregados de Contas
públicos serão contabilizados como “Outras Despesas Judiciário 6% 6% 6% -
de Pessoal” e não como “Despesas com Pessoal”.
Executivo 40,9% 49% 48,6% 54%
A despesa total com pessoal é apurada somando-
Ministério 0,6% 2% 2% -
-se a despesa com pessoal realizada no próprio mês e Público
as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o
Total 50% 60% 60% 60%
regime de competência.
Outro ponto que é muito cobrado pelas bancas
examinadoras é como a despesa total com pessoal é Controle da Despesa Total com Pessoal
contabilizada.
Vale a pena decorar o art. 18, § 2º, da LRF: Além dos limites dispostos no capítulo anterior, a
LRF ainda impõe a observância de dois outros limites
Art. 18 [...] pelos entes federativos:
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada
somando-se a realizada no mês em referência com z Limite de Alerta: de acordo com o art. 59, § 1º, II,
as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se da LRF, os Tribunais de Contas devem fiscalizar o
o regime de competência. cumprimento da LRF e devem alertar os Poderes ou
órgãos fiscalizados quando constatarem que os mon-
Limites na Despesa com Pessoal tantes da despesa total com pessoal se encontrar aci-
ma de 90% do limite disposto no capítulo anterior;

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Segundo o art. 169 da CF, “a despesa com pessoal z Limite Prudencial: conforme o art. 22, parágrafo
ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Fede- único, da LRF, se a despesa total com pessoal exce-
ral e dos Municípios não poderá exceder os limites der a 95% do limite disposto no capítulo anterior,
estabelecidos em lei complementar”. são vedados ao Poder ou ao órgão que houver
Pois bem, o art. 19 da LRF regulamenta a previsão incorrido no excesso:
constitucional acima ao determinar que a despesa „ Concessão de vantagem, aumento, reajuste ou
total com pessoal de cada ente da Federação, em cada adequação de remuneração a qualquer título,
período de apuração, não poderá exceder os seguintes salvo os derivados de sentença judicial ou de
percentuais da receita corrente líquida: determinação legal ou contratual, ressalvada a
revisão geral anual, sempre na mesma data e
z União: 50%; sem distinção de índices;
z Estados: 60%; „ Criação de cargo, emprego ou função;
z Municípios: 60% „ Alteração de estrutura de carreira que impli-
que aumento de despesa;
Nesses limites não são computadas as despesas: „ Provimento de cargo público, admissão ou con-
tratação de pessoal a qualquer título, ressalva-
z De indenização por demissão de servidores ou da a reposição decorrente de aposentadoria ou
empregados; falecimento de servidores das áreas de educa-
z Relativas a incentivos à demissão voluntária; ção, saúde e segurança;
z Derivadas de convocação extraordinária do Con-
gresso Nacional pelo Presidente da República, z Contratação de hora extra, salvo no caso de convo-
pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do cação extraordinária do Congresso Nacional, em
Senado Federal ou a requerimento da maioria dos caso de urgência ou interesse público relevante, e
membros de ambas as Casas, em caso de urgência
nas situações previstas na LDO.
ou interesse público relevante, desde que aprova-
da pela maioria absoluta de cada uma das Casas do
Congresso Nacional; As bancas examinadoras cobram o item “d” acima
z Decorrentes de decisão judicial e da competência alterando as palavras destacadas abaixo. Não caia na
de período anterior ao de sua apuração; pegadinha! 371
“Provimento de cargo público, admissão ou con- bem como quanto à prestação de contas de recur-
tratação de pessoal a qualquer título, ressalvada sos anteriormente dele recebidos;
a reposição decorrente de aposentadoria ou faleci- z O ente beneficiário deve comprovar o cumprimen-
mento de servidores das áreas de educação, saúde e to dos limites constitucionais relativos à educação
segurança”. e à saúde;
Se a despesa total com pessoal ultrapassar os limi- z O ente beneficiário deve comprovar o cumprimen-
tes definidos na LRF, o percentual excedente terá de to dos limites das dívidas consolidada e mobiliária,
ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen- de operações de crédito, inclusive por antecipação
do pelo menos um terço no primeiro. de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de des-
E caso não seja alcançada a redução no prazo esta- pesa total com pessoal;
belecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não z O ente beneficiário deve comprovar que tem pre-
poderá: visão orçamentária de contrapartida.

Os recursos transferidos não podem ser utilizados


z Receber transferências voluntárias;
em uma finalidade diferente da pactuada.
z Obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
z Contratar operações de crédito, ressalvadas as des-
DESTINAÇÕES DE RECURSOS PARA O SETOR
tinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e
PRIVADO
as que visem à redução das despesas com pessoal.
Ao contrário do que muita gente pensa, a Adminis-
DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL
tração Pública pode transferir recursos para o setor
privado, entretanto essa transferência está condicio-
O art. 24 da LRF praticamente replica o que deter- nada à autorização por meio de lei específica, além
mina o art. 195, § 5º, da CF, informando que nenhum de atender às condições estabelecidas na LDO e estar
benefício ou serviço relativo à seguridade social pode prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.
ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da É natural que a LRF imponha esse tipo de controle
fonte de custeio total. Esta despesa tem caráter conti- uma vez que recursos públicos serão utilizados em
nuado, então, para ser criada, devem ser atendidas as benefício de um particular.
condições já expostas no capítulo “Despesas Obrigató- Essa regra também deve ser obedecida por toda a
rias de Caráter Continuado”. administração indireta, inclusive fundações públicas
De acordo com o art. 194 da CF, a Seguridade Social e empresas estatais, exceto no exercício de suas atri-
compreende a Saúde, a Previdência e a Assistência buições precípuas, as instituições financeiras e o Ban-
Social. co Central do Brasil. Tal medida abrange a concessão
de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos,
TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS inclusive as respectivas prorrogações e a composição
de dívidas, a concessão de subvenções e a participa-
A transferência voluntária é definida na LRF como ção em constituição ou aumento de capital.
a entrega de recursos correntes ou de capital a outro
ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou DÍVIDA PÚBLICA E ENDIVIDAMENTO
assistência financeira, que não decorra de determi-
nação constitucional, legal ou os destinados ao SUS. A LRF traz algumas definições importantes quanto
Assim, esse tipo de transferência, como o próprio à questão da dívida pública, as quais listamos a seguir:
nome diz, é realizada voluntariamente de um ente
para outro, sem que nenhum dispositivo definido na z Dívida Pública Consolidada ou Fundada: conforme
Constituição ou em lei específica o obrigue à realiza- o inciso I, art. 29, é o montante total, apurado sem
ção dessa transferência. duplicidade, das obrigações financeiras, assumidas
Transferências constitucionais são aquelas estabe- em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados
lecidas pela Constituição, como, por exemplo, o Fundo e da realização de operações de crédito, para amor-
de Participação dos Municípios, o Fundo de Participa- tização em prazo superior a doze meses. Também
integram a Dívida Pública Consolidada as operações
ção dos Estados, o Fundo de Compensação dos Estados
de crédito de prazo inferior a doze meses, cujas
Exportadores (FPEX), e outros.
receitas tenham constado do orçamento.
Transferências legais são aquelas estabelecidas
z Os precatórios judiciais não pagos durante a exe-
por lei específica, que não dependem de convênios,
cução do orçamento em que houverem sido incluí-
como as transferências da Lei Complementar nº 87/96
dos também devem integrar a dívida consolidada.
(Lei Kandir) ou as transferências do Fundo Nacional
z No caso da União, será incluída em sua Dívida
de Desenvolvimento da Educação – FNDE (Apoio à
Pública Consolidada aquela relativa à emissão de
Alimentação Escolar para Educação Básica, Apoio ao
títulos de responsabilidade do Banco Central do
Transporte Escolar para Educação Básica, Programa
Brasil.
Brasil Alfabetizado, Programa Dinheiro Direto na
Escola).
A realização de transferências voluntárias está Não caia na “pegadinha”!
vinculada ao cumprimento de algumas exigências: Questões sobre a Dívida Pública Consolidada,
principalmente sobre a parte acima em negrito, são
z Dotação específica; recorrentes. As bancas examinadoras vão tentar con-
z Não pode ser utilizada para pagamento de despe- fundi-lo trocando o termo “superior” por “inferior”, e
sas com pessoal ativo, inativo e pensionista; vice-versa.
z O ente beneficiário deve comprovar que está em No ordenamento jurídico brasileiro, além da LRF,
dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos existe uma outra lei que dispõe sobre normas gerais
372 e financiamentos devidos ao ente transferidor, de Direito Financeiro. Trata-se da Lei nº 4.320/1964, a
qual traz uma definição de Dívida Fundada mais sim- Por outro lado, podemos dizer que a LRF foi além
ples do que a constante na LRF. da definição de eventuais limites da dívida, uma vez
Para a Lei nº 4.320/1964, a Dívida Fundada com- que ela disciplina a integração entre dívida consoli-
preende simplesmente os compromissos de exigibili- dada, resultado primário, resultado nominal e metas
dade superior a doze meses, contraídos para atender fiscais; ou seja, trata-se de um mecanismo de planeja-
a um desequilíbrio orçamentário ou a um financeiro mento, acompanhamento e controle de todas as eta-
de obras e serviços públicos. pas relacionadas ao endividamento público.
Na prova, é importante identificar acerca de qual A LRF determina que, para fins de verificação do
lei está sendo cobrada a definição, observando expres-
atendimento do limite da Dívida Consolidada, sua
sões, como: “segundo a LRF...”, “de acordo com a Lei nº
apuração será efetuada ao final de cada quadrimes-
4.320/1964...” etc.
tre. Assim, se a Dívida Consolidada de um ente ultra-
passa o limite ao final de um quadrimestre, ela deverá
z Dívida Pública Mobiliária: é a dívida pública repre-
sentada por títulos emitidos pela União, inclusive ser reconduzida ao limite até o término dos três qua-
os do Banco Central do Brasil, Estados e Municí- drimestres subsequentes, reduzindo, logo no primei-
pios (art. 29, II). O refinanciamento do principal ro quadrimestre, o excedente em pelo menos 25%.
da dívida mobiliária não excederá, ao término de As bancas examinadoras adoram misturar os con-
cada exercício financeiro, o montante do final do ceitos dos limites da Dívida Consolidada com a da
exercício anterior, somado ao das operações de Despesa com Pessoal, que vimos anteriormente para
crédito autorizadas no orçamento para este efeito tentar confundi-lo.
e efetivamente realizadas, acrescido de atualiza- Lembre-se:
ção monetária (art. 29, §4º).
z Operação de Crédito: é o compromisso financei- z Dívida Consolidada: é apurada ao final de cada
ro assumido em razão de mútuo (empréstimos), quadrimestre e, caso ultrapasse os limites, deverá
abertura de crédito, emissão e aceite de título, ser reconduzida ao limite até o término dos três
aquisição financiada de bens, recebimento anteci- quadrimestres subsequentes, reduzindo, logo
pado de valores provenientes da venda a termo de no primeiro quadrimestre, o excedente em pelo
bens e serviços, arrendamento mercantil e outras menos 25% (um quarto).
operações assemelhadas, inclusive com o uso de z Despesa com Pessoal: é apurada ao final de cada
derivativos financeiros (art. 29, III). É importante quadrimestre e, caso ultrapasse os limites, o per-
saber observar que se equipara uma operação de
centual excedente terá de ser eliminado nos dois
crédito a assunção, o reconhecimento ou a confis-
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um
são de dívidas.
terço no primeiro.
z Concessão de Garantia: é o compromisso de adim-
plência de obrigação financeira ou contratual
assumida por ente da Federação ou entidade a ele Enquanto perdurar o excesso, o ente:
vinculada (art. 29, IV).
z Refinanciamento da Dívida Mobiliária: é a emissão � Estará proibido de realizar operação de crédito,
de títulos para pagamento do principal acrescido seja interna ou externa, e operação de crédito

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


da atualização monetária (art. 29, V). por antecipação de receita. Entretanto é possível
realizar refinanciamento do principal atualiza-
As definições relacionadas à dívida pública dispos- do da dívida mobiliária;
tas acima são muito cobradas nos concursos públicos, z Deverá obter resultado primário necessário à
principalmente os conceitos acerca da Dívida Pública recondução da dívida ao limite, promovendo,
Consolidada e da Dívida Pública Mobiliária. entre outras medidas, limitação de empenho.

LIMITES E RECONDUÇÃO DA DÍVIDA Essas restrições aplicam-se imediatamente se o


montante da dívida exceder o limite no primeiro
O art. 30 da LRF determina que no prazo de 90 dias quadrimestre do último ano do mandato do Chefe do
após sua publicação, o Presidente da República sub- Poder Executivo.
meteria ao: São recorrentes questões misturando conceitos do
que seria autorizado e do que seria proibido quan-
z Senado Federal: uma proposta de limites globais do se verifica o desatendimento do limite da Dívida
para o montante da dívida consolidada da União,
Consolidada:
Estados e Municípios. Essa determinação gerou a
Resolução do Senado Federal nº 40/2001, que dis-
z São proibidos: operação de crédito, seja interna
põe sobre os limites globais para o montante da
ou externa, e operação de crédito por antecipa-
Dívida Consolidada Líquida dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios, a qual é calculada ção de receita.
abatendo-se do montante apurado da Dívida Con- z São autorizados: refinanciamento do principal
solidada as disponibilidades de caixa, as aplica- atualizado da dívida mobiliária.
ções financeiras e os demais haveres financeiros.
z Congresso Nacional: projeto de lei que estabele- Se o ente federativo não conseguir fazer com que a
ça limites para o montante da dívida mobiliária Dívida Consolidada retorne ao limite no prazo de três
federal, acompanhado da demonstração de sua quadrimestres, enquanto perdurar o excesso, ele fica-
adequação aos limites fixados para a dívida conso- rá impedido de receber transferências voluntárias da
lidada da União. União ou do Estado. 373
OPERAÇÕES DE CRÉDITO despesas correntes ou a refinanciar dívidas não con-
traídas junto à própria instituição credora.
Segundo Pascoal (2019, p. 135), o crédito público Ainda são vedados:
é a confiança de que goza o Governo para contrair
empréstimos de pessoas físicas e jurídicas, nacionais z Captação de recursos a título de antecipação de
ou estrangeiras. Assim, este é um dos meios utilizados receita de tributo ou contribuição cujo fato gera-
pelo Estado para obter recursos para cobrir despesas. dor ainda não tenha ocorrido;
Obviamente, a consequência imediata do ato de z Recebimento antecipado de valores de empresa
contrair empréstimos é o aumento da dívida pública, em que o Poder Público detenha a maioria do capi-
que deve ser controlada. E não é por acaso que a LRF tal social com direito a voto, salvo lucros e dividen-
impõe limites para o endividamento estatal. dos, na forma da legislação;
z Assunção direta de compromisso, confissão de dívi-
Contratação de Operações de Crédito da ou operação assemelhada, com fornecedor de
bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão,
aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando
A LRF define operação de crédito como compromis-
esta vedação a empresas estatais dependentes;
so financeiro assumido em razão de mútuo (emprés- z Assunção de obrigação, sem autorização orçamen-
timo), abertura de crédito, emissão e aceite de título, tária, com fornecedores para pagamento a poste-
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado riori de bens e serviços.
de valores provenientes da venda a termo de bens e
serviços, arrendamento mercantil e outras operações A LRF ainda proíbe a operação de crédito entre
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos finan- uma instituição financeira estatal e o ente federativo
ceiros. Além disso, a LRF determina que se equipara a controlador. Essa previsão não é em vão e se justifi-
operação de crédito à assunção, o reconhecimento ou a ca por razões de transparência, controle e gestão fis-
confissão de dívidas pelo ente da Federação. cal responsável, uma vez que no passado recente de
Para a contratação de uma operação de crédito nossa história, na década de 1990, passamos por uma
por um ente federativo, este ente deverá submeter a grave crise bancária, com diversos bancos estatais
operação à aprovação do Ministério da Fazenda, que quebrados devido a décadas de empréstimos a fundo
verifica o cumprimento dos limites e condições relati- perdido a seu ente estatal controlador. Por outro lado,
vos à realização de operações de crédito, inclusive das a proibição prevista na LRF é excetuada quando a ins-
empresas controladas, direta ou indiretamente, pelo tituição financeira controlada adquire, no mercado,
títulos da dívida pública para atender investimento
ente solicitante.
de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da
Nesse pedido deve ser demonstrado que:
União para aplicação de recursos próprios.
z Existe prévia e expressa autorização para a contrata-
ção na LOA, em créditos adicionais ou lei específica;
z Houve inclusão no orçamento ou em créditos adicio-
Importante!
nais dos recursos provenientes da operação, exceto A Resolução nº 43/2001 do Senado proíbe a
no caso de operações por antecipação de receita; contratação de operações de crédito nos 180
z Observância dos limites e condições fixados pelo dias anteriores ao final do mandado do chefe do
Senado Federal; Poder Executivo.
z Há autorização específica do Senado Federal,
quando se tratar de operação de crédito externo;
z Atende-se a “regra de ouro”, disposto no art. 167, Operações de Crédito por Antecipação de Receita
III, da CF. Orçamentária

Segundo o art. 41, da Lei nº 4.320/1964, os créditos Em empresas privadas muitas vezes há necessida-
adicionais classificam-se em: de de se antecipar o recebimento de valores aos quais
tem direito, por meio, por exemplo, de desconto de
z Suplementares: são destinados a reforço de dota- duplicatas. Da mesma forma, muitas vezes o Poder
ção orçamentária; Público precisa recorrer a uma prática semelhante
ao desconto de duplicatas, a qual recebe o nome de
z Especiais: são destinados a despesas para as quais
Operações de Crédito por Antecipação da Receita
não haja dotação orçamentária específica;
(ARO). Nesta operação, o ente federativo antecipa,
z Extraordinários: são destinados a despesas urgen-
por exemplo, a receita de um tributo para quitar algu-
tes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intes- ma despesa. Assim, de acordo com a LRF, AROs são
tina ou calamidade pública. empréstimos tomados junto a instituições financeiras
para atender à insuficiência de caixa durante o exer-
Vedações cício financeiro.
As AROs devem atender às seguintes condições:
A LRF veda que um ente conceda empréstimos
(operação de crédito) a outro ente federativo, seja z Poderá ser realizada somente a partir do décimo
diretamente ou por intermédio de fundo ou de enti- dia do início do exercício;
dade da administração indireta (autarquia, funda- z Deverá ser liquidada, com juros e outros encargos
ção ou empresa estatal dependente), mesmo que este incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano;
empréstimo seja realizado sob a forma de novação, z Não será autorizada se forem cobrados outros
refinanciamento ou postergação de dívida contraída encargos além da taxa de juros da operação, que
anteriormente. Entretanto, esses empréstimos podem deve ser obrigatoriamente prefixada ou indexada
374 ser realizados quando não se destinem a financiar à taxa básica financeira.
A ARO estará proibida: valor acordado. Esse procedimento de verificação do
direito da contratada ao recebimento da prestação
z Enquanto existir operação anterior da mesma chama-se liquidação. Por fim, o pagamento encerra o
natureza não integralmente resgatada; procedimento administrativo de execução da despesa
z No último ano de mandato do Presidente, Gover- pública, que apenas será efetuado após sua regular
nador ou Prefeito Municipal. liquidação.
De acordo com Paludo (2020, p. 301), restos a
AROs são receitas extraorçamentárias, uma vez pagar são resíduos passivos cujos pagamentos pode-
que deverá ser paga ao credor. rão, ou não, ocorrer em exercício(s) seguinte(s). Por
Diferentemente, as operações de crédito adicio- outro lado, Harada (2020, p. 80) alerta que já se tor-
nais (suplementares, especiais e extraordinários) são nou praxe a anulação de valores empenhados e não
classificadas como receitas orçamentárias. liquidados até o final do exercício. Esses valores são
transformados em “restos a pagar” comprometendo o
Operações com o Banco Central do Brasil orçamento do ano seguinte, que terá que sofrer “cor-
tes” para acomodar despesas que deveriam ter sido
Segundo o art. 34 da LRF, o Banco Central do Bra- pagas com dotações do orçamento anterior.
sil não pode mais emitir títulos da dívida pública, os Segundo a LRF, é vedado ao titular do Poder Exe-
quais são títulos emitidos pela União com o objetivo cutivo, Legislativo ou Judiciário, ou ao Presidente do
de captar capital privado para direcioná-lo, por exem- Tribunal de Contas, nos últimos dois quadrimestres
plo, para o custeio de serviços públicos. do seu mandato, contrair obrigação de despesa que
O Banco Central do Brasil, nas suas relações com não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou
os entes federativos, está proibido de: que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguin-
te sem que haja suficiente disponibilidade de caixa
z Comprar título da dívida, na data de sua colocação no para essa despesa.
mercado, exceto quando comprar diretamente títulos O tema “restos a pagar” será melhor detalhado à
emitidos pela União para refinanciar a dívida mobi- frente quando abordarmos a Lei nº 4.320/1964.
liária federal que estiver vencendo na sua carteira;
z Permutar, ainda que temporariamente, título GESTÃO PATRIMONIAL
da dívida de ente federativo por título da dívida
pública federal, assim como a operação de compra As disponibilidades de caixa da União devem ser
e venda, a termo, daquele título, cujo efeito final depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Dis-
seja semelhante à permuta;
trito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades
z Conceder garantia.
do Poder Público e das empresas por ele controladas,
em instituições financeiras oficiais.
Garantia e Contragarantia Por outro lado, as disponibilidades de caixa dos
regimes de previdência social, geral e próprio dos
Segundo o art. 29, V, da LRF, a garantia é um com- servidores públicos, ficarão depositadas em conta
promisso de adimplência de obrigação financeira ou
separada das demais disponibilidades de cada ente e
contratual assumida por ente da Federação ou entida-
aplicadas nas condições de mercado, com observância
de a ele vinculada.
dos limites e condições de proteção e prudência finan-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


Por outro lado, um ente pode conceder garantia a
ceira, sendo vedada sua aplicação em títulos da dívida
outro ente federativo e requerer, em contrapartida,
pública estadual e municipal, bem como em ações e
reciprocidade, ou seja, o oferecimento de uma contra-
garantia, em valor igual ou superior ao da garantia a outros papéis relativos às empresas controladas pelo
ser concedida, que se dá por meio da vinculação de respectivo ente da Federação ou em empréstimos, de
receitas tributárias e está condicionada à adimplên- qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público,
cia da entidade pleiteante junto ao ente concedente e inclusive a suas empresas controladas.
suas entidades, e, como regra, não pode ser concedida A LRF proíbe a aplicação da receita de capital deri-
pela administração indireta. vada da alienação de bens e direitos que integram o
patrimônio público para o financiamento de despe-
RESTOS A PAGAR sa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes
de previdência social, geral e próprio dos servidores
Para entender o conceito de Restos a Pagar, é pre- públicos.
ciso antes contextualizá-lo quanto aos procedimentos O art. 44 da LRF é bastante cobrado pelas bancas
na execução da despesa pública. examinadoras. Vale a pena decorar:
Quando um ente realiza, por exemplo, uma licita-
ção, é necessário observar se existe previsão orçamen- Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital
tária para essa contratação. Assim, a despesa pública derivada da alienação de bens e direitos que inte-
deve passar por um processo de execução que é dis- gram o patrimônio público para o financiamento
ciplinado pela Lei nº 4.320/1964, o qual será melhor de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos
detalhado mais à frente. De maneira simplificada, a regimes de previdência social, geral e próprio dos
despesa pública deve passar por três fases, a saber: servidores públicos.
empenho, liquidação e pagamento.
Por meio do empenho reserva-se uma parcela TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL
do orçamento para o pagamento da despesa pública
planejada. Após a contratada ter entregado o objeto A transparência possui um forte vínculo com a
contratado satisfatoriamente, ela deve apresentar à democracia, uma vez que transparência pode ser
Administração Pública os documentos comprobató- entendida como a forma que as instituições democrá-
rios que demonstram seu direito no recebimento do ticas operam sob o exame da sociedade. 375
Segundo a LRF, são instrumentos de transparência direta, autárquica e fundacional, inclusive empre-
da gestão fiscal: sa estatal dependente;
z As receitas e despesas previdenciárias serão apre-
z Os planos, orçamentos e leis de diretrizes sentadas em demonstrativos financeiros e orça-
orçamentárias; mentários específicos;
z As prestações de contas, o respectivo parecer pré- z As operações de crédito, as inscrições em Res-
vio e suas versões simplificadas; tos a Pagar e as demais formas de financiamento
z O Relatório Resumido da Execução Orçamentária; ou assunção de compromissos junto a terceiros,
z O Relatório de Gestão Fiscal; deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o
z O incentivo à participação popular e realização de montante e a variação da dívida pública no perío-
audiências públicas, durante os processos de ela- do, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de
boração e discussão dos planos, lei de diretrizes credor;
orçamentárias e orçamentos; z A demonstração das variações patrimoniais dará
z Liberação ao pleno conhecimento e acompa- destaque à origem e ao destino dos recursos pro-
nhamento da sociedade, em tempo real, de venientes da alienação de ativos.
informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-
de acesso público; -ão as operações intragovernamentais. O Poder Exe-
z Adoção de sistema integrado de administração finan- cutivo da União promoverá, até o dia trinta de junho,
ceira e controle, que atenda ao padrão mínimo de qua- a consolidação, nacional e por esfera de governo, das
lidade estabelecido pelo Poder Executivo da União; contas dos entes da Federação relativas ao exercício
z Disponibilização de informações e dados contá- anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrô-
beis, orçamentários e fiscais conforme periodici- nico de acesso público.
dade, formato e sistema estabelecidos pelo órgão
central de contabilidade da União, os quais deve- RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO
rão ser divulgados em meio eletrônico de amplo ORÇAMENTÁRIA
acesso público.
De acordo com o art. 165, § 3º, da CF, o Poder Execu-
Ademais, os entes da Federação deverão disponi- tivo de cada ente federativo fica obrigado a publicar,
bilizar o acesso às seguintes informações: em até 30 dias após o encerramento de cada bimes-
tre, o Relatório Resumido de Execução Orçamentária
(RREO).
z Quanto à despesa: todos os atos praticados pelas
Este relatório objetiva evidenciar a situação fiscal
unidades gestoras no decorrer da execução da
do ente federativo, demonstrando a execução orça-
despesa, no momento de sua realização, com a
mentária da receita e da despesa, permitindo aos
disponibilização mínima dos dados referentes ao órgãos de controle interno e externo, aos usuários e à
número do correspondente processo, ao bem for- sociedade em geral conhecer, acompanhar e analisar
necido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou o desempenho das ações governamentais estabeleci-
jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o das na LDO e na LOA.
caso, ao procedimento licitatório realizado; Conforme discutimos no tópico “Transparência
z Quanto à receita: o lançamento e o recebimento da Gestão Fiscal”, o RREO é um dos instrumentos de
de toda a receita das unidades gestoras, inclusive transparência da gestão fiscal e, segundo a LRF, deve
referente a recursos extraordinários. conter:

Além disso, as contas apresentadas pelo Chefe do z Balanço orçamentário, que especificará, por cate-
Poder Executivo devem ficar disponíveis, durante todo goria econômica:
o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão
„ As receitas por fonte, informando as realizadas
técnico responsável pela sua elaboração, para consulta
e a realizar, bem como a previsão atualizada;
e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
„ As despesas por grupo de natureza, discrimi-
nando a dotação para o exercício, a despesa
ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS liquidada e o saldo.

Além de obedecer às demais normas de contabili- z Demonstrativos da execução das:


dade pública, a escrituração das contas públicas deve-
rá observar os seguintes parâmetros: „ Receitas, por categoria econômica e fonte, espe-
cificando a previsão inicial, a previsão atuali-
zada para o exercício, a receita realizada no
z A disponibilidade de caixa constará de registro
bimestre, a realizada no exercício e a previsão
próprio, de modo que os recursos vinculados a
a realizar;
órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem iden-
„ Despesas, por categoria econômica e grupo
tificados e escriturados de forma individualizada;
de natureza da despesa, discriminando dota-
z A despesa e a assunção de compromisso serão ção inicial, dotação para o exercício, despe-
registradas segundo o regime de competência, sas empenhada e liquidada, no bimestre e no
apurando-se, em caráter complementar, o resulta- exercício;
do dos fluxos financeiros pelo regime de caixa; „ Despesas, por função e subfunção.
z As demonstrações contábeis compreenderão, iso-
lada e conjuntamente, as transações e operações Os valores referentes ao refinanciamento da dívi-
376 de cada órgão, fundo ou entidade da administração da mobiliária constarão destacadamente nas receitas
de operações de crédito e nas despesas com amortiza- „ Do montante das disponibilidades de caixa em
ção da dívida. trinta e um de dezembro;
O RREO será acompanhado de demonstrativos „ Da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
relativos a: „ Liquidadas;
„ Empenhadas e não liquidadas, inscritas até o
z Apuração da receita corrente líquida, sua evolu- limite do saldo da disponibilidade de caixa;
ção, assim como a previsão de seu desempenho até „ Não inscritas por falta de disponibilidade de
o final do exercício; caixa e cujos empenhos foram cancelados;
z Receitas e despesas previdenciárias; „ Do cumprimento de que AROs devem ser liqui-
z Resultados nominal e primário; dadas, com juros e outros encargos incidentes,
z Despesas com juros; até o dia dez de dezembro de cada ano, e de que
z Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão, os estão proibidas no último ano de mandato do
valores inscritos, os pagamentos realizados e o Chefe do Executivo.
montante a pagar.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
O RREO referente ao último bimestre do exercício
será acompanhado também de demonstrativos: A prestação de contas da Administração Pública
está intimamente ligada à transparência, sobre qual
z Das projeções atuariais dos regimes de previdên- explanamos no capítulo “Transparência da Gestão
cia social, geral e próprio dos servidores públicos; Fiscal”. A prestação de contas consiste em um ato que
z Da variação patrimonial, evidenciando a alie- promove o fortalecimento do Estado Democrático de
nação de ativos e a aplicação dos recursos dela Direito, uma vez que seus gestores, que são encar-
decorrentes. regados da gestão da coisa pública, devem prestar
contas aos órgãos de controle externo e à sociedade,
promovendo uma cultura de “accountability”, ou seja,
Dica
a possibilidade de gerar incentivos ou sanções, caso
Infelizmente as bancas examinadoras costu- os agentes públicos cumpram, ou não, determinadas
mam cobrar a literalidade dos arts. 52 e 53 da obrigações.
LRF e tentam confundir o candidato misturando O Chefe do Poder Executivo consolidará as con-
os conceitos do Relatório de Gestão Fiscal, cons- tas de todos os Poderes, as quais serão submetidas ao
tantes nos arts. 54 e 55 da LRF. respectivo Tribunal de Contas para a emissão de um
É muito importante decorar esses artigos. parecer prévio, o qual, nos termos do art. 57 da LRF,
deverá ser conclusivo e deverá ser realizado no pra-
zo de sessenta dias de seu recebimento, se outro prazo
RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
não estiver estabelecido nas constituições estaduais
ou nas leis orgânicas municipais. Entretanto, no caso
Conforme citado no tópico “Transparência da Ges-
de Municípios que não sejam capitais e que tenham
tão Fiscal”, o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) é um
menos de duzentos mil habitantes, o prazo será de
dos instrumentos de Transparência da Gestão Fiscal e cento e oitenta dias.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


objetiva o controle, o monitoramento e a publicidade Os Tribunais de Contas não poderão entrar em
do cumprimento dos limites estabelecidos pela LRF: recesso enquanto existirem contas pendentes de pare-
Despesas com Pessoal, Dívida Consolidada Líquida, cer prévio.
Concessão de Garantias e Contratação de Operações Conforme dispõe o art. 49 da LRF, as contas apre-
de Crédito. sentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão dispo-
O RGF deve ser publicado em até 30 dias após o níveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder
final de cada quadrimestre. Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
Por outro lado, municípios com população infe- elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos
rior a 50 mil habitantes podem optar por divulgá-lo e instituições da sociedade.
semestralmente. A prestação de contas deve evidenciar o desempe-
O RREO deve ser publicado em até 30 dias após nho da arrecadação em relação à previsão, destacan-
o encerramento de cada bimestre, enquanto o RGF do as providências adotadas no âmbito da fiscalização
deve ser publicado em até 30 dias após o final de cada das receitas e combate à sonegação, as ações de recu-
quadrimestre. peração de créditos nas instâncias administrativa e
O RGF deve conter: judicial, bem como as medidas para incremento das
receitas tributárias e de contribuições.
z Comparativo com os limites contidos na LRF, dos
seguintes montantes: FISCALIZAÇÃO DE GESTÃO FISCAL

„ Despesa total com pessoal, distinguindo-a com A fiscalização da gestão fiscal é realizada pelo
inativos e pensionistas; Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos
„ Dívidas consolidada e mobiliária; Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno
„ Concessão de garantias; de cada Poder e do Ministério Público.
„ Operações de crédito, inclusive por antecipa- Os principais pontos a serem verificados na fiscali-
ção de receita; zação da gestão fiscal são:

z Indicação das medidas corretivas adotadas ou a z Atingimento das metas estabelecidas na LDO;
adotar, se ultrapassado qualquer dos limites; z Limites e condições para realização de operações
z Demonstrativos, no último quadrimestre: de crédito e inscrição em Restos a Pagar; 377
z Medidas adotadas para o retorno da despesa total sejam destinados ao combate à calamidade
com pessoal ao respectivo limite, quando o limite pública;
é ultrapassado; z Serão afastadas as condições e as vedações refe-
z Providências tomadas para recondução dos mon- rentes à concessão ou ampliação de incentivo ou
tantes das dívidas consolidada e mobiliária aos benefício de natureza tributária e aumento de des-
respectivos limites; pesa, desde sejam destinados ao combate à calami-
z Destinação de recursos obtidos com a alienação de dade pública.
ativos;
z Cumprimento do limite de gastos totais dos legisla- Os atos de gestão orçamentária e financeira neces-
tivos municipais, quando houver. sários ao atendimento das despesas relacionadas ao
combate à calamidade pública não afasta a obriga-
Os Tribunais de Contas deverão alertar os Poderes ção de o gestor atender à transparência, controle e
ou órgãos quando constatarem:
fiscalização.
z A possibilidade da realização da receita não com-
portar o cumprimento das metas de resultado
primário ou nominal estabelecidas no Anexo de
Metas Fiscais;
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Que o montante da despesa total com pessoal
1. (FUNCAB – 2015) Assinale a alternativa que apresen-
ultrapassou 90% do limite;
z Que os montantes das dívidas consolidada e mobi- ta um dos objetivos principais, atribuídos à Lei de Res-
liária, das operações de crédito e da concessão de ponsabilidade Fiscal – LRF.
garantia se encontram acima de 90% dos respecti-
vos limites; a) Permitir o controle da dívida interna e externa.
z Que os gastos com inativos e pensionistas se encon- b) Permitir o registro contábil dos balancetes dos entes
tram acima do limite definido em lei; públicos.
z Fatos que comprometam os custos ou os resultados c) Responsabilidade na gestão fiscal.
dos programas ou indícios de irregularidades na d) Padronizar métodos e rotinas de trabalho, sem impli-
gestão orçamentária. car rigidez ao gestor público.
e) Integrar e compatibilizar as informações disponíveis
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS nos diversos órgãos e entidades participantes.

O ponto mais importante neste capítulo talvez Conforme disposto no art. 1º, § 1º, da LRF, esta lei
sejam as mudanças que o Congresso Nacional promo- estabeleceu a responsabilidade na gestão fiscal.
veu, em 2020, para flexibilizar as condições da LRF Resposta: Letra C.
durante períodos de calamidade pública reconhecida
pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas 2. (VUNESP – 2019) De acordo com as disposições da
Assembleias Legislativas, na hipótese dos Estados e Lei Complementar n° 101/00, a receita corrente líqui-
Municípios. Obviamente estas mudanças estão rela- da será apurada somando-se as receitas arrecadadas
cionadas com a pandemia do COVID-19. no mês em referência e nos ________, excluindo-se as
Analisando as mudanças na LRF, temos que duran- duplicidades.
te os períodos de calamidade pública: Assinale a alternativa que completa corretamente a
lacuna.
z Serão suspensas a contagem dos prazos para
recondução da despesa total com pessoal e da dívi- a) seis anteriores
da consolidada aos limites definidos na LRF; b) onze anteriores
z Serão dispensados o atingimento dos resultados c) doze posteriores
fiscais e a limitação de empenho quando, ao final d) doze anteriores
de um bimestre, a realização da receita não com- e) vinte e três anteriores
portar o cumprimento das metas de resultado
primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Conforme disposto no art. 2º, § 3º, da LRF, A receita
Metas Fiscais; corrente líquida será apurada somando-se as recei-
z Serão dispensados os limites, condições e demais tas arrecadadas no mês em referência e nos onze
restrições aplicáveis à União, aos Estados, ao Dis- anteriores, excluídas as duplicidades. Resposta:
trito Federal e aos Municípios, bem como sua veri- Letra B.
ficação, para:
„ Contratação e aditamento de operações de REFERÊNCIAS
crédito;
„ Concessão de garantias; BRASIL. Constituição da República Federativa
„ Contratação entre entes da Federação; do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.
„ Recebimento de transferências voluntárias; planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
caocompilado.htm>. Acesso em: 12 set. 2020.
z Serão dispensados os limites e afastadas as veda-
ções quanto à realização de operação de crédito _______. Lei complementar nº 101, de 4 de maio
bem como será possível utilizar recursos vincu- de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
lados em outras atividades que não sua finalida- br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 12
378 de específica, desde que os recursos arrecadados set. 2020.
_______. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Dis- Com base nessa situação hipotética, julgue o item
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ subsequente.
leis/l4320.htm>. Acesso em: 12 set. 2020. Esgotado o prazo fixado para o pagamento do IPTU, o
município deverá fazer a inscrição no cadastro de dívi-
da ativa daqueles que não tiverem recolhido o imposto
_______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.
municipal, para viabilizar a cobrança judicial do IPTU.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/l5172compilado.htm> . Acesso em: 12
( ) CERTO ( ) ERRADO
set. 2020.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Determinado estado
_______. Lei nº 9.496, de 11 de setembro de 1997.
da Federação tem, a receber, o valor de um aluguel
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci- devido ao tesouro estadual, vencido e não pago no
vil_03/Leis/l9496.htm>. Acesso em: 12 set. 2020. prazo legal.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
_______. Receitas públicas: manual de procedi- O valor dessa dívida deverá ser inscrito na dívida ativa
mentos. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, estadual.
2004.
( ) CERTO ( ) ERRADO
_______. Manual de Contabilidade Aplicada ao
Setor Público. 8ª ed. Brasília: Secretaria do Tesou- 5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de receitas e
ro Nacional, 2019. dívida ativa, julgue o item subsequente.
Os créditos da fazenda pública exigíveis pelo trans-
_______. Manual de receita nacional: aplicado à curso do prazo para pagamento são inscritos como
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. dívida ativa somente após a verificação de que são
Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2008. líquidos e certos.

HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributá- ( ) CERTO ( ) ERRADO


rio. 29ª ed. São Paulo: Atlas, 2020.
6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, com base
OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Lições de direito nas disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal.
financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. Ato que crie despesas obrigatórias de caráter conti-
nuado deve ser instruído com a estimativa do impacto
PALUDO, Agostinho Vicente. Orçamento públi- orçamentário-financeiro no exercício em que tal ato
co, administração financeira e orçamentária e entre em vigor e nos dois exercícios subsequentes,
com a demonstração da origem dos recursos para o
LRF. 10ª ed. Salvador: JusPodivm, 2020.
custeio dessas despesas.
PASCOAL, Valdecir. Direito financeiro e controle
( ) CERTO ( ) ERRADO
externo. 10ª ed. São Paulo: Método, 2019.
7. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A Lei Complementar n.º

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA


101/2000 tem por objetivo estabelecer normas de

HORA DE PRATICAR! a) contabilidade pública.


b) direito financeiro.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Em relação às receitas c) finanças públicas.
públicas, julgue o item a seguir. d) direito público.
A classificação da receita orçamentária por fonte tem e) gestão pública.
como finalidade identificar se os recursos são prove-
nientes de tributos, da exploração do patrimônio esta- 8. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A Lei de Responsabili-
tal ou da exploração de atividades econômicas. dade Fiscal determina que sejam incluídos na recei-
ta corrente líquida do estado os valores
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) entregues aos municípios por determinação
constitucional.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que diz respeito ao
b) oriundos de transferências correntes recebidas pelo
ciclo orçamentário e ao processo orçamentário, jul-
estado.
gue o item seguinte.
c) oriundos de contribuições dos servidores para custeio
Cada um dos Poderes da União deve encaminhar ao de sua previdência social.
Poder Legislativo um projeto próprio de plano pluria- d) recebidos por compensação financeira da contagem
nual, em até oito meses e meio antes do encerramento recíproca de tempo de contribuição em regimes previ-
do primeiro exercício financeiro. denciários distintos.
e) oriundos de contribuições dos servidores para custeio
( ) CERTO ( ) ERRADO de seu sistema de assistência social.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No mês de janeiro de 9. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No mês de janeiro de


20X1, o município de Petrolina efetuou a emissão 20X1, o município de Petrolina efetuou a emissão
dos boletos de pagamento do IPTU municipal com dos boletos de pagamento do IPTU municipal com
vencimento para março, abril e maio de 20X1. vencimento para março, abril e maio de 20X1. 379
Com base nessa situação hipotética, julgue o item sub- Nesse caso, de acordo com a jurisprudência do STF, a
sequente. Ocorrida a arrecadação do IPTU, pela prefei- falta de previsão do aumento de remuneração na LDO
tura de Petrolina, durante o exercício de 20X1, a referida
receita será classificada como receita patrimonial. a) enseja a declaração de inconstitucionalidade da LOA.
b) não obsta a concessão do aumento no exercício finan-
( ) CERTO ( ) ERRADO
ceiro, bastando a previsão da LOA.
c) não invalida a concessão do aumento no exercício
10. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No que se refere às
classificações de receitas e despesas públicas e financeiro se houver crédito suplementar para tanto.
às disposições da legislação aplicável às finanças d) pode ser suprida por previsão na LOA.
públicas, julgue a seguir. e) impede a concessão do aumento no exercício financeiro.
O ingresso de recursos referentes à concessão de um
serviço público deve ser classificado como uma recei- 16. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em sentido estrito, a
ta corrente de serviços. denominação receita pública inclui

( ) CERTO ( ) ERRADO a) todo ingresso de recurso desprovido de caráter


compensatório.
11. (CESPE-CEBRASPE – 2019) São receitas de capital
b) qualquer operação de adiantamento de receita orça-
provenientes da realização de recursos financeiros
mentária (ARO).
a) as receitas do superávit do orçamento corrente. c) apenas os ingressos previstos na lei orçamentária
b) as receitas tributárias. anual.
c) as receitas de contribuições. d) as emissões de papel-moeda.
d) as receitas da conversão, em espécie, de bens e direitos. e) os depósitos em caução.
e) as receitas patrimoniais.
17. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que diz respeito ao
12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De acordo com a Lei n.º ciclo orçamentário e ao processo orçamentário, jul-
4.320/1964, classificam-se como inversões finan-
gue o item seguinte.
ceiras as dotações orçamentárias destinadas
O início da etapa de controle relativo à lei orçamentária
a) a despesas às quais não corresponda contraprestação anual coincide com o início do exercício financeiro e pro-
direta em bens ou serviços, bem como as destinadas a longa-se para depois do encerramento desse exercício.
obras de conservação e adaptação de bens imóveis.
b) a obras de conservação e adaptação de bens imóveis ( ) CERTO ( ) ERRADO
e ao aumento do capital de empresas que visem a
objetivos financeiros. 18. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A procuradoria-geral de
c) ao aumento do capital de empresas que visem a obje- determinado estado da Federação adquiriu um com-
tivos financeiros, bem como as destinadas ao planeja- putador, tendo o processamento dessa despesa
mento e à execução de obras.
ocorrido da seguinte forma: empenho: 9/12/2018;
d) ao planejamento e à execução de obras e à aquisição
recebimento do computador: 29/12/2018; pagamen-
de bens de capital já em utilização.
e) à aquisição de bens de capital já em utilização e ao to da despesa: 19/1/2019.
aumento do capital de empresas que visem a objeti- Nesse caso, de acordo com as normas previstas
vos financeiros. na Lei n.º 4.320/1964, o registro dessa despesa em
31/12/2018 estaria correto caso tivesse sido feito
13. (CESPE-CEBRASPE – 2019) São despesas correntes como dívida ativa.
consideradas transferências correntes os gastos com
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) serviços de terceiros.
b) pensionistas.
19. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No que se refere à recei-
c) pessoal militar.
ta e à despesa públicas, julgue o item que se segue.
d) obras públicas.
e) materiais de consumo. Os restos a pagar, assim como os depósitos e os
débitos de tesouraria, constituem a dívida flutuante,
14. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito do plano pluria- enquanto os passivos financeiros, inclusive os servi-
nual (PPA), da lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e ços da dívida a pagar, constituem a dívida fundada.
da lei orçamentária anual (LOA), julgue o item a seguir.
Vige no ordenamento jurídico brasileiro o princípio da ( ) CERTO ( ) ERRADO
anualidade orçamentária: nenhum tributo será cobrado no
exercício financeiro sem prévia autorização orçamentária. 20. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de aspectos
técnicos da receita e da despesa públicas, julgue o
( ) CERTO ( ) ERRADO
item subsecutivo.
15. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Lei orçamentária anual Determinadas parcelas da dívida fundada podem inte-
(LOA) concedeu aumento de remuneração aos grar o passivo financeiro, enquanto outras integram o
servidores da administração direta da União sem passivo permanente.
a respectiva previsão na lei de diretrizes orçamen-
380 tárias (LDO). ( ) CERTO ( ) ERRADO
9 GABARITO

1 ERRADO

2 ERRADO

3 CERTO

4 CERTO

5 CERTO

6 CERTO

7 C

8 B

9 ERRADO

10 ERRADO

11 D

12 E

13 B

14 ERRADO

15 E

16 A

17 CERTO

18 ERRADO

19 ERRADO

20 CERTO

ANOTAÇÕES

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

381
ANOTAÇÕES

382
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS
ORGANIZAÇÕES

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


CONCEITO

As organizações estão em constante crescimento e desenvolvimento. Quanto maior o número de produtos/ser-


viços oferecidos e abrangência de mercado, maior a necessidade de ter pessoas qualificadas e competentes para
manter e aumentar a competitividade organizacional. Sendo assim, toda organização necessita de pessoas para a
sua sobrevivência e sucesso, ainda que em menor escala. E é justamente porque as organizações dependem das
pessoas que existe a necessidade de gerenciar e orientar o comportamento desses indivíduos no ambiente de tra-
balho. Isso significa que o comportamento dos trabalhadores deve ser coerente com os objetivos e valores da orga-
nização. A área/departamento que atua sobre o comportamento das pessoas é chamada de Gestão de Pessoas (GP).
Hoje, a GP é responsável por diversas funções, tais como recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimen-
to, oferta de benefícios e serviços sociais, implementação de programas de incentivos, remuneração, avaliação
do desempenho, atenção a questões de saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho, entre outros. Mas nem
sempre foi assim. Fischer (2002) aponta para quatro correntes que correspondem a períodos históricos diferentes
na GP. Uma síntese das características dessas correntes é apresentada no quadro a seguir.

DEPARTAMENTO PESSOAL GESTÃO DO COMPORTAMENTO HUMANO

Período: 1890 - 1930. Período: 1930 - 1970.

Trabalhadores vistos como fatores de produção. Os custos Surgimento da Escola de Relações Humanas¹. O ho-
desses devem ser administrados de forma racional e lógica. mem passa a ser visto como ser social e não mais
como homem econômico.

O departamento de pessoal lida com as questões burocráti- A Psicologia é utilizada para entender e interferir nas
cas associadas aos trabalhadores, basicamente contratação organizações.
e desligamento.

O gerente de pessoal tem a função principal de selecionar os O departamento de gestão de pessoas lida com trei-
candidatos mais eficientes, ou seja, aqueles que são capazes namento, relações interpessoais, avaliação de de-

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


de produzir mais a um custo baixo. sempenho, entre outras funções com vistas a obter
trabalhadores satisfeitos e motivados.

GESTÃO ESTRATÉGICA VANTAGEM COMPETITIVA


Período: 1970 - 1980. Período: a partir de 1980.

Os trabalhadores devem estar alinhados à estratégia da O aumento da competitividade exige das organiza-
empresa. Abandono do modelo comportamental. O fato de ções um modelo de gestão de pessoas com base em
os trabalhadores estarem felizes e satisfeitos, não neces- competências.
sariamente indica que estão contribuindo para os objetivos
organizacionais.

As funções de gestão de pessoas não são genéricas para Necessidade de desenvolver competências humanas
todos os tipos de organizações, mas associadas às diretri- para que, consequentemente, as competências organi-
zes estratégicas de cada uma. zacionais sejam asseguradas.

Forte vinculação entre gestão de pessoas e estratégias Temáticas predominantes: estratégia competitiva, rees-
organizacionais. truturação, competências essenciais, reengenharia, re-
invenção do setor.

Fonte: adaptado de Fischer (2002).

383
Ainda no que diz respeito à evolução da GP, cabe Dica
destacar a visão de Chiavenato (2014). O autor desta-
ca que a partir da Revolução Industrial surgiu o con- A expressão “status quo” é latina e significa “o
ceito atual de trabalho e que, ao longo do século XX, estado das coisas”. Manter o status quo em
algumas mudanças ocorreram, podendo ser divididas uma organização significa, portanto, manter as
em três eras organizacionais: Era da Industrialização atividades funcionando exatamente como elas
Clássica, Era da Industrialização Neoclássica e Era da estão. Logo, não há possibilidade de adaptar ou
Informação. substituir os processos por outros, ainda que
A Era da Industrialização Clássica compreende sejam mais viáveis. A ideia é: se deu certo no
o período após a Revolução Industrial (meados de passado, por que mudar?
1840) até 1950. Chiavenato aponta que as principais
características dessa era são a intensificação da indus- A Era da Industrialização Neoclássica compreende
trialização a nível mundial e o advento dos países o período entre 1950 e 1990. De acordo com Chiavena-
desenvolvidos. Nesse contexto, as organizações ado- to (2014), nessa época as mudanças começaram a ocor-
rer de forma progressiva. Além disso, as transações
tavam a estrutura organizacional burocrática, confor-
comerciais, que antes aconteciam apenas no âmbito
me figura a seguir.
local, passaram a ser regionais e internacionais, o que
contribuiu para a expansão da competição entre as
organizações. A estrutura organizacional burocrática
da Era da Industrialização Clássica deixou de ser sufi-
ciente para acompanhar as mudanças externas. Para
esse contexto, a estrutura matricial, exibida na figura
a seguir, foi adotada.

A estrutura burocrática possui um formato pira-


midal e centralizador, ou seja, poucas pessoas detém
o poder e a possibilidade de tomada de decisões na
organização. Essas pessoas estão no topo da hierar-
quia. A divisão de departamentos era feita de acordo
com a funções, tais como produção, contabilidade, A divisão, nesse tipo de estrutura, deixa de ser ape-
recursos humanos, entre outros. Esse tipo de estrutu- nas funcional e passa a ser funcional e de produto/
ra “funcionava” para aquela época, pois tratava-se de serviço. A estrutura matricial é caracterizada pela
um ambiente estável, em que as mudanças externas possibilidade de dupla interação, isto é, os trabalhado-
eram previsíveis. Assim, as organizações se preocupa- res podem se reportar a dois gerentes: o de projeto e
vam mais com seus problemas internos de produção o de produto. Com a coordenação um pouco mais des-
– em busca sempre da maior eficiência – do que com centralizada, cresce a capacidade de mudanças, ino-
as situações externas. A eficiência seria alcançada vações e processamento de informações, além disso,
as atividades dos cargos tornam-se mais complexas.
por meio da padronização e simplificação das tarefas,
As diferenças com a era anterior também incluem,
bem como pela especialização da mão de obra. A exe-
conforme Chiavenato, a forma de visualizar os traba-
cução de tarefas extremamente simples, repetitivas e
lhadores. Esses passam a ser considerados recursos
monótonas, permitia grandes escalas de produção a
vivos e dotados de inteligência, ao mesmo tempo em
um custo menor.
que o setor de GP ganha notoriedade nas organiza-
Ainda, de acordo com Chiavenato (2014), na Era
ções. Apesar disso, as pessoas ainda eram tratadas de
da Industrialização Clássica os trabalhadores eram forma padronizada, como se todas tivessem as mes-
vistos como meros recursos produtivos, tais como as mas motivações e necessidades.
máquinas e os equipamentos industriais. Portanto, Por último, a Era da Informação teve início na
aqueles que não se adequavam às atividades ou não década de 1990 e se estende aos dias atuais. A princi-
eram suficientemente rápidos na execução de suas pal característica ressaltada por Chiavenato (2014) é
tarefas, deveriam ser “substituídos” por outros mais a imprevisibilidade das mudanças, visto que a tecno-
eficientes. logia da informação possibilitou uma globalização da
Por fim, não havia nenhuma possibilidade de economia. As transações econômicas são realizadas a
mudanças e inovações nas fábricas, especialmente nível mundial e as informações chegam até as pessoas
em razão da cultura organizacional, que era bastante em um período surpreendentemente curto, contri-
conservadora e prezava pela manutenção do status buindo para a grande competitividade entre as orga-
384 quo. nizações. A estrutura organizacional que se adequa a
tais características é a estrutura em rede, demonstra- benefícios e serviços sociais, programas de incen-
da na figura a seguir. tivos, remuneração, avaliação do desempenho,
saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho,
entre outros.
z A GP como profissão inclui aqueles indivíduos que
atuam em profissões estritamente associadas aos
recursos humanos, tais como os recrutadores, sele-
cionadores, treinadores, gestores de remunera-
ção, profissionais de segurança do trabalho, entre
outros.

IMPORTÂNCIA

A importância da GP é evidenciada pela relação


entre indivíduos e organizações. Pense sobre quanto
tempo as pessoas despendem, por dia, no ambiente
Nesse tipo de estrutura, há uma grande interação organizacional ou em atividades de trabalho. 6 horas?
e interdependência entre as diversas equipes. É notó- 8 horas? Agora multiplique por cinco (ou seis) dias na
ria também a ênfase no conhecimento e nas possibi- semana. Imagine a quantidade de horas por ano. As
lidades de inovação. A responsabilidade dos gerentes, pessoas vivem grande parte de suas vidas no traba-
como afirma Chiavenato (2014), é fazer com que o lho e, por isso, a importância de que esse último não
conhecimento seja útil e produtivo para as organi- seja um “fardo” ou um grande “aborrecimento” para
zações. A cultura organizacional deixa de conside- os trabalhadores. Por outro lado, conforme discutido
rar apenas os aspectos internos e passa a focar no anteriormente, as organizações precisam das pessoas
ambiente externo e nas oportunidades de mudança. para conduzir suas atividades e obter sucesso. Por
Diferentemente das duas eras anteriores, o capi- isso, “as organizações jamais existiriam sem as pessoas
tal intelectual ganha destaque e as pessoas tornam-se que lhes dão vida, dinâmica, energia, inteligência, cria-
parceiras da organização. A inteligência, habilidades tividade e racionalidade” (CHIAVENATO, 2014, p. 6).
e personalidade dos trabalhadores são os recursos
mais importantes da organização, pois é por meio RELAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS DE
deles que é possível enfrentar e superar os desafios ORGANIZAÇÃO
organizacionais.
Essas três eras apresentam diferentes abordagens Para finalizar, é importante destacar que o setor
sobre como lidar com os trabalhadores, podendo ser de Gestão de Pessoas se relaciona com os demais siste-
caracterizadas da seguinte maneira: (i) Relações Indus- mas da organização. Não apenas esse setor, mas toda
triais na Era da Industrialização Clássica; (ii) Recursos a organização está interligada. Isso significa que é a
Humanos na Era da Industrialização Neoclássica; e soma de todas as partes organizacionais que possibi-
(iii) Gestão de Pessoas na Era da Informação. lita o bom desempenho e sucesso. Vamos pensar em
Apresentado o contexto histórico da gestão de pes- um exemplo. O departamento de produção é impor-
soas, vamos tratar sobre seu conceito. A forma como tante, mas se houver apenas ele, quem desempenhará
as organizações administram os seus recursos huma- as vendas? Quem cuidará da logística e da distribui-
nos vem mudando ao longo dos anos. Tais mudanças ção do que for produzido? Quem avaliará o desem-

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


são refletidas nas nomenclaturas dadas à área, tais penho e a produtividade dos trabalhadores? Quem
como administração de recursos humanos, departa- será responsável por gerenciar as remunerações dos
mento de pessoal, administração de pessoal, gestão do trabalhadores? Portanto, é fundamental que todas as
capital humano, entre outros. Neste material, utiliza- áreas da organização realizem as suas atividades com
remos sempre o termo “Gestão de Pessoas”. sinergia.
De acordo com Fischer (2002, p. 12), “entende-se Em uma situação mais específica, vamos imaginar
por modelo de gestão de pessoas a maneira pela qual que uma das vendedoras da Empresa Alfa está grá-
uma empresa se organiza para gerenciar e orientar vida e ficará ausente por um tempo devido à licença
o comportamento humano no trabalho. Para isso, a maternidade. O supervisor de vendas deve encami-
empresa se estrutura definindo princípios, estratégias, nhar para a administração da empresa a necessidade
políticas e práticas ou processos de gestão”. de contratação temporária de outro profissional. Logo
Complementarmente, de acordo com Chiavenato que a administração concordar com a contratação, o
(2014), a GP pode assumir três significados diferentes: setor de GP deve ser informado, a fim de iniciar os
função ou departamento, conjunto de práticas e profissão. processos de recrutamento, seleção e treinamento (se
necessário). No processo de recrutamento, o departa-
z A GP como departamento é área da organização mento de marketing pode ser envolvido para tornar a
responsável por funções como recrutamento, vaga mais atrativa aos possíveis candidatos. Os recur-
seleção, treinamento, desenvolvimento, oferta de sos financeiros também devem ser gerenciados, já
benefícios e serviços sociais, implementação de que pelo menos durante os 120 dias da licença mater-
programas de incentivos, remuneração, avalia- nidade a empresa terá que pagar um funcionário “a
ção do desempenho, atenção a questões de saúde, mais”. Caso esses departamentos não trabalhem em
segurança e qualidade de vida no trabalho, entre sincronia e em prol de um objetivo comum – a con-
outros. tratação de um novo profissional – a equipe de ven-
z A GP como conjunto de práticas indica como a orga- das pode ficar defasada, podendo gerar, inclusive,
nização realiza as atividades associadas a recru- insatisfação dos clientes da Empresa Alfa. Por isso, é
tamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, fundamental pensar na organização como um todo e 385
em como as atividades de cada um dos departamentos c) estabilidade
são essenciais. d) pouca mudança

Na Era da Informação, a principal característica


ressaltada por Chiavenato (2014) é a imprevisibili-
EXERCÍCIOS COMENTADOS dade das mudanças, visto que a tecnologia da infor-
mação possibilitou uma globalização da economia.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito de aspectos da As características presentes nas demais alternativas
gestão de pessoas, julgue o item seguinte: Para favo- são referentes à Era da Industrialização Clássica.
recer o alcance de resultados em um sistema orga- Resposta: Letra B.
nizacional, é necessário que o conjunto de recursos
organizacionais, o capital humano e o capital social
sejam capazes de satisfazer as demandas habituais e
as expectativas das pessoas.
A FUNÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE
( ) CERTO ( ) ERRADO PESSOAS: ATRIBUIÇÕES BÁSICAS E
OBJETIVOS, POLÍTICAS E SISTEMAS
Vale a pena destacar dois conceitos presentes na
questão: O capital humano e o capital social. O capi-
DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS
tal humano abrange os conhecimentos e habilida-
des dos trabalhadores que favorecem a execução ATRIBUIÇÕES BÁSICAS E OBJETIVOS
das atividades de trabalho e, consequentemente,
geram valor econômico. O capital social diz respei- De acordo com Chiavenato (2014) a área de gestão
to aos relacionamentos sociais presentes dentro e de pessoas tem seis processos básicos:
fora da organização e que possibilitam o acesso ao
conhecimento. O item apresentado trata, ainda que z Agregar pessoas: os processos de agregar pes-
indiretamente, sobre motivação, valorização das soas incluem as funções de recrutamento, seleção
pessoas dentro da organização e qualidade de vida e integração. Ou seja, esse processo tem foco na
no trabalho. Para que os resultados da organização forma como a GP integra novos trabalhadores na
sejam alcançados, os interesses e as expectativas organização.
dos trabalhadores devem ser satisfeitos. Assim, os z Aplicar pessoas: os processos de aplicar pessoas
mesmos se sentem motivados e comprometidos com envolvem as atividades de definição das tarefas
a execução das atividades, o que favorece a conquis- atribuídas a cada cargo, orientação dos trabalha-
ta dos objetivos organizacionais. Resposta: Certo. dores sobre as tarefas do cargo e avaliação do
desempenho.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de técnicas e z Recompensar pessoas: os processos de recompen-
processos de gestão de pessoas e sua aplicação na sar pessoas abrangem todas as formas utilizadas
administração pública, julgue o item que se segue. para remunerar o tempo e a dedicação do traba-
Nas organizações, a gestão de pessoas é circunscri- lhador às atividades organizacionais. A remunera-
ta aos processos de contratação e desligamento de ção inclui não apenas o salário (que normalmente
colaboradores. é fixo e mensal), mas também os benefícios e servi-
ços sociais e os incentivos.
( ) CERTO ( ) ERRADO z Desenvolver pessoas: os processos de desenvol-
ver pessoas dizem respeito às atividades de treina-
Uma palavra-chave ajuda a indicar o erro: o termo mento (foco no curto e médio prazo e nas tarefas
“circunscrita”, que significa “restrita”. A questão do cargo atual) e desenvolvimento (foco no longo
afirma, portanto, que a gestão de pessoas se restrin- prazo e no desenvolvimento de habilidades e com-
ge às atividades de contratação e desligamento dos petências para o bom desempenho de atividades
colaboradores. Apesar de não termos tratado sobre de cargos futuros), gestão do conhecimento, ges-
a gestão de pessoas no setor público, vimos que os tão de competências, aprendizagem corporativa,
processos de gestão de pessoas vão muito além de comunicação, entre outras.
contração e desligamento, incluindo funções como z Manter pessoas: os processos de manter pessoas
remuneração, treinamento, entre outros. As funções buscam criar ambientes organizacionais saudá-
de contratação e desligamento eram as básicas na veis para os trabalhadores a fim de mantê-los na
área de gestão de pessoas entre 1890 e 1930, quando organização e reduzir a rotatividade. A fim de criar
o setor era visto como simples departamento pes- ambientes fisicamente e psicologicamente satisfa-
soal, conforme destacado por Fischer (2002). Res- tórios, a GP se preocupa com questões como cul-
posta: Errado. tura organizacional, clima organizacional, higiene,
saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho.
3. (FASTEF – 2019) O desenvolvimento da Administra- z Monitorar pessoas: os processos de monitorar
ção pode ser observado através de três etapas dis- pessoas tem o objetivo de conduzir e gerenciar
tintas pelas quais passou o mundo organizacional no os trabalhadores em suas atividades, bem como
decorrer do século XX: a Era Industrial Clássica, a Era visualizar os resultados de tais atividades. Os ban-
Industrial Neoclássica e a Era da Informação. Consiste cos de dados e os sistemas de informações geren-
em uma das características da Era da Informação: ciais são fundamentais para esses processos.

a) início da industrialização Os seis processos de GP são igualmente importan-


386 b) imprevisibilidade tes e relacionados entre si, no entanto, em algumas
situações um ou mais processos podem ser prioritários. Vamos pensar em uma situação prática. Nos casos em
que o mercado de trabalho se encontra na situação de oferta, isto é, existe um grande número de oportunidades
de emprego e poucos trabalhadores qualificados, a organização pode focar nos processos de manter pessoas. Isso
porque nesse caso a organização precisará fazer grandes investimentos no processo de recrutamento para atrair
bons profissionais. Além disso, os trabalhadores atuais da empresa podem ser atraídos pelas vagas de outras
organizações, ou até mesmo diminuírem a produtividade no trabalho quando perceberem que existem diversas
oportunidades no mercado.
É fundamental, nessa situação, que a organização focalize seus esforços em melhorar o clima organizacional,
bem como propiciar que o ambiente de trabalho seja saudável em termos físicos (temperatura e iluminação
agradáveis e bons equipamentos de trabalho como cadeiras específicas e mouse pads, por exemplo) e psicológicos
(eliminação de fontes de estresse, tais como evitar o envio de um grande número de e-mails e proporcionar ativi-
dades agradáveis, como um café da tarde com todos do setor, por exemplo).
Quando os processos de Gestão de Pessoas são bem desempenhados, os objetivos da área são atingidos. De
acordo com Bruna Guimarães, da Gupy (startup de recrutamento e seleção), os objetivos da GP são:

z Ajudar a organização a alcançar seus objetivos por meio do desenvolvimento da implementação dos processos
de GP;
z Auxiliar a organização na construção de uma cultura organizacional focada na alta performance;
z Assegurar, por meio dos processos de recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento, que a organiza-
ção tenha profissionais qualificados e motivados na execução das atividades de seus cargos;
z Fomentar uma relação saudável entre líderes e subordinados, de forma que haja uma confiança e responsa-
bilidade entre as partes;
z Contribuir para que as atividades de trabalho sejam éticas e coerentes com os valores da organização.

POLÍTICAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS

Em uma organização, constantemente decisões são tomadas. Enquanto os gestores do topo lidam com decisões
estratégicas e de longo prazo, os administradores do nível tático tomam decisões de médio prazo e associadas
aos departamentos ou setores específicos. Os gestores do nível operacional, por sua vez, tratam de questões de
curto prazo, geralmente associadas a uma tarefa. Nesses diferentes níveis organizacionais uma grande quan-
tidade de informações deve ser analisada e gerenciada. Para que seja possível a tomada de decisões eficiente e
eficaz, é necessário um sistema que integre tais informações. Esse sistema é chamado de sistema de informações
gerenciais.
Os níveis organizacionais podem ser caracterizados conforme a figura a seguir.

Nível estratégico
Administradores de topo
Atuação estratégica, abrange toda a
organização

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


Longo prazo
Foco nos ambientes externo e interno
Nível tático
Gerentes
Atuação tática, abrange um departamento
ou setor
Médio prazo
Foco no ambiente interno

Nível estratégico
Supervisores de linha
Atuação operacionas, abrange uma tarefa
Curto prazo
Foco no ambiente interno

Chiavenato (2014) aborda que antigamente as informações sobre os recursos humanos da organização eram
disponíveis apenas ao setor de GP. Posteriormente, tais informações passaram a ser divulgadas também para
os gestores de cada área ou equipe, para que eles pudessem contribuir na tomada de decisão sobre o time que
coordena. Hoje, os sistemas de informações gerenciais têm sido compartilhados também com os próprios cola-
boradores, no intuito de que possam visualizar informações sobre seu desempenho e até mesmo se autoavaliar.
Para que seja possível armazenar as informações, é necessário um banco de dados. Nos bancos de dados,
os dados são codificados e organizados de forma a facilitar o acesso futuro e a obtenção de informações para a
tomada de decisão. 387
Dados ≠ Informações.

z Dados: são conteúdos quantificáveis, tais como números, valores e medições. Sozinhos, os dados não são fonte
de conhecimento. Isso significa que um dado, isoladamente, não contribui para a tomada de decisão gerencial.
Exemplo: No mês de janeiro de 2020 a Empresa Delta vendeu 200 aparelhos de TV. Perceba que simplesmente
saber a quantidade de produtos vendidos não tem significância.
z Informações: são dados tratados. Quando os dados são classificados, armazenados, ordenados e relacionados,
se tornam informações. As informações possuem significado, são capazes de transmitir uma mensagem. Exem-
plo: No mês de janeiro de 2020 a Empresa Delta vendeu 200 aparelhos de TV. No mês seguinte, a empresa con-
cretizou a venda de 250 produtos, mesmo tendo um funcionário afastado durante 15 dias. Nesse caso, os dados
foram relacionados e, por isso, tornaram-se informações. A partir dessas informações, a empresa pode criar
metas de vendas, por exemplo.

Fonte: UNILAB. Entenda a diferença entre dados e informação. 2019. Disponível em: <https://www.unilab.com.br/materiais-educativos/artigos/
gestao/diferenca-entre-dados-e-informacao/>. Acesso em: 10 nov. 2020.

O sistema de informação de GP, portanto, “é baseado em um banco de dados (incluindo um banco de talentos
ou banco de competências) para disponibilizar, em tempo real, informações sobre pessoas, capital humano e
capital intelectual da empresa” (CHIAVENATO, 2014, p. 438).
As informações inseridas no banco de dados podem incluir: cadastro dos trabalhadores (como nome, RG, CPF e
endereço), cadastro de remuneração (progressão dos salários, além dos benefícios e incentivos recebidos), cadastro
de treinamento (treinamentos realizados pelo trabalhador, independentemente de ter sido oferecido pela própria
organização), entre outras.
A figura a seguir apresenta um exemplo de sistema de informação gerencial de GP que pode ser acessado pelo
gerente.

Sistema de informação gerencial

Qual a remuneração do funcionário?


Quando foi admitido na organização?
Quando deve ter férias?

Qual cargo o funcionário ocupa?


Qual é a sua experiência profissional?
Acesso do Quais suas habilidades e conhecimentos? Saída de
gerente informação
Quais os objetivos o funcionário deve alcançar?
O que já foi realizado?
O que falta para alcançar 100% da meta?

Quais são as tarefas já executadas pelo


funcionário?
Quais tarefas pode desenvolver no futuro?
Qual o potencial de desenvolvimento?

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014, p. 440)

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2012) A gestão de pessoas, além de concentrar-se no alcance de objetivos organizacionais, con-
tribui para satisfação de objetivos individuais. Acerca desse assunto, julgue o item que se segue.
Apesar de sua indiscutível relevância para as rotinas de gestão de folha de pagamento, sistemas de informações geren-
ciais agregam pouco valor às atividades estratégicas de gestão de pessoas que interessam aos tomadores de decisão.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Os sistemas de informações gerenciais possibilitam a organização uma grande variedade de dados, tendo grande
388 relevância para as atividades estratégicas de GP e para a tomada de decisão. Resposta: Errado.
2. (FUNDEP – 2014) Conforme Gil (2001, p. 17) “Gestão Uma teoria administrativa que abrange esse
de pessoas é a função gerencial que visa à coopera- aspecto da relação entre indivíduo e organização é
ção das pessoas que atuam nas organizações para o a Teoria Estruturalista. De acordo com Chiavenato
alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto (2004), essa teoria ganha destaque a partir da déca-
individuais.” Para que os objetivos da gestão de pes-
da de 1950 e surge da necessidade de perceber que a
soas sejam alcançados, é necessário que os gerentes
organização é um sistema complexo com interação de
tratem as pessoas como elementos básicos para a
grupos sociais. Esses grupos podem possuir objetivos
eficácia organizacional.
similares ou distintos dos objetivos da organização.
Dentre os objetivos da gestão de pessoas, assinale a
alternativa CORRETA. Nessa teoria, o indivíduo não é considerado homem
econômico (abordagem clássica), nem homem social
a) Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar (teoria das relações humanas), mas sim um homem
sua missão, e proporcionar competitividade à organização. organizacional, que desempenha diferentes papéis
b) Proporcionar à organização empregados bem remu- em várias organizações (na empresa, na família, nos
nerados e satisfeitos com o cargo que ocupam. grupos sociais, na instituição religiosa que participa,
c) Incrementar a satisfação dos empregados no trabalho, entre outros). Chiavenato (2004) discorre que para
sabendo empregar funcionários de alto padrão, com obter sucesso, isto é, para ter um bom desempenho
excelência em sua formação, com ênfase na melhor nas organizações, o homem organizacional deve ter
gestão financeira. algumas características de personalidade: flexibili-
d) Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho, sem dade, tolerância às frustrações, capacidade de adiar
querer afetar o ambiente de mudança que deve ser objeto da recompensas e permanente desejo de realização.
inovação no planejamento estratégico das organizações. Importante!
As características de personalidade do homem
A GP deve ajudar a organização a alcançar seus organizacional indicadas por Chiavenato (2004) são
objetivos por meio do desenvolvimento da imple- assim definidas:
mentação dos processos de agregar, aplicar, recom-
pensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas z Flexibilidade: o indivíduo deve ser flexível visto
Resposta: Letra A. que desempenha diferentes papéis em um ambien-
te dinâmico e instável.
z Tolerância às frustrações: é necessário ser tole-
rante já que os seus diversos papéis podem ser
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: conflituosos em algum momento.

RELAÇÕES INDIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO, Por exemplo, um indivíduo que é pai e emprega-


MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, do, pode ter um desgaste emocional porque estava no
DESEMPENHO trabalho e não conseguiu assistir à peça de teatro da
filha.
De acordo com Robbins (2005, p. 6) “o comporta-
mento organizacional é um campo de estudos que z Capacidade de adiar recompensas: a recompen-
investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estru- sa pode surgir a longo prazo. Portanto, é importan-
tura têm sobre o comportamento dentro das organi- te que o indivíduo seja capaz de adiar recompensas
zações com o propósito de utilizar este conhecimento e até mesmo trabalhar de forma rotineira, em
alguns casos.

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


para melhorar a eficácia organizacional”. Resumida-
mente, os estudos sobre comportamento organizacio- z Permanente desejo de realização: é o que assegura
nal se preocupam com o comportamento das pessoas o acesso a posições mais elevadas na carreira.
no ambiente de trabalho e como esse comportamento
impacta no desempenho das empresas. LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E DESEMPENHO

RELAÇÕES INDIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO Liderança

Como já discutido anteriormente, as pessoas pas- A liderança, conforme apresentada por Robbins
(2005), indica traçar metas, comunicar e engajar os
sam a maior parte de suas vidas no trabalho. Por essa
trabalhadores de forma que os objetivos sejam alcan-
razão, é importante que as relações entre indivíduo e
çados. Os líderes inspiram os empregados e os auxi-
organização não sejam fonte de estresse, de tensão ou
liam na superação dos obstáculos e dificuldades. Posto
de doença. Pensando em uma união “perfeita”, indi-
de uma forma bastante direta, a liderança é a capaci-
víduos e organizações teriam os mesmos objetivos e
dade de um indivíduo influenciar um grupo no alcan-
valores. Por exemplo, a empresa Magazine Luiza pos- ce de objetivos pré-estabelecidos.
sui a missão de “ser uma empresa competitiva, inova- A liderança pode ser formal ou informal (ROB-
dora e ousada que visa sempre o bem-estar comum”. BINS, 2005). Na liderança formal, a influência sobre
Seus valores incluem: respeito, desenvolvimento e um grupo é exercida por alguém que tem um cargo
reconhecimento; ética; simplicidade e liberdade de mais alto na hierarquia da organização. Visto que car-
expressão; inovação e ousadia. Provavelmente, nos gos mais elevados indicam certo grau de autoridade,
processos de recrutamento e seleção a empresa bus- o líder consegue a adesão dos subordinados devido
ca por profissionais que tenham, ainda que não todas, ao cargo que ocupa. Alguns exemplos de liderança
algumas dessas características. Isso porque a gestão formal incluem: gestor de projetos, administrador de
dos recursos humanos pode se tornar uma tarefa recursos humanos, gerente de compras etc. Por outro
menos árdua quando as pessoas caminham em dire- lado, a liderança informal, conforme vimos na Escola
ção aos mesmos objetivos da organização. de Relações Humanas, surge na organização informal. 389
Robbins afirma que a liderança não sancionada, isto intimamente relacionados, pois um profissional moti-
é, que surge fora da organização formal, é tão ou até vado tende a ter melhores resultados e bom desempe-
mais importante que a liderança formal. nho em suas tarefas.
Independentemente do tipo de liderança (formal
Apesar de muitos líderes buscarem formas de
ou informal), é importante destacar que os indiví-
motivar os trabalhadores por meio de palestras e trei-
duos não devem exercer seus papéis de líderes sem
considerar os aspectos éticos. Enquanto líderes éticos namentos, por exemplo, a motivação é intrínseca, ou
incentivam os trabalhadores e cobram resultados, seja, está no interior dos indivíduos. É impossível, por-
líderes antiéticos podem praticar agressões verbais/ tanto, que um gestor ou líder seja capaz de motivar os
morais com os subordinados. William Hitt (1990 apud colaboradores.
MATTAR, 2010) identifica quatro estilos de liderança, A teoria mais conhecida sobre motivação é Teoria
que corresponderiam a quatro sistemas éticos distin- da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow.
tos, conforme apresentado no quadro a seguir.
De acordo com o autor, as necessidades dos indivíduos
estão dispostas como que em uma pirâmide, de forma
TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS que, em um primeiro momento busca-se atender aos
Os meios justificam os fins; objetivos da base da pirâmide e, em seguida, as neces-
Preocupa-se meramente com os sidades vão aumentando. A figura abaixo demonstra
resultados; as necessidades propostas por Maslow.
Manipulador
A autoridade está baseada no poder;
Seus subordinados devem ser passi-
vos, dependentes e submissos. Autorrrealização
Crescimento, auto controle
Principal função: comunicar e fazer
cumprir regras; Auto estima
Preocupação com a eficiência; Respeito dos autores, confiança,
conquista
Administrador Racionalização das funções de lideran-
burocrático ça e da administração (Max Weber); Social
As regras são a autoridade, e não os Família, amizade, amor
líderes → estabilidade para a organi-
zação independentemente do líder. Segurança
Emprego, saúde, propriedade
Procura conseguir que as coisas se-
jam feitas com o propósito de atingir Fisiológica
os objetivos organizacionais; Respirar, comer, dormir
Administrador Seu papel é: planejar, organizar, co-
profissional municar, motivar e mensurar os
resultados; De acordo com Maslow, o ser humano tem a carac-
Enxerga seu trabalho como uma car- terística de sempre desejar algo. Por isso, à medida que
reira e profissão. satisfaz uma necessidade, outra passa a ser priorida-
Por meio da motivação, procura reti- de. Uma observação importante é que uma necessida-
rar o melhor de cada pessoa; de de nível mais alto só surge quando as necessidades
A liderança é menos um atributo/ dos níveis inferiores são atingidas. Portanto, um indi-
função e mais uma relação entre lí- víduo não possui necessidade de autorrealização se
Transformador deres e colaboradores; não se tem o que comer, por exemplo.
Enxerga o potencial das pessoas e
tem prazer no seu crescimento; Dica
É um bom treinador e ajuda os outros Outras teorias de motivação também receberam
a se tornarem líderes.
destaque ao longo dos anos e ainda hoje são
Fonte: Hitt (1990 apud MATTAR, 2010). estudadas, tais como: teoria dos dois fatores
de Frederick Herzberg, teoria da determinação
Motivação e Desempenho de metas de Edwin Locke, teoria da equidade de
Stacy Adams, e teoria X e teoria Y de Douglas
A motivação é o “[...] processo responsável pela McGregor.
intensidade, direção e persistência dos esforços de
uma pessoa para o alcance de uma determinada meta” QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
(ROBBINS, 2005, p. 132). A intensidade diz respeito ao
esforço empregado por uma pessoa na realização de
De acordo com Limongi-França (2004), a qualidade
um objetivo. A direção indica “para onde vamos”. Não
adianta o trabalhador empregar esforço se não sou- de vida no trabalho (QVT) surge a partir das mudan-
ber em que direção deve caminhar. Por último, a per- ças ocorridas nas relações de trabalho. O termo surgiu
sistência indica quanto tempo um indivíduo consegue por volta de 1970 e indica um cuidado com o bem-es-
manter seu esforço, isto é, por quanto tempo consegue tar dos trabalhadores, o que não havia, por exemplo,
390 ficar motivado. A motivação e o desempenho estão na época do surgimento das teorias de Taylor e Fayol.
O desenvolvimento da QVT pode ser apresentado FATORES DE QVT DIMENSÕES
por duas perspectivas.
Remuneração adequada
De um lado, temos uma maior reivindicação dos ao salário.
1. Compensação justa e
trabalhadores em busca de boas condições e saúde
adequada Equidade interna e
no trabalho. Do outro lado, há interesses por parte da
externa.
organização que os trabalhadores tenham maior qua-
lidade de vida e, assim, aumentem a produtividade e Jornada de trabalho.
2. Condições de trabalho
qualidade das tarefas desempenhadas. seguras e saudáveis Ambiente físico seguro e
Albuquerque e Limongi-França (1998, p. 42) defi- saudável.
nem a qualidade de vida no trabalho como o “[...] 3. Oportunidades ime- Autonomia.
conjunto de ações de uma empresa que envolve diatas para desenvolver Significado da tarefa.
diagnóstico e implantação de melhorias e inovações e usar as capacidades
gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do humanas Variedade de habilidades.
ambiente de trabalho, visando propiciar condições 4. Oportunidades futu- Possibilidade de carreira.
plenas de desenvolvimento humano para e durante a ras para o crescimento Crescimento profissional.
realização do trabalho”. contínuo e a garantia de
Chiavenato (2014) destaca que falar em QVT signi- emprego Segurança no emprego.
fica falar em respeito com os trabalhadores. Para que Relacionamentos inter-
as organizações obtenham produtividade e qualidade 5. Integração social na pessoais e intergrupais.
em suas atividades, é preciso que os trabalhadores organização
Senso comunitário.
estejam satisfeitos e motivados em seus cargos. Por
isso, a competitividade das organizações necessaria- Respeito às leis e direitos
trabalhistas.
mente depende da QVT.
A QVT é um conceito complexo e compreende diver- 6. Constitucionalismo na Privacidade pessoal.
sos fatores, conforme destacado por Chiavenato (2014): organização Liberdade de expressão.
Normas e rotinas claras
z Satisfação com as atividades realizadas no cargo. na organização.
z Possibilidade de crescer e se desenvolver na
7. Trabalho e espaço total Equilíbrio entre trabalho e
organização.
na vida do indivíduo vida pessoal.
z Ser reconhecido pelo trabalho realizado e as metas
atingidas. Imagem da empresa.
8. Relevância social do
z Receber remuneração (incluindo salário, benefí- trabalho Responsabilidade social
cios e incentivos) adequada às atividades do cargo da instituição.
e ao desempenho obtido.
Fonte: adaptado de Chiavenato (2014, p. 421-422).
z Ter bons relacionamentos com as chefias e os cole-
gas de trabalho.
PROMOÇÃO DE SAÚDE AO SERVIDOR
z Trabalhar em ambientes agradáveis fisicamente e
psicologicamente.
As organizações devem se preocupar, além da QVT,
z Ter liberdade na execução das atividades do

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


com a saúde dos trabalhadores. Um trabalhador sau-
trabalho. dável é aquele que não possui doenças, sejam elas físi-
z Poder engajar-se nas atividades do trabalho e par- cas ou psicológicas. Ações preventivas para promover
ticipar ativamente nas decisões. a saúde dos empregados garantem que os trabalhado-
res tenham um bom estado físico, mental e social. De
PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NO acordo com Chiavenato (2014), a saúde do trabalha-
TRABALHO dor pode ser prejudicada por doenças, acidentes ou
estresse emocional.
No intuito de oferecer maior bem-estar e satisfa- As doenças que podem ser desenvolvidas em
ção aos trabalhadores, as organizações podem ado- função do trabalho incluem, entre outras: câncer
tar alguns programas de QVT. Esses programas têm o por radiação, lesão por esforço repetitivo, distúrbios
objetivo de tornar a organização um local mais huma- osteomusculares, dermatite, reumatismo, intoxica-
nizado. No entanto, antes de definir as melhores prá- ção, surdez, síndrome de burnout e síndrome do pâni-
ticas de QVT, é preciso considerar os processos de GP, co. As organizações podem prevenir essas doenças
a cultura da organização, seus objetivos, entre outros quando implementam o Programa de Controle Médi-
co e Saúde Ocupacional (PCMSO) que, segundo a Por-
aspectos organizacionais. Esses programas podem
taria nº 24/1994, é um programa obrigatório. Assim,
estar associados, por exemplo, à redução da rotativi-
as organizações podem agir preventivamente ao rea-
dade e do absenteísmo, ou melhoria na saúde e segu-
lizar exame médico pré-admissional, exames médicos
rança dos trabalhadores. periódicos, palestras etc. São responsabilidades das
Dentre os programas/modelos de QVT, destacam-se organizações, de acordo com a Portaria:
os propostos por Walton (1973), Hackman e Oldham
(1975) e Nadler e Lawler (1983). Neste material é des- z Garantir a elaboração e efetiva implementação do
crito o modelo de Walton, composto por oito fatores, PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia;
mas os demais modelos podem ser visualizados no z Custear, sem ônus para o empregado, todos os pro-
livro de Chiavenato (2014). cedimentos relacionados ao PCMSO; 391
z Indicar, dentre os médicos dos Serviços Especiali- a exclusão deles nos grupos de maior influência ainda
zados em Engenharia de Segurança e Medicina do pode ser considerado um obstáculo a vencer.
Trabalho (SESMT), da empresa, um coordenador A inclusão, de acordo com Mor Barak (2015) reme-
responsável pela execução do PCMSO; te ao sentimento de pertença do indivíduo no sistema
z No caso de a empresa estar desobrigada de manter organizacional tanto nos processos formais (acesso à
médico do trabalho, de acordo com a NR-4, deverá informação, por exemplo) quanto nos processos infor-
o empregador indicar médico do trabalho, empre- mais (como um happy hour após o trabalho).
gado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO; Para que um indivíduo se sinta incluído em um
z Inexistindo médico do trabalho na localidade, o grupo de trabalho, duas necessidades devem ser aten-
empregador poderá contratar médico de outra didas: pertencimento e singularidade. Isto significa
especialidade para coordenar o PCMSO. que o trabalhador deve não apenar sentir-se parte do
grupo, mas também perceber que suas características
O acidente no trabalho, conforme art. 2º da Lei e particularidades são valorizadas. Sendo assim, tra-
nº 6.367/1976 “é aquele que ocorrer pelo exercício tar de políticas de inclusão indica criar ações para que
do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão os grupos minoritários sejam incluídos nas organiza-
corporal ou perturbação funcional que cause a mor- ções formais e informais.
te, ou perda, ou redução, permanente ou temporária,
da capacidade para o trabalho”. Os acidentes podem
ocorrer em consequência de agressão física, sabota-
gem ou terrorismo; ofensa física intencional; ato de EXERCÍCIOS COMENTADOS
imprudência, negligência ou imperícia; desabamento,
inundação e incêndio; no trajeto da residência para o 1. (CESPE-CEBRASPE –2004) No que se refere ao com-
trabalho e vice-versa. portamento organizacional, julgue os itens a seguir.
Os acidentes de trabalho podem ocorrer, de acor- Não existe relação entre o desempenho e a motiva-
do com Chiavenato (2014), em função de condições ção do indivíduo e o estabelecimento de metas nas
inseguras ou atos inseguros. organizações.
Condições inseguras incluem, por exemplo, equi-
pamentos defeituosos, ventilação imprópria e tempe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ratura elevada no ambiente de trabalho.
Atos inseguros envolvem, por exemplo, subir as esca- O desempenho, a motivação e o estabelecimento de
das sem apoiar-se no corrimão, carregar caixas pesadas metas pelo líder estão totalmente relacionados no
de forma inadequada e não usar procedimentos seguros. ambiente organizacional. Resposta: Errado.
Por último, o estresse “é um conjunto de reações
físicas, químicas e mentais de uma pessoa decorrente 2. (FCC – 2009) A abordagem da Qualidade de Vida no
de estímulos ou estressores que existem no ambiente” Trabalho envolve duas dimensões potencialmente
(CHIAVENATO, 2014, p. 405). São duas as fontes princi- antagônicas. São elas:
pais de estresse: ambientais e pessoais.
As causas ambientais de estresse estão fora do a) A melhoria contínua dos processos e a necessidade
controle do indivíduo. Por exemplo, se um indivíduo de lazer dos trabalhadores.
trabalha em uma empresa que realiza atividades de b) A necessidade de aumentos constantes de produti-
demolição de materiais resistentes com britadeiras, vidade no trabalho e a luta dos trabalhadores pelas
o ruído dessas máquinas podem gerar estresse. Um melhorias salariais.
outro exemplo de causa ambiental de estresse é o c) O bem-estar e a satisfação dos funcionários no traba-
cliente. O vendedor não tem controle sobre um cliente lho e a produtividade e a qualidade.
que acordou em um mal dia porque teve uma discus- d) A preservação do meio ambiente e a expansão da pro-
são com a esposa e não conseguiu descansar durante dução industrial.
a noite e, ao acordar foi fazer compras. e) O crescente uso de tecnologias poupadoras de mão
As causas pessoais, por outro lado, são característi- de obra e a necessidade de elevar a qualificação dos
cas individuais do trabalhador, como pessoas viciadas trabalhadores.
em trabalho, falta de paciência e condições precárias
de saúde. Considerando o exemplo do cliente mal-hu- De um lado, a QVT busca atender à reivindicação
morado, ainda que o vendedor não tenha controle dos trabalhadores a respeito de boas condições e
sobre o estado de espírito do cliente, se o vendedor saúde no trabalho. Do outro lado, há interesses
não tem paciência, o estresse tende a piorar. No caso por parte da organização de que os trabalhadores
do trabalhador da empresa com ruídos de britadeiras, tenham maior qualidade de vida e, assim, aumen-
se ele for viciado em trabalho, isto é, se tiver o hábito tem a produtividade e qualidade das tarefas desem-
de trabalhar por longas jornadas, o estresse também penhadas. Resposta: Letra C.
pode aumentar, pois terá que ouvir o barulho das
máquinas por mais tempo.

POLÍTICAS DE INCLUSÃO HORA DE PRATICAR!


Muito se fala sobre diversidade nas organizações: 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, a respeito
diversidade de gênero, de raça, de idade, de origem, de recrutamento e seleção de pessoas.
deficiência física etc. No entanto, ainda que esses gru- O recrutamento interno tem como vantagens a valo-
pos minoritários tenham alcançado, nos últimos anos, rização dos funcionários, o conhecimento prévio do
392 maior representatividade nos ambientes de trabalho, desempenho e do potencial dos funcionários, um
menor tempo de adaptação no cargo e a promoção do 8. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, relativo a
autodesenvolvimento. recrutamento e seleção de pessoal.
Seleção é a escolha do candidato que potencialmente
( ) CERTO ( ) ERRADO melhor atenda às características da vaga divulgada no
processo de recrutamento.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca das possíveis moda-
lidades de recrutamento de pessoas, é correto afirmar ( ) CERTO ( ) ERRADO
que o recrutamento interno é reconhecidamente
9. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, relativo a
a) mais econômico que o recrutamento externo. recrutamento e seleção de pessoal.
b) mais caro que o recrutamento externo. Brain teaser é uma técnica moderna de seleção de
c) capaz de atrair mais candidatos que os anúncios pessoas que testa a criatividade e a capacidade do
profissionais. candidato em encontrar uma solução rápida para
determinado problema.
d) capaz de atrair candidatos mais bem preparados que
os anúncios profissionais.
( ) CERTO ( ) ERRADO
e) eficaz por evitar disputas entre áreas internas da
organização.
10. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de gestão de
pessoas, julgue o item seguinte.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) No que se refere à admi-
A qualidade de vida no trabalho é um conceito que
nistração de pessoas, assinale a opção que indica
envolve questões relacionadas tanto ao ambiente físi-
um benefício espontâneo concedido pelas empre- co de trabalho quanto aos aspectos psicológicos do
sas segundo seus critérios próprios. local de trabalho.

a) pagamento por horas extras ( ) CERTO ( ) ERRADO


b) adicional por trabalho noturno
c) décimo terceiro salário 11. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de técnicas e
d) férias processos de gestão de pessoas e sua aplicação na
e) gratificações administração pública, julgue o item que se segue.
Cabem aos processos de desenvolvimento de pes-
4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de administra- soas a manutenção de banco de talentos, a promoção
ção de cargos, carreiras e salários, julgue o item a de educação continuada e a identificação de necessi-
seguir. dades de treinamento.
É dever de uma organização custear cursos externos
de capacitação de seus funcionários, como mestrado ( ) CERTO ( ) ERRADO
e doutorado.
12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Em cada uma das opções
( ) CERTO ( ) ERRADO a seguir são apresentadas duas atividades típicas da
área de gestão de pessoas. Assinale a opção em que
5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de gestão por a primeira atividade é de desenvolvimento e a segun-
competências e das tendências na gestão de pes- da, de monitoração.
soas no setor público, julgue o item a seguir.

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES


No Brasil, a gestão da remuneração de servidores do a) treinamento de pessoal / auditoria de recursos humanos
setor público tem sido aplicada com ênfase na recom- b) seleção de pessoas / definição de benefícios
posição de ganhos para o enfrentamento de limita- c) auditoria de recursos humanos / alocação interna de
ções de aumento salarial. recursos humanos
d) definição de benefícios / planejamento da higiene no
( ) CERTO ( ) ERRADO trabalho
e) alocação interna de recursos humanos / seleção de
pessoas
6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de administração
de cargos, carreiras e salários, julgue o item a seguir.
13. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de administração
A existência de um plano de cargos e salários, carreira
de cargos, carreiras e salários, julgue o item a seguir.
e remuneração, ainda que bem definido, não estimula
Carreira, concebida como uma negociação entre inte-
o crescimento profissional de funcionários antigos da
resses pessoais do empregado e organizacionais do
organização, que tendem a permanecer no exercício empregador, é uma sequência de funções e cargos
das mesmas funções até o fim da carreira. que os indivíduos assumem ao longo de sua vida
profissional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, relativo a
recrutamento e seleção de pessoal. 14. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que se refere a análi-
É mais assertiva a seleção de candidato cuja forma- se e descrição de cargos em organizações, julgue o
ção profissional seja compatível com o cargo a que se item a seguir.
destina a vaga ofertada que de candidato fora dessas Embora a análise e a descrição de cargos sejam rela-
condições. cionadas, elas se distinguem quanto ao escopo: a aná-
lise de cargos concentra-se no conteúdo dos cargos,
( ) CERTO ( ) ERRADO enquanto a descrição de cargos visa determinar os 393
requisitos físicos e mentais necessários à ocupação a) promover, anualmente, a avaliação de desempenho de
de determinado cargo. servidores públicos da ativa.
b) integrar plataformas de gestão da folha de pagamento
( ) CERTO ( ) ERRADO de pessoal dos servidores públicos.
c) registrar queixas de assédio moral e sexual de servido-
15. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que tange à gestão de res públicos e terceirizados.
pessoas, destacam-se os estudos relativos a planeja- d) organizar capacitações na gestão de pessoas para
mento de cargos e salários. Nesses estudos, a identi- servidores públicos que trabalham com esse tema.
e) disponibilizar informações comparativas sobre salá-
ficação de requisitos necessários para o desempenho
rios de servidores públicos e de empregados de
de uma tarefa ou de um cargo é conhecida como
empresas privadas.
a) análise de cargos.
b) descrição de cargos. 9 GABARITO
c) análise de salários.
d) descrição de salários. 1 CERTO
e) especificação de cargos
2 A
16. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item seguinte, 3 E
a respeito de gestão de pessoas nas organizações.
Situação hipotética: O dirigente de um órgão público 4 ERRADO
determinou a realização de estudos que adequassem
5 CERTO
a sistemática de avaliação de desempenho dos ser-
vidores a novas demandas do mercado de trabalho. 6 ERRADO
Assertiva: Nessa situação, para o atendimento à deci-
são do dirigente, deverão ser promovidas ações de 7 CERTO
adequação em um grupo de processos de gestão de 8 CERTO
pessoas denominado recompensar pessoas.
9 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
10 ERRADO
17. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item subsecu- 11 CERTO
tivo, relativo à avaliação de desempenho.
A ênfase em características excepcionais que levem 12 A
ao desempenho altamente positivo ou negativo dos 13 CERTO
empregados é própria do denominado método dos
incidentes críticos. 14 ERRADO

15 E
( ) CERTO ( ) ERRADO
16 ERRADO
18. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Em gestão de pessoas,
17 CERTO
a tarefa de avaliar os resultados produzidos por um
indivíduo de forma conjunta às competências utili- 18 B
zadas para produzi-los é conhecida como
19 CERTO
a) gestão por competências. 20 B
b) gestão de desempenho.
c) gestão de resultados. 21 CERTO
d) planejamento de resultados.
22 CERTO
e) planejamento individual.
23 ERRADO
19. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item seguinte,
a respeito de gestão de pessoas nas organizações. 24 ERRADO
Em uma organização que estabeleça como diretriz o 25 CERTO
princípio de que a administração de recursos huma-
nos é uma responsabilidade de linha e uma função de
staff, estará presente a descentralização das ativida-
des de administração de recursos humanos — como
seleção, capacitação e integração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O Sistema Integrado de


Administração de Recursos Humanos (SIAPE), um
sistema de abrangência nacional, foi criado funda-
394 mentalmente com a missão de
Objeto de estudo da
Recursos
Materiais
Administração de
Recursos Materiais

NOÇÕES DE RECURSOS
MATERIAIS Financeiros

NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS Recursos


Humanos
Organizacionais
Conceitos Iniciais

Prezado leitor, iniciaremos o estudo da disciplina


Administração de Recursos Materiais. Mercadológicos
E por que devo estudar esta disciplina?
Primeiramente, porque ela cai em seu concurso. E,
além disso, porque cabe a qualquer organização, seja
ela Pública ou Privada, administrar no seu dia a dia
os recursos materiais de que dispõe, uma vez que eles Administrativos
são fundamentais para o alcance de seus objetivos
estratégicos.
Durante esse curso, trataremos de todas as ativida-
des relacionadas à Administração de Materiais: iniciare- � Recursos materiais: refere-se aos elementos físi-
mos com os conceitos introdutórios, tema deste tópico. cos empregados por uma organização e que con-
Em seguida, em um processo de aprendizado con- correm para a constituição de seu produto final,
tínuo, teremos: Classificação de materiais; gestão de o qual pode ser um material processado ou um
estoques; compras, recebimento e armazenagem; serviço. A natureza do recurso material não é per-
distribuição de materiais e gestão patrimonial. manente. Além disso, geralmente é possível arma-
Sem mais delongas, vamos iniciar nossa cami- zená-lo em estoques.
nhada rumo à aprovação (ou melhor, à tão sonhada Exemplificando: são as matérias-primas para
nomeação em um cargo público!). fabricação do produto final, materiais auxiliares,
Administrar materiais é uma atividade que vem produtos finais para comercialização.
sendo realizada pelas organizações desde as origens
� Recursos financeiros: constituem todos os aspec-
da ciência da Administração.
tos relacionados com o dinheiro utilizado pela
Ela tomou um grande impulso a partir do momen-
empresa para financiar suas operações. São mais
to em que foi possível mensurar o seu impacto nos
amplos do que o fator de produção denominado
custos da empresa.
Neste sentido, se os investimentos em estoque capital, pois, além do capital próprio, englobam
forem otimizados, as negociações e aquisições bem toda forma de dinheiro – próprio ou de terceiros–
administradas e o sistema de distribuição bem estru- crédito e financiamento para garantir as opera-
turado, contribuirão significativamente para a redu- ções da empresa.
ção dos custos e consequentemente o aumento dos Exemplificando: são os ativos no qual possuem
lucros. liquidez, ou seja, dinheiro em espécie, financia-
Apenas recentemente é que a Administração de mentos, empréstimos.
materiais emergiu como área estratégica na vida das � Recursos humanos: constituem toda forma de
empresas, requerendo técnicas e métodos próprios atividade humana dentro da empresa. Ultrapas- NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
em busca de uma gestão eficiente e eficaz para maxi- sam o conceito do fator de produção denominado
mizar a competitividade da organização. trabalho, pois, enquanto este se refere especifica-
De acordo com Dias, nessa evolução, o enfoque da mente à mão de obra – atividade manual ou bra-
administração de materiais mudou o tradicional “pro- çal exercida pelo homem no processo produtivo
duza, estoque, venda” para um conceito mais atualiza- –, os recursos humanos se referem a toda e qual-
do, que envolve “definição de mercado, planejamento quer atividade humana, seja ela mental, concei-
do produto, apoio logístico”. tual, verbal, decisória, social e, também, manual e
Como dito, todas organizações – em busca de seus
braçal.
objetivos – administram recursos (que são escassos).
Exemplificando: são as pessoas que de alguma for-
Decorrente dessa premissa, é cada vez maior a neces-
ma participam do dia a dia da organização.
sidade de maximizar seus processos de gestão para o
alcance da famosa vantagem competitiva. � Recursos mercadológicos: constituem toda ativi-
E quais são esses recursos administrados pelas dade voltada para o atendimento do mercado de
organizações? clientes e consumidores da empresa. Os recursos
Conforme o autor Chiavenato, a organização tem mercadológicos compreendem todo o esquema
a sua disposição cinco tipos de recursos: materiais, de marketing ou de comercialização da empresa,
financeiros, humanos, mercadológicos e administrati- como produção, propaganda, vendas, assistência
vos. Veremos a seguir cada um deles. técnica, etc. 395
Exemplificando: são os famosos recursos comer- ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS COMO
ciais, tais como: técnicas de vendas, propaganda, VANTAGEM COMPETITIVA
promoção.
Atualmente, verificamos que os recursos mate-
� Recursos administrativos: constituem o esquema
riais são responsáveis por uma grande fatia dos
administrativo e gerencial da empresa, indo desde
custos de uma organização.
o nível de diretoria até a gerência das atividades
Deste modo, uma gestão bem estruturada per-
empresariais.
Exemplificando: são os setores responsáveis pelo
mite a obtenção de vantagens competitivas por
gerenciamento da organização, tais como: setor meio da redução de custos, da redução de inves-
financeiro, departamento da qualidade, gerência timentos em estoques, das melhorias do setor de
de relacionamentos. compras e consequentemente na maior satisfação
dos consumidores finais.
Diante do exposto, percebemos que o objeto de Outro fator que reforça a importância da Admi-
estudo da nossa disciplina é o gerenciamento dos nistração de materiais é a grande interface que esta
recursos materiais em toda a organização de uma área tem com os outros departamentos da empre-
maneira integrada com todas as outras atividades. sa, tais como: área financeira, produção, vendas,
recursos humanos, informática.
Até o presente momento, tivemos uma visão
macro dos recursos de uma organização. No pró-
ximo item, vamos nos aprofundar nos conceitos
específicos de recursos materiais. Área
Financeira
CONCEITOS DE RECURSOS MATERIAIS E
PATRIMONIAIS

Em uma abordagem prática, podemos definir


os recursos materiais (sentido amplo) como sendo
todos os bens físicos (tangíveis ou corpóreos) utili- Recursos Administração Área de
zados em uma empresa. Humanos de Materiais Vendas
Nessa perspectiva, podemos ainda dividir os
recursos materiais (sentido amplo) em duas subca-
tegorias: Recursos Materiais (sentido estrito) e os
Recursos Patrimoniais.

Recursos Bens de Área de


Materiais Consumo Produção
Recursos
Materiais
(sentido amplo) Recursos Bens
Patrimoniais Permanentes Seguindo o entendimento do mestre Gonçalves,
autor do livro “Administração de Materiais” e con-
� Recurso material, em sentido estrito, é todo o bem siderado um dos maiores especialistas do assunto
físico (tangível) empregado em uma organização na atualidade, a administração de materiais pode
que detém natureza não permanente. Em geral, ser estudada dividindo em 3 grandes especialida-
constituem-se em materiais que são consumidos
des (nichos):
ao longo do tempo, constituindo-se, usualmente,
bens de estoque. z Gestão de Estoques.
Em regra, é todo material que pode ser estocado z Gestão de compras.
para consumo no momento oportuno, tais como: z Gestão dos Centros de Distribuição.
Matéria-prima (ex.: madeira para fabricação de
móveis), produto acabado (ex.: móvel finalizado e
pronto para a comercialização), materiais auxilia-
res (ex.: material de escritório).
� Recurso patrimonial é todo o bem físico (tangí-
vel) empregado em uma organização que detém
natureza permanente. Em geral, os bens patrimo-
niais podem ser de três tipos: imóveis, instalações
e materiais permanentes.
Por outro lado, recursos patrimoniais são as ins-
talações utilizadas nas operações do dia-a-dia da
organização, mas são adquiridos pontualmen-
te, tais como: prédios (ex.: galpão de produção
da empresa), equipamentos (ex.: maquinários) e
396 veículos.
Subsistemas Típicos
Importante!
Essas três especialidades se complementam z Controle de Estoque: subsistema responsável
entre si, num ciclo contínuo e com frequente fee- pela gestão econômica dos estoques, por meio do
dback (retroalimentação). planejamento e da programação de material, com-
preendendo a análise, a previsão, o controle e o
ressuprimento de material.
� Gestão de Compras: Seu principal objetivo é asse- z Classificação de Material: subsistema responsá-
gurar o suprimento dos bens e serviços necessários, vel pela identificação (especificação), classifica-
tanto para a produção quanto para as demais ativi- ção, codificação, cadastramento e catalogação de
dades da empresa.
material.
Atividades relacionadas: cadastro de fornecedo-
z Aquisição/Compra de Material: subsistema res-
res, negociação e gestão de contratos.
ponsável pela gestão, negociação e contratação de
Sintetizando: Realiza as licitações, decide as aqui-
compras de material por meio do processo de lici-
sições, negocia condições de fornecimento, fecha
os contratos com fornecedores. tação. O setor de Compras preocupa-se sobrema-
� Gestão de Estoques: Responsável por garantir o neira com o estoque de matéria-prima.
suprimento dos materiais necessários ao bom fun- z Armazenagem/Almoxarifado: subsistema res-
cionamento da organização, evitando faltas, para- ponsável pela gestão física dos estoques, com-
lisações e satisfazendo às necessidades dos clientes preendendo as atividades de guarda, preservação,
internos e externos. embalagem, recepção e expedição de material,
Atividades relacionadas: previsão de demanda, segundo determinadas normas e métodos de
redução dos tempos de reposição (lead time) e armazenamento.
implementação do Just in Time (JIT). z Movimentação de Material: subsistema encarre-
Sintetizando: Examina os estoques para decidir a gado do controle e normalização das transações de
necessidade de reposição, indica as quantidades e recebimento, fornecimento, devoluções, transfe-
os prazos de entrega. rências de materiais e quaisquer outros tipos de
� Gestão dos Centros de Distribuições: Seu obje- movimentações de entrada e de saída de material.
tivo é receber os materiais adquiridos pelo setor de z Inspeção de Recebimento: subsistema responsá-
compras e planejados pelo setor de estoques, além vel pela verificação física e documental do recebi-
de efetuar sua guarda e atender às solicitações dos
mento de material, podendo ainda encarregar-se
usuários desses materiais, suprindo-os nas quantida-
da verificação dos atributos qualitativos pelas nor-
des requeridas e no momento oportuno.
mas de controle de qualidade.
Atividades relacionadas: Localização dos centros
de distribuição, Arranjo Físico (layout) e equipa- z Cadastro: subsistema encarregado do cadastra-
mentos de movimentação e transporte. mento de fornecedores, pesquisa de mercado e
Sintetizando: Realiza o controle físico dos mate- compras.
riais, recebe, armazena e fornece os materiais.
Subsistema Específico
Em outro sentido, também cobrado pelas ban-
cas examinadoras, o mestre Chiavenato subdivide z Inspeção de Suprimentos: subsistema de apoio
a Administração de materiais em subsistemas típi- responsável pela verificação da aplicação das
cos e específicos: normas e dos procedimentos estabelecidos para
o funcionamento da Administração de Materiais
em toda a organização, analisando os desvios da
Administração
Recursos política de suprimento traçada pela administração
Materiais e proporcionando soluções.
z Padronização e Normalização: subsistema de NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
apoio ao qual cabe a obtenção de menor núme-
Subsistemas Subsistemas ro de variedades existentes de determinado tipo
Típicos Específicos de material, por meio de unificação e especifica-
ção dos mesmos, propondo medidas de redução
de estoques.
z Controle de z Inspeção de z Transporte de Material: subsistema de apoio
Estoque Suprimentos que se responsabiliza pela política e pela execu-
z Classificação de z Padronização e ção do transporte, movimentação e distribuição
Material Normalização
z Aquisição / Com- z Transporte de
de material. A colocação do produto acabado
pra de Material Material nos clientes e as entregas das matérias-primas
z Amazenagem/ na fábrica é de responsabilidade do setor de
Almoxarifado
Transportes e Distribuição.
z Movimentação de
Material
z Inspeção de A integração destes subsistemas permite a inter-
Recebimento face da administração de recursos materiais com os
z Cadastro outros sistemas organizacionais. 397
Um bom sistema de classificação de materiais per-
EXERCÍCIOS COMENTADOS mite ao administrador obter informações gerenciais
essenciais para definir qual metodologia de gestão de
1. (QUADRIX – 2020) A respeito da administração finan- estoques deve implementar.
ceira e da administração de pessoas e de materiais,
julgue o item. ATRIBUTOS DA CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
A administração de recursos materiais engloba a
seguinte sequência de operações: identificação do Um sistema de classificação de materiais deve
fornecedor; compra do bem; seu recebimento; trans- atender, obrigatoriamente, a 3 (três) atributos
porte interno e acondicionamento; transporte durante (qualidades):
o processo produtivo; armazenagem como produto
acabado; e, finalmente, sua distribuição. Abrangência

Deve abordar todas as características dos mate-


( ) CERTO ( ) ERRADO
riais de forma abrangente, tais como, os aspectos físi-
cos, financeiros, contábeis.
De acordo com Gonçalves, as atividades inerentes
à gestão de materiais são agrupadas em 3 nichos.
Flexibilidade
Observe-os na tabela abaixo:
Deve permitir ligações com outros sistemas de
GESTÃO DOS GESTÃO DOS
CENTROS DE CENTROS DE
GESTÃO DE classificações de materiais, bem como à possibilidade
COMPRAS de adaptar e melhorar o sistema de classificação sem-
DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIÇÃO
Recebimento, Recebimento, Identificação de for- pre que necessário.
armazenagem, armazenagem, necedores, pesquisa Este atributo permite ao gestor obter uma ampla
distribuição, distribuição, mo- de preços, negocia- visão da gestão de estoques.
movimentação vimentação de ção com o mercado,
de materiais. materiais. acompanhamento
de pedidos. Praticidade

A classificação deve ser simples, direta e objetiva.


Resposta: Certo. Para facilitar a memorização, utiliza-se o mnemô-
nico F.A.P (dos atributos):
2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item que se Flexibilidade
segue, relativo às atividades básicas de administração Abrangência
de materiais e patrimônio. Praticidade
Para que seja classificado como imobilizado, um ativo É importante saber que, ao passo que o atributo
deve ser: relativamente permanente; utilizado na pro- da abrangência tem a ver com as características dos
dução de mercadoria ou prestação de serviço; desti- itens, o atributo da flexibilidade permite a ligação
nado à venda. com os outros tipos de classificação.

( ) CERTO ( ) ERRADO Etapas da classificação de materiais

Ativo Imobilizado são os bens de natureza perma- Outro ponto de suma importância em um siste-
ma de classificação são as etapas (princípios) que
nente destinados à manutenção das atividades da
comandam a classificação de materiais, permitindo a
organização, ou seja, bens permanentes que a orga-
otimização da gestão de estoques e o melhor dimen-
nização necessita para poder operar. Resposta:
sionamento do almoxarifado.
Errado. São etapas da classificação de materiais:

CATALOGAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
SIMPLIFICAÇÃO
TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO

ESPECIFICAÇÃO
Conceituação

Classificar um material é saber agrupá-lo de acor- NORMALIZAÇÃO


do com suas características (peso, forma, dimensão,
tipo e uso), ordenando-os através de critérios pré-de-
PADRONIZAÇÃO
terminados. Viana (2006), em seu livro “Administra-
ção de Materiais”, nos traz a seguinte definição: “A
classificação é o processo de aglutinação de materiais CODIFICAÇÃO
398 por características semelhantes”.
Catalogação REFERÊNCIA

É a relação de todos os itens materiais existentes ABNT Catálogo. Disponível em: <https://www.abnt-
no estoque. catalogo.com.br/norma.aspx?ID=092162>.
O objetivo da catalogação é registrar todos os itens
materiais em estoque em uma lista completa e única. Padronização
Caso no estoque tenha dez itens armazenados, obriga-
É a uniformização do emprego e do tipo de mate-
toriamente terá dez itens relacionados na lista.
riais, a fim de minimizar as variações existentes.
É o caso quando a organização opta pela compra
CATALOGAÇÃO DO ESTOQUE de somente um tipo de impressora, assim sendo, a
NOVA CONCURSOS padronização na compra dos cartuchos é possível.
Com essa medida, facilita o controle e permite reduzir
Apostilas os itens de compra.
Livros
Papel A4 Codificação
Canetas
Apontadores É a atribuição de um único código (números e/ou
Marca Textos letras) a cada material, representando as característi-
(Todos os itens em estoque) cas do item.
A codificação é a última etapa da classificação de
materiais, trata-se da atribuição de um único código
Simplificação que representa especificamente aquele material.
Vejamos o exemplo do código 30.16.0053:
É a redução da diversidade dos itens materiais
em estoque, em que são destinados a uma mesma CÓDIGO
finalidade. 30.16.0053
Simplificar os itens materiais nada mais é do que Caneta azul
tornar o processo mais simples e mais fácil. Caso exis- Material de expediente
tam catalogados três diferentes tipos de caneta empre-
gados para a mesma finalidade, opta-se pela inclusão Material de consumo
de apenas uma delas.
Sistemas de codificação de materiais
Especificação (Identificação)
Os códigos que são atribuídos aos itens materiais
podem ser de 3 tipos:
É a individualização dos itens materiais através de
uma descrição minuciosa.
z Alfabético: Código composto somente por letras.
Na especificação, busca-se a individualização z Alfanumérico: Código composto por letras e
do item, descrevendo-o em uma linguagem de fácil números.
entendimento. z Numérico: Apenas números são utilizados na iden-
Um exemplo concreto da especificação é a descri- tificação do item material.
ção do item em editais de licitações. Abaixo, temos
uma descrição minuciosa do item caneta: Devido a sua limitação e difícil memorização, o sis-
tema alfabético é pouco utilizado atualmente.
z Caneta esferográfica, cor azul, boa qualidade, cor- O sistema numérico é o mais indicado para a clas-
po transparente, ponteira em material resisten- sificação de materiais, pois possui aplicação simples,
te, esfera de tungstênio e suspiro lateral, escrita generalizada e ilimitada.
grossa.
Critérios para a escolha de um sistema de
Normalização codificação NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS

É o estabelecimento de normas técnicas (no Brasil, Um sistema de codificação de materiais deve apre-
utiliza-se as normas da ABNT – Associação Brasileira sentar os seguintes critérios (requisitos):
de Normas Técnicas), que orientam a utilização dos Expansividade: deve suportar um aumento no rol
materiais em suas diversas aplicações. de classificação, conforme crescimento da organização.
Como exemplo de normalização, temos abaixo a Unicidade: o código é único para cada item (“cha-
norma técnica que estabelece o uso das canetas esfe- ve primária”).
rográficas, formulada pela ABNT: Simplicidade: facilidade de compreensão e de uso.
Concisão: objetividade do sistema.
ABNT NBR 16108:2012 Operacionalidade: o sistema deve ser prático.
Título: Caneta esferográfica, gel e roller — Compri- Confiabilidade: assegurar a qualidade.
mento de escrita — Método de ensaio. Versatilidade: possibilidade de adequação às
Objetivo: Esta Norma estabelece o método de aplicações.
ensaio para a determinação do comprimento da Padronização: regras estruturas na codificação
escrita e seus modos de falha para canetas esfe- do item.
rográficas, rollers, gel e outras que utilizem esfera Dentre os sistemas numéricos, é importante
como sistema de deposição da tinta, carregáveis ou conhecer dois dos sistemas de codificação de mate-
não recarregáveis, para uso geral. riais, ambos são utilizados mundialmente e também 399
são bastante cobrados em provas de administração de Assim, a curva ABC significa que 80% dos proble-
materiais, são eles: mas são ocasionados por 20% das causas, ou seja, são
poucas causas que originam a maioria dos proble-
Sistema FSC (Federal Supply Classification)
mas. Para construí-lo, utiliza-se o gráfico que coloca
O FSC (Federal Supply Classification) é um dos sis- em ordem os problemas e suas frequências, do maior
temas mais conhecidos para a catalogação de mate- para o menor, a fim de dar prioridade àquele proble-
riais, desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos ma que deverá ser resolvido com maior urgência.
Estados Unidos, composto de 11 algarismos e estrutu- De acordo com o mestre Gonçalves, podemos defi-
rado em quatro partes, permitindo codificar todos os nir o principal objetivo da curva ABC:
materiais.
O FSN (Federal Stock Number) é a codificação
“O principal objetivo da análise ABC é identificar
numérica pertencente ao sistema de codificação FSC
(Federal Supply Classification). os itens de maior valor de demanda e sobre eles
exercer uma gestão mais refinada, especialmente
por representarem altos valores de investimentos
e, muitas vezes, com impactos estratégicos para a
sobrevivência da organização”. (Gonçalves, 2019,
p.188)

Os itens em estoque, de acordo com seu valor de


demanda, são classificados em três classes:

z Classe A: itens de maior valor de demanda, em


z Grupo: classificação geral que identifica as gran-
des classes ou agrupamentos no estoque. determinado período.
z Classe: classificação individualizada, identifica o z Classe B: itens de valor de demanda intermediário.
material. z Classe C: itens de menor valor de demanda.
z Identificação: classificação que descreve o
material. % VALOR DA % QUANTIDADE
z Dígito de controle: possibilita um maior detalhamento. CLASSE
DEMANDA EM ESTOQUE

Sistema CSSF (Chambre Syndicale de lá Sidérurgie CLASSE A 80 % 20 %


Française)
CLASSE B 15 % 30 %
É um sistema de codificação francês, composto por CLASSE C 5% 50 %
8 algarismos. Ele classifica os materiais em normaliza-
dos e específicos.
Normalizados: materiais de ampla aplicação; Os percentuais apresentados não são rígidos (e
Específicos: materiais com aplicabilidade restrita a podem ser aproximados e/ou adaptados).
determinado equipamento; Com isso, inferimos, que os itens de estoque são
classificados num rol decrescente de grandeza.
TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS
Classe A (> $)
Na literatura especializada, são diversos tipos de
classificações de materiais, cabendo ao gestor a esco-
lha da mais adequada, sempre pautado nas informa-
ções gerencias e nas suas necessidades.
Veremos, a seguir, os principais tipos (critérios) de
classificação de materiais mais cobrados nos concur-
sos públicos.

Em razão do valor de demanda (Classificação ABC)

A classificação (curva) ABC, ou princípio (curva) Outro ponto importante, é conhecer a representa-
de Pareto ou ainda curva 80-20, é um método mui-
ção gráfica da Curva ABC. Nela, é preciso que se tenha
to utilizado para classificar os itens de material em
estoque, de acordo com sua importância, geralmente disponíveis os consumos dos itens do estoque e os res-
financeira. pectivos preços médios devidamente corrigidos para
uma mesma data.
Dica A curva assim encontrada é subdividida em três
O nome Pareto vem de uma homenagem ao eco- classes: A, B e C. Os limites de cada classe estão indi-
nomista italiano Vilfredo Pareto que, em seu estu- cados no eixo horizontal, e no vertical, os percentuais
do, observou que 80% da riqueza da Itália estavam da soma total (valor do consumo total ou número total
400 nas mãos de 20% da população. de itens).
100% 600.000
550.000
88% 500.000
450.000

67% 400.000

350.000
50% 300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000 A B
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
20% 30% 50%
0% 100%

Fonte: Marco Aurélio Dias (2019 - p. 69).

Em razão da importância Operacional (Classificação XYZ)

A classificação XYZ é uma ferramenta muito utilizada com o objetivo de avaliar o grau de criticidade ou de
imprescindibilidade do item de material nas atividades desempenhadas pela organização.
Conforme os autores Mendes e Castilho, as classes são definidas:

z Classe X: Materiais de baixa criticidade, cuja falta não implica paralisações da produção, nem riscos à segu-
rança pessoal, ambiental e patrimonial. Ainda, há facilidade de sua obtenção no mercado.
z Classe Y: Materiais que apresentam grau de criticidade intermediário, podendo, ainda, ser substituídos por
outros com relativa facilidade.
z Classe Z: Materiais de máxima criticidade, não podendo ser substituídos por outros equivalentes em tempo
hábil sem acarretar prejuízos significativos. A falta desses materiais provoca a paralisação da produção, ou
coloca em risco as pessoas, o ambiente ou o patrimônio da empresa.

Para um melhor entendimento de como aplicar a classificação XYZ, considere uma clínica de estética especia-
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
lizada na aplicação de “botox” (toxina botulínica). Podemos classificar os materiais da seguinte maneira:

CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO DE ITENS

Classe X Materiais de limpeza, materiais de expediente, Álcool em gel.

Classe Y Remédios de uso comum (analgésicos, anti-inflamatórios)

Classe Z Substância importada “Toxina Botulínica”

No exemplo acima, os itens da classe X podem facilmente ser substituídos por similares ou até comprados no
“mercadinho local”. A falta desses itens não implica na paralisação da clínica.
Em relação aos itens da classe Y, a aquisição não é tão simples, se comparado com a classe anterior, mas a cri-
ticidade pode ser reduzida com um planejamento de aquisição emergencial (exemplo: compra dos medicamentos
na farmácia local).
Mas, o verdadeiro problema é quando falta o item da classe Z (criticidade máxima). No caso em tela, o supri-
mento da substância “toxina botulínica” é complexo e demorado, assim, não é possível a aquisição de forma
emergencial. E com a falta desse item, ocorre a paralisação dos procedimentos estéticos.
401
A Classificação XYZ (por importância operacional) Materiais que sofrem alterações em suas caracte-
provê uma avaliação qualitativa, acerca da relevân- rísticas, conforme mantido em temperatura diferente.
cia do item na organização. Exemplo: selantes para vedação.
A Classificação ABC (por valor da demanda) provê
uma avaliação quantitativa, em relação ao impacto z Pela ação da luz
financeiro na organização.
Materiais que se degradam por incidência direta
Em razão da Periculosidade da luz.
Exemplo: filmes fotográficos.
A classificação por periculosidade pretende iden-
tificar os materiais perigosos, tais como: explosivos, z Por ação da atmosfera agressiva
inflamáveis, corrosivos, radioativos, ou seja, aqueles
que oferecem riscos à segurança. Materiais que sofrem corrosão quando entram em
A escolha dessa classificação é de extrema utilida- contato com gases ou vapores na atmosfera.
de nas etapas de manuseio, transporte e armazena- Exemplo: ácidos (sulfúrico, sais, cloro, flúor).
gem dos materiais incluídos neste rol de perigosos.
z Pela ação de animais
Em razão da Perecibilidade
Materiais sujeitos ao ataque de insetos e outros
Na classificação por perecibilidade, leva-se em animais, durante a estocagem.
conta a modificação, deterioração ou perda das pro- Exemplo: madeiras e grãos.
priedades físico-químicas dos materiais.
São classificados como materiais perecíveis aque- Em razão da aplicação na organização
les que estão sujeitos à deterioração e à decomposição
em virtude do tempo. Esta classificação analisa a utilização dos mate-
De acordo com Viana, precursor nos estudos da riais em relação ao processo produtivo.
Administração de materiais no Brasil, pode-se classi- No decorrer do processo produtivo, os materiais
ficar um material como perecível mediante as seguin- sofrem mudanças gradativamente e passam por dife-
tes variáveis (ações): rentes classificações.

z Pela ação higroscópica


Materiais Auxiliares
Materiais que possuem afinidade com o vapor de
água e podem ser retirados da atmosfera.
Exemplo: sal marinho e cal virgem.
Matéria-Prima
z Pela limitação do tempo

Materiais com prazo de validade expresso.


Exemplo: Alimentos e remédios.
Material em
Processamento
z Instáveis

Produtos químicos que se decompõem.


Exemplo: Éter. Material
Semiacabado
z Voláteis

Produtos que se evaporam naturalmente. Material Acabado


Exemplo: Amoníaco.
(Produto
Intermediário)
z Por contaminação pela água

Materiais que se degradam pela adição da água.


Produto Final
Exemplo: óleo para transformadores.
(Acabado)
z Pela ação da gravidade

Materiais que podem sofrer deformações, caso


estocados da forma errada.
Exemplo: eixos de grande comprimento. Matéria-Prima

z Por queda, colisão ou vibração Constituem os insumos e materiais básicos que


ingressam no processo produtivo da empresa, ou seja,
Materiais frágeis (sensíveis). todos os itens iniciais necessários para a produção.
Exemplo: cristais e vidros. Internalizando o conhecimento, vamos utilizar
como exemplo prático a fabricação de papel.
402 z Pela mudança de temperatura
Neste caso, a matéria-prima para fabricação do Muitas questões deste assunto são retiradas do
papel é a madeira. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, o
famoso MCASP, publicado pela Secretaria do Tesouro
Materiais em processamento Nacional (STN).
De acordo com o manual, temos:
São os materiais que estão transitando pelas diver- Material Permanente X Material de Consumo
sas etapas do processo produtivo. Entende-se como material de consumo e material
No nosso exemplo, para a madeira ser transforma- permanente:
da em papel, é preciso extrair a polpa.
z Material de Consumo: aquele que, em razão de
Materiais semiacabados seu uso corrente e da definição da Lei nº 4.320/1964,
perde normalmente sua identidade física e/ou tem
São aqueles que se encontram na etapa final do sua utilização limitada a dois anos;
processo produtivo, mas ainda não está pronto para z Material Permanente: aquele que, em razão de
comercialização. seu uso corrente, não perde a sua identidade física,
É o caso da formação da bobina na fabricação de e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos.
papel, o processo produtivo já está bem avançado,
mas ainda não finalizado. Além disso, na classificação da despesa com aqui-
sição de material, devem ser adotados alguns parâ-
Materiais acabados metros que distinguem o material permanente do
material de consumo.
Também conhecido como produto intermediário, Um material é considerado de consumo caso aten-
é o produto que tomará parte no produto final, sem da um, e pelo menos um, dos critérios a seguir:
que haja alteração em suas propriedades.
No caso em tela, é o próprio papel, mas até este z Critério da Durabilidade: se em uso normal per-
momento não pronto para comercialização. de ou tem reduzidas as suas condições de funcio-
namento, no prazo máximo de dois anos;
Produto acabado (ou final) z Critério da Fragilidade: se sua estrutura for
quebradiça, deformável ou danificável, caracteri-
Trata-se do resultado final do processo produti- zando sua irrecuperabilidade e perda de sua iden-
vo da organização, sendo o produto pronto para ser tidade ou funcionalidade;
comercializado (pronto para ser entregue ao cliente z Critério da Perecibilidade: se está sujeito a modi-
final). ficações (químicas ou físicas) ou se deteriora ou
É a finalização do processo produtivo, no nosso perde sua característica pelo uso normal;
exemplo, é o papel já separado e embalado em resmas z Critério da Incorporabilidade: se está destinado
para a entrega ao consumidor final. à incorporação a outro bem, e não pode ser retira-
do sem prejuízo das características físicas e funcio-
nais do principal.
Importante! z Critério da Transformabilidade: se foi adquirido
para fim de transformação.
Não se pode confundir o produto acabado (final)
com os materiais acabados (produto intermediá- Para um melhor entendimento, listamos alguns
rio). Sendo que, o primeiro, é o produto já pronto materiais bastante cobrados nas provas de concursos:
para a comercialização.
z Material de expediente

Materiais Auxiliares Exemplo clássico de material de consumo.


NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
Devido ao seu uso corrente, tem sua utilização
Também conhecidos como materiais componen- limitada a dois anos.
tes/materiais indiretos/não produtivos, são aqueles
que não se incorporam ao produto final (utilizado no z Máquinas e equipamentos gráficos
processo produtivo).
No caso em tela, são todos os materiais que auxiliam Material Permanente.
no processo produtivo, mas que não se incorporam ao Sua durabilidade é superior a 2 anos.
produto final, tais como: materiais de escritório, lim-
peza, peças sobressalentes do maquinário. z Material bibliográfico

Em razão da classificação contábil (material Material Permanente.


permanente X material de consumo) Os livros e demais materiais bibliográficos apre-
sentam características de material permanente (dura-
A classificação de um material como permanente bilidade superior a dois anos, não é quebradiço, não
ou de consumo é uma classificação contábil muito uti- é perecível, não é incorporável a outro bem, não se
lizada no âmbito da Administração Pública. destina a transformação). 403
Importante! MANUTENÇÃO DE ESTOQUES

Neste caso, existe uma exceção!


De acordo com a Lei 10.753 de 2003 (Política
Nacional do Livro), os livros adquiridos para
bibliotecas públicas são classificados como Vantagens Desvantagens
material de consumo.

z Material para a manutenção de bens imóveis

Trata-se de um Material de Consumo. Neste caso,


são os materiais para a manutenção de bens imóveis,
assim, são considerados materiais de consumo (como
exemplo, os materiais de construção para reparos em
imóveis).

z Material de cama, mesa e banho

Trata-se de um Material de Consumo. Devido ao seu


uso corrente, tem sua utilização limitada a dois anos.

GESTÃO DE ESTOQUES
A utilização de grandes estoques, com o objetivo
Conceitos iniciais de atender o máximo de pedidos, é uma tarefa muito
onerosa para a organização, gerando baixa competi-
Podemos conceituar estoques como sendo um tividade; ou seja, altos custos agregados no produto
conjunto de materiais armazenados, com valor finan- colocado no mercado.
ceiro para a organização, alocado para utilização em Atualmente, mesmo com todas as vantagens lista-
momento futuro, quando se mostrar necessária às ati- das acima, as organizações buscam a implementação
vidades da empresa. da filosofia Just In Time (JIT), ou seja, a minimização
Neste sentido, verificamos que a manutenção de (ou até a eliminação) de seus estoques, mitigando
estoques é indispensável para um perfeito funciona- (amortecendo) seu comprometimento com os custos
mento do processo produtivo. Em contrapartida, os esto- de estoques.
ques representam um enorme investimento financeiro. Independentemente do tipo e/ou tamanho da orga-
Contudo, independentemente da escolha da organi- nização, o setor de estoques é essencial para garantir
zação em adotar uma política de minimização de esto- a eficiência nas operações, minimizar custos e conse-
ques ou então uma política de estoques em abundância quentemente aumentar os lucros.
priorizando o atendimento total dos pedidos, podemos Segundo DIAS (2019), as principais funções do
sintetizar a importância e os motivos do uso de estoques: setor de estoque são:

z Garantir o abastecimento de materiais à empresa, z Determinar o que deve permanecer em estoque;


neutralizando os efeitos de: z Determinar quando se deve reabastecer o estoque;
z Determinar a quantidade de estoque que será
„ Demora ou atraso no fornecimento de
necessário para um período pré-determinado;
materiais.
z Acionar o departamento de compras para execu-
„ Sazonalidade no suprimento.
tar a aquisição de estoque;
„ Riscos de dificuldade no fornecimento.
z Receber, armazenar e atender os materiais estoca-
dos de acordo com as necessidades;
z Proporcionar economias de escala:
z Controlar o estoque em termos de quantidade e
„ Por meio da compra ou da produção em lotes valor e fornecer informações sobre sua posição;
econômicos. z Manter inventários periódicos para avaliação das
„ Pela flexibilidade do processo produtivo. quantidades e estados dos materiais estocados;
„ Pela rapidez e pela eficiência no atendimento z Identificar e retirar do estoque os itens danificados.
às necessidades.
INDICADORES APLICADOS A GESTÃO DE
z Proteger as organizações de eventuais oscilações ESTOQUES
de demanda e de mercado.
z Oportunidade de investimento: especialmente Os indicadores são peças fundamentais no sucesso
em épocas inflacionárias, a aquisição de grandes da Administração de materiais, facilitam o entendi-
quantidades para longos períodos pode ser uma mento da situação real dos estoques, além de fornecer
404 estratégia em busca da vantagem competitiva. informações importantes na tomada de decisão.
Dessa forma, os indicadores de gestão de estoques Quantidade Física no Estoque
vão auxiliar no monitoramento e performance dos
Acurácia = Quantidade Existente no Sistema de
principais objetivos, e assim permitir a mensuração
das políticas adotadas. Controle
Por essa razão, os indicadores de estoques pos-
suem cada vez mais importância dentro da gestão de A acurácia em nível elevado traz como vantagens
estoques. o nível de serviço adequado ao cliente e um ressupri-
A seguir, conceituamos os principais indicadores mento mais eficaz.
aplicados a gestão de estoques, bem como as fórmulas Custos de estoques
matemáticas referentes aos respectivos cálculos. O estoque é um investimento (que envolve com-
prometimento de recursos) e, alternativamente, pode-
Nível de serviço ria ser aplicado em outras atividades.
Assim, a gestão de estoques tem por objetivo
encontrar um equilíbrio entre os custos de manuten-
É um indicador responsável por mensurar a efi-
ção do suprimento regular dos materiais e aos seus
ciência do almoxarifado, calculando o percentual de
níveis de estoques.
requisições dos demais setores da organização que Além do próprio custo do item material (compra
são atendidas com relação ao total de requisições. ou produção), podemos didaticamente dividir em 3
categorias os outras custos relacionados aos estoques:
Nível de Número de Requisições Atendidas
= z Custo Diretamente Proporcional
Serviço Números de Requisições Efetuadas
São os famosos custos de carregamento, ou seja,
O administrador de materiais deve procurar o aqueles que crescem com o aumento da quantidade
equilíbrio entre a disponibilidade de capital e o nível média em estoque (quanto maior estoque, maior o
custo de carregamento).
de serviço.
O custo de carregamento é composto pelo custo de
armazenagem somado com o custo de capital.
Giro de Estoque (Índice de Rotatividade)

É a quantidade de vezes que o estoque de determi- CC = CA + CK


nado item é renovado, em determinado período.
Onde:
Giro de Valor Consumido no Período CC = Custo de Carregamento
= CA = Custo de armazenagem
Estoque Valor de Estoque Médio no Período CK = Custo de capital

Um alto giro de estoque significa menos capital z Custo de armazenagem


imobilizado, o que, obviamente, é uma situação dese-
jada para a organização. Os custos de armazenagem são aqueles inerentes
Com a venda de um produto, a organização calcula da necessidade de se manter ou carregar os estoques.
Seguem os principais custos de armazenagem tra-
o giro de estoque, comparando o custo da mercadoria
zido pela literatura especializada:
vendida com o custo do estoque médio em um deter-
minado período.
„ Custo de espaço físico;
„ Custo de perdas;
Giro de Custo da Mercadoria Vendida „ Custo de furtos e roubos;
=
Estoque Custo do Estoque Médio „ Custo de obsolescência;
„ Custo com seguro para o estoque.
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
Taxa de cobertura de estoque (Antigiro) z Custo de capital

Esse indicador corresponde ao período de tempo Podemos definir o custo de capital sendo o valor
que um estoque cobre o consumo ou a demanda da no qual ocorre a deterioração do valor investido pela
organização, ou seja, informa o período em que o esto- opção de imobilização na aquisição do estoque.
que médio será capaz de atender à demanda média. O custo de capital pode ser calculado através dos
Em regra, o antigiro é calculado em dias. juros que incidem sobre o valor de compra ou de pro-
dução do item estocado.

Antigiro Período (dias)


= CK = j × P
(Dias) Giro de Estoque

Onde:
Acurácia do estoque CK = custo de capital
j = taxa de juros (geralmente anual)
É determinada pela relação entre a quantidade P = Custo estimado para compra ou produção do
física existente no estoque e aquela existente nos item.
registros de controle. 405
z Custo Inversamente Proporcional Segundo Dias (2019), são características básicas da
previsão de consumo:
São os custos no qual decrescem com o aumento
da quantidade média em estoque. z É o ponto de partida de todo planejamento
Caso os itens sejam adquiridos nos mercados, são empresarial;
chamados de custos de pedido; caso sejam produzidos z Não é uma meta de vendas;
internamente, são os custos de produção. z Sua precisão deve ser compatível com o custo de
obtê-la.
Adquiridos
Custo de
de As informações utilizadas na previsão da deman-
Pedido
Terceiros da, normalmente, são divididas em duas categorias,
Custos são elas:
Inversamente
Proporcionais
z Qualitativas
Custo de Produzidos
Produção Internamente
São as informações oriundas de especialistas sobre
os fatores que podem afetar a demanda, a partir de
pesquisas de mercado ou de opiniões dos gerentes,
Dica compradores ou vendedores.
Quanto menor for o estoque médio, maior será o
número de pedidos e consequentemente maior o z Quantitativas
custo de pedido.
São informações de fatores que podem afetar dire-
Exemplificando, vamos admitir que um custo por tamente a demanda, tais como a evolução das vendas
pedido de compras equivale a R$100,00, para uma no passado, variáveis como aumento populacional,
demanda anual de 2000 unidades: renda, a influência da propaganda, entre outras.
Ainda podemos classificar as técnicas de previsão
Nº DE de consumo em outros três grupos, são eles:
TAMANHO ESTOQUE CUSTO DO
EMPRESA DO MÉDIO
PEDIDO
PEDIDO
Projeção: são aquelas que admitem que o futuro
POR
PEDIDO (PEDIDO/2) ANUAL será repetição do passado ou as vendas evoluirão
ANO
no tempo futuro da mesma forma do que no pas-
X 2000 1000 1 R$ 100,00 sado; segundo a mesma lei observada no passado,
Z 500 250 4 R$ 400,00 este grupo de técnicas é de natureza essencialmente
quantitativa.
Exemplificando: é quando o gestor responsável
Portanto, constatamos quanto menor for o estoque projeta (define) que as vendas para o próximo ano
médio, maior será o custo de pedido anual. serão no mesmo quantitativo do ano corrente (repe-
tição do passado).
z Custos Independentes
Vendas Realizadas Projeção de Vendas
São os famosos custos fixos de manter um estoque,
Ano 2020 Ano 2021
ou seja, independe da quantidade de itens estocada.
Exemplo clássico exposto pela literatura espe- Produto “A” Produto “A“
cializada é o custo de aluguel do depósito de arma- • 2000 Unidades • 2000 Unidades
zenagem, pois mesmo que não tenha nenhum item
armazenado, o seu custo não alterará.
Outro exemplo de custo independente bastante Explicação: procuram-se explicar as vendas do
cobrado nas provas de concursos são o custo com os passado mediante leis que relacionem as mesmas com
recursos humanos do almoxarifado, pois independe outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsí-
do número e quantidade de itens armazenados. vel. São basicamente aplicações de técnicas de regres-
Sintetizando, mesmo que o nível de estoque seja são e correlação.
zerado, a organização ainda incorrerá nestes custos Exemplificando: através de técnicas estatísticas
independentes de armazenagem. é possível correlacionar a evolução do consumo de
Existe ainda um outro custo de estoque muito difí- álcool em gel com o aumento da população e a conti-
cil de mensurar: custo por falta de estoque, podendo nuação da pandemia.
acarretar o descumprimento de contratos, aplicação
de multas e no pior cenário a insatisfação e conse- Vendas Realizadas ↑ 50% Projeção de Vendas
quentemente a perda do cliente. Ano 2020 Ano 2021

Métodos de previsão de consumo


Produto Álcool Variáveis Produto Álcool
Um ponto crucial na gestão de estoques é a previ- em Gel em Gel
•Aumento
são de consumo (demanda), pois ela permite estimar • 2000 Unidades • 3000 Unidades
população
quais os produtos, quantos e quando eles serão com-
•Pandemia
406 prados pelos clientes.
Predileção: funcionários experientes e conhece- Primeiramente, é necessário atribuir os pesos às
dores de fatores influentes nas vendas e no mercado demandas anteriores.
estabelecem a evolução das vendas futuras.
Exemplificando: Ocorre quando através de opi-
niões de especialistas (gerentes, vendedores, analistas Importante!
de mercado) consegue estabelecer a evolução de ven-
O peso atribuído ao mês mais recente deve ser
das para o futuro.
o maior de todos. Normalmente, não é inferior a
50% (0,5).
Pesquisa de Evolução de Vendas
ano 2021

Gerente Loja ”A” Média


Vendas MÊS QUANTIDADE (UNIDADE) PESO
= 2000 Unidades Esperadas
Gerente Loja ”B” Aritmética
= 3000 Unidades para ano Janeiro 10 20%
Vendedor
= 4500 Unidades 2021
Analista de Fevereiro 8 30%
= 2500 Unidades 3000
Mercado
Unidades
Março 14 50%

Dentre os métodos quantitativos, há cinco técnicas Agora é só aplicar a fórmula:


matemáticas usuais para calcular a previsão de con-
sumo, vejamos: Previsão = (0,5 x 14) + (0,3 x 8) + (0,2 x 10)
Previsão = 7 + 2,40 + 2
z Método do último período Previsão = 11,40

Este modelo mais simples consiste em utilizar Logo, a previsão para o mês de abril utilizando o
como previsão para o período seguinte o valor ocorri- método móvel ponderada é de 11,40 unidades.
do no período anterior.
z Método da média com ponderação exponencial
z Método da média móvel
Este método elimina muitas desvantagens dos
Este método é uma extensão do anterior, em que métodos da média móvel e da média móvel pondera-
a previsão para o próximo período é obtida calculan- da. Além de dar mais valor aos dados mais recentes,
do-se a média dos valores de consumo nos n períodos apresenta menor manuseio de informações passadas.
anteriores. Apenas três valores são necessários para gerar a pre-
visão para o próximo período:
C₁ +C₂ +C₃ +....+ Cn
CM = „ A previsão do último período;
n „ O consumo ocorrido no último período;
„ Uma constante que determina o valor ou pon-
deração dada aos valores mais recentes.
CM = Consumo Médio
C = Consumo nos Períodos Anteriores z Método dos mínimos quadrados
n = Número de Período
Fonte: Dias, Marco Aurélio P.. Administração de Materiais (p. Esse método é usado para obter a equação de
28).2019. 7º edição. Atlas. uma reta que mais se aproxima de todos os dados da
demanda de estoque ao longo do tempo.
z Método da média móvel ponderada
Sistemas de reposição de estoques
Este método é uma variação do modelo anterior
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
em que os valores dos períodos mais próximos rece- A avaliação de um sistema de reposição de esto-
bem peso maior que os valores correspondentes aos ques leva à procura de respostas para duas questões
períodos mais anteriores. básicas que envolvem a Gestão de Materiais:
Vejamos um exemplo prático: Quando Repor?
A demanda de um item material teve o seguinte Quanto Repor?
comportamento nos últimos 3 meses (n=3): Diante dessas questões, dois sistemas se apresen-
tam como respostas para operacionalizar o controle
MÊS QUANTIDADE (UNIDADE) de estoques, são eles:

Janeiro 10 z Sistema de Revisão Contínua (Sistema “Q”, ou


ainda Sistema de Estoque Mínimo).
Fevereiro 8

Março 14 Esse sistema é baseado em um determinado nível


de estoque, que sinaliza a necessidade de repor uma
certa quantidade de material, sempre que esse nível
Vamos calcular a demanda para o mês de de estoque for atingido.
abril (atual), utilizando o método da média móvel Esta quantidade é o famoso Ponto de Pedido (Pon-
ponderada. to de Ressuprimento/Revisão ressuprimento/revisão). 407
É conhecido por Sistema “Q”, pois é um sistema
de Quantidade Fixa. Muitos autores também o deno-
minam sistema de reposição contínua pelo fato de a
reposição ocorrer continuamente em função da flu-
tuação dos níveis de estoque.
Para sua prova de concurso, é de suma importância
conhecer os conceitos sobre a reposição de estoques!
Requisitos (conceitos) inerentes ao sistema de
reposição Contínua (sistema “Q”):
Fonte: Alt & Martins. Administração de Materiais e Recursos
Patrimoniais. Editora Saraiva.
Ruptura de estoque
Para iniciar o processo, os itens são armazenados
É quando o estoque chega a zero (insuficiência de nessas duas gavetas. A menor, a gaveta A, tem uma
estoque) e não se pode atender uma necessidade de quantidade de material suficiente para atender o
demanda. período de reposição somado à quantidade do esto-
Com a ruptura do estoque advêm os custos por fal- que de segurança, que, em outras palavras, é a quan-
ta de estoque. tidade equivalente ao ponto de pedido (PP) ou ponto
de ressuprimento.
Tempo de reposição (TR) A gaveta B possui a quantidade para atender o con-
sumo previsto para o período, em outras palavras, é o
lote de compra.
É o intervalo de tempo entre a emissão do pedido e
As requisições de material são atendidas retiran-
a chegada do material. do-se os itens da gaveta B. Quando ela estiver vazia,
O Tempo de Reposição (TR) é usualmente chamado deverá ser solicitado um pedido de compras para
de Lead Time. repor os itens dessa gaveta. Enquanto a reposição
não é feita, as requisições deverão ser atendidas pela
Ponto de Pedido (PP) gaveta A.
Após o recebimento dos itens para reposição na
É a quantidade de um determinado material em gaveta B, deve-se completar o nível da gaveta A com
estoque que, sempre que atingida, deve provocar um os itens restantes da gaveta B, e, novamente, as requi-
novo pedido de compra. sições de materiais serão atendidas pela gaveta B.
O ponto de pedido é calculado através da seguinte
z Sistema de Revisão Periódica (Sistema P, ou ain-
fórmula:
da Sistema de Estoque Máximo)
PP = (C x TR) + ES
Onde: Os pedidos para reposição de estoques ocorrem
PP = Ponto de pedido em intervalos fixos, periodicamente, de acordo com
C = Consumo médio uma rotina, sempre ao término de uma revisão.
TR = Tempo de reposição Segundo Gonçalves, um exemplo deste sistema é
Es = Estoque de segurança. aquele utilizado em supermercados que, semanal-
mente, fazem uma revisão dos estoques de seus itens.
Lote de compra (LC) Dois parâmetros básicos precisam ser decididos
para administrar um sistema de revisão periódica,
É a quantidade de um determinado item de mate- são eles:
rial especificado no pedido de compras.
„ Definição da periodicidade em que as revisões
serão realizadas.
Estoque de Segurança (ES)
„ Determinação do nível de estoque máximo.
É a quantidade “extra” em estoque, capaz de cobrir
eventuais situações imprevisíveis, tais como:

„ Aumento imprevisto no consumo; Revisão


„ Atraso nas entregas de materiais; Revisão Revisão

„ Cancelamento de pedidos.

O estoque de segurança também é conhecido como


estoque mínimo ou estoque reserva, ou ainda, esto-
que “pulmão”. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de Materiais (p. 100). 7º
edição. Atlas.

Estoque Máximo (Emáx)


Métodos de avaliação de estoques

É o máximo de itens em almoxarifado, ou seja, é a A avaliação adequada dos materiais recebidos


soma do estoque de segurança com o lote de compra. e localizados no estoque é uma importante questão
Um método simples para operacionalizar o siste- para a Administração de materiais.
ma de revisão contínua é o chamado sistema de duas Avaliar os itens em estoque refere-se a uma esti-
408 gavetas (ou duas caixas). mativa de quanto capital encontra-se imobilizado
em estoque, esse controle financeiro é importante Vejamos na prática a aplicação desse método:
para facilitar a tomada de decisão sobre as políticas
a serem adotadas, além de garantir a maximização do
capital, ou seja, que o capital imobilizado em estoques
não atinja grandes volumes.
A avaliação dos estoques inclui o valor das merca-
dorias conforme seu preço de mercado (aquele pelo
qual é comprado o material e consta da nota fiscal do
fornecedor).
As organizações, normalmente, empregam outros
métodos de avaliação de estoques, são eles: Fonte: Chiavenato, Idalberto. Gestão de Materiais: uma Abordagem
Introdutória (p. 112), com adaptação pelo autor.
z Custo Médio
Na tabela acima, no dia 20/10/2014, houve uma
Também conhecido como método da média pon- entrada de 200 unidades de determinado material, ao
preço unitário de R$ 2,00 (saldo total R$ 400,00).
derada móvel, adota-se como valor de saída de um
No dia 25/11/2014, houve nova entrada de duzen-
item de material a média do valor dos itens existentes tas (200) unidades, ao valor unitário de R$ 4,00 (saldo
em estoque. atualizado de R$ 1.200,00).
De acordo com Dias, “Esse método age como um De acordo com o método PEPS, o valor da saída é
estabilizador, pois equilibra as flutuações de preços; o mesmo valor unitário do material que deu entrada
e, a longo prazo, reflete os custos reais das compras de na data mais remota, assim, para as saídas dos dias
material” (DIAS, 2019, pág.120). 28/11/2014 e 12/12/2014 utiliza-se o valor da entrada
do dia 20/10/2014. E para a saída do dia 13/12/2014,
Vejamos na prática a aplicação desse método: utiliza-se o valor de entrada do dia 25/11/2014.
Portanto, o preço unitário a ser lançado como saí-
da nas datas de 28.11 e 12.12 é de R$ 2,00.

z Método UEPS (LIFO)

No método UEPS (Último a entrar, Primeiro a sair),


ou no idioma inglês LIFO (Last in, First out), considera
que devem em primeiro lugar sair os últimos itens de
materiais que deram entrada no estoque, o que faz com
que o saldo seja avaliado ao preço das últimas entradas.
Assim, os itens restantes no estoque são aqueles
com preços de mercado mais desatualizados.
Fonte: Chiavenato, Idalberto. Gestão de Materiais: uma Abordagem
Em períodos inflacionários, é o método mais ade-
Introdutória (p. 111), com adaptação pelo autor.
quado, pois uniformiza o preço dos produtos em esto-
que para venda no mercado consumidor.
Na tabela acima, no dia 20/10/2014, houve uma entra- Porém, conforme a legislação tributária Brasileira
da de duzentas (200) unidades de determinado material, (artigo 295, Regulamento do Imposto de Renda - RIR),
ao preço unitário de R$2,00 (saldo total R$ 400,00). veda a utilização do método UEPS no Brasil.
No dia 25/11/2014, houve nova entrada de duzen- Caso o examinador questione somente o melhor
tas (200) unidades, ao valor unitário de R$ 4,00 (saldo método em períodos inflacionários, a resposta é o
atualizado de R$ 1.200,00). método UEPS.
Aplicando o método do custo médio na saída de Caso o examinador questione o melhor método em
períodos inflacionários no qual pode ser utilizado no
material na data 28/11/2014, encontramos o preço
Brasil, a resposta é o método do Custo Médio. NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
unitário da saída a partir da divisão entre o saldo total Vejamos na prática a aplicação desse método:
(R$ 1.200,00) com o quantitativo total (400 unidades).
Portanto, o custo médio a ser lançado como saída
em 28/11/2014 é de R$ 3,00.

z Método PEPS (FIFO)

No método PEPS (Primeiro a entrar, Primeiro a


sair), ou no idioma inglês FIFO (First in, First out), a
avaliação é feita pela ordem cronológica das entradas.
Neste método adota-se como valor de saída de um
Fonte: Chiavenato, Idalberto. Gestão de Materiais: uma Abordagem
material os preços dos itens que primeiro entrou no
Introdutória (p. 113), com adaptação pelo autor.
estoque, ou seja, os itens que deram entrada em data
mais remota. Na tabela acima, no dia 20/10/2014, houve uma entra-
Assim, os itens restantes no estoque são aqueles da de duzentas (200) unidades de determinado material,
com preços de mercado mais atualizados. ao preço unitário de R$ 2,00 (saldo total R$ 400,00). 409
No dia 25/11/2014, houve nova entrada de 200 uni- z Redução do tamanho dos lotes produzidos;
dades, ao valor unitário de R$ 4,00 (saldo atualizado z Flexibilidade da produção;
de R$ 1.200,00). z Diminuição dos custos operacionais;
De acordo com o método UEPS, o valor da saída z Qualidade constante;
é o mesmo valor unitário do material que deu entra- � Velocidade na entrega da produção;
da mais recentemente, assim, para as saídas dos dias z Fidelização dos parceiros dedicados, através do
28/11/2014 e 12/12/2014 utiliza-se o valor da entrada relacionamento ganha-ganha.
do dia 25/11/2014. E para a saída do dia 13/12/2014,
utiliza-se o valor de entrada do dia 20/11/2014. No quadro abaixo, sintetizamos os principais pon-
Portanto, o preço unitário a ser lançado como saí- tos do sistema Just in Time:
da nas datas de 28.11 e 12.12 é de R$ 4,00.
SISTEMA JUST IN TIME
z Custo de Reposição
� Sistema de produção puxada
A avaliação pelo custo de reposição tem por base
� Foco na demanda efetiva
o preço vigente (no mercado) do item material que
temos no estoque. � Redução de desperdícios
Levando em conta que os preços, em geral, variam
conforme a inflação, basta aplicar esse índice mensal � Estoques nulos / mínimos
aos valores de compra dos materiais.
� Aquisição/entrega de materiais apenas quando
necessários
Just in Time (JIT)
� Necessidade de maior agilidade no ressuprimento
O Just in Time é uma filosofia de gestão de estoque
na qual defende a minimização dos níveis de mate- � Estreito relacionamento com o fornecedor
riais/produtos estocados como forma de redução de
desperdícios.
O Just In Time requer uma perfeita integração
Foi introduzida no Japão, na década de 1970, nas
entre os diversos parceiros que atuam no processo
linhas de produção da Toyota, por Taichi Ohno (conhe-
produtivo.
cido como o pai do Just In Time), nas instalações da
Toyota Motor Company.
Sistemas informatizados
O Just In Time, ou sistema JIT como também é
conhecida, busca a produção de bens e serviços no
exato momento em que são necessários, minimizando A globalização da economia vem produzindo signifi-
custos, retrabalho e otimizando processos. cativas mudanças na forma de condução dos negócios.
O mestre Viana nos ensina: Nesse sentido, as organizações buscam cada vez
mais soluções nos sistemas informatizados com o obje-
“Just in Time é a produção na quantidade neces- tivo de agregar valor às rotinas de gestão de materiais.
sária, no momento necessário, para atender à Assim, os sistemas de planejamento de materiais
variação de vendas com o mínimo de estoque em preocupam-se basicamente com o dimensionamen-
produtos acabados, em processos e em matéria to correto dos estoques, adequando o seu tamanho a
prima. Em outras palavras, trata-se de filosofia de suas necessidades e com isso alcançar a tão sonhada
manufatura baseada na eliminação de toda e qual- redução de custos e consequentemente a maximiza-
quer perda e desperdício por meio da melhoria con- ção do lucro.
tínua da produtividade”. Nessa busca contínua de melhoramento, apoiado
pela evolução da tecnologia, surgem os sistemas infor-
Percebemos, que a filosofia Just in Time é simples e matizados de planejamento e controle de materiais.
poderosa, visto que procura eliminar perda diminuin-
do o estoque desnecessário, otimizando processos
e excluindo tarefas que não agregam valor, e conse-
quentemente aumentando as vantagens em cada ope-
ração e produzindo os bens e serviços somente nas z MRP (Materials Requirements Planning)
quantidades necessárias.
A mentalidade do JIT foca na produção enxuta, O MRP (Planejamento da necessidade de material)
liberando a produção através do conceito de “puxar” foi iniciado na década de 1960 e tem por objetivo o cál-
a demanda (o que é necessário, na qualidade requeri- culo da quantidade e dos prazos em que os materiais
da, no momento oportuno e quantidade precisa). necessários à fabricação de um produto são exigidos.
Para auxiliar a efetivação do JIT, encontramos a Assim, o foco do sistema MRP envolve a otimização
importante ferramenta Kanban que através de um de duas variáveis:
cartão ou etiqueta (significado do termo) leva as infor-
mações, na busca do estoque zero, por todos os elos da „ Volume
cadeia produtiva, para que todos tenham a informa- „ Tempo
ção e produzam somente o necessário.
A literatura especializada traz como vantagens da De acordo com Dias, “O sistema MRP é capaz de pla-
implementação do sistema Just In Time: nejar as necessidades de materiais a cada alteração na
programação de produção, registros de inventários ou
z Minimização dos prazos de fabricação; composição de produtos. Em outras palavras, trata-se
410 z Redução do tempo de preparação dos maquinários; de um sistema que se propõe a definir as quantidades
necessárias e o tempo exato para utilização dos mate- A grande inovação trazida pelo sistema MRP II foi
riais na fabricação dos produtos finais” (DIAS,2019). a possibilidade de gerenciar todos os recursos mate-
Podemos apresentar os objetivos do MRP como riais da organização em um só sistema.
sendo:
z ERP (Enterprise Resource Planning)
„ Garantir a disponibilidade de materiais, com-
ponentes e produtos para atendimento ao Com a evolução tecnológica da década de 1990, culmi-
nou no surgimento dos sistemas ERP (Enterprise Resour-
planejamento da produção e às entregas dos
ce Planning), um sistema de gestão integrada no qual
clientes;
abrange todas as funções da organização, tornando-se
„ Manter os inventários no nível mais baixo uma poderosa ferramenta à gestão e à tomada de decisão
possível; referente aos recursos humanos, finanças, área comer-
„ Planejar atividade de manufatura, de supri- cial, gerenciamento de projetos e gestão de processos.
mento e de programação de entregas. Conforme Gonçalves (pág. 276), “O ERP é um sis-
tema que obtém informações de todas as funções da
As informações de entrada para o sistema MRP empresa, monitorando materiais, compras, progra-
provêm de três grandes bases de dados: mação de produção, estoque de produtos acabados e
outras informações que tramitam na empresa como
z Plano mestre de produção dos produtos finais: que um todo”. (Gonçalves, 2007).
envolve os pedidos em carteira e as previsões de O sistema ERP típico é estruturado em módulos, no
vendas. qual permite sua implantação separadamente ou ain-
z Estruturas do produto com base na lista de com- da integrados com outros módulos, facilitando assim
a sua integração com toda a estrutura organizacional.
ponentes: é a relação de todos os materiais neces-
Esses módulos são basicamente, conforme
sários para montar uma unidade do produto final.
Gonçalves:
z A situação geral dos estoques destes itens: que
envolve os materiais em estoque. „ Finanças: rastreiam as informações financeiras,
tais como, receitas e custos das diversas áreas da
empresa.
„ Logística: cobre diferentes funções logísticas
como transporte, gerenciamento de estoques e
gerenciamento de centros de distribuições.
„ Manufatura: rastreia o fluxo de produtos ao
longo dos processos de manufatura, coorde-
nando o que fazer, quando fazer e com que
fazer.
„ Acompanhamento das ordens: monitora o
ciclo de ordens, acompanhando o progresso
da empresa para satisfazer os requisitos da
demanda.
„ Recursos Humanos: apoio a todas as atividades
relacionadas com recursos humanos.
„ Gerenciamento de Suprimento: monitora a
Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de Materiais (p. 103). performance dos fornecedores e ainda ras-
2019. 7º edição. Atlas. treia as liberações de produtos por parte dos
fornecedores.
z MRP II (Planejamento das necessidades de
manufatura).
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
Assim como o MRP, o sistema MRP II (Manufacturing Finanças
Resources Planning) baseia-se na lógica do cálculo de
necessidades, cujo objetivo principal é o planejamen-
to da compra e produção de itens componentes para Acompanhamento
Logística
das ordens
que ocorram nas quantidades e momentos necessá-
rios, sem faltas ou excessos. Entretanto, o sistema MRP
II amplia o escopo do MRP, permitindo a integração do
planejamento financeiro com o operacional e assim ERP
passa a considerar o Planejamento da Capacidade de
Recursos (CRP – Capacity Resource Planning).
Suprimentos Manufatura

Importante!
MRP II é uma excelente ferramenta de plane- Recursos
Humanos
jamento estratégico em áreas como logística,
manufatura, marketing e finanças. 411
São exemplos de sistema ERP: SAP-R/3, Oracle, Peo-
pleSoft, Baan, que ao serem implantados permitem
que as empresas façam uma reengenharia de seus
processos, reduzindo atividades que não agregam
valor.
A grande crítica ao sistema ERP é em relação ao seu Preço
foco ser predominantemente no nível operacional, Celebridade Econômico
faltando assim uma maior capacidade analítica para
auxiliar a tomada de decisão na fase do planejamento.
Gonçalves nos ensina que: “Os sistemas ERP são
excelentes para indicarem aos gerentes o que está
acontecendo, mas não têm capacidade para assinalar
o que poderá acontecer”. Qualidade

EXERCÍCIOS COMENTADOS Fonte: elaborado pelo autor com base em Fenili.

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da função da Conforme o mestre Gonçalves, para garantir que
administração financeira hospitalar, julgue o próximo os materiais e serviços exigidos sejam fornecidos
item. nas quantidades corretas, com qualidade e no tempo
Na administração dos estoques just-in-time, se man- desejado é essencial a busca dos seguintes objetivos
tém um estoque de segurança para que, na necessida- nos processos de compras:
de do produto, o material já esteja disponível.
z Comprar de forma eficiente, maximizando o ganho
( ) CERTO ( ) ERRADO da organização, dentro dos padrões éticos.
z Garantir o suprimento dos materiais nos prazos e
Just in Time é a produção na quantidade necessária, qualidade definidas.
no momento necessário, para atender à variação de z Criar e desenvolver um cadastro de fornecedores.
vendas com o mínimo de estoque (se possível, busca z Criar processos de aquisição, que sejam ágeis e
o estoque nulo). Os elementos principais do just in que permitam um efetivo controle.
time, entre outros, são: ter somente o estoque neces-
sário e melhorar a qualidade tendendo a zero defei- PERFIL DO COMPRADOR
to. Resposta: Errado.
Atualmente, com os inúmeros casos de corrupção,
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsequen- tanto na iniciativa privada quanto na esfera pública,
te, a respeito da administração de recursos materiais. a figura do comprador tornou-se central nos debates
O setor de controle de estoques de materiais é respon- nas organizações.
sável por definir que produtos devem ser mantidos em O comprador é o elemento humano das compras,
estoque, bem como a quantidade necessária e a perio- responsável pelo contato com o ambiente externo,
dicidade de reabastecimento de cada um deles. representando a imagem da organização.
O atributo indispensável ao comprador é, sem
( ) CERTO ( ) ERRADO sombra de dúvidas, sua postura ética, sempre respei-
tando os valores da empresa.
Exatamente! É de responsabilidade do setor de esto- De acordo com Viana, “Ser bom negociador, ter ini-
ques definir o que armazenar, a quantidade a arma- ciativa e capacidade de decisão, bem como objetividade
zenar e quando realizar o pedido. Resposta: Certo. e idoneidade, são as principais características do com-
prador, as quais norteiam sua conduta profissional”
(VIANA, 2009).
Seguindo esse raciocínio, listamos no quadro abai-
COMPRAS xo as posturas desejadas ao comprador em um pro-
cesso de negociação:
MODALIDADES DE COMPRA, CADASTRO DE
FORNECEDORES PERFIL DO COMPRADOR

POSTURAS DESEJADAS
Conceitos Iniciais
z Priorizar os interesses da organização, sempre
A função de compra é uma das atividades da pautado nos valores éticos.
gestão de materiais e tem por finalidade suprir as z Atuar de forma transparente nas negociações.
necessidades de materiais ou serviços, planejá-las z Denunciar quaisquer irregularidades ou ilicitudes
quantitativamente e satisfazê-las no momento ade- nas negociações.
quado com as quantidades corretas, verificar se rece- z Tratar os fornecedores com isonomia.
beu efetivamente o que foi comprado e providenciar z Buscar uma relação ganha-ganha com os
armazenamento. fornecedores.
Assim, inferimos, que uma aquisição é bem con- z Cumprir com os termos da negociação.
duzida quando obtém o equilíbrio entre os atributos
412 da celeridade (rapidez), qualidade e preço econômico. Fonte: elaborado pelo autor com base em Fenili.
ESTRATÉGIAS DE AQUISIÇÃO Centralização X Descentralização

A escolha correta da estratégia de compras pode Após a escolha entre produzir internamente ou
dar à organização uma grande vantagem competiti- adquirir de terceiros, é necessário definir a estrutura
va. A primeira análise na estrutura organizacional é organizacional do setor de compras, assim, podendo
a decisão entre produzir o máximo de itens interna- ser centralizado ou descentralizado.
mente na organização (Verticalização) ou adquirir o Na estrutura centralizada, as compras são agrupa-
máximo de itens de terceiros (Horizontalização). das em um único órgão, permitindo assim uma maior
coesão na política de compras.
Horizontalização X Verticalização Quando a organização possui unidades adminis-
trativas dispersas geograficamente, a centralização
A organização pode decidir como estratégia de não é recomendável. Nesse caso, opta-se por uma
aquisição a produção interna da maioria dos mate- estrutura descentralizada das aquisições entre as
riais/produtos necessários para o processo produ- diversas unidades regionais.
tivo (Verticalização), ou optar por adquirir mais Esquematizando:
de terceiros, em detrimento de fabricação própria
(Horizontalização).
Único órgão
A verticalização é a estratégia que prevê que a Centralizado responsável
pelas compras
empresa produzirá internamente tudo o que puder, Setor de Compras
ou pelo menos tentará produzir.
A horizontalização consiste na estratégia de com- Compras são
prar de terceiros o máximo possível de itens que com- Descentralizado
realizadas
pelas unidades
põem o produto final ou os serviços de que necessitam. regionais
A escolha em produzir internamente, ou em
adquirir os materiais no mercado, é sempre da alta
administração, considerando os custos e a estrutura Vantagens da Centralização:
da organização.
Atualmente, as organizações têm grande preferên- z Melhor controle por parte da direção;
cia pela estratégia da horizontalização, assim, pode- z Economia de escala (compras maiores);
mos constatar que um dos setores de maior expansão z Otimização e especialização de pessoal;
z Evita a concorrência interna (entre os comprado-
é o de terceirização e parcerias.
res regionais) e a disparidade de preços;
No quadro abaixo, listamos as vantagens e desvan-
z Homogeneidade da qualidade de materiais;
tagens dessas estratégias:
z Melhoria na relação com fornecedores.

HORIZONTALIZAÇÃO Vantagens da Descentralização:


(COMPRAR DE TERCEIROS O MÁXIMO POSSÍVEL)

VANTAGENS DESVANTAGENS z Maior autonomia funcional (unidades regionais);


z Maior flexibilidade e sensibilidade na solução dos
z Redução de custos z Menor controle problemas;
z Maior flexibilidade e tecnológico z Permite responder mais rapidamente às necessi-
eficiência z Deixa de auferir o dades de compras emergenciais;
z Incorporação de lucro do fornecedor
z Maior conhecimento dos fornecedores locais.
novas tecnologias z Maior exposição
z Foco no negócio prin-
Na centralização, obtém-se um maior controle por
cipal da organização
parte da direção.
Na descentralização, obtém-se uma maior agilida- NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
VERTICALIZAÇÃO de nos processos de aquisição.
(PRODUZIR INTERNAMENTE O MÁXIMO POSSÍVEL)
CICLO DE COMPRA
VANTAGENS DESVANTAGENS

z Independência de z Maior Investimento Para fins didáticos, podemos dividir o ato de com-
terceiros z Menor Flexibilidade prar nas seguintes atividades:
z Maiores Lucros (perda de foco)
z Maior autonomia z Aumento da estrutura z Determinação do que, de quanto e de quando
z Domínio sobre tecno- da empresa comprar.
logia própria z Estudo dos fornecedores e suas capacidades
técnicas.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Martins & Alt. z Promoção da concorrência entre os fornecedores
para decisão da proposta mais vantajosa.
De um modo geral, não se terceiriza os processos z Fechamento do Pedido (contrato).
fundamentais, ou também denominados “core pro- z Acompanhamento ativo entre o pedido e a entrega.
cess”, por questões de detenção tecnológica, qualida- z Encerramento do processo através do recebimento
de do produto e responsabilidade final sobre ele. do material (controle da qualidade e quantidade). 413
Assim, de acordo com o autor Viana, podemos z Compras Informais: São as compras de peque-
identificar a amplitude de uma compra conforme o no valor, as quais dispensam maiores trâmites
ciclo abaixo: burocráticos.

DE ACORDO COM A FORMALIZAÇÃO


Pedido de Processamento Cadastro de DAS COMPRAS
compra da compra fornecedores
Compras Formais Compras Informais

São as aquisições de mate- São aquisições que não ne-


riais em que é obrigatório a cessitam de documentação
documentação do processo de todo o processo.
Concorrência Julgamento Negociação
de compra. Ex.: Em regra, são as com-
Ex.: Normalmente, são com- pras de pequeno valor. Como
pras com valores pré-esta- exemplo, podemos citar a
belecidos na qual justifica compra de um pacote de
a formalização de todo o café, ou seja, não necessi-
Adjulgação do Diligenciamento processo (exigência de com- tando de nenhum trâmite
Recebimento
pedido (Follow Up) provação de pesquisa de burocrático.
mercado, negociação)

Portanto, o chamado ciclo de compras de uma orga-


De acordo com localização do fornecedor
nização engloba todas as atividades que se estendem,
desde o pedido de compra (proveniente dos diversos
z Compra Local: O fornecedor é da mesma naciona-
setores internos da organização) até o recebimento
lidade do comprador.
dos materiais e aprovação da fatura para pagamento
z Compra por importação: Fornecedor e compra-
ao fornecedor.
dor são de países distintos.
MODALIDADES (TIPOS) DE COMPRAS
DE ACORDO COM LOCALIZAÇÃO DO FORNECEDOR
Conforme a literatura especializada, é possível Compra local Compra por importação
classificar uma determinada requisição de acordo
com a sua necessidade ou forma de comprar. São as compras realizadas São as aquisições em que os
De acordo com a necessidade de entrega do item: com fornecedores da mesma compradores e fornecedores
localidadedo comprrador. são de países distintos.
Ex.: Uma grande empresa de Ex.: Aquisição de insumos
z Compra normal: Procedimento adotado quando fabricação de móveis adquiri para fabricação de remédios
o prazo for compatível. Utiliza-se para obter as as fechaduras de uma em- de uma farmacêutica Brasi-
melhores condições do mercado e das técnicas de presa localizada na mesma leira com um fornecedor lo-
aquisição. É o cenário mais vantajoso, pois permi- região. calizado na Índia.
te ao comprador o estabelecimento de condições
ideais para a organização.
De acordo com o item comprado
z Compra em emergência: Acontece quando a
necessidade de material é urgente, muitas vezes,
z Compra para investimento: São as aquisições de
devido a falha no planejamento ou por situações
bens patrimoniais.
imprevistas. Neste caso, para a compra ser mais
z Compra para consumo: São as aquisições de
célere, ocorre a supressão de algumas das fases do
materiais de consumo (matérias-primas, produtos
ciclo de compras, o que torna a compra mais one-
intermediários e auxiliares).
rosa para a empresa.
DE ACORDO COM O ITEM COMPRADO
DE ACORDO COM A NECESSIDADE DE
ENTREGA DO ITEM Compra para investimento Compras para consumo
Compra normal Compra em emergência São as aquisições de bens São as aquisições em que
e materiais que irão compor os itens materiais serão
Ocorre quando o prazo dis- Ocorre quando a compra o ativo da organização. Nor- consumidos em curto ou
ponível possibilita que o de material é urgente, nes- malmente, a vida útil do item médio prazo.
comprador execute todas as te caso, não há tempo para é elevada. Ex.: Matérias-primas, ma-
atividades necessárias. executar todas as etapas da Ex.: Compras de máquinas, terial de consumo, itens de
Ex.: A compra segue todos os aquisição. veículos. escritório.
trâmites pré-estabelecidos, Ex.: Na falta de um item ma-
sem nenhuma limitação de terial, o setor de compras
tempo (prazo de entrega) realiza a aquisição sem a De acordo com a recorrência da compra
devida pesquisa de merca-
do (o que leva a compras
desvantajosas). z Compras Diretas: São as compras realizadas
usualmente pela empresa (rotineiras).
z Compra Nova: São as compras inéditas, ou seja,
De acordo com a formalização das compras realizadas pela primeira vez (em regra, são mais
demoradas devido à pouca informação disponível
z Compras Formais: São as compras que exigem no mercado).
documentos que comprovem a tramitação de um z Recompra Modificada: São as compras rotineiras,
414 processo. as quais sofrem alguma variação nos procedimentos.
DE ACORDO COM A RECORRÊNCIA Fontes Múltiplas (multi-sourcing): Os materiais
DA COMPRA são adquiridos de dois ou mais fornecedores.

Compras Diretas VANTAGENS DESVANTAGENS

Ocorre nas situações de compras rotineiras, nes- Dificuldade de criar maior


Melhor preço através da com-
se caso, o consumidor já tem todas as informações comprometimento do
petição entre fornecedores.
fornecedor.
necessárias.
Ex.: Compras realizadas mensalmente de papel A4. Maior flexibilidade (possibili- Maior dificuldade na comuni-
dade de mudar de fornecedor cação (diferentes fornecedo-
Compra Nova a qualquer momento). res = diferentes canais).

São as compras inéditas, ou seja,realizadas pela pri- Possuir várias fontes de


Menor economia de escala.
meira vez (em regra, são mais demoradas devido à conhecimento.
pouca informações disponíveil no mercado).
Ex.: É a compra de um maquínario novo, ainda inédito
na organização. No quadro abaixo, elencamos as vantagens e des-
vantagens de fontes únicas e múltiplas:
Recompra Modificada

Ocorre quando os itens materiais a serem comprados FONTES ÚNICAS


são recorrentes, mas que devem sofrer algumas altera- VANTAGENS DESVANTAGENS
ção nas compras futuras.
z Maior potencial de desen- z Perda de flexibilidade.
Ex.: A necessidade de alterar a qualidade do papel A4 volver uma verdadeira z Vulnerabilidade no caso
nas futuras aquisições. relação ganha-ganha. de ocorrer falha no
z Maior comprometimento fornecimento.
e foco nos esforços. z Dependência excessiva (o
FORNECEDORES z Agilidade. fornecedor pode forçar o
z Melhor comunicação. aumento dos preços).
O setor de compras deve sempre buscar o melhor z Cooperação mais fácil
fornecedor, ou seja, aquele que oferece um bom pra- no desenvolvimento de
zo de pagamento, juntamente com o prazo de entrega novos produtos.
almejado pela organização, aliado a um preço justo, z Maior economia de
porém com a máxima qualidade. escala.
Segundo Arnold (1999, p. 218), “uma vez tomada a
decisão sobre o que comprar, a segunda decisão mais FONTES MÚLTIPLAS
importante refere-se ao fornecedor certo”. VANTAGENS DESVANTAGENS
Outro ponto crucial a ser analisado é o tipo de rela-
cionamento e o número de fornecedores envolvidos z Melhor preço através da z Dificuldade de criar maior
competição entre forne- comprometimento do for-
nos processos de aquisições.
cedores. necedor.
Em relação ao tipo de relacionamento com os for- z Maior flexibilidade (pos- z Maior dificuldade na co-
necedores, temos: sibilidade de mudar de municação (diferentes
fornecedor a qualquer fornecedores = diferentes
z Fornecedor Único (Single): A organização tem momento). canais).
mais que um fornecedor qualificado, mas se abas- z Possui várias fontes de z Menor economia de es-
tece de apenas um. conhecimento. cala
z Fornecedor Exclusivo (Sole): A organização tem
apenas um fornecedor qualificado e exclusivo. Independentemente da escolha do número de for-
necedores, as organizações cada vez mais esperam um
Em relação ao número de fornecedores, temos: desempenho adequado de seus parceiros, assim é funda-
Fontes Únicas (single-sourcing): Os materiais são mental auxiliar no desenvolvimento dos fornecedores.
adquiridos somente de um fornecedor. De acordo com Handfield (2000), “desenvolver um NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
fornecedor é qualquer atividade que uma empresa
VANTAGENS DESVANTAGENS
cliente realiza com o intuito de melhorar o desempenho
Maior potencial de desenvol- e/ou capacidade do fornecedor no curto ou longo pra-
ver uma verdadeira relação Perda de flexibilidade.
zo” (HANDFIELD,2000).
ganha-ganha.
Portanto, é preferível mudar de abordagem “sele-
Maior comprometimento e Vulnerabilidade no caso de ção de fornecedores” para uma do tipo “desenvolvi-
foco nos esforços. ocorrer falha no fornecimento.
mento de fornecedores”, implementando a cultura do
Dependência excessiva ganha-ganha.
Agilidade. (o fornecedor pode forçar o
aumento dos preços).
LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS (LEC)
Melhor comunicação.
Cooperação mais fácil no de- A decisão sobre o tamanho ideal do lote de compra
senvolvimento de novos pro- é fundamental na gestão de recursos materiais. Visan-
dutos.
do encontrar um quantitativo de itens que implicasse
Maior economia de escala. a mínima combinação entre os custos de armazena-
gem e o custo de pedido, determinou-se o famoso Lote
Econômico de Compras (LEC). 415
Assim, podemos sintetizar que o Lote Econômi- 'A descentralização ocorre através da delegação da
co de Compra (LEC) é um procedimento matemático tomada de decisão para o gestor, o qual se encontra
que tem por finalidade determinar a quantidade a ser na “ponta da cadeia”. Assim, consequentemente, o
comprada, tendo como objetivo a minimização dos processo é mais curto e rápido. Aliás, é considerada
custos totais que atingem os estoques. a principal vantagem na descentralização do setor
De acordo com o autor Viana, “O lote econômico de compras. Resposta: Letra A.
para compra representa a quantidade de material,
2. (QUADRIX – 2019) Em relação à administração de
de tal forma que os custos de obtenção e manutenção
materiais, julgue o item.
sejam mínimos” (VIANA, 2008). A diligência de compras é uma estratégia de atuação
O objetivo é executar as compras nas quantidades preventiva, uma vez que as visitas aos fornecedores
certas no momento adequado, para que haja o míni- possibilitam acompanhar os padrões de qualidade e
mo custo operacional. os prazos para a fabricação dos produtos contratados.
O LEC é regido pela seguinte equação:
( ) CERTO ( ) ERRADO
2 · D · Cp
LEC = O diligenciamento (diligência de compras), ou tam-
(Ca + j + p)
bém conhecido como Follow-Up, é uma atuação pos-
terior ao ato da compra. Conforme o mestre Viana,
Onde: temos que: “O diligenciamento é a atividade que obje-
D = Demanda anual em quantidade tiva garantir o cumprimento das cláusulas contra-
Cp = Custo unitário do pedido de compra tuais, com especial atenção para o prazo de entrega
Ca = Custo unitário de armazenagem acordado, acompanhando, documentando e fiscali-
J = Taxa de juros, por período zando as encomendas pendentes em observância aos
P = Preço do item interesses da empresa” (VIANA, 2009 - p.177).
Outro ponto importante para as provas de Admi- Corrigindo a assertiva:
nistração de recursos materiais, é conhecer a repre- A diligência de compras é uma estratégia de atua-
ção preventiva (atuação posterior), uma vez que as
sentação gráfica do Lote Econômico de Compra (LEC):
visitas aos fornecedores possibilitam acompanhar
os padrões de qualidade e os prazos para a fabri-
cação dos produtos contratados. Resposta: Errado.

COMPRAS NO SETOR PÚBLICO


EDITAL DE LICITAÇÃO

Conceitos Iniciais

Na Administração Pública (Administração Direta,


Empresas Estatais e Autarquias) em geral, ao contrário
da iniciativa privada, as aquisições de qualquer natu-
reza obedecem a Lei Geral de Licitações e Contratos
(Lei nº 8.666/1993), motivo pelo qual tornam-se total-
mente transparentes.
Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de Materiais (p. 75).
Desse modo, é possível concluir, que a diferença
Atlas. Edição do Kindle.
entre os tipos de compras é o formalismo no serviço
Público e a informalidade na iniciativa privada. Essa
formalidade no setor público se deve ao respeito do
princípio da Legalidade. “[...] a legalidade, como prin-
EXERCÍCIOS COMENTADOS cípio de administração, significa que o administrador
público está, em toda sua atividade funcional, sujei-
1. (CESPE – 2019) Nas organizações, a estrutura de to aos mandamentos da lei, e às exigências do bem
compras descentralizada é mais vantajosa que a cen- comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob
tralizada por: pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabi-
lidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”
a) possibilitar mais rapidez e agilidade às solicitações de (MEIRELLES,2005).
compras. Independentemente dessa particularidade, os
b) permitir melhor controle global do processo de com- demais procedimentos de compras são praticamente
pras e dos estoques. idênticos tanto na esfera pública, quanto na privada.
c) reduzir os custos dos pedidos em relação à quantida- E qual o procedimento que a Administração
de de pessoal alocado. Pública deve utilizar para realizar suas compras?
d) evitar divergências de preços na aquisição de um mes- Esse procedimento é chamado de Licitação!
mo produto por compradores distintos. Vamos agora estudar os aspectos mais importantes
e) ser mais econômica em função da quantidade de pro- e significativos de licitações públicas que são exigidos
416 dutos adquiridos. nas provas de Administração de materiais.
LICITAÇÃO Sintetizando, são objetivos da licitação:

A licitação é um procedimento administrati-


LICITAÇÃO
vo que antecede a celebração de contratos com a
Administração Pública. z Proposta mais vantajosa para a
Como vimos, enquanto as esferas particulares administração
dispõem de ampla liberdade para realizar as con- Objetivos z Tratamento igualitário aos que dese-
tratações, a Administração Pública, diferentemente, jam contratar com a Administração
é obrigada a adotar a licitação com fundamento na z Desenvolvimento Sustentável
Constituição Federal de 1988 estabelecido no artigo
37, inciso XXI, in verbis:
Princípios licitatórios
Art. 37 A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Em relação aos princípios da licitação, devido a
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos sua grande incidência em provas de concursos, vamos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- entender cada um deles:
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
z Impessoalidade
XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-
ção, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação públi- Esse princípio impõe que o procedimento licitató-
ca que assegure igualdade de condições a todos os rio seja destinado a todos os interessados, proibindo
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obri- assim o favorecimento pessoal.
gações de pagamento, mantidas as condições efeti- Nesse sentido, o gestor público deve buscar sem-
vas da proposta, nos termos da lei, o qual somente pre o interesse público, não criando restrições ou van-
permitirá as exigências de qualificação técnica e tagens para os administrados, tampouco concedendo
econômica indispensáveis à garantia do cumpri- benefícios pessoais, para si mesmo ou para terceiros.
mento das obrigações.
Resumindo: a impessoalidade veda o “apadrinha-
mento”, o favoritismo, os conluios pessoais.
É do nosso conhecimento que a maior parte dos
Como exemplo, podemos citar: se o administrador
recursos públicos utilizados para compras e contrata-
público precisar contratar uma empresa de limpeza,
ções advém de impostos recolhidos, assim como garan-
tia do bom uso desse dinheiro a Administração Pública deve proporcionar tratamento neutro e equânime, e
é obrigada a respeitar os imperativos da isonomia, nunca permitir o “direcionamento” do procedimento
impessoalidade, moralidade e indisponibilidade do para contratar empresas de conhecidos (políticos).
interesse público e, portanto utilizar o procedimento
licitatório como ferramenta de compras e contratação. z Moralidade
Assim, podemos conceituar licitação como sen-
do o procedimento administrativo pelo qual a Esse princípio nos remete a honestidade, ao res-
Administração Pública, em qualquer de seus níveis, peito dos valores morais e observância da legalidade
prevendo comprar materiais e serviços, realizar (valores jurídicos).
obras, alienar ou locar bens, segundo condições esti- A ideia do princípio em tela é estabelecer uma
puladas previamente, convoca interessados para noção de probidade a ser buscada por todos os agen-
apresentação de propostas, a fim de selecionar a que tes públicos, sendo-lhes exigido não só o atendimento
se revele mais conveniente em função de parâmetros à lei, mas também ao interesse público.
preestabelecidos e divulgados. Exemplificando a falta de moralidade: é quando o
Pode-se dizer, portanto, que as licitações têm como gestor público, na necessidade de locação de um imó-
finalidade propiciar igualdade de oportunidades entre vel, afasta todo o procedimento licitatório, e dá prefe-
aqueles que desejam contratar com a Administração rência para o imóvel de seu familiar.
Pública, além de legitimar e tornar lícitas as compras
públicas. z Igualdade
E qual são os objetivos da licitação? E os princípios NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
que todo gestor público é obrigado a seguir? Esse princípio obriga o óbvio: assegurar iguais
oportunidades a todos os possíveis interessados,
Objetivos da licitação impedindo descriminação entre os participantes, seja
através de regras que favoreçam “os amigos do rei”,
Encontramos as respostas para essas perguntas no ou mediante julgamento eivados de vontade pessoal.
artigo 3º da Lei de licitações, no qual transcrevo abai- Exemplificando da falta da igualdade: é quando o
xo (grifos meus): gestor público inseri pré-requisitos no edital da licita-
ção sabendo que somente as empresas de amigos (ou
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a obser- sócios) poderão cumprir essa exigência.
vância do princípio constitucional da isonomia, a
seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
z Publicidade
tração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legali- Esse princípio visa a divulgação plena de todos
dade, da impessoalidade, da moralidade, da igual- os atos do procedimento licitatório, possibilitando o
dade, da publicidade, da probidade administrativa, controle por toda a sociedade, além de conferir aos
da vinculação ao instrumento convocatório, do jul- participantes ciência das decisões permitindo assim
gamento objetivo e dos que lhes são correlatos. um acompanhamento e maior lisura de todos os atos. 417
Na Administração Pública a regra é a total publici- Sintetizando:
dade, e o sigilo, é exceção!
Como exemplo, podemos citar: a obrigatorieda- z Julgamento Objetivo
de de publicação do extrato do edital de licitação na
imprensa oficial (no caso da Administração Federal, Esse princípio obriga o gestor público a utilizar
no Diário Oficial da União). critérios de julgamentos que foram previamente
estabelecidos no edital da licitação, afastando assim
qualquer tipo de discricionariedade na avaliação das
z Probidade Administrativa
propostas
O princípio em tela conjuntamente com o princí-
Esse princípio refere-se a boa atuação do gestor pio da igualdade veda a utilização de qualquer ele-
público, priorizando ações que visam o interesse mento, critério ou fator subjetivo no qual possibilite a
público. diferenciação entre os licitantes, tornando o procedi-
Diferentemente da moralidade, no qual se situa no mento licitatório o mais justo possível.
campo da honestidade, a probidade administrativa Chegou o momento de saber como o gestor públi-
busca uma melhor atuação do agente público em face co operacionaliza os procedimentos de compras e/ou
da qualidade gerencial, na procura contínua do que é contratações respeitando os princípios acima elenca-
dos e os objetos expostos na Lei, e a resposta é através
melhor para a Administração.
da escolha de uma modalidade de licitação!
Exemplificando: na necessidade de realizar uma
pesquisa de preços para definir a modalidade de lici-
Modalidades de Licitação
tação, o gestor público deve executar com zelo, res-
peitando as boas práticas e objetivando a excelência. Modalidades de licitação são formas de realização
do procedimento licitatório que visam ajustar às pecu-
z Vinculação ao instrumento convocatório liaridades de cada tipo de negócio administrativo.
De acordo com o artigo 22, inciso XXVII, da
Esse princípio indica que a Administração Pública Constituição Federal de 1988, compete à união definir
não pode descumprir as condições e normas previstas as modalidades de licitação.
no edital da licitação. Assim, concluímos que somente Lei Federal, pode-
Em outras palavras, impede a utilização, após a rá instituir as modalidades licitatórias.
Atualmente, portanto, são sete modalidades
publicação do edital, de critérios diferentes daque-
licitatórias:
les estabelecidos, inibindo assim a criação de novas
regras de maneira a surpreender os licitantes.
Exemplificando: caso a Administração Pública esti- MODALIDADE DE LICITAÇÃO
pule no edital de licitação a necessidade de comprova-
ção de atestados técnicos referente ao objeto licitado,
desse modo não é mais permitido a alteração deste
Lei nº Lei nº Lei nº
pré-requisito durante o procedimento licitatório.
8.666/1993 10.520/2002 9.472/1997

Importante!
1. Concorrência 1. Pregão 1. Consulta
Do princípio da Vinculação ao instrumento con- 2. Tomada de Preços
vocatório surge a afirmação de que o edital é a 3. Convite
4. Concurso
lei da licitação. 5. Leilão

Outro ponto de destaque é a possibilidade de alte- Não se pode confundir modalidades de licitação
ração dos termos do Edital. O legislador mitigou esse com os tipos de licitação, no qual tratam-se do crité-
princípio, mas exigiu que qualquer alteração signifi- rio de julgamento das propostas no âmbito do proce-
cativa é necessária uma nova divulgação na mesma dimento licitatório. São tipos de licitação conforme o
artigo 45 da Lei Geral de Licitações:
forma que se deu o texto original, reabrindo-se o pra-
�Menor preço
zo inicialmente estabelecido. �Melhor técnica
Esquematizando: �Técnica e preço
�Maior lance e oferta.
Vamos conceituar e conhecer as particularidades
Alteração do edital de cada uma das modalidades de licitação!
Nova divulgação do edital A primeira informação importante é conhecer que
a concorrência, tomada de preços e o convite podem
Casa a alteração Reabertura dos prazos
Da mesma ser definidas em função dos valores envolvidos.
seja significativa
maneira que Modalidades de licitação previstos na Lei nº
anteriormente 8.666/1993:
fora divulgado Reabre os
prazos para
os eventos � Concorrência: A concorrência é a modalidade
pendentes de licitação indicada para contratos de grande
418 valor, quaisquer interessados podem participar
(cadastrados ou não), é necessário que comprovem, COMPRAS E OUTROS SERVIÇOS
na fase de habilitação preliminar, possuir os requi-
sitos mínimos de qualificação exigidos no edital. z Concorrência Mais de 1.430.000,00
z Tomada de preços: Tomada de preços é a modali-
z Tomada de Preço Até 14.30.000,00
dade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condi- z Convite Até 176.000,00
ções exigidas, observada a necessária qualificação.
DISPENSA DE LICITAÇÃO
O cadastramento pode ser realizado até o terceiro
dia anterior à data do recebimento das propostas. Obras / serviços Até 33.000,00
z Convite: O convite é a modalidade de licitação indi- engenharia
cada para as contratações de menor vulto, dessa
maneira o legislador simplificou o formalismo Compras e serviços Até 17.600,00
exacerbado das demais modalidades.
As outras duas modalidades previstas na Lei nº
À luz do artigo 23, parágrafo 3º da Lei nº 8.666/1993, 8.666/1993 (concurso e leilão) não são utilizadas para
temos: aquisição de bens ou contratação de serviços, por
essa razão não são muito exploradas nas provas de
“Convite é a modalidade de licitação entre interes- Administração de materiais e sim na disciplina de
sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastra- Direito Administrativo, são elas:
dos ou não, escolhidos e convidados em número Diferentemente das 3 modalidades de licitação já
mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, estudadas da Lei nº 8.666/1993, o concurso e o leilão
a qual afixará, em local apropriado, cópia do ins- não têm como objetivo a aquisição de bens ou contra-
trumento convocatório e o estenderá aos demais tações de serviços, devido a essa particularidade são
cadastrados na correspondente especialidade que pouco exploradas nas provas de Administração de
manifestarem seu interesse com antecedência de
Materiais.
até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das
z Concurso
propostas.”
A modalidade concurso tem como objetivo esco-
Para a sua prova de Administração de Materiais
lher um trabalho técnico, científico ou artístico,
(e também Direito Administrativo) é fundamental
mediante a instituição de prêmios ou remuneração
conhecer os limites para a escolha da modalidade de aos vencedores.
licitação, para a sua melhor fixação, sintetizamos na O julgamento é realizado através de uma comis-
tabela abaixo: são especial integrada por especialistas na matéria do
objeto. Essa comissão pode ser formada por servido-
OBRAS E DEMAIS res públicos ou não.
MODALIDADE SERVIÇOS COMPRAS E O concurso tem regulamento próprio e sua publi-
DE ENGENHARIA SERVIÇOS cação deve ser com antecedência mínima de 45 dias.
A modalidade concurso (Lei nº 8.666/1993) não
Mais de Mais de tem nenhuma similaridade com o concurso público
Concorrência
R$ 3.300.000,00 R$ 1.430.000,00 de preenchimento de cargos na Administração Públi-
ca (neste caso, o seu concurso).
Tomada Até Até É frequente a cobrança da definição de concurso
de Preços R$ 3.300.000,00 R$ 1.430.000,00 conforme a Lei nº 8.666/1993:
Até Até
Convite “Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer
R$ 330.000,00 R$ 176.000,00
interessados para escolha de trabalho técnico, cien-
Dispensa de Até Até tífico ou artístico, mediante a instituição de prêmios
Licitação R$ 33.000,00 R$ 17.600,00 ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.” NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
Os limites para a escolha das modalidades lici-
tatórias são definidos através de Decreto Presiden- z Leilão
cial. Atualmente, os valores vigentes são conforme o
Decreto presidencial nº 9.412/2018. A modalidade leilão é utilizada para venda de bens
Na tabela abaixo, encontramos os limites para móveis inservíveis ou produtos legalmente apreendi-
a escolha da modalidade de licitação, conforme o dos ou penhorados.
Decreto Presidencial nº 9412/2018: O edital do leilão deve respeitar o princípio da
publicidade e ser amplamente divulgado no prazo
mínimo de 15 dias.
MODALIDADE DA
VALOR (R$) Como exemplo prático desta modalidade, temos os
LICITAÇÃO
leilões realizados pela Receita Federal do Brasil dos
OBRAS / SERVIÇOS DE ENGENHARIA produtos apreendidos de contrabando.
Conforme o artigo 22, parágrafo 5º, da Lei nº
z Concorrência Mais de 3.300.000,00 8.666/1993, temos:

z Tomada de Preço Até 3.300.000,00 “Leilão é a modalidade de licitação entre quais-


z Convite Até 330.000,00 quer interessados para a venda de bens móveis
inservíveis para a administração ou de produtos 419
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.”

Modalidades de licitação previstas em outros normativos

z Pregão

O pregão é uma nova modalidade de licitação (Lei nº 10.520/2002) que veio se juntar às demais modalidades pree-
xistentes, tendo como finalidade incrementar a competitividade e a agilidade nas contratações públicas.
O pregão poderá ser empregado somente para aquisição de bens e serviços comuns, ou seja, seu foco é na
natureza do objeto, e não no valor.

z Consulta

A modalidade Consulta foi instituída pela Lei nº 9.472/1997, é de uso exclusivo para licitações nas Agências
Reguladoras.
Agora que já conhecemos todas modalidades de licitação, nosso foco neste momento é saber quando podemos optar
pela concorrência, tomada de preços e o convite. Para facilitar o entendimento, utilizamos a regra do “quem pode o mais,
pode o menos”, ou seja, sempre que for possível a utilização do convite, será possível a tomada de preços e concorrên-
cia e, em todos os casos em que for possível a tomada de preços, também será admitida a concorrência. O contrário, no
entanto, não ocorre.
Sintetizando a regra “Quem pode o mais, pode o menos”, temos:

Concorrência
+ com
> va plexa Tomada de preços
lor

Convite
- com
< va plexa
lor

Instrumentos Convocatórios da licitação

O instrumento convocatório é o ato por cujo meio a Administração dá publicidade ao seu propósito de contra-
tar determinado objeto, estabelecendo os requisitos exigidos dos licitantes e das propostas.
Através dele é que é realizada a convocação dos potenciais interessados para participar do procedimento lici-
tatório, no qual visa à futura contratação do objeto pretendido.
A Lei nº 8.666/1993 apresenta duas formas possíveis de instrumento convocatório: Edital e o Convite.
Vamos ver a diferença entre eles.

z Edital de licitação

O edital é o instrumento adotado pela Administração para levar ao conhecimento do mercado a licitação nas
modalidades concorrência, tomada de preços, Leilão, Concurso e Pregão.
O objetivo principal do edital é dar publicidade aos atos da Administração, além de estabelecer todas as regras
e condições da competição.
Respeitando o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, o gestor público não poderá exigir dos licitan-
tes nada a mais ou a menos do que ele estabeleça.
Não é permitido inserir cláusulas, itens ou condições que restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da
licitação.

z Convite (ou Carta-Convite).

A carta-convite é o instrumento convocatório específico para a modalidade convite, nada mais é do que um
edital simplificado, que é produzido e divulgado de forma mais suave (leve).

Dica
Como a carta-convite só é adotada para as licitações da modalidade convite, inferimos que sempre o valor a
ser licitado é reduzido.
As minutas dos editais de licitação devem obrigatoriamente sofrer prévio exame e aprovação da assessoria
420 jurídica da própria entidade ou órgão da Administração.
Contratação Direta Simplificando o conceito: neste último caso de
contratação direta, há a inviabilidade do procedi-
Outro tema de suma importância bastante cobra- mento licitatório, o que torna a realização da licitação
do nas provas de concursos, é a possibilidade de afas- impossível.
tar o procedimento licitatório pelo gestor e optar pela Para a melhor fixação, no esquema abaixo, sinteti-
contratação direta (sem licitação). zamos os principais pontos da contratação direta:
Destacamos, que a regra é a obrigatoriedade de
prévia licitação para celebração de contratos adminis- CONTRATAÇÃO DIRETA
trativos. Como exceção, a Lei Geral de Licitação auto-
DISPENSADA DISPENSÁVEL INEXIGÍVEL
riza a realização de contratação direta sem licitação,
nos seguintes casos: Viabilidade de Viabilidade de Inviabilidade de
licitação licitação licitação

Gestor não pode Gestor pode op- Licitação


Art.17º realizar a tar pela impossível
Dispensada
Lei 8.666/93
licitação licitação

Hipóteses Hipóteses Hipóteses


Contratação Taxativas Taxativas Exemplificativas
Art.24º
Direta Dispensável
Lei 8.666/93 (Art 17º) (Art 24º) (Art 25º)
(sem licitação)

Estamos finalizando os principais pontos cobrados


Art.25º em relação à Compras no setor Público, esse assunto
Inexigível
Lei 8.666/93 também é cobrado com maior profundidade na disci-
plina de Direito Administrativo e sempre é aconselhá-
vel a leitura da lei referentes ao tema.
z Licitação Dispensada
É hora de praticar o que aprendemos!

Os casos de licitação dispensada não envolvem a


possibilidade discricionária, como nas hipóteses con-
vencionais de dispensa, se a Administração escolher EXERCÍCIOS COMENTADOS
entre promover a licitação ou realizar a contratação
direta. Trata-se, portanto, de situações em que a con- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, relativo à
administração de pessoal e a processos de compras
tratação direta é uma decisão vinculada.
governamentais no âmbito do setor público.
Simplificando o conceito: nessa situação, existe a A modalidade de licitação utilizada para a venda de
viabilidade de realização da licitação, mas o legislador produtos legalmente apreendidos ou penhorados é
proíbe a sua ocorrência. denominada concurso.

z Licitação Dispensável ( ) CERTO ( ) ERRADO

Previstos taxativamente no artigo 24 da Lei nº. A modalidade de licitação utilizada para a venda de
produtos legalmente apreendidos ou penhorados é
8.666/93, os casos de dispensa envolvem situações em
denominada leilão. É o que diz o artigo 22, parágrafo
que a competição é possível, mas sua realização pode 5º da Lei 8.666/1993: “o Leilão é a modalidade de lici-
não ser para a Administração conveniente e oportuna, tação entre quaisquer interessados para a venda de
à luz do interesse público. Assim, nos casos de dispen- bens móveis inservíveis para a administração ou de
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
sa, a efetivação da contratação direta é uma decisão produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou
discricionária da Administração Pública. para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19,
a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
Simplificando o conceito: nessa situação, existe a
valor da avaliação”. Resposta: Errado.
viabilidade de realização da licitação, mas o legisla-
dor expressamente autoriza que o gestor público opte 2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Julgue o próximo item,
pela contratação direta. relativo à licitação de obras públicas.
Em processo licitatório para escolha de trabalho técni-
z Inexigibilidade co, científico ou artístico, deve-se utilizar uma combi-
nação das modalidades convite e concurso.
As hipóteses de inexigibilidade estão previstas
exemplificativamente no artigo 25 da Lei nº. 8.666/93. ( ) CERTO ( ) ERRADO
São casos em que a realização do procedimento lici-
A Lei de Licitação veda a combinação entre as
tatório é logicamente impossível por inviabilidade de modalidades licitatórias. Ademais, não é o caso de
competição, seja porque o fornecedor é exclusivo, seja convite, mas sim isoladamente de concurso. Respos-
porque o objeto é singular. ta: Errado. 421
RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM Importante!
A pessoa encarregada de um almoxarifado é
ENTRADA, CONFERÊNCIA, CRITÉRIOS E TÉCNICAS chamada de Almoxarife.
DE ARMAZENAGEM

Gestão dos Centros de Distribuição Portanto, os almoxarifados deverão ser dimensio-


nados para atender às necessidades das organizações
Nos tópicos anteriores, estudamos “o que, quanto quanto à guarda provisória dos materiais e ao arranjo
e quando comprar” (Gestão de Estoques) e “De quem físico (layout) de suas instalações, com a finalidade de
e com quais condições comprar” (gestão de com- minimizar os custos operacionais, maximizar a pro-
dutividade e permitir um rápido fluxo nos processos
pras), agora chegou o momento de definirmos como
de recebimento, guarda e expedição.
controlar fisicamente os materiais na organização,
Segundo Gonçalves, um dos maiores especialistas
e isto é responsabilidade da gestão dos centros de
nesta disciplina, são três fatores que podem influen-
distribuição.
ciar consideravelmente a redução de custos e o
Os Centros de distribuição de uma organização, aumento da produtividade, são eles:
em uma visão macro, são responsáveis pela gestão do
fluxo de entrada, movimentação interna e saída de z Eficácia na utilização dos equipamentos de movi-
materiais. mentação e transporte.
Sintetizando: z Utilização de pessoal qualificado e treinado para
realizar as operações internas.
z Maximização do uso do espaço cúbico disponível.

Qual a diferença entre o Almoxarifado e o Depósito?


Gestão de
O almoxarifado cuida dos insumos (matérias-pri-
Almoxarifados
mas) necessários à produção, enquanto o depósito
recebe os produtos acabados no final da produção para
posteriormente disponibilizá-los aos clientes finais.
Centros de Nesse sentido, em um processo contínuo, são ativi-
Distribuição dades básicas na gestão de almoxarifados:

Movimentação
RECEBIMENTO
(Interna e
Externa)

Gestão de almoxarifados
CLASSIFICAÇÃO

Neste tópico, vamos entender o que é, como fun-


ciona, suas atividades e quais os objetivos do famoso
almoxarifado.
O almoxarifado é peça fundamental em qualquer
organização, é onde acontece o recebimento, a clas-
sificação, a guarda e, após o requerimento dos mais MOVIMENTAÇÃO
diversos setores, a distribuição do material.
A gestão dos almoxarifados, aplicando as boas prá-
ticas do mercado, pode significar um grande aumento
na lucratividade da organização. Por essa razão, cada
vez mais as empresas se preocupam em aplicar roti-
nas rigorosas neste setor, na busca da máxima prote-
ção dos bens estocados. ARMAZENAGEM

Podemos definir a gestão de almoxarifados como


sendo o conjunto de atividades que visam a fiel guarda
dos itens materiais estocados na organização, no intuito
de garantir a manutenção de sua integridade e preserva-
ção, até a distribuição aos clientes (internos e externos).
Desse modo, o almoxarifado é o local designado à fiel DISTRIBUIÇÃO
guarda e à conservação dos itens materiais, em recintos
422 cobertos ou não, em estoque ou em uma empresa.
Agora que já conhecemos as atividades básicas do z 3º fase: Conferência Qualitativa
almoxarifado, vamos entender como cada uma con-
tribui para consecução dos objetivos da Administra- É a confrontação das condições técnicas contrata-
ção de Materiais. das com as consignadas na nota fiscal, examinando os
seguintes itens:
Recebimento
z Características dimensionais (dimensões)
O recebimento é a atividade entre a compra e o z Características específicas (marcas/modelos)
pagamento do fornecedor, sendo de sua responsa-
z Restrições de especificação
bilidade a conferência dos materiais destinados a
organização.
Exemplificando, se na nota fiscal constar que o
Conforme Viana, o fluxo de recebimento de mate-
papel A4 deve ser ecológico, a pessoa encarregada da
riais pode ser dividido em quatro fases:
conferência deve atentar para essa característica.

z 4º fase: Regularização
1º fase:
Entrada de A regularização caracteriza-se pelo controle do
materiais processo de recebimento, pela confirmação da con-
ferência quantitativa e qualitativa, para decidir se
aceita (entrada do material no estoque) ou recusa
(devolução do material ao fornecedor) o material.
Exemplificando, se todas as fases anteriores esti-
2º fase: verem dentro do combinado, a pessoa encarregada
aceita o recebimento e encaminha para a descarga no
Conferência
almoxarifado.
Quantitativa
Classificação

A classificação de materiais já foi estudada profun-


damente nos tópicos anteriores deste material.
3º fase: Relembrando o conceito, temos:
Conferência Classificar um material é saber agrupá-lo confor-
Qualitativa me suas características, ordenando-os através de cri-
térios pré-determinados.
Essa etapa é de suma importância, pois, a medida
em que se classifica corretamente os materiais, por
parte do gestor, torna-se possível a escolha dos melho-
res métodos de movimentação e armazenagem dos
4º fase: materiais.

Regularização Movimentação

A movimentação de materiais é a etapa responsá-


z 1º fase: Entrada de materiais vel pelo transporte dos materiais recebidos (muitas
vezes na portaria da empresa) até o almoxarifado,
Representa o início do processo de recebimento, onde acontece a sua armazenagem.
tendo como propósito a recepção dos veículos trans- Para o alcance dos seguintes objetivos, o planeja- NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
portadores; verificação de dados básicos da entrega e mento da melhor forma de movimentação deve ser
o encaminhamento para a área de descarga. buscado:
Nesta etapa, a pessoa encarregada assina o docu-
mento fiscal (“aceite da nota”) que acompanha o z Otimizar o fluxo de materiais do recebimento até
material, apenas para fins de comprovação da entre- o almoxarifado;
ga (data).
z Priorizar critérios de saúde e segurança do tra-
balho, evitando assim a fadiga e lesões dos
z 2º fase: Conferência Quantitativa
funcionários;
z Permitir que a movimentação não atrapalhe a roti-
É a verificação se a quantidade declarada pelo for-
necedor na nota fiscal corresponde a quantidade efe- na do almoxarifado.
tivamente entregue, ou seja, a típica contagem.
Exemplificando, é quando a pessoa encarrega- Desse modo, em busca da eficiência, o sistema
da confere o quantitativo real com o que consta na de movimentação e transporte de materiais deve
nota fiscal. Por exemplo, se na nota fiscal constar dez observar algumas regras relacionadas ao fluxo dos
caixas de papel A4, deve ser entregue essa mesma materiais, denominadas leis de movimentação dos
quantidade. materiais, são elas: 423
z Lei da obediência do fluxo das operações: Plane- z Empilhadeiras
jar as trajetórias de movimentação, mantendo a
sequência das operações. Equipamento para a movimentação e estocagem
z Lei da mínima distância: Maximizar ao máximo as automatizados de pallets, cuja principal vantagem
distâncias na movimentação e no transporte. é a otimização do espaço vertical. As empilhadeiras
z Lei da manipulação mínima: Evitar a manipulação
podem ser elétricas, a gás ou a combustão (diesel ou
dos materiais ao longo do ciclo de processamento
e sempre que possível utilizar o transporte mecâ- gasolina) e disponíveis nos modelos frontal, lateral ou
nico e automatizado. trilateral.
z Lei da máxima utilização dos equipamentos: Utili-
zar ao máximo os equipamentos.
z Lei da máxima utilização do espaço disponível:
Utilizar ao máximo o espaço cúbico disponível.
z Lei da segurança e da satisfação: Prevenção da
segurança e fadiga dos colaboradores.
z Lei da padronização: Utilizar, ao máximo, os equi-
pamentos padronizados.
z Lei da flexibilidade: Utilizar equipamentos flexíveis
que podem ser usados em diferentes tipos de cargas.
z Lei da máxima utilização da gravidade: Utilizar ao
máximo a gravidade para movimentação e o trans-
porte de materiais.
z Lei do menor custo total:
Empilhadeira Elétrica. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de
Selecionar os equipamentos, analisando o seu custo-be-
Materiais (p. 232). Atlas.
nefício (custo total comparado com o tempo de vida útil).
Respeitando as leis da movimentação acima, che-
gou o momento de escolher os equipamentos mais Para utilização das empilhadeiras, é necessário
adequados para a movimentação. Eles constituirão o mão de obra especializada (operador especializado).
sistema de movimentação interna. As empilhadeiras laterais são utilizadas, especial-
A análise da escolha do melhor equipamento varia mente, para o manuseio de peças de grande compri-
em função das características da movimentação. mento, tais como tubos, barras, tábuas e etc.
Entre os equipamentos mais utilizados no transporte Elas possuem seus garfos do lado e apanham as
e manuseio dos materiais, podemos citar: suas cargas no sentido perpendicular ao seu desloca-
mento, eliminando a necessidade de se virar a máqui-
z Paleteiras
na dentro do corredor.
Utilizadas para o transporte manual de pallets, em
roteiros aleatórios de curta distância e com aciona-
mento manual ou elétrico.

Tipos de Paleteiras. Fonte: Gonçalves, Paulo Sérgio. Administração


de Materiais (p.389).
Empilhadeiras laterais. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração
de Materiais (p. 237). Atlas.

Essa possibilidade em se deslocar no sentido per-


pendicular ao seu eixo, proporciona uma maior liber-
dade de movimento, conferindo uma versatilidade
de alta eficiência, tanto para cargas regulares quanto
para cargas de grande comprimento.

z Tratores

Equipamentos destinados à movimentação de car-


424 Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de Materiais (p. 231). gas em fluxos horizontais.
Carrinhos transportadores. Fonte: Dias, Marco Aurélio P.
z Transportadores de esteira ou de roletes
Administração de Materiais (p. 230). Atlas.

São as famosas esteiras que, se colocadas em sequên-


Na figura abaixo, temos diferentes modelos de
cia, impulsionam a carga ao longo de um circuito.
carrinhos, cujo princípio básico permanece o mesmo:
Os transportadores de esteiras (roletes) são econô-
micos, flexíveis e de baixa manutenção. uma plataforma com rodas e um timão direcional.

Transportadores de esteira. Fonte: Dias, Marco Aurélio P.


Administração de Materiais (p. 209). Atlas.
Modelos de carrinhos. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração
A movimentação ocorre através da aceleração da gra- de Materiais (p. 230). Atlas.
vidade, assim não é necessário nenhum acionamento.
Armazenagem
z Pontes rolantes ou guindastes A armazenagem é claramente a atividade primor-
dial do almoxarifado, suas instalações devem propor-
São equipamentos empregados no transporte e cionar a movimentação rápida e fácil de suprimentos,
elevação de cargas em instalações industriais. desde o recebimento até a expedição.
É composta por uma viga suspensa sobre um vão Desta maneira, podemos definir a armazenagem
livre, que roda sobre dois trilhos; a viga é dotada de de materiais como a atividade de planejamento e
um carrinho que se movimenta sobre os trilhos. organização das operações, com a finalidade de man-
ter e abrigar adequadamente os itens de materiais
adquiridos, mantendo-os em condições de uso até o
momento de sua efetiva utilização pela organização.

z Objetivos da armazenagem

Em razão da defasagem entre a produção e o con-


sumo, armazenar é a solução para absorver o acúmu-
lo de materiais.
Desse modo, a armazenagem é necessária para:

� Obter economias de transporte através da consoli-


Tipos de ponte rolante. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração dação das cargas.
de Materiais (p. 226). Atlas. � Permitir o pleno atendimento dos pedidos de
materiais, assim, reduzindo os custos de produção. NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
z Carrinhos transportadores � Economia de escala, ou seja, obtendo maiores des-
contos nas compras de grandes quantidades.
É normalmente utilizado para movimentação de z Auxiliar o processo de marketing.
cargas a curta distância, na região interna do almoxa- z Atender às exigências dos clientes.
rifado, para separação de pedidos internos.
Suas principais vantagens são: a praticidade, o baixo Neste sentido, o objetivo crucial do armazena-
custo e que não carece de mão de obra especializada. mento é utilizar o espaço na maneira mais adequada
e eficiente possível, assim como manter o ambiente
adequado à conservação dos produtos (instalações
limpas, longe de umidade e na temperatura ideal).

z Grupos e critérios de armazenagem

O administrador de materiais, entre as alterna-


tivas expostas pelos especialistas, deve escolher os
melhores critérios, que se adequem às características
do material armazenado pela organização. 425
Adentrando nessa escolha, podemos dividir a e saída são alocados próximos à entrada/saída do
armazenagem em dois grupos: armazenagem simples almoxarifado.
e armazenagem complexa. É o caso de se armazenar os galões de água na entra-
Vamos entender a diferença entre esses grupos! da e saída do almoxarifado de uma repartição pública,
A armazenagem simples abrange os materiais que, devido as frequentes requisições deste material.
devido a suas características físicas ou químicas, não Nesse critério, o espaço cúbico do almoxarifado
demandam cuidados especiais para a guarda. não é aproveitado na sua máxima eficiência.
Por outro lado, a armazenagem complexa envolve
materiais que necessitam de medidas especiais para a z Armazenagem Especial
sua guarda.
É a armazenagem destinada aos materiais que
carecem de uma atenção especial, tais como: inflamá-
Não demandam veis, perecíveis, explosivos e perigosos.
Simples Cuidados É a típica armazenagem complexa!
Adicionais
Armazenagem Um bom exemplo de armazenagem complexa é
quando se armazena combustíveis (gasolina) em tan-
Carecem de ques especiais, localizados em áreas afastadas da cir-
Complexa
Medidas Especiais culação com a devida sinalização.
Os produtos perecíveis devem ser armazenados
conforme o método FIFO (First In, First Out – ou em
Na tabela abaixo, listamos os aspectos físicos português, PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a sair),
e/ou químicos que justificam uma armazenagem ou então, pelo método derivado FEFO (First Expire,
complexa: First Out – ou em português, Primeiro que vence, Pri-
meiro que sai).
ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS QUÍMICOS
z Armazenagem em área externa
� Fragilidade � Inflamabilidade
� Volume � Explosividade
� Peso � Volatilização Esse critério de armazenagem é especifico para
� Forma � Oxidação os materiais que podem ser armazenados em áreas
� Radiação externas, permitindo um maior aproveitamento da
� Perecibilidade área interna para aqueles materiais que necessitam
� Potencial intoxicação de maior proteção.
Como exemplo, podemos citar a armazenagem de
Diante das informações do grupo (tipo) de arma- automóveis em pátios da indústria automobilística.
zenagem, cabe ao responsável pela administração
de materiais adotar um dos critérios abaixo para o z Coberturas alternativas
melhor aproveitamento do espaço físico e o aumento
da produtividade: Devido à escassez de áreas e o custo de construção
de almoxarifados, em determinadas circunstâncias, é
z Armazenagem por agrupamento necessário a utilização temporária de áreas externas para
abrigar materiais. Nesses casos, são utilizados ambientes
Também conhecida como armazenagem por cobertos, mas, quando não é possível, a solução do pro-
complementariedade, esse critério facilita as tarefas blema está na utilização de coberturas plásticas.
de arrumação e busca, mas nem sempre permite o É o caso de armazenagem de tijolos em coberturas
melhor aproveitamento do espaço físico. PVC nas lojas de materiais de construção.
Os materiais associados ou compatíveis são aloca-
dos na mesma seção.
Um exemplo de armazenagem por agrupamento é Importante!
quando armazenamos todos os sobressalentes de uma
máquina em uma mesma estante. Essas coberturas plásticas dispensam funda-
ções, permitindo a guarda dos materiais ao
z Armazenagem por acomodabilidade menor custo de armazenagem.

Também conhecida como armazenagem por tama-


nho, peso ou forma, os materiais de características Por fim, conhecendo o grupo de material e definin-
físicas semelhantes são armazenados próximos uns do os critérios, é o momento de escolher os disposi-
dos outros. tivos (equipamentos) mais adequados para a guarda
Como exemplo, podemos citar a armazena- dos itens materiais, são eles:
gem de pregos e parafusos em um mesmo setor do
almoxarifado. z Paletes (Pallets)
A principal vantagem desse critério é o maior apro-
veitamento do espaço físico do almoxarifado, mas, É uma plataforma disposta horizontalmente para
consequentemente, uma demanda de maior controle. carregamento e empilhamento das cargas. Trata-se de
uma estrutura que permite o arranjo e o agrupamento
z Armazenagem por frequência de entrada e saída de materiais, possibilitando o manuseio, a estocagem,
a movimentação e o transporte em um único carre-
Nesse critério, analisa-se a frequência de entrada e gamento, maximizando, assim, a utilização do espaço
426 saída dos materiais. Assim, os itens de maior entrada cúbico do almoxarifado.
z Racks

São estruturas fabricadas em madeira ou aço e


construídas especialmente para acomodar peças lon-
gas e estreitas, como tubos, vergalhões, barras, tiras
etc.

Paletes. Fonte: VIANA, João José. Administração de materiais: um


enfoque prático. (pág.326).

Vantagens da utilização de pallets:

z Melhor aproveitamento do espaço disponível do


almoxarifado (utiliza-se totalmente o espaço ver-
tical, através do empilhamento).
z Economia nos custos de manuseio de materiais.
z Compatibilidade com todos os meios de transportes.
z Facilita a carga, descarga e distribuição.
z Podem ser manuseados por uma grande quanti-
dade de equipamentos (paleteiras, empilhadeiras,
elevadores, entre outros).
z Permite a disposição uniforme do estoque de Racks. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de Materiais (p. 179).
materiais.
z Caixas diversas
Os pallets podem ser de madeira, metal, papelão
ou plástico. Quando fabricados em madeira, sua vida De fácil aquisição e padronizadas, são recomenda-
útil é mais curta, devido ao ataque de pragas. das para materiais de pequenas dimensões.
A introdução dos paletes revolucionou a armaze- As caixas também são grandemente utilizadas em
nagem e movimentação de materiais, pois permitiu armazenagem na própria linha de produção.
a unitização da carga. Com isso, ocorreu a redução
de custos de manipulação da carga fracionada, bem z Engradados
como aumentou a rapidez na movimentação.
São destinados à guarda e ao transporte de mate-
Segundo Dias, temos a definição de carga unitiza- riais frágeis ou irregulares, constituem-se em estrados
da como “uma carga constituída de embalagens de com proteção lateral e obedecem ao princípio da car-
transporte, arranjadas ou acondicionadas de modo ga unitária.
que possibilite o seu manuseio, transporte e arma-
zenagem por meios mecânicos, como uma unidade” z Containers (Contentor)
(DIAS, 2019).
São caixas retangulares, revestido de chapa de alu-
z Prateleiras mínio, aço ou fibra de vidro; hermeticamente fechado
e selado, destinado ao acondicionamento e ao trans-
São armações madeira ou perfis metálicos. Pres- porte unitizado de mercadorias.
tam-se para acomodar materiais das mais diversas Devido as suas características de resistência e
formas. identificação, é considerado o equipamento com
A prateleira metálica tem como vantagem a flexi- maior segurança, inviolabilidade e rapidez na uniti-
bilidade, permitindo modificações na altura e largura zação das cargas.
das divisões e resistindo melhor aos danos acidentais
causados por veículos de movimentação. NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
As prateleiras de aço têm sua durabilidade bem
maior, porém são mais caras.

Container Dry Box. Fonte: Brandalise, Loreni. Administração de


materiais e logística. Simplíssimo.

Containers Flexíveis (Big Bag) são sacos feitos com um


Prateleira Metálica. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de tecido à base de neoprene, cordas de dacron (náilon ou
Materiais (p. 178). Atlas. raiom) e borracha vulcanizada. Sua capacidade varia em 427
torno de 500 a 1.000 kg. São utilizados para a estocagem e Dica
movimentação de sólidos a granel e líquidos.
A banca CEBRASPE (CESPE), de maneira pecu-
liar, utiliza a nomenclatura “LEIAUTE” como sinô-
nimo de arranjo físico (layout).

De acordo com Viana, são objetivos a serem alcan-


çados na elaboração de um bom Layout:

z Assegurar a utilização máxima do espaço;


z Proporcionar a mais eficiente movimentação de
materiais;
z Propiciar a estocagem mais econômica;
z Fazer do almoxarifado um modelo de organização.

Conhecendo a definição e os objetivos do arranjo


físico, cabe ao gestor planejar a área física do almo-
xarifado, analisando cuidadosamente os três aspectos
básicos abaixo:
Containers Flexíveis.Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração de
z Acessibilidade
Materiais (p. 182). Atlas.

Elaborar um planejamento racional da área física


Arranjo Físico (Layout)
do armazém, combinado com um sistema de localiza-
Tão importante quanto definir os critérios de
ção bem estruturado.
armazenagem e seus equipamentos, é o planejamento
físico do almoxarifado, e isso é o papel do estudo do
arranjo físico. z Equipamentos de movimentação e armazenagem
O arranjo físico (Layout) é o planejamento da área
física dos almoxarifados. Desse modo, para alcançar a Alocar equipamentos de movimentação e arma-
realização eficiente da armazenagem, depende-se de zenagem que permitam o melhor aproveitamento do
um bom arranjo físico, que é responsável por deter- espaço do almoxarifado, além de facilitar o trabalho
minar o grau de acesso ao material, aos modelos de dos trabalhadores.
fluxo de material, a melhor utilização da mão de obra
e à segurança do pessoal e do armazém. z Tipos de embalagens utilizadas no armazenamento
Atualmente, a definição do arranjo físico não é
mais apenas intuitiva, mas, baseia-se em técnicas Definir os tipos de embalagens que permitam o
de visualização da movimentação dos materiais no empilhamento de cargas.
depósito. Sintetizamos, no quadro abaixo, alguns elementos
Neste sentido, o mestre Dias conceitua arranjo que devem ser considerados na definição de um bom
físico como a disposição física dos homens, máquinas arranjo físico:
e materiais, da maneira mais adequada ao processo
produtivo. ELEMENTOS QUE DEVEM SER ANALISADOS NA
DEFINIÇÃO DO ARRANJO FÍSICO (LAYOUT)

z Quantitativo de material a ser armazenado;


z Equipamentos de movimentação e armazenagem a
serem utilizados;
z Tipos de embalagens utilizadas na armazenagem;
Homens z Tempo médio de armazenagem do material;
z Possibilidade de expansão da área do almoxarifado;
z Flexibilidade de alteração do arranjo físico.

Outro ponto que também deve ser analisado para


Arranjo Físico elaboração do projeto perfeito do arranjo físico é a
(Layout) escolha do sistema de estocagem.
A literatura especializada apresenta dois sistemas
principais de estocagem: sistema de estocagem fixa e
Materiais Máquinas sistema de estocagem livre.
Vamos entender como funciona cada um desses
sistemas!
Sistema de Estocagem Fixa
No sistema de estocagem fixa as áreas são pré-
Diante do exposto, inferimos que o arranjo físi- -determinadas, conforme o tipo de material. Assim,
co (Layout) é a integração do fluxo de materiais, da somente o material deste tipo poderá ser estocado
operação dos equipamentos de movimentação, com- nestes locais.
binados com as características que conferem maior Na figura abaixo, temos exemplos do sistema de
428 produtividade ao elemento humano. estocagem fixa:
do consumidor final. Percebemos, nesse caso, que o
produto saiu da organização, utilizou um (ou mais)
meios de transporte e chegou no destinatário final
(casa do consumidor).
Internalizando o conhecimento, temos:

DISTRIBUIÇÃO

EXTERNA INTERNA

Sistema de Estocagem. Fonte: Dias, Marco Aurélio P. Administração Entrega de


de Materiais (p. 192). Atlas. materias em Requisição
outro setor da de materias
empresa
Conforme Dias, “Com o sistema de estocagem fixa
corre-se um risco muito grande de desperdício de
áreas de armazenagem. Em virtude do fluxo intenso
de entrada e saída de materiais, pode ocorrer falta de
determinado material, assim como excesso de outro”. Entrega do Compra de
produto ao produtos
Sistema de estocagem Livre
consumidor (Canal de
Neste sistema não existem locais fixos de arma- final vendas)
zenagem, os materiais vão ocupar os espaços vazios
disponíveis dentro do depósito.
De acordo com Dias, “O único inconveniente do sis-
tema de estocagem livre é o perfeito método de controle
que deve existir sobre o endereçamento, sob o risco de Finalizamos todas as atividades internas do cen-
possuir material em estoque perdido que somente será tro de distribuição! O produto já está separado para
descoberto ao acaso ou na execução do inventário”. enviar para transportadora! Agora, só falta escolher o
Em ambos os sistemas, é imprescindível um bom melhor meio de transporte para entregar para o con-
sistema de endereçamento que indique o lugar exato sumidor final.
dos itens materiais. Estudaremos essas modalidades de transportes no
próximo tópico.
z Distribuição Chegou o momento de treinar e internalizar o
aprendizado com as questões.
A distribuição é a última atividade da gestão dos
almoxarifados: após o recebimento, a classificação,
a movimentação interna, a armazenagem (guarda),
chegou o momento de distribuir o material em esto-
que e/ou o produto acabado para seu cliente final.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Assim, inferimos, que a finalidade principal da dis-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação a aspec-
tribuição é suprir as necessidades de materiais e/ou
produtos de seus usuários, fazendo chegar em perfei- tos pertinentes ao recebimento e à armazenagem de
tas condições. materiais, julgue o item a seguir.
Assim, para fins didáticos, podemos dividir a ativi- O tempo em que um produto será mantido em armaze-
NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
dade de distribuição em dois grupos, são eles: nagem e as embalagens utilizadas são fundamentais
para a definição do leiaute de armazenagem.
„ Distribuição Interna
( ) CERTO ( ) ERRADO
Como o próprio nome diz, é a distribuição interna
de materiais à organização, para dar continuidade ao Essencialmente, o layout tem como finalidade mini-
processo produtivo. mizar o deslocamento e maximizar o espaço dispo-
Como exemplo, podemos citar a requisição de nível, respeitando as necessidades de conforto, de
parafusos do setor de produção para o almoxarifado,
higiene e de segurança. Resposta: Certo.
assim, nesse caso concreto, ocorre distribuição entre
setores (interna).
2. (QUADRIX – 2019) A respeito de compras, recebimen-
„ Distribuição Externa to e armazenagem, julgue o item.
A conferência quantitativa verifica se a quantidade
É a distribuição (entrega) de produtos acabados a seus declarada pelo fornecedor, na nota fiscal, corresponde
consumidores finais, através de modais de transportes. ao que foi, de fato, entregue.
Como exemplo de distribuição externa, temos a
entrega do livro (apostila) da Nova Concursos na casa ( ) CERTO ( ) ERRADO 429
A conferência quantitativa é a atividade que verifica se z Ativo Circulante;
a quantidade declarada pelo fornecedor na Nota Fis- z Ativo não Circulante.
cal corresponde a quantidade efetivamente recebida,
portanto, trata-se de uma contagem. Resposta: Certo. O ativo circulante é relativo a bens e direitos rea-
lizáveis em um período futuro de curto prazo, assim,
não faz parte do escopo de nossa disciplina.
O ativo não circulante, por sua vez, é ainda subdi-
GESTÃO PATRIMONIAL
vidido em mais quatro grupos:
CONCEITOS INICIAIS DE RECURSOS PATRIMONIAIS
„ Ativo realizável a longo prazo;
Vamos relembrar a definição dos recursos patri- „ Investimentos;
moniais e entender os pontos que diferem dos recur- „ Ativo Imobilizado;
sos materiais. „ Ativo Intangível.
Estudamos no primeiro tópico que os recursos
materiais (sentido estrito) são os elementos físicos
Dessa maneira, a Administração de Recursos Patri-
empregados por uma empresa, e que através de um
processo produtivo (transformação) concorrem para moniais terá seu objeto de estudo no ativo imobiliza-
a constituição de seu produto final, o qual pode ser do e no ativo intangível.
um material processado ou um serviço. Vamos então entender a definição de cada um:
É importante salientar, que outro ponto que carac-
teriza o recurso material é a possibilidade de armaze- „ Ativo Imobilizado: são os bens de natureza per-
namento em estoques para o consumo no momento manente destinados à manutenção das ativida-
oportuno, assim, deduzimos que a natureza deste
des da organização, ou seja, bens permanentes
recurso não é permanente.
Por outro lado, os recursos patrimoniais são aque- que a organização necessita para poder operar.
les elementos físicos empregados por uma organi- Como por exemplo: prédios, máquinas e equi-
zação, destinados a manutenção de suas atividades, pamentos, veículos, móveis e utensílios.
tais como: imóveis, terrenos, equipamentos, móveis e „ Ativo Intangível: são os bens não materiais
utensílios. (abstratos ou incorpóreos) destinados à manu-
Desse modo, conclui-se que os recursos patrimo-
tenção das atividades da organização, como por
niais têm natureza permanente e nem sempre podem
ser armazenados. exemplo: marcas, patentes, direitos autorais.
Para facilitar o entendimento, as informações
foram sintetizadas no esquema abaixo: Com isso, inferimos que o conceito de bem patri-
monial engloba o ativo imobilizado e o intangível.
RECURSOS MATERIAIS
(SENTIDO AMPLO)

Recursos Materiais Recursos


(sentido estrito) Patrimoniais

Em regra, são Em regra,


armazenados Bens não são
de consumo armazenados.
Ex.: material de Natureza
escritório (papel, permante
caneta) Ex.: prédios,
equipamentos.

BEM PATRIMONIAL

Para definir o conceito de Bens Patrimoniais, pre-


viamente, é preciso entender a representação do patri- Desta forma, a gestão patrimonial tem como objeto
mônio da organização, conforme a contabilidade. a fiscalização do material permanente, dos bens imó-
Para a Contabilidade, o patrimônio de uma pessoa veis e das instalações.
jurídica é definido pelo conjunto de bens, direitos e
Para fins de concursos públicos, o foco maior recai
obrigações que podem ser avaliados monetariamente,
essa representação é o famoso balanço patrimonial. sobre os materiais permanentes, tendo em conta sua
Para a legislação vigente (Lei nº6.404/76), ao ela- capacidade de movimentação, aquisição, depreciação
430 borar o balanço patrimonial, o ativo é subdivido em: e alienação.
„ Incorporabilidade: quando o material se destina
CONTROLE DE BENS a incorporação a outro bem, não possibilitando
a sua retirada sem prejudicar as características
INVENTÁRIO, ALTERAÇÕES E BAIXA DE BENS do bem principal.
„ Transformabilidade: quando o material foi
Sabendo que o controle patrimonial recai sobre adquirido para fim de transformação, ou seja,
os bens patrimoniais e que estes são compostos pelos através do processo produtivo, o item adquiri-
bens móveis, os bens imóveis e as instalações; pode- do transforma-se em outro diferente bem.
mos, assim, definir controle patrimonial como a ativi- „ Ex.: Cadeira, mesa, impressora.
dade de gerenciamento de procedimentos, métodos e
rotinas que têm como objetivo primordial, proteger o Devido à grande incidência em concursos públi-
patrimônio da organização. cos, vamos nos aprofundar no controle dos bens tan-
Internalizando o conhecimento, o esquema abai- gíveis, mais especificamente, aos bens permanentes.
xo demonstra a relação entre o controle patrimonial Particularmente, os bem móveis e as atividades de
e seus objetos: controle patrimonial são relacionados com o processo
abaixo:
Ex.: Prédios
Recepção z Recebimento do item material

Bens Incorporação z Tombamento


Imóveis

Guarda
z Transferência e/ou
Movimentação

Conservação z Transferência e/ou


Movimentação
Controle
Desfazimento z Alienação
Patrimonial
(Baixa de bens)

Bens Nesse sentido, para fins didáticos, podemos rela-


Móveis Instalações
cionar as atividades e medidas administrativas per-
tencentes ao controle patrimonial dos bens móveis
em três tempos cronológicos: entrada na organização,
alocações internas e saída final.
Material Ex.: Sistema de Para facilitar o entendimento, compilamos essas
Permanente Ar condicionado informações na tabela abaixo:

Conhecendo o alcance do controle patrimonial, MEDIDA


TEMPO ATIVIDADE
chegou o momento de definir os seus objetos: ADMINISTRATIVA

Recebimento
z Bens Imóveis ENTRADA Tombamento
São bens que não podem movimentar-se sem que Incorporação
sua essência seja alterada.
Ex.: Prédios, terrenos. ALOCAÇÕES Guarda e Transferência
� Instalações INTERNAS Convervação Movimentação
São materiais ou equipamentos que se agregam
ao bem imóvel, isoladamente ou em conjunto, pas- Alienação
Saída Desfazimento
sando a integrá-lo funcionalmente. (Baixa dos bens) NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
Ex.: Sistema de ar condicionado, cobertura de PVC
no estacionamento.
� Material Permanente (Bens móveis) Portanto, ao adquirir um bem móvel (material per-
São materiais de duração superior a dois anos, manente), a primeira atividade a ser realizada pelo
levando-se em consideração os seguintes aspectos: responsável pelo almoxarifado é o recebimento, ou
seja, a verificação se o material entregue corresponde
„ Durabilidade: quando o material em uso nor- à descrição da nota fiscal e da ordem de compra.
mal perde ou tem reduzidas as suas condições No caso de as verificações anteriores estarem
de funcionamento. dentro das especificações, chegou o momento de
„ Fragilidade: refere-se à possibilidade de o mate- incorporar o material recebido ao patrimônio da
rial perder seu estado original com facilidade, organização. Essa medida administrativa de incorpo-
caracterizando-se pela irrecuperabilidade e/ou rar o bem no patrimônio da organização é chamado
perda de sua identidade. de tombamento.
„ Perecibilidade: quando o material se deterio-
ra ou perde sua característica normal de uso, TOMBAMENTO DE BENS
devido a modificações químicas e/ou físicas.
O tombamento nada mais é do que a incorporação
do bem móvel (material permanente) ao patrimônio 431
da organização, mediante a gravação e fixação de INVENTÁRIO FÍSICO
uma plaqueta (ou etiqueta), contendo um número de
O inventário físico é uma poderosa ferramenta de
registro patrimonial sequencial.
controle dos estoques e do ativo imobilizado.
O número de registro patrimonial informa as Uma empresa organizada tem claramente defini-
características físicas do bem, o valor de aquisição e das suas políticas e procedimentos de controle, dessa
data da incorporação. maneira é essencial registrar toda a movimentação
A atividade de tombamento na Administração dos recursos materiais para obter a maior precisão
Pública Federal está regulamentada na Instrução Nor- em seus estoques. Neste sentido, o inventário físico é
mativa nº 205/1988 (SEDAP): um instrumento crucial nesse controle.
Podemos definir inventário físico como sendo uma
contagem periódica dos materiais existentes para
7.13. Para efeito de identificação e inventário os
efeito de comparação com os estoques registrados e
equipamentos e materiais permanentes receberão contabilizados no sistema gerencial, a fim de se com-
números sequenciais de registro patrimonial. provar sua existência e exatidão.
7.13.1. O número de registro patrimonial deverá É importante você saber que as conferências dos
ser aposto ao material, mediante gravação, fixação materiais não se limitam aos almoxarifados, também
de plaqueta ou etiqueta apropriada. são realizadas as contagens dos itens materiais em
todas as áreas da organização, tais como: seções, salas
Abaixo, temos alguns modelos de plaqueta de tom- de reuniões e departamentos.
bamento utilizadas na Administração Pública: Outra definição importante de inventário para provas
de concursos é a apresentada na Instrução Normativa nº
205/1988 da Secretária de Administração Pública, vejamos:

Inventário físico é o instrumento de controle para


a verificação dos saldos de estoques nos almoxari-
fados e depósitos, e dos equipamentos e materiais
permanentes, em uso no órgão ou entidade.

Assim, constatamos que, periodicamente, a empre-


sa deve efetuar contagens físicas de seus itens de esto-
Fonte: FAZAN Etiquetas e Brindes. Disponível em: <https://www. que e materiais permanentes para verificar:
fazan.ind.br/produto/etiqueta-ou-plaqueta-para-controle-patrimonial/
etiqueta-patrimonial-numerada/5>. Acesso em 23 de 09 de 2020. z Discrepâncias de valor, entre o estoque físico e o
registro de estoque contábil.
z Discrepâncias de quantidade, entre o estoque físi-
co e o registro de estoque contábil.
z Apuração do valor total do estoque (contábil) para
efeito de balanços ou balancetes.

Como e quando fazer o inventário?


A literatura especializada apresenta dois modos de
operacionalizar o inventário físico:
Fonte: FAZAN Etiquetas e Brindes. Disponível em: <https://www.fazan. Inventário Rotativo
ind.br/produto/etiqueta-ou-plaqueta-para-controle-patrimonial/etiqueta- Distribui as contagens dos itens materiais, em
patrimonial-c-digo-de-barras/52>. Acesso em 23 de 09 de 2020. quantitativos menores, ao longo do ano.
Sintetizando, é o levantamento rotativo, contínuo
Cada material permanente incorporado tem um e seletivo dos materiais realizado durante todo o ano,
com isso, reduzindo a duração unitária da operação e
número de registro patrimonial único.
dando melhores condições de análise de ajustes.
Em regra, todos os materiais permanentes devem
Sua principal vantagem, é que através da elabora-
ser tombados na esfera Pública, mas, caso o custo de ção de um cronograma, não provoca a paralisação das
controle seja superior ao seu benefício, devem ser atividades da organização e ao mesmo tempo inclui a
preferencialmente considerados materiais de consu- contagem de todos os itens durante o ano fiscal.
mo, controlados de forma simplificada. Um exemplo
clássico de material permanente que não necessita ser Inventário Periódico
tombado é o caso da “lixeira de plástico de mesa”, pois,
nesse caso, o custo de controle é superior ao benefício. Efetuados em determinado período, abrangem a
Ainda, a Instrução Normativa nº 205/1988 (SEDAP), contagem de todos os itens de estoque de uma só vez.
estabelece mais um modo de aposição do registro São operações de duração relativamente prolon-
patrimonial ao material permanente: gada, que, por incluir quantidade elevada de itens,
impossibilitam as reconciliações, análise das causas
Para o material bibliográfico, o número de registro de divergências e ajustes na profundidade.
Quando realizados no encerramento do exercício
patrimonial poderá ser aposto mediante carimbo.
fiscal, o inventário é chamado de geral, ou ainda anual.
Neste caso, é a famosa expressão “fechado para balanço”.
E por qual razão deve-se “tombar” um bem A expressão “fechado para balanço” refere-se
permanente? quando o estabelecimento (ou no nosso caso o almo-
Além das obrigações contábeis, o tombamento xarifado) interrompe as suas atividades por deter-
implica maior possibilidade de controle, através da minado período de tempo para fazer a contagem
432 realização dos inventários. de todos os itens materiais, objetivando o acerto do
estoque (atualizando os furos, as sobras, as perdas). z De extinção ou transformação - realizado quando
Nesse período de parada, nenhuma movimentação da extinção ou transformação da unidade gestora;
de material deve ser realizada, até que se conclua a z Eventual - realizado em qualquer época, por ini-
contagem. ciativa do dirigente da unidade gestora ou por ini-
ciativa do órgão fiscalizador.
Dica z Por amostragens - para um acervo de grande por-
te. Esta modalidade alternativa consiste no levan-
Atualmente, para esse período de “fechado para
tamento em bases mensais, de amostras de itens
balanço”, também é utilizado a expressão no idio-
de material de um determinado grupo ou classe, e
ma inglês “Cut Off” (marco de interrupção tem-
inferir os resultados para os demais itens do mes-
porária do fluxo de entrada e saída de materiais).
mo grupo ou classe.
A principal desvantagens do inventário periódico
é a necessidade de paralisação de todo o processo ope- Após a realização do inventário físico, as informa-
racional da organização. ções coletadas são compiladas no chamado inventário
analítico, que figurarão os seguintes dados para a per-
feita caracterização do material:
INVENTÁRIO
z Descrição padronizada;
z Número de registro;
z Valor (preço de aquisição, custo de produção, valor
arbitrado ou preço de avaliação);
ROTATIVO PERIÓDO z Estado (bom, ocioso, recuperável, antieconômico
ou irrecuperável);
z Outros elementos julgados necessários.

BAIXA DE BENS PATRIMONIAIS


z Contínuo e z Contagem em
seletivo determinado
z Cronograma de z Geral (no final do A baixa de bens materiais é a retirada contábil do
trabalho exercício fiscal) acervo patrimonial, fazendo com que o bem deixe de
z Não necessita z Paralisa o fazer parte do ativo imobilizado da organização.
paralisação processo Esse bem pode ser retirado do patrimônio por
operacional motivo de alienação (venda, permuta ou doação) ou
z “Fechado para por outro motivo de baixa (o esgotamento pelo uso,
balanço” perda, roubo, extravio, obsolescência).
Alienação é a operação de transferência do direito de
Especificamente para Administração Pública, o propriedade do bem, mediante venda, permuta ou doação.
Governo Federal, através da Instrução Normativa nº O termo de baixa de bens é o documento que efeti-
205/1988 (SEDAP), apresentou os seguintes objetivos va a baixa patrimonial no sistema, devendo conter os
do inventário físico: seguintes dados:

z O ajuste dos dados escriturais de saldos e movi- z O número do tombamento;


mentações dos estoques com o saldo físico real nas z Descrição;
instalações de armazenagem; z Forma de baixa;
z A análise do desempenho das atividades do encar- z Motivo de baixa;
regado do almoxarifado através dos resultados z Data de baixa;
obtidos no levantamento físico; z Número da Portaria ou Termo de Baixa.
z O levantamento da situação dos materiais estoca-
dos no tocante ao saneamento dos estoques;
z O levantamento da situação dos equipamentos e O número patrimonial de baixa não poderá ser
materiais permanentes em uso e das suas necessi- reutilizado, servindo de controle para futuras audito-
dades de manutenção e reparos; e rias. Caso o item seja reincorporado, o mesmo número
z A constatação de que o bem móvel não é necessá- é restituído ao mesmo bem.
rio naquela unidade. O encarregado pela baixa do bem no sistema patri- NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
monial encaminhará o termo de baixa dos bens para
Para alcançar os objetivos propostos acima e res- o setor de contabilidade, para a atualização do patri-
peitando as particularidades da Administração Públi- mônio da organização.
ca, a mesma Instrução Normativa nos apresenta os Em se tratando de bens públicos, consoante ao
tipos de inventários físicos: determinado no artigo 17 da Lei Geral de Licitações
(Lei nº 8.666/1993), a alienação de bens (móveis e
z Anual - destinado a comprovar a quantidade e o valor imóveis) da Administração Pública, além da obriga-
dos bens patrimoniais do acervo de cada unidade ges- tória subordinação à existência de interesse público
tora, existente em 31 de dezembro de cada exercício devidamente justificado, deverá ser precedida de ava-
- constituído do inventário anterior e das variações liação e, quando imóveis, dependerá também de auto-
patrimoniais ocorridas durante o exercício. rização legislativa.
z Inicial - realizado quando da criação de uma uni- Transcrevo abaixo os principais pontos do artigo
dade gestora, para identificação e registro dos bens 17 da Lei nº 8.666/1993 (grifos meus):
sob sua responsabilidade;
z De transferência de responsabilidade - realizado quan- Art. 17 A alienação de bens da Administração
do da mudança do dirigente de uma unidade gestora; Pública, subordinada à existência de interesse
público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas: 433
I - quando imóveis, dependerá de autorização z Bens Móveis
legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, „ Interesse público
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de „ Avaliação prévia
avaliação prévia e de licitação na modalidade de „ Licitação
concorrência dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento; OUTRAS FORMAS DE MOVIMENTAÇÃO DE BENS
b) doação, permitida exclusivamente para outro MATERIAIS
órgão ou entidade da administração pública, de
qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto
Temos algumas hipóteses em que o bem material
nas alíneas f, h e i;
se movimenta internamente na Administração Públi-
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requi-
sitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; ca. Nesse caso, não se pode falar em baixa patrimonial,
d) investidura; pois o bem ainda continua pertencente a Administração
e) venda a outro órgão ou entidade da administra- pública e somente se movimentou para outra localidade.
ção pública, de qualquer esfera de governo; Os tipos de movimentação de bens materiais mais
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con- cobrados em concursos públicos são:
cessão de direito real de uso, locação ou permissão
de uso de bens imóveis residenciais construídos, z Transferência: ocorre quando o bem material é
destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de transferido para outro setor dentro do órgão origi-
programas habitacionais ou de regularização fun- nal (Ex.: uma cadeira do setor de Recursos Huma-
diária de interesse social desenvolvidos por órgãos nos foi transferida para o setor Financeiro).
ou entidades da administração pública; z Cessão: ocorre quando o bem material é enviado
g) procedimentos de legitimação de posse de que para outro órgão ou entidade pública. (Ex.: uma
trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de impressora é enviada do Ministério da Economia
1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos para o Ministério do Meio Ambiente).
da Administração Pública em cuja competência z Recolhimento: ocorre quando o bem material
legal inclua-se tal atribuição; é movimentado para o depósito do patrimônio,
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, con- quando perder sua utilização (Ex.: uma mesa (mui-
cessão de direito real de uso, locação ou permissão to gasta e antiga) do setor de contabilidade perdeu
de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito sua utilidade devido a aposentadoria de um servi-
local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta dor, assim o chefe da seção envia para o depósito
metros quadrados) e inseridos no âmbito de pro-
do patrimônio para posterior alienação).
gramas de regularização fundiária de interesse
z Redistribuição: É o contrário do recolhimento!
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
Ocorre quando o item material é enviado do depó-
administração pública;
sito de patrimônio para algum outro setor do órgão
i) alienação e concessão de direito real de uso, gra-
tuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União
(Ex.: a mesma mesa do exemplo anterior, que se
e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de encontra no depósito de patrimônio, é enviada
que trata o § 1º do art. 6º da Lei no 11.952, de 25 de para o setor financeiro.
junho de 2009, para fins de regularização fundiária,
atendidos os requisitos legais; e
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia EXERCÍCIOS COMENTADOS
e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e 1. (QUADRIX – 2019) Acerca de administração do patri-
uso de interesse social, após avaliação de sua opor- mônio, de materiais e de logística, julgue o item.
tunidade e conveniência socioeconômica, relativa- O inventário de extinção ou transformação é utilizado
mente à escolha de outra forma de alienação; quando o material inventariado se destinar a baixa no
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos patrimônio público.
ou entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em ( ) CERTO ( ) ERRADO
bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
O inventário de extinção ou transformação é reali-
e) venda de bens produzidos ou comercializados
zado mediante a extinção ou transformação da uni-
por órgãos ou entidades da Administração Pública,
dade gestora. Resposta: Errado.
em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros
órgãos ou entidades da Administração Pública, sem 2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Acerca de gestão patri-
utilização previsível por quem deles dispõe(...). monial, julgue o item a seguir.
Uma vez alienado por uma organização pública, o bem
No quadro abaixo, sintetizamos os principais requi- deve receber baixa do patrimônio e não poderá ter seu
sitos necessários para a alienação de bens móveis e número de tombamento atribuído a outro material.
imóveis:
( ) CERTO ( ) ERRADO
z Bens Imóveis
Exatamente! A alienação é a operação de transferên-
„ Autorização Legislativa cia do direito de propriedade do material, mediante
„ Interesse público venda, permuta ou doação. O número patrimonial
„ Avaliação prévia continua vinculado ao bem baixado para fins de
434 „ Licitação(Concorrência ou leilão) controle. Resposta: Certo.
prateleiras porta-paletes foi instalada com um dos
HORA DE PRATICAR! lados encostado na parede. Com referência a essa
situação hipotética, aos critérios e técnicas de arma-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à adminis- zenagem e à gestão de estoques, julgue o seguinte
tração de recursos materiais, julgue o item seguinte. item. As condições mencionadas na situação em apre-
Não há parâmetros definidos para o ressuprimento ço constituem um facilitador para a aplicação do siste-
automático de materiais de demanda imprevisível, por ma FIFO: primeiro a entrar, primeiro a sair.
isso esses materiais devem ser estocados.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a critérios e administração de recursos materiais, julgue o item
técnicas de armazenagem, julgue o item subsequente. seguinte.
No caso de as caixas dos produtos acabados serem Além de dar celeridade ao processo de vendas, o
cúbicas, o dispositivo mais indicado para a formação código de barras é uma importante ferramenta para
da carga unitária é o palete. aprimorar qualquer processo que envolva controle de
mercadorias.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito do controle
sobre o material e o patrimônio, julgue o item a seguir. 10. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito da adminis-
O tombamento de um bem consiste em numerá-lo de tração de patrimônio, materiais e logística, julgue o
forma sequencial, identificando-o e colocando-o sob a item a seguir.
guarda e a proteção dos agentes responsáveis.
O sistema automatizado Kardex permite que a organi-
zação tenha controle sobre os seus estoques median-
( ) CERTO ( ) ERRADO
te um inventário eletrônico.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação a aspectos
( ) CERTO ( ) ERRADO
pertinentes ao recebimento e à armazenagem de
materiais, julgue o item a seguir.
11. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que se refere à con-
A guarda de materiais hospitalares com tendência à vola-
ferência no recebimento de materiais e armazena-
tização requer uma estrutura de armazenagem simples.
gem, julgue o item seguinte.
Balanças contadoras pesadoras conferem maior preci-
( ) CERTO ( ) ERRADO
são à verificação quantitativa de insumos que envolvam
grande quantidade de pequenas peças como parafusos.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte,
relativo a classificação de materiais e gestão de
( ) CERTO ( ) ERRADO
estoques. A manutenção do estoque de medicamen-
tos importados é considerada uma vantagem quando,
por questões negociais, ocorre a interrupção de um 12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item seguinte,
contrato de fornecimento internacional. relativo à gestão patrimonial.
Nos órgãos da administração direta do governo fede-
( ) CERTO ( ) ERRADO ral, os inventários físicos eventuais de bens patri-
moniais são aqueles que podem ocorrer a qualquer
6. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsequen- tempo, por iniciativa do órgão fiscalizador ou do diri-
te, a respeito da administração de recursos materiais. gente da unidade gestora.
O setor de controle de estoques de materiais é respon-
sável por definir que produtos devem ser mantidos ( ) CERTO ( ) ERRADO
em estoque, bem como a quantidade necessária e a
periodicidade de reabastecimento de cada um deles. 13. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com referência à gestão NOÇÕES DE RECURSOS MATERIAIS
patrimonial, julgue o item subsequente.
( ) CERTO ( ) ERRADO A contagem dos estoques físicos de medicamentos
de um ambulatório em razão da mudança do gestor da
7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinada indústria unidade é considerada um inventário de transferência
fabricante de peças eletrônicas produz exatamente de responsabilidade.
a quantidade de produtos necessários para atender
aos pedidos dos compradores, nas datas previstas ( ) CERTO ( ) ERRADO
para entrega. Essa empresa utiliza a metodologia
14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando que seis
a) lean production. geradores de energia do parque tecnológico de
b) sistema Kanban. determinado órgão estejam inoperantes, julgue o
c) seis sigma. próximo item, acerca de inventário, alteração, baixa
d) just-in-time. e controle de bens. As informações sobre o estado de
e) TQM. conservação de cada um desses geradores poderão
ser obtidas no inventário analítico de bens.
8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um armazém, uma
estrutura drive-through de estocagem formada por ( ) CERTO ( ) ERRADO 435
15. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando que seis
4 ERRADO
geradores de energia do parque tecnológico de deter-
minado órgão estejam inoperantes, julgue o próximo 5 CERTO
item, acerca de inventário, alteração, baixa e controle
de bens. Constatado o desaparecimento de algum 6 CERTO
desses geradores, sem que se tenha identificado o
7 D
responsável pelo sumiço, o detentor da carga patrimo-
nial deverá solicitar ao chefe imediato providências no 8 ERRADO
que diz respeito à abertura de sindicância para apurar
responsabilidades. 9 CERTO

10 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
11 CERTO
16. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, rela-
tivo a classificação de materiais e gestão de estoques. 12 CERTO
As perdas com a desvalorização de materiais per-
13 CERTO
manentes mantidos em estoque são consideradas
custos de depreciação na gestão de um estoque. 14 CERTO

( ) CERTO ( ) ERRADO 15 CERTO

16 CERTO
17. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, rela-
tivo a classificação de materiais e gestão de estoques. 17 CERTO
Se, do ponto de vista quantitativo, 50% dos estoques
de um almoxarifado forem produtos descartáveis, e 18 ERRADO
estes representarem 5% do valor em estoque no depó- 19 ERRADO
sito, então, pelo método da curva ABC, esses estoques
deverão ser classificados na classe C em função do 20 ERRADO
valor da demanda.

( ) CERTO ( ) ERRADO
ANOTAÇÕES
18. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsequen-
te, a respeito da administração de recursos materiais.
A identificação e a retirada de itens obsoletos e dani-
ficados mantidos nos almoxarifados de uma unidade
hospitalar são atribuições administrativas, mas devem
ser acompanhadas por um profissional especializado
em saúde e medicina.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsequen-


te, a respeito da administração de recursos materiais.
A manutenção de grandes quantidades de materiais
em depósito é vantajosa devido ao fato de reduzir os
custos de armazenagem.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20.(CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, rela-


tivo a classificação de materiais e gestão de estoques.
Considerando o critério de importância operacional,
os medicamentos analgésicos, que são considerados
de alta criticidade em uma unidade de pronto aten-
dimento, devem ser classificados — na classificação
XYZ — como material de classe X.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 ERRADO

2 ERRADO

3 CERTO
436
As músicas guardadas no pen-drive, o filme no
DVD. Alguns exemplos de suporte são: papel, fita
magnética, filme de nitrato, acetato, disco óptico,
disco magnético, filme, CD, DVD, disquete, fotolitos,

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
pen-drive.

z Formato é o “conjunto das características físi-


cas de apresentação, das técnicas de registro e da
estrutura de informação e conteúdo de um docu-
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE mento” (DBTA, 2005).

ARQUIVOLOGIA O formato se relaciona com a forma de apre-


sentação de uma informação, de acordo com a con-
INFORMAÇÃO, SUPORTE, FORMATO E DOCUMENTO figuração física do suporte, a natureza e a forma de
confecção. Por exemplo, uma correspondência está no
Antes de entrarmos na definição de arquivo pro- suporte de papel e no formato de um envelope, esse
priamente dito, é necessário saber alguns conceitos documento que você está lendo encontra-se no for-
fundamentais. mato PDF, mas poderia ser no formato Word, Excel!
Exemplos de formato: diapositivo, mapa, planta, rolo
z Informação é o “elemento referencial, noção, de filme, fichas, códice, livro, envelope.
ideia ou mensagem contidos num documento” Para não ficar nenhuma dúvida, vamos pensar em
(DBTA, 2005). um livro impresso.
Ele tem informações? Sim, porque há palavras
Portanto, informação é tudo aquilo que está em escritas nele que transmitem uma ideia.
um documento, uma receita que anotei no papel, o Ele tem um suporte? Sim, porque está impresso,
portanto, no suporte papel.
PDF que você está lendo, o ingresso do cinema.
Ele tem formato? Sim, o livro é justamente o for-
mato, porque é a maneira que ele se apresenta, carac-
z Suporte é “material no qual são registradas as
terísticas físicas (tem capa, contra capa) e de registro
informações” (DBTA, 2005). Ou seja, onde você está específicas (foi impresso com tinta)! Agora sim, esta-
registrando as informações é o suporte. mos prontos para saber o que é um documento!

z Documento é “toda unidade de registro de infor-


mações, qualquer que seja o suporte ou formato,
suscetível de ser utilizada para consulta, estudo,
prova e pesquisa, por comprovar fatos, fenôme-
nos, formas de vida e pensamentos do homem
numa determinada época ou lugar” (DBTA, 2005).

Ou seja, a fórmula do documento é:

Documento = Informação + (Qualquer) Suporte ou


Formato.

Para ser um documento, precisa ter todos esses


elementos!
Qualquer informação registrada em um supor-
te ou formato é um documento! Uma frase em uma
pedra é um documento!
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O conteúdo de bases de
dados dinâmicas não pode ser considerado documen-
to arquivístico.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Lembre-se da fórmula DOCUMENTO = INFORMA-


ÇÃO + (qualquer) SUPORTE ou FORMATO. O conteú-
do de bases de dados é a informação, mas a questão
não fala o suporte ou formato. Não é um documento
se há somente a informação! Resposta: Errado. 437
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Para se definir um docu- Portanto, um livro de um servidor que se encon-
mento, um aspecto essencial é a existência de um supor- tra na repartição não é um documento de arquivo,
te no qual os signos sejam registrados, embora o tipo de porque não é resultado das atividades daquela ins-
suporte não influencie na definição de se tratar ou não de tituição! Os documentos comprados, doados ou que
um documento. de alguma forma venham de fora sem ser resultados
das atividades da instituição NÃO são documentos de
( ) CERTO ( ) ERRADO arquivo, mas sim aqueles internamente criados ao
longo da vida daquela entidade, seja ela uma entidade
Exatamente isso! Como o nosso conceito de docu- coletiva, pública ou privada, pessoa ou família.
mento afirma, ele deve ser registrado em um supor-
te, mas o tipo desse suporte não influencia na z “Instituição ou serviço que tem por finalidade a
definição de documento. Resposta: Certo. custódia, o processamento técnico, a conservação
e o acesso a documentos”.
DOCUMENTO ARQUIVÍSTICO E ARQUIVO Esse conceito relaciona-se ao arquivo como uma
instituição, com a finalidade de guardar os docu-
mentos, por exemplo, Arquivo Público do DF,
Agora que sabemos o que é um documento, pode-
Arquivo Nacional.
mos perceber a diferença entre um documento e um
z “Instalações onde funcionam arquivos”. Esse con-
documento arquivístico.
ceito se relaciona ao espaço físico de guarda dos
Documentos de Arquivo ou Documentos Arqui-
documentos.
vísticos “são todos aqueles que, produzidos e/ou rece-
z “Móvel destinado à guarda de documentos”.
bidos por pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
no exercício de suas atividades, constituem elementos
Algumas bancas podem cobrar esse conceito também:
de prova ou de informação. Formam um conjunto
orgânico, refletindo as ações a que estão vinculados, “Arquivo é a acumulação ordenada dos docu-
expressando os atos de seus produtores no exercício mentos, em sua maioria textuais, criados por uma
de suas funções. Assim, a razão de sua origem ou a instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e
função para qual são produzidos é que determina sua preservado para a consecução de seus objetivos,
condição de documento de arquivo, e não a natureza visando à utilidade que poderão oferecer no futuro”
do suporte ou formato.” (CONARQ, 2019) (PAES, 2004).
Ou seja, os documentos de arquivo têm todos aque-
les elementos do conceito de documento, acrescidos do: O que você não pode esquecer do conceito de
arquivo é:
z Caráter orgânico.
z Elemento de prova ou de informação. z São orgânicos (relação natural entre documentos
z Reflexo das ações e atividades que originaram de um arquivo em decorrência das atividades da
sua produção e de seus produtores. entidade produtora).
z Produzidos por pessoa física ou jurídica, pública ou z São resultado das atividades: devem servir de pro-
privada, no exercício de suas atividades, essas ativi- va para as transações realizadas, caráter probató-
dades podem ser administrativas, legais e fiscais. rio E informativo.
z Continuam podendo existir em qualquer formato z Independem do tipo de suporte.
ou suporte.
São reflexos das atividades administrativas,
Agora, vamos ao nosso último conceito fundamen- legais e fiscais, portanto, obtém exclusividade de cria-
tal: o de Arquivo! ção e recepção.
Segundo o DBTA (2005), o Arquivo tem 4 definições: Os objetivos primários do arquivo são jurídicos,
funcionais e administrativos.
z “Conjunto de documentos produzidos e acumu-
lados por uma entidade coletiva, pública ou pri- Conceitos Fundamentais: Características dos
vada, pessoa ou família, no desempenho de suas documentos de arquivos
atividades, independentemente da natureza do
suporte.” Nem todos os materiais abordam esse assunto,
mas há uma tendência das bancas, nas provas mais
recentes, cobrarem questões sobre esse item. Os docu-
Importante! mentos de arquivo têm algumas especificidades que o
diferem dos outros documentos, vamos a elas!
Algumas observações sobre esse conceito que é Organicidade: “os documentos de arquivo são pro-
o mais cobrado pelas bancas. duzidos e acumulados em razão das funções e ativi-
Qualquer documento está fixado em algum dades desenvolvidas pelo órgão ou entidade, o que os
suporte ou formato! contextualiza no conjunto a que pertencem. Assim, os
Não importa qual seja o suporte! documentos de arquivo se caracterizam pelas relações
orgânicas que mantêm entre si” (CONARQ, 2019), ou
seja, os documentos têm uma relação natural entre si.
Conforme a nossa definição, os documentos pro- Os seus documentos na carteira são orgânicos, lá
duzidos e acumulados, ou seja, o arquivo é composto está sua identidade, sua carteira de motorista ou car-
por documentos que são acumulados organicamen- tão do ônibus, o recibo de uma compra que você fez,
te, sendo criados por uma entidade na realização de todos esses documentos são orgânicos, porque se rela-
438 suas atividades. cionam a você!
Unicidade: “o documento de arquivo é único no
conjunto documental de que faz parte, porque o con- EXERCÍCIOS COMENTADOS
junto de suas relações com os demais documentos do
grupo é sempre único. Podem existir cópias em um ou 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A relação entre docu-
mais grupos de documentos, mas cada cópia é única em mentos de um arquivo, a qual decorre das atividades
seu lugar.” (CONARQ, 2019) da instituição que os tenha acumulado, constitui a
Para entendermos esse conceito, vamos pensar em organicidade dos documentos de arquivo.
várias fotos 3x4. Inicialmente elas são todas iguais,
mas se você utiliza uma delas em um currículo, outra ( ) CERTO ( ) ERRADO
para fazer seu cartão do SUS e mantém uma em sua
carteira, elas se tornam únicas. Isso ocorre porque Como vimos, a organicidade é uma característica
estão sendo utilizadas em contextos diferentes: aque- do documento de arquivo, decorrendo das ativida-
la mesma foto teve diversas funções de acordo com a des da instituição. Resposta: Certo.
aplicação feita!
Confiabilidade: “o documento de arquivo é confiá- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Todo documento arqui-
vel quando tem a capacidade de sustentar os fatos que vístico deve ser dotado de completeza, isto é, deve
conter todos os elementos intrínsecos e extrínsecos
atesta. A confiabilidade está relacionada ao momen-
exigidos por quem o produziu e pelo sistema jurídico-
to em que o documento é produzido e há veracida-
-administrativo a que pertence, de modo a ser útil para
de de seu conteúdo. Para tanto, precisa ser dotado de
a sociedade.
completeza e ter seus procedimentos de criação bem
controlados.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Completeza consiste na presença, no documen-
to de arquivo, de todos os elementos intrínsecos e
Como vimos, a completeza é a presença, no docu-
extrínsecos exigidos pela organização produtora e pelo
mento de arquivo, de todos os elementos intrínsecos
sistema jurídico-administrativo ao qual pertence, de
e extrínsecos exigidos pela organização produtora
maneira que esse mesmo documento possa ser capaz de
e pelo sistema jurídico-administrativo ao qual per-
gerar consequências. Dificilmente se pode assegurar a tence, de maneira que esse mesmo documento possa
veracidade do conteúdo de um documento; ela é infe- ser capaz de gerar consequências. Resposta: Certo.
rida a partir da completeza e dos procedimentos de
criação. A confiabilidade, sinônimo de fidedignidade, Conceitos Fundamentais: Classificação dos Arquivos
é uma questão de grau, ou seja, um documento pode
ser mais ou menos confiável” (CONARQ, 2019). A classificação dos documentos de arquivo é um
Conceito grande, mas vou destrinchar ele para assunto muito importante. As bancas tendem a trocar
você! Um documento confiável é aquele que tem como o nome de um conceito pelo outro. Os documentos
provar que aquilo que fala é verdade. Por exemplo, podem ser classificados pelos seguintes prismas:
a sua certidão de nascimento é confiável a partir do
momento que existem registros no hospital que você z Entidades mantenedoras
nasceu ali! Para que um documento seja confiável, z Estágios de sua evolução
ele deve ter completeza, por exemplo, um contrato z Extensão de sua atuação
de aluguel no Brasil não será completo se não tiver as z Natureza dos documentos
assinaturas dos interessados e for feita de acordo com z Natureza do assunto
lei brasileira, portanto, um documento que é pouco z Gênero
completo, é pouco confiável! z Entidades Mantenedoras: diz respeito ao tipo de
Autenticidade: “documento de arquivo é autên- pessoa física ou jurídica, família ou entidade
tico quando é o que diz ser, independentemente de que guarda os documentos. Segundo PAES (2004),
se tratar de minuta, original ou cópia, sendo livre de as entidades podem ser:
adulterações ou qualquer outro tipo de corrupção.
Um documento autêntico é aquele que se mantém da „ Públicas: Federal / Estadual / Municipal
„ Institucionais: Institutos educacionais / Enti-
forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
dades Religiosas / Sociedades, Associações,
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento
Fundações, ONGS.
de sua produção. Assim, um documento não completa-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

„ Comerciais (Privadas): Empresas / Corpora-


mente confiável, mas transmitido e preservado sem
ções / Companhias
adulteração ou qualquer outro tipo de corrupção,
„ Familiares ou Pessoais
é autêntico.”
Para que um documento seja autêntico, ele não
Fonte: PAES, 2004, p. 21.
precisa ser verdadeiro. Por exemplo, um médico assi-
na um atestado para um trabalhador ficar de licença z Estágio de Evolução: diz respeito ao valor do
por 3 meses, mesmo ele não estando doente. A doença documento a partir da teoria das 3 idades, que
é falsa, o fato não existe, mas o documento é verdadei- será aprofundada mais à frente. Eles podem ser
ro, porque foi feito seguindo os critérios de transmis- correntes, intermediários ou permanentes.
são e custódia.
Confiabilidade está relacionada ao momento da „ Arquivo Corrente ou de Primeira Idade: “é
produção. conjunto de documentos, em tramitação ou
Autenticidade se refere à transmissão do docu- não, que, por seu valor primário, é objeto de
mento e à preservação e custódia. consulta frequente pelo órgão ou entidade que 439
o produziu e ao qual compete sua administra- graus de sigilo, conforme a legislação em vigor.
ção” (CONARQ, 2019). Essa classificação também é chamada de clas-
„ Arquivo Intermediário ou de Segunda Ida- sificação de segurança (CONARQ, 2019).
de: “é o conjunto de documentos originários de
arquivos correntes com uso pouco frequente z Gênero: os documentos podem ser classificados a
pelo órgão ou entidade que o produziu e que partir da reunião de espécies documentais que se
aguarda destinação final” (CONARQ, 2019). assemelham por seus caracteres essenciais, parti-
„ Arquivo Permanente ou de Terceira Idade:
cularmente suporte e formato, e que exigem pro-
“é o conjunto de documentos preservados
cessamento técnico específico e, algumas vezes,
em caráter definitivo em função de seu valor
secundário” (CONARQ, 2019). mediação técnica para acesso. Eles podem ser divi-
didos entre:
z Extensão de Atuação: nesse espectro, eles podem
ser setoriais ou centrais. „ Textual: documentos manuscritos, datilografa-
dos ou impressos, cujo suporte predominante
„ Arquivos Setoriais são aqueles operacionali- é o papel. Exemplos: atas de reunião, cartas,
zados juntos aos setores de trabalho, cumprin- decretos, livros de registro, panfletos, relató-
do a função de arquivo corrente. Ele é um rios, contratos, atas, certidões, devidamente
arquivo de um setor ou serviço de uma admi- redigidos e apresentados em texto.
nistração, existindo um arquivo central, estará „ Cartográfico: documentos que contêm repre-
a ele tecnicamente subordinado. sentações gráficas da superfície terrestre ou de
„ Arquivos Centrais são aqueles responsáveis corpos celestes e desenhos técnicos. Ex.: mapas,
pela normalização dos procedimentos técni- plantas, perfis, fotografias aéreas, layouts.
cos aplicados aos arquivos de uma administra- „ Audiovisual: documentos que contêm ima-
ção, podendo ou não assumir a centralização gens, fixas ou em movimento, e registros
do armazenamento. Também pode se chamar sonoros. Integram este gênero os documentos
de arquivo geral. iconográficos, filmográficos e sonoros. Ex.: pro-
gramas de televisão em geral.
z Natureza dos Documentos: através da natureza
„ Iconográfico: documentos que contêm ima-
documental, eles se dividem entre:
gens fixas, impressas, desenhadas ou
fotografadas. Ex.: fotografias (diapositivos,
„ Especializados são aqueles arquivos cujo acer-
vo tem uma ou mais características comuns, ampliações e negativos fotográficos), desenhos,
como natureza, função ou atividade da entida- gravuras, slides, demais gravuras, em modo
de produtora, tipo, conteúdo, suporte ou data estático.
dos documentos, entre outras. Eles acumulam „ Filmográfico: documentos que contêm ima-
documentos resultantes da experiência huma- gens em movimento, com ou sem som. Ex.:
na em um campo específico, independente filmes, fitas videomagnéticas;
da forma física que apresentam. Também são „ Sonoro: registros sonoros. Ex.: discos, fitas
chamados de arquivos técnicos. Ex.: arquivos audiomagnéticas.
médicos, arquivos de engenharia, arquivos de „ Micrográfico: documentos em microforma. Ex.:
serviço social. microfilmes, microfichas, cartões-janela, jaque-
„ Especiais são aqueles arquivos que possuem tas, tab-jac:
documentos que devem ser tratados com cer- „ Informático: documentos produzidos, trata-
tos cuidados. Geralmente possuem documen- dos ou armazenados em computador. Ex.: um
tos em linguagem não-textual, em suporte não arquivo do Word, Excel, um arquivo de áudio
convencional, ou, no caso de papel, em formato do formato MP3.
e dimensões excepcionais, que exige procedi-
mentos específicos para seu processamento
técnico, guarda e preservação, e cujo acesso
depende, na maioria das vezes, de intermedia-
ção tecnológica.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2020) O tipo de arquivo que guarda docu-
z Natureza do Assunto: a partir do teor dos docu-
mentos de determinado assunto específico, indepen-
mentos, eles podem ser divididos entre:
dentemente da forma física que possam apresentar, é
o
„ Ostensivos são aqueles que NÃO possuem uma
restrição de acesso, ou seja, sua divulgação
a) setorial
não prejudica o órgão ou entidade, nem seus
servidores, podendo ser de domínio público b) central
(CONARQ, 2019). c) especializado
„ Sigilosos são aqueles que pela natureza do seu d) ostensivo
conteúdo sofrem restrição de acesso e devem e) permanente
ser de conhecimento limitado, necessitando
de medidas especiais de salvaguarda para O arquivo recebe documentos resultantes da expe-
custódia e divulgação. Esses documentos e as riência humana em um campo específico, indepen-
informações que contêm recebem uma classi- dente da forma física que apresentam. Resposta:
440 ficação de sigilo, isto é, são atribuídos a eles Letra C.
2. (FGV – 2018) Assinale a opção que, conforme explícito na terminologia arquivística, apresenta um exemplo de arquivo
especializado.

a) Arquivo Central
b) Arquivo Setorial
c) Arquivo Privado
d) Arquivo Médico
e) Arquivo de Microfilmes

O arquivo médico é um arquivo especializado, porque se refere a um assunto específico da existência humana.
Resposta: Letra D.

ARQUIVO X BIBLIOTECA X MUSEU X CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

Os arquivos, museus, bibliotecas e centros de documentação têm como objetivo comum guardar os documen-
tos, preservação de documentos, dar acesso aos documentos, recolher, tratar, transferir e difundir informações.
O que importa para o seu concurso são as características dos documentos de cada órgão de documentação. As
bancas costumam colocar elementos de bibliotecas e museus como se fossem dos arquivos, preste atenção!
Observe a tabela abaixo feita a partir das observações feitas por PAES (2004) e BELLOTO (2006):

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO/
ARQUIVO BIBLIOTECA MUSEU
BANCO DE DADOS
Órgão receptor (recolhe de for- Órgão colecionador ou referenciador
Órgão colecionador (reunião ar- Órgão colecionador (coleção
ma natural e orgânica seus (coleciona ou só referencia dados
tificial de documentos). artificial).
documentos). em forma física e virtual).
Documentos reunidos segundo
sua origem e função, estabele-
ce classificação específica para
Documentos reunidos pelo Documentos reunidos segun-
cada instituição, ditada pelas
conteúdo (assunto), utiliza mé- do a natureza do material e a Documentos reunidos pelo as-
suas particularidades.
todos predeterminados de clas- finalidade específica do mu- sunto, por COLEÇÃO.
Exige conhecimento da relação
sificação, por COLEÇÃO. seu, por COLEÇÃO.
entre as unidades, a organiza-
ção e o funcionamento dos ór-
gãos, por FUNDOS.
Objetivos primários: jurídicos,
funcionais e administrativos Objetivos: culturais, técnicos, ar- Objetivos: educativos, cultu- Objetivos: fundamentalmente
Objetivos secundários: culturais tísticos, educativos, científicos. rais, artísticos e funcionais. científicos.
e pesquisa histórica.
Tipo de suporte: manuscritos,
impressos, audiovisuais, micro Tipo de suporte: impressos, au- Tipo de suporte: audiovisuais ou
Tipo de suporte: objetos bi/tri-
gráficos, fonográficos, iconográ- diovisuais, manuscritos, exem- virtual, exemplar único ou múltiplo.
dimensionais, exemplar único.
ficos, exemplar ÚNICO ou em plares MÚLTIPLOS.
número limitados de cópias.
Forma de entrada dos documen- Forma de entrada dos documen- Forma de entrada dos docu-
Forma de entrada dos documen-
tos: passagem natural de fonte tos: compra, doação, permuta de mentos: compra, doação, per-
tos: compra, doação, pesquisa.
geradora única. fontes múltiplas. muta de fontes múltiplas.
Método de avaliação: preserva-se
Método de avaliação:
a documentação referente a uma
aplica-se a unidades isoladas.
atividade, como um conjunto, e
O julgamento NÃO tem caráter
não como unidades isoladas. Os
irrevogável. O julgamento envol-
julgamentos são finais e irrevo-
ve questões de conveniência, e
gáveis;A documentação não rara
não de preservação.
existe em via única.
Método descritivo: Aplica-se a
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

conjuntos de documentos. Método descritivo:


As séries (órgãos e suas subdi- aplica-se a unidades discrimina-
visões, atividades funcionais ou das. Os documentos (anuários,
grupos documentais da mesma periódicos etc.) são unidades
espécie)são consideradas uni- isoladas para catalogação.
dades para fins de descrição.
Público-alvo: administrador e Público-alvo: Grande público e Público-alvo: Grande público
Público-alvo: pesquisador.
pesquisador. pesquisador. e pesquisador.

Retomando os conceitos, não se esqueça de que:

z O arquivo não é um órgão colecionador, qualquer questão que falar que o arquivo faz coleção está errada!
z O arquivo é composto por documentos acumulados de forma natural e orgânica, não é divisível!
z O arquivo tem como objetivos primários: jurídicos, funcionais e administrativos e como objetivos secundá-
rios: culturais e pesquisa histórica. 441
z O arquivo não tem objetos tridimensionais para Arquivos correntes (1ª idade):
entretenimento e os exemplares são únicos ou em
um número limitado de cópias. “Conjunto de documentos, em tramitação ou não,
z Os julgamentos de avaliação dos arquivos são que, por seu valor primário, é objeto de consulta
finais e irrevogáveis. frequente pelo órgão ou entidade que o produziu
z O arquivo não utiliza métodos de classificação e ao qual compete sua administração.” (CONARQ,
predeterminados, depende da realidade de cada 2019)
arquivo.
z Natureza dos arquivos: administrativa, jurí- No caso de valor primário, trata-se do uso para fins
dica, informativa, orgânica, serial, contínua e administrativos, legais e fiscais. Refere-se à utilidade
cumulativa. do documento para o órgão ou entidade, razão primei-
z A principal finalidade dos arquivos é servir à ra de sua criação, o que pressupõe o estabelecimento
administração, constituindo-se, com o passar do de prazos de guarda ou retenção anteriores à elimi-
tempo em base do conhecimento da história. nação ou ao recolhimento para guarda permanente.
z A função básica do arquivo é tornar disponível as Os documentos correntes e intermediários apre-
informações contidas nos documentos que guarda. sentam valor primário.
z Arquivos possuem Vínculo arquivístico, dife- Todos os documentos passam necessariamente
rentes de museus, bibliotecas e centros de pela idade corrente.
documentação.
Arquivos intermediários (2ª idade):

“É o conjunto de documentos originários de


EXERCÍCIOS COMENTADOS arquivos correntes com uso pouco frequente pelo
órgão ou entidade que o produziu e que aguarda
1. (VUNESP – 2019) Assinale a alternativa que apresenta destinação final” (CONARQ, 2019).
apenas, e tão somente, características que compõem
a natureza dos arquivos.
Importante!
a) Histórica, contábil, permanente, orgânica, individual,
contínua e cumulativa. Os documentos intermediários apresentam valor
b) Jurídica, histórica, contábil, seletiva, individual, contí- primário.
nua e cumulativa. Os documentos não precisam passar necessaria-
c) Administrativa, jurídica, informativa, orgânica, serial,
mente por essa idade.
contínua e cumulativa.
d) Administrativa, jurídica, social, orgânica, serial, des- Quando um documento passa do arquivo cor-
contínua e cumulativa. rente ao intermediário chama-se transferência.
e) Histórica, jurídica, informativa, orgânica, seletiva, des- Passagem do Arquivo Corrente → IntermeDiário
contínua e cumulativa. = Transferência

Natureza dos arquivos: Administrativa, jurídica,


informativa, orgânica, serial, contínua e cumulativa. Arquivos permanentes (3ª idade):
Resposta: Letra C.
“É o conjunto de documentos preservados em cará-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O caráter orgânico que ter definitivo em função de seu VALOR SECUNDÁ-
interliga os documentos de um mesmo conjunto cons- RIO” (CONARQ, 2019).
titui característica primordial dos arquivos.
Valor secundário é aquele atribuído a um documen-
( ) CERTO ( ) ERRADO to tendo em vista sua utilidade para objetivos diferentes
daqueles para os quais foi, originalmente, produzido.
Há uma significação orgânica entre os documentos, Refere-se ao uso dos documentos como fonte de pes-
sendo ela uma característica essencial que a dife-
quisa e informação para terceiros e para a própria
re dos outros órgãos de documentação. Resposta:
administração, por conterem informações essenciais
Certo.
sobre matérias com as quais a organização lida para
Como vimos, o método de classificação das bibliote-
cas é predeterminado e os arquivos variam de acor- fins de estudo.
do com a situação, não pode ser utilizado o mesmo Os arquivos permanentes possuem valor SECUN-
entre arquivos e bibliotecas. Resposta: Errado. DÁRIO(probatório e informativo). NÃO podem ser
eliminados. Quando um documento passa do arquivo
TEORIA DAS 3 IDADES (CICLO VITAL DOS corrente ou intermediário ao arquivo permanente
DOCUMENTOS) chama-se recolhimento.

“Teoria segundo a qual os arquivos são considera- Passagem do Arquivo Corrente ou Intermediário →
dos arquivos correntes, intermediários ou perma- Permanente = Recolhimento
nentes, de acordo com a frequência de uso por suas
entidades produtoras e a identificação de seus valores Mais à frente, vamos destrinchar as características
442 primário e secundário.” (DBTA, 2005) de cada uma das idades!
„ Fundo fechado: aquele que não recebe novos
EXERCÍCIOS COMENTADOS documentos, em função da entidade produto-
ra não estar mais em atividade. Preste muita
1. (VUNESP – 2019) Segundo a Teoria das Três Idades, o
atenção pois o fundo fechado não recebe mais
arquivo:
documentos NOVOS. Se por exemplo, um órgão
a) corrente é o conjunto de documentos, em tramitação parou suas atividades em 2002, o fundo des-
ou não, que, pelo seu valor secundário, é objeto de se órgão está fechado, mas ele pode receber
consultas periódicas pela entidade que o produziu, a documentos de 1998, porque não são novos
quem compete a sua administração. documentos.
b) intermediário consiste no conjunto de documentos „ Se um organismo extinto A transfere suas com-
originários dos pré-arquivos, com uso muito frequente, petências a outro organismo já existente B, o
que aguarda destinação. fundo do organismo extinto A será fechado e
c) de segurança é o conjunto de cópias arquivadas em o fundo do organismo B lhe dará continuidade.
local diverso daquele dos respectivos originais para
Por exemplo, o Ministério do Trabalho foi extin-
garantir a integridade da informação arquivística.
d) permanente é o conjunto de documentos preservados to e transferiu suas competências ao Ministério
em caráter definitivo em função de seu valor secundá- da Economia. Logo, o fundo do Ministério do
rio e informativo. Trabalho será fechado e agora os documentos
e) histórico é definido como aquele cujo acervo tem produzidos relacionados às competências do
características especiais e documentos de valor pri- Ministério do Trabalho farão parte do fundo do
mário, conforme a natureza, função ou atividade da Ministério da Economia.
entidade produtora. „ Se o órgão muda de nome, mas mantem suas
atribuições, o fundo deverá ser aberto.
A letra A está errada, porque o arquivo corrente
apresenta valor primário. A letra B está errada,
porque o arquivo intermediário não possui consul- Bancas como a CESPE adoram brincar com esse
tas frequentes. A letra C está errada, porque arqui- conceito. Veja a seguir exemplos de exercícios devida-
vos de segurança não fazem parte da teoria das 3 mente comentados.
idades. A letra D está correta, porque os arquivos
permanentes devem ser guardados para sempre e
podem possuir valor probatório ou informativo. A
letra E está errada, porque ele misturou o conceito EXERCÍCIOS COMENTADOS
de arquivos especiais, arquivos correntes e arquivos
permanentes. Resposta: Letra D. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Um fundo fechado pode
receber documentos, ainda que as atividades da sua
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O trânsito entre diferen-
instituição de origem tenham se encerrado.
tes tipos de arquivo que compõem um sistema ocorre
por meio de transferências e recolhimentos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A transferência é o trânsito do arquivo corrente ao
intermediário. O recolhimento é o trânsito do arqui- Acabamos de ver que um fundo fechado pode sim
vo corrente ou intermediário ao arquivo permanen- receber documentos! Resposta: Certo.
te. Resposta: Certo.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2009) O fundo fechado não
PRINCÍPIOS ARQUIVÍSTICOS pode, em nenhuma hipótese, receber documentos
após a extinção da pessoa jurídica ou o falecimento
Os princípios arquivísticos são conteúdos essen- da pessoa física.
ciais para a compreensão das bases da arquivologia
e eles vão nos acompanhar em outros assuntos como ( ) CERTO ( ) ERRADO
avaliação e classificação. Os principais princípios
arquivísticos são: O fundo fechado pode receber documentos. Respos-
ta: Errado.
z Proveniência ou Respeito aos Fundos: “princípio
básico da arquivologia segundo o qual o arquivo
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

z Pertinência ou Temático: “princípio segundo o


produzido por uma entidade coletiva, pessoa ou
qual os documentos deveriam ser reclassificados
família não deve ser misturado aos de outras enti-
por assunto sem ter em conta a proveniência e a
dades produtoras” (CONARQ, 2005).
classificação original” (DBTA, 2005). Esse princí-
Ou seja, não se pode mesclar documentos de ori- pio é OPOSTO ao do respeito aos fundos, porque
gens diferentes. Um documento da Polícia Federal, não ele não respeita a organicidade, selecionando os
pode ser misturado com um documento do IBAMA. documentos por critérios temáticos.
O princípio da proveniência é norteador do con-
ceito de FUNDO, visto que fundo é o conjunto de docu-
mentos de uma mesma proveniência.
Importante!
„ Fundo aberto: aquele que ainda recebe novos O CESPE ama trocar os dois conceitos!
documentos porque a entidade produtora ain- Pertinência = Assunto
da está em atividade. Proveniência = Entidade Produtora 443
z Pertinência Territorial: “conceito OPOSTO ao natural e orgânica. Esse é um dos princípios que
de princípio da proveniência e segundo o qual justifica o arquivo não ser uma coleção e sim acú-
documentos ou arquivos deveriam ser transfe- mulo natural de documentos a partir das ativida-
ridos para a custódia de arquivos com jurisdição des realizadas.
arquivística sobre o território ao qual se reporta o z Inter-Relacionamento: o documento tomado
seu conteúdo, sem levar em conta o lugar em que individualmente não é testemunho completo dos
foram produzidos” (DBTA, 2005). Esse princípio atos e das ações que o geraram, visto que é na rela-
defende que um documento produzido pela Defen- ção que ele estabelece com outros documentos e
soria Pública do DF sobre um cidadão do Amazo- com a atividade da qual resulta, que lhe são atri-
nas, deve ser transferido ao Amazonas. O local ao buídos significado e capacidade comprobatória.
que se refere o conteúdo do documento, é onde ele Essa característica é conhecida como inter-relacio-
deve ficar. namento. Ou seja, o documento é sempre analisa-
z Ordem Original ou Santidade: “princípio segun- do como CONJUNTO e não isoladamente.
do o qual o arquivo deveria conservar o arranjo z Imprescritibilidade: princípio pelo qual é assegu-
dado pela entidade coletiva, pessoa ou família que
rado ao Estado o direito sobre os arquivos públi-
o produziu”. Esse princípio é um desdobramento
cos, sem limitação de tempo, por serem estes
do princípio da proveniência, no qual a organiza-
considerados bens públicos inalienáveis. Ou seja, o
ção interna do fundo, dada por quem produziu o
governo não possui limite de tempo de acesso aos
documento, deve ser mantida.
documentos que são públicos.
z Territorialidade Ou Proveniência Territorial:
“derivado do princípio da proveniência e segundo z Inalienabilidade: princípio pelo qual é impedida
o qual arquivos deveriam ser conservados em ser- a alienação de arquivos públicos a terceiros. Não
viços de arquivo do território no qual foram pro- se pode transmitir formalmente a custódia ou pro-
duzidos, excetuados os documentos elaborados priedade de documentos ou arquivos. Ou seja, não
pelas representações diplomáticas ou resultantes se pode vender um processo administrativo disci-
de operações militares” (DBTA, 2005). Esse prin- plinar, doar um dossiê funcional.
cípio afirma que o documento deve permanecer
onde foi produzido. LEGISLAÇÃO

Pertinência Territorial: os documentos devem A primeira legislação básica que vamos estudar
ficar no local do assunto. é a Lei nº 8.159/91. Ela surge em grande quantidade
Proveniência Territorial: os documentos devem ficar nas provas de concurso e dá conceitos básicos como:
no local de produção. arquivos públicos, arquivos privados, gestão de docu-
mentos. Vamos começar!
z Organicidade: refere-se à relação natural entre A Lei nº 8.159/91, também chamada de Lei de
documentos de um arquivo em decorrência das Arquivos, dispõe sobre a política nacional de arquivos
atividades da entidade produtora. Os arquivos públicos e privados e dá outras providências.
devem se organizar conforme a competência e as
atividades da instituição ou pessoa legitimamen- Capítulo I
te responsável por sua produção ou acumulação, Disposições Gerais
porque refletem a estrutura, as funções e as ati-
vidades da entidade produtora/acumuladora em Art. 1º É dever do Poder Público a gestão documen-
suas relações internas e externas. tal e a proteção especial a documentos de arquivos,
z Reversibilidade: “princípio segundo o qual todo como instrumento de apoio à administração, à cul-
procedimento ou tratamento empreendido em tura, ao desenvolvimento científico e como elemen-
arquivos pode ser revertido, se necessário” tos de prova e informação.
(DBTA, 2005). Esse princípio está associado aos Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta
procedimentos de restauração e preservação, Lei, os conjuntos de documentos produzidos e rece-
poderem ser revertidos, caso necessário. bidos por órgãos públicos, instituições de caráter
z Unicidade: é a característica segundo a qual, inde- público e entidades privadas, em decorrência do
pendentemente de forma, gênero, tipo ou suporte, exercício de atividades específicas, bem como por
os documentos de arquivo conservam seu cará- pessoa física, qualquer que seja o suporte da infor-
ter único, em função do contexto em que foram mação ou a natureza dos documentos.
produzidos. Ainda que se trate de cópias ou exem-
plares múltiplos, cada documento assume um Arquivo: Conjunto de documentos de qualquer
lugar único na estrutura do conjunto ao qual per- natureza ou suporte produzidos por:
tence, definido pelo papel que cumpriu dentro das
funções da instituição que o acumulou. z Órgãos públicos;
z Integridade Arquivística ou Indivisibilidade: z Instituições de caráter público;
“decorrente do princípio da proveniência que con- z Entidades privadas;
siste em resguardar um fundo de misturas com z Pessoas físicas.
outros, de parcelamentos e de eliminações indis-
criminadas”. Esse princípio se baseia em justa- Art. 3º Considera-se gestão de documentos o con-
mente preservar o fundo de dispersão, mutilação, junto de procedimentos e operações técnicas refe-
alienação, destruição ou acréscimos indevidos ou rentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação
não autorizados. e arquivamento em fase corrente e intermediária,
z Cumulatividade/Naturalidade: estabelece que visando a sua eliminação ou recolhimento para
444 o arquivo é uma sedimentação progressiva, guarda permanente.
Passagem do Arquivo Corrente para o Arquivo § 1º Consideram-se documentos correntes aqueles
Intermediário = Transferência. em curso ou que, mesmo sem movimentação, cons-
Passagem do Arquivo Corrente ou Intermediário tituam objeto de consultas frequentes.
para o Arquivo Permanente = Recolhimento. § 2º Consideram-se documentos intermediários
A gestão de documentos concentra-se nas fases aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos
Corrente e Intermediária. produtores, por razões de interesse administrativo,
aguardam a sua eliminação ou recolhimento para
Para algumas bancas como CESPE: A gestão de
guarda permanente.
documentos ocorre nas 3 fases.
§ 3º Consideram-se permanentes os conjuntos de
documentos de valor histórico, probatório e infor-
Art. 4º Todos têm direito a receber dos órgãos mativo que devem ser definitivamente preservados.
públicos informações de seu interesse particular Art. 9º A eliminação de documentos produzidos
ou de interesse coletivo ou geral, contidas em docu- por instituições públicas e de caráter público será
mentos de arquivos, que serão prestadas no prazo realizada mediante autorização da instituição
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas arquivística pública, na sua específica esfera de
aquelas cujos sigilo seja imprescindível à seguran- competência.
ça da sociedade e do Estado, bem como à inviolabi- Art. 10º Os documentos de valor permanente são
lidade da intimidade, da vida privada, da honra e inalienáveis e imprescritíveis.
da imagem das pessoas.
Segundo o DBTA (2005), imprescritível é “princípio
Art. 5º A Administração Pública franqueará a consul- pelo qual é assegurado ao Estado o direito sobre os
ta aos documentos públicos na forma desta Lei. arquivos públicos, sem limitação de tempo, por serem
estes considerados bens públicos inalienáveis”. Segun-
Ou seja, o Poder Público deverá liberar a consulta do o DBTA (2005), inalienável é “princípio pelo qual é
dos documentos públicos. impedida a alienação de arquivos públicos a terceiros”.

Art. 6º Fica resguardado o direito de indenização Continuando a Lei de Arquivos!


pelo dano material ou moral decorrente da viola-
ção do sigilo, sem prejuízo das ações penal, civil e
Capítulo III
administrativa.
Dos Arquivos Privados

Se alguém divulgar um documento sigiloso, ele Art. 11 - Consideram-se arquivos privados os con-
deverá ser punido nas três instâncias, se necessário e juntos de documentos produzidos ou recebidos por
de forma acumulada. pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas
Voltemos a essa lei fundamental para o seu atividades.
concurso!
Ou seja, todos os documentos que não são
Capítulo II produzidos por órgãos públicos ou instituições que
Dos Arquivos Públicos tenham relações com órgãos públicos são PRIVADOS.

Art. 7º - Os arquivos públicos são os conjuntos de Art. 12 Os arquivos privados podem ser identifica-
documentos produzidos e recebidos, no exercício dos pelo Poder Público como de interesse público e
de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito social, desde que sejam considerados como conjun-
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal tos de fontes relevantes para a história e desenvol-
em decorrência de suas funções administrativas, vimento científico nacional.
legislativas e judiciárias.
§ 1º - São também públicos os conjuntos de docu- A identificação de um arquivo privado como de
mentos produzidos e recebidos por instituições de interesse público e social pode ser feito pelo Presiden-
caráter público, por entidades privadas encarrega- te da República e por ato do Ministro de Estado da Jus-
das da gestão de serviços públicos no exercício de tiça e Segurança Pública.
suas atividades.
Art. 13 Os arquivos privados identificados como de
interesse público e social não poderão ser alienados
Importante! com dispersão ou perda da unidade documental,
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

nem transferidos para o exterior.


Documentos públicos são aqueles produzidos ou
Parágrafo único - Na alienação desses arquivos o
recebidos, no exercício de suas atividades, por: Poder Público exercerá preferência na aquisição.
� Órgãos públicos (federais, estaduais, do DF e Art. 14 O acesso aos documentos de arquivos pri-
municipais). vados identificados como de interesse público e
� Entidades privadas encarregadas de serviços social poderá ser franqueado mediante autoriza-
públicos. ção de seu proprietário ou possuidor.
Art. 15 Os arquivos privados identificados como de
interesse público e social poderão ser depositados a
§ 2º A cessação de atividades de instituições públi- título revogável, ou doados a instituições arquivís-
cas e de caráter público implica o recolhimento de ticas públicas.
sua documentação à instituição arquivística públi- Art. 16 Os registros civis de arquivos de entidades
ca ou a sua transferência à instituição sucessora. religiosas produzidos anteriormente à vigência do
Art. 8º Os documentos públicos são identificados Código Civil ficam identificados como de interesse
como correntes, intermediários e permanentes. público e social. 445
Vamos ler mais um pouco? guarda, e acompanhar e implementar a política
nacional de arquivos.
Capítulo IV Parágrafo único - Para o pleno exercício de suas
Da Organização e Administração de Institui- funções, o Arquivo Nacional poderá criar unidades
ções Arquivísticas Públicas regionais.
Art. 19 Competem aos arquivos do Poder Legislativo
Art. 17 A administração da documentação públi- Federal a gestão e o recolhimento dos documentos
ca ou de caráter público COMPETE às instituições produzidos e recebidos pelo Poder Legislativo Federal
arquivísticas federais, estaduais, do Distrito Fede- no exercício das suas funções, bem como preservar
ral e municipais. e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
§ 1º - São Arquivos Federais o Arquivo Nacional, os Art. 20 Competem aos arquivos do Poder Judiciário
do Poder Executivo, e os arquivos do Poder Legis- Federal a gestão e o recolhimento dos documentos pro-
lativo e do Poder Judiciário. São considerados, tam- duzidos e recebidos pelo Poder Judiciário Federal no
bém, do Poder Executivo os arquivos do Ministério exercício de suas funções, tramitados em juízo e oriun-
da Marinha, do Ministério das Relações Exterio- dos de cartórios e secretarias, bem como preservar e
res, do Ministério do Exército e do Ministério da facultar o acesso aos documentos sob sua guarda.
Aeronáutica.
O Arquivo Nacional só deve resguardar os docu-
Arquivos Federais mentos do Executivo Federal. Por exemplo, se você
vai fazer o concurso da PG/DF, ele não será resguar-
z Arquivo Nacional dado pelo Arquivo Nacional, porque é não um órgão
z Poder Executivo Federal (Ex: Presidência da federal e nem no Executivo! “Art. 18 - Compete ao
República) Arquivo Nacional a gestão e o recolhimento dos docu-
z Poder Legislativo Federal (Ex: Senado Federal) mentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo
z Poder Judiciário Federal (Ex: STF) Federal, bem como preservar e facultar o acesso aos
documentos sob sua guarda, e acompanhar e imple-
Portanto, se o seu concurso é federal (PRF, PF, mentar a política nacional de arquivos”.
IBAMA), os arquivos da sua instituição são arquivos Os Poderes Judiciário e Legislativo são responsáveis
federais. pela sua própria gestão e recolhimento.

§ 2º - São Arquivos Estaduais os arquivos do Poder Art. 21 Legislação estadual, do Distrito Federal e
Executivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arqui- municipal definirá os critérios de organização e
vo do Poder Judiciário. vinculação dos arquivos estaduais e municipais,
bem como a gestão e o acesso aos documentos,
observado o disposto na Constituição Federal e
Arquivos Estaduais
nesta Lei.
z Poder Executivo Estadual (Ex: Secretaria de Assis-
tência Social do Maranhão)
z Poder Legislativo Estadual (Ex: Câmara Legislativa
da Bahia)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Poder Judiciário Estadual (Ex: Defensoria Pública
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A eliminação de docu-
do Rio Grande do Norte)
mentos acumulados por instituições públicas deve-
rá ser realizada mediante autorização da secretaria
Portanto, se o seu concurso é estadual, os arquivos
de justiça, no âmbito federal, ou de seu similar, nos
da sua instituição são estaduais.
estados.
§ 3º - São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do
( ) CERTO ( ) ERRADO
Poder Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o
arquivo do Poder Judiciário.
“Art. 21 - Legislação estadual, do Distrito Federal e
O Distrito Federal possui arquivos distritais e NÃO municipal definirá os critérios de organização e vin-
estaduais! culação dos arquivos estaduais e municipais, bem
como a gestão e o acesso aos documentos, observado
§ 4º - São Arquivos Municipais o arquivo do Poder o disposto na Constituição Federal e nesta Lei”. Cada
Executivo e o arquivo do Poder Legislativo. esfera vai decidir como realizar os processos de ges-
tão, dentre eles, a eliminação. Resposta: Errado.
Arquivos Municipais
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Compete ao Arquivo
z Poder Executivo Municipal (Ex: Prefeitura de São Nacional resguardar os documentos oriundos das ati-
Luís - MA) vidades exercidas pelo Tribunal de Justiça do Estado
z Poder Legislativo Municipal (Ex: Câmara de Mauá -SP) do Amazonas.

§ 5º - Os arquivos públicos dos Territórios são organi- ( ) CERTO ( ) ERRADO


zados de acordo com sua estrutura político-jurídica.
Art. 18 Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o O Arquivo Nacional só resguarda documentos do
recolhimento dos documentos produzidos e rece- Executivo Federal. Resposta: Errado.
bidos pelo poder executivo federal, bem como pre-
446 servar e facultar o acesso aos documentos sob sua
DISPOSIÇÕES FINAIS z O apoio às atividades cotidianas é a justificativa
para a conservação dos documentos correntes.
Art. 25 Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil z Nos arquivos correntes que se realizam as ativida-
e administrativa, na forma da legislação em vigor,
des de PROTOCOLO.
aquele que desfigurar ou destruir documentos de
valor permanente ou considerado como de interesse
público e social.
Arquivos Intermediários

Se alguém rasgar ou roubar um documento per- z Os documentos NÃO passam obrigatoriamente


manente, por exemplo, ele será processado nas três pelos arquivos intermediários.
instâncias e as penas podem se acumular. z A diminuição do valor primário dos documentos
indica a necessidade da transferência dos docu-
Art. 26 Fica criado o Conselho Nacional de Arqui- mentos correntes aos arquivos intermediários.
vos (CONARQ), órgão vinculado ao Arquivo Nacio- z Arquivo intermediário é o conjunto de documen-
nal, que definirá a política nacional de arquivos, tos originários de arquivos correntes, com uso
como órgão central de um Sistema Nacional de pouco frequente, que aguarda sua destinação final
Arquivos (SINAR). em depósito de armazenamento temporário, é
uma guarda temporária.
O CONARQ definirá a política nacional de Arquivos z O arquivo intermediário pode ser dividido em
e será o órgão central do SINAR. duas fases: uma em que os documentos ficam pró-
O CONARQ é vinculado ao Arquivo Nacional. ximos do usuário direto, e outra em que eles ficam
mais distantes do usuário, considerando-se maior
§ 1º - O Conselho Nacional de Arquivos será pre- ou menor possibilidade de uso desses documentos.
sidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e z O arquivo intermediário, que constitui um dos
integrado por representantes de instituições arqui- principais elementos do programa de gestão de
vísticas e acadêmicas, públicas e privadas.
documentos, foi concebido para armazenar uma
§ 2º - A estrutura e funcionamento do conse-
grande quantidade de documentos com um baixo
lho criado neste artigo serão estabelecidos em
regulamento.
custo.
z A organização de documentos transferidos a
arquivos intermediários NÃO pode ser modificada
sem o consentimento de quem os acumulou.
z Para a transferência de documentos ao arquivo
O GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO intermediário, o prazo de guarda e a destinação
E A GESTÃO DE DOCUMENTOS final definidos na tabela de temporalidade são
imprescindíveis.
ARQUIVOS CORRENTES E INTERMEDIÁRIOS z A principal motivação para a criação da idade
intermediária de arquivos foi a econômica.
Nós já vimos o que são os arquivos correntes e z São objetivos do arquivo intermediário: evitar a
intermediários. Para relembrar: manutenção de documentos por um longo perío-
Arquivos Correntes (1ª idade): “conjunto de docu- do nos setores de trabalho e o recolhimento pre-
mentos, em tramitação ou não, que, por seu valor pri- maturo de documentos ao arquivo permanente,
mário, é objeto de consulta frequente pelo órgão ou garantir a redução dos custos de conservação de
entidade que o produziu e ao qual compete sua admi- documentos e potencializar o acesso à informação.
nistração” (CONARQ, 2019). z O acesso aos documentos é restrito aos acumula-
Arquivos Intermediários: (2ª idade): “é o conjun- dores ou às pessoas autorizadas.
to de documentos originários de arquivos correntes z A justificativa para sua conservação está em razões
com uso pouco frequente pelo órgão ou entidade que administrativas, técnicas, legais ou fiscais.
o produziu e que aguarda destinação final” (CONARQ,
2019). Agora que destrinchamos as características dos
Agora vamos aprofundar algumas características arquivos correntes e intermediários, a tabela abaixo
de cada uma dessas idades. vai te ajudar a perceber as diferenças entre esses dois.

Arquivos Correntes
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Intermediários
Correntes
(limbo, purgatório,
z Todos os Documentos passam pelos arquivos (administrativa,
semiativo,
correntes. de gestão, ativo)
pré-arquivos)
z Os documentos que formam os arquivos correntes
FREQUÊNCIA DE Frequentemente Raramente
podem ser encontrados em todas as unidades ou USO consultados; consultados;
todos os setores de trabalho de uma organização
e são caracterizados pela possibilidade de terem Final de vigência;
documentos que
valor administrativo, técnico ou legal. aguardam prazos
z Documentos correntes possuem valor primário longos de prescrição
em seu nível máximo. Documentos
VIGÊNCIA ou precaução;
vigentes;
z Para ser considerado corrente, um documento aguardam a
deve ter uma possibilidade de uso alta. destinação final:
z O acesso aos documentos do arquivo corrente é eliminação ou guarda
permanente;
restrito aos acumuladores. 447
Imediato ou z As ações compreendidas pela gestão de documen-
VALOR Imediato ou primário
primário tos incluem a definição da política arquivística,
Restrito ao Restrito aos que tem por objetivo produzir, manter e preservar
ACESSO organismo acumuladores ou às documentos confiáveis, autênticos, acessíveis e
produtor pessoas autorizadas. compreensíveis, de maneira a apoiar suas funções
Pode ser dividido e atividades.
em duas fases: z A eficácia de um programa de gestão de documen-
uma em que os tos depende da adoção de métodos de classifica-
documentos ficam ção e de avaliação (vamos aprofundar isso logo
próximos do usuário
à frente), com a aplicação de códigos de classifica-
direto, e outra em
que eles ficam mais ção e de tabelas de temporalidade e destinação de
LOCAL Próximo ao documentos de arquivo, além da implantação de
distantes do usuário,
DE produtor
considerando-se sistemas de arquivos.
ARQUIVAMENTO (descentralizado)
maior ou menor z O programa de gestão de documentos deve ter
possibilidade como base uma política arquivística e a designa-
de uso desses
ção de responsabilidades, além de estar alinhado
documentos. Mas
em geral, ele está com a missão institucional e a legislação arquivís-
distante do produtor tica em vigor.
(centralizado).

GESTÃO DE DOCUMENTOS
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A Gestão de documentos é conteúdo essencial para
a compreensão de assuntos futuros e sempre cai nas 1. (VUNESP – 2020) Conjunto de procedimentos e ope-
questões de Arquivologia dos concursos. Segundo o rações técnicas referentes a produção, tramitação,
CONARQ (2019), a gestão de documentos “implica em uso, avaliação e arquivamento de documentos arqui-
acompanhar todo o ciclo vital dos documentos pro- vísticos em fase corrente e intermediária, visando a
duzidos por um órgão ou entidade no desempenho de sua eliminação ou recolhimento para guarda perma-
suas funções e atividades, determinando aqueles que nente. Trata-se da definição de
devem ser conservados em caráter permanente e os
que devem ser eliminados a curto, médio e longo pra- a) preservação e conservação de documentos.
zo, resultando em eficiência e economia de tempo e b) ciclo vital dos documentos.
espaço, na racional utilização de recursos humanos, c) sistema de gestão arquivística de documentos.
materiais e financeiros e na redução da massa docu- d) gestão de documentos de arquivo.
mental produzida. Sua execução exige planejamento, e) classificação quanto ao grau de sigilo.
organização, coordenação e controle de pessoal, espa-
ço físico, equipamentos, instalações, material e recur- A questão usou o conceito da Lei 8.159/91, “o con-
sos financeiros”. junto de procedimentos e operações referentes à
Segundo a Lei 8.159/91, a gestão de documentos é sua produção, tramitação, uso, avaliação e arqui-
“o conjunto de procedimentos e operações referentes vamento em fase corrente e intermediária, visando
à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arqui- a sua eliminação ou recolhimento para guarda per-
vamento em fase corrente e intermediária, visan- manente”. Resposta: Letra D.
do a sua eliminação ou recolhimento para guarda
permanente”.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) A gestão de documentos
De acordo com o Dicionário de Terminologia
refere-se a uma área da administração geral relaciona-
Arquivística do Conselho Internacional de Arquivos,
da com a busca de economia e eficácia na produção,
a gestão de documentos é “um aspecto da administra-
manutenção, uso e destinação final de documentos.
ção geral relacionado com a busca de economia e efi-
cácia na produção, manutenção, uso e destinação final
( ) CERTO ( ) ERRADO
dos documentos”.
Segundo Bernardes (1998), a gestão de documen-
tos é o “conjunto de medidas e rotinas que garante o A questão usou o conceito da CIA, “um aspecto da
efetivo controle de todos os documentos de qualquer administração geral relacionado com a busca de
idade desde sua produção até sua destinação final (eli- economia e eficácia na produção, manutenção, uso e
minação ou guarda permanente), com vistas à racio- destinação final dos documentos”. Resposta: Certo.
nalização e eficiência administrativas, bem como à
preservação do patrimônio documental de interesse A gestão de documentos divide-se em 3 fases, a PUD:
histórico-cultural”.
Podemos observar as principais características da Produção: “produção dos documentos em razão da
gestão de documentos através desses conceitos: execução das atividades de um órgão ou entidade. Nes-
ta fase deve-se otimizar a produção dos documentos,
z A gestão de documentos acompanha o ciclo vital evitando produzir aqueles que não sejam essenciais,
dos documentos (1ª, 2ª e 3ª idade), mas se concen- diminuindo o volume a ser manuseado, controlado,
tra nas fases corrente e intermediária. armazenado e eliminado, e garantindo, assim, o uso
z Ela busca a racionalização do uso de recursos, eco- adequado dos recursos de tecnologia da informação
nomia, eficiência e eficácia administrativa, preser- (reprografia e automação)” (CONARQ, 2019). Nela, rea-
448 vação da memória. lizam-se as seguintes atividades:
z elaboração e gestão de fichas, formulários e z “1 Organização dos documentos de um arquivo ou
correspondência; coleção, de acordo com um plano de classificação,
z controle da produção e da difusão de documentos código de classificação ou quadro de arranjo”.
de caráter normativo;
z utilização de processadores de texto e Esse é o conceito mais cobrado pelas bancas, o
computadores; da classificação como uma operação lógica a partir
z criação apenas de documentos essenciais à da análise da entidade produtora dos documentos,
administração da instituição e evitadas duplicação visando a criação de categorias, classes genéricas,
e emissão de vias desnecessárias; que dizem respeito às funções/atividades detectadas
z propor a consolidação de atos normativos altera- (estejam elas configuradas ou não em estruturas espe-
dos ou atualizados com certa frequência, visando cíficas, como departamentos, divisões).
à perfeita compreensão e interpretação de textos; A classificação também pode ser definida como:
z apresentar estudos sobre a adequação e o melhor
aproveitamentos dos recursos reprográficos e z “2 Análise e identificação do conteúdo de docu-
informáticos; mentos, seleção da categoria de assunto sob a qual
z contribuir para a difusão de normas e informações sejam recuperados, podendo-se-lhes atribuir códi-
necessárias ao bom desempenho institucional; gos”. Ou seja, refere-se ao ato de ler um documen-
z opinar sobre a escolha de materiais e equipamentos; to, interpretá-lo e dar-lhe um código.
z participar da seleção dos recursos humanos que z “3 Atribuição a documentos, ou às informações
deverão desempenhar tarefas arquivísticas e afins; neles contidas, de graus de sigilo, conforme legisla-
ção específica. Também chamada classificação de
Utilização: “diz respeito ao fluxo percorrido segurança”. Esse conceito refere-se à classificação
pelos documentos para o cumprimento de sua função das restrições de acesso, mas veremos isso mais à
administrativa, assim como de sua guarda, após ces- frente.
sar o trâmite” (CONARQ, 2019). Nela, realizam-se as
seguintes atividades: Classificação de documentos de arquivo pode
ser definida como o agrupamento intelectual de docu-
z os métodos de controle relacionados às atividades mentos de arquivo a partir de princípios de classifi-
de protocolo (recebimento, classificação, registro, cação, com o objetivo de permitir o acesso rápido à
distribuição, tramitação) e as técnicas específicas informação, à manutenção do contexto de criação dos
de classificação, organização e elaboração de ins- documentos e à fundamentação das funções de ava-
trumentos de recuperação da informação; liação e descrição de documentos.
z a gestão de arquivos correntes e intermediários; O instrumento de classificação é o Plano de
z a implantação de sistemas de arquivo; Classificação.
z elaboração do plano de classificação; Segundo (DBTA, 2005), o plano de classificação é o
z elaboração de normas de acesso à documenta- “esquema de distribuição de documentos em classes,
ção (empréstimo e consulta) e a recuperação das de acordo com métodos de arquivamento específicos,
informações, indispensáveis ao desenvolvimento elaborado a partir do estudo das estruturas e funções
de funções administrativas, técnicas ou científicas de uma instituição e da análise do arquivo por ela pro-
das instituições. duzido. Expressão geralmente adotada em arquivos
correntes”.
Destinação: consiste na avaliação sobre quais O código de classificação de documentos é um
documentos devem ser conservados como testemu- instrumento utilizado nos arquivos correntes para
nho do passado, quais devem ser eliminados e por classificar todo e qualquer documento produzido
quanto tempo devem ser mantidos por razões admi- e recebido por um órgão ou entidade no exercício de
nistrativas, legais ou fiscais. Envolve as atividades de suas funções e atividades.
análise, seleção e fixação de prazos de guarda dos Os procedimentos necessários para a elaboração
documentos. Devem participar desta fase arquivis- do plano ou código de classificação consistem em:
tas e administradores. Nela, realizam-se as seguintes
atividades: z Conhecer as atividades desenvolvidas pelo sujeito
acumulador (pessoa física ou jurídica). Esse enten-
z cumprir o estabelecido na primeira e na segunda dimento é feito a partir de um extenso estudo do
fase da gestão de documentos; marco regulatório da organização (regimento
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

z manter processos contínuos de avaliação, com interno, estatuto, contrato social, planos de ação,
aplicação dos prazos de guarda e destinação final relatórios de atividades, organogramas, estrutura
dos documentos; organizacional etc.);
z promover a eliminação periódica dos documentos z Identificar os métodos utilizados pela organização
que já tenham cumprido os prazos de guarda e não para a classificação, ordenação e arquivamento
possuam valor secundário. dos documentos;
z Definir, a partir daquele estudo, as grandes fun-
CLASSIFICAÇÃO, ORDENAÇÃO E ARQUIVAMENTO ções, as funções, as subfunções e as atividades
DE DOCUMENTOS desenvolvidas pelo sujeito acumulador;
z Identificar os tipos documentais e relacioná-los às
Classificação atividades desenvolvidas;
z Definir os princípios de classificação a serem con-
Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia siderados para o estabelecimento dos níveis de
Arquivística (2005), a classificação é classificação; 449
z Estabelecer regras de denominação das unidades Principais características da classificação:
de classificação; � A classificação é feita no momento da produção
z Definir os relacionamentos entre as várias uni- do documento, ou seja, no ARQUIVO CORRENTE.
dades de classificação: relação de subordinação e � A classificação é essencial para documentos digi-
coordenação; tais ou convencionais. Considere ainda que:
z Selecionar o método de codificação a ser adotado
no plano ou código de classificação. z A classificação está diretamente vinculada às polí-
ticas de acesso aos documentos de arquivo.
O plano ou código de classificação deve ser o z Uma das atividades essenciais da função classifica-
ção é a elaboração do plano de classificação.
espelho das atividades desenvolvidas pela organiza-
z O plano de classificação deve refletir as atividades
ção, pois parte-se do pressuposto que o documento
e funções da instituição.
de arquivo é prova, testemunho e registro das ações
z NÃO é recomendada a classificação de documen-
próprias de cada sujeito e de sua missão, finalidade tos embasar-se na estrutura organizacional, por-
ou objetivo maior. que elas são muito fluidas.
A classificação, que é a função arquivística rela- z Os princípios arquivísticos que embasam a classifi-
cionada à criação de planos de classificação que cação são: o da proveniência (respeito aos fundos)
reflitam as atividades e funções do órgão produtor e o da ordem original.
do acervo arquivístico. Sua utilização, que acontece z Os níveis de classificação de um plano ou código de
nas fases corrente e intermediária, facilita o acesso à classificação são as várias divisões feitas no con-
documentação arquivística da instituição. junto documental. Classes, subclasses e grupos são
A classificação pode ser dividida em duas exemplos de níveis de classificação.
operações: z O plano de classificação é uma estrutura hierár-
Estudo: consiste na leitura de cada documento, a quica e lógica, que vai do geral (classes) ao especí-
fim de verificar sob que assunto deverá ser classifi- fico (subdivisões).
cado e quais as referências cruzadas que lhe corres- z A classificação de documentos de arquivo leva em
ponderão. A referência cruzada é um mecanismo consideração três elementos: a ação a que os docu-
adotado quando o conteúdo do documento se refere a mentos se referem; a estrutura do órgão que pro-
dois ou mais assuntos. duz e(ou) recebe os documentos e o assunto desses
documentos.
Codificação: consiste na atribuição do código cor-
z A classificação possibilita a avaliação, porque só se
respondente ao assunto de que trata o documento.
pode definir um prazo de guarda a um documento
Observe abaixo uma página do plano de classifica-
se antes souber do que ele se trata.
ção do Senado (BRASIL, 2013): z Avaliação e a Classificação podem ser feitas ao
mesmo tempo.
05.01.02 Substituição de Senador
Ordenação
Incluem-se documentos referentes à convocação
de suplente de senador nos casos de vaga, de afasta- Vamos agora para a ordenação!
mento do exercício do mandato para investidura nos Depois que se realiza a 1) Classificação do docu-
cargos públicos ou de licença por prazo superior a mento, pode-se realizar a 2) Ordenação.
cento e vinte dias. Ordenação: “é a disposição dos documentos de
acordo com a classificação e a codificação dadas”
(PAES, 2004). Ou seja, depois que lemos o documento,
05.01.02.01 Carta referente à Substituição de senador
atribuímos um código a ele, é a hora de colocá-lo fisi-
05.01.02.02 Convocação de suplente de Senador camente de uma forma que facilite o acesso.
A ordenação tem por objetivos:
05.01.02.03 Despacho referente à Substituição de Agilizar o arquivamento, minimizando a possibi-
Senador lidade de erros. Além disso, estando ordenados ade-
05.01.02.04 Memorando referente à Substituição de quadamente, será possível manter reunidos todos os
Senador documentos referentes a um mesmo assunto, organi-
zando-os previamente para o arquivamento.
05.01.02.05 Mensagem Eletrônica referente à Substi-
tuição de Senador
05.01.02.06 Ofício referente à Substituição de Senador
EXERCÍCIOS COMENTADOS
05.01.02.07 Processo referente à substituição de Senador
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Os procedimentos para
05.01.02.08 Outros tipos documentais – especificar: organização dos documentos devem obedecer à
_______ seguinte sequência: primeiro faz-se a ordenação dos
documentos e, em seguida, faz-se a classificação dos
Por exemplo, um Senador será agora ministro, documentos de arquivo.
logo, ele precisará produzir uma vocação para que seja
substituído pelo seu suplente. O servidor que receber ( ) CERTO ( ) ERRADO
esse documento, irá lê-lo (estudo) e classificá-lo docu-
mento, anotando o código (codificação) 05.01.02.03 no A sequência é: 1) Classificação 2) Ordenação 3)
450 documento, seja ele impresso ou digital. Arquivamento. Resposta: Errado.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Após a classificação do z Ideográficos: Método de ordenação que tem por eixo
documento, é necessário ordená-lo, ou seja, determi- os assuntos presentes, explicitamente ou não, nos docu-
nar a posição em que esse documento vai ser dispos- mentos. Também chamado método ideográfico ou
to em uma unidade de classificação.
método por assunto. Ex: enciclopédico, dicionarizado.
z Alfabéticos: Método de ordenação que tem por
( ) CERTO ( ) ERRADO
eixo o alfabeto. Ex: específico, geográfico, mnemô-
nico e variadex.
Depois de se identificar do que se trata o documento,
é necessário dispor os documentos de forma que agi-
lize a recuperação da informação. Resposta: Certo. Os sistemas de busca podem ser diretos, indire-
tos ou semi-indiretos:
Arquivamento
z Direto: é aquele no qual a busca do documento é
Arquivamento é: feita diretamente no local onde se acha guardado.
Ex: Alfabético, geográfico.
“1 Sequência de operações intelectuais e físicas que z Indireto: É aquele no qual pra se localizar um
visam à guarda ordenada de documentos”. Ou seja, documento, é necessário consultar antes um índi-
agora que identifiquei o assunto ao qual se refere o ce ou código. Ex: Ideográfico, numérico.
documento (classificação), defini a disposição físi- z Semi-Indireto: O método alfanumérico, que é a
ca em que eles ficarão (ordenação), posso guardar combinação de letras e números – não se inclui
o documento no local devido (pasta suspensa, pra-
nas classes de métodos básicos e padronizados e é
teleira, caixa), de acordo com a classificação dada.
considerado do sistema semi-indireto.
“2 Ação pela qual uma autoridade determina a
guarda de um documento, cessada a sua tramita- O esquema de (REIS & SANTOS, 2015) nos ajuda a
ção”. Esse refere-se à atitude de mandar que um visualizar:
documento seja guardado depois de realizar as ati-
vidades para que foi criado. z Sistema de Arquivamento

O arquivamento deve ser feito com muita atenção, „ Direto: É aquele em que a busca do documento
pois um documento arquivado erroneamente pode- é feita diretamente no local onde ele se encon-
rá ficar perdido, sem possibilidades de recuperação tra arquivado. Ex.: Alfabético e Geográfico.
quando solicitado posteriormente. „ Indireto: É aquele em que, para se localizar um
O arquivamento refere-se às operações de emba- documento, necessita-se antes consultar um
lagem ou guarda de documentos visando à sua índice ou um código. É o caso, por exemplo, da
preservação e acesso (acondicionamento) e o arma-
utilização de fichários.
zenamento de documentos.
„ Ex.: Numérico e Ideográfico
É importante dizer que, antes de arquivar um
documento, deve-se realizar a inspeção.
Inspeção: consiste no exame do(s) documento(s) Os sistemas ainda podem ser divididos entre duas
para verificar se o(s) mesmo(s) se destina(m) realmen- classes: padronizados e básicos.
te ao arquivamento, se possui(em) anexo(s) e se a clas- A imagem abaixo nos ajuda a ver a sistematização
dos métodos de arquivamento.

{
sificação atribuída será mantida ou alterada.
A inspeção é o momento de checar que está tudo

{
certinho antes de efetivamente guardar o documento
Alfabético
(arquivar).
A ordem é: 1) Classificação 2) Ordenação 3) Geográfico Simples
Arquivamento.
A classificação e a ordenação são atividades inte- Básicos Numérico Cronológico
lectuais dentro do processo de organização de docu- Ideográficos Digito-Terminal
mentos de arquivo, enquanto o arquivamento é uma
atividade física. (assunto)

Métodos de Arquivamento
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

{
Enciclopédico
Os métodos de arquivamento são “sequências
Alfabéticos Dicionário
de operações que determina a disposição dos docu-
mentos de um arquivo ou coleção, uns em relação
aos outros, e a identificação de cada unidade” (DBTA,

{
2005). A definição da disposição dos documentos pode
ser feita por métodos geográficos, numéricos, por Duplex
assunto (ideográficos) e alfabéticos.
Decimal
z Geográficos: Método de ordenação que tem por Numéricos Uniterni ou
eixo a procedência ou local. Indexação
z Numéricos: Método segundo o qual o principal coordenada
elemento a ser considerado é o número. Ex: sim-
ples, cronológico, dígito-terminal. 451
{
Variadex Arquiva-se: De Penedo, Esteban
Giulio di Capri
Automático Arquiva-se: Capri, Giulio di
4ª Regra - Títulos honoríficos, científicos e profis-
Padronizados Soundex
sionais liberais: a titulação não faz parte da regra
Minemônico de alfabetação
Presidenta Dilma Roussef
Rôneo Arquiva-se: ROUSSEF, Dilma (Presidenta)
Fonte: FREIBERGER, 2012, p.48. 5ª Regra - Sobrenomes compostos: nesse caso,
segue-se uma ideia de substantivo + adjetivo
Método Alfabético André Castelo Branco
Arquiva-se: CASTELO BRANCO
Segundo (MARIANO, 2010), o método alfabético André Heitor Villa-Lobos
subdivide-se em específico, geográfico, mnemônico, Arquiva-se: VILLA-LOBOS, Heitor
variadex: Paulo Monte Verde
Específico: é representado por palavras dispostas Arquiva-se: MONTE VERDE, Paulo
alfabeticamente, é um dos mais difíceis processos de 6ª Regra - Grau de parentesco como neto, filho,
arquivamento, pois, consistindo em agrupar as pastas sobrinho, júnior segue a ideia acima
por assunto, apresenta a dificuldade de se escolher o Paulo Carlos Filho
melhor termo ou expressão que defina o assunto a ser Arquiva-se: CARLOS FILHO, Paulo
arquivado. 7ª Regra - Sobrenomes com a palavra Santo, Santa
Geográfico: método de ordenação que tem por e São não se separam
eixo aspectos geográficos. Esse método é muito acon- Luciano Santo Cristo
selhável quando o objetivo é ordenar a documentação Arquiva-se: SANTO CRISTO, Luciano
de acordo com a divisão geográfica, que pode envol- 8ª Regra - Os nomes espanhóis são registrados pelo
ver a busca por região, estado, município, bairro, rua penúltimo sobrenome que corresponde ao sobre-
e local específico. nome da família do pai
Mnemônico: busca combinar as letras do alfabeto Francisco de Pina de Mello
de forma a auxiliar a memória na busca da informa- Arquiva-se: PINA DE MELLO, Francisco de
ção no material de arquivo. 9ª Regra - Nomes orientais, japoneses, chineses e
Variadex: tem por eixo as letras do alfabeto repre- árabes arquivam-se como se apresentam
sentadas por cores diferentes, ou seja, consiste em dar Li Yutang
cores a um grupo de letras para buscar a informação. Arquiva-se: Li Yutang (do mesmo modo)
As cores podem variar de país para país, mas a regra 10ª Regra - Nomes com sobrenome repetido arqui-
geral é que as cores devem ser claras e contrastantes”. vam-se pela ordem alfabética dos mesmos
É um método direto, pois o profissional faz a pes- J. Vasconcelos
quisa diretamente pelo nome, NÃO sendo preciso John Vasconcelos
recorrer a um índice auxiliar para localizar qualquer Jeil Vasconcelos
documento. Segundo Paes (2005), as fichas ou pastas Arquiva-se: VASCONCELOS, J. VASCONCELOS, Jeil
ficam dispostas na ordem rigorosamente alfabética, VASCONCELOS, John
respeitando as normas gerais para a alfabetação, atra- 11ª Regra - Empresas: nome de firmas, empresas,
vés de guias divisórias, com as respectivas letras. instituições e órgãos governamentais devem ser
As regras de alfabetação são as seguintes, segundo transcritos como se apresentam
(MARIANO, 2010): EMBRATEL
Arquiva-se: EMBRATEL
1ª Regra - Nome + sobrenome 12ª Regra - Empresas com artigos
Luiz Carlos Oliveira O Globo
João Barbosa Arquiva-se: Globo (O) Observação: alguns autores
Pedro Álvares Cabral admitem arquivar O Globo exatamente como se
Paulo Santos escreve, mas na hora da procura o arquivista pro-
Arquiva-se: BARBOSA, João cura pela letra G.
CABRAL, Pedro Álvares 13ª Regra - Títulos de congressos, conferências,
OLIVEIRA, Luiz Carlos reuniões, assembleias deverão ser arquivados
SANTOS, Paulo de modo que a numeração não faça parte da regra
2ª Regra - Artigos e preposições, tais como: a, o, de alfabetação, e a procura seja feita em ordem
de, d’, da, do, e, um, uma (não são considerados) alfabética
André Luiz de Oliveira Ex.: Segunda Conferência de Física Terceiro Con-
Arquiva-se: OLIVEIRA, André Luiz de gresso de Geofísica
3ª Regra - Prefixos DE, DE LA, LE, VON, MAC, M, D Como arquiva-se: Conferência de Física (Segunda)
(não se separa) Congresso de Geofísica (Terceiro)
Stefan De La Rua Arquiva-se: DE LA RUA, Stefan
Observação: alguns autores falam que as partí- Método Numérico
culas dos nomes estrangeiros podem ou não ser
consideradas. O mais comum é considerá-las como Segundo (FREIBERGER, 2012), os métodos numéri-
parte integrante do nome, quando escritas com cos são simples, cronológico e dígito-terminal:
letras maiúsculas. Método numérico simples: “Constitui-se na atri-
452 Exemplo: Esteban De Penedo buição de um número a cada correspondente ou
cliente, pessoa física ou jurídica, obedecendo-se à grupos de dois dígitos cada um, são lidos da direita
ordem de entrada ou de registro, sem qualquer preo- para a esquerda, formando pares.
cupação com a ordenação alfabética, já que o método Exemplo: decompondo-se o número 829.319, têm-
exige um índice alfabético remissivo”. -se os seguintes grupos: 82-93-19.
Além do registro (em livro ou fichas) das pastas
Como a leitura é feita sempre da direita para a
ocupadas, a fim de se evitar que sejam abertas duas
ou mais pastas com o mesmo número, é indispensável esquerda, chama-se o grupo 19 de primário, o grupo
um índice (sistema indireto) alfabético remissivo, 93 de secundário, e o grupo 82 de terciário.
sem o qual fica difícil a localização dos documentos. Quando o número for composto de menos de cin-
No método numérico simples, pode-se aproveitar co dígitos, serão colocados zeros à sua esquerda, para
o número de uma pasta que venha a vagar. Por exem- complementação. Assim o número 41.054 será repre-
plo: em uma organização existe uma pasta de nº X, sentado pelos grupos 04-20-54.
onde se guarda a correspondência de determinada Nesse método, o arquivamento dos documentos,
firma. Por qualquer motivo a organização termina
das pastas ou das fichas é elaborado, considerando-
suas relações comerciais com a referida firma. Para
que não se conserve uma pasta no arquivo corrente, -se em primeiro lugar o grupo primário, seguindo-se o
sem utilidade, faz-se a transferência dos documentos, secundário e finalmente o terciário.
após análise e seleção, para o arquivo permanente, e
aproveita-se o mesmo número com um novo cliente. z Vantagens: redução de erros de arquivamento;
Quanto à ficha do índice alfabético, referente à pri- rapidez na localização e arquivamento, uma vez
meira firma, permanecerá no fichário acrescida de que trabalha com grupos de dois dígitos; expansão
nova indicação do lugar onde se encontra no arquivo equilibrada do arquivo distribuído em três gran-
permanente. O novo cliente, que ocupa a pasta de nº des grupos; possibilidade de divisão equitativa do
X, terá também uma ficha no índice alfabético em seu
trabalho entre os responsáveis pelo arquivo.Des-
respectivo lugar.
Feitas algumas adaptações, este método tem ampla vantagens: leitura não convencional dos núme-
aplicação nos arquivos especiais (discos, fotografias, ros; disposição física dos documentos de acordo
filmes, fitas sonoras) e documentos especializados com o sistema utilizado na leitura” (FREIBERGER,
(projetos de engenharia, projetos de financiamento, 2012).
prontuários médicos, cadastros de funcionários)”.
Método numérico cronológico: tem por eixo o Método Ideográfico
número e a data dos documentos. “No método cronológi-
co, além da ordem numérica, deve ser observada a data. O método ideográfico tem por eixo os assuntos
Esta modalidade é a adotada em quase todas as reparti-
internos ou das atividades-fim, explicitamente ou
ções públicas. Numera-se o documento e não a pasta.
O documento depois de autuado, colocado capa não, nos documentos. Segundo (MARIANO, 2010), eles
de cartolina, onde, além do número de protocolo são dividem-se em enciclopédico, dicionário, duplex, uni-
transcritas outras informações, passa, em geral, a ser termo, decimal.
denominado de processo.
Assim, além da ficha numérica, também chamada z Enciclopédico: faz prevalecer a classificação pelos
de ficha de protocolo (que é o registro propriamen- assuntos básicos ou temas que admitem diversas
te dito, onde será indicada toda a movimentação decomposições. É muito indicado quando a depar-
do documento ou processo), devem ser preparados tamentalização é por processo e existem campos
índices auxiliares (em fichas) alfabéticos, de proce-
técnicos bem definidos.
dência e de assunto para facilitar a recuperação da
documentação. z Método dicionário: despreza a classificação por
assuntos correlatos em subcampos, procedendo-se
z Vantagens: maior grau de sigilo, menor possibili- apenas à rigorosa ordenação alfabética. É aconse-
dade de erros por ser mais fácil lidar com números lhável para pequenos arquivos.
do que com letras. z Método duplex: utilizado com o estabelecimento
z Desvantagens: é um método indireto, obrigando de um código numérico para os diversos títulos e
duplicidade de pesquisa.” (FREIBERGER, 2012) subtítulos de assuntos principais e correlatos.
z Método de classificação decimal: o conhecimen-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Método dígito-terminal: tem por eixo um códi-


to é dividido em 10 classes, e estas podem ser divi-
go numérico dividido em grupos de dígitos, lidos da
direita para a esquerda, que indicam a disposição físi- didas em outras 10 subclasses.
ca dos documentos. z Unitermo ou indexação coordenada: o método
“Este método surgiu em decorrência da necessi- consiste em atribuir a cada documento ou grupo
dade de serem reduzidos erros no arquivamento de de documentos um número em ordem crescente,
grande volume de documento, cujo elemento princi- de acordo com a sua entrada. Esse número, deno-
pal de identificação é o número. Entre as instituições minado número de registro, é controlado através
de grande porte, que precisam arquivar parte consi- de livro próprio, deve ser assinalado no documen-
derável de seus documentos por número, podemos
to em local visível e previamente determinado”.
mencionar o INSS, as companhias de seguros, os hos-
pitais, os bancos, entre outros. z Decimal: tem por eixo um plano prévio de distri-
Os documentos são numerados sequencialmen- buição dos documentos em dez grandes classes,
te, mas sua leitura apresenta uma peculiaridade que cada uma podendo ser subdividida em dez sub-
caracteriza o método: os números, dispostos em três classes e assim por diante. 453
Método Geográfico ele será eliminado ou recolhido à guarda permanente.
Esse processo de análise é a avaliação.
O método geográfico pode ser feito por: Esse conceito de avaliação também pode cair na
sua prova!
z Nome do estado, cidade e correspondente “quan-
do se organiza um arquivo por estados, as capitais “Trabalho interdisciplinar que consiste em identifi-
devem ser alfabetadas em primeiro lugar, por esta- car valores para os documentos (imediato e mediato)
do, independentemente da ordem alfabética em e analisar seu ciclo de vida, com vistas a estabelecer
relação às demais cidades, que deverão estar dis- prazos para sua guarda ou eliminação, contribuin-
postas após as capitais. Neste caso, há necessidade do para a racionalização dos arquivos e eficiência
de se utilizar guias divisórias com notações indica- administrativa, bem como para a preservação do
tivas dos nomes dos estados” (FREIBERGER, 2012). patrimônio documental” (BERNARDES, 1998).
z Nome da cidade, estado e correspondente
“Quando o principal elemento de identificação é a Avaliação de Documentos: objetivos
cidade e não o estado, deve-se observar a rigorosa
ordem alfabética por cidades, não havendo desta- Segundo (CONARQ, 2019) e (BERNARDES, 1998), os
que para as capitais. Nesse caso, não é necessário objetivos da avaliação são:
o emprego de guias divisórias correspondentes aos
estados, pois as pastas são guardadas em ordem z Redução da massa documental;
alfabética pela cidade. É imprescindível, porém z Agilidade na recuperação dos documentos e das
que as pastas tragam os nomes dos estados, em informações;
segundo lugar, porque há cidades com o mesmo z Eficiência administrativa;
nome em diferentes estados (FREIBERGER, 2012). z Melhor conservação dos documentos de guarda
z Correspondência com outros países “Quando se permanente e da constituição de um patrimô-
trata de correspondência com outros países, alfabeta- nio arquivístico institucional como melhor apro-
-se em primeiro lugar o país, seguido da capital e do veitamento dos recursos humanos, materiais e
correspondente. As demais cidades serão alfabetadas financeiros;
em ordem alfabética, após as respectivas capitais dos z Racionalização da produção e do fluxo de docu-
países a que se referem” (FREIBERGER, 2012). mentos (trâmite);
z Liberação de espaço físico;
Sistemas Padronizados z Incremento à pesquisa;
z Que nenhum documento seja preservado mais do
“Variadex: esse método foi padronizado pela que o necessário;
“Remington Rand”, sendo considerado uma variação � Controle do processo de produção documental,
do sistema alfabético. Para cada grupo de letras é defi- orientando o emprego de suportes adequados ao
nido uma cor associada. O método não é fixo, ou seja, registro da informação.
as cores podem variar de país para país. z A avaliação é feita a partir das relações de orga-
nicidade com os outros documentos e os valores
administrativos, legais, fiscais (primários) ou his-
Importante! tóricos (secundários).
z A avaliação deve ocorrer independente do suporte!
O método Variadex é Alfabético e Padronizado! z A avaliação é feita no Arquivo Corrente, geral-
mente, conjunta a classificação.
z Para que a avaliação seja eficaz, os documentos
z Método soundex: método baseado no som das devem estar classificados e em métodos de arqui-
palavras, em função da pronúncia e da letra ini- vamento eficientes.
cial, método criado pela língua inglesa. Busca de z É uma atividade primordial para a racionalização do
sons próximos e semelhantes. ciclo de vida do documento, visto que ao analisar e
z Método rôneo: conhecido também como método selecionar os documentos e definir a sua destinação
híbrido, é um método que está em franco desuso. O (eliminação ou guarda permanente), os documentos
seu mecanismo consiste na combinação do méto- cumprem sua função administrativa ao mesmo
do alfanumérico com o numérico ordinário. tempo que podem ser preservados pelo potencial
z Método automático: após 1950, as empresas esta- de uso que apresentam para a administração que
vam em um novo momento administrativo e os os gerou e para a sociedade.
materiais de arquivos tiveram que ter novas meto- z Não pode ser feita de forma Isolada, é feita por
dologias, ou seja, ser flexíveis para atender a mas- séries documentais.
sa documental que cresceu exponencialmente” z Possuem caráter Irrevogável!
(MARIANO, 2010). z O resultado do processo de avaliação é a Tabela de
Temporalidade (será nosso próximo tópico)!
AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS

Chegou o momento de aprofundarmos a avaliação!


A avaliação é processo de análise de documentos EXERCÍCIOS COMENTADOS
de arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a
destinação, de acordo com os valores que lhes são atri- 1. (FCC – 2018) No processo de gestão de documentos
buídos” (DBTA, 2005). Ao se produzir um documento, arquivísticos, são definidos quais documentos serão
é necessário identificar o período que ele será corren- preservados e quais serão eliminados, de acordo com
454 te, intermediário e se após o fim de sua tramitação, os seus valores. Trata-se de atribuição
a) do controle. sua transferência, recolhimento ou eliminação”
b) do inventário. (BERNARDES, 1998).
c) do descarte.
d) da avaliação. Mas antes da elaboração da tabela propriamente
e) da administração. dita, é necessário que uma Comissão Permanente de
Avaliação ou Comissão de Avaliação e Destinação
Como visto, a avaliação é o processo de análise de docu- emita parecer a respeito da eliminação de documen-
mentos de arquivo que estabelece os prazos de guarda e tos e elabore a tabela de temporalidade.
a destinação final, de acordo com os valores (primário Segundo o (CONARQ, 2019), a Comissão Permanen-
e secundário) que lhes são atribuídos. Relembrando: te de Avaliação é “um grupo multidisciplinar encarre-
Valor primário(imediato): uso para fins administrati- gado da análise, avaliação e seleção dos documentos
vos, legais e fiscais. Refere-se à utilidade do documen- produzidos e acumulados nos órgãos e entidades, e
to para o órgão ou entidade, razão primeira de sua responsável pela elaboração da tabela de temporali-
criação, o que pressupõe o estabelecimento de prazos dade e destinação de documentos relativos às ativida-
de guarda ou retenção anteriores à eliminação ou ao des finalísticas de um órgão ou entidade, instrumento
recolhimento para guarda permanente. Os documentos técnico cuja construção deve ser precedida da elabo-
Correntes e Intermediários apresentam valor Primário. ração e aprovação de um código de classificação de
Valor secundário(mediato): é aquele atribuído a um documentos de arquivo”.
documento tendo em vista sua utilidade para obje- É recomendado que a Comissão que elabore a
tivos diferentes daqueles para os quais foi, original- tabela de temporalidade seja composta por arquivis-
mente, produzido. Refere-se ao uso dos documentos tas, servidores, profissionais da área jurídica, historia-
como fonte de pesquisa e informação para terceiros dores, pesquisadores.
e para a própria administração, por conterem infor- O processo de elaboração da tabela de temporali-
mações essenciais sobre matérias com as quais a dade deve consistir nas seguintes atividades, segundo
organização lida para fins de estudo. Os arquivos (BERNARDES, 1998):
permanentes possuem valor Secundário (probató-
rio e informativo). Resposta: Letra D. “1. Constituição formal da Comissão de Avaliação de
Documentos, que garanta legitimidade e autorida-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A avaliação, que constitui de à equipe responsável;
uma das fases da gestão de documentos, caracteriza- 2. Elaboração de textos legais ou normativos que
-se pela análise do documento e pelo estabelecimento definam normas e procedimentos para o trabalho
de prazos de guarda do acervo. de avaliação;
3. Estudo da estrutura administrativa do órgão e
( ) CERTO ( ) ERRADO análise das competências, funções e atividades de
cada uma de suas unidades;
A análise e seleção de documentos a fim de estabe- 4. Levantamento da produção documental: entrevis-
lecer prazos de guarda e a destinação final (reco- tas com funcionários, responsáveis e encarrega-
lhimento ou eliminação) é justamente a avaliação. dos, até o nível de seção, para identificar as séries
Resposta: Certo. documentais geradas no exercício de suas compe-
tências e atividades;
TABELA DE TEMPORALIDADE DE DOCUMENTOS DE 5. Análise do fluxo documental: origem, pontos de
ARQUIVO tramitação e encerramento do trâmite;
6. Identificação dos valores dos documentos de acor-
A avaliação de documentos é o processo de análise do com sua idade: administrativo, legal, fiscal, téc-
de documentos de arquivo que consiste na identifica- nico, histórico;
ção de valores para os documentos (imediato e media- 7. Definição dos prazos de guarda em cada local de
to, primário e secundário). Com base nesses valores e arquivamento”.
na análise do ciclo de vida dos documentos, torna-se
possível estabelecer prazos para sua guarda ou elimi- Quando terminado o processo, a comissão deve:
nação, de forma a contribuir para a racionalização e o
aumento da eficiência administrativa. z Analisar a proposta, promover as alterações neces-
O resultado da avaliação é a Tabela de Tempora- sárias ou aprová-la na íntegra;
z Encaminhar a proposta de tabela de tempora-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

lidade (plano de destinação)!


A tabela de temporalidade é um “instrumento de lidade e destinação de documentos de arquivo
destinação, aprovado por autoridade competente, relativos às atividades-fim para aprovação da ins-
que determina prazos e condições de guarda tendo tituição arquivística da esfera de competência;
em vista a transferência, recolhimento, descarte ou z Tornar pública a aprovação, pela instituição arqui-
eliminação de documentos” (DBTA, 2005). vística, da tabela de temporalidade e destinação de
Algumas bancas também podem cobrar esse con- documentos de arquivo, por meio de ato legal a ser
ceito de tabela de temporalidade! publicado em periódicos oficiais e sítios institucionais;
z Promover a divulgação da tabela de temporalida-
“Instrumento aprovado por autoridade competen- de e destinação de documentos de arquivo dentro
te que regula a destinação final dos documentos do órgão ou entidade, determinando sua utiliza-
(eliminação ou guarda permanente), define prazos ção” (CONARQ, 2019).
para sua guarda temporária (vigência, prescrição,
precaução), em função de seus valores administra- Agora que sabemos como se faz uma tabela, vamos
tivos, legais, fiscais etc. e determina prazos para ver as características dela pronta! 455
Essa é a tabela de temporalidade das atividades-meio do Executivo Federal, a partir dela, vamos fazer observações.

TABELA DE TEMPORALIDADE E DESTINAÇÃO DE DOCUMENTO RELATIVOS ÀS ATIVIDADES - MEIO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL
PRAZOS DE GUARDA
DESTINAÇÃO
CÓDIGO DESCRITOR DO CÓDIGO FASE OBSERVAÇÕES
FASE CORRENTE INTERMEDIÁRIA FINAL

029.22 Inscrição, seleção, Admissão e Enquanto vigora o vín- 10 Anos Eliminação


Renovação culo do beneficiário
Acompanhamento Pedagógico,
029.23 Médico e do Desenvolvimento da Enquanto vigora o vín- 10 Anos Eliminação
culo do beneficiário
Criança

Eliminar, após 2 anos, os


documentos cujas infor-
Guarda
029.24 Avaliação do Programa 5 Anos 5 Anos mações encontram-se
Permanente recapituladas ou consoli-
dadas em outros.

Guarda
029.3 Incentivos Funcionais 5 Anos 5 Anos Permanente

Utilizar os prazos dos


documentos financeiros
Delegação de Competência e
029.4 Enquanto vigora 5 Anos Eliminação para os documentos
Procuração referentes aos ordenado-
res de despesas.

*ou até apresentação do


Relatório de Gestão.
5 Anos a contar **ou 10 anos contar da
Contratação de Serviços Profissio- Até a provação das da aprovação das Eliminação apresentação do Relatório
029.5 contas pelo Tribunal
nais Transitórios contas pelo Tribu- de Gestão Eliminar, após 2
de Contas nal de Contas anos, os documentos re-
ferentes às contratações
não efetivadas.

Até a solução da in-


terposição de pedido 5 Anos Guarda
029.6 Petição de Direitos de reconsideração ou Permanente
de recurso
030 Gestão de Materiais
Guarda
030.01 Normatização. Regulamentação Enquanto Vigora 5 Anos Permanente
Cadastramento de Fornecedores 5 Anos
030.02 - Eliminação
e de Prestadores de Serviços
Especificação, Padronização, Co-
dificação, Previsão, Identificação 2 Anos - Eliminação
030.03 e Classificação
Eliminar, após 2 anos, os documentos refe-
031 Aquisição e Incorporação rentes às ações de aquisição e incorpora-
ção não efetivadas.
031.1 Compra
*ou até a apresentação
5 anos a contar
Até a aprovação das do Relatório de Gestão
da aprovação das Eliminação
031.11 Material Permanente contas pelo Tribunal contas pelo Tribu- **ou 10 anos a contar
de Contas* da apresentação do
nal de Contas** Relatório de Gestão

*ou até a apresentação


5 anos a contar
Até a aprovação das do Relatório de Gestão
da aprovação das Eliminação
031.12 Material de Consumo contas pelo Tribunal **ou 10 anos a contar
contas pelo Tribu-
de Contas* da apresentação do
nal de Contas** Relatório de Gestão

Fonte: CONARQ, 2020, p. 89.

A tabela baseia-se na teoria das 3 idades (ciclo vital), visto que é calcada nas idades corrente, intermediária e
permanente!
A tabela define prazo de guarda e destinação, de forma igual para documentos convencionais e digitais!
Observe que nem todos os documentos passam pela idade intermediária!
A destinação final pode ser a eliminação ou a guarda permanente.
As tabelas de temporalidade podem ser de atividades-meio (atividade que dá apoio à consecução das ativida-
des-fim de uma instituição) ou de atividades-fim (atividade desenvolvida em decorrência da finalidade de uma
instituição).
A tabela é um instrumento de destinação.
Observe que a tabela estabelece o prazo de guarda (período de retenção), que é o prazo que ela fica nas idades
corrente e intermediária. Ele é baseado em estimativas de uso e ao fim do qual se realiza a destinação.
456 Se a sua banca quiser complicar, ela pode cobrar o conceito de prazos de precaução, prescrição de vigência.
Prazo de precaução: Intervalo de tempo durante O diagnóstico pode ser feito com muitas fases e
o qual o poder público, a empresa ou qualquer inte- métodos diferentes. Vou detalhar aqui, os dois méto-
ressado guarda o documento por precaução, antes de dos que mais caem em provas.
eliminá-lo ou encaminhá-lo para guarda definitiva no
Arquivo Permanente. Segundo LOPES (1997), as fases do diagnóstico são:
Prazo de prescrição: Intervalo de tempo durante
o qual o poder público, a empresa ou qualquer inte- z Identificação da instituição
ressado pode invocar a tutela do Poder Judiciário para z Estudo das estruturas, funções e atividades.
fazer valer direito seu que entenda violado. z Relação das atividades x fluxos de informações
Prazo de vigência: Intervalo de tempo durante o
qual o documento produz efeitos administrativos e z Análise da situação dos acervos existentes
legais plenos, cumprindo as finalidades que determi-
naram a sua produção. Segundo MONEDA CORROCHANO (1995), as fases
Antes de se eliminar um documento, é feita a sele- do diagnóstico são:
ção, que é a separação dos documentos de valor per-
manente daqueles passíveis de eliminação, mediante
1. Pré-diagnóstico
critérios e técnicas previamente estabelecidos na
tabela de temporalidade e destinação de documentos 2. Análise dos fundos
de arquivo. 3. Análise dos instrumentos de trabalho existentes
A eliminação pode ser feita por meio de: 4. Análise dos recursos de infraestrutura, recursos
humanos e financeiros disponíveis
z Fragmentação manual ou mecânica 5. Fluxo das informações
z Pulverização
6. Posição hierárquica do arquivo
z Trituração
z Derretimento
z Desmagnetização ou reformatação, mediante a Os métodos utilizados para coletar dados podem ser:
garantia de que o processo não possa ser revertido.
z Questionários
DIAGNÓSTICOS z Pesquisas bibliográficas
z Entrevistas
Quando você vai ao médico, ele faz muitas pergun- z Estudo de caso
tas a fim de saber a sua situação e te receitar algum z Análise documental
remédio ou tratamento que vá ajudar seu corpo a fun-
z Observação direta participativa
cionar melhor. O diagnóstico é justamente esse proce-
dimento, assim como é feito em seres, lugares, coisas, z Pesquisa em bancos de dados já existente
também é feito nos arquivos. Quando se está ideali-
zando um programa de gestão de documentos, o diag- Não há um padrão exato para se fazer um diagnóstico,
nóstico é essencial para mapear a situação do arquivo ele deve se adaptar de acordo com a situação arquivística!
e partir da análise dos dados coletados, realizar um O diagnóstico pode ser feito a partir de uma análi-
projeto de intervenção aos problemas ou falhas gera- se minimalista ou maximalista.
dos pelas informações orgânicas.
Minimalista: é aquele calcado na “observação dos
Segundo Lopes (1997), o diagnóstico é “um méto-
do de intervenção aos problemas gerados pelas infor- problemas arquivísticos das organizações, no estudo
mações de caráter orgânico, produzidas por uma de caso e na procura de se construir objetos de pesqui-
instituição e deve partir de uma visão minimalista, sa e propor soluções para os problemas detectados”
priorizando os estudos de problemas específicos, de (LOPES, 1997).
casos particulares, para se chegar às questões mais Ou seja, é aquele diagnóstico realizado a partir de uma
gerais”. perspectiva dos setores de trabalho ou de uma institui-
Para Paes (2004), a partir dos dados coletados no
ção, a fim de definir programas de gestão de documentos.
diagnóstico é possível “analisar objetivamente a real
situação dos serviços de arquivo e a fazer seu diag- O diagnóstico minimalista vai se encarregar da
nóstico para formular e propor as alterações e medi- produção de instrumentos de gestão arquivística
das mais indicadas, em cada caso, a serem adotadas como tabelas de temporalidade e planos de classi-
no sistema a ser implantado. O diagnóstico seria, por- ficação. O diagnóstico de um órgão (PRF, IBAMA, TRE)
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

tanto, uma constatação dos pontos de atrito, de falhas é minimalista!


ou lacunas existentes no complexo administrativo;
Maximalista: “é aquele que levanta a situação dos
enfim, das razões que impedem o funcionamento efi-
arquivos de países, de governos federais, estaduais e
ciente do arquivo”.
O diagnóstico deve analisar: municipais. Esse tipo de diagnóstico, geralmente, pro-
cura entender os elos entre os fundos recolhidos e as
z A organização dos arquivos funções governamentais. É elaborado com o objetivo
z A existência de legislação e normas de contribuir com a definição de políticas públicas
z Recursos Humanos para arquivos” (CAMPOS, 2019).
z Recursos financeiros O diagnóstico maximalista é feito para o desenvol-
z Condições de edifícios e materiais
vimento de políticas de larga amplitude! O diagnós-
z Dados quantitativos sobre os fundos
z A quantidade de documentos, eliminados, avalia- tico dos arquivos públicos brasileiros, a fim da criação
dos, descritos, restaurados. de um sistema de arquivos públicos, é um diagnóstico
z Os serviços oferecidos pelos arquivos Maximalista! 457
Importante! Lembra no plano de classificação que instrumen-
talizava a classificação nos arquivos correntes?
Se a banca quiser complicar, ela vai cobrar as
No arranjo (arquivos permanentes), ele se cha-
unidades de mensuração dos documentos!
ma quadro de arranjo.
Documentos em papel: metro linear.
Quadro de arranjo: “Esquema estabelecido para
Negativos fotográficos: fotograma. o arranjo dos documentos de um arquivo, a partir do
Ampliações fotográficas: unidade, pelas dimen- estudo das estruturas, funções ou atividades da enti-
sões e pela cromia. dade produtora e da análise do acervo” (DBTA, 2005).
O arranjo + o quadro de arranjo formam o sistema
de arranjo.
ARQUIVOS PERMANENTES
Sistema de arranjo é o “conjunto de procedimen-
tos técnicos combinados que norteiam a organiza-
Falamos sobre os arquivos de valor primário (cor-
ção dos documentos, tendo em vista a recuperação
rente e intermediário), ficando nessas fases até quan-
da informação de um ou mais fundos e/ou coleções”
do for necessário o seu uso. Quando um documento
perde o potencial de uso, ele pode ser eliminado ou (DBTA, 2005).
recolhido ao arquivo permanente. Como vivem? Onde
habitam? O que fazem? Nesse tópico, descobriremos o z O arranjo deve ser feito a partir da:
que é feito com um documento quando ele é destina-
do à guarda em caráter definitivo. „ � Proveniência (origem);
„ � História da entidade ou biografia do indi-
Arquivo permanente é: víduo produtor dos documentos (evolução
institucional);
“1 Conjunto de documentos preservados em caráter „ � Origens funcionais;
definitivo em função de seu valor” (DBTA, 2005). „ � Conteúdo;
Essa definição refere-se aos fundos (conjuntos de „ � Tipos de material.
documentos) de valor secundário, portanto devem
ser preservados para sempre. . Descrição Arquivística
“2 Arquivo responsável pelo arquivo permanente.
Também chamado arquivo histórico”. Essa defi- Nos arquivos permanentes, a maior preocupação é
nição refere-se à instituição que guarda e conserva possibilitar o acesso aos documentos. A melhor forma
documentos de caráter histórico (permanente). de fazer isso é por meio da descrição.
A descrição é o “conjunto de procedimentos que
Esses dois conceitos podem cair na sua prova! leva em conta os elementos formais e de conteúdo dos
Lembra que quando os documentos chegavam nos documentos para elaboração de instrumentos de pes-
arquivos correntes, eles tinham que ser classificados? quisa”. Ou seja, o resultado da descrição é o instru-
A “classificação” dos arquivos permanentes nós cha- mento de pesquisa.
mamos de arranjo. Digamos que você vai ao Arquivo Público da sua
O arranjo é a “sequência de operações intelectuais cidade saber quais documentos estão disponíveis, o
e físicas que visam à organização dos documentos de horário de funcionamento, a localização facilita o seu
um arquivo ou coleção, de acordo com um plano ou acesso aos documentos. O instrumento que informa
quadro previamente estabelecido” (DBTA, 2005). sobre os fundos do Arquivo e suas características é o
O arranjo também pode ser definido como “pro- instrumento de pesquisa!
cesso de agrupamento dos documentos singulares em Segundo o (DBTA, 2005), os instrumentos de pes-
unidades significativas e o agrupamento, em relação quisa são o “meio que permite a identificação, loca-
significativa, de tais unidades entre si”. lização ou consulta a documentos ou a informações
Ou seja, o arranjo é a operação feita nos arquivos neles contidas. Expressão normalmente empregada
permanentes que consiste em organizar os documen- em arquivos permanentes”.
tos em fundos, visando o acesso aos documentos, Agora vamos ver os tipos de instrumento de pes-
respeitando a organicidade e a classificação dada no quisa, se a sua prova quiser complicar, ela vai cobrar
arquivo corrente. as características de cada instrumentos, geralmente
Por exemplo, chega no arquivo permanente um trocando os nomes!
documento sobre a criação de grupos de trabalho,
ele ficará no fundo sobre pessoal ou no de gestão de z Guia: Instrumento de pesquisa que oferece infor-
materiais? Essa é justamente uma tarefa para o arran- mações gerais sobre fundos e coleções existentes
jo, que também definirá os métodos de arquivamen- em um ou mais arquivos. Ou seja, o guia vai ofere-
to, nível de arranjo, quadro de arranjo e sistema de cer informações panorâmicas como o horário de
arranjo. funcionamento, a localização, os fundos existen-
Existem dois tipos de arranjo: tes. Não descreve documentos!
Estrutural: Arranjo que tem por eixo a estrutura z Catálogo: Instrumento de pesquisa organizado
administrativa da entidade produtora do arquivo. Ou segundo critérios temáticos, cronológicos, ono-
seja, ele é feito de acordo com o organograma da ins- másticos ou toponímicos, reunindo a descrição
tituição. A grande desvantagem desse tipo de quadro individualizada de documentos pertencentes a um
de arranjo é a instabilidade institucional. ou mais fundos, de forma sumária ou analítica. O
Funcional: Arranjo que tem por eixo as funções catálogo descreve todos os documentos de um ou
desempenhadas pela entidade produtora do arquivo. mais fundos!
Ou seja, ele é feito de acordo com as atividades reali- z Inventário: Instrumento de pesquisa que descre-
458 zadas pela instituição. ve, sumária ou analiticamente, as unidades de
arquivamento de um fundo ou parte dele, cuja CLassificação
apresentação obedece a uma ordenação lógica AUtuação
que poderá refletir ou não a disposição física dos DIstribuição
documentos. Registro
z Repertório: Instrumento de pesquisa no qual Controle da tramitação (tramitação)
são descritos pormenorizadamente documentos, Expedição
pertencentes a um ou mais fundos e/ou coleções, Recebimento
selecionados segundo critérios previamente defi-
nidos. O repertório também descreve os docu- “As atividades de protocolo são decisivas para a
mentos peça a peça como o catálogo, mas somete efetiva implementação de uma política de gestão de
alguns, enquanto o catálogo descreve todos os documentos na Administração Pública, uma vez que
documentos. se identificam com os procedimentos e operações téc-
z A tabela abaixo baseada em (LOPEZ, 2002): nicas referentes à produção e tramitação dos docu-
mentos em fase corrente”.
BASE DE
NÍVEL INSTRUMENTOS
DESCRIÇÃO
Conjuntos docu- Importante!
Instituição Guia
mentais amplos
� O protocolo acontece na fase CORRENTE!
Fundos, grupos, � As atividades do arquivo corrente e do pro-
Séries Inventário
coleções
tocolo são DIFERENTES, mas integradas. As
Unidades bancas gostam de dizer que são a mesma
Séries Catálogo
documentais
coisa!
Unidades documen-
tais selecionadas Assunto; recorte
Repertório
pertencentes a uma temático O protocolo pode ser:
ou mais origens

z Centralizado: “O arquivo é centralizado quando o


Cada função arquivística e o instrumento resultan-
Arquivo Corrente (documentos) e Protocolo estão
te de suas atividades:
juntos em um mesmo local, existindo coordenação
Classificação = Plano de classificação entre um e outro nas suas atividades. Nesta situa-
Avaliação = Tabela de Temporalidade ou Plano de ção, o arquivo pode receber o nome de ARQUIVO
Destinação CENTRAL ou GERAL”.
Descrição = Instrumentos de pesquisa (guia, catá- z Descentralizado: “Quando o Arquivo é descentra-
logo, inventário, repertório) lizado, o Arquivo e o Protocolo atuam coordenados
O entendimento do CESPE é que a descrição pode entre si, verificando-se duas situações:
ser feita em todas as idades documentais.
„ existe a centralização das atividades de proto-
REFERÊNCIA colo e descentralização dos arquivos correntes.
O protocolo funciona em um local e os arquivos
BRASIL. BRASIL. Senado Federal. Plano de Classifi- em setores diversos; e
cação e Tabela de Temporalidade de Documentos „ ocorre a descentralização das atividades de
de Arquivo do Senado Federal e Congresso Nacio- protocolo e do arquivo corrente. Cada setor
nal. Secretaria de Gestão de Informação e Docu- funcionará com seu Protocolo Setorial e Arqui-
mentação. 2013 vo, porém haverá um Protocolo Geral atuando
como centro receptor e expedidor dos docu-
PROTOCOLOS mentos na instituição” (PAES, 2004).

O protocolo é um dos assuntos mais importantes RECEBIMENTO


de Arquivologia para concursos, por isso, vamos fazer
muitos exercícios e estudar com detalhes! O recebimento é a primeira atividade do Protoco-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

O protocolo assegura que os documentos públicos cum- lo, ele “é a entrada de documentos na Unidade com
pram as finalidades administrativas e legais para as atribuições de Protocolo ou nas demais unidades do
quais foram produzidos. Ele é o “serviço encarregado do: órgão/entidade” (SÃO PAULO, 2013).
Os documentos podem ter origem interna ou
z recebimento externa:
z registro Interna quando vindas do próprio órgão ou
z autuação unidade.
z classificação Externa vindas de outros órgãos/entidades da
z distribuição Administração Estadual, da sociedade civil, de órgãos
z controle da tramitação públicos de outros Poderes (Legislativo e Judiciário),
� expedição de documentos” (CONARQ, 2004). de outros entes da Federação ou provenientes do
exterior.
Lembre-se que as atividades do protocolo se cha- “Os documentos de arquivo poderão ser entregues
mam CLAUDIRCER! ou enviados das seguintes maneiras: 459
z Mensageiro: por meio de servidor/funcionário do pesquisa, identificação ou localização de documentos
órgão/entidade ou por empresa contratada para (pontos de acesso).
prestar este serviço; O registro refere-se às seguintes atividades:
� Correio: por meio de Sedex®, carta, malote, tele-
grama, encomenda” (SÃO PAULO, 2013). z Pesquisar antecedentes: ver se existem docu-
mentos ligados ao que está sendo registrado.
Segundo (PAES, 2004) e (SÃO PAULO, 2013), os pro- z Atribuir número de protocolo: Número Único de
cedimentos para recebimento de documentos no pro- Protocolo – NUP.
tocolo são os seguintes:
Ao registrar o documento, avulso ou processo,
z Conferir os documentos e as relações de remessa; em sistema informatizado ou excepcionalmente em
z Identificar os documentos: o servidor/funcionário formulário, no qual constarão os seguintes dados
da Unidade com atribuições de Protocolo deve- identificadores:
rá identificar dentre os documentos recebidos:
os documentos oficiais sem restrição de acesso z a espécie/tipo do documento;
(ostensivos), os documentos oficiais com indicação z o número e a data de produção do documento;
de restrição de acesso (sigilosos e/ou pessoais) e os z a data de recebimento do documento;
documentos particulares. z o identificador de que o documento é avulso ou
z Receber os documentos: quando não houver nenhu- processo;
ma irregularidade com as informações dos docu- z o Número Único de Protocolo - NUP;
mentos e de suas respectivas relações de remessa. z o número de anexo(s);
Neste caso, o servidor/funcionário deverá atestar z o número de volume(s);
z o código de classificação e o respectivo descritor,
o recebimento pela aposição de relógio datador,
ou o assunto a que se refere o documento;
carimbo datador, anotação à caneta ou registro
z o remetente/interessado/representante legal; e
em sistema informatizado de gestão arquivística
z o destinatário (BRASIL, 2015).
de documentos e informações. Em todos os casos,
a anotação deverá conter: a sigla do órgão/enti-
Não são registrados:
dade, a data e hora do recebimento e o nome
legível do servidor/funcionário responsável z Documentos sigilosos
pelo recebimento. z Documentos particulares
z Separar os documentos oficiais dos particulares;
z Enviar os documentos particulares a seus Autuação
destinatários;
z Separar os documentos oficiais ostensivos dos ofi- Depois de registrar o documento, é a hora de trans-
ciais sigilosos; formá-lo em um processo. Essa é a autuação, que con-
z Enviar os documentos oficiais sigilosos a seus siste na “sequência de operações técnicas que tem por
destinatários; finalidade dar forma processual ao conjunto de docu-
z Ler, analisar e classificar os documentos oficiais mentos acumulados no decorrer de uma ação admi-
ostensivos; nistrativa, visando encaminhamento, manifestação e
z Encaminhar os documentos: decisão” (SÃO PAULO, 2013).
A autuação é uma atividade exclusiva do protocolo!
a) Para o registro, quando se tratar de documentos Ela só poderá ser efetuada mediante solicitação
oficiais, inclusive os sigilosos. formal de autoridade competente.
b) Para o destinatário, sem serem registrados, quan- A autuação é feita pela unidade protocolizadora!
do se tratar de panfletos, folders, revistas, livros e Unidade protocolizadora – Unidade administra-
jornais, recebidos em decorrência do exercício das tiva encarregada do recebimento, classificação, regis-
funções do órgão/entidade, que não sejam anexos tro, distribuição, controle da tramitação e expedição
de algum tipo de documento oficial (memorando, de documentos, avulsos ou processos, bem como res-
ofício). ponsável pela autuação de documentos avulsos para
formação de processos e pela atribuição de Número
Todos os documentos recebidos deverão ser aber- Único de Protocolo – NUP aos documentos, avulsos ou
tos, EXCETO: processos.
As atividades de autuação são:
z Correspondência particular;
z Documentos oficiais classificados como z Conferir a solicitação de autuação
z sigilosos ou pessoais; z Conferir os documentos
z Documentos recebidos via malote que estejam z Pesquisar antecedentes
destinados às unidades descentralizadas do órgão/ z Registrar o processo: Número do processo em sigla/
entidade. nº/ano; Interessado (s); Classificação; Descrição
do assunto; Documento inicial; Localidade; Data;
Registro Volume; Restrição de acesso: Nível em integral ou
parcial:
Depois que o documento é recebido, é a hora de z Intervalo de folhas (no caso de nível parcial)
registrá-lo. O registro se baseia em atribuir ao docu- z Categoria (sigiloso ou pessoal)
mento elementos de informação, termo ou códi- z Grau (no caso do sigiloso)
460 go que, presente em unidades de descrição, serve à z Prazo
z Emitir folha líder Importante!
z Ordenar os documentos
A expedição e a distribuição são tarefas exclusi-
z Numerar as folhas
vas do protocolo!
z Colar os documentos
z Inutilizar os espaços em branco Qualquer documento pode ser expedido, não
z Conferir o registro e a numeração de folhas importa o suporte, gênero ou espécie!
z Encaminhar o processo
CONTROLE DE TRAMITAÇÃO (MOVIMENTAÇÃO)
CLASSIFICAÇÃO

Já falamos muito dela e cá a classificação aparece Antes de saber o que é o controle da tramitação,
de novo. Mas agora vamos focar nas rotinas de classi- devemos saber o que é a tramitação.
ficação. Segundo (CONARQ, 2004), a classificação deve
ser feita da seguinte forma: Tramitação:

z Receber o documento para classificação; z “Curso do documento desde a sua produção ou


z Ler o documento, identificando o assunto princi- recepção até o cumprimento de sua função adminis-
pal e o(s) secundário(s) de acordo com seu conteú- trativa. Também chamado movimentação ou trâmi-
do, inclusive os seus anexos; te” (DBTA, 2005).
z Localizar o(s) assunto(s) no Código de Classifica- z “É a movimentação de documentos pelas unida-
ção de Documentos de Arquivo, utilizando o índi- des do próprio órgão/entidade ou entre unidades de
ce, quando necessário; órgãos/entidades distintos, para dar conhecimento,
z Anotar o código na primeira folha do documento; bem como para acolher manifestações, instruções e
z Preencher a(s) folha(s) de referência para os informações necessárias à tomada de decisões.
assuntos secundários.
As unidades (Coordenadorias, Conselhos, Departa-
OBS.: Quando o documento possuir anexo(s), mentos, Divisões, Núcleos, Setores etc.) por onde cir-
este(s) deverá(ão) receber a anotação do(s) código(s)
culam os documentos são denominadas “pontos” ou
correspondente(s).
“locais de tramitação”.
Lembre-se que a classificação pode ser dividida
Na tramitação podem ser movimentados docu-
em duas operações:
Estudo: consiste na leitura de cada documento, a mentos simples (ofício, memorando etc.) ou compos-
fim de verificar sob que assunto deverá ser classifica- tos (processos e expedientes)” (SÃO PAULO, 2013).
do e quais as referências cruzadas que lhe correspon- Portanto, a tramitação é o caminho do documento
derão. A referência cruzada é um mecanismo adotado desde a sua produção até quando ele cumpre a função
quando o conteúdo do documento se refere a dois ou pela qual foi criado. A movimentação (tramitação)
mais assuntos. funciona como um centro de distribuição e redistri-
Codificação: consiste na atribuição do código cor- buição de documentos (PAES, 2004).
respondente ao assunto de que trata o documento. O controle da tramitação é justamente ver se
o documento chegou onde devia e cumpriu suas
EXPEDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS funções.

Depois do documento ser recebido, registrado,


autuado e classificado, finalmente ele pode ser envia-
do ao seu destinatário, justamente a expedição e
distribuição.
TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E
Distribuição: “primeira tramitação do documen- SUPORTES FÍSICOS
to, avulso ou processo, para o destinatário, que ocorre
dentro do órgão ou entidade” (BRASIL, 2015). Antes de entrarmos nas tipologias e suportes pro-
Expedição: tramitação do documento, avulso ou pro- priamente ditos, você precisa saber o que é uma espé-
cesso, para o destinatário, que ocorre para outros órgãos. cie e um tipo documental.
Conseguiu captar a diferença?
Se eu mando um documento da Polícia Federal ao z Espécie Documental: “divisão de gênero docu-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

IBAMA, é uma expedição (envio para outros órgãos). mental: que reúne tipos documentais por seu
Se eu mando um documento do setor de Recursos formato. São exemplos de espécies documentais:
Humanos do STJ para a Ouvidoria do STJ é uma distri-
ata, carta, decreto, disco, filme, folheto, fotogra-
buição (entrega no próprio órgão).
fia, memorando, ofício, planta, relatório” (DBTA,
Os documentos poderão ser expedidos ou distri-
2005).
buídos por mensageiro ou correio:
z Tipo Documental: “divisão de espécie documen-
z “Mensageiro: os documentos serão entregues por tal que reúne documentos por suas características
servidor/funcionário do órgão/entidade ou por comuns no que diz respeito à fórmula diplomáti-
empresa contratada para prestar este serviço; ca, natureza de conteúdo ou técnica do registro.
z Correio: os documentos serão enviados por meio São exemplos de tipos documentais: cartas pre-
dos serviços prestados pela Empresa Brasileira catórias, cartas régias, cartas-patentes, decretos
de Correios e Telégrafos – EBCT (Sedex®, carta, sem número, decretos-leis, decretos legislativos,
malote, telegrama, encomenda etc.)” (SÃO PAULO, daguerreótipos, litogravuras, serigrafias, xilogra-
2013). vuras” (DBTA, 2005). 461
A fórmula do tipo documental é: A banca pode cobrar também esse outro conceito
de microfilmagem:
Tipo = Espécie + Atividade “Produção de imagens fotográficas de um docu-
mento em formato altamente reduzido” (DBTA, 2005).
Ex.: Contrato (espécie) + de aluguel (atividade) =
Contrato de aluguel (tipo)
Importante!
Carta (espécie) + precatória (atividade) = Carta pre- O microfilme não é um documento digital!
catória (tipo)
Plano (espécie) + de ação (atividade) = Plano de
Ação (tipo) A microfilmagem pode ser de:

Substituição: “microfilme que serve à preserva-


ção das informações contidas em documentos que são
EXERCÍCIOS COMENTADOS eliminados, tendo em vista a racionalização e o apro-
veitamento de espaço” (DBTA, 2005). Quando se quer
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Ata, correspondência e economizar espaço, esse tipo de microfilmagem é fei-
portaria são exemplos de espécies documentais. to a fim de que os documentos que já foram microfil-
mados possam ser eliminados. É aplicada geralmente
( ) CERTO ( ) ERRADO nos arquivos correntes e intermediários.
Preservação: “microfilme que serve à preserva-
Como vimos, a espécie é justamente a configuração ção de documentos, protegendo-os do uso e manuseio
que o documento assume de acordo com a dispo- constantes” (DBTA, 2005). Ou seja, é quando um docu-
sição e a natureza de sua informação. Resposta: mento é muito utilizado e não se quer desgastá-lo.
Certo. Um dos propósitos da microfilmagem para preserva-
ção é fornecer cópias de itens a outras instituições e
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Entre os tipos documen- pesquisadores. É aplicada geralmente nos arquivos
tais, inclui-se a portaria de instauração de inquérito. permanentes.
Segurança: “microfilme que serve de cópia de
segurança, devendo ser armazenado em local distinto
( ) CERTO ( ) ERRADO
daquele dos originais, de preferência em câmara de
segurança” (DBTA, 2005). Geralmente é utilizado para
A fórmula do tipo documental é: TIPO = ESPÉCIE +
documentos importantes. É utilizada nas três ida-
ATIVIDADE. Portaria (espécie) + de instauração de
des documentais.
inquérito (atividade) = tipo documental. Resposta:
As principais características da microfilmagem
Certo.
são:
MICROFILMAGEM
z É mais indicada para grandes conjuntos documentais
com longo prazo de guarda.
A microfilmagem é um assunto pouco cobrado nas z Ela adota a sinalética (recurso de comunicação uti-
provas mais recentes, mas sempre que cai, é de forma lizado em microfilmagem, contendo informações
bem simples. No Brasil, ela é regulamentada pela Lei pertinentes ao conteúdo da microforma).
N° 5.433, de 8 de maio de 1968 e o Decreto Nº 1.799, z Um dos principais elementos de um programa de
de 30 de janeiro de 1996 (que serão as bases da nossa microfilmagem é a seleção, identificação, organi-
aula). O microfilme é como se fossem tiradas várias zação, higienização dos materiais.
fotos das páginas de um documento e colocado em um z Ela pode ser feita em qualquer microforma e grau
rolo, por exemplo. Para melhor compreensão, observe de redução, garantida a legibilidade e a qualidade
o esquema abaixo do processo de microfilmagem de de reprodução.
(REIS & SANTOS, 2015): z Pode ser feita em documentos que ainda estão em
trâmite.
z Não pode ser feita em filmes atualizáveis.
z A microfilmagem, de qualquer espécie, será feita
sempre em filme original, com o mínimo de 180
linhas por milímetro de definição, garantida a
segurança e qualidade de imagem e de reprodução.
z As certidões e cópias em papel de documentos
Arquivo em Máquina Produto: rolos de Consultas dos microfilmados necessitam de autenticação para
suporte de microfilmadora microfilme microfilmes surtir efeitos legais.
papel, por em máquinas
z Os documentos de guarda permanente microfil-
exemplo
mados não poderão ser eliminados.
Fonte: REIS & SANTOS, 2015, p.111. z Os documentos microfilmados poderão ser elimi-
nados por incineração, destruição mecânica ou
A microfilmagem é: por qualquer outro processo que assegure a sua
“Resultado do processo de reprodução em filme, desintegração.
de documentos, dados e imagens, por meios fotográfi- z A técnica da microfilmagem tem como limitação a
cos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução” dificuldade de acesso múltiplo, uma das vantagens
462 (BRASIL, 1996). da digitalização de documentos.
AUTOMAÇÃO z Aplicação de tabela de temporalidade e destinação
de documentos;
Com o avanço da tecnologia da informação e, z Transferência e recolhimento dos documentos por
consequentemente, a organização da sociedade em meio de uma função de exportação;
“redes”, surgem diversos instrumentos que possibili- z Gestão de preservação dos documentos” (CONARQ,
tam a gestão documental, a democratização da infor- 2009).
mação e o acesso à cultura. Os arquivos e suas formas z O SIGAD é um sistema de apoio à gestão
de gestão e de disponibilização de informação devem documental!
evoluir em rede, concomitante à sociedade, entrela- z O SIGAD tem que ser capaz de manter a relação
çando todos em volta do conhecimento que uma ins- orgânica entre os documentos e de garantir a con-
tituição arquivística pode proporcionar. Muitas vezes, fiabilidade, a autenticidade e o acesso.
pelo seu alto custo, a implementação de ambientes z Pode ser usado em documentos digitais ou em
digitais é difícil. Algumas formas de automação da suportes convencionais (sistemas híbridos)!
informação são: z Um SIGAD inclui operações como: captura de
documentos, aplicação do plano de classificação,
� GED (Gestão Eletrônica de Documentos): “con- controle de versões, controle sobre os prazos de
junto de tecnologias utilizadas para organização guarda e destinação, armazenamento seguro e
da informação não estruturada de um órgão ou procedimentos que garantam o acesso e a pre-
entidade, que pode ser dividido nas seguintes fun- servação a médio e longo prazo de documentos
cionalidades: captura, gerenciamento, armazena- arquivísticos digitais e não digitais confiáveis e
mento e distribuição. Entende-se por informação autênticos. Deve abranger todos os documentos
não estruturada aquela que não está armazenada de uma instituição!
em banco de dados, como mensagem de correio z Um SIGAD tem que se dar a partir da implemen-
eletrônico, arquivo de texto, imagem ou som, pla- tação de uma política arquivística no órgão ou
nilha” (CONARQ, 2009). entidade.
z GED é a tecnologia que provê um meio de facilmen- z Um SIGAD sempre acompanha todo o ciclo vital do
te armazenar, localizar e recuperar informações documento!
existentes em documentos e dados eletrônicos, z Um SIGAD é um conjunto de procedimentos e ope-
durante o início do ciclo de vida documental. rações técnicas.
z O GED não acompanha todo o ciclo vital do
documento! Como vimos, o SIGAD é um instrumento de ges-
z O GED não se preocupa em manter a organicida- tão arquivística com requisitos específicos, enquanto
de do documento, trata os documentos de maneira o GED é um conjunto de tecnologias que não segue
compartimentada! critérios específicos. O conceito de documento que
z O GED é um conjunto de tecnologias! aprendemos não muda porque ele mudou para um
z O GED não segue necessariamente os princípios ambiente digital. O documento continua tendo que
arquivísticos! passar pelos mesmos processos de classificação, ava-
z Pode ser usado em documentos digitais ou em liação, arquivamento, protocolo, uso, destinação, o
suportes convencionais (sistemas híbridos)! que muda é o ambiente no qual é feito.
z SIGAD (Sistema informatizado de gestão arqui-
vística de documentos): “é um conjunto de pro- PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO
cedimentos e operações técnicas que visam o DE DOCUMENTOS
controle do ciclo de vida dos documentos, des-
de a produção até a destinação final, seguindo os Conservação
princípios da gestão arquivística de documentos e
apoiado em um sistema informatizado” (CONARQ, Esse é um dos conteúdos mais temidos em Arqui-
2009). vologia, pois é um assunto abrangente e muitas vezes,
difícil. Fiz um mapeamento do que as bancas mais
Os requisitos básicos de um SIGAD são: cobram para vermos a seguir:
Aqui temos uma fórmula que as bancas adoram
z Captura, armazenamento, indexação e recupera- cobrar:
ção de todos os tipos de documentos arquivísticos;
z Captura, armazenamento, indexação e recupera- Conservação = Preservação + Restauração
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

ção de todos os componentes digitais do documen-


to arquivístico como uma unidade complexa; Agora vamos destrinchar cada elemento dessa
z Gestão dos documentos a partir do plano de clas- fórmula!
sificação para manter a relação orgânica entre os
documentos; Conservação:
z Implementação de metadados associados aos
documentos para descrever os contextos desses z “Promoção da preservação e da restauração dos
mesmos documentos (jurídico-administrativo, de documentos” (DBTA, 2005).
proveniência, de procedimentos, documental e z “É um conjunto de ações estabilizadoras que visam
tecnológico); desacelerar o processo de degradação de docu-
z Integração entre documentos digitais e convencionais; mentos ou objetos, por meio de controle ambien-
z Foco na manutenção da autenticidade dos documentos; tal e de tratamentos específicos (higienização,
z Avaliação e seleção dos documentos para recolhi- reparos e acondicionamento)” (CASSARES, 2000).
mento e preservação daqueles considerados de
valor permanente; 463
A conservação ainda pode se dividir em três tipos: Desinfestação
Alisamento
Conservação Preventiva: “é um conjunto de medi- Restauração (reparo)
das e estratégias administrativas, políticas e operacio-
nais que contribuem direta ou indiretamente para a
conservação da integridade dos acervos e dos pré-
dios que os abrigam. São ações para adequar o meio
ambiente, os modos de acondicionamento e de acesso,
visando prevenir e retardar a degradação” (SPINELLI,
BRANDÃO & FRANÇA, 2011).
Conservação Reparadora: “trata-se de toda inter-
venção na estrutura dos materiais que compõem os
documentos, visando melhorar o seu estado físico”
(SPINELLI, BRANDÃO & FRANÇA, 2011).
Conservação Curativa: “todas aquelas ações apli-
cadas de maneira direta sobre um bem ou um grupo
de bens culturais que tenham como objetivo deter os
processos danosos presentes ou reforçar a sua estrutu-
ra. Estas ações somente se realizam quando os bens Desinfestação feita por fumigação

se encontram em um estado de fragilidade adiantada Fonte: Google.


ou estão se deteriorando a um ritmo elevado, de tal
forma que poderiam perder-se em um tempo relativa- z Desinfestação: “Processo de destruição ou inibi-
mente curto. Estas ações às vezes modificam o aspecto ção da atividade de insetos” (DBTA, 2005). A prin-
dos bens” (ABRACOR, 2010). cipal forma de fazer a desinfestação é por meio
da fumigação. Ela acontece quando se expõe
documentos a vapores químicos, geralmente em
Importante! câmaras especiais, a vácuo ou não, para destruição
de insetos, fungos e outros micro-organismos.
A conservação é um conjunto de medidas que
contribuem para preservar ou diminuir a deterio-
ração dos documentos. A conservação vai des-
de a estrutura do prédio (controle ambiental) que
guarda os documentos até a higienização dos
documentos (tratamentos específicos).

Perceba as diferenças entre os diferentes tipos de


conservação:

z Conservação Preventiva: ela ocorre como medi-


Limpeza de um documento com escova
da de prevenção, ou seja, antes dos danos ocor-
Fonte: Google.
rerem, ela tenta evitar que eles aconteçam. Por
exemplo, escolher abrigar os documentos em um
z Limpeza: é a fase posterior à fumigação (matar
prédio que seja longe de lugares úmidos, é uma
insetos por vapores químicos), feita com um pano
medida de conservação preventiva. Porque esco-
macio, uma escova ou aspirador de pó.
lher abrigar os documentos em condições boas de
umidade é uma tentativa de prevenir que o docu- z Higienização (limpeza): “retirada, por meio de
mento se deteriore. técnicas apropriadas, de poeira e outros resíduos,
z Conservação Reparadora: ela ocorre depois, ou com vistas à preservação dos documentos” (DBTA,
seja, quando o documento já foi danificado. Então, 2005). A higienização pode ser feita com diversos
quando se coloca uma nova capa em um livro que materiais, como:
estava com a capa toda rasgada, é uma medida z Pincéis: são muitos os tipos de pincéis utilizados
reparadora. na limpeza mecânica, de diferentes formas, tama-
z Conservação Curativa: a conservação curativa nhos, qualidade e tipos de cerdas (podem ser usa-
está associada à Museologia, portanto, ela não se dos com carga estática atritando as cerdas contra o
preocupa em manter a organicidade, integrida- nylon, material sintético ou lã);
de ou caráter histórico do documento. z Flanela: serve para remover sujidade de encader-
nações, por exemplo;
Segundo PAES (2004), as operações de conservação são: z Aspirador de pó: sempre com proteção de bocal e
com potência de sucção controlada;
Lembre-se que conservar é lidar (LDAR)! z Outros materiais usados para a limpeza: bisturi, pin-
464 Limpeza (higienização) ça, espátula, agulha, cotonete; (CASSARES, 2000).
Como vimos, a conservação curativa se preocupa
em recuperar o bem, sem considerar a organicida-
de, integridade ou caráter histórico do documento.
Resposta: Letra B.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A retirada de poeira de


documentos em suporte papel deve ser feita com
pano levemente úmido.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Os instrumentos mais utilizados para a retirada de


poeira (higienização) dos documentos são: pincéis,
flanelas, aspiradores de pó, bisturis, pinça, espátula,
agulhas e cotonetes. Um pano levemente úmido em
Alisamento feito em jornal um documento de papel danificaria a superfície, não
Fonte: Google. é recomendado. Resposta: Errado.

z Alisamento: “consiste em colocar os documentos PRESERVAÇÃO


em bandejas de aço inoxidável, expondo-os à ação
do ar com forte percentagem de umidade (90 a Preservação:
95%), durante uma hora, em uma câmara de umi-
dificação. Em seguida, são passados a ferro, folha z “Prevenção da deterioração e danos em documen-
tos, por meio de adequado controle ambiental e/ou
por folha, em máquinas elétricas. Caso existam
tratamento físico e/ou químico” (DBTA, 2005).
documentos em estado de fragilidade, recomen-
z “É um conjunto de medidas e estratégias de ordem
da-se o emprego de prensa manual sob pressão administrativa, política e operacional que contri-
moderada. Na falta de equipamento adequado, buem direta ou indiretamente para a preservação
aconselha-se usar o ferro de engomar caseiro” da integridade dos materiais” (CASSARES, 2000).
(PAES, 2004). É como se fosse literalmente engomar z “Em um sentido geral, trata-se de toda a ação que
o documento, a fim de melhorar suas condições. se destina à salvaguarda dos registros documen-
z Restauração (reparo): “a restauração exige um tais” (SPINELLI, BRANDÃO & FRANÇA, 2011).
conhecimento profundo dos papéis e tintas empre-
gados. Vários são os métodos existentes. O método A preservação refere-se aos procedimentos ANTES
ideal é aquele que aumenta a resistência do papel dos documentos serem deteriorados, são medidas
ao envelhecimento natural e às agressões externas preventivas. A sua banca pode cobrar qualquer um
do meio ambiente – mofo, pragas, gases, manuseio desses conceitos de preservação.
– sem que advenha prejuízo quanto à legibilida- A preservação ocorre tanto nos documentos tradi-
de e flexibilidade, e sem que aumente o volume e cionais como nos digitais. As bancas sempre tentam
o peso. Nos métodos mais comuns aplica-se uma colocar questões dizendo que as funções arquivísticas
película protetora em um dos lados do papel, por (classificação, avaliação, preservação) não ocorrem
meio de solução vaporizadora, imersão ou dos nos documentos digitais. Isso está errado.
processos de laminação e silking. Essa película não Cada suporte recebe um tipo de tratamento. Então
deve impedir a passagem dos raios ultravioletas vamos pensar em um médico indicando a um paciente
ou infravermelhos. O processo deve ser fácil e tão como se prevenir de uma doença! Ele vai indicar proce-
elástico que permita o tratamento dos documentos dimentos de acordo com as características do paciente,
da mesma forma ocorre com documentos. Documentos
antigos como modernos, seja qual for o seu estado
em papel não receberão o mesmo tratamento que um
de conservação. A matéria-prima e o equipamento
documento em um pen drive, por exemplo.
utilizados devem ser de baixo custo e de fácil aqui-
A preservação também abrange o planejamento
sição” (PAES, 2004).
de emergência ou plano de desastre, o qual seria um
plano de proteção civil aplicada aos arquivos, que
estabelece medidas preventivas e de emergência em
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

EXERCÍCIOS COMENTADOS caso de sinistros. Seria, então, ter um protocolo de


procedimentos quando acontecer incêndios, enchen-
tes, vandalismo e furto.
1. (VUNESP – 2019) O nome dado ao conjunto de ações
voltadas para a preservação de um único bem e objeti- “O planejamento para os casos de emergência não
va a estabilização de danos físicos ou químicos, tendo deverá acontecer de forma isolada. Para funcionar
em conta o não comprometimento da integridade e do efetivamente, ele terá de ser integrado aos proce-
caráter histórico do documento é dimentos operacionais rotineiros da instituição. O
plano precisará contemplar todos os tipos de emer-
gência e calamidades que a instituição pode vir a
a) conservação preventiva.
enfrentar. Incluirá ações tanto de curto, quanto de
b) conservação curativa. longo prazo para os esforços de resgate e recupera-
c) intervenção conservadora. ção. O plano deverá ser de fácil execução, de modo
d) preservação interventiva. que instruções concisas e treinamento são funda-
e) restauração preventiva. mentais para que o êxito seja total” (COSTA, 2003). 465
Algumas medidas de preservação são: O banho de gelatina:

z Adequação, por meio de equipamentos, da tem- z Aumenta a resistência;


peratura e da umidade relativa do ar a parâme- z Não prejudica a visibilidade e flexibilidade;
tros favoráveis à preservação dos documentos z Proporciona a passagem dos raios ultravioletas e
(climatização). infravermelhos;
z Criação e manutenção de ambiente de armazena- z Pode causar ataques de insetos e fungos.
mento propício à preservação.
z Controle da qualidade do ar. Silking: “Este método utiliza tecido – crepeline
z Controle da luminosidade. ou musseline de seda – de grande durabilidade, mas,
z Prevenção de infestação biológica. devido ao uso de adesivo à base de amido, suas quali-
z Procedimentos de manutenção, segurança e prote- dades são afetadas permanentemente. Tanto a legibi-
lidade quanto a flexibilidade, a reprodução e o exame
ção contra fogo e danos por água.
pelos raios ultravioletas e infravermelhos são pouco
prejudicados. É, no entanto, um processo de difícil
RESTAURAÇÃO
execução e cuja matéria-prima é de alto custo” (PAES,
2004). É como se fosse feito uma plastificação do
Restauração: documento com esse adesivo de amido.

z “conjunto de procedimentos específicos para recu- O silking:


peração e reforço de documentos deteriorados e
danificados” (DBTA, 2005). z Afeta o material que é feito o documento;
z “é um conjunto de medidas que objetivam a estabi- z Prejudica pouco a flexibilidade, a reprodução e o
lização ou a reversão de danos físicos ou químicos exame pelos raios ultravioletas e infravermelhos;
adquiridos pelo documento ao longo do tempo e z É difícil de ser feito e o material é caro.
do uso, intervindo de modo a não comprometer
sua integridade e seu caráter histórico” (CASSA- Tecido: “Processo de reparação em que são usa-
RES, 2000). das folhas de tecido muito fino, aplicadas com pasta
z “considerada como um conjunto de ações técni- de amido. A durabilidade do papel é aumentada con-
cas de caráter intervencionista nos suportes dos sideravelmente, mas o emprego do amido propicia
documentos, a restauração se propõe a executar o o ataque de insetos e fungos, impede o exame pelos
trabalho de reversão de danos físicos ou químicos raios ultravioletas e infravermelhos, além de reduzir
que tenham ocorrido nos documentos ao longo do a legibilidade e a flexibilidade” (PAES, 2004). A plastifi-
tempo” (SPINELLI, BRANDÃO & FRANÇA, 2011). cação com tecido é basicamente o mesmo processo do
silking, mas seu método é feito com material de menor
qualidade e custo.
Importante!
Laminação:
A restauração ocorre depois que o dano já foi
feito. É a tentativa de colocar um band-aid em z “Processo em que se envolve o documento, nas
um machucado ou uma cirurgia em um membro duas faces, com uma folha de papel de seda e outra
fraturado. de acetato de celulose, colocando-o numa prensa
hidráulica, sob pressão média de 7 a 8 kg/cm e tem-
peratura entre 145 a 155°C. O acetato de celulose,
Segundo PAES (2004), os procedimentos de restau- por ser termoplástico, adere ao documento jun-
ração são: tamente com o papel de seda e dispensa adesivo.
A durabilidade e as qualidades permanentes do
Lembre-se que, para restaurar, o Ben Stiller Tem papel são asseguradas sem perda da legibilidade e
de LEr (BSTLE)! da flexibilidade, tornando-o imune à ação de fun-
Banho de gelatina gos e pragas. Qualquer mancha resultante do uso
Silking pode ser removida com água e sabão. O volume
Tecido do documento é reduzido, mas o peso duplica. A
Laminação aplicação, por ser mecanizada, é rápida e a maté-
ria-prima, de fácil obtenção. A fotografia é simpli-
Encapsulação
ficada e o material empregado na restauração não
impede a passagem dos raios ultravioletas e infra-
Banho de gelatina: “Consiste em mergulhar o
vermelhos. Assim, as características da laminação
documento em banho de gelatina ou cola, o que
são as que mais se aproximam do método ideal”
aumenta a sua resistência, não prejudica a visibili- (PAES, 2004).
dade e a flexibilidade e proporciona a passagem dos z “Processo de restauração que consiste no reforço
raios ultravioletas e infravermelhos. Os documentos, de documentos deteriorados ou frágeis, colocan-
porém, tratados por este processo, que é manual, tor- do-os entre folhas de papel de baixa gramatura,
nam-se suscetíveis ao ataque dos insetos e dos fungos, fixadas por adesivo natural, semissintético ou sin-
além de exigir habilidade do executor” (PAES, 2004). tético, por meio de diferentes técnicas, manuais
Esse método é literalmente um banho em cola ou ou mecânicas” (DBTA, 2005). A laminação parece,
em gelatina no documento, a fim de aumentar a fir- dessa forma, com a ação de adicionar ao docu-
466 meza do papel. mento uma camada de tecido para que ele fique
mais forte. A forma que se adiciona o reforço ao acervos podem ser ambientais (físicos), biológicos
documento é por meio de uma prensa em alta e químicos.
temperatura.
Os agentes ambientais (físicos) são:

z Temperatura;
z Umidade relativa do ar;
z Radiação da luz;
z Qualidade do ar.

Os agentes biológicos são:

z Micro-organismos (fungos, bactérias);


z Roedores;
z Ataques de insetos (traças, baratas, cupins, pio-
lhos, brocas);
z Ação do Homem (desastres, manuseio incorreto,
furto, vandalismo, intervenções inadequadas).
Laminação sendo feita em fotografia
Fonte: Figueiredo, Mosciaro & Silva, 2007. Os agentes químicos são:

A laminação: z Acidez do papel;


z Sujidade;
z Aumenta a durabilidade e a qualidade do papel. z Poeira;
z Torna o documento livre da ação de fungos e z Poluição Ambiental.
pragas.
z Aplicação fácil. No próximo módulo, vamos destrinchar cada um
z Não impede a passagem dos raios ultravioletas e desses agentes, mas por agora é importante que você
infravermelhos. fixe quais são cada tipo de agente. Vamos praticar?
z Reduz o volume do documento.
z Aumenta o peso do documento. Fatores Físicos (Ambientais)
z O mais próximo do método ideal de restauração.
Temperatura
Encapsulação:
Não há um consenso sobre a temperatura ideal do
z “Utiliza basicamente películas de poliéster e fita documento, mas algo entre 15°C a 23°C é aceitável.
adesiva de duplo revestimento. O documento é Segundo (CONARQ, 2000), a temperatura ideal para
colocado entre duas lâminas de poliéster fixadas documentos é 20°C, com variação diária de +/- 1°C.
nas margens externas por fita adesiva nas duas Para (PAES, 2004), a temperatura deve estar entre
faces; entre o documento e a fita deve haver um 20°C e 22°C.
espaço de 3 mm, deixando o documento solto den- Segundo (CASSARES, 2000), deve-se manter a
tro das duas lâminas” (PAES, 2004). temperatura o mais próximo possível de 20°C, evi-
z “Processo de preservação no qual o documento é tando-se de todas as formas as oscilações de 3°C de
protegido entre folhas de poliéster transparente, temperatura.
cujas bordas são seladas” (DBTA, 2005). Segundo o Se a banca utilizar qualquer uma dessas recomen-
Dicionário de Terminologia Arquivística, a encap- dações, marque-a como a correta!
sulação é uma atividade de preservação e não
restauração. Portanto, considere correto tanto se z A temperatura alta (calor) acelera a deterioração e
a banca falar que a encapsulação é medida de res- aumenta a possibilidade de colônias de fungos nos
tauração quanto de preservação. documentos, sejam estes em suporte papel, couro,
tecido ou outros materiais.
Dica z A temperatura muito baixa deixa os documentos
distorcidos e ressecados.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Para se lembrar da encapsulação na sua prova, z No caso do papel, quanto menor for a temperatu-
lembre-se de uma CÁPSULA do tempo! ra, maior será a permanência e durabilidade do
A cápsula do tempo não mantém tudo guarda- papel.
dinho e fechadinho, até que as pessoas que o z Há uma regra geral que estabelece: as reações quí-
enterraram a desenterrem? micas dobram a cada elevação de temperatura de
A encapsulação faz a mesma coisa com docu- 10° C.
mento! Ela o veda totalmente. z No caso especial da celulose (papel), o aumento de
5° C quase dobra a taxa de deterioração, mesmo na
FATORES DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS ausência de luz, poluentes ou outros fatores.

Agentes de deterioração dos acervos são aqueles Segundo (CASSARES, 2000), “Todos os materiais
que causam aos documentos um estado de instabili- encontrados nos acervos são higroscópicos, isto é,
dade física ou química, comprometendo a sua inte- absorvem e liberam umidade muito facilmente e, por-
gridade e existência. Os fatores de deterioração em tanto, se expandem e se contraem com as variações de 467
temperatura e umidade relativa do ar. Essas variações TIPOS DE CONDIÇÕES
dimensionais aceleram o processo de deterioração e DOCUMENTOS AMBIENTAIS
provocam danos visíveis aos documentos, ocasionando
Fotografias em preto e T 12ºC +/- 1ºC e UR
o craquelamento de tintas, ondulações nos papéis e nos
branco 35% +/- 5%
materiais de revestimento de livros, danos nas emul-
T 5ºC +/- 1ºC e UR
sões de fotos etc”. Fotografias em cor
35% +/- 5%
Umidade relativa do ar T 18ºC +/- 1ºC e
Registros magnéticos
UR 40% +/- 5%
A temperatura e umidade relativa do ar são indis-
sociáveis, uma influencia a outra. O desequilíbrio da
temperatura e da umidade relativa provoca no acervo
uma dinâmica de contração e alongamento dos ele-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
mentos (higroscopia) que compõem os objetos. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Para preservar documen-
Segundo (CONARQ, 2000), a faixa segura de umidade tos em papel, é necessário controlar as condições
relativa é entre 45% e 55%, com variação diária de +/- 5%. ambientais: a temperatura deve ser alta e a umidade
Segundo (CASSARES, 2000), a umidade relativa do ar deve ser baixa.
deve estar entre 45% a 50%, evitando-se de todas as
formas as oscilações de 10% de umidade relativa. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Segundo (PAES, 2004), uma umidade deve estar
entre 45% e 58%. Como acabamos de ver, a temperatura alta não
Se a banca utilizar qualquer uma dessas recomen- é recomendada, pois acelera a deterioração e
dações, marque-a como a correta! aumenta a possibilidade de colônias de fungos nos
documentos, sejam estes em suporte papel, couro,
z A umidade também afeta drasticamente o papel. tecido ou outros materiais. A umidade baixa não é
recomendada, pois aumenta o risco de quebra das
Se a umidade for muito alta, apressa a degrada-
fibras, esfarelamento dos materiais orgânicos fibro-
ção ácida, facilita o ataque de agentes biológicos
sos e torna os documentos distorcidos e ressecados.
(traças, baratas, cupins, piolhos, brocas, fungos,
Resposta: Errado.
bactérias). Nas faixas de UR acima de 65% crescem
micro-organismos e ocorrem reações químicas 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Deve-se manter o ar seco
danosas. em depósitos de armazenamento de documentos em
z Se a umidade for muito baixa, aumenta-se o risco suporte papel.
de quebra das fibras, esfarelamento dos materiais
orgânicos fibrosos e torna os documentos distorci- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dos e ressecados.
z Para pergaminhos e encadernações em couro a UR O ar seco (umidade baixa) não é recomendado, pois
abaixo de 40% é perigosa e o papel também sofre aumenta o risco de quebra das fibras, esfarelamento
abaixo desses níveis. dos materiais orgânicos fibrosos e torna os docu-
z O termo higrômetro é o nome do aparelho medidor mentos distorcidos e ressecados. Resposta: Errado.
da umidade e temperatura simultaneamente.
Radiação da luz
z A estabilidade da temperatura e da UR é especial-
mente importante, e as mudanças bruscas ou cons-
Toda fonte de iluminação, seja ela natural ou
tantes são muito danosas. artificial, emite radiação nociva que causa danos ao
z O sistema de ar condicionado ideal é aquele que papel. A radiação produz um efeito cumulativo e
controla a temperatura, a umidade e ainda filtra irreversível!
os agentes poluentes, antes de insuflar o ar no Segundo (ALVARES, 2018): “A luz tem dois efei-
ambiente interno. Ele deve ficar em funcionamen- tos sobre o papel, ambos contribuindo para a sua
to durante as 24 horas do dia (CONARQ, 2000). degradação:
� O sistema de climatização deve ser independente
para as áreas de depósitos, pois devem atender às z O primeiro efeito caracteriza-se por apresentar uma
necessidades de preservação dos documentos ali ação na coloração, que causa o: desbotamento ou o
armazenados e manter condições estáveis, exi- escurecimento de alguns papéis e algumas tintas.
gindo que os equipamentos funcionem sem inter- z O segundo efeito apresenta-se como uma acelerada
degradação da lignina: as fibras do papel se rom-
rupção. Já nas áreas de trabalho e para o público,
pem em unidades cada vez menores, até se torna-
onde os parâmetros devem respeitar as condições
rem insuficientes para manterem a folha unida”.
de conforto humano, os equipamentos podem ser
z Lignina: componente natural responsável pela fir-
desligados quando não há funcionamento das ati- meza e solidez do conjunto de fibras, agindo como
vidades rotineiras e de atendimento ao público uma espécie de cimento. A lignina é responsável
(CONARQ, 2000). pela acidez do papel, então, quanto mais lignina o
papel tiver, menor a sua durabilidade. Um exem-
Se a banca quiser dificultar, ela vai cobrar as con- plo de papel que tem muita lignina é o papel jor-
468 dições especiais de temperatura e umidade: nal. Por isso é indicada a produção de documentos
com o PH neutro do papel, visto que não é ácido, z As grandes infestações de fungos podem acarretar
portanto, o papel dura muito mais. o apodrecimento e a perda total do papel.
z A disseminação dos fungos se dá através dos espo-
As fontes de luz natural ou fluorescentes devem ros (células reprodutoras), que são carregados por
ser evitadas, visto que são fontes geradoras de UV meio de diversos veículos. Ex.: correntes aéreas,
(radiação ultravioleta). A intensidade da luz é medi- gotas d’água, insetos, vestuários, umidade alta,
da através de um aparelho denominado luxímetro ou temperatura elevada, falta de circulação de ar, fal-
fotômetro. ta de higiene.
São ações recomendadas, segundo (CONARQ, 2000)
e (CASSARES, 2000): Segundo (CASSARES, 2000), “as medidas a serem
adotadas para manter os acervos sob controle de
z As janelas devem ser protegidas por cortinas ou infestação de fungos são:
persianas que bloqueiem totalmente o sol; essa
medida também ajuda no controle de temperatu- z Estabelecer política de controle ambiental, prin-
ra, minimizando a geração de calor durante o dia. cipalmente temperatura, umidade relativa e ar
z O uso de filtros contra a radiação ultravioleta invisível. circulante, mantendo os índices o mais próximo
z Filtros feitos de filmes especiais também ajudam possível do ideal e evitando oscilações acentuadas;
no controle da radiação UV, tanto nos vidros de z Praticar a higienização tanto do local quanto dos
janelas quanto em lâmpadas fluorescentes (esses documentos, com metodologia e técnicas adequadas;
filmes têm prazo de vida limitado). z Instruir o usuário e os funcionários com relação
z As prateleiras das estantes devem estar perpendi- ao manuseio dos documentos e regras de higiene
culares às janelas, de forma a também evitar a do local;
incidência direta das radiações sobre os materiais. z Manter vigilância constante dos documentos
z No caso da iluminação artificial podem ser insta- contra acidentes com água, secando-os imediata-
lados sistemas de iluminação incandescente ou
mente caso ocorram.
fluorescente. A radiação UV emitida pelas lâmpa-
z O uso de fungicidas não é recomendado; os danos
das fluorescentes não deverá exceder 75 μw/l.
Para esses casos, o uso de filtros ou absorventes de causados superam em muito a eficiência dos pro-
radiação UV pode contornar o problema. dutos sobre os documentos.
z O sistema de iluminação setorizada e contro- z Caso se detecte situação de infestação, chamar pro-
lada, que desliga a fonte de luz artificial após um fissionais especializados em conservação de acervos.
período pré-determinado, reduz o tempo de expo- z Não limpar o ambiente com água, pois esta, ao
sição dos documentos às radiações. secar, eleva a umidade relativa do ar, favorecendo
z Não é permitido o uso de lâmpadas de mercúrio a proliferação de colônias de fungos.
ou sódio, devido à sua intensa emissão de radiação z Na higienização do ambiente, é recomendado o
ultravioleta. uso de aspirador.
z Usar proteção pessoal: luvas de látex, máscaras,
Qualidade do ar aventais, toucas e óculos de proteção (nos casos de
sensibilidade alérgica).
O controle da qualidade do ar consiste em evitar z Luvas, toucas e máscaras devem ser descartáveis.
ou diminuir a entrada de gases poluentes dentro dos
ambientes dos acervos. Segundo (CASSARES, 2000): Insetos
“Os poluentes externos são principalmente o dióxi-
do de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NO e NO2) e Os insetos se alimentam das substâncias do papel
o Ozônio (O3). São gases que provocam reações quími- (amidos, colas, couros, pigmentos, tecidos) assim
cas, com formação de ácidos que causam danos sérios
como os fungos. Eles se desenvolvem em condições
e irreversíveis aos materiais. O papel fica quebradiço
de umidade e temperatura elevadas e na ausência
e descolorido; o couro perde a pele e deteriora. As par-
tículas sólidas, além de carregarem gases poluentes, de luz. Segundo (ALVARES, 2018), os insetos possuem
agem como abrasivos (ondulam o papel) e desfiguram como características:
os documentos. Agentes poluentes podem ter origem
no próprio ambiente do acervo, como no caso de apli- z “A ação destrutiva é maior nas regiões de clima
cação de vernizes, madeiras, adesivos, tintas etc., que tropical, cujas condições de calor e umidade rela-
podem liberar gases prejudiciais à conservação de tiva elevadas provocam numerosos ciclos repro-
todos os materiais”. dutivos anuais e desenvolvimento embrionário
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

mais rápido.
Fatores Biológicos z São pouco afetados pelo controle ambiental inter-
no, uma vez que possuem uma grande capacida-
Fungos de de adaptação às transformações ambientais.
Além disso, podem adquirir resistência aos inseti-
Os fungos são micro-organismos que se alimentam cidas com o passar do tempo.
das substâncias orgânicas do papel (amidos, colas, cou- z Traças: desbotam couros, papéis e fotografias pela
ros, pigmentos, tecidos). De modo geral, se desenvol- superfície, instalando-se e desenvolvendo-se em
vem em condições de umidade e temperatura elevadas. locais escuros e especialmente úmidos. Sua con-
Os fungos podem causar: figuração plana lhes permite penetrar os espaços
entre as folhas e por detrás dos móveis, junto às
z Rasgos nos papéis. paredes.
z Manchas deixadas como resultado de sua ativida- z Baratas: preferem os locais escuros, quentes
de de metabolização das substâncias que os ali- e úmidos. Em geral se desenvolvem nos depósi-
mentam, deixando os documentos bem frágeis. tos e nos condutores de instalações hidráulicas 469
e elétricas. São atraídas para os ambientes pelos Sobre os furtos e vandalismo (CONARQ, 2000):
resíduos alimentares. Tal como as traças, causam
danos nas superfícies e nas margens de documen- z As entradas do edifício devem ser bem ilumina-
tos e das encadernações. das e livres de quaisquer obstáculos que preju-
z Cupins: os isópteros se alimentam da celulose diquem a visão da equipe de segurança.
da madeira e dos papéis. São muito resistentes z Os sistemas de alarme devem ser instalados para
e vivem em colônias muito organizadas. Classifi- se evitar riscos de invasão e todas as aberturas e
cam-se em dois grupos: os de solo e os de madeira. passagens no andar térreo protegidas por grades
Os dois tipos atacam igualmente as coleções docu- ou venezianas.
mentais. Os cupins de madeira vivem dentro da z É importante a separação entre a área de depósito
madeira de móveis, portas, forros etc. Passam para e os locais onde o público circula livremente.
livros e documentos que se encontram em armá- z As áreas abertas ao público, principalmente salas de
rios, estantes e gavetas infestadas. Têm aversão à consulta, de catálogos, auditórios e áreas de exposi-
luz, uma vez que não possuem pelos. Procura exa- ções, devem ser supervisionadas por funcionários,
tamente os conjuntos compactos de papéis. Apesar utilizando-se circuito fechado de televisão.
de se alimentarem da celulose do papel, preferem z Os depósitos devem estar especialmente protegidos.
as madeiras e por isso mesmo, algumas vezes as z As janelas têm de ser providas de grades ou telas,
coleções de documentos são usadas apenas como e nenhuma porta externa pode abrir diretamente
caminho para que possam alcançar seu alimento. para o seu interior.
z Piolhos: os psocópteros, vulgarmente conhecidos z É recomendável a instalação de sistemas de alar-
como piolho de livros, pequenos insetos de cor ama- me ou outros dispositivos.
rela-vermelhada, são frequentemente encontrados
entre as folhas. Sobrevivem em locais muito úmi- ARMAZENAMENTO E ACONDICIONAMENTO
dos, pois são insetos que não atacam diretamente
o documento, porém alimentam-se dos fungos e Esse é um conteúdo que as bancas gostam de
de restos de outros insetos mortos, e pode causar cobrar, porque as pessoas tendem a confundir os dois
danos nos livros, roendo as encadernações, forman- conceitos.
do pequenos orifícios de contorno irregular. Armazenamento: “guarda de documentos em
depósito”. Ou seja, o armazenamento refere-se ao
local ou mobiliário em que o documento é guardado,
Roedores
por exemplo, uma estante, um armário.
Acondicionamento: “embalagem ou guarda de
Os roedores utilizam as instalações do acervo documentos visando à sua preservação e acesso”. Ou
“para manterem-se aquecidos, utilizam papéis, seja, o acondicionamento diz respeito a embalagem
couro, tecidos, plásticos picados, principalmen- ou invólucro no qual o documento é guardado. Por
te na confecção dos ninhos para reprodução, que exemplo, uma pasta, uma caixa.
ocorre até dez vezes por ano” (ALVARES, 2018). Os papéis e cartões empregados na produção de
Deve-se tomar cuidado pois eles ainda podem dete- caixas e invólucros devem ser alcalinos (PH neu-
riorar instalações elétricas, causando desastres. Para tro), visto que não são ácidos. Assim a deterioração
evitar a entrada de roedores recomenda-se: do papel é desacelerada.
O armazenamento e o acondicionamento visam a
z Não levar ou comer qualquer tipo de alimento nas conservação, preservação e o acesso dos documen-
áreas de guarda e consulta. tos. Cada tipo de documento tem recomendações de
z Tentar obstruir as possíveis entradas para os tipos de acondicionamento e armazenamento.
ambientes dos acervos. Para que fique clara a diferença, antes de um docu-
z Controle da temperatura e umidade relativa. mento ser arquivado, ele pode ser colocado em uma
z Higiene periódica. pasta (acondicionado) e guardado em uma estante
(armazenado).
Ação do Homem

O homem, de forma intencional ou não, é um dos


maiores agressores do papel. O simples uso normal EXERCÍCIOS COMENTADOS
é o suficiente para degradar este material. A acidez e
a gordura do suor das mãos, em contato com o papel, 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um dos fatores mais
produzem acidez e manchas. O manuseio na hora importantes de deterioração do papel é o seu manu-
transporte ou armazenamento inadequado deterio- seio inadequado, seja por funcionários da própria ins-
ram os documentos. Rasgar, colocar adesivos, riscar, tituição, seja por pesquisadores ou consulentes.
dobrar, escrever, marcar, colocar clipes, grampos
metálicos, colar fitas danificam os documentos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Sobre o manuseio incorreto dos documentos:
Como vimos, o manuseio incorreto é um fator de
z Os problemas de manuseio não se limitam ape- deterioração do papel. Resposta: Certo.
nas no momento em que os documentos estão nas
mãos do usuário. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A estrutura para armaze-
z Deve ser analisado todo o percurso: de ida e volta, namento e conservação de documentos em arquivo
entre a estante, a sala de consultas e de reprodução. deve apresentar facilidade para acesso, acondiciona-
z Isto depende do treinamento de funcionários e mento, manuseio e transporte dos materiais.
usuários, ou seja, de todo um planejamento de con-
470 servação (ALVARES, 2018). ( ) CERTO ( ) ERRADO
Como vimos, a estrutura para o armazenamento e
conservação dos documentos é feito a fim de faci- HORA DE PRATICAR!
litar os processos de acesso, acondicionamento,
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca das funções
manuseio e transporte dos documentos. Resposta:
arquivísticas de classificação, avaliação e descri-
Certo.
ção, julgue o item que se segue.
A transparência ativa da instituição é uma das formas
ARQUIVAMENTO de difusão dos documentos de arquivo.

O tipo de arquivamento pode ser: ( ) CERTO ( ) ERRADO

Horizontal: os documentos ficam “deitados”. Ele é 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item a seguir,
recomendado em documentos permanentes e de gran- acerca da microfilmagem de documentos de arquivo.
des dimensões (mapas, plantas, desenhos). É um tipo A microfilmagem deve ser feita em equipamentos que
de arquivamento que dificulta o acesso pois os docu- garantam a fiel reprodução das informações, sendo
mentos ficam um em cima dos outros. permitida a utilização de qualquer microforma.
Vertical: os documentos ficam em “fila”. Ele é reco-
mendado para documentos correntes pois facilita o ( ) CERTO ( ) ERRADO
acesso.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Com relação à classifi-
cação de documentos e aos instrumentos de ges-
tão arquivística, assinale a opção correta.

a) A classificação de documentos é exclusivamente uma


organização física do acervo, enquanto a eliminação é
uma organização intelectual.
b) O código de classificação de documentos apresenta a
identificação dos prazos de guarda dos documentos.
c) A listagem de eliminação de documentos é suficiente
para que a documentação selecionada seja descarta-
da, sem a necessidade de autorização.
Fonte: Blog Detonando Questões
d) O código de classificação de documentos estabelece
critérios para a microfilmagem de documentos e para
ESTRUTURA DO ARQUIVO o recolhimento de documentos.
e) A classificação de documentos é uma atividade que
Segundo (CONARQ, 2000), “No edifício para arqui- deve retratar a vida das instituições, sendo fiel às suas
vo, com vários serviços, a área destinada aos depó- estruturas e funções.
sitos deve ser em torno de 60% da área construída.
Da área restante, 15% deverão ser destinados aos 4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da gestão de
trabalhos técnicos e administrativos e 25% para o documentos, julgue o item que se segue.
público. É também importante prever o crescimento Plano de destinação é a denominação do instrumento
do acervo e a necessidade futura, dentro de um prazo utilizado na classificação de documentos no arquivo
médio de cinquenta anos, de ampliação das áreas de corrente.
depósito”.
É indispensável um acesso independente para o ( ) CERTO ( ) ERRADO
público, impedindo a sua circulação pelas áreas de
depósito e trabalho. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da gestão de
documentos, julgue o item a seguir.
z Não é recomendada a construção de arquivos nes- Um projeto de gestão de documentos inclui o planeja-
sas condições: mento de ações de organização do acervo, ao passo
z proximidade com o mar, zonas pantanosas, rios ou que a gestão do espaço físico, de equipamentos e de
recursos humanos é dele excluída.
locais sujeitos a inundações;
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

z terrenos e subsolos úmidos;


( ) CERTO ( ) ERRADO
z regiões de fortes ventos e tempestades;
z regiões de ventos salinos e com resíduos arenosos;
6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca do programa de
z proximidade com indústrias que liberam
gestão de documentos, julgue o item a seguir.
poluentes; A elaboração de instrumentos de pesquisa, como
z proximidade com usinas químicas, elétricas e inventários e guia geral de fundos, constitui um dos
nucleares; procedimentos básicos para a implementação de um
z proximidade com linhas de alta tensão; programa de gestão de documentos.
z proximidade com entrepostos de materiais infla-
máveis e explosivos; ( ) CERTO ( ) ERRADO
z terminais de tráfego aéreo e terrestre;
z áreas de intenso tráfego sujeitas à trepidação, ruí- 7. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito do diagnósti-
do e poluição; co da situação arquivística e da realidade arquivísti-
z porões. ca brasileira, julgue o item que se segue. 471
No diagnóstico em relação às massas documen- d) cronologicamente.
tais acumuladas, devem-se observar a existência ou e) tematicamente.
a ausência de padronização de uso de mobiliário e
embalagens. 14. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Julgue o item a seguir,
com relação à gestão de documentos e da imple-
( ) CERTO ( ) ERRADO mentação de programas de gestão de documentos
na administração pública federal.
8. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito do diagnósti- Os instrumentos de classificação e temporalidade
co da situação arquivística e da realidade arquivísti- relativos às atividades finalísticas podem ser aplica-
ca brasileira, julgue o item que se segue. dos assim que estejam aprovados pela Comissão de
Ao mensurar documentos empilhados ou empacota- Avaliação de Documentos da instituição do Poder Exe-
dos em uma estante, deve-se medir a altura de cada cutivo federal a que se referem.
pilha, somando-se os resultados.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
15. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Assinale a opção que indica
9. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Os documentos de o tipo de arquivo onde ficam localizados documentos
arquivo recebidos pela instituição devem ser entre- históricos que, embora não possuam valor administra-
gues ao setor de protocolo, onde é efetuada a sepa- tivo, comprovam a evolução político-administrativa de
ração entre a correspondência particular e a oficial. um município, de acordo com a classificação dos arqui-
Em seguida, são identificadas as correspondências vos segundo os estágios de sua evolução.
ostensivas e as sigilosas. A primeira etapa que ini-
cia a sequência de procedimentos a serem realiza- a) arquivo público municipal
dos no protocolo é b) arquivo público estadual
c) arquivo permanente
a) a expedição. d) arquivo corrente
b) o registro. e) arquivo intermediário
c) a tramitação.
d) a distribuição. 16. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de princípios
e) a avaliação. e conceitos arquivísticos, julgue o item a seguir.
O arquivo intermediário armazena, por determinado inter-
10. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca do protocolo, jul- valo de tempo, documentos que ainda podem ser solicita-
gue o item que se segue. dos pelas unidades organizacionais que os acumularem.
O fluxo dos documentos entre os setores de trabalho
onde ocorre a tomada de decisão faz parte da movi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mentação de documentos.
17. (CEBRASPE (CESPE) – 2020) Acerca das funções
( ) CERTO ( ) ERRADO arquivísticas de classificação, avaliação e descri-
ção, julgue o item que se segue.
11. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Julgue o item a seguir, A função aquisição refere-se às formas de alienação
com relação à gestão de documentos e da imple- dos acervos arquivísticos.
mentação de programas de gestão de documentos
na administração pública federal. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O esquema de classificação aprovado para o Poder
Executivo federal adota a mecânica do Sistema de 18. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o próximo item, rela-
Classificação Decimal de Dewey (CDD), utilizado tivo aos princípios e conceitos da ciência arquivística.
em bibliotecas. O recolhimento de documentos para guarda perma-
nente justifica-se tão somente em função do seu valor
( ) CERTO ( ) ERRADO histórico documental.

12. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca das funções ( ) CERTO ( ) ERRADO


arquivísticas de classificação, avaliação e descri-
ção, julgue o item que se segue. 19. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca das funções
Os métodos de classificação de documentos de arqui- arquivísticas de classificação, avaliação e descri-
vospodem ser de três tipos: funcional, organizacional ção, julgue o item que se segue.
e por assuntos. A descrição tem dois objetivos: o controle e o acesso.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE – 2019) O modo como o usuário 20. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca das funções
consulta os documentos de arquivo gera indicações arquivísticas de classificação, avaliação e descrição,
acerca da melhor forma de organizá-los. Não ocor- julgue o item que se segue.
rendo tal orientação, o modo-padrão de ordená-los é A descrição de documentos de arquivo depende da
classificação, que auxilia na manutenção do contexto
a) numericamente. de criação dos documentos.
b) alfabeticamente.
472 c) geograficamente. ( ) CERTO ( ) ERRADO
9 GABARITO

1 CERTO

2 CERTO

3 E

4 ERRADO

5 ERRADO

6 ERRADO

7 CERTO

8 CERTO

9 B

10 ERRADO

11 CERTO

12 CERTO

13 D

14 ERRADO

15 C

16 CERTO

17 ERRADO

18 CERTO

19 CERTO

20 CERTO

ANOTAÇÕES

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

473
ANOTAÇÕES

474

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