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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBAMA
Técnico Administrativo
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JN013-N0
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OBRA

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Técnico Administrativo

Atualizada até 01/2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Noções de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Atualidades - Profº Heitor Ferreira
Matemática - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Ética no Serviço Público - Profª Silvana Guimarães e Profº Fernando Zantedeschi
Noções de Direito Constitucional - Profº Ricardo Razaboni e Profª Bruna Pinotti
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Zantedeschi
Legislação do Setor de Meio Ambiente (IBAMA) - Profº Artur Barbosa da Silveira
Noções de Administração, Orçamento, Finanças e Contabilidade Pública - Profª Silvana Guimarães e Bruna Pinotti
Noções de Gestão de Pessoas - Profª Silvana Guimarães e Bruna Pinotti
Noções de Arquivologia - Prof ª Silvana Guimarães e Profº Fernando Zantedeschi

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis
Renato Vilela

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos............................................................................................................................................... 01


Tipologia textual............................................................................................................................................................................................. 10
Ortografia oficial............................................................................................................................................................................................. 12
Acentuação gráfica........................................................................................................................................................................................ 15
Emprego das classes de palavras............................................................................................................................................................... 18
Emprego/correlação de tempos e modos verbais............................................................................................................................... 18
Emprego do sinal indicativo de crase...................................................................................................................................................... 56
Sintaxe da oração e do período................................................................................................................................................................. 59
Pontuação......................................................................................................................................................................................................... 74
Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................................ 67
Regências nominal e verbal......................................................................................................................................................................... 78
Significação das palavras............................................................................................................................................................................. 84
Redação de correspondências oficiais (conforme Manual de Redação da Presidência da República).............................. 88
Adequação da linguagem ao tipo de documento............................................................................................................................. 88
Adequação do formato do texto ao gênero........................................................................................................................................... 88

NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Conceitos fundamentais de informática. Organização, arquitetura e componentes funcionais (hardware e
software) de computadores........................................................................................................................................................................ 01
Sistema operacional: ambientes Linux e Windows............................................................................................................................ 05
Redes de computadores: princípios e fundamentos de comunicação de dados. Conceitos de Internet e Intranet.
Utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados a Internet e Intranet...................... 19
Ferramentas e aplicativos de navegação, de correio eletrônico, de busca e pesquisa........................................................ 19
Aplicativos para edição de textos e planilhas, geração de material escrito e multimídia (BrOffice e Microsoft Office)... 34
Conceitos básicos de segurança da informação. Procedimentos de cópias de segurança............................................... 57
Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas................................... 64
Software livre.................................................................................................................................................................................................... 64

ATUALIDADES

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade, educação, meio
ambiente, desenvolvimento sustentável e ecologia.................................................................................................................... 01
SUMÁRIO
MATEMÁTICA

Álgebra linear ................................................................................................................................................................................................. 01


Conjunto numérico: operações com números inteiros, fracionários e decimais.................................................................. 05
Proporções e divisão proporcional......................................................................................................................................................... 15
Regras de três simples e composta......................................................................................................................................................... 20
Porcentagem................................................................................................................................................................................................... 23
Juros simples e compostos; capitalização e descontos. ................................................................................................................ 27
Taxas de juros: nominal, efetiva, equivalentes, proporcionais, real e aparente..................................................................... 27

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética e moral: princípios e valores. Ética e democracia: exercício da cidadania. Ética no setor público............................ 01
Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética)............................................................................................................................................. 05
Lei nº 8.429/1992: disposições gerais; atos de improbidade administrativa................................................................................ 16

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, emendas constitucionais e emendas constitucionais


de revisão: princípios fundamentais...................................................................................................................................................... 01
Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limitada. Normas programáticas... 02
Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direitos sociais. Direitos de nacio-
nalidade. Direitos políticos........................................................................................................................................................................ 06
Organização político-administrativa: competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios..................... 28
Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos................................................................................................ 34
Poder executivo: das atribuições e responsabilidades do presidente da república........................................................... 41
Artigo 225 da Constituição Federal (Meio ambiente).................................................................................................................... 44

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração pública: princípios básicos............................................................................................................................................ 01


Poderes administrativos. Poder vinculado Poder discricionário. Poder hierárquico. Poder disciplinar. Poder
regulamentar. Poder de polícia. Uso e abuso do poder................................................................................................................... 03
Serviços públicos: conceito e princípios............................................................................................................................................... 10
Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza,
finalidades e critérios de departamentalização. Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação,
controle e avaliação....................................................................................................................................................................................... 21
Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração...................................... 44
SUMÁRIO
Ato administrativo. Conceito, requisitos e atributos. Anulação, revogação e convalidação. Discricionariedade e
vinculação............................................................................................................................................................................................................. 50
Contratos administrativos: conceito e características. Lei nº 8.666/1993 e suas alterações (normas para licitações e
contratos).......................................................................................................................................................................................................... 57
Lei nº 10.520/2002 e Decreto nº 5.504/2005 (pregão)....................................................................................................................... 63
Servidores públicos: cargo, emprego e função públicos.................................................................................................................... 67
Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (regime jurídico dos servidores públicos civis da União). Disposições
preliminares. Provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição. Direitos e vantagens: do vencimento
e da remuneração. Vantagens. Férias Licenças Afastamentos. Concessões de tempo de serviço Direito de
petição. Regime disciplinar: dos deveres e proibições. Acumulação. Responsabilidades. Penalidades. Processo
administrativo disciplinar........................................................................................................................................................................... 72
Lei nº 9.784/1999 (processo administrativo)....................................................................................................................................... 107
Lei Complementar nº 140/2011 (competências ambientais)........................................................................................................ 109
Decreto nº 2.271/1997 (contratação de serviços).............................................................................................................................. 114

LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

Lei nº 6.938/1981 (política nacional do meio ambiente).......................................................................................................... 01


Lei nº 7.735/1989 (criação do IBAMA)...........................................................................................................................................
.. 06
Decreto nº 6.099/2007 (estrutura regimental do Ibama)......................................................................................................... 07
Lei nº 9.605/1998 (crimes ambientais)......................................................................................................................................
....... 09

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E


CONTABILIDADE PÚBLICA

Orçamento público. Elaboração, acompanhamento e fiscalização. Créditos adicionais, especiais, extraordinários,


ilimitados e suplementares. Plano plurianual. Projeto de lei orçamentária anual: elaboração, acompanhamento
e aprovação. Princípios orçamentários. Diretrizes orçamentárias. Processo orçamentário. Métodos, técnicas e
instrumentos do orçamento público. Normas legais aplicáveis ao orçamento público. Receita pública: catego-
rias, fontes, estágios. Dívida ativa. Despesa pública: categorias, estágios. suprimento de fundos. Restos a pagar.
Despesas de exercícios anteriores. Conta única do Tesouro......................................................................................................... 01
Conceitos básicos de SIAPE, SIAFI, SIASG, SCDP e CADIN............................................................................................................. 31
Noções de administração de recursos materiais. Classificação de materiais. Atributos para classificação de ma-
teriais. Tipos de classificação. Metodologia de cálculo da curva ABC. Gestão de estoques. Compras. Organização
do setor de compras. Etapas do processo. Perfil do comprador. Modalidades de compra. Cadastro de fornece-
dores. Compras no setor público. Objeto de licitação. Edital de licitação. Recebimento e armazenagem. Entra-
da. Conferência. Objetivos da armazenagem. Critérios e técnicas de armazenagem. Distribuição de materiais.
Características das modalidades de transporte. Estrutura para distribuição. Gestão patrimonial. Tombamento
de bens. Controle de bens. Inventário. Alienação de bens. Alterações e baixa de bens................................................... 34
SUMÁRIO

Gestão da qualidade e modelo de excelência gerencial. Principais teóricos e suas contribuições para a gestão da
qualidade. Ciclo PDCA. Ferramentas de gestão da qualidade. Modelo do gespública...................................................... 55

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organização. A função do órgão de gestão de
pessoas. Atribuições básicas e objetivos. Políticas e sistemas de informações gerenciais.................................. 01
Comportamento organizacional: relações indivíduo/organização, motivação, liderança, desempenho.
Competência interpessoal. Gerenciamento de conflitos. Clima e cultura organizacional........................................... 06
Recrutamento e seleção: técnicas e processo decisório............................................................................................................ 22
Avaliação de desempenho: objetivos, métodos, vantagens e desvantagens.................................................................... 33
Desenvolvimento e treinamento de pessoal: levantamento de necessidades, programação, execução e
avaliação................................................................................................................................................................................................ 39
Gestão por competências................................................................................................................................................................ 41
Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade, apresentação, atenção, cortesia, interesse,
presteza, eficiência, tolerância, discrição, conduta, objetividade.................................................................................... 41
Lei nº 11.788/2008 (estágio supervisionado)........................................................................................................................... 51
Lei nº 10.410/2002 (criação da carreira de especialista em meio ambiente...................................................................... 54
Lei nº 11.156/2005 (criação da GDAEM).......................................................................................................................................... 55
Decreto nº 7.133/2010 (avaliação de desempenho individual).............................................................................................. 55
Decreto nº 7.203/2010 (vedação do nepotismo)......................................................................................................................... 57
Decreto nº 5.707/2006 (desenvolvimento de pessoal).............................................................................................................. 59

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Conceitos fundamentais de arquivologia. Gerenciamento da informação e gestão de documentos. Diagnósticos.


Arquivo corrente e intermediário. Classificação, arquivamento e ordenação de documentos. Avaliação de
documentos Arquivo permanente. Tipologias documentais e suportes físicos. Microfilmagem. Automação.
Preservação, conservação e restauração de documentos. Protocolo: recebimento, registro, distribuição,
tramitação e expedição de documentos............................................................................................................................................... 01
Lei nº 12.527/2011 e Decreto nº 7.724/2012 (acesso a informações)............................................................................................. 19
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos............................................................................................................................................................ 01


Tipologia textual.......................................................................................................................................................................................................... 10
Ortografia oficial.......................................................................................................................................................................................................... 12
Acentuação gráfica..................................................................................................................................................................................................... 15
Emprego das classes de palavras........................................................................................................................................................................... 18
Emprego/correlação de tempos e modos verbais......................................................................................................................................... 18
Emprego do sinal indicativo de crase.................................................................................................................................................................. 56
Sintaxe da oração e do período.............................................................................................................................................................................. 59
Pontuação...................................................................................................................................................................................................................... 74
Concordância nominal e verbal............................................................................................................................................................................. 67
Regências nominal e verbal.................................................................................................................................................................................... 78
Significação das palavras......................................................................................................................................................................................... 84
Redação de correspondências oficiais (conforme Manual de Redação da Presidência da República)..................................... 88
Adequação da linguagem ao tipo de documento......................................................................................................................................... 88
Adequação do formato do texto ao gênero..................................................................................................................................................... 88
Compreender significa
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
TEXTOS. O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
Interpretação Textual O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e Erros de interpretação


relacionadas entre si, formando um todo significativo
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se
de codificar e decodificar). sai do contexto, acrescentando ideias que não
estão no texto, quer por conhecimento prévio
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. do tema quer pela imaginação.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa um texto é um conjunto de ideias), o que pode
interligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento ser insuficiente para o entendimento do tema
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada desenvolvido.
de seu contexto original e analisada separadamente,  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
poderá ter um significado diferente daquele inicial. contrárias às do candidato, fazendo-o tirar
conclusões equivocadas e, consequentemente,
Intertexto - comumente, os textos apresentam errar a questão.
referências diretas ou indiretas a outros autores através
de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação em uma prova de concurso, o que deve ser levado em
de um texto é a identificação de sua ideia principal. consideração é o que o autor diz e nada mais.
A partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou
fundamentações), as argumentações (ou explicações), Coesão e Coerência
que levam ao esclarecimento das questões apresentadas
na prova. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
 Identificar os elementos fundamentais de uma um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
argumentação, de um processo, de uma época pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, que se vai dizer e o que já foi dito.
os quais definem o tempo). São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
 Comparar as relações de semelhança ou de eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome
diferenças entre as situações do texto. oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer
com uma realidade. também de que os pronomes relativos têm, cada um,
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. valor semântico, por isso a necessidade de adequação
 Parafrasear = reescrever o texto com outras ao antecedente.
palavras. Os pronomes relativos são muito importantes na
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros
Condições básicas para interpretar de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração
que existe um pronome relativo adequado a cada
Fazem-se necessários: conhecimento histórico- circunstância, a saber:
literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
leitura e prática; conhecimento gramatical, estilístico mas depende das condições da frase.
(qualidades do texto) e semântico; capacidade de qual (neutro) idem ao anterior.
observação e de síntese; capacidade de raciocínio. quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Interpretar/Compreender o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

como (modo)
Interpretar significa: onde (lugar)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quando (tempo)
Através do texto, infere-se que... quanto (montante)
É possível deduzir que... Exemplo:
O autor permite concluir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
aparecer o demonstrativo O).

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-
• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do se, singulariza-se em sua individualidade. O direito é o
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos instrumento da fraternização racional e rigorosa.
candidatos na disputa, portanto, quanto mais in- O direito à vida é a substância em torno da qual todos
formação você absorver com a leitura, mais chan- os direitos se conjugam, se desdobram, se somam
ces terá de resolver as questões. para que o sistema fique mais e mais próximo da ideia
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- concretizável de justiça social.
pa a leitura. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas
forem necessárias. a revelação da justiça. Quando os descaminhos não
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a
conclusão). lei na vida mais digna para que a convivência política seja
• Volte ao texto quantas vezes precisar. mais fecunda e humana.
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50
do autor. anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos 1948-1998:
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos
compreensão. Humanos, 1998, p. 50-1 (com adaptações).
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
cada questão. Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. tem direito
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
fo geralmente mantém com outro uma relação de a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- sobrevivência das espécies.
que muito bem essas relações. b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, para defender seus interesses.
a ideia mais importante. c) de demandar ao sistema judicial a concretização de
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou seus direitos.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
da resposta – o que vale não somente para Inter- direitos de outros.
pretação de Texto, mas para todas as demais ques- e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
tões!
essência de todos os direitos.
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
Resposta: Letra E.
clusão.
Em “a”, de agir de forma autônoma, em nome da lei da
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
sobrevivência das espécies = incorreta
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
Em “b”, de ignorar o direito do outro se isso lhe for
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
necessário para defender seus interesses = incorreta
tem a outros vocábulos do texto.
Em “c”, de demandar ao sistema judicial a concretização
SITES de seus direitos = incorreta
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. Em “d”, à institucionalização do seu direito em
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> detrimento dos direitos de outros = incorreta
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/09- Em “e”, a uma vida plena e adequada, direito esse que
dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- está na essência de todos os direitos.
provas> O ser humano tem direito a uma vida digna,
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. adequada, para que consiga gozar de seus direitos –
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. saúde, educação, segurança – e exercer seus deveres
html> plenamente, como prescrevem todos os direitos: (...) O
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/ direito à vida é a substância em torno da qual todos os
cursinho/questoes/questao-117-portugues.htm> direitos se conjugam (...).

2. (PCJ-MT - DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE-2017)

EXERCÍCIOS COMENTADOS Texto CG1A1BBB


LÍNGUA PORTUGUESA

1. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017) Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição da
República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do
Texto CG1A1AAA povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em
A valorização do direito à vida digna preserva as duas virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes
faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as

2
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores,
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exerce. é a ruína da justiça, corroborada pela ação dos homens
Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque toda públicos. E, nesse esboroamento da justiça, a mais grave
sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos
nome do qual é pronunciada. confessos, é a falta de punição quando ocorre um crime
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do processo. São de autoria incontroversa, mas ninguém tem coragem de
Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com adaptações). apontá-la à opinião pública, de modo que a justiça possa
exercer a sua ação saneadora e benfazeja.
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, Rui Barbosa. Obras completas de Rui Barbosa. Vol. XLI. 1914.
Internet: <www.casaruibarbosa.gov.br> (com adaptações).
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel
com fundamento no princípio da soberania popular. Infere-se do texto CG1A1CCC que
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo
voto popular, como ocorre com os representantes dos I - a injustiça faz que as “gerações que vêm nascendo”
demais poderes. sejam mais desonestas e rudes que as gerações passadas.
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, II - a injustiça é considerada um empecilho à atuação
exercem o poder que lhes é conferido em nome de íntegra e idônea das gerações futuras.
seus nacionais. III - a injustiça é responsável pela degradação dos
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da homens, que, desanimados, ficam à mercê do destino.
magistratura e o sistema democrático.
e) os magistrados brasileiros exercem o poder Assinale a opção correta.
constitucional que lhes é atribuído em nome do
governo federal. a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
Resposta: Letra A. c) Apenas os itens I e III estão certos.
Em “a”, o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu d) Apenas os itens II e III estão certos.
papel com fundamento no princípio da soberania e) Todos os itens estão certos.
popular.
Em “b”, os magistrados do Brasil deveriam ser Resposta: Letra B.
escolhidos pelo voto popular, como ocorre com os I - a injustiça faz que as “gerações que vêm nascendo”
representantes dos demais poderes = incorreta sejam mais desonestas e rudes que as gerações
Em “c”, os magistrados italianos, ao contrário dos passadas = incorreta
brasileiros, exercem o poder que lhes é conferido em II - a injustiça é considerada um empecilho à atuação
nome de seus nacionais = incorreta íntegra e idônea das gerações futuras.
Em “d”, há incompatibilidade entre o autogoverno da III - a injustiça é responsável pela degradação dos
magistratura e o sistema democrático = incorreta homens, que, desanimados, ficam à mercê do destino
Em “e”, os magistrados brasileiros exercem o poder = incorreta
constitucional que lhes é atribuído em nome do Com base na leitura do texto, a única afirmação correta
governo federal = incorreta é a de que a injustiça impede a atuação honesta,
A questão deve ser respondida segundo o texto: (...) idônea das gerações futuras, pois (...) semeia no
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio coração das gerações que vêm nascendo a semente
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da podridão (...).
desta Constituição.” Em virtude desse comando,
afirma-se que o poder dos juízes emana do povo e em 4. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA
seu nome é exercido (...). PENITENCIÁRIA – CESPE – 2017)

3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017) Texto 1A1AAA

Texto CG1A1CCC Após o processo de redemocratização, com o fim da


ditadura militar, em meados da década de 80 do século
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, passado, era de se esperar que a democratização das
o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no instituições tivesse como resultado direto a consolidação
coração das gerações que vêm nascendo a semente da da cidadania — compreendida de modo amplo,
podridão, habitua os homens a não acreditar senão na abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos
LÍNGUA PORTUGUESA

estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove e sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
a desonestidade, a venalidade, a relaxação; insufla a mais desafios para a cidadania brasileira, como a violência
cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas. urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar desemprego — que ameaça os direitos sociais.
a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o 1980, impacto do processo de modernização pelo qual o
homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou
ter vergonha de ser honesto. E, nessa destruição geral das em circulação bens de alto valor e, consequentemente,

3
aumentou as oportunidades para o crime, inclusive 5. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
social mais anônimo, menos supervisionado. MÉDIO – CESPE – 2017)
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. Texto CB3A2AAA
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem
menos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais Tinha chegado o tempo da colheita, era uma manhã
importância na modernidade tardia, porque satisfaz risonha, e bela, como o rosto de um infante, entretanto eu
uma dupla necessidade dessa nova cultura: castigo e tinha um peso enorme no coração. Sim, eu estava triste,
controle do risco. Essa postura às vezes proporciona e não sabia a que atribuir minha tristeza. Era a primeira
controle, porém não segurança, pois o Estado tem o vez que me afligia tão incompreensível pesar. Minha filha
poder limitado de manter a ordem por meio da polícia, sorria para mim, era ela gentilzinha, e em sua inocência
sendo necessário dividir as tarefas de controle com semelhava um anjo. Desgraçada de mim! Deixei-a nos
organizações locais e com a comunidade. braços de minha mãe e fui-me à roça colher milho. Ah!
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública Nunca mais devia eu vê-la...
e garantia dos direitos individuais: os desafios da polícia em Ainda não tinha vencido cem braças de caminho, quando
sociedades democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança um assobio, que repercutiu nas matas, me veio orientar
Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com acerca do perigo iminente que aí me aguardava. E logo
adaptações). dois homens apareceram e me amarraram com cordas.
Era uma prisioneira — era uma escrava! Foi embalde que
De acordo com o texto 1A1AAA, a restauração da supliquei, em nome de minha filha, que me restituíssem a
democracia no Brasil evidenciou liberdade: os bárbaros sorriam-se das minhas lágrimas e
me olhavam sem compaixão. Julguei enlouquecer, julguei
a) a diminuição do controle social decorrente do morrer, mas não me foi possível... a sorte me reservava
aumento da mobilidade de pessoas. ainda longos caminhos.
b) o crescimento da produção de bens de alto valor Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de
decorrente do aumento do poder de consumo. infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um
c) a existência de problemas sociais que dificultam a navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta absoluta
consolidação da cidadania. de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa
d) a modernidade do mercado interno e das instituições sepultura, até que aportamos nas praias brasileiras. Para
públicas brasileiras. caber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados
e) o medo nas metrópoles provocado pelo aumento da em pé e, para que não houvesse receio de revolta,
violência urbana e do desemprego. acorrentados como os animais ferozes das nossas matas,
que se levam para recreio dos potentados da Europa.
Resposta: Letra C. Davam-nos a água imunda, podre e dada com mesquinhez;
Em “a”, a diminuição do controle social decorrente do a comida má e ainda mais porca: vimos morrer ao nosso
aumento da mobilidade de pessoas = incorreta lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de
Em “b”, o crescimento da produção de bens de alto água. É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a
valor decorrente do aumento do poder de consumo seus semelhantes assim e que não lhes doa a consciência
= incorreta de levá-los à sepultura, asfixiados e famintos.
Em “c”, a existência de problemas sociais que Maria Firmina dos Reis. Úrsula. Florianópolis: Ed.
dificultam a consolidação da cidadania. Mulheres, 2004, p. 116-7 (com adaptações)
Em “d”, a modernidade do mercado interno e das
instituições públicas brasileiras = incorreta No texto CB3A2AAA, o trecho “como o rosto de um
Em “e”, o medo nas metrópoles provocado pelo infante” introduz uma ideia de
aumento da violência urbana e do desemprego =
incorreta a) comparação.
Ao texto: Após o processo de redemocratização, b) contraste.
com o fim da ditadura militar, em meados da c) adição.
década de 80 do século passado, era de se esperar d) compensação.
que a democratização das instituições tivesse como e) intensidade.
resultado direto a consolidação da cidadania —
compreendida de modo amplo, abrangendo as Resposta: Letra A.
três categorias de direitos: civis, políticos e sociais. (..) era uma manhã risonha, e bela, como o rosto de
Sobressaem, porém, problemas que configuram mais um infante. A conjunção estabelece uma comparação
LÍNGUA PORTUGUESA

desafios para a cidadania brasileira, como a violência – manhã risonha e bela como (igual ao) rosto de um
urbana — que ameaça os direitos individuais — e o infante.
desemprego — que ameaça os direitos sociais (...). =
problemas sociais que dificultam a consolidação da
cidadania.

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6. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS 8. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL –
MÉDIO – CESPE – 2017) No texto CB3A2AAA, ao utilizar a NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017) Depreende-se do texto
expressão “Ah! Nunca mais devia eu vê-la...”, a narradora CB3A2BBB que o avanço do processo de democratização
manifesta do sistema internacional depende da

a) uma surpresa. a) flexibilização das fronteiras dos Estados.


b) um lamento. b) eliminação de regimes autoritários.
c) um desejo. c) manutenção de mecanismos que preservem interesses
d) uma recomendação. ideológicos e materiais dos Estados.
e) uma dúvida. d) sobreposição dos direitos humanos aos interesses
individuais dos Estados.
Resposta: Letra B. e) existência, em todos os Estados, de condições mínimas
No contexto: (...) Desgraçada de mim! Deixei-a nos para a solução pacífica de conflitos.
braços de minha mãe e fui-me à roça colher milho.
Ah! Nunca mais devia eu vê-la... = representa tristeza, Resposta: Letra D.
lamento. Em “a”, flexibilização das fronteiras dos Estados =
incorreta
7. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS Em “b”, eliminação de regimes autoritários = incorreta
BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL Em “c”, manutenção de mecanismos que preservem
MÉDIO – CESPE – 2017) interesses ideológicos e materiais dos Estados =
incorreta
Texto CB3A2BBB Em “d”, sobreposição dos direitos humanos aos
interesses individuais dos Estados.
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos Em “e”, existência, em todos os Estados, de condições
estão na base das Constituições democráticas modernas. mínimas para a solução pacífica de conflitos = incorreta
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para Texto! (...) o processo de democratização do sistema
o reconhecimento e a efetiva proteção dos direitos internacional, que é o caminho obrigatório para a
humanos em cada Estado e no sistema internacional. busca do ideal da paz perpétua, não pode avançar
Ao mesmo tempo, o processo de democratização do sem uma gradativa ampliação do reconhecimento
sistema internacional, que é o caminho obrigatório para e da proteção dos direitos humanos, acima de cada
a busca do ideal da paz perpétua, não pode avançar Estado.
sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da As questões de Interpretação/compreensão textual,
proteção dos direitos humanos, acima de cada Estado. muitas vezes, apresentam as respostas “explícitas”,
Direitos humanos, democracia e paz são três elementos bastando à (ao) candidata(o) voltar ao texto quando
fundamentais do mesmo movimento histórico: sem precisar - ou, então, destacar as ideias principais
direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há durante a leitura.
democracia; sem democracia, não existem as condições
mínimas para a solução pacífica dos conflitos. Em outras 9. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS
palavras, a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
súditos se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos MÉDIO – CESPE – 2017)
alguns direitos fundamentais; haverá paz estável, uma
paz que não tenha a guerra como alternativa, somente Texto CB3A2CCC
quando existirem cidadãos não mais apenas deste ou
daquele Estado, mas do mundo. Fala-se, às vezes, na necessidade que tem a democracia
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. de se defender do que lhe possa ameaçar. Quase
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações). sempre, porém, lamentavelmente, o que se vem
considerando como ameaças à democracia é o que na
De acordo com o texto CB3A2BBB, a condição necessária verdade a justifica como democracia: a presença atuante
para que os direitos humanos sejam reconhecidos e do povo no processo político nacional; a voz das classes
efetivamente protegidos nos Estados é a trabalhadoras que se mobilizam e se organizam na
reivindicação de seus direitos; a presença inquieta da
a) soberania. juventude brasileira cuja palavra nos é indispensável... Os
b) lei. que procuram “defender” a democracia contra o “perigo”
LÍNGUA PORTUGUESA

c) democracia. da participação dos trabalhadores e dos estudantes na


d) cidadania. reinvenção necessária da sociedade sonham com uma
e) paz. democracia sem povo.
Paulo Freire. In: Ana Maria Araújo Freire (Org.). Paulo Freire: uma
Resposta: Letra E. história de vida. Indaiatuba, SP: Villa das Letras, 2006, p. 405 (com
Ao texto: A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário adaptações)
para o reconhecimento e a efetiva proteção dos direitos
humanos em cada Estado e no sistema internacional.

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Assinale a opção que apresenta a tese central do texto rigorosa, se nem nas condições atuais esses responsáveis
CB3A2CCC. estão sendo capazes de cumpri-la? O problema não está
na lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la
a) As classes trabalhadoras precisam se organizar para mais rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade
lutar pelos seus direitos. que a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade
b) A democracia é ameaçada pelas pessoas que temem do setor público de adaptar suas despesas às receitas em
a participação popular no processo político nacional. queda por causa da crise.
c) A juventude brasileira, cuja atuação é fundamental Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações).
para a defesa da democracia, é passiva. De acordo com o texto, as normas da LRF dispõem
d) A democracia dispensa a participação efetiva do povo principalmente sobre gastos com pessoal, pois esse tipo
no processo político nacional. de gasto causa mais problemas para os responsáveis pela
e) As organizações estudantis representam uma ameaça gestão do dinheiro público.
para o processo democrático.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra B.
Em “a”, As classes trabalhadoras precisam se organizar Resposta: Errado.
para lutar pelos seus direitos = incorreta A Lei de Responsabilidade Fiscal dispõe sobre gastos
Em “b”, A democracia é ameaçada pelas pessoas que em geral, não apenas com pessoal. O texto aborda
temem a participação popular no processo político apenas este, mas não afirma ser o único alvo da LRF.
nacional.
Em “c”, A juventude brasileira, cuja atuação é 11. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
fundamental para a defesa da democracia, é passiva DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
= incorreta CESPE – 2016) Segundo o texto, o objetivo de se propor
Em “d”, A democracia dispensa a participação efetiva uma nova lei de responsabilidade fiscal, mais rígida quanto
do povo no processo político nacional = incorreta à proteção do dinheiro público, é desconfigurar a LRF.
Em “e”, As organizações estudantis representam uma
ameaça para o processo democrático = incorreta ( ) CERTO ( ) ERRADO
Segundo o texto, (...) Os que procuram “defender”
a democracia contra o “perigo” da participação Resposta: Errado.
dos trabalhadores e dos estudantes na reinvenção No texto, o objetivo apresentado é: Querem uma nova lei
necessária da sociedade sonham com uma democracia de responsabilidade fiscal para, segundo argumentam,
sem povo = o termo em destaque mostra que essas fortalecer a estrutura legal que protege o dinheiro
pessoas, sim, representam perigo à democracia. público do mau uso por gestores irresponsáveis. Para o
autor, sim, haverá desconfiguração.
10. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA – 12. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
CESPE – 2016) DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
CESPE – 2016) Para o autor do texto, o descumprimento
Texto CB1A1BBB das normas da LRF em alguns estados decorreu do fato
de a própria lei ser pouco clara em relação aos gastos
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com públicos e também da incapacidade dos gestores do
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou dinheiro público de adaptar as contas estaduais à realidade
que estouraram o limite de gastos com pessoal fixado financeira do país.
pela Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando ( ) CERTO ( ) ERRADO
sua própria legislação destinada a assegurar, como
alegam, maior rigor na gestão de suas finanças. Querem Resposta: Errado.
uma nova lei de responsabilidade fiscal para, segundo Texto: O verdadeiro problema é a dificuldade do setor
argumentam, fortalecer a estrutura legal que protege o público de adaptar suas despesas às receitas em queda
dinheiro público do mau uso por gestores irresponsáveis. por causa da crise.
Examinando-se a situação financeira dos estados que
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, 13. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR
fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
2000, quando entrou em vigor a LRF, esses estados, CESPE – 2016) Para o autor do texto, é um contrassenso a
como os demais, estão sujeitos a regras precisas para a proposta de tornar a LRF mais rigorosa.
LÍNGUA PORTUGUESA

gestão do dinheiro público, para a criação de despesas


e, em particular, para os gastos com pessoal. Por que, ( ) CERTO ( ) ERRADO
tendo descumprido algumas dessas regras, estariam
interessados em torná-las ainda mais rigorosas? Resposta: Certo.
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis Resposta no texto: Por que, tendo descumprido
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a algumas dessas regras, estariam interessados em torná-
cumpriram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais las ainda mais rigorosas?

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14. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – AGENTE DE Resposta: Letra E.
POLÍCIA – CESPE – 2016) Em “a”, teve como objetivos a redução da criminalidade
e o controle da violência no estado de Pernambuco =
Texto CG1A01BBB incorreta
Em “b”, tratou a questão da violência como um
Não são muitas as experiências exitosas de políticas problema social complexo e inaugurou uma estratégia
públicas de redução de homicídios no Brasil nos de contenção desse problema compatível com sua
últimos vinte anos, e poucas são aquelas que tiveram complexidade = incorreta
continuidade. O Pacto pela Vida, política de segurança Em “c”, definiu, no estado de Pernambuco, um novo
pública implantada no estado de Pernambuco em 2007, paradigma de segurança pública, embasado em uma
é identificado como uma política pública exitosa. rede de ações de combate e de repressão à violência
O Pacto Pela Vida é um programa do governo do estado = incorreta
de Pernambuco que visa à redução da criminalidade e ao Em “d”, foi fruto de um plano acertado que elegeu a
controle da violência. A decisão ou vontade política de área da segurança pública como prioridade = incorreta
eleger a segurança pública como prioridade é o primeiro Em “e”, resultou em uma redução visível no número de
marco que se deve destacar quando se pensa em recuperar crimes contra a vida no estado de Pernambuco.
a memória dessa política, sobretudo quando se considera Exitosa porque obteve êxito, como comprova o
o fato de que o tema da segurança pública, no Brasil, tem resultado: diminuição de quase 40% dos homicídios
sido historicamente negligenciado. Muitas autoridades no estado entre janeiro de 2007 e junho de 2013.
públicas não só evitam associar-se ao assunto como
também o tratam de modo simplista, como uma questão 15. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE –
que diz respeito apenas à polícia. 2003) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em
O Pacto pela Vida, entendido como um grande concerto seu discurso na reabertura do Congresso que o “vírus da
de ações com o objetivo de reduzir a violência e, em inflação voltou a ser uma ameaça real”. Em sua fala de 21
especial, os crimes contra a vida, foi apresentado à minutos aos senadores e deputados, o presidente alertou
sociedade no início do mês de maio de 2007. Em seu bojo, também para a piora do cenário econômico internacional
foram estabelecidos os principais valores que orientaram e afirmou que o aperto fiscal de seu governo durará o
a construção da política de segurança, a prioridade do “tempo necessário”. Segundo Lula, “teremos tempos
combate aos crimes violentos letais intencionais e a meta difíceis pela frente. O mundo entrou em um período de
de reduzir em 12% ao ano, em Pernambuco, a taxa desses maiores incertezas”.
crimes. Folha de S. Paulo, 18 fev. /2003, capa. (Com adaptações.)
Desse modo, definiu-se, no estado, um novo paradigma
de segurança pública, que se baseou na consolidação dos Infere-se do texto que o atual governo brasileiro não
valores descritos acima (que estavam em disputa tanto acredita que uma guerra contra o Iraque de Saddam
do ponto de vista institucional quanto da sociedade), no Hussein possa acarretar dificuldades econômicas
estabelecimento de prioridades básicas (como o foco na mais acentuadas para países como o Brasil, quase
redução dos crimes contra a vida) e no intenso debate com autossuficiente em petróleo.
a sociedade civil. A implementação do Pacto Pela Vida foi
responsável pela diminuição de quase 40% dos homicídios (  ) CERTO  (  ) ERRADO
no estado entre janeiro de 2007 e junho de 2013.
José Luiz Ratton et al. O Pacto Pela Vida e a redução de homicídios Resposta: Errado.
em Pernambuco. Rio de Janeiro: Instituto Igarapé, 2014. Internet: O texto não aborda este tema.
<https://igarape.org.br> (com adaptações).
16. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
O Pacto pela Vida é caracterizado no texto CG1A01BBB 2008)
como uma política exitosa porque
Tempo livre
a) teve como objetivos a redução da criminalidade e o
controle da violência no estado de Pernambuco. A questão do tempo livre — o que as pessoas
b) tratou a questão da violência como um problema social fazem com ele, que chances eventualmente oferece o
complexo e inaugurou uma estratégia de contenção seu desenvolvimento — não pode ser formulada em
desse problema compatível com sua complexidade. generalidade abstrata. A expressão, de origem recente
c) definiu, no estado de Pernambuco, um novo paradigma — aliás, antes se dizia ócio, e este era privilégio de uma
de segurança pública, embasado em uma rede de ações vida folgada e, portanto, algo qualitativamente distinto e
LÍNGUA PORTUGUESA

de combate e de repressão à violência. muito mais grato -, opõe-se a outra: à de tempo não-livre,
d) foi fruto de um plano acertado que elegeu a área da aquele que é preenchido pelo trabalho e, poderíamos
segurança pública como prioridade. acrescentar, na verdade, determinado de fora.
e) resultou em uma redução visível no número de crimes O tempo livre é acorrentado ao seu oposto. Essa
contra a vida no estado de Pernambuco. oposição, a relação em que ela se apresenta, imprime-
lhe traços essenciais. Além do mais, muito mais
fundamentalmente, o tempo livre dependerá da situação
geral da sociedade. Mas esta, agora como antes, mantém

7
as pessoas sob um fascínio. Decerto, não se pode traçar 18. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
uma divisão tão simples entre as pessoas em si e seus 2008) Do primeiro parágrafo do texto, depreende-se que
papéis sociais. Em uma época de integração social sem a ideia de tempo livre, isto é, a de tempo não ocupado
precedentes, fica difícil estabelecer, de forma geral, o que pelo trabalho, não é nova.
resta nas pessoas, além do determinado pelas funções.
Isso pesa muito sobre a questão do tempo livre. Mesmo (  ) CERTO  (  ) ERRADO
onde o encantamento se atenua e as pessoas estão
ao menos subjetivamente convictas de que agem por Resposta: Certo.
vontade própria, isso ainda significa que essa vontade é Ao texto! (...) A expressão, de origem recente, aliás;
modelada por aquilo de que desejam estar livres fora do antes se dizia ócio, e este era privilégio de uma vida
horário de trabalho. folgada.
A indagação adequada ao fenômeno do tempo livre
seria, hoje, esta: “Com o aumento da produtividade 19. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
no trabalho, mas persistindo as condições de não- 2008)
liberdade, isto é, sob relações de produção em que as
pessoas nascem inseridas e que, hoje como antes, lhes Um dos indicadores de saúde comumente utilizados
prescrevem as regras de sua existência, o que ocorre com no Brasil é a esperança de vida ao nascer, que
o tempo livre?” Se se cuidasse de responder à questão corresponde ao número de anos que um indivíduo
sem asserções ideológicas, tornar-se-ia imperiosa a vai viver, considerando-se a duração média da vida
suspeita de que o tempo livre tende em direção contrária dos membros da população. O valor desse índice tem
à de seu próprio conceito, tornando-se paródia deste. sofrido modificações substanciais no decorrer do tempo,
Nele se prolonga a não-liberdade, tão desconhecida da à medida que as condições sociais melhoram e as
maioria das pessoas não-livres como a sua não-liberdade conquistas da ciência e da tecnologia são colocadas a
em si mesma. serviço do homem.
A julgar por estudos procedidos em achados fósseis e
T. W. Adorno. Palavras e sinais, modelos críticos 2. Maria Helena
em sítios arqueológicos, a esperança de vida do homem
Ruschel (Trad.). Petrópolis: Vozes, 1995, p. 70-82. (Com adaptações.)
pré-histórico ao nascer seria extremamente baixa, em
torno de 18 anos; na Grécia e na Roma antigas, estaria
Como, de acordo com o texto, as características
entre 20 e 30 anos, pouco tendo se modificado na Idade
essenciais ao “tempo livre” se baseiam na oposição
Média e na Renascença. Mais recentemente, têm sido
entre este e o “tempo não-livre”, é correto concluir que
registrados valores progressivamente mais elevados para
as formas de uso do “tempo livre” serão as mesmas em
a esperança de vida ao nascer. Essa situação está ilustrada
qualquer época. no gráfico abaixo, que mostra a evolução da esperança
de vida do brasileiro ao nascer, de 1940 a 2000.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO

Resposta: Errado.
Segundo o texto, (...) o tempo livre dependerá da
situação geral da sociedade (...), e como esta sofre
mudanças com o passar do tempo, não podemos
afirmar que as formas de “tempo livre” serão as
mesmas em qualquer época.

17. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –


2008) Conclui-se da leitura do texto que tanto o “tempo
não-livre” quanto o “tempo livre” são condicionados pela
sociedade.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO M. Z. Rouquayrol e N. de Almeida Filho. In: Epidemiologia e


saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 2003, p. 68. (Com adaptações.)
Resposta: Certo.
Busquemos no texto: (...) Além do mais, muito mais No Brasil, o fenômeno do aumento da esperança de vida
fundamentalmente, o tempo livre dependerá da ao nascer atinge de maneira uniforme todas as classes
situação geral da sociedade (...) Em uma época sociais, pois esse indicador não é influenciado pela renda
de integração social sem precedentes, fica difícil familiar.
estabelecer, de forma geral, o que resta nas pessoas,
LÍNGUA PORTUGUESA

além do determinado pelas funções. Isso pesa muito (  ) CERTO  (  ) ERRADO


sobre a questão do tempo livre.
Resposta: Errado.
Voltemos ao texto: (...) O valor desse índice tem sofrido
modificações substanciais no decorrer do tempo, à
medida que as condições sociais melhoram, influência
da renda familiar.

8
20. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – termos absolutos, como é a situação atual do Japão e
2008) de vários países europeus. Os termos destacados se
relacionam.
Texto I
Envelhecimento, pobreza e proteção social na
América Latina 21. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2008) De acordo com o desenvolvimento e a organização
O processo de envelhecimento populacional, no seu das ideias do texto I, depreende-se que “segmento
primeiro estágio, resulta em um aumento, pelo menos que demanda maiores recursos monetários e cuidados
relativo, da oferta da força de trabalho. Nas etapas humanos, afetivos e psicológicos” e “segmento com idade
posteriores, a proporção desse grupo no total da avançada” referem-se ao mesmo conjunto de indivíduos.
população diminui e, eventualmente, diminuirá em termos
absolutos, como é a situação atual do Japão e de vários (  ) CERTO  (  ) ERRADO
países europeus. Por outro lado, o segmento com idade
avançada passa a ser o que mais cresce. Esse crescimento Resposta: Certo.
acentuado do segmento que demanda maiores recursos Texto: (...) o segmento com idade avançada passa a
monetários e cuidados humanos, afetivos e psicológicos, ser o que mais cresce. Esse crescimento acentuado do
em face da redução do contingente populacional em segmento que demanda maiores recursos monetários
idade ativa, fez com que o envelhecimento populacional e cuidados humanos, afetivos e psicológicos. =
entrasse na agenda das políticas públicas pelo lado maneiras de se referir à velhice.
negativo, ou seja, ele é visto como “um problema”.
A. A. Camarano e M.T. Pasinato. Texto para discussão. Brasília: 22. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE
IPEA, 2007. – 2010)

Texto II A Revolta da Vacina


Os impactos sociais da velhice
O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para
Idade Ativa — No caso da previdência, os idosos são o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e
o grande problema? sujas, saneamento precário e foco de doenças como
Ana Amélia Camarano — Eu acho que esse é outro febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios
engano. Claro que você tem mais gente idosa e gente estrangeiros faziam questão de anunciar que não
vivendo mais. Agora, o que acontece é que o nosso parariam no porto carioca e os imigrantes recém-
modelo de previdência é o mesmo da Europa Ocidental, chegados da Europa morriam às dezenas de doenças
dos EUA, modelos desenhados no pós-guerra, quando infecciosas.
havia emprego, as pessoas se aposentavam e ficavam Ao assumir a presidência da República, Francisco de
pouco tempo aposentadas porque morriam logo. Então, Paula Rodrigues Alves instituiu como meta governamental
esse modelo está falido. Esse cenário mudou. Nós não o saneamento e reurbanização da capital da República.
estamos mais no mundo do trabalho estável, não temos Para assumir a frente das reformas, nomeou Francisco
mais o pleno emprego e as relações de trabalho hoje Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua
passam pela flexibilização. E a tão falada flexibilização vez, chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a
significa informalização. A nossa política social é toda reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas
ligada ao trabalho. A Constituição de 1988 mudou um no centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico
pouco, mas até então só tinha direito ao benefício da Oswaldo Cruz para o saneamento.
previdência quem trabalhava. Era uma cidadania ligada O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças,
ao trabalho e, não, ao benefício do trabalhador. E isso com a derrubada de casarões e cortiços e o consequente
não é mais possível. Nós estamos caminhando para um despejo de seus moradores. A população apelidou o
movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura
mundo sem trabalho.
de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com
Internet: <www.techway.com.br>. (Com adaptações.)
prédios de cinco ou seis andares.
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de
De acordo com o texto I, é correto afirmar que há países
saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste,
europeus em que a força de trabalho, em relação ao total
ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade
da população, já se reduziu.
espalhando raticidas, mandando remover o lixo e
comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

transmissores da febre amarela.


Finalmente, restava o combate à varíola.
Resposta: Certo. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação
Ao texto: O processo de envelhecimento populacional, obrigatória. A população, humilhada pelo poder público
no seu primeiro estágio, resulta em um aumento, pelo autoritário e violento, não acreditava na eficácia da
menos relativo, da oferta da força de trabalho. Nas vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das
etapas posteriores, a proporção desse grupo no total partes do corpo a agentes sanitários do governo.
da população diminui e, eventualmente, diminuirá em

9
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o O texto é uma reportagem sobre os veículos movidos a
povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” energia elétrica que estão sendo usados no Brasil.
e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma
semana, enfrentou as forças da polícia e do exército até (  ) CERTO  (  ) ERRADO
ser reprimido com violência. O episódio transformou,
no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém- Resposta: Errado.
reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça Ao texto: Dois modelos de veículo de uma montadora
de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram italiana, movidos a energia elétrica, já estão prontos
confrontos generalizados. para rodar ( ainda não estão rodando, segundo o
Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.) texto). Os protótipos foram desenvolvidos no Brasil
pela empresa Itaipu Binacional (...)
O texto faz um histórico da Revolta da Vacina, ocorrida
no Rio de Janeiro, mostrando explicitamente o ponto de 24. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE:
vista do autor acerca do tema. ENGENHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) De acordo
com o texto, é correto inferir que a bateria dos veículos
(  ) CERTO  (  ) ERRADO elétricos só será reciclada se apresentar defeito.

Resposta: Errado. (  ) CERTO  (  ) ERRADO


O texto não apresenta o ponto de vista do autor,
apenas descreve os fatos. Resposta: Errado.
A única referência que o texto faz à bateria é (...) A
23. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: bateria que o alimenta é totalmente reciclável e pode
ENGENHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) ser recarregada cerca de 1.500 vezes.” Não há citação
de quando deve ser reciclada.
Da tomada para a estrada
25. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE:
Dois modelos de veículo de uma montadora italiana, ENGENHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) A principal
movidos a energia elétrica, já estão prontos para rodar. vantagem dos veículos movidos a energia elétrica é o
Os protótipos foram desenvolvidos no Brasil pela fato de serem muito semelhantes aos carros tradicionais,
empresa Itaipu Binacional, com o objetivo de nacionalizar sendo que a principal distinção entre os dois tipos é o
a tecnologia de produção de carros elétricos. Basta mecanismo usado para ligar o carro.
colocá-los na tomada por um período de oito horas para
que eles estejam aptos a rodar aproximadamente 120 km. (  ) CERTO  (  ) ERRADO
Os deslocamentos podem ser velozes, já que os veículos
conseguem atingir uma velocidade de até 130 km por Resposta: Errado.
hora. O detalhe mais animador é que, para isso, se gasta Texto: (...) O coordenador do projeto destaca
de quatro a cinco vezes menos do que se forem utilizados o aspecto econômico como uma das grandes
combustíveis convencionais, como o álcool ou a gasolina. vantagens do carro elétrico, ao compará-lo com
O motorista que experimentar dirigir os protótipos um veículo movido a gasolina. “Com um litro do
não deverá estranhá-los. “É muito simples guiá-los, combustível, é possível percorrer 15 km em média.
pois as diferenças em relação aos carros tradicionais No entanto, se o mesmo valor gasto com essa
são mínimas”, explica o engenheiro eletricista Celso quantidade de gasolina for empregado na compra
Novais, coordenador geral brasileiro do projeto de energia elétrica, é possível rodar cerca de 40 km.”
Veículo Elétrico. “A principal distinção é que não existe Além de enfatizar as vantagens econômicas, Novais
partida. O veículo liga como se fosse acionado por um salienta os incontestáveis benefícios ambientais. “O
interruptor.” Segundo Novais, quando está parado - em carro elétrico não faz barulho nem polui a atmosfera,
um congestionamento, por exemplo -, o veículo não já que não emite gás carbônico ou qualquer outra
consome energia. “A bateria que o alimenta é totalmente substância química.”
reciclável e pode ser recarregada cerca de 1.500 vezes.”
O coordenador do projeto destaca o aspecto econômico
como uma das grandes vantagens do carro elétrico, ao
compará-lo com um veículo movido a gasolina. “Com um TIPOLOGIA TEXTUAL
litro do combustível, é possível percorrer 15 km em média.
No entanto, se o mesmo valor gasto com essa quantidade
de gasolina for empregado na compra de energia elétrica, TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
LÍNGUA PORTUGUESA

é possível rodar cerca de 40 km.” Além de enfatizar as


vantagens econômicas, Novais salienta os incontestáveis A todo o momento nos deparamos com vários
benefícios ambientais. “O carro elétrico não faz barulho textos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos
nem polui a atmosfera, já que não emite gás carbônico ou há a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a
qualquer outra substância química.” essência daquilo que está sendo transmitido entre
Jaqueline Bartzen. Ciência hoje. Internet: <cienciahoje.uol.com. os interlocutores. Estes interlocutores são as peças
br>. (Com adaptações.) principais em um diálogo ou em um texto escrito.

10
É de fundamental importância sabermos classificar A escolha de um determinado gênero discursivo
os textos com os quais travamos convivência no nosso depende, em grande parte, da situação de produção,
dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
textuais e gêneros textuais. os locutores e os interlocutores, o meio disponível para
Comumente relatamos sobre um acontecimento, veicular o texto, etc.
um fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos Os gêneros discursivos geralmente estão ligados
nossa opinião sobre determinado assunto, descrevemos a esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
algum lugar que visitamos, fazemos um retrato exemplo, são comuns gêneros como notícias, reportagens,
verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação
ver. É exatamente nessas situações corriqueiras que científica são comuns gêneros como verbete de dicionário
classificamos os nossos textos naquela tradicional ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, seminário,
tipologia: Narração, Descrição e Dissertação. conferência.
As tipologias textuais se caracterizam pelos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
aspectos de ordem linguística Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
Os tipos textuais designam uma sequência definida São Paulo: Saraiva, 2010.
pela natureza linguística de sua composição. São Português – Literatura, Produção de Textos &
observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de SITE
ação demarcados no tempo do universo narrado, http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-
como também de advérbios, como é o caso de textual.htm
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita
conversa, resolveram...
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica, EXERCÍCIOS COMENTADOS
descrevem características tanto físicas quanto
psicológicas acerca de um determinado indivíduo 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
ou objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os 2015)
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar Ouro em Fios
um assunto ou uma determinada situação que se
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
de ela acontecer, como em: O cadastramento irá se como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício. Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
uma modalidade na qual as ações são prescritas de - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
forma sequencial, utilizando-se de verbos expressos iluminação natural.
no imperativo, infinitivo ou futuro do presente: - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do
até criar uma massa homogênea. ambiente.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- - Utilize o computador no modo espera.
se pelo predomínio de operadores argumentativos, Fique ligado! Evite desperdícios.
revelados por uma carga ideológica constituída de Energia elétrica.
argumentos e contra-argumentos que justificam A natureza cobra o preço do desperdício.
a posição assumida acerca de um determinado Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
assunto: A mulher do mundo contemporâneo
luta cada vez mais para conquistar seu espaço no Há no texto elementos característicos das tipologias
mercado de trabalho, o que significa que os gêneros expositiva e injuntiva.
estão em complementação, não em disputa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

GÊNEROS TEXTUAIS
Resposta: Certo.
São os textos materializados que encontramos em Texto injuntivo – ou instrucional – é aquele que passa
nosso cotidiano; tais textos apresentam características sócio- instruções ao leitor. O texto acima apresenta tal
comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, característica.
conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária,
e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada,
debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc.

11
Leia o texto a seguir e responda à questão..
ORTOGRAFIA OFICIAL
Como nasce uma história
(fragmento)
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da
Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que correta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
serve do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
menos o que dizia a tabuleta no alto da porta. língua são grafados segundo acordos ortográficos.
— Sétimo — pedi. A maneira mais simples, prática e objetiva de aprender
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
se fixou num aviso que dizia: familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
É expressamente proibido os funcionários, no ato da é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
subida, utilizarem os elevadores para descerem. e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata etimologia (origem da palavra).
de problema complicado, este do infinito pessoal.
Prevaleciam então duas regras mestras que deveriam ser 1. Regras ortográficas
rigorosamente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito,
sendo o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da A) O fonema S
outra infelizmente já não me lembrava. São escritas com S e não C/Ç
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
pessoal que me intrigou no tal aviso: foi estar ele radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
concebido de maneira chocante aos delicados ouvidos - pretensão / expandir - expansão / ascender -
de um escritor que se preza. ascensão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, submergir - submersão / divertir - diversão / impelir
entenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um - impulsivo / compelir - compulsório / repelir -
tijolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no sentir - sensível / consentir – consensual.
ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma
São escritos com SS e não C e Ç
simples e correta de formular a proibição:
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais
É proibido subir para depois descer.
terminem em gred, ced, prim ou com verbos
É proibido subir no elevador com intenção de descer.
terminados por tir ou - meter: agredir - agressivo
É proibido ficar no elevador com intenção de descer,
/ imprimir - impressão / admitir - admissão /
quando ele estiver subindo.
ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo. percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão
Mais simples ainda: / comprometer - compromisso / submeter –
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver submissão.
descendo.  Quando o prefixo termina com vogal que se
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que junta com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a +
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a simétrico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente  No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
nada: Se quiser descer, não suba. Exemplos: ficasse, falasse.
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: Record,
1995, p. 137-140. (Com adaptações.) São escritos com C ou Ç e não S e SS
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
2008) O gênero textual apresentado permite o emprego  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer,
“Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro” e “um carniça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.
tijolo de burrice”.  Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO  Após ditongos: foice, coice, traição.
 Palavras derivadas de outras terminadas em
Resposta: Certo. -te, to(r): marte - marciano / infrator - infração /
O gênero é a crônica, conta fatos do dia a dia de
LÍNGUA PORTUGUESA

absorto – absorção.
maneira descontraída, o que permite a utilização de
uma linguagem mais próxima do leitor; a informalidade. B) O fonema z
São escritos com S e não Z
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical
é substantivo, ou em gentílicos e títulos
nobiliárquicos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa,
baronesa, princesa.

12
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, São escritas com CH e não X
metamorfose.  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche,
quis, quiseste. salsicha.
 Nomes derivados de verbos com radicais
terminados em “d”: aludir - alusão / decidir - E) As letras “e” e “i”
decisão / empreender - empresa / difundir – difusão.  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.  Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue.
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina Escrevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
– pesquisar.

São escritos com Z e não S FIQUE ATENTO!


 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de Há palavras que mudam de sentido quan-
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
beleza. área (superfície), ária (melodia) / delatar
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
origem não termine com s): final - finalizar / (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
concreto – concretizar. estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
 Consoante de ligação se o radical não terminar
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
#FicaDica
C) O fonema j
São escritas com G e não J Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, à ortografia de uma palavra, há a possibili-
gesso. dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
gim. pela Academia Brasileira de Letras. É uma
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com obra de referência até mesmo para a criação
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, de dicionários, pois traz a grafia atualizada
bege, foge. das palavras (sem o significado). Na Internet,
Exceção: pajem. o endereço é www.academia.org.br.

 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,


litígio, relógio, refúgio. 2. Informações importantes
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger,
fugir, mugir. Formas variantes são as que admitem grafias ou
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, pronúncias diferentes para palavras com a mesma
surgir. significação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical quatorze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/
terminado com j: ágil, agente. gérmen, infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/
porcentagem, relampejar/relampear/relampar/
São escritas com J e não G relampadar.
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, Os símbolos das unidades de medida são escritos
hoje. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
jiboia, manjerona. 20km, 120km/h.
 Palavras terminadas com aje: ultraje. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
D) O fonema ch Na indicação de horas, minutos e segundos, não
São escritas com X e não CH deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica:
LÍNGUA PORTUGUESA

22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três


abacaxi, xucro. minutos e trinta e quatro segundos).
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, O símbolo do real antecede o número sem espaço:
lagartixa. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. barra vertical ($).
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS 3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
1. Por que / por quê / porquê / porque não compensa.

POR QUE (separado e sem acento) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
É usado em: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. interrogações diretas (longe do ponto de Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
interrogação) = Por que você não veio ontem? Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale São Paulo: Saraiva, 2010.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe Português: novas palavras: literatura, gramática,
por que faltara à aula ontem. redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
POR QUÊ (separado e com acento) Saraiva, 2002.

Usos: SITE
1. como pronome interrogativo, quando colocado http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
no fim da frase (perto do ponto de interrogação) ortografia
= Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por 4. Hífen
quê?
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) para ligar os elementos de palavras compostas (como ex-
presidente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a
Usos: verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de uma
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/
escrita (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até nheiro).
ponto final) = Compre agora, porque há poucas
peças. A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
2. como conjunção subordinativa causal, substituível Ortográfica:
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu 1. Em palavras compostas por justaposição que formam
porque se antecipou. uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se
unem para formam um novo significado: tio-avô,
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel,
segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris,
Usos: primeiro-ministro, azul-escuro.
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
“razão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
Geralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
da discussão. É uma pessoa cheia de porquês. 3. Nos compostos com elementos além, aquém,
recém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-
2. ONDE / AONDE número, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas
Onde = empregado com verbos que não expressam algumas exceções continuam por já estarem
a ideia de movimento = Onde você está? consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos queima-roupa, deus-dará.
que expressam movimento = Aonde você vai? 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
3. MAU / MAL combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
Hungria, Angola-Brasil, etc.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um super- quando associados com outro termo que é
LÍNGUA PORTUGUESA

mau elemento. iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-


racional, etc.
Mal = pode ser usado como 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
mal na prova? etc.

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9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
10. Nas formações em que o prefixo tem como ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
segundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub- autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
hepático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
semi-hospitalar, super-homem. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
termina com a mesma vogal do segundo elemento: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-
observação, etc. SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
O hífen é suprimido quando para formar outros ortografia
termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

#FicaDica EXERCÍCIOS COMENTADOS

Lembrete da Zê! 1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Cespe


Ao separar palavras na translineação (mu- – 2013 – adaptada)
dança de linha), caso a última palavra a ser
escrita seja formada por hífen, repita-o na A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatenados
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in- são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. de comunicação, os quais são indispensáveis para que
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra- acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
mação, pode ser que a repetição do hífen na exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
translineação não ocorra em meus conteú- que a lei lhes impõe.
dos, mas saiba que a regra é esta! Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).

No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes.


B) Não se emprega o hífen:
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
texto nem para seu sentido caso o trecho “A fim de
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em
solucionar o litígio” fosse substituído por Afim de dar
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
solução à demanda e o trecho “tomem conhecimento
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
dos atos acontecidos no correr do procedimento” fosse,
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
por sua vez, substituído por conheçam os atos havidos no
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo transcurso do acontecimento.
termina em vogal e o segundo termo inicia-
se com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, ( ) CERTO ( ) ERRADO
coeducação, autoestrada, autoaprendizagem,
hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
etc. intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos a primeira substituição fosse feita, o trecho estaria
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” incorreto gramatical e coerentemente. Portanto, nem
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. há a necessidade de avaliar a segunda substituição.
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo
quando o segundo elemento começar com “o”:
cooperação, coobrigação, coordenar, coocupante,
coautor, coedição, coexistir, etc. ACENTUAÇÃO GRÁFICA
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram
noção de composição: pontapé, girassol,
paraquedas, paraquedista, etc. Quanto à acentuação, observamos que algumas
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: palavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia,
benfeito, benquerer, benquerido, etc. ora se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a
outra. Por isso, vamos às regras!
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas
LÍNGUA PORTUGUESA

correspondentes átonas, aglutinam-se com o elemento 1. Regras básicas


seguinte, não havendo hífen: pospor, predeterminar,
predeterminado, pressuposto, propor. A acentuação tônica está relacionada à intensidade
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti- com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
infeccioso, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
sobre-humano, super-realista, alto-mar. como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
com menos intensidade, são denominadas de átonas.

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De acordo com a tonicidade, as palavras são C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona
classificadas como: quando a sua antepenúltima sílaba é tônica
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre (mais forte). Quanto à regra de acentuação:
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – todas as proparoxítonas são acentuadas,
papel independentemente de sua terminação: árvore,
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima paralelepípedo, cárcere.
sílaba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima 2.2 Regras especiais
sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré. palavras paroxítonas.
2 Os acentos

A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” FIQUE ATENTO!


e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber-
letras representam as vogais tônicas de palavras tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
indica, além da tonicidade, timbre aberto: herói – tuados: dói, escarcéu.
céu (ditongos abertos).
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre Antes Agora
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a” assembléia assembleia
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles idéia ideia
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi
totalmente abolido das palavras. Há uma exceção: geléia geleia
é utilizado em palavras derivadas de nomes jibóia jiboia
próprios estrangeiros: mülleriano (de Müller) apóia (verbo apoiar) apoia
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã paranóico paranoico

2.1 Regras fundamentais 2.3 Acento Diferencial

A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas Representam os acentos gráficos que, pelas regras
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados
plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. para diferenciar classes gramaticais entre determinadas
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há perfeito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, do Indicativo do mesmo verbo).
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
terminadas em: mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-
i, is: táxi – lápis – júri se, para que saibamos se se trata de um verbo ou
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum preposição.
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – Os demais casos de acento diferencial não são
fórceps mais utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos (substantivo), pelo (preposição). Seus significados e
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou classes gramaticais são definidos pelo contexto.
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória Polícia para o trânsito para que se realize a operação
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo,
conjunção (com relação de finalidade).
LÍNGUA PORTUGUESA

#FicaDica
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
esta palavra apresenta as terminações das
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
ficará mais fácil a memorização!

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Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
#FicaDica à tarde!
As formas verbais que possuíam o acento tônico na
Quando, na frase, der para substituir o raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“por” por “colocar”, estaremos trabalhando “e” ou “i” não serão mais acentuadas:
com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
mais casos, “por” é preposição: Faço isso
por você. / Posso pôr (colocar) meus livros Antes Depois
aqui? apazigúe (apaziguar) apazigue
averigúe (averiguar) averigue
2.4 Regra do Hiato
argúi (arguir) argui
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos,
segunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira
haverá acento: saída – faísca – baú – país – Luís pessoa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles
vêm (verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz – eles convêm.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se
estiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, São Paulo: Saraiva, 2010.
formando hiato quando vierem depois de ditongo (nas
paroxítonas): SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm

Antes Agora
bocaiúva bocaiuva

feiúra feiura
Sauípe Sauipe 1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi conformidade com a mesma regra ortográfica.
abolido:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Antes Agora
Resposta: Certo.
crêem creem “Série” = acentua-se a paroxítona terminada em
lêem leem ditongo / “história” - acentua-se a paroxítona
terminada em ditongo
vôo voo
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona
enjôo enjoo terminada em ditongo.
Observação: nestes casos, admitem-se as
separações “sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria
#FicaDica proparoxítonas.
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do
que não recebem mais acento como antes:
acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
CRER, DAR, LER e VER.
( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. Resposta: Errado.
Elza lê bem! / Todas leem bem! Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona.
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os Ambas são acentuadas pela mesma regra
garotos deem o recado! (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!

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3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E
gráfica. MODOS VERBAIS
( ) CERTO ( ) ERRADO
CLASSES DE PALAVRAS
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada
em ditongo; diária = paroxítona terminada em 1. ADJETIVO
ditongo; paciência = paroxítona terminada em
ditongo. Os três vocábulos são acentuados devido à É a palavra que expressa uma qualidade ou
mesma regra. característica do ser e se relaciona com o substantivo,
concordando com este em gênero e número.
4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As praias brasileiras estão poluídas.
As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
com a mesma regra de acentuação gráfica. (plural e feminino, pois concordam com “praias”).

( ) CERTO ( ) ERRADO Locução adjetiva

Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada Locução = reunião de palavras. Sempre que são
em “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a
monossílaba terminada em ditongo aberto “éu”. mesma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição
+ substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a
5. (ANATEL – Técnico Administrativo – CESPE/2012) Locução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. freio (paixão desenfreada).

( ) CERTO ( ) ERRADO Observe outros exemplos:

Resposta: Errado de águia aquilino


Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona.
Ambas são acentuadas pela mesma regra de aluno discente
(antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). de anjo angelical
de ano anual
6. (ANCINE – Técnico Administrativo – CESPE/2012)
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem de aranha aracnídeo
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação de boi bovino
gráfica. de cabelo capilar
( ) CERTO ( ) ERRADO de cabra caprino
de campo campestre ou rural
Resposta: Certo de chuva pluvial
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária
= paroxítona terminada em ditongo; paciência = de criança pueril
paroxítona terminada em ditongo. Os três vocábulos de dedo digital
são acentuados devido à mesma regra.
de estômago estomacal ou gástrico
7. (IBAMA – Técnico Administrativo – CESPE/2012) de falcão falconídeo
As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo de farinha farináceo
com a mesma regra de acentuação gráfica.
de fera ferino
( ) CERTO ( ) ERRADO de ferro férreo
de fogo ígneo
Resposta: Errado
Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba de garganta gutural
LÍNGUA PORTUGUESA

terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em de gelo glacial


ditongo aberto “éu”. de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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de lago lacustre África afro- / Cultura afro-americana
de leão leonino germano- ou teuto-/Competições
Alemanha
de lebre leporino teuto-inglesas
de lua lunar ou selênico américo- / Companhia américo-
América
africana
de madeira lígneo
belgo- / Acampamentos belgo-
de mestre magistral Bélgica
franceses
de ouro áureo China sino- / Acordos sino-japoneses
de paixão passional Espanha hispano- / Mercado hispano-português
de pâncreas pancreático Europa euro- / Negociações euro-americanas
de porco suíno ou porcino franco- ou galo- / Reuniões franco-
França
dos quadris ciático italianas
de rio fluvial Grécia greco- / Filmes greco-romanos
de sonho onírico Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
de velho senil Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
de vento eólico Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
de vidro vítreo ou hialino Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
de virilha inguinal
Flexão dos adjetivos
de visão óptico ou ótico
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo Gênero dos Adjetivos
correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas
da 5ª série. / O muro de tijolos caiu. Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
referem (masculino e feminino). De forma semelhante
Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática): aos substantivos, classificam-se em:

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau
atuando como adjunto adnominal ou como predicativo e má.
(do sujeito ou do objeto). Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
feminino somente o último elemento: o moço norte-
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) americano, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles: B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o
masculino como para o feminino: homem feliz e
Estados e cidades brasileiras: mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável
no feminino: conflito político-social e desavença político-
Alagoas alagoano social.
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense Número dos Adjetivos
Amazonas amazonense ou baré A) Plural dos adjetivos simples
Belo Horizonte belo-horizontino Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Brasília brasiliense
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
Cabo Frio cabo-friense ruins, boa e boas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Campinas campineiro ou campinense Caso o adjetivo seja uma palavra que também
exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja,
Adjetivo Pátrio Composto se a palavra que estiver qualificando um elemento for,
originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro primitiva. Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento,
erudita. Observe alguns exemplos: funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo:
camisas cinza, ternos cinza.

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Motos vinho (mas: motos verdes) Observe que:
Paredes musgo (mas: paredes brancas). • As formas menor e pior são comparativos de
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). superioridade, pois equivalem a mais pequeno e
mais mau, respectivamente.
B) Adjetivo Composto • Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
É aquele formado por dois ou mais elementos. (melhor, pior, maior e menor), porém, em
Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. comparações feitas entre duas qualidades de um
Apenas o último elemento concorda com o substantivo mesmo elemento, deve-se usar as formas analíticas
a que se refere; os demais ficam na forma masculina, mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno.
singular. Caso um dos elementos que formam o adjetivo Por exemplo:
composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” elementos.
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. duas qualidades de um mesmo elemento.
Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o Inferioridade
adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja: Sou menos passivo (do) que tolerante.
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro. B) Superlativo
Olhos verde-claros. O superlativo expressa qualidades num grau muito
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Observação: B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
qualidade de um ser é intensificada, sem relação com
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
outros seres. Apresenta-se nas formas:
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste,
• Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
vestidos cor-de-rosa.
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
elementos flexionados: crianças surdas-mudas.
• Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Grau do Adjetivo

Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a Observe alguns superlativos sintéticos:


intensidade da qualidade do ser. São dois os graus do
adjetivo: o comparativo e o superlativo. benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
A) Comparativo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica comum comuníssimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais cruel crudelíssimo
características atribuídas ao mesmo ser. O comparativo difícil dificílimo
pode ser de igualdade, de superioridade ou de
doce dulcíssimo
inferioridade.
fácil facílimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade fiel fidelíssimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
ou quão. de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
seres. Essa relação pode ser:
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de • De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
Superioridade todas.
• De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de todas.
Inferioridade
LÍNGUA PORTUGUESA

O superlativo absoluto analítico é expresso por meio


Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim.
antepostos ao adjetivo.
São eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas
superior, grande/maior, baixo/inferior.
formas: uma erudita - de origem latina – e outra popular
- de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo

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ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato
constituída do radical do adjetivo português + o sufixo fala melhor que João.
-íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo B) Grau Superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os O superlativo pode ser analítico ou sintético:
terminados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio:
cheio – cheíssimo. Renato fala muito alto.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de modo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. altíssimo.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
Português: novas palavras: literatura, gramática, comuns na língua popular.
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Classificação dos Advérbios
secoes/morf/morf32.php>
De acordo com a circunstância que exprime, o
2. ADVÉRBIO advérbio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
Compare estes exemplos: atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto,
O ônibus chegou. aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte,
O ônibus chegou ontem. nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém,
embaixo, externamente, a distância, à distância de,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de ao lado, em volta.
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
do próprio advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
(bem) constantemente, entrementes, imediatamente,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um primeiramente, provisoriamente, sucessivamente,
adjetivo (claros) às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
vez em quando, de quando em quando, a qualquer
Quando modifica um verbo, o advérbio pode momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
acrescentar ideia de: dia.
Tempo: Ela chegou tarde. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior,
Lugar: Ele mora aqui. depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às
Modo: Eles agiram mal. claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Negação: Ela não saiu de casa. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Dúvida: Talvez ele volte. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
vão e a maior parte dos que terminam em “-mente”:
Flexão do Advérbio calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente,
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não escandalosamente, bondosamente, generosamente.
apresentam variação em gênero e número. Alguns D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
advérbios, porém, admitem a variação em grau. Observe: efetivamente, certo, decididamente, deveras,
indubitavelmente.
A) Grau Comparativo E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
modo que o comparativo do adjetivo: F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente,
LÍNGUA PORTUGUESA

• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por
Renato fala tão alto quanto João. certo, quem sabe.
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em
que): Renato fala menos alto do que João. excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
• de superioridade: quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato extremamente, intensamente, grandemente, bem
fala mais alto do que João. (quando aplicado a propriedades graduáveis).

21
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, Locução Adverbial
somente, simplesmente, só, unicamente. Por
exemplo: Brando, o vento apenas move a copa das Quando há duas ou mais palavras que exercem
árvores. função de advérbio, temos a locução adverbial, que
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, pode expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam
também. Por exemplo: O indivíduo também ordinariamente por uma preposição. Veja:
amadurece durante a adolescência. A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por para dentro, por aqui, etc.
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
aos meus amigos por comparecerem à festa. C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
em geral, frente a frente, etc.
Saiba que: D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se hoje em dia, nunca mais, etc.
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
tarde possível. o adjetivo e outro advérbio:
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, Chegou muito cedo. (advérbio)
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu Joana é muito bela. (adjetivo)
calma e respeitosamente. De repente correram para a rua. (verbo)

Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
aparecer como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
advérbio: Cheguei primeiro.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstâncias que
acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio. Exemplo:
#FicaDica Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto
adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Como saber se a palavra bastante é Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de
advérbio (não varia, não se flexiona) ou intensidade e de tempo, respectivamente.
pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se
der, na frase, para substituir o “bastante” por REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
“muito”, estamos diante de um advérbio; se CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
der para substituir por “muitos” (ou muitas), Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
é um pronome. Veja: – São Paulo: Saraiva, 2010.
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
(estudei muitos capítulos) = pronome Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indefinido
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
Advérbios Interrogativos secoes/morf/morf75.php>

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? 3. ARTIGO


por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
se como o termo variável que serve para individualizar ou
Interrogação Direta Interrogação Indireta generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
(masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as
LÍNGUA PORTUGUESA

Onde mora? Indaguei onde morava variações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]).
Por que choras? Não sei por que choras
Aonde vai? Perguntei aonde ia A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
Donde vens? Pergunto donde vens determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
Quando voltas? Pergunto quando voltas muito.

22
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
de modo vago, impreciso: Uma candidata foi Cochar - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
aprovada! Umas candidatas foram aprovadas! – São Paulo: Saraiva, 2010.

Circunstâncias em que os artigos se manifestam: SITE


Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois gramatica/artigo.htm>
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal
conteúdo. 4. CONJUNÇÃO
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Além da preposição, há outra palavra também
Janeiro, Veneza, A Bahia... invariável que, na frase, é usada como elemento de
Quando indicado no singular, o artigo definido pode ligação: a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. duas palavras de mesma função em uma oração:
No caso de nomes próprios personativos, denotando O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso São Paulo.
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Pedro é o xodó da família.
No caso de os nomes próprios personativos estarem Morfossintaxe da Conjunção
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... As conjunções, a exemplo das preposições, não
exercem propriamente uma função sintática: são
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) conectivos.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. Classificação da Conjunção
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados. De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
(qualquer classe) conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse
facultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. isolamento, no entanto, não acarreta perda da unidade
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma de sentido que cada um dos elementos possui. Já no
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
ter é uns vinte anos. conjunção depende da existência do outro. Veja:
O artigo também é usado para substantivar palavras Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o Podemos separá-las por ponto:
porquê de tudo isso. / O bem vence o mal. Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
Há casos em que o artigo definido não pode ser Temos acima um exemplo de conjunção (e,
usado:
consequentemente, orações coordenadas) coordenativa
– “mas”. Já em:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
Espero que eu seja aprovada no concurso!
conhecidas: O professor visitará Roma.
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
presença do artigo será obrigatória: O professor visitará
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
a bela Roma.
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria temos uma oração subordinada substantiva objetiva
sairá agora? direta (ela exerce a função de objeto direto do verbo da
Exceção: O senhor vai à festa? oração principal).

Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Conjunções Coordenativas


Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o
candidato cuja nota foi a mais alta. São aquelas que ligam orações de sentido completo
e independente ou termos da oração que têm a mesma
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS função gramatical. Subdividem-se em:
LÍNGUA PORTUGUESA

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza


Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
– São Paulo: Saraiva, 2010. ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: não), não só... mas também, não só... como também,
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. bem como, não só... mas ainda.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa A sua pesquisa é clara e objetiva.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Não só dança, mas também canta.

23
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
expressando ideia de contraste ou compensação. ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, impedir sua realização. São elas: embora, ainda
no entanto, não obstante. que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. mais que, posto que, conquanto, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
C) Alternativas: ligam orações ou palavras,
expressando ideia de alternância ou escolha, C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
indicando fatos que se realizam separadamente. a hipótese ou a condição para ocorrência da
São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, principal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se,
seja... seja, talvez... talvez. a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.

D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração


que expressa ideia de conclusão ou consequência. #FicaDica
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
Você deve ter percebido que a conjunção
conseguinte, por isso, assim.
condicional “se” também é conjunção
Marta estava bem preparada para o teste, portanto
integrante. A diferença é clara ao ler as
não ficou nervosa.
orações que são introduzidas por ela. Acima,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
ela nos dá a ideia da condição para que
recebamos um telefonema (se for preciso
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São concurso. = Não há ideia de condição
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
Não demore, que o filme já vai começar. principal (sei) pede complemento (objeto
Falei muito, pois não gosto do silêncio! direto, já que “quem não sabe, não sabe
algo”). Portanto, a oração em destaque
Conjunções Subordinativas exerce a função de objeto direto da oração
principal, sendo classificada como oração
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma subordinada substantiva objetiva direta.
delas dependente da outra. A oração dependente,
introduzida pelas conjunções subordinativas, recebe o
nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já D) Conformativas: introduzem uma oração que
tinha começado quando ela chegou. exprime a conformidade de um fato com outro.
O baile já tinha começado: oração principal São elas: conforme, como (= conforme), segundo,
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) consoante, etc.
ela chegou: oração subordinada O passeio ocorreu como havíamos planejado.

As conjunções subordinativas subdividem-se em E) Finais: introduzem uma oração que expressa


integrantes e adverbiais: a finalidade ou o objetivo com que se realiza a
oração principal. São elas: para que, a fim de que,
Integrantes - Indicam que a oração subordinada que, porque (= para que), que, etc.
por elas introduzida completa ou integra o sentido Toque o sinal para que todos entrem no salão.
da principal. Introduzem orações que equivalem
a substantivos, ou seja, as orações subordinadas F) Proporcionais: introduzem uma oração que
substantivas. São elas: que, se. expressa um fato relacionado proporcionalmente
Quero que você volte. (Quero sua volta) à ocorrência do expresso na principal. São elas: à
medida que, à proporção que, ao passo que e as
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada combinações quanto mais... (mais), quanto menos...
exerce a função de adjunto adverbial da principal. De (menos), quanto menos... (mais), quanto menos...
acordo com a circunstância que expressam, classificam- (menos), etc.
se em: O preço fica mais caro à medida que os produtos
escasseiam.
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
LÍNGUA PORTUGUESA

ocorrência da oração principal. São elas: porque, Observação:


que, como (= porque, no início da frase), pois que, São incorretas as locuções proporcionais à medida
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde em que, na medida que e na medida em que.
que, etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. G) Temporais: introduzem uma oração que
acrescenta uma circunstância de tempo ao fato
expresso na oração principal. São elas: quando,

24
enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as Psiu!
vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora contexto: alguém pronunciando esta expressão
que, mal (= assim que), etc. na rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te
A briga começou assim que saímos da festa. chamando! Ei, espere!”

H) Comparativas: introduzem uma oração que Psiu!


expressa ideia de comparação com referência à contexto: alguém pronunciando em um hospital;
oração principal. São elas: como, assim como, tal significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
como, como se, (tão)... como, tanto como, tanto silêncio!”
quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem,
que (combinado com menos ou mais), etc. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. puxa: interjeição; tom da fala: euforia

I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, puxa: interjeição; tom da fala: decepção
de modo que, sem que (= que não), de forma que, de
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
jeito que, que (tendo como antecedente na oração
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto,
alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito
tamanho), etc.
interessante!
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
exame.
minha frente.

FIQUE ATENTO! As interjeições podem ser formadas por:


• simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
Muitas conjunções não têm classificação
• palavras: Oba! Olá! Claro!
única, imutável, devendo, portanto, ser
• grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
classificadas de acordo com o sentido que
Deus! Ora bolas!
apresentam no contexto (destaque da Zê!).
Classificação das Interjeições
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Comumente, as interjeições expressam sentido de:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Atenção! Olha! Alerta!
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
– São Paulo: Saraiva, 2010. D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Ânimo! Adiante!
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
SITE G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih!
secoes/morf/morf84.php> Francamente! Essa não! Chega! Basta!
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá!
5. INTERJEIÇÃO Queira Deus!
J) Desculpa: Perdão!
Interjeição é a palavra invariável que exprime K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
emoções, sensações, estados de espírito. É um recurso da L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
decorrente de uma situação particular, um momento ou Puxa! Pô! Ora!
um contexto específico. Exemplos: O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
LÍNGUA PORTUGUESA

Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Deus!


hum: expressão de um pensamento súbito = Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
interjeição R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!

O significado das interjeições está vinculado à maneira Saiba que:


como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto sofrem variação em gênero, número e grau como os
em que for utilizada. Exemplos: nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto

25
e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
algumas interjeições sofrem variação em grau. Não se a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
trata de um processo natural desta classe de palavra, mas palavras consideradas numerais porque denotam
tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. quantidade, proporção ou ordenação. São alguns
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Locução Interjetiva Classificação dos Numerais

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma A) Cardinais: indicam quantidade exata ou
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem determinada de seres: um, dois, cem mil, etc.
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Alguns cardinais têm sentido coletivo, como por
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exemplo: século, par, dúzia, década, bimestre.
exclamativo torna-se uma locução interjetiva, B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
dispensando análise dos termos que a compõem: ou alguma coisa ocupa numa determinada
Macacos me mordam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! sequência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
1. As interjeições são como frases resumidas,
sintéticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
por essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) final e penúltimo também indicam posição dos seres,
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
é o seu tom exclamativo; por isso, palavras de
outras classes gramaticais podem aparecer como C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
interjeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Fora! Francamente! (Advérbios) quintos, etc.
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
frase” porque sozinha pode constituir uma dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
mensagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Silêncio! Fique quieto!
Flexão dos numerais
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou
imitativas, que exprimem ruídos e vozes. Por
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
exemplo: Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba!
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
«ó» com a sua homônima «oh!», que exprime
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
admiração, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa
cardinais são invariáveis.
depois do «oh!» exclamativo e não a fazemos
depois do «ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! Os numerais ordinais variam em gênero e número:
ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS primeiro segundo milésimo


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa primeira segunda milésima
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
primeiros segundos milésimos
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática primeiras segundas milésimas
– volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
SITE atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ esforço e conseguiram o triplo de produção.
secoes/morf/morf89.php> Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
6. NUMERAL triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
Numeral é a palavra variável que indica quantidade número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de duas terças partes.
pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
determinada sequência. dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os numerais traduzem, em palavras, o que os É comum na linguagem coloquial a indicação de grau


números indicam em relação aos seres. Assim, quando a nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se de sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
trata de numerais, mas sim de algarismos.
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
segunda divisão de futebol)

26
Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um
ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua
utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro -
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
LÍNGUA PORTUGUESA

Cinco Quinto Quíntuplo Quinto


Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo

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Onze Décimo Primeiro - Onze Avos
Doze Décimo Segundo - Doze Avos
Treze Décimo Terceiro - Treze Avos
Catorze Décimo Quarto - Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto - Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto - Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo - Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo - Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono - Dezenove Avos
Vinte Vigésimo - Vinte Avos
Trinta Trigésimo - Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo - Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo - Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo - Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo - Setenta Avos
Oitenta Octogésimo - Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo - Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo - Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
Milhão Milionésimo Milionésimo
Milhão Bilionésimo Bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php>

7. PREPOSIÇÃO

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
normalmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
LÍNGUA PORTUGUESA

na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a
compreensão do texto.

Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.

28
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Matéria = copo de cristal.
gramaticais que podem atuar como preposições, Meio = passeio de barco.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Origem = Nós somos do Nordeste.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, Conteúdo = frascos de perfume.
segundo, senão, visto. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
valendo como uma preposição, sendo que a última
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, prepositiva por trás de.
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por
cima de, por trás de. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
a = pela. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
mas das palavras às quais ela se une. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Esse processo de junção de uma preposição com
outra palavra pode se dar a partir dos processos de: SITE
• Combinação: união da preposição “a” com o artigo Disponível em: <http://www.infoescola.com/
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. portugues/preposicao/>
Os vocábulos não sofrem alteração.
• Contração: união de uma preposição com outra pa-
8. PRONOME
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fone-
Pronome é a palavra variável que substitui ou
ma: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, de
acompanha um substantivo (nome), qualificando-o de
+ aquele = daquele, em + isso = nisso.
alguma forma.
• Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi-
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal
homem destrói a natureza...
do pronome “aquilo”).
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
superior à natureza, por isso ele a destrói...
O “a” pode funcionar como preposição, pronome Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” termos (homem e natureza).
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
para determiná-lo como um substantivo singular e Grande parte dos pronomes não possuem significados
feminino: A matéria que estudei é fácil! fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois a referência exata daquilo que está sendo colocado
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. por meio dos pronomes no ato da comunicação. Com
Irei à festa sozinha. exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é demais pronomes têm por função principal apontar para
artigo; o segundo, preposição. as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a específica para cada pessoa do discurso.
apostila. = Nós a trouxemos. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
por meio das preposições: [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala]
Destino = Irei a Salvador. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Modo = Saiu aos prantos. [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Lugar = Sempre a seu lado. se fala]
LÍNGUA PORTUGUESA

Assunto = Falemos sobre futebol.


Tempo = Chegarei em instantes. Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
Causa = Chorei de saudade. variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em
Fim ou finalidade = Vim para ficar. número (singular ou plural). Assim, espera-se que a
Instrumento = Escreveu a lápis. referência através do pronome seja coerente em termos
Posse = Vi as roupas da mamãe. de gênero e número (fenômeno da concordância) com
Autoria = livro de Machado de Assis o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente
Companhia = Estarei com ele amanhã. no enunciado.

29
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da Observação:
nossa escola neste ano. O pronome oblíquo é uma forma variante do
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica
adequada] a função diversa que eles desempenham na oração:
[neste: pronome que determina “ano” = concordância pronome reto marca o sujeito da oração; pronome
adequada] oblíquo marca o complemento da oração. Os pronomes
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação
concordância inadequada] tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.

Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, B.1 Pronome Oblíquo Átono
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. São chamados átonos os pronomes oblíquos que
não são precedidos de preposição. Possuem acentuação
Pronomes Pessoais tônica fraca: Ele me deu um presente.
Lista dos pronomes oblíquos átonos
São aqueles que substituem os substantivos, 1.ª pessoa do singular (eu): me
indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala 2.ª pessoa do singular (tu): te
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a 1.ª pessoa do plural (nós): nos
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 2.ª pessoa do plural (vós): vos
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
Os pronomes pessoais variam de acordo com as
funções que exercem nas orações, podendo ser do caso
reto ou do caso oblíquo. FIQUE ATENTO!
Os pronomes o, os, a, as assumem formas
A) Pronome Reto especiais depois de certas terminações
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na verbais:
sentença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
flores. 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou
Os pronomes retos apresentam flexão de número, -r, o pronome assume a forma lo, los, la
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa ou las, ao mesmo tempo que a terminação
última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do verbal é suprimida. Por exemplo:
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é fiz + o = fi-lo
assim configurado: fazeis + o = fazei-lo
1.ª pessoa do singular: eu dizer + a = dizê-la
2.ª pessoa do singular: tu
3.ª pessoa do singular: ele, ela 2. Quando o verbo termina em som nasal,
1.ª pessoa do plural: nós o pronome assume as formas no, nos, na,
2.ª pessoa do plural: vós nas. Por exemplo:
3.ª pessoa do plural: eles, elas viram + o: viram-no
repõe + os = repõe-nos
Esses pronomes não costumam ser usados como retém + a: retém-na
complementos verbais na língua-padrão. Frases como tem + as = tem-nas
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem
ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na B.2 Pronome Oblíquo Tônico
língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos Os pronomes oblíquos tônicos são sempre
correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, precedidos por preposições, em geral as preposições a,
“Trouxeram-me até aqui”. para, de e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos
exercem a função de objeto indireto da oração. Possuem
Frequentemente observamos a omissão do pronome acentuação tônica forte.
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
formas verbais marcam, através de suas desinências, as 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
boa viagem. (Nós) 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Pronome Oblíquo 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco


Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
sentença, exerce a função de complemento verbal
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. Observe que as únicas formas próprias do pronome
(objeto indireto) tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
caso reto.

30
As preposições essenciais introduzem sempre 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
do caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o
uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados
desta forma: #FicaDica
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. O pronome é reflexivo quando se refere
Não há nenhuma acusação contra mim. à mesma pessoa do pronome subjetivo
Não vá sem mim. (sujeito): Eu me arrumei e saí.
É pronome recíproco quando indica
Há construções em que a preposição, apesar de reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir Olhamo-nos calados.
uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, O “se” pode ser usado como palavra
o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um expletiva ou partícula de realce, sem ser
pronome, deverá ser do caso reto. rigorosamente necessária e sem função
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. sintática: Os exploradores riam-se de suas
Não vá sem eu mandar. tentativas. / Será que eles se foram?

A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”


está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”. C) Pronomes de Tratamento
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil São pronomes utilizados no tratamento formal,
para mim! cerimonioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor
(portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na
A combinação da preposição “com” e alguns terceira pessoa. Alguns exemplos:
pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
tônicos frequentemente exercem a função de adjunto
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e
adverbial de companhia: Ele carregava o documento
religiosos em geral
consigo.
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
professores de curso superior, ministros de Estado
Ela veio até mim, mas nada falou.
e de Tribunais, governadores, secretários de Estado,
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na presidente da República (sempre por extenso)
prova, até eu! (= inclusive eu) Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
universidades
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários
próprios, todos, ambos ou algum numeral. de igual categoria
Você terá de viajar com nós todos. Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
Estávamos com vós outros quando chegaram as más de direito
notícias. Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
Ele disse que iria com nós três. cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
B.3 Pronome Reflexivo
São pronomes pessoais oblíquos que, embora Também são pronomes de tratamento o senhor,
funcionem como objetos direto ou indireto, referem- a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora”
se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e são empregados no tratamento cerimonioso; “você”
recebe a ação expressa pelo verbo. e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são
largamente empregados no português do Brasil; em
Lista dos pronomes reflexivos: algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
lembro disso. à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
Observações:
LÍNGUA PORTUGUESA

3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo =


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes
Antônio conversou consigo mesmo. de tratamento que possuem “Vossa(s)” são
empregados em relação à pessoa com quem
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes compareça a este encontro.
com esta conquista.

31
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito Note que:
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da a que se refere; o gênero e o número concordam com o
República, agiu com propriedade. objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
naquele momento difícil.
3. Os pronomes de tratamento representam uma
forma indireta de nos dirigirmos aos nossos Observações:
interlocutores. Ao tratarmos um deputado por
Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar
endereçando à excelência que esse deputado da alteração fonética da palavra senhor: Muito
supostamente tem para poder ocupar o cargo que obrigado, seu José.
ocupa.
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à posse. Podem ter outros empregos, como:
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
possessivos e os pronomes oblíquos empregados anos.
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem
reconhecidos. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos Excelência trouxe sua mensagem?
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o
inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos possessivo concorda com o mais próximo: Trouxe-
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar me seus livros e anotações.
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
terceira pessoa. 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
teus cabelos. (errado)
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu,
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular lo, para que não ocorra redundância: Coloque tudo
nos respectivos lugares.
ou
Pronomes Demonstrativos
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular São utilizados para explicitar a posição de certa
palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
Pronomes Possessivos pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical A) Em relação ao espaço:


(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
(coisa possuída). pessoa que fala:
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do Este material é meu.
singular)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
Número Pessoa Pronome pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?
Singular Primeira Meu(s), minha(s)
Singular Segunda Teu(s), tua(s) Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
Singular Terceira Seu(s), sua(s)
quem se fala:
LÍNGUA PORTUGUESA

Plural Primeira Nosso(s), nossa(s) Aquele material não é nosso.


Plural Segunda Vosso(s), vossa(s) Vejam aquele prédio!
Plural Terceira Seu(s), sua(s)
B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
relação à pessoa que fala:
Esta manhã farei a prova do concurso!

32
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, • tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
porém relativamente próximo à época em que se situa
a pessoa que fala: 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um refere à pessoa mencionada em último lugar;
afastamento no tempo, referido de modo vago ou como aquele, à mencionada em primeiro lugar.
tempo remoto: 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Naquele tempo, os professores eram valorizados. irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se falará em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
ou escreverá): deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer que estava vendo. (no = naquilo)
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se
falará: Pronomes Indefinidos
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
ortografia, concordância. São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso,
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende quantidade indeterminada.
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais plantadas.
desejamos!
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
Este e aquele são empregados quando se quer fazer de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser
termo referido em primeiro lugar e este para o referido humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
por último: desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:

Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o


Paulo; este está mais bem colocado que aquele. (= este lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres
[São Paulo], aquele [Palmeiras]) na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
ou beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda?
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Quem avisa amigo é.
Paulo; aquele está mais bem colocado que este. (= este
[São Paulo], aquele [Palmeiras]) B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
invariáveis, observe: certa(s).
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Cada povo tem seus costumes.
aquela(s). Certas pessoas exercem várias profissões.
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Note que:
Também aparecem como pronomes demonstrativos: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
pronomes indefinidos adjetivos:
• o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito,
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum,
aquilo. nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
indiquei.) vários, várias.
Menos palavras e mais ações.
• mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): Alguns se contentam pouco.
variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em
Eu mesma refiz os exercícios. variáveis e invariáveis. Observe:
Elas mesmas fizeram isso. • Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
Eles próprios cozinharam. vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Os próprios alunos resolveram o problema. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
• semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.

33
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, (que podem ter várias classificações) são pronomes
algo, cada. relativos. Todos eles são usados com referência à
pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo determinadas preposições: Regressando de São Paulo,
querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado.
cujo plural é feito em seu interior). O uso de “que”, neste caso, geraria ambiguidade. Veja:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que
Todo e toda no singular e junto de artigo significa me deixou encantado (quem me deixou encantado: o
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: sítio ou minha tia?).
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) utiliza-se o qual / a qual)
Trabalho todo dia. (= todos os dias) O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma consequente (o ser possuído, com o qual concorda
ou outra, etc. em gênero e número); não se usa artigo depois deste
Cada um escolheu o vinho desejado. pronome; “cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais,
das quais.
Pronomes Relativos
São aqueles que representam nomes já mencionados Existem pessoas cujas ações são nobres.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem (antecedente) (consequente)
as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do
um grupo racial sobre outros. pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui!
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre (referiu-se a)
outros = oração subordinada adjetiva).
“Quanto” é pronome relativo quando tem por
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações)
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra e tudo:
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o Emprestei tantos quantos foram necessários.
pronome demonstrativo o, a, os, as. (antecedente)
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem Ele fez tudo quanto havia falado.
expresso. (antecedente)
Quem casa, quer casa.
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
Observe: precedido de preposição.
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os É um professor a quem muito devemos.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (preposição)
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. “Onde”, como pronome relativo, sempre possui
antecedente e só pode ser utilizado na indicação de
Note que: lugar: A casa onde morava foi assaltada.
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando)
seu antecedente for um substantivo. morávamos no exterior.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= Podem ser utilizadas como pronomes relativos as
a qual) palavras:
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
LÍNGUA PORTUGUESA

quais) • como (= pelo qual) – desde que precedida das


As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= palavras modo, maneira ou forma:
as quais) Não me parece correto o modo como você agiu semana
passada.
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente • quando (= em que) – desde que tenha como
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” antecedente um nome que dê ideia de tempo:

34
Bons eram os tempos quando podíamos jogar SITE
videogame. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
secoes/morf/morf42.php>
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. Colocação Pronominal
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. pronomes oblíquos átonos na frase.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de #FicaDica
gente que conversava, (que) ria, observava.
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
Pronomes Interrogativos função de complemento verbal (objeto). Por
São usados na formulação de perguntas, sejam isso, memorize:
elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes OBlíquo = OBjeto!
indefinidos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo
impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
(e variações), quanto (e variações). Embora na linguagem falada a colocação dos
Com quem andas? pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas
Qual seu nome? normas devem ser observadas na linguagem escrita.
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem A próclise é usada:
função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
oblíquo quando desempenha função de complemento. • Quando o verbo estiver precedido de palavras que
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
lhe ajudar. jamais, etc.: Não se desespere!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” C) Conjunções subordinativas: Espero que me
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao expliquem tudo!
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. esforçou.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta oportunidade.
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
• Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou lhe disse isso?
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, • Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
diferentemente dos segundos, que são sempre se ofendem!
precedidos de preposição. • Orações que exprimem desejo (orações optativas):
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o Que Deus o ajude.
que eu estava fazendo. • A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
mim o que eu estava fazendo. material amanhã. / Tu sabes cantar?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa verbo. A mesóclise é usada:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Quando o verbo estiver no futuro do presente ou
Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. futuro do pretérito, contanto que esses verbos não
– São Paulo: Saraiva, 2010. estejam precedidos de palavras que exijam a próclise.
LÍNGUA PORTUGUESA

AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Exemplos: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. evento em prol da paz no mundo.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Repare que o pronome está “no meio” do verbo
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira “realizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – alguma palavra que justificasse o uso da próclise, esta
São Paulo: Saraiva, 2002. prevaleceria. Veja: Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.

35
(com presença de palavra que justifique o uso de
próclise: Não fossem os meus compromissos, EU te #FicaDica
acompanharia nessa viagem).
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
significa “antes”! Pronome antes do verbo!
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
(end, em Inglês – que significa “fim, final!).
forem possíveis:
Pronome depois do verbo!
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
verbo
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
inicia período com pronome oblíquo). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Vou-me embora agora mesmo. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Levanto-me às 6h. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
• Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo Cochar - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
no concurso, mudo-me hoje mesmo! – São Paulo: Saraiva, 2010.
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
proposta fazendo-se de desentendida. SITE
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/
Colocação pronominal nas locuções verbais gramatica/colocacao-pronominal-.html>

• Após verbo no particípio = pronome depois do 9. SUBSTANTIVO


verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura! Substantivo é a classe gramatical de palavras
Eu tenho me deliciado com a leitura! variáveis, as quais denominam todos os seres que existem,
Eu me tenho deliciado com a leitura! sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
fenômenos, os substantivos também nomeiam:
• lugares: Alemanha, Portugal
• Não convém usar hífen nos tempos compostos e
• sentimentos: amor, saudade
nas locuções verbais:
• estados: alegria, tristeza
Vamos nos unir!
• qualidades: honestidade, sinceridade
Iremos nos manifestar.
• ações: corrida, pescaria
• Quando há um fator para próclise nos tempos
Morfossintaxe do substantivo
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
preocupar”). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto
ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Emprego de o, a, os, as funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto
• Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
pronomes: o, a, os, as não se alteram. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais
Chame-o agora. e de adjuntos adverbiais - quando essas funções são
Deixei-a mais tranquila. desempenhadas por grupos de palavras.

• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes Classificação dos Substantivos


finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. A) Substantivos Comuns e Próprios
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
• Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, Observe a definição:
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
no, na, nos, nas. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Chamem-no agora.
LÍNGUA PORTUGUESA

casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,


Põe-na sobre a mesa. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
cidade (em oposição aos bairros).

Qualquer “povoação maior que vila, com muitas


casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será
chamada cidade. Isso significa que a palavra cidade é um
substantivo comum.

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Substantivo Comum é aquele que designa os seres de arquipélago ilhas
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
homem, mulher, país, cachorro. banda músicos
Estamos voando para Barcelona. desordeiros ou
bando
malfeitores
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
banca examinadores
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de batalhão soldados
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. cardume peixes
B) Substantivos Concretos e Abstratos caravana viajantes peregrinos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa cacho frutas
o ser que existe, independentemente de outros
cancioneiro canções, poesias líricas
seres.
colmeia abelhas
Observação: concílio bispos
Os substantivos concretos designam seres do mundo
real e do mundo imaginário. congresso parlamentares, cientistas
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, atores de uma peça ou
elenco
Brasília. filme
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, esquadra navios de guerra
fantasma.
enxoval roupas
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres falange soldados, anjos
que dependem de outros para se manifestarem ou
fauna animais de uma região
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si
só, não pode ser observada. Só podemos observar feixe lenha, capim
a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. A flora vegetais de uma região
beleza depende de outro ser para se manifestar.
frota navios mercantes, ônibus
Portanto, a palavra beleza é um substantivo
abstrato. girândola fogos de artifício
Os substantivos abstratos designam estados, horda bandidos, invasores
qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais
podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: médicos, bois, credores,
junta
vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade examinadores
(sentimento). júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
• Substantivos Coletivos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, leva presos, recrutas
outra abelha, mais outra abelha. malfeitores ou
malta
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. desordeiros
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. manada búfalos, bois, elefantes,
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi matilha cães de raça
necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra molho chaves, verduras
abelha, mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram- multidão pessoas em geral
se duas palavras no plural. No terceiro, empregou-se
um substantivo no singular (enxame) para designar um insetos (gafanhotos,
nuvem
conjunto de seres da mesma espécie (abelhas). mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de
seres da mesma espécie. quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas


assembleia pessoas reunidas peças teatrais, obras
repertório
alcateia lobos musicais
acervo livros réstia alhos ou cebolas
trechos literários romanceiro poesias narrativas
antologia
selecionados revoada pássaros

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sínodo párocos Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

talha lenha 1. Substantivos Biformes (= duas formas):


tropa muares, soldados apresentam uma forma para cada gênero: gato –
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito -
turma estudantes, trabalhadores
prefeita
vara porcos 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto
Formação dos Substantivos para o feminino. Classificam-se em:

A) Substantivos Simples e Compostos A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo


Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a se faz mediante a utilização das palavras “macho”
terra. e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
O substantivo chuva é formado por um único macho e o jacaré fêmea.
elemento ou radical. É um substantivo simples. B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
único elemento. o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
composto. a artista.

A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por Substantivos de origem grega terminados em ema
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija- ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
flor, passatempo. sintoma, o teorema.

B) Substantivos Primitivos e Derivados • Existem certos substantivos que, variando de gênero,


B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva variam em seu significado:
de nenhuma outra palavra da própria língua o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
portuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro)
derivado, pois se originou a partir da palavra limão. e a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina (cabeleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de
de outra palavra. aumento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética;
conclusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
Flexão dos substantivos
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
O substantivo é uma classe variável. A palavra é
variável quando sofre flexão (variação). A palavra menino,
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
por exemplo, pode sofrer variações para indicar:
- aluna.
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
• Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
meninão / Diminutivo: menininho ao masculino: freguês - freguesa
• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
A) Flexão de Gênero de três formas:
Gênero é um princípio puramente linguístico, não 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
devendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
respeito a todos os substantivos de nossa língua, quer se 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
refiram a seres animais providos de sexo, quer designem Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
apenas “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. sultana
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos • Substantivos terminados em -or:
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
estes títulos de filmes: troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
O velho e o mar
Um Natal inesquecível
LÍNGUA PORTUGUESA

• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:


Os reis da praia cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta
- poetisa / duque - duquesa / conde - condessa /
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: • Substantivos que formam o feminino trocando o -e
A história sem fim final por -a: elefante - elefanta
Uma cidade sem passado • Substantivos que têm radicais diferentes no
As tartarugas ninjas masculino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

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• Substantivos que formam o feminino de maneira Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
anteriores: czar – czarina, réu - ré maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
proclama, o pernoite, o púbis.
Formação do Feminino dos Substantivos
Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
Epicenos: libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
São geralmente masculinos os substantivos de origem
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma,
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
forma para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o
para designar os dois sexos. Esses substantivos são tracoma, o hematoma.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
palavras macho e fêmea. Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções,
A cobra macho picou o marinheiro. nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. /
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma
Londres imensa e triste.
Sobrecomuns: Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Entregue as crianças à natureza.
Gênero e Significação
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse Muitos substantivos têm uma significação no
caso, nem o artigo nem um possível adjetivo permitem masculino e outra no feminino. Observe:
identificar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
A criança chorona chamava-se João. movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
A criança chorona chamava-se Maria. frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
Outros substantivos sobrecomuns: proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma
boa criatura. (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
Marcela faleceu a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
Comuns de Dois Gêneros: a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. na administração da crisma e de outros sacramentos),
a crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? a cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma estepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. guia outras), a guia (documento, pena grande das asas
A distinção de gênero pode ser feita através da das aves), o grama (unidade de peso), a grama (relva),
análise do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor
substantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons
repórter francês - repórter francesa costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
A palavra personagem é usada indistintamente a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o
nos dois gêneros. Entre os escritores modernos nota- pala (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe,
se acentuada preferência pelo masculino: O menino anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora),
descobriu nas nuvens os personagens dos contos de o voga (remador), a voga (moda).
carochinha.
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Flexão de Número do Substantivo


O problema está nas mulheres de mais idade, que não Em português, há dois números gramaticais: o
aceitam a personagem. singular, que indica um ser ou um grupo de seres, e o
plural, que indica mais de um ser ou grupo de seres. A
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo característica do plural é o “s” final.
fotográfico Ana Belmonte.

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Plural dos Substantivos Simples O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). A) Flexionam-se os dois elementos, quando
Exceção: cânon - cânones. formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-
em “ns”: homem - homens. perfeitos
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
Atenção:
O plural de caráter é caracteres. B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
quando formados de:
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, alto-falantes
cônsul e cônsules. palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de recos
duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. quando formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
Observação: de-colônia e águas-de-colônia
A palavra réptil pode formar seu plural de duas substantivo + preposição oculta + substantivo =
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). cavalo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou
duas maneiras: o tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã,
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses peixe-espada - peixes-espada.
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam
invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
de três maneiras.
saca-rolhas
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos Casos Especiais

Observação: o louva-a-deus e os louva-a-deus


Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam o bem-te-vi e os bem-te-vis
dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião – o bem-me-quer e os bem-me-queres
anciões/anciães/anciãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.
charlatão – charlatões/charlatães corrimão –
corrimãos/corrimões Plural das Palavras Substantivadas
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/
vilões/vilães As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: no plural, as flexões próprias dos substantivos.
o látex - os látex. Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
Plural dos Substantivos Compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
LÍNGUA PORTUGUESA

A formação do plural dos substantivos compostos Observação:


depende da forma como são grafados, do tipo de Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
palavras que formam o composto e da relação que não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem seis e alguns dez.
hífen comportam-se como os substantivos simples:
aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/
pontapés, malmequer/malmequeres.

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Plural dos Diminutivos Fosso Fossos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” Imposto Impostos
final e acrescenta-se o sufixo diminutivo. Olho Olhos
Osso (ô) Ossos (ó)
pãe(s) + zinhos = pãezinhos Ovo Ovos
animai(s) + zinhos = animaizinhos Poço Poços
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Porto Portos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos Posto Postos
farói(s) + zinhos = faroizinhos Tijolo Tijolos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
flore(s) + zinhas = florezinhas
etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos Observação:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
molho (ó) = feixe (molho de lenha).
funi(s) + zinhos = funizinhos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
pé(s) + zinhos = pezinhos as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zitos = pezitos Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
Plural dos Nomes Próprios Personativos bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas com sentido de plural: Aqui morreu muito negro.
sempre que a terminação preste-se à flexão. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Os Napoleões também são derrotados. improvisadas.
As Raquéis e Esteres.
C) Flexão de Grau do Substantivo
Plural dos Substantivos Estrangeiros Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres.
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” Classifica-se em:
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho
shorts, os jazz. considerado normal. Por exemplo: casa
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os do ser. Classifica-se em:
chopes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os
garçons, os réquiens. Analítico = o substantivo é acompanhado de um
Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
joga. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. indicador de aumento. Por exemplo: casarão.

Plural com Mudança de Timbre 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho


do ser. Pode ser:
Certos substantivos formam o plural com mudança Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo
LÍNGUA PORTUGUESA

indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.


Singular Plural
Corpo (ô) Corpos (ó) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Esforço Esforços Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Fogo Fogos CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Forno Fornos Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.

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CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, amo, por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira tônico não cai no radical, mas sim na terminação verbal
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – (fora do radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
São Paulo: Saraiva, 2002.
Classificação dos Verbos
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ Classificam-se em:
secoes/morf/morf12.php>
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical
10. VERBO inalterado durante a conjugação e desinências
idênticas às de todos os verbos regulares da
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número, mesma conjugação. Por exemplo: comparemos os
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o verbos “cantar” e “falar”, conjugados no presente
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo do Modo Indicativo:
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno Canto Falo
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
Cantas Falas
Estrutura das Formas Verbais Canta Falas
Cantamos Falamos
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Cantais Falais
os seguintes elementos:

A) Radical: é a parte invariável, que expressa o


#FicaDica
significado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei;
fal-ava; fal-am. (radical fal-) Observe que, retirando os radicais, as
desinências modo-temporal e número-
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por com outro verbo e perceberá que se repetirá
exemplo: fala-r. São três as conjugações: o fato (desde que o verbo seja da primeira
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática conjugação e regular!). Faça com o verbo
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). “andar”, por exemplo. Substitua o radical
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que andar). Viu? Fácil!
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca
alterações no radical ou nas desinências: faço, fiz,
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que farei, fizesse.
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
número (singular ou plural): Observação:
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
(indica a 3.ª pessoa do plural.) para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais
alterações não caracterizam irregularidade, porque o
FIQUE ATENTO! fonema permanece inalterado.
O verbo pôr, assim como seus derivados
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª C) Defectivos: são aqueles que não apresentam
conjugação, pois a forma arcaica do verbo conjugação completa. Os principais são adequar,
pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver precaver, computar, reaver, abolir, falir.
desaparecido do infinitivo, revela-se em D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
algumas formas do verbo: põe, pões, e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
põem, etc. singular. Os principais verbos impessoais são:
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer,


Formas Rizotônicas e Arrizotônicas realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Existiam)
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
percebemos com facilidade que nas formas rizotônicas o Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
acento tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)

42
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
Faz invernos rigorosos na Europa. vejo. (Sujeito: que não a vejo)
Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia. F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou
mais formas equivalentes, geralmente no particípio,
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da em que, além das formas regulares terminadas em
natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
trovejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, (particípio irregular).
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular
impessoal, empregado em sentido figurado, deixa é empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser,
de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá ficar e estar. Observe:
conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu) Particípio Particípio
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) Infinitivo
Regular Irregular
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Aceitar Aceitado Aceito
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando Acender Acendido Aceso
tempo: Já passa das seis.
Anexar Anexado Anexo
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição Benzer Benzido Bento
“de”, indicando suficiência: Corrigir Corrigido Correto
Basta de tolices.
Dispersar Dispersado Disperso
Chega de promessas.
Eleger Elegido Eleito
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Envolver Envolvido Envolto
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
referência a sujeito expresso anteriormente (por Imprimir Imprimido Impresso
exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, Inserir Inserido Inserto
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, Limpar Limpado Limpo
tais verbos, pessoais.
Matar Matado Morto
7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente Misturar Misturado Misto
de “ser possível”. Por exemplo: Morrer Morrido Morto
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila? Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, Romper Rompido Roto
conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do
singular e do plural. São unipessoais os verbos Soltar Soltado Solto
constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os Suspender Suspendido Suspenso
que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
Tingir Tingido Tinto
miar, latir, piar).
Vagar Vagado Vago
Os verbos unipessoais podem ser usados como
verbos pessoais na linguagem figurada: Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o
Teu irmão amadureceu bastante. particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
O que é que aquela garota está cacarejando? dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

Principais verbos unipessoais: G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um


radical em sua conjugação. Existem apenas dois:
• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (sou, sois, fui) e ir (fui, ia, vades).
ser (preciso, necessário):
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação
dos tempos compostos e das locuções verbais.
LÍNGUA PORTUGUESA

bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover) O verbo principal (aquele que exprime a
É preciso que chova. (Sujeito: que chova) ideia fundamental, mais importante), quando
acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa
• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou
seguidos da conjunção que. particípio.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei
à Europa)

43
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Pret. mais-que- Fut. do


Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
LÍNGUA PORTUGUESA

seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

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ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
LÍNGUA PORTUGUESA

hajas houvesses houveres há hajas


haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

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HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a
reflexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de
reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e
respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com
LÍNGUA PORTUGUESA

os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

46
Há verbos que também são acompanhados Quando o gerúndio é vício de linguagem
de pronomes oblíquos átonos, mas que não são (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do
essencialmente pronominais - são os verbos reflexivos. gerúndio:
Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se 1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem futebol.
funções sintáticas. Por exemplo: 2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me
(objeto direto) – 1.ª pessoa do singular Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada,
pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
Modos Verbais momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. “verificarei” ou “vou verificar”.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu C) Particípio: quando não é empregado na formação
estudo para o concurso. dos tempos compostos, o particípio indica,
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: geralmente, o resultado de uma ação terminada,
Talvez eu estude amanhã. flexionando-se em gênero, número e grau. Por
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: exemplo: Terminados os exames, os candidatos
Estude, colega! saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem
Formas Nominais nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda pela turma.
formas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e
função de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta) (Ziraldo)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
Tempos Verbais
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por Tomando-se como referência o momento em que
exemplo: se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em
É preciso ler este livro. diversos tempos.
Era preciso ter lido este livro.
A) Tempos do Modo Indicativo
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do colégio.
singular, não apresenta desinências, assumindo a Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona- num momento anterior ao atual, mas que não foi
se da seguinte maneira: completamente terminado: Ele estudava as lições quando
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) foi interrompido.
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) num momento anterior ao atual e que foi totalmente
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) terminado: Ele estudou as lições ontem à noite.
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
adjetivo ou advérbio. Por exemplo: Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
LÍNGUA PORTUGUESA

Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
advérbio) atual: Ele estudará as lições amanhã.
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

47
B) Tempos do Modo Subjuntivo
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
No próximo final de semana, faço a prova!
faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S


cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

48
Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS


cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

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Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Imperativo Presente do


Indicativo Afirmativo Subjuntivo
Eu canto - Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
LÍNGUA PORTUGUESA

Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

50
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
Que eu cante -
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

• O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

• O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

Vozes do Verbo

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

51
Observação:
#FicaDica O agente não costuma vir expresso na voz passiva
sintética.
Não confundir o emprego reflexivo do verbo
com a noção de reciprocidade:
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
substancialmente o sentido da frase.

Formação da Voz Passiva O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)


Sujeito da Ativa objeto Direto
A voz passiva pode ser formada por dois processos:
analítico e sintético. A apostila foi comprada pelo concurseiro.
(Voz Passiva)
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte Sujeito da Passiva Agente da Passiva
maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
exemplo: o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo
os alunos pintarão a escola) tempo.
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) Os mestres têm constantemente aconselhado os
alunos.
Observações: Os alunos têm sido constantemente aconselhados
pelos mestres.
• O agente da passiva geralmente é acompanhado Eu o acompanharei.
da preposição por, mas pode ocorrer a construção Ele será acompanhado por mim.
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer-
cada de soldados. Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
• Pode acontecer de o agente da passiva não estar Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
• A variação temporal é indicada pelo verbo auxi- porque o sujeito não pode ser visto como agente,
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a paciente ou agente paciente.
transformação das frases seguintes:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
voz ativa) char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
indicativo)
SITE
Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) secoes/morf/morf54.php>

• Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-


sume o mesmo tempo e modo do verbo principal
da voz ativa. Observe a transformação da frase se- EXERCÍCIOS COMENTADOS
guinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) 1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) CESGRANRIO-2018)
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - O ano da esperança


ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos
exemplo: desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás
Abriram-se as inscrições para o concurso. do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações
Destruiu-se o velho prédio da escola. de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o
dinheiro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava,

52
com a consciência de que era uma doação. A situação 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR –
foi piorando. Os argumentos também. No início era para CESGRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-
pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós padrão da língua portuguesa, o pronome destacado foi
doentes. Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. utilizado na posição correta em:
Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente.
Mas que sofreu um acidente e não tinha como pagar a a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se
fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas para combater a disseminação de notícias falsas nas
internações, remédios. A situação piorando, eu já estava redes sociais.
encomendando missa de sétimo dia. Falei com um amigo b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos,
médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso sempre deve-se ter em mente que o problema de
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para divulgação de notícias falsas é grave e muito atual.
a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se
consultava ou eu não ajudava mais. um sentimento generalizado de reprovação à prática
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita de divulgação de inverdades.
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter Alemanha não aplica-se aos sites e redes sociais com
caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o menos de 2 milhões de membros.
emprego após o suposto acidente. Foi por isso que me e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais
deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde eficaz para que adote-se a conduta correta em relação
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As à reputação das celebridades.
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. Resposta: Letra C
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão surgir. mobilizam-se = se mobilizam
Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova boatos, sempre deve-se = sempre se deve
consciência para votar. Como? Num mundo em que as Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet,
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites constata-se um sentimento = correta
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. na Alemanha não aplica-se = não se aplica
Já inventaram casos de amor, tramas nas novelas que Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo
escrevo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por mais eficaz para que adote-se = que se adote
que isso ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei
a trama. Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era 3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO –
mentira da internet. ARQUITETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se
Duvidam. Acham que estou mentindo. substituíssemos os complementos dos verbos abaixo por
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, p.97. pronomes pessoais oblíquos enclíticos, a única forma
Adaptado. INADEQUADA seria:

No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação a) impregna a vida cotidiana / impregna-a;


do pronome átono em destaque está de acordo com a b) entender os debates / entendê-los;
norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre c) ganha destaque / ganha-o;
em: d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
e) marcaram sua história / marcaram-na.
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
b) Perderia-se o dinheiro e o amigo. Resposta: Letra D
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se. Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a =
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo. correta
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz. Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta
Resposta: Letra A Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = supõe-
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o no
pronome = próclise) Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta
Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito:
LÍNGUA PORTUGUESA

perder-se-ia (mesóclise) 4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –


Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e
tinham se perdido a colocação pronominal, a expressão em destaque no
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com trecho – ... que cercam o sentido da existência humana...
pronome oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se) – está corretamente substituída pelo pronome, de
Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na
pronome (próclise): que se perdeu alternativa:

53
a) ... que cercam-lo... 7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO
b) ... que cercam-no... ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO
c)... que o cercam... TRABALHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui
d) ... que lhe cercam... chegando à constatação de que todo perfil de rede
e) ... que cercam-lhe... social é um retrato ideal de nós mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra
Resposta: Letra C alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
Correções à frente: substituído por:
Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
o cercam) a) ademais.
Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está b) conquanto.
correta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a c) porquanto.
sua presença, teremos próclise, não ênclise) d) entretanto.
Em “c”: que o cercam = correta e) apesar.
Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto = Resposta: Letra D
a ele/ela) Contudo é uma conjunção adversativa (expressa
Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam oposição). A substituição deve utilizar outra de mesma
classificação, para que se mantenha a ideia do período.
5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) A correta é entretanto.
Considerando apenas as regras de regência e de colocação
pronominal da norma-padrão da língua portuguesa, a 8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO -
expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam que ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016)
raramente ou nunca têm informações sobre o impacto ... para quem Manoel de Barros era comparável a São
Francisco de Assis...
ambiental do produto ou do comportamento da empresa.
– pode ser corretamente substituída por
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
frase acima está em:
a) ... nunca informam-se sob o impacto...
b)... nunca se informam o impacto...
a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
c) ... nunca informam-se ao impacto...
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no
d) ... nunca se informam do impacto...
espaço...
e)... nunca informam-se no impacto... c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
Charles Baudelaire.
Resposta: Letra D d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de
Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome, Barros na literatura...
teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Agora e) ... para depois casá-las...
vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre
algo = precisa de preposição. A alternativa que tem Resposta: Letra A
preposição presente é a D (do = de+o). Teremos: “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do
nunca se informam do impacto. Indicativo. Procuremos nos itens:
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do
– VUNESP-2013) Considerando a substituição da Indicativo
expressão em destaque por um pronome e as normas da Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito
colocação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça do Indicativo
… – equivale, na norma-padrão da língua, a: Em “d”, Quase meio século separa = presente do
a) que abrem-a. Indicativo
b) que abrem-na. Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar elas)
c) que a abrem.
d) que lhe abrem. 9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC-
e) que abrem-lhe. 2016)
Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
Resposta: Letra C O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo, sublinhado acima está também sublinhado em:
então teremos que + pronome. Resta-nos identificar
LÍNGUA PORTUGUESA

se o pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe). a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as
Voltemos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre amas...
o quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
a abrem. c) ... país que transformou a infância numa bilionária
indústria de consumo...
d) E, mesmo que se esforcem muito...
e) Hoje há algo novo nesse cenário.

54
Resposta: Letra D e) É o que mostra também uma pesquisa recente
que nos ajude = presente do Subjuntivo conduzida pela empresa de segurança digital
Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo Kaspersky...
Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e
também mais-que-perfeito) do Indicativo Resposta: Letra D
Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo
Indicativo (expressam ordem). Vamos aos itens:
Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos
Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do fazem = presente do Indicativo
Indicativo Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do
Indicativo
10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC- Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo = presente do Indicativo
com a norma culta na seguinte frase: Em “d”, Pense rápido: = Imperativo
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa =
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento presente do Indicativo
não poderia receber qualquer tipo de retificação.
b) Os documentos com assinatura digital disporam de 12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
algoritmos de criptografia que os protegeram. VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a palavra
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos
contar com a proteção de uma assinatura digital. (palavra que qualifica um substantivo).
d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
fado deve saber que comprometerá sua integridade. a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem eutanásia...
comprometer a integridade dos documentos. b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
Resposta: Letra E a morte.
Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
autenticidade, o documento não poderia receber e) E como seria a verdadeira boa morte?
qualquer tipo de retificação.
Em “b”, Os documentos com assinatura digital Resposta: Letra E
disporam (dispuseram) de algoritmos de criptografia Em “a”, Existe grande confusão = substantivo
que os protegeram. Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos morte = pronome
poderam (puderam) contar com a proteção de uma Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando
assinatura digital. distanciar a morte = substantivo
Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
um documento criptografado deve saber que Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? =
comprometerá sua integridade. adjetivo
Em “e”, Não é possível fazer as alterações que
convierem sem comprometer a integridade dos 13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
documentos = correta DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
– SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
as seguintes frases:
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem


com que o cérebro humano não considere útil gravar
LÍNGUA PORTUGUESA

esses dados...
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
número de informações.
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele...
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm (acesso:
que morou quando era criança? 03/03/2010)

55
A palavra “oposição”, da charge, é classificada Não me esqueço da viagem a Roma.
morfologicamente como: Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos
jamais vividos.
a) Substantivo concreto. Nas situações em que o nome geográfico se
b) Substantivo abstrato. apresentar modificado por um adjunto adnominal, a
c) Substantivo coletivo. crase está confirmada.
d) Substantivo próprio. Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
e) Adjetivo. praias.

Resposta: Letra B
O termo “oposição” é classificado – morfologicamente #FicaDica
– como substantivo abstrato, pois não existe por si só
– depende de outro ser para “se concretizar”. Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)

A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais


idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” Quando o nome de lugar estiver especificado,
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente ocorrerá crase. Veja:
aos pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
aquilo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
qual (as quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se Irei à Salvador de Jorge Amado.
demarcada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
àquilo, à qual, às quais. aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
O uso do acento indicativo de crase está condicionado regente exigir complemento regido da preposição “a”.
aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e Entregamos a encomenda àquela menina.
nominal, mais precisamente ao termo regente e termo (preposição + pronome demonstrativo)
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o Iremos àquela reunião.
termo regido é aquele que completa o sentido do termo (preposição + pronome demonstrativo)
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
contratada recentemente. criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Após a junção da preposição com o artigo (destacados (preposição + pronome demonstrativo)
entre parênteses), temos:
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela A letra “a” que acompanha locuções femininas
contratada recentemente. (adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, acento grave:
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre  locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
nos referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da pressas, à vontade...
preposição a + o artigo feminino (à) e com o artigo  locuções prepositivas: à frente, à espera de, à
feminino a + o pronome demonstrativo aquela (àquela). procura de...
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
Observações importantes: que.
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: Cuidado: quando as expressões acima não exercerem
 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a Eu adoro a noite!
crase está confirmada.
Os dados foram solicitados à diretora. Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
Os dados foram solicitados ao diretor. objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
preposição.
 No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
LÍNGUA PORTUGUESA

se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte Casos passíveis de nota:
na expressão “voltar da”, há a confirmação da
crase.  A crase é facultativa diante de nomes próprios
femininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Faremos uma visita à Bahia.  Também é facultativa diante de pronomes
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase possessivos femininos: O diretor fez referência a
confirmada) (à) sua empresa.

56
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja Os livros foram entregues a mim.
ficará aberta até as (às) dezoito horas. Dei a ela a merecida recompensa.
 Constata-se o uso da crase se as locuções
prepositivas à moda de, à maneira de  Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
apresentarem-se implícitas, mesmo diante de à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
nomes masculinos: Tenho compulsão por comprar uso da crase está confirmado no “a” que os antecede,
sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV) no caso de o termo regente exigir a preposição.
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,  Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
observamos a queima de fogos a distância. em sentido genérico ou indeterminado:
Estamos sujeitos a críticas.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos Refiro-me a conversas paralelas.
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O
pedestre foi arremessado à distância de cem metros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
-, faz-se necessário o emprego da crase. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ensino à distância. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto
Ensino a distância. Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
 Em locuções adverbiais formadas por palavras Paulo: Saraiva, 2010.
repetidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor. SITE
Eu o seguirei passo a passo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-
crase-.html
Casos em que não se admite o emprego da crase:

Antes de vocábulos masculinos. EXERCÍCIOS COMENTADOS


As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.
1. (TCE-PA - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 18,
19, 37 e 38 – Cespe-2016)
Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar.
Texto CB1A1BBB
Começou a chover.
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas
Antes de numeral. com o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou
O número de aprovados chegou a cem. que estouraram o limite de gastos com pessoal fixado
Faremos uma visita a dez países. pela Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando
Observações: sua própria legislação destinada a assegurar, como
 Nos casos em que o numeral indicar horas – alegam, maior rigor na gestão de suas finanças. Querem
funcionando como uma locução adverbial feminina uma nova lei de responsabilidade fiscal para, segundo
– ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove argumentam, fortalecer a estrutura legal que protege o
horas. dinheiro público do mau uso por gestores irresponsáveis.
 Diante de numerais ordinais femininos a crase Examinando-se a situação financeira dos estados
está confirmada, visto que estes não podem ser que preparam sua versão da lei de responsabilidade
empregados sem o artigo: As saudações foram fiscal, fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio
direcionadas à primeira aluna da classe. de 2000, quando entrou em vigor a LRF, esses estados,
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando como os demais, estão sujeitos a regras precisas para a
essa não se apresentar determinada: Chegamos gestão do dinheiro público, para a criação de despesas
todos exaustos a casa. e, em particular, para os gastos com pessoal. Por que,
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto tendo descumprido algumas dessas regras, estariam
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos interessados em torná-las ainda mais rigorosas?
exaustos à casa de Marcela. Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a
essa indicar chão firme: Quando os navegantes cumpriram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais
LÍNGUA PORTUGUESA

regressaram a terra, já era noite. rigorosa, se nem nas condições atuais esses responsáveis
Contudo, se o termo estiver precedido por um estão sendo capazes de cumpri-la? O problema não está
determinante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. na lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la
Paulo viajou rumo à sua terra natal. mais rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade
O astronauta voltou à Terra. que a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade
do setor público de adaptar suas despesas às receitas em
 Não ocorre crase antes de pronomes que requerem queda por causa da crise.
o uso do artigo. Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações).

57
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da 4. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário –
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de- CESPE/2014 - adaptada) No trecho “deu início à sua
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. caminhada cósmica”, o emprego do acento grave
indicativo de crase é obrigatório.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo.
Texto: O verdadeiro problema é a dificuldade do setor Resposta: Errado
público de adaptar suas despesas às receitas em queda “deu início à sua caminhada cósmica” – o uso do
por causa da crise = quem adapta, adapta algo/alguém acento indicativo de crase, neste caso, é facultativo
A algo/alguém. (antes de pronome possessivo).

2. (FNDE – Técnico em Financiamento e Execução de 5. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDITOR


Programas e Projetos Educacionais – CESPE/2012) DE CONTROLE EXTERNO – ÁREA ADMINISTRATIVA –
O emprego do sinal indicativo de crase em “adequando CESPE – 2016)
os objetivos às necessidades” justifica-se pela regência
do verbo adequar, que exige complemento regido Texto CB1A1BBB
pela preposição “a”, e pela presença de artigo definido
feminino antes de “necessidades”. Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou
( ) CERTO ( ) ERRADO que estouraram o limite de gastos com pessoal fixado
pela Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei
Resposta: Certo. de Responsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando
Adequar o quê? – os objetivos (objeto direto) – adequar sua própria legislação destinada a assegurar, como
o quê a quê? – a + as (=às) necessidades – objeto alegam, maior rigor na gestão de suas finanças. Querem
indireto. A explicação do enunciado está correta. uma nova lei de responsabilidade fiscal para, segundo
argumentam, fortalecer a estrutura legal que protege o
3. (EMPLASA/SP – Analista Jurídico – Direito – VU- dinheiro público do mau uso por gestores irresponsáveis.
NESP/2014) Examinando-se a situação financeira dos estados que
A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de traba- preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
lho para proceder _____ medidas necessárias _____ exuma- fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de
ção dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, se- 2000, quando entrou em vigor a LRF, esses estados,
pultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de como os demais, estão sujeitos a regras precisas para a
Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente mor-
gestão do dinheiro público, para a criação de despesas
reu de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada
e, em particular, para os gastos com pessoal. Por que,
cardíaca – que tem sido a versão considerada oficial até
tendo descumprido algumas dessas regras, estariam
hoje –, ou se sua morte se deve ______ envenenamento.
interessados em torná-las ainda mais rigorosas?
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,governo-cria-
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
grupo-exumar--restos-mortais-de- jango,1094178,0.htm 07.
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a
11.2013. Adaptado)
cumpriram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as rigorosa, se nem nas condições atuais esses responsáveis
lacunas da frase devem ser completadas, correta e estão sendo capazes de cumpri-la? O problema não está
respectivamente, por na lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la
mais rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade
A. a ... à ... a ... a que a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade
B. as ... à ... a ... à do setor público de adaptar suas despesas às receitas em
C. às ... a ... à ... a queda por causa da crise.
D. à ... à ... à ... a Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações).
E. a ... a ... a ... à
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre
Resposta: Letra A da regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo
A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de definido feminino determinando o substantivo “receitas”.
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural,
generalizando) necessárias à (regência nominal pede ( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

preposição) exumação dos restos mortais do ex-


presidente João Goulart, sepultado em São Borja Resposta: Certo.
(RS), em 1976. Com a exumação de Jango, o governo Texto: O verdadeiro problema é a dificuldade do setor
visa esclarecer se o ex-presidente morreu de causas público de adaptar suas despesas às receitas em
naturais, ou seja, devido a uma (artigo indefinido) queda por causa da crise = quem adapta, adapta algo/
parada cardíaca – que tem sido a versão considerada alguém A algo/alguém.
oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a (regência
verbal) envenenamento. A / à / a / a

58
6. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO –
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE –2016) SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO

Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste,


onde moram cerca de cem pessoas cuja principal forma Frase, oração e período
de renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das
líderes que lutam pelos direitos daquela comunidade. 1. Sintaxe da Oração e do Período
Vinda do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em
2002 e conheceu o trabalho da Defensoria Pública por Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
meio do projeto Monitoramento da Política Nacional estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
para a População em Situação de Rua, tendo seu primeiro dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
contato com a defensoria ocorrido quando ela precisou toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
de novos documentos para substituir os que haviam sido jou muito ontem à noite.
perdidos no período em que esteve nas ruas. Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública. nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
“Nós chegamos de forma humanizada até essas pessoas elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos partir de seu sentido global:
garantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
consigam se beneficiar de outras políticas públicas”, formula uma pergunta: Que dia é hoje?
explica a coordenadora do Departamento de Atividade B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
Psicossocial. faz um pedido: Dê-me uma luz!
A mais recente visita de participantes de outro projeto, C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
o Atenção à População de Rua do Assentamento tado afetivo: Que dia abençoado!
Noroeste, levou respostas às demandas solicitadas pelos D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
moradores. O foco foram soluções e retornos de casos prova será amanhã.
como o de um morador que tem problemas com a justiça
e que está sendo assistido por um defensor público e o Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
de uma senhora que estava internada em um hospital (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
público e conseguiu uma cirurgia por meio dos serviços sujeito e predicado.
da defensoria. O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
demanda a solicitação de registro civil. “As certidões algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
de nascimento figuram entre as demandas porque parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
essas pessoas não as conseguiram por outros serviços, vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
e a defensoria teve que intervir. Nós entramos para constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
solucionar problemas: vamos até as ruas para informar Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
sobre o trabalho da defensoria, para que seus direitos indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
sejam garantidos”, afirma a coordenadora. significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações). estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
No trecho “respostas às demandas”, o emprego do do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
sinal indicativo de crase justifica-se pela regência de ligação):
do substantivo “respostas”, que exige complemento O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
antecedido da preposição a, e pela presença de artigo (predicado verbal)
feminino plural que determina “demandas”. A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
cleo é “fácil” (predicado nominal)
( ) CERTO ( ) ERRADO Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
Resposta: Certo. tido completo. O período pode ser simples ou composto.
No trecho “respostas às demandas”, o emprego do
sinal indicativo de crase justifica-se pela regência Período simples é aquele constituído por apenas
do substantivo “respostas”, que exige complemento uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
antecedido da preposição a, e pela presença de artigo Chove.
feminino plural que determina “demandas”.
LÍNGUA PORTUGUESA

A existência é frágil.
Não há o que explicar! A afirmação faz isso! Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.

Período composto é aquele constituído por duas ou


mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.

59
1.1. Termos da Oração Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1.1 Termos essenciais Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
O sujeito e o predicado são considerados termos es- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis pronomes não estejam explícitos.
para a formação das orações. No entanto, existem ora- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que to na desinência verbal “-mos”
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
mo que estabelece concordância com o verbo. sinência verbal “-ais”
O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados. Mas:
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
no singular: candidato = está). refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
A função do sujeito é basicamente desempenhada contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
por substantivos, o que a torna uma função substantiva Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- nado de duas maneiras:
quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
pria) também podem exercer a função de sujeito. A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
tantivo) Bateram à porta;
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
plo: substantivo) nistro.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo ou composto:
do sujeito. Os meninos bateram à porta. (simples)
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Um sujeito é determinado quando é facilmente
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
nado pode ser simples ou composto. cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
ca dos verbos que não apresentam complemento
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é direto:
possível identificar claramente a que se refere a concor- Precisa-se de mentes criativas.
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não Vivia-se bem naqueles tempos.
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Trata-se de casos delicados.
Estão gritando seu nome lá fora. Sempre se está sujeito a erros.
Trabalha-se demais neste lugar.
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- de indeterminação do sujeito.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
Nós estudaremos juntos. mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
A humanidade é frágil. pais casos de orações sem sujeito com:
Ninguém se move.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) Amanheceu.
As crianças precisam de alimentos saudáveis. Está trovejando.

O sujeito composto é o sujeito determinado que  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
apresenta mais de um núcleo. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
Alimentos e roupas custam caro. tempo em geral:
Ela e eu sabemos o conteúdo. Está tarde.
LÍNGUA PORTUGUESA

O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. Já são dez horas.
Faz frio nesta época do ano.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a Há muitos concursos com inscrições abertas.
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
pela desinência verbal ou pelo contexto. orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia

60
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como o termo a que se refere.
objeto direto. O dia amanheceu ensolarado;
As questões estavam fáceis! As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito simples = as questões No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Predicado = estavam fáceis duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
Sujeito = uma ideia estranha um verbal e outro nominal.
Predicado = passou-me pelo pensamento O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
siderar também se as palavras que formam o predicado 1.2 Termos integrantes da oração
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
oração. Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres complemento nominal são chamados termos integrantes
de opinião.
da oração.
Predicado
Os complementos verbais integram o sentido dos
O predicado acima apresenta apenas uma palavra
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
ligam direta ou indiretamente ao verbo.
plementos diretamente, sem a presença de preposição,
A cidade está deserta.
ou indiretamente, por intermédio de preposição.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
mente ao verbo.
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
Houve muita confusão na partida final.
predicativo do sujeito).
Queremos sua ajuda.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
O objeto direto preposicionado ocorre principal-
significativo um verbo:
mente:
Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje!
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
Compraste a apostila?
muns referentes a pessoas:
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
na-se: objeto direto preposicionado)
processos.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
O predicado nominal é aquele que tem como nú-
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
cansar a Vossa Senhoria.
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
prejudica a crise)
ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
LÍNGUA PORTUGUESA

Gosto de música popular brasileira.


do sujeito: Os dados parecem corretos.
Necessito de ajuda.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
1.2.1 Objeto Pleonástico
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
relacionadas.
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
um adjetivo ou substantivo.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o

61
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
ves Dias) valor na oração, em:
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas hu-
objeto pleonástico manas, permite-nos interpretar melhor nossa rela-
ção com o mundo.
Ao traidor, nada lhe devemos. B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
complemento nominal, que se liga ao nome que com- nho, tudo forma o carnaval.
pleta por intermédio de preposição: D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala- xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
vra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
Os termos acessórios recebem este nome por serem tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad- tantivadas esse papel na linguagem.
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca- João, venha comigo!
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da Traga-me doces, minha menina!
oração.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- 1.4 Períodos Compostos
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função 1.4.1 Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã volta- O período composto se caracteriza por possuir mais
rei a pé àquela velha praça. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
O adjunto adnominal é o termo acessório que de- oração)
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma Estou comprando um protetor solar, depois irei à
função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções ad- praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
jetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
oração. Também atuam como adjuntos adnominais os
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
ções).
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
entre as orações de um período composto: uma relação
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
de coordenação ou uma relação de subordinação.
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
Duas orações são coordenadas quando estão juntas
verbo.
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta deixou-a. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
adjunto adnominal) (Período Composto)
O poeta português deixou uma obra inacabada. Podemos dizer:
O poeta deixou-a inacabada. 1. Estou comprando um protetor solar.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo 2. Irei à praia.
do objeto)
Separando as duas, vemos que elas são independen-
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
LÍNGUA PORTUGUESA

tes. Tal período é classificado como Período Composto


substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se por Coordenação.
relaciona apenas ao substantivo. Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Sindéticas.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado.

62
A) Coordenadas Assindéticas A análise das orações continua sendo a mesma:
São orações coordenadas entre si e que não são li- “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a ora-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus- ção subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração
tapostas. subordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser).
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as
duas orações, desapareceu. As orações subordinadas
B) Coordenadas Sindéticas cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo,
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas gerúndio ou particípio) são chamadas de orações redu-
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção zidas ou implícitas (como no exemplo acima).
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin- Observação:
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e As orações reduzidas não são introduzidas por con-
explicativas. junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição.
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! A) Orações Subordinadas Substantivas
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam- tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção
bém, não só... como, assim... como. integrante (que, se).
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia. Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva
 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
suas principais conjunções são: mas, contudo, to- Temos medo de que não sejamos aprovados.
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, Oração Subordinada Substantiva
senão. Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
Li tudo, porém não entendi! bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: onde, como).
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
quer...quer; seja...seja. O garoto perguntou qual seu nome.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. Oração Subordinada Substantiva

 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: Não sabemos quando ele virá.


suas principais conjunções são: logo, portanto, por Oração Subordinada Substantiva
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
posto ao verbo). 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
Passei no concurso, portanto comemorarei! Substantivas
A situação é delicada; devemos, pois, agir.
Conforme a função que exerce no período, a oração
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: subordinada substantiva pode ser:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
saber, na verdade, pois (anteposto ao verbo). verbo da oração principal:
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- É fundamental o seu comparecimento à reunião.
mingo. Sujeito
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
É fundamental que você compareça à reunião.
1.4.2 Período Composto Por Subordinação Oração Principal Oração Subordinada Substan-
tiva Subjetiva
Quero que você seja aprovado!
Oração principal oração subordinada
Observe que na oração subordinada temos o verbo FIQUE ATENTO!
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu- Observe que a oração subordinada subs-
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida tantiva pode ser substituída pelo pronome
por conjunção. As orações subordinadas que apresen- “isso”. Assim, temos um período simples:
LÍNGUA PORTUGUESA

tam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do É fundamental isso ou Isso é fun-
modo do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são ini- damental.
ciadas por conjunção, chamam-se orações desenvolvi- Desta forma, a oração correspondente a
das ou explícitas. “isso” exercerá a função de sujeito.
Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado. Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
Oração Principal Oração Subordinada ção principal:

63
 Verbos de ligação + predicativo, em constru- Sentimos orgulho de seu comportamento.
ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Pa- Complemento Nominal
rece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa. Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
Sentimos orgulho disso.)
 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Oração Subordinada Substantiva
Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi Completiva Nominal
anunciado, Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. As orações subordinadas substantivas objetivas in-
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
 Verbos como: convir - cumprir - constar - admi- orações subordinadas substantivas completivas nomi-
rar - importar - ocorrer - acontecer nais integram o sentido de um nome. Para distinguir
Convém que não se atrase na entrevista. uma da outra, é necessário levar em conta o termo com-
Observação: plementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti- o complemento nominal: o primeiro complementa um
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa verbo; o segundo, um nome.
do singular.
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
do verbo da oração principal: do verbo ser.
Todos querem sua aprovação no concurso. Nosso desejo era sua desistência.
Objeto Direto Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo


Todos querem que você seja aprovado. (Todos era isso)
querem isso) Oração Subordinada Substantiva
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Predicativa
tiva Objetiva Direta
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter-
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- mo da oração principal.
tas (desenvolvidas) são iniciadas por: Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) Aposto
e “se”: A professora verificou se os alunos estavam Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
presentes. Oração subordinada
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às substantiva apositiva reduzida de infinitivo
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono (Fernanda tinha um grande sonho: isso)
do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. B) Orações Subordinadas Adjetivas
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição. le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Meu pai insiste em meu estudo. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Objeto Indireto Substantivo Adjetivo (Adjunto Ad-
nominal)
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai
insiste nisso) O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
Oração Subordinada Substantiva tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
Objetiva Indireta outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
Observação: papel:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na Esta foi uma redação que fez sucesso.
oração. Oração Principal Oração Subordinada
LÍNGUA PORTUGUESA

Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Adjetiva


Oração Subordinada Subs-
tantiva Objetiva Indireta Perceba que a conexão entre a oração subordinada
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
4. Completiva Nominal = completa um nome que feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
pertence à oração principal e também vem marcada por relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
preposição. nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa

64
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede Exemplo 2:
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun- O homem, que se considera racional, muitas vezes
ciona como sujeito). age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

FIQUE ATENTO! Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-


tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
Vale lembrar um recurso didático para reco- explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
nhecer o pronome relativo “que”: ele sem- ceito de “homem”.
pre pode ser substituído por: o qual - a qual
- os quais - as quais Saiba que:
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta A oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno da da oração principal por uma pausa que, na escrita,
o qual estuda. é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati-
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.

Quando são introduzidas por um pronome relativo e C) Orações Subordinadas Adverbiais


apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as Uma oração subordinada adverbial é aquela que
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol- exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad- ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre- desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
gerúndio ou particípio). duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. a introduz (assim como acontece com as coordenadas
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- sindéticas).
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- Oração Subordinada Adverbial
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
me relativo e seu verbo está no infinitivo. A oração em destaque agrega uma circunstância de
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
acessórios que indicam uma circunstância referente, via
Na relação que estabelecem com o termo que carac- de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar bial depende da exata compreensão da circunstância
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem que exprime.
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- Naquele momento, senti uma das maiores emoções
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de de minha vida.
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou minha vida.
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon-
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
-se subordinadas adjetivas explicativas. junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
Exemplo 1: oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
passava naquele momento. vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
No período acima, observe que a oração em desta- possível reduzi-la, obtendo-se:
LÍNGUA PORTUGUESA

que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração nha vida.
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
le momento. é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

65
Observação: está diretamente ligada ao contraste, à quebra de
A classificação das orações subordinadas adverbiais expectativa. Principal conjunção subordinativa con-
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun- cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção:
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela conquanto e as locuções ainda que, ainda quando,
oração. mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.
Só irei se ele for.
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver- A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
biais ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Compare agora com:
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada Irei mesmo que ele não vá.
àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
vo do que se declara na oração principal. Principal A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei
conjunção subordinativa causal: porque. Outras de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A ora-
conjunções e locuções causais: como (sempre in- ção destacada é, portanto, subordinada adverbial concessiva.
troduzido na oração anteposta à oração principal), Observe outros exemplos:
pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. Embora fizesse calor, levei agasalho.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
Já que você não vai, eu também não vou. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
A diferença entre a subordinada adverbial causal e
a sindética explicativa é que esta “explica” o fato que E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
aconteceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela comparativas estabelecem uma comparação com a
apresenta a “causa” do acontecimento expresso na ora- ação indicada pelo verbo da oração principal. Prin-
ção à qual ela se subordina. Repare: cipal conjunção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
1. Faltei à aula porque estava doente. Você age como criança. (age como uma criança age)
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) • geralmente há omissão do verbo.
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o F) Conformativa = indica ideia de conformidade,
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No ou seja, apresenta uma regra, um modelo adota-
exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que do para a execução do que se declara na oração
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de- principal. Principal conjunção subordinativa con-
pois seus olhos ficaram vermelhos. formativa: conforme. Outras conjunções confor-
mativas: como, consoante e segundo (todas com o
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- mesmo valor de conforme).
cia, é efeito do que se declara na oração principal. Fiz o bolo conforme ensina a receita.
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas direitos iguais.
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) se declara na oração principal. Principal conjunção
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
concretizando-os. finais: que, porque (= para que) e a locução con-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- juntiva para que.
zida de Infinitivo) Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
como necessário para a realização ou não de um H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que principal. Principal locução conjuntiva subordina-
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
na oração principal. ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
LÍNGUA PORTUGUESA

Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, (mais), quanto menos...(menos).


certamente o melhor time será campeão. À proporção que estudávamos mais questões acertá-
Caso você saia, convide-me. vamos.
À medida que lia mais culto ficava.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão

66
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
fato expresso na oração principal, podendo expri- ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
mir noções de simultaneidade, anterioridade ou do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma
posterioridade. Principal conjunção subordinativa vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizando
temporal: quando. Outras conjunções subordina- a informação, o que dará a entender que TODAS as pes-
tivas temporais: enquanto, mal e locuções conjun- soas não têm o nome do pai na certidão.
tivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes
que, depois que, sempre que, desde que, etc. 2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CARREI-
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. RA DE DIPLOMATA – CESPE – 2014 – ADAPTADA)
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma li-
teratura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho
3. Orações Reduzidas universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas.
Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista,
As orações subordinadas podem vir expressas como por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crô-
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas nica é um gênero menor.
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem co- “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo assim,
nectivo subordinativo que as introduza. ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto,
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da compo-
sença do conectivo) sição solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia. Principal-
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. mente porque elabora uma linguagem que fala de perto
É preciso estudar = oração subordinada substantiva ao nosso modo de ser mais natural. Na sua despretensão,
subjetiva reduzida de infinitivo humaniza; e esta humanização lhe permite, como com-
É preciso que se estude = oração subordinada subs- pensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa
tantiva subjetiva profundidade de significado e certo acabamento de for-
ma, que de repente podem fazer dela uma inesperada,
4. Orações Intercaladas embora discreta, candidata à perfeição.
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Paulo:
São orações independentes encaixadas na sequência do Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adaptações).
período, utilizadas para um esclarecimento, um aparte, uma
citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou travessões. As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “servir”
Nós – continuava o relator – já abordamos este as- (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indiretos.
sunto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Resposta: Errado.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. imagina uma literatura = transitivo direto
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
(transitivo direto e indireto)
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
pode servir de caminho = intransitivo
São Paulo: Saraiva, 2002.

SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
se-periodo-e-oracao
Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 – na terceira pessoa do plural, concordando com o seu
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times entra- sujeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
ram em campo em prol do programa “Pai Presente”, nos “apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
e número (plural) com o substantivo a que se refere:
LÍNGUA PORTUGUESA

jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha que


visa reduzir o número de pessoas que não possuem o nome concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
do pai em sua certidão de nascimento. (...) número e gênero se correspondem. A correspondência
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula ser verbal ou nominal.
porque tem natureza restritiva.

( ) CERTO ( ) ERRADO

67
1. Concordância Verbal “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com pronome pessoal.
seu sujeito. Quais de nós são / somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
1.1. Sujeito Simples - Regra Geral Vários de nós propuseram / propusemos sugestões
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo inovadoras.
em número e pessoa. Veja os exemplos:
Observação:
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h. Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”,
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo
e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
1.1.1. Casos Particulares Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver
no singular, o verbo ficará no singular.
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão Qual de nós é capaz?
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, Algum de vós fez isso.
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
parte de...) seguida de um substantivo ou pronome E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que
no plural, o verbo pode ficar no singular ou no indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo
plural. deve concordar com o substantivo.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram 85% dos entrevistados não aprovam a administração do
proposta. prefeito.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 1% do eleitorado aceita a mudança.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de 1% dos alunos faltaram à prova.
vândalos destruiu / destruíram o monumento.  Quando a expressão que indica porcentagem não
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
Observação:
com o número.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
25% querem a mudança.
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
1% conhece o assunto.
aos elementos que formam esse conjunto.
 Se o número percentual estiver determinado por artigo
B) Quando o sujeito é formado por expressão que
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles:
indica quantidade aproximada (cerca de, mais
Os 30% da produção de soja serão exportados.
de, menos de, perto de...) seguida de numeral e
substantivo, o verbo concorda com o substantivo. Esses 2% da prova serão questionados.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade. F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
Olimpíadas. singular.
Fui eu que paguei a conta.
Observação: Fomos nós que pintamos o muro.
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos que És tu que me fazes ver o sentido da vida.
exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais de um Sou eu quem faz a prova.
colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um ao outro) Não serão eles quem será aprovado.

C) Quando se trata de nomes que só existem no G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve
plural, a concordância deve ser feita levando-se assumir a forma plural.
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo no encantaram os poetas.
plural, o verbo deve ficar o plural. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades.  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
LÍNGUA PORTUGUESA

Alagoas impressiona pela beleza das praias. que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular:
As Minas Gerais são inesquecíveis. Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. Nem uma das que me escreveram mora aqui.

D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou  Quando “um dos que” vem entremeada de
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, substantivo, o verbo pode:
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou

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1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que passa a existir uma nova possibilidade de concor-
faça o mesmo). dância: em vez de concordar no plural com a tota-
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
poluídos (noção de que existem outros rios na cordância com o núcleo do sujeito mais próximo.
mesma condição). Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência.
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Compareceram todos os candidatos e o banca.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Compareceu o banca e todos os candidatos.
Vossa Excelência está cansado?
Vossas Excelências renunciarão? D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordância
é feita no plural. Observe:
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de Abraçaram-se vencedor e vencido.
acordo com o numeral. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Deu uma hora no relógio da sala.
Deram cinco horas no relógio da sala. 1.2.1. Casos Particulares
Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco.  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Observação: Descaso e desprezo marca seu comportamento.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, A coragem e o destemor fez dele um herói.
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
Soa quinze horas o relógio da matriz. dispostos em gradação, verbo no singular:
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segundo
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. me satisfaz.
São verbos impessoais: Haver no sentido de existir;
Fazer indicando tempo; Aqueles que indicam  Quando os núcleos do sujeito composto são unidos
fenômenos da natureza. Exemplos: por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de
Havia muitas garotas na festa. acordo com o valor semântico das conjunções:
Faz dois meses que não vejo meu pai. Drummond ou Bandeira representam a essência da
Chovia ontem à tarde. poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
1.2. Sujeito Composto Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
“adição”. Já em:
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- Juca ou Pedro será contratado.
bo, a concordância se faz no plural: Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.
Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Um ou outro compareceu à festa.
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da Nem um nem outro saiu do colégio.
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)  Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos
Segunda Pessoa do Plural (Vós) recebem um mesmo grau de importância e a palavra
Pais e filhos precisam respeitar-se. “com” tem sentido muito próximo ao de “e”.
Terceira Pessoa do Plural (Eles) O pai com o filho montaram o brinquedo.
LÍNGUA PORTUGUESA

O governador com o secretariado traçaram os planos


Observação: para o próximo semestre.
Quando o sujeito é composto, formado por um elemento O professor com o aluno questionaram as regras.
da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é possível
empregar o verbo na terceira pessoa do plural (eles): “Tu e Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “tomaríeis”. a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.

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O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre. #FicaDica
O professor com o aluno questionou as regras.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
te transformar a frase para a voz passiva. Se
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões
a frase construída for “compreensível”, esta-
“com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
remos diante de uma partícula apassivadora;
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se houvesse
se não, o “se” será índice de indeterminação.
uma inversão da ordem. Veja:
Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Precisa-se de funcionários qualificados.
“O governador traçou os planos para o próximo semestre
Tentemos a voz passiva:
com o secretariado.”
Funcionários qualificados são precisados (ou
“O professor questionou as regras com o aluno.”
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
Casos em que se usa o verbo no singular:
Agora:
Café com leite é uma delícia!
Vendem-se casas.
O frango com quiabo foi receita da vovó.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
Quando os núcleos do sujeito são unidos por
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
expressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Repare em meu destaque. Percebeu seme-
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o
lhança? Agora é só memorizar!)
verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Nordeste. O Verbo “Ser”
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
notícia.
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância
Quando os elementos de um sujeito composto são
pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
sujeito.
é feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
Quando o sujeito ou o predicativo for:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
na vida das pessoas. A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
SER concorda com a pessoa gramatical:
1.2.2 Outros Casos Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas.
O Verbo e a Palavra “SE” A esperança dos pais são eles, os filhos.
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal: B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
B) quando é partícula apassivadora. com o que estiver no plural:
Os livros são minha paixão!
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Minha paixão são os livros!
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na Quando o verbo SER indicar
terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.  horas e distâncias, concordará com a expressão
Confia-se em teses absurdas. numérica:
É uma hora.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha São quatro horas.
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e Daqui até a escola é um quilômetro / são dois
indiretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. quilômetros.
Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da
oração. Exemplos:  datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
Construiu-se um posto de saúde. estar expressa ou subentendida:
Construíram-se novos postos de saúde.
LÍNGUA PORTUGUESA

Aqui não se cometem equívocos Hoje é dia 26 de agosto.


Alugam-se casas. Hoje são 26 de agosto.

 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade


e for seguido de palavras ou expressões como
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:

70
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.  Adjetivo anteposto aos substantivos:
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. O adjetivo concorda em gênero e número com o
Duas semanas de férias é muito para mim. substantivo mais próximo.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
 Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) Encontramos caída a roupa e os prendedores.
for pronome pessoal do caso reto, com este Encontramos caído o prendedor e a roupa.
concordará o verbo.
No meu setor, eu sou a única mulher. Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
Aqui os adultos somos nós. parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Observação: Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo)
representados por pronomes pessoais, o verbo concorda  Adjetivo posposto aos substantivos:
com o pronome sujeito. O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
Eu não sou ela. ou com todos eles (assumindo a forma masculina
Ela não é eu. plural se houver substantivo feminino e masculino).
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
o verbo SER concordará com o predicativo. A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas. Observação:
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
O Verbo “Parecer” pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias: no plural masculino, que é o gênero predominante quando
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se há substantivos de gêneros diferentes.
flexiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o
desenho. adjetivo fica no singular ou plural.
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo A beleza e a inteligência feminina(s).
sofre flexão: O carro e o iate novo(s).
As crianças parece gostarem do desenho. C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho aas O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo
crianças) não for acompanhado de nenhum modificador:
Água é bom para saúde.
FIQUE ATENTO!
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinativo:
CER fica no singular. Por exemplo: As pare-
Esta água é boa para saúde.
des parece que têm ouvidos. (Parece que as
paredes têm ouvidos = oração subordinada
D) O adjetivo concorda em gênero e número com
substantiva subjetiva).
os pronomes pessoais a que se refere: Juliana
encontrou-as muito felizes.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
Concordância Nominal neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
DE + adjetivo, este último geralmente é usado
A concordância nominal se baseia na relação entre no masculino singular: Os jovens tinham algo de
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se misterioso.
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: função adjetiva e concorda normalmente com o
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um nome a que se refere:
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal. Cristina saiu só.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as Cristina e Débora saíram sós.
seguintes regras gerais:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “apenas”,
denunciavam o que sentia. tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: Eles só
desejam ganhar presentes.
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
essa flexão nos seguintes casos:

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Bastante - Caro - Barato - Longe
#FicaDica
Estas palavras são invariáveis quando funcionam como
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. advérbios. Concordam com o nome a que se referem
Se a frase ficar coerente com o primeiro, quando funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos,
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se ou numerais.
houver coerência com o segundo, função de As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
adjetivo, então varia: Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo (pronome adjetivo)
Ele está só descansando. (apenas descansan- Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
do) - advérbio As casas estão caras. (adjetivo)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula Achei barato este casaco. (advérbio)
depois de “só”, haverá, novamente, um ad- Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
jetivo:
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e Meio - Meia
descansando)
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
G) Quando um único substantivo é modificado por dois concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as meia porção de polentas.
construções: Quando empregada como advérbio permanece
 O substantivo permanece no singular e coloca-se invariável: A candidata está meio nervosa.
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
 O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo #FicaDica
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
portuguesa.
saberei que se trata de um advérbio, não de
adjetivo: “A candidata está um pouco nervo-
1. Casos Particulares
sa”.
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
permitido Alerta - Menos

 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se sempre invariáveis.
referem possuir sentido genérico (não vier precedido Os concurseiros estão sempre alerta.
de artigo). Não queira menos matéria!
É proibido entrada de crianças.
Em certos momentos, é necessário atenção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
No verão, melancia é bom. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto
É preciso cidadania. Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Não é permitido saída pelas portas laterais. Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
 Quando o sujeito destas expressões estiver Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
determinado por artigos, pronomes ou adjetivos, Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele. / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
É proibida a entrada de crianças.
Esta salada é ótima. SITE
A educação é necessária. http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php
São precisas várias medidas na educação.

Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -


Quite EXERCÍCIOS COMENTADOS

Estas palavras adjetivas concordam em gênero e 1. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMENTOS


número com o substantivo ou pronome a que se referem. BÁSICOS – CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL
LÍNGUA PORTUGUESA

Seguem anexas as documentações requeridas. MÉDIO – CESPE – 2017)


A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras. Texto CB3A2BBB
Seguem inclusos os papéis solicitados. O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
Estamos quites com nossos credores. estão na base das Constituições democráticas modernas.
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para
o reconhecimento e a efetiva proteção dos direitos

72
humanos em cada Estado e no sistema internacional. Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro-
Ao mesmo tempo, o processo de democratização do blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam
sistema internacional, que é o caminho obrigatório para então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa-
a busca do ideal da paz perpétua, não pode avançar mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo
sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra
proteção dos direitos humanos, acima de cada Estado. infelizmente já não me lembrava.
Direitos humanos, democracia e paz são três elementos Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal
fundamentais do mesmo movimento histórico: sem que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de
direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor
democracia; sem democracia, não existem as condições que se preza.
mínimas para a solução pacífica dos conflitos. Em outras Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, en-
palavras, a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os tenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um ti-
súditos se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos jolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com
alguns direitos fundamentais; haverá paz estável, uma que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no
paz que não tenha a guerra como alternativa, somente ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma for-
quando existirem cidadãos não mais apenas deste ou ma simples e correta de formular a proibição:
daquele Estado, mas do mundo. É proibido subir para depois descer.
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson É proibido subir no elevador com intenção de descer.
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações). É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan-
do ele estiver subindo.
Preservando-se a correção gramatical do texto Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo.
CB3A2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam Mais simples ainda:
ser substituídos, respectivamente, por Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo.
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que
a) não existe e não têm. Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a
b) não existe e inexiste. enunciação de algo que não quer dizer absolutamente
c) inexiste e não há. nada: Se quiser descer, não suba.
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: Record,
d) inexiste e não acontece.
1995, p. 137-140. (Com adaptações.)
e) não tem e não têm.
O trecho das linhas 5 e 6 pode ser reescrito, com corre-
Resposta: Letra C.
ção gramatical, da seguinte maneira: É expressamente
Busquemos o contexto:
proibido a utilização dos elevadores que tiverem subin-
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos,
do pelos funcionários que desejarem descer.
não há democracia = poderíamos substituir por “não
existe”, inexiste (verbo “haver” empregado com o (  ) CERTO  (  ) ERRADO
sentido de “existir”)
- sem democracia, não existem as condições mínimas Resposta: Errado.
para a solução pacífica dos conflitos = sentido de Quanto à correção gramatical haveria um erro, pois,
“existir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no devido à presença do artigo “a”, a forma correta de
plural, já que devemos concordar com “as condições escrever é: “É expressamente proibida a utilização...”
mínimas”. A única “troca” adequada seria o verbo
“haver” – que pode ser utilizado com o sentido de 3. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE
“existir”. Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos – 2010)
e protegidos, inexiste democracia; sem democracia,
não há as condições mínimas para a solução pacífica A Revolta da Vacina
dos conflitos.
O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, sanea-
2008) mento precário e foco de doenças como febre amarela,
varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam
Como nasce uma história questão de anunciar que não parariam no porto carioca
(fragmento) e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam às
dezenas de doenças infecciosas.
Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve Ao assumir a presidência da República, Francisco de Pau-
LÍNGUA PORTUGUESA

do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o la Rodrigues Alves instituiu como meta governamental o
que dizia a tabuleta no alto da porta. saneamento e reurbanização da capital da República. Para
— Sétimo — pedi. assumir a frente das reformas, nomeou Francisco Pereira
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção Passos para o governo municipal. Este, por sua vez, cha-
se fixou num aviso que dizia: mou os engenheiros Francisco Bicalho para a reforma do
É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi- porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Ro-
da, utilizarem os elevadores para descerem. drigues Alves nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para
o saneamento.

73
O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
com a derrubada de casarões e cortiços e o consequente rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
despejo de seus moradores. A população apelidou o mo- Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
vimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura de certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
grandes bulevares, largas e modernas avenidas com pré- O amigo das letras.
dios de cinco ou seis andares. Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses.
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou brigadas
sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, man- A oração introduzida pela preposição “por” remete a
dando remover o lixo e comprando ratos. Em seguida o alvo uma ação anterior ao estado descrito na oração “Esta-
foram os mosquitos transmissores da febre amarela. mos ansiosos”.
Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente,
foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A população, (  ) CERTO  (  ) ERRADO
humilhada pelo poder público autoritário e violento, não
acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família rejeita- Resposta: Errado.
vam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários Quem está ansioso está ansioso por algo (concordância
do governo. nominal), remete a uma ação posterior (estamos
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já ansiosos por ler a peça).
profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insufla-
do pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, en-
frentou as forças da polícia e do exército até ser reprimido PONTUAÇÃO
com violência. O episódio transformou, no período de 10
a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída cidade
do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram er- Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
guidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados. servem para compor a coesão e a coerência textual, além
Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.)
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
A população do Rio fez uma revolta por causa da vacina- pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
ção obrigatória, uma vez que já estava insatisfeita com o
depende, em certos momentos, da intenção do autor do
“bota-abaixo” e insufladas pela imprensa.
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
1. Principais funções dos sinais de pontuação
Resposta: Errado.
O termo “insufladas” deveria estar no singular, já que se
A) Ponto (.)
refere à “população”.
 Indica o término do discurso ou de parte dele,
4. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO encerrando o período.
SOCIAL – CESPE – 2016)  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia.
(Companhia). Se a palavra abreviada aparecer em
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- final de período, este não receberá outro ponto;
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. neste caso, o ponto de abreviatura marca, também,
Quis ler os jornais e pediu-os. o fim de período. Exemplo: Estudei português,
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- matemárica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
Comércio. ponto, assim como após o nome do autor de uma
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. citação:
Dizia o artigo: Haverá eleições em outubro
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.  Os números que identificam o ano não utilizam
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en- ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu- como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto. 17600-250.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão B) Ponto e Vírgula (;)
LÍNGUA PORTUGUESA

Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-


to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.  Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon- importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho;
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran- espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
de pasmo dos numerosos transeuntes.

74
 Separa partes de frases que já estão separadas Usa-se a vírgula:
por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor;
outros, montanhas, frio e cobertor. 1. Para marcar intercalação:
 Separa itens de uma enumeração, exposição de A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
motivos, decreto de lei, etc. abundância, vem caindo de preço.
Ir ao supermercado; B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos.
Pegar as crianças na escola; Estão produzindo, todavia, altas quantidades de
Caminhada na praia; alimentos.
Reunião com amigos. C) das expressões explicativas ou corretivas: As
indústrias não querem abrir mão de suas vantagens,
C) Dois pontos (:) isto é, não querem abrir mão dos lucros altos.
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
Coutinho trata este assunto: 2. Para marcar inversão:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: A) do adjunto adverbial (colocado no início da
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. oração): Depois das sete horas, todo o comércio está
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: de portas fechadas.
Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
vivendo a rotina de sempre. pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
 Em frases de estilo direto C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
3. Para separar entre si elementos coordenados
D) Ponto de Exclamação (!) (dispostos em enumeração):
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e
casar com você! animais.
 Depois de interjeições ou vocativos 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós
Ai! Que susto! queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
João! Há quanto tempo!
5. Para isolar:
E) Ponto de Interrogação (?) A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. brasileira, possui um trânsito caótico.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Azevedo)
Observações:
F) Reticências (...) Considerando-se que “etc.” é abreviatura da
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”,
lápis, canetas, cadernos... seria dispensável o emprego da vírgula antes dele.
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige
dizer... é verdad... Ah!” que empreguemos etc. predecido de vírgula: Falamos de
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este política, futebol, lazer, etc.
mal... pega doutor? As perguntas que denotam surpresa podem ter
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: combinados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Deixa, depois, o coração falar... Você falou isso para ela?!

G) Vírgula (,) Temos, ainda, sinais distintivos:


 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014),
Não se usa vírgula separação de siglas (IOF/UPC);
Separando termos que, do ponto de vista sintático,  os colchetes ([ ]) = usados em transcrições
ligam-se diretamente entre si: feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como
primeira opção aos parênteses, principalmente
1. Entre sujeito e predicado: na matemática;
Todos os alunos da sala foram advertidos.  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor
Sujeito predicado a uma nota de rodapé ou no fim do livro, para
LÍNGUA PORTUGUESA

substituir um nome que não se quer mencionar.


2. Entre o verbo e seus objetos:
O trabalho custou sacrifício aos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
realizadores. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto
V.T.D.I. O.D. O.I. Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

75
SITE 2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ PENITENCIÁRIA – CESPE – 2017)
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-
virgula.htm Texto 1A1AAA

Após o processo de redemocratização, com o fim da


ditadura militar, em meados da década de 80 do século
EXERCÍCIOS COMENTADOS passado, era de se esperar que a democratização das
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
1. ( STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O da cidadania — compreendida de modo amplo,
CARGO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA ) abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos
e sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
Texto CB1A1CCC mais desafios para a cidadania brasileira, como a violência
urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes desemprego — que ameaça os direitos sociais.
revelaram o lado mais sórdido da natureza humana. No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
Eram relatos de sofrimento, dor, angústia que se de 1980, impacto do processo de modernização pelo qual o
transportavam da cadeira das vítimas, testemunhas país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou
e réus para minha cadeira de juíza. A toga não me em circulação bens de alto valor e, consequentemente,
blindou daqueles relatos sofridos, aflitos. As angústias aumentou as oportunidades para o crime, inclusive porque
dos que se sentavam à minha frente, por diversas a maior mobilidade de pessoas torna o espaço social mais
vezes, me escoltaram até minha casa e passaram a ser anônimo, menos supervisionado.
companheiras de noites de insônia. Não havia outra Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez
solução a não ser escrever. Era preciso colocar no papel mais dissociada de justiça social e reconstrução da
sociedade. O objetivo em relação à criminalidade torna-
e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo ao
se bem menos ambicioso: o controle. A prisão ganha
fim do processo e com a sentença prolatada, não me
mais importância na modernidade tardia, porque
deixavam esquecê-las.
satisfaz uma dupla necessidade dessa nova cultura:
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães,
castigo e controle do risco. Essa postura às vezes
filhas, esposas, namoradas, companheiras, todas tendo
proporciona controle, porém não segurança, pois o
em comum a violência no corpo e na alma sofrida
Estado tem o poder limitado de manter a ordem por
dentro de casa. O lar, que deveria ser o lugar mais
meio da polícia, sendo necessário dividir as tarefas de
seguro para essas mulheres, havia se transformado no controle com organizações locais e com a comunidade.
pior dos mundos. Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública e
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se garantia dos direitos individuais: os desafios da polícia em sociedades
sentavam à minha frente, os relatos se transformavam democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São
em desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
justificar e muitas vezes se culpar por terem sido
agredidas. A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
permitido, a culpa por não ter sido boa o suficiente, a introduzem
culpa por não ter conseguido manter a família. Sempre
a culpa. a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma b) resultados da “consolidação da cidadania”.
força externa como se somente nós, juízes, promotores c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
e advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele algo “amplo”.
ciclo de violência, mas também lhes dar voz para reagir d) uma generalização do termo “direitos”.
àquela violência invisível. e) objetivos do “processo de redemocratização”.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além
das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações). Resposta: Letra A.
Em “a”, uma enumeração das “categorias de direitos”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o Em “b”, resultados da “consolidação da cidadania” =
sentido de “nós”. incorreta
Em “c”, um contra-argumento para a ideia de cidadania
( ) CERTO ( ) ERRADO como algo “amplo” = incorreta
Em “d”, uma generalização do termo “direitos” =
Resposta: Certo. incorreta
LÍNGUA PORTUGUESA

Ao trecho: (...) Aquelas mulheres chegavam à Justiça Em “e”, objetivos do “processo de redemocratização” =
buscando uma força externa como se somente nós, incorreta
juízes, promotores e advogados, pudéssemos não Recorramos ao texto (faça isso SEMPRE durante seu
apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os termos concurso. O texto é a base para encontrar as respostas
entre vírgulas servem para exemplificar quem são para as questões!): (...) abrangendo as três categorias
os “nós” citados pela autora (juízes, promotores, de direitos: civis, políticos e sociais = os dois-pontos
advogados). introduzem a enumeração dos direitos; apresenta-os.

76
3. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) A maioria dos trabalhadores se aposenta aos 62 anos. O
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes valor médio do benefício mensal é de US$ 750.
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cuidavam Mas o que garante uma aposentadoria tranquila não é
delas estrategicamente. Afinal, dotes de princesas foram apenas o seguro social, explica um especialista em pre-
negociados tendo livros como objetos de barganha; vidência. O norte-americano tem que ter suas próprias
tratados diplomáticos versaram sobre essas coleções. Os economias ou um fundo de pensão complementar.
monarcas portugueses, após o terremoto que dizimou Já na Inglaterra, se fosse uma trabalhadora qualquer, a
Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos destroços, terem rainha Elizabeth II, de 76 anos de idade, poderia estar
erguido uma grande biblioteca: a Real Livraria. D. José aposentada há 16 anos. Em um país onde os chefes de
chamava-a de joia maior do tesouro real. D. João VI, mesmo Estado costumam permanecer no trono até a morte, as
na correria da partida para o Brasil, não se esqueceu dos súditas têm o direito de se aposentar com 60 anos de
livros. Em três diferentes levas, a Real Biblioteca aportou vida. Os súditos, com 65 anos.
nos trópicos, e foi até mesmo tema de disputa. Funcionários públicos e trabalhadores comuns recebem
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br> (com 350 libras de pensão por mês, metade do salário mínimo
adaptações). na Inglaterra. Para ter direito a esse benefício, os britâni-
cos descontam em média 10% do que recebem.
O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após Além disso, todos são obrigados a pagar um plano de
“biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa. aposentadoria particular, para complementar a pensão
que o Estado garante. O desconto médio é de 8% sobre
( ) CERTO ( ) ERRADO os vencimentos. Assim fica assegurado um rendimento
de metade do salário da ativa.
Resposta: Certo. As vantagens da modernização do sistema todos os apo-
(...) terem erguido uma grande biblioteca: a Real Livraria sentados britânicos percebem. Quem não tem onde mo-
= os dois-pontos antecedem um termo explicativo. rar ganha casa do governo. Quando as pernas fraquejam,
a condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
4. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003) O lugar. E, se já não der mais para sair de casa, um assisten-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em seu discurso te social entrega comida na porta.
na reabertura do Congresso que o “vírus da inflação voltou Internet: <http://jornalnacional.globo.com/semana>. Acesso em
a ser uma ameaça real”. Em sua fala de 21 minutos aos 22 fev. 2003. (Com adaptações.)
senadores e deputados, o presidente alertou também para
a piora do cenário econômico internacional e afirmou que O sétimo parágrafo do texto pode ser reescrito da se-
o aperto fiscal de seu governo durará o “tempo necessário”. guinte forma, mantendo-se correta a pontuação: As van-
Segundo Lula, “teremos tempos difíceis pela frente. O tagens da modernização do sistema, todos os aposen-
mundo entrou em um período de maiores incertezas”. tados britânicos percebem: quem não tem onde morar,
Folha de S. Paulo, 18/2/2003, capa (Com adaptações.) ganha casa do governo; quando as pernas fraquejam, a
No texto, o uso de aspas serve para alertar o leitor de que condução da prefeitura leva os velhinhos para qualquer
as expressões destacadas têm duplo sentido. lugar; e, se já não der mais para sair de casa, um assistente
social entrega comida na porta.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
Resposta: Errado.
No texto, o uso de aspas serve para transcrever a fala Resposta: Certo.
do presidente, relatando o que realmente foi dito por As pontuações estão corretas.
ele O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em
seu discurso na reabertura do Congresso que o “vírus 6. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE
da inflação voltou a ser uma ameaça real”. – 2010)

5. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003) A Revolta da Vacina


Há 40 anos nos Estados Unidos da América (EUA), os
gaúchos Cláudio e Lourdes aposentaram-se pelo sistema O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século
de previdência norte-americano e recebem do governo o XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas, sanea-
chamado seguro social. Cláudio recebe US$ 900 por mês mento precário e foco de doenças como febre amarela,
varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam
e Lourdes, US$ 450, benefícios que garantem as necessi-
questão de anunciar que não parariam no porto carioca
dades básicas.
LÍNGUA PORTUGUESA

e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam às


Assim como o casal de brasileiros, 44 milhões de apo-
dezenas de doenças infecciosas.
sentados recebem um seguro social nos EUA. Para se
Ao assumir a presidência da República, Francisco de Pau-
aposentar, trabalhadores dos setores público e privado
la Rodrigues Alves instituiu como meta governamental o
seguem basicamente as mesmas regras. O benefício é
saneamento e reurbanização da capital da República. Para
calculado de acordo com a contribuição do trabalhador
assumir a frente das reformas, nomeou Francisco Pereira
ao longo da vida ativa. É preciso contribuir durante 35
Passos para o governo municipal. Este, por sua vez, cha-
anos, com 6,2% do salário. mou os engenheiros Francisco Bicalho para a reforma do

77
porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Ro- A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
drigues Alves nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para contentar.
o saneamento. A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, agrado ou prazer”, satisfazer.
com a derrubada de casarões e cortiços e o consequente Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
despejo de seus moradores. A população apelidou o mo- “agradar a alguém”.
vimento de o “bota-abaixo”. O objetivo era a abertura de
grandes bulevares, largas e modernas avenidas com pré- O conhecimento do uso adequado das preposições
dios de cinco ou seis andares. é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento verbal (e também nominal). As preposições são capazes
de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou briga- de modificar completamente o sentido daquilo que está
das sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, sendo dito.
mandando remover o lixo e comprando ratos. Em seguida Cheguei ao metrô.
o alvo foram os mosquitos transmissores da febre ama- Cheguei no metrô.
rela. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A população,
humilhada pelo poder público autoritário e violento, não A voluntária distribuía leite às crianças.
acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família rejeita- A voluntária distribuía leite com as crianças.
vam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
do governo. como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já (objeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insufla- direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
do pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, en- adverbial).
frentou as forças da polícia e do exército até ser reprimido Para estudar a regência verbal, agruparemos os
com violência. O episódio transformou, no período de 10 verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém,
a 16 de novembro de 1904, a recém-reconstruída cidade não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de
do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram er-
diferentes formas em frases distintas.
guidas barricadas e ocorreram confrontos generalizados.
Internet: <www.ccs.saude.gov.br>. (Com adaptações.)
A) Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
Mantém-se o sentido do texto e a correção gramatical
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
caso se retire a vírgula que vem logo depois de “Este”.
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos
Resposta: Errado.
Ao trecho: (...) nomeou Francisco Pereira Passos para adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições
o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os usadas para indicar destino ou direção são: a, para.
engenheiros Francisco Bicalho. “Este” se refere a Fui ao teatro.
Francisco Passos, o qual nomeou outros. O termo Adjunto Adverbial de Lugar
“por sua vez” serve para explicar o que será descrito
posteriormente, portanto deve estar entre vírgulas. Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar

Comparecer
REGÊNCIAS NOMINAL E VERBAL O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação último jogo.
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
(regência nominal) e seus complementos. B) Verbos Transitivos Diretos
Os verbos transitivos diretos são complementados
1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO por objetos diretos. Isso significa que não exigem
preposição para o estabelecimento da relação de
LÍNGUA PORTUGUESA

A regência verbal estuda a relação que se estabelece regência. Ao empregar esses verbos, lembre-se de que
entre os verbos e os termos que os complementam os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como objetos
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo,
(adjuntos adverbiais). Há verbos que admitem mais los, la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou
de uma regência, o que corresponde à diversidade -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas
de significados que estes verbos podem adquirir em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando
dependendo do contexto em que forem empregados. complementos verbais, objetos indiretos.

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São verbos transitivos diretos, dentre outros: Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, complementos introduzidos pela preposição “com”.
acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, Antipatizo com aquela apresentadora.
amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, Simpatizo com os que condenam os políticos que
convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, governam para uma minoria privilegiada.
ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer,
suportar, ver, visitar. D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar: Os verbos transitivos diretos e indiretos são
Amo aquele rapaz. / Amo-o. acompanhados de um objeto direto e um indireto.
Amo aquela moça. / Amo-a. Merecem destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar
Amam aquele rapaz. / Amam-no. e pagar. São verbos que apresentam objeto direto
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a
pessoas.
Observação:
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Agradeço aos ouvintes a audiência.
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Objeto Indireto Objeto Direto
adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Paguei o débito ao cobrador.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua Objeto Direto Objeto Indireto
carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
humor) com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
C) Verbos Transitivos Indiretos Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Os verbos transitivos indiretos são complementados Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
exigem uma preposição para o estabelecimento da Paguei minhas contas. / Paguei-as.
relação de regência. Os pronomes pessoais do caso Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir Informar
pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
objetos indiretos que não representam pessoas, usam- Informe os novos preços aos clientes.
se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os
ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. novos preços)
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Na utilização de pronomes como complementos, veja
Consistir - Tem complemento introduzido pela as construções:
preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos
direitos iguais para todos. preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus sobre eles)
complementos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Observação:
Eles desobedeceram às leis do trânsito. A mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Responder - Tem complemento introduzido pela
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para Comparar
indicar “a quem” ou “ao que” se responde. Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
Respondi ao meu patrão. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondemos às perguntas. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondeu-lhe à altura. uma criança.

Observação: Pedir
LÍNGUA PORTUGUESA

O verbo responder, apesar de transitivo indireto Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
passiva analítica: de pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas Pedi-lhe favores.
satisfatoriamente. Objeto Indireto Objeto Direto

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Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Assistir
Objeto Indireto Oração Subordinada Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar,
Substantiva Objetiva Direta prestar assistência a, auxiliar.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
A construção “pedir para”, muito comum na As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado
na língua culta. No entanto, é considerada correta Assistir é transitivo indireto no sentido de ver,
quando a palavra licença estiver subentendida. presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em Não assisti às últimas sessões.
casa. Essa lei assiste ao inquilino.

Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
uma oração subordinada adverbial final reduzida de intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). de lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos
numa conturbada cidade.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto Chamar
indireto introduzido pela preposição “a”: Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. solicitar a atenção ou a presença de.
Prefiro trem a ônibus. Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
chamá-la.
Observação: Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo predicativo preposicionado ou não.
prefixo existente no próprio verbo (pre). A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
Mudança de Transitividade - Mudança de A torcida chamou o jogador de mercenário.
Significado A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
transitividade, apresentam mudança de significado. O Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
conhecimento das diferentes regências desses verbos é Custar
um recurso linguístico muito importante, pois além de
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
permitir a correta interpretação de passagens escritas,
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
oferece possibilidades expressivas a quem fala ou
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
escreve. Dentre os principais, estão:
Agradar
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
carinhos, acariciar, fazer as vontades de.
reduzida de infinitivo.
Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes.
Muito custa viver tão longe da família.
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar Verbo Intransitivo Oração Subordinada
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
introduzido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes. Custou-me (a mim) crer nisso.
O cantor não lhes agradou. Objeto Indireto Oração Subordinada
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo
indireto: O cantor desagradou à plateia. A Gramática Normativa condena as construções que
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
Aspirar pessoa: Custei para entender o problema.
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar = Forma correta: Custou-me entender o problema.
(o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, Implicar
LÍNGUA PORTUGUESA

ter como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
(Aspirávamos a ele) A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é implicavam um firme propósito.
pessoa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” B) ter como consequência, trazer como consequência,
não são utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
“a ela(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência
melhor. (= Aspiravam a ela)

80
Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
econômicas.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.

Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.

Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São,
portanto, transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
LÍNGUA PORTUGUESA

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

81
Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição
“a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
completiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
LÍNGUA PORTUGUESA

Contíguo a Impróprio para Semelhante a


Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

82
Advérbios Seria mantida a correção do texto caso o trecho ‘para
Longe de Perto de que seus direitos sejam garantidos’ fosse reescrito da
seguinte forma: visando à garantia de seus direitos.
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir ( ) CERTO ( ) ERRADO
o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a. Resposta: Certo.
O verbo “visar” exige preposição, por isso o acento grave
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS indicativo de crase antes da palavra “garantia”. O trecho
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto manteria o sentido e estaria gramaticalmente correto.
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
São Paulo: Saraiva, 2010. 2. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA)
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria
Português: novas palavras: literatura, gramática, e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e cultu-
rais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências
SITE infligem considerável prejuízo às nações do mundo intei-
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php ro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os
cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos,
afetando homens e mulheres de diferentes grupos étni-
cos, independentemente de classe social e econômica ou
EXERCÍCIOS COMENTADOS mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos
efeitos adversos do uso indevido de drogas é a associação
1. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geral-
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016) mente de caráter transnacional — com a criminalidade e
a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e
Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, afetam a estrutura social e econômica interna, devendo o
onde moram cerca de cem pessoas cuja principal forma governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico
de renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das de drogas, articulando-se internamente e com a socieda-
líderes que lutam pelos direitos daquela comunidade. de, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de
Vinda do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em prevenção e repressão e garantir o envolvimento e a apro-
2002 e conheceu o trabalho da Defensoria Pública por vação dos cidadãos.
meio do projeto Monitoramento da Política Nacional Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.
para a População em Situação de Rua, tendo seu primeiro
contato com a defensoria ocorrido quando ela precisou Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em
de novos documentos para substituir os que haviam sido “com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do
perdidos no período em que esteve nas ruas. vocábulo “conexos”.
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população
que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública. ( ) CERTO ( ) ERRADO
“Nós chegamos de forma humanizada até essas pessoas
em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos Resposta: Errado.
garantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que Ao texto: (...) Questão de relevância na discussão dos efei-
consigam se beneficiar de outras políticas públicas”, explica tos adversos do uso indevido de drogas é a associação do
a coordenadora do Departamento de Atividade Psicossocial. tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geral-
A mais recente visita de participantes de outro projeto, o mente de caráter transnacional — com a criminalidade
Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste, e a violência.
levou respostas às demandas solicitadas pelos moradores. O termo está se referindo à associação – associação do
O foco foram soluções e retornos de casos como o de um tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalida-
morador que tem problemas com a justiça e que está sendo de (2) (associação daquilo [1] com isso [2])
assistido por um defensor público e o de uma senhora que
estava internada em um hospital público e conseguiu uma
cirurgia por meio dos serviços da defensoria.
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior
LÍNGUA PORTUGUESA

demanda a solicitação de registro civil. “As certidões


de nascimento figuram entre as demandas porque
essas pessoas não as conseguiram por outros serviços,
e a defensoria teve que intervir. Nós entramos para
solucionar problemas: vamos até as ruas para informar
sobre o trabalho da defensoria, para que seus direitos
sejam garantidos”, afirma a coordenadora.
Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações).

83
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).

 Parônimos = palavras com sentidos diferentes,


Semântica é o estudo da significação das palavras e porém de formas relativamente próximas. São palavras
das suas mudanças de significação através do tempo ou parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo
em determinada época. A maior importância está em de vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso
distinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e após o almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). para ocorrer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede
(substantivo e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede
Sinônimos (verbo), comprimento (medida) e cumprimento (saudação),
autuar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena)
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - e infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (divergir),
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender (conhecer)
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são e apreender (assimilar; apropriar-se de), tráfico (comércio
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara ilegal) e tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, (procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, superfície) e imergir (mergulhar, afundar).
em deteminado enunciado (aguadar e esperar).
Hiperonímia e Hiponímia
Observação:
A contribuição greco-latina é responsável pela Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; hiperônimo, mais abrangente.
transformação e metamorfose; oposição e antítese. O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipônimo,
criando, assim, uma relação de dependência semântica.
Antônimos Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperonímia
com carros, já que veículos é uma palavra de significado
São palavras que se opõem através de seu significado: genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; um hiperônimo de carros.
mal - bem. Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A
Observação: utilização correta dos hiperônimos, ao redigir um texto,
A antonímia pode se originar de um prefixo de sentido evita a repetição desnecessária de termos.
oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e
antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo Parônimos: São palavras parecidas na escrita e na
e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista; pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente,
simétrico e assimétrico. tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético
e séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição,
Homônimos e Parônimos infligir (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede
(vontade de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e
 Homônimos = palavras que possuem a mesma cumprimento, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir
grafia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar
Podem ser (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito grande:
soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e
diferentes na pronúncia: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
denuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo). CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar
- Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – São
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e Paulo: Saraiva, 2010.
diferentes na escrita: AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

acender (atear) e ascender (subir); concertar


(harmonizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
e sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
(palácio) e passo (andar).
SITE
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente Disponível em: <http://www.coladaweb.com/
(ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na portugues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-
pronúncia: paronimos>

84
POLISSEMIA Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir comicidade. Repare na figura abaixo:
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
de seu próprio campo semântico.
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo
percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade
de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e-
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua pinto. Acesso em 15/9/2014).
sobrevivência Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
O passarinho foi atingido no bico. mas duas seriam:
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em Corte e coloração capilar
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido ou
de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, Faço corte e pintura capilar
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
“jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
formato quadriculado que têm.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza
Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
Polissemia e homonímia
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários
significados, estamos na presença da polissemia. Por
SITE
outro lado, quando duas ou mais palavras com origens e
significados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
uma homonímia. gramatica/polissemia.htm>
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é polissemia DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
porque os diferentes significados para a palavra “manga” têm
origens diferentes. “Letra” é uma palavra polissêmica: pode Exemplos de variação no significado das palavras:
significar o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
ou a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os literal)
diferentes significados estão interligados porque remetem para Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
o mesmo conceito, o da escrita. figurado)
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)
Polissemia e ambiguidade As variações nos significados das palavras ocasionam
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto (conotação) das palavras.
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma A) Denotação
interpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um apresenta seu significado original, independentemente
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada mais objetivo e comum, aquele imediatamente
frequentemente são felizes. reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
Neste caso podem existir duas interpretações diferentes: significado que aparece nos dicionários, sendo o
significado mais literal da palavra.
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque


são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação A denotação tem como finalidade informar o receptor
equilibrada. da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, caráter prático. É utilizada em textos informativos, como
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra
importante saber qual o contexto em que a frase é “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas
proferida. um pedaço de madeira. Outros exemplos:

85
O elefante é um mamífero. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque toda
As estrelas deixam o céu mais bonito! sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em nome
do qual é pronunciada.
B) Conotação Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do processo. São
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com adaptações).
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes
interpretações, dependendo do contexto em que esteja No texto CG1A1BBB, o vocábulo ‘emana’ foi empregado
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que com o sentido de
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma a) trata.
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. b) provém.
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido c) manifesta.
conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), d) pertence.
reprovação (tomei pau no concurso). e) cabe.
A conotação tem como finalidade provocar
sentimentos no receptor da mensagem, através da Resposta: Letra B.
expressividade e afetividade que transmite. É utilizada Dentro do contexto: (...) afirma-se que o poder dos
principalmente numa linguagem poética e na literatura, juízes emana do povo e em seu nome é exercido =
mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras de “emana” tem o sentido de “provém”.
música, em anúncios publicitários, entre outros. Exemplos:
Você é o meu sol! 2. (INSS - TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
Minha vida é um mar de tristezas.
Você tem um coração de pedra! Texto I

Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá


#FicaDica pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a
Procure associar Denotação com Dicionário: minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
trata-se de definição literal, quando o termo sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande
é utilizado com o sentido que consta no di- e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros.
cionário. Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro
que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase em
frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a Farme
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius de Moraes.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Estava ali havia uma semana e nem decorara ainda o número
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
do prédio. Tanto que, quando seu Joaquim, ao preencher
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
a nota de encomenda, perguntou-me onde seria entregue
Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
a estante, tive um momento de hesitação. Mas foi só um
Paulo: Saraiva, 2010.
momento. Pensei rápido: “Se o prédio do Mário é 228, o meu,
que fica quase em frente, deve ser 227”. Mas lembrei-me de
SITE
que, ao ir ali pela primeira vez, observara que, apesar de ficar
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e- em frente ao do Mário, havia uma diferença na numeração.
denotacao/ ― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
desenhou o endereço na nota.
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
sua estante.
EXERCÍCIOS COMENTADOS ― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
prazo.
1. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – CESPE – 2017) ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
semanas.
Texto CG1A1BBB Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1989 (com adaptações)
Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição da
República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do
LÍNGUA PORTUGUESA

A expressão “armar ali a minha tenda” foi empregada no


povo, que o exerce por meio de representantes eleitos texto em sentido figurado.
ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes ( ) CERTO ( ) ERRADO
emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de
sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as Resposta: Certo.
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos (...) mas dava para armar ali a minha tenda de reflexões
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exerce. e leitura = trecho empregado em sentido figurado.

86
3. (INSS - TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) O Resposta: Errado.
verbo dever (“deve ser 227”) foi empregado no sentido de A expressão “vitalícia” significa “para a vida toda”,
ser provável. portanto é assegurada mesmo depois da morte, e não
apenas “depois”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
Resposta: Certo. SOCIAL – CESPE – 2016)
“Se o prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse-
frente, deve ser 227” = levando em conta a numeração guido dormir. Vinha nascendo o Sol.
do prédio que fica em frente ao dele, o narrador deduz Quis ler os jornais e pediu-os.
a numeração do seu, achando-a provável. Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
4. (INSS – TÉCNICO PREVIDENCIÁRIO – CESPE – 2003) Comércio.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Pri-
Há 40 anos nos Estados Unidos da América (EUA), os gaú- ma.
chos Cláudio e Lourdes aposentaram-se pelo sistema de Dizia o artigo:
previdência norte-americano e recebem do governo o Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
chamado seguro social. Cláudio recebe US$ 900 por mês mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
e Lourdes, US$ 450, benefícios que garantem as necessi- literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
dades básicas. Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai
Assim como o casal de brasileiros, 44 milhões de apo- enfim entrar nos mares da publicidade, e para isso pro-
sentados recebem um seguro social nos EUA. Para se curou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
aposentar, trabalhadores dos setores público e privado Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
seguem basicamente as mesmas regras. O benefício é amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
calculado de acordo com a contribuição do trabalhador Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
ao longo da vida ativa. É preciso contribuir durante 35 to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
anos, com 6,2% do salário. O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
A maioria dos trabalhadores se aposenta aos 62 anos. O to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
valor médio do benefício mensal é de US$ 750. encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
Mas o que garante uma aposentadoria tranquila não é vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
apenas o seguro social, explica um especialista em pre- de pasmo dos numerosos transeuntes.
vidência. O norte-americano tem que ter suas próprias Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
economias ou um fundo de pensão complementar. rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Já na Inglaterra, se fosse uma trabalhadora qualquer, a Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
rainha Elizabeth II, de 76 anos de idade, poderia estar certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
aposentada há 16 anos. Em um país onde os chefes de O amigo das letras.
Estado costumam permanecer no trono até a morte, as Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses.
súditas têm o direito de se aposentar com 60 anos de São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
vida. Os súditos, com 65 anos.
Funcionários públicos e trabalhadores comuns recebem No texto, a palavra “fortuna” pode ser interpretada tanto
350 libras de pensão por mês, metade do salário míni- como sucesso quanto como riqueza.
mo na Inglaterra. Para ter direito a esse benefício, os
britânicos descontam em média 10% do que recebem. (  ) CERTO  (  ) ERRADO
Além disso, todos são obrigados a pagar um plano de
aposentadoria particular, para complementar a pensão Resposta: Certo.
que o Estado garante. O desconto médio é de 8% sobre Texto: (...) Da parte de um juiz tão competente em
os vencimentos. Assim fica assegurado um rendimento matérias literárias este ato é honroso para o Sr.
de metade do salário da ativa. Oliveira.
As vantagens da modernização do sistema todos os Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e
aposentados britânicos percebem. Quem não tem onde ficamos certos de que ela fará a fortuna de qualquer
morar ganha casa do governo. Quando as pernas fra- teatro. O termo “fortuna” pode ter o sentido de riqueza
quejam, a condução da prefeitura leva os velhinhos material e, também, o de literária, ambos denotarão
para qualquer lugar. E, se já não der mais para sair de sucesso ao Sr. Oliveira.
casa, um assistente social entrega comida na porta.
LÍNGUA PORTUGUESA

Internet: <http://jornalnacional.globo.com/semana>. Acesso em


22 fev. 2003. (Com adaptações.)

A expressão “vitalícia” tem o sentido de assegurada de-


pois da morte do genitor.

(  ) CERTO  (  ) ERRADO

87
6. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) Resposta: Errado.
A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis (...) Permite-se a interdição de registros de época, em
pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
origem de uma série de mazelas, algumas das quais Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato
proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso do da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o de
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde “impedido”.
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
crianças e adolescentes a participarem do processo de
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
OFICIAIS (CONFORME MANUAL
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, REPÚBLICA)ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM
ele continua sendo grave problema nos países mais AO TIPO DE DOCUMENTO. ADEQUAÇÃO
pobres. DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).

A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida Uma boa redação é aquela que permite uma leitura
social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a prazerosa, natural, de fácil compreensão. Para fazer bons
“pobreza”. textos é fundamental ter o hábito de leitura, utilizar todas
as regras da língua Portuguesa e as técnicas de redação a
( ) CERTO ( ) ERRADO seu favor.
 Organize seus argumentos sobre o tema proposto
Resposta: Errado. e os escreva de forma compreensível. Organize os
(...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra argumentos em ordem crescente, ou seja, deixe o
terreno = refere-se a “trabalho infantil”. argumento mais forte para o final;
 Nas dissertações em que é necessário defender algo,
7. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO não fique “em cima do muro”, coloque claramente
33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio – sua posição, pois muitas vezes os corretores estão
CESPE-2013) interessados em avaliar sua capacidade de opinar,
Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a refletir e argumentar;
edição de biografias à autorização do biografado ou  Escreva com clareza;
descendentes. As consequências da norma são negativas.  Seja objetivo e fiel ao tema;
Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar  Escolha sempre a ordem direta das frases (sujeito
para a posteridade a vida de personagens importantes + predicado);
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.  Evite períodos e parágrafos muito longos;
Permite-se a interdição de registros de época, em prejuízo  Elimine expressões difíceis ou desnecessárias do
dos historiadores e pesquisadores do futuro. texto;
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da vida  Não use termos chulos, gírias e regionalismos;
do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de Andrade  Esteja sempre atualizado em tudo que acontece
e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo quanto na literatura no mundo;
não pode haver censura prévia. Publicada a reportagem  Leia muito. A leitura enriquece o vocabulário, você
(ou biografia), os que se sentirem atingidos que recorram à olha visualmente as palavras e envia para a sua
justiça. É preciso seguir o padrão existente em muitos países, memória a forma correta de escrevê-las;
em que há biografias “autorizadas” e “não autorizadas”.  Treine fazer redação com temas que poderão estar
Reclamações posteriores, quando existem, são relacionados com as provas de concursos públicos,
encaminhadas ao foro devido, os tribunais. ou então faça com temas da atualidade e notícias
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil constantes nos meios de comunicação;
para justificar o veto a que a historiografia do país seja  Seja crítico de si mesmo, revise os textos de treino,
enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder retire os excessos, deixe seu texto “enxuto”;
de censura concedido a biografados e herdeiros ser um  Cronometre o tempo que é gasto nas suas
atentado à Constituição. redações de treino e tente sempre diminuir o
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações). tempo gasto na próxima;
 Não ultrapasse as margens, nem o limite de linhas
LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra “sonegado” está sendo empregada com o estabelecido na prova;


sentido de reduzido, diminuído.  Mantenha o mesmo padrão de letra do início
ao fim do texto. Não inicie com letra legível e
( ) CERTO ( ) ERRADO arredondada, por exemplo, e termine com ela
ilegível e “apressada”. Isso dará uma péssima
impressão para o examinador da banca quando
for ler;

88
 Não faça marcas, rabiscos, não suje e nem amasse C) Conclusão
sua redação; Tenha o máximo de asseio possível; A conclusão não traz nenhum argumento novo. Ela
 Faça as redações de provas anteriores do concurso ressalta o que já foi dito, ou traz uma POSSÍVEL
que você prestará; solução.
 Fique focado no enunciado que a banca está
pedindo, não redija um texto lindo, mas que está FIQUE ATENTO!
totalmente fora do tema. Nunca fuja do tema
proposto; Na dissertação NUNCA usamos: eu, nós,
 Use sinônimos, evite repetir as mesmas palavras; temos, devemos, podemos, iremos, sei, sa-
 Tenha seus argumentos fundamentados. Seja bemos, e palavras conjugadas da mesma
coeso e coerente; forma. Isto porque ela deve ser escrita na
 Algo comum no mundo dos concurseiros é o 3.ª pessoa do singular. O certo seria: sabe-
grande temor pela redação nas provas. Muitas -se, deve-se, importante se faz, tem-se.
vezes o candidato prepara-se para a prova objetiva “Todo mundo”, “todo o planeta”, “todas as
e deixa a redação de lado, perdendo grandes pessoas”, “todos”: tais palavras devem ser
chances de passar. A única maneira eficaz de evitadas, pois a dissertação não admite ge-
aprender a fazer uma boa redação é treinando. neralização. Logo, devemos usar “a maioria”,
Faça redações sobre diversos temas, leia e releia “grande parte”, “parcela da população”, “um
quantas vezes precisar, e lembre-se: a prática pode significativo número”, etc. “Com certeza”,
levar à perfeição; “obviamente”, “definitivamente”: são pala-
 Além dessas dicas é preciso saber, principalmente, vras que também devem ser evitadas. A dis-
as regras de acentuação gráfica, pontuação, sertação consiste numa argumentação, na
ortografia e concordância. qual se é exposto um pensamento, o qual
poderá ser refutado por outro pensamento.
Estrutura da Redação
Exemplo de uma redação. O texto trata da redução da
Um texto é composto de três partes essenciais:
maioridade no Brasil.
introdução, desenvolvimento e conclusão. O correto
é haver um elo entre as partes, como se formassem
A INTRODUÇÃO é a seguinte:
a costura do texto. Na introdução é onde o tema
Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometidos
abordado é apresentado, não deve ser muito extensa, e
por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles
aconselha-se que tenha apenas um parágrafo de quatro aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de
a seis linhas. O desenvolvimento é o “corpo” do texto, praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo,
a parte mais importante dele. É onde se expõe o ponto SÃO de regiões periféricas e não têm o devido acesso á
de vista, e argumenta de uma forma lógica para que o educação.
leitor acompanhe seu raciocínio. Nesta parte do texto Lembra-se da regra dos assuntos (pelo menos três) da
faz-se uso de, no mínimo, dois parágrafos. A conclusão introdução? Então... vamos ver quais serão os assuntos.
é o fechamento. Mas é válido lembrar que a introdução, Assunto 1: na sociedade atual, muitos crimes vêm
desenvolvimento e conclusão são ligados e dependentes sendo cometidos por infratores menores de dezoito anos
entre si para que a coesão e coerência textual sejam Assunto 2: As penas a eles aplicadas são relativamente
mantidas e o texto faça sentido. pequenas e não os inibe de praticar novos delitos
Assunto 3: A maioria destes jovens, contudo, são de
A) Introdução regiões periféricas e não têm o devido acesso á educação
A introdução (dependendo do número máximo de
linhas) deve ter argumentos, dos quais você falará Agora, construamos o texto, abordando cada assunto
no desenvolvimento. Então, deixe para explicar o em um parágrafo do desenvolvimento.
assunto da introdução depois. Apenas coloque os Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometidos
argumentos de forma conexa e, o mais importante, por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles
apenas os coloque se tiver certeza de que falará aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de
sobre eles depois. praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo,
É de regiões periféricas e não TEM o devido acesso á
B) Desenvolvimento educação.
O desenvolvimento (dependendo do número máximo É de se notar que o crescente número de infrações
de linhas) deve ter, no mínimo, dois parágrafos. realizadas por crianças e adolescentes, aparentemente,
LÍNGUA PORTUGUESA

Cada parágrafo deve ter entre 2 a 4 linhas. O só tende a aumentar, tal como vem acontecendo. Crimes
ideal seria três linhas, pois quanto mais linhas, como roubo e tráfico se mostram cada vez mais presente
maiores as chances de você escrever algo confuso. nas ações destes jovens. (assunto 1)
Os parágrafos devem tratar dos argumentos Se, por um lado, o número de crimes praticados por eles
apresentados na introdução. Cada parágrafo, ao aumenta, por outro, diminui a severidade das medidas. O
menos, referente a um deles. grande problema de medidas tão brandas consiste no fato
de estas não cumprirem um de seus importantes deveres:
o de inibir a ocorrência de novas infrações. (assunto 2)

89
A falta de estudo e de condições sociais favoráveis, A redação oficial deve caracterizar-se pela
certamente, é um ponto que fortalece o envolvimento impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem,
com ações infratoras. Dispersos, tratados com descaso e clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
sem perspectiva, muitos jovens veem no crime a possível Fundamentalmente esses atributos decorrem da
solução para seus problemas. (assunto 3) Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
A necessidade de se diminuir a maioridade penal, nas pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
condições atuais, de fato, se mostra gritante. Contudo, no Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dia que o país investir em educação e não em formas de dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
conter os efeitos gerados pela falta desta, talvez, sequer impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
seja necessária qualquer pena. (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
fundamentais de toda administração pública, claro está
Planejando a Dissertação que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
comunicações oficiais.
Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos: Não se concebe que um ato normativo de qualquer
 Interrogue o tema; natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
 Responda-o de acordo com a sua opinião; impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido
 Apresente um argumento básico; dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são
 Apresente argumentos auxiliares; requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável
 Apresente um fato-exemplo; que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos.
 Conclua. A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
concisão.
Vamos supor que o tema de redação proposto seja: Além de atender à disposição constitucional, a forma
Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro: dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum para sua elaboração que remontam ao período de nossa
homem vive sozinho? história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade
2. Procure responder a essa pergunta de um modo – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro
simples e claro, concordando ou discordando (ou de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o
concordando em parte e discordando em parte): número de anos transcorridos desde a Independência.
essa resposta é o seu ponto de vista. Essa prática foi mantida no período republicano.
3. Pergunte a você mesmo o porquê de sua resposta, Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
uma causa, um motivo, uma razão para justificar uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
sua posição: aí estará o seu argumento principal. aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem
permitir uma única interpretação e ser estritamente
a defender o seu ponto de vista, a fundamentar
impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível
sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares.
de linguagem.
5. Em seguida, procure algum fato que sirva de
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-
oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre
exemplo pode vir de sua memória visual, das
um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser
dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público (no
um fato da vida política, econômica, social. Pode
ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) –
expressivo e coerente com o seu ponto de vista. ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de
O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à forma homogênea (o público).
argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso Outros procedimentos rotineiros na redação de
texto, diferenciando-o dos demais. comunicações oficiais foram incorporados ao longo do
6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de tempo, como as formas de tratamento e de cortesia,
sua redação. certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes,
etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para
SITES comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do
Disponível em: <http://www.okconcursos.com.br/ Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937.
como-passar/dicas-para-concurso/330-como-fazer- Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
uma-boa-redacao#.Upoqg9Kfsfh> buscou fazer das características específicas da forma
Disponível em: <http://capaciteredacao.forum-livre. oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de
com/t5097-explicacao-como-fazer-uma-redacao> que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/ uma forma específica de linguagem administrativa, o que
secoes/Redacao/Redacao2.php> coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês.
LÍNGUA PORTUGUESA

Este é antes uma distorção do que deve ser a redação


O que é Redação Oficial oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês
do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a de frases.
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos A redação oficial não é, portanto, necessariamente
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade
do Poder Executivo. básica – comunicar com impessoalidade e máxima

90
clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da Fundamentalmente esses atributos decorrem da
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
jornalístico, da correspondência particular, etc. pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
As comunicações oficiais devem primar pela Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
objetividade, transparência, clareza, simplicidade e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade. impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
Nesse sentido, a redação oficial, da qual se deve (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
extrair uma única interpretação, há de procurar ser fundamentais de toda administração pública, claro está
compreensível por todo e qualquer cidadão brasileiro. que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e
Com esses cuidados, é possível aprimorar um item comunicações oficiais.
fundamental na profissionalização do servidor, na Não se concebe que um ato normativo de qualquer
racionalização do trabalho e na redução dos custos. natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ou impossibilite sua compreensão. A transparência
maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos do sentido dos atos normativos, bem como sua
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista inteligibilidade, são requisitos do próprio Estado de
do Poder Executivo. Direito: é inaceitável que um texto legal não seja
A redação oficial deve caracterizar-se pela entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, necessariamente, clareza e concisão.
concisão, formalidade e uniformidade, clareza e Além de atender à disposição constitucional, a forma
precisão, objetividade, coesão e coerência. dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
para sua elaboração que remontam ao período de nossa
história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade
FIQUE ATENTO! – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro
Essas quatro ultimas características foram de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o
acrescentadas no novo manual de redação número de anos transcorridos desde a Independência.
oficial. Essa prática foi mantida no período republicano.
Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza,
uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
Vejamos:
permitir uma única interpretação e ser estritamente
Precisão: o atributo da precisão complementa a
impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível
clareza e caracteriza-se Por:
de linguagem.
- articulação da linguagem comum ou técnica para a
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto.
oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre
Mas cuidado, a linguagem técnica é permitida, des-
um único comunicador (o Serviço Público) e o receptor
de que usada de forma que não haja dúvidas na dessas comunicações ou é o próprio Serviço Público
informação. (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro)
- manifestação do pensamento ou da ideia com as – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de
mesmas palavras, evitando o emprego de sinôni- forma homogênea (o público).
mos com proposito meramente estilístico. Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
- escolha de expressão ou palavra que não confira buscou fazer das características específicas da forma
duplo sentido ao texto. oficial de redigir não deve ensejar o entendimento de
que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
Objetividade: ser objetivo é ir diretamente ao assunto uma forma específica de linguagem administrativa,
que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. o que coloquialmente e pejorativamente se chama
Para conseguir isso, é fundamental que o redator saiba burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
de antemão qual é a ideia principal e quais são as redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
secundarias. e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de
construção de frases.
Coesão e coerência: é indispensável que o texto tenha A redação oficial não é, portanto, necessariamente
coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, a árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade
ligação, a harmonia entre os elementos de um texto. Percebe- básica – comunicar com impessoalidade e máxima
se que o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
e se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. jornalístico, da correspondência particular, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

Apresentadas essas características fundamentais da


redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
#FicaDica cada uma delas.
Todo o texto precisa estar conectado, para
isso, fique atento à regência nominal e verbal, - Uso do padrão culto de linguagem
usando das preposições corretas de acordo A necessidade de empregar determinado nível de
com a intenção do texto. linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre,
de um lado, do próprio caráter público desses atos

91
e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua
ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou compreensão limitada.
regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que A linguagem técnica deve ser empregada apenas
só é alcançado se em sua elaboração for empregada em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
a linguagem adequada. O mesmo se dá com os indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e
expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são
informar com clareza e objetividade. de difícil entendimento por quem não esteja com eles
As comunicações que partem dos órgãos públicos familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-
federais devem ser compreendidas por todo e los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
há que evitar o uso de uma linguagem restrita a
determinados grupos. Não há dúvida que um texto - Clareza e precisão
marcado por expressões de circulação restrita, como a
gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, Clareza
tem sua compreensão dificultada. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
Ressalte-se que há necessariamente uma distância oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração concebe que um documento oficial ou um ato normativo
de costumes, e pode eventualmente contar com outros de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transparência
gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns é requisito do próprio Estado de Direito: é inaceitável que
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua um texto oficial ou um ato normativo não seja entendido
escrita incorpora mais lentamente as transformações, pelos cidadãos. O princípio constitucional da publicidade
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas não se esgota na mera publicação do texto, estendendo-
de si mesma para comunicar. se, ainda, à necessidade de que o texto seja claro.
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes Para a obtenção de clareza, sugere-se:
níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sen-
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer tido comum, salvo quando o texto versar sobre
de determinado padrão de linguagem que incorpore assunto técnico, hipótese em que se utilizará no-
expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um menclatura própria da área;
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há as orações na ordem direta e evitar intercalações
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambi-
da língua, a finalidade com que a empregamos. guidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu oração;
caráter impessoal, por sua finalidade de informar com c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo
o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso o texto;
do padrão culto da língua. Há consenso de que o d) não utilizar regionalismos e neologismos;
padrão culto é aquele em que a) se observam as regras e) pontuar adequadamente o texto;
da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário f) explicitar o significado da sigla na primeira refe-
comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante rência a ela; e
ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto g) utilizar palavras e expressões em outro idioma
na redação oficial decorre do fato de que ele está apenas quando indispensáveis, em razão de serem
acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas designações ou expressões de uso já consagrado
regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias ou de não terem exata tradução. Nesse caso, gra-
linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a fe-as em itálico, conforme orientações do subitem
10.2 deste Manual.
pretendida compreensão por todos os cidadãos.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a
Precisão
simplicidade de expressão, desde que não seja confundida
O atributo da precisão complementa a clareza e
com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do
caracteriza-se por:
padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada,
a) articulação da linguagem comum ou técnica para a
nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
linguagem próprios da língua literária.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) manifestação do pensamento ou da ideia com as


Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
mesmas palavras, evitando o emprego de sinoní-
um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso mia com propósito meramente estilístico; e
do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É c) escolha de expressão ou palavra que não confira
claro que haverá preferência pelo uso de determinadas duplo sentido ao texto.
expressões, ou será obedecida certa tradição no
emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
necessariamente, que se consagre a utilização de uma

92
É indispensável, também, a releitura de todo o texto Exemplo:
redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos Apurado, com impressionante agilidade e precisão,
obscuros provém principalmente da falta da releitura, naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à população
o que tornaria possível sua correção. Na revisão de acreana, verificou-se que a esmagadora e ampla maioria
um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil da população daquele distante estado manifestou-se
compreensão por seu destinatário. O que nos parece pela efusiva e indubitável rejeição da alteração realizada
óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, inconformada e
que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrência indignada, com a nova hora legal vinculada ao terceiro
de nossa experiência profissional, muitas vezes, faz com fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a
que os tomemos como de conhecimento geral, o que ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco
nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, horas a menos que em Greenwich.
precise os termos técnicos, o significado das siglas e das Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários,
abreviações e os conceitos específicos que não possam abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante,
ser dispensados. esmagadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto
são elaboradas certas comunicações quase sempre oficial, que deve primar pela impessoalidade. Eliminados
compromete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, os excessos, o período ganha concisão, harmonia e
há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, unidade:
o atraso, com sua indesejável repercussão no texto Exemplo:
redigido. Apurado o resultado da consulta à população acreana,
A clareza e a precisão não são atributos que se verificou-se que a maioria da população se manifestou pela
atinjam por si sós: elas dependem estritamente das rejeição da alteração realizada pela Lei no 11.662/2008.
demais características da redação oficial, apresentadas Não satisfeita com a nova hora legal vinculada ao terceiro
a seguir. fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a
ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco
- Objetividade horas menos que em Greenwich.
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja
abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir - Coesão e coerência
isso, é fundamental que o redator saiba de antemão É indispensável que o texto tenha coesão e coerência.
qual é a ideia principal e quais são as secundárias. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto
em todo texto de alguma complexidade: as fundamentais tem coesão e coerência quando se lê um texto e se
e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
existem também ideias secundárias que não acrescentam Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
informação alguma ao texto, nem têm maior relação com coerência de um texto são: referência, substituição, elipse
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o e uso de conjunção.
que também proporcionará mais objetividade ao texto. A referência diz respeito aos termos que se relacionam
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto a outros necessários à sua interpretação. Esse mecanismo
com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, pode dar-se por retomada de um termo, relação com o
sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que
que é precedente no texto, ou por antecipação de um
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou
termo cuja interpretação dependa do que se segue.
torna o texto rude e grosseiro.
Exemplos:
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção.
- Concisão
Ele aguardou a decisão do Plenário.
A concisão é antes uma qualidade do que uma
O TCU apontou estas irregularidades: falta de
característica do texto oficial. Conciso é o texto que
assinatura e de identificação no documento.
consegue transmitir o máximo de informações com
o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma A substituição é a colocação de um item lexical no
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração.
se deve eliminar passagens substanciais do texto com Exemplos:
o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder
exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. O ofício está pronto. O documento trata da
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve exoneração do servidor.
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em
LÍNGUA PORTUGUESA

evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos


e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, um seguida, os prefeitos fizeram o mesmo.
exemplo1 de período mal construído, prolixo: A elipse consiste na omissão de um termo recuperável
1 O exemplo de período mal construído foi elaborado, pelo contexto.
para fins didáticos, a partir do exemplo de período Exemplo:
bem construído, por sua vez, extraído da Exposição de O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os
Motivos Interministerial no 51/MCTI/MRE/MPOG, de 21 particulares. (Na segunda oração, houve a omissão do
de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011a). verbo “regulamenta”).

93
Outra estratégia para proporcionar coesão e É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento.
coerência ao texto é utilizar conjunção para estabelecer Não se trata somente do correto emprego deste ou da-
ligação entre orações, períodos ou parágrafos. quele pronome de tratamento para uma autoridade de
Exemplo: certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito
O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
o interesse de seu Governo pelo assunto. cuida a comunicação.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne-
- Impessoalidade cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a adminis-
A impessoalidade decorre de princípio constitucional tração pública federal é una, é natural que as comunicações
(Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois que expeça sigam o mesmo padrão. O estabelecimento
aspectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se
administração pública proceda de modo a não privilegiar atente para todas as características da redação oficial e que
ou prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes para
pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a o texto definitivo, nas exceções em que se fizer neces-
ação administrativa ser exercida por intermédio de seus sária a impressão, e a correta diagramação do texto são
servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal. indispensáveis para a padronização. Consulte o Capítulo
A redação oficial é elaborada sempre em nome do II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas es-
serviço público e sempre em atendimento ao interesse pecíficas para cada tipo de expediente. Em razão de seu
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos caráter público e de sua finalidade, os atos normativos e
dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra os expedientes oficiais requerem o uso do padrão culto
forma que não a estritamente impessoal. do idioma, que acata os preceitos da gramática formal
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal e emprega um léxico compartilhado pelo conjunto dos
que deve ser dado aos assuntos que constam das usuários da língua. O uso do padrão culto é, portanto,
comunicações oficiais decorre: imprescindível na redação oficial por estar acima das dife-
a) da ausência de impressões individuais de quem renças lexicais, morfológicas ou sintáticas, regionais; dos
comunica: embora se trate, por exemplo, de um modismos vocabulares e das particularidades linguísticas.
expediente assinado por Chefe de determinada Recomendações:
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do - a língua culta é contra a pobreza de expressão e não
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável contra a sua simplicidade;
padronização, que permite que as comunicações - o uso do padrão culto não significa empregar a
elaboradas em diferentes setores da administração língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de
pública guardem entre si certa uniformidade; linguagem próprias do estilo literário;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- - a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre na redação de um bom texto.
concebido como público, ou a uma instituição pri-
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. Pode-se concluir que não existe propriamente um pa-
Em todos os casos, temos um destinatário conce- drão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
bido de forma homogênea e impessoal; e padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
se o universo temático das comunicações oficiais ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
se restringe a questões que dizem respeito ao in- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
teresse público, é natural não caber qualquer tom consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
particular ou pessoal. rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
Não há lugar na redação oficial para impressões pes-
soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta Classificação da correspondência
a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mes- • Patente
mo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta • Confidencial ou secreta
da interferência da individualidade de quem a elabora.
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de A correspondência confidencial ou secreta nunca
que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente á
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária direção. É conveniente, contudo, registrar a sua entrada,
impessoalidade. de preferência em livro próprio.
LÍNGUA PORTUGUESA

A correspondência particular, como é lógico, também


- Formalidade e padronização não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos
As comunicações administrativas devem ser sem- destinatários.
pre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma A correspondência dita patente, é que vai entrar no
(BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunica- circuito de tratamento.
ções feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o
documento gerado no SEI!, o documento em html etc.),
quanto para os eventuais documentos impressos.

94
Abertura Assinatura
A abertura da correspondência é importante referir Depois de finalizada a correspondência deve ser de
a forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a novo lida e em seguida assinada. A organização das
inutilização do conteúdo. grandes empresas implica que o correio e expedição
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteúdo esteja pronto até determinada hora, de forma a ser
para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida levado a despacho.
abre-se pelas arestas opostas. Isto porque as cartas são
normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos Registro de saída
subscritos ficam, por vezes, coladas no interior. O registro das saídas também é normalmente feito
em livro próprio. Devem ser tiradas cópias aos originais
Registro das entradas e encaminhadas devidamente.
Geralmente esta fase da correspondência concentra-
se num só departamento. Tiram-se cópias dos originais Expedição e Arquivo
recebidos, para um exemplar ficar no departamento e o Antes da correspondência ser inserida no sobrescrito
outro seguir para o respectivo destino. Mas a tiragem deve-se verificar se:
das cópias não pode ser feita sem antes ser colocado • A carta está datada e assinada;
o respectivo carimbo da entrada contendo a data e o • Contém o material referido em anexo;
número da entrada. Nos serviços públicos e nas empresas, • O endereço corresponde ao do sobrescrito. E por
mas tradicionalistas, utiliza-se o Livro de Registo para a fim...
correspondência recebida. • Toda a correspondência que é expedida da
empresa deve possuir em arquivo a respectiva
Distribuição cópia;
A distribuição da correspondência pode ser feita • Quando a correspondência for registrada,
de diversas formas, mas sempre de forma a poder ser juntamente com a cópia, deve ser arquivado um
controlada. E, para esse efeito utiliza-se o chamado exemplar do talão de aceitação;
livro de protocolo. Muitas vezes é utilizada uma guia • No caso do registro ser com aviso de recepção,
de remessa de documentos que os descreve e agrupa este, após ser devolvido pelo destinatário com a
por destinos, acompanhando-os até a recepção. Aí é respectiva assinatura, deve também ser arquivado
assinado um duplicado que comprova a entrega. com a cópia da correspondência.

Resposta ou Arquivo Para se redigir uma boa correspondência, é necessária


Depois de ser lida, a correspondência deve ser objetividade na exposição do pensamento, é preciso
convenientemente tratada. buscar por clareza, coerência, concisão, nas palavras
O que significa que: empregadas, e assim estabelecer uma melhor relação
• Se não for necessário dar sequência ao assunto, entre as ideias.
a correspondência vai imediatamente para o
arquivo, com a devida indicação no canto superior
esquerdo e a assinatura do ordenante; "Se escrever cartas é um sinal de boa
• Se é necessária uma resposta, devem ser feitas educação, escrever corretamente é prova de
as anotações necessárias para a sua execução boa instrução e inteligência". (Jane S. Singer)
ou, então, se for o caso, o próprio destinatário
encarregar-se-á de a escrever.
Há vários tipos de correspondência, e cada uma
Não esquecer que: possui suas características, com suas normas e técnicas.
• Toda a correspondência urgente deve ter uma O estilo e as técnicas aplicadas em correspondências
resposta imediata; se atualizaram, tornando-se muito mais complexas. O
• Não se deve adiar a resolução de assuntos estilo depende dos conhecimentos dominados pelo
pendentes, tornando-os eternamente esquecidos. redator, e este é aperfeiçoado pelas técnicas, que serão
A execução de uma carta resposta implica apresentadas ao longo do trabalho.
disponibilidade de tempo e disponibilidade Em suma, corresponder-se implica um ato de ir até
mental. outrem: seja para expor-lhe problemas, alegrias, seja
para fazer-lhe pedidos, convencer, dar-lhe boas ou más
Portanto, a redação da carta deve ser executada notícias. Da habilidade social do remetente virá seu
por uma pessoa experiente, de forma a minimizar as sucesso com o destinatário. Será preciso conhecer os
LÍNGUA PORTUGUESA

perdas de tempo e conseguir uma boa qualidade de códigos de comportamento deste para que a mensagem
comunicação. surta efeito.
A resposta pode ser executada de diversas formas:
• Ditado direto, em que o processador de texto Tipos de Correspondência
executa diretamente o texto que lhe é transmitido; Quando se fala de correspondência, pensa-se logo
• Ditado indireto, onde o processador de texto em uma simples carta, em mensagem escrita para trata-
executa o texto através de uma minuta, um registro se de assuntos íntimos entre pessoas cujas relações são
que estenografou ou um registro gravado. bastante estreitas. Contudo a carta hoje tornou outros

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rumos, não perdendo suas características especiais. A A língua escrita, como a falada, compreende
correspondência tomou rumos diferentes, em diversas diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça.
áreas. Pode ser utilizada no estabelecimento de contatos O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
utilitários, como os de um industrial e seus compradores, impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo
ou os que dizem respeito à comunicação comercial, de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão
bancária, judicial e de tantas instituições sociais. culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é
Usualmente, divide-se a correspondência em: aquele em que:
a) Particular: quando é trocada entre pessoas mais Observam-se as regras da gramática formal;
ou menos íntimas, sobre assuntos da vida priva- Emprega-se um vocabulário comum ao conjunto dos
da, tais como notícias do quotidiano, da família, usuários do idioma.
de viagens, agradecimentos, convites, pêsames. A É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso
espécie mais particular de todas é a chamada carta do padrão culto na redação oficial decorre do fato de
de amor, onde se expressam as nuanças do senti- que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas
mento mais humano de todos. ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das
b) Comercial: que inclui toda espécie de cartas e do- idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão,
cumentos ligados a transações comerciais, indus- que se atinja a pretendida compreensão por todos os
triais e também financeiras, tais como assuntos cidadãos.
bancários, investimentos, empréstimos, câmbios, Lembrar-se que o padrão culto nada tem contra
etc. a simplicidade de expressão, desde que não seja
c) Oficial: quando provém de instituições do serviço confundida com pobreza de expressão. De nenhuma
público, tanto civis como militares, ou a elas se di- forma o uso do padrão culto implica emprego de
rige. Abrange atos dos poderes legislativo, execu- linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos
tivo e judiciário, requerimento dos cidadãos, avisos sintáticos e figuras de linguagem própria da língua
à população, etc. literária.
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
Por vezes, é difícil distinguir o tipo de determinadas um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
cartas, quando seu assunto concerne a duas esferas sociais padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro
diversas, como uma carta de um cidadão, solicitando um que haverá preferência pelo uso de determinadas
favor comercial a um amigo pertencente a essa área de expressões, ou será obedecida certa tradição no
atividades. A distinção recomendável é utilizar nas cartas emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
particulares uma linguagem mais espontânea, mais rica necessariamente, que se consagre a utilização de uma
em calor humano (salvo em comunicados impressos, forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
tais como convites, participações, que serão lidos não como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
só pelos interessados, mas por outras pessoas fora do sua compreensão limitada.
círculo de amizade do remetente), deixando para as Os atos administrativos são classificados como:
cartas comerciais o estilo utilitário, direto, sem apelar para
aspectos afetivos, e para cartas ou documentos oficiais ATOS DE CORRESPONDÊNCIA
reservar uma formulação impessoal, mais distanciada e Aviso: Comunicação pela qual os titulares de órgãos,
formal, que veicule a mensagem de forma clara, mas sem entidades e presidentes de comissões da Administração
pessoalizá-la. Dessa forma, um pedido a um governador do Município comunicam ao público assunto de seu
de Estado, por exemplo, sempre se fará mencionando-se interesse e solicitam a sua participação.
o cargo e não familiarmente o “prezado fulano”. Carta: Forma de correspondência por meio da qual
os dirigentes da Administração Municipal se dirigem a
Atos Oficiais personalidades e entidades públicas e particulares para
Os atos oficiais são entendidos como atos de caráter tratar de assunto oficial.
normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos Circular: Correspondência oficial de igual teor,
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos expedida por dirigentes de órgãos e entidades e chefes
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração de unidades administrativas a vários destinatários.
for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá Exposição de Motivos: Correspondência por meio da
com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a qual os secretários e autoridades de nível hierárquico
de informar com clareza e objetividade. A necessidade equivalente expõem assuntos da Administração
de empregar determinado nível de linguagem nos atos Municipal para serem solucionados por atos do Prefeito.
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio Quando a exposição de motivos tratar de assuntos
caráter público desses atos e comunicações; de outro, que envolvam mais de uma Secretaria, esta deverá ser
de sua finalidade. assinada pelos Secretários envolvidos.
Além do caráter informativo, a exposição de motivos
LÍNGUA PORTUGUESA

As comunicações que partem dos órgãos públicos


federais devem ser compreendidas por todo e qualquer pode propor medidas ou submeter projeto de ato
cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que normativo à apreciação da autoridade competente.
evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados Memorando: Correspondência utilizada pelas chefias
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por no âmbito de um mesmo órgão ou entidade para expor
expressões de circulação restrita, como a gíria, os assuntos referentes a situações administrativas em geral.
regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua Pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível
compreensão dificultada. hierárquico diferente.

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Mensagem: Instrumento de comunicação oficial do hierárquico equivalente, determinam providências a
Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal, expondo serem cumpridas por unidades orgânicas e/ou servidores
sobre matérias que dependem de deliberação da Câmara. subordinados.
A mensagem versa sobre os seguintes assuntos, entre Portaria: Ato pelo qual o Prefeito ou os Secretários
outros: encaminhamento de projeto de lei complementar (por delegação do Prefeito) expedem determinações
ou financeira; pedido de autorização para o Prefeito e o gerais ou especiais a seus subordinados; ou designam
Vice-Prefeito se ausentarem do Município por mais de 15 servidores para substituições eventuais e execução de
dias; encaminhamento das contas referentes ao exercício atividades.
anterior; abertura da sessão legislativa; comunicação de Resolução: Ato emanado de órgãos colegiados, tendo
sanção de veto. como característica fundamental o estabelecimento de
Ofício: Meio de comunicação utilizado entre normas, diretrizes e orientações para a consecução dos
dirigentes de órgãos e entidades e titulares de unidades objetivos.
da Prefeitura ou ainda destes para com a Administração É válida para assuntos normativos ou de
Estadual, Federal e Empresas Privadas. reconhecimento de excepcionalidade.
Telegrama: Forma de correspondência em que são Edital: Ato de caráter obrigatório, emitido pelos
transmitidas comunicações de absoluta urgência e com titulares de órgãos e entidades e presidentes de
reduzido número de palavras, uma vez que a sua principal comissões, que se destina a fixar condições e prazos
característica é a síntese. para a legitimação de ato ou fato administrativo, a ser
Requerimento – deriva-se do verbo requerer, que, de concretizado pela Administração Municipal.
acordo com seu sentido denotativo, significa solicitar, Regimento: Ato que indica a categoria e a finalidade
pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o dos órgãos e entidades, detalha sua estrutura em unidades
pedido seja deferido, ou seja, aprovado. organizacionais, especifica as respectivas competências,
define as atribuições de seus dirigentes e indica seus
ATOS ENUNCIATIVOS relacionamentos interno e externo. Os regimentos serão
Apostila: Documento que complementa um ato oficial, postos em vigor por decreto do Prefeito, referendado
em geral ligado à vida funcional dos servidores públicos, pelo titular da Secretaria a que diga respeito o ato.
fixando vantagens pecuniárias, retificando ou alterando Regulamento: Ato que explica a execução de uma lei
nomes ou títulos. ou provê situação ainda não disciplinada por lei. Tem sua
O ato deve ser publicado e registrado no assentamento aprovação por decreto do Prefeito.
funcional. É sempre assinado pelo titular do órgão
expedidor. ATOS DE AJUSTE
Despacho: Nota escrita pela qual uma autoridade dá Contrato: Acordo bilateral firmado por escrito entre a
solução a um pedido ou encaminha a outra autoridade administração pública e particulares, vislumbrando, de um
pedido para que decida sobre o assunto. lado, o objeto do acordo, e de outro, a contraprestação
O despacho pode ser interlocutório ou decisório: correspondente (remuneração).
O Interlocutório é breve e baseado em informações Convênio: Acordo firmado por entidades públicas, ou
ou parecer, e consta do corpo do processo (quando entre estas e organizações particulares, para realização
houver). Em geral é manuscrito e assinado pela autoridade de objetivos de interesse comum dos partícipes.
competente, podendo, contudo, ser elaborado e assinado Termo Aditivo: Ato lavrado para complementar um
por outros servidores desde que lhes seja delegada ato originário - contrato ou convênio - quando verificada
competência. Nesse caso, inicia-se pela expressão: “De a necessidade de alteração de uma das condições
ordem”. ajustadas.
O decisório defere ou indefere solicitações.
Parecer: Manifestação de órgãos ou entidades sobre ATOS COMPROBATÓRIOS
assuntos submetidos à sua consideração. É um ato Alvará: Documento firmado por autoridade
administrativo usado com mais frequência por conselhos, competente, certificando, autorizando ou aprovando
comissões, assessorias e equivalentes. atos ou direitos.
Ata: Documento que registra, com o máximo de
Relatório: Documento em que se relata ao superior
fidelidade, o que se passou em uma reunião, sessão
imediato a execução de trabalhos concernentes a
pública ou privada, congresso, encontro, convenção e
determinados serviços ou a um período relativo ao
outros eventos, para comprovação, inclusive legal, das
exercício de cargo, função ou desempenho de atribuições.
discussões e resoluções havidas.
A ata é lavrada por um secretário, indicado pelos
ATOS NORMATIVOS
membros da reunião. Sua redação obedece sempre às
Decreto: Ato emanado do Poder Público, com força
LÍNGUA PORTUGUESA

mesmas normas, quer se trate de instituições oficiais ou


obrigatória, que se destina a assegurar ou promover a
entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem
ordem política, social, jurídica e administrativa. É por rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou
meio de decretos que o chefe do Governo determina a espaços em branco.
observância de regras legais. A linguagem utilizada na redação é bastante sumária
Ordem de Serviço: Ato pelo qual os titulares e quase sem oportunidade de inovações, exatamente por
de Coordenações, Departamentos, Presidentes de sua característica de simples resumo de fatos. Também,
Comissões, além de outras autoridades de nível em decorrência disso, os verbos são empregados sempre

97
no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser meio dele a administração manifesta o seu poder
evitados os adjetivos. Os números fundamentais, datas e a sua vontade ou atesta simplesmente situações
e valores, de preferência, são escritos por extenso. A pré-existentes.
redação deve ser fiel, clara e precisa com relação aos
fatos ocorridos, sem que o relator emita opinião sobre AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
eles. Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as
retificações feitas à anterior. Concordância com os pronomes de tratamento
Para os erros constatados no momento da redação, Os pronomes de tratamento apresentam certas
consoante o tipo de ata, emprega-se a partícula peculiaridades quanto às concordâncias verbal,
retificativa “digo”. Se forem notados erros após a nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda
redação, há o recurso da expressão “em tempo”. pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala), levam
Atestado: Documento em que se comprova um fato a concordância para a terceira pessoa. Os pronomes
e se afirma a existência ou inexistência de uma situação Vossa Excelência ou Vossa Senhoria são utilizados para
de direito da qual se tenha conhecimento em favor de se comunicar diretamente com o receptor.
alguém.
Certidão: Documento oficial onde se transcrevem #OBS.:
dados de assentamentos funcionais com absoluta Quanto às formas de tratamento não foi alterado
precisão. nessa última atualização do manual.
A certidão deve ser escrita sem abertura de
parágrafos, emendas ou rasuras. Quando houver Concordância de gênero
engano ou omissão, o certificante o corrigirá com
“digo”, colocado imediatamente após o erro. Com as formas de tratamento, faz-se a concordância
Declaração: Documento de manifestação com o sexo das pessoas a que se referem:
administrativa, declaratório da existência ou não de um • Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a
direito ou de um fato. assistir ao III Seminário da NOVA.
• Vossa Excelência será informada (mulher) a respeito
Os atos administrativos são compostos pelos das conclusões do III Seminário da NOVA.
seguintes elementos:
1. Competência - É a condição primeira para a vali- Concordância de pessoa
dade do ato administrativo. Nenhum ato pode ser
realizado validamente sem que o agente disponha Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão,
de poder legal para praticá-lo. as formas de tratamento exigem verbos e pronomes
2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atin- referentes a elas na terceira pessoa:
gir. Não se compreende ato administrativo sem fim • Vossa Excelência solicitou...
público. • Vossa Senhoria informou...
3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o • Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria e sua
ato administrativo constitui elemento vinculado equipe para... Na oportunidade, teremos a honra de
e indispensável à sua perfeição. A inexistência da ouvi-los...
forma induz à inexistência do ato administrativo.
A forma normal do ato administrativo é a escrita, A pessoa do emissor
embora atos existam consubstanciados em ordens O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo,
verbais, e até mesmo em sinais convencionais, poderá utilizar a primeira pessoa do singular ou a primeira
como ocorre com as instruções momentâneas de do plural (plural de modéstia). Não pode, no entanto,
superior a inferior hierárquico, com as determi- misturar as duas opções ao longo do texto:
nações da polícia em casos de urgência e com a • Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência...
sinalização do trânsito. No entanto, a rigor, o ato • Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência...
escrito em forma legal não se exporá à invalidade. • Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência...
4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direito • Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência...
ou de fato que determina ou autoriza a realização
do ato administrativo. O motivo como elemento Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua
integrante da perfeição do ato, pode vir expresso (Excelência, Senhoria, etc.)
em lei, como pode ser deixado a critério do admi- • Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento
nistrador. Em se tratando de motivo vinculado pela direto - usa-se para dirigir-se a pessoa com quem
lei, o agente da administração, ao praticar o ato, se fala, ou a quem se dirige a correspondência
fica na obrigação de justificar a existência do mo- (equivale a você): Na expectativa do atendimento
LÍNGUA PORTUGUESA

tivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo menos do que acaba de ser solicitado, apresento a Vossa
invalidável por ausência da motivação. Senhoria nossas atenciosas saudações.
5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação, • Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pessoa
a modificação ou a comprovação de situações jurí- de quem se fala (equivale a ele fala): Na abertura do
dicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor da PUCRS
sujeitas à atuação do Poder Público. Neste sentido, falou sobre o Plano Estratégico.
o objeto identifica-se com o conteúdo do ato e por

98
Abreviatura das formas de tratamento Breve História dos Pronomes de Tratamento
A forma por extenso demonstra maior respeito, maior O uso de pronomes e locuções pronominais de
deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida tratamento tem larga tradição na língua portuguesa.
ao Presidente da República. Fique claro, no entanto, De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao
que qualquer forma de tratamento pode ser escrita por português os pronomes latinos tue vos, “como tratamento
extenso, independentemente do cargo ocupado pelo direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
destinatário. passou-se a empregar, como expediente linguístico de
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
Vossa Magnificência tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
É assim que manuais mais antigos de redação ensinam o autor:
a tratar os reitores de universidades. Uma forma muito “Outro modo de tratamento indireto consistiu em
cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar, fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade
e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela
tão grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei
e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
fórmula >Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
simplesmente Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor. adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
Pronomes de Tratamento A partir do final do século XVI, esse modo de
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento indireto já estava em voga também para
tratamento tem larga tradição na língua portuguesa. os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê
De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E
português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia à palavra”, tradição que provém o atual emprego de pronomes de
passou-se a empregar, como expediente linguístico de tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no autoridades civis, militares e eclesiásticas.
tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
o autor: Concordância com os Pronomes de Tratamento
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à
eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela concordância verbal, nominal e pronominal. Embora
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com
com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação),
levam a concordância para a terceira pessoa. É que o
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
verbo concorda com o substantivo que integra a locução
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
substituto»; «Vossa Excelência conhece o assunto».
A partir do final do século XVI, esse modo de
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
tratamento indireto já estava em voga também para
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê
pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto» (e não
evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E
«Vossa ... vosso...”).
o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
tradição que provém o atual emprego de pronomes de o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da
tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às pessoa a que se refere, e não com o substantivo que
autoridades civis, militares e eclesiásticas. compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for
Umas das características do estilo da correspondência homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”,
oficial e empresarial é a polidez, entendida como o ajusta- “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher,
mento da expressão às normas de educação ou cortesia. “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve
A polidez se manifesta no emprego de fórmulas estar satisfeita”.
de cortesia (“Tenho a honra de encaminhar” e não,
simplesmente, “Encaminho...”; “Tomo a liberdade de Emprego dos Pronomes de Tratamento
sugerir...” em vez de, simplesmente, “Sugiro...”); no Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de
cuidado de evitar frases agressivas ou ásperas (até tratamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira
uma carta de cobrança pode ter seu tom amenizado, indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se
fazendo-se menção, por exemplo, a um possível dirige. Na redação oficial, é necessário atenção para o
LÍNGUA PORTUGUESA

esquecimento...); no emprego adequado das formas de uso dos pronomes de tratamento em três momentos
tratamento, dispensando sempre atenção respeitosa a distintos: no endereçamento, no vocativo e no corpo
superiores, colegas e subalternos. do texto. No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário
No que diz respeito à utilização das formas de no início do documento. No corpo do texto, pode-se
tratamento e endereçamento, deve-se considerar não empregar os pronomes de tratamento em sua forma
apenas a área de atuação da autoridade (universitária, abreviada ou por extenso. O endereçamento é o texto
judiciária, religiosa, etc.), mas também a posição utilizado no envelope que contém a correspondência
hierárquica do cargo que ocupa. oficial.

99
Vocativo Senhor Governador,
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas No envelope, o endereçamento das comunicações
comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência,
de vírgula. terá a seguinte forma:
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder,
utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou A Sua Excelência o Senhor
Excelentíssima Senhora e o cargo respectivo, seguidos Fulano de Tal
de vírgula. Ministro de Estado da Justiça
70.064-900 – Brasília. DF

FIQUE ATENTO! A Sua Excelência o Senhor


Aqui temos outra mudança. Senador Fulano de Tal
O manual atualizado traz a possibilidade de se Senado Federal
utilizar o vocativo “prezado/a”, quando o oficio 70.165-900 – Brasília. DF
estiver sendo direcionado para PARTICULAR.
Senhor Governador... (para autoridades) Senhor Ministro,
Prezado fulano de tal... (para particular) Submeto a Vossa Excelência projeto (...)

Em comunicações oficiais, ESTÁ ABOLIDO O USO


Como visto, o emprego destes obedece a secular DO TRATAMENTO DIGNÍSSMO (DD), às autoridades
tradição. São de uso consagrado: arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: para que se ocupe qualquer cargo público, sendo
desnecessária sua repetida evocação.
a) do Poder Executivo; Vossa Senhoria é empregado para as demais
Presidente da República; autoridades e para particulares. O vocativo adequado
Vice-Presidente da República; e o endereçamento que deve constar no envelope são:
Ministros de Estado;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Ao Senhor
Distrito Federal; Fulano de Tal
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Rua ABC, no 123
Embaixadores; 70.123 – Curitiba. PR
Secretários-Executivos de Ministérios e demais
ocupantes de cargos de natureza especial; Senhor Fulano de Tal,
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais. Escrevo a Vossa Senhoria (...)
b) do Poder Legislativo: Como se depreende do exemplo acima, FICA
Deputados Federais e Senadores; DISPENSADO O EMPREGO DO SUPERLATIVO
Ministro do Tribunal de Contas da União; ILUSTRÍSSIMO para as autoridades que recebem o
Deputados Estaduais e Distritais; tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. Acrescente-se que DOUTOR NÃO É FORMA DE
TRATAMENTO, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
c) do Poder Judiciário: indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o
Ministros dos Tribunais Superiores; apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham
Membros de Tribunais; tal grau por terem concluído curso universitário de
Juízes; doutorado. É costume indevido designar por doutor
os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e
d) outros: Auditores da Justiça Militar. em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor
O vocativo a ser empregado em comunicações confere a desejada formalidade às comunicações.
dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
seguido do cargo respectivo: empregada por força da tradição, em comunicações
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, dirigidas a reitores de universidade.
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
Nacional, Corresponde-lhe o vocativo:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo
LÍNGUA PORTUGUESA

Tribunal Federal. Magnífico Reitor,

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Agradeço a Vossa Magnificência por (...)
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador, Os pronomes de tratamento e vocativos para
Senhor Juiz, religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Senhor Ministro,

100
Em comunicações dirigidas ao Papa:

Santíssimo Padre,

Rogo a Vossa Santidade que (...)

Em comunicações aos Cardeais:


Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Rogo a Vossa Eminência ( Reverendíssima ) que (...)

Em comunicações a Arcebispos e Bispos:


Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo / Bispo,

Rogo a Vossa Excelência Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Monsenhores, Côneco e superiores religiosos:


Reverendíssimo Senhor Monsenhor / Cônego / Superior religioso

Rogo a Vossa ( Senhoria ) Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Sacerdotes, Clérigos e Demais religiosos:


Reverendo Sacerdote / Clérigo / Demais religiosos,

Rogo a Vossa Reverência que (...)

Veja o quadro a seguir, que:


• Agrupa as autoridades em universitárias, judiciárias, militares, eclesiásticas, monárquicas e civis;
• Apresenta os cargos e as respectivas fórmulas de tratamento (por extenso, abreviatura singular e plural);
• Indica o vocativo correspondente e a forma de endereçamento.

Autoridades Universitárias

Cargo ou
Por Extenso Abreviatura Singular Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Função
Ao Magnífico Reitor
V. Mag.as ou V. Magnífico Reitor
ou
Magas.
Vossa Magnificência
V. Mag.ª ou V. Maga. ou
Reitores ou Ao Excelentíssimo
V. Exa. ou V. Ex.ª ou
Vossa Excelência Senhor Reitor
Excelentíssimo
Nome
V.Ex.as ou V.Exas. Senhor Reitor
Cargo
Endereço
Ao Excelentíssimo
Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor
Vice-Reitores Vossa Excelência V.Ex.ª, ou V.Exa. V.Ex.as ou V. Exas. Senhor Vice- Nome
Reitor Cargo
Endereço
Assessores
Ao Senhor
Pró-Reitores
V.S.ª ou Nome
Diretores Vossa Senhoria V.S.as ou V.Sas. Senhor + cargo
V.Sa. Cargo
Coord. de
Endereço
LÍNGUA PORTUGUESA

Departamento

101
Autoridades Judiciárias

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Auditores
Curadores
Defensores Públicos
Ao Excelentíssimo Senhor
Desembargadores
Vossa V.Ex.as ou V. Excelentíssimo Nome
Membros de Tribunais V.Ex.ª ou V. Exa.
Excelência Exas. Senhor + cargo Cargo
Presidentes de
Endereço
Tribunais
Procuradores
Promotores
Ao Meritíssimo Senhor Juiz
Meritíssimo
Meritíssimo Senhor Juiz ou
Juiz
M.Juiz ou V.Ex.ª, V.
Juízes de Direito ou V.Ex.as ou Ao Excelentíssimo Senhor
Exas.
Vossa Juiz
Excelência Excelentíssimo Nome
Senhor Juiz Cargo
Endereço

Autoridades Militares

Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
Ao Excelentíssimo Senhor
Oficiais Generais Vossa Excelentíssimo Nome
V.Ex.ª ou V. Exa. V.Ex.as, ou V. Exas.
(até Coronéis) Excelência Senhor Cargo
Endereço
Ao Senhor
Vossa Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas. Senhor + patente
Senhoria Cargo
Endereço

Autoridades Eclesiásticas

Abreviatura
Cargo ou unção Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev. ou V.
ma
V.Ex. Rev. ou V.
as mas
Excelentíssimo
Arcebispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V. V.Ex.asRev.mas ou V. Excelentíssimo
Bispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Eminência
Vossa Eminência V.Em.ª, V. Ema. V.Em.as, V. Emas. Eminentíssimo
Reverendíssima
ou Vossa ou ou Reverendíssimo
Cardeais Nome
Eminência V.Em.ª Rev.ma, V. V.EmasRev.mas ou V. ou Eminentíssimo
Cargo
Reverendíssima Ema. Revma. Emas. Revmas. Senhor Cardeal
LÍNGUA PORTUGUESA

Endereço
Ao Reverendíssimo
Cônego
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Cônegos Nome
Reverendíssima ou V. Revma. V. Revmas. Cônego
Cargo
Endereço

102
Ao Reverendíssimo
Frade
Vossa V. Rev.ma
V. Rev.
mas
Reverendíssimo
Frades Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Frade
Cargo
Endereço
A Reverendíssima Irmã
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo Nome
Freiras
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Irmã Cargo
Endereço
Ao Reverendíssimo
Monsenhor
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Monsenhores Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Monsenhor
Cargo
Endereço
A Sua Santidade o
Papa Vossa Santidade V.S. - Santíssimo Padre
Papa
Ao Reverendíssimo
Padre / Pastor
ou
Sacerdotes em Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendo Padre / Ao Reverendo Padre /
geral e pastores Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Pastor Pastor
Nome
Cargo
Endereço

Autoridades Monárquicas

Cargo ou Abreviatura Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função Singular Plural
A Sua Alteza Real
Nome
Arquiduques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Duques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Nome
Imperadores V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Nome
Reis V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Cargo
Endereço
LÍNGUA PORTUGUESA

103
Autoridades Civis

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Chefe da Casa Civil e da

Casa Militar

Cônsules

Deputados

Embaixadores

Governadores Ao Excelentíssimo
Senhor
Vossa V.Ex.ª ou V.Ex.
as
Excelentíssimo
Ministros de Estado Nome
Excelência V. Exa. ou V. Exas. Senhor + Cargo
Cargo
Prefeitos Endereço

Presidentes da
República

Secretários de Estado

Senadores

Vice-Presidentes de
Repúblicas
Ao Senhor
Demais autoridades
Vossa V.S.ª ou V.S.as Nome
não contempladas com Senhor + Cargo
Senhoria V. Sa. ou V. Sas. Cargo
tratamento específico
Endereço

Forma de Diagramação
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:

FIQUE ATENTO!
- conforme as ultimas mudanças no manual de redação oficial, deve ser utilizada fonte do tipo Calibri ou
Carlito (antes era a Times New Roman), de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
rodapé;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
apenas para gráficos e ilustrações;
LÍNGUA PORTUGUESA

- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7
x 21,0 cm;
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
documento + número do documento + palavraschave do conteúdo.

104
Fechos para Comunicações
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário.
Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça,
de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o
emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

Identificação do Signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve
ser a seguinte:

(espaço para assinatura)


Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


Nome
Ministro de Estado da Justiça

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

O Padrão Ofício
Antes das ultimas alterações do Manual de Redação, tínhamos 3 tipos de expediente: Ofício, Aviso e Memorando.
A distinção básica anterior entre os três era:
a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia;
b) ofício: era expedido para e pelas demais autoridades; e
c) memorando: era expedido entre unidades administrativas de um mesmo órgão.

FIQUE ATENTO!
De acordo com essas alterações, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo
ofício nas três hipóteses.

A diagramação proposta para esse expediente é denominada padrão ofício.


A seguir, será apresentada a estrutura do padrão ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento aparece
no documento oficial.

Partes do documento no padrão ofício

Cabeçalho
O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página do documento, centralizado na área determinada pela
formatação.
No cabeçalho deverão constar os seguintes elementos:
a) brasão de Armas da República: no topo da página. Não há necessidade de ser aplicado em cores. O uso de marca
da instituição deve ser evitado na correspondência oficial para não se sobrepor ao Brasão de Armas da República.
b) nome do órgão principal;
LÍNGUA PORTUGUESA

c) nomes dos órgãos secundários, quando necessários, da maior para a menor hierarquia; e
d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0).

105
Exemplo:

Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico oficial
da instituição, podem ser informados no rodapé do documento, centralizados.
5.1.2 Identificação do expediente
Os documentos oficiais devem ser identificados da seguinte maneira:
a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com todas as letras maiúsculas;
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”, padronizada como No;
c) informações do documento: número, ano (com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede o documento,
da menor para a maior hierarquia, separados por barra (/); e
d) alinhamento: à margem esquerda da página.

Exemplo:
OFÍCIO N° 652/2018/SAA/SE/MT

Local e data do documento


Na grafia de datas em um documento, o conteúdo deve constar da seguinte forma:
a) composição: local e data do documento;
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a
sigla da unidade da federação depois do nome da cidade;
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em numeração cardinal para os demais dias do
mês. Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem direita da página.

Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018.

Endereçamento
O endereçamento é a parte do documento que informa quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos:
a) vocativo: na forma de tratamento adequada para quem receberá o expediente;
b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas linhas:

primeira linha: informação de localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão,
informação do setor;
segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e
unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão,
não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade da federação; e

e) alinhamento: à margem esquerda da página.


LÍNGUA PORTUGUESA

O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa
Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao Senhor”
ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria a Senhora”.

106
Exemplos:

A Sua Excelência o Senhor À Senhora Ao Senhor


[Nome] [Nome] [Nome]
Ministro de Estado da Justiça Diretora de Gestão de Pessoas Chefe da Seção de Compras
Esplanada dos Ministérios Bloco T SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, Seção
70064-900 Brasília/DF 70070-030 Brasília. DF Brasília — DF

Assunto
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta.
Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não
se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; e
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

Exemplos:
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão julho/2018.
Assunto: Aquisição de computadores.

Texto do documento
O texto do documento oficial deve seguir a seguinte padronização de estrutura:
I – nos casos em que não seja usado para encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte
estrutura:
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho
o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico;
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; e
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto.

II – quando forem usados para encaminhamento de documentos, a estrutura é modificada:


a) introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do docu-
mento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar,
indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e assunto
de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado; e

Exemplos:
Em resposta ao Ofício n o 12, de 1o de fevereiro de 2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril de 2018,
da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do Presidente da
Confederação Nacional da Indústria, a respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.
b) desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há parágrafos de desenvol-
vimento em expediente usado para encaminhamento de documentos.

III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos:
- espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo;
- recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Não se numeram o vocativo e o fecho;


d) fonte: Calibri ou Carlito;
- corpo do texto: tamanho 12 pontos;
- citações recuadas: tamanho 11 pontos; e
- notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings;

107
Fechos para comunicações
O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o destinatário.
Os modelos para fecho anteriormente utilizados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministério da Justiça,
que estabelecia quinze padrões.
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos
diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição
próprios.

O fecho da comunicação deve ser formatado da seguinte maneira:


a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da página;
b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
c) espaçamento entre linhas: simples;
d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; e
e) não deve ser numerado.

Identificação do signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima
do nome do signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposi-
ções que liguem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página.
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

Exemplo:
(espaço para assinatura)
NOME
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República
(espaço para assinatura)
NOME
Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas

Numeração das páginas


A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação.
Ela deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Formatação e apresentação
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão
colorida para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico,
LÍNGUA PORTUGUESA

sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que
afete a sobriedade e a padronização do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado
para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencial-
mente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço
público, tais como DOCX, ODT ou RTF.

108
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira:
tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do con-
teúdo

Exemplo:
Ofício 123_2018_relatório produtividade anual

Seguem exemplos de Ofício:

LÍNGUA PORTUGUESA

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LÍNGUA PORTUGUESA

110
LÍNGUA PORTUGUESA

111
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos de documentos

FIQUE ATENTO!
Como vimos acima, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo ofício para todos
os tipos, porém, conforme as alterações do manual, esse ofício pode apresentar algumas variações.

112
Essa variação não é obrigatória: PODE-SE acrescentar-se um “sobrenome” ao oficio. Vejamos abaixo as possíveis
variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão
receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente
para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo
expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas
ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos

Definição e finalidade
Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:
a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o
assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros envolvidos,
sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das
exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

Forma e estrutura
As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:
a) apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou infor-
mar ao Presidente da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se solucionar
o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o assunto
informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que
permitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;
b) ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a edição
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no
âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
e) evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos


ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.
LÍNGUA PORTUGUESA

113
Exemplo de exposição de motivos:
LÍNGUA PORTUGUESA

114
#FicaDica
A exposição de motivos deve estar adequados ao sistema SIDOF (Sistema de Geração e Tramitação de Do-
cumentos Oficiais)
LÍNGUA PORTUGUESA

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos
com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, são substituídos pela assinatura eletrônica que
informa o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico
da Pasta.

115
Mensagem O curriculum vitae do indicado, assinado, com a
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial informação do número de Cadastro de Pessoa Física,
entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente acompanha a mensagem.
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo
ao Poder Legislativo para informar sobre fato da d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vi-
administração pública; para expor o plano de governo por ce-Presidente da República se ausentarem do país
ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter por mais de 15 dias:
ao Congresso Nacional matérias que dependem de Trata-se de exigência constitucional (Constituição,
deliberação de suas Casas; para apresentar veto; enfim, art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é
fazer comunicações do que seja de interesse dos Poderes da competência privativa do Congresso Nacional. O
Públicos e da Nação. Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
caberá a redação final. lhes mensagens idênticas.

As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao e) Encaminhamento de atos de concessão e de reno-


Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: vação de concessão de emissoras de rádio e TV:
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
a) Encaminhamento de proposta de emenda consti- Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do
tucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de art. 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos
lei complementar e os que compreendem plano legais a outorga ou a renovação da concessão após
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art.
anuais e créditos adicionais: 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem a urgência
Os projetos de lei ordinária ou complementar são prevista na Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o do
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato
urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o
ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser correspondente processo administrativo.
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício
membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada
anterior:
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil
O Presidente da República tem o prazo de 60 dias
da Presidência da República ao Primeiro-Secretário
após a abertura da sessão legislativa para enviar ao
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício
tramitação (Constituição, art. 64, caput).
anterior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV),
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano
para exame e parecer da Comissão Mista permanente
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos
dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e Deputados realizar a tomada de contas (Constituição,
os respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro- art. 51, caput, inciso II) em procedimento disciplinado
Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da no art. 215 do seu Regimento Interno.
Constituição impõe a deliberação congressual em sessão
conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:
comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está Deve conter o plano de governo, exposição sobre
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § a situação do País e a solicitação de providências que
5o), que comanda as sessões conjuntas. julgar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI).
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
b) Encaminhamento de medida provisória: Presidência da República. Esta mensagem difere das
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da demais, porque vai encadernada e é distribuída a todos
Constituição, o Presidente da República encaminha os congressistas em forma de livro.
Mensagem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com
ofício para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, h) Comunicação de sanção (com restituição de autó-
juntando cópia da medida provisória. grafos):
Esta mensagem é dirigida aos Membros do
c) Indicação de autoridades: Congresso Nacional, encaminhada por ofício ao
As mensagens que submetem ao Senado Federal Primeiro-Secretário da Casa onde se originaram os
a indicação de pessoas para ocuparem determinados autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
LÍNGUA PORTUGUESA

cargos (magistrados dos tribunais superiores, ministros lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos
do Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores recebidos, nos quais o Presidente da República terá
do Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes aposto o despacho de sanção.
de missão diplomática, diretores e conselheiros de
agências etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III
e IV do caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso
Nacional competência privativa para aprovar a indicação.

116
i) Comunicação de veto:
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão de
vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário
Oficial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder
Legislativo.

j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:


- Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).
- Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art.
49, caput, inciso I);
- Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
- Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput, inciso
VI);
- Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
- Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
- Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e art. 128,
§ 2o);
- Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
- Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
- Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
- Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
- Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
- Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
- Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto,
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
- Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
188, § 1o).

Forma e estrutura
As mensagens contêm:
a) brasão: timbre em relevo branco
b) identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com
o recuo de parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.

LÍNGUA PORTUGUESA

117
Exemplo de mensagem:

Correio eletrônico (e-mail)

#FicaDica
Correio eletrônico ainda é o meio mais célere (rápido) de envio de documentos, devendo atentar às
LÍNGUA PORTUGUESA

características de uma correspondência oficial, mesmo sendo ele digital.

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também
na administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode
significar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.

118
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado Exemplos:
um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, Senhor Coordenador,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com Prezada Senhora,
uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores Fecho
públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações
extensão “.gov.br”, por exemplo. oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso
Como sistema de transmissão de mensagens de abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como
eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou- “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente
se na principal forma de envio e recebimento de usados, não são fechos oficiais e, portanto, não devem
documentos na administração pública. ser utilizados em e-mails profissionais.
O correio eletrônico, em algumas situações, aceita
Valor documental uma saudação inicial e um fecho menos formais. No
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor deve ser formal, como a que se usaria em qualquer outro
documental, isto é, para que possa ser aceito como documento oficial.
documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, segundo Bloco de texto da assinatura
os parâmetros de integridade, autenticidade e validade Sugere-se que todas as instituições da administração
jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – pública adotem um padrão de texto de assinatura. A
ICP-Brasil. assinatura do e-mail deve conter o nome completo, o
O destinatário poderá reconhecer como válido o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
e-mail sem certificação digital ou com certificação digital
fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será Exemplo:
obrigatório a repetição do ato por meio documento Maria da Silva
físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela Assessora
ICP-Brasil. Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor (61)XXXX-XXXX
a aceitação de documento eletrônico que não atenda os
parâmetros da ICP-Brasil. Anexos
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e
Forma e estrutura imagens de diversos formatos é uma das vantagens do
Um dos atrativos de comunicação por correio e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
padronização da mensagem comunicada. No entanto, Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é
devem-se observar algumas orientações quanto à sua realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no
estrutura. corpo do correio eletrônico.
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o
Campo “Assunto” reencaminhamento de anexos nas mensagens de
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, resposta.
relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim,
quem irá receber a mensagem identificará rapidamente Os arquivos anexados devem estar em formatos
do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico. Quando se tratar de documento ainda em discussão,
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em
conteúdo completo da mensagem para que não pareça, formato que possa ser editado.
ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/
lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais Recomendações
preciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma - Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de
da Previdência”. confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
deve constar da mensagem pedido de confirma-
Local e data ção de recebimento;
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez - Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
que o próprio sistema apresenta essa informação. computadores, mantêm-se a recomendação de
tipo de fonte, tamanho e cor dos documentos ofi-
LÍNGUA PORTUGUESA

Saudação inicial/vocativo ciais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta;


O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado - Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem
por uma saudação. Quando endereçado para outras ser utilizados, pois não são apropriados para men-
instituições, para receptores desconhecidos ou para sagens profissionais, além de sobrecarregar o ta-
particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os manho da mensagem eletrônica;
demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou - A mensagem do correio eletrônico deve ser revi-
“Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado sada com o mesmo cuidado com que se revisam
Senhor”, “Prezada Senhora”. outros documentos oficiais;

119
- O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser utilizados;
- Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das con-
versas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
- Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota agres-
sividade de parte do emissor da comunicação.
- Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de logo-
tipos do ente público junto ao texto da assinatura.
- Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do desti-
natário.

FIQUE ATENTO!
Telegrama e Fax - Foram abolidos do Manual de Redação

No Manual de Redação Oficial, temos ainda um capítulo que trata dos ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E
GRAMÁTICA.
Nesta seção aplicam-se os princípios da ortografia e de certos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua
elaboração, levou-se em conta amplo levantamento feito das dúvidas mais frequentes com relação à ortografia, à
sintaxe e à semântica. Buscou-se, assim, dotar o Manual de uma parte eminentemente prática, à qual se possa recorrer
sempre que houver incerteza quanto à grafia de determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma frase, ou à
adequada expressão a ser utilizada.
As noções gramaticais apresentadas neste capítulo referem-se à gramática formal, entendida como o conjunto de
regras fixado a partir do padrão culto de linguagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos conceitos da Gramática
dita tradicional (ou normativa). A aplicação de conceitos da Gramática gerativa implicaria, forçosamente, em discussão
de teoria linguística, o que não parece apropriado em um Manual que tem óbvia finalidade prática.
Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradicional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre secundárias
em relação à gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência linguística a todo falante nativo. Não há
gramática que esgote o repertório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contemplam as regularidades
do idioma.
Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para que se escreva bem.
No entanto, o domínio da correção ortográfica, do vocabulário e da maneira de estruturar as frases certamente
contribui para uma melhor redação. Tenha sempre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo.

Ao acessar o link a seguir terá acesso a todo o conteúdo do Manual, podendo assim analisar a parte gramatical
abordada pelo mesmo, sendo que, dentre os conteúdo gramaticais que sugerimos uma atenção maior é o que se refere
ao uso do hífen.
Vamos aqui fazer uma breve abordagem sobre esse assunto e segue o link para análise do conteúdo do Manual na
íntegra:
http://www.licitotus.com.br/manual-de-redacao-oficial-e-atualizado-pela-casa-civil-da-presidencia-da-republica/

Hífen
O hífen é usado em palavras compostas, com pronomes oblíquos e para separar sílabas. Exemplos: abre-alas, pós-
moderno, encantei-lhe, amai-vos, a-le-gri-a, sa-ú-de.

Prefixos e Elementos de Composição


Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de composição. Veja o quadro a seguir:

Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa por:


H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Exemplos com H: ante-hipófise,
anti-higiênico, anti-herói,
contra-hospitalar, entre-hostil,
extra-humano, infra-hepático,
LÍNGUA PORTUGUESA

Ante-, Anti-, Contra-, Entre-, Extra-, Infra-, Intra-,


sobre-humano, supra-hepático,
Sobre-, Supra-, Ultra-
ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica:
anti-inflamatório, contra-ataque,
infra-axilar, sobre-estimar,
supra-auricular, ultra-aquecido.

120
H/R
Exemplos: hiper-hidrose, hiper-raivoso, inter-humano,
Hiper-, Inter-, Super-
inter-racial,
super-homem, super-resistente.
B-H-R
Exemplos: sub-bloco, sub-hepático,
Sub- sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e sem “h”, como por
exemplo “subumano” e “subepático” também são aceitas.
B - R - D (Apenas com o prefixo “Ad”)
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota-, Soto-, Vice-,
Exemplos: ex-namorada, sota-soberania (não total), soto-
Vizo-
mestre (substituto), vice-reitor, vizo-rei.
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
pró-democracia.
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com significados próprios)
Obs.: se os prefixos não forem autônomos, não haverá
hífen. Exemplos: predeterminado, pressupor, pospor,
propor.
H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano,
Circum-, Pan- circum-navegação, circum-oral,
pan-americano, pan-mágico,
pan-negritude.
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos por Exemplos com H: geo-histórico,
apresentarem elevado grau de independência e mini-hospital, neo-helênico,
possuírem uma significação mais ou menos delimitada, proto-história, semi-hospitalar.
presente à consciência dos falantes.) Exemplos com vogal idêntica:
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Geo-, Hidro-, arqui-inimigo, auto-observação,
Macro-, Maxi-, Mega, Micro-, Mini-, Multi-, Neo-, Pluri-, eletro-ótica, micro-ondas,
Proto-, Pseudo-, Retro-, Semi-, Tele- micro-ônibus, neo-ortodoxia,
semi-interno, tele-educação.

#Importante

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao segundo elemento, mesmo
que este se inicie por ‘o’ ou ‘h’. Neste último caso, corta-se o ‘h’. Se a palavra seguinte começar com ‘r’ ou ‘s’, dobram-
se essas letras.
Exemplos: coadministrar, coautor, coexistência, cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno.

2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen, mesmo diante de palavras começadas por ‹e›.
Exemplos: preeleger, preexistência, reescrever, reedição.

3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por r ou
s, estas consoantes serão duplicadas e não se utilizará o hífen.
Exemplos: antirreligioso, antissemita, arquirrivalidade, autorretrato, contrarregra, contrassenso, extrasseco,
infrassom, eletrossiderurgia, neorrealismo, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO!
Não confunda as grafias das palavras autorretrato e porta-retrato. A primeira é composta pelo prefixo
auto-, o que justifica a ausência do hífen e a duplicação da consoante ‘r’. ‘Porta-retrato’, por outro lado,
não possui prefixo: o elemento ‘porta’ trata-se de uma forma do verbo “portar”. Assim, esse substantivo
composto deve ser sempre grafado com hífen.

121
4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo Conheça algumas diferenças de significação que o
terminar em vogal e o segundo elemento começar por uso (ou ausência) do hífen pode provocar:
vogal diferente, não se utilizará o hífen.
Exemplos: antiaéreo, autoajuda, autoestrada, Significado com uso
agroindustrial, contraindicação, infraestrutura, Significado sem uso do hífen
do hífen
intraocular, plurianual, pseudoartista, semiembriagado,
ultraelevado, etc. Ao meio-dia = às 12h

5) Não se utilizará o hífen nas formações com os


prefixos des- e in-, nas quais o segundo elemento tiver Meio dia = metade do dia
perdido o “h” inicial.
Exemplos: desarmonia, desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.

6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao Pão duro = pão envelhecido
possuir função prefixal.
Exemplos: não violência, não agressão, não
comparecimento. Pão-duro = sovina

Lembre-se:
Não se utiliza o hífen em palavras que possuem os
elementos “bi”, “tri”, “tetra”, “penta”, “hexa”, etc.
Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal, Cara suja = rosto sujo
Cara-suja = espécie de
tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão, periquito
tetraplégico, pentacampeão, pentágono, etc.

Observações:
- Em relação ao prefixo “hidro”, em alguns casos
pode haver duas formas de grafia.
Exemplos:
“Hidroavião” e “hidravião”;
“hidroenergia” e “hidrenergia”
Copo de leite = copo com
- No caso do elemento “socio”, o hífen será utilizado leite Copo-de-leite = flor
apenas quando houver função de substantivo (= de
associado).
Exemplos: sócio-gerente / socioeconômico

- Travessão e Hífen
Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é
um sinal de pontuação mais longo do que o hífen.

- Hífen e translineação
Havendo coincidência de fim de linha com o hífen, Para ter acesso ao conteúdo completo da parte
deve-se, por clareza gráfica, repeti-lo no início da linha gramatical, acesse nosso site e adquira nossos materiais
seguinte. de Língua Portuguesa para complementar seus estudos.
Exemplos: ex-
- alferes
guarda-
-chuva
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Por favor, diga-
-nos logo o que aconteceu. 1. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016)
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da
República (MRPR), o aviso e o ofício são
LÍNGUA PORTUGUESA

a) modalidades de comunicação entre unidades adminis-


trativas de um mesmo órgão.
b) instrumentos de comunicação oficial entre os chefes
dos poderes públicos.
c) documentos que compartilham a mesma diagrama-
ção, uma vez que seguem o padrão ofício.

122
d) expedientes utilizados para o tratamento de assuntos 3. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços
oficiais entre órgãos da administração pública e par- de Transportes Aquaviários – Superior - CESPE/2014)
ticulares. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das
e) correspondências usualmente remetidas por particula- correspondências oficiais, julgue os itens que se seguem,
res a órgãos do serviço público. de acordo com o Manual de Redação da Presidência da
República.
Resposta: Letra C. O tratamento Digníssimo deve ser empregado para
De acordo com o Manual: todas as autoridades do poder público, uma vez que a
O Padrão Ofício dignidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes de cargos públicos.
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e
o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode- ( ) CERTO ( ) ERRADO
se adotar uma diagramação única, que siga o que
chamamos de padrão ofício. Resposta: Errado.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
manual.htm forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...)
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais
2. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) cargos públicos sejam ocupados.
Considerando as disposições do MRPR, assinale a opção Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_
que apresenta o vocativo adequado para ser empregado oficial_publicacoes_ver.php?id=2
em um expediente cujo destinatário seja um Delegado
de Polícia Civil. 5. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO
– MÉDIO - CESPE/2014) Em toda comunicação oficial,
a) Magnífico Delegado, exceto nas direcionadas a autoridades estrangeiras,
deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou
b) Digníssimo Delegado,
Atenciosamente, de acordo com as hierarquias do
c) Senhor Delegado,
destinatário e do remetente.
d) Excelentíssimo Senhor Delegado,
e) Ilustríssimo Senhor Delegado,
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra C.
Resposta: Certo.
Manual de Redação:
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
Senhor, seguido do cargo respectivo: para todas as modalidades de comunicação oficial:
Senhor Senador, A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
Senhor Juiz, da República: Respeitosamente,
Senhor Ministro, B) para autoridades de mesma hierarquia ou de
Senhor Governador, hierarquia inferior: Atenciosamente,
(...) Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a
tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas rito e tradição próprios, devidamente disciplinados
na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que no Manual de Redação do Ministério das Relações
se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária Exteriores.
sua repetida evocação.
(...) 4. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
Como se depreende do exemplo acima, fica OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma
dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo ata, devem-se relatar exaustivamente, com o máximo
para as autoridades que recebem o tratamento de de detalhamento possível, incluindo-se os aspectos
Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso subjetivos, as discussões, as propostas, as resoluções e
do pronome de tratamento Senhor. as deliberações ocorridas em reuniões e eventos que
Acrescente-se que doutor não é forma de exigem registro.
tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o ( ) CERTO ( ) ERRADO
apenas em comunicações dirigidas a pessoas que
tenham tal grau por terem concluído curso universitário Resposta: Errado.
LÍNGUA PORTUGUESA

de doutorado. É costume designar por doutor os Ata é um documento administrativo que tem a
bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e finalidade de registrar de modo sucinto a sequência
em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor de eventos de uma reunião ou assembleia de pessoas
confere a desejada formalidade às comunicações. com um fim específico. É característica da Ata
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ apresentar um resumo, cronologicamente disposto,
manual.htm de modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redacao_oficial_ata/)

123
6. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário –
CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas
direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer
HORA DE PRATICAR!
uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente,
de acordo com as hierarquias do destinatário e do 1. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR –
remetente. CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014-ADAPTADA)

( ) CERTO ( ) ERRADO A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar


mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em socie-
Resposta: Certo. dade. Ao longo da história, os mais diversos artigos foram
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual usados com essa finalidade, como o chocolate, entre os
estabelece o emprego de somente dois fechos astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegueses, tendo
diferentes para todas as modalidades de comunicação cabido aos gregos do século VII a.C. a criação de uma
oficial: moeda metálica com um valor padronizado pelo Estado.
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o acesso das
da República: Respeitosamente, camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo de dinheiro e
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de a coleta de impostos – coisas muito difíceis de fazer quan-
hierarquia inferior: Atenciosamente, do os valores eram contados em bois ou imóveis”, afirma
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano, da Universidade
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a de São Paulo. A segunda grande revolução na história do
rito e tradição próprios, devidamente disciplinados dinheiro, o papel-moeda, teve uma origem mais confusa.
no Manual de Redação do Ministério das Relações Existiam cédulas na China do ano 960, mas elas não se
Exteriores. espalharam para outros lugares e caíram em desuso no
fim do século XIV.
7. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços de As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo
Transportes Aquaviários – CESPE/2014) Considerando – em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
aspectos estruturais e linguísticos das correspondências crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma
oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo com o terceira revolução monetária. “Com a informática, o di-
Manual de Redação da Presidência da República. nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis,
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para livres do espaço, do tempo e do controle de governos e
todas as autoridades do poder público, uma vez que a corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da
dignidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América.
de cargos públicos. Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações).

( ) CERTO ( ) ERRADO A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para


medir riquezas e trocar mercadorias”.

Resposta: Errado. ( ) CERTO ( ) ERRADO


Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) 2. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS PARA TODOS
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais OS CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE-2017-ADAPTA-
cargos públicos sejam ocupados. DA)
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_
oficial_publicacoes_ver.php?id=2 Texto CG2A2AAA

Em sua definição, o voto em branco é aquele que não se di-


rige a nenhum candidato entre os que disputam as eleições.
São considerados, portanto, votos estéreis, porque não pro-
duzem frutos. Os votos nulos, por sua vez, são aqueles que,
somados aos votos em branco, compõem a categoria dos
votos estéreis, inválidos ou, como denominou o Tribunal Su-
perior Eleitoral, votos apolíticos. Logo, os votos em branco e
os nulos são votos que, a princípio, não produzem resultado
nem influenciam no resultado do pleito.
Ao comparecer às urnas no dia das eleições, o eleitor que
LÍNGUA PORTUGUESA

apresentar voto em branco ou nulo pode fazê-lo por di-


versas razões. Esses motivos podem embasar tanto a pos-
tura dos que votam em branco quanto a dos que votam
nulo, pois o resultado final é o mesmo: invalidar o voto.
Assim sendo, não é razoável diferenciar o voto em branco
do voto nulo. Deve-se considerar a essência do ato, a sua
real motivação, que é a invalidação. É evidente que não se

124
sabe, ao certo, a razão que motiva cada eleitor a votar em 4. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDICIÁRIA
branco ou nulo; entretanto, em ambos os casos, não há – IBFC-2017)
dúvida quanto à invalidade do voto por ele dado.
Renata Dias. Os votos brancos e nulos no estado democrá-
tico de direito: a legitimidade das eleições majoritárias no
Brasil. In: Estudos eleitorais, v. 8, n.º 1, jan./abr. 2013, p. 36-8
(com adaptações).
No segundo parágrafo do texto CG2A2AAA, a forma verbal
“fazê-lo” remete a

a) “o resultado final”
b) “embasar tanto a postura dos que votam em branco
quanto a dos que votam nulo”
c) “voto em branco ou nulo” O humor do texto orienta-se pela relação entre os ele-
d) “apresentar voto em branco ou nulo” mentos verbais e não-verbais. Quanto aos primeiros,
e) “comparecer às urnas no dia das eleições” destaca-se a ambiguidade, ou seja, a possibilidade de
mais de uma interpretação do seguinte termo:
3. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL E
TRANSPORTE – CESPE-2015) a) “claro”.
b) “chefe”.
TEXTO II c) “fiz”.
d) “retirada”.
A partir de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), o e) “sustentável”.
Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) determinou
que a Google Brasil retirasse, em até 72 horas, 15 vídeos do 5. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de
YouTube que disseminam o preconceito, a intolerância e a dis- 11 a 26 – CESPE-2013)
criminação a religiões de matriz africana, e fixou multa diária Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode aconte-
de R$ 50.000,00 em caso de descumprimento da ordem judi- cer com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos
cial. Na ação civil pública, a Procuradoria Regional dos Direitos sequer percebem que determinadas lembranças foram
do Cidadão (PRDC/RJ) alegou que a Constituição garante aos criadas, pois as cenas e até os sons evocados pelo cé-
cidadãos não apenas a obrigação do Estado em respeitar as rebro surgem com a mesma nitidez e o mesmo grau de
liberdades, mas também a obrigação de zelar para que elas detalhamento das memórias reais.
sejam respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas. De acordo com alguns neurocientistas, quando a pessoa
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos da se recorda de uma sequência de eventos, o cérebro re-
Internet restauraria a dignidade de tratamento, que, nesse constrói o passado juntando os “tijolos” de dados, mas
caso, foi negada às religiões de matrizes africanas. Corrobo- somente o ato de acessar as lembranças já modifica e
rando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a veiculação de distorce a realidade.
vídeos potencialmente ofensivos e fomentadores do ódio, Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
da discriminação e da intolerância contra religiões de ma- sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a me-
trizes africanas não corresponde ao legítimo exercício do mória não pode ser considerada um papel carbono, ou
direito à liberdade de expressão. O tribunal considerou que seja, de que ela não reproduz fielmente um acontecimen-
a liberdade de expressão não se pode traduzir em desres- to. “Nossa esperança é que, ao propor uma explicação
peito às diferentes manifestações dessa mesma liberdade, neural para o processo de geração das falsas memórias,
pois ela encontra limites no próprio exercício de outros di- haja aplicações práticas nas cortes de justiça, por exem-
reitos fundamentais. plo”, diz o cientista. “Jurados e magistrados precisam de
Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações). evidências de que, por mais real que aparente ser, um
fato recordado por uma testemunha pode não ser verda-
No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adulterar” deiro. A memória humana não é como uma memória de
está sendo empregada com o sentido de alterar prejudicando. computador, não está certa o tempo todo.”
O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
( ) CERTO ( ) ERRADO meiros 250 americanos que tiveram suas condenações
penais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido
vítimas de falso testemunho ocular. Um psicólogo en-
trevistado afirmou que, dependendo de como se conduz
LÍNGUA PORTUGUESA

uma acareação, ela pode confundir a pessoa interrogada.


Correio Braziliense, 26/7/2013 (com adaptações).

O trecho “a memória não pode ser considerada um papel


carbono” poderia ser corretamente reescrita da seguinte
forma: não pode-se considerá-la papel carbono.

( ) CERTO ( ) ERRADO

125
6. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e após “colonial” é utilizada para isolar aposto.
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os ( ) CERTO ( ) ERRADO
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan-
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que 9. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – ASSISTENTE DE
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza- GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – CESPE – 2016)
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
das por violações das leis antitrust — apenas um item de Texto IV
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos A metrópole de São Paulo vem se tornando mais hetero-
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e gênea econômica, social e espacialmente e menos desi-
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime gual quanto à renda, inserção no mercado de trabalho e
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in- condições de vida de seus habitantes, mesmo nas áreas
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados mais precárias. A imagem emerge dos treze ensaios que
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas compõem o livro A Metrópole de São Paulo no Século
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos XXI – Espaços, Heterogeneidades e Desigualdades, os
nos Estados Unidos da América durante uma década in- quais abordam temas específicos, a partir de um diag-
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- nóstico comum, para construir um panorama atual da
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. região metropolitana. Tal retrato resulta das mudanças
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São de diversas dimensões pelas quais a metrópole passou
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). na última década, do perfil da pobreza às dinâmicas
migratórias e ligadas ao crescimento demográfico, dos
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto moldes de segregação social à produção habitacional e
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada à mobilidade urbana.
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para A fisionomia da metrópole, central na economia do país,
imediatamente depois de “e”. reflete a conjuntura de modo especial, segundo o orga-
nizador. Assim, tiveram impactos particulares na região
( ) CERTO ( ) ERRADO metropolitana a redemocratização, na década de 80 do
século XX (com a volta das eleições regulares e com a
7. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA constituição de sistemas nacionais de políticas públicas),
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
a estabilização econômica, a abertura do mercado inter-
- SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 - ADAP-
no da década de 90 e o crescimento econômico vigoro-
TADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem de-
so da primeira década do século XXI.
golar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
Internet: <www.fflch.usp.br> (com adaptações).
neste trecho tem a função de:
De acordo com o texto IV,
a) Separar o aposto.
b) Delimitar o sujeito.
c) Delimitar uma nova oração. a) a transformação da sociedade brasileira atinge a re-
d) Separar o vocativo. gião metropolitana de São Paulo com um atraso de
e) Marcar uma pausa forte. cerca de uma década.
b) a transformação urbana da metrópole de São Paulo
8. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- está relacionada à conjuntura econômica brasileira.
GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013) c) a cidade de São Paulo é especial por refletir as trans-
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- formações do Brasil.
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada d) não há relação entre as transformações ocorridas na
por processos que culminaram na sua formalização insti- metrópole paulistana e as transformações ocorridas
tucional e na ampliação de sua área de atuação. no Brasil.
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito e) a capital paulista determinou as transformações so-
lusitano. Não havia o Ministério Público como institui- ciais do Brasil, dada a sua importância política.
ção. Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Orde-
nações Filipinas de 1603 já faziam menção aos promoto- 10. (DPU-AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI-
res de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei MENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
e de promover a acusação criminal. Existiam os cargos
de procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e Saúde: direito de todos e dever do Estado. É assim que
LÍNGUA PORTUGUESA

de procurador da Fazenda (defensor do fisco). a Constituição Federal de 1988 inicia a sua seção sobre
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Minis- o tema. Uma vez que muitas ações ou omissões vão de
tério Público no capítulo Das Funções Essenciais à Justiça. encontro a essa previsão, cotidianamente é possível ob-
Define as funções institucionais, as garantias e as vedações servar graves desrespeitos à Carta Magna. A Defensoria
de seus membros. Isso deu evidência à instituição, tornan- Pública, importante instituição garantida por lei assim
do-a uma espécie de ouvidoria da sociedade brasileira. como a saúde, busca sanar o problema por meio da via
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações). judicial quando a mediação não produz resultados. Re-

126
centemente, a Defensoria Pública em Foz do Iguaçu, por fensoria teve que intervir. Nós entramos para solucionar
exemplo, obteve três decisões liminares garantindo o di- problemas: vamos até as ruas para informar sobre o tra-
reito à saúde a três pessoas por ela assistidas. balho da defensoria, para que seus direitos sejam garan-
Em todos os casos, a Defensoria Pública fez intervenção tidos”, afirma a coordenadora.
judicial para suprir a negativa ou a má prestação do ser- Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações).
viço público de saúde na localidade.
Em um dos casos, atendeu uma gestante com histórico Conforme o texto, a Defensoria Pública deve atuar sem-
de abortos decorrentes de doença trombofílica e que ne- pre que direitos dos cidadãos são negligenciados, por
cessitava de uma medicação diária de alto custo. A me- isso atua na defesa das pessoas em situação de rua.
dicação, única opção na manutenção da gestação, havia
sido negada pelo município e pelo estado, o que colo- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cava a gestante em sério risco de sofrer mais um aborto.
Em mais uma intervenção judiciária do defensor público, 12. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI-
foi deferida liminar em favor da assistida, tendo o estado CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE –
e o município sido obrigados a fornecer o medicamento 2015)
necessário durante toda a sua gestação e enquanto hou-
ver prescrição médica, sob pena de multa diária. Ouro em Fios
Internet: <www.defensoriapublica.pr.gov.br> (com
adaptações). A natureza é capaz de produzir materiais preciosos,
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA.
Conclui-se do texto que, a despeito do que prevê a Cons- O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso.
tituição Federal, muitos cidadãos encontram dificuldades Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de
em conseguir atendimento na rede pública de saúde e energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
acabam por recorrer à Defensoria Pública para que seus - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
direitos sejam respeitados e garantidos. iluminação natural.
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
( ) CERTO ( ) ERRADO - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
biente.
11. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CONHECI- - Utilize o computador no modo espera.
MENTOS BÁSICOS – CESPE –2016) Fique ligado! Evite desperdícios.
Energia elétrica.
Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, onde A natureza cobra o preço do desperdício.
moram cerca de cem pessoas cuja principal forma de Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das líde-
res que lutam pelos direitos daquela comunidade. Vinda A expressão “Fique ligado”, típica da oralidade, é empre-
do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em 2002 e gada no texto com o significado de fique atento e fun-
conheceu o trabalho da Defensoria Pública por meio do ciona como uma estratégia para estabelecer uma relação
projeto Monitoramento da Política Nacional para a Po- de proximidade com o interlocutor.
pulação em Situação de Rua, tendo seu primeiro contato
com a defensoria ocorrido quando ela precisou de novos ( ) CERTO ( ) ERRADO
documentos para substituir os que haviam sido perdidos
no período em que esteve nas ruas. Instrução: Cada um dos itens a seguir apresenta uma
O objetivo do referido projeto é o de ir até a população proposta de reescritura do período “A vacinação obri-
que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública. gatória foi o estopim para que o povo, já profundamente
“Nós chegamos de forma humanizada até essas pessoas insatisfeito com o ‘bota-abaixo’ e insuflado pela imprensa,
em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos ga- se revoltasse.”. Julgue-os quanto à correção gramatical e
rantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que con- à coerência com as ideias do texto.
sigam se beneficiar de outras políticas públicas”, explica
a coordenadora do Departamento de Atividade Psicos- 13. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
social. PE – 2010) O fato de haver vacinação compulsória, foi
A mais recente visita de participantes de outro projeto, o apenas mais um dos elementos para que a população
Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste, do Rio, insatisfeita com o “bota-abaixo” e insuflada pela
levou respostas às demandas solicitadas pelos morado- imprensa, se revoltasse.
res. O foco foram soluções e retornos de casos como o de
(  ) CERTO  (  ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

um morador que tem problemas com a justiça e que está


sendo assistido por um defensor público e o de uma se-
nhora que estava internada em um hospital público e con- 14. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES-
seguiu uma cirurgia por meio dos serviços da defensoria. PE – 2010) O povo por estar insatisfeito com o “bota-
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior de- -abaixo” e influenciado pela imprensa se revoltou contra
manda a solicitação de registro civil. “As certidões de a vacina.
nascimento figuram entre as demandas porque essas
pessoas não as conseguiram por outros serviços, e a de- (  ) CERTO  (  ) ERRADO

127
15. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES- fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
PE – 2010) A vacinação obrigatória foi o elemento es- rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
sencial para que ocorresse a Revolta da Vacina, embora Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
a população já estivesse muito insatisfeita com o “bota- amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
-abaixo” e sendo insuflada pela imprensa. Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
16. (INSS – PERITO MÉDICO PREVIDENCIÁRIO – CES- encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
PE – 2010) O fato de a vacinação contra a varíola ser vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
obrigatória levou o povo a se revoltar, embora houvesse de pasmo dos numerosos transeuntes.
outros motivos, tais como o “bota-abaixo”, além da mo- Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
tivação da imprensa. rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
(  ) CERTO  (  ) ERRADO certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
O amigo das letras.
17. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses.
Bibliotecas: Sempre deram muito o que falar. Grandes São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui-
davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- Depreende-se do texto que Antônio Carlos de Oliveira
cesas foram negociados tendo livros como objetos de vai iniciar uma atividade profissional ligada à propagan-
barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas da, para a qual tem muito talento.
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto
que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos (  ) CERTO  (  ) ERRADO
destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real
Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real. 20. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO
D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil, SOCIAL – CESPE – 2016)
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a
Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo Designado para fazer a crítica dos espetáculos líricos de
tema de disputa. setembro de 1846 a outubro do ano seguinte no Jornal
Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. (Com adap- do Comércio, Martins Pena se revelou um profundo co-
tações.) nhecedor da arte cênica, tanto no que se refere à prática
teatral (cenário, representação, maquinarias) quanto a
O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após sua história, sendo não raro seus incisivos argumentos
“biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa. a causa de grandes polêmicas no teatro representado na
corte brasileira.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Pena ganhou evidência como comediógrafo a partir de
1838, ano em que foi encenada sua peça O Juiz de Paz
18. (INSS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE: ENGE- na Roça. Embora tenha produzido alguns dramas (que
NHARIA ELÉTRICA – CESPE – 2010) Entre os principais lhe renderam duras críticas), destacou-se de fato pelas
benefícios que o carro elétrico trará aos consumidores, suas comédias e farsas, nas quais retratou a cultura e os
está o financeiro, uma vez que o novo veículo será mais costumes da sociedade do seu tempo.
econômico e com valor de mercado menor que o dos Nas suas obras, Pena buscou uma tomada de consciência
automóveis convencionais. de um momento da história de nosso país, que recém
adquiria uma limitada independência, e tentou pensar
(  ) CERTO  (  ) ERRADO criticamente nossa cultura, com as restrições que o con-
texto impunha ao trabalho intelectual, desvencilhando-
19. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO -se da tradição clássica, das comédias francesas, do tea-
SOCIAL – CESPE – 2016) tro lírico e do melodrama, para criar uma nova comédia
com traços muito pessoais, o que lhe garantiu sucesso
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- imediato em seu tempo e um significado ímpar na histó-
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. ria do teatro brasileiro.
Quis ler os jornais e pediu-os. Internet: <www.questaodecritica.com.br>. (Com adaptações.)
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan-
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do Depreende-se do texto que Martins Pena começou a fa-
LÍNGUA PORTUGUESA

Comércio. zer sucesso imediatamente após começar a escrever para


Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. o Jornal do Comércio.
Dizia o artigo:
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci- (  ) CERTO  (  ) ERRADO
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en-

128
21. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
Texto I Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa-
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a -me onde seria entregue a estante, tive um momento de
minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
e sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Tor- Mário, havia uma diferença na numeração.
re. ― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase desenhou o endereço na nota.
em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius sua estante.
de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara ― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa- prazo.
quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou- ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
-me onde seria entregue a estante, tive um momento de semanas.
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Ja-
prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente, neiro:
deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri- José Olympio, 1989. (Com adaptações.)
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
Mário, havia uma diferença na numeração. De acordo com as informações do texto, Vinicius de Mo-
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim raes passou a morar no apartamento onde antes residia
desenhou o endereço na nota. Mário Pedrosa.
― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
sua estante. (  ) CERTO  (  ) ERRADO
― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
prazo. 24. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três O “momento de hesitação” vivido pelo narrador deveu-se
semanas. ao medo de informar o endereço a um desconhecido.
Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Ja-
neiro: (  ) CERTO  (  ) ERRADO
José Olympio, 1989. (Com adaptações.)
25. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016)
O trecho “dá muito trabalho” constitui uma referência de Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes
seu Joaquim à confecção da estante, tarefa que, segundo monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui-
ele, seria trabalhosa. davam delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin-
cesas foram negociados tendo livros como objetos de
(  ) CERTO  (  ) ERRADO barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas
coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto
22. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos
De acordo com as informações do texto, é correto inferir destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real
que seu Joaquim era analfabeto, uma vez que ele “dese- Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real.
nhou o endereço na nota”. D. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil,
não se esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo
tema de disputa.
23. (INSS – TÉCNICO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. (Com adap-
tações.)
Texto I
A Real Livraria foi erguida com os destroços resultantes
LÍNGUA PORTUGUESA

Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá do terremoto que atingiu Lisboa, como símbolo da força
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não de Portugal na superação da tragédia que acabava de
era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali a assolar o país.
minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um
sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e (  ) CERTO  (  ) ERRADO
sonhada estante onde caberiam todos os meus livros. Tra-
tei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que
tinha oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.

129
26. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
SOCIAL – CESPE – 2016) to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. de pasmo dos numerosos transeuntes.
Quis ler os jornais e pediu-os. Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
Comércio. certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. O amigo das letras.
Dizia o artigo: Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses.
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci- São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira. O vocábulo “que” classifica-se como conjunção e intro-
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en- duz o sujeito da oração “Consta-nos”.
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto. (  ) CERTO  (  ) ERRADO
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão 28. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017)
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui-
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare. Texto CB1A1BBB
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao pon-
to de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem ao A principal finalidade da investigação criminal, materia-
encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo lizada no inquérito policial (IP), é a de reunir elementos
mínimos de materialidade e autoria delitiva antes de se
vinha possuído que o abraçou estreitamente, com gran-
instaurar o processo criminal, de modo a evitarem-se,
de pasmo dos numerosos transeuntes.
assim, ações infundadas, as quais certamente implicam
Da parte de um juiz tão competente em matérias literá-
grande transtorno para quem se vê acusado por um cri-
rias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
me que não cometeu.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos
Modernamente, o IP deixou de ser o procedimento ab-
certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
solutamente inquisitorial e discricionário de outrora. A
O amigo das letras.
participação das partes, pessoalmente ou por seus ad-
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses.
vogados ou defensores públicos, vem ganhando espaço
São Paulo: Globo, 1997. (Com adaptações.)
a cada dia, com o objetivo de garantir que o IP seja um
instrumento imparcial de investigação em busca da ver-
O termo introduzido pela preposição “para” em “levou dade dos fatos.
a sua amabilidade ao ponto de pedir a comédia para ler Acrescente-se que o estigma provocado por uma ação penal
segunda vez” exerce a função de complemento do verbo pode perdurar por toda a vida e, por isso, para ser promovi-
“pedir”. da, a acusação deve conter fundamentos fáticos e jurídicos
suficientes, o que, em regra, se consegue por meio do IP.
(  ) CERTO  (  ) ERRADO Carlos Alberto Marchi de Queiroz (Coord.). Manual de polícia
judiciária: doutrina, modelos, legislação. 6.ª ed. São Paulo:
27. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – SERVIÇO Delegacia Geral de Polícia, 2010 (com adaptações).
SOCIAL – CESPE – 2016)
Nas orações em que ocorrem no texto CB1A1BBB, os ele-
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conse- mentos “assim” (R.4) e “por isso” (R.15) expressam, res-
guido dormir. Vinha nascendo o Sol. pectivamente, as ideias de
Quis ler os jornais e pediu-os.
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- a) consequência e consequência.
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do b) finalidade e proporcionalidade.
Comércio. c) causa e consequência.
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. d) conclusão e conclusão.
Dizia o artigo: e) restrição e conformidade.
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apareci-
mento de uma excelente comédia, estreia de um jovem 29. (PC/GO – DELEGADO – CESPE – 2017)
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira. No texto CB1A1BBB, uma ação que se desenvolve gra-
LÍNGUA PORTUGUESA

Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai en- dualmente é introduzida pela
fim entrar nos mares da publicidade, e para isso procu-
rou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto. a) forma verbal “implicam” (R.5).
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos b) locução “vem ganhando” (R.11).
amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão c) forma verbal “garantir” (R.12).
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu mui- d) locução “pode perdurar” (R.15).
to e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare. e) forma verbal “reunir” (R.2).

130
30. (PC/GO – DELEGADO – CESPE – 2017)

Texto CB1A2AAA

O termo nude é do inglês e vem sendo utilizado na Inter-


net por usuários de redes sociais para designar fotos ínti-
mas que retratam a pessoa sem roupa. O envio e a troca
de nudes são facilitados em aplicativos de celular, o que
torna essa prática popular entre seus usuários, incluin-
do-se menores de idade, e facilita o compartilhamento
das fotos.
Havendo vazamento de fotos íntimas, há violação do di-
reito de imagem da pessoa prejudicada, que, por isso,
terá ainda pode ser considerada branda, sendo um pou-
co mais severa quando se trata de um crime contra a
infância. “Quando se trata de crianças e adolescentes,
há um agravante, pois, no art. 241 do Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente, é qualificada como crime grave a
divulgação de fotos, gravações ou imagens de crianças
ou adolescentes, sendo prevista a pena de três a seis 16
anos de prisão, além de pagamento de multa, para os
que cometem esse crime”, diz a advogada presidente da
Comissão de Direitos Humanos da OAB/AC.
Para combater o compartilhamento de fotos íntimas por
terceiros, são necessárias ações preventivas, afirma a ad-
vogada. Jovens e adolescentes devem ser educados, de 32. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES-
forma que tenham dimensão do problema que a divul- PE-2018) No trecho “para testar possíveis soluções” (R.
gação desse tipo de imagem pode acarretar. 16 e 17), o emprego da preposição “para”, além de con-
Internet: <https://jornaldosdez.wordpress.com> (com adapta- tribuir para a coesão sequencial do texto, introduz, no
ções) período, uma ideia de finalidade.

No texto CB1A2AAA, a oração “Para combater o compar- ( ) CERTO ( ) ERRADO


tilhamento de fotos íntimas por terceiros” (R. 19 e 20) ex-
pressa ideia de 33. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES-
PE-2018) A vírgula logo após o termo “máquina” (R.12)
a) finalidade. poderia ser eliminada sem prejuízo para a correção gra-
b) explicação. matical do período no qual ela aparece.
c) consequência.
d) conformidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) causa.
34. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – CES-
31. (PC/GO – Delegado – CESPE – 2017) Mantendo- PE-2018) A correção gramatical e o sentido do texto se-
-se a correção gramatical e o sentido original do texto riam preservados caso o período “Após quatro anos de
CB1A2AAA, a forma verbal “afirma” (R.20) poderia ser trabalho, Turing conseguiu quebrar a Enigma, ao perceber
substituída por que as mensagens alemãs criptografadas continham pa-
lavras previsíveis, como nomes e títulos dos militares” (R.
a) prescreve. 17 a 20) fosse reescrito da seguinte forma: Turing conse-
b) propõe. guiu quebrar a Enigma, depois de quatro anos de trabalho,
c) destaca. quando notou que haviam, nas mensagens alemãs cripto-
d) participa. grafadas, palavras previsíveis, tais como, nomes e títulos
e) assevera. dos militares.

( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

131
(SEDUC/AL - Professor de Português – CESPE-2018) uma greve recente. Para dizer a verdade, trata-se de uma
linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua
mentalidade profunda. É a época em que a burguesia, que
assumira o poder havia pouco tempo, executa uma es-
pécie de junção entre a moral e a natureza, oferecendo a
uma a garantia da outra. Temendo-se a naturalização da
moral, moraliza-se a natureza; finge-se confundir a ordem
política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que
conteste as leis estruturais da sociedade que se quer de-
fender. Para os prefeitos de Carlos X, assim como para os
leitores do Figaro de hoje, a greve constitui, em primei-
ro lugar, um desafio às prescrições da razão moralizada:
“fazer greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que
infringir uma legalidade cívica, é infringir uma legalidade
“natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e
lógica, fundamento filosófico da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de ló-
gica: a greve é escandalosa porque incomoda precisa-
mente aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão
35. (SEDUC/AL - Professor de Português – CES- que sofre e se revolta: a causalidade direta, mecânica,
PE-2018) Infere-se do terceiro verso do poema que o eu essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa in-
lírico considera-se um homem incompleto. compreensivelmente longe da causa, escapa-lhe, o que
é intolerável e chocante. Ao contrário do que se poderia
( ) CERTO ( ) ERRADO pensar sobre os sonhos da burguesia, essa classe tem
uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da cau-
(SEDUC/AL - Professor de Português – CESPE-2018) salidade: o fundamento da moral que professa não é de
modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente,
trata-se de uma racionalidade linear, estreita, fundada,
por assim dizer, numa correspondência numérica entre
as causas e os efeitos. O que falta a essa racionalidade
é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a ima-
ginação de um desdobramento longínquo dos determi-
nismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos,
que a tradição materialista sistematizou sob o nome de
totalidade.
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias.
Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer.
Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
36. (SEDUC/AL - Professor de Português – CES-
PE-2018) Tanto em “recebeu Camilo este bilhete de Vi- Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical do
lela” (R. 1 e 2) quanto em “tirou um cacho destas” (R.7), texto 1A1AAA caso se substituísse o trecho
os pronomes demonstrativos foram empregados para
retomar termos antecedentes. a) “Temendo-se” (R.11) por Se temendo.
b) “finge-se confundir” (R.12) por finge confundir-se.
( ) CERTO ( ) ERRADO c) “decreta-se” (R.13) por se decreta.
d) “que se quer defender” (R.14) por que quer defender-se.
37. (SEDUC/AL - Professor de Português – CES- e) “se poderia pensar” (R.27) por poderia-se pensar.
PE-2018) Na linha 4, o verbo advertir foi empregado
como sinônimo de concluir. 39. (TCM/BA - Auditor Estadual de Controle Externo –
CESPE-2018) Sem prejuízo para a correção gramatical e
( ) CERTO ( ) ERRADO para as informações veiculadas no texto 1A1AAA, poderia
ser suprimida a vírgula empregada imediatamente após
38. (TCM/BA - AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE
EXTERNO – CESPE-2018) a) ‘revoltante’ (R.5).
LÍNGUA PORTUGUESA

b) “Carlos X” (R.15).
Texto 1A1AAA c) “sim” (R.30).
d) “fundada” (R.31).
Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escân- e) “acontecimentos” (R.36).
dalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um delito,
mas também um crime moral, uma ação intolerável que
perturba a própria natureza. “Inadmissível”, “escandalosa”,
“revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando

132
40. (TCM/BA - Auditor Estadual de Controle Externo – da estante onde caberiam todos os meus livros. Tratei de
CESPE-2018) Assinale a opção que apresenta trecho do encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que tinha
texto 1A1AAA que expressa uma ideia de comparação. oficina na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.
O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase
a) “mas também um crime moral” (R.3) em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a
b) “mais do que infringir uma legalidade cívica” (R.18) Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius
c) “a quem ela não diz respeito” (R.23) de Moraes. Estava ali havia uma semana e nem decorara
d) “o que é intolerável e chocante” (R.26) ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joa-
e) “que a tradição materialista sistematizou sob o nome quim, ao preencher a nota de encomenda, perguntou-
de totalidade” (R. 36 e 37) -me onde seria entregue a estante, tive um momento de
hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: “Se o
41. (TCE-PA - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 18, prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente,
19, 37 E 38 – CESPE – 2016) deve ser 227”. Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela pri-
meira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do
Texto CB1A1BBB Mário, havia uma diferença na numeração.
― Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com desenhou o endereço na nota.
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que ― Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela sua estante.
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res- ― Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria prazo.
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri- ― A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de semanas.
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, forta- Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de
lecer a estrutura legal que protege o dinheiro público do Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações)
mau uso por gestores irresponsáveis.
Examinando-se a situação financeira dos estados que A expressão “armar ali a minha tenda” foi empregada no
preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, fica texto em sentido figurado.
difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, quan-
do entrou em vigor a LRF, esses estados, como os demais, ( ) CERTO ( ) ERRADO
estão sujeitos a regras precisas para a gestão do dinheiro
público, para a criação de despesas e, em particular, para 43. (DPU - Agente Administrativo - Conhecimentos
os gastos com pessoal. Por que, tendo descumprido al- Básicos – CESPE-2016)
gumas dessas regras, estariam interessados em torná-las
ainda mais rigorosas? Maria Silva é moradora do Assentamento Noroeste, onde
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis pelo moram cerca de cem pessoas cuja principal forma de
dinheiro público que, por alguma razão, não a cumpri- renda é o trabalho com reciclagem. Ela é uma das líde-
ram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, res que lutam pelos direitos daquela comunidade. Vinda
se nem nas condições atuais esses responsáveis estão do estado do Ceará, Maria chegou a Brasília em 2002 e
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na lei. conheceu o trabalho da Defensoria Pública por meio do
Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais ri- projeto Monitoramento da Política Nacional para a Po-
gorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que a pulação em Situação de Rua, tendo seu primeiro contato
desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do setor com a defensoria ocorrido quando ela precisou de novos
público de adaptar suas despesas às receitas em queda documentos para substituir os que haviam sido perdidos
por causa da crise. no período em que esteve nas ruas.
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações). O objetivo do referido projeto é o de ir até a população
que normalmente não tem acesso à Defensoria Pública.
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da “Nós chegamos de forma humanizada até essas pessoas
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo defi- em situação de rua. Com esse trabalho nós estamos ga-
nido feminino determinando o substantivo “receitas”. rantindo seu acesso à justiça e aos direitos para que con-
sigam se beneficiar de outras políticas públicas”, explica
( ) CERTO ( ) ERRADO a coordenadora do Departamento de Atividade Psicos-
social.
42. (INSS - Técnico Seguro Social – CESPE-2016) A mais recente visita de participantes de outro projeto, o
LÍNGUA PORTUGUESA

Atenção à População de Rua do Assentamento Noroeste,


Texto I levou respostas às demandas solicitadas pelos morado-
res. O foco foram soluções e retornos de casos como o
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá pela de um morador que tem problemas com a justiça e que
primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não era um está sendo assistido por um defensor público e o de uma
cômodo muito grande, mas dava para armar ali a minha senhora que estava internada em um hospital público e
tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um sofá e conseguiu uma cirurgia por meio dos serviços da defen-
os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e sonha- soria.

133
As visitas acontecem mensalmente, sendo a maior de-
17 CERTO
manda a solicitação de registro civil. “As certidões de
nascimento figuram entre as demandas porque essas 18 Errado
pessoas não as conseguiram por outros serviços, e a de-
fensoria teve que intervir. Nós entramos para solucionar 19 Errado
problemas: vamos até as ruas para informar sobre o tra- 20 Errado
balho da defensoria, para que seus direitos sejam garan-
tidos”, afirma a coordenadora. 21 Certo
Internet: <www.defensoria.df.gov.br.> (com adaptações). 22 Errado

Acerca dos aspectos linguísticos e das ideias do texto aci- 23 Errado


ma, julgue os itens seguintes. 24 Errado
No trecho “respostas às demandas”, o emprego do sinal
indicativo de crase justifica-se pela regência do substan- 25 Errado
tivo “respostas”, que exige complemento antecedido da 26 Errado
preposição a, e pela presença de artigo feminino plural
que determina “demandas”. 27 Certo
28 D
( ) CERTO ( ) ERRADO
29 B
44. (DPU - Agente Administrativo - Conhecimentos
Básicos – CESPE-2016) Seria mantida a correção do tex- 30 A
to caso o trecho ‘para que seus direitos sejam garantidos’ 31 E
fosse reescrito da seguinte forma: visando à garantia de
seus direitos. 32 Certo
33 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
34 Errado
35 Certo
36 Errado
37 Certo
38 C
GABARITO
39 B

1 Certo 40 B

2 D 41 Certo

3 Certo 42 Certo

4 E 43 Certo

5 Errado 44 Certo

6 Certo
7 D
8 Errado
9 B
10 Certo
11 Errado
12 Certo
LÍNGUA PORTUGUESA

13 ERRADO
14 Errado
15 CERTO
16 CERTO

134
ÍNDICE

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conceitos fundamentais de informática. Organização, arquitetura e componentes funcionais (hardware e software)


de computadores........................................................................................................................................................................................................ 01
Sistema operacional: ambientes Linux e Windows......................................................................................................................................... 05
Redes de computadores: princípios e fundamentos de comunicação de dados. Conceitos de Internet e Intranet.
Utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados a Internet e Intranet................................... 19
Ferramentas e aplicativos de navegação, de correio eletrônico, de busca e pesquisa....................................................................... 19
Aplicativos para edição de textos e planilhas, geração de material escrito e multimídia (BrOffice e Microsoft Office)..... 34
Conceitos básicos de segurança da informação. Procedimentos de cópias de segurança.......................................................... 57
Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas................................................ 64
Software livre................................................................................................................................................................................................................ 64
Hardware, são os componentes físicos do computa-
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE dor, ou seja, tudo que for tangível, ele é composto pelos
INFORMÁTICA. ORGANIZAÇÃO, periféricos, que podem ser de entrada, saída, entrada-
ARQUITETURA E COMPONENTES -saída ou apenas saída, além da CPU (Unidade Central de
FUNCIONAIS (HARDWARE E SOFTWARE) Processamento)
DE COMPUTADORES Software, são os programas que permitem o funciona-
mento e utilização da máquina (hardware), é a parte lógica
do computador, e pode ser dividido em Sistemas Operacio-
A Informática é um meio para diversos fins, com isso nais, Aplicativos, Utilitários ou Linguagens de Programação.
acaba atuando em todas as áreas do conhecimento. A O primeiro software necessário para o funcionamen-
sua utilização passou a ser um diferencial para pessoas e to de um computador é o Sistema Operacional (Sistema
empresas, visto que, o controle da informação passou a Operacional). Os diferentes programas que você utiliza
ser algo fundamental para se obter maior flexibilidade no em um computador (como o Word, Excel, PowerPoint
mercado de trabalho. Logo, o profissional, que melhor etc) são os aplicativos. Já os utilitários são os programas
integrar sua área de atuação com a informática, atingi- que auxiliam na manutenção do computador, o antivírus
rá, com mais rapidez, os seus objetivos e, consequente- é o principal exemplo, e para finalizar temos as Lingua-
mente, o seu sucesso, por isso em quase todos editais de gens de Programação que são programas que fazem ou-
concursos públicos temos Informática. tros programas, como o JAVA por exemplo.
Importante mencionar que os softwares podem ser
livres ou pagos, no caso do livre, ele possui as seguintes
#FicaDica características:
Informática pode ser considerada como • O usuário pode executar o software, para qualquer uso.
significando “informação automática”, ou • Existe a liberdade de estudar o funcionamento do
seja, a utilização de métodos e técnicas no programa e de adaptá-lo às suas necessidades.
tratamento automático da informação. Para • É permitido redistribuir cópias.
tal, é preciso uma ferramenta adequada: O • O usuário tem a liberdade de melhorar o programa
computador. e de tornar as modificações públicas de modo que
A palavra informática originou-se da jun- a comunidade inteira beneficie da melhoria.
ção de duas outras palavras: informação e
automática. Esse princípio básico descreve o Entre os principais sistemas operacionais pode-se
propósito essencial da informática: trabalhar destacar o Windows (Microsoft), em suas diferentes ver-
informações para atender as necessidades sões, o Macintosh (Apple) e o Linux (software livre criado
dos usuários de maneira rápida e eficiente, pelo finlandês Linus Torvalds), que apresenta entre suas
ou seja, de forma automática e muitas vezes versões o Ubuntu, o Linux Educacional, entre outras.
instantânea. É o principal software do computador, pois possibilita
que todos os demais programas operem.

O que é um computador?
O computador é uma máquina que processa dados, #FicaDica
orientado por um conjunto de instruções e destinado a
produzir resultados completos, com um mínimo de inter- Android é um Sistema Operacional desen-
venção humana. Entre vários benefícios, podemos citar: volvido pelo Google para funcionar em
: grande velocidade no processamento e disponibili- dispositivos móveis, como Smartphones e
zação de informações; Tablets. Sua distribuição é livre, e qualquer
: precisão no fornecimento das informações; pessoa pode ter acesso ao seu código-fonte
: propicia a redução de custos em várias atividades e desenvolver aplicativos (apps) para funcio-
: próprio para execução de tarefas repetitivas; nar neste Sistema Operacional.
iOS, é o sistema operacional utilizado pelos
Como ele funciona? aparelhos fabricados pela Apple, como o
Em informática, e mais especialmente em computado- iPhone e o iPad.
res, a organização básica de um sistema será na forma de:

Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, me-


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

mórias, processadores (CPU) e disco de armazena-


mento HDs, CDs e DVDs)

Os gabinetes são dotados de fontes de alimentação


Figura 1: Etapas de um processamento de dados. de energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão de re-
set, baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD, saídas
Vamos observar agora, alguns pontos fundamentais de ventilação e painel traseiro com recortes para encaixe
para o entendimento de informática em concursos pú- de placas como placa mãe, placa de som, vídeo, rede,
blicos. cada vez mais com saídas USBs e outras.

1
No fundo do gabinete existe uma placa de metal
onde será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é
possível verificar se será possível ou não fixar determi-
nada placa mãe em um gabinete, pois eles têm que ser
proporcionais aos furos encontrados na placa mãe para
parafusá-la ou encaixá-la no gabinete.

#FicaDica
Placa-mãe, é a placa principal, formada por um
conjunto de circuitos integrados (“chip set“)
que reconhece e gerencia o funcionamento Figura 2: Unidade de medida de memórias
dos demais componentes do computador.
Em resumo, a cada degrau que você desce na Figura
3 é só você dividir por 1024 e a cada degrau que você
Se o processador pode ser considerado o “cérebro” sobe basta multiplicar por 1024. Vejamos dois exemplos
do computador, a placa-mãe (do inglês motherboard) abaixo:
representa a espinha dorsal, interligando os demais peri- Destacar essa tabela
féricos ao processador.
O disco rígido, do inglês hard disk, também conhe- Transformar 16422282522
cido como HD, serve como unidade de armazenamento Transformar 4 gigabytes kilobytes em terabytes:
permanente, guardando dados e programas. em kilobytes: 16422282522 / 1024 =
Ele armazena os dados em discos magnéticos que 4 * 1024 = 4096 megaby- 16037385,28 megabytes
mantêm a gravação por vários anos, se necessário. tes 16037385,28 / 1024 =
Esses discos giram a uma alta velocidade e tem seus 4096 * 1024 = 4194304 15661,51 gigabytes
dados gravados ou acessados por um braço móvel com- kilobytes. 15661,51 / 1024 = 15,29 te-
posto por um conjunto de cabeças de leitura capazes de rabytes.
gravar ou acessar os dados em qualquer posição nos dis-
cos. USB é abreviação de “Universal Serial Bus”. É a porta
Dessa forma, os computadores digitais (que traba- de entrada mais usada atualmente.
lham com valores discretos) são totalmente binários. Além de ser usado para a conexão de todo o tipo
Toda informação introduzida em um computador é con- de dispositivos, ele fornece uma pequena quantidade de
vertida para a forma binária, através do emprego de um energia. Por isso permite que os conectores USB sejam
código qualquer de armazenamento, como veremos usados por carregadores, luzes, ventiladores e outros
mais adiante. equipamentos.
A menor unidade de informação armazenável em A fonte de energia do computador ou, em inglês é
um computador é o algarismo binário ou dígito binário, responsável por converter a voltagem da energia elétrica,
conhecido como bit (contração das palavras inglesas bi- que chega pelas tomadas, em voltagens menores, capa-
narydigit). O bit pode ter, então, somente dois valores: zes de ser suportadas pelos componentes do computa-
0 e 1. dor.
Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o
bit pouco pode representar isoladamente; por essa ra- Monitor de vídeo
zão, as informações manipuladas por um computador Normalmente um dispositivo que apresenta informa-
são codificadas em grupos ordenados de bits, de modo a ções na tela de LCD, como um televisor atual.
terem um significado útil. Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados
O menor grupo ordenado de bits representando uma de touchscreen), onde podemos escolher opções tocan-
informação útil e inteligível para o ser humano é o byte do em botões virtuais, apresentados na tela.
(leia-se “baite”).
Como os principais códigos de representação de Impressora
caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os Muito popular e conhecida por produzir informações
conceitos de byte e caracter tornam-se semelhantes e as impressas em papel.
palavras, quase sinônimas. Atualmente existem equipamentos chamados im-
É costume, no mercado, construírem memórias cujo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pressoras multifuncionais, que comportam impressora,


acesso, armazenamento e recuperação de informações scanner e fotocopiadoras num só equipamento.
são efetuados byte a byte. Por essa razão, em anúncios Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos usuá-
de computadores, menciona-se que ele possui “512 rios de computadores atualmente.
mega bytes de memória”; por exemplo, na realidade, em Ele não precisar recarregar energia para manter os
face desse costume, quase sempre o termo byte é omiti- dados armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao
do por já subentender esse valor. contrário dos antigos disquetes. É utilizado através de
Para entender melhor essas unidades de memórias, uma porta USB (Universal Serial Bus).
veja a imagem abaixo:

2
Cartões de memória, são baseados na tecnologia Em um computador, a velocidade do clock se refere
flash, semelhante ao que ocorre com a memória RAM ao número de pulsos por segundo gerados por um osci-
do computador, existe uma grande variedade de formato lador (dispositivo eletrônico que gera sinais), que deter-
desses cartões. mina o tempo necessário para o processador executar
São muito utilizados principalmente em câmeras uma instrução. Assim para avaliar a performance de um
fotográficas e telefones celulares. Podem ser utilizados processador, medimos a quantidade de pulsos gerados
também em microcomputadores. em 1 segundo e, para tanto, utilizamos uma unidade de
medida de frequência, o Hertz.

#FicaDica
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sis-
tema Básico de Entrada e Saída, trata-se de
um mecanismo responsável por algumas
atividades consideradas corriqueiras em
um computador, mas que são de suma im-
portância para o correto funcionamento de
uma máquina.

Se a BIOS para de funcionar, o PC também para! Ao


iniciar o PC, a BIOS faz uma varredura para detectar e
identificar todos os componentes de hardware conecta-
dos à máquina. Figura 3: Esquema Processador
Só depois de todo esse processo de identificação é
que a BIOS passa o controle para o sistema operacional e Na placa mãe são conectados outros tipos de placas,
o boot acontece de verdade. com seus circuitos que recebem e transmite dados para
Diferentemente da memória RAM, as memórias ROM desempenhar tarefas como emissão de áudio, conexão à
(Read Only Memory – Memória Somente de Leitura) não Internet e a outros computadores e, como não poderia
são voláteis, mantendo os dados gravados após o desli- faltar, possibilitar a saída de imagens no monitor.
gamento do computador. Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard-
As primeiras ROM não permitiam a regravação de seu ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa
conteúdo. Atualmente, existem variações que possibili- mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que
tam a regravação dos dados por meio de equipamentos não estão implementados nesses chips, da própria mo-
especiais. Essas memórias são utilizadas para o armaze- therboard. Geralmente esse fato implica na redução da
namento do BIOS. velocidade, mas hoje essa redução é pouco considerada,
O processador que é uma peça de computador que uma vez que é aceitável para a maioria dos usuários.
contém instruções para realizar tarefas lógicas e mate- No entanto, quando se pretende ter maior potência
máticas. O processador é encaixado na placa mãe atra- de som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de
vés do socket, ele que processa todas as informações do imagens e uma rede mais veloz, a opção escolhida são as
computador, sua velocidade é medida em Hertz e os fa- placas off board. Vamos conhecer mais sobre esse termo
bricantes mais famosos são Intel e AMD. e sobre as placas de vídeo, som e rede:
O processador do computador (ou CPU – Unidade Placas de vídeo são hardwares específicos para traba-
Central de Processamento) é uma das partes principais lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas
do hardware do computador e é responsável pelos cál- podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na
culos, execução de tarefas e processamento de dados. placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes
Contém um conjunto de restritos de células de me- na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de
mória chamados registradores que podem ser lidos e dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens,
escritos muito mais rapidamente que em outros dispo- o resultado do processamento de vários outros dados.
sitivos de memória. Os registradores são unidades de Você já deve ter visto placas de vídeo com especi-
memória que representam o meio mais caro e rápido de ficações 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o
armazenamento de dados. Por isso são usados em pe- número, maior será a quantidade de dados que passarão
quenas quantidades nos processadores. por segundo por essa placa, o que oferece imagens de ví-
Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos deo, por exemplo, com velocidade cada vez mais próxima
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Com- da realidade. Além dessa velocidade, existem outros itens
plex Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]: importantes de serem observados em uma placa de vídeo:
... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, aceleração gráfica 3D, resolução, quantidade de cores e,
enquanto que a maior parte das arquiteturas CISC per- como não poderíamos esquecer, qual o padrão de encaixe
mite que outras operações também façam referência à na placa mãe que ela deverá usar (atualmente seguem op-
memória. ções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens um a um:
Possuem um clock interno de sincronização que de- Placas de som são hardwares específicos para traba-
fine a velocidade com que o processamento ocorre. Essa lhar e projetar a sons, seja em caixas de som, fones de
velocidade é medida em Hertz. Segundo Amigo (2008): ouvido ou microfone. Essas placas podem ser onboard,

3
ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou of-
fboard, conectadas em slots presentes na placa mãe. São EXERCÍCIOS COMENTADOS
dispositivos de entrada e saída de dados, pois tanto per-
mitem a inclusão de dados (com a entrada da voz pelo
microfone, por exemplo) como a saída de som (através
das caixas de som, por exemplo).
Placas de rede são hardwares específicos para inte-
grar um computador a uma rede, de forma que ele possa
enviar e receber informações. Essas placas podem ser on-
board, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou
offboard, conectadas em slots presentes na placa mãe.

#FicaDica
Alguns dados importantes a serem observados
em uma placa de rede são: a arquitetura de
rede que atende os tipos de cabos de rede
suportados e a taxa de transmissão.

Periféricos de computadores
Para entender o suficiente sobre periféricos para con-
curso público é importante entender que os periféricos
são os componentes (hardwares) que estão sempre liga-
dos ao centro dos computadores.
Os periféricos são classificados como: Considerando a figura acima, que ilustra as propriedades
Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a de um dispositivo USB conectado a um computador com
informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner, sistema operacional Windows 7, julgue os itens a seguir
microfone, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador
Biométrico, Touchpad e outros. 1. Escrivão de Polícia CESPE 2013
Dispositivos de Saída: É responsável em receber a in- As informações na figura mostrada permitem inferir que
formação do computador. Exemplos: Monitor, Impresso- o dispositivo USB em questão usa o sistema de arquivo
ras, Caixa de Som, Ploter, Projector de Vídeo e outros. NTFS, porque o fabricante é Kingston.
Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável em
transmitir e receber informação ao computador. Exem- ( ) CERTO ( ) ERRADO
plos: Drive de Disquete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-ray, mo-
dem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil, Dispositivo Resposta: Errado - Por padrão os pendrives (de bai-
de Som e outros. xa capacidade) são formatados no sistema de arquivos
FAT, mas a marca do dispositivo ou mesmo a janela
#FicaDica ilustrada não apresenta informações para afirmar sobre
qual sistema de arquivos está sendo utilizado.
Periféricos sempre podem ser classificados em
três tipos: entrada, saída e entrada e saída. 2. Escrivão de Polícia CESPE 2013
Ao se clicar o ícone , será mostrado, no
Resumo das Funções do Dispositivo, em que porta USB o
dispositivo está conectado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo - Ao se clicar no ícone citado será de-


monstrada uma janela com informações/propriedades
do dispositivo em questão, uma das informações que
aparecem na janela é a porta em que o dispositivo USB
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

foi/está conectado.

3. Escrivão de Polícia CESPE 2013


Um clique duplo em fará
que seja disponibilizada uma janela contendo funcionali-
dades para a formatação do dispositivo USB.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4
Resposta: Errado - O Clique duplo para o caso da ilus- Resposta: Errado - O uso dos processadores era algo
tração fará abrir a janela de propriedades do disposi- que até um tempo atrás ficava restrito a desktops, no-
tivo. tebooks e, em uma maior escala, a servidores, mas com
A respeito de tipos de computadores e sua arquitetura a popularização de smartphones e tablets esse cenário
de processador, julgue os itens subsequentes mudou. Grandes players como Samsung, Apple e NVI-
DIA passaram a fabricar seus próprios modelos, conhe-
4. Escrivão de Polícia CESPE 2013 cidos como SoCs (System on Chip), que além da CPU
Diferentemente de um processador de 32 bits, que não incluem memória RAM, placa de vídeo e muitos outros
suporta programas feitos para 64 bits, um processador componentes.
de 64 bits é capaz de executar programas de 32 bits e
de 64 bits. 8. Delegado de Polícia CESPE 2004
Ao se clicar a opção , será executado um programa
( ) CERTO ( ) ERRADO que permitirá a realização de operações de criptografia
no arquivo para protegê-lo contra leitura indevida.
Resposta: Certo - Se o programa for especialmente
projetado para a versão de 64 bits do Windows, ele não ( ) CERTO ( ) ERRADO
funcionará na versão de 32 bits do Windows. (Entretan-
to, a maioria dos programas feitos para a versão de 32 Resposta: Errado - WinZip é um dos principais pro-
bits do Windows funciona com uma versão de 64 bits gramas para compactar e descompactar arquivos de
do Windows.) seu computador. Perfeito para organizar e economizar
espaço em seu disco rígido.
5. Escrivão de Polícia CESPE 2013
Um processador moderno de 32 bits pode ter mais de 9. Delegado de Polícia CESPE 2004
um núcleo por processador. A comunicação entre a CPU e o monitor de vídeo é feita,
na grande maioria dos casos, pela porta serial.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo - O processador pode ter mais de um
núcleo (CORE), o que gera uma divisão de tarefas, eco- Resposta: Errado - As portas de vídeo mais comuns
nomizando energia e gerando menos calor. EX. dual são: VGA, DVI, HDMI
core (2 núcleos). Os tipos de processador podem ser de
32bits e 64 bits 10. Delegado de Polícia CESPE 2004
Alguns tipos de mouse se comunicam com o computa-
6. Escrivão de Polícia CESPE 2013 dor por meio de porta serial.
Se uma solução de armazenamento embasada em hard
drive externo de estado sólido usando USB 2.0 for subs- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tituída por uma solução embasada em cloud storage,
ocorrerá melhoria na tolerância a falhas, na redundância Resposta: Certo - A interface serial ou porta serial,
e na acessibilidade, além de conferir independência fren- também conhecida como RS-232 é uma porta de co-
te aos provedores de serviços contratados. municação utilizada para conectar pendrives, modems,
mouses, algumas impressoras, scanners e outros equi-
( ) CERTO ( ) ERRADO
pamentos de hardware. Na interface serial, os bits são
transferidos em fila, ou seja, um bit de dados de cada
Resposta: Errado - Não há “maior independência
vez.
frente aos provedores de serviço contratados”, pois o
acesso aos dados dependerá do provedor de serviços de
nuvem no qual seus dados ficarão armazenados, qual-
SISTEMA OPERACIONAL: AMBIENTES
quer que seja a nuvem. Independência para mudar de
fornecedor, quando existente, não implica em dizer que LINUX E WINDOWS
o usuário fica independente do fornecedor que esteja
usando no momento.
Conceitos Básicos Sobre Linux e Software Livre
Acerca de conceitos de hardware, julgue o item seguinte.
O Linux é um sistema operacional originalmente fun-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

7. Papiloscopista CESPE 2012 dado em comandos, mas que vem amplificando ambien-
Diferentemente dos computadores pessoais ou PCs tra- tes gráficos de estruturas e uso similar, e são do Win-
dicionais, que são operados por meio de teclado e mou- dows. Apesar desses ambientes gráficos serem cada vez
se, os tablets, computadores pessoais portáteis, dispõem mais aderidos, os comandos do Linux ainda são ampla-
de recurso touchscreen. Outra diferença entre esses dois mente empregados, sendo de suma importância o co-
tipos de computadores diz respeito ao fato de o tablet nhecer e estudar.
possuir firmwares, em vez de processadores, como o PC. Outro termo muito usado quando tratamos do Linux
é o Kernel, que é uma parte do sistema operacional que
( ) CERTO ( ) ERRADO faz a ligação entre software e máquina. Ele é a camada

5
de software mais próxima do hardware, considerado o -cat - Mostra o conteúdo de um arquivo binário ou
núcleo do sistema. O Linux teve início com o desenvolvi- texto
mento de um pequeno Kernel, criado por Linus Torvalds, -cd - Entra num diretório (exemplo: cd docs) ou re-
em 1991, quando era apenas um estudante finlandês. Ao torna para home
Kernel, que Linus desenvolveu, colocou o nome de Linux. cd<pasta> – vai para a pasta especificada. exemplo:
Como o Kernel é capaz de fazer gerenciamentos primá- cd /usr/bin/
rios básicos e indispensáveis para o funcionamento da -chfn - altera informação relativa a um utilizador
máquina, foi necessário desenvolver módulos específicos -chmod -Altera as permissões de arquivos ou diretó-
para atender inúmeras necessidades, como por exemplo rios. É um comando para manipulação de arquivos e di-
um módulo capaz de utilizar uma placa de rede ou de retórios que muda as permissões para acesso para cada
vídeo lançada no mercado ou até uma interface gráfica pessoa. Por exemplo, um diretório que poderia ser de
como a que usamos no Windows. escrita e leitura, pode passar a ser apenas leitura, impe-
Uma forma de atender a necessidade de comunica- dindo que seu conteúdo seja alterado.
ção entre Kernel e o aplicativo é a chamada do sistema -chown - Altera a propriedade de arquivos e pastas
(SystemCall), que é uma interface entre um aplicativo de (dono)
espaço de usuário e um serviço que o Kernel fornece. -clear – Limpa a tela do terminal
-cmd>>txt - adiciona o resultado do comando (cmd)
Como o serviço é fornecido no Kernel, uma chamada ao fim do arquivo (txt)
direta não pode ser realizada; ao invés disso, você deve -cp - Copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente
utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço -df - Reporta o uso do espaço em disco do sistema
do usuário/Kernel. de arquivos
No Linux também existem diferentes run levels de -dig - Testa a configuração do servidor DNs
operação. O run level de uma inicialização padrão é o de -dmesg - Exibe as mensagens da inicialização (log)
número 2. -du - Exibe estado de ocupação dos discos/partições
Como o Linux também é conhecido por ser um sis- -du -msh - Mostra o tamanho do diretório em me-
tema operacional que ainda utiliza bastante comandos gabytes
digitados, não podemos deixar de citar o Shell, que é -env - Mostra variáveis do sistema
exatamente o programa que possibilita o usuário digitar -exit – Sair do terminal ou de uma sessão de root.
comandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacio- -/etc – É o diretório onde ficam os arquivos de confi-
nal e realize funções. guração do sistema
No MSDOS, por exemplo, o Shell era o command. -/etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de arqui-
com, por meio do qual era possível realizar comandos vos para o diretório Home de novos usuários.
como o dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o -fdisk -l – Mostra a lista de partições.
Bash, que, para usuários comuns, aparece como símbolo -find - Comando de busca ex: find ~/ -cmin -3
$, e para o root, aparece com o símbolo #. -find – Busca arquivos no disco rígido.
Há também os termos usuário e superusuário. En- -halt -p – Desligar o computador.
quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de -head - Mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo
comandos simples, ao superusuário é possível configurar -history – Mostra o histórico de comandos dados no
quais comandos os usuários podem utilizar. Se eles po- terminal.
dem apenas ver ou também alterar e gravar diretórios. -ifconfig - Mostra as interfaces de redes ativas e as
Sendo assim, ele atua como sendo o administrador do infor- mações relacionadas a cada uma delas
sistema. O diretório padrão que possui os programas -iptraf - Analisador de tráfego da rede com interface
usados pelo superusuário para o gerenciamento e a ma- gráfica baseada em diálogos
nutenção do sistema é o /sbin. -kill - Manda um sinal para um processo. Os sinais
/bin-Comandos utilizados durante o boot e por usuá- sIG- TErm e sIGKILL encerram o processo.
rios comuns. -kill -9 xxx – Mata o processo de número xxx.
/sbin-Como os comandos do/bin, só que não são uti- -killall - Manda um sinal para todos os processos.
lizados pelos usuários comuns. -less - Mostra o conteúdo de um arquivo de texto
Por esse motivo, o diretório sbin foi nomeado de su- com controle
perusuário, pois há comandos que só podem ser utiliza- -ls - Listar o conteúdo do diretório
dos nesse diretório. Funciona como se quem estivesse -ls -alh - Mostra o conteúdo detalhado do diretório
no diretório sbin fosse o administrador do sistema, com -ls –ltr - Mostra os arquivos no formado longo (l) em
permissões especiais de inclusões, exclusões e também ordem inversa (r) de data (t)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de alterações. -man - Mostra informações sobre um comando


-mkdir - Cria um diretório. É um comando utilizado na
Comandos Básicos raiz do Linux para a criação de novos diretórios.

Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o dire-
que podemos usar no Shell do Linux: tório chamado “myfolder”.
-addgroup - Adiciona grupos
-adduser - Adiciona usuários
-apropos - Faz pesquisa por palavra ou string

6
-su - Troca para o superusuário root (é exigida a se-
nha)
-su user - Troca para o usuário especificado em ‘user’
(é exigida a senha)
-tac - Semelhante ao cat, mas inverte a ordem
-tail - O comando tail mostra as últimas linhas de um
arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas linhas.
Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode ser acres-
centado de alguns parâmetros como o -n que mostra o
[numero] de linhas do final do arquivo; o – c [numero]
que mostra o [numero] de bytes do final do arquivo e o –
f que exibe constantemente os dados do final do arquivo
Figura 15: Prompt “ftp” à medida que são adicionados.
-tcpdump sniffer - Sniffer é uma ferramenta que
-mount – Montar partições em algum lugar do sis- “ouve” os pacotes
tema. -top – Exibe os processos do sistema e dados do pro-
-mtr - Mostra rota até determinado IP cessador.
-mv - Move ou renomeia arquivos e diretórios -touch touch foo.txt - Cria um arquivo foo.txt vazio;
-nano – Editor de textos básico. também altera data e hora de modificação para agora
-nfs - Sistema de arquivos nativo do sistema opera- -traceroute - Define uma rota do host local até o des-
cional Linux, para o compartilhamento de recursos pela tino mostrando os roteadores intermediários
rede -umount – Desmontar partições.
-netstat - Exibe as portas e protocolos abertos no sis- -uname -a – Informações sobre o sistema operacional
tema. -userdel - Remove usuários
-nmap - Lista as portas de sistemas remotos/locais -vi - Editor de ficheiros de texto
-vim - Versão melhorada do editor supracitado
atrás de portas abertas.
-which - Exibe qual arquivo binário está sendo cha-
-nslookup - Consultas a serviços DNs
mado pelo shell quando chamado via linha de comando
-ntsysv - Exibe e configura os processos de iniciali-
-who - Informa quem está logado no sistema
zação
-passwd - Modifica senha (password) de usuários
Não são só comandos digitados via teclado que po-
-ps - Mostra os processos correntes
demos executar no Linux. Várias versões foram expandi-
-ps –aux - Mostra todos os processos correntes no das e o kernel evoluiu bastante. Sobre ele correm as mais
sistema diversas interfaces gráficas, baseadas principalmente no
-ps -e – Lista os processos abertos no sistema. servidor de janelas XFree.Entre as mais de vinte interfaces
-pwd - Exibe o local do diretório atual. o prompt pa- gráficas criadas para o Linux, vamos citar o KDE.
drão do Linux mostra apenas o último nome do caminho
do diretório atual. Para mostrar o caminho completo do
diretório atual digite o comando pwd. Linux@fedora11 –
é a versão do Linux que está sendo usada.
help pwd – é o comando que nos mostrará o con-
teúdo da ajuda sobre o pwd. A informação do help nos
mostra que pwd imprime o nome do diretório atual.
-reboot – Reiniciar o computador.
-recode - Recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
15..utf8 file_to_change.txt
-rm - Remoção de arquivos (também remove diretó-
rios)
-rm -rf - Exclui um diretório e todo o seu conteúdo
-rmdir - Exclui um diretório (se estiver vazio)
-route - Mostra as informações referentes às rotas Figura 16: MenuK,naversãoSuse–imagemobtidadehttp://
-shutdown -r now – Reiniciar o computador pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interfa-
-split - Divide um arquivo ce_gr%C3%A1fica_KDE
-smbpasswd - No sistema operacional Linux, na ver-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

são samba, smbpasswd permite ao usuário alterar sua Um dos motivos que ainda desconvence muitas pes-
senha criptografada smb que é armazenada no arquivo soas a adotarem o Linux como seu sistema operacional,
smbpasswd (normalmente no diretório privado sob a é a quantidade de programas compatíveis com ele, o que
hierarquia de diretórios do samba). Os usuários comuns vem sendo resolvido com o passar do tempo. Sua inter-
só podem executar o comando, sem opções. Ele os levará face familiar, semelhante ao do Windows, tem ajudado a
para que sua senha velha smb seja digitada e, em segui- aumentar os adeptos ao Linux.
da, pedir-lhes sua nova senha duas vezes, para garantir Distribuição Linux é um sistema operacional que utili-
que a senha foi digitada corretamente. Nenhuma senha za o núcleo (Kernel) do Linux e outros softwares. Existem
será mostrada na tela enquanto está sendo digitada. várias versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, De-

7
bian, Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e des- O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja,
vantagens. O que torna a escolha de uma distribuição copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, consideran-
bem pessoal. do que estamos usando o Nautilus, da seguinte forma:
- Copiar: Clique com o botão direito do mouse sobre
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado
FIQUE ATENTO! para a área de transferência, mas o original conti-
Distribuições são criadas, normalmente, nuará no local.
para atender razões específicas. Por exem- - Recortar: Clique com o botão direito do mouse so-
plo, existem distribuições para rodar em bre o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslo-
servidores, redes - onde a segurança é prio- cado para a área de transferência, sendo removido
ridade - e, também, computadores pessoais. do seu local de origem.
Assim, não é possível dizer qual é a melhor - Colar: Clique com o botão direito do mouse no local
distribuição, já que ela depende do objetivo desejado e depois em colar. O conteúdo da área
do seu computador de transferência será colado.

Outra alternativa é deixar a janela do local de origem


Sistema de Arquivos: Organização e Gerenciamen- do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino.
to de Arquivos, Diretórios e Permissões no Linux Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo
desejado e o transferir para o destino.
Dependendo da versão do Linux é possível encontrar
gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no Instalar, Remover e Atualizar Programas
Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a có-
pia, recorte, colagem, movimentação e organização dos Para instalar ou remover um programa, considerando
arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os dispo- o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar
sitivos de armazenamento não são nomeados por letras.
/Remover Aplicações, que viabiliza a busca de drives pela
Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na
Internet. Esta ferramenta é encontrada no menu Aplica-
máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs,
ções, Adicionar/Remover.
um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de
Na parte superior da janela encontramos uma linha
um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas.
de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicati-
vo que desejamos. Ao lado da linha de pesquisa temos
a configuração de mostrar apenas os itens suportados
pelo Ubuntu.
O lado esquerdo lista todas as categorias de progra-
mas, e quando uma categoria é selecionada, sua descri-
ção é mostrada na parte inferior da janela. Alguns exem-
plos de categorias podemos mencionar são: Acessórios,
Educacionais, Jogos, Gráficos, Internet, entre outros.

Manipulação de Hardware e Dispositivos

Figura 17: Linux–Fonte:OLivroOficialdoUbuntu A manipulação de hardware e dispositivos é possí-


vel ser realizada no menu Locais, Computador, através
As principais pastas do Linux são: o qual acessamos a lista de dispositivos em execução. A
/etc- Contém os arquivos gerais de configuração do maioria dos dispositivos de hardware instalados no Li-
sistema e dos programas instalados. nux Ubuntu são meramente instalados. Quando se trata
/home– Cada conta de usuário possui um diretório de um pendrive, após sua conexão física, aparecerá uma
salvo na pasta home. janela do gerenciador de arquivos exibindo o conteúdo
/boot arquivos de carregamento do sistema, incluin- do dispositivo. É importante, porém, lembrar-se de des-
do configuração do gerenciador de boot e o kernel. montar corretamente os dispositivos de armazenamento
/dev– Onde ficam as entradas das placas de disposi- e outros antes de encerrar seu uso. No caso do pendrive,
tivos como rede, som e impressoras. é possível clicar com o botão direito do mouse sobre o
/lib– Bibliotecas do sistema. ícone localizado na área de trabalho e em seguida, clicar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

/media– Contém a instalação de dispositivos como em Desmontar.


drive de CD, pendrives, entre outros.
/opt– Utilizado por desenvolvedores de programas. Agendamento de Tarefas
/proc– Armazena informações sobre o estado atual
do sistema. O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é feito
/root–Diretório do super usuário. por meio do agendador de tarefas chamado cron, que
permite determinar horários e intervalos para que tare-
fas sejam executadas. Ele possibilita detalhar comandos,
data e hora que ficam em um arquivo chamado crontab

8
- arquivo de texto que armazena a lista de comandos a gzexe[opções][arquivos]compacta executáveis.
serem acionados no horário e data que foram determi- gunzip[opções][arquivos]descompacta arquivos. zca-
nados. t[opções][arquivos]descompacta arquivos.

Administração de Usuários e Grupos no Linux Fique Atento!


Comandos básicos para backups
Antes de iniciarmos, é preciso ter entendimento de tar Agrupa vários arquivos em apenas um.
ambos termos: compress Faz a compressão de arquivos padrão do
- Superusuário: É o administrador do sistema. Ele tem Unix.
acesso e permissão para executar todos os coman- uncompress Descomprime arquivos compactados
dos. pelo compress.
-Usuário Comum: Tem as permissões configuradas pelo zcat Possibilita visualizar arquivos compactados pelo
superusuário para o grupo em que se encontra. compress.

Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um


grupo pode ter vários usuários. Assim, podemos con-
ceder permissões aos grupos e colocar o usuário que
queremos que tenha determinada permissão no grupo
correspondente.

Comandos Básicos para Grupos

- Para criar grupos: sudo groupadd nome grupo


- Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
nome grupo nomeusuario
- Definir senha para o usuário: sudo password no-
meusuario
- Remover usuário do sistema: sudo userdel nomeu-
suario
Figura 18: Centro de Controle do KDE imagemobtida-
Permissões no Linux dehttp://
pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interface_
Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem gr%C3%A1fica_KDE
acesso ilimitado aos conteúdos do sistema. Os outros es-
tão sujeitos à sua permissão para realizar comandos. As
permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões #FicaDica
do proprietário, permissões do grupo e permissões para
os outros usuários. Como no Painel de controle do Windows,
Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos temos o centro de controle do KDE, onde
comuns com o ‘-‘. é possível personalizar toda a parte gráfica,
Alguns dos comandos utilizados em permissões são: fontes, temas, ícones, estilos, área de traba-
ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões lho, além da Internet, periféricos, acessibili-
do proprietário do grupo dade, segurança e privacidade, som e con-
r- Permissões do grupo ao qual o usuário pertence figurações para o administrador do sistema.
r- -Permissão para os outros usuários
As permissões do Linux são: Leitura, escrita e execu-
ção.
- Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas
veja, ou seja, leia o arquivo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
- Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode
criar e alterar arquivos. 1. (TRT-14ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA
- Execução: (x, de eXecution) o usuário pode executar APOIO ESPECIALIZADO ESPECIALIDADE ESTATÍSTICA
arquivos. – FCC – 2018) No Explorador de Arquivos do Windows
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

10, um profissional observou a existência de um pen dri-


Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘, signi- ve conectado ao computador, onde, dos 64 GB de capa-
fica que ela não é atribuída ao usuário. cidade total, há apenas 3,2 GB livres. Nessas condições,
será possível armazenar nesse pen drive
Compactação e Descompactação de Arquivos
Comandos básicos para compactação e descompac- a) um arquivo de vídeo de 4294967296 bytes.
tação de arquivos: b) um arquivo compactado de 3686 MB.
gunzip[opções][arquivos]Descompacta arquivos c) vários arquivos de texto que totalizam 3704409292
compactados com gzip. bytes.

9
d) vários arquivos de imagem que totalizam 0,0038 TB. de Massachusetts) levaram o Multics ao fracasso. Contu-
e) um arquivo de vídeo de 3290443 KB. do, em 1969, Thompson começou a reescrever o sistema
com pretensões não tão grandes, e aí surge o Unics.
Resposta: Letra E. Ao converter 3,2GB em KB temos O passo seguinte foi um retoque no nome e ele passa
3355443KB, logo é totalmente possível armazenar a se chamar Unix. Em 1973, com ajuda de Dennis Ritchie,
uma arquivo de vídeo com 3290443 KB. a linguagem empregada no sistema passa a ser a C, algo
apontado como um dos principais fatores de sucesso do
2. (TRT-6ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA sistema. Atualmente, uma série de SOs são baseados no
JUDICIÁRIA – FCC – 2018) Um Analista utiliza um com- Unix, entre eles, nomes consagrados como Gnu/Linux,
putador com o Windows 10 instalado, em português, e Mac OS X, Solaris e BSD.
trabalha frequentemente com diversas janelas de aplica-
tivos abertas. Para alternar entre as janelas abertas e para
fechar a janela ativa, ele utiliza, correta e respectivamen- #FicaDica
te, as combinações de teclas:
Por que o Unix é a base dos sistemas ope-
a) Alt + Tab e Alt + F4 racionais?
b) Ctrl + Alt + A e Ctrl + Alt T Apesar de não haver uma resposta exata
c) Ctrl + F2 e Ctrl + F3 para isso, a esmagadora maioria dos siste-
d) Ctrl + Tab e Ctrl + F4 mas disponíveis atualmente é baseada no
e) Alt + A e Alt + X Unix. Talvez você nem saiba, mas o sistema
operacional que roda no caixa eletrônico
Resposta: Letra A. As teclas Alt + Tab e Alt + F4 ser- onde você saca dinheiro, por exemplo, pro-
vem para alternar entre janelas e fechá-las respecti- vavelmente é um do tipo Unix.
vamente.

3. (TRT-2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO: ÁREA z/OS é um sistema operacional de 64 bits para main-
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Para visualizar o ende- frames, criado pela IBM. É o sucessor do OS/390, o qual,
reço IP do computador em linha de comando, no Windo- por sua vez, combinou o MVS e o UNIX System Services -
ws e no Linux, o Analista deve utilizar, respectivamente, uma implementação UNIX POSIX-aderente para mainfra-
as instruções mes, anteriormente conhecida como MVS Open Edition
ou (OpenMVS).
a) ip /i mscomp e ip –i lxcomp O z/OS oferece muitos dos atributos de outros sis-
b) net /ip e lan –ip temas operacionais modernos, mas também conserva
c) show_ip this e get_ip lxcomp muito da funcionalidade originada nas década de 1960
d) ipconfig e ifconfig e 1970, que frequentemente ainda estão em uso coti-
e) ipWin e ipLx diano. Isto inclui Customer Information Control System
(CICS), IBM Information Management System (IMS), IBM
Resposta: Letra D. Os comandos ipconfig e ifconfig DB2, IBM Resource Access Control Facility (RACF) e IBM
são utilizados para poder demonstrar o IP de um com- Systems Network Architecture (SNA).
putador. O z/OS também executa Java de 64 bits, suporta APIs
e aplicativos UNIX (Single UNIX Specification) e comuni-
ca-se diretamente com o TCP/IP. Um sistema operacional
Unix e z/OS complementar IBM, o z/VM, fornece o gerenciamento de
sistemas virtuais múltiplos (guests) no mesmo mainframe
Unix é um sistema operacional criado por Kenneth físico. Estas novas funções no z/OS e z/VM, e o suporte
Thompson após um projeto de sistema operacional não ao Linux na zSeries, tem encorajado o desenvolvimento
ter dado certo. O Unix foi o primeiro sistema a introduzir de novos aplicativos para mainframes. Muitos deles uti-
conceitos muito importantes para SOs como suporte a lizam o WebSphere Application Server para middleware
multiusuários, multitarefas e portabilidade. z/OS.
Além disso, o Unix suporta tanto alterações por li- A partir de 1º de abril de 2007, o z/OS passou a ter
nhas de comando, que dão mais flexibilidade e precisão suporte somente a mainframes de 64 bits (z/Architectu-
ao usuário, quanto definições via interface gráfica, uma re). O z/OS V1R5 foi a última versão a dar suporte ao
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

opção normalmente mais prática e menos trabalhosa do ESA/390, uma arquitetura de hardware anterior com en-
que a anterior. dereçamento de 31 bits. Aplicativos antigos ainda são
Sua história remonta aos anos de 1960, quando suportados na mesma forma binária, usem eles 31 bits
Thompson, Dennis Ritchie e outros desenvolvedores se ou mesmo endereçamento de 24 bits.
juntaram para desenvolver o sistema operacional Mul-
tics nos Laboratórios Bell da AT&T. A ideia era criar um Uma versão de baixo custo do z/OS, o “z/OS.e”, pos-
sistema capaz de comportar centenas de usuários, mas sui código idêntico, mas é processado com uma confi-
diferenças entre os grandes grupos envolvidos na pes- guração de inicialização que impede a execução de tare-
quisa (AT&T, General Eletronic e Instituto de Tecnologia fas “clássicas”, tais como os compiladores COBOL e PL/I.

10
O “z/OS.e” era disponibilizado para os mainframes IBM ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de
z800, z890 e z9 BC, mas foi encerrado com a versão V1.8 64 bits pode processar grandes quantidades de memó-
e retirado de mercado em outubro de 2007. ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários
Windows programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com
frequência”.
O Windows assim como tudo que envolve a informá- Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
tica passa por uma atualização constante, os concursos reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
públicos em seus editais acabam variando em suas ver- caso, é possível instalar:
sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto - Sobre o Windows XP;
as versões do Windows quanto do Linux. - Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um (Win Vista), também 32 bits;
software, um programa de computador desenvolvido por - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
programadores através de códigos de programação. Os - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares, - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
são considerados como a parte lógica do computador, - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada a instalação;
apenas quando o computador está em funcionamento. O - Win 7 em um computador sem SO;
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é
o primeiro a ser instalado na máquina. Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
Quando montamos um computador e o ligamos pela tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu- chave do produto, que é um código que será solicitado
mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti- durante a instalação.
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a Vamos adotar a opção de instalação com formatação
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard- poration:
ware, temos que instalar o SO. - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
Após sua instalação é possível configurar as placas seja inicializado normalmente, insira do disco de
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
os demais programas, como os softwares aplicativos e desligue o seu computador.
utilitários. - Reinicie o computador.
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge- - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
rencia os demais programas. isso, e siga as instruções exibidas.
A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits - Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
e 64 bits está na forma em que o processador do com- ou outras preferências e clique em avançar.
putador trabalha as informações. O Sistema Operacional - Se a página de Instalação Windows não aparecer
de 32 bits tem que ser instalado em um computador que e o programa não solicitar que você pressione al-
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas
tem que ser instalado em um computador de 64 bits. configurações do sistema. Para obter mais infor-
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais seu computador usando um disco de instalação do
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso Windows 7 ou um pen drive USB.
ajuda a reduzir o tempo despendido na permuta de pro- - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
cessos para dentro e para fora da memória, pelo arma- os termos de licença, clique em aceito os termos
zenamento de um número maior desses processos na de licença e em avançar.
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo - Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o que em Personalizada.
desempenho geral do programa”. - Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
Windows 7 - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito - Siga as instruções para concluir a instalação do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

em computador e clique em Propriedades. Windows 7, inclusive a nomenclatura do compu-


2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. tador e a configuração de uma conta do usuário
inicial.
“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
você precisará de um processador capaz de executar Conceitos de organização e de gerenciamento de in-
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um formações; arquivos, pastas e programas.
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan-
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB arquivos, ícones ou outras pastas.

11
Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
vamos no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones – são imagens representativas associadas a
programas, arquivos, pastas ou atalhos.
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.

1. Criação de pastas (diretórios)

Figura 66: Tela da pasta criada

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la


e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

2. Área de trabalho:

Figura 64: Criação de pastas

#FicaDica
Clicando com o botão direito do mouse
em um espaço vazio da área de trabalho
ou outro apropriado, podemos encontrar a
opção pasta.
Clicando nesta opção com o botão esquerdo Figura 67: Área de Trabalho
do mouse, temos então uma forma prática
de criar uma pasta. A figura acima mostra a primeira tela que vemos
quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:

Figura 65: Criamos aqui uma pasta Figura 68: Barra de tarefas
chamada “Trabalho”.
1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato
com todos os outros programas instalados, programas
que fazem parte do sistema operacional e ambientes de
configuração e trabalho. Com um clique nesse botão,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém


opções que nos permitem ver os programas mais aces-
sados, todos os outros programas instalados e os recur-
sos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no computador.
Por meio do botão Iniciar, também podemos:
- desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;

12
- colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
do sistema para efetivarem sua instalação, durante
congelamento de telas ou travamentos da máqui-
na.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
usuário do mesmo computador.

Figura 70: Propriedades de data e hora

Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,


determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.
Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7

Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem
acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones
são configurados para entrar em ação quando o Figura 71: Restauração de arquivos
computador é iniciado. Muitos deles ficam em exe- enviados para a lixeira
cução o tempo todo no sistema, como é o caso
de ícones de programas antivírus que monitoram A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
constantemente o sistema para verificar se não há ser feita com um clique com o botão direito do mouse
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

invasões ou vírus tentando ser executados. sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
relógio constantemente na sua tela, clicando duas o arquivo para seu local de origem.
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco-
ne, acessamos as Propriedades de data e hora.

13
#FicaDica
Outra forma de restaurar é usar a opção
“Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho


muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de Figura 73: Propriedades da barra de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão tarefas e do menu iniciar
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros:
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela). - Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos seja posicionada em outros cantos da tela que não seja o
que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não inferior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão
está marcada. esquerdo do mouse pressionado.
- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul-
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior
aproveitamento da área da tela pelos programas abertos,
e a exibe quando o mouse é posicionado no canto infe-
rior do monitor.

Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu


Iniciar
Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas
Pela figura acima podemos notar que é possível a
Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar: aparência e comportamento de links e menus do menu
Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar- Iniciar.
ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 21: Barra de Ferramentas

14
3. Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alte-


rar configurações do Windows, como aparência, idioma,
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
é possível personalizar o computador às necessidades do
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do sis-
tema e da segurança”, permite a realização de ba-
ckups e restauração das configurações do sistema
e de arquivos. Possui ferramentas que permitem a
atualização do Sistema Operacional, que exibem a
quantidade de memória RAM instalada no compu- Figura 76: Computador
tador e a velocidade do processador. Oferece ain-
da, possibilidades de configuração de Firewall para Observe que é possível visualizarmos as unidades de
tornar o computador mais protegido. disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada.
- Rede e Internet: mostra o status da rede e possibili- Vemos também informações como o nome do computa-
ta configurações de rede e Internet. É possível tam- dor, a quantidade de memória e o processador instalado
bém definir preferências para compartilhamento na máquina.
de arquivos e computadores.
- Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover Windows 8
hardwares como impressoras, por exemplo. Tam-
bém permite alterar sons do sistema, reproduzir É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o
CDs automaticamente, configurar modo de eco- Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu-
nomia de energia e atualizar drives de dispositivos lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente
instalados. no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá-
- Programas: através desta opção, podemos realizar rios acostumados com o antigo visual desse sistema.
a desinstalação de programas ou recursos do Win- A tela inicial completamente alterada foi a mudança
dows. que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui alte- as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini-
ramos senhas, criamos contas de usuários, deter- ciar e também é possível visualizar previsão do tempo,
minamos configurações de acesso. cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as
- Aparência: permite a configuração da aparência da pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, para ter acesso aos programas que mais utiliza.
menu iniciar e barra de tarefas. Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação um painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando
de números e moedas. uma das pastas e não encontre algum comando, clique
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com- com o botão direito do mouse para que esse painel apa-
putador às necessidades visuais, auditivas e moto- reça.
ras do usuário. A organização de tela do Windows 8 funciona como
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
3.1. Computador imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica-
tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa
área de trabalho, que representam aplicativos de versões
#FicaDica anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe-
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem
Através do “Computador” podemos consul- tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados
tar e acessar unidades de disco e outros dis- automaticamente.
positivos conectados ao nosso computador. A tela pode ser customizada conforme a conveniência
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela,


mas podem ser encontrados clicando com o botão direi-
Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que
Computador. A janela a seguir será aberta: um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar
na Tela Inicial.

15
1. Charms Bar 8. Visualizar Imagens
O sistema operacional agora faz com que cada vez
O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa que você clica em uma figura, um programa específico
e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura- abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se-
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + Program as Default.
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em 9. Imagem e Senha
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus- O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
pode selecionar desenhos durante a personalização do em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
papel de parede. Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você
2. Redimensionar as tiles colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto.
Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou- Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di- imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você
reito na divisão entre eles e optando pela opção menor. terá que desenhar três formas em touch ou com o mou-
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize
destacar no computador. o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez,
repita os movimentos para acessar seu computador.
3. Grupos de Aplicativos
10. Internet Explorer no Windows 8
Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá-
podem ser renomeados. gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de
ferramentas e menus.
4. Visualizar as pastas
Windows 10
A interface do programas no computador podem ser
vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que
a lado. Para passar de um painel para outro é necessário veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no
usar a barra de rolagem que fica no rodapé. mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis-
sões é ficar com um visual mais de smart e touch.
5. Compartilhar e Receber

Comando utilizado para compartilhar conteúdo, en-


viar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção
Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há
também a opção Dispositivo que é usada para receber
e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao compu-
tador.
6. Alternar Tarefas

Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os


programas abertos no desktop e os aplicativos novos do
SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma
lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo- Figura 77: Tela do Windows 10
dernos.
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

7. Telas Lado a Lado sões (com destaque para as duas primeiras):

Esse sistema operacional não trabalha com o concei- 1. Windows 10


to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas
ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa acom- É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a
panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
computador. e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.

16
2. Windows 10 Pro
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro-
teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc-
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere
ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de
que o usuário de um computador com sistema opera-
Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má-
cional Windows 7 tenha permissão de administrador e
quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para
deseje fazer o controle mais preciso da segurança das
realizar conexões a uma rede corporativa.
conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu-
3. Windows 10 Enterprise tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu-
rança avançado do firewall do Windows para especificar
Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio precisamente quais aplicativos podem e não podem fa-
do Licenciamento por Volume, voltado a empresas. zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes
podem, ou não, ser externamente acessados.
4. Windows 10 Education
( ) CERTO ( ) ERRADO
Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
as necessidades do meio educacional. Também tem seu Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede
método de distribuição baseado através da versão aca- de fogo) é um dispositivo de uma rede de compu-
dêmica de licenciamento de volume. tadores que tem por objetivo aplicar uma política de
segurança a um determinado ponto da rede. O fire-
5. Windows 10 Mobile wall pode ser do tipo filtros de pacotes, proxy de apli-
cações, etc. Os firewalls são geralmente associados a
Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta- redes TCP/IP.
sia como um sistema operacional único, os smartphones Este dispositivo de segurança existe na forma de soft-
com o Windows 10 possuem uma versão específica do ware e de hardware, a combinação de ambos é cha-
sistema operacional compatível com tais dispositivos. mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade
de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
6. Windows 10 Mobile Enterprise tica de segurança, da quantidade de regras que con-
trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do
Projetado para smartphones e tablets do setor cor- grau de segurança desejado.
porativo. Também estará disponível através do Licencia-
mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do 2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e
Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas a atualização de programas na plataforma Linux a serem
para o mercado corporativo. efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas
por meio das opções install e upgrade, respectivamente.
7. Windows 10 IoT Core Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando
sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador
IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet do sistema.
of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise ( ) CERTO ( ) ERRADO
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-
minais de autoatendimento, máquinas de atendimento Resposta: Errado. O comando para a atualização é
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core “sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar pa-
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo cotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O co-
custo. mando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro- realmente permite a usuários comuns obter privilégios
soft indica como requisitos básicos dos computadores: de outro usuário como o administrador
• Processador de 1 Ghz ou superior;
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para 3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em compu-
64bits); tadores com sistema operacional Linux ou Windows, o
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido; aumento da memória virtual possibilita a redução do
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

consumo de memória RAM em uso, o que permite exe-


ou maior. cutar, de forma paralela e distribuída, no computador,
uma quantidade maior de programas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. O que torna esta alternativa mais


eficaz é o uso da memória em um dispositivo alterna-
tivo (para o PC não “travar”), e não uma redução de

17
consumo de memória RAM em uso, visto que esta op- 8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside-
ção foi projetada para ajudar quando a memória RAM re que um usuário de login joao_jose esteja usando o
do PC for insuficiente para a execução de demasiados Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos
programas. de um computador com ambiente Windows 7. Considere
ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é
4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste- apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas
ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo, do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio-
diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais
cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no
gravados nas unidades de disco nas quais permanecem diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di-
até serem apagados. Em uma mesma rede é possível ha- retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos.
ver comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos
entre máquinas com Windows e máquinas com Linux. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\


Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas
Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windo- estarem em outro diretório, se forem feitas configu-
ws conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu-
pois utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS. ração em português o diretório dos documentos do
usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu-
5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria
Windows, não há possibilidade de o usuário interagir “C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta.
com o sistema operacional por meio de uma tela de O item considera o comportamento padrão do siste-
computador sensível ao toque. ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação
não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente
( ) CERTO ( ) ERRADO a este sistema software. A premissa de que a informa-
ção fosse apresentada na barra de ferramentas não
Resposta: Errado. As versões mais recentes do Win- compromete o entendimento da questão.”
dows existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade
de que a tela seja sensível ao toque. 9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar
6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a arquivos de um diretório para um pen drive.
computadores com outros sistemas operacionais, com-
putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem ( ) CERTO ( ) ERRADO
de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga-
das por meio de interrupção do fornecimento de energia Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a
elétrica. execução de vários comandos por meio de um con-
sole. O comando “cp” é utilizado para copiar arquivos
( ) CERTO ( ) ERRADO entre diretórios e arquivos para dispositivos.

Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos- 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se
sui a vantagem de não perder dados caso a máquina clicar a opção , será exibida uma janela por
seja desligada por meio de interrupção do forneci- meio da qual se pode verificar diversas propriedades do
mento de energia elétrica. arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri-
7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa-
GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux, ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.
podem ser acessadas por uma interface de linha de co-
mando. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po-


dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de
Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de ini- um arquivo estão as opções: tamanho e os seus atri-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cialização GRUB e LILO para realizar a sua configura- butos.


ção, assim como é possível alterar as opções de inicia-
lização do Windows (em Win+Pause, Configurações
Avançadas do Sistema, Propriedades do Sistema, Ini-
cialização e Recuperação).

18
Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
REDES DE COMPUTADORES: PRINCÍPIOS que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
E FUNDAMENTOS DE COMUNICAÇÃO um prédio ou um campus de universidade;
DE DADOS. CONCEITOS DE INTERNET E Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
INTRANET. UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
FERRAMENTAS, APLICATIVOS E tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
10km. Ex.: TV à cabo;
PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS A
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network –
INTERNET E INTRANET. FERRAMENTAS WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
E APLICATIVOS DE NAVEGAÇÃO, DE geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
CORREIO ELETRÔNICO, DE BUSCA E Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
PESQUISA des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta-
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
REDES DE COMPUTADORES Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
Redes de Computadores refere-se à interligação por eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
meio de um sistema de comunicação baseado em trans- Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
missões e protocolos de vários computadores com o ob- para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa grandes distâncias.
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos
ou dispositivos de rede). 2. Topologia de Redes
Atualmente, existe uma interligação entre computa-
dores espalhados pelo mundo que permite a comunica- Astopologias das redes de computadores são as es-
ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam truturas físicas dos cabos, computadores e componen-
pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá- tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do- mostram a localização de cada componente da rede que
cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio modo que os dados trafegam na rede:
de jogos, etc. Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, tão interconectadas por pares através de um roteamento
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- de dados;
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
o crescimento das redes de computadores também tem to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que hub ou switch;
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata- Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun- automação industrial e na década de 1980 pelas redes To-
tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo ken Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores são
destacados com mais exaltação, entre outros problemas. entreligados formando um anel e os dados são propagados
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida- de computador a computador até a máquina de origem;
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com a computadores conectados em formato linear, cujo ca-
objetivos militares: interconectar os centros de comando beamento é feito sequencialmente;
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).
1. Alguns tipos de Redes de Computadores
3. Cabos
Antigamente, os computadores eram conectados
em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo-
Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores,
física utilizada para conectar computadores em rede, es-
foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans-
mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi-
missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet, vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento.
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN, Os mais utilizados são:
MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela, Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua
ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em
cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.). lojas de informática ou produzidos pelo usuário;
Veja alguns tipos de redes: Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância
Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis,
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth; são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA,
suporte não encontrado em computadores mais novos;

19
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona
eletromagnéticas. como um tipo de ponte na camada de rede do modelo
OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter-
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de
#FicaDica diferentes fabricantes), identificando e determinando um
IP para cada computador que se conecta com a rede.
Após montar o cabeamento de rede é neces- Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da-
sário realizar um teste através dos testadores dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os
de cabos, adquirido em lojas especializadas. roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami-
Apesar de testar o funcionamento, ele não nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con-
detecta se existem ligações incorretas. É pre- gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram
ciso que um técnico veja se os fios dos cabos caminhos mais rápidos e menos congestionados para o
estão na posição certa. tráfego.
Modem: Dispositivo responsável por transformar a
onda analógica que será transmitida por meio da linha
4. Sistema de Cabeamento Estruturado telefônica, transformando-a em sinal digital original.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes
Para que essa conexão não prejudique o ambiente de de computadores, como por exemplo, envio de arquivos
trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias ou e-mail. Os computadores que acessam determinado
conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen- servidor são conhecidos como clientes.
to estruturado. Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunica-
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem- ção entre os computadores da rede. Cada arquitetura de
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção rede depende de um tipo de placa específica. As mais
da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos- utilizadas são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em anel).
um único local, sem a necessidade de serem conectados
diretamente no hub. Conceitos de tecnologias relacionadas à Internet
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado e Intranet, busca e pesquisa na Web, mecanismos de
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os busca na Web.
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção O objetivo inicial da Internet era atender necessida-
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem des militares, facilitando a comunicação. A agência nor-
inseridos em um rack. te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano,
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-
pensada de forma a realizar a sua expansão. tar os computadores de departamentos de pesquisas e
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea- bases militares, para que, caso um desses pontos sofres-
mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi- se algum tipo de ataque, as informações e comunicação
dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em
serem transmissores de informações para outros pontos, outros pontos estratégicos.
eles também diminuem o desempenho da rede, poden- O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
do haver colisões entre os dados à medida que são ane- nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente, fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
encontra-se dentro do hub. de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar informação poderia ser realizado por várias rotas, assim,
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados
estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre-
máquina consegue enviar um determinado sinal até que ga da informação, é importante mencionar que a maior
os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti- distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32 tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os barreiras de distância, passando a interligar e favorecer
Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis. a troca de informações de computadores de universi-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bridges: É um repetidor inteligente que funciona dades dos EUA e de outros países, criando assim uma
como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu
de relacionar diferentes arquiteturas. nome passa a ser, INTERNET.
Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub, A evolução não parava, além de atingir fronteiras
mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados continentais, os computadores pessoais evoluíam em
apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter-
portas de entrada e melhor performance, podendo ser net deixou de conectar apenas computadores de univer-
utilizado para redes maiores. sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-

20
nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co- que demonstram a finalidade e organização que o criou,
merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta como:
de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua .gov - Organização governamental
difusão nos tempos atuais. .edu - Organização educacional
Um marco que é importante frisar é o surgimento do .org - Organização
WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá- .ind - Organização Industrial
fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta- .net - Organização telecomunicações
josa, pois até então, só era possível a existência de textos. .mil - Organização militar
Para garantir a comunicação entre o remetente e o .pro - Organização de profissões
destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido .eng – Organização de engenheiros
como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que E também, do país de origem:
são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS- .it – Itália
SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de .pt – Portugal
Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo .ar – Argentina
de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível .cl – Chile
tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en- .gr – Grécia
tendimento da informação trocada entre eles.
A internet funciona o tempo todo enviando e rece- Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos
bendo informações, por isso o periférico que permite a que se trata de um site hospedado em um servidor dos
conexão com a internet chama MODEM, porque que ele Estados Unidos.
MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po- - HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Seme-
dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP. lhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam
transmitidos através de uma conexão criptografa-
1. Protocolos Web da e que se verifique a autenticidade do servidor e
do cliente através de certificados digitais.
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transferên-
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-
cia de arquivo, é o protocolo utilizado para poder
tros que são largamente usados na Internet:
subir os arquivos para um servidor de internet,
- HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP,
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio-
trocar informações na Internet. Quando digitamos um
nal utiliza um desses programas FTP ou similares
site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
e executa a transferência dos arquivos criados, o
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
manuseio é semelhante à utilização de gerencia-
Onde: dores de arquivo, como o Windows Explorer, por
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí- exemplo.
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter - POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos
texto, som, imagem, filmes e links. Correios permite, como o seu nome o indica, recu-
- URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão perar o seu correio num servidor distante (o servi-
de recursos, serve para endereçar um recurso na web, dor POP). É necessário para as pessoas não ligadas
é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de permanentemente à Internet, para poderem con-
acessar um determinado site. sultar os mails recebidos offline. Existem duas ver-
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde: sões principais deste protocolo, o POP2 e o POP3,
aos quais são atribuídas respectivamente as portas
Faz a solicitação de um arquivo de 109 e 110, funcionando com o auxílio de coman-
http:// dos textuais radicalmente diferentes, na troca de
hiper mídia para a Internet.
e-mails ele é o protocolo de entrada.
Estipula que esse recurso está na - IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro-
rede mundial de computadores tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere-
www
(veremos mais sobre www em um ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários
próximo tópico). acessos simultâneos e várias caixas de correio,
É o endereço de domínio. Um além de poder criar mais critérios de triagem.
endereço de domínio representará - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
novaconcursos padrão para envio de e-mails através da Internet.
sua empresa ou seu espaço na
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Internet. Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele


que verifica se o endereço de e-mail do destinatá-
Indica que o servidor onde esse site rio está corretamente digitado, se é um endereço
está existente, se a caixa de mensagens do destinatário
.com
hospedado é de finalidades está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca
comerciais. de e-mails ele é o protocolo de saída.
.br Indica queo servidor está no Brasil. - UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP).
Permite que a aplicação escreva um datagrama en-

21
capsulado num pacote IP e transportado ao des- Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
tino. É muito comum lermos que se trata de um temos uma relação de alguns deles:
protocolo não confiável, isso porque ele não é im- - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
plementado com regras que garantam tratamento etc.).
de erros ou entrega. - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
2. Provedor PCX, etc.).
- Negócios e Utilitários.
O provedor é uma empresa prestadora de serviços - Apresentações.
que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
necessário conectar-se com um computador que já este- INTRANET
ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador
deve permitir que seus usuários também tenham acesso A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
a Internet. uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, na Internet. Como um jornal editado internamente, e que
que é a conexão física que interliga o provedor de aces- pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre-
so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida sa.
como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse e departamentos, mesclando (com segurança) as suas
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as informações particulares dentro da estrutura de comuni-
ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link cações da empresa.
como o backbone possui uma velocidade de transmis- O grande sucesso da Internet, é particularmente da
são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). evolução da informática nos últimos anos.
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces- interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
so e um endereço eletrônico na Internet. cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati-
3. Home Page zaram o acesso à informação através de redes de com-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca
Pela definição técnica temos que uma Home Page é base de usuários, já familiarizados com conhecimentos
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com- básicos de informática e de navegação na Internet. Fi-
putadores rodando um Navegador (Browser), que per- nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
mite o acesso às informações em um ambiente gráfico custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga-
e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
informações dentro das Home Pages. e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran-
#FicaDica do de tamanho a cada mês.
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei-
O endereço de Home Pages tem o seguinte to, que tem interessado um número cada vez maior de
formato: empresas, hospitais, faculdades e outras organizações
http://www.endereço.com/página.html interessadas em integrar informações e usuários: a intra-
Por exemplo, a página principal do meu pro- net. Seu advento e disseminação promete operar uma
jeto de mestrado: revolução tão profunda para a vida organizacional quan-
http://www.youtube.com/canaldoovidio to o aparecimento das primeiras redes locais de compu-
tadores, no final da década de 80.

4. Plug-ins 1. O que é Intranet?

Os plug-ins são programas que expandem a capaci- O termo “intranet” começou a ser usado em meados
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dade do Browser em recursos específicos - permitindo, de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se
por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno-
filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas logias projetadas para a comunicação por computador
de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci- entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis-
dade impressionante. Maiores informações e endereços te em uma rede privativa de computadores que se baseia
sobre plug-ins são encontradas na página: nos padrões de comunicação de dados da Internet pú-
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/ blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas
Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/ HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo
Indices/ muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão

22
o custo de implantação relativamente baixo e a facilida- - Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
de de uso propiciada pelos programas de navegação na acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
Web, os browsers. rer graças à execução de programas aplicativos,
que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
2. Objetivo de construir uma Intranet tadores que acessam a rede (também chamados
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
Organizações constroem uma intranet porque ela é a arquitetura da intranet: cliente-servidor).
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien- - A vantagem da intranet é que esses programas
te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da são ativados através da WWW, permitindo grande
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java,
capital com conhecimentos das operações e produtos da assumiram grande importância no desenvolvimen-
empresa. to de softwares aplicativos que obedeçam aos três
conceitos anteriores.
3. Aplicações da Intranet
5. Mecanismos de Buscas
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
municações corporativas em uma intranet dá para sim- Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
operacional) os diversos profissionais de uma empresa. de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja
exemplo: otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
- Marketing e Vendas - Informações sobre produ- acesso a resultados mais relevantes.
tos, listas de preços, promoções, planejamento de Os mecanismos de buscas contam com operadores
eventos; para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
- Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de entanto, pode não interessar a você, caso não seja um
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida- praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis
des de membros das equipes, situações de proje- e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de-
tos; pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul-
- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- tados podem ser mais especializados em relação ao que
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), você procura.
manuais de qualidade;
- Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- 5.1. -palavra_chave
tilas, políticas da companhia, organograma, opor-
tunidades de trabalho, programas de desenvolvi- Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
mento pessoal, benefícios. lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
por computação, provavelmente encontrarei na relação
Para acessar as informações disponíveis na Web cor- dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei- ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se -ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência
resume quase somente em clicar nos links que remetem serão omitidos.
às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse 5.2. +palavra_chave
tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga
quantidade de informações nela armazenadas. ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
putação, terei como retorno uma gama mista de resul-
4. A intranet é baseada em quatro conceitos: tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma
- Conectividade - A base de conexão dos computa- busca do tipo computação + ciência SP.
dores ligados por meio de uma rede, e que podem
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

transferir qualquer tipo de informação digital entre 5.3. “frase_chave”


si;
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- Retorna uma busca em que existam as ocorrências
dores e sistemas operacionais podem ser conecta- dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia
dos de forma transparente; exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma
- Navegação - É possível passar de um documento busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
a outro por meio de referências ou vínculos de da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica
hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos foi empregada.
documentos;

23
5.4. palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re-
cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas de se utilizar dos editores, para você que não precisa de
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes- tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata-
se caso, como as duas palavras chaves são populares, os mento especial para as suas mais variadas imagens.
dois resultados são apresentados em posição de desta- O Picasa está com uma versão cheia de inovações que
que. faz dele um aplicativo completo para visualização de fo-
tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen-
5.5. filetype:tipo tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de
imagem do computador.
Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de As ferramentas de edição possuem os métodos mais
extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi- avançados para automatizar o processo de correção de
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos programa consegue identificar e corrigir todos os olhos
de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele-
DOC. cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei-
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais.
5.6. palavra_chave_01 * palavra_chave_02 Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen-
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con-
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar
em que os termos inicial e final aparecem, independente apenas as fotos que contém pessoas.
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- Depois de tudo organizado em seu computador, você
cebook * msn e veja o resultado na prática. pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar-
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
6. Áudio e Vídeo pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
A popularização da banda larga e dos serviços de qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em
e-mail com grande capacidade de armazenamento está poucos segundos.
aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro- O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve
blema é que a profusão de formatos de arquivos pode e com uma interface gráfica simples porém otimizada e
tornar a experiência decepcionante. fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade
A maioria deles depende de um único programa para com este tipo de programa. Ele também dispõe de al-
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces- guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player operações como copiar e deletar imagens até o efeito
de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple- oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des- um clique.
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação Além disso sempre é possível a visualização de ima-
é automática. gens pelo próprio gerenciador do Windows.
Com os três players de multimídia mais populares -
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você 7. Transferência de arquivos pela internet
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
tanto offline como por streaming (neste caso, o down- FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên-
load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte-
Terra). ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
Atualmente, devido à evolução da internet com os arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
há uma grande demanda por programas para trabalhar de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra- sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico
mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é
ou conversão de imagens. sempre transferida como uma informação textual, en-
Porém, muitos destes programas não são o que se quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri-
pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário).
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes. Um servidor FTP é um computador que roda um pro-
Caso o que você precise seja apenas um programa para grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é
visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples capaz de se comunicar com outro computador na Rede
ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar que o esteja acessando através de um cliente FTP.

24
FTP anônimo versus FTP com autenticação existem Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni-
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities
é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas
username ou password (senha) no servidor de FTP, bas- para que elas próprias criassem suas páginas na internet.
tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo). Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas
Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas.
diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do No mesmo ano, também surge uma plataforma que
sistema. Isto é muito importante, porque garante um permite a interação com antigos colegas da escola, o
nível de segurança adequado, evitando que estranhos Classmates.
tenham acesso a todas as informações da empresa. Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma
Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”, que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto-
o que acontece em geral é que a conexão é posicionada grafias.
no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda-
comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo deira rede social, o Friendster.
tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede
indispensável que o usuário possua um username e uma social de caráter profissional do mundo.
password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di- E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta- Facebook, surgem o Orkut e o Flickr.
belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença
criado para a conta do usuário – diretório home, e dali entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:
ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só • Estabelecimento de contatos pessoais (relações de
escrever e ler arquivos nos quais ele possua. amizade ou namoro).
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas • Networking: partilha e busca de conhecimentos
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema profissionais e procura emprego ou preenchimen-
operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon- to de vagas.
sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet. • Partilha e busca de imagens e vídeos.
• Partilha e busca de informações sobre temas varia-
8. Algumas dicas dos.
• Divulgação para compra e venda de produtos e ser-
1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o viços.
número de conexões simultâneas para evitar uma • Jogos, entre outros.
sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
sível é a faixa de horário de acesso, que muitas Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci-
vezes é considerada nobre em horário comercial, das, destacamos:
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de- • Facebook: interação e expansão de contatos.
sativado. • Youtube: partilha de vídeos.
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites • Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha-
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site madas de voz.
sendo acessado. • Instagram: partilha de fotos e vídeos.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui- • Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
vo verifique se você está usando o modo correto, são conhecidas como “tweets”.
isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e • Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, • Skype: telechamada.
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar • LinkedIn: interação e expansão de contatos profis-
perda de tempo. sionais.
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi- • Badoo: relacionamentos amorosos.
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir • Snapchat: envio de mensagens instantâneas.
que um amigo seu consiga acessar o seu compu- • Messenger: envio de mensagens instantâneas.
tador como um servidor remoto de FTP, bastando • Flickr: partilha de imagens.
que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri- • Google+: partilha de conteúdos.
buído dinamicamente. • Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
lhante ao Twitter.
9. Grupos de Discussão e Redes Sociais
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

10. Vantagens e Desvantagens


São espaços de convivências virtuais em que grupos
de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en- Existem várias vantagens em fazer parte de redes
vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo, sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
entre outras ações. crescimento tão significativo ao longo dos anos.
As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo- Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi- soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu: lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.

25
As redes também facilitam a relação com quem está 2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em
mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia, uma intranet, for disponibilizado um portal de informa-
nem sempre há tempo para que as pessoas se encon- ções acessível por meio de um navegador, será possível
trem fisicamente. acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP
Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá- ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja
pida e eficaz de comunicar algo para um grande número configurado o servidor do portal.
de pessoas ao mesmo tempo.
Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
um acontecimento, a preparação de uma manifestação
ou a mobilização de um grupo para um protesto.
No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
é a falta de privacidade.
Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
para algumas precauções.

#FicaDica
Por ser algo muito atual, tem caído muitas
questões de redes sociais nos concursos
atualmente.

EXERCÍCIOS COMENTADOS Com base na figura acima, que ilustra as configurações


da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma 9, julgue os próximos itens.
impressora estiver compartilhada em uma intranet por
meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar- ( ) CERTO ( ) ERRADO
quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol)
no navegador web a seguinte url: é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que
, em permite ao seu computador trocar informações com
que deve estar acessível via rede e um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma
vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po-
deve ser do tipo PDF. dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os
códigos que resultam na página acessada pelo nave-
gador.
( ) CERTO ( ) ERRADO O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou
outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô-
Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir- nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem
ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti-
ser impressos, o que torna o item errado, o comando dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em
para impressão não verifica o formato do arquivo, tão HTTP é insegura.
somente o local onde está o arquivo a ser impresso. Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro-
tocol Secure), que insere uma camada de proteção na
transmissão de dados entre seu computador e o ser-
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação
é criptografada, aumentando significativamente a se-
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con-
versassem uma língua que só as duas entendessem,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dificultando a interceptação das informações.


Para saber se está navegando em um site com crip-
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente,
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome
do site, já que a conexão segura também identifica pá-
ginas na Internet por meio de seu certificado.

26
3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser- Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função
vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar principal é enviar mensagens e não o compartilha-
por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi-
conexões de saída da estação do usuário com a porta 80 tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o
de destino no endereço do proxy. objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem
todas as redes citadas na questão permitem.
( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro- versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual, mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços são mostrados detalhes como a data da instalação e o
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/ usuário que executou a operação.
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede ( ) CERTO ( ) ERRADO
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver-
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80. sões do Firefox, contudo o histórico não contém o
usuário que executou a operação. Este recurso está
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção disponível no menu Firefox – Opções – Avançado –
de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE Atualizações – Histórico de atualizações.
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada. 8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos,
( ) CERTO ( ) ERRADO o usuário pode registrar os sítios que considera mais im-
portantes e recomendá-los aos seus amigos.
Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-
ção se o servidor assim estiver configurado, do con- ( ) CERTO ( ) ERRADO
trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet. Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser-
viço online que o Internet Explorer usa para recomen-
5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos
que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta
computacionais, permanentemente conectados à Inter- clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos.
net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o Considere que um delegado de polícia federal, em uma
usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter- sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela
net message access protocol), em detrimento do POP3 ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do
(post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o DPF, cujo endereço eletrônico está indicado no campo
conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa- . A partir dessas informações, julgue os itens de
mente, fazer o download das mensagens para o compu- 09 a 12.
tador em uso.
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con-
( ) CERTO ( ) ERRADO teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da-
dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua-
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado
padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
função de baixar as mensagens do servidor de e-mail desse conteúdo.
para o computador que o programa foi configurado. Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men- condições de verificar se houve ou não a alteração men-
sagens são baixadas para o computador do usuário cionada, independentemente da configuração do IE6,
só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja
as mensagens originais; quando o acesso é feito por em modo online.
outro computador essas mensagens que estão no ser-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

vidor são baixadas para este outro computador, dei- ( ) CERTO ( ) ERRADO
xando sempre a original no servidor.
Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma
6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut, nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste
Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha- tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi-
mento de arquivos entre seus usuários bido sem alterações.

( ) CERTO ( ) ERRADO

27
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar- Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
mazenamento de informações em arquivos denomina- são programas de computador especializados em vi-
dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
sistema de segurança instalado em um computador. Para web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
para impedir que cookies sejam armazenados no com- dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
uso do menu . todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
( ) CERTO ( ) ERRADO Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
sequentemente um dos melhores navegadores existen-
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas, muito fácil de utilizar.
depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade
e, em Configurações, mover o controle deslizante até
em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
da, clicar em OK.

11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o


acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante Figura 1: Símbolo do Google Chrome
um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
putador do delegado, é correto concluir que as informa- #FicaDica
ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo Ultimamente tem caído perguntas
criptografado. relacionadas a guia anônima que não deixa
rastro (senhas, auto completar, entre outros),
( ) CERTO ( ) ERRADO e é acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N

Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica


que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente
conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto- navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não
colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega-
de criptografia do tipo SSL. dores mais rápidas e com maior segurança contra hac-
kers.
12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox
nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande
( ) CERTO ( ) ERRADO desempenho, porém especialistas em segurança o consi-
dera o navegador com menos segurança.
Resposta: Certo. É possível através do botão descrito,
o botão de histórico, que se encontre informações das
páginas acessadas anteriormente, e também permite
que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
contidas no diretório do IE6.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 3: Símbolo do Opera


Noções básicas de ferramentas e aplicativos de na-
vegação e correio eletrônico Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo
navegador considerado pelos especialistas e possui uma
Um browser ou navegador é um aplicativo que opera interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
através da internet, interpretando arquivos e sites web Apple existem versões para Windows.
desenvolvidos com frequência em código HTML que
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
as partes do mundo.

28
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en-
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um
usuário descarregue suas mensagens de umservidor.
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP.
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori-
zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente
Figura 4: Símbolo do Safari de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga
escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de
Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave- discussão.
gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é
um programa preparado para explorar a Internet dando Um pouco de história
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo A internet é uma rede de computadores que liga os
clique em seu símbolo. computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a-
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro-
car informações sobre pesquisas e armamentos que não
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim,
foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto
Figura 5: Símbolo do Internet Explorer de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos
EUA.
#FicaDica Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
Glossário interessante que abordam internet
ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
e correio eletrônico
chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de
cutada a World Wide Web (www), sistema que contém
mensagens indesejadas.
milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons,
Browser: Programa utilizado para navegar
etc) que também ficou conhecido como rede mundial.
na Web, também chamado de navegador.
Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um
Exemplo: Mozilla Firefox.
projeto que pode ser considerado o princípio da World
Cliente de e-mail: Software destinado a
Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo-
gerenciar contas de correio eletrônico,
rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
possibilitando a composição, envio,
como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
recebimento, leitura e arquivamento
partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
de mensagens. A seguir, uma lista de
tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
gerenciadores de e-mail (em negrito os mais
bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
conhecidos e utilizados atualmente):
do por muitos como o pai da internet.
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail
(Linux) e Windows Mail. #FicaDica
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
próprio endereço, chamado URL, ele facilita
Outros pontos importantes de conceitos que podem a navegação e possui características especí-
ser abordado no seu concurso são: ficas como a falta de acentuação gráfica e
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten- palavras maiúsculas. Uma url possui o http
sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos (protocolo), www (World Wide Web), o nome
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail, da empresa que representa o site, .com (ex:
como imagens, sons, filmes, entre outros. se for um site governamental o final será
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência .gov) e a sigla do país de origem daquele site
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(no Brasil é usado o BR).


de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder- Mecanismos de Buscas
bird, Microsoft Outlook Express etc.
POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
para o computador as mensagens armazenada sem sua algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
caixa postal no servidor. de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,

29
lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja Correios Eletrônicos
otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
acesso a resultados mais relevantes. Os correios eletrônicos se dividem em duas formas:
Os mecanismos de buscas contam com operadores os agentes de usuários e os agentes de transferência de
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo
entanto, pode não interessar e você, caso não seja um Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de
praticante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis transferência realizam um processo de envio dos agentes
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de- usuários e servidores de e-mail.
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul- Os agentes de transferência usam três protoco-
tados podem sem mais especializados em relação ao que los: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office
você procura. Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP é
usado para transferir mensagens eletrônicas entre os com-
-palavra_chave putadores. O POP é muito usado para verificar mensagens
Retorna um busca excluindo aquelas em que a pala- de servidores de e-mail quando ele se conecta ao servidor
vra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca suas mensagens são levadas do servidor para o computa-
por computação, provavelmente encontrarei na relação dor local. Pode ser usado por quem usa conexão discada.
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação Já o IMAP também é um protocolo padrão que per-
-ciência , os resultados que tem a palavra chave ciên- mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele
cia serão omitidos. possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per-
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem
+palavra_chave acessa o e-mail de vários locais diferentes.
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga #FicaDica
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com-
Um e-mail hoje é um dos principais meios de
putação, terei como retorna uma gama mista de resulta-
comunicação, por exemplo:
dos. Caso eu queira filtrar somente os casos em que ciên-
canaldoovidio@gmail.com
cias aparece, e também no estado de SP, realizo uma
Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba
busca do tipo computação + ciência SP.
quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com
é a tipagem.
“frase_chave”
Retorna uma busca em que existam as ocorrências
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô-
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma nicas em um único computador, sem necessariamente
busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta estarmos conectados à Internet no momento da criação
da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor-
foi empregada. reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá-
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por similares. Apresentaremos os recursos dos programas de
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas correio eletrônico através do Outlook Express que tam-
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas- nes- bém estão presentes no Mozilla Thunderbird.
se caso, como as duas palavras chaves são populares, os Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
dois resultados são apresentados em posição de desta- com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos
que. de teclado para a realização de diversas funções dentro
do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote
filetype:tipo alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta
Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada
extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi- mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, principais na cabeça.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DOC Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para


profissionais que compartilham uma mesma área é o
palavra_chave_01 * palavra_chave_02 compartilhamento de calendário entre membros de uma
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * mesma equipe.
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
em que os termos inicial e final aparecem, independente nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
cebook * msn e veja o resultado na prática. mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.

30
O calendário é uma ferramenta bastante interessante
do Outlook que permite que o usuário organize de for- #FicaDica
ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
compromissos e reuniões de maneira organizada por dia, Para: deve ser digitado o endereço eletrônico
de forma a ter um maior controle das atividades que de- ou o contato registrado no Outlook
vem ser realizadas durante o seu dia a dia. do destinatário da mensagem. Campo
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite obrigatório.
que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico
parte dele com quem você desejar, de forma a permitir ou o contato registrado no Outlook do
que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o destinatário que servirá para ter ciência
que pode ser uma ótima pedida para profissionais den- desse e-mail.
tro de uma mesma equipe, principalmente quando um Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários
determinado membro entra de férias. ficam ocultos.
Para conseguir utilizar essa função basta que você entre
em Calendário na aba indicada como Página Inicial. Feito
isso, basta que você clique em Enviar Calendário por E-mail, Assunto: campo onde será inserida uma breve des-
que vai fazer com que uma janela seja aberta no seu Outlook. crição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as sobre o conteúdo da mensagem. É um campo opcional,
informações que vão ser compartilhadas com quem você mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento
deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen- pode levar o destinatário a não dar a devida importância
dário de forma simples e detalhada de fácil visualização à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
para quem você deseja enviar uma mensagem. Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra- equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró- A mensagem, após digitada, pode passar pelas for-
pria para deixar os comunicados enviados por e-mail matações existentes na barra de formatação do Outlook:
com uma aparência mais profissional. Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que (mesma criadora do Mozilla Firefox).
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que
dentro de um concurso público. não necessita de instalação no computador do usuário, já
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de que funciona como uma página de internet, bastando o
seus estudos do conteúdo básico de informática para a sua usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com
preparação para concurso. Ao contrário do que muita gente seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili-
pensa, a verdade é que todo o processo de criar uma assi- dade já que não necessita estar na máquina em que um
natura é bastante simples, de forma que perder pontos por cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail.
conta dessa questão em específico é perder pontos à toa.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão #FicaDica
de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde Segmentos do Outlook Express
você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicio- Painel de Pastas: permite que o usuário salve
nar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem seus e-mails em pastas específicas e dá a
maiores problemas. possibilidade de criar novas pastas;
No Outlook Express podemos preparar uma mensa- Painel das Mensagens: onde se concentra
gem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura a lista de mensagens de determinada pasta
acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir: e quando se clica em um dos e-mails o
conteúdo é disponibilizado no painel de
conteúdo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde
irá aparecer o conteúdo das mensagens
enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concentram
as pessoas que foram cadastradas em sua
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lista de endereço.

Figura 6: Tela de Envio de E-mail

31
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a
EXERCÍCIOS COMENTADOS segunda mensagem não foi transmitida, permanecen-
do no computador do destinatário apenas a primeira
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011) mensagem.
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que es- bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
tejam longe de seu computador pessoal. A partir de primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
qualquer outro computador no mundo, o usuário pode, d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
novas mensagens. pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
com o mesmo assunto e mesmo remetente.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra D.
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens
servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com- enviadas são armazenadas de forma independente,
putador cliente remoto). novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên-
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já
2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS- enviadas.
-Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente
uma mensagem está sendo preparada, o usuário pode possível enviar mensagens com mesmo assunto ou
indicar aos destinatários que a mensagem precisa de ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens
atenção utilizando a marca de _________________. Esse re- anteriores.
curso pode ser encontrado no grupo Marcas, da guia Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa-
Mensagem. gens serão enviadas, independentemente do destina-
Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen- tário ler as anteriores.
che corretamente a lacuna do enunciado. Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece-
beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a
a) SPAM. segunda, com o anexo.
b) Alta Prioridade. Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
c) Baixa Prioridade. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
d) Assinatura Personalizada. mo destinatário.
e) Arquivo Anexado.
4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
como sendo de alta prioridade quando se deseja que as seguintes características:
as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten- De: Pedro
ção urgente. Se a mensagem é apenas um informativo Para: João; Marta
ou se está enviando um e-mail sobre um tema que Cc: Ricardo; Ana
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
prioridade. padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
um indicador específico na lista de mensagens ou nos Isso significa que João usou a opção:
cabeçalhos.
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori- a) Responder.
dade foi definida, pois o botão fica realçado. b) Arquivar.
c) Marcar como não lida.
3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário d) Responder a todos.
preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o e) Marcar como lida
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e
enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois, Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao
percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes- e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário, “C” e “E” por não terem correspondência com a função
agora com o anexo. Assinale a alternativa correta. “Resposta”.
Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica- como o João deseja responder apenas para Pedro ele
mente apagada no computador do destinatário e deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
substituída pela segunda mensagem, uma vez que se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo reme- receberiam a mensagem.
tente.

32
5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o argumento de busca que o usuário fará utilizando o Google, na
ilustração apresentada a seguir.

Com base na figura e no que foi digitado, assinale a alternativa correta.

a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras.


b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar como antônimo do que foi digitado.
c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados pesquisados.
d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não relacionados ao argumento digitado.
e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará os seus sinônimos

Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” durante uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata de tudo
que está entre as aspas, agrupado da mesma forma, desta forma, para esta questão será retornado o resultado da
ocorrência “garota de Ipanema”.
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resultados relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Alexander Bell”
excluirá páginas que se referem a Alexander G. Bell.

6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua
configuração padrão. A página exibida no navegador foi completamente carregada.

Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida será

a) imediatamente fechada.
b) enviada para impressão.
c) atualizada.
d) enviada por e-mail.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e) aberta em uma nova aba.

Resposta: Letra C.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
b) Enviada para impressão.
۰ Ctrl + P
c) Atualizada.

33
۰ F5
d) Enviada por e-mail.
۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
e) Aberta em uma nova aba.
۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
۰ Ctrl + N = abre um novo comando

APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS E PLANILHAS, GERAÇÃO DE MATERIAL ESCRITO E


MULTIMÍDIA (BROFFICE E MICROSOFT OFFICE)

Word 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 6: Tela do Microsoft Word 2010

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 7: Extensões de Arquivos ligados ao Word

34
4. Grupo edição
#FicaDica
Permite localizar palavras em um documento, subs-
As guias envolvem grupos e botões de co-
tituir palavras localizadas por outras ou aplicar formata-
mando, e são organizadas por tarefa. Os
ções e selecionar textos e objetos no documento.
Grupos dentro de cada guia quebram uma
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no
tarefa em subtarefas. Os Botões de coman-
ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e
do em cada grupo possuem um comando
clicar no botão Localizar Próxima.
ou exibem um menu de comandos.
A cada clique será localizada a próxima palavra digi-
tada no texto. Temos também como realçar a palavra que
desejamos localizar para facilitar a visualizar da palavra
Existem guias que vão aparecer apenas quando um localizada.
determinado objeto aparecer para ser formatado. No Na janela também temos o botão “Mais”. Neste bo-
exemplo da imagem, foi selecionada uma figura que tão, temos, entre outras, as opções:
pode ser editada com as opções que estiverem nessa - Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a pala-
guia. vra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se
foi digitada em minúscula, será localizada apenas a
palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula,
será localizada apenas e palavra maiúscula.
- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a pala-
vra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se
tentarmos localizar a palavra casa e no texto tiver
a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco
será localizada, se essa opção não estiver marcada.
Figura 8: Indicadores de caixa de diálogo Marcando essa opção, apenas a palavra casa, com-
pleta, será localizada.
Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em al- - Usar caracteres curinga: com esta opção marcada,
guns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possí-
diálogo do grupo, contendo mais opções de formatação. vel usar o caractere curinga asterisco (*) para pro-
As réguas orientam na criação de tabulações e no curar uma sequência de caracteres (por exemplo,
ajuste de parágrafos, por exemplo. “t*o” localiza “tristonho” e “término”).
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de
deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações Veja a lista de caracteres que são considerados curin-
esquerda, direita, centralizada, decimal e barra. ga, retirada do site do Microsoft Office:
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar
o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pres- Para localizar digite exemplo
sionar o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da
primeira linha” e arrastá-lo pela régua. Qualquer caractere s?o localiza salvo e
?
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta único sonho.
selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a li- Qualquer sequência t*o localiza
nha desejada, pressionar o botão esquerdo do mouse no *
de caracteres tristonho e término.
“Recuo à direita” e arrastá-lo na régua.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da es- <(org) localiza
querda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na ré- organizar e
O início de uma
gua, como explicado anteriormente, o “Recuo desloca- < organização,
palavra
do”. mas não localiza
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, desorganizado.
que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto (do)> localiza medo
O final de uma
o restante do parágrafo selecionado. > e cedo, mas não
palavra
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, de- localiza domínio.
terminar onde o cursor do mouse vai parar quando pres- Um dos caracteres v[ie]r localiza vir e
sionarmos a tecla Tab. []
especificados ver
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

[r-t]ã localiza rã e sã.


Qualquer caractere Os intervalos devem
[-]
único neste intervalo estar em ordem
crescente.

Figura 9: Réguas

35
Qualquer caractere - Nenhuma: retira a borda;
único, exceto F[!a-m]rro localiza - Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa;
os caracteres no [!x-z] forro, mas não - Todas: aplica bordas externas e internas na tabela
intervalo entre localiza ferro. iguais, conforme a seleção que fizermos nos de-
colchetes mais campos de opção;
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções
Exatamente n da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da
ca{2}tinga localiza
ocorrências do tabela e as bordas internas permanecem iguais.
{n} caatinga, mas não
caractere ou - Estilo: permite escolher um estilo para as bordas
catinga.
expressão anterior da tabela, uma cor e uma largura.
Pelo menos n - Visualização: através desse recurso, podemos defi-
ocorrências do ca{1,}tinga localiza nir bordas diferentes para uma mesma tabela. Por
{n,} exemplo, podemos escolher um estilo e, em visu-
caractere ou catinga e caatinga.
expressão anterior alização, clicar na borda superior; escolher outro
estilo e clicar na borda inferior; e assim colocar em
De n a m ocorrências cada borda um tipo diferente de estilo, com cores
do 10{1,3} localiza 10, e espessuras diferentes, se assim desejarmos.
{n,m}
caractere ou 100 e 1000.
expressão anterior A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-
Uma ou mais cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di-
ocorrências do ca@tinga localiza ferença é que se trata de criar bordas na página de um
@
caractere ou catinga e caatinga. documento e não em uma tabela.
expressão anterior Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que
O grupo tabela é muito utilizado em editores de tex- envolve vários tipos de desenhos.
to, como por exemplo a definição de estilos da tabela. Alguns desses desenhos podem ser formatados
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per-
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura.
Podemos aplicar as formatações de bordas da página
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar-
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas
Figura 10: Estilos de Tabela em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo
bordas de página diferentes em um mesmo documento.
Fornece estilos predefinidos de tabela, com formata-
ções de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes 5. Grupo Ilustrações:
e demais itens presentes na mesma. Além de escolher
um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do
sombreamento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda,
a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes
de uma tabela criada e alterar a cor da caneta e ainda,
clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para
exibir a seguinte tela:

Figura 12: Grupo Ilustrações

1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto


uma imagem que esteja salva no computador ou
em outra mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras
que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para co-
municar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar
dados.
Figura 11: Bordas e sombreamento

Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defi-


nição”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:

36
6. Grupo Links: 1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
pesquisas em materiais de referência como jornais,
Inserir hyperlink: cria um link para uma página da enciclopédias e serviços de tradução.
Web, uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indi- 2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre
cador para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse algumas palavras é possível realizar sua tradução
indicador pode se tornar um link dentro do próprio do- para outro idioma.
cumento. 3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar
Referência cruzada: referência tabelas. a correção de ortografia e gramática.
Grupo cabeçalho e rodapé: 4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os
Insere cabeçal caracteres, parágrafos e linhas de um documento.
hos, rodapés e números de páginas. 5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte-
rar a palavra selecionada por outra de significado
Grupo texto: igual ou semelhante.
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para
outro idioma.
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica
e gramatical do documento. Assim que clicamos
na opção “Ortografia e gramática”, a seguinte tela
será aberta:

Figura 13: Grupo Texto

1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-forma-


tadas. As caixas de texto são espaços próprios para
inserção de textos que podem ser direcionados
exatamente onde precisamos. Por exemplo, na fi-
gura “Grupo Texto”, os números ao redor da figura,
do 1 até o 7, foram adicionados através de caixas
de texto.
2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reuti-
lizáveis, incluindo campos, propriedades de docu-
mentos como autor ou quaisquer fragmentos de
texto pré-formado.
3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
como base para a assinatura de um documento.
4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no do-
cumento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no
início de cada parágrafo. É uma opção de forma-
tação decorativa, muito usada principalmente, em
livros e revistas. Para inserir a letra capitular, bas- Figura 15: Verificar ortografia e gramática
ta clicar no parágrafo desejado e depois na opção
“Letra Capitular”. Veja o exemplo: A verificação ortográfica e gramatical do Word, já
busca trechos do texto ou palavras que não se enqua-
Neste parágrafo foi inserida a letra capitular drem no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais
e ortográficas. Na parte de cima da janela “Verificar orto-
7. Guia revisão grafia e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou pa-
lavra considerada inadequada. Em baixo, aparecerão as
7.1. Grupo revisão de texto sugestões. Caso esteja correto e a sugestão do Word não
se aplique, podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a
regra apresentada esteja incorreta ou não se aplique ao
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

trecho do texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar


regra”; caso a sugestão do Word seja adequada, clicamos
em “Alterar” e podemos continuar a verificação de orto-
grafia e gramática clicando no botão “Próxima sentença”.
Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho,
indicando que o Word a considera incorreta, podemos
apenas clicar com o botão direito do mouse sobre ela e
verificar se uma das sugestões propostas se enquadra.
Figura 14: Grupo revisão de texto

37
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a navega-
#FicaDica ção para aceitação ou rejeição.
Por exemplo, a palavra informática. Se Para imprimir nosso documento, basta clicar no botão
clicarmos com o botão direito do mouse do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Imprimir”.
sobre ela, um menu suspenso nos será Este procedimento nos dará as seguintes opções:
mostrado, nos dando a opção de escolher - Imprimir – onde podemos selecionar uma impressora,
a palavra informática. Clicando sobre ela, a o número de cópias e outras opções de configuração
palavra do texto será substituída e o texto antes de imprimir.
ficará correto. - Impressão Rápida – envia o documento diretamente
para a impressora configurada como padrão e não
abre opções de configuração.
8. Grupo comentário: - Visualização da Impressão – promove a exibição do
documento na forma como ficará impresso, para que
Novo comentário: adiciona um pequeno texto que ser- possamos realizar alterações, caso necessário.
ve como comentário do texto selecionado, onde é possível
realizar exclusão e navegação entre os comentários.

9. Grupo controle:

Figura 16: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões,
exclusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as al-
terações feitas no documento com balões no próprio
documento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de exi-
bir as alterações aplicadas no documento.
4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de mar- Figura 18: Imprimir
cação a ser exibido ou ocultado no documento.
5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela As opções que temos antes de imprimir um arquivo es-
separada. tão exibidas na imagem acima. Podemos escolher a impres-
sora, caso haja mais de uma instalada no computador ou na
10. Grupo alterações: rede, configurar as propriedades da impressora, podendo
estipular se a impressão será em alta qualidade, econômica,
tom de cinza, preto e branca, entre outras opções.
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja, se
desejamos imprimir todo o documento, apenas a página
atual (página em que está o ponto de inserção), ou um inter-
valo de páginas. Podemos determinar o número de cópias e
a forma como as páginas sairão na impressão. Por exemplo,
se forem duas cópias, determinamos se sairão primeiro todas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

as páginas de número 1, depois as de número 2, assim por


Figura 17: Grupo alterações diante, ou se desejamos que a segunda cópia só saia depois
que todas as páginas da primeira forem impressas.
1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a pró-
xima alteração proposta.
#FicaDica
2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que seja
aceita ou rejeitada. Perguntas de intervalos de impressão são
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que pos- constantes em questões de concurso!
sa ser rejeitada ou aceita.

38
Word 2013

Vejamos abaixo alguns novos itens implementados na plataforma Word 2013:


Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para a leitura de documentos perceberá rapidamente a diferença,
pois seu novo Modo de Leitura conta com um método que abre o arquivo automaticamente no formato de tela cheia,
ocultando as barras de ferramentas, edição e formatação. Além de utilizar a setas do teclado (ou o toque do dedo nas
telas sensíveis ao toque) para a troca e rolagem da página durante a leitura, basta o usuário dar um duplo clique sobre
uma imagem, tabela ou gráfico e o mesmo será ampliado, facilitando sua visualização. Como se não bastasse, clican-
do com o botão direito do mouse sobre uma palavra desconhecida, é possível ver sua definição através do dicionário
integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um documento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe Acro-
bat. Em seu novo formato, o Word é capaz de converter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de editado, sal-
vá-lo novamente no formato original. Esta façanha, contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o uso de arquivos
PDF está sendo cada vez mais corriqueiro no ambiente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata normalmente a colaboração de outras pessoas na criação de um
documento, ou seja, os comentários realizados neste, como se cada um fosse um novo tópico. Com o Word 2013 é
possível responder diretamente o comentário de outra pessoa clicando no ícone de uma folha, presente no campo de
leitura do mesmo. Esta interação de usuários, realizada através dos comentários, aparece em forma de pequenos balões
à margem documento. Compartilhamento Online: compartilhar seus documentos com diversos usuários e até mesmo
enviá-lo por e-mail tornou-se um grande diferencial da nova plataforma Office 2013. O responsável por esta apresen-
tação online é o Office Presentation Service, porém, para isso, você precisa estar logado em uma Conta Microsoft para
acessá-lo. Ao terminar o arquivo, basta clicar em Arquivo / Compartilhar / Apresentar Online / Apresentar Online e
o mesmo será enviado para a nuvem e, com isso, você irá receber um link onde poderá compartilhá-lo também por
e-mail, permitindo aos demais usuários baixá-lo em formato PDF.
Ocultar títulos em um documento: apontado como uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rolagem e
edição de determinadas partes de um arquivo muito extenso, com vários títulos, acabou de se tornar uma tarefa mais
fácil e menos desconfortável. O Word 2013 permite ocultar as seções e/ou títulos do documento, bastando os mesmos
estarem formatados no estilo Títulos (pré-definidos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre o título, é exibida uma
espécie de triângulo a sua esquerda, onde, ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocultado, bastando repetir a
ação para o mesmo reaparecer.
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado
para a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre
um amplo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda esta
relação online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para seus
aplicativos, retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft.
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e down-
load de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu
conteúdo sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada.
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instala-
do pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou
baixar fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem
acessados e contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.
Veja abaixo as versões do Office 365
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 19: Versões Office 365

39
14. LibreOffice Writer

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
• Base - gerenciador de banco de dados;
• Math - editor de equações matemáticas.

- O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Appli-
cations (ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress
utilizam o mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer
→ .odt (Open Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presen-
tations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades
do aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo
Writer.

Figura 20: Tela do Libreoffice Writer

O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lin-
guagem LibreOffice Basic).
O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

40
Figura 21: Atalhos Word x Writer

Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 23: Tela Principal do Excel 2013

41
Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 24: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Figura 25: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:


Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar
à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta bar-
ra, clicando na seta lateral. Na janela apresentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais
Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do Excel.

Figura 26: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ferramentas de Acesso Rápido.

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas
teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

Figura 27: Barra de Status

42
Clicando com o botão direito sobre a barra de sta- Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeça-
tus, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela lho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra,
podemos ativar ou desativar vários componentes de vi- toda a coluna é selecionada.
sualização.

Figura 30: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse so-


bre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-
-up, onde as opções deste menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida
permite escolher a formatação de fonte e formato
de dados, bem como mesclagem das células (será
abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de trans-
ferência, para que possa ser colada em outro local
determinado e, após colada, essa coluna é excluída
do local de origem.
Figura 28: Personalizar Barra de Status -Copiar: copia toda a coluna para a área de transfe-
rência, para que possa ser colada em outro local
Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da determinado.
região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas -Opções de Colagem: mostra as diversas opções de
setas para cima ou para baixo para mover a tela vertical- itens que estão na área de transferência e que te-
mente, ou para a direita e para a esquerda para mover a nham sido recortadas ou copiadas.
tela horizontalmente, e assim poder visualizar toda a sua -Colar especial: permite definir formatos específicos
planilha. na colagem de dados, sobretudo copiados de ou-
tros aplicativos.
Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa -Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente
uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de antes da coluna selecionada.
dados e fórmulas para colher os resultados desejados. -Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. dados nela contidos e sua formatação.
As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas no- -Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a
meadas com letras (A, B, C, etc.). coluna, mantendo a formatação das células.
-Formatar células: permite escolher entre diversas op-
ções para fazer a formatação das células (tal proce-
dimento será visto detalhadamente adiante).
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da co-
luna selecionada.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma coluna é utilizada para fazer determinados


cálculos, necessários para a totalização geral, mas
desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza-
-se esse recurso.
Figura 29: Planilha de Cálculo -Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um ca-


beçalho, que contém o número que a identifica. Clicando
no cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.

43
Figura 31: Cabeçalho de linha

#FicaDica
Célula: As células, são as combinações entre
linha e colunas. Por exemplo, na coluna
A, linha 1, temos a célula A1. Na Caixa de Figura 33: Menu Planilhas
Nome, aparecerá a célula onde se encontra
o cursor. As funções deste menu são as seguintes:
-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes
da planilha selecionada.
Sendo assim, as células são representadas como mos- -Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que
tra a tabela: ela contém.
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para
outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha
com todos os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou
deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua da-
dos importantes de planilhas ou pastas de trabalho, você
pode proteger determinados elementos da planilha (pla-
nilha: o principal documento usado no Excel para arma-
zenar e trabalhar com dados, também chamado planilha
Figura 32: Representação das Células eletrônica. Uma planilha consiste em células organizadas
em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em uma
Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual pasta de trabalho.) ou da pasta de trabalho, com ou sem
o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou, senha (senha: uma forma de restringir o acesso a uma
ao contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digi- pasta de trabalho, planilha ou parte de uma planilha. As
tar o endereço da célula em que deseja posicionar o cur- senhas do Excel podem ter até 255 letras, números, espa-
sor. Após dar um “Enter”, o cursor será automaticamente ços e símbolos. É necessário digitar as letras maiúsculas
posicionado na célula desejada. e minúsculas corretamente ao definir e digitar senhas.).
É possível remover a proteção da planilha, quando ne-
Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, cessário.
ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três pla- -Exibir código: pode-se criar códigos de programação
nilhas já eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta ver- em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias
são, somente uma planilha é criada, e você poderá criar de planilhas (trata-se de tópico de programação avança-
outras, se necessitar. Para criar nova planilha dentro da da, que não é o objetivo desta lição, portanto, não será
pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para abordado).
alternar entre as planilhas, basta clicar sobre a guia, na -Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
planilha que deseja trabalhar. -Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
Você verá, no decorrer desta lição, como podemos -Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em
cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas todas as planilhas para que possam ser configuradas e
de trabalho diferentes, utilizando as guias de planilhas. impressas juntamente.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das pla-


nilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar
um menu pop up. tudo, todas as células da planilha ativa serão seleciona-
das.

44
Tendo dois valores em células diferentes, podemos
apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos)
e depois clicar na segunda célula. Usamos na figura a
seguir a fórmula = B2-B3.

Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, proce-


demos de forma semelhante à subtração. Clicamos no
primeiro número, digitamos o sinal de multiplicação que,
Figura 34: Caixa Selecionar Tudo para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3.
Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digita- Outra forma de realizar a multiplicação é através da
das as fórmulas que efetuarão os cálculos. seguinte função:
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com =mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo va-
o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos lor da célula C2.
várias de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente
que, para qualquer fórmula que será inserida em uma Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de
célula, temos que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal, forma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos
oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos no primeiro número, digitamos o sinal de divisão que,
ou números comuns de uma fórmula. para o Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último
valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.
Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéri-
cos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de
formas de fazê-lo: células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular
a maior idade digitada no intervalo de células de A2 até
A5. A função digitada será = máximo(A2:A5).
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) –
refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver
qual é o maior valor. No caso a resposta seria 10.

Mínimo: Mostra o menor valor existente em um in-


Figura 35: Soma simples tervalo de células selecionadas.
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digi-
Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4. tado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será =
Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células, mínimo (A2:A5).
digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) –
até o último valor. refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver
Após a sequência de células a serem somadas, clicar qual é o maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00.
no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
A última forma que veremos é a função soma digi- Média: A função da média soma os valores de uma
tada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é sequência selecionada e divide pela quantidade de valo-
fundamental: res dessa sequência.
= nome da função ( Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas
de quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)
Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados
os valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter
for pressionada, o resultado será automaticamente colo-
cado na célula A6.
1 - Sinal de igual. Todas as funções, quando um de seus itens for altera-
2 – Nome da função. do, recalculam o valor final.
3 – Abrir parênteses.
Data: Esta fórmula insere a data automática em uma
Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno planilha.
lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possí-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

vel clicar e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo


a seguir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar a célula que contém o pri-
meiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a
célula que contém o último valor.
Figura 36: Exemplo função hoje
Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois va-
lores, por isso não precisamos de uma função específica. Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da fun-
ção =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.

45
Inteiro: Com essa função podemos obter o valor in-
teiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2).
Lembramos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo
com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.

Arredondar para cima: Com essa função, é possível


arredondar um número com casas decimais para o nú- Figura 39: Exemplo função abs
mero mais distante de zero.
Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_ Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas
dígitos) com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30
Onde: dias). Sua sintaxe é:
Núm: é qualquer número real que se deseja arredon- = DIAS360(data_inicial;data_final)
dar. Onde:
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se data_inicial = a data de início de contagem.
deseja arredondar núm. Data_final = a data a qual quer se chegar.

No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias fal-


tam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como
data inicial o dia 05/03/2018. A função utilizada será
=dias360(A2;B2)

Figura 37: Início da função arredondar para cima

Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial


da função, o Excel nos mostra que temos que selecio-
nar o num, ou seja, a célula que desejamos arredondar
e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de
dígitos para a qual queremos arredondar.
Na próxima figura, para efeito de entendimento, dei-
Figura 40: Exemplo função dias360
xaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos
na coluna C:
Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas
funções (Se, SomaSe, Cont.Se)
A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o
mesmo conceito.
Resto: Com essa função podemos obter o resto de
uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
= mod (núm;divisor)
Onde:
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar
o resto.
divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o
número.

Figura 41: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja,


Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe dessa função é a seguinte:
Os valores do exemplo a cima serão, respectivamen- =SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_fal-
te: 1,5 e 1. so”)
Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o =: Significa a chamada para uma fórmula/função
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o nú- SE: função SE


mero sem o sinal. A sintaxe da função é a seguinte: teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
=abs(núm) “valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for
Onde: aBs(núm) verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a res-
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja posta da pergunta for falsa, define o resultado.
obter. Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’
queremos colocar uma mensagem se o funcionário rece-
be um salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00
ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00.

46
Assim, temos a condição: SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO IN-
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então TERVALO D3 ATÉ D10
ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17
RESULTADO NA CÉLULA E3 Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Traduzindo a condição em variáveis teremos: Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é onde devemos digitar a fórmula
onde devemos digitar a fórmula Intervalo para análise: C3:C10
Teste lógico: C3>=724 Critério: “FEMININO”
Valor_se_verdadeiro: “Acima” Intervalo para soma: D3:D10
Valor_se_falso: “Abaixo” Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos: =SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de con-
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as tagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de
fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e registros, SE determinada condição for verdadeira. A sin-
colunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim: taxe desta função é a seguinte:
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”) =CONT.SE(intervalo;“critérios”)
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”) = : significa a chamada para uma fórmula/função
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”) CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”) intervalo: intervalo de células onde será feita a análise
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”) dos dados
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”) “critérios”: critérios a serem avaliados nas células do
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”) “intervalo”
Usando a planilha acima como exemplo, queremos
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e
condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determina- mostrar o resultado na célula D14, e quantas ganham
da condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula
seguinte: D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma)
=Significa a chamada para uma fórmula/função R$ 1.200,00 ou MAIS:
SomaSe: função SOMASE SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
dos dados CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem ava- MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14
liados a fim de chegar à condição verdadeira
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verifi- Traduzindo a condição em variáveis teremos:
cada a condição para soma dos valores Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar onde devemos digitar a fórmula
os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar Intervalo para análise: C3:C10
o resultado na célula D16. E também queremos somar Critério: >=1200
os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resul- Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
tado na célula D17. Para isso precisamos criar a seguinte =CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
condição: MENOS DE R$ 1.200,00:
HOMENS: SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR ME-
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCU- NOR QUE 1200, ENTÃO
LINO, ENTÃO CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15
INTERVALO D3 ATÉ D10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16 Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é
Traduzindo a condição em variáveis teremos: onde devemos digitar a fórmula
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é Intervalo para análise: C3:C10
onde devemos digitar a fórmula Critério: <1200
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Intervalo para análise: C3:C10 Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
Critério: “MASCULINO” =CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos: Observações: fique atento com o > (maior) e < (me-
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10) nor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivés-
MULHERES: semos determinado a contagem de valores >1200 (maior
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMINI- que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200
NO, ENTÃO (igual a 1200) não entraria na contagem.

47
Formatação de Células: Ao observar a planilha abai- Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C
xo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, va- para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode
mos deixar ela de uma maneira mais agradável. ser realizado vários outros tipos de formatação, como,
porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dro-
pbox onde está escrito geral e escolher.

Figura 46: Formatando a planilha (Passo 3)

O resultado final nos traz uma planilha muito mais


agradável e de fácil entendimento:
Figura 42: Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura


abaixo:

Figura 47: Planilha Formatada

Figura 43: Formatando a planilha Ordenando os dados: Você pode digitar os dados
em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta
O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para muito útil para ordenar os dados.
isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre ou- Ao clicar neste botão, você tem as opções para classi-
tras opções de alinhamento, como centralizar, direção do ficar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decres-
texto, entre outras. cente) ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula
da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação
crescente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecio-
nar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel,
você irá classificar os dados dessa coluna, mas vai manter
os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus
dados ficarão alterados. Nas versões mais novas, ele fará
Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1) a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma,
fazer a classificação dos dados junto com a coluna de ori-
gem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente
Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digi- a coluna selecionada.
tado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, pode-
mos mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção
ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

as formatações. da nossa planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção
dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos fil-
trar e visualizar somente os dados do mês de Janeiro ou
então somente os gastos com contas de consumo, por
exemplo.

Grupo ferramentas de dados:


- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célu-
Figura 45: Formatando a planilha (Passo 2) la do Excel em colunas separadas.

48
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma LibreOffice Calc
planilha - Validação de dados: permite especificar
valores inválidos para uma planilha. Por exemplo, O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOf-
podemos especificar que a planilha não aceitará fice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open
receber valores menores que 10. Document Spreadsheet).
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que
um novo intervalo. se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é ini-
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fór- ciada pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência
mula na planilha. de valores, referências a células, operadores e funções.
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Gráficos: Outra forma interessante de analisar os
dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-
rapidamente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de -se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6”
Opções, temos diversas opções de gráficos que podem retornará a C3 e C4 (interseção entre os dois interva-
ser utilizados. los). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco
(B2:C4 C3:C6).

Figura 48: Gráficos

Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova,


teremos o seguinte gráfico escolhido

Figura 50: Exemplo de Operação no Calc

Para fazer referência a uma célula que esteja em ou-


tra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_
da_planilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz re-
ferência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel,
isso é feito usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).

Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao do-
cumento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo
documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e
Substituir, Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição
de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Nave-
gador.
Inserir - contém comandos para inserção de novos
elementos no documento como células, linhas, colunas,
planilhas, gráficos.
Formatar - contém comandos para formatar células
Figura 49: Gráfico de Colunas – 3D selecionadas, objetos e o conteúdo das células no do-
cumento.
Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia,
bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfi- Atingir meta, Rastrear erro, etc.
co na página, clicando nas linhas e arrastando até o local Dados - contém comandos para editar os dados de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

desejado. uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar,


etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir ja-
#FicaDica nelas no documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do Li-
Importante mencionar que o conceito do
breOffice.
Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou
seja, fazem parte do Office 365, que podem
ser comprados conforme figura 39.

49
PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais

Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.

Figura 52: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao
iniciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 53: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da
tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas
de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

50
Figura 54: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 55: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresenta-
ção. Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado
o Modo de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a
apresentação).

Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe como
começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa iniciar a
criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por temas (é
necessário estar conectado à internet).

Figura 56: Modelos e temas online

Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão
vários modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

51
Alternando entre os Modos de Exibição

Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você


trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a es-
trutura de todos os slides da apresentação.

Figura 57: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles.


Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar
as possibilidades, e possivelmente escolher um modelo,
dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar Figura 59: Modo de Exibição ‘Normal’.
apresentações profissionais com muita agilidade.
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e
aguarde o download do arquivo. Será criado um novo ar- #FicaDica
quivo em seu computador, que você poderá salvar onde
quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo Para mover de um slide para outro clique
como SUA APRESENTAÇÃO. sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja
Tanto o layout como o padrão de formatação de fon- visualizar na tela, ou utilize as teclas ‘PageUp’
tes, poderão ser alterados em qualquer momento, para e ‘PageDown’.
atender às suas necessidades.

Apresentação de Slides: Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este


modo de visualização é interessante principalmente du-
Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, rante a construção do texto da apresentação. Você pode
ou nova apresentação, vamos entender um pouco me- ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint
lhor como funciona uma apresentação. Escolha um mo- monta os slides pra você.
delo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apre-
sentação, assim: Classificação de Slides: Este modo permite ver seus
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na slides em miniatura, para auxiliar na organização e estru-
barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação turação de sua apresentação. No modo de classificação
de Slides’. de slides, você pode reordenar slides, adicionar transi-
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. ções e efeitos de animação e definir intervalos de tempo
Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de nave- para apresentações eletrônicas de slides.
gação, que permitem que você siga para o próximo slide
ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além
dos botões de navegação você também conta com ou-
tras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 58: Botões de Navegação e Outras Ferramentas

Exibição de Slides: Vamos agora começar a perso-


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo


criado. Se ainda estiver com uma apresentação aberta,
termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, Figura 60: Classificação de Slides
na faixa de opções, no menu ‘EXIBIÇÃO’.
Para alterar a sequência de exibição de slides, clique
no slide e arraste até a posição desejada. Você também
pode ocultar um slide dando um clique com o botão di-
reito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

52
Alterando o Design: figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe
O design de um slide é a apresentação visual do mes- de mídia (que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
mo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. A utilização destes recursos é muito simples, bastan-
O PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para do clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja
aplicar ao design de sua apresentação. utilizar.
Para inserir um Tema de design pronto nos slides Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’
acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver
lateral para visualizar todos os temas existentes. a utilização dos recursos de Conteúdo.
Clique no tema desejado, para aplicar ao slide sele- Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta la-
cionado. O tema será aplicado em todos os slides. teral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na opções. Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, al- Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mos-
terando cores e fontes, criando novos temas de cores. trado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro
Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. do slide possui diversas opções de tipo de conteúdo que
Passe o mouse sobre cada tema para visualizar o efeito se pode utilizar.
na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:
um clique com o mouse para aplicá-la à apresentação. • Escolher Elemento Gráfico SmartArt
• Inserir Imagem
• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para


enriquecer seus conhecimentos e, em consequência, criar
apresentações muito mais interessantes. O funcionamen-
to de cada item é semelhante aos já abordados.

Agora é com você!


Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando
utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de con-
teúdo. Desta forma, você estará aprendendo ainda mais
Figura 61: Variantes de Temas de Design utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.

Variantes -> Efeitos: os efeitos de tema especificam Animação dos Slides: A animação dos slides é um
como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, for- dos últimos passos da criação de uma apresentação.
mas e imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para Essa é uma etapa importante, pois, apesar dos inúmeros
acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável
rapidamente a aparência dos objetos. exagerar na utilização dos mesmos, pois além de tornar
a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que
Layout de Texto: estão assistindo, ao invés de dar foco ao conteúdo da
O primeiro slide criado em nossa apresentação é um apresentação, passam a dar foco para as animações.
‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo
da palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítu- Transições: A transição dos slides nada mais é que
lo pois trata-se do slide inicial. a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui entre diversas transições prontas, através da faixa de op-
para adicionar um título’, e escreva o título de sua apre- ções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa
sentação. A apresentação que criaremos será sobre ‘Gru- apresentação e clique nesta opção.
po Nova”. Escolha uma das transições prontas e veja o que
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adi- acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas
cionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da clicando sobre elas e assistindo os efeitos que elas pro-
empresa em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado duzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependen-
ao tema da apresentação. do do intuito da apresentação, o exagero pode tornar
Formate o texto da forma como desejar, selecionando sua apresentação pouco profissional.
o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando so- Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

bre a ‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações. avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. Clicar com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você
Será criado um novo slide com layout diferente do an- também pode aplicar som durante a transição.
terior. Isso acontece porque o programa entende que o
próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo, Animações: As animações podem ser definidas para
e assim sucessivamente para a criação da sua apresen- cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua
tação. apresentação você pode optar em ir abrindo o texto
Layouts de Conteúdo: conforme trabalha os assuntos.
Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir

53
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 62: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

Figura 63: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer
juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos
aparecerão ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presen-
tations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide.
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.

- Menu do Impress:
• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi-
tuir, Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides,
Layout de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em
objetos e na transição de slides.

54
4. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, a partir
de opção disponível no menu Inserir, é possível inserir
EXERCÍCIOS COMENTADOS em um documento uma imagem localizada no próprio
computador ou em outros computadores a que o usuá-
1. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título, as- rio esteja conectado, seja em rede local, seja na Web.
sunto, palavras-chave e comentários de um documen-
to são metadados típicos presentes em um documento ( ) CERTO ( ) ERRADO
produzido por processadores de texto como o BrOffice e Resposta: CERTO. A opção Inserir, Ilustrações, Imagem
o Microsoft Office. possibilita a inserção de imagens no documento, sejam
elas armazenadas no computador, na rede ou na Inter-
( ) CERTO ( ) ERRADO net (no 2013 é possível na opção Imagens on-line, no
2010 não).
Resposta: CERTO. Quando um determinado documen-
to de texto produzido tanto pelo BrOffice quanto pelo 5. (AGENTE – CESPE – 2014) Para criar um documento
Microsoft Office ele fica armazenado em forma de ar- no Word 2013 e enviá-lo para outras pessoas, o usuário
quivo em uma memória especificada no momento da deve clicar o menu Inserir e, na lista disponibilizada, sele-
gravação deste. Ao clicar como botão direito do mouse cionar a opção Iniciar Mala Direta.
no arquivo de texto armazenado e clicar em proprieda-
des é possível por meio da guia Detalhes perceber os ( ) CERTO ( ) ERRADO
metadados “Título, assunto, palavras-chave e comen-
tários”. Resposta: ERRADO. A mala direta é usada para criar
correspondências em massa que podem ser personali-
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere que zadas para cada destinatário. É possível adicionar ele-
um usuário disponha de um computador apenas com Li- mentos individuais a qualquer parte de uma etiqueta,
nux e BrOffice instalados. Nessa situação, para que esse carta, envelope, ou e-mail, desde a saudação até o con-
computador realize a leitura de um arquivo em formato teúdo do documento, inclusive imagens. O Word preen-
de planilha do Microsoft Office Excel, armazenado em che automaticamente os campos com as informações
um pendrive formatado com a opção NTFS, será neces- do destinatário e gera todos os documentos individuais.
sária a conversão batch do arquivo, antes de sua leitura Contudo, não envia um arquivo a outros usuários como
com o aplicativo instalado, dispensando-se a montagem diz a questão.
do sistema de arquivos presente no pendrive.
6. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, ao se se-
( ) CERTO ( ) ERRADO lecionar uma palavra, clicar sobre ela com o botão direito
do mouse e, na lista disponibilizada, selecionar a opção
Resposta: ERRADO. Um pendrive formatado com o definir, será mostrado, desde que estejam satisfeitas to-
sistema de arquivos NTFS será lido normalmente pelo das as configurações exigidas, um dicionário contendo
Linux, sem necessidade de conversão de qualquer natu- significados da palavra selecionada.
reza. E o fato do suposto arquivo estar em formato Excel
(xls ou xlsx) é indiferente também, já que o BrOffice é ( ) CERTO ( ) ERRADO
capaz de abrir ambos os formatos.
Resposta: CERTO. A inclusão do dicionário no botão
3. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) O BrOffice 3, direito na versão Word 2013 é novidade, mas já é an-
que reúne, entre outros softwares livres de escritório, o tiga no Word pelo comando Shift + F7(dicionário de
editor de texto Writer, a planilha eletrônica Calc e o edi- sinônimos).
tor de apresentação Impress, é compatível com as pla-
taformas computacionais Microsoft Windows, Linux e
MacOS-X

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. O BrOffice 3 faz parte de um con-


junto de aplicativos para escritório livre multiplatafor-
ma chamado OpenOffice.org.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Distribuída para Microsoft Windows, Unix, Solaris, Li-


nux e Mac OS X, mantida pela Apache Software Fou-
ndation.

55
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Para en-
contrar todas as ocorrências do termo “Ibama” no docu-
mento em edição, é suficiente realizar o seguinte proce-
dimento: aplicar um clique duplo sobre o referido termo;
clicar sucessivamente o botão .

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: ERRADO. O botão mostrado na questão não


deve ser utilizado para encontrar ocorrências de um de-
terminado termo no documento que se está editando,
tal recurso pode ser conseguido através do botão Loca-
lizar ou do atalho CTRL+L.

Considerando a figura acima, que ilustra uma janela do


Word 2000 contendo parte de um texto extraído e adap-
tado do sítio http://www.funai.gov.br, julgue os itens
subsequentes.
A figura acima mostra uma janela do Excel 2002 com uma
planilha em processo de edição. Com relação a essa figu-
7. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Conside-
ra e ao Excel 2002, e considerando que apenas a célula
re o seguinte procedimento: selecionar o trecho “Funai,
C2 está formatada como negrito, julgue o item abaixo.
(...) Federal”; clicar a opção
Estilo no menu ; na janela decorrente dessa ação,
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) É possí-
marcar o campo todas em maiúsculas; clicar OK. Esse
vel aplicar negrito às células B2, B3 e B4 por meio da se-
procedimento fará que todas as letras do referido trecho
guinte sequência de ações, realizada com o mouse: clicar
fiquem com a fonte maiúscula.
a célula C2; clicar ; posicionar o ponteiro sobre o centro
da célula B2; pressionar e manter pressionado o botão
( ) CERTO ( ) ERRADO
esquerdo; posicionar o ponteiro no centro da célula B4;
liberar o botão esquerdo.
Resposta: ERRADO. O procedimento correto é: selecio-
Em um computador cujo sistema operacional é o Win-
nar o trecho “Funai, (...) Federal”; clicar a opção FONTE
dows XP, ao se clicar, com o botão direito do mouse,
no menu FORMATAR na janela decorrente dessa ação,
o ícone , contido na área de trabalho e referente a
marcar o campo Todas em maiúsculas; clicar OK.
determinado arquivo, foi exibido o menu mostrado na
figura ao lado. A respeito dessa figura e do Windows XP,
8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) As infor-
julgue os itens a seguir.
mações contidas na figura mostrada permitem concluir
que o documento em edição contém duas páginas e,
caso se disponha de uma impressora devidamente ins-
talada e se deseje imprimir apenas a primeira página do
documento, é suficiente realizar as seguintes ações: clicar
a opção Imprimir no menu ; na janela aberta em
decorrência dessa ação, assinalar, no campo apropriado,
que se deseja imprimir a página atual; clicar OK.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. A opção para imprimir documentos


assim como para efetuar as devidas configurações da
impressão podem ser feitas através do Menu Arquivo
( ) CERTO ( ) ERRADO
/ Imprimir ou utilizando-se do atalho CTRL+P.

56
Resposta: CERTO. Com o botão “Pincel” é possível co- - Confidencialidade – especificidade que limita o
piar toda a formatação de uma célula para outra célu- acesso a informação somente às entidades autên-
la, e o procedimento correto foi descrito na questão. ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário
da informação.
- Integridade – especificidade que assegura que a in-
formação manipulada mantenha todas as caracte-
CONCEITOS BÁSICOS DE SEGURANÇA rísticas autênticas estabelecidas pelo proprietário
DA INFORMAÇÃO. PROCEDIMENTOS DE da informação, incluindo controle de mudanças e
CÓPIAS DE SEGURANÇA garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu-
tenção e destruição).
- Disponibilidade – especificidade que assegura que
1, Segurança da informação: procedimentos de a informação esteja sempre disponível para o uso
segurança legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm au-
torização pelo proprietário da informação.
A Segurança da Informação refere-se às proteções - Autenticidade – especificidade que assegura que
existentes em relação às informações de uma determi- a informação é proveniente da fonte anunciada
nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou e que não foi alvo de mutações ao longo de um
seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto processo.
às pessoais. - Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade
Entende-se por informação todo e qualquer conteú- que assegura a incapacidade de negar a autoria
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou em relação a uma transação feita anteriormente.
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex-
posta ao público para consulta ou aquisição. 2. Mecanismos de segurança

O suporte para as orientações de segurança pode ser


#FicaDica encontrado em:
Antes de proteger, devemos saber: Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
- O que proteger; ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que
- De quem proteger; assegura a existência da informação) que a suporta.
- Pontos frágeis; Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
- Normas a serem seguidas. limitam o acesso à informação, que está em ambien-
te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro
modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele-
A Segurança da Informação se refere à proteção mento mal-intencionado.
existente sobre as informações de uma determinada Existem mecanismos de segurança que sustentam os
empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa- controles lógicos:
ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para a modificação da informação de forma a torná-la
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, algo-
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou ritmos determinados e uma chave secreta para, a
aquisição. partir de um conjunto de dados não criptografa-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não dos, produzir uma sequência de dados criptografa-
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há dos. A operação contrária é a decifração.
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho- - Assinatura digital: Um conjunto de dados cripto-
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran- grafados, agregados a um documento do qual são
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores função, garantindo a integridade e autenticidade
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo do documento associado, mas não ao resguardo
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas das informações.
mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir - Mecanismos de garantia da integridade da infor-
ou modificar tal informação. mação: Usando funções de “Hashing” ou de checa-
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi- gem, é garantida a integridade através de compa-
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade ração do resultado do teste local com o divulgado
— representa as principais características que, atualmen- pelo autor.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

te, orientam a análise, o planejamento e a implementa- - Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,


ção da segurança para um certo grupo de informações sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligen-
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são tes.
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri- um documento.
vacidade é também uma grande preocupação. - Integridade: Medida em que um serviço/informa-
Portanto as características básicas, de acordo com os ção é autêntico, ou seja, está protegido contra a
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- entrada por intrusos.
guintes:

57
- Honeypot: É uma ferramenta que tem a função - DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves
proposital de simular falhas de segurança de um de 56 bits, que corresponde à aproximadamente
sistema e obter informações sobre o invasor en- 72 quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um
ganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de fato número extremamente elevado, em 1997, quebra-
explorando uma fraqueza daquele sistema. É uma ram esse algoritmo através do método de ‘tentati-
espécie de armadilha para invasores. O HoneyPot va e erro’, em um desafio na internet.
não oferece forma alguma de proteção. - RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que ga- muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a
rantem um grau de segurança e usam alguns dos 1024 bits. Além disso, ele tem várias versões que
mecanismos citados. diferenciam uma das outras pelo tamanho das
chaves.
3. Mecanismos de encriptação - EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é
um dos melhores e mais populares algoritmos de
#FicaDica criptografia. É possível definir o tamanho da chave
como sendo de 128 bits, 192 bits ou 256 bits.
A criptografia vem, originalmente, da fusão - IDEA (International Data Encryption Algorithm): É
entre duas palavras gregas: um algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido
• CRIPTO = ocultar, esconder. com o DES. Seu ponto forte é a fácil execução de
• GRAFIA= escrever software.

As chaves simétricas não são absolutamente seguras


Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em quando referem-se às informações extremamente valio-
códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa-
uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma,
destinatário que saiba a chave de encriptação possa de- a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode
criptar e ler a mensagem com clareza. chegar a terceiros.
Permitem a transformação reversível da informação Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a
pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se
pública para codificar e a chave privada para decodificar,
para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta
considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados,
algoritmos utilizados, estão:
produzir uma continuação de dados encriptados. A ope-
- RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algo-
ração inversa é a desencriptação.
ritmos de chave assimétrica mais usados, em que
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave
dois números primos (aqueles que só podem ser
privada.
divididos por 1 e por eles mesmos) são multipli-
A chave pública é usada para codificar as informa- cados para obter um terceiro valor. Assim, é preci-
ções, e a chave privada é usada para decodificar. so fazer fatoração, que significa descobrir os dois
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para primeiros números a partir do terceiro, sendo um
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não cálculo difícil. Assim, se números grandes forem
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o utilizados, será praticamente impossível descobrir
emissor e receptor original possui. o código. A chave privada do RSA são os números
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método que são multiplicados e a chave pública é o valor
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e que será obtido.
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes - El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
e tentativas de invasão. um problema matemático que o torna mais segu-
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’ ro. É muito usado em assinaturas digitais.
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja,
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa
criptografia. Noções de Vírus
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a Firewall é uma solução de segurança fundamentada
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
de combinações e decodificar a mensagem, que mes- um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, de rede para determinar quais operações de transmissão
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
criptografia. fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
simétricas e as chaves assimétricas sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- Para melhor compreensão, imagine um firewall como
ritmos que usam essa chave, estão: sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-

58
car, ser esperado por um morador e não portar qualquer um computador ou uma rede interna e outra rede, exter-
objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não na normalmente, a internet. Geralmente instalados em
se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a servidores potentes por precisarem lidar com um grande
devida autorização. número de solicitações, firewalls deste tipo são opções
Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de interessantes de segurança porque não permitem a co-
ações maliciosas: um malware que utiliza determinada municação direta entre origem e destino.
porta para se instalar em um computador sem o usuário A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei-
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in- to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu- diretamente com a internet, há um equipamento entre
tadores externos não autorizados, entre outros. ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
entre o proxy e a internet. Observe:
de barreira que verifica quais dados podem passar ou
não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
usuário.
Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
computador ou na rede. O problema é que esta condi-
ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
aguarde autorização do usuário ou administrador para
ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
rão automaticamente permitidos.
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
figurado para permitir automaticamente o tráfego de de- Figura 91: Proxy
terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja
mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras, Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
como conexões a serviços de e-mail. pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta-
Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um belecer regras que impeçam o acesso de determinados
firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí- endereços externos, assim como que proíbam a comu-
pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli- nicação entre computadores internos e determinados
citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o serviços remotos.
que está explicitamente bloqueado. Este controle amplo também possibilita o uso do pro-
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan- xy para tarefas complementares: o equipamento pode
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu- registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con-
rança internos mais específicos ou oferecendo um refor-
teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé-
ço extraem procedimentos de autenticação de usuários,
cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar-
por exemplo.
dada temporariamente no proxy, fazendo com que não
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias
formas. O que define uma metodologia ou outra são fa- seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- instante, por exemplo); determinados recursos podem
pecíficas do que será protegido, características do siste- ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim entre outros.
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, zar determinados acessos.
embora ofereça um nível de segurança significativo. Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
Para compreender, é importante saber que cada pa- é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
cote possui um cabeçalho com diversas informações a xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP exige que determinadas configurações sejam feitas nas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
rewall então analisa estas informações de acordo com as vegador de internet) para que a comunicação aconteça
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar O proxy transparente surge como uma alternativa
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. para estes casos porque as máquinas que fazem parte
O firewall de aplicação, também conhecido como da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
solução de segurança que atua como intermediário entre normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-

59
sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e criaram o principal utilitário para o computador, os an-
responder adequadamente, como se a comunicação, de tivírus, que são programas com o propósito de detectar
fato, fosse direta. e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou
É válido ressaltar que o proxy transparente também depois de ingressar no sistema.
tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor- Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro-
mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como gramas de software que são implementados sem o con-
um malware enviando dados de uma máquina para a sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não proprietário de um computador e que cumprem diver-
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con- sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e
seguir se comunicar externamente, o malware teria que perda de dados, alteração de funcionamento, interrup-
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral- ção do sistema e propagação para outros computadores.
mente não acontece; no proxy transparente não há esta Os antivírus são aplicações de software projetadas
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente. como medida de proteção e segurança para resguardar
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos
1. Limitações dos firewalls caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas
comumente como vírus ou malware que tem a função de
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos
#FicaDica
computadores.
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que Um programa de proteção de vírus tem um funcio-
estas variam conforme o tipo de solução e namento comum que com frequência compara o código
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são de cada arquivo que revisa com uma base de dados de
recursos de segurança bastante importantes, códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode
mas não são perfeitos em todos os sentidos. determinar se trata de um elemento prejudicial para o
sistema. Também pode reconhecer um comportamento
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus
Seguem abaixo algumas dessas limitações: podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in-
mas comprometer o desempenho da rede (ou teragir com o mesmo.
mesmo de um computador). Esta situação pode Como novos vírus são criados de maneira quase
gerar mais gastos para uma ampliação de infraes- constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
trutura capaz de superar o problema; grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
- A verificação de políticas tem que ser revista perio- novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
dicamente para não prejudicar o funcionamento necer em execução durante todo tempo que o sistema
de novos serviços; informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devi- ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
damente tratados por proxies já implementados; malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati- sites de entrada e saída visitados.
vidade maliciosa que se origina e se destina à rede Um antivírus pode ser complementado por outros
interna; aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
atividade maliciosa que acontece por descuido do de vírus.
usuário - quando este acessa um site falso de um Então, antivírus são os programas criados para man-
banco ao clicar em um link de uma mensagem de ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
e-mail, por exemplo; maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata- dados de seu computador.
cantes experientes podem tentar descobrir ou ex- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
plorar brechas de segurança em soluções do tipo; colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
acessar a internet em seu computador a partir de seu computador vulnerável aos ataques.
uma conexão 3G ( justamente para burlar as res- E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de informação.
2. Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.

60
Cada vírus possui um critério para começar o ataque turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo
propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa- de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo
gados, o micro começa a travar, documentos que não no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar
são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos- informações como passwords, logins e quaisquer dados,
tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando
estragos muito grandes. a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD
no mercado. Independente de qual você usa, mantenha- visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas
-o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
deles para proteger seu sistema operacional. oferecidas.
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços Worms (vermes) podem ser interpretados como um
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi-
antivírus mais conhecidos: pal diferença entre eles está na forma de propagação:
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br os worms podem se propagar rapidamente para outros
- Possui versão de teste. computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos- rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-
sui versão de teste. neira discreta e o usuário só nota o problema quando o
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga computador apresenta alguma anormalidade. O que faz
e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun- destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de
cionalidades). propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft- em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
ware.com.br - Possui versão de teste. de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio
É importante frisar que a maioria destes desenvolve- que permita a contaminação de computadores (normal-
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re- mente milhares) em pouco tempo.
mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não
criados para combater vírus perigosos ou com alto grau serem necessariamente vírus, estes três nomes também
de propagação. representam perigo. Spywares são programas que ficam
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa-
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares
desconhecidos ou serem baixados automaticamente
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado.
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex-
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini-
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
Figura 92: Principais antivírus do mercado atual propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar-
ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
3. Tipos de Vírus so a determinados sites (como sites de software antivírus,
por exemplo).
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
tem a invasão de um computador alheio com espanto- tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de ferramenta desenvolvida especialmente para combater
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
o executa, o programa atua de forma diferente do que no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

era esperado. nem anti-spywares conseguem “pegar”.


Ao contrário do que é erroneamente informado na Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
clusivamente, como definição para programas que cap- hoax normalmente costuma dizer que a informação par-

61
tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e Um exemplo simples seria o furto do número e da senha
que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des- do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban-
considere a mensagem. cária de uma pessoa.
A integridade é a garantia da exatidão e completeza
4. Política de segurança da Informação da informação e dos métodos de processamento (NBR
ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada,
Hoje as informações são bens ativos da empresa, falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A
imagine uma Universidade perdendo todos os dados integridade é garantida quando se mantém a informação
dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com no seu formato original.
isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo A disponibilidade é a garantia de que os usuários
mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma autorizados obtenham acesso à informação e aos ati-
série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne- vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/
rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa- IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível
ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope-
importantes de uma organização, contribuindo decisiva- rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um
mente para a uma maior ou menor competitividade, por incidente de segurança da informação por quebra de
isso é necessária a implementação de políticas de segu- disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de
rança da informação que busquem reduzir as chances de sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
fraudes ou perda de informações. de disponibilidade.
A Política de Segurança da Informação é um docu-
mento que contém um conjunto de normas, métodos e Procedimentos de backup
procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
municados a todos os funcionários, bem como analisado O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão
e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan- acidentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os
do mudanças se fizerem necessárias. dados originais do disco rígido forem apagados ou subs-
Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor- tituídos acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido
mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC a um defeito do disco rígido, você poderá restaurar facil-
27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas mente os dados usando a cópia arquivada.
para a gestão de segurança da informação, na qual po-
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar, 1. Tipos de Backup
implementar, manter e melhorar a gestão de segurança
da informação em uma organização. Fazer um backup é simples. Basta copiar os arqui-
Importante mencionar que conforme a ISO/IEC vos que você usa para outro lugar e pronto, está feito o
27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados backup. Mas e se eu alterar um arquivo? E se eu excluir
que representa um ponto de vista, um dado processado acidentalmente um arquivo? E se o arquivo atual corrom-
é o que gera uma informação. Um dado não tem valor peu? Bem, é aí que a coisa começa a ficar mais legal. É
antes de ser processado, a partir do seu processamento, nessa hora que entram as estratégias de backup.
ele passa a ser considerado uma informação, que pode Se você perguntar a alguém que não é familiarizado
gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci- com backups, a maioria pensará que um backup é so-
mento produzido como resultado do processamento de mente uma cópia idêntica de todos os dados do com-
dados. putador. Em outras palavras, se um backup foi criado na
De fato, com o aumento da concorrência de mercado, noite de terça-feira, e nada mudou no computador du-
tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to- rante o dia todo na quarta-feira, o backup criado na noite
dos os níveis. Como resultado deste significante aumen- de quarta seria idêntico àquele criado na terça. Apesar
to da interconectividade, a informação está agora expos- de ser possível configurar backups desta maneira, é mais
ta a um crescente número e a uma grande variedade de provável que você não o faça. Para entender mais sobre
ameaças e vulnerabilidades. este assunto, devemos primeiro entender os tipos dife-
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix), rentes de backup que podem ser criados. Estes são:
“segurança da informação é a proteção da informação de • Backups completos;
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do • Backups incrementais;
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re- • Backups diferenciais;
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne- • Backups delta;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

gócio, para isso é muito importante a confidencialidade,


integridade e a disponibilidade, onde: O backup completo é simplesmente fazer a cópia de
A confidencialidade é a garantia de que a informa- todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem dispositivos de backup correspondentes), independente
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação de versões anteriores ou de alterações nos arquivos des-
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- de o último backup. Este tipo de backup é o tradicional
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. e a primeira ideia que vêm à mente das pessoas quan-
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis do pensam em backup: guardar TODAS as informações.
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física. Outra característica do backup completo é que ele é o

62
ponto de início dos outros métodos citados abaixo. To- Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados
dos usam este backup para assinalar as alterações que como um meio de backup. No entanto, os preços de ar-
deverão ser salvas em cada um dos métodos. mazenamento caíram a um ponto que, em alguns casos,
Este tipo consiste no backup de todos os arquivos usar drives de disco para armazenamento de backup faz
para a mídia de backup. Conforme mencionado anterior- sentido. A razão principal para usar drives de disco como
mente, se os dados sendo copiados nunca mudam, cada um meio de backup é a velocidade. Não há um meio de
backup completo será igual aos outros. Esta similaridade armazenamento em massa mais rápido. A velocidade
ocorre devido ao fato que um backup completo não ve- pode ser um fator crítico quando a janela de backup do
rifica se o arquivo foi alterado desde o último backup; seu centro de dados é curta e a quantidade de dados a
copia tudo indiscriminadamente para a mídia de backup, serem copiados é grande.
tendo modificações ou não. Esta é a razão pela qual os O armazenamento deve ser sempre levado em con-
backups completos não são feitos o tempo todo. Todos sideração, onde o administrador desses backups deve se
os arquivos seriam gravados na mídia de backup. Isto sig- preocupar em encontrar um equilíbrio que atenda ade-
nifica que uma grande parte da mídia de backup é usada quadamente às necessidades de todos, e também asse-
mesmo que nada tenha sido alterado. Fazer backup de gurar que os backups estejam disponíveis para a pior das
100 gigabytes de dados todas as noites quando talvez situações.
10 gigabytes de dados foram alterados não é uma boa Após todas as técnicas de backups estarem efetivadas
prática; por este motivo os backups incrementais foram deve-se garantir os testes para que com o passar do tem-
criados. po não fiquem ilegíveis.
Já os backups incrementais primeiro verificam se o
horário de alteração de um arquivo é mais recente que o 3. Recomendações para proteger seus backups
horário de seu último backup, por exemplo, já atuei em
uma Instituição, onde todos os backups eram programa- Fazer backups é uma excelente prática de seguran-
dos para a quarta-feira. ça básica. Agora lhe damos conselhos simples para que
A vantagem principal em usar backups incrementais você esteja a salvo no dia em que precisar deles:
é que rodam mais rápido que os backups completos. A 1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório,
principal desvantagem dos backups incrementais é que e, se for possível, em algum recipiente à prova de
para restaurar um determinado arquivo, pode ser neces- incêndios, como os cofres onde você guarda seus
sário procurar em um ou mais backups incrementais até documentos e valores importantes.
encontrar o arquivo. Para restaurar um sistema de ar- 2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as
quivo completo, é necessário restaurar o último backup mantenha em lugares separados.
completo e todos os backups incrementais subsequen- 3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups,
tes. Numa tentativa de diminuir a necessidade de procu- é melhor comprimir os arquivos que já sejam mui-
rar em todos os backups incrementais, foi implementada to antigos (quase todos os programas de backup
uma tática ligeiramente diferente. Esta é conhecida como contam com essa opção), assim você não desper-
backup diferencial. diça espaço útil.
Os backups diferenciais, também só copiam arquivos 4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira
alterados desde o último backup, mas existe uma dife- que sua informação fique criptografada o suficien-
rença, eles mapeiam as alterações em relação ao último te para que ninguém mais possa acessá-la. Se sua
backup completo, importante mencionar que essa téc- informação é importante para seus entes queridos,
nica ocasiona o aumento progressivo do tamanho do implemente alguma forma para que eles possam
arquivo. saber a senha se você não estiver presente.
Os backups delta sempre armazenam a diferença en-
tre as versões correntes e anteriores dos arquivos, co- 4. VPN
meçando a partir de um backup completo e, a partir daí,
a cada novo backup são copiados somente os arquivos É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi-
que foram alterados enquanto são criados hardlinks para ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão
os arquivos que não foram alterados desde o último de dois computadores utilizando uma rede pública (In-
backup. Esta é a técnica utilizada pela Time Machine da ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
Apple e por ferramentas como o rsync. esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
dalidade de trabalho homeoffice, em que o funcionário
2. Mídias pode, da casa dele, acessar todos seus arquivos e softwa-
res específicos da empresa.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A fita foi o primeiro meio de armazenamento de da- A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar
dos removível amplamente utilizado. Tem os benefícios com VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados
de custo baixo e uma capacidade razoavelmente boa de possam ser enviados sem que outros usuários tenham
armazenamento. Entretanto, a fita tem algumas desvan- acesso.
tagens. Ela está sujeita ao desgaste e o acesso aos dados Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
na fita é sequencial por natureza. Estes fatores significam dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
que é necessário manter o registro do uso das fitas (apo- programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
sentá-las ao atingirem o fim de suas vidas úteis) e tam- so para o envio dos dados é o seguinte:
bém que a procura por um arquivo específico nas fitas
pode ser uma tarefa longa.

63
• Os dados são criptografados e encapsulados.
• Algumas informações extras, como o número de SOFTWARE LIVRE
IP da máquina remetente, são adicionadas aos da-
dos que serão enviados para que o computador
receptor possa identificar quem mandou o pacote “Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado
de dados. em: SISTEMA OPERACIONAL: AMBIENTES LINUX
• O pacote contendo todos os dados é enviado por E WINDOWS”
meio do “túnel” criado até o computador de des-
tino.
• A máquina receptora irá identificar o computador
remetente por meio das informações anexadas ao
pacote de dados.
• Os dados são recebidos e desencapsulados.
• Finalmente os dados são descriptografados e ar-
mazenados no computador de destino

5. Computação na nuvem (cloud computing)

Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela


internet, o usuário está utilizando o conceito de compu-
tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli-
cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar
diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que
os dados não se encontram em um computador específi-
co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o
Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta
aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
como o One Drive.
Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra-
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer
lugar — é justamente por isso que o seu computador
estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati-
vos a partir de qualquer computador que tenha acesso
à internet.

#FicaDica
Basta pensar que, a partir de uma conexão
com a internet, você pode acessar um servidor
capaz de executar o aplicativo desejado, que
pode ser desde um processador de textos
até mesmo um jogo ou um pesado editor
de vídeos. Enquanto os servidores executam
um programa ou acessam uma determinada
informação, o seu computador precisa
apenas do monitor e dos periféricos para
que você interaja.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS

“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado


em: SISTEMA OPERACIONAL: AMBIENTES LINUX
E WINDOWS”

64
7. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL MÉ-
DIO – CESPE – 2017) Tendo como referência a imagem
HORA DE PRATICAR! precedente, que ilustra uma tela do Windows Explorer,
assinale a opção correspondente ao local apropriado
1. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - para o usuário criar atalhos ou armazenar livremente ar-
ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema quivos de uso corrente ou a que deseje ter acesso mais
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de facilmente.
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope-
racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais
sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de
armazenamento de dados em nuvem.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acer-


ca de organização e gerenciamento de informações, ar-
quivos, pastas e programas, de segurança da informação
e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens
subsequentes.1Um arquivo é organizado logicamente
em uma sequência de registros, que são mapeados em
blocos de discos. Embora esses blocos tenham um ta- a)
manho fixo determinado pelas propriedades físicas do b)
disco e pelo sistema operacional, o tamanho do registro c)
pode variar. d)
e)
( ) CERTO ( ) ERRADO
8. ((PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – TÉCNICO MUNI-
3. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO- CIPAL – NÍVEL MÉDIO/NÍVEL VII-A – TRANSCRITOR E
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para ADAPTADOR DE SISTEMA BRAILLE – CESPE – 2017)
ordenar, por data, os registros inseridos na planilha, é Uma escola recebeu uma impressora braille nova. No
suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no momento de sua instalação, verificou-se que a esco-
menu Dados e, na lista disponibilizada, clicar ordenar la dispunha de apenas um notebook com as seguintes
data. conexões: duas entradas USB 2.0, entrada USB 3.0, uma
entrada HDMI, entrada VGA, uma entrada para cartão de
( ) CERTO ( ) ERRADO memória. Para que a impressora funcione corretamente
com esse notebook, é necessário:
4. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE - ANA-
LISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com a) conectar a impressora ao computador por meio de um
relação a redes de computadores, julgue os próximos cabo USB 2.0 ou um cabo conversor de porta paralela
itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é ca- serial para USB 2.0.
racterizada por abranger uma área geográfica, em teoria, b) instalar um hardware conversor de impressão em tinta
ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que os da- em impressão em braille, conectado ao notebook via
dos trafeguem com taxas acima de 100 Mbps. cartão de memória.
c) conectar a impressora pela entrada VGA, liberando-se
( ) CERTO ( ) ERRADO as entradas USB para outros dispositivos
d) usar um cabo HDMI Full HD com blindagem, tendo
5. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - em vista uma melhor qualidade na passagem de da-
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi- dos e a maior durabilidade do cabo.
cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado e) um cabo de impressora que converta a entrada USB
digital revogado deve constar da lista de certificados re- 2.0 para MiniUSB, pois a impressora braille tem uma
vogados, publicada na página de Internet da autoridade conexão analógica.
certificadora que o emitiu.
9. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - IN-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO FORMÁTICA - CESPE /2017) Acerca dos sistemas de en-


trada, saída e armazenamento em arquiteturas de com-
6. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - putadores, julgue o item que se segue.
ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação, CD-ROM, pendrive e impressora são exemplos de dispo-
julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim sitivos de entrada e saída do tipo bloco.
denominado em virtude de diversas analogias poderem
ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO

65
10. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL MÉ- 15. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN-
DIO – CESPE – 2017) O procedimento utilizado para TOS BÁSICOS – TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL SUPE-
atribuir integridade e confidencialidade à informação, de RIOR – CESPE – 2017) A humanidade vem passando por
modo que mensagens e arquivos trocados entre dois ou um processo de revolução tecnológica sem precedentes
mais destinatários sejam descaracterizados, sendo impe- em sua história cujo maior exemplo é o advento da Inter-
didos leitura ou acesso ao seu conteúdo por outras pes- net. A respeito da Internet e dos aspectos a ela relaciona-
soas, é denominado: dos, assinale a opção correta.

a) criptografia a) As informações pessoais disponibilizadas na Internet


b) engenharia social são de domínio privado e seu acesso por aplicativos é
c) antivírus proibido.
d) firewall b) A Internet, embora tenha impactado as relações so-
e) becape ciais, manteve inalteradas as formas de consumo.
c) A utilidade da Internet à pesquisa é restrita, por causa
11. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL SU- da quantidade de informações falsas disponibilizadas
PERIOR – CESPE – 2017) Assinale a opção que apresenta na rede.
a solução que permite filtrar tentativas de acessos não d) Com a Internet, uma nova modalidade de contraven-
autorizados oriundos de outros ambientes e redes exter- ção surgiu: o cybercrime, que se manifesta nas ações
nas, contribuindo para a melhora do estado de seguran- dos hackers.
ça da informação de ambientes computacionais. e) A Internet é acessível às diferentes classes sociais dos
mais diversos países.
a) certificado digital
b) chave de criptografia 16. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
c) rootkits
APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com re-
d) firewall
lação aos conceitos básicos e modos de utilização de
e) antivírus
tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
associados à Internet e à intranet, julgue o próximo item.
12. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na
CIÁRIA – CESPE – 2017) Praga virtual que informa, por
meio de mensagem, que o usuário está impossibilitado Internet para diversas finalidades, ainda não é possível
de acessar arquivos de determinado equipamento por- extrair apenas o áudio de um vídeo armazenado na In-
que tais arquivos foram criptografados e somente po- ternet, como, por exemplo, no Youtube <http://www.
derão ser recuperados mediante pagamento de resgate youtube.com>.
denomina-se:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) ransomware.
b) trojan. 17. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
c) spyware. APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com re-
d) backdoor. lação aos conceitos básicos e modos de utilização de
e) vírus. tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
associados à Internet e à intranet, julgue o próximo item.
13. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – APOIO AD- É correto conceituar intranet como uma rede de informa-
MINISTRATIVO – CESPE – 2016) Com relação a geren- ções internas de uma organização, que tem como obje-
ciamento de arquivos e segurança da informação, julgue tivo compartilhar dados e informações para os seus co-
o seguinte item. laboradores, usuários devidamente autorizados a acessar
Enquanto estiver conectado à Internet, um computador essa rede.
não será infectado por worms, pois este tipo de praga
virtual não é transmitido pela rede de computadores. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 18. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –


APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com re-
14. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL SU- lação aos conceitos básicos e modos de utilização de
PERIOR – CESPE – 2017) Para responder uma mensagem tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
de correio eletrônico e, simultaneamente, encaminhá-la
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

associados à Internet e à intranet, julgue o próximo item.


para todos os endereços de email constantes no campo Cookies são arquivos enviados por alguns sítios da In-
Para: (ou To) e no campo Cópia: (ou Copy) no cabeçalho ternet aos computadores dos usuários com o objetivo
da mensagem recebida, o usuário deve utilizar a opção: de obter informações sobre as visitas a esses sítios; no
entanto, o usuário pode impedir que os cookies sejam
a) encaminhar mensagem. armazenados em seu computador.
b) encaminhar mensagem para todos os destinatários.
c) responder para todos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
d) responder para o remetente.
e) responder com cópia oculta.

66
19 (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCI- 21. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
ÁRIA – CESPE – 2017) Determinado usuário, que dis- APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
põe de um arquivo Excel com as planilhas Plan1, Plan2 e próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
Plan3, deseja realizar, na Plan1, um cálculo na célula A1, textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
cujo resultado deve ser a soma dos valores presentes na Office 2013.
célula A1, da Plan2, e na célula A1, da Plan3. O usuário: Uma apresentação criada no PowerPoint 2013 não po-
derá ser salva em uma versão anterior a esta, visto que a
a) poderá realizar o cálculo desejado com a digitação versão de 2013 contém elementos mais complexos que
da fórmula =Soma(Plan2.A1,Plan3.A1) na célula A1 da as anteriores.
Plan1. Caso os valores na célula A1 da Plan2 e(ou) na
célula A1 da Plan3 sejam alterados, será atualizado o ( ) CERTO ( ) ERRADO
valor na célula A1 da Plan1.
b) poderá realizar o cálculo desejado com a digitação da 22. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
fórmula =Plan2! A1+Plan3! A1 na célula A1 da Plan1. APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
Caso os valores na célula A1 da Plan2 e(ou) na célula próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
A1 da Plan3 sejam alterados, será atualizado o valor na textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
célula A1 da Plan1. Office 2013.
c) poderá realizar o cálculo desejado com a digitação da No Word 2013, ao se clicar, com o botão esquerdo do
fórmula =A1(Plan2)+A1(Plan3) na célula A1 da Plan1. mouse, a seta no botão , localizado na guia Página
Caso os valores na célula A1 da Plan2 e(ou) na célula Inicial, grupo Fonte, serão mostradas opções para subli-
A1 da Plan3 sejam alterados, o valor na célula A1 da nhar um texto, tais como sublinhado duplo e sublinhado
Plan1 será atualizado. tracejado.
d) não poderá realizar o cálculo desejado, já que, por
questão de segurança, é vedada a referência entre ( ) CERTO ( ) ERRADO
planilhas. Ademais, no Excel, alterações de valores em
células de origem não permitem que os valores sejam 23. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
atualizados na célula que contém a fórmula. APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
e) não poderá realizar o cálculo desejado, uma vez que, próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
no Excel, é vedado o uso de endereços de outras pla- textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
nilhas em fórmulas. Para solucionar o problema, o Office 2013.
usuário deverá copiar os dados das planilhas Plan2 e Uma forma de realçar uma palavra, em um documento
Plan3 para a planilha Plan1 e, em seguida, realizar o no Word 2013, é adicionar um sombreamento a ela; no
cálculo. entanto, esse recurso não está disponível para aplicação
a um parágrafo selecionado.
20. (TRE-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – APOIO AD-
MINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com referência aos ( ) CERTO ( ) ERRADO
ícones da interface de edição do MS Word disponíveis
na guia Página Inicial, assinale a opção que apresenta, 24. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
na respectiva ordem, os ícones que devem ser acionados APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
para se realizarem as seguintes ações: aumentar em um próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
ponto o tamanho da fonte; ativar estrutura de tópicos; textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
alinhar texto à direita; alterar o espaçamento entre linhas Office 2013.
de texto. No canto esquerdo superior da janela inicial do Excel
2013, consta a informação acerca do último arquivo
acessado bem como do local onde ele está armazenado.
a)
( ) CERTO ( ) ERRADO

b)

c)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

d)

e)

67
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 Errado ________________________________________________
2 Certo _________________________________________________
3 Errado _________________________________________________
4 Errado
_________________________________________________
5 Certo
6 Certo _________________________________________________

7 B _________________________________________________
8 A _________________________________________________
9 Errado
_________________________________________________
10 A
_________________________________________________
11 D
12 A _________________________________________________
13 Errado _________________________________________________
14 C
_________________________________________________
15 D
_________________________________________________
16 Errado
17 Certo _________________________________________________
18 Certo _________________________________________________
19 B _________________________________________________
20 A
_________________________________________________
21 Errado
22 Certo _________________________________________________

23 Errado _________________________________________________
24 Certo _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

68
ÍNDICE

ATUALIDADES

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade, educação, meio
ambiente, desenvolvimento sustentável e ecologia................................................................................................................ 01
Os ministérios são 16: Agricultura, Pecuária e Abas-
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE tecimento; Cidadania; Ciência, Tecnologia, Inovações e
DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO POLÍTICA, Comunicações; Defesa; Desenvolvimento Regional; Eco-
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, nomia; Educação; Infraestrutura; Justiça e Segurança Pú-
MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO blica; Meio Ambiente; Minas e Energia; Mulher, Família e
SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA. Direitos Humanos; Relações Exteriores; Saúde; Turismo; e
a Controladoria-Geral da União. De acordo com a nova
organização, também possuem o status de ministros de
Estado o chefe da Casa Civil da Presidência da Repúbli-
POLÍTICA ca; o chefe da Secretaria de Governo da Presidência da
República; o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da
Posse de Jair Messias Bolsonaro República; o chefe do Gabinete de Segurança Institucio-
nal da Presidência da República; o advogado-geral da
Jair Messias Bolsonaro (PSL), 63, tomou posse como União; e o presidente do Banco Central.
o 38º presidente do Brasil às 15h15 desta terça-feira
(1º/01/19), em cerimônia no Congresso Nacional, para Fonte:
o mandato entre 2019 e 2022. Emocionado, ele acom- https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noti-
panhou a execução do Hino Nacional antes de fazer o cias/2019/01/01/bolsonaro-moro-guedes-ministerio-
juramento constitucional e assinar o termo de posse. -governo-medida-provisoria-primeiro-ato.htm
Em seguida, fez seu primeiro discurso no novo cargo. Às
16h35, teve início o cerimonial rumo ao Palácio do Pla- Flávio Bolsonaro: entenda as suspeitas e o que o
nalto. Após descer a rampa do Congresso ao lado dos senador eleito diz sobre elas
presidentes do Senado, Eunicio Oliveira (MDB-CE), e da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro ouviu nova- Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, o se-
mente o Hino e passou as tropas em revista. Às 17h01, nador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) se tornou o cen-
após subir a rampa do Planalto acompanhado da primei- tro das atenções da família depois que veio à tona, em
ra-dama, Michelle, do vice, Hamilton Mourão e da mu- dezembro de 2018, um relatório do Coaf (Conselho de
lher dele, Paula, Bolsonaro recebeu a faixa presidencial Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério
das mãos do agora ex-presidente Michel Temer (MDB). da Fazenda, sobre movimentação financeiras atípicas fei-
tas por seu então assessor parlamentar, Fabricio Queiroz.
Fonte: Além disso, Flávio também é investigado por ter ocu-
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/01/bol- pado um cargo comissionado na Câmara dos Deputados
sonaro-posse-presidente.htm enquanto fazia estágio e faculdade no Rio.
Já no dia 22 de janeiro, uma nova operação do MP
MP de Bolsonaro reorganiza ministério e dá supe- contra 13 suspeitos de envolvimento com milícias trou-
restrutura a Moro e Guedes xe novamente o nome o nome do primogênito de Jair
Bolsonaro aos holofotes: Flávio Bolsonaro empregou em
Nas primeiras horas de seu governo, o presidente seu gabinete parentes do ex-capitão da PM Adriano Ma-
Jair Bolsonaro (PSL) publicou três atos nesta terça-feira galhães da Nóbrega, acusado de comandar milícias no
(01/01/19): uma medida provisória que determina a es- Rio de Janeiro.
trutura do novo governo e um decreto que estabelece o
novo valor do salário mínimo (R$ 998) e a nomeação de Caso Queiroz
21 dos 22 ministros do novo governo. A medida provi-
sória publicada em edição extraordinária do Diário Oficial O Conselho de Controle de Atividades Financeiras
“estabelece a organização básica dos órgãos da Presi- (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que atua
dência da República e dos Ministérios”, oficializando fu- na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, pro-
sões, extinções e transferências de órgãos e a criação da duziu um relatório de inteligência financeira que sinali-
superestrutura das pastas comandadas por Sergio Moro za movimentações atípicas de diversas pessoas ligadas
(Justiça e Segurança Pública) e Paulo Guedes (Economia). à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Entre
De acordo com a medida, os seguintes órgãos inte- elas, Fabricio Queiroz, um policial militar aposentado que
gram a Presidência da República: Casa Civil, secretaria de foi motorista e segurança de Flávio Bolsonaro e é amigo
Governo, secretaria-geral, o gabinete pessoal do presi- do presidente Jair Bolsonaro desde os anos 1980.
dente, o gabinete de Segurança Institucional e a Autori- A investigação do Ministério Público Federal, um des-
dade Nacional de Proteção de Dados Pessoais. Também dobramento da Operação Lava Jato, buscava identificar
integram a Presidência da República, mas como órgãos movimentações suspeitas que poderiam estar relaciona-
de assessoramento, o Conselho de Governo, o Conselho das a pagamento de propina a deputados em troca de
Nacional de Política Energética, o Conselho do Programa apoio ao governo de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro.
ATUALIDADES

de Parcerias de Investimentos da Presidência da Repú-


blica, o Advogado-Geral da União e a assessoria especial Fonte:
do presidente. A Presidência também conta com dois ór- https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/25/
gãos de consulta: o Conselho da República e o Conselho flavio-bolsonaro-entenda-quais-sao-as-suspeitas-e-o-
de Defesa Nacional. -que-o-senador-eleito-diz-sobre-elas.htm

1
Presidência divulga balanço de ações do primeiro (Agrupamento ou Comício Nacional, a antiga Frente Na-
mês de governo cional), de Marine Le Pen, e o Partido da Liberdade da
Áustria também devem se juntar à EAPN, embora não
O governo federal divulgou hoje (31/1/19) o balanço tenham participado da reunião desta segunda-feira.
de um mês de trabalho. Em uma nota, divulgada pela “A ideia é deixar de ter uma Europa centralizada e co-
assessoria da Presidência da República, foram destaca- mum para todos, mas devolver o poder aos parlamentos
das 15 ações. Dentre elas, a proposta de reforma da Pre- nacionais para criar uma cooperação honesta entre Es-
vidência que, segundo integrantes do governo federal, tados iguais e abandonar a perigosa utopia dos Estados
está em fase final de elaboração e será apresentada no unidos da Europa”, disse Marco Zanni, porta-voz de as-
Congresso em fevereiro. suntos estrangeiros da Liga, à agência de notícias alemã
A reforma da Previdência será destaque também da DPA.
mensagem do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Meuthen defendeu uma “proteção poderosa” das
Nacional, que será lida no próximo dia 4/2/19. Nela, o fronteiras externas da UE e a supressão da “migração ile-
presidente ressaltará a necessidade de mudar o sistema gal”.
atual. Na Itália, o discurso de Salvini contra a imigração ile-
A nota do Palácio do Planalto lembra que em janeiro gal e o lema de “primeiro os italianos” seduziu eleitores.
foi assinada a medida provisória para combater fraudes Agora, ele quer conquistar com a suas ideias também as
instituições europeias.
na Previdência. O texto altera regras de concessão de
“Fazemos parte de famílias políticas distintas, mas o
benefícios, como auxílio-reclusão, pensão por morte e
importante é que estamos promovendo alianças, esta-
aposentadoria rural. Além disso, prevê a revisão de uma
mos trabalhando para tornar realidade um novo sonho
série de benefícios e “processos com suspeitas de irregu-
europeu, ainda que para alguns em Bruxelas isso seja um
laridades” concedidos pelo Instituto Nacional de Seguri-
pesadelo”, afirmou Salvini.
dade Social (INSS). Segundo o governo federal, a MP vai
Atualmente, há três grupos de extrema direita e eu-
gerar uma economia de R$ 9,8 bilhões nos primeiros 12
rocéticos no Parlamento Europeu: o Europa da Liberdade
meses de vigência.
e da Democracia Direta, da AfD; os Conservadores e Re-
formadores Europeus, que incluem o Partido Lei e Justiça
Fonte: (PiS), da Polônia; e o Europa das Nações e da Liberdade,
http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noti- da Liga e de Le Pen.
cia/2019-01/presidencia-divulga-balanco-de-acoes-do- (Fonte:https://www.dw.com/pt-br/populistas-
-primeiro-mes-de-governo -anunciam-alian%C3%A7a-europeia-de-extrema-direi-
ta/a-48253448)
Populistas anunciam aliança europeia de extrema
direita STF proíbe privatização de estatais sem aval do
Congresso, mas permite venda de subsidiárias
Os partidos populistas de direita Alternativa para a O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quin-
Alemanha (AfD) e Liga, da Itália, anunciaram nesta se- ta-feira (6/6/19) que o governo federal não pode vender
gunda-feira (08/04/19) que pretendem formar um novo estatais sem aval do Congresso Nacional e sem licitação
bloco no Parlamento Europeu junto com outras legendas quando a transação implicar perda de controle acionário.
eurocéticas e de extrema direita. Na terceira sessão de julgamento do tema, a maioria
O novo grupo deve se chamar Aliança Europeia de dos magistrados da Suprema Corte permitiu vendas sem
Pessoas e Nações (EAPN), afirmou Jörg Meuthen, um dos autorização do parlamento somente para as empresas
líderes da AfD, em coletiva de imprensa ao lado do líder estatais subsidiárias. A decisão também vale para gover-
da Liga, o ministro do Interior e vice-primeiro-ministro nos estaduais e prefeituras.
italiano, Matteo Salvini, em Milão. Uma empresa subsidiária é uma espécie de subdivi-
Meuthen, que também é o principal candidato da AfD são de uma companhia, encarregada de tarefas especí-
para as eleições europeias de maio deste ano, afirmou ficas no mesmo ramo de atividades da “empresa-mãe”.
que o encontro em Milão foi um “sinal de partida para A Petrobras, por exemplo, tem 36 subsidiárias, como a
algo novo”. Ele viajou à Itália a convite de Salvini, que Transpetro e a BR Distribuidora; a Eletrobras, 30; e o Ban-
também lançou sua campanha para o Parlamento Euro- co do Brasil, 16.
peu. O governo federal tem, segundo o Ministério da Eco-
Meuthen enfatizou que, no futuro, os nacionalistas de nomia, 134 estatais, das quais 88 são subsidiárias.
direita não estariam mais fragmentados, mas unidos. O
desejo do grupo é promover a concessão de mais pode- Fonte:
res aos Estados-membros e reduzir a influência de Bru- https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/06/06/st-
xelas. f-julgamento-privatizacao-estatais.ghtml
“Queremos reformar a União Europeia (UE) e o Par-
ATUALIDADES

lamento Europeu, sem destruí-los. Queremos trazer mu-


danças radicais”, disse Meuthen.
Líderes dos direitistas Partido Popular Dinamarquês
e Finns, da Finlândia, também participaram do encon-
tro organizado por Salvini. A Rassemblement National

2
ECONOMIA Agora, o Ministério da Economia tem 3.612 cargos
comissionados distribuídos da seguinte forma: 1.569
Renault-Nissan-Mitsubishi: conheça a aliança cria- cargos de DAS e 2.043 Funções Comissionadas do Poder
da pelo brasileiro Carlos Ghosn Executivo (FCPE). Essas últimas só podem ser ocupadas
por servidores concursados.
A repercussão mundial da prisão do brasileiro Carlos Ao todo, sete Secretarias Especiais compõem o pri-
Ghosn está muito ligada ao fato de ele ser o homem de meiro escalão do ministério: Fazenda; Receita Federal;
frente não só da Nissan, onde é membro do conselho, Previdência e Trabalho; Comércio Exterior e Assuntos
mas de 3 grandes montadoras, comandando a chamada Internacionais; Desestatização e Desinvestimento; Pro-
Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. dutividade, Emprego e Competitividade; e Desburocra-
Juntas, elas venderam 10,6 milhões de carros no mun- tização, Gestão e Governo Digital, além da Procuradoria-
do em 2017, reivindicando o posto de número 1 sobre o -Geral da Fazenda Nacional.
grupo Volkswagen. Cada uma das Secretarias Especiais tem pelo menos
Ghosn foi preso sob suspeita de sonegação e fraude duas secretarias, como a Secretaria de Previdência e a
fiscal. O executivo não declarou mais de 5 bilhões de ie- Secretaria de Trabalho, que integram da Secretaria Espe-
nes (o equivalente a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento cial de Previdência e Trabalho. Responsável por herdar as
como presidente na Nissan. As fraudes fiscais ocorreram atividades do antigo Ministério da Fazenda e parte das
entre 2010 e 2015. atividades dos antigos Ministérios do Planejamento e do
A Nissan não é dona da Renault, nem vice-versa. Po- Trabalho, a Secretaria Especial de Fazenda tornou-se a
rém, são mais do que parceiras: as duas montadoras têm divisão com mais órgãos, com quatro secretarias, cinco
parte das ações uma da outra, mas nunca houve uma subsecretarias e dois departamentos.
fusão. (...) Entre as atribuições do Ministério da Economia, estão
Na prática, elas dividem conhecimentos em engenha- a administração financeira e a contabilidade pública, a
ria, pesquisa e desenvolvimento, partes da produção e desburocratização, a gestão e o governo digital, a fiscali-
têm investimentos comuns. Isso resulta em menos gas- zação e o controle do comércio exterior, a previdência e
tos para ambas, uma bandeira de Ghosn, que chegou a as negociações econômicas e financeiras com governos,
ser apelidado de “cost-killer” (“cortador de custos”) na organismos multilaterais e agências governamentais.
Nissan.
Fonte:
Fonte http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
:https://g1.globo.com/carros/noticia/2018/11/21/re- cia/2019-01/ministerio-da-economia-reduziu-29-mil-
nault-nissan-mitsubishi-conheca-a-alianca-criada-pelo- -cargos-em-comissao
-brasileiro-carlos-ghosn.ghtml
Governo informa que neste ano não haverá horá-
Ministério da Economia reduziu 2,9 mil cargos em rio de verão
comissão
O porta-voz da Presidência da República, Otávio
A fusão de quatro antigos ministérios – Fazenda; Pla- Rêgo Barros, informou nesta sexta-feira (5/4/19) que não
nejamento; Indústria, Comércio Exterior e Serviços; e par- haverá horário de verão neste ano.
te da estrutura do Trabalho – gerou a redução de 2,9 mil Inicialmente, Rêgo Barros disse que o governo havia
cargos. O novo quadro dos cargos em comissão e das decidido acabar com o horário de verão. De acordo com
funções de confiança entrou em vigor hoje (30/01/19). o porta-voz, o Ministério de Minas e Energia fez uma
A economia em dinheiro não foi informada. Os fun- pesquisa segundo a qual 53% dos entrevistados pediram
cionários serão dispensados amanhã (31/01/19). De o fim do horário de verão.
acordo com a pasta, foi necessário um período de transi- Pouco depois de Otávio Rêgo Barros informar a de-
ção em janeiro para não demitir todos os comissionados cisão do governo, Bolsonaro publicou uma mensagem
de uma vez e afetar a continuidade do ministério. sobre o assunto em uma rede social:
Nos últimos 28 dias, o Ministério da Economia ado- “Após estudos técnicos que apontam para a elimina-
tou medidas para alocar os servidores dentro da nova ção dos benefícios por conta de fatores como iluminação
estrutura, publicar os atos de nomeação e definir a cor- mais eficiente, evolução das posses, aumento do consu-
respondência entre as funções dos órgãos extintos e do mo de energia e mudança de hábitos da população, de-
novo ministério. cidimos que não haverá Horário de Verão na temporada
A adequação dos espaços físicos está em andamento 2019/2020.”
e levará vários meses. Segundo o Ministério da Econo- De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o
mia, os servidores deverão permanecer no local onde Brasil economizou pelo menos R$ 1,4 bilhão desde 2010
desempenham suas funções. Pela nova estrutura, a pasta por adotar o horário de verão. Segundo os números já
funciona em cinco prédios da Esplanada dos Ministérios. divulgados, entre 2010 e 2014, o aproveitamento da luz
ATUALIDADES

Segundo o Ministério da Economia, a fusão permitiu do sol resultou em economia de R$ 835 milhões para os
a redução de 243 cargos de Direção e Assessoramento consumidores.
Superior (DAS), 389 funções comissionadas do Poder
Executivo (FCPE) e mais 2.355 funções gratificadas, tota-
lizando 2.987 cargos extintos.

3
negociados na bolsa de valores de Nova York (NYSE). Os
acionistas da Avon terão opção de receber ADRs nego-
ciados na NYSE ou ações listadas na B3.
Em comunicado, a Natura informa que a transação
permanece “sujeita às condições finais habituais, incluin-
do a aprovação tanto pelos acionistas da Natura quanto
da Avon, assim como das autoridades antitruste do Brasil
e outras jurisdições”. A conclusão da operação é espera-
da para o início de 2020.

Fonte:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/05/22/
natura-anuncia-compra-da-avon.ghtml

Brasil fica isolado no Brics por posições sobre Ve-


nezuela e comércio

A situação na Venezuela e a reforma da Organização


Mundial do Comércio estão aprofundando o racha den-
tro dos Brics e ameaçam a reunião do grupo que se reali-
zará em Brasília, nos dias 13 e 14 de novembro.
O placar entre os Brics é de 4 a 1 no tema Venezuela:
Fonte:
China, Rússia, África do Sul e Índia têm posição oposta à
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/04/05/ do Brasil, que se alinhou aos EUA.
governo-anuncia-fim-do-horario-de-verao.ghtml Nenhum dos quatro países reconhece como legítimo
o governo do autodeclarado presidente interino Juan
Desemprego cresce em 14 das 27 unidades da fe- Guaidó, ao contrário do Brasil, e todos se opõem a qual-
deração no 1º trimestre, diz IBGE quer tipo de intervenção externa.

O desemprego cresceu em 14 das 27 unidades da fe- Fonte:


deração no 1º trimestre, na comparação com o trimestre https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essen-
anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira cial/brasil-fica-isolado-no-brics-por-posicoes-sobre-ve-
(16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nezuela-e-comercio/
(IBGE). Nos demais estados, houve estabilidade.
A taxa de desemprego média no país nos 3 primeiros Guerra comercial entre EUA e China se agrava
meses do ano subiu para 12,7%, conforme já divulgado
anteriormente pelo órgão. Pequim, 24 Ago 2019 (AFP) - O presidente dos Es-
Segundo o IBGE, as maiores taxas de desemprego fo- tados Unidos, Donald Trump, reagiu nesta sexta-feira às
ram observadas no Amapá (20,2%), Bahia (18,3%) e Acre novas tarifas anunciadas por Pequim contra produtos
(18,0%), e a menores, em Santa Catarina (7,2%), Rio Gran- americanos elevando a taxação sobre bens chineses,
de do Sul (8,0%) e Paraná e Rondônia (ambos com 8,9%). ampliando a guerra comercial que ameaça a economia
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as taxas ficaram em global. Trump criticou a “relação comercial injusta” e dis-
13,5% e 15,3%, respectivamente. se que “a China não deveria ter colocado novas tarifas
(Fonte:https://g1.globo.com/economia/noti- sobre 75 bilhões de dólares de produtos americanos” por
cia/2019/05/16/desemprego-cresce-em-14-das-27-uni- motivação política. O presidente decidiu elevar a tarifa de
dades-da-federacao-no-1o-trimestre-diz-ibge.ghtml) 25% sobre 250 bilhões em produtos chineses para 30%,
a partir de 1º de outubro. E as tarifas sobre 300 bilhões
de dólares em produtos que devem entrar em vigor em
Natura anuncia compra da Avon
1º de setembro e que eram de 10%, agora serão fixadas
em 15%.
A fabricante de cosméticos Natura anunciou nesta
Acusando a China de “tirar proveito dos Estados Uni-
quarta-feira (22) a aquisição da Avon, em uma operação dos em comércio, roubo de propriedade intelectual e
de troca de ações. Segundo a companhia, a operação cria muito mais”, Trump disse que, “devemos equilibrar essa
o quarto maior grupo exclusivo de beleza do mundo. relação comercial muito... Injusta”.
A partir da transação, será criada uma nova holding O conflito acelerado preocupa as empresas america-
brasileira, Natura Holding. Os atuais acionistas da Natura nas, muitas das quais dependem da China para fornecer
ficarão com 76% da nova companhia, enquanto os atuais insumos, produtos e até para a fabricação.
ATUALIDADES

detentores da Avon terão os demais cerca de 24%.


No negócio, o valor da Avon é estimado em US$ 3,7 Fonte
bilhões, e o da nova companhia combinada em US$ 11 :https://economia.uol.com.br/noticias/
bilhões. Os papéis da Natura Holding serão listados na afp/2019/08/24/guerra-comercial-entre-eua-e-china-se-
B3, a bolsa brasileira, e terão certificados de ações (ADRs) -agrava.htm

4
Plano de Ação cios do País. A Sepec reconhece todos os desafios diag-
nosticados nesse ranking, mas traz uma visão de futuro
O secretário especial de Produtividade e Competitivi- e um plano de trabalho que vão transformar a produtivi-
dade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, reforça dade e a competitividade do Brasil.
que, desde que assumiu a Secretaria, trabalha para colo-
car em prática um plano de ataque aos problemas que Fonte:
impedem o crescimento econômico do Brasil. http://www.economia.gov.br/noticias/2019/10/bra-
“Nosso planejamento estratégico inclui metas ambi- sil-sobe-no-ranking-de-competitividade-do-forum-eco-
ciosas, baseadas em indicadores globais de desempenho nomico-mundial
ancorados no GCI e desdobradas em planos alinhados
com os desafios que temos a enfrentar”, afirma. A meta Número de empresas abertas no país cresce 30,8%
para 2022 é chegar ao 50º lugar, por meio de ações que em outubro
estão sendo desenvolvidas.
Para Da Costa, o Brasil ainda tem muito a melhorar. O número de empresas abertas em outubro deste
“Em relação aos Estados Unidos, nossa produtividade ano aumentou 30,8%, ante o mesmo período de 2018,
vem caindo desde 1980 e hoje representa aproximada- com o surgimento de 307.443 novos empreendimentos,
mente 25% da americana. O baixo progresso na produ- quase 10 mil por dia, segundo levantamento da Serasa
tividade brasileira levou à queda do país nos rankings Experian.
de competitividade global. Ainda estamos distantes dos O acumulado de janeiro a outubro foi de 2,6 milhões,
países da OCDE (Organização para Cooperação e Desen- 23,1% a mais do que a soma de janeiro a dezembro de
volvimento Econômico). Os estudos internacionais con- 2018, quando o volume foi de 2,5 milhões.
vergem sobre os principais gargalos da produtividade no Segundo os dados, as empresas do setor de serviços
Brasil, e estamos trabalhando para atacá-los um a um”, apresentaram variação de 26,6%, seguidas por indústrias
complementa. (18,2%) e comércio (13,1%). Até outubro, os microem-
preendedores individuais representavam 81,5% do total,
enquanto 7,2% eram sociedades limitadas e 5,4%, em-
Fonte:
presas individuais.
http://www.economia.gov.br/noticias/2019/10/bra-
“Os novos empreendedores se formalizam para ter
sil-sobe-no-ranking-de-competitividade-do-forum-eco-
mais opções de trabalho em um contexto de geração
nomico-mundial
de emprego formal ainda bastante lento. Adicionalmen-
te, alguns setores da economia, como a construção civil
Brasil sobe no ranking de competitividade do Fó-
residencial, estão se tornando mais dinâmicos e podem
rum Econômico Mundial
buscar profissionais que sejam formalizados para ter
mais facilidade na contratação”, disse o economista da
O Brasil subiu um degrau no ranking do Fórum Eco-
Serasa Experian Luiz Rabi..
nômico Mundial que avalia a competitividade de 141 Segundo Rabi, outro fator que pode ter impulsiona-
países. Avançamos da 72ª posição (2018) para a 71ª co- do é o aquecimento do mercado típico de fim do ano,
locação na lista de 2019. O Global Competitiveness Index quando as pessoas buscam alternativas para aumentar a
(GCI) foi divulgado, nesta quarta-feira (9/10/19), pelo Fó- renda familiar e acabam abrindo novos negócios.
rum Econômico Mundial. Singapura foi apontado como
o país mais competitivo do mundo, à frente dos Estados Fonte:
Unidos e de Hong Kong. Os últimos lugares ficaram com http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
República Democrática do Congo, Yemen e Chade. cia/2019-12/numero-de-empresas-abertas-no-pais-
Os melhores resultados do Brasil foram nos pilares -cresce-308-em-outubro
de infraestrutura, dinamismo de negócios e mercado de
trabalho. Em infraestrutura, o país passou para o 78º lu- Mercado vê ritmo ainda fraco de crescimento no
gar, avançando três pontos em relação a 2018; em dina- 3º trimestre, mas projeta PIB melhor em 2020
mismo de negócios, subimos da 108ª posição para a 67ª,
principalmente, por causa da redução do tempo para A economia brasileira manteve a trajetória de recu-
abrir um negócio. Outra melhora foi registrada no pilar peração no 3º trimestre, mas em ritmo ainda fraco, com
mercado de trabalho: estávamos em 114º lugar em 2018 o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) sendo sus-
e passamos para a 105ª posição em 2019. tentado por um maior consumo das famílias, em meio a
Em capacidade de inovação, permanecemos na 40ª um cenário de juros mais baixos, inflação controlada e
posição, mesmo desempenho do ano passado. E em expansão do volume das operações de crédito.
qualificação, caímos do 94º para o 96º lugar. Já em mer- Levantamento do G1 aponta para uma expectativa
cado de produtos, passamos da 117ª para 124ª coloca- de alta entre 0,3% e 0,66% do Produto Interno Bruto
ATUALIDADES

ção. Segundo a Secretaria Especial de Produtividade e (PIB) no 3º trimestre, frente aos 3 meses anteriores. Das
Competitividade do Ministério da Economia (Sepec), os 14 consultorias e instituições financeiras consultadas, 9
números refletem principalmente dados até 2018, e são esperam uma alta entre 0,4% e 0,5%. Os dados oficiais
fruto das políticas praticadas por governos anteriores, serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
que produziram diversos entraves no ambiente de negó- Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3/12/19).

5
Para o resultado de 2019, 7 das 14 ainda estimam um Fundadora de site pornô que divulgava vídeos de
avanço abaixo 1%, e outras 7 preveem uma alta de 1% ou câmera escondida é presa na Coreia do Sul
1,1%. Portanto, provavelmente abaixo do desempenho
registrado nos 2 anos anteriores. Já para 2012, 12 delas Cofundadora de um dos maiores sites de pornografia
projetam um crescimento de, no mínimo, 2%. da Coreia do Sul, Soranet Song, de 46 anos, foi senten-
Por conta das possíveis revisões dos resultados an- ciada a quatro anos de prisão, em Seul, por incentivar a
teriores, ainda há dúvidas se o resultado do PIB do 3º ajudar na distribuição de material pornográfico.
trimestre será maior ou menor que o do 2º trimestre. Song tinha mais de um milhão de usuários em seu
Para o economista Thiago Xavier, da consultoria Ten- site e hospedava milhares de vídeos ilegais, muitos fil-
dências, a economia apresentou ritmo de crescimento mados com câmeras escondidas e compartilhados sem o
semelhante ao registrado no 2° trimestre. “A nossa análi- consentimento das mulheres retratadas.
se é calcada nas projeções para o período tanto na métri- Mulheres organizaram enormes protestos de rua na
ca interanual [0,9% no 3º trimestre ante 1% no 2º trimes- Coreia do Sul, pedindo para que o governo tomasse me-
tre] como margem dessazonalizada [0,3% no 3º trimestre didas mais sérias contra a pornografia ilegal.
ante 0,4% no 2º trimestre]”, afirma.
Segundo o economista da Austin Rating, Alex Agosti- Fonte:
ni, os dados preliminares do 3º trimestre indicam que as https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/09/fun-
bases de comparação já estão se recompondo. “Não dá dadora-de-site-porno-que-divulgava-videos-de-came-
para soltar rojões, mas é possível comemorar. Portanto, ra-escondida-e-presa-na-coreia-do-sul.htm
o crescimento daqui em diante, ainda que em nível baixo
para um país emergente, já é um sinal muito positivo”, Por que o Brasil decidiu isentar de visto turistas de
afirma. EUA, Japão, Austrália e Canadá
A avaliação geral é que, independentemente do per-
centual de crescimento no período de julho a setembro, O governo brasileiro anunciou nesta segunda-feira
a economia brasileira chega na reta final do ano com que cidadãos de EUA, Japão, Austrália e Canadá não pre-
perspectivas melhores que as que se tinha nos primei- cisarão mais de vistos para viajar ao Brasil como turistas.
ros meses do ano, quando parte do mercado chegou a A decisão - que rompe o princípio de reciprocidade
temer inclusive o risco de uma recessão técnica, caracte- adotado historicamente pela diplomacia brasileira - não
implica qualquer contrapartida dos países contemplados,
rizada por duas retrações trimestrais seguidas.
que continuarão a exigir vistos para turistas brasileiros.
O decreto que detalha a medida, publicado em uma
Fonte:
edição extraordinária do Diário Oficial da União, é assi-
https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/12/02/
nado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos ministros Er-
mercado-ve-ritmo-ainda-fraco-de-crescimento-no-3o-
nesto Araújo (Relações Exteriores), Sérgio Moro (Justiça e
-trimestre-mas-projeta-pib-melhor-em-2020.ghtml
Segurança Pública) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo).
A isenção se aplica a turistas que visitem o Brasil por
até 90 dias e pode ser prorrogada por outros 90, desde
SOCIEDADE que a estadia não ultrapasse 180 dias por ano a partir da
primeira entrada no país.
Ministra de Bolsonaro, Damares aparece vestindo
azul em loja e é questionada por vendedor Princípio de reciprocidade
Uma declaração da ministra Damares Alves - de que Em janeiro, a BBC News Brasil publicou que o Minis-
meninos devem vestir azul e meninas, a cor rosa - gerou tério das Relações Exteriores - historicamente contrário à
bastante repercussão e resultou em cenas de constran- liberação unilateral de vistos - havia revisto sua posição
gimento para a própria ministra da Família, Mulher e Di- sob o comando de Araújo.
reitos Humanos. Damares foi questionada por um ven-
dedor ao entrar vestida de azul em uma loja do Brasília Fonte:
Shopping. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47605005
A cena repercutiu e também foi compartilhada pela
deputada federal Erika Kokay. “Flagrante! Ministra Dama- Sarampo causou 142 mil mortes no mundo em
res usa azul e se revolta com vendedor que pergunta se 2018, diz OMS
ela é menino ou menina! #cornãotemgênero”, escreveu
a parlamentar. Depois de décadas de grandes progressos, a luta
contra o sarampo está estagnando e o número de mor-
Fonte: tes voltou a aumentar em 2018, de acordo com alerta da
ATUALIDADES

https://www.bol.uol.com.br/entretenimen- Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta


to/2019/01/04/ministra-de-bolsonaro-damares-apare- quinta-feira (5). No total, 142 mil pessoas morreram de
ce-vestindo-azul-em-loja-e-e-questionada-por-vende- sarampo no mundo em 2018. A cifra é quatro vezes me-
dor.htm nor do que em 2000, mas 15% maior do que em 2017. As
crianças representam a maior parte das mortes.

6
O sarampo é um vírus muito contagioso, que pode Mudança no topo
permanecer em uma área até duas horas depois de que
uma pessoa infectada tenha falecido. Ressurgiu com epi- Além da queda do Brasil, outras mudanças devem
demias nos cinco continentes desde 2018, sobretudo, em acontecer na parte de cima do ranking populacional. De
cidades ou vizinhanças com baixos níveis de vacinação. acordo com as estimativas da ONU, por volta de 2027 a
Em 2019, quase 12 mil pessoas tiveram sarampo no Índia deve superar a China no primeiro lugar, graças às
Brasil, principalmente jovens. Antes considerado um país medidas de controle de natalidade de Pequim.
livre do sarampo, o Brasil perdeu o certificado de elimi- Os países da África Subsaariana também aumentarão
nação da doença concedido pela Organização Pan-Ame- suas taxas de natalidade nos próximos anos e a popu-
ricana da Saúde (OPAS) em fevereiro deste ano, após re- lação na região, uma das mais pobres do mundo, deve
gistrar mais de 10 mil casos em 2018. O surto aconteceu dobrar até 2050.
principalmente nos estados de Amazonas e Roraima. Já no Brasil, a população passará a encolher a partir
de 2049, quando atingirá o ápice de 229.196.000 brasi-
Surtos pelo mundo leiros. A redução se dará de maneira gradual ao longo da
segunda metade do século e, em 2100, o Brasil deve ter
As pequenas ilhas da Samoa, no Pacífico Sul, atual- 180,6 milhões de habitantes — voltando ao patamar do
mente lutam contra uma epidemia de sarampo. Foram 62 início dos anos 2000.
mortes desde outubro, quase todas entre crianças meno- O país era o quinto mais populoso do mundo desde
res de quatro anos. As autoridades cortaram o acesso o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em oitenta
ao arquipélago e lançaram uma campanha de vacinação anos, deve despencar para a 12ª posição, sendo ultra-
nesta quinta-feira (05/12/19). passado por Nigéria, Etiópia, República Democrática do
Cinco países concentraram quase metade dos casos Congo, Tanzânia, Egito e Angola.
em 2018: República Democrática do Congo (RDC), Libé- Hoje, a taxa de natalidade brasileira é de 1,73 nasci-
ria, Madagascar, Somália e Ucrânia, segundo um informe mentos por mulher, valor mais aproximado ao de países
publicado pelos Centros para o Controle e a Prevenção desenvolvidos, como o Japão, com média de 1,3 filhos.
de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A taxa paquistanesa, por exemplo, é de 3,48 nasci-
Nos países ricos, o sarampo mata pouco, ou nada. Na mentos, e a da Índia, apesar da megapopulação, conti-
RDC, porém, esse vírus matou o dobro do que o do pe- nua em 2,33 filhos por mulher.
rigoso vírus ebola, com mais de 5 mil mortes neste ano.
O vírus se propaga com facilidade. Israel importou Fonte:
uma centena de casos de outros países, como Filipinas e https://veja.abril.com.br/mundo/paquistao-ultra-
Ucrânia. De lá, alguns viajantes infectados transmitiram a passa-o-brasil-em-lista-de-paises-mais-populosos-do-
doença aos bairros judeus de Nova York e contribuíram -mundo
para a maior epidemia dos Estados Unidos desde 1992.
Guia Alimentar Brasileiro poderá ser adaptado
Fonte: para outros países
https://g1.globo.com/bemestar/sarampo/noti-
cia/2019/12/05/sarampo-causou-140-mil-mortes-no- Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de
-mundo-em-2018-diz-oms.ghtml 2 Anos, publicação feita pelo Ministério da Saúde com
o intuito de combater a obesidade infantil, poderá ser
Paquistão ultrapassa o Brasil em lista de países adaptado e usado por outros países que têm o portu-
mais populosos do mundo guês como língua oficial. A sugestão foi apresentada
hoje (13/12/19) pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique
Com uma população de 216 milhões de pessoas, o Mandetta, durante a V Reunião de Ministros da Saúde
Paquistão ultrapassou o Brasil e conquistou a posição de – encontro que reúne autoridades da Comunidade dos
quinto país mais populoso do mundo. Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, Portugal.
Segundo a Projeção de População Mundial da Orga- Lançado este ano, o guia apresenta recomendações e
nização das Nações Unidas (ONU), atualmente o Brasil informações sobre alimentação de crianças nos dois pri-
tem 211 milhões de pessoas. A perspectiva é de que em meiros anos de vida.
um ano o país ganhe “apenas” um milhão de pessoas, Além de promover saúde, crescimento e desenvolvi-
enquanto o Paquistão deve chegar a 220 milhões de ha- mento a esse público, o guia subsidia família e profissio-
bitantes, consolidando-se no top 5 do ranking. nais de saúde em ações de educação alimentar e nutri-
Nas primeiras posições estão China, Índia, Estados cional. Ao mesmo tempo, é um instrumento que ajuda
Unidos e Indonésia. Juntas, as cinco nações somam me- na orientação de políticas públicas que visam a apoiar,
tade de toda a população global, de 7,7 bilhões de pes- proteger e promover a saúde das crianças.
ATUALIDADES

soas. Ainda de acordo com o relatório, mais 2 bilhões No encontro da Comunidade dos Países de Língua
de indivíduos devem nascer nos próximos vinte anos, Portuguesa, Mandetta compartilhou a experiência brasi-
apesar da tendência à redução populacional em diversas leira e ofereceu ajuda aos demais países integrantes do
regiões. grupo, no sentido de elaborar e adaptar guias alimenta-
res às realidades locais de cada um deles.

7
A ideia é promover, já no primeiro trimestre de 2020, EDUCAÇÃO
oficinas técnicas para apresentar a metodologia adotada
pelo Brasil na elaboração do guia. Análise de dados pode ajudar a melhorar educa-
Instituída em julho de 1996, a CPLP reúne nove Esta- ção, dizem especialistas
dos membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e A coleta e a análise de dados se tornaram uma rea-
Príncipe e Timor-Leste. Juntos, esses países têm 230 mi- lidade não somente na economia, mas em diversas
lhões de habitantes distribuídos por quatro continentes. áreas. Para especialistas, também na educação, esse tipo
(Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noti- de prática pode contribuir para identificar problemas e
cia/2019-12/guia-alimentar-brasileiro-podera-ser-adap- orientar a ação de gestores, profissionais e governantes
tado-para-outros-paises) tanto na administração escolar quanto na elaboração de
políticas públicas.
Anvisa decide banir gordura trans até 2023 O tema foi discutido no evento Data Meeting Brazil,
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizado em Brasília hoje (26/11/19). A professora de ad-
aprovou hoje (17/12/19), por votação unânime, um novo ministração da Universidade de São Paulo (USP) Alessan-
conjunto de regras que visa banir o uso e o consumo de dra Montini destacou que, atualmente, há muitos dados
gorduras trans até 2023. disponíveis e o desafio é extrair deles valor para institui-
A nova norma será dividida em 3 etapas. A primeira ções e benefícios para a sociedade.
será a limitação da gordura na produção industrial de Na avaliação do gerente de políticas do movimento
óleos refinados. O índice de gordura trans nessa cate- Todos pela Educação, Gabriel Corrêa, o trabalho orienta-
goria de produtos será de, no máximo, 2%. Essa etapa do por dados pode ajudar de diversas formas no setor.
tem um prazo de 18 meses de adaptação, e deverá ser A primeira é reconhecendo o que funciona. Entre 2007 e
totalmente aplicada até 1º de julho de 2021. 2017, por exemplo, os percentuais de alunos do 5o ano
A data também marca o início da segunda etapa, com aprendizagem satisfatória em língua portuguesa e
mais rigorosa, que limita a 2% a presença de gorduras
matemática mais que dobraram, saindo, respectivamen-
trans em todos os gêneros alimentícios. De acordo com
te, de 28% para 60,7% e de 23,7% para 48,9%.
nota publicada pela Anvisa, a medida deverá “ampliar a
proteção à saúde, alcançando todos os produtos desti-
Fonte:
nados à venda direta aos consumidores”.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
A restrição da segunda fase será aplicada até 1º de
cia/2019-11/analise-de-dados-pode-ajudar-melhorar-e-
janeiro de 2023 - período que marca o início da terceira
ducacao-dizem-especialistas
fase e o banimento total do ingrediente para fins de con-
sumo. A gordura trans ainda poderá ser usada para fins
industriais, mas não como ingrediente final em receitas Videoprova em Libras do Enem está disponível na
para o consumidor. internet

Ácidos graxos trans A videoprova em Libras do Exame Nacional do Ensino


Médio (Enem) deste ano está disponível na internet, na
Presente principalmente em produtos industrializa- página do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-
dos, a gordura trans - ou ácido graxo trans, na nomen- cacionais Anísio Teixeira (Inep). Com o material, o partici-
clatura técnica - é usada para eliminar odores desagra- pante que já fez o Enem pode assistir à prova, comparar
dáveis e indesejáveis nos produtos finais. A gordura trans os resultados das respostas e conferir o gabarito. Para
está associada ao aumento do colesterol ruim (LDL) e de- quem ainda não fez a prova, o material servirá de suporte
gradação do colesterol bom (HDL). para os estudos.
Segundo informa a Anvisa, há provas concretas de O Inep passou a oferecer a videoprova em Libras em
que o consumo de gordura trans acima de 1% do va- 2017 como parte da política de inclusão do instituto. Em
lor energético total dos alimentos aumenta o risco de 2018, foi lançado o selo Enem em Libras, com todo o
doenças cardiovasculares. A agência informou ainda que, conteúdo disponível em Língua Brasileira de Sinais. No
em 2010, a média de consumo de gorduras trans pelos mesmo ano foi lançada a Plataforma Enem em Libras, na
brasileiros em alimentos industrializados girava em torno qual a videoprova pode ser acessada em plataforma si-
de 1,8% - valor considerado perigoso. Segundo a Orga- milar à adotada na aplicação da prova.
nização Mundial de Saúde (OMS), a gordura trans foi res- (Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/no-
ponsável por 11,5% das mortes por doenças coronárias ticia/2019-12/videoprova-em-libras-do-enem-esta-dis-
no Brasil naquele ano, o equivalente a 18.576 óbitos em ponivel-na-internet)
decorrência do consumo excessivo do óleo.
BNCC é “instrumento poderoso” para ensino de
Fonte: qualidade, diz educadora
ATUALIDADES

http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noti-
cia/2019-12/anvisa-decide-banir-gordura-trans-a- A diretora do Instituto Reúna, Kátia Smole, disse hoje
te-2023 (11) que a implementação integral da Base Nacional Co-
mum Curricular (BNCC) vai permitir, pela primeira vez, a
criação de um sistema coerente de educação no país.

8
Na avaliação da educadora, o ensino de qualidade Violência contra professores e alunos cresce na
homogênea compreenderia um alinhamento entre currí- rede pública paulista
culo, material didático, formações inicial e continuada de
professores e avaliação, independentemente da esfera Pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva
de gestão da escola, ou seja, se é de âmbito municipal, e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Es-
estadual ou federal. tado de São Paulo (Apeoesp) revela que 54% dos pro-
“Nós não vamos ter revolução 4.0, 5.0 se os alunos fessores já sofreram algum tipo de violência nas escolas.
não aprenderem o que é certo, na idade certa”, afirmou Em 2017, o percentual era 51% e, em 2014, 44%. Entre
Kátia, que participou hoje do 1º Encontro da Organiza- os estudantes, 37% declararam ter sofrido violência (em
ção dos Estados Ibero-Americanos (OEI) de Políticas Pú- 2014 eram 38%, e 2017, 39%).
blicas de Educação e Cultura, realizado em São Paulo. Em 2019, 81% dos estudantes e 90% dos professores
Na opinião da diretora, de nada adianta investir em souberam de casos de violência em suas escolas esta-
ações de aceleração de aprendizagem se ainda houver duais no último ano. Ocorrências mais frequentes de vio-
distorções na assimilação de conteúdos. lência nas escolas estaduais envolveram bullying, agres-
“A base [BNCC] tem, para mim, um valor importan- são verbal, agressão física e vandalismo.
te porque diz claramente, corajosamente, ainda que nós Entre os estudantes, há mais casos de bullying, cita-
possamos ter muitas sugestões de melhoria: há uma dos por 62% deles e, entre os professores, as ocorrências
progressão de aprendizagem. É necessário que eu passe mais frequentes são de agressão verbal, citada por 83%
pela escola e aprenda na escola o que é certo, na idade dos docentes. “O bullying é o ponto de partida para di-
certa, não por sorte, não porque eu peguei um professor versas violências”, disse a presidente do sindicato.
bom, não porque deu certo de eu estar em uma esco- Outro ponto da pesquisa mostra que 95% da popu-
la privilegiada, mas porque é direito. É direito. Eu posso lação de SP, 98% dos estudantes e 99% dos professores
saber mais do que está aí [previsto na BNCC], mas eu afirmam que o governo estadual deveria dar mais condi-
não posso saber menos”, disse Katia, que foi secretária ções de segurança às escolas.
de Educação Básica do Ministério da Educação, durante
Opinião semelhante tem a população do país: 93%
o governo Michel Temer.
dos brasileiros acreditam que o governo estadual deveria
“Por sorte, eu tive professores que fizeram a diferen-
dar mais condições de segurança as escolas, revelou o
ça. Eu não queria que dependesse da sorte”, destacou.
estudo.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada
A percepção da violência pelos professores aumen-
pelo Brasil em 2017 para o ensino infantil e fundamental
tou nos últimos anos: 71% dos estudantes e 71% dos
e, em 2018, para o ensino médio, define o mínimo que
professores perceberam o aumento este ano. Em 2017,
os estudantes devem aprender a cada etapa de ensino. A
BNCC prevê ainda que, em todo o período escolar, além a percepção era de 72% para os estudantes e 61% para
de capacidades acadêmicas, sejam desenvolvidas habili- os professores. Em 2014, a taxa era menor: 70% e 57%
dades socioemocionais. A partir da Base, as redes públi- respectivamente.
cas de ensino e as escolas privadas devem elaborar os Entre a população, a grande maioria (77%) soube de
currículos que serão implementados nas salas de aula. Os algum caso recente de violência em escolas públicas. No
novos currículos estão em fase de elaboração. estado de São Paulo, essa percepção atinge 79% da po-
pulação. “A violência passa a fazer parte do território da
Obstáculos da carreira docente aprendizagem, é essa a realidade das escolas”, lamentou
Meirelles.
O secretário de Educação do estado de São Paulo,
Rossieli Soares, destacou a importância da valorização Crise e cortes na educação
dos professores da rede pública de ensino.
Um dos problemas, segundo ele, é a forma como a Para a população, saúde e educação são áreas que
progressão salarial da categoria está estruturada, além deveriam ser poupadas de cortes mesmo em períodos
da remuneração inicial baixa. Para o educador, porém, a de crise. Para 45% dos entrevistados, a saúde vem em
questão transcende tal aspecto, passando também pela primeiro lugar e não deveria sofrer cortes. Em seguida,
condição de trabalho a que são submetidos, que estaria figuram educação, criminalidade, violência e geração de
fazendo com que percam “o brilho no olhar” quanto à empregos.
profissão.
Um levantamento sistematizado pelo Interdisciplina- Fonte:
ridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
base nos dados do Programa Internacional de Avaliação cia/2019-12/violencia-contra-professores-e-alunos-
de Alunos (Pisa) de 2015, revelou que apenas 3,3% dos -cresce-na-rede-publica-paulista
estudantes brasileiros de 15 anos querem ser professo-
res. Se a opção for pela docência na educação básica, o Cursos à distância superam presenciais em nota
percentual cai para 2,4%. máxima
ATUALIDADES

O percentual de cursos de ensino a distância (EaD)


Fonte: com nota máxima superou o de presenciais em avaliação
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti- do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-
cia/2019-12/bncc-e-instrumento-poderoso-para-ensi- nais Anísio Teixeira (Inep), que mede a qualidade do en-
no-de-qualidade-diz-educadora sino superior.

9
Os dados são do indicador ao Conceito Preliminar de BNCC
Curso (CPC), referentes a 2018, e foram divulgados hoje A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um
(12/12/19) pelo Inep, vinculado ao Ministério da Educa- documento de caráter normativo que define o conjun-
ção (MEC). to orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais
Ao todo, 2,7% dos cursos EaD obtiveram conceito que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
5, enquanto apenas 1,6% dos presenciais alcançaram etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a
o mesmo patamar. O CPC classifica os cursos em uma que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem
escala de 1 a 5. O conceito 3 reúne a maior parte dos e desenvolvimento, em conformidade com o que precei-
cursos. Aqueles que tiveram um desempenho menor que tua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento
a maioria recebe conceitos 1 ou 2. Já os que tiveram de- normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar,
sempenho superior à maioria, recebem 4 ou 5. tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes
Ainda considerando as modalidades de ensino, mais e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996),
cursos distância (94,5%) obtiveram conceito superior a e está orientado pelos princípios éticos, políticos e esté-
3: 94,5%. Entre os cursos presenciais, 86,7% obtiveram ticos que visam à formação humana integral e à cons-
conceitos entre 3 e 5. Na relação de cursos com pior de- trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva,
sempenho, o CPC 2018 apurou uma maior participação como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacio-
da modalidade presencial. Enquanto 0,4% de cursos pre- nais da Educação Básica (DCN).
senciais conseguiram conceito 1, o percentual do EaD foi Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essen-
de 0%. Já os cursos com nota 2 representam 5,5% na ciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar
aos estudantes o desenvolvimento de dez competências
modalidade EaD e 9,5% entre os presenciais.
gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os
direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
Fonte:
Na BNCC, competência é definida como a mobiliza-
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noti-
ção de conhecimentos (conceitos e procedimentos), ha-
cia/2019-12/cursos-distancia-superam-presenciais-em- bilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitu-
-nota-maxima des e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo
Mais quatro universidades portuguesas vão usar do trabalho.
Enem para selecionar alunos
Fonte:
Quatro novas instituições de ensino superior de Por- http://basenacionalcomum.mec.gov.br
tugal assinaram acordo para usar as notas do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de se- TECNOLOGIA
lecionar estudantes para seus cursos de graduação. As
Universidades de Coimbra e do Algarve, que foram as DNA de fósseis do Brasil desafia teorias de ‘desco-
primeiras a firmar parceria para usar o exame, também berta’ da América
renovaram os convênios com o Instituto Nacional de Es-
tudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão ligado ao Todos os indígenas que vivem ou já viveram nas Amé-
Ministério da Educação (MEC). ricas descendem de uma única população que chegou ao
Ao todo são 41 instituições portuguesas que usam o Novo Mundo vinda do leste asiático, através do estreito
Enem. Entre as quatro novas, três têm sede em Lisboa – de Bering, há cerca de 20 mil anos. A conclusão, de um
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), a Universidade trabalho de uma equipe internacional de 72 arqueólogos
Autônoma de Lisboa (UAL) e o Instituto Politécnico da e geneticistas - entre os quais 17 brasileiros -, refuta as
Lusofonia (Ipluso). A quarta nova instituição conveniada teorias mais discutidas ou aceitas até hoje sobre o po-
é a Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha voamento do continente posteriormente “descoberto”
Portuguesa, em Oliveira de Azeméis. por Cristóvão Colombo.
O programa de convênio com as instituições portu- Assinado por pesquisadores das universidades de São
guesas completou cinco anos em maio de 2019. As duas Paulo (USP) e Harvard, dos Estados Unidos, e do Instituto
Max Planck, da Alemanha, o artigo científico foi publica-
primeiras instituições a assinar o acordo, em 2014, a Uni-
do nesta quinta-feira na prestigiosa revista científica Cell.
versidade de Coimbra e a Universidade do Algarve, reno-
Para chegar às conclusões, os autores se basearam
varam o convênio.
na análise do DNA fóssil de 49 esqueletos provenientes
Ao celebrar o acordo, a instituição passa a ter acesso
de 15 sítios arqueológicos, dos quais dois na Argentina
facilitado, junto ao Inep, aos resultados dos estudantes (11 esqueletos com idades entre 8,9 mil e 6,6 mil anos),
que buscam vaga em seus cursos. Cada instituição define um em Belize (três, de 9,4 mil a 7,3 mil anos), quatro no
as regras e os pesos para uso das notas. Brasil (15, de 10,1 mil a 1 mil anos), três no Chile (cinco,
de 11,1 mil a 540 anos) e sete no Peru (15, de 10,1 mil a
ATUALIDADES

Fonte: 730 anos).


https://exame.abril.com.br/mundo/mais-quatro-uni- Dos esqueletos brasileiros, sete, com cerca de 9,6 mil
versidades-portuguesas-vao-usar-enem-para-selecio- anos, foram escavados no sítio arqueológicos Lapa do
nar-alunos/ Santo, na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais; cinco,
com idade em torno de 2 mil anos, no sambaqui Jabu-

10
ticabeira 2, em Santa Catarina; e dois, de 6,7 mil anos, e Engineering Fair) 2019, realizada no dia 17 de maio, nos
um, com 5,8 mil anos, nos sambaquis fluviais Laranjal e Estados Unidos. A jovem, que é de Osório, no Rio Grande
Moraes, respectivamente, localizados no Vale do Ribeira do Sul, também poderá batizar um asteroide com seu
no estado de São Paulo. nome por conta do resultado.
Em seu projeto, Juliana utiliza casca da macadâmia
Fonte: para alimentar microorganismos responsáveis por pro-
https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/dna-de- duzir membranas que podem ser utilizadas em várias si-
-fosseis-do-brasil-desafia-teorias-de-descoberta-da- tuações, como para fabricar embalagens biodegradáveis.
-america,d35d470f5700c8d641e78af6bba8c4b7cjdn- Ela também está investigando como aplicar essa pesqui-
b19b.html sa na área de saúde, utilizando a membrana como cura-
tivos após a realização de cirurgias.
Foto de um buraco negro é revelada pela primeira O projeto foi apresentado na Feira Brasileira de Ciên-
vez na história cias e Engenharia (FEBRACE), organizada pela Universida-
de de São Paulo (USP), em março de 2019, quando foi se-
A primeira imagem de um buraco negro foi revelada lecionado para a Intel ISEF. Nos Estados Unidos, a jovem
nesta quarta-feira, 10/04/19, pela Fundação Nacional de teve a oportunidade de conhecer o trabalho científicos
Ciências (National Science Foundation, em inglês). A sur- de 1,8 mil jovens pesquisadores de 80 países.
preendente foto é resultado do trabalho de uma rede de Realizada desde 1950, a Intel ISELF é considerada a
telescópios, o projeto Event Horizon Telescope. maior feira de ciências do mundo para os estudantes que
A imagem disponibilizada mostra um buraco negro ainda estão no Ensino Médio. Além do prêmio de US$ 3
no centro da enorme galáxia Messier 87, localizada no mil, Estradioto terá a honra de batizar um asteroide com
aglomerado vizinho de Virgem, a 5 milhões de anos-luz o seu sobrenome.
da Terra. A região escura da foto é, na realidade, a som- Juliana pretende ingressar na graduação na área de
bra do buraco negro. O buraco negro fotografado é 6,5 Biologia — e, um dia, trazer um Prêmio Nobel para o
bilhões de vezes mais massivo que o Sol. Brasil. Além disso, ela afirma que deseja ajudar na divul-
gação científica e trabalhar com outros jovens. “Um dos
Até então, os astrônomos não tinham conseguido
maiores ensinamentos que aprendi é espalhar essa lição
captar precisamente a imagem de um buraco negro.
de fazer a ciência”.
Eram conhecidas apenas ilustrações, concepções artísti-
cas e simulações. Mas por que levou-se tanto tempo? A
Fonte:
razão principal é que eles são fenômenos invisíveis —
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noti-
com a força da gravidade exercendo uma pressão que
cia/2019/05/brasileira-ganha-1-lugar-na-feira-de-cien-
nada escapa ao seu redor: incluindo a radiação eletro-
cias-da-intel-maior-do-mundo.html
magnética.
“Se você quiser tirar uma foto de algo que se recusa Cientista brasileira cria “caneta” que detecta cân-
a ser fotografado, como um buraco negro, você precisa cer durante cirurgia
construir um tipo especial de telescópio. Então, conec-
tamos radiotelescópios ao redor do globo, os sincroni- Uma cientista brasileira de 33 anos desenvolveu uma
zamos com relógios atômicos e todos eles olham para o espécie de caneta capaz de detectar células tumorais em
mesmo buraco negro ao mesmo tempo”, explicou She- poucos segundos. Livia Schiavinato Eberlin é formada em
perd Doeleman, diretor assistente para observação na Química pela Universidade Estadual de Campinas (Uni-
Black Hole Initiative. camp) e, apesar da pouca idade, já é chefe de um labo-
A importância do anúncio foi explicada na conferên- ratório de pesquisa da Universidade do Texas em Austin,
cia internacional, acompanhada ao vivo por diversos paí- nos Estados Unidos.
ses. Segundo um dos porta-vozes, a imagem do buraco Foi lá que, há quatro anos, ela iniciou os estudos de
negro é resultado do trabalho em equipe de centenas de um dispositivo capaz de extrair moléculas de tecido hu-
cientistas e pesquisadores ao redor do mundo — envol- mano e apontar, no material analisado, a presença de
veram-se no projeto oito telescópios e profissionais de células cancerosas. A tecnologia está em estudo, mas já
20 países —, além de ter sido fruto do sonho de Albert teve resultados promissores ao ser usada na análise de
Einstein, há 100 anos. 800 amostras de tecido humano.
A pesquisadora, que já mora há dez anos nos EUA,
Fonte: para onde se mudou para fazer doutorado, está no Brasil
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/no- nesta semana para apresentar os achados de sua pes-
ticia/2019/04/foto-de-um-buraco-negro-e-revelada-pe- quisa no congresso Next Frontiers to Cure Cancer, pro-
la-primeira-vez-na-historia.html movido anualmente pelo A.C. Camargo Cancer Center na
cidade de São Paulo.
Brasileira ganha 1º lugar na feira de ciências da Nos Estados Unidos, Livia ganhou destaque na comu-
Intel, a maior do mundo nidade científica ao ser uma das personalidades selecio-
ATUALIDADES

nadas em 2018 para receber a renomada bolsa da Fun-


Com apenas 18 anos, Juliana Estradioto já conta com dação MacArthur, conhecida como “bolsa dos gênios” e
um currículo acadêmico de dar orgulho. Agora, ela ga- destinada a profissionais com atuação destacada e criati-
nhou o primeiro lugar na categoria Ciência dos Materiais va em sua área. O prêmio, no valor de U$ 625 mil (cerca
na premiação da Intel ISELF (International Science and de R$ 2,5 milhões), é de uso livre pelo bolsista.

11
A caneta desenvolvida por ela e sua equipe de pes- “Nós nos acostumamos a receber cartas que eram
quisadores usa uma técnica de análise química para dar para outras pessoas, ou ter que ficar na estrada acenan-
essa mesma resposta que um patologista daria. “A cane- do para motoristas de entrega.”
ta tem um reservatório preenchido com água. Quando Dez anos trabalhando na indústria da música, que en-
a ponta dela toca o tecido, capta moléculas que se dis- volviam também a tentativa de fazer com que as bandas
solvem em água e são transportadas para um espectrô- se encontrassem em entradas específicas dos locais de
metro de massa, equipamento que caracteriza a amostra apresentação, também alimentaram sua frustração.
como cancerosa ou não”, explica a cientista. “Eu tentei orientar as pessoas a usarem longitude e
Essa caracterização da amostra em maligna ou não latitude, mas isso nunca pegou de fato”, disse Sheldrick.
pode ser feita porque a tecnologia usa, além dos equi- “Então, pensei: como comprimir 16 dígitos em algo
pamentos de análise química, técnicas de inteligência ar- muito mais amigável? Eu estava falando com um mate-
tificial para que a máquina “responda” se as células são mático e descobrimos que havia combinações suficientes
tumorais.
de três palavras para cada local do mundo.”
Para isso, foram usadas, na criação do modelo, cen-
Na verdade, 40 mil palavras foram suficientes.
tenas de amostras de tecidos cancerosos que, por meio
A empresa começou em 2013 e agora emprega mais
de suas características, “ensinam” a máquina a identificar
de cem pessoas em sua base em Royal Oak, oeste de
tecido tumoral.
Londres.
Fonte:
https://exame.abril.com.br/ciencia/cientista-brasilei- Serviços de emergência e guias de viagem
ra-cria-caneta-que-detecta-cancer-durante-cirurgia
A Mongólia adotou as palavras-chave para seu ser-
What3words: como um aplicativo usa três pala- viço postal, e o guia de viagens Lonely Planet sobre o
vras para salvar vidas país fornece endereços de três palavras para pontos tu-
rísticos.
A polícia britânica pediu a todos que façam o down- A Mercedes Benz também incluiu o sistema em seus
load do aplicativo what3words para celular porque, se- carros, e o what3words está sendo usado agora em 35
gundo eles, várias vidas foram salvas graças ao programa idiomas. O Airbnb também usa as três palavras para lo-
disponível também no Brasil. Mas como ele funciona? calizar imóveis oferecidos na plataforma.
“Chutado. Convergido. Futebol” Segundo Lee Wilkes, gerente do Cornwall Fire and
Essas três palavras escolhidas aleatoriamente pelo Rescue Service, um dos 35 serviços de emergência ingle-
aplicativo salvaram Jess Tinsley e seus amigos quando ses e galeses que assinaram o sistema, o aplicativo “eli-
eles se perderam na floresta em uma noite escura e úmi- mina toda a ambiguidade sobre onde precisamos estar”.
da na Inglaterra. O grupo havia planejado uma trilha cir- O sistema pode ajudar também a combater incêndios
cular de 8 km na Hamsterley Forest, de quase 20 km², em grandes extensões rurais, por exemplo, disse Wilkes.
no condado de Durham, na noite de domingo, mas os “Em vez de dizer ‘encontrem-se no portão e depois
amigos se perderam depois de três horas. sejam orientados de lá’, podemos ser absolutamente es-
“Estávamos em um campo e não fazíamos ideia de pecíficos sobre onde a nossa equipe precisa chegar”, dis-
onde era aquilo”, disse a jovem de 24 anos. “Foi horrível. se Wilkes. “Eu simplesmente não consigo ver uma des-
Eu estava fazendo piadas sobre a situação, tentando rir vantagem (no sistema).”
para não chorar.” Caso as pessoas perdidas não tenham o aplicativo
Às 22h30 do horário local, encontraram uma área com
instalado, os serviços de emergência poderão enviar uma
sinal de telefone e ligaram para o serviço de emergência.
mensagem de texto contendo um link da web para seus
“Uma das primeiras coisas que o atendente nos dis-
telefones.
se para fazer foi baixar o aplicativo what3words, do qual
Essa alternativa exigiria um sinal de celular. No Bra-
nunca tinha ouvido falar”, disse Tinsley.
Quando o CEP ou o GPS não dão conta sil, a operadora com maior cobertura 3G do país, a Vivo,
O aplicativo what3words, essencialmente, aponta atende a 4.471 dos 4.635 municípios do país, seguida por
para um local muito específico. Tim (3.195), Claro (3.966) e Oi (1.644), segundo dados da
Seus desenvolvedores dividiram o mundo em 57 tri- consultoria Teleco.
lhões de quadrados, cada um medindo 3m x 3m e com Mas o what3words não precisa dessa conexão de da-
um endereço exclusivo de três palavras, atribuído alea- dos para determinar a localização de três palavras.
toriamente. “Digamos que um membro de um grupo se feriu em
A estação de metrô Faria Lima em São Paulo, por uma montanha e não pode se locomover. Eles não têm
exemplo, tem duas entradas e saídas. Uma delas pode sinal de celular para pedir ajuda, mas podem anotar as
ser encontrada pelo trio de palavras “Gelar. Recuar. Le- três palavras e avisar as equipes de resgate assim que
var” e a outra, “Falhar. Pirata. Aflita”. conseguirem sinal e determinar exatamente onde está a
ATUALIDADES

O aplicativo surgiu de problemas ligados a corres- pessoa ferida”, disse Sheldrick.


pondências do fundador da empresa, Chris Sheldrick, Foi o caso da polícia do Condado inglês de South
que cresceu na zona rural de Hertfordshire. Yorkshire, que usou as três palavras para encontrar um
“Nosso CEP não apontava direito para a nossa casa”, homem de 65 anos que ficou preso depois de cair em um
disse ele. aterro em Sheffield.

12
O Serviço de Bombeiros e Resgate de outro condado, Produção de energia eólica no Brasil se equipara
North Yorkshire, encontrou uma mulher que havia batido a de Itaipu
o carro, mas não sabia onde estava.
E a polícia do Condado inglês de Humberside con- A produção de energia eólica no Brasil atingiu a mar-
seguiu resolver rapidamente um crime em curso envol- ca de 14 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Os
vendo reféns depois que uma vítima conseguiu dizer aos dados referentes à medição de setembro foram divulga-
policiais exatamente onde ela estava detida. dos nesta segunda-feira, 5, pela Associação Brasileira de
“Essa foi uma situação crítica e ser capaz de usar um Energia Eólica (Abeeólica) e mostram que o total da pro-
endereço de três palavras significava que os policiais po- dução dessa matriz energética é equivalente a mesma
deriam chegar lá muito mais rápido, resgatar o refém e capacidade instalada de Itaipu, a maior usina hidrelétrica
prender um homem”, disse Sheldrick. do Brasil.
No total, são 14,34 GW de capacidade instalada em
Fonte: 568 parques eólicos e mais de 7.000 aerogeradores em
https://www.bbc.com/portuguese/geral-49353306 12 estados. Os estados da Região Nordeste agregam a
maior parte da produção. O Rio Grande do Norte apare-
ENERGIA ce em primeiro lugar com 146 parques e 3.949,3 mega-
watts (MW) de potência. Em seguida vem a Bahia, com
Brasil ocupa oitavo lugar no ranking mundial de 133 parques e potência de 3.525 MW; o Ceará vem em
produção de energia eólica terceiro lugar, com 2.049,9 MW de potência e 80 parques
instalados.
e vento em popa. Este é o ritmo do crescimento da “A fonte eólica tem mostrado um crescimento con-
energia eólica no Brasil. Os investimentos no setor co- sistente, passando de menos de 1 GW em 2011 para os
meçaram por volta de 2005 e, menos de 10 anos após 14 GW de agora, completamente conectados à rede de
o primeiro leilão da energia dos ventos no país (realiza- transmissão. Em média, a energia gerada por estas eóli-
do em 2009), o Brasil atingiu na semana passada a po-
cas equivale atualmente ao consumo residencial médio
tência instalada 13 gigawatts (GW), quase a mesma da
de cerca de 26 milhões de habitações [80 milhões de
Hidrelétrica de Itaipu (14GWs). Segundo dia da série do
pessoas]”, informou a associação.
Estado de Minas sobre energias limpas mostra como o
De acordo com a Abeeólica, a energia produzida com
Brasil passou a ocupar o oitavo lugar no ranking mundial
ventos está chegando a atender quase 14% do Sistema
da produção de energia, divulgado pelo Global World
Interligado Nacional (SIN). No caso específico do Nor-
Energy Council (GWEC), superando países desenvolvidos
deste, os recordes de atendimentos a carga ultrapassam
como Itália e Canadá. O salto foi dado nos últimos cinco
70% da energia produzida na região.
anos, pois, até 2012, estava em 15º.
Com mais 500 parques eólicos em operação, o país “O dado mais recente de recorde da região é do dia
tem uma produtividade bem acima da média mundial, se- 13 de setembro, uma quinta-feira, quando 74,12% da
gundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeo- demanda foi atendida pela energia eólica, com geração
lica). O crescimento sustentável e os sucessivos recordes média diária de 7.839,65 MWmed [megawatts médios] e
de geração levaram esse tipo de energia a abastecer 11% fator de capacidade de 76,58%. Nesta data, houve uma
do país, em setembro de 2017. Sua importância é maior máxima às 8h, com 82,34% de atendimento da demanda
no Nordeste, onde, em alguns meses do ano, ela garan- e 85,98% de fator de capacidade. Vale mencionar tam-
te 60% do abastecimento. Lá estão os três estados que bém que, nesse mesmo dia, o Nordeste foi exportador
lideram o ranking da produção eólica nacional: Rio Gran- de energia durante todo dia, uma realidade totalmente
de do Norte (3,7GW); Bahia (2,5GW) e Ceará (1,9GW). O oposta ao histórico do submercado que é por natureza
quarto colocado é o Rio Grande do Sul, com 1,8GW. importador de energia”, disse a Abeeólica.
Os avanços do país no setor se devem diretamente (Fonte: https://www.fiern.org.br/producao-de-ener-
à boa qualidade dos ventos do Nordeste e do Rio Gran- gia-eolica-no-brasil-se-equipara-de-itaipu/)
de do Sul, segundo a presidente da Abeeólica. “O Bra-
sil conseguiu trazer novas tecnologias desenvolvidas lá Governo seguirá com privatização da Eletrobras e
fora para serem aplicadas aqui. Ao trazer a tecnologia da reformas em energia, diz ministro
energia eólica, percebemos que o Brasil tem uma grande
particularidade: o país tem os melhores ventos do mun- O novo ministro de Minas e Energia, almirante Bento
do para gerar energia. Os aerogeradores no Brasil –prin- Albuquerque, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro
cipalmente no Nordeste e no Sul do país – têm uma pro- levará adiante propostas de desestatização da Eletro-
dutividade que costuma ser o dobro da produtividade do brase de reformas no setor de energia apresentadas no
restante do mundo”, explica Elbia. governo de Michel Temer, ao falar durante cerimônia de
transmissão do cargo em Brasília.
Fonte: O projeto de Temer para a Eletrobras previa a priva-
ATUALIDADES

https://www.em.com.br/app/noticia/econo- tização da companhia por meio de uma oferta bilionária


mia/2018/02/26/internas_economia,940112/brasil-ocu- de novas ações que diluiria a participação do governo na
pa-8-lugar-no-ranking-mundial-de-producao-de-ener- elétrica a uma posição minoritária.
gia-eolica.shtml As ações ordinárias da estatal dispararam após a fala
de Albuquerque, e subiam quase de 16% às 13h26.

13
“Sempre levando em consideração o interesse pú- nou ao país. Ele foi capturado no sábado (12/01/19) por
blico, se dará prosseguimento ao processo em curso de agentes bolivianos em parceria com italianos após fugir
capitalização da Eletrobras”, afirmou o ministro em seu do Brasil, onde era buscado pela PF (Polícia Federal).
discurso, sem detalhar. Considerado terrorista pelas autoridades brasileiras e
Ele também disse que pretende avançar com uma re- italianas, Battisti foi condenado pelo assassinato de qua-
forma da regulamentação do setor elétrico que chegou tro pessoas na década de 1970, quando integrava o gru-
a ser apoiada por Temer e continuar com mudanças nas po Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das
regras para exploração de campos de petróleo, incluindo Brigadas Vermelhas.Em 1991, a sentença foi confirmada
na região do pré-sal. pela Corte Suprema italiana (Cassazione).
“Modernizaremos o modelo do setor elétrico, preser- Após fugir da Itália na década de 1980, Battisti se es-
vando a segurança energética e priorizando a racionali- condeu em Paris e logo depois foi para o México. Depois
dade econômica”, apontou Albuquerque. de 10 anos em território mexicano, ele voltou a fugir para
“No setor de óleo e gás, aprimoraremos a Lei da Parti- a França onde viveu por 15 anos sob proteção do Eliseu,
lha da Produção, de modo a proporcionar maior compe- mas teve que deixar o país com a mudança de governo.
titividade no ambiente de exploração e produção, maior Em 2004 fugiu para o Brasil e viveu foragido até ser pre-
pluralidade de investidores, menor custo de transação so em Copacabana, em 2007. Foi solto em 2011, após o
para a União e, consequentemente, mais investimentos e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negar a extra-
retornos econômicos e sociais”, acrescentou. dição e conceder-lhe o status de refugiado político. Em
2017 voltou a ser preso, desta vez na Bolívia, mas três
Fonte: dias depois estava livre novamente. Após o ex-presiden-
https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noti- te Michel Temer autorizar a extradição no final do ano
cia/2019/01/governo-seguira-com-privatizacao-da-ele- passado, voltou a ficar foragido em dezembro do ano
trobras-e-reformas-em-energia-diz-ministro.html passado até ser preso neste sábado, em Santa Cruz de
la Sierra.
Sirius: primeira volta de elétrons no acelerador
Fonte:
principal demonstra funcionalidade de laboratório
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/14/bat-
tisti-italia-37-anos-fuga.htm
Principal projeto de pesquisa científica do governo
federal, o Sirius, em Campinas (SP), registrou um impor-
Trump firma acordo que acaba com ‘shutdown’
tante avanço nesta sexta-feira (22/11/19). Pesquisadores
concluíram com sucesso a 1ª volta de elétrons no tercei-
O presidente Donald Trump firmou nesta sexta-feira
ro e principal acelerador, demonstrando a funcionalidade (25/01/19) um acordo com a oposição democrata para
do equipamento. reabrir temporariamente o governo federal, paralisado
Diretor do projeto, Antônio José Roque da Silva clas- há um recorde de cinco semanas devido à disputa so-
sificou o teste como um “grande marco” e projetou que bre o financiamento do muro na fronteira entre Estados
as primeiras linhas de luz da estrutura possam realizar Unidos e México. Trump assinou a lei que prevê o finan-
experimentos no segundo semestre de 2020 - o atraso ciamento de parte das agências federais até 15 de fe-
no orçamento, no entanto, impede a conclusão das 13 vereiro, informou o Executivo. “Alcançamos um acordo
linhas de pesquisa previstas para o ano que vem. para encerrar o ‘shutdown’ e reabrir o governo federal
O Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª ge- (...) por três semanas, até 15 de fevereiro”, havia declara-
ração, que atua como uma espécie de “raio X superpo- do o presidente. O projeto foi aprovado por unanimida-
tente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de no Senado.
de átomos e moléculas. Atualmente, há apenas um la- Legisladores e a Casa Branca estavam sob intensa
boratório de 4ª geração de luz síncrotron operando no pressão para resolver o impasse, enquanto centenas de
mundo: o MAX-IV, na Suécia. milhares de trabalhadores federais entravam em um se-
No Brasil, essa tecnologia só está disponível em equi- gundo mês sem pagamentos, e o impasse político come-
pamentos de 2ª geração, em funcionamento há 30 anos. çou a atrapalhar alguns dos aeroportos mais movimen-
(Fonte: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/ tados do país.
noticia/2019/11/22/sirius-primeira-volta-de-eletrons-
-no-acelerador-principal-demonstra-funcionalidade-de- Fonte:
-laboratorio.ghtml) www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/26/trump-fir-
ma-acordo-que-acaba-com-hutdown.htm
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Incêndio consome catedral de Notre-Dame de Pa-
Battisti chega à Itália após 37 anos de fuga ris
O terrorista italiano Cesare Battisti, 64, desembarcou
por volta das 11h30, do horário local, (8h30 no horário Na noite desta segunda-feira (15/04/19), os bombei-
ATUALIDADES

de Brasília) desta segunda-feira (14/01/19) no aeroporto ros já haviam controlado quase todo o fogo na catedral
de Ciampino, em Roma, após ser entregue na tarde de mais conhecida e visitada de todo o planeta. Mas os
ontem às autoridades italianas no aeroporto de Viru Viru, danos na Notre-Dame, em Paris, são incalculáveis. Um
em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Battisti deixou a desastre de proporções gigantescas para o patrimônio
Itália após fugir da prisão, em 1981, e nunca mais retor- cultural e arquitetônico da humanidade.

14
Os parisienses e turistas testemunharam atônitos a Modi enfrentou críticas no início da campanha por ter
queda do ponto mais alto da catedral, conhecido como falhado em criar mais empregos e pelos baixos preços
flecha. O incêndio começou uma hora antes, perto das agrícolas, e tanto analistas quanto políticos disseram que
19h no horário local – 14h no Brasil. a disputa eleitoral estava ficando acirrada, com o prin-
Fiéis que participavam de uma missa abandonaram cipal partido de oposição, Congresso Nacional Indiano,
a catedral. Rapidamente, as chamas no prédio de mais ganhando território.
de 850 anos podiam ser vistas de quase toda a capital O primeiro-ministro fez campanha entre sua base na-
francesa. As imagens se espalharam pelas redes sociais. cionalista hindu e transformou a disputa em uma briga
A polícia disse que a estrutura principal foi salva. As por segurança nacional após uma escalada nas tensões
estátuas de bronze foram removidas na semana passada
com o Paquistão. Ele atacou seu principal adversário por
para as obras.
ser “frouxo” com relação ao arqui-inimigo do país.
O Ministério Público já abriu uma investigação para
apurar as causas do incêndio. O presidente francês can- O partido de Modi deve conquistar entre 339 e 365
celou um pronunciamento que faria na TV e foi até o cadeiras da câmara baixa do Parlamento, composta por
local conversar com bombeiros. 545 membros, seguido por 77 a 108 cadeiras para a alian-
ça de oposição liderada pelo Congresso Nacional India-
Fonte: no, mostrou a pesquisa boca de urna India Today Axis.
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noti- Na Índia, uma força política precisa somar o apoio de
cia/2019/04/15/incendio-consome-catedral-de-notre- uma maioria simples, ou seja, pelo menos 272 parlamen-
-dame-de-paris.ghtml tares, para poder formar governo.
Pesquisas boca de urna, no entanto, têm um histórico
Maduro rompe com EUA, pede lealdade a milita- controverso em um país com 900 milhões de eleitores
res e diz que não sai do poder --dos quais cerca de dois terços votaram na eleição de
sete etapas. As pesquisas frequentemente erraram o nú-
O aumento da pobreza e a repressão do governo de mero de cadeiras, mas o resultado, em geral, tem sido
Nicolás Maduro propiciou uma onda de manifestações acertado, disseram analistas.
na Venezuela pedindo a queda do ditador. O país agora Com as pesquisas indicando uma vitória da aliança
vive a instalação de um governo paralelo, liderado pelo
de Modi, os mercados acionários indianos devem subir
deputado de oposição, Juan Guaidó.
com força na segunda-feira, enquanto também se espera
Maduro afirma que não deixará a presidência da Ve-
nezuela e culpa os Estados Unidos por “uma tentativa de que a rupia indiana se fortaleça contra o dólar, de acordo
golpe”. Maduro rompeu relações com os EUA e está se com analistas do mercado financeiro.
apoiando na força dos militares do país. Uma vitória clara significaria que Modi poderá realizar
as reformas que investidores esperam o que tornará a
Guaidó desmente maduro Índia um lugar mais fácil para negócios, disseram eco-
nomistas.
Após o anúncio de Maduro, Juan Guaidó publicou (Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/
um documento em suas redes sociais dirigido a todas noticia/2019-05/india-encerra-eleicao-que-deve-reele-
embaixadas presentes na Venezuela afirmando que as ger-narendra-modi)
relações diplomáticas com todos os países do mundo
estão mantidas. “Peço que vocês desconheçam qualquer Brexit
ordem ou disposição que contradiga o firme propósito
do poder legislativo da Venezuela”, afirmou. Relatos da Brexit é o processo de saída do Reino Unido da União
imprensa afirmam que há uma ordem de prisão contra Europeia iniciado em 2017 e com previsão para terminar
Guaidó, que já foi preso brevemente há cerca de duas em 2020.
semanas. Em 24 de novembro de 2018, após dois anos de ne-
gociação, a União Europeia aceitou os termos de retirada
Fonte:
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/23/ma- apresentado pela então primeira-ministra Theresa May.
duro-rompe-com-os-eua-e-diz-que-nao-deixara-presi- No entanto, sem conseguir que seu projeto fosse
dencia-da-venezuela.html aprovado no Parlamento, May demitiu-se e foi substituí-
da pelo deputado Boris Johnson.
Índia encerra eleição que deve reeleger Narendra O Brexit está previsto para 31 de janeiro de 2020.
Modi
Aprovação do acordo do Brexit
Indianos foram às urnas neste domingo (19/05) para
a sétima e última fase das eleições gerais no país. Pesqui- Após intensas negociações com os 27 países inte-
sas de boca de urna indicam vitória do Partido do Povo grantes da União Europeia, o Reino Unido conseguiu um
Indiano (BJP), legenda nacionalista hindu do primeiro- acordo para a saída desse bloco econômico, em 16 de
-ministro Narendra Modi. outubro de 2019.
ATUALIDADES

O pleito, o maior do mundo com um eleitorado de Desta vez, estão garantidas a livre circulação de pes-
902 milhões de pessoas, teve início em 11 de abril. A con- soas e mercadorias entre a fronteira da República da Ir-
tagem de votos das sete fases das eleições está prevista landa e da Irlanda do Norte. No entanto, o novo acordo
para a próxima quinta-feira, 23 de maio, e os resultados prevê o fim do status especial para o Reino Unido e o
só devem ser conhecidos na quinta ou na sexta-feira. torna um rival.

15
O projeto foi aprovado no Parlamento britânico no Economia
mesmo mês. Porém, os parlamentares não concederam
debater o texto em apenas dois dias e obrigaram ao pri- Em relação à situação econômica e social, a alta co-
meiro-ministro pedir um adiamento de três meses. missária da ONU afirmou que a crise continua afetando
Como consequência, Johnson teve que pedir novo os direitos dos venezuelanos. De acordo com a Comis-
adiamento à União Europeia. Desta vez, a data para um são Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal),
possível Brexit será 31 de janeiro de 2020. em 2019, a economia do país sofrerá uma contração de
25,5%, atingindo uma perda acumulada do Produto In-
Referendo sobre o Brexit terno Bruto (PIB) de 62,2% desde 2013.
“Embora nos últimos meses tenha havido melhora
O Brexit tem origem no governo do primeiro-ministro no suprimento de alimentos, apenas a minoria da po-
conservador David Cameron. pulação com acesso a divisas estrangeiras pode cobrir
Para disputar a reeleição, Cameron se aliou ao partido regularmente os altos preços dos alimentos devido à hi-
nacionalista, Partido da Independência do Reino Unido perinflação e à dolarização de fato da economia”, relata
(UKIP, na sigla em inglês). Bachellet, acrescentando que o salário mínimo no país
Em troca do seu apoio, este partido exigiu a convoca- cobre apenas 3,5% da cesta básica.
ção de um referendo onde os eleitores pudessem esco- Na apresentação, feita hoje em Bruxelas, Bachelet dis-
lher entre seguir ou sair da União Europeia. se que sua equipe visitou a cidade de Maracaibo, onde
O UKIP argumentava que a União Europeia retirava a verificou longas filas para comprar combustível, em meio
soberania do Reino Unido em assuntos econômicos e de a prolongados e repetidos cortes de eletricidade, que
imigração. Por isso, pedia que fosse feito uma consulta à também afetam o abastecimento de água. “Os direitos
população sobre a permanência neste bloco econômico. à saúde e educação também foram afetados, principal-
(Fonte: https://www.todamateria.com.br/brexit/) mente devido à falta de pessoal, infraestrutura precária
e falta de insumos”.
ONU alerta para incorporação de milícia às Forças Segundo Bachelet, durante o mês de novembro, a
Armadas venezuelanas Cáritas informou que, nas paróquias mais pobres de 19
estados do país, 11,9% das crianças apresentam sinais de
A alta comissária da Organização das Nações Uni-
desnutrição aguda – um aumento de 56% em relação a
das para os Direitos Humanos (ONU), Michelle Bachelet,
2018 – e que 32,6% têm atrasos de crescimento. A Cári-
apresentou hoje (18/12/19) um novo relatório sobre a
tas também relatou que 48,5% das gestantes atendidas
situação na Venezuela. Entre os temas abordados estão a
apresentam deficiências nutricionais.
liberação de presos políticos, a falha no acesso à saúde e
educação, os altos índices de violência e a preocupação
Violência
com uma possível incorporação das milícias às Forças Ar-
madas nacionais.
A alta comissária da ONU, em sua apresentação hoje, Diante da ausência de dados oficiais atualizados e pú-
em Bruxelas, demonstrou preocupação com apelos de blicos, o Observatório Venezuelano da Violência estimou
altas autoridades venezuelanas para que continuem a ar- uma taxa de 60,3 homicídios violentos por 100 mil ha-
mar as milícias, bem como a apresentação, no Congres- bitantes de janeiro a novembro de 2019. Embora tenha
so, de um projeto de lei que fortalece e incorpora esses havido uma redução em relação a 2018, o número segue
grupos às Forças Armadas Nacionais da Bolívia. sendo um dos mais altos da região.
Bachelet afirmou ainda que membros de sua equi- “Reitero minha preocupação com os níveis de violên-
pe fizeram visitas a nove centros de detenção e entre- cia que nos últimos meses também impactaram os líde-
vistaram, de maneira confidencial, mais de 70 pessoas res políticos locais, como ilustrado pelos assassinatos do
privadas de liberdade. Foram detectados 118 casos (109 ex-vereador da oposição Edmundo “Pipo” Rada Angulo
homens e nove mulheres) que requerem uma resposta e do ex-governador oficialista Johnny Yáñez Rangel. De
urgente por motivos de saúde, atrasos em processos ju- agosto até hoje, meu escritório documentou alegações
diciais e demora na liberação de pessoas que já cumpri- de supostas execuções extrajudiciais por membros das
ram suas penas. Forças de Ações Especiais (Faes), principalmente contra
“Destaco a liberação em setembro e outubro de 28 jovens, no contexto de operações de segurança em fa-
pessoas (24 homens e quatro mulheres) privadas de li- velas.”
berdade por motivos políticos e exorto as autoridades a Bachelet afirmou ainda que vê com preocupação al-
liberar incondicionalmente todas as pessoas detidas por tos índices de violência e a presença de grupos armados
motivos políticos, incluso militares. Reitero meu pedido irregulares envolvidos em exploração ilegal de recursos
para que se continue dando cumprimento às orientações naturais.
do grupo de trabalho sobre detenções arbitrárias”, afir-
mou Bachelet. Migrações
ATUALIDADES

Bachelet relatou atos de assédio, ameaças e deten-


ções pelos serviços de inteligência e forças de segurança, A Plataforma de Coordenação das Nações Unidas
além de outros casos de restrição das liberdades públicas para Refugiados e Migrantes da Venezuela estima que
que “limitam o espaço cívico-democrático”, como a de- 4,7 milhões de venezuelanos deixaram o país e projeta
tenção de jornalistas. que esse número chegará a 6,5 ​​milhões no final de 2020.

16
“Estou preocupada com o aumento da migração ir- A comunidade internacional deve “impedir que a
regular devido, por um lado, às maiores exigências de península volte à tensão e ao confronto”, argumentou
entrada em alguns países de trânsito e destino, mas tam- o porta-voz chinês, em entrevista coletiva, em que justifi-
bém pelas dificuldades que o povo venezuelano enfrenta cou o pedido apresentado à ONU.
na obtenção de sua documentação de viagem. Recente- Entre outras medidas, o documento sugere a suspen-
mente, as autoridades venezuelanas aumentaram o custo são da proibição de importação de carvão, de ferro, de
da emissão de passaportes em 70%, um custo equivalen- minério de ferro e de têxteis da Coreia do Norte.
te a 54 salários mínimos. O uso de rotas mais perigosas e China e Rússia pedem ainda o fim de uma medida
a exposição ao tráfico de pessoas aumentaram”, afirmou. que exige que os países recusem trabalhadores norte-
-coreanos que procurem emigrar.
Ano eleitoral O documento pede também a Pyongyang que inicie
um processo de desnuclearização. O pedido tem sido re-
cusado por Kim Jong-un, alegando que as armas nuclea-
Michelle Bachelet demonstrou preocupação com o
res são a única forma de garantir a segurança nacional
processo eleitoral de 2020. “É crucial garantir as liberda- contra ataques externos.
des públicas que são fundamentais para criar as condi-
ções necessárias para eleições livres, imparciais, credíveis, Fonte:
transparentes e pacíficas. A esse respeito, estou preocu- http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti-
pada com a retirada da imunidade de cinco deputados cia/2019-12/china-e-russia-pedem-onu-reducao-de-
da oposição, aumentando o total para 30 deputados -sancoes-contra-coreia-do-norte)
privados de imunidade, bem como com atos de assédio
contra representantes da oposição, incluindo o presiden- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
te da Assembleia Nacional”, afirmou a alta comissária da
ONU. Mais da metade da população mundial não tem
acesso à água potável, diz ONU
Fonte:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti- Considerado um direito humano pela Organização
cia/2019-12/onu-alerta-para-incorporacao-de-milicia- das Nações Unidas (ONU), o acesso à água potável e
-forcas-armadas-venezuelanas ao saneamento básico está longe de ser uma realidade
para mais da metade da população mundial. Segundo o
Relatório Mundial da ONU sobre Desenvolvimento dos
China e Rússia pedem à ONU redução de sanções
Recursos Hídricos 2019, lançado hoje em Genebra, fal-
contra Coreia do Norte
ta água limpa e segura para 2,1 bilhões de pessoas, en-
quanto 4,5 bilhões carecem de serviços sanitários. Com o
A China pediu hoje (17/12/19) ao Conselho de Se- alerta de que a expectativa é de que a situação se agrave,
gurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que devido às mudanças climáticas, o documento, intitulado
apoie uma proposta sino-russa de reduzir as sanções Não deixar ninguém para trás, destaca a necessidade de
contra a Coreia do Norte, desde que o país aceite um políticas públicas comprometidas a mudar essa situação.
plano de desnuclearização. “Os números falam por eles mesmos. Como o rela-
Nas últimas semanas, o governo norte-coreano tem tório mostra, se a degradação do ambiente natural e a
pedido aos Estados Unidos (EUA) que suspenda as san- pressão insustentável sobre os recursos hídricos globais
ções impostas e fez um ultimato, ameaçando com um continuarem nas taxas atuais, 45% do Produto Interno
“presente de Natal” se Washington não fizer concessões Bruto global e 40% da produção global de grãos estarão
em sua posição. em risco em 2050”, disse, em comunicado de imprensa,
O presidente norte-americano, Donald Trump, res- Gilbert F. Houngbo, presidente da ONU Água e do Fun-
pondeu ao ultimato da Coreia do Norte, afirmando que do Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). “Os
ficaria “decepcionado se alguma coisa estivesse sendo pobres e as populações marginalizadas serão afetados
preparada”, referindo-se à possibilidade de qualquer re- desproporcionalmente, exacerbando mais as desigualda-
des já crescentes. O relatório de 2019 fornece evidências
taliação militar por parte de Pyongyang.
da necessidade de adaptar abordagens, tanto nas políti-
A proposta apresentada por Pequim e Moscou à ONU
cas quanto na prática, e de adereçar às causas da exclu-
busca uma solução para o impasse, sugerindo que os são e da desigualdade.”
EUA ajustem as suas sanções contra a Coreia do Norte Na semana em que se comemora o Dia da Água, cele-
“de acordo com os passos dados por esse país em dire- brado na sexta-feira, o trabalho da ONU detalha as múlti-
ção à desnuclearização”. plas faces da disparidade ao acesso aos recursos hídricos.
A proposta chega em um momento de tensão entre Por exemplo, em países mais pobres, as mulheres estão
Washington e Pyongyang, com as negociações travadas em desvantagem dentro do grupo dos mais desfavore-
desde o fracasso da cúpula entre Donald Trump e o pre- cidos — nesses locais, geralmente cabe a elas andar qui-
sidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em fevereiro lômetros para coletar água. O relatório mostra que, em
ATUALIDADES

passado. uma escala global, metade das pessoas que toma água
“A península coreana atravessa um período impor- de fontes não seguras vive na África. Na região subsaa-
tante e sensível. A urgência de um acordo político au- riana do continente, somente 24% da população têm
mentou ainda mais”, disse o porta-voz do Ministério dos água potável e apenas 28% contam com saneamento
Negócios Estrangeiros da China. não compartilhado com outras pessoas.

17
Dentro das cidades, a desigualdade também está ma dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para
presente. “Na África subsaariana, a maioria da popula- limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos ní-
ção tem acesso nas cidades, mas, na periferia urbana, veis pré-industriais.
não acessam nem água nem saneamento”, exemplifica Para que comece a vigorar, necessita da ratificação de
Massimo Lombardo, oficial de Meio Ambiente da Orga- pelo menos 55 países responsáveis por 55% das emis-
nização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e sões de GEE. O secretário-geral da ONU, numa cerimônia
a Cultura (Unesco) no Brasil. Ele esclarece que o relató- em Nova York, no dia 22 de abril de 2016, abriu o período
rio não traz informações destacadas por países, mas diz para assinatura oficial do acordo, pelos países signatá-
que alguns dos problemas descritos, como desigualda-
rios. Este período se encerrou em 21 de abril de 2017.
des regionais, territoriais e socioeconômicas associadas
Para o alcance do objetivo final do Acordo, os gover-
ao acesso à água de qualidade, também são realidade
nos se envolveram na construção de seus próprios com-
brasileira.
promissos, a partir das chamadas Pretendidas Contribui-
Fonte: ções Nacionalmente Determinadas (iNDC, na sigla em
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ inglês). Por meio das iNDCs, cada nação apresentou sua
ciencia-e- saude/2019/03/19/interna_ciencia_saude, contribuição de redução de emissões dos gases de efeito
743808/mais-da-metade-da-populacao-mundial-nao- estufa, seguindo o que cada governo considera viável a
-tem-acesso-a-agua-potavel.shtml partir do cenário social e econômico local.
Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o Brasil
Queimadas e desmatamento na Amazônia aumen- concluiu, em 12 de setembro de 2016, o processo de ra-
tam após saída do Exército tificação do Acordo de Paris. No dia 21 de setembro, o
instrumento foi entregue às Nações Unidas. Com isso,
Na Amazônia, as queimadas e o desmatamento vol- as metas brasileiras deixaram de ser pretendidas e tor-
taram a crescer em novembro, com o fim da atuação das naram-se compromissos oficiais. Agora, portanto, a sigla
Forças Armadas na região. perdeu a letra “i” (do inglês, intended) e passou a ser
A operação de garantia da lei e da ordem, a GLO, na chamada apenas de NDC.
região amazônica durou dois meses. Terminou no fim de A NDC do Brasil comprometeu-se a reduzir as emis-
outubro. Dez mil soldados combateram quase dois mil sões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos ní-
focos de queimadas na floresta
veis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa
Em agosto, o Inpe registrou quase 31 mil focos de
subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito
queimada. Em setembro e outubro, com a GLO, os nú-
meros caíram para 19.900 e depois para 7.800. Agora em estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para
novembro, depois da saída dos militares, os focos au- isso, o país se comprometeu a aumentar a participação
mentaram de novo: 10.200. de bioenergia sustentável na sua matriz energética para
O mesmo movimento foi registrado com o desmata- aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar
mento. Aumento em agosto, 223%a mais que em agosto 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar
de 2018. E com a entrada da GLO o ritmo de crescimento uma participação estimada de 45% de energias renová-
do desmatamento diminui em setembro e em outubro, veis na composição da matriz energética em 2030. Con-
mas voltou a aumentar em novembro 40% em relação ao fira os fundamentos para NDC brasileira.
mesmo mês de 2018. A NDC do Brasil corresponde a uma redução estima-
O ministro do Meio Ambiente disse que, para comba- da em 66% em termos de emissões de gases efeito de
ter o desmatamento, o governo vai investir no desenvol- estufa por unidade do PIB (intensidade de emissões) em
vimento sustentável. 2025 e em 75% em termos de intensidade de emissões
em 2030, ambas em relação a 2005. O Brasil, portanto,
Fonte: reduzirá emissões de gases de efeito estufa no contexto
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noti- de um aumento contínuo da população e do PIB, bem
cia/2019/11/29/numero-de-queimadas-na-amazonia- como da renda per capita, o que confere ambição a essas
-aumenta-apos-saida-do-exercito.ghtml
metas.
No que diz respeito ao financiamento climático, o
Acordo de Paris
Acordo de Paris determina que os países desenvolvidos
Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, deverão investir 100 bilhões de dólares por ano em me-
em Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo didas de combate à mudança do clima e adaptação, em
central de fortalecer a resposta global à ameaça da mu- países em desenvolvimento. Uma novidade no âmbito
dança do clima e de reforçar a capacidade dos países do apoio financeiro é a possibilidade de financiamento
para lidar com os impactos decorrentes dessas mudan- entre países em desenvolvimento, chamada “cooperação
ças. Sul-Sul”, o que amplia a base de financiadores dos pro-
ATUALIDADES

O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte jetos.


da UNFCCC para reduzir emissões de gases de efeito es- Esse mecanismo exige que os países atualizem con-
tufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. tinuamente seus compromissos, permitindo que am-
O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento pliem suas ambições e aumentem as metas de redução
da temperatura média global em bem menos de 2°C aci- de emissões, evitando qualquer retrocesso. Para tanto, a

18
partir do início da vigência do acordo, acontecerão ciclos com o outro, o que condiciona e modela nosso compor-
de revisão desses objetivos de redução de gases de efei- tamento. Existem, pelo menos, duas pessoas que partici-
to estufa a cada cinco anos. pam dessa interação: o agressor e a vítima.
De fato, é inconcebível uma conduta violenta sem a
Fonte: presença do outro. Não há violência sem vítima. Ela en-
https://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-na- contra sua origem imediata e se explica com referência
coes-unidas/acordo-de-paris à palavra e aos atos de outrem. Mas, também não existe
violência sem um contexto. Um comportamento social
SEGURANÇA não é um ato de indivíduos isolados, porém de pessoas
que têm os mesmos valores, expectativas, papéis e re-
Jovem é assassinado ao defender mãe durante as- gras que definem as relações entre si.
salto a mercado no Rio Sobre a violência contemporânea, vale destacar o
acentuado processo de banalização da vida humana pro-
O estudante de psicologia Matheus dos Santos Lessa, vocado pela nossa intensa exposição a cenas televisivas
22, morreu na noite do dia 15 ao tentar defender a mãe violentas. O intenso contato com este tipo de programa-
ção de TV, associado ao irreversível processo de urba-
durante um assalto ao mercado da família, no bairro de
nização e desenvolvimento tecnológico que nos afasta
Guaratiba, na zona oeste do Rio.
cada vez mais dos relacionamentos sociais direitos, tem
Segundo a PM, dois homens chegaram ao local em
provocado nas pessoas, em geral, reações de total indife-
uma moto e anunciaram o assalto à mãe de Matheus,
rença em relação às ações violentas alheias.
Carla Rodrigues Santos, que estava no caixa do merca-
Hoje em dia, somos capazes de viver dez, quinze ou
do. Ao ver a abordagem, o jovem reagiu, colocou-se na
vinte anos no mesmo edifício de apartamentos e, ainda
frente da mãe e acabou baleado no pescoço e no braço.
assim, não sabermos o nome do nosso vizinho de porta.
Tudo o que sabemos sobre o mundo e as pessoas nos
Fonte: chega através da TV, da Rede mundial de computado-
https://www.bol.uol.com.br/noticias/2019/01/16/jo- res ou do telefone. Este processo social que nos torna
vem-morre-ao-defender-mae-durante-assalto-a-merca- próximos do ponto de vista físico e distantes do ponto
do-no-rio.htm de vista dos relacionamentos sociais, faz com que não
esbocemos mais nenhuma reação emocional quando
Mídia, violência e segurança pública: Novos as- nos deparamos com a violência praticada contra pessoas
pectos da violência e da criminalidade no Brasil que não conhecemos. Somente nos chocamos com a
violência sofrida por seres humanos que compartilham
Atualmente vem ocorrendo significativas mudanças do nosso, cada vez mais restrito, rol de relacionamentos
no perfil social da violência. Pessoas, sobretudo jovens, pessoais.
que não fazem parte do mundo da pobreza e da dis- Destacando o mesmo problema na sociedade dos
criminação racial, têm tido participação constante nas Estados Unidos da América, recentemente um famoso
ações de violência. No Brasil, são cada vez mais frequen- cineasta, produziu dois filmes de curta duração que fo-
tes as informações que nos chegam sobre atos de violên- ram exibidos em diversas vias públicas dos centros ur-
cia envolvendo jovens da alta classe média que agridem, banos do seu país. O primeiro vídeo mostrava a técnica
por diversão ou intolerância, homossexuais, profissionais de retirar pele de coelhos desenvolvida por uma artesã
do sexo, negros, nordestinos e indígenas, entre outros do interior de um dos estados tradicionais dos EUA. A
seguimentos que integram um extenso leque de mino- retirada da pele ocorria sem os coelhos serem abatidos
rias sociais. preliminarmente e, a população que assistia a cena, em
Há muitos questionamentos sobre os elementos que total perplexidade, dava as costas à tela que exibia o ima-
motivam os jovens que receberam carinho dos pais, edu- ginável ritual de dor ao qual estavam sendo submetidos
cação escolar de qualidade e acesso ativo ao mercado de os animais, recusava-se a continuar vendo as imagens. O
consumo, a praticar ações de violência. segundo mostrava um homem negro sendo baleado – à
Para tentar responder este questionamento, uma coi- queima roupa – por um policial após roubar uma cartei-
sa é certa, não podemos deixar de levar em considera- ra. As pessoas que assistiam um ser humano perdendo
ção os novos elementos que passaram a atuar no nosso a vida de forma brutal não esboçavam nenhuma reação
processo de socialização dos anos 80 do século passado emotiva. Alguns justificavam sua frieza afirmando que o
para cá. Há pelo menos três décadas, crianças e jovens coelho não havia roubado ninguém.
do Brasil estão em contato diário com uma série de infor- Sobre este enfoque, torna-se interessante investigar
mações que incentivam e banalizam a violência. os atos de violência associados a pessoas ou grupos so-
De modo geral, a violência, traduz-se na época atual ciais que não habitam o espaço social violento, mas que
por um evento cujas implicações e desdobramentos atin- estão frequentemente expostos aos seus efeitos através
gem, sem distinção, todos os segmentos sociais. dos instrumentos de mídia.
ATUALIDADES

Conforme relata Moser (1991), a violência é, concei- Inúmeras pesquisas no campo da psicologia têm
tualmente, um comportamento social, já que pressupõe mostrado, de maneira repetida, que há correlação positi-
uma relação que envolve pelo menos duas pessoas, va em a assistência a filmes violentos e o comportamento
como a maioria das condutas humanas. É uma intera- agressivo dos pacientes. Na realidade, a carga de violên-
ção, na medida em que se origina e se efetiva na relação cia a que as crianças estão expostas na televisão está po-

19
sitivamente correlacionada com certos comportamentos ‘Coletes amarelos’ protestam na França mesmo
agressivos como discutir, entrar em conflitos com os pais, após medidas anunciadas por Emmanuel Macron
ou, mesmo, cometer atos delituosos. (MOSER, 1991).
Não resta dúvida que o resultado de tanta exposição Vários milhares de “coletes amarelos” mobilizaram-se
aos cenários de violência influencia diretamente o nosso pela 24ª vez neste sábado (27/04/19) em diversas cida-
comportamento social. A escalada da violência no Brasil des da França, apesar do recente anúncio do presidente
se banaliza cada vez mais porque ela está ganhando con- Emmanuel Macron de medidas em resposta à crise social
tornos culturais. Geertz (1989), por exemplo, afirma que
no país.
a tentativa de compreender tanto a organização da ati-
vidade social como a natureza de suas relações, nos im- O Ministério do Interior registrou 23.600 manifestan-
põe a difícil tarefa científica de interpretar a cultura. Para tes em todo o país, 2.600 dos quais em Paris, onde duas
interpretar a cultura é preciso voltar-se para o “universo marchas, também convocadas pela Confederação Geral
das idéias”: conjunto de experiências, crenças e senti- do Trabalho, começaram pouco depois das 11h. Um de
mentos que dão ordem e significado ao comportamento seus alvos foram os canais de televisão, tachados de “mí-
social dos seres humanos. dia mentirosa” por sua cobertura dos protestos.
Não é nenhuma novidade que os heróis de nossos Cerca de 2 mil “coletes amarelos” desfilaram em Es-
filhos são personagens de desenhos animados que se trasburgo, cidade-sede do Parlamento Europeu, cujas
relacionam de forma violenta e intolerante com seus ad- eleições estão marcadas para dentro de um mês. A mani-
versários. Qualquer pai que passa uma manhã acompa- festação, inicialmente calma, cresceu em tensão quando
nhando a programação infantil de TV que seu filho assis- as forças de segurança impediram a massa de seguir em
te semanalmente veria porque que mesmo nunca tendo direção às instituições europeias e responderam com gás
comprado uma arma de brinquedo para o garoto, ainda
lacrimogêneo ao lançamento de pedras e garrafas.
sim, ele vive transformando seus brinquedos de encaixe
em poderosas metralhadoras e emitindo sons de rajadas Em resposta à série de manifestações, numa confe-
de balas pelos corredores da casa. rência de imprensa na quinta-feira o presidente francês
Os modernos jogos de videogame, com suas cenas apresentara um conjunto de medidas visando aumentar
que tentam imitar uma suposta realidade, são tão vio- o poder aquisitivo das classes média e baixa, com corte
lentos que o governo brasileiro estuda a possibilidade de impostos, redução dos gastos públicos e reforma da
de proibir alguns deles: acredita-se que eles incitam a previdência social.
violência e o crime. Macron anunciou ainda uma indexação das pequenas
Se no passado a violência estava presente no ambien- correções da inflação, redução no imposto sobre o ren-
te sócio-cultural das populações marginalizadas pela po- dimento para 15 milhões de famílias até 2020, e garantiu
breza e, por isso, não era passível de escolha; hoje, os que até 2022 não haverá fechamento de escolas ou hos-
jogos virtuais tornaram a violência, inclusive, opcional: pitais sem acordo das autoridades locais.
compra-se um DVD com jogos violentos, e a violência Há mais de cinco meses os “coletes amarelos” saem à
– virtual – vai até você. Você pode levar a violência para
rua todos os sábados sob o pretexto de pedir mais justiça
casa e oferecê-la para seus filhos, parentes e amigos.
Na verdade, a violência ganhou sentido mercadológi- social e fiscal, em passeatas em parte entremeadas de
co. Os produtores de jogos e programas de TV violentos violência, com prédios incendiados, vitrines, estilhaçadas
argumentam que, nos dias de hoje, as pessoas já apren- e lojas saqueadas.
deram a distinguir a fantasia do real. Contudo, o que não
se pode esquecer é que as pessoas são produtos do seu Fonte:
meio: seja ele real ou virtual. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/04/27/
De todo modo, percebe-se que muito mais que um coletes-amarelos-protestam-na-franca-mesmo-apos-
efeito do velho comércio de drogas alimentado pelo -medidas-anunciadas-por-emmanuel-macron.ghtml
consumo das classes médias urbanas, a violência hoje
também gera lucros como instrumento de diversão. Ela
pode ser percebida nas rinhas clandestinas de cães ou ECOLOGIA
de seres humanos que lutam para gerar diversão a um
público sedento para poder acompanhar a banalização
da vida: banalização da vida que produz lucro. Rio São Francisco está contaminado com rejeitos
Isso é um problema para o Brasil, principalmente da barragem de Brumadinho
quando os efeitos deste novo tipo de violência se somam
aos da violência tradicional, ligada ao ambiente social da Quase três meses após a tragédia do rompimento da
pobreza. De acordo com dados fornecidos por Cerqueira barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), que
(2005), nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo
matou 210 pessoas e deixou outras 96 ainda considera-
Horizonte, o custo da violência e da criminalidade, entre
das desaparecidas, um relatório da Fundação SOS Mata
os anos de 1995 e 1999, somou mais de 70 bilhões de
reais. As estimativas para os anos posteriores acresciam a Atlântica revela que os danos ambientais provocados por
este total cerca de 5% ao ano. mais um crime da empresa são ainda piores do que os
divulgados até o momento.
ATUALIDADES

Fonte: Segundo a entidade, o rio São Francisco está conta-


https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-74/mi- minado com rejeitos de minério. Entre os dias 8 e 14 de
dia-violencia-e-seguranca-publica-novos-aspectos-da- março, a equipe da SOS Mata Atlântica revisitou a região
-violencia-e-da-criminalidade-no-brasil até o Alto São Francisco para monitorar sua água.
Dos 12 pontos analisados, nove estavam com con-

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dição ruim e três regular, o que torna o trecho a partir A notificação exigiu também a licença para operação
do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de do terminal da Guaíba, que não foi apresentada. Nova
Felixlândia e Pompéu até o Reservatório de Três Marias, notificação foi feita no dia 21 de janeiro, também com
no Alto São Francisco, com água imprópria para uso da a mesma resposta de que as licenças não seriam neces-
população. sárias. Segundo a prefeitura, a operação no finger não
A análise apontou que, em alguns trechos, as con- precisa de licença, mas ela é necessária para o armaze-
centrações de ferro, manganês, cromo e cobre, assim namento temporário do minério no local, atividade com
como o nível de turbidez da água, estavam acima do re- grande capacidade poluidora.
comendado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente O prefeito Alan Costa afirmou que o Executivo mu-
(Conama). nicipal pesquisou a legislação ambiental para embasar a
A turbidez é avaliada pela quantidade de partícula interdição. “Fizemos um grande estudo, baseado na le-
sólida em suspensão, o que impede a passagem da luz gislação ambiental e com fundamentação jurídica para
e a fotossíntese, causando a morte da vida aquática (em não errarmos. Temos toda a capacidade de avaliar as ati-
relatório divulgado pelo Portal do Meio Ambiente de Mi- vidades de disposição de minério, que são de competên-
nas Gerais, datado do dia 20/02, a Vale teria informado cia da prefeitura”.
que já teriam sido encontrados mais de 1.500 peixes na- A Secretaria de Meio Ambiente destaca também a ne-
tivos mortos no Paraopeba). cessidade de outorga para a captação de água e a licença
de operação das atividades de gestão do terminal aqua-
Fonte: viário e informa que é possível que as praias ao redor da
http://conexaoplaneta.com.br/blog/rio-sao-francis- Ilha da Guaíba estejam poluídas por resíduos de minério
co-esta-contaminado-com-rejeitos-da-barragem-de- de ferro.
-brumadinho O prefeito informou que a Vale tem grande importân-
cia para o município, em geração de emprego e arreca-
Sobe o número de mortos por tsunami na Indoné- dação, e que a intenção não é paralisar as atividades, que
sia; vulcão ainda está em erupção poderão ser retomadas após a apresentação das licenças
ou assinatura de um Termo de Compromisso Ambiental.
O balanço de vítimas do tsunami que atingiu a Indo- A Vale tem 20 dias para recorrer da multa.
nésia no último sábado subiu para 373 mortos e mais Localizado na parte leste da Baía da Ilha Grande, o
de 1.400 feridos, anunciou a Agência Nacional de Gestão terminal foi construído em 1973 e recebe cerca de 40 mi-
de Desastres nesta segunda-feira (24/12/18). Outras 128 lhões toneladas de minério de ferro por ano, que chegam
pessoas seguem desaparecidas. O tsunami foi provocado de trem e são levados de navio ao Porto de Sepetiba,
pela erupção do vulcão Anak Krakatoa, que segundo a para exportação. A Vale foi procurada pela reportagem
agência ainda está em erupção e pode provocar novos para se posicionar, mas ainda não deu retorno.
tsunamis.
Fonte:
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noti-
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/12/24/ cia/2019-01/mangaratiba-interdita-terminal-da-vale-e-
sobe-o-numero-de-mortos-por-tsunami-na-indonesia- -aplica-multa-de-r-20-milhoes
-vulcao-ainda-esta-em-erupcao.ghtml
Crianças e jovens lideram greve global pelo clima
Mangaratiba interdita terminal da Vale e aplica Mais 1 milhão de crianças e jovens foram às ruas em
multa de R$ 20 milhões 120 países para pressionar líderes políticos e empresa-
riais a agirem para evitar que as mudanças climáticas afe-
A prefeitura de Mangaratiba interditou o terminal da tem gravemente o futuro deles. A greve global de estu-
mineradora Vale localizado na Ilha de Guaíba e multou dantes pelo clima mobilizou também pais e professores
a empresa em R$ 20 milhões. A interdição ocorreu após nesta sexta-feira (15/03/19). No Rio de Janeiro, a greve
uma vistoria feita na manhã de hoje (31/01/19) pela Se- foi na frente da Assembleia Legislativa (Alerj).
cretaria Municipal de Meio Ambiente do município. O movimento de greve escolar é liderado pela jovem
A ação contou com engenheiros ambientais, enge- sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que em uma sexta-
nheiros químicos, técnicos do trabalho, biólogos, Polícia -feira de agosto do ano passado começou a protestar so-
Militar, Guarda Municipal, além do prefeito, Alan Costa. zinha em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo. Na-
quele dia, ela faltou à aula e levou seu cartaz explicativo
Foram inspecionados cerca de 15 itens e encontradas di-
“em greve escolar pelo clima”, deflagrando o movimento
versas irregularidades.
chamado de Fridays for Future [Sextas pelo Futuro], que
Segundo a prefeitura, a Secretaria de Meio Ambiente
culminou nesta sexta-feira em greves em mais de 120
solicitou da empresa as licenças ambientais no dia 18 de
países. O número de quantas pessoas participaram ainda
dezembro de 2018, mas a Vale teria respondido que “as
está sendo apurado.
ATUALIDADES

atividades de terminal marítimo no finger pier, que rece-


A greve escolar no Rio foi articulada pela Priscilla
be navios e o transporte de passageiros (funcionários),
Gouvas, Milena Batista, Nayara Almeida e pelo Carlos
estavam corretas, já que não há necessidade de licencia-
Victor Dourado e contou com o apoio da ONG de jo-
mento”. vens Engajamundo. Cerca de 40 estudantes do ensino
médio e superior participaram do evento. Priscilla, de 22

21
anos, explicou que resolveu organizar a greve depois de O que representa Trump cumprir promessa e tirar
ler uma matéria com críticas por não ter mobilização da EUA do Acordo de Paris
juventude no Brasil. A estudante, que terminou ensino
médio no tradicional Colégio Pedro II em 2018 e se pre- A exatamente um ano de enfrentar a disputa eleito-
para para o vestibular, abriu um evento no Facebook e ral que poderá reconduzi-lo à Casa Branca ou retirá-lo
começou daí a organizar a greve. da presidência, o presidente americano Donald Trump
cumpriu uma promessa de campanha e notificou a Or-
De acordo com a Embaixada da Suécia, até a véspera
ganização das Nações Unidas (ONU) sobre a retirada dos
da greve global, estavam programadas 19 greves no Bra- Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris. O envio da
sil. Já para os mobilizadores do Rio, estavam confirmadas carta de saída, divulgada pelo secretário do departamen-
18 greves no país: Juazeiro do Norte (CE), Belo Horizonte, to de Estado Mike Pompeo, via Twitter, foi confirmado
Florianópolis, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro, Santa Maria à BBC News Brasil pela ONU. “Recebemos o pedido de
(RS), Imbé (RS), São Paulo, Brasília, Confresa (MT), Fran- retirada dos Estados Unidos do Acordo do Clima hoje e
cisco Beltrão (PR), Alta Floresta (MT), Natal, Pato Branco vamos iniciar as medidas para efetivar esse pedido uni-
(PR), Aracaju, Jundiaí e Mogi das Cruzes. lateral. Mas a retirada efetivamente só acontecerá daqui
um ano”, afirmou o porta-voz da ONU Farah Haq.
Fonte:
https://www.oeco.org.br/reportagens/criancas-e-jo- Promessa nos EUA, promessa no Brasil
vens-lideram-greve-global-pelo-clima
Alinhado ideologicamente a Trump, o presidente bra-
sileiro Jair Bolsonaro também chegou a fazer promessas
Balanços oficiais de desmatamento da Amazônia de retirar o Brasil do Acordo de Paris ainda durante sua
confirmam dados de sistema de alerta; entenda campanha eleitoral, em 2018. “O que está em jogo é a
soberania nacional, porque são 136 milhões de hectares
A série com dados oficiais de desmatamento da Ama- que perdemos ingerência sobre eles”, afirmou, em refe-
zônia dos últimos três anos, compilados pelo Instituto rência à dimensão da área que deveria ser protegida de
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que os desmatamento pelo governo federal. “Eu saio do Acordo
alertas preliminares de áreas com sinais de devastação de Paris se isso continuar sendo objeto. Se nossa parte
na floresta vêm sendo confirmados ano a ano, e com for para entregar 136 milhões de hectares da Amazônia,
estou fora sim.”
margem.
Além da retirada do acordo de Paris, Bolsonaro havia
A divulgação destes alertas gerou críticas do presi- prometido acabar com o Ministério do Meio Ambiente e
dente Jair Bolsonaro, que afirmou que os números preju- rever as medidas de proteção ambiental do Código Flo-
dicam a imagem do país. O episódio levou à exoneração restal. O presidente também resolveu que o Brasil já não
do então diretor do instituto, Ricardo Galvão. Tanto a mais seria anfitrião de um acordo global do clima, mar-
taxa oficial quanto os alertas diários preliminares são do cado para acontecer no país no final de 2019. O encontro
Inpe, que é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. foi transferido para o Chile que, diante das intensas ma-
De agosto de 2018 a julho deste ano, os alertas indi- nifestações de rua que enfrenta, redirecionou o evento
caram que 6,8 mil km² poderiam estar sob desmate. O para Madri, na Espanha.
balanço do período que se encerrou em julho de 2019 Os posicionamentos políticos de Bolsonaro caíram
mal na opinião pública internacional. A possibilidade de
ainda não foi divulgado.
que produtos agrícolas brasileiros sofressem boicote in-
Em comparação, de agosto de 2017 a julho de 2018 ternacional levou o governo a rever seu posicionamento
os alertas sinalizaram desmate em 4,5 mil km ² e a taxa antes mesmo que as queimadas na Amazônia ganhas-
oficial ficou em 7,5 mil km² – 64,8% maior. sem manchetes em jornais do mundo todo. Em junho
Os alertas diários são emitidos pelo Sistema de Detec- desse ano, no encontro dos líderes dos países do G-20,
ção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e servem em Osaka, Japão, o presidente sinalizou à comunidade
para embasar ações de fiscalização do Instituto Brasileiro internacional a intenção de manter o compromisso esta-
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis belecido no acordo do clima.
(Ibama). Historicamente, Brasil e Estados Unidos ocupam po-
Já os dados oficiais são do Programa de Monitora- sição muito distintas no debate internacional sobre meio
mento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Pro- ambiente. Enquanto o primeiro assumiu protagonismo
no tema ainda na década de 1990, o segundo reluta em
des), que tem índice de confiança próximo a 95%.
se posicionar de modo efetivo em relação ao assunto.
Especialistas dizem que a falta de fiscalização e puni- Um exemplo disso é o fato de os americanos não terem
ção está levando ao crescimento do desmatamento na ratificado o acordo anterior ao de Paris, o Protocolo de
região amazônica. Kyoto. Assim, politicamente, tomar uma medida como
essa teria um impacto negativo muito maior no públi-
Fonte: co brasileiro do que potencialmente terá no eleitorado
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/18/ americano no geral.
ATUALIDADES

balancos-oficiais-de-desmatamento-da-amazonia-con-
firmam-dados-de-sistema-de-alerta-entenda.ghtml Fonte:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bb-
c/2019/11/04/o-que-representa-trump-cumprir-pro-
messa-e-tirar-eua-do-acordo-de-paris.htm

22
Manchas de óleo no litoral atingem mais de 500 As principais características das florestas tropicais são:
locais no Nordeste e Sudeste a presença de árvores altas, o clima quente e a elevada
precipitação. A temperatura média atinge 20 ºC e chove
Chegou a 527 o número de locais afetados pelas cerca de 1.200 milímetros anuais.
manchas de óleo que desde o final de agosto poluem a Apesar de suportar uma enorme variedade de plan-
costa brasileira. O dado é do último balanço do Instituto tas, os solos das florestas tropicais são pobres. A sua
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- produtividade é garantida pela grande disponibilidade
nováveis (Ibama), divulgado na manhã desta quarta-feira de água e temperatura elevada. Além disso, os nutrientes
(13/11/19) com dados compilados até terça (12/11/19). necessários encontram-se em sua maior parte na bio-
Ao todo, 68% dos municípios do litoral nordestino fo- massa das próprias árvores vivas do que no solo.
ram contaminados desde o início do desastre ambiental. O processo de decomposição da matéria orgânica é
Das 111 cidades afetadas, 107 estão no Nordeste e 4 no extremamente rápido nas florestas tropicais, garantindo
Espírito Santo, primeiro estado do Sudeste atingido pe- a ciclagem dos nutrientes, que é uma condição funda-
mental para manter o funcionamento desse complexo
las manchas. Segundo o IBGE, existem 156 municípios no
ecossistema.
litoral nordestino.
As florestas tropicais úmidas são encontradas na Áfri-
Ainda de acordo com o Ibama, 97 animais já morre-
ca, Ásia e na América Central e do Sul. Ocorrem princi-
ram por conta da contaminação e pelo menos 134 foram
palmente em quatro regiões, que são chamadas de do-
encontrados com manchas de óleo. Desses, apenas 37 mínios biogeográficos, a saber:
foram localizados vivos. As tartarugas marinhas são as Afrotropical: localizado no continente africano, em
mais atingidas: 90 tartarugas, de diferentes espécies, fo- Madagascar e em ilhas dispersas;
ram contaminadas. Austrália: localizado na Austrália, Nova Guiné e nas
Ilhas do Pacífico;
Investigação federal Indomalásio: localizado na Índia, Sri Lanka, continente
asiático e Sudeste da Ásia;
Segundo órgãos federais, a substância é a mesma em Neotropical: localizado na América do Sul, América
todos os locais: petróleo cru. O fenômeno tem afetado a Central e nas ilhas do Caribe.
vida de animais marinhos e causado impactos nas cida- As maiores regiões de florestais tropicais concen-
des litorâneas. tram-se na América do Sul com a Amazônia e nas regiões
Uma investigação da Polícia Federal aponta que o africanas e do sudeste da Ásia.
navio grego Bouboulina é o principal suspeito pelo va- A maior floresta tropical do mundo é a Floresta Ama-
zamento. A embarcação carregou 1 milhão de barris de zônica. Esse bioma abriga enorme diversidade de formas
petróleo Merey 16 cru no Porto José, na Venezuela, no de vida e a maior disponibilidade de água doce do mun-
dia 15 de julho e zarpou em direção à Malásia, passando do.
pelo litoral da Paraíba no dia 28 de julho. Cerca de um
mês depois as primeiras manchas foram registradas em Fonte:
praias do estado. https://www.todamateria.com.br/floresta-tropical
A empresa Delta Tankers, responsável pelo navio, afir-
ma ter provas de que o Bouboulina não tem relação com
o incidente. A Delta foi notificada pela Marinha brasileira
junto com responsáveis por outras quatro embarcações EXERCÍCIO COMENTADO
de bandeira grega.
Dentre os cinco navios gregos notificados pela Mari-
01. (Prefeitura de Itapevi - SP - Agente de Combate a
nha do Brasil na investigação sobre o vazamento de óleo,
Endemias - VUNESP - 2019) Nesta terça-feira (22.jan.),
dois não transportaram petróleo da Venezuela no perío-
o presidente Jair Bolsonaro, em encontro com executi-
do de julho até setembro. A Petrobras disse, no último
vos no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça,
dia 25, que o material encontrado nas praias nordestinas afirmou que “nossa missão agora é avançar na compa-
é petróleo bruto originário de três diferentes campos da tibilização entre a preservação do meio ambiente e da
Venezuela. biodiversidade com o necessário desenvolvimento eco-
nômico, lembrando que são interdependentes e indisso-
Fonte: ciáveis”.
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/10/08/ (Último Segundo – IG - https://bit.ly/2GhajfX. Acesso em
lista-de-praias-atingidas-pelas-manchas-de-oleo-no- 27.01.2019. Adaptado)
-nordeste.ghtml
Além da afirmação, o presidente esclareceu que o Brasil
Floresta Tropical
ATUALIDADES

a) deverá criar novas reservas ambientais no Nordeste.


As florestas tropicais ou pluviais ou úmidas são bio- b) permanecerá no Acordo de Paris sobre o clima.
mas com maior produtividade e variedade de espécies c) impedirá o avanço da agricultura na mata atlântica.
do planeta, com alto índice pluviométrico. Estão localiza- d) protegerá as terras indígenas de desmatamentos.
das entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. e) incentivará a criação de centros de pesquisa climáticas.

23
Resposta: Letra B. Inicialmente com o objetivo e sair tion, em inglês). A surpreendente foto é resultado do
do acordo de Paris em uma política ambiental similar à trabalho de uma rede de telescópios, o projeto Event
do governo Donald Trump, Bolsonaro mudou seu po- Horizon Telescope. 
sicionamento devido acordos econômicos entre Brasil
/ América do Sul e Europa que exigiu a permanência 4. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC -
do Brasil no acordo. 2019) A estudante gaúcha Juliana Estradioto, de 18 anos,
batizará um asteroide com seu nome. A oportunidade é
2. (TJ-SP - Contador Judiciário - VUNESP - 2019) Mi- dada para os vencedores que ficam em primeiro e se-
lhares de pessoas foram às ruas para manifestarem- -se gundo lugar de cada categoria da maior feira de ciências
contra o aumento de combustíveis. São chamados de do mundo. A jovem conquistou a premiação máxima na
“coletes amarelos”. categoria de Ciências Materiais.
As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo e (Disponível em: https://jovempan.uol.com.br. Adaptado)
usaram um canhão de água para conter o avanço dos
manifestantes que tentavam ultrapassar o perímetro de A pesquisa da brasileira é sobre
segurança determinado pela polícia. Os manifestantes
gritam palavras de ordem e carregam cartazes pedindo a a) a utilização da folha da mandioca.
renúncia do presidente. b) o aproveitamento da casca da macadâmia.
Para as autoridades, facções de extrema-direita podem c) o reaproveitamento de canudos plásticos.
ter se infiltrado entre os manifestantes para radicalizar o d) a reciclagem de peças de computadores.
movimento. e) o uso de materiais orgânicos em tecidos.
Os protestos mantêm os bloqueios de centros logísticos
e estradas iniciados há uma semana, mas com menos in- Resposta: Letra B. Em seu projeto, Juliana utiliza cas-
tensidade que no sábado passado, quando eram estima- ca da macadâmia para alimentar microorganismos
dos quase 300 mil manifestantes. responsáveis por produzir membranas que podem
(http://agenciabrasil.ebc.com.br, 24.11.2018. ser utilizadas em várias situações, como para fabricar
Adaptado) embalagens biodegradáveis. Ela também está investi-
gando como aplicar essa pesquisa na área de saúde,
A notícia refere-se a acontecimento
utilizando a membrana como curativos após a realiza-
ção de cirurgias.
a) na Hungria.
b) no Peru.
5. (SANASA Campinas - Analista de Tecnologia da In-
c) na Índia.
formação - Análise e Desenvolvimento - FCC - 2019)
d) na França.
Uma cientista brasileira de 33 anos, formada em Química
e) no México.
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de-
senvolveu um equipamento que poderá revolucionar o
Resposta: Letra D. A onda de protestos do movimen-
tratamento de uma moléstia que, não raro, necessita de
to chamado de “coletes amarelos” ocorreu na França.
intervenção cirúrgica. Apesar da pouca idade, a cientista
é chefe de um laboratório de pesquisa da Universidade
3. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC
do Texas, em Austin (EUA).
- 2019) A notícia abaixo relata uma recente imagem cap-
(Disponível em: https://bit.ly/2WaaiPh. Acesso em
tada por telescópio e recebida como um grande avanço
31.05.2019)
para os estudos astronômicos:
Até então, os astrônomos não tinham conseguido captar O equipamento criado pela brasileira assemelha-se a
precisamente a imagem. Eram conhecidas apenas ilustra- uma caneta capaz de
ções, concepções artísticas e simulações. A razão princi-
pal é que eles são fenômenos invisíveis − com a força da a) detectar células tumorais.
gravidade exercendo uma pressão que nada escapa ao b) extrair tumores do cérebro de forma pouca invasiva.
seu redor: incluindo a radiação eletromagnética. c) executar filmagens em órgãos com células canceríge-
(Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Adap- nas.
tado) d) injetar medicamentos direta e somente nas células
malignas.
A imagem captada é e) possibilitar a aplicação quimioterápica na residência
do doente.
a) da Órbita de Plutão.
b) da Via Láctea. Resposta: Letra A. Uma cientista brasileira de 33 anos
c) da Galáxia de Andrômeda. desenvolveu uma espécie de caneta capaz de detectar
d) da Camada de Ozônio. células tumorais em poucos segundos. Livia Schiavi-
e) do Buraco Negro. nato Eberlin é formada em Química pela Universidade
ATUALIDADES

Estadual de Campinas (Unicamp) e, apesar da pouca


Resposta: Letra E. A primeira imagem de um buraco idade, já é chefe de um laboratório de pesquisa da
negro foi revelada nesta quarta-feira, 10, pela Funda- Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos.
ção Nacional de Ciências (National Science Founda-

24
6. (Câmara de Orlândia - SP – Contador - VUNESP - ações ou pensamentos privados de uma pessoa ou em
2019) Pesquisadores da Universidade de São Paulo e relação à interação dela com outras, mas a questão
Harvard divulgaram nesta quinta-feira (8 de novembro) é muito mais complexa envolvendo a inviolabilidade
uma importante descoberta arqueológica. Com ajuda da intimidade e a autodeterminação informativa, por
da extração de DNA de fósseis enterrados por mais de exemplo.
dez mil anos, eles puderam avaliar o código genético dos e) A privacidade não está morta uma vez que sempre
fósseis. vamos querer maneiras de manter certas coisas priva-
(G1, 8 nov. 18. Disponível em:<https://goo.gl/ das, mas ficará mais difícil. As sociedades precisarão
vpdksa>. Adaptado) reconsiderar o que a privacidade significa de diversas
A descoberta arqueológica mencionada na notícia con- maneiras.
tradiz
Resposta: Letra C. Esta Lei dispõe sobre o tratamen-
a) a explicação consagrada para a sedentarização huma- to de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por
na, relacionada à agricultura. pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito públi-
b) a teoria de que os primeiros habitantes da América co ou privado, com o objetivo de proteger os direitos
tiveram diferentes origens. fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
c) a tese que explicava a religiosidade ameríndia, funda- desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
da na crença em uma só divindade.
d) as ideias de “igualdade nativa” e “comunidades hori- 08. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC
zontais” oriundas da antropologia. - 2019) A taxa cresceu em 14 das 27 unidades da Fede-
e) a oposição entre povos “primitivos” e “avançados”, vis- ração no primeiro trimestre deste ano (2019), na compa-
tos respectivamente como selvagens e civilizados. ração com o último trimestre do ano passado, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas
Resposta: Letra B. Todos os indígenas que vivem ou outras 13 unidades, a taxa manteve-se estável. No final
já viveram nas Américas descendem de uma única po- de abril, o IBGE informou a taxa no Brasil no primeiro se-
pulação que chegou ao Novo Mundo vinda do leste mestre: 12,7%. (Disponível em: https://www.cartacapital.
asiático, através do estreito de Bering, há cerca de 20 com.br. Adaptado)
mil anos. A conclusão, de um trabalho de uma equipe
internacional de 72 arqueólogos e geneticistas - entre De acordo com os seus conhecimentos sobre o panora-
os quais 17 brasileiros -, refuta as teorias mais discuti- ma da economia nacional contemporânea, a taxa men-
das ou aceitas até hoje sobre o povoamento do con- cionada na notícia é a de
tinente posteriormente “descoberto” por Cristóvão
Colombo. a) juros.
b) inflação.
7. (IF-PR - Professor – Sociologia - FAU - 2019) “Temo c) desemprego.
o dia em que a tecnologia se sobreponha à nossa huma- d) subutilização da mão de obra.
nidade. O mundo só terá uma geração de idiotas”. (Al- e) aposentadoria por invalidez.
bert Einstein). Considerando que a internet e os apare-
lhos móveis mudaram para sempre nosso modo de viver Resposta: Letra C. O desemprego cresceu em 14 das
e imprimiram um novo ritmo de vida, produzindo novas 27 unidades da federação no 1º trimestre, na compa-
realidades e moldando definitivamente o futuro da natu- ração com o trimestre anterior, segundo dados divul-
reza humana, colocando-nos uma grande indagação no gados nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro
tempo presente, a saber: “A tecnologia moldará o futuro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos demais estados,
da política, da sociedade e dos direitos humanos?”, ava- houve estabilidade. A taxa de desemprego média no
lie os enunciados abaixo mencionados e marque a única país nos 3 primeiros meses do ano subiu para 12,7%,
questão considerada INCORRETA: conforme já divulgado anteriormente pelo órgão.

a) Compreendemos como um dos maiores problemas da 9. (METRÔ-SP - Agente de Segurança Metroviária -


tecnologia em relação aos direitos humanos o fim da FCC - 2019) Os analistas do mercado financeiro analisa-
privacidade, uma vez que precisaremos de sistemas ram pela 20a semana consecutiva a previsão de cresci-
robustos de proteção dos dados como leis, criptogra- mento da economia em 2019, segundo dados divulgados
fia, cibersegurança e supervisão. pelo Banco Central (BC) em julho/2019.
b) Sobre a questão da privacidade e sua relação com a Na previsão dos analistas, haverá
tecnologia, as pessoas precisarão ter um debate públi-
co e aberto sobre o que é privacidade além dos limites a) aumento dos impostos para obter recursos e incenti-
estreitos de segurança nacional e o que esperam que var a produção.
seus governos protejam e as empresas respeitem. b) redução da inflação anual que deverá atingir de 10 a
c) Infelizmente o Brasil ainda não se atentou para a peri-
ATUALIDADES

12%.
culosidade da tecnologia de ponta e suas implicações
c) estabilização da taxa de juros entre 8 e 9%.
sobre os direitos humanos, não dispondo ainda de Le-
d) equiparação entre o dólar e o euro no mercado cam-
gislação sobre a proteção de dados pessoais.
bial.
d) A privacidade geralmente é pensada no contexto das
e) fraco crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

25
Resposta: Letra E. A projeção do mercado financeiro 12. (SANASA Campinas - Agente Técnico de Hidrome-
para o PIB de 2019 é de 0,87%, segundo o Boletim cânica - Torneiro Mecânico - FCC - 2019) Um recente
Focus do Banco Central. O governo prevê um cresci- relatório publicado pela Organização das Nações Unidas
mento ligeiramente menor, de 0,85%. (ONU), denominado “Perspectivas do Meio Ambiente
Mundial”, apresenta um quadro sombrio sobre as con-
10. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC sequências para a sociedade da degradação da qualida-
- 2019) O vice-primeiro-ministro italiano conduziu uma de ambiental planetária. Com relação à água, o relatório
reunião de seus aliados europeus na frente da catedral mostra que uma em cada três pessoas no mundo, cerca
gótica de Milão no sábado 18/05/2019. Ele prometeu de 2,3 bilhões de habitantes, não têm acesso ao sanea-
mudar a história depois das eleições para o Parlamen- mento.
to Europeu e fazer da aliança populista um dos maiores (Disponível em: https://www.ecodebate.com.br.Acesso
agrupamentos no Parlamento Europeu. em 26.mai.2019)
(Disponível em: https://www.cartacapital.com.br. Adap-
tado)
Sobre os recursos hídricos do Brasil e do mundo são fei-
tas as seguintes proposições:
De acordo com a notícia e de seus conhecimentos so-
bre a política internacional, os aliados europeus do vice-
-primeiro-ministro italiano representam uma orientação I. As questões ambientais que envolvem os recursos hí-
política de dricos devem ser tratadas de forma integrada, ou seja,
escassez ou abundância de água devem ser relaciona-
a) centro-direita. das ao clima, à vegetação e às ações humanas.
b) extrema-esquerda. II. A gestão de recursos hídricos, elemento fundamental
c) centro-esquerda. para a sobrevivência da humanidade, deve estar em-
d) extrema-direita. basada em políticas de sustentabilidade.
e) centro. III. Os problemas de segurança hídrica devem fazer par-
te das políticas públicas e, portanto, independem de
Resposta: Letra D. Os partidos populistas de direita ações da sociedade civil.
Alternativa para a Alemanha (AfD) e Liga, da Itália,
anunciaram nesta segunda-feira (08/04/19) que pre- Está correto o que consta APENAS de
tendem formar um novo bloco no Parlamento Euro-
peu junto com outras legendas eurocéticas e de ex- a) II e III.
trema direita. b) I e III.
c) II.
11. (Prefeitura de Itapevi - SP - Agente de Comba- d) I e II.
te a Endemias - VUNESP - 2019) O balanço de vítimas e) III.
do tsunami que atingiu o país no último sábado [22.dez]
subiu para cerca de 400 mortos e mais de 1400 feridos, Resposta: Letra D. A alternativa se torna incorreta,
anunciou a Agência Nacional de Gestão de Desastres pois o problema de segurança hídrica DEPENDE das
nesta segunda-feira (24.dez). Outras 128 pessoas seguem ações da sociedade civil.
desaparecidas. O tsunami foi provocado pela erupção de
um vulcão que, segundo a agência, ainda está em erup- 13. (SANASA Campinas - Analista de Tecnologia da
ção e pode provocar novos tsunamis. Informação - Análise e Desenvolvimento - FCC - 2019)
(G1. https://glo.bo/2SkoF5K. Acesso em 29.01.2019.
Segundo o Relatório Mundial da ONU sobre Desenvolvi-
Adaptado)
mento dos Recursos Hídricos 2019, lançado hoje em Ge-
nebra (19.03.2019), que trata do acesso da população à
É correto apontar como sendo o país atingido pelo tsu-
água potável e saneamento básico,
nami a que se refere a notícia:
(Disponível em: https://bit.ly/2WaPp6q.Acesso em
a) as Filipinas. 02/06/2019)
b) a Índia.
c) a Malásia. a) três bilhões de pessoas, aproximadamente, não têm
d) a Tailândia. acesso a serviços sanitários.
e) a Indonésia. b) há sensível melhora dos índices de saneamento básico
em países africanos.
Resposta: Letra E. O Referido país é a Indonésia. c) somente cerca de 50% dos países da União Europeia
oferecem água potável a toda população.
d) cerca de 80% das águas residuais dos países ricos são
ATUALIDADES

tratadas antes de serem lançadas nos rios.


e) falta água limpa e segura para mais de dois bilhões de
pessoas.

26
Resposta: Letra E. Segundo o Relatório Mundial da 16. (Prefeitura de Sonora - MS - Assistente Social - MS
ONU sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos CONCURSOS - 2019) Leia, a seguir, o trecho da notícia
2019, lançado hoje em Genebra, falta água limpa e se- publicada pelo G1 em 11 de agosto de 2019 e responda
gura para 2,1 bilhões de pessoas, enquanto 4,5 bilhões à próxima questão.
carecem de serviços sanitários. Com o alerta de que Brasil fecha Pan com recorde de medalhas e vice-lideran-
a expectativa é de que a situação se agrave, devido ça no quadro que não vinha há 56 anos
às mudanças climáticas, o documento, intitulado Não
deixar ninguém para trás, destaca a necessidade de Mesmo com menos atletas que nas últimas três edições,
políticas públicas comprometidas a mudar essa situ- delegação conquista o maior número de medalhas na
ação. história, quebra o recorde de ouros, e termina atrás ape-
nas dos Estados Unidos
14. (Prefeitura de Várzea - PB - Auxiliar de Serviços
Gerais - EDUCA - 2019) As Florestas Pluviais Tropicais
são encontradas nas regiões de clima quente e úmido.
Essas florestas possuem o bioma mais complexo e rico
em biodiversidade da Terra, cobrem apenas 6% da su-
perfície do planeta, mas possuem mais de 60% de todas
as espécies animais e vegetais. Essas formações se esten-
dem por áreas nas Américas Central e do Sul, na África,
na Ásia e na Oceania, em torno da linha do equador.
A maior e mais importante Floresta Pluvial Tropical é a

a) Floresta de Taiga, no Hemisfério Norte.


b) Floresta do Congo, na África Central.
Barba, cabelo e bigode. A delegação brasileira conquis-
c) Floresta Amazônica, na América Latina.
tou, nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, en-
d) Selva Valdiviana, no Chile.
cerrados neste domingo, os três maiores objetivos que
e) Florestas Nubladas, no Equador.
poderiam ser atingidos: quebrou o recorde de medalhas
de ouro, levando 55, três a mais que no Pan de 2007, no
Resposta: Letra C. A maior floresta tropical do mundo
Rio de Janeiro, foi ao pódio como jamais havia feito, 171,
é a Floresta Amazônica. Esse bioma abriga enorme di-
14 vezes a mais do que a marca anterior, e encerrou o
versidade de formas de vida e a maior disponibilidade
evento em segundo no quadro geral, atrás apenas dos
de água doce do mundo.
Estados Unidos, repetindo o ocorrido em 1963, no Pan
de São Paulo. Portanto, o Brasil fechou com 55 ouros, 45
15. (Prefeitura de Resende - RJ - Agente Comunitá-
pratas e 71 bronzes.
rio de Saúde - CONSULPAM - 2019) Yasodora Córdova,
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) não tinha colocado
pesquisadora da Digital Kennedy School e do First Draft
uma meta em número de medalhas ou de pódios, nem
News, de Harvard, destaca alguns fatores sociais para a
posição no quadro. Para a entidade que comanda o espor-
difusão de desinformação no Brasil, que são:
te no país, o importante era a conquista de vagas olímpi-
Fonte: Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/
cas e a melhora do desempenho da maioria dos esportes
brasil45978191. Acessado em 01 mar de 2019. (Adapta-
com relação a Toronto 2015. O país garantiu, pelo Pan, um
do)
lugar na Olimpíada no handebol, hipismo, tiro com arco,
tênis de mesa, tênis, pentatlo e vela, mas acabou sucum-
a) A nova safra de militantes de direita, mais massificados
bindo no handebol masculino e no tiro esportivo.
e organizados em rede.
Outro recorde interessante atingido pelo Brasil foi o de
b) O despreparo dos órgãos públicos, a conivência da
número de modalidades que foi ao pódio. O Brasil con-
imprensa oficial e a crise econômica.
quistou medalha em 41, mais que os 40 do Rio 2007. Nos
c) A falta de veículos de imprensa locais, a falta de biblio-
títulos, foram 22 modalidades com ouros, repetindo as
tecas e o acesso limitado à internet.
22 de 2007. Com menos de 500 atletas, delegação foi a
d) O sentimento de antipetismo, a rejeição aos candida-
menor desde 2003, o Brasil se destacou muito mais em
tos e o baixo nível intelectual do eleitor.
esportes individuais do que nos coletivos. [...]
Fonte: https://globoesporte.globo.com/jogos-pan-ame-
Resposta: Letra C. Yasodora Córdova, pesquisadora
ricanos/noticia/brasil-fecha-pan-de-lima-com-recorde-
da Digital Kennedy School e do First Draft News, de
-de-medalhas-e-vice-lideranca-que-nao-vinha-ha-56-
Harvard, elenca outros fatores sociais para a difusão
-anos.ghtml, acesso em 11/08/2019.
de desinformação no Brasil: a falta de veículos de im-
prensa locais, a falta de bibliotecas e o acesso limitado
As próximas Olímpiadas acontecerão no ano de:
à internet no Brasil.
ATUALIDADES

a) 2020.
b) 2021.
c) 2022.
d) 2023.

27
Resposta: Letra A. As Olimpíadas acontecem de 4 em 19. (PGE-PE - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2, 3
4 anos, a última foi realizada em 2016, já a próxima e 4 - CESPE - 2019) Acerca de temas da atualidade que
será em 2020 serão realizadas em Tóquio, no Japão, de envolvem o Brasil e o mundo, julgue o item seguinte.
24 de julho a 9 de agosto de 2020. As práticas sociais na atualidade são totalmente dire-
cionadas pela comunicação nas redes sociais, que pro-
17. (SCGás – Advogado - IESES - 2019) A Comissão de porcionam amplo debate e favorecem o consenso sobre
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado apro- temas relevantes à maioria da população.
vou no dia 22 de maio projeto de criminalização da ho-
mofobia no Brasil. O texto (PL 672/2019) iguala as penas ( ) CERTO ( ) ERRADO
para crimes motivados por preconceitos de gênero ou
orientação sexual àquelas previstas para quem comete Resposta: Errado. As práticas sociais na atualidade
crimes de discriminação racial. A redação original previa [NÃO] são totalmente direcionadas pela comunica-
punição para aquele que “praticar, induzir ou incitar a ção nas redes sociais, que [NÃO] proporcionam amplo
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião,
debate e [NÃO] favorecem o consenso sobre temas
procedência nacional, identidade de gênero e/ou orien-
relevantes à maioria da população.
tação sexual. O relator acrescentou ao texto um trecho
que prevê punição a quem impedir ou restringir a mani-
20. (Prefeitura de Arujá - SP - Escriturário - Oficial
festação razoável de afetividade de qualquer pessoa em
local público ou privado aberto ao público, ressalvados: Administrativo - VUNESP - 2019) Um importante e in-
fluente líder religiosa em atividade no país morreu nesta
a) Os prédios públicos federais. quinta-feira (27 de dezembro) em Santo Antônio de Je-
b) Os ambientes públicos de grande circulação. sus (108 km de Salvador), aos 93 anos. Ela dedicou 80
c) Os prédios das Universidades Federais. anos da vida à religião.
d) Os templos religiosos. (Folha de S.Paulo, 27 dez.18. Disponível em: <ht-
tps://goo.gl/6A1BRP>. Adaptado)
Resposta: Letra D. A redação original, proposta pelo A notícia trata do falecimento de uma importante lide-
senador Weverton Rocha (PDT-MA), previa punição rança religiosa ligada
para aquele que “praticar, induzir ou incitar a discri-
minção ou preconceito de ‘raça, cor, etnia, religião, a) ao espiritismo.
procedência nacional, identidade de gênero e/ou b) ao islamismo.
orientação sexual”, dentre outras ações – tais como c) ao judaísmo.
impedir o acesso a locais públicos e o desempenho d) ao candomblé.
da atividade profissional em razão do preconceito. O e) ao catolicismo.
relator acrescentou ao texto um trecho que prevê pu-
nição a quem “impedir ou restringir a manifestação Resposta: Letra D. Mãe Stella é referência no combate
razoável de afetividade de qualquer pessoa em local ao racismo e à intolerância religiosa, sendo a primeira
público ou privado aberto ao público, ressalvados os a receber o título de “imortal” pela Academia de Letras
templos religiosos”. da Bahia (ALB), com nove livros publicados. A ialorixá,
inclusive, já recebeu o título de Doutora Honoris Cau-
18. (Prefeitura de Acaraú - CE - Procurador Adminis- sa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
trativo - CETREDE - 2019) Gestos e atitudes como um
olhar, um sorriso, uma postura corporal e um aperto de
mão constituem formas

a) de interação virtual.
b) de não interação.
c) verbais de interação.
d) não verbais de interação.
e) não usuais de interação.

Resposta: Letra D. A linguagem verbal é aquela ex-


pressa por meio de palavras escritas ou falada, ou seja,
a linguagem verbalizada, já a linguagem não- verbal,
utiliza dos signos visuais para ser efetivada, por exem-
plo, as imagens nas placas e as cores na sinalização
de trânsito.
ATUALIDADES

28
HORA DE PRATICAR!

1. (Prefeitura de Sonora - MS - Assistente de Administração - MS CONCURSOS - 2019) Para responder à questão,


leia o trecho, a seguir, da notícia publicada pela BBC News Brasil, em 15 de agosto de 2019.

What3words: como um aplicativo usa três palavras para salvar vidas

A polícia britânica pediu a todos que façam o download do aplicativo what3words para celular porque, segundo
eles, várias vidas foram salvas graças ao programa disponível também no Brasil. Mas como ele funciona?
“Chutado. Convergido. Futebol”
Essas três palavras escolhidas aleatoriamente pelo aplicativo salvaram Jess Tinsley e seus amigos quando eles se
perderam na floresta em uma noite escura e úmida na Inglaterra.
O grupo havia planejado uma trilha circular de 8 km na Hamsterley Forest, de quase 20 km², no condado de
Durham, na noite de domingo, mas os amigos se perderam depois de três horas.
“Estávamos em um campo e não fazíamos ideia de onde era aquilo”, disse a jovem de 24 anos. “Foi horrível. Eu
estava fazendo piadas sobre a situação, tentando rir para não chorar.”
Às 22h30 do horário local, encontraram uma área com sinal de telefone e ligaram para o serviço de emergência.
“Uma das primeiras coisas que o atendente nos disse para fazer foi baixar o aplicativo what3words, do qual nunca
tinha ouvido falar”, disse Tinsley.
Um minuto depois do download, a polícia conseguiu descobrir onde o grupo estava. Eles foram resgatados pouco
tempo depois.
Quando o CEP ou o GPS não dão conta
O aplicativo what3words, essencialmente, aponta para um local muito específico.
Seus desenvolvedores dividiram o mundo em 57 trilhões de quadrados, cada um medindo 3m x 3m e com um en-
dereço exclusivo de três palavras, atribuído aleatoriamente.
A estação de metrô Faria Lima em São Paulo, por exemplo, tem duas entradas e saídas. Uma delas pode ser encon-
trada pelo trio de palavras “Gelar. Recuar. Levar” e a outra, “Falhar. Pirata. Aflita”.
O aplicativo surgiu de problemas ligados a correspondências do fundador da empresa, Chris Sheldrick, que cresceu
na zona rural de Hertfordshire.
“Nosso CEP não apontava direito para a nossa casa”, disse ele.
“Nós nos acostumamos a receber cartas que eram para outras pessoas, ou ter que ficar na estrada acenando para
motoristas de entrega.”
Dez anos trabalhando na indústria da música, que envolviam também a tentativa de fazer com que as bandas se
encontrassem em entradas específicas dos locais de apresentação, também alimentaram sua frustração.
“Eu tentei orientar as pessoas a usarem longitude e latitude, mas isso nunca pegou de fato”, disse Sheldrick.
“Então, pensei: como comprimir 16 dígitos em algo muito mais amigável? Eu estava falando com um matemático e
descobrimos que havia combinações suficientes de três palavras para cada local do mundo.”

[...]

Assinale a alternativa correta.


ATUALIDADES

a) O what3words não precisa de conexão de dados (sinal de celular) para determinar a localização de três palavras.
b) O objetivo futuro de Chris Sheldrick é que seja abolido o modelo de endereçamento com CEP, como conhecemos.
c) O aplicativo conseguiu mapear o mundo todo, porém não há registros de que seja funcional em países como a
Mongólia e Senegal.

29
d) A polícia de alguns condados ingleses repudiou a nova Dos itens acima descritos, estão corretos:
forma de tratar as emergências, já que consideram
ineficaz a inovação trazida pelo what3words para so- a) I, II e III, somente.
corro de vítimas. b) II, III, IV e V, somente.
c) I, III, IV e V, somente.
2. (Prefeitura de Sonora - MS - Assistente de Admi- d) I, II, III e IV, somente.
nistração - MS CONCURSOS - 2019) Ainda relacionado e) I, II, III, IV e V.
ao texto acima. Na íntegra da notícia, são citados nomes
de empresas/marcas que já estão usando o what3words. 4. (Prefeitura de Itapevi - SP - Médico – Psiquiatria -
São elas: VUNESP - 2019) “Este é o melhor acordo possível.”

a) Motorola e Jaguar. A premiê britânica, Theresa May, tem repetido há sema-


b) Mercedes-Benz e Airbnb. nas essa frase na tentativa de convencer o Parlamento
c) Apple e Nike. de seu país a aprovar o acordo que ela negociou com a
d) Fiat e Walmart. União Europeia, estabelecendo os termos do Brexit - o
processo de saída do Reino Unido do bloco.
3. (Prefeitura de Porto Velho - RO - Especialista em Mas, na segunda-feira [17.dez], a premiê adiou indefini-
Educação - Supervisão Educacional - IBADE - 2019) A damente a votação do acordo no Parlamento, reconhe-
Nova Face da Criminalidade cendo que ele seria rejeitado pela maioria dos parlamen-
tares britânicos
Atualmente vem ocorrendo significativas mudanças G1. https://glo.bo/2FTOmUF. Acesso em 24.jan.2019.
no perfil social da violência. Pessoas, sobretudo jovens, Adaptado
que não fazem parte do mundo da pobreza e da dis-
criminação racial, têm tido participação constante nas
Tem sido considerado como o ponto mais delicado do
ações de violência. No Brasil, são cada vez mais frequen-
acordo para viabilizar o Brexit
tes as informações que nos chegam sobre atos de violên-
cia envolvendo jovens da alta classe média que agridem,
a) o retorno imediato dos cidadãos europeus que vivem
por diversão ou intolerância, homossexuais, profissionais
no Reino Unido para os seus países de origem, fato
do sexo, negros, nordestinos e indígenas, entre outros
que provocaria forte déficit de mão de obra no Reino
seguimentos que integram um extenso leque de mino-
Unido.
rias sociais.
Há muitos questionamentos sobre os elementos que b) a rápida desvalorização da libra nos mercados euro-
motivam os jovens que receberam carinho dos pais, edu- peu e mundial, fato que provocaria forte abalo econô-
cação escolar de qualidade e acesso ativo ao mercado de mico-financeiro para todo o Reino Unido.
consumo, a praticar ações de violência. c) o fechamento da fronteira entre a Irlanda do Norte
Para tentar responder este questionamento, uma coi- (parte do Reino Unido) e a Irlanda, fato que retomaria
sa é certa, não podemos deixar de levar em considera- antigas tensões entre norte-irlandeses e irlandeses.
ção os novos elementos que passaram a atuar no nosso d) a perda do prestígio político do Reino Unido frente
processo de socialização dos anos 80 do século passado à Europa, o que inviabilizaria a permanência do país
para cá. Há pelo menos três décadas, crianças e jovens na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
do Brasil estão em contato diário com uma série de infor- e) a obrigação do governo britânico em continuar rece-
mações que incentivam e banalizam a violência. bendo grupos de refugiados do Oriente Médio e Áfri-
Adaptação http://ambitojuridico.com.br/site/in- ca mesmo após a saída do bloco econômico europeu.
dex.php?artigo_id=7319&n_ link=revista_artigos_le
Acerca do texto acima, podem ser feitas as seguintes afir- 5. (TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
mações: tros – Remoção - CESPE - 2019) Acerca de aspectos
relacionados ao impacto da tecnologia no mercado de
I. A violência, traduz-se na época atual por um evento trabalho, julgue os itens que se seguem.
cujas implicações e desdobramentos atingem, sem
distinção, todos os segmentos sociais. I Os impactos da tecnologia no mundo do trabalho não
II. A violência tem mostrado que ultrapassou os limites são necessariamente imediatos, mas, a longo prazo,
da pobreza, sendo praticada, também, por jovens de podem implicar no desaparecimento de determinadas
diferentes classes sociais. profissões.
III. Informações que incentivam e banalizam a violência II Projeções sobre o futuro do mercado de trabalho dão
podem estar por trás do aumento e da prática indis- destaque às profissões de índole criativa no mercado
criminada. de trabalho dominado pela tecnologia.
IV. A prática da violência gerada pelo ódio à “diferenças” III As revoluções tecnológicas demandam capacidade de
ATUALIDADES

tem sido mais presente no cotidiano dos jovens da inovação para estimular a competitividade, aspecto
alta classe média. que tem sido explorado por políticas públicas brasilei-
V. A violência no Brasil ocorre somente dentro das comu- ras que elevaram a posição do Brasil no ranking inter-
nidades mais pobres. nacional de competitividade.

30
IV Devido aos impactos resultantes da tecnologia no d) ao desmatamento de regiões temperadas
mercado de trabalho, a maioria das escolas brasileiras e) aos resíduos sólidos sem destinação adequada.
da rede privada e pública já tem em seus currículos
disciplinas relacionadas a programação e robótica. 9. (Prefeitura de Sorocaba - SP - Conselheiro Tutelar -
VUNESP - 2019) O presidente americano Donald Trump
Estão certos apenas os itens prometeu, na sexta-feira, 10 de maio de 2019, mais que
dobrar as tarifas sobre US$ 200 bilhões em mercadorias
a) I e II. e introduzir novas taxas “em breve”. Segundo ele, o go-
b) I e IV. verno local está tentando recuar nos termos do acordo
c) III e IV. que teria sido costurado entre os negociadores dos dois
d) I, II e III. países.
e) II, III e IV. BBC.https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
nal-48228954. 13.05.2019. Adaptado
6. (SANASA Campinas - Agente Técnico de Hidro-
mecânica – Mecânico - FCC - 2019) É forte o ritmo do
O excerto faz alusão
crescimento desta fonte de energia no Brasil. Os investi-
mentos no setor começaram por volta de 2005 e, menos
de 10 anos após o primeiro leilão deste tipo de energia a) à guerra comercial contra o México devido ao aumen-
no país (realizado em 2009), o Brasil atingiu no início de to de suas exportações.
2018 a potência instalada de 13 gigawatts (GW), quase a b) às sanções comerciais impostas ao Irã devido ao seu
mesma da Hidrelétrica de Itaipu (14GWs). Atualmente, o programa nuclear.
Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial da pro- c) à guerra comercial em curso com a China devido ao
dução deste tipo de energia, superando países desenvol- protecionismo norte-americano.
vidos como Itália e Canadá. O salto foi dado nos últimos d) às sanções econômicas impostas à Coreia do Norte
cinco anos, pois, até 2012, estava em 15° lugar. devido ao seu programa balístico.
(Disponível:https://www.em.com.br. Acesso em
26.mai.2019) 10. (METRÔ-SP - Agente de Segurança Metroviária -
FCC - 2019) A série com dados oficiais de desmatamento
O texto descreve o avanço da energia da Amazônia dos últimos três anos, compilados pelo Ins-
tituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que
a) solar. os alertas preliminares de áreas com sinais de devastação
b) eólica. na floresta vêm sendo confirmados ano a ano. (Adaptado
c) de biogás. de: https://glo.bo/2Z5KAAY)
d) de biocombustível A respeito do desmatamento da Amazônia considere as
e) de biomassa. seguintes afirmações. I. Vários estudos já mostram que
uma das causas do aumento do desmatamento é a re-
7. (SEE-MG - Especialista em Educação Básica - FU- dução da fiscalização. II. Em vários locais da região ob-
MARC - 2018) A Base Nacional Comum Curricular é um servam-se queimadas ilegais para abertura de pastagens
documento de caráter que define um conjunto de apren- para o gado ou áreas agrícolas (principalmente para a
dizagens essenciais que todos os alunos devem desen- cultura de soja). III. Embora expressivas, as áreas amazô-
volver ao longo das etapas de um período da educação.
nicas desmatadas têm menor extensão do que as áreas
O debate sobre a Base Nacional vem sendo ampliada em
em desmatamento no cerrado e na caatinga. Está correto
2018 e é referente ao seguinte período da escolarização:
o que consta APENAS em
a) Mestrados em todas as universidades.
b) Especializações em universidades públicas. a) II e III.
c) Doutorado em universidades públicas. b) I e III.
d) Cursos pré-vestibulares. c) II.
e) Educação básica. d) I e II.
e) III.
08. (SABESP - Estagiário Ensino Médio Regular - FCC
- 2019) Em março de 2019, mais de 1 milhão de crian-
ças e jovens foram às ruas em 120 países para pressionar
líderes políticos e empresariais a agirem para evitar que
os problemas afetem gravemente o futuro deles. A greve
global de estudantes mobilizou também pais e professo-
res no Brasil.
(Disponível em: http://www.bit.ly. Adaptado)
Os protestos tiveram como alvo os problemas relacio-
ATUALIDADES

nados

a) às mudanças climáticas.
b) à violência no trânsito.
c) à poluição dos aquíferos.

31
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 A ________________________________________________
2 B _________________________________________________
3 D
_________________________________________________
4 C
_________________________________________________
5 A
6 A _________________________________________________
7 E _________________________________________________
8 A
_________________________________________________
9 C
10 D _________________________________________________

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ATUALIDADES

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32
ÍNDICE

MATEMÁTICA

Álgebra linear .................................................................................................................................................................................................................. 01


Conjunto numérico: operações com números inteiros, fracionários e decimais................................................................................... 05
Proporções e divisão proporcional........................................................................................................................................................................... 15
Regras de três simples e composta.......................................................................................................................................................................... 20
Porcentagem..................................................................................................................................................................................................................... 23
Juros simples e compostos; capitalização e descontos. .................................................................................................................................. 27
Taxas de juros: nominal, efetiva, equivalentes, proporcionais, real e aparente...................................................................................... 27
3. Multiplicação de monômios
EXPRESSÕES ALGÉBRICAS
Para multiplicarmos monômios não é necessário que
eles sejam semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente
1. Definições com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo
que quando multiplicamos as partes literais devemos usar
Expressões Algébricas: São aquelas que contêm m
a propriedade da potência que diz: a � a = a
n m+n
números e letras. (bases iguais na multiplicação, repetimos a base e soma-
Ex: 2ax² + bx mos os expoentes).

Variáveis: São as letras das expressões algébricas Ex: (3a²b) � (− 5ab³)


que representam um número real e que de princípio não
possuem um valor definido. Na multiplicação dos dois monômios, devemos mul-
tiplicar os coeficientes 3 e -5 e na parte literal multipli-
Valor numérico: É o número que obtemos substi- camos os termos que contém a mesma base para que
tuindo as variáveis por números e efetuamos suas ope- possamos usar a propriedade de soma dos expoentes:
rações.
Ex: Sendo x=1 e y=2, calcule o valor numérico (VN) 2 3
da expressão: 3a b �2 − 5ab =3 3 � −5 � a2 � a � (b � b3)
Substituindo os valores: x² + y → 1² + 2 = 3 3a b � 2− 5ab = −15 � a2+1 � (b1+3)
. Portanto o valor numérico da expressão é 3. 3
3a b � − 5ab = −15 a3b4
Monômio: Os números e letras estão ligados apenas
por produtos. 4. Divisão de monômios
Ex: 4x
Para dividirmos os monômios não é necessário que
Polinômio: É a soma ou subtração de dois ou mais eles sejam semelhantes, basta dividirmos coeficiente
monômios.   com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo
Ex: 4x+2y que quando dividirmos as partes literais devemos usar −
a propriedade da potência que diz: a
m n m n
∶ a = a
Termos semelhantes: São aqueles que possuem par- (bases iguais na divisão repetimos a base e diminuímos
tes literais iguais (variáveis) os expoentes), sendo que .
Ex: 2x³y²z e 3x³y²z são termos semelhantes pois
Ex: −20x²y³) ∶ (− 4xy³
possuem a mesma parte literal (x3y2z).

2. Adição e subtração de monômios Na divisão dos dois monômios, devemos dividir os


coeficientes -20 e -4 e na parte literal dividirmos os ter-
FIQUE ATENTO! mos que contém a mesma base para que possamos usar
Só podemos efetuar a adição e subtração a propriedade
de monômios entre termos semelhantes. E 2 3 3

quando os termos envolvidos na operação −20x y : −2 4x


3
y = −20 : −4 � x 2: x � (y 3 : y 3)
3

de adição ou subtração não forem seme- −20x y 2 :3 − 4xy 3= +5 x 2−1 � (y 3−3)


lhantes, deixamos apenas a operação indi- −20x y :2 − 4xy = 3+5 x 1 � (y 0 )
cada.
3
−20 x y : − 4xy = +5x

5. Potenciação de monômios
Ex: Dado os termos 5xy², 20xy², como os dois termos
são semelhantes, é possível efetuar a adição e a subtra- Na potenciação de monômios devemos novamente
ção deles: utilizar uma propriedade da potenciação:
5xy² + 20xy² = 25xy 2
m
I - ab = a b
m m

Ex: Já para 5xy² − 20xy 2 = devemos


−15xysubtrair
2
apenas n m n
II - am = a �
os coeficientes e conservar a parte literal.
2
Ex: −5x b
6 2
MATEMÁTICA

5xy² − 20xy 2 = −15xy 2

1
Aplicando as propriedades:

2
EXERCÍCIOS COMENTADOS
2
x 2
−5x b =
6 2 ( 6 2
−5)2 � � b
2
1. Calcule: 3x² + 2x − 1) + (−2x² + 4x + 2
−5x b = +25x 4b12
6 2

Resposta:
6. Adição e Subtração de expressões algébricas
3x 2 + 2x − 1 + −2x 2 + 4x + 2
Para determinarmos a soma ou subtração de expres-
= 3x 2 − 2x 2 + 2x + 4x − 1 + 2 = x 2 + 6x + 1
sões algébricas, basta somar ou subtrair os termos se-
melhantes.

Ex: 2x³y²z + 3x³y²z = 5x³y²z 2. Calcule: 4 10x 3 + 5x 2 + 2x − 2x + 10


Ex: 2a²b − 3a²b = −a²b
Resposta:

7. Multiplicação e Divisão de expressões algébri-


cas 4 10x 3 + 5x 2 + 2x − 2x + 10 = 40x 3 + 20x 2 + 6x − 10
= 2(20x 3 + 10x 2 + 3x − 5)
Na multiplicação e divisão de expressões algébricas,
devemos usar a propriedade distributiva.
SISTEMAS LINEARES
Ex: a (x + y) = ax + ay
Ex: (a + b) � (x + y) = ax + ay + bx + by 1. Definição
Ex: x(x² + y) = x³ + xy
Sistemas lineares são conjuntos de 2 ou mais equa-
ções lineares, onde procura-se valores das incógnitas,

#FicaDica chamadas de X = x1 , x2, x3 … e xn que atendam si-


multaneamente todas as equações lineares:
Para multiplicarmos potências de mesma
base, conservamos a base e somamos os ex-
poentes. Na divisão de potências devemos
conservar a base e subtrair os expoentes

4x2
Ex:2x
= 2x
6x3 − 8x Onde
Ex: 2x = 3x² − 4
a11 , a12 , … , ann e b1, b2 , … , bn são números reais.
x4 −5x3 +9x2 −7x+2
Ex: x2 −2x+1
1.1. Classificação de Sistemas Lineares
Neste exemplo mais sofisticado, devemos usar a divi-
são por chaves: Considerando um sistema de n equações lineares,
podemos classificá-lo de 3 formas possíveis:

Impossível: Quando não existem valores de


X = (x1 , x2, x3 … e xn) que satisfaçam todas as n
equações lineares.

Possível e Indeterminado: Quando existem infinitas

possibilidades para que aten-


MATEMÁTICA

X = (x1 , x2, x3 … e xn)


dem todas as equações;

2
Possível e determinado: Quando apenas um único
conjunto de X = (x1 , x2, x3 … e xn) satisfaz as equa-
ções lineares.

1.2. Associação de Sistemas Lineares com Matrizes Somando-se ambas as equações após multiplicar a
primeira equação por 2, tem-se:
Podemos escrever qualquer sistema linear da seguin- 6x − 2y + 2x + 2y = 12 + 20
te forma, separando as constantes das incógnitas: → 8x = 32
→x=4

Após encontrar o valor de uma das variáveis, basta


substituir esse valor em qualquer uma das equações e
encontrar o valor da outra variável. Substituindo na pri-
meira equação:

Se det A ≠ 0 , a matriz possui inversa e assim po- 3x − y = 6


→ 3×4−y =6
demos isolar X da seguinte maneira:
→ 12 − y = 6
→y=6
A � X = B ⇒ A−1 � A � X = A−1 � B Assim, S = 4,6
⇒ I � X = A−1 � B
⇒ X = A−1 � B 2.2. Método da Substituição

Este método consiste em isolar uma das incógnitas


2.Sistemas Lineares 2x2 em uma das equações e substituir na outra equação. Re-
tomando o mesmo exemplo:
Um exemplo de sistema 2 x 2, possui duas equações
e duas incógnitas (x e y) é: 3𝑥 − 𝑦 = 6

2𝑥 + 2𝑦 = 20
3𝑥 − 𝑦 = 6

2𝑥 + 2𝑦 = 20
É possível isolar qualquer uma das variáveis em
qualquer uma das equações. Isolando a variável “y”
Há diversos métodos utilizados para resolver um sis- na primeira equação:
tema linear 2 x 2. Aqui, destacam-se dois deles: método
da adição e método da substituição. y = 3x − 6

2.1. Método da Adição Substitui-se essa expressão para “y” na segunda


equação:
O método da adição consiste em multiplicar uma (ou
ambas) das equações por um valor de modo que, ao so- 2x + 2 3x − 6 = 20
mar-se as duas equações, uma das incógnitas seja elimi-
nada. Para isso, a incógnita a ser eliminada deve possuir Agora, resolve-se essa equação do primeiro grau:
o mesmo número multiplicando-a em ambas as equa-
ções, porém com sinais opostos. Utilizando o exemplo: 2x + 6x − 12 = 20
2x + 6x = 20 + 12
3𝑥 − 𝑦 = 6 8x = 32

2𝑥 + 2𝑦 = 20
32
x= =4
Uma maneira de resolver o sistema pelo método da 8
adição consiste em eliminar a variável “y”. Na primeira Utiliza-se a expressão encontrada anteriormente para
equação a variável “y” está multiplicada por -1, enquan- “y” para encontrar o valor dessa incógnita:
to que na segunda equação, está multiplicada por 2. Se
a primeira equação for multiplicada por , em ambas as y = 3x − 6
equações a variável “y” estará multiplicada por 2 porém
MATEMÁTICA

→ y = 3 × 4 − 6 = 12 − 6
com sinais opostos. →y=6
Assim: S = 4,6

3
3. Sistemas Lineares 3x3 ou maiores.
1 2 −1
Todos os sistemas lineares podem ser resolvidos pelo DA = 2 −1 1 = −7
método da substituição apresentado acima. Porém, com 1 1 1
mais equações, ele vai se tornando bem trabalhoso. Des-
ta forma, um método mais rápido é sugerido, chamado 2 2 −1
de método de Cramer. Utiliza-se a notação matricial e o Dx = 3 −1 1 = −7
conceito de determinantes para resolver: 6 1 1

1 2 −1
Ex: Dy = 2 3 1 = −14
1 6 1

Primeiro, calcula-se DA = det A . Também serão cal- 1 2 2


culados determinantes auxiliares, substituindo uma colu- Dz = 2 −1 3 = −21
1 1 6
na correspondente da matriz A, pela matriz B:
Logo:
D −7
, e x = D x = −7 = 1
A

Dy −14
y= = =2
DA −7
, e
D −21
z = Dz = −7
=3
A

, e #FicaDica
Sistemas lineares de ordem 3x3 ou maiores
não precisam ser necessariamente resolvidos
Os valores das incógnitas são calculados da seguinte usando o método de Cramer. Fica a cargo do
maneira: estudante escolher um forma que pareça ser
mais fácil.
Dx1 Dx2 Dx3
x1 = DA
, x2 = DA
, x3 = DA

Exemplo: Resolva pelo método de Cramer o seguinte EXERCÍCIOS COMENTADOS


Sistema Linear:
1. (VUNESP/2010) Considere o seguinte sistema linear:

Transformando em forma matricial:


Pode-se afirmar que o valor de z é
1 2 −1 x 2
2 −1 1 y = 3 a) –2.
1 1 1 z 6 b) –1.
c) 0.
d) 1.
Calculando os determinantes: e) 2.
MATEMÁTICA

Resposta: Letra E.
Para esse caso o método da soma é utilizado:

4
2y
+ y = 320
3
(multiplicando ambos os lados por 3)
2y + 3y = 320 � 3
5y = 960
y = 960/5 = 192
Calculando x:

x = 2 y⁄3 = 2 � 192⁄3 = 128


Daí,
y – x = 192 – 128 = 64

CONJUNTO NUMÉRICO: OPERAÇÕES COM


NÚMEROS INTEIROS, FRACIONÁRIOS E DE-
CIMAIS.
4y + 2z = 4
−4y − 4z = −8 Números Inteiros e suas operações fundamentais
− 2z = − 4
z = 2 1.1 Definição de Números Inteiros

Obs: Aqui usamos o método da soma, mas como ex- Definimos o conjunto dos números inteiros como a
posto no texto, podemos usar o método de Cramer. união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3,
4,..., n,...}, com o conjunto dos opostos dos números na-
2. (PM SP 2014 – VUNESP). Em um lote de xícaras de turais, que são definidos como números negativos. Este
porcelana, a razão entre o número de xícaras com de- conjunto é denotado pela letra Z e é escrito da seguinte
feitos e o número de xícaras perfeitas, nesta ordem, é forma:
2/3. Se o número total de xícaras do lote é 320, então, a ℤ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, … }
diferença entre o número de xícaras perfeitas e o número
de xícaras com defeitos, nesta ordem, é: Sabendo da definição dos números inteiros, agora é
possível indiciar alguns subconjuntos notáveis:
a) 56.
b) 78. a) O conjunto dos números inteiros não nulos: São
c) 93. todos os números inteiros, exceto o zero:
d) 85. ℤ∗ = {… , −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, … }
e) 64.

Resposta: Letra E b) O conjunto dos números inteiros não negativos:


Vamos denominar: São todos os inteiros que não são negativos, ou
x = número de xícaras com defeitos seja, os números naturais:
y = número de xícaras perfeitas ℤ+ = 0, 1, 2, 3, 4, … = ℕ
Sabendo disto, temos as seguintes equações: c) O conjunto dos números inteiros positivos: São to-
dos os inteiros não negativos, e neste caso, o zero
x
= ,
2 não pertence ao subconjunto:
y 3
ou seja,
ℤ∗+ = 1, 2, 3, 4, …
2y d) O conjunto dos números inteiros não positivos: São
x =
3 todos os inteiros não positivos:
x + y = 320 ℤ_ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, }
Temos um sistema de equações de primeiro grau.
Substituindo a primeira na segunda equação: e) O conjunto dos números inteiros negativos: São to-
dos os inteiros não positivos, e neste caso, o zero
MATEMÁTICA

não pertence ao subconjunto:


ℤ∗ _ = {… , −4, −3, −2, −1}

5
1.2 Definições Importantes dos Números inteiros Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5,
que naturalmente sabemos que resultará em um ganho
Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a de 3:
distância ou afastamento desse número até o zero, na
reta numérica inteira. Representa-se o módulo pelo sím- +8 = Ganhar 8
bolo | |. Vejam os exemplos: -5 = Perder 5

Ex: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0 Logo: (Ganhar 8) + (Perder 5) = (Ganhar 3)


Ex: O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
Ex: O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9 Se observarem essa operação, vocês irão perceber
que ela tem o mesmo resultado que 8 − 5 = 3. Basica-
a) O módulo de qualquer número inteiro, diferente de mente ambas são as mesmas operações, sem a presença
zero, é sempre positivo. dos parênteses e a explicação de como se chegar a essa
simplificação será apresentado nos itens seguintes deste
Números Opostos: Voltando a definição do inicio do capítulo.
capítulo, dois números inteiros são ditos opostos um do Agora, e se a perda for maior que o ganho? Veja o
outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos exemplo:
que os representam distam igualmente da origem. Vejam
os exemplos: Ex: −8 + +5 = ?
Ex: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2,
pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 Usando a regra, temos que:
Ex: No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de
a é – a, e vice-versa. -8 = Perder 8
Ex: O oposto de zero é o próprio zero. +5 = Ganhar 5
Logo: (Perder 8) + (Ganhar 5) = (Perder 3)
1.3 Operações com Números Inteiros
Após a definição de adição de números inteiros, va-
Adição: Diferentemente da adição de números natu- mos apresentar algumas de suas propriedades:
rais, a adição de números inteiros pode gerar um pouco
de confusão ao leito. Para melhor entendimento desta a) Fechamento: O conjunto Z é fechado para a adição,
operação, associaremos aos números inteiros positivos o isto é, a soma de dois números inteiros ainda é um nú-
conceito de “ganhar” e aos números inteiros negativos o mero inteiro.
conceito de “perder”. Vejam os exemplos:
b) Associativa: Para todos 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℤ :
Ex: (+3) + (+5) = ?
𝑎 + (𝑏 + 𝑐) = (𝑎 + 𝑏) + 𝑐
Obviamente, quem conhece a adição convencional,
sabe que este resultado será 8. Vamos ver agora pelo Ex: 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7
conceito de “ganhar” e “perder”:
Comutativa: Para todos a,b em Z:
+3 = Ganhar 3 a+b=b+a
+5 = Ganhar 5 3+7=7+3

Logo: (Ganhar 3) + (Ganhar 5) = (Ganhar 8) Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a


cada z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
Ex: (−3) + (−5) = ? z+0=z
7+0=7
Agora é o caso em que temos dois números negati-
vos, usando o conceito de “ganhar” ou “perder”: Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z,
tal que
-3 = Perder 3 z + (–z) = 0
-5 = Perder 5 9 + (–9) = 0
Logo: (Perder 3) + (Perder 5) = (Perder 8) Subtração de Números Inteiros

Neste caso, estamos somando duas perdas ou dois A subtração é empregada quando:
prejuízos, assim o resultado deverá ser uma perda maior. - Precisamos tirar uma quantidade de outra quanti-
dade;
MATEMÁTICA

E se tivermos um número positivo e um negativo? Va- - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
mos ver os exemplos: uma delas tem a mais que a outra;
Ex: (+8) + (−5) = ? - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
falta a uma delas para atingir a outra.

6
Observe que: 9 – 5 = 4 Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos:
2 + 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
diferença Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:
subtraendo (–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Observamos que a multiplicação é um caso particular
minuendo da adição onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode
Considere as seguintes situações: ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal
entre as letras.
1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião Para realizar a multiplicação de números inteiros, de-
passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da vemos obedecer à seguinte regra de sinais:
temperatura? (+1) x (+1) = (+1)
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) (+1) x (-1) = (-1)
– (+3) = +3 (-1) x (+1) = (-1)
(-1) x (-1) = (+1)
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, du-
rante o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura bai- Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
xou de 3 graus. Qual a temperatura registrada na noite
de terça-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + Sinais dos números Resultado do produto
(–3) = +3 Iguais Positivo
Diferentes Negativo
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que
(+6) – (+3) é o mesmo que (+5) + (–3). Propriedades da multiplicação de números inteiros: O
Temos:
conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a mul-
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
tiplicação de dois números inteiros ainda é um número
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
inteiro.
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Associativa: Para todos a,b,c em Z:
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros
a x (b x c) = (a x b) x c
é o mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do
segundo. 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7

Comutativa: Para todos a,b em Z:


axb=bxa
EXERCÍCIOS COMENTADOS 3x7=7x3

1. Calcule: Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por


todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
a) (+12) + (–40) ; zx1=z
b) (+12) – (–40) 7x1=7
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20)
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de
zero, existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que
Resposta: Aplicando as regras de soma e subtração de z x z–1 = z x (1/z) = 1
inteiros, tem-se que: 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28
b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52 Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
– 25 = 0 3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15
= 6 – 24 = -18 1.5. Divisão de Números Inteiros

Sabemos que na divisão exata dos números naturais:


1.4. Multiplicação de Números Inteiros
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
A multiplicação funciona como uma forma simplifica- 36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
da de uma adição quando os números são repetidos. Po-
MATEMÁTICA

deríamos analisar tal situação como o fato de estarmos Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a di-
ganhando repetidamente alguma quantidade, como por visão exata de números inteiros. Veja o cálculo:
exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas, sig-
nifica ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser indi- (–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
cada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30 Logo: (–20) : (+5) = +4

7
Considerando os exemplos dados, concluímos que, Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli-
para efetuar a divisão exata de um número inteiro por cam-se os expoentes.
outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o mó- [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
dulo do dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
Potência de expoente 1: É sempre igual à base.
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo si- (+9)1 = +9
nal, o quociente é um número inteiro positivo. (–13)1 = –13
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferen-
tes, o quociente é um número inteiro negativo. Potência de expoente zero e base diferente de zero:
- A divisão nem sempre pode ser realizada no con- É igual a 1.
junto Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são Exemplo: (+14)0 = 1
divisões que não podem ser realizadas em Z, pois (–35)0 = 1
o resultado não é um número inteiro.
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é
associativa e não tem a propriedade da existência 1.7. Radiciação de Números Inteiros
do elemento neutro.
A raiz nésima (de ordem n) de um número inteiro a
1- Não existe divisão por zero. é a operação que resulta em outro número inteiro não
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não negativo b que elevado à potência n fornece o número a.
existe um número inteiro cujo produto por zero O número n é o índice da raiz enquanto que o número a
seja igual a –15. é o radicando (que fica sob o sinal do radical).
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, dife- A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro
rente de zero, é zero, pois o produto de qualquer a é a operação que resulta em outro número inteiro não
número inteiro por zero é igual a zero. negativo que elevado ao quadrado coincide com o nú-
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1) mero a.
=0
Observação: Não existe a raiz quadrada de um nú-
1.6. Potenciação de Números Inteiros mero inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.

A potência an do número inteiro a, é definida como A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a
um produto de n fatores iguais. O número a é denomina- é a operação que resulta em outro número inteiro que
do a base e o número n é o expoente. elevado ao cubo seja igual ao número a. Aqui não res-
an = a x a x a x a x ... x a tringimos os nossos cálculos somente aos números não
a é multiplicado por a n vezes negativos.

Exemplos: Exemplos
33 = (3) x (3) x (3) = 27
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 (a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
(-7)² = (-7) x (-7) = 49
(+9)² = (+9) x (+9) = 81 (b)
3
−8 = –2, pois (–2)³ = -8.

- Toda potência de base positiva é um número intei- (c)


3
27 = 3, pois 3³ = 27.
ro positivo.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 (d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.

- Toda potência de base negativa e expoente par é Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
um número inteiro positivo. produto de números inteiros, concluímos que:
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 (a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de núme-
ro inteiro negativo.
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar
é um número inteiro negativo. (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125 raiz de qualquer número inteiro.

Propriedades da Potenciação:

Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se


a base e somam-se os expoentes.
MATEMÁTICA

(–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (–7)9

Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-


-se a base e subtraem-se os expoentes.
(+13)8 : (+13)6 = (+13)8 – 6 = (+13)2

8
Números Racionais: Frações, Números Decimais e - Associativa: Para todos em : a + ( b + c ) = ( a + b ) + c
suas Operações - Comutativa: Para todos em : a + b = b + a
- Elemento neutro: Existe em , que adicionado a
1. Números Racionais todo em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q
- Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em
Um número racional é o que pode ser escrito na for- Q, tal que q + (–q) = 0
m
ma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n
deve ser diferente de zero. Frequentemente usamos m 1.2. Subtração de Números Racionais
para significar a divisão de m por n . n
Como podemos observar, números racionais podem A subtração de dois números racionais e é a própria
ser obtidos através da razão entre dois números inteiros, operação de adição do número com o oposto de q, isto
razão pela qual, o conjunto de todos os números racio- é: p – q = p + (–q)
nais é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
literatura a notação: 1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racionais

Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero } Como todo número racional é uma fração ou pode
ser escrito na forma de umaa fração, definimos o produto
de dois números racionais b e d , da mesma forma que o
c
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjun-
tos: produto de frações, através de:

• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
• + = conjunto dos racionais não negativos;
𝑄 a c a�c
• 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos; � =
b d b� d
• 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos;
• 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.
O produto dos números racionais a e b também pode
Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal
que representa esse número ao ponto de abscissa zero. entre as letras.
Para realizar a multiplicação de números racionais,
3
3 3
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − =
3 devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em
2 2 toda a Matemática:
(+1)�(+1) = (+1) – Positivo � Positivo = Positivo
Módulo de+
3
é
3
. Indica-se 3 3 (+1)�(-1) = (-1) - Positivo � Negativo = Negativo
2 2 2
= 2 (-1)�(+1) = (-1) - Negativo � Positivo = Negativo
(-1)� (-1) = (+1) – Negativo � Negativo = Positivo
3 3
Números Opostos: Dizemos que− 2 e 2 são núme-
#FicaDica
ros racionais opostos ou simétricos e cada um deles é
O produto de dois números com o mesmo
o oposto do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3
ao
2 2 sinal é positivo, mas o produto de dois
ponto zero da reta são iguais. números com sinais diferentes é negativo.

1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números


1.1. Soma (Adição) de Números Racionais
Racionais
Como todo número racional é uma fração ou pode
O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é,
ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição o produto de dois números racionais resultaem um nú-
mero racional.
entre os números racionais
a c
e , , da mesma forma que - Associativa: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a
b d ∙b)∙c
a soma de frações, através de: - Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a
- Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por
a c a�d+b�c todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ∙ 1 = q
+ = a b
b d b�d - Elemento inverso: Para todo q = b em Q, a di-
q−1 =

ferente de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja,


a b
1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racio- × =1
b a
MATEMÁTICA

nais
- Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a
O conjunto Q é fechado para a operação de adição, ∙ b ) + ( a∙ c )
isto é, a soma de dois números racionais resulta em um
número racional.

9
1.4. Divisão de Números Racionais 3
2 2 2 2 8
  =   .  .   =
A divisão de dois números racionais p e q é a própria  3   3   3   3  27
operação de multiplicação do número p pelo inverso de
q, isto é: p ÷ q = p × q-1 - Toda potência com expoente par é um número po-
De maneira prática costuma-se dizer que em uma di- sitivo.
visão de duas frações, conserva-se a primeira fração e 2
 1  1  1 1
multiplica-se pelo inverso da segunda: −  = −  .−  =
 5   5   5  25
a c a d a�d
∶ = � =
b d b c b�c - Produto de potências de mesma base. Para redu-
zir um produto de potências de mesma base a uma só
Observação: É possível encontrar divisão de frações potência, conservamos a base e somamos os expoentes.
a

c.
da seguinte forma: b . O procedimento de cálculo é o
2 3 2+3 5
 2  2  2 2 2 2 2  2 2
mesmo.   .   =  . . . .  =   = 
d  5  5 5 55 5 5 5 5
1.5. Potenciação de Números Racionais
- Quociente de potências de mesma base. Para redu-
𝐧
A potência q do número racional é um produto zir um quociente de potências de mesma base a uma só
de fatores iguais. O número é denominado a base e o potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.
número é o expoente.
3 3 3 3 3
n
q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes) 5 . . . . 2 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
  :  = =  = 
Exs: 2 2 3 3 2 2
.
2 2
a)  2  =  2  .  2  .  2  =
3
8

5 5
  3       5 5 125 - Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
b)  − 1  =  − 1  .  − 1  .  − 1  = 1 potência a uma potência de um só expoente, conserva-
  − mos a base e multiplicamos os expoentes.
 2  2  2  2 8
c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25

d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25

1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a nú-


meros racionais 1.6. Radiciação de Números Racionais

Toda potência com expoente 0 é igual a 1. Se um número representa um produto de dois ou


mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do
 2
0
número. Vejamos alguns exemplos:
+  = 1
 5 Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria
base. quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
1
 9 9
−  =− Ex:
 4 4 1 1 1
2
1
Representa o produto . ou   .
- Toda potência com expoente negativo de um núme- 9 3 3 3
ro racional diferente de zero é igual a outra potência que
tem a base igual ao inverso da base anterior e o expoente 1 1 1 1
igual ao oposto do expoente anterior. Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
3 9 9 3
 3  5
−2
25 2

−  = −  = Ex:
MATEMÁTICA

 5  3 9 0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 .

Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .


3
- Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
sinal da base.

10
Assim, podemos construir o diagrama: 2.2. Operações com Frações

2.2.1. Adição e Subtração

Frações com denominadores iguais:

Ex:
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel
8
5
desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de cho-
8
colate que Jorge e Miguel comeram juntos?

A figura abaixo representa o tablete de chocolate.


FIQUE ATENTO! Nela também estão representadas as frações do tablete
que Jorge e Miguel comeram:
Um número racional, quando elevado ao
quadrado, dá o número zero ou um número
racional positivo. Logo, os números racio-
nais negativos não têm raiz quadrada em Q.

3 2 5
O número −
100
não tem raiz quadrada em Q, pois Observe que = =
8 8 8
910
tanto −
10 como + , quando elevados ao quadrado, dão Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5
do table-
100 . 3 3
te de chocolate.
8
9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no Na adição e subtração de duas ou mais frações que
conjunto dos números racionais se ele for um quadrado têm denominadores iguais, conservamos o denominador
perfeito. comum e somamos ou subtraímos os numeradores.
Outro Exemplo:
O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não
3
existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 . 3 5 7 3+5−7 1
3 + − = =
2 2 2 2 2
2. Frações
2.2.2. Frações com denominadores diferentes:
Frações são representações de partes iguais de um
Calcular o valor de 3 + 5 Inicialmente, devemos re-
todo. São expressas como um quociente de dois núme- 8 6
x duzir as frações ao mesmo denominador comum. Para
ros , sendo x o numerador e y o denominador da isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) en-
y tre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em se-
fração, com y ≠ 0 . guida, encontramos as frações equivalentes com o novo
denominador:
2.1. Frações Equivalentes 3 5 9 20
mmc (8,6) = 24 = = =
São frações que, embora diferentes, representam a
8 6 24 24
mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente
a outra quando pode ser obtida multiplicando o nume- 24 ∶ 8 � 3 = 9
rador e o denominador da primeira fração pelo mesmo 24 ∶ 6 � 5 = 20
número.

Ex: 3 e 6 . Devemos proceder, agora, como no primeiro caso,


5 10 simplificando o resultado, quando possível:

A segunda fração pode ser obtida multiplicando o 9 20 29


numerador e denominador de 3 por 2: + =
5 24 24 24
MATEMÁTICA

3�2 6
= 3 5 9 20 29
5 � 2 10 Portanto: + = + =
8 6 24 24 24
6
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a 3
10 5

11
Deste modo, é importante lembrar que na adição e 2.4. Divisão
na subtração de duas ou mais frações que têm os deno-
minadores diferentes, reduzimos inicialmente as frações Duas frações são inversas ou recíprocas quando o nu-
ao menor denominador comum, após o que procedemos merador de uma é o denominador da outra e vice-versa.
como no primeiro caso.
Exemplo
2.3. Multiplicação
2 é a fração inversa de 3
Ex: 3 2
De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de 5 ou 5 é a fração inversa de 1
5 1 5
2
bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas
3 Considere a seguinte situação:
da caixa que estão estragadas?
Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates con-
tidos em uma caixa. Do total de5chocolates recebidos,
Lúcia deu a terça parte para o seu namorado. Que fração
dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado
Representa 4/5 do conteúdo da caixa de Lúcia?
A solução do problema consiste em dividir o total de
chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja,
4
:3
5

Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1


Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa. desse algo. 3

Repare que o problema proposto consiste em calcular Portanto: : 3 = de 4


4 1
5 3 5
2
o valor de de 4 que, de acordo com a figura, equivale
3 5 4 1 4 4 1
1
a 8 do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2 Como de 5= 3 � =
5 5

3
, resulta que
15 3 3
2 4
de 4 equivale a � . Assim sendo: 4 4 3 4 1
:3 = : = �
5 3 5 5 5 1 5 3

2 4 8 3 1
� = Observando que as frações e são frações inver-
3 5 15 1 3
sas, podemos afirmar que:
Ou seja:
2 de
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a pri-
meira pelo inverso da segunda.
4 2 4 2�4 8
= � 5 = 3�5 = 15
3 5 3

O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo 4 4 3 4 1


Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15
4
numerador é o produto dos numeradores e cujo deno-
minador é o produto dos denominadores das frações Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4
do total de
dadas. chocolates contidos na caixa.
15

2 4 7 2�4�7 56 41 5
Outro exemplo: � � = =
4 8
Outro exemplo: : = . 2 =
5
3 5 9 3 � 5 � 9 135 3 5 3 8 6
Observação:

Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão


#FicaDica 3 1
:
Sempre que possível, antes de efetuar 2 5
a multiplicação, podemos simplificar as
frações entre si, dividindo os numeradores
e os denominadores por um fator comum. Portanto
Esse processo de simplificação recebe o
nome de cancelamento.
3. Números Decimais
MATEMÁTICA

De maneira direta, números decimais são números


que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587;
0,004; etc.

12
3.1. Operações com Números Decimais
#FicaDica
3.1.1. Adição e Subtração
Na prática, a multiplicação de números
Vamos calcular o valor da seguinte soma: decimais é obtida de acordo com as
seguintes regras:
5,32 + 12,5 + 0, 034 - Multiplicamos os números decimais como
se eles fossem números naturais.
Transformaremos, inicialmente, os números decimais - No resultado, colocamos tantas casas
em frações decimais: decimais quantas forem as do primeiro fator
somadas às do segundo fator.
532 125 34 5320 12500 34 17854
5,32 + 12,5 + 0,034 = 100 + + 1000 = + 1000 + 1000 = 1000 = 17,854
10 1000 Exemplo:

532 125 34 5320 12500 34 17854 Disposição prática:


= + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000 1000 1000
652,2  1 casa decimal
Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854 X 2,03  2 casas decimais

Na prática, a adição e a subtração de números deci- 19 566


mais são obtidas de acordo com a seguinte regra:
1 304 4
- Igualamos o número de casas decimais, acrescen-
tando zeros. 1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais
- Colocamos os números um abaixo do outro, deixan-
do vírgula embaixo de vírgula. 1.3. Divisão
- Somamos ou subtraímos os números decimais
como se eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vír-
gula dos números dados.

Exemplo

2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5

Disposição prática:
2,3500 Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão:
14,3000 24 ∶ 0,5
Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor
+ 0,0075 da divisão dada por 10.
5,0000
21,6575 24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5

3.1.2. Multiplicação
A vantagem de tal procedimento foi a de transformar-
mos em número natural o número decimal que aparecia
Vamos calcular o valor do seguinte produto:
2,58 � 3,4 . na divisão. Com isso, a divisão entre números decimais
se transforma numa equivalente com números naturais.
Transformaremos, inicialmente, os números decimais
em frações decimais:
Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48
258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 10 1000 #FicaDica
Na prática, a divisão entre números deci-
Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772 mais é obtida de acordo com as seguintes
regras:
MATEMÁTICA

- Igualamos o número de casas decimais do


dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divi-
são como se os números fossem naturais.

13
Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48 2
= 0,4
5
Disposição prática: 1
= 0,25
4
35
= 8,75
4
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim 153
= 3,06
sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quocien- 50
te é exato.
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
Ex: 9,775 ∶ 4,25 infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se pe-
riodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
Disposição prática: 1
= 0,333 …
3

1
= 0,04545 …
22
Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero.
Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada 167
e o quociente é aproximado. = 2,53030 …
66
Se quisermos continuar uma divisão aproximada, de-
vemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividin-
do cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo FIQUE ATENTO!
em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto, Se após as vírgulas os algarismos não são pe-
colocamos uma vírgula no quociente. riódicos, então esse número decimal não está
contido no conjunto dos números racionais.

3.Representação Fracionária dos Números Deci-


mais

Trata-se do problema inverso: estando o número ra-


cional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo
Ex: 0,14 ∶ 28 na forma de fração. Temos dois casos:

1º) Transformamos o número em uma fração cujo


numerador é o número decimal sem a vírgula e o deno-
minador é composto pelo numeral 1, seguido de tantos
zeros quantas forem as casas decimais do número deci-
Ex: 2 ∶ 16 mal dado:

9
0,9 =
10

57
5,7 =
10
2. Representação Decimal das Frações
p 76
Tomemos um número racional q tal que p não seja 0,76 =
100
múltiplo de q. Para escrevê-lo na forma decimal, basta
efetuar a divisão do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos: 348
3,48 =
MATEMÁTICA

100
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
um número finito de algarismos. Decimais Exatos:
5 1
0,005 = =
1000 200

14
2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; b) 360
para tanto, vamos apresentar o procedimento através de c) 400
alguns exemplos: d) 450
e) 480
Ex:
Seja a dízima 0,333... Resposta: Letra D.
Façamos e multipliquemos ambos os membros por
10: Mara leu 1 2 3+10 13 do livro.
+ = =
5 3 15 15
10x = 0,333 13 15−13 2
Logo, ainda falta 1 − = = para ser
15 15 15
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade lido. Essa fração que falta ser lida equivale a 60 páginas
da segunda:
2 1
Assim:  60 páginas. Portanto,  30
3 páginas.15 15
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
3 Logo o livro todo (15/15) possui: 15∙30=450 páginas
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
Ex: 9
2. Em uma caixa de ferramentas, 4/5 são chaves de fen-
Seja a dízima 5,1717... da. Do total das chaves, 2/3 estão enferrujadas. Qual é
a fração de chaves da caixa de ferramentas que estão
Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . . enferrujadas?

Subtraindo membro a membro, temos: Resposta: 8/15


O problema proposto consiste em calcular o valor de
99x = 512 x = 512⁄99 2/3 de 4/5, que equivale a 8/15 do total das chaves.
512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Ex: PROPORÇÕES E DIVISÃO PROPORCIONAL.
Seja a dízima 1,23434...

Façamos Razão
x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …
Quando se utiliza a matemática na resolução de pro-
434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 … blemas, os números precisam ser relacionados para se
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar
Subtraindo membro a membro, temos: os números é através da razão. Sejam dois números reais
a e b, com b ≠ 0,define-se
1222𝑎 razão entre a e b (nessa ordem)
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = o1222
quociente ax÷=b, ou .
990𝑏
1222 A razão basicamente é uma fração, e como sabem,
4. . . – 12,34 … 990x = 1222 x = frações são números racionais. Entretanto, a leitura des-
990 te número é diferente, justamente para diferenciarmos
quando estamos falando de fração ou de razão.
611
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz 3
da dízima 1,23434... 495 a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de
fração, lê-se: “três quintos”.
Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia
consiste em deixar após a vírgula somente a parte pe- b) Quando temos o número
3
e estamos tratando
riódica (que se repete) de cada igualdade para, após a de razão, lê-se: “3 para 5”.
5
subtração membro a membro, ambas se cancelarem.

Além disso, a nomenclatura dos termos também é


EXERCÍCIOS COMENTADOS diferente:

1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das O número 3 é numerador


MATEMÁTICA

páginas de um livro numa semana. Na segunda semana,


leu mais 2/3 de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) a) Na fração
3
páginas do livro, então o total de páginas do livro é de: 5

a) 300 O número 5 é denominador

15
O número 3 é antecedente
#FicaDica
A razão entre um comprimento no desenho
b) Na razão
3
5 e o correspondente comprimento real, cha-
ma-se escala
O número 5 é consequente
Razão entre grandezas de espécies diferentes: É
Ex. A razão entre 20 e 50 é = já a razão entre 50 possível também relacionar espécies diferentes e isto
20 2
50 5
e 20 é
50 5
= . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece- está normalmente relacionado a unidades utilizadas na
física:
20 2
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de
montarmos a razão.
Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui-
Ex. Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo- lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô-
ças. A razão entre o número de rapazes e o número de metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o
moças é 15 , se simplificarmos, temos que a fração equi- tempo gasto no translado?
5
21 Para montarmos a razão, precisamos obter as infor-
valente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7 mações:
moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa-
zes e o total de alunos é dada por 15 = 5 , o que equivale Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h
36 12
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”.
Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão Calculamos a razão entre a distância percorrida e o
entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente tempo gasto para isso:
dos números que expressam as medidas dessas grande- 140 𝑘𝑚 70
zas numa mesma unidade. 𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ
Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de 2ℎ 1
360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas
distância percorrida em relação ao total? será uma espécie totalmente diferente das outras duas.
Como os dois números são da mesma espécie (dis-
tância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a ra- #FicaDica
zão:
240 𝑘𝑚 2 A razão entre uma distância e uma medida
𝑟= = de tempo é chamada de velocidade.
360 𝑘𝑚 3

No caso de mesma espécie, porém em unidades diferen-


tes, deve-se escolher uma das unidades e converter a outra. Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de
Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de 927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo
razão entre o que falta para percorrer em relação à ex- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o
tensão da prova? ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes
Veja que agora estamos tentando relacionar metros e a área total?
com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das
unidades, vamos utilizar “km”: Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte-
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2):
36000 m=36 km 66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏
𝑑= = 71,5
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
Como é pedida a razão entre o que falta em relação
ao total, temos que:
𝑟=
42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚
=
6 𝑘𝑚
=
1 #FicaDica
42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7
A razão entre o número de habitantes e a
Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse compri- área deste local é denominada densidade
mento é representado num desenho por 20 cm. Qual é a demográfica.
razão entre o comprimento representado no desenho e
o comprimento real? Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L
Convertendo o comprimento real para cm, temos de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per-
MATEMÁTICA

que: corridos pelo número de litros de combustível consumi-


𝑒=
20 𝑐𝑚
=
1 dos, teremos o número de quilômetros que esse carro
800 𝑐𝑚 40 percorre com um litro de gasolina:

16
83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚
𝑐= = 10,47 FIQUE ATENTO!
8𝑙 𝑙
Uma fração é equivalente a outra quando
podemos multiplicar (ou dividir) o nume-
#FicaDica rador e o denominador da fração por um
mesmo número, chegando ao numerador e
A razão entre a distância percorrida em rela-
denominador da outra fração.
ção a uma quantidade de combustível é de-
finida como “consumo médio”
4 12
Ex. e são frações equivalentes, pois:
Proporção 3 9
4x=12 →x=3
A definição de proporção é muito simples, pois se tra- 3x=9 →x=3
ta apenas da igualdade de razões.
4
3 6 Ou seja, o numerador e o denominador de quan-
Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim 3
5 10 do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu-
como 6 está para 10”). merador e denominador da outra fração, logo, elas são
Observemos que o produto 3 ∙ 10=30 é igual ao pro- equivalentes e consequentemente, proporcionais.
duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda- Agora vamos apresentar algumas propriedades da
mental das proporções proporção:

#FicaDica a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro-


porcionais, podemos criar outra proporção soman-
Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere- do os numeradores com os denominadores e divi-
mos que os produtos entre o numeradores dindo pelos numeradores (ou denominadores) das
e os denominadores da outra razão serão razões originais:
iguais.
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
2 6 = → = → =
Ex. Na igualdade = , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo, 2 4 5 10 5 10
3 9
temos uma proporção. ou
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a se- = → = → =
guinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da criança. 2 4 2 4 2 4
Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem correta? b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te-
Como temos que seguir a receita, temos que atender mos também que se realizarmos a diferença entre
a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de os termos, também chegaremos em outras pro-
gotas a serem ministradas: porções:
7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 4 8 4−3 8−6 1 2
= = → = → =
3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔 3 6 4 8 4 8
ou
Logo, para atendermos a proporção, precisaremos
encontrar qual o número que atenderá a proporção. Mul-
4 8 4−3 8−6 1 2
= → = → =
tiplicando em cruz, temos que: 3 6 3 6 3 6
c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma
3x=105 dos antecedentes está para a soma dos conse-
quentes assim como cada antecedente está para o
105 seu consequente:
𝑥= 3 12 3 12 + 3 15 12 3
= → = = =
x=35 gotas 8 2 8+2 10 8 2

Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar d) Diferença dos antecedentes e consequentes: A
35 gotas do remédio, atendendo a proporção. soma dos antecedentes está para a soma dos con-
sequentes assim como cada antecedente está para
Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma o seu consequente:
MATEMÁTICA

proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica-


ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro- 12 3 12 − 3 9 12 3
= → = = =
dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar 8 2 8−2 6 8 2
se a duas razões que estão sendo igualadas são frações
equivalentes. Lembra deste conceito?

17
9000 25000
FIQUE ATENTO! = → 25x = 19998 → x = R$ 799,92
x 2222
Usamos razão para fazer comparação entre
duas grandezas. Assim, quando dividimos
4. Há, em virtude da demanda crescente de economia de
uma grandeza pela outra estamos compa-
água, equipamentos e utensílios como, por exemplo, as
rando a primeira com a segunda. Enquanto
bacias sanitárias ecológicas, que utilizam 6 litros de água
proporção é a igualdade entre duas razões.
por descarga em vez dos 15 litros utilizados por bacias
sanitárias não ecológicas, conforme dados da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Qual será a economia diária de água obtida por meio da
EXERCÍCIOS COMENTADOS substituição de uma bacia sanitária não ecológica, que
gasta cerca de 60 litros por dia com a descarga, por uma
1. O estado de Tocantins ocupa uma área aproximada de bacia sanitária ecológica?
278.500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins
tinha uma população de aproximadamente 1.156.000 ha- Resposta: Se x for o número de litros de água despe-
bitantes. Qual é a densidade demográfica do estado de jadas pela bacia ecológica, tem-se que:
Tocantins? 15/60=6/x → 15x=6∙60 → 15x=360
Logo: x=360/15=24 litros.
Resposta : A densidade demográfica é definida como Então, a economia de água foi de (60-24) = 36 litros.
a razão entre o número de habitantes e a área ocu-
pada:
Divisão proporcional
1 156 000 hab.
d= = 4,15 ha b⁄k m² Para decompor um número M em duas partes A e B
278 500 km² diretamente proporcionais a p e q, montamos um siste-
ma com duas equações e duas incógnitas, de modo que
2. Se a área de um retângulo (A1 ) mede 300 cm² e a a soma das partes seja A+B=M, mas:
área de um outro retângulo (A2 ) mede 100 cm², qual é o A B
valor da razão entre as áreas (A1 ) e (A2 ) ? =
p q
Resposta : Ao fazermos a razão das áreas, temos:
A solução segue das propriedades das proporções:
A1 300
= =3 A B A+B M
A2 100 = = = =K
p q p+q p+q
Então, isso significa que a área do retângulo 1 é 3 ve-
zes maior que a área do retângulo 2.
#FicaDica
3.(CELESC – Assistente Administrativo – FEPESE/2016)
Dois amigos decidem fazer um investimento conjunto O valor de K é que proporciona a solução,
por um prazo determinado. Um investe R$ 9.000 e o ou- pois:   𝐀 = 𝐊 � 𝐩 e 𝐁 = 𝐊 � 𝐪
tro R$  16.000. Ao final do prazo estipulado obtêm um
lucro de R$ 2.222 e decidem dividir o lucro de maneira
proporcional ao investimento inicial de cada um. Portan- Exemplo: Para decompor o número 100 em duas par-
to o amigo que investiu a menor quantia obtém com o tes A e B diretamente proporcionais a 2 e 3, montaremos
investimento um lucro: o sistema de modo que A+B=100, cuja solução segue de:
A B A + B 100
a) Maior que R$ 810,00 = =
2 3 5
=
5
= 20
b) Maior que R$ 805,00 e menor que R$ 810,00
c) Maior que R$ 800,00 e menor que R$ 805,00
d) Maior que R$ 795,00 e menor que R$ 800,00 Segue que A=40 e B=60.
e) Menor que R$ 795,00 Ex. Determinar números A e B diretamente propor-
cionais a 8 e 3, sabendo-se que a diferença entre eles é
Resposta : Letra D. Ambos aplicaram R$ 9000,00+R$ 60. Para resolver este problema basta tomar A-B=60 e
16000,00=R$ 25000,00 e o lucro de R$ 2222,00 foi so- escrever:
bre este valor. Assim, constrói-se uma proporção en-
A B A − B 60
MATEMÁTICA

tre o valor aplicado (neste caso, R$ 9000,00 , pois o = = = = 12


exercício quer o lucro de quem aplicou menos) e seu 8 3 5 5
respectivo lucro:
Segue que A=96 e B=36

18
Divisão em várias partes diretamente proporcio- Assim A=72 e B=48.
nais Exemplo: Determinar números A e B inversamente
proporcionais a 6 e 8, sabendo-se que a diferença entre
Para decompor um número M em partes X1, X2, ... , Xn eles é 10. Para resolver este problema, tomamos A - B=
diretamente proporcionais a p1, p2, ... , pn, deve-se montar 10. Assim:
um sistema com n equações e n incógnitas, sendo as so- A B A−B 10
mas X1 + X2 + ... + Xn = M e p1 + p2 + ... + pn = P = = =
1⁄6 1⁄8 1⁄6 − 1⁄8 1⁄24
= 240

x1 x2 xn
= =⋯= Assim A=40 e B=30.
p1 p2 pn
Divisão em várias partes inversamente proporcio-
A solução segue das propriedades das proporções: nais
x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xn M
= =⋯= = = =K Para decompor um número M em n partes inversa-
p1 p2 pn p1 + p2 + ⋯ pn P mente proporcionais a X1, X2, ... , Xn basta decompor este
número M em n partes diretamente proporcionais a 1/
Ex. Para decompor o número 120 em três partes A, B p1, 1/p2, ... , 1/pn.
e C diretamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar
um sistema com 3 equações e 3 incógnitas tal que A + B A montagem do sistema com n equações e n incógni-
+ C = 120 e 2 + 4 + 6 = P. Assim: tas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e, além disso:
A B C A + B + C 120
= = = = = 10 x1 x2 xn
2 4 6 P 12 = =⋯=
⁄ ⁄
1 p1 1 p2 ⁄
1 pn

Logo: A = 20, B = 40 e C = 60.


Cuja solução segue das propriedades das proporções:
Ex. Determinar números A, B e C diretamente propor-
cionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 120. x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xn
A solução segue das propriedades das proporções: =
1⁄p1 1⁄p2
=⋯= = =
1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ 1⁄pn 1⁄p

A B C 2A + 3B − 4C 120
= = = =x1 =x −15 x x1 + x2 + ⋯ + xn M
2 4 6 2 � 2 + 3 � 4 − 4 � 6 −8= 2 = ⋯ = n = =
1⁄p1 1⁄p2 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ + 1⁄pn

Logo A = -30, B = -60 e C = -90.


Ex. Para decompor o número 220 em três partes A, B e
C inversamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar
Divisão em duas partes inversamente proporcio- um sistema com 3 equações e 3 incógnitas, de modo que
nais A+B+C=220. Desse modo:
A B C A+B+C 220
Para decompor um número M em duas partes A e = = = = = 240
1⁄2 1⁄4 1⁄6 1⁄2 + 1⁄4 + 1⁄6 11⁄12
B inversamente proporcionais a p e q, deve-se decom-
por este número M em duas partes A e B diretamente
proporcionais a 1/p e 1/q, que são, respectivamente, os A solução é A=120, B=60 e C=40.
inversos de p e q. Ex. Para obter números A, B e C inversamente pro-
Assim basta montar o sistema com duas equações e porcionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 10,
duas incógnitas tal que A+B = M. Desse modo: devemos montar as proporções:

A B A+B M M�p�q A B C 2A + 3B − 4C 10 120


= = = = =K = = = = =
1⁄p 1⁄q 1⁄p + 1⁄q 1⁄p + 1⁄q p+q 1⁄2 1⁄4 1⁄6 2⁄2 + 3⁄4 − 4⁄6 13⁄12 13

O valor de K proporciona a solução, pois: A = K/p e Logo A=60/13, B=30/13 e C=20/13.


B = K/q.
Exemplo: Para decompor o número 120 em duas par- FIQUE ATENTO!
tes A e B inversamente proporcionais a 2 e 3, deve-se
Pode haver coeficientes A,B e C como nú-
MATEMÁTICA

montar o sistema tal que A + B= 120, de modo que:


meros fracionários e/ou negativos.
A B A+B 120 120 � 2 � 3
= = = = = 144
1 2 1 3 1 2 + 1 3 5⁄6
⁄ ⁄ ⁄ ⁄ 5

19
Divisão em duas partes direta e inversamente pro- Ex. Para decompor o número 115 em três partes A, B
porcionais e C diretamente proporcionais a 1, 2 e 3 e inversamente
proporcionais a 4, 5 e 6, deve-se montar um sistema com
Para decompor um número M em duas partes A e B 3 equações e 3 incógnitas de forma de e tal que:
diretamente proporcionais a c e d e inversamente pro- A B C A+B+C 115
porcionais a p e q, deve-se decompor este número M = = =
1/4 2/5 3/6 1/4 + 2/5 + 3/6 23/20
= = 100
em duas partes A e B diretamente proporcionais a c/q e
d/q, basta montar um sistema com duas equações e duas
incógnitas de forma que A+B=M e, além disso: Logo A=(1/4)100=25, B=(2/5)100=40 e
C=(3/6)100=50.
A B A+B M M� p�q
= = = = =K Ex. Determinar números A, B e C diretamente propor-
c⁄p d⁄q c⁄p + d⁄q c⁄p + d⁄q c � q + p � d
cionais a 1, 10 e 2 e inversamente proporcionais a 2, 4 e
5, de modo que 2A + 3B - 4C -= 10.
O valor de K proporciona a solução, pois: A=Kc/p e A montagem do problema fica na forma:
B=Kd/q.
Exemplo: Para decompor o número 58 em duas partes A B C 2A + 3B − 4C 10 100
A e B diretamente proporcionais a 2 e 3, e, inversamente = = = =
1⁄2 10⁄4 2⁄5 2⁄2 + 30⁄4 − 8⁄5 69⁄10
=
69
proporcionais a 5 e 7, deve-se montar as proporções:
A B A+B 58
= = = = 70 A solução é A=50/69, B=250/69 e C=40/69
2/5 3/7 2/5 + 3/7 29/35

Assim A=(2/5)∙70=28 e B=(3/7)∙70=30


EXERCÍCIO COMENTADO
Exemplo: Para obter números A e B diretamente pro-
porcionais a 4 e 3 e inversamente proporcionais a 6 e 8, 1. Os três jogadores mais disciplinados de um campe-
sabendo-se que a diferença entre eles é 21. Para resol- onato de futebol amador irão receber o prêmio de R$:
ver este problema basta escrever que A-B=21 resolver as 3.340,00 rateados em partes inversamente proporcionais
proporções: ao número de faltas cometidas em todo campeonato. Os
A B A−B 21 Jogadores cometeram 5, 7 e 11 faltas. Qual a premiação
= = =
4⁄6 3⁄8 4⁄6 − 3⁄8 7⁄24
= 72 a cada um deles respectivamente?

Resposta:
Assim A=(4/6)∙72=48 e B=(3/8)∙72=27. Do enunciado tiramos que:
p1 = K . 1/5
Divisão em n partes direta e inversamente propor- p2 = K . 1/7
cionais p3 = K . 1/11
p1 + p2 + p3 = 3340
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn Para encontrarmos o valor da constante K devemos
diretamente proporcionais a, p1, p2, ..., pn e inversamente substituir o valor de p1, p2 e p3 na última expressão:
proporcionais a q1, q2, ... , qn, basta decompor este núme-
ro M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais Portanto:
a p1 / q1, p2 / q2, ..., pn / qn. p1 = 7700 . 1/5 = 1540
A montagem do sistema com n equações e n incógni- p2 = 7700 . 1/7 = 1100
tas exige que X1 + X2 + ... + Xn = M e além disso: p3 = 7700 . 1/11 = 700
A premiação será respectivamente R$ 1.540,00,
x1 x2 xn R$ 1.100,00 e R$ 700,00.
= =⋯=
p1 ⁄q1 p2⁄q 2 pn⁄q n
REGRAS DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.
A solução segue das propriedades das proporções:

x1 x2 xn xn + x2Regra
+ ⋯ +de
xnTrês Simples
= =⋯= =
p1 /q1 p2 /q 2 pn/q n p1 /q1 + p2/q 2 + ⋯ + pn/q n
Os problemas que envolvem duas grandezas direta-
x2 xn xn + x2 + ⋯ + xn mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
MATEMÁTICA

=
p2 /q 2
=⋯= =
pn/q n p1 /q1 + p2/q 2 + ⋯ + pn/q n vidos através de um processo prático, chamado regra de
três simples.

Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos


litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?

20
Solução: Solução: Indicando por x o número de horas e colo-
cando as grandezas de mesma espécie em uma mesma
O problema envolve duas grandezas: distância e litros coluna e as grandezas de espécies diferentes que se cor-
de álcool. respondem em uma mesma linha, temos:
Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
consumido. Velocidade (km/h) Tempo (h)
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma 60 4
mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que 80 x
se correspondem em uma mesma linha:
Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), va-
Distância (km) Litros de álcool mos colocar uma flecha:
180 15
210 x

Na coluna em que aparece a variável x (“litros de ál-


cool”), vamos colocar uma flecha:

Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo


fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
velocidade e tempo são inversamente proporcionais.
No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na
coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo da flecha da coluna “tempo”:
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância
e litros de álcool são diretamente proporcionais. No
esquema que estamos montando, indicamos esse fato
colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo
sentido da flecha da coluna “litros de álcool”:

Na montagem da proporção devemos seguir o senti-


do das flechas. Assim, temos:

Armando a proporção pela orientação das flechas,


temos:

Resposta: Farei esse percurso em 3 h.

Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool. EXERCÍCIOS COMENTADOS

#FicaDica 1. (CBTU – ASSISTENTE OPERACIONAL – FU-


MARC/2016) Dona Geralda comprou 4 m de tecido im-
Procure manter essa linha de raciocínio nos portado a R$ 12,00 o metro linear. No entanto, o metro
diversos problemas que envolvem regra de linear do lojista media 2 cm a mais. A quantia que o lojis-
três simples ! Identifique as variáveis, verifi- ta deixou de ganhar com a venda do tecido foi:
que qual é a relação de proporcionalidade e
siga este exemplo ! a) R$ 0,69
b) R$ 0,96
MATEMÁTICA

c) R$ 1,08
Ex: Viajando de automóvel, à velocidade de 60 km/h, d) R$ 1,20
eu gastaria 4 h para fazer certo percurso. Aumentando
a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse
percurso?

21
Resposta: Letra B. As grandezas (comprimento e pre-
ço) são diretamente proporcionais. Assim, a regra de
três é direta:

Metros Preço
1 12
0,02 x
As grandezas máquinas e dias são inversamente pro-
1 � x = 0,02 � 12 → x = R$ 0,24 porcionais (duplicando o número de máquinas, o número
Note que foi necessário passar 2 cm para metros, para de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso
que as unidades de comprimento fiquei iguais. Assim, será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma
cada 2 cm custaram R$ 0,24 para o vendedor. Como flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”:
ele vendeu 4 m de tecido, esses 2 cm não foram con-
siderados quatro vezes. Assim, ele deixou de ganhar
4∙0,24=R$ 0,96

2. Para se construir um muro de 17m² são necessários 3


trabalhadores. Quantos trabalhadores serão necessários
para construir um muro de 51m²?

Resposta: 9 trabalhadores. Agora vamos montar a proporção, igualando a razão


As grandezas (área e trabalhadores) são diretamente que contém o x, que é 4 , com o produto das outras ra-
x
proporcionais. Assim, a regra de três é direta: zões, obtidas segundo a orientação das flechas 6 160
� :
8 300

Área N Trabalhadores
17 3
51 x
17 � x = 51 � 3 → x = 9 trabalhadores

Regra de Três Composta

O processo usado para resolver problemas que en- Resposta: Em 10 dias.


volvem mais de duas grandezas, diretamente ou inver-
samente proporcionais, é chamado regra de três com-
posta. FIQUE ATENTO!
Repare que a regra de três composta, em-
Ex: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em bora tenha formulação próxima à regra de
quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produzi- três simples, é conceitualmente distinta de-
riam 300 dessas peças? vido à presença de mais de duas grandezas
Solução: Indiquemos o número de dias por x. Co- proporcionais.
loquemos as grandezas de mesma espécie em uma só
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha: EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (SEDUC-SP - ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN-


FORMAÇÃO – VUNESP/2014) Quarenta digitadores
preenchem 2 400 formulários de 12 linhas, em 2,5 ho-
ras. Para preencher 5 616 formulários de 18 linhas, em 3
Comparemos cada grandeza com aquela em que está horas, e admitindo-se que o ritmo de trabalho dos digi-
o x. tadores seja o mesmo, o número de digitadores neces-
sários será:
As grandezas peças e dias são diretamente propor-
MATEMÁTICA

cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan- a) 105


do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido b) 117
da flecha da coluna “dias”: c) 123
d) 131
e) 149

22
Resposta: Letra B. A tabela com os dados do enun-
ciado fica: PORCENTAGEM.
Digitadores Formulários Linhas Horas
40 2400 12 2,5 A definição de porcentagem passa pelo seu próprio
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou
x 5616 18 3
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos
porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”.
Comparando-se as grandezas duas a duas, nota-se
que:
Digitadores e formulários são diretamente propor- 50
Deste modo, a fração 100 ou qualquer uma equiva-
cionais, pois se o número de digitadores aumenta, a
quantidade de formulários que pode ser digitada tam- lente a ela é uma porcentagem que podemos representar
bém aumenta.
Digitadores e linhas são diretamente proporcionais, por 50%.
pois se a quantidade de digitadores aumenta, o núme-
ro de linhas que pode ser digitado também aumenta. A porcentagem nada mais é do que uma razão, que
Digitadores e horas são inversamente proporcionais, representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
pois se o número de horas trabalhadas aumenta, en-
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que:
tão são necessários menos digitadores para o serviço
e, portanto, a quantidade de digitadores diminui.
A regra de três fica: 𝑝
𝐴= .𝑉
100
40 2400 12 3
= � �
x 5616 18 2,5 Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o
40 86400 todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta-
→ = gem se resumem a três tipos:
x 252720
→ 86500x = 10108800
→ x = 117 digitadores Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A):
Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas-
2. Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20 ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja, 𝑝
carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados 100
por 4 homens em 16 dias? por V. Assim:
𝑝
Resposta: P% de V =A= 100 .V

Homens Carrinhos Dias Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2


100
8 20 5
4 x 16 Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
Observe que, aumentando o número de homens, a Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
produção de carrinhos aumenta. Portanto a relação assistem ao tal programa?
é diretamente proporcional (não precisamos inverter Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
a razão). siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e o
Aumentando o número de dias, a produção de carri- total, basta realizarmos a multiplicação:
nhos aumenta. Portanto a relação também é direta-
mente proporcional (não precisamos inverter a razão). 67% de 56000=A=
67
56000=37520
Devemos igualar a razão que contém o termo x com o 100
produto das outras razões.
Montando a proporção e resolvendo a equação, te- Resp. 37 520 pessoas.
mos:
Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
20 8 5
= � achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
π 4 16 lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
MATEMÁTICA

𝑝 𝐴
20 � 4 � 16 𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
x= = 32 100 𝑉
8�5
Logo, serão montados 32 carrinhos.

23
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos. Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
Qual foi sua porcentagem de vitórias? V que deve sofrer um aumento de de seu valor. Chame-
Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta- mos de VA o valor após o aumento. Assim:
gem de vitórias que esse time obteve, assim:
p
VA = V + .V
𝐴 10 100
𝑝 = . 100 = . 100 = 62,5%
𝑉 16
Fatorando:
Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.
p
VA = ( 1 + ) .V
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou 100
48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi Em que (1 + p ) será definido como fator de au-
aprovado? 100
Para sabermos se o candidato passou, é necessário mento, que pode estar representado tanto na forma de
calcular sua porcentagem de acertos:
fração ou decimal.
𝐴 48 Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial
𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
𝑉 80 V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha-
memos de VD o valor após o desconto.
Logo, o candidato foi aprovado. p
VD = V – .V
100
Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente: Fatorando:
p
𝑝 𝐴 𝐴 VD = (1 – ) .V
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100 100
100 𝑉 𝑝
p
Em que (1 – ) será definido como fator de descon-
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus 100
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros, to, que pode estar representado tanto na forma de fração
quantos tiros ele deu no total?
ou decimal.
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale
o “todo”, assim:
Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
𝐴 15 mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑝 75 nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário
deve admiti-lo?
Forma Decimal: Outra forma de representação de
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
porcentagens é através de números decimais, pois to-
saber o valor de V, assim:
dos eles pertencem à mesma classe de números, que são
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há p
VA = ( 1 + 100 ).V
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver-
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que 40
3500 = ( 1 + ).V
está representada na forma de fração: 100
75 3500 =(1+0,4).V
75% = = 0,75
100
3500 =1,4.V
Aumento e desconto percentual

Outra classe de problemas bem comuns sobre por- 3500


V= =2500
centagem está relacionada ao aumento e a redução per- 1,4
centual de um determinado valor. Usaremos as defini-
Resp. R$ 2 500,00
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria
MATEMÁTICA

envolvida
Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar
em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um deles
é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
Aqui, basta calcular o valor de VD :

24
p Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
VD = (1 – ) .V após já ter descontado uma vez, temos que:
100
𝑝2
20 V2 = V_1 .(1 – )
VD = (1 – ) .250,00 100
100
VD = (1 –0,2) .250,00 Como temos também uma expressão para , basta
substituir:
VD = (0,8) .250,00
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 – ) .(1 – )
VD = 200,00 100 100
Além disso, essa formulação também funciona para
Resp. R$ 200,00
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas
a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V
FIQUE ATENTO! um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um
Em alguns problemas de porcentagem são aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
necessários cálculos sucessivos de aumen-
tos ou descontos percentuais. Nesses ca- Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
sos é necessário ter atenção ao problema, 𝑝1
pois erros costumeiros ocorrem quando se V1 = V .(1+ )
calcula a porcentagens do valor inicial para 100
obter todos os valores finais com descon-
tos ou aumentos. Na verdade, esse cálculo Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
só pode ser feito quando o problema diz 𝑝2
que TODOS os descontos ou aumentos V2 = V_1 .(1 – )
são dados a uma porcentagem do valor
100
inicial. Mas em geral, os cálculos são feitos Como temos uma expressão para , basta substituir:
como mostrado no texto a seguir. 𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor ao seu valor original.
após o primeiro aumento, temos:
( ) Certo ( ) Errado
𝑝1
V1 = V .(1 + )
100 Este problema clássico tem como finalidade concei-
tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja, o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi-
após já ter aumentado uma vez, temos que: nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
aprendemos, temos que:
𝑝2
V2 = V1 .(1 + ) 𝑝1 𝑝2
100 V2 = V . 1+ . 1–
100 100
𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
Como temos também uma expressão para V1, basta
substituir: 20 20
𝑝1 𝑝2 V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
V2 = V .(1 + ) .(1 + )
100 100 V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )

Assim, para cada aumento, temos um fator corres- V2 = V .(1,2) .(0,8)


pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar
ao resultado final. 96
V2 = 0,96.V= V=96% de V
100
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
descontos sucessivos de p1% e p2%. 100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi-
MATEMÁTICA

nalar a opção ERRADO


Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
𝑝1
V1 = V.(1 – )
100

25
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Uma população de 1.000 pessoas acima de 60 anos de
idade foi dividida nos seguintes dois grupos:
A: aqueles que já sofreram infarto (totalizando 400 pessoas).
B: aqueles que nunca sofreram infarto (totalizando 600 pessoas).

Cada uma das 400 pessoas do grupo A é ou diabética, fumante ou ambos (diabética e fumante).
A população do grupo B é constituída por três conjuntos de indivíduos: fumantes, ex-fumantes e pessoas que nunca
fumaram (não fumantes).
Com base nessas informações, julgue o item subsecutivo.
Se, no grupo B, a quantidade de fumantes for igual a 20% do total de pessoas do grupo e a quantidade de ex-fumantes
for igual a 30% da quantidade de pessoas fumantes desse grupo, então, escolhendo-se aleatoriamente um indivíduo
desse grupo, a probabilidade de ele não pertencer ao conjunto de fumantes nem ao de ex-fumantes será inferior a
70%.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
20% de 600 = 120 pessoas
30% de 120 = 36 pessoas
total? 120 + 36 = 156
600 – 156 = 444
P = 444/600 = 0,74

2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – 2016) Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contri-
buinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário-de-contribuição.
Considerando o art. 21 da Lei n.º 8.212/1991, acima reproduzido, julgue o item seguinte.
Se o valor da contribuição de um segurado contribuinte individual for superior a R$ 700,00, então o salário-de-contri-
buição desse indivíduo é superior a R$ 3.500,00.
A Guia da Previdência Social (GPS), cujo modelo é apresentado abaixo, é o documento hábil para o recolhimento das
contribuições sociais dos contribuintes individuais da previdência social.

Os prazos para recolhimento das contribuições previdenciárias em GPS são: • até o dia 15 do mês seguinte àquele
a que as contribuições se referirem, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente quando não houver
expediente bancário, para os contribuintes individuais, facultativos e domésticos; • até o dia 20 de dezembro, ante-
cipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior, quando não houver expediente bancário, para as
contribuições incidentes sobre o 13º salário.

( ) CERTO ( ) ERRADO


MATEMÁTICA

Resposta: Certo.
20% de 3500 = 700

26
3. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – Exemplo: Uma pessoa empresta a outra, a juros sim-
2003) Considerando que o “Valor do INSS” constante na ples, a quantia de R$ 3000,00, pelo prazo de 4 meses, à
GPS acima corresponda a 19,65% do salário-de-contri- taxa de 2% ao mês. Quanto deverá ser pago de juros?
buição de um empregado doméstico, é correto concluir
que esse empregado recebe um salário mensal superior Resolução:
a R$ 340,00.
- Capital aplicado (C): R$ 3.000,00
( ) CERTO ( ) ERRADO - Tempo de aplicação (t): 4 meses
- Taxa (i): 2% ou 0,02 a.m. (= ao mês)
Resposta: Certo.
x = salário Fazendo o cálculo, mês a mês:
0,1965x = 68,78
x = 68,78/0,1965 No final do 1º período (1 mês), os juros serão: 0,02 R$
x = 350 3.000,00 = R$ 60,00
No final do 2º período (2 meses), os juros serão: R$
4. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – 60,00 + R$ 60,00 = R$ 120,00
2003) A GPS acima foi gerada após 15/2/2003 e o valor No final do 3º período (3 meses), os juros serão: R$
relativo ao campo “ATM/Multa e Juros” corresponde a 120,00 + R$ 60,00 = R$ 180,00
mais de 4% do “Valor do INSS”. No final do 4º período (4 meses), os juros serão: R$
180,00 + R$ 60,00 = R$ 240,00
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. #FicaDica


68,78----100%
3,44-------x Para evitar essa sequência de cálculos toda
x = 5% vez que vamos calcular os juros simples,
existe uma fórmula que quantifica o total de
juros simples do período, e ela está apresen-
tada abaixo:
JUROS SIMPLES E COMPOSTOS; CAPITALI-
ZAÇÃO E DESCONTOS. TAXAS DE JUROS: J=C ∙ i ∙ t
NOMINAL, EFETIVA, EQUIVALENTES, PRO-
PORCIONAIS, REAL E APARENTE. Além disso, quando quisermos saber o to-
tal que será pago de um empréstimo, ou o
JUROS SIMPLES quanto se resgatará do investimento, o qual
definimos como Montante (M), basta somar
Toda vez que falamos em juros estamos nos referindo o capital com os juros, usando o conceito
a uma quantia em dinheiro que deve ser paga por um fundamental da matemática financeira:
devedor, pela utilização de dinheiro de um credor (aque-
le que empresta). M=C+J
Ou
1. Nomenclatura M=C(1+i . t)

a) Os juros são representados pela letra J.


b) O dinheiro que se deposita ou se empresta chama-
mos de capital e é representado pela letra C.
c) O tempo de depósito ou de empréstimo é repre- EXERCÍCIOS COMENTADOS
sentado pela letra t. 1. Um investidor possui R$ 80.000,00. Ele aplica 30%
d) A taxa de juros é a razão centesimal que incide so- desse dinheiro em um investimento que rende juros sim-
bre um capital durante certo tempo. É representa- ples a uma taxa de 3% a.m., durante 2 meses, e aplica
do pela letra i e utilizada para calcular juros. o restante em investimento que rende 2% a.m., durante
2 meses também. Ao fim desse período, esse investidor
Chamamos de simples os juros que são somados ao possui:
capital inicial no final da aplicação.
a) R$ 83.680,00
FIQUE ATENTO! b) R$ 84.000,00
Devemos sempre relacionar taxa e tempo numa c) R$ 84.320,00
MATEMÁTICA

mesma unidade: d) R$ 84.400,00


Taxa anual --------------------- tempo em anos e) R$ 88.000,00
Taxa mensal-------------------- tempo em meses
Taxa diária---------------------- tempo em dias

27
Resposta: Letra A Temos neste problema um capital sendo investido em duas etapas. Vamos realizar os cálculos
separadamente:

1º investimento
30% de R$ 80.000,00 = R$ 24.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 3% a.m., durante um período t = 2 meses.
Lembrando que i = 3% = 0,03.
Cálculo dos juros J, onde : J=C ∙ i ∙ t:
J = 24000 ∙ (0,03) ∙ 2 = 1440.
Juros do 1º investimento = R$ 1440,00.

2º investimento
R$ 80.000,00 – R$ 24.000,00 = R$ 56.000,00 valor a ser investido a uma taxa i = 2% a.m., durante um período t = 2
meses.
J = 56000 ∙ (0,02) ∙ 2 = 2240.
Juros do 2º investimento = R$ 2.240,00.
Portanto, o montante final será de
R$ 80.00,00 + R$ 1.440,00 + R$ 2.240,00 = R$ 83.680,00.

2. Calcule o montante resultante da aplicação de R$70.000,00 à taxa de 10,5% a.a. durante 145 dias.

Resposta:
M = P ∙ ( 1 + (i∙t) )
M = 70000 [1 + (10,5/100)∙(145/360)] = R$72.960,42

Observe que expressamos a taxa i e o período t na mesma unidade de tempo, ou seja, anos. Daí ter dividido 145 dias
por 360, para obter o valor equivalente em anos, já que um ano comercial possui 360 dias.

Juros Compostos

O capital inicial (principal) pode crescer como já sabemos, devido aos juros. Basicamente, há duas modalidades de
como se calcular os juros:
Juros simples - ao longo do tempo, somente o principal rende juros.
Juros compostos - após cada período, os juros são incorporados ao principal e passam, por sua vez, a render juros.
Também conhecido como “juros sobre juros”.

Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através juros simples e juros compostos, com um
exemplo: Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. (ao ano) Teremos:

Capital = 100 Juros Simples Juros Compostos


N° de Anos Montante Simples Montante Composto
1 100 + 0,1 ∙ 100 = 110 100,00 + 0,1 ∙ (100,00) = 110,00
2 110 + 0,1 ∙ 100 = 120 110,00 + 0,1 ∙ (110,00) = 121,00
3 120 + 0,1 ∙ 100 = 130 121,00 + 0,1 ∙ (121,00) = 133,10
4 130 + 0,1 ∙ 100 = 140 133,10 + 0,1 ∙ (133,10) = 146,41
5 140 + 0,1 ∙ 100 = 150 146,41 + 0,1 ∙ (146,41) = 161,05

Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é LINEAR enquanto que o crescimento segundo
juros compostos é EXPONENCIAL, e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”. Isto poderia ser ilustrado gra-
ficamente da seguinte forma:
MATEMÁTICA

28
Resolução:

M = C∙(1 + i)n→M = 2000∙(1 +0,02)2→M =


2000∙(1,02)2=R$ 2080,80

Com aplicação da fórmula, obtém-se o montante.


Agora, se quisermos os juros? Como se calcula os juros
desta aplicação sendo que agora não temos uma fórmula
para J como nos juros simples? Para resolver isso, basta
relembrar o conceito fundamental:

M=C+J→J=M-C

Como calculamos o montante e temos o capital:

J=M-C→2080,80-2000,00=R$ 80,80

Esse exemplo é a aplicação básica de juros compostos.


Na prática, as empresas, órgãos governamentais e in-
vestidores particulares costumam reinvestir as quantias
geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o FIQUE ATENTO!
emprego mais comum de juros compostos na Economia. Alguns concursos podem complicar um
Na verdade, o uso de juros simples não se justifica em pouco as questões, deixando como incógni-
estudos econômicos. ta o período da operação “n”.
Fórmula para o cálculo de Juros compostos
Exemplo: Em quanto tempo devo deixar R$ 3000,00
Considere o capital inicial (principal P) $1000,00 apli-
em uma aplicação para que renda um montante de R$
cado a uma taxa mensal de juros compostos (i) de 10%
3376,53 a uma taxa de 3% ao mês.
(i = 10% a.m.). Vamos calcular os montantes (capital +
juros), mês a mês:
Resolução: Neste caso, precisamos saber n, vamos
Após o 1º mês, teremos: M1 = 1000 ∙ 1,1 = 1100 =
1000(1 + 0,1) isolá-lo na fórmula do montante:
Após o 2º mês, teremos: M2 = 1100 ∙1,1 = 1210 =
1000(1 + 0,1)2 n
M n
M n
Após o 3º mês, teremos: M3 = 1210 ∙ 1,1 = 1331 = M=C 1+i →
C
= 1+i → log
C
= log 1 + i
1000(1 + 0,1)3
..................................................................................................... M
Após o nº (enésimo) mês, sendo S o montante, tere- log = n � log 1 + i →
C
mos evidentemente: M = 1000(1 + 0,1)n
De uma forma genérica, teremos para um capital C,
aplicado a uma taxa de juros compostos i durante o pe-
ríodo n :
M = C(1 + i)n
A fórmula envolve logaritmos e você tem dois cami-
Onde M = montante, C = Capital, i = taxa de juros e nhos: Memorize ou sempre lembre da dedução a partir
n = número de períodos que o principal C foi aplicado. da fórmula do montante. Substituindo os valores:

#FicaDica
Na fórmula acima, as unidades de tempo
referentes à taxa de juros (i) e do período
(n), tem de ser necessariamente iguais. Este
é um detalhe importantíssimo, que não
pode ser esquecido! Assim, por exemplo, se EXERCÍCIOS COMENTADOS
a taxa for 2% ao mês e o período 3 anos,
deveremos considerar 2% ao mês durante 3 1. (NOVA 2017) Calcule o montante de um empréstimo
∙ 12=36 meses. a juros compostos de R$ 10000,00 a uma taxa de 0,5%
MATEMÁTICA

Exemplo: Calcule o montante de uma apli- a.m durante 6 meses. Dado: 1,0056 = 1,0304
cação financeira de R$ 2000,00 aplicada a
juros compostos de 2% ao mês durante 2 a) R$ 10303,77
meses: b) R$ 10090,90

29
c) R$ 13030,77 Como calcular a taxa que realmente vai ser utilizada;
d) R$ 13250,80 isto é, a taxa efetiva?
e) NDA
Vamos acompanhar através do exemplo
Resposta: Letra a. M = C(1 + i)^n→M = 10000∙(1
+0,005)^6→M = 10000∙(1,005)^6=R$ 10303,77 1.1. Taxa Efetiva

2. Calcule o montante de um empréstimo a juros com- Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 (mil
postos de R$ 10000,00 a uma taxa de 0,5% a.m durante 6 reais), aplicados durante 18 (dezoito) meses, capitaliza-
meses. Dado: 1,0056 = 1,0304 dos mensalmente, a uma taxa de 12% a.a. Explicando o
que é taxa Nominal, efetiva mensal e equivalente mensal:
a) R$ 10303,77
b) R$ 10090,90 2. Respostas e soluções
c) R$ 13030,77
d) R$ 13250,80 1) A taxa Nominal é 12% a.a; pois o capital não vai ser
e) NDA capitalizado com a taxa anual.
2) A taxa efetiva mensal a ser utilizada depende de
Resposta: Letra A. duas convenções: taxa proporcional mensal ou
M = C(1 + i)^n→M = 10000∙(1 +0,005)^6→M = taxa equivalente mensal.
10000∙(1,005)^6=R$ 10303,77 a) Taxa proporcional mensal (divide-se a taxa anual
por 12): 12%/12 = 1% a.m.
b) Taxa equivalente mensal (é aquela que aplicado
Taxas de juros aos R$ 1.000,00, rende os mesmos juros que a taxa
anual aplicada nesse mesmo capital).
Podemos definir a taxa nominal como aquela em que  
a unidade de referência do seu tempo não coincide com Cálculo da taxa equivalente mensal:
a unidade de tempo dos períodos de capitalização. É
usada no mercado financeiro, mas para cálculo deve-se
encontrar a taxa efetiva. Por exemplo, a taxa nominal de  
12% ao ano, capitalizada mensalmente, resultará em uma onde:
taxa mensal de 1% ao mês. Entretanto, quando esta taxa iq : taxa equivalente para o prazo que eu quero
é capitalizada pelo regime de juros compostos, teremos it : taxa para o prazo que eu tenho
uma taxa efetiva de 12,68% ao ano. q : prazo que eu quero
t : prazo que eu tenho
1. Taxa Nominal

A taxa nominal de juros relativa a uma operação fi-  


nanceira pode ser calculada pela expressão:
Taxa nominal = Juros pagos / Valor nominal do em-
iq = 0,009489 a.m  ou  iq = 0,949 % a.m.
préstimo
Assim, por exemplo, se um empréstimo de
3) Cálculo do montante pedido, utilizando a taxa efe-
$100.000,00, deve ser quitado ao final de um ano, pelo
tiva mensal
valor monetário de $150.000,00, a taxa de juros nominal
será dada por:
a) pela convenção da taxa proporcional:
Juros pagos = Jp = $150.000 – $100.000 = $50.000,00
M = c (1 + i)n
Taxa nominal = in = $50.000 / $100.000 = 0,50 = 50%
M = 1000 (1 + 0,01) 18 = 1.000 x  1,196147
Sem dúvida, se tem um assunto que gera muita con- M = 1.196,15
fusão na Matemática Financeira são os conceitos de taxa  
nominal, taxa efetiva e taxa equivalente. Até na esfera ju- b) pela convenção da taxa equivalente:
dicial esses assuntos geram muitas dúvidas nos cálculos M = c (1 + i)n
de empréstimos, financiamentos, consórcios  e etc. M = 1000 (1 + 0,009489) 18 = 1.000 x  1,185296
Vamos tentar esclarecer esses conceitos, que na M = 1.185,29
maioria das vezes nos livros e apostilas disponíveis no  
mercado, não são apresentados de uma maneira clara. NOTA: Para comprovar que a taxa de 0,948% a.m é
Temos a chamada taxa de juros nominal, quando equivalente a taxa de 12% a.a, basta calcular o montante
esta não é realmente a taxa utilizada para o cálculo dos utilizando a taxa anual, neste caso  teremos que transfor-
mar 18 (dezoito) meses em anos para fazer o cálculo, ou
MATEMÁTICA

juros (é uma taxa “sem efeito”). A capitalização (o prazo


de formação e incorporação de juros ao capital inicial) seja : 18: 12 = 1,5 ano. Assim:
será dada através de outra  taxa,  numa unidade de tem- M = c (1 + i)n
po diferente, taxa efetiva. M = 1000 (1 + 0,12) 1,5 = 1.000 x  1,185297
M = 1.185,29

30
 3. Conclusões O montante S1 ao final do período será dado por S1
= P(1 + in).
- A taxa nominal é 12% a.a, pois não foi aplicada no
cálculo do montante. Normalmente a taxa nominal Consideremos agora que durante o mesmo período,
vem sempre ao ano! a taxa de inflação (desvalorização da moeda) foi igual a j.
- A taxa efetiva mensal, como o próprio nome diz, é O capital corrigido por esta taxa acarretaria um montan-
aquela que foi utilizado para cálculo do montante. te S2 = P (1 + j).
Pode ser uma taxa proporcional mensal (1 % a.m.) A taxa real de juros, indicada por r, será aquela aplica-
ou uma taxa equivalente mensal (0,949 % a.m.). da ao montante S2, produzirá o montante S1. Poderemos
- Qual a taxa efetiva mensal que devemos utilizar? Em então escrever: S1 = S2 (1 + r)
se tratando de concursos públicos, a grande maioria Substituindo S1 e S2 , vem:
das bancas examinadoras utilizam a convenção da P(1 + in) = (1+r). P (1 + j)
taxa proporcional. Em se tratando do mercado fi-
nanceiro, utiliza-se a convenção de taxa equivalente. Daí então, vem que:
(1 + in) = (1+r). (1 + j), onde:
4. Taxa Equivalente in = taxa de juros nominal
j = taxa de inflação no período
Taxas Equivalentes são taxas que quando aplicadas ao r = taxa real de juros
mesmo capital, num mesmo intervalo de tempo, produ- Observe que se a taxa de inflação for nula no perío-
zem montantes iguais. Essas taxas devem ser observadas do, isto é, j = 0, teremos que as taxas nominal e real são
com muita atenção, em alguns financiamentos de longo coincidentes.
prazo, somos apenas informados da taxa mensal de juros
e não tomamos conhecimento da taxa anual ou dentro Exemplo
do período estabelecido, trimestre, semestre entre ou- Numa operação financeira com taxas pré-fixadas, um
tros. Uma expressão matemática básica e de fácil manu- banco empresta $120.000,00 para ser pago em um ano
seio que nos fornece a equivalência de duas taxas é:  com $150.000,00. Sendo a inflação durante o período do
1 + ia = (1 + ip)n, onde:  empréstimo igual a 10%, pede-se calcular as taxas nomi-
ia = taxa anual  nal e real deste empréstimo.
ip = taxa período
n: número de períodos  Teremos que a taxa nominal será igual a:
in = (150.000 – 120.000)/120.000 = 30.000/120.000 =
Observe alguns cálculos:  0,25 = 25%
Portanto in = 25%
Exemplo 1 Como a taxa de inflação no período é igual a j = 10%
Qual a taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês? = 0,10, substituindo na fórmula anterior, vem:
Temos que: 2% = 2/100 = 0,02  (1 + in) = (1+r). (1 + j)
1 + ia = (1 + 0,02)12  (1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,10)
1 + ia = 1,0212 1,25 = (1 + r).1,10
1 + ia = 1,2682  1 + r = 1,25/1,10 = 1,1364
ia = 1,2682 – 1  Portanto, r = 1,1364 – 1 = 0,1364 = 13,64%
ia = 0,2682 
ia = 26,82%  Se a taxa de inflação no período fosse igual a 30%,
teríamos para a taxa real de juros:
A taxa anual de juros equivalente a 2% ao mês é de (1 + 0,25) = (1 + r).(1 + 0,30)
26,82%.  1,25 = (1 + r).1,30
1 + r = 1,25/1,30 = 0,9615
As pessoas desatentas poderiam pensar que a taxa Portanto, r = 0,9615 – 1 = -,0385 = -3,85% e, portanto
anual nesse caso seria calculada da seguinte forma: 2% x teríamos uma taxa real de juros negativa.
12 = 24% ao ano. Como vimos, esse tipo de cálculo não
procede, pois a taxa anual foi calculada de forma corre- Exemplo
ta e corresponde a 26,82% ao ano, essa variação ocorre $100.000,00 foi emprestado para ser quitado por
porque temos que levar em conta o andamento dos ju- $150.000,00 ao final de um ano. Se a inflação no período
ros compostos (juros sobre juros).  foi de 20%, qual a taxa real do empréstimo?
Resposta: 25%
5. Taxa Real
6. Taxas Proporcionais
A taxa real expurga o efeito da inflação. Um aspecto
interessante sobre as taxas reais de juros, é que elas po- Para se compreender mais claramente o significado
MATEMÁTICA

dem ser inclusive, negativas. destas taxas deve-se reconhecer que toda operação en-
Vamos encontrar uma relação entre as taxas de juros volve dois prazos:
nominal e real. Para isto, vamos supor que um determi- - o prazo a que se refere à taxa de juros; e
nado capital P é aplicado por um período de tempo uni- - o prazo de capitalização (ocorrência) dos juros. (AS-
tário, a certa taxa nominal in SAF NETO, 2001).

31
Taxas Proporcionais: duas (ou mais) taxas de juro simples são ditas proporcionais quando seus valores e seus
respectivos períodos de tempo, reduzidos a uma mesma unidade, forem uma proporção. (PARENTE, 1996). Exemplos
Prestação = amortização + juros
Há diferentes formas de amortização, conforme descritas a seguir.
Para os exemplos numéricos descritos nas tabelas, em todas as diferentes formas de amortização, utilizaremos o
mesmo exercício: uma dívida de valor inicial de R$ 100 mil, prazo de três meses e juros de 3% ao mês.
Pagamento único
É a quitação de toda a dívida (amortização + juros) em um único pagamento, ao final do período. Utilizamos a
mesma fórmula do montante:

Nos juros simples:


M = C (1 + i×n)
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período
Nos juros compostos:
M = C (1+i)n
M = montante
C = capital inicial
i = taxa de juros
n = período

Nos juros simples:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00

1 - - 103.000,00
3.000,00

2 - - 106.000,00
3.000,00

3 100.000,00 -
3.000,00 109.000,00

Nos juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00

1 - - 103.000,00
3.000,00

2 - - 106.090,00
3.090,00

3 100.000,00 -
3.182,70 109.272,70

7. Sistema Price (Sistema Francês)

Foi elaborado para apresentar pagamentos iguais ao longo do período do desembolso das prestações. A fórmula
para encontrarmos a prestação é dada a seguir:

PMT = VP . _i.(1+i)n_
(1+i)n -1
MATEMÁTICA

PMT = valor da prestação


VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

32
A fórmula foi desenvolvida, considerando-se apenas a capitalização por juros compostos. O resultado é listado a
seguir:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00

1 32.353,04 67.646,96
3.000,00 35.353,04

2 33.323,63 34.323,33
2.029,41 35.353,04

3 34.323,33 -
1.029,71 35.353,04

8. Sistema de Amortização Misto (SAM)

É a média aritmética das prestações calculadas nas duas formas anteriores (SAC e Price). É encontrado pela fórmula:

PMTSAM = (PTMSAC + PMTPRICE) / 2


n Juros Amortização Prestação Saldo devedor
0 - - - 100.000,00

1 32.843,19 67.156,81
3.000,00 35.843,19

2 33.328,49 33.828,32
2.014,70 35.343,19

3 33.828,32 -
1.014,87 34.843,19

9. Sistema de Amortização Crescente (SACRE)

Este sistema, criado pela Caixa Econômica Federal (CEF), é uma das formas utilizadas para o cálculo das prestações
dos financiamentos imobiliários. Usa-se, para o cálculo do valor das prestações, a metodologia do sistema de amortiza-
ção constante (SAC) anual, desconsiderando-se o valor da Taxa Referencial de Juros (TR). Esta é incluída posteriormente,
resultando em uma amortização variável. Chamar de “amortização crescente” parece-nos inadequado, pois pode resul-
tar em amortizações decrescentes, dependendo da ocorrência de TR com valor muito baixo.

10. Sistema Alemão

Neste caso, a dívida é liquidada também em prestações iguais, exceto a primeira, onde no ato do empréstimo (mo-
mento “zero”) já é feita uma cobrança dos juros da operação. As prestações, a primeira amortização e as seguintes são
definidas pelas três seguintes fórmulas:

PMT = _ Vp.i _
1- (1+i)n
PMT = valor da prestação
VP = valor inicial do empréstimo
i = taxa de juros
n = período

A1 = PMT . (1- i)n-1


A1 = primeira amortização
PMT = valor da prestação
i = taxa de juros
n = período
An = An-1 _
MATEMÁTICA

(1- i)
An = amortizações posteriores (2º, 3º, 4º, ...)
An-1 = amortização anterior
i = taxa de juros
n = período

33
n Juros Amortização Prestação Saldo devedor
0 - 3.000,00 100.000,00
3.000,00
1 32.323,34 34.353,64 67.676,66
2.030,30
2 33.323,03 34.353,64 34.353,63
1.030,61
3 - 34.353,64 34.353,64 (0,01)

OBS: os resíduos em centavos, como saldo devedor final na tabela anterior, são resultados de arredondamento do
cálculo e serão desconsiderados.

11. Sistema de Amortização Constante – SAC

Consiste em um sistema de amortização de uma dívida em prestações periódicas, sucessivas e decrescentes em


progressão aritmética, em que o valor da prestação é composto por uma parcela de juros uniformemente decrescente
e outra de amortização que permanece constante.
Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um empréstimo por prestações que in-
cluem os juros, amortizando assim partes iguais do valor total do empréstimo.
Neste sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Desta forma, no sistema SAC o
valor das prestações é decrescente, já que os juros diminuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado
dividindo-se o valor do principal pelo número de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas.
O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal caracterís-
tica do SAC é que ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual
de amortização é sempre o mesmo, o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do fi-
nanciamento, fazendo com que o saldo devedor caia mais rapidamente do que em outros mecanismos de amortização.

Exemplo:
Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses, a uma taxa de juros de 1% ao
mês (em juros simples). Aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização, iremos obter um valor igual a R$
10.000,00 (dez mil reais). Essa fórmula é o valor do empréstimo solicitado divido pelo período, sendo nesse caso: R$
120.000,00 / 12 meses = R$ 10.000,00. Logo, a tabela SAC fica:

Nº Prestação Prestação Juros Amortização Saldo Devedor


0 120000
1 11200 1200 10000 110000
2 11100 1100 10000 100000
3 11000 1000 10000 90000
4 10900 900 10000 80000
5 10800 800 10000 70000
6 10700 700 10000 60000
7 10600 600 10000 50000
8 10500 500 10000 40000
9 10400 400 10000 30000
10 10300 300 10000 20000
11 10200 200 10000 10000
12 10100 100 10000 0

Note que o juro é sempre 10% do saldo devedor do mês anterior, já a prestação é a soma da amortização e o juro.
Sendo assim, o juro é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem
MATEMÁTICA

as prestações. A soma das prestações é de R$ 127.800,00, gerando juros de R$ 7.800,00.


Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r=100.

34
12. Sistema Americano

O tomador do empréstimo paga os juros mensalmente e o principal, em um único pagamento final.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
2 3.000,00 - 3.000,00 100.000,00
3 3.000,00 100.000,00 103.000,00 -

13. Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês

O tomador do empréstimo amortiza o saldo devedor em valores iguais e constantes ao longo do período.

Considera-se apenas o regime de juros compostos:

n Juros Amortização Prestação Saldo devedor


0 - - - 100.000,00
1 3.000,00 33.333,33 36.333,33 66.666,67
2 2.000,00 33.333,33 35.333,33 33.333,34
3 1.000,00 33.333,34 34.333,34 -

Qual a melhor forma de amortização?


A tabela abaixo lista o fluxo de caixa nos diversos sistemas de amortização discutidos nos itens anteriores.

Pgto único (jrs Sistema Ameri-


N SAC PRICE SAM Alemão
comp.) cano
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (3.000,00) (36.333,33) (35.353,04) (35.843,19) (34.353,64)
2 - (3.000,00) (35.333,33) (35.353,04) (35.343,19) (34.353,64)
3 (109.272,70) (103.000,00) (34.333,34) (35.353,04) (34.843,19) (34.353,64)

As várias formas de amortização utilizadas pelo mercado brasileiro, em sua maioria, consideram o regime de capita-
lização por juros compostos. A comparação entre estas, por meio do VPL (vide item 6.2), demonstra que o custo entre
elas se equivale. Vejam: no nosso exemplo, todos, exceto no sistema alemão, os juros efetivos cobrados foram de 3%
ao mês (regime de juros compostos) ou 9,27% no acumulado dos três meses.

Pgto único (jrs


n Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
comp.)

0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00


100.000,00

1 - (2.912,62) (34.323,34) (34.799,21) (33.353,04)


(35.275,08)

2 - (2.827,79) (33.323,63) (33.314,35) (32.381,60)


(33.305,05)

3 (100.000,00) (94.259,59) (32.353,04) (31.886,45) (31.438,44)


(31.419,87)
MATEMÁTICA

VPL - - - - - (173,09)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 3% ao mês.

35
Considerando o custo de oportunidade de 2% ao mês, isto é, abaixo do valor do empréstimo, teríamos a tabela
abaixo. Isso seria uma situação mais comum: juros do empréstimo mais caro que uma aplicação no mercado. Neste
caso, quanto menor (em módulo) o VPL, melhor para o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema SAC seria o melhor
sob o ponto de vista financeiro.

n Pgto único (jrs comp.) Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.941,18) (35.620,91) (34.659,84) (35.140,38) (33.680,04)
2 - (2.883,51) (33.961,29) (33.980,24) (33.970,77) (33.019,64)
3 (102.970,11) (97.059,20) (32.353,07) (33.313,96) (32.833,52) (32.372,20)
VPL (2.970,11) (2.883,88) (1.935,28) (1.954,04) (1.944,67) (2.071,88)

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 2% ao mês.
Outra situação seria considerarmos um empréstimo com taxa de juros abaixo do mercado. Neste exemplo a seguir,
teremos como custo de oportunidade a taxa de 4% ao mês. Isso, na vida real, não será comum: juros do empréstimo
mais barato do que uma aplicação no mercado. Assim, como no exemplo anterior, quanto maior o VPL, melhor para
o tomador do empréstimo, ou seja, o sistema de pagamento único, sob o ponto de vista financeiro, é o melhor, como
no caso abaixo.

Pgto único
n Sistema Americano SAC PRICE SAM Alemão
(jrs comp.)
0 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 97.000,00
1 - (2.884,62) (34.935,89) (33.993,31) (34.464,61) (33.032,34)
2 - (2.773,67) (32.667,65) (32.685,87) (32.676,77) (31.761,87)
3 (97.143,03) (91.566,62) (30.522,21) (31.428,72) (30.975,47) (30.540,26)
VPL 2.856,97 2.775,09 1.874,24 1.892,10 1.883,16 1.665,53

OBS: tabela com as prestações dos sistemas anteriores, descontada da taxa (juros compostos) de 4% ao mês.

Referências
Passei Direto. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/1599335/exercicios_matematica_finaceiraexerci-
cios_matematica_finaceira

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TRE/-PR – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2017) Para comprar um automóvel, Pedro realizou uma pesquisa em
3 concessionárias e obteve as seguintes propostas de financiamento:

Concessionária 1: Entrada de R$ 12.000,00 + 1 prestação de R$ 29.120,00 para 30 dias após a entrada.


Concessionária 2: Entrada de R$ 13.000,00 + 1 prestação de R$ 29.120,00 para 60 dias após a entrada.
Concessionária 3: Entrada de R$ 13.000,00 + 2 prestações R$ 14.560,00 para 30 e 60 dias após a entrada, respectiva-
mente.

Sabendo que a taxa de juros compostos era 4% ao mês, para a aquisição do automóvel

a) a melhor proposta é a 1, apenas.


b) a melhor proposta é a 2, apenas.
c) a melhor proposta é a 3, apenas.
d) as melhores propostas são 2 e 3, por serem equivalentes.
e) as melhores propostas são 1 e 2, por serem equivalentes.
MATEMÁTICA

Resposta: Letra B.
Concessionária 1

36
Concessionária 2 4. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2017) Um
investidor aplicou R$ 10.000,00 em títulos que remune-
ram à taxa de juros compostos de 10% ao ano e o prazo
para resgate da aplicação foi de 2 anos. Sabendo-se que
a inflação no prazo total da aplicação foi 15%, a taxa real
Concessionária 3 de remuneração obtida pelo investidor no prazo total da
aplicação foi

a) 5,00%.
2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2017) Um b) 6,00%.
empréstimo foi obtido para ser liquidado em 10 parcelas c) 5,22%.
mensais de R$ 2.000,00, vencendo-se a primeira parcela d) 5,00% (negativo).
um mês após a data da obtenção. A taxa de juros nego- e) 4,55%.
ciada com a instituição financeira foi 2% ao mês no regi-
me de capitalização composta. Se, após o pagamento da Resposta: Letra C.
oitava parcela, o devedor decidir liquidar o saldo devedor Sendo i a taxa de juros nominal
do empréstimo nesta mesma data, o valor que deverá ser R a taxa de juros real
pago, desprezando-se os centavos, é, em reais, J a taxa de juros de inflação
1+i=(1+r)(1+j)
a) 3.846,00. (1+0,1)²=(1+r)⋅(1+0,15)
b) 3.883,00. 1,1²=(1+r) ⋅1,15
c) 3.840,00. 1,21=1,15+1,15r
d) 3.880,00. 0,06=1,15r
e) 3.845,00. R=0,05217≅0,0522=5,22%
Resposta: Letra B. 5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2017)
Uma empresa obteve um empréstimo no valor de R$
100.000,00 para ser liquidado em uma única parcela no
final do prazo de 2 meses. A taxa de juros compostos
negociada foi 3% ao mês e a empresa deve pagar, adicio-
3. (POLICIA CIENTIFICA-PR – PERITO CRIMINAL –
nalmente, na data da obtenção do empréstimo, uma taxa
IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. Uma pessoa
comprou um vídeo game de última geração em uma loja, de cadastro no valor de R$ 1.000,00. Na data do venci-
parcelando em 12 prestações mensais de 140,00 cada mento do empréstimo a empresa deve pagar, junto com
uma, sem entrada. Sabendo-se que a taxa de juros com- o valor que pagará à instituição financeira, um imposto
postos cobrada pela loja foi de 3% ao mês, sendo que os no valor de R$ 530,00. O custo efetivo total para a empre-
valores estão arredondados e que: (1,03)12 = 1,4258 sa no prazo do empréstimo, foi

(1,03)12 x 0,03 = 0,0428 a) 7,70%.


0,4258/0,0428 = 9,95 b) 6,09%.
d) 7,62%.
O valor do vídeo game era de: d) 6,00%.
e) 7,16%.
a) R$ 1.393
b) R$ 1.820 Resposta: Letra A.
c) R$ 1.680 M=C(1+i)t
d) R$ 1.178 M=100000(1+0,03)²=106090
e) R$ 1.423 Como teve uma taxa de 1000, a empresa recebeu en-
tão 99000
Resposta: Letra A. A empresa teve eu pagar 106090+530=106620
Sendo PMT o valor da parcela e PV o valor presen- 106620=99000(1+i)
te, usaremos o sistema de amortização PRICE, por ser 106620=99000+99000i
parcelas fixas: 7620=99000i
I=0,0769=7,69%
MATEMÁTICA

37
6. (TRE-PR – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2017) A=100000/4=25000
A Cia. Ted está avaliando a alternativa de compra de um J=(100000-25000)⋅0,1
novo equipamento por R$ 480.000,00 à vista. Estima-se J=7500
que a vida útil do equipamento seja de 3 anos, que o P=A+J
valor residual de revenda no final do terceiro ano seja P=25000+7500=32500
R$ 70.000,00 e que os fluxos líquidos de caixa gerados
por este equipamento ao final de cada ano sejam R$ 9. (EMBASA – CONTADOR – IBFC – 2017) Um cliente
120.000,00, R$180.000,00 e R$ 200.000,00, respectiva- fez um empréstimo no valor de R$ 2.000,00 no Banco
mente. Sabendo que a taxa mínima de atratividade é de ABC em 31/12/2013 para reaplicar em um investimento
10% a.a., a alternativa em sua empresa. A taxa de juros cobrada pelo Banco era
de 10% ao ano. Após um ano, em 31/12/2014, o fluxo
a) apresenta valor presente líquido positivo. de caixa da empresa foi de R$ 1.100,00. Após dois anos,
b) apresenta valor presente líquido negativo. em 31/12/2015, o fluxo de caixa da empresa foi de R$
c) apresenta taxa interna de retorno maior que 10% a.a. 1.210,00 e em 31/12/2016, após três anos, o fluxo de cai-
d) é economicamente viável à taxa mínima de atrativida- xa da empresa foi de R$ 1.331,00.
de de 10% a.a.. O valor presente líquido dos valores do fluxo de caixa,
e) é economicamente viável à taxa mínima de atrativida- trazidos a valor presente em 31/12/2013, era de:
de de 12% a.a..
a) R$ 1.100,00
Resposta: Letra B. b) R$ 1.000,00
VPL = valor presente das entradas – valor presente das c) R$ 2.210,00
saídas d) R$ 2.331,00

Resposta: Letra B.

7. (FUNAPE – ANALISTA EM GESTÃO PREVIDEN-


CIÁRIA – FCC – 2017) Um empréstimo foi contratado
com uma taxa nominal de juros de 6% ao trimestre e com
capitalização mensal. A taxa efetiva desse empréstimo é
igual a 10. (DPE-PR – CONTADOR – INAZ DO PARÁ – 2017)
Um comerciante recebeu, no meio do mês, uma exce-
(A) 6,2302%. lente oferta de compra de material para sua empresa
(B) 6,3014%. no valor de R$8.000,00. No entanto, por estar desprovido
(C) 6,1385%. de recursos, precisou tomar um empréstimo junto ao seu
(D) 6,2463%. banco, em parcelas de 15 vezes a uma taxa de juros 2,5%
(E) 6,1208%. a.m. Determine o valor da última prestação do empréstimo,
lembrando que o Sistema de financiamento usado é o SAC.
Resposta: Letra E. Temos que transformar os 6% ao
trimestre em capitalização mensal a) R$ 533,33
6/3=2%a.m b) R$ 733,33
1,02³=1,061208=6,1208% c) R$ 653,33
d) R$ 560,00
8. (TRE-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2017) e) R$ 546,67
Um banco emprestou a uma empresa R$ 100.000, entre-
gues no ato, sem prazo de carência, para serem pagos Resposta: Letra E.
em quatro prestações anuais consecutivas pelo sistema 8000/15 = 533,33
de amortização constante (SAC). A taxa de juros com- Portanto, a última parcela será de 533,33⋅1,025=546,66
postos contratada para o empréstimo foi de 10% ao ano,
e a primeira prestação será paga um ano após a tomada
do empréstimo. FLUXO DE CAIXA
Nessa situação, o valor da segunda prestação a ser paga
pela empresa será Um fluxo de caixa se caracteriza pela representação
de um conjunto de entradas e saídas do dinheiro do cai-
a) superior a R$ 33.000. xa a longo do tempo. A representação gráfica de um flu-
b) inferior a R$ 30.000. xo de caixa pode ser ilustrada a seguir.
c) superior a R$ 30.000 e inferior a R$ 31.000.
MATEMÁTICA

d) superior a R$ 31.000 e inferior a R$ 32.000.


e) superior a R$ 32.000 e inferior a R$ 33.000.

Resposta: Letra E.
SD=100000

38
 1
F 2.000 1 + 0,12 × 
=
 3
F = 2.080

2. (CETRO – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA 2


– ANVISA – 2013) Um empresário do ramo petrolífero
aplicou seus recursos financeiros e obteve rendimentos
Percebe-se que no fluxo de caixa os valores de entrada de R$3.500,00 de juros simples à taxa mensal de 1,2%,
ou saída de caixa estão em períodos diferente. Assim, é num período de 75 dias. Assinale a alternativa que apre-
necessário recorrer as relações de equivalência para obter senta o capital aplicado pelo empresário.
valores do fluxo de caixa que se equivalem no tempo.
a) R$ 116.666,67
VALOR PRESENTE E VALOR FUTURO – JUROS SIMPLES b) R$ 11.166,67
c) R$ 3.888,89
Na capitalização por juros simples, o cálculo dos ren- d) R$ 9.722,22
dimentos se baseia na premissa de que apenas o Valor e) R$ 29.166,67
Presente (P), ou seja, o capital inicial, rende juros. Dessa
forma, o Montante ou Valor Futuro (F) pode ser calculado Resposta: Letra A. A resolução deste problema é feita
a partir do Valor Presente (P), no regime de juros simples, utilizando-se a fórmula de cálculo do Valor Presente
por meio do cálculo a seguir. (P), no regime de juros simples. Veja a representação
do cálculo a seguir.
𝐹 = 𝑃(1 + 𝑖𝑛)
Sendo que: i = taxa de desconto e n = número de F
P=
períodos. (1 + in)
Para o cálculo de um Valor Presente (P) a partir de
dado Valor Futuro (F), o princípio é o mesmo, em que o A partir do enunciado temos as seguintes informa-
cálculo representado por: ções: F = P + 3.500 (valor presente + juros); i = 0,012
ao mês; n = 2,5 meses (75 dias correspondem a 2 me-
F ses e meio). Assim, calculamos:
P=
(1 + in) P + 3.500
P=
Temos a seguir alguns exercícios comentados de pro- (1 + 0, 012 × 2,5)
blemas básicos envolvendo o regime de capitalização
por juros simples. 1, 03P= P + 3.500
0, 03P = 3.500
EXERCÍCIOS COMENTADOS
P = R$ 116.666,67
1. (BR DISTRIBUIDORA – TÉCNICO DE SUPRIMEN-
TO E LOGÍSTICA JUNIOR – CESGRANRIO – 2013) Um
VALOR PRESENTE E VALOR FUTURO – JUROS COM-
título no valor de R$ 2.000,00 foi pago com atraso de dez
POSTOS
dias. Se são cobrados juros simples de 12% ao mês, o
montante pago, em reais, é:
Na capitalização por juros compostos, os juros do pe-
a) 2.080 ríodo anterior são incorporados ao Valor Presente (P) na
b) 2.120 data zero, e, portanto, também rendem juros no período
c) 2.240 seguinte. Dessa forma, no regime de juros compostos, o
d) 2.400 cálculo do Montante ou Valor Futuro (F) em determinado
e) 2.510 período (n) com uma taxa de desconto (i) pode ser feito
assim:
Resposta: Letra A. Visto que o montante é o sinônimo
de Valor Futuro (F), o problema é solucionado utili- F P(1 + i ) n
=
zando a fórmula de cálculo de F, no regime de juros
simples. Veja a apresentação do cálculo. A seguir temos um exemplo de cálculo do Valor Futu-
ro a partir de dado Valor Presente:
MATEMÁTICA

F P (1 + in)
=
No enunciado é possível extrair as seguintes informa- F
1
ções: P = 2.000; i = 0,12 ao mês; n = mês (10 dias P=
correspondem a um terço de um mês).3 Dessa forma, (1 + in)
temos que:

39
9.500
EXERCÍCIOS COMENTADOS P=
(1, 03)6
1. (CELESC – ADMINISTRADOR – FEPESPE – 2018) P = R$ 7.956,10
Considere que você aplicou R$ 3.000,00 em uma aplica-
ção bancária por um período de 2 meses, com uma taxa
de juros compostos de 5% ao mês. Ao final desse perío- DESCONTOS
do você terá um valor acumulado de:
a) R$ 3.300,00 Os descontos são representados pela diferença en-
b) R$ 3.307,50 tre Valor Futuro e Valor Presente. O Valor Futuro (F) tam-
c) R$ 3.325,00 bém é caracterizado como Valor Nominal em problemas
d) R$ 3.375,00 envolvendo descontos; o Valor Presente (P), também é
e) R$ 3.450,00 comumente chamado de Valor Atual. Portanto, os des-
contos podem ser descritos assim:
Resposta: Letra B. Para resolver, basta aplicar a fór- D=F-P
mula que representa a relação de equivalência entre
Valor Presente e Valor Futuro. 1. Desconto Comercial Simples

F P(1 + i ) n
= Desconto Comercial Simples é caracterizado pela li-
Sendo: quidação do pagamento de um compromisso com um
P = 3.000; respectivo Valor Futuro (F) em n períodos antes do ven-
i = 0,05 e n = 2 cimento. Para o seu cálculo, utiliza-se o cálculo a seguir.
Assim, temos: Sendo i a taxa de desconto.
F = 3.000 · (1,05)² D = Fin
F = R$ 3.307,50
A seguir apresentamos a resolução de um exercício
Para encontrar um Valor Presente (P) a partir de um envolvendo o desconto comercial simples.
dado Valor Futuro (F), o princípio é o mesmo, a partir
da seguinte expressão:
EXERCÍCIO COMENTADO
F
P=
(1 + i ) n 1. (PREFEITURA DE TERESINA-PI – TÉCNICO DE NÍ-
VEL SUPERIOR – ADMINISTRADOR – ARSETE – FCC ––
No exercício a seguir tem-se a resolução de um pro- 2016) Se um título de valor nominal igual a R$ 22.500,00
blema em que se deve calcular o Valor Presente (P) for descontado em um banco 3 meses antes de seu ven-
utilizando-se o Valor Futuro (F) no regime de juros cimento, então apresentará um valor de desconto igual a
compostos. Antes de olhar a resolução, tente resolver R$ 1.350,00. Considerando que as operações neste ban-
a questão. co sejam somente do desconto comercial simples e com
a mesma taxa de desconto, obtém-se que se este mesmo
2. (SETRABES – CONTADOR – UERR – 2018) Calcule o título for descontado 4 meses antes de seu vencimento o
valor presente de uma operação no regime de capitaliza- seu valor atual será, em reais:
ção composta rendeu um montante igual a R$9.500,00
após 6 meses. Sabendo que a taxa da operação foi igual a) 22.050,00
a 3% ao mês. Assinale a alternativa correta. b) 20.500,00
c) 21.150,00
a) R$ 7.946,10 d) 21.600,00
b) R$ 9.215,00 e) 20.700,00
c) R$ 7.790,00
d) R$ 7.956,10 Resposta: Letra E. Inicialmente, é necessário encon-
e) R$ 11.314,65 trar a taxa de desconto (i) do título. O enunciado for-
nece as seguintes informações: F = 22.500; n = 3 me-
Resposta: Letra D. Para solucionar, aplica-se a fórmula ses; D = 1.350.
F . Neste caso, sabemos do enunciado que:
P=
(1 + i ) n Dessa forma, temos:
F = 9.500 1.350
= 22.500 × i × 3
i = 0,03
MATEMÁTICA

n=6 i = 0,02 (2% ao mês)


Com a taxa de desconto obtida, é possível calcular o
Assim: Valor Presente (P) caso o título seja descontado com 4
meses de antecedência. Veja a resolução a seguir.

40
3. Desconto Racional Simples
D = Fin
Ao contrário dos descontos comerciais, os descontos
D= 22.500 × 0, 02 × 4 racionais são iguais aos juros. Os juros foram calculados
partindo-se de uma taxa de juros que incide sobre o Va-
D = 1.800 lor Presente (P) em n períodos antes do vencimento. No
Visto que o desconto (D) equivale a D = F – P, pode- caso do desconto racional simples, o cálculo pode ser
mos obter o Valor Presente (P), assim: representado por:
P=F–D
P = 22.500 – 1.800 D = Pin
P = 20.700
A seguir tem-se a resolução de um problema com
base no Desconto Racional Simples.
2. Desconto Comercial Composto

Refere-se a um desconto no regime de capitalização


de juros compostos por meio do Valor Futuro (F) ou Valor
EXERCÍCIO COMENTADO
Nominal aplicado a partir de determinada taxa de des-
conto (i). A fórmula de cálculo do desconto comercial 1. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
composto se dá por: ZENDÁRIO – CESPE – 2018) Um título cujo valor no-
minal era de R$ 18.200,00 com vencimento para daqui
D= F [1 − (1 − i ) n ] a 6 meses, foi pago na data de hoje à taxa de desconto
racional simples de 5% ao mês. Nesse caso, o título foi
A seguir a resolução de uma questão de problema pago pelo valor de
sobre o desconto comercial composto:
a) R$ 14.000,00
b) R$ 12.740,00
c) R$ 17.333,33
EXERCÍCIO COMENTADO d) R$ 17.290,00
e) R$ 15.470,00
1. (INSTITUTO – UFGD – ANALISTA ADMINISTRATIVO
– ECONOMIA – AOCP – 2014) Assinale a alternativa que Resposta: Letra A. Sabendo que D = F – P, podemos
apresenta o valor atual de um título de R$40.000,00 des- reescrever a fórmula de desconto racional simples da
contado um ano antes do vencimento à taxa de desconto seguinte forma:
bancário composto de 8% ao semestre, capitalizável se-
mestralmente. F −P=Pin
Do enunciado, temos as informações: F = 18.200; i =
a) R$ 33.800,00 0,05 ao mês; n = 6 meses.
b) R$ 34.600,00 Assim, reescrevemos:
c) R$ 32.850,00
d) R$ 31.700,00
18.200 − P = P × 0, 05 × 6
e) R$ 33.856,00 P = R$ 14.000,00

Resposta: Letra E. Inicialmente, calcula-se o desconto


bancário (comercial) composto do título, utilizando a 4. Desconto Racional Composto
fórmula a seguir.
Desconto Racional Composto é calculado sobre o Va-
D= F [1 − (1 − i ) n ] lor Presente (P) ou Valor Atual, aplicado a juros compos-
tos, sendo representado pela fórmula a seguir.
São dados: F = 40.000; i = 0,08 ao semestre, n = 2 (1
ano equivale a 2 semestres). Assim:
D = P[(1 + i ) n − 1]
A seguir uma questão que apresenta um problema
=D 40.000[1 − (1 − 0, 08) 2 ] envolvendo o desconto racional composto.

D = 6.144
Para o cálculo do Valor Atual, ou Valor Presente (P),
basta fazer a seguinte subtração:
MATEMÁTICA

P=F–D
P = 40.000 – 6.144
P = R$ 33.856,00

41
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

1. (COPS-UEL – AGENTE UNIVERSITÁRIO – ADMINIS- 1. (SEDUC-AL – PROFESSOR – MATEMÁTICA – CESPE


TRADOR – UEL – 2015) O setor de compras de uma – 2018) A respeito de história da matemática, julgue o
universidade possui um orçamento de material de con- item subsequente.
sumo no valor de R$ 2.850,00 para pagamento em 90 Em virtude de necessidades contábeis da época, os egíp-
dias. Considerando que, para o pagamento à vista, há um cios tinham a preferência pela utilização das frações uni-
desconto composto de 1,5% ao mês, assinale a alternati- tárias, isto é, aquelas em que o número 1 é o numerador.
va que apresenta, corretamente, esse valor. Parte do Papiro de Rhind, um importante registro mate-
mático dos egípcios, trata da decomposição de frações a
a) R$ 2.721,75 partir de frações unitárias. As frações unitárias na forma
b) R$ 2.273,50 1/n sempre podem ser decompostas em exatamente
c) R$ 2.724,25 duas frações unitárias, por exemplo, 12 = 14 + 14 .
d) R$ 2.725,50
e) R$ 2.726,75 Nesse contexto, é correto afirmar que as únicas
decomposições da fração unitária 1/4 são e
1 1 1 1 1 1
= + e = +
4 8 8 4 6 12

Resposta: Letra D. Para resolver o problema, aplica-


mos a fórmula de Desconto Racional Composto. Do ( ) CERTO ( ) ERRADO
enunciado, seguem as informações: i = 0,015 ao mês;
n = 3 meses (90 dias equivale a 3 meses); F = 2.850 2. (IFF – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2018) A
(esse é o Valor Nominal ou Valor Futuro a ser pago quantia de R$ 360.000 deverá ser repassada às escolas A,
daqui a 90 dias). B e C para complemento da merenda escolar. A distribui-
Sabendo que D = F- P, representa-se a resolução da ção será em partes diretamente proporcionais às quanti-
seguinte forma: dades de alunos de cada escola. Sabe-se que a escola A
tem 20% a mais de alunos que a escola B e que a escola
F − P= P[(1 + i ) n − 1] C tem 20% a menos de alunos que a escola B. Nesse caso,
a escola A deverá receber
2.850 − P= P[(1 + 0, 015)3 − 1] a) R$ 140.000.
b) R$ 144.000.
2.850 = 1,045 P c) R$ 168.000.
P = R$ 2725,50 d) R$ 192.000.
e) R$ 216.000.

3. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE –


CESPE – 2018) Os irmãos Jonas, Pierre e Saulo, que têm,
respectivamente, 30, 20 e 18 anos de idade, herdaram de
seu pai a quantia de R$ 5 milhões. O testamento prevê
que essa quantia deverá ser dividida entre os irmãos em
partes inversamente proporcionais às suas idades.
Nessa situação hipotética, um dos irmãos receberá me-
tade da herança.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE –


CESPE – 2018) Os irmãos Jonas, Pierre e Saulo, que têm,
respectivamente, 30, 20 e 18 anos de idade, herdaram de
seu pai a quantia de R$ 5 milhões. O testamento prevê
que essa quantia deverá ser dividida entre os irmãos em
partes inversamente proporcionais às suas idades.
Nessa situação hipotética, Jonas receberá 50% a mais
que Saulo.
MATEMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

42
5. (EMAP – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2018) 9. (SEFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO – BLOCO II –
Os operadores dos guindastes do Porto de Itaqui são to- CESPE – 2018) Um indivíduo investiu a quantia de R$
dos igualmente eficientes. Em um único dia, seis desses 1.000 em determinada aplicação, com taxa nominal anual
operadores, cada um deles trabalhando durante 8 horas, de juros de 40%, pelo período de 6 meses, com capi-
carregam 12 navios. talização trimestral. Nesse caso, ao final do período de
Com referência a esses operadores, julgue o item seguin- capitalização, o montante será de:
te.
Para carregar 18 navios em um único dia, seis desses a) R$ 1.200,00.
operadores deverão trabalhar durante mais de 13 horas. b) R$ 1.210,00.
c) R$ 1.331,00. 
( ) CERTO ( ) ERRADO d) R$ 1.400,00.
e) R$ 1.100,00.
6. (IFF – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2018) Se
4 servidores, igualmente eficientes, limpam 30 salas de 10. (SEFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO – BLOCO II
aula em exatamente 5 horas, então, 8 servidores, traba- – CESPE – 2018) Um indivíduo investiu a quantia de C
lhando com a mesma eficiência dos primeiros, limparão reais em uma aplicação financeira, no regime de juros
36 salas em exatamente compostos. No final do primeiro mês, o rendimento foi
de x%, no final do segundo mês, foi de y% e, no final do
a) 7 horas. terceiro mês, o rendimento foi de z%. Desconsiderando-
b) 6 horas. -se quaisquer descontos de impostos e taxas de adminis-
c) 5 horas. tração, ao final do terceiro mês, o montante M auferido
d) 4 horas. nessa aplicação pode ser expresso na forma M = C + wC.
e) 3 horas. Nesse caso,

7. (SEDUC-AL – PROFESSOR - MATEMÁTICA – CESPE –


2018) Com relação a matemática financeira, cada um do
𝑥 +𝑦+ 𝑧
a) 𝑤 =
item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida 100
de uma assertiva a ser julgada. 𝑥𝑦𝑧
Para liquidar o estoque de determinado produto, o lojista b) 𝑤 =
ofereceu um desconto de 10% no preço de venda. Pas- 1003
sados alguns dias, para o estoque remanescente, o lojista 1 1 𝑥𝑦𝑧
concedeu novo desconto, agora de 20% sobre o preço já c) 𝑤 = 𝑥 + 𝑦+𝑧 + 𝑥𝑦 + 𝑥𝑧 + 𝑧𝑦 +
com primeiro desconto. Nessa situação, o valor do des- 100 1002 1003
conto que é equivalente a um único desconto aplicado 1 1 𝑥𝑦𝑧
sobre o preço do produto é igual a 28%. d) 𝑤
=1+ 𝑥 +𝑦+𝑧 + 𝑥𝑦 + 𝑥𝑧 + 𝑧𝑦 +
100 1002 1003
( ) CERTO ( ) ERRADO
𝑥 + 𝑦+𝑧
e) 𝑤 = 1 +
8. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE – 100
CESPE – 2018) Ao passar com seu veículo por um radar
eletrônico de medição de velocidade, o condutor perce- 11. (FUNPRESP-EXE – ANALISTA – ÁREA: INVESTIMEN-
beu que o velocímetro do seu carro indicava a velocidade TOS – CESPE – 2016) Acerca de juros simples e compostos,
de 99 km/h. julgue o item seguinte.
Sabe-se que a velocidade mostrada no velocímetro do Para o investidor, é indiferente aplicar, por dois meses,
veículo é 10% maior que a velocidade real, que o radar um capital de R$ 1.000 à taxa de juros simples de 21% ao
mede a velocidade real do veículo, mas o órgão fiscaliza- mês ou à taxa de juros compostos de 20% ao mês.
dor de trânsito considera, para efeito de infração, valores
de velocidade 10% inferiores à velocidade real. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nessa situação, considerando que a velocidade máxima
permitida para a via onde se localiza o referido radar é de 12. (SEDUC-AL – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CES-
80 km/h, o condutor não cometeu infração, pois, descon- PE – 2018) Com relação a matemática financeira, cada
tando-se 20% da velocidade mostrada no velocímetro de item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida
seu veículo, o valor de velocidade considerada pelo ór- de uma assertiva a ser julgada.
gão fiscalizador será de 79 km/h. Um título de valor nominal igual a R$ 20.800 foi descon-
tado 6 meses antes do vencimento, à taxa de desconto
( ) CERTO ( ) ERRADO racional simples de 5% ao mês. Nesse caso, o valor des-
contado foi igual a R$ 16.000.
MATEMÁTICA

( ) CERTO ( ) ERRADO

43
13. (EBSERH – TÉCNICO EM CONTABILIDADE – CES-
PE – 2018) No que se refere a matemática financeira e ANOTAÇÕES
finanças, julgue o item seguinte.
Se um título com valor nominal de R$ 120.000 for des-
contado dois meses antes da data de vencimento, à taxa ________________________________________________
de juros compostos de 6% ao mês, essa operação resul-
tará em um valor atual superior a R$ 106.000. _________________________________________________

_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 ERRADO
_________________________________________________
2 B
3 ERRADO _________________________________________________

4 ERRADO _________________________________________________
5 ERRADO _________________________________________________
6 E
_________________________________________________
7 CERTO
_________________________________________________
8 ERRADO
9 B _________________________________________________
10 C _________________________________________________
11 ERRADO
_________________________________________________
12 ERRADO
_________________________________________________
13 CERTO
_________________________________________________

_________________________________________________

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MATEMÁTICA

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_________________________________________________

_________________________________________________

44
ÍNDICE

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética e moral: princípios e valores. Ética e democracia: exercício da cidadania. Ética no setor público................................................. 01
Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética)........................................................................................................................................................................ 05
Lei nº 8.429/1992: disposições gerais; atos de improbidade administrativa.................................................................................................... 16
Para a ética, não basta que exista um elenco de princí-
pios fundamentais e direitos definidos nas Constituições.
ÉTICA E MORAL: PRINCÍPIOS E VALORES.
O desafio ético para uma nação é o de universalizar os
ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA direitos reais, permitido a todos cidadania plena, coti-
CIDADANIA. ÉTICA NO SETOR PÚBLICO diana e ativa. É preciso fundar a responsabilidade indivi-
dual numa ética construída e instituída tendo em mira o
bem comum, visando à formação do sujeito ético. Desse
A ética tem sido um dos temas mais trabalhados nos modo, será possível a síntese entre ética e cidadania, na
últimos tempos, pois a corrupção, o descaso social e os qual possa prevalecer muito mais uma ética de princípios
constantes escândalos políticos e sociais expostos na mí- do que uma ética do dever. A responsabilidade individual
dia diariamente suscitam que a sociedade exija o resgate deverá ser portadora de princípios e não de interesses
de valores morais em todas as suas instâncias, sejam elas particulares.
políticas, científicas ou econômicas. Desse conflito de in-
teresses pelo bem comum ergue-se a ética, tão discutida Dimensões da qualidade nos deveres dos servido-
pelos filósofos de toda a história mundial. res públicos
Ética é uma palavra com duas origens possíveis. A
primeira advém do grego éthos, literalmente “com e cur- Os direitos e deveres dos servidores públicos estão
to”, que pode ser traduzida por “costume”; a segunda descritos na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
também se escreve éthos, porém se traduz por “com e Entre os deveres (art. 116), há dois que se encaixam
longo”, que significa “propriedade do caráter”. no paradigma do atendimento e do relacionamento que
Conceitua-se Ética como sendo o estudo dos juízos tem como foco principal o usuário.
de apreciação referentes à conduta humana, do ponto
de vista do bem e do mal. É um conjunto de normas e São eles:
princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. a) “atender com presteza ao público em geral, pres-
A Ética é a parte da filosofia que aborda o compor-
tando as informações requeridas” e
tamento humano, seus anseios, desejos e vontades. É a
b) “tratar com urbanidade as pessoas”.
ciência da conduta humana perante o ser e seus seme-
lhantes e de uma forma específica de comportamento
humano, envolvendo estudos de aprovação ou desapro- Presteza e urbanidade nem sempre são fáceis de ava-
vação da ação dos homens. É a consideração de valor liar, uma vez que não têm o mesmo sentido para todas
como equivalente de uma medição do que é real e vo- as pessoas, como demonstram as situações descritas a
luntarioso no campo das ações virtuosas. Ela ilumina a seguir.
consciência humana, sustenta e dirige as ações do ho-
mem, norteando a conduta individual e social. • Serviços realizados em dois dias úteis, por exem-
Como um produto histórico-cultural, define em cada plo, podem não corresponder às reais necessida-
cultura e sociedade o que é virtude, o que é bom ou mal, des dos usuários quanto ao prazo.
certo ou errado, permitido ou proibido. • Um atendimento cortês não significa oferecer ao
Segundo Reale (1999, p. 29), “ética é a ciência norma- usuário aquilo que não se pode cumprir. Para mini-
tiva dos comportamentos humanos”. mizar as diferentes interpretações para esses pro-
Já Maximiano (1974, p. 28) a define como “a discipli- cedimentos, uma das opções é a utilização do bom
na ou campo do conhecimento que trata da definição e senso:
avaliação de pessoas e organizações, é a disciplina que • Quanto à presteza, o estabelecimento de prazos
dispõe sobre o comportamento adequado e os meios de para a entrega dos serviços tanto para os usuários
implementá-lo, levando-se em consideração os enten- internos quanto para os externos pode ajudar a re-
dimentos presentes na sociedade ou em agrupamentos solver algumas questões.
sociais particulares”. • Quanto à urbanidade, é conveniente que a orga-
nização inclua tal valor entre aqueles que devem
Ética e cidadania ser potencializados nos setores em que os profis-
sionais que ali atuam ainda não se conscientizaram
As instituições sociais e políticas têm uma história. É sobre a importância desse dever.
impossível não reconhecer o seu desenvolvimento e o
seu progresso em muitos aspectos, pelo menos do ponto Uma parcela expressiva da humanidade tem demons-
de vista formal.
trado que não é mais aceitável tolerar condutas inade-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A escravidão era legal no Brasil até 120 anos atrás. As


quadas na prestação de serviços e nas relações inter-
mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar ape-
pessoais, essa parcela acredita que o século XXI exigirá
nas há 60 anos e os analfabetos apenas há alguns anos.
mudanças de postura do ser humano.
Chamamos isso de ampliação da cidadania.
Aos poucos, nasce a consciência de que precisamos
Existem direitos formais (civis, políticos e sociais) que
abandonar velhas crenças, como “errar é humano”, “san-
nem sempre se realizam como direitos reais. A cidada-
to de casa não faz milagres”, “em time que está ganhan-
nia nem sempre é uma realidade efetiva e nem sempre
do não se mexe”, “gosto não se discute”, entre outras,
é para todos. A efetivação da cidadania e a consciência substituindo-as por:
coletiva dessa condição são indicadores do desenvolvi-
mento moral e ético de uma sociedade.

1
a) “acertar é humano” – o ser humano tem demonstrado capacidade de eliminar desperdícios, erros, falhas, quando
é cobrado por suas ações;
b) “santo de casa faz milagres” – organizações e pessoas, quando valorizadas, têm apresentado soluções criativas
na identificação e resolução de problemas;
c) “em time que está ganhando se mexe sim” – em todas as atividades da vida profissional ou pessoal, o sucesso
pode ser conseguido por meio da melhoria contínua dos processos, das atitudes, do comportamento; a avaliação
daqueles que lidam diretamente com o usuário pode apontar os que têm perfil adequado para o desempenho
de atividades de atendimento ao público;
d) “gosto se discute” – profissões antes não aceitas ou pensadas, além de aquecerem o mercado de trabalho, con-
tribuem para que os processos de determinada atividade ou serviço sejam reformulados em busca da qualidade
total.
e) Além dessas mudanças, há necessidade da adoção de outros paradigmas em consonância com as transformações
que a globalização e as novas tecnologias vêm trazendo para a humanidade. O desenvolvimento pessoal é um
deles e está entre os temas debatidos na atualidade, por se tratar de um valor indispensável à cidadania.

Autores de diversas áreas do conhecimento defendem que a humanidade deve conscientizar-se de que cada in-
divíduo é responsável pelo seu próprio desenvolvimento e que, para isso, cada cidadão necessita planejar e cuidar do
seu destino, contribuindo, de forma responsável, para o progresso da comunidade onde vive. O novo século exige a
harmonia e a solidariedade como valores permanentes, em resposta aos desafios impostos pela velocidade das trans-
formações da atualidade.
Não é à toa que as organizações estão exigindo habilidades intelectuais e comportamentais dos seus profissionais,
além de apurada determinação estratégica. Entre outros requisitos, essas habilidades incluem:
• atualização constante;
• soluções inovadoras em resposta à velocidade das mudanças;
• decisões criativas, diferenciadas e rápidas;
• flexibilidade para mudar hábitos de trabalho;
• liderança e aptidão para manter relações pessoais e profissionais;
• habilidade para lidar com os usuários internos e externos.

Ética do exercício profissional

Diferença entre Ética E Moral

É de extrema importancia saber diferenciar a Ética da Moral. São duas ciências de conhecimento se diferenciam, no
entanto, tem muitas interligações entre elas.
A moral se baseia em regras que fornecem uma certa previsão sobre os atos humanos. A moral estabelece regras
que devem ser assumidas pelo homem, como uma maneira de garantia do seu bem viver. A moral garante uma identi-
dade entre pessoas que podem até não se conhecer, mas utilizam uma mesma refêrencia de Moral entre elas.
A Ética já é um estudo amplo do que é bem e do que é mal. O objetivo da ética é buscar justificativas para o cum-
primento das regras propostas pela Moral. É diferente da Moral, pois não estabelece regras. A reflexão sobre os atos
humanos é que caracterizam o ser humano ético.

#FicaDica
ÉTICA MORAL
Trata da reflexão filosófica sobre a moral. Tem caráter de força normativa.
É permanente. É temporária
É princípio Representa aspecto de conduta específica
Ciência que estuda a moral. Relacionada com hábitos e costumes de alguns gru-
pos sociais.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

 Ter Ética é fazer a coisa certa com base no motivo certo.


 Ter Ética é ter um comportamento que os outros julgam como correto.

2
A noção de Ética é, portanto, muito ampla e inclui vários princípios básicos e transversais que são:

Abaixo, alguns Desafios Éticos com que nos defrontamos diariamente:


1. Se não é proibido/ilegal, pode ser feito – É óbvio que, existem escolhas, que embora, não estando especificamen-
te referidas, na lei ou nas normas, como proibidas, não devem ser tomadas.
2. Todos os outros fazem isso – Ao longo da história da humanidade, o homem esforçou-se sempre, para legitimar
o seu comportamento, mesmo quando, utiliza técnicas eticamente reprováveis.

A postura ética e profissional é um componente importante para imprimir qualidade ao atendimento, qualquer que
seja a modalidade: presencial, por telefone, por carta ou por Internet.
A postura ética também é fator que agrega valor à organização e que está diretamente relacionado às representa-
ções positivas que os usuários venham a construir a respeito da organização.

Ética e Serviço Público

O princípio básico da atuação do servidor público é servir o cidadão.


ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Esta é sem dúvida uma vocação cujo exercício ético e transparente é pressuposto básico para todo aquele que é
aprovado em concurso público.
Em mais alto nível, por meio de políticas públicas ou no dia-a-dia de seu trabalho em níveis mais baixos na hierar-
quia, cabe ao servidor dedicar-se com zelo e moralidade na busca pelo bem comum.
Em 1994 foi aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
Algumas das orientações deste código indicam que:
 o trabalho do servidor público deve ser norteado pela dignidade, decoro, zelo, eficácia e consciência dos princí-
pios morais;
 sua conduta deve conter o elemento ético, a verdade, o sigilo, o zelo, a disciplina, a moralidade, a cortesia, a boa
vontade, o cuidado e o tempo necessário para o cumprimento de seus deveres;

3
apenas a distinção entre o bem e o mal não são su-
 As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais
ficientes para a moralidade na Administração Pú- ter em seus quadros servidores com sólida formação téc-
blica, mas deve ser acrescida da consciência de que nica que, capazes de cultivar valores éticos, como justiça,
a razão da atuação do servidor público é a busca respeito, tolerância e solidariedade, demonstrem atitu-
pelo bem comum; des positivas e adequadas ao atendimento de qualidade.
o servidor deve ter sempre em mente que sua re-
 Para compor esse perfil, o profissional necessita saber
muneração é proveniente dos tributos pagos pelos ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões,
cidadãos brasileiros, inclusive ele mesmo e que a vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tra-
contrapartida que a sociedade brasileira exige dele tar bem os usuários internos e externos.
está voltada para a moralidade administrativa inte- As organizações, ao contrário, buscam cada vez mais
grada ao que prevê as normas jurídicas; ter em seus quadros servidores com sólida formação téc-
o sucesso do trabalho do servidor público reflete-
 nica que, capazes de cultivar valores éticos, como justiça,
-se também nele próprio, como cidadão integrante respeito, tolerância e solidariedade, demonstrem atitu-
da sociedade brasileira; des positivas e adequadas ao atendimento de qualidade.
os atos e fatos da vida privada do servidor público
 Para compor esse perfil, o profissional necessita saber
têm influência em sua vida profissional, assim sen- ouvir, conduzir uma negociação, participar de reuniões,
vestir-se adequadamente, conversar educadamente, tra-
do sua conduta fora do órgão público deve ser tão
tar bem os usuários internos e externos.
ética quanto durante o exercício de seu trabalho
diário;
Comportamento Profissional
danos ao patrimônio público pelo servidor são

considerados seja por permitir sua deterioração A ética está diretamente relacionada ao padrão de
ou por descuidar de sua manutenção porque, se- comportamento do individuo e dos profissionais.
gundo o Código de Ética que estamos estudando, A elaboração das leis serve para orientar o comporta-
“constitui uma ofensa (...) a todos os homens de mento dos indivíduos frente às necessidades (direitos e
boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu obrigações) e em relação ao meio social, entretanto, não
tempo, suas esperanças e seus esforços para cons- é possível para a lei ditar nosso padrão de comporta-
truí-los”; mento. Desta forma, outro ponto importante diz respeito
também são considerados danos morais aos
 a cultura e o contexto, ficando claro que não há cultura
usuários dos serviços públicos: deixar o cidadão no sentido de quantidade de conhecimento adquirido,
esperando em longas filas; maus tratos ao cidadão; mas sim, a qualidade na medida em que esta pode ser
e atraso na prestação do serviço. usada em prol da função social e do bem estar, entre
outras coisas mais que referem-se ao bem maior do ser
Atitudes comportamentais humano. Este é o ponto fundamental, a essência, o pon-
to mais controverso quando se trata da ética no serviço
publico.
O sucesso profissional e pessoal pode fazer grande
Para que ética? Os padrões são necessários para
diferença quando se une competência técnica e compe-
manter o mínimo de coesão e estabilidade na comuni-
tência comportamental. De acordo com especialistas no
dade. No caso especifico do serviço publico, o padrão
assunto, se essas competências forem desenvolvidas, a é requisito para garantir a confiança do publico. Existe
organização ganha em qualidade e rapidez, e o servidor uma relação entre a confiança depositada e a eficiência e
conquista o respeito dos usuários internos e externos. eficácia do serviço prestado.
A competência técnica tem como base o conheci-
mento adquirido na formação profissional. É própria da- Organização do Trabalho
queles cuja formação profissional é adequada à função
que exercem. De modo geral, são profissionais que reve- O conceito de organização do trabalho procura ana-
lam a preocupação em se manterem atualizados. lisar se os diferentes elementos de uma organização tra-
A competência comportamental é adquirida na ex- balham em conjunto, funcionam de forma eficiente e fo-
periência. Faz parte das habilidades sociais que exigem calizam as necessidades de ambos, clientes e prestadores
atitudes adequadas das pessoas para lidar com situações de serviços.
do dia-a-dia. De modo geral, o desenvolvimento dessa Uma melhor organização do trabalho exige muitas
competência é estimulado pela curiosidade, paixão, in- vezes pequenas mudanças de um processo ou procedi-
tuição, razão, cautela, audácia, ousadia. mento que resolvem importantes problemas relaciona-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Sabe-se que não é fácil alcançar o equilíbrio entre es- dos ao trabalho.
O conceito de organização do trabalho pode ajudar
ses dois tipos de competência. É comum se encontrar
a tratar de alguns elementos chaves que, se negligencia-
pessoas capacitadas realizando diferentes atividades
dos, interferirão com a facilidade de acesso e a qualidade
com maestria, porém, com dificuldade em manterem
dos serviços. Os elementos são:
relacionamentos interpessoais de qualidade. Tratam de a) práticas baseadas em evidências.
forma grosseira tanto os usuários internos como os ex- b) Capacidade de adaptação – apresentar flexibilida-
ternos. Lutam para que suas ideias sempre prevaleçam. de
Não conversam, gritam. Falam alto ao telefone. Fingem c) Ligações com outros serviços e locais
que não veem as pessoas. d) Informações maximizadas

4
e) Estimulo de criatividade no uso de espaço e recur- significa, direta ou indiretamente, causar-lhe dano moral.
sos III. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de des-
f) Potencializar o fluxo de usuários, administrando vios por parte do servidor público tornam-se, às vezes,
tempo de espera e fluxo das pessoas difíceis de corrigir e podem caracterizar negligência no
g) Divisão e definição do trabalho – funções e res- desempenho da função pública, mas não imprudência.
ponsabilidades
h) Estimular os fatores sociais IV. Toda ausência injustificada do servidor de seu local de
trabalho é fator de desmoralização do serviço público.
Atitudes e Prioridades em Serviço
Estão certos apenas os itens
As atitudes de um profissional no exercício de suas
funções devem ser pautadas no seu comportamento éti- a) I e II.
co. b) I e III.
A prioridade no serviço deve ser a satisfação e o bem- c) II e IV.
-estar do atendido. d) I, III e IV.
Nesse contexto, o Decreto nº 1.171/94, que aprovou e) II, III e IV.
o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil,
que pontua o padrão ético do servidor público. Resposta: Letra C - Afirmativa I – ERRADO – caracte-
O código traz as chamadas Regras Dentológicas, riza SIM grave dano moral
ou seja, os valores que devem nortear tanto o servidor Afirmativa II – CORRETO
quanto o serviço publico.1 Afirmativa III – ERRADO -dependendo da situação, ca-
Acesse o link a seguir e veja as regras Deontológicas racteriza imprudência também.
instituídas pelo decreto: www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Afirmativa IV – CORRETO
decreto/d1171.htm Todas as afirmativas constam no Código de Ética Pro-
fissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal (Decreto 1.171/94), portanto, sua leitura é ex-
tremamente importante.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESPE/2018 – PC/MA) No exercício do cargo, o ser-


vidor público, quando decide entre o honesto e o deso- DECRETO Nº 1.171/1994 (CÓDIGO DE ÉTICA)
nesto, vincula sua decisão à

a) ética. DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994


b) impessoalidade.
c) conveniência. Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
d) eficiência. blico Civil do Poder Executivo Federal.
e) legalidade.
Consolidando um padrão de comportamento ético,
Resposta: Letra A - O Código de Ética do Servidor merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de
Público é claro quando diz que o servidor não poderá Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
nunca desprezar e elemento ético de sua conduta, o que cutivo Federal), o qual será estudado a partir deste ponto.
já justifica a alternativa A como correta, mas pensemos Considerados os princípios administrativos basilares
um pouco. do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma
A ética define o que é certo e o que é errado, e a moral específico que estabelece a ação ética esperada dos ser-
nos mostra os caminhos de como chegar a um ou a vidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata-
outro, portanto, fazer uso de conveniência, de eficiên- -se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o
cia, de legalidade são formas que temos de exercer um qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria
comportamento ético. de profissionais, assemelhando-se no formato aos Có-
digos de Ética que costumam ser adotados para varia-
2. (CESPE/2018 – PC/MA) Julgue o item que se segue, das categorias profissionais (médicos, contadores...), mas
a respeito das atitudes do servidor público no desempe- diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico,
nho das suas funções.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

logo, coativo.
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um
I. O fato de um servidor público deixar qualquer pessoa Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que
à espera de solução que compete ao setor em que ele existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos
exerça suas funções, acarretando atraso na prestação do da conduta humana podem ser reunidas em um instru-
serviço, caracteriza atitude contra a ética, mas não grave mento regulador. Tal conjunto racional, com o propósi-
dano moral ao usuário dos serviços públicos. to de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação
II. Tratar mal uma pessoa que paga seus próprios tributos desta ciência que se consubstancia em uma peça magna,
como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupa-
1 Texto adaptado de Anderson Leite/ Miriam Valente/ Cartilha de
mentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera
Excelência no Atendimento e Boas Práticas (www.agu.gov.br)

5
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização em estudo, o qual encontra conexão com diplomas como
do exercício passam a controlar a execução de tal peça as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públi-
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um cos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade admi-
indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse nistrativa), além da Constituição Federal. Assim, o Decreto
no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a nº 1.171/94 não é autônomo!
ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória tor- Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas de
na-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de obri-
geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética gatoriedade dele. Autores como Azevedo5 se posicionam
e de uma educação pertinente que conduza à vontade pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decreto 1171
de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina é inconstitucional, na medida em que impõe regras de
da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima diz,
mais remotas, e é uma tendência natural na vida das co- no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer
munidades. É inequívoco que o ser tenha sua individuali- ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’
dade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem
é que uma norma comportamental deva reger a prática pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo art.
profissional no que concerne a sua conduta, em relação 5º é a norma primária, não podendo ser confundida com
a seus semelhantes” 2. Logo, embora se reconheça que o a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela
indivíduo tem particularidades no desempenho de suas norma secundária. Assim, não poderia ser imposta ne-
funções, isto é, que emprega algo de sua personalida- nhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é
de no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol uma norma secundária, porque só a norma primária tem
de condutas padronizadas genericamente, as quais cor- esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova
respondem ao melhor desempenho profissional que se redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Consti-
pode ter, um desempenho ético. tucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
“Para que um Código de Ética Profissional seja organi- falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em
zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre
filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis organização e funcionamento da Administração Pública
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral Federal, quando não houver aumento de despesa nem
abrange as relações com os utentes dos serviços, os co- criação ou extinção de órgãos públicos, e também para
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So-
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro- mente uma grande força de interpretação, que chegaria
fissão representam as variações entre os diversos estatu- a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da
tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con-
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível duta para servidores públicos estaria inserta na organiza-
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O ção e funcionamento da Administração Pública Federal.
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare-
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 3. ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge- em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a 22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen-
informações privilegiadas no exercício do cargo. to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o
Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas
de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con- materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação
siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor às normas processuais, como a obrigação de criação de
sobre a organização e o funcionamento da administração Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú-
pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Constituição blicos federais”.
Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato
bem como expedir decretos e regulamentos para sua dos decretos autônomos terem surgido após o Decreto
fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, real-
organização e funcionamento da administração federal, mente. Contudo, trata-se de uma norma secundária que
quando não implicar aumento de despesa nem criação encontra bases em normas primárias, quais sejam a Lei
ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas as di-
cargos públicos, quando vagos”. Exatamente por causa retrizes estabelecidas no Código de Ética são repetidas
desta atribuição que o Código de Ética em estudo adota em leis federais e decorrem diretamente do texto cons-
a forma de decreto e não de lei, já que as leis são elabora-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

titucional. Assim, a adoção da forma de decreto não sig-


das pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional). nifica, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam
O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado obrigatórias: o servidor público federal que desobede-
exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo, cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante
que se perfaz em decretos regulamentares. Embora sejam a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações
factíveis decretos autônomos4, não é o caso do decreto ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar
2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. São Paulo: Saraiva, 2011.
3 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 5 AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível
2010. em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnli-
4 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. ne_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

6
até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de cen- Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do
sura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder
ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90
de promoção. Isso sem falar na total efetividade das re- referem-se aos deveres e proibições do servidor público
gras determinantes da instituição de Comissões de Ética. federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de
improbidade administrativa.
A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tor-
#FicaDica
nou obrigatório a todas as esferas da atividade pública.
O Decreto nº 1.171/1994 não é autônomo e Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu
se vincula às disciplinas da Lei nº 8.112/1990 cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões
– Regime Jurídico dos Servidores Públicos Ci- de Ética, as quais não podem ser compostas por servido-
vis Federais e da Lei nº 8.429/1992 – Lei de res temporários.
Improbidade Administrativa. O decreto conferiu um prazo para cada uma das en-
tidades da administração pública federal direta ou in-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições direta para constituir em seu âmbito uma Comissão de
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como efeito, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto
1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho na administração direta quanto na indireta. A Comissão
de 1992, de Ética será composta por: três servidores ou empre-
gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanen-
te. A constituição (quando foi criada) e a composição
DECRETA:
(quem a compõe) da Comissão deverão ser informadas
à Secretaria da Administração Federal da Presidência da
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
República.
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
com este baixa.
ANEXO
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Código de Ética Profissional do Servidor Público
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta Civil do Poder Executivo Federal
dias, as providências necessárias à plena vigência do
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da CAPÍTULO I
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser- Seção I
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou Das Regras Deontológicas
emprego permanente.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética O Direito como valor do justo é estudado pela Filoso-
será comunicada à Secretaria da Administração Fede- fia do Direito na parte denominada Deontologia Jurídica,
ral da Presidência da República, com a indicação dos ou, no plano empírico e pragmático, pela Política do Di-
respectivos membros titulares e suplentes. reito6. Deontologia é uma das teorias normativas se-
gundo as quais as escolhas são moralmente necessá-
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu- rias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre
blicação. as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre
o que deve ser feito, considerada a moral vigente. Por
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência sua vez, a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos
e 106° da República. deveres e dos direitos dos operadores do Direito, bem
ITAMAR FRANCO como de seus fundamentos éticos e legais, consolidan-
Romildo Canhim do o valor do justo. Por isso, os incisos que se seguem
traduzem o comportamento moral esperado do servidor
Os principais elementos que podem ser extraídos do público não só enquanto desempenha suas funções, mas
preâmbulo do Código de Ética são: também em sua vida social.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz
da República à época e, como tal, permanece válido até respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer-
que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú- tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se
dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de
do incompatível (revogação tácita) ou até outro decre-
regras e princípios que regem a conduta de um profis-
to ser expedido para substituí-lo (revogação expressa).
sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de-
O decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais:
terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito
no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou
a uma deontologia própria a regular o exercício de sua
alguns incisos do Código e que será estudado oportu-
6 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
namente. 2002.

7
profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O como o melhor cidadão de bem; no desempenho das minhas
Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em funções, devo me manter sério e comprometido, desempe-
sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata nhando cada uma das atribuições recebidas com o maior
de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei- cuidado e atenção possível, evitando erros, de modo que o
tos a especificidade destas normas. serviço que eu preste seja o melhor que eu puder prestar.
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da cício de suas funções, porque ele participa da sociedade
moral, daí porque não se preocupa com a previsão de e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público,
punição e processo disciplinar contra o servidor antiéti- por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma
co, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada,
entre a conduta antiética e a necessidade de punição ad- ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a pa-
ministrativa. A verdadeira intenção do Código de Ética lavra-chave para a vida particular do servidor público,
foi estimular os órgãos e entidades públicas federais a preservando a instituição da qual faz parte. Por exemplo,
promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as quem se sentiria bem em ser atendido por um funcioná-
discussões que dela se extrai, permeie amiúde as reparti- rio que é sempre visto embriagado em bares ou provo-
ções, até com naturalidade. cando confusões familiares, por mais que os serviços por
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter ele desempenhados sejam de qualidade?
para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver- O comportamento ético do servidor público na sua
dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, des- vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
tacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita houver uma razoável exigência do servidor se comportar
a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria
moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
dos casos, o sucesso profissional se az acompanhar de
típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171,
condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são
de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de
comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas
todo e qualquer servidor, na sua vida particular, indepen-
profissionais são aquelas indispensáveis, sem as quais
dentemente da natureza do seu cargo? Quando tal Código
não se consegue a realização de um exercício ético com-
petente, seja qual for a natureza do serviço prestado. Tais estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algumas “Regras
virtudes devem formar a consciência ética estrutural, os Deontológicas”, quer dizer que o servidor público está en-
alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o profis- volto em um sistema onde a moral tem forte influência no
sional ao êxito em seu desempenho” 7. desenvolvimento da sua carreira pública. Assim, quem passa
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que pelo serviço público sabe ou deveria saber que a promoção
se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa profissional e o adequado cumprimento das atribuições do
buscando atendimento no órgão público em questão, cargo estão condicionados também pela ética e, assim, pelo
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio- comportamento particular do servidor.
nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução
do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
sempre como princípio de uma legislação universal”8. o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
caput, e § 4°, da Constituição Federal.
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con-
dos princípios morais são primados maiores que devem ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servi-
nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou dor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno,
função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da voca- o justo e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de
ção do próprio poder estatal. Seus atos, comportamen- menor relevância para aquelas fundamentais, que envol-
tos e atitudes serão direcionados para a preservação da vem a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais
honra e da tradição dos serviços públicos. valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é
Primeiramente, vale compreender o sentido de algu-
preciso escolher acima de tudo entre honesto e desones-
mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender
to, evidencia-se que o Código busca mais do que o res-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

autoridade moral; por decoro, compostura e decência;


peito à lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.
por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do
Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao
efeito esperado.
qual o inciso em estudo faz remissão.
Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama de
consciência dos princípios morais: sei que devo agir de modo
que inspire os demais que me rodeiam, isto é, exatamente Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
7 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
2010. de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
8 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Barre-
de e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
ra. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32.

8
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- re com a sua comunidade e muito menos com a socieda-
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
função pública, a indisponibilidade dos bens e o res- expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o
sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas destino de nações, partindo da ausência de conduta vir-
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com
Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano
consequências dos atos de improbidade administra- tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses
tiva, que poderão variar conforme o grau de gravidade de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se
(uma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas
devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se enten- em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem
de por ressarcir o erário). condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o
caminho justo, adequado, para o benefício geral” 9.
III - A moralidade da Administração Pública não se V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
rante a comunidade deve ser entendido como acrés-
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem co-
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, ser considerado como seu maior patrimônio.
na conduta do servidor público, é que poderá consoli- O cidadão paga impostos e demais tributos apenas
dar a moralidade do ato administrativo. para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so-
particular. O servidor público não deve pensar por uma ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor
agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um
a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao
seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre- Estado.
valecer sobre o particular. Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con-
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que
é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju-
é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser-
vidor receba do particular qualquer verba extra: sua
não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja,
remuneração já é paga pelo particular, por meio dos im-
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem
postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto
comum, sob pena de violar a moralidade. não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o
seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação
IV - A remuneração do servidor público é custeada pe- do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
los tributos pagos direta ou indiretamente por todos, que vive.
até por ele próprio, e por isso se exige, como contra-
partida, que a moralidade administrativa se integre no VI - A função pública deve ser tida como exercício
Direito, como elemento indissociável de sua aplicação profissional e, portanto, se integra na vida particular
e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, de cada servidor público. Assim, os fatos e atos veri-
em fator de legalidade. ficados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
O servidor público deve colocar de lado seus inte- poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no vida funcional.
Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti-
é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên- ca lembra que um funcionário público carrega consigo a
cia do ser humano, como tem sido objeto de referência imagem da administração pública, ou seja, não é servi-
de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, dor público apenas quando está desempenhando suas
seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o
melhor funcionário público da repartição se a vida parti-
de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos
cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição,
problemas. Quando o trabalho é executado só para au-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

coerência, compostura e moralidade também na vida


ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma
lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be- pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor
nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com de seus deveres sociais.
consciência do bem comum, passa a existir a expressão
social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá- VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-
vel de acordo com seu alcance em face da comunidade. tigações policiais ou interesse superior do Estado e
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, da Administração Pública, a serem preservados em
tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela 9 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor- 2010.

9
processo previamente declarado sigiloso, nos termos Quem nunca chegou a uma repartição pública ou
da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um
constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no
sua omissão comprometimento ético contra o bem co- serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que
mum, imputável a quem a negar. ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade,
Como visto, a publicidade é um princípio basilar da fazendo tudo o possível para ajudá-lo, despendendo o
administração pública, ao lado da moralidade. Como tal, tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú- O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
blico negar o acesso à informação por parte do cidadão, grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be- consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po- pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
demos justificar o não cumprimento quando fatores de nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
ordem muito superior o possam impedir, pois o descum- que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
primento será sempre uma lesão à consciência ética” 10. decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.11
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
FIQUE ATENTO! os limites da herança, embora existam reflexos na ação
O dispositivo autoriza que os atos adminis- que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
trativos não sejam públicos em situações ex- na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
cepcionais, quais sejam segurança nacional, tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
investigações policiais e interesse superior passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
do Estado e da Administração Pública. Genericamente, os elementos da responsabilidade ci-
vil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo
aos interesses da própria pessoa interessada ou da Ad- central do instituto da responsabilidade civil, que tem
ministração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou
erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniqui- dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma viola-
lam até mesmo a dignidade humana quanto mais a ção de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal
de uma Nação. (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano
Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe- causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente,
rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,
referir à função desempenhada, por exemplo, negando econômico e não econômico).
a prática de um ato ou informando erroneamente um ci- Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo do prestadoras de serviços públicos responderão pelos
à Administração Pública. danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res-
se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa
ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação. clara a formação de uma relação jurídica autônoma en-
Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros tre o Estado e o agente público que causou o dano no
ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá- desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon-
-los e corrigi-los. sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado
provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço é justamente o direito de acionar o causador direto do
pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, con-
tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe siderada a existência de uma relação obrigacional que se
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

dano moral. Da mesma forma, causar dano a qual- forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
quer bem pertencente ao patrimônio público, deterio- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
rando-o, por descuido ou má vontade, não constitui te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi
ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas espe- incompatíveis com o comportamento ético dele esperado.12
ranças e seus esforços para construí-los. 11 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005.
10 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 12 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
2010. Método, 2011.

10
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é,
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas
contraditório e ampla defesa. negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço
culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua
que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo
(administrado), o servidor terá o dever de indenizar. ao serviço público.
Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo-
busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço
é, gerar tamanho abalo emocional e psicológico que im- público, o que quase sempre conduz à desordem nas
plique num dano. Apesar deste dano não ser econômico, relações humanas.
isto é, de a dor causada não ter meio de compensação O servidor público tem obrigação de comparecer reli-
financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que giosamente em seu local de trabalho no horário determi-
a compense razoavelmente. nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando
Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri- inevitáveis, devem ser justificadas.
za dano material. No caso, há um correspondente finan- Os demais funcionários e a sociedade sempre fi-
ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido
cam atentos às atitudes do servidor público e qualquer
de pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou
percepção de relaxo no desempenho das funções será
deteriorado.
observada, notadamente no que tange a ausências fre-
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es- quentes.
pera de solução que compete ao setor em que exerça
suas funções, permitindo a formação de longas filas, XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a
ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do estrutura organizacional, respeitando seus colegas e
serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética cada concidadão, colabora e de todos pode receber
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave colaboração, pois sua atividade pública é a grande
dano moral aos usuários dos serviços públicos. oportunidade para o crescimento e o engrandecimen-
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, to da Nação.
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com re- O bom desempenho das funções ao agir conforme o
lação ao usuário do serviço público, qual seja a de deixá-lo esperado pela sociedade implica numa boa imagem do
esperando por atendimento que seja de sua competência. servidor público, o que permite que ele receba apoio dos
Claro, a espera é algo natural, notadamente quando o aten- demais quando realmente precisar.
dimento estiver sobrecarregado. O que o inciso pretende “É inequívoco que o trabalho individual influencia
vetar é que as filas se alonguem quando o servidor enrola e recebe influências do meio onde é praticado. Não é,
no atendimento, enfim, age com preguiça e desânimo. pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua
contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
ordens legais de seus superiores, velando atentamen- do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral,
te por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta pode realizar importantes feitos que alcançam repercus-
negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo são ampla” 14.
de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho #FicaDica
da função pública.
Dentro do serviço público há uma hierarquia, que As regras deontológicas do Código de Ética
deve ser obedecida para a boa execução das atividades. trazem uma concepção abrangente de de-
Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual veres comportamentais do servidor público,
decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe que adiante são aprofundadas de forma
o respeito ao que o superior determina, executando as mais específica no inciso XIV.
funções da melhor forma possível.
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem
em seu grupo repousa no fato de que as associações
possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi- Seção II
líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres Dos Principais Deveres do Servidor Público
se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas
que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:


divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so-
matória deles em classe profissional, tem seu comporta- Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
mento específico, guiado pela característica do trabalho continuidade no tratamento do agir moral esperado
executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir do servidor público. No caso, são elencados alguns de-
uma ordem que permita a evolução harmônica do traba- veres essenciais que devem ser obedecidos.
lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de “Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para
uma tutela no trabalho que conduza a regularização do o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
individualismo perante o coletivo” 13. Sendo o propósito do exercício profissional a prestação
13 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 14 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

11
de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti- g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a ção, respeitando a capacidade e as limitações in-
tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe- dividuais de todos os usuários do serviço público,
nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro- sem qualquer espécie de preconceito ou distinção
fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
execução de um trabalho” 15. cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, forma, de causar-lhes dano moral;
função ou emprego público de que seja titular;
Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri- Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com
buições inerentes à posição de que seja titular. igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa-
rendimento, pondo fim ou procurando prioritaria- do caracteriza dano moral, cabendo reparação.
mente resolver situações procrastinatórias, prin-
cipalmente diante de filas ou de qualquer outra h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te-
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo mor de representar contra qualquer comprometi-
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de mento indevido da estrutura em que se funda o
evitar dano moral ao usuário;
Poder Estatal;
O desempenho de funções deve se dar de forma
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que
adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi- quicos, de contratantes, interessados e outros que
fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler- visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o gens indevidas em decorrência de ações imorais,
que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço ilegais ou aéticas e denunciá-las;
quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú-
para evitar dano moral ao cidadão. blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de-
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente.
integridade do seu caráter, escolhendo sempre, Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede-
quando estiver diante de duas opções, a melhor e cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente
a mais vantajosa para o bem comum; quando perceber que a atitude de seu superior contraria
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores os interesses do bem comum, nem que deva ter medo
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou
da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, colegas.
sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade. São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con- superiores ou de pessoas que contratem ou busquem
dição essencial da gestão dos bens, direitos e ser-
serviços do poder público: obtenção de favores, benefí-
viços da coletividade a seu cargo;
cios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas.
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten- Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-
Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito cias específicas da defesa da vida e da segurança
deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo coletiva;
que ele seja preservado. O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços públicos possuem o direito de greve, devendo se aten-
aperfeiçoando o processo de comunicação e con- tar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En-
tato com o público; quanto não for elaborada uma legislação específica para
A atitude ética esperada do servidor público consis- os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral
te em exercer suas funções de forma adequada, sempre de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n°
atendendo da melhor forma possível os usuários. 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
princípios éticos que se materializam na adequada sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado,
prestação dos serviços públicos; refletindo negativamente em todo o sistema;
Os funcionários públicos nunca podem perder de vis- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
ta o dever ético que eles possuem com relação à socie- qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
dade como um todo, que é o de respeito à moralidade
exigindo as providências cabíveis;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

insculpida no texto constitucional. “A consciência ética


n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-
busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal
um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa balho, seguindo os métodos mais adequados à sua
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é organização e distribuição;
de todos; isso requer vida administrativa e política trans- Os três incisos acima reiteram deveres constantemente
parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda enumerados pelo Código de Ética como o de compareci-
a coletividade”16. mento assíduo e pontual no local de trabalho, o de comu-
15 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, nicação de atos contrários ao interesse público (inclusive
2010. os praticados por seus superiores) e o de preservação do
16 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo: local de trabalho (mantendo-o limpo e organizado).
FTD, 2010.

12
o) participar dos movimentos e estudos que se rela- O servidor público deve agir conforme a lei determi-
cionem com a melhoria do exercício de suas fun- na, observando-a estritamente, preservando assim os in-
ções, tendo por escopo a realização do bem co- teresses da sociedade.
mum; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei- classe sobre a existência deste Código de Ética, es-
çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles timulando o seu integral cumprimento.
disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
ao servidor público participar sempre que for benéfico à O Código de Ética é o principal instrumento jurídico
melhoria de suas funções. que trata das atitudes do servidor público esperadas e
“O valor do exercício profissional tende a aumentar à vedadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar
medida que o profissional também aumentar sua cultu- a sua leitura àqueles que o desconheçam.
ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos
os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, Seção III
matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em Das Vedações ao Servidor Público
elites cultas te garantida sua posição social, porque se
habilita às lideranças e aos postos de comando no po- XV - É vedado ao servidor público;
der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con-
impossível negar tal evidência [...]”17.
trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por
quadas ao exercício da função;
um juízo de interpretação das regras éticas até então es-
A roupa vestida pelo servidor público também refle-
te sua autoridade moral no exercício das funções. Por tudadas.
exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizan-
do bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de des- #FicaDica
caso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias,
compatíveis com a seriedade esperada da Administração Não será necessário gravar todas estas regras
Pública e de seus funcionários. se o candidato se atentar ao fato de que elas
q) manter-se atualizado com as instruções, as nor- se contrapõem às atitudes corretas até en-
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão tão estudadas. Por óbvio, não agir da forma
onde exerce suas funções; estabelecida caracteriza violação dos deveres
A regulamentação das funções exercidas pelos ór- éticos, o que é proibido.
gãos administrativos está sempre mudando, cabendo ao
servidor público se manter atualizado.
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tempo, posição e influências, para obter qualquer
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, favorecimento, para si ou para outrem;
mantendo tudo sempre em boa ordem. O cargo público é para a sociedade, não para o indi-
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado víduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevi-
do servidor público, refletindo a prestação do serviço damente. A esta descrição corresponde o tipo criminal
com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem co- da corrupção passiva, prescrito no Código Penal em seu
mum. artigo 317 nos seguintes termos:
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
quem de direito; Corrupção passiva
As atividades de fiscalização são usuais no serviço Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atri-
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
buídas estão sendo prestadas conforme a lei determina.
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena -
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se
de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses
dos usuários do serviço público e dos jurisdiciona- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
dos administrativos; servidores ou de cidadãos que deles dependam;
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe- ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, uma clara violação ao dever ético.
é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
invocá-las, o servidor público será levado a sério. conivente com erro ou infração a este Código de
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha Como visto, é dever do servidor público denunciar
ao interesse público, mesmo que observando as aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como
formalidades legais e não cometendo qualquer obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir
violação expressa à lei; o erro do outro é algo solidário, porque todos os erros
cometidos numa função pública são prejudiciais à socie-
17 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
dade.
2010.

13
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o Como visto, o funcionário público deve atender com
exercício regular de direito por qualquer pessoa, eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor-
causando-lhe dano moral ou material; mações da maneira mais correta e verdadeira possível,
O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de sem mentiras ou ilusões.
forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou j) desviar servidor público para atendimento a inte-
material aos usuários e ao Estado. resse particular;
Todos os servidores públicos são contratados pelo Esta-
Na esfera penal, pode incidir no crime de prevarica- do, devendo prestar serviços que atendam ao seu interesse.
ção (art. 319, CP): Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subordinado que
lhe preste serviços particulares, por exemplo, pagar uma con-
Prevaricação ta pessoal em agência bancária, telefonar para consultórios
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamen- para agendar consultas, fazer compras num supermercado.
te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex- l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
pessoal: pertencente ao patrimônio público;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Os bens que se encontram no local de trabalho per-
tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu-
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos
sivamente para a prestação do serviço público, não po-
ao seu alcance ou do seu conhecimento para aten-
dimento do seu mister; dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, civil e administrativamente, bem como criminalmente
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança por peculato (art. 312, CP).
eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com
tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do ser- Peculato
viço prestado. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
interfiram no trato com o público, com os jurisdi- desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
cionados administrativos ou com colegas hierar- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
quicamente superiores ou inferiores; § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
O funcionário público deve agir com impessoalidade blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual- bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho. em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
comissão, doação ou vantagem de qualquer es-
Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
pécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para
abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre-
o cumprimento da sua missão ou para influenciar
outro servidor para o mesmo fim; ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio,
A remuneração do servidor público já é paga pelo por servidor público que o administra ou guarda.
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não
cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restan- prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
do presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o As informações que são acessadas pelo funcionário
faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas. público somente devem ser aproveitadas para o bom
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda
encaminhar para providências; que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi-
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (mo- vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio-
dificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) lação de sigilo funcional, pois utilizar-se de informações
dados de documentos pode configurar o crime previsto obtidas no âmbito interno da administração, nos casos
no artigo 313-A, do Código Penal: em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime,
previsto no artigo 325, do Código Penal:
Inserção de dados falsos em sistema de informações
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autoriza-


do, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir in- Violação de sigilo funcional
devidamente dados corretos nos sistemas informati- Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
zados ou bancos de dados da Administração Pública cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para -lhe a revelação:
outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
(dois) a 12 (doze) anos, e multa. se o fato não constitui crime mais grave.

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
do atendimento em serviços públicos; habitualmente;

14
Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, respeito ao serviço público e à dignidade social de cada
valores morais inerentes à boa prestação do serviço pú- servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla
blico. dos deveres e das vedações previstas, através de um tra-
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten- balho de cunho educativo com os servidores públicos
te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da federais.
pessoa humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
O servidor público, seja na vida privada, seja no exer- ganismos encarregados da execução do quadro de
cício das funções, não deve se filiar a instituições que carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo-
contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon-
ções e para todos os demais procedimentos próprios
ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é da carreira do servidor público.
um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo- Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética
res tradicionais. fornecerá as informações sobre os funcionários a ela
submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para
CAPÍTULO II alimentar processo administrativo disciplinar.
DAS COMISSÕES DE ÉTICA
XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art.
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- 25).
tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co-
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
missão de Ética é a de censura e sua fundamentação
exerça atribuições delegadas pelo poder público, de- constará do respectivo parecer, assinado por todos os
verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada seus integrantes, com ciência do faltoso.
de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do A única sanção que pode ser aplicada diretamente
servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa- pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena
trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta- mais branda pela prática de uma conduta inadequada
mente de imputação ou de procedimento suscetível de que seja praticada no exercício das funções. Nos demais
casos, caberá sindicância ou processo administrativo dis-
censura. ciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá ele-
“Estabelecido um código de ética, para uma classe, mentos para instrução.
cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de Censura é o poder do Estado de interditar ou restrin-
incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen- gir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito,
te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pú-
fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de blica vigente.
classe compreende as fases preventiva (ou educacional)
e executiva (ou de direta verificação da qualidade das #FicaDica
práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se
em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou - Todas as entidades da administração públi-
seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor, ca federal direta ou indireta devem constituir
deriva-se de atos propositadamente praticados. Os ór- em seu âmbito uma Comissão de Ética que
gãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um pa- irá apurar as infrações ao Código de Ética.
pel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços - A Comissão será composta por três servi-
dores ou empregados titulares de cargo efe-
prestados e da conduta humana dos profissionais” 18.
tivo ou emprego permanente.
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função - A constituição (quando foi criada) e a
de orientação e aconselhamento, devendo se fazer composição (quem a compõe) da Comissão
presentes em todo órgão ou entidade da administração deverão ser informadas à Secretaria da Ad-
direta ou indireta. ministração Federal da Presidência da Repú-
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar blica.
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito
pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

a instauração desses processos, mediante trabalho de ético, entende-se por servidor público todo aquele
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público jurídico, preste serviços de natureza permanente,
a consciência de sua adesão às normas ético-profissio- temporária ou excepcional, ainda que sem retribui-
nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
por parte de cada um e, em consequência, o resgate do
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades
18 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, de economia mista, ou em qualquer setor onde
2010. prevaleça o interesse do Estado.

15
Este último inciso do Código de Ética é de fundamen- 2. (STJ - Conhecimentos Básicos - Cargos: 10 e 12 -
tal importância para fins de concurso público, pois define CESPE/2018) Considerando os conceitos, princípios e
quem é o servidor público que se sujeita a ele. valores da ética e da moral, bem como o disposto na Lei
nº 8.429/1992, julgue o item a seguir.
“Uma classe profissional caracteriza-se pela homogenei- A consciência moral deve nortear o comportamento do
dade do trabalho executado, pela natureza do conhecimento servidor público, que deve sempre apresentar conduta
exigido preferencialmente para tal execução e pela identida- ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que
de de habilitação para o exercício da mesma. A classe pro- lhe imponha conduta imoral e antiética.
fissional é, pois, um grupo dentro da sociedade, específico,
definido por sua especialidade de desempenho de tarefa” 19. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Elementos do conceito de servidor público: Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em
sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por
desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores. A
exemplo, prestação de serviços como jurado ou me-
previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto nº
sário), contrato (contratação direta, sem concurso
1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as
público, para atender a uma urgência ou emergência) pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,
ou qualquer outro ato jurídico (é o caso da nomea- interessados e outros que visem obter quaisquer favo-
ção por aprovação em concurso público) - enfim, não res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de
importa o instrumento da vinculação à administração ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”.
pública, desde que esteja realmente vinculado;
b) Serviço prestado: permanente, temporário ou excep-
cional - isto é, ainda que preste o serviço só por um dia,
como no caso do mesário de eleição, é servidor público, LEI Nº 8.429/1992: DISPOSIÇÕES GERAIS;
da mesma forma que aquele que foi aprovado em con- ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
curso público e tomou posse; com ou sem retribuição
financeira - por exemplo, o jurado não recebe por seus
serviços, mas não deixa de ser servidor público;
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à admi- IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
nistração direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão
que tenha algum vínculo com o poder estatal. O 1. Conceito de improbidade
conceito é o mais amplo possível, abrangendo autar-
quias, fundações públicas, empresas públicas, socie- O agente público, quando age no exercício das
dades de economia mista, enfim, qualquer entidade suas funções, pode praticar atos violadores do Direito,
ou setor que vise atender o interesse do Estado. capazes de ensejar um dever de responsabilização
da Administração, que é a pessoa jurídica a qual
representa. É bastante comum a doutrina estabelecer a
responsabilidade tríplice dos agentes públicos, uma vez
EXERCÍCIOS COMENTADOS que seus atos podem violar direitos relativos às esferas
civil, penal, e administrativas. Todavia, além das três
1. (EBSERH - Analista Administrativo - Administração esferas mencionadas, é possível verificar uma quarta
- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao regime esfera de responsabilização dos agentes públicos, que
dos servidores públicos federais e à ética no serviço público. diz respeito à improbidade administrativa.
Comissões de ética são obrigatórias para todos os ór-
gãos da administração pública federal direta, sendo fa- Improbidade possui previsão constitucional, mais
cultativas para entidades da administração indireta. especificamente no art. 37, caput, ao expor que é dever
da Administração Pública Direta e Indireta, o respeito
( ) CERTO ( ) ERRADO ao princípio da moralidade administrativa. Além disso,
consta no § 4º do mesmo dispositivo constitucional
Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está que “os atos de improbidade administrativa importarão
expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI: a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
“Em todos os órgãos e entidades da Administração pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Pública Federal direta, indireta autárquica e funda- ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça sem prejuízo da ação penal cabível”. Pela leitura do
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser dispositivo, verifica-se uma característica importante
criada uma Comissão de Ética [...]”. dos atos de improbidade: a sua independência em
relação às outras esferas de responsabilização. Assim,
a instauração de processo com o escopo de apurar o
ato de improbidade independe de prévia condenação
(ou absolvição) do agente infrator nos processos civil,
19 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
criminal, e administrativo.
2010.

16
Dessa forma, podemos conceituar os atos de que tenham induzido, concorrido, ou se beneficiou
improbidade administrativa como aqueles aptos a da prática do ato. Assim, os particulares podem até
causarem danos ao erário, enriquecimento ilícito, ou serem responsabilizados, mas nunca sozinhos, hipótese
ainda violação aos princípios administrativos. designada como improbidade imprópria.
A preocupação do legislador em estabelecer os Ainda sobre a hipótese de particulares, o STJ tem se
atos de improbidade, bem como as sanções aplicáveis posicionado de forma a restringir o âmbito de aplicação
da LIA para as pessoas não agentes, como no julgado de
aos agentes públicos, traduz-se na finalidade de
Recurso Especial REsp nº 1.405.748, que extinguiu ação
garantir o respeito à moralidade administrativa. Nossa
de improbidade proposta em face do ator Guilherme
Constituição estabelece dois mecanismos processuais Fontes pela demora na conclusão do filme “Chatô – Rei
para a defesa da moralidade, haja visto ser uma questão do Brasil”.
de interesse público. De um lado, temos a ação popular
(art. 5º, LXXIII, da CF/1988), podendo ser proposta por
qualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio
#FicaDica
público ou de entidade que o Estado participe, à A presença do elemento dolo/culpa nos atos
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao de improbidade administrativa é um tema bas-
tante discutido na doutrina. O art. 10 da Lei nº
patrimônio histórico-cultural. De outro, a ação de
8.429/1982 prevê, expressamente, que “cons-
improbidade administrativa, fundada no art. 37, § 4º,
titui ato de improbidade administrativa que
da CF/1988, e de legitimidade exclusiva do Ministério
causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-
Público, ou de entidade interessada. são, dolosa ou culposa, que enseje...”. Este é o
único dispositivo que prevê expressamente a
2. A Lei nº 8.429/1982 modalidade culposa para configuração de im-
probidade. Uma corrente majoritária na dou-
Como forma de regulamentar o processo de
trina sustenta que, devido a sua ausência nos
improbidade, garantido pela Constituição, incumbiu-
demais casos de improbidade, a culpa stricto
se a União a tarefa de promulgar a Lei Federal
sensu somente seria admitida para atos que
nº 8.429/1982, também conhecida como Lei da
causem prejuízos ao erário. A responsabilida-
Improbidade Administrativa (LIA).
de é sempre subjetiva, devendo sempre de-
Dispõe o art. 1º da LIA que “Os atos de improbidade
monstrar a culpa em sentido amplo do agente
praticados por qualquer agente público, servidor
ou não, contra a administração direta, indireta ou público.
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de
Território, de empresa incorporada ao patrimônio 3. Espécies de atos de improbidade
público ou de entidade para cuja criação ou custeio
A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
o erário haja concorrido ou concorra com mais de 8.429/1982) define, nos seus artigos 9º a 11, um
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, rol exemplificativo das condutas que caracterizam
serão punidos na forma desta lei”. Podemos identificar a improbidade administrativa, que constituem no
os sujeitos ativo e passivo do ato de improbidade. objeto da improbidade. Podemos dividir tais condutas
Sujeito passivo do ato de improbidade é aquele em quatro grandes grupos:
que venha a sofrer as consequências do ato de A) Atos que importam em enriquecimento ilícito:
improbidade administrativa. São eles: membros são as condutas de maior gravidade, apenadas
da Administração Pública Direta (União, Estados, com as sanções mais rigorosas, pelo fato de
Municípios e seus órgãos), da Administração Indireta envolver atos como auferir qualquer tipo de
(autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades vantagem patrimonial indevida em razão do
de economia mista); as entidades privadas que exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
recebem subvenção, incentivo ou benefício fiscal ou atividade nas entidades públicas (art. 9º da LIA).
creditício provenientes de órgãos públicos; e também As sanções aplicáveis podem ser de ressarcimento
as empresas com participação estatal, cuja criação integral do dano, perda da função pública, perda
ou custeio o erário concorra com menos de 50% do dos direitos políticos de 8 a 10 anos, e a proibição
patrimônio ou da receita anual. de contratar com o Poder Público pelo prazo de
10 anos.
Por outro lado, sujeito ativo é aquele que pratica o
B) Atos que causam prejuízo ao erário: qualquer
ato danoso, e eventualmente sofrerá a sanção aplicável tipo de conduta dolosa ou culposa, comissiva
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

após a propositura da ação de improbidade (art. 17 da ou omissiva, que enseja perda patrimonial,
LIA). Todo e qualquer agente público pode sofrer processo desvio, apropriação ou dilapidação dos bens
de improbidade. Compreende-se como agente público, ou haveres das entidades públicas é passível
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou de sanção, sem a necessidade de haver um
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, enriquecimento patrimonial do agente infrator
contratação ou qualquer outra forma de investidura (art. 10 da LIA). Comporta sanções intermediárias,
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas como ressarcimento dos danos, perda da função
entidades mencionadas anteriormente (art. 2º da LIA). pública, perda dos direitos políticos de 5 a 8 anos,
Entretanto, o art. 3º da referida Lei estende as penas e a proibição de contratar com o Poder Público
pela improbidade a particulares (não agentes), desde por 5 anos.

17
C) Atos que atentam contra os princípios da
Administração Pública: apesar de não causar
enriquecimento do agente, nem lesão financeira EXERCÍCIOS COMENTADOS
ao erário, a prática desses atos pode violar
os deveres de honestidade, imparcialidade, 1. (FUNPRESP-JUD – CARGOS DE ASSISTENTE – CES-
legalidade, e lealdade às instituições (art. 11). As PE – 2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o
sanções aplicáveis são mais brandas, incluindo item a seguir.
ressarcimento dos danos, perda da função A probidade administrativa abrange a noção de morali-
pública, perda dos direitos políticos de 3 a 5 anos, dade administrativa, de maneira que toda conduta que
e a proibição de contratar com o Poder Público atente contra a moralidade administrativa deva ser con-
por 3 anos. siderada ato de improbidade.
D) Atos decorrentes de concessão ou aplicação
indevida de benefício financeiro ou ( ) CERTO ( ) ERRADO
tributário: trata-se de novidade trazida pela
Lei Complementar nº 157/2016, que adicionou 1.
o artigo 10-A, tipificando como improbidade Os atos de improbidade administrativa podem ser dos
administrativa qualquer ação ou omissão para mais variados. Há um grupo de atos de improbidade
que, segundo o art. 11 da Lei nº 8.429/1992, atentam
conceder, aplicar ou manter benefício financeiro
contra os princípios da administração pública, violan-
ou tributário contrário ao que dispõem o caput
do os deveres de honestidade, imparcialidade, legali-
e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº dade, e lealdade às instituições. Dessa forma, pode-se
116/2003. Apresenta sanções como a perda da concluir que todo ato que atente contra a moralidade
função pública, e perda dos direitos políticos de pode ser considerado ato de improbidade.
5 a 8 anos. GABARITO OFICIAL: CERTO

4. Probidade e Moralidade

Convém fazer maior explanação sobre as diferenças 2. (FUNPRESP-JUD – CARGO 4 CONHECIMENTOS GE-
entre moralidade e improbidade. A moralidade, sobretudo RAIS – CESPE – 2016) Após investigação, João, servidor
a moralidade administrativa, é um princípio constitucional da justiça eleitoral, e Paulo, cidadão convocado para
da Administração Pública, presente no caput do art. 37 da exercer a função de mesário em determinado processo
CF/1988. Quando a Constituição expõe sobre “moralidade”, eleitoral, foram presos pela Polícia Federal por terem
geralmente remete-se a um princípio ou norma geral fraudado, a pedido do diretor da Secretaria do Tribunal
atribuída aos agentes públicos. Não há, todavia, regras Regional Eleitoral (TRE), uma urna eletrônica, para favo-
com previsão de sanções pelo não cumprimento do recer determinado candidato à presidência da República.
princípio da moralidade no Texto Constitucional. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens
A improbidade, todavia, apresenta uma faceta que se seguem.
Paulo só poderá responder por ato de improbidade ad-
muito mais concreta: quando a Constituição fala em
ministrativa se possuir vínculo com o serviço público.
“improbidade administrativa”, sempre pressupõe
alguma lesão a valores morais ou a algum comando ( ) CERTO ( ) ERRADO
legal, exigindo a aplicação de uma sanção. Parece-nos
mais correto afirmar que, como infração, a improbidade
é uma noção mais abrangente e real do que a noção de 2.
moralidade administrativa. Essa é a posição majoritária As sanções aplicáveis pela Lei de Improbidade Admi-
da doutrina. nistrativa são aplicáveis, também, àquele que, mesmo
Independentemente disso, o importante é que o não sendo agente público, induza ou concorra para
agente público tem o dever de obedecer não somente a prática do ato de improbidade ou dele se benefi-
as leis ou as normas jurídicas positivadas. Ele deve cie sob qualquer forma direta ou indireta (art. 3º, Lei
obedecer, também, ao princípio da moralidade, para nº 8.429/1992). Dessa forma, tanto João quanto Paulo
agir com ética, decoro, honestidade e boa-fé, e poder poderão responder pela prática do ato de improbida-
exercer uma “boa administração”. Caso contrário, de administrativa.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

poderá ser punido pela prática de atos de improbidade GABARITO OFICIAL: ERRADO
administrativa.

18
7. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – CESPE – 2018)
Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Públi-
HORA DE PRATICAR! co Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir.
É proibido ao servidor público utilizar de notícia obtida em
1. (MPE-PI – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CESPE – razão do exercício de suas funções em proveito próprio ou
2018) A respeito da ética, da moral, de valores e demo- de terceiros.
cracia, julgue o item a seguir.
Além de demandar a obediência a valores e normas de
( ) CERTO ( ) ERRADO
conduta, a solução dos problemas éticos na administra-
ção pública requer um padrão transparente e previsível 8. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – CESPE – 2018)
de procedimentos. Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Públi-
co Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO O servidor deve respeitar a hierarquia e não contrariar or-
dens de seu superior, ainda que estas estejam em descon-
2. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA PRO- formidade com os princípios norteadores da administração
CESSUAL – CESPE – 2018) A respeito da ética, da moral, pública.
de valores e democracia, julgue o item a seguir.
O pretorianismo é considerado um fator que favorece a ( ) CERTO ( ) ERRADO
democracia, por garantir o exercício da cidadania.
9. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL I – CESPE – 2018)
( ) CERTO ( ) ERRADO
Com base no Código de Ética Profissional do Servidor Públi-
co Civil do Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir.
3. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA PRO-
É vedado ao servidor público exercer atividade incompatível
CESSUAL – CESPE – 2018) A respeito da ética, da moral,
com o interesse público, ainda que tal atividade seja lícita.
de valores e democracia, julgue o item a seguir.
Moral, vocábulo herdado do latim, e ética, do grego,
( ) CERTO ( ) ERRADO
identificam conceitos que exprimem um conjunto de re-
gras de conduta que se espera que sejam adotadas.

( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (FUNPRESP-JUD – CARGO 4 CONHECIMENTOS


GERAIS – CESPE – 2016) O diretor da Secretaria do TRE,
que induziu o cometimento do ilícito, deverá responder
4. (MPE-PI – TÉCNICO MINISTERIAL – ÁREA ADMI-
por ato de improbidade administrativa.
NISTRATIVA – CESPE – 2018) Com relação aos prin-
cípios e aos valores éticos e morais no serviço público,
( ) CERTO ( ) ERRADO
julgue o seguinte item.
O servidor público poderá abrir mão do elemento ético
de sua conduta quando, no exercício de sua função, de-
terminada situação exigir rapidez e celeridade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – TÉCNICO BAN-


CÁRIO – CESPE – 2014) Com relação a ética, ética em-
presarial e ética profissional, julgue os itens a seguir.
O alvo da reflexão ética é a conduta humana, avaliada a
partir de valores construídos em sociedade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (IPHAN – ANALISTA I – CESPE – 2018) Acerca dos me-


canismos governamentais para preservação da priorização
do interesse público na gestão pública brasileira, julgue o
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

item que segue.


Ética, transparência e responsabilidade social são os prin-
cípios que sustentam o conceito de governança na gestão
pública.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 CERTO ________________________________________________
2 ERRADO _________________________________________________
3 CERTO
_________________________________________________
4 ERRADO
_________________________________________________
5 CERTO
6 CERTO _________________________________________________
7 CERTO _________________________________________________
8 ERRADO
_________________________________________________
9 CERTO
10 CERTO _________________________________________________

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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20
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, emendas constitucionais e emendas constitucionais de re-
visão: princípios fundamentais.............................................................................................................................................................................. 01
Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limitada. Normas programáticas.......... 02
Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direitos sociais. Direitos de nacionalida-
de. Direitos políticos.................................................................................................................................................................................................. 06
Organização político-administrativa: competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. ................................. 28
Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos.............................................................................................................. 34
Poder executivo: das atribuições e responsabilidades do presidente da república......................................................................... 41
Artigo 225 da Constituição Federal (Meio ambiente)................................................................................................................................. 44
Também importante destacar que se trata de uma re-
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA pública “federativa”, ou seja, é uma república composta por
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, estados federados (estados-membros) e municípios que não
EMENDAS CONSTITUCIONAIS E EMENDAS podem se dissolver por vontade de quem quer que seja.
CONSTITUCIONAIS DE REVISÃO: Os fundamentos que regem a República são: sobera-
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. nia, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores so-
ciais do trabalho de da livre iniciativa, além do pluralismo
político. A soberania tem duplo aspecto, tanto interno
Princípios Fundamentais (Título I) como externo.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela Do ponto de vista externo, a soberania informa aos
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis- demais países que dentro de nossos limites regem-se
trito Federal, constitui-se em Estado democrático de nossas próprias leis e que não serão aceitas interferên-
direito e tem como fundamentos: cias de outros; assim como do ponto de vista interno,
I - a soberania; têm-se a obrigatoriedade de obediências às nossas leis,
II - a cidadania; por quem quer que seja, independente de serem brasi-
III - a dignidade da pessoa humana; leiros ou não.
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; A cidadania é a manifestação expressa de que todos
V - o pluralismo político. aqueles que estiverem em solo brasileiro terão sua dig-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o nidade respeitada, ainda que aos estrangeiros. Também
exerce por meio de representantes eleitos ou direta- defendemos os valores sociais do trabalho, já que acima
mente, nos termos desta Constituição. de tudo tem sua função econômica, mas também social,
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô- permitindo ao indivíduo se inserir no contexto social.
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O pluralismo político também merece atenção, uma
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú- vez que a República Federativa do Brasil não adotou uma
blica Federativa do Brasil: única ideologia político-partidária.
O artigo 2º traz em seu bojo a teoria da separação de
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
poderes. No Brasil, cada um dos três poderes constituí-
II - garantir o desenvolvimento nacional;
dos atuará de forma livre, sem interferência dos demais,
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
porém, deverão agir harmonicamente entre si.
as desigualdades sociais e regionais;
Os objetivos da república encontram-se previstos no
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
art. 3º e tem por escopo a orientação do legislador no
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-
tocante a suas ações que refletem diretamente no povo.
mas de discriminação.
Podemos, por sinônimo, considerar que os objetivos são
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas metas que nossa República deve alcançar. São eles:
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
I - independência nacional; II - garantir o desenvolvimento nacional;
II - prevalência dos direitos humanos; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
III - autodeterminação dos povos; as desigualdades sociais e regionais;
IV - não-intervenção; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
V - igualdade entre os Estados; origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-
VI - defesa da paz; mas de discriminação.
VII - solução pacífica dos conflitos; Por fim, no artigo 4º encontramos os princípios que
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; orientam as relações internacionais entre o Brasil e os
X - concessão de asilo político. demais países. Vejamos:
X - concessão de asilo político. I - independência nacional;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus- II - prevalência dos direitos humanos;
cará a integração econômica, política, social e cultural III - autodeterminação dos povos;
dos povos da América Latina, visando à formação de IV - não-intervenção;
uma comunidade latino-americana de nações. V - igualdade entre os Estados;
O art. 1º da CF/88 tem diversos elementos que mere- VI - defesa da paz;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cem atenção face ao conteúdo de valores que carrega. VII - solução pacífica dos conflitos;
Em primeiro, informa o artigo que a constituição rege VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
as normas da república federativa do Brasil. O vocá- IX - cooperação entre os povos para o progresso da
bulo “república” informa que todo poder vem do povo humanidade;
e como tal deve ser respeitado. X - concessão de asilo político.

A democracia brasileira é chamada de democracia Cabe também destacar que o parágrafo único do art.
participativa, posto que o povo pode se manifestar di- 4º traz uma incumbência ainda maior para o Brasil no
retamente (plebiscito, referendo, entre outros) ou, em que tange as relações internacionais. O Brasil, também
determinadas situações, por seus representantes legal- tem por princípio buscar a integração econômica, políti-
mente constituídos Exemplo: deputados, senadores, etc). ca, social e cultural dos povos da América Latina, visan-
do à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

1
#FicaDica APLICABILIDADE DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS. NORMAS DE EFICÁCIA
Fundamentos: socidivaplu = soberania, ci- PLENA, CONTIDA E LIMITADA. NORMAS
dadania, dignidade da pessoa humana, va-
PROGRAMÁTICAS.
lores sociais do trabalho e livre iniciativa,
pluralismo político.
APLICABILIDADE DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS. NORMAS DE EFICÁCIA
PLENA, CONTIDA E LIMITADA. NORMAS
EXERCÍCIOS COMENTADOS PROGRAMÁTICAS.

1. (Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: TCM-BA A disciplina de direito constitucional é talvez a mais
Prova: Auditor Estadual de Infraestrutura). O princí- importante de todo o ordenamento jurídico, em especial
pio fundamental da Constituição que consiste em fun- do brasileiro posto que todas as demais normas devem
damento da República Federativa do Brasil, de eficácia estar de acordo com a Constituição Federal.
plena, e que não alcança seus entes internos é: Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional é
um dos ramos do Direito Público, a matriz que funda-
a) o pluralismo político. menta e orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu
b) a soberania. com os ideais liberais atentando-se, a princípio, para a
c) o conjunto dos valores sociais do trabalho e da livre organização estrutural do Estado, o exercício e transmis-
iniciativa. são do poder e a enumeração de direitos e garantias fun-
d) a prevalência dos direitos humanos. damentais dos indivíduos. Atualmente, preocupa-se não
e) a dignidade da pessoa humana. somente com a limitação do poder estatal na esfera par-
ticular, mas também com a finalidade das ações estatais
Resposta: Letra B A soberania não se confunde com e a ordem social, democrática e política”.
autonomia. A soberania revela que nosso Estado não A constituição, por sua vez, é o documento que alicer-
se subordina a nenhum outro país e que, as leis aqui ça os fundamentos do Estado para a qual ela foi delinea-
vigentes não podem sofrer interferência de outros pa- da. Também é possível utilizar outros sinônimos como
íses. constituir, delimitar, organizar; enfim, a Constituição tem
essa finalidade: organizar e estruturar o Estado.
2. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: CGM de Portanto, podemos definir constituição como um
João Pessoa - PB Prova: Conhecimentos Básicos - Car- conglomerado de normas de caráter fundamental e su-
gos: 1, 2 e 3. À luz do disposto na Constituição Federal premo, escritas ou alicerçadas nos costumes, responsá-
de 1988 (CF), julgue o item a seguir, acerca dos princípios veis pela criação, estruturação e organização do Estado
constitucionais e dos direitos fundamentais. Conforme a – uma espécie de estatuto do poder.
CF, o poder emana do povo e é exercido por meio de re- O estudo da disciplina de direito constitucional pode
presentantes eleitos, não havendo previsão do exercício ser feito tomando por base três perspectivas: a primeira,
do poder diretamente pelo povo. direito constitucional geral, fica adstrita as normas ge-
rais para o direito constitucional; a segunda perspectiva,
( ) CERTO ( ) ERRADO direito constitucional específico, estuda o direito cons-
titucional específico de um estado e, por fim, a terceira
Resposta: Errado O Brasil adota a democracia par- perspectiva, direito constitucional comparado, analisa a
ticipativa, ou seja, o povo participa diretamente dos influência das constituições de outros estados e sua par-
rumos do Estado, assim como o faz por seus repre- ticipação no tempo e espaço no decorrer da história.
sentantes eleitos. A democracia participativa é exata-
mente a junção da possibilidade de manifestação das
decisões pelo próprio povo como por seus represen- FIQUE ATENTO!
tantes eleitos de forma direta. Entendemos que o edital utilizou o termo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“perspectiva” neste tópico de forma


equivocada. Referido termo cabível apenas
para justificar as três formas de estudo do
direito constitucional, conforme explicado
acima. No entanto, a classificação sociológica,
política ou jurídica referente a constituição
– portanto, cabível no tópico a seguir e,
tecnicamente, ao invés de perspectiva, mais
apropriado seria a palavra “concepção”,
ou seja, concepção sociológica, concepção
filosófica ou concepção jurídica.

2
Perspectiva sociológica rialmente constitucional”. Nas constituições classificadas
Ferdinand Lassale foi o idealizador desta teoria. Para como materiais, considera-se constitucional toda norma
ele “a constituição nada mais é do que a soma dos fato- de cunho constitucional ainda que não esteja inserida na
res reais de poder que regem a sociedade”, ou seja, para constituição.
Lassale a constituição é o reflexo da sociedade.

#FicaDica
Perspectiva política Material: não importa se a norma está inserida
Esta concepção foi idealizada por Carl Schmitt que no texto da constituição. Será considerada
sintetizava a constituição como um documento que sin- constitucional se o seu conteudo for de
tetizava unicamente as decisões políticas do Estado. Para natureza constitucional. Formal: para ser
o Autor, necessário a constituição conter decisões polí- considerada constitucional deverá a norma
ticas fundamentais, posto que do contrário estaríamos compor o texto da constituição.
diante de um lei formal/comum qualquer.

Perspectiva Jurídica Também é possível classificar uma constituição quan-


Idealizada por Hans Kelsen, a constituição seria fruto to a sua finalidade. Poderá ser classificada como cons-
da vontade racional de um povo e não a realidade social; tituição garantia que tem por característica a restrição
é uma norma pura, positivada e suprema. Para Kelsen, a do poder estatal, ou seja, núcleos de direitos que não
constituição seria o ápice da pirâmide, e todas as demais poderão sofre interferência do Estado. Uma constituição
leis, devem estar em consonância com ela. com essa característica é aquela que se preocupa com a
manutenção de direitos já conquistados, ou seja, prote-
Fontes formais ge-se aquilo que se conquistou impedindo a ingerência
O direito constitucional se instrui em diversas fontes. do Estado. Ainda quanto a finalidade, poderá uma cons-
Podem ser consideradas fontes formais do direito cons- tituição ser chamada de constituição dirigente que, ao
titucional a própria Constituição do estado, as emendas contrário da garantia, ocupa-se de um plano futuro para
constitucionais e os tratados internacionais de direitos a conquista de direitos. Na realidade essas constituições
humanos. estabelecem uma meta a ser alcançada pelos Estados.

#FicaDica #FicaDica
Nossa constituição segue a perspectiva de A constituição federal de 1988, em vigência, é
hans kelsen, chamada de jurídica. classificada quanto ao conteúdo como formal
e quanto a finalidade como dirigente.

A Constituição sob o prisma sociológico está direta-


mente ligada a teoria elaborada por Ferdinand Lassale. Normas Constitucionais
Segundo o autor a constituição seria o reflexo das re-
lações de poder vigentes em determinada comunidade Classificação quanto a aplicabilidade
política, ou seja, a constituição deveria exprimir as rela- - Normas de eficácia plena: tem aplicabilidade ime-
ções vigentes no estado e não se furtar de regras ultra- diata. Desde sua entrada em vigor já começa a
passadas ou mesmo caídas no desuso, posto que se as- produzir efeitos. Não precisa de outra norma para
sim fosse, não passaria de um simples pedaço de papel. regulamenta-la. Poderá até tê-la, mas desnecessá-
Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a ria do ponto de vista de sua aplicabilidade.
constituição deve ser o produto de uma decisão da von- - Normas de eficácia contida: possuem aplicabilidade
tade que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma imediata, direta, mas não integral, posto que su-
decisão fundamental oriunda de poder originário, apto a jeito a restrições que limitem sua eficácia e aplica-
criar aquele texto. bilidade. Segundo José Afonso da Silva, Para José
Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica, Afonso da Silva, “as normas de eficácia contida são
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a constituição é a lei maior, nada acima dela; todas as as que possuem atributos imperativos, positivos
demais leis devem obediência obrigatória ao texto cons- ou negativos que limitam o Poder Público. Geral-
titucional. Trata-se da chamada Teoria Pura do Direito, mente estabelecem direitos subjetivos de indivídu-
por onde Kelsen coloca a Constituição no topo de uma os e entidades privadas ou públicas”.
pirâmide, e na sequência as demais normas possíveis. - Normas de eficácia limitada: são normas constitu-
As constituições podem ser classificadas por diversos cionais que dependem de uma norma, infraconsti-
ângulos. Quanto ao conteúdo uma constituição pode ser tucional, para que dê aplicabilidade a norma.
classificada como material ou formal. Será considerada
formal, nas palavras de Nathália Masson, “assuntos im- Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder constituinte
prescindíveis à organização política do Estado. Em outros é a força política que se funda em si mesma, a expressão
termos, são constitucionais os preceitos que compõe o sublime da vontade de um povo em estabelecer e discipli-
documento constitucional, ainda que o conteúdo de al- nar as bases organizacionais da comunidade política”.
guns desses preceitos não possa ser considerado mate-

3
O poder constituinte é, portanto, aquele poder res- - Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vi-
ponsável por dar origem ao regramento do Estado. É gente, apto a elaborar nova constituição.
graças a esse poder que serão definidas a estrutura de
jurídicas e políticas do novo ordenamento que está sur- - Poderes Constituídos
gindo. Esse poder normalmente nasce junto com o pró-
prio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as Os poderes constituídos são aqueles criados pelo po-
regras que regerão aquela nova unidade. der constituinte originário. Os poderes constituídos são,
O poder constituinte é aquele que também cria os portanto, derivados do poder constituinte originário e
demais poderes, que apresenta o regramento, seus limi- podem ser divididos nas seguintes espécies:
tes e suas atribuições. Tem enorme importância no pro- - Poder Constituído Derivado reformador: tem por
cesso de formação do novo estado, pois, graças a ele escopo alterar a constituição de modo a adequá-la
será possível dar vida ao novo ordenamento. as transformações decorrentes de novas dinâmi-
Existem duas correntes que definem a natureza do poder cas sociais. No Brasil esse poder é exprimido pelas
constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e corrente jus- Emendas Constitucionais.
positivista. A primeira, considerada que o poder constituinte
é uma espécie de poder de direito, pois para autores como O poder derivado reformador tem enorme importân-
Sieyés o direito natural precede ao novo Estado em surgi- cia para o direito constitucional, posto que é por ele que
mento, uma espécie de poder de direito nascido antes do a Constituição se adequa as transformações proporcio-
Estado com a tarefa de organizar essa nova sociedade. A se- nadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de
gunda corrente defende que não há como existir regramen- um novo texto constitucional sempre que for necessária
tos (direitos) precedentes ao Estado, posto que estes surgem sua adequação aos novos contornos da sociedade, utili-
a partir do momento que o povo decide se organizar em za-se do poder reformador.
sociedade; estar-se-ia, portanto, diante de um poder de fato, Vale ressaltar que nossa CF/88 é classificada como
um poder político fruto das forças sociais que o criam. uma constituição rígida, não podendo ser mudada a
qualquer tempo e por qualquer modo. Apesar da pos-
sibilidade de sua modificação, para que isso ocorra ne-
#FicaDica cessário respeitar um procedimento rigoroso, também
Jusnaturalista – poder de fato: o poder previsto pela própria Constituição.
constituinte é anterior ao estado. Tem natureza Um dos enfrentamos que se coloca à frente do legis-
jurídica, por isso apto a organizar uma lador é a percepção correto daquilo que de fato precisa
constituição. ser mudado e do tempo em que aquilo deve ser mudado.
Juspositivista – poder de direito: é um poder Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto
político, fruto da vontade do povo que legitima constitucional já que intenções controvertidas podem
a construção de um novo documento formal. prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso a pró-
pria CF/88 trouxe em seu texto alguns limites à possibi-
lidade de reforma; essas limitações se dividem em implí-
- Classificação citas e expressas. As expressas, por sua vez, podem ser
divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e for-
1. Quanto ao momento de manifestação (surgimento): mais. Iniciaremos com o estudo das limitações expressas.
- Fundacional: é o poder que produz a primeira cons-
tituição do Estado. Limitações expressas
- Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vi-
gente, necessário elaborar novo texto. A - Temporais: referidas limitações não constam no
texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa le-
2. Quanto às dimensões gislação qualquer restrição temporal para sua mu-
- Material: marca os “valores” que serão prestigiados dança. Salvo nas hipóteses vedadas pela própria
pela constituição. CF/88, poderá sofrer mudanças a qualquer tempo.
- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a B – Materiais: como o próprio nome já explica, são
ideia de direito convencionada. matérias previstas na CF/88 que não podem sofrer
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

alteração, não podem ser reformadas. Segundo o


- Características art. 60 §4º (cláusulas pétreas), não poderá ser obje-
to de deliberação a proposta de emenda constitu-
- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada cional tendente a abolir a:
antes dele. O poder constituinte elabora um docu- - forma federativa de Estado,
mento que inaugura um novo Estado. - o voto direto, secreto, universal e periódico,
- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro re- - a separação dos Poderes e
gramento. - os direitos e as garantias individuais.
- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a
condições previamente estipuladas. C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou
- Autônomo: possibilidade do poder definir o conte- seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88
údo da nova constituição. não poderá ser alterada. Nos termos do art. 60 §1º,
a CF/88 não poderá ser alterada na vigência do es-

4
tado de sítio, do estado de defesa e da intervenção recebido pelos estados-membros do poder cons-
federal. Importante lembrar que essas 03 situações tituinte originário para que estes possam elaborar
trazidas pelo artigo da Constituição são momentos sua própria constituição. No Brasil, referida possi-
de crise no país e, por conta disso, a impossibilida- bilidade vem expressa no art. 25 da CF/88.
de de reforma do texto.
D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma Limites ao Poder Decorrente
constituição considerada rígida, qualquer mudan-
ça em seu texto deverá passar por rigoroso pro- Não obstante, pelo princípio da simetria, terem rece-
cedimento. Em primeiro, não é qualquer “pessoa” bido do poder constituinte originário a possibilidade de
que pode requerer a mudança do texto constitu- criarem suas próprias constituições, os estados-membros
cional; em segundo, essa mudança deve obedecer encontram algumas limitações ao exercício desta liberali-
a um procedimento específico, também rigoroso e dade. A justificativa reside no fato de que, sendo a cons-
complexo para evitar que a constituição seja alte- tituição federal a lei maior, nada poderá dela destoar.
rada a qualquer momento. Assim, apesar da permissão constitucional de elabo-
- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a pro- rarem seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os es-
porem projetos de emenda à constituição (art. 60) tados-membros devem guardar observância a algumas
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara restrições impostas pela lei maior. As limitações são as
dos Deputados ou do Senado Federal; seguintes:
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas 1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os fun-
das unidades da Federação, manifestando-se, cada damentos da organização constitucional do país.
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. No caso, estão dispostos no art. 34 VII da CF/88.
Ao elaborarem suas próprias constituições os esta-
- Limitação formal objetiva: procedimento que deve dos-membros devem observar:
ser adotado para alteração do texto constitucional - forma republicana,
(art. 60 §2º). A proposta será: - sistema representativo e ao regime democrático,
I - discutida e votada em cada Casa do Congresso - direitos da pessoa humana,
Nacional, - autonomia municipal,
II - em dois turnos, - prestação de contas da administração pública, dire-
III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, ta e indireta,
três quintos dos votos dos respectivos membros. - aplicação do mínimo exigido da receita resultante
de impostos estaduais na manutenção e desen-
Portanto, a proposta de emenda constitucional de- volvimento do ensino e nos serviços públicos de
verá ser discutida e votada nas duas casas do Congresso saúde.
Nacional (executivo e legislativo). Essa votação deverá
ser aprovada por no mínimo 3/5 dos integrantes da res-
pectiva casa. #FicaDica
Assim, certos de que na Câmara dos Deputados te-
A não observância dos princípios constitucio-
mos 513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 Se-
nais sensíveis ensejam a possibilidade de inter-
nadores, para aprovação de uma emenda, necessário a
venção federal pelo Presidente da República,
anuência de 308 deputados e 49 Senadores.
nos termos do art. 36 III da CF/88.
Por fim, importante lembrar que essa votação deverá
ser realizada duas vezes e, nestas duas situações deverá
alcançar o mesmo número de votantes.
2 – Princípios Constitucionais Extensíveis: trata-se de
normas de organização da federação extensíveis
#FicaDica aos estados-membros, Distrito Federal e municí-
Limites a possibilidade de reforma do texto pios. Estas normas podem estar explícitas ou im-
constitucional: plícitas no texto da Constituição. Exemplificando:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- matérias, circunstâncias e procedimentos. Explícitas: regras eleitorais. O sistema eleitoral previs-


to para a eleição do chefe do executivo federal (Presiden-
te da República) deve ser o mesmo para eleição do chefe
Limitações Implícitas do executivo estadual. Em outras palavras, no que tange
ao sistema eleitoral a CF/88 explicita as regras e estas
São aquelas limitações que não se encontram grafa- devem ser aplicadas aos demais entes da federação.
das no texto da constituição, mas que orientam a refor- Implícitas: requisitos para a Criação de Comissão par-
ma constitucional, como por exemplo: lamentares de Inquérito. Apesar de estarem previstas no
- Impossibilidade de mudança do art. 60. art. 58 §3º da CF/88 a sua criação, as regras para isso fo-
- Poder reformador não pode mudar a titularidade. ram definidas por leis infraconstitucionais. Deste modo,
- Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Re- referidas regras se estendem aos demais entes.
pública, insculpidos no art. 1º.
- Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder

5
2. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PC-MAPro-
#FicaDica va: Escrivão de Polícia.
São chamados de princípios extensíveis, pois O art. 5.° , inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF)
devem ser observados pelos demais entes da assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
federação, independente de estarem explícitos ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
ou implícitos na Lei Maior. a lei estabelecer. Com base nisso, o Estatuto da Ordem
dos Advogados do Brasil estabelece que, para exercer a
advocacia, é necessária a aprovação no exame de ordem.
- Normas programáticas A norma constitucional mencionada, portanto, é de efi-
As normas programáticas são aqueles que definem cácia:
um planejamento futuro, ou seja, são normas que tra-
çam planos para o futuro com o objetivo de disciplinar a a) contida.
postura da administração pública com relação a projetos b) programática.
que ofertem benefícios, melhorias para o cidadão. Como c) plena.
exemplo, podemos citar o art. 3º, a saber: d) limitada.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú- e) diferida.
blica Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional; Resposta: Letra: A. É considerada norma de eficácia
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir contida pelo fato de que, apesar de ter aplicabilida-
as desigualdades sociais e regionais; de imediata, quis o legislador originário vincular essa
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de aplicabilidade a um encargo futuro; no caso, regula-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- menta por lei infraconstitucional. É o que depreende
mas de discriminação. ao analisar no enunciado a expressão “[...] qualifica-
ções profissionais que a lei estabelecer [...]”

EXERCÍCIOS COMENTADOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.


DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS E COLETIVOS. DIREITOS SOCIAIS.
Prova: Auditor do Estado - Bloco II. DIREITOS DE NACIONALIDADE. DIREITOS
No título referente à Ordem Social, o constituinte
POLÍTICOS.
dispôs o seguinte: “o Estado promoverá e incentivará
o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação
científica e tecnológica e a inovação”. Considerando-se
a classificação das normas constitucionais quanto a sua Antes de ingressarmos no estudo da temática pro-
eficácia, é correto afirmar que tal dispositivo é uma nor- posta pelo edital, importante justificar o motivo pelo
ma: qual os tópicos foram unificados. Cumpre destacar que
a Constituição Federal trata os direitos individuais e co-
a) de eficácia plena. letivos dentro do capítulo I do Título II chamado de “Dos
b) de eficácia contida. Direitos e garantias fundamentais”. Portanto, didatica-
c) exaurida. mente se torna indispensável a unificação de tais temas.
d) autoexecutável.
e) programática.
#FicaDica
Resposta: Letra: E. As normas podem ser classifica- O presente estudo tem por finalidade a
das como normas de eficácia plena, contida e limitada. análise pormenorizada de todos os incisos
Analisando as alternativas, o candidato pode ser indu- previstos no art. 5º da Constituição Federal;
zido a erro no que tange a ausência da modalidade “li- referido artigo elenca os direitos e os deveres
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mitada”. Estão presentes alternativas contendo o ter- individuais e coletivos, assegurando-os a


mo “contida” e “plena” e não as “limitadas”. As normas todos que estejam em território nacional,
constitucionais limitadas também recebem o nome de seja brasileiro nato, naturalizado ou mesmo
normas constitucionais programáticas que se voltas as estrangeiro por motivos diversos. Cada inciso
propostas, as promessas do Estado, diretrizes que por receberá o comentário pertinente.
este devem ser alçadas.

6
Título II XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
Dos direitos e garantias fundamentais mas, em locais abertos ao público, independentemente
Capítulo I de autorização, desde que não frustrem outra reunião
Dos direitos e deveres individuais e coletivos anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci-
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos tos, vedada a de caráter paramilitar;
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à a de cooperativas independem de autorização, sendo
propriedade, nos termos seguintes: vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
ções, nos termos desta Constituição; dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
alguma coisa senão em virtude de lei; em julgado;
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
mento desumano ou degradante; permanecer associado;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve- XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
dado o anonimato; te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional filiados judicial ou extrajudicialmente;
ao agravo, além da indenização por dano material, XXII - é garantido o direito de propriedade;
moral ou à imagem; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa-
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos propriação por necessidade ou utilidade pública, ou
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de por interesse social, mediante justa e prévia indeniza-
culto e a suas liturgias; ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de Constituição;
assistência religiosa nas entidades civis e militares de XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-
internação coletiva; de competente poderá usar de propriedade particular,
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, houver dano;
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter- em lei, desde que trabalhada pela família, não será
nativa, fixada em lei; objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís- rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
tica, científica e de comunicação, independentemente os meios de financiar o seu desenvolvimento;
de censura ou licença; XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon- utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
denização pelo dano material ou moral decorrente de XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
sua violação; a) a proteção às participações individuais em obras
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
mico das obras que criarem ou de que participarem
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
nação judicial;
sentações sindicais e associativas;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
municações telegráficas, de dados e das comunicações
triais privilégio temporário para sua utilização, bem
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

como proteção às criações industriais, à propriedade


nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
fins de investigação criminal ou instrução processual distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
penal; volvimento tecnológico e econômico do País;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou XXX - é garantido o direito de herança;
profissão, atendidas as qualificações profissionais que XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
a lei estabelecer; País será regulada pela lei brasileira em benefício do
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;
exercício profissional; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
XV - é livre a locomoção no território nacional em do consumidor;
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus cos informações de seu interesse particular, ou de in-
bens; teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-

7
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da de física e moral;
sociedade e do Estado; L - às presidiárias serão asseguradas condições para
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
do pagamento de taxas: ríodo de amamentação;
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; ralizado, em caso de crime comum, praticado antes
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, da naturalização, ou de comprovado envolvimento
para defesa de direitos e esclarecimento de situações em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
de interesse pessoal; forma da lei;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi- LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
ciário lesão ou ameaça a direito; crime político ou de opinião;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
jurídico perfeito e a coisa julgada; pela autoridade competente;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a bens sem o devido processo legal;
organização que lhe der a lei, assegurados: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra-
a) a plenitude de defesa; tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con-
b) o sigilo das votações; traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos
c) a soberania dos veredictos; a ela inerentes;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolo- LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
sos contra a vida; por meios ilícitos;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
nem pena sem prévia cominação legal; em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
o réu;
em lei;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
dos direitos e liberdades fundamentais;
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
da lei;
resse social o exigirem;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce- LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e diciária competente, salvo nos casos de transgressão
os definidos como crimes hediondos, por eles respon- militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
evitá-los, se omitirem; encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a competente e à família do preso ou à pessoa por ele
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a indicada;
ordem constitucional e o Estado democrático; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena- quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- assistência da família e de advogado;
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
até o limite do valor do patrimônio transferido; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado- autoridade judiciária;
tará, entre outras, as seguintes: LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela manti-
a) privação ou restrição da liberdade; do quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
b) perda de bens; sem fiança;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

c) multa; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do


d) prestação social alternativa; responsável pelo inadimplemento voluntário e inescu-
e) suspensão ou interdição de direitos; sável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
XLVII - não haverá penas: LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
termos do art. 84, XIX; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegali-
b) de caráter perpétuo; dade ou abuso de poder;
c) de trabalhos forçados; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro-
d) de banimento; teger direito líquido e certo, não amparado por habeas
e) cruéis; corpus ou habeas data , quando o responsável pela ile-
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
e o sexo do apenado; do poder público;

8
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im- Histórico
petrado por:
a) partido político com representação no Congresso - Direitos Fundamentais
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não
ção legalmente constituída e em funcionamento há são sempre os mesmos em todas as épocas. Porém de-
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus vem constar obrigatoriamente em textos constitucionais
membros ou associados; considerados democráticos; constando referidos direitos
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o pilares da democracia.
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianis-
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e mo, uma vez que segundo essa religião o homem era feito
à cidadania; a imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, ganhou
LXXII - conceder-se-á habeas data : uma proteção especial no texto da Constituição. Impor-
a) para assegurar o conhecimento de informações re- tante lembrar que falar em dignidade humana é falar em
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros garantir o direito do indivíduo ter direitos – iguais entre
ou bancos de dados de entidades governamentais ou seres humanos.
de caráter público; Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Rights,
b) para a retificação de dados, quando não se prefira Declaração da Virgínia, Declaração Francesa. Tais docu-
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; mentos trataram de positivar direitos que naturalmente
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor são inerentes ao homem.
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois
nio público ou de entidade de que o Estado participe, deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus cida-
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- dãos. É a demonstração clara do pacto social firmado en-
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do tre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de suas
ônus da sucumbência; liberdades, entregando-as ao Estado de modo que este,
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral em contrapartida, devolva algo que seja positivo – como,
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re- por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade previstas
cursos; na lei) da autotutela (exercício da autodefesa) entregando
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- essa função ao Estado para que este exerça a tutela da
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo segurança do indivíduo.
fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po- Geração de Direitos Fundamentais
bres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento; - 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção
b) a certidão de óbito; dos governantes se obrigando a não intervir na vida pes-
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha- soal de cada indivíduo. Indispensável a todos os homens.
beas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao Como por exemplo, direito a vida, ou seja, salvo em si-
exercício da cidadania. tuações específicas, o Estado não privará o indivíduo de
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, seguir sua vida.
são assegurados a razoável duração do processo e os Característica: universal; não ocasiona desigualdade
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. social. Ex: liberdade,
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun- - 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do
damentais têm aplicação imediata. povo de não apenas ter liberdade, mas outros direitos
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- que o conduzem a exercer a liberdade, seguir sua vida,
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos com dignidade. São os valores sociais variados, impor-
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio- tando intervenção ativa do Estado na vida econômica
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. com o viés de proporcionar justiça social.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex:
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos chamados de direitos sociais não por serem direitos da
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes coletividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os
às emendas constitucionais. titulares são os próprios indivíduos singularizados, ape-
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal sar dos mesmos poderem se voltar a coletividade.
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. - 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difu-
sa. Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos,
não mais individualmente.
Característica: proteção do homem em grupos. Ex: di-
reito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz.

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Conclusão mentais se fundam na Constituição, e não na lei - com
o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se no
A visão dos direitos fundamentais em termos de ge- âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário.
rações indica a evolução desses direitos no tempo. Cada A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa ten-
direito de cada geração interage com os das outras e, dência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que
nesse processo, dá-se à compreensão. se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere
Características dos direitos fundamentais aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo
apenas aos direitos individuais.
- Universais e absolutos Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
A questão da universalidade: direito previsto para aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
todo homem, ainda que nem todo homem o exerça. direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
Absoluto: os direitos fundamentais não são abso- propriedade, nos termos seguintes:
lutos, apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre O caput do art. 5º é talvez um dos mais importantes
qualquer outro direito. artigos do texto constitucional, para não dizer o princi-
pal artigo da constituição federal. Esse artigo nos elenca
- Historicidade cinco grupos de direitos que são amplamente protegidos
pela nossa lei maior. A saber:
Os direitos fundamentais são um conjunto de facul- - Direito à vida (integridade física e moral), - direito à li-
dades e instituições que somente faz sentido num deter- berdade (manutenção de qualquer forma de manifestação
minado contexto histórico. A história permite entender a do indivíduo), - direito à igualdade (o tratamento da lei é
existência de cada um dos direitos. conferido igualmente para todos), - direito à segurança
A história explica que os direitos possam ser apre- (direito de todos – necessidade de leis que definam crimes
goados em certa época, desaparecendo em outras, ou e sanções) e – direito à propriedade (propriedade particu-
se modificam no tempo. Verifica-se, portanto, a evolução lar, privada, desde que atendida sua função social).
dos direitos fundamentais. O direito à vida pressupõe a negativa do Estado de
promover qualquer ato que ofenda a integridade física
- Inalienabilidade e Indisponibilidade ou moral do indivíduo; por esta razão, proíbe-se a tortura
ou qualquer exposição vexatória. Também não permite
que a vida chegue ao fim se não pelas causas naturais –
Inalienável: o titular do direito não pode impossibili-
caso venha ocorrer, o Estado oferece sanções àquele que
tar o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no
promoveu o encurtamento da vida humana.
valor da dignidade humana. A indisponibilidade gera nu-
No que tange a liberdade, pode o indivíduo fazer tudo
lidade de qualquer disposição contratual feita.
aquilo que a lei não proíbe, tem a faculdade de decidir os
Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: manifes-
rumos de sua própria vida. Por esta razão sua liberdade
tação religiosa em templo religioso diverso do seu.
de locomoção é amplamente protegida; dentro do con-
- Direitos humanos são direitos postulados em ba-
ceito de liberdade se enquadra o direito a manifestação
ses jusnaturalistas, contam índole filosófica e não
de toda espécie: religiosa, de pensamento, de associa-
possuem como característica básica a positivação ção, ou seja, a todos é conferido o direito de expor seus
numa ordem jurídica particular. pensamentos e suas escolhas. Neste ponto é importante
- Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos rela- demonstrar que essa liberdade de expressão não pode
cionados com posições básicas das pessoas, inscri- ocasionar danos a outrem de modo que se assim o fizer,
tos em diplomas normativos de cada Estado. São estará praticando ato contra terceiros e por isso poderá
direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, ser responsabilizado.
sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço A igualdade também é dos pilares dos direitos fun-
e no tempo. damentais. Por conta desse princípio a lei deve conferir
- Vinculação dos Poderes Públicos tratamento igualitário para todos; assim, não se permite
qualquer espécie de distinção da lei, além de vedar toda
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O fato de os direitos fundamentais estarem previstos espécie de discriminação.


na Constituição torna-os parâmetros de organização e de A segurança é outro importante direito fundamental,
limitação dos poderes constituídos. A constitucionalização pois compreende não apenas aquela que visa a proteção
dos direitos fundamentais impede que sejam considera- patrimonial (seja ele material ou mesmo imaterial), mas
dos meras autolimitações dos poderes constituídos - dos também a segurança jurídica. Deste modo, todo cidadão
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário -, passíveis de deve ter conhecimento das leis que regem o país para
serem alteradas ou suprimidas ao talante destes. que não “sejam mais pegos de surpresa”.
Por fim, o direito à propriedade abarca o último gru-
- Aplicabilidade imediata po dos direitos fundamentais. A CF/88 confere a todo
cidadão o direito à propriedade privada, particular. Po-
As normas que definem direitos fundamentais são rém, importante que aquele que detenha a propriedade
normas de caráter preceptivo, e não meramente progra- se atente para a função social que a mesmo carrega.
mático. Explicita-se, além disso, que os direitos funda-

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I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
ções, nos termos desta Constituição; crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
Neste inciso está insculpido o princípio da isonomia, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
que é exatamente o tratamento igualitário, para todos, todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
vedada qualquer forma de discriminação – modalidade nativa, fixada em lei;
de preceito universal. Segundo a Declaração Universal Assegurada a plena liberdade de consciência, ofer-
dos direitos do homem, “todos os seres humanos nas- tando a lei de proteção aos locais de culto e suas litur-
cem livres e iguais em dignidade e direitos. gias. Esse inciso compreende três formas de liberdade:
crença, culto e organização religiosa. A possibilidade de
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer escolher qual religião seguir, ou mesmo não seguir ne-
alguma coisa senão em virtude de lei; nhuma religião está amparada pela liberdade de crença.
Eis o princípio da legalidade. Referido princípio limita Porém, importante destacar que a liberdade de escolher
toda forma de arbitrariedade; evidente que o convívio sua própria religião não pode servir de amparo ao emba-
em sociedade pressupõe o aceite de determinadas re- raçamento daquele que pretende praticar outra religião.
gras de convívio. Porém, tais regras derivam de autori- A assistência religiosa é assegurada a quem dela
dade com competência para tanto que agem de maneira queira fazer uso; logo, não será ofertada assistência reli-
impessoal e geral. giosa sem a anuência do interessado.
Por fim, sob o tópico “religião”, importante fazer
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- menção ao direito de professar ou não qualquer religião
mento desumano ou degradante; inclusive exercer suas práticas, com cultos. Importante
Entende-se por tortura qualquer forma de castigo lembrar que a prática religiosa amparada pela CF/88 não
corpóreo agressivo, violento, que utilize de qualquer ins- pode se confundir com aquelas práticas consideradas ile-
trumento mecânico ou psicológico levando aquele que gais para o direito brasileiro, como por exemplo aquelas
está sendo torturado praticar ato que não o faria se esti- que leva a necessidade de sacrifício humano. Neste caso,
vesse em condições normais. A tortura é crime inafiançá- sendo considerado crime o encurtamento da vida, não
vel e insuscetível de fiança. será amparado o sacrifício pela liberdade religiosa.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve- IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
dado o anonimato; tica, científica e de comunicação, independentemente
É a liberdade conferida ao indivíduo para que o mes- de censura ou licença;
mo possa expressar de qualquer forma o que pensa a Este inciso é autoexplicativo. No que tange a liber-
respeito de religião, política, ciência ou qualquer outro dade de expressão é importante destacar alguns institu-
instituto. Importante lembrar que essa liberdade de ma- tos legislativos que conferem regulamentação ao tema,
nifestação está condicionada ao não anonimato; deste como por exemplo, a lei de imprensa (Lei 5.250/67), Lei
modo, todos podem se manifestar sendo porém vedada de Direitos autorais (Lei 9.610/98) entre outras.
a manifestação anônima.
Também importante lembrar que a liberdade de ma- X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
nifestação protegida pela CF/88 não protege a prática de ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
denização pelo dano material ou moral decorrente de
crimes sob a argúcia da liberdade. Qualquer manifesta-
sua violação;
ção ofensiva a terceiros que fira sua honra, imagem ou
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
integridade poderá ser punida pela lei.
nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
ao agravo, além da indenização por dano material,
nação judicial;
moral ou à imagem;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
A CF/88 assegura o direito de resposta proporcional municações telegráficas, de dados e das comunicações
ao agravo. Assim, aquele que causar prejuízo a outrem telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
tem assegurado para si o direito a indenização por dano nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
material ou moral. O prejuízo a que se refere o inciso V
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de investigação criminal ou instrução processual penal;


pode patrimonial ou não. Prejuízo de ordem não patri- É inviolável tudo aquilo que não pode ser entregue ao
monial é aquele causado por pessoa (física ou jurídica) público, que merece ser preservado. Sempre que violada
que ofenda liberdade, honra, família ou profissão de de- a honra, a imagem, a vida privada, sem consentimento
terminado indivíduo. do indivíduo, a este caberá indenização pelo dano mate-
rial ou moral pelo ato cometido. No que tange ao domi-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, cílio, este poderá ser violado a qualquer horário sempre
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos que caso de flagrante delito ou desastre, ou ainda no
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de caso de determinação judicial, neste último caso apenas
culto e a suas liturgias; durante o dia (06h00 as 18h00).
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de Das formas de comunicação, sejam elas por corres-
assistência religiosa nas entidades civis e militares de pondência, comunicação telegráfica ou telefônica, so-
internação coletiva; mente a última, por determinação judicial, poderá ser
parcialmente quebrada, com prazo de duração.

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XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou tivos paramilitares (corporações privadas de nacionais ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que também de estrangeiros normalmente aparelhados por
a lei estabelecer; uniformes e armamentos militares sem contudo perten-
Toda atividade profissional exercida espontaneamen- cer aos quadros das forças armadas).
te pelo indivíduo é respeitada pela CF/88, inclusive aque-
las não classificadas para efeito de registro em carteira
de trabalho. Assim, em se tratando de atividade lícita po- #FicaDica
derá o indivíduo exercê-la livremente. Cumpridos tais requisitos, poderá a associação
funcionar sem, inclusive, sofrer qualquer
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e interferência do Estado; no entanto, por meio
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao de decisão judicial transitada em julgada
exercício profissional; poderá ser dissolvida a associação ou ter suas
Tem esse inciso a função de afastar o indivíduo da atividades suspensas. Além das associações
censura; permite-se a liberdade de expressão do indiví- também possíveis as cooperativas com
duo desde que não venha a ferir direitos de outrem. objetivos diferentes das associações.

XV - é livre a locomoção no território nacional em


tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos XXII - é garantido o direito de propriedade;
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
bens; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa-
É a possibilidade conferida em tempos de paz a todos propriação por necessidade ou utilidade pública, ou
os indivíduos de circular livremente no território nacional por interesse social, mediante justa e prévia indeniza-
sem qualquer limitação, nos termos da lei. ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-
mas, em locais abertos ao público, independentemente de competente poderá usar de propriedade particular,
de autorização, desde que não frustrem outra reunião assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo houver dano;
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida
O direito de reunião vem estampado no art. 5º como em lei, desde que trabalhada pela família, não será
modalidade de direito fundamental para demonstrar a objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
força da democracia. Por conta desse direito, todos po- rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
dem reunir-se em local público com finalidades diversas, os meios de financiar o seu desenvolvimento;
independentemente de autorização. É necessário, no en- Os incisos acima compõem o grupo dos direitos indi-
tanto, que aqueles que desejam se reunir comuniquem viduais e coletivos voltados à propriedade. A CF/88 con-
autoridade competente, especialmente para não ferir fere a todos o direito de propriedade, ter para si proprie-
direitos daqueles que previamente se decidiram pela re- dade particular (privada); no entanto, o uso deve atender
união em local da vontade de ambos. Assim, desde que a função daquela propriedade. Assim, por exemplo, de-
pacificamente, sem armas, indivíduos podem se reunir terminada propriedade rural deve atender sua finalidade,
em locais públicos, necessitando apenas informar as au- qual seja, produção de riqueza por meio do agronegócio
toridades. Não é necessário autorização do poder públi- (seja para o próprio sustento ou comércio com terceiros).
co, mas apenas sua comunicação. Não exercendo sua função social, a propriedade pode-
rá ser destacada do patrimônio daquele indivíduo. Em
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- outras palavras, a propriedade urbana exerce sua função
tos, vedada a de caráter paramilitar; social quando atende às exigências fundamentais de or-
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, ganização da cidade expressas em seu plano diretor; já
a de cooperativas independem de autorização, sendo a propriedade rural exercerá sua função social quando
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; fizer o aproveitamento correto dos recursos naturais,
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente preservando o meio ambiente e protegendo relações
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- de trabalho e exploração que favoreçam o bem estar dos
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito proprietários e dos trabalhadores.
em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente;
Referidos incisos tratam da questão da associação.
Em primeiro, a associação é livre, não podendo ninguém
ser compelido a associar-se se assim não desejar. As as-
sociações poderão ser criadas para fins lícitos; de forma
alguma será autorizado funcionar associações com obje-

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Enquadra-se no conceito de consumidor a coletivida-
#FicaDica de de pessoas, ainda que não seja possível determiná-
O direito à propriedade também poderá ser -las, que tenham participado de uma relação de consu-
relativizado quando o Estado necessitar de mo composta por fornecedor e consumidor.
determinada propriedade, bem ou serviços No Brasil, as relações de consumo são disciplinadas
prestados por particular, mediante indenização. pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90,
A CF/88 autoriza o poder público a se utilizar além de outras cuja matéria é mais específica como leis
da propriedade particular na iminência ou na relacionadas a crimes contra ordem tributária, ordem
ocorrência de alguma situação que ofereça econômica, entre outras.
perigo à coletividade.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
cos informações de seu interesse particular, ou de in-
Importante também explicar que a necessidade públi- teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
ca ocorre sempre que o Estado se coloca diante de uma zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
situação extremamente urgente que não pode ser adiada. aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
A utilidade pública é quando impõe ao Poder Público a sociedade e do Estado;
possibilidade de propor o uso de determinado bem em XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
contrapartida a oferta de alguma serviço que seja útil para do pagamento de taxas:
a coletividade. Por fim, tem interesse social aquilo que ve- a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa
nha a trazer melhorias as classes menos privilegiadas. de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de para defesa de direitos e esclarecimento de situações
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, de interesse pessoal;
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Essência da democracia, ao cidadão cabível a prote-
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: ção do seu direito de manter-se informado de tudo aqui-
a) a proteção às participações individuais em obras lo que envolve tanto o Estado como seu próprio nome.
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, Ato contínuo, protege-se também o direito de petição ao
inclusive nas atividades desportivas; indivíduo; assim, todo aquele que pretender buscar pela
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- tutela jurisdicional do Estado ou mesmo acessar legisla-
mico das obras que criarem ou de que participarem tivo e executivo, terá assegurado seu direito de petição.
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
sentações sindicais e associativas; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- ciário lesão ou ameaça a direito;
triais privilégio temporário para sua utilização, bem XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
como proteção às criações industriais, à propriedade jurídico perfeito e a coisa julgada;
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- O Brasil adota uma jurisdição. Assim, não serão to-
volvimento tecnológico e econômico do País; lerados tribunais de exceção ou o exercício de juízes
Esse conjunto de incisos trata dos direitos autorais; são ad-hoc, voltados a julgar um ou outro caso. Marco da
os frutos a serem colhidos por aqueles que desenvolvem democracia, onde a lei vale para todos e todos devem
trabalho intelectual. Referidos direitos versam sobre o ine- cumpri-la. Uma lei nova não pode prejudicar direitos já
ditismo da obra; importante lembrar que os sucessores do conquistados pelo indivíduo sob pena de ferir o pacto
autor permanecerão recebendo a título universal os louros social firmado entre o indivíduo e o Estado – aceitando
da obra daquele que sucedeu. mudanças sem previsão legal estar-se-ia referendando
A marca também é protegida em todo território nacio- arbitrariedades – é o chamado princípio da irretroati-
nal e o seu uso exclusivo a quem dela fez o registro; esse vidade. Vale lembrar que, em se tratando de retroação
tema consta inserido na seara do direito empresarial, em benéfica da lei, nenhum obstáculo se imporá. Portanto,
especial no código de propriedade industrial. uma crime praticado cuja pena seja alta passe por um
abrandamento dessa pena por nova lei, aquilo punido
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXX - é garantido o direito de herança; nos moldes da lei antiga será beneficiado pela novel le-
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no gislação.
País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus; organização que lhe der a lei, assegurados:
Entende-se por herança a totalidade dos bens móveis a) a plenitude de defesa;
e imóveis deixados por aquele que veio a falecer, também b) o sigilo das votações;
chamado de de cujus. Aquele que vier a suceder o falecido c) a soberania dos veredictos;
poderá aceitar a herança, renunciá-la ou mesmo imitir-se d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
na posse. sos contra a vida;
O júri é o formato mais antigo de tribunal. Compos-
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa tos por pessoas comuns, chamados de jurados, formam
do consumidor; o conselho de sentença, cuja função principal é opinar

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pela culpa ou não do indivíduo que praticou um crime Rol de incisos relacionados a seara do direito penal e
doloso contra a vida. Serão escolhidos 07, dentre 21 pes- direito processual penal. As penas no Brasil são definidas
soas a comporem o conselho de sentença. Aos jurados é pela CF/88; assim, possível apenas as penas de privação
assegurado o sigilo das votações e ao réu a plenitude de ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação
defesa; ao júri, como um todo, assegurado a soberania alternativa e suspensão parcial ou temporária de direitos.
do veredicto. O tribunal do júri funcionará sempre que Toda pena diferente destas não será autorizada pela legis-
houver um crime doloso contra a vida. lação infraconstitucional em especial aquelas que levem a
morte, tortura, caráter perpétuo, trabalho forçado, cruéis
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, ou de banimento. Inserido no sistema prisional, ao indiví-
nem pena sem prévia cominação legal; duo assegurado respeito a sua integridade física e moral.
Também chamado de princípio da legalidade. Por Para as mulheres, tratativa diferenciada em períodos de
este princípio o indivíduo só poderá responder crimi- amamentação, podendo ficar com seu filho.
nalmente por alguma conduta por ele praticado se esta
conduta houver sido considerada crime antes de sua LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
prática. Ou seja, a conduta definida como crime deve ralizado, em caso de crime comum, praticado antes
ser anterior a sua prática. da naturalização, ou de comprovado envolvimento
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar forma da lei;
o réu; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória crime político ou de opinião;
dos direitos e liberdades fundamentais; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
A exceção ao princípio da irretroatividade, anterior- pela autoridade competente;
mente explicado, é exatamente com relação ao bene- Os incisos acima compõem a proteção do direito à
fício para o réu. nacionalidade. Ao brasileiro nato (aquele que nasceu em
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável território brasileiro – respeitada exceção em que os geni-
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos tores, estrangeiros, estão a serviço de seu país – ou aque-
da lei; le tem por seus genitores algum, ou ambos, brasileiros)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce- não será autorizada a extradição. Portanto, o brasileiro
tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico nato não será extraditado em hipótese alguma. O natu-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e ralizado, em regra não será extraditado; salvo se houver
os definidos como crimes hediondos, por eles respon- praticado crime comum antes de sua naturalização ou
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
evitá-los, se omitirem; centes e drogas afins.
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a Outra vedação à extradição é aquela solicitada em
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a razão de estrangeiro ter praticado crime político ou de
ordem constitucional e o Estado democrático; opinião em seu país de origem. Por defendermos a li-
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena- berdade de manifestação, seja ela qual for, asseguramos
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- também ao estrangeiro esse direito.
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
até o limite do valor do patrimônio transferido; bens sem o devido processo legal;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado- Este inciso revela em simples palavras que ninguém pode
tará, entre outras, as seguintes: “ser pego de surpresa”, que “as regras do jogo” devem ser
a) privação ou restrição da liberdade; cumpridas. Logo, tanto a privação da liberdade como a
b) perda de bens; privação de bens deve observar o cumprimento de um
c) multa; processo judicial e o esgotamento das formas de defesa.
d) prestação social alternativa; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra-
e) suspensão ou interdição de direitos; tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con-
XLVII - não haverá penas: traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos a ela inerentes;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

termos do art. 84, XIX; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
b) de caráter perpétuo; por meios ilícitos;
c) de trabalhos forçados; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
d) de banimento; em julgado de sentença penal condenatória;
e) cruéis; LVIII - o civilmente identificado não será submetido
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade em lei;
e o sexo do apenado; Rol de incisos que estipulam regras aos processos
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- judiciais ou administrativos. Princípios de extrema im-
de física e moral; portância, o contraditório e a ampla defesa derivam do
L - às presidiárias serão asseguradas condições para princípio da legalidade. Assim, ao indivíduo garantido o
que possam permanecer com seus filhos durante o pe- direito de se defender e ofertar contestação a tudo quan-
ríodo de amamentação; to a ele estiver sendo alegado.

14
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
pública, se esta não for intentada no prazo legal; das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos nia e à cidadania;
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- LXXII - conceder-se-á habeas data :
resse social o exigirem; a) para assegurar o conhecimento de informações re-
Cabe ao Ministério Público o exercício das ações pe- lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
nais públicas. No entanto, a lei faculta ao indivíduo, nas ou bancos de dados de entidades governamentais ou
hipóteses previstas em lei, a possibilidade do próprio in- de caráter público;
divíduo intentar a ação. Em regra, todos os atos são pú- b) para a retificação de dados, quando não se prefira
blicos, resguardada a defesa da intimidade e do interesse fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
social do indivíduo. tivo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- nio público ou de entidade de que o Estado participe,
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi- à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
litar ou crime propriamente militar, definidos em lei; patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal-
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz ônus da sucumbência;
competente e à família do preso ou à pessoa por ele Este rol de incisos apresentam os remédios consti-
indicada; tucionais. São eles, habeas corpus, habeas data, manda-
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os do de segurança, mandado de injunção e ação popular,
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada cada qual disciplinado por lei específica.
a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada de recursos;
pela autoridade judiciária; LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou fixado na sentença;
sem fiança; LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do bres, na forma da lei:
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines- a) o registro civil de nascimento;
cusável de obrigação alimentícia e a do depositário b) a certidão de óbito;
infiel; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
Rol de incisos que garante direitos àqueles que esti- habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao
verem presos. Em regra, o indivíduo somente será preso exercício da cidadania.
por determinação judicial ou em caso de flagrante delito. LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
Aquele que vier a ser preso indicará alguém de sua famí- são assegurados a razoável duração do processo e os
lia ou qualquer outro sobre a prisão. Além da assistência meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
da família e de advogado, terá o preso direito de perma- § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
necer em silêncio. fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al- ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- cionais em que a República Federativa do Brasil seja
lidade ou abuso de poder; parte.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
proteger direito líquido e certo, não amparado por reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
habeas corpus ou habeas data , quando o responsá- do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de lentes às emendas constitucionais.
atribuições do poder público; § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im- Internacional a cuja criação tenha manifestado ade-
petrado por: são.
a) partido político com representação no Congresso
Nacional; Regras gerais a respeito dos direitos fundamentais.
b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
ção legalmente constituída e em funcionamento há Dos direitos sociais
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados; Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
que a falta de norma regulamentadora torne inviável a segurança, a previdência social, a proteção à ma-

15
ternidade e à infância, a assistência aos desampara- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
dos, na forma desta Constituição. (Artigo com redação desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) creches e pré-escolas;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
além de outros que visem à melhoria de sua condição letivos de trabalho;
social: XXVII - proteção em face da automação, na forma da
I - relação de emprego protegida contra despedida lei;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com- XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
plementar, que preverá indenização compensatória, do empregador, sem excluir a indenização a que este
dentre outros direitos; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in- XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
voluntário; lações de trabalho, com prazo prescricional de cin-
III - fundo de garantia do tempo de serviço; co anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni- o limite de dois anos após a extinção do contrato de
ficado, capaz de atender às suas necessidades vitais trabalho;
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, a) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº 28,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte de 2000)
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe b) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin- 28, de 2000)
culação para qualquer fim; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexida- de funções e de critério de admissão por motivo de
de do trabalho; sexo, idade, cor ou estado civil;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
convenção ou acordo coletivo; a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, dor de deficiência;
para os que percebem remuneração variável; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera- técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
ção integral ou no valor da aposentadoria; tivos;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
diurno; insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
crime sua retenção dolosa; aprendiz, a partir de quatorze anos;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu- XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa- vínculo empregatício permanente e o trabalhador
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei; avulso.
XII - salário-família pago em razão do dependente do Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi-
a compensação de horários e a redução da jornada, ções estabelecidas em lei e observada a simplificação
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; do cumprimento das obrigações tributárias, principais
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
ciação coletiva; XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên-
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente cia social. (Parágrafo único com redação dada pela
aos domingos; Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob-
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; servado o seguinte:
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

menos, um terço a mais do que o salário normal; a fundação de sindicato, ressalvado o registro no ór-
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e gão competente, vedadas ao poder público a interfe-
do salário, com a duração de cento e vinte dias; rência e a intervenção na organização sindical;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; II - é vedada a criação de mais de uma organização
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- sindical, em qualquer grau, representativa de catego-
diante incentivos específicos, nos termos da lei; ria profissional ou econômica, na mesma base territo-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, rial, que será definida pelos trabalhadores ou empre-
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; gadores interessados, não podendo ser inferior à área
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por de um Município;
meio de normas de saúde, higiene e segurança; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; questões judiciais ou administrativas;
XXIV - aposentadoria; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em

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se tratando de categoria profissional, será desconta- 9 - Previdência Social
da em folha, para custeio do sistema confederativo da 1 - Proteção a maternidade e a infância
representação sindical respectiva, independentemente 8 - Assistência aos desamparados (art. 194 e 195)
da contribuição prevista em lei; 6 - Transportes
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato; Educação – direito de todos / dever do Estado e da
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas família: exercício da cidadania e qualificação para o tra-
negociações coletivas de trabalho; balho. Ver art. 205 a 214.
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo- - Educação de baixa qualidade = reflexos políticos ne-
tado nas organizações sindicais; gativos. Ex: referendo / plesbicito.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado Saúde – direito de todos / dever do Estado: redução
a partir do registro da candidatura a cargo de direção do risco de doenças e acesso universal aos serviços de
ou representação sindical e, se eleito, ainda que su- saúde. Ver art. 196
plente, até um ano após o final do mandato, salvo se - SUS – Art. 200: atendimento integral, com priorida-
cometer falta grave nos termos da lei. de para atividades preventivas.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- - Judicialização do direito a saúde. (problemas de
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias gestão)
de pescadores, atendidas as condições que a lei esta- Alimentação – Comissão de Direitos Humanos da
belecer. ONU (1993). EC 64/2010. Direito a alimentação adequa-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo da, ou seja, inerente a dignidade da pessoa humana e
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de indispensável.
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio Trabalho – instrumento para assegurar uma existência
dele defender. digna. Governo, política econômica não recessiva, possi-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e bilitando a busca por empregos.
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá- Moradia - promover programas de construção de
veis da comunidade. moradias e melhoria das condições habitacionais e de
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às saneamento básico. Princípios: intimidade, privacidade,
penas da lei. inviolabilidade de domicílio.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores Impenhorabilidade do bem de família
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos Regra geral: impenhorabilidade.
em que seus interesses profissionais ou previdenciários Exceções: fiador em contrato de aluguel, devedor de
sejam objeto de discussão e deliberação. IPTU, pagamento de débitos trabalhistas aos trabalhado-
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre- res domésticos do imóvel. E imóvel de maior valor?
gados, é assegurada a eleição de um representante Lazer – função urbanística do Estado. O lazer interfere
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o nas condições de trabalho e de vida do ser humano.
entendimento direto com os empregadores. Segurança: também presente no artigo 5. Porém, lá
Direitos sociais em espécie (11 espécies): os direitos com as características de garantia individual. Já como so-
sociais “disciplinam situações subjetivas pessoais ou gru- cial, volta-se a segurança pública.
pais de caráter concreto”. Tratam-se de prestações posi- Previdência social: direitos relacionados com a se-
tivas do Estado a serem implementadas, no sentido de guridade social. Erradicar a pobreza e a marginalização,
possibilitar busca por melhores condições de vida. São reduzir as desigualdades sociais e promover o bem de
irrenunciáveis. Ao contrário dos direitos individuais que todos.
se apresentam pelo “não fazer” do Estado, no que tange Proteção a maternidade e a infância: dois aspectos:
aos direitos sociais, estes demandam o “agir” do Estado. Direito previdenciário: assistência pelo afastamento,
Rol de direitos sociais desoneração do empregador.
- Art. 6 Direito assistencial: estatuto da juventude.
- Art. 7 a 11 Assistência aos desamparados: ver art. 203 V – LOAS.
- Art. 193 a 232 (Da ordem Social) Garantir o sustento, provisório ou permanente, dos que
não têm condições para tanto. Não significa estabelecer
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Cláusula pétrea? Art. 60 §4 IV boas condições de vida, mas condições suficientes para
Destinatários dos direitos sociais: todos os indivíduos, manutenção de sua dignidade.
especialmente os hipossuficientes. Aqueles que necessi- Transporte: transporte público tem influência direta
tam da ação positiva do Estado. em outros aspectos da vida dos cidadãos. Ex: evasão es-
Modalidades do artigo 6º (círculo virtuoso) (rol exem- colar; trabalho; bem estar.
plificativo)
5 - Educação
2 – Saúde (art. 196 a 200)
3 - Alimentação
7 - Trabalho
4 - moradia
11 - Lazer
10 - Segurança

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Capítulo III
Da nacionalidade

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a ser-
viço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
mãe brasileira, desde que sejam registrados em repar-
tição brasileira competente ou venham a residir na
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacio-
nalidade brasileira;
Direitos relativos aos trabalhadores II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Quem é empregado? Pessoa física presta serviços de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
natureza não eventual para um empregador mediante portuguesa apenas residência por um ano ininterrup-
salário. Como se identificar um contrato de trabalho? Ca- to e idoneidade moral;
ráter personalíssimo, subordinação, remuneração e per- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residen-
manência de vínculo. tes na República Federativa do Brasil há mais de quin-
Art. 7 cabível para empregado urbano ou rural que ze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
preencha as características acima. que requeiram a nacionalidade brasileira.
Direitos das relações individuais de trabalho (exem- § 1º Aos portugueses com residência permanente no
plos) País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros,
- Proteção contra dispensa arbitrária, sem justa causa. serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, sal-
- Seguro desemprego vo os casos previstos nesta Constituição.
- Fundo de garantia § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi-
- Salário mínimo fixado em lei. leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
- Piso salarial nesta Constituição.
- 13 Salário § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
- remuneração trabalho noturno I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
- repouso semanal II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
- Férias III - de Presidente do Senado Federal;
- Licença gestante IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Atenção para o Art. 7 parágrafo único: empregado VI - de oficial das Forças Armadas;
doméstico. VII – de Ministro de Estado da Defesa.
Direitos das relações coletivas § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra-
- direito de associação profissional ou sindical; sileiro que:
Vedado impedir a criação I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
Liberdade de ser associado ou não judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
Possibilidade de cobranças para custos nacional;
Vedação de dispensa de empregado sindicalizado II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
- direito de greve; a) de reconhecimento de nacionalidade originária
Cabe aos empregados decidir o momento oportuno pela lei estrangeira;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e a pauta de reinvindicações. Alguns serviços são consi- b) de imposição de naturalização, pela norma estran-
derados essenciais, necessários. Nesse caso, a lei definirá geira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro,
que tipo de serviço será considerado essencial. como condição para permanência em seu território ou
- direito de substituição processual; para o exercício de direitos civis;
Legitimidade dos sindicatos para a representação dos Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
empregados sindicalizados. pública Federativa do Brasil.
- direito de participação; § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
Participação de trabalhadores em colegiados de ór- bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
gãos públicos em assuntos de interesse da categoria. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
- direito de representação classista. derão ter símbolos próprios.
Empresas com mais de 200 empregados podem ele-
ger um representante para estabelecer diálogo com em-
pregadores.

18
Direitos de nacionalidade

Introdução

Conceitos importantes: segundo Nathália Masson, entende-se por nacionalidade o “vínculo jurídico-político que
liga o indivíduo a um determinado Estado, comando-o um componente do povo, o que o capacita a exigir a proteção
estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento de deveres.
Referida associação - entre indivíduo e Estado é que determina e permite a identificação dos sujeitos que compõe a
dimensão pessoal do Estado, um dos seus elementos constitutivos básicos”. Trata-se de direito previsto no artigo 15 da
Declaração Universal dos Direitos do Homem.
- Elementos do Estado: território, soberania e povo.
- Vínculo político e social: nacionalidade. (obs: nacionalidade ≠ nação).

Modalidades de aquisição da nacionalidade


- Primária: nascimento do indivíduo.
- Secundário: obtida voluntariamente pelo indivíduo – Ex: casamento.

Critérios para determinar nacionalidade


- Jus soli: indivíduo nascido em território específico.
- jus sanguinis: prioriza laços familiares, filiação.

Apátridas: conhecidos por serem aqueles que não detêm pátria por não se enquadrarem no critério previsto para
aquisição da nacionalidade. Os poliapátridas são aqueles que preenchem tanto os critérios para aquisição de naciona-
lidade do Estado que nasceu como no Estado de origem dos pais.
Exemplo: nascido em território estrangeiro que adota com exclusividade o critério jus sanguinis; ou ainda pelo can-
celamento da naturalização cujo país não admite dupla naturalização. Atualmente os países adotam critérios mistos.

1) Espécies de nacionalidade
- Originária: é aquela que se adquire pela ocorrência do fato natural (nascimento). Trata-se de um meio involuntário.
- Secundária: trata-se, normalmente, de ato voluntário. A naturalização decorre da vontade do interessado de com-
por o povo de um Estado específico.

Hipóteses de aquisição
- Originária
- Critério jus soli
Trata-se de critério territorial. Será considerado nato o indivíduo nascido em território nacional; independe da na-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cionalidade de seus ascendentes. O que faz parte do território nacional?


Território nacional: - Terras delineadas pelos limites geográficos do país
- rios, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial;

Extensão ficcional:
É o ato de reconhecer como parte do território nacional os navios e as aeronaves públicos (ou requisitados) bra-
sileiros, onde quer que se encontrem, assim como os navios privados brasileiros em alto mar, as aeronaves privadas
brasileiras em voo sobre o alto mar e as embarcações privadas estrangeiras em mar (ou espaço aéreo) brasileiro.
Obs: se o nascido for filho de estrangeiros a serviço do seu país de origem, não haverá o reconhecimento da nacio-
nalidade. Ex: casal de suíços a serviço da Suíça (o mesmo não se pode falar daqueles a serviço de empresa privada ou
outro país) concebem seu filho em solo brasileiro – o filho, ainda que nascido em território no Brasil não será brasileiro.
No exemplo acima, caso um dos genitores seja brasileiro, o fato do outro cônjuge estar a serviço de seu país, será o
nascido brasileiro.

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- Critério jus sanguinis
Trata-se de uma espécie de mitigação do critério territorial com a finalidade de se evitar a existência de apátridas.
Oportuno registrar que esse critério não se resume sozinho. Sempre dependerá da conjugação com alguns elementos:

- Critério funcional: um dos pais brasileiros (ou ambos) a serviço do Brasil. Ex: nascido em território estrangeiro, filho
de um dos pais (ou ambos) brasileiro, estando este a serviço do país. Mesmo não nascendo em território brasileiro, será
considerado brasileiro nat.

- Registro em repartição brasileira: criança nascida no estrangeiro, filho de brasileiro (ou ambos), com registro de
nascimento feito em repartição brasileira competente, como por exemplo, embaixada ou consulado. Em tempo, esse
direito foi suprimido e posteriormente reinserido no texto em 2007.

- Opção após maioridade: nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe (ou ambos) brasileiro, resolve residir, após a
maioridade, no Brasil. Esta poderá fazer a opção de se registrar como brasileira.

- Secundária
- Tácita: países com número de nacionais inferior ao desejado; caso não declare o estrangeiro sua intenção de per-
manecer estrangeiro, automaticamente se torna nacional daquele país. (não aceito no Brasil).
- Expressa (duas formas: ordinária / extraordinária).
Ordinária
- Estatuto do Estrangeiro:
Residência permanente por mais de 04 anos
Capacidade Civil
Domínio da língua
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Exercício da profissão
Bons procedimentos
Boa saúde.
- Países de língua Portuguesa:
Residência permanente por no mínimo 01 ano
Demais condições apontadas acima.
- Radicação precoce:
Vem residir no Brasil antes de completar 05 anos.
Necessário requerimento de naturalização
Prazo: 02 anos a partir da maioridade (18 anos).
- Conclusão ensino superior:
Estrangeiros vindo a residir no país antes da maioridade;
Conclusão ensino superior instituição nacional;

20
Requisição nacionalidade até 01 ano formado. - Cancelamento por sentença judicial (atividade noci-
- Procedimento va ao interesse nacional:
Tem natureza administrativa uma vez que todo o pro- Ordem pública ou segurança nacional) Chamada de
cedimento ocorre no Ministério da Justiça até decisão fi- perda-punição.
nal do Presidente da República; a entrega, porém, é feita - Aquisição voluntária de nova nacionalidade (perda
pela Justiça Federal. Trata-se de ato ex nunc. mudança). Vale tanto para natos como naturalizados.
Extraordinária
- Quinze anos de residência ininterrupta 4) Quase naturalização
- Ausência de condenação penal Segundo Nathália Masson, “o texto constitucional,
- Requerimento de naturalização. se houver reciprocidade em favor de brasileiros residen-
tes em Portugal, os portugueses que aqui residam terão
tratamento jurídico similar ao dispensado ao brasileiro
naturalizado, sem precisarem, para isso, de se submete-
rem a qualquer procedimento de naturalização. Como a
reciprocidade existe, os portugueses residentes na Re-
pública Federativa do Brasil em caráter permanente po-
derão comparecer ao Ministério da Justiça, munidos de
documento que comprove a nacionalidade portuguesa,
a capacidade civil e a admissão na República Federativa
do Brasil em caráter permanente, para requerer a quase
nacionalidade”.
2) Diferença de tratamento (natos e naturalizados)
Vedação: nos termos do art. 5º, desdobrado no art. Capítulo IV
12§2º da Constituição Federal. Exceções: Dos direitos políticos
1º) Cargos: Presidente da República e aqueles em sua
linha de sucessão, além dos cargos responsáveis pela Se- Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
gurança Nacional: gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
- Presidente da República e Vice-Presidente da Re-
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
pública,
I - plebiscito;
- Presidente da Câmara dos Depurados, Presidente
II - referendo;
do Senado Federal e Ministro do STF,
III - iniciativa popular.
- Membro da carreira diplomática,
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
- Oficial das Forças Armadas e
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
- Ministro de Estado da Defesa.
II - facultativos para:
2º) Conselho da República: art. 89 VII (formação)
a) os analfabetos;
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; b) os maiores de setenta anos;
III - o Presidente do Senado Federal; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangei-
Deputados; ros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe- os conscritos.
deral; § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
VI - o Ministro da Justiça; I - a nacionalidade brasileira;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trin- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
ta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Pre- III - o alistamento eleitoral;
sidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com V - a filiação partidária;
mandato de três anos, vedada a recondução. VI - a idade mínima de:
3º) Extradição (brasileiro nato não pode ser extradi- a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tado). No que tange ao naturalizado, a CF/88 permitiu a te da República e Senador;


extradição do naturalizado em duas situações). b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
- Crime comum antes da naturalização. Estado e do Distrito Federal;
- Envolvimento comprovado com o tráfico ilícito de c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
entorpecentes ou drogas afins. Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
4º) Propriedade de empresa jornalística e de radiodi- paz;
fusão sonora e de sons e imagens. d) dezoito anos para Vereador.
- Privativo de brasileiros natos ou naturalizados há § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
mais de 10 anos. § 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
3) Perda do Direito de Nacionalidade houver sucedido ou substituído no curso dos manda-
Previsão: art. 12 §4º CF/88 tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
Hipóteses: sequente.

21
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
da República, os Governadores de Estado e do Distrito #FicaDica
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito. Nacionalidade ≠ Cidadania: segundo
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do José Afonso da Silva, “a nacionalidade é o
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou vínculo ao território estatal por nascimento
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presi- ou por naturalização, tem status político”;
dente da República, de Governador de Estado ou Ter- cidadania “qualifica os participantes da
ritório, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os vida do Estado, é atributo das pessoas
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao integradas na sociedade estatal, atributo
pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candi- político decorrente do direito de participar
dato à reeleição. no governo e direito de ser ouvido pela
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin- representação política”.
tes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade; E continua:
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre- “Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas
automaticamente, no ato da diplomação, para a ina- consequências. Nacionalidade é o conceito mais amplo
tividade. do que cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de o titular da nacionalidade brasileiro poder ser cidadão”.
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade 1. Regime democrático
para o exercício do mandato, considerada a vida pre- - Democracia direta: exercício do poder diretamente
gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade pelo povo, sem intermediários.
das eleições contra a influência do poder econômico - Democracia representativa: povo elege seus repre-
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego sentantes.
na administração direta ou indireta. - Democracia participativa: sistema híbrido; parte
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a exercida diretamente pelo povo e parte pelos re-
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da presentantes eleitos pelo povo.
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará #FicaDica
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Modelo brasileiro: democracia participativa
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja – CF Art. 1º par. Único e Art. 14.
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
sitada em julgado; Democracia direta (institutos)
II - incapacidade civil absoluta; - Plesbicito, referendo, participação popular e ação
III - condenação criminal transitada em julgado, en- popular.
quanto durarem seus efeitos; Plesbicito e referendo: ambos são formas de consulta
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou ao povo de matéria de extrema relevância (ex: sistema de
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; governo; desarmamento). O que os difere é o momento
V - improbidade administrativa, nos termos do art. em que essa consulta é feita.
37, § 4º. - Plesbicito (consulta prévia): primeiro ocorre a consul-
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará ta popular para só então ser tomada a decisão política. Ex:
em vigor na data de sua publicação, não se aplican- sistema de governo.
do à eleição que ocorra até um ano da data de sua - Referendo (consulta a posteriori): primeiro é tomada
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vigência. a decisão política para então ser levada a apreciação do


povo que poderá ratificar ou rejeitar. Ex: desarmamento.
Trata-se de prerrogativa do direito de nacionalida- - Iniciativa popular: apresentação de projeto de lei para
de. É assegurado a determinado grupo de pessoas cha- a Câmara dos Deputados, subscrito por no mínimo 1% do
mados de cidadãos. São os meios pelos quais o povo eleitorado brasileiro, distribuídos por no mínimo 5 estados
exerce sua soberania, ou seja, a soberania popular. É a com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.
exteriorização da vontade do povo na condução da coi- - Ação popular: Lei 4.717/65
sa pública.

22
- Direito de voto e escrutínio: o voto é uma das for-
#FicaDica mas do exercício do sufrágio; é o instrumento pelo qual
se exterioriza sua vontade. Tem por características: direto,
Atenção! Uma vez proclamado o resultado secreto, Periódico e universal. No Brasil, tem por carac-
do plesbicito ou do referendo, seria terística ser personalíssimo e obrigatório. A obrigatorie-
possível sua alteração por meio de Emenda dade do voto é cláusula pétrea? Não, nos termos do art.
Constitucional ou Lei? Não. Tais medidas 60 §4º II.
seriam inconstitucionais. Logo, a democracia
direta prevalece sobre a representativa. Sua
mudança poderia ocorrer apenas após nova #FicaDica
consulta popular. Características do voto: direto, secreto,
universal e periódico.

Conceitos (Teoria Geral do Estado) - Direto: o eleitor vota diretamente no candidato.


Cidadania: capacidade de possuir direitos políticos, vo- Obs: eleição indireta – possível. Vacância do cargo de
tar e ser votado. presidente e vice presidente nos dois últimos anos de
Sufrágio: direito de votar e ser votado.
mandato – eleição realizada pelo Congresso nacional.
Voto: modo pelo qual se exerce o sufrágio.
- Secreto: veda-se a publicidade do voto. Votação
Escrutínio: modo pelo qual se exercita o voto.
parlamentar: aberta. O sigilo do voto deverá ser assegu-
rado e, adotadas as seguintes providências:
2. Classificação dos Direitos Políticos
- Isolamento em cabine indevassável
Memorizar:
- Verificação documental e sua autenticidade
- Urna que assegure a inviolabilidade.
- Universal: direcionada a qualquer cidadão, sem dis-
criminação de natureza econômica, social, racial.
- Periódica: posto que o mandato é por prazo deter-
minado.
Eleitorado: conjunto de todos aqueles que detém o
direito ao sufrágio. A organização brasileira é da seguinte
forma:
- Circunscrições eleitorais: nas eleições presidenciais
a circunscrição será o país; nas eleições federais e esta-
duais a circunscrição será o estado e nas municipais o
próprio município.
- Zonas eleitorais: unidades territoriais de natureza ju-
2.1 Positivos (liberdade do cidadão participar ativa- risdicional sob a titularidade de um juiz de direito.
mente da vida pública) - Seções eleitorais (de 300 a 400 eleitores)
Ativo: direito de votar, capacidade de ser eleitor, alis- - Passiva (pressupostos para ser votado) – Palavra
tabilidade. chave: elegibilidade
Passivo: direito de ser votado, elegibilidade. Condições de elegibilidade (capacidade de ser eleito)
- Ativa (pressupostos para votar) – Palavra chave: alis- - Nacionalidade: brasileira
tabilidade (capacidade de ser eleitor). - Pleno exercício dos direitos políticos
- Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição da pes- - Alistamento eleitoral
soa como eleitor perante a Justiça Eleitoral (título de elei- - Domicílio eleitoral na circunscrição (onde for con-
tor) correr ao mandato)
- Nacionalidade brasileira (excluídos os estrangeiros) - Filiação partidária
- Idade mínima de 16 anos - Idade Mínima:
Facultativo: entre 16 e 18 anos; acima de 70 anos. 35 – Presidente, vice, senador.
Obrigatório: entre 18 e 70 anos. 30 – Governador e vice.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Não ser conscrito (serviço militar obrigatório): o 21 – Deputados estaduais e federais, prefeito e vice.
conscrito não poderá votar. E se por acaso o conscrito se 18 – Vereador.
engajar no serviço miltar permanente? São obrigados a
se alistarem como eleitores
- Soberania Popular: exercida pelo sufrágio universal
e pelo voto direto e secreto. É possível classificar a sobe-
rania como: una, indivisível, inalienável e imprescritível.
- Sufrágio: direito que o cidadão possui de participar
da organização política estatal. É a permissão para eleger
e/ou ser eleito. Sufrágio universal: “quando se outorga
o direito de votar a todos os nacionais de um país, sem
restrições derivadas das condições de nascimento, de
fortuna e capacidade especial”.

23
#FicaDica

2.2 Direitos Políticos Negativos


Podem ser definidas como as suspensões e/ou privações de direitos políticos. Atenção! Segundo Nathália Masson,
“importante, desde já, deixar firmado que a cassação dos direitos políticos, consistente na retirada arbitrária dos direi-
tos, engendrada por perseguições ideológicas, tão típicas dos períodos de hiato constitucional (antidemocráticos), é
vedada pela atual Constituição de 1988”.
- Inelegibilidade (Art. 14 §4º a 8º)
Absolutas: impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, taxativamente previstas na CF/88.
- Inalistável: se não pode ser eleitor, não pode se eleger (estrangeiros e conscritos).
- Analfabeto: pode se alistar, mas não pode ser eleito.
- Relativas: impedimento eleitoral para algum cargo eletivo ou mandato, em função de situações em que se encon-
tre o cidadão candidato, previstas na CF/88 ou lei complementar.
- Em razão da função exercida:
- Referente ao mesmo cargo: - Chefes do executivo nas 03 esferas, não podem ser eleitos para um terceiro mandato.
(subsequente e sucessivo).
- Referente a outro cargo (desincompatibilização).
- Prefeito profissional: cumpre dois mandatos, transfere seu domicílio para concorrer ao terceiro. Impossibilidade
tanto para o próprio município como para diverso.
- Desincompatibilização: afastamento das funções por 06 meses para concorrer a outros cargos. Ex: é deputado,
quer concorrer para prefeito.
- Grau de parentesco.
- Cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau. (presidente, governador e prefeito).
- Conhecida como inelegibilidade reflexa, haja vista incidir sobre terceiros, isto é, “refletir” em indivíduos em razão
do parentesco, da afinidade ou da condição de cônjuge que possuem freme a um chefe do Poder Executivo.
- Candidato for militar.
- Menos de 10 anos de atividade: afastamento definitivo.
- Mais de 10 anos: afastamento temporário. Se eleito, inatividade.
- Outras inelegibilidades previstas pela LC 64/90
- Probidade administrativa
- Moralidade
- Normalidade e legitimidade das eleições.
3. Perda dos direitos políticos
Definitiva.
- Cancelamento da naturalização
- Recusa de cumprir obrigação imposta a maioria
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Perda da nacionalidade em razão de ter adquirido outra.

4. Suspensão dos direitos políticos


Temporária.
- Incapacidade civil absoluta
- Condenação criminal definitiva.
- Improbidade administrativa.
- Exercício de direitos políticos em outro país. Pode votar em Portugal, suspende o direito de votar no Brasil.

24
dade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
#FicaDica nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
Não existe “cassação” de direitos políticos. estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
Ou poderá ocorrer a perda ou mesmo a partidária. (Parágrafo com redação dada pela Emenda
suspensão. O termo cassação pressupõe ato Constitucional nº 97, de 2017)
unilateral em contraditório e ampla defesa, § 2º Os partidos políticos, após adquirirem persona-
ferindo os alicerces da democracia. lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo parti-
5. Das Eleições dário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na for-
Segundo José Afonso da Silva, “as eleições são pro- ma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
cedimentos técnicos para a designação de pessoas para (“Caput” do parágrafo com redação dada pela Emen-
um cargo (outras maneiras de designação são a suces- da Constitucional nº 97, de 2017)
são, a cooptação, a nomeação, a aclamação) ou para a I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputa-
formação de assembleias. Eleger significa, geralmente, dos, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
expressar uma preferência entre alternativas, realizar um distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
ato formal de decisão”. Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento)
Reeleição: “possibilidade que a Constituição reco- dos votos válidos em cada uma delas; ou (Inciso acres-
nhece ao titular de um mandato eletivo de pleitear sua cido pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
própria eleição para um mandato sucessivo ao que está II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fe-
desempenhando”. derais distribuídos em pelo menos um terço das uni-
dades da Federação. (Inciso acrescido pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do manda-
to, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos
Majoritário: “a representação, em dado território,
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
cabe ao candidato ou candidatos que obtiveram a maio-
tempo de rádio e de televisão. (Parágrafo acrescido
ria (absoluta/relativa) dos votos. O Brasil consagra o sis-
tema majoritário por maioria absoluta (com dois turnos pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
se preciso) para a eleição de Presidenta e Vice-Presidente
da República, de Governador e Vice-governador de esta- Instrumento indispensável no regime democrático por
do e de Prefeito e Vice-Prefeito municipal e por maioria ser responsável pela organização da vontade popular na
relativa para a eleição de Senadores”. busca de realização de projetos comuns. Vale lembrar que
Proporcional: utilizado para as eleições de deputados o exercício da cidadania não se faz exclusivamente através
federais, estaduais e para vereadores. de partidos políticos; no entanto, o exercício desse mister
quando estivermos diante da elegibilidade, a filiação parti-
Capítulo v dária se torna obrigatória – requisito indispensável.
Dos partidos políticos Atualmente o Brasil tem 35 partidos políticos regis-
trados no Tribunal Superior Eleitoral, sendo o PMDB o
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extin- partido mais antigo, registrado em 30/06/1981, seguido
ção de partidos políticos, resguardados a soberania neste mesmo ano pelos Partidos PTB (03/11/81) e PDT
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, (10/11/1981) e o partido político mais jovem é o PMB
os direitos fundamentais da pessoa humana e obser- (Partido da Mulher Brasileira) registrado em 29/09/2015.
vados os seguintes preceitos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - caráter nacional; Conceito


II - proibição de recebimento de recursos financeiros
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi- A Professora Nathália Masson, destaca em sua obra
nação a estes; conceito de Georg Jellinek, segundo o qual os partidos
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; políticos podem ser definidos como “grupos políticos
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. formados sob a influência de convicções comuns volta-
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para das para cercos fins políticos, que se esforçam para rea-
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre lizar”. Em regra, esses grupos têm por base concepções
escolha, formação e duração de seus órgãos permanen- políticas ou interesses políticos comuns.
tes e provisórios e sobre sua organização e funcionamen- A lei 9.096/95, também chamada de “Lei dos Partidos
to e para adotar os critérios de escolha e o regime de Políticos” também tratou de conceituar os partidos polí-
suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua ticos no Brasil. Nos termos do art. 1º desta lei, “o partido
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatorie- político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a

25
assegurar, no interesse do regime democrático, a auten- Cabimento: necessidade de defesa de direitos, ou
ticidade do sistema representativo e a defender os direi- quando for constatado o cometimento, por parte de
tos fundamentais definidos na Constituição Federal”. agentes do Poder Público, de uma ilegalidade ou de um
abuso de poder.
Natureza Jurídica Titularidade: qualquer pessoa (nacional ou estrangeiro).
Destinatário: qualquer órgão ou autoridade do Poder
Pessoa Jurídica de Direito Privado. Sua organização Público, podendo pertencer ao Poder Executivo, Legisla-
está prevista no texto da Constituição Federal, lhes as- tivo, Judiciário e até mesmo ao Ministério Público.
segurando autonomia, liberdade de criação, fusão, in-
corporação e extinção, além de resguardar a soberania Direito a obtenção certidões (regulamentado pela
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os lei 9051/95)
direitos fundamentais. Essa pessoa jurídica deve ser re- Fundamento: Art. 5º XXXIV - são a todos assegurados,
gistrada em Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e independentemente do pagamento de taxas: b) a obtenção
os estatutos do partido registrados no TSE. de certidões em repartições públicas, para defesa de direi-
- Requisitos a serem observados quando de sua criação tos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
- Caráter Nacional: evitar partidos com projetos re- Cabimento: obtenção de certidões em repartições
gionais ou mesmo municipais. públicas, para defesa de direitos e esclarecimentos de
- Critério: 0,5% dos votos válidos nas últimas eleições situações de interesse pessoal.
para a Câmara dos Deputados, distribuídos no mí- Titularidade: qualquer pessoa (nacional ou estrangeiro).
nimo entre 1/3 dos estados-membros (9 estados) Destinatário: qualquer órgão ou autoridade da admi-
e, em cada estado, 1/10 dos eleitores daquele es- nistração pública, direta ou indireta.
tado.
- Proibição de recebimento de recursos financeiros de Habeas Corpus
entidades ou governos estrangeiros ou de subor- Fundamento: Art. 5º LXVIII - conceder-se-á habeas
dinação corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de loco-
Vedado receber qualquer recurso de entidade ou go- moção, por ilegalidade ou abuso de poder e LXXVII - são
verno estrangeiro, pois o aceite poderia tornar o partido gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na
subordinado a estes apoiadores. É uma forma indireta de forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
também proteger a soberania nacional. Finalidade: fazer cessar a ameaça ou coação à liberda-
- de de ir, vir e permanecer do indivíduo.
Prestação de constas à Justiça Eleitoral Nomenclatura:
Com o propósito de afastar o abuso do poder econô- - Autor da ação: impetrante.
mico, tudo aquilo que for recebido deve ser apresentado - Beneficiado: paciente. (impetrante e paciente po-
em forma de prestação de contas para a justiça eleito- dem ser a mesma pessoa)
ral. Esta prestação vem disciplinada pela lei 9.504/97 em - Autoridade pratica ilegalidade ou abuso de poder:
seus arts. 17 a 27. autoridade coatora / impetrado.

Características dos Partidos Políticos Legitimidade ativa: universal. Qualquer do povo, na-
Autonomia: o Estado evitará intervir em qualquer par- cional ou estrangeiro, independentemente de capacidade
tido político, posto que os mesmos possuem liberdade civil, política ou profissional, de idade, de sexo, profissão,
para definir sua estrutura, organização e funcionamento. estado mental. Poderá ser impetrado em nome próprio ou
Por esta razão as coligações eleitorais são possíveis. em favor de terceiro. Não há necessidade de advogado;
Fidelidade Partidária: sua não observância acarreta a pessoa jurídica poderá interpor em favor de terceiros.
perda do mandato de Deputado Federal e de Senador se Legitimidade passiva: aquele que pratica a coação ou
estes trocarem de partido sem justa causa. Sobre a fide- ilegalidade ao direito de locomoção do paciente. Nor-
lidade partidária, importante consignar que: malmente, será uma autoridade, como magistrados, de-
- a vaga do titular do mandato parlamentar pertence legados, membros de Tribunal ou até mesmo integrantes
à coligação e não ao partido político. do Ministério Público.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Reconhecida a justa causa, afastamento da perda do Espécies: repressivo ou preventivo.


mandato eletivo. Repressivo (liberatório): a liberdade de locomoção já
está limitada. Busca-se a expedição de alvará de soltura.
Remédios Constitucionais de natureza não admi- Preventivo: quando o risco à liberdade é iminente.
nistrativa Busca-se a obtenção do salvo conduto.
Cabimento: tutela do direito de locomoção. Cabível
Direito de Petição (regulamentado pela lei não somente quando o direito de liberdade de locomo-
4898/65) ção já houver sido violentado, mas também quando ele
Fundamento: Art. 5º XXXIV - são a todos assegurados, se encontrar ameaçado. A tutela é obtida por meio de
independentemente do pagamento de taxas: a) o direito ordem, expedida por juiz ou Tribunal, que faz cessar a
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou ameaça ou a efetiva coação à liberdade de locomoção.
contra ilegalidade ou abuso de poder. Processo: regido pelos arts. 647 a 667 do Código de
Processo Penal.

26
Coação ilegal: art. 648 CPP namentais ou de caráter público; II - para a retificação
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
I - quando não houver justa causa; sigiloso, judicial ou administrativo; III - para a anotação
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do nos assentamentos do interessado, de contestação ou
que determina a lei; explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que
III - quando quem ordenar a coação não tiver compe- esteja sob pendência judicial ou amigável.
tência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou Procedimento
a coação; I – Fase Administrativa: esgotamento. Somente quan-
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, do ultrapassada sem sucesso a fase administrativa é
nos casos em que a lei a autoriza; que a fase judicial poderá ser inaugurada.
VI - quando o processo for manifestamente nulo; II – Judicial: necessário fazer prova da recusa ao acesso
VII - quando extinta a punibilidade. às informações ou do decurso de mais de dez dias sem
decisão
Súmulas importantes!
- Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus con-
tra decisão condenatória a pena de multa ou relativo #FicaDica
a processo em curso por infração penal a que a pena
pecuniária seja a única cominada.” Ex.: Crime de porre Habeas corpus e habeas data são gratuitos,
de drogas. não tem custas
- Súmula 694 do STF: “Não cabe habeas corpus con-
tra a imposição da pena de exclusão de militar ou de
perda de patente ou de função pública.” Mandado de Segurança Individual e Coletivo (re-
- Súmula 695 do STF: “Não cabe habeas corpus gulamentado pela Lei 12016/09)
quando já extinta a pena privativa de liberdade.”
Competência: irá variar conforme a qualidade da Fundamento: art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado
pessoa que sofrer o ato coator, ou a qualidade da pes- de segurança para proteger direito líquido e certo, não
soa responsável pelo ato. amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for auto-
Habeas Data (regulado pela Lei 9507/97) ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
Fundamento: Art. 5º LXXII - conceder-se-á habeas de atribuições do Poder Público.
data: a) para assegurar o conhecimento de informações Cabimento: proteção de direitos líquidos e certos
relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis- contra ato de autoridade ou de quem exerça funções
tros ou bancos de dados de entidades governamentais públicas. Logo, incabível em face de decisão particular.
ou de caráter público; b) para a retificação de dados, Segundo Nathália Masson, “o mandado de segurança
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ju- constitui remédio a ser utilizado quando direito líquido
dicial ou administrativo. e cerco - capaz de ser demonstrado independente de ul-
Cabimento: viabilizar o conhecimento, a retificação, terior dilação probatória - do indivíduo for violado por
(de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro aro de autoridade governamental (autoridade pública de
mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
amigável) de informações da pessoa do impetrante, Federal e dos Municípios, e das respectivas autarquias,
constantes de bancos de dados públicos ou bancos de fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
dados privados de caráter público. economia mista) ou de agente de pessoa jurídica privada
Habeas data x direito de informação (Art.5º XXXIII) que esteja, por delegação, no exercício de atribuição do
Segundo Michel Temer, “o habeas data também não Poder Público, contra o qual não seja oponível habeas
pode ser confundido com o direito à obtenção de cer- corpus ou habeas data”.
tidões em repartições públicas. Ao pleitear certidão, o Autoridade Pública: todas as pessoas físicas que exer-
solicitante deve demonstrar que o faz. Para defesa de çam alguma atividade estatal, investidas de poder deci-
direitos e esclarecimentos de situações de interesse sório, necessário para poder rever o ato tido por ilegal
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pessoal (art. 5° XXXIV, “b”). No habeas data busca o sim- ou abusivo.


ples desejo de conhecer as informações relativas à sua Hipótese de não cabimento
pessoa, independentemente da demonstração de que - ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
elas se prestarão à defesa de direitos. suspensivo.
Legitimidade Ativa: qualquer pessoa, nacional ou - decisão judicial da qual caiba recurso.
estrangeiro, inclusive a pessoa jurídica. Tem natureza - decisão judicial transitado em julgado.
personalíssima. Apenas a pessoa poderá impetrar HD - lei.
em seu nome. - ato interna corporis.
Legitimidade passiva: entidades governamentais ou - substituição por ação popular ou ação de cobrança
particulares que tenham caráter público.
Competência: I - para assegurar o conhecimento de Legitimidade ativa: direito líquido e certo, não ampa-
informações relativas à pessoa do impetrante, constan- rado por habeas corpus ou por habeas data. Qualquer
tes de registro ou banco de dados de entidades gover- pessoa física, brasileiros ou estrangeiros, residentes ou

27
não no país ou pessoa jurídica nacional ou estrangeira, rem seus estatutos no TSE. A aquisição da personalidade
privada ou pública- alguns órgãos públicos com capaci- jurídica não é concedida pelo TSE, este apenas registrará
dade processual (caso das Mesas das Casas Legislativas, o estatuto. Em se tratando de uma democracia, com go-
Chefia dos Executivos, Chefia do Tribunal de Contas, Mi- verno único, não se admite instrução militar ou paramili-
nistério Público), agentes políticos, além de outros entes tar. Por fim, não cabe ao TSE aprovar a estrutura interna
despersonalizados com capacidade processual (e exem- do partido, posto que estes gozam de autonomia nes-
plo do espólio e da massa falida). ta questão.
Legitimado passivo: autoridade coatora, aquela que
pratica ou ordena a execução ou a inexecução do ato a
ser impugnado via mandado de segurança. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-
Prazo: até 120 dias contados do conhecimento oficial ADMINISTRATIVA: COMPETÊNCIAS DA
pelo interessado do ato a ser impugnado. UNIÃO, ESTADOS,
DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS.
Mandado de Injunção

Fundamento: Art. 5º LXXI - conceder-se-á mandado de Título III


injunção sempre que a falta de norma regulamentadora Da organização do estado
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades consti- Capítulo I
tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à Da organização político-administrativa
soberania e à cidadania.
Cabimento: viabilizar o exercício de direitos, liberdades Art. 18. A organização político-administrativa da Re-
constitucionais ou prerrogativas inerentes à nossa naciona- pública Federativa do Brasil compreende a União, os
lidade, soberania ou cidadania, inviabilizados pela falta de Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô-
norma regulamentadora. nomos, nos termos desta Constituição.
Finalidades: § 1º Brasília é a Capital Federal.
I - viabilizar (concretizar) o exercício de direitos previstos § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
na Constituição; criação, transformação em Estado ou reintegração ao
II - de forma secundária, visa combater a inércia dos Po- Estado de origem serão reguladas em lei complemen-
deres Públicos. tar.
Requisitos: § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdi-
I - norma constitucional desprovida de regulamentação; vidir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros,
II - existência de um dever para os Poderes Públicos em ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
editar as normas infraconstitucionais; mediante aprovação da população diretamente inte-
III - efetiva omissão do Poder Público. ressada, através de plebiscito, e do Congresso Nacio-
Legitimidade ativa: qualquer pessoa, física ou jurídica, nal, por lei complementar.
que esteja impedida de exercer os direitos e as liberdades § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmem-
constitucionais, assim como de suas prerrogativas inerentes bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
à nacionalidade, soberania e cidadania, em razão de omis- dentro do período determinado por Lei Complementar
são do Poder Público em editar normas regulamentadoras. Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
Legitimidade passiva: sempre do órgão, autoridade ou plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos,
entidade pública (pessoa estatal) responsável por viabilizar após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
os direitos previstos na Constituição Federal. apresentados e publicados na forma da lei.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe-
deral e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
EXERCÍCIO COMENTADO ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
com eles ou seus representantes relações de depen-
1. Aplicada em: 2017Banca: CESPE Órgão: TRE-TO Pro- dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
va: Técnico Judiciário - Área Administrativa. boração de interesse público;
Os partidos políticos: II - recusar fé aos documentos públicos;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências


a) são pessoas jurídicas de direito privado. entre si.
b) dependem de autorização do Congresso Nacional para
estruturar seu funcionamento. Capítulo II
c) podem ministrar instrução militar ou paramilitar. Da união
d) adquirem personalidade jurídica com o registro do esta-
tuto social no TSE. Art. 20. São bens da União:
e) devem submeter sua estrutura interna para aprovação I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
do TSE. rem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
Resposta: Letra A. Os partidos políticos não dependem fronteiras, das fortificações e construções militares,
de autorização do Congresso Nacional para funcionar. das vias federais de comunicação e à preservação am-
Deverão adquirir personalidade jurídica e após registra- biental, definidas em lei;

28
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um concessão ou permissão:
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es- a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
tendam a território estrangeiro ou dele provenham, imagens;
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com aproveitamento energético dos cursos de água, em ar-
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas ticulação com os Estados onde se situam os potenciais
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a hidroenergéticos;
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru-
serviço público e a unidade ambiental federal, e as tura aeroportuária;
referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
Constitucional nº 46, de 2005) entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
V - os recursos naturais da plataforma continental e transponham os limites de Estado ou Território;
da zona econômica exclusiva; e) os serviços de transporte rodoviário interestadual
VI - o mar territorial; e internacional de passageiros;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- Defensoria Pública dos Territórios;
queológicos e pré-históricos; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mili-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. tar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal,
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao bem como prestar assistência financeira ao Distrito
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos Federal para a execução de serviços públicos, por meio
da administração direta da União, participação no re- de fundo próprio;
sultado da exploração de petróleo ou gás natural, de XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
recursos hídricos para fins de geração de energia elé- tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
trica e de outros recursos minerais no respectivo terri- nacional;
tório, plataforma continental, mar territorial ou zona XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
econômica exclusiva, ou compensação financeira por diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
essa exploração. XVII - conceder anistia;
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
como faixa de fronteira, é considerada fundamental as inundações;
para defesa do território nacional, e sua ocupação e XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
utilização serão reguladas em lei. recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
Art. 21. Compete à União: tos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desen-
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- volvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
par de organizações internacionais; básico e transportes urbanos;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
III - assegurar a defesa nacional; nacional de viação;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
que forças estrangeiras transitem pelo território na- portuária e de fronteiras;
cional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
intervenção federal; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea-
material bélico; res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios
VII - emitir moeda; e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- a) toda atividade nuclear em território nacional so-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

calizar as operações de natureza financeira, espe- mente será admitida para fins pacíficos e mediante
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem aprovação do Congresso Nacional;
como as de seguros e de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a co-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais mercialização e a utilização de radioisótopos para a
de ordenação do território e de desenvolvimento eco- pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
nômico e social; c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; dução, comercialização e utilização de radioisótopos
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica- d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organiza- pende da existência de culpa;
ção dos serviços, a criação de um órgão regulador e XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
outros aspectos institucionais; balho;

29
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer- I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
cício da atividade de garimpagem, em forma associa- instituições democráticas e conservar o patrimônio
tiva. público;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar so- II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
bre: e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, III - proteger os documentos, as obras e outros bens de
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
II - desapropriação; paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza-
perigo e em tempo de guerra; ção de obras de arte e de outros bens de valor históri-
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e co, artístico ou cultural;
radiodifusão; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu-
V - serviço postal; cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
tias dos metais; 2015)
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
cia de valores; em qualquer de suas formas;
VIII - comércio exterior e interestadual; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- abastecimento alimentar;
rítima, aérea e aeroespacial; IX - promover programas de construção de moradias
XI - trânsito e transporte; e a melhoria das condições habitacionais e de sanea-
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e meta- mento básico;
lurgia; X - combater as causas da pobreza e os fatores de
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; marginalização, promovendo a integração social dos
XIV - populações indígenas; setores desfavorecidos;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex- XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
pulsão de estrangeiros; direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
XVI - organização do sistema nacional de emprego e e minerais em seus territórios;
condições para o exercício de profissões; XII - estabelecer e implantar política de educação para
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do a segurança do trânsito.
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pú- Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
blica dos Territórios, bem como organização adminis- para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis-
trativa destes; trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí-
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
geologia nacionais; nacional.
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
poupança popular; Federal legislar concorrentemente sobre:
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
bélico, garantias, convocação e mobilização das polí- mico e urbanístico;
cias militares e corpos de bombeiros militares; II - orçamento;
XXII - competência da polícia federal e das polícias III - juntas comerciais;
rodoviária e ferroviária federais; IV - custas dos serviços forenses;
XXIII - seguridade social; V - produção e consumo;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
XXV - registros públicos; reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; do meio ambiente e controle da poluição;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

todas as modalidades, para as administrações públicas co, turístico e paisagístico;


diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades co, histórico, turístico e paisagístico;
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Re-
marítima, defesa civil e mobilização nacional; dação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
XXIX - propaganda comercial. 2015)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar X - criação, funcionamento e processo do juizado de
os Estados a legislar sobre questões específicas das pequenas causas;
matérias relacionadas neste artigo. XI - procedimentos em matéria processual;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
do Distrito Federal e dos Municípios: XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

30
XIV - proteção e integração social das pessoas porta- § 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre
doras de deficiência; seu regimento interno, polícia e serviços administrati-
XV - proteção à infância e à juventude; vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces-
polícias civis. so legislativo estadual.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas ge- de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á
rais. no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno,
§ 2º A competência da União para legislar sobre nor- e no último domingo de outubro, em segundo turno,
mas gerais não exclui a competência suplementar dos se houver, do ano anterior ao do término do mandato
Estados. de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es- de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao
tados exercerão a competência legislativa plena, para mais, o disposto no art. 77.
atender a suas peculiaridades. § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge- outro cargo ou função na administração pública dire-
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for ta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de con-
contrário. curso público e observado o disposto no art. 38, I, IV
e V. (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda
Capítulo III Constitucional nº 19, de 1998)§
Dos estados federados 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador
e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que
Constituições e leis que adotarem, observados os prin- dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
cípios desta Constituição. § 2º, I.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que
não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Capítulo IV
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me- Dos municípios
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, vo-
para a sua regulamentação. tada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câ-
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- mara Municipal, que a promulgará, atendidos os prin-
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos cípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui-
de municípios limítrofes, para integrar a organização, ção do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
o planejamento e a execução de funções públicas de I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Verea-
interesse comum. dores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: direto e simultâneo realizado em todo o País;
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na primeiro domingo de outubro do ano anterior ao tér-
forma da lei, as decorrentes de obras da União; mino do mandato dos que devam suceder, aplicadas
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio de duzentos mil eleitores;
da União, Municípios ou terceiros; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
União; IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as observado o limite máximo de:
da União. a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legis- (quinze mil) habitantes;
lativa corresponderá ao triplo da representação do Es- b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
tado na Câmara dos Deputados e, atingido o número 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem mil) habitantes;


os Deputados Federais acima de doze. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cin-
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Consti- quenta mil) habitantes;
tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imuni- d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
dades, remuneração, perda de mandato, licença, im- 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oi-
pedimentos e incorporação às Forças Armadas. tenta mil) habitantes;
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na ra- de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele (cento e vinte mil) habitantes;
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;

31
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câ-
de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até mara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37,
300.000 (trezentos mil) habitantes; XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec-
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; subseqüente, observado o que dispõe esta Constitui-
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de ção, observados os critérios estabelecidos na respecti-
mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) ha- va Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:
bitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsí-
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de dio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por
mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitan- ponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados
tes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes; Estaduais;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil
mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; ponderá a quarenta por cento do subsídio dos Depu-
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de tados Estaduais;
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi- d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
tantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
habitantes; ponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos Depu-
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de tados Estaduais;
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habi- e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhen-
tantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e tos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
cinquenta mil) habitantes; corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de Deputados Estaduais;
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitan-
bitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
mil) habitantes; a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de Estaduais;
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) ha- VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
bitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos readores não poderá ultrapassar o montante de cinco
mil) habitantes; por cento da receita do Município;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi- palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
tantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos cunscrição do Município;
mil) habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) Constituição para os membros do Congresso Nacional
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de ha- e na Constituição do respectivo Estado para os mem-
bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, bros da Assembléia Legislativa;
de 2009) X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de tiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Consti-
mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de tucional nº 1, de 1992)
até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; XI - organização das funções legislativas e fiscalizado-
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de ras da Câmara Municipal;
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de XII - cooperação das associações representativas no
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; planejamento municipal;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de específico do Município, da cidade ou de bairros, atra-
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída vés de manifestação de, pelo menos, cinco por cento
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) do eleitorado;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de art. 28, parágrafo único.
até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes; Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e ex-
mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de cluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e os seguintes percentuais, relativos ao somatório da re-
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios ceita tributária e das transferências previstas no § 5o do
de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secre- no exercício anterior:

32
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população tados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais
de até 100.000 (cem mil) habitantes; de Contas dos Municípios, onde houver.
II - 6% (seis por cento) para Municípios com população § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) ha- sobre as contas que o Prefeito deve anualmente pres-
bitantes; tar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popula- dos membros da Câmara Municipal.
ção entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (qui- § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessen-
nhentos mil) habitantes; ta dias, anualmente, à disposição de qualquer contri-
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para buinte, para exame e apreciação, o qual poderá ques-
Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil tionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu- órgãos de Contas Municipais.
lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
(oito milhões) de habitantes; Capítulo V
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Do distrito federal e dos territórios
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito Seção I
milhões e um) habitantes. Do distrito federal
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
por cento de sua receita com folha de pagamento, in- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu-
cluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. nicípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprova-
Municipal: da por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro-
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
artigo; Constituição.
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competên-
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na cias legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
Lei Orçamentária. § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis-
da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste ar- tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados
tigo. Estaduais, para mandato de igual duração.
Art. 30. Compete aos Municípios: § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
I - legislar sobre assuntos de interesse local; aplica-se o disposto no art. 27.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover-
que couber; no do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, corpo de bombeiros militar.
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga-
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos Seção II
prazos fixados em lei; Dos territórios
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a le-
gislação estadual; Art. 33. A lei disporá sobre a organização administra-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de tiva e judiciária dos Territórios.
concessão ou permissão, os serviços públicos de inte- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí-
resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
caráter essencial; no Capítulo IV deste Título.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da § 2º As contas do Governo do Território serão subme-
União e do Estado, programas de educação infantil e de tidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
ensino fundamental; Tribunal de Contas da União.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha-
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da bitantes, além do Governador nomeado na forma des-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

população; ta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira


VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento e segunda instância, membros do Ministério Público
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
parcelamento e da ocupação do solo urbano; eleições para a Câmara Territorial e sua competência
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- deliberativa.
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza-
dora federal e estadual. Capítulo VI
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Da intervenção
Poder Legislativo Municipal, mediante controle exter-
no, e pelos sistemas de controle interno do Poder Exe- Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
cutivo Municipal, na forma da lei. trito Federal, exceto para:
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será I - manter a integridade nacional;
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Es-

33
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
Federação em outra; ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação ex-
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem traordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
pública; § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV,
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
nas unidades da Federação; pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação suspender a execução do ato impugnado, se essa me-
que: dida bastar ao restabelecimento da normalidade.
a) suspender o pagamento da dívida fundada por § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autori-
mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo
maior; impedimento legal.
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributá-
rias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos es-
tabelecidos em lei; ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DISPOSIÇÕES
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão GERAIS. SERVIDORES PÚBLICOS.
judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais: Capítulo VII
a) forma republicana, sistema representativo e regime Da administração pública
democrático; Seção I
b) direitos da pessoa humana; Disposições gerais
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, di- Art. 37. A administração pública direta e indireta de
reta e indireta. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de impostos estaduais, compreendida a proveniente de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
de transferências, na manutenção e desenvolvimento de e eficiência e, também, ao seguinte:
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, síveis aos brasileiros que preencham os requisitos es-
nem a União nos Municípios localizados em Território tabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
Federal, exceto quando: forma da lei;
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por II - a investidura em cargo ou emprego público de-
dois anos consecutivos, a dívida fundada; pende de aprovação prévia em concurso público de
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature-
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re- za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
ceita municipal na manutenção e desenvolvimento do prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; em comissão declarado em lei de livre nomeação e
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a represen- exoneração;
tação para assegurar a observância de princípios in- III - o prazo de validade do concurso público será de
dicados na Constituição Estadual, ou para prover a até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: de convocação, aquele aprovado em concurso público
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Le- de provas ou de provas e títulos será convocado com
gislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, prioridade sobre novos concursados para assumir car-
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a go ou emprego, na carreira;
coação for exercida contra o Poder Judiciário; V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judi- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
ciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do em comissão, a serem preenchidos por servidores de
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Eleitoral; previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de


III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de direção, chefia e assessoramento;
representação do Procurador-Geral da República, na VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução associação sindical;
de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitu- VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
cional nº 45, de 2004) limites definidos em lei específica;
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
2004) públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am- definirá os critérios de sua admissão;
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tem-
couber, nomeará o interventor, será submetido à apre- po determinado para atender a necessidade temporá-
ciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Le- ria de excepcional interesse público;
gislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

34
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio XX - depende de autorização legislativa, em cada
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixa- caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio-
dos ou alterados por lei específica, observada a iniciativa nadas no inciso anterior, assim como a participação
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, de qualquer delas em empresa privada;
sempre na mesma data e sem distinção de índices; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- as obras, serviços, compras e alienações serão con-
gos, funções e empregos públicos da administração di- tratados mediante processo de licitação pública que
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qual- assegure igualdade de condições a todos os concor-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato pagamento, mantidas as condições efetivas da pro-
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos exigências de qualificação técnica e econômica indis-
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes- pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
soais ou de qualquer outra natureza, não poderão ex- XXII - as administrações tributárias da União, dos Es-
ceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador ritários para a realização de suas atividades e atuarão
no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputa- de forma integrada, inclusive com o compartilhamen-
dos Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legis- to de cadastros e de informações fiscais, na forma da
lativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal lei ou convênio.
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito educativo, informativo ou de orientação social, dela
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- que caracterizem promoção pessoal de autoridades
sores Públicos; ou servidores públicos.
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
pagos pelo Poder Executivo; responsável, nos termos da lei.
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
quer espécies remuneratórias para o efeito de remune- usuário na administração pública direta e indireta, re-
ração de pessoal do serviço público; gulando especialmente:
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
público não serão computados nem acumulados para públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
fins de concessão de acréscimos ulteriores; viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de car-
dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (II
gos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o
- o acesso dos usuários a registros administrativos e a
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39,
informações sobre atos de governo, observado o dis-
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
posto no art. 5º, X e XXXIII;
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
III - a disciplina da representação contra o exercício
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
horários, observado em qualquer caso o disposto no
na administração pública.
inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
científico; tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissio- função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
nais de saúde, com profissões regulamentadas; sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e funções e abrange autarquias, fundações, empresas § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiá- ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
rias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
pelo poder público; respectivas ações de ressarcimento.
XVIII - a administração fazendária e seus servidores § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di-
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
jurisdição, precedência sobre os demais setores admi- derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
nistrativos, na forma da lei; causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
XIX – somente por lei específica poderá ser criada au- contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições
de sociedade de economia mista e de fundação, ca- ao ocupante de cargo ou emprego da administração
bendo à lei complementar, neste último caso, definir direta e indireta que possibilite o acesso a informações
as áreas de sua atuação; privilegiadas.

35
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira Seção II
dos órgãos e entidades da administração direta e indi- Dos servidores públicos
reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser fir-
mado entre seus administradores e o poder público, que Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho Municípios instituirão conselho de política de adminis-
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: tração e remuneração de pessoal, integrado por servi-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) dores designados pelos respectivos Poderes.
I - o prazo de duração do contrato; § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
II - os controles e critérios de avaliação de desempe- componentes do sistema remuneratório observará:
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri- I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
gentes; xidade dos cargos componentes de cada carreira;
III - a remuneração do pessoal.” II - os requisitos para a investidura;
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas pú- III - as peculiaridades dos cargos.
blicas e às sociedades de economia mista, e suas subsi- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, escolas de governo para a formação e o aperfeiçoa-
do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento mento dos servidores públicos, constituindo-se a par-
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. ticipação nos cursos um dos requisitos para a promo-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos ção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. convênios ou contratos entre os entes federados.
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú-
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car- XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei esta-
gos em comissão declarados em lei de livre nomeação belecer requisitos diferenciados de admissão quando a
e exoneração. natureza do cargo o exigir.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
e Municipais serão remunerados exclusivamente por
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
em lei.
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
verba de representação ou outra espécie remunera-
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
37, X e XI.
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
único, o subsídio mensal dos Desembargadores do res- Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior
pectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e a menor remuneração dos servidores públicos, obede-
e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio men- cido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
sal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios blicarão anualmente os valores do subsídio e da re-
dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. muneração dos cargos e empregos públicos.)
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
autárquica e fundacional, no exercício de mandato dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: çamentários provenientes da economia com despesas
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
função; dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do modernização, reaparelhamento e racionalização do
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
pela sua remuneração; prêmio de produtividade.
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu- Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; nicípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para assegurado regime de previdência de caráter contri-
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço butivo e solidário, mediante contribuição do respec-
será contado para todos os efeitos legais, exceto para tivo ente público, dos servidores ativos e inativos e
promoção por merecimento; dos pensionistas, observados critérios que preservem
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
afastamento, os valores serão determinados como se artigo.
no exercício estivesse. § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-
culados os seus proventos a partir dos valores fixados
na forma dos §§ 3º e 17:

36
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou conforme critérios estabelecidos em lei.
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
lei; nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais tempo de serviço correspondente para efeito de dis-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de ponibilidade.
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na § 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
forma de lei complementar; contagem de tempo de contribuição fictício.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- § 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço pú- total dos proventos de inatividade, inclusive quando
blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
aposentadoria, observadas as seguintes condições: públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- contribuição para o regime geral de previdência so-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e cial, e ao montante resultante da adição de proventos
trinta de contribuição, se mulher; de inatividade com remuneração de cargo acumulável
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- na forma desta Constituição, cargo em comissão de-
ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio-
clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de
nais ao tempo de contribuição.
cargo eletivo.
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
§ 12 Além do disposto neste artigo, o regime de previ-
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re-
dência dos servidores públicos titulares de cargo efe-
muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
tivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referên-
fixados para o regime geral de previdência social.
cia para a concessão da pensão.
§ 13 Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as em comissão declarado em lei de livre nomeação e
remunerações utilizadas como base para as contribui- exoneração bem como de outro cargo temporário ou
ções do servidor aos regimes de previdência de que de emprego público, aplica-se o regime geral de pre-
tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. vidência social.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di- § 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos nicípios, desde que instituam regime de previdência
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res- complementar para os seus respectivos servidores ti-
salvados, nos termos definidos em leis complementa- tulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor
res, os casos de servidores: das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
I - portadores de deficiência; regime de que trata este artigo, o limite máximo esta-
II - que exerçam atividades de risco; belecido para os benefícios do regime geral de previ-
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições dência social de que trata o art. 201.
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade § 15. O regime de previdência complementar de que
física. trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
no § 1º, III, “a”, para o professor que comprove exclu- de entidades fechadas de previdência complementar,
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
magistério na educação infantil e no ensino funda- participantes planos de benefícios somente na moda-
mental e médio. lidade de contribuição definida.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos § 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi-
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à dor que tiver ingressado no serviço público até a data
conta do regime de previdência previsto neste artigo. da publicação do ato de instituição do correspondente
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen- regime de previdência complementar.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

são por morte, que será igual: § 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de-
falecido, até o limite máximo estabelecido para os be- vidamente atualizados, na forma da lei.
nefícios do regime geral de previdência social de que § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
cela excedente a este limite, caso aposentado à data trata este artigo que superem o limite máximo esta-
do óbito; ou belecido para os benefícios do regime geral de previ-
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor dência social de que trata o art. 201, com percentual
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o igual ao estabelecido para os servidores titulares de
limite máximo estabelecido para os benefícios do regi- cargos efetivos.
me geral de previdência social de que trata o art. 201, § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a completado as exigências para aposentadoria volun-
este limite, caso em atividade na data do óbito. tária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por per-

37
manecer em atividade fará jus a um abono de per- Federalismo pelo CF/88
manência equivalente ao valor da sua contribuição É o primeiro princípio da CF/88. Trata-se, inclusive, de
previdenciária até completar as exigências para apo- cláusula pétrea. Compreende a seguinte divisão: União,
sentadoria compulsória contidas no § 1º, II. estados-membros, Distrito Federal e municípios.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime - União: “União é o ente central da federação, possui
próprio de previdência social para os servidores titu- total autonomia em relação às demais entidades
lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade federadas e concentra um grande volume de atri-
gestora do respectivo regime em cada ente estatal, buições administrativas, legislativas e tributárias
ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. enunciadas ao longo do texto constitucional”. Pre-
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo in- sença de duas personalidades: ambas representa-
cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo- das pelo Pres. da República: a primeira como chefe
sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite de Estado e a segunda como chefe de governo.
máximo estabelecido para os benefícios do regime ge- Trata-se de um ente autônomo e central.
ral de previdência social de que trata o art. 201 desta
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, União ≠ Federação: união é a congregação dos esta-
for portador de doença incapacitante. dos-membros. Federação é a reunião dos entes federa-
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí- dos, leia-se, união, estados-membros, municípios e DF.
cio os servidores nomeados para cargo de provimento - Estados-membros: resultado da descentralização do
efetivo em virtude de concurso público. poder político; são partes autônomas do Estado
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: Federal. Podem ter sua própria constituição, desde
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- que analisados os limites traçados pelo texto da
gado; lei maior. Cada estado-membro tem competência
II - mediante processo administrativo em que lhe seja para estruturar seus poderes – sem interferência
assegurada ampla defesa; federal. A saber:
III - mediante procedimento de avaliação periódica de - Legislativo: art. 27 / - Executivo: art. 28 / - Judiciário:
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- art. 125
rada ampla defesa. - Municípios: passaram a integrar a estrutura da fede-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ração com a CF/88 que lhes garantiu plena auto-
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
nomia. Alguns pontos merecem análise no tocante
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
a participação dos municípios na estrutura da fe-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
deração. O primeiro ponto é que nenhuma fede-
outro cargo ou posto em disponibilidade com remune-
ração fez esse tipo de inclusão; o segundo ponto é
ração proporcional ao tempo de serviço.
a ausência de participação nacional, uma vez que
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida-
vereadores não participam das assembleias legis-
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
lativas. Por fim, caso afrontem a indissolubilidade
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
seu adequado aproveitamento em outro cargo. do pacto federativo, não poderão sofrer interven-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, ção federal, apenas estadual.
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por - Forma de organização: Lei Orgânica – votada em
comissão instituída para essa finalidade. dois turnos com interstício de 10 dias com apro-
vação de 2/3 da Câmara Municipal. O legislativo,
Introdução composto por vereadores, tem a quantidade pre-
- Princípio Federativo: descentralização do poder. vista na CF/88. A faixa de habitantes no município
Uma ordem jurídica central e outras ordens jurídicas par- corresponderá ao número de vereadores.
ciais, de forma que a primeira abarca todos os indivíduos - Distrito Federal: local no qual os órgãos do Poder
que se encontrem no território do Estado Nacional, e as Federal possam se estabelecer e apresentar as di-
outras, os sujeitos que se achem na circunscrição dos en- retrizes governamentais ora pertinentes a toda a
tes federados. federação, ora relacionadas somente à União. É
um ente federativo autônomo, com capacidade de
Estado Federado auto-organização. Possui atribuições legislativas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Segundo Jellinek, citado por Nathália Masson, fede- (tanto de estado-membro como de município) e
ralismo por ser entendido como a unidade na pluralida- judiciárias.
de. É a reunião, feita por uma constituição, de entidades - Territórios federais: antes da CF/88 eram assemelha-
políticas autônomas unidas por um vínculo indissolúvel. dos aos estados-membros. Com a novel constituição
os antigos territórios se tornaram estados-membros
Características (Roraima e Amapá). Atualmente não existem territó-
- Descentralização no exercício do poder político; rios; mas, se criados fossem, não passaram de unida-
- Auto-organização des descentralizadas de administração.
- Auto-governo - Formação de novos estados-membros e municípios
- Auto-administração - Inadmissibilidade do direito à secessão
- Indissolubilidade do vínculo federativo; - Formação de novos estados-membros (possibilida-
- Rigidez Constitucional; des):
- Existência de um Tribunal Constitucional

38
Requisitos para incorporação, subdivisão ou des- Técnicas de efetivação
membramento: - Repartição horizontal: Constituição Federal delega a
- Consulta a população interessada (plebiscito): tanto cada ente atribuições que lhe sejam próprias, parti-
da população da área desmembrada como da área culares. Distribui, portanto, a cada um, o que é seu;
remanescente. Somente a manifestação da maioria a cada entidade, matéria específica de sua compe-
permitirá que o processo dê sequência; tência. (competências privativas e exclusivas)
- Oitiva assembleias legislativas envolvidas (parecer - Repartição vertical: distribuição de competências
opinativo – não vincula o CN): fornecimento de de- exercidas em conjunto. (competências comuns e
talhamento técnico; concorrentes).
- Aprovação do Congresso Nacional expedindo-se Lei - Das competências
complementar;
- Formação de novos municípios (possibilidades): As competências podem ser divididas em duas espé-
- Edição de lei complementar federal fixando o perío- cies. São as chamadas competências não legislativas (são
do em que poderá ocorrer a mudança; competências políticas e administrativas) e as legislativas
- Aprovação de Lei ordinária apresentando a viabili- (autorização para legislar). A saber, em formato esque-
dade municipal; matizado:
- Consulta a população interessada (plebiscito), não - Da união: - exclusivas: art. 21
podendo ser substituída por outra espécie de con- - privativas: art. 22 (cunho legislativo)
sulta; - comuns: art. 23 (dispostas para todos os entes da
- Aprovação de lei ordinária estadual. federação)
- Vedações Constitucionais - concorrentes: art. 24
- Estabelecer cultos religiosos ou embaraçar o funcio-
namento de igrejas. Competências exclusivas (art. 21) dão a ideia da ne-
- Entes federados não podem adotar oficialmente cessidade de fazer algo (organizar / administrar). Estão
uma religião. todas organizadas em verbos. Por serem indelegáveis
- Repartição de competências (intransferíveis), devem ser necessariamente prestadas
pela União. Ex: “organizar”, “manter”, “emitir”, “conceder”.
Obs: dos incisos I ao V do art. 21 apresentam-se as
#FicaDica competências pelas quais a União representa o Estado
brasileiro internacionalmente. Exemplo:
- Manter relações com Estados estrangeiros.
- Assegurar a defesa nacional.
- Declarar guerra e celebrar a paz.

Outros destaques (segundo Nathália Masson) das


competências mais importantes:
Inciso I – União representa a República Federativa no
Brasil na esfera internacional. Porém, União e RFB são
pessoas jurídicas distintas. A primeira, de direito público
interno; a segunda, de direito público externo.
Inciso X – compete a União a manutenção do serviço
postal e correio aéreo nacional.
Inciso XI – disciplinar e prestar serviços de telecomu-
Trata-se de elemento fundamental do federalismo. A nicação.
descentralização propõe que cada ente federado pode
disciplinar determinados comandos e, por conta disso, Inciso XII “a” – obrigatoriedade de irradiação da voz
necessária a repartição de competências. A temática se do Brasil.
alicerça ao princípio da preponderância dos interesses. Competências privativas (art. 22): se tratam de temas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

em que a União irá legislar. Os incisos iniciam sempre


- Técnicas de Repartição com substantivos. Ao contrário das exclusivas, estas po-
Sistema Americano: (modelo adotado no Brasil) – pre- dem ser delegáveis, inclusive com autorização expressa
vê competências taxativas da União e os remanescentes no art. 22, parágrafo único. Importante aduzir que essa
ao estado; como nossos municípios também são entes modalidade de competência pode ser transferida e não
autônomos, estes também recebem atribuições. cedida pela União; é possível aos estados-membros le-
Sistema canadense: a atribuição taxativa fica voltada gislarem sobre temas dentre os assuntos principais de
aos estados, reservados aqueles da União. competência da União, sempre que a estes forem feitas
Sistema indiano: enumeração exaustiva de atribui- delegações.
ções para todos os entes da federação. Constituição ro- Exemplo:
busta, prolixa ao extremo. Muitos artigos. - Estado do Maranhão edita lei estadual dando prio-
ridade no andamento processual em litígios que
apresente mulher vítima de violência doméstica.

39
Referida lei foi declarada inconstitucional por vício formal, já que invadida competência privativa da União.
- Estado do Paraná editou lei que obrigava empresas comerciantes de GLP a pesarem os botijões na frente do con-
sumidor e abater eventual irregularidade. Referida lei julgada inconstitucional pelo STF, por vício formal, já que
compete privativamente a União legislar sobre recursos energéticos.
- Estado de Santa Catarina teve lei estadual declarada inconstitucional, pois proibia veiculação de propaganda de
medicamentos. Como a competência para legislar sobre propaganda comercial é privativa da União, não poderia
ter o estado-membro legislado.
- Requisitos para delegação:
- Formal: apenas a União pode efetuar a delegação por meio de lei complementar.
- Material: a delegação não será voltada para legislar sobre toda a matéria, mas sim alguns temas afetos ao tema.
- Implícito: a delegação não pode privilegiar um ou outro ente da federação; a delegação deverá ser para todos –
princípio da isonomia.

Competências comuns (art. 23) serão cumpridas pela União e demais entes federados. São atribuições exercitadas por
todos os entes concomitantemente; podem ser intituladas “cumulativas”, uma vez que não há limites prévios estipulados
para o cumprimento delas, isto é, a atuação de um ente não inviabiliza ou restringe a atuação dos demais. Por conta de
serem comuns, ideal que se faça pelo legislativo federal a normatização das matérias que podem ser alvo de conflitos entre
os entes. Em havendo o conflito, o STF irá analisar mediante os critérios de preponderância dos interesses.
Exemplos:
- Zelar pela guarda da Constituição e das leis, das instituições democráticas e patrimônio público.
- Cuidar da saúde, da assistência pública.
- Proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico.
- Proteger o meio ambiente e combater a poluição.
- Preservar as florestas, fauna, flora.

Competência concorrente (art. 24) – verificação explícita do chamado federalismo de cooperação (marble cake):
verifica-se para a União competências legislativas concorrentes, pertencentes ao ente em estudo em concorrência com
os Estados-membros e o Distrito Federal. Ao contrário das “comuns” que são cumulativas, a competência concorrente é
“não cumulativa”, pois existem limitações expressas à atuação dos entes, ou seja, as tarefas são previamente definidas.
A União deverá fazer a normatização geral e os estados-membros fazer a sua complementação (competência complementar),
adequando-a a sua realidade. Se a União não fizer, os estados poderão fazer (competência suplementar). Caso o estado-membro
tenha feito pela inércia da União e esta depois resolva fazer, prevalecerá a norma da união pela superveniência da norma geral
federal; isso não significa que a lei estadual será revogada, mas sim suspensa a sua eficácia no que for contrária a lei federal.
Exemplos:
- Legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza. Em âmbito federal presente a Lei dos Crimes
ambientais (Lei 9605/98) e no âmbito estadual, como no Rio Grande do Sul, lei dispondo sobre essa temática.
- Dos estados-membros
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Competem aos estados-membros e DF as atribuições que não são reservadas, posto que vedadas à União. Confor-
me doutrina, trata-se de uma atuação bastante esvaziada em virtude da existência de diversas atribuições já previstas
para a União.
- Materiais exclusivos (art. 25§1º) são as matérias remanescentes; aquelas não enumeradas pelo art. 21 e/ou de
interesse local.
- Legislativas privativas: poderão legislar sobre matérias que não tenham sido previstos nem para a União nem para
os municípios, ou que sejam vedadas pela CF/88.

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- Atenção! Competência legislativa tributária expres- 2. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: PGM - Ma-
sa: art. 155. Tratam-se dos impostos com possibili- naus - AM Prova: Procurador do Município. Conforme
dade de regulamentação pelos estados-membros regras e interpretação da CF, julgue o item subsequente,
e DF. relativo a autonomia municipal e intervenção de estado-
-membro em município. Da capacidade de auto-organi-
Municípios zação municipal decorre a constatação de que o estado-
Competência não legislativa: - Comum (art.23) -membro não pode ingerir na autonomia organizatória do
- Exclusiva (art. 30 III a IX) município, o que confere a este a possibilidade de ordenar
Competência legislativa: - Elaborar Lei Orgânica (art. internamente, inclusive por meio de lei orgânica, sem a ne-
29 caput) cessidade de anuência do respectivo governo estadual.
- Legislar assunto de interesse local (art. 30 I)
- Suplementar (art. 30 II) ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Elaborar plano diretor (art. 182 §1º)
- Tributária (art. 156). Resposta: Certo. Os entes da federação são indepen-
- Competência do Distrito Federal: este ente da fe- dentes e autônomos entre si. Tem por característica
deração acumula competências voltadas aos estados- auto-organização, autogoverno e auto-administração.
-membros e aos municípios, posto que não é apenas É o que dispõe o art. 18 e também o art. 29, segundo
reconhecido como estado ou como município. Ao ente o qual, Município reger-se-á por lei orgânica, votada
serão atribuídas as competências legislativas reservadas em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias,
aos Estados e Municípios (art. 32, § 1°, CF/88) e a compe- e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
tência tributária dos Municípios (art. 147 CF/88). Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
Competências (Nathália Masson) estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
(i) editar sua própria Lei Orgânica; respectivo Estado e os seguintes preceitos.
(ii) exercer a competência legislativa remanescente (e
as eventuais enumeradas) dos Estados-membros;
(iii) exercer a eventual competência legislativa dele- PODER EXECUTIVO: DAS ATRIBUIÇÕES E
gada pela União; RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA
(iv) exercer a competência legislativa concorrente- REPÚBLICA.
-suplementar (complementar e supletiva) com os
Estados-membros;
(vi) exercer a competência legislativa enumerada dos DO PODER EXECUTIVO
Municípios; e
(vii) exercer a competência legislativa suplementar Seção I
dos Municípios. Do Presidente e do Vice-Presidente da República

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente


da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presiden-
te da República realizar-se-á, simultaneamente, no
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: EMAP Prova:
no último domingo de outubro, em segundo turno, se
Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio. No que
houver, do ano anterior ao do término do mandato
se refere à organização dos poderes, julgue o item que
presidencial vigente.
segue. A criação de cargo público federal é matéria que § 1º A eleição do Presidente da República importará a
cabe ao Congresso Nacional dispor, mas depende da do Vice-Presidente com ele registrado.
sanção do presidente da República. § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato
que, registrado por partido político, obtiver a maioria
( ) CERTO ( ) ERRADO absoluta de votos, não computados os em branco e
os nulos.
Resposta: Certo. Nos termos do art. 48 X, Cabe ao
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta


Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vin-
República, não exigida esta para o especificado nos te dias após a proclamação do resultado, concorrendo
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de os dois candidatos mais votados e considerando-se
competência da União, especialmente sobre criação, eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
transformação e extinção de cargos, empregos e fun- § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer mor-
ções públicas, observado o que estabelece o art. 84, te, desistência ou impedimento legal de candidato, con-
VI, b. vocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli-
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
prestando o compromisso de manter, defender e cum-

41
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem legislativa, expondo a situação do País e solicitando
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integrida- as providências que julgar necessárias;
de e a independência do Brasil. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exérci-
será declarado vago. to e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por -Geral da República, o presidente e os diretores do Banco
ele convocado para missões especiais. Central e outros servidores, quando determinado em lei;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, nistros do Tribunal de Contas da União;
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre- XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. XVII - nomear membros do Conselho da República,
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi- nos termos do art. 89, VII;
dente da República, far-se-á eleição noventa dias de- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
pois de aberta a última vaga. o Conselho de Defesa Nacional;
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangei-
período presidencial, a eleição para ambos os cargos ra, autorizado pelo Congresso Nacional ou referen-
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con- dado por ele, quando ocorrida no intervalo das ses-
sões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar,
gresso Nacional, na forma da lei.
total ou parcialmente, a mobilização nacional;
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão comple-
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
tar o período de seus antecessores.
do Congresso Nacional;
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
seguinte ao da sua eleição.
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
não poderão, sem licença do Congresso Nacional, au- XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
sentar-se do País por período superior a quinze dias, nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
sob pena de perda do cargo. propostas de orçamento previstas nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
Seção II dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
Das Atribuições do Presidente da República legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re- na forma da lei;
pública: XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; nos termos do art. 62;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
direção superior da administração federal; Constituição.
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos Parágrafo único. O Presidente da República poderá
previstos nesta Constituição; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Ge-
execução; ral da União, que observarão os limites traçados nas
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; respectivas delegações.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI – dispor, mediante decreto, sobre:


a) organização e funcionamento da administração fe- Seção III
deral, quando não implicar aumento de despesa nem Da Responsabilidade do Presidente da República
criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre- sidente da República que atentem contra a Constitui-
ditar seus representantes diplomáticos; ção Federal e, especialmente, contra:
VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna- I - a existência da União;
cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
X - decretar e executar a intervenção federal; cionais das unidades da Federação;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so-
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão ciais;

42
IV - a segurança interna do País; a) organização e funcionamento da administração fe-
V - a probidade na administração; deral, quando não implicar aumento de despesa nem
VI - a lei orçamentária; criação ou extinção de órgãos públicos;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei gos;
especial, que estabelecerá as normas de processo e VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
julgamento. ditar seus representantes diplomáticos;
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
será ele submetido a julgamento perante o Supremo IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou pe- X - decretar e executar a intervenção federal;
rante o Senado Federal, nos crimes de responsabili- XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
dade. gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún- providências que julgar necessárias;
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência,
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
do processo pelo Senado Federal. XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas,
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul- nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
gamento não estiver concluído, cessará o afastamento Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen- -los para os cargos que lhes são privativos; XIV - no-
to do processo. mear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superio-
nas infrações comuns, o Presidente da República não res, os Governadores de Territórios, o Procurador-Ge-
estará sujeito a prisão. ral da República, o presidente e os diretores do banco
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu central e outros servidores, quando determinado em lei;
mandato, não pode ser responsabilizado por atos es- XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
tranhos ao exercício de suas funções. tros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
EXERCÍCIOS COMENTADOS termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: DPE-PEPro- Conselho de Defesa Nacional;
va: Defensor Público. XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangei-
A Constituição Federal de 1988 elenca como atribuição ra, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
do presidente da República por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
a) dispor, por decreto, sobre o funcionamento da admi- parcialmente, a mobilização nacional;
nistração pública federal, ainda que isso implique au- XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
mento de despesa. Congresso Nacional;
b) conceder indulto e comutação de penas. XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
c) autorizar empréstimos contraídos pela União no ex-
que forças estrangeiras transitem pelo território nacio-
terior.
nal ou nele permaneçam temporariamente;
d) celebrar e referendar acordos internacionais, na condi-
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
ção de chefe de Estado.
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
e) celebrar a paz, com referendo do Senado Federal.
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Resposta: Letra B.
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legis-
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
lativa, as contas referentes ao exercício anterior;
pública: XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; forma da lei;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
direção superior da administração federal; termos do art. 62;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Cons-
previstos nesta Constituição; tituição.
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre:

43
2. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PC-MAPro- § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento
va: Investigador de Polícia. do Conselho de Defesa Nacional.
O presidente da República poderá delegar aos ministros
de Estado, ao procurador-geral da República ou ao advo-
gado-geral da União a atribuição de ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
(MEIO AMBIENTE).
a) decretar o estado de defesa e o estado de sítio.
b) editar medidas provisórias.
c) conferir condecorações e distinções honoríficas. ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (MEIO
d) prover cargos públicos federais, na forma da lei. AMBIENTE)
e) vetar projetos de lei.
INTRODUÇÃO: NOÇÕES GERAIS SOBRE O MEIO
Resposta: Letra D. AMBIENTE
Art. 84 Parágrafo único. O Presidente da República po-
derá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, Conceito e classificação
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
O meio ambiente tem o seu conceito definido pela
da União, que observarão os limites traçados nas res-
Lei nº 6.938/81  (Política Nacional do Meio Ambiente)
pectivas delegações.
como um conjunto de condições, leis, influências e in-
terações físicas, químicas e biológicas, que permitem a
3.Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: DPE-ACPro-
existência de vida nas suas mais diferentes formas (artigo
va: Defensor Público.
3º, inciso I).
O Conselho de Defesa Nacional

a) tem como atribuição opinar sobre questões relevantes Ademais, em seu art. 2º, I, referida lei estabelece o
quanto à estabilidade das instituições democráticas. ambiente como um patrimônio público a ser necessa-
b) é composto, entre outros membros, pelos líderes da riamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
maioria e da minoria no Senado Federal. coletivo.
c) é composto, entre outros membros, pelos líderes da
maioria e da minoria na Câmara dos Deputados. Didaticamente, o meio ambiente pode ser dividido em:
d) é órgão superior de consulta do presidente da Repú- a) Natural: solo, água, ar, flora e fauna (conforme pre-
blica e do Ministério da Defesa. visão no art. 225 da CF e diversas leis específicas);
e) é órgão de consulta para assuntos relacionados à so- b) Cultural (conforme arts. 215 e 216 da CF/88);
berania nacional. c) Artificial (conforme arts. 182 e 183 da CF/88, além
da Lei 10.257/01 - Estatuto da Cidade); e
Resposta: Letra E. d)Laboral ou do trabalho (previsto nos arts. 7º, XXII e
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de 200, VIII da CF/88).
consulta do Presidente da República nos assuntos re-
lacionados com a soberania nacional e a defesa do Es- Essa divisão será melhor estudada nos tópicos sub-
tado democrático, e dele participam como membros sequentes.
natos:
I - o Vice-Presidente da República; Princípios relacionados ao meio-ambiente
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal; O meio ambiente também é pautado por diversos
IV - o Ministro da Justiça; princípios, sendo os principais:
V - o Ministro de Estado da Defesa; a) Desenvolvimento Sustentável: esse princípio es-
VI - o Ministro das Relações Exteriores; tabelece que o meio ambiente deve atender às
VII - o Ministro do Planejamento. necessidades das gerações presentes, mas sem
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da comprometer a capacidade das gerações futuras
Aeronáutica.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

na satisfação de suas próprias necessidades. Esse


§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: princípio visa compatibilizar crescimento econômi-
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de co, equilíbrio ambiental e justiça social.
celebração da paz, nos termos desta Constituição;
b) Prevenção e Precaução: A prevenção apoia-se na
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
certeza científica do impacto ambiental, devendo
estado de sítio e da intervenção federal;
ser adotadas todas as medidas para mitigar ou eli-
III - propor os critérios e condições de utilização de
áreas indispensáveis à segurança do território nacional minar os impactos conhecidos, certos, concretos,
e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa efetivos sobre o ambiente; já a precaução é uma
de fronteira e nas relacionadas com a preservação e garantia contra os riscos desconhecidos, incertos,
a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; abstratos, potenciais, que, de acordo com o está-
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento gio atual do conhecimento não podem ser ainda
de iniciativas necessárias a garantir a independência identificados, sendo que a precaução se apoia na
nacional e a defesa do Estado democrático. ausência de certeza científica.

44
c) Poluidor-pagador e Usuário-pagador: o princípio tratando de interesse local, no intuito de suplementar a
do poluidor-pagador exige do poluidor suportar legislação estadual e federal no que couber, de acordo
as despesas de prevenção, reparação e repressão com o art. 30 da Carta Magna.
dos danos ambientais por ele causados; por seu
turno, o princípio do usuário-pegador estabelece Como exceções, no que diz respeito à competência
que o usuário de recursos naturais deve pagar por legislativa, compete privativamente à União legislar so-
sua utilização, independentemente da ocorrência bre águas, energia, jazidas, minas e outros recursos mi-
de poluição. A aplicação desse princípio visa racio- nerais e também sobre atividades nucleares de qualquer
nalizar o uso, evitar o desperdício e proporcionar natureza, conforme preceitua o art. 22 da CF/88.
benefícios a toda coletividade.
d) Princípio da educação ambiental: segundo esse Finalmente, é importante anotar que os Estados po-
princípio, incumbe ao Poder Público promover a derão, mediante lei complementar, instituir regiões me-
educação ambiental em todos os níveis de ensino tropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
e a conscientização pública para a preservação do constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes,
meio ambiente, sendo essa prática educativa inte- para integrar a organização, o planejamento e a execu-
grada, contínua e permanente. ção de funções públicas de interesse comum.
e) Princípio da informação: todo indivíduo deve ter
acesso adequado às informações relativas ao meio O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
ambiente de que disponham as autoridades públi- DE 1988
cas e os entes políticos devem facilitar e estimular
a conscientização e a participação pública, colo- Em nível constitucional, o meio ambiente está inse-
cando a informação à disposição de todos. rido no Título VII, “Da Ordem Social”, Capítulo VI, “Do
f) Solidariedade Intergeracional: as gerações presen- Meio Ambiente”, da Constituição Federal de 1988, em es-
tes possuem o direito de utilizar os recursos am- pecial no artigo 225, parágrafos e incisos, que estabelece
bientais, mas de maneira sustentável, racional, de diversas disposições de caráter cogente voltadas princi-
forma a não privar as gerações futuras do mesmo palmente ao Poder Público.
direito.
g) Vedação ao Retrocesso ecológico: impõe ao Poder A seguir, faremos a transcrição do dispositivo em co-
Público o dever de não retroagir na proteção am- mento, tecendo comentários, tópico por tópico, para fa-
biental. cilitar a assimilação da matéria pelos candidatos.

Competência em matéria ambiental Art. 225, caput: Todos têm direito ao meio am-


biente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-
É importante ao candidato assimilar que, como regra mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
geral, todos os entes políticos possuem competência impondo-se ao poder público e à coletividade o de-
material (ou administrativa) para proteger o meio ver de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
ambiente, conforme previsão do art. 23 da CF/88. futuras gerações.

Excepcionalmente, algumas matérias são de compe- De início, cumpre assinalar que o caput do art. 225
tência exclusiva da União, nos termos do art. 21 da CF/88, da CF/88 tem inspiração na doutrina antropocêntrica, ou
como, por exemplo, explorar os serviços e instalações seja, voltada aos interesses dos seres humanos.
nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio es-
tatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e repro- A partir da leitura do caput do dispositivo supra, ex-
cessamento, a industrialização e o comércio de minérios traímos as principais características do meio ambiente,
nucleares e seus derivados. que é classificado pelo legislador constituinte como bem
de uso comum do povo.
Em termos legislativos, a regra geral é pela compe-
tência concorrente, na qual a União, os Estados e o Dis- Para entendermos o que significam os bens de uso
trito Federal possuem competência para legislar sobre comum do povo, temos que nos socorrer ao Direito Ad-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o meio ambiente, conforme dispõe o art. 24 da CF/88, ministrativo e ao Direito Civil que, em síntese, inserem os
que elenca as seguintes matérias: Direito Urbanístico, bens de uso comum do povo dentro do domínio público
Florestas, Caça, Pesca, Fauna Conservação da Natureza, e dos bens públicos.
Defesa do Solo dos Recursos Naturais, Proteção do Meio
Ambiente, Controle da Poluição, Proteção do Patrimônio, Assim, para a doutrina de Direito Administrativo do
Responsabilidade por Dano ao Meio Ambiente. saudoso professor Hely Lopes Meirelles, o domínio pú-
blico:
Nesse sentido, compete à União editar normas gerais;
aos Estados e ao DF são reservadas as competências que Corresponde ao poder de dominação ou de regulamen-
não lhes sejam vedadas pela Constituição, competindo- tação que o Poder Público exerce sobre os bens de seu pa-
-lhes explorar, diretamente ou mediante concessão, os trimônio, do particular ou aos de fruição geral (res nullius).
serviços locais de gás canalizado (art. 25, § 1º da CF); aos O domínio eminente é o resultado do poder político, pelo
Municípios compete legislar sobre meio ambiente em se qual o Poder Público submete à sua vontade todas as coi-

45
sas de seu território (manifestação da soberania interna), Portanto, não adianta apenas reclamar do Governo se
abrangendo todos os bens e legitimando as intervenções cada um não fizer sua parte na defesa do meio ambiente,
na propriedade, sujeito, porém, ao regime do direito admi- deixando de jogar o lixo nas ruas, por exemplo.
nistrativo (público), e não ao regime do direito civil (priva-
do)” (Direito administrativo brasileiro, p. 457, apud Márcio Finalmente, quando a Constituição Federal diz, “im-
Fernando Elias Rosa,  Direito Administrativo, Ed. Saraiva, pondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
2003, p. 132). de defendê-lo e preservá-lo”, estabelece o Princípio da
Obrigatoriedade de Intervenção do Poder Público e da
O Código Civil de 2002, por sua vez, determina no seu Participação.
artigo 98 que: “são públicos os bens do domínio nacio-
nal pertencentes às pessoas jurídicas de direito público Já a expressão contida na Carta Magna, “para as pre-
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a sentes e futuras gerações”, revela o princípio do Acesso
pessoa a que pertencerem.” Equitativo aos Recursos Naturais ou Equidade Intergera-
cional ou Solidariedade Intergeracional, ou seja, a assun-
Já o artigo 99 do Código Civil de 2002 classifica ex- ção de um pacto entre as gerações.
pressamente os bens públicos em bens de uso comum
do povo, bens de uso especial e bens dominicais (ou do- § 1º Para assegurar a efetividade desse direito,
miniais): incumbe ao poder público:
Art. 99. São bens públicos: Prosseguindo na análise do dispositivo em questão,
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, temos que o §1º atribui competências ao Poder Público
estradas, ruas e praças; – essa atribuição é exclusiva ou concorrente, a depender
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos do caso – em relação ao meio-ambiente, prevendo di-
destinados a serviço ou estabelecimento da adminis- versas atividades e atuações do governo em termos de
tração federal, estadual, territorial ou municipal, in- política ambiental.
clusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das Frisamos que o Poder Público não tem a faculdade de
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de proteger o meio ambiente, mas sim o dever constitucio-
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. nal, ou seja, a obrigação de fazer e de zelar pela defesa e
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, proteção do meio ambiente, devendo toda a coletivida-
consideram-se dominicais os bens pertencentes às de colaborar para essa proteção.
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha
dado estrutura de direito privado. Aqui, cumpre ao candidato prestar atenção nos ver-
Portanto, em provas de concurso, é muito importan- bos usados pela Constituição Federal ao longo dos inci-
te ao candidato gravar a informação de que a natureza sos, associando-os aos bens e interesses protegidos, tais
jurídica do meio ambiente é de bem de uso comum do como “preservar” e “restaurar” (associados aos processos
povo, sendo esse conceito importado de outras ciências ecológicos essenciais), “proteger” (associado à fauna e
jurídicas, quais sejam, o direito administrativo e o direito flora), “controlar” (associado à produção, comercializa-
civil. ção e emprego de técnicas), assim por diante.

I  -  preservar e restaurar os processos ecológicos es-


senciais e prover o manejo ecológico das espécies e
#FicaDica
ecossistemas;
O meio ambiente possui natureza jurídica de A compreensão desse inciso não traz grandes dificul-
bem de uso comum do povo. Essa classifica- dades, pois é pressuposto da preservação ambiental em
ção é muito cobrada em concursos públicos sentido amplo a preservação e restauração dos proces-
e pode confundir o candidato, devendo ser sos ecológicos essenciais e a realização do manejo eco-
assimilada. lógico das espécies e ecossistemas.

Os processos ecológicos estão inseridos no concei-


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Desse modo, o direito ao meio ambiente ecologica- to de biodiversidade, que compreende a variedade de
mente equilibrado é difuso, bem de uso comum do povo, genótipos, espécies, populações, comunidades, ecossis-
que não pertence a indivíduos isolados, mas a toda a co- temas e processos ecológicos existentes em uma deter-
letividade, e é direito de terceira dimensão ou geração, minada região, bem como a variedade dentro de cada
que está relacionado à fraternidade/solidariedade. espécie, entre espécies e de ecossistemas.

Outra informação importante encontrada no caput do Já o manejo ecológico, segundo a doutrina de Pau-
art. 225 da Carta Magna é que a responsabilidade pela lo de Bessa Antunes, “é a intervenção humana sobre o
defesa e proteção do meio ambiente não é somente do meio ambiente e as espécies animais e vegetais capaz de
Poder Público, mas também de toda a coletividade, ou assegurar-lhes a sobrevivência e uma utilização capaz de
seja, ambos devem somar esforços no sentido de defen- assegurar bem-estar à sociedade “ (Direito Ambiental, 2ª
der e preservar o meio ambiente, tanto para a presente edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998, p. 52).
quanto para as futuras gerações.

46
Ainda sobre o manejo ecológico, segundo Francisco I - as formas de expressão; 
José Marques Sampaio: II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
Como há o dever constitucional de proceder ao ma- IV - as obras, objetos, documentos, edificações e de-
nejo ecológico, fica o Poder Público obrigado a realizá-lo mais espaços destinados às manifestações artístico-
sempre que necessário à preservação de espécies e ecos- -culturais; 
sistemas ameaçados por alguma atividade. No entanto, se V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
essa atividade for exercida por um particular, cumprirá ao paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
Poder Público exigir do interessado a realização - ou, ao ecológico e científico. 
menos, o custeio - da atividade de manejo, permanecendo, Por fim, o meio ambiente do trabalho é constituído
no entanto, responsável por sua efetivação, em virtude do pelo local onde as pessoas desenvolvem as suas ativi-
dispositivo constitucional atribuir tal dever. (Meio ambiente dades laborais, remuneradas ou não remuneradas, cujo
no Direito brasileiro atual. Curitiba: Juruá, 1993, p. 41) equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na au-
sência de agentes que comprometam a incolumidade fí-
É importante ao candidato observar que o inciso ora sico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da
estudado se refere ao meio ambiente natural, também condição que ostentem. 
chamado de meio ambiente físico, composto pela atmos-
fera, águas (subterrâneas e superficiais, mar territorial), Ressaltamos que o meio do ambiente do trabalho se
solo e subsolo, fauna e flora e o patrimônio genético. diferencia do direito do trabalho em si, porquanto esse
último regula as relações entre empregado e emprega-
O meio ambiente natural se diferencia das outras es- dor, ao passo que o meio ambiente do trabalho tutela a
pécies de meio-ambiente, quais sejam: o artificial, o cul- segurança e a saúde do trabalhador no ambiente em que
tural e o do trabalho. ele exerce as suas atividades profissionais.

De acordo com Celso Antônio Pacheco Fiorillo, o meio A normatização do meio ambiente do trabalho está
ambiente artificial “é compreendido pelo espaço urbano contida, dentre outros, no artigo 200, inciso VIII, da Carta
construído, consistente no conjunto de edificações (cha- Magna, a seguir: 
mado de espaço urbano fechado), e pelos equipamentos
públicos - espaço urbano aberto” (Curso de Direito Am- Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
biental, Editora Saraiva, São Paulo, 2003, p. 21 a 23). outras atribuições, nos termos da lei: 
(...)
Ou seja, o meio ambiente artificial está diretamente VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
relacionado ao conceito de Cidade, sendo tutelado tan- compreendido o do trabalho.
to pelo artigo 225 da CF/88, ora estudado, quanto pelos Desse modo, embora esse inciso da Constituição
artigos 21, inciso XX e 182 da Carta Magna, transcritos a Federal se refira ao meio-ambiente natural, é importante
seguir: que o candidato tenha uma visão ampla de todas as es-
pécies de meio-ambiente, pois essa diferenciação pode
Art. 21. Compete à União: ser cobrada no concurso.
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
no, inclusive habitação, saneamento básico e trans- II -  preservar a diversidade e a integridade do patri-
portes urbanos. mônio genético do País e fiscalizar as entidades dedi-
cadas à pesquisa e manipulação de material genético;
(...) Esse inciso determina a obrigação do Poder Público
de preservar o patrimônio genético nacional, fiscalizando
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, exe- as entidades que promovam a manipulação genética.
cutada pelo Poder Público Municipal, conforme dire-
trizes gerais fixadas em lei têm por objetivo ordenar o Observem que o dispositivo em questão não proíbe
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade a realização de pesquisas científicas e de manipulação
e garantir o bem-estar de seus habitantes. genética, mas obriga ao Poder Público a exercer um con-
Por seu turno, o meio ambiente cultural integra o pa- trole efetivo dessas atividades, concedendo as licenças
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

trimônio artístico, paisagístico, arqueológico, histórico para as empresas e pesquisadores que se comprometam
e turístico, se diferenciando do meio ambiente artificial em preservar o meio ambiente.
em razão do valor diferenciado que possuem para uma
sociedade e seu povo. O meio ambiente cultural é tutela- Esse inciso é complementado pelos incisos IV e V do
do pelo artigo 216 da Constituição Federal de 1988, que § 1º do art. 225 da CF, que prescrevem, sinteticamente,
assim dispõe: incumbir ao Poder Público o dever de exigir, na forma da
lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro causadora de significativa degradação do meio ambien-
os bens de natureza material e imaterial, tomados te, estudo prévio de impacto ambiental (EIA), a que se
individualmente ou em conjunto, portadores de dará publicidade, e exercer o controle sobre a produção,
referência à identidade, à ação, à memória dos a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, substancias que comportem risco para a vida, a qualida-
nos quais se incluem: de de vida e o meio ambiente.

47
Após a permissão da produção e da comercialização Lembrando que Medida Provisória não é lei em sen-
dessas substâncias, o Poder Público deverá exercer um tido estrito, não podendo ser utilizada para modificar es-
controle especial no que tange à liberação desses produ- paço territorial especialmente protegido, de acordo com
tos no meio ambiente. a jurisprudência atual do Supremo Tribunal Federal:

Para impedir excessos na área da engenharia genéti- As medidas provisórias não podem veicular norma
ca, o legislador infraconstitucional regulamentou os inci- que altere espaços territoriais especialmente protegidos,
sos II, IV e V do § 1º do art. 225 da CF/88, primeiramente, sob pena de ofensa ao art. 225, inc. III, da Constituição da
por meio da Lei nº 8.974/95, a qual foi posteriormente República. As alterações promovidas pela Lei 12.678/2012
revogada pela Lei nº 11.105/2005 (Lei da Biossegurança), importaram diminuição da proteção dos ecossistemas
que estabelece normas de segurança e mecanismos de abrangidos pelas unidades de conservação por ela atin-
fiscalização de atividades que envolvam OGM (Organis- gidas, acarretando ofensa ao princípio da proibição de re-
mos Geneticamente Modificados) e seus derivados, cria trocesso socioambiental, pois atingiram o núcleo essencial
o CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança), reestru- do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente
tura a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegu- equilibrado previsto no art. 225 da Constituição da Repú-
rança) e dispõe sobre a Política Nacional de Biosseguran- blica. (STF, ADI 4.717, rel. min. Cármen Lúcia, j. 5-4-2018,
ça (PNB). P, DJE de 15-2-2019)

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente),


por seu turno, editou a Resolução nº 305, de 12 de junho #FicaDica
de 2002, que dispõe sobre o Licenciamento Ambiental,
De acordo com a interpretação da Constitui-
Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto no
Meio Ambiente de atividades e empreendimentos com ção Federal, a delimitação ou a criação dos
OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) e seus espaços territoriais especialmente protegi-
derivados. dos (ETEPs) pode ser feita por lei ou decreto.
Já a alteração ou supressão de tais espaços
III -  definir, em todas as unidades da Federação, es- estão sujeitas ao princípio da reserva legal
paços territoriais e seus componentes a serem espe- (somente a lei pode fazê-lo). Medida Provi-
cialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão sória NÃO pode alterar ou suprimir ETEP.
permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atribu-
IV -  exigir, na forma da lei, para instalação de obra
tos que justifiquem sua proteção;
ou atividade potencialmente causadora de significa-
Esse inciso determina ao Poder Público que defina
tiva degradação do meio ambiente, estudo prévio de
espaços territoriais especialmente protegidos em todos
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
os Estados Federados, sendo a alteração e a supressão
Esse inciso exige, na forma da lei, para instalação de
desses espaços realizadas somente através de lei, sendo
obra ou atividade potencialmente causadora de signifi-
proibida toda e qualquer utilização que comprometa a
cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
impacto ambiental (EIA), que deverá ser devidamente
Os espaços territoriais especialmente protegidos publicado.
(ETEP) são os espaços, públicos ou privados, criados pelo
Poder Público, com o objetivo de dar proteção especial Segundo Édis Milaré, o EIA é um:
ao meio ambiente, tomado este em sua acepção mais
ampla, abrangendo as unidades de conservação, as áreas Instrumento de política ambiental, formado por um
destinadas às comunidades tradicionais - quais sejam, conjunto de procedimentos, capaz de assegurar, desde o
as terras indígenas e os territórios quilombolas -, áreas início do processo, que se faça um exame sistemático dos
tombadas, monumentos arqueológicos e pré-históricos, impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, pro-
áreas especiais e locais de interesse turístico, destinados grama, plano ou política) e de suas alternativas, e que os
à prática do ecoturismo, reservas da biosfera, espaços resultados sejam apresentados de forma adequada ao pú-
protegidos constitucionalmente como patrimônio nacio- blico e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nal, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do considerados. Além disso, os procedimentos devem garan-
Mar, a Zona Costeira e o Pantanal Matogrossense, ter- tir a adoção das medidas de proteção do meio ambiente
ras devolutas e arrecadadas necessárias à proteção dos de- terminadas, no caso de decisão sobre a implantação
ecossistemas naturais, jardins botânicos, hortos flores- do projeto. (Direito do Ambiente, RT, São Paulo: 2010, p.
tais, jardins zoológicos, dentre outros, conforme previsão 429).
em legislação ambiental específica.
Por sua vez, a Resolução n.º 237/97 do CONAMA, no
É importante ao candidato anotar que a Constituição inciso III do art. 1°, define o estudo de impacto ambiental
Federal determina que a alteração e a supressão desses como:
espaços dependerão obrigatoriamente de lei (princípio
da reserva legal), nada dispondo em relação à sua criação [...] todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ou delimitação, que poderão ser feitas por meio de lei ou relacionados à localização, instalação, operação e amplia-
por instrumento infralegal, a exemplo do decreto. ção de uma atividade ou empreendi- mento, apresentado

48
como subsídio para a análise da licença requerida, tais equilibrado (arts. 6º; 7º, XXII; 196; e 225 da CF), tampou-
como: relatório ambiental, plano de recuperação de área co se alinha aos compromissos internacionais de caráter
degradada e análise preliminar de risco. supralegal assumidos pelo Brasil e que moldaram o con-
teúdo desses direitos, especialmente as Convenções 139 e
O art. 3° da mesma Resolução determina que o licen- 162 da OIT e a Convenção de Basileia. (ADI 4.066, rel. min.
ciamento ambiental dependerá de prévio estudo de im- Rosa Weber, j. 24-8-2017, P, DJE de 7-3-2018)
pacto ambiental (EIA) e do respectivo relatório de impac-
to sobre o meio ambiente (RIMA). Todavia, no parágrafo VI -  promover a educação ambiental em todos os ní-
único do supracitado artigo, há a dispensa EIA/RIMA veis de ensino e a conscientização pública para a pre-
quando o órgão competente verificar que a atividade ou servação do meio ambiente;
empreendimento não é potencialmente causador de sig- Esse inciso determina ao Poder Público promover a
nificativa degradação ao meio ambiente. educação ambiental e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente, ou seja, que haja políti-
A Resolução n.º 308/2002 do CONAMA também cas públicas ambientais.
concedeu ao órgão ambiental a possibilidade de
dispensar o EIA/RIMA quando constatado, por estudos As políticas públicas relativas ao meio ambiente e
técnicos, que o empreendimento não causará significativa sua preservação são da responsabilidade do Ministério
degradação ao meio ambiente. do Meio Ambiente (Governo Federal), das Secretarias de
Meio Ambiente dos Estados e dos Municípios.
Entretanto, embora tal constatação e avaliação, pelo
órgão competente, seja de certo modo discricionária, Esses órgãos são responsáveis por tomar medidas
deve o órgão licenciador ambiental avaliar com cuida- práticas relativas ao que é previsto na Política Nacional
do a potencialidade de ocorrer significativa degradação do Meio Ambiente e em outras leis que tratam do assun-
ambiental, determinando ou não a realização do estudo to. Eles fazem a fiscalização das atividades poluidoras, da
de impacto ambiental, mediante justificativa de ordem extração de minerais e de outras atividades que possam
técnica, à qual será dada a efetiva publicidade, sendo que prejudicar a conservação dos ecossistemas e das áreas
eventuais irregularidades poderão ensejar a responsabili- de reserva ecológica do país.
dade funcional do respectivo órgão.
Para atingir esses objetivos, existem programas liga-
 
dos à preservação e recuperação do meio ambiente, à
V -  controlar a produção, a comercialização e o em-
avaliação da qualidade da água e à fiscalização do uso
prego de técnicas, métodos e substâncias que com-
dos recursos naturais.
portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
Estes órgãos também são responsáveis por promover
Esse inciso, autoexplicativo, impõe ao Poder Público
ações educativas em relação à educação ambiental, concei-
a obrigação de controlar e fiscalizar a produção e o co- tos de ecologia e aumento da sustentabilidade das cidades.
mércio de produtos que ofereçam risco à vida e ao meio-
-ambiente, devendo ser lido juntamente com o Código Nesse sentido, são necessárias ações do Poder Pú-
de Defesa do Consumidor, que também possui previsão blico junto à sociedade com o objetivo de implementar
nesse sentido. uma verdadeira cultura de defesa do meio ambiente, por
exemplo, estabelecendo disciplinas ambientais obriga-
Conforme o Supremo Tribunal Federal, ao comentar o tórias nas escolas públicas e criando dias específicos de
dispositivo em questão: conscientização pública para a defesa do meio ambiente.
O art. 225, § 1º, V, da CF (a) legitima medidas de con- VII  -  proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
trole da produção, da comercialização e do emprego de da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
técnicas, métodos e substâncias que comportam risco para ecológica, provoquem a extinção de espécies ou sub-
a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, sempre metam os animais a crueldade.
que necessárias, adequadas e suficientes para assegurar Em síntese, esse dispositivo atribui ao Poder Público a
a efetividade do direito fundamental ao meio ambiente obrigação de proteger a fauna e a flora, sendo proibida a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ecologicamente equilibrado; (b) deslegitima, por insufi- crueldade contra os animais.


cientes, medidas incapazes de aliviar satisfatoriamente o
risco gerado para a vida, para a qualidade de vida e para o O Supremo Tribunal Federal, ao julgar inconstitucio-
meio ambiente; e (c) ampara eventual vedação, banimen- nal a prática da “vaquejada”, fundamentou que:
to ou proibição dirigida a técnicas, métodos e substâncias,
quando nenhuma outra medida de controle se mostrar A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exer-
efetiva. (...) À luz do conhecimento científico acumulado cício de direitos culturais, incentivando a valorização e a
sobre a extensão dos efeitos nocivos do amianto para a difusão das manifestações, não prescinde da observância
saúde e o meio ambiente e à evidência da ineficácia das do disposto no inciso VII do art. 225 da Carta Federal, o
medidas de controle nela contempladas, a tolerância ao qual veda prática que acabe por submeter os animais à
uso do amianto crisotila, tal como positivada no art. 2º da crueldade. Discrepa da norma constitucional a denomi-
Lei 9.055/1995, não protege adequada e suficientemen- nada “vaquejada”. (ADI 4.983, rel. min. Marco Aurélio, j.
te os direitos fundamentais à saúde e ao meio ambiente 6-10-2016, P, DJE de 27-4-2017)

49
Por outro lado, o mesmo STF, por maioria de votos, Art. 3º: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
entendeu que “é constitucional a lei de proteção animal administrativa, civil e penalmente conforme o dispos-
que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o to nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de ma- por decisão de seu representante legal ou contratual,
triz africana” (RE 494.601, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
28-3-2019, Informativo 935.) da sua entidade.

Assim, o Supremo Tribunal Federal, interpretando Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas ju-
esse dispositivo, proibiu a “vaquejada”, mas permitiu o rídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
sacrifício dos animais em cultos religiosos. -autoras ou partícipes do mesmo fato.
Ressalte-se que chamada “teoria da dupla imputa-
§  2º  Aquele que explorar recursos minerais fica ção”, que exige a condenação da pessoa física para que
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de a pessoa jurídica também possa ser responsabilizada, já
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal
competente, na forma da lei. Federal, que fundamentou ser “admissível a condenação
Esse dispositivo é derivado do princípio do poluidor- de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ain-
-pagador. da que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo
de presidência ou de direção do órgão responsável pela
O conceito de poluidor é definido pelo artigo 3º, in- prática criminosa” (RE 548181/PR, rel. Min. Rosa Weber,
ciso IV, da Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio 6.8.2013).
Ambiente), nos seguintes termos: “poluidor: a pessoa fí-
sica ou jurídica, de direito público ou privado, responsá-
vel direta ou indiretamente por atividade causadora de #FicaDica
degradação ambiental.”
O art. 225, § 3º, da CF/88, prevê um dos ra-
Logo, quem explora atividade lesiva ao meio ambien- ros casos de responsabilização criminal da
te deverá providenciar a reparação, seja ela na própria pessoa jurídica por atos lesivos ao meio-
restauração do status quo ambiental (preferencialmente) -ambiente. Tal responsabilização indepen-
ou ainda no efetivo ressarcimento ou compensação dos de da condenação da(s) pessoa(s) física(s)
prejuízos causados à coletividade, através de ações pos- ocupante(s) do(s) cargo(s) de presidência ou
teriores à ocorrência do dano, conforme for estabelecido direção do órgão responsável pela prática
em lei. criminosa, uma vez que o STF julgou incons-
titucional a teoria da dupla imputação.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
independentemente da obrigação de reparar os danos a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
causados. Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização
Esse parágrafo estabelece que a lesão ao meio am- far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que as-
biente pode ensejar a responsabilização civil, penal e ad- segurem a preservação do meio ambiente, inclusive
ministrativa de todos os infratores, sejam pessoas físicas quanto ao uso dos recursos naturais.
ou jurídicas, sem prejuízo da obrigação de reparação dos Nesse parágrafo, a Constituição Federal cita expres-
danos. samente a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlânti-
ca, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Aqui, temos um dos raros casos de atribuição de res- Costeira como patrimônios nacionais, com utilização re-
ponsabilidade penal às pessoas jurídicas, prevista tanto grada pela lei.
no dispositivo em comento quanto na Lei nº 9.605/98
(Lei dos Crimes Ambientais), que, contudo, estabelece Aqui, basta ao aluno decorar esse dispositivo, pois as
dois requisitos para que a Pessoa Jurídica seja responsa- bancas de concursos públicos costumam misturar as pa-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

bilizada criminalmente. lavras e expressões, para confundir os candidatos.

O primeiro requisito é que conduta criminosa tenha § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada-
sido praticada ou ordenada pelos representantes legais, das pelos Estados, por ações discriminatórias, necessá-
representantes contratuais ou pelo órgão colegiado da rias à proteção dos ecossistemas naturais.
entidade jurídica. Esse parágrafo dispõe serem  indisponíveis as terras
devolutas ou arrecadadas pelos Estados que tenham in-
O segundo requisito é de que a decisão tomada pelo teresse ambiental.
representante ou órgão colegiado seja no interesse ou
traga benefício à pessoa jurídica, conforme disposto no A doutrina em geral define as terras devolutas como
artigo 3° do dispositivo legal em tela, a seguir transcrito: terras desocupadas ou sem dono, ou seja, que não pos-
suem destinação pública e nem foram cedidas à iniciativa
particular.

50
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, terras devolu-
tas são “as que, dada sua origem pública da propriedade #FicaDica
fundiária no Brasil, pertencem ao Estado – sem estarem
aplicadas a qualquer uso público – porque nem foram O 7º do art. 225 da CF é novidade decor-
trespassadas do Poder Público aos particulares, ou se o rente da Emenda Constitucional nº 96/2017,
foram caíram em comisso, nem se integraram no domí- devendo ser muito cobrada em concursos
nio privado por algum título reconhecido como legítimo” públicos, inclusive no concurso do IBAMA.
(Curso de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Ma-
lheiros, 2010, p. 920).

As terras devolutas ou sem dono, bem como as ter- EXERCÍCIOS COMENTADOS


ras arrecadadas pelos Estados em ações discriminatórias,
serão consideradas indisponíveis quando forem necessá-
1- (MPE/RS – Assessor/Direito – Banca própria –
rias à proteção dos seus ecossistemas naturais, ou seja,
2011). Considerando-se que o artigo 225 da Constitui-
quando houver interesse ambiental na sua proteção.
ção Federal dispõe que todos têm direito ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
ter sua localização definida em lei federal, sem o que
-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defen-
não poderão ser instaladas.
dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações,
O candidato deve prestar atenção de que a localiza-
é correto afirmar que o bem ambiental, quanto à sua na-
ção de usinas nucleares atrai a competência legislativa da
tureza, é um
União, ou seja, sem lei federal elas não poderão ser insta-
ladas, não bastando para tanto a edição de leis estaduais
a) Bem privado
ou municipais com tal desiderato.
b) Bem público
c) Bem difuso
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII
d) Bem comum
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práti-
e) Bem próprio
cas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215
desta Constituição Federal, registradas como bem de Resposta; Letra D. conforme já estudado, a natureza
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural jurídica do meio-ambiente e dos bens que o compõe
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí- é de USO COMUM DO POVO. Portanto, a alternativa
fica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. correta é a “D” (bem comum).
Por fim, esse inciso é uma novidade decorrente da
Emenda Constitucional nº 96/2017, determinando que 2- (ITESP – ADVOGADO – VUNESP - 2013) Para asse-
as práticas desportivas envolvendo animais não serão gurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologi-
consideradas cruéis caso sejam manifestações culturais, camente equilibrado, incumbe ao Poder Público.
conforme o § 1º do art. 215 Constituição Federal:
a) exigir, para instalação de obra ou atividade causadora
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício de grave degradação do meio ambiente, estudo de
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura na- impacto ambiental e de vizinhança.
cional, e apoiará e incentivará a valorização e a difu- b) preservar e restaurar os processos ecológicos existen-
são das manifestações culturais. tes em espaços territoriais especialmente protegidos.
(...) c) oferecer práticas que fomentem a comercialização e o
emprego de técnicas que envolvam o manejo ecoló-
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas gico sustentável.
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros d) promover a educação ambiental em todos os níveis de
grupos participantes do processo civilizatório nacional. ensino e a conscientização pública para a preservação
Isso porque as manifestações culturais são conside- do meio ambiente.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

radas como bens de natureza imaterial, integrantes do e) definir, em todas as unidades das Federação, espaços
patrimônio cultural brasileiro. territoriais a serem protegidos, sendo a supressão per-
mitida por meio de lei complementar, a que se dará
Entretanto, nem toda e qualquer manifestação cultu- publicidade.
ral permitirá o uso de animais, devendo haver uma re-
gulamentação por lei específica, e essas manifestações Resposta; Letra D. mais uma questão que cobra a
devem assegurar o bem-estar dos animais envolvidos. memorização, pelo candidato, do teor literal do art.
225, parágrafos e incisos, da Constituição Federal de
Referido dispositivo deve ser lido em conjunto com 1988.
inciso VII do § 1º do art. 225 da CF – já estudado -, que A alternativa “A” está errada, uma vez que a Consti-
também veda a submissão dos animais à crueldade. tuição Federal não trata do direito de vizinhança no
artigo 225, IV.

51
O erro da alternativa “B” está em restringir a preserva-
ção e restauração dos processos ecológicos aos espa-
ços territoriais especialmente protegidos (art. 225, I). HORA DE PRATICAR!
A alternativa “C” igualmente está errada ao incluir o
termo “comercialização” nas técnicas que envolvam o 1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
manejo ecológico sustentável (art. 225, I). VA – CESPE/2018). Tendo em vista as convergências e
A alternativa “E” está errada por citar a lei complemen- divergências entre a gestão pública e a gestão privada,
tar como instrumento que possibilita a supressão dos julgue o item que se segue.
espaços territoriais especialmente protegidos, quando Na gestão pública, o foco das ações é o cliente, indivíduo
na verdade a Constituição Federal exige lei ordinária que manifesta seus interesses no mercado; na gestão
(art. 225, III). privada, é o cidadão, membro da sociedade, que possui
Por fim, a alternativa “D” está correta, pois segue lite- direitos e deveres.
ralmente o que diz o art. 225, VI, da CF.
( ) CERTO ( ) ERRADO
3- (TJ/PR – Juiz – UFPR - 2013). De acordo com o art.
225, § 4º da Constituição Federal são patrimônio nacio- 2. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
nal:  TRATIVA - CESPE/2018) Acerca da administração pú-
blica no Brasil, julgue o item a seguir.
a) As Dunas Litorâneas, os Manguezais, a Serra do Mar e Na administração pública, ao contrário da gestão priva-
a Mata Atlântica. da, a otimização de recursos é prioridade secundária com
b)  A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a relação à execução de políticas governamentais voltadas
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona ao atendimento do interesse público.
Costeira.
c)  A Floresta Amazônica brasileira, o Pantanal Mato- ( ) CERTO ( ) ERRADO
-Grossense, a Caatinga e as Reservas Indígenas.
d) A Mata Atlântica, o Pantanal Mato-Grossense, os Mangue- 3. (TCE-PE - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS 1 E
2 – CESPE/2017) Acerca das agências reguladoras e da cons-
zais, os Lençóis Maranhenses e as Bacias Hidrográficas.
trução de agendas de políticas públicas, julgue o item a seguir.
No processo de construção da agenda de políticas públi-
Resposta; Letra B. Nos termos do art. 225, § 4º, da
cas, define-se a lista dos problemas ou dos assuntos que
Carta Magna, a Floresta Amazônica brasileira, a Mata
chamam a atenção de atores governamentais e cidadãos
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense
em geral.
e a Zona Costeira são patrimônio nacional. Portanto, a
correta é a alternativa “B”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. (PGE/SC – Procurador do Estado – FEPESE – 2018). 4. (TRT - 10ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - AD-
De acordo com a Constituição Federal, as práticas des- MINISTRATIVO - CESPE/2013) Julgue os itens a se-
portivas que utilizem animais: guir, relativos à administração pública.
A administração pública é una, sendo descentralizadas as
a) são totalmente vedadas, pois submetem os animais a suas funções, para melhor atender ao bem comum.
crueldade.
b) são vedadas, pois entre proteger o patrimônio cultu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ral brasileiro e o bem-estar dos animais envolvidos, a
Constituição Federal, em favor do meio ambiente, ve- 5. (TRE-ES - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
dou totalmente as práticas desportivas com animais. NISTRATIVA - CESPE/2011) Julgue os itens a seguir,
c) não se consideram cruéis, desde que sejam manifes- com relação à excelência nos serviços públicos e ao pa-
tações culturais, registradas como bem de natureza radigma do cliente na gestão pública.
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, O Estado do bem-estar, ao buscar o atendimento ao
devendo ser regulamentadas por lei específica que as- cidadão- cliente pela gestão pública, preconiza a inter-
segure o bem-estar dos animais envolvidos. venção estatal como mecanismo de mercado válido para
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) não se consideram cruéis, desde que sejam manifesta- proteger determinados grupos.
ções desportivas, devendo ser regulamentadas por lei
complementar que assegure o bem-estar dos animais ( ) CERTO ( ) ERRADO
envolvidos.
e) não se consideram cruéis, desde que sejam manifesta- 6. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
ções desportivas, registradas como bem de natureza BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No tocan-
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, te às organizações da sociedade civil de interesse público
devendo ser regulamentadas por lei ordinária que as- e aos consórcios públicos, julgue o item subsequente.
segure o bem-estar dos animais envolvidos. O instrumento que estabelece o vínculo entre o poder
público e as organizações da sociedade civil de interesse
Resposta; Letra C. De acordo com a leitura do art. público é o termo de parceria.
225, § 7º, da Constituição Federal, a alternativa correta
é a “C”. ( ) CERTO ( ) ERRADO

52
7. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI- 13. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018) CONHECIMENTOS GERAIS - CESPE/2018) No que se
Acerca da organização da administração direta e indire- refere a atos administrativos, julgue o item que se segue.
ta, centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir. Na discricionariedade administrativa, o agente possui al-
Autarquia é pessoa jurídica criada por lei específica, com guns limites à ação voluntária, tais como: o ordenamento
personalidade jurídica de direito público. jurídico estabelecido para o caso concreto, a competên-
cia do agente ou do órgão. Qualquer ato promovido fora
( ) CERTO ( ) ERRADO desses limites será considerado arbitrariedade na ativida-
de administrativa.
8. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNI-
CIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES- ( ) CERTO ( ) ERRADO
PE/2018) Acerca da organização da administração di-
reta e indireta, centralizada e descentralizada, julgue o 14. (ABIN - AGENTE DE INTELIGÊNCIA - CES-
item a seguir. PE/2018) No que tange aos atos administrativos, julgue
As sociedades de economia mista sujeitam-se ao regime o item seguinte.
trabalhista próprio das empresas privadas. Uma diferença entre a revogação e a anulação de um
ato administrativo é a de que a revogação é medida pri-
( ) CERTO ( ) ERRADO vativa da administração, enquanto a anulação pode ser
determinada pela administração ou pelo Poder Judiciá-
9. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNI- rio, não sendo, nesse caso, necessária a provocação do
CIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES- interessado.
PE/2018) Acerca da organização da administração di-
reta e indireta, centralizada e descentralizada, julgue o ( ) CERTO ( ) ERRADO
item a seguir.
Define-se desconcentração como o fenômeno admi- 15. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
nistrativo que consiste na distribuição de competências ÁREA 2 - CESPE/2018) Com relação aos atos adminis-
de determinada pessoa jurídica da administração direta trativos discricionários e vinculados, julgue o item que
para outra pessoa jurídica, seja ela pública ou privada. se segue.
Em decorrência da própria natureza dos atos administra-
( ) CERTO ( ) ERRADO tivos discricionários, não se permite que eles sejam apre-
ciados pelo Poder Judiciário.
10. (CGM de João Pessoa/PB - Técnico Municipal de
Controle Interno - Geral - CESPE/2018) Acerca da or- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ganização da administração direta e indireta, centraliza-
da e descentralizada, julgue o item a seguir. 16. (STM - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
A empresa pública, entidade da administração indireta, PE/2018) A respeito do direito administrativo, dos atos
possui personalidade jurídica de direito público. administrativos e dos agentes públicos e seu regime, jul-
gue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO A imperatividade é o atributo pelo qual o ato administra-
tivo é presumido verídico até que haja prova contrária à
11. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI- sua veracidade.
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
Acerca da organização da administração direta e indireta, ( ) CERTO ( ) ERRADO
centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir.
É possível a constituição de fundação pública de direito 17. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA -
público ou de direito privado para a exploração direta CESPE/2018) Considerando a doutrina majoritária, jul-
de atividade econômica pelo Estado, quando relevante gue o próximo item, referente ao poder administrativo, à
ao interesse público. organização administrativa federal e aos princípios bási-
cos da administração pública.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

( ) CERTO ( ) ERRADO De acordo com o princípio da autoexecutoriedade, os


atos administrativos podem ser aplicados pela própria
12. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA administração pública, de forma coativa, sem a necessi-
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Com relação à ad- dade de prévio consentimento do Poder Judiciário.
ministração direta e indireta, centralizada e descentrali-
zada, julgue o item a seguir. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Administração direta remete à ideia de administração
centralizada, ao passo que administração indireta se re-
laciona à noção de administração descentralizada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

53
18. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO 24. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFI-
DE SISTEMAS - CESPE/2018) Acerca do acesso à in- CIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL - CES-
formação, dos servidores públicos e do processo admi- PE/2017) Com base na Lei nº 8.112/1990 e no regime
nistrativo no âmbito federal, julgue o item que se segue. jurídico aplicável aos agentes públicos, julgue o item a
Caso edite ato administrativo que remova, de ofício, um seguir.
servidor público federal e, posteriormente, pretenda re- A destituição de servidor de cargo em comissão ou de
vogar esse ato administrativo, a autoridade pública de- função comissionada não pode ser aplicada como pena-
verá explicitar os motivos de sua segunda decisão, com a lidade disciplinar.
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
25. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
19. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMEN- ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) A respeito dos
TOS BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) agentes públicos, julgue o item seguinte.
Com relação ao controle no âmbito da administração Para que pessoas físicas que colaboram com o poder pú-
pública, julgue o item seguinte. blico sejam consideradas agentes públicos é necessário
A competência do Poder Judiciário quanto ao controle que elas, obrigatoriamente, tenham vínculo empregatí-
restringe-se ao mérito e à legalidade do ato impugnado. cio com a administração pública e sejam por esta remu-
neradas, como ocorre, por exemplo, com os leiloeiros,
( ) CERTO ( ) ERRADO tradutores e intérpretes públicos.

20. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU- ( ) CERTO ( ) ERRADO


NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
PE/2018) Em relação à anulação e à revogação dos atos 26. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
administrativos, julgue o item seguinte. VA - CESPE/2018) Acerca dos poderes da administração
O Poder Judiciário e a própria administração pública pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o
possuem competência para anular ato administrativo. item a seguir.
Em razão da discricionariedade do poder hierárquico,
( ) CERTO ( ) ERRADO não são considerados abuso de poder eventuais exces-
sos que o agente público, em exercício, sem dolo, venha
21. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- a cometer.
NISTRATIVA - CESPE/2018) Acerca do direito adminis-
trativo, dos atos administrativos e dos agentes públicos, ( ) CERTO ( ) ERRADO
julgue o item a seguir.
Os empregados das empresas públicas submetem-se 27. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE - PROCURA-
ao regime celetista e, por isso, estão fora do rol de DOR DO MUNICÍPIO - CESPE/2017) Com relação a
agentes públicos. processo administrativo, poderes da administração e ser-
viços públicos, julgue o item subsecutivo.
( ) CERTO ( ) ERRADO Situação hipotética: Um secretário municipal removeu
determinado assessor em razão de desentendimentos
22. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMEN- pessoais motivados por ideologia partidária. Assertiva:
TOS BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No Nessa situação, o secretário agiu com abuso de poder, na
que se refere às características do poder de polícia e modalidade excesso de poder, já que atos de remoção
ao regime jurídico dos agentes administrativos, julgue de servidor não podem ter caráter punitivo.
o item que se segue.
A garantia constitucional de permanecer no cargo pú- ( ) CERTO ( ) ERRADO
blico após três anos de efetivo exercício denomina-se
efetividade. 28. (SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGO 2
- CESPE/2017) Acerca de administração pública, organi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

( ) CERTO ( ) ERRADO zação do Estado e agentes públicos, julgue o item a seguir.


O abuso de poder pelos agentes públicos pode ocorrer
23. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - tanto nos atos comissivos quanto nos omissivos.
ÁREA JUDICIÁRIA - CESPE/2017) Considerando o
disposto nas Leis n° 8.112/1990 e n° 8.429/1992, julgue ( ) CERTO ( ) ERRADO
o item que se segue, acerca dos agentes públicos.
Servidor público estável poderá perder o seu cargo em
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
assegurada ampla defesa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

54
29. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 34. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Alguns meses após CESPE/2018) Julgue o item subsequente de acordo com
a assinatura de contrato de concessão de geração e a orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
transmissão de energia elétrica, a falta de chuvas com- Quando da aquisição de bens e serviços de informática
prometeu o nível dos reservatórios, o que deteriorou as e automação por parte dos órgãos e das entidades da
condições de geração de energia, elevando os custos da administração pública federal, direta ou indireta, das fun-
concessionária. A agência reguladora promoveu, então, dações instituídas e mantidas pelo poder público e das
alterações tarifárias visando restabelecer o equilíbrio demais organizações sob o controle direto ou indireto
econômico-financeiro firmado no contrato. Todavia, sem da União, a preferência pelos bens e serviços com tecno-
que houvesse culpa ou dolo da concessionária, o forneci- logia desenvolvida no Brasil é uma exceção legal à regra
mento do serviço passou a ser intermitente, o que provo- estabelecida na lei em questão.
cou danos em eletrodomésticos de usuários de energia
elétrica. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que
se segue. 35. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
A alteração tarifária promovida pela agência reguladora CESPE/2018) Julgue o item subsequente de acordo com
é exemplo de exercício do poder hierárquico da agência a orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
sobre as concessionárias. Em toda licitação, é indispensável a celebração de con-
trato, sendo esse instrumento insubstituível, porque, no
( ) CERTO ( ) ERRADO direito administrativo, prevalece a formalização do pro-
cesso licitatório.
30. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Com referência aos ( ) CERTO ( ) ERRADO
poderes administrativos, julgue o item subsecutivo.
Em regra, o poder regulamentar é dotado de originarie- 36. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
dade e, por conseguinte, cria situações jurídicas novas, CESPE/2018) Julgue o próximo item, relativo às modali-
não se restringindo apenas a explicitar ou complementar dades de licitação.
o sentido de leis já existentes. Convite é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
( ) CERTO ( ) ERRADO condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada
31. (SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS a necessária qualificação.
1, 3 A 26 - CESPE/2017) No que se refere aos poderes
administrativos, aos atos administrativos e ao controle da ( ) CERTO ( ) ERRADO
administração, julgue o item seguinte.
A avocação se verifica quando o superior chama para si 37. (EBSERH - ENGENHEIRO CLÍNICO - CESPE/2018)
a competência de um órgão ou agente público que lhe Acerca dos princípios do processo licitatório, julgue o
seja subordinado. Esse movimento, que é excepcional e item que se segue.
temporário, decorre do poder administrativo hierárquico. Durante a execução de um contrato, a fim de garantir
o princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
( ) CERTO ( ) ERRADO para qualquer alteração contratual que modifique con-
dições previstas inicialmente no edital de licitação, é
32. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- necessário consultar os licitantes à época da licitação a
TRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes admi- respeito dessas alterações.
nistrativos, de licitações e contratos e do processo admi-
nistrativo, julgue o item subsequente. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Embora o poder de polícia da administração seja coer-
citivo, o uso da força para o cumprimento de seus atos 38. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
demanda decisão judicial. VA - CESPE/2018) Considerando a legislação pertinente
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a licitação e contratos administrativos, julgue o item sub-


( ) CERTO ( ) ERRADO sequente.
A garantia da observância do princípio da isonomia, a
33. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE - PROCURA- seleção da proposta mais vantajosa para a administração
DOR DO MUNICÍPIO - CESPE/2017) Acerca do direito pública e a promoção do desenvolvimento nacional sus-
administrativo, julgue o item que se segue. tentável são objetivos da licitação.
O exercício do poder de polícia reflete o sentido objetivo
da administração pública, o qual se refere à própria ativi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dade administrativa exercida pelo Estado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

55
39. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- 44. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
VA - CESPE/2018) Considerando a legislação pertinente NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes
a licitação e contratos administrativos, julgue o item sub- administrativos, da contratação com a administração pú-
sequente. blica e do processo administrativo – Lei nº 9.784/1999 –,
É possível estabelecer margem de preferência adicional julgue o item seguinte.
no caso de produtos manufaturados nacionais resultan- Situação hipotética: O Poder Legislativo sustou decreto
tes de desenvolvimento e inovação tecnológica realiza- editado pelo presidente da República, sob o entendi-
dos no país. mento de que houve exorbitância do poder regulamen-
tar. Assertiva: Nesse caso, o Poder Legislativo agiu errado,
( ) CERTO ( ) ERRADO haja vista que a competência para sustar atos do Poder
Executivo é exercida pelo Poder Judiciário, mediante pro-
40. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - vocação.
ÁREA 2 - CESPE/2018) Considerando que a ABIN esco-
lha a modalidade licitatória convite para contratar empre- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sa de engenharia para modernizar suas instalações, julgue
o item que se segue, com base nas disposições da Lei nº 45. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
8.666/1993. BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que
A comissão de licitação poderá ser substituída por um servi- se refere a tipos e formas de controle, julgue o item a
dor formalmente designado para essa finalidade. seguir.
Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser ad-
( ) CERTO ( ) ERRADO ministrativo, legislativo ou judicial.

41. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ( ) CERTO ( ) ERRADO


ÁREA 2 - CESPE/2018) Considerando que a ABIN es-
colha a modalidade licitatória convite para contratar em- 46. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
presa de engenharia para modernizar suas instalações, BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Com re-
julgue o item que se segue, com base nas disposições da lação ao controle no âmbito da administração pública,
Lei nº 8.666/1993. julgue o item seguinte.
Se não for alcançado o número mínimo legalmente exi- A competência do Congresso Nacional para sustar atos
gido de empresas qualificadas no certame, estará confi- normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
gurada hipótese de dispensa de licitação. regulamentar constitui hipótese de controle parlamentar.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

42. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- 47. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU-
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
administrativos, da contratação com a administração pú- PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos,
blica e do processo administrativo – Lei nº 9.784/1999 –, tipos e formas de controle na administração pública.
julgue o item seguinte. Quanto ao aspecto controlado, o controle classifica-se
Será inexigível a licitação, caso os agentes administrati- em controle de legalidade ou de correção.
vos com competência técnica para tanto concluam que
a característica de determinado objeto atende melhor ao ( ) CERTO ( ) ERRADO
interesse público.
48. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU-
( ) CERTO ( ) ERRADO NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos,
43. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- tipos e formas de controle na administração pública.
RIA - CESPE/2018) Considerando o disposto na Lei nº A administração pública, no exercício de suas funções,
8.666/1993, julgue o seguinte item, a respeito da licita- controla seus próprios atos e se sujeita ao controle dos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ção e dos contratos administrativos. Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.


É possível que a administração pública autorize o início
da execução de obra contratada antes da aprovação do ( ) CERTO ( ) ERRADO
respectivo projeto executivo, desde que o projeto básico
já tenha sido aprovado. 49. (EBSERH - TECNÓLOGO EM GESTÃO PÚBLICA
- CESPE/2018) No que concerne a direitos, deveres e
( ) CERTO ( ) ERRADO responsabilidades dos servidores públicos, julgue o pró-
ximo item.
Em caso de dano causado a terceiros, responderá o servi-
dor perante a fazenda pública, em ação regressiva.

( ) CERTO ( ) ERRADO

56
50. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo GABARITO
à responsabilidade civil do Estado.
As empresas prestadoras de serviços públicos respon-
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 1 Errado
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável exclusivamente no caso de dolo. 2 Certo
3 Certo
( ) CERTO ( ) ERRADO
4 Certo
51. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- 5 Certo
TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo 6 Certo
à responsabilidade civil do Estado.
A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos 7 Certo
abrange os danos morais e materiais. 8 Certo

( ) CERTO ( ) ERRADO 9 Errado


10 Errado
52. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- 11 Errado
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito do direito ad-
ministrativo, dos atos administrativos e dos agentes pú- 12 Certo
blicos e seu regime, julgue o item a seguir. 13 Certo
No direito brasileiro, constitui objeto do direito adminis-
trativo a responsabilidade civil das pessoas jurídicas que 14 Errado
causam danos à administração. 15 Errado
16 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
17 Certo
53. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- 18 Certo
RIA - CESPE/2018) João, servidor público civil, motoris-
ta do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo ofi- 19 Errado
cial, no exercício da sua função, colidiu com o automóvel 20 Certo
de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder
21 Errado
público. Após a devida apuração, ficou provado que os
dois condutores agiram com culpa. 22 Errado
A partir dessa situação hipotética e considerando a dou- 23 Certo
trina majoritária referente à responsabilidade civil do Es-
tado, julgue o item que se segue. 24 Errado
A União tem direito de regresso em face de João, con- 25 Errado
siderando que, no caso, a responsabilidade do agente
26 Errado
público é subjetiva.
27 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 28 Certo
29 Errado
30 Errado
31 Certo
32 Errado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

33 Certo
34 Certo
35 Errado
36 Errado
37 Errado
38 Certo
39 Certo
40 Certo
41 Errado

57
42 Errado ANOTAÇÕES
43 Certo
44 Errado
________________________________________________
45 Certo
46 Certo _________________________________________________
47 Errado _________________________________________________
48 Certo
_________________________________________________
49 Certo
_________________________________________________
50 Errado
51 Certo _________________________________________________
52 Certo _________________________________________________
53 Certo _________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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58
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração pública: princípios básicos................................................................................................................................................................... 01


Poderes administrativos. Poder vinculado Poder discricionário. Poder hierárquico. Poder disciplinar. Poder regulamentar.
Poder de polícia. Uso e abuso do poder....................................................................................................................................................................... 03
Serviços públicos: conceito e princípios........................................................................................................................................................................ 10
Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios
de departamentalização. 5 Processo organizacional: planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação....................... 21
Organização administrativa: centralização, descentralização, concentração e desconcentração......................................................... 44
Ato administrativo. Conceito, requisitos e atributos. Anulação, revogação e convalidação. Discricionariedade e vinculação.... 50
Contratos administrativos: conceito e características. Lei nº 8.666/1993 e suas alterações (normas para licitações e contratos)... 57
Lei nº 10.520/2002 e Decreto nº 5.504/2005 (pregão)........................................................................................................................................... 63
Servidores públicos: cargo, emprego e função públicos....................................................................................................................................... 67
Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (regime jurídico dos servidores públicos civis da União). Disposições preliminares.
Provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição. Direitos e vantagens: do vencimento e da remuneração.
Vantagens. Férias Licenças Afastamentos. Concessões de tempo de serviço Direito de petição. Regime disciplinar: dos
deveres e proibições. Acumulação. Responsabilidades. Penalidades. Processo administrativo disciplinar..................................... 72
Lei nº 9.784/1999 (processo administrativo)............................................................................................................................................................... 107
Lei Complementar nº 140/2011 (competências ambientais)............................................................................................................................... 109
Decreto nº 2.271/1997 (contratação de serviços)..................................................................................................................................................... 114
2) Impessoalidade: a atividade da Administração Pú-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS blica deve ser imparcial, de modo que é vedado
BÁSICOS haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Há uma forte relação entre
a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem
Princípios Básicos da Administração Pública age por interesse próprio não condiz com a finali-
dade do interesse público.
Os princípios que regem a atividade da Administração 3) Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma po- tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
sitivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados segun- buscando atuar com base nos valores da moral co-
do a interpretação das normas jurídicas. Temos princípios mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade.
gerais de Direito Administrativo, os princípios constitucio- A moralidade não é somente um princípio, mas
nais, e os princípios infraconstitucionais. também requisito de validade dos atos adminis-
trativos.
1. Princípios Gerais da Administração Pública
4) Publicidade: a publicação dos atos da Administra-
Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os
ção promove maior transparência e garante eficá-
princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis
ante o fato da Administração Pública ser considerada pes- cia erga omnes. Além disso, também diz respeito
soa jurídica de direito público. ao direito fundamental que toda pessoa tem de
O princípio da supremacia do interesse público é obter acesso a informações de seu interesse pe-
o princípio que dá os poderes e prerrogativas à Adminis- los órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse
tração Pública. A supremacia do interesse público sobre direito ponha em risco a vida dos particulares ou
o privado é um aspecto fundamental para o exercício da o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
função administrativa. Podemos citar como exemplo a de- vida íntima dos envolvidos.
sapropriação de um imóvel pertencente a um particular: o 5) Eficiência: implementado pela reforma adminis-
particular pode ter interesse em não ter seu bem desapro- trativa promovida pela Emenda Constitucional nº
priado, ou achar o valor da indenização injusto, mas ele não 19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Ad-
pode ter interesse em extinguir o instituto da expropriação ministração de alcançar os seus resultados de uma
administrativa. Trata-se de um instituto que deve existir, in- forma célere, promovendo melhor produtividade
dependentemente da sua vontade.
e rendimento, evitando gastos desnecessários no
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com cer-
teza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso que ao exercício de suas funções. A eficiência fez com que
Estado também lhe incumbe uma série de deveres, funda- a Administração brasileira adquirisse caráter ge-
das pelo princípio da indisponibilidade do interesse pú- rencial, tendo maior preocupação na execução de
blico. Tal princípio pressupõe que o Poder Público não é serviços com perfeição ao invés de se preocupar
dono do interesse público, ele deve manuseá-lo segundo o com procedimentos e outras burocracias. A ado-
que a norma lhe impõe. É por isso que ele não pode se des- ção da eficiência, todavia, não permite à Adminis-
fazer de patrimônio público, contratar quem ele quiser, rea- tração agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio
lizar gastos sem prestar contas a seu superior, etc. Tais atos da legalidade.
configuram em desvio de finalidade, uma vez que o obje-
tivo principal deles não é de interesse público, mas apenas
do próprio agente, ou de algum terceiro beneficiário.
FIQUE ATENTO!

2. Princípios Constitucionais da Administração Pú- Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
blica memorizar os princípios constitucionais:
São os princípios previstos no Texto Constitucional, mais Legalidade
especificamente no caput do artigo. 37. Segundo o referi- Impessoalidade
do dispositivo: “A administração pública direta e indireta de Moralidade
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe- Publicidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali- Eficiência


dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:”. Assim, esquematicamente, temos os
princípios constitucionais da: 3. Princípios Infraconstitucionais
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de Os princípios administrativos não se esgotam no âm-
Direito, as atividades do gestor público estão sub- bito constitucional. Existem outros princípios cuja previ-
missas a forma da lei. A legalidade promove maior são não está disposta na Carta Magna, e sim na legisla-
segurança jurídica para os administrados, na medida ção infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
em que proíbe que a Administração Pública pratique artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que po-
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
dem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, a Admi-
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
nistração só pode realizar o que lhe é expressamen-
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurí-
te autorizado por lei.
dica, interesse público e eficiência”.

1
3.1 Princípio da Autotutela Quanto ao momento correto para sua apresentação,
A autotutela diz respeito ao controle interno que a entende-se que a motivação pode ocorrer simultanea-
Administração Pública exerce sobre os seus próprios mente, ou em um instante posterior a prática do ato (em
atos. Isso significa que, havendo algum ato administra- respeito ao princípio da eficiência). A motivação intem-
tivo ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao in- pestiva, isso é, aquela dada em um momento demasia-
teresse público, não é necessária a intervenção judicial damente posterior, é causa de nulidade do ato adminis-
para que a própria Administração anule ou revogue esses trativo.
atos.
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judi- 3.3 Princípio da Finalidade
ciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
forma, promover maior celeridade na recomposição da Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior observados, entre outros, os critérios de: II - atendimen-
proteção ao interesse público contra os atos inconvenien- to a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou
tes. parcial de poderes ou competências, salvo autorização
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: em lei”.
“A Administração deve anular seus próprios atos, quan- O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por primazia do interesse público. O primeiro impõe que o
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os Administrador sempre aja em prol de uma finalidade
direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador é específica, prevista em lei. Já o princípio da supremacia
bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do do interesse público diz respeito à sobreposição do inte-
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. resse da coletividade em relação ao interesse privado. A
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, finalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser justa-
mas tem o dever de anular os atos ilegais. mente a proteção ao interesse público.
A autotutela também tem previsão em duas súmulas Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo ato,
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A Adminis- além de ser devidamente motivado, possui um fim espe-
tração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios cífico, com a devida previsão legal. O desvio de finalida-
atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode anular de, ou desvio de poder, são defeitos que tornam nulo o
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tor- ato praticado pelo Poder Público.
nam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou re-
vogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 3.4 Princípio da Razoabilidade
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos Agir com razoabilidade é decorrência da própria no-
os casos, a apreciação judicial”. ção de competência. Todo poder tem suas correspon-
dentes limitações. O Estado deve realizar suas funções
3.2 Princípio da Motivação com coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
Também pode constar em algumas questões como atender à finalidade prevista na lei, mas é de igual impor-
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma téc- tância o como ela será atingida. É uma decorrência lógica
nica de controle dos atos administrativos, o qual impõe do princípio da legalidade.
à Administração o dever de indicar os pressupostos de Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracio-
fato e de direito que justificam a prática daquele ato. A nais e incoerentes, são incompatíveis com o interesse
fundamentação da prática dos atos administrativos será público, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou
sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da Lei nº pela própria entidade administrativa que praticou tal
9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser motiva- medida. Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta
dos, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídi- dela) é mais aparente quando tenta coibir o excesso pelo
cos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, VII, da exercício do poder disciplinar ou poder de polícia. Poder
mesma Lei: “Nos processos administrativos serão obser- disciplinar traduz-se na prática de atos de controle exer-
vados, entre outros, os critérios de: VII - indicação dos cidos contra seus próprios agentes, isso é, de destinação
pressupostos de fato e de direito que determinarem a de- interna. Poder de polícia é o conjunto de atos praticados
cisão”. A motivação é uma decorrência natural do princí- pelo Estado que tem por escopo limitar e condicionar o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pio da legalidade, pois a prática de um ato administrativo exercício de direitos individuais e o direito à propriedade
fundamentado, mas que não esteja previsto em lei, seria privada.
algo ilógico.
Convém estabelecer a diferença entre motivo e moti- 3.5 Princípio da Proporcionalidade
vação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida O princípio da proporcionalidade tem similitudes com
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A o princípio da razoabilidade. Há muitos autores, inclusive,
motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato que preferem unir os dois princípios em uma nomencla-
ou de direito, que justifica a prática da referida medida. tura só. De fato, a Administração Pública deve atentar-se
Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por a exageros no exercício de suas funções. A proporciona-
ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo lidade é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar
(ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o do- a justa medida na prática de atos administrativos. Busca
cumento de notificação da multa é a motivação. A multa evitar extremos, exageros, pois podem ferir o interesse
seria, então, o ato administrativo em questão. público.

2
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, 2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO
deve o Administrador agir com “adequação entre meios – FCC – 2018) A Administração pública possui algumas
e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe
sanções em medida superior àquelas estritamente neces- permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor
sárias ao atendimento do interesse público”. Na prática, a vontade dos particulares, em prol do atendimento do
a proporcionalidade também encontra sua aplicação no interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo
exercício do poder disciplinar e do poder de polícia. dessa prerrogativa o poder de:
Esses não são os únicos princípios que regem as rela-
ções da Administração Pública. Porém, escolhemos trazer a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor-
com mais detalhes os princípios que julgamos ser mais tunidade e para atendimento do interesse público,
característicos da Administração. Isso não quer dizer que sempre que se identificar ilegalidades nos procedi-
outros princípios não possam ser estudados ou aplica- mentos.
dos a esse ramo jurídico. A Administração também deve b) limitar o direito de particulares, discricionariamente,
atender aos princípios da responsabilidade, ao princípio sempre que a situação de fato demonstrar essa neces-
da segurança jurídica, ao princípio do contraditório e sidade, independentemente de previsão legal.
c) alterar unilateralmente os contratos administrativos,
ampla defesa, ao princípio da isonomia, entre outros.
por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato.
d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias
EXERCÍCIOS COMENTADOS em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la-
cunas legais.
e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra-
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO
ção das atividades da Administração pública.
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que
regem a atuação da Administração Pública, é correto Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-
afirmar que: rificada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
administrativo, a medida adequada é a anulação, não
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- da Administração Pública é sempre subordinada ao
ma coisa senão em virtude de lei. comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
modo de atuar que produza resultados favoráveis à está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado. tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística, E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
é prevalente em face do princípio da legalidade. diversas é característica do fenômeno da descentra-
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente lização.
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37
da Constituição da República Federativa do Brasil, que
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida- PODERES ADMINISTRATIVOS. PODER
de, da publicidade e da eficiência. VINCULADO PODER DISCRICIONÁRIO.
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad- PODER HIERÁRQUICO. PODER DISCIPLINAR.
ministrados em ter acesso a informações de interesse PODER REGULAMENTAR. PODER DE
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a POLÍCIA. USO E ABUSO DO PODER
existência de informações públicas sigilosas.

Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
princípio da legalidade, a Administração Pública é dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que exercerão tal papel. No exercício de suas atribui-


pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o ções, são conferidas prerrogativas aos agentes, indis-
princípio da eficiência não pode, jamais, se sobrepor pensáveis à consecução dos fins públicos, que são os
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi- poderes administrativos. Em contrapartida, surgirão
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e deveres específicos, que são deveres administrativos.
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da Os poderes conferidos à administração surgem como
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações instrumentos para a preservação dos interesses da cole-
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em tividade. Caso a administração se utilize destes pode-
uma exceção ao princípio da publicidade. res para fins diversos de preservação dos interesses da
sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja,
incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciá-
rio poderá efetuar controle dos atos administrativos que
impliquem em excesso ou abuso de poder.

3
Quanto aos poderes administrativos, eles podem Forma discricionária
ser colocados como prerrogativas de direito público
conferidas aos agentes públicos, com vistas a permitir Existem situações em que o próprio agente tem a
que o Estado alcance os seus fins. Evidentemente, em possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o
contrapartida a estes poderes, surgem deveres ao ad- exercício do poder se manifesta na forma discricionária o
ministrador. administrador não está diante de situações que compor-
“O poder administrativo representa uma prerroga- tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer
tiva especial de direito público outorgada aos agentes um juízo de valores de conveniência e oportunidade.
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando
do Estado. Cada um desses terá a seu cargo a execu-
o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir-
ção de certas funções. Ora, se tais funções foram por lei
cunstância de sua revogação.
cometidas aos agentes, devem eles exercê-las, pois que Uma das principais limitações à discricionariedade é a
seu exercício é voltado para beneficiar a coletividade. Ao adequação, correspondente à adequação da conduta es-
fazê-lo, dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer- colhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O segun-
-se que usaram normalmente os seus poderes. Uso do do limite é o da verificação dos motivos3. Neste sentido,
poder, portanto, é a utilização normal, pelos agentes discricionariedade não pode se confundir com arbitrarie-
públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere”1. dade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a ela
Neste sentido, “os poderes administrativos são ou- caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário.
torgados aos agentes do Poder Público para lhes permi- “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre-
tir atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo mo de admitir que o juiz se substituta ao administrador.
assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei
são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoria- reservou aos agentes da Administração, perquirindo os
mente exercidos pelos titulares. Desse modo, as prer- critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspi-
rogativas públicas, ao mesmo tempo em que constituem raram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém ao
poderes para o administrador público, impõem-lhe o exame da legalidade dos atos, não poderá questionar
seu exercício e lhe vedam a inércia, porque o reflexo critérios que a própria lei defere ao administrador. [...]
Modernamente, os doutrinadores têm considerado os
desta atinge, em última instância, a coletividade, esta a
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade como
real destinatária de tais poderes. Esse aspecto dúplice valores que podem ensejar o controle da discricionarie-
do poder administrativo é que se denomina de po- dade, enfrentando situações que, embora com aparência
der-dever de agir”2. Percebe-se que, diferentemente de legalidade, retratam verdadeiro abuso de poder. [...] A
dos particulares aos quais, quando conferido um poder, exacerbação ilegítima desse tipo de controle reflete ofen-
podem optar por exercê-lo ou não, a Administração não sa ao princípio republicano da separação dos poderes”4.
tem faculdade de agir, afinal, sua atuação se dá den- Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe
tro de objetos de interesse público. Logo, a abstenção o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui,
não pode ser aceita, o que transforma o poder de agir mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-
também num dever de fazê-lo: daí se afirmar um poder- monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada
-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser respon- pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
sabilizado. ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
Os poderes da Administração se dividem em: vincula- que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
do, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamen-
parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal,
tar e de polícia. não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa
Formas de exercício; uso e abuso do poder da administração, o seu maior objetivo é o atendimento
aos interesses da coletividade.
Forma vinculada

Quando o poder se manifesta numa forma vinculada #FicaDica


não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva Conveniência = condições em que irá agir
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por Oportunidade = momento em que irá agir
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, Discricionariedade = oportunidade + conveni-
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o ência
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

administrador se encontra diante de situações que com-


portam solução única anteriormente prevista por lei. Por-
tanto, não há espaço para que o administrador faça um Uso do poder e deveres da administração
juízo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele
é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença lei lhes confere”5. Significa que se um agente toma suas
para prestar serviço militar obrigatório. atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos,
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

4
está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para
determinar se a ação está ou não em conformidade é o FIQUE ATENTO!
dos deveres administrativos. Nem toda omissão do poder público é ilegal.
Assim, além de poderes, os agentes administrativos, As denominadas omissões genéricas, que
obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições envolvem prerrogativas de ação do adminis-
que exercem. Dentre os principais, podem ser citados os trador de caráter geral e sem prazo determi-
seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do as- nado para atendimento, inseridas em seu po-
sunto: der discricionário, não autorizam a alegação
- Dever de probidade: trata-se de um dos deveres de ilegalidade por violação do poder-dever
mais relevantes, correspondendo à obrigação do de agir. Insere-se aqui a denominada reserva
agente público de agir de forma honesta e reta, do possível – por óbvio sempre existirão al-
respeitando a moralidade administrativa e o inte- gumas omissões tendo em vista a escassez de
resse público. A violação deste dever caracteriza recursos financeiros. Ex.: deixar de reformar a
ato de improbidade, punível, conforme artigo 37, entrada de um edifício, não construir um esta-
§4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas belecimento de ensino. São ilegais, com efeito,
penas, como suspensão de direitos políticos, perda
as omissões específicas, que são omissões
da função pública, proibição de contratar com o
do poder público mesmo diante de imposição
poder público, multa, além de restituição ao erário
expressa legal e prazo fixado em lei para aten-
por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da-
dimento. Nestas situações, caberá até mesmo
nos causados ao erário.
responsabilização civil, penal ou administrativa
- Dever de prestar contas: como o que é gerido pelo
administrador não lhe pertence, é seu dever pres- do agente omisso.
tar contas do que realizou à coletividade, isto é, in-
formar em detalhes qual o destino dado às verbas
e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange não Abuso de poder
só aqueles que são agentes públicos, mas a todos
que tenham sob sua responsabilidade dinheiros, Havendo poderes, naturalmente será possível o abu-
bens ou interesses públicos, independentemente so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por
de serem ou não administradores públicos. parte dos administradores das prerrogativas a eles con-
feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio-
“A prestação de contas de administradores pode ser lação expressa ou tácita da lei.
realizada internamente através dos órgãos escalonados “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
ele o órgão de representação popular. No Legislativo se competência, afasta-se do interesse público que deve
situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro
especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica- caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’
ção de contas dos administradores”6. e no segundo, com ‘desvio de poder’”7. Basicamente,
- Dever de eficiência: a atividade administrativa deve havendo abuso de poder é possível que se caracterize
ser célere e técnica, mesclando qualidade e quan- excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de
tidade. Para tanto, é necessário atribuir competên-
poder, o agente nem teria competência para agir na-
cias aos cargos conforme a qualificação exigida
para ocupá-los; bem como desempenhar ativida- quela questão e o faz. No abuso de poder, o agente
des com perfeição, coordenação, celeridade e téc- possui competência para agir naquela questão, mas
nica. Não significa que perfeccionismo em excesso não o faz em respeito ao interesse público, ou seja,
seja valorizado, pois ele afeta o elemento quantita- desvirtua-se do fim que deveria atingir o seu ato, por
tivo do serviço, que também é essencial para que isso o desvio de poder também é denominado desvio
ele seja eficiente. de finalidade. A conduta abusiva é passível de controle,
- Dever de agir: o administrador possui um poder- inclusive judicial.
-dever de agir. Não se trata de mero poder, por- “Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
que priorizam atender ao interesse da coletividade poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e, em razão disso, o poder de agir é também um ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de
dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao ad- sua competência ou despida da finalidade da lei, pos-
ministrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem
responsabilizado por omissão ou silêncio, abrindo toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo
possibilidade de obter o ato não realizado: pela via abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à
extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de revisão administrativa ou judicial”8.
petição; ou por via judicial, por intermédio de man- Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
dado de segurança, quando ferir direito líquido e
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
certo do interessado comprovado de plano, ou por
trador, mas também estabelece deveres.
ação de obrigação de fazer.
7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

5
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem-
#FicaDica pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação
Excesso De Poder = Incompetência / Além Do prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de-
Permitido Na Legislação cretos e regulamentos com capacidade de dar execução
Abuso De Poder = Competência = Desvio De às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer-
Finalidade / Motivos Diversos Dos Legalmente rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese
Previstos alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto,
poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se
impõem ao administrado ao lado das obrigações primá-
rias fixadas na própria lei.
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá
EXERCÍCIOS COMENTADOS ao Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da
competência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V -
sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbi-
1. (STJ - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS: 10 tem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
E 12 - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativos aos legislativa”.
poderes da administração pública. Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de
agente público sem competência para a sua prática. natureza originária ou primária) ou de execução (atos
de natureza derivada ou secundária), embora a essência
( ) CERTO ( ) ERRADO do poder regulamentar seja composta pelos decretos e
regulamentos de execução. O regulamento autônomo
Resposta: Errado. O excesso de poder ocorre quando
pode ser editado independentemente da existência de lei
o ato é realizado por agente público sem competência
para a sua prática, não o desvio de poder. anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico
que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio-
2. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- nalidade. Os regulamentos de execução dependem da
VA - CESPE/2018) No que se refere aos poderes admi- existência de lei anterior para que possam ser editados
nistrativos, julgue o item que se segue. e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegali-
Não configurará excesso de poder a atuação do servidor dade – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade.
público fora da competência legalmente estabelecida Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa-
quando houver relevante interesse social. mente ao Presidente da República expedir decretos e re-
gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não
( ) CERTO ( ) ERRADO pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em
que pese o teor do dispositivo que poderia dar a enten-
Resposta: Errado. Caracteriza-se excesso de poder jus- der que a existência de decretos autônomos é impedida,
tamente quando o servidor atua fora dos limites da lei
o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como
e ingressa na esfera de competência de outrem, inde-
válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho9, a res-
pendentemente de justificativa com base em interesse
social. peito, afirma que somente são decretos e regulamen-
tos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar
3. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- aqueles que são de natureza derivada – o autor admite
VA - CESPE/2018) No que se refere aos poderes admi- que existem decretos e regulamentos autônomos, mas
nistrativos, julgue o item que se segue. diz que não são atos do poder regulamentar.
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva A classificação dos decretos e regulamentos em au-
quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte- tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi- controle judicial. Em se tratando de decreto de execu-
vidual do administrado. ção, o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto
está vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade
( ) CERTO ( ) ERRADO como regra – não caberá controle de constitucionalidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por ações diretas de inconstitucionalidade ou de consti-


Resposta: Certo. O abuso de poder pode acontecer
tucionalidade, mas caberá por arguição de descumpri-
tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode
se caracterizar por inércia da administração ou recusa mento de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é
injustificada. mais amplo e permite o controle sobre atos regulamen-
tares derivados de lei, tal como será cabível mandado
Poder regulamentar de injunção. Em se tratando de decreto autônomo, o
parâmetro de controle sempre será a Constituição Fe-
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con- deral, possuindo o decreto a mesma posição hierárquica
ferido à administração de elaborar decretos e regu- das demais leis infraconstitucionais, ocorrendo genuíno
lamentos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas si- controle de constitucionalidade no caso concreto, por
tuações, exerce força normativa, expedindo normas que qualquer das vias.
se revestem, como qualquer outra, de abstração e gene- 9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
ralidade. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

6
Outra observação que merece ser feita se refere ao Poder hierárquico
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem
na França e corresponde à transferência de certas ma- “Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos
térias de caráter estritamente técnico da lei ou ato con- órgãos e agentes da Administração que tem como objeti-
gênere para outras fontes normativas, com autorização vo a organização da função administrativa. E não poderia
do próprio legislador. Na verdade, o legislador efetua- ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da
rá uma espécie de delegação, que não será completa e Administração Pública que não se poderia conceber sua
integral, pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o re- normal realização sem a organização, em escalas, dos
agentes e dos órgãos públicos. Em razão desse escalona-
gramento básico, ocorrendo a transferência estritamente
mento firma-se uma relação jurídica entre os agentes, que
do aspecto técnico (denomina-se delegação com parâ-
se denomina relação hierárquica”10. Nesta relação hierár-
metros). Há quem diga que nestes casos não há poder quica, surge para a autoridade superior o poder de co-
regulamentar, mas sim poder regulador. É exemplo do mando e para o seu subalterno o dever de obediência.
que ocorre com as agências reguladoras, como ANATEL, Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à
ANEEL, entre outras. administração de fixar campos de competência quanto
às figuras que compõem sua estrutura. É um poder de
auto-organização. É exercido tanto na distribuição de
competências entre os órgãos quanto na divisão de de-
veres entre os servidores que o compõem. Se o ato for
EXERCÍCIOS COMENTADOS praticado por órgão incompetente, é inválido. Da mesma
forma, se o for praticado por servidor que não tinha tal
1. (EBSERH - ADVOGADO - CESPE/2018) Julgue o atribuição.
seguinte item, a respeito dos poderes da administração Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
o poder de revisão, consistente no poder das autori-
pública.
dades superiores de revisar os atos praticados por seus
No exercício do poder regulamentar, a administração pú-
subordinados.
blica não poderá contrariar a lei.

( ) CERTO ( ) ERRADO
EXERCÍCIO COMENTADO
Resposta: Certo. O poder regulamentar tem por cará-
ter exclusivo regular aquilo que a legislação prevê. Ou 1. (EBSERH - ADVOGADO - CESPE/2018) Julgue o
seja, o Executivo dá normas específicas às normas cria- seguinte item, a respeito dos poderes da administração
das pelo Legislativo. Se o Executivo se exceder em seu pública.
poder, estará infringindo a Separação dos Poderes. O poder hierárquico se manifesta no controle exercido pela
administração pública direta sobre as empresas públicas.
2. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
( ) CERTO ( ) ERRADO
RIA - CESPE/2018) Considerando a doutrina majoritária,
Resposta: Errado. O poder hierárquico é um poder inter-
julgue o próximo item, referente ao poder administrati-
no de organização, sendo assim, não existe hierarquia
vo, à organização administrativa federal e aos princípios entre administração direta e indireta.
básicos da administração pública.
No exercício do poder regulamentar, o Poder Executivo Poder disciplinar
pode editar regulamentos autônomos de organização
administrativa, desde que esses não impliquem aumento Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. a hierarquia que permite aos agentes de nível superior
fiscalizar as ações dos subordinados. Assim, poder disci-
( ) CERTO ( ) ERRADO plinar é o poder conferido à administração para aplicar
sanções aos seus servidores que pratiquem infrações
Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84, disciplinares.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV, CF que poderia dar a entender que a existência de Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
decretos autônomos é impedida, o próprio STF já re- natureza administrativa, não envolvendo sanções civis
ou penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, des-
conheceu decretos autônomos como válidos em situ-
tacam-se a de advertência, suspensão, demissão e cas-
ações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF: sação de aposentadoria.
“VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e Evidentemente que tais punições não podem ser
funcionamento da administração federal, quando não aplicadas sem alguns requisitos, como a abertura de
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção sindicância ou processo disciplinar em que se garanta
de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos o contraditório e a ampla defesa (obs.: existem cargos
públicos, quando vagos”. que somente são passíveis de demissão por sentença
judicial, que são os vitalícios, como os de magistrado e
promotor de justiça).
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

7
administrativa, que consubstancia, como vimos, verda-
deira prerrogativa conferida aos agentes da Administra-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção, consistente no poder de restringir e condicionar a
liberdade e a propriedade”11.
1. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-
CESPE/2018) Acerca dos poderes da administração vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém
pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não
item a seguir. impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a
O poder disciplinar, decorrente da hierarquia, tem sua atividade da polícia administrativa, envolvendo apenas
discricionariedade limitada, tendo em vista que a admi- as prerrogativas dos agentes da Administração.
nistração pública se vincula ao dever de punir. Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le-
gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con-
( ) CERTO ( ) ERRADO
sidera-se poder de polícia a atividade da administração
pública que, limitando o disciplinando direito, interesse
Resposta: Certo. O poder disciplinar em regra é dis-
cricionário, mas pode sofrer algumas limitações. En- ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
tre elas, o dever de investigar é vinculado, bem como fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira
a aplicação da penalidade. Afinal, não é uma mera parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi-
questão interna, mas verdadeira questão de ilegali- nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito
dade – e o poder público se vincula ao princípio da administrativo.
legalidade. De outro lado, existe margem de discricio-
nariedade ao determinar a gravidade e o enquadra- Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos
mento da infração. do poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste
sentido, a administração não precisa de manifestação
do Poder Judiciário para colocar seus atos em prática,
2. (TCE-PE - Analista de Gestão - Administração -
efetivando-os.
CESPE/2017) Uma aluna de um colégio estadual, maior
de dezoito anos de idade, foi flagrada depredando o
Polícia-função e polícia-corporação
mobiliário da escola. Em razão disso, o diretor do colé-
gio aplicou a ela uma penalidade de suspensão por três
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas
dias, na forma do regimento da instituição. em decorrência da identidade de vocábulos, vale a
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item que pena realçar que não há como confundir polícia-fun-
se segue, considerando os poderes da administração ção com polícia-corporação: aquela é a função estatal
pública e os princípios de direito administrativo. propriamente dita e deve ser interpretada sob o aspec-
O ato do diretor do colégio é exemplo de exercício do to material, indicando atividade administrativa; esta,
poder disciplinar pela administração pública. contudo, corresponde à ideia de órgão administrativo,
integrado nos sistemas de segurança pública e incum-
( ) CERTO ( ) ERRADO bido de prevenir os delitos e as condutas ofensivas à
ordem pública, razão por que deve ser vista sob o aspec-
Resposta: Certo. O poder disciplinar é aplicado a to subjetivo (ou formal). A polícia-corporação executa
quem tenha um vínculo com a Administração Pública, frequentemente funções de polícia administrativa, mas
não necessariamente servidor público. No caso acima, a polícia-função, ou seja, a atividade oriunda do poder
trata-se de escola pública e seus alunos matriculados de polícia, é exercida por outros órgãos administrativos
são sim vinculados à Administração. Sendo assim, além da corporação policial”12.
o diretor exerce sim poder disciplinar quando pune
uma aluna matriculada. Competência

Poder de polícia A competência para exercer o poder de polícia é,


a princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de
competência no âmbito do poder regulamentar. Se a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É o poder conferido à administração para limitar,


disciplinar, restringir e condicionar direitos e ativida- competência for concorrente, também o poder de polí-
des particulares para a preservação dos interesses da cia será exercido de forma concorrente.
coletividade. É ainda, fato gerador de tributo, notada-
mente, a taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser ge- Delegação e transferência
rador de tarifa que se caracteriza como preço público
O poder de polícia pode ser exercido de forma ori-
e não podendo ser cobrada sem o exercício efetivo do
ginária, pelo próprio órgão ao qual se confere a compe-
poder de polícia.
tência de atuação, ou de forma delegada, mediante lei
“A expressão poder de polícia comporta dois senti-
que transfira a mera prática de atos de natureza fiscali-
dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de
polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Es- 11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
tado em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
estrito, o poder de polícia se configura como atividade trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

8
zatória (poder de polícia seria de caráter executório, não outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida,
inovador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação ofi- devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é rele-
cial com entes públicos. vante para verificar, num caso concreto, se houve ou não
Obs.: A transferência de tarefas de operacionaliza- abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os
ção, no âmbito de simples constatação, não é conside- limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham
rada delegação do poder de polícia. Delegação ocorre sido ignorados: não haverá discricionariedade, então.
quando a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia são:
exemplo, uma empresa contratada para operar radares
- Necessidade – a medida de polícia só deve ser ado-
não recebeu delegação do poder de polícia, mas uma
tada para evitar ameaças reais ou prováveis de
guarda municipal instituída na forma de empresa públi-
perturbações ao interesse público;
ca com poder de aplicar multas recebeu tal delegação. - Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre
a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser
Polícia judiciária e polícia administrativa evitado;
- Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir
Uma das mais importantes classificações doutriná- o dano a interesse público. Para ser eficaz a Admi-
rias corresponde à distinção entre polícia administrativa nistração não precisa recorrer ao Poder Judiciário
e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: para executar as suas decisões, é o que se chama
“ambos se enquadram no âmbito da função administra- de autoexecutoriedade”16.
tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in- Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
da Administração que se exaure em si mesma, ou seja, trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
inicia e se completa no âmbito da função administrati- administrativo para imposição de multa de trânsito, são
va. O mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, necessárias as notificações da atuação e da aplicação da
embora seja atividade administrativa, prepara a atua- pena decorrentes da infração”.
ção da função jurisdicional penal, o que a faz regulada
pelo Código de Processo Penal (arts. 4º ss) e executa- Principais setores de atuação da polícia adminis-
da por órgãos de segurança (polícia civil ou militar), ao trativa
passo que a Polícia Administrativa o é por órgãos admi-
nistrativos de caráter mais fiscalizador. Outra diferença Considerando que todos os direitos individuais são
reside na circunstância de que a Polícia Administrativa limitados pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir
incide basicamente sobre atividades dos indivíduos, que o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais am-
enquanto a Polícia Judiciária preordena-se ao indiví- plo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária,
duo em si, ou seja, aquele a quem se atribui o come- polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de
timento de ilícito penal”13. Além disso, essencialmente, profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de construções, etc.
a Polícia Administrativa tem caráter preventivo (busca Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor-
evitar o dano social), enquanto que a Polícia Judiciária mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como
tem caráter repressivo (busca a punição daquele que decretos, regulamentos, portarias, instruções, resolu-
causou o dano social). ções, entre outros) e por atos concretos (voltados a um
indivíduo específico e isolado, que podem ser deter-
minações, como a multa, ou atos de consentimento,
Liberdades públicas e poder de polícia
como a concessão ou revogação de licença ou autoriza-
ção por alvará).
Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
individual seja relativo perante o interesse público, exis- #FicaDica
tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-
vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste Poder disciplinar – É aquele que a Administra-
sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos ção possui para punir seus próprios servidores,
do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberda- bem como aplicar sanções a particulares a ela
des públicas que são consagrados no texto constitucional. vinculados por ato ou contrato.
Para compreender a questão, interessante suscitar - Poder hierárquico – É aquele que a Adminis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou tração possui para ordenar, coordenar, contro-
vinculado. A doutrina de Meirelles14 e Carvalho Filho15 re- lar e revisar os atos de seus subordinados, po-
comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus dendo ainda avocar e delegar competências.
limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan- - Poder regulamentar – É aquele que a Admi-
do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer nistração possui para, por meio da chefia do
pesca num determinado rio), mas quando já existem os Executivo, de editar atos normativos gerais e
limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não abstratos.
se pode decidir por multar um pescador e não multar o - Poder de polícia – É aquele que a Administra-
13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
ção possui para limitar o exercício de direitos
trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. individuais em prol da coletividade.
14 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.
15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- 16 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/direito-adminis-
trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. trativo/conceito-de-direito-administrativo

9
EXERCÍCIOS COMENTADOS SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO E
PRINCÍPIOS
1. (EBSERH - Advogado - CESPE/2018) Julgue o se-
guinte item, a respeito dos poderes da administração
pública. Conceito de serviço público
A coercibilidade é um atributo que torna obrigatório o
ato praticado no exercício do poder de polícia, indepen- Serviço público é todo aquele prestado pela adminis-
dentemente da vontade do administrado. tração ou por particulares debaixo de regras de direito
público para a preservação dos interesses da coletivi-
( ) CERTO ( ) ERRADO dade. A titularidade da prestação de um serviço público
sempre será da Administração Pública, somente poden-
Resposta: Certo. A coercibilidade é o poder do Es- do ser transferido a um particular a execução do serviço
tado de fazer com que o administrado cumpra com
público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente
as obrigações, podendo, se necessário, fazer o uso da
pela Administração, independentemente de quem esteja
força, obrigando o particular a cumprir a vontade do
executando o serviço público. Qualquer contrato admi-
Estado.
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
2. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser
PE/2018) No que se refere aos poderes administrativos,
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras
julgue o item que se segue.
de direito público e com vistas a preservar o interesse
O poder de polícia consiste na atividade da administra-
público.
ção pública de limitar ou condicionar, por meio de atos
normativos ou concretos, a liberdade e a propriedade
dos indivíduos conforme o interesse público.
#FicaDica
Serviço público
( ) CERTO ( ) ERRADO – Pode ser prestado pelo Estado ou não;
– Contudo, a titularidade é da Administração;
Resposta: Certo. Conceitua-se poder de polícia como – Devem ter por foco a preservação do inte-
aquele conferido à administração para limitar, discipli- resse público;
nar, restringir e condicionar direitos e atividades parti- – O Estado pode delegar a prestação em ca-
sos determinados.
culares para a preservação dos interesses da coletivi-
dade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
taxa (artigo 145, II, CF).
Princípios aplicáveis
3. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que se a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e
refere às características do poder de polícia e ao regime modernização na prestação do serviço público;
jurídico dos agentes administrativos, julgue o item que b) Princípio da universalidade: significa que os servi-
se segue. ços devem ser estendidos a todos administrados;
As multas de trânsito, como expressão do exercício do c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação
poder de polícia, são dotadas de autoexecutoriedade. de discriminações entre os usuários;
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in-
( ) CERTO ( ) ERRADO terrupção;
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas
Resposta: Errado. A cobrança da multa, como sanção módicas aos usuários;
resultante do exercício do poder de polícia adminis- f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
trativa, não possui a característica da autoexecutorie- ser tratados com urbanidade;
dade. Significa que o poder público deverá inscrever g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a multa na dívida ativa e cobrá-la, se devido. Já a apli- público deve ser prestado de maneira satisfatória
cação/autuação da multa é dotada de autoexecutorie- ao usuário;
dade, assim, por exemplo, presenciando um policial a h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser pres-
ilicitude poderá autuá-la. tado de forma que coloque em risco a vida dos usu-
ários.

10
#FicaDica #FicaDica
Forma direta – próprio Estado;
Os usuários têm direito, nos termos do arti- Forma indireta – delegação por contrato:
go 7o, Lei nº 8.987/1995: Concessão;
– Receber serviço adequado; Permissão;
– Receber informações para defesa dos in- Autorização;
teresses individuais e coletivos; Forma indireta – delegação legal (empresas
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade públicas e sociedades de economia mista).
de escolha.

1. Serviços indelegáveis
Concessão, permissão, autorização e delegação;
Existem serviços próprios do Estado, que são aque-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, les que se relacionam intimamente com as atribuições
diretamente ou sob regime de concessão ou permis- do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
são, sempre através de licitação, a prestação de ser- públicas etc.) e para a execução dos quais a Administra-
viços públicos. ção usa da sua supremacia sobre os administrados, os
Parágrafo único. A lei disporá sobre: quais não podem ser delegados a particulares. Tais servi-
I - o regime das empresas concessionárias e permis- ços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de de baixa remuneração.
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con- Todos os serviços públicos que não são próprios do
dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con- Estado são delegáveis.
cessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários; 2. Descentralização: concessão e permissão (art.
III - política tarifária; 2º, Lei nº 8.987/95)
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres-
O referido artigo dispõe que a prestação dos serviços tação do serviço público feita pelo poder concedente,
públicos é de titularidade da Administração Pública, po- mediante licitação na modalidade concorrência, à pes-
dendo ser centralizada ou descentralizada. Sempre que soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem
a prestação do serviço público for descentralizada, por capacidade de desempenho por sua conta e risco, com
meio de concessão ou permissão, deverá ser precedida prazo determinado. Essa capacidade de desempenho é
de licitação. As duas figuras, concessão ou permissão, averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer
surgem como instrumentos que viabilizam a descentrali- prejuízo causado a terceiros, no caso de concessão, será
zação dos serviços públicos, atribuindo-os para terceiros, de responsabilidade do concessionário – que responde
são reguladas pela Lei nº 8.987/95. de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre atividade estatal desenvolvida, respondendo a Adminis-
da Administração Pública, que possui competência para tração Direta subsidiariamente. Trata-se de uma espécie
fixar as regras de execução do serviço e para fiscalizar o de contrato administrativo.
cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso Permissão de Serviço Público: é a delegação a título
de descumprimento. precário, mediante licitação feita pelo poder concedente
A Administração Pública pode decidir executar ela à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade
mesma um serviço público através de órgãos que inte- de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato
gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer
de uma pessoa que integre a sua Administração indireta momento.
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista e fundações públicas); além de poder resolver que 3. Responsabilidade civil
a execução do serviço público será transferida a particu-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lares, cabendo escolher quem deles reúne a melhor con- Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces-
dição por meio de licitação, isto é, permissão, concessão sionário/permissionário. Responde por danos causados
e autorização de serviço. ao poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se
Os particulares, no máximo, assumem a execução do privilegiar a atividade que causou o dano (serviço públi-
serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a co), independente da vítima ser ou não usuária do servi-
prestação pode ser centralizada quando a própria Admi- ço. Em regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo
nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada provar a culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de
quando a Administração Pública passa a execução para causalidade, do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à ex-
terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da ceção dos casos de omissão, em que a responsabilidade
Administração Direta. é subjetiva.

11
4. Subconcessão - serviços de utilidade pública – são os que a Admi-
nistração, reconhecendo a sua conveniência para
Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da a coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce
concessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes li- que sejam prestados por terceiros.
mites: autorização ou concordância do poder constituin-
te, previsão contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação b) Quanto aos destinatários:
de direitos e obrigações perante a Administração Públi- - serviços gerais ou uti universi – são aqueles que a
ca. A subconcessão pode ser parcial. Administração presta sem ter usuários determina-
dos para atender à coletividade no seu todo. Ex.:
5. Conceito de serviço público iluminação pública. São indivisíveis, isto é, não
mensuráveis. Daí por que devem ser mantidos por
Serviço público é todo aquele prestado pela adminis- tributo, e não por taxa ou tarifa.
tração ou por particulares debaixo de regras de direito - serviços individuais ou uti singuli – são os que pos-
público para a preservação dos interesses da coletivi- suem usuários determinados e utilização particular
dade. A titularidade da prestação de um serviço público e mensurável para cada destinatário. São remune-
sempre será da Administração Pública, somente poden- rados por taxa ou tarifa.
do ser transferido a um particular a execução do serviço
público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente
pela Administração, independentemente de quem esteja #FicaDica
executando o serviço público. Qualquer contrato admi-
Classificação:
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão.
– Quanto à essencialidade:
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser
Públicos propriamente ditos;
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras
de direito público e com vistas a preservar o interesse Serviços de utilidade pública.
público. – Quanto aos destinatários:
Gerais;
Individuais.
#FicaDica
Serviço público
– Pode ser prestado pelo Estado ou não; 8. Princípios aplicáveis
– Contudo, a titularidade é da Administração;
– Devem ter por foco a preservação do a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e
interesse público; modernização na prestação do serviço público;
– O Estado pode delegar a prestação em b) Princípio da universalidade: significa que os servi-
casos determinados. ços devem ser estendidos a todos administrados;
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação
de discriminações entre os usuários;
6. Caracteres jurídicos d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in-
terrupção;
Somente por regras de direito público é possível e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas
prestar serviços públicos. Para distinguir quais serviços módicas aos usuários;
são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
competência dispostas na Constituição Federal. Sempre ser tratados com urbanidade;
que não houver definição constitucional a respeito, de- g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço pú-
vem-se observar as regras que incidem sobre aqueles blico deve ser prestado de maneira satisfatória ao
serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade usuário;
se submete. Sendo regras de direito público, será servi- h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser
ço público; sendo regras de direito privado, será serviço prestado de forma que coloque em risco a vida
privado. dos usuários.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

7. Classificação 9. Continuidade da Prestação do Serviço Público

Meirelles17 apresenta a seguinte classificação dos ser- Entre as regras do regime jurídico público, destaca-se
viços públicos: o princípio da continuidade de sua prestação.
Num contrato administrativo, quando o particular
a) Quanto à essencialidade: descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é
- serviços públicos propriamente ditos – são aqueles a Administração, entretanto, que descumpre suas obri-
prestados diretamente pela Administração para a gações, o particular não pode rescindir o contrato, tendo
comunidade, por reconhecer a sua essencialidade em vista o princípio da continuidade da prestação.
e necessidade de grupo social. São privativos do Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar
Poder Público. à Administração Pública uma prerrogativa que não existe
para o particular, colocando-a em uma posição superior
17 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasilei-
em razão da supremacia do interesse público.
ro. São Paulo: Malheiros, 1993.

12
Quanto à continuidade da prestação do serviço públi- Ninguém fixa o valor inicial, é automático e pré-es-
co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previ- tabelecido na licitação. O poder público que autoriza o
são constitucional de que somente lei específica poderia aumento, mas o aumento não pode permitir que o valor
definir os termos e limites deste direito no setor público deixe de ser módico.
e afins, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a
lei geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve 12. Usuário do serviço público
total é inconstitucional, devendo-se manter serviços mí-
nimos à população. O art. 7.º estabelece um rol de seis situações que tratam
dos direitos e obrigações do usuário sem prejuízo dos pre-
vistos no Código de Defesa do Consumidor. É um rol exem-
#FicaDica plificativo, incluindo-se outros, como: direito do consumidor
Princípio da continuidade dos serviços públi- (artigo 5º, XXXII, CF); direito de obter dos órgãos públicos
cos: informações de interesse particular, coletivo ou geral (artigo
– Os serviços públicos não poderão ser inter- 5º, XXXIII, CF); mandado de segurança para proteger direito
rompidos; líquido e certo em caráter residual (artigo 5º, LXIX, CF).
– Devem ter a devida regularidade;
– Os funcionários não podem praticar greve #FicaDica
em serviços essenciais e imprescindíveis.
Os usuários têm direito, nos termos do artigo
7o, Lei nº 8.987/1995:
– Receber serviço adequado;
10. Prestação de serviço adequado
– Receber informações para defesa dos inte-
resses individuais e coletivos;
O serviço deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro,
– Obter e utilizar o serviço, com liberdade de
módico, atual e cortês. O princípio básico é o da con-
escolha.
tinuidade dos serviços públicos; entretanto, a prestação
poderá ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3º):
- em situação de emergência, como no caso de atos
13. Extinção
de vandalismo de terceiros;
- com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou
As causas de extinção estão descritas no artigo 35:
de segurança das instalações e em caso de inadim-
termo, que é o término do prazo descrito; encampação,
plemento do usuário (no caso de inadimplemen-
que é a extinção por razões de interesse público; cadu-
to, o usuário deve ser notificado, conferindo-se a cidade, que é a extinção por descumprimento de obri-
oportunidade de pagamento antes da interrupção, gações pelo concessionário; rescisão, que é a extinção
bem como de defesa, alegando que não deve, que durante a vigência pelo descumprimento das obrigações
deve menos ou que precisa parcelar). pelo poder público; anulação, que é a extinção por força
da configuração de ilegalidade; falência, que é a extinção
Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum por conta de falta de condições financeiras para conti-
do serviço. nuar arcando com as obrigações do contrato; e morte,
O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dis- que é o falecimento da parte contratada em contrato
põe que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, personalíssimo.
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer 14. Reassunção e reversão
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos”. Tem-se, então, um conflito entre Reassunção, que é a retomada da execução de um
a Lei n. 8.987/95 e o Código de Defesa do Consumidor serviço público pelo poder público uma vez extinta a
(Lei n. 8.078/90). Se fossem seguidas as regras de inter- concessão.
pretação, a Lei n. 8.987/95 prevaleceria sobre o Código Reversão, que é a transferência de bens utilizados du-
de Defesa do Consumidor por ser posterior e especial. Os rante a concessão para o patrimônio público a partir da
Tribunais, entretanto, entendem que se o serviço é essen- extinção da concessão.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então,


o disposto no art. 22 do Código de Defesa do Consumi- 15. Permissão e autorização
dor. Assim, os serviços essenciais não podem ser inter-
rompidos por inadimplemento. Serviços concedidos são aqueles que o particular exe-
cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados
11. Política tarifária por tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato.
Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi-
A tarifa surge como a principal fonte de arrecadação nistração estabelece os requisitos para a sua prestação
do concessionário/permissionário. É através dela que se ao público e, por ato unilateral (termo de permissão),
garante a margem de lucro. Tarifa não é tributo, se o fos- comete a execução aos particulares que demonstrarem
se, sobre ela incidiriam todos os princípios constitucio- capacidade para seu desempenho. A permissão é uni-
nais tributários, o que não ocorre. lateral, precária e discricionária. Serve para serviços de
utilidade pública.

13
Por fim temos os serviços autorizados que são aque- Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
les que o Poder Público, por ato unilateral, precário e edital de licitação, ato justificando a conveniência da
discricionário, consente na sua execução pelo particular outorga de concessão ou permissão, caracterizando
para atender a interesses coletivos instáveis ou a emer- seu objeto, área e prazo.
gência transitória.
Capítulo II
Lei nº 8.987, De 13 de fevereiro de 1995 Do serviço adequado

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a pres-
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da tação de serviço adequado ao pleno atendimento dos
Constituição Federal, e dá outras providências. usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- pertinentes e no respectivo contrato.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições
de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
Capítulo I atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
Das disposições preliminares modicidade das tarifas.
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das téc-
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras nicas, do equipamento e das instalações e a sua con-
públicas e as permissões de serviços públicos reger-se- servação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, § 3º Não se caracteriza como descontinuidade do ser-
por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas viço a sua interrupção em situação de emergência ou
cláusulas dos indispensáveis contratos. após prévio aviso, quando:
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Fede- I - motivada por razões de ordem técnica ou de segu-
ral e os Municípios promoverão a revisão e as adapta- rança das instalações; e,
ções necessárias de sua legislação às prescrições desta II - por inadimplemento do usuário, considerado o in-
Lei, buscando atender as peculiaridades das diversas teresse da coletividade.
modalidades dos seus serviços.
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: Capítulo III
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fe- Dos direitos e obrigações dos usuários
deral ou o Município, em cuja competência se encon-
tre o serviço público, precedido ou não da execução de Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de
obra pública, objeto de concessão ou permissão; 11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos
II - concessão de serviço público: a delegação de sua usuários:
prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici- I - receber serviço adequado;
tação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurí- II - receber do poder concedente e da concessionária
dica ou consórcio de empresas que demonstre capaci- informações para a defesa de interesses individuais ou
dade para seu desempenho, por sua conta e risco e por coletivos;
prazo determinado; III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de esco-
III - concessão de serviço público precedida da exe- lha entre vários prestadores de serviços, quando for o
cução de obra pública: a construção, total ou parcial, caso, observadas as normas do poder concedente.
conservação, reforma, ampliação ou melhoramen- IV - levar ao conhecimento do poder público e da con-
to de quaisquer obras de interesse público, delegada cessionária as irregularidades de que tenham conhe-
pelo poder concedente, mediante licitação, na moda- cimento, referentes ao serviço prestado;
lidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos
de empresas que demonstre capacidade para a sua praticados pela concessionária na prestação do serviço;
realização, por sua conta e risco, de forma que o inves- VI - contribuir para a permanência das boas condições dos
timento da concessionária seja remunerado e amorti- bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços.
zado mediante a exploração do serviço ou da obra por Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de
prazo determinado; direito público e privado, nos Estados e no Distrito Fe-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título deral, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao
precário, mediante licitação, da prestação de serviços usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física seis datas opcionais para escolherem os dias de venci-
ou jurídica que demonstre capacidade para seu de- mento de seus débitos.
sempenho, por sua conta e risco.
Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à Capítulo IV
fiscalização pelo poder concedente responsável pela Da política tarifária
delegação, com a cooperação dos usuários.
Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou Art. 8º (VETADO)
não da execução de obra pública, será formalizada Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fi-
mediante contrato, que deverá observar os termos xada pelo preço da proposta vencedora da licitação e
desta Lei, das normas pertinentes e do edital de lici- preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei,
tação. no edital e no contrato.

14
§ 1º A tarifa não será subordinada à legislação especí- VI - melhor proposta em razão da combinação dos
fica anterior e somente nos casos expressamente pre- critérios de maior oferta pela outorga da concessão
vistos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada com o de melhor técnica; ou
à existência de serviço público alternativo e gratuito VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
para o usuário. qualificação de propostas técnicas.
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos de revi- § 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será
são das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econô- admitida quando previamente estabelecida no edital
mico-financeiro. de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, para avaliação econômico-financeira.
alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encar- § 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV,
gos legais, após a apresentação da proposta, quando V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e
comprovado seu impacto, implicará a revisão da tari- exigências para formulação de propostas técnicas.
fa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 3º O poder concedente recusará propostas manifes-
§ 4º Em havendo alteração unilateral do contrato que tamente inexequíveis ou financeiramente incompatí-
afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o veis com os objetivos da licitação.
poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitan- § 4º Em igualdade de condições, será dada preferência
temente à alteração. à proposta apresentada por empresa brasileira.
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá
contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econô- caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilida-
mico-financeiro. de técnica ou econômica justificada no ato a que se
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada refere o art. 5º desta Lei.
serviço público, poderá o poder concedente prever, em Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta
favor da concessionária, no edital de licitação, a pos- que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou
sibilidade de outras fontes provenientes de receitas al- subsídios que não estejam previamente autorizados
ternativas, complementares, acessórias ou de projetos em lei e à disposição de todos os concorrentes.
associados, com ou sem exclusividade, com vistas a § 1º Considerar-se-á, também, desclassificada a pro-
favorecer a modicidade das tarifas, observado o dis- posta de entidade estatal alheia à esfera político-ad-
posto no art. 17 desta Lei. ministrativa do poder concedente que, para sua viabi-
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste lização, necessite de vantagens ou subsídios do poder
artigo serão obrigatoriamente consideradas para a público controlador da referida entidade.
aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do § 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que tra-
contrato. ta este artigo, qualquer tipo de tratamento tributário
Art. 12. (VETADO) diferenciado, ainda que em consequência da natureza
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função jurídica do licitante, que comprometa a isonomia fis-
das características técnicas e dos custos específicos cal que deve prevalecer entre todos os concorrentes.
provenientes do atendimento aos distintos segmentos Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder
de usuários. concedente, observados, no que couber, os critérios e
as normas gerais da legislação própria sobre licitações
Capítulo V e contratos e conterá, especialmente:
Da licitação I - o objeto, metas e prazo da concessão;
II - a descrição das condições necessárias à prestação
Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedi- adequada do serviço;
da ou não da execução de obra pública, será objeto III - os prazos para recebimento das propostas, julga-
de prévia licitação, nos termos da legislação própria mento da licitação e assinatura do contrato;
e com observância dos princípios da legalidade, mo- IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos,
ralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por aos interessados, os dados, estudos e projetos neces-
critérios objetivos e da vinculação ao instrumento sários à elaboração dos orçamentos e apresentação
convocatório. das propostas;
Art. 15. No julgamento da licitação será considerado V - os critérios e a relação dos documentos exigidos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um dos seguintes critérios: para a aferição da capacidade técnica, da idoneidade


I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser financeira e da regularidade jurídica e fiscal;
prestado; VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, com-
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder plementares ou acessórias, bem como as provenientes
concedente pela outorga da concessão; de projetos associados;
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da
nos incisos I, II e VII; concessionária em relação a alterações e expansões a
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edi- serem realizadas no futuro, para garantir a continui-
tal; dade da prestação do serviço;
V - melhor proposta em razão da combinação dos cri- VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa;
térios de menor valor da tarifa do serviço público a ser IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a
prestado com o de melhor técnica; serem utilizados no julgamento técnico e econômico-
-financeiro da proposta;

15
X - a indicação dos bens reversíveis; Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que
XI - as características dos bens reversíveis e as condi- previsto no edital, no interesse do serviço a ser conce-
ções em que estes serão postos à disposição, nos casos dido, determinar que o licitante vencedor, no caso de
em que houver sido extinta a concessão anterior; consórcio, se constitua em empresa antes da celebra-
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus ção do contrato.
das desapropriações necessárias à execução do serviço Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, pro-
ou da obra pública, ou para a instituição de servidão jetos, obras e despesas ou investimentos já efetuados,
administrativa; vinculados à concessão, de utilidade para a licitação,
XIII - as condições de liderança da empresa responsá- realizados pelo poder concedente ou com a sua au-
vel, na hipótese em que for permitida a participação torização, estarão à disposição dos interessados, de-
de empresas em consórcio; vendo o vencedor da licitação ressarcir os dispêndios
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo correspondentes, especificados no edital.
contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de
no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis; certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres
XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre- relativos à licitação ou às próprias concessões.
cedida da execução de obra pública, os dados relativos
à obra, dentre os quais os elementos do projeto básico Capítulo VI
que permitam sua plena caracterização, bem assim as Do contrato de concessão
garantias exigidas para essa parte específica do con-
trato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor da Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de con-
obra; cessão as relativas:
XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
adesão a ser firmado. II - ao modo, forma e condições de prestação do ser-
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da or- viço;
dem das fases de habilitação e julgamento, hipótese III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros
em que: definidores da qualidade do serviço;
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos
o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com
para o reajuste e a revisão das tarifas;
os documentos de habilitação do licitante mais bem
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder con-
classificado, para verificação do atendimento das con-
cedente e da concessionária, inclusive os relaciona-
dições fixadas no edital;
dos às previsíveis necessidades de futura alteração
II - verificado o atendimento das exigências do edital,
e expansão do serviço e consequente modernização,
o licitante será declarado vencedor;
aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão
instalações;
analisados os documentos habilitatórios do licitante
com a proposta classificada em segundo lugar, e as- VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção
sim sucessivamente, até que um licitante classificado e utilização do serviço;
atenda às condições fixadas no edital; VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equi-
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto pamentos, dos métodos e práticas de execução do ser-
será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e viço, bem como a indicação dos órgãos competentes
econômicas por ele ofertadas. para exercê-la;
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação VIII - às penalidades contratuais e administrativas a
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin- que se sujeita a concessionária e sua forma de apli-
tes normas: cação;
I - comprovação de compromisso, público ou particu- IX - aos casos de extinção da concessão;
lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas con- X - aos bens reversíveis;
sorciadas; XI - aos critérios para o cálculo e a forma de paga-
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio; mento das indenizações devidas à concessionária,
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos quando for o caso;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consor- XII - às condições para prorrogação do contrato;
ciada; XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da
IV - impedimento de participação de empresas con- prestação de contas da concessionária ao poder con-
sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais cedente;
de um consórcio ou isoladamente. XIV - à exigência da publicação de demonstrações fi-
§ 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover, nanceiras periódicas da concessionária; e
antes da celebração do contrato, a constituição e re- XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver-
gistro do consórcio, nos termos do compromisso refe- gências contratuais.
rido no inciso I deste artigo. Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de
§ 2º A empresa líder do consórcio é a responsável pe- serviço público precedido da execução de obra pública
rante o poder concedente pelo cumprimento do con- deverão, adicionalmente:
trato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade I - estipular os cronogramas físico-financeiros de exe-
solidária das demais consorciadas. cução das obras vinculadas à concessão; e

16
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela conces- § 2º A assunção do controle ou da administração tem-
sionária, das obrigações relativas às obras vinculadas porária autorizadas na forma do caput deste artigo
à concessão. não alterará as obrigações da concessionária e de seus
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o controladores para com terceiros, poder concedente e
emprego de mecanismos privados para resolução de usuários dos serviços públicos.
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, in- § 3º Configura-se o controle da concessionária, para
clusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em os fins dispostos no caput deste artigo, a propriedade
língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e
de setembro de 1996. garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da
Art. 24. (VETADO) Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do ser- § 4º Configura-se a administração temporária da
viço concedido, cabendo-lhe responder por todos os concessionária por seus financiadores e garantidores
prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários quando, sem a transferência da propriedade de ações
ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo ou quotas, forem outorgados os seguintes poderes:
órgão competente exclua ou atenue essa responsabi- I - indicar os membros do Conselho de Administração,
lidade. a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas,
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refe- nas sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de 15 de de-
re este artigo, a concessionária poderá contratar com zembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, pelos quotistas, nas demais sociedades;
acessórias ou complementares ao serviço concedido, II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem
bem como a implementação de projetos associados. eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores em
§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária e Assembleia Geral;
os terceiros a que se refere o parágrafo anterior re- III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta
ger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo submetida à votação dos acionistas ou quotistas da
qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder
concessionária, que representem, ou possam represen-
concedente.
tar, prejuízos aos fins previstos no caput deste artigo;
§ 3º A execução das atividades contratadas com ter-
IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins
ceiros pressupõe o cumprimento das normas regula-
previstos no caput deste artigo.
mentares da modalidade do serviço concedido.
§ 5º A administração temporária autorizada na forma
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previs-
deste artigo não acarretará responsabilidade aos fi-
tos no contrato de concessão, desde que expressamen-
nanciadores e garantidores em relação à tributação,
te autorizada pelo poder concedente.
encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos
§ 1º A outorga de subconcessão será sempre precedi-
da de concorrência. com terceiros, inclusive com o poder concedente ou
§ 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os direi- empregados.
tos e obrigações da subconcedente dentro dos limites § 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da
da subconcessão. administração temporária.
Art. 27. A transferência de concessão ou do contro- Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessio-
le societário da concessionária sem prévia anuência do nárias poderão oferecer em garantia os direitos emer-
poder concedente implicará a caducidade da concessão. gentes da concessão, até o limite que não comprome-
§ 1º Para fins de obtenção da anuência de que trata o ta a operacionalização e a continuidade da prestação
caput deste artigo, o pretendente deverá: do serviço.
I - atender às exigências de capacidade técnica, ido- Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de lon-
neidade financeira e regularidade jurídica e fiscal ne- go prazo, destinados a investimentos relacionados a
cessárias à assunção do serviço; e contratos de concessão, em qualquer de suas modali-
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do dades, as concessionárias poderão ceder ao mutuante,
contrato em vigor. em caráter fiduciário, parcela de seus créditos opera-
§ 2º (Revogado). cionais futuros, observadas as seguintes condições:
§ 3º (Revogado). I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º (Revogado). trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter


Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de eficácia perante terceiros;
concessão, o poder concedente autorizará a assunção II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste
do controle ou da administração temporária da con- artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em re-
cessionária por seus financiadores e garantidores com lação ao Poder Público concedente senão quando for
quem não mantenha vínculo societário direto, para este formalmente notificado;
promover sua reestruturação financeira e assegurar a III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo
continuidade da prestação dos serviços. serão constituídos sob a titularidade do mutuante, in-
§ 1º Na hipótese prevista no caput, o poder conceden- dependentemente de qualquer formalidade adicional;
te exigirá dos financiadores e dos garantidores que IV - o mutuante poderá indicar instituição financei-
atendam às exigências de regularidade jurídica e fis- ra para efetuar a cobrança e receber os pagamentos
cal, podendo alterar ou dispensar os demais requisitos dos créditos cedidos ou permitir que a concessionária
previstos no inciso I do parágrafo único do art. 27. o faça, na qualidade de representante e depositária;

17
V - na hipótese de ter sido indicada instituição finan- Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita
ceira, conforme previsto no inciso IV do caput deste por intermédio de órgão técnico do poder concedente
artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamen-
essa os créditos para cobrança; te, conforme previsto em norma regulamentar, por
VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser comissão composta de representantes do poder con-
depositados pela concessionária ou pela instituição cedente, da concessionária e dos usuários.
encarregada da cobrança em conta corrente bancária
vinculada ao contrato de mútuo; Capítulo VIII
VII - a instituição financeira depositária deverá trans- Dos encargos da concessionária
ferir os valores recebidos ao mutuante à medida que
as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exi- Art. 31. Incumbe à concessionária:
gíveis; e I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta
VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada II - manter em dia o inventário e o registro dos bens
a retenção do saldo após o adimplemento integral do vinculados à concessão;
contrato. III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce-
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão consi- dente e aos usuários, nos termos definidos no contrato;
derados contratos de longo prazo aqueles cujas obri- IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as
gações tenham prazo médio de vencimento superior a cláusulas contratuais da concessão;
5 (cinco) anos. V - permitir aos encarregados da fiscalização livre
acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamen-
Capítulo VII tos e às instalações integrantes do serviço, bem como
Dos encargos do poder concedente a seus registros contábeis;
VI - promover as desapropriações e constituir servi-
Art. 29. Incumbe ao poder concedente: dões autorizadas pelo poder concedente, conforme
I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar per- previsto no edital e no contrato;
manentemente a sua prestação; VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à
II - aplicar as penalidades regulamentares e contra- prestação do serviço, bem como segurá-los adequa-
tuais; damente; e
III - intervir na prestação do serviço, nos casos e con- VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne-
dições previstos em lei; cessários à prestação do serviço.
IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-
Lei e na forma prevista no contrato; -de-obra, feitas pela concessionária serão regidas pe-
V - homologar reajustes e proceder à revisão das ta- las disposições de direito privado e pela legislação tra-
rifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do
balhista, não se estabelecendo qualquer relação entre
contrato;
os terceiros contratados pela concessionária e o poder
VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula-
concedente.
mentares do serviço e as cláusulas contratuais da con-
cessão;
Capítulo IX
VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apu-
Da intervenção
rar e solucionar queixas e reclamações dos usuários,
que serão cientificados, em até trinta dias, das provi-
dências tomadas; Art. 32. O poder concedente poderá intervir na conces-
VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários são, com o fim de assegurar a adequação na prestação
à execução do serviço ou obra pública, promovendo do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
as desapropriações, diretamente ou mediante outorga contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
de poderes à concessionária, caso em que será desta a Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do po-
responsabilidade pelas indenizações cabíveis; der concedente, que conterá a designação do interventor,
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
fins de instituição de servidão administrativa, os bens Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

necessários à execução de serviço ou obra pública, deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimen-
promovendo-a diretamente ou mediante outorga de to administrativo para comprovar as causas determi-
poderes à concessionária, caso em que será desta a nantes da medida e apurar responsabilidades, assegu-
responsabilidade pelas indenizações cabíveis; rado o direito de ampla defesa.
X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, § 1º Se ficar comprovado que a intervenção não ob-
preservação do meio-ambiente e conservação; servou os pressupostos legais e regulamentares será
XI - incentivar a competitividade; e declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imedia-
XII - estimular a formação de associações de usuários tamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de
para defesa de interesses relativos ao serviço. seu direito à indenização.
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder conce- § 2º O procedimento administrativo a que se refere o
dente terá acesso aos dados relativos à administração, caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de
contabilidade, recursos técnicos, econômicos e finan- até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se in-
ceiros da concessionária. válida a intervenção.

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Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a IV - a concessionária perder as condições econômi-
concessão, a administração do serviço será devolvida cas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
à concessionária, precedida de prestação de contas prestação do serviço concedido;
pelo interventor, que responderá pelos atos praticados V - a concessionária não cumprir as penalidades im-
durante a sua gestão. postas por infrações, nos devidos prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do po-
Capítulo X der concedente no sentido de regularizar a prestação
Da extinção da concessão do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do po-
Art. 35. Extingue-se a concessão por: der concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,
I - advento do termo contratual; apresentar a documentação relativa a regularidade
II - encampação; fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da
III - caducidade; Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
IV - rescisão; § 2º A declaração da caducidade da concessão deverá
V - anulação; e ser precedida da verificação da inadimplência da con-
VI - falência ou extinção da empresa concessionária cessionária em processo administrativo, assegurado o
e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de direito de ampla defesa.
empresa individual. § 3º Não será instaurado processo administrativo de
§ 1º Extinta a concessão, retornam ao poder conce- inadimplência antes de comunicados à concessioná-
dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios ria, detalhadamente, os descumprimentos contratuais
transferidos ao concessionário conforme previsto no referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo
edital e estabelecido no contrato. para corrigir as falhas e transgressões apontadas e
§ 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção para o enquadramento, nos termos contratuais.
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos § 4º Instaurado o processo administrativo e compro-
levantamentos, avaliações e liquidações necessários. vada a inadimplência, a caducidade será declarada
§ 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das por decreto do poder concedente, independentemente
instalações e a utilização, pelo poder concedente, de de indenização prévia, calculada no decurso do pro-
todos os bens reversíveis. cesso.
§ 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste arti- § 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior,
go, o poder concedente, antecipando-se à extinção da será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contra-
concessão, procederá aos levantamentos e avaliações to, descontado o valor das multas contratuais e dos
necessários à determinação dos montantes da indeni- danos causados pela concessionária.
zação que será devida à concessionária, na forma dos § 6º Declarada a caducidade, não resultará para o
arts. 36 e 37 desta Lei. poder concedente qualquer espécie de responsabili-
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual dade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou
far-se-á com a indenização das parcelas dos inves- compromissos com terceiros ou com empregados da
timentos vinculados a bens reversíveis, ainda não concessionária.
amortizados ou depreciados, que tenham sido rea- Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido
lizados com o objetivo de garantir a continuidade e por iniciativa da concessionária, no caso de descum-
atualidade do serviço concedido. primento das normas contratuais pelo poder conce-
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do ser- dente, mediante ação judicial especialmente intenta-
viço pelo poder concedente durante o prazo da con- da para esse fim.
cessão, por motivo de interesse público, mediante lei Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste
autorizativa específica e após prévio pagamento da artigo, os serviços prestados pela concessionária não
indenização, na forma do artigo anterior. poderão ser interrompidos ou paralisados, até a deci-
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acar- são judicial transitada em julgado.
retará, a critério do poder concedente, a declaração de
caducidade da concessão ou a aplicação das sanções Capítulo XI
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do Das permissões
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.


§ 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada Art. 40. A permissão de serviço público será formali-
pelo poder concedente quando: zada mediante contrato de adesão, que observará os
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inade- termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do
quada ou deficiente, tendo por base as normas, crité- edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à
rios, indicadores e parâmetros definidores da qualida- revogabilidade unilateral do contrato pelo poder con-
de do serviço; cedente.
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto
ou disposições legais ou regulamentares concernentes nesta Lei.
à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de
caso fortuito ou força maior;

19
Capítulo XII ção de ativos imobilizados definidos pelas legislações
Disposições finais e transitórias fiscal e das sociedades por ações, efetuada por em-
presa de auditoria independente escolhida de comum
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, acordo pelas partes.
permissão e autorização para o serviço de radiodifu- § 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de
são sonora e de sons e imagens. eventual indenização será realizado, mediante garan-
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas tia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais
anteriormente à entrada em vigor desta Lei conside- e sucessivas, da parte ainda não amortizada de in-
ram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no vestimentos e de outras indenizações relacionadas à
ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta prestação dos serviços, realizados com capital próprio
Lei. do concessionário ou de seu controlador, ou originá-
§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato rios de operações de financiamento, ou obtidos me-
de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou diante emissão de ações, debêntures e outros títulos
entidade do poder concedente, ou delegado a tercei- mobiliários, com a primeira parcela paga até o último
ros, mediante novo contrato. dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a rever-
§ 2º As concessões em caráter precário, as que estive- são.
rem com prazo vencido e as que estiverem em vigor § 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que
por prazo indeterminado, inclusive por força de legis- trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas de
lação anterior, permanecerão válidas pelo prazo ne- novo contrato que venha a disciplinar a prestação do
cessário à realização dos levantamentos e avaliações serviço.
indispensáveis à organização das licitações que pre- Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de servi-
cederão a outorga das concessões que as substituirão, ços públicos outorgadas sem licitação na vigência da
prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro) Constituição de 1988.
meses. Parágrafo único. Ficam também extintas todas as
§ 3º As concessões a que se refere o § 2º deste arti- concessões outorgadas sem licitação anteriormente à
go, inclusive as que não possuam instrumento que as Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não te-
formalize ou que possuam cláusula que preveja pror- nham sido iniciados ou que se encontrem paralisados
rogação, terão validade máxima até o dia 31 de de- quando da entrada em vigor desta Lei.
zembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se
2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as encontrem atrasadas, na data da publicação desta Lei,
seguintes condições: apresentarão ao poder concedente, dentro de cento e
I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos oitenta dias, plano efetivo de conclusão das obras.
elementos físicos constituintes da infra-estrutura de Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente
bens reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e o plano a que se refere este artigo ou se este plano não
comerciais relativos à prestação dos serviços, em di- oferecer condições efetivas para o término da obra, o
mensão necessária e suficiente para a realização do poder concedente poderá declarar extinta a conces-
cálculo de eventual indenização relativa aos investi- são, relativa a essa obra.
mentos ainda não amortizados pelas receitas emer- Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44
gentes da concessão, observadas as disposições legais desta Lei, o poder concedente indenizará as obras e
e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou serviços realizados somente no caso e com os recursos
a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da da nova licitação.
publicação desta Lei; Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste
II - celebração de acordo entre o poder concedente e artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para
o concessionário sobre os critérios e a forma de in- fins de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou
denização de eventuais créditos remanescentes de in- atrasadas, de modo a permitir a utilização do crité-
vestimentos ainda não amortizados ou depreciados, rio de julgamento estabelecido no inciso III do art. 15
apurados a partir dos levantamentos referidos no inci- desta Lei.
so I deste parágrafo e auditados por instituição espe- Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
cializada escolhida de comum acordo pelas partes; e cação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.


III - publicação na imprensa oficial de ato formal de Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Indepen-
autoridade do poder concedente, autorizando a pres- dência e 107º da República.
tação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis)
meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, me- 6. Intervenção do Estado no domínio econômico:
diante comprovação do cumprimento do disposto nos
incisos I e II deste parágrafo. A Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande
§ 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do inovação, ao estabelecer claramente quais atividades
§ 3º deste artigo, o cálculo da indenização de inves- estariam dentro do campo de atuação do Estado, ca-
timentos será feito com base nos critérios previstos racterizando-se como “serviços públicos”, e qual seria o
no instrumento de concessão antes celebrado ou, na domínio das atividades econômicas, de competência da
omissão deste, por avaliação de seu valor econômico livre iniciativa. Na medida em que o ordenamento define
ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortiza- uma tarefa como serviço público, retirando-a do domínio

20
econômico, seu exercício passa a ser vedado à livre iniciativa dos particulares, salvo se o Estado delegar a prestação do
serviço por meio de delegações, concessões, permissões ou autorizações.
Entende-se por domínio econômico o conjunto de atividades constitucionalmente reservadas à iniciativa privada.
Não se confunde com ordem econômica, que é o complexo de princípios e normas jurídicas que disciplinam as ativi-
dades econômicas.
Para melhor compreender como o Estado pode influenciar a iniciativa privada no domínio econômico, imprescindí-
vel é conhecer os princípios e normas gerais da ordem econômica, que se encontram dispostas no art. 170 da CF/1988:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de au-
torização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Pela leitura do dispositivo constitucional, percebe-se que a ordem econômica rege-se pelas normas de direito
privado, mais especificamente pelas regras de Direito Civil e Direito Empresarial, em respeito às liberdades individuais
garantida a todos os cidadãos. Todavia, essas liberdades também podem sofrer restrições, principalmente se acabarem
partindo de encontro contra aspectos sociais, ou contra interesses difusos, como a proteção ao meio ambiente, aos
direitos do consumidor, a função social da propriedade, etc. O Estado brasileiro não é uma figura ausente e passiva,
devendo agir e intervir na medida em que o exercício descontrolado da atividade econômica possa causar danos irre-
paráveis contra a sociedade.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES FORMAIS MODERNAS: TIPOS


DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, NATUREZA, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE
DEPARTAMENTALIZAÇÃO. PROCESSO ORGANIZACIONAL: PLANEJAMENTO, DIREÇÃO,
COMUNICAÇÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO

Organizações são instituições, sejam elas de personalidade jurídica ou física, privada ou pública, onde, pessoas que
compartilham de objetivos em comum, conseguem, através da execução de diversos procedimentos, embasados em
processos decisórios, atingir um resultado dentro da proposta que originou a criação dessa organização.
São vários os modelos de organização, porém, independente do modelo que possua, todas elas possuem três dife-
rentes níveis de gestão, conforme veremos na figura a seguir, conforme nos ensina Idalberto Chiavenato.

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

21
1.Habilidades gerenciais

Como já sabemos, a organização existe em função de um objetivo e, para que esse objetivo seja desenvolvido de fato,
precisamos nos ater à questão dos níveis de hierarquia e às competências e habilidades gerencias, de que forma isso é
representado na teoria, na prática e no comportamento individual de cada profissional envolvido na administração.

Para compreender a habilidade ideal para cada situação a dividimos em três classes:

1.1. Níveis Hierárquicos

Conforme a figura acima nos mostra, existem basicamente três níveis hierárquicos dentro de uma organização, que
são divididos em:

Essa divisão precisa ser o mais clara e definida possível dentro da organização, de forma que cada um tenha pleno
conhecimento do seu papel e responsabilidade, desenvolvendo suas competências de forma eficaz e alinhada.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

22
Com base nos três níveis acima citados, veremos a seguir um quadro demonstrativo descritivo e relacional desses
níveis.

NÍVEIS
CARACTERÍSTICAS
ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL
 Unidade,
Abrangência  Instituição  Setor, Equipe
Departamento
 Presidência,  Diretoria,  Coordenação, Líder
Área
Alto Comitê Gerência Técnico
 Experiência,
Perfil  Visão, Liderança  Técnica, Iniciativa
Eficácia
Horizonte  Longo Prazo  Médio Prazo  Curto Prazo
Foco  Destino  Caminho  Passos
 Planos de ação,
Diretrizes  Visão, Objetivo  Processos, atividades
projetos
 Abrangente,  Amplo, mas
Conteúdo  Específico, Analítico
Genérico sintético
 Determinar,  Projetar,  Executar, manter,
Ações
Definir, orientar Gerenciar Controlar, analisar
 Painel de
Software  Planilha  Aplicações específicas
Controle
Fonte: Marcio D’Ávila

1.1.1. As Principais Habilidades Gerenciais são:

• Planejamento e Organização: O Gerente deverá possuir a capacidade de planejar e organizar suas próprias ativi-
dades e as do seu grupo, estabelecendo metas mensuráveis e cumprindo-as com eficácia.
• Julgamento: O Gerente deverá ter a capacidade de chegar a conclusões lógicas com base nas evidências dispo-
níveis.
• Comunicação Oral: Um Gerente deve saber se expressar verbalmente com bons resultados em situações indivi-
duais e grupais, apresentando suas ideias e fatos de forma clara e convincente.
• Comunicação Escrita: É a capacidade gerencial de saber expressar suas ideias clara e objetivamente por escrito.
• Persuasão: O Gerente deve possuir a capacidade de organizar e apresentar suas ideias de modo a induzir seus
ouvintes a aceitá-las.
• Percepção Auditiva: O Gerente deve ser capaz de captar informações relevantes, a partir das comunicações orais
de seus colaboradores e superiores.
• Motivação: Importância do trabalho na satisfação pessoal e desejo de realização no trabalho.
• Impacto: É a capacidade de o Gerente criar boa impressão, captar atenção e respeito, adquirir confiança e con-
seguir reconhecimento pessoal.
• Energia: É a capacidade gerencial de atingir um alto nível de atividade (Garra).
• Liderança: É a capacidade do Gerente em levar o grupo a aceitar ideias e a trabalhar atingindo um objetivo es-
pecífico.

Para alguns autores, podemos resumir as habilidades necessárias para o desenvolvimento eficiente e eficaz na ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ministração em:

1. Conhecimento – Estar a par das informações necessárias para poder desempenhar com eficácia as suas funções.

2. Habilidade – Estas podem ser divididas em:

• Técnicas (Funções especializadas)


• Administrativas (compreender os objetivos organizacionais)
• Conceituais (compreender a totalidade)
• Humanas (Relações Humanas), Políticas (Negociação).

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3. Atitude e Comportamento – Sair do imaginário De acordo com Chiavenato a estrutura garante a to-
e colocar em prática, fazer acontecer. Maneira de talidade de um sistema e permite sua integridade, assim
agir, ponto de referência para a compreensão da são as organizações, diversos órgãos agrupados hierar-
realidade. quicamente, os sistemas de responsabilidade, sistemas
de autoridade e os sistemas de comunicações são com-
1.2. As três dimensões da competência ponentes estruturais.

As competências são formadas por três dimensões: Existem vários modelos de organização e, essas, vá-
atitude, conhecimento e habilidade. Cada dimensão é rios níveis de influência, podendo esses níveis ser estra-
independente, mas ambas estão interligadas. Ele afirma tégicos ou táticos, sendo ambos deveramente importan-
ainda que o desenvolvimento das competências está na tes para a manutenção do controle organizacional.
aprendizagem individual e coletiva. (Tommas Durand) As Organizações formais possuem uma estrutura
hierárquica com suas regras e seus padrões, onde, atra-
Atitude (Querer Fazer) vés de seus organogramas, apresentam uma estrutura
Ter atitude e ações é fazer acontecer. São competên- definida e dimensionada, facilitando a autonomia inter-
cias que permitem as pessoas interpretarem e julgarem a na, agilizando o processo de desenvolvimento de pro-
realidade e a si próprias. Na área gerencial veja algumas dutos e serviços. Elas apresentam cinco características
atitudes que se destacam: básicas, a saber: divisão do trabalho, especialização,
• » Saber ouvir; hierarquia, amplitude administrativa e racionalismo
• » Auto motivação; da organização formal. Para atender a essas caracterís-
• » Auto controle; ticas que mudam de acordo com as organizações, a or-
• » Dar e receber feedback; ganização formal pode ser estruturada por meio de três
• » Resolução de problemas; tipos: linear, funcional e linha-staff, de acordo com os
• » Determinação; autores clássicos e neoclássicos”.
• » Proatividade; As organizações fazem uso do organograma que me-
• » Honestidade e ética nos negócios, etc. lhor representa sua realidade e, dentro de qualquer or-
ganograma, considerar as diversidades de informações é
Conhecimento (Saber Fazer) muito importante, é preciso estar atento para sua relevân-
O conhecimento é essencial para a realização dos cia na tomada de decisões. É necessário avaliar a qualidade
processos da organização. De acordo com o nível de da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há
conhecimento de um gerente, existe o essencial, aque-
que se definir qual informação e como ela vai ser mantida
le que todo profissional deve saber, como dominar os
no sistema, deve haver um estudo no organograma da em-
procedimentos, conceitos, informações necessários ao
presa verificando assim quais os dados e quais os campos
funcionamento da empresa. E, aquele mais específico,
vão ser necessários para essa implantação.  Cada empresa
em que é necessário analisar os indivíduos e o contexto
tem suas características e suas necessidades, e o sistema de
de trabalho.
informação se adéqua a organização e aos seus propósitos.
Outro aspecto relevante na estrutura organizacional
Habilidades (Saber como Fazer)
são as pessoas, tanto que, ao analisar a teoria das neces-
Quando utilizamos o conhecimento da melhor for-
sidades de Maslow, observamos que as pessoas são su-
ma, ele se torna uma habilidade. O conceito de habi-
jeitos presentes em todos os níveis; conforme demons-
lidade é variado. De acordo com alguns autores, para trado na teoria, em primeiro na base da pirâmide vem às
que um administrador possa conquistar uma posição de necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono, sexo,
destaque, bem como saber administrar, defini-se a exis- depois ele nomeia segurança como o segundo item mais
tência das seguintes habilidades: importante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo
» Técnicas - funções especializadas e ligadas ao traba- depois necessidades afetivo sociais, como pertencer a
lho operacional; um grupo, ter amigos, família; necessidades de status e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

» Conceituais - compreender a totalidade, ou seja, ter estima, aqui podemos dar como exemplo a necessidade
visão da empresa como um todo; das pessoas em ter reconhecimento, por seu trabalho por
» Humanas - cultivar bons relacionamentos, sendo seu empenho, no topo Maslow colocou as necessidades
um líder eficaz e eficiente. de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se
aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
1.2 Estrutura organizacional O raciocínio de Viktor Frankl “vontade de sentido”  tam-
bém é  coerente, ele nos atenta para o fato de que nem
Falar em estrutura organizacional é falar da forma sempre a pirâmide de Maslow ocorre em todas as escalas
como as atividades e os recursos (de todos os tipos) se- de uma forma sequencial, de acordo com ele, o que nos
rão organizados para atingir o objetivo da organização, move é aquilo que faz com que nossa vida tenha senti-
ou seja, a forma como serão alocados os recursos finan- do, nossas necessidades aparecem de forma aleatória, são
ceiros, materiais, humanos e todos os demais, dentro da nossas motivações que nos levam a agir. Os colaboradores
divisão de tarefas, departamentos e cargos. são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam

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mais tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim um funcionário trabalhando em uma determinada tarefa,
pode sentir autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as escalas da piramide. Mas o que é realização para
um, não é realização para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza algo que desejou intensamente, logo
cobiçara outras coisas.
Posto isto, concluímos que o comportamento das pessoas nas organizações afetam diretamente na imagem, no
sucesso ou insucesso da mesma, o comportamento dos colaboradores refletem seu desempenho.
Outro elemento presente na estrutura organizacional é o líder.
Esses são importantes no processo de sobrevivência no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de
exercer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo grupo.
Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir conquistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar
objetivos pessoais e organizacionais.
A definição de como será a relação entre as linhas diretivas e a equipe pode causar impactos nos resultados obtidos
pela organização, por exemplo, no processo de centralização a tomada de decisões é unilateral, deixando os colabora-
dores travados, sem poder de opinião, enquanto no processo de descentralização existe maior estimulo por parte dos
funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da empresa.
Como vimos, a estrutura organizacional é uma composição de vários elementos e aspectos que, ao serem colocados
em prática, pode proporcionar um processo mais adequado de administração, através de resultados como vemos abaixo:
- Clareza na identificação de tarefas
- Melhor gestão do tempo e de recursos
- Alinhamento entre objetivos e desempenho
- Melhor clima organizacional

Benefícios de uma estrutura adequada.


- Identificação das tarefas necessárias;
- Organização das funções e responsabilidades;
- Informações, recursos, e feedback aos empregados;
- Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;
- Condições motivadoras.

1.3 Estrutura formal e informal

Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e informal.

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1.3.1. Elaboração da estrutura organizacional


- Não é estática.
- É representada graficamente pelo organograma.
- É dinâmica.
- Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos institucionais.
- (Delinear = Criar, aprimorar).
- Deve ser planejada.

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O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos:
- Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser desempenhadas.
- Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou
grupos.
- Proporcionar aos empregados de todos os níveis:
- Informação.
- Recursos para o trabalho
- Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e metas
- Motivação

1.3.2. Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura organizacional.

1.3.3. Componentes da estrutura organizacional


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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1.3.4. Condicionantes da estrutura organizacional

Destacamos ainda, sobre a implantação da estrutura organizacional, que três aspectos devem ser considerados,
quais sejam:
- A mudança na estrutura organizacional.
- O processo de implantação; e
- As resistências que podem ocorrer.

Para atender as características do mundo moderno, as tendências organizacionais atuais se caracterizam por: 
- Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierárquicos).
- Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe está sendo substituída pelo relacionamento horizontal em
direção ao cliente).
- Maior responsabilidade e autonomia às pessoas.
- Ênfase nas equipes de trabalho.
- Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e autossuficientes, com metas e resultados a alcançar.
- Info-estrutura (permite uma organização integrada sem necessariamente estar concentrada em um único local).
- Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas do que com o comportamento variado das pessoas.
- Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e terceirização visando reorientar a organização para aquilo
que ela foi criada).
- As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra para serem fornecedoras de conhecimentos capazes de
agregar valor ao negócio.

1.4 Tipos de organização

Podemos classificar organizações em tradicionais e contemporâneas e veremos abaixo os principais modelos.


Dentre as Estruturas Tradicionais temos as Organizações Linear, Funcional e Linha Staff conforme veremos abaixo.

ORGANIZAÇÃO LINEAR: A denominação “linear” indica que entre o superior e os subordinados existem linhas
diretas e únicas de autoridade e de responsabilidade NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL: nesse tipo de organização aplica-se o princípio funcional ou princípio da especiali-
zação das funções para cada tarefa.
Princípio funcional separa, distingue e especializa: é o germe do staff

ORGANIZAÇÃO LINHA-STAFF: resulta da combinação dos tipos linear e funcional, objetivando equilibrar o melhor
dos dois e corrigir desvantagens apresentadas por eles.
É hoje o tipo organizacional mais adotado.
Na organização linha-staff temos dois órgãos distintos: órgão de execução (linha) e órgão de apoio (staff).

Principais Funções do Staff


- Serviços: atividades especializadas como: compras, pessoal, pesquisa, informática, propaganda, contabilidade, etc.
- Consultoria e assessoria: assistência jurídica, organização e métodos etc.
- Monitoramento: acompanhar e avaliar determinada atividade ou processo.
- Planejamento e controle: planejamento e controle orçamentário, controle de qualidade etc.
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Já no conceito de Estruturas Contemporâneas temos as estruturas matriciais e as estruturas com base em projetos.

ESTRUTURA COM BASE EM PROJETOS - advém de desenvolvimento de projeto com um grupo de atividades com
tempo de duração pré-definido e profissional contratados especificamente para cada projeto.
Utilizado quando:
- Existem muitas pessoas/organizações interdependentes;
- Planos sujeitos a mudanças;
- Dificuldade de prognósticos;

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- Exigência do cliente e
- Estrutura organizacional rígida.
- Para montar uma estrutura com base em projetos, a empresa precisa:
- Definir as funções do projeto;
- Montar a estrutura organizacional (organograma do projeto);
- Definir as atribuições das funções (responsabilidades e autoridades) e
- Alocar pessoal.

ORGANIZAÇÃO MATRICIAL: tipo de estrutura mista, indicada para organizações que desenvolvem projetos mas
que também adotam as estruturas divisional, funcional, staff entre outras, fazendo uso de diversas tecnologias.

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1.5 Tipos de departamentalização

Departamentalização: Trata-se da divisão do trabalho por especialização dentro da estrutura organizacional da


empresa.
É o agrupamento de acordo com um critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondente recur-
sos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades organizacionais.
A forma de departamentalizar deve corresponder à configuração que a organização pretende trabalhar, podendo
esta adotar mais de uma forma de departamentalização.

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1.5.1. Departamentalização por funções

1.5.2. Departamentalização por produto


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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1.5.3. Departamentalização territorial

Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessidades singulares de sua área, mas exige coordenação e
controle da administração de cúpula em cada região.

1.5.4. Departamentalização por cliente

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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1.5.5. Departamentalização por processo ou equipamento

1.5.6. Departamentalização por projeto

1.5.7. Departamentalização de matriz


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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1.5.8. Departamentalização mista Veremos agora como se dá a organização adminis-
trativa no âmbito da União e, na sequencia, as formas de
É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve realizar a função administrativa.
ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade orga-
nizacional. ADM DIRETA: composta de órgãos públicos desper-
sonalizados
A melhor forma de departamentalizar ADM INDIRETA: composta de entidades jurídicas
dotadas de personalidade jurídica própria.
Para evitar problemas na hora de decidir como depar-
tamentalizar, pode-se seguir certos princípios: a) Administração Direta
- Princípio do maior uso – o departamento que faz A Administração Pública, não é propriamente cons-
maior uso de uma atividade deve tê-la sob sua ju- tituída de serviços, mas, sim, de órgãos a serviço
risdição. do Estado, na gestão de bens e interesses qualifi-
- Principio do maior interesse – o departamento que cados da comunidade, o que nos permite concluir
tem maior interesse pela atividade deve supervi- que no âmbito federal, a Administração direta é
siona-la. o conjunto dos órgãos integrados na estrutura
- Principio da separação e do controle – As atividades administrativa da União.
do controle devem estar separadas das atividades
controladas. Administração Direta possui poderes políticos e
- Principio da supressão da concorrência – Eliminar a administrativos, eis que é responsável pela formula-
concorrência entre departamentos, agrupando ati- ção de políticas públicas.
vidades correlatas no mesmo departamento. a.1) Órgãos Públicos.
Órgãos Públicos são centros de competência instituí-
Outro critério básico para departamentalização está dos para o desempenho de funções estatais atra-
baseado na diferenciação e na integração, são: vés de seus agentes, cuja atuação é imputada à
pessoa jurídica a que pertencem.
Diferenciação, cujo princípio estabelece que as ati-
Características dos Órgãos:
vidades diferentes devem ficar em departamentos sepa-
• não tem personalidade jurídica;
rados.
• expressa a vontade da entidade a que pertence
A diferenciação ocorre quando:
(União, Estado, Município);
• é meio instrumento de ação destas pessoas ju-
O fator humano é diferente
rídicas;
A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes
Os ambientes externos são diferentes, • dotado de competência, que é distribuída por seus
Os objetivos e as estratégias são diferentes. cargos.

Integração – Quanto mais atividades trabalham in- a.2) Administração Direta Federal
tegradas, maior razão para ficarem no mesmo departa- A Administração direta Federal é dirigida por um ór-
mento. gão independente, supremo e unipessoal, que é a
O Fator de integração é: Necessidade de coordenação. Presidência da República, e por órgãos autônomos
também, unipessoais, que são os Ministérios, aos
1.6 - Organização administrativa: quais se subordinam ou se vinculam os demais ór-
gãos e entidades descentralizadas.
A compreensão da administração pública se faz em
dois aspectos: a.3) Administração Direta Estadual
A Administração direta Estadual acha-se estruturada
Sentido subjetivo: inclui as atividades destinadas à em simetria com a Administração Federal, atenta
satisfação do interesse público (exceto as legislativas e ao mandamento constitucional de observância aos
judiciais): serviços públicos, poder de polícia, fomento e princípios estabelecidos na mesma, pelos Estados-
intervenção direta na economia -membros, e às normas complementares, relativa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Sentido Objetivo: conjunto de unidades administra- mente ao atendimento dos princípios fundamen-
tivas, dotadas ou não de personalidade jurídica que têm tais adotados pela Reforma Administrativa.
por finalidade executar as atividades acima referidas.
a.4) Administração Direta Municipal
O Estado, para realizar a sua função administrati- A administração direta municipal é dirigida pelo
va, pode organizar-se administrativamente da forma e Prefeito, que, unipessoalmente, comanda,
modo que melhor lhe aprouver, sujeito apenas às limita- supervisiona e coordena os serviços de peculiar
ções e princípios constitucionais. interesse do Município, auxiliado por Secretários
municipais, sendo permitida, ainda, a criação
No Brasil, a organização administrativa se dá através de autarquias e entidades estatais visando à
da Administração Direta e da Administração Indireta, po- descentralização administrativa.
dendo realizar sua função de forma centralizada, descen-
tralizada, concentrada ou desconcentrada.

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a.5) Administração Direta do Distrito Federal. b.1.1) Autarquias
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências Entidades autárquicas são pessoas jurídicas de Direi-
legislativas reservadas aos Estados e Municípios; to Público, de natureza meramente administrati-
entretanto, não é nenhum nem outro, constituindo va, criadas por lei específica, para a realização de
uma entidade estatal anômala, ainda que, se as- atividades, obras ou serviços descentralizados da
semelhe mais ao Estado, pois tem Poderes Legis- entidade estatal que as criou (desempenham ati-
lativo, Judiciário e Executivo próprios. Pode ainda, vidade típica da entidade estatal que a criou).
organizar seu sistema de ensino, instituir o regime As autarquias são criadas para desempenharem ativi-
jurídico único e planos de carreira de seus servido- dades típicas da administração pública e não ativi-
res, arrecadar seus tributos e realizar os serviços dades econômicas. O nosso direito positivo limitou
públicos de sua competência. o seu desempenho desde o Decreto-Lei 200.
Funcionam e operam na forma estabelecida na lei
b) Administração Indireta instituidora e nos termos de seu regulamento. As
A Administração indireta é o conjunto de entes autarquias podem desempenhar atividades eco-
(personalizados) que, vinculados a um Ministério, nômicas, educacionais, previdenciárias e quaisquer
prestam serviços públicos ou de interesse público. outras outorgadas pela entidade estatal-matriz,
A Administração Indireta, via de regra, possui, so- mas sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas
mente, poderes administrativos, eis que não lhe cabe, em ao controle finalístico de sua administração e da
tese, formular políticas públicas. O Banco Central é uma conduta de seus dirigentes.
exceção a essa regra.
b.1.2) Fundações Públicas
FIQUE ATENTO! São pessoas jurídicas de direito público, com caracte-
rísticas patrimoniais, criadas mediante autorização
A expressão “Administração Indireta”, que legal para desenvolver atividades que não sejam,
doutrinariamente deveria coincidir com obrigatoriamente, típicas do Estado.
“Administração Descentralizada”, dela se
afasta parcialmente. Por isto, ficaram fora da Características:
categorização como Administração indireta - Equiparam-se às autarquias;
os casos em que a atividade administrativa - Têm persona lida de jurídica de direito público;
é prestada por particulares, “concessioná- - Base patrimonial.
rios de serviços públicos”, ou por “delega-
dos de função ou ofício público”. O posicionamento das Fundações Públicas sempre
foi variado. Hoje, com o advento da CF/88, foi encerrada
Em síntese, a administração federal compreende: essa dubiedade de posicionamento quando determina
I – a administração direta, que se constitui dos servi- que a Fundação Pública é submetida ao regime da ad-
ços integrados na estrutura administrativa da Pre- ministração indireta.
sidência da República e dos Ministérios; As Fundações Públicas foram equiparadas às Autar-
II – a administração indireta, que compreende as se- quias. Possuem personalidade jurídica de direito público.
guintes categorias de entidades, dotadas de per- Hoje, não mais existe justificativa para se manter a
sonalidade jurídica própria: diferença entre as Fundações e as Autarquias.
a) autarquias;
b) fundações públicas; b.1.3) Agências Reguladoras
c) agências reguladoras; São autarquias especiais, assim consideradas por se-
d) agências executivas; rem destinadas a realizar regulação e fiscalização
e) empresas públicas; e sobre as atividades das concessionárias de serviços
f) sociedades de economia mista. públicos. Ex: ANATEL, ANEEL, ANA, etc.

Todas as entidades da administração indireta estão b.1.4) Agências Executivas


sujeitas: São pessoas jurídicas de direito público, galgadas a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- à necessidade da lei, para a sua criação; essa qualificação por apresentarem um planejamen-
aos princípios da administração pública; to estratégico para melhora na prestação de serviços
- à exigência de concurso público para admissão do públicos e no emprego de recursos públicos.
seu pessoal; e
- à licitação para suas contratações. Firmam com o Estado um contrato de gestão, pelo qual
- A autarquia se comprometem a atingir metas pré-estabelecidas. Caso
- As Empresas Públicas, as Sociedades de economia não as atinja, podem vir a perder a qualificação conseguida.
mista e as Fundações As Agências Executivas são autarquias que vão de-
- Subsidiárias das referidas entidades sempenhar atividades de execução na administração
pública, desfrutando de autonomia decorrente de con-
São todas criadas através de Lei. trato de gestão. É necessário um decreto do Presidente
da República, reconhecendo a autarquia como Agência
b.1) Pessoas Jurídicas de Direito Público Executiva. Ex.: INMETRO.

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b.2) Pessoas Jurídicas de direito privado criadas pelo Estado
b.2.1) Empresas Públicas
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas por lei específica, com capital exclusivamente
público, para realizar atividades de interesse da Administração instituidora nos moldes da iniciativa particular,
podendo revestir qualquer forma e organização empresarial. Ex: ECT, CEF, CAESB, etc.

O que caracteriza a empresa pública é seu capital exclusivamente público, de uma só ou de várias entidades, mas sem-
pre capital público. Sua personalidade é de Direito Privado e suas atividades se regem pelos preceitos comerciais. É uma
empresa, mas uma empresa estatal por excelência, constituída, organizada e controlada pelo Poder Público.
Difere da autarquia e da fundação pública por ser de personalidade privada e não ostentar qualquer parcela de
poder público; distingue-se da sociedade de economia mista por não admitir a participação do capital particular.
Qualquer das entidades políticas pode criar empresa pública, desde que o faça por lei específica (CF, art. 37, IX); a empresa pública
pode ter forma societária econômica convencional ou especial; tanto é apta para realizar atividade econômica como qualquer outra
da competência da entidade estatal instituidora; quando explorar atividade econômica, deverá operar sob as normas aplicáveis às
empresas privadas, sem privilégios estatais; em qualquer hipótese, o regime de seu pessoal é o da legislação do trabalho.
O patrimônio da empresa pública, embora público por origem, pode ser utilizado, onerado ou alienado na forma re-
gulamentar ou estatutária, independentemente de autorização legislativa especial, porque tal autorização está implícita
na lei instituidora da entidade. Daí decorre que todo o seu patrimônio bens e rendas - serve para garantir empréstimos
e obrigações resultantes de suas atividades, sujeitando-se a execução pelos débitos da empresa, no mesmo plano dos
negócios da iniciativa privada, pois, sem essa igualdade obrigacional e executiva, seus contratos e títulos de crédito
não teriam aceitação e liquidez na área empresarial, nem cumpririam o preceito igualizador do § 1º do art. 173 da CF.

b.2.1) Sociedades de Economia Mista


As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado, com participação do Poder Público e
de particulares no seu capital e na sua administração, para a realização de atividade econômica ou serviço de
interesse coletivo outorgado ou delegado pelo Estado. EX: BB, PETROBRÁS, etc.
O objeto da sociedade de economia mista tanto pode ser um serviço público ou de utilidade pública como uma
atividade econômica empresarial.
A forma usual de sociedade de economia mista tem sido a anônima, obrigatória para a União mas não para as de-
mais entidades estatais.
Na extinção da sociedade, seu patrimônio, por ser público, reincorpora-se no da entidade estatal que a instituíra.
A sociedade de economia mista não está sujeita a falência, mas seus bens são penhoráveis e executáveis e a enti-
dade pública que a instituiu responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.

b.2.2) Fundações de Direito Privado criadas pelo Estado


São pessoas jurídicas governamentais de direito privado, sem fins lucrativos, com características patrimoniais, des-
tinadas, não obrigatoriamente a desenvolver atividades ti picas do Estado. Ex: Fundação Getúlio Vargas; IBGE.

Vejamos agora as formas de realização da função administrativa: “descentralização”, “centralização”, “concentração”


e “desconcentração

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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Analisemos: Ambas representam formas de distribuição de competências, porém, com aspectos distintos:

Processo administrativo

Como vimos acima, a Administração é o ato de administrar ou gerenciar negócios,  pessoas ou recursos, com o
objetivo de alcançar metas definidas.
A gestão de uma empresa ou organização se faz de forma que as atividades sejam administradas com planejamen-
to, organização, direção, e controle.
Segundo alguns autores (Montana e Charnov) o ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras
pessoas na busca de realizar objetivos da organização bem como de seus membros.
O processo administrativo apresenta-se como uma sucessão de atos, juridicamente ordenados, destinados todos à
obtenção de um resultado final. O procedimento é, pois, composto de um conjunto de atos, interligados e progressiva-
mente ordenados em vista da produção desse resultado.
O devido processo legal simboliza a obediência às normas processuais estipuladas em lei; é uma garantia constitu-
cional concedida a todos os administrados, assegurando um julgamento justo e igualitário, assegurando a expedição
de atos administrativos devidamente motivados bem como a aplicação de sanções em que se tenha oferecido a diale-
ticidade necessária para caracterização da justiça. Decisões proferidas pelos tribunais já tem demonstrado essa posição
no sistema brasileiro, qual seja, de defesa das garantias constitucionais processuais no sentido de conceder ao cidadão
a efetividade de seus direitos.

Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos cidadãos inúmeros direitos se não garantisse a eficácia destes.
Nesse desiderato, o princípio do devido processo legal ou, também, princípio do processo justo, garante a regularidade
do processo, a forma pela qual o processo deverá tramitar, a forma pela qual deverão ser praticados os atos processuais
e administrativos.
Cabe ressaltar que o princípio do devido processo legal resguarda as partes de atos arbitrários das autoridades
jurisdicionais e executivas.
O processo é composto de fases e atos processuais rigorosamente seguidos, viabilizando as partes a efetividade do
processo, não somente em seu aspecto jurídico-procedimental, mas também em seu escopo social, ético e econômico,
assegurando o cumprimento dos princípios constitucionais processuais, somente aí, ter-se-á a efetivação de um Estado
Democrático de Direito.
Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do público, mediante processo justo, e mediante a segurança
dos trâmites legais do processo.

Funções da administração: planejamento, organização, direção e controle

A administração assim como suas funções sofreram constantes mudanças, muito visíveis no último século. Com a
chegada de novas tecnologias, novas formas de produção, vendas, logística e mudanças na parte contábil e financeira
as teorias assim como a prática precisaram adaptar-se a uma nova realidade administrativa.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Das funções da administração de Henri Fayol (precursor dessa teoria), podemos encontrar as seguintes que são
demonstradas como PO3C: A primeira delas é:
Planejar, isso significa que você terá que criar planos para o futuro de sua organização. Nesse momento começa-
mos a programar o que estava no planejamento com o objetivo, claro, de colocar em prática o que está no papel, e é
durante esse passo da programação que vemos a estrutura organizacional, a situação da empresa e das pessoas que
compõe ela.
A segunda função da administração é Organizar. Afinal, qual o sentido de ser uma pessoa organizada? é aquela
que sabe onde, fisicamente, se encontra o que é necessário no momento certo, que transforma o ambiente/local de
trabalho dela em um ambiente de fácil entendimento para qualquer um encontrar o que precisa? Também, mas no
sentido que Fayol define é que as empresas são feitas de pessoas e estrutura física, essa função administrativa utiliza
da parte material e social da empresa.

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A terceira função é Comandar. Essa função serve para orientar a organização, dirigir também. Se a empresa está
rumo a um caminho e encontra obstáculos, caberá ao administrador dirigir, se for preciso, ou orientar a organização
para traçar o objetivo, às vezes é preciso intervir e tomar as rédeas da organização e orientá-la e dirigi-la.
A quarta função é Coordenar. Sem dúvidas, essa é uma função primordial para motivar as pessoas que estão em um
ambiente de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto ao que tem relação em se esforçarem com o objetivo
de cumprirem metas e, de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador da empresa.
E por último, a quinta função administrativa é Controlar. Uma organização sem normas e regras, certamente, terá
menos desempenho que uma. Segundo Fayol, essas cinco funções administrativas conduzem a uma administração
eficaz das atividades da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Comando e Coordenação formaram
uma só função, a de Direção. Então as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar).
Em síntese, dentro do modelo atual temos:

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Fonte e texto adaptado de: www.al.sp.gov.br/www.escoladegoverno.pr.gov.br/Fernando Coelho/ Carlos Alberto


Bonezzi/Luci Léia De Oliveira Pedraça/ Paulo Roberto Motta/Carlos Ramos

1. Planejamento Estratégico

O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente permite associá-lo desde a um curso de ação bas-
tante preciso até ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão de ser da empresa.

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A estratégia pode ser considerada um instrumento: o Um bom planejamento estratégico deve, em seu iní-
planejamento estratégico. Essa parte do planejamento es- cio, incluir a definição do referencial estratégico da or-
tratégico corresponderia aos caminhos selecionados para ganização. Este referencial é o grande guia das organi-
serem trilhados primeiro pela identificação dos pontos for- zações, são as diretrizes que norteiam a sua atuação e o
tes e fracos da organização, e das empresas e oportunidades seu posicionamento frente ao mercado. Representam o
diagnosticadas em seu ambiente de atuação. Da porta para planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são
fora, o planejamento cumpriria a função de orientar as ações as bases para que a organização possua uma estratégia
da organização para que ela possa buscar oportunidades e a sólida e sustentável.
própria sobrevivência.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de
reflexão, aprendizagem, elaboração, pensamento e inter- futuro e os valores organizacionais.
venção, além de processos não racionais e simbólicos,
construídos a partir da “vivência” cotidiana da organiza- - Missão: pode ser entendida como o papel que a
ção em seus embates internos e com o ambiente. empresa terá perante a sociedade, enfim, quais são
os benefícios que a sua atividade produtiva - seja
2. Planejamento Estratégico - Conceitos, métodos ela industrial, comercial ou prestação de serviços -
e técnicas trará para a coletividade ou, pelo menos, aos seus
clientes. Missão é, portanto, a função social da ati-
O planejamento estratégico poderia ser definido vidade da empresa dentro de um contexto global.
como um processo de gestão que apresenta, de maneira Vejamos quatro exemplos de missão organizacional:
integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais, Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração
a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua tributária e o controle aduaneiro, com justiça fiscal e res-
missão, sua orientação, seus objetivos, suas metas, seus peito ao cidadão, em benefício da sociedade”.
programas e as estratégias a serem utilizadas para as-
segurar sua implementação. É a identificação de fatores MPOG – “Promover o planejamento participativo e a
competitivos de mercado e potencial interno, para atin- melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sus-
gir metas e planos de ação que resultem em vantagem tentável e socialmente includente do País”.
competitiva, com base na análise sistemática de mudan- TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recur-
ças ambientais previstas para um determinado período. sos públicos, em benefício da sociedade”.
Portanto, o planejamento estratégico não deve ser con- Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas ati-
siderado apenas como uma afirmação das aspirações de vidades de indústria de óleo, gás e energia, nos mercados
uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços
para transformar essas aspirações em realidade. Quan- de qualidade, respeitando o meio ambiente, consideran-
do se considera a metodologia para o desenvolvimento do os interesses dos seus acionistas e contribuindo para
do planejamento estratégico nas empresas, têm-se duas o desenvolvimento do país”.
possibilidades, que se definem:
• em termos da empresa como um todo, “aonde se - Negócio: É o ramo de atuação da organização, de-
quer chegar e depois se estabelece “como a em- limita o campo em que ela estará desenvolvendo
presa está para se chegar à situação desejada”; ou suas atividades. Está muito ligado ao tipo de pro-
• em termos da empresa como um todo “como se duto ou serviço que a organização oferece e nem
está” e depois se estabelece “aonde se quer che- sempre é tão óbvio. Por exemplo, o negócio da Co-
gar”. Pode-se considerar uma terceira possibilidade penhagen não é chocolates e sim presentes finos.
que é definir “aonde se quer chegar” juntamente Para exemplificar com uma organização pública, o
com “como se está para chegar lá”. Cada uma des- negócio do TCU é o “controle externo da adminis-
sas possibilidades tem a sua principal vantagem. tração pública e da gestão dos recursos públicos
No primeiro caso, é a possibilidade de maior criati- federais”.
vidade no processo pela não existência de grandes
restrições. A segunda possibilidade apresenta a - Visão de futuro: É considerada como os limites
grande vantagem de colocar o executivo com o pé que os principais responsáveis pela empresa conseguem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no chão quando inicia o processo de planejamento enxergar dentro de um período de tempo mais longo e
estratégico. uma abordagem mais ampla. Representa o que a empre-
sa quer ser em um futuro próximo ou distante
O planejamento estratégico é o processo por meio do
qual a estratégia organizacional será explicitada. A visão deve ser:
Podemos identificar, como características do planeja- • Compartilhada e apoiada por todos na organiza-
mento estratégico: ção
- É responsabilidade da cúpula da organização; • Abrangente e detalhada
- Envolve a organização como um todo; • Positiva e inovadora
- Planejamento de longo prazo; • Desafiadora mas viável
- Outros níveis do planejamento (tático e operacional) • Transmitir uma promessa de novos tempos
serão desdobrados dele. • Agregar um aspecto emocional

38
Exemplos de visão: Esses negócios identificados no horizonte, uma vez
Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em considerados viáveis e interessantes para a empresa,
administração tributária e aduaneira, referência nacional passam a ser denominados propósitos da empresa.
e internacional”.
TCU: “Ser instituição de excelência no controle e con- Os objetivos correspondem à explicitação dos seto-
tribuir para o aperfeiçoamento da administração pública”. res de atuação dentro da missão que a empresa já atua
ou está analisando a possibilidade de entrada no setor,
- Valores: Representam o conjunto dos princípios, ainda que esteja numa situação de possibilidade reduzi-
crenças e questões éticas fundamentais de uma da. As empresas precisam de objetivos estratégicos e ob-
empresa, bem como fornecem sustentação a todas jetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se
as suas principais decisões. à competitividade da empresa e as perspectivas de longo
Influencia na qualidade do desenvolvimento e opera- prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se
cionalização do planejamento estratégico. com medidas como o crescimento das receitas, retorno
Os valores da empresa devem ter forte interação com sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de cai-
as questões éticas e morais da empresa xa e retorno dos acionistas.

2.2. Elaborar uma estratégia para atingir os obje-


#FicaDica tivos.
Por mais simples que pareçam estes concei- Estabelecer estratégia significa definir de que maneira
tos, comumente são cobrados de forma que pode se atingir os objetivos de desempenho da empre-
gerem dúvidas, portanto, é muito importan- sa. A estratégia é concebida como uma combinação de
te que consiga identificar não só o concei- ações planejadas e reações adaptáveis para a indústria
to, mas como diferenciá-lo em uma situação em desenvolvimento e eventos competitivos. Raramente
prática. a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alte-
A empresa bem-sucedida tem uma visão do rada. Há necessidade de adaptação de acordo com as
que pretende, e esta visão trabalhada em variáveis do mercado, necessidades e preferências do
consonância com seus valores, tendo como consumidor, manobras estratégias de empresas concor-
base em seu modelo de gestão a missão que rentes.
fornece à empresa o seu impulso e sua di-
reção. 2.3. Analisar fatores externos da empresa

• considerações políticas, legais de cidadania da co-


2.1. Desenvolver a visão estratégica e a missão do munidade;
negócio. • atratividade da indústria, mudanças da indústria e
condições competitivas;
- Através da visão é possível identificar quais são as • oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de
expectativas e os desejos dos acionistas, conselhei- fazer com que a estratégia de uma empresa seja
ros e elementos da alta administração da empresa, socialmente responsável, significa conduzir as
tendo em vista que esses aspectos proporcionam atividades organizacionais eticamente e no inte-
o grande delineamento do planejamento estraté- resse público geral, responder positivamente às
gico a ser desenvolvido e implementado. A gerên- prioridades e expectativas sociais emergentes, de-
cia deve definir: “quem são”, “o que fazem” e “para monstrar boa vontade de executar as ações antes
onde estão direcionados”, estabelecendo um curso que ocorra um confronto legal, equilibrar os in-
para a organização. teresses dos acionistas com os interesses da so-
A visão pode ser considerada como os limites que os ciedade como um todo e comportar-se como um
principais responsáveis pela empresa conseguem enxer- bom cidadão na comunidade. A estratégia de uma
gar dentro de um período de tempo mais longo e uma empresa deve fazer uma combinação perfeita da
abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do con- indústria com as condições competitivas e ainda
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

senso e do bom senso de um grupo de líderes e não da precisa ser direcionada para conquistar oportuni-
vontade de uma pessoa. dades de crescimento. Do mesmo modo a estra-
A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto tégia deve ser equipada para proporcionar defesa
procura-se determinar qual o negócio da empresa, por do bem-estar da empresa e do seu desempenho
que ela existe, ou ainda em que tipos de atividades a futuro contra ameaças externas.
empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui se procura
responder à pergunta básica: “Aonde se quer chegar com 2.4. Analisar fatores internos da empresa
a empresa?” “Na realidade, a missão da empresa repre-
senta um horizonte no qual a empresa decide atuar e • pontos fortes e pontos fracos da empresa e capaci-
vai realmente entrar em cada um dos negócios que apa- dades competitivas;
recem neste horizonte, desde que seja viável sobre os • ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios
vários aspectos considerados”. éticos dos executivos;

39
• valores compartilhados e cultura da empresa. A es- a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da vi-
tratégia deve ser muito bem combinada com os são, a análise externa, análise interna e análise dos
pontos fortes, os pontos fracos e com as capaci- concorrentes;
dades competitivas da empresa, ou seja, deve ser b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a defini-
baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar ção da razão de ser da empresa e as consequências
aquilo que ela não faz bem. Os pontos fortes bá- de tal definição;
sicos de uma organização constituem uma impor- c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitati-
tante consideração estratégia pelas habilidades e vos: instrumentos prescritivos são aqueles que irão
capacidades que fornecem para aproveitar deter- dizer como a organização deve atuar para alcançar
minada oportunidade, aonde podem proporcionar os objetivos definidos. Instrumentos quantitativos,
vantagem competitiva para a empresa no merca- basicamente, são aqueles ligados ao planejamento
do e potencialidade que tem para se tornar a base orçamentário;
da estratégia. As ambições, valores, filosofias de d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em
negócio, atitudes perante o risco e crenças éticas que se avalia se o que está sendo feito correspon-
dos gerentes têm influências importantes sobre a de ao que foi planejado
estratégia e são impregnadas nas estratégias que .
eles elaboram. Os valores gerenciais também mo- 3. Modelo ou matriz de Ansoff
delam a qualidade ética da estratégia de uma em-
presa, quando os gerentes têm fortes convicções
éticas, exigem que sua empresa observe um estrito
código de ética em todos os aspectos do negócio,
como por exemplo, falar mal dos produtos rivais.
As políticas, práticas, tradições e crenças filosóficas
da organização são combinadas para estabelecer
uma cultura distinta. Em alguns casos as crenças e
cultura da empresa chegam a dominar a escolha
das mudanças estratégicas.

O planejamento estratégico deve estar alinhado a


este referencial.

Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo


analisar alguns dos apontamentos sobre essas etapas
Temos dois componentes principais no modelo: Mer-
conforme seus autores.
cados e Produtos. Cada um deles pode ser classificado
quando a existentes e novos, gerando quatro estratégias
Segundo Maximiano, o planejamento estratégico com-
empresariais possíveis:
preende quatro etapas principais:
Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em
explorar produtos tradicionais em um mercado tradicio-
A) Análise da situação estratégica presente. Esta eta-
nal.
pa busca compreender a situação atual da empre-
Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de ex-
sa, e as decisões que foram tomadas e levaram a plorar um mercado novo com produtos tradicionais. Por
tal posição. Deve considerar o referencial estraté- exemplo: uma operadora de cartões de crédito que lança
gico, os produtos e mercados atuais ou potenciais o produto para um público específico, como os torcedo-
da organização, as vantagens competitivas (ele- res de um time”.
mentos capazes de diferenciar a organização de Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer
outras no mercado), o desempenho atual e o uso produtos novos a mercados tradicionais.
de recursos. Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximia- consiste em explorar novos produtos em novos merca-
no, esta etapa abrange apenas o ambiente externo. dos. Por exemplo, uma empresa de produção de alimen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

C) Análise interna. É a análise do ambiente interno. tos que lança um refrigerante está adotando uma estra-
D) Elaboração do plano estratégico. tégia de diversificação.

A análise de ambiente corresponde à avaliação de Segundo classificação de Porter temos no Planejamen-


variáveis do ambiente interno (pontos fortes e pontos to estratégico, 3 grupos:
fracos) e variáveis do ambiente externo (oportunidades
e ameaças) relevantes para a organização. As variáveis - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma
do ambiente interno normalmente são controláveis, en- forte identidade própria para o serviço ou produto,
quanto as variáveis do ambiente externo estão fora da que o torne nitidamente distinto dos produtos e
governabilidade da organização. serviços dos concorrentes. Isso significa enfatizar
uma ou mais vantagens competitivas, como qua-
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégi- lidade, serviço, prestígio para o consumidor, estilo
co apresenta estas etapas: do produto ou aspecto das instalações.

40
- Liderança de custo: consiste em oferecer produtos 5. Planejamento Tático
ou serviços mais baratos do que os concorrentes.
- Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste Planejamento é a primeira das funções administrati-
em escolher um segmento do mercado e concen- vas, e está relacionada com tudo aquilo que a organiza-
trar-se nele. Por exemplo, produtores de alimentos ção pretende fazer, executar, alcançar.
orgânicos oferecem um alimento mais caro, mas Podemos considerar o planejamento como “o ato de
concentrado em um nicho específico de clientes. determinar as metas da organização e os meios para al-
cançá-las”.
4. Planejamento Estratégico Situacional (PES)
Na prática temos três tipos de planejamentos:
O PES foi sintetizado pelo economista chileno Car-
los Matus, para pensar a arte de governar. Este méto-
do “pressupõe constante adaptação do planejamento a
cada situação concreta onde é aplicado”. Além disso, o
PES leva em consideração, em suas formulações teóricas,
as interferências dos campos político, econômico e social
nos planos de governo.
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar
significa pensar antes de agir, pensar sistematicamen-
te, com método; explicar cada uma das possibilidades e
analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; pro-
por-se objetivos”.
Outro ponto importante deste conteúdo são os mo-
mentos do PES:
• Momento explicativo: compreende-se a realidade,
identificando-se os problemas que os atores sociais
declaram. Abandona o conceito de setor, utilizado no
planejamento tradicional, e passa a trabalhar com o
conceito de problemas. “Na explicação da realidade
temos que admitir e processar informação relativa a
outras explicações de outros atores sobre os mesmos Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de mé-
problemas, isto é, a abordagem deve ser sempre si- dio prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afe-
tuacional, posicionada no contexto”. tam somente uma parte da empresa.
• Momento normativo: como se formula o plano. Tem como eixo central otimizar determinadas áreas
Produzir as respostas de ação em um contexto de de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto,
incerteza. Definir a situação ideal. “O central neste trabalha com decomposição dos objetivos e políticas es-
modelo de planejamento é discutir a eficácia de tabelecidas no planejamento estratégico.
cada ação e qual a situação objetivo que sua re- O planejamento tático é desenvolvido em níveis or-
alização objetiva, cada projeto e isso só pode ser ganizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível ge-
feito relacionando os resultados desejados com os rencial ou departamental, tendo como principal finalida-
recursos necessários e os produtos de cada ação” de a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a
• Momento estratégico: examinar a viabilidade po- consecução de objetivos previamente fixados, segundo
lítica do plano e do processo de construção de uma estratégia predeterminada, bem como as políticas
viabilidade política das operações não viáveis na orientadoras para o processo decisório organizacional.
situação inicial. Adequa o “deve ser” ao “pode ser”. Características Principais:
Busca desenhar as melhores estratégias para viabi- - Processo permanente e contínuo;
lizar a máxima eficácia do plano. - Aproxima o estratégico do operacional;
• Momento tático-operacional: o momento do fazer. - Aproxima os aspectos incertos da realidade;
“Neste momento é importante debater o sistema - É executado pelos níveis intermediários da organi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de gestão da organização e até que ponto ele está zação;


pronto para sustentar o plano e executar as estra- - Pode ser considerado uma forma de alocação de
tégias propostas”. recursos;
- Tem alcance mais limitado do que o planejamento
Os principais pressupostos teóricos do método PES estratégico, ou seja, é de médio prazo;
são resumidos em quatro perguntas, segundo Matus, - Produz planos mais bem direcionados às atividades
que apontam as diferenças entre o PES e os demais mé- organizacionais.
todos de planejamento estratégico:
1) como explicar a realidade?
2) como conceber um plano?
3) como tornar viável o plano necessário?
4) como agir a cada dia de forma planejada?

41
Questões essenciais:

- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

6. Desenvolvimento de planejamentos táticos

6.1. Planejamento Operacional

Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desenvolvimento e implantações estabelecidas.


Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e
devem conter com detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos
a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua
execução e implantação.

42
2. (STJ – 2018 - CESPE) Com relação a características
das organizações formais modernas; tipos de estrutura
organizacional; natureza, finalidades e critérios de depar-
tamentalização, julgue o próximo item.
A estrutura organizacional é a configuração vertical e ho-
rizontal de tarefas, autoridade e cargos, e sua representa-
ção é feita por meio da departamentalização.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Errado” As Organizações formais possuem


uma estrutura hierárquica com suas regras e seus pa-
drões, onde, através de seus ORGANOGRAMAS, apre-
sentam uma estrutura definida e dimensionada.
A departamentalização não é representação e sim um
aspecto da estrutura horizontal.
Ciclo básico dos três tipos de planejamento
3. (STJ – 2018 - CESPE) Com relação a características
das organizações formais modernas; tipos de estrutura
organizacional; natureza, finalidades e critérios de depar-
tamentalização, julgue o próximo item.
#FicaDica A estrutura matricial prejudica a coordenação porque di-
ficulta a comunicação e diminui a flexibilidade.
O planejamento estratégico é o ponto de
partida da organização e tem como fun- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção antecipar o que a organização de-
verá fazer e quais objetivos deverão ser Resposta: “Errado” Como vimos em nosso conteúdo,
atingidos, enquanto quem formaliza as a estrutura matricial apresenta como vantagem : “De-
metodologias de desenvolvimento é o senvolvimentos de um forte e coeso trabalho de equipe
planejamento tático e quem executa é o e metas de projetos”, o que só é possível se existir um
operacional. canal de comunicação positivo e eficiente.

4. (TRT/7ª Região/ CE – 2017 - CESPE) Ao transferir,


Fonte e textos adaptados de: www periodicos.unifor- por contrato, a execução de atividade administrativa para
mg.edu.b/Jussara Maria Silva Rodrigues Oliveira/Denise uma pessoa jurídica de direito privado, a União se utiliza
Grzybovski/Ricardo de Souza Sette/Jaime Crozatti/Carlos do instituto da
Xavier
a) desconcentração.
b) outorga.
c) descentralização.
EXERCÍCIOS COMENTADOS d) concentração.

1. (TCE/PB – 2018 - CESPE) Entre as características das Resposta: “Letra C” Alternativa A – ERRADO – a des-
organizações formais modernas destacam-se a concentração ocorre âmbito interno de cada entidade
(política ou administrativa), porém por mais de um ór-
a) resistência às mudanças, o individualismo e a relação gão público, que divide competências.
de antagonismo. Alternativa B – ERRADO – a outorga transfere titulari-
b) flexibilidade nas atribuições e responsabilidades, o ra- dade, porem, o exercício se refere à transferência de
cionalismo e a amplitude administrativa. execução da atividade apenas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) relação de coesão, a especialização e a colaboração Alternativa C – CORRETO


espontânea. Alternativa D – ERRADO – na concentração a função
d) divisão do trabalho, a especialização e as regras im- administrativa é exercida no âmbito interno de cada
plícitas. entidade (política ou administrativa), por apenas um
e) hierarquia, o racionalismo e a especialização. órgão público, sem qualquer divisão.

Resposta: “Letra E” Como visto em nosso conteúdo,


as organizações formais (organizações clássicas ou ne-
oclássicas), apresentam cinco características básicas,
quais sejam: divisão do trabalho, especialização, hierar-
quia, amplitude administrativa e racionalismo.

43
legislação deve permitir que ela exista, para que o Poder
Executivo regulamente suas funções mediante a expedi-
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA:
ção de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa forma,
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, está condicionada ao seu registro em cartório.
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO São pessoas jurídicas de Direito Público membros da
Administração Indireta: as autarquias, as fundações pú-
blicas, agências reguladoras e associações públicas. São
pessoas jurídicas de Direito Privado: as empresas públi-
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO cas, as sociedades de economia mista, as fundações go-
vernamentais com estrutura de pessoa jurídica de Direito
Estudar a organização administrativa é matéria im-
Privado, as subsidiárias, e os consórcios públicos de Di-
portantíssima que pode cair em diversas provas com o
reito Privado.
intuito de forçar o candidato a cair em uma “pegadinha”.
Por isso, é imprescindível saber as diferentes entidades
que integram a Administração Pública como um todo. O
1. Autarquias
Decreto-Lei nº 200/1967 é a legislação que dispõe sobre
a organização administrativa, além de estabelecer diretri-
As autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público
zes para a Reforma Administrativa.
interno, criadas por legislação própria, que tem por esco-
A Administração, para executar suas funções e expe-
po exercer as funções típicas da Administração Pública.
dir seus atos, dispõe de duas técnicas distintas: a descon-
Seu conceito também encontra-se disposto no art. 5º, I,
centração, e a descentralização.
do Dec-Lei nº 200/1967:
Há centralização quando o exercício das compe-
tências administrativas é realizado por uma única pes-
Para os fins desta lei, considera-se: I - Autarquia - o
soa jurídica, como ocorre quando a União, os Estados,
serviço autônomo, criado por lei, com personalidade
Municípios e o Distrito Federal agem para exercer suas
jurídica, patrimônio e receita próprios, para execu-
respectivas funções. A descentralização, por sua vez, é
tar atividades típicas da Administração Pública, que
a técnica em que a Administração Pública atribui suas
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão
competências a pessoas jurídicas autônomas, criadas
administrativa e financeira descentralizada.
por ela própria para esse fim. É considerada um princípio
fundamental da própria Administração, nos termos do
1.1 Características principais das autarquias
art. 6º, III, do Dec-Lei nº 200/1967.
Na descentralização, costuma-se utilizar com bastan-
Pelo conceito legal, podemos destacar algumas ca-
te frequência o termo entidade. Nos termos do art. 1º, §
racterísticas próprias das autarquias.
2º, II, da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, con-
sideram-se: II – entidade - a unidade de atuação dotada
a) Pessoa Jurídica de Direito Público: isso significa, em
de personalidade jurídica”. Entidade da Administração,
termos gerais, que às autarquias não são aplicáveis
assim, é qualquer pessoa jurídica autônoma cujo serviço
as regras de Direito Privado.
público foi outorgado pela entidade federativa, isso é,
b) Criação dependente de Lei específica: o surgimen-
pelas pessoas jurídicas de Direito Público interno (União,
to da personalidade jurídica da autarquia advém
Estados, Municípios, Distrito Federal, etc.). Os membros
com a redação de uma Lei cuja matéria seja so-
federais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de
mente a criação da referida autarquia (art. 37, XIX,
controle e fiscalização do serviço prestado pela entidade
da CF/1988).
outorgada. O conjunto de pessoas jurídicas autônomas
c) Autonomia gerencial, patrimonial e orçamentária:
criadas pelo próprio Estado para atingir determinada
ter autonomia significa que as autarquias não pos-
finalidade denomina-se Administração Indireta ou Des-
suem relação de hierarquia com a Administração
centralizada.
Direta, tendo patrimônio próprio e funções típicas
Se as entidades são dotadas de personalidade jurí-
que não se confundem com os demais entes da
dica própria, elas têm responsabilidade pelos danos e
Federação. Não significa, todavia, que não são in-
prejuízos causados por seus agentes públicos, podendo
dependentes de seus entes, podendo sofrer fiscali-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

responder judicialmente pela prática desses atos.


zação destes no exercício de suas atividades.
As entidades da Administração Indireta podem ter
d) Regime estatutário: os membros da autarquia ocu-
personalidade jurídica de Direito Público ou de Direito
pam cargos públicos. A contratação pelo regime
Privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz
celetista, isso é, nos termos da CLT, somente é ad-
respeito ao procedimento de criação dessas entidades
mitida em casos excepcionais.
autônomas.
e) Responsabilidade objetiva: não há necessidade de
As pessoas jurídicas de direito público são criadas por
demonstração de culpa para as autarquias serem
lei (art. 37, XIX, da CF/1988), e a sua personalidade jurí-
responsáveis pela prática de atos de seus agentes.
dica advém no momento em que tal legislação entra em
A Administração Direta responde apenas subsi-
vigor no âmbito jurídico, não havendo necessidade de
diariamente pela prática dos atos danosos, caso a
registro em cartório.
autarquia careça de condições patrimoniais para
As pessoas jurídicas de direito privado, todavia, são
reparar os danos causados.
autorizadas pela lei (art. 37, XX, da CF/1988), ou seja, a

44
1.2 Classificação a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de au-
A doutrina tende a classificar as autarquias nos se- torização legislativa, para o desenvolvimento de ativi-
guintes grupos: dades que não exijam execução por órgãos ou entida-
des de direito público, com autonomia administrativa,
I) Administrativas: são as autarquias comuns, apre- patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
sentam regime jurídico ordinário. Exemplo: Insti- direção, e funcionamento custeado por recursos da
tuto Nacional de Seguridade Social (INSS). União e de outras fontes.
II) Especiais: possuem maior autonomia em relação
as autarquias administrativas devido a presença A Funai, Funasa, o IBGE, são alguns exemplos de fun-
de certas características, como a presença de diri- dações públicas.
gentes com mandato fixo. Podem se subdividir em: Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se que
b.1) especiais stricto sensu (Banco Central); e b.2) o referido Decreto-Lei dispõe serem as fundações como
agências reguladoras (Anatel, Anvisa). entidades com personalidade jurídica de Direito Privado.
III) Corporativas: são as corporações profissionais, Tal conceituação não foi recepcionada pela Constituição
que promovem o controle e a fiscalização de ca- de 1988 que, em seu art. 37, XIX, decidiu não fazer tal
tegorias profissionais. Exemplos: Crea, CRO, CRM. distinção: “somente por lei específica poderá ser criada
IV) Fundacionais: são as fundações públicas, entida- autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
des que arrecadam patrimônio para o cumprimen- de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo
à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
to de um objetivo específico. Exemplos: Funai, Pro-
sua atuação”.
con, Funasa.
Dessa forma, concluímos que as fundações podem
V) Territoriais: são as autarquias de controle da União,
ser tanto de Direito Público como de Direito Privado, de-
também denominadas territórios federais (art. 33
pendendo do que a lei instituidora da fundação delimitar
da CF/1988). A atual Constituição aboliu os territó- quanto as suas competências. Todavia, importante frisar
rios federais remanescentes. que, mesmo as fundações de regime jurídico privado de-
VI) Associativas: são as autarquias criadas pelo re- vem obediência às normas públicas, e não à legislação civil.
sultado de uma celebração de consórcio público,
também denominadas associações públicas. Se o 3. Agências reguladoras
contrato de consórcio público envolver múltiplos
entes da Federação, tais autarquias podem ser O surgimento das agências reguladoras possui fortes
transfederativas. Exemplo: associação criada entre relações com a época das privatizações na segunda me-
União, Estados e Municípios para a construção de tade dos anos 1990. Neste contexto, as agências regula-
um teatro. doras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs nos 8 e
9, ambas de 1995, para atuar como órgãos reguladores,
fiscalizadores e controladores da iniciativa privada, que
FIQUE ATENTO! passaram a desenvolver as tarefas originalmente atribuí-
das ao Estado. Alguns exemplos de agências regulado-
Curioso é o caso da Ordem dos Advogados ras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP, entre outros.
do Brasil (OAB). A princípio, a OAB possui as
características de uma autarquia profissio- 3.1 Características
nal ou corporativa, dado seus objetivos de
proteger os interesses de todos os advoga- As agências reguladoras também são autarquias sob
dos do país. Porém, no julgamento da ADI um regime especial, se diferenciando das autarquias co-
nº 3.026/2006, o STF decidiu por retirar a muns em dois aspectos:
natureza autárquica da OAB, alegando que,
por não possuir personalidade jurídica de a) Estabilidade: os dirigentes das agências regulado-
ras não podem ser exonerados por qualquer mo-
Direito Público, é entidade independente,
tivo, ao contrário das autarquias, em que seus di-
não possui nenhum vínculo com a Admi-
rigentes atuam em cargos de comissão. Assim, os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nistração Pública, apesar de exercer função


dirigentes das agências têm maior proteção contra
institucional. Sendo assim, para todos os
o desligamento forçado, promovendo maior esta-
efeitos, o mais correto é afirmar que a OAB
bilidade no exercício de seu cargo.
não é autarquia!
b) Mandato fixo: os dirigentes não possuem cargo
vitalício. Mas a existência de mandato fixo garante
2. Fundações públicas também maior estabilidade no seu cargo, visto que
ele tem prazo determinado para se encerrar. A dura-
As fundações públicas são consideradas espécies de ção dos mandatos pode variar dependendo de cada
autarquias, possuindo diversas características similares. agência, podendo ser de 3 anos como na Anvisa, 4
Fundação pública é, nos termos do art. 5º, IV, do Dec-Lei anos como na Aneel, ou até 5 anos como na Anatel.
nº 200/1967:

45
3.2 Classificação vantagens, como não ter imunidade a impostos, e
seus bens não têm natureza pública, podendo ser
As agências reguladoras podem ser classificadas: penhorados.
b) Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da União:
I) Quanto à sua origem: a) agências federais; b) esta- bem como do Poder Judiciário, no que couber.
duais; c) municipais; d) distritais. c) Contratação de bens e serviços mediante prévia
II) Quanto à atividade preponderante: a) agências de licitação: a licitação é processo utilizado a fim de
serviço, que exercem as funções típicas; b) agências promover uma competição justa com as empre-
de polícia, que exercem fiscalização das atividades sas privadas do mesmo setor. Tal imposição não
econômicas; c) agências de fomento, que ajudam é exigida para as empresas públicas e sociedades
a desenvolver o setor privado; d) agências de uso
de economia mista exploradoras de atividade eco-
de bens públicos.
nômica.
III) Quanto à previsão constitucional: a) agências
com referência constitucional (a Anatel tem pre-
visão no art. 21, XI, da CF/1988); b) agências sem d) Obrigatoriedade de realização de concurso públi-
referência constitucional, são a grande maioria. co: trata-se de uma forma de avaliar os melhores
IV) Quanto ao instante de sua criação: a) agências de funcionários dentro de um grupo seleto de candi-
primeira geração (1996 a 1999) na época das priva- datos.
tizações; b) de segunda geração, de 2000 a 2004; e) Contratação de pessoal pelo regime celetista: seus
c) de terceira geração, que adveio com as agências membros são denominados empregados públicos,
pluripotenciárias (2005 em diante), exercendo múl- salvo as hipóteses de contratação para cargo co-
tiplas funções simultaneamente. missionado. É também vedada a acumulação de
cargos, empregos ou funções públicas.
4. Associações públicas f) Impossibilidade de decretar sua falência: nos ter-
mos do art. 2º, I, da Lei nº 11.101/2005.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios são os entes responsáveis pela regulamentação dos
consórcios públicos e dos convênios de cooperação, au- FIQUE ATENTO!
torizando a gestão associada de serviços públicos, bem O Tribunal de Contas é instituto criado para
como a transferência total ou parcial de encargos, servi- exercer controle e fiscalização contábil, fi-
ços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos servi- nanceira e orçamentária dos membros do
ços transferidos (art. 241 da CF/1988). Estado e da Administração Pública Direta e
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos Indireta. Apesar de seu nome, o Tribunal de
entes federados, e que tem por objeto medidas de mú- Contas não integra o Poder Judiciário. Na
tua cooperação, denominam-se consórcios públicos. realidade, a doutrina tem suas divergências
Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei nº quanto à matéria, embora a grande maioria
11.107/2005. Uma das características mais distintas dos admite que o Tribunal de Contas seja vin-
consórcios é a possibilidade de eles possuírem natureza culado ao Poder Legislativo, na forma do
de Direito Público ou de Direito Privado. art. 71 da CF/1988. Apesar dessa discussão,
Consórcios de Direito Privado obedecem às normas
inegável é a sua autonomia na medida que
da legislação civil. Possuem regime celetista, embora não
ajuda o Congresso Nacional no exercício de
possam ter fins lucrativos. Por isso, não integram a Admi-
controle externo dos membros do Estado.
nistração Pública. Já os consórcios de direito público são
as associações públicas propriamente ditas, podendo ser
inclusive transfederativas se integrarem todas as esferas As empresas públicas são pessoas jurídicas de Di-
das pessoas consorciadas (federal, estadual, municipal). reito Privado, cuja criação depende de autorização legal.
Sua personalidade é concedida pelo registro de seus atos
5. Empresas Estatais. Empresas públicas e socieda- constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capi-
des de economia mista tal público, e regime organizacional livre (art. 5º, II, do
Dec-Lei nº 200/1967), podendo ser organizadas como
Empresas do Estado são as pessoas jurídicas de Di-
sociedade anônima, ou de responsabilidade limitada, ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

reito Privado pertencentes à Administração Indireta. São


ainda sociedade por comandita de ações. São empresas
duas: as empresas públicas, e as sociedades de econo-
públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
mia mista.
mico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF),
e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
5.1 Características das empresas estatais
(Infraero).
As empresas públicas e as sociedades de economia As sociedades de economia mista têm seu conceito
mista apresentam características em comum: legal previsto no art. 5º, III, do Dec-Lei nº 200/1967. São
pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação também
a) Atuação na prestação de serviços públicos ou depende de autorização legal e registro em cartório,
no desenvolvimento de atividade econômica: possui a maioria de seu capital público, e devem ser obri-
as empresas exploradoras de atividade econômica gatoriamente organizadas como sociedades anônimas.
geralmente recebem menor controle pela Admi- São sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco do
nistração, embora também apresentem certas des- Brasil, Eletrobrás.

46
Percebemos algumas diferenças entre as empresas Na desconcentração, todavia, há a repartição das atri-
públicas e as sociedades de economia mista. A primei- buições entre os órgãos públicos pertencentes a uma
ra diz respeito ao capital constitutivo: enquanto que nas mesma pessoa jurídica, por isso sua vinculação hierár-
empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o quica. Difere-se da descentralização justamente nesse
Dec-Lei nº 200/1967 dispõe que seu capital deve advir aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das autarquias,
totalmente “da União”, mas admite-se também o capital fundações, etc, não têm personalidade jurídica própria,
de origem estadual e municipal), as sociedades de eco-
e por isso, não possuem a mesma autonomia dos entes
nomia mista admitem a presença do capital de origem
descentralizados, permanecendo vinculados hierarquica-
privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações
com direito a voto devem pertencer ao Estado. Além dis- mente ao Estado.
so, outra diferença relevante é em relação à forma de
sua organização: as sociedades de economia mista de- Muito importante para a desconcentração é a noção
vem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anô- de órgão público. Nos termos do art. 1º, § 2º, I, da Lei
nima, trata-se de disposição legal do próprio Dec-Lei nº nº 9.784/1999, órgão público é “a unidade de atuação
200/1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem integrante da estrutura da Administração direta e da es-
essa imposição, podendo adotar a estrutura que desejar. trutura da Administração indireta”. Assim, podemos de-
finir órgão público como um núcleo de competências do
Estado, sem personalidade jurídica própria. Por ser órgão
EXERCÍCIO COMENTADO despersonalizado, não pode integrar no polo ativo ou
passivo das ações que objetivam a reparação de danos
3. (TRT 1ª REGIÃO-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INSTI- causados pelo exercício da Administração, devendo a
TUTO AOCP – 2018) A respeito da organização da Admi- pessoa jurídica a que o órgão pertence ser acionada em
nistração Pública, assinale a alternativa correta. tais hipóteses.
a) Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento São exemplos de órgãos públicos: os Ministérios da
judicial, pelos Conselhos Profissionais, submetem-se União, as secretarias estaduais, as Prefeituras e Subpre-
ao regime de precatórios. feituras, os Tribunais, as Casas Legislativas, entre outros.
b) O regime jurídico de direito privado das empresas pú- Todos esses órgãos, somados à União, os Estados, Muni-
blicas é parcialmente derrogado por normas de direito cípios e o Distrito Federal, compõem a denominada Ad-
público, cenário este que a doutrina denomina de re- ministração Direta ou Centralizada.
gime jurídico híbrido.
c) A dotação patrimonial, no que tange às fundações
instituídas pelo Poder Público, deve ser inteiramente 1. Classificação
pública.
d) Quanto à forma de organização, as sociedades de eco- Em relação às modalidades de desconcentração, a
nomia mista podem ser estruturadas sob qualquer das doutrina tende a classificar a desconcentração em três
formas admitidas em direito. espécies distintas:
e) Descentralização por serviço é a que se verifica quan-
do, por meio de contrato, transfere-se a execução de a) Desconcentração territorial ou geográfica: é
determinado serviço público à pessoa jurídica de di- aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
reito privado. mas competências em relação à matéria, a diferen-
ça encontra-se apenas nas regiões em que devem
Resposta: Letra B. A alternativa A está incorreta, pois
atuar. É o caso da Delegacias de Polícia.
trata-se de entendimento do STF que os conselhos
profissionais não se submetem ao regime de precató- b) Desconcentração material ou temática: é a que
rios. Alternativa C está incorreta pois há a modalidade distribui as competências administrativas tendo
de fundação pública como pessoa jurídica de Direi- em vista a especialização de cada órgão em um
to Privado. Alternativa D está incorreta pois as socie- assunto específico. Exemplo: o Ministério da Cul-
dades de economia mista só poderão ser instituídas tura da União.
como sociedades anônimas. Alternativa E está incor- c) Desconcentração hierárquica ou funcional: o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

reta pois a hipótese descrita é a de descentralização elemento diferenciador é a relação de subordina-


por delegação. ção e hierarquia entre os órgãos públicos. Exem-
plo: os tribunais administrativos possuem subordi-
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO nação em relação aos órgãos de primeira instância.
São técnicas utilizadas para o exercício de compe-
tências administrativas, mediante órgãos públicos des-
personalizados e vinculados hierarquicamente aos entes
da Federação. A concentração é caso raríssimo na nossa
Administração, pois pressupõe a ausência completa de
distribuições de tarefas entre suas repartições internas,
havendo uma forte concentração de poderes em uma
única pessoa jurídica de Direito Público.

47
Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
EXERCÍCIO COMENTADO Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
4. (PREFEITURA-SP – AUDITOR FISCAL DO MUNICÍ- tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
PIO – FCC – 2007) A organização administrativa brasilei- personalidade, que responderá.
ra tem como característica a: Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
a) não previsão de estruturas descentralizadas. exercendo atribuições da Administração direta é deno-
b) personificação de entes integrantes da Administração minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que
indireta. institui o princípio da impessoalidade.
c) ausência de relações de hierarquia.
d) ausência de mecanismos de coordenação e de contro- - Órgãos Públicos: teorias
le finalístico. “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
e) inexistência de entidades submetidas a certas regras Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
de direito privado. mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
Resposta: Letra B. Impossível dizer que não há re- que não tem vontade própria, pode outorgar o manda-
lações de hierarquia e subordinação na organização to”18. A origem desta teoria está no direito privado, não
administrativa. É o caso dos órgãos públicos. Já os en- tendo como prosperar porque o Estado não pode outor-
gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
tes da Administração Indireta possuem, sim, persona-
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
lidade jurídica própria, seus bens e patrimônio não se
presentação: “Posteriormente houve a substituição dessa
confundem com os membros federativos. Porém, so-
concepção pela teoria da representação, pela qual a von-
frem controle de fiscalização pelo Poder Público que
tade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade
lhe concedeu suas competências. do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras
jurídicas que apontam para representantes dos incapa-
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA zes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado,
pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa
1. Administração Direta jurídica dotada de capacidade plena), não foi suficiente
para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa
Administração Pública direta é aquela formada pelos jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
entes integrantes da federação e seus respectivos ór- em que o agente ultrapassasse os poderes da represen-
gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis- tação”19. Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sen-
trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é do visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa
dotada de soberania, todos os demais são dotados de que não tem condições plenas de manifestar, de falar,
autonomia. de resolver pendências; bem como porque se o repre-
Dispõe o Decreto nº 200/1967: sentante estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não
poderia ser responsabilizado.
Art. 4° A Administração Federal compreende: Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër-
I - A Administração Direta, que se constitui dos servi- ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos admi-
ços integrados na estrutura administrativa da Presi- nistrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas
dência da República e dos Ministérios. que podem ser organizados por decretos autônomos do
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de perso-
A administração direta é formada por um conjunto de nalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro
núcleos de competências administrativas, os quais já fo- responde pelos atos que seus agentes praticam, mesmo
ram tidos como representantes do poder central (teoria se estes atos extrapolam das atribuições estatais conferi-
da representação) e como mandatários do poder central das, sendo-lhe assegurado o direito de regresso.
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria do
(teoria do mandato).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão cen-


Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke,
tral da Administração, por ser o único dotado de perso-
segundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos
nalidade jurídica, responderá por danos praticados em
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei,
seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não
mas que podem ser organizados por decretos autôno- significa que os agentes ficarão impunes, mas caberá à
mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de Administração buscar contra ele o direito de regresso,
personalidade jurídica própria. retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma
Assim, os órgãos da Administração direta não pos- pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não 18 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed.
podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para São Paulo: Atlas editora, 2010.
fins de mandado de segurança – tanto como impetrante 19 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – esquematizado,
como quanto impetrado). completo, atualizado, temas polêmicos, conteúdo dos principais
concursos públicos. 3. ed. São Paulo: Atlas editora, 2013.

48
parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman- Conforme Carvalho Filho20, “a noção de Estado, como
da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
qual poderá exercer direito de regresso contra o agente tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
público, delegado causador do dano. Repare que a Ad- seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
ministração não se exime de indenizar mesmo que seu se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por-
agente seja culpado. que além da pessoa jurídica central existem outras inter-
nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa
jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus
#FicaDica agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus
quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com-
Teoria do mandato e teoria da representa- põe o Estado um grande número de repartições internas,
ção: ultrapassadas. necessárias à sua organização, tão grande é a extensão
Teoria do órgão: adotada. que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais
A teoria da imputação objetiva deriva da te- repartições é que constituem os órgãos públicos”.
oria do órgão. Ambas são de autoria de Otto
Giërke. Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos:
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais,
distritais e municipais.
- Órgãos Públicos: classificações b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
Quanto se faz desconcentração da autoridade central aqueles que detêm condição de comando e de di-
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara reção, e os subordinados, incumbidos das funções
com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifica- rotineiras de execução.
dos em simples ou complexos (simples se possuem ape- c) Quanto à composição: singulares, quando integra-
nas uma estrutura administrativa, complexos se possuem dos em um só agente, e os coletivos, quando com-
uma rede de estruturas administrativas) e em unitários postos por vários agentes.
ou colegiados (unitário se o poder de decisão se concen- d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem
tra em uma pessoa, colegiado se as decisões são toma- atribuições em todo o território nacional, estadual,
das em conjunto e prevalece a vontade da maioria): distrital e municipal, e os locais, que atuam em par-
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou te do território.
estrutura do Estado, gozando de independência e) Quanto à posição estatal: são os que representam
para agir e não se submetendo a outros órgãos. os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e
o Judiciário.
Cabe a eles definir as políticas que serão imple-
f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e com-
mentadas. É o caso da Presidência da República,
postos. Os órgãos compostos são constituídos por
órgão complexo composto pelo gabinete, pela vários outros órgãos.
Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Re-
pública, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois 2. Administração Indireta
o Presidente da República é o único que toma as
decisões). A Administração Pública indireta pode ser definida como
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou privado,
poder, com autonomia funcional, porém subordi- criadas ou instituídas a partir de lei específica, que atuam pa-
nados politicamente aos independentes. É o caso ralelamente à Administração direta na prestação de serviços
de todos os ministérios de Estado. públicos ou na exploração de atividades econômicas.
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autono- “Enquanto a Administração Direta é composta de
mia ou independência, sendo plenamente vincula- órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se
dos aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e entidades”21. Em que pese haver entendimento diverso
Emprego; Departamento da Polícia Federal, vincu- registrado em nossa doutrina, integram a Administração
lado ao Ministério da Justiça. indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco-
nomia Mista e as Empresas Públicas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

deles com plena subordinação administrativa. Ex.:


Dispõe o Decreto nº 200/1967:
órgãos que executam trabalho de campo, policiais
Art. 4° A Administração Federal compreende:
federais, fiscais do MTE. II - A Administração Indireta, que compreende as se-
guintes categorias de entidades, dotadas de personali-
FIQUE ATENTO! dade jurídica própria:
a) Autarquias;
O Ministério Público, os Tribunais de Contas b) Empresas Públicas;
e as Defensorias Públicas não se encaixam c) Sociedades de Economia Mista.
nesta estrutura, sendo órgãos independentes d) fundações públicas.
constitucionais. Em verdade, para Canotilho e
outros constitucionalistas, estes órgãos não 20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
pertencem nem mesmo aos três poderes. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

49
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que 2. (TRF 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Adminis-
prestam serviços públicos por delegação, embora não trativa - CESPE/2017) No que diz respeito a organiza-
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os ção administrativa, julgue o item que se segue.
permissionários, os concessionários e os autorizados. Órgão público é ente despersonalizado, razão por que
Essas quatro pessoas integrantes da Administração lhe é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em proces-
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi- so judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi- defesa de suas prerrogativas institucionais.
cas, como no caso das empresas públicas e sociedades
de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar ( ) CERTO ( ) ERRADO
o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser-
viço público ou, quando exploradoras de atividades eco- Resposta: Errado - Caso a atuação direta do órgão
nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e público seja indispensável às suas prerrogativas ins-
titucionais, protegendo suas atividades, sua autono-
imperativos da segurança nacional.
mia e sua independência, poderá atuar como parte
Com efeito, de acordo com as regras constantes do
em processo judicial. O entendimento é firmado pelo
artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só
próprio STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min.
poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
FELIX FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007).
em duas situações, conforme se colhe do caput do refe-
rido artigo, a seguir reproduzido: 3. (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- Justiça Avaliador Federal - CESPE/2017) A respeito da
tituição, a exploração direta de atividade econômica organização do Estado e da administração pública, jul-
pelo Estado só será permitida quando necessária aos gue o item a seguir.
imperativos de segurança nacional ou a relevante in- O principal critério de distinção entre empresa pública e
teresse coletivo, conforme definidos em lei. sociedade de economia mista é que esta integra a admi-
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras nistração indireta, enquanto aquela integra a administra-
constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Es- ção direta.
tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare-
fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora ( ) CERTO ( ) ERRADO
atividades econômicas nas situações indicadas no artigo
173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo- Resposta: Errado - O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967
enumera as sociedades de economia mista e as em-
mia, concorre em grau de igualdade com os particulares,
presas públicas, ambas, como integrantes da adminis-
e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi-
tração indireta, ao lado das autarquias e das funda-
ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a ções públicas.
todas as obrigações constantes do regime jurídico de
direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributárias.
ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO,
REQUISITOS E ATRIBUTOS. ANULAÇÃO,
REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO.
EXERCÍCIOS COMENTADOS DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018)
Tendo como referência a jurisprudência dos tribunais su-
periores a respeito da organização administrativa e dos ATO ADMINISTRATIVO
agentes públicos, julgue o item a seguir.
O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen- 1. Conceito de ato administrativo
der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser
no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são
aqueles capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim
representação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

como as pessoas na vida privada, a Administração Pública


também pratica atos, que são capazes de produzir efeitos
( ) CERTO ( ) ERRADO jurídicos diversos.
Os atos administrativos são as manifestações de
Resposta: Errado - Vigora no Direito Administrativo vontade da Administração Pública que objetivam adquirir,
brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
um agente público atua, é como se o próprio Esta- direitos ou impor obrigações aos particulares ou a si
do atuasse, então não há problemas com o fato da própria. Isso significa que a Administração, antes mesmo
advocacia pública defender o ocupante de um cargo de iniciar sua atuação, deve expedir uma declaração que
público, não importando se o cargo é efetivo ou em exprime a sua vontade de realizar o referido ato.
comissão. Importante frisar o caráter infra legal dos atos
administrativos, pois imprescindível é a submissão da
Administração Pública, seus agentes e órgãos à soberania

50
popular. O ato administrativo, dessa forma, deve estar
previsto em lei, e seu conteúdo não pode ser contrário à #FicaDica
lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, deve A teoria da aparência, ou teoria do agente de
estar conforme a lei (secundum legem). fato, costuma aparecer em algumas questões
de concursos públicos. Segundo essa teoria,
2. Requisitos se o agente público que praticou o ato sequer
Os requisitos ou elementos dos atos administrativos tinha vínculos funcionais com a Administração
é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria Pública, ou se, posteriormente, descobre-se
dos concursos públicos ainda adota a concepção mais algum vício em sua investidura, tornando-a
clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por nula, mas mesmo assim essa pessoa tinha
isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a a aparência de possuir tais vínculos, será
corrente clássica, defendida por autores como Hely considerado agente de fato, e os atos por ele
Lopes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos praticados não serão considerados nulos em
cinco requisitos para a sua formação, utilizando como respeito à boa-fé dos administrados que com
inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei ele lidaram.
nº 4.717/1965. São eles: a) competência, b) objeto, c)
forma, d) motivo, e e) finalidade. 2.2 Objeto
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que
2.1 Competência pretende ser almejado pela prática do ato administrativo.
Competência diz respeito à capacidade do agente Todo ato administrativo tem por objeto a criação,
público para o exercício dos atos administrativos. modificação, ou comprovação de situações jurídicas
concernentes a pessoas, bens, ou atividades sujeitas
É requisito de validade, haja vista que, no Direito ao exercício do Poder Público. É através dele que a
Administrativo, a lei é quem estabelece as competências Administração exerce seu poder, concede um benefício,
atribuídas a seus agentes para o desempenho de suas aplica uma sanção, declara sua vontade, estabelece um
funções. Quando o agente atua fora dos limites da lei, direito do administrado, etc.
diz-se que cometeu ato nulo por excesso de poder. É, por O objeto pode não estar previsto expressamente na
isso, sempre um ato vinculado. legislação, cabendo ao agente competente a opção que
A competência possui certas características próprias, seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.
A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por
a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável,
isso, de ato discricionário.
imodificável, imprescritível e improrrogável.
Obrigatória porque representa um dever do agente 2.3 Forma
público. Irrenunciável porque o agente público não pode A forma é o modo através do qual se exterioriza o
abrir mão de sua competência. Imprescritível, porque a ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito
competência perdura ao longo do tempo, ela não caduca. à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de
Improrrogável significa dizer que se é competente ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário
quando a sua escolha couber ao próprio agente público.
hoje, continuará sendo sempre, exceto por previsão
Em regra, os atos administrativos são sempre
legal expressa em sentido contrário. Intransferível, ou exteriorizados por escrito, mas podem também ser
inderrogável, é a impossibilidade de se transferir a orais, gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas.
competência de um para outro, por interesse das partes. O art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos
No entanto, essas características não vedam a do processo administrativo não dependem de forma
possibilidade de delegação ou avocação, quando determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
prevista em lei. Por isso, pode-se dizer também que a
delegabilidade é outra característica da competência. 2.4 Motivo
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
Porém, atente-se ao disposto no art. 13 da Lei nº determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação
9.784/1999: “Não podem ser objeto de delegação: I - a fática que justifica a realização do ato. Situação de fato
edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

recursos administrativos; III - as matérias de competência do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à
exclusiva do órgão ou autoridade”. Alguns atos, então, realização do ato.
não podem ser delegados a outras autoridades, O motivo pode ser tanto requisito vinculado como
principalmente se tais atos são de competência exclusiva discricionário, dependendo do comando legal imposto
aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei
do agente público. expressamente obrigar o agente a agir de uma certo
modo, como na hipótese de lançamento tributário (o
fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve ou
não fazer o lançamento). Situação diversa é a do pedido
de demissão de servidor público no caso de incontinência
pública (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em
que a autoridade competente tem maior liberdade para
avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou não,
dependendo do caso concreto.

51
Não se confunde motivo com motivação. Esta é A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
a justificativa para a realização de determinado ato. praticados pela Administração com base no direito
O motivo ocorre em momento anterior a prática do privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela
ato, enquanto que a motivação, por ser uma série de Administração Pública, será presumidamente legítimo e
explicações que justificam a expedição do ato, ocorre verdadeiro.
sempre em momento posterior. Assim, todo o ato tem
seu motivo, mas nem sempre é expedido adjunto com a 3.2 Imperatividade
motivação, que nada mais é do que a exteriorização dos Compreendida também como coercibilidade, os
motivos. atos administrativos se impõem aos destinatários,
independentemente de sua concordância, outorgando-
2.5 Finalidade lhes deveres e obrigações. A imperatividade garante ao
Todo ato administrativo deve atender à finalidade Poder Público a capacidade de produzir atos que geram
expressa ou implícita na norma atributiva da competência. consequências perante terceiros.
A finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
o ato for praticado tendo em vista interesses alheios e Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
pessoais, seja do próprio agente público ou de terceiros, atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
tal ato será considerado nulo por desvio de finalidade administrados. Assim, não têm essa característica os atos
(teoria do desvio de finalidade). que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
Além dessa concepção clássica, há também uma bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
classificação mais moderna dos requisitos dos atos parecer).
administrativos, elaborada por autores como Celso
Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em 3.3 Exigibilidade
concursos públicos, observaremos apenas os pontos Consiste no atributo que permite à Administração
essenciais e didáticos da referida classificação. Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
Para essa concepção moderna, são requisitos ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao processo
dos atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c) judicial, que é demasiado longo e repleto de solenidades.
requisitos procedimentais; d) finalidade; e) causa e f) A exigibilidade permite ao Administrador aplicar as
formalização. Sujeito, requisitos procedimentais e causa sanções administrativas, como multas, advertências, e
são os requisitos vinculados, enquanto que o motivo, a interdição de estabelecimentos comerciais.
finalidade e a formalização são requisitos discricionários.
3.4 Autoexecutoriedade
3. Atributos A autoexecutoriedade permite que a Administração
Atributos são as características dos atos administrativos, Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois estão expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público
submetidos ao regime jurídico administrativo. Essas não necessita de autorização judicial para desconstituir
características traduzem em prerrogativas concedidas a situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que
à Administração Pública para que ela possa atender de a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por
maneira adequada às necessidades da população. si só, desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune
A doutrina mais moderna faz referência a cinco o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois
atributos distintos: a) presunção de legitimidade e requisitos: a previsão legal, como nos casos de Poder
veracidade; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) de Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o
autoexecutoriedade; e e) tipicidade. interesse coletivo.
Assim, não há necessidade de intervenção
3.1 Presunção de legitimidade e veracidade judicial nas hipóteses de: apreensão de mercadorias
Também pode ser denominado presunção de contrabandeadas, na demolição de construção irregular,
legalidade, significa que todo ato administrativo é na interdição de estabelecimento comercial irregular,
considerado válido no âmbito jurídico, até surgir prova entre outros. Todavia, afirmar que a execução independe
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em contrário. Se, pelo princípio da legalidade, ao de manifestação do Judiciário não significa dizer que
Administrador só cabe fazer o que a lei permite, então escapa do controle judicial. Poderá ser levado ao crivo,
presume-se que o fez respeitando a lei. mas somente a posteriori, depois de seu cumprimento,
Nosso Direito admite duas formas de presunção: se houver provocação da parte interessada. As medidas
presunção juris et de jure que significa “de direito e judiciais mais adequadas para contestar a força coercitiva
por direito”, é presunção absoluta, que não admite administrativa são o mandado de segurança e o habeas
prova em contrário. Temos também a presunção juris data (art. 5º, LXIX e LXVIII, da CF/1988).
tantum, resultante do próprio direito e, embora por ele Importante ressaltar ainda que os princípios da
estabelecida com verdadeira, admite prova em contrário. razoabilidade e proporcionalidade impõem limites
A presunção dos atos administrativos é juris tantum. na atuação coercitiva dos agentes públicos. A
Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao particular autoexecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve
que alegou a ilegalidade do ato administrativo provar a ser utilizada com bom senso e moderação.
carência de legitimidade do mesmo.

52
3.5 Tipicidade 4.2 Quanto à formação de vontade:
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar - Atos simples: são aqueles que nascem da mani-
as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada festação de vontade de apenas um órgão, seja ele
espécie de ato administrativo. Dependendo da finalidade unipessoal (formado só por uma pessoa) ou co-
que o Poder Público almeja, existe um ato definido em legiado (composto por várias pessoas). O ato que
lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas altera o horário de atendimento da repartição pú-
consequências, promovendo ao particular a garantia blica, emitido por uma única pessoa, bem como
de que a Administração Pública não fará uso de atos a decisão administrativa do Conselho de Contri-
buintes do Ministério da Fazenda, que expressa
inominados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja
vontade única apesar de ser órgão colegiado, são
previsão legal não existe. É um atributo que deriva do
exemplos de atos simples.
próprio princípio da legalidade. - Atos complexos: são aqueles que se formam pela
união de várias vontades, isso é, que necessitam da
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
#FicaDica diferentes para a sua formação. Enquanto todos os
A tipicidade é característica marcante da ex- órgãos competentes não se manifestarem da for-
propriação de bens particulares pelo Poder ma devida, o ato não estará perfeito.
Público. É o caso de desapropriação adminis- - Atos compostos: é aquele que advém de manifesta-
trativa, hipótese em que o Poder Público tem ção de apenas um órgão. Porém, para que produza
a prerrogativa de tirar da esfera de alguma efeitos, depende da aprovação, visto, ou anuência
pessoa física a titularidade sobre bem imóvel, de outro ato, que o homologa, como condição
transformando-o em bem público. Para tanto, para a executoriedade daquele ato. Costuma-se
deve realizar um procedimento envolvendo afirmar que o ato posterior é acessório do anterior,
aspectos mais complexos, como a declaração pois a manifestação do segundo ato não possui a
de utilidade ou necessidade pública (art. 5º, mesma matéria do primeiro: ele apenas comple-
XXIV, da CF/1998), bem como a necessidade menta a aplicação deste. Exemplo: a nomeação de
de prévia indenização ao particular que teve servidor público, que deve sempre anteceder a sua
seu bem expropriado, em pecúnia (art. 182, § aprovação em concurso público.
3º, da CF/1988).
4.3 Quanto aos destinatários:
- Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter
4. Classificação dos atos administrativos abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui-
tos, mas unidos por características em comum, que
Atos administrativos existem dos mais variados tipos.
os faz destinatários do mesmo ato. Para produzi-
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, rem seus efeitos, já que externos, devem ser publi-
formando-se uma verdadeira classificação desses atos. cados na imprensa oficial. Exemplos: os editais de
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de concurso público, as instruções normativas.
atos administrativos, observando os seguintes critérios: - Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
4.1 Quanto ao grau de liberdade definido de destinatários. É o caso, por exemplo,
- Atos vinculados: são aqueles praticados pela Ad- de alteração de horário de funcionamento de uma
ministração Pública sem nenhuma liberdade de repartição pública. Tal ato, evidentemente, somen-
atuação (vinculação). A lei define todas as mar- te é do interesse daqueles funcionários. A publici-
gens de sua conduta. Havendo vício no ato vin- dade é atendida apenas com a comunicação dos
culado, pode-se pleitear a sua anulação e não a interessados, visto que é um ato interno da Admi-
revogação, pois trata-se de vício de legalidade. É nistração Pública.
o caso, por exemplo, da concessão de aposenta- - Atos individuais: são aqueles destinados a ape-
doria para o contribuinte beneficiário. O controle nas um único destinatário. Exemplo: a promoção
dos atos administrativos ilegais pode ser realizado de um determinado servidor público. A exigência
tanto pela Administração Pública como pelo Poder da publicidade depende somente da comunicação
Legislativo (controle financeiro-orçamentário pelo do interessado, não há necessidade de publicação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Congresso Nacional), bem como pelo Poder Judi- pelo Diário Oficial.
ciário, mediante provocação.
- Atos discricionários: a lei também estabelece uma 4.4 Quanto aos efeitos:
- Atos constitutivos: são aqueles que geram uma
série de regras para a prática de um ato, mas dei-
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser
xa certo grau de liberdade ao agente público, que pela outorga de um novo direito, como permissão
poderá optar por um entre vários caminhos igual- de uso de bem público, ou a imposição de uma
mente válidos (discricionariedade). Há uma ava- obrigação, como estabelecer um período de sus-
liação subjetiva prévia à edição do ato. É o caso pensão.
das permissões para o uso de bem público. O con- - Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma
trole dos atos discricionários pelo Poder Judiciário, situação já existente, seja de fato ou de direito.
em regra, não é admitido. Porém, há uma série de Não cria, transfere ou extingue situação jurídica,
julgados no sentido favorável a essa possibilidade. apenas a reconhece. É o caso da expedição de uma
certidão de tempo de serviço.

53
- Atos modificativos: são os que tem capacidade de de conduta de seus agentes. Tais atos não podem
alterar a situação já existente, sem que seja extinta. disciplinar as condutas dos particulares. São atos
Todavia, não tem o condão de criar direitos e obri- ordinatórios: as instruções; as circulares; os avisos;
gações. Exemplo: a alteração do horário de atendi- as portarias; os ofícios; as ordens de serviço; os
mento da repartição despachos; entre outros.
- Atos extintivos: também denominados atos des- III) Atos negociais: são aqueles que manifestam a
constitutivos, são aqueles que põem termo a um vontade da Administração em consonância com
direito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demis- o interesse dos particulares. Exemplos: a licença,
são de servidor público. a autorização, a permissão, a concessão, a apro-
vação, a homologação, a renúncia, etc. Os atos
4.5 Quanto ao objeto: negociais podem ser vinculados (licença) ou dis-
- Atos de império: são aqueles praticados pela Ad- cricionários (autorização), definitivos ou precários,
ministração em posição de superioridade perante
sendo passíveis de revogação pelo Poder Público
os particulares, como na imposição de multa por
a qualquer tempo. A característica especial desses
infração administrativa.
- Atos de gestão: são expedidos pela Administração, atos é que eles não disciplinam direitos, e sim inte-
em posição de igualdade em relação aos adminis- resses dos particulares.
trados. É o caso da alienação de bem público. IV) Atos enunciativos: também denominados “atos
- Atos de expediente: são atos internos, elaborados de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou ates-
por autoridade subalterna, que não tem capacida- tam a existência de uma situação jurídica peculiar.
de decisória. Exemplo: numeração dos autos no Tais atos possuem caráter predominantemente de-
processo judicial. claratório. São atos enunciativos: as certidões; os
atestados; os pareceres; etc.
4.6 Quanto à exequibilidade: V) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
- Atos perfeitos: são aqueles que completaram seu os atos que aplicam sanções aos particulares, ou
processo de formação, e estão prestes a produzir aos servidores que pratiquem condutas irregula-
seus efeitos. Perfeição não se confunde com vali- res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul-
dade, pois um ato válido pode não ser obrigatoria- tas, as interdições; e a destruição de coisas.
mente perfeito.
- Atos imperfeitos: são os que ainda não completa- 6. Invalidação dos atos administrativos
ram seu processo de formação, e por isso mesmo, Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. Eles
não estão aptos a produzirem efeitos. Atos imper-
são criados, começam a produzir efeitos, e depois de um
feitos geralmente necessitam de outro ato que o
tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais detalhes
homologue.
- Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a con- justamente o desaparecimento dos atos administrativos,
dição ou termo para começar a produzir efeitos. embora seja preferível utilizar o termo “extinção” (ou
Seu ciclo de formação está concluído, porém de- “invalidação”) dos atos administrativos.
pende ainda de um evento para tornar-se apto a Para melhor compreensão do tema, a doutrina
produzir efeitos. utiliza-se de uma sistematização das formas de extinção
Os critérios apresentados não são exaustivos: há dos atos administrativos. A principal divisão que deve
outras formas de classificação dos atos administrativos ser feita é em relação a produção de efeitos: existem
adotadas por diversos autores. Escolhemos apresentar atos administrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando
aqueles que têm mais chances de aparecer em uma ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua
questão de concurso público. recusa pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há
quatro formas de distinção dos atos administrativos:
5. Espécies de atos administrativos - Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos:
Os atos administrativos tipificados pela legislação é a extinção que ocorre pelo cumprimento integral
brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, dos efeitos do ato administrativo. É a extinção na-
para fins didáticos, uma sistematização dos atos tural esperada por todo ato administrativo. Pode
administrativos. A doutrina divide os atos administrativos ocorrer mediante: a.1) esgotamento do conteúdo,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

previstos da legislação em cinco espécies distintas: como a vacinação de enfermos após expedição de
ordem de entrega das vacinas; a.2) execução da or-
I) Atos normativos: são aqueles que apresentam co- dem, como o guinchamento de veículo; a.3) imple-
mandos gerais e abstratos para o cumprimento da mento de condição resolutiva ou termo final, como
lei. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar o prazo final para renovação da CNH.
tais atos “leis em sentido material”. São atos nor- - Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pes-
mativos: os decretos e regulamentos; as instruções soa ou objeto: os atos administrativos podem di-
normativas; os regimentos; as resoluções; e as de-
zer respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo
liberações.
um desses elementos, o ato extingue-se automa-
II) Atos ordinatórios: correspondem a manifesta-
ções internas da Administração Pública decorren- ticamente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
tes do poder hierárquico, estabelecendo regras de “desaparecem” com seu falecimento, como a mor-
funcionamento de seus órgãos internos e regras te de servidor público que receberia promoção; e

54
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o 6.2 Anulação
desabamento de prédio que recebeu licença para É a extinção de ato administrativo defeituoso,
a sua reforma. pois carece de legalidade, podendo ser expedido
- Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio pela Administração Pública, ou até mesmo pelo Poder
beneficiário abre mão da situação proporcionada Judiciário. A anulação deriva do próprio princípio da
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de legalidade e autotutela. Também possui fundamento no
cargo público a pedido do seu ocupante. art. 53 da Lei nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº
- Retirada do ato: é a forma mais importante de ex- 473, do STF.
tinção dos atos administrativos, para os concursos A anulação realizada pela própria Administração
públicos. É a extinção que se dá pela expedição ocorre mediante a expedição de ato anulatório.
de um segundo ato, elaborado para extinguir ato Suas características principais são: é ato secundário,
administrativo anterior a ele. Comporta cinco mo- constitutivo, e vinculado. Tanto a Administração como
dalidades, que serão vistas com maiores detalhes: o Poder Judiciário podem decretar a anulação de ato
revogação, anulação, cassação, caducidade, e con- administrativo. Outra característica importante é o prazo
traposição. definido pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999:
“O direito da Administração de anular os atos
6.1 Revogação administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
Revogação é a extinção de ato administrativo os destinatários decai em cinco anos, contados da data
que encontra-se perfeito e apto a produzir seus em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. O
efeitos, praticado pela própria Administração Pública, prazo decadencial de cinco anos é atributo exclusivo da
fundada em razões de conveniência e oportunidade, anulação.
sempre almejando a proteção do interesse público. Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar
Nessa hipótese, ocorre uma causa superveniente, que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o
seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso,
que altera o juízo de conveniência e oportunidade
a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data
sobre a permanência de ato discricionário, obrigando
da prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a
a Administração a expedir um segundo ato capaz de anulação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra,
revogar esse ato anterior. não gera ao particular direito à indenização pela anulação
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da de ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal
Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus para ocorrência, do qual não tenha participado.
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou 6.3 Cassação
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. São hipóteses em que o administrado deixa de
Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A preencher condição necessária para a permanência da
administração pode anular seus próprios atos, quando referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles por pessoa enferma.
não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos 6.4 Caducidade
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação Também denominada decaimento, consiste na
judicial”. modalidade de extinção de ato administrativo em
Por tratar-se de questão de mérito, a revogação consequência de norma jurídica superveniente, a qual
somente pode ser decretada pela própria Administração impede a permanência da situação anteriormente
consentida. Como não pode produzir efeitos
Pública. É, também, decorrência do princípio da autotutela:
automaticamente, é necessária a prática de um ato
a Administração Pública tem competência para anular e
secundário, determinando a extinção do ato decaído.
revogar seus atos, sendo descabido a manifestação do Exemplo: perda do direito de comercializar em área que
Poder Judiciário nos atos administrativos discricionários. passa a ser considerada exclusivamente residencial.
A revogação é elaborada pela mesma autoridade que
praticou o ato principal. 6.5 Contraposição
O ato revocatório é sempre secundário, É o modo de extinção que ocorre com a expedição
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

constitutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o de um segundo ato, fundado em competência diversa,
ato administrativo ou a relação jurídica anterior perfeita cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma
e eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação espécie de revogação praticada por autoridade distinta
atinge somente os atos discricionários: para os atos da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
vinculados, a medida cabível é a anulação. funcionária anteriormente exonerado de seu cargo.
Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso
significa que a revogação produz efeitos futuros, não
retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular,
que se sentiu prejudicado com a referida medida,
ingressar em juízo com pedido de indenização contra a
Administração.

55
homologação do referido ato por outro órgão. En-
quanto a vontade do primeiro órgão é a responsável
EXERCÍCIOS COMENTADOS pela elaboração do ato, a manifestação do segundo
órgão possui caráter instrumental ou complementar.
1. (AFAP – ADVOGADO – FCC – 2019) Dentre os ele-
mentos ou requisitos do ato administrativo, existem 3. (AFAP – AGENTE DE FOMENTO EXTERNO – FCC –
aqueles cuja inobservância NÃO é passível de ser sana- 2019) Considere a edição de ato administrativo inde-
da, a exemplo: ferindo pedido administrativo de particular para que o
poder público municipal promova urgentes reparos no
a) dos atos administrativos praticados por autoridade leito da rua onde está situada sua residência, em razão
desprovida de competência privativa para sua edição. do aparecimento de uma rachadura que vem progressi-
b) das decisões proferidas em situações cujo substrato vamente aumentando de tamanho, ocasionando risco a
fático não corresponda à previsão legal expressa. ele e demais moradores do local. Essa medida:
c) dos atos vinculados editados sem explicitação de mo-
tivação. a) constitui regular exercício de poder disciplinar, tendo
d) dos atos administrativos que não sejam objeto de pu- em vista que não são somente os servidores públicos
blicação na imprensa oficial, em ofensa ao princípio destinatários dessa atuação, que abrange decisões re-
da publicidade. lativas a outros vínculos jurídicos.
e) dos atos proferidos por autoridade pública para a b) deve ser impugnada judicialmente, posto que somen-
qual tenha sido delegada competência privativa de te com autorização judicial o ente público poderia re-
autoridade superior. alizar contratação para aquela finalidade sem a reali-
zação de licitação.
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois a
c) admite revisão pela própria Administração pública em
competência é um requisito do ato administrativo
caso de constatação de inadequação, desde que se
que pode ser convalidado, desde que não seja uma
competência exclusiva de algum ente. As competên- trate de juízo discricionário, vedado sanar vício de le-
cias privativas podem ser delegadas. A letra C está in- galidade diretamente.
correta, pois o caso apresenta um ato administrativo d) pode ser objeto de recurso administrativo, o que per-
cujo vício está na forma (“não explicitar a motivação”), mite à Administração pública superior convalidar ou
sendo um vício sanável. A letra D está incorreta, pois anular o ato administrativo, caso reste demonstrada
no caso, o ato administrativo encontra-se perfeito e sua inadequação e inconveniência diante da situação
apto a produzir efeitos, mas é considerado ineficaz, fática.
pois não houve sua publicação. A letra E está incor- e) demandará a interposição de recurso administrativo
reta pois, também, trata da competência, um atributo por parte do requerente, sem prejuízo de poder ado-
cujo vício pode ser convalidado, desde que não seja tar medidas judiciais para intervenção da obra, diante
uma competência exclusiva. da situação emergencial caracterizada.
2. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA- Resposta: Letra E. A letra A está incorreta, pois o po-
DUAL – FCC – 2018) Quando um determinado adminis- der disciplinar é aquele que prevê a prática de sanções
trador público edita um ato administrativo, mas este só e penalidades aos agentes públicos que cometem fal-
começa a produzir efeitos após ratificação ou homolo-
tas ou infringem comandos legais no exercício de suas
gação por outra autoridade, está-se diante de ato admi-
atribuições. A letra B está incorreta, pois a Adminis-
nistrativo:
tração Pública apresenta o poder de autotutela, que
a) condicionado, cuja validade e vigência somente se ini- se traduz na competência de poder rever os próprios
ciam após a ratificação ou homologação. atos que pratica, independente de autorização judi-
b) bilateral, considerando que sua existência se consuma cial. A letra C está incorreta, pois a Administração Pú-
com a manifestação de vontade da segunda autori- blica pode anular seus próprios atos, quando eivados
dade. de vício de legalidade, bem como revogá-los por mo-
c) composto, pois embora já exista e seja válido, não é tivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
exequível antes da manifestação da segunda autori- direitos adquiridos (art. 53, Lei nº 9.784/1999). A letra
dade. D está incorreta, pois a anulação é utilizada quando
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) complexo ou composto, considerando que depen- constatado um vício de legalidade. Para as hipóteses
dem da conjugação de vontade de uma ou mais auto- de inadequação e inconveniência, a medida cabível é
ridades para sua validade e eficácia, embora já sejam a revogação.
considerados existentes.
e) subordinado, tendo em vista que, embora existente,
válido e eficaz, só se aperfeiçoa com a manifestação
de vontade de outra autoridade, que pode, inclusive,
revogá-lo.

Resposta: Letra C. A hipótese narrada na questão é um


caso claro de ato composto, entendido como aquele
ato expedido por uma autoridade ou órgão, mas que,
para que esteja apto a produzir efeitos, depende da

56
Nas empresas estatais e autárquicas, como também
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: no serviço público em geral, o processo de compras
obedece uma série de requisitos, conforme estabelece a
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS. LEI Nº
Lei nº 8.666, de 21/6/1993, alterada pela Lei nº 8.883, de
8.666/1993 E SUAS ALTERAÇÕES (NORMAS 8/6/1994, motivo pelo qual se tornam totalmente trans-
PARA LICITAÇÕES E CONTRATOS) parentes.
Sabemos que há várias diferenças entre o processo
de compra no sistema privado e no sistema público, mas
destacamos como principal:
Nota-se nos dias atuais a necessidade extrema e
• Compras na Administração Pública – FORMALIDA-
constante da aquisição de bens e serviços para a ma- DE
nutenção tanto das necessidades essenciais, quanto das • Compras na Administração Privada – INFORMALI-
supérfluas. Dentro dessa realidade de consumo, abor- DADE
dar-se-á neste trabalho as formas disponíveis para que
a gestão pública aplique de maneira consciente o orça- De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois prin-
mento disponível para manutenção de bens e serviços. cípios preliminares devem ser seguidos:
Nesse contexto, os gastos de verbas públicas devem • A definição precisa do seu objeto;
seguir uma série de trâmites e regras para que sejam • A existência de recursos orçamentários que garan-
tam o pagamento resultante.
aplicados da forma mais vantajosa, com o menor gasto
A seguir, as condições necessárias para validar o pro-
e a melhor qualidade. Trata-se de uma tarefa complexa, cesso de compras públicas:
devido às influências que podem provocar do ponto de • Avaliar a necessidade (planejamento);
vista econômico, social e político no município ou região • Definir o quanto adquirir;
de atuação, devendo, portanto, ser realizada com aten- • Verificar as condições de guarda e armazenamen-
ção e cuidado, de forma a satisfazer os direitos e garan- to;
tias do cidadão e cuidar para que não haja desperdício. • Buscar atender o princípio da padronização;
O legislador brasileiro elaborou uma série de nor- • Obter as informações técnicas quando necessárias;
mas a serem seguidas com o intuito de padronizar as • Proceder a pesquisas de mercado;
aquisições e alienações. Dentre elas, destacam-se a • Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua
Lei nº 8.666/1993, que regulamenta o art. 37, XXI, da dispensa / inexigibilidade;
• Indicar (empenho) os recursos orçamentários.
Constituição Federal, instituindo normas para licitações
e contratos da Administração Pública e, ainda, a Lei nº
O principal elemento que justifica o processo licita-
10.520/2002 (Lei do Pregão).
tório para realização de compras no setor público é a
A licitação é obrigatória para toda Administração Pú-
TRANSPARÊNCIA que este representa.
blica e deve seguir vários princípios, conforme preconi-
Portanto, conceituando temos que:
zado no art. 37, caput, XXI, da Constituição Federal: Licitação é o procedimento administrativo pelo qual
uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adqui-
Art. 37 – A administração pública direta e indireta de rir ou locar bens, realizar obras ou serviços, segundo con-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- dições por ela estipuladas previamente, convoca interes-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios sados na apresentação de propostas, a fim de selecionar
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici- a que se revele mais conveniente em função de parâme-
dade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] tros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este
XX – Ressalvados os casos específicos na legislação, as procedimento visa a garantir duplo objetivo: de um lado,
obras, serviços, compras e alienações serão contrata- proporcionar às entidades governamentais possibilidade
dos mediante processo de licitação pública que asse- de realizarem o negócio mais vantajoso; de outro, asse-
gure igualdade de condições a todos os concorrentes, gurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a
com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga- participação nos negócios que as pessoas administrati-
mento, mantidas as condições efetivas da proposta, vas entendam de realizar com os particulares.
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên-
cias de qualificação técnica e econômica indispen- DISPENSA E INEXIBILIDADE
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sáveis à garantia do cumprimento das obrigações.


Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Mu-
COMPRAS NO SETOR PÚBLICO nicípios, Distrito Federal, Territórios e autarquias estão
obrigados a licitar, em obediência às pertinentes leis de
O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Ca- licitação, o que é ponto incontroverso.
deia de Suprimentos das organizações. Inexigibilidade de Licitação: A obrigatoriedade so-
Segundo Martins et al. (2006, p. 81): mente não se aplica em determinados casos descritos a
seguir, conforme art. 25, da Lei 8.666/1993:
A função de compras assume papel verdadeiramente
estratégico nos negócios de hoje em face do volume de I – nos casos de haver um fornecedor exclusivo de de-
recursos, principalmente financeiros envolvidos, deixando terminado material, equipamento ou gênero, vedada
cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma a preferência de marca, devendo haver a compro-
atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e vação de exclusividade por meio de atestado fornecido
não um centro de lucros. por órgão competente;

57
II – para a contratação de serviços técnicos, dentro do A não observação desse princípio impregnará o pro-
conceito de serviços técnicos previsto pela própria Lei cesso licitatório de vício, trazendo nulidade como con-
8666/93 em seu artigo 13 e sequência.
III – para a contratação de profissional de qualquer
setor artístico, desde que consagrad O Princípio da Isonomia ou Igualdade
o pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Consiste na ideia de que todos devem receber trata-
Dispensa da licitação só ocorrerá nos casos previs- mento paritário, em situações uniformes, não sendo ad-
tos no artigo 24 da Lei 8.666/1993, que seguem descritos mitidos privilégios ou discriminações arbitrárias.
a seguir:
Princípio da igualdade
É dispensável a licitação: Nos casos de guerra, grave
perturbação da ordem ou calamidade pública; Quando Além de consistir na obrigação de tratar isonomi-
sua realização comprometer a segurança nacional, a camente todos os licitantes, também significa ensejar a
juízo do Presidente da República; Quando não acudirem qualquer interessado que atender às condições indispen-
interessados à licitação anterior, mantidas, neste caso, as sáveis de garantia, a oportunidade de disputar o certame.
condições preestabelecidas; Na aquisição de materiais, eq- Princípio da Impessoalidade
uipamentos ou gêneros que só podem ser fornecidos por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, Para evitar a preferência por alguma empresa especi-
bem como na contratação de serviços com profissionais ficamente, cuja não observação implicaria prejuízo para
ou firmas de notória especialização; Na aquisição de obras a lisura do processo licitatório, e como consequência a
de arte e objetos históricos; Quando a operação envolver decretação da nulidade do processo, ou seja, estabele-
concessionário de serviço público ou, exclusivamente, pes-
ce que “a atividade administrativa deve ser destinada a
soas de direito público interno ou entidades sujeitas ao seu
todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral,
controle majoritário; Na aquisição ou arrendamento de im-
sem determinação de pessoa ou discriminação de qual-
óveis destinados ao Serviço Público; Nos casos de emergên-
cia, caracterizada a urgência de atendimento de situação quer natureza”.
que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a segurança
de pessoas, obras, bens ou equipamentos; Nas compras ou Princípio da Moralidade
execução de obras e serviços de pequeno vulto, entendidos
como tal os que envolverem importância inferior a cinco O Princípio da Moralidade significa que a Adminis-
vezes, no caso de compras e serviços, e a cinquenta vezes, tração Pública, além de obedecer à Lei, deve respeitar a
no caso de obras, o valor do maior salário mínimo mensal. moral, adotar condutas honestas.
Destaca-se como diz Marcio Cammarosano, o prin-
Diferença entre inexigibilidade e dispensa, segundo cípio da moralidade não é a moral comum, mas sim a
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “a diferença básica entre moralidade juridicizada.
as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há
possibilidade de competição que justifique a licitação; de Princípio da Publicidade
modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na
competência discricionária da Administração. Nos casos Visa a tornar a futura licitação conhecida dos inte-
de inexigibilidade, não há possibilidade de competição, ressados e dar conhecimento aos licitantes bem como à
porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda
sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse
às necessidades da Administração; a licitação é, portanto,
princípio é garantir aos cidadãos o acesso à documenta-
inviável”.
ção referente à licitação, bem como sua participação em
PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO audiências públicas

O processo de licitatório também se baseia em prin- Princípio da Probidade Administrativa


cípios, como vemos a seguir:
O art. 3º, da Lei nº 8.666/1993, prevê a observância Atos de improbidade (são aqueles que apresentam
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dos princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade, imoralidade administrativa especialmente qualificada,


moralidade, igualdade, publicidade, probidade adminis- por atuar de forma desonesta, corrupta, dolosa). Além de
trativa, vinculação ao instrumento convocatório, julga- serem inválidos, ensejam a aplicação de sanções severas
mento objetivo e demais correlatos. a seus autores.

O Princípio da Legalidade Princípio da Eficiência

Vincula o administrador a fazer apenas o que a lei Consiste no dever da Administração realizar a função
autoriza, sendo que, na licitação, o procedimento deverá administrativa com rapidez, perfeição e rendimento.
desenvolver-se não apenas com observância estrita às le- Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade
gislações a ele aplicáveis, mas também ao regulamento,
Pela Razoabilidade, as decisões administrativas de-
caderno de obrigações e ao próprio edital ou convite,
vem ser amparadas e pautadas em justificativas racionais,
segundo Hely Lopes Meirelles.
com fulcro no bom senso

58
Princípio da Competitividade Concurso – é a modalidade de licitação destinada à
escolha de trabalho técnico ou artístico predominante-
Competitividade garante a livre participação a todos, mente de criação intelectual. Normalmente, há atribuição
porém, essa liberdade de participação é relativa, não sig- de prêmio aos classificados, mas a lei admite também a
nificando que qualquer empresa será admitida no pro- oferta de remuneração;
cesso licitatório. Por exemplo, não faz sentido uma em- Leilão – é espécie de licitação utilizável na venda de
presa fabricante de automóveis tencionar participar de bens móveis e semoventes e, em casos especiais, tam-
um processo de licitação, quando o objeto do certame bém de imóveis.
Pregão – é a modalidade de licitação destinada à con-
seja compra de alimentos.
tratação de bens e serviços comuns, independentemente
É pelo Princípio da Competitividade que o edital não
de seu valor, estando disciplinada na Lei nº 10.520/2002.
pode conter exigências descabidas, cláusulas ou condi- Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos
ções que restrinjam indevidamente o possível universo padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
de licitantes para aquele certame. tivamente definidos pelo edital, sem grande necessidade
de avaliações detalhadas, visto que a relação dos bens
Princípio da Vinculação ou serviços comuns encontra-se disposta em anexo do
Decreto Federal nº 3.555/2000, posteriormente alterado
Administração e licitantes vinculam-se ao estabeleci- pelo Decreto Federal nº 7.174/2010.
do no edital ou carta-convite.

Princípio do Julgamento Objetivo FIQUE ATENTO!


Não confundir modalidades de licitação
A Administração está obrigada a efetuar o julgamen- com tipos de licitação.
to das propostas com base nos critérios já definidos no Por modalidade, compreendemos o proce-
instrumento convocatório.
dimento por meio do qual o agente público
Princípio da Motivação selecionará a melhor proposta para a Admi-
nistração Pública.
Todas as decisões administrativas devem ser sempre Já tipo de licitação, é o que determina os
justificadas por escrito no processo da licitação, motiva- critérios para a escolha da melhor proposta.
das, ou seja, o agente responsável pela tomada da deci-
são deve enunciar expressamente os motivos de fato e
de direito que justificam determinada decisão. Existem três tipos básicos de licitação:
MODALIDADES DE LICITAÇÃO Menor preço – neste caso, o que vale é o menor pre-
ço. Teoricamente, esse menor preço pode chegar a zero
A licitação, como espécie de processo administrativo, (ou até mesmo preço negativo). Muitas empresas aca-
é dividida em seis modalidades distintas: bam aceitando preços menores que o viável economi-
Concorrência – é a modalidade de licitação própria camente porque interessa a elas outros fatores como a
para contratos de grande valor, em que se admite a par- vinculação da imagem a determinado projeto ou a con-
ticipação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, quista de um novo cliente;
que satisfaçam as condições do edital, convocados com a Melhor técnica – em alguns casos, principalmente
antecedência mínima prevista na lei, com ampla publici-
quando o trabalho é complexo, o órgão público pode
dade pelo órgão oficial e pela imprensa particular.
Tomada de preços – é a licitação realizada entre inte- basear-se nos parâmetros técnicos para determinar o
ressados previamente registrados, observada a necessá- vencedor;
ria habilitação, convocados com a antecedência mínima Menor preço e melhor técnica – neste caso, os dois
prevista na lei, por aviso publicado na imprensa oficial e parâmetros são importantes. Assim, no próprio edital de
em jornal particular, contendo as informações essenciais licitação deve estar claro o peso que cada um dos parâ-
da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. A metros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se
nova lei aproximou a tomada de preços da concorrência, possa fazer uma média ponderada.
exigindo a publicação do aviso e permitindo o cadastra-
mento até o terceiro dia anterior à data do recebimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

das propostas. Enfim, ao passo que os tipos de licitação estão rela-


Convite – é a modalidade de licitação mais simples, cionados à recepção de propostas, as modalidades estão
destinada às contratações de pequeno valor, consistin- relacionadas aos demais procedimentos administrativos
do na solicitação escrita a pelo menos três interessados adotados na gestão do processo licitatório.
do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas
propostas no prazo mínimo de cinco dias úteis. O convite EDITAL DE LICITAÇÃO
não exige publicação, porque é feito diretamente aos es-
colhidos pela Administração por meio de carta-convite. É o instrumento pelo qual a Administração leva ao
A lei nova, porém, determina que cópia do instrumento
convocatório seja afixada em local apropriado, esten- conhecimento público a abertura de concorrência, de to-
dendo-se automaticamente aos demais cadastrados da mada de preços, de concurso e de leilão, fixa as condições
mesma categoria, desde que manifestem seu interesse de sua realização e convoca os interessados para a apre-
até vinte e quatro horas antes da apresentação das pro- sentação de suas propostas.
postas;

59
Como lei interna, vincula a Administração e os parti- 1.1 Fase de Abertura
cipantes.
Funções do edital: Assim sendo, o procedimento de licitação é iniciado
• Dá publicidade à licitação; com a abertura de processo administrativo, devidamen-
• Identifica o objeto licitado e delimita o universo te autuado, protocolado e numerado, contendo a au-
das propostas; torização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto
• Circunscreve o universo dos proponentes; e do recurso para a despesa, e ao qual serão juntados
• Estabelece os critérios para análise e avaliação dos oportunamente: o edital ou convite e respectivos anexos;
proponentes e das propostas; comprovante das publicações do edital ou da entrega
• Regula atos e termos processuais do procedimen- do convite; ato de designação da comissão de licitação,
to; do leiloeiro, administrativo ou oficial, ou do responsável
• Fixa cláusulas do futuro contrato. pelo convite; original das propostas e dos documentos
que as instruem; atas, relatórios e deliberações da Comis-
Quanto à sua habilitação, por vezes denominada são de Licitação; pareceres técnicos ou jurídicos emitidos
“qualificação”, é a fase do procedimento em que se ana- sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; atos de ad-
lisa a aptidão dos licitantes. judicação do objeto da licitação e da sua homologação;
Detalhe Importante: recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e
• Aptidão – qualificação indispensável para que a respectivas manifestações e decisões; despacho de anu-
lação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
proposta possa ser objeto de consideração.
fundamentado circunstancialmente; termo de contrato
• Sem aptidão – o órgão competente não habilita.
ou instrumento equivalente; outros comprovantes de
• publicações e demais documentos relativos à licitação.
Observa-se: modalidade de licitação, chamada “con-
vite”, inexiste a fase de habilitação – aqui a aptidão é 2. Fase externa
presumida; é feita a priori pelo próprio órgão licitante
que escolhe e convoca aqueles que julgam capacitados a 2.1 Fase de Habilitação
participar do certame, admitindo, também, eventual inte-
ressado, não convidado, mas cadastrado. Após a publicação do edital, tem início a fase externa
Classificação – momento em que as propostas admi- da licitação, que é caracterizada pela habilitação e pela
tidas são ordenadas em função das vantagens que ofe- seleção do melhor licitante, dentre os habilitados. Para a
recem, na conformidade dos critérios de avaliação esta- habilitação nas licitações, será exigido dos interessados:
belecidos no edital. documentação relativa à habilitação jurídica, qualificação
A classificação é dividida em duas fases: técnica, qualificação econômico-financeira, regularidade
• Abertura de envelopes “proposta” – a abertura é fiscal e prova de que o interessado não empregue em
feita em ato público, previamente designado, la- trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de de-
vrando-se ata circunstanciada ao final. zoito anos, bem como não empregue em qualquer tra-
balho menores de dezesseis anos, salvo na condição de
• Julgamento das propostas – objetivo e conforme
aprendiz, a partir de quatorze anos. A inabilitação do lici-
os tipos de licitação.
tante importa preclusão do seu direito de participar das
fases subsequentes do processo licitatório.
As propostas que estiverem de acordo com o edital
serão classificadas na ordem de preferência, na escolha 2.2 Fase de Classificação e Julgamento
conforme o tipo de licitação. Aquelas que não se apre-
sentarem em conformidade com o instrumento convoca- O julgamento das propostas será objetivo, devendo
tório serão desclassificadas. Não se pode aceitar propos- a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite
ta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação e
ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório os critérios previamente estabelecidos no ato convoca-
não tenha estabelecido limites mínimos (Art. 44, § 3º, da tório. No caso de empate entre duas ou mais propostas,
Lei 8.666/1993). deverá ser observado o disposto no artigo 3º, § 2º, da Lei
de Licitações.
FASES DO PROCESSO DE LICITAÇÃO Nota-se nesta fase que, com o advento da Lei Comple-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabe-


O processo de licitação é dividido em duas fases: fase leceu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empre-
interna e fase externa, as quais, por sua vez, subdividem- sa de Pequeno Porte, ocorreu a adoção de novas regras
-se em fases específicas. de licitações públicas, dando tratamento diferenciado e
favorecido às microempresas e empresas de pequeno
porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
1. Fase interna Distrito Federal e dos Municípios, com relação à prefe-
rência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes
Fase preliminar da licitação que compreende os se- Públicos. Na prática, os direitos são: deverão apresentar
guintes atos: definição do objeto a ser contratado, esti- toda a documentação exigida para efeito de comprova-
mativa do custo do contrato, reserva da receita orçamen- ção de regularidade fiscal, mesmo que com restrições.
tária, elaboração do instrumento convocatório, exame do Porém, havendo alguma restrição, será assegurado o
edital ou carta-convite pela assessoria jurídica, autoriza- prazo de dois dias úteis, prorrogáveis por igual período,
ção para licitar e publicação do edital. cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o

60
proponente for declarado o vencedor do certame, para Contrato administrativo é um acordo de vontades
a regularização da documentação. Outro privilégio é o celebrado entre a Administração Pública e o particular ou
direito de preferência nas situações de empate, ou seja, outro ente administrativo (órgão ou pessoa jurídica de di-
quando as propostas apresentadas pelas microempresas reito público ou privado) para a realização de objetivos de
e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% interesse público, nas condições estabelecidas pela própria
superiores à proposta mais bem classificada. No caso do Administração Pública, sendo disciplinado preferencial-
pregão, aplica-se às propostas que não sejam superiores mente pela Lei de Licitações.
a 5% da proposta com o menor valor. Dessa forma, a 1. Principais características
microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem
classificada poderá apresentar proposta de preço inferior Os contratos administrativos devem estabelecer com
àquela considerada vencedora do certame, situação em clareza e precisão as condições para a sua execução, ex-
que será adjudicado em seu favor o objeto licitado. Por pressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações
fim, o legislador ainda permitiu a promoção de licitação e responsabilidades das partes, em conformidade com
pública, desde que os valores envolvidos não superem os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), restrita às microempresas Sendo assim, conforme o disposto no art. 55 da Lei nº
e empresas de pequeno porte. 8.666/1993, são consideradas cláusulas necessárias em
2.3 Fase de Homologação e Adjudicação todo contrato administrativo:
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
Uma vez concluída a fase de classificação e julgamen- que estabeleçam:
to, a autoridade superior à Comissão de Licitação, com I – o objeto e seus elementos característicos;
II – o regime de execução ou a forma de fornecimento;
fundamento no poder-dever que lhe é atribuído, pode-
III – o preço e as condições de pagamento, os crité-
rá, alternativamente: homologar os atos administrativos rios, data-base e periodicidade do reajustamento de
praticados, confirmando o resultado da licitação; revogar preços, os critérios de atualização monetária entre a
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
toda, motivada por razões de interesse público, que de- pagamento;
corram de fato superveniente devidamente comprovado, IV – os prazos de início de etapas de execução, de con-
pertinente e hábil para justificar tal conduta ou anular clusão, de entrega, de observação e de recebimento
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação definitivo, conforme o caso;
toda, motivada por ilegalidade relacionada ao processo V – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a in-
licitatório, mediante parecer escrito e devidamente fun- dicação da classificação funcional programática e da
categoria econômica;
damentado.
VI – as garantias oferecidas para assegurar sua plena
Com o resultado homologado, o licitante cuja pro- execução, quando exigidas;
posta tiver sido selecionada terá o direito à adjudicação VI – os direitos e as responsabilidades das partes, as
do objeto da licitação. A adjudicação consiste na atribui- penalidades cabíveis e os valores das multas;
ção do objeto da licitação àquele cuja proposta tenha VIII – os casos de rescisão;
sido selecionada, para imediata execução do contrato. IX – o reconhecimento dos direitos da Administração,
em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77
2.4 Inversão de fases no procedimento licitatório desta Lei;
X – as condições de importação, a data e a taxa de
Convém ressaltar uma exceção trazida pela Lei nº câmbio para conversão, quando for o caso;
XI – a vinculação ao edital de licitação ou ao termo
11.196/2005 e pela Lei nº 10.520/2002, prevendo que
que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta
o edital de licitação estabelecerá a inversão da ordem do licitante vencedor;
das fases de habilitação e julgamento nas modalidades XII – a legislação aplicável à execução do contrato e
de pregão e concorrência para outorga de concessões especialmente aos casos omissos;
e permissões de serviços públicos. Nesses casos, uma XIII – a obrigação do contratado de manter, durante
vez encerrada a fase de classificação das propostas, será toda a execução do contrato, em compatibilidade com
aberto o envelope com os documentos de habilitação as obrigações por ele assumidas, todas as condições
do licitante mais bem classificado. Uma vez constatado de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

o atendimento às exigências editalícias, o licitante será


declarado vencedor. Por outro lado, caso o licitante me- Além das cláusulas necessárias, os contratos adminis-
lhor classificado seja inabilitado, serão analisados os do- trativos possuem determinadas características especiais
que os diferenciam dos contratos submetidos a outros
cumentos do licitante classificado em segundo lugar, e
regimes jurídicos. São elas:
assim sucessivamente.
1.1 Formalidade
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A formalidade caracteriza, em regra, os contratos ad-
Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela ministrativos. Assim, é nulo e de nenhum efeito o con-
Administração Pública, com o propósito de satisfazer as trato verbal com a Administração Pública, exceto o que
necessidades de interesse público. De acordo com Bel- tenha por objeto pequenas compras de pronto paga-
lote Gomes: mento, assim entendidas aquelas de valor não superior
a R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

61
Todo contrato administrativo deve trazer o nome das 1.7 Hipóteses de alteração dos contratos admi-
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato nistrativos
que autoriza a sua lavratura, o número do processo de li-
citação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos Os contratos administrativos podem ser alterados,
contratantes às normas previstas na Lei de Licitações e às desde que haja motivação legal, de forma unilateral pela
cláusulas contratuais. Administração Púbica ou por acordo entre as partes.

1.2 Licitação Prévia 1.8 Responsabilidade contratual


Ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e inexi- O contratado é responsável pelos danos causados dire-
gibilidade de licitação, a celebração dos contratos ad- tamente à Administração Pública ou a terceiros, decorren-
ministrativos deve ser precedida de licitação, sob pena tes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, sendo
de nulidade, devendo ainda a minuta do futuro contrato de sua responsabilidade, ainda, os encargos trabalhistas,
administrativo constar do edital ou do ato convocatório previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execu-
da licitação. ção do contrato. A inadimplência de sua parte com relação
1.3 Cláusulas Exorbitantes a tais obrigações não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o
São cláusulas existentes apenas nos contratos admi- objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das
nistrativos e que conferem determinadas prerrogativas à obras e edificações, inclusive perante o registro de imóveis.
Administração Pública, colocando-a em posição de supe-
rioridade em relação aos contratados. Estão previstas no 2. Principais modalidades de contratos adminis-
art. 58 da Lei de Licitações. trativos
1.4 Prazo Determinado Os contratos administrativos são usualmente classi-
ficados nas seguintes modalidades, conforme seu obje-
Como regra, os contratos administrativos devem ter to: contratos de obra, contratos de serviço, contratos de
início e término predeterminados, sendo vedados os compra, contratos de alienação, parcerias público-priva-
contratos administrativos com prazo indeterminado. das, contratos de gestão, contratos de concessão de uso
de bem público, contratos de concessão de serviço pú-
1.5 Prestação de Garantias blico precedida da execução de obra pública, contratos
de empréstimo público, consórcios e convênios.
A critério da autoridade competente, em cada caso,
e desde que prevista no instrumento convocatório, po- 3. Hipóteses de extinção dos contratos adminis-
derá ser exigida prestação de garantia nas contratações trativos
de obras, serviços e compras, não excedendo 5% do va-
lor do contrato, podendo o contratado optar por uma Os contratos administrativos podem ser extintos pela
das seguintes modalidades de garantia: seguro-garantia, conclusão do objeto, pelo término do prazo ou por res-
fiança bancária ou caução em dinheiro ou em títulos da cisão contratual.
dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a for- Nota-se, de forma clara e precisa, a importância da
ma escritural, mediante registro em sistema centralizado Administração Pública, como responsável pela gestão
de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Cen- do dinheiro público. Assim, diante da necessidade de re-
tral do Brasil, e avaliados pelos seus valores econômicos, gulamentar e padronizar os procedimentos, o legislador
conforme definido pelo Ministério da Fazenda. pátrio instituiu a Lei n° 8.666/1993, para controlar de for-
Ressalta-se que, para obras, serviços e fornecimentos ma mais estrita as atividades do administrador público,
de grande vulto, envolvendo alta complexidade técnica e relacionados à contratação de obras, serviços, inclusive
riscos financeiros consideráveis, demonstrados por meio publicidade, compras, alienações e locações no âmbito
de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade com- da Administração Pública, aperfeiçoando as regras conti-
petente, o limite de garantia de 5% poderá ser elevado das em normas já existentes.
para até 10% do valor do contrato. O controle imposto pela Lei de Licitações visa a pro-
A garantia prestada pelo contratado será liberada ou porcionar que o administrador atue em harmonia com
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

restituída após a execução do contrato, e, quando em os princípios que norteiam a sua atividade e busque, na
dinheiro, atualizada monetariamente. contratação de bens de serviços, a proposta mais vanta-
josa, de modo a evidenciar o interesse público.
1.6 Publicidade Ademais, pode-se concluir que a licitação é a regra
imposta pela Constituição da República e pode ser de-
Depois de celebrado o contrato, este é publicado na finida como o conjunto de regras destinadas à seleção
imprensa oficial, até o quinto dia útil do mês seguinte ao da melhor proposta, dentre as apresentadas por aqueles
de sua assinatura, como condição de sua eficácia, uma que desejam controlar com a Administração Pública.
vez que a Lei de Licitações define a imprensa oficial como Por fim, cabe à sociedade e aos administradores exer-
o veículo oficial de divulgação da Administração Pública, cer uma fiscalização habitual, capaz de proporcionar al-
sendo para a União o Diário Oficial da União e, para os terações no quadro de gestão do dinheiro público, de
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for de- forma a impulsionar os administradores a utilizarem a
finido nas respectivas leis. licitação de forma contida na legislação.

62
Resposta Errado. O item se refere à tomada de preço
– conforme § 2º do artigo 22 da Lei nº 8.666 – Tomada
EXERCÍCIOS COMENTADOS de preços é a modalidade de licitação entre interes-
sados devidamente cadastrados ou que atenderem a
1. (TER-PE – 2017 – CESPE) O edital de licitação terá de todas as condições exigidas para cadastramento até o
conter, obrigatoriamente, terceiro dia anterior à data do recebimento das pro-
postas, observada a necessária qualificação.
a) indicação das sanções para o caso de inadimplemento.
b) a descrição técnica detalhada, minuciosa e exauriente
do objeto da licitação.
c) a indicação de que os critérios para julgamento serão LEI Nº 10.520/2002 E DECRETO Nº 5.504/2005
informados após a fase de habilitação.
(PREGÃO)
d) condições de pagamento que estabeleçam preferên-
cia para empresas brasileiras.
e) a previsão de irrecorribilidade das decisões da comis- PREGÃO (LEI Nº 10.520/02).
são de licitação.
LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002 – LICITA-
Resposta: Letra A. ÇÕES – PREGÃO
Alternativa A – Certo – Conforme art. 40, III.
Alternativa B – Errado – A descrição deve ser sucinta Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Cons-
e clara.
tituição Federal, modalidade de licitação denominada
Alternativa C – Errado – Os critérios para julgamento pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e
deverão constar no edital. dá outras providências.
Alternativa D – Errado – O edital estabelecerá condi-
ções de pagamento para empresas brasileiras e es- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
trangeiras. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Alternativa E – Errado – O edital não preverá esse tipo
de previsão. O termo “pregão” significa apregoar, isto é, realizar
uma proclamação pública. No âmbito do Direito Admi-
Instrução: Na(s) questão(ões) a seguir, preencha o campo nistrativo significa um leilão ao contrário, afinal, o leilão
designado com o código C, caso julgue o item CERTO; ou busca transferir o domínio do bem a quem lhe der maior
lance, enquanto que no pregão se pretende o oposto.
o campo designado com o código E, caso julgue o item
ERRADO. Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, po-
derá ser adotada a licitação na modalidade de pregão,
2. (STJ – 2018 – CESPE) Em relação aos princípios apli- que será regida por esta Lei.
cáveis à administração pública, julgue o próximo item.
A indicação dos fundamentos jurídicos que determina- Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços co-
ram a decisão administrativa de realizar contratação por muns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos
dispensa de licitação é suficiente para satisfazer o princí- padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
pio da motivação. tivamente definidos pelo edital, por meio de especifi-
cações usuais no mercado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O pregão possui âmbito bem delimitado, porque
apenas pode ser realizado para aquisições de bens e ser-
Resposta Errado. Os atos administrativos que dispen- viços comuns. É importante ressaltar que a utilização do
sem ou declarem a inexigibilidade de processo licita- pregão não depende do valor envolvido, mas sim da na-
tório deverão ser motivados com indicação dos fatos tureza do bem ou serviço, que deve ser comum.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e dos fundamentos jurídicos. Comum é aquele que é padronizado em desempe-


nho e qualidade. O Decreto nº 3.555/2000 traz uma lista
3. (EBSERH – 2018 – CESPE) Julgue o próximo item, re- exemplificativa dos bens e serviços comuns.
lativo às modalidades de licitação.
Convite é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as #FicaDica
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
O pregão apenas serve para bem ou ser-
anterior à data do recebimento das propostas, observada
viço, não OBRA! Em se tratando de servi-
a necessária qualificação. ço de engenharia, desde que seja comum,
cabe pregão.
( ) CERTO ( ) ERRADO

63
Art. 2º (VETADO)
§ 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utili- #FicaDica
zação de recursos de tecnologia da informação, nos
termos de regulamentação específica. O procedimento conduzido por um único
§ 2º Será facultado, nos termos de regulamentos pró- servidor, o pregoeiro.
prios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, O pregoeiro pode ser assistido por uma
a participação de bolsas de mercadorias no apoio téc- equipe de apoio. Essa equipe de apoio não
nico e operacional aos órgãos e entidades promotores tem qualquer competência decisória, nem
da modalidade de pregão, utilizando-se de recursos de poderes para a condução das atividades
tecnologia da informação. relativas à sessão do pregão.
§ 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar or-
ganizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lu- Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a con-
crativos e com a participação plural de corretoras que vocação dos interessados e observará as seguintes regras:
operem sistemas eletrônicos unificados de pregões. I - a convocação dos interessados será efetuada por
meio de publicação de aviso em diário oficial do res-
O sucesso da utilização do Pregão na esfera federal pectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de
foi considerado tão grande, a ponto de o Decreto nº circulação local, e facultativamente, por meios ele-
5.450/2005 tornar a adoção do pregão obrigatória, na trônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de
esfera federal, para as licitações envolvendo a aquisição grande circulação, nos termos do regulamento de que
de bens e serviços comuns, sendo preferencial a utiliza- trata o art. 2º;
ção de sua forma eletrônica. Assim, enquanto o §1o aqui II - do aviso constarão a definição do objeto da lici-
faculta a adoção de recursos de tecnologia da informa- tação, a indicação do local, dias e horários em que
ção, na prática, esta tem sido regra geral. poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital;
III - do edital constarão todos os elementos definidos
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o se- na forma do inciso I do art. 3º, as normas que discipli-
guinte: narem o procedimento e a minuta do contrato, quan-
I - a autoridade competente justificará a necessidade do for o caso;
de contratação e definirá o objeto do certame, as exi- IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colo-
gências de habilitação, os critérios de aceitação das cadas à disposição de qualquer pessoa para consulta
propostas, as sanções por inadimplemento e as cláu- e divulgadas na forma da Lei nº 9.755, de 16 de de-
sulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos zembro de 1998;
para fornecimento; V - o prazo fixado para a apresentação das propostas,
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficien- contado a partir da publicação do aviso, não será in-
te e clara, vedadas especificações que, por excessivas, ferior a 8 (oito) dias úteis;
irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição; VI - no dia, hora e local designados, será realizada ses-
III - dos autos do procedimento constarão a justifica- são pública para recebimento das propostas, devendo
tiva das definições referidas no inciso I deste artigo o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se
e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais for o caso, comprovar a existência dos necessários po-
estiverem apoiados, bem como o orçamento, elabora- deres para formulação de propostas e para a prática
do pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos de todos os demais atos inerentes ao certame;
bens ou serviços a serem licitados; e VII - aberta a sessão, os interessados ou seus repre-
IV - a autoridade competente designará, dentre os ser- sentantes, apresentarão declaração dando ciência de
vidores do órgão ou entidade promotora da licitação, que cumprem plenamente os requisitos de habilita-
o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribui- ção e entregarão os envelopes contendo a indicação
ção inclui, dentre outras, o recebimento das propostas do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua
e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classi- imediata abertura e à verificação da conformidade
ficação, bem como a habilitação e a adjudicação do das propostas com os requisitos estabelecidos no ins-
objeto do certame ao licitante vencedor. trumento convocatório;
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cen-
emprego da administração, preferencialmente perten- to) superiores àquela poderão fazer novos lances verbais
centes ao quadro permanente do órgão ou entidade e sucessivos, até a proclamação do vencedor;
promotora do evento. IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas con-
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de dições definidas no inciso anterior, poderão os autores
pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), ofe-
ser desempenhadas por militares. recer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que
Fase preparatória ou interna: neste momento se sejam os preços oferecidos;
justificará a necessidade da contratação do serviço ou X - para julgamento e classificação das propostas,
aquisição do bem por parte da Administração, fixando-se será adotado o critério de menor preço, observados os
as regras do procedimento (objeto do certame, especifi- prazos máximos para fornecimento, as especificações
cação das exigências para habilitação, critério de aceita- técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qua-
ção, prazos, sanções por inadimplemento, etc.). lidade definidos no edital;

64
XI - examinada a proposta classificada em primeiro
lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro #FicaDica
decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as O prazo para a apresentação de propostas
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro não pode ser inferior a OITO DIAS ÚTEIS,
contendo os documentos de habilitação do licitante os quais se contam da publicação do aviso
que apresentou a melhor proposta, para verificação de licitação. O prazo pode ser maior, sem
do atendimento das condições fixadas no edital; problemas, devendo o edital prever.
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o
licitante está em situação regular perante a Fazenda
Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia Art. 5º É vedada a exigência de:
do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais I - garantia de proposta;
e Municipais, quando for o caso, com a comprovação II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição
de que atende às exigências do edital quanto à habi- para participação no certame; e
litação jurídica e qualificações técnica e econômico- III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os re-
-financeira; ferentes a fornecimento do edital, que não serão supe-
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os do- riores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos
cumentos de habilitação que já constem do Sistema de utilização de recursos de tecnologia da informação,
de Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf quando for o caso.
e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito
Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitan- Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60
tes o direito de acesso aos dados nele constantes; (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade
no edital, o licitante será declarado vencedor; da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de en-
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante tregar ou apresentar documentação falsa exigida para
desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro o certame, ensejar o retardamento da execução de seu
examinará as ofertas subsequentes e a qualificação objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na
execução do contrato, comportar-se de modo inidô-
dos licitantes, na ordem de classificação, e assim su-
neo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar
cessivamente, até a apuração de uma que atenda ao
e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor;
Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sis-
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o
temas de cadastramento de fornecedores a que se re-
pregoeiro poderá negociar diretamente com o propo-
fere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até
nente para que seja obtido preço melhor;
5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá edital e no contrato e das demais cominações legais.
manifestar imediata e motivadamente a intenção de
recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os de-
dias para apresentação das razões do recurso, ficando correntes de meios eletrônicos, serão documentados
os demais licitantes desde logo intimados para apre- no processo respectivo, com vistas à aferição de sua
sentar contrarrazões em igual número de dias, que co- regularidade pelos agentes de controle, nos termos do
meçarão a correr do término do prazo do recorrente, regulamento previsto no art. 2º.
sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalida- Art. 9º  Aplicam-se subsidiariamente, para a modali-
ção apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; dade de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do junho de 1993.
licitante importará a decadência do direito de recurso
e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro
ao vencedor; #FicaDica
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente
fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante A Lei do Pregão – Lei nº 10.520/2002 deve
vencedor; sempre ser lida em conjunto com a Lei de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XXII - homologada a licitação pela autoridade compe- Licitações – Lei nº 8.666/1993.


tente, o adjudicatário será convocado para assinar o
contrato no prazo definido em edital; e
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com
prazo de validade da sua proposta, não celebrar o base na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agos-
contrato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI. to de 2001.
Fase externa: começa com a divulgação do edital,
dando publicidade ao pregão. Após, segue-se para a fase Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços
de propostas. Selecionada a melhor proposta, parte-se comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
para a fase de habilitação. (Nota-se a inversão da regra Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo siste-
geral licitatória). Habilitado o candidato que fez a melhor ma de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº
proposta – que sempre será a de menor preço – este será 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a mo-
chamado a assinar o contrato. dalidade de pregão, conforme regulamento específico.

65
Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, § 1º Nas licitações realizadas com a utilização de re-
passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: cursos repassados nos termos do caput, para aquisição
de bens e serviços comuns, será obrigatório o emprego
“Art. 2-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os da modalidade pregão, nos termos da Lei nº 10.520,
Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de 17 de julho de 2002, e do regulamento previsto
de preços destinadas à aquisição de bens e serviços no Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005,sendo
comuns da área da saúde, a modalidade do pregão, preferencial a utilização de sua forma eletrônica, de
inclusive por meio eletrônico, observando-se o seguin- acordo com cronograma a ser definido em instrução
te: complementar.
I - são considerados bens e serviços comuns da área § 2º A inviabilidade da utilização do pregão na forma
da saúde, aqueles necessários ao atendimento dos ór- eletrônica deverá ser devidamente justificada pelo di-
gãos que integram o Sistema Único de Saúde, cujos rigente ou autoridade competente.
padrões de desempenho e qualidade possam ser obje- § 3º Os órgãos, entes e entidades privadas sem fins
tivamente definidos no edital, por meio de especifica-
lucrativos, convenentes ou consorciadas com a União,
ções usuais do mercado.
poderão utilizar sistemas de pregão eletrônico pró-
II - quando o quantitativo total estimado para a con-
prios ou de terceiros.
tratação ou fornecimento não puder ser atendido
pelo licitante vencedor, admitir-se-á a convocação § 4º Nas situações de dispensa ou inexigibilidade de
de tantos licitantes quantos forem necessários para o licitação, as entidades privadas sem fins lucrativos,
atingimento da totalidade do quantitativo, respeitada observarão o disposto no art. 26 da Lei nº 8.666, de 21
a ordem de classificação, desde que os referidos lici- de junho de 1993, devendo a ratificação ser procedi-
tantes aceitem praticar o mesmo preço da proposta da pela instância máxima de deliberação da entidade,
vencedora. sob pena de nulidade.
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto § 5º Aplica-se o disposto neste artigo às entidades
no inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados qualifica (Revogado pelo Decreto nº 9.190, de 2017)
outros preços diferentes da proposta vencedora, des-
de que se trate de objetos de qualidade ou desempe- Art. 2º Os órgãos, entes e instituições convenentes, fir-
nho superior, devidamente justificada e comprovada a matários de contrato de gestão ou termo de parceria,
vantagem, e que as ofertas sejam em valor inferior ao ou consorciados deverão providenciar a transferência
limite máximo admitido.” eletrônica de dados, relativos aos contratos firmados
com recursos públicos repassados voluntariamente
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- pela União para o Sistema Integrado de Administra-
cação. ção de Serviços Gerais - SIASG, de acordo com ins-
trução a ser editada pelo Ministério do Planejamento,
Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência Orçamento e Gestão.
e 114º da República.
Art. 3º As transferências voluntárias de recursos públi-
DECRETO Nº 5.504, DE 5 DE AGOSTO DE 2005. cos da União subseqüentes, relativas ao mesmo ajuste,
serão condicionadas à apresentação, pelos convenen-
Estabelece a exigência de utilização do pregão, prefe- tes ou consorciados, da documentação ou dos regis-
rencialmente na forma eletrônica, para entes públicos ou tros em meio eletrônico que comprovem a realização
privados, nas contratações de bens e serviços comuns, de licitação nas alienações e nas contratações de
realizadas em decorrência de transferências voluntárias obras, compras e serviços com os recursos repassados
de recursos públicos da União, decorrentes de convênios
a partir da vigência deste Decreto.
ou instrumentos congêneres, ou consórcios públicos.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
Art. 4º Os Ministérios do Planejamento, Orçamento e
que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, e tendo em
Gestão e da Fazenda expedirão instrução complemen-
vista o disposto no art. 37, inciso XXI, da Constituição, no
tar conjunta para a execução deste Decreto, no prazo
art. 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e nas
de noventa dias, dispondo sobre os limites, prazos e
Leis nº s 11.107, de 6 de abril de 2005, e 10.520, de 17 de
condições para a sua implementação, especialmente
julho de 2002,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em relação ao § 1º do art. 1º , podendo estabelecer


DECRETA : as situações excepcionais de dispensa da aplicação do
disposto no citado § 1º .
Art. 1º Os instrumentos de formalização, renovação
ou aditamento de convênios, instrumentos congêneres Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua
ou de consórcios públicos que envolvam repasse vo- publicação.
luntário de recursos públicos da União deverão conter Brasília, 5 de agosto de 2005; 184º da Independência
cláusula que determine que as obras, compras, servi- e 117º da República.
ços e alienações a serem realizadas por entes públi-
cos ou privados, com os recursos ou bens repassados
voluntariamente pela União, sejam contratadas me-
diante processo de licitação pública, de acordo com o
estabelecido na legislação federal pertinente.

66
Assim, denomina-se servidor público o agente
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO contratado pela Administração Pública, direta ou indireta, sob
E FUNÇÃO PÚBLICOS o regime estatutário, sendo selecionado mediante concurso
público, para ocupar cargos públicos, possuindo vinculação
com o Estado de natureza estatutária e não-contratual.
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela
1. Conceito de agente públicos Lei Federal nº 8.112/1990, também conhecida como
Estatuto do Servidor Público. Um grande destaque do
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, regime de cargos públicos é a aquisição de estabilidade,
são agentes públicos as pessoas que exercem uma após o período de estágio probatório. A estabilidade
função pública, ainda que em caráter temporário ou permite que o servidor não possa ser desligado de
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla suas funções, a não ser pelas hipóteses previstas
e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que, constitucionalmente, como a sentença judicial transitada
dentro da organização da Administração Pública,
em julgado, processo administrativo disciplinar, ou a não
exercem determinada função pública.
aprovação em avaliação periódica de desempenho (art.
Assim, podemos dizer que agente público é gênero,
o qual comporta diversas espécies, como os agentes 41, § 1º, da CF/1988). A estabilidade dos cargos públicos
políticos, os agentes militares, os servidores públicos se configura em uma maior vantagem para o servidor
estatutários, os empregados públicos, os agentes público em geral, em relação aos empregados públicos.
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que são
cada um deles com maiores detalhes. vitalícios, que trazem ainda mais vantajosos pelo fato
de seu estágio probatório ser menor (2 anos, sendo de
1.1 Agentes políticos 3 anos para os cargos não-vitalícios), bem como a sua
perda se dar apenas mediante sentença condenatória
Os agentes políticos possuem como característica transitada em julgado. São vitalícios os cargos de
principal o fato de exercerem uma função pública de alta Magistratura, do Tribunal de Contas, e os cargos dos
direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições, membros do Ministério Público.
e atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão Além da estabilidade, é também assegurado aos
de extinguir a relação destes com o Estado de modo servidores estatutários alguns direitos trabalhistas (art.
automático pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, 39, § 3º, da CF/1988), como:
dessa forma, que a sua vinculação com o Estado não é a) salário mínimo,
profissional, mas estatutária ou institucional. São agentes b) remuneração de trabalho noturno superior ao
políticos os parlamentares, o Presidente da República, o
diurno,
prefeitos, os governadores, bem como seus respectivos
c) repouso semanal remunerado,
vices, ministros e Estado e secretários.
d) férias remuneradas,
1.2 Agentes Militares e) licença à gestante, etc.

Os agentes militares constituem uma categoria 1.4 Empregado Público


a parte dos demais agentes políticos, uma vez
que as instituições militares possuem fortes bases Diferentemente do que ocorre com os servidores, os
fundamentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar empregados públicos são contratados mediante regime
de também apresentarem vinculação estatutária, seu celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, e Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma
não àquela aplicável aos servidores civis. São agentes vinculação contratual. A contratação de empregados
militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de direito
de Bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e privado integrantes da Administração Indireta (empresas
Territórios, bem como os demais militares ligados ao públicas, sociedades de economia mista, consórcios, etc).
Exército, Marinha, e Aeronáutica. Algumas características Além disso, o ingresso de tais pessoas também depende
que merecem destaque são: a proibição de sindicalização
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da sua aprovação em concurso público.


dos militares, a proibição do direito de greve, e a O regime dos empregados públicos é menos protetivo
proibição à filiação partidária.
do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de que
os empregados públicos não gozam da estabilidade
1.3 Servidores Públicos
que os servidores possuem. Ao serem empossados, os
De modo geral, podemos dizer que a Constituição empregados passam por um período de experiência de 90
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes dias. Todavia, mesmo após esse período, os empregados
para os agentes estatais: o regime estatutário ou de públicos podem ser dispensados.
cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos A diferença dos empregados públicos para com
públicos. Os servidores públicos são contratados pelo os demais consiste no fato de que a sua demissão será
regime estatutário, enquanto os empregados públicos sempre motivada, após regular processo administrativo,
são contratados pelo regime celetista, que muito se admitindo-se contraditório e a ampla defesa. Importante
assemelha com as regras contidas na CLT. lembrar que, para a Administração Pública, a motivação de

67
seus atos, bem como o tratamento impessoal, e a finalidade 2) Quanto à preexistência de vínculo: temos o
pública são princípio norteadores de sua atuação. Uma provimento
demissão imotivada de um empregado público seria a) originário, que não depende de vinculação jurídi-
absolutamente inadmissível nessas condições. ca anterior com o Estado (nomeação); ou
b) derivado, se o referido servidor já possuía algum
2. Regime dos Servidores Públicos Federais: Lei nº vínculo com o Estado (promoção, remoção, rea-
8.112/1990 daptação).

O regime dos servidores públicos possui ampla O art. 8º da Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre as formas
de provimento em cargos públicos:
previsão normativa. Além do renomado artigo 37 da
A) Nomeação: trata-se da única forma de provimento
Constituição Federal, no âmbito infraconstitucional temos
originário, uma vez que não exige uma relação
a Lei nº 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos jurídica prévia do servidor para com o Estado. A
Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurídico nomeação depende sempre de prévia habilitação
dos servidores públicos da União, autarquias, fundações, em concurso público de provas, ou de provas
agências reguladoras e associações, todas em âmbito e títulos. Além disso, a nomeação poderá ser
federal. Bastante exigida em concursos públicos, convém promovida não somente em caráter efetivo, como
salientar as principais características a respeito do regime também para os cargos de confiança ou em
dos servidores públicos. comissão (art. 9º, I e II, da Lei nº 8.112/1990)
B) Promoção: é uma forma de provimento derivado,
2.1 Cargos Públicos: conceito e provimento haja vista que ela beneficia somente os servidores
que já ingressaram em cargos públicos em caráter
Para todos os efeitos legais, o servidor público está efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o
intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Conforme desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
dispõe o art. 3º do Estatuto dos Servidores, cargo público promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas diretrizes do sistema de carreira na Administração
na estrutura organizacional que devem ser cometidas a Pública Federal e seus regulamentos (art. 10,
um servidor. Os cargos públicos, acessíveis a todos os parágrafo único, da Lei nº 8.112/1990).
C) Readaptação: é, também, uma forma de
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria
provimento derivado, pois trata-se de hipótese de
e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento
atribuição ao servidor para um cargo com funções
em caráter efetivo ou em comissão. e responsabilidades distintas e compatíveis com
A criação, transformação, e extinção de cargos, a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
empregos ou funções públicas depende sempre de uma física ou mental, verificada em inspeção médica.
lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo um Assim, por exemplo, um motorista de ônibus que
cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar mediante sofre acidente e acaba perdendo algum membro
expedição de decreto pelo Poder Executivo. essencial para dirigir poderá ser readaptado para
Para ocupar um cargo público, é necessário haver executar uma função similar, mas não idêntica a
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato anterior. Na hipótese do servidor readaptando
administrativo constitutivo e hábil para a investidura do se mostrar completamente inválido para exercer
servidor no respectivo cargo. Com relação a requisitos qualquer cargo, ele será compulsoriamente
para a investidura em cargo público, dispõe o art. 5º da aposentado.
Lei nº 8.112/1990: “São requisitos básicos para investidura D) Reversão: outra forma de provimento derivado,
em cargo público: em que temos o retorno à atividade de um servidor
I - a nacionalidade brasileira; aposentado por invalidez, ou por puro e simples
II - o gozo dos direitos políticos; interesse da Administração, desde que a) tenha
III - a quitação com as obrigações militares e eleito- solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha
rais; sido voluntária; c) estável quando na atividade;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação; e) haja cargo vago (art. 25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos; do Estatuto dos Servidores Públicos). A reversão
VI - aptidão física e mental.” far-se-á para o mesmo cargo ou para o cargo
resultante de sua transformação. Em termos de
Há diversas formas de provimento dos cargos remuneração, o servidor que retornar à atividade
públicos, podendo ser classificados em dois grupos: por interesse da Administração perceberá a
1) Quanto à durabilidade: O provimento pode ser remuneração do cargo que voltar a exercer, em
a) de caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade substituição da aposentadoria que recebia (art. 25,
e até mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou § 4º, idem).
b) em comissão, quando o referido cargo não goza E) Aproveitamento: mais uma forma de provimento
derivado consistente no retorno de servidor em
de estabilidade, podendo o servidor ser destituído
disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório
ad nutum.
para cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com os do anteriormente ocupados

68
(art. 30 da Lei nº 8.112/1990). Será tornado sem 2.3 Direitos e vantagens dos servidores públicos
efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade
se o servidor não entrar em exercício no prazo A Lei nº 8.112/1990, em seus artigos 40 e 41, elenca
legal, salvo comprovada doença por junta médica diversos direitos e gratificações aos servidores públicos,
oficial (art. 32, idem). os quais são de grande importância conhecer. Vejamos
F) Reintegração: é a forma de provimento derivado as principais gratificações:
que ocorre pela reinvestidura do servidor estável 1) Vencimentos: consiste na retribuição pecuniária
no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo pelo exercício do cargo público, cujo valor é
resultante de sua transformação, na hipótese de previamente fixado em lei. Os vencimentos de
sua demissão ser invalidada por decisão judicial cargos efetivos são, em regra, irredutíveis.
ou administrativa, tendo direito também ao 2) Remuneração: mais abrangente, é o vencimento
ressarcimento de todas as vantagens (art. 28, do cargo, somado a todas as outras vantagens
caput, Lei nº 8.112/1990). Encontrando-se provido pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido pago ao servidor público, independentemente de
ao cargo de origem, sem direito à indenização ou sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigente
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em (art. 39, § 3º, da CF/1988).
disponibilidade (art. 28, § 2º, idem). 3) Regime de subsídios: trata-se de uma forma
G) Recondução: por fim, a recondução é a forma de especial de remuneração, feita em uma única
provimento derivado consistente no retorno do parcela. O regime de subsídios, previsto no
servidor público estável ao cargo anteriormente art. 39, § 4º, da CF/1988, foi introduzido com a
ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio finalidade de coibir os “supersalários” comumente
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela existentes no regime de servidores públicos
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da brasileiros. Importante ressaltar que recebem por
Lei nº 8.112/1990). Uma situação excepcional é a subsídios somente os Chefes do Poder Executivo,
da extinção do cargo durante o período de estágio parlamentares, magistrados, ministros de Estado,
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula secretários estaduais, membros do Ministério
nº 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o Público e da Advocacia Pública, entre outros.
servidor será exonerado. 4) Indenizações: são valores pagos aos servidores,
mas que não integram seus vencimentos. O
Estatuto prevê algumas hipóteses de recebimento
2.2 Acumulação de cargo, emprego, e função
de indenizações:
pública
4.a) Ajuda de custo por mudança, devida como
forma de compensar as despesas de instalação de
Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
servidor que tiver exercício em nova sede, ocorren-
públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídico
do mudança de seu domicílio;
brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de cargos e
4.b) Ajuda de custo por falecimento: devido à
empregos públicos. Tal proibição se estende, inclusive, família do servidor que vier a falecer na nova sede,
para as entidades da Administração Indireta. O caput do sendo devido para custear o transporte para a lo-
art. 118 da Lei nº 8.112/1990 dispõe no mesmo sentido: calidade de origem;
“Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada 4.c) Diárias por deslocamento: devida ao servi-
a acumulação remunerada de cargos públicos”. Apesar dor que se afastar, por motivos de serviço, da sede
do referido texto legal dispor sobre agentes públicos em caráter transitório, para outro local dentro ou
no âmbito federal, entendemos que também possa ser fora do país, receberá tal indenização como for-
aplicado aos agente públicos dos Estados, Municípios, e ma de ajuda no custeio do processo de mudança;
Distrito Federal. 4.d) Auxílio-moradia: trata-se de ressarcimento
Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria das despesas comprovadamente realizadas pelo
Constituição Federal dispõe de um rol de casos servidor com aluguel de moradia ou com hospe-
excepcionais em que é permitida a acumulação dessas dagem realizado por algum hotel, dependendo do
funções. Há entendimento praticamente unânime de que preenchimento de alguns requisitos, como não ter
trata-se de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas um imóvel funcional disponível para uso, seu côn-
aquelas hipóteses de acumulação de cargos. juge não ser ocupante de imóvel funcional, ou que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Assim, as hipóteses de acumulação de cargos nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
constitucionalmente autorizadas são: receba a mesma indenização, etc.
A) Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a); 5) Gratificações, Adicionais e Retribuições: O art.
B) Um cargo de professor com outro técnico ou 61 do Estatuto dos Servidores Públicos também
científico (art. 37, XVI, b); prevê o pagamento das seguintes gratificações: I
C) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais - retribuição pelo exercício de função de direção,
na área da saúde (art. 37, XVI, c); chefia e assessoramento; II - gratificação natalina; IV
D) Um cargo de vereador com outro cargo, emprego - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
ou função pública (art. 38, III); perigosas ou penosas; V - adicional pela prestação
E) Um cargo de magistrado e outro de magistério de serviço extraordinário; VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias; VIII - outros, relativos ao
(art. 95, par. único, I);
local ou à natureza do trabalho; IX - gratificação
F) Um cargo de membro do Ministério Público e
por encargo de curso ou concurso.
outro de magistério (art. 128, § 5º, II, d).

69
Em relação as férias, o servidor fará jus a trinta dias V - atender com presteza;
de férias para cada 12 meses de serviço, que podem ser a) ao público em geral, prestando as informações re-
acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
de necessidade do serviço (art. 77, Lei nº 8.112/1990). b) à expedição de certidões requeridas para defesa
Poderão ser parceladas em até três períodos, desde de direito ou esclarecimento de situações de interesse
que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da pessoal;
administração pública, na forma do § 3º do mesmo c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
dispositivo legal. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
As licenças estão dispostas nos artigos 81 e seguintes razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
da Lei dos Servidores Públicos Federais. Conceder-se-á rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
licença ao servidor: ta, ao conhecimento de outra autoridade competente
I - por motivo de doença em pessoa da família; para apuração;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- VII - zelar pela economia do material e a conservação
panheiro; do patrimônio público;
III - para o serviço militar; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IV - para atividade política; IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
V - para capacitação; ministrativa;
VI - para tratar de interesses particulares; X - ser assíduo e pontual ao serviço;
VII - para desempenho de mandato classista. Apesar XI - tratar com urbanidade as pessoas;
de haver previsão para concessão de licença por XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
prêmio por assiduidade, tal hipótese acabou sendo de poder.
revogada pela Lei nº 9.527/1997. As licenças, como
se depreende, são hipóteses de desligamento tem- Ao mesmo tempo, o artigo 117 da mesma Lei impõe
porário do servidor com o seu respectivo cargo, aos servidores públicos diversas proibições. Trata-
havendo uma expectativa para o seu retorno. As se de uma matéria que exige grande capacidade de
licenças poderão ser concedidas com ou sem re- memorização, mas que não necessita se alongar com
muneração, a depender de cada situação. diversos detalhes.
Art. 117. Ao servidor é proibido:
Os afastamentos, que não se confundem com as I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
licenças, são hipóteses em que há um desligamento prévia autorização do chefe imediato;
permanente do servidor com o seu cargo, e em regra, II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
não há um prazo determinado para o seu retorno. Estão petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
previstos nos artigos 93 e seguintes da Lei nº 8.666/1990. III - recusar fé a documentos públicos;
São quatro hipóteses: I – para servir a outro órgão ou IV - opor resistência injustificada ao andamento de
entidade; II – para exercício de mandato eletivo; III – para documento e processo ou execução de serviço;
estudos ou missões no exterior; IV – para participação em V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
programa de pós-graduação stricto sensu dentro do País. recinto da repartição;
Sobre o afastamento para exercício de mandato VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
eletivo (art. 94, Lei nº 8.666/1990), importante frisar que, casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
tratando-se de mandato de Prefeito, o servidor deve ser que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi-
afastado, mas poderá optar, dentre as duas remunerações, nado;
àquela que lhe for mais vantajosa, (valores maiores, mais VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi-
benefícios, etc). Essa é a única exceção: para todos os liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
outros tipos de mandatos, na esfera federal, estadual partido político;
e municipal, não há essa possibilidade de escolha de VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
remuneração. função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren-
te até o segundo grau civil;
2.4 Deveres e responsabilidades dos servidores IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
de outrem, em detrimento da dignidade da função pú-
Apesar da grande quantidade de direitos e blica;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vantagens, o Estatuto dos Servidores Públicos também X - participar de gerência ou administração de so-
atribui aos mesmos diversos deveres, com base no ciedade privada, personificada ou não personificada,
regime disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
instauração de processo disciplinar para a apuração de cotista ou comanditário;
infrações funcionais. XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
Nos termos do artigo 116 da Lei nº 8.112/1990: repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
Art. 116. São deveres do servidor: cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
go XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
II - ser leal às instituições a que servir; de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
III - observar as normas legais e regulamentares; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- estrangeiro;
nifestamente ilegais; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;

70
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e tran-
sitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de
trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

Por fim, em relação à responsabilidade dos servidores públicos, o art. 121 da Lei nº 8.112/1990 é bastante claro ao
dispor que “O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições”. Vemos,
então, que de uma única conduta praticada pelo referido servidor, pode ensejar em responsabilização em três esferas
distintas. A responsabilidade civil do servidor público decorre da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
capaz de causar danos materiais ao erário (patrimônio público), ou a terceiros.
A responsabilidade penal do servidor tem seu fundamento na apuração de uma conduta criminal, isso é, a hipótese
em que o servidor público possa praticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade penal é, definitivamente, a mais
grave e perigosa, uma vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto pela condenação do servidor condenado,
como pela sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses
apenas exceções.
A responsabilidade administrativa, por outro lado, consiste na instauração de processo disciplinar (art. 116 e
seguintes, Lei nº 8.112/1990), pelo qual haverá a verificação da conduta delituosa do agente, bem como a aplicação da
pena mais adequada. Imprescindível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao servidor público pressupõe um processo
administrativo, sendo assegurado ao acusado direito ao contraditório e a ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive, a
presença do advogado em todas as fases do referido processo (Súmula nº 343 do STJ). Todavia, tal entendimento vem
sofrendo alteração, pois o STF já reconheceu em Súmula Vinculante nº 5 entendimento de que a falta de defesa técnica
no processo administrativo disciplinar não é inconstitucional.
Em relação às penalidades administrativas aplicáveis aos servidores públicos, a Lei nº 8.112/1990 (art. 127) prevê
aplicação das seguintes sanções:
A) Advertência: é a sanção mais branda, aplicável por escrito para o servidor que cometer atos como: ausentar-se
do serviço injustificadamente; recusar fé a documento público; retirar qualquer documento da repartição sem a
devida autorização; manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau; entre outros.
B) Suspensão: aplicável somente quando o servidor é reincidente nas faltas puníveis por advertência, desde que
não tipifiquem infrações sujeitas a demissão do cargo. A suspensão não poderá ser aplicada por prazo maior a
noventa dias.
C) Demissão: trata-se da penalidade mais grave atribuída ao servidor público, uma vez que tem o condão de exonerá-
lo de seu cargo. A demissão será aplicada nos casos em que o servidor: cometer crime contra a administração
pública; abandonar seu cargo; improbidade administrativa; praticar conduta escandalosa na repartição; ofender
fisicamente, em serviço, outro servidor; revelar segredo o qual obteve devido a sua função; corrupção; receber
propina, comissão, ou outra vantagem de qualquer espécie em razão de suas atribuições; etc. Muitas dessas hipóteses
impedem que o infrator retorne ao serviço público federal, por isso tratar-se de uma das penalidades mais gravosas.
D) Cassação de Aposentadoria ou da Disponibilidade: o servidor inativo que houver praticado falta punível com
a demissão, terá a sua aposentadoria, ou sua disponibilidade cassada.
E) Destituição de Cargo ou Função Comissionada: caso o servidor ocupante de cargo não efetivo cometa uma
das faltas passíveis da pena de suspensão e demissão, poderá perder o seu cargo de confiança ou função
comissionada.

Por fim, importante ressaltar que ao servidor é conferido direito de petição, na forma do artigo 104 e seguintes da
Lei nº 8.666/1990, para requerer direitos e interesses próprios em face do Poder Público. O requerimento será dirigido
à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que o servidor estiver imediatamente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

subordinado. Deve ser respeitado o princípio do contraditório e da ampla defesa, dando espaço para que tanto o
servidor público como o Estado possam impugnar todos os pontos do requerimento, apresentar sua defesa técnica
escrita, e interpor recursos (art. 107, Lei nº 8.666/1990) das decisões que lhe prejudicarem.
O direito de requerer decaí: em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; ou em 120 (cento
e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.

71
LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES (REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
CIVIS DA UNIÃO). DISPOSIÇÕES PRELIMINARES. PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO,
REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO.DIREITOS E VANTAGENS: DO VENCIMENTO E DA
REMUNERAÇÃO. VANTAGENS. FÉRIAS. LICENÇAS. AFASTAMENTOS. CONCESSÕES
DE TEMPO DE SERVIÇO DIREITO DE PETIÇÃO. REGIME DISCIPLINAR: DOS DEVERES
E PROIBIÇÕES. ACUMULAÇÃO. RESPONSABILIDADES. PENALIDADES. PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Das Disposições Preliminares

Título I
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
especial, e das fundações públicas federais.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o conjunto de regras referentes a todos os aspectos da relação
entre o servidor público e a Administração. Envolve tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto direitos e
deveres, entre outras.
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração direta quanto para a indireta.
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em
comissão, quando por uma relação de confiança o superior puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupando
aquela posição de chefia.
Todo serviço público será remunerado pelos cofres públicos.

#FicaDica
Cargo público = atribuições + responsabilidades
Modalidades = efetivo ou em comissão

Formas de provimento e vacância dos cargos públicos

Título II
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Basicamente, provimento é a ocupação do cargo por uma pessoa, transformando-a em servidora pública;
enquanto vacância é o que se dá quando um cargo fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é
o deslocamento de um cargo para outro órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de
chefia ou direção por outra.

Capítulo I
Do Provimento

Segundo Hely Lopes Meirelles22, provimento “é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
designação de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se o agente não possui vinculação anterior com a Administração
Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal, sem ascensão
na carreira, ou vertical, com ascensão na carreira.
22 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

72
Seção I Seção II
Disposições Gerais Da Nomeação

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em Art. 9o A nomeação far-se-á:


cargo público: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo
I - a nacionalidade brasileira; isolado de provimento efetivo ou de carreira;
Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com II - em comissão, inclusive na condição de interino,
um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade para cargos de confiança vagos. 
de cidadão. Parágrafo  único. O servidor ocupante de cargo
II - o gozo dos direitos políticos; em comissão ou de natureza especial poderá ser
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão nomeado para ter exercício, interinamente, em outro
que envolvem sua participação direta ou indireta nas cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
nos artigos 14 e 15 da Constituição Federal. pela remuneração de um deles durante o período da
interinidade.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; O cargo em comissão é temporário e não depende de
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
do cargo; cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, interina (temporária), mas somente poderá receber
conforme a complexidade das funções do cargo. remuneração por um deles, o que optar.

V - a idade mínima de dezoito anos; Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo
VI - aptidão física e mental. isolado de provimento efetivo depende de prévia
§  1o As atribuições do cargo podem justificar a habilitação em concurso público de provas ou de
exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de o prazo de sua validade.
membros do Ministério Público ou da Magistratura. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
o direito de se inscrever em concurso público diretrizes do sistema de carreira na Administração
para provimento de cargo cujas atribuições sejam Pública Federal e seus regulamentos.
compatíveis com a deficiência de que são portadoras;
para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por Seção III
cento) das vagas oferecidas no concurso. Do Concurso Público
Cotas para deficientes.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e títulos, podendo ser realizado em duas etapas,
e tecnológica federais poderão prover seus cargos conforme dispuserem a lei e o regulamento do
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
Exceção ao inciso I do art. 5°. quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as
hipóteses de isenção nele expressamente previstas.
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á
mediante ato da autoridade competente de cada Art.  12. O concurso público terá validade de até 2
Poder. (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
por igual período.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com § 1o O prazo de validade do concurso e as condições
a posse. de sua realização serão fixados em edital, que será
Por investidura entende-se a instalação formal em publicado no Diário Oficial da União e em jornal
diário de grande circulação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um cargo público, o que se dará quando a pessoa for


§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver
empossada.
candidato aprovado em concurso anterior com prazo
de validade não expirado.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
II - promoção;
pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
III e IV - (Revogados)
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
V - readaptação;
atividade profissional também é considerado.
VI - reversão; O edital delimita questões como valor da taxa de
VII - aproveitamento; inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
VIII - reintegração; validade.
IX - recondução.
Detalhes adiante.

73
SEÇÃO IV Nota-se que para as funções em confiança não há
DA POSSE E DO EXERCÍCIO prazo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não
existe nestas funções. Então, o prazo para exercício será
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo o do dia da publicação do ato de designação.
termo, no qual deverão constar as atribuições, os
deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício
ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados do exercício serão registrados no assentamento
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados individual do servidor.
os atos de ofício previstos em lei. Parágrafo  único. Ao entrar em exercício, o servidor
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados apresentará ao órgão competente os elementos
da publicação do ato de provimento. necessários ao seu assentamento individual.
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de
de publicação do ato de provimento, em licença exercício, que é contado no novo posicionamento na
prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas carreira a partir da data de publicação do ato que
hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, promover o servidor.
“e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do Na promoção não há nova posse. Então, o servidor
término do impedimento. não tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração dia da publicação do ato.
específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro
por nomeação. município em razão de ter sido removido, redistribuído,
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração
requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
de bens e valores que constituem seu patrimônio e
terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
contados da publicação do ato, para a retomada do
emprego ou função pública.
efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se
nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o  deste
para a nova sede.
artigo.
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em
O termo de posse é dotado de conteúdo específico. licença ou afastado legalmente, o prazo a que se
É possível tomar posse mediante procuração específica. refere este artigo será contado a partir do término do
Não há posse nos cargos em comissão. A declaração impedimento.
de bens e valores visa permitir a verificação da situação § 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos
financeira do servidor, de forma a perceber se ele estabelecidos no caput.
enriqueceu desproporcionalmente durante o exercício
do cargo. Se o servidor estava em exercício em outro município
e é convocado por publicação para retomar a posição
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
inspeção médica oficial. desistir, se quiser.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
for julgado apto física e mentalmente para o exercício Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho
do cargo. fixada em razão das atribuições pertinentes aos
respectivos cargos, respeitada a duração máxima do
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições trabalho semanal de quarenta horas e observados os
do cargo público ou da função de confiança. limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado diárias, respectivamente. 
em cargo público entrar em exercício, contados da § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de
data da posse.  confiança submete-se a regime de integral dedicação
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
tornado sem efeito o ato de sua designação para ser convocado sempre que houver interesse da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

função de confiança, se não entrar em exercício nos Administração.


prazos previstos neste artigo, observado o disposto no § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
art. 18. trabalho estabelecida em leis especiais.
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade
para onde for nomeado ou designado o servidor Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
compete dar-lhe exercício.  para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
§ 4o O início do exercício de função de confiança estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
coincidirá com a data de publicação do ato de meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade
designação, salvo quando o servidor estiver em licença serão objeto de avaliação para o desempenho do
ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese cargo, observados os seguinte fatores:
em que recairá no primeiro dia útil após o término do I - assiduidade;
impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da II - disciplina;
publicação.  III - capacidade de iniciativa;

74
IV - produtividade; § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
V - responsabilidade. é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do comissão instituída para essa finalidade.
estágio probatório, será submetida à homologação da
autoridade competente a avaliação do desempenho SEÇÃO V
do servidor, realizada por comissão constituída para DA ESTABILIDADE
essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, Art.  21. O servidor habilitado em concurso público e
sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá
enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois)
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório anos de efetivo exercício. 
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado, observado o disposto no ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme
parágrafo único do art. 29. Constituição Federal (artigo 41 retrocitado).
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em
quaisquer cargos de provimento em comissão ou virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
funções de direção, chefia ou assessoramento no de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
órgão ou entidade de lotação, e somente poderá assegurada ampla defesa.
ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento Seção VI
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Da Transferência
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. 
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente Art. 23. (Execução suspensa)
poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, SEÇÃO VII
bem assim afastamento para participar de curso de DA READAPTAÇÃO
formação decorrente de aprovação em concurso para
outro cargo na Administração Pública Federal. Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
§ 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação física ou mental verificada em inspeção médica.
em curso de formação, e será retomado a partir do § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o
término do impedimento.  readaptando será aposentado.
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a atribuições afins, respeitada a habilitação exigida,
disciplina do estágio probatório mudou, notadamente nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e,
aumentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor
vista que a norma constitucional prevalece sobre a lei exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor
federal, mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve- rência de vaga.
se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal:
Se o funcionário deixa de ter condições físicas
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo ou psicológicas para ocupar seu cargo, deverá ser
exercício os servidores nomeados para cargo de readaptado para cargo semelhante que não exija tais
provimento efetivo em virtude de concurso público. aptidões. Ex.: funcionário trabalhava como atendente
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: numa repartição, se movimentando o tempo todo e
I - em virtude de sentença judicial transitada em sofre um acidente, ficando paraplégico. Sua capacidade
julgado; mental não ficou prejudicada, embora seja inconveniente
II - mediante processo administrativo em que lhe seja ele ter que fazer tantos movimentos no exercício das
assegurada ampla defesa; funções. Por isso, pode ser reconduzido para outro cargo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - mediante procedimento de avaliação periódica técnico na repartição que seja mais burocrático e exija
de desempenho, na forma de lei complementar, menos movimentação física, como o de assistente de um
assegurada ampla defesa. superior.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual SEÇÃO VIII
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo DA REVERSÃO
de origem, sem direito a indenização, aproveitado
em outro cargo ou posto em disponibilidade com Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
remuneração proporcional ao tempo de serviço. aposentado:
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
o servidor estável ficará em disponibilidade, com insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até II - no interesse da administração, desde que:
seu adequado aproveitamento em outro cargo. a) tenha solicitado a reversão;

75
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; II - reintegração do anterior ocupante.
c) estável quando na atividade; Parágrafo  único. Encontrando-se provido o cargo de
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos origem, o servidor será aproveitado em outro, obser-
anteriores à solicitação; vado o disposto no art. 30.
e) haja cargo vago. Como visto, quando um servidor é promovido ele se
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
resultante de sua transformação. voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha
será considerado para concessão da aposentadoria. sido injustamente demitido, quando este voltar deverá
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não
cargo, o servidor exercerá suas atribuições como estiver livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo
excedente, até a ocorrência de vaga. semelhante.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse
da administração perceberá, em substituição aos Seção XI
proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo Da Disponibilidade e do Aproveitamento
que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
natureza pessoal que percebia anteriormente à Art. 30. O retorno à atividade de servidor em
aposentadoria. disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
proventos calculados com base nas regras atuais se compatíveis com o anteriormente ocupado.
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
artigo. determinará o imediato aproveitamento de servidor
em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
Art. 26. (Revogado) órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o  do art.
completado 70 (setenta) anos de idade. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
mantido sob responsabilidade do órgão central do
Merece destaque a impossibilidade de cumulação Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
da aposentadoria com a remuneração caso o servidor SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro
retorne às funções. órgão ou entidade.
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
SEÇÃO IX cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
DA REINTEGRAÇÃO exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
Servidor posto em disponibilidade não é servidor
resultante de sua transformação, quando invalidada a
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja
sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir,
com ressarcimento de todas as vantagens.
deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor
disponibilidade, deixando de ser servidor público.
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos
arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual Capítulo II
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem Da Vacância
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo,
ou, ainda, posto em disponibilidade. Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração;
Se um servidor for injustamente demitido e a sua II - demissão;
demissão for invalidada, será reinvestido no cargo, III - promoção;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sendo totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo IV e V - (Revogados)


os salários do período em que foi afastado). Caso o VI - readaptação;
cargo esteja extinto, será posto em disponibilidade; caso VII - aposentadoria;
o cargo exista e alguém o estiver ocupando, este será VIII - posse em outro cargo inacumulável;
retirado do cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular. IX - falecimento.

SEÇÃO X Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a


DA RECONDUÇÃO pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao I - quando não satisfeitas as condições do estágio
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: probatório;
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
cargo; em exercício no prazo estabelecido.

76
Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
ofício se não for habilitado no estágio probatório e se e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da
não entrar em exercício no prazo legal. Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
dispensa de função de confiança dar-se-á: companheiro ou dependente que viva às suas expensas
I - a juízo da autoridade competente; e conste do seu assentamento funcional, condicionada
II - a pedido do próprio servidor. à comprovação por junta médica oficial; (Incluído pela
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de confiança para com a autoridade competente, esta c) em virtude de processo seletivo promovido, na
poderá exonerar o servidor. hipótese em que o número de interessados for
superior ao número de vagas, de acordo com normas
#FicaDica preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
Formas de provimento 10.12.97)
- Originário
Nomeação – Em caráter efetivo ou em co- Seção II
missão Da Redistribuição
- Derivado
Promoção – Ascensão do cargo ocupado Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
para um cargo sucessivo e ascendente, pos- provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
sível quando o servidor tiver seu cargo es- quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
truturado em carreira. do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
Aproveitamento – Retorno de um servidor central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
posto em disponibilidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Readaptação – Realocação de servidor que I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº
tenha se tornado deficiente para cargo com- 9.527, de 10.12.97)
patível. II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº
Reintegração – Retorno de servidor a cargo 9.527, de 10.12.97)
anteriormente ocupado ou em cargo resul- III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
tante de sua transformação quando invali- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada a decisão de sua demissão. IV - vinculação entre os graus de responsabilidade
Recondução – Retorno de servidor a cargo e complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº
anteriormente ocupado em decorrência de 9.527, de 10.12.97)
inabilitação no estágio probatório de outro V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
cargo ou por ter o ocupante anterior sido habilitação profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
reintegrado. 10.12.97)
Reversão – Retorno do servidor ao cargo VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
ocupado quando anteriormente aposentado as finalidades institucionais do órgão ou entidade.
por invalidez, caso cesse a doença ou condi- (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ção incapacitante. § 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para
ajustamento de lotação e da força de trabalho às
necessidades dos serviços, inclusive nos casos de
Capítulo III reorganização, extinção ou criação de órgão ou
Da Remoção e da Redistribuição entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção I § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
Da Remoção mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC
e os órgãos e entidades da Administração Pública
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com 10.12.97)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ou sem mudança de sede. § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de


Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua
entende-se por modalidades de remoção: (Redação desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) estável que não for redistribuído será colocado em
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 4º O servidor que não for redistribuído ou
III - a pedido, para outra localidade, independentemente colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter
9.527, de 10.12.97) exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
também servidor público civil ou militar, de qualquer 9.527, de 10.12.97)

77
CAPÍTULO IV Remuneração diária, proporcional aos atrasos,
DA SUBSTITUIÇÃO ausências justificadas, ressalvadas as concessões
de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou na hipótese de compensação de horário, até o mês
função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
de Natureza Especial terão substitutos indicados chefia imediata.
no regimento interno ou, no caso de omissão, Parágrafo  único. As faltas justificadas decorrentes
previamente designados pelo dirigente máximo do de caso fortuito ou de força maior poderão ser
órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, compensadas a critério da chefia imediata, sendo
de 10.12.97) assim consideradas como efetivo exercício.
§1º O substituto assumirá automática e
cumulativamente, sem prejuízo do cargo que Somente não geram perda de remuneração as faltas
ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou justificadas e devidamente compensadas.
chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
impedimentos legais ou regulamentares do titular e
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
pela remuneração de um deles durante o respectivo
provento.
período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo consignação em folha de pagamento em favor de
de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou terceiros, a critério da administração e com reposição
impedimentos legais do titular, superiores a trinta de custos, na forma definida em regulamento.
dias consecutivos, paga na proporção dos dias de § 2º O total de consignações facultativas de que trata
efetiva substituição, que excederem o referido período. o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento)
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
reservados exclusivamente para: I - a amortização de
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
titulares de unidades administrativas organizadas em II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
nível de assessoria. cartão de crédito.
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
Dos Direitos e Vantagens autorização do servidor.

TÍTULO III Art. 46. As reposições e indenizações ao erário,


DOS DIREITOS E VANTAGENS atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente
comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em pensionista, para pagamento, no prazo máximo
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do
público, para em seguida trazer seus deveres e proibições. interessado.
Resume Carvalho Filho23: “os direitos sociais constitucionais § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior
são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual determina que ao correspondente a dez por cento da remuneração,
dezesseis dos direitos sociais outorgados aos empregados sejam provento ou pensão.
estendidos aos servidores públicos. Dentre esses direitos estão o § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
do salário mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°,
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição
VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família
será feita imediatamente, em uma única parcela.
(art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência
(art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo constitucional.
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada
[...] Além disso, há vários direitos de natureza social relacionados
ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida,
nos diversos estatutos funcionais das pessoas federativas. É nas
serão eles atualizados até a data da reposição.
leis estatutárias que se encontram tais direitos, como o direito
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

às licenças, à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio-


Art.  47. O servidor em débito com o erário, que for
funeral e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.”
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria
CAPÍTULO I ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO dias para quitar o débito.

Art.  40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, Débito com o erário = dívida com o Estado.
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
estabelecidas em lei. objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

78
Capítulo II § 2o À família do servidor que falecer na nova sede
Das Vantagens são assegurados ajuda de custo e transporte para a
localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano,
Art.  49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao contado do óbito.
servidor as seguintes vantagens: § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
I - indenizações; de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo
II - gratificações; único do art. 36.
III - adicionais. Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento remuneração do servidor, conforme se dispuser em
ou provento para qualquer efeito. regulamento, não podendo exceder a importância
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se correspondente a 3 (três) meses.
ao vencimento ou provento, nos casos e condições
indicados em lei. Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão mandato eletivo.
computadas, nem acumuladas, para efeito de
concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
comissão, com mudança de domicílio.
Parágrafo  único. No afastamento previsto no inciso
De acordo com Hely Lopes Meirelles24, “o que
I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão
caracteriza o adicional e o distingue da gratificação
cessionário, quando cabível.
é ser aquele que recompensa ao tempo de serviço do
servidor, ou uma retribuição pelo desempenho de
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
funções especiais que fogem da rotina burocrática, e
custo quando, injustificadamente, não se apresentar
esta, uma compensação por serviços comuns executados
na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
em condições anormais para o servidor, ou uma ajuda
pessoal em face de certas situações que agravam o SUBSEÇÃO II
orçamento do servidor”. DAS DIÁRIAS
Seção I Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da
Das Indenizações sede em caráter eventual ou transitório para outro
ponto do território nacional ou para o exterior, fará
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as
I - ajuda de custo; parcelas de despesas extraordinária com pousada,
II - diárias; alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser
III - transporte. em regulamento.
IV - auxílio-moradia. § 1o A diária será concedida por dia de afastamento,
A leitura da legislação seca permite conceituar e sendo devida pela metade quando o deslocamento
diferenciar cada modalidade de indenização. não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos cobertas por diárias.
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede
a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento. constituir exigência permanente do cargo, o servidor
não fará jus a diárias.
SUBSEÇÃO I § 3o Também não fará jus a diárias o servidor que
DA AJUDA DE CUSTO se deslocar dentro da mesma região metropolitana,
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

despesas de instalação do servidor que, no interesse em áreas de controle integrado mantidas com países
do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,
mudança de domicílio em caráter permanente, vedado entidades e servidores brasileiros considera-se estendida,
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em
no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os
também a condição de servidor, vier a ter exercício na afastamentos dentro do território nacional.
mesma sede. Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar
§ 1o Correm por conta da administração as da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-
despesas de transporte do servidor e de sua família, las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. Parágrafo  único. Na hipótese de o servidor retornar
à sede em prazo menor do que o previsto para o
seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em
24 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São excesso, no prazo previsto no caput.
Paulo: Malheiros, 1993.

79
Subseção III 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de
Da Indenização de Transporte Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ou função comissionada, fica garantido a todos os
ao servidor que realizar despesas com a utilização que preencherem os requisitos o ressarcimento até o
de meio próprio de locomoção para a execução de valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
serviços externos, por força das atribuições próprias Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração,
do cargo, conforme se dispuser em regulamento. colocação de imóvel funcional à disposição do
servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia
SUBSEÇÃO IV continuará sendo pago por um mês.
DO AUXÍLIO-MORADIA
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia,
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento benefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
das despesas comprovadamente realizadas pelo para ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia,
servidor com aluguel de moradia ou com meio de seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio
hospedagem administrado por empresa hoteleira, no é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa
prazo de um mês após a comprovação da despesa que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é
pelo servidor. em qualquer situação que se tem o auxílio-moradia.
Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor restrições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
se atendidos os seguintes requisitos:  (algum imóvel do poder público com tal finalidade
I - não exista imóvel funcional disponível para uso de moradia, dispensando gastos particulares), não se
pelo servidor;  ter tentado vender ou vendido um imóvel na cidade
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe (evitando que tente utilizar o auxílio-moradia como um
imóvel funcional;  modo de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou
III  -  o servidor ou seu cônjuge ou companheiro pessoa com quem more não receber auxílio da mesma
não seja ou tenha sido proprietário, promitente natureza (cumulando indevidamente), além do exercício
comprador, cessionário ou promitente cessionário de cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, de relevante direção).
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
de construção, nos doze meses que antecederem a sua vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o
nomeação; artigo 60-C está revogado desde 2013.
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba auxílio-moradia;  SEÇÃO II
V - o servidor tenha se mudado do local de residência DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
para ocupar cargo em comissão ou função de
confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas
Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
de Ministro de Estado ou equivalentes; retribuições, gratificações e adicionais:
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão I  -  retribuição pelo exercício de função de direção,
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses chefia e assessoramento;
do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou II - gratificação natalina;
domicílio do servidor;  IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha perigosas ou penosas;
residido no Município, nos últimos doze meses, V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
aonde for exercer o cargo em comissão ou função VI - adicional noturno;
de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a VII - adicional de férias;
sessenta dias dentro desse período; e  VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.  IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
de 2006. Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
Parágrafo  único. Para fins do inciso VII, não será própria legislação, conforme se denota abaixo.
considerado o prazo no qual o servidor estava
ocupando outro cargo em comissão relacionado no SUBSEÇÃO I
inciso V.  DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO
Art. 60-C. (Revogado). DE DIREÇÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é
limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
cargo em comissão, função comissionada ou cargo de em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
Ministro de Estado ocupado. de provimento em comissão ou de Natureza Especial é
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar devida retribuição pelo seu exercício.

80
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas,
dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as
situações estabelecidas em legislação específica.
Art.  62-A.  Fica transformada em Vantagem Pessoal Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da servidores em exercício em zonas de fronteira ou em
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos
ou assessoramento, cargo de provimento em comissão termos, condições e limites fixados em regulamento.
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. Art.  72. Os locais de trabalho e os servidores que
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. operam com Raios X ou substâncias radioativas serão
3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. mantidos sob controle permanente, de modo que as
Parágrafo único. A VPNI de que trata o  caput  deste doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de máximo previsto na legislação própria.
remuneração dos servidores públicos federais. Parágrafo  único. Os servidores a que se refere este
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6
Subseção II (seis) meses.
Da Gratificação Natalina
SUBSEÇÃO V
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁ-
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de RIO
dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
Parágrafo  único. A fração igual ou superior a 15 Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
(quinze) dias será considerada como mês integral. acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à
hora normal de trabalho.
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
mês de dezembro de cada ano. Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
para atender a situações excepcionais e temporárias,
Art.  65. O servidor exonerado perceberá sua respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por
gratificação natalina, proporcionalmente aos meses jornada.
de exercício, calculada sobre a remuneração do mês
da exoneração. SUBSEÇÃO VI
DO ADICIONAL NOTURNO
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária. Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um
Subseção III dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-
Do Adicional por Tempo de Serviço hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
computando-se cada hora como cinquenta e dois
Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225- minutos e trinta segundos.
45/01. Parágrafo  único. Em se tratando de serviço
extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo
Subseção IV incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
Atividades Penosas SUBSEÇÃO VII
DO ADICIONAL DE FÉRIAS
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade
em locais insalubres ou em contato permanente com Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago
substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, ao servidor, por ocasião das férias, um adicional
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do
efetivo. período das férias.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e de periculosidade deverá optar por um deles. de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou em comissão, a respectiva vantagem será considerada
periculosidade cessa com a eliminação das condições no cálculo do adicional de que trata este artigo.
ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
Subseção VIII
Art.  69. Haverá permanente controle da atividade Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
de servidores em operações ou locais considerados
penosos, insalubres ou perigosos. Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das
eventual:
operações e locais previstos neste artigo, exercendo
I - atuar como instrutor em curso de formação, de
suas atividades em local salubre e em serviço não
desenvolvimento ou de treinamento regularmente
penoso e não perigoso.
instituído no âmbito da administração pública federal;

81
II - participar de banca examinadora ou de comissão § 3o As férias poderão ser parceladas em até três
para exames orais, para análise curricular, para etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
correção de provas discursivas, para elaboração de interesse da administração pública.
questões de provas ou para julgamento de recursos É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
intentados por candidatos; períodos se o seu serviço for altamente necessário.
III - participar da logística de preparação e de
realização de concurso público envolvendo atividades Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
de planejamento, coordenação, supervisão, execução efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
e avaliação de resultado, quando tais atividades período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
não estiverem incluídas entre as suas atribuições §1° e §2°. Revogados.
permanentes; § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar comissão, perceberá indenização relativa ao período
provas de exame vestibular ou de concurso público ou das férias a que tiver direito e ao incompleto, na
supervisionar essas atividades. proporção de um doze avos por mês de efetivo
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação exercício, ou fração superior a quatorze dias.
de que trata este artigo serão fixados em regulamento, § 4o A indenização será calculada com base na
observados os seguintes parâmetros: remuneração do mês em que for publicado o ato
I - o valor da gratificação será calculado em horas, exoneratório.
observadas a natureza e a complexidade da atividade § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
exercida; adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição
II - a retribuição não poderá ser superior ao Federal quando da utilização do primeiro período.
equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho
anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente
devidamente justificada e previamente aprovada pela com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20
(vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá
atividade profissional, proibida em qualquer hipótese
autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas
a acumulação.
de trabalho anuais;
Manutenção da saúde do servidor.
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas
vencimento básico da administração pública federal:
por motivo de calamidade pública, comoção interna,
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do por necessidade do serviço declarada pela autoridade
caput deste artigo; máxima do órgão ou entidade.
Parágrafo único. O restante do período interrompido
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se será gozado de uma só vez, observado o disposto no
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do art. 77.
caput deste artigo.
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
somente será paga se as atividades referidas nos direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
incisos do caput deste artigo forem exercidas sem social.
prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for
titular, devendo ser objeto de compensação de carga
horária quando desempenhadas durante a jornada de #FicaDica
trabalho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei.
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Vantagens:
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor - Indenizações (não se incorporam)
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como Ajuda de custo
base de cálculo para quaisquer outras vantagens, Diárias
inclusive para fins de cálculo dos proventos da Transporte
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aposentadoria e das pensões. Auxílio-moradia


- Gratificações (podem se incorporar)
Capítulo III Por direção, chefia e assessoramento
Das Férias Natalina
Por Encargo, de curso ou concurso (não se
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que incorpora)
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, - Adicionais (podem se incorporar)
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as Insalubridade
hipóteses em que haja legislação específica. Periculosidade
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão Atividades penosas
exigidos 12 (doze) meses de exercício. Serviço extraordinário
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao Noturno
serviço. De férias
Relativo à natureza ou local de trabalho

82
CAPÍTULO IV SEÇÃO III
DAS LICENÇAS DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO
SEÇÃO I DO CÔNJUGE
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art.  84. Poderá ser concedida licença ao servidor
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi
I - por motivo de doença em pessoa da família; deslocado para outro ponto do território nacional,
II  -  por motivo de afastamento do cônjuge ou para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo
companheiro; dos Poderes Executivo e Legislativo.
III - para o serviço militar; § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem
IV - para atividade política; remuneração.
V - para capacitação; § 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
VI - para tratar de interesses particulares; companheiro também seja servidor público, civil
VII - para desempenho de mandato classista. ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
Atenção aos motivos que autorizam licença, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá
detalhados a seguir na legislação. haver exercício provisório em órgão ou entidade
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste da Administração Federal direta, autárquica ou
artigo bem como cada uma de suas prorrogações fundacional, desde que para o exercício de atividade
serão precedidas de exame por perícia médica oficial, compatível com o seu cargo.
observado o disposto no art. 204 desta Lei.
§ 2.º (Revogado pela Lei n.º 9.527, de 10.12.97) Seção IV
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada Da Licença para o Serviço Militar
durante o período da licença prevista no inciso I deste
artigo. Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
será concedida licença, na forma e condições previstas
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) na legislação específica.
dias do término de outra da mesma espécie será Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
considerada como prorrogação. terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para
reassumir o exercício do cargo.
Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da SEÇÃO V
Família DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA

Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos remuneração, durante o período que mediar entre a
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, sua escolha em convenção partidária, como candidato
ou dependente que viva a suas expensas e conste do a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua
seu assentamento funcional, mediante comprovação candidatura perante a Justiça Eleitoral.
por perícia médica oficial. § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência onde desempenha suas funções e que exerça cargo
direta do servidor for indispensável e não puder ser de direção, chefia, assessoramento, arrecadação
prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia
ou mediante compensação de horário, na forma do imediato ao do registro de sua candidatura perante
disposto no inciso II do art. 44. a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do
§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as pleito.
prorrogações, poderá ser concedida a cada período de § 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo
doze meses nas seguintes condições: dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
mantida a remuneração do servidor; e  pelo período de três meses.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem


remuneração. SEÇÃO VI
§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO
contado a partir da data do deferimento da primeira
licença concedida. Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício,
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das o servidor poderá, no interesse da Administração,
licenças não remuneradas, incluídas as respectivas afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a
prorrogações, concedidas em um mesmo período de respectiva remuneração, por até três meses, para
12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não participar de curso de capacitação profissional.
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
I e II do § 2o. o caput não são acumuláveis.

Art. 90. (Vetado)

83
SEÇÃO VII
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PAR- #FicaDica
TICULARES
- Licença por Motivo de Doença em Pessoa
da Família – justifica-se por problema de
Art.  91. A critério da Administração, poderão ser
saúde com um familiar próximo ou depen-
concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,
dente legal. Remunerada.
desde que não esteja em estágio probatório, licenças
- Licença por Motivo de Afastamento do
para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até
Cônjuge – justifica-se por mudança do côn-
três anos consecutivos, sem remuneração. juge de um servidor público de cidade ou
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a país. Não remunerada.
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse - Licença para o Serviço Militar – justifica-se
do serviço. para o caso de convocação do servidor para
o serviço militar. Não remunerada.
SEÇÃO VIII - Licença para Atividade Política – justifica-se
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDA- para o caso de servidor candidato a cargo
TO CLASSISTA político eletivo, sendo obrigatório entre o
dia da candidatura e dez dias após as elei-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença ções. Não remunerada.
sem remuneração para o desempenho de mandato - Licença para Capacitação – justifica-se para
em confederação, federação, associação de classe de o aperfeiçoamento profissional do servidor.
âmbito nacional, sindicato representativo da categoria Remunerada.
ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para - Licença Para Tratar Interesses Particulares
participar de gerência ou administração em sociedade – dispensa justificativa, basta a vontade do
cooperativa constituída por servidores públicos servidor. Não remunerada.
para prestar serviços a seus membros, observado o - Licença para Desempenho de Mandato
disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, Classista – justifica-se para o caso de con-
conforme disposto em regulamento e observados os vocação do servidor como responsável por
seguintes limites: gerir ou representar em tempo integral enti-
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, dade de classe. Não remunerada.
2 (dois) servidores; - Licença para Tratamento de Saúde – jus-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 tifica-se por doença do servidor, sendo ne-
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; cessário o afastamento para tratamento. Re-
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) munerada.
associados, 8 (oito) servidores. - Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores -se por maternidade, biológica ou adotada.
eleitos para cargos de direção ou de representação nas Remunerada.
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão - Licença-Paternidade – justifica-se por pater-
competente. nidade, biológica ou adotada. Remunerada.
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato,
podendo ser renovada, no caso de reeleição.
CAPÍTULO V
DOS AFASTAMENTOS

SEÇÃO I
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓR-
GÃO OU ENTIDADE

Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em outro órgão ou entidade dos Poderes da União,


dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou
em serviço social autônomo instituído pela União que
exerça atividades de cooperação com a administração
pública federal, nas seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão ou função de
confiança;
II - em casos previstos em leis específicas.
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do
órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o
cedente nos demais casos.

84
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa Seção III
pública ou sociedade de economia mista, nos termos Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
das respectivas normas, optar pela remuneração do
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo Art.  95. O servidor não poderá ausentar-se do País
acrescida de percentual da retribuição do cargo em para estudo ou missão oficial, sem autorização do
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembol- Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
so das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal
origem. Federal.
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
Diário Oficial da União. a missão ou estudo, somente decorrido igual período,
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da será permitida nova ausência.
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
exercício em outro órgão da Administração Federal não será concedida exoneração ou licença para tra-
direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para tar de interesse particular antes de decorrido período
fim determinado e a prazo certo. igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res-
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado sarcimento da despesa havida com seu afastamento.
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
1º e 2º deste artigo. dores da carreira diplomática.
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou § 4o As hipóteses, condições e formas para a autor-
de sociedade de economia mista, que receba recur- ização de que trata este artigo, inclusive no que se
sos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas
da sua folha de pagamento de pessoal, independem das em regulamento.
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
artigo, ficando o exercício do empregado cedido condi- Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or-
cionado a autorização específica do Ministério do Plane- ganismo internacional de que o Brasil participe ou
jamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocu- com o qual coopere dar-se-á com perda total da re-
pação de cargo em comissão ou função gratificada. muneração.
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, com a finalidade de promover a composição Seção IV
da força de trabalho dos órgãos e entidades da Ad-
Do Afastamento para Participação em Programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
ministração Pública Federal, poderá determinar a lo-
tação ou o exercício de empregado ou servidor, inde-
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis-
pendentemente da observância do constante no inciso
tração, e desde que a participação não possa ocorrer
I e nos §§ 1° e 2° deste artigo.
simultaneamente com o exercício do cargo ou medi-
ante compensação de horário, afastar-se do exercício
SEÇÃO II do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MAN- participar em programa de pós-graduação stricto sen-
DATO ELETIVO su em instituição de ensino superior no País.
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- definirá, em conformidade com a legislação vigente,
cam-se as seguintes disposições: os programas de capacitação e os critérios para par-
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri- ticipação em programas de pós-graduação no País,
tal, ficará afastado do cargo; com ou sem afastamento do servidor, que serão avali-
II  -  investido no mandato de Prefeito, será afastado do ados por um comitê constituído para este fim.
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; § 2o Os afastamentos para realização de programas de
III - investido no mandato de vereador: mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para
do cargo eletivo; mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b)  não havendo compatibilidade de horário, será o período de estágio probatório, que não tenham se
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua afastado por licença para tratar de assuntos particu-
remuneração. lares para gozo de licença capacitação ou com funda-
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con- mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data
tribuirá para a seguridade social como se em exercício da solicitação de afastamento.
estivesse. § 3o Os afastamentos para realização de programas de
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas- pós-doutorado somente serão concedidos aos servi-
sista não poderá ser removido ou redistribuído de dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão
ofício para localidade diversa daquela onde exerce o ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o
mandato. período de estágio probatório, e que não tenham se
afastado por licença para tratar de assuntos particu-
lares ou com fundamento neste artigo, nos quatro
anos anteriores à data da solicitação de afastamento.

85
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per- cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
manecer no exercício de suas funções após o seu re- servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
torno por um período igual ao do afastamento con- menores sob sua guarda, com autorização judicial.
cedido.
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do Capítulo VII
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período DO TEMPO DE SERVIÇO
de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá
ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de
Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
com seu aperfeiçoamento. Armadas.
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
justificou seu afastamento no período previsto, aplica- Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita
se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese em dias, que serão convertidos em anos, considerado
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a cri- o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
tério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós- Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no
graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. afastamentos em virtude de:
I - férias;
CAPÍTULO VI II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
DAS CONCESSÕES órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor aus- III - exercício de cargo ou função de governo ou ad-
entar-se do serviço: ministração, em qualquer parte do território nacional,
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; por nomeação do Presidente da República;
II - pelo período comprovadamente necessário para IV - participação em programa de treinamento regu-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, larmente instituído ou em programa de pós-gradu-
em qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regu-
Medida Provisória nº 632, de 2013) lamento;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
a) casamento; municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro-
b)  falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma- moção por merecimento;
drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guar- VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
da ou tutela e irmãos. VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado
o afastamento, conforme dispuser o regulamento;
Art.  98. Será concedido horário especial ao servidor VIII - licença:
estudante, quando comprovada a incompatibilidade a) à gestante, à adotante e à paternidade;
entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo
do exercício do cargo. b) para tratamento da própria saúde, até o limite de
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem-
a compensação de horário no órgão ou entidade que po de serviço público prestado à União, em cargo de
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra- provimento efetivo;
balho. c) para o desempenho de mandato classista ou par-
§ 2o Também será concedido horário especial ao servi- ticipação de gerência ou administração em sociedade
dor portador de deficiência, quando comprovada a cooperativa constituída por servidores para prestar
necessidade por junta médica oficial, independente- serviços a seus membros, exceto para efeito de pro-
mente de compensação de horário. moção por merecimento;
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente sional;


com deficiência. e) para capacitação, conforme dispuser o regulamen-
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vin- to;
culado à compensação de horário a ser efetivada no f) por convocação para o serviço militar;
prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe IX - deslocamento para a nova sede de que trata o
atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. art. 18;
76-A desta Lei. X - participação em competição desportiva nacional
ou convocação para integrar representação desportiva
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
interesse da administração é assegurada, na locali- lei específica;
dade da nova residência ou na mais próxima, matrícu-
la em instituição de ensino congênere, em qualquer XI - afastamento para servir em organismo internac-
época, independentemente de vaga. ional de que o Brasil participe ou com o qual coopere.

86
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta- Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re-
doria e disponibilidade: consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con-
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da
Municípios e Distrito Federal; decisão recorrida.
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
família do servidor, com remuneração, que exceder a Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses. pensivo, a juízo da autoridade competente.
III - a licença para atividade política, no caso do art. Parágrafo  único. Em caso de provimento do pedido
86, § 2o; de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man- retroagirão à data do ato impugnado.
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
anterior ao ingresso no serviço público federal; Art. 110. O direito de requerer prescreve:
V - o tempo de serviço em atividade privada, vincu- I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão
lada à Previdência Social; e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; ou que afetem interesse patrimonial e créditos result-
VII - o tempo de licença para tratamento da própria antes das relações de trabalho;
saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
do inciso VIII do art. 102. quando outro prazo for fixado em lei.
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado
será contado apenas para nova aposentadoria. da data da publicação do ato impugnado ou da data
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pre-
da ciência pelo interessado, quando o ato não for pub-
stado às Forças Armadas em operações de guerra.
licado.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
serviço prestado concomitantemente em mais de um
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso,
cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes
quando cabíveis, interrompem a prescrição.
da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
quia, fundação pública, sociedade de economia mista
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden-
e empresa pública.
do ser relevada pela administração.
Capítulo VIII
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é as-
Do Direito de Petição
segurada vista do processo ou documento, na repar-
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de req- tição, ao servidor ou ao procurador por ele constituído.
uerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou
interesse legítimo.
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
competente para decidi-lo e encaminhado por inter- Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
médio daquela a que estiver imediatamente subordi- belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
nado o requerente. Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição,
assegurado a todos: “são a todos assegurados, inde-
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade pendentemente do pagamento de taxas: a) o direito
que houver expedido o ato ou proferido a primeira de- de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos
cisão, não podendo ser renovado. ou contra ilegalidade ou abuso de poder;”. Os artigos
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon- acima descrevem o direito de petição específico dos
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão servidores públicos.
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dentro de 30 (trinta) dias. Do Regime Disciplinar

Art. 107. Caberá recurso: TÍTULO IV


I - do indeferimento do pedido de reconsideração; DO REGIME DISCIPLINAR
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
terpostos. O regime disciplinar do servidor público civil federal
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediata- está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
demais autoridades. Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de-
autoridade a que estiver imediatamente subordinado veres constam da lei como ações, como conduta positiva;
o requerente. as proibições, ao contrário, são descritas como condutas

87
vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de I  -  exercer com zelo e dedicação as atribuições do
praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não cargo;
de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a “O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta-
todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui-
III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma ções funcionais e também ao cuidado com a economia
disciplinar em branco25. do material, os bens da repartição e o patrimônio públi-
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um con- co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens
junto de normas de conduta e de proibições impostas e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em com dedicação no desempenho das funções do cargo
vista a prevenção, a apuração e a possível punição de que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de
atos e omissões que possam por em risco o funciona- posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car-
mento adequado da administração pública, do posto de go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não
vista ético, do ponto de vista da eficiência e do ponto lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com
de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even-
denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à
tual menor capacidade de desempenho, para não con-
Administração com o objetivo de manter sua disciplina
interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
punir seus servidores (e também àqueles que estejam a ser compensada com um maior esforço e dedicação de
ela vinculados por um instrumento jurídico determinado sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz,
- particulares contratados pela Administração). [...]“O dis- vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo
posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que
um conjunto de obrigações impostas aos servidores por se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a
ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina- ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri-
dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter
Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a
imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im- imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o
portam na responsabilização administrativa, a desafiar, sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e
então, a aplicação de uma das sanções administrativas interesses patrimoniais do Estado”.
(art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
que a responsabilidade administrativa resulta da prática II - ser leal às instituições a que servir;
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os “O servidor que cumprir todos os deveres e normas
deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi-
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal
bição) praticado no desempenho do cargo ou função”26.
à instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucio-
CAPÍTULO I nal é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim,
DOS DEVERES o dever de lealdade está inserido no Estatuto como nor-
ma programática, orientadora da conduta dos servido-
Art. 116. São deveres do servidor: res”.
Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
são em muito compatíveis com os previstos no Código III - observar as normas legais e regulamentares;
de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder “A função desta norma é de não deixar sem resposta
Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algu- qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne-
mas das condutas esperadas do servidor público quando cessária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
do desempenho de suas funções. Em resumo, o servi- 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
dor público deve desempenhar suas funções com cuida- lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
do, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição que
compõe, respeitando as ordens de seus superiores que IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
sejam adequadas às funções que desempenhe e bus- manifestamente ilegais;
cando conservar o patrimônio do Estado. No tratamen- “O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
to do público, deve ser prestativo e não negar o acesso gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
a informações que não sejam sigilosas. Caso presencie
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro


alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar. dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
Tomam-se como base os ensinamentos de Lima27 a res-
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
peito destes deveres:
estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
25 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar-
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar- quia existe para que do alto escalão até a prática dos
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
administrados as coisas funcionem. Disso decorre que
em: 11 ago. 2013.
26 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi- quando é emitida uma ordem para o servidor subordi-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com. nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons-
27 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar- seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta-
em: 11 ago. 2013.

88
ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o
nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom fornecimento ou divulgação das informações exigem um
senso que irá margear o que é flagrantemente incons- procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a
titucional”. informação possa expor a intimidade da pessoa huma-
na. As informações pessoais dos administrados em geral
V - atender com presteza: devem ser tratadas forma transparente e com respeito à
a) ao público em geral, prestando as informações req- intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes-
ueridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se-
b)  à expedição de certidões requeridas para defesa gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para
de direito ou esclarecimento de situações de interesse o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em
pessoal; termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden-
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. do ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros
quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor o consentimento expresso da pessoa a que elas se refe-
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a rirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so- a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen- interesse público e geral preponderante o exigir, tam-
to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta bém devem ser fornecidas as informações. Portanto, o
engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala,
servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio- esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no
so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularida-
administrado, dificultando a vida de quem necessita de de absurda, deve então reduzir a escrito e representar
atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon- para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conver-
go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo sas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através
ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos do processo administrativo disciplinar. Os assuntos ob-
públicos, o que deve necessariamente passar por crité- jeto do serviço merecem reserva. Devem ficar circunscri-
rios de valorização dos servidores bons e de treinamento tos aos servidores designados para o respectivo trabalho
e qualificação permanente dos quadros de pessoal”. interno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho,
sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais ampla, deve
razão do cargo ao conhecimento da autoridade su- ser contatado o órgão de assessoria de comunicação social,
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento que saberá proceder de forma oficial, obedecendo ao bom
desta, ao conhecimento de outra autoridade compe- senso e às leis vigentes”.
tente para apuração;
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen- IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de ministrativa;
que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis- “O ato administrativo não se satisfaz somente com o
tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor- compatível com a moralidade administrativa. O agente
rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a deve se comportar em seus atos de maneira proba, es-
devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de correita, séria, não atuando com intenções escusas e des-
um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros. virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por
Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas exemplo, para satisfação de interesses menores, como
reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran- realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma
ça nacional e mesmo da sociedade”. amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir
com comportamento incompatível com a moralidade
VII - zelar pela economia do material e a conservação administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar.
do patrimônio público; Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco- vio de poder, que é totalmente abominável no Direito
nomia e pela conservação dos bens públicos presta um Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou
desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá judicialmente através da ação popular, ação de ressarci-
adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito
cumprir o presente dever, quando por descumprimento coletivo ou transindividual”.
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
mais graves”. X - ser assíduo e pontual ao serviço;
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
passa na repartição, principalmente quanto aos assun- aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o
tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de que comparece no horário para as reuniões de trabalho e
2011, hoje está regulamentado o acesso às informações. demais atividades relacionadas com o exercício do cargo

89
que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o descritas caracterizam infração administrativa disciplinar.
dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi- “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo,
duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia-
60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas
advertência, com fins educativos e de correção do servi- visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por-
dor”. tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização descritas, configuram prática de delito penal”28.
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo prévia autorização do chefe imediato;
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e Violação do dever de assiduidade.
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
públicos”. II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
de poder. Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
Parágrafo único. A representação de que trata o inci-
so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada III - recusar fé a documentos públicos;
pela autoridade superior àquela contra a qual é for- É dever do servidor público conferir fé aos documen-
mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança
Caso o funcionário público denuncie outro servidor, que seu cargo possui. Violação do dever de transparên-
esta representação será encaminhada a alguém que seja cia.
superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
to à ampla defesa. IV  -  opor resistência injustificada ao andamento de
“O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento documento e processo ou execução de serviço;
às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver Não cabe impedir que o trâmite da administração
ciência em razão do cargo, principalmente no processo seja alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever
em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
de celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade.
suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
recinto da repartição;
seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
Violação do dever de discrição.
círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
informar acerca de irregularidades anda de braço dado
com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí- casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de- que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi-
ver de representar. O dever de representação não deixa nado;
de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de Quem é designado para o desempenho de uma fun-
um múnus público importante, constituindo o servidor ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar
em um curador legal do ente público. O mais humilde outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor-
servidor passa a ser um agente promotor de legalidade. dinado.
É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou VII  -  coagir ou aliciar subordinados no sentido de
abuso de poder”. De modo que também a omissão pode filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
ensejar a representação. A omissão do agente que ile- partido político;
galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode O direito de associação é livre, não podendo um fun-
até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado ou politicamente.
com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza- VIII  -  manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re- função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
presentante de autor a réu por prática de abuso de poder até o segundo grau civil;
ou denunciação caluniosa”.
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
Capítulo II neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
Das Proibições favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
Art. 117. Ao servidor é proibido: diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
Em contraposição aos deveres do servidor público, nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação
existem diversas proibições, que também estão em boa do nepotismo no âmbito da administração pública federal.
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação 28 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

90
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, in- atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
vestido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas.
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,
ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública XV - proceder de forma desidiosa;
direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreen- XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a tição em serviços ou atividades particulares;
Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir pelo en- O aparato da administração pública pertence ao Esta-
tendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se não do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par-
mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há ticulares.
pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
de outrem, em detrimento da dignidade da função cia e transitórias;
pública; Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
O cargo público serve apenas aos interesses da admi- cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte- salvo em caso de extrema necessidade.
resses pessoais do servidor.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
X - participar de gerência ou administração de so- patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
ciedade privada, personificada ou não personificada, horário de trabalho;
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
cotista ou comanditário;
violação ao princípio da imparcialidade.
Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar-
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou
quando solicitado.
seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a
A atualização de dados cadastrais é necessária para
participação do servidor como sócio gerente ou administra-
manter a administração ciente da situação de seu ser-
dor de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista,
acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até vidor.
não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente
constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co- Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida- I - participação nos conselhos de administração e fis-
mente a gerência ou administração da sociedade particular cal de empresas ou entidades em que a União deten-
em concomitância com a pretensa carga horária da repartição ha, direta ou indiretamente, participação no capital
pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão. social ou em sociedade cooperativa constituída para
prestar serviços a seus membros; e
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legis-
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o lação sobre conflito de interesses.
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
Não cabe atuar como procurador perante repartições Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atua- ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
ção como representante de parente até segundo grau não será comprometido.
(irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e com-
panheiros).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem


de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
A percepção de vantagem indevida gerando enrique-
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade
administrativa de maior gravidade, bem como crime de
corrupção passiva.

XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado


estrangeiro;
Trata-se de indício da intenção de praticar atos con-
trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.

91
Se o Estado pretende que o desempenho de ativida-
#FicaDica de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto
que exija a comprovação de compatibilidade de horários;
Proibições puníveis com demissão:
- Utilizar recursos pessoais e materiais para
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
atividades particulares;
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proven-
- Valer-se do cargo para lograr proveito pes-
tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
soal;
essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
- Proceder de forma desidiosa;
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o
- Praticar usura;
agente se aposente do serviço público e continue o exer-
- Aceitar comissão, emprego, pensão de Es- cendo, recebendo aposentadoria e salário.
tado estrangeiro;
- Receber propina, comissão, presente ou Art.  119. O servidor não poderá exercer mais de um
qualquer outra vantagem; cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
- Atuar como procurador ou intermediário grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela par-
(salvo benefício ou assistência previdenciária ticipação em órgão de deliberação coletiva. 
de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o Cargo em comissão é aquele que não exige aprova-
grau); ção em concurso público, sendo designado para o exer-
- Participar de sociedade privada (gerência/ cício por possuir um vínculo de confiança com o supe-
administração, personificada/não) ou comér- rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente.
cio (salvo acionista, cotista ou comanditário). Da mesma forma, não cabe remuneração por participar
de órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
Capítulo III
à remuneração devida pela participação em consel-
Da Acumulação
hos de administração e fiscal das empresas públicas
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitu-
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti-
ição, é vedada a acumulação remunerada de cargos dades em que a União, direta ou indiretamente, de-
públicos. tenha participação no capital social, observado o que,
Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal: a respeito, dispuser legislação específica.
O exercício de função em determinados conselhos de
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi- administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de
cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, exceção ao caput.
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
a) a de dois cargos de professor; Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
científico; vestido em cargo de provimento em comissão, ficará
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; tese em que houver compatibilidade de horário e local
com o exercício de um deles, declarada pelas autori-
Segundo Carvalho Filho29, “o fundamento da proibição dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em horários e local com um deles, caso em que se afastará
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- de somente um cargo efetivo.
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em “Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen-
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti- tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge-
tucional proibitiva”. nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em- tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns
empresas públicas, sociedades de economia mista da praticadas por servidores públicos, o que se constata ob-
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios servando o elevado número de processos administrati-
e dos Municípios. vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela
A proibição vale tanto para a administração direta lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado
quanto para a indireta. com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni-
condicionada à comprovação da compatibilidade de dades para regularizar sua situação e escapar da pena de
horários. demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro-
cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 30.
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 30 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-

92
CAPÍTULO IV VI - destituição de função comissionada.
DAS RESPONSABILIDADES A advertência é a pena mais leve, um aviso de que
o funcionário se portou de forma inadequada e de que
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra- isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in-
tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições. termediária, fazendo com que o funcionário deixe de
desempenhar o cargo por certo período. Na demissão,
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis- o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo-
prejuízo ao erário ou a terceiros. sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado comissão, destituição da função comissionada.
ao erário somente será liquidada na forma prevista Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consid-
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a eradas a natureza e a gravidade da infração cometida,
execução do débito pela via judicial. os danos que dela provierem para o serviço público,
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon- as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação cedentes funcionais.
regressiva.
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos Parágrafo  único. O ato de imposição da penalidade
sucessores e contra eles será executada, até o limite do mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
valor da herança recebida. sanção disciplinar.
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por uma
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado.
e contravenções imputadas ao servidor, nessa quali-
dade. Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos
casos de violação de proibição constante do art. 117,
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul- incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun-
cional previsto em lei, regulamentação ou norma
ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
interna, que não justifique imposição de penalidade
penho do cargo ou função.
mais grave.
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola-
derão cumular-se, sendo independentes entre si.
ção de dever funcional que não exija sanção mais grave.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de re-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que incidência das faltas punidas com advertência e de
negue a existência do fato ou sua autoria. violação das demais proibições que não tipifiquem in-
fração sujeita a penalidade de demissão, não podendo
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- exceder de 90 (noventa) dias.
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên- A suspensão é uma sanção administrativa interme-
cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se
de envolvimento desta, a outra autoridade competen- repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim
te para apuração de informação concernente à prática não gere pena de demissão.
de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen- § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias
to, ainda que em decorrência do exercício de cargo, o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser
emprego ou função pública. submetido a inspeção médica determinada pela au-
toridade competente, cessando os efeitos da penali-
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi- dade uma vez cumprida a determinação.
cos denunciem os servidores hierarquicamente superio- Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem suspensão.
ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse penalidade de suspensão poderá ser convertida em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que ela não procedia. multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia
de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
Capítulo V obrigado a permanecer em serviço.
Das Penalidades Se for inconveniente para a administração pública abrir
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen-
Art. 127. São penalidades disciplinares: to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão.
I - advertência; O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço.
II - suspensão;
III - demissão; Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; são terão seus registros cancelados, após o decurso de
V - destituição de cargo em comissão; 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva-
mente, se o servidor não houver, nesse período, prati-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
cado nova infração disciplinar.
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

93
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não § 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I
surtirá efeitos retroativos. dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma-
O bom comportamento posterior do servidor faz com terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou
que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen- funções públicas em situação de acumulação ilegal,
são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de
não significa que o servidor poderá requerer, por exem- ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
plo, o pagamento referente aos dias que ficou suspenso. regime jurídico.
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca- do ato que a constituiu, termo de indiciação em que
sos: serão transcritas as informações de que trata o pará-
I - crime contra a administração pública; grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal
Artigos 312 a 326 do Código Penal. do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia
II - abandono de cargo; imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de-
III - inassiduidade habitual; fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.
cesso. § 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará
relatório conclusivo quanto à inocência ou à respon-
IV - improbidade administrativa; sabilidade do servidor, em que resumirá as peças prin-
Atos descritos na Lei n° 8.429/92. cipais dos autos, opinará sobre a licitude da acumu-
lação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal
V  -  incontinência pública e conduta escandalosa, na e remeterá o processo à autoridade instauradora, para
repartição; julgamento.
Ausência de discrição no exercício das funções. § 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua
VI - insubordinação grave em serviço; decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto
Violação grave do dever de obediência hierárquica. no § 3o do art. 167.
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu- para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que
lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; se converterá automaticamente em pedido de exoner-
Ofensa física a servidor ou administrado que não para ação do outro cargo.
se defender. § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em relação aos cargos, empregos ou funções públicas
razão do cargo; em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os
X  -  lesão aos cofres públicos e dilapidação do órgãos ou entidades de vinculação serão comunica-
patrimônio nacional; dos.
XI - corrupção; § 7o O prazo para a conclusão do processo adminis-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex-
ções públicas; cederá trinta dias, contados da data de publicação do
Na verdade, são atos de improbidade administrativa, ato que constituir a comissão, admitida a sua pror-
então nem precisariam ser mencionados. rogação por até quinze dias, quando as circunstâncias
o exigirem.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117. deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação desta Lei.
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au- O artigo descreve o procedimento em caso de vio-
toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, lação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por intermédio de sua chefia imediata, para apresen- início, o servidor será notificado para se manifestar op-
tar opção no prazo improrrogável de dez dias, con- tando por um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer
tados da data da ciência e, na hipótese de omissão, a opção, será instaurado processo administrativo disci-
adotará procedimento sumário para a sua apuração e plinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no sen-
regularização imediata, cujo processo administrativo tido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso,
I - instauração, com a publicação do ato que consti- caso em que o procedimento se converterá em pedido
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a
estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a ma- boa-fé do servidor.
terialidade da transgressão objeto da apuração; Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi-
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de- lidade do inativo que houver praticado, na atividade,
fesa e relatório; falta punível com a demissão.
III - julgamento.

94
Supondo que o servidor tenha praticado ato punível I - a indicação da materialidade dar-se-á:
com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evi- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
tará que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele precisa do período de ausência intencional do servidor
seria demitido se no exercício das funções. ao serviço superior a trinta dias;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão mente, durante o período de doze meses;
e de demissão. II - após a apresentação da defesa a comissão elabo-
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à re-
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. sponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
35 será convertida em destituição de cargo em comis- principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo
são. legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so-
Logo, a destituição do cargo em comissão por quem bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis- a trinta dias e remeterá o processo à autoridade in-
sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demis- stauradora para julgamento.
são, mas também os sujeitos à pena de suspensão. Por indicação de materialidade, entenda-se demons-
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co- faltados.
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, Adota-se o procedimento do art. 133.
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co- I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimen- Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar
to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação
de demissão e cassação de aposentadoria ou disponi-
penal própria.
bilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co-
órgão, ou entidade;
missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
imediatamente inferior àquelas mencionadas no in-
em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
ciso anterior quando se tratar de suspensão superior
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo-
a 30 (trinta) dias;
grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
dignidade da função pública ou que tenha atuado como forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
procurador ou intermediário, junto a repartições públi- nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
cas, salvo em hipóteses específicas, não poderá ser in- (trinta) dias;
vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos. IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
Parágrafo  único. Não poderá retornar ao serviço Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
público federal o servidor que for demitido ou destituí- Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri-
do do cargo em comissão por infringência do art. 132, bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
incisos I, IV, VIII, X e XI. curador-Geral da República - demissão ou cassação de
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes ca- aposentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao
sos, não caberá jamais retorno ao serviço público federal, órgão (sanções mais graves).
diante da gravidade dos atos praticados. Autoridade administrativa de hierarquia imediata-
mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in- dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária,
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias por maior período).
consecutivos. Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
menor período).
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta Autoridade que houver feito a nomeação, em qual-
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, in- quer cargo de comissão, independente da pena.
terpoladamente, durante o período de doze meses.
Conceito de inassiduidade habitual, que também Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12 I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
meses de forma injustificada. demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
dade e destituição de cargo em comissão;
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
siduidade habitual, também será adotado o procedi- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
mento sumário a que se refere o art. 133, observando- § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
se especialmente que: que o fato se tornou conhecido.

95
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
cam-se às infrações disciplinares capituladas também Geral da República, no âmbito do respectivo Poder,
como crime. órgão ou entidade, preservadas as competências para
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de o julgamento que se seguir à apuração.
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de- Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão
cisão final proferida por autoridade competente. objeto de apuração, desde que contenham a identifi-
cação e o endereço do denunciante e sejam formula-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo das por escrito, confirmada a autenticidade.
começará a correr a partir do dia em que cessar a in- Parágrafo único. Quando o fato narrado não con-
terrupção. figurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do denúncia será arquivada, por falta de objeto.
direito de acionar judicialmente.
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de I - arquivamento do processo;
suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
advertência) - Contados da data em que o fato se tornou são de até 30 (trinta) dias;
conhecido pela administração pública. III - instauração de processo disciplinar.
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser pror-
favoráveis ao servidor. rogado por igual período, a critério da autoridade su-
Interrupção da prescrição significa parar a contagem perior.
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
até a decisão final proferida por autoridade competente ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
cargo em comissão, será obrigatória a instauração de
propor ação disciplinar.
processo disciplinar.
A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
#FicaDica ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
Penalidades: o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
- Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX; ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves
- Suspensão – reincidência em infração pu- qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30
nível com advertência, incumbência a outro dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as
servidor de atribuições estranhas ao cargo, outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
exercício de atividades incompatíveis com
cargo ou função; CAPÍTULO II
- Demissão – artigo 132, inclusive reincidên- DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
cia em infração punível com suspensão.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi-
dor não venha a influir na apuração da irregularidade,
Processo administrativo disciplinar a autoridade instauradora do processo disciplinar
poderá determinar o seu afastamento do exercício do
TÍTULO V cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre-
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR juízo da remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado
CAPÍTULO I por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos,
DISPOSIÇÕES GERAIS ainda que não concluído o processo.
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari- impede que o servidor tente influenciar na decisão da
dade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração de sua infração, podendo ocorrer por no máxi-
apuração imediata, mediante sindicância ou processo mo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de re-
administrativo disciplinar, assegurada ao acusado muneração (afinal, ainda não foi condenado).
ampla defesa.
§§ 1º e 2º (Revogados) CAPÍTULO III
§ 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação DO PROCESSO DISCIPLINAR
da autoridade a que se refere, poderá ser promovida
por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des-
em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante tinado a apurar responsabilidade de servidor por in-
competência específica para tal finalidade, delegada fração praticada no exercício de suas atribuições, ou
em caráter permanente ou temporário pelo Presidente que tenha relação com as atribuições do cargo em que
da República, pelos presidentes das Casas do Poder se encontre investido.

96
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co- dicância concluir que a infração está capitulada como
missão composta de três servidores estáveis designa- ilícito penal, a autoridade competente encaminhará có-
dos pela autoridade competente, observado o disposto pia dos autos ao Ministério Público, independentemente
no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu da imediata instauração do processo disciplinar.
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari- Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
dade igual ou superior ao do indiciado. a tomada de depoimentos, acareações, investigações
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig- e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
em um de seus membros. modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co- procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
lateral, até o terceiro grau. provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
tratar de prova pericial.
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo considerados impertinentes, meramente protelatórios,
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inter- ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fa-
esse da administração. tos.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co- § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
missões terão caráter reservado. a comprovação do fato independer de conhecimento
especial de perito.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas
seguintes fases: Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
I - instauração, com a publicação do ato que constituir diante mandado expedido pelo presidente da comis-
a comissão; são, devendo a segunda via, com o ciente do interes-
II - inquérito administrativo, que compreende in- sado, ser anexado aos autos.
strução, defesa e relatório; Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
III - julgamento. a expedição do mandado será imediatamente comu-
nicada ao chefe da repartição onde serve, com a indi-
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis- cação do dia e hora marcados para inquirição.
ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
data de publicação do ato que constituir a comissão, Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-
as circunstâncias o exigirem. lo por escrito.

§ 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros § 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que
dispensados do ponto, até a entrega do relatório final. se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de-
§ 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas poentes.
que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a
Este capítulo introduz aspectos sobre o processo ad- comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob-
ministrativo que serão aprofundados adiante e na própria servados os procedimentos previstos nos arts. 157 e
lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo adminis- 158.
trativo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por § 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles
uma comissão de 3 membros funcionários estáveis que será ouvido separadamente, e sempre que divergirem
decidirão com independência e imparcialidade, divide-se em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias,
em 3 fases e possui prazo limite de duração (60, even- será promovida a acareação entre eles.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tualmente +60). § 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in-


terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
SEÇÃO I sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas,
DO INQUÉRITO facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé-
dio do presidente da comissão.
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
princípio do contraditório, assegurada ao acusado Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental
ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos do acusado, a comissão proporá à autoridade competente
admitidos em direito. que ele seja submetido a exame por junta médica oficial,
da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro- Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
cesso disciplinar, como peça informativa da instrução. processado em auto apartado e apenso ao processo
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sin- principal, após a expedição do laudo pericial.

97
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu- SEÇÃO II
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos DO JULGAMENTO
fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re-
pelo presidente da comissão para apresentar defesa cebimento do processo, a autoridade julgadora profer-
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe irá a sua decisão.
vista do processo na repartição. § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será da autoridade instauradora do processo, este será en-
comum e de 20 (vinte) dias. caminhado à autoridade competente, que decidirá em
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo igual prazo.
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente
tente para a imposição da pena mais grave.
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
da data declarada, em termo próprio, pelo membro sação de aposentadoria ou disponibilidade, o jul-
da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) gamento caberá às autoridades de que trata o inciso
duas testemunhas. I do art. 141.
§ 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica dor, a autoridade instauradora do processo determi-
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá nará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente
ser encontrado. contrária à prova dos autos.

Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis-
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário são, salvo quando contrário às provas dos autos.
Oficial da União e em jornal de grande circulação na Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
localidade do último domicílio conhecido, para apre- contrariar as provas dos autos, a autoridade julga-
sentar defesa. dora poderá, motivadamente, agravar a penalidade
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de respon-
para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última sabilidade.
publicação do edital.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável,
a autoridade que determinou a instauração do pro-
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- cesso ou outra de hierarquia superior declarará a sua
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato,
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do a constituição de outra comissão para instauração de
processo e devolverá o prazo para a defesa. novo processo.

§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade in- § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica
stauradora do processo designará um servidor como nulidade do processo.
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. forma do Capítulo IV do Título IV.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará toridade julgadora determinará o registro do fato nos
relatório minucioso, onde resumirá as peças principais assentamentos individuais do servidor.
dos autos e mencionará as provas em que se baseou
para formar a sua convicção. Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
§ 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à in- crime, o processo disciplinar será remetido ao Minis-
tério Público para instauração da ação penal, ficando
ocência ou à responsabilidade do servidor.
trasladado na repartição.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-


missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar Art. 172. O servidor que responder a processo discipli-
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes nar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
ou atenuantes. voluntariamente, após a conclusão do processo e o
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co- cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
missão, será remetido à autoridade que determinou a Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
sua instauração, para julgamento. parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será conver-
tido em demissão, se for o caso.
O inquérito é uma das fases do processo adminis-
trativo disciplinar, obedecendo às regras descritas nes- Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
ta seção, destacando-se as que tratam da produção de I - ao servidor convocado para prestar depoimento
provas. fora da sede de sua repartição, na condição de teste-
munha, denunciado ou indiciado;

98
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a reali-
zação de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Nesta seção, trata-se do julgamento do processo administrativo disciplinar, que não será feito pela comissão, mas
pela autoridade competente para aplicar a sanção. Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado pelo indicia-
mento. Se houver mais de um indiciado e as sanções forem diversas, julga a autoridade de maior nível hierárquico.
Ex: autoridade que pode aplicar suspensão não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos indiciados couber
demissão será a autoridade que pode aplicar esta pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado.

SEÇÃO III
DA REVISÃO DO PROCESSO

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer
a revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.

Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer elemen-
tos novos, ainda não apreciados no processo originário.

Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se
autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.

Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.


Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste-
munhas que arrolar.

Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.

Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e procedimentos próprios da co-
missão do processo disciplinar.

Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso do
qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

A revisão do processo consiste na possibilidade do servidor condenado requerer que sua condenação seja revista se
surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Poderá
ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo
originário. O julgamento será feito pela mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena
deveria ser maior, não cabe agravar a situação do servidor.

#FicaDica
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Sindicância Inquérito administrativo Procedimento sumário


Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por mais de
Inassiduidade
Suspensão de até 30 dias
Penalidade/Motivo Abandono de cargo
30 dias Demissão
Acumulação ilegal de cargos
Cassação
Comissão 1, 2 ou 3 servidores 3 servidores 2 servidores

99
SEGURIDADE SOCIAL d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paterni-
TÍTULO VI dade;
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde;
CAPÍTULO I h) garantia de condições individuais e ambientais de
DISPOSIÇÕES GERAIS trabalho satisfatórias;
II - quanto ao dependente:
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social a) pensão vitalícia e temporária;
para o servidor e sua família. b) auxílio-funeral;
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que c) auxílio-reclusão;
não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou d) assistência à saúde.
emprego efetivo na administração pública direta, au- § 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e
tárquica e fundacional não terá direito aos benefícios mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en-
do Plano de Seguridade Social, com exceção da as- contram vinculados os servidores, observado o dispos-
sistência à saúde.  to nos arts. 189 e 224.
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efe- § 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por
tivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário
em organismo oficial internacional do qual o Brasil do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que
contribua para regime de previdência social no exteri- CAPÍTULO II
or, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano DOS BENEFÍCIOS
de Seguridade Social do Servidor Público enquanto
durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, SEÇÃO I
neste período, os benefícios do mencionado regime de DA APOSENTADORIA
previdência.
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afasta- Art. 186. O servidor será aposentado:
do sem remuneração a manutenção da vinculação I - por invalidez permanente, sendo os proventos in-
ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor tegrais quando decorrente de acidente em serviço,
Público, mediante o recolhimento mensal da respec- moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
tiva contribuição, no mesmo percentual devido pelos incurável, especificada em lei, e proporcionais nos de-
servidores em atividade, incidente sobre a remuner- mais casos;
ação total do cargo a que faz jus no exercício de suas II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
atribuições, computando-se, para esse efeito, inclu- proventos proporcionais ao tempo de serviço;
sive, as vantagens pessoais. III - voluntariamente:
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem,
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetu- e aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais;
ado até o segundo dia útil após a data do pagamento b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções
das remunerações dos servidores públicos, aplican- de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se pro-
do-se os procedimentos de cobrança e execução dos fessora, com proventos integrais;
tributos federais quando não recolhidas na data de c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25
vencimento. (vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais
a esse tempo;
Art.  184. O Plano de Seguridade Social visa a dar d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor-
sua família, e compreende um conjunto de benefícios cionais ao tempo de serviço.
e ações que atendam às seguintes finalidades: § 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doen- incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tu-
ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, berculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

falecimento e reclusão; neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no


II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença
III - assistência à saúde. de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es-
Parágrafo  único. Os benefícios serão concedidos nos pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados
termos e condições definidos em regulamento, obser- avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Sín-
vadas as disposições desta Lei. drome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras
que a lei indicar, com base na medicina especializada.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social § 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas
do servidor compreendem: insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses pre-
I - quanto ao servidor: vistas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso
a) aposentadoria; III, “a” e “c”, observará o disposto em lei específica.
b) auxílio-natalidade;
c) salário-família;

100
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à Art.  195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente
junta médica oficial, que atestará a invalidez quando participado de operações bélicas, durante a Segunda
caracterizada a incapacidade para o desempenho das Guerra Mundial, nos termos da  Lei nº 5.315, de 12
atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar de setembro de 1967, será concedida aposentadoria
o disposto no art. 24. com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automáti- serviço efetivo.
ca, e declarada por ato, com vigência a partir do dia
imediato àquele em que o servidor atingir a idade- SEÇÃO II
limite de permanência no serviço ativo. DO AUXÍLIO-NATALIDADE

Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
vigorará a partir da data da publicação do respectivo motivo de nascimento de filho, em quantia equiva-
ato. lente ao menor vencimento do serviço público, inclu-
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de sive no caso de natimorto.
licença para tratamento de saúde, por período não ex- § 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será
cedente a 24 (vinte e quatro) meses. acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro.
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em § 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, servidor público, quando a parturiente não for servi-
o servidor será aposentado. dora.
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término
da licença e a publicação do ato da aposentadoria SEÇÃO III
será considerado como de prorrogação da licença. DO SALÁRIO-FAMÍLIA
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão
consideradas apenas as licenças motivadas pela en- Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo
fermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor- ou ao inativo, por dependente econômico.
relacionadas. Parágrafo  único. Consideram-se dependentes
§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença econômicos para efeito de percepção do salário-famíl-
para tratamento de saúde ou aposentado por invali- ia:
dez poderá ser convocado a qualquer momento, para I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os
avaliação das condições que ensejaram o afastamento enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se es-
ou a aposentadoria.  tudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido,
de qualquer idade;
Art.  189. O provento da aposentadoria será calcula- II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante au-
do com observância do disposto no § 3o do art. 41, e torização judicial, viver na companhia e às expensas
revisto na mesma data e proporção, sempre que se do servidor, ou do inativo;
modificar a remuneração dos servidores em atividade. III - a mãe e o pai sem economia própria.
Parágrafo  único. São estendidos aos inativos quais- Art.  198. Não se configura a dependência econômi-
quer benefícios ou vantagens posteriormente conce- ca quando o beneficiário do salário-família perceber
didas aos servidores em atividade, inclusive quando rendimento do trabalho ou de qualquer outra fonte,
decorrentes de transformação ou reclassificação do inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em
cargo ou função em que se deu a aposentadoria. valor igual ou superior ao salário-mínimo.

Art. 190. O servidor aposentado com provento propor- Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públi-
cional ao tempo de serviço se acometido de qualquer cos e viverem em comum, o salário-família será pago
das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta a um deles; quando separados, será pago a um e out-
Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por ro, de acordo com a distribuição dos dependentes.
junta médica oficial passará a perceber provento in- Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o pa-
tegral, calculado com base no fundamento legal de drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes
concessão da aposentadoria. legais dos incapazes.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer
provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remu- tributo, nem servirá de base para qualquer con-
neração da atividade. tribuição, inclusive para a Previdência Social.

Art. 192. (Vetado). Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remu-


neração, não acarreta a suspensão do pagamento do
Art. 193. (Revogado). salário-família.

Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratifi-


cação natalina, até o dia vinte do mês de dezembro,
em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido
o adiantamento recebido.

101
SEÇÃO IV SEÇÃO V
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE DA LICENÇA À GESTANTE, À ADOTANTE E DA LI-
CENÇA-PATERNIDADE
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para trata-
mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo
fizer jus. da remuneração.
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do
será concedida com base em perícia oficial. nono mês de gestação, salvo antecipação por pre-
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será scrição médica.
realizada na residência do servidor ou no estabeleci- § 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá
mento hospitalar onde se encontrar internado. início a partir do parto.
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no lo- § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias
cal onde se encontra ou tenha exercício em caráter do evento, a servidora será submetida a exame mé-
permanente o servidor, e não se configurando as hipó- dico, e se julgada apta, reassumirá o exercício.
teses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito §  4o No caso de aborto atestado por médico oficial,
atestado passado por médico particular. a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente remunerado.
produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servi-
de recursos humanos do órgão ou entidade.
dor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
consecutivos.
vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
primeiro dia de afastamento será concedida mediante
avaliação por junta médica oficial.  Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante
trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que
de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora.
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o
campo de atuação da odontologia.  Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda ju-
dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão conce-
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior didos 90 (noventa) dias de licença remunerada.
a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judi-
dispensada de perícia oficial, na forma definida em cial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o
regulamento.  prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.

Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não SEÇÃO VI


se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO
quando se tratar de lesões produzidas por acidente em
serviço, doença profissional ou qualquer das doenças Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o
especificadas no art. 186, § 1o. servidor acidentado em serviço.
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico
médica. ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, me-
diata ou imediatamente, com as atribuições do cargo
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames mé- exercido.
dicos periódicos, nos termos e condições definidos em Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço
regulamento.  o dano:
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a
União e suas entidades autárquicas e fundacionais
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada
poderão:
pelo servidor no exercício do cargo;
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - sofrido no percurso da residência para o trabalho


pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado
e vice-versa.
o servidor;
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação
ou parceria com os órgãos e entidades da adminis- Art. 213. O servidor acidentado em serviço que neces-
tração direta, suas autarquias e fundações; site de tratamento especializado poderá ser tratado
III - celebrar convênios com operadoras de plano de em instituição privada, à conta de recursos públicos.
assistência à saúde, organizadas na modalidade de Parágrafo  único. O tratamento recomendado por
autogestão, que possuam autorização de funciona- junta médica oficial constitui medida de exceção e
mento do órgão regulador, na forma do art. 230; ou somente será admissível quando inexistirem meios e
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante recursos adequados em instituição pública.
contrato administrativo, observado o disposto na Lei Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de
no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas 10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias
pertinentes. o exigirem.

102
SEÇÃO VII desses com o fim exclusivo de constituir benefício
DA PENSÃO previdenciário, apuradas em processo judicial no qual
será assegurado o direito ao contraditório e à ampla
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas defesa.
hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
de óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI presumida do servidor, nos seguintes casos:
do caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004. competente;
II - desaparecimento em desabamento, inundação,
Art. 216. (Revogado) incêndio ou acidente não caracterizado como em
serviço;
Art. 217. São beneficiários das pensões: III - desaparecimento no desempenho das atribuições
I - o cônjuge; do cargo ou em missão de segurança.
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou Parágrafo único. A pensão provisória será transfor-
de fato, com percepção de pensão alimentícia estabel- mada em vitalícia ou temporária, conforme o caso,
ecida judicialmente; decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o
III - o companheiro ou companheira que comprove eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que
união estável como entidade familiar; o benefício será automaticamente cancelado.
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
seguintes requisitos: I - o seu falecimento;
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; II - a anulação do casamento, quando a decisão ocor-
b) seja inválido; rer após a concessão da pensão ao cônjuge;
III - a cessação da invalidez, em se tratando de ben-
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
eficiário inválido, o afastamento da deficiência, em se
tratando de beneficiário com deficiência, ou o levan-
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
tamento da interdição, em se tratando de beneficiário
do regulamento;
com deficiência intelectual ou mental que o torne ab-
V - a mãe e o pai que comprovem dependência
soluta ou relativamente incapaz, respeitados os perío-
econômica do servidor; e
dos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a”
VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
e “b” do inciso VII;
pendência econômica do servidor e atenda a um dos IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos,
requisitos previstos no inciso IV. pelo filho ou irmão;
§ 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários VI - a renúncia expressa; e
referidos nos incisos V e VI. VII - em relação aos beneficiários de que tratam os
§ 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que incisos I a III do caput do art. 217:
trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer
no inciso VI. sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) con-
§ 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a tribuições mensais ou se o casamento ou a união es-
filho mediante declaração do servidor e desde que tável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos
comprovada dependência econômica, na forma esta- antes do óbito do servidor;
belecida em regulamento. b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições
pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do
entre os beneficiários habilitados. casamento ou da união estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer de idade;
tempo, prescrevendo tão-somente as prestações ex- 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
igíveis há mais de 5 (cinco) anos. anos de idade;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
posterior ou habilitação tardia que implique exclusão nove) anos de idade;
de beneficiário ou redução de pensão só produzirá 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta)
efeitos a partir da data em que for oferecida. anos de idade;
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (quarenta e três) anos de idade;
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário conde- de idade.
nado pela prática de crime de que tenha dolosamente § 1º A critério da administração, o beneficiário de pen-
resultado a morte do servidor; são cuja preservação seja motivada por invalidez, por
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude a qualquer momento para avaliação das referidas
no casamento ou na união estável, ou a formalização condições.

103
§ 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida SEÇÃO IX
no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do in- DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
ciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decor-
rer de acidente de qualquer natureza ou de doença Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
profissional ou do trabalho, independentemente do reclusão, nos seguintes valores:
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais I - dois terços da remuneração, quando afastado por
ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, deter-
de união estável. minada pela autoridade competente, enquanto per-
§ 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos durar a prisão;
e desde que nesse período se verifique o incremento II - metade da remuneração, durante o afastamento,
mínimo de um ano inteiro na média nacional única, em virtude de condenação, por sentença definitiva, a
para ambos os sexos, correspondente à expectativa de pena que não determine a perda de cargo.
sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão § 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o
ser fixadas, em números inteiros, novas idades para servidor terá direito à integralização da remuneração,
os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, desde que absolvido.
em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orça- § 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir
mento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação do dia imediato àquele em que o servidor for posto em
com as idades anteriores ao referido incremento. liberdade, ainda que condicional.
§ 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de § 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-re-
Previdência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Pre- clusão será devido, nas mesmas condições da pensão
vidência Social (RGPS) será considerado na contagem por morte, aos dependentes do segurado recolhido à
das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas prisão.
alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.
CAPÍTULO III
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de ben- DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
eficiário, a respectiva cota reverterá para os coben-
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou
eficiários.
inativo, e de sua família compreende assistência mé-
dica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêu-
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
tica, terá como diretriz básica o implemento de ações
das na mesma data e na mesma proporção dos rea-
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será
justes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta-
disposto no parágrafo único do art. 189.
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado
o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do
percepção cumulativa de pensão deixada por mais valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus
de um cônjuge ou companheiro ou companheira e de dependentes ou pensionistas com planos ou seguros pri-
mais de 2 (duas) pensões. vados de assistência à saúde, na forma estabelecida em
regulamento. 
SEÇÃO VIII § 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja ex-
DO AUXÍLIO-FUNERAL igida perícia, avaliação ou inspeção médica, na aus-
ência de médico ou junta médica oficial, para a sua
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servi- realização o órgão ou entidade celebrará, preferen-
dor falecido na atividade ou aposentado, em valor cialmente, convênio com unidades de atendimento do
equivalente a um mês da remuneração ou provento. sistema público de saúde, entidades sem fins lucra-
tivos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti-
§ 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio tuto Nacional do Seguro Social - INSS. 
será pago somente em razão do cargo de maior re- § 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da
muneração. aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão
§ 2º (VETADO). ou entidade promoverá a contratação da prestação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta
oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à médica especificamente para esses fins, indicando os
pessoa da família que houver custeado o funeral. nomes e especialidades dos seus integrantes, com a
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este comprovação de suas habilitações e de que não este-
será indenizado, observado o disposto no artigo an- jam respondendo a processo disciplinar junto à enti-
terior. dade fiscalizadora da profissão.
§ 3o Para os fins do disposto no  caput  deste artigo,
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em ficam a União e suas entidades autárquicas e funda-
serviço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, cionais autorizadas a: 
as despesas de transporte do corpo correrão à conta I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação
de recursos da União, autarquia ou fundação pública. de serviços de assistência à saúde para os seus servi-
dores ou empregados ativos, aposentados, pensionis-
tas, bem como para seus respectivos grupos familiares

104
definidos, com entidades de autogestão por elas pa- b)  de inamovibilidade do dirigente sindical, até um
trocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetiva- ano após o final do mandato, exceto se a pedido;
mente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
2006 e que possuam autorização de funcionamento que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições defi-
do órgão regulador, sendo certo que os convênios cel- nidas em assembleia geral da categoria.
ebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na d) e e) (Revogados).
forma da regulamentação específica sobre patrocínio
de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além
regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às
vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis suas expensas e constem do seu assentamento indi-
aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006; vidual.
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei Parágrafo  único. Equipara-se ao cônjuge a compan-
no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de pla- heira ou companheiro, que comprove união estável
nos e seguros privados de assistência à saúde que pos- como entidade familiar.
suam autorização de funcionamento do órgão regu-
lador; Art.  242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o
III - (VETADO) município onde a repartição estiver instalada e onde o
§ 4o (VETADO)  servidor tiver exercício, em caráter permanente.
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total
despendido pelo servidor ou pensionista civil com Título IX
plano ou seguro privado de assistência à saúde. 
Capítulo Único
CAPÍTULO IV
DO CUSTEIO Das Disposições Transitórias e Finais

Art. 231. (Revogado). Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico institu-
ído por esta Lei, na qualidade de servidores públicos,
DISPOSIÇÕES GERAIS os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das
TÍTULO VIII fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de
CAPÍTULO ÚNICO outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Tra-
balho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado maio de 1943, exceto os contratados por prazo deter-
a vinte e oito de outubro. minado, cujos contratos não poderão ser prorrogados
após o vencimento do prazo de prorrogação.
Art.  237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Po-
deres Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos
incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos no regime instituído por esta Lei ficam transformados
respectivos planos de carreira: em cargos, na data de sua publicação.
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas
trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade não integrantes de tabela permanente do órgão ou
e a redução dos custos operacionais; entidade onde têm exercício ficam transformadas em
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé- cargos em comissão, e mantidas enquanto não for im-
rito, condecoração e elogio. plantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades
na forma da lei.
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão conta- § 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
dos em dias corridos, excluindo-se o dia do começo exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela
e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado, de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta
para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em Lei.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dia em que não haja expediente. § 4o (VETADO).


§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos ser-
Art.  239. Por motivo de crença religiosa ou de con- ventuários da Justiça, remunerados com recursos da
vicção filosófica ou política, o servidor não poderá ser União, no que couber.
privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discrimi- § 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com
nação em sua vida funcional, nem eximir-se do cum- estabilidade no serviço público, enquanto não adqui-
primento de seus deveres. rirem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar
Art.  240. Ao servidor público civil é assegurado, nos
tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade,
termos da Constituição Federal, o direito à livre as-
sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de car-
sociação sindical e os seguintes direitos, entre outros,
reira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
dela decorrentes:
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como § 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste
substituto processual; artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Dis-
posições Constitucionais Transitórias, poderão, no

105
interesse da Administração e conforme critérios esta- CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RES-
belecidos em regulamento, ser exonerados mediante PONSABILIDADE
indenização de um mês de remuneração por ano de
efetivo exercício no serviço público federal. (Incluído Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na denominada risco integral, dispõe que o Estado possui
fonte e na declaração de rendimentos, serão conside- o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
rados como indenizações isentas os pagamentos efe- prática de seus atos, não admitindo nenhuma excluden-
tuados a título de indenização prevista no parágrafo te. Trata-se de uma variação radical, em que a Adminis-
anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tração se transforma em um indenizador universal. Não
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil
disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Exe- somente como exceção em alguns casos específicos,
cutivo quando considerados desnecessários. (Incluído como nos acidentes de trabalho, na indenização coberta
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT), etc.
A segunda vertente, denominada teoria do risco ad-
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já con- ministrativo, é a adotada como regra geral no direito
cedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam brasileiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da
transformados em anuênio. responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstân-
cias que, como o próprio nome diz, afastam o dever de
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três
da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, modalidades:
fica transformada em licença-prêmio por assiduidade, a) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que
na forma prevista nos arts. 87 a 90. o prejuízo é consequência da intenção delibera-
da da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o
Art. 246. (VETADO). referido serviço público, acaba sofrendo danos por
uma ação tomada por ela mesma, não havendo
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta qualquer relação com as condutas do Poder Públi-
Lei, haverá ajuste de contas com a Previdência Social, co. É o caso, por exemplo, de pessoa que se joga
correspondente ao período de contribuição por parte na frente de viatura policial para ser atropelada.
dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Re- Não se confunde com a culpa concorrente, que se
dação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) traduz no dano causado pela conduta recíproca
do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a análise pericial para determinar os diferentes graus
vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão de culpa de cada agente, ensejando reparação.
ou entidade de origem do servidor. b) Força maior: é o evento imprevisível e involun-
tário que rompe o nexo de casualidade entre o ato
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima.
231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão Geralmente são causados pela força da natureza.
na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos É o caso, por exemplo, do desabamento de ter-
para o servidor civil da União conforme regulamento ras que arruínam as casas de um bairro, devido às
próprio. fortes chuvas. Não se confunde com o caso fortu-
ito, em que o dano decorre de ato humano, ou da
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a própria Administração, como o desabamento de
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições neces- uma estrada. O caso fortuito enseja o dever de re-
sárias para a aposentadoria nos termos do inciso II do sponsabilidade somente se tal evento for causado
art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos pelo agente público.
Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, c) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo
aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dis- é atribuído a pessoa estranha aos quadros da Ad-
positivo. (Mantido pelo Congresso Nacional) ministração Pública. Dessa forma, não há como o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado ser imputado responsável por atos pratica-


Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dos por pessoas que não fazem parte de sua com-
posição.
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
blicação, com efeitos financeiros a partir do primeiro
dia do mês subseqüente.

Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de ou-


tubro de 1952, e respectiva legislação complementar,
bem como as demais disposições em contrário.

Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Indepen-


dência e 102o da República.

106
A obrigatoriedade do devido processo legal não se
#FicaDica aplica somente à seara judicial, mas também vincula a
Curioso é o caso dos danos causados pelas Administração Pública e o Poder Legislativo, pois no
enchentes, sobretudo em cidades onde o es- moderno Estado de Direito, a validade das decisões
coamento das águas é precário, como ocorre praticadas por órgãos e agentes governamentais está
em algumas regiões da cidade de São Paulo. condicionada ao cumprimento de um rito procedimental
Como regra geral, o Estado não se responsa- previamente estabelecido. Por isso, é de grande
biliza por prejuízos causados pelas enchentes. importância o estudo do processo administrativo
A 3ª Câmara de Direito Público do TJ/SP negou disciplinar, que visa a dar maior transparência e garantia
provimento à AC nº 0170440220058260602 in- do exercício de uma boa Administração para os
terposta por três proprietários de imóveis afe- particulares.
tados pelas fortes chuvas do início do ano de
2012, que pleiteavam pedido de indenização
pelos danos causados pelas chuvas, pois as ga-
lerias pluviais de seu bairro não eram suficien- #FicaDica
tes para escoar toda a água, caracterizando-se
Processo ou procedimento administrativo?
em falta no serviço público. Segundo voto do
Apesar de não serem a mesma coisa, ambos
relator, porém, não havia qualquer prova que
possuem uma forte relação intrínseca. “Pro-
defina a ocorrência de qualquer falta de serviço
cesso” é o termo utilizado para designar a re-
que possa ser atribuída ao Município e que te-
lação jurídica estabelecida entre as partes e,
nha sido causa concorrente para o evento.
por isso, denomina-se processo administrativo
o vínculo estabelecido entre o Poder Público
Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta e o particular para a tomada de uma decisão.
comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear, “Procedimento”, por sua vez, refere-se a uma
pela via administrativa ou judicial, a devida reparação pe- sequência ordenada de atos que culminam na
tomada da decisão. Procedimento é o meio
los danos causados. Na via administrativa, basta que o
pelo qual se atende aos fins do processo.
prejudicado formule o pedido a autoridade competente,
que instaurará processo administrativo para apurar a res-
ponsabilidade e o pagamento de indenização.
Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial, 1. Processo Administrativo e a Lei nº 9.784/1999
hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que Com o objetivo de regulamentar a disciplina
se caracteriza no dever do Poder Judiciário de atender constitucional do processo administrativo, a Lei
todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à in- nº 9.784/1999, denominada “Lei do Processo
denização da vítima se instrumentaliza pela ação indeni- Administrativo”, dispõe sobre normas básicas sobre o
zatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela pro- referido processo no âmbito da Administração Federal
posta pela vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente direta e indireta, visando a proteção dos direitos dos
público causador do dano pertence. Conforme dispõe o administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
art. 206, § 3º, V, do Código Civil, o prazo prescricional Administração Pública. Trata-se de lei federal, aplicável
para a propositura de ação indenizatória é de três anos, somente no âmbito da União, com incidência no Poder
contados da ocorrência do evento danoso. Executivo, e também nos Poderes Legislativo e Judiciário,
no exercício de suas funções atípicas. Entretanto, o STJ
pacificou entendimento de que a referida Lei de Processo
LEI Nº 9.784/1999 (PROCESSO Administrativo pode ser aplicável, subsidiariamente, às
ADMINISTRATIVO) demais entidades federais que não possuam lei própria
versando sobre o tema.
Com base nessas considerações, passemos a destacar
alguns pontos importantes da referida legislação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

PROCESSO ADMINISTRATIVO De início, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura


delimitar três importantes conceitos. Órgão é a unidade
A necessidade de se instaurar um processo, isso é, de atuação integrante da estrutura da Administração
uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, direta e da estrutura da Administração indireta; entidade
tem seu fundamento no princípio constitucional do é a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
devido processo legal. O devido processo legal pode e autoridade é o servidor ou agente público dotado de
ser compreendido como o “escudo da humanidade” poder de decisão.
contra a prática de atos abusivos por parte do Estado.
Seu fundamento legal está previsto no art. 5º, LIV, da 1.1 Princípios do processo administrativo:
Constituição Federal, o qual assegura que ninguém será O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os princípios
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido pelos quais a Administração Pública tem o dever de obedecer
processo legal. e que regem o processo administrativo. São eles:

107
A) Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e a) órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
o direito positivado. b) identificação do interessado ou de quem o repre-
B) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a sente;
promoção pessoal de agentes e autoridades c) domicílio do requerente ou local para recebimento
C) Finalidade: a persecução do interesse público é de comunicações; d) formulação do pedido, com
primordial na conduta dos agentes administrativos, exposição dos fatos e de seus fundamentos; e e)
pois é o seu objetivo maior. data e assinatura do requerente ou de seu repre-
D) Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve sentante. Na verdade, a instauração do processo
seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé. pode ser de ofício, ainda que haja provocação de
E) Publicidade: o dever de transparência que resulta uma das partes.
a publicação dos atos administrativos de relevante
Quanto à legitimidade para a instauração do
interesse para a população.
processo, o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de
F) Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma
linha lógica e adequação entre o fim almejado e o interessados: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem
meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar como titulares de direitos ou interesses individuais ou no
exageros. exercício do direito de representação; II - aqueles que,
G) Obrigatória motivação: as decisões tomadas sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses
pelas autoridades devem conter pressupostos de que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
fato e de direito que justifiquem as mesmas. III - as organizações e associações representativas, no
H) Segurança jurídica: exige que a interpretação das tocante a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas
normas administrativas seja sempre a que melhor ou as associações legalmente constituídas quanto a
atenda aos interesses dos administrados, sendo direitos ou interesses difusos. Em termos de capacidade
vedada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o processual, o art. 10 dispõe que são considerados capazes
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial
julgada.
em ato normativo próprio.
I) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e
cada alegação feita no processo em questão, é
assegurado o direito de manifestação da parte 1.4 Competência, forma, tempo e lugar
contrária, principalmente nos processos em que Nos termos do art. 11 da Lei de Processo
resultem em sanções e nas situações de litígio. Administrativo, a competência é irrenunciável e se
exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
1.2 Direitos e deveres dos administrados como própria, salvo os casos de delegação e avocação
O termo “administrado”, hoje com pouca utilização, legalmente admitidos. A delegação é o fenômeno pelo
é usado na referida Lei para designar o usuário ou qual uma autoridade distribui suas competências para
cidadão que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº uma entidade ou órgãos distintos, podendo estar na
9.784/1999 elenca uma série de direitos e deveres aos mesma linha hierárquica ou não, embora haja alguns
referidos administrados. casos em que a delegação é legalmente vedada, como a
Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos
garantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas
administrativos, e as matérias de competência exclusiva
autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício
da autoridade. A avocação, por sua vez, traduz-se na
de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; b)
ter ciência da tramitação dos processos administrativos absorção de competências, hipótese em que o órgão ou
em que tenha a condição de interessado, ter vista dos o titular chama para si atribuições de competência de
autos, obter cópias de documentos neles contidos e órgão hierarquicamente inferior.
conhecer as decisões proferidas; c) formular alegações e Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum
apresentar documentos antes da decisão, os quais serão requisito solene para o processo administrativo, apenas
objeto de consideração pelo órgão competente; d) fazer- exige que os atos processuais deverão ser produzidos por
se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando escrito, em vernáculo, com data e local de sua realização
obrigatória a representação, por força de lei. e assinatura da autoridade responsável. Os atos são
Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo realizados em dias úteis, no horário de funcionamento
Administrativo elenca os deveres a ser cumpridos pelos da repartição na qual tramita o processo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

administrados no decurso do processo: a) expor os


fatos conforme a verdade; b) proceder com lealdade, É ônus da parte apresentar provas sobre os fatos
urbanidade e boa-fé; c) não agir de modo temerário; alegados pela mesma, na forma do artigo 36 da
e d) prestar as informações que lhe forem solicitadas e referida Lei, independentemente de atuação sem
colaborar para o esclarecimento dos fatos.
prejuízo da atuação do órgão competente e o dever
deste providenciar os documentos oriundos da
1.3 Instauração e legitimidade
própria Administração. Com isso, procura-se atribuir a
A Administração Pública apresenta uma dinamicida-
Administração Pública o exercício de suas funções de
de muito maior do que o Judiciário, uma vez que
pode agir de ofício, isso é, sem a provocação do modo adequado e correto, não podendo se prender ao
interessado. É possível, evidentemente, que o pro- ônus da prova para escusar-se de promover uma má-
cesso administrativo possa ser instaurado a reque- administração. Importante ressaltar também a vedação
rimento, o qual deverá ser formulado por escrito e a da produção e utilização de provas obtidas por meios
constar os seguintes elementos: ilícitos (art. 30, Lei nº 9.784/1999).

108
É possível, também, a instauração de medida cautelar, D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado
na forma do artigo 45 da Lei nº 9.784/1999, podendo ser a autoridade superior à que praticou o ato
instaurada sem a prévia manifestação do interessado, em recorrido. Pode ser interposto sem a necessidade
caso de risco iminente que possa prejudicar o objeto do de previsão legal, uma vez que a revisão dos
processo. atos pela autoridade hierarquicamente superior
àquela que praticou o ato é uma de suas tarefas
1.5 Dever de decidir e desistência inerentes. Vale ressaltar que o recurso hierárquico
A Administração Pública tem o dever de emitir decisão independe de caução ou qualquer tipo de garantia
(art. 48, Lei nº 9.784/1999) expressa nos processos em dinheiro, conforme dispõe a Súmula Vinculante
nº 21 do STF.
administrativos e sobre as solicitações e reclamações
E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido
que receber, uma vez que faz parte de sua competência.
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia
Trata-se de uma consequência lógica do direito de em relação ao ente que praticou o ato. É o caso,
petição, constitucionalmente garantido a todo cidadão. por exemplo, de recurso interposto para o ente
Encerrada a instrução, terá o prazo de até 30 (trinta) federativo membro da Administração Direta,
dias para decidir, salvo prorrogação por igual período sobre alguma entidade da Administração Indireta.
expressamente motivada. Esse tipo de recurso deve possuir previsão legal,
Admite-se a desistência do processo, por parte do uma vez que os poderes inerentes à tutela não se
interessado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para presumem.
tanto, deverá o interessado manifestar-se por escrito,
com o pedido de desistência total ou parcial do pleito, Detalhe importante que merece destaque é o exposto
ou ainda renunciar direitos disponíveis. A desistência ou no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente
renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
o prosseguimento do processo, se a Administração ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se
considerar que o interesse público assim o exige. a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que
o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus
1.6 Recursos administrativos da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
Todas as decisões adotadas em processo administrativo decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente.
Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que
são passíveis de recurso, caso em que haverá um reexame
o recorrente, nessa hipótese, deverá ser cientificado para
quanto a questões de legalidade e de mérito dos atos
que formule suas alegações antes da decisão.
administrativos objeto do litígio. O recurso deve ser
dirigido à autoridade que proferiu a decisão para que, no
prazo de 5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar sua
decisão. Se não o fizer, encaminhará a peça recursal para
LEI COMPLEMENTAR Nº 140/2011
a autoridade hierarquicamente superior, se for recurso
hierárquico próprio, ou para a entidade que exerce tutela
(COMPETÊNCIAS AMBIENTAIS)
sobre a que proferiu a decisão, tratando-se de recurso
hierárquico impróprio. O prazo para a interposição do
recurso cabível é de 10 (dez) dias, contados a partir da Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do
divulgação oficial da decisão administrativa. Vejamos, em caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição
detalhes, os principais recursos administrativos: Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o
A) Representação: é uma denúncia formal de Distrito Federal e os Municípios nas ações administra-
irregularidade, feita por qualquer indivíduo, com tivas decorrentes do exercício da competência comum
previsão no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à
gera à Administração o dever-poder de apurar a proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em
irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de ato qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da
vinculado. fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto
B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o de 1981.
administrado, particular ou servidor público, deduz
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

uma pretensão perante a administração pública, A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
visando obter o reconhecimento de um direito ou a gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei
correção de um ato que lhe cause ou na iminência Complementar:
de causar lesão. A interposição da reclamação não
impede a apreciação do pleito pelo Judiciário, CAPÍTULO I
mas a reclamação interposta dentro do prazo de DISPOSIÇÕES GERAIS
1 ano, contado da ocorrência do ato, suspende a
prescrição quinquenal deste. Art. 1º Esta Lei Complementar fixa normas, nos ter-
C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação mos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo
feita à autoridade que já expediu o ato, para que o único do art. 23 da Constituição Federal, para a coo-
modifique ou o invalide, nos moldes do requerente. peração entre a União, os Estados, o Distrito Federal
A reconsideração não suspende a prescrição do e os Municípios nas ações administrativas decorrentes
Judiciário. do exercício da competência comum relativas à pro-

109
teção das paisagens naturais notáveis, à proteção do VI - delegação da execução de ações administrativas
meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de um ente federativo a outro, respeitados os requisi-
de suas formas e à preservação das florestas, da fauna tos previstos nesta Lei Complementar.
e da flora. § 1º Os instrumentos mencionados no inciso II do ca-
put podem ser firmados com prazo indeterminado.
Art. 2º Para os fins desta Lei Complementar, consi- § 2º A Comissão Tripartite Nacional será formada,
deram-se: paritariamente, por representantes dos Poderes Exe-
I - licenciamento ambiental: o procedimento adminis- cutivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
trativo destinado a licenciar atividades ou empreendi- dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão
mentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou ambiental compartilhada e descentralizada entre os
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer entes federativos.
forma, de causar degradação ambiental; § 3º As Comissões Tripartites Estaduais serão forma-
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que das, paritariamente, por representantes dos Poderes
se substitui ao ente federativo originariamente deten- Executivos da União, dos Estados e dos Municípios,
tor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei com o objetivo de fomentar a gestão ambiental com-
Complementar; partilhada e descentralizada entre os entes federati-
III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação vos.
que visa a auxiliar no desempenho das atribuições de- § 4º A Comissão Bipartite do Distrito Federal será for-
correntes das competências comuns, quando solicita- mada, paritariamente, por representantes dos Poderes
do pelo ente federativo originariamente detentor das Executivos da União e do Distrito Federal, com o obje-
atribuições definidas nesta Lei Complementar. tivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e
descentralizada entre esses entes federativos.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da União, § 5º As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no do Distrito Federal terão sua organização e funciona-
exercício da competência comum a que se refere esta mento regidos pelos respectivos regimentos internos.
Lei Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente Art. 5o O ente federativo poderá delegar, mediante
ecologicamente equilibrado, promovendo gestão des- convênio, a execução de ações administrativas a ele
centralizada, democrática e eficiente; atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioe- destinatário da delegação disponha de órgão ambien-
conômico com a proteção do meio ambiente, obser- tal capacitado a executar as ações administrativas a
vando a dignidade da pessoa humana, a erradicação serem delegadas e de conselho de meio ambiente.
da pobreza e a redução das desigualdades sociais e
regionais; Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental ca-
III - harmonizar as políticas e ações administrativas pacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele
para evitar a sobreposição de atuação entre os entes que possui técnicos próprios ou em consórcio, devida-
federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e mente habilitados e em número compatível com a de-
garantir uma atuação administrativa eficiente; manda das ações administrativas a serem delegadas.
IV - garantir a uniformidade da política ambiental
para todo o País, respeitadas as peculiaridades regio- CAPÍTULO III
nais e locais. DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO

CAPÍTULO II Art. 6o As ações de cooperação entre a União, os Es-


DOS INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO tados, o Distrito Federal e os Municípios deverão ser
desenvolvidas de modo a atingir os objetivos previstos
Art. 4º Os entes federativos podem valer-se, entre no art. 3o e a garantir o desenvolvimento sustentável,
outros, dos seguintes instrumentos de cooperação ins- harmonizando e integrando todas as políticas gover-
titucional: namentais.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - consórcios públicos, nos termos da legislação em


vigor; Art. 7o São ações administrativas da União:
II - convênios, acordos de cooperação técnica e ou- I - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito na-
tros instrumentos similares com órgãos e entidades do cional, a Política Nacional do Meio Ambiente;
Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbi-
Federal; to de suas atribuições;
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Triparti- III - promover ações relacionadas à Política Nacional
tes Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal; do Meio Ambiente nos âmbitos nacional e internacio-
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos nal;
econômicos; IV - promover a integração de programas e ações
V - delegação de atribuições de um ente federativo de órgãos e entidades da administração pública da
a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
Complementar; cípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental;

110
V - articular a cooperação técnica, científica e finan- a) florestas públicas federais, terras devolutas federais
ceira, em apoio à Política Nacional do Meio Ambiente; ou unidades de conservação instituídas pela União,
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pes- exceto em APAs; e
quisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, b) atividades ou empreendimentos licenciados ou au-
divulgando os resultados obtidos; torizados, ambientalmente, pela União;
VII - promover a articulação da Política Nacional do XVI - elaborar a relação de espécies da fauna e da
Meio Ambiente com as de Recursos Hídricos, Desen- flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre-
volvimento Regional, Ordenamento Territorial e ou- -explotadas no território nacional, mediante laudos e
tras; estudos técnico-científicos, fomentando as atividades
VIII - organizar e manter, com a colaboração dos ór- que conservem essas espécies in situ;
gãos e entidades da administração pública dos Esta- XVII - controlar a introdução no País de espécies exóti-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema cas potencialmente invasoras que possam ameaçar os
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sini- ecossistemas, habitats e espécies nativas;
ma); XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito na- exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais
cional e regional; frágeis ou protegidos;
X - definir espaços territoriais e seus componentes a XIX - controlar a exportação de componentes da bio-
diversidade brasileira na forma de espécimes silvestres
serem especialmente protegidos;
da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou pro-
XI - promover e orientar a educação ambiental em
dutos deles derivados;
todos os níveis de ensino e a conscientização pública
XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silves-
para a proteção do meio ambiente;
tre, ovos e larvas;
XII - controlar a produção, a comercialização e o em- XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseri-
prego de técnicas, métodos e substâncias que com- das na relação prevista no inciso XVI;
portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio XXII - exercer o controle ambiental da pesca em âmbi-
ambiente, na forma da lei; to nacional ou regional;
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e em- XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao co-
preendimentos cuja atribuição para licenciar ou auto- nhecimento tradicional associado, respeitadas as atri-
rizar, ambientalmente, for cometida à União; buições setoriais;
XIV - promover o licenciamento ambiental de empre- XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte
endimentos e atividades: marítimo de produtos perigosos; e
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte
Brasil e em país limítrofe; interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigo-
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na sos.
plataforma continental ou na zona econômica exclu-
siva; Parágrafo único. O licenciamento dos empreendi-
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; mentos cuja localização compreenda concomitante-
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de con- mente áreas das faixas terrestre e marítima da zona
servação instituídas pela União, exceto em Áreas de costeira será de atribuição da União exclusivamente
Proteção Ambiental (APAs); nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais do Poder Executivo, a partir de proposição da Comis-
Estados; são Tripartite Nacional, assegurada a participação de
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamen- um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente
to ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, (Conama) e considerados os critérios de porte, poten-
aqueles previstos no preparo e emprego das Forças cial poluidor e natureza da atividade ou empreendi-
mento. Regulamento
Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no
97, de 9 de junho de 1999;
Art. 8o São ações administrativas dos Estados:
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar,
I - executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a
transportar, armazenar e dispor material radioativo,
Política Nacional do Meio Ambiente e demais políticas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear nacionais relacionadas à proteção ambiental;
em qualquer de suas formas e aplicações, mediante II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbi-
parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear to de suas atribuições;
(Cnen); ou III - formular, executar e fazer cumprir, em âmbito es-
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do tadual, a Política Estadual de Meio Ambiente;
Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão IV - promover, no âmbito estadual, a integração de
Tripartite Nacional, assegurada a participação de um programas e ações de órgãos e entidades da admi-
membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente nistração pública da União, dos Estados, do Distrito
(Conama), e considerados os critérios de porte, poten- Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à
cial poluidor e natureza da atividade ou empreendi- gestão ambiental;
mento; Regulamento V - articular a cooperação técnica, científica e finan-
XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de ceira, em apoio às Políticas Nacional e Estadual de
florestas e formações sucessoras em: Meio Ambiente;

111
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pes- II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbi-
quisas direcionados à proteção e à gestão ambiental, to de suas atribuições;
divulgando os resultados obtidos; III - formular, executar e fazer cumprir a Política Muni-
VII - organizar e manter, com a colaboração dos ór- cipal de Meio Ambiente;
gãos municipais competentes, o Sistema Estadual de IV - promover, no Município, a integração de progra-
Informações sobre Meio Ambiente; mas e ações de órgãos e entidades da administração
VIII - prestar informações à União para a formação e pública federal, estadual e municipal, relacionados à
atualização do Sinima; proteção e à gestão ambiental;
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito esta- V - articular a cooperação técnica, científica e finan-
dual, em conformidade com os zoneamentos de âmbi- ceira, em apoio às Políticas Nacional, Estadual e Mu-
to nacional e regional; nicipal de Meio Ambiente;
X - definir espaços territoriais e seus componentes a VI - promover o desenvolvimento de estudos e pes-
serem especialmente protegidos; quisas direcionados à proteção e à gestão ambiental,
XI - promover e orientar a educação ambiental em divulgando os resultados obtidos;
todos os níveis de ensino e a conscientização pública VII - organizar e manter o Sistema Municipal de Infor-
para a proteção do meio ambiente; mações sobre Meio Ambiente;
XII - controlar a produção, a comercialização e o em- VIII - prestar informações aos Estados e à União para
prego de técnicas, métodos e substâncias que com- a formação e atualização dos Sistemas Estadual e Na-
portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio cional de Informações sobre Meio Ambiente;
ambiente, na forma da lei; IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zonea-
XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e em- mentos ambientais;
X - definir espaços territoriais e seus componentes a
preendimentos cuja atribuição para licenciar ou auto-
serem especialmente protegidos;
rizar, ambientalmente, for cometida aos Estados;
XI - promover e orientar a educação ambiental em
XIV - promover o licenciamento ambiental de ativi-
todos os níveis de ensino e a conscientização pública
dades ou empreendimentos utilizadores de recursos
para a proteção do meio ambiente;
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
XII - controlar a produção, a comercialização e o em-
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
prego de técnicas, métodos e substâncias que com-
ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
XV - promover o licenciamento ambiental de ativida- ambiente, na forma da lei;
des ou empreendimentos localizados ou desenvolvi- XIII - exercer o controle e fiscalizar as atividades e em-
dos em unidades de conservação instituídas pelo Es- preendimentos cuja atribuição para licenciar ou au-
tado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); torizar, ambientalmente, for cometida ao Município;
XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de XIV - observadas as atribuições dos demais entes fe-
florestas e formações sucessoras em: derativos previstas nesta Lei Complementar, promover
a) florestas públicas estaduais ou unidades de conser- o licenciamento ambiental das atividades ou empre-
vação do Estado, exceto em Áreas de Proteção Am- endimentos:
biental (APAs); a) que causem ou possam causar impacto ambiental
b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas de âmbito local, conforme tipologia definida pelos
no inciso XV do art. 7o; e respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou au- considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
torizados, ambientalmente, pelo Estado; natureza da atividade; ou
XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da b) localizados em unidades de conservação instituídas
flora ameaçadas de extinção no respectivo território, pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambien-
mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomen- tal (APAs);
tando as atividades que conservem essas espécies in XV - observadas as atribuições dos demais entes fe-
situ; derativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar:
XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna sil- a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e
vestre, ovos e larvas destinadas à implantação de cria- formações sucessoras em florestas públicas municipais
douros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto e unidades de conservação instituídas pelo Município,
no inciso XX do art. 7o; exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e


silvestre; formações sucessoras em empreendimentos licencia-
XX - exercer o controle ambiental da pesca em âmbito dos ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.
estadual; e
XXI - exercer o controle ambiental do transporte flu- Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal
vial e terrestre de produtos perigosos, ressalvado o dis- as previstas nos arts. 8o e 9o.
posto no inciso XXV do art. 7o.
Art. 11. A lei poderá estabelecer regras próprias para
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios: atribuições relativas à autorização de manejo e supres-
I - executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, são de vegetação, considerada a sua caracterização
as Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente e como vegetação primária ou secundária em diferentes
demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à estágios de regeneração, assim como a existência de
proteção do meio ambiente; espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção.

112
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de ati- I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conse-
vidades ou empreendimentos utilizadores de recursos lho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Fede-
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou ral, a União deve desempenhar as ações administrati-
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação vas estaduais ou distritais até a sua criação;
ambiental, e para autorização de supressão e manejo II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou con-
de vegetação, o critério do ente federativo instituidor selho de meio ambiente no Município, o Estado deve
da unidade de conservação não será aplicado às Áreas desempenhar as ações administrativas municipais até
de Proteção Ambiental (APAs). a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou con-
Parágrafo único. A definição do ente federativo res- selho de meio ambiente no Estado e no Município, a
ponsável pelo licenciamento e autorização a que se União deve desempenhar as ações administrativas até
refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios a sua criação em um daqueles entes federativos.
previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV
do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” do Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes
inciso XIV do art. 9o. federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, cien-
tífico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licen- outras formas de cooperação.
ciados ou autorizados, ambientalmente, por um único
ente federativo, em conformidade com as atribuições Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicita-
estabelecidas nos termos desta Lei Complementar. da pelo ente originariamente detentor da atribuição
§ 1o Os demais entes federativos interessados podem nos termos desta Lei Complementar.
manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou
autorização, de maneira não vinculante, respeitados Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licencia-
os prazos e procedimentos do licenciamento ambien- mento ou autorização, conforme o caso, de um em-
tal. preendimento ou atividade, lavrar auto de infração
§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licencia- ambiental e instaurar processo administrativo para a
mentos ambientais é autorizada pelo ente federativo apuração de infrações à legislação ambiental cometi-
licenciador. das pelo empreendimento ou atividade licenciada ou
§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento autorizada.
ambiental e outros serviços afins devem guardar rela- § 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao
ção de proporcionalidade com o custo e a complexida-
constatar infração ambiental decorrente de empreen-
de do serviço prestado pelo ente federativo.
dimento ou atividade utilizadores de recursos ambien-
tais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir
Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os
representação ao órgão a que se refere o caput, para
prazos estabelecidos para tramitação dos processos de
efeito do exercício de seu poder de polícia.
licenciamento.
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degra-
§ 1o As exigências de complementação oriundas da
dação da qualidade ambiental, o ente federativo que
análise do empreendimento ou atividade devem ser
tiver conhecimento do fato deverá determinar medi-
comunicadas pela autoridade licenciadora de uma
das para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comu-
única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas de-
correntes de fatos novos. nicando imediatamente ao órgão competente para as
§ 2o As exigências de complementação de informa- providências cabíveis.
ções, documentos ou estudos feitas pela autoridade § 3o O disposto no caput deste artigo não impede o
licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que exercício pelos entes federativos da atribuição comum
continua a fluir após o seu atendimento integral pelo de fiscalização da conformidade de empreendimentos
empreendedor. e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou
§ 3o O decurso dos prazos de licenciamento, sem a utilizadores de recursos naturais com a legislação am-
emissão da licença ambiental, não implica emissão biental em vigor, prevalecendo o auto de infração am-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tácita nem autoriza a prática de ato que dela depen- biental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
da ou decorra, mas instaura a competência supletiva licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
referida no art. 15.
§ 4o A renovação de licenças ambientais deve ser CAPÍTULO IV
requerida com antecedência mínima de 120 (cento e DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixa-
do na respectiva licença, ficando este automaticamen- Art. 18. Esta Lei Complementar aplica-se apenas aos
te prorrogado até a manifestação definitiva do órgão processos de licenciamento e autorização ambiental
ambiental competente. iniciados a partir de sua vigência.
§ 1o Na hipótese de que trata a alínea “h” do inciso
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter XIV do art. 7o, a aplicação desta Lei Complementar
supletivo nas ações administrativas de licenciamento dar-se-á a partir da entrada em vigor do ato previsto
e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses: no referido dispositivo.

113
§ 2o Na hipótese de que trata a alínea “a” do inciso DECRETA:
XIV do art. 9o, a aplicação desta Lei Complementar
dar-se-á a partir da edição da decisão do respectivo CAPÍTULO I
Conselho Estadual. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 3o Enquanto não forem estabelecidas as tipologias Âmbito de aplicação e objeto
de que tratam os §§ 1o e 2o deste artigo, os processos
de licenciamento e autorização ambiental serão con- Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a execução indireta,
duzidos conforme a legislação em vigor. mediante contratação, de serviços da administração
pública federal direta, autárquica e fundacional e das
empresas públicas e das sociedades de economia mis-
Art. 19. O manejo e a supressão de vegetação em si-
ta controladas pela União.
tuações ou áreas não previstas nesta Lei Complemen- Art. 2º Ato do Ministro de Estado do Planejamento,
tar dar-se-ão nos termos da legislação em vigor. Desenvolvimento e Gestão estabelecerá os serviços
que serão preferencialmente objeto de execução indi-
Art. 20. O art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de reta mediante contratação.
1981, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcio- CAPÍTULO II
namento de estabelecimentos e atividades utilizado- DAS VEDAÇÕES
res de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente Administração pública federal direta, autárquica e
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar fundacional
degradação ambiental dependerão de prévio licencia-
mento ambiental. Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na ad-
§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação ministração pública federal direta, autárquica e fun-
e a respectiva concessão serão publicados no jornal dacional, os serviços:
oficial, bem como em periódico regional ou local de I - que envolvam a tomada de decisão ou posiciona-
grande circulação, ou em meio eletrônico de comuni- mento institucional nas áreas de planejamento, coor-
cação mantido pelo órgão ambiental competente. denação, supervisão e controle;
II - que sejam considerados estratégicos para o órgão
§ 2o (Revogado).
ou a entidade, cuja terceirização possa colocar em ris-
§ 3o (Revogado).
co o controle de processos e de conhecimentos e tec-
§ 4o (Revogado).” (NR)
nologias;
III - que estejam relacionados ao poder de polícia, de
Art. 21. Revogam-se os §§ 2º, 3º e 4º do art. 10 e o § regulação, de outorga de serviços públicos e de apli-
1o do art. 11 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. cação de sanção; e
IV - que sejam inerentes às categorias funcionais
Art. 22. Esta Lei Complementar entra em vigor na abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou da enti-
data de sua publicação. dade, exceto disposição legal em contrário ou quando
se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no
Brasília, 8 de dezembro de 2011; 190o da Independên- âmbito do quadro geral de pessoal.
cia e 123o da República. § 1º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios
de que tratam os incisos do caput poderão ser exe-
cutados de forma indireta, vedada a transferência de
responsabilidade para a realização de atos adminis-
DECRETO Nº 2.271/1997 (CONTRATAÇÃO trativos ou a tomada de decisão para o contratado.
DE SERVIÇOS) § 2º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios
de fiscalização e consentimento relacionados ao exer-
cício do poder de polícia não serão objeto de execução
DECRETO Nº 9.507, DE 21 DE SETEMBRO DE 2018 indireta.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Vigência Empresas públicas e sociedades de economia mista


Dispõe sobre a execução indireta, mediante contrata- controladas pela União
ção, de serviços da administração pública federal direta, Art. 4º Nas empresas públicas e nas sociedades de
autárquica e fundacional e das empresas públicas e das economia mista controladas pela União, não serão
sociedades de economia mista controladas pela União. objeto de execução indireta os serviços que deman-
dem a utilização, pela contratada, de profissionais
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribui- com atribuições inerentes às dos cargos integrantes de
ções que lhe confere o art. 84, caput , inciso IV e VI, alínea seus Planos de Cargos e Salários, exceto se contrariar
“a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no § 7º os princípios administrativos da eficiência, da econo-
do art. 10 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de micidade e da razoabilidade, tais como na ocorrência
1967, e na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, de, ao menos, uma das seguintes hipóteses:
I - caráter temporário do serviço;
II - incremento temporário do volume de serviços;

114
III - atualização de tecnologia ou especialização de Disposições contratuais obrigatórias
serviço, quando for mais atual e segura, que reduzem Art. 8º Os contratos de que trata este decreto conterão
o custo ou for menos prejudicial ao meio ambiente; ou cláusulas que:
IV - impossibilidade de competir no mercado concor- I - exijam da contratada declaração de responsabilida-
rencial em que se insere. de exclusiva sobre a quitação dos encargos trabalhis-
§ 1º As situações de exceção a que se referem os in- tas e sociais decorrentes do contrato;
cisos I e II do caput poderão estar relacionadas às es- II - exijam a indicação de preposto da contratada para
pecificidades da localidade ou à necessidade de maior representá-la na execução do contrato;
abrangência territorial. III - estabeleçam que o pagamento mensal pela con-
§ 2º Os empregados da contratada com atribuições tratante ocorrerá após a comprovação do pagamen-
semelhantes ou não com as atribuições da contratan- to das obrigações trabalhistas, previdenciárias e para
te atuarão somente no desenvolvimento dos serviços com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
contratados. pela contratada relativas aos empregados que tenham
§ 3º Não se aplica a vedação do caput quando se tra- participado da execução dos serviços contratados;
tar de cargo extinto ou em processo de extinção. IV - estabeleçam a possibilidade de rescisão do contra-
§ 4º O Conselho de Administração ou órgão equiva- to por ato unilateral e escrito do contratante e a apli-
lente das empresas públicas e das sociedades de eco- cação das penalidades cabíveis, na hipótese de não
nomia mista controladas pela União estabelecerá o pagamento dos salários e das verbas trabalhistas, e
conjunto de atividades que serão passíveis de execu- pelo não recolhimento das contribuições sociais, pre-
ção indireta, mediante contratação de serviços. videnciárias e para com o FGTS;
V - prevejam, com vistas à garantia do cumprimento
Vedação de caráter geral das obrigações trabalhistas nas contratações de servi-
Art. 5º É vedada a contratação, por órgão ou entidade ços continuados com dedicação exclusiva de mão de
de que trata o art. 1º, de pessoa jurídica na qual haja obra:
administrador ou sócio com poder de direção que te- a) que os valores destinados ao pagamento de fé-
nham relação de parentesco com: rias, décimo terceiro salário, ausências legais e verbas
I - detentor de cargo em comissão ou função de con- rescisórias dos empregados da contratada que parti-
fiança que atue na área responsável pela demanda ou ciparem da execução dos serviços contratados serão
pela contratação; ou efetuados pela contratante à contratada somente na
II - autoridade hierarquicamente superior no âmbito ocorrência do fato gerador; ou
de cada órgão ou entidade. b) que os valores destinados ao pagamento das fé-
rias, décimo terceiro salário e verbas rescisórias dos
CAPÍTULO III empregados da contratada que participarem da exe-
DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO E DO CON- cução dos serviços contratados serão depositados pela
TRATO contratante em conta vinculada específica, aberta em
Regras gerais nome da contratada, e com movimentação autorizada
pela contratante;
Art. 6º Para a execução indireta de serviços, no âmbito VI - exijam a prestação de garantia, inclusive para pa-
dos órgãos e das entidades de que trata o art. 1º, as gamento de obrigações de natureza trabalhista, previ-
contratações deverão ser precedidas de planejamento denciária e para com o FGTS, em valor correspondente
e o objeto será definido de forma precisa no instru- a cinco por cento do valor do contrato, limitada ao
mento convocatório, no projeto básico ou no termo equivalente a dois meses do custo da folha de paga-
de referência e no contrato como exclusivamente de mento dos empregados da contratada que venham a
prestação de serviços. participar da execução dos serviços contratados, com
prazo de validade de até noventa dias, contado da
Parágrafo único. Os instrumentos convocatórios e os data de encerramento do contrato; e
contratos de que trata o caput poderão prever padrões VII - prevejam a verificação pela contratante, do cum-
de aceitabilidade e nível de desempenho para aferição primento das obrigações trabalhistas, previdenciárias
da qualidade esperada na prestação dos serviços, com e para com o FGTS, em relação aos empregados da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

previsão de adequação de pagamento em decorrência contratada que participarem da execução dos serviços
do resultado. contratados, em especial, quanto:
a) ao pagamento de salários, adicionais, horas extras,
Art. 7º É vedada a inclusão de disposições nos instru- repouso semanal remunerado e décimo terceiro salá-
mentos convocatórios que permitam: rio;
I - a indexação de preços por índices gerais, nas hipó- b) à concessão de férias remuneradas e ao pagamento
teses de alocação de mão de obra; do respectivo adicional;
II - a caracterização do objeto como fornecimento de c) à concessão do auxílio-transporte, auxílio-alimen-
mão de obra; tação e auxílio-saúde, quando for devido;
III - a previsão de reembolso de salários pela contra- d) aos depósitos do FGTS; e
tante; e e) ao pagamento de obrigações trabalhistas e previ-
IV - a pessoalidade e a subordinação direta dos em- denciárias dos empregados dispensados até a data da
pregados da contratada aos gestores da contratante. extinção do contrato.

115
§ 1º Na hipótese de não ser apresentada a documen- III - prestar apoio à instrução processual e ao enca-
tação comprobatória do cumprimento das obrigações minhamento da documentação pertinente para a for-
trabalhistas, previdenciárias e para com o FGTS de que malização dos procedimentos relativos a repactuação,
trata o inciso VII do caput deste artigo, a contratante reajuste, alteração, reequilíbrio, prorrogação, paga-
comunicará o fato à contratada e reterá o pagamento mento, aplicação de sanções, extinção dos contratos,
da fatura mensal, em valor proporcional ao inadim- entre outras, com vistas a assegurar o cumprimento
plemento, até que a situação esteja regularizada. das cláusulas do contrato a solução de problemas re-
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º e em não havendo lacionados ao objeto.
quitação das obrigações por parte da contratada, no
prazo de até quinze dias, a contratante poderá efetuar Art. 11. A gestão e a fiscalização de que trata o art. 10
o pagamento das obrigações diretamente aos empre- competem ao gestor da execução dos contratos, auxi-
gados da contratada que tenham participado da exe- liado pela fiscalização técnica, administrativa, setorial
cução dos serviços contratados. e pelo público usuário e, se necessário, poderá ter o
§ 3º O sindicato representante da categoria do tra- auxílio de terceiro ou de empresa especializada, desde
balhador deve ser notificado pela contratante para que justificada a necessidade de assistência especia-
acompanhar o pagamento das verbas referidas nos § lizada.
1º e § 2º.
§ 4º O pagamento das obrigações de que trata o § CAPÍTULO IV
2º, caso ocorra, não configura vínculo empregatício ou DA REPACTUAÇÃO E REAJUSTE
implica a assunção de responsabilidade por quaisquer
Repactuação
obrigações dele decorrentes entre a contratante e os
Art. 12. Será admitida a repactuação de preços dos
empregados da contratada.
serviços continuados sob regime de mão de obra ex-
clusiva, com vistas à adequação ao preço de mercado,
Art. 9º Os contratos de prestação de serviços conti- desde que:
nuados que envolvam disponibilização de pessoal da I - seja observado o interregno mínimo de um ano das
contratada de forma prolongada ou contínua para datas dos orçamentos para os quais a proposta se re-
consecução do objeto contratual exigirão: ferir; e
I - apresentação pela contratada do quantitativo de II - seja demonstrada de forma analítica a variação
empregados vinculados à execução do objeto do con- dos componentes dos custos do contrato, devidamente
trato de prestação de serviços, a lista de identificação justificada.
destes empregados e respectivos salários;
II - o cumprimento das obrigações estabelecidas em Reajuste
acordo, convenção, dissídio coletivo de trabalho ou Art. 13. O reajuste em sentido estrito, espécie de rea-
equivalentes das categorias abrangidas pelo contrato; juste nos contratos de serviço continuado sem dedi-
e cação exclusiva de mão de obra, consiste na aplica-
III - a relação de benefícios a serem concedidos pela ção de índice de correção monetária estabelecido no
contratada a seus empregados, que conterá, no mí- contrato, que retratará a variação efetiva do custo de
nimo, o auxílio-transporte e o auxílio-alimentação, produção, admitida a adoção de índices específicos ou
quando esses forem concedidos pela contratante. setoriais.
§ 1º É admitida a estipulação de reajuste em sentido
Parágrafo único. A administração pública não se vin- estrito nos contratos de prazo de duração igual ou su-
cula às disposições estabelecidas em acordos, dissídios perior a um ano, desde que não haja regime de dedi-
ou convenções coletivas de trabalho que tratem de: cação exclusiva de mão de obra.
§ 2º Nas hipóteses em que o valor dos contratos de
I - pagamento de participação dos trabalhadores nos serviços continuados seja preponderantemente for-
lucros ou nos resultados da empresa contratada; mado pelos custos dos insumos, poderá ser adotado o
II - matéria não trabalhista, ou que estabeleçam direi- reajuste de que trata este artigo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tos não previstos em lei, tais como valores ou índices


CAPÍTULO V
obrigatórios de encargos sociais ou previdenciários; e
DISPOSIÇÕES FINAIS
III - preços para os insumos relacionados ao exercício
Orientações gerais
da atividade.
Art. 14. As empresas públicas e as sociedades de eco-
Gestão e fiscalização da execução dos contratos nomia mista controladas pela União adotarão os mes-
Art. 10. A gestão e a fiscalização da execução dos con- mos parâmetros das sociedades privadas naquilo que
tratos compreendem o conjunto de ações que objeti- não contrariar seu regime jurídico e o disposto neste
vam: Decreto.
I - aferir o cumprimento dos resultados estabelecidos
pela contratada; Art. 15. O Ministério do Planejamento, Desenvolvi-
II - verificar a regularidade das obrigações previdenci- mento e Gestão expedirá normas complementares ao
árias, fiscais e trabalhistas; e cumprimento do disposto neste Decreto.

116
Disposições transitórias
Art. 16. Os contratos celebrados até a data de entrada
em vigor deste Decreto, com fundamento no Decre- HORA DE PRATICAR!
to nº 2.271, de 7 de julho de 1997 , ou os efetuados
por empresas públicas, sociedades de economia mista 1. (MPE-PI – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CESPE
controladas direta ou indiretamente pela União, pode- – 2018) Julgue o item subsequente, relativo a controle
rão ser prorrogados, na forma do § 2º do art. 57 da Lei da administração pública, regime jurídico administrativo,
nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , e observada, no que processo administrativo federal e improbidade adminis-
couber, a Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016 , desde trativa.
que devidamente ajustados ao disposto neste Decreto. Conforme o regime jurídico administrativo, apesar de
assegurada a supremacia do interesse público sobre o
Revogação privado, à administração pública é vedado ter privilégios
Art. 17. Fica revogado o Decreto nº 2.271, de 1997 . não concedidos a particulares.

Vigência ( ) CERTO ( ) ERRADO


Art. 18. Este Decreto entra em vigor cento e vinte dias
após a data de sua publicação. 2. (PGM MANAUS-AM – PROCURADOR DO MUNICÍ-
PIO – CESPE – 2018) Quanto às transformações contem-
Brasília, 21 de setembro de 2018; 197º da Indepen- porâneas do direito administrativo, julgue o item subse-
dência e 130º da República. quente.
Um dos aspectos da constitucionalização do direito ad-
ministrativo se refere à releitura dos seus institutos a par-
tir dos princípios constitucionais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –


CESPE – 2018) Julgue o item que se segue, a respeito de
aspectos diversos relacionados ao direito administrativo.
De forma indireta, no direito administrativo, as fontes
inorganizadas influem na produção do direito positivo,
apesar de as atividades opinativas e interpretativas se-
rem consideradas fontes que influem nessa produção.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –


CESPE – 2018) A jurisprudência administrativa constitui
fonte direta do direito administrativo, razão por que sua
aplicação é procedimento corrente na administração e
obrigatória para o agente administrativo, cabendo ao
particular sua observância no cotidiano.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (TRE-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-


NISTRATIVA – CESPE – 2017) O direito administrativo
é:

a) um ramo estanque do direito, formado e consolidado


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cientificamente.
b) um ramo do direito proximamente relacionado ao di-
reito constitucional e possui interfaces com os direitos
processual, penal, tributário, do trabalho, civil e em-
presarial.
c) um sub-ramo do direito público, ao qual está subordi-
nado.
d) um conjunto esparso de normas que, por possuir ca-
racterísticas próprias, deve ser considerado de manei-
ra dissociada das demais regras e princípios.
e) um sistema de regras e princípios restritos à regulação
interna das relações jurídicas entre agentes públicos e
órgãos do Estado.

117
6. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA CONTEN- 12. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
CIOSA – CESPE – 2018) Acerca do direito administra- No que se refere aos institutos da centralização, da des-
tivo, dos atos administrativos e dos agentes públicos, centralização e da desconcentração, julgue o item a se-
julgue o item a seguir. guir.
Entre os objetos do direito administrativo, ramo do di- A centralização consiste na execução de tarefas adminis-
reito público, está a atividade jurídica não contenciosa. trativas pelo próprio Estado, por meio de órgãos internos
e integrantes da administração pública direta.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL ÁREA 1 – CES- 13. (PGE-PE – PROCURADOR DO ESTADO – CESPE
PE – 2018) Considerando os ditames constitucionais da ad- – 2018) Assinale a opção correta acerca da organização
ministração pública, julgue o item que se segue. administrativa:
Mesmo pertencendo ao quadro da administração indireta,
o IPHAN deve obedecer aos preceitos da legalidade, da im- a) Ocorre descentralização por serviços quando o poder
pessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. público contrata empresa privada para desempenhar
atividade acessória à atividade finalística da adminis-
( ) CERTO ( ) ERRADO tração.
b) A autorização, a permissão e a concessão de serviços
8. (PGM MANAUS-AM – PROCURADOR DO MUNICÍ- públicos a empresas privadas caracterizam descon-
PIO – CESPE – 2018) Quanto às transformações contempo- centração administrativa.
râneas do direito administrativo, julgue o item subsequente. c) O ente titular do serviço público pode interferir na
O princípio da juridicidade, por constituir uma nova com- execução do serviço público transferido a outra pes-
preensão da ideia de legalidade, acarretou o aumento do soa jurídica no caso descentralização por serviços.
d) A descentralização por colaboração resulta na transfe-
espaço de discricionariedade do administrador público.
rência da titularidade e da execução do serviço públi-
( ) CERTO ( ) ERRADO co para empresas públicas ou sociedades de econo-
mia mista.
e) No caso de descentralização por colaboração, a alte-
9. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
ração das condições de execução do serviço público
TRATIVA – CESPE – 2018) Em relação aos princípios apli-
independe de previsão legal específica.
cáveis à administração pública, julgue o próximo item.
O princípio da proporcionalidade, que determina a ade-
14. (TJ-CE – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2018) Rela-
quação entre os meios e os fins, deve ser obrigatoriamen-
tivamente às entidades da administração pública indire-
te observado no processo administrativo, sendo vedada a
ta, assinale a opção correta.
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento a) Autarquias e fundações públicas podem receber, por
do interesse público. meio de lei específica, a qualificação de agência exe-
cutiva, para garantir o exercício de suas atividades
( ) CERTO ( ) ERRADO com maior eficiência e operacionalidade.
b) São traços distintivos do regime jurídico especial das
10. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- agências reguladoras: a investidura especial de seus
TRATIVA – CESPE – 2018) Em decorrência do princípio dirigentes; o mandato por prazo determinado; e o
da segurança jurídica, é proibido que nova interpretação período de quarentena após o término do mandato
de norma administrativa tenha efeitos retroativos, exceto diretivo.
quando isso se der para atender o interesse público. c) A instituição de fundação pública de direito público,
diferentemente das autarquias, cuja criação se dá por
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO meio de edição de lei, exige, além de previsão legal, a


inscrição de seu ato constitutivo junto ao registro civil
11. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- das pessoas jurídicas.
TRATIVA – CESPE – 2018) Embora sem previsão expressa d) Embora seja reconhecida a natureza autárquica dos
no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da confian- conselhos de classe, em razão da natureza privada dos
ça relaciona-se à crença do administrado de que os atos recursos que lhes são destinados, essas entidades não
administrativos serão lícitos e, portanto, seus efeitos serão se submetem ao controle externo exercido pelo TCU.
mantidos e respeitados pela própria administração pública. e) As empresas públicas e as sociedades de economia
mista poderão ser constituídas sob qualquer forma
( ) CERTO ( ) ERRADO empresarial admitida em direito, ressalvando-se, em
relação às empresas públicas, a obrigatoriedade de
que o capital social seja exclusivamente público.

118
15. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018) 21. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL – ENGE-
No que se refere aos institutos da centralização, da des- NHARIA CIVIL – CESPE – 2018) Uma empresa cons-
centralização e da desconcentração, julgue o item a se- trutora, contratada mediante regular processo licitatório
guir. pela administração pública para construir uma edifica-
Na administração pública, desconcentrar significa atri- ção, recebeu ordem de serviço para iniciar, no local, a ins-
buir competências a órgãos de uma mesma entidade talação do canteiro de obras em quinze dias, conforme
administrativa. previsto no edital de licitação. Entretanto, findo o prazo
estipulado, a empresa não havia iniciado a execução das
( ) CERTO ( ) ERRADO atividades no local, sob as alegações de que a fiscaliza-
ção não havia providenciado as ligações provisórias de
16. (IPHAN – AUXILIAR INSTITUCIONAL – ÁREA 1 – água e energia elétrica nem havia analisado e aprovado
CESPE – 2018) Considerando os ditames constitucionais o cronograma executivo detalhado dos serviços.
da administração pública, julgue o item que se segue. Com relação a essa situação hipotética, julgue o item
Uma autarquia federal pode firmar contrato com o po- subsequente de acordo com as normas pertinentes.
der público com a finalidade de ampliar sua autonomia Se, na situação dada, o atraso para o início da obra carac-
financeira e gerencial. terizar-se como injustificado, tal fato, do ponto de vista
legal, será considerado motivo suficiente para a rescisão
( ) CERTO ( ) ERRADO do contrato pertinente.

( ) CERTO ( ) ERRADO
17. (MPU – TÉCNICO DO MPU – ADMINISTRAÇÃO
– CESPE – 2018) No que se refere ao controle da admi- 22. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL – ENGE-
nistração pública, julgue o item seguinte. NHARIA CIVIL – CESPE – 2018) Uma empresa cons-
A administração pública pode revogar ato próprio dis- trutora, contratada mediante regular processo licitatório
cricionário, ainda que perfeitamente legal, simplesmen-
pela administração pública para construir uma edifica-
te pelo fato de não mais o considerar conveniente ou
ção, recebeu ordem de serviço para iniciar, no local, a ins-
oportuno.
talação do canteiro de obras em quinze dias, conforme
previsto no edital de licitação. Entretanto, findo o prazo
( ) CERTO ( ) ERRADO
estipulado, a empresa não havia iniciado a execução das
atividades no local, sob as alegações de que a fiscaliza-
18. (PC-SE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2018)
ção não havia providenciado as ligações provisórias de
A respeito da extinção de atos administrativos, julgue o
água e energia elétrica nem havia analisado e aprovado
próximo item.
o cronograma executivo detalhado dos serviços.
A anulação de ato administrativo fundamenta-se na ile-
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item
galidade do ato, enquanto a revogação funciona como
uma espécie de sanção para aqueles que deixaram de subsequente de acordo com as normas pertinentes.
cumprir as condições determinadas pelo ato. De acordo com a Lei de Licitações e Contratos, o crono-
grama executivo detalhado deve integrar o projeto bási-
( ) CERTO ( ) ERRADO co; assim, foi improcedente a alegação, pela contratada,
de falta de análise e aprovação desse cronograma para
19. (EMAP – CARGO DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – o início da obra.
2018) Acerca de atos administrativos e de contratos ad-
ministrativos, julgue o item a seguir. ( ) CERTO ( ) ERRADO
A competência do sujeito é requisito de validade do ato
administrativo e, em princípio, irrenunciável, porém sua 23. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL – ENGENHA-
irrenunciabilidade poderá ser afastada em razão de de- RIA CIVIL – CESPE – 2018) A justificativa da contrata-
legação ou avocação de competências legalmente admi- da referente às ligações provisórias de água e energia
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tidas. elétrica foi correta, ou seja, caberia à fiscalização tê-las


providenciado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
20. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, rela-
tivo aos atos administrativos.
O ato administrativo praticado com desvio de finalidade
pode ser convalidado pela administração pública, desde
que não haja lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros.

( ) CERTO ( ) ERRADO

119
24. (MPE-PI – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA
PROCESSUAL – CESPE – 2018) Acerca de atos adminis-
trativos, licitações e contratos da administração pública,
GABARITO
julgue o item a seguir.
Situação hipotética: O Ministério Público de determinado 1 ERRADO
estado da Federação, visando reformar seu edifício sede, 2 CERTO
firmou contrato administrativo. Iniciada a execução do
contrato, a administração resolveu modificar unilateral- 3 CERTO
mente o contrato em decorrência de acréscimo quanti- 4 ERRADO
tativo do objeto contratado. Assertiva: Nessa situação, o 5 B
contratado é obrigado a aceitar, nas mesmas condições
6 CERTO
contratuais, os acréscimos realizados até o limite de 50%
do valor inicial atualizado do contrato. 7 CERTO
8 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
9 CERTO
25. (MPE-PI – TÉCNICO MINISTERIAL – ÁREA AD- 10 ERRADO
MINISTRATIVA – CESPE – 2018) Acerca dos procedi- 11 CERTO
mentos gerais na gestão de contratos, julgue o próximo
item. 12 CERTO
Durante a execução de um contrato que exija cálculos 13 E
complexos, será permitida a contratação de um terceiro, 14 B
com conhecimentos especializados, para auxiliar o ges-
tor de contratos na verificação desses procedimentos. 15 CERTO
16 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
17 CERTO
18 ERRADO
19 CERTO
20 ERRADO
21 CERTO
22 ERRADO
23 ERRADO
24 CERTO
25 CERTO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

120
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

Lei nº 6.938/1981 (política nacional do meio ambiente)............................................................................................................................... 01


Lei nº 7.735/1989 (criação do IBAMA)................................................................................................................................................................. 06
Decreto nº 6.099/2007 (estrutura regimental do Ibama)............................................................................................................................. 07
Lei nº 9.605/1998 (crimes ambientais)................................................................................................................................................................ 09
Nesse sentido, é certo que a lei traçou toda a siste-
LEI Nº 6.938/1981 (POLÍTICA NACIONAL mática das políticas públicas brasileiras para o meio am-
DO MEIO AMBIENTE) biente.

Segundo Luís Paulo Sirvinskas, a lei em questão de-


finiu conceitos básicos como o de meio ambiente, de
degradação e de poluição e determinou os objetivos,
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, criou a Po- diretrizes e instrumentos, além de ter adotado a teoria
lítica Nacional do Meio Ambiente (PNMA), tendo por da responsabilidade (Política nacional do meio ambiente
objetivo a preservação, a melhoria e a recuperação da (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981). As leis federais
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, mais importantes de proteção ao meio ambiente comen-
no País, condições ao desenvolvimento sócio econômi- tadas. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 122).
co, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana. Sendo assim, por Política Nacional do Meio Ambiente
se compreende as diretrizes gerais estabelecidas por lei
Essa lei, por ser do início da década de 1980, sofreu que têm o objetivo de harmonizar e de integrar as po-
diversas alterações ao longo do tempo, pelas Leis Ordi- líticas públicas de meio ambiente dos entes federativos,
nárias nºs 10.165/2000, 11.284/2006, 12.651/2012 e pela tornando-as mais efetivas e eficazes.
Lei Complementar nº 140/2011.
Os 10 (dez) princípios da PNMA estão previstos no
A primeira parte da lei 6.938/81 prevê os princípios art. 2º da Lei 6.938/81, e podem ser assim sistematizados:
da PNMA (art. 2º) e confere algumas definições essen-
ciais ao Direito Ambiental, tais como o conceito de meio
ambiente, de poluição, de poluidor e de recursos naturais
(art. 3º). 1) Ação governamental para realizar a manutenção
do equilíbrio ecológico;
A segunda parte da lei estabelece os objetivos e as 2) Usar solo, subsolo, água e ar de forma racional;
diretrizes da PNMA (arts. 4º e 5º). 3) Realizar o controle e o zoneamento das atividades
potencial ou efetivamente poluidoras;
Na sequência, a lei ambiental, no artigo 6º e 8º, dis- 4) Proteger ecossistemas, com a preservação de áreas
põe sobre os órgãos e entidades da União, dos Estados, representativas;
do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, 5) Incentivar a pesquisa e o estudo de tecnologia vol-
bem como as fundações instituídas pelo Poder Públi- tadas para o uso racional e a proteção dos recursos
co, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambientais.
ambiental, detalhando as estruturas e competências do 6) Planejar e fiscalizar os recursos ambientais;
SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e do 7) Acompanhar a qualidade ambiental;
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 8) Recuperar áreas degradadas;
9) Proteger áreas que estão sofrendo ameaçadas de
Por fim, a lei dispõe nos artigos 9º a 17 sobre os ins- serem degradadas;
trumentos da PNMA, tais como o estabelecimento de 10) A educação ambiental em todos os níveis de ensi-
padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambien- no, o que inclui a educação da comunidade com o
tal, a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento objetivo de obter participação ativa para proteger
e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente po- o meio ambiente.
luidoras, dentre outros.
Na verdade, a aplicabilidade dos princípios do Direito LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
Para concursos públicos, se observa que as bancas Ambiental é muito mais ampla do que a dos princípios
examinadoras cobram principalmente dos candidatos a da Política Nacional do Meio Ambiente, posto que esses
parte da estrutura dos órgãos responsáveis pela PNMA, são uma decorrência daqueles. Tanto é que a redação da
em especial do SISNAMA e do CONAMA. maioria dos incisos do artigo citado mais do que princí-
pios sugere um elenco de ações que melhor condizem
Portanto, os candidatos devem focar o seu estudo com a característica de meta do que de princípios pro-
principalmente nos dispositivos iniciais dessa lei. priamente ditos.

A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE: O artigo 3º da lei em questão traz conceitos essen-
PRINCÍPIOS E CONCEITOS BÁSICOS ciais para o nosso estudo, sendo o principal a definição
do meio ambiente, como sendo “o conjunto de condições,
A Lei nº 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do leis, influências e interações de ordem física, química e
Meio Ambiente e institui o Sistema Nacional do Meio biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
Ambiente e o Conselho Nacional do Meio Ambiente, suas formas”. Os outros conceitos trazidos pela lei, tais
seus fins e mecanismos de formação e aplicação, e dá como de degradação ambiental, poluição, poluidor e
outras providências. recursos ambientais também merecem ser observados
pelos candidatos.

1
Art. 4º – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
#FicaDica
I – à compatibilizacão do desenvolvimento econômi-
O conceito de meio-ambiente é muito co- co-social com a preservação da qualidade do meio
brado em concursos públicos, e pode ser ambiente e do equilíbrio ecológico;
assim esquematizado:
CONJUNTO DE: LEIS, INFLUÊNCIAS, INTE- II – à definição de áreas prioritárias de ação governa-
RAÇÕES mental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico,
DE ORDEM: FÍSICA, QUIMICA, BIOLÓGICA atendendo aos interesses da União, dos Estados, do
QUE PERMITE, ABRIGA E REGE Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
A VIDA EM TODAS AS SUAS FORMAS
OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DA PO- III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qua-
LÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE lidade ambiental e de normas relativas ao uso e ma-
nejo de recursos ambientais;
Luís Paulo Sirvinskas afirma que a Política Nacional
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnológi-
do Meio Ambiente tem como objetivo tornar efetivo
cas nacionais orientadas para o uso racional de recur-
o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente
sos ambientais;
equilibrado, princípio matriz contido no caput do art. 225
da Constituição Federal. E por meio ambiente ecologi-
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio am-
camente equilibrado se entende a qualidade ambiental
biente, à divulgação de dados e informações ambien-
propícia à vida das presentes e das futuras gerações (SIR-
tais e à formação de uma consciência publica sobre a
VINSKAS, Luís Paulo. Política nacional do meio ambien-
necessidade de preservação da qualidade ambiental e
te (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981), In MORAES,
do equilíbrio ecológico;
Rodrigo Jorge; AZEVÊDO, Mariângela Garcia de Lacerda;
DELMANTO, Fabio Machado de Almeida (coords). As leis
VI – à preservação e restauração dos recursos ambien-
federais mais importantes de proteção ao meio ambiente
tais com vistas à utilização racional e disponibilida-
comentadas. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.).
de permanente, concorrendo para a manutenção do
equilíbrio ecológico propicio à vida;
Segundo a Lei n° 6.938/81, a Política Nacional do
Meio Ambiente tem por objetivos principais a preserva-
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obri-
ção, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental
gação de recuperar e/ou indenizar os danos causados,
propícia à vida, visando assegurar, no país, condições
e ao usuário da contribuição pela utilização de recur-
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
sos ambientais com fins econômicos.
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida
humana.
Tanto os objetivos gerais quanto os objetivos espe-
cíficos conduzem à concepção de que a Política Nacio-
Dessa maneira, os objetivos gerais da Política Nacio-
nal do Meio Ambiente, ao tentar harmonizar a defesa
nal do Meio Ambiente estão divididos em preservação,
do meio ambiente com o desenvolvimento econômico
melhoramento e recuperação do meio ambiente, nos
e com a justiça social, tem como principais finalidades a
termos do artigo 2º da lei.
promoção do desenvolvimento sustentável e a efetiva-
ção do princípio da dignidade da pessoa humana.
“Preservar” é procurar manter o estado natural dos
recursos naturais, impedindo a intervenção dos seres hu-
manos.
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SIS-


NAMA) E O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AM-
“Melhorar” é fazer com que a qualidade ambiental se
BIENTE (CONAMA)
torne progressivamente melhor por meio da intervenção
humana, realizando o manejo adequado das espécies
De acordo com o artigo 6º da lei em comento, os ór-
animais e vegetais e dos outros recursos ambientais, ou
gãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe-
seja, é a atribuição ao meio ambiente de condições me-
deral, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fun-
lhores do que ele apresenta.
dações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão
“Recuperar”, por sua vez, é buscar o status quo ante
o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
de uma área degradada por meio da intervenção huma-
na, a fim de fazer com que ela volte a ter as característi-
Assim, o SISNAMA é formado por 6 (seis) entes, sen-
cas ambientais de antes.
do eles:
Os objetivos específicos estão disciplinados pela lei
1) União;
em questão de uma forma bastante ampla no art. 4º:
2) Estados;
3) Distrito Federal;
4) Territórios;

2
5) Municípios; e relatórios, principalmente, em casos em que as
6) Fundações instituídas pelo Poder Público. atividades e obras ocuparem áreas do patrimônio
nacional;
Já a estrutura do SISNAMA também é formada por 6 - Confirmar acordos com o objetivo de transformar as
(seis) órgãos, sendo eles: penalidades pecuniárias em obrigação de executar
medidas que protegem o meio ambiente;
- Órgão Superior: Conselho de Governo, tendo por - Com a aprovação dos Ministérios competentes, o
função assessorar o Presidente da República na CONAMA estabelece normas e padrões nacionais
formulação de planos nacionais e diretrizes go- para controlar a poluição causada por embarca-
vernamentais para o meio ambiente e os recursos ções, aeronaves e veículos automotores;
ambientais; - Quando tratar da determinação da perda ou restri-
- Órgão Consultivo e Deliberativo: CONAMA (Conse- ção de e benefícios fiscais dados pelo Poder Públi-
lho Nacional de Meio Ambiente), tendo por fun- co (em caráter geral ou condicional) e na perda ou
ções assessorar, estudar e propor diretrizes de suspensão de participação em linhas de créditos, o
políticas nacionais ao conselho de governo em CONAMA será representado pelo IBAMA.
relação ao meio ambiente e os recursos naturais - Estabelecer normas, critérios e padrões relacionados
e deliberar sobre normas e padrões compatíveis à qualidade ambiental, com o objetivo de usar ra-
com o meio ambiente equilibrado e a sadia qua- cionalmente os recursos ambientais, principalmen-
lidade de vida; te os recursos hídricos.
- Órgão Central: Secretaria de Meio Ambiente da
Presidência da República (atualmente o Ministério INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO
do Meio Ambiente), tendo por funções planejar, MEIO AMBIENTE
coordenar, supervisionar e controlar as diretrizes
governamentais e planos nacionais para o meio Os instrumentos da Política Nacional do Meio Am-
ambiente;
biente são aqueles mecanismos utilizados pela Admi-
- Órgão Executor: IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio
nistração Pública ambiental com o intuito de atingir os
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e Ins-
objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente.
tituto Chico Mendes (ICMBio), tendo por funções
executar e fazer executar a política nacional e as
Para José Afonso da Silva, esses instrumentos estão
diretrizes governamentais fixadas para o meio am-
alocados em três grupos distintos. O primeiro é o dos
biente;
instrumentos de intervenção ambiental, que são os me-
- Órgãos Seccionais: representados por entidades e
canismos condicionadores das condutas e atividades re-
órgãos estaduais, tendo por funções executar pro-
gramas e projetos, bem como controlar e fiscalizar lacionadas ao meio ambiente (incisos I, II, III, IV e VI do
as atividades que podem causam danos ambien- art. 9º da citada Lei). O segundo é o dos instrumentos de
tais; e controle ambiental, que são as medidas tomadas pelo
- Órgãos Locais: representados por entidades e ór- Poder Público no sentido de verificar se as pessoas pú-
gãos municipais, que tem por função controlar e blicas ou particulares se adequaram às normas e padrões
fiscalizar essas atividades dentro de sua jurisdição, de qualidade ambiental, e que podem ser anteriores, si-
em seu território. multâneas ou posteriores à ação em questão (incisos VII,
VIII, X e IV do art. 9º da lei citada). Por fim, o terceiro é o
dos instrumentos de controle repressivo, que são as me-
#FicaDica didas sancionatórias aplicáveis à pessoa física ou jurídica
(inciso IX da Lei citada) (Direito ambiental constitucional.
O IBAMA é um órgão EXECUTOR do SIS- 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 224). LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
NAMA.
Os instrumentos da Política Nacional do Meio Am-
biente estão elencados pela Lei nº 6.938/81:
Em relação ao CONAMA, a Lei n. 6.938/81 dispõe so-
bre as suas competências, que podemos sistematizar da Art. 9º – São instrumentos da Política Nacional do
seguinte forma: Meio Ambiente:

- Estabelecer, por proposta do IBAMA, critérios e nor- I – o estabelecimento de padrões de qualidade am-
mas para o licenciamento ambiental das atividades biental;
efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser conce-
dido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; II – o zoneamento ambiental;
- Sempre que julgar necessário, deve realizar estudos
das alternativas e das possíveis consequências de III – a avaliação de impactos ambientais;
projetos públicos ou privados, devendo solicitar
aos órgãos federais, estaduais, municipais e en- IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva
tidades privadas informações para avaliar os es- ou potencialmente poluidoras;
tudos de impactos ambientais e seus respectivos

3
V – os incentivos à produção e instalação de equipa- vo complexo que tramita perante a instância administra-
mentos e a criação ou absorção de tecnologia, volta- tiva responsável pela gestão ambiental, seja no âmbito
dos para a melhoria da qualidade ambiental; federal, estadual ou municipal, e que tem como objetivo
assegurar a qualidade de vida da população por meio
VI – a criação de espaços territoriais especialmen- de um controle prévio e de um continuado acompanha-
te protegidos pelo Poder Público federal, estadual e mento das atividades humanas capazes de gerar impac-
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de tos sobre o meio ambiente.
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
No tocante aos instrumentos econômicos, introduzi-
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio dos por meio da Lei nº 11.284, de 2006, tais como a ser-
ambiente; vidão ambiental, a concessão florestal, seguro ambiental,
dentre outros, eles têm por objetivo gerar fundos fiscais,
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Ins- orientando os agentes a valorizarem os bens e serviços
trumento de Defesa Ambiental; ambientais de acordo com a escassez. Tais fundos atuam
diretamente sobre os preços (tributos) ou indiretamente
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias através de certificados.
não cumprimento das medidas necessárias à preser-
vação ou correção da degradação ambiental. O art. 9-A, da Lei nº 6.938/81, com redação dada pela
Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, estabelece que
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio o proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural
Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Re- ou por termo administrativo firmado perante órgão in-
nováveis – IBAMA; tegrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua pro-
priedade ou de parte dela para preservar, conservar ou
XI – a garantia da prestação de informações relativas recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo
ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a servidão ambiental.
produzí-las, quando inexistentes;
Referida servidão ambiental não se aplica às Áreas de
XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades poten- Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exi-
cialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos gida, sendo que a restrição ao uso ou à exploração da
ambientais. vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no
mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal
XIII - instrumentos econômicos, como concessão flo-
restal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. O proprietário deve averbar na matrícula do imóvel
no registro de imóveis competente o instrumento ou ter-
Os padrões de qualidade são as normas estabelecidas mo de instituição da servidão ambiental, o contrato de
pela legislação ambiental e pelos órgãos administrativos alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental
de meio ambiente no que se refere aos níveis permitidos e, a hipótese de compensação de Reserva Legal, a servi-
de poluição do ar, da água, do solo e dos ruídos. dão ambiental deve ser averbada na matrícula de todos
os imóveis envolvidos.
O estabelecimento de zoneamento urbanístico ou
ambiental é comumente feito por meio do Plano Diretor É vedada, durante o prazo de vigência da servidão
ou de Códigos Urbanísticos Municipais, ficando na maio- ambiental, a alteração da destinação da área, nos casos
ria das vezes a cargo dos Municípios, embora os Estados de transmissão do imóvel a qualquer título, de desmem-
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

e a União também tenham competência para estabelecer bramento ou de retificação dos limites do imóvel.
algum tipo de zoneamento.
O art. 9-B, da mesma lei, também incluído pela Lei
O zoneamento é uma delimitação de áreas em que nº 12.651, de 2012, prescreve que a servidão ambiental
um determinado espaço territorial é dividido em zonas poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpé-
de características comuns e com base nesta divisão são tua, bem como que prazo mínimo da servidão ambiental
estabelecidas as áreas previstas nos projetos de expan- temporária é de 15 (quinze) anos.
são econômica ou urbana.
O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la,
A avaliação de impacto ambiental é um instrumento cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo
de defesa do meio ambiente, constituído por um con- determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro
junto de procedimentos técnicos e administrativos que proprietário ou de entidade pública ou privada que te-
visam à realização da análise sistemática dos impactos nha a conservação ambiental como fim social.
ambientais da instalação ou operação de uma atividade
e suas diversas alternativas, com a finalidade de embasar O art. 9-C da lei prevê que o contrato de alienação,
as decisões quanto ao seu licenciamento. cessão ou transferência da servidão ambiental deve ser
averbado na matrícula do imóvel, devendo conter diver-
O licenciamento ambiental é o processo administrati- sos itens contidos nos incisos do mesmo dispositivo.

4
O mesmo artigo dispõe de diversos requisitos a se- São isentas do pagamento da TCFA as entidades pú-
rem cumpridos pelo proprietário do imóvel serviente e blicas federais, distritais, estaduais e municipais, as enti-
do detentor da servidão ambiental, com vistas à preser- dades filantrópicas, aqueles que praticam agricultura de
vação das condições dos recursos naturais ou artificiais. subsistência e as populações tradicionais.

O artigo 10 da lei estabelece que a construção, insta- A TCFA será devida no último dia útil de cada trimes-
lação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos tre do ano civil, nos valores fixados no Anexo IX desta Lei,
e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva e o recolhimento será efetuado em conta bancária vincu-
ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer lada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de
forma, de causar degradação ambiental, dependerão de arrecadação, até o quinto dia útil do mês subseqüente.
prévio licenciamento ambiental.
Os proprietários rurais que se beneficiarem com re-
Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a res- dução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territo-
pectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem rial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental
como em periódico regional ou local de grande circu- - ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância previs-
lação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido ta, a título de Taxa de Vistoria.
pelo órgão ambiental competente.
A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo
Já o artigo 11 contém disposição de suma importân- não poderá exceder a dez por cento do valor da redução
cia e que merece atenção do candidato, prescrevendo do imposto proporcionada pelo ADA.
competir ao IBAMA propor ao CONAMA normas e pa-
drões para implantação, acompanhamento e fiscalização A utilização do ADA para efeito de redução do valor a
do licenciamento previsto no artigo anterior, além das pagar do ITR é obrigatória.
que forem oriundas do próprio CONAMA.
Por fim, ressaltamos que o IBAMA é autorizado a
O artigo 17, da mesma forma, é muito importante, celebrar convênios com os Estados, os Municípios e o
principalmente para os concursos do IBAMA, pois prevê, Distrito Federal para desempenharem atividades de fis-
ficar instituído sob a administração desse órgão: calização ambiental, podendo repassar-lhes parcela da
receita obtida com a TCFA.
Realizar o Cadastro Técnico Federal de Atividades e
Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro obri-
gatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam #FicaDica
a consultoria técnica sobre problemas ecológicos e am- O IBAMA propõe ao CONAMA normas e
bientais e à indústria e comércio de equipamentos, apa- padrões para implantação, acompanha-
relhos e instrumentos destinados ao controle de ativida- mento e fiscalização do licenciamento am-
des efetiva ou potencialmente poluidoras; biental das atividades efetiva ou potencial-
mente poluidoras, a ser concedido pelos
Realizar o Cadastro Técnico Federal de Atividades Estados.
Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Do mesmo modo, o IBAMA representa o
Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas CONAMA nos casos de perda ou restrição
ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente de e benefícios fiscais dados pelo Poder
poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e co- Público (em caráter geral ou condicional) e
mercialização de produtos potencialmente perigosos ao na perda ou suspensão de participação em
meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos linhas de créditos. LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
da fauna e flora. Por fim, o IBAMA ficará responsável pelo
cadastro Técnico Federal de Atividades Po-
Por fim, de relevante, citamos o artigo 17-B e seguin- tencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
tes da lei, que institui a Taxa de Controle e Fiscalização Recursos Ambientais, tendo poder de polí-
Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular cia e recebendo em contrapartida a Taxa de
do poder de polícia conferido ao IBAMA para controle e Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA.
fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras de recursos naturais.

O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até


o dia 31 de março de cada ano relatório das atividades
exercidas no ano anterior, cujo modelo será definido pelo
IBAMA, para o fim de colaborar com os procedimentos
de controle e fiscalização.

Caso o estabelecimento exerça mais de uma ativida-


de sujeita à fiscalização, pagará a taxa relativamente a
apenas uma delas, pelo valor mais elevado.

5
4 - (PREFEITURA DE PORTO DE MOZ/PA – ENGENHEI-
RO AMBIENTAL – FUNRIO – 2019). Segundo o disposto
EXERCÍCIO COMENTADO na Lei nº 6.938/81, são instrumentos da Política Nacional
do Meio Ambiente, exceto:
1 – (PREFEITURA DE PORTO DE MOZ/PA – ENGENHEI-
RO AMBIENTAL – FUNRIO – 2019 - Adaptada). Assina- a) O estabelecimento de padrões de qualidade ambien-
le a alternativa INCORRETA. Para os fins previstos na Lei tal.
nº 6.938/81, entende-se por poluição, a degradação da b) O zoneamento ambiental.
qualidade ambiental resultante de atividades que direta c) A avaliação de impactos ambientais.
ou indiretamente: d) A criação de espaços territoriais especialmente prote-
gidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal,
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da tais como áreas de proteção ambiental, de relevante
população; interesse ecológico e reservas extrativistas.
b) criem condições adversas às atividades sociais e eco- e) O sistema sul-americano de informações sobre o meio
nômicas; ambiente.
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio COMENTÁRIO: A alternativa correta é a letra “E”, con-
ambiente; forme disposição do art. 9º, I a IV, da Lei nº 6.938/81.
e) lancem matérias ou energia de acordo com os padrões
ambientais estabelecidos.
LEI Nº 7.735/1989 (CRIAÇÃO DO IBAMA)
COMENTÁRIO: a alternativa incorreta é a “E”, uma vez
que, nos termos do art. 3º da Lei nº 6.938/81, a polui-
ção se caracteriza, dentre outros, pelo lançamento de
matérias ou energia em DESACORDO com os padrões A Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, dispõe
ambientais estabelecidos. sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica, cria
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis e dá outras providências.
2 – (PGM Campo Grande/MS – Procurador Munici-
pal – CESPE – 2019). Considerando os aspectos cons- Essa lei foi alterada por outros dispositivos norma-
titucionais relacionados ao direito ambiental, a Lei n.º tivos, sendo a última alteração decorrente da Lei nº
6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do 11516/2007, que qualificou e traçou a estrutura do IBA-
Meio Ambiente, a Lei n.º 12.651/2012, que estabelece MA.
prescrições acerca do Código Florestal e as resoluções
do CONAMA, julgue o item a seguir. O IBAMA, segundo a lei que o criou, é qualificado
Poluição é a alteração adversa das características do meio como uma autarquia federal, dotada de personalidade
ambiente mediante o lançamento de matérias ou energia jurídica de direito público, com autonomia administrativa
em desacordo com padrões ambientais estabelecidos. e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente
(MMA), tendo diversas finalidades, sendo elas:
( ) CERTO ( ) ERRADO

COMENTÁRIO: CERTO, nos termos do art. 3º, III, “e”, I – Exercer o poder de polícia ambiental;
da Lei nº 6.938/81.
Aqui, chama a atenção a possibilidade de o IBAMA
fiscalizar empreendimentos que possam causar danos ao
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

3 – (TJ/PR – Juiz Substituto – CESPE – 2019). Os princí- meio ambiente, podendo inclusive lavrar autos de infra-
pios expressos na Lei n.º 6.938/1981 — Política Nacional ção ambiental.
do Meio Ambiente — incluem:
II - Executar ações das políticas nacionais de meio am-
biente, referentes às atribuições federais, relativas ao licen-
a) o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental,
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização,
recursos ambientais.
monitoramento e controle ambiental, observadas as dire-
b) a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e
trizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente;
do ar e a recuperação de áreas degradadas.
c) o desenvolvimento sustentável e o poluidor pagador.
d) o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias Esse inciso é autoexplicativo, dizendo, em síntese,
nacionais orientadas para o uso racional de recursos que o IBAMA pode executar ações (políticas públicas)
ambientais. relacionadas à defesa do meio-ambiente, principalmen-
te em matéria de licenciamento ambiental e fiscalização,
COMENTÁRIO: A alternativa correta é a “B”, nos ter- monitoramento e controle ambiental.
mos do art. 2º, incisos, da Lei nº 6.938/81.

6
III - Executar as ações supletivas de competência da NATUREZA, SEDE E FINALIDADES DO IBAMA
União, de conformidade com a legislação ambiental vi-
gente. O IBAMA é uma autarquia vinculada ao Ministério do
Meio-Ambiente, com autonomia administrativa e finan-
O IBAMA também age supletivamente, de acordo ceira e personalidade jurídica de direito público, sediado
com a lei, em ações de competência da União. em Brasília, Distrito Federal, e jurisdição em todo o terri-
tório nacional.
Por fim, o artigo 3º da Lei prescreve que o IBAMA é
administrado por 1 (um) Presidente e 5 (cinco) Diretores, Dentre as finalidades do IBAMA, podemos destacar
nomeados em comissão pelo Presidente da República. (vale a leitura integral do texto da lei pelos candidatos):

I – Executar o poder de polícia ambiental em âmbito


federal;
EXERCÍCIO COMENTADO II – Executar ações de políticas nacionais de meio am-
biente, especialmente no tocante ao licenciamento
1 – O IBAMA, segundo a sua lei criadora (Lei nº 7.735/89), ambiental, controle de qualidade do meio ambien-
é qualificado como uma autarquia federal, dotada de te, autorização de uso de recursos naturais e fisca-
personalidade jurídica de direito público, sem autonomia lização, monitoramento e controle ambientais, de
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do acordo com diretrizes fixadas pelo Ministério do
Meio Ambiente. Meio Ambiente (MMA);
III – Executar ações supletivas da União, conforme a
( ) CERTO ( ) ERRADO legislação ambienta.

COMENTÁRIO: ERRADO! De acordo com a Lei As competências do IBAMA estão listadas no art. 2º
7.735/89, o IBAMA possui autonomia administrativa e da lei, destacando-se: i) a proposição e a edição de nor-
financeira (art. 2º). mas e padrões de qualidade ambiental; ii) avaliação de
impactos ambientais; iii) licenciamento ambiental de ati-
2 - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur- vidades, empreendimentos, produtos e acessórios efeti-
sos Naturais Renováveis - Ibama, será administrado por va ou potencialmente poluidores e daqueles capazes de
1 (um) Presidente e 5 (cinco) Diretores, designados em causar degradação ambiental; iv) fiscalização e aplicação
comissão pelo Presidente da República. de penalidades administrativas ambientais ou compen-
satórias pelo não-cumprimento de medidas ambientais;
( ) CERTO ( ) ERRADO v) recuperações de áreas degradadas; vi) aplicação de
dispositivos e de acordos internacionais relativos à ges-
tão ambiental no âmbito de sua competência; e vii) mo-
COMENTÁRIO: CERTO, de acordo com a disposição nitoramento, prevenção e controle de desmatamentos,
literal do art. 3º da Lei nº 7.735/89. queimadas e incêndios florestais, dentre outras.

DIREÇÃO, NOMEAÇÃO, ÓRGÃOS E COMPETÊN-


DECRETO Nº 6.099/2007 (ESTRUTURA CIAS
REGIMENTAL DO IBAMA)
O IBAMA é dirigido por um Presidente e pelos seus
Diretores, todos ocupantes de cargos em comissão, pre-
DISPOSIÇÕES GERAIS ferencialmente providos por servidores públicos dos LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
quadros de pessoal dos órgãos integrantes do SISNAMA.
O Decreto nº 8.973/2017 aprovou a nova Estrutura
Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Os órgãos do IBAMA podem ser classificados em:
Comissão e das Funções de Confiança do Instituto Bra-
I – Órgão colegiado: o Conselho Gestor;
sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
II – Órgão de assistência direta e imediata do Presi-
nováveis – IBAMA, remanejou cargos em comissão e
dente: o Gabinete;
substituiu cargos em comissão do Grupo-Direção e As-
III – Órgãos seccionais: a Procuradoria Federal espe-
sessoramento Superiores – DAS por Funções Comissio-
cializada junto ao IBAMA, a Auditoria Interna, a
nadas do Poder Executivo – FCPE.
Corregedoria e a Diretoria de Planejamento, Admi-
nistração e Logística.
Para efeito de concursos públicos, destaca-se o Ane-
IV – Órgãos específicos singulares: são compostos
xo I desse Decreto, que contém toda estrutura do IBAMA,
pelas Diretorias de Qualidade Ambiental, de Li-
incluindo sua natureza, sede, finalidades, estrutura orga- cenciamento Ambiental, e Proteção Ambiental, de
nizacional, direção, nomeação e competências de seus Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas e o
órgãos. Centro Nacional de Monitoramento e Informações
Ambientais.

7
V – Órgãos descentralizados: compostos pela Supe- As Diretorias componentes dos órgãos específicos
rintendência, pelas Gerências Executivas e pelas singulares coordenam, controlam e executam ações re-
Unidades Técnicas. ferentes às suas respectivas matérias de atuação, ou seja,
Qualidade, Licenciamento, Proteção, Uso Sustentável,
O Conselho Gestor, de caráter consultivo, possui Biodiversidade e Florestas e Informações Ambientais.
como membros fixos o Presidente do IBAMA (que tam-
bém é o Presidente do Conselho Gestor), os Diretores e o Em relação aos órgãos descentralizados, a Superin-
Procurador-Chefe. Também integram o Conselho Gestor, tendência é o principal órgão, possuindo competência
mas na condição de membros convidados, sem terem di- de coordenação, planejamento, operacionalização e
reito a voto, o Chefe de Gabinete, o Auditor Chefe e os execução de ações do IBAMA, supervisionando técnica e
demais auditores de Presidência. Havendo impedimento administrativamente os demais órgãos descentralizados,
do titular, ele será substituído por seu substituto legal. com atribuições executivas, quais sejam, as Gerências
Executivas e as Unidades Técnicas.
O Conselho Gestor possui diversas competências,
dentre elas assessorar o Presidente do IBAMA, apreciar Por fim, dentre os dirigentes do IBAMA, destaca-se o
propostas de leis federais em matéria ambiental, apreciar Presidente, que tem diversas atribuições, tais como:
planos específicos de ações do IBAMA e manifestar-se
em processos de licenciamento ambiental em análise I – Representar o IBAMA ativa ou passivamente, em
pelo IBAMA. juízo, por meio de procuradores, ou fora dele, na
qualidade de seu maior responsável;
O Gabinete, por sua vez, possui tarefas eminente- II – Firmar acordos, contratos, convênios, ajustes, ter-
mente administrativas, tais como auxiliar o Presidente na mos de ajustamento de conduta e assemelhados
sua representação política e social, planejar atividades em nome do IBAMA;
de comunicação social, secretariar reuniões do Conselho
III – Editar atos normativos internos e zelar pelo seu
Gestor e supervisionar e coordenar atividades de asses-
cumprimento;
soramento do Presidente.
IV – Ratificar termos de dispensa ou de inexigibilidade
de licitação relativas ao IBAMA;
A Procuradoria Federal Especializada junto ao IBAMA
V – Ordenar despesas;
é um órgão de execução da Procuradoria-Geral Federal
VI – Delegar competências.
(integrante da Advocacia-Geral da União – AGU), que
basicamente representa judicial e extrajudicialmente o
Aos integrantes do Conselho Gestor incumbe mani-
IBAMA, além de exercer as atividades de consultoria e
festarem-se e apresentarem recomendações, quando for
assessoramento jurídico no âmbito do IBAMA, inclusive
em matéria tributária, auxiliando na apuração da liquidez o caso, sobre as ações do IBAMA, no âmbito das compe-
e certeza de créditos, de qualquer natureza, inerentes às tências definidas neste Decreto, respeitada a legislação.
atividades do IBAMA, para inscrição em dívida ativa e
posterior cobrança. Aos Diretores e aos demais dirigentes incumbe pla-
nejar, dirigir, avaliar o desempenho, coordenar, contro-
A Auditoria Interna basicamente auxilia a Presidên- lar e orientar a execução das atividades de sua área de
cia no controle da gestão institucional, bem como presta competência e exercer outras atribuições que lhes forem
apoio aos órgãos de controle interno, fiscaliza os resulta- cometidas pelo Presidente do IBAMA.
dos orçamentários, financeiros, contábeis e patrimoniais
do IBAMA e executa atividades de ouvidoria do órgão. O regimento interno do IBAMA definirá o detalha-
mento dos órgãos integrantes de sua estrutura organi-
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

A Corregedoria acompanha o desempenho dos servi- zacional, sua jurisdição, as competências das respectivas
dores e dirigentes do IBAMA, além de analisar a pertinên- unidades e as atribuições de seus dirigentes.
cia de eventuais denúncias contra membros do órgão,
promovendo a instauração de sindicâncias e processos O IBAMA poderá celebrar acordos, contratos, convê-
administrativos disciplinares e propondo ao Presidente o nios, termos de parceria e de ajustamento de condutas e
encaminhamento de pedidos de correição de seus mem- instrumentos similares com organizações públicas e pri-
bros à Procuradoria-Geral Federal e à Advocacia-Geral da vadas, nacionais, estrangeiras e internacionais, visando à
União, devendo ainda acompanhar assuntos pertinentes consecução de seus objetivos.
à ética.
O IBAMA atuará em articulação com os órgãos e as
A Diretoria de Planejamento, Administração e Logísti- entidades da administração pública federal, direta e indi-
ca deve elaborar e propor o planejamento estratégico do reta, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios in-
IBAMA, supervisionar e avaliar o desempenho dos resul- tegrantes do SISNAMA e com a sociedade civil organiza-
tados institucionais, programar, executar e acompanhar da, para consecução de seus objetivos, em consonância
o orçamento, promover a gestão da tecnologia da infor- com as diretrizes da política nacional de meio ambiente,
mação, dentre outros. emitidas pelo Ministério do Meio Ambiente.

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O IBAMA, em ato de seu Presidente, poderá criar
comitês e câmaras técnicas setoriais ou temáticas, com LEI Nº 9.605/1998 (CRIMES AMBIENTAIS)
o objetivo de integrar e apoiar processos internos de
gestão ambiental, com a participação da sociedade civil,
quando necessário.
A lei em questão dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesi-
vas ao meio ambiente, e dá outras providências.
EXERCÍCIO COMENTADO Para muitos, a terminologia “Lei de Crimes Ambien-
tais” não é a opção mais adequada tecnicamente, uma
1 – Relativamente à estrutura organizacional do IBAMA, vez que a Lei 9.605/98 também dispõe sobre responsa-
conforme o Decreto nº 8.973, de 24 de janeiro de 2017, bilidade administrativa ambiental (artigos 70 a 76), res-
a Diretoria de Qualidade Ambiental, a Diretoria de Licen- ponsabilidade civil ambiental (artigos 3º e 4º), termo de
ciamento Ambiental, a Diretoria de Proteção Ambiental compromisso (artigo 79-A) e cooperação internacional
e a Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Flo- ambiental (artigos 77 e 78).
restas são considerados órgãos descentralizados. O art. 1º da lei em estudo, em sua antiga redação,
continha disposição no sentido de que as condutas e
( ) CERTO ( ) ERRADO atividades lesivas ao meio ambiente são punidas com
sanções administrativas, civis e penais, na forma estabe-
COMENTÁRIO: ERRADO! Nos termos do art. 3º do lecida nesta Lei.
Decreto 8.973/2017, as Diretorias citadas são conside-
Entretanto, tal texto foi vetado integralmente, uma
rados órgãos específicos singulares.
vez que se admite a aplicação concomitante de outras
leis que tratem do mesmo assunto, mesmo que seja de
forma subsidiária, tal como o Código Penal e o Código de
2 – De acordo com o Decreto 8.973/2017, que estabelece Processo Penal, conforme dicção do próprio artigo 79 da
a estrutura do IBAMA, os cargos em comissão integran-
Lei n. 9.605/98: “aplicam-se subsidiariamente a esta Lei
tes da estrutura regimental do IBAMA serão providos em
as disposições do Código Penal e do Código de Processo
conformidade com a lei e serão ocupados obrigatoria-
Penal“.
mente por servidores públicos dos quadros de pessoal
Logo, nada impede que outras leis, além da Lei nº
dos órgãos integrantes do SISNAMA.
9605/98, prevejam crimes, penas, sanções administrati-
vas, civis e procedimentos relativos a crimes ambientais.
( ) CERTO ( ) ERRADO O art. 2º da lei amplia o seu campo de abrangência
em relação ao sujeito passivo, dizendo que qualquer
COMENTÁRIO: ERRADO. Nos termos do art. 5º, ca- pessoa que, de qualquer forma, concorra para o crime,
put, do Decreto em questão, tais cargos serão provi-
responderá na medida da sua culpabilidade, inclusive al-
dos, PREFERENCIALMENTE, por servidores públicos
guns detentores de cargos importantes, tais como o dire-
dos quadros de pessoal dos órgãos integrantes do
tor, o administrador, o membro de conselho e de órgão
SISNAMA.
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário
3 – Conforme o Decreto 8.973/2017 (estrutura do IBA- de pessoa jurídica também respondem caso se omitam
MA), o Conselho Gestor possui caráter consultivo, e será diante da prática criminosa.
composto, dentre outros, pelo Presidente do IBAMA, que O art. 3º da lei é de suma importância para os concur-
o presidirá, pelos Diretores e pelo Procurador-Chefe. sos públicos em geral, ao prever a possibilidade de res-
ponsabilização penal das pessoas jurídicas, sem prejuízo LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
( ) CERTO ( ) ERRADO da responsabilidade das pessoas naturais que tomaram
as decisões que resultaram em lesão ao meio ambiente.
COMENTÁRIO: CORRETO, à luz da disposição literal A Lei 9.605/98 dispõe que as pessoas jurídicas serão
do art. 6º do Decreto 8.973/2017. responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, o
que não exclui a responsabilização das pessoas físicas,
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato, confor-
me art. 3º da Lei, ou seja, a lei dos crimes ambientais
admite a responsabilização criminal da pessoa jurídica.
Teoria da dupla imputação: os Tribunais Superiores já
possuem posicionamento pacífico no sentido de que é
possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por
delitos ambientais independentemente da responsabi-
lização concomitante da pessoa física que agia em seu
nome. Logo, a teoria da dupla imputação é inconstitucio-
nal. Nesse sentido, o julgamento do STF no RE 548181/
PR, rel. Min. Rosa Weber, 6.8.2013 e informativo 566/STF.

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Desse modo, SEMPRE que for constatado que a pes- APLICAÇÃO DAS PENAS
soa jurídica foi constituída ou utilizada com o fim de
permitir a prática de crimes ambientais, poderá haver a O art. 6º e seus incisos da lei ambiental estabelece
desconsideração da personalidade jurídica e a respon- que, na individualização da pena, devem ser observados
sabilização dos sócios, desde que tenha havido proveito certos critérios, utilizados como parâmetros para a gra-
para a empresa em função do dano ambiental. Vale a dação da penalidade a ser aplicada, sendo eles:
leitura, pelos candidatos, do artigo 50 do Código Civil.
- A gravidade do fato;
#FicaDica - Os antecedentes do infrator; e
- A situação econômica do infrator, no caso da multa.
É possível a responsabilização criminal da
pessoa jurídica por delitos ambientais, in- O art. 7º prevê a possibilidade de substituição das
dependentemente da responsabilização penas privativas de liberdade por restritivas de direitos,
concomitante da pessoa física que agiu em sendo que tal substituição deve ocorrer quando estive-
seu nome, não sendo aceita no Brasil a teo- rem presentes as circunstâncias previstas nos incisos I e
ria da dupla imputação. II, simultaneamente.
A doutrina e a jurisprudência discutem a O inciso I do art. 7º, todavia, confere duas alternativas:
possibilidade de aplicação do princípio da crime culposo ou pena privativa de liberdade inferior a
insignificância aos crimes ambientais. Para quatro anos.
o Superior Tribunal de Justiça, é possível tal Entretanto, além disso, ainda é necessário que a cul-
aplicação, desde que estejam presentes os pabilidade, os antecedentes, a conduta social, a perso-
seguintes requisitos: nalidade do condenado e os motivos e circunstâncias
a) Mínima ofensividade da conduta; do crime evidenciem a suficiência da substituição como
b) Ausência de periculosidade social da medida repressiva.
ação;
c) Reduzido grau de reprovabilidade do As penas restritivas de direitos previstas na lei em es-
comportamento; e tudo são as seguintes:
d) Inexpressividade da lesão jurídica.
Nesse sentido, o acórdão proferido nos au- - Prestação de serviços à comunidade: tarefas gratui-
tos do Recurso Especial n. 1.409.051/SC, re- tas junto a parques e jardins públicos e unidades
lator Ministro Nefi Cordeiro, publicado no de conservação
informativo do STJ número 602, cuja emen- - Interdição temporária de direitos: proibição de con-
ta é transcrita abaixo: tratar com o Poder Público, de receber incentivos
fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos
RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA EM
(crimes dolosos) ou de três anos (crimes culposos).
LOCAL PROIBIDO.
- Suspensão total ou parcial de atividades: quando as
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA DE DANO
atividades não obedecerem às prescrições legais.
EFETIVO AO MEIO AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL
- Prestação pecuniária: pagamento à vítima ou à enti-
DA CONDUTA. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA.
dade pública ou privada, com fim social, de impor-
RECURSO PROVIDO.
tância fixada pelo juiz não inferior a um salário mí-
nimo nem superior a trezentos e sessenta salários
1. A devolução do peixe vivo ao rio demonstra a míni-
mínimos. O valor pago será deduzido do montante
ma ofensividade ao meio ambiente, circunstância
de eventual reparação civil a que for condenado o
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registrada no “Relatório de Fiscalização firmado


pelo ICMBio [em que] foi informado que a gravi- infrator.
dade do dano foi leve, além do crime não ter sido - Recolhimento domiciliar: sem vigilância, o condena-
cometido atingindo espécies ameaçadas.” do poderá trabalhar, frequentar curso ou exercer
2. Os instrumentos utilizados - vara de molinete com atividade autorizada, permanecendo recolhido em
carretilha, linhas e isopor -, são de uso permitido sua residência nos dias e horários de folga, confor-
e não configuram profissionalismo, mas ao con- me estabelecido na sentença condenatória.
trário, demonstram o amadorismo da conduta do Circunstâncias atenuantes previstas na lei dos crimes
denunciado. Precedente. ambientais:
3. Na ausência de lesividade ao bem jurídico protegi-
do pela norma incriminadora (art. 34, caput, da Lei - Baixo grau de instrução ou de escolaridade do
n. 9.605/1998), verifica-se a atipicidade da conduta. agente;
4. Recurso especial provido para reconhecer a ati- - Comunicação prévia do crime pelo agente;
picidade material da conduta, restabelecendo a - Arrependimento do agente infrator, com efetiva
decisão primeva de rejeição da denúncia. reparação do dano ou diminuição significativa da
(REsp 1409051/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEI- degradação ambiental por ele causada;
RO, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2017, DJe - Colaboração do infrator com os agentes de vigilân-
28/04/2017). cia e controle ambiental.

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- Circunstâncias agravantes previstas na lei dos crimes Do mesmo modo, nos termos do art. 28 da lei, a de-
ambientais: claração de extinção da punibilidade dos crimes de me-
nor potencial ofensivo em matéria ambiental dependerá
Reincidência nos crimes ambientais; ou de laudo de constatação de reparação do dano ambien-
Ter praticado a infração em diversas situações pre- tal, ressalvada a impossibilidade prevista em lei.
vistas na lei, tais como: para obter vantagem pecuniária, Na hipótese de o laudo de constatação comprovar
mediante coação de outrem, em período de defeso à não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão
fauna, de noite, aos domingos ou feriados, em épocas de do processo será prorrogado, por 2 (dois) a 4 (quatro)
seca ou inundações, facilitada por funcionário público no anos – previstos no caput do art. 89 da Lei n. 9.099/95 -,
exercício de suas funções, dentre outras. acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da
O artigo 16 da lei dos crimes ambientais prevê uma prescrição.
regra mais branda que a do Código Penal em relação ao Findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavra-
“sursis” (ou suspensão condicional da pena): nos crimes tura de novo laudo de constatação de reparação do dano
ambientais, o sursis pode ser aplicado para condenações ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser nova-
a penas privativas de liberdade não superiores a 3 (três) mente prorrogado o período de suspensão.
anos, enquanto que a regra geral do Código Penal é pena Esgotado o prazo máximo de prorrogação, a decla-
aplicação de tal benesse para as penas de até 2 (dois) ração de extinção de punibilidade dependerá de laudo
anos. de constatação que comprove ter o acusado tomado as
O art. 18 da lei em questão prevê que a multa deve providências necessárias à reparação integral do dano.
ser calculada segundo os critérios do Código Penal (ar-
tigos 49 a 52: entre 10 e 360 dias-multa, valendo cada
dia-multa entre 1/30 e 5 vezes o valor do salário-míni- CRIMES EM ESPÉCIE: DOS CRIMES CONTRA A FAU-
mo); caso se revele ineficaz, ainda que aplicada no valor NA, CONTRA A FLORA, POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES
máximo, a pena de multa poderá ser aumentada em até AMBIENTAIS, CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO
3 (três) vezes, tendo em vista o valor da vantagem eco- URBANO E PATRIMÔNIO CULTURAL E CRIMES CON-
nômica auferida. TRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL
Os artigos 21 e 24 da lei preveem as penas a que es-
tão submetidas as pessoas jurídicas nos crimes ambien- De acordo com a lei dos crimes ambientais, eles são
tais, sendo elas: classificados em 5 (cinco) espécies, descritas no título do
presente capítulo.
- Multa; Faremos breve comentários sobre tais crimes, lem-
- Restritiva de direitos; brando que vale a pena ao candidato efetuar uma leitura
- Prestação de serviços à comunidade; e da lei, que a maioria das vezes é autoexplicativa.
- Liquidação forçada, nos casos em que a pessoa ju-
Contra a fauna (arts. 29 a 37): São as agressões co-
rídica tenha sido constituída ou utilizada prepon-
metidas contra animais silvestres, nativos ou em rota
derantemente para facilitar, ocultar ou permitir a
migratória, como a caça, pesca, transporte e a comer-
prática de crime ambiental, com a reversão dos
cialização sem autorização; os maus-tratos; a realização
valores arrecadados para o Fundo Penitenciário
experiências dolorosas ou cruéis com animais quando
Nacional.
existe outro meio, independente do fim. Também estão
incluídas as agressões aos habitats naturais dos animais,
AÇÃO PENAL E PROCESSO como a modificação, danificação ou destruição de seu
ninho, abrigo ou criadouro natural. A introdução de es-
Em primeiro lugar, é importante destacar que a ação pécimes animal estrangeiras no país sem a devida au-
penal nos crimes ambientais é pública incondicionada, torização também é considerado crime ambiental, assim
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
ou seja, de titularidade do Ministério Público e indepen- como a morte de espécimes devido à poluição.
dente de representação ou queixa da vítima. O art. 29 da lei tipifica como crime contra a fauna,
apenado com detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano,
além de multa (detenção e multa são cumulativas), ma-
#FicaDica tar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar “espécimes da fau-
na silvestre”, nativos ou em rota migratória, sem a devida
A ação penal nos crimes ambientais é pú-
permissão, licença ou autorização da autoridade compe-
blica incondicionada, conforme o artigo 26
tente, ou em desacordo com a obtida.
da Lei n. 9.605/1998.
Tais espécies são aquelas pertencentes às espécies
nativas, migratórias ou quaisquer outras, aquáticas ou
terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida
Conforme o art. 27 da lei, no caso dos crimes am- ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou
bientais de menor potencial ofensivo – cujo máximo da em águas jurisdicionais brasileiras.
pena prevista abstratamente seja de 2 anos, cumulada ou Uma importante exceção diz respeito à criação do-
não com multa -, somente pode ser proposta a transação méstica de animais da fauna silvestre, pois, caso os ani-
penal quando tiver havido a composição (ressarcimento) mais não estejam ameaçados de extinção, o juiz pode
do dano ambiental causado. deixar de aplicar a pena. Tal medida é correta por parte

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do legislador, que permite ao Poder Judiciário deixar de Dentre os crimes contra a flora, um dos mais im-
aplicar a pena à pessoa que desenvolve laços de afeto portantes é o de soltura de balões. Na verdade, ante os
com animal que, apesar de fazer parte da fauna silvestre, grandes riscos de queimada e prejuízos que os balões
não está ameaçado de extinção. podem provocar, especialmente na época da seca, o que
O §1º do art. 29 criminaliza as condutas de quem, uti- anteriormente era tipificado como contravenção (deli-
lizando-se de qualquer meio, impede a procriação dos to de pouca importância), passou a ser crime após a lei
animais silvestres. dos crimes ambientais. O art. 42 estabelece que fabricar,
O inciso II criminaliza também a modificação, a da- vender, transportar ou soltar balões que possam provo-
nificação ou destruição do local de reprodução, embora car incêndios nas florestas e demais formas de vegeta-
haja possibilidade destas condutas serem praticadas me- ção é crime com pena de um a três anos de detenção
e/ou multa. Por sua vez, conforme o art. 59 do Decreto
diante autorização do Poder Público, por exemplo, nas
6.514/08, a multa é de 1 (um) mil a 10 (dez) mil reais por
pesquisas com animais, que podem utilizar-se de ovos,
balão.
larvas ou espécimes de animais silvestres, mediante e nos
termos de permissão específica para tal finalidade. A poluição e outros crimes ambientais estão tipi-
Segundo o §6º do art. 29, as suas disposições não se ficados nos artigos 54 a 61 da lei, sendo todas as ativi-
aplicam aos atos de pesca. dades humanas que produzem poluentes (lixo, resíduos
Veja-se que a pesca consiste em todo ato tendente e afins). Entretanto, apenas será considerado crime am-
a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar biental passível de penalização a poluição acima dos li-
espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e mites estabelecidos por lei.
vegetais híbridos, suscetíveis ou não de aproveitamento Além desta, também é criminosa a poluição que
econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extin- provoque ou possa provocar danos à saúde humana,
ção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. mortandade de animais e destruição significativa da flo-
ra, bem como aquela que torne locais impróprios para
De acordo com a lei, a pena dos crimes contra a fauna uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne
é aumentada DE METADE, se o crime é praticado: necessária a interrupção do abastecimento público e a
não adoção de medidas preventivas em caso de risco de
- Contra espécie rara ou considerada ameaçada de dano ambiental grave ou irreversível.
São considerados ainda crimes ambientais a pesqui-
extinção, ainda que somente no local da infração;
sa, lavra ou extração de recursos minerais sem autoriza-
- Em período proibido à caça;
ção ou em desacordo com a obtida e a não-recuperação
- Durante a noite; da área explorada; a produção, processamento, emba-
- Com abuso de licença; lagem, importação, exportação, comercialização, forne-
- Em unidade de conservação; cimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono
- Com emprego de métodos ou instrumentos capa- ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas a
zes de provocar destruição em massa. saúde humana ou em desacordo com as leis; a operação
Por sua vez, a pena é aumentada até o TRIPLO se o de empreendimentos de potencial poluidor sem licença
crime decorre do exercício de caça profissional. ambiental ou em desacordo com esta; também se encai-
Nos termos do art. 34, é crime punido com detenção xam nesta categoria de crime ambiental a disseminação
de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, pescar em período no de doenças, pragas ou espécies que possam causar dano
qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossiste-
órgão competente. mas.
Os demais crimes contra a fauna não são tão cobra-
dos em concursos públicos, bastando ao candidato fazer Os crimes contra o ordenamento urbano e o patri-
a leitura da lei com atenção, que é autoexplicativa. mônio cultural são os previstos nos art. 62 a 65 da lei.
Veja-se que o ambiente é um termo amplo, que não
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

Os crimes contra a flora estão previstos nos artigos se limita aos elementos naturais (solo, ar, água, flora, fau-
na). Na verdade, o meio ambiente é a interação destes,
38 a 53 da lei 9.605/98, consistindo, em síntese, em cau-
com elementos artificiais - aqueles formados pelo espaço
sar destruição ou dano à vegetação de Áreas de Preser-
urbano construído e alterado pelo homem - e os cultu-
vação Permanente, em qualquer estágio, ou a Unidades rais que, somados, propiciam um desenvolvimento equi-
de Conservação; provocar incêndio em mata ou floresta librado da vida. Desta forma, a violação da ordem urbana
ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que pos- e/ou da cultura também configura um crime ambiental.
sam provocá-lo em qualquer área; extração, corte, aqui-
sição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, Os crimes contra a administração ambiental, tipi-
lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a ficados nos art. 66 a 69 da lei, são as condutas que di-
devida autorização ou em desacordo com esta; extrair de ficultam ou impedem que o Poder Público exerça a sua
florestas de domínio público ou de preservação perma- função fiscalizadora e protetora do meio ambiente, seja
nente pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; ela praticada por particulares ou por funcionários do
impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer próprio Poder Público. Comete crime ambiental o fun-
forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar cionário público que faz afirmação falsa ou enganosa,
plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em omitir a verdade, sonegar informações ou dados técni-
propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar mo- co-científicos em procedimentos de autorização ou de
tosserras sem a devida autorização. licenciamento ambiental.

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Ainda são crimes contra a administração ambiental De acordo com o artigo 72 da Lei 9.605/98, as infra-
conceder licença, autorização ou permissão em desacor- ções administrativas ambientais são punidas com as se-
do com as normas ambientais, para as atividades, obras guintes sanções:
ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo
do Poder Público, bem como comete crime ambiental a a) advertência;
pessoa que deixar de cumprir obrigação de relevante in- b) multa simples;
teresse ambiental, quando tem o dever legal ou contra- c) multa diária;
tual de fazê-la, ou que dificulta a ação fiscalizadora sobre d) apreensão dos animais, produtos e subprodutos
o meio ambiente. da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipa-
mentos ou veículos de qualquer natureza utiliza-
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS dos na infração;
e) destruição ou inutilização do produto;
A Lei 9.605/98 dispõe sobre a responsabilidade ad- f) suspensão de venda e fabricação do produto;
g) embargo de obra ou atividade;
ministrativa ambiental nos artigos 70 a 76. O principal
h) demolição de obra;
objetivo do legislador ao prever a responsabilidade ad-
i) suspensão parcial ou total de atividades; e
ministrativa ambiental é fazer com que as irregularidades
j) pena restritiva de direitos.
ambientais sejam apuradas e punidas na própria esfera
administrativa, sem necessidade de socorro ao Poder Ju- Para cada infração administrativa ambiental, deve
diciário. ocorrer a imposição da sanção correspondente, podendo
Nesse sentido, para cada infração ou irregularidade ser aplicadas duas ou mais sanções de forma simultânea,
ambiental, o órgão competente deverá impor a sanção nos termos do que determina o parágrafo 1º do art. 72
administrativa ambiental correspondente, de acordo da lei mencionada. Isso significa que é possível aplicar
com a previsão normativa. ao mesmo tempo duas ou três sanções administrativas
O caput do artigo 70 da lei dos crimes ambientais ambientais diferentes, a exemplo de multa simples, em-
lei define infração administrativa ambiental como “toda bargo e suspensão de venda e fabricação do produto,
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, quando se tratar de uma só infração.
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. Também é possível aplicar duas ou mais sanções da
O Decreto 6.514/08 regulamentou as sanções ad- mesma espécie de uma única vez, a exemplo de duas ou
ministrativas ambientais previstas na Lei 9.605/98, sem três multas simultâneas, desde que cada infração decor-
prejuízo da aplicação de outras penalidades legalmente ra do desrespeito a um preceito legal específico. Com
estabelecidas. relação aos critérios para gradação da penalidade, a Lei
Esse decreto de 2008 enquadrou as infrações admi- 9.605/98 leva em consideração a gravidade, os antece-
nistrativas ambientais nos artigos 24 a 93, na seguinte dentes e o porte econômico.
ordem: Em regra, as sanções administrativas ambientais são
autoexecutáveis, ou seja, ocorre a imposição direta e
a) Das infrações contra a fauna: artigos 24 a 42; imediata de seus efeitos jurídicos independentemente
b) Das infrações contra a flora: artigos 43 a 60-A; de determinação ou solicitação a qualquer outro Poder.
c) Das infrações relativas à poluição e outras infrações Contudo, existem exceções, a exemplo da multa, da
ambientais: artigos 61 a 71-A; destruição ou inutilização do produto e da demolição de
d) Das infrações contra o ordenamento urbano e o obra, que a rigor não podem ser executadas automati-
camente.
patrimônio cultural: artigos 72 a 75;
Quanto ao elemento subjetivo dessas infrações, a
e) Das infrações administrativas contra a Administra-
doutrina de Paulo Affonso Machado entende que, ao
ção Ambiental: artigos 76 a 83; e
conceituar infração administrativa ambiental como “toda
f) Das infrações cometidas exclusivamente em Unida- LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso,
des de Conservação: artigos 84 a 93. gozo, promoção, proteção e recuperação do meio am-
Na realidade, tal previsão contém infrações genéricas, biente” tanto no artigo 70 da Lei 9.605/98 quanto no
como cortar árvores em área considerada de preservação Decreto 6.514/08, o legislador não deixou dúvidas quan-
permanente ou causar poluição de qualquer natureza em to à adoção do sistema de responsabilidade objetiva (in
níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à Direito ambiental brasileiro. 18. ed. São Paulo: Malheiros:
saúde humana ou que provoquem a mortandade de ani- 2010, P. 331).
mais ou a destruição significativa da biodiversidade. Isso implica dizer que a rigor a responsabilidade ad-
Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma ministrativa ambiental não leva em consideração o ele-
infração ambiental, poderá apresentar representação às mento subjetivo.
autoridades integrantes do Sistema Nacional do Meio Contudo, a sanção de multa simples é diferente, uma
Ambiente (SISNAMA) que, uma vez ciente, deverá pro- vez que a Lei 9.605/98 exige expressamente a identifica-
mover imediatamente a apuração da infração ambiental, ção do dolo e/ou da negligência do agente. O parágrafo
sob pena de responsabilização. 3º do artigo 72 da lei em testilha estabelece que a multa
Isso significa que o órgão ambiental deverá obriga- simples será aplicada sempre que o agente, por negli-
toriamente aplicar a sanção correspondente de acordo gência ou dolo, não sanar as irregularidades no prazo
com a previsão legal, não existindo discricionariedade consignado na advertência ou opuser embaraço à fisca-
quanto a isso. lização.

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De toda forma, existe divergência quanto ao assun- as demais sanções estabelecidas no decreto, pela análise
to, pois há também quem defenda que qualquer uma da gravidade dos fatos, dos antecedentes e da situação
dessas sanções se fundamente na responsabilidade sub- econômica do infrator.
jetiva, tal como a doutrina de Eduardo Fortunato (in O A aplicação de sanções administrativas não impede
mito da responsabilidade objetiva no direito ambiental a penalização por crimes ambientais, se também forem
sancionador: imprescindibilidade da culpa nas infrações aplicáveis ao caso.
ambientais. Revista de direito ambiental, v. 57, ano 15,
2010, p. 33). DISPOSIÇÕES FINAIS: COOPERAÇÃO INTERNA-
O artigo 74 da Lei 9.605/1998 dispõe que a multa CIONAL, PRESERVAÇÃO DO MEIO-AMBIENTE E TER-
terá por base a unidade, o hectare, o metro cúbico, o MO DE COMPROMISSO
quilograma ou outra medida pertinente de acordo com
o objeto jurídico lesado, cabendo ao órgão ambiental Atenta à globalização, previu a Lei 9.605/98 uma for-
especificar e justificar a escolha da unidade de medida ma de cooperação internacional para a preservação do
aplicável. A multa poderá ser simples, que é aquela apli- meio ambiente (arts. 77 e 78), infelizmente ainda sem
cada em função de uma infração administrativa ambien- aplicação efetiva.
tal comum, ou diária, que é aquela aplicada em razão de Segundo o art. 77 da lei, resguardados a soberania
uma infração continuada, nos termos do que estabelece nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Gover-
o parágrafo 3º do dispositivo citado. no brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambien-
Normalmente a multa diária é aplicada quando a irre- te, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer
gularidade permanece mesmo após a aplicação da multa ônus, quando solicitado para:
simples, embora nada impeça que aquela modalidade de
multa seja aplicada diretamente. I - produção de prova;
O artigo 73 determina que os valores arrecadados II - exame de objetos e lugares;
com as multas serão revertidos para o Fundo Nacional III - informações sobre pessoas e coisas;
do Meio Ambiente, para o Fundo Naval ou para os fun- IV - presença temporária da pessoa presa, cujas de-
dos estaduais, distrital e municipais de meio ambiente, clarações tenham relevância para a decisão de uma
de acordo com o órgão responsável pela lavratura do causa;
auto de infração. Desse modo, as leis estaduais e munici- V - outras formas de assistência permitidas pela le-
pais podem dispor de maneira diferente sobre a matéria, gislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil
tendo em vista a autonomia dos entes federativos. seja parte.
A propósito, se o mesmo fato que originou o auto
de infração lavrado pelo IBAMA for objeto de multa ad- A solicitação de cooperação será dirigida ao Minis-
ministrativa aplicada pelo órgão estadual ou pelo órgão tério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao
municipal de meio ambiente, caberá ao infrator fazer órgão judiciário competente para decidir a seu respeito,
o pagamento junto à entidade que escolher, pois a Lei ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
9.605/98 é clara ao vedar a possibilidade do bis in idem
no caso de multas administrativas em matéria ambiental. Dentre os requisitos necessários para a solicitação de
De acordo com o art. 76 da lei 9.605/98, o pagamento de cooperação, a lei prevê os seguintes:
multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal
ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipóte- I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
se de incidência. II - o objeto e o motivo de sua formulação;
É importante destacar que praticamente todas as in- III - a descrição sumária do procedimento em curso
frações administrativas ambientais também podem ser no país solicitante;
tipificadas como crime, já que os tipos administrativos IV - a especificação da assistência solicitada;
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

do Decreto 6.514/08 foram em sua maioria simplesmen- V - a documentação indispensável ao seu esclareci-
te copiados dos tipos criminais da Lei 9.605/98. mento, quando for o caso.
Uma das exceções é o artigo 76 do mencionado De-
creto de 2008, cuja conduta descrita seria responsabilizá- O art. 78 da lei diz que, para a consecução dos fins
vel administrativamente, mas não criminalmente, a qual visados na lei e especialmente para a reciprocidade da
consiste no ato de “deixar de inscrever-se no Cadastro cooperação internacional, deve ser mantido sistema de
Técnico Federal de que trata o artigo 17 da Lei 6.938, de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e se-
1981”. guro de informações com órgãos de outros países.
Por essa razão, faz-se imperioso para a efetivação da O art. 79, caput, da lei, como já dito, permite a apli-
tríplice responsabilização constitucional em matéria am- cação subsidiária das disposições do Código Penal e do
biental que os órgãos ambientais deem ciência ao Mi- Código de Processo Penal.
nistério Público e à Polícia a respeito das infrações admi- Por fim, o art. 79-A, introduzido pela Medida Provisó-
nistrativas ambientais, sob pena de enquadramento dos ria n. 2.163-41, de 2001, estabelece que, para o cumpri-
responsáveis como criminosos em função da conduta mento do disposto na Lei n. 9.605/98, os órgãos ambien-
omissiva, o que é tipificado como crime pela referida lei. tais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução
O Poder Público, no exercício do poder fiscalizador, de programas e projetos e pelo controle e fiscalização
ao lavrar o auto de infração e de apreensão, indicará a dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de de-
multa prevista para a conduta, bem como, se for o caso, gradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a ce-

14
lebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo 2 – (TJMG – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E RE-
de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas respon- GISTROS/REMOÇÃO – CONSULPLAN – 2016). Segun-
sáveis pela construção, instalação, ampliação e funciona- do a Lei nº 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções pe-
mento de estabelecimentos e atividades utilizadores de nais e administrativas derivadas de condutas e atividades
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencial- lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, são
mente poluidores. penas restritivas de direito, EXCETO:
O termo de compromisso a que se refere este artigo
destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas a) Interdição permanente de direitos
b) Suspensão parcial de atividades
físicas e jurídicas mencionadas acima possam promo-
c) Suspensão total de atividades
ver as necessárias correções de suas atividades, para o
d) Recolhimento domiciliar
atendimento das exigências impostas pelas autoridades
ambientais competentes, sendo obrigatório que o res- COMENTÁRIO: A alternativa do gabarito é a letra “A”,
pectivo instrumento disponha sobre: i) nome, endereço e nos temos do art. 8º da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
qualificação das partes; ii) prazo de vigência do compro- de 1998. Lembrando que a lei ambiental não prevê
misso, de 90 dias a 03 anos, prorrogáveis por igual prazo; interdição PERMANENTE, mas somente TEMPORÁRIA
iii) descrição detalhada do objeto, do valor do investi- de direitos.
mento, dos cronogramas e das metas; iv) as multas apli-
cáveis às pessoas físicas e jurídicas no caso de rescisão,
3 – (MPE/SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA – BANCA
observado o limite do valor do investimento previsto; e v)
PRÓPRIA – 2016). Segundo a Lei n. 9.605/98, poderá ser
o foro competente para dirimir os litígios entre as partes.
desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua per-
A celebração do termo de compromisso não impede
sonalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
a execução de eventuais multas aplicadas antes da pro- causados à qualidade do meio ambiente; a pessoa jurí-
tocolização do requerimento, considerando-se rescindi- dica constituída ou utilizada, preponderantemente, com
do, de pleno direito, o termo de compromisso, quando o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime
descumprida qualquer de suas cláusulas, ressalvado o definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,
caso fortuito ou de força maior. seu patrimônio será considerado instrumento do crime e
O termo de compromisso deverá ser firmado em como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Na-
até noventa dias, contados da protocolização do reque- cional.
rimento e o requerimento de celebração do termo de
compromisso deverá conter as informações necessárias à ( ) CERTO ( ) ERRADO
verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena
de indeferimento do plano. COMENTÁRIO: CERTO, nos termos do artigo 4º com-
Por fim, sob pena de ineficácia, os termos de compro- binado com o art. 24, ambos da Lei nº 9.605/1998.
misso deverão ser publicados no órgão oficial compe-
tente, mediante extrato.

EXERCÍCIO COMENTADO

1 – (PGM – CAMPO GRANDE/MS – PROCURADOR


MUNICIPAL – CESPE – 2019). Acerca de tutela proces- LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
sual do meio ambiente, de crimes ambientais e de espa-
ços territoriais especialmente protegidos, julgue o item
que se segue.
O ato de grafitar é considerado um crime ambiental e
pode ser punido com multa e detenção de três meses a
um ano.

( ) CERTO ( ) ERRADO

COMENTÁRIO: ERRADO. Nos termos da redação atu-


al do artigo 65, da Lei nº 9.605/98, apenas a pichação é
crime, com detenção de três meses a um ano, e multa.
O ato de grafitar deixou de ser crime.

15
4. (deinfra – engenheiro ambiental – fepese – 2019).
Segundo a Lei Complementar 140/2011 que trata das
HORA DE PRATICAR! competências no processo de licenciamento ambiental,
os empreendimentos cuja localização compreenda con-
1. (TJ/SP – ADMINISTRADOR JUDICIÁRIO – VUNESP – comitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da
2019). A lei de acesso à informação (lei nº 12.527/2011) zona costeira serão de atribuição:
representou importante passo no sentido de ampliar a
transparência no setor público, colocando à disposição a) da União.
da população informações detidas por órgãos e entida- b) dos Estados.
des públicos. a respeito dessa lei, assinale a alternativa c) dos Municípios.
correta. d) das Seccionais Municipais.
e) das Seccionais Estaduais.
a) Os órgãos e entidades públicas respondem direta-
mente pelos danos causados em decorrência da divul- 5. (TJPR – JUIZ SUBSTITUTO – CESPE – 2019). A polícia
gação não autorizada ou utilização indevida de infor- ambiental apreendeu, na casa de João, quinze espécimes
mações sigilosas ou informações pessoais. de aves silvestres da fauna brasileira que estavam em ca-
b) Aplicam-se as disposições dessa lei integralmente às tiveiro. Em seu depoimento, João alegou que caçou os
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam,
animais e que os venderia na feira livre da cidade, para
para realização de ações de interesse público ou priva-
comprar alimentos para a sua família. Considerando essa
do, recursos públicos diretamente do orçamento.
situação hipotética, assinale a opção correta a respeito
c) A edição de ato decisório justifica apenas a transpa-
da responsabilização penal de João.
rência do próprio ato e não a publicidade dos atos
preparatórios que tenham sido utilizados como fun-
a) João poderá ser condenado à pena de detenção de
damento para a tomada de decisão.
seis meses a um ano e multa, pelo fato de manter em
d) Considera-se “documento” a unidade de registro de
cativeiro espécimes da fauna silvestre, sem a devida
informações, quando o seu suporte seja o papel em
autorização ou licença ambiental.
tamanho a4 ou carta, mas não quando o suporte seja
mídia eletrônica, por não deter, neste caso, existência b) João poderá ser condenado à pena de reclusão de um
física. a três anos e multa, uma vez que mantinha em cativei-
e) É dever do cidadão garantir o direito de acesso do ro espécimes da fauna silvestre, sem a devida autori-
estado às informações necessárias à segurança nacio- zação ou licença ambiental.
nal, que será franqueado, mediante procedimentos c) João não poderá ser penalizado: a situação caracteriza
objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em uma excludente de ilicitude.
linguagem de fácil compreensão. d) o tipo penal pertinente à conduta de João não admite
hipótese de aumento da pena.
2. (DEINFRA – ENGENHEIRO AMBIENTAL – FEPESE –
2019). Assinale a alternativa que indica corretamente a 6. (TJSP – CONTADOR JUDICIÁRIO – VUNESP – 2019).
sigla da estrutura adotada para a gestão ambiental no um cidadão, pretendendo verificar os gastos com pres-
Brasil, formada pelos órgãos e entidades da União, dos tação de serviços de determinada secretaria de estado,
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsá- tem o seu pedido de acesso aos processos administra-
veis pela proteção, melhoria e recuperação da qualidade tivos que cuidam dessas contratações indeferido. Consi-
ambiental no Brasil, criada pela lei 6.938/1981 e regula- derando as disposições constantes da lei nº 12.527/11, é
mentada pelo Decreto 99274/1990: correto afirmar que, nesse caso:
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

a) FATMA a) Não há previsão de recurso, devendo o cidadão se so-


b) FEPAM correr do poder judiciário para garantir o seu direito
c) CONAMA de acesso às informações pretendidas.
d) SISNAMA b) O cidadão poderá interpor recurso contra a decisão no
e) CONSEMA prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
c) O cidadão deverá recorrer à ouvidoria geral do estado,
3. (deinfra – engenheiro ambiental – fepese – 2019). que deliberará sobre o recurso apresentado no prazo
Assinale a alternativa que indica corretamente o órgão de 5 (cinco) dias.
consultivo e deliberativo do SISNAMA: d) Não há previsão de recurso, devendo o cidadão apre-
sentar novo pedido de acesso à informação dirigido
a) CONAMA. ao secretário de estado.
b) Órgãos seccionais. e) O cidadão poderá interpor recurso dirigido à autori-
c) Órgãos municipais. dade que exarou a decisão impugnada, que deverá se
d) Conselho do governo. manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
e) Ministério do Meio Ambiente.

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7. (pge/SP – procurador do estado – VUNESP – 2018). 9. (PC/SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL- VUNESP –
A respeito das competências para autorização de supres- 2018). Considere a seguinte situação hipotética: “A” re-
são e manejo de vegetação, assinale a alternativa correta. cebe autorização da prefeitura municipal de São Paulo
para grafitar um prédio de sua propriedade e, durante a
a) Compete aos Municípios, dentre outras atribuições, execução do trabalho, amplia seu grafite e consta, pro-
aprovar a supressão e o manejo de vegetação, de flo- positalmente, sua manifestação artística nos muros de
restas e formações sucessoras em florestas públicas um monumento tombado em virtude do seu valor histó-
municipais e unidades de conservação instituídas pelo rico. diante dessa situação, é correto afirmar que:
Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental.
b) A aprovação da supressão de vegetação em unida- a) “A” cometeu um crime da Lei n. 9.605/1998 (lei do
de de conservação será sempre do ente instituidor da
meio ambiente), podendo ser apenado com reclusão.
unidade, exceto para Áreas de Proteção Ambiental,
b) “A” não cometeu crime, pois estava autorizado pela
Reservas Particulares do Patrimônio Natural e Reser-
va de Desenvolvimento Sustentável, cuja competência prefeitura municipal, porém deverá apagar o grafite
será da União. do monumento.
c) A Lei complementar n° 140/2011, buscando solucionar c) “A” não cometeu crime ou contravenção penal, pois a
conflitos de competência, previu que as autorizações lei n. 9.605/1998 (lei do meio ambiente) proíbe a pi-
para supressão de vegetação serão sempre conce- chação e não a grafitagem.
didas pelo ente federativo licenciador, vedando, em d) “A” cometeu uma contravenção penal prevista na lei n.
qualquer hipótese, o estabelecimento de regras pró- 9.605/1998 (lei do meio ambiente), podendo ser ape-
prias e diferenciadas para atribuições relativas à auto- nado com multa.
rização de manejo e supressão de vegetação. e) “A” cometeu um crime da lei n. 9.605/1998 (lei do
d) A Lei n° 11.428/2006, que dispõe sobre a utilização e meio ambiente), podendo ser apenado com detenção
proteção da vegetação nativa do bioma mata atlân- e multa.
tica, confere competência para concessão de autori-
zação para supressão de vegetação no bioma mata 10. (POLÍCIA CIVIL DO PIAUÍ – PERITO CRIMINAL –
atlântica indistintamente aos Estados, cabendo oitiva NUCEPE – 2018 - adaptada) De acordo com a Consti-
prévia do órgão municipal quando a vegetação estiver tuição Federal: Capítulo VI – do Meio Ambiente no art.
localizada em área urbana. 225 temos: “todos têm direito ao meio ambiente eco-
e) A Lei complementar n° 140/2011, buscando solucionar
logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
conflitos de competência, previu que as autorizações
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
para supressão de vegetação serão sempre concedi-
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
das pelo ente federativo licenciador, entretanto, pre-
viu exceção para supressão de vegetação em situa- preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Para
ções específicas, conforme ato do Conselho Nacional assegurar a efetividade desse direito, compete ao poder
do Meio Ambiente, após oitiva da Comissão Tripartite público, EXCETO:
Nacional.
a) Recuperar somente as áreas degradadas pela União
8. (PC/BA – Investigador de policia – vunesp – 2018). com atividades de extração mineral junto a unidades
Ao assegurar a proteção constitucional ao meio ambien- da Federação.
te, a Constituição Federal de 1988: b) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à
a) Estabelece que a exploração de recursos minerais in- pesquisa e manipulação de material genético.
depende da recuperação do meio ambiente degrada- c) Definir, em todas as unidades da Federação, espaços LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
do, já que se trata de atividade necessária. territoriais e seus componentes a serem especialmen-
b) Prevê que as terras devolutas ou arrecadadas pelos es- te protegidos, sendo a alteração e a supressão permi-
tados, por ações discriminatórias, necessárias à prote- tidas somente através de lei, vedada qualquer utiliza-
ção dos ecossistemas naturais podem ser disponíveis ção que comprometa a integridade dos atributos que
por ato discricionário da administração pública.
justifiquem sua proteção.
c) Exige, na forma de decreto do poder executivo, para a
d) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ati-
instalação de obra ou atividade potencialmente cau-
vidade potencialmente causadora de significativa de-
sadora de significativa degradação do meio ambien-
te, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará gradação do meio ambiente, estudo prévio de impac-
publicidade. to ambiental, a que se dará publicidade.
d) Estabelece que as condutas e atividades consideradas e) Promover a educação ambiental em todos os níveis de
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pes- ensino e a conscientização pública para a preservação
soas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administra- do meio ambiente.
tivas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
e) Impõe que as usinas que operem com reator nuclear
deverão ter sua localização definida em lei estadual,
sem o que não poderão ser instaladas.

17
11. (PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – 14. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP –
ASSISTENTE JURÍDICO – VUNESP – 2018). A Constitui- PROCURADOR – VUNESP – 2017). Em relação ao que
ção Federal preceitua que todos têm direito ao meio am- estabelece a Constituição Federal sobre o meio ambien-
biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum te, assinale a alternativa correta:
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
-se ao poder público e à coletividade o dever de defen- a) A Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a
dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Serra do Mar, o Cerrado são patrimônio nacional, e
incumbe ao poder público, para assegurar esse direito: sua utilização far-se-á dentro de condições que asse-
gurem a presença do meio ambiente.
a) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ati- b) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter
vidade potencialmente causadora de significativa de- sua localização definida em lei federal, estadual ou
gradação do meio ambiente, estudo prévio de impac- municipal, sem o que não poderão ser instaladas.
to ambiental, a que se dará publicidade. c) Para assegurar a efetividade do direito ao meio am-
b) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as biente ecologicamente equilibrado, incumbe ao po-
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, der público promover a educação ambiental no plano
provoquem a extinção de espécies ou submetam os federal e estadual, visando à conscientização pública
animais a crueldade, consideradas cruéis as práticas para a preservação do meio ambiente.
desportivas que utilizem animais, ainda que sejam d) São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas
manifestações culturais. pelos estados, por ações discriminatórias, necessárias
c) Disponibilizar as terras devolutas ou arrecadadas pelos para proteção dos ecossistemas naturais.
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à pro- e) Consideram-se cruéis as práticas desportivas que utili-
teção dos ecossistemas naturais. zem animais, em qualquer tipo de manifestação.
d) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter
sua localização definida em lei estadual e municipal, 15. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP –
sem o que não poderão ser instaladas. PROCURADOR – VUNESP – 2017). Para fins da Política
e) Definir, em todas as unidades da Federação, espaços Nacional do Meio Ambiente, considera-se:
territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, não sendo a alteração e a supressão per- a) Poluição, a degradação da qualidade ambiental re-
mitidas, e vedada a edição de lei a respeito da matéria. sultante de atividades que direta ou indiretamente
lancem materiais ou energia em desacordo com os
12. (PREFEITURA DE CAXIAS DO SUL/RS – ENGENHEI- padrões sanitários estabelecidos pela lei da política
RO CIVIL – EXATUS – 2018). Segundo a Lei 9.605/1998, nacional do meio ambiente.
que dispõe sobre as sanções penais e administrativas b) Poluidor, a pessoa física ou jurídica de direito privado,
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio am- responsável diretamente por ato causador de degra-
biente, e dá outras providências, para imposição e grada- dação ambiental que implique perda da biodiversida-
ção da penalidade, a autoridade competente observará o de.
que se apresenta nas alternativas a seguir, EXCETO: c) Recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores
e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo,
a) A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da excluídos os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
infração e suas consequências para a saúde pública e d) Degradação do meio ambiente, a alteração propícia
para o meio ambiente. dos componentes do meio ambiente.
b) Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento e) Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influên-
da legislação de interesse ambiental. cias e interações de ordem física, química e biológica,
c) A situação econômica do infrator, no caso de multa. que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

d) O impacto ambiental a longo prazo. formas.

13. (TRANSPETRO – ADVOGADO JÚNIOR – CES- 16. (Câmara legislativa do df – consultor legislativo –
GRANRIO – 2018). Nos termos da Lei nº 9.605/1998, fcc – 2018). Dentre os instrumentos da Política Nacional
existe uma penalidade que proíbe o condenado de con- do Meio Ambiente previstos na lei nº 6.938/1981, não
tratar com o poder público, de receber incentivos fiscais está incluído:
ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar
de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes a) Sistema nacional de informações sobre o meio am-
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. trata-se biente.
da penalidade denominada: b) O estabelecimento de padrões de qualidade ambien-
tal.
a) compensação de delitos. c) O zoneamento ambiental.
b) interdição temporária de direito. d) Os cadastros municipais e estaduais de atividades po-
c) prestação diversa da pecuniária. tencialmente poluidoras.
d) proibição de contratar com a comunidade. e) Instrumentos econômicos, como concessão florestal,
e) suspensão parcial de atividade. servidão ambiental, seguro ambiental.

18
17. (MPE/SP – engenheiro florestal – vunesp – 2016). 20. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei 2012 - adaptada). Em relação às normas que criam e
Federal n. 6.938, em 31 de agosto de 1981, tem como um estabelecem a estrutura regimental do IBAMA, julgue os
de seus objetivos: itens seguintes como verdadeiros (V) ou falsos (F):

a) A difusão de tecnologias de manejo do meio ambien- ( ) Compete ao IBAMA o exercício do poder de polícia
te, a divulgação de dados e de informações ambien- ambiental nos âmbitos federal, estadual e municipal,
tais e a formação de uma consciência pública sobre a dado que esse órgão tem jurisdição em todo território
necessidade de preservação da qualidade ambiental e nacional.
do equilíbrio ecológico. ( ) Apesar de o IBAMA integrar o Sistema Nacio-
b) A ação governamental na manutenção do equilíbrio nal do Meio Ambiente (SISNAMA), não é exigi-
ecológico, considerando o meio ambiente como um do, pela norma que aprova a estrutura regimen-
patrimônio público a ser necessariamente assegurado tal da autarquia, que os cargos em comissão
e protegido, tendo em vista o uso coletivo. sejam providos, exclusivamente, por servido-
c) Promover a utilização racional e integrada dos recur- res públicos dos quadros de pessoal dos órgãos
sos naturais, incluindo o transporte aquaviário e marí- integrantes do SISNAMA.
timo, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
d) Estabelecer os padrões de qualidade ambiental, zone-
amento ambiental e avaliação de impactos ambien-
tais, visando ao uso racional dos recursos naturais.
e) Garantir às populações tradicionais cuja subsistência
dependa da utilização de recursos naturais, existen-
tes no interior das unidades de conservação, meios de
subsistência alternativos.

18. (prefeitura de são josé dos campos/sp – técnico


ambiental – vunesp – 2015). O Órgão executor do Sis-
tema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), instituído
pela Lei n. 6.938/81, é:

a) O Conselho de Governo.
b) O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
sos Naturais Renováveis – IBAMA.
c) O Ministério do Meio Ambiente – MMA.
d) A Secretaria Especial de Meio Ambiente – SEMA.
e) O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

19. (Polícia civil de são paulo – oficial administrativo


– vunesp – 2014). Segundo a Constituição Federal, para
a instalação de obra ou atividade potencialmente cau-
sadora de significativa degradação do meio ambiente, o
LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)
poder público pode, na forma da lei, exigir:

a) Estudo prévio de impacto ambiental.


b) O pagamento de taxas e impostos para liberação da
obra.
c) Imposto sobre serviços.
d) Recolhimento de valores ao fundo de proteção do
meio ambiente.
e) Prévia autorização do Ministério Público Ambiental.

19
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 A ________________________________________________
2 D _________________________________________________
3 A
_________________________________________________
4 A
_________________________________________________
5 A
6 A _________________________________________________
7 B _________________________________________________
8 A
_________________________________________________
9 E
10 A _________________________________________________

11 A _________________________________________________
12 D _________________________________________________
13 B
_________________________________________________
14 D
15 E _________________________________________________
16 D _________________________________________________
17 A
_________________________________________________
18 B
_________________________________________________
19 A
20 F.V _________________________________________________

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LEGISLAÇÃO DO SETOR DE MEIO AMBIENTE (IBAMA)

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20
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE


PÚBLICA
Orçamento público. Elaboração, acompanhamento e fiscalização. Créditos adicionais, especiais, extraordinários, ilimi-
tados e suplementares. Plano plurianual. Projeto de lei orçamentária anual: elaboração, acompanhamento e aprova-
ção. Princípios orçamentários. Diretrizes orçamentárias. Processo orçamentário. Métodos, técnicas e instrumentos do
orçamento público. Normas legais aplicáveis ao orçamento público. Receita pública: categorias, fontes, estágios. Dí-
vida ativa. Despesa pública: categorias, estágios. suprimento de fundos. Restos a pagar. Despesas de exercícios ante-
riores. Conta única do Tesouro................................................................................................................................................................................ 01
Conceitos básicos de SIAPE, SIAFI, SIASG, SCDP e CADIN.......................................................................................................................... 31
Noções de administração de recursos materiais. Classificação de materiais. Atributos para classificação de materiais.
Tipos de classificação. Metodologia de cálculo da curva ABC. Gestão de estoques. Compras. Organização do setor de
compras. Etapas do processo. Perfil do comprador. Modalidades de compra. Cadastro de fornecedores. Compras no
setor público. Objeto de licitação. Edital de licitação. Recebimento e armazenagem. Entrada. Conferência. Objetivos
da armazenagem. Critérios e técnicas de armazenagem. Distribuição de materiais. Características das modalidades de
transporte. Estrutura para distribuição. Gestão patrimonial. Tombamento de bens. Controle de bens. Inventário. Alie-
nação de bens. Alterações e baixa de bens....................................................................................................................................................... 34
Gestão da qualidade e modelo de excelência gerencial. Principais teóricos e suas contribuições para a gestão da
qualidade. Ciclo PDCA. Ferramentas de gestão da qualidade. Modelo do gespública.................................................................... 55
ORÇAMENTO PÚBLICO. ELABORAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO. CRÉDITOS
ADICIONAIS, ESPECIAIS, EXTRAORDINÁRIOS, ILIMITADOS E SUPLEMENTARES.
PLANO PLURIANUAL. PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL: ELABORAÇÃO,
ACOMPANHAMENTO E APROVAÇÃO. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS. DIRETRIZES
ORÇAMENTÁRIAS. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO. MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DO
ORÇAMENTO PÚBLICO. NORMAS LEGAIS APLICÁVEIS AO ORÇAMENTO PÚBLICO. RECEITA
PÚBLICA: CATEGORIAS, FONTES, ESTÁGIOS. DÍVIDA ATIVA. DESPESA PÚBLICA: CATEGORIAS,
ESTÁGIOS. SUPRIMENTO DE FUNDOS. RESTOS A PAGAR. DESPESAS DE EXERCÍCIOS
ANTERIORES. CONTA ÚNICA DO TESOURO.

Finanças Públicas é a terminologia que tem sido tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política
econômica que envolve o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos. Esta expressão não é muito adequa-
da, já que os problemas básicos não são financeiros, mas tratam do uso dos recursos econômicos, da distribuição da
renda e do nível de emprego.
Ainda que a política orçamentária seja uma parcela importante deste tema tão amplo, dificilmente ela poderia rei-
vindicar uma participação exclusiva.
Há muito tempo, economistas e filósofos sociais preocupavam-se com a equidade fiscal. Seus pensamentos gera-
ram duas teorias básicas:
• dos “benefícios recebidos”; e
• da “capacidade de pagamento”.

A teoria dos benefícios foi a primeira a ser desenvolvida e utilizada extensivamente. Com o advento do marginalis-
mo – utilidade marginal aplicada na determinação do valor e preço – o princípio da capacidade de pagamento evoluiu
considera­velmente.
Boa parcela do nexo desses princípios é devida ao próprio Adam Smith que, em “A Riqueza das Nações” (1776),
estabeleceu que “os cidadãos de qualquer Estado devem contribuir para o suporte do Governo, tanto quanto possível,
na proporção de sua capacidade, ou seja, da renda que usufruem sob a proteção do Estado”.
Smith reconheceu o princípio da progres­sividade na tributação. Na mesma obra, estipula que “não é irrazoável que
os ricos devam contribuir para a despesa pública, não apenas na proporção de suas rendas, mas em algo mais do que
essa proporção”. Esses três princípios – benefício, capacidade e progressividade – fornecem as bases para as discussões
correntes da equidade fiscal.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Orçamento público.

A compreensão que durante muito tempo foi aceita para orçamento público, de que esse era apenas uma peça que
continha previsão de receitas e fixação de despesas para um período determinado, ou seja, meramente peça contábil,
hoje não tem mais espaço na compreensão atual.
Isso porque é impossível imaginar um orçamento público que não esteja alinhado aos planos de governo, sendo
assim, a compreensão atual que temos para orçamento é que este é um instrumento de planejamento da ação gover-
namental, possuindo um aspecto dinâmico, ao contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía caráter
eminentemente estático.
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autori-
za, por certo período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros
fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei”.
Através desse instrumento é possível a sociedade acompanhar o fluxo de recursos do Estado, fluxo esse que é tra-
duzido em lei orçamentária, que é elaborada pelo Executivo e aprovada pelo Legislativo, sendo assim, é saudável uma
relação harmoniosa entre os dois poderes, para que ambos trabalhem juntos para que a saúde financeira do Estado
seja promovida em paralelo aos investimentos em projetos necessários à sociedade, sendo esses, limitados ao previsto
e fixado no orçamento.
Como dissemos, esse é um instrumento que permite que a sociedade possa acompanhar o fluxo de recursos do
Estado, porém, não se trata de um instrumento tão facilmente compreendido devido a algumas complexidades envol-
vidas, porém, através da técnica chamada análise vertical, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade,
grupo, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham participação significativa, essa compreensão se
torna facilitada, através de uma apresentação da participação percentual dos valores destinados a cada item no total
das despesas ou receitas, por exemplo, o governo aplicará 15% de seus recursos em saneamento básico, ou seja, o
cidadão fica sabendo do montante disponível, qual o percentual para cada área ou projeto está previsto no orçamento.
Temos também a análise horizontal do orçamento, que retrata uma comparação entre os valores do orçamento
atual com os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos em valores reais, atualizados monetaria-
mente, ou em moeda forte).

1
Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal,
aplicados na apresentação dos resultados da execução reconhecendo-se que os resultados fiscais e, por con-
orçamentária (ou seja, do cumprimento do orçamento), sequência, os níveis de endividamento do Estado, não
confrontando o previsto com o realizado em cada pe- podem ficar ao sabor do acaso, mas devem decorrer de
ríodo e para cada rubrica. Deve-se apresentar, também, atividade planejada, consubstanciada na fixação de me-
qual a porcentagem já recebida das receitas e a porcen- tas fiscais. Os processos orçamentário e de planejamen-
tagem já realizada das despesas. to, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases
É fundamental que a peça orçamentária seja converti- do orçamento-programa para a incorporação do concei-
da em valores constantes, permitindo avaliar o montante to de resultados finalísticos, em que os recursos arreca-
real de recursos envolvidos. dados devem retornar à sociedade na forma de bens e
Como sabemos a realidade não é estática, portanto, serviços que transformem positivamente sua realidade.
vezes se torna necessária alguma alteração na progra- E o principal a ser destacado nesse processo evoluti-
mação existente, exigindo assim alteração dos recursos vo todo que envolve o orçamento publico, é o nível de
e finalidades de seu uso, para isso, existe as margens de transparência que se alcançou com todas essas medidas
suplementação, que permitirão essa flexibilidade na exe- e que foi potencializada com o uso de recursos tecnoló-
cução do orçamento quando as prioridades estabeleci- gicos que permitem confiança nos registros contábeis e
das exigirem alguma modificação. controle, o uso de sistemas com finalidades específicas
Com a indexação orçamentária mensal à inflação real, como vimos em tópico anterior e outros demais instru-
consegue-se o grau necessário de flexibilidade na exe- mentos de ferramentas de gestão.
cução orçamentária, sem permitir burlar o orçamento
através de elevadas margens de suplementação. Pode-se Princípios orçamentários.
restringir a margem a um máximo de 3%.
Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É O orçamento público está embasado em princípios re-
preciso apresentar as condições que permitiram os níveis gidos pela CF/88 e pela Lei 4.320/64, que apresenta normas
previstos de entrada e dispêndio de recursos. para a elaboração, execução e controle desse orçamento.
No caso da receita, é importante destacar o nível de evo- Na concepção de CELSO BASTOS:
lução econômica, as melhorias realizadas no sistema arreca- “Os princípios constituem ideias gerais e abstratas,
dador, o nível de inadimplência, as alterações realizadas na que expressam em menor ou maior escala todas as nor-
legislação, os mecanismos de cobrança adotados. mas que compõem a seara do direito. Poderíamos mes-
No caso da despesa, é importante destacar os princi- mo dizer que cada área do direito não é senão a concre-
pais custos unitários de serviços e obras, as taxas de juros tização de certo número de princípios, que constituem o
e demais encargos financeiros, a evolução do quadro de seu núcleo central. Eles possuem uma força que permeia
pessoal, a política salarial e a política de pagamento de todo o campo sob seu alcance.”
empréstimos e de atrasados. Os princípios e as regras constituem a base, o ali-
Os resultados que a simplificação do orçamento ge- cerce de um sistema jurídico, são consideradas normas
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

ram são, fundamentalmente, de natureza política. Ela jurídicas. São verdadeiras proposições lógicas que fun-
permite transformar um processo nebuloso e de difícil damentam e sustentam um sistema., porém, diferente-
compreensão em um conjunto de atividades caracteriza- mente das normas, os princípios possuem um papel mais
das pela transparência. generalizado que as regras, estas, possuem claramente
Como o orçamento passa a ser apresentado de for- a função de regular as relações jurídicas, enquanto os
ma mais simples e acessível, mais gente pode entender princípios, representa um limite de atuação do jurista, ou
seu significado. A sociedade passa a ter mais condições seja, estabelecem balizamentos dentro dos quais o juris-
de fiscalizar a execução orçamentária e, por extensão, ta exercitará sua criatividade, seu senso do razoável e sua
as próprias ações do governo municipal. Se, juntamen- capacidade de fazer a justiça do caso concreto.
te com esta simplificação, forem adotados instrumentos De acordo com Silva (2002, p. 45), para que possam
efetivos de intervenção da população na sua elaboração assegurar os fins a que se destinam, podem ser sintetiza-
e controle, a participação popular terá maior eficácia. dos em dois aspectos: gerais e específicos. Os aspectos
gerais (receitas e despesas) subdividem-se em:
Outra importante mudança ocorrida no cenário do a) substanciais: anualidade; unidade; universalidade;
orçamento público foi a redefinição das funções dos ato- equilíbrio; e, exclusividade;
res envolvidos na gestão pública financeira, onde o Le- b) formais ou de apresentação: especificação; publici-
gislativo passou a ter mais prerrogativas na condução do dade; clareza; uniformidade; precedência.
processo decisório no tocante à priorização do gasto e à Nos aspectos específicos (só das receitas): não-afeta-
alocação da despesa, ficando ainda mais claro isso com ção; e, legalidade da tributação.
a unificação dos orçamentos do Governo Federal, com a
criação da Secretaria do Tesouro Nacional, que redefiniu A seguir os principais princípios orçamentários:
as funções do Banco do Brasil, do Banco Central e do
Tesouro Nacional. Princípio da Universalidade
Com essas redefinições todas o planejamento orça-
mentário consolidou-se no formato de um Plano Pluria- Segundo esse principio, o orçamento deverá conter
nual (PPA) e, a cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamen- todas as receitas e despesas referentes aos Poderes da
tárias (LDO) que por sua vez deve preceder a elaboração União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
da Lei Orçamentária Anual (LOA). direta e indireta.

2
A lei 4320/64 dispõe no mesmo sentido: Princípio Periodicidade ou da Anualidade
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação
da receita e despesa de forma a evidenciar a políti- De acordo com esse principio, o orçamento deve ser
ca econômica financeira e o programa de trabalho do elaborado e autorizado para um período de um ano. É o
Governo, obedecidos os princípios de unidade, univer- que dispõe a CF/88:
salidade e anualidade. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as lecerão:
receitas, inclusive as de operações de crédito autori- I - o plano plurianual;
zadas em lei. II - as diretrizes orçamentárias;
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as III - os orçamentos anuais.
despesas próprias dos órgãos do Governo e da admi-
nistração centralizada, ou que, por intermédio deles se Segundo a Lei 4320/64, o orçamento deve ter vigên-
devam realizar, observado o disposto no art. 2°. cia limitada a um exercício financeiro, que coincide com
§ 5° A lei orçamentária anual compreenderá: o ano civil.
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União,
seus fundos, órgãos e entidades da administração di-
reta e indireta, inclusive fundações instituídas e man- FIQUE ATENTO!
tidas pelo Poder Público; Parte da doutrina especializada entende que
II - o orçamento de investimento das empresas em que a há exceções ao principio da anualidade.
a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria Caso haja abertura de créditos especiais ou
do capital social com direito a voto; extraordinários nos últimos 4 meses do ano,
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo tais valores serão incorporados ao orçamen-
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da ad- to do ano seguinte
ministração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Princípio da Unidade de Tesouraria (ou de Caixa):
Princípio da Unidade
A Lei 4320/64 consagra o principio da unidade de te-
De acordo com o principio da unidade, o orçamen- souraria:
to deve ser uno, ou seja, somente deve existir um único Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á
orçamento para cada ente da Federação em cada exer- em estrita observância ao princípio de unidade de te-
cício financeiro. souraria, vedada qualquer fragmentação para criação
Segundo a doutrina especializada, o objetivo princi- de caixas especiais.
pal desse princípio é evitar a existência de orçamentos Assim, todas as receitas devem ser recolhidas em uma

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


paralelos e está amparado pelo disposto na Lei 4320/64: conta única com o objetivo de confrontar os totais e apu-
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação rar o resultado deficitário, superavitário ou nulo.
da receita e despesa de forma a evidenciar a políti- Também, a CF/88 determina qual o destino deva ser
ca econômica financeira e o programa de trabalho do dado as disponibilidades:
Governo, obedecidos os princípios de unidade, univer- § 3º - As disponibilidades de caixa da União serão de-
salidade e anualidade. positadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do
Princípio da Totalidade Poder Público e das empresas por ele controladas, em
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
O principio da totalidade nasceu da necessidade de previstos em lei.
se possibilitar a coexistência de diversos orçamentos, A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Comple-
que, entretanto, devem ser consolidados. mentar 101, de 04 de maio de 2000, estabelece normas
Surgiu após uma remodelação pela doutrina do de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal. Em seu
princípio da unidade, de forma que abrangesse as no- texto, mais especificamente no artigo 43, estabelece que
vas situações. A CF/88 determinou um modelo que se- as disponibilidades de caixa relativas à Previdência Social
gue o princípio da totalidade, já que a composição do deverão ser separadas das demais disponibilidades do
orçamento anual deve ser: orçamento fiscal, orçamento ente público:
da seguridade social e orçamento de investimentos das § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de pre-
estatais. vidência social, geral e próprio dos servidores públi-
Na visão de José Afonso da Silva, o princípio da uni- cos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que
dade orçamentária, na concepção de orçamento-progra- se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão
ma, não se preocupa com a unidade documental; ao con- depositadas em conta separada das demais disponi-
trário, desdenhando-a, postula que tais documentos se bilidades de cada ente e aplicadas nas condições de
subordinem a uma unidade de orientação política, numa mercado, com observância dos limites e condições de
hierarquização dos objetivos a serem atingidos e na uni- proteção e prudência financeira.
formidade de estrutura do sistema integrado.

3
Princípio do Orçamento Bruto
FIQUE ATENTO!
Para o Ente Publico, existem despesas que, ao serem As exceções são as autorizações para aber-
realizadas, geram receitas. De outro lado, há receitas que, turas de créditos suplementares e contrata-
quando de sua arrecadação, geram despesas. Exemplo ções de operações de crédito, as quais tam-
prático é o pagamento de salários. Quando ocorre o pa- bém podem constar no orçamento.
gamento, o Estado realiza despesas. Porem, a partir de
um determinado valor, há a incidência do imposto de
renda sobre a remuneração paga. Esse valor de imposto Princípio da Publicidade
de renda torna-se uma receita para o Ente Publico.
Pelo principio do orçamento publico, é vedado que as O princípio da Publicidade consta do artigo 37 da
despesas ou receitas sejam incluídas no orçamento nos CF/88, como principio geral que deve ser seguido pela
seus montantes líquidos. Administração Pública, juntamente com os princípios da
É nesse sentido a previsão da Lei 4320/64: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade e Eficiência.
Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei De acordo com esse principio que também é orça-
de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer mentário, garante-se o acesso a qualquer interessados
deduções. às informações necessárias ao exercício da fiscalização
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública sobre a utilização dos recursos públicos. Também, deter-
deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, mina que é condição de eficácia do ato sua divulgação
no orçamento da entidade obrigada a transferência em veículos oficiais de comunicação.
e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
Princípio da não-vinculação ou não-afetação das
Princípio do Equilíbrio Orçamentário receitas

Tem como objetivo principal assegurar que as des- De acordo com esse principio nenhuma receita de im-
pesas autorizadas não serão superiores à previsão das postos poderá ser ou comprometida para atender a cer-
receitas. tos e determinados gastos conforme disposto na CF/88:
A própria Lei de Responsabilidade Fiscal determi- Art. 167. São vedados:
na que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) trate do IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fun-
equilibrio entre receitas e despesas, nos seguintes ter- do ou despesa, ressalvadas a repartição do produto
mos: da arrecadação dos impostos a que se referem os arts.
Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e
disposto no § 2o do art. 165 da Constituição e: serviços públicos de saúde, para manutenção e desen-
I - disporá também sobre: volvimento do ensino e para realização de atividades
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

a) equilíbrio entre receitas e despesas. da administração tributária, como determinado res-


A CF/88 prevê possibilidade de ocorrência de défi- pectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e
cit orçamentário, caso em que as receitas são inferiores a prestação de garantias às operações de crédito por
às despesas. Assim, contabilmente, o orçamento estará antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem
sempre em equilíbrio pois o déficit aparece normalmente como o disposto no § 4º deste artigo.
nas operações de crédito que, pelo art. 3º da Lei 4320/64, O objetivo principal é inibir que as vinculações redu-
também devem constar do orçamento. zam a liberdade do planejamento por parte do adminis-
trador publico.
Princípio da Exclusividade

O principio da exclusividade tem como objetivo prin- FIQUE ATENTO!


cipal evitar que o orçamento seja utilizado para aprova- Existem algumas exceções a este princípio.
ção de materiais que não tenham qualquer pertinência Primeiramente, somente as receitas prove-
com o conteúdo orçamentário. Tal preocupação deve-se nientes de impostos é que não podem ser
ao fato da maior celeridade do processo orçamentário. vinculadas, ou seja, aquelas provenientes de
Assim, a lei orçamentária não deve conter matéria por taxas e contribuições de melhoria podem.
exemplo, de direito penal.
A vedação encontra-se insculpida na CF/88:
art. 165 (...) Além disso, tal regra não abrange os fundos consti-
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo tucionais em geral (fundos de manutenção e desenvol-
estranho à previsão da receita e à fixação da despe- vimento do ensino, fundos de participação dos Estados,
sa, não se incluindo na proibição a autorização para etc).
abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de Princípio da Legalidade
receita, nos termos da lei.
Assim, a lei orçamentária deve, em regra, conter ape- O principio da legalidade impõe ao Poder Publico,
nas a previsão de receitas e a fixação de despesas. em matéria orçamentária, subordinação às prescrições
legais.

4
Dessa forma, as leis orçamentárias, LOA, LDO e PPA assim como os créditos adicionais serão encaminhados pelo Po-
der Executivo para discussão e aprovação pelo Congresso Nacional. Portanto, a aprovação do orçamento deve observar
o processo legislativo, conforme preceitua a CF/88:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos crédi-
tos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

TÉCNICAS ORÇAMENTÁRIAS

Quando falamos em orçamento público, ao pontuarmos que ele é decorrente da necessidade de regular a discri-
cionariedade dos governos na destinação dos recursos públicos, automaticamente nosso pensamento é levado à ideia
de controle.
Embora alguns aspectos do orçamento público tenham evoluído, percebe-se muito daquele modelo tradicional nas
técnicas atuais.
E são essas que vamos agora analisar.

• Orçamento Clássico ou Tradicional


No Brasil a prática orçamentária federal – antecedente à Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964 –, baseava-se na
técnica tradicional de orçamento. Essa técnica clássica produz um orçamento que se restringe à previsão da receita e
à autorização de despesas.
Sua principal característica é a ênfase no controle contábil do gasto em si, isto é, nos valores que serão gastos. Esse
tipo de orçamento deixa de lado a preocupação com os objetivos econômicos ou sociais que o governo busca com
tais despesas.
Não se verifica uma preocupação primária com o atendimento das necessidades bem formuladas da coletividade
ou da própria Administração Púbica.

• Orçamento de Desempenho ou de Realizações


A evolução do orçamento clássico trouxe um novo enfoque na elaboração da peça orçamentária.
Passa a considerar não somente os valores das despesas do governo, mas sim suas ações, o que ele faz com tais
verbas, além de avaliar a relação entre o que se pretendia fazer e o que realmente foi feito.
Evidenciar as “coisas que o governo compra” passa a ser menos importante em relação as “coisas que o governo faz

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


O orçamento de desempenho, embora já ligado aos objetivos, não pode, ainda, ser considerado um orçamento-
-programa, visto que lhe falta uma característica essencial, que é a vinculação ao Sistema de Planejamento.

• Orçamento-Programa
Surge da recente e crescente preocupação em fortalecer a vinculação existente entre planejamento e orçamento.
Trata-se do mais moderno tipo de Orçamento, que além de focar nas ações e realizações do governo, é uma ferra-
menta que permite operacionalizar tudo isso por meio do planejamento.
Ao contrário do que ocorria em períodos de altos índices inflacionários, hoje é possível planejar (pelo menos a curto
e médio prazo) ações voltadas à realização eficiente de políticas públicas de bem-estar. É a programação orçamentá-
ria voltada não só para o controle de gastos, mas também para a avaliação de resultados.
Essa técnica apresenta elementos bem definidos, como vemos a seguir:
a) Objetivos e propósitos perseguidos pelo ente público, e para cuja execução são empregados os recursos orça-
mentários;
b) Programas - instrumentos de integração dos esforços governamentais no sentido da concretização dos objetivos
pretendidos;
c) Custos dos programas, quantificados através da identificação dos meios ou insumos (pessoal, material de consu-
mo, equipamentos, serviços de terceiros, etc) essenciais para a obtenção dos resultados;
d) Medidas de desempenho com a finalidade de permitir a avaliação das realizações (produto final obtido) e os es-
forços despendidos na execução dos diversos programas de governo;
e) A integração com o planejamento das atividades, na medida em que o orçamento deixa de ser apenas um con-
trole contábil e passa a funcionar também como instrumento de gestão.

Destaca-se que, essa técnica tem como principal critério classificatório o funcional e o programático

FIQUE ATENTO!
Com certa frequência percebemos que as diferenças entre as técnicas Tradicional e Orçamento-Programa
são cobradas em concursos, então segue abaixo um quadro ilustrativo dessas diferenças.

5
• Orçamento Base Zero
Tende assegurar a sobrevivência das organizações em períodos críticos e criar uma diretriz de investimento seguro
e eficiente.
Sua ideia é a de que todas as despesas devem ser justificadas a cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário,
ou seja, tudo tem que começar do zero novamente, de forma que sua realização contempla planejamento de curto
prazo.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Usado como ferramenta de estratégia, ele visa ajustar os orçamentos, conhecer os custos envolvidos no negócio e
reduzi-los, definindo prioridades e elaborando planos de ação.

• Orçamento Participativo
Falar de processos participativos é falar da participação da sociedade nos processos de tomada de decisão, estimu-
lando o exercício da cidadania.
A legislação através da CF assegura várias formas desses processos participativos ocorrerem, tais como, conselhos
de politicas publicas, conferencias, audiências, consultas publicas, entre outros.

Sua aplicação se restringe ao âmbito municipal.

6
O Conselho Gestor é uma dessas formas da socieda- - Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
de participar da gestão publica, desempenhando seu pa- - Lei Orçamentária Anual (LOA).
pel regulamentando as ações dos órgãos aos quais estão
vinculados, onde ali deliberam ou não as reivindicações Visando fortalecer a interligação dos processos de
feitas pela sociedade, com caráter deliberativo e co-ges- planejamento e orçamento (alocação de recursos), a CF
tor, funcionando como um canal de comunicação entre a 88 exigiu que o PPA, a LDO e a LOA fossem articulados,
sociedade civil e o poder publico. interdependentes e compatíveis.
Conforme afirmado pela CGU, “os conselhos são ins- A LDO recebeu a função unir o PPA e a LOA. Por isso,
tâncias de exercício da cidadania, que abrem espaço para a LDO pode ser considerada um “esqueleto” da lei orça-
a participação popular na gestão pública. Nesse sentido, mentária anual: estabelece, anualmente, a estrutura para
os conselhos podem ser classificados conforme as funções a elaboração do orçamento. Por sua vez, a própria elabo-
que exercem. Assim, os conselhos podem desempenhar ração da LDO deve obedecer aos princípios do PPA.
conforme o caso, funções de fiscalização, de mobiliza- Enfim, a Constituição determina que a elaboração da
ção, de deliberação ou de consultoria.” LDO ocorra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art.
166, § 4°). Esta mesma orientação vale para a elaboração
Como função fiscalizadora, o conselho realiza o con- da LOA (CF, art. 165, § 7°; CF, art. 166, § 3°, inciso I).
trole e acompanha ações do governo.
Como função mobilizadora, o conselho estimula a so- O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da
ciedade à participar, demonstrando a importância desse proposta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo,
envolvimento. sendo que isso acontece no primeiro ano de governo do
Como função deliberativa, o conselho participa efeti- presidente, governador ou prefeito recém-empossado
vamente na tomada de decisões sobre as estratégias que ou reeleito.
a administração publica fará uso.
Como função consultiva, o conselho participa com O ciclo orçamentário é o conjunto de fases que com-
sugestões e opiniões sobre politicas publicas junto aos preendem atividades típicas do orçamento público, des-
gestores. de sua elaboração até etapas posteriores a sua execução.
O orçamento participativo, segundo Boaventura de Para a realização desse processo devem ser cumpri-
Souza Santos, é uma estrutura e um processo de parti- das as seguintes etapas:
cipação da comunidade, onde um conjunto de institui- a) Elaboração
ções funciona como canal para garantir a participação b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação
no processo decisório do governo, tem como base três c) Execução
princípios, como vemos abaixo. d) Controle e
I- Abertura a todos os cidadãos e) Avaliação
II- Combinar democracia direta e representativa

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


a) Elaboração
III- Combinar critérios gerais e técnicos para alocar
Fase que compete ao Poder Executivo, que realiza es-
recursos destinados a investimentos
tudos para preparação dos projetos das leis orçamentá-
rias que são: PPA, LDO e LOA.
Como vimos acima, são várias as técnicas orçamen-
Dentre os parâmetros que se deve utilizar nessa fase,
tárias existentes, mas, não podemos nos esquecer que,
também conhecida como pré-proposta, destacamos:
de acordo com o regime político adotado em cada país
- análise histórica da execução do orçamento (saber o
o orçamento também poderá ser classificado em:
que, como e quanto se gastou);
• Orçamento Legislativo: a elaboração, a votação - quantificação dos gastos, recursos e estabelecimen-
e o controle do orçamento são competências do to de limites (verificar a LRF);
Poder Legislativo. Ao Executivo cabe apenas a exe- - compatibilização dos programas e ajustes dos gas-
cução. tos (adequação do planejamento aos gastos).
• Orçamento Executivo: a elaboração, a votação, o
controle e a execução são competências do Poder Quando falamos em ciclo orçamentário, precisamos
Executivo. nos lembrar que este é maior que o exercício financeiro
• Orçamento Misto: a elaboração e a execução são em si, pois, o ciclo contém uma fase, exatamente essa
de competência do Executivo, cabendo ao Legisla- que estamos analisando nesse momento, que ocorre an-
tivo a votação e o controle. tes que se inicie o exercício financeiro e, após o exercício,
temos as fases de controle e avaliação.
No Brasil, adota-se o Orçamento Misto, haja visto que
a competência para elaboração das propostas e envio ao b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação
Legislativo é privativa do Poder Executivo, competindo Considerando que o orçamento, em sentido formal,
ao Poder Legislativo a sua aprovação e controle. é uma lei, essa fase trata do próprio processo legislativo.
- Inicialmente, a proposta é recebida pela Comissão
CICLO ORÇAMENTÁRIO. Mista Permanente de Orçamento, a qual cabe emi-
tir um parecer sobre o mesmo;
A CF 88 determina a elaboração do orçamento com - A proposta é apreciada pelas duas Casas do Con-
base em três leis ordinárias: gresso Nacional. Nesta fase ocorrem discussões,
- Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos; emendas e, finalmente, a votação;

7
- Caso aprovado, o projeto é enviado ao Presidente Esse papel atualmente é exercido pela SPI/MP.
da República para a sanção e publicação no Diário
Oficial da União. Embora NORMALMENTE, os concursos cobrem
o ciclo orçamentário considerando QUATRO FASES
Observa-se que o Presidente da República poderá (conforme vimos acima), pode acontecer (segue
propor alterações aos projetos, desde que não tenha exemplo de questão abaixo) desse tema ser cobrado
sido iniciada a votação pela comissão mista, da parte tendo por base o CICLO ORÇAMENTÁRIO AMPLIADO,
proposta. que é o ciclo que tem início com a elaboração do plano
Por fim, ressalta-se que mesmo depois de votado o plurianual, passando pela lei de diretrizes orçamentárias
orçamento e já se tendo iniciada a sua execução, o pro- e culminando com a lei orçamentária anual, constituindo
cesso legislativo poderá novamente ser desencadeado assim, OITO FASES, como descritas abaixo
em virtude projeto de lei destinado a solicitar autoriza-
ções para a abertura de créditos adicionais. 1) Formulação do planejamento plurianual, pelo Exe-
cutivo;
c) Execução 2) Apreciação e adequação do plano, pelo Legislativo;
Após a publicação da lei orçamentária, temos inicio 3) Proposição de metas e prioridades para a adminis-
à fase de execução, que é o próprio processamento das tração e da política de alocação de recursos pelo
despesas previstas; Executivo;
Ademais, nos termos da LRF, art. 8º, o Poder Execu- 4) Apreciação e adequação da LDO, pelo Legislativo;
tivo deverá no prazo de 30 dias, publicar o decreto de 5) Elaboração da proposta de orçamento, pelo Exe-
programação financeira e o cronograma de execução cutivo;
mensal de desembolso, que tem por objetivos: 6) Apreciação, adequação e autorização legislativa;
I – assegurar as unidades orçamentárias, em tempo 7) Execução dos orçamentos aprovados;
hábil, a soma de recursos necessários para a me- 8) Avaliação da execução e julgamento das contas.
lhor execução do programa de trabalho;
II – manter durante o exercício financeiro o equilíbrio EXEMPLO DE COMO PODE SER COBRADO:
entre receita arrecadada e despesa realizada, vi-
sando reduzir eventuais insuficiências de recursos. Formulação e apresentação do PPA pelo Executi-
vo > Apreciação e adequação do PPA pelo Legislativo
A Secretaria de Orçamento Federal descentraliza as > __________________________  > Apreciação e adequação
dotações orçamentárias, distribuindo-as às unidades or-
da LDO pelo Legislativo > Elaboração e apresentação
çamentárias.
da LOA pelo Executivo > ________________________________
A fase de execução tem a exata duração do ano civil.
> ______________________> _______________________.
 
d) Controle e Avaliação
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Assinale a resposta que melhor corresponde às ativi-


Trata-se da aferição e o acompanhamento, por parte
dades que estão faltando.
dos órgãos dos sistemas de controle interno (Controla-
doria Geral da União (CGU)) e externo Congresso Nacio-
nal, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (TCU)), da a) Apresentação da LDO com as metas pelo Executivo,
execução das despesas, verificando se os prazos estão Apreciação e adequação da LOA pelo Legislativo,
sendo cumpridos e os padrões e normas estão sendo Execução do orçamento aprovado pelo Legislativo,
respeitados. Controle pela avaliação da execução e controle de
Durante essa fase, devem ser observados os seguin- contas.
tes princípios: b) Apresentação da LDO com as metas pelo Executi-
• a legalidade; vo, Execução do orçamento aprovado pelo Legisla-
• a economicidade; tivo, Controle pela avaliação da execução e contro-
• a correta aplicação das receitas e, le de contas, Avaliação e correção do orçamento
• suas renúncias. pelo Legislativo.
c) Apresentação da LDO com as metas pelo Executivo,
O controle aqui estudado pode ser realizado nos se- Execução do orçamento aprovado pelo Legislativo,
guintes momentos: Controle pela avaliação da execução e controle de
I – a priori ou prévio: antes da execução do orçamento. contas, Avaliação e correção do orçamento pelo
II – concomitante: durante a execução do orçamento. Executivo.
III – a posteriori ou subsequente: após o encerramen- d) Apresentação da LDO com as metas pelo Executi-
to do exercício financeiro. vo, Apreciação e adequação da LOA pelo Executivo,
Ademais, cabe ao gestor público a apresentação da Execução do orçamento aprovado pelo Legislativo,
prestação de contas, que tem como finalidade Controle pela avaliação da execução e controle de
apresentar os fatos ocorridos na sua gestão. contas.
e) Apresentação da LDO com as metas pelo Executi-
A avaliação permite a revisão e a melhora do pla- vo, Execução do orçamento aprovado pelo Legis-
nejamento orçamentário pelo Governo, onde são obser- lativo, Controle e avaliação da execução e controle
vadas as metas atingidas comparadas aos recursos utili- de contas, Correção e encaminhamento para apre-
zados. ciação do Legislativo.

8
O orçamento público no Brasil. A Constituição Federal atual relaciona dois pon-
tos importantes na questão orçamentária. O primeiro
No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com é a devolução ao Legislativo da prerrogativa de propor
um texto elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao emendas ao Projeto de Lei Orçamentária nas questões
Poder Legislativo para discussão, aprovação e conversão de despesas. O segundo é a obrigatoriedade que tem
em lei, estando neste documento estimada a arrecada- o Executivo de encaminhar ao Legislativo Projeto de Lei
ção das receitas federais para o ano seguinte e a autori- das Diretrizes Orçamentárias.
zação para a realização de despesas do Governo.
O Orçamento Geral da União é constituído de três pe- A Constituição Federal de 1988 reorganizou a distri-
ças em sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamen- buição de competências no processo orçamentário, que
to da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento podem ser analisadas em três aspectos:
das Empresas Estatais Federais. I – inciativa de recuperar o planejamento na admi-
A administração financeira e orçamentária do Brasil nistração pública brasileira, através da integração
é descentralizada em quatro grandes sistemas federais, entre planejamento e orçamento, mediante a cria-
amparados em instrumentos legais bem definidos que ção do Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orça-
proporcionam um processo orçamentário e financeiro mentárias.
transparente e organizado, objetivando aliar o planeja- II – consolidação do processo de unificação orça-
mento ao Orçamento de forma responsável na gestão mentária. A União reuniu no orçamento anual os
dos recursos públicos: orçamentos fiscal, da seguridade social e de inves-
- Sistema Federal de Planejamento e Orçamento, ad- timentos das empresas estatais.
ministrado pelo Ministério do Planejamento, Or- III – resgate da competência do Poder Legislativo para
çamento e Gestão (MPOG) – tem como principal tratar de matéria orçamentária. A participação do
função coordenar, consolidar e supervisionar a Legislativo passou a abranger todo o ciclo orça-
elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e mentário, desde a aprovação do plano plurianual,
da Proposta Orçamentária da União, compreen- as orientações na lei de diretrizes orçamentárias,
dendo o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social, até a autorização das despesas na Lei Orçamentá-
em articulação com a Secretaria de Planejamento e rio Anual.
Investimentos Estratégicos (SPI). Tem como órgão
central a Secretaria de Orçamento Federal (SOF). Dois pontos merecem destaque:
- Sistema Federal de Administração Financeira, admi- 1 – na parte técnica, a Secretaria de Orçamento Fe-
nistrado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) deral do MPOG (Ministério do Planejamento, Or-
– visa ao equilíbrio econômico-financeiro do go- çamento e Gestão) vem aprimorando conceitos
verno federal, dentro dos limites da receita e da e classificações, além da instituição de meios de
despesa públicas. Compreende atividades de pro- gestão eletrônica do processo de captação da

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


gramação financeira da União, de administração proposta orçamentária (SIOP), acompanhamento
de direitos e haveres, de garantias e obrigações de da execução e dos pedidos de créditos adicionais
responsabilidade do Tesouro Nacional e de orien- através do SIDOR – Sistema Integrado de Dados
tação técnico-normativa referente à execução or- Orçamentários que atua integrado com o sistema
çamentária e financeira. SIGPLAN – Sistema de Informações Gerenciais e de
- Sistema Federal de Contabilidade, administrado pela Planejamento do Plano Plurianual.
STN – visa a evidenciar a situação orçamentária, fi- 2 – na parte legal, a Lei de Responsabilidade Fiscal
nanceira e patrimonial da União. Define também trouxe uma mudança cultural para os gestores pú-
que “as atividades de contabilidade compreendem blicos ao exigir gestão responsável, equilibrada e
a formulação de diretrizes para orientação ade- transparente, visando identificar e corrigir desvios
quada, mediante o estabelecimento de normas e capazes de afetar as contas públicas e primando
procedimentos que assegurem consistência e pa- pelo equilíbrio entre receitas e despesas de forma
dronização das informações produzidas pelas uni- a garantir o cumprimento da meta de superávit
dades gestoras”. primário estabelecido na Lei de Diretrizes Orça-
- Sistema Federal de Controle Interno, administrado mentárias.
pela Secretaria Federal de Controle (SFC) – com-
preende o conjunto das atividades relacionadas à Plano plurianual
avaliação do cumprimento das metas previstas no
Plano Plurianual, da execução dos programas de No Brasil, o Orçamento é definido na Constituição
governo e dos orçamentos da União e à avaliação Federal de 1988 do Brasil e se dá através de três instru-
da gestão dos administradores públicos federais, mentos: o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Or-
bem como o controle das operações de crédito, çamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA.
avais, garantias, direitos e haveres da União. A SFC Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabe-
reporta-se ao presidente da República. Além desta lecerão:
secretaria, a União também conta com o Tribunal I - o plano plurianual;
de Contas da União (TCU), instituição de auditoria II - as diretrizes orçamentárias;
externa que se reporta ao Congresso Nacional. III - os orçamentos anuais.

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Nesse mesmo artigo, no § 7º, temos que os orça- - Fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legis-
mentos previstos no § 5º, I e II,( I - o orçamento fiscal lativo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe
referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e sobre os gastos com pessoal.
entidades da administração direta e indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II Um dos objetivos constitucionais da LDO é o de apre-
- o orçamento de investimento das empresas em que a sentar metas e prioridades da administração pública fe-
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do ca- deral para o exercício financeiro subseqüente, de acordo
pital social com direito a voto;) deste artigo, compatibi- com as orientações do PPA.
lizados com o plano plurianual, terão entre suas funções Com o advento da Lei Complementar nº 101, de 4 de
a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo cri- maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF), a
tério populacional. LDO recebeu novas atribuições, tendi sido integrados à
ela o Anexo de Metas Fiscais, que contém os valores dos
O plano plurianual – PPA é instrumento de planeja- resultados fiscais e o montante da dívida pública, entre
mento de médio prazo, que estabelece as diretrizes, ob- outras informações; o Anexo de Riscos Fiscais, que apre-
jetivos e metas do governo para os projetos e programas senta a avaliação de possíveis dívidas (passivos contin-
de longa duração, para um período de quatro anos. Ne- gentes) que poderão afetar as contas públicas
nhuma obra de grande vulto ou cuja execução ultrapasse A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO di-
um exercício financeiro pode ser iniciada sem prévia in- versos outros temas, como política fiscal, contingencia-
clusão no plano plurianual. mento dos gastos, transferências de recursos para enti-
dades públicas e privadas e política monetária.
O PLANO PLURIANUAL, com vigência de quatro anos 01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é ela-
(do segundo ano de um mandato até o final do primeiro borado pela Secretaria de Orçamento Federal e en-
ano do mandato seguinte), tem como função estabelecer caminhado ao Congresso Nacional pelo Presidente
as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da admi- da República, que possui exclusividade na iniciativa
nistração pública. das leis orçamentárias.
A regulamentação do PPA no art. 165 da Constituição Composto pelo texto da lei e diversos anexos, o pro-
representa peça fundamental da Gestão e a partir da vi- jeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso Nacio-
gência da LRF, toda despesa deve estar contemplada no nal até 15 de abril de cada ano.
PPA, caso contrário será despesa não autorizada. Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a
O PPA deverá ser elaborado no primeiro ano de go- tramitação legislativa, observadas as normas constantes
verno e encaminhado até 31 de agosto, contemplando da Resolução nº. 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é
as ações governamentais, desdobradas em programas e publicado e encaminhado à Comissão Mista de Planos,
metas. Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO.
Com a adoção deste plano, tornou-se obrigatório o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Governo planejar todas as suas ações e também seu or- 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado
çamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas, para ser o relator do projeto de diretrizes orçamen-
somente devendo efetuar investimentos em programas tárias (PLDO) deve, primeiramente, elaborar Rela-
estratégicos previstos na redação do PPA para o período tório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado
vigente. Conforme a Constituição, também é sugerido pela CMO, passa a denominar-se Parecer Prelimi-
que a iniciativa privada volte suas ações de desenvolvi- nar. Esse parecer estabelece regras e parâmetros a
mento para as áreas abordadas pelo plano vigente.1 serem observados quando da análise e apreciação
do projeto, tais como:
Lei De Diretrizes Orçamentárias - LDO I) condições para o cancelamento de metas constan-
tes do projeto;
Art. 165, § 2º -  A lei de diretrizes orçamentárias II) critérios para o acolhimento de emendas; e
compreenderá as metas e prioridades da administra- III) disposições sobre apresentação e apreciação de
ção pública federal, incluindo as despesas de capital emendas individuais e coletivas.
para o exercício financeiro subsequente, orientará a
elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários
as alterações na legislação tributária e estabelecerá a econômico-fiscal e social, bem como os parâmetros ma-
política de aplicação das agências financeiras oficiais croeconômicos utilizados na elaboração do projeto e as
de fomento. informações constantes de seus anexos, com o objetivo
de promover análises prévias ao conteúdo apresenta-
Memorize: LDO = do. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza
- Define as metas e prioridades do governo para o audiência pública com o Ministro do Planejamento, Or-
ano seguinte; çamento e Gestão, antes da apresentação do Relatório
- Orienta a elaboração da lei orçamentária anual; Preliminar.
- Dispõe sobre alterações na legislação tributária; Ao relatório preliminar podem ser apresentadas
- Estabelece a política das agências de desenvolvi- emendas por parlamentares e pelas Comissões Perma-
mento (Banco do Nordeste, Banco do Brasil, BN- nentes da Câmara e do Senado.
DES, Banco da Amazônia, etc.);
1 Texto adaptado de Silvia Rabello/Edmilson de Paula

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03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, ao Presidente do Senado os motivos do veto. A parte não
abre-se prazo para a apresentação de emendas ao vetada é publicada no Diário Oficial da União como lei. O
projeto de lei de diretrizes orçamentárias, com vis- veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional.2
tas a inserir, suprimir, substituir ou modificar dis-
positivos constantes do projeto. Lei Orçamentária Anual - LOA
Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado
Federal e da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual A LOA é elaborada anualmente pelo poder Executivo
do Congresso Nacional pode apresentar até cinco emen- em atendimento à Constituição Federal e a Lei Federal
das ao anexo de metas e prioridades. Não se incluem 4.320/64, que estabelece as normas gerais para elabora-
nesse limite as emendas ao texto do projeto de lei. Para ção, execução e controle orçamentário.
essa finalidade, as emendas são ilimitadas. A esfera orçamentária da LOA contém três orçamen-
As emendas são apresentadas perante a CMO, que tos, previstos na Constituição Federal: o orçamento fiscal,
sobre elas emite parecer conclusivo e final, que somente o orçamento da seguridade social (previdência, assistên-
poderá ser modificado mediante a aprovação de desta- cia e saúde) e o orçamento de investimentos das empre-
que no Plenário do Congresso Nacional. sas estatais;
• Orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e des-
04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de pesas, referentes aos Poderes do Estado, seus fun-
diretrizes orçamentárias e as emendas apresenta- dos, órgãos da administração direta, autarquias,
das, tendo como orientação as regras estabelecidas fundações instituídas e mantidas pelo Poder Pú-
no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório, as blico;
razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. • Orçamento de investimento das empresas em que
Deve também justificar quaisquer outras altera- o Estado, direta ou indiretamente, detenha a maio-
ções que tenham sido introduzidas no texto do ria do capital com direito a voto;
projeto de lei. O produto final desse trabalho, con- • Orçamento da seguridade social, abrangendo to-
tendo as alterações propostas ao texto do PLDO, dos os órgãos e entidades da administração direta
decorrentes das emendas acolhidas pelo relator e ou autárquica, bem como os fundos e fundações
das por ele apresentadas, constitui a proposta de instituídas pelo Poder Público, vinculados à saúde,
substitutivo. O relatório e a proposta de substitu- previdência e assistência social.
tivo são discutidos e votados no Plenário da CMO,
sendo necessário para aprová-los a manifestação Sua elaboração permite concretizar o planejamento
favorável da maioria dos membros de cada uma apresentado no PPA e, conforme prevê a LDO, estabe-
das Casas, que integram a CMO. lece a programação das ações a serem executadas para
A Constituição Federal não estabelece prazo final alcançar os objetivos determinados e que terão seu cum-
para a aprovação do projeto de lei de diretrizes orça- primento durante o exercício financeiro.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


mentárias. No entanto, determina que o Congresso Na- Conforme determina a Constituição, o Governo é
cional não tenha direito a recesso a partir de 17 de julho obrigado a encaminhar o Projeto de Lei Orçamentária
enquanto o PLDO não for aprovado. Anual ao Congresso nacional até o dia 31 de agosto de
O relatório aprovado em definitivo pela Comissão cada ano (4 meses antes do encerramento da sessão le-
constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à gislativa).
Secretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para A Constituição determina que o Orçamento deva ser
ser submetido à deliberação das duas Casas, em sessão votado e aprovado até o final de cada legislatura. Depois
conjunta. de aprovado, o projeto é sancionado e publicado pelo
Presidente da República, transformando-se na Lei Orça-
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer mentária Anual.
da CMO é submetido à discussão e votação no Constitui matéria exclusiva da lei orçamentária a pre-
Plenário do Congresso Nacional. Os Congressistas visão da receita e a fixação da despesa, podendo conter,
podem solicitar destaque para a votação em sepa- ainda segundo a norma constitucional:
rado de emendas, com o objetivo de modificar os • Autorização para abertura de créditos suplemen-
pareceres aprovados na CMO. Esse requerimento tares;
deve ser assinado por um décimo dos congressis- • Autorização para contratação de operações de cré-
tas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional dito, inclusive por antecipação de receita orçamen-
até o dia anterior ao estabelecido para discussão tária (ARO) na forma da lei.
da matéria no Plenário do Congresso Nacional.
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO Os orçamentos fiscais e de investimentos serão com-
para a redação final. Recebe o nome de Autógrafo o patibilizados com o PPA; terão a função de reduzir as
texto do projeto ou do substitutivo aprovado definitiva- desigualdades inter-regionais, segundo critérios de po-
mente em sua redação final assinado pelo Presidente do pulação e renda per capita.
Congresso, que será enviado à Casa Civil da Presidência As emendas ao projeto de LOA ou aos projetos que o
da República para sanção. modifiquem terão que ser compatíveis com o PPA e com
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, a LDO, para serem aprovadas.
total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, con-
tados da data do recebimento. Nesse caso, comunicará
2 Texto adaptado de www.senado.gov.br

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O prazo para envio do projeto da LOA ao Poder Legis- 4. Controle e Avaliação
lativo é até 31 de agosto.
No prazo de trinta dias após o encerramento de cada O controle se inicia junto com a execução do orça-
bimestre, o Poder Executivo publicará relatório resumido mento, uma vez que o próprio Governo, através dos seus
da execução orçamentária. órgãos de controle interno ou de controle externo, ini-
ciam a fiscalização sobre os gestores públicos, com rela-
Ciclo do Orçamento Anual ção à legalidade dos procedimentos executados.
No tocante à avaliação, trata-se de preocupação es-
Uma vez que a cada exercício será preciso uma nova pecífica com os resultados efetivos dos programas rea-
Lei Orçamentária Anual, verifica-se que o processo or- lizados durante o ano, em termos de benefícios gerados
çamentário se dá na forma de um verdadeiro ciclo, com para a população.
quatro fases bem distintas:
Estrutura programática
1. Elaboração da Proposta Orçamentária
Através da classificação funcional programática o sis-
Trata-se do momento em que cada um dos diversos tema orçamentário teve um grande avanço.
órgãos e entidades que compõem a Administração Pú- Essa classificação permite vincular as dotações orça-
blica faz o levantamento das suas necessidades de e cur- mentárias aos objetivos de governo e, estes, por sua vez,
sos para o exercício seguinte, levando em consideração são viabilizados pelos Programas de Governo.
os programas do Governo e os objetivos de desenvolvi- Como já vimos acima, quando falamos sobre as técni-
mento econômico e social do país. cas orçamentárias, esse enfoque permite uma visão de “o
que o governo faz”, o que tem um significado bastante
O órgão central de planejamento recebe todas estas diferenciado do enfoque tradicional, que visualiza “o que
demandas e as consolida num único documento, com- o governo compra”.
patibilizando-o com a estimativa das receitas esperadas No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado
para o próximo ano. em diversas categorias programáticas, ou níveis de pro-
Em seguida, redistribui a previsão de gastos de acor- gramação, que representam objetivos da ação governa-
do com os parâmetros macroeconômicos, estabelecendo mental em diversos níveis decisórios. Assim, a classifica-
as quotas finais de recursos para cada órgão. ção funcional programática apresenta:
Finalmente, é produzido o texto do projeto da Lei
Orçamentária Anual, juntamente com os diversos anexos - Função
que irão detalhar todas as receitas e despesas, de acordo Representando o maior nível de agregação das diver-
com classificação orçamentária própria. sas áreas de despesa que competem ao setor público.
O projeto da LOA é então remetido ao Poder Legisla-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

tivo, junto com mensagem do chefe do Poder Executivo, - Subfunção


para aprovação. A subfunção representa uma partição da função, vi-
sando agregar determinado subconjunto de despesas do
2. Discussão e Aprovação da Lei Orçamentária setor público. Na nova classificação a subfunção iden-
tifica a natureza básica das ações que se aglutinam em
Ao chegar no Poder Legislativo, o projeto da LOA torno das funções.
será apreciado pelos congressistas, que poderão propor
emendas ao texto inicial, dando origem a um texto subs- Como acima colocado, os programas deixam de ter o
titutivo. caráter de classificador e cada nível de governo passará a
O projeto da LOA cumprirá um rito semelhante ao das ter a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus
demais leis que tramitam pelo Congresso Nacional, sen- problemas, e originária do processo de planejamento
do exigido apenas maioria simples para sua aprovação. desenvolvido durante a formulação do Plano Plurianual –
Após a devida aprovação da LOA, com ou sem emen- PPA, ora em fase de elaboração.
das, o Poder Legislativo devolve para o Poder Executivo, Haverá convergência entre as estruturas do plano
para sanção ou veto. plurianual e do orçamento anual a partir do programa,
Sendo sancionada pelo Presidente da República, a “módulo” comum integrador do PPA com o Orçamento.
LOA agora será promulgada, e com sua publicação no Em termos de estruturação, o plano termina no progra-
Diário Oficial da União, estará produzindo os seus devi- ma e o orçamento começa no programa, o que confere a
dos efeitos legais. esses documentos uma integração desde a origem, sem
a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibili-
3. Execução Orçamentária zação entre módulos diversificados. O programa, como
único módulo integrador, e os projetos e as atividades,
Esta fase transcorre durante todo o exercício finan- como instrumento de realização dos programas.
ceiro, pois consiste na efetiva arrecadação, por parte do Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo,
Governo, das diversas receitas previstas, bem como a indicador que quantifique a situação que o programa te-
realização das despesas programadas para o período. nha por fim modificar e os produtos (bens e serviços)
necessários para atingir o objetivo. Os produtos dos pro-
gramas darão origem aos projetos e atividades. A cada

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projeto ou atividade só poderá estar associado um pro- de políticas públicas, não são passíveis de apropriação a
duto, que, quantificado por sua unidade de medida, dará esses programas. Seus objetivos são, portanto, os de pro-
origem à meta. ver os órgãos da União dos meios administrativos para a
Os programas serão compostos por atividades, proje- implementação e gestão de seus programas finalísticos.
tos e uma nova categoria de programação denominada
operações especiais. Essas últimas poderão fazer parte Ações
dos programas quando entendido que efetivamente
contribuem para a consecução de seus objetivos. Quan- Nas leis orçamentárias e nos balanços, as ações serão
do não, as operações especiais não se vincularão a pro- identificadas em termos de funções, subfunções, progra-
gramas. mas, atividades, projetos e operações especiais.
A estruturação de programas e respectivos produ- São de três naturezas diferentes as ações de governo
tos, consubstanciados em projetos e em atividades, está que podem ser classificadas como categorias de progra-
sendo definida no atual momento, na etapa de validação mação orçamentária: atividade, projeto e operação es-
SOF/SPI e Setoriais, e seu resultado será disponibilizado pecial.
para que os órgãos setoriais e as unidades orçamentárias Os projetos e atividades são os instrumentos orça-
apresentem as suas propostas orçamentárias. mentários de viabilização dos programas. Estão assim
São quatro os tipos de programas previstos: conceituados:
Atividade: é um instrumento de programação para al-
- Programas Finalísticos cançar o objetivo de um programa, envolvendo um con-
São programas que resultam em bens e serviços ofer- junto de operações que se realizam de modo contínuo e
tados diretamente à sociedade. Seus atributos básicos permanente, das quais resulta um produto necessário à
são: denominação, objetivo, público-alvo, indicador(es), manutenção da ação de governo.
fórmulas de cálculo do índice, órgão(s), unidades orça- Projeto: é um instrumento de programação para al-
mentárias e unidade responsável pelo programa cançar o objetivo de um programa, envolvendo um con-
O indicador quantifica a situação que o programa te- junto de operações, que se realizam num período limita-
nha por fim modificar, de modo a explicitar o impacto do de tempo, das quais resulta um produto que concorre
das ações sobre o público alvo. para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de go-
verno.
- Programas de Gestão de Políticas Públicas Operação Especial: são ações que não contribuem
Os programas de gestão de políticas públicas assu- para a manutenção das ações de governo, das quais não
mirão denominação específica de acordo com a missão resulta um produto e não geram contraprestação direta
institucional de cada órgão. Portanto, haverá apenas um sob a forma de bens ou serviços. Representam, basica-
programa dessa natureza por órgão. Exemplo: “Gestão mente, o detalhamento da função “Encargos Especiais”.
da Política de Saúde”. Porém um grupo importante de ações com a natureza

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, de operações especiais quando associadas a programas
órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável finalísticos podem apresentar produtos associados.
pelo programa São despesas passíveis de enquadramento nesta
Na Presidência da República e nos Ministérios que ação: amortizações e encargos, aquisição de títulos, pa-
constituam órgãos centrais de sistemas (Orçamento e gamento de sentenças judiciais, transferências a qual-
Gestão, Fazenda), poderá haver mais de um programa quer título (não confundir com descentralização), fundos
desse tipo. de participação, operações de financiamento (concessão
Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abran- de empréstimos), ressarcimentos de toda a ordem, inde-
gem as ações de gestão de Governo e serão compostos nizações, pagamento de inativos, participações acioná-
de atividades de planejamento, orçamento, controle in- rias, contribuição a organismos nacionais e internacio-
terno, sistemas de informação e diagnóstico de supor- nais, compensações financeiras.
te à formulação, coordenação, supervisão, avaliação e Com exceção do pagamento de inativos, que integra
divulgação de políticas públicas. As atividades deverão uma função específica, as demais operações serão classi-
assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial. ficadas na função “encargos especiais”.

- Programas de Serviços ao Estado Localização de Gasto


Programas de Serviços ao Estado são os que resultam
em bens e serviços ofertados diretamente ao Estado, por As atividades, projetos e operações especiais serão
instituições criadas para esse fim específico. Seus atribu- detalhados em subtítulos e desdobradas para especificar
tos básicos são: denominação, objetivo, indicador(es), a localização geográfica integral ou parcial das respecti-
órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável vas atividades, projetos e operações especiais, não po-
pelo programa. dendo haver, por conseguinte, alteração da finalidade e
da denominação do produto.
- Programa de Apoio Administrativo A localização do gasto é o menor nível de detalha-
O programa de Apoio Administrativo corresponde ao mento na lei, e na fase da elaboração, é onde o órgão
conjunto de despesas de natureza tipicamente adminis- setorial apropria o valor financeiro da sua proposta or-
trativa e outras que, embora colaborem para a consecu- çamentária.
ção dos objetivos dos programas finalísticos e de gestão

13
O somatório das quantidades das metas regionalizadas constituirá a meta consolidada da atividade ou projeto, e
o somatório dos seus valores será o valor consolidado da atividade ou projeto, no programa de trabalho da Unidade
Orçamentária na Lei Orçamentária Anual.
A regionalização é um detalhamento baseado no código do IBGE, dispondo de um campo para a indicação da Re-
gião, Estado e Município. Não havendo regionalização, a ação será nacional., tendo o detalhamento correspondente
replicado no subtítulo.3

Créditos Orçamentários.

Expressão utilizada para designar o montante de recursos disponíveis numa dotação orçamentária seja ela con-
signada na Lei Orçamentária ou num crédito adicional, para aplicação por uma unidade orçamentária na finalidade e
natureza das despesas indicadas através das respectivas classificações.
O crédito orçamentário é portador de uma dotação, e essa representa a quantia monetária que limita o recurso
financeiro autorizado.
Desse modo, em virtude do princípio da eficiência, que orienta toda a atividade estatal, inclusive a financeira, pode
haver gastos menores, assim como, dentro da discricionariedade e normatividade mínima do orçamento, fatores de-
vidamente motivados podem levar a gastos menores, isso porque, o gestor público precisa de alguma flexibilidade, já
que medeia prazo entre a elaboração e a execução do orçamento.
Pode-se constatar que despesas não são mais necessárias e mesmo o surgimento de situações imprevisíveis e ur-
gentes, de modo que os créditos orçamentários iniciais podem sofrer alterações qualitativa e quantitativa por meio de
créditos adicionais.
O orçamento anual é resultado de um processo de planejamento, sendo que, durante a execução da LOA é possível que
haja situações que não foram apontadas na fase de elaboração, o que leva a se criar mecanismos que retifiquem o orçamento.

CRÉDITOS ORDINÁRIO

- Aprovado pela lei orçamentária anual


-Consta dos orçamentos fiscal, da seguridade social e do investimento das empresas estatais.

CRÉDITOS ADICIONAIS

Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orça-
mentária Anual, visando atender:
- Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orçamentos;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

- Necessidade de atender a situações que não foram previstas, inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos.

Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedimentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para
corrigir ou amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária, por razões de fatos de ordem econômica
ou imprevisíveis. Os créditos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução.

Modalidades de Créditos Adicionais

3 Texto adaptado de Paulo de Matos F. Diniz

14
FIQUE ATENTO!
Há uma adoção de ponto de vista sobre a abertura dos Créditos Extraordinários que difere da acima
descrita que é embasada na Lei 4.320/64. Trata-se da orientação que se baseia no art. 62 da CF, onde, os
créditos extraordinários teriam sua abertura através de medida provisória quando se tratar da União ou
de entes que possuam previsão desse instrumento, já no caso dos demais entes que não possuam essa
previsão, será aberto por Decreto do Executivo.

Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais

Os recursos financeiros disponíveis para abertura de créditos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da
Lei n° 4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166 da Constituição Federal:
• O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior, sendo a diferença positiva entre
o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais reaberto sou
transferidos, no exercício da apuração, e as operações de créditos a eles vinculadas.
• O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arreca-
dação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. Do referido saldo será deduzida a
importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.
• A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais autorizados em lei, adicionando
àquelas consideradas insuficientes.
• Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingência, conceituada como a dotação global não destinada
especificamente a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e natureza da despesa;
• O produto das operações de crédito, desde que haja condições jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


• Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem
despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementa-
res, com prévia e específica autorização legislativa. (CF, art. 166, §8°).

O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua espécie e a classificação da despesa.4

SIDOR - Sistema Integrado de Dados Orçamentários


O Sidor é um sistema que tem como objetivo aprimorar o processo orçamentário federal. Seu principal produto é
o Projeto de Lei Orçamentária enviado, anualmente, ao Congresso Nacional para aprovação e consequente geração da
Lei Orçamentária Anual. 

FIQUE ATENTO!
Atualmente, o pelo Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo Federal (SIOP) substi-
tuiu o antigo SIDOR.

A titulo de esclarecimento e, como alguns editais ainda cobram conteúdo relacionado ao SIDOR, vamos a seguir
expor um pouco sobre cada um deles.
Tinha por objetivo estruturar, organizar e, visa também, ao processamento da elaboração da proposta e ao acom-
panhamento da execução orçamentária em terminais com acesso pela Internet.
Seu objetivo era fornecer suporte em nível de tecnologia da informação com o intuito de apoiar as diretrizes téc-
nicas, visando a concretização de um plano de desenvolvimento, de forma a dotar o processo orçamentário de uma
estrutura de processamento de dados consoante com as modernas ferramentas da tecnologia de informação, dentro
de um proposta de estrutura de dados e processos informatizados.

4 Texto adaptado de Daniel Giotti

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Em função da linguagem na qual era desenvolvida res de consulta que possibilitam, por meio de filtros de
sua plataforma, necessário se fez que um novo sistema pesquisa, recuperar informações pertinentes a cada um
fosse desenvolvido, com o objetivo de integrar os atuais dos pleitos cadastrados, durante a sua tramitação na Sof.
sistemas utilizados na elaboração e acompanhamento
do Plano Plurianual e do Orçamento da União, criando- Captação Qualitativa
-se então o SIOF.
Subsistema dedicado à coleta e tratamento das in-
O Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento formações qualitativas que integram o Plano Plurianual
(SIOP) é o resultado da iniciativa de integração dos e o Orçamento Anual. Tais informações são reunidas em
sistemas e processos de Planejamento e Orçamento cadastros de programas e ações.
Federais, otimizando procedimentos, reduzindo custos, Esfera - identificação da esfera à qual se relaciona a
integrando e oferecendo informações para o gestor pú- ação (fiscal, da seguridade social ou de investimentos das
blico e para os cidadãos. empresas estatais).
Com implementação gradual, além do SIDOR, outros Órgão responsável - órgão responsável pelo geren-
sistemas foram sendo substituídos, assim como SIGPLAN ciamento da ação.
e SIEST. Unidade orçamentária responsável - unidade orça-
Com o SIOP, os órgãos setoriais e as unidades orça- mentária responsável pelo gerenciamento da ação.
mentárias do Governo Federal passam a ter um único Função - identificação da função à qual está relacio-
sistema para alimentar o cadastro de programas e ações nada a ação.
utilizados no Plano Plurianual (PPA) e no Orçamento Ge- Subfunção - identificação da subfunção na qual está
ral da União. classificada a ação.
De acordo com o gerente responsável pela área de Título da ação - trata-se do nome da ação, ou a for-
Tecnologia da Informação da SOF, Sandro Araújo, os ma pela qual a ação será identificada pela sociedade.
usuários passarão a ter, com o novo sistema, maior agili- Tipo de ação - uma ação pode ser:
dade e qualidade no processo de captação da proposta - Orçamentária: ação que demanda recursos orça-
orçamentária, substituindo o preenchimento de formulá- mentários, subdividindo-se em: projeto (conjunto
rios, que até o ano passado era feito manualmente. de operações, limitadas no tempo, das quais re-
sulta um produto que concorre para a expansão
A seguir trataremos dos principais subsistemas exis- ou aperfeiçoamento da ação do governo); ativi-
tentes no SIOP: dade (conjunto de operações que se realizam de
modo contínuo e permanente, das quais resulta
Subsistema Receita um produto necessário à manutenção da ação
de governo); e operação especial (despesas que
Utilizado para a captação, acompanhamento e pro- não contribuem para a manutenção, expansão ou
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

jeção das receitas orçamentárias. Tal sistemática permite aperfeiçoamento das ações do governo federal).
a captação das informações registradas no Sistema Inte- - Outras fontes: ações que não demandam recursos
grado de Administração Financeira (Siafi), bem como a orçamentários da União, que podem representar:
realização de estimativas de todas as receitas orçamen- financiamentos (contratações de financiamentos
tárias, que irão compor a Lei de Diretrizes Orçamentárias nas operações de crédito para a produção, custeio,
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Tais projeções investimento ou comercialização); parcerias (re-
são realizadas tomando por base modelos de projeções cursos próprios aplicados por parceiros - estados,
específicos para cada natureza de receita que, basica- municípios, setor privado ou terceiro setor); Plano
mente, utilizam parâmetros de efeito preço e quantida- de Dispêndio das Estatais (iniciativas executadas
de, uma série histórica e informações sobre alterações na pelas empresas estatais independentes); renúncia
legislação pertinente. fiscal (estímulo das atividades econômicas ou so-
ciais, mediante redução de alíquotas ou isenção de
Subsistema de Pleitos impostos e taxas); e
- Outras iniciativas e diretrizes (agregam a formula-
Aplicativo subsidiário para avaliar pressões sobre o ção de políticas, instrumentos normativos, estudos,
orçamento futuro, além de funcionar como um instru- ou demais iniciativas).
mento gerencial destinado ao controle da tramitação e
análise dos pedidos de créditos encaminhados à Sof para Origem - identifica a origem da iniciativa de criação
análise, permitindo identificar, a qualquer momento, sua da ação: créditos, emenda parlamentar, LOA, PLOA ou
evolução e respectivo estágio de andamento. São objeto PPA.
de acompanhamento principalmente as solicitações de Base legal - instrumentos normativos que dão res-
alterações orçamentárias, mas também as solicitações paldo à ação.
de informação ou de providências dirigidas à Sof, que Finalidade - expressa o objetivo a ser alcançado pela
exigem o conhecimento ou decisão do secretário e/ou ação, ou seja, o porquê do desenvolvimento dessa ação.
dos secretários-adjuntos. O subsistema opera funções Descrição - expressa, de forma sucinta, o que é efe-
de registro de dados cadastrais dos pleitos/solicitações, tivamente feito no âmbito da ação, seu escopo e delimi-
a anotação sistemática das análises e proposições reali- tações.
zadas em nível técnico, enfatizando aspectos facilitado- Produto - bem ou serviço que resulta da ação.

16
Especificação do produto - expressa as característi- Captação Quantitativa
cas do produto acabado visando sua melhor identifica-
ção. Destinado ao registro e detalhamento financeiro e fí-
Unidade de medida - identifica a forma para mensu- sico das programações (ações e subtítulos) que irão com-
rar a produção do bem ou serviço. por a proposta orçamentária anual. Trata-se do momen-
Forma de implementação da ação - indica a forma to da apresentação das propostas orçamentárias (metas
de execução da ação. As ações podem ter as seguintes financeiras e físicas) pelos órgãos e unidades orçamentá-
formas de implementação: rias que compõem os orçamentos fiscal e da seguridade
- Descentralizada: ações executadas por outro ente social, após a definição da estrutura programática para o
da Federação, com recursos repassados pela União; exercício definida no subsistema de captação qualitativa.
- Transferência, que se subdivide em: Obrigatória:
identifica as transferências, em razão constitucio- Subsistema de Alterações Orçamentárias
nal ou legal, aos estados, Distrito Federal e mu-
nicípios, e Outras: identifica as transferências de Aplicativo destinado ao registro de solicitações de al-
recursos a entidades privadas sem fins lucrativos; e terações orçamentárias. O subsistema norteia-se por dis-
- Linha de crédito: ação realizada mediante emprés- posições expressas na LDO, LOA e portarias de crédito,
timo. estas últimas editadas pela Sof.
Nos dois primeiros instrumentos são fornecidos crité-
Detalhamento da implementação: expressa o rios mais gerais para essas alterações. Nas portarias são
modo como a ação será executada, podendo conter da- fornecidos os critérios técnicos, operacionais e prazos
dos técnicos e detalhes sobre os procedimentos que fa- para tais mudanças.
zem parte da execução. As solicitações são usualmente iniciadas nas Unida-
Data de início - informação restrita aos projetos que des Orçamentárias, que, por sua vez, encaminham aos
identificam a data de início de sua implementação. Órgãos Setoriais e estes remetem à Sof. As alterações são
Data de término - informação restrita aos projetos agrupadas conforme critérios oriundos da LOA e LDO,
que identificam a data de término de sua implementa-
bem como os instrumentos legais que as concretizaram,
ção.
sejam decretos, projetos de lei, medidas provisórias etc.
Custo total estimado do projeto - identifica o custo
Além disso, o subsistema exige que seja fornecida, por
de referência do projeto, a preços correntes, desde o seu
parte do órgão solicitante, uma série de subsídios que
início até a sua conclusão.
possam justificar ou embasar as solicitações encaminha-
Duração do projeto - previsão de duração do pro-
das. Algumas dessas informações deverão ser encami-
jeto.
nhadas até o Congresso Nacional.5
Repercussão financeira do projeto sobre o custeio
da União - indica o impacto (estimativa de custo anual)
sobre as despesas de operação e manutenção do investi- RECEITA PÚBLICA

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


mento após o término do projeto e em quais ações esse
aumento ou decréscimo de custos ocorrerá. No contexto orçamentário, receita pública é todo o re-
Etapas - campo específico de projetos, identificando cebimento ou ingresso de recursos arrecadados pela enti-
o seu desenvolvimento ao longo do tempo com os res- dade com o fim de ser aplicado em gastos operacionais e
pectivos valores. de administração, ou seja, todo recurso obtido pelo Esta-
Meta física total: quantidade de produto a ser ofer- do para atender as despesas públicas. (Jund/2008)
tado, por ação, num determinado período. Não importa se derivam de atividade impositiva do
Forma de acompanhamento da ação - indica a exis- Estado ou através de contratos firmados pela administra-
tência de acompanhamento físico e/ou financeiro e deta- ção, com caráter de bilateralidade.
lha o tipo e a periodicidade do mesmo. Uns e outros devem ser tidos como receitas públicas,
Sazonalidades - Identifica fatores (internos e/ou ex- cujo estudo amplo, pertence ao campo do Direito Finan-
ternos) que podem influenciar de algum modo a execu- ceiro, e mais remotamente, ao da Ciência das Finanças.
ção da ação. Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos co-
Insumos - relaciona os insumos que são demanda- fres públicos, mesmo sujeito à restituição.
dos para a implementação da ação. A noção compreende as importâncias e valores reali-
Localizador de gasto - localização geográfica da im- zados a qualquer título. Assim, os tributos (impostos, ta-
plementação da ação. xas, e contribuição de melhoria) e as rendas da atividade
econômica do Estado (preços), não restituíveis, são in-
Controle e Acompanhamento dos Limites gressos ou entradas. À semelhança, as fianças, cauções,
empréstimos públicos, posto que restituíveis.
Subsistema destinado ao acompanhamento e contro- Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não
le dos limites da proposta orçamentária anual, seja pela sujeita a restituição, ou, por outra, a importância que in-
Sof ou pelos órgãos setoriais. Tal subsistema registra os tegra o patrimônio do Estado em caráter definitivo.
limites que são divulgados pela Sof, bem como a evo- Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entra-
lução dos lançamentos feitos pelos órgãos setoriais e da que, integrando-se no patrimônio público sem quais-
unidades orçamentárias. Permite também o estabeleci- quer reservas, condições ou correspondência no passivo
mento de limites internos dos órgãos para suas unidades vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo.
orçamentárias.
5 Fonte: www.repositorio.enap.gov.br

17
Vale destacar, portanto, esses aspectos: c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X
1. Receita para a contabilidade pública, para fins Não efetivas
de registro das transações, ocorre quando há in- Receitas Públicas Efetivas são aquelas em que os in-
gresso de recurso financeiro, qualquer que seja; gressos de disponibilidades de recursos não foram pre-
2. Receita sob enfoque Patrimonial, ou seja, para cedidos de registro de reconhecimento do direito e não
fins de análise e estudo do patrimônio, ocorre constituem obrigações correspondentes: Por isso, au-
quando o fato administrativo provoca acréscimo mentam a situação liquida do patrimônio financeiro e a
de valor no patrimônio líquido, excluídos os que situação líquida patrimonial. Exemplos: Receita Tributária,
sejam provenientes de aporte dos proprietários da Receita Patrimonial, Receita de Serviços, etc.
entidade;
3. Receita pelo enfoque Orçamentário, ou seja, Receitas Públicas Não efetivas são aquelas em que
para fins de controle e execução do orçamento os ingressos de disponibilidades de recursos foram pre-
público, são todos os ingressos disponíveis para cedidos de registro de reconhecimento do direito. Por
cobertura das despesas orçamentárias e operações isso, aumentam a situação líquida do patrimônio finan-
que, mesmo não havendo ingresso de recursos, fi- ceiro, mas não altera a situação líquida patrimonial. São
nanciam despesas orçamentárias. exemplos: Alienação de bens; Operações de crédito;
Amortização de empréstimo concedido; Cobrança de dí-
Classificação das Receitas Públicas vida ativa.

a) Quanto à Origem: Originárias X Derivadas d) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraor-


Receitas Originárias são aquelas provenientes da dinárias
exploração do patrimônio da pessoa jurídica de direito Receitas Ordinárias são aquelas que representam
público, ou seja, o Estado coloca parte do seu patrimônio certa regularidade na sua arrecadação, sendo norma-
a disposição de pessoas físicas ou jurídicas, que poderão tizadas pela Constituição ou por leis específicas. Exem-
se beneficiar de bens ou de serviços, mediante pagamen- plos:  Arrecadação de Impostos (Federais, Estaduais ou
to de um preço estipulado. Municipais), Transferências do Fundo de Participação dos
Elas independem de autorização legal e pode ocorrer Estados e do Distrito Federal, do Fundo de Participação
a qualquer momento, e são oriundas da exploração do dos Municípios, Cota parte do ICMS destinado aos Mu-
patrimônio mobiliário ou imobiliário, ou do exercício de nicípios, etc.
atividade econômica, industrial, comercial ou de serviços,
pelo Estado ou suas entidades. Exemplos: Rendas obtidas Receitas Extraordinárias são aquelas inconstantes,
sobre os bens sujeitos à sua propriedade (aluguéis, divi- esporádicas, às vezes excepcionais, e que, por isso, não
dendos, aplicações financeiras). se renovam de ano a ano na peça orçamentária. Como
exemplo mais típico, costuma-se citar o imposto extraor-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Receitas Derivadas são aquelas cobradas pelo Esta- dinário, previsto no art. 76 do Código Tributário Nacional,
do, por força do seu poder de império, sobre as rela- e decretado, em circunstâncias anormais, nos casos de
ções econômicas praticadas pelos particulares, pessoas guerra ou sua iminência. As receitas patrimoniais devem,
físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens. Na atualidade, também, ser consideradas como extraordinárias, sob o
constitui-se na instituição de tributos, que serão exigidos aspecto orçamentário.
da população, para financiar os gastos da administração
pública em geral, ou para o custeio de serviços públicos e) Quanto à forma de sua realização: Receitas Pró-
específicos prestados ou colocados a disposição da co- prias, de Transferência se de Financiamentos.
munidade. Exemplos: Taxas, Impostos e Contribuições de Receitas Próprias se dão quando seu ingresso é pro-
Melhoria. movido pela própria entidade, diretamente, ou através
de agentes arrecadadores autorizados. Exemplo: tribu-
b) Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X tos, aluguéis, rendimento de aplicações financeiras, mul-
Receitas Extra Orçamentárias tas e juros de mora, alienação de bens, etc.
Receitas Orçamentárias são todos os ingressos fi-
nanceiros de caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Transferências se dão quando a sua arrecadação se
Público. A receita orçamentária se subdivide ainda nas processa através de outras entidades, em virtude de dis-
seguintes categorias econômicas: receitas correntes e re- positivos constitucionais e/ou legais, ou ainda, mediante
ceitas de capital. celebração de acordos e/ou convênios. Exemplo: cota
parte de Tributos Federais aos Estados e Municípios (FPE
Receita Extra Orçamentária correspondem aos va- e FPM), Cota parte de Tributos Estaduais aos Municípios
lores provenientes de toda e qualquer arrecadação que (ICMS e IPV A), convênios, etc.
não figurem no orçamento público e, consequentemen- Financiamentos são as operações de crédito realiza-
te, que não lhe pertencem. O Governo fica como mero das com destinação específica, vinculadas à comprova-
depositário dos valores recebidos. Exemplos: Depósitos ção da aplicação dos recursos. São exemplos os financia-
recebidos, Cauções em dinheiro recebidas, Consignações mentos para implantação de parques industriais, aquisi-
retidas a pagar, etc. ção de bens de consumo durável, obras de saneamento
básico, etc.

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f) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Cor- Estágios ou Fases da Receita Pública
rentes X Receitas de Capital
A realização da receita pública se dá mediante uma
Receitas Correntes sequencia de atividades, cujo resultado é o recebimento
de recursos financeiros pelos cofres públicos. Os estágios
São destinadas a financiar as Despesas Correntes. são os seguintes:
Classificam-se em:
Receitas Tributárias que são provenientes da co- a) Previsão
brança de impostos, taxas e contribuições de melhoria. Compreende a estimativa das receitas para compor
Receitas de Contribuições que são provenientes da a proposta orçamentária e aprovação do orçamento pú-
arrecadação de contribuições sociais e econômicas; por blico pelo legislativo, transformando-o em Lei Orçamen-
exemplo: contribuições para o PIS/PASEP, contribuições tária.
para fundo de saúde de servidores públicos, etc. Na previsão de receita devem ser observadas as nor-
Receita Patrimonial são proveniente do resultado mas técnicas e legais, considerados os efeitos das alte-
financeiro da fruição do patrimônio, decorrente da pro- rações na legislação, da variação do índice de preços,
priedade de bens mobiliários ou imobiliários; por exem- do crescimento econômico ou de qualquer outro fator
plo: Aluguéis, dividendos, receita oriunda de aplicação relevante, sendo acompanhada de demonstrativo de sua
financeira, etc. evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois
Receita Agropecuária decorre da exploração das ati- seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da me-
vidades agropecuárias; por exemplo: receita da produção todologia de cálculo e premissas utilizadas, segundo dis-
vegetal, receita da produção animal e derivados. põe o art. 12 da LRF.
Receita Industrial obtida com atividades ligadas à
indústria de transformação. Exemplos: indústria editorial b) Lançamento (aplicável às receitas tributárias)
e gráfica, reciclagem de lixo, etc. É o ato da repartição competente que verifica a pro-
Receitas de Serviços são provenientes de atividades cedência do crédito fiscal, identifica a pessoa que é deve-
caracterizadas pela prestação se serviços por órgãos do dora e inscreve o débito desta.
Estado; por exemplo: serviços comerciais (compra e ven- Compreende os procedimentos determinação da ma-
da de mercadorias), etc. téria tributável, cálculo do imposto, identificação do su-
Transferências Correntes são recursos recebidos de jeito passivo e notificação.
outras pessoas de direito público ou privado, destinados As importâncias relativas a tributos, multas e outros
ao atendimento de despesas correntes. créditos da Fazenda Pública, lançadas mas não cobradas
Outras Receitas Correntes são o grupo que com- ou não recolhidas no exercício de origem, constituem Dí-
preende as Receitas de Multas e Juros de Mora, Indeni- vida Ativa a partir da sua inscrição pela repartição com-
zações e Restituições, Receita da Dívida Ativa, etc. petente.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Receitas de Capital c) Arrecadação
É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas
São aquelas provenientes de realização de recursos e demais créditos, sendo distinguida em;
oriundos da contratação de dívidas; da conversão em es- •Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou seus
pécie de bens (alienação de bens móveis e imóveis); dos servidores e;
recursos recebidos de outras pessoas de direito público •Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de
ou privados destinados a atender despesas classificáveis terceiros credenciados pelo Estado.
em Despesas de Capital. São destinadas ao atendimento Os agentes da arrecadação são devidamente autori-
das Despesas de Capital e classificam-se em: zados para receberem os recursos e entregarem ao
Operações de Crédito são os financiamentos obtidos Tesouro Público, sendo divididos em dois grupos:
dentro e fora do País; trata-se de recursos captados de •Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegacias,
terceiros para obras e serviços públicos. Exemplos: colo- postos fiscais, etc);
cação de títulos públicos, contratação de empréstimos e •Agentes privados (bancos autorizados).
financiamentos, etc.;
Alienação de Bens são receitas provenientes da ven- d) Recolhimento
da de bens móveis e imóveis; Consiste na entrega do numerário, pelos agentes ar-
Amortização de Empréstimos são receitas prove- recadadores, públicos ou privados, diretamente ao Te-
nientes do recebimento do principal mais correção mo- souro Público ou ao banco oficial.
netária, de empréstimos efetuados a terceiros;
O recolhimento de todas as receitas deve ser feito
Transferências de Capital são recursos recebidos de com a observância do princípio de unidade de tesouraria,
outras entidades; aplicação desses recursos deverá ser vedada qualquer fragmentação para a criação de caixas
em despesas de capital. O recebimento desses recursos especiais. (art.56 da Lei 4.320/64).
não gera nenhuma contraprestação direta em bens e ser- Os recursos de caixa do Tesouro Nacional serão man-
viços; tidos no Banco do Brasil S/A, somente sendo permitidos
Outras Receitas de Capital são as que envolvem as saques para o pagamento de despesas formalmente pro-
receitas de capital não classificáveis nas anteriores. cessadas e dentro dos limites estabelecidos na progra-

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mação financeira; A conta única do Tesouro Nacional é mantida no Banco Central, mas o agente financeiro é o Banco
do Brasil, que deve receber as importâncias provenientes da arrecadação de tributos ou rendas federais e realizar os
pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União.

Dívida Ativa

Dívida ativa corresponde a uma RECEITA, o que justifica ser chamada de ATIVA.
Representa um conjunto de créditos ou direitos de distintas naturezas em favor da Fazenda Pública, sendo que
esses créditos ou direitos possuem prazos estabelecidos na legislação pertinente e que, caso não sejam pagos ao ven-
cimento, terá sua cobrança realizada por meio de órgão ou unidade específica instituída em lei.
Sendo assim, a inscrição de créditos em Dívida Ativa representa um fato permutativo que resulta da transferência de
um valor não recebido no prazo estabelecido, representando um aumento da situação líquida patrimonial.

FIQUE ATENTO!
Para a Dívida Ativa ser considerada presume-se a legalidade ao crédito como dívida passível de cobrança e
a inscrição equivale a uma prova pré-constituída contra o devedor.
Outro aspecto relevante quanto à esse crédito é que, sendo ele passível de cobrança, essa gerará um cus-
to, que por vez gera uma despesa, PORÉM, essa despesa não transita pelas contas relativas à Dívida Ativa.

Essa inscrição poderá ser cancelada e esse cancelamento está relacionado ao raciocínio de extinção e consequente
diminuição na situação líquida patrimonial.
*** Outra forma de cancelamento da inscrição da dívida ativa pode ser percebida através de registros de abatimen-
tos, anistia e outros valores, DESDE QUE essa diminuição não seja decorrente do recebimento efetivo da dívida ativa.

Abaixo um quadro que demonstra alguns relevantes aspectos sobre a Dívida Ativa:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

FIQUE ATENTO!
Destacamos no quadro acima o aspecto da Divida Ativa ter natureza

- TRIBUTÁRIA – decorre da obrigação legal relativa a tributos e derivados desse.


- NÃO-TRIBUTÁRIA – abaixo um quadro demonstrando sua decorrência:1
1 Texto adaptado de Erick Moura

DESPESA PÚBLICA

Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público a qualquer título,
a fim de saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à realização e ao funcionamento dos
serviços públicos. Nesse sentido, a despesa é parte do orçamento, ou seja, aquela em que se encontram classificadas
todas as autorizações para gastos com as várias atribuições e funções governamentais. Em outras palavras, as despesas
públicas formam o complexo da distribuição e emprego das receitas das receitas para custeio e investimento em dife-
rentes setores da administração governamental.

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Quanto à sua natureza, classificam-se em:
- Despesa Orçamentária: é aquela que depende de autorização legislativa para ser realizada e que não pode ser
efetivada sem a existência de crédito orçamentário que a corresponda suficientemente.
- Despesa Extra-orçamentária: trata-se dos pagamentos que não dependem de autorização legislativa, ou seja, não
integram o orçamento público. Correspondem à restituição ou entrega de valores arrecadados sob o titulo de
receita extra-orçamentária. Ex.: devolução de fianças e cauções; recolhimento de imposto de renda retido na
fonte, etc.

A despesa Orçamentária se divide ainda conforme figura abaixo:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

A despesa pública é executada em três estágios: empenho, liquidação e pagamento.

1º ESTÁGIO – EMPENHO DA DESPESA


- Ordinário – despesas normais
- Estimativa – despesas variáveis
- Global – despesas contratuais e sujeitas a parcelamentos

Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado
obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O empenho é prévio, ou seja, precede a
realização da despesa e está restrito ao limite de crédito orçamentário (art. 59). É vedada a realização da despesa sem
prévio empenho (art. 60). A formalização do empenho se dá com a emissão do pedido de empenho, pelos setores com-
petentes, e devidamente autorizados, no Módulo Financeiro. A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado pela Administração Pública de que a parcela referente
a seu contrato foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. Pode-se deduzir, portanto, que o orçamento

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é compromissado através do empenho. O empenho da O pagamento da despesa será efetuado por tesoura-
despesa é o instrumento de utilização de créditos orça- ria ou pagadoria regularmente instituído por estabeleci-
mentários. mentos bancários credenciados, ou em casos excepcio-
Entende-se por nota de empenho o documento uti- nais, por meio de adiantamento.
lizado para fins de registro da operação de empenho
de uma despesa. Para cada empenho será extraída uma
nota de empenho, que indicará o nome do credor (be- FIQUE ATENTO!
neficiário do empenho), a especificação e a importância
Não confundir ordem de pagamento com
da despesa.
ordem bancária. A ordem de pagamento
O empenho para compras, obras e serviços só pode
é despacho exarado pela autoridade com-
ser emitido após a conclusão da licitação, salvo nos casos
de dispensa ou inexigibilidade, desde que haja amparo petente, determinando que a despesa seja
legal na legislação que regulamenta as licitações (Lei nº paga. Ordem bancária é o documento emi-
8.666/93). As despesas só podem ser empenhadas até o tido através do Siaf, que transfere o recurso
limite dos créditos orçamentários iniciais e adicionais, e financeiro para a conta do credor.
de acordo com o cronograma de desembolso da unida- Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesou-
de gestora, devidamente aprovado. ro Nacional considera, durante o exercício
O empenho deverá ser anulado: financeiro, a despesa pela sua liquidação,
no decorrer do exercício: entretanto, para fins de encerramento do
– parcialmente, quando seu valor exceder o montante exercício financeiro, toda a despesa empe-
da despesa realizada; ou – totalmente, quando o nhada e não anulada até 31 de dezembro,
serviço contratado não tiver sido prestado, quando será considerada despesa nas demonstra-
o material encomendado não tiver sido entregue ções contábeis.
ou quando o empenho tiver sido emitido incorre-
tamente. O exame da despesa pública deve anteceder ao estu-
do da receita pública, pois não pode mais ser compreen-
no encerramento do exercício
dida apenas vinculada ao conceito econômico privado,
- quando o empenho referir-se a despesas não liqui-
isto é, de que a despesa deva ser realizada após o cálculo
dadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas con-
da receita, como ocorre normalmente com as empresas
dições previstas para a inscrição em restos a pagar.
particulares.
Aliás, hoje em dia, os particulares recorrem ao em-
O valor correspondente ao empenho anulado reverte
préstimo sempre que a receita se apresenta deficiente
ao crédito, tornando-se disponível para novo empenho
em relação à despesa.
ou descentralização, respeitado o regime de exercício.
O Estado tem como objetivo, no exercício de sua
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

2º ESTÁGIO – LIQUIDAÇÃO atividade financeira, a realização de seus fins, pelo que


A liquidação da despesa consiste na verificação do procura ajustar a receita à programação de sua política,
direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e ou seja, a despesa precede a esta. Tal ocorre porque o
documentos comprobatórios do respectivo crédito. Estado cuida primeiro de conhecer as necessidades pú-
A liquidação tem por fim apurar: blicas ditadas pelos reclamos da comunidade social, ao
- a origem e o objeto do que se deve pagar; contrário do que acontece com o particular, que regula
- a importância exata a ser paga e as suas despesas em face de sua receita.
- a quem se deve pagar a importância, para extinguir Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos
a obrigação de vista orçamentário e científico.
Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob
O estágio da liquidação da despesa envolve, portan- o enfoque orçamentário, é “a aplicação de certa quantia
to, todos os atos de verificação e conferência, desde a em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público
entrada do material ou a prestação do serviço até o re- competente, entro de uma autorização legislativa, para
conhecimento da despesa. execução de um fim a cargo do governo”.
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou Assim a despesa pública é a soma de gastos reali-
por serviços prestados terá por base: zados pelo Estado para a realização de obras e para a
- Contrato, ajuste ou acordo respectivo; prestação de serviços públicos.
- A nota de empenho; Por outro lado, há o entendimento que, por despesa
- Os comprovantes da entrega de material ou da pública deve-se entender a inversão ou distribuição de
prestação efetiva do serviço. riqueza que as entidades públicas realizam, objetivando
a produção dos serviços reclamados para satisfação das
3º ESTÁGIO – PAGAMENTO necessidades públicas e para fazer em face de outras
A ordem de pagamento é o despacho exarado pela exigências da vida pública, as quais não são chamadas
autoridade competente determinando que a despesa propriamente serviços.
seja paga.
A ordem de pagamento só poderá ser exarada em
documentos processados pelos serviços de contabilida-
de.

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Elementos da Despesa Pública Quanto à duração
a) Despesa ordinária, que visa a atender às neces-
Os elementos da despesa pública são os seguintes: sidades públicas estáveis, permanentes e perio-
a) De natureza econômica: o dispêndio, incidente dicamente previstas no orçamento, constituindo
em um gasto para os cofres do Estado e em con- mesmo uma rotina no serviço público, como, por
sumo para os beneficiados; a riqueza pública, bem exemplo, a despesa relativa ao pagamento do fun-
econômico, representada pelo acervo originário cionalismo público; 
das rendas do domínio privado do Estado e da ar- b) Despesa extraordinária, que objetiva satisfazer
recadação dos tributos;  necessidades públicas acidentais, imprevisíveis e,
b) De natureza jurídica: a autorização legal dada portanto, não constantes do orçamento, não apre-
pelo poder competente para a efetivação da des- sentando, por outro lado, regularidade em sua
pesa; verificação, e estão mencionadas na Constituição
c) De natureza política: a finalidade de satisfação da Federal (art. 167, §3º) como sendo as despesas de-
necessidade pública pelo Estado, o que é feita pelo correntes de guerra, comoção interna ou calami-
processo do serviço público, como medida de sua dade pública, que por serem urgentes e inadiáveis
política financeira. não podem esperar o processo prévio da autoriza-
ção legal;
É universal o princípio de que a escolha do objetivo c) Despesa especial, que tem por finalidade permitir o
da despesa pública envolve um ato político, referente à atendimento de necessidades públicas novas, sur-
determinação das necessidades públicas que deverão ser gidas no decorrer do exercício financeiro e, portan-
satisfeitas pelo processo do serviço público. to, após a aprovação do orçamento, embora não
apresentem as características de imprevisibilidade
Espécies de Despesa Pública e urgência; assim, dependem de prévia lei para a
sua efetivação, sendo de se citar, como exemplo,
Quanto à forma a despesa que o Estado é obrigado a fazer em de-
a) Despesa em espécie, que constitui hoje a forma corrência de sentença judicial;
usual de sua execução, embora, como já se disse
anteriormente, ainda existam alguns serviços pú- Quanto à importância de que se revestem
blicos que não são remunerados pelo Estado;  a) Despesa necessária é aquela intransferível em face
b) Despesa em natureza, forma que predominava da necessidade pública, sendo sua efetivação pro-
vocada pela coletividade; 
na antiguidade mas que hoje está praticamente
b) Despesa útil é aquela que, embora não seja recla-
abolida, embora ainda ocorra, como no caso de
mada pela coletividade e não vise a atender ne-
indenização pela desapropriação de imóvel rural
cessidades públicas prementes,é feita pelo Estado
mediante títulos da dívida pública com cláusula de
para produzir uma utilidade à comunidade social,

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


correção monetária (CF, art.184);2)
como as despesas de assistência social; portanto,
à luz deste critério, não se pode falar em despesa
Quanto ao aspecto econômico em geral
inútil, e mesmo as despesas de guerra podem pro-
a) Despesa real ou de serviço é a efetivamente reali- duzir uma utilidade, como a independência nacio-
zada pelo Estado em razão da utilização de bens e nal e a realização de unidade nacional, podendo,
serviços particulares na satisfação de necessidades inclusive; esta utilidade ser de caráter econômico,
públicas, havendo uma amputação desses bens pois o Estado quando evita ou limita uma invasão
ou serviços do setor privado em proveito do se- ao seu território, impede ou diminui um prejuízo
tor público; corresponde, pois, à vida dos serviços econômico.
públicos e à atividade das administrações, carac-
terizando-se pela contraprestação que é feita em Quanto aos efeitos econômicos
favor do Estado;  a) Despesa produtiva, que, além de satisfazer necessi-
b) Despesa de transferência, que é aquela que é efe- dades públicas, enriquece o patrimônio do Estado
tivada pelo Estado sem que receba diretamente ou aumenta a capacidade econômica do contri-
qualquer contraprestação a seu favor, tendo o pro- buinte, como as despesas referentes à construção
pósito meramente redistributivo, já que o dinheiro de portos, estradas de ferro, etc.; 
de uns se transfere para outros, como, por exem- b) Despesa improdutiva é aquela que não gera um
plo, no pagamento de pensões e de subvenções a benefício de ordem econômica em favor da cole-
atividades ou empresas privadas; tividade;

Quanto ao ambiente Quanto à mobilidade


a) Despesa interna é a feita para atender às neces- a) Despesa fixa é aquela que consta do orçamento e
sidades de ordem interna do país e se realiza em é obrigatória pela Constituição, não podendo ser
moeda nacional e dentro do território nacional;  alterada a não ser por uma lei anterior, e não pode
b) Despesa externa, que se realiza fora do país, em deixar de ser efetivada pelo Estado; 
moeda estrangeira e visa a liquidar dívidas exter- b) Despesa variável é aquela que não é obrigatória
nas; pela Constituição, sendo limitativa, isto é, o Po-
der Executivo fica obrigado a respeitar seu limite,

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mas não imperativa; daí o Estado ter a faculdade serviços, inclusive para contribuições e subvenções
de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios destinadas a atender à manifestação de outras en-
administrativo e de oportunidade, sendo de se ci- tidades de direito público ou privado, compreen-
tar, como exemplo, um auxílio pecuniário em favor dendo todos os gastos sem aplicação governa-
de uma instituição de caridade, não gerando, por mental direta dos recursos de produção nacional
outro lado, direito subjetivo em favor do benefi- de bens e serviços (art. 12, § 2º, Ebert. 13): Subven-
ciário; ções sociais - Subvenções econômicas – Inativos
– Pensionistas - Salário-família e Abono familiar
Quanto à competência - Juros da dívida pública - Contribuições de Pre-
a) Despesa federal, que visa a atender a fins e serviços vidência Social - Diversas transferências correntes.
da União Federal, em cujo orçamento está consig-
nada;  II) Despesas de capital são as que determinam uma
b) Despesa estadual, que objetiva atender a fins e ser- modificação do patrimônio público através de seu
viços do Estado, estando fixada em seu orçamento; crescimento, sendo, pois, economicamente produ-
c) Despesa municipal, que tem por finalidade atender tivas, e assim se dividem:
a fins e serviços do Município, sendo consignada a) Despesas de investimentos são as que não reve-
no orçamento municipal; lam fins reprodutivos (art. 12, § 42, e art. 13): Obras
públicas - Serviços em regime de programação
Quanto ao fim especial - Equipamentos e instalações - Material
a) Despesa de governo é a despesa pública própria e permanente - Participação em constituição ou au-
verdadeira, pois se destina à produção e à manu- mento de capital de empresas ou entidades indus-
tenção do serviço público, estando enquadrados triais ou agrícolas.
nesta categoria os gastos com os pagamentos dos b) Despesas de inversões financeiras são as que cor-
funcionários, militares, magistrados, etc., à aplica- respondem a aplicações feitas pelo Estado e sus-
ção de riquezas na realização de obras públicas e cetíveis de lhe produzir rendas (art. 12, § 5º, e art.
emprego de materiais de serviçoe à conservação 13): - Aquisição de imóveis - Participação em cons-
do domínio público; tituição ou aumento de capital de empresas ou
b) Despesa de exercício é a que se destina à obten- entidades comerciais ou financeiras - Aquisição de
ção e utilização da receita, como a despesa para títulos representativos de capital de empresas em
a administração do domínio fiscal (fiscalização de funcionamento - Constituição de fundos rotativos
terras, de bosques, das minas, manutenção de fá- - Concessão de empréstimos - Diversas inversões
bricas, etc.) e para a administração financeira (arre- financeiras.
cadação e fiscalização de receitas tributárias, servi- c) Despesas de transferências de capital são as que
ço de dívida pública, com o pagamento dos juros e correspondem a dotações para investimentos ou
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

amortização dos empréstimos contraídos). inversões financeiras a serem realizadas por outras
pessoas jurídicas de direito público ou de direito
Classificação Da Lei Nº 4.320/64 privado, independentemente de contraprestação
direta em bens ou serviços, constituindo essas
Finalmente, deve ser mencionada a classificação ado- transferências auxílios ou contribuições, segundo
tada pela Lei nº 4.320, de 17/03/64,que estatui normas derivem diretamente da lei de orçamento ou de lei
de direito financeiro para a elaboração e controle dos especial anterior, bem como dotações para amor-
orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e tização da dívida pública (art. 12, § 6º, e art. 13):
Distrito Federal, tendo a referida lei procedido à classifi-
cação com base nas diversas categorias econômicas da - Amortização da dívida pública
despesa pública: - Auxílios para obras públicas
- Auxílios para equipamentos e instalações
I) Despesas correntes são aquelas que não enri- - Auxílios para inversões financeiras
quecem o patrimônio público e são necessárias à - Outras contribuições.
execução dos serviços públicos e à vida do Estado,
sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais e Princípios da Legalidade da Despesa Pública
economicamente improdutivas:
a) Despesas de custeio são aquelas que são feitas ob- Noções Gerais
jetivando assegurar o funcionamento dos serviços
públicos, inclusive às destinadas a atender a obras A despesa pública somente pode ser realizada me-
de conservação e adaptação de bens imóveis, re- diante prévia autorização legal, conforme prescrevem os
cebendo o Estado, em contraprestação, bens e ser- arts. 165, § 8º, e 167, I, II, V, VI e VII da Constituição Fe-
viços (art. 12, §12, e art. 13): Pessoal civil - Pessoal deral.
militar - Material de consumo - Serviços de tercei- Tal regra aplica-se inclusive às despesas que são ob-
ros - Encargos diversos. jeto de créditos adicionais e visam a atender a necessi-
b) Despesas de transferências correntes são as que dades novas, não previstas (créditos especiais), ou insufi-
se limitam a criar rendimentos para os indivíduos, cientemente previstas no orçamento (créditos suplemen-
sem qualquer contraprestação direta em bens ou tares), em razão do disposto no art. 167, V, da CF.

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As Despesas Ordinárias Cada ente da federação deve regulamentar o seu re-
gime de adiantamento, observando as peculiaridades de
São aquelas que visam a atender a necessidades pú- seu sistema de controle interno, de forma a garantir a
blicas estáveis, permanentes, que têm um caráter de pe- correta aplicação do dinheiro público. Destacam-se algu-
riodicidade, e sejam previstas e autorizadas no orçamen- mas regras estabelecidas para esse regime: 
to, como o pagamento do funcionalismo público. a) O suprimento de fundos deve ser utilizado nos
seguintes casos:
Daí, se tais despesas não foram previstas, ou foram I. Para atender despesas eventuais, inclusive em via-
insuficientemente previstas, a sua execução dependerá gem e com serviços especiais, que exijam pronto
também da prévia autorização do Poder Legislativo. pagamento. 
Tal exigência justifica-se plenamente, pois caso o Po- II. Quando a despesa deva ser feita em caráter sigilo-
der Executivo pudesse livremente aumentar as despesas so, conforme se classificar em regulamento; e 
a votação do orçamento pelo Poder Legislativo não pas- III. Para atender despesas de pequeno vulto, assim
saria, segundo Gaston Jèze, de uma formalidade mera- entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não
mente ilusória. ultrapassar limite estabelecido em ato normativo
próprio. 
As Despesas Extraordinárias
b) Não se concederá suprimento de fundos: 
A exigência da prévia autorização legal não se aplica I. A responsável por dois suprimentos; 
a estas, porque sendo urgentes e imprevisíveis, não ad- II. A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou uti-
mitem delongas na sua satisfação, como as decorrentes lização do material a adquirir, salvo quando não
de calamidade pública, comoção interna e guerra externa houver na repartição outro servidor; 
(CF, art. 167, § 3º). III. A responsável por suprimento de fundos que, es-
Nestes casos, a autoridade realizará a despesa, ca- gotado o prazo, não tenha prestado contas de sua
bendo ao Poder Legislativo ratificá-la ou não (Lei nº aplicação; e 
4.320/64, art. 44). IV. A servidor declarado em alcance. 
Observe-se que a autoridade pública deve ter mui-
to cuidado na efetivação de tais despesas, uma vez que c) Prazo para prestação de contas
ficará sujeita a sanções, caso realize uma despesa consi- De acordo com o manual do SIAFI, no tópico 21121,
derando-a como extraordinária, sem que a necessidade que trata do SUPRIMENTO DE FUNDOS, temos
pública atendida se revista das características exigidas. que:
Como um corolário do princípio da legalidade da 11 – PRESTAÇÃO DE CONTAS
despesa pública, a autoridade somente pode efetivar a 11.1 - No ato em que autorizar a concessão de supri-
despesa se for competente para tal e se cinja ao limite e mento, a autoridade ordenadora fixará o prazo da
fim previstos na lei. prestação de contas, que deverá ser apresentada

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


dentro dos 30 (trinta) dias subsequentes do térmi-
SUPRIMENTO DE FUNDOS no do período de aplicação.
11.2 - Na prestação de contas, para a comprovação
 O suprimento de fundos é caracterizado por ser um das despesas realizadas, deverão ser observados
adiantamento de valores a um servidor para futura pres- os seguintes procedimentos:
tação de contas. Esse adiantamento constitui despesa 11.2.1 - O servidor que receber Suprimento de Fun-
orçamentária, ou seja, para conceder o recurso ao su- dos, na forma do subitem 11.1, é obrigado a pres-
prido é necessário percorrer os três estágios da despesa tar contas de sua aplicação, procedendo-se, auto-
orçamentária, com a finalidade de efetuar despesas que, maticamente, à tomada de contas se não o fizer
pela sua excepcionalidade, não possam se subordinar ao no prazo assinalado pelo Ordenador de Despesa,
processo normal de aplicação, isto é, não seja possível o sem prejuízo das providências administrativas para
empenho direto ao fornecedor ou prestador, na forma apuração das responsabilidades.
da Lei nº 4.320/64, precedido de licitação ou sua dispen- 11.2.2 - A importância aplicada até 31 de dezembro
sa, em conformidade com a Lei nº 8.666/93. será comprovada até 15 de janeiro do exercício se-
Esse adiantamento concedido a servidor é feito a critério guinte.
e sob a responsabilidade do Ordenador de Despesas, com 11.2.3 - No mês de dezembro prevalecerão os prazos
prazo certo para aplicação e comprovação dos gastos. para prestação de contas contidos nas Normas de
Os artigos 68 e 69 da Lei nº 4.320/1964 definem e Encerramento de Exercício, editadas anualmente.
estabelecem regras gerais de observância obrigató-
ria para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios RESTOS A PAGAR.
aplicáveis ao regime de adiantamento. Segundo a Lei nº
4.320/1964, não se pode efetuar adiantamento a servidor Conforme rege a Lei nº 4.320/64, a despesa pública
em alcance e nem a responsável por dois adiantamentos. na sua execução passa por três estágios: empenho, liqui-
Por servidor em alcance, entende-se aquele que não dação e pagamento.
efetuou, no prazo, a comprovação dos recursos recebi- No final do exercício, as despesas orçamentárias em-
dos ou que, caso tenha apresentado a prestação de con- penhadas e não pagas, ou seja, não cumpriu o terceiro
tas dos recursos, a mesma tenha sido impugnada total estágio da despesa publica, serão inscritas em Restos a
ou parcialmente. Pagar e constituirão a Dívida Flutuante.

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Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar: A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos li-
- Processados – decorrem das despesas empenhadas mites e condições de modo a prevenir riscos e corrigir
e liquidadas, mas que, até 31 de dezembro, não desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públi-
foram pagas. cas, conforme estabelecido na Lei de Responsabilidade
- Não processados - referem-se a despesas empenha- Fiscal – LRF.
das que não alcançaram o estágio da liquidação. A LRF determina ainda, em seu artigo 42, que qual-
quer despesa empenhada nos últimos oito meses do
Os restos a pagar são dívida passiva e segundo o De- mandato deve ser totalmente paga no exercício, acaban-
creto 20.910/32, a dívida passiva da União, dos estados e do por vetar sua inscrição ou parte dela em Restos a Pa-
dos municípios prescreve em cinco anos. gar, a não ser que haja suficiente disponibilidade de caixa
Sob o aspecto legal, na esfera federal, a inscrição de para viabilizar seu correspondente pagamento.
despesas em restos a pagar depende das condições es- Observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade
tabelecidas no Decreto nº 93.872/96. Fiscal não aborde o mérito do que pode ou não ser ins-
Os Restos a Pagar Processados não podem ser cance- crito em Restos a Pagar, veda contrair obrigação no úl-
lados, tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços timo ano do mandato do governante sem que exista a
cumpriu com a obrigação de fazer e a administração não respectiva cobertura financeira, eliminando desta forma
poderá deixar de cumprir coma obrigação de pagar sob as heranças fiscais,conforme disposto no seu artigo 42:
pena de estar deixando de cumprir os Princípios da Mo- “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão re-
ralidade que rege a Administração Pública e está previsto ferido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do
no artigo 37 da Constituição Federal. seu mandato, contrair obrigação de despesa que não
O cancelamento caracteriza, inclusive, forma de en- possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que
riquecimento ilícito, conforme Parecer nº 401/2000 da tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para
Somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as este efeito.
despesas de competência do exercício financeiro, con- Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade
siderando-se como despesa liquidada aquela em que o de caixa serão considerados os encargos e despesas
serviço, obra ou material contratado tenha sido prestado compromissadas a pagar até o final do exercício.”
ou entregue e aceito pelo contratante, e não liquidada,
mas de competência do exercício, aquela em que o ser- É prudente que a inscrição de despesas orçamentárias
viço ou material contratado tenha sido prestado ou en- em Restos a Pagar não processados observe a disponibi-
tregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada lidade de caixa e a competência da despesa.
exercício financeiro, em fase de verificação do direito ad- Reconhecimento da despesa orçamentária inscrita
quirido pelo credor ou quando o prazo para cumprimen- em restos a pagar não processados no encerramento do
to da obrigação assumida pelo credor estiver vigente. exercício.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamen- A norma legal estabeleceu que, no encerramento do


tária, as parcelas dos contratos e convênios somente de- exercício, a parcela da despesa orçamentária que se en-
verão ser empenhadas e contabilizadas no exercício fi- contrar em qualquer fase de execução posterior à emis-
nanceiro se a execução for realizada até 31 de dezembro são do Empenho e anterior ao Pagamento será conside-
ou se o prazo para cumprimento da obrigação assumida rada restos a pagar.
pelo credor estiver vigente. O raciocínio implícito na lei é de que a receita orça-
As parcelas remanescentes deverão ser registradas mentária a ser utilizada para pagamento da despesa em-
nas Contas de Compensação e incluídas na previsão or- penhada em determinado exercício já foi arrecadada ou
çamentária para o exercício financeiro em que estiver ainda será arrecadada no mesmo ano e estará disponível
prevista a competência da despesa. no caixa do governo ainda neste exercício.
A inscrição de despesa em Restos a Pagar não proces- Logo, como a receita orçamentária que ampara o em-
sados é procedida após a depuração das despesas pela penho pertence ao exercício e serviu de base, dentro do
anulação de empenhos, no exercício financeiro de sua princípio orçamentário do equilíbrio, para a fixação da
emissão, ou seja, verificam-se quais despesas devem ser despesa orçamentária autorizada pelo congresso, a des-
inscritas em Restos a Pagar, anulam-se as demais e ins- pesa que for empenhada com base nesse crédito orça-
crevem-se os Restos a Pagar não processados do exer- mentário também deverá pertencer ao exercício.
cício. Supondo que determinada receita tenha sido arreca-
No momento do pagamento de Restos a Pagar refe- dada e permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo
rente à despesa empenhada pelo valor estimado, verifi- financeiro do ente público no final do exercício.
ca-se se existe diferença entre o valor da despesa inscrita Existindo concomitantemente uma despesa empe-
e o valor real a ser pago; se existir diferença, procede-se nhada, que criou para o estado uma obrigação pendente
da seguinte forma: do cumprimento do programo de condição, terá que ser
- Se o valor real a ser pago for superior ao valor ins- registrada também numa conta de passivo financeiro,
crito, a diferença deverá ser empenhada a conta de senão o ente público estará apresentando em seu balan-
despesas de exercícios anteriores; ço patrimonial, ao final do exercício, superávit financeiro
- Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo (ativo financeiro – passivo financeiro), que poderia ser
existente deverá ser cancelado. objeto de abertura de crédito adicional no ano seguinte
na forma prevista na lei.

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No entanto, a receita que permaneceu no caixa na vi- siderado insubsistente e anulado no encerramento
rada do exercício já está comprometida com o empenho do exercício correspondente, mas que, dentro do
que foi inscrito em restos a pagar e, portanto, não pode- prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua
ria ser utilizada para abertura de novo crédito. obrigação;
b) os restos a pagar com prescrição interrompida são
Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevi- aqueles cancelados, mas ainda vigente o direito do
tável, mesmo não se tratando de um passivo consumado, credor
pois falta o cumprimento do programo de condição, mas c) Os compromissos reconhecidos após o encerra-
por força do artigo 35 da Lei 4.320/1964 e da apuração mento do exercício são aqueles cuja obrigação de
do superávit financeiro tem que ser registrado. pagamento foi criada em virtude de lei, mas so-
Ao determinar que, no final do exercício, fosse reco- mente reconhecido o direito do reclamante após o
nhecida como despesa orçamentária aquela empenha- encerramento do exercício correspondente.
da, independentemente de sua liquidação, observa-se
claramente que o legislador deu mais importância ao Pode-se citar como exemplo dessa última situação: o
princípio da legalidade da despesa e da anualidade do caso de um servidor, cujo filho tenha nascido em setem-
Orçamento, em detrimento do registro da despesa sob o bro e somente requereu o benefício do salário-família em
regime da competência restrita. março do ano seguinte. As despesas referentes aos me-
Porém, para atender ao Princípio da Competência e ses de setembro a dezembro irão à conta de despesas de
aos Princípios da Legalidade da Despesa e da Anualidade exercícios anteriores, classificados, como de transferências
do Orçamento, é necessário fazer alguns ajustes no en- correntes; as dos demais meses no elemento de despesa
cerramento do exercício, a saber: próprio. A promoção de um funcionário com data retroa-
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit tiva e que alcance anos anteriores ao exercício financeiro,
financeiro inexistente, que pode ser utilizado para aber- também é caso de despesa de exercícios anteriores.
tura de créditos adicionais sem lastro, comprometendo a
Prescrição
situação financeira do ente, é recomendável que se pro-
ceda a execução da despesa orçamentária mesmo faltan-
As dívidas de exercícios anteriores, que dependam de
do o cumprimento do implemento de condição.
requerimento do favorecido, prescrevem em 05 (cinco)
Tal procedimento é concebido mediante o registro da
anos, contados da data do ato ou fato que tiver dado
despesa orçamentária em contrapartida com uma con-
origem ao respectivo direito.
ta de passivo no sistema financeiro. Observa-se que tal
O início do período da dívida corresponde à data
registro criou um passivo “fictício” e, portanto, deve-se
constante do fato gerador do direito, não devendo ser
registrar, simultaneamente, uma conta redutora deste considerado, para fins de prescrição quinquenal, o tem-
passivo, no sistema patrimonial.6 po de tramitação burocrática e o de providências admi-
nistrativas a que estiver sujeito o processo.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES.
CONTA ÚNICA DO TESOURO.
São despesas fixadas, no orçamento vigente, decor-
rentes de compromissos assumidos em exercícios ante- A CONTA ÚNICA do Tesouro Nacional é o mecanismo
riores àquele em que deva ocorrer o pagamento. Não que permite a movimentação on-line de recursos finan-
se confundem com restos a pagar, tendo em vista que ceiros dos Órgãos e Entidades ligadas ao SIAFI em conta
sequer foram empenhadas ou, se foram, tiveram seus unificada. Esta unificação, além de garantir a manutenção
empenhos anulados ou cancelados. da autonomia e individualização, permite o controle ime-
O assunto está regulado pelo art. 37 da Lei nº diato dos gastos sobre suas disponibilidades financeiras.
4.320/64, regulamentada pelo Decreto nº 93.872, de A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Ban-
23/12/86, que incorporou os conceitos do Decreto nº co Central do Brasil, acolhe todas as disponibilidades fi-
62.115, de 15/01/68. nanceiras da União, inclusive fundos, de suas autarquias
e fundações.
O regime de competência exige que as despesas se- Constitui importante instrumento de controle das fi-
jam contabilizadas conforme o exercício a que perten- nanças públicas, uma vez que permite a racionalização
çam, ou seja, em que foram geradas. da administração dos recursos financeiros, reduzindo a
O reconhecimento da obrigação de pagamento das pressão sobre a caixa do Tesouro, além de agilizar os pro-
despesas com exercícios anteriores cabe à autoridade cessos de transferência e descentralização financeira e os
competente para empenhar a despesa. pagamentos a terceiros.
Poderão ser pagas à conta de despesas de exercício O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que
anteriores, mediante autorização do ordenador de des- promoveu a organização da Administração Federal e es-
pesa, respeitada a categoria econômica própria: tabeleceu as diretrizes para Reforma Administrativa, de-
a) as despesas de exercícios encerrados, para as terminou ao Ministério da Fazenda que implementasse a
quais o orçamento respectivo consignava crédito unificação dos recursos movimentados pelo Tesouro Na-
próprio com saldo suficiente para atendê-las, que cional, através de sua Caixa junto ao agente financeiro da
não se tenham processado na época própria; assim União, de forma a garantir maior economia operacional e
entendidas aquelas cujo empenho tenha sido con- a racionalização dos procedimentos relativos a execução
da programação financeira de desembolso.
6 Adaptado de www.professor.pucgoias.edu.br

27
Tal determinação legal só foi integralmente cumprida com a promulgação da Constituição de 1988, quando todas
as disponibilidades do Tesouro Nacional, existentes nos diversos agentes financeiros, foram transferidas para o Banco
Central do Brasil, em Conta Única centralizada, exercendo o Banco do Brasil a função de agente financeiro do Tesouro.
As regras dispondo sobre a unificação dos recursos do Tesouro Nacional em Conta Única foram estabelecidas pelo
Decreto nº. 93.872, de 23 de dezembro de 1986, que sugerimos, inclusive, como leitura complementar.
Abaixo, um esquema para memorização sobre o assunto:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Elaborado por Eduardo Silva

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ABIN – 2018 - CESPE) Acerca do orçamento público, julgue o item a seguir.


São reservadas à lei de diretrizes orçamentárias disposições sobre exercício financeiro, vigência, prazos, elaboração e
organização do plano plurianual.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Letra A. Compete à lei complementar faze as disposições constantes na afirmativa e não ao LDO.

28
2. (TCM/BA- 2018 -CESPE) A sistemática de elaboração LOA – atua no nível operacional
orçamentária que exige a justificativa de cada recurso so- Sendo assim, visto que o enunciado se refere à realiza-
licitado, sem fixar de antemão um valor orçamentário ini- ção dos objetivos estratégicos, nos restaria responder PPA.
cial e sem considerar os valores previstos no orçamento
anterior, denomina-se 5. (CESPE/2017 – TER/PE) Como característica do Sis-
tema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) que
a) orçamento base zero. contribui para a padronização de métodos e rotinas de
b) orçamento participativo.  trabalho, a centralização
c) orçamento-programa.
d) orçamento tradicional. a) não restringe a gestão dos recursos, os quais perma-
e) orçamento de desempenho. necem sob o controle do ordenador de despesa da
unidade gestora.
Resposta: Letra A. A única técnica orçamentária que b) pode ou não criar restrição à gestão dos recursos, que,
não considera um valor orçamentário inicial é o orça- dependendo da unidade federativa, podem ou não
mento base zero, onde as despesas devem ser justifica- permanecer sob o controle do ordenador de despesa
das a cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentá- da unidade gestora.
rio, ou seja, tudo tem que começar do zero novamente. c) restringe a gestão dos recursos, pois os retira do con-
trole do ordenador de despesa da unidade gestora.
3. (STJ – 2018 - CESPE) A respeito das técnicas, dos prin- d) restringe a gestão dos recursos, embora eles perma-
cípios e do ciclo orçamentários, julgue o item a seguir. neçam sob o controle do ordenador de despesa da
O ciclo orçamentário tem início com a preparação da unidade gestora.
proposta orçamentária e termina com o encerramento e) não restringe a gestão dos recursos, mas tira tais re-
do exercício financeiro. cursos do controle do ordenador de despesa da uni-
dade gestora.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Letra A.
Alternativa A – CERTA
Resposta: Errado. No conteúdo trabalhado acima
Alternativa B – ERRADA – não restringe
colocamos como destaque uma observação que repi-
Alternativa C – ERRADA – não restringe
to aqui, pois, é exatamente o aspecto analisado nessa
Alternativa D – ERRADA – não restringe
questão. Vejamos a observação:
Alternativa E – ERRADA – não retira o controle do or-
IMPORTANTE: Quando falamos em ciclo orçamen-
denador
tário, precisamos nos lembrar que este é maior que o Para responder essa questão, basta conhecer as finali-
exercício financeiro em si, pois, o ciclo contém uma fase dades do SIAFI e, conforme vimos no conteúdo acima,
que ocorre antes que se inicie o exercício financeiro e, o SIAFI tem por finalidade, dentre outras, como instru-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


após o exercício, temos as fases de controle e avaliação. mento utilizado na administração financeira e orça-
mentária: padronizar métodos e rotinas de trabalho
4. (CESPE/2017 – EBSERH – Técnico de Contabilidade) relativas à gestão dos recursos públicos, sem implicar
Com relação à Classificação por Estrutura Programática, rigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que ele
assinale a alternativa que completa correta e respectiva- permanece sob total controle do ordenador de despesa
mente as lacunas. de cada unidade gestora.
“Toda ação do Governo está estruturada em programas
orientados para a realização dos objetivos estratégicos 6. (CESPE/2017 – TRF/ 1ª REGIÃO)A respeito dos está-
definidos _____ para o período de ____________”. gios e da classificação da receita pública, julgue o próxi-
mo item.
a) na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – dois anos Os dividendos recebidos por determinada entidade pú-
b) no Plano Plurianual (PPA) – quatro anos blica são classificados como receita corrente patrimonial.
c) na Lei Orçamentária Anual (LOA) – dois anos
d) na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – quatro anos  ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) na Lei Orçamentária Anual (LOA) – quatro anos
Resposta: Certo. Conforme vimos acima, segundo a
Resposta: Letra B. Para responder essa questão pode- Categoria Econômica, temos as Receitas Correntes e as
mos usar dois caminhos diferentes de análise, um, nos Receitas de Capital.
atentando ao período de vigência dos três instrumentos Receitas Correntes
em questão. São destinadas a financiar as Despesas Correntes. Clas-
O PPA tem vigência de 04 anos; a LDO tem vigência de sificam-se em:
01 ano e a LOA também de 01 ano. O que excluiria as - Receitas Tributárias que são provenientes da cobran-
alternativas A e C, nos levando portanto a afirmar que ça de impostos, taxas e contribuições de melhoria.
a resposta é a alternativa B. - Receitas de Contribuições que são provenientes da
A outra analise é em relação ao nível de atuação de arrecadação de contribuições sociais e econômicas;
cada instrumento, sendo: por exemplo: contribuições para o PIS/PASEP, contri-
PPA – atua no nível estratégico buições para fundo de saúde de servidores públicos,
LDO – atua no nível tático etc.

29
- Receita Patrimonial são proveniente do resultado fi- Resposta: Errado. A autoridade ordenadora fixará o
nanceiro da fruição do patrimônio, decorrente da prazo da prestação de contas, que deverá ser apresen-
propriedade de bens mobiliários ou imobiliários; tada dentro dos 30 (trinta) dias subsequentes do térmi-
por exemplo: Aluguéis, dividendos, receita oriunda no do período de aplicação.
de aplicação financeira, etc.
- Receita Agropecuária decorre da exploração das 9. (CESPE/2018 – STM) Com relação a restos a pagar e a
atividades agropecuárias; por exemplo: receita da suprimento de fundos, julgue o item a seguir. 
produção vegetal, receita da produção animal e O servidor declarado em alcance para suprimento de
derivados. fundos é aquele cujas contas foram prestadas no prazo
- Receita Industrial obtida com atividades ligadas à regulamentar e, em seguida, aprovadas. 
indústria de transformação. Exemplos: indústria
editorial e gráfica, reciclagem de lixo, etc. ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Receitas de Serviços são provenientes de atividades
caracterizadas pela prestação se serviços por ór- Resposta: Errado. Por servidor em alcance enten-
gãos do Estado; por exemplo: serviços comerciais de-se aquele que não prestou contas no prazo regula-
(compra e venda de mercadorias), etc. mentar ou o que teve suas contas recusadas ou impug-
- Transferências Correntes são recursos recebidos de nadas. Destacando-se que a esses não será efetuado
outras pessoas de direito público ou privado, des- restos a pagar.
tinados ao atendimento de despesas correntes.
-Outras Receitas Correntes são o grupo que compre- 10. (CESPE/2018 - CGM de João Pessoa/PB) No que se
ende as Receitas de Multas e Juros de Mora, Indeni- refere às despesas públicas, julgue o próximo item.
zações e Restituições, Receita da Dívida Ativa, etc.” A obrigação de pagamento criada em função de lei e re-
conhecida como direito do reclamante somente em exer-
7. (CESPE/2017 – TER/PE) A respeito de despesa públi- cício posterior constitui despesa de exercícios anteriores.
ca, assinale a opção correta.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Restos a pagar são despesas pendentes de empenho
Resposta: Certo. Por despesa de exercícios anteriores
e pagamento quando do encerramento do exercício
entende-se aquelas despesas fixadas, no orçamento
financeiro.
vigente, decorrentes de compromissos assumidos em
b) A despesa com inscrição em restos a pagar cancelada
exercícios anteriores àquele em que deva ocorrer o pa-
constitui uma despesa de exercício anterior se o direi-
gamento.
to do credor ainda estiver em vigor. Essa questão nos traz uma confusão recorrente para
c) Os restos a pagar e os serviços da dívida são exemplos alguns alunos, entre restos a pagar e despesas de exer-
de dívida fundada. cícios anteriores, então vejamos a diferença entre eles.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

d) Obras públicas, subvenções econômicas e juros da dí- Restos a pagar são despesas empenhadas e não pagas
vida pública são despesas de capital. dentro do exercício.
e) Empenho é ato contábil que registra a obrigação do Já as despesas de exercícios anteriores são despesas
Estado de efetuar pagamento a terceiro, pendente ou empenhadas, liquidadas e pagas no exercício, porem,
não de implemento de condições. o fato gerador dessa despesa ocorreu em exercício an-
terior.
Resposta: Letra B. Alternativa A – ERRADA – restos a
pagar são despesas empenhadas e não pagas no exer- 11. (CESPE/2017 – TCE/PE) A respeito dos fundamen-
cício financeiro. tos da gestão financeira e orçamentária, julgue o item a
Alternativa B – CERTA seguir.
Alternativa C – ERRADA - art. 92 da Lei nº 4.320/64:  Art. O caixa único do Tesouro Nacional destina-se a efetivar o
92. A dívida flutuante compreende:  I - os restos a pagar, princípio orçamentário da unidade.
excluídos os serviços da dívida; II - os serviços da dívida
a pagar; III - os depósitos; IV - os débitos de tesouraria. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Alternativa D – ERRADA – trata-se de despesas cor-
rentes. Resposta: Errado. Cuidado para não confundir princi-
Alternativa E – ERRADA - empenho não é ato contábil e pio orçamentário da unidade com o princípio da uni-
sim um ato emanado de autoridade competente. dade de tesouraria.
O primeiro se refere ao fato de que deve existir apenas
8. (CESPE/2017 – SEDF) Julgue o item seguinte, referen- um orçamento para cada ente da federação em cada
te ao processo de execução orçamentária e financeira. exercício financeiro.
O suprimento de fundos implica a realização de tomada Já o segundo trata dos recursos financeiros, sendo que
de contas imediatamente após a execução da despesa. estes devem ser alocados em uma única conta.
Vejamos o previsto na Lei.
( ) CERTO ( ) ERRADO Art.  56  da Lei  4.320/64 - O recolhimento de todas as
receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de
unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmen-
tação para criação de caixas especiais.

30
nial e contábil dos órgãos e entidades da Administração
CONCEITOS BÁSICOS DE SIAPE, SIAFI, Pública Federal, com a utilização de técnicas eletrônicas
SIASG, SCDP E CADIN. de tratamento de dados, objetivando minimizar custos e
proporcionar eficiência e eficácia à gestão dos recursos
públicos alocados no Orçamento Geral da União (OGU).
SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE
RECURSOS HUMANOS - SIAPE O SIAFI tem por finalidade, como instrumento utiliza-
do na administração financeira e orçamentária:
É um sistema de abrangência nacional criado com a • prover mecanismos adequados ao controle diário
missão de integrar todas as plataformas de gestão da fo- da execução orçamentária, financeira e patrimonial
lha de pessoal dos servidores públicos. Hoje, o Siape é aos órgãos da Administração Pública;
um dos principais sistemas estruturadores do governo e • fornecer meios para agilizar a programação finan-
é responsável pela produção das folhas de pagamento ceira, otimizando a utilização dos recursos do Te-
dos mais de 200 órgãos federais. souro Nacional, através da unificação dos recursos
de caixa do Governo Federal;
A solução é a base para a integração sistêmica dos • permitir que a contabilidade pública seja fonte se-
órgãos pertencentes ao Sistema de Pessoal Civil da Ad- gura e tempestiva de informações gerenciais des-
ministração Pública Federal e, responsável pelo envio das tinadas a todos os níveis da Administração Pública
informações referentes ao pagamento de seus servidores Federal;
às Unidades Pagadoras desses órgãos. Também garante • padronizar métodos e rotinas de trabalho relati-
a disponibilidade desses dados na página SIAPEnet, bem vas à gestão dos recursos públicos, sem implicar
como o envio dos arquivos de crédito para os bancos rigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que
responsáveis pelo seu pagamento. ele permanece sob total controle do ordenador de
Até 2017, o atual Siape será substituído pelo Siste- despesa de cada unidade gestora;
ma de Gestão de Pessoas do Governo Federal (Sigepe), • permitir o registro contábil dos balancetes dos es-
que já possui alguns módulos em funcionamento desde tados e municípios e de suas supervisionadas;
junho de 2014. O novo projeto vai atender a um univer- • permitir o controle da dívida interna e externa,
so de mais de um milhão de pessoas, entre servidores bem como o das transferências negociadas;
da ativa, aposentados e instituidores de pensão. Desen- • integrar e compatibilizar as informações no âmbito
volvida pelo Serpro e Dataprev, a nova plataforma tec- do Governo Federal;
nológica foi projetada de forma a assegurar o aumento • permitir o acompanhamento e a avaliação do uso
dos recursos públicos; e
da produtividade, da segurança e da transparência nos
• proporcionar a transparência dos gastos do Gover-
processos de gestão de pessoas em todos os órgãos do
no Federal.
Executivo Federal. Totalmente transparente para a socie-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


dade, o sistema abrigará dados de toda a vida funcional
Através do SIAFI o gestor público passa a ter algumas
dos servidores, desde o ingresso no serviço público até
vantagens, considerando aspectos específicos e de gran-
a aposentadoria.
de importância na gestão, tais como:
O Siape surgiu em 1989, a partir da necessidade do - Contabilidade: aumento da agilidade da informa-
governo federal de saber o quanto era despendido com ção, qualidade e precisão em seu trabalho;
pagamento de pessoal. Mas o desenvolvimento do Siste- - Finanças: agilização da programação financeira,
ma acabou revolucionando a gestão de recursos huma- otimizando a utilização dos recursos do Tesouro
nos da administração pública, evitando que os gestores Nacional, por meio da unificação dos recursos de
tivessem surpresas com mudanças na folha. Antes do caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco
Siape, cada órgão gerenciava a própria folha de paga- Central;
mentos, remetendo ao Tesouro Nacional as informações - Orçamento: a execução orçamentária passou a ser
sobre os valores gastos. O Siape racionalizou esse tra- realizada tempestivamente e com transparência,
balho, gerando além de uma economia de recursos, um completamente integrada a execução patrimonial
sistema seguro em relação a fraudes. e financeira;
- Visão clara de quantos e quais são os gestores
Fonte: http://intra.serpro.gov.br/linhas-negocio/ca- que executam o orçamento: os números da épo-
talogo-de-solucoes/solucoes/principais-solucoes/siape- ca da implantação do SIAFI indicavam a existência
-sistema-integrado-de-administracao-de-recursos-hu- de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade,
manos eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e
executam seus gastos através do sistema de forma
“on-line”;
SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FI-
NANCEIRA - SIAFI Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras van-
tagens que o distinguem de outros sistemas em uso no
Mota (2005, p. 193) reforça o conceito do SIAFI a se- âmbito do Governo Federal:
guir: O Sistema Integrando de Administração Financeira - Sistema disponível 100% do tempo e on-line;
do Governo Federal é o sistema de teleinformática que - Sistema centralizado, o que permite a padronização
processa a execução orçamentária, financeira, patrimo- de métodos e rotinas de trabalho;

31
- Interligação em todo o território nacional; SISTEMA DE CONCESSÃO DE DIÁRIAS E PASSA-
- Utilização por todos os órgãos da Administração GENS – SCDP
Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
- Utilização por grande parte da Administração Indi- SCDP A utilização do Sistema de Concessão de Diá-
reta; e rias e Passagens (SCDP), desenvolvido pelo Ministério do
- Integração periódica dos saldos contábeis das enti- Planejamento, será obrigatória a partir de 1° de janeiro
dades que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de 2009. A exigência vale para a Administração Federal
de consolidação das informações econômico-fi- Direta, autarquias e fundações e foi determinada pelo
nanceiras do Governo Federal - à exceção das So- Decreto N° 6.258 publicado em novembro de 2007. O
ciedades de Economia Mista, que têm registrada texto (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
apenas a participação acionária do Governo - e 2010/2007/Decreto/D6258.htm) é assinado pelo presi-
para proporcionar transparência sobre o total dos dente Lula e pelo ministro do Planejamento, Paulo Ber-
recursos movimentados. nardo.

O SIAFI apresenta aspectos técnicos quanto a docu- O sistema foi implantado em 2004 para simplificar e
mentos, códigos e especificidades, por isso, é fundamen- aperfeiçoar o processo de concessão de diárias e pas-
tal que seja feita uma leitura de seu manual, a fim de sagens, melhorar o controle e reduzir custos. Até então,
conhecer todas as colocações ali dispostas. Segue o link sua adesão pelos órgãos públicos era opcional. O SCDP
para acessar o documento: já está implantado em 72 órgãos entre ministérios, au-
http://manualsiafi.tesouro.fazenda.gov. tarquias, fundações e agências, totalizando 352 unidades
br/020000/020300/020323 usuárias em todo o país.

Inteiramente operacionalizado pela Web, o sistema


SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO DE faz o cadastramento da viagem com seus respectivos
SERVIÇOS GERAIS - SIASG trechos, a reserva das passagens, a autorização da so-
licitação e a emissão do bilhete. Também faz o controle
O Decreto nº 1.094/1994, no art. 7° é institui o SIASG.
do orçamento de cada órgão para gastos com diárias e
Esse sistema auxiliar do SISG se destinada à informati-
passagens. Não havendo mais recursos, o sistema auto-
zação e à operacionalização suas atividades, com a fi-
maticamente avisa que a solicitação não foi aceita. Para
nalidade de integrar e dotar os órgãos da administração
garantir a validade jurídica dos documentos gerados, a
direta, autárquica e fundacional de instrumento de mo-
aprovação das viagens e o pagamento de diárias ocorre
dernização.
por meio de certificados digitais.
Diferentemente de entendimentos passados, o
SIASG, após a reestruturação do SISG (nova releitura),
deixa de ser visto apenas como os submódulos de com- A iniciativa foi desenvolvida pela Secretaria de Logís-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

pras governamentais - cadastro de fornecedores, o ca- tica e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do
tálogo de materiais e serviços, o sistema de divulgação Planejamento que também é responsável pela orienta-
eletrônica de licitações, o sistema de registro de preços ção, treinamento de usuários e acompanhamento de sua
praticados, o sistema de gestão de contratos, o sistema implantação junto aos órgãos do Governo.
de emissão de ordem de pagamento (Empenho), o pre-
gão eletrônico, a cotação eletrônica e uma ferramenta O SCDP está integrado on-line com o Sistema de In-
de comunicação entre os seus usuários e um extrator de formações Organizacionais do Governo Federal (Siorg),
dados estatísticos (Data Warehouse) – e ganha relevância com o Sistema Integrado de Administração de Recursos
estratégica, passando a ser visto como um instrumento Humanos (Siape) e com o Sistema Integrado de Admi-
de apoio, transparência e controle na execução das ativi- nistração Financeira do Governo Federal (Siafi). Essa in-
dades do SISG, por meio da informatização e operacio- tegração só foi possível graças ao uso dos Padrões de
nalização do conjunto de suas atividades, bem como no Interoperabilidade de Governo Eletrônico (e-Ping).
gerenciamento de todos os seus processos.
Assim, nessa nova visão, o SIASG congrega outros Fonte: http://www.planejamento.gov.br/assuntos/
instrumentos, informatizados ou não, que possibilitam logistica-e-tecnologia-da-informacao/noticias/sistema-
o funcionamento eficiente e dinâmico dos processos de -de-concessao-de-diarias-e-passagens-sera
logística pública, como:
• Sistema de Concessão de Diárias e Passagens –
SCDP; CADASTRO INFORMATIVO DE CRÉDITOS NÃO
• Processo Eletrônico Nacional – PEN, e seus sub- QUITADOS DO SETOR PÚBLICO FEDERA (CADIN)
sistemas;
• Normas, com suas linhas de atuação; Cadin é o Cadastro Informativo de Créditos não Qui-
• Integração com os órgãos e entidades por meio tados do Setor Público Federal. Trata-se de um banco de
dos grupos de trabalho, comissão e comunida- dados que registra pessoas físicas e jurídicas que tenham
des práticas. dívidas em órgãos e entidades federais, no Brasil, cujo
objetivo é reunir todos os inadimplentes que devem aos
Fonte: https://www.comprasgovernamentais.gov.br/ órgãos públicos.
index.php/sisg/siasg

32
 O CADIN é utilizado para análises em diversas e diferentes situações, como, para conceder crédito, fornecer garan-
tia e incentivo (fiscal e financeiro). Além disso, esses dados podem servir também na verificação para realizar convênios,
acordos, ajustes e contratos de gestão.
 
Como funciona o Cadin e a inclusão nele?

Quando vence um débito e este não é pago para a Administração Pública, seu nome é incluído no CADIN e essa
dívida será registrada em seu CPF ou CNPJ. Muitos são os casos em que seu nome pode ser incluído na lista do Cadin,
como:
IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) – um imposto estadual anual que arrecada dinheiro
de pessoas proprietárias de veículos de todos os tipos;
IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) – imposto cobrado de todas as pessoas que tenham propriedade urbana,
seja sala comercial, apartamento, casa ou terreno;
CCM (Cadastro de Contribuintes Mobiliários) – um cadastro para trabalhadores autônomos ou prestadores de ser-
viço, em que a taxa recolhida é conhecida como ISS – Imposto sobre Serviços Municipais;
Multas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente);
SPU (Superintendência do Patrimônio da União);
CEF (Caixa Econômica Federal);
BB (Banco do Brasil);
BNB (Banco do Nordeste do Brasil);
BASA (Banco da Amazônia);
Além disso, todo tipo de financiamento realizado por meio de verba governamental, também pode ser registrado
caso não seja pago, como:
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) – vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego e que financia Seguro-De-
semprego, Abono Salarial e Desenvolvimento Econômico entre outros;
PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) – que serve para estimular o uso e melhorar
a geração de renda para famílias que vivem de atividade rural, agropecuária ou não, através de financiamentos;
FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) – uma espécie de empréstimo para custear faculdade, que deve ser pago
com juros após a formação do estudante;
 
Sistema de Gestão de Contratos (SICON).

Objetivos do sistema

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Efetuar o cadastramento dos extratos de contratos firmados pela Administração Pública Federal e o envio eletrô-
nico, para publicação, pela Imprensa Nacional, bem como o acompanhamento da execução contratual, por intermé-
dio do respectivo cronograma físico-financeiro, disponibilizando-os no Comprasnet.

Principais funcionalidades

Inclui, altera, consulta ou exclui contrato; inclui, altera consulta ou exclui evento do contrato; inclui, consulta ou
exclui termo aditivo do contrato; inclui descentralização do contrato; sub-rogação de contrato.
Abaixo, o fluxo operacional do sistema:7

7 Fonte: www.comprasgovernamentais.gov.br/www.blog.megaconsultas.com.br

33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS. CLASSIFICAÇÃO DE
MATERIAIS. ATRIBUTOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO.
METODOLOGIA DE CÁLCULO DA CURVA ABC. GESTÃO DE ESTOQUES. COMPRAS.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

ORGANIZAÇÃO DO SETOR DE COMPRAS. ETAPAS DO PROCESSO. PERFIL DO COMPRADOR.


MODALIDADES DE COMPRA. CADASTRO DE FORNECEDORES. COMPRAS NO SETOR
PÚBLICO. OBJETO DE LICITAÇÃO. EDITAL DE LICITAÇÃO. RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM.
ENTRADA. CONFERÊNCIA. OBJETIVOS DA ARMAZENAGEM. CRITÉRIOS E TÉCNICAS DE
ARMAZENAGEM. DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS. CARACTERÍSTICAS DAS MODALIDADES DE
TRANSPORTE. ESTRUTURA PARA DISTRIBUIÇÃO. GESTÃO PATRIMONIAL. TOMBAMENTO DE
BENS. CONTROLE DE BENS. INVENTÁRIO. ALIENAÇÃO DE BENS. ALTERAÇÕES E BAIXA DE
BENS.

RECURSOS MATERIAIS

“A Administração de Materiais consiste em ter os materiais necessários na quantidade certa, no local certo e no
tempo certo à disposição dos órgãos que compõem o processo produtivo da empresa” (CHIAVENATO, 2005, p. 36 - 37).
A administração de materiais tem como foco atuar no controle e planejamento de materiais e na relação entre as
necessidades de suprimentos de uma organização e os recursos financeiros e operacionais da mesma, gerando dessa
forma condições cada vez mais favoráveis para seu desenvolvimento.
“A Administração de Materiais envolve a totalidade dos fluxos de materiais da empresa, desde a programação de
materiais, compras, recepção, armazenamento no almoxarifado, movimentação de materiais, transporte interno e ar-
mazenamento no depósito de produtos acabados” (CHIAVENATO, 2005, p. 38).

SUBSISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1. Subsistemas típicos

Controle de Estoque: esse subsistema é responsável pela gestão do estoque, logo cabe a ele o planejamento e a
programação de material por meio de análise, previsão, controle e ressuprimento.

34
Aquisição / Compra de Material: esse subsistema
é responsável pela aquisição dos materiais, logo, suas #FicaDica
principais ações são a gestão, negociação e contratação
de compras de material. Tal subsistema deve assegurar Valoração pode ser conceituado como a de-
que os materiais adquiridos estejam na quantidade cer- terminação de qualidade ou valor a algo.
ta, na qualidade requerida e a entrega seja realizada no
prazo estabelecido. Além disso, deve preocupar-se com
o preço dos materiais adquiridos negociando-o com o Subsistema Aquisição: responsável pela realização
fornecedor. de compras dos materiais de acordo com as informações
Inspeção de Recebimento: subsistema que tem por e especificações apontadas pelo Subsistema Controle
responsabilidade realizar a verificação física e documen- (por meio de requisições), para que as compras realiza-
tal do recebimento de material, ou seja, deve inspecionar das respondam às necessidades da organização, evitan-
se o material recebido está de acordo com as normas do-se assim desperdícios por aquisição de materiais fora
e exigências solicitadas e estabelecidas quando da sua do padrão exigido ou em quantidades desnecessárias.
aquisição. O Subsistema aquisição “também é responsável pela
Classificação de Material: cabe a esse sistema identi- venda (alienação) dos materiais inutilizáveis ou inserví-
ficar (especificar), classificar, codificar, cadastrar e catalo- veis, e mesmo do patrimônio da organização que esteja
gar os materiais. obsoleto ou já completamente depreciado” (RAZZOLINI
Armazenagem/Almoxarifado: tem por objetivo en- FILHO, 2012, p. 33 e 34).
carregar-se pela gestão física dos estoques. Dentre suas Também atua em sintonia com o Subsistema Norma-
atividades estão: recepção de material, expedição de ma- lização na busca de fornecedores aprovados pela norma-
terial, guarda, preservação, embalagem. lização e o Subsistema de Armazenamento na verificação
Controle e Distribuição de Materiais: esse subsiste- da estocagem dos materiais.
ma controla os materiais e sua distribuição aos diversos Subsistema Armazenamento: recepciona os mate-
setores da empresa, ou seja, após classificados os mate- riais, armazena e os distribuem para os departamentos.
riais devem seguir para as áreas que os solicitaram. Além disso, inspeciona e controla a qualidade dos mate-
Movimentação de Material: controla e normaliza riais, especialmente a qualidade da guarda e movimen-
as movimentações dos materiais: recebimento, forneci- tação dos materiais, para que entrem nos processos pro-
mento, devoluções, transferências entre outras ações de dutivos com qualidade garantida. Também é responsável
movimentação dos materiais. pela movimentação interna e seu transporte. Além do
Cadastro: cabe a esse subsistema o cadastramento controle qualitativo, exerce o controle quantitativo que
de fornecedores, pesquisa de mercado e compras. dentre suas ações estão: conferência, contagem, registro
e documentação.
2. Subsistemas Específicos

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Segundo Razzonili Filho (2012) os materiais podem
ser classificados nos seguintes subsistemas: Normaliza- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ção, Controle, Aquisição e Armazenamento.
Subsistema Normalização: tem como função sele- 1. (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR – SUPERIOR –
cionar, padronizar e especificar os materiais. Classifica FAU – 2016) As funções da Administração de Materiais
e codifica os materiais garantindo a uniformidade dos são, EXCETO:
materiais que entram no processo produtivo para que o
produto final atenda às especificações da produção e a a) Compras.
qualidade exigida. b) Vendas.
“Entende-se por normalização a forma como são or- c) Transporte.
ganizadas as atividades, como definem as normas e a d) Armazenagem.
utilização de regras; bem como a elaboração, publicação e) Manuseio.
e disseminação do uso das normas e regras, como o ob-
jetivo de selecionar, avaliar e certificar os fornecedores Resposta: Letra B. A função de vendas compete a
da organização” (RAZZOLINI FILHO, 2012, p. 32). Área de Vendas, não sendo função de responsabili-
As principais atividades do Subsistema Normalização: dade da Administração de Materiais. Segundo Chia-
Normalização e padronização de materiais; Classificação venato (2005, p. 36-37) “A Administração de Materiais
de materiais. consiste em ter os materiais necessários na quantida-
Subsistema Controle: responsável pela gestão e va- de certa, no local certo e no tempo certo à disposição
loração dos estoques da organização, ou seja, determina dos órgãos que compõem o processo produtivo da
quando e como comprar, busca garantir que os mate- empresa”, logo, dentre suas funções podem ser consi-
riais estejam em quantidade necessária, no tempo preci- deradas compras (aquisição), transporte (movimenta-
so, com a qualidade requerida e tenham sido adquiridos ção), armazenagem e manuseio.
pelo melhor preço.

35
ESTOQUE ▪ Estoques de materiais em processamento (ou
em vias)
INTRODUÇÃO
É composto por materiais que estão em fase de pro-
O estoque representa papel importante na operacio- cessamento nas diversas seções do processo produtivo,
nalização da empresa, pois ao passo que deve ser bem ou seja, são os materiais que estão em processo de pro-
definido a corresponder às necessidades de produção da dução ou em vias de serem processados.
empresa, não pode ser um gerador de custos desnortea-
dos e de desperdícios. ▪ Estoques de materiais semiacabados

CONCEITO DE ESTOQUE São materiais parcialmente acabados, seu processo


produtivo está em estágio intermediário de acabamen-
O Estoque pode ser definido como a quantidade de to. Estão quase acabados, dessa forma encontram-se em
materiais que é armazenada para determinado fim. Tais estágio mais avançado do que os materiais em proces-
materiais podem ser matérias-primas, materiais em pro- samento.
cessamento, materiais semiacabados, materiais acaba-
dos, produtos acabados. ▪ Estoques de materiais acabados (ou compo-
Esses materiais são estocados e em determinado mo- nentes)
mento serão requisitados para processamento. Ou seja,
o estoque possui um sortimento de materiais que em al- Este estoque é composto por materiais ou componen-
gum momento será utilizado seja no processo produtivo. tes acabados que serão anexados ao produto acabado.
Segundo Viana (2009, p.109) estoque pode ser defi-
nido como ▪ Estoques de produtos acabados (PAs)

E composto pelos produtos prontos (acabados), ou


Materiais, mercadorias ou produtos acumulados para seja, o processo produtivo foi completamente finalizado
utilização posterior, de modo a permitir o atendimen- e o produto já está pronto para o fornecimento.
to regular das necessidades dos usuários para a con-
tinuidade das atividades da empresa, sendo o estoque
gerado, consequentemente, pela impossibilidade de
prever-se a demanda com exatidão. EXERCÍCIOS COMENTADOS

FUNÇÕES DO ESTOQUE 1. (COREN-SP – AGENTE DE ALMOXARIFADO – MÉ-


DIO – VUNESP – 2013) Os estoques de matérias-primas
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

As principais funções do estoque são: (MPs) são constituídos por:


Garantir que a empresa seja abastecida com materiais
sempre que necessário, neutralizando ou minimizando a) insumos e materiais básicos para a produção dos pro-
os efeitos gerados por problemas no fornecimento de dutos ou serviços da empresa.
materiais, tais como demoras, atrasos, sazonalidade dos b) produtos já prontos e acabados, cujo processamento
suprimentos e demais dificuldades. foi completado inteiramente.
Proporcionar economias de escala por meio da com- c) componentes já acabados e prontos para serem ane-
pra ou produção de lotes econômicos; pela flexibilidade xados ao produto.
do processo produtivo; pela rapidez e eficiência no aten- d) materiais semiacabados, em estágio intermediário de
dimento às necessidades (CHIAVENATO, 2005, p. 68). acabamento.
e) materiais que estão em fase de processamento e pro-
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES dutos já finalizados ou semiacabados.

Os estoques são classificados em: Resposta: Letra A. Os estoques de matérias-primas


Estoques de matérias-primas (MPs): São os insumos e (MPs) são compostos por insumos e materiais básicos
materiais básicos necessários para o processo de produ- para produção dos produtos ou serviços da empresa,
ção. São os elementos iniciais e principais para a produ- ou seja, são os elementos iniciais e primordiais neces-
ção da empresa, seja de produtos ou serviços. sários para o processamento de produtos ou serviços.

2. (DCTA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLO-


#FicaDica GIA AEROESPACIAL – ASSISTENTE EM C&T ASSISTEN-
Insumos são os elementos diretamente ne- TE 1 (ALMOXARIFADO) – MÉDIO – VUNESP – 2013)
cessários para a produção de produtos ou Pode-se considerar estoque como a (o):
serviços, como matéria-prima, equipamen-
tos e outros. a) capacidade produtiva total em relação à disponibilida-
de de matéria-prima no mercado.
b) conjunto de materiais que está disponível para ser re-
quisitado e utilizado no processo produtivo.

36
c) crescimento e evolução das variações decorrentes do 3. Método da Média Móvel
cálculo do giro de estoque e ponto de pedido.
d) planejamento de utilização dos materiais de consumo Nesse método a previsão de consumo para o próxi-
e produtos de acordo com o recebimento dos pedi- mo período baseia-se nas médias de consumo dos pe-
dos. ríodos anteriores.
e) posicionamento da quantidade de materiais em trânsi- Exemplo: Cálculo da previsão de consumo para o mês
to e em produção vinculado a transações de compras. de junho pelo Método da Média Móvel:

Resposta: Letra B. O Estoque pode ser definido como


Período Consumo Unidade
a quantidade de materiais que é armazenada para ser
utilizada no processo produtivo quando requisitado. Fevereiro 120
De acordo com Chiavenato (2005, p.67) “o estoque Março 150
constitui todo o sortimento de materiais que a empre-
sa possui e utiliza no processo de produção de seus Abril 160
produtos/serviços”. Maio 110

PREVISÃO DE CONSUMO PARA OS ESTOQUES Média Móvel: 120 + 150 + 160 + 110
4
Dentre as técnicas de previsão de estoque, três se Média Móvel: 540 = 135
destacam: 4
Projeção: utiliza dados passados (mês ou meses an- Previsão de consumo para mês de Junho: 135 unida-
teriores) para previsão de demanda futura (quantida- des.
de adequada a ser adquirida). Essa técnica é de caráter
quantitativo (referem-se a quantidades).
Explicação: assim como a projeção, essa técnica tam- #FicaDica
bém é de caráter quantitativo. A explicação relaciona ati-
vidades produtivas ou comerciais passadas com outras Para o cálculo do Método da Média Móvel
variáveis. utiliza-se a fórmula para cálculo de Média
Predileção: baseada na opinião de especialistas (fun- Simples, que se baseia na soma das unida-
cionários experientes, conhecedores de fatores influen- des dividida pela soma da quantidade de
tes em vendas e mercado) os quais estabelecem a evolu- períodos.
ção das vendas futuras.

1. Evolução do consumo 4. Método da Média Móvel Ponderada

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Modelo de evolução horizontal de consumo: também Nesse método os valores por período recebem pesos,
conhecido como consumo médio horizontal, nesse mo- para tanto, os valores de períodos mais recentes rece-
delo há evolução do consumo de maneira horizontal e bem pesos maiores do que os de períodos mais antigos.
sua tendência é quase invariável ou constante.
Modelo de evolução de consumo sujeito a tendência:
a possibilidade de consumo médio aumenta ou diminui Exemplo:
no decorrer do tempo e das situações do mercado. Cálculo da previsão de consumo para o mês de Junho
Modelo de evolução sazonal de consumo: nesse mo- pelo Método da Média Móvel Ponderada:
delo há previsões de oscilações regulares (positivas ou
negativas) de consumo, ou seja, o consumo é sazonal.
Consumo Uni-
Período Peso
dade
2. Método do consumo do último período
Fevereiro 120 1
Tal método visa a previsão de consumo do próximo Março 150 2
período baseado no consumo ou demanda do período
anterior. Caso o consumo seja crescente de um período Abril 160 3
ao outro, é possível acrescentar uma certa quantidade a Maio 110 4
cada período.
Exemplo: Média Móvel Ponderada:
(120 x 1) + (150 x 2) + (160 x 3) + (110 x 4)
Consumo do último Previsão de Consumo 10
período do próximo período Média Móvel Ponderada: 1340 = 134
10
Mês de Fevereiro: Mês de Março: Previsão de consumo para mês de Junho: 134 unida-
150 unidades 150 unidades des.

37
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
#FicaDica Errado.
Para o cálculo do Método da Média Móvel 4. (TJ-DF – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
Ponderada deve-se multiplicar os valores TRATIVA – MÉDIO – CESPE – 2008) Considere o consu-
pelo peso dado a cada um deles, após, so- mo de determinado material apresentado a seguir.
ma-se os resultados dos valores multiplica-
dos e dividindo pela soma dos pesos.
mês unidades
janeiro 250
5. Método da Média com Ponderação Exponen- fevereiro 280
cial
março 320
Esse método é semelhante ao Método de Média Mó- abril 290
vel Ponderada, porém há um acréscimo de parcela do
erro anterior de previsão. Nesse método consideram-se maio 300
algumas variáveis como tendência e sazonalidade ocor- junho 310
ridas no tempo. Nessa situação, a previsão de consumo para julho será
superior a 310 unidades, se for empregado o método do
último período para previsão do consumo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Resposta: Errado. O método do último período visa
a previsão de consumo do próximo período baseado
3. (TSE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA no consumo ou demanda do período anterior. Logo, a
– SUPERIOR – CESPE – 2007) Considere o seguinte con- previsão de consumo para julho será de 310 unidades.
sumo de determinado material.

60 unidades em março CUSTOS DOS ESTOQUES


70 unidades em abril
85 unidades em maio Custos de estoques ou custos de estocagem referem-
88 unidades em junho -se aos custos que todo material gera ao ser estocado.
94 unidades em julho Duas variáveis impactam no custo de estoque, que
98 unidades em agosto são a quantidade de material em estoque e o tempo de
98 unidades em setembro permanência desse material em estoque. Ou seja, quanto
102 unidades em outubro
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

maior a quantidade e o tempo que o material ficará em


105 unidades em novembro estoque, maior será o custo de estoque.
111 unidades em dezembro Os custos podem ser agrupados em modalidades
como: Custo com pessoal: salários dos recursos huma-
Com base nos dados acima e considerando que os estu-
nos, encargos sociais. Custo de capital: juros e deprecia-
dos acerca de estoques dependem da previsão do con-
ção. Custo com edificação: aluguel, água, luz, impostos.
sumo de material, assinale a opção incorreta.
Custo de manutenção: obsolescência, deterioração, con-
a) Com base no método da média com ponderação ex-
servação de equipamentos.
ponencial, apenas o consumo do mês de dezembro
será utilizado na fórmula de cálculo da previsão do
consumo para o mês de janeiro.
1. Custos de Armazenagem
b) Para reduzir a influência do baixo consumo nos meses
de março e abril na previsão de consumo para janeiro, Os Custos de Armazenagem se referem aos custos
é correto utilizar o método da média móvel pondera- gerados pelo acondicionamento e movimentação dos
da, caracterizado pela aplicação de pesos maiores aos materiais, tais como mão de obra, aluguel do armazém,
dados de consumo mais novos e pesos menores aos salários do pessoal do armazém, quantidade de material,
dados mais antigos. tempo de permanência do material, seguros, deprecia-
c) Com base no método da média móvel para 3 perío- ção de máquinas e equipamentos entre outros.
dos, a previsão de consumo para janeiro é superior Os custos podem ser variáveis, como quantidade de
a 111 unidades por causa da tendência crescente de material e tempo de permanência. Ou fixos como aluguel
consumo. do armazém, salários do pessoal do armazém, seguros
d) Com base no método do último período, a previsão de entre outros.
consumo para janeiro é de 111 unidades. Cálculo do Custo de Armazenagem
CA = Q/2 · T · P · I
Resposta: Letra C. Com base no método da média Onde:
móvel para 3 períodos, a previsão de consumo para Q: Quantidade de material em estoque no período
janeiro será de 106 unidades, conforme cálculo: considerado
Média Móvel: 102 + 105 + 111 = 318 = 106 T: Tempo de armazenamento
3 3 P: Preço unitário do material

38
I: Taxa de armazenamento expressa em porcentagem
do preço unitário #FicaDica
Para cálculo da fórmula do Custo de Armazenagem
(CA), é preciso utilizar mais uma fórmula a fim de calcular O Custo de Estoque (CE) refere-se a soma
a Taxa de Armazenamento (I). dos Custos de Armazenagem e o Custo do
A Taxa de Armazenamento é expressa pela soma das Pedido.
Taxas de armazenamento físico, Taxa de retorno do ca- CE = CA + CP
pital empatado em estoque, Taxa de seguro do material
estocado, Taxa de transporte, manuseio e distribuição do
material, Taxa de obsolescência do material, Outras taxas, 3. Custo de falta de estoque
como mão-de-obra, água, luz etc. As quais serão classifi-
cadas em Ta, Tb, Tc, Td, Te e Tf. Esses custos ocorrem quando a demanda deixa de ser
Ta: Taxa de armazenamento físico atendida por haver itens em falta no estoque da empre-
Ta= 100 · A · Ca sa. Podem ser classificados em: Custos de Vendas Perdi-
C·P das, ou seja, houve perda da venda por indisponibilidade
Onde: do produto; Custo de Atraso: gastos gerados pelo atraso
A: Área ocupada pelo estoque da entrega do produto ao cliente.Os custos de falta de
Ca: Custo anual do metro quadrado de armazena- estoques não podem ser calculados, visto que o resul-
mento tado qualitativo se sobressai ao quantitativo, ou seja, a
C: Consumo anual do material insatisfação do cliente gera impacto qualitativo à empre-
P: Preço unitário do material sa (o que não se pode quantificar), ela não só perdeu
aquela venda, mas pode perder vendas futuras não só
Tb: Taxa de retorno do capital empatado em estoque a esse cliente, mas a outros os quais ele poderá efetuar
Tb = lucro propagandas negativas, ou seja, esse custo vai além da
Q·P receita que a empresa deixou de realizar ao não vender
Onde: o produto ao cliente.
Q · P = Valor dos produtos estocados
Tc: Taxa de seguro do material estocado
Tc = 100 · Custo anual do seguro
Q·P EXERCÍCIOS COMENTADOS
Td: Taxa de transporte, manuseio e distribuição do
material 5. (SEE-RJ – PROFESSOR DOCENTE – ADMINISTRA-
Td = 100 · Depreciação anual do equipamento ÇÃO – SUPERIOR – CEPE-RJ – 2007) Todo e qualquer
Q·P armazenamento de material gera determinados custos,

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Te: Taxa de obsolescência do material que podem ser agrupados em custos de capital, com
Te = 100 · Perdas anuais por obsolescência pessoal, com edificação e de manutenção. Um exemplo
Q·P de custo de capital é:
Tf: Outras taxas, como mão-de-obra, água, luz etc.
Tf = 100 · Despesas anuais a) impostos
Q·P b) deterioração
Logo, a Taxa de Armazenamento (I) será a soma de c) aluguel
todas essas taxas: d) salário
I = Ta + Tb + Tc + Td + Te + Tf e) depreciação

2. Custo de Pedido (CP) Resposta: Letra E. Os custos podem ser agrupados


em modalidades como: Custo com pessoal: salários
Segundo Chiavenato, 2005, p. 95, “o Custo do Pedido dos recursos humanos, encargos sociais. Custo de
(CP) é o valor em moeda corrente dos custos incorridos capital: juros e depreciação. Custo com edificação:
no processamento de cada pedido de compra”. Ou seja, aluguel, água, luz, impostos. Custo de manutenção:
o custo do pedido se refere ao valor que a empresa gas- obsolescência, deterioração, conservação de equipa-
tou para realizar o pedido do material para o fornecedor. mentos.
Fórmula para cálculo do Custo de Pedido:
CP = CAP Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
N Errado.
Onde:
CAP: Custo anual dos pedidos 6. (ANS – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CES-
N: Número de pedidos no ano PE – 2005) Os custos de armazenagem aumentam em
função da quantidade em estoque e do tempo de per-
manência em estoque, mas não chegam a zero se o es-
toque for zero.

( ) CERTO ( ) ERRADO

39
Resposta: Certo. Duas variáveis impactam no custo Transporte: saída dos produtos do fornecedor até o
de estoque, que são a quantidade de material em recebimento dos mesmos pela empresa compradora.
estoque e o tempo de permanência desse material De acordo com Viana (2006, p. 156) o tempo de res-
em estoque. Ou seja, quanto maior a quantidade e o suprimento é composto por tempos internos da empre-
tempo que o material ficará em estoque, maior será sa, como também por externo:
o custo de estoque. Mesmo tendo um estoque zero a) TPC - Tempo de Preparação da Compra
de materiais, ainda há custos de estoque, visto que há b) TAF - Tempo de Atendimento do Fornecedor
variáveis que ainda geram gastos, como aluguel do ar- c) IT - Tempo de Transporte
mazém, depreciação de equipamentos, entre outros. d) TRR - Tempo de Recebimento e Regularização
Onde: TR = TPC + TAF + TT + TRR

NÍVEIS DE ESTOQUE 3. Ponto de Pedido


1. Curva dente de serra O Ponto de Pedido (PP) indica o ponto (ou nível de
estoque) em que há necessidade de reposição (ressupri-
A Curva Dente de Serra é demonstrada graficamente mento) do estoque.
por linhas que formam uma imagem parecida com um Cálculo do Ponto de Pedido:
serrote, por isso o nome Dente de Serra. PP = Em + (C × Tr)
Ela apresenta as flutuações de estoques (geometrica- Onde:
mente apresenta o comportamento dos estoques ao longo PP: Ponto de Pedido
do tempo) por meio da identificação do tempo de repo- Tr: Tempo de Reposição
sição e nível de ressuprimento. Dessa forma, a empresa C: Consumo Médio Mensal
poderá tomar decisões necessárias para o conhecimento e Em: Estoque Mínimo
controle das atividades de reposição dos estoques.
Por exemplo, com a utilização da Curva Dente de Ser-
ra, a empresa conseguirá visualizar graficamente a movi- #FicaDica
mentação (entrada e saída) de um material do estoque,
Ponto de Pedido também conhecido como
visualizando melhor os pontos de estoque mínimo e es-
toque máximo. Ponto de Reposição (PR) ou Ponto de Enco-
O eixo x (horizontal) representa o tempo decorrido, menda (PE).
enquanto o eixo y (vertical) representa a quantidade do
material em estoque.
4. Intervalo de Ressuprimento

O Intervalo de Ressuprimento (IR) determina o tempo


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

existente entre uma reposição e outra, entre dois pontos


de pedido, ou seja, o tempo equivalente entre dois res-
suprimentos consecutivos.

5. Estoque Máximo

O Estoque Máximo define a quantidade máxima de


estoque permitida para determinado material, ou seja,
é a quantidade máxima do material a ser mantida em
estoque.
O cálculo do estoque máximo é definido pela soma
Disponível em: <http://universidadeestoque.com.br/blog/index.
do Estoque mínimo com o Lote Econômico de Compra
php/grafico-dente-de-serra/>.
(quantidade ideal a ser comprada).
Emáx = Em + Lote Econômico de Compra
2. Tempo de Reposição ou de Ressuprimento Onde:
Em: Estoque Mínimo
O Tempo de Reposição ou de Ressuprimento (Tr) refe-
re-se ao tempo gasto para reposição do estoque, desde
6. Ruptura de estoque
a verificação das necessidades para reposição do esto-
que até a chegada dos materiais no almoxarifado.
Ponto em que o estoque encontra-se em nível zero,
• Três partes do Tempo de Reposição ou de Ressu-
ou seja, o estoque torna-se nulo, entretanto ainda existe
primento:
• Emissão do pedido: emissão do pedido do departa- demanda do material. A demanda existe, porém a em-
mento de compras ao fornecedor. presa não pode atender visto que o estoque está nulo.
• Preparação do pedido: tempo em que o fornecedor
recebeu o pedido de compra, preparação dos pro- 7. Giro de estoque
dutos do pedido pelo fornecedor até o momento
em que estão prontos para o transporte à empresa O Giro de estoque define a rotatividade de estoque
compradora. em determinado período de tempo.

40
Cálculo do Giro de Estoque:
Giro de Estoque = Consumo Médio Anual
Estoque Médio

#FicaDica
O índice do Giro de Estoque demonstra a saída das mercadorias da empresa, ou seja, as vendas. Logo,
quanto maior o índice de Giro de Estoque, melhores resultados da empresa.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

7. (ANCINE – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR – CESPE – 2006) O conceito de estoque máximo diz res-
peito ao número máximo de unidades de um determinado item de estoque e é definido da seguinte forma: estoque
máximo = estoque mínimo - lote de compra.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. O Estoque Máximo define a quantidade máxima de estoque permitida para determinado mate-
rial. É determinado pela soma do estoque mínimo com o lote de compra (e não a subtração).

8. (TRE-PB – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2007) Um material é consumido a


uma razão de 3.000 unidades por mês, e seu tempo de reposição é de dois meses. O ponto de pedido, uma vez que o
estoque mínimo deve ser de um mês de consumo é igual a:

a) 3.000 unidades.
b) 6.000 unidades.
c) 9.000 unidades.
d) 12.000 unidades.
e) 15.000 unidades.

Resposta: Letra C. O cálculo do Ponto de Pedido é determinado pela seguinte fórmula.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


PP = Em + (C · Tr). Onde: PP: Ponto de Pedido, Tr: Tempo de Reposição, C: Consumo Médio Mensal, Em: Estoque
Mínimo.
De acordo com a questão, o Tr equivale a 2 meses, C equivale a 3.000 unidades, assim como o Estoque Mínimo
equivale a 3.000 (um mês de consumo). Portanto:
PP = Em + (C · Tr)
PP = 3.000 + (3.000 · 2) = 3.000 + 6.000 = 9.000 unidades

CLASSIFICAÇÃO ABC

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 79) “a Classificação ABC baseia-se no princípio de que a maior parte do in-
vestimento em materiais está concentrada em um pequeno número de itens”.
Ou seja, a Classificação ABC ordena os itens consumidos conforme um valor financeiro. Os itens quando ordenados
são divididos em três classes A, B e C:
Classe A: poucos itens, porém com peso no investimento em estoque bem elevado. Até 10% ou 20% dos itens em
estoque, com valor de 80% aproximadamente. Poucos itens, porém de elevada importância.
Classe B: quantidade média de itens (35% a 40%) que possui valor de consumo de 15% aproximadamente. Itens de
importância relativa.
Classe C: grande quantidade de itens (40% a 50%) com valor de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos esto-
ques. A classe C compõe os itens mais numerosos, porém menos importantes.

#FicaDica
As porcentagens de classificação não são fixas, sendo valores de porcentagens aproximados, podendo
variar para mais ou para menos.

41
Com a classificação ABC a atenção dada a cada item é relativa a importância do mesmo. Aos itens da Classe A há
uma maior concentração de atenção, embora sejam poucos itens, são os de maiores valores monetários. Aos itens da
classe B a atenção é menor, e aos itens da classe C a atenção aos itens é ainda mais reduzida, muitas vezes tratados por
processos mais automáticos ou semiautomáticos que não exigem muitos esforços e tempo de decisão.

Tabela com acumulação dos estoques para composição da classificação ABC

Código do Valor do estoque Porcentagem Valor do estoque Porcentagem


Classificação
item do item do item acumulado acumulada (%)
1 012 360.000 36,0 360.000 36,0
2 025 280.000 28,0 640.000 64,0
3 011 100.000 10,0 740.000 74,0
4 015 70.000 7,0 810.000 81,0
5 009 55.000 5,5 865.000 86,5
6 014 28.000 2,8 893.000 89,3
7 016 22.000 2,2 915.000 91,5
8 005 20.000 2,0 935.000 93,5
9 017 15.000 1,5 950.000 95,0
10 018 10.000 1,0 960.000 96,0
Demais itens 40.000 4,0 1.000.000 100,0
CHIAVENATO, 2005. p. 80.
Por meio dessa tabela é possível realizar a divisão dos itens nas classes A, B e C.
Percebe-se que os itens 1 a 4 representam acumuladamente 81% do valor monetário do estoque, logo pertencem
a Classe A.
Os itens de 5 a 10 representam acumuladamente 15% do valor monetário do estoque, logo pertencem a Classe B.
Já os demais itens representam 4% do valor monetário do estoque e pertencem a Classe C.
A Classificação ABC pode ser transformada na curva ABC ou Curva de Pareto.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

9. (SERPRO – TÉCNICO – SUPORTE ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CESPE – 2013) O gerente que adota a classificação
ABC para controle do seu estoque possui uma pequena quantidade de produtos na denominada classe C.

( ) CERTO ( ) ERRADO

42
Resposta: Errado. De acordo com a classificação ABC, Resposta: Certo. O modelo de lote econômico busca
a classe C é composta por grande quantidade de pro- o equilíbrio entre o custo de manutenção de estoque
dutos com valor de consumo acumulado baixo. e o curso de aquisição do pedido, logo, quando há
uma igualdade entre esses dois itens, pode-se definir
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou que houve uma quantidade ótima de estoques.
Errado.
12. (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO – FORMAÇÃO
10. (TJ-AJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO – CESPE EM ENGENHARIA – SUPERIOR – CESGRANRIO – 2013)
– 2012) Ao se classificar um almoxarifado com base na Uma empresa utiliza o Lote Econômico de Compra (LEC)
classificação ABC, os itens mais volumosos e que agre- para repor o estoque de uma das suas peças cuja deman-
gam pouco resultado para a organização devem ser in- da anual é de 90.000 unidades. Se o custo de colocação
cluídos na(s) classe(s): de um pedido é de R$ 4.000,00, e o custo de manutenção
de estoques é de R$ 20,00 por peça por ano, qual é o LEC
a) A e C. utilizado?
b) B e C.
c) A. a) 30
d) B. b) 60
e) C. c) 4.243
d) 6.000
Resposta: Letra E. De acordo com a classificação ABC, e) 12.000
a classe C é composta por grande quantidade de pro-
dutos (itens mais volumosos) com valor de consumo Resposta: Letra D. Para cálculo do Lote Econômico de
acumulado baixo (agregam pouco resultado para a Compra (LEC) utiliza-se a seguinte fórmula
organização).

Onde: C: Consumo ou demanda, CP: Custo do Pedido,


LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS
CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma-
nutenção unitário.
O Lote Econômico de Compra (LEC) baseia-se na de-
Logo, em resposta a questão, aplica-se a fórmula:
finição de reabastecimento do estoque pelo menor custo
possível, ou seja, decide a quantidade de itens a ser re-
posta (comprada) pelo menor custo possível em busca
de um equilíbrio econômico entre custo de manutenção
de estoque e o custo de aquisição do pedido.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Fórmula para o cálculo do LEC:
JUST IN TIME

O Just in Time (JIT), método surgido no Japão, visa a


Onde: produção dos itens exatamente no momento em que são
C: Consumo ou demanda necessários, dessa forma, busca a redução de desperdí-
CP: Custo do Pedido cios por meio da redução de estoques, minimização de
CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma- defeitos e retrabalho. O Justi in Time visa à produção na
nutenção unitário quantidade necessária, no momento certo para atender a
demanda com mínimo de estoque ou estoque zero, seja
estoque em produtos acabados, estoque de produtos
semiacabados ou estoque de matéria-prima. Está pauta-
EXERCÍCIOS COMENTADOS do na melhoria contínua da produtividade.
O Just in Time é conhecido como o sistema que “puxa”
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou a produção, visto que a produção só acontece conforme a
Errado. necessidade sinalizada pelo comprador. Ao contrário dos
sistemas tradicionais que “empurram” a produção, ou seja,
11. (ANP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR produzem mesmo que não haja a demanda, depois da pro-
– CESPE – 2013) No modelo de lote econômico, a quan- dução, “empurram” o produto para a possível demanda.
tidade ótima de estoques que deve compor cada pedido
de compra é aquela em que os valores dos custos dos 1. Kanban
pedidos são iguais aos dos custos de manutenção dos
estoques. Kanban é considerada uma das técnicas do Just in
Time. A palavra japonesa Kanban significa cartão ou sinal.
( ) CERTO ( ) ERRADO Essa técnica controla a retirada dos materiais e a transfe-
rência para outro estágio da operação. Além disso, serve
para informar a quantidade a ser produzida no processo
em que se encontra.

43
Slack et. al (2006, p. 368) define alguns tipos de Kanban:
“Kanban de transporte: usado para avisar o estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferi-
do para uma destinação específica [...] Kanban de produção: sinal para um processo produtivo de que ele pode começar
a produzir um item para que seja colocado em estoque [...] Kanban do fornecedor: usado para avisar ao fornecedor que
é necessário enviar material ou componentes para um estágio da produção.”

EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

13. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESPECIALIDADE GESTÃO HOSPITALAR – SUPERIOR – CESPE –


2018) Na administração dos estoques just in time, se mantém um estoque de segurança para que, na necessidade do
produto, o material já esteja disponível.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. O Just in time visa à produção na quantidade necessária, no momento certo para atender a de-
manda com mínimo de estoque ou estoque zero. Portanto, não prevê estoque de segurança.

14. (IF-RS – PROFESSOR – GESTÃO, PRODUÇÃO E LOGÍSTICA – SUPERIOR – 2010) O _________ é usado para avisar o
estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica. A alternativa
que completa corretamente o sentido desse conceito é:

a) Kanban;
b) Kanban de produção;
c) Kanban do fornecedor;
d) Kanban do cliente interno;
e) Kanban de transporte.

Resposta: Letra E. Segundo Slack et. al (2006, p. 368) Kanban de transporte é usado para avisar o estágio anterior
que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

“A Avaliação dos estoques é o levantamento do valor financeiro dos materiais - desde as matérias-primas iniciais,
os materiais em processamento, semi-acabados ou acabados, até os produtos acabados – tomando por base o preço
de curso ou o preço de mercado” (CHIAVENATO, 2005, p. 88). A avaliação de estoque é composta por alguns métodos:
Avaliação do Custo Médio, Avaliação pelo Método PEPS (FIFO), Avaliação pelo Método UEPS (LIFO) e Avaliação pelo
Custo de Reposição.

1. Custo Médio

Nesse método os custos médios são aplicados no lugar dos custos efetivos. Ou seja, os materiais ao saírem do esto-
que são calculados pelo custo médio de sua aquisição. Esse método visa ao longo prazo, aproximar pelo custo médio
aos custos reais dos materiais comprados. Esse é considerado o método mais utilizado.

Quadro: Cálculo pelo Custo Médio

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,50 225,00 250 4,30 1075,00
23/04 50 4,50 225,00 200 4,25 850,00
03/05 325 50 4,00 200,00 250 4,20 1050,00

44
2. Método PEPS (FIFO)

PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que as primeiras unida-
des compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo ou a serem vendidas.
Ou seja, as unidades que foram adquiridas primeiro e estão a mais tempo no estoque serão as primeiras a saírem.
Dessa forma, existe maior probabilidade do valor do estoque estar sempre atualizado ao valor do mercado, visto
que ele será composto pelas últimas unidades que entram, uma vez que as unidades que estão a mais tempo no esto-
que sairão primeiro.

Quadro: Cálculo pelo Método PEPS

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Preço Preço Preço
Data NF Qtide. Total $ Qtde. Total $ Qtde. Total $
unit. unit. unit.

02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00


06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 5,00 250,00 250 4,20 1050,00
23/04 50 5,00 250,00 200 4,00 800,00
03/05 150 4,00 600,00 50 4,00 200,00

3. Método UEPS (LIFO)

UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou LIFO (Last In - First Out) determina que as unidades armazenadas mais
recentemente no estoque (ou seja, as unidades que entraram por último) são as primeiras unidades a serem destinadas
à produção e/ou à venda.
Por meio desse método, entende-se que os custos dos itens que saíram primeiro refletem os custos dos itens re-
centemente comprados ou produzidos.

Quadro: Cálculo pelo Método UEPS

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


2017 Entradas Saídas Saldo em estoque
Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,00 200,00 250 4,40 1100,00
23/04 50 4,00 200,00 200 4,50 900,00
03/05 100 4,00 400,00 100 5,00 500,00
12/05 50 5,00 250,00 50 5,00 250,00

4. Custo de Reposição

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 89) “é o custo de reposição de estoque que ajusta a avaliação financeira dos
estoques. Assim o valor dos estoques é sempre atualizado em função dos preços de mercado”.
Geralmente é utilizado o seguinte cálculo para definição do Custo de Reposição:
CR = PU + ACR
Onde:
CR: Custo de Reposição
PU: Preço Unitário do material
ACR: Acréscimo do Custo de Reposição em porcentagem (%)

45
EXERCÍCIOS COMENTADOS

15. (GÁS BRASILIANO – CONTADOR JUNIOR – SUPERIOR – IESES – 2017) Com base no controle de estoques de um
determinado produto, pelo PEPS, temos: Estoque Inicial em 01/03/X17 composto por 40 unidades, adquiridas no valor
de R$ 2.000,00 cada. No dia 06/03/X17 compra de 20 unidades, no valor de R$ 3.000,00 cada. No dia 10/03/X17 venda
de 20 unidades por R$ 2.500,00 cada. No dia 20/03/X17 venda de 30 unidades por R$ 3.500,00 cada. Qual o saldo total
em R$ no estoque?
a) R$ 35.000,00
b) R$ 30.000,00
c) R$ 5.000,00
d) R$ 40.000,00

Resposta: Letra B. Pelo método PEPS, os primeiros produtos a entrarem no estoque serão os primeiros produtos a
saírem. Logo, de acordo com a questão apresentada, saíram 40 produtos ao custo de R$ 2.000,00 e 10 produtos ao
custo de 3.000,00, totalizando a saída de R$ 110.000. O estoque continha R$ 140.000,00 em peças (R$ 80.000,00 do
estoque inicial + R$ 60.000,00 adquiridas no dia 06/06/X17). Portanto restaram R$ 30.000,00 em custo de peças em
estoque (R$ 140.000,00 – R$ 110.000,00), conforme demonstrado no quadro abaixo.

Entradas Saídas Saldo em estoque


Data Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
01/03/ 40 2.000 80.000
X17
06/03/ 20 3.000 60.000 60 2.333 140.000
X17
10/03/ 20 2.000 40.000 40 2.500 100.000
X17
20/03/ 20 2.000 40.000 20 3.000 60.000
X17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

10 3.000 30.000 10 3.000 30.000

16. (CFR-PI – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CRESCER – 2016) Com relação à gestão de um estoque, qual
critério utilizado dá destaque à ordem cronológica das entradas dos produtos no estoque?

a) UEPS.
b) LIFO.
c) PEPS.
d) MPM.

Resposta. Letra C. PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que
as primeiras unidades compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo
ou a serem vendidas. Ou seja, utiliza como critério a ordem cronológica das entradas dos produtos no estoque.

NOÇÕES DE COMPRAS

INTRODUÇÃO

Compra significa basicamente a procura e providência de entrega de materiais necessários à empresa de acordo
com as especificações exatas, qualidade e quantidade requerida, no prazo estabelecido, a um preço adequado e justo.

1. Atividades do departamento de compras

Preparação do Processo de Compras: recebimento de documentos e elaboração do processo de compra;


Planejamento da Compra: nessa etapa verifica a indicação de fornecedores e elabora condições gerais e específicas
relacionadas à compra;

46
Seleção de Fornecedores: seleciona os fornecedores Assinale a alternativa que representa a sequência ideal
com enfoque na abertura de concorrência, analisa o de- do processo de compras a ser estabelecido.
sempenho dos fornecedores, analisa suas capacidades
em atender as necessidades da empresa; a) Preparação do processo, planejamento da compra,
Concorrência: nessa etapa surge a negociação com os seleção de fornecedores, concorrência, contratação e
fornecedores, a fim de verificar quais atendem a necessi- controle da entrega.
dade de compra. Nessa etapa há expedição de consulta, b) Planejamento da compra, preparação do processo,
abertura, análise e avaliação de propostas; seleção de fornecedores, concorrência, contratação e
controle da entrega.
Contratação: definição dentre as propostas da con- c) Preparação do processo, planejamento da compra,
corrência pelo fornecedor ideal para a aquisição dos ma- concorrência, seleção de fornecedores, contratação e
teriais, a definição ocorre pela equalização das propos- controle da entrega.
tas. Nessa fase há a realização do pedido; d) Planejamento da compra, preparação do processo,
Controle de entrega: acompanhamento com o forne- concorrência, seleção de fornecedores, contratação e
cedor desde o pedido até a fase de entrega, recebimento controle da entrega.
do material, análise de quantidade e qualidade de acor- e) Preparação do processo, planejamento da compra,
do com as exigências contratadas, e encerramento do concorrência, contratação, seleção de fornecedores e
processo. controle da entrega.

ESTRATÉGIAS DE AQUISIÇÃO DE RECURSOS MATE- Resposta: Letra A. A sequência ideal do processo de


RIAIS compras são Preparação do Processo de Compras (fase
de elaboração do processo de compra), Planejamen-
1. Verticalização to da Compra (indicação de fornecedores e elabora
condições gerais e específicas relacionadas à compra),
A Verticalização prevê que a empresa tentará produzir Seleção de Fornecedores (seleciona os fornecedores
internamente tudo o que puder para suprir a produção com enfoque na abertura de concorrência, analisa o
até o produto final. Se necessário comprará de terceiros desempenho dos fornecedores e sua capacidade de
as menores quantidades possíveis. suprimento), Concorrência (negociação com os for-
Vantagens: a empresa possui independência em re- necedores: expedição de consulta, abertura, análise e
lação à terceirização, maior lucratividade, visto que ab- avaliação de propostas), Contratação (definição pelo
sorve os lucros que repassaria aos fornecedores, maior fornecedor ideal e realização do pedido), Controle de
autonomia, domínio em relação a tecnologias próprias. entrega (acompanhamento com o fornecedor desde o
Desvantagens: alto investimento, menor flexibilidade, pedido até a fase de entrega, recebimento do material
estrutura da empresa deve ser ampla (estrutura física, hu- e encerramento do processo).

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


mana e material).
2. (CRQ 18ª – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO
2. Horizontalização – QUADRIX – 2016) Vários são os tipos ou critérios de
classificação de materiais, determinados em função das
A Horizontalização prevê que a empresa comprará de informações gerenciais desejadas pelo gestor de mate-
terceiros o máximo dos itens necessários para composi- riais. A possibilidade de fazer ou comprar é um desses
ção do produto final. critérios e tem por objetivo prover a informação de quais
materiais poderão ser produzidos internamente pela or-
Vantagens: custos reduzidos, flexibilidade na defini- ganização e quais deverão ser adquiridos no mercado.
ção dos volumes de produção (sendo esses menores, As categorias de classificação podem ser assim listadas:
visto que itens serão adquiridos de terceiros), engenharia • materiais a serem produzidos internamente; • materiais
simultânea (empresa e fornecedor), esforços concentra- a serem adquiridos; • materiais a serem recondicionados
dos apenas no produto principal da empresa. (recuperados) internamente; • materiais a serem produ-
Desvantagens: controle tecnológico reduzido, depen- zidos ou adquiridos (depende de análise caso a caso pela
dência elevada de terceiros, lucros menores, menor do- organização). A decisão sobre produzir ou adquirir um
mínio tecnológico. item de material no mercado é tomada pela cúpula da
organização, considerando os custos e a estrutura en-
volvida. Nesse contexto, há duas estratégias possíveis: a
verticalização e a horizontalização. Podem ser apontadas
EXERCÍCIOS COMENTADOS como desvantagens da verticalização:

1. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL NÍVEL UNI- I. perda de flexibilidade;


VERSITÁRIO JR – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR – II. maior investimento (custos maiores);
UFPR – 2017) A empresa ALFA, presente há 15 anos no III. dependência de terceiros.
mercado, abrirá uma nova fábrica e com isso precisará
de novos insumos para sua operação. A equipe de com- Pode-se afirmar que:
pras precisará estruturar o processo para adquirir esses
novos insumos visando atender essa nova necessidade.

47
a) somente I está correta. 2. Atributos para classificação de materiais
b) somente II está correta.
c) somente III está correta. • Abrangência: a classificação deve abranger um
d) há apenas duas afirmativas corretas. número elevado de características do material;
e) todas estão corretas. • Flexibilidade: permite interfaces entre os diversos
tipos de classificação de forma a obter visão ampla
Resposta: Letra D. As desvantagens da verticalização do gerenciamento de estoques.
incluem perda de flexibilidade e maior investimen- • Praticidade: o processo de classificação deve ser
to. Porém não há dependência de terceiros, uma vez prático, ou seja, direto e simples.
que a empresa prioriza por produzir todos ou a maior
quantidade de itens para a produção do produto final. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS POR TIPO DE DE-
A dependência de terceiros ocorre estratégia de hori- MANDA
zontalização.
A Classificação de Materiais por Tipo de Demanda
divide-se em Materiais de Estoque e Materiais Não de
ALMOXARIFADO Estoque.

O almoxarifado é o espaço destinado à armazenagem 1. Materiais de estoque


dos materiais iniciais, em sua maioria as matérias-primas,
mas também podem ser compostos por materiais secun- Os Materiais de Estoque devem existir em estoque
dários e demais materiais necessários ao processo pro- para utilização futura. Para esses materiais são determi-
dutivo. nados critérios e parâmetros de ressuprimento automá-
Diferente de depósito, este é o espaço destinado à tico para que eles nunca faltem em estoque. Tais critérios
armazenagem de produtos acabados. e parâmetros são baseados na previsão da demanda e na
Os materiais necessários ao processo produtivo são importância para a empresa.
adquiridos dos fornecedores externos pelo departamen- Classificação dos Materiais de Estoque:
to de compras. a) Quanto à aplicação:
O departamento de compras, após aprovação dos •M ateriais produtivos: materiais ligados diretamente
materiais pelo órgão de Controle de Qualidade, libera e indiretamente ao processo produtivo.
os mate­riais comprados para entrada ao almoxarifado. •M atérias-primas: materiais básicos e insumos que
Os materiais ao chegarem ao almoxarifado são ar- formam os itens iniciais e integram o processo pro-
mazenados e passam a seguir ao processo produtivo dutivo da empresa.
somente quando requisitados pelas diversas seções por •P rodutos em fabricação: materiais em processa-
meio da Requisição de Materiais. mento, materiais que estão sendo processados.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Por estarem em processamento, não se encontram


1. Classificação de materiais no almoxarifado e nem no estoque final.
•P rodutos acabados: produtos pertencentes ao es-
A classificação de materiais é o processo que tem por tágio final do processo produtivo, produtos fina-
objetivo agrupar os materiais por características comuns. lizados.
A classificação de materiais é responsável pela identi- •M ateriais de manutenção: materiais aplicados em
ficação, simplificação, codificação, normalização, padro- manutenção, sua utilização é repetitiva.
nização e catalogação dos materiais. •M ateriais improdutivos: materiais que nãoconsti-
a) Identificação: primeira etapa responsável por tuem o produto no processo produtivo (materiais
classificar os materiais. Analisa e registra as carac- de limpeza, materiais de escritório).
terísticas físico/químicas e aplicações do material. •M ateriais de consumo geral: materiais de consumo,
b) Simplificação: redução da grande diversidade de utilizados em diversas áreas da empresa, de ma-
itens destinados a uma mesma finalidade, nesse neira repetitiva, porém não são utilizados para fins
caso havendo dois ou mais materiais destinados de manutenção.
a uma mesma finalidade é recomendável escolha
pelo uso de apenas uma delas. b) Quanto ao valor do consumo anual: para obtenção
c) Codificação: após a classificação, são atribuídos de resultados positivos no processo de gerencia-
códigos representativos aos materiais para que se- mento de estoques, se faz necessário e importante
jam identificados. a separação dos materiais, definindo o que é im-
d) Normalização: definem as normas, ou seja, as portante quanto ao valor de consumo e o que não
prescrições relativas ao uso do material. é tão importante, ou seja, o que é essencial, do que
e) Padronização: responsável por estabelecer pa- é secundário. Para essa separação utiliza-se a Cur-
drões relacionados a peso, medidas e formatos va ABC. De acordo com Chiavenato (2005, p. 79)
aos materiais, de maneira a evitar muitas variações “a Classificação ABC baseia-se no princípio de que
entre os materiais. a maior parte do investimento em materiais está
f) Catalogação: ordena os dados do material de for- concentrada em um pequeno número de itens”.
ma lógica para que suas informações sejam facil- •M
 ateriais A: poucos itens, porém com peso no in-
mente identificadas. vestimento em estoque bem elevado.

48
• Materiais B: quantidade média de itens que possui Por problemas
valor de consumo de 15% aproximadamente. Itens Material importado
de Obtenção
de importância relativa.
• Materiais C: grande quantidade de itens com valor Por problemas de armaze-
Material perecível
de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos es- nagem e transporte
toques. A classe C compõe os itens mais numero- Material de alta pericu-
sos, porém menos importantes. losidade

c) Quanto à importância operacional: define a im- Material de elevado


portância operacional dos materiais no processo peso
produtivo para não prejudicar a continuidade de Material de grandes di-
produção operacional. mensões
• Materiais X: materiais de aplicação não importante, Material com utilização
podendo haver similares na empresa; Por problemas de previsão
de difícil previsão
• Materiais Y: materiais de aplicação de média impor-
tância, podendo haver similar ou não; Material de reposição de
Por razões de segurança
• Materiais Z: materiais de aplicação muito importan- alto custo
te, não há similar. Sua falta acarreta a paralização Material para equipa-
da produção. mento vital da produção

2. Materiais de não estoque Material de reposição de


alto custo
Materiais comprados para utilização imediata. Não VIANA, 2006, p.56.
são estocados, ou podem ser estocados temporariamen-
te no almoxarifado. Isso, pois, no processo produtivo MATERIAIS OBSOLETOS E INSERVÍVEIS
podem existir necessidades de materiais de demanda
imprevisível, ou seja, materiais em que não há regula- Essa classificação compõem os materiais são obso-
ridade de consumo, não havendo definição de parâme- letos (antigos, ultrapassados) ou inservíveis (inúteis) por
tros para ressuprimento automático. A aquisição desses isso devem ser eliminados, pois compõem um estoque
existe por solicitação direta do usuário de acordo com a morto.
constatação da necessidade.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
MATERIAIS CRÍTICOS

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


De acordo com Viana (2006, p.56) Materiais Críticos 1. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
“são materiais de reposição específica de um equipa- TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
mento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) A classifica-
demanda não é previsível e cuja decisão de estocar é ção de materiais busca uma organização que permita a
tomada com base na análise de risco que a empresa cor- melhor gestão dos materiais em um dado processo. Um
re, caso esses materiais não estejam disponíveis quando bom sistema de classificação deve possuir os seguintes
necessário”. atributos:

Razões para existência de Materiais críticos a) simplicidade, precisão e abrangência;


b) abrangência, flexibilidade e praticidade;
c) praticidade, durabilidade e precisão;
Por problemas d) durabilidade, simplicidade e precisão;
Material importado
de Obtenção e) precisão, praticidade e maneabilidade.
Existência de um único
fornecedor Resposta: Letra B. Os atributos para classificação
de materiais são: Abrangência: a classificação deve
Escassez no mercado
abranger um número elevado de características do
Material estratégico material; Flexibilidade: permite interfaces entre os di-
De difícil fabricação ou versos tipos de classificação de forma a obter visão
obtenção ampla do gerenciamento de estoques; Praticidade: o
processo de classificação deve ser prático, ou seja, di-
Material de elevado reto e simples.
Por razões econômicas
valor
Material com elevado
custo de armazenagem
Material com elevado
custo de transporte

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2. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS- análises bem criteriosas quanto à forma que o Estado irá
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO, dispor de seus bens e como aplicará seus recursos na
CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) Um sistema elaboração e execução do orçamento.
de classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas: A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000
– conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal – apre-
a) identificação – simplificação – codificação – normaliza- sentam em seus artigos 44, 45 e 46, medidas destinadas
ção – padronização – catalogação; à preservação do patrimônio público.
b) catalogação – simplificação – especificação – normati- Uma delas estabelece que o resultado da venda de
zação – aglutinação – codificação; bens móveis e imóveis e de direitos que integram o pa-
c) catalogação – complementação – identificação – nor- trimônio público não poderá mais ser aplicado em des-
matização – padronização – codificação; pesas correntes, exceto se a lei autorizativa destiná-la aos
d) sintetização – simplificação – normatização – padroni- financiamentos dos regimes de previdência social, geral
zação – codificação – identificação; e própria dos servidores.
e) catalogação – simplificação – flexibilização – normali- Dessa forma, os recursos decorrentes da desincorpo-
zação – padronização – codificação. ração de ativos por venda, que é receita de capital, de-
verão ser aplicados em despesa de capital, provocando a
Resposta: Letra A. A classificação de materiais é o desincorporação de dívidas (passivo), por meio da despesa
de amortização da dívida ou o incremento de outro ativo,
processo que tem por objetivo agrupar os materiais
com a realização de despesas de investimento, de forma a
por características comuns. A classificação de mate-
manter preservado o valor do patrimônio público.
riais é responsável pela identificação, simplificação,
Para finalizarmos a questão conceitual do conteúdo
codificação, normalização, padronização e cataloga- inicial desse tópico, vejamos como os bens (tudo aquilo
ção dos materiais. que possui valor econômico e por consequência pode
ser convertido em dinheiro) são classificados:
• Bens móveis: podem ser transferidos de lugar e
GESTÃO PATRIMONIAL não perdem suas características, ou seja, são pas-
síveis de remoção sem danos. Como exemplo de
Vejamos, para iniciar, alguns conceitos dados à Patri- bens móveis temos: máquinas, veículos etc.
mônio. • Bens imóveis: ao contrário do item anterior, bens
“O patrimônio é o objeto administrado que serve para imóveis não podem ser removidos do seu local
propiciar, às entidades, a obtenção de seus fins. Para que natural sem sofrer danos. São todos os bens vin-
um patrimônio seja considerado como tal, ele deve aten- culados ao solo. Como exemplo, temos: terrenos,
der a dois requisitos: edifícios, casas etc.
1) o elemento ser componente de um conjunto que • Bens tangíveis: possuem forma física. Exemplo: má-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

possua conteúdo econômico e avaliável em moeda; quinas, equipamentos, veículos, mercadorias etc.
e • Bens intangíveis: não são físicos e, portanto, não
2) exista interdependência dos elementos componen- podem ser tocados. Direitos autorais, marcas e pa-
tes do patrimônio e vinculação do conjunto a uma tentes entram nesta lista.
entidade que vise a alcançar determinados fins”. • Bens de venda: bens destinados à venda. Produtos
Dias (2006) em estoque são exemplo de bens de venda.
• Bens numerários: dinheiro disponível em caixa ou
“O patrimônio público é formado por bens de toda na- em bancos.
tureza e espécie que tenham interesse para a administra- • Bens de consumo: usados no processo produtivo.
ção pública e para a comunidade administrada”. Torres e Ao final geram despesas para a empresa. Na lista
Silva (2003) de bens de consumo entram itens como: produtos
de limpeza, combustível, material de escritório etc.
“Patrimônio público é nada mais que o conjunto de
A Gestão Patrimonial é realizada pelo Balanço Pa-
bens, direitos e obrigações, avaliados em moeda corren-
trimonial e tem por finalidade básica e fundamental o
te, das entidades que compõem a administração pública”. controle dos custos e acompanhamento do patrimônio
Kohama (2001, p. 213) da empresa.
Através dela consegue-se identificar qualitativa e
Enfim, podemos concluir que patrimônio representa quantitativamente os valores ativos e passivos da orga-
um conjunto de bens, direitos (esses dois constituem o nização, podendo assim concluir a saúde financeira do
ativo) e obrigações (constitui o passivo) de uma organi- patrimônio.
zação, seja ela privada ou pública.
Tanto na administração privada quanto na pública Controle de bens
esse patrimônio sofre alterações e, administrar esse con-
junto de bens é o que chamamos de gestão patrimonial. Conforme nos ensina Torres e Silva (2003, p.7), as
Compete, portanto, à Administração Pública, gerir ações adotadas com a finalidade de assegurar o acompa-
seu patrimônio de forma a conservá-lo e fazer uso de nhamento de tudo o que acontece com um bem, desde
seus recursos sempre focando o bem estar da socieda- sua inclusão no patrimônio até sua baixa corresponde ao
de e o atendimento de suas necessidades, o que exige controle patrimonial.

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Esse acompanhamento se faz através de registros e  Incorporação
relatórios que apontam a situação e em que condições o Ocorre quando não é possível identificar a origem
bem se encontra. dos recursos de um bem que se encontre pelo menos
A eficácia do controle dos bens móveis depende, fun- a dois exercícios (anos) no acervo da unidade ou órgão.
damentalmente, da implantação e da manutenção siste-
mática de registros administrativos e contábeis. Após a inclusão do bem ao patrimônio, caso haja mu-
Vale lembrar que a avaliação dos componentes pa- dança de localização desse bem.
trimoniais das entidades de direito público obedece às
normas constantes no art. 106 da Lei Federal nº 4.320/64. Esse processo de mudança é denominado Movimen-
Ou seja, como controle de bens, entendemos todo o tação Patrimonial, que é a saída de um bem de seu local
processo de registro e acompanhamento da movimenta- de guarda para manutenção ou empréstimo, sem a cor-
ção de bens patrimoniais que se dá por movimentação, respondente troca de responsabilidade, sendo emitida a
transferência, saída provisória, empréstimo e arren- Nota de Movimentação.
damento a que estão sujeitos no período decorrido en- Essa movimentação pode ser de diversas formas, ve-
tre sua incorporação e desincorporação. jamos as principais:
Compete ao Setor de Patrimônio a primeira distribui-
ção de material permanente recém adquirido, de acordo A TRANSFERÊNCIA é a operação de movimentação
com a destinação dada no processo administrativo de de bens, com a consequente alteração da carga patri-
aquisição correspondente. monial.
Constitui na mudança da responsabilidade pela guar-
Para que uma determinada movimentação de um da e conservação de um bem permanente e ocorre nas
bem móvel aconteça é necessário que haja o preenchi- seguintes situações:
mento do Termo de Responsabilidade.  Quando há alteração no responsável pelo local
onde o bem está situação.
Como vimos, essa movimentação de bens pode ocor-  Quando o bem é transferido de um local de guarda
rer de diversas formas, como vamos analisar abaixo. para outro.

Primeiramente, vamos analisar a forma de inclusão de Só será efetivada pelo Setor de Patrimônio median-
um bem ao patrimônio. te solicitação do responsável pela carga cedente com
anuência do recebedor.
A entrada de material permanente é denominada A devolução ao Setor de Patrimônio de bens avaria-
dos, obsoletos ou sem utilização também se caracteriza
Tombamento.
como transferência.
Tombamento é o processo de inclusão (entrada) de
um bem permanente no sistema de controle patrimonial.
Relação entre os órgão participantes da transferência

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


 Transferência entre setores de um mesmo órgão:
O tombamento pode ser por:
segue-se os parâmetros: solicitação, por escrito, do
interessado em receber o bem, dirigida ao possí-
 Aquisição
vel cedente; “de acordo” do setor cedente com a
Quando o bem é adquirido através de recursos or- autorização de transferência ; solicitação do agente
çamentários ou extra orçamentários. Toda aquisição de patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão
material através de despesa orçamentária é realizada por do Termo de Responsabilidade; após a emissão do
empenho. Termo de Responsabilidade, o Setor de Patrimônio
remeterá o mesmo ao agente patrimonial, para que
 Comodato e Cessão este colha assinaturas do cedente e do recebedor.
Trata-se de empréstimo gratuito de um bem perma-  Transferência entre setores de órgãos diferentes:
nente que deve ser restituído após determinado prazo. solicitação, por escrito, do interessado em receber
O Comodato é o empréstimo realizado entre o ór- o bem, dirigida ao possível cedente; “de acordo”
gão público e empresas privadas, enquanto a Cessão é o do setor cedente com a autorização de transferên-
empréstimo entre órgãos públicos. Ambos são realizados cia e anuência das unidades de controle do patri-
através de contrato ou convênio. mônio e do titular do órgão; solicitação do agente
patrimonial ao Setor de Patrimônio para emissão
 Doação do Termo de Transferência de Responsabilidade;
Transferência da propriedade de bens permanentes, após a emissão do Termo de Responsabilidade, o
devendo ser feito através de termo de doação pelo ór- Setor de Patrimônio o remeterá ao agente patri-
gão ou entidade doadora com o devido detalhamento monial, para que este colha assinaturas do cedente
sobre a transferência. e do recebedor.

 Fabricação SAÍDA PROVISÓRIA


Como o próprio nome indica o tombamento por fa- Trata-se de movimentação com finalidade temporária,
bricação ocorre quando bem tiver sido fabricado por al- como manutenção, conserto, utilização (autorizada) por
guma unidade do órgão público. outro departamento, sempre com a devida solicitação e
permissão dos agentes ou responsáveis patrimoniais.

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EMPRÉSTIMO
Representa uma operação de remanejamento de bens entre órgãos públicos por um período determinado de tem-
po, sem envolvimento de transação financeira.

Com exceção dos casos previstos em lei, NÃO É PERMITIDO o empréstimo de bens públicos para terceiros

Inventário

O Inventário determina a contagem física dos itens de estoque e em processos, para comparar a quantidade física
com os dados contabilizados em seus registros, a fim de eliminar as discrepâncias que possam existir entre os valores
contábeis, dos livros, e o que realmente existe em estoque.
Permite o ajuste dos dados escriturais com o saldo físico do acervo patrimonial em cada unidade gestora, o levan-
tamento da situação dos bens em uso e a necessidade de manutenção ou reparos, a verificação da disponibilidade dos
bens da unidade, bem como o saneamento do acervo.
O inventário pode ser geral ou rotativo:
 GERAL: elaborado no fim de cada exercício fiscal de cada empresa, com a contagem física de todos os itens de
uma só vez.
 ROTATIVO: feito no decorrer do ano fiscal da empresa, sem qualquer tipo de parada no processo operacional,
concentrando-se em cada grupo de itens em determinados períodos.

Através do inventário pode-se confirmar a localização e atribuição da carga de cada material permanente, permi-
tindo a atualização dos registros dos bens permanentes bem como o levantamento da situação dos equipamentos
e materiais em uso, apurando a ocorrência de dano, extravio ou qualquer outra irregularidade, além de verificar as
necessidades de manutenção e reparo e constatação de possíveis ociosidades de bens móveis, possibilitando maior
racionalização e minimização de custos, bem como a correta fixação da plaqueta de identificação.
O inventário é realizado por uma comissão de inventário, sendo esta formada por, no mínimo, três servidores e/ou
funcionários lotados no setor de patrimônio.

Compete à essa comissão:

1. A verificação da localização física de todos os bens patrimoniais da unidade de controle patrimonial;


2. A avaliação do estado de conservação destes bens;
3. A classificação dos bens passíveis de disponibilidade;
4. A identificação de bens permanentes eventualmente não tombados;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

5. A identificação de bens patrimoniais que eventualmente não possam ser localizados; e


6. A emissão de relatório final acerca das observações anotadas ao longo do processo do inventário, constando as
informações quanto aos procedimentos realizados, à situação geral do patrimônio da unidade de controle e as
recomendações para corrigir as irregularidades apontadas, assim como eliminar ou reduzir o risco de sua ocor-
rência futura, se for o caso.

Na Administração Pública, o inventário é entendido como o arrolamento dos direitos e comprometimentos da


Fazenda Pública, feito periodicamente, com o objetivo de se conhecer a exatidão dos valores que são registrados na
contabilidade e que formam o Ativo e o Passivo ou, ainda, com o objetivo de apurar a responsabilidade dos agentes
sob cuja guarda se encontram determinados bens.
A fim de manter atualizados os registros dos bens patrimoniais, bem como a responsabilidade dos setores onde
se localizam tais bens, a Administração Pública deve proceder ao inventário mediante verificações físicas pelo menos
uma vez por ano.
Para fins de atualização física e monetária e de controle, a época da inventariação será:
 anual para todos os bens móveis e imóveis sob-responsabilidade da unidade gestora em 31 de dezembro (con-
firmação dos dados apresentados no Balanço Geral);
 no início e término da gestão, isto é, na substituição dos respectivos responsáveis, no caso de bens móveis.

Os bens serão inventariados pelos respectivos valores históricos ou de aquisição, quando conhecidos, ou pelos
valores constantes de inventários já existentes, com indicação da data de aquisição.

Durante a realização de qualquer tipo de inventário, fica vedada toda e qualquer movimentação física de bens lo-
calizados nos endereços individuais abrangidos pelos trabalhos, exceto mediante autorização específica das unidades
de controle patrimonial, ou do dirigente do órgão, com subsequente comunicação formal a Comissão de Inventário
de Bens.

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O inventário acontece em três momentos distintos:

Destaca-se ainda que, esse inventário pode ser realizado fisicamente, ou seja, identificação propriamente dita dos
bens, ou então, através dos registros contábeis e documentos escriturados.

O inventário para ter validade na área contábil precisa passar pelos três momentos, isto é, se não houver a etapa da
avaliação, ele só terá relevância para o conhecimento do patrimônio e não para questões contábeis.

Alterações e baixa de bens

O desfazimento de bens consiste no processo de exclusão de um bem do acervo patrimonial da organização, de


acordo com a legislação vigente e expressamente autorizada pelo dirigente da unidade gestora.
Após a conclusão do processo de desfazimento deverá ser realizada a baixa dos bens nos registros patrimoniais, ou
seja, procede-se a retirada do seu valor do ativo imobilizado.
Essa baixa só se configura a partir do registro da transferência deste para o controle de bens baixados, feita exclusi-
vamente pelo Setor de Patrimônio, devidamente autorizado pelo gestor. O número de patrimônio de um bem baixado
não deverá ser utilizado em outro bem.

Dentre as FORMAS possíveis de um bem ser baixado do patrimônio podemos citar


Permuta;
Perda total;
Extravio;
Destruição;
Comodato;
Transferência;
Sinistro;
Vendas;

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Exclusão de bens no cadastro, etc.

Dentre as modalidades citadas, as mais comuns recorrentes são:

 Alienação
Transferência do direito de propriedade do material, mediante venda, permuta ou doação.
Os bens a serem alienados deverão ter seu valor reavaliado conforme preços atualizados e praticados no mercado.
O material classificado como ocioso ou recuperável será cedido a outros órgãos que dele necessitem.

 Venda
Os bens inservíveis classificados como irrecuperáveis ou antieconômicos poderão ser vendidos mediante concor-
rência, leilão ou convite.

 Permuta
A permuta com particulares poderá ser realizada sem limitação de valor, desde que as avaliações dos lotes sejam
coincidentes e haja interesse público. Nesse caso, devidamente justificado pela autoridade competente, o material a ser
permutado poderá entrar como parte do pagamento de outro a ser adquirido, condição que deverá constar do edital
de licitação ou do convite.

 Doação
A doação poderá ser efetuada após a avaliação de sua oportunidade e conveniência, relativamente à escolha de
outra forma de alienação.
Material classificado como ocioso poderá ser doado para outro órgão ou entidade da Administração Pública Federal
direta, autárquica ou fundacional ou para outro órgão integrante de qualquer dos demais Poderes da União.
Se o material for classificado como antieconômico, a doação poderá ser realizada para Estados e Municípios mais
carentes, Distrito Federal, empresas públicas, sociedade de economia mista, instituições filantrópicas, reconhecidas de
utilidade pública pelo Governo Federal, e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

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O material irrecuperável poderá ser doado para instituições filantrópicas, reconhecidas de utilidade pública pelo
Governo Federal, e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

Em qualquer uma das situações expostas, deve-se proceder à baixa definitiva dos bens considerados inservíveis por
obsoletismo, por seu estado irrecuperável e inaproveitável em instituições do serviço público.
As orientações administrativas devem ser obedecidas, em cada caso, para não ocorrer prejuízo à harmonia do sis-
tema de gestão patrimonial, que, além da Contabilidade, é parte interessada.
O registro no sistema patrimonial será efetivado através do Termo de Baixa de Bens, sendo necessário constar nesse;
 número do tombamento;
 descrição;
 quantidade baixada (quando se tratar de lote de bens não plaquetados);
 forma de baixa;
 motivo de baixa;
 data de baixa;
 número da Portaria ou Termo de Baixa.

Visando o correto processo de baixa de bens do sistema patrimonial, faz-se necessário a adoção dos procedi-
mentos a seguir:

Compete às unidades de controle dos bens patrimoniais e ao dirigente do órgão, periodicamente, provocar expe-
dientes para que seja efetuado levantamento de bens suscetíveis de alienação ou desfazimento.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CESPE/2017 – TER/PE) Assinale a opção correta acerca da estrutura e composição do patrimônio sob a perspectiva
do setor público.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

a) Os passivos decorrem de obrigações futuras derivadas de eventos presentes.


b) O patrimônio público é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos.
c) Os passivos mantidos essencialmente para fins de negociação são classificados como não circulante.
d) A classificação dos elementos patrimoniais em circulante ou não circulante é feita com base nos atributos de confia-
bilidade e relevância desses elementos.
e) Ativos são recursos dos quais se espera que resultem benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços para
a entidade.

Resposta: Letra E. Alternativa A – Errada – trata-se de obrigação presente e não futura.


Alternativa B – Errada – trata-se de patrimônio liquido
Alternativa C – Errada – passivo não circulante é aquele a ser liquidado depois do exercício social seguinte, ou no
caso do ciclo de operações ser maior do que um ano, também considerado passivo exigível a longo prazo.
Alternativa D – Errada – o termo circulante ou não circulante tem a vem com curto prazo ou longo prazo, ou seja, tem
por base período de liquidação desse passivo.
Alternativa E - CORRETA

2. (CESPE/2016 – TRT/8ª Região -PA e AP) A respeito da gestão de patrimônio no âmbito do governo federal, assinale
a opção correta.

a) O valor do bem produzido por um órgão é fixado pela soma dos custos de matéria-prima destinada à confecção
desse bem. 
b) É necessário constituição de comissão especial para realização de exame qualitativo para aceitação de ativo adqui-
rido por pregão eletrônico.
c) Caso um material seja considerado antieconômico e irrecuperável, deve-se providenciar sua imediata cessão.
d) O inventário físico de transformação é realizado caso haja mudança do dirigente da unidade gestora.
e) O recebimento de ativos no serviço público pode ocorrer por compra, cessão, doação, permuta, transferência ou
produção interna.

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Resposta: Letra . Alternativa A – ERRADA – o valor do Agregar valor na gestão pública significa investir em
bem envolve a soma de vários outros custos além da projetos que aumentem a produtividade oferecendo à
matéria-prima. população um dos mais valiosos bens da atualidade - a
Alternativa B – ERRADA - o exame qualitativo poderá praticidade. Os ganhos em produtividade passam por
ser feito por técnico especializado ou por comissão uma revisão de cada detalhe dos processos operacionais,
especial, da qual, em princípio, fará parte o encarrega- objetivando a redução de etapas, inovação em cada uma
do do almoxarifado. delas, minimizando tempo e, melhor ainda, a eliminação
Alternativa C – ERRADA – material antieconômico ou de normas de procedimento.
irrecuperável poderá ser cedido a outros órgãos da Os prestadores de serviços devem ter consciência que
Administração Pública, se houver interesse do órgão usam a mais valiosa das matérias-primas - o tempo - a
cessionário, ou, obrigatoriamente, alienado, no menor única que não tem reposição. A excelência dos serviços
prazo possível. públicos, especialmente em educação e saúde, é a me-
Alternativa D – ERRADA – não se trata de mudança lhor das estratégias para reduzir a desigualdade social.
de dirigente e sim de extinção ou transformação da A chave da eficácia também pode ser encontrada na
unidade gestora. redução das atividades-meios e na eliminação das for-
Alternativa E - CERTA malidades que não agregam valores às atividades-fins. O
maior desafio da classe política e dos gestores públicos é
3. (CESPE/2018 – EBSERH) Com referência à gestão pa- transformar uma instituição mecânica, em orgânica. Ges-
trimonial, julgue o item subsequente. tão transparente, interativa e que coloque o cidadão em
Móveis que eventualmente sejam furtados de um hos- primeiro lugar - é um modelo exemplar. Os profissionais
pital deverão ser baixados do inventário de bens dessa de Recursos Humanos, dos órgãos públicos, têm a gra-
entidade e os seus números de patrimônio poderão ser tificante missão de dinamizar os programas de capacita-
reutilizados em novos móveis que forem adquiridos no ção funcional, focando a excelência organizacional.
mesmo padrão. Enquanto as organizações privadas são custeadas
pela comercialização de produtos e serviços, as orga-
( ) CERTO ( ) ERRADO nizações públicas são criadas por lei e custeadas pelos
impostos e taxas pagas pelos cidadãos, ai se incluem to-
Resposta: Errado. Um bem roubado ou furtado de- dos os órgãos e suas diversas unidades organizacionais,
verá sim ser baixado do inventário, no entanto, o nú- em todos os poderes e níveis de governo. Espera-se que
mero de patrimônio pertencente a esse bem NUNCA elas sejam bem administradas e possam cumprir as suas
pode ser reaproveitado, sendo arquivado em banco finalidades, pois representam os interesses da coletivida-
de dados. Se esse bem for recuperado, o número é des e exercem ações decorrentes das funções do Estado.
restituído a ele. Num mundo globalizado ampliam-se as exigências de
uma administração de qualidade e refinada, no sentido

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


do uso de técnicas e metodologias que contribuam para
GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO DE a implantação do desenvolvimento social baseado em
EXCELÊNCIA GERENCIAL. PRINCIPAIS TEÓ- resultados efetivos.
RICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A A busca da excelência organizacional deve nortear a
GESTÃO DA QUALIDADE. CICLO PDCA. FER- administração pública, por meio do desempenho apri-
morado das funções administrativas. Pensar no aprimo-
RAMENTAS DE GESTÃO DA QUALIDADE.
ramento dessas funções é pensar no conjunto das orga-
MODELO DO GESPÚBLICA. nizações do Setor Público e de forma sistêmica. Reconhe-
cer que ações de aprimoramento deve envolver todos os
Um dos fatores que mais provoca perda de produti- níveis organizacionais, todas as unidades administrativas
vidade nos serviços públicos é o excesso de burocracia, de modo a obter um comprometimento estratégico.
que além de não impedir corrupções e fraudes, tem inibi- Sob o ponto de vista formal, uma organização empre-
do o desempenho das empresas, motivado a sonegação sarial consiste em um conjunto de encargos funcionais e
fiscal e incentivado a informalidade. hierárquicos, orientados para o objetivo econômico de
Um dos maiores entraves para a melhoria dos ser- produzir bens ou serviços. A estrutura orgânico deste
viços públicos no Brasil era a maneira secundária com conjunto de encargos está condicionada à natureza do
que a administração pública encarava a necessidade da ramo de atividade, aos meios de trabalho, às circunstân-
formação de quadros e de uma profissionalização mui- cias sócio-econômicas da comunidade e à maneira de
to mais intensa. Enquanto o Brasil não fizesse a reforma conceber a atividade empresarial. As principais caracte-
administrativa para modernizar a administração pública. rísticas da organização formal são:
Baseado nos princípios constitucionais que regem a 1. Divisão do Trabalho;
administração pública (legalidade, impessoalidade, pu- 2. Especialização;
blicidade, moralidade e eficiência), é dever do servidor 3. Hierarquia;
prezar pela prestação de serviços de qualidade. Para a 4. Distribuição da autoridade e da responsabilidade;
excelência pode ser atingida por meio de avaliação de 5. Racionalismo.
desempenho e produtividade. Esse modelo foi implan-
tado pelo governo de São Paulo e pode ser usado como
ferramenta na busca da excelência do serviço público.

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1. Divisão do Trabalho fundamento da responsabilidade, dentro da organização
formal, ela deve ser delimitada explicitamente. De um
O objetivo imediato e fundamental de todo e qual- modo geral, a generalidade do direito de comandar di-
quer tipo de organização é a produção. Para ser eficiente, minui à medida que se vai do alto para baixo na estrutura
a produção deve basear-se na divisão do trabalho, que hierárquica.
nada mais é do que a maneira pela qual um processo Fayol dizia que a “autoridade” é o direito de dar or-
complexo pode ser decomposto em uma série de peque- dens e o poder de exigir obediência, conceituando-a, ao
nas tarefas. O procedimento de dividir o trabalho come- mesmo tempo, como poder formal e poder legitimado.
çou a ser praticado mais intensamente com o advento da Assim, como a condição básica para a tarefa adminis-
Revolução Industrial, provocando uma mudança radical trativa, a autoridade investe o administrador do direito
no conceito de produção, principalmente no fabrico ma- reconhecido de dirigir subordinados, para que desempe-
ciço de grandes quantidades através do uso da máquina, nhem atividades dirigidas pra a obtenção dos objetivos
substituindo o artesanato, e o uso do trabalho especiali- da empresa. A autoridade formal é sempre um poder,
zado na linha de montagem. O importante era que cada uma faculdade, concedidos pela organização ao indiví-
pessoa pudesse produzir o máximo de unidades dentro duo que nela ocupe uma posição determinada em rela-
de um padrão aceitável, objetivo que somente poderia ção aos outros.
ser atingido automatizando a atividade humana ao repe-
tir a mesma tarefa várias vezes. Essa divisão do trabalho 5. Racionalismo da Organização Formal
foi iniciada ao nível dos operários com a Administração
Científica no começo deste século. Uma das características básicas da organização formal
é o racionalismo. Uma organização é substancialmen-
2. Especialização te um conjunto de encargos funcionais e hierárquicos
a cujas prescrições e normas de comportamento todos
A especialização do trabalho proposta pela Adminis- os seus membros se devem sujeitar. O princípio básico
tração Científica constitui uma maneira de aumentar a desta forma de conceber uma organização é que, dentro
eficiência e de diminuir os custos de produção. Simpli- de limites toleráveis, os seus membros se comportarão
ficando as tarefas, atribuindo a cada posto de trabalho racionalmente, isto é, de acordo com as normas lógicas
tarefas simples e repetitivas que requeiram pouca expe- de comportamento prescritas para cada um deles. Dito
riência do executor e escassos conhecimentos prévios, de outra forma, a formulação orgânica de um conjunto
reduzem-se os períodos de aprendizagem, facilitando lógico de encargos funcionais e hierárquicos está basea-
substituições de uns indivíduos por outros, permitindo da no princípio de que os homens vão funcionar efetiva-
melhorias de métodos de incentivos no trabalho e, con- mente de acordo com tal sistema racional.
sequentemente, aumentando o rendimento de produ- De qualquer forma, via de regra, toda organização se
ção. estrutura a fim de atingir os seus objetivos, procurando
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

com a sua estrutura organizacional a minimização de es-


3. Hierarquia forços e a maximização do rendimento. Em outras pala-
vras, o maior lucro, pelo menor custo, dentro de um certo
Uma das consequências do princípio da divisão do padrão de qualidade. A organização, portanto, não é um
trabalho é a diversificação funcional dentro da organi- fim, mas um meio de permitir à empresa atingir adequa-
zação. Porém, uma pluralidade de funções desarticula- damente determinados objetivos.
das entre si não forma uma organização eficiente. Como
decorrência das funções especializadas, surge inevitavel- GESTÃO POR RESULTADO
mente a de comando, para dirigir e controlar todas as
atividades para que sejam cumpridas harmoniosamente. Diferente do modelo mais conhecido de gestão, que
Portanto, a organização precisa, além de uma estrutura foca nos processos, a gestão de resultados se direciona
de funções, de uma estrutura hierárquica, cuja missão é para o cumprimento de objetivos e metas. Que são ba-
dirigir as operações dos níveis que lhes estão subordina- seados nos valores definidos pela empresa. A gestão por
dos. Em toda organização formal existe uma hierarquia. resultados tem como fundamento o comprometimento
Esta divide a organização em camadas ou escalas ou ní- real da equipe e o empenho de todos, inclusive dos ges-
veis de autoridade, tendo os superiores autoridade sobre tores, para o cumprimento da meta.
os inferiores. À medida que se sobe na escala hierárquica, Os objetivos presentes nas atuais demandas cidadãs
aumenta a autoridade do ocupante do cargo. e aos quais se orienta a Gestão por Resultados (GpR),
são, conjuntamente com a democracia, o principal pilar
4. Distribuição da Autoridade e da Responsabili- de legitimidade do Estado atual. Desta forma, a Nova
dade Gestão Pública fornece os elementos necessários à me-
lhoria da capacidade de gerenciamento da administra-
A hierarquia na organização formal representa a au- ção pública bem como à elevação do grau de governabi-
toridade e a responsabilidade em cada nível da estrutura. lidade do sistema político.
Por toda a organização, existem pessoas cumprindo or- O conceito e a prática da GpR no setor público têm um
dens de outras situadas em níveis mais elevados, o que grau de desenvolvimento e consolidação relativamente
denota suas posições relativas, bem como o grau de au- baixo. Inicialmente, a GpR se utilizou principalmente no
toridade em relação às demais. A autoridade é, pois, o setor privado, mesmo quando o governo federal dos Es-

56
tados Unidos da América começou a usar algumas de - É um marco de assunção de responsabilidade de
suas propostas no gerenciamento de diferentes órgãos gestão, por causa da vinculação dos dirigentes ao
públicos. Somente durante o governo do presidente Ni- resultado obtido.
xon é que se começou a implantar no conjunto da admi- - É um marco de referência capaz de integrar os di-
nistração pública o que passou a ser conhecida como a versos componentes do processo de gestão, pois
Nova Gestão Pública. se propõe interconectá-los para otimizar o seu
Esta moderna filosofia sugere a passagem de uma funcionamento.
gestão burocrática a uma de tipo gerencial. - Finalmente, e especialmente na esfera pública, a
Na base destas novas ideias se encontrava uma preo- GpR se apresenta como uma proposta de cultura
cupação generalizada sobre as mudanças que o entor- organizadora, diretora, de gestão, mediante a qual
no exigia e sobre a imperiosa necessidade de repensar se põe ênfase nos resultados e não nos processos
o papel do Estado; de melhorar a eficiência, a eficácia e a e procedimentos.
qualidade dos serviços públicos; de otimizar o desempe-
nho dos servidores públicos e das organizações em que Todas estas dimensões situam a GpR como uma ferra-
trabalhavam. menta cultural, conceitual e operacional, que se orienta a
Vários estudiosos e especialistas em gestão públi- priorizar o resultado em todas as ações, e que é capaz de
ca alertaram para os benefícios que o enfoque da GpR otimizar o desempenho governamental. Assim, se trata
poderia trazer para este novo cenário. De acordo com de um exercício de direção dos organismos públicos que
Emery, a GpR acarreta três tipos de considerações para a procura conhecer e atuar sobre todos aqueles aspectos
administração do setor público: que afetem ou modelem os resultados da organização.
- Constitucionais: a maioria das constituições regula o A GpR tem, portanto, uma dimensão de controle or-
uso dos fundos públicos por parte das autoridades ganizacional que convém esclarecer, pois o conceito de
em cumprimento de mandato. controle no setor público possui conotações particulares
- Políticas: as autoridades devem responder pelas derivadas, fundamentalmente, do sistema de auditoria
suas ações e pelo conteúdo dos seus programas externa que domina nesse Estado. A ferramenta GpR não
eleitorais, por respeito ao princípio da responsabi- faz parte dessa concepção de controle, mas de outro
lidade do cargo. universo: o de gestão e direção estratégico/operacional,
- Cidadãs: por obediência ao princípio de delegação porque permite e facilita aos gerentes da administração
democrática, os cidadãos confiam nas autoridades pública melhor conhecimento, maior capacidade de aná-
eleitas, delegando-lhes a gestão dos fundos públi- lise, desenho de alternativas e tomada de decisões para
cos – produto da coleta de seus impostos. que sejam alcançados os melhores resultados possíveis,
afinados com os objetivos pré-fixados.
Apesar de existirem muitos documentos que tratem
É importante assinalar esta diferença porque, muito
da GpR, não existe uma definição única para ela. A maio-
embora a GpR seja uma boa base para uma melhor pres-
ria dos textos usa este termo como uma noção “guar-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


tação de contas (e uma maior transparência), sua função
da-chuvas”, por assim dizer. Na literatura em língua es-
principal não é a de servir como instrumento de controle
panhola é comum achar um uso indistinto de conceitos:
da atuação dos gerentes públicos, mas a de proporcionar
controle de gestão, gestão do desempenho, gestão por
a eles um meio de monitoramento e regulação que lhes
resultados, gestão por objetivos, avaliação do desempe-
garanta o exercício de suas
nho, avaliação de resultados, sem uma clara diferenciação.
Trata-se, portanto, de um conceito muito amplo
quanto ao seu uso, interpretação e definição. A hetero- A Gestão por Resultados ( GpR) está caracterizada
geneidade da expressão e do conceito também se ob- por:
serva na sua aplicação operacional: os países põem em - Uma estratégia na qual se definam os resultados
prática a GpR segundo suas próprias perspectivas. esperados por um organismo público no que se
Um estudo para identificar o significado que lhe refere à mudança social e à produção de bens e
atribuem os gestores públicos de diferentes nações de- serviços;
monstrou que frequentemente eles empregam os mes- - Uma cultura e um conjunto de ferramentas de ges-
mo termos com sentido diferente. É assim como o con- tão orientado à melhoria da eficácia, da eficiência,
ceito “resultados” varia notavelmente entre as distintas da produtividade e da efetividade no uso dos re-
instituições públicas. Isto não ocorre na empresa privada, cursos do Estado para uma melhora dos resulta-
onde os indicadores-chave do êxito se conhecem nitida- dos no desempenho das organizações públicas e
mente: rentabilidade, benefícios, quotas de mercado etc. de seus funcionários;
Muitos autores destacam a dificuldade de determinar e - Sistemas de informação que permitam monitorar a
avaliar os resultados da ação estatal como uma das ca- ação pública, informar à sociedade e identificar o
racterísticas que diferenciam a gestão do setor público serviço realizado, avaliando-o;
do privado. - Promoção da qualidade dos serviços prestados aos
Pode-se observar que a GpR possui as seguintes di- cidadãos, mediante um processo de melhoramen-
mensões: to contínuo;
- É um marco conceitual de gestão organizacional, - Sistemas de contratação de funcionários de gerência
pública ou privada, em que o fator resultado se pública, visando aprofundar a responsabilidade, o
converte na referência-chave quando aplicado a compromisso e a capacidade de ação dos mesmos;
todo o processo de gestão.

57
- Sistemas de informação que favoreçam a tomada Principais teóricos e suas contribuições para a ges-
de decisões dos que participam destes processos. tão da qualidade.

Implantação da Gestão por Resultados Qualidade é o atendimento das exigências do cliente.


Segundo Edwards Deming, a qualidade deve ter como
Após a tomada de decisão referente adoção da ges- objetivo as necessidades do usuário, presentes e futuras.
tão por resultados e também às alternativas para atingir Para Juran, representa a qualidade como a adequação à
os objetivos, a etapa seguinte é a implantação do mode- finalidade ou ao uso.
lo. Nessa etapa, compete ao gestor coordenar a implan- O importante é entender que por trás de vários con-
tação, procurando vincular dinamicamente os recursos ceitos de qualidade está sempre a figura do cliente, que
aos objetivos. Para tanto, a função de coordenação pode pode ser interno ou externo à organização.
ser empreendida por outro conjunto de mecanismos, Destaca-se que enquanto a MELHORIA CONTÍNUA
que segundo Mintzberg (2001) são os seguintes: da qualidade é aplicável no nível operacional da institui-
- Ajustamento mútuo - típico de tarefas que envol- ção, a QUALIDADE TOTAL estende o conceito da qualida-
vem grupos pequenos, a coordenação é obtida de para toda a organização, abrangendo todos os níveis
pelo simples processo de comunicação informal. da organização, desde o pessoal de escritório e do chão
São realizadas reuniões com o objetivo de discu- da fábrica até a cúpula da administração em um envol-
tir os processos de trabalho, ajustando-os quando vimento total.
necessário; Tanto a melhoria contínua como a qualidade total
- Supervisão direta - segundo este mecanismo, uma são abordagens incrementais para se obter excelência
pessoa ou organização coordena o processo, por em qualidade dos produtos e processos, ou seja, sempre
meio de instruções, cobranças, alocação de recur- visando ao atendimento do objetivo principal que é a sa-
sos, etc; tisfação do cliente. O objetivo é fazer acréscimo de valor
- Padronização de normas - significa que os funcio- continuamente.
nários compartilham um conjunto de crenças e William Edwards Deming, norte-americano, foi um re-
valores; é exposta a compreensão de cada um em nomado estatístico e participou, junto com Joseph Juran,
relação às normas, com o objetivo de criar uma das palestras aos empresários japoneses e colaborou de
ideia coletiva de conduta, obtendo, informalmente,
forma significativa na mudança da economia e posição
a coordenação a partir delas;
global do Japão. Destacou-se como o responsável pelo
- Padronização de processos - refere-se à prescrição
desenvolvimento de indústrias japonesas no período do
do conteúdo do trabalho por meio de procedimen-
pós-guerra e o responsável pela disseminação de muitas
tos, normalmente escritos, a serem seguidos. Tra-
das técnicas de gerenciamento da qualidade.
ta-se do mapeamento dos processos e da manua-
Entre seus estudos, é importante conhecer os 14
lização dos procedimentos. Na iniciativa privada, é
princípios para a produtividade gerencial que visa ao
muito comum em programas de qualidade, como
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

aqueles promovidos pela International Organiza- programa de melhoria contínua da organização. Preste
tion for Standardization com a série ISO-9000. No bastante atenção e entenda cada item porque é cobrado
caso das organizações públicas, podemos associar em prova.
esta padronização às regras formais burocráticas
ou à própria legislação; Seguem os 14 princípios de Deming:
- Padronização de resultados - trata-se da especifica- 1. Criar e publicar para todas as pessoas os objeti-
ção dos resultados a serem atingidos, em substi- vos e propósitos da empresa quanto à melhoria do
tuição à especificação dos meios como os procedi- produto ou serviço. A alta direção deve demons-
mentos ou habilidades; trar constantemente seu total apoio ao programa.
- Padronização de habilidades - refere-se à desig- 2. A alta administração e todas as pessoas devem
nação de pessoal qualificado, já possuidor de de- aprender e adotar a nova filosofia: não mais convi-
terminada habilidade adequada ao trabalho a ser ver com atrasos, erros e defeitos no trabalho.
feito. Não é o trabalho, mas o funcionário que é 3. Conhecer os propósitos da qualidade, para melho-
padronizado. A coordenação é obtida em razão do rar os processos e reduzir os custos. Deve-se in-
funcionário já possuir determinado conhecimento. vestir na prevenção de defeitos, em vez de investir
No setor público, podemos entender os requisitos na correção.
dos concursos públicos como um esforço nesse 4. Suspender a prática de fazer negócios apenas na
sentido, particularmente para contratação de es- base do preço.
pecialistas como médicos ou dentistas. 5. Melhorar sempre e constantemente o sistema de
- Por conseguinte, com base nestes elementos, suge- produção e serviços, identificando e solucionando
re-se a seguinte definição para a GpR: problemas. A maneira como os produtos são fa-
- A Gestão para Resultados é um marco conceitual cuja bricados e os serviços produzidos deve ser alvo de
função é a de facilitar às organizações públicas a constantes melhorias.
direção efetiva e integrada de seu processo de cria- 6. Instituir treinamento no trabalho. Deve-se treinar
ção de valor público, a fim de otimizá-lo, assegu- constantemente a força de trabalho, de modo a
rando a máxima eficácia, eficiência e efetividade de valorizá-la e capacitá-la com as metodologias e
desempenho, além da consecução dos objetivos de ferramentas mais adequadas ao sucesso da orga-
governo e a melhora contínua de suas instituições. nização.

58
7. Ensinar e instituir liderança para conduzir pessoas 3. Criar os indicadores da qualidade que devem ser
na produção. introduzidos de forma a identificar as necessidades
8. Eliminar o medo de errar. Criar a confiança e um de melhoria.
clima para a inovação. Proporcionar um ambiente 4. Avaliação do custo da não qualidade. As equipes
no qual os colaboradores sintam-se seguros para da melhoria da qualidade deverão fazer uma es-
contribuir com sugestões e críticas para a melhoria timativa dos custos da não qualidade como, por
da qualidade. exemplo, despesas com retrabalhos, despesas com
9. Incentivar grupos e equipe para alcançar os objeti- trocas, de forma a identificar zonas prioritárias em
vos e propósitos da empresa. que as ações serão imediatamente rentáveis.
10. Demolir as barreiras funcionais entre departamen- 5. Tomada de consciência das necessidades da qua-
tos. lidade. Os funcionários deverão compreender a
11. Eliminar exortações à produtividade sem que os importância do respeito pelas especificações e o
métodos não tenham sido providenciados. custo das não conformidades.
12. Remover as barreiras que impedem as pessoas de 6. Adotar as ações corretivas para os problemas iden-
orgulhar-se do seu trabalho. Os colaboradores que tificados na fase 4. Uma vez identificados os custos
venham a se destacar e busquem contribuir de ma- da não qualidade, deverão ser adotadas ações para
neira significativa para a melhoria do desempenho eliminá-los.
organizacional devem ser publicamente reconhe- 7. Planejar um programa “zero defeitos” que tem a
cidos pelo seu empenho. finalidade de fortalecer a cultura do fazer certo da
13. Encorajar a educação e o auto aperfeiçoamento primeira vez.
de cada pessoa. Instituir um forte programa de 8. Formação dos responsáveis e inspetores. Desde o
educação e auto aprimoramento. início do programa, aos diferentes níveis de res-
14. Garantir a ação necessária para acompanhar essa ponsabilidade, os dirigentes devem ser formados
transformação. Todos na organização devem se para implementar o que lhes compete no progra-
empenhar para o sucesso das transformações em ma global de melhoria da qualidade.
prol da qualidade. 9. Instituir “um dia zero defeitos” para que o conjunto
dos funcionários da organização seja sensibilizado
Philip Crosby nasceu nos Estados Unidos em 1926 e nas novas normas de desempenho.
pregava que a prevenção de problemas é economica- 10. Definição dos objetivos. Para transformar os com-
mente mais rentável do que ser competente para resol- promissos em ação os indivíduos e os grupos de-
vê-los após ocorrerem. A ênfase deveria ser na preven- vem ser encorajados a estabelecerem metas de
ção e não na inspeção. aperfeiçoamento. Para isso, cada responsável de-
fine, com os membros da sua equipa, os objetivos
Destacam-se alguns conceitos apresentados por ele: específicos a atingir cujos resultados sejam mensu-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


• Zero Defeitos – Não significa que todos os produtos ráveis. Estes objetivos podem ser do conhecimento
serão perfeitos. Representa que a Alta Direção de- de todos e o seu progresso pode ser avaliado em
verá assumir um compromisso de que se esforçará reuniões regulares.
e fornecerá todas as condições necessárias para 11. Eliminar as causas dos erros. Os empregados de-
que todos na organização busquem a conformida- vem ser encorajados a comunicar as dificuldades
de com os requisitos já na primeira vez. que têm em atingir as suas metas de aperfeiçoa-
• Fazer certo na primeira vez – É mais economica- mento e na remoção das causa de erros.
mente vantajoso fazer certo logo na primeira vez 12. Reconhecimento. Deve ser manifestado publica-
do que ter retrabalho refazendo o que foi feito de mente o reconhecimento àqueles que atingem os
forma incorreta. seus objetivos de forma regular.
13. Implantar os círculos de qualidade. Os especia-
Crosby propõe uma sequência de passos para a im- listas em Qualidade e as pessoas particularmente
plantação de um programa de melhoria da qualidade: motivadas pelo progresso da melhoria da quali-
1. Compromisso da Alta Direção em relação ao pro- dade devem-se encontrar regularmente a fim de
grama de qualidade. A Direção da organização trocarem ideias e experiências.
deve estar convencida da necessidade da melho- 14. Recomeçar e progredir sempre. Reiniciar o ciclo
ria da qualidade e exprimi-lo claramente através para dar continuidade ao programa. O conjunto
de um documento escrito que defina a política de de passos anteriores deve ser iniciado com regu-
qualidade da organização. Deve exprimir o que laridade, o que renova o compromisso dos antigos
cada um deve fazer para responder às necessida- funcionários e introduz os novos no processo.
des dos clientes.
2. Criar as equipes de melhoria da qualidade. A Di- Joseph M. Juran, junto com Deming, foi um dos res-
reção deve estabelecer uma equipe para supervi- ponsáveis pelo reerguimento da economia japonesa
sionar a melhoria da qualidade em todos os de- pós-guerra.
partamentos. O papel da equipe é avaliar o que é Para o autor, os pontos fundamentais da gestão da
necessário em cada departamento e levar a cabo qualidade são:
tudo o que respeita à política geral da qualidade • O planejamento da qualidade
da organização. • A melhoria da qualidade

59
• O controle da qualidade Também foram estabelecidos quatro eixos estratégi-
Considerava a qualidade como o resultado do de- cos com o intuito de pôr a FNQ à frente de suas congê-
sempenho do produto que satisfaz o cliente, ou seja, a neres mundiais:
satisfação do cliente em relação ao produto passa a fazer ••• Efetividade no cumprimento da missão
parte do planejamento da qualidade. ••• Sustentabilidade financeira
••• Capacidade de promover a evolução do Modelo
Armand Vallin Feigenbaun nasceu em 1922 e desta- de Excelência de Gestão (MEG)
cou-se como um dos importantes pensadores da qua- ••• Reconhecimento pela sociedade
lidade. Nos anos 50, definiu o que seria o controle da
qualidade total como um sistema eficiente para a inte- Os processos de transformação da FNQ contaram
gração do desenvolvimento da qualidade, da manuten- com três etapas:
ção da qualidade e dos esforços de melhoramento da ••• De 1991 a 1996 - desenvolver estrutura e conquis-
qualidade dos diversos grupos numa organização, para tar credibilidade baseada em sólidos conceitos e
permitir produtos e serviços mais econômicos que levem critérios de avaliação da gestão das organizações;
em conta a satisfação total do consumidor. ••• De 1997 a 2003 - consolidar o PNQ como marco
Destacam-se algumas de suas ideias sobre qualidade: referencial para a Excelência em Gestão no País;
• É um instrumento estratégico para a organização
••• Desde 2004 - conscientizar profissionais e em-
• É uma filosofia de gestão, um compromisso com a
presários de todo o Brasil da importância de uma
Excelência
gestão eficaz e disseminar os conceitos e funda-
• É o único objetivo da organização
• A qualidade é determinada pelos clientes mentos da excelência que fazem parte do Modelo
• Pressupõe trabalho em grupo de Excelência da Gestão
• A qualidade exige o compromisso da Alta Direção
• A qualidade exige empowerment (Significa dar po- O MODELO DE EXCELÊNCIA DA GESTÃO (MEG) da
der de ação aos escalões mais baixos da estrutura FNQ possui uma visão sistêmica da gestão organizacio-
organizacional, incentivando a autonomia e a des- nal.
centralização. É importante frisar que indivíduos É um modelo baseado em 11 fundamentos e 8 crité-
com empowerment precisam conhecer a missão rios. Podemos definir os fundamentos como os pilares, a
organizacional a fim de atingir os objetivos da ins- base teórica de uma boa gestão. Esses fundamentos são
tituição). colocados em prática por meio dos oito critérios.
••• Fundamentos: pensamento sistêmico; aprendiza-
Fundamentos de Excelência Gerencial do organizacional; cultura de inovação; liderança e
constância de propósitos; orientação por proces-
A FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, muito co- sos e informações; visão de futuro; geração de va-
nhecida pela sigla FNQ, é uma entidade privada e sem lor; valorização de pessoas; conhecimento sobre o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

fins lucrativos que foi criada em 1991 por representantes cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias
de organizações brasileiras dos setores público e priva- e responsabilidade social.
do. Sua principal função era administrar o Prêmio Na- ••• Critérios: liderança; estratégias e planos; clientes;
cional da Qualidade (PNQ) e as atividades decorrentes sociedade; informações e conhecimento; pessoas;
do processo de premiação em todo o território nacional, processos e resultados.
bem como fazer a representação institucional externa do
PNQ nos fóruns internacionais. É importante compreen- O sucesso de uma organização está diretamente re-
der que o PNQ é um prêmio que reconhece à excelência lacionado à sua capacidade de atender às necessidades
da gestão das organizações. e expectativas de seus CLIENTES. Elas devem ser identi-
Em 2004, ao completar 13 ciclos de premiação, a até
ficadas, entendidas e utilizadas para que se crie o valor
então chamada de FPNQ - Fundação para o Prêmio Na-
necessário para conquistar e reter esses clientes.
cional da Qualidade - havia cumprido seu papel inicial,
Para que haja continuidade em suas operações, a em-
voltado ao estabelecimento do PNQ, seguindo as me-
lhores práticas internacionais. Em 2005, a FPNQ lançou presa também deve identificar, entender e satisfazer as
projeto a fim de se tornar um dos principais centros necessidades e expectativas da SOCIEDADE e das comu-
mundiais de estudo, debate e irradiação de conhecimen- nidades com as quais interage sempre de forma ética,
to sobre Excelência em Gestão. Nesse sentido, passou a cumprindo as leis e preservando o ambiente.
se chamar FNQ - Fundação Nacional da Qualidade, no- De posse de todas essas informações, a LIDERANÇA
menclatura que mantém até hoje. estabelece os princípios da organização, pratica e viven-
A retirada da palavra “Prêmio” do nome evidencia uma cia os fundamentos da excelência, impulsionando, com
nova etapa da FNQ, que antes tinha como principal foco seu exemplo, a cultura da excelência na organização. Os
de atuação o PNQ. Essa mudança também passa, neces- líderes analisam o desempenho e executam, sempre que
sariamente, pela missão da instituição de disseminar os necessário, as ações requeridas, consolidando o aprendi-
Fundamentos da Excelência em gestão para o aumento da zado organizacional.
competitividade das organizações e do Brasil. Para isso, a As ESTRATÉGIAS são formuladas pelos líderes para
FNQ propõe difundir amplamente esse conceito em orga- direcionar a organização e o seu desempenho, determi-
nizações de todos os setores e portes, contribuindo para o nando sua posição competitiva. Elas são desdobradas em
aperfeiçoamento da gestão nas empresas. todos os níveis da organização, com planos de ação de

60
curto e longo prazos. Recursos adequados são alocados para assegurar sua implementação. A organização avalia per-
manentemente a implementação das estratégias e monitora os respectivos planos e responde rapidamente às mudan-
ças nos ambientes interno e externo.

No dia 18/10/2016 entrou em vigor a 21ª edição do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), principal publicação da
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), um dos principais centros de referência para melhoria da produtividade das
organizações e da competitividade no Brasil.
As duas principais mudanças propostas pela 21ª edição consistem:
(1) apresentação do novo Diagrama do MEG, baseado no Tangram, quebra cabeça de sete peças de origem chinesa
e em seus oito Fundamentos da Gestão para Excelência, que substituem os antigos Critérios de Excelência.
(2) inovação na metodologia para avaliação e autoavaliação do nível de maturidade de gestão das organizações.

A FNQ considera o MEG como um modelo de referência em gestão organizacional, que tem como principal caracte-
rística a de ser um modelo integrador. A evolução do diagrama do MEG de uma mandala (20ª edição) para o tangram
(21ª edição) e a substituição dos Critérios de Excelência pelos Fundamentos da Gestão para Excelência reforça esta
ideia, visto que a FNQ considera que os Fundamentos não são aspectos isolados, pois, possuem inter-relações que
caracterizam o MEG como um modelo verdadeiramente holístico.
Segundo a FNQ ao utilizar como referência os oito Fundamentos da Gestão para Excelência apresentados abaixo,
a organização pode realizar uma autoavaliação e obter um diagnóstico da maturidade da gestão.

1. PENSAMENTO SISTÊMICO
Reconhecimento das relações de interdependência e consequências entre os diversos componentes que formam a or-
ganização, bem como entre estes e o ambiente com o qual interagem.
2. COMPROMISSO COM AS PARTES INTERESSADAS
Gerenciamento das relações com as partes interessadas e sua inter-relação com as estratégias e processos. 
3. APRENDIZADO ORGANIZACIONAL E INOVAÇÃO
Busca e alcance de novos patamares de competência para a organização e sua força de trabalho, por meio da percep-
ção, reflexão, avaliação e compartilhamento de conhecimentos, promovendo um ambiente favorável à novas identifica-
ções. 
4. ADAPTABILIDADE
5. Flexibilidade e capacidade de mudança para atender as atuais demandas.
6. LIDERANÇA TRANSFORMADORA
Atuação dos líderes de forma ética e comprometida com a excelência e mobilizando as pessoas em torno de valores,
princípios e objetivos da organização e gerando interação com as partes interessadas. 

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


7. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Compromisso da organização em responder pelos impactos de suas decisões e atividades, na sociedade e no meio
ambiente, e de contribuir para a melhoria das condições de vida.
8. ORIENTAÇÃO POR PROCESSOS
Busca da eficiência e eficácia através das ações de forma que essas agreguem valor para as partes interessadas.
9. GERAÇÃO DE VALOR
Alcance de resultados econômicos, sociais e ambientais e que atendam as necessidades e expectativas das partes in-
teressadas.

Os fundamentos da excelência são conceitos que definem o entendimento contemporâneo de uma gestão de exce-
lência na administração pública e que, orientados pelos princípios constitucionais, compõem a estrutura de sustentação
do Modelo de Excelência em Gestão Pública.

#FicaDica
Caros alunos, fiquem muito atentos,pois, como vimos acima, o novo MEG da FNQ (21ª edição do MEG )
traz alterações quanto aos seus conteúdos e, nesse modelo, consta apenas OITO FUNDAMENTOS (vide link
Fonte: http://www.fnq.org.br/aprenda/metodologia-meg/modelo-de-excelencia-da-gestao/fundamentos)

61
Os oito Fundamentos da Excelência, na 21ª edição do MEG, são: 

Em suma, temos aqui uma natureza gerencial da administração que busca pela qualidade na prestação do serviço
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

ao público de forma imperativa, sendo o cidadão o foco sempre, proporcionando a ele atendimento de excelência, que
coloque os serviços e as rotinas de maneira transparente, participativa e que permita o controle social.

Abaixo, algumas ferramentas utilizadas para desenvolver processos que busquem a excelência em qualidade
nos resultados da prestação e execução dos serviços públicos.

Ferramentas de gestão da qualidade

A utilização de metodologias de trabalho e a aplicação de ferramentas conhecidas de todos na organização, dentro


da mesma filosofia, permitem uma maior rapidez e transparência nas comunicações internas e a consequente agiliza-
ção na tomada de decisões.
As ferramentas da Qualidade não são uma invenção nova. Algumas delas já existem desde a II Guerra Mundial e,
combinadas a outras mais recentes, formam o atual conjunto de que se dispõe para o desenvolvimento de ações de
melhoria.
Podemos citar:

BENCHMARKING

O benchmarking, introduzido em 1970 na empresa Xerox, é caracterizado como um processo contínuo e sistemáti-
co de pesquisa para avaliar produtos, serviços, processos de trabalho de ouras empresas, a fim de identificar quais são
as melhores práticas adotadas por elas. A partir dessa análise, a instituição verifica seus próprios processos e realiza o
aprimoramento organizacional, desenvolvendo a habilidade dos administradores de visualizar no mercado as melhores
práticas administrativas das empresas consideradas excelentes (benchmarks) em certos aspectos.
A meta é definir objetivos de gestão e legitimá-los por meio de comparações externas. A comparação costuma ser
um saudável método didático, pois desperta para as ações que as empresas excelentes estão desenvolvendo e que
servem de lição. A base do benchmarking é não fechar-se em si mesma, no caso da empresa, mas sim observar e avaliar
constantemente o mundo exterior.
Segundo Chiavenato, o benchmarking exige três objetivos que a organização precisa definir:

62
• Conhecer suas operações e avaliar seus pontos fortes e fracos. Deve documentar os passos e práticas de processos
de trabalho, definir medidas de desempenho e diagnosticar suas fragilidades.
• Localizar e conhecer os concorrentes ou organizações líderes do mercado, para poder definir as habilidades, co-
nhecendo seus pontos fortes e fracos e compará-los com seus próprios pontos fortes e fracos.
• Incorporar o melhor do melhor adotando os pontos fortes dos concorrentes e, se possível, excedendo-os e ul-
trapassando-os. A principal barreira à adoção dessa ferramenta é convencer os administradores de que seus
desempenhos podem ser melhorados. Isso requer uma paciente abordagem e apresentação de evidências de
melhores métodos utilizados por outras organizações.

BRAINSTORMING

O brainstorming, desenvolvido em 1930 por Alex F. Osborn, busca, a partir da criatividade de um grupo, a geração
de ideias para um determinado fim.
A técnica propõe que um grupo de pessoas (de duas até dez pessoas) se reúna e se utilize das diferenças em seus
pensamentos e ideias para que possa chegar a um denominador comum eficaz e com qualidade.
É preferível que as pessoas que se envolvam nesse método sejam de setores e competências diferentes e nenhuma
ideia é descartada ou julgada como errada ou absurda. O ambiente deve ser encorajador e sem críticas para os parti-
cipantes ficarem a vontade e deve ser incentivado o trabalho em grupo. Pegar carona nas ideias dos outros deve ser
incentivado.

As quatro principais regras do brainstorming são:


• Críticas são rejeitadas, pois a crítica pode inibir a participação das pessoas;
• Criatividade é bem-vinda. Vale qualquer ideia que lhe venha a mente, sem preconceitos e sem medo que isso irá
prejudicar. Uma ideia esdrúxula pode desencadear ideias inovadoras;
• Quantidade é necessária. Quanto mais ideias forem geradas, maior é a chance de se encontrar uma boa ideia;
• Combinação e aperfeiçoamento são necessários.

O brainstorming pode ser feito de duas formas: estruturado ou não estruturado.


• No brainstorming ESTRUTURADO - os participantes lançam ideias seguindo uma sequência inicialmente estabe-
lecida. Quando chega a sua vez, você lança a sua ideia. A vantagem desta forma é que propicia oportunidades
iguais a todos os participantes, gerando maior envolvimento.
• No brainstorming NÃO ESTRUTURADO - as ideias são lançadas aleatoriamente, sem uma sequencia inicialmente
definida. Isso cria um ambiente mais informal, porém com risco dos mais falantes dominarem a cena.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


BRAINWRITING

É uma variação do brainstorming, em que as ideias são escritas, trazendo ordem e calma ao processo. Evita efeitos
negativos de reuniões, como a influência da opinião de coordenadores e chefes, ou a dificuldade em verbalizar rapi-
damente as ideias.

PROGRAMA 5S

O Programa 5S, originário no Japão, é considerado um pré-requisito para qualquer programa de Gestão da Qua-
lidade Total. O 5S foca o ambiente de trabalho da organização a fim de simplificar o ambiente de trabalho e reduzir o
desperdício. Como resultado, ocorre melhoria no aspecto de qualidade e segurança. O ambiente se torna limpo, orga-
nizado, evitando a perda de tempo e o desperdício de material.
Assim, o resultado da implantação dessa ferramenta será o menor desperdício, melhor qualidade e ganhos expres-
sivos na administração do tempo.
A sigla 5S refere-se na realidade a 5 letras iniciais de palavras japonesas:
• Seiri - Descartar
• Seiton - Organizar
• Seiso - Limpar
• Seiketsu - Saudável e seguro
• Shitsuke – Autodisciplina

SERVQUAL

A pesquisa SERVQUAL tem como ideia comparar a performance ou o desempenho de uma empresa frente a um
ideal.
Foi desenvolvida com o intuito de mensurar as cinco dimensões da qualidade em serviços, sendo elas:

63
Segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005), a ferramenta foi projetada e validada para um uso em diversos ser-
viços, com a função mais importante de identificar as tendências da qualidade dos mesmos por meio de pesquisas
periódicas com os clientes. O uso adequado desse modelo pode contribuir na correção de fontes causadoras de per-
cepção insatisfatória dos clientes e também comparar o nível de qualidade dos serviços oferecidos com os de possíveis
concorrentes (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS, 2005)

Na pesquisa SERVQUAL, então, há três instantes distintos e sequenciais:


1. o cliente é perguntado, primeiramente, como ele imagina, como cliente, a sua empresa ideal, em um dado ramo
de atividade;
2. a seguir o cliente é perguntado como está o desempenho da empresa real a ser analisada;
3. é feita a comparação entre a empresa ideal e a empresa real.

O modelo SERVQUAL, instrumento de pesquisa desenvolvido para medir a qualidade de serviços, consiste de 22 itens.
A primeira parte do questionário (22 itens) foi desenvolvida para medir o nível desejado – ou ideal - do serviço de
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uma determinada empresa ideal.


Já a segunda parte (novamente os mesmos 22 itens) mede a percepção – esta é a real, objetiva - do cliente sobre o
serviço oferecido por uma determinada empresa.
Então a qualidade do serviço é avaliada subtraindo-se a qualidade esperada da empresa ideal da qualidade perce-
bida na determinada empresa.
Este modelo de pesquisa é utilizado para avaliar a qualidade dos serviços prestados por uma determinada empresa.
Baseado nos resultados da pesquisa as áreas consideradas fracas podem ser localizadas e corrigidas. Essa pesquisa
aponta também as áreas fortes da empresa, que podem ser usadas como vantagens competitivas.

REENGENHARIA

A reengenharia pode ser considerada uma reação às mudanças ambientais velozes e intensas e à total inabilidade
das organizações em ajustar-se a essas mudanças. Significa fazer uma nova engenharia da estrutura organizacional.
Representa uma reconstrução e não simplesmente uma reforma parcial da empresa. Não se trata de fazer reparos
rápidos ou mudanças cosméticas na engenharia atual, mas de fazer um desenho organizacional totalmente novo e
diferente.
A reengenharia se baseia nos processos empresariais e considera que eles devem fundamentar o formato organi-
zacional. Não se pretende melhorar os processos já existentes, mas a sua total substituição por processos inteiramente
novos. Nem se pretende automatizar os processos já existentes. Não se confunde com a melhoria contínua, pois a
reengenharia pretende criar um processo inteiramente novo e baseado na tecnologia da informação e não o aperfei-
çoamento gradativo e lento do processo atual.
Segundo Chiavenato, a reengenharia se fundamenta em quatro palavras chave:
• Fundamental – busca reduzir a organização ao essencial e fundamental.
• Radical – impõe uma renovação radical, desconsiderando as estruturas e os procedimentos atuais para inventar
novas maneiras de fazer o trabalho.
• Drástica – destrói o antigo e busca sua substituição por algo inteiramente novo.
• Processos – orienta o foco para os processos e não mais para as tarefas ou serviços, nem para pessoas ou para a
estrutura organizacional.

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Além dessas citadas acima, temos outras ferramentas comumente utilizadas nesse processo de busca de qualidade na
gestão.
É comum classificá-las em ferramentas estatísticas e não estatísticas. Há quem as subdivida em ferramentas geren-
ciais e estatísticas ou em antigas e novas ferramentas. Há quem selecione apenas sete. Essas são denominadas “as sete
ferramentas da qualidade”.
As ferramentas conhecidas como “as sete ferramentas da qualidade” são estratificação, folha de verificação, gráfico
de Pareto, diagrama de causa e efeito, histograma, diagrama de dispersão e gráfico de controle.
As ferramentas não-estatísticas, como o fluxograma, folhas de verificação, cartas de tendências etc., são relativa-
mente simples e podem ser utilizadas tanto pelo nível gerencial quanto operacional da organização. O uso dessas
ferramentas exige pouco treinamento.
As ferramentas estatísticas, como o histograma, diagrama de Pareto, estratificação etc., são de complexidade média.
Essas, em geral, são utilizadas pela gerência intermediária e por técnicos, desde que sejam submetidos a treinamento
específico e tenham alguma facilidade para trabalhar com dados numéricos.
Não há limites para a quantidade de ferramentas que podem ser utilizadas na análise e melhoria de processos. No
entanto, para o uso eficaz de todas as ferramentas, é necessário conhecimento e prática.

Ferramentas Não-Estatísticas

Vejamos abaixo as ferramentas não-estatísticas mais utilizadas, seus conceitos e exemplos:

Folha de verificação
As folhas de verificação são ferramentas de fácil compreensão, usadas para responder à pergunta: “Com que fre-
quência certos eventos acontecem?” Ela inicia o processo transformando “opiniões” em “fatos”.
Na preparação de uma Folha de Verificação devem ser incluídos, sempre que possível, os seguintes itens:
· o objetivo da verificação (por que);
· os itens a serem verificados (o que);
· os métodos de verificação (como);
· a data e a hora das verificações (quando);
· o nome da pessoa que faz a verificação (quem);
· os locais e processos das verificações (onde);
· os resultados das verificações;
· a sequência das verificações.

Além disso, é necessário:

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· definir o período para a coleta de dados;
· elaborar um formulário simples e fácil de ser preenchido;
· verificar se os dados podem ser colhidos consistente e oportunamente.

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Carta de tendência
São representações gráficas de dados coletados em um determinado período para identificar tendências ou outros
padrões que ocorrem ao longo deste período.
São utilizadas para monitorar um sistema, a fim de se observar ao longo do tempo a existência de alterações na
média esperada.
A carta de tendência, como qualquer outro gráfico, deve ser usada para chamar atenção para mudanças realmente
vitais no sistema.
Por exemplo, quando monitoramos qualquer processo, é esperado que encontremos certa quantidade de pontos
acima e abaixo da média. Porém quando muitos pontos aparecem em apenas um lado da média, isto indica um evento
estatístico não usual e que houve variação na média. Estas mudanças devem ser sempre investigadas. Se a causa da
variação é favorável, deve ser incorporada ao processo. Se não deve ser eliminada.

Checklist de aderência
Checklist (ou lista de verificação) é um formulário, previamente elaborado, para coleta de opiniões sobre o quanto
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

pessoas ou organizações conhecem, aceitam ou praticam as ações, os princípios ou os comportamentos que estão
sendo avaliados.

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Diagrama de causa e efeito

É uma ferramenta utilizada para:


· apresentar a relação existente entre o resultado de um processo (efeito) e os fatores (causas) que possam afetar
este resultado;
· estudar processos e situações;
· planejamento.

É, também, conhecido como diagrama de espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa.


Desenvolvido no Japão, em 1943, por Kooru Ishikawa, permite, ainda, representar a relação entre problema e todas
as possibilidades de causas que podem implicar neste efeito.
Para facilitar a construção do diagrama, Ishikawa idealizou quatro categorias de causas conhecidas como 4M. Ou-
tras categorias foram propostas e nada impede que cada pessoa proponha suas próprias categorias. Todavia, não deve
esquecer que a simplicidade é o segredo para o bom funcionamento desta ferramenta.
As categorias mais comuns para agrupamento das causas são:
· 4M: Mão-de-obra, Máquina, Método do Processo ou da Medida e Materiais;
· 5M: Mão-de-obra, Máquina, Método, Materiais e Manager (Gerenciamento);
· 6M: Mão-de-obra, Máquina, Método, Materiais, Manager (Gerenciamento) e Meio Ambiente;
· 7M: Mão-de-obra, Máquina, Método, Materiais, Manager (Gerenciamento), Meio Ambiente e Money (Dinheiro).

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4Q1POC (5W2H)

É uma técnica de levantamento global recomendada para todas as etapas da análise e melhoria de processos. O
nome da técnica deriva-se de cinco perguntas em inglês. São elas: Who, Where, Why, What, When, How much and
How. Por isso, ela também é conhecida como 5W2H. Em português, 4Q1POC refere-se às perguntas Quem, O Que,
Quando, Quanto, Por que, Onde e Como. Esta técnica pode ser utilizada tanto para análise de processos quanto para o
planejamento de melhorias. É a forma mais simples do Plano de Ação.

Quem
· Quem são os clientes e os fornecedores?
· Quem planeja, executa e avalia?
O Que
· O que é feito?
· O que é consumido?
Quando
· Quando a atividade é executada?
· Quando o cliente precisa do produto ou serviço?
Quanto
· Quanto custará a implementação das atividades?

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Onde
· Onde a atividade é planejada, executada e avaliada?
· Onde o produto ou serviço deve ser entregue?
Por que
· Por que o processo segue esta rotina?
· Por que esta solução será implementada?
Como
· Como a atividade é planejada, executada e avaliada?
· Como esta solução será implementada?

5 Por quês

É uma técnica de análise que permite, através da formulação de uma única pergunta, Por que, aprofundar o co-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

nhecimento sobre determinado assunto. Como se trata de uma sequencia de perguntas ordenadas, de forma que a
pergunta seguinte incida sempre sobre a resposta dada à questão anterior, a tendência é a identificação de uma grande
variedade de causas afins ao tema que está sendo questionado. Cabe observar que o número 5, colocado no nome
da técnica, não é impositivo, apenas sugere a reincidência da pergunta e o não conformismo com a primeira resposta.

Matriz GUT

É uma matriz de priorização de problemas a partir da análise feita, considerando três critérios (Gravidade - Urgência
– Tendência):

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· Gravidade: impacto do problema sobre coisas, pessoas, resultados, processos ou organizações e efeitos que sur-
girão a longo prazo, caso o problema não seja resolvido.
· Urgência: relação com o tempo disponível ou necessário para resolver o problema.
· Tendência: potencial de crescimento do problema, avaliação da tendência de crescimento, redução ou desapare-
cimento do problema.

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Técnica nominal de grupo

É uma técnica de priorização que se aplica a situações diversas, tais como: problemas, soluções, processos, ativida-
des, etc. Diferentemente de outras técnicas, o critério de priorização é absolutamente subjetivo, o que torna recomen-
dável que sua utilização seja precedida de ampla discussão sobre os assuntos a serem priorizados.
Na Técnica Nominal de Grupo, os valores a serem atribuídos no preenchimento da matriz não são estabelecidos “a
priori”, sendo que o maior valor é sempre igual ao número de itens a serem priorizados. No preenchimento da matriz,
cada avaliador começa atribuindo o maior valor ao item que considera mais prioritário. Não é permitido, a um único
avaliador, atribuir o mesmo valor a dois ou mais itens.

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Votação de Pareto

É uma técnica de priorização baseada no “Princípio de Pareto” dos poucos pontos vitais e muitos pontos triviais
sendo, neste caso, utilizado o procedimento de votação.
Juran adaptou aos problemas da Qualidade a teoria da desigualdade da distribuição de renda desenvolvida pelo
economista italiano Vilfredo Pareto. O princípio de Pareto estabelece que, na maioria dos processos, uma pequena
quantidade de causas (cerca de 20%) contribui de forma preponderante para a maior parte dos problemas (cerca de
80%), e que uma grande quantidade de causas (cerca de 80%) contribui muito pouco para os efeitos observados (cerca
de 20%). Ao primeiro grupo de causas, ele chamou de “pouco vitais” e ao segundo de “muito triviais”.
O procedimento utilizado consiste em que o coordenador, após a geração de uma série de ideias por um grupo,
solicita que os participantes votem naquelas que consideram as mais importantes, de acordo com as seguintes regras:
· o número de votos por participante é limitado a 20%, do total de ideias;
· todos os votos permitidos devem ser usados;
· não é permitido dedicar mais de um voto para uma mesma ideia por participante.

As ideias mais votadas, que devem estar na faixa dos 20% do total de ideias geradas, são as consideradas prioritá-
rias.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

70
Diagrama de árvore

Relaciona o objetivo mais geral com passos de implementação prática. Na sua versão original japonesa, o diagrama
da árvore é utilizado para descrever os métodos pelos quais um propósito pode ser alcançado. Além disso, é utilizado
também, para explorar todas as causas possíveis de um problema, assemelhando-se ao diagrama de causa e efeito,
para mapear características de um produto ou serviço e para identificar atividades a serem acompanhadas tendo em
vista um objetivo organizacional geral, como no exemplo prático apresentado na tela seguinte.

Diagrama de matriz

Apresenta graficamente o relacionamento entre dois ou mais elementos, tais como: atividades de pessoas com
funções, tarefas com tarefas, problemas com problemas, problemas com causas e soluções, etc. As matrizes podem ter
vários formatos, dependendo da quantidade de elementos a serem combinados.

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Fluxograma

É a representação esquemática da sequencia (setas) das etapas (caixas) de um processo e tem por objetivo ajudar a
perceber sua lógica. O fluxograma serve para compreender e melhorar o processo de trabalho, criar um procedimento
padrão de operação e mostrar como o trabalho deve ser feito.
É utilizado também como ferramenta de comunicação, de compreensão, aprendizado e auxílio à memória. Essa
ferramenta possibilita identificar instruções incompletas e serve como roteiro de controle e padronização. É muito útil
na identificação e resolução de problemas e na operacionalização, no controle e na melhoria de um processo.
Na construção de um fluxograma são utilizados símbolos variados, e os mais comuns são os apresentados a seguir:

71
FERRAMENTAS ESTÍSTICAS

Vejamos abaixo as ferramentas estatísticas mais utilizadas, seus conceitos e exemplos.


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

Diagrama de Pareto

São gráficos de barras verticais que permitem classificar e priorizar problemas em duas categorias: “Pouco vitais” e
“Muito triviais”.
Segundo o princípio de Pareto, os processos podem ser melhorados se houver uma atuação sistemática sobre as
causas do primeiro grupo. Se existir o hábito da priorização, muitos problemas simplesmente desaparecem por serem
pouco relevantes.
Por outro lado, os problemas mais graves passam a ter o tratamento devido e também desaparecem.
Outro ponto importante sobre o diagrama de Pareto é a possibilidade de desdobramento das causas principais em
outros Paretos, permitindo análises sucessivas, como ilustrado a seguir.

72
Estratificação

A estratificação consiste em dividir um conjunto de dados em grupos que possuem características que os tornam
peculiares, podendo agrupá-los de diversas maneiras. Ela ajuda na análise dos casos cujos dados mascaram os fatos reais.
Isto geralmente ocorre quando os dados registrados provêm de diferentes fontes, mas são tratados sem distinção.
Permite também identificar fontes de variação, analisar dados, pesquisar oportunidades de melhoria e avaliar de
forma mais eficaz as situações. Uma forma prática de fazer estratificação é utilizar os 4M ou 5M ou 6M ou 7M.

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São gráficos de barras construídos a partir de uma tabela de frequência de determinadas ocorrências. O eixo hori-
zontal apresenta os valores assumidos por uma variável de interesse.
Subdivide-se o eixo horizontal em vários pequenos intervalos, construindo-se para cada um destes intervalos uma
barra vertical.
Os histogramas, assim como os processos, podem ter as mais variadas formas, indicando se o processo está “está-
vel” ou apresenta algum desvio. A construção de histogramas exige alguns conhecimentos de estatística que permitam,
após a coleta de dados, a determinação da amplitude, do número, do intervalo e dos limites de classe e a preparação
de uma tabela de frequência.

73
ESCOLHENDO O PROCESSO

A escolha do processo a ser analisado é de grande importância para o sucesso dos trabalhos a serem desenvolvidos
no âmbito de uma organização.
A seguir são listadas algumas dicas para seleção de processos:
· impacto direto sobre clientes externos;
· ciclo de execução rápido;
· não esteja passando por importantes transições;
· seja relativamente simples;
· tenha potencial para gerar benefícios;
· ofereça integração com visão e missão.

A Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP) consiste em um conjunto de procedimentos sistema-


ticamente ordenados, baseado em fatos e dados, que visa a identificação e a eliminação de problemas que afetam os
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

processos, bem como a identificação e o aproveitamento de oportunidades para a melhoria contínua.


O gerenciamento de processos organizacionais envolve tanto a aplicação da MASP como a compreensão do ciclo
PDCA (Planejar, Desenvolver, Checar, Agir corretivamente), estudado anteriormente. Ambos os métodos, assim como
o uso de ferramentas, são úteis no gerenciamento da Qualidade de processos. Entender a relação existente entre estes
deve, pois, ser considerada. Vejamos a seguir como essas metodologias se relacionam.

Compreendendo a Masp – Etapas e Procedimentos e a Relação com o PDCA

74
RELAÇÃO ENTRE CICLO PDCA, ETAPAS DA MASP E FERRAMENTAS UTILIZADAS

METODOLOGIA PARA IMPLANTAÇÃO DA MASP

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


FASE 1 - PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO
Atividade 1: Elaboração do Projeto
· definição de objetivos e produtos;
· definição das áreas envolvidas e seus representantes;
· definição dos patrocinadores;
· definição do Comitê Gestor de Redesenho;
· definição das Equipes de Redesenho;
· definição dos Grupos de Contato;
· definição do Coordenador do Projeto;
· definição dos recursos necessários;
· definição das estratégias de comunicação e responsáveis;
· definição da metodologia de análise a ser empregada;
· definição das técnicas de documentação a serem utilizadas;
· definição dos resultados a serem atingidos;
· elaboração do Plano de Ação (descrição da tarefas, responsáveis e cronograma).

Atividade 2: Validação
Atividade 3: Divulgação
Atividade 4: Alocação de Recursos
Atividade 5: Formalização dos Grupos de Trabalho (Comitê Gestor, Equipes de Redesenho, Grupos de Contato
e Coordenação)

Atividade 6: Capacitação da Equipe de Redesenho

FASE 2 – IDENTIFICAÇÃO
Atividade 01: Identificação do Contexto Institucional do Processo
· missão da organização e competências das áreas;
· diagrama da estrutura organizacional (com o quantitativo de pessoal).

75
Atividade 02: Identificação do Processo FASE 6 – PLANEJAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO
· nome do processo; descrição e objetivos; Atividades
· unidade responsável; · definição da equipe responsável em cada área;
· responsável (cargo, nome, telefone e e-mail); · definição dos patrocinadores;
· recursos alocados (humanos, tecnológicos e mate- · definição do processo de monitoramento dos resul-
riais); tados (indicadores, itens de verificação e de controle, e
· produtos intermediários e finais; metas a serem atingidas);
· clientes internos e externos e seus requisitos; · definição da estratégia de implementação;
· fornecedores e insumos (e requisitos); · elaboração do plano de implementação (tarefas, res-
· fluxograma geral do processo; ponsáveis e cronograma);
· documentação existente (legislação, normas, siste- · elaboração do plano de capacitação;
mas, etc); · capacitação das equipes executoras.
· indicadores existentes [tipo, nome, descrição/fór-
mula, periodicidade, insumos, responsável, históri- FASE 7 – ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTA-
co (financeiro/custos; processo eficiência; eficácia; ÇÃO
efetividade; qualidade; prazos; metas; capacidade; Atividades
satisfação dos clientes; critérios PNGP – liderança, · Reuniões de acompanhamento, avaliação e tomada
planejamento, cidadão e sociedade, informação e de decisão (correções ou modificações no processo).
análise, processos, pessoas, resultados);
· mapa de atividades; FASE 8 – RELATÓRIO FINAL DE AVALIAÇÃO DO
· fluxograma detalhado do processo. PROJETO
Atividades
FASE 3 – ANÁLISE · elaboração de relatório.8
Atividade 1: Identificação e Priorização dos Pro-
blemas
· ambiente interno: fatores restritivos e fatores incen-
tivadores (condições de trabalho, documentação, EXERCÍCIOS COMENTADOS
recursos humanos, recursos tecnológicos e recur-
sos materiais); 1. (PC/BA – 2018 – VUNESP) O ciclo PDCA tem sido fre-
· ambiente externo: ameaças e oportunidades; quentemente acompanhado, como reforço, de mais duas
· definição dos fatores críticos de sucesso e subpro- ferramentas da qualidade que têm por objetivo a veri-
cessos essenciais; ficação de problemas bem como suas resoluções. Uma
· identificação e priorização dos problemas; dessas ferramentas coloca as prováveis causas e as pro-
· descrição dos principais problemas; váveis consequências em um esquema gráfico, e a outra
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

· forma com que os problemas são percebidos; mo- estabelece um roteiro de perguntas que envolvem: onde?
mento e providências adotadas. como? quem? o quê? por quê? quando? quanto? etc. Essas
ferramentas da Gestão pela Qualidade Total são, respec-
Atividade 2: Análise dos Problemas tivamente:
· identificação das causas dos problemas (Diagrama
de Ishikawa); a) 6 Ws 1 H; Diagrama de Gantt.
· priorização das causas (Matriz GUT, Votação de Pa- b) Diagrama de Ishikawa; 5 Ws 2 H. 
reto, etc). c) 5 Ws 1 H; Diagrama de Venn. 
d) Diagrama de Ishikawa; 6 Ws 2 H. 
FASE 4 – PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS e) Diagrama de Pareto; 5 Ws 1 H.
Atividades
· definição das possíveis soluções e respectivas alter- Resposta: Letra B. Também conhecido como Gráfico
nativas, com descrição das vantagens e desvanta- de Gantt, o Diagrama de Gantt, é uma ferramenta que
gens; possibilita a visualização do progresso dos projetos.
· identificação dos sistemas a serem modificados ou Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta gráfica uti-
desenvolvidos; lizada pela administração para o gerenciamento e o
· mapeamento dos riscos envolvidos. controle da qualidade em diversos processos, e tam-
bém é conhecido como Diagrama de Causa e Efeito
FASE 5 – ELABORAÇÃO DOS MANUAIS DOS PRO- ou Diagrama Espinha de peixe.
CESSOS No Diagrama de Venn os elementos são agrupados em
Atividades figuras geométricas, por exemplo, usa círculos sobre-
· novos fluxogramas (geral e detalhado); postos, para ilustrar as relações lógicas entre dois ou
· redação dos manuais; mais conjuntos de itens.
· revisão dos conteúdos; Diagrama de Pareto é uma técnica que permite es-
· revisão ortográfica. tabelecer dois grupos de causas para a maioria dos
processos. Uma grande quantidade de causas (ordem
de 80%) contribui muito pouco (ordem de 20%) para
8 Conteúdo adaptado de: www.adapar.pr.gov.br/www.lsensino.com.br

76
os efeitos observados. Uma pequena quantidade de 3. (TRT/8ª Região/PA e AP – 2016 - CESPE) Assinale a
causas (ordem de 20%) contribui de forma preponde- opção correta com referência à gestão de desempenho e
rante (ordem de 80%) para os efeitos observados. O à gestão de resultados na produção de serviços públicos.
primeiro grupo é denominado “maiorias triviais” e o
segundo grupo de “minorias essenciais”. a) Na gestão de desempenho por competências, o co-
4Q1POC (5W2H) nhecimento é o componente mais importante a ser
É uma técnica de levantamento global recomendada observado no empregado, pois a entrega do serviço
para todas as etapas da análise e melhoria de proces- final para a instituição depende de essa característica
sos. O nome da técnica deriva-se de cinco perguntas estar presente no indivíduo.
em inglês. São elas: Who, Where, Why, What, When, b) Na gestão de desempenho por competências, a prio-
How much and How. Por isso, ela também é conhecida ridade é avaliar, em detrimento de competências indi-
como 5W2H. Em português, 4Q1POC refere-se às per- viduais, o alcance das competências organizacionais,
guntas Quem, O Que, Quando, Quanto, Por que, Onde porque são estas últimas que contribuem para a so-
e Como. Esta técnica pode ser utilizada tanto para brevivência e a diferenciação da organização no seg-
análise de processos quanto para o planejamento de mento em que atua.
melhorias. É a forma mais simples do Plano de Ação. c) A gestão por resultados envolve o monitoramento e a
Dessa forma, na sequencia pedida no enunciado, as avaliação de desempenho da instituição para a verifi-
ferramentas são Diagrama de Ishikawa e 5Ws2H. cação dos resultados almejados, bem como a retroali-
mentação e a adoção de medidas corretivas decorren-
2. (TRT/24ª REGIÃO/MS – 2017 - FCC) Suponha que tes da avaliação.
determinada entidade integrante da Administração pú- d) A administração gerencial no setor público absorveu
blica pretenda medir seu grau de excelência utilizando características da administração burocrática por remu-
os conceitos, ferramentas e metodologias preconizados nerar e promover servidores com base no tempo de
pela Fundação Nacional de Qualidade − FNQ. Tal preten- serviço.
são afigura-se  e) A administração por resultados no setor público tem
como foco o alcance de metas orçamentárias, inde-
a) viável apenas em se tratando de entidade sujeita ao pendentemente do grau de satisfação do cidadão.
regime jurídico privado, tais como empresas públicas
e sociedades de economia mista.  Resposta: Letra C. Alternativa A – ERRADA – o conhe-
b)   inviável, em face da colidência com os princípios cimento é apenas uma das competências, embora seja
constitucionais que regem a Administração pública. 
importante, não descarta as demais, que formam juntas
c) cabível, eis que o modelo da FNQ contempla adapta-
o famoso CHA (Conhecimento/habilidades/atitudes)
ção para a gestão pública, com conteúdos específicos
Alternativa B – ERRADA - quando eu tenho um bom re-
para cada critério.
sultado individual, consigo potencializar meu resultado

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


d) de difícil consecução, haja vista a não aderência dos
organizacional, para tanto, necessário se faz a avalia-
fundamentos preconizados pela FNQ ao “estado da
ção individual e suas eventuais correções.
arte” na Administração pública. 
Alternativa D – ERRADA – não tem por base processos,
e) cabível apenas para fins de premiação, em caráter ho-
como por exemplo, gestão de carreira e sim resultados.
norífico, para gestores públicos de destaque, não se
aplicando para fins de avaliação da organização.  Alternativa E – ERRADA – o foco principal da adm por
resultados é atender ao cliente, à sua necessidade e da
Resposta: Letra C. A FNQ tem por objetivo disseminar sociedade como um todo, e ao atender à necessidade do
os Fundamentos de Excelência em Gestão para organi- cliente eu provoco nele a satisfação
zações de todos os setores e portes, contribuindo para
o aperfeiçoamento da gestão, o aumento da compe-
titividade das organizações e, consequentemente, para GESPÚBLICA
a melhoria da qualidade de vida do cidadão e, nesse
afã, vem à cada edição, buscando mais modernidade e O Programa Nacional de Gestão Pública e Desbu-
simplificação na forma de aperfeiçoar os processos ge- rocratização - GESPÚBLICA foi instituído pelo Decreto
renciais de suas organizações e alavancar os resultados. 5.378, de 23 de fevereiro de 2005, coordenado pela Se-
Em sua ultima edição (21ª), duas mudanças principais cretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orça-
demonstram esse objetivo e consistem em: (1) apre- mento e Gestão. Ele constituiu importante iniciativa do
sentação do novo Diagrama do MEG, baseado no Tan- Governo Federal, considerando o propósito de apoiar a
gram, quebra cabeça de sete peças de origem chinesa implementação de organizações públicas, focadas em
e em seus oito Fundamentos da Gestão para Exce- resultados para o cidadão, por meio da disseminação do
lência, que substituem os antigos Critérios de Exce- Modelo de Excelência em Gestão Pública - MEGP e das
lência. (2) inovação na metodologia para avaliação e tecnologias de gestão desenvolvidas pelo Programa.
autoavaliação do nível de maturidade de gestão das O uso do Modelo permite também que órgãos e en-
organizações. tidades públicos possam identificar e atuar na implemen-
Os oito fundamentos da edição atual vocês já viram em tação de ciclos contínuos de avaliação de seus sistemas
questões anteriores. de gestão, oportunizando o conhecimento das práticas,
dos resultados atuais e seu alinhamento aos requisitos

77
do MEGP. A manutenção cíclica do processo de avaliação - De estar voltado para a disposição de resultados
assegura que os resultados da gestão se mantenham ao para a sociedade – com impactos na melhoria da
longo do tempo e se tornem efetivos. qualidade de vida e na geração do bem comum;
O guia prático para a avaliação da Gestão Pública – - De ser federativo – com aplicação à toda a adminis-
GAGP 250 Pontos reúne informações, conceitos, funda- tração pública, em todos os poderes e esferas do
mentos, métodos e técnicas do Instrumento de Avaliação governo.
de Gestão Pública IAGP 250 para orientar os avaliadores - Apresenta ainda, os fundamentos de excelência ge-
internos das organizações públicas brasileiras, nos pro- rencial, conforme demonstrado abaixo:
cessos de avaliação e melhoria da gestão e de elabora- 1. Pensamento sistêmico;
ção e implementação de planos de melhoria da gestão. 2. Aprendizado organizacional;
3. Cultura da Inovação;
Esse Programa é o resultado da evolução histórica de 4. Liderança e constância de propósitos;
diversas iniciativas do Governo Federal para a promoção 5. Orientação por processos e informações;
da gestão pública de excelência, visando: 6. Visão de Futuro;
- contribuir para a qualidade dos serviços públicos 7. Geração de Valor;
prestados ao cidadão 8. Comprometimento com as pessoas;
- o aumento da competitividade do País. 9. Foco no cidadão e na sociedade;
• O Programa deverá contemplar a formulação e 10. Desenvolvimento de parcerias;
implementação de medidas integradas em agenda 11. Responsabilidade social;
de transformações da gestão, necessárias à: 12. Controle Social; e
13. Gestão participativa.
- A formulação e implementação de medidas inte-
gradas em agenda de transformações da gestão, O que o GesPública deverá fazer? E através de
necessárias à: quem?
- Promoção dos resultados preconizados no plano O GesPública, por meio do Comitê Gestor, deverá:
plurianual; - Mobilizar os órgãos e entidades da administração
- Consolidação da administração pública profissional pública para a melhoria da gestão e para a desbu-
voltada ao interesse do cidadão; rocratização;
- Aplicação de instrumentos e abordagens gerenciais. - Apoiar tecnicamente os órgãos e entidades da ad-
• Tudo isso com o objetivo de: ministração pública na melhoria do atendimento
ao cidadão e na simplificação de procedimentos
- Eliminar o déficit institucional, visando ao integral e normas;
atendimento das competências constitucionais do - Orientar e capacitar os órgãos e entidades da ad-
Poder Executivo Federal; ministração publica para a implantação de ciclos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

- Promover a governança, aumentando a capacidade contínuos de avaliação e de melhoria da gestão; e


de formulação, implementação e avaliação das po- - Desenvolver modelo de excelência em gestão pú-
líticas públicas; blica, fixando parâmetros e critérios para a avalia-
- Promover a eficiência, por meio de melhor aprovei- ção e melhoria da qualidade da gestão pública, da
tamento dos recursos, relativamente aos resulta- capacidade de atendimento ao cidadão e da efici-
dos da ação pública; ência e eficácia dos atos da administração pública
- Assegurar a eficácia e efetividade da ação gover- federal.
namental, promovendo a adequação entre meios,
ações, impactos e resultados; e Como se dará a participação dos órgãos e entida-
- Promover a gestão democrática, participativa, trans- des da administração pública no GesPública?
parente e ética. Dar-se-á mediante:
• Adesão: engajamento voluntário do órgão ou en-
O GesPública é a mais arrojada política pública for- tidade da administração pública no alcance da fi-
mulada para a gestão. Esta afirmação está baseada em nalidade do GesPública, que, por meio da autoava-
três características: liação contínua, obtenha validação dos resultados
- É essencialmente pública; da sua gestão; e
- É focada em resultados; e • Convocação: a assinatura por órgão ou entidade
- É federativa. da administração pública direta, autárquica ou
fundacional, em decorrência da legislação apli-
Visto como uma política pública fundamentada em cável, de contrato de gestão ou desempenho, ou
um modelo de gestão específico, o Programa tem como o engajamento no GesPública, por solicitação do
princípios e fundamentos o fato de: Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e
- Ser essencialmente público – orientado ao cidadão Gestão, em decorrência do exercício de competên-
e respeitando os princípios constitucionais da im- cias vinculadas a programas prioritários, definidos
pessoalidade, da legalidade, da moralidade, da pu- pelo Presidente da República.
blicidade e da eficiência;
- De ser contemporâneo – alinhado ao estado da arte
da gestão;

78
Quem poderá participar voluntariamente da Ges- No Decreto da GesPública, podemos interpretar que
Pública? somente há dois representantes o que nos induz ao erro.
Poderão participar, voluntariamente, das ações do Com a interpretação certa e com a ajuda ao consultar a
GesPública: página que contém todos os representantes da GesPú-
- Pessoas (a atuação voluntária delas é considerada blica, concluímos que são 17 órgãos ou entidades (in-
serviço público relevante, não remunerado); e clusos sempre o MPOG e a Casa Civil da Presidência da
- Organizações (públicas ou privadas). República), cada um informando um titular e seu respec-
tivo suplente.
Como é a organização da GesPública?
O que compete ao Comitê Gestor?
- Propor ao Ministro de Estado do MPOG o planeja-
mento estratégico do GesPública;
- Articular-se para a identificação de mecanismos
que possibilitem a obtenção de recursos e demais
meios para a execução das ações do GesPública;
- Constituir comissões setoriais e regionais, com a fi-
nalidade de descentralizar a gestão do GesPública;
- Monitorar, avaliar e divulgar os resultados do GesPública;
- Certificar a validação dos resultados da autoavaliação
dos órgãos e entidades participantes do GesPública; e
- Reconhecer e premiar os órgãos e entidades da ad-
ministração pública, participantes do GesPública,
que demonstrem qualidade em gestão, medida
pelos resultados institucionais obtidos.
- O que compete ao Coordenador do Comitê Gestor?
- Cumprir e fazer cumprir este Decreto e as decisões
do Colegiado;
- Constituir grupos de trabalho temáticos temporários;
- Convocar e coordenar as reuniões do Comitê; e
- Exercer o voto de qualidade no caso de empate nas
deliberações.

O governo federal publicou o decreto 9.094/17, re-


vogando o decreto 5378/05, que tratava da Gespública.
Conforme vimos acima, Gespública é o Programa

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, que foi
criado com o objetivo basicamente de melhorar e desbu-
Quais os objetivos do Comitê Gestor? rocratizar o serviço público. O tema sempre esteve pre-
O Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão sente em editais das áreas fiscal e de controle.
Pública e Desburocratização, no âmbito do Ministério do Esse novo decreto, o 9.094/17, tem muitas informa-
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), tem como ções importantes, e algumas devem ser cobradas futura-
objetivos: mente pelas bancas. Destacamos:
- Formular o planejamento das ações do GesPública; e O Art. 2º fala que, salvo disposição legal em contrário, para
- Coordenar e avaliar a execução dessas ações. usufruir de um determinado serviço, o cidadão não terá que
entregar atestado, certidão ou qualquer outro documento, se
Qual a composição do Comitê Gestor? ele já constar na base de dados oficial da administração públi-
- O Comitê Gestor terá a seguinte composição: ca. Lembrando que essa regra vale para o executivo federal.
- Um representante do MPOG, que o coordenará; O Art. 11. diz que os órgãos e as entidades do Poder
- Um representante da Casa Civil da Presidência da Executivo federal que prestam atendimento aos usuá-
República; rios deverão elaborar e divulgar uma Carta de Serviços
- Um representante de cada um dos quinze órgãos ou ao Usuário, essa carta deve conter informações claras e
entidades da administração pública indicado pelo precisas sobre cada um dos serviços prestados como, por
Ministro do MPOG, órgãos ou entidades essas com exemplo, prazo para a prestação, forma de comunicação
notório engajamento em ações ligadas à qualida- com o solicitante, locais e formas de acessar o serviço,
de da gestão e à desburocratização, cujos repre- além de detalhar o padrão de qualidade do atendimento.
sentantes integrarão o Comitê Gestor. O Art. 13 destaca que os usuários dos serviços públi-
cos poderão apresentar Solicitação de Simplificação, por
Observações: meio de formulário próprio denominado Simplifique!,
• O mandato dos membros do Comitê Gestor será aos órgãos e às entidades do Poder Executivo federal,
de dois anos, permitida a recondução; quando a prestação de serviço público não observar o
que está disposto no decreto 9.094/17. Essa solicitação
• Cada um desses representantes antes descritos deverá ser apresentada no Sistema de Ouvidoria do Po-
terá seu suplente; e der Executivo federal.

79
3. (TCE-PR – ANALISTA DE CONTROLE – ADMINIS-
TRAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2016) No que se refe-
HORA DE PRATICAR! re a receitas públicas, suas classificações e características,
assinale a opção correta.

1. (TCE-PR – ANALISTA DE CONTROLE – ADMINIS- a) O primeiro estágio da receita, determinado pela pre-
TRAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2016) A respeito de visão de receitas das unidades orçamentárias, não se-
despesa pública, que se refere a pagamentos efetuados gue o modelo incremental.
por parte do agente público competente, assegurados b) Na elaboração da proposta orçamentária dos tribu-
por autorização legislativa, para a execução de finalidade nais, a previsão das receitas econômicas é tão com-
governamental, assinale a opção correta. plexa quanto a definição das despesas a serem execu-
tadas no decorrer do exercício social seguinte.
a) A classificação institucional da despesa é fundamental c) Os ingressos extraorçamentários são considerados re-
ao exercício do controle social porque possibilita ao ceitas públicas por serem utilizados na cobertura de
usuário da informação identificar todos os programas despesas públicas a encargo do ente público que as
de governo. arrecada.
b) O gestor de unidade orçamentária com servidores ati- d) Os tribunais não estão autorizados a arrecadar tribu-
vos e inativos deverá, no orçamento programa, clas- tos nem contribuições como receitas correntes, por
sificar o dispêndio, com as respectivas remunerações, isso, na elaboração da proposta orçamentária dessas
como operações especiais, por representarem a con- entidades, constam quase integralmente receitas de
traprestação direta sob a forma de serviços. capital como obtenção de recursos.
c) A classificação funcional, uma das classificações eco- e) Na elaboração de sua proposta orçamentária, as uni-
nômicas da despesa, objetiva apresentar as ações e os dades devem considerar o histórico de arrecadação
programas de governo realizados no atendimento às de períodos anteriores, associado a aspectos legais
demandas da sociedade. que possam afetar a previsão, os índices de preços e o
d) Na elaboração da proposta orçamentária de tribunal, crescimento econômico.
a verba destinada à construção de um prédio será
classificada, conforme a classificação programática, 4. (TCE-PR – ANALISTA DE CONTROLE – ADMINIS-
como atividade, visto que o edifício irá atender a meta TRAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2016) Considerando
de estender as atividades administrativas. o conceito de receita pública da LRF, assinale a opção
e) As despesas do governo federal incluem as transfe- correta.
rências constitucionais decorrentes do rateio da recei-
ta corrente de impostos entre os entes federados, cuja a) Os requisitos essenciais da responsabilidade fiscal in-
finalidade é reduzir as desigualdades sociais. cluem a instituição, a previsão e a arrecadação efetiva
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

de tributos que incidem somente sobre a renda.


2. (TCE-PR – ANALISTA DE CONTROLE – ADMINIS- b) Metas semestrais de arrecadação são definidas e mo-
TRAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2016) Com relação ao nitoradas principalmente para facilitar o fluxo de caixa
Sistema Integrado de Administração Financeira do Go- do governo e a realização de gastos correntes.
verno Federal (SIAFI), principal instrumento utilizado para c) Renúncia de receita deve ser acompanhada de análise
registro, acompanhamento e controle da execução orça- de viabilidade econômica centrada no custo de arre-
mentária, financeira e patrimonial, assinale a opção correta. cadação da receita para a qual está sendo feita a refe-
rida análise.
a) Apesar de ter sido reconhecido como válido pelo Fun- d) É permitida, ao Poder Legislativo local, a realização de
do Monetário Internacional, o SIAFI representou retro- revisões trimestrais da estimativa de receita dos esta-
cesso para a contabilidade pública da União. dos, dos municípios e do Distrito Federal, exceto em
b) Nos trabalhos de auditagem e fiscalização, o SIA- casos comprovados de erro ou omissão de ordem téc-
FI permite apurar, com facilidade, irregularidades na nica e legal.
aplicação de recursos públicos. e) Estimativas de receitas para exercícios subsequentes
c) Embora o SIAFI disponibilize, ao público interessado, bem como estimativas da receita líquida corrente e de
acesso a informações, ele não é validado como ins- sua respectiva memória de cálculo devem ser apre-
trumento de transparência em razão das deficiências sentadas antes do prazo final de encaminhamento de
decorrentes da descentralização do sistema e da lin- propostas orçamentárias.
guagem técnica utilizada.
d) Devido à existência de rotinas padronizadas, inclusive 5. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – MÉ-
aquelas relativas à gestão de recursos, o SIAFI apre- DIO – CESPE – 2016) Com referência aos princípios or-
senta elevado grau de rigidez e restrição de atividades çamentários, julgue o item subsequente.
dos ordenadores de despesas. O princípio orçamentário que estabelece que a lei orça-
e) Como a situação da dívida pública do governo federal mentária deve conter todas as despesas e todas as recei-
é um tema que demanda sigilo, as informações acerca tas do Estado é o princípio da universalidade.
de transferências realizadas em decorrência das dívi-
das interna e externa não são disponibilizadas no sis- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tema.

80
6. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – MÉ- 10. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – MÉ-
DIO – CESPE – 2016) Com referência aos princípios or- DIO – CESPE – 2016) Julgue o item a seguir, relativo
çamentários, julgue o item subsequente. ao orçamento público e à administração financeira dos
Segundo o princípio orçamentário da anualidade, aplica- entes estatais.
do de acordo com a realidade brasileira, a gestão orça- Vinculada à disciplina de administração, a administração
mentária do Estado se inicia a partir da data de aprova- financeira do Estado é uma área de conhecimento aplica-
ção da lei orçamentária no Congresso Nacional, ou seja, da que tem foco específico e limitado à gestão corporati-
após o início do ano legislativo em questão. va de bancos públicos federais e estaduais.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – MÉ- 11. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – MÉ-


DIO – CESPE – 2016) Com referência aos princípios or- DIO – CESPE – 2016) Julgue o item a seguir, relativo
çamentários, julgue o item subsequente. ao orçamento público e à administração financeira dos
O princípio orçamentário da unidade estabelece que to- entes estatais.
das as despesas e todas as receitas do Estado devem ser O planejamento financeiro é um processo que, quando
medidas com base em um valor monetário único e com- adequadamente conduzido, permite, entre outras coisas,
parável. otimizar o uso de recursos financeiros e adequar o fluxo
de caixa de uma organização pública.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
8. (TCE-PR – ANALISTA DE CONTROLE – CONTÁBIL
– SUPERIOR – CESPE – 2016) No que se refere aos prin- 12. (FUB – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – MÉ-
cípios orçamentários estabelecidos na Lei n.º 4.320/1964 DIO – CESPE – 2016) Julgue o item a seguir, relativo
ao orçamento público e à administração financeira dos
e no MCASP, assinale a opção correta.
entes estatais.
O orçamento-programa detalha as despesas e as ativi-
a) O princípio da legalidade aplicado à administração
dades programáticas de um ente estatal, incluindo mi-
pública prevê que cabe ao poder público fazer ou
nimamente os objetivos e propósitos da instituição em
deixar de fazer somente aquilo que a lei orçamentária
questão, os programas necessários para o atingimento
expressamente autorizar. Nesse sentido, não se deve
desses objetivos, os custos programáticos e as medidas
efetuar despesa que não estiver prevista ou para a
de desempenho.
qual não haja recurso para executá-la.
b) O princípio da publicidade estabelece ser dever do ( ) CERTO ( ) ERRADO
ente público divulgar o orçamento público de forma

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA


ampla à sociedade. 13. (TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO –
c) O princípio da vinculação (afetação) da receita de im- FISCALIZAÇÃO – ENGENHARIA CIVIL – SUPERIOR –
postos autoriza ao gestor que assuma um novo gover- CESPE – 2016) A respeito do orçamento público, instru-
no vincular os impostos conforme as necessidades da mento de gestão de maior relevância da administração
gestão que irá desenvolver, criando-se, com isso, uma pública, julgue o item a seguir.
obrigação definitiva para o ente federado. A técnica orçamentária na qual a estrutura do orçamento
d) Os princípios orçamentários visam prioritariamente dá ênfase aos aspectos contábeis de gestão é a do orça-
estabelecer regras norteadoras específicas para con- mento tradicional.
ferir racionalidade, eficiência e transparência aos pro-
cessos de execução e controle do orçamento público. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) O princípio da universalidade determina que a lei or-
çamentária anual compreenda todas as receitas e des- 14. (TCE-PR – ANALISTA DE CONTROLE – ADMI-
pesas dos poderes, dos órgãos, das entidades e das NISTRAÇÃO – SUPERIOR – CESPE – 2016) Assinale a
empresas controladas pelo setor público. opção correta, a respeito dos princípios orçamentários.

9. (TCE-PA – AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO – a) Na elaboração da proposta orçamentária, um dos


FISCALIZAÇÃO – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR – princípios determina a não consignação de dotações
CESPE – 2016) A respeito do orçamento público, instru- globais para as despesas, mas esse grau de detalha-
mento de gestão de maior relevância da administração mento não exige a separação de valores destinados a
pública, julgue o item a seguir. despesas de pessoal daquelas destinadas a serviços de
O princípio da universalidade do orçamento, consagrado terceiros, por serem ambas de mesma natureza.
nas constituições brasileiras, estabelece que o montante b) De acordo com o dispositivo constitucional, para con-
da despesa autorizada em cada exercício financeiro não ferir celeridade ao processo orçamentário, a unidade
poderá ser superior ao total de receitas estimadas para o gestora deverá desenvolver sua proposta com matéria
mesmo período. orçamentária, sem a inclusão de assuntos estranhos;
caso esse protocolo seja quebrado, a unidade gestora
( ) CERTO ( ) ERRADO estará descumprindo o denominado princípio da uni-
versalidade.

81
c) As finalidades do princípio da discriminação incluem
fornecer detalhamento de receitas e despesas e pres- ANOTAÇÕES
tar suporte ao trabalho daqueles que fiscalizam as fi-
nanças públicas.
d) Auxiliar o controle parlamentar no que se refere às ________________________________________________
ações do executivo constitui uma das funções dos
princípios orçamentários, motivo pelo qual esses prin- _________________________________________________
cípios são tratados como mandamentos, sem admis-
_________________________________________________
são de ressalvas.
e) Conforme o princípio da anualidade, as previsões de _________________________________________________
receitas e de despesas se referem sempre a um perío-
do limitado de tempo, denominado exercício financei- _________________________________________________
ro. Se os parlamentares não aprovam o orçamento no
prazo determinado, o orçamento do exercício seguin- _________________________________________________
te se inicia descumprindo o referido princípio. _________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 E
2 B _________________________________________________

3 E _________________________________________________
4 E _________________________________________________
5 CERTO
_________________________________________________
6 ERRADO
7 ERRADO _________________________________________________
8 A _________________________________________________
9 ERRADO
_________________________________________________
10 ERRADO
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, ORÇAMENTO, FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA

_________________________________________________
11 CERTO
12 CERTO _________________________________________________
13 C _________________________________________________
14 CERTO
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

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_________________________________________________

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_________________________________________________

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_________________________________________________

_________________________________________________

82
ÍNDICE

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Conceitos, importância, relação com os outros sistemas de organização. A função do órgão de gestão de pessoas.
Atribuições básicas e objetivos. Políticas e sistemas de informações gerenciais.............................................................................. 01
Comportamento organizacional: relações indivíduo/organização, motivação, liderança, desempenho. Competência
interpessoal. Gerenciamento de conflitos. Clima e cultura organizacional.......................................................................................... 06
Recrutamento e seleção: técnicas e processo decisório.............................................................................................................................. 22
Avaliação de desempenho: objetivos, métodos, vantagens e desvantagens...................................................................................... 33
Desenvolvimento e treinamento de pessoal: levantamento de necessidades, programação, execução e avaliação......... 39
Gestão por competências........................................................................................................................................................................................ 41
Qualidade no atendimento ao público: comunicabilidade, apresentação, atenção, cortesia, interesse, presteza,
eficiência, tolerância, discrição, conduta, objetividade................................................................................................................................ 41
Lei nº 11.788/2008 (estágio supervisionado)................................................................................................................................................... 51
Lei nº 10.410/2002 (criação da carreira de especialista em meio ambiente........................................................................................ 54
Lei nº 11.156/2005 (criação da GDAEM).............................................................................................................................................................. 55
Decreto nº 7.133/2010 (avaliação de desempenho individual)................................................................................................................ 55
Decreto nº 7.203/2010 (vedação do nepotismo)............................................................................................................................................ 57
Decreto nº 5.707/2006 (desenvolvimento de pessoal)................................................................................................................................ 59
CONCEITOS, IMPORTÂNCIA, RELAÇÃO COM OS OUTROS SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO.
A FUNÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO DE PESSOAS. ATRIBUIÇÕES BÁSICAS E OBJETIVOS.
POLÍTICAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS.

GESTÃO DE PESSOAS

Quando nos deparamos com um cenário globalizado e com competição cada vez mais acirrada, a Gestão de Pes-
soas torna-se fundamentalmente um instrumento diferenciado para as organizações alcançarem sucesso.

Segundo (CHIAVENATO, 2005, p. 9):


Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos
funcionários e das organizações. Assim, todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos
eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento”
Exatamente por ser esse diferencial, essa área tem passado por mudanças e transformações, afim de acompanhar a
evolução natural das coisas e permitir que o patrimônio intelectual e humano das organizações esteja sempre em desenvol-
vimento, não apenas nos seus aspectos tangíveis e concretos, mas, principalmente, nos aspectos conceituais e intangíveis.
A área de Gestão de Pessoas é uma área muito sensível aos aspectos contingenciais e situacionais da organização,
considerando fatores como cultura e estrutura organizacional adotada, clima e ambiente, negócio da organização,
tecnologia utilizada dos processos internos, entre vários outros fatores.
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como definição o ato de trabalhar com e por meio de
pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.
Alguns aspectos estão envolvidos na gestão de pessoas, conforme descritos abaixo:
• Comportamento;
• Processo de decisão;
• Ação e execução;
• Relacionamento interpessoal;
• Comprometimento interpessoal e organizacional;
• Perspectiva de futuro;
• Envolvimento com processos;
• Desenvolvimento de habilidades;
• Identificação de capacidades intelectuais – Construindo um patrimônio intelectual.

Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como
se enxerga essa área.

Enquanto por muito tempo as organizações consideravam as pessoas como um dos recursos necessários para a
existência da organização, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, no qual as pessoas não são vistas
como um recurso e, sim, como parceiro e colaborador na busca pelos resultados desejados.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A interação da
gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e individuais.

A seguir, temos três aspectos que dão sustentação a essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

1
Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas e
pelo aporte de capital intelectual, que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da
Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização,
saindo de um conceito no qual pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros,
sendo que, nessa transição, as mudanças práticas são bem claras, conforme vemos a seguir:

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros


Horário rigidamente estabelecido Colaboradores agrupados em equipes
Preocupação com normas e regras Metas negociadas e compartilhadas
Subordinação ao chefe Preocupação com resultados
Fidelidade à organização Satisfação do cliente
Dependência da chefia Vinculação à missão e à visão
Alienação em relação à organização Interdependência entre colegas
Ênfase na especialização Participação e comprometimento
Executoras de tarefas Ênfase na ética e responsabilidade
Ênfase nas destrezas manuais Fornecedores de atividade
Valorização da mão de obra Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que,
nesse contexto, a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico, e é essa interação entre Gestão de
pessoas e outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organiza-
cionais e os objetivos individuais.
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as análises de comportamento
que produzem a cooperação por parte dos indivíduos.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como sendo um sistema no qual a organização recebe
cooperação dos colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e incentivos,
dentre os quais podemos citar os salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunidades etc.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacional, permitindo assim que se alcance o equilíbrio
organizacional.

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

A Gestão de Pessoas é caracterizada por: participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do capital


humano da organização, que é formado pelas pessoas que a compõem.
Cabe à área de gestão de pessoas a função de humanizar as empresas.
Atualmente, nas relações de trabalho, vem ocorrendo mudanças conforme as exigências que o mercado impõe ou
na forma de gerir pessoas.
Analisemos agora as características e funções dessa área:

2
ATRIBUIÇÕES E OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS

Como objetivos, destacamos alguns aspectos bem claros da área de gestão de pessoas:

• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;


• Proporcionar competitividade à organização;
• Proporcionar à organização talentos bem treinados e motivados;
• Aumentar a autoatualização e a satisfação das pessoas no trabalho;
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• Administrar a mudança;
• Manter política ética e comportamento socialmente responsável.

Assim como também compete à área de gestão de pessoas lidar com alguns desafios e atribuições bem relevantes,
como vemos a seguir.

• Retenção de talentos – antes de mais nada é necessário que a organização consiga identificar os potenciais
existentes ali dentro e, a partir daí, criar condições de reter esse talento. Para que essa retenção seja possível, a
organização precisa criar uma contrapartida para o colaborador, considerando, aqui, não apenas o aspecto fi-
nanceiro, mas os demais aspectos que a geração atual anseia conquistar, como liberdade de tempo, valorização
e reconhecimento, oportunidade de crescimento, espaço para participar de forma mais ativa, entre outros.
• Choque de gerações – Dentro de uma organização, costumeiramente nos deparamos com várias gerações tra-
balhando juntas e, nesse cenário, temos diversidade de características, experiências, expectativas e competências,
cabendo à área de gestão de pessoas identificar e equilibrar essas diferenças, evitando assim que um choque de
gerações impeça que talentos possam ser descobertos e que trabalhem em conjunto, contribuindo e potenciali-
zando o patrimônio intelectual da organização.
• Ambiente – Como falamos acima, os anseios da geração atual vão muito além do aspecto financeiro, passando
pelo ambiente em que estão inseridos, portanto, cabe à área de gestão de pessoas, dentro do possível, estimular
a criação de ambientes mais próximos desses anseios, propiciando mais liberdade, criatividade e estímulos ou-
tros que impulsionem esses jovens no processo produtivo.
• Papel do Gestor de Pessoas – A área de gestão de pessoas precisa sair do operacional para assumir uma cadeira
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

nas decisões estratégicas. Deve participar opinando e mostrando alternativas de preparação dos profissionais.
Antes disso, é preciso estar mais próximo dos clientes internos para acompanhar mudanças, expectativas e iden-
tificar quem pode fazer parte de um plano de carreira e de desenvolvimento. Esse gestor deve ser atual, versátil
e flexível para atender às necessidades internas e às de mercado. O desafio das empresas é a estruturação de um
processo de carreira, tanto horizontal quanto vertical. As pessoas devem começar a ser valorizadas pelas entregas,
inovações e projetos que fazem e não mais só pela posição que ocupam.

Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma transição denominada “Era da Informação e Conhecimento”, no
qual as pessoas precisam ser consideradas parte essencial desse processo para que as organizações obtenham êxito
em suas operações. No âmbito empresarial, são fundamentais que todos os colaboradores engajados nos processos
assimilem a missão e os objetivos da organização, como elementos norteadores na formulação e planejamento de

3
estratégias. Por outro lado, os gerentes devem desen- mas tradicionais de organização. O que deve haver é
volver uma atuação que possibilite a ênfase nos focos de uma nova concepção das relações humanas no trabalho.
aprendizagem da organização. Como resultado de suas experiências dentro das próprias
Nesta 3ª fase da globalização em que vivemos, é viá- empresas, verificou que a colaboração na sociedade in-
vel que as organizações que almejam crescimento e me- dustrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto
lhoria contínua invistam em treinamento e qualificação e se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos
requalificação de seu pessoal, gerando assim uma signifi- do progresso humano.
cativa vantagem competitiva num mercado no qual as ino- A tarefa básica da Administração é formar uma elite
vações tecnológicas chegam já com data prevista de saída capaz de compreender e de comunicar, dotada de chefes
para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem democráticos, persuasivos e simpáticos a todo pessoal: ao
essa interdependência alcançarão gradualmente soluções invés de se tentar fazer os empregados compreenderem a
compensatórias em seus trâmites e processos. lógica da administração da empresa, a nova elite de admi-
Conduzir pessoas numa organização significa dispo- nistradores deve compreender as limitações dessa lógica e
nibilizar o capital (materiais, equipamentos, fatores de ser capaz de entender a lógica dos trabalhadores.
produção, treinamento) para que todos os envolvidos no A pessoa humana é motivada essencialmente pela
processo (funcionários e parceiros) sintam sua importân- necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”, de re-
cia para a organização e se renovem dia após dia no al- ceber adequada comunicação: Mayo se opunha à afirma-
cance de suas competências profissionais e pessoais em ção de Taylor de que a motivação básica do empregado
busca de suas eficiências e eficácias. era meramente salarial (homo economicus). Para Mayo, o
O desempenho das pessoas no processo de tomada conflito social deve ser evitado a todo custo por meio de
de decisão nas instituições, quando entendido o que é uma administração humanizada que faça um tratamento
eficiência (defeito zero e qualidade total) e eficácia (al- preventivo e profilático. As relações humanas e a coope-
cance das metas empresariais), faz com que as empresas ração constituem a chave para evitar o conflito social, o
entrem no eixo da maturidade mercadológica (posição qual é o germe da destruição da própria sociedade. “O
na qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar
social.”
pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas
Esse processo todo, que veio acompanhando o cená-
caso não se identifique a necessidade de constantes me-
rio organizacional, justifica a importância da gestão de
lhorias nos processos que serão sentidos pela clientela).
pessoas, a espinha dorsal, a viga, a estrutura desse todo.
Isso tudo traz a área de gestão de pessoas, junto com
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31),
todos os demais setores organizacionais, para um impor-
tante papel estratégico, tanto para despertar e desenvol-
As pessoas não fazem somente parte da vida produti-
ver talentos organizacionais, quanto para potencializar a
va das organizações. Elas constituem o princípio essencial
elaboração e a execução de planos estratégicos que a de sua dinâmica, conferem vitalidade às atividades e pro-
organização adote para alcançar seus objetivos. cessos, inovam, criam, recriam contextos e situações que
Ao longo da história, tivemos muitas teorias pertinen- podem levar a organização a posicionarem-se de maneira
tes à Administração, podemos citar: competitiva, cooperativa e diferenciada com os clientes,
Frederick Taylor, que trouxe os princípios da adminis- outras organizações e no ambiente de negócios em geral.
tração científica, contribuindo para a racionalização do
trabalho industrial e para a divisão de autoridade e su- Conforme Barçante e Castro (1995, p. 20),
pervisão ao nível de linha (autoridade vertical). Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcioná-
Temos também Henry Fayol, que nos apresentou uma rios, a empresa estará tratando-o como um aliado e não
teoria mais global da ação administrativa, ao contrário de só como um mero cumpridor de ordens, estará vendo que
Taylor, que se dedicou mais as questões relativas à linha dele dependem os seus resultados.
de produção.
Citamos ainda Henry Ford, que se ocupou do sistema Mas para obter bons resultados, a organização preci-
de produção empresarial como um todo, visando a sua sa abrir mão de alguns paradigmas e criar um cenário em
maior eficiência, introduzindo conceitos modernos de que o colaborador possa pôr em prática toda uma expe-
produção em série e de linhas de montagem, conceben- riência profissional já vivenciada ou praticada em outras
do um ritmo de trabalho em cadeia, para poupar tempo ocasiões. Nesse momento, o gestor de pessoas (lideran-
e custos. ça), precisa atuar no sentido de capacitar, estimular e
Até que chegamos àquela que começa a trabalhar a principalmente motivar as pessoas a adquirirem cada vez
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

visão diferente em relação ao indivíduo. Alton Mayo, que mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a
nos apresentou uma teoria que tratava exatamente das proposta de negócios atinja grandes resultados, de for-
relações humanas. A Teoria das Relações Humanas preo- ma que tudo que ficou determinado pelas organizações
cupou-se intensamente com o esmagamento do homem seja cumprido.
pelo desenfreado desenvolvimento da civilização indus- A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é
trializada, salientando que, enquanto a eficiência material um elo entre metas organizacionais e individuais per-
aumentou poderosamente nos últimos duzentos anos, a mitindo a colaboração e participação eficaz de todas as
capacidade humana para o trabalho coletivo não mante- pessoas envolvidas. Para isso as etapas Planejar, Organi-
ve o mesmo ritmo de desenvolvimento. zar, Dirigir e Controlar deve ser bem trabalhado pelas li-
Mayo afirma que o problema da cooperação não deranças e gerencias da empresa conduzindo todos num
pode ser resolvido apenas por meio do retorno às for- único objetivo.

4
Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão e o entendimento sobre Planejamento Estratégico e conse-
guintemente o papel potencial das pessoas.
É primordial as organizações estabelecerem alguns critérios para que a gestão de pessoas tenha importância sig-
nificativa, tais como:
– Motivar e reconhecer os esforços de todos os envolvidos;
– Transmitir suas ideias e saber exercer suas influências;
– Transformar Grupos em Equipes;
– Pensar, agir e solucionar problemas;
– Gerar ambiente sinérgico;
– Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de fonte de aprendizagem;
– Saber gerenciar o estresse;
– Saber delegar;
– Desenvolver culturas;
– Preparar as pessoas para a avaliação de desempenho;
– Elaborar planos individuais de capacitação por competências;
– Fornecer opinião sobre as competências individuais;
– Identificar, segundo o perfil traçado pela empresa, as pessoas que estão acima, na média ou – aquém das expectativas;
– Agregar pessoas (valorizar o capital intelectual);
– Desenvolver pessoas (integrar e motivar os colaboradores);
– Adotar administração horizontal (faz com que as lideranças estejam em maior proximidade dos liderados, privi-
legiando o acesso à informação e reduzindo os níveis organizacionais);
– Aplicar benchmarking para obtenção de vantagem competitiva;
– Desenvolver políticas de parcerias;
– Manter e recompensar pessoas;
– Monitorar as atividades realizadas diariamente;
– Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visando a, por meio de críticas construtivas, agregar valores à organização;
– Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar internamente o desempenho mensal das equipes de trabalho em
comparação à evolução alcançada com relação às metas estipuladas pela organização.

PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS

Podemos compilar esses e outros critérios dentro de um processo atual de gestão de pessoas, que comporta seis
aspectos básicos, como veremos agora:

Todos esses processos estão intimamente relacionados entre si, de tal maneira que se interpenetram e se influen-
ciam reciprocamente. Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal utilizados. Um
processo de agregar pessoas malfeito passa a exigir um processo de desenvolver pessoas mais intenso para compensar
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

as suas falhas. Se o processo de recompensar pessoas é falho, ele exige um processo de manter pessoas mais intenso.
Além do mais, todos esses processos são desenhados de acordo com as exigências das in­fluências ambientais externas
e das influências organizacionais internas para obter a melhor compatibilização entre si. Trata-se, pois, de um modelo
de diagnóstico de RH.
Uma das ferramentas utilizadas pela área de gestão de pessoas para facilitar a administração das informações pertinentes
às pessoas envolvidas nos processos organizacionais é o Sistema de Informação Gerencial, no qual, por meio de um banco de
dados, é possível fazer o registro de informações que possam auxiliar o gestor e os lideres nos processos decisórios.
Os aspectos administrados por meio do SIG podem ser analisados numa visão geral ou focada. Na visão geral, o
sistema permite uma análise de todos os processos organizacionais, já os de visão focada, fornecem dados setorizados,
referentes aos departamentos que se deseja analisar em especifico, sendo que em ambos constam informações como
objetivos, estratégias e políticas da empresa, fatores ambientais da empresa, qualidade dos profissionais, das infor-

5
mações e dos processos, tecnologia da empresa, relação Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, co-
dos custos versus benefícios, bem como os riscos envol- municação interpessoal, estrutura e processos de grupo,
vidos e aceitos, entre outros. aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude,
No entanto, dados coletados por si só não contribuem processo de mudanças, conflitos.
para esse processo, portanto, faz-se necessário que haja
uma análise e classificação desses dados, relacionando Considerando que, diferentemente das organizações,
entre si as informações e suas possíveis aplicabilidades. que possuem uma certa formalidade em sua essência,
No subsistema gestão de pessoas, para facilitar essa as pessoas são mais complexas, mais influenciáveis por
classificação e interação de dados, o sistema deve regis- variáveis diversas e, muitas vezes, são pouco previsíveis.
trar dados diversos sobre o colaborador e sua relação
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valo-
com a organização, tais como:
res, rituais, normas, rotinas e tabus da organização, o que
• Dados pessoais;
se pretende é buscar a sua identificação com os padrões
• Dados sobre cargos e os encarregados dessas fun- a serem seguidos na empresa. Dessa forma, se fornece
ções; um senso de direção para todas as pessoas que com-
• Dados sobre os setores e departamentos existentes partilham desse meio. As definições do que é desejável e
na organização; indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes no
• Dados sobre remuneração e beneficios; sistema, orientando suas ações nas diversas interações
• Dados sobre processos de treinamento e capacita- que executam no cotidiano.
ção desenvolvidos e/ou necessários; Reconhecer os significados e a própria razão de ser da
• Dados sobre aspectos relacionados à saúde ocupa- empresa, bem como se familiarizar com as percepções e
cional, entre outros. comportamentos mais aceitos e valorizados na organi-
zação, conduz os funcionários a uma uniformidade de
Cabe à administração decidir, diante do investimento atitudes, o que é positivo no sentido de possibilitar maior
envolvido, qual o melhor e mais indicado sistema a ser im- coesão. No entanto, pode levar a uma perda de indivi-
plantado, considerando os processos envolvidos e as expec- dualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a
tativas da organização, lembrando também que o sistema ser uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo
só será eficaz se as informações por ele fornecidas forem para ambientes externos da organização, quando pas-
sam a adotar comportamentos padronizados nas mais
constantemente atualizadas e revistas, conforme o desen-
diversas situações.
volvimento dos processos em andamento na organização.
Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Or-
ganizacionais, destacamos:
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: • Nível Individual  – Estuda as expectativas, motiva-
RELAÇÕES INDIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO, ções, habilidades e competências que cada cola-
MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, DESEMPENHO. borador demonstra individualmente por meio de
COMPETÊNCIA INTERPESSOAL. seu trabalho.
GERENCIAMENTO DE CONFLITOS. CLIMA E • Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos
CULTURA ORGANIZACIONAL grupos, as funções desempenhadas por estes e a
comunicação e interação uns com os outros, além
de estudar a influência e o poder do líder neste
contexto.
Comportamento Organizacional “é um campo de es-
tudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a Ao ingressar em uma organização, indivíduos com
estrutura têm sobre o comportamento dentro das orga- características diversas se unem para atuar dentro de um
nizações com o propósito de aplicar este conhecimento mesmo sistema sociocultural na busca de objetivos de-
em prol do aprimoramento da eficácia de uma organi- terminados. Essa união provoca um compartilhamento
zação”. de crenças, valores, hábitos, entre outros, que irão orien-
Tem por finalidade compreender os “espaços vazios” tar suas ações dentro de um contexto preexistente, defi-
da organização de forma que estes não prejudiquem o nindo assim as suas identidades.
Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

desenvolvimento da organização, possibilitando, assim,


reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento meio de suas ações, contribuem para a construção de
e harmonia entre os stakeholders. sua sociedade. Entretanto, os indivíduos agem sempre
Ter uma compreensão quanto ao comportamento dentro de contextos que lhes são preexistentes e orien-
tam o sentido de suas ações. A construção do mundo
organizacional é extremamente importante para que as
social é assim mais a reprodução e a transformação do
lideranças possam prever, e especialmente evitar, pro-
mundo existente do que sua reconstrução total. Para
blemas individuais ou coletivos entre os colaboradores.
Berger e Luckmann (1983), a vida cotidiana apresenta-se
O comportamento organizacional refere-se a com- para os homens como realidade ordenada. Os fenôme-
portamentos relacionados a cargos, trabalho, absenteís- nos estão pré-arranjados em padrões que parecem ser
mo, rotatividade no emprego, produtividade, desempe- independentes da apreensão que cada pessoa faz deles,
nho humano e gerenciamento. individualmente.

6
Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível • Orientação para os resultados: o grau em que os
do indivíduo e do grupo, mediada pelos processos cog- dirigentes focam mais os resultados do que as téc-
nitivos, e interdependente do contexto, varia conforme a nicas e os processos empregados para seu alcance.
inserção ambiental e o tipo de organização, tanto quanto • Orientação para as pessoas: o grau em que as de-
também varia internamente em suas subunidades. É im- cisões dos dirigentes levam em consideração o
portante salientar que o universo simbólico integra um efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da
conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência, organização.
justificativa e legitimidade. Em outras palavras, o univer- • Orientação para as equipes: o grau em que as ati-
so simbólico possibilita aos membros integrantes de um vidades de trabalho são mais organizadas em ter-
grupo uma forma consensual de apreender a realidade, mos de equipes do que de indivíduos.
integrando os significados e viabilizando a comunicação. • Agressividade: o grau em que as pessoas são compe-
titivas e agressivas em vez de dóceis e acomodadas.
É por meio desse compartilhar da realidade que as
identidades dos indivíduos nas organizações são cons- • Estabilidade: o grau em que as atividades organi-
zacionais enfatizam a manutenção do status quo
truídas, ao se comunicar aos membros, de forma tangí-
em contraste com o crescimento.
vel, um conjunto de normas, valores e concepções que
são tidas como certas no contexto organizacional. Ao de-
Tipos de cultura
finir a identidade social dos indivíduos, o que se preten-
de é garantir a produtividade, pela harmonia e manuten- • Culturas adaptativas: caracterizam-se pela sua
ção do que foi aprendido na convivência. É importante maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para
ressaltar que muitas vezes essas identidades precisam ser a inovação e a mudança. São organizações que
reconstruídas quando a empresa se vê diante de situa- adotam e fazem constantes revisões e atualiza-
ções que exigem mudanças. ções, suas culturas adaptativas evidenciam-se pela
 Daí vem o papel principal da análise do comportamen- criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a
to organizacional, que é o de permitir fazer uma leitura da necessidade de mudança e a adaptação para ga-
dinâmica existente na organização e como essa interfere e rantir a atualização e modernização; e de outro, a
influencia o comportamento das pessoas envolvidas. necessidade de estabilidade e permanência para
Considerando que nas relações entre indivíduo e or- garantir a identidade da organização. O Japão, por
ganização existe uma troca de interesses, de conteúdo, exemplo, é um país que convive com tradições mi-
de aporte, entre tantos outros aspectos, gerir essa troca lenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti-
é papel da área de gestão de pessoa, que garante que, va a mudança e a inovação constantes.
nessa troca, ambas as partes fiquem satisfeitas. • Culturas conservadoras: caracterizam-se pela ma-
nutenção de ideias, valores, costumes e tradições
CULTURA ORGANIZACIONAL que permanecem arraigados e que não mudam ao
longo do tempo. São organizações conservadoras
A  cultura organizacional  tem por finalidade concei- que se mantêm inalteradas como se nada tivesse
tuar os valores e as crenças de uma organização, geran- mudado no mundo ao seu redor.
do um entendimento consciente e coletivo sobre a mais • Culturas fortes: seus valores são compartilhados
indicada e adequada forma de se comportar dentro da intensamente pela maioria dos funcionários e in-
organização. Assim como também gera um ajuste quase fluenciam comportamentos e expectativas.
que automático na interação entre os indivíduos, ressal- • Culturas fracas: são culturas mais facilmente mu-
dadas. Como exemplo, uma empresa pequena e
tando-se que não necessariamente essa cultura esteja for-
jovem, a qual, por estar no início, torna mais fácil
malmente instituída, pois, em alguns casos, esses valores
para a administração comunicar os novos valores.
são compartilhados entre as pessoas, habitualmente, sem
Isso explica a dificuldade que as grandes corpora-
que haja um regra formal que a leve a agir dessa forma. ções têm para mudar sua cultura.
Entre os benefícios que a cultura organizacional pode
trazer à organização, podemos citar: 1. Componentes da cultura
• Vantagem competitiva derivada de inovação e ser-
viço ao cliente; A cultura representa a maneira como a organização
• Maior desempenho dos empregados; visualiza a si própria e seu ambiente. Seus principais
• Coesão da equipe; componentes são os artefatos, valores compartilhados e
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

• Alto nível de alinhamento na busca da realização pressuposições básicas.


de objetivos. Vejamos os níveis dos componentes da Cultura Or-
ganizacional de acordo com o nível de superficialidade,
A cultura organizacional tem como base algumas ca- sendo do mais superficial ao mais profundo.
racterísticas básicas que, em conjunto, capturam a essên- • Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível. 
cia de uma organização:  • Padrões de comportamento: as regras que criam
• Inovação e assunção de riscos: o grau em que os fun- um comportamento linear e padronizado
cionários são estimulados a inovar e assumir riscos. • Valores compartilhados: não são visíveis, estão
• Atenção aos detalhes: o grau em que se espera enraizados nas pessoas, pois esses valores têm re-
que os funcionários demonstrem precisão, análise levância tal que definem as razões pelas quais as
e atenção aos detalhes. pessoas fazem ou deixam de fazer algo.

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• Pressuposições básicas: trata-se de crenças incons- Pode-se também definir clima organizacional como
cientes, pressuposições e sentimentos básicos que re- um conjunto de valores, ou seja, aquilo que identifica os
gem o pensamento e o comportamento das pessoas. colaboradores como seres humanos, suas raças, culturas,
Este é o nível mais profundo da cultura organizacional. crenças. Essas diferenças culturais devem ser reconheci-
das como importantes nas organizações, pois mostram
Diante do exposto, temos que a cultura organizacio- a visão de cada um em relação ao ambiente de trabalho.
nal representa a compreensão que as pessoas envolvidas O conceito de clima organizacional é muito abran-
na organização têm das características da cultura desta, gente e complexo, pois busca sintetizar numerosas per-
gerando uma sinergia que potencializa a boa convivência cepções, atitudes e sentimentos em um número limitado
interpessoal. de dimensões, numa tentativa de mensuração.

CLIMA ORGANIZACIONAL 2. Avaliação do clima organizacional

Segundo Chiavenato (1994), o clima organizacional A avaliação do clima organizacional é necessária a fim
influencia a motivação, o desempenho humano e a sa- de que a organização tenha parâmetros para buscar me-
tisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas lhorias no ambiente interno corrigindo problemas que
cujas consequências se seguem em decorrência de dife- possam estar causando insatisfação dos colaboradores e
rentes ações. As pessoas esperam certas recompensas, prejudicando a tanto produtividade dos mesmos quan-
satisfações e frustrações na base de suas percepções do to os resultados da organização. O clima organizacional
clima organizacional. Essas expectativas tendem a con- reflete, também, a capacidade da empresa para atrair e
duzir à motivação. reter colaboradores competentes que contribuam com
O clima organizacional pode ser visto, também, como os resultados desejados (CAMPELLO; OLIVEIRA, 2004).
um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou Daí a preocupação das empresas em avaliar o clima or-
descontentamento no trabalho. Entende-se por fatores ganizacional.
de satisfação aqueles que demonstram os sentimentos
Os profissionais de recursos humanos juntamente
mais positivos do colaborador em relação ao trabalho,
com os líderes da organização devem sempre analisar
tais como: a realização, o reconhecimento, o trabalho
o clima organizacional buscando todas as informações
em si, a responsabilidade e o progresso. Por fatores de
possíveis que possam estar influenciando no resultado
descontentamento, temos aqueles que contribuem com
dos colaboradores, tais como preocupações, insatisfa-
uma conotação negativa, do ponto de vista do colabora-
ções, sugestões, dúvidas e inseguranças. Com base nes-
dor, tais como: as políticas, a administração, a supervisão,
o salário e as condições de trabalho. sas informações, pode-se fazer um planejamento volta-
Quando existe um bom clima organizacional, a ten- do para a melhoria das condições de trabalho tendo em
dência é que a satisfação das necessidades pessoais e vista, além da satisfação do colaborador, o aumento da
profissionais sejam realizadas, no entanto, quando o cli- produtividade do mesmo.
ma é tenso, ocorre frustração dessas necessidades, pro- Avaliar o clima organizacional não compete apenas
vocando insegurança, desconfiança e descontentamento aos profissionais de recursos humanos, mas sim a todas
entre os colaboradores. as pessoas engajadas no processo. Pode-se fazer essa
Na opinião de Chiavenato (1994, p.53), “o clima or- constatação, pois pessoas que estão diretamente liga-
ganizacional é favorável quando proporciona satisfação das às áreas ou setores a serem avaliados podem anali-
das necessidades pessoais dos participantes, produzindo sar com uma margem mais segura como é e como pode
elevação do moral interno. É desfavorável quando pro- ser melhorado o desempenho dos colaboradores para o
porciona frustração daquelas necessidades.” cumprimento dos objetivos da organização.
Clima organizacional pode ser definido também
como um conjunto de variáveis que busca identificar os Muitas empresas fazem pesquisa de clima interno
aspectos que precisam ser melhorados, visando à satis- com o objetivo de levantar e atuar nos aspectos mais
fação e ao bem-estar dos colaboradores significativos identificados na pesquisa, em que são de-
Para Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto finidas quatro frentes de ação para análise, descritas a
de valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual seguir:
as pessoas se relacionam umas com as outras, tais como • Desempenho e avaliação: critérios claros de avalia-
sinceridade, padrões de autoridade, relações sociais, etc.” ção dos funcionários;
Clima organizacional é um conjunto de causas que • Desenvolvimento de pessoas: recrutamento inter-
interferem no ambiente de trabalho. As causas podem no, treinamento mais alinhado às metas;
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

variar de acordo com os níveis culturais, de comunicação, • Integração: forma de maior integração entre as
econômicos e psicológicos dos indivíduos. pessoas, áreas, unidades, com o propósito de
Pode-se, ainda, definir clima organizacional como maior entrosamento e fortalecimento do banco
sendo uma visão fotográfica que retrata as percepções como um todo;
mais negativas ou positivas dos indivíduos, que pode ser • Processo decisório: tornar o processo decisório mais
afetada por fatores internos ou externos. ágil, deixando-o menos burocrático em alguns mo-
O clima é em geral influenciado pela cultura da orga- mentos, facilitando decisões e realização de negócios.
nização, embora alguns fatores como políticas organiza-
cionais, formas de gerenciamento, lideranças formais e Esses itens mostram como um bom clima de trabalho
informais, atuação da concorrência e influências gover- influencia diretamente nos negócios e resultados de uma
namentais também possam alterá-lo. organização.

8
3. Clima organizacional, motivação e comprome- interno é o combustível para a melhora ou a piora dos
timento resultados do negócio. Hoje, as empresas querem e pre-
cisam olhar de frente para essa relevante variável e atuar
De acordo com Davis & Newstrom (1998), o compor- na gestão do clima.
tamento organizacional integra quatro elementos distin- A primeira etapa, após se conhecer a percepção das
tos: pessoas, estrutura, tecnologia e ambiente. Isso en- pessoas, é a elaboração de uma pesquisa para se saber
volve conceitos fundamentais sobre a natureza das pes- em quais aspectos pode-se melhorar. A partir de então,
soas e das organizações, ou seja, como os colaboradores criam-se ações em busca de um ambiente melhor e com
estão preparados para o desempenho de suas funções, mais qualidade, o que naturalmente levará a melhores
seu crescimento e desenvolvimento para atingirem níveis resultados.
mais altos de competência, criatividade e realização, face Realizar uma pesquisa de clima organizacional é
à importância dos mesmos serem os recursos centrais trabalhoso, além de demandar alguns cuidados funda-
em qualquer organização e qualquer sociedade. mentais para o sucesso, como metodologia de pesquisa,
Então, o comportamento organizacional deve criar pro- confidencialidade de informações etc. Na opinião de Leal
dutividade nas organizações. Aí se inclui conhecimento, ha- (2001), alguns fatores que costumam impactar de forma
bilidade, atitude e motivação. A motivação faz, segundo Da- positiva ou negativa são: estrutura, remuneração, ima-
vis & Newstrom (1998), o colaborador adquirir capacidade.
gem da empresa, estilo gerencial, clareza de objetivos e
É importante, para todo o esse processo ocorrer de
saúde financeira da empresa.
forma normal, que as empresas gerem condições que
A área de recursos humanos costuma conduzir essas
motivem os colaboradores a um melhor desempenho,
pesquisas e, em geral, elas são validadas e “apadrinha-
ou seja, criem um clima organizacional que facilite o tra-
balho para alcançar os resultados pretendidos. das” pelo principal executivo, que tem nos resultados
Motivação, segundo Ferreira (1999, p. 1371), é o “con- uma ferramenta de diagnóstico e de marketing para o
junto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscien- planejamento da empresa.
tes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais Os resultados de uma pesquisa de clima podem ser
agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”. colocados no mercado como uma forte ferramenta para
Logo, o comportamento organizacional deve prover atrair profissionais, como mostram, por exemplo, algu-
condições para criar produtividade nas organizações, fa- mas publicações especializadas no setor.
zer com que os fatores que atuam sobre a motivação dos Se a empresa não tem uma filosofia para tratar o cli-
colaboradores estejam presentes. ma de forma corporativa e coordenada, o gestor pode
Mattar & Ferraz (2004) citam que as empresas sabem fazê-lo em seu grupo, prestando atenção às reações das
o valor e a importância de obter e manter o comprome- pessoas, “medindo a temperatura” e analisando cons-
timento de seus colaboradores, pois colaboradores com- tantemente os fatores de impacto do negócio com seu
prometidos propiciam maior eficiência e eficácia. Porém, próprio estilo de gestão. Dentro de uma empresa que
os autores comentam que nem sempre é fácil conseguir não cuida institucionalmente de seu ambiente interno,
esse comprometimento por parte dos colaboradores. O uma área que atue com esses aspectos terá certamente
mercado atualmente exige das empresas uma alta com- índices mais altos de satisfação, menor rotatividade e ob-
petitividade, e estas desejariam o comprometimento de terá melhores resultados. No entanto, isso pode não ser
seus colaboradores para atingirem essa maior produtivi- suficiente para mudar toda a empresa.
dade com qualidade nos serviços e, assim, obterem um Leal (2001) afirma que a empresa pode definir seu
crescimento sustentável. clima ideal se levar em consideração fatores como es-
Na era da informação, o maior patrimônio de uma tratégias, valores e processos internos. O gestor também
empresa é o seu contingente intelectual, ou seja, as pes- pode fazer de sua área um ambiente melhor ou pior para
soas, e o grande diferencial está na capacidade que ela se trabalhar, se comparado com outras áreas da empre-
tem de atrair, motivar e manter esse patrimônio para ob- sa. Para isso, outro conjunto de fatores que deve estar
ter melhores resultados (MATTAR; FERRAZ, 2004).
sempre em pauta e sendo bem administrado, o qual in-
Entretanto, considerando que as pessoas têm neces-
clui: desenvolvimento da equipe, construção e divulga-
sidades específicas de autorrealização profissional e pes-
ção dos objetivos da área, qualidade e rapidez de de-
soal, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil.
cisões, integração e comunicação, autonomia e suporte
A necessidade de incentivar e manter o comprometi-
mento das pessoas levou as empresas a desenvolver pes- para a realização das atividades, administração dos con-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

quisas sobre perfil dos colaboradores, forma de gestão, flitos, informações sobre a empresa, perspectiva de cres-
liderança, motivação, entre outras, analisando que ações cimento profissional e imagem da sua área para outras
devem ser implantadas para obtenção de maiores resul- da empresa.
tados, conforme Mattar & Ferraz (2004). Para Chiavenato (1994), o gerente pode criar e de-
senvolver um melhor clima organizacional por meio de
4. O papel do gestor no clima organizacional intervenções no seu estilo gerencial, no sistema de admi-
nistrar pessoas, na questão da reciprocidade, na escolha
Para Leal (2001), o ambiente organizacional é a per- do seu pessoal, no projeto de trabalho de sua equipe, no
cepção que os funcionários têm da empresa. É o resulta- treinamento de sua equipe, no seu estilo de liderança,
do do conjunto das políticas, sistemas, processos, valores nos esquemas de motivação, na avaliação da equipe e,
e dos estilos gerenciais presentes na empresa. O clima sobretudo, nos sistemas de recompensas e remuneração.

9
A outra fase para a manutenção do clima organiza- Como explica Shiosawa,
cional é um trabalho mais localizado e focado, em que o Nós observamos 3 itens que podem explicar esse su-
gestor compõe um plano em conjunto com seus profis- cesso.
sionais, cumprindo-o com o envolvimento e a participação
de todos. A gestão de clima, em síntese, é uma gerência dos O primeiro é o sentimento de orgulho que os funcioná-
fatores ambientais, de relacionamento e resultados, em que rios sentem do lugar onde trabalham. Profissionais sentem
devem ser cuidados os aspectos de comunicação e valores orgulho da empresa quando são respeitadas e percebem que
para que a área e a empresa tenham visibilidade, atrativi- não são apenas mais um número. Elas trabalham para con-
dade e um grande poder de retenção. A manutenção e a tinuar nesses ambientes e recomendam para outros profis-
atração de bons profissionais e de talentos potenciais são sionais conhecidos. Isso quer dizer um ”turnover” menor e a
um dos grandes prêmios das empresas que cuidam e se atração de mais talentos (profissionais gabaritados).
atêm às questões ambientais do trabalho. Em segundo lugar, completa o especialista, está o “ní-
vel de camaradagem” dentro da empresa. Isso é um indi-
cador de que os times formados no ambiente de traba-
5. Ambiência organizacional
lho se complementam (um local mais colaborativo). Além
disso, a camaradagem é sinônimo de chefias e gerências
A Gestão da Ambiência contempla a identificação dos
equilibradas e respeitosas com os funcionários.
fatores que influenciam a cultura organizacional, desen- “Outro indicador é o de confiança. Ambientes confiá-
volvimento e implementação de planos de ação que es- veis são aqueles onde os indivíduos se sentem respeita-
timulem o comprometimento dos colaboradores, assim dos, creem nos valores da empresa e têm maior sensação
como a quantificação do valor percebido pela empresa. de imparcialidade dos processos implementados no am-
Ruy Shiosawa, presidente do Great Place to Work biente de trabalho”, aponta.
(GPTW), responsável pela pesquisa “100 melhores em- De acordo com Chiavenato (2015), o clima organiza-
presas para se trabalhar”, diz que: “um melhor ambiente cional varia ao longo de um continuum, que vai desde
de trabalho atrai talentos e, mais importante, retêm es- um clima favorável e saudável até um clima desfavorável
ses talentos no longo prazo. Uma maior da preocupa- e negativo. Entre esses dois extremos, existe um ponto
ção com as pessoas dentro da empresa – e a percepção intermediário: o clima neutro.
desse cuidado da empresa por parte dos funcionários – É necessário ter uma visão sistêmica dos extremos
não apenas se reverte em um bom ambiente de trabalho, desse fenômeno, e uma das mais importantes inter-
mas também em melhores indicadores de saúde econô- venções para levantamento de dados destas variáveis é
mica da empresa”. a pesquisa de Clima Organizacional, na qual podemos
Um bom ambiente de trabalho não se reflete apenas identificar pontos importantes para obtenção de diag-
em uma maior felicidade interna da empresa e em um nósticos mais precisos de pesquisa de clima. São eles: di-
maior comprometimento (ou engajamento) do profissio- vulgar amplamente o público-alvo que haverá pesquisa
nal. Impacta a saúde mental e física do trabalhador e os de clima; aplicar as amostras em fontes confiáveis, livres
ambientes externos ao trabalho (como no ambiente fa- de vícios de procedimento, ou articulações internas; uti-
miliar). Os resultados dos números mais “frios” também lizar consultorias externas ou independentes, aumentan-
são positivos, claro. Empresas com boa ambiência labo- do a credibilidade e confiabilidade dos dados; alinhar o
ral, ao que tudo comprova, são mais rentáveis. processo ao nível gerencial e executivo, imprescindível o
acompanhamento destas lideranças; focar em objetivos
factuais, após a identificação do público para a amostra,
6. O valor da qualidade
ter objetivos claros e segmentos; aplicar questionários
reduzidos, concisos, ter o foco em atributos importan-
“Empresas onde os indicadores de Clima Organiza-
tes, desenvolvido no projeto principal; divulgar ampla-
cional são superiores aos 80% de suporte organizacional
mente os resultados, manter clareza nos procedimento;
e 70% de engajamento têm uma produtividade até 20% desenvolver um plano de ação, planejando novas etapas
superior em comparação com outras empresas com in- utilizando dados obtidos; desenvolver periodicamente
dicadores menores. As vendas essas empresas também os estudos, fenômenos como Clima Organizacional são
caminham em par com os indicadores. Uma tendência cíclicos.
positiva no clima ambiente profissional pode quadrupli- Os gestores contemporâneos compreenderão que
car as vendas de uma empresa”, aponta Moraes. tratar do fenômeno clima interno como estratégia de
Observando-se o ranking das “100 melhores empre- gestão torna-se fundamental para o alcance de grandes
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

sas” e seus resultados na Bolsa de Valores, aponta Shio- resultados, market share, diferencial competitivo, sobre-
sawa, é possível ver a mesma tendência: elas são até 3 vivência em cenário de retração e depressão econômica,
vezes mais rentáveis que empresas com piores indica- resiliência organizacional, sinergia, alinhamento executi-
dores de ambiente de trabalho. O “turnover” – compara- vo e grande gerador de satisfação interna.
tivo entre contratações e demissões – nessas empresas Em ambientes organizacionais ruins, predomina-se a
também é menor. Levando-se em conta que toda con- desmotivação, alta rotatividade de funcionários, ausência
tratação de um funcionário tem como reflexo um investi- de integração, absenteísmo, conflitos, falta de objetivos
mento por parte da empresa com cursos e treinamentos, coletivos, falta de comprometimento das pessoas com
por exemplo, um menor “turnover” é garantia de maior negócio da empresa, ausência de transparências na ges-
manutenção desse investimento no profissional. tão, comunicação deficiente, custos financeiros imensu-
ráveis e falta de respeito ao ser humano.

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A felicidade em um ambiente empresarial resulta em pessoas produtivas, geradoras de resultados, buscando me-
lhores posições hierárquicas, comunicando ao público externo o lado positivo da organização. O resultado financeiro
do empreendimento está totalmente conectado ao clima organizacional, e faz-se necessário que seus fatores estejam
incorporados aos princípios modernos da gestão estratégica da empresa e que todos dentro da organização tenham
a responsabilidade de sua implementação, desde a alta administração, gerentes, líderes, supervisores, enfim, todos os
integrantes deste time.

MOTIVAÇÃO

Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a impulsionam à ação. Existe uma influência tanto individual
como pelo contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados tendem a ter um melhor desempenho, o
que faz com que a organização invista em estímulos para promover essa motivação.
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida, a solução inovadora para que se pudesse compreen-
der melhor o comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo ora persegue objetivos que atendem
a uma necessidade, ora busca satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento. Duas pessoas não
perseguem necessariamente o mesmo objetivo ao mesmo tempo. O problema das diferenças individuais assume im-
portância preponderante quando falamos de motivação.

1. Razões da Motivação
1.1 Razões empresariais 
• Concorrência; 
• Produtos e preços;
• Fidelização.

1.2 Razões Pessoais


• Empregabilidade;
• Motivos para servir:
• (ordem material = cliente =lucro)
• (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
• (ordem espiritual = crescimento pessoal)

O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e alcançar seus objetivos.
Podemos identificar os seguintes tipos de motivação:

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

O ideal seria o alinhamento de todos esses tipos de motivação; pessoas automotivadas atuando em grupos coesos,
com orientação clara, sólida e coerente.

11
Afinal, o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com outros olhos? É conquistar resultados, é superar
obstáculos, é ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o quê? 

Motivação, segundo o dicionário, é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicoló-
gicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam um certo tipo de conduta em
alguém. Sendo assim, motivação está intimamente ligada aos motivos que, segundo o dicionário, é fato que leva uma
pessoa a algum estado ou atividade. 

Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao que você quer da vida, e seus motivos são pessoais,
intransferíveis e estão dentro da sua cabeça (e do coração). Logo, seus motivos são abstratos e só têm significado pra
você, por isso motivação é algo tão pessoal, porque vem de dentro.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, a qual direciona e intensifica
os objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação é algo interior, ou seja, que está dentro
de cada pessoa de forma particular, erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva, pois ninguém é capaz de
fazê-lo. Existem pessoas que pregam a automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que a motivação
é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego desse prefixo deve ser descartado.

Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas necessidades são todas supridas de forma hierárqui-
ca. Maslow organiza tais necessidades da seguinte forma:

• Autorrealização;
• Autoestima;
• Sociais;
• Segurança;
• Fisiológicas.
Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no alicerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades
fisiológicas são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indivíduo pode sentir necessidades acima ou abai-
xo das que está executando, o que quer dizer que o processo não é engessado, e sim flexível.
Teoria dos Dois Fatores – Para Frederick Herzberg, a motivação é alcançada por meio de dois fatores:

• Fatores higiênicos, que são estímulos externos que melhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que não
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

conseguem motivá-los.
• Fatores motivacionais, que são internos, ou seja, são sentimentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do
reconhecimento e da autorrealização gerada por meio de seus atos.

Por outro lado, David McClelland identificou três necessidades que seriam pontos chave para a motivação: poder,
afiliação e realização.
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são adquiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio,
status e outras sensações que o ser humano gosta de sentir.
Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas, que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de
Processo, nas quais, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.

12
Disponível em: <gpparaconcursos.blogspot.com.br>.

Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de
segurança, necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

Teoria ERC de Alderfer:


Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisio-
lógicas e de segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima (social) e o
componente interno da estima (autoestima), incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente externo
da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).

Teoria dos dois fatores de Herzberg:


Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e
os fatores motivacionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para
Herzberg, eles podem causar a insatisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente
causarão a motivação. Exemplos: segurança, status, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, su-
pervisão, política e administração da empresa. Os fatores motivadores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho.
Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, progresso, responsabilidade, o próprio
trabalho, o reconhecimento e a realização.

Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

(construção conjunta), que devem ser claras, desafiadoras, mas alcançáveis.

Teoria da equidade:
Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção
de igualdade e justiça existente no ambiente profissional.

Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes
a um determinado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se
traduzi-la como a preferência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento
em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Força, ou

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instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o
objetivo. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função da relação
entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar.

Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X
apresentava uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos,
não gostam de trabalhar, precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A
teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão
contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.
Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela:
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessi-
dades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de auto realização.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

2. Quanto às implicações dessas teorias


Implicações aos Administradores:
As implicações para os administradores estão relacionadas quanto à forma de motivar os subordinados:
• Determinar recompensas que são valorizadas por cada subordinado. Ao serem motivadoras, devem ser adequadas
aos indivíduos, observando suas reações em diferentes situações e perguntando que tipos de recompensas desejam;
• Determinar o desempenho que você deseja e qual o nível de desempenho que os subordinados têm que ter para
serem recompensados;
• Fazer com que o nível de desempenho seja alcançável – a motivação poderá ser baixa se os subordinados acha-
rem que o que foi determinado é difícil ou impossível;
• Ligar as recompensas ao desempenho;
• Certificar se a recompensa e adequada - recompensas pequenas significam motivações fracas.

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Implicações para a Organização: O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de re-
solução da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita,
A expectativa da motivação também traz várias impli- frustrada (quando a satisfação é impedida ou bloqueada)
cações para a organização: ou compensada (a satisfação é transferida para objeto).
• Geralmente, as organizações recebem o equivalen- Muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da
te a recompensa e não o que desejam – o sistema necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a sua
de recompensas deve ser projetado para motivar liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão re-
os comportamentos desejados; ex.: segurança e presada no organismo procura um meio indireto de saída,
aumento de produção. seja por via psicológica (agressividade, descontentamento,
• O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente re- tensão emocional, apatia, indiferença etc.) seja por via fisio-
compensador – se forem projetados para atender as lógica (tensão nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou
necessidades mais elevadas dos empregados, como digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade não é satisfeita
ex.: independência, criatividade e o trabalho pode ser
nem frustrada, mas é transferida ou compensada. Isto se dá
motivador por si mesmo.
quando a satisfação de outra necessidade reduz ou aplaca a
• Portanto, a tarefa mais importante para os admi-
intensidade de uma necessidade que não pode ser satisfeita.
nistradores e organizações é garantir que os su-
bordinados tenham os recursos necessários para A satisfação de alguma necessidade é temporal e
dar o melhor de si em prol do planejamento da passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orien-
organização. tada pelas diferentes necessidades. O comportamento é
• Ainda sobre motivação, precisamos entender o quase um processo de resolução de problemas, de satis-
processo que leva o indivíduo a tomar uma ação fação de necessidade, à medida que elas vão surgindo.
em busca de um objetivo, conforme mostra o Ciclo O conceito de motivação – ao nível individual – con-
Motivacional. duz ao de clima organizacional – ao nível da organiza-
ção. Os seres humanos estão continuamente engajados
3. O Ciclo Motivacional no ajustamento a uma variedade de situações, no sen-
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: tido de satisfazer suas necessidades e manter um equi-
líbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado
de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à
satisfação das necessidades de pertencer a um grupo so-
cial de estima e de autorrealização. É a frustração dessas
necessidades que causa muitos dos problemas de ajus-
tamento. Como a satisfação dessas necessidades supe-
riores depende muito de outras pessoas, particularmente
daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se
importante para a administração compreender a natu-
reza do ajustamento e do desajustamento das pessoas.
O ajustamento – assim como a inteligência ou as apti-
dões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mes-
mo indivíduo de um momento para outro. Varia dentro
de um continuum e pode ser definido em vários graus.
Um bom ajustamento denota “saúde mental”. Uma das
maneiras de se definir saúde mental é descrever as ca-
racterísticas de pessoas mentalmente sadias. As caracte-
• Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio rísticas básicas de saúde mental são:
do organismo; • As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
• Causando um estado de tensão, insatisfação, des- • As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
conforto e desequilíbrio; • As pessoas são capazes de enfrentar por si as de-
• Esse estado de tensão leva o indivíduo a um com- mandas da vida.
portamento ou ação capaz de descarregar a ten-
são ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. Diante disso tudo, importante é a postura da área de
gestão de pessoas frente a esses aspectos, devendo estar
Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontra- sempre atenta, oferecendo ferramentas que proporcio-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

rá a satisfação da necessidade e, satisfeita essa necessi- nem a motivação constante dos colaboradores e equipes
dade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior no dia a dia de trabalho.
e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo LIDERANÇA
contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provo-
cam comportamentos. Uma característica essencial das organizações é que elas
Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra o
os comportamentos tornam-se gradativamente mais efi- conceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um mo-
cazes na satisfação de certas necessidades. Quando uma delo geral de como as organizações se relacionam com as
necessidade é satisfeita, ela não é mais motivadora de pessoas.
comportamento já que não causa tensão ou desconforto.

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Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e influência sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas organiza-
ções. É uma atividade que, se bem feita, mantém a saúde das relações entre os indivíduos. Por isso, é muito importante essa
atenção dada aos fundamentos da psicologia.

Segundo Chiavenato,
Liderança é uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida por meio do processo de comu-
nicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são, portanto,
quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar.
A liderança não deve ser confundida com direção nem com gerência. Um bom administrador deve ser necessariamente
um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é um administrador. Na verdade, os líderes devem estar presentes no nível
institucional, intermediário e operacional das organizações. Todas as organizações precisam de líderes em todos os seus níveis
e em todas as suas áreas de atuação.
A liderança envolve o uso da influência e todas as relações interpessoais podem envolver liderança. Todas as relações
dentro de uma organização envolvem líderes e liderados: as comissões, os grupos de trabalho, as relações entre linha
e assessoria, supervisores e subordinados etc. Outro elemento importante no conceito de liderança é a comunicação.
A clareza e a exatidão da comunicação afetam o comportamento e o desempenho dos liderados. A dificuldade de co-
municar é uma deficiência que prejudica a liderança. O terceiro elemento é a consecução de metas. O líder eficaz terá
de lidar com indivíduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmente considerada em termos de grau de realização
de uma meta ou combinação de metas. Mas, por outro lado, os indivíduos podem considerar o líder como eficaz ou
ineficaz, em termos de satisfação decorrente da experiência total do trabalho. De fato, a aceitação das diretrizes e co-
mandos de um líder apoia-se muito nas expectativas dos liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a bons
resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como um instrumento para ajudar a alcançar objetivos.

1. Papel do líder

Alcançar eficiência concreta e constante para a organização, por meio de métodos avaliativos, controle e mensura-
ção dos resultados.

2. Estilo de Liderança
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

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3. Teorias sobre Liderança

É claro que a teoria e o estilo de liderança têm sua importância no contexto, mas o que vale mesmo é que as orga-
nizações compreendam definitivamente o papel do líder, a relevância que esse elemento tem na gestão organizacional,
instigando a equipe a ser melhor a cada dia.
Compete à organização dar o suporte que esse agente motivador precisa para potencializar o desenvolvimento
humano, por meio dos desafios colocados à equipe, provocando alto desempenho, estimulando-os a assumir cada vez
mais o compromisso de atingirem um nível de competência de excelência.
Ao líder compete compreender como fazer isso tudo, por meio de críticas construtivas que visam a melhorar o
desempenho, por meio de decisões que resolvam os conflitos existentes e por meio de um olhar atento para descobrir
talentos, aos quais deve dar feedback e dos quais deve receber, estando disposto a aprender, assim como ensinar.
O papel do líder é o de criar vínculos de confiança, a partir de relações éticas, de postura comprometida com os
liderados em harmonia com os objetivos da organização.
Quando esse papel é notado dentro das organizações, a pessoas nelas envolvidas se sentem respeitadas e valori-
zadas, o clima organizacional é de harmonia e sinergia e, com isso, as organizações atingem não apenas um nível de
competitividade no mercado, mas conseguem firmar seu diferencial de maturidade organizacional.

Avaliação de Desempenho e Gestão por Competências

O acompanhamento da evolução das competências e de sua efetividade ao longo do tempo é realizado pela ava-
liação de desempenho.
A avaliação de desempenho oferece insumos que indicarão se os resultados esperados poderão ser alcançados, e se
existe necessidade de capacitação da força de trabalho para aperfeiçoar ou mesmo formar determinada competência.
Essa avaliação será tanto mais precisa quanto mais abrangente for seu escopo.
Atualmente, as organizações se utilizam da metodologia de avaliação 360º (avaliação realizada abrangendo pares,
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

chefes, subordinados e até clientes).


A avaliação de desempenho, além de propiciar a reflexão individual, também estimula a análise conjunta de chefias
e subordinados sobre as questões relacionadas aos desempenhos e às competências, compatibilizando expectativas
organizacionais e individuais de desenvolvimento profissional assim como de desempenho organizacional.

Objetivos da avaliação de desempenho


Além de possibilitar a tomada de decisão quanto à progressão e promoção dos servidores, a avaliação de desem-
penho tem outros objetivos de igual importância:
• Identificar necessidades de capacitação.
• Corrigir desempenhos inadequados.

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• Identificar possibilidades de futuras mobilidades No final do ano, a instância imediatamente superior
funcionais (processo de movimentação que confi- verifica em que grau as metas de cada equipe foram
gura a evolução do funcionário na carreira). atingidas, e com base nesses resultados irá atribuir notas
• Possibilitar o planejamento funcional do avaliado. para as equipes.
Os critérios para a atribuição das notas serão estabe-
Como resultados complementares da contínua utili- lecidos em conjunto com todos os envolvidos. Essas no-
zação da avaliação de desempenho podemos citar o es- tas serão um dos componentes que participarão da fór-
tímulo ao diálogo entre chefias e subordinados e o aper- mula para cálculo do valor da avaliação de desempenho.
feiçoamento dos canais de comunicação entre os níveis
hierárquicos. Avaliação individual

Modelo de Avaliação de Desempenho A avaliação individual é composta por elementos


cujas notas farão parte do cálculo da Avaliação de De-
Para garantir a eficiência e a eficácia da avaliação, a sempenho. São eles:
construção de um modelo da avaliação de desempenho 1. Avaliação pelos membros da equipe
deve obedecer a determinados requisitos. Vejamos: 2. Avaliação do alcance das metas
• Garantir que a avaliação seja comparativa entre os 3. Avaliação do desenvolvimento profissional
indivíduos e que ela seja feita tanto pelos chefes,
subordinados, bem como por seus pares. 1) Avaliação pelos membros da equipe
• Realizar análises comparativas de resultados entre O primeiro elemento constitui-se na avaliação con-
os membros de uma mesma carreira ou cargos. junta dos servidores da mesma equipe. Os servidores são
• Divulgar com a máxima transparência os critérios avaliados por seus pares, por seus chefes e subordinados.
de avaliação. Os itens a serem medidos e os critérios adotados se-
• Informar os resultados da avaliação feita para cada rão estabelecidos pelas equipes, devendo ser validados
indivíduo, por seus chefes, subordinados e pares, pela instituição como um todo, para garantir sua homo-
sem, entretanto, identificar os autores. geneidade na avaliação.
• Incluir, no cômputo da avaliação individual, o resul- Os servidores atribuem notas para cada um dos seus
tado da avaliação institucional. colegas de equipe, para a chefia e para seus subordina-
• Utilizar os resultados das avaliações como insumo dos. O resultado dessas avaliações será uma nota cujo
para a definição das políticas e prioridades de ca- valor entrará na composição final da fórmula avaliação
pacitação. de desempenho.

Para a realização da avaliação de desempenho, de- 2) Avaliação do alcance das metas


vem ser consideradas a avaliação individual e também a O segundo elemento diz respeito ao alcance das me-
avaliação institucional.8 tas estabelecidas.
Com base nas metas institucionais definidas para
A título ilustrativo apresentaremos a seguir um mo- cada equipe, cada servidor define suas próprias metas,
delo de avaliação de desempenho e a forma como são que devem ser as mais quantificáveis possíveis. Cada ser-
realizadas as avaliações institucional e individual no setor vidor deve também informar o que precisa para poder
privado. desempenhar as tarefas.
A chefia juntamente com cada servidor verifica, ao fi-
Avaliação institucional nal do ano, se as metas foram atingidas e em que grau.
Com base nessa verificação, é atribuída uma nota cujo
Esta é a avaliação de cada uma das equipes que com- valor entrará na composição final da fórmula avaliação
põem a estrutura organizacional da instituição, distribuí- de desempenho.
das por suas diversas áreas. Chamamos por equipe um
grupo de pessoas com uma chefia. 3) Avaliação do desenvolvimento profissional
Na maior parte dos órgãos e entidades do setor pú- Esta avaliação leva em conta:
blico, diferentemente do setor privado, a avaliação de • O aperfeiçoamento ou aquisição de competências.
desempenho se baseia no estabelecimento de metas de- • A ampliação do grau de responsabilidade.
finidas pela alta gestão e são consideradas para a organi- • O aumento na abrangência das atribuições.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

zação, como um todo, e não para as equipes de trabalho. • A aquisição de novos conhecimentos relevantes
As equipes são avaliadas pela instância imediatamen- para o desempenho de suas atribuições.
te superior, assim como por áreas internas ou externas à
organização que sejam clientes da equipe que está sen- Para que seja possível fazer este tipo de avaliação, é
do avaliada ou que com ela se relacionam. necessário, em primeiro lugar, definir, na descrição dos
No início de cada ano, cada equipe estabelece as pró- cargos, os requisitos mínimos exigidos relativos às com-
prias metas a atingir neste período, com base naquelas petências e ao seu grau de proficiência, ao grau de res-
definidas pela organização como um todo. Cada equi- ponsabilidade e às atribuições.
pe indicará os recursos materiais e humanos necessários Este é o ponto de partida para cada cargo e perfil
para o alcance dessas metas e definirá também os indi- profissional, com base no qual é realizada a avaliação do
cadores que serão utilizados para medi-los. crescimento e desenvolvimento profissional.

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Para essa avaliação, é necessário criar ferramentas As ações poderão variar de escopo, abrangência, per-
que permitam objetivá-la, uma vez que nem sempre os fil, abordagem e formas de realização e dependerão dos
indicadores são altamente quantificáveis, como é o caso objetivos pretendidos, do perfil do público a ser capaci-
das atitudes e de algumas habilidades que compõem as tado, da localização geográfica desse público e dos re-
competências. cursos disponíveis para sua implementação.
Por fim, é necessário estabelecer critérios de pontua- Elas deverão fazer parte de um plano de capacitação
ção que identifiquem o crescimento, a ampliação ou o de pessoal que contemple as necessidades atuais e per-
aperfeiçoamento profissional de cada servidor. Essa pon- mita, com sua atualização contínua, suprir as necessida-
tuação é traduzida por um valor que entrará na composi- des futuras.
ção final da fórmula avaliação de desempenho.
Definições e critérios do plano de capacitação de
Condições para o funcionamento do modelo de pessoal
avaliação de desempenho
A criação de um Plano de Capacitação de Pessoal en-
A fórmula da avaliação de desempenho terá em sua volve o estabelecimento de um conjunto de definições e
composição as notas da Avaliação Institucional e da Ava- critérios que balizarão as ações a serem realizadas para
liação Individual desdobrada em: Avaliação pelos mem- alcançar os objetivos desejados. Dentre esse conjunto,
bros da equipe, Avaliação do alcance das metas e Avalia- destacamos:
ção do desenvolvimento profissional. • Critérios para seleção de público a capacitar e te-
Para que esse modelo de avaliação de desempenho mas adequados - a seleção de público e de temas
tenha um funcionamento eficiente e alcance os objetivos se baseará nos resultados obtidos da avaliação de
pretendidos é necessário garantir a existência de algu- desempenho e devem focalizar tanto o aperfeiçoa-
mas condições: mento das competências existentes quanto a aqui-
• Implantação de um sistema informatizado para que sição de novas competências.
as avaliações possam ser feitas on-line e o sigilo • Metodologias para capacitação - a escolha da me-
das informações possa ser preservado. todologia poderá variar de acordo com o tema
• Estabelecimento de metas claras, com indicadores abordado, o perfil do público, sua distribuição ge-
objetivos, para cada equipe e área da instituição. ográfica, a abrangência desejada da capacitação,
• Criação de um plano de carreira e remuneração que a urgência, a disponibilidade orçamentária, entre
incentive os servidores a perseguir um desempe- outros.
nho satisfatório.
• Fornecimento de condições técnicas e materiais Dentre essas metodologias destacamos:
para que os servidores possam desempenhar suas • Capacitação presencial - nos casos em que as pes-
funções adequadamente. soas a serem capacitadas encontram-se em uma
mesma região geográfica ou o total do grupo a ser
Desempenho: indo além da simples avaliação capacitado não seja muito numeroso.
• Capacitação a distância - para os casos em que é
A abordagem ao desempenho deve contemplar a necessário ganhar escala para um grande número
comparação dos resultados esperados com os efetiva- de pessoas a ser capacitada.
mente alcançados. Isso implica seu constante acompa- • Capacitação por meio de multiplicadores - para te-
nhamento para identificação de desvios e execução das mas operacionais em que pessoas que já executam
devidas correções ao longo da realização das atividades. as tarefas possam ensinar para outras que nunca a
Assim, a denominação mais adequada para esse pro- realizaram.
cesso de planejamento, de acompanhamento e de ava- • Capacitação por rotação de tarefas - esse mecanis-
liação é o de Gestão de Desempenho. mo permite que as pessoas aprendam novas ati-
Por meio do processo de Gestão de Desempenho vidades e adquiram novas habilidades por meio
(processo inserido na Gestão Estratégica Organizacional da realização de diferentes tarefas dentro de sua
e de Pessoas e apoiado na Gestão por Competências) é área de atuação. Assim, todas as pessoas de uma
possível corrigir desvios e garantir a sustentabilidade da equipe poderão adquirir um conjunto completo de
organização por meio da revisão de objetivos, estraté- competências necessárias para a equipe como um
gias, processos de trabalho e políticas de recursos hu- todo, de modo a conferir-lhe um perfil multidisci-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

manos. plinar. Isso possibilita maior flexibilidade à equipe


em situações em que seja necessário reforçar al-
Plano de Capacitação de Pessoal gum tipo de atividade. Esse mecanismo também
propicia a melhoria do relacionamento e a inten-
A capacitação é um fator fundamental para a concre- sificação da comunicação entre os membros da
tização da gestão por competências. equipe, pela necessidade de uns ensinarem aos
Dentre as políticas de Recursos Humanos, a de maior outros seus conhecimentos e habilidades.
destaque para consolidar a eficiência na organização é a • Escolha do agente capacitador - o agente poderá
de Capacitação de Pessoal. Com base nos resultados da ser interno ou externo à Instituição, dependendo:
avaliação de desempenho, que identifica necessidades 1. Do tema.
de capacitação, serão definidas as ações para supri-las. 2. Do nível do pessoal a ser capacitado.

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3. Da existência, dentro da Instituição, de pessoas ha-
bilitadas para ministrar a capacitação.
4. Da capacidade de negociação para estabelecimen- EXERCÍCIO COMENTADO
to de parcerias com outras instituições.
5. Da disponibilidade orçamentária, etc. 1. (AOCP/2015 – EBSERH) Qual dos itens a seguir, nor-
• Avaliação do processo de capacitação - todo pro- matiza a progressão funcional de um colaborador na or-
cesso deverá ser submetido a uma avaliação para ganização?
identificação de sua eficiência e eficácia, e as pos-
síveis falhas identificadas deverão ser objeto de a) Treinamento e desenvolvimento.
análise para correção na continuidade do processo b) Plano de Cargos e Salários.
de capacitação. c) Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
• Avaliação dos capacitados - as pessoas que forem d) Recrutamento.
capacitadas deverão também passar por uma ava- e) Seleção.
liação para verificação do alcance dos objetivos
pretendidos logo após a capacitação. Além disso, Resposta: Letra B. Quando falamos em progressão fun-
após um período de tempo, essas pessoas deve- cional de um colaborador estamos nos referindo ao pro-
rão passar por uma nova avaliação que verificará
cesso evolutivo dele dentro da organização, e normatizar
retenção do conhecimento e o aproveitamento da
esse processo significa definir parâmetros para esse pro-
capacitação ao longo do tempo.
cesso, ou seja, normas a serem seguidas, e isso requer um
• Sistema de certificação - a certificação é um instru-
plano, o que nos dá a alternativa “b” como correta.
mento com dupla utilidade que confirma a habili-
tação da pessoa no assunto tratado na capacitação, Vale lembrar que o treinamento e desenvolvimento
fornecendo as bases para a pontuação no sistema são fatores que serão explorados para que o plano de
de avaliação de desempenho e possível promoção. carreira se concretize.

Adicionalmente propicia o reconhecimento do indi- CONFLITOS


víduo pela organização e a sensação de autorrealização,
pois representa a concretização de mais uma etapa de Gestão de conflitos são ações eficientes e assertivas
crescimento profissional. para solucionar as divergências de opiniões entre pes-
Gestão por Competências e o Plano de Carreira e Re- soas ou equipes, buscando sempre soluções de ganha-
muneração, Promoção e Crescimento na Carreira -ganha.
A tendência moderna da gestão de pessoas enfatiza a Conflito é uma divergência de opinião que se esta-
aquisição de competências e o desenvolvimento profis- belece quando duas ou mais pessoas tem concepções
sional como requisitos essenciais para que a organização diferentes sobre como resolver quaisquer tipos de pro-
alcance seus objetivos estratégicos. Assim, esses requisi- blemas. O surgimento desses conflitos pode ter impacto
tos devem ser considerados na definição dos critérios de negativo sobre o cronograma de entregas das equipes,
promoção e crescimento na carreira. a satisfação do cliente e a relação com as partes interes-
O Plano de Carreira e Remuneração deverá utilizar sadas.
os insumos da gestão por competências para definir os Quando a gente ouve a palavra “conflito”, logo vem
critérios de promoção e crescimento na carreira. Dentre a ideia de um problema complexo ou de algo difícil de
esses insumos destacam-se a Avaliação de Desempenho resolver, o que nem sempre é verdade. Conflitos nascem
e a Capacitação de pessoal. de divergências de interesses entre duas ou mais pes-
soas, com relação a determinado tema, fato, contexto ou
Como instrumento que possibilita análises sistemá- atividade a ser desenvolvida. No mundo corporativo, sua
ticas sobre os desempenhos individuais, a Avaliação de existência pode atrasar uma entrega, deteriorar o clima
Desempenho subsidia decisões sobre os recursos huma-
organizacional, gerar impacto no relacionamento com o
nos da instituição. Essas decisões referem-se a:
cliente e até mesmo levar a erros difíceis de serem cor-
• Necessidades de capacitação.
rigidos.
• Definições sobre futuras mobilidades funcionais.
Quando se utilizam técnicas de Gestão de Conflitos
• Correção de desempenhos inadequados.
adequadas, as divergências que atravancam os projetos
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Planejamento funcional e profissional dos servidores. são facilmente identificáveis. Algumas vezes, podem ser
Já a Capacitação de Pessoal propicia o aperfeiçoa- até previsíveis e evitáveis. Isso vai depender da forma
mento e a aquisição de competências, que serão fatores como os enxergam determinadas situações, de sua capa-
considerados para garantir o crescimento na carreira e a cidade para promover o diálogo e se relacionar com as
promoção. pessoas envolvidas, sempre com boa capacidade de ne-
Conclui-se então que Avaliação de Desempenho e gociação, respeito e assertividade. O objetivo dever ser o
Capacitação de Pessoal na Gestão por Competências são de buscar negociações onde todos ganham, em que haja
os alicerces em que se apoiam os mecanismos de pro- um equilíbrio entre a necessidade de ceder em alguns
moção e crescimento na carreira estabelecidos no Plano pontos para avançar em outros.
de Carreira e Remuneração.

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CLASSIFICAÇÃO DA GESTÃO DE CONFLITOS NAS Reação Divergente
ORGANIZAÇÕES
Como Identificar: Há o desencontro de interesses e
Existem basicamente dois tipos de conflitos: uma pessoa quer vencer a outra, fazendo prevalecer sua
opinião.
Conflito Racional e Objetivo Exemplo: O líder do projeto discute com o desenvol-
vedor sobre a melhor ferramenta a ser usada. Os dois
Como Identificar: Trata-se de uma divergência rela- divergem e um tenta fazer sua opinião valer mais, sem
cionada exclusivamente ao projeto, que vai gerar impac-
ouvir ou considerar a opinião do outro. Não se chega a
tos na entrega final.
uma conclusão e isso pode gerar atrasos e perdas.
Exemplo: O escopo original previa 50 horas de tra-
balho, mas a equipe envolvida vai demorar o dobro do
Reação Conflitante
tempo. O cliente precisa da solução dentro do prazo ori-
ginalmente combinado.
Como Identificar: Diante da divergência, o líder do
Conflito emocional e objetivo projeto tenta impor seu ponto de vista por meio da rela-
ção de poder ou hierarquia existente.
Como Identificar: Diz respeito a problemas pessoais e Exemplo: Há uma imposição quanto à ferramenta a
de relacionamento entre os membros da equipe. Envolve ser utilizada, feita a partir do ponto de vista do gestor
desentendimentos, episódios anteriores mal entendidos, da equipe, sem considerar pontos de vista contrário. O
etc. projeto vai seguir seu curso, mas haverá um nível de in-
satisfação da equipe.
Exemplo: No passado, dois profissionais muito bons
em suas áreas foram colocados para trabalhar juntos e a
péssima comunicação entre eles atrapalhou o andamen- Reação Concorrente
to da iniciativa. Em uma nova oportunidade, os dois são
colocados juntos novamente e, como possuem esse his- Como Identificar: Acontece quando o líder impõe
tórico, isso pode impactar no resultado final. sua opinião e o membro da equipe aceita, acreditando
Com isso em mente, identificar que existe um conflito que tem que obedecer e se submeter à determinação do
é algo bem simples. No caso dos racionais, é possível “chefe”. Vai se estabelecer uma relação de disputa, um
perceber que uma divergência parece “atravancar” um pensamento de “vingança” para situações futuras.
processo que deveria ser simples. Por exemplo, o orça- Exemplo: O membro da equipe faz as coisas de acor-
mento ficou em R$ 10 mil e o cliente só aceita pagar R$ do com o que o líder determinou, mas pensa interna-
8 mil. As negociações não saem do lugar e o projeto não mente sobre as possibilidades de prejudicá-lo no futuro,
começa. Estamos diante de um conflito orçamentário, ra- de alguma maneira. Uma reação nociva e difícil de iden-
cional, que precisa ser resolvido. tificar ou contornar.
Já no caso de um conflito emocional, ele normalmen-
te é percebido pela má vontade de um dos membros
Reação Convergente
da equipe em trabalhar no projeto ou em se relacionar
Como Identificar: Acontece quando os membros de
com as pessoas envolvidas nele. Isso se manifesta por
uma equipe, diante de uma divergência, tentam enten-
atrasos, erros, falta de feedback e de diálogo. Também
der a opinião uns dos outros, buscando o melhor para
é importante resolver, porque terá impacto no resultado
esperado. o projeto.
Conflitos podem ser evitados com um bom plane- Exemplo: O líder, embora tenha uma opinião sobre
jamento e a atuação assertiva do líder da equipe. Uma a ferramenta a ser utilizada, ouve os argumentos do de-
das maneiras de se conseguir isso é deixar bem claras senvolvedor a favor de outra forma de trabalhar. E vice-
as diretrizes do trabalho, prazos, orçamento, tecnologias -versa. Os dois chegam a um consenso, que vai beneficiar
a serem utilizadas, etc. Uma outra maneira, mais volta- a entrega a ser feita.
da para as questões de relacionamento, é escolher de
maneira adequada as pessoas, evitar repetir equipes que Como aplicar essa nova forma de gestão de con-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

não funcionaram no passado, manter canais claros de flitos


comunicação e estar sempre aberto para o diálogo.
O gerenciamento de conflitos pode ser utilizado em
Reações em situações de conflito qualquer campo das organizações, mas tem sido mui-
to adotado nos novos formatos de trabalho usados nas
Pessoas podem apresentar reações diferentes dian- áreas de TI, em que se combinam pessoas jovens, multi-
te de divergência de opiniões no universo profissional. disciplinares a profissionais mais especializados e expe-
Quando se fala em gestão de conflitos, existem quatro rientes, de diferentes áreas. As metodologias ágeis, que
tipos mais comuns. Conhecê-los nos ajuda a iniciar a envolvem a necessidade de auto-gestão das equipes,
busca de uma solução. também se beneficiam desse gerenciamento, não dei-
xando que o conflito se arraste por tempo demais.

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Antigamente, nas organizações, prevalecia a conheci- conflito. Não há negociação com o cliente, ele é apenas
da frase: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. informado sobre o atraso. Não há cobrança da equipe,
Isso não tem mais valor. Nas empresas modernas, todos no sentido de resolver o motivo real do não cumprimen-
tem voz, querem ser ouvidos e não se prendem muito to do cronograma. Todos se acomodam à situação e o
a relações hierárquicas. Deve prevalecer um sentimento cliente ficará insatisfeito.
de co-responsabilização pelos resultados, em que cada Forçar: diante do conflito, o líder da equipe toma as
pessoa é dona do processo e comprometida com as en- decisões e as impõe a todos. Isso vai gerar uma reação
tregas da área. negativa por parte da equipe. O resultado vai sair, mas
com grande grau de insatisfação. O oposto também
Como evitar os conflitos nas organizações pode acontecer. A equipe pode forçar para que sua ma-
neira de trabalhar prevaleça em relação às diretrizes da-
Na maioria das empresas, o líder imediato é o profis- das pela liderança. Isso vai enfraquecer o líder.
sional que mais domina determinado assunto ou o que
consegue conciliar as pessoas em torno de um objetivo. Certo
Para esse papel, existem algumas habilidades importan-
tes, que todos podem desenvolver, independente de sua Comprometimento e colaboração: o líder busca o
apoio da equipe e do cliente para resolver a divergência
área de formação:
e não comprometer os prazos acordados. O conflito é
Capacidade de negociação: Os líderes são a ponte
identificado com assertividade e todos conversam para
que conecta a equipe, o cliente, fornecedores e todas as
buscar as melhores alternativas para solução. O foco não
partes envolvidas. Devem buscar o diálogo, ouvir com
está em buscar culpados ou fazer prevalecer uma opi-
atenção e ponderar sobre tudo o que for dito, antes de
nião sobre a outra. Todos querem que a entrega acon-
tomar decisões. Também precisam evitar negociações
teça com qualidade e efetividade. As melhores soluções
demoradas, que nunca chegam a lugar algum. Isso pode surgem quanto há um alto grau de colaboração e de as-
gerar novos conflitos e desrespeito pelo papel do líder. sertividade entre os membros da equipe e do cliente.
Identificar as divergências e agir: atrasos, erros fre- REFERÊNCIA
quentes, falta de motivação e clima organizacional ruim < https://www.sankhya.com.br/blog/gestao-de-con-
são alguns sinais de que pode haver um conflito na equi- flitos-nas-organizacoes/>
pe. O líder deve ter a capacidade de enxergar essas mu-
danças e agir rapidamente, sem deixar que um problema
pequeno se torne maior. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO: TÉCNICAS E
Leitura de cenários: depois de identificado o conflito,
PROCESSO DECISÓRIO
é importante entender sua origem, quais as reações exis-
tentes, o perfil das pessoas, suas motivações e interesses.
A busca de informações ajuda no processo de negocia-
ção. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS
Boa comunicação: saber ouvir é uma arte. Falar na
hora certa, usando as palavras mais adequadas, também. O fator humano dentro das organizações é, ainda
Para gerenciar conflitos, o diálogo é fundamental e pre- hoje, um tema frequentemente estudado por pesqui-
cisa ser estruturado com cuidado, para evitar as reações sadores das áreas de psicologia e sociologia, os quais
negativas. O líder deve sempre buscar o ganha-ganha e analisam o comportamento e as relações no ambiente
isso só é possível quando se conhecem as expectativas corporativo. Contribuindo para o bom funcionamento
envolvidas. das empresas, as políticas de RH são regras estabeleci-
das para administrar funções e fazer os colaboradores de
Certo e errado na gestão de conflitos uma organização desempenharem seu papel de forma
eficiente, de acordo com os objetivos estipulados pela
Cada divergência vai exigir uma solução diferencia- empresa.
da. Na disciplina de gestão de conflitos, existem algumas As  políticas de Recursos Humanos são guias para
orientações sobre o que fazer e o que não fazer para se ação. Servem para promover a resolução dos problemas
resolver problemas. que acabam ocorrendo com frequência no mundo orga-
nizacional. Para evitar conflitos dentro deste ambiente, é
Errado
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

preciso estabelecer práticas com objetivo de administrar


os comportamentos internos e potencializar o capital hu-
Evitar o conflito: acontece quando o líder identifica mano, tendo como finalidade selecionar, gerir e nortear
o problema, sabe que existirá impacto na entrega final, os colaboradores na direção das metas da organização.
mas não age imediatamente. Evita cobrar a equipe para No entanto, as polícias de Recursos Humanos de uma
ser mais ágil e efetiva, não informa o cliente sobre pos- empresa podem variar de acordo com a sua cultura or-
síveis atrasos e deixa que as coisas sigam seu curso, sem ganizacional. Para que o objetivo da empresa tenha pos-
exercer sua liderança para que as entregas aconteçam. sibilidade de ser atingido de forma eficiente, é preciso
Acomodar-se com o conflito: o líder identifica a di- estabelecer uma competente e eficaz política de RH. Isso
vergência interna, sabe dos impactos e avisa ao cliente requer investimentos e recomposição integral de conhe-
que existe uma possibilidade de atraso. Internamente, cimento organizacional tanto operacional quanto geren-
no entanto, não faz nada para atuar sobre a causa do cial.

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Veja algumas políticas de RH que as empresas adotam: • Descrição – o que o funcionário vai fazer
• Análise – o que ele tem que ter
• Valorização do potencial humano para gerar am-
biência organizacional favorável à motivação das Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades
pessoas, levando-as a contribuir e se comprometer da organização em relação aos recursos humanos e quais
com a excelência do desempenho e dos resultados as políticas que a organização pretende adaptar em rela-
organizacionais. ção ao seu pessoal. Esta pesquisa, geralmente, envolve a: 
• Salário condizente com o que o mercado oferece. 1. Elaboração das políticas de recrutamento; 
• Bonificação por performance. 2. Organização do recrutamento, delegação de auto-
• Progressão na carreira. ridade e responsabilidade apropriadas a essa fun-
• Remuneração nos padrões do mercado. ção; 
• Benefícios educacionais. 3. Listagem dos requisitos necessários à força de tra-
• Assistência médica. balho; 
• Treinamentos de capacitação. 4. Utilização de meios e técnicas para atrair; 
• Promoção de cargos. 5. Avaliação do programa de recrutamento, em fun-
• Dar feedbacks com frequência. ção dos objetivos e dos resultados alcançados.
• Promoção de desafios.
Processo de recrutamento
O recrutamento é um conjunto de técnicas e proce-
dimentos que visam atrair candidatos potencialmente O recrutamento envolve um processo que varia con-
qualificados, capazes de assumirem cargos dentro da or- forme a organização. O órgão de recrutamento não tem
ganização. É como um sistema de informação, através do autoridade para efetuar qualquer atividade de recruta-
qual a organização divulga e oferece ao mercado de re- mento sem a devida tomada de decisão por parte do ór-
cursos humanos as oportunidades de emprego que pre- gão que possui a vaga a ser preenchida. O recrutamento
tende preencher. O recrutamento é uma atividade que
de pessoal é oficializado através de uma ordem de ser-
tem por objetivo imediato atrair candidatos que, na fase
viço denominada como requisição de pessoal. Quando o
de seleção serão apontados como adequados ou não
órgão de recrutamento a recebe, verifica se existe algum
para a vaga disponível, o que leva a afirmação de que
candidato adequado disponível nos seus arquivos; caso
o recrutamento é uma atividade de comunicação com o
contrário, deve recrutá-lo através das técnicas de recru-
ambiente externo.
tamento.

FIQUE ATENTO! Meios de recrutamento


É importante considerar a distinção entre Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas
recrutamento e seleção, em algumas ques-
do mercado de recursos humanos exploradas pelos me-
tões são colocados como sendo um proces-
canismos de recrutamento. O mercado de recursos hu-
so só, quando na verdade, são duas etapas
manos apresenta fontes diversificadas que devem ser
distintas, onde, o recrutamento é a fase do
diagnosticadas e localizadas pela empresa. Deste modo,
processo que objetiva atrair candidatos que
ela passa a influencia-las através de uma multiplicidade
se interessem na vaga disponível, enquanto
de técnicas de recrutamento, visando atrair candidatos
que seleção, é a fase do processo onde é
para atender às suas necessidades. Verificamos também
feito uma triagem entre os candidatos que
se interessaram, a fim de verificar quais os que o mercado de recursos humanos é constituído por
mais indicados para seguir no processo de um conjunto de candidatos que podem ser emprega-
contratação. dos (a exercer atividades noutra empresa) ou disponíveis
(desempregados). Os candidatos empregados ou dis-
poníveis podem ser reais (que estão à procura ou que-
Fontes de recrutamento rem mudar de emprego) ou potenciais (que não estão
interessados em procurar emprego). Daí existirem dois
As fontes de recrutamento representam os alvos meios de recrutamento: o interno e o externo.
específicos sobre os quais irão incidir as técnicas de re-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

crutamento. Para melhor identificar as fontes de recruta- Recrutamento interno


mento (dentro dos requisitos que a organização irá exigir
aos candidatos), são possíveis dois tipos de pesquisa: a Diz-se que o recrutamento é interno quando uma de-
pesquisa externa e a pesquisa interna. terminada empresa, para preencher uma vaga, aproveita
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a o potencial humano existente na própria organização.
oferecer, onde está o candidato ideal para suprir essa de- A razão deste aproveitamento prende-se, muitas vezes,
ficiência na organização. Relaciona-se com a elaboração com promoções, programas de desenvolvimento pes-
de uma pesquisa do mercado de recursos humanos, de soal, planos de carreira e transferências. Para isso, algu-
modo a poder segmentá-lo, para facilitar a sua análise. mas questões devem ser levadas em consideração:
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, 1. Resultados das avaliações de desempenho do can-
ou seja: didato interno; 

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2. Análise e descrição do cargo atual do candidato 4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes,
interno e comparação com a análise e descrição do normalmente em cargos de chefia, um sentimento
cargo que se está a pensar ocupar; de insegurança que poderá fazer com que estes
3. Planos de carreira de pessoal para se verificar qual sufoquem o desempenho e aspirações dos subor-
a trajetória mais adequada para o ocupante do dinados, a fim de evitarem futura concorrência; 
cargo em questão;  5. Quando administrado incorretamente, pode le-
4. Condições de promoção do candidato interno, var à situação denominada de Principio de Peter,
para saber se este tem um substituto preparado segundo o qual as empresas, ao promoverem in-
para o seu lugar;  cessantemente os seus colaboradores, elevam-nos
5. Resultados obtidos pelo candidato interno nos sempre à posição onde demonstram o máximo
testes de seleção no momento da sua entrada na da sua incompetência; ou seja, à medida que um
organização;  colaborador demonstra competência num deter-
6. Resultados dos programas de formação, caso te- minado cargo, a organização, a fim de premiar o
nha feito, do candidato interno. seu desempenho, promove-o sucessivamente até
ao cargo em que o colaborador por se mostrar
Vantagens do recrutamento interno incompetente, estagnará, uma vez que o sistema
jurídico-laboral não permite que o colaborador re-
O recrutamento interno constitui uma transferência tome à sua posição anterior; 
de recursos humanos dentro da própria organização. As 6. Não pode ser feito em termos globais dentro da
principais vantagens deste tipo de recrutamento são:  organização: uma vez que o recrutamento interno
1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no re- só pode ser efetuado à medida que o candidato
crutamento externo, como por exemplo, a coloca- interno tenha, a curto prazo, condições de igualar
ção de anúncios, a espera de respostas e ainda a a performance do antigo ocupante.
demora natural do próprio processo de admissão; 
2. Mais econômico para a empresa: evita os custos Recrutamento externo
inerentes ao processo do recrutamento externo,
custos de admissão do novo candidato e os custos O recrutamento é externo quando, havendo uma de-
relacionados com a integração do novo colabora- terminada vaga, a organização tenta atrair os talentos
dor;  disponíveis no mercado através de técnicas de recru-
3. Aproveita os investimentos da empresa em forma- tamento. As técnicas de recrutamento são os métodos
ção do pessoal: o que, por vezes, só tem retorno através dos quais a organização divulga a existência de
quando o colaborador passa a ocupar cargos mais uma oportunidade de trabalho junto às fontes de recur-
complexos;  sos humanos mais adequadas. O que vai definir as téc-
4. Apresenta maior índice de segurança: o candida- nicas são as fontes de recrutamento e as qualificações.
to é conhecido, a empresa tem a sua avaliação de O recrutamento externo incide sobre candidatos reais
desempenho, dispensa-se a integração na organi- ou potenciais, disponíveis ou em situação de emprego
zação e, por vezes, não necessita de período expe- e pode envolver uma ou mais técnicas de recrutamento.
rimental;  As principais técnicas de recrutamento externo são: 
5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: I. Consulta de bases de dados: os candidatos que te-
porque possibilita o crescimento dentro da organi- nham enviado o seu currículo para uma organiza-
zação. Quando uma empresa desenvolve uma po- ção e não tenham sido considerados em recruta-
lítica consistente de recrutamento interno estimula mentos anteriores, têm a sua candidatura devida-
os seus colaboradores a um constante autoaper- mente arquivada no órgão de recrutamento e po-
feiçoamento, no sentido de estes depois estarem dem ser chamados a qualquer momento para um
aptos a ocupar cargos mais elevados e complexos;  processo de seleção. A organização deve estimular
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma a vinda de candidaturas espontâneas, para garantir
vez que as oportunidades serão oferecidas aqueles um stock de candidatos para qualquer eventua-
que realmente as merecerem. lidade. Considera-se esta técnica a que acarreta
menores custos para a organização, uma vez que
Desvantagens do recrutamento interno elimina a necessidade de colocar anúncios, tornan-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

do-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas; 


1. A organização pode estagnar, perdendo criativida- II. Boca a boca: apresentação do candidato a partir
de e inovação;  de um colaborador. Desta forma, a organização faz
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de com que o colaborador se sinta prestigiado pelo
crescimento no momento certo, corre-se o risco fato da organização considerar as suas recomen-
de defraudar as expectativas dos colaboradores e, dações, ao apresentar um amigo ou conhecido e,
consequentemente, podem-se criar estados de de- dependendo da forma como o processo é condu-
sinteresse, apatia e até levar à demissão;  zido, o colaborador torna-se co-responsável junto
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas à empresa pela sua admissão. É também uma téc-
que estão em pé de igualdade para ocupar o mes- nica de baixo custo, alto rendimento e baixa mo-
mo cargo;  rosidade; 

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III. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é 2. Permite munir a empresa com quadros técnicos
uma técnica de baixo custo, mas cuja eficácia nos com formação no exterior: isto não significa que,
resultados depende de uma série de fatores, como a partir da admissão, não tenha que investir em
a localização da empresa, a proximidade das fontes formação com esse candidato, mas o que é certo é
de recrutamento, a proximidade de movimento de que vai usufruir de imediato do retorno dos inves-
pessoas, facilidade de acesso. É uma técnica que timentos efetuados pelos outros; 
espera que o candidato vá até ela. Normalmente, é 3. Renova e enriquece os recursos humanos da orga-
utilizada para funções de baixo nível;  nização;
IV. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma 4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da
das técnicas de recrutamento que atrai mais can- mesma organização: no caso de, por exemplo,
didatos à organização. Porém, é mais quantitativa, duas pessoas estarem aptas a ocupar o mesmo
uma vez que se dirige ao público em geral e a sua cargo e a organização escolher uma delas, pode
discriminação depende da objetividade do anún- desencadear na rejeitada um sentimento de injus-
cio;  tiça e provocar um conflito grave.
V. Contatos com sindicatos e associações de classe:
tem a vantagem de envolver outras organizações Desvantagens do recrutamento externo
no processo de recrutamento sem que isso traga à
organização qualquer tipo de encargos;  1. É um processo mais demorado do que o recruta-
VI. Contatos com centros de emprego;  mento interno: porque temos de considerar o tem-
VII. Contatos com universidades, associações de estu- po despendido com a escolha das técnicas mais
dantes, escolas e centros de formação profissional, adequadas, com as fontes de recrutamento, com a
no sentido de divulgar as oportunidades oferecidas atração dos candidatos, com a seleção, os exames
pela empresa;  médicos, com possíveis compromissos do candi-
VIII. Conferências em universidades e escolas: no sentido dato a outra organização e com o processo de ad-
de promover a empresa: para tal, há uma apresen- missão.
tação da organização, em que esta fala dos seus 2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organiza-
objetivos, da sua estrutura e das políticas de em- ção: os funcionários podem, em determinados ca-
prego;  sos, ver o recrutamento externo como uma política
IX. Viagens de recrutamento a outras localidades: de deslealdade para com eles; 
quando o mercado de recursos humanos local 3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem
está bastante explorado, a empresa pode recorrer
de novo, normalmente vem ganhar mais do que
ao recrutamento em outras cidades ou outras lo-
aquele que já está há mais tempo na organização
calidades. Neste caso o técnico de recrutamento
e a desempenhar a mesma função, o que pode le-
dirige-se ao local em questão e anuncia através da
var ao aumento dos salários em geral, para evitar
rádio e imprensa local; 
grandes disparidades;
X. Contatos com outras empresas que atuam no mes-
4. É mais caro: exige despesas imediatas com anún-
mo mercado, em termos de cooperação mútua: es-
cios, jornais, agências de recrutamento; 
tes contatos interempresas chegam a formar coo-
perativas de recrutamento;  5. É menos seguro do que o recrutamento interno:
XI. Agências de recrutamento: estas agências estão a dado que os candidatos são desconhecidos: ape-
proliferar, no sentido de prestar serviços de recru- sar das técnicas de seleção, muitas vezes a em-
tamento e seleção a pequenas, médias e grandes presa não tem condições de confirmar as qualifi-
empresas. Estão aptas a recrutar e selecionar can- cações do candidato; daí submeter o candidato a
didatos independentemente das suas qualifica- um período experimental, precisamente pela inse-
ções. Ou seja, ao contrário de outras técnicas, esta gurança da empresa relativamente ao processo de
permite recrutar candidatos não só de baixo nível, recrutamento e seleção.
mas também altamente qualificados. Torna-se, en-
tão uma das técnicas mais caras, embora seja com- Independente da estratégia ou tipo de recrutamento
pensada pelos fatores tempo e rendimento. Na e seleção utilizados é necessário estar atento aos erros
maior parte das vezes, as técnicas de recrutamen- de avaliação que frequentemente são observados, tais
to são utilizadas conjuntamente, pois o processo como:
de recrutamento tem que ter em conta a relação
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

custo/rapidez. Assim, o custo de recrutamento au- - Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou
menta à medida que se exige maior rapidez no re- do candidato)
crutamento e seleção dos candidatos. - Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não
gostou dele)
Vantagens do recrutamento externo - Recenticidade - O que importa são os últimos fatos
- Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que
1. Traz sangue novo e experiências novas à organi- fica
zação: a entrada de recursos novos na organiza- - Tendencia Central - Intermediário, todos são bons.
ção impulsiona novas ideias, novas estratégias, - Identificação - Espelho, o candidato é parecido co-
diferentes abordagens dos problemas internos da migo.
organização;

25
- Administração: dirigida para o futuro. Busca o de-
#FicaDica senvolvimento e fornece subsídios que geram a
possibilidade de alcance de todo o potencial das
É comum questões de concurso inverterem o pessoas, gerando resultados positivos.
conceito de Efeito Halo e EfeitoHom.
Porque usar a avaliação de desempenho

Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, ini- - Alicerçar a ação do gestor: a empresa se torna mais
cial, de agregar pessoas à organização. É uma comunica- transparente, pois as ações de seus gestores estão
ção, emitida pela organização, para as pessoas, a respei-
alicerçadas em elementos palpáveis (avaliação rea-
to das vagas em aberto na organização. Seleção, por sua
lizada com rigor técnico).
vez, é uma etapa posterior. A seleção é uma espécie de
filtro: é a etapa em que a organização utiliza instrumen- - Nortear e mensurar o processo de treinamento e de-
tos concretos para avaliar e classificar os candidatos. senvolvimento (T&D): ponderação do nível de CHA
Os processos de recrutamento e seleção podem ser (conhecimentos, habilidades e atitudes), determi-
internos, quando são voltados para as pessoas que já tra- nando a direção que o processo de T&D deve to-
balham para a organização; ou externos, quando buscam mar e a sua medida em cada caso;
atrair para a organização pessoas que ainda não são co- - Facilitar o feedback das pessoas: na medida em que
laboradoras dela. mensura os desempenhos das pessoas em avalia-
O processo decisório, na contratação de pessoas, ção e informa de modo a sugerir mudanças, quan-
não é feito apenas pela área de gestão de pessoas. O do necessário; e
processo é conduzido em parceria, tanto pela área que - Facilitar o progresso das organizações: feedback or-
quer preencher a vaga quanto pela unidade de gestão de ganizacional, acompanhamento do desempenho
pessoas. A decisão final a respeito da contratação cabe à identificando pontos críticos, negativos e positivos
área que quer preencher a vaga.
dando caráter facilitador à elaboração de estraté-
Existem diversas técnicas de seleção, tais como en-
trevistas, provas de conhecimento, testes psicológicos, gias para manutenção e crescimento.
técnicas vivenciais e análise de currículo. No caso de con-
cursos públicos, a divulgação do edital corresponde ao Finalidades:
recrutamento, enquanto as provas de conhecimento e de
títulos correspondem à seleção. - Identificar o valor das pessoas para a organização:
mensurar qualitativamente o impacto de cada pes-
Avaliação Convencional e Diferenciada de Desem- soa nos resultados organizacionais;
penho - Desenvolver talentos: detectados os pontos fortes e
fracos das pessoas, via avaliação de desempenho,
As organizações necessitam de sistemáticas de ava- as necessidades de desenvolvimento tornam-se
liação capazes de acompanhar o crescimento das pes- transparentes;
soas que nela exercem suas atribuições; - Fornecer informações essenciais: que auxiliem o de-
A questão é de que forma que é possível obter um
senvolvimento das demais atividades referentes à
acompanhamento eficiente ao mesmo tempo integrado
com os propósitos da organização como um todo. gestão de pessoas;
O essencial é a maneira com que as pessoas dão an- - Tornar transparente a relação entre avaliadores e
damento as suas atribuições e o desempenho será men- avaliados: ao se recolher informações essenciais
surado a partir dessas exigências. sobre o quadro funcional, identificar talentos po-
tenciais e o que as pessoas agregam para a orga-
Definições e conceitos nização; e
- Abastecer a organização com avaliações periódicas:
Desempenho: “conjunto de entregas e resultados de as organizações necessitam estar permanente-
determinada pessoa para a empresa ou negócio” (DU- mente empenhadas na atualização da AD.
TRA, 2002);
Vantagens da utilização
Avaliação de desempenho: implica na “identificação,
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

mensuração e administração do desempenho huma-


- Possibilita a descoberta de talentos: por meio da
no nas organizações” (GÓMEZ-MEJÍA, BALKIN e CARDY,
identificação dos atributos de cada pessoa;
1995).
- Facilita o feedback às pessoas da organização: des-
- Identificação: ao notar as consequências das ativi- frutar do que foi coletado, analisado e concluído
dades, a empresa estará apta a remanejar pessoas pelos avaliadores, podendo a partir daí encontrar
de acordo com a definição de desempenho exigida caminhos para auto-desenvolvimento;
para satisfazer as suas necessidades; - Auxilia o direcionamento dos esforços da organiza-
- Mensuração: elemento central, tem por objetivo ção: o fato de se ter informações proporciona a
principal a busca pela determinação de como o organização a possibilidade de “identificar aque-
desempenho pode ser relacionado a certas formas las pessoas que necessitam de aperfeiçoamento”
de medições. (MARRAS, 2000);

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- Auxilia o aprimoramento da qualidade de vida: O passo seguinte é a entrevista breve e que mostrará
“constitui um poderoso meio de resolver proble- pontos que poderão ser aprofundados ao longo da sele-
mas de desempenho e melhorar a qualidade do ção. Para Almeida (2004), “tem como objetivo esclarecer
trabalho e a qualidade de vida dentro das organi- alguns aspectos do currículo do profissional e estabele-
zações” (CHIAVENATO, 1999); cer as primeiras impressões sobre algumas características
- Situa as pessoas na estrutura organizacional: a AD do candidato.” Características tais como: apresentação
subsidia as demais atividades desencadeando pessoal, atitudes, capacidade de expressão e comporta-
ações que culminem com alterações significativas mento serão observados.
na estrutura da organização; e
- Incentiva a utilização do coaching: a AD “ajuda ou 2. Análise do Perfil de Competências
estimula os supervisores a observarem seus subor-
dinados mais de perto e a desempenhar melhor a O conhecimento sobre requisitos e competências;
função de treinadores” (OBERG, 1997). quanto maior volume de informações, melhor será a se-
leção do melhor candidato para a posição.
Limitações da utilização A descrição do cargo com suas tarefas, deveres, res-
ponsabilidades e requisitos são apenas alguns dos aspec-
- Serve de justificativa para discussões salariais: ao si- tos levantados para análise. Outro aspecto de relevância
tuar as pessoas na estrutura organizacional, pode para análise é a cultura organizacional, pois constitui
gerar argumentações direcionadas a salários e aspectos como crenças, valores constituídos a partir de
vantagens face à uma possível nova posição fun- práticas macrossociais, integração de práticas sociais, o
cional numa outra unidade; que determinam nossas atitudes. Gramigna (2002), diz
- Trata-se de um processo vulnerável: “as avaliações que “a atitude é o principal componente da competência,
fornecem informações inadequadas sob as sutile- estando relacionada ao querer ser e ao querer agir.”
zas do desempenho, os gerentes frequentemente Ou seja, um candidato pode ter todos os requisitos
fazem julgamentos arbitrários” (LEVINSON, 1997); para um bom desempenho profissional, mas se suas
- Há uma tendência à exclusão dos não envolvidos di- crenças e valores não estiverem alinhadas com a organi-
zação, ele pode não se tornar o que a organização deseja
retamente com o processo. A não influência direta
(GRAMIGNA, 2002).
nos resultados da organização dificulta o questio-
namento à avaliação feita, gerando desmotivação
3. Avaliação dos candidatos
e desinteresse;
- Dificuldade de manter as avaliações periódicas: a ela-
Os meios utilizados que permitem avaliar os candi-
boração e aplicação do processo de AD depende
datos são distribuídos em testes, dinâmicas de grupo,
do feedback oferecido às pessoas pelos avaliadores;
entrevistas. Essas técnicas supõem que há uma corres-
- Inibe o desenvolvimento criativo do potencial huma-
pondência com o desempenho no futuro trabalho (PAI-
no: manter avaliações constantes, dependendo da VA, 2010).
maneira como é realizada, pode representar um A responsabilidade da avaliação, não é apenas res-
controle na visão das pessoas em processo de ava- ponsabilidade do recrutador mais também do requisi-
liação; e tante da vaga que elaborou, participou de testes, dinâ-
- Dificulta a avaliação do grupo: este tipo de procedi- micas de grupos. A participação do requisitante amplia o
mento sempre tende a recair numa avaliação indi- compromisso nos resultados (VIEIRA,1994).
vidualizada.
TÉCNICAS DE SELEÇÃO
ESCOLHA DAS TÉCNICAS DE SELEÇÃO
1. Entrevistas
1. Triagem
Pontes (1996) diz: “A entrevista é uma técnica univer-
A atração de candidatos com potencial pelo perfil de sal, sendo em muitos casos a única forma de seleção”.
competências e os candidatos que atendem os requisitos As entrevistas podem ser individuais e coletivas, em
se apresentam com maior probabilidade de possuírem as forma de comitê, podendo ser dirigidas (com roteiro),
competências procuradas. Inicia-se por análise curricular semi dirigidas e não dirigidas ou livres (sem roteiros),
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

e posteriormente entrevista para confirmação dos dados. busca fundamentar as decisões relativas à contratação de
A análise de um currículo se deve inicialmente a partir um novo colaborador. São perguntas objetivando ava-
de uma triagem (filtro), que dá uma primeira impressão liar determinadas competências como perfil profissional,
das qualificações dos candidatos ao perfil. Nesta triagem competências não vistas por meio de outras técnicas, in-
é necessário ao selecionador concentrar-se em realiza- vestigar competências não exploradas e esclarecer fatos,
ções, resultados que o indivíduo gerou para as organi- impressões, confirmar ou rejeitar hipóteses que surgem
zações que já trabalhou. O desenvolvimento de carreira ao longo do processo seletivo. Sendo um dos meios mais
é considerável, ela não se torna a partir de vários cargos importantes para selecionadores, é um dos instrumentos
mais segundo Dutra (2004), “a ampliação do espaço ocu- mais usados, onde os testes psicológicos eram predo-
pacional, entendido como o nível de complexidade das minantes. No entanto com o passar do tempo, os testes
atribuições e das responsabilidades de um empregado.” psicológicos estão cedendo lugar às entrevistas.

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Existem dois tipos de entrevistas: tem ao hipotético, o entrevistador solicita ao candidato
descrever uma situação concreta, onde demonstre fatos
As entrevistas podem ser estruturadas, quando é so- específicos do passado buscando prever um comporta-
licitado ao candidato responder questões padronizadas, mento futuro, ilustrando a competência que se pretende
onde as informações coletadas são as principais vantagens analisar. As competências podem ser de capacidades em
é descobrir um provável sucesso no cargo pretendido. administração de tempo, planejamento, organização e
As entrevistas não-estruturadas, as perguntas serão feitas negociação.
de acordo com a entrevista, tornando-se menos objetiva. Para Reis (2003) as perguntas devem ser abertas e
Almeida (2004) diz: ”Estudos empíricos, conduzidos especificas, usando verbos em ação, mas no passado, fo-
por vários pesquisadores, são unânimes em apontar a cando competências, ou seja, o principal objetivo deve
superioridade das entrevistas estruturadas sobre as en- ser obter descrições de fatos específicos da vida que po-
trevistas não-estruturadas.” dem ser usados como evidências.
O candidato interrompe o contato visual com o en-
1.1. Entrevista técnica trevistador, pára por alguns segundos enquanto pensa
ou visualiza um exemplo, e então retoma o contato vi-
Obtém e aprofunda informações técnicas, experiência sual e descreve um acontecimento especifico de sua vida.
profissional e habilidades do candidato, realizadas pelo Essas descrições das experiências são acompanhadas de
colaborador que o candidato se reportará. Fundamenta a descrição de tempo, datas, números, locais e quaisquer
decisão de qual candidato será escolhido, portanto é de outras particularidades que evidenciam que o fato real-
caráter decisivo (MENDONÇA, 2002). mente ocorreu (REIS, 2003).

1.2. Entrevista psicológica Abaixo no Quadro estão listadas as técnicas com per-
centagens mais utilizadas na seleção de pessoas em al-
Busca a personalidade da pessoa, aspectos, vida pes- gumas organizações brasileiras:
soal, em família, lazer, sua história. Tem como objetivo
QUADRO - Técnicas de Seleção.
investigar vários aspectos da vida do candidato como
analisar perfil psicológico adequado ao perfil de compe-
tências que se procura (PASSOS, 2005).
Este tipo de entrevista está cada vez mais raro uma
vez que, a profundidade das informações colhidas, dado
ao tempo disponível para os processos e as entrevistas,
deve ser conduzida por psicólogos (PASSOS, 2005).

1.3. Entrevista tradicional

Com perguntas abertas, envolvem assuntos técnicos


e psicológicos tais como:
- Interesse em trabalhar na empresa;
- Habilidades que você julga essenciais para o bom
desempenho do cargo;
-Quais os motivos levaram a deixar o último empre-
go;
- Pontos fortes e pontos fracos.
Essas entrevistas possibilitam ao candidato a forma-
ção do seu perfil, permitem avaliar as competên-
cias contidas no candidato que estão sendo procu- 2. Provas de Conhecimento ou de Capacidade
radas (PASSOS, 2005).
Segundo Chiavenato (2004), as provas de conheci-
1.4. Entrevista situacional mento são instrumentos para avaliar o nível de conhe-
cimentos gerais e específicos dos candidatos, exigidos
É uma variação da entrevista tradicional. Perguntas pelo cargo a ser preenchido. Procura medir o grau de
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

abertas enfocam características do trabalho. Sua vanta- conhecimentos dos profissionais ou técnicos, como no-
gem é focalizar situações de trabalho especificas. Elas ções de informática, contabilidade, redação entre outros.
remetem no candidato a idealização em situação hipo- As provas de conhecimentos gerais medem o grau de cul-
tética (PASSOS, 2005). tura do candidato, já as provas específicas avaliam os conhe-
cimentos profissionais do candidato (CHIAVENATO, 1999).
1.5. Entrevista comportamental
2.1. Teste
Para Reis (2003), esse tipo de entrevista específica
mostra experiências do passado, essa situação possibili- Instrumento padronizado, de seriedade, garantindo
ta prever o comportamento no futuro do candidato. Ao objetividade e cientificidade, visa medir pontos da perso-
invés de submeter os candidatos a perguntas que reme- nalidade, refletindo diferenças individuais de cada pessoa

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testada. Os testes podem ser considerados amostras de do como um dos testes mais utilizados no Brasil
comportamento, onde é possível fazer predições a res- para seleção de pessoal (CHIAVENATO; CUNHA,
peito de outro comportamento, sendo importante que 2000).
aja uma descrição do cargo e das competências exigidas.
As diferentes formas de aplicar os testes podem ser - Rorscharch
consideradas variantes de padrão básico sendo eles: Criado por Hermmam Rorscharch em 1921 em Zuri-
que, Suíça. Esse teste é feito de forma individual
2.2. Testes de conhecimento com apresentação de lâminas e tintas onde o can-
didato será avaliado dentro de um processo psí-
São provas que apuram conhecimentos ou habilida- quico, afetivo-emocional, motor-conativo e cog-
des sendo elas: Idiomas, matemática financeira entre ou- nição, funções e sistemas cerebrais entre outros
tros, podendo ser aplicadas via internet e muito utilizado
envolvidos na construção das imagens (CHIAVE-
em concursos públicos (ALMEIDA, 2004).
NATO, 1999).
Segundo Almeida (2004), “. O teste objetivo utiliza
questões com respostas diretas, usando teste de múlti-
pla escolha”. Nos testes objetivos exigem como caracte- - PMK
rística avaliar o candidato em habilidades como leitura, Idealizado por Emilio Mira Y Lopez em Londres, mos-
interpretação e crítica, pois cobre vários conhecimentos tra como a pessoa realmente é na sua personalida-
necessários para desempenho do cargo. Nele o julga- de; na sua estrutura, dinâmica e reação em contato
mento se torna mais objetivo através das respostas do com meio ambiente como: depressão, agressivida-
candidato, usando gabaritos de respostas como apoio de, emotividade (CHIAVENATO, 1999).
busca-se a subjetividade, as questões têm uma opção
correta; difícil de ser elaborado, é um teste que trata as - Machover
questões de forma direta, desenvolvido para cargos mais O teste da figura humana (1949) usada para perceber
específicos (FAISSAL, 2004). a imagem que o próprio candidato faz de si mes-
O teste discursivo as questões são abertas para co- mo, uma vez que o desenho representa a si mesmo
nhecer os conhecimentos necessários para o cargo em e o papel o ambiente. Esse teste proporciona uma
questão. Usa-se leitura e redação, sua elaboração é mais série de informações descritivas e significativas a
rápida em relação aos testes objetivos e é recomendada respeito da personalidade (TELLES, 1997).
para um número reduzido de candidatos (ALMEIDA, 2004).
- Casa-árvore-pessoa
2.3. Testes Psicológicos
Idealizado por John N. Buck, em 1948, trata-se de um
teste que, projeta experiências internas, pois inves-
“Os testes psicológicos, objetivam avaliar o desenvol-
vimento intelectual geral, aptidões especificas e a perso- tiga o fluxo da personalidade invadindo a área da
nalidade dos candidatos” (Anastasi, 1977) criatividade artística. É possível fazer uma análise
O objetivo e avaliar o intelecto, aptidões específicas e quantitativa e qualitativa (CAMPOS, 1999).
personalidade dos candidatos (FORMIGA e MELLO 2000).
- Testes psicométricos/aptidões: teste P.M.A.
2.4. Testes de inteligência A “PMA” (Primary Mental Abilities) é um conjunto de
testes que avaliam conteúdos e situações especí-
Contém tarefas de funções intelectuais, onde o re- ficas (verbais, numéricas, mecânicas, espaciais, ou
sultado gera o quociente intelectual (QI). Esses testes então, tomando a percepção, a memória, a criati-
acabaram privilegiando certas funções e negligenciando vidade) (PASQUALI, 2002). Realizado com papel e
outras. A partir de 1930 este teste passou a ter aptidões lápis, de aplicação individual ou coletiva, com limi-
diferenciais como: cálculos, memória, raciocínio mecâni- te de tempo. Elaborada por LL Thurstone, mede 5
co, espacial e abstrato, atenção concentrada e difusa, pla- fatores.
nejamento e organização (FAISSAL; MENDONÇA, 2006).
Já os testes de personalidade identificam traços da Cada um desses fatores é medido por um teste, des-
personalidade, aspectos motivacionais e de interesses.
critos abaixo:
Propõe identificar aspectos da dinâmica da personali-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

O fator V refere-se à compreensão verbal, sendo me-


dade do candidato tais como introversão e extroversão
dido por uma prova de vocabulário; o fator E refere-se à
apresentando níveis necessários para o selecionador
avaliar as características em compatibilidade com a com- visualização espacial, onde há 6 figuras e o sujeito apre-
petência que está buscando (CUNHA, 2000). senta as figuras com a mesma forma sendo elas dispos-
tas em posições diferentes; o fator R refere-se ao racio-
2.5. Principais Testes cínio lógico, sendo medido por uma prova que consiste
em séries de letras colocadas numa determinada ordem,
- Wartegg seguindo uma certa lógica, onde o examinado indica a
No teste de personalidade, são usados desenhos, de- continuação dessa lógica; o fator N refere-se ao cálculo
senvolvidos pelo indivíduo. Idealizado por Ehrig numérico, sendo avaliado por uma prova em que o indi-
Wartegg em 1930 na Alemanha Oriental. Destaca- víduo tem de indicar se a soma de 4 números e 2 algaris-

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mos está certa ou errada; o fator F refere-se à fluência verbal, sendo avaliado por uma prova em que o sujeito tem de
escrever, dentro do tempo determinado, o maior número de palavras iniciadas por uma letra.
Para a aplicação de cada um destes testes é necessária a respectiva folha de teste, um lápis preto e cronometro.

2.5. Teste Grafológico

Analisa a grafia individual, onde conclui-se dezenas de traços da personalidade. Para isso os grafólogos solicitam
que os candidatos escrevam alguma coisa em folha branca (uma redação de 20 linhas ou mais) para análise do tama-
nho de letra, inclinação, direção, altura, pressão, velocidade; o conteúdo da redação não é analisado. Apresenta baixo
custo, detecta traços da personalidade não identificados em outros métodos (SINGER, 1999).

2.6. Técnicas de Simulação

São criadas situações para os candidatos interagirem e participarem em grupo visando seu comportamento social. Para
isso estão citados abaixo os processos mais conhecidos:

2.7. Provas (técnicas) situacionais

Elaboradas a partir das características ou peculiaridades do cargo ou área de atuação. Bueno (1995) propõe passos
para elaboração de um teste.

- Objetivo claro: perfil do cargo, resultados esperados, processo que se delineou, participação do requisitante;
- Identificar situações mais comuns, repercussão dos resultados, contexto empresarial e local, tecnologia envolvida,
abrangência de tarefas a serem focadas;
- Definir a tarefa a ser desenvolvida e a forma de avaliação;
- Orientar o requisitante quanto à forma de elaboração de prova e definir quem fará a aplicação e a avaliação, que
costuma ser mais qualitativa do que quantitativa;

Se a atividade escolhida para prova situacional atende a dois requisitos básicos:


- Essencialidade: Importância do desempenho.
- Abrangência: Volume de atividades relevantes que a prova avaliará.
- Logística adequada: local da aplicação, clareza de provas, orientações, tempo para sua realização, material de
apoio.

2.8. Dinâmica de Grupo

A dinâmica de grupo pode ser conduzida. Em 1939, Kurt Lewin, definiu como:
- Um campo específico de pesquisa da psicologia;
- Uma pessoa ou mais se reúne, há um conjunto de fenômenos;
- Refere-se a um conjunto de métodos práticos de trabalho com grupos.

Quando utilizada na seleção de pessoas propõe a um grupo de candidatos um conjunto de vivências, jogos, simu-
lações, testes situacionais, estudos de caso ou debates, estimulando a interação dos participantes promovendo uma
dinâmica onde é possível a observação direta do comportamento dos candidatos.

Através da dinâmica de grupo é possível avaliar habilidades interpessoais e atitudes.


Uma das funções do Recursos Humanos é ter disponível instrumentos que acompanhem a variável do tempo em
relação à posição que o candidato for ocupar, sendo ele contratado ou promovido, dando assim mais confiança ao
recrutamento e seleção.
A importância de um departamento de Recrutamento e Seleção estratégico agregando resultados viabiliza negó-
cios e aumenta a responsabilidade em aspectos como:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Informações reservadas, pessoais, não podem ser abertas e nem utilizadas. Um ponto de relevância dentro da ética
e a valorização das diferenças entre os candidatos é respeitar as pessoas. A diversidade diz respeito ao grau de diferen-
ças humanas básicas em uma determinada população, ela realça e contrapõe à homogeneidade, que procura tratar as
pessoas como se fossem padronizadas e despersonalizadas.

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A partir do exposto, observa-se o quadro abaixo demonstrando o tipo de seleção:

Fontes:
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
FORMIGA, N. S., & MELLO, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: uma integração para um desenvolvi-
mento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. 3. ed. São Paulo: Livraria duas cidades, 1976
PASSOS, Antonio E.V.M, Atração e seleção de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
REIS, Valéria dos. A entrevista de seleção com foco em competências comportamentais. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2003.
TELLES, V. S. A Leitura cognitiva da psicanálise: problemas e transformações de conceitos., São Paulo, v. 8, n. 1, p.
157-182, 1997.
Disponível em: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/administracao-financas/recrutamento-selecao-uma-re-
visao-bibliografica.htm

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Cabe ao próprio psicólogo a tarefa de correção dos instrumentos psicológicos, seguindo os critérios apropriados
de cada instrumento de modo a contextualizar os dados quantitativos obtidos, integrando-os com uma avaliação qua-
litativa (Wechsler, 1999).
Ao considerar a instabilidade dos sistemas, o psicólogo também considera que o desempenho apresentado pelo
indivíduo está relacionado à situação em que foi avaliado, ao momento de vida e tantas outras variáveis inter-relacio-
nadas, podendo se alterar à medida que muda a relação do indivíduo com o ambiente (ao iniciar a atuação na organi-
zação, após passar por um processo de treinamento, quando concluir os estudos etc.).
A instabilidade também se faz presente nas constantes mudanças das relações de trabalho, sendo oportuno que tal
fato seja levado em conta na avaliação dos resultados, bem como a cultura da organização e o perfil do cargo pleiteado.
Dessa forma, o psicólogo, ao adotar uma epistemologia sistêmica, estará adotando efetivamente o caminho da
objetividade entre parênteses. Então, as questões que irão nortear as suas decisões no processo seletivo devem ser as
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

seguintes: “minha ação está condizente com minhas crenças em que o sistema é auto organizador, em que não posso
dirigi-lo, nem instrui-lo e em que o sistema está criando para si uma realidade da qual inevitavelmente participo? Estou
levando em consideração as conexões intersistêmicas e as possíveis repercussões de minha ação em outros pontos da
rede ou do sistema de sistemas? É claro que essas respostas ele só terá por meio de sua constante interação conver-
sacional com o sistema”.

1. Devolutiva

A entrevista devolutiva com o candidato avaliado se caracteriza como etapa legítima do processo de avaliação psi-
cológica, pois reafirma o cuidado com os indivíduos e confere seriedade e credibilidade ao trabalho do psicólogo. É o
momento em que o psicólogo expõe ao avaliando suas análises e interpretações (Goulart Júnior, 2003).

31
Ao realizar a entrevista devolutiva, o profissional con- já tenham trabalhado. Essa coleta pode ser feita por tele-
textualiza seu trabalho, não abstraindo uma parte impor- fone, internet. É importante ter cuidado com informações
tante do todo maior que foi a avaliação psicológica, a recebidas, não apenas à vínculos de trabalho, mas vida
saber: o candidato. Com isso, ele está também focando acadêmica, registros de trânsito, verificações de créditos.
para as relações do processo. Tal relação é estendida ain-
da à própria organização que, assim como o profissional 1. Exame Médico
psicólogo, está expressando seu cuidado para com o in-
divíduo. Indispensável para segurança da organização e do
Quando bem conduzida, uma entrevista devolutiva colaborador. O exame físico é compatível em relação
pode trazer importantes contribuições ao candidato que as atividades que serão exercidas, onde o resultado irá
tem a oportunidade de aprimorar seu autoconhecimento apontar se o colaborador já tem algum problema de
e autopercepção, favorecendo seu autodesenvolvimento saúde, se é hereditário ou mesmo problemas adquiridos
(Goulart Júnior, 2003). em trabalhos anteriores. Essa prática é determinante em
Não é conveniente, no entanto, que se forneçam re- pagamentos de indenizações trabalhistas, quando impli-
sultados em forma de respostas certas e esperadas aos que risco de morte. Por outro lado, quando as condições
instrumentos psicológicos utilizados, visto que tal com- físicas são compatíveis as atividades que serão exercidas,
portamento pode inviabilizar o uso futuro desses instru- o processo está concluído (FAISSAL, 2005).
mentos. Além de estar em relação com o sistema da or-
ganização da qual faz parte ou para a qual presta serviço 2. Organização dos Traços do Candidato
e em relação com os indivíduos que avalia, o psicólogo
também está em relação com sua própria categoria pro- Cada afirmação e resposta examinada identifica tra-
fissional, devendo considerações a ela e a todo o conhe- ços positivos que indicam as características requeridas
cimento construído. pelo o cargo.
Em relação à devolutiva para o empregador solicitan- Após esta etapa, é hora de iniciar o processo de se-
te, é importante que o psicólogo se paute em uma visão leção dos candidatos. É importante ressaltar que, assim
dinâmica do indivíduo naquele momento (quando foi como os métodos de recrutamento, cada organização
feita a avaliação). Logo, não se colocam inferências sobre desenvolve os seus métodos seletivos particulares, que
o sujeito, sendo todos seus comentários feitos com base podem ainda variar conforme o cargo e os interesses de
nos dados obtidos. Assim, seu relatório focará a relação e cada momento em específico (BOHLANDER, 2003).
não fatores isolados, ou seja, a apresentação dos resulta- Os pontos mais comuns são:
dos abrangerá uma visão integrada dos dados, os quais - Desenvolver estratégias que visam levantar o perfil dos
estão em constante processo de mudança. candidatos e comparar com um “ideal” previamente
Não é apropriado, no entanto, que a devolutiva para determinado para ocupar a vaga em disposição.
o empregador contenha informações ou interpretações - Identificar um conjunto de habilidades e de com-
sobre o sujeito que não digam respeito à avaliação sobre petências que caracterizam os profissionais como
o cargo solicitado. Apesar de o todo ser maior do que sendo um diferencial para o mercado, se encarre-
a soma das partes, também é menor que ela: nem tudo gando de passar o know how adquirido pela insti-
que abrange um indivíduo está diretamente relacionado tuição após a suposta contratação.
a sua atuação na organização; há nele aspectos outros - Encontrar os candidatos que apresentam as caracte-
que não necessariamente estarão contemplados em sua rísticas mais próximas dos executivos que se desta-
ação profissional e que, portanto, não precisam ser re- cam na própria empresa, funcionando como uma
velados ao empregador sob o risco de favorecer vieses. espécie de método de clonagem.
- Avaliar os candidatos dando ênfase ao que se cha-
Fonte: PARPINELLI, R. F.; LUNARDELLI, M. C. F. Avalia- ma incidente crítico da função. Trata-se de iden-
ção psicológica em processos seletivos: contribuições da tificar no cargo os possíveis acontecimentos que
abordagem sistêmica. Estudos de Psicologia. Campinas, demandem do profissional um determinado com-
2006 portamento que será considerado pelo contra-
tante como desejável ou indesejável, ou seja, que
DECISÃO FINAL produziriam um desempenho melhor ou pior no
dia-a-dia de trabalho de um profissional.
Neste momento a decisão cabe ao requisitante e não
ao selecionador. Serão consolidados uma série de infor- Para George (2003), nem sempre após a escolha do
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

mações coletadas do perfil do candidato durante o pro- candidato e a negociação ter ocorrido verbalmente, a
cesso, pontos favoráveis e desfavoráveis que levam a uma contratação é realizada. Muitas vezes o candidato recebe
decisão. Monta-se um relatório onde o requisitante terá outra proposta mais atraente, então podemos:
acesso, mas é necessário observar que a decisão cabe a - reduzir o máximo de tempo entre a proposta verbal
um grupo, mesmo porque poderá haver distorções, dú- da escrita;
vidas que poderão ser eliminadas, onde os requisitantes - acreditar que o candidato está esperando apenas a
podem não ter tanta experiência (MENDONÇA, 2006). sua proposta;
O próximo passo é seguir para exames médicos e - aguardar um tempo para o candidato estudar sua
referencias dos candidatos. Pode acontecer que algum proposta, mas não deve perder contato com ele;
candidato venha a negligenciar alguma informação. O - estar preparado para a recusa, e se ocorrer, retomar
melhor meio é procurar organizações que os candidatos o processo de seleção.

32
O processo de avaliação demonstra-se complexo ficação, diagnóstico e análise do comportamento de um
diante da quantidade de informações fornecidas pelo colaborador durante um intervalo de tempo, analisando
candidato, porém deverão ser observadas para que a sua postura profissional, seu conhecimento técnico, sua
melhor escolha seja feita. relação com os parceiros de trabalho etc.
Ao finalizar esse processo de interpretação, segue a Esse método tem por objetivo analisar as melhores
montagem do laudo, nela constam todas as informações práticas dos funcionários, proporcionando um cresci-
recebidas durante todo o processo e objetiva confirmá- mento profissional e pessoal, visando a um melhor de-
-las, podendo também ser pesquisadas através de SERA- sempenho de suas funções no ambiente de trabalho.
SA, SPC entre outras instituições (FAISSAL, 2006). Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio à
administração de recursos humanos da empresa, alimen-
O laudo finalizado é um poderoso instrumento para a tando-a com informações que auxiliam a tomada de de-
tomada de decisão (BARBOSA e DALPOZZO, 2006) cisão sobre práticas de bonificação, aumento de salários,
A tomada de decisão é uma tarefa de grande res- demissões, necessidades de treinamento etc.
ponsabilidade, Chiavenato (2004), diz “Após todos os
aspectos preliminares do processo de seleção, estabele- Segundo Wagner Siqueira, o processo de avaliação
cimento de critérios adequados, recrutamento, seleção e de desempenho de um colaborador inclui, dentre outras,
entrevistas não podem dar a certeza absoluta de ter sido as expectativas desejadas e os resultados reais, sendo di-
feita a escolha certa. Os gerentes não falham porque to- vidida em algumas etapas:
maram decisões erradas, mas sim porque usam os estilos • Apreciação diária do comportamento do colabora-
errados para a decisão, sendo decidido muito depressa e dor, seus progressos e limitações, êxitos e insuces-
impulsivamente, reúnem informações excessivas ou pro- sos, com oferecimento permanente de feedback
telando informações”. instantâneo;
• Identificação e equacionamento imediato dos pro-
Sendo assim é importante perceber os seguintes blemas emergentes, procurando manter continua-
pontos: mente um alto padrão de motivação e de obten-
ção de resultados;
- Considerar as realizações e não credenciais do can- • Entrevistas formais periódicas de avaliação de de-
didato; sempenho, em que avaliador e avaliado analisam
- Preconceitos devem ser excluídos; os resultados obtidos no período considerado e
- Candidatos fortes ameaçam gerentes fracos; redefinem novas orientações, compromissos recí-
- Candidatos super qualificados sentem-se desmoti- procos e ações corretivas, se for o caso.
vados;
- Candidatos finalistas não devem ser dispensados Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e
até o escolhido aceitar o cargo. limitações dos funcionários, buscando identificar pontos
de melhoria, necessidade de treinamento, ou até mes-
Aos candidatos que foram reprovados, recomenda-se mo remanejamento do indivíduo para outras funções em
dar um retorno o mais rápido possível, principalmente que poderia render melhor.
aqueles que ficaram no processo final da seleção. Procu- Assim, o papel principal da avaliação de desempenho
rar sempre passar uma resposta construtiva para motivar é identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças
os candidatos na procura de um próximo emprego. de desempenho entre os muitos funcionários da organi-
Toda a documentação dos candidatos reprovados zação. Tendo sempre como base a interação constante
pode ser arquivada de forma a serem úteis para o preen- entre avaliador e avaliado.
chimento de um cargo onde o mesmo possa ser ade-
quado. Disponível em: <http://www.sobreadministracao.
com/avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-fun-
ciona/>. Acesso em: 14 jul. 2018.
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: OBJETIVOS,
MÉTODOS, VANTAGENS E DESVANTAGENS 1. Formas de avaliação de desempenho

Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de ava-


liação:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

GESTÃO DE DESEMPENHO
• Escalas gráficas de classificação: é o método mais
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está utilizado nas empresas. Avalia o desempenho por
a par dos resultados apresentados por seus colaborado- meio de indicadores definidos, graduados através
res é acompanhando de perto as atividades que esses da descrição de desempenho numa variação de
realizam. E o método mais eficaz de demonstrar esse ruim a excepcional. Para cada graduação pode ha-
acompanhamento é por meio da Avaliação de Desempe- ver exemplos de comportamentos esperados para
nho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma facilitar a observação da existência ou não do indi-
ferramenta da gestão de pessoas que visa a analisar o cador. Permite a elaboração de gráficos que facili-
desempenho individual ou de um grupo de funcionários tarão a avaliação e o acompanhamento do desem-
em uma determinada empresa. É um processo de identi- penho histórico do avaliado.

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• Escolha e distribuição forçada: consiste na avalia- ou não tinham sido comunicados ao colaborador.
ção dos indivíduos através de frases descritivas de E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua au-
determinado tipo de desempenho em relação às toavaliação para discussão com seu gestor.
tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o • Padrões de desempenho: também chamado de
avaliador é forçado a escolher a mais adequada padrões de trabalho, é quando há estabelecimento
para descrever os comportamentos do avaliado. de metas somente por parte da organização, mas
Este método busca minimizar a subjetividade do que devem ser comunicadas às pessoas que serão
processo de avaliação de desempenho. avaliadas.
• Pesquisa de campo: tem base na realização de • Frases descritivas: trata-se de uma avaliação atra-
reuniões entre um especialista em avaliação de vés de comportamentos descritos como ideais
desempenho da área de Recursos Humanos e ou negativos. Assim, assinala-se “sim” quando o
cada  líder, para avaliação do desempenho de cada comportamento do colaborador corresponde ao
um dos subordinados, levantando-se os motivos comportamento descrito, e “não” quando não
de tal desempenho por meio de análise de fatos corresponde. É diferente do método da Escolha e
e situações. Este método permite um diagnóstico distribuição forçada no sentido da não obrigato-
padronizado do desempenho, minimizando a sub- riedade na escolha das frases.
jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planeja- • Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado
mento, conjuntamente com o líder, do desenvolvi- recebe feedbacks (retornos) de todas as pessoas
mento profissional de cada um. com quem ele tem relação, também chamados
• Incidentes críticos: enfoca as atitudes que repre- de stakeholders, como pares, superior imediato,
sentam desempenhos altamente positivos (suces- subordinados, clientes, entre outros.
so), que devem ser realçados e estimulados, ou • Avaliação de competências: trata-se da identifica-
altamente negativos (fracassos), que devem ser ção de competências conceituais (conhecimento
corrigidos através de orientação constante. O mé- teórico), técnicas (habilidades) e interpessoais (ati-
todo não se preocupa em avaliar as situações nor- tudes) necessárias para que determinado desem-
mais. No entanto, para haver sucesso na utilização penho seja obtido.
desse método, é necessário o registro constante • Avaliação de competências e resultados: é a con-
dos fatos para que estes não passem despercebi- jugação das avaliações de competências e resulta-
dos. dos, ou seja, é a verificação da existência ou não
• Comparação de pares: também conhecida como das competências necessárias de acordo com o
comparação binária, faz uma comparação entre desempenho apresentado.
o desempenho de dois colaboradores ou entre o • Avaliação de potencial: com ênfase no desempe-
desempenho de um colaborador e sua equipe, po- nho futuro, identifica as potencialidades do ava-
dendo fazer o uso de fatores para isso. É um pro- liado que facilitarão o desenvolvimento de tarefas
cesso muito simples e pouco eficiente, mas que se e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a
torna muito difícil de ser realizado quanto maior identificação de talentos que estejam trabalhando
for o número de pessoas avaliadas. aquém de suas capacidades, fornecendo base para
• Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio a recolocação dessas pessoas.
avaliado com relação a sua performance. O ideal • Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Ro-
é que esse sistema seja utilizado conjuntamente a bert S. Kaplan e David P. Norton na década de 90,
outros sistemas para minimizar o forte viés e a falta avalia o desempenho sob quatro perspectivas: fi-
de sinceridade que podem ocorrer. nanceira, do cliente, dos processos internos e do
• Relatório de performance: também chamada de aprendizado e crescimento. São definidos objeti-
avaliação por escrito ou avaliação da experiência, vos estratégicos para cada uma das perspectivas e
trata-se de uma descrição mais livre acerca das ca- tarefas para o atendimento da meta em cada obje-
racterísticas do avaliado, seus pontos fortes, fracos, tivo estratégico.
potencialidades e dimensões de comportamento,
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na 2. Vantagens da Avaliação de desempenho
dificuldade de se combinar ou comparar as classifi-
cações atribuídas e por isso exige a suplementação Por meio da avaliação de desempenho é possível
de um outro método, mais formal. identificar novos talentos dentro da própria organização,
• Avaliação por resultados: é um método de avalia- mediante análise do comportamento e das qualidades
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

ção baseado na comparação entre os resultados de cada indivíduo, gerando, assim, novas possibilidades
previstos e realizados. É um método prático, mas para remanejamento interno de colaboradores. Além
que depende somente do ponto de vista do super- disso, pode oferecer bonificações e premiações aos fun-
visor a respeito do desempenho avaliado. cionários que mais se destacarem na avaliação.
• Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação Outra vantagem é a possibilidade de gerar um fee-
do alcance de objetivos específicos, mensuráveis, dback mais fácil aos funcionários analisados e gestores,
alinhados aos objetivos organizacionais e nego- uma vez que tem como resultado informações relevan-
ciados previamente entre cada colaborador e seu tes, sólidas e tangíveis para um resultado eficiente. Esse
superior. É importante ressaltar que, durante a feedback faz com que os avaliados queiram investir ain-
avaliação, não devem ser levados em consideração da mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de-
aspectos que não estavam previstos nos objetivos, sempenho e trazendo vantagens para a empresa.

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Este método é importante, também, para eliminar Para alguns estudiosos/autores da literatura especia-
“achismos” e palpites quanto à avaliação de um funcio- lizada, o conceito de indicador de desempenho pode ser
nário. É um meio de obter informações reais e avaliar de definido como um instrumento de mensuração quanti-
perto as implicações de uma possível mudança na gestão tativa ou qualitativa de aspectos do desempenho. Neste
de recursos humanos da empresa. material, vamos adotar a seguinte definição:
Um indicador de desempenho é um número, percen-
Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer tagem ou razão que mede um aspecto do desempenho,
muitos benefícios e mudanças positivas na gestão de com o objetivo de comparar esta medida com metas
pessoas de uma organização, seja qual for o seu tama- pré-estabelecidas.
nho. Com ela, o gestor pode avaliar melhor seus subor-
dinados, melhorar o clima de trabalho, investir no treina- 5. Medição de desempenho e indicador de de-
mento de seus pares, melhorar a produtividade, desen- sempenho
volver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar
de forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma A expressão indicador de desempenho é também
equipe é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes. normalmente utilizada no sentido de medição de de-
sempenho. Entretanto, é possível estabelecer-se uma
3. Aplicações distinção entre ambas. Medições de desempenho são
efetuadas quando os aspectos do desempenho podem
A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de ser mensurados diretamente e quantificados com facili-
diferentes funções administrativas, motivacionais e de dade. Exemplos: quilometragem de estradas conserva-
comunicação, como citadas a seguir: das; número de alunos matriculados no 1º grau.
Indicadores de desempenho são utilizados quando
• Identificação de pontos fortes e fracos dos colabo- não é possível efetuar tais mensurações de forma di-
radores e, consequentemente, da organização; reta. Atuam como uma alternativa para a medição do
• Identificação de diferenças individuais; desempenho, embora não forneçam uma mensuração
• Estímulo à comunicação interpessoal; direta dos resultados. Exemplo: a utilização do índice de
• Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, repetência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores
formada por chefe e subordinado; a serem considerados na formação de um indicador de
• Informação ao colaborador de como o seu desem- desempenho para medir a efetividade do ensino de 1º
penho é percebido; grau.
• Estímulo ao desenvolvimento individual do avalia- O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é
dor e do avaliado; que os indicadores de desempenho podem fornecer
• Indicações de promoções e de aumentos salariais uma boa visão acerca do resultado que se deseja medir,
por mérito; mas são apenas aproximações do que realmente está
• Indicações de necessidade de treinamento; ocorrendo, necessitando, sempre, de interpretação no
• Gestão de crises nas equipes e nos processos ope- contexto em que estão inseridos.
racionais (sistemas técnicos e sociais);
• Auxílio na verificação de aprendizagens; 6. Natureza comparativa dos indicadores de de-
• Identificação de problemas de trabalho em geral, sempenho
no relacionamento individual, intraequipe ou inte-
requipes; Informações sobre desempenho são essencialmente
• Registro histórico suplementar para ações admi- comparativas. Um conjunto de dados isolado mostrando
nistrativas de gestão; os resultados atingidos por uma instituição não diz nada
• Apoio às pesquisas de clima organizacional. a respeito do desempenho da mesma, a menos que seja
confrontado com metas ou padrões preestabelecidos, ou
4. Indicadores de Desempenho realizada uma comparação com os resultados atingidos
em períodos anteriores, obtendo-se assim uma série his-
O que não é medido não é gerenciado.... tórica para análise.
Robert Kaplan
7. Variáveis empregadas na construção de indica-
Se você não mede algo, você não pode entender o pro- dores
cesso.
Se você não entende o processo, você não consegue Os indicadores quase sempre são compostos por va-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

aperfeiçoá-lo. riáveis provenientes de um dos seguintes grupos: custo,


Peter Druker tempo, quantidade e qualidade.

A utilização de indicadores de desempenho para 8. Principais usos de indicadores de desempenho


aferir os resultados alcançados pelos administradores é A utilização de indicadores de desempenho pela ins-
uma metodologia que está relacionada ao conceito de tituição:
gerenciamento voltado para resultados (result oriented
management – ROM). Esse conceito tem sido adotado • Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa do
nas administrações públicas de diversos países, espe- desempenho global da instituição, por meio da
cialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália, avaliação de seus principais programas e/ou de-
Reino Unido). partamentos;

35
• Permite o acompanhamento e a avaliação do desempenho ao longo do tempo e ainda a comparação entre:
• Desempenho anterior x desempenho corrente;
• Desempenho corrente x padrão de comparação;
• Desempenho planejado x desempenho real;
• Possibilita enfocar as áreas relevantes do desempenho e expressá-las de forma clara, induzindo um processo de
transformações estruturais e funcionais que permite eliminar inconsistências entre a missão da instituição, sua
estrutura e seus objetivos prioritários;
• Ajuda o processo de desenvolvimento organizacional e de formulação de políticas a médio e longo prazos;
• Melhora o processo de coordenação organizacional, a partir da discussão fundamentada dos resultados e o es-
tabelecimento de compromissos entre os diversos setores da instituição;
• Possibilita a incorporação de sistemas de reconhecimento pelo bom desempenho, tanto institucionais quanto
individuais.

9. Qualidades desejáveis em um indicador de desempenho

Tanto na análise de indicadores de desempenho já existentes, quanto na elaboração de novos, deve-se verificar as
seguintes características:

I. Representatividade: o indicador deve ser a expressão dos produtos essenciais de uma atividade ou função; o en-
foque deve ser no produto: medir aquilo que é produzido, identificando produtos intermediários e finais, além dos
impactos desses produtos (outcomes). Este atributo merece certa atenção, pois indicadores muito representativos
tendem a ser mais difíceis de ser obtidos.
II. Homogeneidade: na construção de indicadores devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas. Por
exemplo, ao estabelecer o custo médio por auditoria, devem-se identificar os diversos tipos de auditoria, já que
para cada tipo tem-se uma composição de custo diversa.
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões geren-
ciais. Para tanto, deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado.
V. Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser
evitados indicadores que possam ser influenciados por fatores externos.
VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma que dife-
rentes avaliadores possam chegar aos mesmos resultados.
VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais
do que se quer monitorar.
VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do
fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um
custo razoável, em outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção
para o cálculo dos indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabi-
lidade dos procedimentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar
o desempenho ao longo do tempo.

10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores


O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de
análise: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais
indicadores.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

36
11. Tipos de indicadores

12. Requisitos dos indicadores

• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;


• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.

13. Exemplo de Indicadores de Desempenho

PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos
produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e forne-
cedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários


▪ Produtos e índices de qualidade de processos
▪ Investimento na formação de equipes
Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos

37
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio
Criar e executar estraté- ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela em-
gias adequadas para o presa
negócio Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do clien-
te de encomendas personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura exter- ▪ Quantidade de produtos terceirizados
na ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implemen- ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
tar sistemas apropriados ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
ao negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à ati-
vidade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas
pessoalmente ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega
Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente
▪ Número de clientes atendidos pela concorrência
▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, ar-
mazenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida
Aquisição de novos clien- ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
tes ▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)
Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente
cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ Média dos preços pagos pelos consumidores


▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa ▪ Preço do estoque
a longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfei-
çoamento sempre será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.

38
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entida-
des de classe, entidades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no
desempenho do serviço da entidade pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um
processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo possível do desejado e necessário.

DESENVOLVIMENTO E TREINAMENTO DE PESSOAL: LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES,


PROGRAMAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO

Capacitação de Pessoas

FIQUE ATENTO!
Treinamento prepara a pessoa para o cargo, é uma ação de recurso humano pontual, para um aspecto
específico.
Desenvolvimento trata-se de uma ação direcionado para o futuro como um todo dessa pessoa dentro
da organização.
Educação está mais relacionado com preparar a pessoa para a vida, amadurecimento e crescimento.
(Chiavenato)

Levantamento de necessidades, programação, execução e avaliação.

As organizações organizam as ações de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E) em um ciclo composto


de quatro etapas.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

A primeira etapa é o levantamento de necessidades de treinamento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças) entre
as competências atualmente existentes e as competências necessárias, obtíveis por treinamento. O gap ou diferença
seriam justamente as necessidades.
A segunda etapa, denominada programação, consiste na elaboração do planejamento instrucional. O planejamento
instrucional é a etapa na qual as ações educacionais são formatadas. Inclui a definição dos objetivos instrucionais, es-
tratégias de ensino, estratégias de avaliação, planejamento e produção de materiais didáticos etc.
Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quando a ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a aprendi-
zagem ocorra, a execução requer uma série de atividades pedagógicas e logísticas.
Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do ciclo. Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela
ação educacional. A avaliação se dá em diversos níveis:

39
- Avaliação de reação: nível mais imediato que busca avaliar as opiniões e satisfações dos participantes acerca do
treinamento;
- Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos repertórios, conhecimentos e capacidades dos participantes
antes e depois dos treinamentos;
- Avaliação de transferência ou impacto: realizada alguns meses após o final do treinamento, verifica se houve mu-
dança de comportamento dos indivíduos após o treinamento.
- Mudança organizacional: verifica se houve alterações em processos de trabalho, indicadores duros, estrutura or-
ganizacional ou outras mudanças na organização, decorrentes do treinamento.
- Valor final: Último nível da avaliação e verifica a contribuição do treinamento para os objetivos mais importantes
da organização

Este ciclo é preconizado, por exemplo, pela norma ISO 10.015. A figura abaixo ilustra estas etapas.

Com base no contexto atual das empresas e nos desafios que as pessoas enfrentam no desempenho de suas fun-
ções, decidiu-se pesquisar as competências requeridas aos funcionários para atuarem nos setores da organização, para
a partir daí propor treinamentos nas áreas adequadas.
Nos últimos anos as organizações, cada vez mais conscientes de que seu sucesso será determinado pela qualifica-
ção de seus empregados passaram a atribuir maior relevância à gestão estratégica de pessoas principalmente no que
diz respeito ao desenvolvimento de competências humanas ou profissionais.
O conceito de treinamento não é algo consensual, tendo assim autores apresentando definições diferentes para
esse conceito.
Chiavenato é o que apresenta a definição que melhor representa esse conceito e mais usualmente é adotada:
“Treinamento é o processo pelo qual a pessoa é preparada para desempenhar de maneira excelente as tarefas es-
pecíficas do cargo que deve ocupar.”
Modernamente, o treinamento é considerado um meio de desenvolver competências nas pessoas para que elas se
tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais.
Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática
e organizada, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos
definidos”.
Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de pessoas. Embora os seus métodos sejam similares para
afetar a aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. 
Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), constituem processos de aprendizagem por isso que Chiavenato
afirma que segundo a base primordial para o atingimento dos objetivos de uma instituição, começa pelo treinamento
e desenvolvimento das pessoas. Tende-se a investir pesadamente em treinamentos para obter um retomo garantido.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Assim, acredita-se que através de um treinamento visando o desenvolvimento das pessoas nas organizações os
resultados serão satisfatórios tanto para os indivíduos como para as organizações.

Avaliação de T&D

Na tentativa de se estabelecer um modo de mensurar os efeitos decorrentes dos programas de treinamento uti-
lizados nas organizações, Donald Kirkpatrick (KIRKPATRICK, 1998, p. ix), sugere a adoção de um método de avaliação
dos programas de treinamento que leva o seu nome. Tal método distingue quatro níveis de avaliação dos programas
de treinamento:
- Reação: medida de como os participantes se sentem sobre os vários aspectos do programa de treinamento. É
basicamente uma medida de “satisfação do consumidor”;

40
- Aprendizado: medida do conhecimento adquirido, para se enquadrar ao sistema de funcionamento da or-
habilidades melhoradas e atitudes mudadas devi- ganização, agilidade, cordialidade, eficiência e, principal-
do ao treinamento; mente, empatia para realizar um atendimento de exce-
- Comportamento: medida da extensão da mudança lência junto ao público.
de comportamento no trabalho dos participantes Atendimento corresponde ao ato de atender, ou seja,
devido ao treinamento; ao ato de prestar atenção às pessoas com as quais man-
- Resultados: medida dos resultados que ocorreram temos contato.
devido ao treinamento, incluindo aumento de A qualidade do atendimento prestado depende da
vendas, produtividade, redução de custos etc. (KI- capacidade de se comunicar com o público e da mensa-
RKPATRICK, 1998, p. 4-5) gem transmitida.

Avaliar os resultados obtidos com treinamento, con- O edital cita características que são imprescindíveis
siderando-se esses quatro níveis, implica planejar e inte- quando se almeja alcançar um nível de excelência em
grar todo processo de avaliação para que se tenha clare- qualidade no atendimento. Vejamos:
za da informação (o que?) que se pretende levantar, em
qual fonte (onde?), por meio de qual método (como?) e ▪ Atenção: o cliente precisa ser o foco de suas ações.
em que momento (quando?). É necessário fazer com que ele se sinta realmente
o elemento de maior importância nessa relação,
O autor justifica o uso do método de avaliação, na e isso será possível quando o atende dispender a
medida em que ele permitiria verificar: a necessidade de atenção necessária nesse contato, criando empa-
manutenção do programa de treinamento; aperfeiçoa- tia para identificar de fato qual a melhor forma de
mentos para programas futuros; e a validação da função atender esse cliente.
dos responsáveis pelos programas de treinamento (KIR- ▪ Cortesia: ser cortês significa usar de gentileza, edu-
KPATRICK, 1998, p. 5). cação, lidar as pessoas com amabilidade, generosi-
dade e delicadeza no trato.
▪ Interesse: como dissemos acima, desenvolver em-
GESTÃO POR COMPETÊNCIAS patia, ou seja, quando se coloca no lugar da pessoa
e demonstra interesse naquilo que é importante
para ela, consequentemente, realiza-se um traba-
lho melhor.
Prezado candidato, este tema já foi abordado nos tó-
▪ Presteza: está relacionado com a boa vontade e
picos anteriores.
pré-disposição em servir.
▪ Eficiência: eficiência é a capacidade de “fazer as
coisas direito”, um administrador é considerado
QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO eficiente quando minimiza o custo dos recursos
PÚBLICO: COMUNICABILIDADE, usados para atingir determinado fim.
APRESENTAÇÃO, ATENÇÃO, CORTESIA, ▪ Tolerância: representa a capacidade de uma pes-
INTERESSE, PRESTEZA, EFICIÊNCIA, soa ou grupo de aceitar, em outra pessoa ou grupo
TOLERÂNCIA, DISCRIÇÃO, CONDUTA, uma atitude diferente das que são a norma de seu
OBJETIVIDADE grupo.
▪ Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer-
nimento e sensatez quando fornece uma informa-
ATENDIMENTO AO PÚBLICO ção ao cliente. É necessário manter-se reservado
sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará trans-
A qualidade do atendimento ao público apresenta- mitindo confiabilidade e seriedade no trabalho de-
-se como um desafio institucional e deve ter como meta senvolvido.
aprimorar e uniformizar o serviço oferecido tanto ao pú- ▪ Conduta: espera-se que o atendente conheça e
blico externo como ao público interno. respeite as normas internas, afinal, ele é um canal
Vale ressaltar que o agente responsável por realizar de transmissão da imagem da organização e, como
o atendimento, ao fazê-lo, não o faz por si mesmo, mas tal, deve manter postura profissional, agir dentro
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pela instituição, ou seja, ele representa a organização da cultura da empresa/ instituição e conforme os
naquele momento, é a imagem da organização que se interesses institucionais, mas, ainda sim, atingindo
apresenta na figura desse agente. o resultado desejado de atender com excelência o
Quando falamos em atendimento de qualidade, pen- cliente, resolvendo sua necessidade ou atendendo
samos em excelência na forma com que nossos clientes seu desejo.
(internos ou externos) são tratados. Lidar com pessoas, ▪ Objetividade, clareza e concisão: ser direto, obje-
como ocorre em um atendimento, exige uma postura tivo e claro em suas respostas para o cliente e se
comportamental comprometida com o outro, com suas ater ao foco do que está sendo perguntado, forne-
necessidades, seus anseios, mas também com a organi- cendo informações precisas e sucintas com aten-
zação, suas regras, ou seja, exige responsabilidade, co- ção e clareza.
nhecimento de funções, uso adequado de ferramentas

41
1. Postura de atendimento 3. Pontos e políticas do atendimento

Aqui, falamos em fatores pessoais que influenciam o É o tratamento dispensado às pessoas, está mais rela-
atendimento: apresentação pessoal, cortesia (persona- cionado com o funcionário em si, com as suas atitudes e
lizar o atendimento), atenção, tolerância (grau de acei- o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está ligado
tação de diferente modo de pensar), discrição, conduta, às condições individuais.
objetividade. É necessário unir esses dois pontos e estabelecer nas
A postura pode ser entendida como a junção de to- políticas das empresas o treinamento e a definição de
dos esses aspectos relacionados com a nossa expressão um padrão de atendimento e de um perfil básico para
corporal na sua totalidade e nossa condição emocional. o profissional de atendimento, como forma de avançar
Podemos destacar 3 pontos necessários para falar- no próprio negócio. Dessa maneira, esses dois itens se
mos de postura. São eles: tornam complementares e inter-relacionados, com de-
pendência recíproca para terem peso.
▪ Ter uma postura de abertura: caracteriza-se por
um posicionamento de humildade, mostrando-se 4. O profissional do atendimento
sempre disponível para atender e interagir pron-
tamente com o cliente. Esta postura de abertura Para conhecermos melhor a postura de atendimen-
do atendente suscita alguns sentimentos positivos to, faz-se necessário falar do verdadeiro profissional do
nos clientes, como por exemplo: atendimento.
▪ Postura do atendente de manter os ombros aber- Os três passos do verdadeiro profissional de atendi-
tos e o peito aberto, passa ao cliente um sentimen- mento:
to de receptividade e acolhimento;
▪ A cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclina- 4.1 Entender o seu verdadeiro papel: que é o de
do transmitem ao cliente a humildade do atendente; compreender e atender as necessidades dos clientes, fa-
▪ O olhar nos olhos e o aperto de mão firme tradu- zer com que ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir
zem respeito e segurança; importante e proporcioná-lo um ambiente agradável.
▪ A fisionomia amistosa alenta um sentimento de Este profissional é voltado completamente para a intera-
afetividade e calorosidade. ção com o cliente, estando sempre com as suas antenas
▪ Ter sintonia entre fala e expressão corporal: ca- ligadas neste, para perceber constantemente as suas ne-
racteriza-se pela existência de uma unidade entre cessidades. Para o profissional, não basta apenas conhe-
o que dizemos e o que expressamos no nosso cer o produto ou serviço, o mais importante é demons-
corpo. Quando fazemos isso, nos sentimos mais trar interesse em relação às necessidades dos clientes e
harmônicos e confortáveis. Não precisamos fingir, atendê-las.
mentir ou encobrir os nossos sentimentos e eles
fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais 4.2 Entender o lado humano: conhecendo as neces-
livres do stress, das doenças, dos medos. sidades dos clientes, aguçando a capacidade de perce-
▪ As expressões faciais: podemos extrair dois aspec- ber o cliente. Para entender o lado humano, é necessário
tos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que este profissional tenha uma formação voltada para
que elas traduzem e a identificação desses estados as pessoas e goste de lidar com gente. Espera-se que ele
pelas pessoas; e a sua função social, que diz em fique feliz em fazer o outro feliz, pois, para este profissio-
que condições ocorreu a expressão, seus efeitos nal, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo ins-
sobre o observador e quem a expressa. tante em que ela cessa a busca de sua própria felicidade
Podemos concluir, entendendo que qualquer com- para buscar a felicidade do outro.
portamento inclui posturas e é sempre fruto da interação
complexa entre o organismo e o seu meio ambiente. 4.3 Entender a necessidade de manter um estado
Observando essas condições principais que causam a de espírito positivo: cultiva-se pensamentos e senti-
vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, po- mentos positivos para ter atitudes adequadas no mo-
demos separar a estrutura de uma empresa de serviços mento do atendimento. Ele sabe que é fundamental se-
em dois itens: parar os problemas particulares do dia a dia do trabalho
e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada
2. Os serviços do cliente. O primeiro passo de cada dia é iniciar o tra-
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balho com a consciência de que o seu principal papel é o


O serviço assume uma dimensão macro nas organi- de ajudar os clientes a solucionarem suas necessidades.
zações e, como tal, está diretamente relacionado ao pró- A postura é de realizar serviços para o cliente.
prio negócio.
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas 5. A fuga dos clientes
de serviços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, tam-
bém são tratados os aspectos gerais da organização que As pesquisas revelam que 68% dos clientes das em-
dão peso ao negócio, como: o ambiente físico, as cores presas fogem delas por problemas relacionados à postu-
(pintura), os jardins. Este item, portanto, depende mais ra de atendimento.
diretamente da empresa e está mais relacionado com as Numa escala decrescente de importância, podemos
condições sistêmicas. observar os seguintes percentuais:

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▪ 68% dos clientes fogem das empresas por proble- 7. Outros fatores importantes no atendimento
mas de postura no atendimento;
▪ 14% fogem por não terem suas reclamações aten- 7.1 O olhar
didas;
▪ 9% fogem pelo preço; Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através
▪ 9% fogem por competição, mudança de endereço, do olhar, podemos passar para as pessoas os nossos senti-
morte. mentos mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de
espírito.
A origem dos problemas está nos sistemas implan-
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos
tados nas organizações, muitas vezes obsoletos. Esses prender somente a ele, mas à fisionomia como um todo
sistemas não definem uma política clara de serviços, não para entendermos o real sentido dos olhos.
definem o que é o próprio serviço e qual é o seu produto. Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de
Sem isso, existe muita dificuldade em satisfazer plena- acolhimento, de interesse no atendimento das suas ne-
mente o cliente. cessidades, de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar
Essas empresas que perdem 68% dos seus clientes apático, traduz fraqueza e desinteresse, dando ao cliente,
não contratam profissionais com características básicas a impressão de desgosto e dissabor pelo atendimento.
para atender o público, não treinam esses profissionais Mas, você deve estar se perguntando: a que causa
na postura adequada, não criam um padrão de atendi- este brilho nos nossos olhos? A resposta é simples: Gos-
mento e este passa a ser realizado de acordo com as ca- tar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar
racterísticas individuais e o bom senso de cada um. de ajudar ao próximo.
A falta de noção clara da causa primária da perda de Para atender ao público, é preciso que haja interesse
e gosto, pois só assim conseguimos repassar uma sensa-
clientes faz com que as empresas demitem os funcio-
ção agradável para o cliente. Gostar de atender o público
nários “porque eles não sabem nem atender o cliente”.
significa gostar de atender as necessidades dos clientes,
Parece até que o atendimento é a tarefa mais simples da querer ver o cliente feliz e satisfeito.
empresa e que menos merece preocupação. Ao contrá- Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode
rio, é a mais complexa e recheada de nuances que per- transmitir:
passam pela condição individual e por condições sistê- a). Interesse quando:
micas. ▪ Brilha;
▪ Tem atenção;
Essas condições sistêmicas estão relacionadas a: ▪ Vem acompanhado de aceno de cabeça.

1. Falta de uma política clara de serviços; b) Desinteresse quando:


2. Indefinição do conceito de serviços; ▪ É apático;
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de ▪ É imóvel, rígido;
▪ Não tem expressão.
atendimento;
4. Falta de um padrão de atendimento;
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o
5. Inexistência do follow up; gelo. O olhar nos olhos dá credibilidade e não há como
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. dissimular com o olhar.

Nas condições individuais, podemos encontrar a contra- 7.2 A aproximação – raio de ação
tação de pessoas com características opostas ao necessário
para atender ao público, como: timidez, avareza, rebeldia... A aproximação do cliente está relacionada ao concei-
to de raio de ação, que significa interagir com o público,
6. Os requisitos para contratação deste profissio- independentemente deste ser cliente ou não.
nal Essa interação ocorre dentro de um espaço físico de 3
Para trabalhar com atendimento ao público, alguns metros de distância do público e de um tempo imediato,
requisitos são essenciais ao atendente. São eles: ou seja, prontamente.
Além do mais, deve ocorrer independentemente de o
funcionário estar ou não na sua área de trabalho. Esses
▪ Gostar de servir, de fazer o outro feliz;
requisitos para a interação tornam-na mais eficaz.
▪ Gostar de lidar com gente; Essa interação pode se caracterizar por um cumpri-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ Ser extrovertido; mento verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou


▪ Ter humildade; apenas por um aceno de mão. O objetivo com isso é
▪ Cultivar um estado de espírito positivo; fazer o cliente sentir-se acolhido e certo de estar rece-
▪ Satisfazer as necessidades do cliente; bendo toda a atenção necessária para satisfazer os seus
▪ Cuidar da aparência. anseios.
Alguns exemplos são:
Com esses requisitos, o sinal fica verde para o aten-
dimento. 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o
carrinho de limpeza e o hóspede sai do seu apar-
tamento. Ela prontamente olha para ele e diz com
um sorriso: “bom dia!”

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2. O caixa de uma loja cumprimenta o cliente no mo- O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de
mento do pagamento; comunicação não-verbal. Como tal, expressa as emoções
3. O frentista do posto de gasolina aproxima-se ao e geralmente informa mais do que a linguagem falada e a
ver o carro entrando no posto e faz uma sudação. escrita. Dessa forma, podemos passar vários tipos de sen-
timentos e acarretar as mais diversas emoções no outro.
7.3 A invasão 7.5 Ir ao encontro do cliente

Porém, interagir no raio de ação não tem nada a ver Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de com-
com invasão de território. promisso no atendimento por parte do atendente. Este
Vamos entender melhor isso. item traduz a importância dada ao cliente no momen-
Todo ser humano sente necessidade de definir um to de atendimento, no qual o atendente faz tudo o que
território, que é um certo espaço entre si e os estranhos. é possível para atender as suas necessidades, pois ele
Esse território não se configura apenas em um espaço compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao
físico demarcado, mas principalmente num espaço pes- encontro do cliente, o atendente demonstra o seu inte-
soal e social, o que podemos traduzir como a necessida- resse para com ele.
de de privacidade, de respeito, de manter uma distância 7.6 A primeira impressão
ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase:
Quando esses territórios são invadidos, ocorrem cor-
a primeira impressão é a que fica.
tes na privacidade, o que normalmente traz consequên-
Você concorda com ela?
cias negativas. Podemos exemplificar essas invasões com
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil
algumas situações corriqueiras: uma piada muito picante a empresa ter uma segunda chance para tentar mudar a
contada na presença de pessoas estranhas a um grupo impressão inicial se ela foi negativa, pois dificilmente o
social; ficar muito próximo do outro, quase se encostan- cliente irá voltar.
do nele; dar um tapinha nas costas etc. É muito mais difícil e também mais caro trazer de
Nas situações de atendimento, são bastante comuns volta o cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou
as invasões de território pelos atendentes. Estas, na sua que não teve os seus desejos satisfeitos. Estes clientes
maioria, causam mal-estar aos clientes, pois são traduzi- perdem a confiança na empresa e normalmente os cus-
das por eles como atitudes grosseiras e pouco sensíveis. tos para resgatá-los são altos. Alguns mecanismos que
Alguns são os exemplos destas atitudes e situações mais as empresas adotam são os contatos via telemarketing,
comuns: mala-direta, visitas, mas nem sempre são eficazes.
▪ Insistência para o cliente levar um item ou adquirir
um bem; A maioria das empresas não tem noção da quanti-
▪ Seguir o cliente por toda a loja; dade de clientes perdidos durante a sua existência, pois
▪ O motorista de taxi que não para de falar com o elas não adotam mecanismos de identificação de recla-
passageiro; mações e/ou insatisfações de clientes. Assim, elas deixam
▪ O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerin- escapar as armas que teriam para reforçar os seus pro-
do pratos sem ser solicitado; cessos internos e o seu sistema de trabalho.
▪ O funcionário que cumprimenta o cliente com dois Quando as organizações atentam para essa impor-
beijinhos e tapinhas nas costas; tância, elas passam a aplicar instrumentos de medição,
▪ O funcionário que transfere a ligação ou desliga o porém, esses coletores de dados nem sempre traduzem
telefone sem avisar. a realidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas,
subjetivas ou pedem a opinião aberta sobre o assunto.
Essas situações não cabem na postura do verdadeiro Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não
profissional do atendimento. colher as informações reais.
A saída seria criar medidores que traduzissem com
fatos e dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o
7.4 O sorriso
serviço e o produto adquiridos da empresa.
O sorriso abre portas e é considerado uma linguagem
7.7 Apresentação pessoal
universal.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Imagine que você tem um exame de saúde muito im- Que imagem você acha que transmitimos ao cliente
portante para receber e está apreensivo com o resultado. quando o atendemos com unhas sujas, os cabelos des-
Você chega à clínica e é recebido por uma recepcionis- penteados, as roupas mal cuidadas... ?
ta que apresenta um sorriso caloroso. Com certeza você O atendente está na linha de frente e é responsável
se sentirá mais seguro e mais confiante, diminuindo um pelo contato, além de representar a empresa neste mo-
pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi interpre- mento. Para transmitir confiabilidade, segurança, bons
tado como um ato de apaziguamento. serviços e cuidado, faz-se necessário, também, ter uma
O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de es- boa apresentação pessoal.
pírito das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas
sorridentes são avaliadas mais favoravelmente do que as Alguns cuidados são essenciais para tornar este item
não sorridentes. mais completo. São eles:

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a) Tomar um banho antes do trabalho diário: além da Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma me-
função higiênica, também é revigorante e espanta cânica, estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância,
a preguiça; poderemos ter um cliente reagindo com raiva, procuran-
b) Cuidar sempre da higiene pessoal: unhas limpas, do o gerente, gritando etc.
cabelos cortados e penteados, dentes cuidados, As palavras são símbolos com significados próprios.
hálito agradável, axilas asseadas, barba feita; A forma como elas são utilizadas também traz o seu sig-
c) Roupas limpas e conservadas; nificado e, com isso, cada palavra tem a sua vibração es-
d) Sapatos limpos; pecial.
e) Usar o crachá de identificação em local visível
pelo cliente. 7.10 Saber escutar

Quando esses cuidados básicos não são tomados, o Você acha que existe diferença entre ouvir e escutar?
cliente se questiona: puxa, se ele não cuida nem dele, Se você respondeu que não, você errou.
da sua aparência pessoal, como é que vai cuidar de me Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o
prestar um bom serviço ? verdadeiro sentido, compreendendo e interpretando a
essência, o conteúdo da comunicação.
A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto O ato de escutar está diretamente relacionado com a
importante para criar uma relação de proximidade e con- nossa capacidade de perceber o outro. E, para perceber-
fiança entre o cliente e o atendente. mos o outro, o cliente que está diante de nós, precisamos
nos despojar das barreiras que atrapalham e empobre-
7.8 Cumprimento caloroso cem o processo de comunicação. São elas:
▪ Os preconceitos;
O que você sente quando alguém aperta a sua mão ▪ As distrações;
sem firmeza? ▪ Os julgamentos prévios;
Às vezes ouvimos as pessoas comentando que é ▪ As antipatias.
possível conhecer alguém, a sua integridade moral, pela
qualidade do seu aperto de mão.
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, pre-
O aperto de mão “frouxo” transmite apatia, passivida-
cisamos compreender o todo, captando os estímulos que
de, baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de
vêm do outro, fazendo uma leitura completa da situação.
compromisso com o contato.
Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura
que machuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem
de receptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvi-
positiva, causa um mal-estar, traduzindo hiperatividade,
dos e uma boca, o que nos sugere que é preciso escutar
agressividade, invasão e desrespeito. O ideal é ter um
cumprimento firme, que prenda toda a mão, mas que a mais do que falar.
deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demonstra Quando não sabemos escutar o cliente – interrom-
interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, ativi- pendo-o, falando mais que ele, dividindo a atenção com
dade e compromisso com o contato. outras situações – tiramos dele a oportunidade de ex-
É importante lembrar que o cumprimento deve estar pressar os seus verdadeiros anseios e necessidades e
associado ao olhar nos olhos, à cabeça erguida, aos om- corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos conse-
bros e ao peito abertos, totalizando uma sintonia entre guir atendê-los.
fala e expressão corporal. A mais poderosa forma de escutar é a empatia (que
Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequa- vamos conhecer mais na frente). Ela nos permite escutar,
da de cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e de fato, os sentimentos por trás do que está sendo dito,
automática. mas, para isso, é preciso que o atendente esteja sintoniza-
do emocionalmente com o cliente. Essa sintonia se dá por
7.9 Tom de voz meio do despojamento das barreiras que já falamos antes.
7.11 Agilidade
A voz é carregada de magnetismo e, como tal, traz
uma onda de intensa vibração. O tom de voz e a maneira Atender com agilidade significa ter rapidez sem per-
como dizemos as palavras são mais importantes do que der a qualidade do serviço prestado.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

as próprias palavras. A agilidade no atendimento transmite ao cliente a


Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair ideia de respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a
hoje do conserto, mas, por falta de uma peça, ela só esta- necessidade do cliente em relação à utilização adequada
rá pronta na próxima semana”. De acordo com a maneira do seu tempo.
que dizemos e de acordo com o tom de voz que usamos, Quando há agilidade, podemos destacar:
vamos perceber reações diferentes do cliente.
Se dissermos isso com simpatia, naturalmente nos ▪ O atendimento personalizado;
desculpando pela falha e assumindo uma postura de ▪ A atenção ao assunto;
humildade, falando com calma e num tom amistoso e ▪ O saber escutar o cliente;
agradável, percebemos que a reação do cliente será de ▪ O cuidar das solicitações e o acompanhar o cliente
compreensão. durante todo o seu percurso na empresa.

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7.12 O calor no atendimento Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
▪ Achar-se íntimo do cliente a ponto de lhe pedir ca-
O atendimento caloroso evita dissabores e situações rona, por exemplo;
constrangedoras, além de ser a comunhão de todos os ▪ Receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
pontos estudados sobre postura. ▪ Fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos
O atendente escolhe a condição de atender o clien- ou serviços na frente do cliente;
te e, para isso, é preciso sempre lembrar que o cliente ▪ Desmerecer ou criticar o fabricante do produto
deseja se sentir importante e respeitado. Na situação de que vende, o parceiro da empresa, denegrindo a
atendimento, o cliente busca ser reconhecido e, transmi- sua imagem para o cliente;
tindo calorosidade nas atitudes, o atendente satisfaz as ▪ Falar mal de pessoas ausentes na presença do cliente;
necessidades do cliente de estima e consideração. ▪ Usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
Ao contrário, o atendimento áspero transmite ao ▪ Lamentar;
cliente a sensação de desagrado, descaso e desrespeito, ▪ Colocar problemas salariais;
além de retornar ao atendente como um bumerangue. ▪ Reclamar de outrem ou da própria vida na frente
O efeito bumerangue é bastante comum em situações do cliente.
de atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou ▪ Lembre-se: a ética do trabalho é servir aos outros e
não, do cliente em relação ao atendente. Com esse efeito, não se servir dos outros.
as atitudes batem e voltam, ou seja, se você atende bem,
8.2 Usar chavões
o cliente se sente bem e trata o atendente com respeito.
Se este atende mal, o cliente reage de forma negativa e
O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como
hostil. O cliente não está na esteira da linha de produção,
forma de fugir à sua responsabilidade no atendimento
merecendo ser tratado com diferenciação e apreço.
ao cliente. Citamos aqui os mais comuns:
Precisamos ter em atendimento pessoas descontraí-
Pare e reflita: você gostaria de ser comparado a este
das, que façam do ato de atender o seu verdadeiro sen-
atendente?
tido de vida, que é servir ao próximo. ▪ O senhor como cliente tem que entender;
Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostili- ▪ O senhor deveria agradecer o que a empresa faz
dade retratam bem a falta de calor do atendente. Com pelo senhor;
essas atitudes, o atendente parece estar pedindo ao ▪ O cliente é um chato que sempre quer mais;
cliente que este se afaste, vá embora, desapareça da sua ▪ Aí vem ele de novo.
frente, pois ele não é bem-vindo. Assim, o atendente es-
quece que a sua missão é servir e fazer o cliente feliz. Essas frases geram um bloqueio mental, dificultando
a liberação do lado bom da pessoa que atende o cliente.
8. As gafes no atendimento Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna
um círculo vicioso na postura inadequada, pois o aten-
Depois de conhecermos a postura correta de atendi- dente usa os chavões (pensa dessa forma em relação ao
mento, também é importante sabermos quais são as formas cliente e à situação de atendimento), o cliente se aborre-
erradas, para jamais praticá-las. Quem as pratica com certeza ce e descarrega no atendente ou simplesmente não volta
não é um verdadeiro profissional de atendimento. A seguir, mais.
alguns pontos que são considerados postura inadequada: Para quebrar esse ciclo, é preciso haver uma mudança
radical no pensamento e postura do atendente.
8.1 Postura inadequada
8.3 Impressões finais do cliente
A postura inadequada é abrangente, indo desde a
postura física ao mais sutil comentário negativo sobre a Toda a postura e comportamento do atendente vai
empresa na presença do cliente. levar o cliente a criar uma impressão sobre o atendimen-
Em relação à postura física, podemos destacar como to e, consequentemente, sobre a empresa.
inadequado o atendente: Duas são as formas de impressões finais mais comuns
▪ Escorar-se nas paredes da loja ou debruçar a ca- do cliente:
beça no seu birô por não estar com o cliente (esta a) Momento da verdade: por meio do contato direto
atitude impede que ele interaja no raio de ação); (pessoal) e/ou telefônico com o atendente;
▪ Mascar chicletes durante o atendimento; b) Teleimagem: por meio do contato telefônico. (Va-
▪ Cuspir, pôr o dedo no nariz ou no ouvido quando mos conhecê-la com mais detalhes.)
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

estiver falando pessoalmente com o cliente. O as-


seamento deve ser feito apenas no banheiro; 8.4 Momentos da verdade
▪ Comer enquanto atende o cliente (comum nas em-
presas que oferecem lanches ou têm cantina); Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qual-
▪ Vociferar um pedido a alguém da empresa. Pedir quer episódio no qual o cliente entra em contato com
com gentileza seria o correto porque o grito além qualquer aspecto da organização e obtém uma impres-
de ser algo deselegante é uma forma de agressão; são da qualidade do seu serviço.
▪ Coçar-se na frente do cliente; O funcionário tem poucos minutos para fixar na men-
▪ Bocejar. O atendente tem de conter o bocejo, que te do cliente a imagem da empresa e do próprio serviço
é um sinal de cansaço. O cliente pode entender prestado. Este é o momento que separa o grande profis-
que sua presença é desinteressante. sional dos demais.

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Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da verdade, considerando-o único e fundamental para de-
finir a satisfação do cliente. Ele se fundamenta na chamada Tríade Do Atendimento ou Triângulo Do Atendimento, que
é composto de elementos básicos do processo de interação, que são:

a) A pessoa
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. Então, podemos entender que a pessoa mais importante
é o cliente que está na frente e precisa de atenção.
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamente com o cliente, tentando atender a todas as suas
necessidades. Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, portanto, a pessoa fundamental
neste momento é o cliente.

b) A hora
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, pois somente nele podemos atuar.
O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o futuro não cabe a nós conhecer. Então, só nos resta o
presente como fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora são os únicos momentos nos
quais podemos interagir e precisamos fazer isto da melhor forma.
c) A tarefa
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais importante, diante da pessoa mais importante para nós, na hora
mais importante, que é o aqui e o agora, é fazer o cliente feliz, atendendo as suas necessidades.

Essa tríade se configura no fundamento dos Momentos da Verdade e, para que estes sejam plenos, é necessário que
os funcionários de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham poder de decisão. É necessário que
os chefes concedam autonomia aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos da Verdade.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

8.5 Teleimagem

Pelo telefone, o atendente transmite a teleimagem da empresa e dele mesmo.


Teleimagem, então, é a imagem que o cliente forma na sua mente (imagem mental) sobre quem o está atendendo
e, consequentemente, sobre a empresa ( que é representada pelo atendente).
Quando a teleimagem é positiva, a facilidade do cliente encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que
a empresa é comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é negativa, vemos normalmente o cliente fugin-
do da empresa. Como exemplo, no atendimento telefônico, o único meio de interação com o cliente é por meio da
palavra e, sendo a palavra o instrumento, faz-se necessário usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do
cliente. Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados à palavra e às atitudes como fundamentais na formação da
teleimagem.

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São eles: Precisamos ver o todo, não só as partes, pois o todo é
▪ O tom de voz: é através dele que transmitimos in- muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que
teresse e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom é e não é harmônico e com ele percebemos a essência
frio e distante, passamos ao cliente a ideia de de- dos fatos e situações.
satenção e desinteresse. Ao contrário, se falamos Ainda falando em percepção, devemos ter cuidado
com entusiasmo, de forma decidida e atenciosa- com a percepção seletiva, que é uma distorção de per-
mente, satisfazemos as necessidades do cliente de cepção, na qual vemos, escutamos e sentimos apenas
sentir-se assistido, valorizado, respeitado, impor- aquilo que nos interessa. Essa seleção age como um fil-
tante. tro, que deixa passar apenas o que convém. Essa filtra-
▪ O uso de palavras adequadas: pois com elas o gem está diretamente relacionada com a nossa condição
atendente passa a ideia de respeito pelo cliente. física-psíquica-emocional. Como é isso? Vamos entender:
Aqui fica expressamente proibido o uso de termos a) Se estou com medo de passar em rua deserta e
como: amor, bem, benzinho, chuchu, mulherzinha, escura, a sombra do galho de uma árvore pode me
assustar, pois eu posso percebê-lo como um braço
queridinha, colega etc.
com uma faca para me apunhalar;
▪ As atitudes corretas: dar ao cliente a impressão de
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de
educação e respeito. São incorretas as atitudes de
um cheiro agradável de comida;
transferir a ligação antes do cliente concluir o que
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a
iniciou a falar; passar a ligação para a pessoa ou parte mais amena da repreensão e reprimir a mais
ramal errado (demostrando, assim, que não ou- severa.
viu o que ele disse), desligar sem cumprimento ou
saudação, dividir a atenção com outras conversas, Em alguns casos, a percepção seletiva age como me-
deixar o telefone tocar muitas vezes sem atender, canismo de defesa.
dar risadas no telefone etc.
9.3 O estado interior
9. Aspectos psicológicos do atendente
O estado interior, como o próprio nome sugere, é a
Nós falamos sobre a importância da postura de aten- condição interna, o estado de espírito diante das situações.
dimento. Porém, a base dela está nos aspectos psicoló- A atitude de quem atende o público está diretamente
gicos do atendimento. Vamos a eles. relacionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atenden-
te mantém um equilíbrio interno, sem tensões ou preo-
9.1 Empatia cupações excessivas, as suas atitudes serão mais positi-
vas frente ao cliente.
Capacidade humana de se colocar no lugar do outro. Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensa-
Como esse é um assunto cobrado no tópico seguinte, mentos e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes,
vamos abordá-lo mais detalhadamente a seguir. dão suporte às atitudes frente ao cliente.
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensa-
9.2 Percepção mentos negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e
vaidade, as atitudes advindas deste estado sofrerão as
Percepção é a capacidade que temos de compreen- suas influências e serão:
der e captar as situações, o que exige sintonia e é fun- ▪ Atitudes preconceituosas;
damental no processo de atendimento ao público. Para ▪ Atitudes de exclusão e repulsa;
▪ Atitudes de fechamento;
percebermos melhor, precisamos passar pela “escra-
▪ Atitudes de rejeição.
vidão” de nós mesmos, ficando, assim, mais próximos
do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabi-
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das
lidade, para que o atendente consiga manter uma atitu-
nossas antipatias, dos nossos medos, dos nossos blo- de positiva com os clientes e as situações.
queios, vamos observar as situações na sua totalidade,
para entendermos melhor o que o cliente deseja. Vamos 9.4 O envolvimento
ilustrar com um exemplo real: certa vez, em uma loja de
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos, A demonstração de interesse, prestando atenção ao


usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça cliente e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é
amarrada na cintura por um barbante. Ele entrou na sala o caminho para o verdadeiro sentido de atender.
do gerente, que imediatamente se levantou pedindo Na área de serviços, o produto é o próprio serviço
para ele se retirar, pois não era permitido “pedir esmolas prestado, que se traduz na interação do funcionário com
ali “. O senhor, com muita paciência, retirou, de um saco o cliente. Um serviço é, então, um resultado psicológi-
plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse: co e pessoal que depende de fatores relacionados com
“eu quero comprar aquele carro ali”. a interação com o outro. Quando o atendente tem um
Esse exemplo, apesar de extremo, é real e retrata envolvimento baixo com o cliente, este percebe com cla-
claramente o que podemos fazer com o outro quando reza a sua falta de compromisso. As preocupações ex-
pré-julgamos as situações. cessivas, o trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a

48
falta de liderança e o nível de burocracia são fatores que Na mesma vertente, a qualidade é também consi-
contribuem para uma interação fraca com o cliente. Essa derada como fator de transformação no modo como a
fraqueza de envolvimento não permite captar a essência organização se relaciona com seus clientes, agregando
dos desejos do cliente, o que se traduz em insatisfação. valor aos serviços a ele destinados.
Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por Em face dessa diversidade de significados, cabe às
parte do atendente. Quando este divide a atenção no organizações identificar os atributos ou indicadores de
atendimento entre o cliente e os colegas ou outras situa- qualidade dos seus produtos e serviços do ponto de vista
ções, o cliente sente-se desrespeitado, diminuído e res- dos seus usuários. Entre eles, podem ser destacados a
sentido. A sua impressão sobre a empresa é de fraqueza eficiência, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no
e o momento da verdade é pobre. atendimento, entre outros.
Essa ação traz consequências negativas como: impos- No Brasil, a questão da qualidade na área pública
sibilidade de escutar o cliente, falta de empatia, desres- vem sendo abordada pelo Programa de Qualidade no
peito com o seu tempo, pouca agilidade e baixo compro- Serviço Público que tem por objetivo elevar o padrão dos
misso com o atendimento. serviços prestados e tornar o cidadão mais exigente em
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutu- relação a esses serviços. Para tanto, o Programa visa à
ra adequada para o atendimento ao público, obrigando o transformação das organizações e entidades públicas no
atendente a dividir o seu trabalho entre atendimento pes- sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços
soal e telefônico, quando normalmente há um fluxo grande ao público, retirando o foco dos processos burocráticos.
de ambos no setor. Neste caso, o ideal seria separar os dois O programa estabelece o cidadão como principal
tipos de atendimento, evitando problemas desta espécie. foco de atenção de qualquer órgão público federal, defi-
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são: ne padrões de qualidade do atendimento e prevê a ava-
▪ Atender pessoalmente e interromper com o telefone; liação de satisfação do usuário por todos os órgãos e
▪ Atender o telefone e interromper com o contato entidades da Administração Pública Federal direta, indi-
direto; reta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão.
▪ Sair para tomar café ou lanchar; Nesse sentido, considera-se que o serviço público
▪ Conversar com o colega do lado sobre o final de deve ter as seguintes características:
semana, férias, namorado, tudo isso no momento ▪ Adequado: realizado na forma prevista em lei de-
de atendimento ao cliente. vendo atender ao interesse público.
▪ Eficiente: alcança o melhor resultado com menor
Esses exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como consumo de recursos.
um exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao ▪ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a se-
gurança, o patrimônio ou os direitos materiais e
trabalho. O cliente deve ser poupado dele.
imateriais do cidadão-usuário.
▪ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sen-
9.5 Atendimento e qualidade
do obrigatório o planejamento e a adoção de me-
didas de prevenção para evitar a descontinuidade.
A globalização, os desafios do desenvolvimento tec-
nológico e cultural e a competição entre as organizações
9.7 Usuários/Clientes
trazem como consequência o interesse pela qualidade de
seus produtos e serviços. Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma or-
Esse interesse não se restringe às empresas privadas ganização:
e se estende, também, ao setor público. ▪ Externos – recebem serviços ou produtos na sua
Assim, vemos que: versão final.
▪ Os empresários buscam aperfeiçoar o desempe- ▪ Internos – fazem parte da organização, de seus se-
nho em suas áreas de atuação (produtos ou servi- tores, grupos e atividades.
ços) e o relacionamento com os seus clientes.
▪ O setor público enfrenta os desafios de melhorar Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da
(1) a qualidade de seus serviços, (2) aumentar a sa- organização devem responder o seguinte:
tisfação dos usuários e (3) instituir um atendimento ▪ Com que pessoas mantenho contato enquanto
de excelência ao público. trabalho?
▪ Os clientes e usuários das organizações públicas ▪ Quem recebe o resultado do meu trabalho?
e privadas também se mostram mais exigentes na ▪ Qual o nível de satisfação das pessoas que de-
escolha de serviços e produtos de melhor qualida-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

pendem do resultado dos serviços executados por


de. Assim, a relação com os clientes e usuários pas- mim?
sa ser um novo foco de preocupação e demanda
esforços para sua melhoria. 9.8 Princípios para o bom atendimento na gestão
da qualidade
9.6 Qualidade
Foco no cliente. Nas empresas privadas, a importân-
O conceito de qualidade é amplo e suscita várias cia dada a esse princípio se deve principalmente ao fato
interpretações. As mais expressivas se referem, por um de que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende
lado, à definição de qualidade como busca da satisfação da satisfação do cliente com a qualidade do produto e
do cliente, e, por outro, à busca da excelência para todas também com o tratamento recebido e com o resultado
as atividades de um processo. da própria negociação.

49
No setor público, este princípio se relaciona sobretu- Ramos de Oliveira, Roseane de Queiroz Santos. Dispo-
do aos conceitos de cidadania, participação, transparên- nível em: <www.portal.tcu.gov.br/www.sbcoaching.com.
cia e controle social. br>/<www.paulorodrigues.pro.br>/<www.administrado-
Para cumprir este princípio, é necessário ter atenção res.com.br>/<www.gestaodepessoasmba.com.br>
com dois aspectos:
▪ Verificar se o que é estabelecido como qualidade
atende a todos os usuários, inclusive aos mais exi-
gentes;
▪ Fazer bem feito o serviço e, depois, checar os pas- EXERCÍCIOS COMENTADOS
sos necessários para a sua execução.
1. (STM – CESPE – 2018) Uma pesquisa de qualidade no
Deve-se lembrar que tais atitudes levam em conta
tanto o atendimento do usuário quanto as atividades e atendimento em um órgão da administração pública de-
rotinas que envolvem o serviço. monstrou discrepância entre as avaliações quando foram
O serviço ou produto deve atender a uma real ne- comparados os atendimentos prestados por servidores
cessidade do usuário. Este princípio se relaciona à di- mais experientes e por servidores mais novos. A análise
mensão da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser dos motivos mostrou que os mais novos consideravam-
exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita -se autossuficientes e ignoravam o conhecimento dos
que ele seja. mais experientes. Por outro lado, os mais experientes
Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade consideravam que os mais novos eram arrogantes e omi-
mantido ao longo do tempo é que leva à conquista da tiam informações importantes sobre o atendimento.
confiabilidade. Nessa situação hipotética, percebe-se que a comunica-
bilidade no órgão em questão ocorre de maneira fluida,
A atuação com base nesses princípios deve ser orien- em decorrência de os integrantes de um mesmo grupo
tada por algumas ações que imprimem qualidade ao pactuarem a adoção de comportamentos similares.
atendimento, tais como:
▪ Identificar as necessidades dos usuários;
▪ Cuidar da comunicação (verbal e escrita); ( ) CERTO ( ) ERRADO
▪ Evitar informações conflitantes;
▪ Atenuar a burocracia; Resposta: Errado. Quando analisamos o texto, obser-
▪ Cumprir prazos e horários;
vamos que não existe um equilíbrio na comunicação
▪ Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
entre os servidores, há pontos de discordância entre
▪ Divulgar os diferenciais da organização;
eles, o que que gera uma comunicação truncada, sem
▪ Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
▪ Fazer uso da empatia; canal de compreensão, portanto, fluidez não é um as-
▪ Analisar as reclamações; pecto que faça parte da comunicação no cenário apre-
▪ Acatar as boas sugestões. sentado.

Essas ações estão relacionadas a indicadores que po- 2. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) Acerca da qualidade
dem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos no atendimento ao público, julgue o item seguinte:
usuários, entre eles: competência, presteza, cortesia, pa- Eficácia no atendimento ao público significa atender às
ciência, respeito. necessidades do cliente, fazendo o melhor uso dos recur-
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciên- sos disponíveis na organização.
cia, desrespeito, imposição de normas ou exibição de
poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos
usuários. ( ) CERTO ( ) ERRADO
No conjunto dessas ações, deve ainda ser ressaltada a
empatia como um fator crucial para a excelência no aten-
dimento ao público. A utilização adequada dessa ferra- Resposta: Errado. Mais uma questão que exige co-
menta no momento em que as pessoas estão interagin- nhecimento de conceitos. Vejamos:
do é fundamental. No bom atendimento, é importante a ▪ Eficácia: fazer o que foi proposto, atingir a meta. Está
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

utilização de frases como “Bom dia”, “Boa tarde”, “Sente- relacionado ao resultado.
-se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que, ▪ Eficiência: atingir a meta considerando os recursos,
ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuá- os custos, ou seja, fazer o proposto com baixo custo.
rio a perceber o tratamento diferenciado que algumas Está relacionado ao recurso.
organizações já conseguem oferecer ao seu público-alvo.
▪ Efetividade: aquilo que causa impacto, ou seja, o re-
sultado tem que ser relevante, fazer diferença, positi-
Fonte e texto adaptado de: Mônica Larissa Pereira,
vamente, para quem receber a ação. Está relacionado
Camila Lopes Ramos, Andreia Ribas, Marcelo Rodrigues,
Gustavo Periard,Wagner Siqueira, Marcos Thadeu Ro- ao impacto provocado.
drigues, Daniel Martins, Luis Araújos, Ana França, Vera
Souza, Inacio Stoffel, Idalberto Ciavenato, Wagner Ap.

50
3. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) Acerca da qualidade de educação superior, de educação profissional, de ensino
no atendimento ao público, julgue o item seguinte. médio, da educação especial e dos anos finais do ensino
Atendente que compartilha informações de um cliente fundamental, na modalidade profissional da educação de
com um colega atendente na frente de outras pessoas jovens e adultos.
§ 1o O estágio faz parte do projeto pedagógico do
não atende aos parâmetros conduta e discrição e, por
curso, além de integrar o itinerário formativo do educan-
conseguinte, compromete a qualidade do atendimento. do.
§ 2o O estágio visa ao aprendizado de competências
( ) CERTO ( ) ERRADO próprias da atividade profissional e à contextualiza-
ção curricular, objetivando o desenvolvimento do edu-
cando para a vida cidadã e para o trabalho.
Resposta: Errado. Entre os Atributos da Qualidade no
Atendimento temos: As diretrizes curriculares, fixadas nos termos do pro-
a) Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer- jeto pedagógico do curso, irão determinar se o estágio
nimento e sensatez quando fornece uma informação será obrigatório (apenas se cumprido o estágio num nú-
ao cliente. É necessário manter-se reservado sobre o mero determinado de horas será possível obter o diplo-
que o cliente lhe diz. Assim, estará transmitindo con- ma) ou não-obrigatório (atividade opcional). As ativida-
fiabilidade e seriedade no trabalho desenvolvido. des de extensão, de monitorias e de iniciação científica
b) Conduta: espera-se que atendente conheça e res- na educação superior somente se equiparam a estágio se
peite as normas internas, afinal, ele é um canal de o projeto pedagógico assim prever (artigo 2o). Como se
nota, há alguma liberdade para as instituições de ensino
transmissão da imagem da organização e, como tal,
determinarem questões inerentes ao estágio. Contudo,
deve manter postura profissional e agir dentro da cul- evidente que o MEC acaba por fixar diretrizes mínimas
tura da empresa/ instituição, conforme os interesses (ex.: curso de Direito deve ter estágio).
institucionais, mas, ainda assim, atingindo o resultado O estágio não cria vínculo empregatício de qual-
desejado de atender com excelência o cliente resol- quer natureza, mas é preciso o preenchimento de certos
vendo sua necessidade ou atendendo seu desejo. requisitos para a função ser considerada como de está-
Conforme os conceitos acima, temos que a assertiva gio: o estagiário deve estar matriculado e frequentar o
não confere com os conceitos. ensino regular; deve ser celebrado termo de compro-
misso entre o estagiário, a instituição de ensino e o con-
cedente do estágio; deve haver compatibilidade entre as
atividades desenvolvidas no estágio e as fixadas no ter-
LEI Nº 11.788/2008 (ESTÁGIO mo de compromisso. Exige-se, ainda, acompanhamen-
SUPERVISIONADO) to do professor orientador (artigo 3o). Basicamente, se
houver algum desvio de função, tratando-se o estagiário
como se funcionário fosse, poderá ser reconhecido o vín-
culo trabalhista.
LEI Nº 11.788/2008 (ESTÁGIO SUPERVISIONADO) É possível que as instituições de ensino e as partes
que concedem estágio busquem auxílio de agentes de
A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, dis- integração, que servem para auxiliar no processo de
põe sobre o estágio de estudantes, alterando a redação aperfeiçoamento do instituto do estágio (artigo 5o). Des-
do artigo 428, CLT, e a Lei nº 9.394/1996 (Lei de Dire- taca-se o artigo 5o, § 3o, nos termos do qual “Os agentes
trizes e Bases da Educação), revogando expressamente de integração serão responsabilizados civilmente se in-
as normativas contrárias. Pode ser lida em inteiro teor dicarem estagiários para a realização de atividades não
no seguinte link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ compatíveis com a programação curricular estabelecida
ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm para cada curso, assim como estagiários matriculados em
cursos ou instituições para as quais não há previsão de
CAPÍTULO I estágio curricular”.
É possível que as instituições de ensino e os referidos
DA DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E RELAÇÕES DE agentes organizem cadastros de estagiários conforme a
ESTÁGIO localidade (artigo 6o).
O estágio corresponde ao período de aprendizado do CAPÍTULO II
acadêmico que está se profissionalizando em determina- DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

da área, notadamente no ensino técnico-profissional ou


superior, ou mesmo apenas para propiciar um primeiro O artigo 7o fixa as obrigações das instituições de ensi-
contato com o mercado de trabalho, no caso de estu- no nos seguintes termos:
dante do ensino médio ou nos últimos anos do ensino
fundamental. I – celebrar termo de compromisso com o educando ou
Neste sentido, disciplina o artigo 1o da Lei: com seu representante ou assistente legal, quando ele
for absoluta ou relativamente incapaz, e com a par-
Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisio- te concedente, indicando as condições de adequação
do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e
nado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à
modalidade da formação escolar do estudante e ao
preparação para o trabalho produtivo de educandos que
horário e calendário escolar;
estejam frequentando o ensino regular em instituições

51
II – avaliar as instalações da parte concedente do es- CAPÍTULO IV
tágio e sua adequação à formação cultural e profissio- DO ESTAGIÁRIO
nal do educando;
III – indicar professor orientador, da área a ser desen- A jornada de atividades deve constar do termo de
volvida no estágio, como responsável pelo acompa- compromisso e não pode ser incompatível com os ho-
nhamento e avaliação das atividades do estagiário; rários das atividades escolares. Será de 4 (quatro) horas
IV – exigir do educando a apresentação periódica, em diárias e 20 (vinte) horas semanais (é o máximo para
prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das estudantes da educação especial, ao final do ensino
atividades; fundamental ou EJA – educação de jovens e adultos);
V – zelar pelo cumprimento do termo de compromis- ou de 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais
so, reorientando o estagiário para outro local em caso (demais categorias, mas nada impede que a jornada seja
de descumprimento de suas normas; fixada no regime de 20 horas); ou de 40 (quarenta) horas
VI – elaborar normas complementares e instrumentos semanais para cursos que alternam teoria e prática (ex.:
de avaliação dos estágios de seus educandos; internato na faculdade de Medicina) (artigo 10).
VII – comunicar à parte concedente do estágio, no iní- O estagiário que seja pessoa com deficiência não
cio do período letivo, as datas de realização de avalia- pode se vincular ao mesmo estágio por mais de 2 (dois)
ções escolares ou acadêmicas. anos (artigo 11).
No estágio não obrigatório o estagiário deverá rece-
É facultado às instituições de ensino celebrar com ber algum tipo de contraprestação, conforme seja acor-
entes públicos e privados convênio de concessão de dado, bem como auxílio-transporte. É facultada sua ins-
estágio, caso em que também será obrigatório o termo crição no Regime Geral de Previdência Social (artigo 12).
de compromisso (artigo 8o). O estagiário tem direito a um recesso de 30 (trinta)
dias a cada 1 (um) ano de estágio, o qual deve ser go-
CAPÍTULO III zado preferencialmente no período de férias escolares e,
DA PARTE CONCEDENTE no caso de estágio remunerado, o recesso também no
será (artigo 13).
Nos termos do artigo 14, “aplica-se ao estagiário a
O artigo 9o fixa as condições para que uma pessoa
legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho,
jurídica de direito público ou privado ou um profissio-
sendo sua implementação de responsabilidade da parte
nal liberal de nível superior devidamente credenciado
concedente do estágio”.
em entidade de classe ou conselho profissional ofereça
estágio:
CAPÍTULO V
DA FISCALIZAÇÃO
I – celebrar termo de compromisso com a instituição
de ensino e o educando, zelando por seu cumprimen- Disciplina o artigo 15:
to;
II – ofertar instalações que tenham condições de pro- Art. 15. A manutenção de estagiários em desconfor-
porcionar ao educando atividades de aprendizagem midade com esta Lei caracteriza vínculo de emprego
social, profissional e cultural; do educando com a parte concedente do estágio para
III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.
formação ou experiência profissional na área de co- § 1o A instituição privada ou pública que reincidir na
nhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para irregularidade de que trata este artigo ficará impedida
orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simul- de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da
taneamente; data da decisão definitiva do processo administrativo
IV – contratar em favor do estagiário seguro contra correspondente.
acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com § 2o A penalidade de que trata o § 1o deste artigo
valores de mercado, conforme fique estabelecido no limita-se à filial ou agência em que for cometida a
termo de compromisso; irregularidade.
V – por ocasião do desligamento do estagiário, en-
tregar termo de realização do estágio com indicação CAPÍTULO VI
resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
da avaliação de desempenho;
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

VI – manter à disposição da fiscalização documentos Nos termos do artigo 17, o número de estagiários
que comprovem a relação de estágio; é firmado de acordo com o número de funcionários da
VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade empresa:
mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com
vista obrigatória ao estagiário. I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário;
II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) es-
O parágrafo único deste artigo 9o destaca que no caso tagiários;
de estágio obrigatório, a responsabilidade pela con- III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até
tratação do seguro poderá, alternativamente, ser as- 5 (cinco) estagiários;
sumida pela instituição de ensino. IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20%
(vinte por cento) de estagiários.

52
É assegurada nos estágios a reserva de vagas às 2. (IBGE – Analista – Recursos Humanos – CESGRAN-
pessoas com deficiência no percentual de 10% (artigo RIO – 2013) Mediante seleção pública, uma estagiária de
17, § 5o). órgão público onde todos os servidores são estatutários,
obteve classificação para ali trabalhar.
Nos termos da Lei nº 11.788, de 21 de setembro de 2008,
#FicaDica o período de estágio é considerado:
Estágio é a educação no ambiente de tra- a) obrigatório e gratuito.
balho. Somente estudante (ensino regular), b) gerador de vínculo empregatício.
inclusive estrangeiro matriculado no ensino c) ilimitado quanto à carga horária.
superior brasileiro, com idade e condições d) ato educativo escolar.
compatíveis, pode ser estagiário. Entre a e) exclusivo de quem possui Ensino Superior.
concedente do estágio, o estagiário e a ins-
tituição de ensino deve ser firmado termo RESPOSTA: D. Nos termos do artigo 1o, “estágio é ato
de compromisso. Caso se deturpe a finali- educativo escolar supervisionado [...]”. Em “a”, pode
dade do estágio e o estagiário acabe traba- ser não obrigatório e remunerado (artigo 2o). Em “b”,
lhando como se funcionário fosse, poderá não forma vínculo de emprego (artigo 3o). Em “c”, li-
ser reconhecido o vínculo trabalhista. mita-se a carga horária (artigo 10). Em “e”, cabível em
todos níveis de ensino, sendo que no ensino funda-
mental apenas nos últimos anos (artigo 1o).

3. (CREF 4ª Região (SP) – Agente Administrativo – CE-


EXERCÍCIO COMENTADO TRO – 2013) Em relação às Instituições de Ensino e ao
estagiário, segundo a Lei nº 11.788/2008, é correto afir-
1. (CREF 13ª Região (BA-SE) – Analista Agente de mar que:
Orientação e Fiscalização – CEFET-BA – 2012) Consi-
derando-se o disposto na Lei nº 11.788/2008, é correto a) é obrigação das instituições de ensino, em relação
afirmar: aos estágios de seus educandos, avaliar as instalações
da parte concedente do estágio e sua adequação à
a) o estagiário, na hipótese de estágio obrigatório, re- formação cultural e profissional do educando, entre
ceberá, compulsoriamente, bolsa, como forma de outras.
contraprestação a ser paga pela parte concedente do b) a jornada de atividade em estágio será definida pela
estágio. parte concedente apenas, aderindo ou não a ela o es-
b) a concessão ao estagiário de benefícios relacionados a tagiário.
transporte, alimentação e saúde caracteriza a existên- c) a jornada do estagiário não poderá ultrapassar 3 (três)
cia de vínculo empregatício. horas diárias e 15 (quinze) semanais, no caso de es-
c) o estagiário deverá ser inscrito e contribuir como se- tudantes de educação especial e dos anos finais do
gurado obrigatório do Regime Geral de Previdência ensino fundamental, na modalidade profissional de
Social. educação de jovens e adultos.
d) o estagiário terá direito, sempre que o estágio tenha d) a jornada do estagiário não poderá ultrapassar 5 (cin-
duração igual ou superior a 1 (um) ano, a recesso por co) horas diárias e 30 (trinta) semanais, no caso de es-
período de 30 (trinta) dias, a ser gozado, obrigatoria- tudantes do ensino superior, da educação profissional
mente, durante as férias escolares. de nível médio e do ensino médio regular.
e) a manutenção de estagiário, em desconformidade com e) a duração do estágio, na mesma parte concedente,
o disposto na Lei nº 11.788/2008, caracteriza vínculo não poderá exceder 1 (um) ano, exceto quando se tra-
de emprego com a parte concedente do estágio para tar de estagiário portador de deficiência.
todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.
RESPOSTA: A. Nos termos do artigo 7o, II, “são obri-
gações das instituições de ensino, em relação aos es-
RESPOSTA: E. “A manutenção de estagiários em des-
tágios de seus educandos: [...] II – avaliar as instalações
conformidade com esta Lei caracteriza vínculo de
da parte concedente do estágio e sua adequação à
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

emprego do educando com a parte concedente do


formação cultural e profissional do educando”. Em “b”,
estágio para todos os fins da legislação trabalhista e
será definida de comum acordo entre a instituição de
previdenciária” (artigo 15). Em “a”, é compulsória bol-
ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu
sa apenas no estágio facultativo (artigo 12). Em “b”,
representante legal, conforme artigo 10. Em “c”, o li-
nos termos do artigo 12, § 1o, “a eventual concessão mite é de 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas
de benefícios relacionados a transporte, alimentação semanais (artigo 10, I). Em “d”, o limite é de 6 (seis)
e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empre- horas diárias e 30 (trinta) horas semanais (artigo 10, II).
gatício”. Em “c”, a inscrição do estagiário no RGPS é Em “e”, não pode exceder 1 (um) ano na mesma con-
facultativa (artigo 12, § 2o). Em “d”, existe preferência cedente no caso de pessoa com deficiência (artigo 11).
pelo gozo nas férias escolares (artigo 13).

53
VI – estímulo e difusão de tecnologias, informação e
LEI Nº 10.410/2002 (CRIAÇÃO DA CARREIRA educação ambientais.
DE ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE
Atribuições do analista administrativo (artigo 5o)
– exige graduação em nível superior, com habilitação
legal específica, conforme edital do concurso
LEI Nº 10.410/2002 (CRIAÇÃO DA CARREIRA DE Exercício de todas as atividades administrativas e lo-
ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE). gísticas relativas ao exercício das competências consti-
tucionais e legais a cargo do Ibama e do Instituto Chico
A Lei nº 10.410, de 11 de janeiro de 2002, cria e disci- Mendes.
plina a carreira de especialista em meio ambiente, a qual
é composta pelos seguintes cargos, nos termos do artigo Atribuições do técnico ambiental (artigo 6o) – exi-
1o: “Gestor Ambiental, Gestor Administrativo, Analista ge conclusão de ensino médio ou equivalente
Ambiental, Analista Administrativo, Técnico Ambien-
tal, Técnico Administrativo e Auxiliar Administrativo”. I – prestação de suporte e apoio técnico especializado
Ainda nos termos do artigo 1o, são abrangidos “os cargos às atividades dos Gestores e Analistas Ambientais;
de pessoal do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto II – execução de atividades de coleta, seleção e trata-
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- mento de dados e informações especializadas voltadas
nováveis - IBAMA e do Instituto Chico Mendes de Con- para as atividades finalísticas; e
servação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes”. III – orientação e controle de processos voltados às
áreas de conservação, pesquisa, proteção e defesa am-
Atribuições do gestor ambiental (artigo 2o) – exi- biental.
ge graduação em nível superior ou habilitação legal
equivalente Atribuições do técnico administrativo (artigo 7o) –
I - formulação das políticas nacionais de meio ambien- exige conclusão de ensino médio, e habilitação legal
te e dos recursos hídricos afetas à: específica, se for o caso, conforme definido no edital
a) regulação, gestão e ordenamento do uso e acesso do concurso
aos recursos ambientais; Atuação em atividades administrativas e logísticas de
b) melhoria da qualidade ambiental e uso sustentável apoio relativas ao exercício das competências constitu-
dos recursos naturais; cionais e legais a cargo do Ibama e do Instituto Chico
II - estudos e proposição de instrumentos estratégicos Mendes.
para a implementação das políticas nacionais de meio
ambiente, bem como para seu acompanhamento, avalia- Atribuições do auxiliar administrativo (artigo 8o)
ção e controle; e Desempenho das atividades administrativas e logís-
III - desenvolvimento de estratégias e proposição de so- ticas de nível básico relativas ao exercício das compe-
luções de integração entre políticas ambientais e setoriais, tências constitucionais e legais a cargo do Ibama e do
com base nos princípios e diretrizes do desenvolvimento Instituto Chico Mendes.
sustentável.
É POSSÍVEL A ESPECIFICAÇÃO POR CAPACIDADE
Atribuições do gestor administrativo (artigo 3o) – PROFISSIONAL DOS SEGUINTES CARGOS: Gestor Admi-
exige graduação em nível superior, com habilitação nistrativo, Analista Administrativo, Técnico Administrati-
legal específica, conforme edital do concurso vo e Auxiliar Administrativo (artigo 9o).
Exercício de todas as atividades administrativas e lo- O ingresso na carreira de especialista em meio am-
gísticas relativas ao exercício das competências constitu- biente depende de concurso público (de provas ou de
cionais e legais a cargo do Ministério do Meio Ambiente. provas e títulos), que poderá ser realizado em etapas,
respeitados os requisitos de escolaridade (artigos 10 e
Atribuições do analista ambiental (artigo 4o) – exi- 11).
ge graduação em nível superior ou habilitação legal JORNADA DE TRABALHO – 40 horas (artigo 12).
equivalente – o concurso para o ingresso no cargo de Para evoluir na carreira, o especialista terá a progres-
Analista Ambiental poderá ser realizado por área de são funcional (dentro da mesma classe) e a promoção
especialização (classe imediatamente superior), que poderão ocorrer
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Planejamento ambiental, organizacional e estratégico anualmente conforme resultados da avaliação de desem-


afetos à execução das políticas nacionais de meio am- penho (artigos 14 e 15).
biente, em especial: A lei aborda, ainda, o programa permanente de ca-
I – regulação, controle, fiscalização, licenciamento e pacitação dos especialistas ambientais (artigos 17-A e
auditoria ambiental; 17-B).
II – monitoramento ambiental; A normativa conta com um anexo que fixa questões
III – gestão, proteção e controle da qualidade ambien- inerentes à remuneração, sendo que os artigos 13-A a
tal; 13-C detalham algumas especificações sobre a remu-
IV – ordenamento dos recursos florestais e pesqueiros; neração destes especialistas, podendo ser acessada em:
V – conservação dos ecossistemas e das espécies neles http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10410.
inseridas, incluindo seu manejo e proteção; e htm

54
Desempenho institucional = até 43 pontos;
#FicaDica
- Também se denomina Gratificação de Desempenho
São cargos de especialista em meio am-
de Atividade Técnico-Executiva e de Suporte do Meio
biente do IBAMA: Analista Ambiental, Ana-
Ambiente – GTEMA
lista Administrativo, Técnico Ambiental,
Técnico Administrativo e Auxiliar Adminis-
trativo.
#FicaDica
Ambas são pagas ao titular de cargo efeti-
vo de carreira do MMA, do IBAMA e do Ins-
tituto Chico Mendes, mas o servidor pode
LEI Nº 11.156/2005 (CRIAÇÃO DA GDAEM) estar investido em função de confiança e
ainda assim perceberá a gratificação.

LEI Nº 11.156/2005 (CRIAÇÃO DA GDAEM)

A Lei nº 11.156, de 29 de julho de 2005, dispõe sobre


a criação da Gratificação de Desempenho de Atividade DECRETO Nº 7.133/2010 (AVALIAÇÃO DE
de Especialista Ambiental – GDAEM e da Gratificação de DESEMPENHO INDIVIDUAL
Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa do
Meio Ambiente – GDAMB. Estas gratificações são devidas
aos servidores dos Quadros de Pessoal do Ministério do
Meio Ambiente, do Ibama e do Instituto Chico Mendes DECRETO Nº 7.133/2010 (AVALIAÇÃO DE DESEM-
ocupantes de cargos de provimento efetivo. Estas grati- PENHO INDIVIDUAL).
ficações se incorporam aos proventos da aposentadoria
e das pensões. Tanto a GDAEM quanto a GDAMB serão gratificações
pagas conforme critérios de desempenho individual
Gratificação de Desempenho de Atividade de Es- e institucional. O Decreto nº 7.133, de 19 de março de
pecialista Ambiental – GDAEM (apenas para cargos 2010, disciplina os critérios da avaliação de desempenho
estruturados em carreira) individual e institucional para fins de diversas gratifica-
- Atribuída em função do desempenho individual do ções legalmente instituídas.
servidor e do desempenho institucional do Ministério do O inteiro teor pode ser acessado em: http://www.
Meio Ambiente, do Ibama ou do Instituto Chico Mendes planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/
(são feitas avaliações de desempenho individual e insti- D7133.htm
tucional, conforme parâmetros fixados pelo Executivo e
delimitados pelo Ministério do Meio Ambiente);
* Desempenho individual = até 20 pontos (se obtiver #FicaDica
menos de 10 será submetido a processo de capacitação
ou de análise da adequação funcional imediatamente); Desempenho individual: Será feita confor-
* Desempenho institucional = até 80 pontos (será me critérios de competência do servidor,
considerado o órgão onde o servidor permaneceu mais verificando se ele desempenhou de forma
tempo se ele teve mais de uma lotação naquele ciclo de adequada as tarefas e atividades a ele atri-
avaliação); buídas. O servidor que obtiver menos de
- A gratificação será paga em afastamentos e licen- 50% da pontuação total possível será sub-
ças remunerados, considerando-se para fins de cálculo a metido a capacitação imediatamente e, se
pontuação da última avaliação. perceber a GDAEM, poderá também passar
por uma análise de adequação funcional.
Gratificação de Desempenho de Atividade Técni- Desempenho institucional: Será o do órgão
ou entidade de lotação do servidor.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

co-Administrativa do Meio Ambiente – GDAMB (ape-


nas para cargos não estruturados em carreira)
- Atribuída em função do desempenho individual do Vale observar o artigo 2o do Decreto nº 7.122/2010,
servidor e do desempenho institucional do Ministério do de caráter conceitual:
Meio Ambiente, do Ibama ou do Instituto Chico Mendes
(são feitas avaliações de desempenho individual e insti- I - avaliação de desempenho: monitoramento sis-
tucional, conforme parâmetros fixados pelo Executivo e temático e contínuo da atuação individual do servidor e
delimitados pelo Ministério do Meio Ambiente); institucional dos órgãos e das entidades de lotação dos
* Desempenho individual = até 57 pontos (se obtiver servidores integrantes dos planos de cargos e de carreiras
menos de 50% destes será submetido imediatamente a abrangidos pelo art. 1o, tendo como referência as metas
processo de capacitação);
globais e intermediárias destas unidades;

55
II - unidade de avaliação: o órgão ou a entidade das gratificações de desempenho serão estabelecidos
como um todo, um subconjunto de unidades administra- em ato do dirigente máximo do órgão ou entidade ou
tivas de um órgão ou entidade que execute atividades de do Ministro de Estado ao qual o órgão ou entidade esteja
mesma natureza, ou uma unidade isolada, conforme de- vinculado – no caso do IBAMA, do Ministério do Meio
finido no ato de que trata o caput do art. 7o, a partir de Ambiente (artigo 7o).
critérios geográficos, de hierarquia organizacional ou de Nos termos do artigo 12, “as avaliações de desempe-
natureza de atividade; nho individual e institucional serão utilizadas como ins-
III - equipe de trabalho: conjunto de servidores que trumento de gestão, com a identificação de aspectos do
faça jus a uma das gratificações de desempenho de que desempenho que possam ser melhorados por meio de
trata o art. 1o, em exercício na mesma unidade de ava- oportunidades de capacitação e aperfeiçoamento profis-
liação; sional”.
IV - ciclo de avaliação: período de doze meses con-
siderado para realização da avaliação de desempenho in- As gratificações de desempenho serão pagas obser-
dividual e institucional, com vistas a aferir o desempenho vados o limite máximo de cem pontos e o mínimo de
dos servidores alcançados pelo art. 1o e do órgão ou da trinta pontos por servidor, dos quais até vinte pontos
entidade em que se encontrem em exercício; e serão atribuídos em função dos resultados obtidos na
V - plano de trabalho: documento em que serão re- avaliação de desempenho individual e até oitenta pon-
gistrados os dados referentes a cada etapa do ciclo de ava- tos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na
liação, observado o disposto no art. 6o. avaliação de desempenho institucional (artigo 8o).
A APURAÇÃO É ANUAL, OS EFEITOS FINANCEIROS
Consideram-se critérios para a avaliação individual SÃO MENSAIS (artigo 10).
de desempenho, nos termos do artigo 4o: ESTAS GRATIFICAÇÕES NÃO PODEM SER CUMULA-
• Produtividade no trabalho, com base em parâme- DAS com qualquer outra gratificação de desempenho
tros previamente estabelecidos de qualidade e produti- profissional, individual ou institucional ou de produtivi-
vidade; dade (artigo 20).
• Conhecimento de métodos e técnicas necessários
para o desenvolvimento das atividades referentes ao car-
go efetivo na unidade de exercício;
• Trabalho em equipe; #FicaDica
• Comprometimento com o trabalho; e Será instituída, no âmbito do órgão ou en-
• Cumprimento das normas de procedimentos e de tidade de lotação, por intermédio de ato de
conduta no desempenho das atribuições do cargo. seu dirigente máximo, Comissão de Acom-
• Qualidade técnica do trabalho; panhamento da Avaliação de Desempenho
• Capacidade de autodesenvolvimento; - CAD, que participará de todas as etapas
• Capacidade de iniciativa; do ciclo da avaliação de desempenho 9ar-
• Relacionamento interpessoal; e tigo 23).
• Flexibilidade às mudanças.
A avaliação se dará a partir: dos conceitos atribuídos
pelo próprio avaliado (15%), dos conceitos atribuídos
pela chefia imediata (60%) e da média dos conceitos atri-
buídos pelos integrantes da equipe de trabalho subordi-
nada à chefia avaliada (25%). EXERCÍCIO COMENTADO
Quem efetua a avaliação é a chefia imediata de onde
esteve lotado o servidor por mais tempo naquele ciclo. 1. (ABIN – Oficial de Inteligência – CESPE – 2018) Con-
Caso o servidor tenha permanecido o mesmo número de siderando o disposto no Decreto nº 7.133/2010 e na Lei
dias em diferentes unidades organizacionais, a avaliação nº 8.112/1990, além da avaliação de desempenho, julgue
será feita pela chefia imediata da unidade em que se en- os itens a seguir.
contrava no momento do encerramento do período de Conforme o Decreto nº 7.133/2010, as metas de avaliação
avaliação (artigo 17). de desempenho institucional devem ser divididas em
O avaliado pode apresentar pedido de reconsidera- metas globais e metas intermediárias, sendo as metas
ção quanto à avaliação, no prazo de 10 dias (artigo 22). intermediárias elaboradas em consonância com as metas
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

globais.
Já a avaliação de desempenho institucional visa a
aferir o alcance das metas organizacionais, podendo ( ) CERTO ( ) ERRADO
considerar projetos e atividades prioritárias e condições
especiais de trabalho, além de outras características espe- RESPOSTA: Certo. Conforme artigo 5o, § 1o, “as me-
cíficas. Estas metas podem ser globais (conforme Plano tas referentes à avaliação de desempenho institucio-
Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO nal deverão ser segmentadas em: I - metas globais,
e a Lei Orçamentária Anual – LOA) e intermediárias (das elaboradas, quando couber, em consonância com o
equipes de trabalho, segmentando as metas globais). Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentá-
Os critérios e procedimentos específicos de avaliação rias - LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA; e II - me-
de desempenho individual e institucional e de atribuição tas intermediárias, referentes às equipes de trabalho”.

56
Ainda, prevê o § 5o do mesmo dispositivo: “as metas ção ou elevação de cargos. O Decreto nº 7.203, de 4 de
intermediárias de que trata o inciso II do § 1o deverão junho de 2010, dispõe sobre a vedação do nepotismo no
ser elaboradas em consonância com as metas globais, âmbito da administração pública federal direta e indireta
podendo ser segmentadas, segundo critérios geográ- (artigo 1o), podendo ser acessado na íntegra em: http://
ficos, de hierarquia organizacional ou de natureza de www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/de-
atividade”. creto/d7203.htm

2. (Ministério do Trabalho e Emprego – Agente Em 2008 foi editada a Súmula Vinculante nº 13, STF,
Administrativo – CESPE – 2014) Com base no De- a qual influenciou o conteúdo do Decreto nº 7.203/2010:
creto nº 7.133/2010, que regulamenta os critérios
e procedimentos gerais a serem observados para a Súmula Vinculante nº 13, STF. A nomeação de côn-
realização das avaliações de desempenho individual juge, companheiro ou parente em linha reta, colate-
e institucional e para o pagamento de gratificações de
ral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
desempenho, julgue os itens a seguir.
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
A avaliação de desempenho a que se refere o decreto
jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou asses-
é apenas uma das etapas de um processo mais amplo
de gestão, que pode incluir, ainda, as etapas de planeja- soramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
mento, de monitoramento e de revisão do desempenho confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administra-
individual, grupal e organizacional. ção Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos muni-
cípios, compreendido o ajuste mediante designações
( ) CERTO ( ) ERRADO
recíprocas, viola a Constituição Federal.
RESPOSTA: Certo. Neste sentido, o art. 12: “as avalia-
Acompanhando a súmula, o artigo 2o, III, Decreto nº
ções de desempenho individual e institucional serão
7.203/2010 considera como familiar o cônjuge, o compa-
utilizadas como instrumento de gestão, com a identi-
ficação de aspectos do desempenho que possam ser nheiro ou o parente em linha reta ou colateral, por con-
melhorados por meio de oportunidades de capacita- sanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau.
ção e aperfeiçoamento profissional”. No nepotismo, há indicação de um familiar de uma
pessoa que ocupa uma posição de autoridade e de po-
3. (Ministério do Trabalho e Emprego – Agente Ad- der na Administração (qualquer cargo em comissão ou
ministrativo – CESPE – 2014) Com base no Decreto nº função de confiança de direção, chefia ou assessoramen-
7.133/2010, que regulamenta os critérios e procedimen- to, Ministro de Estado, autoridade administrativa máxi-
tos gerais a serem observados para a realização das ava- ma, Presidente ou Vice-Presidente da República) para: “I
liações de desempenho individual e institucional e para - cargo em comissão ou função de confiança; II - aten-
o pagamento de gratificações de desempenho, julgue os dimento a necessidade temporária de excepcional inte-
itens a seguir. resse público, salvo quando a contratação tiver sido pre-
Os critérios de avaliação de desempenho individual cons- cedida de regular processo seletivo; e III - estágio, salvo
tantes do decreto baseiam-se na noção de competências se a contratação for precedida de processo seletivo que
do servidor conforme comportamentos manifestos no assegure o princípio da isonomia entre os concorrentes”
desempenho individual de tarefas e atividades. (artigo 3o). Também há nepotismo em caso de contrata-
ção direta de pessoa jurídica (sem licitação) de que o fa-
( ) CERTO ( ) ERRADO miliar seja administrador ou sócio com poder de direção
(artigo 3o, § 3o).
RESPOSTA: Certo. Assim prevê o artigo 4o: “a ava- Ainda, a súmula vinculante nº 13 fixa de forma ex-
liação de desempenho individual será feita com base pressa que o ajuste mediante designações recíprocas
em critérios e fatores que reflitam as competências do também é nepotismo. Tal modalidade se denomina ne-
servidor, aferidas no desempenho individual das tare- potismo cruzado. No mesmo sentido, prevê o artigo
fas e atividades a ele atribuídas”. 3o, § 1o: “aplicam-se as vedações deste Decreto também
quando existirem circunstâncias caracterizadoras de
ajuste para burlar as restrições ao nepotismo, especial-
mente mediante nomeações ou designações recípro-
DECRETO Nº 7.203/2010 (VEDAÇÃO DO cas, envolvendo órgão ou entidade da administração
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

NEPOTISMO) pública federal”.


Há situações descritas no artigo 4o em que a contra-
tação do familiar não se considera prática de nepotismo,
exigindo-se ainda nestas situações que não exista subor-
DECRETO Nº 7.203/2010 (VEDAÇÃO DO NEPO- dinação direta entre o familiar e o servidor:
TISMO) - “De servidores federais ocupantes de cargo de
provimento efetivo, bem como de empregados fede-
Nepotismo, do latim nepos, neto ou descendente, é o rais permanentes, inclusive aposentados, observada a
termo utilizado para designar o favorecimento de paren- compatibilidade do grau de escolaridade do cargo ou
tes (ou amigos próximos) em detrimento de pessoas mais emprego de origem, ou a compatibilidade da atividade
qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomea- que lhe seja afeta e a complexidade inerente ao cargo

57
em comissão ou função comissionada a ocupar, além da d) recomendação de autoridade
qualificação profissional do servidor ou empregado” – e) avaliação de vida pregressa
o familiar já fazia parte do quadro de servidores da admi-
nistração e recebe cargo para o qual tem escolaridade e RESPOSTA: B. Conforme artigo 3o, III, a vedação de
qualificação, compatível com suas atividades. nepotismo atinge “estágio, salvo se a contratação for
- “De pessoa, ainda que sem vinculação funcional precedida de processo seletivo que assegure o princí-
com a administração pública, para a ocupação de car- pio da isonomia entre os concorrentes”.
go em comissão de nível hierárquico mais alto que o
do agente público referido no art. 3º” – o familiar irá
2. (PETROBRAS – Engenheiro de Produção Júnior
ocupar um cargo superior hierarquicamente do que o de
– CESGRANRIO – 2018) De acordo com o Decreto nº
seu parente que já ocupa função de direção na adminis-
tração. 7.203/2010, a vedação ao nepotismo familiar abrange o
- “Realizadas anteriormente ao início do vínculo cônjuge, o companheiro ou o parente em linha reta ou
familiar entre o agente público e o nomeado, designa- colateral, por consanguinidade ou afinidade até o:
do ou contratado, desde que não se caracterize ajuste
prévio para burlar a vedação do nepotismo” – ainda não a) terceiro grau
era familiar no momento da nomeação, designação ou b) quarto grau
contratação. c) quinto grau
- “De pessoa já em exercício no mesmo órgão ou d) sexto grau
entidade antes do início do vínculo familiar com o agen- e) sétimo grau
te público, para cargo, função ou emprego de nível hie-
rárquico igual ou mais baixo que o anteriormente ocupa- RESPOSTA: A. Conforme artigo 2o, III, considera-se
do” – o familiar já desempenhava funções de confiança familiar para os fins do Decreto “o cônjuge, o com-
ou cargo comissionado naquele órgão e é nomeado para panheiro ou o parente em linha reta ou colateral, por
outro cargo igual ou inferior. consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau”.
O agente público em situação de nepotismo deve ser
exonerado ou dispensado (artigo 5o). 3. (PETROBRAS – Contador Júnior – CESGRANRIO
Além dos casos expressos no Decreto, nada impede a
– 2018) Em caso de contratação de empresa presta-
realização de apurações específicas em outras situações
(artigo 6o). dora de serviço terceirizado, nos termos do Decreto nº
Cabe à Controladoria-Geral da União resolver os ca- 7.203/2003, deverá ser estabelecida a vedação de que
sos omissos ou que suscitem dúvidas (artigo 8o). familiar de agente público preste serviços no órgão ou
entidade em que este exerça cargo em comissão ou fun-
ção de confiança. Essa vedação deve constar no
FIQUE ATENTO!
a) Memorando especial
A Lei nº 8.112/1990 considera proibição dos
b) Comunicado de habilitação
servidores públicos federais em seu inciso
c) Edital de licitação
VIII, “manter sob sua chefia imediata, em car-
d) Contrato final
go ou função de confiança, cônjuge, compa-
e) Termo de ciência
nheiro ou parente até o segundo grau civil”.
Nota-se que a súmula vinculante nº 13, STF,
RESPOSTA: C. Disciplina o artigo 7o: “Os editais de
estendeu a abrangência para o terceiro grau
licitação para a contratação de empresa prestadora
civil, o que foi acompanhado pelo Decreto nº
de serviço terceirizado, assim como os convênios e
7.203/2010. Logo, o correto é afirmar que o
instrumentos equivalentes para contratação de enti-
nepotismo atinge até o terceiro grau civil o
dade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou
cônjuge/companheiro ou parente.
entidade da administração pública federal, deverão
estabelecer vedação de que familiar de agente públi-
co preste serviços no órgão ou entidade em que este
exerça cargo em comissão ou função de confiança”.

EXERCÍCIO COMENTADO
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

1. (PETROBRAS – Contador Júnior – CESGRANRIO –


2018) PKV é médico e organiza a convocação de estagi-
ários para atuar no seu setor.
Para não sofrer as restrições estabelecidas de acordo
com o Decreto nº 7.203/2003, a escolha de estagiários
deverá, assegurada a isonomia entre os concorrentes, ser
precedida de:

a) indicação individual
b) processo seletivo
c) análise curricular

58
IX - oferecer e garantir cursos introdutórios ou de for-
mação, respeitadas as normas específicas aplicáveis
DECRETO Nº 5.707/2006
a cada carreira ou cargo, aos servidores que ingres-
(DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL).
sarem no setor público, inclusive àqueles sem vínculo
efetivo com a administração pública;
X - avaliar permanentemente os resultados das ações
DECRETO Nº 5.707/2006 (DESENVOLVIMENTO DE de capacitação;
PESSOAL) XI - elaborar o plano anual de capacitação da insti-
tuição, compreendendo as definições dos temas e as
O Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, institui metodologias de capacitação a serem implementadas;
a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pes- XII - promover entre os servidores ampla divulgação
soal da administração pública federal direta, autárquica e das oportunidades de capacitação; e
fundacional, bem como regulamenta a Lei nº 8.112/1990, XIII - priorizar, no caso de eventos externos de apren-
podendo ser acessado em: http://www.planalto.gov.br/ dizagem, os cursos ofertados pelas escolas de governo,
ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5707.htm favorecendo a articulação entre elas e visando à cons-
trução de sistema de escolas de governo da União, a
Esta Política tem por finalidades: a melhoria da efi- ser coordenado pela Escola Nacional de Administra-
ciência, eficácia e qualidade dos serviços públicos pres- ção Pública - ENAP.
tados ao cidadão; o desenvolvimento permanente do Parágrafo único. As instituições federais de ensino po-
servidor público; a adequação das competências reque- derão ofertar cursos de capacitação, previstos neste
ridas dos servidores aos objetivos das instituições, tendo Decreto, mediante convênio com escolas de governo
como referência o plano plurianual; a divulgação e o ge- ou desde que reconhecidas, para tanto, em ato con-
renciamento das ações de capacitação; e a racionalização junto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orça-
e a efetividade dos gastos com capacitação (artigo 1o). mento e Gestão e da Educação.
A capacitação é um processo permanente e delibera-
do de aprendizagem, com o propósito de contribuir para Abordadas as diretrizes da Política Nacional de De-
o desenvolvimento de competências institucionais por senvolvimento de Pessoal, o Decreto segue para os seus
meio do desenvolvimento de competências individuais. instrumentos, que são: plano anual de capacitação, re-
O servidor frequentará eventos de capacitação, que po- latório de execução do plano anual de capacitação e
dem ser cursos presenciais e à distância, aprendizagem sistema de gestão por competência (artigo 5o).
em serviço, grupos formais de estudos, intercâmbios, es-
O Decreto nº 5.707/2006 também cria o Comitê Gestor
tágios, seminários e congressos (artigo 2o).
da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, com
competência avaliativa em relação aos relatórios apre-
Merece destaque em inteiro teor o artigo 3o:
sentados e consultiva para com os órgãos e entidades
da Administração, cabendo a ele promover, disseminar e
Art. 3o São diretrizes da Política Nacional de Desenvol-
vimento de Pessoal: zelar pelo respeito a esta política (artigo 7o). Ele contará
I - incentivar e apoiar o servidor público em suas ini- com representantes da Secretaria de Recursos Humanos,
ciativas de capacitação voltadas para o desenvolvi- que o coordenará; da Secretaria de Gestão; e da ENAP
mento das competências institucionais e individuais; (artigo 8o).
II - assegurar o acesso dos servidores a eventos de Com efeito, o artigo 9o, parágrafo único, fixa que
capacitação interna ou externamente ao seu local de “somente serão autorizados os afastamentos para trei-
trabalho; namento regularmente instituído quando o horário do
III - promover a capacitação gerencial do servidor e evento de capacitação inviabilizar o cumprimento da
sua qualificação para o exercício de atividades de di- jornada semanal de trabalho do servidor, observados os
reção e assessoramento; seguintes prazos: I - até vinte e quatro meses, para mes-
IV - incentivar e apoiar as iniciativas de capacitação trado; II - até quarenta e oito meses, para doutorado; III
promovidas pelas próprias instituições, mediante o - até doze meses, para pós-doutorado ou especialização;
aproveitamento de habilidades e conhecimentos de e IV - até seis meses, para estágio”.
servidores de seu próprio quadro de pessoal; Adiante, o artigo 10 do Decreto disciplina a licença
V - estimular a participação do servidor em ações de para capacitação, que permite ao servidor se afastar tem-
educação continuada, entendida como a oferta regu- porariamente do exercício das funções para se capacitar:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

lar de cursos para o aprimoramento profissional, ao


longo de sua vida funcional; Art. 10. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
VI - incentivar a inclusão das atividades de capacita- servidor poderá solicitar ao dirigente máximo do ór-
ção como requisito para a promoção funcional do ser- gão ou da entidade onde se encontrar em exercício li-
vidor nas carreiras da administração pública federal cença remunerada, por até três meses, para participar
direta, autárquica e fundacional, e assegurar a ele a de ação de capacitação.
participação nessas atividades; § 1º A concessão da licença para capacitação fica
VII - considerar o resultado das ações de capacitação condicionada ao planejamento interno da unidade
e a mensuração do desempenho do servidor comple- organizacional, à oportunidade do afastamento e à
mentares entre si; relevância do curso ou da atividade para a instituição.
VIII - oferecer oportunidades de requalificação aos § 2o A licença para capacitação poderá ser parcelada,
servidores redistribuídos; não podendo a menor parcela ser inferior a trinta dias.

59
§ 3o O órgão ou a entidade poderá custear a inscrição 2. (UFPE – Assistente em Administração – COVEST-
do servidor em ações de capacitação durante a licença -COPSET – 2017) De acordo com o art. 9º do Decreto
a que se refere o caput deste artigo. nº 5.707/2006, somente serão autorizados os afastamen-
§ 4o A licença para capacitação poderá ser utilizada tos para treinamento regularmente instituído quando o
integralmente para a elaboração de dissertação de tempo destinado à capacitação se mantiver dentro dos
mestrado ou tese de doutorado, cujo objeto seja com- seguintes prazos:
patível com o plano anual de capacitação da institui-
ção. a) até vinte e quatro meses, para tecnólogo.
§ 5º A licença para capacitação poderá ser utilizada b) até trinta meses, para mestrado.
integral ou parcialmente para a realização de ativida- c) até cinquenta e quatro meses, para doutorado.
de voluntária em entidade que preste serviços dessa d) até doze meses, para pós-doutorado ou especializa-
natureza tanto no País quanto no exterior, na forma ção.
do regulamento do órgão ou entidade de exercício do e) até doze meses, para estágio.
servidor.
RESPOSTA: D. Disciplina o artigo 9o, parágrafo único:
O Decreto se encerra abordando a obrigatoriedade “I - até vinte e quatro meses, para mestrado; II - até
de reserva de recursos conforme parâmetros delimitados quarenta e oito meses, para doutorado; III - até doze
pelo Comitê Gestor e fixando disposição transitória váli- meses, para pós-doutorado ou especialização; e IV -
da aos primeiros dois anos de vigência (já ultrapassados). até seis meses, para estágio”.

3. (UFPE – Assistente em Administração – COVEST-


-COPSET – 2017) De acordo com o art. 1º do Decreto
#FicaDica nº 5.707/2006, são considerados eventos de capacita-
ção aqueles que contribuam para o desenvolvimento do
Licença para capacitação – servidor se afas- servidor e que atendam aos interesses da administração
ta temporariamente para se capacitar. pública federal direta, autárquica e fundacional. Para fins
• Com remuneração;
deste decreto, são entendidos como eventos de capaci-
• Somente após e a cada 5 (cinco) anos;
tação, exceto:
• Prazo máximo – 3 (três) meses.
a) cursos presenciais.
b) cursos a distância.
c) aprendizagem em serviço.
d) intercâmbios.
EXERCÍCIO COMENTADO e) grupos informais de estudos.

1. (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi- RESPOSTA: E. Disciplina o artigo 2o, III: “eventos de
capacitação: cursos presenciais e à distância, apren-
versidade – Analista Administrativo – CESPE – 2014)
dizagem em serviço, grupos formais de estudos, in-
Julgue os itens a seguir, com base nas disposições do
tercâmbios, estágios, seminários e congressos, que
Decreto nº 5.707/2006 e do Decreto nº 7.133/2010.
contribuam para o desenvolvimento do servidor e que
Considere que um analista do ICMBio, empossado no
atendam aos interesses da administração pública fe-
cargo em 2008, solicite licença, em 2014, para capacita-
deral direta, autárquica e fundacional”.
ção, a fim de elaborar sua dissertação de mestrado. Nes-
sa situação, o instituto poderá concedê-la ao servidor,
DECRETO Nº 6.833/2009: SUBSISTEMA INTEGRA-
que dela poderá utilizar integralmente para produzir sua
DO DE ATENÇÃO À SAÚDE DO SERVIDOR PÚBLICO
dissertação.
FEDERAL - SIASS

( ) CERTO ( ) ERRADO O Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009, institui o


Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

RESPOSTA: Certo. Nos termos do artigo 10, § 4o, “a Público Federal – SIASS e o Comitê Gestor de Atenção
licença para capacitação poderá ser utilizada integral- à Saúde do Servidor (artigo 1o), podendo ser acessado
mente para a elaboração de dissertação de mestra- na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
do ou tese de doutorado, cujo objeto seja compatível Ato2007-2010/2009/Decreto/D6833.htm
com o plano anual de capacitação da instituição”. Vale
destacar que o analista em questão preencheu o re- O objetivo do SIASS é integrar ações e programas nas
quisito temporal, porque permaneceu no cargo por áreas de assistência à saúde, perícia oficial, promoção,
mais de um quinquênio (artigo 10). prevenção e acompanhamento da saúde dos servidores
da administração federal (artigo 2o), conforme conceitua-
-se no artigo 3o:

60
I - assistência à saúde: ações que visem a prevenção,
a detecção precoce e o tratamento de doenças e, ainda, a
reabilitação da saúde do servidor, compreendendo as di-
EXERCÍCIO COMENTADO
versas áreas de atuação relacionadas à atenção à saúde
do servidor público civil federal; 1.(UFPA – Administrador – CEPS-UFPA – 2013) Silvana
II - perícia oficial: ação médica ou odontológica com recentemente assumiu o cargo de Analista de Gestão de
o objetivo de avaliar o estado de saúde do servidor para o Pessoas na Coordenadoria de Saúde e Qualidade de Vida
exercício de suas atividades laborais; e de uma determinada organização pública federal, sendo
III - promoção, prevenção e acompanhamento designada para responder pelas seguintes atribuições:
da saúde: ações com o objetivo de intervir no processo planejamento, execução e avaliação das ações de saúde
de adoecimento do servidor, tanto no aspecto individual e segurança no trabalho. A Coordenadora do setor de
quanto nas relações coletivas no ambiente de trabalho. Saúde e Qualidade de Vida recomendou a Silvana que
analise com atenção o Decreto nº 6.833/2009, que insti-
O Decreto também institui em seu artigo 4o o Comitê tui o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servi-
Gestor de Atenção à Saúde do Servidor, que irá aprovar dor (SIASS) e outras providências.
as diretrizes para aplicação da política de atenção à saú- Assinale a alternativa correta sobre a análise que Silvana
de e segurança do trabalho do servidor público federal; deve fazer do Decreto nº 6.833/2009:
aprovar as diretrizes para a capacitação dos servidores
em exercício nas unidades do SIASS; deliberar sobre as a) o Decreto nº 6.833/2009 institui o Comitê Gestor da
propostas de criação, jurisdição e funcionamento das Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal.
unidades do SIASS; deliberar sobre os instrumentos de b) a força de trabalho do SIASS será formada exclusiva-
cooperação e as iniciativas para provimento de materiais mente por servidores estaduais, municipais e federais,
e equipamentos, força de trabalho, imóveis e instalações, ficando vedadas a terceirização de mão-de-obra e a
contratos de segurança, limpeza e conservação; deliberar contratação de pessoal por tempo determinado.
sobre os procedimentos para uniformização e padroniza- c) o SIASS visa a aprovar regras e procedimentos para
ção das ações relativas ao SIASS; orientar e acompanhar a publicação das informações pessoais sobre a saúde
a execução das ações e programas no âmbito do SIASS; e dos servidores.
aprovar regras e procedimentos para guarda e utilização d) o SIASS tem por objetivo coordenar e integrar ações
das informações pessoais sobre a saúde dos servidores. e programas nas áreas de assistência à saúde, perícia
O Comitê Gestor, nos termos do artigo 5o, conta com oficial, promoção, prevenção e acompanhamento da
um representante de cada um dos seguintes órgãos, que saúde dos servidores da administração federal direta,
não serão remunerados: Ministério do Planejamento, autárquica e fundacional.
Orçamento e Gestão (coordenação); Casa Civil da Presi- e) de acordo com o Decreto nº 6.833/2009 é considerada
dência da República; Ministério da Saúde; Ministério da assistência à saúde, a ação médica ou odontológica
Previdência Social; Ministério da Educação; Ministério da com o objetivo de avaliar o estado de saúde do servi-
Fazenda; Ministério do Trabalho e Emprego; e Ministério dor para o exercício de suas atividades laborais.
da Justiça.
O quórum das deliberações é de maioria simples, exi- RESPOSTA: D. Nos termos do artigo 2o, “o SIASS tem
gindo-se a presença de ao menos 5 membros para ins- por objetivo coordenar e integrar ações e programas
tauração, cabendo ao coordenador o voto de desempate nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial, pro-
(artigo 5o, § 2o). moção, prevenção e acompanhamento da saúde dos
Conforme artigo 6o, “o exercício do servidor no âmbi- servidores da administração federal direta, autárquica
to do SIASS não implica mudança de unidade de lotação e fundacional, de acordo com a política de atenção
ou de órgão de origem”. à saúde e segurança do trabalho do servidor públi-
co federal, estabelecida pelo Governo”. Em “a”, o De-
creto institui o Comitê Gestor de Atenção à Saúde do
#FicaDica Servidor. Em “b”, conforme artigo 4o, § 1o, “a força de
trabalho do SIASS será formada exclusivamente por
A inexistência de um sistema de informa- servidores federais, ficando vedadas a terceirização de
ções que notificasse os agravos à saúde mão-de-obra e a contratação de pessoal por tempo
– licenças médicas, acidentes de trabalho, determinado”. Em “c”, as informações de saúde dos
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

aposentadorias por invalidez e readapta- servidores devem ter a confidencialidade preservada


ções funcionais – impossibilitou a cons- (artigo 4o, VI). Em “e”, trata-se de conceito de perícia
trução do perfil de adoecimento dos oficial (artigo 3o, II).
servidores públicos e dificultou o real di-
mensionamento das questões relacionadas
à saúde do servidor. Tal falha impulsionou
a instituição do SIASS1.
1 https://siass.ufg.br/p/4653-o-que-e-
siass

61
3. (CODEMIG – Analista – Recursos Humanos – FUN-
DEP – 2013) Com relação ao estágio de estudantes, (Lei
HORA DE PRATICAR! n. 11.788/08), é INCORRETO afirmar que:

a) o estágio é o ato educativo escolar supervisionado,


1. (CRF-PE – Analista – Administrador – INAZ do Pará desenvolvido no ambiente de trabalho.
– 2018) A jornada de atividade em estágio será definida b) o estágio faz parte do projeto pedagógico do curso,
de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte além de integrar o itinerário formativo do educando.
concedente e o aluno estagiário ou seu representante c) não podem ser equiparadas ao estágio, as atividades
legal, devendo constar no termo de compromisso e ser de extensão, monitorias ou de iniciação científica.
compatível com as atividades escolares e não deve ul- d) constitui requisito para a realização do estágio, a cele-
trapassar: bração de um termo de compromisso entre a empresa
concedente e a instituição de ensino.
a) 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no
caso de estudantes de educação especial e dos anos 4. (CREF 13ª Região (BA-SE) – Analista Advogado –
CEFET-BA – 2012) Examine as assertivas abaixo, a res-
finais do ensino fundamental, na modalidade profis-
peito da Lei n° 11.788/2008, que trata sobre o estágio de
sional de educação de jovens e adultos.
estudantes, e identifique com V as que forem verdadeiras
b) 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no
e com F, as falsas.
caso de estudantes do ensino superior, da educação
( ) O estágio relativo a cursos que alternam teoria e práti-
profissional de nível médio e do ensino médio regular. ca, nos períodos em que não estão programadas aulas
c) 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta)
caso de estudantes de educação especial e dos anos horas semanais, desde que isso esteja previsto no pro-
finais do ensino fundamental, na modalidade profis- jeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.
sional de educação de jovens e adultos. ( ) Se a instituição de ensino adotar verificações de
d) 8 (oito) horas diárias e 40 (quarenta) horas semanais, aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de
no caso de estudantes do ensino superior, da educa- avaliação, a carga horária do estágio será reduzida
ção profissional de nível médio e do ensino médio re- pelo menos à metade, segundo estipulado no termo
gular. de compromisso, para garantir o bom desempenho
e) 6 (seis) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no do estudante.
caso de estudantes do ensino superior, da educação ( ) O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma
profissional de nível médio e do ensino médio regular. de contraprestação que venha a ser acordada, sendo
compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-
2. (CVM – Analista – Recursos Humanos – ESAF – -transporte, na hipótese de estágio não obrigatório.
2010) Sobre a Lei nº 11.788 de 25/09/2008, referente a ( ) Somente as pessoas jurídicas de direito privado po-
estágio, é incorreto afirmar: dem oferecer estágio, observadas as obrigações cons-
tantes na lei.
a) a realização de estágios, nos termos desta Lei, aplica- A alternativa que contém a sequência correta, de cima
-se aos estudantes estrangeiros regularmente matri- para baixo, é a:
culados em cursos superiores no País, autorizados ou
reconhecidos, observado o prazo do visto temporário a) V, V, V, V.
de estudante, na forma da legislação aplicável. b) F, V, V, F.
b) estágio é ato educativo escolar supervisionado, desen- c) F, F, V, V.
volvido no ambiente de trabalho, que visa à prepara- d) V, V, V, F.
e) V, F, F, V.
ção para o trabalho produtivo de educandos que es-
tejam frequentando o ensino regular, em instituições
5. (Prefeitura de Natal-RN – Agente Administrativo
de educação superior, de educação profissional, de
– CKM Serviços – 2016) No que diz respeito à lei do
ensino médio, da educação especial e dos anos finais
estágio de estudantes, é correto afirmar que:
do ensino fundamental, na modalidade profissional da
educação de jovens e adultos. a) é assegurado ao estagiário, sempre que o estágio te-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

c) o tempo máximo de estágio na mesma Empresa é de nha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período
três anos, exceto quando tratar-se de estagiário por- de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado obrigato-
tador de deficiência. riamente durante suas férias escolares.
d) o estágio, como ato educativo escolar supervisionado, b) o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório,
deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor conforme determinação das diretrizes curriculares da
orientador da instituição de ensino e por supervisor etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pe-
da parte concedente. dagógico do curso.
e) o estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório. c) o estágio relativo a cursos que alternam teoria e práti-
ca, nos períodos em que não estão programadas aulas
presenciais, poderá ter jornada de até 44 (quarenta e
quatro) horas semanais.

62
d) o estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de 11. (UFPE – Assistente em Administração – COVEST-
contraprestação que venha a ser acordada, sendo -COPSET – 2017) De acordo com o Decreto nº 5.707, de
obrigatória a sua concessão, porém é facultativo o pa- 23 de fevereiro de 2006, é diretriz da Política Nacional de
gamento do auxílio-transporte, na hipótese de estágio Desenvolvimento de Pessoal:
não obrigatório.
a) incentivar e apoiar o servidor público em suas inicia-
6. (IBAMA – Técnico Administrativo – CESPE – 2012)
Considerando as disposições da Lei nº 11.788/2008, jul- tivas de capacitação voltadas para o desenvolvimento
gue o próximo item. das competências pessoais e artísticas.
De acordo com a referida lei, o estagiário tem direito de b) assegurar o acesso dos servidores a eventos de ca-
não comparecer ao trabalho durante a semana oficial de pacitação, desde que estes ocorram externamente em
avaliações de sua instituição de ensino. seu local de trabalho.
c) promover a capacitação gerencial do servidor e sua
( ) CERTO ( ) ERRADO qualificação para o exercício de atividades de direção
e assessoramento.
7. (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi- d) avaliar o resultado das ações de capacitação e a men-
versidade – Analista Administrativo – CESPE – 2014) suração do desempenho do servidor independente-
Julgue os itens a seguir, com base nas disposições do
mente um do outro.
Decreto nº 5.707/2006 e do Decreto nº 7.133/2010.
Caso um analista do ICMBio, empossado no cargo em e) oferecer oportunidades de requalificação aos servido-
2009 e lotado na sede do próprio instituto, não ocupe res recém-aposentados.
cargo em comissão nem função de confiança, as suas
avaliações anuais de desempenho individual serão rea- 12. (UFTM – Técnico em Anatomia e Necropsia – UFTM
lizadas apenas pela chefia imediata. – 2018) O Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006,
institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento
( ) CERTO ( ) ERRADO de Pessoal da Administração Pública Federal direta, au-
tárquica e fundacional. Com base neste dispositivo legal,
8. (Ministério do Trabalho e Emprego – Agente Ad- julgue as assertivas abaixo:
ministrativo – CESPE – 2014) Com base no Decreto nº
I – A divulgação e gerenciamento das ações de capacita-
7.133/2010, que regulamenta os critérios e procedimen-
ção está entre as finalidades da Política Nacional de De-
tos gerais a serem observados para a realização das ava-
liações de desempenho individual e institucional e para senvolvimento de Pessoal.
o pagamento de gratificações de desempenho, julgue os II – O prazo do afastamento para os servidores cursarem
itens a seguir. pós-doutorado ou especialização é de até 48 (quarenta
O referido decreto, tendo como referência as metas da e oito) meses.
organização e da unidade de trabalho de determinado III – A licença para capacitação poderá ser utilizada par-
trabalhador, compreende a avaliação de desempenho cialmente para a elaboração de dissertação de mestrado
como ferramenta de apreciação transversal e pontual da ou tese de doutorado, cujo objeto seja compatível com o
atuação individual do servidor. plano anual de capacitação da instituição.
IV – A licença para capacitação poderá ser parcelada, não
( ) CERTO ( ) ERRADO
podendo a menor parcela ser inferior a trinta dias.
9. (Ministério do Trabalho e Emprego – Agente Ad- Está CORRETO o que se afirma em:
ministrativo – CESPE – 2014) Com base no Decreto nº
7.133/2010, que regulamenta os critérios e procedimen- a) somente I.
tos gerais a serem observados para a realização das ava- b) II, III e IV.
liações de desempenho individual e institucional e para c) I, II, III e IV.
o pagamento de gratificações de desempenho, julgue os d) I e IV.
itens a seguir.
O decreto confere caráter estratégico à prática de ava- 13. (UFPA – Assistente em Administração – CEPS-
liação de desempenho visto que determina a articulação -UFPA – 2018) Considerando o Decreto nº 5.707/2006,
de metas globais e intermediárias de desempenho insti-
o processo permanente e deliberado de aprendizagem
tucional com metas de desempenho individual.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

que tem o propósito de contribuir para o desenvolvi-


( ) CERTO ( ) ERRADO mento de competências institucionais por meio do de-
senvolvimento de competências individuais é a(o):
10. (IBAMA – Técnico Administrativo – CESPE – 2012)
Acerca do Decreto nº 7.203/2010, julgue o item abaixo. a) avaliação de desempenho.
Caracteriza nepotismo a nomeação de familiar de servi- b) gestão de riscos.
dor efetivo do IBAMA que, em razão de sua qualificação, c) clima organizacional.
seja convidado a ocupar uma das diretorias dessa autar- d) mapeamento de processos.
quia. e) capacitação.
( ) CERTO ( ) ERRADO

63
14. (UNIFESSPA – Assistente em Administração –
CEPS-UFPA – 2018) O Decreto nº 6.833, de 29 de abril
de 2009, institui o Subsistema Integrado de Atenção à GABARITO
Saúde do Servidor Público Federal – SIASS – e o Comitê
Gestor de Atenção à Saúde do Servidor. Sobre o Decreto 1 C
nº 6.833/2009 é correto afirmar que:
2 C
a) a unidade SIASS poderá ofertar cursos de capacita- 3 C
ção, previstos neste Decreto, mediante convênio com
4 D
escolas de governo ou desde que reconhecidas pelo
Ministério da Educação. 5 B
b) os órgãos e entidades da administração pública fede- 6 ERRADO
ral direta, autárquica e fundacional deverão incluir em
7 ERRADO
seus planos de saúde e qualidade de vida ações vol-
tadas à habilitação de seus servidores para o exercício 8 ERRADO
de cargos de direção e assessoramento superiores. 9 CERTO
c) a edição e a alteração das normas relativas ao atendi-
mento dos usuários dos serviços de saúde observarão 10 ERRADO
os princípios da eficiência e da economicidade e con- 11 C
siderarão os efeitos práticos tanto para a administra- 12 D
ção pública federal quanto para os usuários.
d) a administração pública federal direta, autárquica e 13 E
fundacional e as empresas estatais dependentes po- 14 E
derão adquirir planos de saúde e contratar serviços 15 ERRADO
considerando critérios e práticas de sustentabilidade
objetivamente definidos no instrumento convocatório.
e) a força de trabalho do SIASS será formada exclusiva-
mente por servidores federais, ficando vedadas a ter-
ceirização de mão-de-obra e a contratação de pessoal
por tempo determinado.

15. (ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – CESPE –


2018) Acerca do subsistema integrado de atenção à saú-
de do servidor público federal (SIASS), julgue o próximo
item.
O comitê gestor de atenção à saúde do servidor coorde-
na e integra ações e programas nas áreas de assistência
à saúde, perícia oficial, promoção, prevenção e acom-
panhamento da saúde dos servidores da administração
federal.

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

64
ÍNDICE

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA
1 Conceitos fundamentais de arquivologia. 2 Gerenciamento da informação e gestão de documentos. 2.1 Diagnósticos. 2.2
Arquivo corrente e intermediário. 2.3 Classificação, arquivamento e ordenação de documentos. 2,4 Avaliação de documentos
2.5 Arquivo permanente. 3 Tipologias documentais e suportes físicos. 3.1 Microfilmagem. 3.2 Automação. 3.3 Preservação,
conservação e restauração de documentos. 4 Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de
documentos. 5 Lei nº 12.527/2011 e Decreto nº 7.724/2012 (acesso a informações).
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA. GERENCIAMENTO DA INFORMAÇÃO
E GESTÃO DE DOCUMENTOS. DIAGNÓSTICOS. ARQUIVO CORRENTE E INTERMEDIÁRIO.
CLASSIFICAÇÃO, ARQUIVAMENTO E ORDENAÇÃO DE DOCUMENTOS. AVALIAÇÃO DE
DOCUMENTOS. ARQUIVO PERMANENTE. TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS.
MICROFILMAGEM. AUTOMAÇÃO. PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE
DOCUMENTOS. PROTOCOLO: RECEBIMENTO, REGISTRO, DISTRIBUIÇÃO, TRAMITAÇÃO E
EXPEDIÇÃO DE DOCUMENTOS

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA

Para iniciar nosso estudo, vamos, primeiramente, fazer uma distinção entre três conceitos que frequentemente se confundem.

1.Arquivística: princípios e conceitos

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados
durante a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam
ser registradas em documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências)
nos dá sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos,
instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por
pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus
sucessores, para fins de prova ou informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer
de suas atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950)
(citado por PAES, Marilena Leite, 1986).
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso
de sua atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.”
(PAES, Marilena Leite, 1986).
De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para
conservar o acervo.

1
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes. Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo,
que se caracteriza como um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade,
suporte, modo de produção, utilização e conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por
um processo natural que decorre da própria atividade da instituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma
pessoa física, jurídica ou por uma família no exercício das suas atividades ou das suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios
e por outros, como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada,
são relevantes no estudo da arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influen-
ciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua im-
parcialidade explica-se pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos
aos quais os documentos se referem não funcionarão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam
com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, por-
tanto, apresenta o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada,
guardada e preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação,
que são a Biblioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados,
porém, frisa-se que trata-se de conceitos distintos.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

2
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

2. Arquivos Públicos

Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:


“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades,
por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções
administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por
entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação
à instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.”

Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter
público – mediante delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera
de governo.

3. Arquivos Privados

De acordo com a mesma Lei citada acima:


“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas
ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.”

Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz
respeito à pessoa jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público,
pois os órgãos que compõe a administração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também
pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.


• Comercial: companhias, empresas, etc.

A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com formação em arquivologia ou experiência reconhecida
pelo Estado. Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de documentação, arquivos privados ou
públicos, instituições culturais etc.
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da gestão documental, conservação, preservação e
disseminação da informação contida nos documentos, assim como pela preservação do patrimônio documental de um
pessoa (física ou jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como um todo.

3
Também é função do arquivista recuperar informações 5. Diagnóstico
ou elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas.
Como diagnóstico entendemos a análise das
4. Gestão da informação e documentos informações básicas (quantidade, localização, estado
físico, condições de armazenamento, grau de crescimento,
Um documento (do latim documentum, derivado de frequência de consulta e outros) sobre os arquivos, a
docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo fim de implantar sistemas e estabelecer programas de
gráfico, que comprove a existência de um fato, a exatidão transferência, recolhimento, microfilmagem, conservação
ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, e demais atividades”.
documentos são frequentemente sinônimos de atos, É uma etapa que antecede a aplicação de um
cartas ou escritos que carregam um valor probatório. programa de gestão de documentos, representando
Documento arquivístico: Informação registrada, uma ferramenta que é capaz de retratar determinado
independente da forma ou do suporte, produzida ou contexto da situação em que se encontra um conjunto
recebida no decorrer da atividade de uma instituição de documentos, considerando volume, gênero, natureza
ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura dos documentos, suporte, espécie, tipologia, nível de
suficientes para servir de prova dessa atividade. conservação e período cronológico.
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma
tarefa de considerável importância para as organizações É preciso ter critérios que ajudem a selecionar
atuais, sejam essas privadas ou públicas, tarefa essa o método mais apropriado à realidade pretendida,
que encontra suporte na Tecnologia da Gestão de reconhecer o melhor momento para sua aplicação,
Documentos, importante ferramenta que auxilia na enfim, é preciso estudar os diferentes métodos a ponto
gestão e no processo decisório. de sentir-se seguro para fazer a escolha, pois “o talento
A gestão de documentos representa um conjunto do pesquisador consiste em adequar os métodos às
de procedimentos e operações técnicas referentes à sua necessidades dos objetos” (LOPES, 1997, p. 45).
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em É o instrumento norteador da implantação da política
fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou
arquivística institucional
recolhimento para a guarda permanente.
O diagnóstico nos permite dois tipos de levantamento,
sendo o institucional e o documental.
Através da Gestão Documental é possível definir qual a
politica arquivistica adotada, através da qual, se constitui
Institucional
o patrimônio arquivistico. Outro aspecto importante
- Tempo histórico de existência
da gestão documental é definir os responsáveis pelo
- Tamanho e diversidade dos acervos acumulados
processo arquivistico.
- Variação e abrangência das atividades presentes e
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela passadas
implantação do programa de gestão, que envolve ações - Número de pessoas vinculadas e as características
como as de acesso, preservação, conservação de arquivo, estruturais
entre outras atividades. - Uso de tecnologia da informação variadas, de redes
Por assegurar que a informação produzida terá de computadores, digitalização, microfilmagem,
gestão adequada, sua confidencialidade garantida e com etc.
possibilidade de ser rastreada, a Gestão de Documentos
favorece o processo de Acreditação e Certificação ISO, Documental
processos esses que para determinadas organizações - Quantidades dos documentos, expressas de acordo
são de extrema importância ser adquirido. com regras aceitas universalmente (metragem li-
Outras vantagens de se adotar a gestão de near, em unidades ou bits)
documentos é a racionalização de espaço para guarda - Características diplomáticas – tipologias documen-
de documentos e o controle deste a produção até tais – que os individualizam
arquivamento final dessas informações. - Conteúdos informacionais genéricos, expressos de
A implantação da Gestão de Documentos associada modo sintético e hierárquico
ao uso adequado da microfilmagem e das tecnologias - Unidades físicas de arquivamento, isto é, a movela-
do Gerenciamento Eletrônico de Documentos deve ser ria e embalagens utilizadas
efetiva visando à garantia no processo de atualização da - Modo original de arquivamento – classificação, ava-
documentação, interrupção no processo de deterioração liação e descrição – mesmo que empírico e basea-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

dos documentos e na eliminação do risco de perda do do no senso comum


acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas - Existência e modo de uso de tecnologias da infor-
que permitam acesso à informação pela internet e mação
intranet. - Características das instalações e situação dos acer-
A Gestão de Documentos no âmbito da administração vos no que se refere à preservação
pública atua na elaboração dos planos de classificação dos
documentos, TTD (Tabela Temporalidade Documental) Para realizar o diagnóstico respeita-se cinco ETAPAS
e comissão permanente de avaliação. Desta forma é essenciais:
assegurado o acesso rápido à informação e preservação 1. Pesquisa da legislação e histórico do órgão;
dos documentos. 2. Elaboração de roteiros de entrevistas/questionários;

4
3. Visitas para aplicação de entrevistas/questionários;
4. Análise dos dados coletados;
5. Elaboração de diretrizes.

De uma forma geral, realizar um diagnóstico de arquivo significa fazer uso de informações gerais sobre quem o
produziu, informações essas que são conseguidas por meio de questionários, entrevistas e relatos fornecidos pelo
arquivista.

O Diagnóstico pode ser de três tipos, como veremos a seguir.

5.1. Diagnóstico Estratégico

Também denominado de análise do ambiente, tem por objetivo mapear o maior número possível de variáveis que
de alguma forma afetam direta ou indiretamente uma organização.
De acordo com Chiavenato e Sapiro (2004) o diagnóstico estratégico se subdivide em duas modalidades:
a) diagnóstico estratégico interno: situação frente ás dinâmicas ambientais, relacionando as suas forças e fraquezas,
criando as condições para a formulação de estratégias que representam o melhor ajustamento do elemento no
ambiente em que se situa;
b) Diagnóstico estratégico externo: procura antecipar oportunidades e ameaças para a concretização da visão, da
missão e dos objetivos.

5.2. Diagnótico Físico Ambiental

Deve ser feito com base no relatório do estado de conservação e no mapeamento de danos no ambiente, buscando
identificar as causas da degradação neles registrados.

5.3. Diagnóstico Organizacional

É voltado para conhecer os Recursos humanos, físicos e materiais do arquivo, sem aprofundar em questões físico-
ambiental de conservação, nem apegar-se as questões de fluxo.

O diagnóstico se apresenta, portanto, como uma necessária ferramenta para a gestão documental, pois, fornece
informações estruturadas para o provimento das ações no decorrer do processo de gerenciamento arquivístico,
tendo como principais dados a serem coletados a estrutura, as funções, as atividades e, por conseguinte, ao fluxo de
informações que permeiam a organização, absorvendo assim, a complexidade e a diversidade de documentos e de
informações existentes dentro destas.

6. Arquivos correntes, intermediários e permanentes

O arquivo também pode ser classificado quanto à sua evolução ou frequência de uso, onde temos aqui três tipos
arquivisticos que correspondem cada um a uma fase/idade do arquivo, conforme a Teoria das Três Idades:

Arquivo Corrente - Valor Primário - Representa Fase Obrigatória


Arquivo Intermediário - Valor Primário – Aguarda destino
Arquivo Permanente - Valor Secundário – Preservação definitiva

Vejamos:
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

5
7. Protocolo

Composto por: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos.


Esse processo acima descrito de gestão de informação e documentos segue um tramite para que possa ser aplicado
de forma eficaz, é o que chamamos de protocolo.
O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções pertinentes aos documentos, como, recebimento,
registro, distribuição e movimentação dos documentos em curso.
A finalidade principal do protocolo é permitir que as informações e documentos sejam administradas e coordenadas
de forma concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de forma que mesmo havendo um aumento
de produção de documentos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um sistema de base de dados, onde os documentos são
registrados assim que chegam à organização.
A partir do momento que a informação ou documento chega é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole
ou problemas decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação
ou recolhimento.

8. Avaliação de documentos

As funções de classificação e avaliação são essenciais para a gestão dos documentos, pois permitem que as
informações sejam organizadas racionalmente – facilitando a sua recuperação – e, quando não investidas de valor
administrativo, histórico ou cultural, sejam adequadamente eliminadas.
De acordo com Lopes (1997), a classificação pode ser descrita como a sequência de operações que, de acordo com
as estruturas organizacionais, funções e atividades de uma organização, visam a distribuir os documentos em classes
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

e subclasses. Bernandes e Delatorre (2008) descreve que entre os objetivos e benefícios da classificação, destacam-
se: a recuperação do contexto original de produção de documentos, visibilidade às funções, subfunções e atividades
do organismo produtor, controle de trâmites, atribuição de códigos numéricos, além de fornecer subsídios para a
avaliação dos documentos.
A avaliação de documentos, fase posterior à classificação, cumpre a função de descartar o que não seja de interesse
para as atividades das organizações, como, também, para a sociedade em geral, que busca informações para conhecer
seu meio, seu passado e constituir uma identidade. Frente a isso, os critérios de avaliação devem ser pautados na visão
crítica dos possíveis usos da informação arquivística. Bernardes e Delatorre (2008) explicam que existem documentos
que jamais podem ser eliminados, pois comprovam fatos e atos fundamentais para nossa existência civil e para nossa
vida pessoal. Ao mesmo tempo, não é possível e nem desejável que todos os documentos sejam preservados, afinal,

6
documentos que cumprem uma função importante Segundo o Arquivo Nacional (2001), a adoção desses
durante determinado tempo, posteriormente, perdem instrumentos, além de possibilitar o controle e a rápida
o seu valor original, devendo ser eliminados, para que recuperação de informações, orienta as atividades
não dificultem o acesso a outros documentos com valor de racionalização da produção e fluxo documentais,
informativo e probatório relevantes. avaliação e destinação dos documentos, aumentando
Os principais instrumentos que possibilitam a eficácia dos serviços arquivísticos da administração
a classificação e avaliação de documentos são, pública em todas as esferas.
respectivamente, o plano de classificação e a tabela Portanto, o desenvolvimento da gestão de
de temporalidade. Ambos devem ser constituídos com documentos e informações interfere na qualidade das
referência aos preceitos arquivísticos (de organicidade, informações utilizadas pelas organizações e, para atingir
coerência, adaptabilidade, etc.), adequando-se ao esse objetivo, as adoções de instrumentos voltados à
contexto de produção informacional. A construção de classificação e avaliação tornam-se indispensáveis.
um plano de classificação é observada por Gonçalves
(1998), na qual: Resumidamente, a avaliação documental, que tem
Definir atividades-fim e atividades-meio e relacioná-las base na teoria das Três Idades, é uma atividade essencial
a funções mais abrangentes já significa reunir elementos do ciclo de vida documental arquivístico, na medida
para a classificação dos documentos. A reunião lógica de em que define quais documentos serão preservados
funções e atividades, com a percepção de sua maior ou para fins administrativos ou de pesquisa e em que
menor autonomia ou subordinação interna, permitirá a momento poderão ser eliminados ou destinados aos
elaboração do plano de classificação(GONÇALVES, 1998, arquivos intermediário e permanente, segundo o valor e
p. 22). o potencial de uso que apresentam para a administração
O estabelecimento das classes e subclasses de que os gerou e para a sociedade.
um plano de classificação pode ser por três critérios:
funcional, no qual as classes correspondem à função Suas principais vantagens são:
dos documentos; estrutural, de acordo com a estrutura - Redução da massa documental.
organizacional de determinada instituição; e, por assunto, - Agilidade na recuperação de documentos e infor-
referente aos conteúdos registrados nos documentos. mações.
A definição de qual método é o mais adequado, por - A conservação dos documentos de guarda perma-
consenso, torna-se uma definição do arquivista, que nente.
deve analisar o contexto de produção documental em - A racionalização da produção e do fluxo dos docu-
que atua, partindo da premissa de conseguir adequar o mentos de arquivo.
instrumento no ambiente organizacional, como elemento - A eliminação dos documentos desprovidos de valor,
associado às atividades administrativas, como acrescenta gerando ganho de espaço físico.
Gonçalves (1998, p. 23), “a elaboração do plano não pode - A otimização dos gastos com recursos humanos,
estar desconectada da preocupação com sua aplicação”. materiais e financeiros.
Enquanto isso, a tabela de temporalidade de - Incremento à pesquisa.
documentos é definida por Bernardes e Delatorre - Garantia da constituição do patrimônio arquivístico.
(1998) como um instrumento aprovado por autoridade
competente, que regula a destinação final dos 8.1. Sistemas de classificação de documentos de
documentos, definindo prazos para a guarda dos arquivo
documentos em função de seus valores administrativos,
legais e fiscais, determinando os prazos para sua O conceito de classificação e o respectivo  sistema
transferência, recolhimento ou eliminação. A tabela classificativo  a ser adotado, são de uma importância
de temporalidade pode ser considerada o principal decisiva na elaboração de um plano de classificação que
instrumento do processo de avaliação de documentos, permita um bom funcionamento do arquivo.
proporcionando, como resultados práticos, a inexistência Um bom plano de classificação deve possuir as
de massas documentais acumuladas e o descarte de seguintes características:
informações supérfluas. - Satisfazer as necessidades práticas do serviço, ado-
Por ser um processo que requer procedimentos tando critérios que potenciem a resolução dos
legais (inclusive atendendo prazos definidos em lei problemas. Quanto mais simples forem as regras
para execução de determinadas tarefas do processo), de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará
a avaliação de documentos requer atenção redobrada a ordenação da documentação;
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

pelos arquivistas, para que sua efetivação não seja - A sua construção deve estar de acordo com as atri-
comprometida. buições do organismo (divisão de competências)
ou em última análise, focando a estrutura das enti-
Os instrumentos que servem de referência são o dades de onde provém a correspondência;
Código de Classificação, Temporalidade e Destinação de - Deverá ter em conta a evolução futura das atribui-
Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio ções do serviço deixando espaço livre para novas
da Administração Pública e a Tabela de Temporalidade inclusões;
e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos - Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou
às Atividades-Fim das Instituições Federais de Ensino classificações mal efetuadas, e promover a sua
Superior (IFES). atualização sempre que se entender conveniente.

7
A classificação por assuntos é utilizada com o De acordo com a natureza de seus documentos
objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo • ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de
tema, como forma de agilizar sua recuperação e facilitar variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes,
as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, fotografias, microformas (fichas microfilmadas),
seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso slides, filmes, entre outros. Eles merecem tratamento
a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico adequado não apenas quanto ao armazenamento
é realizado com base no conteúdo do documento, das peças, mas também quanto ao registro,
o qual reflete a atividade que o gerou e determina acondicionamento, controle e conservação.
o uso da informação nele contida. A classificação • ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido
define, portanto, a organização física dos documentos como arquivo técnico, é responsável pela guarda os
arquivados, constituindo-se em referencial básico para documentos de um determinado assunto ou setor/
sua recuperação. departamento específico.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e
tipos documentais distribuídos de acordo com as funções De acordo com a natureza do assunto
e atividades desempenhadas pelo órgão. • OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não
A classificação deve ser realizada de acordo com as prejudicam a administração
seguintes características: • SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é
limitado, com divulgação restrita
De acordo com a entidade criadora
• PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de De acordo com a espécie
âmbito federal ou estadual ou municipal. • ADMINISTRATIVO: Referente às atividades
• INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou puramente ad­ministrativas;
relacionados à instituições educacionais, igrejas, • JUDICIAL: Referente às ações judiciais e
corporações não-lucrativas, sociedades e extrajudiciais;
associações. • CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orienta­
• COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e ção jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres,
companhias. busca alternativas para evitar a esfera judicial.
• FAMILIAR ou PESSOAL- arquivo organizado por De acordo com o grau de sigilo
grupos familiares ou pessoas individualmente. • RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação
não-autorizada possa comprometer planos,
De acordo com o estágio de evolução (considera-se operações ou ob­jetivos neles previstos;
o tempo de vida de um arquivo) • SECRETO: Dados ou informações referentes a
• ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE sistemas, instalações, projetos, planos ou operações
- guarda a documentação mais atual e de interesse nacional, a assuntos diplomáticos e de
frequentemente consultada. Pode ser mantido em inteligência e a pla­nos ou detalhes, programas ou
local de fácil acesso para facilitar a consulta. instalações estratégicos, cujo conhecimento não
• ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO autorizado possa acarretar dano grave à segurança
- inclui documentos que vieram do arquivo corrente, da sociedade e do Estado;
porque deixaram de ser usados com frequência. • ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes
Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos à so­berania e à integridade territorial nacionais,
que os produziram e os receberam, se surgir uma a plano ou ope­rações militares, às relações
situação idêntica àquela que os gerou. internacionais do País, a projetos de pesquisa e
• ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE desenvolvimento científico e tec­nológico de interesse
- nele se encontram os documentos que perderam da defesa nacional e a programas eco­nômicos, cujo
o valor administrativo e cujo uso deixou de ser conhecimento não autorizado possa acar­retar dano
frequente, é esporádico. Eles são conservados excepcionalmente grave à segurança da so­ciedade
somente por causa de seu valor histórico, informativo e do Estado.
para comprovar algo para fins de pesquisa em geral,
permitindo que se conheça como os fatos evoluíram. 8.2 Arquivamento e ordenação de documentos

De acordo com a extensão da atenção O arquivamento é o conjunto de técnicas e


Os arquivos se dividem em: procedimentos que visa ao acondicionamento e
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

• ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos armazenamento dos documentos no arquivo.
operacionais, cumprindo as funções de um arquivo Uma vez registrado, classificado e tramitado nas
corrente. unidades competentes, o documento deverá ser
• ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a encaminhado ao seu destino para arquivamento, após
receber os documentos correntes provenientes receber despacho final.
dos diversos órgãos que integram a estrutura de O arquivamento é a guarda dos documentos no local
uma instituição. estabelecido, de acordo com a classificação dada. Nesta
etapa toda a atenção é necessária, pois um documento
arquivado erroneamente poderá ficar perdido quando
solicitado posteriormente.

8
O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua
eliminação.
As operações para arquivamento são:
1) Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
2) Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir um código conforme o assunto;
3) Ordenar os documentos na ordem sequencial;
4) Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que
tratam do mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
5) Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar uma pasta para cada código, evitando a classificação
“diversos”;
6) Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de acordo com a ordem estabelecida – cronológica,
alfabética, geográfica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não exista o original manter uma
única cópia;
7) Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em caixa ou pasta apropriada, identificando externamente
o seu conteúdo e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
8) Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os documentos/processos estão armazenados.

Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizontal e a vertical.


- Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário.
É indicado para arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões, pois evitam marcas e dobras
nos mesmos.
- Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para
arquivos correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos documentos.

Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo, devemos considerar tantos os métodos quanto os
sistemas.
Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibilidade ou não de recuperação da informação sem o
uso de instrumentos.
Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro
semelhante) para localizar um documento em um arquivo.

Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema direto de busca e/ou recuperação, como por
exemplo, os métodos alfabético e geográfico.
Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indireto de busca e/ou recuperação, como são os métodos
numéricos.

A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classificados dentre de um mesmo assunto.
Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e categorizada previamente para posterior
arquivamento.

Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos documentos, podendo ser:

NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

9
9. Tabela de temporalidade

Instrumento de destinação, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência,
recolhimento, descarte de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores
(primário/administrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo
de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários
na instituição. 
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma
instituição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final –
eliminação ou guarda permanente, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:

1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de


acordo com as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados
alfabeticamente para agilizar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e
intermediária, visando atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação da
aposentadoria; e até quitação da dívida.

Os prazos são preferencialmente em ANOS


Os prazos são determinados pelas:
Normas
Precaução
Informações recaptulativas
Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos
quanto à destinação dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.
A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

10. Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivos


NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados
procedimentos específicos, de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação
durante o prazo de guarda estabelecido na tabela de temporalidade e destinação.

10
FIQUE ATENTO!
Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente.
As alternativas são diversas, como dispositivos externos de gravação, porém, o mais indicado hoje, é
armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança, a facilidade de acesso.

Armazenamento

1. Áreas de armazenamento

1.1. Áreas Externas

A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes,
evitando-se, por exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções
irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e depósitos de munições, de material bélico e aeropor-
tos.

1.2. Áreas Internas


NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

As áreas de trabalho e de circulação de público deverão atender às necessidades de funcionalidade e conforto,


enquanto as de armazenamento de documentos devem ser totalmente independentes das demais.

2. Condições Ambientais

Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de trabalho devem receber tratamento diferenciado das
áreas dos depósitos, as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, considerando-se as necessidades
específicas de preservação para cada tipo de suporte.

11
A deterioração natural dos suportes dos documentos, 2.1. Acondicionamento
ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que
são aceleradas por flutuações e extremos de temperatura Os documentos devem ser acondicionados em
e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes mobiliário e invólucros apropriados, que assegurem sua
atmosféricos e às radiações luminosas, especialmente preservação.
dos raios ultravioleta.
A adoção dos parâmetros recomendados por A escolha deverá ser feita observando-se as
diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e características físicas e a natureza de cada suporte. A
de umidade relativa entre 45% e 60%) exige, nos climas confecção e a disposição do mobiliário deverão acatar as
quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos normas existentes sobre qualidade e resistência e sobre
sofisticados, resultando em altos custos de investimento segurança no trabalho.
em equipamentos, manutenção e energia. O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos,
Os índices muito elevados de temperatura e umidade promove a proteção contra danos físicos, químicos e
relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação mecânicos. Os documentos devem ser guardados em
promovem a ocorrência de infestações de insetos e o arquivos, estantes, armários ou prateleiras, apropriados
desenvolvimento de microorganismos, que aumentam a cada suporte e formato.
as proporções dos danos. Os documentos de valor permanente que apresentam
Com base nessas constatações, recomenda-se: grandes formatos, como mapas, plantas e cartazes,
- armazenar todos os documentos em condições am-
devem ser armazenados horizontalmente, em mapotecas
bientais que assegurem sua preservação, pelo pra-
adequadas às suas medidas, ou enrolados sobre tubos
zo de guarda estabelecido, isto é, em temperatura
confeccionados em cartão alcalino e acondicionados
e umidade relativa do ar adequadas a cada suporte
em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser
documental;
- monitorar as condições de temperatura e umidade armazenado diretamente sobre o chão.
relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de
de metodologia previamente definida; computador, devem ser armazenadas longe de campos
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo magnéticos que possam causar a distorção ou a perda
direcionadas à obtenção de níveis de temperatura de dados. O armazenamento será preferencialmente em
e umidade relativa estabilizados na média, evitan- mobiliário de aço tratado com pintura sintética, de efeito
do variações súbitas; antiestático.
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos As embalagens protegem os documentos contra
quando os equipamentos de climatização não pu- a poeira e danos acidentais, minimizam as variações
derem ser mantidos em funcionamento sem inter- externas de temperatura e umidade relativa e reduzem
rupção; os riscos de danos por água e fogo em casos de desastre.
- proteger os documentos e suas embalagens da inci- As caixas de arquivo devem ser resistentes ao
dência direta de luz solar, por meio de filtros, per- manuseio, ao peso dos documentos e à pressão, caso
sianas ou cortinas; tenham de ser empilhadas. Precisam ser mantidas em
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial boas condições de conservação e limpeza, de forma a
das radiações ultravioleta; proteger os documentos.
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâm- As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem
padas fluorescentes, aplicando filtros bloqueado- respeitar formatos padronizados, e devem ser sempre
res aos tubos ou às luminárias; iguais às dos documentos que irão abrigar, ou, caso haja
- promover regularmente a limpeza e o controle de espaço, esses devem ser preenchidos para proteger o
insetos rasteiros nas áreas de armazenamento; documento.
- manter um programa integrado de higienização do Todos os materiais usados para o armazenamento
acervo e de prevenção de insetos; de documentos permanentes devem manter-se
- monitorar as condições do ar quanto à presença de quimicamente estáveis ao longo do tempo, não podendo
poeira e poluentes, procurando reduzir ao máximo
provocar quaisquer reações que afetem a preservação
os contaminantes, utilizando cortinas, filtros, bem
dos documentos.
como realizando o fechamento e a abertura con-
Os papéis e cartões empregados na produção de
trolada de janelas;
caixas e invólucros devem ser alcalinos e corresponder às
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios
expectativas de preservação dos documentos.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

magnéticos e ópticos em condições climáticas es-


peciais, de baixa temperatura e umidade relativa, No caso de caixas não confeccionados em cartão
obtidas por meio de equipamentos mecânicos alcalino, recomenda-se o uso de invólucros internos de
bem dimensionados, sobretudo para a manuten- papel alcalino, para evitar o contato direto de documentos
ção da estabilidade dessas condições, a saber: fo- com materiais instáveis.
tografias em preto e branco T 12ºC ± 1ºC e UR
35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35%
± 5% filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e
UR 40% ± 5%.

12
PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO

FATORES DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS DE ARQUIVOS

Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos acervos e seu comportamento diante dos fatores
aos quais estão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e traçar políticas de conservação para
minimizá-los.
A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos impressos, e o papel é basicamente composto por
fibras de celulose, portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e descobrir soluções para evita-los é
um grande passo na preservação e na conservação documental.
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita a um único fator, pelo contrário, são várias as formas
dessa degradação ocorrer, como veremos a seguir:

1. Fatores ambientais

São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do
Ar, Radiação da Luz, Qualidade do Ar.
- Temperatura e umidade relativa
O calor e a umidade contribuem significativamente para a destruição dos documentos, principalmente quando em
suporte-papel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor acelera a deterioração. A velocidade
de muitas reações químicas, é dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da umidade relativa proporciona as
condições necessárias para desencadear intensas reações químicas nos materiais.
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante importante para amenizar os efeitos da temperatura e
umidade relativa elevada.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- Radiação da luz
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de acervos, provocando consideráveis danos através da
oxidação.
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acervos:
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas que bloqueiem totalmente o sol;
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no controle da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto
em lâmpadas fluorescentes.

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- Qualidades do ar vez instalado, ataca não só o papel e seus derivados,
O controle da qualidade é muito importante porque como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e
os gases e as partículas sólidas contribuem muito para todos os materiais à base de celulose.
a deterioração de materiais de bibliotecas e arquivos, O ataque causa perda de suporte. A larva digere
destacando que esses poluentes podem tanto vir do os materiais para chegar à fase adulta. Na fase adulta,
ambiente externo como podem ser gerando no próprio acasala e põe ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete.
ambiente. Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco
não só para as coleções como para o prédio em si. Os
2. Agentes biológicos cupins percorrem áreas internas de alvenaria, tubulações,
conduítes de instalações elétricas, rodapés, batentes de
Os agentes biológicos de deterioração de acervos portas e janelas etc., muitas vezes fora do alcance dos
são, entre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os nossos olhos.
roedores e os fungos, cuja presença depende quase que Chegam aos acervos em ataques massivos, através de
exclusivamente das condições ambientais reinantes nas estantes coladas às paredes, caixas de interruptores de
dependências onde se encontram os documentos. luz, assoalhos etc.

- Fungos 3. Intervenções inadequadas nos acervos


Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento
e umidade para sobreviver e proliferar. O alimento Trata-se de procedimentos de conservação que
provém dos papéis, amidos (colas), couros, pigmentos, realizamos em um conjunto de documentos com o
tecidos etc. A umidade é fator indispensável para o objetivo de interromper ou melhorar seu estado de
metabolismo dos nutrientes e para sua proliferação. Essa degradação e que as vezes, resultam em danos ainda
umidade é encontrada na atmosfera local, nos materiais maiores.
atacados e na própria colônia de fungos. Além da Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar
exige um conhecimento das características individuais
umidade e nutrientes, outras condições contribuem para
dos documentos e dos materiais a serem empregados
o crescimento das colônias: temperatura elevada, falta de
no processo de conservação.
circulação de ar e falta de higiene.
As medidas para proteger o acervo de infestação de
4. Problemas no manuseio de livros e documentos
fungos são:
- estabelecer política de controle ambiental, princi-
O manuseio inadequado dos documentos é um fator
palmente temperatura, umidade relativa e ar cir- de degradação muito frequente em qualquer tipo de
culante acervo.
- praticar a higienização tanto do local quanto dos O manuseio abrange todas as ações de tocar no
documentos, com metodologia e técnicas adequa- documento, sejam elas durante a higienização pelos
das; funcionários da instituição, na remoção das estantes ou
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao arquivos para uso do pesquisador, nas foto-reproduções,
manuseio dos documentos e regras de higiene do na pesquisa pelo usuário etc.
local;
- manter vigilância constante dos documentos contra 5. Fatores de deterioração
acidentes com água, secando-os imediatamente
caso ocorram. Como podemos ver, os danos são intensos e muitos
são irreversíveis. Apesar de toda a problemática dos
- Roedores custos de uma política de conservação, existem medidas
A presença de roedores em recintos de bibliotecas que podemos tomar sem despender grandes somas de
e arquivos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos desses
Tentar obstruir as possíveis entradas para os ambientes agentes.
dos acervos é um começo. As iscas são válidas, mas para Alguns investimentos de baixo custo devem ser feitos,
que surtam efeito devem ser definidas por especialistas a começar por:
em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que não • treinamento dos profissionais na área da conserva-
provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia ção e preservação;
se faz nos mesmos moldes citados acima: temperatura e • atualização desses profissionais (a conservação é
umidade relativa controladas, além de higiene periódica. uma ciência em desenvolvimento constante e a
cada dia novas técnicas, materiais e equipamentos
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- Ataques de insetos surgem para facilitar e melhorar a conservação dos


Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto documentos);
revestimentos, provocam perdas de superfície e manchas • monitoração do ambiente – temperatura e umidade
de excrementos. As baratas se reproduzem no próprio relativa em níveis aceitáveis;
local e se tornam infestação muito rapidamente, caso • uso de filtros e protetores contra a luz direta nos
não sejam combatidas. documentos;
Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos • adoção de política de higienização do ambiente e
imensos em acervos, principalmente em livros. A fase de dos acervos;
ataque ao acervo é a de larva. Esse inseto se reproduz • contato com profissionais experientes que possam
por acasalamento, que ocorre no próprio acervo. Uma assessorar em caso de necessidade.

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6. Características gerais dos materiais empregados - Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela
em conservação lombada, apertando o miolo. Com uma trincha ou
pincel, limpar os cortes, começando pela cabeça do
Nos projetos de conservação/preservação de acervos livro, que é a área que está mais exposta à sujidade.
de bibliotecas, arquivos e museus, é recomendado apenas Quando a sujeira está muito incrustada e intensa,
o uso de materiais de qualidade arquivística, isto é, daqueles utilizar, primeiramente, aspirador de pó de baixa po-
materiais livres de quaisquer impurezas, quimicamente
tência ou ainda um pedaço de carpete sem uso;
estáveis, resistentes, duráveis. Suas características, em
- O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha,
relação aos documentos onde são aplicados, distinguem-
se pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade e inércia. numa primeira higienização;
Dentro das especificações positivas, encontramos vários - Oxigenar as folhas várias vezes.
materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres inertes, os
adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orientais, borrachas - Higienização de documentos de arquivo - mate-
plásticas etc., usados tanto para pequenas intervenções sobre riais arquivísticos têm os seus suportes geralmente
os documentos como para acondicionamento. quebradiços, frágeis, distorcidos ou fragmenta-
dos. Isso se deve principalmente ao alto índice de
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais acidez resultante do uso de papéis de baixa qua-
para a conservação de acervos lidade. As más condições de armazenamento e o
excesso de manuseio também contribuem para a
Como já enfatizamos anteriormente, é muito degradação dos materiais. Tais documentos têm
importante ter conhecimentos básicos sobre os materiais que ser higienizados com muito critério e cuidado.
que integram nossos acervos para que não corramos o
risco de lhes causar mais danos.
- Documentos manuscritos - os mesmos cuidados
Vários são os procedimentos que, apesar de simples,
são de grande importância para a estabilização dos para com os livros devem ser tomados em relação
documentos. aos manuscritos. O exame dos documentos, testes
de estabilidade de seus componentes para o uso
8. Higienização dos materiais de limpeza mecânica e critérios de
intervenção devem ser cuidadosamente realizados.
A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os
documentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada - Documentos em grande formato
a condições ambientais inadequadas, provoca reações de - Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetu-
destruição de todos os suportes num acervo. Portanto, a ra (no geral em papel vegetal) podem ser limpos
higienização das coleções deve ser um hábito de rotina na com pó de borracha, após testes. Pode-se também
manutenção de bibliotecas ou arquivos, razão por que é usar um cotonete - bem enxuto e embebido em
considerada a conservação preventiva por excelência.
álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis podem
ter distorções causadas pela umidade que são irre-
- Processos de higienização
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de versíveis ou de difícil remoção.
acervos de bibliotecas e arquivos se restringe à • Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters
limpeza de superfície e, portanto, é mecânica, feita são muito frágeis. Não se recomenda limpar a área
a seco, com o objetivo de reduzir poeira, partículas pictórica. Todo cuidado é pouco, até mesmo na
sólidas, incrustações, resíduos de excrementos de escolha de seu acondicionamento.
insetos ou outros depósitos de superfície. • Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma
- Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve atenção especial na limpeza. Em mapas impressos,
ser avaliado individualmente para determinar se a hi- desde que em boas condições, o pó de borracha
gienização é necessária e se pode ser realizada com pode ser aplicado para tratar grandes áreas.
segurança. No caso de termos as condições abaixo,
provavelmente o tratamento não será possível: 9. Pequenos reparos
• Fragilidade física do suporte
• Papéis de textura muito porosa
Os pequenos reparos são diminutas intervenções que
podemos executar visando interromper um processo
- Materiais usados para limpeza de superfície - a re-
de deterioração em andamento. Essas pequenas
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

moção da sujidade superficial (que está solta so-


bre o documento) é feita através de pincéis, flanela intervenções devem obedecer a critérios rigorosos de
macia, aspirador e inúmeras outras ferramentas ética e técnica e têm a função de melhorar o estado de
que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, es- conservação dos documentos. Caso esses critérios não
pátula, agulha, cotonete; sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito
grande e muitas vezes de caráter irreversível.
- Limpeza de livros Os livros raros e os documentos de arquivo mais
- Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, antigos devem ser tratados por especialistas da área. Os
pincel macio, aspirador, flanela macia, conforme o demais documentos permitem algumas intervenções, de
estado da encadernação; simples a moderadas. Os materiais utilizados para esse

15
fim devem ser de qualidade arquivística e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve obedecer
a técnicas e procedimentos reversíveis. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, não pode existir
nenhum obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.

FIQUE ATENTO!
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente deve ser feito com o uso dos EPIs – Equi-
pamentos de Proteção Individual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de proteção e pró-pé/
bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas, como rinite, irritação ocular, problemas respirató-
rios, protegendo assim a saúde do profissional.

TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS: microfilmagem; automação; preservação, conservação e


restauração de documentos.

Segundo Bellotto (1989), a Tipologia Documental é a ampliação da Diplomática (ocupa-se da estrutura formal dos
atos escritos de origem governamental e/ou notarial) em direção à gênese documental, perseguindo a contextualização
nas atribuições, competências, funções e atividades da entidade geradora/acumuladora. Assim, o objeto da Diplomática
é a configuração interna do documento, o estudo jurídico de suas partes e dos seus caracteres para atingir sua
autenticidade, enquanto o objeto da Tipologia, além disso, é estudá-lo enquanto componente de conjuntos orgânicos,
isto é, como integrante da mesma série documental, advinda da junção de documentos correspondentes à mesma
atividade. Nesse sentido, o conjunto homogêneo de atos está expresso em um conjunto homogêneo de documentos,
com uniformidade de vigência.
A Tipologia Documental como parte integrante da identificação Arquivística é etapa do tratamento dos documentos,
informações e conhecimento e se fundamenta na metodologia da Diplomática para identificar o documento contido
nos arquivos (Digitalizado, digital, papel, microfilme etc.).
Nessa configuração interna do documento, pontua-se alguns aspectos como, espécie (Designação do documento
segundo seu aspecto formal), o tipo (espécie e mais a sua finalidade – Ex. Especie = atestado / tipo = médico).
O tipo documental agrega à espécie documental uma atividade/função/finalidade.
Já o SUPORTE é o material sobre o qual as informações são registradas. Ex: Fita magnética, filme de nitrato, papel,
HD, CD, DVD, pendrive, nuvem.

1. Microfilmagem

É o serviço de armazenamento e preservação de informações, através da captação das imagens dos documentos
por processo fotográfico.
A microfilmagem é uma técnica que propicia uma maneira prática fácil e econômica de registrar, distribuir e localizar
dados manuscritos, registros impressos ou ilustrados.

Seus principais benefícios são:


NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

16
Outros aspectos relevantes quanto à microfilmagem, conforme a Lei nº 5.433/68, que Regula a microfilmagem de
documentos oficiais e dá outras providências
- Os originais dos documentos ainda em trânsito, microfilmados não poderão ser eliminados antes de seu arquiva-
mento;
- Quando houver conveniência, ou por medida de segurança, poderão excepcionalmente ser microfilmados docu-
mentos ainda não arquivados, desde que autorizados por autoridade competente;
- Os documentos de valor histórico não deverão ser eliminados, podendo ser arquivados em local diverso da repar-
tição detentora dos mesmos;
- É dispensável o reconhecimento da firma da autoridade que autenticar os documentos oficiais arquivados, para
efeito de microfilmagem e os traslados e certidões originais de microfilmes;

- Entende-se por microfilme o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens,
por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução;
- O armazenamento do filme original deverá ser feito em local diferente do seu filme cópia;
- A eliminação de documentos, após a microfilmagem, dar-se-á por meios que garantam sua inutilização, sendo a
mesma precedida de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extração de filme cópia;
- Os traslados, as certidões e as cópias em papel ou em filme de documentos microfilmados, para produzirem
efeitos legais em juízo ou fora dele, deverão estar autenticados pela autoridade competente detentora do filme
original;
- Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no exterior, somente terão valor legal, em juízo ou fora dele, quando:
• autenticados por autoridade estrangeira competente;
• tiverem reconhecida, pela autoridade consular brasileira, a firma da autoridade estrangeira que os houver
autenticado;
• forem acompanhados de tradução oficial. 
• Tipos: microfilmagem de substituição (aplicada nos arquivos correntes e intermediários) e microfilmagem de
preservação (aplicada nos arquivos permanentes).

2. Automação. 
 
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

É o gerenciamento eletrônico dos documentos que funciona com softwares e hardwares específicos e usa as mídias
ópticas para armazenamento.
Tem por finalidade otimizar e racionalizar a gestão documental.
Permite, através de sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos, gerenciar a produção, uso e
destinação dos documentos arquivísticos produzidos em uma organização.

17
3. Preservação, conservação e restauração de documentos.

Conforme já visto acima, esses procedimentos podem ser conceituados como:

Preservar e conservar bens culturais (livros, documentos, objetos de arte, etc) é defendê-los da ação dos agentes
físicos, químicos e biológicos que os atacam.
Através desses procedimentos mantemos protegido o patrimônio documental e cultural, preservando assim a
história, seja de fatos ocorridos em uma organização como se preserva e, consequentemente, passa-se a diante toda a
história percorrida e vivida por uma sociedade.
Por isso, devem ser impedidos quaisquer danos e destruição causados pelas mais diversas ameaças conforme vimos
acima, mantendo assim, o registro das informações originais, para que essas auxiliem na construção de uma futura
geração, através da memória institucional que estará resguardada.

Fonte e texto adaptado de: www.agu.gov.br/CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/Murilo Billig Schäfer/Dijeison
Tiago/Rayssa Macedo/ Simone Francisco da Silva/George Melo Rodrigues/Norma Cianflone Cassares

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ABIN – 2018 - CESPE) Acerca de princípios e de conceitos arquivísticos, julgue o item que se segue.
O princípio da proveniência e o resultado de sua aplicação — o fundo de arquivo — impõem-se à arquivologia, pois
esta tem como objetivo administrar documentos de pessoas físicas ou jurídicas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Certo” O principio em questão fixa a identidade do documento (seja de pessoa física ou jurídica) a quem o
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

produziu, organizando-os de forma a obedecer a competência e às atividades de sua origem produtora.

2. (ABIN - 2018 CESPE) Acerca de princípios e de conceitos arquivísticos, julgue o item que se segue. Os arquivos de
um órgão público existente há mais de cem anos fazem parte de um fundo aberto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Certo” Se a instituição ainda está em atividade, como no caso, e continua gerando arquivo, trata-se de
fundo aberto.

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Os procedimentos previstos na LAI destinam-se a as-
LEI Nº 12.527/2011 E DECRETO Nº segurar o direito fundamental de acesso à informação e
7.724/2012 (ACESSO A INFORMAÇÕES) devem ser executados em conformidade com os princí-
pios básicos da administração pública e com as diretrizes
previstas no art. 3º da referida Lei. São eles:

Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) A) Princípio da Publicidade Máxima: a abrangência


do direito à informação deve ser ampla no tocante
Antes de realizar uma análise comentada da Lei nº à quantidade de informações e órgãos envolvidos,
12.1527/2011, que dispõe sobre o direito ao acesso à in- bem como quanto aos indivíduos que poderão rei-
formação, convém realizar uma breve introdução sobre o vindicar esse direito.
tema. O Brasil foi marcado, na década de 1960 até mea- B) Princípio da Transparência ativa ou obrigação
de publicar: os órgãos públicos têm a obrigação
dos de 1980, por um governo ditatorial militar, ocasião
de publicar informações de interesse público sem
em que houve uma grande restrição dos direitos funda-
necessidade de provocação dos interessados.
mentais dos cidadãos, incluindo nesse rol o direito ao
C) Princípio da abertura de dados: traduz-se no
acesso à informação. O Poder Público, na época, tinha
estímulo à disponibilização de dados em formato
a faculdade de decidir quais atos e outros eventos po- aberto, utilizado livremente, cujo acesso é faculta-
deriam ser transmitidos para a população, e quais atos do a qualquer interessado.
deveriam permanecer sob sigilo. D) Princípio da criação de procedimentos que faci-
Contudo, tal cenário mudou com a redemocratiza- litam o acesso: os pedidos de informação devem
ção do País, e a promulgação da Constituição Federal de ser processados mediante procedimentos ágeis,
1988. Atualmente, o acesso à informação é reconhecido de forma transparente e em linguagem de fácil
como direito humano fundamental por importantes or- compreensão, com a possibilidade de apresenta-
ganismos da comunidade internacional. O art. 5º, XXXIII, ção de recurso em caso de negativa da informação.
da CF/1988 prevê de modo expresso o direito ao acesso O recurso disposto na referida Lei não é o remé-
à informação, ao dispor que “todos têm direito a rece- dio constitucional denominado habeas data, cuja
ber dos órgãos públicos informações de seu interesse regulamentação encontra-se na Lei nº 9.507/1997.
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilida- 2. Transparência Ativa e Transparência Passiva
de, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado”. Assim, as noções A LAI estimula exaustivamente a iniciativa de transpa-
de publicidade e transparência passam a se tornar prin- rência, que pode ser dividida em duas espécies. A trans-
cípios basilares da Administração Pública (art. 37, caput, parência ativa consiste na obrigatoriedade dos órgãos e
CF/1988), e como forma de melhor regulamentar o refe- entidades públicas, por iniciativa própria, de divulgarem
rido disposto constitucional, surge a Lei de Acesso à In- informações de interesse geral ou coletivo, salvo aque-
formação (Lei nº 12.527/2011), que analisaremos alguns las que contenham informações que mereçam especial
de seus principais dispositivos. proteção em razão do seu caráter sigiloso. Sobre o tema,
o caput do art. 8º da LAI é bastante claro ao expor que
1. Princípios e Diretrizes “É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in-
dependentemente de requerimentos, a divulgação em
local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
A Lei de Acesso à Informação (LAI), é considerada um
de informações de interesse coletivo ou geral por eles
divisor de águas em matéria de transparência pública,
produzidas ou custodiadas”.
pois, dentre outros princípios, define que o acesso à in-
Além da obrigação geral, o § 1º do referido art. 8º
formação é a regra, e o sigilo, a exceção. Qualquer pessoa,
também elenca um rol de dados que devem obrigato-
física ou jurídica, poderá solicitar acesso às informações riamente constar na divulgação de informações pelos
públicas, isto é, aquelas não classificadas como sigilosas, órgãos e entidades públicas, dentre os quais destaca-se:
conforme procedimento que observará as regras, prazos, o registro das competências e estrutura organizacional,
instrumentos de controle e recursos previstos, sendo de- endereços e telefones das respectivas unidades e horá-
ver do Estado garantir esse direito fundamental, que será rios de atendimento ao público; o registro de despesas;
franqueada mediante procedimentos simples e objeti- as informações concernentes a procedimentos licitató-
vos, de forma transparente, clara e de fácil compreensão.
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

rios, incluindo os editais e resultados, bem como todos


O parágrafo único do art. 1º da LAI dispõe sobre os os contratos celebrados; e as respostas a perguntas mais
destinatários, ou aqueles que devem se subordinar à frequentes da sociedade. A LAI definiu a internet como
referida legislação. São os órgãos públicos integrantes sendo o canal obrigatório para a divulgação das iniciati-
da administração dos Poderes Executivo, Legislativo, in- vas de Transparência Ativa, conforme se depreende do
cluindo o Tribunal de Contas, Ministério Público etc; as seu art. 8º, § 2º: “Para cumprimento do disposto no caput,
entidades federativas integrantes da Administração Pú- os órgãos e entidades públicas deverão utilizar todos
blica Direta; e as autarquias, fundações públicas, empre- os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem,
sas públicas, e sociedades de economia mista integrantes sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
da Administração Indireta. mundial de computadores”.

19
Por outro lado, a LAI também estabelece procedimen- seus ditames. O art. 32 da LAI apresenta as condutas que
tos e ações a serem realizados pelos órgãos e entidades são consideradas condutas ilícitas que ensejam respon-
públicas de forma a garantir o atendimento ao princípio sabilidade do agente público ou militar:
da Transparência Passiva. A transparência passiva ocorre Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
quando algum órgão ou ente é provocado pela socieda- ponsabilidade do agente público ou militar:
de a prestar informações. A obrigatoriedade de prestar I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
as informações solicitadas está prevista especificamen- termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu for-
te no artigo 10 da LAI: “Qualquer interessado poderá necimento ou fornecê-la intencionalmente de forma
apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos incorreta, incompleta ou imprecisa;
e entidades referidos no art. 1° desta Lei, por qualquer II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
do requerente e a especificação da informação requeri- parcialmente, informação que se encontre sob sua
da”. Os pedidos devem ser encaminhados ao serviço de
guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em
informação do órgão público, podendo ser realizados
razão do exercício das atribuições de cargo, emprego
inclusive pela internet, devem conter informações como
ou função pública;
identificação do requerente, mas sem exigências que in-
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações
viabilizem a solicitação, e não se podem exigir justificati-
vas para solicitar informações de interesse público. de acesso à informação;
Uma vez recebido um pedido de informação, o Poder IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
Público deve autorizar ou conceder acesso imediato à in- permitir acesso indevido à informação sigilosa ou in-
formação. Não sendo possível acesso imediato, em até formação pessoal;
20 dias, o órgão deve responder o requerente apresen- V - impor sigilo à informação para obter proveito pes-
tando: a data, local e modo para se realizar o acesso; as soal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato
razões para se recusar o acesso pretendido; o comunica- ilegal cometido por si ou por outrem;
do de que não possui a informação ou que encaminhou VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
o pedido ao órgão que realmente detém a informação. petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a
Tal prazo poderá ser prorrogado por mais 10 dias me- outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
diante justificativa apresentada pelo ente público. VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
mentos concernentes a possíveis violações de direitos
3. Recursos administrativos na LAI humanos por parte de agentes do Estado.

O demandante somente poderá recorrer nas seguin- Os agentes militares serão penalizados segundo regi-
tes hipóteses: havendo negativa de acesso à informação; mento próprio, podendo ser consideradas transgressões
ou quando não há motivação obrigatória da negativa de médias ou graves. Já os demais servidores públicos, sub-
acesso. A Lei de Acesso à Informação apenas detalha os metidos ao regime da Lei nº 8.112/1990, a prática de tais
procedimentos de recursos administrativos no âmbito condutas enseja à pena de, no mínimo, suspensão.
da administração pública federal, mas a doutrina enten- Por fim, a LAI também prevê penalidades para as
de que os Poderes Executivo e Legislativo tenham seus pessoas físicas e entidades privadas que detiverem in-
respectivos procedimentos recursais, desde que devida- formações em virtude de vínculo de qualquer natureza
mente regulamentados. com o poder público e deixarem de observar os prin-
Nos termos do caput e do parágrafo único do art. 15 cípios e diretrizes da referida Lei, podendo ser punidos
da LAI, o interessado poderá interpor recurso contra a
com: a) advertência; b) multa; c) rescisão do vínculo com
decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência,
o poder público; d) suspensão temporária de participar
sendo dirigido à autoridade hierarquicamente superior
em licitação e impedimento de contratar com a admi-
à que exarou a decisão impugnada, que deverá se ma-
nistração pública por prazo não superior a 2 (dois) anos;
nifestar no prazo de 5 (cinco) dias. O serviço de busca
e fornecimento da informação é gratuito, salvo nas hi- e e) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
póteses de reprodução de documentos pelo órgão ou com a administração pública, até que seja promovida a
entidade pública consultada, situação em que poderá ser reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarci- penalidade.
mento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.
Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entida- DECRETO Nº 7.724/2011
Regulamenta a Lei no 12.527, de 18 de novembro de
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

des do Poder Executivo Federal, o requerente poderá re-


correr à Controladoria-Geral da União, que terá o prazo 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto
de 5 dias para decidir sobre o referido pleito. no inciso XXXIII do caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do
art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição.
4. Responsabilidades na Lei de Acesso à Informa- A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribui-
ção: ções que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alí-
nea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na
A LAI não dispõe apenas de regras gerais sobre o Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, 
acesso à informação. Também elenca uma série de san-
ções e penalidades aos agentes públicos que se opor aos

20
DECRETA:  XII  -  documento preparatório  -  documento formal
utilizado como fundamento da tomada de decisão ou
CAPÍTULO I de ato administrativo, a exemplo de pareceres e notas
DISPOSIÇÕES GERAIS técnicas.
Art. 4o  A busca e o fornecimento da informação são
Art. 1o  Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder gratuitos, ressalvada a cobrança do valor referente ao
Executivo federal, os procedimentos para a garantia custo dos serviços e dos materiais utilizados, tais como
do acesso à informação e para a classificação de in- reprodução de documentos, mídias digitais e posta-
formações sob restrição de acesso, observados grau e gem.
prazo de sigilo, conforme o disposto na Lei no 12.527,
de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre o aces- Parágrafo único.  Está isento de ressarcir os custos dos
so a informações previsto no inciso XXXIII do caput do serviços e dos materiais utilizados aquele cuja situa-
art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. ção econômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo
216 da Constituição.  do sustento próprio ou da família, declarada nos ter-
Art. 2o  Os órgãos e as entidades do Poder Executivo mos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983.
federal assegurarão, às pessoas naturais e jurídicas, o
direito de acesso à informação, que será proporciona- CAPÍTULO II
do mediante procedimentos objetivos e ágeis, de for- DA ABRANGÊNCIA
ma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
preensão, observados os princípios da administração Art. 5o  Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os ór-
pública e as diretrizes previstas na  Lei no  12.527, de gãos da administração direta, as autarquias, as fun-
2011. dações públicas, as empresas públicas, as sociedades
Art. 3o  Para os efeitos deste Decreto, considera-se: de economia mista e as demais entidades controladas
I -  informação - dados, processados ou não, que po- direta ou indiretamente pela União.
dem ser utilizados para produção e transmissão de § 1o A divulgação de informações de empresas públi-
conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou cas, sociedade de economia mista e demais entidades
formato; controladas pela União que atuem em regime de con-
II - dados processados - dados submetidos a qualquer corrência, sujeitas ao disposto no  art. 173 da Cons-
tituição, estará submetida às normas pertinentes da
operação ou tratamento por meio de processamento
Comissão de Valores Mobiliários, a fim de assegurar
eletrônico ou por meio automatizado com o emprego
sua competitividade, governança corporativa e, quan-
de tecnologia da informação;
do houver, os interesses de acionistas minoritários.
III - documento - unidade de registro de informações,
§ 2o  Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as
qualquer que seja o suporte ou formato;
informações relativas à atividade empresarial de pes-
IV - informação sigilosa - informação submetida tem-
soas físicas ou jurídicas de direito privado obtidas pelo
porariamente à restrição de acesso público em razão
Banco Central do Brasil, pelas agências reguladoras
de sua imprescindibilidade para a segurança da socie- ou por outros órgãos ou entidades no exercício de
dade e do Estado, e aquelas abrangidas pelas demais atividade de controle, regulação e supervisão da ati-
hipóteses legais de sigilo; vidade econômica cuja divulgação possa representar
V  -  informação pessoal - informação relacionada à vantagem competitiva a outros agentes econômicos.
pessoa natural identificada ou identificável, relativa à Art. 6o O acesso à informação disciplinado neste De-
intimidade, vida privada, honra e imagem; creto não se aplica:
VI  -  tratamento da informação - conjunto de ações I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como
referentes à produção, recepção, classificação, utili- fiscal, bancário, de operações e serviços no mercado
zação, acesso, reprodução, transporte, transmissão, de capitais, comercial, profissional, industrial e segre-
distribuição, arquivamento, armazenamento, elimina- do de justiça; e
ção, avaliação, destinação ou controle da informação; II  -  às informações referentes a projetos de pesquisa e
VII  -  disponibilidade - qualidade da informação que desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo
pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipa- seja imprescindível à segurança da sociedade e do Esta-
mentos ou sistemas autorizados; do, na forma do §1o do art. 7o da Lei no 12.527, de 2011.
VIII - autenticidade - qualidade da informação que te-
nha sido produzida, expedida, recebida ou modificada CAPÍTULO III
por determinado indivíduo, equipamento ou sistema; DA TRANSPARÊNCIA ATIVA
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

IX - integridade - qualidade da informação não mo-


dificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; Art. 7o  É dever dos órgãos e entidades promover, in-
X  -  primariedade - qualidade da informação coleta- dependente de requerimento, a divulgação em seus
da na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sítios na Internet de informações de interesse coletivo
sem modificações; ou geral por eles produzidas ou custodiadas, obser-
XI - informação atualizada - informação que reúne os vado o disposto nos arts. 7o e 8o da Lei no 12.527, de
dados mais recentes sobre o tema, de acordo com sua 2011.
natureza, com os prazos previstos em normas espe- § 1o  Os órgãos e entidades deverão implementar em
cíficas ou conforme a periodicidade estabelecida nos seus sítios na Internet seção específica para a divulga-
sistemas informatizados que a organizam; e ção das informações de que trata o caput.

21
§ 2o  Serão disponibilizados nos sítios na Internet dos § 8º Ato conjunto dos Ministros de Estado da Contro-
órgãos e entidades, conforme padrão estabelecido ladoria-Geral da União, do Planejamento, Orçamen-
pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência to e Gestão e do Trabalho e Emprego disporá sobre a
da República: divulgação dos programas de que trata o inciso IX do
I - banner na página inicial, que dará acesso à seção § 3º, que será feita, observado o disposto no Capítulo
específica de que trata o § 1o; e VII: (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de 2015)
II  -  barra de identidade do Governo federal, conten- I - de maneira individualizada; (Incluído pelo Decreto
do ferramenta de redirecionamento de página para nº 8.408, de 2015)
o Portal Brasil e para o sítio principal sobre a  Lei II - por meio de informações consolidadas disponibi-
no 12.527, de 2011. lizadas no sítio na Internet do Ministério do Trabalho
§  3o   Deverão ser divulgadas, na seção específica de e Emprego; e        (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de
que trata o § 1o, informações sobre: 2015)
I - estrutura organizacional, competências, legislação III - por meio de disponibilização de variáveis das ba-
ses de dados para execução de cruzamentos, para fins
aplicável, principais cargos e seus ocupantes, endere-
de estudos e pesquisas, observado o disposto no art.
ço e telefones das unidades, horários de atendimento
13. (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de 2015)
ao público;
Art.  8o   Os sítios na Internet dos órgãos e entidades
II  -   programas, projetos, ações, obras e atividades,
deverão, em cumprimento às normas estabelecidas
com indicação da unidade responsável, principais me- pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
tas e resultados e, quando existentes, indicadores de tão, atender aos seguintes requisitos, entre outros: 
resultado e impacto; I  -  conter formulário para pedido de acesso à infor-
III - repasses ou transferências de recursos financeiros; mação;
IV - execução orçamentária e financeira detalhada; II  -  conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que
V - licitações realizadas e em andamento, com editais, permita o acesso à informação de forma objetiva,
anexos e resultados, além dos  contratos  firmados e transparente, clara e em linguagem de fácil compre-
notas de empenho emitidas;  ensão; 
VI  -  remuneração e subsídio recebidos por ocupante III - possibilitar gravação de relatórios em diversos for-
de cargo, posto, graduação, função e emprego público, matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietá-
incluindo auxílios, ajudas de custo, jetons e quaisquer rios, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a
outras vantagens pecuniárias, bem como proventos análise das informações; 
de aposentadoria e pensões daqueles que estiverem IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas ex-
na ativa, de maneira individualizada, conforme ato do ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; por máquina;
VII - respostas a perguntas mais frequentes da V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para
sociedade;(Redação dada pelo Decreto nº 8.408, de estruturação da informação; 
2015) VI - garantir autenticidade e integridade das informa-
VIII - contato da autoridade de monitoramento, desig- ções disponíveis para acesso; 
nada nos termos do art. 40 da Lei nº 12.527, de 2011, VII  -  indicar instruções que permitam ao requerente
e telefone e correio eletrônico do Serviço de Informa- comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
ções ao Cidadão - SIC; e (Redação dada pelo Decreto órgão ou entidade; e 
nº 8.408, de 2015) VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para pes-
IX - programas financiados pelo Fundo de Amparo ao soas com deficiência. 
Trabalhador - FAT. (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de
CAPÍTULO IV
2015)
DA TRANSPARÊNCIA PASSIVA
§ 4o  As informações poderão ser disponibilizadas por
Seção I
meio de ferramenta de redirecionamento de página
Do Serviço de Informação ao Cidadão
na Internet, quando estiverem disponíveis em outros
sítios governamentais. Art. 9o  Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de
§  5o   No caso das empresas públicas, sociedades de Informações ao Cidadão - SIC, com o objetivo de:
economia mista e demais entidades controladas pela I  -  atender e orientar o público quanto ao acesso à
União que atuem em regime de concorrência, sujeitas informação; 
ao disposto no  art. 173 da Constituição, aplica-se o
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

II  -  informar sobre a tramitação de documentos nas


disposto no § 1o do art. 5o. unidades; e 
§ 6o  O Banco Central do Brasil divulgará periodica- III - receber e registrar pedidos de acesso à informa-
mente informações relativas às operações de crédito ção.
praticadas pelas instituições financeiras, inclusive as Parágrafo único.  Compete ao SIC: 
taxas de juros mínima, máxima e média e as respecti- I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que
vas tarifas bancárias. possível, o fornecimento imediato da informação;
§  7o  A divulgação das informações previstas no § II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrôni-
3o não exclui outras hipóteses de publicação e divul- co específico e a entrega de número do protocolo, que
gação de informações previstas na legislação. conterá a data de apresentação do pedido; e

22
III - o encaminhamento do pedido recebido e registra- Seção III
do à unidade responsável pelo fornecimento da infor- Do Procedimento de Acesso à Informação
mação, quando couber. 
Art. 10.  O SIC será instalado em unidade física identi- Art.  15.   Recebido o pedido e estando a informação
ficada, de fácil acesso e aberta ao público.  disponível, o acesso será imediato.
§ 1o  Nas unidades descentralizadas em que não hou- § 1o  Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão
ver SIC será oferecido serviço de recebimento e regis- ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias:
tro dos pedidos de acesso à informação.  I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrôni-
§ 2o  Se a unidade descentralizada não detiver a infor- co informado;
mação, o pedido será encaminhado ao SIC do órgão II - comunicar data, local e modo para realizar consul-
ta à informação, efetuar reprodução ou obter certidão
ou entidade central, que comunicará ao requerente o
relativa à informação;
número do protocolo e a data de recebimento do pedi-
III - comunicar que não possui a informação ou que
do, a partir da qual se inicia o prazo de resposta.  não tem conhecimento de sua existência;
IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou en-
Seção II tidade responsável pela informação ou que a detenha;
Do Pedido de Acesso à Informação ou

Art. 11.  Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do
formular pedido de acesso à informação.  acesso.
§  1o   O pedido será apresentado em formulário pa- § 2o  Nas hipóteses em que o pedido de acesso deman-
drão, disponibilizado em meio eletrônico e físico, no dar manuseio de grande volume de documentos, ou
sítio na Internet e no SIC dos órgãos e entidades.   a movimentação do documento puder comprometer
§ 2o  O prazo de resposta será contado a partir da data sua regular tramitação, será adotada a medida pre-
de apresentação do pedido ao SIC.  vista no inciso II do § 1o.
§ 3o  É facultado aos órgãos e entidades o recebimen- §  3o   Quando a manipulação puder prejudicar a in-
to de pedidos de acesso à informação por qualquer tegridade da informação ou do documento, o órgão
outro meio legítimo, como contato telefônico, corres- ou entidade deverá indicar data, local e modo para
pondência eletrônica ou física, desde que atendidos os consulta, ou disponibilizar cópia, com certificação de
que confere com o original.
requisitos do art. 12.
§ 4o  Na impossibilidade de obtenção de cópia de que
§ 4o  Na hipótese do § 3o, será enviada ao requerente
trata o § 3o, o requerente poderá solicitar que, às suas
comunicação com o número de protocolo e a data do expensas e sob supervisão de servidor público, a re-
recebimento do pedido pelo SIC, a partir da qual se produção seja feita por outro meio que não ponha em
inicia o prazo de resposta.  risco a integridade do documento original.
Art. 12.  O pedido de acesso à informação deverá con- Art. 16.  O prazo para resposta do pedido poderá ser
ter: prorrogado por dez dias, mediante justificativa enca-
I - nome do requerente; minhada ao requerente antes do término do prazo
II - número de documento de identificação válido; inicial de vinte dias.
III - especificação, de forma clara e precisa, da infor- Art. 17.  Caso a informação esteja disponível ao pú-
mação requerida; e blico em formato impresso, eletrônico ou em outro
IV - endereço físico ou eletrônico do requerente, para meio de acesso universal, o órgão ou entidade deverá
recebimento de comunicações ou da informação re- orientar o requerente quanto ao local e modo para
querida.  consultar, obter ou reproduzir a informação.
Art. 13.  Não serão atendidos pedidos de acesso à in- Parágrafo  único.   Na hipótese do  caput  o órgão ou
formação: entidade desobriga-se do fornecimento direto da in-
I - genéricos; formação, salvo se o requerente declarar não dispor
II - desproporcionais ou desarrazoados; ou de meios para consultar, obter ou reproduzir a infor-
mação.
III - que exijam trabalhos adicionais de análise, inter-
Art.  18.   Quando o fornecimento da informação im-
pretação ou consolidação de dados e informações, ou
plicar reprodução de documentos, o órgão ou enti-
serviço de produção ou tratamento de dados que não dade, observado o prazo de resposta ao pedido, dis-
seja de competência do órgão ou entidade. ponibilizará ao requerente Guia de Recolhimento da
Parágrafo único.  Na hipótese do inciso III do caput, o
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

União - GRU ou documento equivalente, para paga-


órgão ou entidade deverá, caso tenha conhecimento, mento dos custos dos serviços e dos materiais utiliza-
indicar o local onde se encontram as informações a dos.
partir das quais o requerente poderá realizar a inter- Parágrafo único.  A reprodução de documentos ocor-
pretação, consolidação ou tratamento de dados. rerá no prazo de dez dias, contado da comprovação do
Art. 14.  São vedadas exigências relativas aos motivos pagamento pelo requerente ou da entrega de decla-
do pedido de acesso à informação. ração de pobreza por ele firmada, nos termos da Lei
no  7.115, de 1983, ressalvadas hipóteses justificadas
em que, devido ao volume ou ao estado dos documen-
tos, a reprodução demande prazo superior.

23
Art. 19.  Negado o pedido de acesso à informação, será § 1o  A Controladoria-Geral da União poderá determi-
enviada ao requerente, no prazo de resposta, comuni- nar que o órgão ou entidade preste esclarecimentos.
cação com: § 2o   Provido o recurso, a Controladoria-Geral da
I  -  razões da negativa de acesso e seu fundamento União fixará prazo para o cumprimento da decisão
legal; pelo órgão ou entidade.
II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação da Art. 24.  No caso de negativa de acesso à informação,
autoridade que o apreciará; e ou às razões da negativa do acesso de que trata o ca-
III - possibilidade de apresentação de pedido de des- put do art. 21, desprovido o recurso pela Controlado-
classificação da informação, quando for o caso, com ria-Geral da União, o requerente poderá apresentar,
indicação da autoridade classificadora que o aprecia- no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão,
rá. recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
§1o   As razões de negativa de acesso a informação ções, observados os procedimentos previstos no Capí-
classificada indicarão o fundamento legal da classi- tulo VI.
ficação, a autoridade que a classificou e o código de
indexação do documento classificado. CAPÍTULO V
§ 2o Os órgãos e entidades disponibilizarão formulário DAS INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS EM GRAU DE
padrão para apresentação de recurso e de pedido de SIGILO
desclassificação.
Art.  20.   O acesso a documento preparatório ou in- Seção I
formação nele contida, utilizados como fundamento Da Classificação de Informações quanto ao Grau e
de tomada de decisão ou de ato administrativo, será Prazos de Sigilo
assegurado a partir da edição do ato ou decisão.
Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Ban- Art. 25.  São passíveis de classificação as informações
co Central do Brasil classificarão os documentos que consideradas imprescindíveis à segurança da socieda-
embasarem decisões de política econômica, tais como de ou do Estado, cuja divulgação ou acesso irrestrito
fiscal, tributária, monetária e regulatória. possam:
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
Seção IV integridade do território nacional; 
Dos Recursos II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia-
ções ou as relações internacionais do País;
Art.  21.   No caso de negativa de acesso à informa-
III - prejudicar ou pôr em risco informações fornecidas
ção ou de não fornecimento das razões da negativa
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos
do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no
internacionais; 
prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da
autoridade hierarquicamente superior à que adotou a
população; 
decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias,
V  -  oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
contado da sua apresentação.
Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata econômica ou monetária do País; 
o  caput, poderá o requerente apresentar recurso no VI - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à estratégicos das Forças Armadas;
autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá VII - prejudicar ou causar risco a projetos de pesqui-
se manifestar em cinco dias contados do recebimento sa e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim
do recurso. como a sistemas, bens, instalações ou áreas de inte-
Art. 22.  No caso de omissão de resposta ao pedido de resse estratégico nacional, observado o disposto no
acesso à informação, o requerente poderá apresentar inciso II do caput do art. 6o; 
reclamação no prazo de dez dias à autoridade de mo- VIII - pôr em risco a segurança de instituições ou de
nitoramento de que trata o art. 40 da Lei no 12.527, de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus fa-
2011, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, miliares; ou
contado do recebimento da reclamação. IX - comprometer atividades de inteligência, de inves-
§ 1o  O prazo para apresentar reclamação começará tigação ou de fiscalização em andamento, relaciona-
trinta dias após a apresentação do pedido. das com prevenção ou repressão de infrações. 
§ 2o   A autoridade máxima do órgão ou entidade Art. 26.  A informação em poder dos órgãos e entida-
des, observado o seu teor e em razão de sua impres-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

poderá designar outra autoridade que lhe seja dire-


tamente subordinada como responsável pelo recebi- cindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado,
mento e apreciação da reclamação. poderá ser classificada no grau ultrassecreto, secreto
Art. 23.  Desprovido o recurso de que trata o parágrafo ou reservado. 
único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que Art. 27.  Para a classificação da informação em grau
trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso de sigilo, deverá ser observado o interesse público da
no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, informação e utilizado o critério menos restritivo pos-
à Controladoria-Geral da União, que deverá se mani- sível, considerados: 
festar no prazo de cinco dias, contado do recebimento I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie-
do recurso. dade e do Estado; e 

24
II - o prazo máximo de classificação em grau de sigilo I - código de indexação de documento;
ou o evento que defina seu termo final. II - grau de sigilo;
Art.  28.   Os prazos máximos de classificação são os III - categoria na qual se enquadra a informação;
seguintes: IV - tipo de documento; 
I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos;  V - data da produção do documento;
II - grau secreto: quinze anos; e VI - indicação de dispositivo legal que fundamenta a
III - grau reservado: cinco anos.  classificação; 
Parágrafo único.  Poderá ser estabelecida como termo VII  -  razões da classificação, observados os critérios
final de restrição de acesso a ocorrência de determi- estabelecidos no art. 27;
nado evento, observados os prazos máximos de clas- VIII - indicação do prazo de sigilo, contado em anos,
sificação. meses ou dias, ou do evento que defina o seu termo
Art. 29.  As informações que puderem colocar em risco final, observados os limites previstos no art. 28;
a segurança do Presidente da República, Vice-Presi- IX - data da classificação; e
dente e seus cônjuges e filhos serão classificadas no X  -  identificação da autoridade que classificou a in-
grau reservado e ficarão sob sigilo até o término do formação.
mandato em exercício ou do último mandato, em caso § 1o  O TCI seguirá anexo à informação.
de reeleição. § 2o   As  informações previstas no inciso VII do  ca-
Art.  30.   A classificação de informação é de compe- put  deverão ser mantidas no mesmo grau de sigilo
tência:  que a informação classificada.
I - no grau ultrassecreto, das seguintes autoridades:  §  3o   A ratificação da classificação de que trata o §
a) Presidente da República;  5o do art. 30 deverá ser registrada no TCI. 
b) Vice-Presidente da República;  Art.  32.   A autoridade ou outro agente público que
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas classificar informação no grau ultrassecreto ou secreto
prerrogativas;  deverá encaminhar cópia do TCI à Comissão Mista de
d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aeronáu- Reavaliação de Informações no prazo de trinta dias,
tica; e contado da decisão de classificação ou de ratificação.
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares per- Art. 33.  Na hipótese de documento que contenha in-
manentes no exterior;  formações classificadas em diferentes graus de sigilo,
II - no grau secreto, das autoridades referidas no inci- será atribuído ao documento tratamento do grau de
so I do caput, dos titulares de autarquias, fundações, sigilo mais elevado, ficando assegurado o acesso às
empresas públicas e sociedades de economia mista; e  partes não classificadas por meio de certidão, extrato
III - no grau reservado, das autoridades referidas nos ou cópia, com ocultação da parte sob sigilo.
incisos I e II do caput e das que exerçam funções de Art. 34.  Os órgãos e entidades poderão constituir Co-
direção, comando ou chefia  do Grupo-Direção e As- missão Permanente de Avaliação de Documentos Sigi-
sessoramento Superiores  -  DAS, nível DAS 101.5 ou losos - CPADS, com as seguintes atribuições:
superior, e seus equivalentes.
I  -  opinar sobre a informação produzida no âmbito
§ 1o  É vedada a delegação da competência de clas-
de sua atuação para fins de classificação em qualquer
sificação nos graus de sigilo ultrassecreto ou secreto.
grau de sigilo;
§ 2o  O dirigente máximo do órgão ou entidade pode-
II - assessorar a autoridade classificadora ou a auto-
rá delegar a competência para classificação no grau
ridade hierarquicamente superior quanto à desclassi-
reservado a agente público que exerça função de dire-
ficação, reclassificação ou reavaliação de informação
ção, comando ou chefia.
classificada em qualquer grau de sigilo;
§ 3o  É vedada a subdelegação da competência de que
trata o § 2o. III - propor o destino final das informações desclassifi-
§ 4o   Os agentes públicos referidos no § 2o deverão dar cadas, indicando os documentos para guarda perma-
ciência do ato de classificação à autoridade delegante, nente, observado odisposto na  Lei no  8.159, de 8 de
no prazo de noventa dias. janeiro de 1991; e
§ 5o  A classificação de informação no grau ultrasse- IV - subsidiar a elaboração do rol anual de informa-
creto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” ções desclassificadas e documentos classificados em
do inciso I do caputdeverá ser ratificada pelo Ministro cada grau de sigilo, a ser disponibilizado na Internet.
de Estado, no prazo de trinta dias.
§ 6o  Enquanto não ratificada, a classificação de que Seção III
trata o § 5o considera-se válida, para todos os efeitos Da Desclassificação e Reavaliação da Informação
Classificada em Grau de Sigilo
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

legais.

Seção II Art.  35.   A classificação das informações será reava-


Dos Procedimentos para Classificação de Informa- liada pela autoridade classificadora ou por autoridade
ção hierarquicamente superior, mediante provocação ou
de ofício, para desclassificação ou redução do prazo
Art.  31.   A decisão que classificar a informação em de sigilo.
qualquer grau de sigilo deverá ser formalizada no Ter- Parágrafo  único.   Para o cumprimento do disposto
mo de Classificação de Informação  -  TCI, conforme no caput, além do disposto no art. 27, deverá ser ob-
modelo contido no Anexo, e conterá o seguinte:  servado:

25
I - o prazo máximo de restrição de acesso à informa- Art.  41.   As informações sobre condutas que impli-
ção, previsto no art. 28; quem violação dos direitos humanos praticada por
II  -  o prazo máximo de quatro anos para revisão de agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
ofício das informações classificadas no grau ultrasse- não poderão ser objeto de classificação em qualquer
creto ou secreto, previsto no inciso I do caput do art. grau de sigilo nem ter seu acesso negado.
47; Art.  42.   Não poderá ser negado acesso às informa-
III - a permanência das razões da classificação; ções necessárias à tutela judicial ou administrativa de
IV - a possibilidade de danos ou riscos decorrentes da direitos fundamentais.
divulgação ou acesso irrestrito da informação; e Parágrafo único.  O requerente deverá apresentar ra-
V - a peculiaridade das informações produzidas no ex- zões que demonstrem a existência de nexo entre as
informações requeridas e o direito que se pretende
terior por autoridades ou agentes públicos.
proteger.
Art. 36.  O pedido de desclassificação ou de reavalia-
Art.  43.   O acesso, a divulgação e o tratamento de
ção da classificação poderá ser apresentado aos ór- informação classificada em qualquer grau de sigilo
gãos e entidades independente de existir prévio pedi- ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade
do de acesso à informação. de conhecê-la e que sejam credenciadas segundo as
normas fixadas pelo Núcleo de Segurança e Creden-
Parágrafo único.  O pedido de que trata o caput será ciamento, instituído no âmbito do Gabinete de Segu-
endereçado à autoridade classificadora, que decidirá rança Institucional da Presidência da República, sem
no prazo de trinta dias. prejuízo das atribuições de agentes públicos autoriza-
Art.  37.   Negado o pedido de desclassificação ou de dos por lei.
reavaliação pela autoridade classificadora, o reque- Art.  44.   As autoridades do Poder Executivo federal
rente poderá apresentar recurso no prazo de dez dias, adotarão as providências necessárias para que o pes-
contado da ciência da negativa, ao Ministro de Esta- soal a elas subordinado conheça as normas e observe
do ou à autoridade com as mesmas prerrogativas, que as medidas e procedimentos de segurança para trata-
decidirá no prazo de trinta dias. mento de informações classificadas em qualquer grau
§ 1o  Nos casos em que a autoridade classificadora es- de sigilo.
teja vinculada a autarquia, fundação, empresa pública Parágrafo  único.   A pessoa natural ou entidade pri-
vada que, em razão de qualquer vínculo com o Poder
ou sociedade de economia mista, o recurso será apre-
Público, executar atividades de tratamento de infor-
sentado ao dirigente máximo da entidade.
mações classificadas, adotará as providências neces-
§ 2o  No caso das Forças Armadas, o recurso será apre- sárias para que seus empregados, prepostos ou repre-
sentado primeiramente perante o respectivo Coman- sentantes observem as medidas e procedimentos de
dante, e, em caso de negativa, ao Ministro de Estado segurança das informações.
da Defesa. Art. 45.  A autoridade máxima de cada órgão ou enti-
§ 3o  No caso de informações produzidas por autori- dade publicará anualmente, até o dia 1° de junho, em
dades ou agentes públicos no exterior, o requerimento sítio na Internet:
de desclassificação e reavaliação será apreciado pela I  -  rol das informações desclassificadas nos últimos
autoridade hierarquicamente superior que estiver em doze meses;
território brasileiro. II - rol das informações classificadas em cada grau de
§  4o   Desprovido o recurso de que tratam o  caput  e sigilo, que deverá conter:
os §§1o a 3o, poderá o requerente apresentar recurso a) código de indexação de documento;
à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, no b) categoria na qual se enquadra a informação;
prazo de dez dias, contado da ciência da decisão. c) indicação de dispositivo legal que fundamenta a
Art. 38.  A decisão da desclassificação, reclassificação classificação; e
ou redução do prazo de sigilo de informações clas- d) data da produção, data da classificação e prazo da
sificadas deverá constar das capas dos processos, se classificação;
III - relatório estatístico com a quantidade de pedidos
houver, e de campo apropriado no TCI. 
de acesso à informação recebidos, atendidos e inde-
feridos; e
Seção IV IV - informações estatísticas agregadas dos requeren-
Disposições Gerais tes.
Parágrafo único.  Os órgãos e entidades deverão man-
Art. 39.  As informações classificadas no grau ultras- ter em meio físico as informações previstas no  ca-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

secreto ou secreto serão definitivamente preservadas, put, para consulta pública em suas sedes.
nos termos da  Lei no8.159, de 1991, observados os
procedimentos de restrição de acesso enquanto vigo- CAPÍTULO VI
rar o prazo da classificação. DA COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE IN-
Art.  40.   As informações classificadas como docu- FORMAÇÕES CLASSIFICADAS
mentos de guarda permanente que forem objeto de
desclassificação serão encaminhadas ao Arquivo Na- Art.  46.   A Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
cional, ao arquivo permanente do órgão público, da mações, instituída nos termos do § 1o do art. 35 da Lei
entidade pública ou da instituição de caráter público, no 12.527, de 2011, será integrada pelos titulares dos
para fins de organização, preservação e acesso. seguintes órgãos:

26
I - Casa Civil da Presidência da República, que a pre- Parágrafo único.  O requerimento de prorrogação do
sidirá; prazo de sigilo de informação classificada no grau ul-
II - Ministério da Justiça; trassecreto deverá ser apreciado, impreterivelmente,
III - Ministério das Relações Exteriores; em até três sessões subsequentes à data de sua autua-
IV - Ministério da Defesa; ção, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
V - Ministério da Fazenda; todas as demais deliberações da Comissão.
VI - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Art. 50.  A Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
VII  -  Secretaria de Direitos Humanos da Presidência ções deverá apreciar os recursos previstos no inciso III
da República; do caput do art. 47, impreterivelmente, até a terceira
VIII  -  Gabinete de Segurança Institucional da Presi- reunião ordinária subsequente à data de sua autua-
dência da República; ção.
IX - Advocacia-Geral da União; e Art. 51.  A revisão de ofício da informação classificada
X -  Controladoria Geral da União. no grau ultrassecreto ou secreto será apreciada em até
Parágrafo  único.   Cada integrante indicará suplente três sessões anteriores à data de sua desclassificação
a ser designado por ato do Presidente da Comissão. automática.
Art. 47.  Compete à Comissão Mista de Reavaliação de
Informações: Art. 52.  As deliberações da Comissão Mista de Reava-
I - rever, de ofício ou mediante provocação, a classifi- liação de Informações serão tomadas:
cação de informação no grau ultrassecreto ou secreto I - por maioria absoluta, quando envolverem as com-
ou sua reavaliação, no máximo a cada quatro anos; petências previstas nos incisos I e IV do  caput  do
II - requisitar da autoridade que classificar informação art.47; e
no grau ultrassecreto ou secreto esclarecimento ou II - por maioria simples dos votos, nos demais casos.
conteúdo, parcial ou integral, da informação, quando Parágrafo único.  A Casa Civil da Presidência da Repú-
as informações constantes do TCI não forem suficien- blica poderá exercer, além do voto ordinário, o voto de
tes para a revisão da classificação; qualidade para desempate.
III - decidir recursos apresentados contra decisão pro- Art. 53.  A Casa Civil da Presidência da República exer-
ferida: cerá as funções de Secretaria-Executiva da Comissão
a) pela Controladoria-Geral da União, em grau recur- Mista de Reavaliação de Informações, cujas compe-
sal, pedido de acesso à informação ou de abertura de tências serão definidas em regimento interno.
base de dados, ou às razões da negativa de acesso à Art.  54.   A  Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
informação ou de abertura de base de dados; ou  (Re- mações  aprovará, por maioria absoluta, regimento
dação dada pelo Decreto nº 8.777, de 2016) interno que disporá sobre sua organização e funcio-
b) pelo Ministro de Estado ou autoridade com a mesma namento.
prerrogativa, em grau recursal, a pedido de desclassifi- Parágrafo único.  O regimento interno deverá ser pu-
cação ou reavaliação de informação classificada; blicado no Diário Oficial da União no prazo de noven-
IV - prorrogar por uma única vez, e por período deter- ta dias após a instalação da Comissão.
minado não superior a vinte e cinco anos, o prazo de
sigilo de informação classificada no grau ultrassecreto, CAPÍTULO VII
enquanto seu acesso ou divulgação puder ocasionar DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS
ameaça externa à soberania nacional, à integridade
do território nacional ou grave risco às relações inter- Art. 55.  As informações pessoais relativas à intimida-
nacionais do País, limitado ao máximo de cinquenta de, vida privada, honra e imagem detidas pelos órgãos
anos o prazo total da classificação; e e entidades:
V  -  estabelecer orientações normativas de caráter I - terão acesso restrito a agentes públicos legalmente
geral a fim de suprir eventuais lacunas na aplicação autorizados e a pessoa a que se referirem, indepen-
da Lei no 12.527, de 2011. dentemente de classificação de sigilo, pelo prazo má-
Parágrafo único.  A não deliberação sobre a revisão de ximo de cem anos a contar da data de sua produção; e
ofício no prazo previsto no inciso I do caput implicará II - poderão ter sua divulgação ou acesso por terceiros
a desclassificação automática das informações. autorizados por previsão legal ou consentimento ex-
Art. 48.  A Comissão Mista de Reavaliação de Informa- presso da pessoa a que se referirem.
ções se reunirá, ordinariamente, uma vez por mês, e, Parágrafo único.  Caso o titular das informações pes-
extraordinariamente, sempre que convocada por seu soais esteja morto ou ausente, os direitos de que trata
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Presidente. este artigo assistem ao cônjuge ou companheiro, aos


Parágrafo único.  As reuniões serão realizadas com a descendentes ou ascendentes, conforme o disposto
presença de no mínimo seis integrantes. no parágrafo único do art. 20 da Lei no 10.406, de 10
Art.  49.   Os requerimentos de prorrogação do prazo de janeiro de 2002, e na Lei no 9.278, de 10 de maio
de classificação de informação no grau ultrassecreto, de 1996.
a que se refere o inciso IV do caput do art. 47, deverão Art. 56.  O tratamento das informações pessoais deve
ser encaminhados à  Comissão Mista de Reavaliação ser feito de forma transparente e com respeito à inti-
de Informações em até um ano antes do vencimento midade, vida privada, honra e imagem das pessoas,
do termo final de restrição de acesso. bem como às liberdades e garantias individuais.

27
Art. 57.  O consentimento referido no inciso II do ca- II - comprovação das hipóteses previstas no art. 58;
put  do art. 55 não será exigido quando o acesso à III  -  demonstração do interesse pela recuperação de
informação pessoal for necessário: fatos históricos de maior relevância, observados os
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa procedimentos previstos no art. 59; ou
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização IV - demonstração da necessidade do acesso à infor-
exclusivamente para o tratamento médico; mação requerida para a defesa dos direitos humanos
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas ou para a proteção do interesse público e geral pre-
de evidente interesse público ou geral, previstos em lei, ponderante.
vedada a identificação da pessoa a que a informação Art. 61.  O acesso à informação pessoal por terceiros
se referir; será condicionado à assinatura de um termo de res-
III - ao cumprimento de decisão judicial; ponsabilidade, que disporá sobre a finalidade e a des-
IV - à defesa de direitos humanos de terceiros; ou tinação que fundamentaram sua autorização, sobre
V - à proteção do interesse público geral e preponde- as obrigações a que se submeterá o requerente.
rante. § 1o  A utilização de informação pessoal por terceiros
Art. 58.  A restrição de acesso a informações pessoais vincula-se à finalidade e à destinação que fundamen-
de que trata o art. 55 não poderá ser invocada: taram a autorização do acesso, vedada sua utilização
de maneira diversa.
I - com o intuito de prejudicar processo de apuração § 2o   Aquele que obtiver acesso às informações pes-
de irregularidades, conduzido pelo Poder Público, em soais de terceiros será responsabilizado por seu uso
que o titular das informações for parte ou interessado; indevido, na forma da lei.
ou Art.  62.   Aplica-se, no que couber, a  Lei no  9.507, de
II - quando as informações pessoais não classificadas 12 de novembro de 1997, em relação à informação de
estiverem contidas em conjuntos de documentos ne- pessoa, natural ou jurídica, constante de registro ou
cessários à recuperação de fatos históricos de maior banco de dados de órgãos ou entidades governamen-
relevância. tais ou de caráter público.
Art.  59.   O dirigente máximo do órgão ou entidade
poderá, de ofício ou mediante provocação, reconhecer
CAPÍTULO VIII
a incidência da hipótese do inciso II do caput do art.
DAS ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS
58, de forma fundamentada, sobre documentos que
tenha produzido ou acumulado, e que estejam sob sua
Art. 63.  As entidades privadas sem fins lucrativos que
guarda.
receberem recursos públicos para realização de ações
§ 1o  Para subsidiar a decisão de reconhecimento de
de interesse público deverão dar publicidade às se-
que trata o caput, o órgão ou entidade poderá solici-
guintes informações:
tar a universidades, instituições de pesquisa ou outras
I - cópia do estatuto social atualizado da entidade;
entidades com notória experiência em pesquisa histo-
riográfica a emissão de parecer sobre a questão. II - relação nominal atualizada dos dirigentes da en-
§ 2o  A decisão de reconhecimento de que trata o ca- tidade; e
put será precedida de publicação de extrato da infor- III - cópia integral dos convênios, contratos, termos de
mação, com descrição resumida do assunto, origem parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêne-
e período do conjunto de documentos a serem consi- res realizados com o Poder Executivo federal, respecti-
derados de acesso irrestrito, com antecedência de no vos aditivos, e relatórios finais de prestação de contas,
mínimo trinta dias. na forma da legislação aplicável.
§ 3o  Após a decisão de reconhecimento de que trata §  1o   As informações de que trata o  caput  serão di-
o § 2o, os documentos serão considerados de acesso vulgadas em sítio na Internet da entidade privada e
irrestrito ao público. em quadro de avisos de amplo acesso público em sua
§  4o   Na hipótese de documentos de elevado valor sede.
histórico destinados à guarda permanente, caberá ao § 2o   A divulgação em sítio na Internet referida no
dirigente máximo do Arquivo Nacional, ou à autori- §1o  poderá ser dispensada, por decisão do órgão ou
dade responsável pelo arquivo do órgão ou entidade entidade pública, e mediante expressa justificação da
pública que os receber, decidir, após seu recolhimento, entidade, nos casos de entidades privadas sem fins lu-
sobre o reconhecimento, observado o procedimento crativos que não disponham de meios para realizá-la.
previsto neste artigo. § 3o  As informações de que trata o caput deverão ser
publicadas a partir da celebração do convênio, contra-
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Art.  60.   O pedido de acesso a informações pessoais


observará os procedimentos previstos no Capítulo IV to, termo de parceria, acordo, ajuste ou instrumento
e estará condicionado à comprovação da identidade congênere, serão atualizadas periodicamente e fica-
do requerente. rão disponíveis até cento e oitenta dias após a entrega
Parágrafo  único.   O pedido de acesso a informações da prestação de contas final. 
pessoais por terceiros deverá ainda estar acompanha- Art. 64.  Os pedidos de informação referentes aos con-
do de: vênios, contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes
I  -  comprovação do consentimento expresso de que ou instrumentos congêneres previstos no art. 63 deve-
trata o inciso II do caput do art. 55, por meio de pro- rão ser apresentados diretamente aos órgãos e entida-
curação; des responsáveis pelo repasse de recursos.

28
CAPÍTULO IX §  1o   A sanção de multa poderá ser aplicada junta-
DAS RESPONSABILIDADES mente com as sanções previstas nos incisos I, III e IV
do caput.
Art. 65.  Constituem condutas ilícitas que ensejam res- § 2o  A multa prevista no inciso II do caput será apli-
ponsabilidade do agente público ou militar:  cada sem prejuízo da reparação pelos danos e não
I  -  recusar-se a fornecer informação requerida nos poderá ser:
termos deste Decreto, retardar deliberadamente o seu I  -  inferior a R$ 1.000,00 (mil reais)  nem superior a
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de for- R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), no caso de pessoa
ma incorreta, incompleta ou imprecisa;  natural; ou
II - utilizar indevidamente, subtrair, destruir, inutilizar, II - inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) nem supe-
desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, rior a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), no caso de
informação que se encontre sob sua guarda, a que entidade privada.
tenha acesso ou sobre que tenha conhecimento em § 3o  A reabilitação referida no inciso V do caput será
razão do exercício das atribuições de cargo, emprego autorizada somente quando a pessoa natural ou en-
ou função pública;  tidade privada efetivar o ressarcimento ao órgão ou
III - agir com dolo ou má-fé na análise dos pedidos de entidade dos prejuízos resultantes e depois de decor-
acesso à informação;  rido o prazo da sanção aplicada com base no inciso
IV - divulgar, permitir a divulgação, acessar ou permi- IV do caput.
tir acesso indevido a informação classificada em grau § 4o  A aplicação da sanção prevista no inciso V do ca-
de sigilo ou a informação pessoal;  put é de competência exclusiva da autoridade máxima
V - impor sigilo à informação para obter proveito pes- do órgão ou entidade pública.
soal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato § 5o  O prazo para apresentação de defesa nas hipó-
ilegal cometido por si ou por outrem;  teses previstas neste artigo é de dez dias, contado da
VI - ocultar da revisão de autoridade superior compe- ciência do ato. 
tente informação classificada em grau de sigilo para
beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de tercei- CAPÍTULO X
ros; e  DO MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI
VII  -  destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu- Seção I
mentos concernentes a possíveis violações de direitos Da Autoridade de Monitoramento
humanos por parte de agentes do Estado. 
§ 1o  Atendido o princípio do contraditório, da ampla Art. 67.  O dirigente máximo de cada órgão ou enti-
defesa e do devido processo legal, as condutas descri- dade designará autoridade que lhe seja diretamente
tas no caput serão consideradas: subordinada para exercer as seguintes atribuições:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
Armadas, transgressões militares médias ou graves, acesso à informação, de forma eficiente e adequada
segundo os critérios neles estabelecidos, desde que aos objetivos da Lei no12.527, de 2011;
não tipificadas em lei como crime ou contravenção II - avaliar e monitorar a implementação do disposto
penal; ou  neste Decreto e apresentar ao dirigente máximo de
II  -  para fins do disposto na  Lei no  8.112, de 11 de cada órgão ou entidade relatório anual sobre o seu
dezembro de 1990, infrações administrativas, que de- cumprimento, encaminhando-o à Controladoria-Ge-
verão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, se- ral da União;
gundo os critérios estabelecidos na referida lei.  III - recomendar medidas para aperfeiçoar as normas
§ 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o mili- e procedimentos necessários à implementação deste
tar ou agente público responder, também, por impro- Decreto;
bidade administrativa, conforme o disposto nas  Leis IV - orientar as unidades no que se refere ao cumpri-
no 1.079, de 10 de abril de 1950, e no 8.429, de 2 de mento deste Decreto; e
junho de 1992.  V - manifestar-se sobre reclamação apresentada con-
Art. 66.  A pessoa natural ou entidade privada que de- tra omissão de autoridade competente, observado o
tiver informações em virtude de vínculo de qualquer disposto no art. 22.
natureza com o Poder Público e praticar conduta pre-
vista no art. 65, estará sujeita às seguintes sanções:  Seção II
Das Competências Relativas ao Monitoramento
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

I - advertência; 
II - multa; 
III - rescisão do vínculo com o Poder Público;  Art. 68.  Compete à Controladoria-Geral da União, ob-
IV - suspensão temporária de participar em licitação e servadas as competências dos demais órgãos e entida-
impedimento de contratar com a administração públi- des e as previsões específicas neste Decreto:
ca por prazo não superior a dois anos; e  I  -  definir o formulário padrão, disponibilizado em
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contra- meio físico e eletrônico, que estará à disposição no
tar com a administração pública, até que seja promo- sítio na Internet e no SIC dos órgãos e entidades, de
vida a reabilitação perante a autoridade que aplicou acordo com o § 1o do art. 11;
a penalidade. II - promover campanha de abrangência nacional de

29
fomento à cultura da transparência na administração pública e conscientização sobre o direito fundamental de acesso
à informação;
III - promover o treinamento dos agentes públicos e, no que couber, a capacitação das entidades privadas sem fins
lucrativos, no que se refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na administração pública;
IV - monitorar a implementação da Lei no 12.527, de 2011, concentrando e consolidando a publicação de informações
estatísticas relacionadas no art. 45; 
V - preparar relatório anual com informações referentes à implementação da Lei no 12.527, de 2011, a ser encami-
nhado ao Congresso Nacional;
VI - monitorar a aplicação deste Decreto, especialmente o cumprimento dos prazos e procedimentos; e
VII - definir, em conjunto com a Casa Civil da Presidência da República, diretrizes e procedimentos complementares
necessários à implementação da Lei no 12.527, de 2011.
Art. 69.  Compete à Controladoria-Geral da União e ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, observadas
as competências dos demais órgãos e entidades e as previsões específicas neste Decreto, por meio de ato conjunto:
I - estabelecer procedimentos, regras e padrões de divulgação de informações ao público, fixando prazo máximo para
atualização; e
II - detalhar os procedimentos necessários à busca, estruturação e prestação de informações no âmbito do SIC.
Art. 70.  Compete ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, observadas as competências
dos demais órgãos e entidades e as previsões específicas neste Decreto:
I - estabelecer regras de indexação relacionadas à classificação de informação;
II - expedir atos complementares e estabelecer procedimentos relativos ao credenciamento de segurança de pessoas,
órgãos e entidades públicos ou privados, para o tratamento de informações classificadas; e
III - promover, por meio do  Núcleo de Credenciamento de Segurança, o credenciamento de segurança de pessoas,
órgãos e entidades públicos ou privados, para o tratamento de informações classificadas.

CAPÍTULO XI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 71.  Os órgãos e entidades adequarão suas políticas de gestão da informação, promovendo os ajustes necessários
aos processos de registro, processamento, trâmite e arquivamento de documentos e informações.
Art. 72.  Os órgãos e entidades deverão reavaliar as informações classificadas no grau ultrassecreto e secreto no prazo
máximo de dois anos, contado do termo inicial de vigência da Lei no 12.527, de 2011.
§ 1o  A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
condições previstos neste Decreto.
§ 2o  Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto no caput, será mantida a classificação da informação,
observados os prazos e disposições da legislação precedente.
§ 3o  As informações classificadas no grau ultrassecreto e secreto não reavaliadas no prazo previsto no caput serão
consideradas, automaticamente, desclassificadas.
Art. 73.  A publicação anual de que trata o art. 45 terá inicio em junho de 2013.
Art. 74.  O tratamento de informação classificada resultante de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
normas e recomendações desses instrumentos.
Art. 75.  Aplica-se subsidiariamente a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, aos procedimentos previstos neste De-
creto.
Art. 76.  Este Decreto entra em vigor em 16 de maio de 2012.

Brasília, 16  de maio  de 2012; 191º da Independência e 124º da República.


DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Celso Luiz Nunes Amorim
Antonio de Aguiar Patriota
Guido Mantega
Miriam Belchior
Paulo Bernardo Silva
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Marco Antonio Raupp


Alexandre Antonio Tombini
Gleisi Hoffmann
Gilberto Carvalho
José Elito Carvalho Siqueira
Helena Chagas
Luis Inácio Lucena Adams
Jorge Hage Sobrinho
Maria do Rosário Nunes

30
Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.5.2012  - Edição extra e retificado em 18.5.2012
ANEXO
GRAU DE SIGILO:
(idêntico ao grau de sigilo do documento)

TERMO DE CLASSIFICAÇÃO DE INFORMAÇÃO


ÓRGÃO/ENTIDADE:
CÓDIGO DE INDEXAÇÃO:
GRAU DE SIGILO:
CATEGORIA:
TIPO DE DOCUMENTO:
 DATA DE PRODUÇÃO:
FUNDAMENTO LEGAL PARA CLASSIFICAÇÃO:
RAZÕES PARA A CLASSIFICAÇÃO:
(idêntico ao grau de sigilo do documento)
PRAZO DA RESTRIÇÃO DE ACESSO:
DATA DE CLASSIFICAÇÃO:
AUTORIDADE CLASSIFICADORA Nome:
Cargo:
AUTORIDADE RATIFICADORA Nome:
(quando aplicável)
Cargo:
DESCLASSIFICAÇÃO em ____/____/________ Nome:
 
(quando aplicável) Cargo:
RECLASSIFICAÇÃO em ____/____/_________ Nome:
 
(quando aplicável) Cargo:
REDUÇÃO DE PRAZO em ____/____/_______ Nome:
 
(quando aplicável) Cargo:
PRORROGAÇÃO DE PRAZO em ___/ ____/_____ Nome:
 
(quando aplicável) Cargo:
 
_____________________________________________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE CLASSIFICADORA NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

31
  
_____________________________________________________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE RATIFICADORA (quando aplicável)
 
________________________________________________________________________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por DESCLASSIFICAÇÃO (quan-
do aplicável)
 
______________________________________________________________________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por RECLASSIFICAÇÃO (quando
aplicável)
 
_______________________________________________________________________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por REDUÇÃO DE PRAZO (quan-
do aplicável)
 
_______________________________________________________________________________
ASSINATURA DA AUTORIDADE responsável por PRORROGAÇÃO DE PRAZO
(quando aplicável)
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

32
HORA DE PRATICAR! GABARITO

1. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – 1 CERTO


CESPE – 2018) Acerca de princípios e de conceitos ar-
quivísticos, julgue o item que se segue. 2 CERTO
O princípio da proveniência e o resultado de sua aplica- 3 ERRADO
ção — o fundo de arquivo — impõem-se à arquivologia,
4 CERTO
pois esta tem como objetivo administrar documentos de
pessoas físicas ou jurídicas. 5 CERTO
6 E
( ) CERTO ( ) ERRADO
7 B
2. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – 8 E
CESPE – 2018) Acerca de princípios e de conceitos ar- 9 E
quivísticos, julgue o item que se segue.
Os arquivos de um órgão público existente há mais de
cem anos fazem parte de um fundo aberto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –


CESPE – 2018) Acerca de princípios e de conceitos ar-
quivísticos, julgue o item que se segue.
A imparcialidade, como característica do documento de
arquivo, diz respeito à criação, à manutenção e à custó-
dia de arquivos. 

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –


CESPE – 2018) A respeito da gestão de documentos,
julgue o item a seguir.
A gestão de documentos compreende a definição da po-
lítica arquivística, a designação de responsabilidades, o
planejamento do programa de gestão e a implantação
do programa de gestão.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –


CESPE – 2017) Julgue o próximo item, relativo ao ge-
renciamento da informação e à gestão de documentos.
Um dos objetivos da gestão de documentos é garantir,
por meio da preservação do acervo, que a documenta-
ção produzida esteja acessível em longo prazo.

( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

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ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

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