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CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

TÉCNICO
BANCÁRIO-PCD
teoria e exercícios
< Língua Portuguesa
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Caixa Econômica Federal
Técnico Bancário - PcD

NV-002ST-21
Cód.: 7908428800925
Obra

Caixa Econômica Federal


Técnico Bancário - PcD

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Gabriela Coelho

MATEMÁTICA FINANCEIRA • Kairton Batista (Prof. Kaká)

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS • Felipe Pacheco, Sirlo Oliveira, Kaká, Filipe Garcia, Samara Kich e Bruno
Oliveira

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA • Henrique Tiezzi e Kairton Batista (Prof. Kaká)

CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA (ON-LINE) • Fernando Nishimura

ATENDIMENTO BANCÁRIO • Cristiano Silva e Ana Philippini

REDAÇÃO DISCURSIVA E OFICIAL (ON-LINE) • Nelson Sartori

Edição:

Setembro/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital nº 1, de
9 de Setembro de 2021, para o cargo de Técnico Bancário.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abordan-
do todos os itens do edital e reorganizando-os quando necessá-
rio, de uma maneira didática para que você realmente consiga
aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra-
dos nas provas e a seção Hora de Praticar, trazendo exercícios
gabaritados da banca CESGRANRIO, organizadora do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os conteú-


dos complementares disponíveis on-line para este livro em nos-
sa plataforma: Conhecimentos de Informática e Redação Oficial
e Discursiva e além do Curso Bônus com 10 horas de videoaulas.
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line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

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à Língua Portuguesa - Pontuação
à Matemática Financeira - Juros Simples e Compostos, Valor Presente e Valor Futuro,
Descontos e Tipos de Taxas de Juros
à Conhecimentos Bancários - Noções de Mercado de Câmbio; Noções de Mercados de
Capitais; Os Bancos na Era Digital
à Noções De Probabilidade E Estatística - Amostragem - Definições; Tabelas - Distribui-
ção de Frequências
à Conhecimentos De Informática - MS-Office Excel 365: Função SE; MS-Office Excel 365:
Função PROCV; MS-Office Excel 365: função PROCH
à Atendimento Bancário - Noções de Estratégia Empresarial

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Conhecimentos de Informática.
• Redação Oficial e Discursiva.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS........................................................................... 11

TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 16

ORTOGRAFIA OFICIAL........................................................................................................................ 21

ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 22

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS......................................................................................... 22

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.................................................................................. 45

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO............................................................................................... 46

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 55

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL............................................................................................ 58

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL........................................................................................................ 63

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS........................................................................................................ 65

COLOCAÇÃO DO PRONOME ÁTONO................................................................................................. 66

MATEMÁTICA FINANCEIRA..........................................................................................75
CONCEITOS GERAIS........................................................................................................................... 75

O CONCEITO DO VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO........................................................................................75

FLUXOS DE CAIXA E DIAGRAMAS DE FLUXO DE CAIXA................................................................................75

EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA............................................................................................................................76

SEQUÊNCIAS - LEI DE FORMAÇÃO DE SEQUÊNCIAS E DETERMINAÇÃO DE


SEUS ELEMENTOS.............................................................................................................................. 76

PROGRESSÕES ARITMÉTICAS.........................................................................................................................76

PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS.......................................................................................................................78

JUROS SIMPLES - CÁLCULO DO MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE JUROS,


DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA OPERAÇÃO FINANCEIRA............................................................. 79

JUROS COMPOSTOS - CÁLCULO DO MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE JUROS,


DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA OPERAÇÃO FINANCEIRA............................................................. 80
DESCONTOS - CÁLCULO DO VALOR ATUAL, DO VALOR NOMINAL E DA TAXA
DE DESCONTO..................................................................................................................................... 81

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO - SISTEMA PRICE (MÉTODO DAS PRESTAÇÕES


CONSTANTES); SISTEMA SAC (MÉTODO DAS AMORTIZAÇÕES CONSTANTES)....................... 81

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS..................................................................................85
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL......... 85

ÓRGÃOS NORMATIVOS E INSTITUIÇÕES SUPERVISORAS, EXECUTORAS E OPERADORAS.... 89

MERCADO FINANCEIRO E SEUS DESDOBRAMENTOS (MERCADOS MONETÁRIO,


DE CRÉDITO, DE CAPITAIS E CAMBIAL).........................................................................................114

OS BANCOS NA ERA DIGITAL: ATUALIDADE, TENDÊNCIAS E DESAFIOS..................................116

INTERNET BANKING........................................................................................................................................116

MOBILE BANKING............................................................................................................................................116

OPEN BANKING...............................................................................................................................................116

NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS....................................................................................................116

FINTECHS, STARTUPS E BIG TECHS..............................................................................................117

SISTEMA DE BANCOS-SOMBRA (SHADOW BANKING)................................................................118

O DINHEIRO NA ERA DIGITAL E A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO SISTEMA FINANCEIRO:


BLOCKCHAIN, BITCOIN E DEMAIS CRIPTOMOEDAS....................................................................118

CORRESPONDENTES BANCÁRIOS.................................................................................................120

SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS (PIX).....................................................................120

MOEDA E POLÍTICA MONETÁRIA: POLÍTICAS MONETÁRIAS CONVENCIONAIS E


NÃO-CONVENCIONAIS (QUANTITATIVE EASING)........................................................................121

TAXA SELIC E OPERAÇÕES COMPROMISSADAS.........................................................................................125

O DEBATE SOBRE OS DEPÓSITOS REMUNERADOS DOS BANCOS COMERCIAIS NO BANCO


CENTRAL DO BRASIL......................................................................................................................................125

ORÇAMENTO PÚBLICO, TÍTULOS DO TESOURO NACIONAL E DÍVIDA PÚBLICA......................126

PRODUTOS BANCÁRIOS: PROGRAMAS SOCIAIS E BENEFÍCIOS DO TRABALHADOR.............128

NOÇÕES DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO, CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR,


CRÉDITO RURAL, POUPANÇA, CAPITALIZAÇÃO, PREVIDÊNCIA, CONSÓRCIO, INVESTIMENTOS
E SEGUROS.......................................................................................................................................................128

NOÇÕES DE MERCADO DE CAPITAIS.............................................................................................136


NOÇÕES DE MERCADO DE CÂMBIO: INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A OPERAR
E OPERAÇÕES BÁSICAS..................................................................................................................146

REGIMES DE TAXAS DE CÂMBIO FIXAS, FLUTUANTES E REGIMES INTERMEDIÁRIOS............................147

TAXAS DE CÂMBIO NOMINAIS E REAIS, IMPACTOS DAS TAXAS DE CÂMBIO SOBRE


AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES, DIFERENCIAL DE JUROS INTERNO E EXTERNO,
PRÊMIOS DE RISCO, FLUXO DE CAPITAIS E SEUS IMPACTOS SOBRE AS TAXAS DE CÂMBIO................148

DINÂMICA DO MERCADO: OPERAÇÕES NO MERCADO INTERBANCÁRIO E MERCADO


BANCÁRIO: OPERAÇÕES DE TESOURARIA, VAREJO BANCÁRIO E RECUPERAÇÃO
DE CRÉDITO.......................................................................................................................................149

TAXAS DE JUROS DE CURTO PRAZO E A CURVA DE JUROS.......................................................153

TAXAS DE JUROS NOMINAIS E REAIS...........................................................................................................153

GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: AVAL; FIANÇA;


PENHOR MERCANTIL; ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA; HIPOTECA; FIANÇAS BANCÁRIAS..............154

CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO: CONCEITO E ETAPAS..........................................................158

PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO: LEI Nº 9.613/98 E


SUAS ALTERAÇÕES ........................................................................................................................................158

CIRCULAR Nº 3.978, DE 23 DE JANEIRO DE 2020 E CARTA CIRCULAR Nº 4.001,


DE 29 DE JANEIRO DE 2020 E SUAS ALTERAÇÕES......................................................................................160

AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA......................................................................................................167

SIGILO BANCÁRIO: LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 E SUAS ALTERAÇÕES ........................168

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD): LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018


E SUAS ALTERAÇÕES.......................................................................................................................171

LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO: LEI Nº 12.846/2013 E DECRETO Nº 8.420/2015 E SUAS


ALTERAÇÕES ....................................................................................................................................177

ÉTICA APLICADA..............................................................................................................................185

ÉTICA, MORAL, VALORES E VIRTUDES..........................................................................................................185

NOÇÕES DE ÉTICA EMPRESARIAL E PROFISSIONAL..................................................................................188

A GESTÃO DA ÉTICA NAS EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS..................................................................189

CÓDIGO DE ÉTICA, DE CONDUTA E POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL


DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL..................................................................................................................191

LEI Nº 7.998/1990 (PROGRAMA DESEMPREGO E ABONO SALARIAL - BENEFICIÁRIOS


E CRITÉRIOS PARA SAQUE).............................................................................................................191

ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE,
MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA).................................................................................200

LEI COMPLEMENTAR Nº 7/1970 (PIS)............................................................................................201


LEI Nº 8.036/1990 (FGTS): POSSIBILIDADES E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO/SAQUE.............203

CERTIFICADO DE REGULARIDADE DO FGTS, GUIA DE RECOLHIMENTO (GRF)..........................................203

PRODUTOS: ABERTURA E MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS: DOCUMENTOS BÁSICOS...............209

PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA: CAPACIDADE E INCAPACIDADE CIVIL,


REPRESENTAÇÃO E DOMICÍLIO......................................................................................................211

SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO......................................................................................219

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA.................................................. 227


REPRESENTAÇÃO TABULAR E GRÁFICA.......................................................................................227

MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL (MÉDIA, MEDIANA, MODA, MEDIDAS DE POSIÇÃO,


MÍNIMO E MÁXIMO).........................................................................................................................232

DISPERSÃO (AMPLITUDE, AMPLITUDE INTERQUARTIL, VARIÂNCIA, DESVIO PADRÃO E


COEFICIENTE DE VARIAÇÃO)..........................................................................................................237

CÁLCULO DE PROBABILIDADE E TEOREMA DE BAYES................................................................239

PROBABILIDADE CONDICIONAL.....................................................................................................243

CORRELAÇÃO LINEAR SIMPLES.....................................................................................................244

POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................................................249

ATENDIMENTO BANCÁRIO......................................................................................... 261


NOÇÕES DE ESTRATÉGIA EMPRESARIAL.....................................................................................261

ANÁLISE DE MERCADO ..................................................................................................................................263

FORÇAS COMPETITIVAS................................................................................................................................264

IMAGEM INSTITUCIONAL...............................................................................................................................265

IDENTIDADE E POSICIONAMENTO................................................................................................................267

SEGMENTAÇÃO DE MERCADO........................................................................................................267

AÇÕES PARA AUMENTAR O VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE................................................269

GESTÃO DA EXPERIÊNCIA DO CLIENTE ........................................................................................270

APRENDIZAGEM E SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL......................................................271

CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS...............................................................................................274

Intangibilidade................................................................................................................................................. 274
Inseparabilidade.............................................................................................................................................. 275
Variabilidade.................................................................................................................................................... 275
Perecibilidade.................................................................................................................................................. 275

GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS.........................................................................................275

TÉCNICAS DE VENDAS ...................................................................................................................276

Pré abordagem................................................................................................................................................ 276

PÓS-VENDAS...................................................................................................................................................277

NOÇÕES DE MARKETING DIGITAL..................................................................................................277

GERAÇÃO DE LEADS.......................................................................................................................................277

TÉCNICAS DE COPYWRITING.........................................................................................................................278

GATILHOS MENTAIS.......................................................................................................................................278

INBOUND MARKETING....................................................................................................................................278

ÉTICA E CONDUTA PROFISSIONAL EM VENDAS..........................................................................279

PADRÕES DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO AOS CLIENTES....................................................280

UTILIZAÇÃO DE CANAIS REMOTOS PARA VENDAS.....................................................................281

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E SUA RELAÇÃO COM VENDAS E NEGOCIAÇÃO .......281

POLÍTICA DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE......................................................................282

RESOLUÇÃO N° 4.539 DE 24 DE NOVEMBRO DE 2016.................................................................................282

RESOLUÇÃO CMN Nº 4.860, DE 23 DE OUTUBRO DE 2020..........................................................283

RESOLUÇÃO CMN Nº 3.694/2009 E ALTERAÇÕES.......................................................................287

LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (ESTATUTO DA PESSOA


COM DEFICIÊNCIA)...........................................................................................................................288

LEI Nº 13.146, DE 06 DE JULHO DE 2015.......................................................................................................288

CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR..................................................................295

LEI Nº 8.078/1990...........................................................................................................................................295
Por isso, convidamos você a estudar com afinco e
dedicação. Não se esqueça de praticar seus conheci-
mentos realizando a seleção de exercícios finais.

INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO


LÍNGUA PORTUGUESA
A inferência é uma relação de sentido conhecida
desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto. Interpretar é buscar ideias,
pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”
TEXTOS para se buscar essas pistas. A primeira e mais impor-
tante delas é identificar a orientação do pensamento do
INTRODUÇÃO autor do texto, que fica perceptível quando identifica-
mos como o raciocínio dele foi exposto; se de maneira
A interpretação e a compreensão textual são aspec- mais racional, a partir da análise de dados, informações
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- com fontes confiáveis ou se de maneira mais empiris-
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos ta; partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se
públicos. Pelo fato de as questões de provas abordarem identificar as causas.
conteúdos diversos, muitas vezes, possuir competência A seguir, apresentamos estratégias de leitura que
para interpretar e compreender aquilo que leu pode focam nas formas de inferência sobre um texto. Inicial-
ser o grande diferencial entre o “quase” e a aprovação. mente, é fundamental identificar como ocorre o pro-
Além disso, seja a compreensão textual, seja a cesso de inferência, que se dá por dedução ou por
interpretação textual, ambas guardam uma relação de indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- O marido da minha chefe parou de beber.
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma
linguística pode assumir. Observe que é possível inferir várias informações a
Neste material, você encontrará recursos para partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enuncia-
solidificar seus conhecimentos em interpretação e dor é casada (informação comprovada pela expressão
compreensão textual, associando a essas temáticas as “marido”), a segunda é que o enunciador está trabalhan-
relações semânticas que permeiam todo amontoado do (informação comprovada pela expressão “minha che-
de palavras. Vale lembrar que qualquer aglomeração fe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador
textual é, atualmente, considerada texto e, dessa for- bebia (expressão comprovada pela expressão “parou de
ma, deve ter um sentido que precisa ser reconhecido beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto
por quem o lê. que induzem o leitor a interpretar essas informações.
Vamos começar nosso estudo fazendo uma breve Tratando-se de interpretação textual, os processos
diferenciação entre os termos compreensão e inter- de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
pretação textual. Para muitos, essas palavras expres- tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
sam o mesmo sentido, mas, como pretendemos deixar interpretação construída pelas pistas oferecidas no
claro, ainda que existam relações de sinonímia entre texto junto da articulação com as informações aces-
palavras do nosso vocabulário, a opção do autor por sadas pelo leitor do texto. A seguir, apresentamos um
um termo ao invés de outro reflete um sentido que fluxograma que representa como ocorre a relação
deve ser interpretado no texto, uma vez que a inter- desses processos:
pretação realiza ligações com o texto a partir das
ideias que o leitor pode concluir com a leitura.
Dedução → Certeza → Interpretar
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma INFERÊNCIA
expressão, além de apresentar mais relações semânti- Indução → Interpretar → Certeza
cas e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos
linguísticos essencialmente relacionados à significação
das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação com A partir desse esquema, conseguimos visualizar
a semântica. melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
Sabendo disso, é importante separarmos os con- iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
LÍNGUA PORTUGUESA

compreensivo. Neste material, você encontrará um


forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; tivo e, ainda, como articular o nosso conhecimento de
figuras de linguagem; vícios de linguagem e intertex- mundo na interpretação de textos.
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são: A Indução
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas As estratégias de interpretação que observam
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
guísticas e suas consequências para o sentido. oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
Todos esses assuntos completam o estudo basilar za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
de semântica com foco em provas e concursos, sem- car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
pre de olho na sua aprovação. texto e que variam conforme o tipo textual. 11
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos Atente-se a essa informação, pois é uma das primei-
identificar uma organização cronológica e espacial no ras estratégias de leitura para uma boa interpretação
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, textual: formular hipóteses, a partir da macroestru-
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- tura textual; ou seja, antes da leitura inicial, o leitor
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação deve buscar identificar o gênero textual ao qual o
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- texto pertence, a fonte da leitura, o ano, entre outras
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado informações que podem vir como “acessórios” do tex-
to e, então, formular hipóteses sobre a leitura que fará
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma
em seguida. Essas são algumas estratégias de interpre-
ideia/ponto de vista.
tação em que podemos usar métodos dedutivos.
No processo interpretativo indutivo, as ideias são
Uma outra dica importante é ler as questões da
organizadas a partir de uma especificação para uma prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses
generalização. Vejamos um exemplo: já estarão agindo conforme um objetivo mais definido.
O processo de interpretação por estratégias de dedu-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- z Conhecimento Linguístico;
te para não os amar, nem os imitar. São em geral z Conhecimento Textual;
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de z Conhecimento de Mundo.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
detalhados e impotentes para generalizar, cur- O conhecimento de mundo, por se tratar de um
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, assunto mais abrangente, será apresentado por último.
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- Veja cada um desses conhecimentos abordados detalha-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo damente a seguir.
critério de beleza.
(BARRETO, 2010, p. 21) Conhecimento Linguístico

O trecho em destaque na citação do escritor Lima Esse é o conhecimento basilar para a compreen-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías são e decodificação do texto, pois envolve o reco-
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento nhecimento das formas linguísticas estabelecidas
indutivo compõe a interpretação e decodificação de socialmente por uma comunidade linguística, ou seja,
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- envolve o reconhecimento das regras de uma língua.
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, É importante salientar que as regras de reconhe-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- cimento sobre o funcionamento da língua não são,
ção cronológica de um texto. necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
A propriedade vocabular leva o cé- que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
PROCURE rebro a aproximar as palavras que bo-objeto (SVO) etc.
SINÔNIMOS têm maior associação com o tema Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
do texto linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
Os conectivos (conjunções, pre- sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
ATENÇÃO AOS posições, pronomes) são marca- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
CONECTIVOS dores claros de opiniões, espaços o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
físicos e localizadores textuais Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
A dedução

A leitura de um texto envolve a análise de diversos


aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
maneira implícita no enunciado. Em questões de con-
curso, as bancas costumam procurar nos enunciados
implícitos do texto, aspectos para abordar em suas
provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
12 conhecimento. Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020.
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- INTERTEXTUALIDADE
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar Existem diversos mecanismos que são meios
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons-
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essa trução de sentido dos gêneros textuais e, dentre eles, a
é uma das estratégias de interpretação em que pode- intertextualidade merece destaque.
mos usar métodos dedutivos Para se entender melhor a estrutura e a função da
intertextualidade, podemos separar a palavra por par-
Conhecimento Textual
tes: “inter” é de origem latina e refere-se à noção de
dentro, ou seja, o que está dentro do texto, e “textuali-
Esse tipo de conhecimento se atrela ao conheci-
mento linguístico e se desenvolve pela experiência dade” traz a ideia de conteúdo, palavras. Portanto, ao
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de formarmos a palavra “intertextualidade”, já em seu
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- significado temos sua função: textos dentro de textos.
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque A intertextualidade está presente em nosso dia
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê internet e também da publicidade. A seguir, apresen-
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma tamos dois exemplos que resumem a ideia de inter-
reportagem como se lê um poema. textualidade que iremos trabalhar neste material:
Em outras palavras, esse conhecimento se relacio-
na com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.

Conhecimento de Mundo

O uso dos conhecimentos prévios é fundamental


para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
importante que o candidato a cargos públicos reserve
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso
cérebro associar informações, a fim de compreender
o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.
cício para atestarmos a importância da ativação do
conhecimento de mundo em um processo de interpre- Compreendida a ideia de intertextualidade e apre-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: sentada sua importância para a análise textual em
provas, questões e textos, faz-se necessário conhecer
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
algumas das principais formas de realização da inter-
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- textualidade em textos e em gêneros utilizados por
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam bancas de concurso.
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as Antes, porém, é necessário apontar que, confor-
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em algu-
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- ma medida, recuperadores de outros. Quando o leitor
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e acessa as ideias e reconhece essa intertextualidade,
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).
estamos diante de um processo de intertextualidade
stricto sensu. Quando não é possível acessar esse teor
Agora, tente responder às seguintes perguntas
sobre o texto: intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato
Quem é o herói de que trata o texto? sensu. Desenvolvemos o esquema a seguir para tornar
Quem são as três irmãs? essa divisão mais didática:
LÍNGUA PORTUGUESA

Qual é o planeta inexplorado?


INTERTEXTUALIDADE
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto chama-se “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque Stricto Senso Lato Senso
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar Temática
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do Estilística
Explícita
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré- Implícita
vio que é essencial para a interpretação de questões. 13
Paródia É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
A paródia é um tipo de intertextualidade estilística é ter com quem nos mata, lealdade [...]
em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
verbal ou não verbal. É muito comum tanto em tex- Referência
tos musicais, dos quais são recuperados a melodia e o
estilo do intérprete original, quanto em textos visuais, A referência é um tipo de intertextualidade explícita,
como no exemplo a seguir: muito comum e necessária em trabalhos acadêmicos,
pois ao mencionar uma obra ou autor e suas ideias, o pes-
quisador deverá realizar as devidas referências, indican-
do os nomes dos títulos mencionados ao final do trabalho.
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve-
mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um
exemplo de referência com a indicação de uma das
obras citadas neste material:

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda


Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3.
ed. São Paulo: Contexto, 2015.

Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acessado em: 12/10/2020. Vale ressaltar que existem uma multiplicidade de
estilos de referência que variam de acordo com o mate-
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e rial a ser referenciado.
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- As referências também são muito comuns em textos
lidade textual. jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais
documentos que sirvam de embasamento teórico.
Paráfrase
Citação
A paráfrase é uma estratégia intertextual que con-
siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o A citação também é um tipo de intertextualidade
qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada explícita e diz respeito às formas de citação de uma
um tipo de intertextualidade temática. obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan-
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é do utilizamos as palavras de outros autores, devemos
a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição
versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada
carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do
autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a
de Luís Vaz de Camões.
citação passa a ser indireta.
Independente da maneira como citamos em um tex-
Monte Castelo – Legião Urbana
to, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras
citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que
Ainda que eu falasse a língua dos homens
também seguem o padrão estabelecido pela ABNT.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria. É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade z Citação direta:
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece [...] A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor
I carta de São Paulo aos Coríntios
(BOAVENTURA, 2004, p. 81).
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que z Citação indireta:
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de trabalho acadêmico é diretamente proporcional
à credibilidade das fontes utilizadas, por isso é
maneira tal que transportasse os montes, e não
necessário atentar-se para os diversos tipos de
tivesse amor, nada seria [...]
citação aqui mencionados.
11 Soneto – Luis Vaz de Camões
Dica
Amor é um fogo que arde sem se ver, A citação indireta é um tipo de paráfrase.
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente, Alusão
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; A alusão é um intertexto que faz referência a uma
é um andar solitário entre a gente; obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci-
é nunca contentar se de contente; mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí-
14 é um cuidar que ganha em se perder. cita ou implícita.
Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um ver- Tradução
dadeiro presente de grego.
A expressão “presente de grego” faz alusão aos A tradução é uma espécie de paráfrase para mui-
fatos da Guerra de Tróia, em que os gregos fingiram tos autores, pois, como sabemos, há palavras e expres-
presentear os troianos com um cavalo de madeira
sões que só existem na língua de origem do escritor
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
invadir a cidade de Tróia e destruí-la por dentro. original. Dessa forma, a tradução de textos em línguas
diferentes é uma aproximação de sentidos, construída
Epígrafe a partir das leituras e do ponto de vista do tradutor.
Muitos escritores brasileiros são considerados como
A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní- “literatura complexa” por manterem em seus textos
cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê- expressões tão brasileiras que se tornam difíceis de
micos ou de outros gêneros para manter uma relação
expressar em outras línguas. É o caso do mineiro de
dessa citação com o assunto abordado na obra.
Por exemplo, no início deste capítulo, poderíamos Cordisburgo, Guimarães Rosa, que apresenta uma
ter colocado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras linguagem peculiar repleta de neologismos, como os
repetidas, mas quais são as palavras que nunca são destacados a seguir:
ditas” (trecho da música Quase sem querer da banda
Legião Urbana), para iniciar nosso debate sobre inter-
textualidade e as possibilidades de escrevermos algo
Enxadachim: Designa um trabalhador do cam-
completamente inédito em nosso contexto atual.
po, que luta pela sobrevivência. A palavra reúne
“enxada” e “espadachim”.
Bricolagem Taurophtongo:  Significa mugido, sendo a pala-
vra uma junção de dois termos gregos, relativos
A bricolagem é um tipo de intertextualidade que a touro (táuros) e ao som da sala (phtoggos).
atua explicitamente no texto, pois se trata da mescla de Embriagatinhar:  A mistura de “embriagado” e
vários elementos advindos de vários textos ou de várias “(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa
obras de arte em geral. Assim, a principal característica que, de tão bêbada, chega a engatinhar.
da bricolagem é o uso de outros fragmentos textuais Velvo:  Adaptação do inglês  velvet, que signi-
para a formação de uma nova composição textual. fica “veludo”. Na linguagem de Guimarães
Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor Rosa, é o nome dado para uma planta de folhas
I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu aveludadas.
um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz, Circuntristeza: Como a própria palavra sugere,
para compor a letra da música. refere-se à “tristeza circundante”.
“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen-
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acessado em: 16/10/2020.
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao
calor amoroso que saía delas, como um corpo res- Diante desse complexo léxico, como traduzir
sequido que se estira num banho lépido; Sentia um expressões que até para um brasileiro pode ser difícil
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe
compreender? Por isso, a tradução é um texto inter-
que entrava enfim uma existência superiormente
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito textual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafrasear
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma trechos cuja complexidade só poderia ser alcançada
se cobria de um luxo radioso de sensações.” por falantes nativos.
Eça de Queirós – O Primo Basílio
Pastiche
Amor I Love You – Marisa Monte
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
Deixa eu dizer que te amo
um modelo estrutural serve para inspirar um novo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
Isso me ajuda a viver típico deste último era o programa de TV “Os trapa-
[...] lhões”, que se inspirava em que o modelo humorístico
Meu peito agora dispara criado pelo trio “Os três patetas”, na década de 1960.
Vivo em constante alegria O pastiche também é comum em textos imagéticos,
LÍNGUA PORTUGUESA

É o amor que está aqui


como o exemplo a seguir:
Amor, I love you (x8)

Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!


Era a primeira vez que lhe escreviam
Aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se
Ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido
Que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
Fonte: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acessado
em: 12/10/2020. 15
Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acessado em: 12/10/2020.

TIPOLOGIA TEXTUAL
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS

Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estruturais,
relativamente autônomas, organizadas em frases”.
Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero
discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predominância de narra-
ções (contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação
do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.).
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a
seguinte figura, que demonstra como podemos identificar os tipos textuais e suas principais características, tendo
em vista que cada sequência textual apresenta características próprias que pouco ou nada sofrem em alterações,
mantendo uma estrutura linguística quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias
(Narrativo, Descritivo, Expositivo, Instrucional e Argumentativo).

Gênero Textual

Frases Tipo Textual Texto

A partir dessa imagem, podemos identificar que a orientação gramatical mantida pelas frases apresenta mar-
cas linguísticas, assinalando o tipo textual predominante que o texto deve manter, organizado pelas marcas do
gênero textual ao qual o texto pertence.

TIPO TEXTUAL
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no texto. Tam-
bém é chamado de sequência textual
GÊNERO TEXTUAL
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente

Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a existência de predominância de algumas sequências em
detrimento de outras, de acordo com o texto.
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo suas principais característi-
cas e marcas linguísticas.

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Narrativo

Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo de contar uma his-
tória, narrar um fato. Por isso, precisam manter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão de algumas
estratégias, como a organização dos fatos a partir de marcadores temporais e espaciais, a inclusão de um momen-
to de tensão (chamado de clímax) e um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
16 1  BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrativo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles:

z Situação inicial: Envolve a “quebra” de um equilíbrio, o que demanda uma situação conflituosa;
z Complicação: Desenvolvimento da tensão apresentada inicialmente;
z Ações (para o clímax): Acontecimentos que ampliam a tensão;
z Resolução: Momento de solução da tensão;
z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre a resolução;
z Moral: Apresentação de valores morais que a história possa ter apresentado.

Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”. Vamos
lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identificar outros pontos do tipo textual narrativo.

Era um garoto que como eu


Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim Situação inicial: predomínio de equilíbrio
Havia mil garotas afim
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane e Yesterday
Cantava viva à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América Complicação: início da tensão
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Clímax
Lutar com vietcongs
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Resolução
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota,
ra-tá-tá-tá Situação final /
Não tem amigos, não vê garotas Avaliação
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã
[...]
No peito, um coração não há
Moral
Mas duas medalhas sim

Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021.

Essas sete marcas que definem o tipo textual narrativo podem ser resumidas em marcas de organização lin-
guística que são caracterizadas por:

z Presença de marcadores temporais e espaciais;


z Verbos, predominantemente, utilizados no passado;
z Presença de narrador e personagens.

Importante!
LÍNGUA PORTUGUESA

Os gêneros textuais que são predominantemente narrativos apresentam outras tipologias textuais em sua com-
posição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamente por uma sequência textual. Por isso,
devemos sempre identificar as marcas linguísticas que são predominantes em um texto, a fim de classificá-lo.

Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e espaciais. São formas
linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físico ou temporal em
textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da histó-
ria, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atualmente, naquele
dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante aprendermos
a identificar os principais tipos de narrador de um texto: 17
Narrador: Também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que compõem o texto
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não participa das ações
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não participa das ações,
porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa

Alguns gêneros conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas são notícia, diário, conto, fábula,
entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos não significa
que não possam apresentar outras sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial atentar-se às marcas
que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas
mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utilizam esse tipo
textual geralmente utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos de textos
cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista de compras.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito de
alguns aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil.

“Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo,
assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam
mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e
todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés;
e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.”
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021.

Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc.).
A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo utilizado para manter a comunicação entre a Corte
Portuguesa e os navegadores.
Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e,
aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio a seguir:

Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-


18 ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em: 30 ago. 2021.
Note que há a presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos, que buscam levar o leitor a imaginar o
objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc.) com uso
de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está organizado de
forma esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a leitura (o pedido,
no caso) do cliente.

Expositivo

O texto expositivo visa a apresentar fatos e ideias a fim de deixar explícito o tema principal do texto. Nesse tipo
textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas e citações diretas e indiretas que servem
para embasar o assunto tratado pelo texto. Para ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:

LÍNGUA PORTUGUESA

Disponível em: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016. Acesso


em: 30 ago. 2021. Adaptado. 19
O infográfico mostrado apresenta informações A principal marca linguística dessa tipologia é a
pertinentes sobre o panorama mundial da situação presença de verbos conjugados no modo imperati-
da água no ano de 2016. O gênero foi construído com vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
tema abordado. Para isso, o autor dispõe, além de lin-
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
guagem compreensível e objetiva, de recursos visuais
Para que possamos identificar corretamente essa
para atingir o objetivo.
É importante destacar que os textos expositivos tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
podem, muitas vezes, ser confundidos com textos ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
argumentativos, uma vez que existem textos argu- exemplo a seguir:
mentativos que são classificados como expositivos,
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma Como faço para criar uma conta do Instagram?
argumentação. Aplicativo do Instagram para Android e iPhone:
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou
Google Play Store (Android).
Dica
2. Depois de instalar o aplicativo, toque em para abri-lo.
Atente-se a esta importante diferença entre 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de telefone
as sequências expositiva e argumentativa: a (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira seu endereço
argumentativa apresenta uma opinião pessoal, de e-mail ou número de telefone (que exigirá um código de
confirmação), toque em Avançar. Também é possível tocar em
enquanto a expositiva não abre margem para a Entrar com o Facebook para se cadastrar com sua conta do
argumentação, já que o fato exposto é apresen- Facebook.
tado como dado, ou seja, o conhecimento sobre 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de telefone,
uma questão não é posto em debate — apresen- crie um nome de usuário e uma senha, preencha as informa-
ta-se um conceito e expõem-se as característi- ções do perfil e toque em Avançar. Se você se cadastrar com o
Facebook, será necessário entrar na conta do Facebook, caso
cas desse conceito sem espaço para opiniões. tenha saído dela.

Marcas linguísticas do texto expositivo: Disponível em: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso


em: 30 ago. 2021. Adaptado.
z Apresenta informações sobre algo ou alguém —
presença de verbos de estado; No exemplo dado, podemos destacar a presença de
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que verbos conjugados no modo imperativo, como baixe,
organizam a informação; toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos
z Presença de figuras de linguagem como metáfora textos injuntivos é a enumeração de passos a serem
e comparação; cumpridos para a realização correta da tarefa ensina-
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
final do texto.
Argumentativo
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
dade nos leitores, como no exemplo a seguir:
complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificul-
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIONARAM O dade na identificação, bem como em sua análise.
MUNDO O texto argumentativo tem por objetivo a defesa
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa
Hedy Lamarr - conexão wireless de uma tese e a apresentação de argumentos que
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex-
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy Lamarr tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios
foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar torpe- científicos e filosóficos, dentre outros.
dos à distância, durante a Segunda Guerra Mundial, alterando
Outro aspecto importante dos textos argumentati-
rapidamente os canais de frequência de rádio para que não
fossem interceptados pelo inimigo. Esse conceito de trans- vos é que eles são compostos por estruturas linguís-
missão acabou, mais tarde, permitindo o desenvolvimento de ticas conhecidas como operadores argumentativos,
tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth. que organizam as orações subordinadas, estruturas
Disponível em: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acesso em: 30 ago. 2021. mais comuns nesse tipo textual.
Adaptado. A seguir, apresentamos um quadro sintético com
algumas estruturas linguísticas que funcionam como
Instrucional ou Injuntivo operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
a leitura de textos argumentativos:
O tipo textual instrucional ou injuntivo é carac-
terizado por estabelecer um “propósito autônomo”2
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
que busca convencer o leitor a realizar alguma tarefa.
Esse tipo textual é predominante em gêneros como É incontestável que...
bula de remédio, tutoriais na internet, horóscopos e Tal atitude é louvável / repudiável / notável...
manuais de instrução. É mister / é fundamental / é essencial...

20 2  CAVALCANTE, 2013, p. 73.


Observe o exemplo a seguir: „ Brocha (pequeno prego);
„ Broxa (pincel para caiação de paredes);
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais „ Chá (planta para preparo de bebida);
no tratamento das mais diversas doenças relacio- „ Xá (título do antigo soberano do Irã);
nadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos „ Chalé (casa campestre de estilo suíço);
nem de longe compensam o dinheiro gasto com „ Xale (cobertura para os ombros);
essas doenças. Além disso, as empresas têm gran- „ Chácara (propriedade rural);
des prejuízos por causa de afastamentos de tra- „ Xácara (narrativa popular em versos);
balhadores devido aos males causados pelo fumo.
„ Cheque (ordem de pagamento);
Portanto, é mister que sejam proibidas quaisquer
„ Xeque (jogada do xadrez).
propagandas de cigarros em todos os meios de
comunicação.”
Emprego do C, Ç, S e SS
Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/
texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 30 ago. 2021.
Adaptado. Por possuírem o mesmo som, o uso de C, Ç, S e SS
costuma causar bastante confusão. Porém, existem
Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- algumas regrinhas que nos ajudam a saber quando
te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, usar cada uma das letras. Veja:
ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin-
do a estrutura argumentativa desse tipo textual. z O C só é usado com valor de “s” com as vogais “e”
e “i”:

Ex.: acém, ácido, aceso, macio.


ORTOGRAFIA OFICIAL
z Com as vogais “o” e “u”, usa-se Ç:
A ortografia é o ramo que estuda a variedade for-
mal da escrita das palavras. Veja, por meio de algu- Ex.: Açougue, açúcar, caçula.
mas regras, como acabar com suas dúvidas e escrever
corretamente. z Em início de palavras, o Ç e o SS não são usados.
O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer
Emprego do X e do CH uma das vogais:

O “X” é utilizado: Ex.: Sapato, segurança, situação, solteiro, sucesso.

z Após os ditongos (encontro de duas vogais). z O “C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de
“S”) apenas com as vogais “e” e “i”:
Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo,
encaixe, paixão, frouxo Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema.
Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho;
z O “S” tem sempre som de /z/ quando está entre
z Após as sílabas “en” e “me”. vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva-
das de uma palavra com “S” no início passam a ser
Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar, enxu- escritas com “SS”, mantendo o som de /s/:
gar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano, enxovalho.
Algumas palavras formadas por prefixação (pre- Ex.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir
fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente, – Prosseguir.
encharcar etc.).
Exceção: mecha (de cabelo); z O “SS” é utilizado somente entre vogais:

z Em palavras de origem indígena e africana e pala- Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível.
vras inglesas aportuguesadas.
Emprego do C e QU
Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante;
É comum encontrarmos algumas palavras que
Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo, nos colocam na dúvida: usar C ou QU? Pois existem
palavras que podem ser escritas tanto de uma forma,
LÍNGUA PORTUGUESA

caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixaba,


xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo, graxa, como de outra. Veja:
puxar, rixa. Ex.: Catorze / quatorze; cociente / quociente; coti-
Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi- diano / quotidiano; cotizar / quotizar.
marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto- As seguintes palavras só podem ser escritas de
che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha, uma forma:
brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche, Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona.
mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
chuchu, charque, cochicho. Emprego do K, W e Y

z Há, ainda, algumas palavras homófonas, que Símbolos e siglas


podem ser escritas das duas formas, porém têm
significados diferentes. Veja algumas: z Kg – quilograma; 21
z Km – quilômetro; REGRAS DE ACENTUAÇÃO
z k – potássio;
z Nomes próprios e seus derivados originados de Há na língua portuguesa algumas regras de acen-
língua estrangeira: tuação das palavras segundo a sua classificação quan-
to à tonicidade, e é importante conhecê-las para não
Ex.: Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo; cometer enganos na hora da escrita. São elas:

z Palavras estrangeiras não adaptadas para o z Monossílabas: Acentuam-se os monossílabos tôni-


português: cos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, chá; pé, fé,
mês; nó, pó, só.
Ex.: Feedback, hardware, hobby. z Oxítonas: São acentuadas as oxítonas terminadas em:

„ a(s): sofá, sofás;


Emprego do G e do J
„ e(s): jacaré, vocês;
„ o(s): paletó, avôs;
O “G” é utilizado em: „ em, ens: armazém, armazéns.

z Palavras terminadas em “–io”; z Paroxítonas (penúltima sílaba tônica): São acen-


tuadas quando terminam em:
Ex.: Estágio, relógio, refúgio, presságio;
„ “L”: fácil, portátil;
z Substantivos terminados em “–em”; „ “N”: pólen, hífen;
„ “R”: cadáver, poliéster;
Ex.: ferrugem, carruagem, passagem, viagem. „ “PS”: bíceps;
„ “X”: tórax;
O “J” é utilizado em: „ “US”: vírus;
„ “I, IS”: júri, lápis;
z Palavras de origem indígena: Pajé, canjica, „ “OM”, “ONS”: iândom, íons;
jerimum. „ “UM”, “UNS”: álbum, álbuns;
z Palavras de origem africana: Jiló, jagunço, jabá. „ “Ã(S)”, “ÃO(S)”: órfã, órfãs, órfão, órfãos;
„ Ditongo oral: jóquei, túneis.
É importante saber:
Existem algumas observações/exceções a serem
feitas a respeito da acentuação das paroxítonas:
z A conjugação do verbo “viajar”, no Presente do
Subjuntivo, escreve-se com j: Que eles(as) viajem.
„ Os prefixos terminados em “i” e “r” não são
z Verbos no infinitivo escritos com “G” antes de “e”
acentuados.
ou “i” têm o “G” substituído por “J” em algumas fle-
xões, para manter o mesmo som:
Ex.: Semi-, super-, hiper-;
Afligir: aflija, aflijo;
„ Paroxítonas terminadas em ditongos crescentes
Agir: ajam, ajo;
(ea, oa, eo, ua, ia, eu, ie, uo, io) recebem acento.
Eleger: elejam, elejo.
Ex.: Mágoas, tênue, férias, ingênuo.

z Proparoxítonas (antepenúltima sílaba tônica):


ACENTUAÇÃO GRÁFICA São sempre acentuadas graficamente.

Os acentos gráficos da língua portuguesa são o Ex.: trágico, árvore, mármore;


agudo (´), grave/crase (`) e circunflexo (^). Vale ressal-
tar que a trema ( ¨ ) teve seu uso na língua portuguesa Antes de concluir, é importante mencionar o uso
abolido após o Novo Acordo Ortográfico, então, muito do acento nas formas verbais “ter” e “vir”:
cuidado para não se esquecer desse detalhe. Ele tem / Eles têm
Esses sinais podem indicar a sílaba tônica das Ele vem / Eles vêm
palavras, isto é, a sílaba mais forte pronunciada com
maior intensidade. Veja: Espírito, simpática, vovô. Perceba que, no plural, essas formas requerem
o uso do acento (^). Atente-se à concordância verbal
z O acento agudo (´) indica-nos uma sílaba tônica quando usar esses verbos.
com som mais aberto, como na palavra “simpáti-
ca”, que vimos acima. Outro exemplo é a palavra
“sábio”;
z O circunflexo (^), ao contrário, indica sílaba tôni- EMPREGO DAS CLASSES DE
ca mais fechada. Veja algumas palavras: câncer, PALAVRAS
bambolê, lâmpada;
z A crase (`), marcada pelo acento grave, de manei- ARTIGOS
ra geral, é utilizada para fazer a junção de duas
vogais “a”, quando em uma frase a preposição é Os artigos devem concordar em gênero e número
contraída com o artigo. Veremos com mais profun- com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
22 didade sua aplicação mais à frente. minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e Na primeira frase, podemos substituir o termo um
artigos indefinidos. Os definidos funcionam como por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
determinantes objetivos, individualizando a palavra, o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
já os indefinidos funcionam como determinantes der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
imprecisos. contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — por exemplo.
um — variam em gênero e número, tornando-se “os, Já na segunda oração, a alteração do gênero não
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
indefinidos. Assim, temos: pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
deputado, marcando a quantidade.
z Artigos definidos: o, os; a, as; Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. atentos com a aparição das expressões adverbiais, o
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
Os artigos podem ser combinados às preposições. Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
São as chamadas contrações. Algumas contrações seguir:
comuns na língua são:
z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante
z em + a = na; destacar que sua forma é masculina. Logo, a con-
z a + o = ao; cordância com palavras femininas é inaceitável
z a + a = à; pela gramática.
z de + a = da.
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Dica Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Toda palavra determinada por um artigo torna-
z A forma 14 por extenso apresenta duas formas
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar
aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
etc.
SUBSTANTIVOS
NUMERAIS
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
São palavras que se relacionam diretamente ao
característica básica dessa classe é admitir um deter-
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
ção. Os numerais podem ser:
xionam-se em gênero, número e grau.
z Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
Tipos de Substantivos
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
meninos eram bons em português;
z Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma A classificação dos substantivos admite nove tipos
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che- diferentes. São eles:
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
z Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo z Simples: Formados a partir de um único radical.
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.: Ex.: vento, escola;
Ele ganha o triplo no novo emprego; z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
z Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi- ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele substantivo. Ex.: pedra, dente;
recebeu metade do pagamento. z Derivado: Formados a partir dos derivados. Ex.:
pedreiro, dentista;
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos, z Concreto: Designam seres com independência
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
quantidade exata de seres/conceitos. Veja: pendentemente de sua conotação espiritual ou
Dúzia: conjunto de doze unidades; real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
Novena: período de nove dias; z Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua-
Década: período de dez anos; lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
Século: período de cem anos; em função de outros seres. A feiura, por exemplo,
Bimestre: período de dois meses. depende de uma pessoa, um substantivo concreto
LÍNGUA PORTUGUESA

a quem esteja associada. Ex.: chute, amor, cora-


Um: numeral ou artigo? gem, liberalismo, feiura;
z Comum: Designam todos os seres de uma espécie.
A forma um pode assumir na língua a função de Ex.: homem, cidade;
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
podemos reconhecer cada função? É preciso observar Pedro, Fortaleza;
o contexto em uso. Observe: z Coletivo: Usados no singular, designam um conjun-
to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, manada.
z Durante a votação, houve um deputado que se
posicionou contra o projeto. É importante destacar que a classificação de um
z Durante a votação, apenas um deputado se posi- substantivo depende do contexto em que ele está inse-
cionou contra o projeto. rido. Vejamos: 23
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Flexão de Número
pessoa = Próprio);
O amigo mostrou-se um judas (judas significando Os substantivos flexionam-se em número, de
traidor = comum). maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.:
Casa / casas.
Flexão de Gênero Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc.
Os gêneros do substantivo são masculino e Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
feminino. das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni- terminada em L e que tem como plural “males”.
formes. Os substantivos uniformes podem ser: Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
z Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma- corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O Entretanto, também há exceções. Ex.: a forma
pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien- mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles
te / a cliente; O líder / a líder; e méis.
z Epicenos: Designam geralmente animais que Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
apresentam distinção entre masculino e feminino, plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo Ex.: capelães, capitães, escrivães.
macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; Contudo, há substantivos que admitem até três
onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá formas de plural, como os seguintes:
fêmea; girafa macho / girafa fêmea;
z Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne- z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
Já os substantivos biformes designam os substan- que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
tivos que apresentam duas formas para os gêneros órgãos; órfão / órfãos.
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam Plural dos Substantivos Compostos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Os substantivos compostos são aqueles formados
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. por justaposição. O plural dessas formas obedece às
Outros substantivos modificam o radical para seguintes regras:
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no. Estes são chamados de substantivos heteroformes: z Variam os Dois Elementos:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes-
Gênero e Significação tres -salas;
Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-
Alguns substantivos uniformes podem aparecer das -noturnos;
com marcação de gênero diferente, ocasionando uma Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
modificação no sentido. Veja, por exemplo: Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças
-feiras.
z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: Relato de experiência, associado a z Varia Apenas um Elemento:
religiões.
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.:
Algumas formas substantivas mantêm o radical e canas-de-açúcar;
a pequena alteração no gênero do artigo interfere no Substantivo + substantivo com função adjetiva.
significado: Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo; abaixo-assinados.
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
Além disso, algumas palavras na língua causam formados por
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- verbo + advérbio
das em contextos informais com gêneros diferentes. verbo + substantivo plural
Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido; ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha.
a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
fonema; o trema. Variação de Grau
Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no A flexão de grau dos substantivos exprime a varia-
masculino quanto no feminino: O personagem / a per- ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou
24 sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. uma diminuição.
z Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufi- ADJETIVOS
xos aos substantivos indicar um aumento de
tamanho. Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra, podem indicar:
fogaréu, boqueirão, poetastro;
z Qualidade: professor chato;
z Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do z Estado: aluno triste;
aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção z Aspecto, aparência: estrada esburacada.
do ser.
Locuções Adjetivas
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
pequenina, papelucho. As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor
dos adjetivos, indicando as mesmas características
Dica deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo,
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
vras, podendo assumir um valor: A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti-
Afetivo: filhinha / mãezona; vas ao lado da forma adjetiva, importantes para seu
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. estudo:

O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas z Voo de águia / aquilino;


z Poder de aluno / discente;
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras z Conselho de professores / docente;
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da z Cor de chumbo / plúmbea;
inicial maiúscula. z Luz da lua / lunar;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as z Sangue de baço / esplênico;
inicias das palavras que designam: z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, É importante destacar que, mais do que “decorar”
Cinderela; formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
z Nomes de cidades, países, estados, continentes damental reconhecer as principais características de
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
Ceará, Nárnia, Londres; apresentar valor de posse.
z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
das Crianças; A abertura de conta pode ser realizada on-line.
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-
Gabinete da Vice-presidência, Organização das bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante
Nações Unidas; perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
nome próprio, como no exemplo dado, este tam- porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
bém deverá ser escrito com inicial maiúscula; zando o substantivo “abertura”.
z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial; demonstrando seu caráter adverbial.
z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.: As locuções adjetivas também desempenham fun-
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente, ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra- numerais e orações substantivas.
fados com maiúsculas apenas quando utilizados Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar.
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj.
Já as locuções adverbiais desempenham função de
LÍNGUA PORTUGUESA

o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican-


do uma direção, devem ser escritos com minúscu- advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e
las. Ex.: Correu a América de norte a sul; orações adjetivas com esses valores.
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS, Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez.
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio). Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv.

Atente-se ao seguinte: Em palavras com hífen, Adjetivo de Relação


pode-se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas.
Portanto, são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice- No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer
-presidente e vice-presidente; porém, é preciso man- o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
ter a mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
compostos por hífen devem ser escritos com as iniciais Para identificar um adjetivo de relação, observe as
maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste. seguintes características: 25
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- O candidato é o menos preparado entre os con-
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- inferioridade).
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos Importante! Ao compararmos duas qualidades de
de quem o descreve; um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica
z Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
relação sempre são posicionados após o substanti- Ex.: A modelo é mais alta que magra.
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial. Porém, se uma mesma característica referir-se
a seres diferentes, empregamos a forma sintética
z Derivado do substantivo: Derivam-se do substan-
(melhor, pior, menor etc.).
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
— pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus com-
Formação dos Adjetivos
parativo e superlativo não são admitidos. Ex.:
Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco
Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
mundial”. simples ou compostos.

Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras
te americano (não é subjetivo; posicionado após o palavras. A partir deles, é possível formar novos
substantivo; derivado de substantivo; não existe a termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- z Derivados: São palavras que derivam de verbos
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
roteiro carnavalesco. rengo etc.;
z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: por-
Variação de Grau tuguês, escuro, honesto etc.;
z Compostos: Formados a partir da união de dois ou
O adjetivo pode variar em dois graus: compara- mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas amarelo-ouro etc.
respectivas categorias.
Dica
z Grau comparativo: Exprime a característica de
O plural dos adjetivos simples é realizado da
um ser, comparando-o com outro da mesma classe
mesma forma que o plural dos substantivos.
nos seguintes sentidos:
Plural dos Adjetivos Compostos
„ Igualdade: Compara elementos colocando-os
em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos tes regras:
quanto simplórios;
„ Superioridade: Compara, evidenciando um z Invariável:
elemento como superior ao outro. Mais do que,
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente „ Adjetivos compostos por azul-marinho, azul-ce-
do que o dinheiro; leste, azul-ferrete;
„ Inferioridade: Compara, evidenciando um ele- „ Locuções formadas de cor + de + substantivo,
mento como inferior ao outro. Menos do que, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados „ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
do que mulheres. quesa, camisas amarelo-ouro.

z Grau superlativo: Em relação ao grau superlati- z Varia o Último Elemento:


vo, é importante considerar que o valor semântico
desse grau apresenta variações, podendo indicar: „ Primeiro elemento é palavra invariável, como
em mal-educados, recém-formados;
„ Característica de um ser elevada ao último „ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-cla-
grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí- ros, cabelos castanho-escuros.
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo). Adjetivos Pátrios

Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo Os adjetivos pátrios, também conhecidos como
absoluto analítico). gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade
de seres e objetos.
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de
sintético);
um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama-
zonense, fluminense, cearense.
„ Característica de um ser relacionada com Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é for-
outros indivíduos da mesma classe: Superla- mado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usa-
tivo relativo, que pode ser de superioridade (o do para designar profissões. O gentílico que designa
mais) ou de inferioridade (o menos). nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que
comercializavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorren- alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar
26 tes? (Superlativo relativo de superioridade). os nascidos em nosso país.
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
LÍNGUA PORTUGUESA

delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê? 27
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso. Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passi-
vidade, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

GRAU COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal


Muito Mais - -
Pouco Menos - -

28 Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
GRAU -
SUPERLATIVO Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: Sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOMES
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles: 29
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:

z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo a 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.

Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;

z Sua: Designa a pessoa de quem se fala (relativo a 3ª pessoa).

Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:

z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel, tratamento cerimo-
nioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
30 z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): Bispos.
Os exemplos apresentados fazem referência a pronomes de tratamento e suas respectivas designações sociais
conforme indica o Manual de Redação oficial da Presidência da República. Portanto, essas designações devem ser
seguidas com atenção quando o gênero textual abordado for um gênero oficial.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:

z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tratamento é importante destacar que o plural de algumas abre-
viaturas é feito com letras dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na maioria das abreviaturas
terminadas com a letra a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meritíssimo Juiz;
z O tratamento dispensado ao Presidente da República nunca deve ser abreviado.

Pronomes Indefinidos

Os pronomes indefinidos indicam quantidade de maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pessoa do
discurso. Os pronomes indefinidos podem variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:

PRONOMES INDEFINIDOS3
Variáveis Invariáveis
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém
Todo, toda, todos, todas Quem
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Certo, certa, certos, certas Nada
Vários, várias Cada
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Tanto, tanta, tantos, tantas
Qualquer, quaisquer
Qual, quais
Um, uma, uns, umas

As palavras certo e bastante serão pronomes indefinidos quando vierem antes do substantivo, e serão adje-
tivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido).
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefinido. Por
isso, atente-se ao seguinte:

z Bastante (advérbio): Será invariável e equivalente ao termo “muito”.

Ex.: Elas são bastante famosas.

z Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente ao termo “suficiente”.

Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para a festa.

z Bastante (pronome indefinido): Concorda com o substantivo, indicando grande, porém incerta, quantidade
de algo.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.

Pronomes Demonstrativos

Os pronomes demonstrativos indicam a posição e apontam elementos a que se referem as pessoas do discurso
(1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.

z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;


z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
3  Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm>. Acesso em: 14 jul. de 2020. 31
z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas; Dica
z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
Usamos este, esta, isto para indicar: função demonstrativa referencial. Veja:
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi- esqueceu de preencher o gabarito.
dade de algo ao falante. Correto: O candidato fez a prova, porém esque-
ceu de preencher o gabarito.
Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
como prova. Pronomes Relativos

z Referência ao tempo presente. Uma das classes de pronomes mais complexas, os


pronomes relativos têm função muito importante na
Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês, língua, refletida em assuntos de grande relevância
pagarei a última prestação da casa. em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
é essencial conhecer adequadamente a função desses
z Referência ao espaço textual. elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro- ou a um pronome substantivo mencionado anterior-
curava um presente para o marido (o pronome refere- mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
-se ao último termo mencionado). nado anteriormente) chamamos de antecedente.
Este artigo científico pretende analisar... (o prono- São pronomes relativos:
me “este” refere-se ao próprio texto).
Usamos esse, essa, isso para indicar: z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta,
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta- quantas;
mento de algo de quem fala. z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso-
ciado a pessoas, coisas ou objetos.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O
z Indicar distância que se deseja manter.
cachorro que estava doente morreu. A caneta que
emprestei nunca recebi de volta.
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
fia nesses políticos.
relativo “que”.
Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
z Referência ao tempo passado.
z Emprego do relativo quem: Seu antecedente deve
Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias ser uma pessoa ou objeto personificado.
estive em São Paulo.
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo.
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. O pronome relativo quem pode fazer referência a
algo subentendido: Quem cala consente (aquele que
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter cala).
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nessa
expressão utilizada. z Emprego do relativo quanto: Seu antecedente
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
vo; pode sofrer flexões.
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta?
z Emprego do relativo cujo: Deve ser empregado
z Referência a um tempo muito remoto, um passa- para indicar posse e aparecer relacionando dois
do muito distante. termos que devem ser um possuidor e uma coisa
possuída.
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por-
tas abertas. Bons tempos aqueles! Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
z Referência a um afastamento afetivo. matéria (coisa possuída).
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
z Referência ao espaço textual, indicando o pri- cujo: Cujo o, cuja a
meiro termo de uma relação expositiva. Não podemos substituir cujo por outro pronome
relativo.
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
32 riu beber chá; aquela, refrigerante. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per- Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o
gunta: “de quem/do que?” pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação
Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor do pronome é com o objeto da posse.
do que? Do filme). Outras funções dos pronomes possessivos:
Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
quem? Do rapaz). z Delimitam o substantivo a que se referem;
z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
z Emprego do pronome relativo onde: Empregado z Não concordam com o referente;
para indicar locais físicos. z O pronome possessivo que acompanha o substan-
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu- VERBOS
mindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for. Certamente, a classe de palavras mais complexa e
O relativo “onde” pode ser empregado sem importante dentre as palavras da língua portuguesa é
antecedente. o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém. e os agentes desses atos, além de ser uma importante
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
z Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual” isso, atente-se às nossas dicas.
e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa- Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
do em substituição a outros pronomes relativos, em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin- ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
guísticos, como o “queísmo”. fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências,
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin- que podem ser:
guém se lembra.
O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão z Número-pessoal: Indicando se o verbo está no
textual, desfazendo estruturas ambíguas. singular ou plural, bem como em qual pessoa ver-
bal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª);
Pronomes Interrogativos z Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo
verbais a ação foi realizada.
São utilizados para introduzir uma pergunta ao
texto. Iremos apresentar essas desinências a seguir.
Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais? Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). -temporais, precisamos explicar o que são modo e
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? tempo verbais.
Quantos anos tem seu pai?
O ponto de interrogação só é usado nas interroga- Modos
tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
interrogativa, indicada por verbos como perguntar, Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma
indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela. relação enunciada pelo verbo.
Atenção: Os pronomes interrogativos que e quem
são pronomes substantivos, pois substituem os subs- z Indicativo: O modo indicativo exprime atitude de
tantivos, dando fluidez à leitura. certeza.
Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a
realização da atividade (O tempo não permitiu a reali- Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
zação da atividade. O tempo estava instável).4
z Subjuntivo: O modo subjuntivo exprime atitude
Pronomes Possessivos de dúvida, desejo ou possibilidade.

Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.


discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
z Imperativo: O modo imperativo designa ordem,
LÍNGUA PORTUGUESA

convite, conselho, súplica ou pedido.


1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.

1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas Tempos


PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, o tempo dessa ação no passado, presente ou futuro.
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe
a uma coisa. a seguir:
4  Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30. jul. 2021. 33
z Presente:

Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).

z Passado:

„ Pretérito perfeito: Ação realizada plenamente no passado.

Ex.: Estudei até ser aprovado;

„ Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.

Ex.: Estudava todos os dias;

„ Pretérito mais-que-perfeito: Ação anterior à outra mais antiga.

Ex.: Quando notei (passado), a água já transbordara (ação anterior) da banheira.

z Futuro:

„ Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.

Ex.: Estudarei bastante ano que vem.

„ Futuro do pretérito: Expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.

Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado.


A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:

Flexões Modo-temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


Presente * -e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
Pretérito imperfeito -va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª conjugações) -sse
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.

Ex.: Tenho estudado.

z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.

Ex.: Tinha passado.

z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.

34 Ex.: Terei saído.


z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no particípio.

Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo)

z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio.

Ex.: (que eu) Tenha estudado.

z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
cipal no particípio.

Ex.: (se eu) Tivesse estudado

z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.

Ex.: (quando eu) Tiver estudado.

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.

z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
como um advérbio ou um adjetivo.

Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.

z Particípio: Marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.

Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.


Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.

z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:

„ Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina.
„ Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.

O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.


Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

Dica
LÍNGUA PORTUGUESA

Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:

z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar: 35
PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO
Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram

z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.

Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu estou Estive
Tu estás Estiveste
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estivestes
Eles/ vocês estão Estiveram

z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.

Vejamos a conjugação o verbo “ser”:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.

z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto

36 Dispersar Dispersado Disperso


INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite. O convite foi aceito.
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda. Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias. Quando chegou, encontrou o animal morto.
Expelir A bala foi expelida por aquela arma. Esta é a bala expulsa.
Tinha enxugado a louça quando o programa
Enxugar A roupa está enxuta.
começou.
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou. Trabalho findo!
Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar. Onde está o documento impresso?
Limpar Eu tinha limpado a casa. Que casa tão limpa!
Dados importantes tinham sido omitidos por
Omitir Informações estavam omissas.
ela.
Após ter submergido os legumes, reparou no Deixe os legumes submersos por alguns
Submergir
amigo. minutos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Suspender Nunca tinha suspendido ninguém. Você está suspenso!

z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover. 37
z Pronominais: Esses verbos apresentam um pro- „ Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal. -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi-
É importante lembrar que esses pronomes não ficado em particípio regular e irregular, sendo
apresentam função sintática. Predominantemen- as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se. A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par-
— INDICATIVO — INDICATIVO ticípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /
Eu me sento Sentei-me
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se „ Infinitivo: Marca as conjugações verbais.
Nós nos sentamos Sentamo-nos
AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
Vós vos sentais Sentastes-vos passear);
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer,
pôr);
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir,
z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblí-
sair).
quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen-
te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos,
o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo Dica
tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen- O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga-
tamos friamente. ção, pois origina-se do verbo “poer”.
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da O mesmo acontece com verbos que que deste
natureza, como chover, trovejar, nevar etc. derivam.
O verbo haver, com sentido de existir ou mar- Vozes Verbais
cando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.:
Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há dois As vozes verbais definem o papel do sujeito na
anos, fui aprovado em concurso público. oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
Os verbos ser e estar também são verbos impes- verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
soais quando designam fenômeno climático ou tempo.
Ex.: Está muito quente! / Era tarde quando chegamos. z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação
O verbo ser para indicar hora, distância ou data verbal.
concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, Ex.: O policial deteve os bandidos.
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
co. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui faz muito z Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
calor. verbal.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classifica-se como sujeito inexistente. Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintá- passiva analítica;
tico ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
é natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer,
podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes-
bons anos que não vejo Mariana”. mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.

z Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O


nas formas compostas dos verbos e também nas menino se agrediu.
locuções verbais. Os principais verbos auxiliares
dos tempos compostos são ter e haver. z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mes-
mo tempo, porém há uma ação compartilhada
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-
concordância verbal; porém, o verbo principal deter- lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam
mina a regência estabelecida na oração. e sofrem a ação.
Apresentam forte carga semântica que indica
modo e aspecto da oração. São importantes na forma- Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga-
ção da voz passiva analítica. mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
cumprimentaram.
z Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos A voz passiva é realizada a partir da troca de fun-
três formas nominais dos verbos: ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos
transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva
„ Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e
durativo da ação e equivale a um advérbio ou indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do
38 adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. objeto direto.
Importante! Não confunda os verbos pronomi- Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais filha.
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei-
xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um z Partícula de realce: Será partícula de realce o
pronome que faz parte integrante do seu significado, “se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
diferentemente das vozes verbais, que acompanham juízo no sentido e na compreensão global do texto.
o pronome “se” com função sintática própria. A partícula de realce não exerce função sintática,
pois é desnecessária.
Outras Funções do “se”
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
Como vimos, o “se” pode funcionar como item
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele- z Conjunção: O “se” será conjunção condicional
mento também acumula outras atribuições: quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
“se” exerce função de conjunção integrante, ape-
z Partícula apassivadora: A voz passiva sintética nas ligando as orações, e poderá ser substituído
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran- pela conjunção “caso”.
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
designado partícula apassivadora, nesse contexto. dar, será aprovado).

Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — Conjugação de Verbos Derivados


“Se” (partícula apassivadora).
O “se” exercerá essa função apenas: Verbo derivado é aquele que deriva de um ver-
bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses
verbos, é importante ter clara a conjugação de seus
„ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
“originários”.
„ Com verbos que concordam com o sujeito;
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
„ Com a voz passiva sintética.
mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
relevantes em provas diversas:
Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente. z Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
z Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
z Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun- z Ver: Antever, rever, prever;
cionará nessa condição quando não for possível z Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Além disso, não podemos confundir essa função Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi- ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa preensão dessas conjugações verbais.
estar na voz ativa. O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
Outra importante característica do “se” como índi- que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em ção são, predominantemente, regulares.
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá PRESENTE — INDICATIVO
estar na 3ª pessoa do singular.
Eu Crio
Ex.: Acredita-se em Deus.
Tu Crias
z Pronome reflexivo: Na função de pronome refle- Ele/Você Cria
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
Nós Criamos
procidade, auxiliando a construção dessas vozes
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin- Vós Criais
cipais características são: Eles/Vocês Criam

„ Sujeito recebe e pratica a ação;


Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
„ Funcionará, sintaticamente, como objeto direto
mente são irregulares e apresentam alguma modifi-
ou indireto;
LÍNGUA PORTUGUESA

cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a


„ O sujeito da frase poderá estar explícito ou
conjugação do verbo “passear”:
implícito.
PRESENTE — INDICATIVO
Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
presente de aniversário (implícito). Eu Passeio
Tu Passeias
z Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
Ele/Você Passeia
será parte integrante dos verbos pronominais,
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan- Nós Passeamos
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun- Vós Passeais
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
estar explícito ou implícito. Eles/Vocês Passeiam 39
Conjugação de Alguns Verbos z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;
Vamos agora conhecer algumas conjugações de z Direção: Levantar as mãos aos céus;
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- z Distância: Cair a poucos metros da namorada;
to de questões em concursos. z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;
Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo: z Lugar: Ir a Santa Catarina;
z Modo: Falar aos gritos;
PRESENTE — INDICATIVO z Sucessão: Dia a dia;
Eu Adiro z Tempo: Nasci a três de maio;
Tu Aderes z Proximidade: Estar à janela.

Ele/Você Adere “Após”


Nós Aderimos
Vós Aderis z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
z Tempo: Logo após o almoço descansamos.
Eles/Vocês Aderem
“Com”
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
São conjugados da mesma forma os verbos dispor, z Causa: Ficar pobre com a inflação;
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
entrepor, supor. z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
nos para o futuro;
PRESENTE — INDICATIVO z Instrumento: Abrir a porta com a chave;
z Matéria: Vinho se faz com uva;
Eu Ponho
z Modo: Andar com elegância;
Tu Pões z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
Ele/Você Põe comigo sempre é assim.
Nós Pomos
“Contra”
Vós Pondes
Eles/Vocês Põem z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;
z Direção: Olhar contra o sol;
PREPOSIÇÕES z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho
contra o peito.
Conceito
“De”
São palavras invariáveis que ligam orações ou
outras palavras. As preposições apresentam funções z Causa: Chorar de saudade;
importantes tanto no aspecto semântico quanto no z Assunto: Falar de religião;
aspecto sintático, pois complementam o sentido de z Matéria: Material feito de plástico;
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado z Conteúdo: Maço de cigarro;
sem a presença da preposição, modificando a transiti- z Origem: Você descende de família humilde;
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de z Posse: Este é o carro de João;
sentido de palavras deverbais5. z Autoria: Esta música é de Chopin;
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, z Tempo: Ela dorme de dia;
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- z Lugar: Veio de São Paulo;
te, por, sem, sob, trás. z Definição: Pessoa de coragem;
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
chamadas pois pertencem a outras classes grama- z Fim ou finalidade: Carro de passeio;
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
z Instrumento: Comer de garfo e faca;
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
z Meio: Viver de ilusões;
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”). z Modo: Olhar alguém de frente;
Acompanhe a seguir algumas preposições e exem- z Preço: Caderno de 10 reais;
plos de uso em diferentes situações: z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
“A” corajosa.

z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças; “Desde”


z Conformidade: Escrever ao modo clássico;
z Destino (em correlação com a preposição de): De z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
Santos à Bahia; z Tempo: Desde ontem ele não aparece.
5  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
40 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
“Em” z Lugar: Ficar sob o viaduto;
z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.
z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
dólares; “Sobre”
z Meio: Pagou a dívida em cheque;
z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
bom; z Direção: Ir sobre o adversário;
z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as z Lugar: Cair sobre o inimigo.
mãos em concha;
z Transformação ou alteração: Transformou dóla- Locuções Prepositivas
res em reais;
z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; São grupos de palavras que equivalem a uma
z Fim: Pedir em casamento; preposição.
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
z Modo: Escrever em francês; Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
z Sucessão: De grão em grão; A locução prepositiva na segunda frase substitui
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. positivas sempre terminam em uma preposição (há
apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
“Entre” do concessivo “não obstante”).
Veja alguns exemplos:
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados;
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve ram logo.
discórdia. z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
de finanças.
“Para” z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu
nada grave.
z Consequência: Você deve ser muito esperto para z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,
não cair em armadilhas; a língua é indispensável para que possamos pen-
z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência; sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos.
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal; z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,
z Proporção: As baleias estão para os peixes assim não passei no exame.
como nós estamos para as galinhas; z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito
z Referência: Para mim, ela está mentindo; para com os mais velhos.
z Tempo: Para o ano irei à praia; z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa
z Destino ou direção: Olhe para frente! um short.

“Perante” Outros exemplos de locuções prepositivas:


Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri. de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a
“Por” fim de; por meio de; em virtude de.

z Modo ou conformidade: Vamos escolher por


sorteio; Importante!
z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Conformidade: Copiar por original; Algumas locuções prepositivas apresentam
z Favor: Lutar por seus ideais; semelhanças morfológicas, mas significa-
z Medida: Vendia banana por quilo; dos completamente diferentes. Observe estes
z Meio: Ir por terra; exemplos6:
z Modo: Saber por alto o que ocorreu; A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
z Preço: Comprar um livro por vinte reais; jamento inicial = Concordância.
z Quantidade: Chocar por três vezes; As decisões do público foram de encontro à pro-
z Substituição: Comprar gato por lebre; posta do programa = Discordância.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Tempo: Viver por muitos anos. Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
tas = Substituição.
“Sem” Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
Oposição.
z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
dinheiro.
Combinações e Contrações
“Sob”
As preposições podem se ligar a outras palavras de
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. outras classes gramaticais por meio de dois processos:
Pedro II; combinação e contração.
6  Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020. 41
Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu- z Preposição “em”:
ma redução.
a + o = ao „ Com artigo definido:
a + os = aos
Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem em + a(s)= na, nas
redução. em + o(s)= no, nos
Veja a lista a seguir7, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas: „ Com pronome demonstrativo:

z Preposição “a”: em + esse(s)= nesse, nesses


em + essa(s)= nessa, nessas
„ Com o artigo definido ou pronome demonstra- em + isso = nisso
tivo feminino: em + este(s) = neste, nestes
em + esta(s) = nesta, nestas
a + a= à em + isto = nisto
a + as= às em + aquele(s) = naquele, naqueles
em + aquela(s) = naquelas
„ Com o pronome demonstrativo: em + aquilo = naquilo

a + aquele = àquele „ Com pronome pessoal:


a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela em + ele(s) = nele, neles
a + aquelas = àquelas em + ela(s) = nela, nelas
a + aquilo = àquilo
z Preposição “per”:
z Preposição “de”:
„ Com as formas antigas do artigo definido (lo,
„ Com artigo definido masculino e feminino: la):

de + o/os = do/dos per + lo(s) = pelo, pelos


de + a/as = da/das per + la(s) = pela, pelas

„ Com artigo indefinido: z Preposição “para” (pra):

de + um= dum „ Com artigo definido:


de + uns = duns
de + uma = duma para (pra) + o(s) = pro, pros
de + umas = dumas para (pra) + a(s)= pra, pras

„ Com pronome demonstrativo: Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por


Preposições
de + este(s)= deste, destes
de + esta(s)= desta, destas Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar
de + isto= disto o que significa Semântica. Semântica é a área do
de + esse(s) = desse, desses conhecimento que relaciona o significado da palavra
de + essa(s)= dessa, dessas ao seu contexto.
de + isso = disso É importante ressaltar que as preposições podem
apresentar valor relacional ou podem atribuir um
de + aquele(s) = daquele, daqueles
valor nocional.
de + aquela(s) = daquela, daquelas
As preposições que apresentam um valor rela-
de + aquilo= daquilo
cional cumprem uma relação sintática com verbos
ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados
„ Com o pronome pessoal:
deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér-
de + ele(s) = dele, deles bios, os quais também apresentarão função deverbal.
de + ela(s) = dela, delas Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
pela regência do verbo concordar).
„ Com o pronome indefinido: Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
complemento nominal).
de + outro(s)= doutro, doutros Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
de + outra(s) = doutra, doutras gida pelo adjetivo).
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
„ Com advérbio: advérbio).
Em todos esses casos, a preposição mantém uma
de + aqui= daqui relação sintática com a classe de palavras a qual se
de + aí= daí liga, sendo, portanto, obrigatória a sua presença na
de + ali= dali sentença.
42 7  Disponível em: <https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm>. Acesso em: 20 nov. 2020.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- Importante: A palavra “senão” pode funcionar
nal é preponderante apresentam uma modificação como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”).
componentes obrigatórios na construção da senten-
ça, divergindo das preposições de valor relacional. z Explicativas: Ligam orações, de forma que em
As preposições de valor nocional estabelecem uma uma delas explica-se o que a outra afirma. Que, por-
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo que, pois, (se vier no início da oração), porquanto.
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
enxada!
PREPOSIÇÕES Viva bem, pois isso é o mais importante.
Posse Carro de Marcelo Importante: “Pois” com sentido explicativo ini-
Lugar O cachorro está sob a mesa
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto
saudades.
Votar em branco / Chegar aos “Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado
Modo
gritos
entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará,
Causa Preso por agressão pois, a subir.
Assunto Falar sobre política
Origem Descende de família simples z Conclusiva: Ligam duas ideias, de forma que a
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
Olhe para frente! / Iremos a
Destino portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
Paris
destarte, pois (deslocado na frase).

CONJUNÇÕES Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui


aprovado.
Assim como as preposições, as conjunções também Está na hora da decolagem; deve, então,
são invariáveis e também auxiliam na organização apressar-se.
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
ções. Por manterem relação direta com a organização Dica
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas. As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
Conjunções Coordenativas ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
concomitante acarreta em redundância.
As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não Conjunções Subordinativas
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
da oração. As conjunções coordenadas podem ser: dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
z Aditivas: Somam informações. E, nem, bem como, daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
não só, mas também, não apenas, como ainda, subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
senão (após não só). para terem o sentido apreendido.

Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. z Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
O gato era o preferido, não só da filha, senão de uma vez que, como (equivale a porque) etc.
toda família.
Ex.: Como não choveu, a represa secou.
z Adversativa: Colocam informações em oposição,
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- z Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
A culpa não foi a população, senão dos vereadores Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
LÍNGUA PORTUGUESA

(equivale a “mas sim”).


Importante: A conjunção “e” pode apresentar z Comparativa: Iniciam orações comparando ações
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior,
não deixava. maior), tanto... quanto etc.

z Alternativas: Ligam orações com ideias que não Ex.: Corria como um touro.
acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, Ela dança tanto quanto Carlos.
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
z Conformativa: Expressam a conformidade de
Ex.: Estude ou vá para a festa. uma ideia com a da oração principal. Conforme,
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. como, segundo, de acordo com, consoante etc. 43
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Isso).
tempo.
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
z Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia
substantivas e, consequentemente, em períodos
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que compostos.
etc.
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tives- quê? Isso).
se gostado.
Trabalhava, por mais que a perna doesse. z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante.
z Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
que, a menos que, somente se etc. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
(errado).
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
sua mensagem.
Posso lhe ajudar, caso necessite. INTERJEIÇÕES

z Proporcional: Ideia de proporcionalidade. À pro-


As interjeições também fazem parte do grupo de
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
ser aprovado. semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. uma frase. Ex.: Tchau!
As interjeições indicam relações de sentido diver-
z Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
que, a fim de que etc. sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen-
timentos e sensações mais expressos pelo uso de
Ex.: A professora dá exemplos para que você interjeições:
aprenda!
Comprou um computador a fim de que pudesse VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
trabalhar tranquilamente.
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
z Temporal: Iniciam a oração expressando ideia de Alívio Arre! Ufa! Ah!
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
logo que, desde que etc.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
do Futuro. Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
Mal cheguei à cidade, fui assaltado.
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Importante! Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Os valores semânticos das conjunções não se
prendem às formas morfológicas desses elemen-
É salutar lembrar que o sentido exato de cada
tos. O valor das conjunções é construído contex-
interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
tualmente, por isso, é fundamental estar atento
aos sentidos estabelecidos no texto. texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
procura? (Se = causal = já que) interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto expresso no texto.
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
Conjunções Integrantes nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
por exemplo, que são interjeições por excelência, mas
As conjunções integrantes fazem parte das orações que, dependendo do contexto, podem ter seu sentido
subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma alterado.
oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
z Quando é possível substituir o “que” pelo pronome que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
44 “isso”, estamos diante de uma conjunção integrante. Ora bolas! Valha-me Deus!
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE de sair.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
CRASE
férias.
USO DA CRASE
Casos Proibitivos
Outro assunto de grande dúvida, e que é frequen-
Diferente dos casos em que o uso da crase é con-
temente abordado em diversos editais de concurso, é
vencionado, temos os casos específicos da língua em
o uso da crase, fenômeno gramatical que corresponde
que o seu uso é proibido. Vejamos:
à junção da preposição a + artigo feminino definido a,
ou da junção da preposição a + os pronomes relativos
� Antes de nomes masculinos.
aquele, aquela ou aquilo. Representa-se graficamen-
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
te pela marcação (`) + (a) = (à).
rial agrada a todos.” (MM)
O carro é movido a álcool.
Ex.: Entregue o relatório à diretora. Venda a prazo.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
� Antes de palavras femininas que não aceitam
Regra geral: haverá crase sempre que o termo artigos.
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Ex.: Iremos a Portugal.
quente aceite o artigo a.
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo) Macete de crase em casos relacionados ao
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- deslocamento/viagem:
ge preposição). Se vou a; Volto da = Crase há!
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
palavra que não aceita artigo). Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
dam no momento de identificação, conforme são mos- � Antes de forma verbal infinitiva.
tradas a seguir. Ex.: Os produtos começaram a chegar.
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
Casos Convencionados com franqueza, parecem dar a entender que o
fazem por exceção de regra.” (MM)
z Locuções adverbiais formadas por palavras � Antes de expressão de tratamento.
femininas. Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. Excelência.
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando
Espero vocês à noite na estação de metrô.
a regência do verbo exigir preposição
Estou à beira-mar desde cedo.
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
z Locuções prepositivas formadas por palavras � Antes dos pronomes relativos quem e cuja.
femininas. Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
Ex.: Ficaram à frente do projeto. o pacote.
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras
femininas. � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha.
aumentando. Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
� Quando indicar marcação de horário, no plural. contrato.
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
Fique atento ao seguinte: entre números teremos suspeita de fraude.
que de = a / da = à, portanto: Eles estavam conservando a certa altura.
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) Faremos a obra a qualquer custo.
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase) A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.

� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou � Antes de demonstrativos.


LÍNGUA PORTUGUESA

aquilo. Ex.: Não te dirijas a essa pessoa


Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
àquele outono. personalidades históricas.
Por favor, entregue as flores àquela moça que está Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
sentada.
Dedique-se àquilo que lhe faz bem. � Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou O pacote foi entregue a ti ontem.
de.
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
lado etc.):
Referimo-nos à de preto.
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
� Com o pronome relativo a qual, as quais. de justiça. 45
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
sem determinante: nomes de cidades quando esses termos estiverem
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. acompanhados de determinantes.
Astronauta volta a Terra em dois meses.
Os pesquisadores chegaram a terra depois da Ex.: Estou à distância de 200 metros do pico da
expedição marinha. montanha.
Vocês o observaram a distância.
A compreensão da crase vai muito além da estética
Crase Facultativa gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nestes casos, podemos escrever as palavras das Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender pois “a mão” é o objeto direto e, portanto, não exi-
detalhadamente, observe as seguintes dicas: ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem advérbio de instrumento da ação de pintar.
se tem proximidade.
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
� Antes de pronomes possessivos no singular.
Ex.: Iremos a/à sua residência. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
� Após preposição até, com ideia de limite. CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho os grandes grupos de palavras existentes na língua,
afeto.” (CBr. 1, 67) como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
Casos Especiais nós construímos um painel morfológico.
As palavras normalmente recebem uma dupla
Por fim, vejamos a seguir alguns casos que fogem classificação: a morfológica, que está relacionada à
à regra. classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes cionada à função específica que assumem em deter-
forem femininos, normalmente a crase não será utili- minada frase.
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
evitar ambiguidades. Frase
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de Frase é todo enunciado com sentido completo.
instrumento) Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto) conjunto de palavras.
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de Ex.: Fogo!
instrumento) Silêncio!
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com Ramos)
Nomes de Lugares
Oração
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
moro em Copacabana, passo por Copacabana) (explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu-
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen-
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, tá-lo completo ou incompleto.
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a
passo pela Bahia)
poluição.
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
Macetes
Período
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
por ao, da, na pela, para a, sob a, sobre a, contra
Período é o enunciado constituído de uma ou mais
a, com a, à moda de, durante a;
orações.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. Classifica-se em:
Quando o da ocorre paralelo ao a, há crase;
� Simples: possui apenas uma oração.
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
Ex.: O sol surgiu radiante.
ser substituído por “às duas”, há crase. Quando o
Ninguém viu o acidente.
“a uma” equivaler a “a duas”, não ocorre crase;
� Composto: possui duas ou mais orações.
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
àquilo quando tais pronomes puderem ser substi- (Chico Buarque)
46 tuídos por a este, a esta e a isto; Chegou em Casa e Tomou Banho.
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO Dica
Os termos que formam o período simples são dis- Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- as expressões interrogativas quem? ou o quê?
grantes (complemento verbal, complemento nominal Antes do verbo.
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, Ex.: A população pediu uma providência ao
adjunto adverbial e aposto). governador.
quem pediu uma providência ao governador?
Termos Essenciais da Oração Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica outro.
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- o que iria de um lado para o outro?
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi- Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a Tipos de Sujeito
seguir cada um deles.
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
SUJEITO
Simples
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
DETERMINADO Composto
pelo verbo.
O sujeito pode ser: Elíptico
Com verbos flexionados na 3ª
� o termo sobre o qual o restante da oração diz algo; pessoa do plural
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
pelo verbo; se (índice de indeterminação do
� o termo que pode ser substituído por um pronome sujeito)
do caso reto; Usado para fenômenos da
� o termo com o qual o verbo concorda. INEXISTENTE natureza ou com verbos
impessoais
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
da COVID-19. z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
No exemplo anterior a população é:
„ Simples: quando há apenas um núcleo.
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo- Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
rou pela compra da vacina); Núcleo: aluguel
z O elemento que pratica a ação de implorar; Sujeito simples: O aluguel da casa
z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo „ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular); Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
z O termo que pode ser substituído por um pronome Núcleos: sons, cores.
do caso reto. Sujeito composto: Os sons e as cores
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.) „ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
Núcleo do sujeito cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu)
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O z Indeterminado: quando não é possível identificar
núcleo indica a palavra que realmente está exercen- o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
do determinada função sintática, que atua ou sofre Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan- do por um índice de indeterminação do sujeito, a
tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou partícula “se”.
LÍNGUA PORTUGUESA

pronome.
„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural,
não se referindo a nenhuma palavra determi-
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
nada no contexto.
Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.
Sujeito: O povo
Entende-se que alguém passou cedo.
Núcleo do sujeito: povo
„ Colocando-se verbos sem complemento direto
z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído (intransitivos, transitivos diretos ou de ligação)
de dois ou mais termos. na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro-
As luzes e as cores são bem visíveis. nome se, que atua como índice de indetermina-
Sujeito: As luzes e as cores ção do sujeito.
Núcleo do sujeito: luzes/cores Ex.: Não se vê com a neblina. 47
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Para determinar o predicado, basta separar o
condição. sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração Dias)
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
são impessoais e normalmente representam fenôme- Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná. Classificação do Predicado
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão. A classificação do predicado depende do significa-
Há dois anos esse restaurante abriu. do e do tipo de verbo que apresenta.

z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-


Classificação do Sujeito Quanto à Voz
nificativo se concentra em um nome (corresponde
a um predicativo do sujeito).
z Voz ativa (sujeito agente)
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
(substantivo, adjetivo ou pronome).
ce a ação na frase.
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Mendes)
z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Predicado: são mais bonitas.
Ex.: Corta-se cabelo.
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
Bilac)
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do Predicado: estão cheias de calafrios.
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
oração. É importante não confundir:

Importante notar que não há preposição entre z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, mas um estado momentâneo ou permanente que
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. o predicativo do sujeito.
Precisa-se de cabelo. z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina- Ex.: O garoto está bastante feliz.
ção “-se”. Verbo de ligação: está.
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
z Voz passiva analítica (sujeito paciente) Ex.: Seu batom é muito forte.
Ex.: A minha saia azul está rasgada. Verbo de ligação: é.
Predicativo do sujeito: muito forte.
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
ça da partícula -se.
Predicado Verbal
PREDICADO
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
mos essenciais na oração, há casos em que a oração
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em demais termos do predicado.
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é O verbo do predicado pode ser classificado em
impossível existir uma oração sem sujeito. transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
O predicado pode ser: tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.

z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” ge um complemento não preposicionado, o objeto
(José de Alencar) direto.
Predicado: seguem sua marcha Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei- Noel Rosa
to (oração sem sujeito): Verbo Transitivo Direto: Fazer.
Ex.: Chove pouco nesta época do ano. Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
48 Predicado: Chove pouco nesta época do ano. Verbo Transitivo Direto: trouxe.
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- O que é o predicativo do objeto?
vo indireto tem como necessidade o complemen- É o termo que confere uma característica, uma
to acompanhado de uma preposição para fazer qualidade, ao que se refere.
sentido. A formação do predicativo do objeto se dá por um
Ex.: Nós acreditamos em você. adjetivo ou por um substantivo.
Verbo transitivo indireto: acreditamos Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Preposição: em Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Verbo transitivo indireto: obedeceu Predicativo do objeto: vitoriosa
Preposição: a (a + os) Para facilitar a identificação do predicativo do
Ex.: Os professores concordaram com isso. objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Verbo transitivo indireto: concordaram centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Preposição: com fica é relacionar o predicativo ao nome.
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o O filme foi proveitoso.
verbo de sentido incompleto que exige dois com- Ela era vitoriosa.
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
indireto (com preposição). dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- ligação (foi e era, respectivamente).
tras.” (Machado de Assis)
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Objeto direto 1: anedotas
Objeto indireto 1: lhe São vocábulos que se agregam a determinadas
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia estruturas para torná-las completas. De acordo com
Objeto direto 2: outras a gramática da língua portuguesa, esses termos são
Objeto indireto 2: lhe. divididos em:
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
Complementos Verbais
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
oração. São termos que completam o sentido de verbos
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. transitivos diretos e transitivos indiretos.
Verbo intransitivo: adormeciam.
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
panhado de preposição.
Predicado Verbo-Nominal Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Ocorre quando há dois núcleos significativos: O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um aqueles)
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
transitivo, predicativo do objeto). Pronomes e sua relação com o objeto direto
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
Verbo intransitivo: parou pre exercem função de objeto direto, os pronomes
Predicativo do sujeito: atento oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer
essa função sintática.
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é quem? A minha pessoa”)
considerado predicativo do sujeito. Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
(= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) Convidaram-na para o almoço de despedida.
Verbo intransitivo: marchou (= “Convidaram quem? Ela”)
Predicativo do sujeito: desorientado Depois de terem nos recebido, abriram a caixa.
(= “Receberam quem? Nós”)
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- esse algo é o objeto direto)
do de Assis) Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Verbo transitivo direto: achou feminino definido)
Objeto direto: o raciocínio
Predicativo do objeto: exato z Objeto Direto Preposicionado

No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, preposição no seu complemento, algumas palavras
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos requerem o uso da preposição para não perder o sen-
concluir que temos um caso de predicativo do obje- tido de “alvo” do sujeito.
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
o sujeito. facultativos. 49
Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Preposição: z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
Não entendo nem a ele nem a ti. uma mensagem.
Respeitava-se aos mais antigos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro. COMPLEMENTO NOMINAL
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos) Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Exemplos com Ocorrência Facultativa de Preposição: ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
presença de um complemento nominal nos contextos
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
do do nome.
le templo.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
A escultura atrai a todos os visitantes. Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Para melhor identificar um complemento nomi-
pedestal. nal, siga a instrução:
Ao povo ninguém engana. Nome + preposição + quem ou quê
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Como diferenciar complemento nominal de com-
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- plemento verbal?
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
sente para indicar parte de um todo, quando assim (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa diretamente ao verbo “obedecia”)
bebeu uma porção da água, e não ela toda. Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado. Agente da Passiva

Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
Andrade) lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
raramente, da preposição de.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
z Objeto direto interno: Representado por palavra
ser, estar, viver, andar, ficar.
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
mesmo significado.
Termos Acessórios da Oração
Ex.: Riu um riso aterrador.
Dormiu o sono dos justos. Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
ra básica da oração, são importantes para compreen-
Como diferenciar objeto direto de sujeito? são do enunciado porque trazem informações novas.
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) Esses termos são chamados acessórios da oração.
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
O objeto direto pode ser passado para a voz passi- Adjunto Adnominal
va analítica e se transforma em sujeito.
Os jogos da seleção foram ignorados. São termos que acompanham o substantivo,
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
z Objeto indireto: É complemento verbal regido de especificar o elemento representado pelo substantivo.
preposição obrigatória, que se liga diretamente a Categorias morfológicas que podem funcionar
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa como adjunto adnominal:
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da z Artigos
casa 260. z Adjetivos
Gosto de ti, meu nobre. z Numerais
Não troque o certo pelo duvidoso. z Pronomes
z Locuções adjetivas
Vamos insistir em promover o novo romance de
ficção.
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto.
Objeto Indireto e o Uso de Pronomes Pessoais
Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus.
Pode ser representado pelos seguintes pronomes O novo regulamento originou a revolta dos
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro- funcionários.
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
indireto, já que sempre ocorrem com preposição. exercem essa função sintática quando assumem
50 Ex.: Você escreveu esta carta para mim? valor de pronomes possessivos.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com- Aposto: filha de D. Raimunda
plemento nominal? Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras.
Quando o adjunto adnominal for representado Aposto: Machado de Assis.
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga Classifica-se nas seguintes categorias:
a dica:
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao Separa-se do substantivo a que se refere por uma
qual se liga for concreto. pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
Ex.: A casa da idosa desapareceu. ou dois-pontos.
Se indicar posse ou o agente daquilo que Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
expressa o substantivo abstrato. ontem, acabaram de voltar de férias.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada. Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.

„ Será complemento nominal: se indicar o alvo � Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
daquilo que expressa o substantivo. foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
foi respeitada. Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
Notava-se o amor pelo seu trabalho. riachos.
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância.
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
Adjunto Adverbial
malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Termo representado por advérbios, locuções
estavam empolgados com a feira.
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas -Bissau, países africanos onde se fala português.
circunstâncias.
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
z Tempo: Quero que ele venha logo; Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
rumo.
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
z Modo: O dia começou alegremente; � Circunstancial: Exprime uma característica
circunstancial.
z Intensidade: Almoçou pouco;
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
z Causa: Ela tremia de frio; apropriadas.
z Companhia: Venha jantar comigo;
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
roupas; especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; substantivos próprios.
z Finalidade: Vivia para o trabalho; Exs.: O mês de abril.
O rio Amazonas.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; Meu primo José.
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui; fato expresso pela oração, ou uma palavra que
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; condensa.
z Origem: Descendia de nobres. Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
preocupação.
Não confunda! O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de ideia que não me agrada.
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
LÍNGUA PORTUGUESA

o sentido seja parecido. para as perguntas.


Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
é um adjunto adnominal)
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um Dica
adjunto adverbial)
� O aposto pode aparecer antes do termo a que
Aposto se refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes na marcou uma geração.
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, � Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- to se refere a um termo preposicionado, pode ele
tar algo, alguém ou um fato. vir igualmente preposicionado. 51
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de Para não esquecer:
tudo ele tinha medo. Período simples é aquele formado por uma só
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. oração.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. Período composto é aquele formado por duas ou
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) mais orações.
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- Classifica-se nas seguintes categorias:
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
de modo). z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;

z Diferença de aposto especificativo e adjunto „ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-


adnominal: Normalmente, é possível retirar a sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
preposição que precede o aposto. Caso seja um
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura z Por subordinação:
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. „ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
O clima de Fortaleza é quente. pletivas nominais, predicativas, apositivas;
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?) „ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
explicativas;
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo comparativas, concessivas, condicionais, con-
adjetivo. formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. temporais.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
jetivo) z Por coordenação e subordinação: orações for-
Homem desesperado, João sempre perde o con- madas por períodos mistos;
trole. z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
(aposto; núcleo: homem – substantivo)
Período Composto por Coordenação
Vocativo
As orações são sintaticamente independentes. Isso
O vocativo é um termo que não mantém relação significa que uma não possui relação sintática com
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para período.
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
ja se comunicar. É um termo independente, pois (Fernando Pessoa)
não faz parte da estrutura da oração. Oração coordenada 1: Deus quer
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha Oração coordenada 2: o homem sonha
consulta. Oração coordenada 3: a obra nasce.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
outro termo da oração. porta da sala de Damasceno
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
O aposto se relaciona sintaticamente com outro Conjunção adversativa: mas nada
termo da oração.
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. Orações Coordenadas Sindéticas
Sujeito: a cozinha de lufe.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao As orações coordenadas podem aparecer ligadas
sujeito). às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
PERÍODO COMPOSTO sindética. Veremos agora cada uma delas:

Observe os exemplos a seguir: z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou


A apostila de Português está completa. simultaneidade.
Um verbo: Uma oração = período simples Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Português e Matemática são disciplinas essen- bém, mas ainda, bem como, como também, se-
ciais para ser aprovado em concursos. não também, que (= e).
Dois verbos: duas orações = período composto Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
O período composto é formado por duas ou mais Os convidados não compareceram nem explica-
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado ram o motivo.
períodos simples e período compostos.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
O povo levantou-se cedo contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
Era dia de eleição
52 para evitar aglomeração tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
morte.” (Laurindo Rabelo) cional) (or. sub. subst. subje.)

z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou z Orações subordinadas substantivas objetivas


se excluem. diretas: exercem a função de objeto direto de um
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
reto da oração principal.
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez
Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
... talvez).
Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
Ex.: Ora responde, ora fica calado. subst. obj. dir.)
Você quer suco de laranja ou refrigerante?
z Orações subordinadas substantivas completi-
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica vas nominais: exercem a função de complemento
sobre um raciocínio. nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- da oração principal.
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
de frase). mento nominal)
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
semana. plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo pl. nom.)
Mendes Campos) z Orações subordinadas substantivas predicati-
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem vas: funcionam como predicativos do sujeito da
oração principal. Sempre figuram após o verbo de
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
ligação ser.
porquanto, pois. Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale sujeito)
a “pois”) Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
com fome.
z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
de dois-pontos ou entre vírgulas.
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
Formado por orações sintaticamente dependentes, Só quero uma coisa: que você volte imediata-
considerando a função sintática em relação a um ver- mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
bo, nome ou pronome de outra oração.
Tipos de orações subordinadas: z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
raramente, aposto explicativo). São introduzidas
z Substantivas; por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
z Adjetivas; quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
z Adverbiais. orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
explicativas e restritivas.
Orações Subordinadas Substantivas
„ Orações subordinadas adjetivas explicati-
vas: não limitam o termo antecedente, e sim
São classificadas nas seguintes categorias:
acrescentam uma explicação sobre o termo
antecedente. São consideradas termo acessório
z Orações subordinadas substantivas conectivas:
no período, podendo ser suprimidas. Sempre
são introduzidas pelas conjunções subordinativas aparecem isoladas por vírgulas.
integrantes que e se. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de cria trinta gatos.
impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite. „ Orações subordinadas adjetivas restritivas:
z Orações subordinadas substantivas justapos- especificam ou limitam a significação do termo
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes antecedente, acrescentando-lhe um elemento
interrogativos (onde, como, quando, quanto, indispensável ao sentido. Não são isoladas por
quem etc.) vírgulas.
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
LÍNGUA PORTUGUESA

é incurável.
roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. Dica
z Orações subordinadas substantivas reduzidas: Como diferenciar as orações subordinadas adje-
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica tivas restritivas das orações subordinadas adjeti-
no infinitivo. vas explicativas?
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras. Ele visitará o irmão que mora em Recife.
z Orações subordinadas substantivas subjetivas: (restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
exercem a função de sujeito. O verbo da oração visitar apenas o que mora em Recife)
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe- (explicativa, pois ele tem apenas um irmão que
rir a nenhum termo na oração. mora em Recife) 53
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem [para fixar outros] – 2ª oração
uma circunstância relativa a um fato expresso em [que os rodeiam] – 3ª oração
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
São introduzidas por conjunções subordinativas ção (M. de Assis)
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
tes grupos: Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
� Orações subordinadas adverbiais causais: são
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
que, visto que etc.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
que ficamos sem gasolina. Orações Reduzidas

� Orações subordinadas adverbiais comparati- z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
que a importada. iniciadas por conjunções;

� Orações subordinadas adverbiais concessivas: z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- por pronomes relativos;
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, conectivos;
por mais que, se bem que etc.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
prepositiva.
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
contanto que, a menos que etc. conjunção
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
� Orações subordinadas adverbiais conformati- (desenvolvida)
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun- O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
do, consoante.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos. Orações Reduzidas de Infinitivo

� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.


são introduzidas por: que (precedido na oração Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
anterior de termos intensivos como tão, tanto,
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
que, sem que. S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- direta reduzida de infinitivo)
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles) A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi- predicativa reduzida de infinitivo)
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
por: para que, a fim de que, porque e que (= para completiva nominal reduzida de infinitivo)
que). Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
tivessem bom estudo. z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- pelas mãos.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro- O meu manual para fazer bolos certamente vai
porção que, quanto mais, quanto menos etc. agradar a todos.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mais a z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
aprecio. continua jogando bola.
� Orações subordinadas adverbiais temporais: Sem estudar, não passarão.
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, Ele passou mal, de tanto comer doces.
depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
agora que etc. Orações Reduzidas de Gerúndio
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
Para separar as orações de um período composto, é sitivas, adjetivas, adverbiais.
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar livre dos juros.
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
ajudando um ao outro. (subjetiva)
ções verbais. Exs.:
Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
54 [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração (objetiva direta)
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
coração. entre si
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não
cautelosa, não faz tudo sozinha.
contou a verdade.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é cautelosa
Orações Reduzidas de Particípio
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
Podem ser adjetivas ou adverbiais. entre si
Ex.: Não só quando estou presente, mas também
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa. quando não estou, sou discriminado.
Nosso planeta, ameaçado constantemente por Oração subordinada adverbial 1: quando estou
nós mesmos, ainda resiste. presente
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- Oração subordinada adverbial 2: quando não
ria problemas. (condicional) estou
Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
(causal/temporal)
mo período
Comprada a casa, a família se mudou logo.
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
(temporal)
seu papel, no entanto a realidade não é assim.
Oração principal: Presume-se
O particípio concorda em gênero e número com os
Oração subordinada subjetiva da principal: as
termos referentes.
penitenciárias cumpram seu papel
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre-
Oração coordenada sindética adversativa da ante-
quentes em provas de concurso.
rior: no entanto a realidade não é assim.

Períodos Mistos

São períodos que apresentam estruturas oracio-


nais de coordenação e subordinação. PONTUAÇÃO
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
dentro de um conjunto de orações que são subordina- Vejamos agora as regras sobre os usos das diferen-
das a uma oração principal. tes formas de pontuação que temos em nosso idioma.

Uso de Vírgula
1ª oração 2ª oração 3ª oração
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem. funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
verbo verbo verbo orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
qualquer ambiguidade.
1ª oração: oração coordenada assindética. Quando se trata de separar termos de uma mesma
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
relação a 1ª oração e principal em relação a 3ª oração.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta � Para separar os termos de mesma função.
em relação a 2ª oração. Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.

Resumindo: período composto por coordenação e z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
subordinação. enumeração.
As orações subordinadas são coordenadas entre si, Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
ligadas ou não por conjunção. arrastado pelo tsunami.

z Orações subordinadas substantivas coordena- � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
das entre si já apareceu na frase) do verbo.
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
LÍNGUA PORTUGUESA

meus pais, nem que culpe meus parentes. Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
Oração principal: Espero filmes de terror.
Oração coordenada 1: que você não me culpe
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais � Para separar palavras ou locuções explicativas,
Oração coordenada 3: nem que culpe meus retificativas.
parentes. Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
anos.
� Para separar datas e nomes de lugar.
Importante! Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
O segredo para classificar as orações é per- � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
ceber os conectivos (conjunções e pronomes e, nem, ou.
relativos). Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. 55
A vírgula é facultativa quando a expressão de Dois-pontos
tempo, modo ou lugar não for uma expressão, mas
uma palavra só. Exemplos: Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. não foi concluída.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço Servem para:
em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / � Introduzir uma citação (discurso direto).
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, respostas”.
ficou com sono durante a aula. � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia distributivo ou uma oração subordinada substan-
amanhã, se não chover. tiva apositiva.
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações sores, jornalistas, médicos.

� Entre o sujeito e o verbo. � Introduzir uma explicação ou enumeração após


Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
ram a explicação. (errado) saber, como.
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
sertaram minha visão. (errado) Filosofia, Ciências...
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- (relação semântica de oposição, explicação/causa
dicativo do sujeito. ou consequência).
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
ção. (errado) homem culto.
Os alunos precisam de, que os professores os aju- Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
dem. (errado) cautela.
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
� Marcar invocação em correspondências.
(errado)
Ex.: Prezados senhores:
� Entre um substantivo e seu complemento nominal Comunico, por meio deste, que...
ou adjunto adnominal.
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida Travessão
pelos alunos. (errado)
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
discurso de interlocutor
passiva:
Ex.:
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
– Bom dia, Maria!
professor para a feira. (errado) – Bom dia, Pedro!
� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) � Serve também para colocar em relevo certas
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Uso de Ponto e Vírgula colchetes.
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
e vírgula (;): Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada)
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas. Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
ficou triste.
Parênteses
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas.
Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- Têm função semelhante à dos travessões e das
to, exausto. vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= mos, expressões ou orações.
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
zeugma).
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
ouvinte.
jantar. (oração intercalada)
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
sorvete.
Ponto-final
� Em enumerações, portarias, sequências.
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Usa-se o ponto no final nos seguintes casos:
o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República; � Para indicar o fim de oração absoluta ou de
56 o Conselho Superior do Ministério Público Federal. período.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
Carlos Drummond de Andrade vergonha.
� Nas abreviaturas. � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
Ex.: apart. ou apto. = apartamento mente com outras intenções.
sec. = secretário Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
a.C. = antes de Cristo
Uso das Aspas
Dica
São usadas em citações ou em algum termo que
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- precisa ser destacado no texto, como por exemplo
tos químicos não vêm com ponto final: palavras de origem estrangeira ou gírias.
Exemplos: km, m, cm, He, K, C Usam-se nos seguintes casos:

Ponto de Interrogação � Antes e depois de citações.


Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Marca uma entonação ascendente (elevação da afirma Dad Squarisi, 64.
voz) em tom questionador.
Usa-se: � Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
� Em frase interrogativa direta. conotativas.
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava.
� Entre parênteses para indicar incerteza. Não gosto de “pavonismos”.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
Dê um “up” no seu visual.
que havia palavra melhor no contexto.
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
às vezes com ironia ou malícia.
surpresa.
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
� E interrogações retóricas. sonoro.
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
� Para citar nomes de mídias, livros etc.
que não jogaremos comida fora à toa”).
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
Ponto de Exclamação
Colchetes
� É empregado para marcar o fim de uma frase com
Representam uma variante dos parênteses, porém
entonação exclamativa.
Ex.: Que linda mulher! tem uso mais restrito.
Coitada dessa criança! Usam-se nos seguintes casos:

� Aparece após uma interjeição. � Para incluir num texto uma observação de nature-
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. za elucidativa.
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos. Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
marcar uma ênfase. que pareça, o texto original é assim mesmo.
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
metros em 20 segundos!!! do.” (Machado de Assis)

Reticências � Para indicar os sons da fala, quando se estuda


Fonologia.
São usadas para: Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy]
� Para suprimir parte de um texto (assim como
� Assinalar interrupção do pensamento. parênteses).
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: ― Estou ciente de que... Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
― Pode dizer... desceu as escadas apressadamente.
� Indicar partes suprimidas de um texto. Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode vel segundo as normas da ABNT)
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.) Asterisco
� Para sugerir prolongamento da fala.
� É colocado à direita e no canto superior de uma
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
� Para indicar hesitação. de rodapé. 57
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo Embora não existam regras muito definidas sobre
triste acrescido do sufixo -eza*. a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
vo, o que origina um novo substantivo. lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio.
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
nhado aos responsáveis.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto Define-se como a adaptação em gênero e número
é, cuja existência é provável, mas não comprovada. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Ex.: Parecer, do latim *parescere. o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- adjetivos, numerais).
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
gênero e número com o nome a que se referem.
da gramática.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
Muro alto. / Muros altos.
Uso da Barra
Casos com Adjetivos
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
z Com função de adjunto adnominal: quando o
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
ver após os substantivos, poderá concordar com
substituída pela conjunção “ou”.
as somas desses ou com o elemento mais próximo.
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. Encontrei colégios e faculdades ótimos.
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
ção das conjunções e/ou. Há casos em que o adjetivo concordará apenas
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
e/ou escritos. tencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
ção entre si.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
(plural/singular). minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
O carro atingiu os 220 km/h. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Existem complicadas regras e conceitos.
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas Quando houver apenas um substantivo qualifica-
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
barras para indicar a separação das estrofes.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
francesa e alemã.
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
não foi escrita na sua totalidade.
língua inglesa, a francesa e a alemã.
Ex.: a/c = aos cuidados de;
s/ = sem
z Com função de predicativo do sujeito
� Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
fração. com a soma dos elementos.
Ex.: 1/3 = um terço Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
� Nas datas. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
Ex.: 31/03/1983 sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
� Nos números de telefone. quanto com o nome mais próximo.
Ex.: 225 03 50/51/52 Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
vam abandonados a casa e o quintal.
� Nos endereços. Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232 to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
� Na indicação de dois anos consecutivos. substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
(substitui-se por “eles”)
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua. Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
58 Ex.: /s/ existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
então é um adjunto adnominal. to é pseudo-objetivo.
� Muito / bastante
z Com função de predicativo do objeto
Quando modificam o substantivo: concordam com
ele.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Quando modificam o verbo: invariáveis.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
dância com o termo mais próximo. irritados.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e tante irritados.
seus subordinados. Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
Algumas Convenções tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.

� Obrigado / próprio / mesmo � Tal qual


Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
A própria enfermeira virá para o debate. com o substantivo posterior.
Elas mesmas conversaram conosco. Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Dica quais os pais.
O termo mesmo no sentido de “realmente” será Silepse (também chamada concordância
invariável. figurada)
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. É a que se opera não com o termo expresso, mas o
que está subentendido.
z Só / sós Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
linda!)
Variáveis quando significarem “sozinho” /
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
“sozinhos”.
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Invariáveis quando significarem “apenas,
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
somente”.
leiros, estamos esperançosos.)
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
apenas queriam ficar sozinhas.) � Possível
A locução “a sós” é invariável. Concordará com o artigo, em gênero e número, em
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
ficar a sós. Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Conheci crianças as mais belas possíveis.
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem.
Plural de Compostos
Ex.: Estamos quites com o banco.
Seguem anexas as certidões negativas.
z Substantivos
Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
� Meio O adjetivo concorda com o substantivo referen-
Quando significar “metade”: concordará com o te em gênero e número. Se o termo que funciona
elemento referente. como adjetivo for originalmente um substantivo fica
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa. invariável.
Quando significar “um pouco”: será invariável. Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora). também é um substantivo; mantém-se no singular)
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
� Grama um substantivo; mantém-se no singular)
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
do significar unidade de medida, é masculino. z Adjetivos
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.” Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
� É proibido entrada / É proibida a entrada mo elemento concordará com o substantivo referente.
Os demais ficarão na forma masculina singular.
LÍNGUA PORTUGUESA

Se o sujeito vier determinado, a concordância do


verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou Se um dos elementos for originalmente um subs-
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
rão com o determinante. Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
nhada está boa. plural, pois ambos são adjetivos.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
entrada de crianças. singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
plural do substantivo referente, “folhas”.
� Menos / pseudo Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
São invariáveis. O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
Ex.: Havia menos violência antigamente. bém pode ser um substantivo. 59
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma girassol – girassóis;
lógica de “musgo” do exemplo anterior. pontapé – pontapés;
mandachuva – mandachuvas;
Dica fidalgo – fidalgos.

Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- � Nos substantivos compostos formados com


quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são grão, grã e bel:
sempre invariáveis. grão-duque – grão-duques;
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele- grã-fino – grã-finos;
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas). bel-prazer – bel-prazeres.
Não flexão dos elementos
Lista de Flexão dos Dois Elementos
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
� Nos substantivos compostos formados por pala-
re em frases substantivadas e em substantivos
vras variáveis, especialmente substantivos e
adjetivos: compostos por um tema verbal e uma palavra
segunda-feira – segundas-feiras; invariável ou outro tema verbal oposto:
matéria-prima – matérias-primas; o disse me disse – os disse me disse;
couve-flor – couves-flores; o leva e traz – os leva e traz;
guarda-noturno – guardas-noturnos; o cola-tudo – os cola-tudo.
primeira-dama – primeiras-damas.
CONCORDÂNCIA VERBAL
� Nos substantivos compostos formados por
temas verbais repetidos:
É a adaptação em número – singular ou plural –
corre-corre – corres-corres;
e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
pisca-pisca – piscas-piscas;
pula-pula – pulas-pulas. sujeito.
Nestes substantivos também é possível a flexão “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca- Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
-piscas, pula-pulas. insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
Flexão Apenas do Primeiro Elemento pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
peus, asiáticos e africanos.”
z Nos substantivos compostos formados por subs- Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
tantivo + substantivo em que o segundo termo um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
limita o sentido do primeiro termo: respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
decreto-lei – decretos-lei; singular.
cidade-satélite – cidades-satélite; Destrinchando o período, temos que os termos
público-alvo – públicos-alvo; essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
elemento-chave – elementos-chave. “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
Nestes substantivos também é possível a flexão cado verbal.
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
públicos-alvos, elementos-chaves. Ex.: Prefiro natação a futebol.
z Nos substantivos compostos preposicionados: Verbo bitransitivo: Prefiro
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar; Objeto direto: natação
pôr do sol – pores do sol; Objeto indireto: a futebol
fim de semana – fins de semana;
pé de moleque – pés de moleque. Concordância Verbal com o Sujeito Simples

Flexão Apenas do Segundo Elemento Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
sujeito.
� Nos substantivos compostos formados por tema Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
verbal ou palavra invariável + substantivo ou exorbitante.
adjetivo:
bate-papo – bate-papos; Diferentes situações:
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
arranha-céu – arranha-céus;
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
ex-namorado – ex-namorados;
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
vice-presidente – vice-presidentes.
multidão gritou entusiasmada.
� Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento: z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
zum-zum – zum-zuns; bo posterior ao pronome relativo concorda com o
tico-tico – tico-ticos; antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
lufa-lufa – lufa-lufas; Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
reco-reco – reco-recos. z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
� Nos substantivos compostos grafados ligada- verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
60 mente, sem hífen: quem resolveu a questão.
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos da escola soou dez badaladas)
nós quem resolvemos a questão.
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
dem-se casas de veraneio aqui.
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
interessada.
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
essa questão. verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- Majestade está preocupada?
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, Suas Excelências precisam de algo?
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
ver artigo definido antes de uma palavra plura- exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados Concordância Verbal com o Sujeito Composto
Unidos continuam uma potência.
Estados Unidos continua uma potência. � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- ticais diferentes
de de Santos fica em São Paulo.”) Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Importante! Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem.
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
verbo fica no singular ou no plural. � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
ter o espírito esportivo.
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
singular
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
Mais de um aluno compareceu à aula.
davam. (preferencialmente no singular)
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
� Gradação entre os núcleos do sujeito
A expressão mais de um tem particularidades: Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo me acalmar. (preferencialmente no singular)
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: � Núcleos do sujeito no infinitivo
Mais de um irmão se abraçaram. Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. mitivo (nada, tudo, ninguém)
Mais de um aluno, mais de um professor esta- Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
vam presentes.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
z Quando o sujeito é formado po um número per- nem um nem outro
centual ou fracionário, o verbo concorda com o Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
numerado ou com o número inteiro, mas pode � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
concordar com o especificador dele. Se o numeral Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
vier precedido de um determinante, o verbo con- foco nos estudos.
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é bem como, assim como, tanto quanto
viver bem. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
LÍNGUA PORTUGUESA

Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. final.


Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
como; não só... mas também etc.)
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o
popularidade em alta.
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
chegou. (Duas horas deram...) co núcleo, o verbo fica no singular concordando
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) com o núcleo único. Mas, se houver determinante
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
badaladas soaram) sujeito passa a ser composto. 61
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
combustíveis aumentaram. ção verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
Concordância Verbal do Verbo Ser sendo sujeito do infinitivo)

� Concorda com o sujeito Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo


Ex.: Nós somos unha e carne. no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Concorda com o sujeito (pessoa) impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
� Em predicados nominais, quando o sujeito for com valor genérico)
representado por um dos pronomes tudo, nada, São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- dido de preposição de ou para)
dará com o predicativo (preferencialmente) ou Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
com o sujeito
Ex.: No início, tudo é/são flores. � Concordância do verbo parecer
Flexiona-se ou não o infinitivo.
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
que ou quem equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
Ex.: Quem foram os classificados? vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância de acordo com o sujeito, no plural)
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
Ex.: São nove horas. logo o infinitivo será impessoal)
É frio aqui.
� Concordância dos verbos impessoais
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
� O verbo fica no singular quando precede termos sempre na 3ª pessoa do singular.
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Fazia quinze anos que ele havia se formado.
quantidade, distância, e também quando seguido Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
do pronome o auxiliar fica no singular)
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Trata-se de problemas psicológicos.
Divertimentos é o que não lhe falta. Geou muitas horas no sul.
Dez reais é nada diante do que foi gasto.
� Concordância com sujeito oracional
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o singular.
verbo concordará com o termo não preposiciona- Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
do entre eles. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
São eles que sempre chegam cedo. Urge que você estude.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Era preciso encontrar a verdade
trução adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
Casos mais Frequentes em Provas
(construção inadequada)
Veja agora uma lista com os casos mais abordados
Concordância do Infinitivo
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
� Sujeito posposto distanciado
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
to esclarecido)
brasileira seres estranhos.
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
implícito “nós”) � Verbos impessoais (haver e fazer)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração) vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais) � Verbo na voz passiva sintética
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
indicando tempo) � Verbo concordando com o antecedente correto
Estudo para me considerarem capaz de aprova- do pronome relativo ao qual se liga
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
tinham experiência.
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no � Sujeito coletivo com especificador plural
62 particípio) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
� Sujeito oracional análoga / analogicamente a
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no contrária / contrariamente a
singular) compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
favorável / favoravelmente a
to ou complemento no plural
paralela / paralelamente a
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
próxima / proximamente a/de
atrito. (verbo no singular)
relativa / relativamente a
Casos Facultativos
Preposições Prefixos Verbais
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
estádio. Alguns nomes regem preposições semelhantes a
seus “prefixos”:
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
fizeram rir. dependente, dependência de
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. inclusão, inserção em
inerente em/a
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis? descrente de/em
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura desiludido de/com
brasileira. desesperançado de
desapego de/a
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a convívio com
ciência. (1,5% corresponde ao singular) convivência com
z Chegaram/Chegou João e Maria. demissão, demitido de
encerrado em
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram enfiado em
aqui. imersão, imergido, imerso em
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política instalação, instalado em
brasileira. interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre
z O problema do sistema é/são os impostos. supremacia sobre
z Hoje é/são 22 de agosto.
REGÊNCIA VERBAL
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
a aprovação. Relação de dependência entre um verbo e seu
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
retas, isto é, com ou sem preposição.
Silepse de Número e de Pessoa
Há verbos que admitem mais de uma regência
Conhecida também como “concordância irregular, sem que o sentido seja alterado.
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
z Silepse de número: usa-se um termo discordando V. T. D: esquecia
do número da palavra referente, para concordar Objeto direto: os favores recebidos.
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- V. T. I.: se esquecia
dade: todas as flores) Objeto indireto: dos favores recebidos.

z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos


processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de alterando seu significado.
diversas etnias, somos multiculturais.
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
(aspiramos = sorvemos)
V. T. D.: aspiramos
LÍNGUA PORTUGUESA

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL Objeto direto: ar poluídos.


Os funcionários aspiram a um mês de férias.
REGÊNCIA NOMINAL (aspiram = almejam)
V. T. I.: aspiram
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér- Objeto indireto: a um mês de férias
bios) exigem complementos preposicionados, exceto
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono. A seguir, uma lista dos principais verbos que
geram dúvidas quanto à regência:
Advérbios Terminados em “mente”
� Abraçar: transitivo direto
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
regência dos adjetivos: O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço 63
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- reto; intransitivo
to com sentido de “acariciar”) Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto indireto com sentido de “ser difícil”)
no sentido de “ser agradável a”) A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não � Esquecer: admite três possibilidades
personificado) Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto Esqueci-me dos acontecimentos.
personificado) Esqueceram-me os acontecimentos.
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
reto: refere-se a coisas e pessoas)
transitivo direto e indireto
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
e objeto indireto. (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) disposição”)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
indireto) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
� Informar: transitivo direto e indireto
rege apenas objeto direto:
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudaram o ladrão a fugir.
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
sobre
direto:
Informaram o réu de sua condenação.
Ajudei-o muito à noite.
Informaram o réu sobre sua condenação.
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
sa: objeto indireto, com a preposição a
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
Informaram a condenação ao réu.
sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” reto, com as preposições em e por
como complemento) Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- tivo direto e indireto
vo direto com sentido de “respirar”) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo sitivo com sentido de “cortejar”)
indireto no sentido de “desejar”) Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
indireto com sentido de “desejar muito”)
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“prestar assistência”
“encantar-se”)
O médico assistia os acidentados.
O médico assistia aos acidentados. � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não assisti ao final da série. Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
tivo direto e indireto
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
res de pessoas.”
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
indireto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
direto e indireto
direto e indireto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- � Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
vo indireto) transitivo direto e indireto
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
to e indireto) A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
indireto)
predicativo do objeto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire- � Suceder: intransitivo; transitivo direto
to com sentido de “convocar”) Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- sentido de “ocorrer”)
dicativo do objeto com sentido de “denominar, A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
64 qualificar”) de “vir depois”)
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
DENOTAÇÃO capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
O sentido denotativo da linguagem compreende do texto.
o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais z Antonímia
objetivo e literal associado ao significado que aparece
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar São palavras ou expressões que, empregadas em
ênfase à informação que se quer passar para o recep- um determinado contexto, têm significados opostos.
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
isso, é muito utilizada em textos informativos, como gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá- dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
ticos, entre outros. casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)

CONOTAÇÃO

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está inserido.
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
publicitários e outros. Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
Você mora no meu coração. A relação de sentido estabelecida na tirinha é
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
se contexto.
Quando escolhemos determinadas palavras ou
expressões dentro de um conjunto de possibilidades z Homonímia
de uso, estamos levando em conta o contexto que
influencia e permite o estabelecimento de diferentes Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
relações de sentido. Essas relações podem se dar por núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia. seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
nimos importantes:

Importante! acender (colocar fogo) ascender (subir)


acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
sões de um idioma.
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
que cada falante seleciona do léxico para se
comunicar. bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
LÍNGUA PORTUGUESA

cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)


z Sinonímia sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio)
São palavras ou expressões que, empregadas em censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
um determinado contexto, têm significados seme- céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
lhantes. É importante entender que a identidade dos cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos cerrar (fechar) serrar (cortar)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
cervo (veado) servo (criado)
o que pode não acontecer em outras situações. O
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
pagamento) xadrez)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
de suas significações é diferente. círio (vela) sírio (natural da Síria) 65
cito (forma do verbo citar) sito (situado) z Dirigente/diligente
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical) conserto (reparo) „ O dirigente da empresa não quis prestar decla-
coser (costurar) cozer (cozinhar) rações sobre o funcionamento da mesma. (pes-
exotérico (que se expõe em soa que dirige, gere)
esotérico (secreto) „ Minha funcionária é diligente na realização de
público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem suas funções. (expedito, aplicado)
assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) z Discriminar/descriminar
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) „ Ela se sentiu discriminada por não poder
estático (imóvel) extático (admirado) entrar naquele clube. (diferenciar, segregar)
„ Em muitos países se discute sobre descriminar o
esterno (osso do peito) externo (exterior)
uso de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar)
extrato (o que se extrai de
estrato (camada) Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par onimas/. Aces-
algo)
sado em 17/10/2020.
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
Polissemia (Plurissignificação)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo) Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php. semia é encontrada no exemplo a seguir:
Acessado em: 17/10/2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
z Absorver/absolver

„ Tentaremos absorver toda esta água com


esponjas. (sorver)
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis COLOCAÇÃO DO PRONOME ÁTONO
de seus pecados. (inocentar)
Estudo da posição dos pronomes na oração.
z Aferir/auferir
z Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.
„ Realizaremos uma prova para aferir seus Casos que atraem o pronome para próclise:
conhecimentos. (avaliar, cotejar)
„ O empresário consegue sempre auferir lucros „ Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.:
em seus investimentos. (obter) Não me submeto a essas condições.
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
z Cavaleiro/cavalheiro tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
„ Todos os cavaleiros que integravam a cava- apresente como um rico investidor, ele nada
laria do rei participaram na batalha. (homem tem.
que anda de cavalo) „ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex.:
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre Em se tratando de futebol, Maradona foi um
sempre as portas para eu passar. (homem edu- ídolo.
cado e cortês) „ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na
esperança de sermos ouvidos, muito lhe
z Cumprimento/comprimento agradecemos.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
„ O comprimento do tecido que eu comprei é de tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
„ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação) z Mesóclise: Pronome posicionado no meio do ver-
bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:
z Delatar/dilatar
„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
„ Um dos alunos da turma delatou o colega que que estejam conjugados no futuro, caso não
chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar) haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan- Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
66 do seu estômago. (alargar, estender) dos nossos estudantes.
z Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos a) causa
que atraem o pronome para ênclise: b) instrumento
c) consequência
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui- d) conformidade
to honrada com esse título. e) proporcionalidade
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
favor. 2. (CESGRANRIO — 2016)
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
quanto sou importante. Quando eu for bem velhinho — continuação 2

Casos proibidos: O tempo do carnaval era obrigatório. A despeito de


todas as mudanças, ele continua sendo a pausa que
„ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / dá sentido e razão ao tempo como uma majestade
Dá-me esse caderno! (certo). humana. Este imperador sem rivais que diz que passa
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem- quando, de fato, quem passa somos nós.
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou- Uma lenda escandinava, traduzida à luz da análise
-se de nada (correto). pelo sábio das línguas e costumes euro- -europeus
„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato Georges Dumézil, conta a história de um camponês
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). que, sem querer, libertou o diabo de um caixote que
ele transportava para um padre na sua carroça. Livre
e solto, o diabo — que está sempre fazendo alguma
coisa — começou a surrar o seu involuntário liberta-
HORA DE PRATICAR! dor, perguntando ansiosamente: “O que devo fazer?” O
camponês mandou que ele construísse uma ponte de
1. (CESGRANRIO – 2016) pedra e, em instantes, ela ficou pronta. E logo o diabo
perguntou novamente: “O que devo fazer?” O campo-
Quando eu for bem velhinho nês mandou que o diabo juntasse todos os excremen-
tos de cavalo do reino da Dinamarca e, num instante,
Bem velhinho, que [precise] usar um bastão / Eu hei de a tarefa estava cumprida. Aterrorizado porque ia apa-
ter um netinho, ah... / Pra me levar pela mão / No car- nhar novamente, o camponês teve a feliz ideia de man-
naval, eu não fico em casa / Eu não fico, eu vou brincar! dar que o diabo recuperasse o tempo. Sabendo que o
/ Nem que eu vá me sentar na calçada / Pra ver meu tempo era precioso, o diabo saiu em sua busca, mas
bloco passar...” não conseguia alcançá-lo. Trouxe dele pedaços, mas
Lupicínio Rodrigues — autor de elaboradas e densas não o tempo inteiro como ordenara o camponês. Não
canções de amor — surpreende escrevendo, em 1936, tendo observado a tarefa, o diabo voltou para a caixa.
ano em que nasci, essa singela e comovente marchi- O tempo como potência impossível de ser apanhada
nha carnavalesca. Uma raridade que constrói e, ao foi brilhantemente descrito por Frei Antônio das Cha-
mesmo tempo, define um carnaval. O carnaval como gas num poema escrito nos mil seiscentos e tanto:
um ritual — como um encontro necessário, como as Deus pede estrita conta de meu tempo.
festas religiosas e algumas cerimônias cívicas — e E eu vou do meu tempo dar-lhe conta.
não como uma brincadeira da qual se escolhe, livre Mas como dar, sem tempo, tanta conta
e individualmente, participar. O carnaval faz parte do Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
calendário religioso católico romano que, mesmo no Para dar minha conta feita a tempo,
Brasil republicano, burguês e pós-moderno, continua O tempo me foi dado e não fiz conta,
a ser observado. Hoje, ao lado da Semana Santa e da Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Semana da Pátria, ele talvez seja mais um feriado fes- Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
tivo do que uma ocasião que coage o nosso compor- Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
tamento, obrigando à participação, como deixa claro a Não gasteis vosso tempo em passatempo.
marchinha de Lupicínio. Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Ouvi a música pelo piano de mamãe quando era um Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
menino: supunha-me o netinho que levava o avô pela Quando o tempo chegar de prestar conta,
mão até o seu bloco de carnaval. Hoje, sendo um avô Chorarão, como eu, o não ter tempo...
feliz e orgulhoso de cinco lindas moças e três belos Afinal, somos nós que brincamos o carnaval ou é o
rapazes, tenho nada mais nada menos do que 16 carnaval que brinca conosco o tempo todo?
mãos dispostas a, amorosamente, me conduzirem ao DAMATTA, R. O Globo, Rio de Janeiro, 10 fev. 2016. Primeiro
meu bloco que passa todo ano pela minha calçada. Caderno, p. 13. Adaptado.
LÍNGUA PORTUGUESA

Leitor querido: se você tiver alguma recordação dessa


música, ouça-a. Se você não souber manipular algum Assim como análise, também se escreve corretamen-
aparelho eletrônico, seu netinho o ajuda. E ouvindo a te com s o substantivo
simplicidade dessa tocante canção, você vai ler esta
crônica como eu a escrevo: com os olhos molhados a) valise
dos antigos carnavais. b) linse
DAMATTA, R. O Globo, Rio de Janeiro, 10 fev. 2016. Primeiro c) esato
Caderno, p. 13. Adaptado. d) maselas
e) cansela
A conjunção que empregada na primeira linha do Tex-
to I tem o seguinte valor:
67
3. (CESGRANRIO – 2018) A palavra ou a expressão des- Há situações iniciais e finais, outras intermediárias,
tacada aparece grafada de acordo com a norma-pa- numa dimensão linear, e há atores, um dos quais o
drão da Língua Portuguesa em: viajante, que serve de fio condutor entre pessoas,
acontecimentos, locais e deslocamentos. Supõe uma
a) O aquecimento global pode afetar a sobrevivência da subjetividade que se abre ao desconhecido, a perda
população em muitas regiões por que água e comida de referências familiares, o abandono do mesmo pelo
diferente, o encontro com o outro e o reencontro con-
já se mostram escassas.
sigo mesmo. Em contrapartida, a narrativa de viagem
b) O Dia Mundial do Meio Ambiente serve para nos lem-
depende em primeiro lugar da memória e de anota-
brar o por quê de todos terem de contribuir para a pre-
ções. Seleciona experiências, precisa estabelecer um
servação da natureza. projeto de narração, não necessariamente cronológico
c) O principal tema discutido entre governos e orga- ou causal, torna-se, mesmo sem intenção, um teste-
nizações é a globalização, por que afeta a vida dos munho. E é orientada por perspectivas do narrador-via-
indivíduos. jante, que incluem seu estilo de vida, sua mentalidade,
d) Os especialistas defendem que o clima na Terra tem assim como sua visão de mundo e sua posição de
passado por ciclos de mudanças mas divergem sobre sujeito, ou seja, o local cultural de onde fala.
o porquê desse fato. BORDINI, Maria da Glória. In: Descobrindo o Brasil. Rio de Janeiro:
e) Os cientistas têm estudado o porque de as emissões EdUERJ, 2011, p. 353.
de gases poluentes na atmosfera estarem relaciona-
das às mudanças climáticas No Texto II, a autora criou a palavra “narrador-viajante”
e empregou nela corretamente o hífen.
4. (CESGRANRIO – 2016) Usando uma estratégia criativa semelhante, será
necessário usar esse sinal gráfico em
Festival reúne caravelas em barcos
a) pseudo-viajante
b) super-viajante
Dizem que o passado não volta, mas a cada cinco c) ex-viajante
anos boa parte da história marítima da Europa se reú- d) anti-viajante
ne para navegar junto entre o Mar do Norte e o canal e) neo-viajante
de Amsterdã. Caravelas e barcos a vapor do século
passado se juntam a veleiros e lanchas contemporâ- 6. (CESGRANRIO – 2014)
neas que vêm de vários países para um dos maiores
encontros náuticos gratuitos do mundo. Durante o Um pouco distraído
Amsterdam Sail, entre os dias 19 e 23 de agosto, cerca
de 600 embarcações celebram a arte de deslizar sobre Ando um pouco distraído, ultimamente. Alguns amigos
as águas. mais velhos sorriem, complacentes, e dizem que é isso
Desde 1975 o grande encontro aquático junta apai- mesmo, costuma acontecer com a idade, não é distra-
xonados pelo mar e curiosos às margens dos canais ção: é memória fraca mesmo, insuficiência de fosfato.
para ver barcos históricos e gente fazendo festa ao O diabo é que me lembro cada vez mais de coisas que
longo de cinco dias – na última edição, o público esti- deveria esquecer: dados inúteis, nomes sem significa-
mado foi de 1,7milhão de pessoas. Há aulas de vela do, frases idiotas, circunstâncias ridículas, detalhes
sem importância. Em compensação, troco o nome
e de remo para adultos e crianças, além de atrações
das pessoas, confundo fisionomias, ignoro conheci-
musicais. [...]
dos, cumprimento desafetos. Nunca sei onde largo
Você pode até achar que é coisa de criança, mas o objetos de uso e cada saída minha de casa representa
jogo em que cada um leva o próprio balde e simula meia hora de atraso em aflitiva procura: quede minhas
as tarefas a bordo de um navio é instrutivo e divertido chaves? meus cigarros? meu isqueiro? minha caneta?
para todas as idades. Estou convencido de que tais objetos, embora inani-
mados, têm um pacto secreto com o demônio, para
MORTARA, F. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 4 ago. 2015, Caderno me atormentar: eles se escondem.
D, p. 10. Adaptado. Recentemente, descobri a maneira infalível de derrotá-
-los. Ainda há pouco quis acender um cigarro, dei por
Das palavras acentuadas reúne, países, águas, última falta do isqueiro. Em vez de procurá-lo freneticamente,
e vêm, as duas que recebem acento por seguirem a como já fiz tantas vezes, abrindo e fechando gavetas,
mesma norma ortográfica são: revirando a casa feito doido, para acabar plantado no
meio da sala apalpando os bolsos vazios como um
a) águas e vêm tarado, levantei-me com naturalidade sem olhar para
b) última e vêm lugar nenhum e fui olimpicamente à cozinha apanhar
c) reúne e águas uma caixa de fósforos.
d) reúne e países Ao voltar — eu sabia! — dei com o bichinho ali mesmo,
e) países e última na ponta da mesa, bem diante do meu nariz, a olhar-
-me desapontado. Tenho a certeza de que ele saiu de
seu esconderijo para me espiar.
5. (CESGRANRIO – 2018)
Até agora estou vencendo: quando eles se escondem,
saio de casa sem chaves e bato na porta ao voltar;
O Brasil na memória compro outro maço de cigarros na esquina, uma nova
caneta, mais um par de óculos escuros; e não telefono
A viagem tem uma estruturalidade típica. Há a escolha para ninguém até que minha caderneta resolva apare-
do destino, uma finalidade antevista, uma partida e um cer. É uma guerra sem tréguas, mas hei de sair vitorio-
68 retorno, um trajeto por lugares, um tempo de duração. so. [...]
Alarmado, confidenciei a um amigo este e outros Sintomas de obsolescência são facilmente percebi-
pequenos lapsos que me têm ocorrido, mas ele me dos quando um novo produto oferece características
consolou de pronto, contando as distrações de um tio que os anteriores não tinham, como o uso de reconhe-
seu, perto do qual não passo de um mero principiante. cimento facial(C); ou a queda de desempenho do pro-
Trata-se de um desses que põem o guarda-chuva na duto com relação ao atual padrão de mercado, como
cama e se dependuram no cabide, como manda a um smartphone que não roda bem os aplicativos atua-
anedota. Já saiu à rua com o chapéu da esposa na lizados. Outro sinal é detectado quando não é possível
cabeça. Já cumprimentou o trocador do ônibus quan- repor acessórios, como carregadores compatíveis, ou
do este lhe estendeu a mão para cobrar a passagem. mesmo novos padrões, como tipo de bateria, conector
Já deu parabéns à viúva na hora do velório do mari-
de carregamento ou tipos de cartão de um celular, por
do. Certa noite, recebendo em sua casa uma visita de
exemplo.
cerimônia, despertou de um rápido cochilo e se ergueu
Isso não significa que o consumidor está refém de
logo, dizendo para sua mulher: “Vamos, meu bem, que
já está ficando tarde.” [...] trocas constantes de equipamento: é possível adiar a
Contou-me ainda o sobrinho do monstro que sair com substituição de um produto, por meio de upgrades de
um sapato diferente em cada pé, tomar ônibus errado, hardware, como inclusão de mais memória, baterias
esquecer dinheiro em casa, são coisas que ele faz qua- e acessórios de expansão, pelo menos até o momen-
se todos os dias. Já lhe aconteceu tanto se esquecer de to em que essa troca não compense financeiramente.
almoçar como almoçar duas vezes. Outro dia arranjou Quanto à legalidade, o que se deve garantir é que os
para o sobrinho um emprego num escritório de advoca- produtos mais modernos mantenham a compatibilida-
cia, para que fosse praticando, enquanto estudante. de com os anteriores, a fim de que o antigo usuário não
— Você sabe — me conta o sobrinho: — O que eu estu- seja forçado constantemente à compra de um produto
do é medicina... mais novo se não quiser. É importante diferenciá-la da
Não, eu não sabia: para dizer a verdade, só agora o obsolescência perceptiva, que ocorre quando atuali-
estava identificando. Mas não passei recibo — faz par- zações cosméticas, como um novo design, fazem o
te da minha nova estratégia, para não acabar como o produto parecer sem condições de uso, quando não
tio dele: dar o dito por não dito, não falar mais no está.
assunto, acender um cigarro. É o que farei agora. Isto É preciso lembrar também que a obsolescência pro-
é, se achar o cigarro. gramada se dá de forma diferente em cada tipo de
SABINO, F. Deixa o Alfredo Falar. Rio de Janeiro: Record, 1976. equipamento. Um controle eletrônico de portão tem
uma única função e pode ser usado por anos e anos
Em qual das frases abaixo as palavras em destaque sem alterações ou troca. Já um celular tem maior taxa
pertencem à mesma classe gramatical? de obsolescência e pode ter de ser substituído em um
ano ou dois, dependendo das necessidades do usuá-
a) “Alguns amigos mais velhos sorriem” – Os mais rio, que pode desejar fotos de maior resolução ou tela
velhos sorriem. mais brilhante.
b) “e dizem que é isso mesmo” – Eu quero aquela mesma.
Essa estratégia traz desafios, como geração do lixo
c) “troco o nome das pessoas” – O caixa não deu o meu
eletrônico(D). Ao mesmo tempo, a obsolescência deve
troco.
ser combatida na restrição que possa causar ao usuá-
d) “Nunca sei onde largo objetos de uso” – Ontem estive
no Largo do Estácio. rio, como, por exemplo, uma empresa não mais dispo-
e) “tais objetos, embora inanimados, têm” – Vou embora nibilizar determinada função que era disponível pelo
amanhã. simples upgrade do sistema operacional, forçando
a compra de um aparelho novo. O saldo geral é que
7. (CESGRANRIO – 2019) as atualizações trazidas pela obsolescência progra-
mada trazem benefícios à sociedade, como itens de
Obsolescência programada: inimiga ou parceira do segurança mais eficientes em carros e conectabilida-
consumidor? de imediata e de alta qualidade entre pessoas. É por
conta disso que membros de uma mesma família que
Obsolescência programada é exercida quando um moram em países diferentes(E) podem conversar dia-
produto tem vida útil(A) menor do que a tecnologia riamente, com um custo relativamente baixo, por voz
permitiria, motivando a compra de um novo mode- ou vídeo. Além disso, funcionários podem trabalhar
lo — eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis são remotamente, com mais qualidade de vida, com ajuda
exemplos evidentes dessa prática(B). Uma câmera de dispositivos móveis.
com uma resolução melhor pode motivar a compra de
um novo celular, ainda que o modelo anterior funcione RAMALHO, N. Obsolescência programada: inimiga ou parceira do
perfeitamente bem. Essa estratégia da indústria pode consumidor? Disponível em: <https://www. gazetadopovo.com.br/
LÍNGUA PORTUGUESA

ser vista como inimiga do consumidor, uma vez que opiniao/artigos/obsolescencia-programada-inimiga-ou-parceira-do-


consumidor-5z4zm6km1pndkokxsbt4v6o96/>. Acesso em: 23 jul.
o incentiva a adquirir mais produtos sem realmente
2019. Adaptado.
necessitar deles. No entanto, traz benefícios, como o
acesso às novidades.
Planejar inovação é extremamente importante para Nos seguintes trechos do Texto I, o adjetivo destacado
melhoria e aumento da capacidade técnica de um pro- apresenta valor discursivo de avaliação subjetiva, em
duto num mercado altamente competitivo. Já imagi- relação ao substantivo a que se liga, em:
nou se um carro de hoje fosse igual a um carro dos
anos 1970? O desafio é buscar um equilíbrio entre a a) “um produto tem vida útil”
inovação e a durabilidade. Do ponto de vista técnico, b) “exemplos evidentes dessa prática.”
quando as empresas planejam um produto, já tem c) “uso de reconhecimento facial”
equipes trabalhando na sucessão dele, pois se trata d) “geração do lixo eletrônico”
de uma necessidade de sobrevivência no mercado. e) “moram em países diferentes” 69
8. (CESGRANRIO – 2018) 9. (CESGRANRIO – 2019)

Exagerado Serviu suas famosas bebidas para Vinicius, Carybé e


Pelé
Amor da minha vida
Daqui até a eternidade Os pedaços de coco in natura são colocados no liqui-
Nossos destinos dificador e triturados. O líquido resultante é coado
com uma peneira de palha e recolocado no aparelho,
Foram traçados na maternidade
onde é batido com açúcar e leite condensado. Ao fim,
adiciona-se aguardente.
Paixão cruel, desenfreada
A receita de Diolino Gomes Damasceno, ditada à Folha
Te trago mil rosas roubadas
por seu filho Otaviano, parece trivial, mas a conhecida
Pra desculpar minhas mentiras batida de coco resultante não é. Afinal, não é possível
Minhas mancadas que uma bebida qualquer tenha encantado um time
formado por Jorge Amado (diabético, tomava sem
Exagerado açúcar), Pierre Verger, Carybé, Mussum, João Ubaldo
Jogado aos teus pés Ribeiro, Angela Rô Rô, Wando, Vinicius de Moraes e
Eu sou mesmo exagerado Pelé (tomava dentro do carro).
Adoro um amor inventado Baiano nascido em 1931 na cidade de Ipecaetá, inte-
rior do estado, Diolino abriu seu primeiro estabeleci-
Eu nunca mais vou respirar mento em 1968, no bairro do Rio Vermelho, reduto
Se você não me notar boêmio de Salvador. Localizado em uma garagem,
Eu posso até morrer de fome ganhou o nome de MiniBar.
A batida de limão — feita com cachaça, suco de limão
Se você não me amar
galego, mel de abelha de primeiríssima qualidade e
açúcar refinado, segundo o escritor Ubaldo Marques
E por você eu largo tudo
Porto Filho — chamava a atenção dos homens, mas
Vou mendigar, roubar, matar
Diolino deu por falta das mulheres da época. É que
Até nas coisas mais banais elas não queriam ser vistas bebendo em público, e
Pra mim é tudo ou nunca mais então arranjavam alguém para comprar as batidas e
bebiam dentro do automóvel.
Exagerado Diolino bolou então o sistema de atendimento direto
Jogado aos teus pés aos veículos, em que os garçons iam até os carros que
Eu sou mesmo exagerado apenas encostavam e saíam em disparada. A novida-
Adoro um amor inventado de alavancou a fama do bar. No auge, chegou a produ-
zir 6.000 litros de batida por mês.
E por você eu largo tudo
SETO, G. Folha de S.Paulo. Caderno “Cotidiano”. 17 de maio de 2019,
Carreira, dinheiro, canudo
p. B2. Adaptado.
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais A substituição da expressão destacada pelo que se
encontra entre colchetes está de acordo com a nor-
Exagerado ma-padrão em:
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado a) Jorge Amado tomava a bebida sem açúcar. [tomava
Adoro um amor inventado -lhe]
b) Diolino gostava de mostrar a receita. [mostrá-la]
Jogado aos teus pés c) Pelé bebia no carro porque era discreto. [bebia-lhe]
Com mil rosas roubadas d) Wando e Rô Rô também frequentavam o bar. [frequen-
Exagerado tavam-nos]
e) O MiniBar produzia 6.000 litros por mês. [produzia-se]
Eu adoro um amor inventado

ARAÚJO NETO, Agenor de Miranda (Cazuza); SIQUEIRA JR, Carlos


10. (CESGRANRIO – 2016)
Leoni Rodrigues. Exagerado. In: CAZUZA. Exagerado. Rio de Janeiro:
Sigla/Som Livre, 1985. Lado A, faixa 1. O suor e a lágrima

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa, quase
se fosse substituído o pronome eu pelo pronome nós, 41. No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais
quente deste verão que inaugura o século e o milênio.
no trecho do Texto I “Eu sou mesmo exagerado”, como
Cheguei ao Santos Dumont, o vôo estava atrasado,
ficaria o verbo destacado?
decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rio,
são raros esses engraxates, só existem nos aeropor-
a) “Nós é mesmo exagerados”. tos e em poucos lugares avulsos.
b) “Nós somos mesmo exagerados”. Sentei-me naquela espécie de cadeira canônica, de
c) “Nós era mesmo exagerados”. coro de abadia pobre, que também pode parecer o tro-
d) “Nós sereis mesmo exagerados”. no de um rei desolado de um reino desolante.
70 e) “Nós sois mesmo exagerados”.
O engraxate era gordo e estava com calor — o que me No que diz respeito a problemas de visibilidade, não
pareceu óbvio. Elogiou meus sapatos, cromo italiano, há muito o que fazer. O ponto é que o calor também
fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o pouco, em parte pode comprometer bastante a viagem: cientistas já
para poupá-lo, em parte porque quando posso estou demonstraram que o desempenho das aeronaves é
sempre de tênis. pior em dias extremamente quentes. Isso porque o
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou seu aumento da temperatura atmosférica faz a densidade
ofício. Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e a cal- do ar diminuir, o que prejudica toda a aerodinâmica
va. Pegou aquele paninho que dá brilho final nos sapatos do veículo.
e com ele enxugou o próprio suor, que era abundante. A sustentação que as asas do avião garantem depen-
Com o mesmo pano, executou com maestria aqueles de da densidade do ar. Quanto menor for a densidade
movimentos rápidos em torno da biqueira, mas a todo do ar, mais rápido um avião tem que acelerar na hora da
instante o usava para enxugar-se — caso contrário, o decolagem para compensar a perda de estabilidade.
suor inundaria o meu cromo italiano. O problema é que, para conseguir uma velocidade
E foi assim que a testa e a calva do valente filho do povo maior, é necessária uma pista com tamanho suficien-
ficaram manchadas de graxa e o meu sapato adquiriu te para a tarefa. Corre-se o risco, nos locais onde o
um brilho de espelho à custa do suor alheio. Nunca tive trecho de asfalto é curto demais, de que o avião não
sapatos tão brilhantes, tão dignamente suados. adquira velocidade adequada para deslanchar de vez
Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, dei- sem problemas de sustentação. A principal forma que
xei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, as torres de controle têm para garantir que isso não
retribuiu a gorjeta me desejando em dobro tudo o que aconteça é diminuir o peso da aeronave — seja retiran-
eu viesse a precisar nos restos dos meus dias. do carga, combustível ou material humano mesmo.
Saí daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Os efeitos dessa restrição de peso podem pesar no
Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, bolso das companhias aéreas e mudar operações pelo
por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para mundo todo. A conta é bem simples: menos passagei-
ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha ros nos voos significa menos dinheiro para as com-
daquele brilho humano, salgado como lágrima. panhias aéreas. Os primeiros a sofrer com os cortes
CONY, C. H. In: NESTROVSKI, A. (Org.). Figuras do Brasil – 80 autores são voos mais longos. Conectar pontos distantes do
em 80 anos de Folha. São Paulo: Publifolha. 2001. p. 319. globo só vale a pena se o roteiro for cumprido com o
máximo de aproveitamento. A tendência, então, é que
Em “fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão”, os voos maiores sejam remanejados para momentos
o termo em destaque assume o sentido de menos quentes do dia. E como nada vem sozinho, a
alteração de rotas e duração dos voos, pode, eventual-
a) rumo mente, aumentar também o consumo de combustível.
b) trabalho O resto você já sabe. O serviço fica mais caro, passam
c) desconto a existir menos opções, os aeroportos operam além
d) imposto da capacidade e o caos aéreo se torna maior.
e) retribuição Para completar o pacote, o calor poderá influenciar até
mesmo no famoso “medo de avião”. Isso porque a ele-
11. (CESGRANRIO – 2017) vação das temperaturas tornará as turbulências mais
frequentes e intensas. Uma pesquisa publicada neste
Como o aquecimento global está atrapalhando a ano mostrou que turbulências severas vão aumentar
aviação 149% e os chacoalhões moderados crescerão até 94%
nos próximos anos. Culpa do aumento na quantidade
No mês passado, dezenas de voos foram cancelados de ventos de alta altitude, que ganham força com o
nos EUA por causa do calor. Veja porque isso se torna- calor.
rá cada vez mais comum. ELER, G. Como o aquecimento global está atrapalhando a aviação.
5 ago. 2017. Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/
Com a temperatura na casa dos 48 ºC — e uma sensa- como-o-aquecimento-global-esta-atrapalhando-a-aviacao/>. Acesso
ção térmica que supera fácil os 50 ºC —, é complicado em: 12 ago. 2017. Adaptado.
levar a vida normalmente. Sair de casa é pedir para
começar a suar e desidratar a uma velocidade digna Ao contrário do período composto por coordenação,
de ambiente desértico. Seja muito bem-vindo ao verão o período composto por subordinação apresenta ao
de Phoenix, capital do Arizona, onde o ar-condicionado menos uma oração sintaticamente dependente de
é seu amigo mais inseparável. outra. O seguinte período configura-se como compos-
Por lá, as temperaturas altas não impactam só as to por subordinação:
contas de luz. A onda de calor anormal que o sudoes-
LÍNGUA PORTUGUESA

te dos EUA enfrentou recentemente causou também a) “Como o aquecimento global está atrapalhando a avia-
outro problema, menos usual: o cancelamento de ção” (Título do texto)
dezenas de voos comerciais. É isso mesmo. Em julho b) “No mês passado, dezenas de voos foram cancelados
passado, aviões foram impedidos de deixar o Sky Har- nos EUA por causa do calor.” (Subtítulo do texto)
bor, aeroporto internacional da cidade, pelo simples c) “Por lá, as temperaturas altas não impactam só as
motivo de estar quente demais. contas de luz.”
Mesmo quem não é do ramo sabe que aeronaves d) “A sustentação que as asas do avião garantem depen-
foram criadas para operar sob algumas condições de da densidade do ar.”
climáticas específicas. Por causa disso, vira e mexe e) “Os efeitos dessa restrição de peso podem pesar no
mudanças de tempo muito bruscas como nevascas bolso das companhias aéreas e mudar operações pelo
e neblinas intensas as impedem de decolar — atra- mundo todo.”
sando as viagens e aumentando a impaciência dos
clientes. 71
12. (CESGRANRIO – 2018) A pontuação foi utilizada de Glossário:
acordo com as exigências da norma-padrão da língua Mobilidade urbana – É a facilidade de locomoção das
portuguesa em: entre as diferentes zonas de uma cidade.
Acessibilidade urbana – É a garantia de condições às
a) A escassez e a contaminação da água causam, por ano pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
a morte de cinco milhões de crianças em todo o planeta. reduzida.
b) A maior parte da água existente no planeta, que é de
água salgada, precisa ser dessalinizada para servir à De acordo com a norma-padrão da língua portugue-
população. sa, o acento grave indicativo da crase é obrigatório na
c) A precária rede de distribuição de água na Amazônia palavra destacada em:
impede, que muitas pessoas tenham acesso adequa-
do a esse precioso líquido. a) A falta de transporte coletivo traz problemas para as
d) Os racionamentos tornaram-se mais urgentes e pessoas que vivem na periferia.
necessários à medida que, a água não é tão abundan- b) O centro das cidades foi o primeiro espaço a sofrer
te quanto parece. com o aumento dos carros.
e) Uma boa parte da população mundial, não conta com c) O automóvel acabou por se confirmar como a forma
um abastecimento de água de boa qualidade. de transporte dominante.
d) Os espaços centrais passaram a ser ocupados somen-
13. (CESGRANRIO – 2018) A regência do verbo destacado te nos horários de trabalho.
está de acordo com as exigências da norma-padrão da e) Os governos devem buscar soluções adequadas as
língua portuguesa em: necessidades das pessoas.

a) Para ganhar espaço no mercado imobiliário, os ban- 15. (CESGRANRIO – 2018)


cos costumam a ampliar prazos e limites e baratear o
financiamento da casa própria. Carta aos meus filhos adolescentes
b) O planejamento econômico é fundamental para o
sucesso de um empreendimento familiar, o que envol- Nossa relação mudará, não se assustem, continuo
ve ao ato de pesquisar as melhores oportunidades amando absurdamente cada um de vocês. Estarei
disponíveis. sempre de plantão, para o que der e vier. Do mesmo
c) Antes de se comprometer com a aquisição de um imó- jeito, com a mesma vontade de ajudar.
vel acima de sua renda, recomenda-se ao comprador É uma fase necessária: uma aparência de indiferença
que pesquise melhores condições de mercado. recairá em nossos laços, uma casca de tédio grudará
d) A inadimplência ocorre quando o cidadão não acata em nossos olhares.
às cláusulas que determinam os prazos dos emprésti-
Mas não durará a vida inteira, posso garantir.
mos bancários.
Nossa comunicação não será tão fácil como antes. A
e) Grande parte das pessoas que se candidatam a emprés-
adolescência altera a percepção dos pais, tornei-me o
timos bancários aspiram a construção da casa própria.
chato daqui por diante.
Eu me preparei para a desimportância, guardei esto-
14. (CESGRANRIO – 2018) que de cartõezinhos e cartas de vocês pequenos, cole-
cionei na memória as declarações de “eu te amo” da
Mobilidade e acessibilidade desafiam cidades última década, ciente de que não ouvirei nenhuma jura
por um longo tempo.
A população do mundo chegou, em 2011, à marca ofi- A vida será mais árida, mais constrangedora, mais
cial de 7 bilhões de pessoas. Desse total, parte cada lacônica. É um período de estranheza, porém essen-
vez maior vive nas cidades: em 2010, esse contingente cial e corajoso. Todos experimentam isso, em qual-
superou os 50% dos habitantes do planeta, e até 2050 quer família, não tem como adiar ou fugir.
prevê-se que mais de dois terços da população mun- Serei obrigado agora a bater no quarto de vocês e
dial será urbana. aguardar uma licença. Existe uma casa chaveada no
No Brasil, a população urbana já representa 84,4% do interior de nossa casa. Não desfruto de chave, senha,
total, de acordo com o Censo 2010. É preciso, então, passaporte. Não posso aparecer abrindo a porta de
que questões de mobilidade e acessibilidade urbana repente. Às vezes mandarei um WhatsApp apenas
passem a ser discutidas. para saber onde estão, mesmo quando estiverem den-
No passado, a noção de mobilidade era estreitamente tro do apartamento. Passarei essa vergonha.
ligada ao automóvel. Hoje, como resultado, os mora-
Perguntarei como estão e ganharei monossílabos de
dores de grande maioria das cidades brasileiras lidam
presente. Talvez um ok. Talvez a sorte de um tudo bem.
diariamente com congestionamentos insuportáveis, que
As confissões não acontecerão espontaneamente.
causam enormes perdas. Isso, sem falar no alto índice
“Me deixe em paz” despontará como refrão diante de
de mortes em vias urbanas do país. Depreendemos daí
qualquer cobrança.
que a dependência do automóvel como meio de trans-
Precisarei ser mais persuasivo. Nem alcanço alguma
porte é um fator que impede a mobilidade urbana.
ideia de como, para mim também é uma experiência
É importante investir em infraestrutura pedestre, ciclo-
nova, tampouco sei agir. Os namoros e os amigos
viária e em sistemas mais eficazes e adequados de
assumirão as suas prioridades.
ônibus. Ao mesmo tempo, podemos desenvolver cida-
Verei vocês somente saindo ou chegando, desprovido
des mais acessíveis, onde a maior parte dos serviços
de convergência para um abraço demorado.
esteja próxima às moradias e haja opções de transpor-
Já não me acharão um máximo, já não sou grande coi-
te não motorizado para nos locomovermos.
sa. Perceberam os meus pontos fracos, decoraram os
BROADUS, V. Portal Mobilize Brasil. 16 jul. 2012. Disponível
em: <http://www.mobilize.org.br/noticias/2419/mobilidade-
meus defeitos, não acreditam mais em minhas histó-
acessibilidade- e-deficiencias-fisicas.html>. Acesso em: 9 jul. 2018. rias, não sou a única versão de vocês. Qualquer infor-
72 Adaptado. mação que digo, vão checar no Google.
Mas vamos sobreviver: o meu amor é imenso para
resistir ao teste da diferença de idade e de geração.
Espero vocês do outro lado da ternura, quando tiverem
a minha idade.
CARPINEJAR, F. Carta aos meus filhos adolescentes. Disponível em:
<https://blogs.oglobo.globo.com/fabricio-carpinejar/post/carta-aos-
meus-fi lhos-adolescentes.html>. Acesso em: 10 jul. 2018. Adaptado.

A frase em que a palavra em destaque obedece ao


princípio sintático da concordância nominal, atenden-
do às regras da norma-padrão, é:

a) As famílias mesmas relatam problemas de relaciona-


mento entre pais e filhos.
b) Os adolescentes ficam sempre meios eufóricos quan-
do saem em grupo.
c) Pais têm menas chances de compreender seus filhos
que seus amigos.
d) Alguns jovens já enfrentam bastante problemas den-
tro e fora de casa.
e) É necessária ter uma boa relação com os pais para
que os filhos se sintam seguros.

9 GABARITO

1 C

2 A

3 D

4 D

5 C

6 B

7 B

8 B

9 B

10 E

11 D

12 B

13 C

14 E

15 A

ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA

73
74
Exemplo:
Investimento de R$ 50.000,00 no dia de hoje para
recebimento de R$ 120.000,00 daqui a 10 anos.
120.000,00

MATEMÁTICA Hoje
| | | | | | | | | | | ano

FINANCEIRA 50.000,00
5 10

Operações Financeiras

Vamos aprender como “transportar” uma parcela


CONCEITOS GERAIS no tempo, ou seja, como levar uma parcela presente
para o futuro (capitalização) e como trazer uma par-
O CONCEITO DO VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO cela do futuro para o presente (desconto ou descapi-
talização). Aqui vale lembrar que vamos depender do
O conceito de valor do dinheiro no tempo é mui- regime de capitalização, simples ou composto, e para
to importante quando estamos estudando Matemáti- cada um deles teremos uma maneira de calcular. Veja:
ca Financeira, pois não podemos de maneira alguma Na Capitalização Simples usaremos as seguintes
fórmulas:
comparar o dinheiro trabalhado na Matemática Bási-
ca com o dinheiro trabalhado na Matemática Finan- VF = VP × (1 + i × t) ou VP = VF / (1 + i × t)
ceira, uma vez que nesse último, o fator tempo será
primordial. Já na Capitalização Composta, as equações serão:
Imagine a seguinte situação:
Seu primo pede para que você faça um emprésti- VF = VP × (1 + i)t ou VP = VF / (1 + i)t
mo para ele de R$100,00 com a promessa de que após
Em que,
1 ano ele irá devolver os mesmos R$100,00 para você.
Será que vale a pena essa operação financeira? VF = Valor Futuro
Você precisa analisar alguns pontos antes de tomar VP = Valor Presente ou Valor Atual
a decisão: o risco, o valor do dinheiro daqui a um i = taxa de juros
ano e retorno do capital. t = período
Aqui precisamos salientar que o dinheiro tem dife-
rentes valores conforme o tempo vai passando, pois Note que podemos fazer uma analogia com as
equações do Montante de regime de juros:
os R$ 100,00 de hoje não são os mesmos R$ 100,00 de
daqui a 5 anos. Veja: Regime Simples → M = C × (1 + i × t)
Há fatores que modificam o valor do dinheiro no Regime Composto → M = C × (1 + i)t
tempo, como, por exemplo, a Inflação, que desvalori- O Montante será sempre entendido como o Valor
za o dinheiro conforme o tempo vai passando; o Risco Futuro e o Capital, como Valor Presente.
de um futuro incerto; e as Operações Financeiras, que Montante → Valor Futuro
fazem o valor do dinheiro também ser modificado. Capital → Valor Presente ou Valor Atual
Resumindo: O que você consegue comprar hoje Exemplo:
com R$ 100,00 não vai conseguir comprar de novo Determine o Valor Presente do Fluxo de caixa para
daqui a 5 anos com os mesmo R$ 100,00. uma taxa de juros simples de 10% ao mês.
Em matemática financeira, sempre que quiser-
2.800
mos comparar dois capitais, devemos transportá-los
para uma mesma data (a uma mesma taxa de juros). E
assim, podemos constatar se são iguais (equivalentes)
ou não. Portanto, jamais faça soma, subtração, multi-
plicação ou qualquer outra operação matemática com
o valor do dinheiro em datas diferentes.
MATEMÁTICA FINANCEIRA

FLUXOS DE CAIXA E DIAGRAMAS DE FLUXO DE


CAIXA
mês
Fluxo de Caixa 0 1 2 3 4

Note que para calcular o VP teremos que transpor-


A representação da entrada e saída de capital é fei-
tar essa parcela (Valor Futuro) 4 períodos para trás,
ta pelo Diagrama do Fluxo de Caixa, que é o gráfico isto é, “descapitalizá-la”. Vamos aplicar a fórmula do
das operações de Capital em uma reta horizontal cres- Valor Presente em regime de juros simples e calcular
cente estabelecida como o tempo. seu valor.

z Entrada de Capital: representada por uma seta VP = VF / (1 + i × t)


para cima; VP = 2800 / (1 + 0,1 × 4)
z Saída de Capital: representada por uma seta para VP = 2800 / 1,4
baixo. VP = 2000 75
EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
Dois ou mais capitais, resgatáveis em datas distin- cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
tas, são equivalentes quando são transportados para cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
uma mesma data e com a mesma taxa de juros, resul- 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra-
tarem valores iguais. do deve ser capaz de explicar toda a sequência. Nesse
caso, estamos diante dos números primos. Sim, aque-
les números que só podem ser divididos por eles mes-
Dica mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria
Para saber se dois capitais são equivalentes: o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números
� Coloque na mesma data; primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
� Veja se têm a mesma taxa de juros;
� Veja se resultam no mesmo valor. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS

Propriedade Fundamental da Equivalência de Capitais É bem comum aparecerem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
A equivalência permanecerá válida para qualquer Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
data a partir de uma determinada data focal quando te exemplo:
dois capitais são equivalentes.
Em matemática financeira, sempre que quisermos 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
comparar dois capitais, devemos transportá-los para uma
mesma data (a uma mesma taxa de juros), pois assim Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
podemos constatar se são iguais (equivalentes) ou não. dizer que temos uma sequência que, de um número
para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
SEQUÊNCIAS — LEI DE FORMAÇÃO DE 1° Sequência: 2, 4, 6, 8,...
SEQUÊNCIAS E DETERMINAÇÃO DE 2° Sequência: 5, 10, 15, 20, ...
SEUS ELEMENTOS
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS
Esse tema é cobrado de uma maneira que pode
parecer fácil como também pode ser complicado. Uma progressão aritmética é aquela em que os
Descobrir a lei de formação ou padrão da sequência termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
é o seu principal objetivo, pois nas questões sobre tante, normalmente representada pela letra r.
sequências/raciocínio sequencial, você será apresen-
tado a um conjunto de dados dispostos de acordo com � Termo inicial: valor do primeiro número que
alguma “regra” implícita, alguma lógica de formação. compõe a sequência;
O desafio é exatamente descobrir essa “regra” para, z Razão: regra que permite, a partir de um termo,
com isso, encontrar outros termos daquela mesma obter o seguinte.
sequência.
Veja o exemplo: Observe o exemplo:

2, 4, 6, 8,... {1,3,5,7,9,11,13, ...}

A primeira pergunta que podemos fazer para Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim suces-
achar a lei de formação é: os números estão aumen- sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
tando ou diminuindo? são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as gressões aritméticas, é importante você saber obter o
operações de soma ou multiplicação entre os termos. termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei- a seguir.
ro termo para o segundo, somamos o número dois e
depois repetimos isso. Termo Geral da PA

2+2=4 Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-


4+2=6 ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
6+2=8 outro termo. Temos a seguinte fórmula:

Logo, o nosso próximo termo será o número 10, an = a1 + (n-1)r


pois 8+2 = 10.
Caso os números estejam diminuindo, você pode Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões “n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
entre os termos. a posição do termo na PA.
Agora, observe essa outra sequência: Usando o nosso exemplo vamos descobrir o termo
de posição 10. Já temos as informações que precisa-
76 2, 3, 5, 7, 11, 13, ... mos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto Dica
é, a10;
z a razão da PA é 2, portanto r = 2; PA crescente: se r > 0;
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; PA decrescente: se r < 0;
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número PA constante: se r = 0.
10: n = 10
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
Logo, segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
an = a1 + (n-1)r
a10 = 1 + (10-1)2 PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2
a10 = 1 + 2x9 PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4.
a10 = 1 + 18
a10 = 19 Agora vamos treinar o que aprendemos na teo-
ria com exercícios comentados de diversas bancas.
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na Vamos lá!
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da 1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes
posição 200 é: entre os números 23 e 125 é:

an = a1 + (n-1)r a) 25.
a200 = 1 + (200-1)2 b) 26.
a200 = 1 + 2x199 c) 27.
a200 = 1 + 198 d) 28.
a200 = 199 e) 24.

Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PA O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o último


é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma PA de
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos razão igual a 4. Então, temos as seguintes informações:
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: a1 = 24
an = 124
n # (a1 + an) r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
Sn = obter os múltiplos).
2
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo an = a1 + (n-1)r
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}. 124 = 24 + (n – 1)4
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes- 124 = 24 + 4n – 4
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o 124 – 24 + 4 = 4n
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, 104 = 4n
temos: n = 26. Resposta: Letra B.

n # (a1 + an) 2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em


Sn =
2 4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá
em cada dia será diferente e formará uma progressão
7 # (1 + 13)
S7 = aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme-
2 tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km.
7 # 14 Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
S7 = metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último
2
dia de viagem será igual a
98
S7 = = 49
2 a) 334.
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser: b) 280.
c) 322.
MATEMÁTICA FINANCEIRA

z PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem d) 274.


e) 310.
crescente.
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3;
o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para
podermos substituir na média. Usando a fórmula
z PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem do termo geral:
decrescente. r = -24
an= a1 + (n-1).r
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1; Achando a1:
a1 = a1 + (1-1).r
z PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão a1 = a1
iguais. Colocando a2 em função de a1:
a2= a1+ (2-1)r
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0. a2 = a1 + r 77
Colocando a3 em função de a1: 2 # 15
a3= a1+ (3-1)r S4 = 1
a3 = a1 + 2r S4 = 30
Colocando a4 em função de a1:
a4 = a1 + (4-1)r
Soma dos Infinitos Termos de uma Progressão
a4 = a1 + 3r
Substituindo na fórmula da média aritmética: Geométrica
(a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310 Suponha que você corra 1000 metros, depois,
4 a1 + 6r = 310 . 4 você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
4 a1 + 6. (-24) = 1240 e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
4 a1 - 144 = 1240 correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a1 = 346 Observe que o que temos é exatamente uma progres-
Encontrando a4: são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
a4= 346 + (4-1).r Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
a4= 346 + 3r
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
a4= 346 + 3. (-24)
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
a4 = 274. Resposta: Letra D.
tanto, substituindo, teremos:
PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS
a1 # (0 - 1)
S∞ =
Observe a sequência a seguir: q-1
a1
{2, 4, 8, 16, 32...} S∞ =
1-q
Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2. Dica
Esse é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti- Em uma progressão geométrica, o quadrado do
do a partir da multiplicação do anterior por um mes- termo do meio é igual ao produto dos extremos.
mo número, o que chamamos de razão da progressão {a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q. Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é 82 = 4 × 16
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de 64 = 64.
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
e a soma dos termos. A melhor forma de compreender o que vimos na
teoria, veremos na prática alguns exercícios de ban-
Termo Geral da PG
cas variadas.
A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre-
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão
primeiro termo (a1) e da razão (q):
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR-
an = a1 × qn-1 RETO afirmar que o valor de q é igual a:

No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode a) 2.


ser encontrado assim: b) 3.
c) 4.
{2, 4, 8, 16, 32...} d) 8.
a5 = 2 × 25-1
a5 = 2 × 24 Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
a5 = 2 × 16 la geral da PG para acharmos a razão:
a5 = 32 an = a1 × qn-1
a6 = a1 × q6-1
Soma do Primeiro ao N-ésimo Termo da PG 192 = 6 × q5
192/6 = q5
A fórmula a seguir permite calcular a soma dos “n” 32 = q5
primeiros termos da progressão geométrica: 5
q= 32
n q=2
a1 # (q - 1) Resposta: Letra A.
Sn =
q-1
2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a (progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a:
16, 32...}
4 a) 324.
2 # (2 - 1)
S4 = b) 36.
2-1
2 # (16 - 1) c) 108.
78 S4 = 1 d) 216.
Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto TAXAS PROPORCIONAIS E EQUIVALENTES
termo, devemos usar a fórmula do termo geral da
PG. Veja: Para aplicar corretamente uma taxa de juros, é
a4 = a2 × q4-2 importante saber a unidade de tempo sobre a qual
a4 = 12 × 32 a taxa de juros é definida. Isto é, não adianta saber
a4 = 12 × 9 apenas que a taxa de juros é de “5%”. É preciso saber
a4 = 108 se essa taxa é mensal, bimestral, anual etc. Dizemos
Resposta: Letra C. que duas taxas de juros são proporcionais quando
guardam a mesma proporção em relação ao prazo.
Por exemplo, 12% ao ano é proporcional a 6% ao se-
mestre, e também é proporcional a 1% ao mês.
JUROS SIMPLES — CÁLCULO DO Basta efetuar uma regra de três simples. Para
MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE obtermos a taxa de juros bimestral, por exemplo, que
é proporcional à taxa de 12% ao ano:
JUROS, DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA
OPERAÇÃO FINANCEIRA 12% ao ano ----------------------- 1 ano
Taxa bimestral ------------------ 2 meses
A premissa que é a base da matemática financeira
é a seguinte: as pessoas e as instituições do mercado Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei-
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
os seus pagamentos. Do ponto de vista estritamente temporal, temos:
racional, é melhor pagar o mais tarde possível caso
não haja incidência de juros (ou caso esses juros 12% ao ano ---------------------- 12 meses
sejam inferiores ao que você pode ganhar aplicando Taxa bimestral ------------------ 2 meses
o dinheiro). Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
“Juros” é o termo utilizado para designar o “preço
do dinheiro no tempo”. Quando você pega certa quan- 12% x 2 = Taxa bimestral x 12
tia emprestada no banco, o banco te cobrará uma
remuneração em cima do valor que ele te emprestou, Taxa bimestral = 2% ao bimestre
pelo fato de deixar você ficar na posse desse dinhei-
ro por um certo tempo. Esta remuneração é expressa Duas taxas de juros são equivalentes quando são
pela taxa de juros. capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan-
Nos juros simples a incidência recorre sempre sobre te final M, após o mesmo intervalo de tempo.
o valor original. Veja um exemplo para melhor entender. Uma outra informação muito importante e que
Exemplo 1: você deve memorizar é que o cálculo de taxas equi-
Digamos que você emprestou 1000,00 reais, em um valentes quando estamos no regime de juros simples
regime de juros simples de 5% ao mês, para um amigo pode ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6%
e que o mesmo ficou de quitar o empréstimo após 5 ao semestre ou 12% ao ano, e levarão o mesmo capital
meses. Então temos o seguinte: inicial C ao mesmo montante M após o mesmo perío-
do de tempo.
CAPITAL
EMPRESTADO VALOR REAJUSTADO
(1000,00) Importante!
1° mês = 1000,00 1000,00 + (5% de 1000,00) = 1050,00 No regime de juros simples, taxas de juros propor-
2° mês = 1050,00 1050,00 + (5% de 1000,00) = 1100,00 cionais são também taxas de juros equivalentes.
3° mês = 1100,00 1100,00 + (5% de 1000,00) = 1150,00
4° mês = 1150,00 1150,00 + (5% de 1000,00) = 1200,00 Vamos agora treinar com alguns exercícios para
5° mês = 1200,00 1200,00 + (5% de 1000,00) = 1250,00 conhecermos como as bancas costumam cobrar estes
materiais.
Ao final do 5° mês você terá recebido 250,00 reais
de juros. 1. (FEPESE — 2018) Uma TV é anunciada pelo preço
de R$ 1.908,00 para pagamento em 12 parcelas de
MATEMÁTICA FINANCEIRA

Fórmulas utilizadas em juros simples


159,00. A mesma TV custa R$ 1.410,00 para paga-
mento à vista. Portanto o juro simples mensal incluído
J=C·i·t na opção parcelada é:

M=C+J a) Menor que 2%.


b) Maior que 2% e menor que 2,5%.
c) Maior que 2,5% e menor que 2,75%.
M = C · (1 + i ·J) d) Maior que 2,75% e menor que 3%.
Em que, e) Maior que 3%.
J = juros
C = capital 1.908 - 1.410 = 498 (juros durante 12 meses)
i = taxa em percentual (%) J=C·I·t
t = tempo 498 = 1410 · 12 · i / 100
M = montante 49800 = 16920i 79
i = 49800/16920 Podemos fazer a comparação entre juros simples e
i = 2,94%. compostos. Observe a tabela a seguir:
Resposta: Letra D.
JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma pessoa atrasou em Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
15 dias o pagamento de uma dívida de R$ 20.000, cuja
taxa de juros de mora é de 21% ao mês no regime de Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
juros simples. Juros capitalizados no final Juros capitalizados perio-
Acerca dessa situação hipotética, e considerando o do prazo dicamente (“juros sobre
mês comercial de 30 dias, julgue o item subsequente. juros”)
No regime de juros simples, a taxa de 21% ao mês é Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
equivalente à taxa de 252% ao ano.
Valores similares para Valores similares para
prazos e taxas curtos prazos e taxas curtos
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Juros compostos – cálculo do prazo:
No regime simples, sabemos que taxas propor-
cionais são também equivalentes. Como temos 12 Nas questões em que é preciso calcular o prazo
meses no ano, a taxa anual proporcional a 21%am você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t”
é, simplesmente: está no expoente da fórmula de juros compostos. A
21% x 12 = 252% ao ano propriedade mais importante a ser lembrada é que,
Esta taxa de 252% ao ano é proporcional e também sendo dois números A e B, então:
é equivalente a 21% ao mês. Portanto, o item está
certo. log AB = B x log A
Resposta: Certo. Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A.
Uma outra propriedade bastante útil dos logarit-
mos é a seguinte:
JUROS COMPOSTOS — CÁLCULO DO
MONTANTE, DOS JUROS, DA TAXA DE log bAl = 𝑙𝑜𝑔𝐴 − 𝑙𝑜𝑔B
B
JUROS, DO PRINCIPAL E DO PRAZO DA
OPERAÇÃO FINANCEIRA Isto é, o logaritmo de uma divisão entre A e B é
igual à subtração dos logaritmos de cada número.
Imagine que você pegou um empréstimo de Também é importante ter em mente que “logA”
R$10.000,00 no banco, cujo pagamento deve ser rea- significa “logaritmo do número A na base 10”.
lizado após 4 meses, à taxa de juros de 10% ao mês.
Ficou combinado que o cálculo de juros de cada mês Observe um exemplo:
será feito sobre o total da dívida no mês anterior, e No regime de juros compostos com capitalização
mensal à taxa de juros de 1% ao mês, a quantidade de
não somente sobre o valor inicialmente emprestado.
meses que o capital de R$100.000 deverá ficar investi-
Neste caso, estamos diante da cobrança de juros com-
do para produzir o montante de R$120.000 é expressa
postos. Podemos montar a seguinte tabela:
por:

MÊS DO EMPRÉSTIMO 10.000,00 log2, 1


1º MÊS 11.000,00 log1, 01
2º MÊS 12.100,00
3º MÊS 13.310,00 Temos a taxa j = 1% am, capital C = 100.000 e mon-
tante M = 120.000. Na fórmula de juros compostos:
4º MÊS 14.641,00
M = C x (1+j)t
Logo, ao final de 4 meses você deverá devolver 120000 = 100000 x (1+1%)t
ao banco R$14.641,00 que é a soma da dívida inicial 12 = 10 x (1,01)t
(R$10.000,00) e de juros de R$4.641,00. 1,2 = (1,01)t
Fórmula utilizada em juros compostos
Podemos aplicar o logaritmo dos dois lados:
M = C · (1 + i)
t
log1,2 = log (1,01)t
log1,2 = t · log 1,01
Poderíamos ter utilizado a fórmula no nosso exem-
plo. Veja: log1, 1
t=
M = 10000 x (1 + 10%) 4 log1, 01
M = 10000 x (1 + 0,10)4
M = 10000 x (1,10)4 Logo, questão errada.
M = 10000 x 1,4641 Vejamos alguns exemplos de questões sobre esse
80 M = 14.641,00 reais tema:
1. (FCC - 2017) A Cia. Escocesa, não tendo recursos Sendo assim, o banco vai descontar um valor e ele
para pagar um empréstimo de R$ 150.000,00 na data não te pagará os R$ 50.000,00, obviamente. Esse des-
do vencimento, fez um acordo com a instituição finan- conto vai depender da modalidade adotada, da taxa
ceira credora para pagá-la 90 dias após a data do de juros e do prazo de antecipação. Ou seja, você, cer-
vencimento. Sabendo que a taxa de juros compostos tamente, receberá menos que o Valor que consta no
cobrada pela instituição financeira foi 3% ao mês, o título. Vejamos melhor a seguir.
valor pago pela empresa, desprezando-se os centa-
vos, foi, em reais, Valor Nominal (N)

a) 163.909,00. É o Valor de Futuro (também chamado de Valor


b) 163.500,00. de Face, Montante e Valor Final) do título, isto é, o
c) 154.500,00. valor declarado com informações a respeito de quan-
d) 159.135,00. to o portador do título terá para receber ao final do
e) 159.000,00. prazo de vencimento. No nosso exemplo hipotético,
seriam os R$ 50.000,00 (com prazo de vencimento em
Temos uma dívida de C = 150.000 reais a ser paga 10 meses). Para calcular o Valor Nominal do título, ire-
após t = 3 meses no regime de juros compostos, com mos utilizar a seguinte expressão:
a taxa de j = 3% ao mês. O montante a ser pago é
dado por: N = A (1 + i ∙ n)
M = C x (1+j)t
M = 150.000 x (1+0,03)3 Valor Atual (A)
M = 150.000 x (1,03)3
M = 150.000 x 1,092727 Também chamado de Valor Descontado ou Valor
M = 15 x 10927,27 Presente, é o valor que o titular do direito receberá
M = 163.909,05 reais antecipadamente por ele depois de efetuar o descon-
Resposta: Letra A. to. Para calcular o Valor Atual do título, iremos utili-
zar a seguinte expressão:
2. (FCC - 2017) O montante de um empréstimo de 4 anos
da quantia de R$ 20.000,00, do qual se cobram juros
A = N (1 – i ∙ n)
compostos de 10% ao ano, será igual a
Podemos dizer então que o Desconto (D) é a dife-
a) R$ 26.000,00.
b) R$ 28.645,00. rença entre o valor Nominal e o valor Atual.
c) R$ 29.282,00.
d) R$ 30.168,00. D=N−A
e) R$ 28.086,00.
Taxa Efetiva (ie)
Temos um prazo de t = 4 anos, capital inicial C =
20000 reais, juros compostos de j = 10% ao ano. O Podemos determinar a Taxa Efetiva através da
montante final é: seguinte fórmula:
M = C x (1+j)t
M = 20000 x (1+0,10)4 ie = ic / 1 – ic · n
M = 20000 x 1,14
M = 20000 x 1,4641 Em que,
M = 2 x 14641 ie = Taxa Efetiva
M = 29282 reais ic = Taxa do Desconto Comercial Simples
Resposta: Letra C. n = Prazo do Desconto

DESCONTOS — CÁLCULO DO VALOR SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO —


ATUAL, DO VALOR NOMINAL E DA SISTEMA PRICE (MÉTODO DAS
MATEMÁTICA FINANCEIRA

TAXA DE DESCONTO PRESTAÇÕES CONSTANTES);


Na matemática financeira, descontar é: antecipar SISTEMA SAC (MÉTODO DAS
o valor de um recebível. AMORTIZAÇÕES CONSTANTES)
Imagine a situação a seguir:
Você tem um direito monetário de R$ 50.000,00 TABELA PRICE E SAC
para receber em 10 meses. Porém, com a necessida-
de de ter esse valor imediatamente, você recorre a Ao financiar o sonho da casa própria, deve-se esco-
um banco para poder antecipar o que irá receber. O lher um sistema de pagamento. Para isso, existem as
banco, então, propõe o pagamento de um certo valor seguintes opções: tabela Price ou SAC. Aqui, discutire-
por esse direito e, assim, a instituição financeira fica- mos um pouco a respeito de tais sistemas, para enten-
rá com esse título até o vencimento que, como vimos, dermos o que de fato eles são, se há alguma diferença,
ocorrerá em 10 meses. Note que ocorrerá uma mudan- vantagem e/ou desvantagem entre eles e se um deles
ça na titularidade do direito. é mais barato/acessível que o outro. 81
Esses sistemas, basicamente, são formas de amortiza- Outra Forma de Correção Possível das Prestações de
ção e financiamento a longo prazo, acertadas ao banco um Financiamento
ou à construtora durante o financiamento da compra de
A Caixa Econômica Federal divulgou em agosto de
um imóvel: a Tabela Price (Sistema Francês de Amortiza-
2019 uma nova linha de crédito para aquisição de casa
ção) e o SAC (Sistema de Amortização Constante). Ambos,
própria, que possui juros entre 2,95% e 4,95% ao ano,
segundo José Mansini, planejador financeiro pela Plane- mais a inflação do país, medida pelo IPCA. Disponível
jar, “São dois cálculos distintos que determinam de que somente para contratos novos, esse novo modelo pode
forma o comprador do imóvel irá pagar [amortizar] o ser usado para financiar até 80% do valor de imóveis
empréstimo que ele fez para este fim. Nestes dois siste- novos e usados, com prazo de até 360 meses.
mas, será definido o valor da parcela mensal a ser paga”.

Diferenças entre Tabela Price e SAC Importante!


Há diferenças entre esses dois sistemas de amor- A prestação terá seu valor corrigido mensalmen-
tização, mas a diferença que mais se destaca diz res- te, o que é, geralmente, feito pelo sistema SAC. O
peito à forma e rapidez de amortização (diminuição valor da parcela, por sua vez, pode ou não dimi-
gradativa da dívida). nuir com o decorrer do tempo, pois depende da
Tal distinção afeta desde o valor das parcelas até trajetória da inflação, ao passo que, na tabela Pri-
a quantidade total de juros. No Sistema SAC, tem-se, ce, a correção feita por meio do IPCA descarac-
inicialmente, prestações com valores mais altos e que teriza totalmente o conceito de parcelas fixas.
ficam menores no final, pois (como dito anteriormen-
te) há amortização mensal do valor financiado. Ou
A título de exemplo, leve em consideração o mesmo
seja, da primeira parcela até a última, o valor vai cain-
valor utilizado na situação que vimos anteriormente,
do, porque há uma diminuição progressiva dos juros.
de R$ 200 mil, financiado em 20 anos, diferenciando
Na tabela Price, no entanto, as parcelas come- apenas a taxa, que passa a ser de 4,95%, e uma estima-
çam mais baixas, mas são estáticas, o que significa tiva de IPCA de 4%. Aqui, cabe salientar que se trata
que não sofrem alteração durante todo o período de apenas de uma situação hipotética/simulada, já que
financiamento. não é certa a previsão da trajetória da inflação por um
período tão longo.
Vantagens Oferecidas pela Tabela Price e pelo SAC
SAC PRICE
A escolha é sempre do comprador. Ou seja, cabe a
ele optar pela forma de pagamento que mais se adequa Parcela inicial R$ 1.645,56 R$ 1.306,69
à realidade financeira dele. A escolha, notadamente, Parcela final R$ 1.833,30 R$ 2.853,77
deve levar em consideração o fator de correção (Taxa Total pago R$ 433.014,03 R$ 475.426,66
Referencial – TR ou Índice de Preços ao Consumidor
Amplo – IPCA) que julgar mais econômico no momen- Simulação de Financiamento
to da assinatura do contrato do financiamento.
Contudo, é válido ressaltar que, quando se neces- Para fazer simulações de financiamentos com
sita de financiamento, optar por um prazo mais curto, tabela Price e/ou com o SAC, basta acessar sites de
se possível, é sempre o melhor a se fazer. Isso porque, bancos, como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e
em financiamentos imobiliários, paga-se juros sobre Santander, e fazer as simulações.
o saldo devedor. Logo, quanto mais amortização hou-
ver, menos gastos com juros terá o comprador.
Pensando nisso, o Sistema de Amortização Cons- HORA DE PRATICAR!
tante (SAC) pode ser mais vantajoso que a tabela Pri-
ce, porque representa uma economia de cerca de 10%, 1 . ( CESGRANRIO – 2012) Uma mercadoria é vendida por
em média. A tabela Price possui como vantagem sua R$ 95,00 à vista ou em duas parcelas de R$ 50,00 cada
parcela inicial, que, normalmente, é bem menor. No uma: a primeira no ato da compra, e a segunda um mês
entanto, pelo SAC, apesar de as parcelas serem maio- após a compra.Qual é, aproximadamente, a taxa de juros
res no começo, há uma amortização maior da dívida, mensal cobrada na venda em duas parcelas?
o que leva a uma economia significativa no final.
a) 5%
Para melhor ilustrar esse comparativo entre as b) 5,26%
vantagens oferecidas por cada um dos Sistemas (SAC e c) 10%
Price), veja o quadro a seguir, representado um finan- d) 11,11%
ciamento de R$ 200 mil parcelado em 20 anos, com e) 15%
juros de 7% ao ano e correção pela TR. Perceba que
a prestação do SAC começa a R$ 439 mais cara, mas o 2. ( CESGRANRIO – 2012) Um capital de R$ 1.500,00
valor total pago no final é quase R$ 30 mil mais baixo. resultou em um montante de R$ 1.530,00 após dois
meses. Sendo a remuneração calculada com juros
SAC PRICE simples, qual é a taxa anual utilizada?

Parcela inicial R$ 1.964,16 R$ 1.524,89 a) 1%


b) 1,96%
Parcela final R$ 838,05 R$ 1.524,89 c) 2%
d) 11,76%
Total pago R$ 336.264,90 R$ 365.973,34
82 e) 12%
3. (CESGRANRIO – 2011) Um equipamento pode ser 8. (CESGRANRIO – 2013) Um cliente contraiu um
adquirido com o pagamento de uma entrada de 30% do empréstimo, junto a um banco, no valor de R$
valor à vista e mais uma prestação de R$ 1.386,00 para 20.000,00, a uma taxa de juros compostos de 4% ao
60 dias. Se a taxa de juros simples cobrada no financia- mês, com prazo de 2 trimestres, contados a partir da
mento é de 5% ao mês, o valor à vista, em reais, é liberação dos recursos. O cliente quitou a dívida exa-
tamente no final do prazo determinado, não pagando
a) 1.800 nenhum valor antes disso.
b) 2.000
c) 2.100 Dados
d) 2.200
1,042 ≅ 1,082
e) 2.500
1,043 ≅ 1,125
4. (CESGRANRIO – 2013) Um título no valor de R$ 1,044 ≅ 1,170
2.000,00 foi pago com atraso de dez dias. Se são 1,045 ≅ 1,217
cobrados juros simples de 12% ao mês, o montante 1,046 ≅ 1,265
pago, em reais, é 1,047 ≅ 1,316

a) 2.080 Qual o valor dos juros pagos pelo cliente na data da


b) 2.120 quitação dessa dívida?
c) 2.240
d) 2.400 a) R$ 5.300,00
e) 2.510 b) R$ 2.650,00
c) R$ 1.250,00
5. (CESGRANRIO – 2014) No controle e acompanhamen- d) R$ 1.640,00
to do orçamento de caixa, uma empresa comprovou a e) R$ 2.500,00
existência de uma sobra de dinheiro, elevada e consis-
9. ( CESGRANRIO – 2011) Uma empresa obtém um
tente, para o próximo ano. Em decorrência, a empresa
empréstimo de R$ 15.000,00 de uma instituição finan-
decidiu pagar, antecipadamente, a dívida bancária de
ceira que cobra juros antecipados de 3% ao mês. O
R$ 350.000,00, vencível dentro de 4 meses, contados
prazo da operação é de 3 meses, e o valor líquido libe-
do dia do pagamento antecipado, com uma taxa de
rado pela instituição financeira na conta corrente da
desconto comercial, negociada com o banco, a juros
empresa correspondeu a R$ 13.650,00.
simples, de 30% ao ano.
Com base nos dados acima, a taxa efetiva mensal
Nesse contexto, o valor pago na quitação dessa dívi-
composta da operação foi, aproximadamente,
da, nos termos do desconto comercial simples (des-
conto por fora) negociado, em reais, foi de a) 4,4%
b) 4,0%
a) 245.000,00 c) 3,6%
b) 315.000,00 d) 3,2%
c) 318.182,00 e) 2,8%
d) 323.750,00
e) 341.250,00 10. ( CESGRANRIO – 2011) Um cidadão assina um con-
trato para a aquisição de um terreno comprometen-
6. ( CESGRANRIO – 2013) Um comerciante descontou do-se a pagar, no prazo de 2 meses, a quantia de R$
um cheque pré-datado para 30 dias, no valor de R$ 100.000,00. Sabendo-se que, embutidos nesse valor,
30.000,00, tendo o banco cobrado uma taxa de descon- foram considerados juros compostos de 3% ao mês, o
to simples de 5,00% ao mês. Qual é o valor, em reais, valor original do terreno, em reais, era
emprestado ao lojista, e qual é a taxa efetiva de juros
simples ao mês cobrada do cliente, respectivamente? a) 94.000,00
b) 94.122,15
a) 28.500,00 e 5,00% c) 94.259,59
b) 28.500,00 e 5,26% d) 94.499,99
c) 30.000,00 e 5,00% e) 95.250,00
d) 30.000,00 e 5,26%
e) 30.000,00 e 5,52% 11. (CESGRANRIO – 2010) Suponha que o Posto de
MATEMÁTICA FINANCEIRA

Gasolina Ribeiro Ltda. tem uma dívida com um ban-


7. (CESGRANRIO – 2010) Uma empresa oferece aos co de R$ 144.000,00 (cento e quarenta e quatro mil
seus clientes desconto de 10% para pagamento no reais), que vence em dois meses. O gerente da conta
ato da compra ou desconto de 5% para pagamento desse Posto fez uma proposta para quitar a dívida à
um mês após a compra. Para que as opções sejam vista. Se a taxa de juros desse financiamento é de
indiferentes, a taxa de juros mensal praticada deve ser, 20,0% ao mês, quanto o Posto deve pagar à vista, em
aproximadamente, reais, ao banco, para a quitação dessa dívida?

a) 0,5% a) 140.000,00
b) 3,8% b) 120.000,00
c) 4,6% c) 115.200,00
d) 5,0% d) 100.000,00
e) 5,6% e) 86.000,00
83
12. ( CESGRANRIO – 2018) Um equipamento, que pode- b) constante
ria ser comprado por 100 milhões de reais à vista, c) radial
foi financiado por meio de dois pagamentos semes- d) alemão
trais sucessivos. O primeiro, no valor de 55 milhões de e) francês
reais, foi pago seis meses após a compra; o segundo,
no valor de 60,5 milhões de reais, foi pago 12 meses
após a compra.
O valor mais próximo da taxa anual equivalente cobra-
da nesse financiamento é igual a 9 GABARITO

a) 15,5% 1 D
b) 16,1%
c) 20,0% 2 E
d) 21,0%
e) 22,5% 3 A

4 A
13. ( CESGRANRIO – 2012) Um produto é vendido à vista
com 10% de desconto ou a prazo em dois pagamen- 5 B
tos, sendo o primeiro no ato da compra e o segundo
2 meses após a compra. Qual é, aproximadamente, a 6 B
taxa mensal de juros no pagamento a prazo? 7 E

Dado: √5 ≈ 2,24 8 A

9 D
a) 10%
b) 11% 10 C
c) 12%
d) 24% 11 D
e) 25%
12 D
14. (CESGRANRIO – 2015) Arthur contraiu um financia- 13 C
mento para a compra de um apartamento, cujo valor
à vista é de 200 mil reais, no Sistema de Amortização 14 B
Constante (SAC), a uma taxa de juros de 1% ao mês,
15 E
com um prazo de 20 anos. Para reduzir o valor a ser
financiado, ele dará uma entrada no valor de 50 mil
reais na data da assinatura do contrato. As prestações
começam um mês após a assinatura do contrato e
são compostas de amortização, juros sobre o saldo ANOTAÇÕES
devedor do mês anterior, seguro especial no valor
de 75 reais mensais fixos no primeiro ano e despesa
administrativa mensal fixa no valor de 25 reais.
A partir dessas informações, o valor, em reais, da
segunda prestação prevista na planilha de amortiza-
ção desse financiamento, desconsiderando qualquer
outro tipo de reajuste no saldo devedor que não seja a
taxa de juros do financiamento, é igual a

a) 2.087,25
b) 2.218,75
c) 2.175,25
d) 2.125,00
e) 2.225,00

15. ( CESGRANRIO – 2011) Consiste em um plano de


amortização de uma dívida em prestações periódicas
iguais e sucessivas, dentro do conceito de termos
vencidos, em que o valor de cada prestação, ou paga-
mento é composto por duas parcelas distintas: uma
de juros e outra de capital (chamada amortização).

VIEIRA SOBRINHO J.P. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas,


2007, p. 220.

Essa definição se refere ao sistema de amortização


conhecido como

84 a) misto
a ter uma dívida, um passivo, uma obrigação com o
banco. Torno-me, portanto, um devedor. Já o banco
passa a ter um direito, um crédito a receber, um ativo
para ele que é o credor.

CONHECIMENTOS
BANCÁRIOS

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL:


ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL
A estrutura base do Sistema Financeiro Nacional
(SFN) está prevista na Lei nº 4.595, de 31 de dezem-
bro de 1964. Foi essa norma que, ao apagar das luzes
de 1964, criou o Conselho Monetário Nacional (CMN) Nas operações passivas, ocorre o contrário: as ins-
e o Banco Central do Brasil — doravante, BC, BCB ou tituições financeiras captam recursos dos agentes
Bacen. econômicos superavitários, os doadores de recursos.
Veja que a atual estrutura de nosso sistema finan- São chamadas de operações passivas, pois representam
ceiro é relativamente jovem, estando em vigor há, passivos da instituição, uma obrigação.
apenas, 56 anos. A moeda comemorativa dos 50 anos Nesse caso, como apliquei meu dinheiro no banco, eu
do BC (de R$ 1,00), ainda em circulação, foi lançada sou o doador dos recursos e passo a ter um crédito, um
em 2015. ativo, um direito perante ao banco. Eu sou o credor.
Apesar do curto período, muita coisa mudou de
lá para cá: a tecnologia, a estabilização da moeda, o
surgimento de novos produtos, a alteração no rela-
cionamento entre as instituições financeiras e o
consumidor bancário, entre outras. Diversos fatores
alteraram profundamente a forma de atuar do siste-
ma financeiro e isso gerou impactos diversos na nor-
matização de suas operações e na forma de atuar de
suas instituições.
Essas alterações ainda ocorrem de forma paulati-
na e espaçada, dificultando o estudo por meio da letra
seca da lei, que, muitas vezes, não está devidamente
atualizada em relação a alterações feitas em outras
legislações. Ao juntarmos as duas operações em uma só figura,
teremos, então, a visão do papel institucional das institui-
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ções financeiras, que atuam na promoção da intermedia-
ção financeira.
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é o conjunto
de entidades e instituições que têm por função prin-
cipal promover a intermediação financeira, utilizan-
do-se de diferentes instrumentos financeiros para
possibilitar a transferência de recursos entre agentes
econômicos superavitários (os credores, investidores,
poupadores) e deficitários (os tomadores de recursos).
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Portanto, esse sistema promove o encontro entre cre-


dores e tomadores de recursos.
Por meio dele é que as pessoas, as empresas e o
governo (os agentes econômicos) circulam a maior
parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e realizam
seus investimentos. Para compreender melhor, é
importante que você tenha clareza sobre a diferença
entre as operações ativas e as operações passivas de
uma instituição financeira (IF). Essa explicação é importante para identificar quan-
Operações ativas são aquelas em que as institui- do um produto ou serviço de uma instituição financeira
ções financeiras emprestam recursos aos agentes representa uma operação ativa ou uma operação passiva.
econômicos deficitários, os tomadores de recursos. Cumpre salientar que a intermediação financeira é a
São chamadas de operações ativas, pois representam função principal do SFN, mas não é a única. Os bancos e
ativos da instituição, um crédito a receber. demais operadores do sistema exercem inúmeras outras
Isso faz sentido, porque se o banco me empresta funções, por conta de todo o avanço e das facilidades
dinheiro, eu, que sou o tomador de recursos, passo emergidas nos últimos tempos. 85
A Constituição Federal, em seu art. 192, define que o Sistema Financeiro Nacional será estruturado de forma a promo-
ver o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem.
Vejamos:

Do Sistema Financeiro Nacional


Art. 192 O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir
aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado
por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

A CF trouxe, portanto, uma função social ao SFN — promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos inte-
resses da coletividade — que está diretamente ligada a uma adequada intermediação financeira e, certamente, propicia
desenvolvimento, geração de emprego e de renda.
Como ocorre, na prática, a intermediação financeira?
Vamos simplificar: quando você exagera nas compras de Natal e falta grana para pagar as contas em janeiro, ou
quando resolve que, mesmo sem grana, não vai ficar em casa no carnaval, uma alternativa é ir ao banco e solicitar um
empréstimo.
Todos nós, pessoas físicas, empresas, governos, somos agentes econômicos. No exemplo narrado, você era um agente
econômico deficitário, ou tomador de recursos, que recorreu ao SFN, para obter recursos que outro agente econômico
entregou aos cuidados de alguma instituição financeira em troca de uma remuneração oriunda da aplicação de uma taxa
de juros sobre o capital entregue. Esse era o agente econômico superavitário ou doador de recursos.
É importante compreender que, em regra, o banco não empresta o dinheiro dele, mas empresta o dinheiro dos outros.
Ou seja, o que o sistema financeiro faz é possibilitar que aqueles que precisam de recursos consigam acesso aos recursos
daqueles que os tem em excesso.
Isso é a intermediação financeira. Porém, essa intermediação não pode ser feita assim, de qualquer jeito, por qual-
quer um. Afinal, estamos lidando com dinheiro e sabemos como isso complica as coisas. Então, há a necessidade de que
exista uma estrutura bem definida, normatizada e regulada para tocar essa engrenagem, para fazer essa roda girar.
Essa estrutura é a própria estrutura do Sistema Financeiro Nacional, a qual você conhecerá a seguir.

Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

Nós podemos dividir o Sistema Financeiro Nacional em três níveis de atuação. A melhor maneira de visualizar isso é
utilizando a forma pela qual o Banco Central demonstra a organização do SFN:

Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros privados Previdância Fechada


Orgãos normativos

CMN CNSP CNPC


Conselho Monetário Conselho Nacional de Conselho Nacional de
Seguros Privados Previdência Complementar
Nacional
Supervisores

BCB CVM Susep Previc


Banco Central Comissão de Valores Superintendência de Superintendência Nacional de
do Brasil Mobiliários Seguros Privados Previdência Complementar
Operadores

Entidades Fechadas da
Banco e Administradoras de Bolsa Seguradora e
previdência Complementar
Caixa Econômica consórcios de valores Resseguradores
(fundo de Pensão)

Cooperativas Corretores Bolsa de mercadorias Entidades abertas de


de crédito e distribuidoras e futuros previdência

Instituições Demais instituições Sociedades


de pagamento não bancárias de capitalização

86
É imprescindível que você observe a figura horizontalmente. Perceba que, à esquerda, rótulos identificam
três níveis de atuação: órgãos normativos, supervisores e operadores.
No primeiro nível, temos os órgãos normativos. São eles que definem o regramento geral a ser seguido pelo
mercado. Porém, entenda que eles não são órgãos executores, não possuem uma estrutura física nem são servido-
res de quadro próprio. Eles apenas ditam as regras.
Veremos que, na realidade, todos esses órgãos normativos são Conselhos, colegiados compostos por diferen-
tes autoridades ligadas ao mercado que se pretende normatizar e regular e que se reúnem periodicamente. Eles
determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema.
No segundo nível, temos as entidades supervisoras. São autarquias federais que cumprem e fazem cumprir
aquele regramento estabelecido pelos órgãos normativos.
Aqui, sim, existe toda uma estrutura física e um quadro de servidores trabalhando em prol de um sistema
financeiro sólido e eficiente, em benefício da sociedade. As entidades supervisoras trabalham para que os inte-
grantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos.
Por fim, tempos os operadores. São as instituições financeiras, públicas e privadas, que atuam nos diversos
ramos do SFN, promovendo a intermediação financeira e oferecendo produtos e serviços aos seus consumidores.
É com os operadores que temos contato no nosso dia a dia.
Eles constituem a parte mais visível do sistema financeiro. Os operadores são as instituições que ofertam ser-
viços financeiros, no papel de intermediários.
Vamos fazer um paralelo, para tentar simplificar o entendimento. Pense em uma empresa qualquer, uma loja
de roupas por exemplo. Vamos imaginar que a loja tenha a seguinte estrutura organizacional:

Dono

Gerente A Gerente B

Funcionário Funcionário Funcionário Funcionário


A1 A2 B1 B2

Vários comércios possuem uma estrutura parecida com essa. Há um dono (o “chefão”), que diz como as coisas
devem funcionar; gerentes, que cuidam para que as coisas saiam como o patrão quer; demais funcionários, que
executam o trabalho propriamente dito.
Guarde esse paralelo na sua memória. Isso vai te ajudar a entender os papéis de cada um dos órgãos e institui-
ções do SFN e, como consequência, a resolver questões de prova.
Pense da seguinte forma: os órgãos normativos são os donos, os “chefões” do SFN. Eles ditam as regras, dizem
como as coisas devem funcionar e aquilo que pode e o que não pode ser feito.
Como dito, não são entidades, pois não possuem uma estrutura e quadro próprio de servidores. São Conselhos,
órgãos formados por diferentes autoridades que se reúnem periodicamente para elaborar o regramento de suas
áreas de competência. Como não são órgãos executivos, não costumam executar tarefas, apenas dizem como elas
devem ser feitas. São como os patrões: apenas dão ordens.
Já as instituições supervisoras — o segundo nível — são os “gerentes”. Eles trabalham, zelando para que os
operadores cumpram o que foi determinado pelos órgãos normativos, ou seja, tomam conta de sua atuação. São
órgãos executivos e fiscalizadores. Como os gerentes, eles ficam de olho no que os operadores fazem.
Por fim, os operadores são os vendedores, os que estão na frente da loja. É com eles que os clientes têm contato
direto. Eles querem vender seus produtos e serviços; querem faturar, lucrar, e, para isso, precisam atender as
demandas de seus clientes.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Importante!
Existe uma outra classificação, mais antiga e já pouco utilizada, que divide o Sistema Financeiro Nacional em
dois subsistemas: o subsistema normativo e o subsistema operativo (ou operacional ou de intermediação).
Nessa divisão, órgãos normativos e entidades supervisoras formam, conjuntamente, o subsistema normati-
vo, enquanto os operadores compõem o subsistema operativo, operacional ou de intermediação.

Essa classificação já foi objeto de prova e, por isso, vale a pena memorizá-la.
Por fim, veja como o próprio Banco Central, em seu site, define a organização e a estrutura do SFN:
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e instituições que promovem
a intermediação financeira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de recursos. É por meio do sistema
financeiro que as pessoas, as empresas e o governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e
realizam seus investimentos.

87
Segmentação do Sistema Financeiro Nacional

Voltaremos à figura utilizada pelo Banco Central, para demonstrar a organização do SFN, porém, dessa vez, a
analisaremos verticalmente:

Orgãos normativos Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros privados Previdância Fechada

CMN CNSP CNPC


Conselho Monetário Conselho Nacional de Conselho Nacional de
Seguros Privados Previdência Complementar
Nacional
Supervisores

BCB CVM Susep Previc


Banco Central Comissão de Valores Superintendência de Superintendência Nacional de
do Brasil Mobiliários Seguros Privados Previdência Complementar
Operadores

Entidades Fechadas da
Banco e Administradoras de Bolsa Seguradora e
previdência Complementar
Caixa Econômica consórcios de valores Resseguradores
(fundo de Pensão)

Cooperativas Corretores Bolsa de mercadorias Entidades abertas de


de crédito e distribuidoras e futuros previdência

Instituições Demais instituições Sociedades


de pagamento não bancárias de capitalização

Importante notar que:

z Dependendo de suas atividades corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM
z As Instituições de Pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme dire-
trizes estabelecidas pelo CMN

Repare que a figura está segmentada em três colunas: moeda, crédito, capitais e câmbio; seguros privados;
e previdência fechada.
No primeiro nível, temos 3 (três) órgãos normativos: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacio-
nal de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Cada um deles enca-
beça uma dessas três colunas. Isso significa que cada um desses Conselhos determina as regras gerais (diretrizes)
dos mercados sob sua responsabilidade.
Neste ponto, vale recordar o que cada um deles faz:

z Conselho Monetário Nacional: O CMN define as regras para os mercados monetário, de crédito, de câmbio e
de capitais. É responsável por fixar as diretrizes e normas das políticas monetária, creditícia e cambial;
z Conselho Nacional de Seguros Privados: O CNSP fixa as diretrizes e normas para os mercados de seguros
privados, que abrangem os setores de seguros, resseguros, capitalização e previdência complementar aberta;
z Conselho Nacional de Previdência Complementar: O CNPC é órgão normativo que regula regimes de pre-
vidência complementar operados por entidades fechadas de previdência complementar, os chamados fundos
de pensão.

Dica
88 Órgãos normativos são sempre Conselhos.
No segundo nível, abaixo dos órgãos normativos, Art. 3º A política do Conselho Monetário Nacional
estão os supervisores, também chamados de entida- objetivará: [...]
des ou instituições supervisoras. São as entidades que IV - Orientar a aplicação dos recursos das insti-
atuam de forma preventiva e reativa para o cumpri- tuições financeiras, quer públicas, quer privadas;
mento das regras emitidas pelos órgãos normativos. tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do
São elas: País, condições favoráveis ao desenvolvimento har-
mônico da economia nacional;
z O Banco Central do Brasil (BCB), que é respon-
sável pelos mercados monetário, de crédito e de O CMN define regras gerais de atuação para os
câmbio; diversos tipos de instituições financeiras, estabele-
z A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é cendo os segmentos em que podem atuar. Pode ainda
responsável pelo mercado de capitais; diferenciar certas regras conforme as regiões do país,
z A Superintendência de Seguros Privados
buscando diminuir desigualdades regionais.
(Susep), que é responsável pelo mercado de segu-
ros privados;
Art. 3º [...]
z A Superintendência Nacional de Previdência
V - Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e
Complementar (Previc), que é responsável pelas
dos instrumentos financeiros, com vistas à maior
entidades fechadas de previdência.
eficiência do sistema de pagamentos e de mobiliza-
Finalmente, no último e terceiro nível, vemos os ção de recursos;
operadores do SFN. Essas são as instituições, públicas
e privadas, que executam a intermediação financei- O CMN deve buscar também o aperfeiçoamento
ra, atuando diretamente com o público. São os bancos das instituições financeiras e de seus produtos e servi-
comerciais, a Caixa Econômica, os bancos de investi- ços, objetivando facilitar e fortalecer a intermediação
mento, as sociedades de arrendamento mercantil, as financeira.
corretoras, as distribuidoras de títulos e valores mobi-
liários etc. Art. 3º [...]
Existem diversos tipos de instituições operadoras VI - Zelar pela liquidez e solvência das instituições
no SFN, que também costumam atuar de forma seg- financeiras;
mentada. Neste sentido, pode-se afirmar que, como
regra geral, cada tipo de instituição financeira opera A liquidez e a solvência das instituições financei-
produtos específicos, diferentemente dos produtos ras impactam na segurança e no grau de confiabilida-
operados por outros tipos de IF. de do Sistema Financeiro Nacional. Trata-se, portanto,
Ao longo do nosso estudo, conheceremos os opera- de permanente preocupação do CMN.
dores do sistema financeiro.
Art. 3º [...]
VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia,
orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e
ÓRGÃOS NORMATIVOS E externa.
INSTITUIÇÕES SUPERVISORAS,
O CMN é, portanto, o grande coordenador das polí-
EXECUTORAS E OPERADORAS ticas econômicas do país.
Lembre-se: O CMN é um órgão apenas normati-
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o princi- vo, não é um órgão executivo. Formular a política da
pal órgão normativo do Sistema Financeiro Nacional moeda e do crédito, objetivando o progresso econômi-
(SFN), e tem, conforme o previsto no art. 2º da Lei nº co e social do país, é sua principal atribuição. Então,
4.595, de 1964, a finalidade de formular a política da tudo que a ele se referir estará relacionado à emissão
moeda e do crédito, objetivando o progresso econômi-
de normas, à definição de regras.
co e social do país.
Atente-se, sempre, ao verbo utilizado na questão.
O CMN é responsável pelas diretrizes e normas
Verbos de ação (fazer, executar, efetuar, realizar, fis-
das políticas monetária, creditícia e cambial. É ele,
calizar) geralmente não se enquadram nas atividades
portanto, que coordena a política macroeconômica do
do CMN, que não possui atividades executivas e, sim,
governo.
dá ordens, por ser o “chefe”.
Nosso primeiro passo será conhecer os seus objeti-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

vos. Na prática, para que o CMN foi criado?


COMPETÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS
OBJETIVOS
Estabelecidos os objetivos do CMN, vamos conhe-
cer algumas competências e características que mere-
A melhor forma de conhecer os objetivos do CMN
cem atenção e que estão definidas em diferentes
é analisá-los, um por um, conforme dispostos no art.
legislações.
3º da Lei nº 4.595, de 1964. Vejamos:
Existem quatro legislações que nos interessam
para a prova. Qualquer questão que trate do CMN terá
embasamento em uma dessas quatro normas. São
Importante!
elas:
Alguns incisos desse artigo foram revogados
pela Lei Complementar nº 179, de 2021. z Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964;
Portanto, apresentaremos a seguir apenas os z Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976;
incisos que permanecem vigentes. z Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995;
z Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999. 89
Vamos seguir a ordem cronológica, aprendendo XIII - Delimitar, com periodicidade não inferior a
o que cada uma dessas legislações atribuiu ao CMN. dois anos o capital mínimo das instituições finan-
Você não precisa ir até essas normas e estudar a “lei ceiras privadas, levando em conta sua natureza,
seca”, pois o que nos interessa está aqui. bem como a localização de suas sedes e agências
ou filiais;
LEI Nº 4.595, DE 31 DEZEMBRO DE 1964 XIV - Revogado;
XV - Estabelecer para as instituições financeiras
O art. 4º da Lei nº 4.595, de 1964, traz as competên- públicas, a dedução dos depósitos de pessoas jurídi-
cas de direito público que lhes detenham o controle
cias do CMN previstas naquela Lei, e seu estudo aju-
acionário, bem como dos das respectivas autar-
dará a formar o conceito sobre o que é o CMN e qual
quias e sociedades de economia mista, no cálculo a
a sua função.
que se refere o inciso anterior;
XVI - Revogado;
Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional,
XVII - Revogado;
segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da
XVIII - Outorgar ao Banco Central da República
República:
do Brasil o monopólio das operações de câmbio
I - Revogado;
quando ocorrer grave desequilíbrio no balanço de
II - Revogado;
pagamentos ou houver sérias razões para prever a
III - Aprovar os orçamentos monetários, prepara-
iminência de tal situação;
dos pelo Banco Central da República do Brasil, por
XIX - Revogado;
meio dos quais se estimarão as necessidades glo-
XX - Autorizar o Banco Central da República do
bais de moeda e crédito;
Brasil e as instituições financeiras públicas federais
IV - Determinar as características gerais das cédu-
las e das moedas; a efetuar a subscrição, compra e venda de ações
V - Fixar as diretrizes e normas da política cambial, e outros papéis emitidos ou de responsabilidade
inclusive quanto a compra e venda de ouro e quais- das sociedades de economia mista e empresas do
quer operações em Direitos Especiais de Saque e em Estado;
moeda estrangeira; XXI - Disciplinar as atividades das Bolsas de Valo-
VI - Disciplinar o crédito em todas as suas moda- res e dos corretores de fundos públicos;
lidades e as operações creditícias em todas as XXII - Estatuir normas para as operações das ins-
suas formas, inclusive aceites, avais e prestações tituições financeiras públicas, para preservar sua
de quaisquer garantias por parte das instituições solidez e adequar seu funcionamento aos objetivos
financeiras; desta lei;
VII - Coordenar a política de que trata o art. 3º des- XXIII - Fixar, até quinze (15) vezes a soma do capital
ta Lei com a de investimentos do Governo Federal; realizado e reservas livres, o limite além do qual os
VIII - Regular a constituição, funcionamento e fisca- excedentes dos depósitos das instituições financei-
lização dos que exercerem atividades subordinadas ras serão recolhidos ao Banco Central da República
a esta lei, bem como a aplicação das penalidades do Brasil ou aplicados de acordo com as normas
previstas; que o Conselho estabelecer;
IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de XXIV - Decidir de sua própria organização; elabo-
juros, descontos, comissões e qualquer outra forma rando seu regimento interno no prazo máximo de
de remuneração de operações e serviços bancários trinta (30) dias;
ou financeiros, inclusive os prestados pelo Banco XXVI - Conhecer dos recursos de decisões do Banco
Central da República do Brasil, assegurando taxas Central da República do Brasil;
favorecidas aos financiamentos que se destinem a XXVI - Revogado;
promover: XXVII - Aprovar o regimento interno e as contas
- recuperação e fertilização do solo; do Banco Central do Brasil e decidir sobre seu
- reflorestamento; orçamento e sobre seus sistemas de contabilidade,
- combate a epizootias e pragas, nas atividades bem como sobre a forma e prazo de transferência
rurais; de seus resultados para o Tesouro Nacional, sem
- eletrificação rural; prejuízo da competência do Tribunal de Contas da
- mecanização; União.
- irrigação; XXVIII - Aplicar aos bancos estrangeiros que fun-
- investimento indispensáveis às atividades cionem no País as mesmas vedações ou restrições
agropecuárias; equivalentes, que vigorem nas praças de suas
matrizes, em relação a bancos brasileiros ali insta-
Obs.: Esse inciso dá competência ao CMN para lados ou que nelas desejem estabelecer - se;
autorizar taxas de juros diferenciadas para operações XXIX - Colaborar com o Senado Federal, na instru-
direcionadas ao crédito agrícola em geral. É um bene- ção dos processos de empréstimos externos dos
fício que a lei traz para o setor do agronegócio e da Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para
agricultura familiar. cumprimento do disposto no art. 63, nº II, da Cons-
tituição Federal;
X - Determinar a percentagem máxima dos recur- XXX - Expedir normas e regulamentação para as
sos que as instituições financeiras poderão empres- designações e demais efeitos do art. 7º, desta lei.
tar a um mesmo cliente ou grupo de empresas; XXXI - Baixar normas que regulem as operações
XI - Estipular índices e outras condições técnicas de câmbio, inclusive swaps, fixando limites, taxas,
sobre encaixes, mobilizações e outras relações prazos e outras condições.
patrimoniais a serem observadas pelas instituições XXXII - Regular os depósitos a prazo de instituições
financeiras; financeiras e demais sociedades autorizadas a fun-
XII - Expedir normas gerais de contabilidade e cionar pelo Banco Central do Brasil, inclusive entre
estatística a serem observadas pelas instituições aquelas sujeitas ao mesmo controle acionário ou
90 financeiras; coligadas.
§ 1º O Conselho Monetário Nacional, no exercí- disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobi-
cio das atribuições previstas no inciso VIII deste liários no Brasil. Vejamos o que dizem o art. 1º e seus
artigo, poderá determinar que o Banco Central da respectivos incisos:
República do Brasil recuse autorização para o fun-
cionamento de novas instituições financeiras, em Art. 1º Serão disciplinadas e fiscalizadas de acordo
função de conveniências de ordem geral. com esta Lei as seguintes atividades:
§ 2º Competirá ao Banco Central da República do I - a emissão e distribuição de valores mobiliários
Brasil acompanhar a execução dos orçamentos no mercado;
monetários e relatar a matéria ao Conselho Mone- II - a negociação e intermediação no mercado de
tário Nacional, apresentando as sugestões que con- valores mobiliários;
siderar convenientes. III - a negociação e intermediação no mercado de
§ 3º Revogado; derivativos;
§ 4º O Conselho Monetário nacional poderá convi- IV - a organização, o funcionamento e as operações
dar autoridades, pessoas ou entidades para prestar das Bolsas de Valores;
esclarecimentos considerados necessários. V - a organização, o funcionamento e as operações
§ 5º Nas hipóteses do art. 4º, inciso I, e do § 6º, do das Bolsas de Mercadorias e Futuros;
art. 49, desta lei, se o Congresso Nacional negar VI - a administração de carteiras e a custódia de
homologação à emissão extraordinária efetuada, valores mobiliários;
as autoridades responsáveis serão responsabiliza- VII - a auditoria das companhias abertas;
das nos termos da Lei nº 1059, de 10/04/1950. VIII - os serviços de consultor e analista de valores
§ 6º O Conselho Monetário Nacional encaminhará mobiliários.
ao Congresso Nacional, até 31 de março de cada
ano, relatório da evolução da situação monetária e Em seu art. 2º, a Lei 6.385, de 1976, apresenta o que
creditícia do País no ano anterior, no qual descreve- são os valores mobiliários:
rá, minudentemente as providências adotadas para
cumprimento dos objetivos estabelecidos nesta Art. 2º São valores mobiliários sujeitos ao regime
lei, justificando destacadamente os montantes das desta Lei:
emissões de papel-moeda que tenham sido feitas I - as ações, debêntures e bônus de subscrição;
para atendimento das atividades produtivas. II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e cer-
§ 7º O Banco Nacional da Habitação* é o prin- tificados de desdobramento relativos aos valores
cipal instrumento de execução da política habi- mobiliários [...];
tacional do Governo Federal e integra o sistema III - os certificados de depósito de valores mobiliários;
IV - as cédulas de debêntures;
financeiro nacional, juntamente com as sociedades
V - as cotas de fundos de investimento em valores
de crédito imobiliário, sob orientação, autorização,
mobiliários ou de clubes de investimento em quais-
coordenação e fiscalização do Conselho Monetário
quer ativos;
Nacional e do Banco Central da República do Bra-
VI - as notas comerciais;
sil, quanto à execução, nos termos desta lei, revoga-
VII - os contratos futuros, de opções e outros derivati-
das as disposições especiais em contrário.
vos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários;
VIII - outros contratos derivativos, independente-
* Observação: O Banco Nacional da Habitação foi mente dos ativos subjacentes; e
extinto e incorporado à Caixa Econômica Federal (que IX - quando ofertados publicamente, quaisquer
o sucedeu em todos os seus direitos e obrigações) pelo outros títulos ou contratos de investimento coleti-
Decreto-Lei nº 2.291, de 1986. vo, que gerem direito de participação, de parceria
Sobre as competências do CMN previstas no art. 4º ou de remuneração, inclusive resultante de presta-
da Lei nº 4.595, de 1964, é importante observar que: ção de serviços, cujos rendimentos advêm do esfor-
ço do empreendedor ou de terceiros.
z As competências listadas estão relacionadas a: § 1º Excluem-se do regime desta Lei:
I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou
„ Política monetária (moeda); municipal;
„ Política creditícia (crédito e juros); II - os títulos cambiais de responsabilidade de insti-
tuição financeira, exceto as debêntures.
„ Política cambial;
„ Aperfeiçoamento das instituições e instrumen- A Lei 6.385, de 1976, também traz alguns dispositi-
tos financeiros e solidez do SFN. vos que definem competências e atribuições ao CMN.
Veja o que dizem os arts. 3º e 4º:
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

z Os verbos utilizados sempre estão relacionados


com o fato de o CMN ser um órgão normativo, e Art. 3º Compete ao Conselho Monetário Nacional:
não executivo. Veja que os incisos começam com I - definir a política a ser observada na organiza-
“autorizar”, “estabelecer”, “aprovar”, “determi- ção e no funcionamento do mercado de valores
nar”, “fixar”, “disciplinar”, “coordenar”, “regular”, mobiliários;
“estipular” etc. II - regular a utilização do crédito nesse mercado;
III - fixar, a orientação geral a ser observada pela
É importante compreender e fixar essas caracte- Comissão de Valores Mobiliários no exercício de
suas atribuições;
rísticas para resolver questões que abordem as com-
IV - definir as atividades da Comissão de Valores
petências do CMN na sua prova.
Mobiliários que devem ser exercidas em coordena-
ção com o Banco Central do Brasil.
LEI Nº 6.385, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1976 V - aprovar o quadro e o regulamento de pessoal da
Comissão de Valores Mobiliários, bem como fixar a
A Lei nº 6.385, de 1976, é o diploma legal que insti- retribuição do presidente, diretores, ocupantes de
tuiu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entida- funções de confiança e demais servidores. (Inciso
de supervisora responsável por fiscalizar, normatizar, Incluído Pela Lei nº 6.422, de 8.6.1977) 91
VI - estabelecer, para fins da política monetária e LEI Nº 9.069, DE 29 DE JUNHO DE 1995
cambial, condições específicas para negociação de
contratos derivativos, independentemente da natu- A Lei nº 9.069, de 1995, foi a Lei que instituiu o
reza do investidor, podendo, inclusive: (Incluído Plano Real. Ela alterou a composição do CMN e a lista
pela Lei nº 12.543, de 2011) das Comissões que atuam junto ao Conselho (anterior-
a) determinar depósitos sobre os valores nocionais mente previstas nos arts. 6º e 7º da Lei nº 4.595, de
dos contratos; e (Incluído pela Lei nº 12.543, de 1964, que não estão mais em vigor), e foi recentemen-
2011) te modificada pela Lei nº 13.844, de 2019, em função
b) fixar limites, prazos e outras condições sobre as da nova organização ministerial estabelecida pelo
negociações dos contratos derivativos. (Incluído atual governo.
pela Lei nº 12.543, de 2011) Além disso, essa lei traz outros pontos importantes
§ 1º Ressalvado o disposto nesta Lei, a fiscalização sobre o CMN que são frequentemente abordados em
do mercado financeiro e de capitais continuará a concursos. Vamos a ela:
ser exercida, nos termos da legislação em vigor,
pelo Banco Central do Brasil. (Incluído pela Lei nº
Art. 8º O Conselho Monetário Nacional, criado
12.543, de 2011) pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, passa
§ 2º As condições específicas de que trata o inciso a ser integrado pelos seguintes membros:
VI do caput deste artigo não poderão ser exigidas I - Ministro de Estado da Economia, que o presidirá;
para as operações em aberto na data de publica- II - Presidente do Banco Central do Brasil; e
ção do ato que as estabelecer. (Incluído pela Lei nº III - Secretário Especial de Fazenda do Ministério
12.543, de 2011) da Economia.
Art. 4º O Conselho Monetário Nacional e a Comis- § 1º O Conselho deliberará mediante resoluções,
são de Valores Mobiliários exercerão as atribuições por maioria de votos, cabendo ao Presidente a
previstas na lei para o fim de: prerrogativa de deliberar, nos casos de urgência
I - estimular a formação de poupanças e a sua apli- e relevante interesse, ad referendum dos demais
cação em valores mobiliários; membros.
II - promover a expansão e o funcionamento eficien- § 2º Quando deliberar ad referendum do Conselho,
te e regular do mercado de ações, e estimular as o Presidente submeterá a decisão ao colegiado na
aplicações permanentes em ações do capital social primeira reunião que se seguir àquela deliberação.
de companhias abertas sob controle de capitais pri- § 3º O Presidente do Conselho poderá convidar
vados nacionais; Ministros de Estado, bem como representantes de
III - assegurar o funcionamento eficiente e regular entidades públicas ou privadas, para participar das
dos mercados da bolsa e de balcão; reuniões, não lhes sendo permitido o direito de voto.
IV - proteger os titulares de valores mobiliários e os § 4º O Conselho reunir-se-á, ordinariamente, uma
investidores do mercado contra: vez por mês, e, extraordinariamente, sempre que
a) emissões irregulares de valores mobiliários; for convocado por seu Presidente.
b) atos ilegais de administradores e acionistas con- § 5º O Banco Central do Brasil funcionará como
troladores das companhias abertas, ou de adminis- secretaria-executiva do Conselho.
tradores de carteira de valores mobiliários. § 6º O regimento interno do Conselho Monetário
c) o uso de informação relevante não divulgada no Nacional será aprovado por decreto do Presidente
mercado de valores mobiliários. da República, no prazo máximo de trinta dias, con-
V - evitar ou coibir modalidades de fraude ou mani- tados da publicação desta Lei.
pulação destinadas a criar condições artificiais de § 7º A partir de 30 de junho de 1994, ficam extintos
demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários os mandatos de membros do Conselho Monetário
negociados no mercado; Nacional nomeados até aquela data.
VI - assegurar o acesso do público a informações Art. 9º É criada junto ao Conselho Monetário
sobre os valores mobiliários negociados e as com- Nacional a Comissão Técnica da Moeda e do Crédi-
panhias que os tenham emitido; to, composta dos seguintes membros:
VII - assegurar a observância de práticas comer- I - Presidente e quatro Diretores do Banco Central
ciais equitativas no mercado de valores mobiliários; do Brasil;
VIII - assegurar a observância no mercado, das II - Presidente da Comissão de Valores Mobiliários;
condições de utilização de crédito fixadas pelo Con-
III - Secretário-Executivo e Secretários do Tesouro
selho Monetário Nacional.
Nacional e de Política Econômica do Ministério da
Economia;
A Lei nº 6.385, de 1976 traz, portanto, competên- § 1º A Comissão será coordenada pelo Presidente
cias e atribuições do CMN relacionadas ao mercado do Banco Central do Brasil.
de capitais. § 2º O regimento interno da Comissão Técnica da
Moeda e do Crédito será aprovado por decreto do
Presidente da República.
Importante! Art. 10 Compete à Comissão Técnica da Moeda e
do Crédito:
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão
I - propor a regulamentação das matérias tratadas
normativo responsável por definir as regras para
na presente Lei, de competência do Conselho Mone-
os mercados monetário, de crédito, de câmbio e tário Nacional;
de capitais. II - manifestar-se, na forma prevista em seu regi-
Subordinadas ao CMN, temos duas entidades mento interno, previamente, sobre as matérias
supervisoras: o Banco Central e a Comissão de de competência do Conselho Monetário Nacional,
Valores Mobiliários (CVM). especialmente aquelas constantes da Lei nº 4.595,
O Banco Central é o supervisor dos mercados de 31 de dezembro de 1964;
monetário, de crédito e de câmbio. Já a CVM é o III - outras atribuições que lhe forem cometidas
órgão supervisor do mercado de capitais. pelo Conselho Monetário Nacional.
92 Art. 11 Revogado.
O CMN é composto pelos seguintes membros: O Banco Central do Brasil exerce a Secretaria-
-Executiva do CMN e também da Comoc. Compete ao
z Ministro de Estado da Economia, que é o seu pre- Banco Central organizar e assessorar as sessões deli-
sidente; berativas (preparar, assessorar e dar suporte duran-
z Presidente do Banco Central do Brasil; te as reuniões, elaborar as atas e manter seu arquivo
z Secretário Especial de Fazenda do Ministério da histórico).
Economia. Além da Comoc, funcionam junto ao Conse-
lho Monetário Nacional as seguintes Comissões
Nos casos de urgência e relevante interesse, o Consultivas:
Presidente do CMN pode deliberar ad referendum do
Conselho, submetendo a decisão ao colegiado na pri- Art. 5º [...]
I - de Normas e Organização do Sistema Financeiro;
meira reunião que se seguir àquela deliberação. Isso
II - de Mercado de Valores Mobiliários e de Futuros;
significa que, havendo urgência e relevante interesse, III - de Crédito Rural;
o Presidente do CMN (o Ministro da Economia) pode IV - de Crédito Industrial;
deliberar sobre determinado assunto e submeter sua V - de Crédito Habitacional, e para Saneamento e
decisão aos demais membros na próxima reunião do Infra-Estrutura Urbana;
Conselho. VI - de Endividamento Público;
O Conselho reúne-se, ordinariamente, uma vez por VII - de Política Monetária e Cambial.
mês, e, extraordinariamente, sempre que for convoca-
do por seu Presidente. Importante! A Lei nº 13.844, de 2019, em seu art.
De acordo com seu Regimento Interno (Decreto nº 63, alterou a Lei nº 9.069, de 1995, estabelecendo que
1.307, de 1994), participam das reuniões do CMN: o CMN agora é composto da seguinte forma:

Art. 16 [...] Art. 63 [...]


I - os Conselheiros; I - Ministro de Estado da Economia, que o presidirá;
II - os membros da Comoc; II - Presidente do Banco Central do Brasil; e
III - os Diretores do Banco Central, não integrantes III - Secretário Especial de Fazenda do Ministério
da COMOC; da Economia.
IV - Representantes das Comissões Consultivas,
quando convocados pelo Presidente do CMN. A Lei nº 13.844, de 2019, também atualizou a com-
posição do Comissão Técnica da Moeda e do Crédito
Ainda de acordo com o Regimento Interno, pode- (Comoc), que passou a ser composta dos seguintes
rão assistir as reuniões do CMN: membros:

Art. 16 [...] z Presidente e quatro Diretores do Banco Central do


§ 1º [...] Brasil;
a) assessores credenciados individualmente pelos z Presidente da Comissão de Valores Mobiliários;
conselheiros; z Secretário-Executivo e Secretários do Tesouro
b) convidados do presidente do conselho [...]; Nacional e de Política Econômica do Ministério da
c) funcionários da secretaria-executiva do conse- Economia.
lho, credenciados pelo Presidente do Banco Central
do Brasil.
A Comissão é coordenada pelo Presidente do Ban-
co Central do Brasil.
As decisões do CMN são tomadas por maioria sim-
ples de votos. Somente aos conselheiros é dado o direi-
to de voto (§ 2º, art. 16). Dica
A Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc)
As bancas de concursos públicos costumam
é composta pelos seguintes membros:
perguntar sobre a composição do CMN e/ou da
z Presidente e quatro Diretores do Banco Central do Comoc.
Brasil;
z Presidente da Comissão de Valores Mobiliários; DECRETO Nº 3.088, DE 21 DE JUNHO DE 1999
z Secretário-Executivo do Ministério da Economia;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

z Secretário do Tesouro Nacional; Com o Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999,


z Secretário de Política Econômica. o Brasil passou a adotar como um dos pilares de sua
política monetária o regime de metas para a inflação.
A Comoc é coordenada pelo Presidente do Banco Trata-se de um regime monetário no qual o Banco
Central, e atua como órgão de assessoramento técnico Central compromete-se a atuar de forma a garantir
na formulação da política da moeda e do crédito. A que a inflação efetiva esteja em linha com uma meta
Comoc manifesta-se previamente sobre assuntos de pré-estabelecida, anunciada publicamente.
competência do CMN. O Decreto trouxe, então, novas atribuições ao CMN:
Segundo seu regimento interno, são quatro dire-
tores do Banco Central do Brasil, indicados pelo seu Art. 1º Fica estabelecida, como diretriz para fixa-
Presidente1, que participarão da Comissão. Como essa ção do regime de política monetária, a sistemática
indicação é alterada de acordo com a pauta das reu- de “metas para a inflação”.
niões, todos os diretores do BC tornam-se membros § 1º As metas são representadas por variações
potenciais da Comoc. anuais de índice de preços de ampla divulgação.

1 Inciso VII, do art. 2º, do Decreto nº 1.304, de 9 de novembro de 1994. 93


§ 2º As metas e os respectivos intervalos de tole- de moeda na economia, de maneira a manter a esta-
rância serão fixados pelo Conselho Monetário bilidade de preços. Além disso, ele é responsável pela
Nacional - CMN, mediante proposta do Ministro de segurança e confiabilidade do Sistema Financeiro
Estado da Economia [...]. Nacional (SFN). Por isso, regula e supervisiona as
Art. 2º Ao Banco Central do Brasil compete execu- instituições financeiras. Atua sempre executando as
tar as políticas necessárias para cumprimento das orientações do Conselho Monetário Nacional. É, por-
metas fixadas.
tanto, órgão executivo.
Art. 3º O índice de preços a ser adotado para os
No exercício de suas atribuições, conduz as políti-
fins previstos neste Decreto será escolhido pelo
CMN, mediante proposta do Ministro de Estado da cas monetária, cambial, de crédito e de relações finan-
Fazenda. ceiras com o exterior, a administração do Sistema de
Art. 4º Considera-se que a meta foi cumprida quan- Pagamentos Brasileiro (SPB) e os serviços do meio
do a variação acumulada da inflação - medida pelo circulante.
índice de preços referido no artigo anterior, relati- Agora, veremos o que a Lei nº 4.595, de 1964, que o
va ao período de janeiro a dezembro de cada ano criou, dispõe sobre o Banco Central. Vamos dissecar os
calendário - situar-se na faixa do seu respectivo arts. 8º a 16, que trazem o conteúdo que nos interessa.
intervalo de tolerância. Ao mesmo tempo em que estudamos a Lei, conhe-
Parágrafo único. Caso a meta não seja cumprida, ceremos as atribuições da Autoridade Monetária,
o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará como o Bacen também é chamado. Lembre-se: o
publicamente as razões do descumprimento, por Bacen é a principal entidade supervisora do SFN.
meio de carta aberta ao Ministro de Estado da
Fazenda, que deverá conter:
Art. 8º A atual Superintendência da Moeda e do
I - descrição detalhada das causas do
Crédito é transformada em autarquia federal, ten-
descumprimento;
do sede e foro na Capital da República, sob a deno-
II - providências para assegurar o retorno da infla-
minação de Banco Central da República do Brasil,
ção aos limites estabelecidos; e
com personalidade jurídica e patrimônio próprios
III - o prazo no qual se espera que as providências
este constituído dos bens, direitos e valores que
produzam efeito.
lhe são transferidos na forma desta Lei e ainda
Art. 5º O Banco Central do Brasil divulgará, até
da apropriação dos juros e rendas resultantes, na
o último dia de cada trimestre civil, Relatório de
data da vigência desta lei, do disposto no art. 9º do
Inflação abordando o desempenho do regime de
Decreto-Lei número 8495, de 28/12/1945, dispositi-
“metas para a inflação”, os resultados das decisões
vo que ora é expressamente revogado.
passadas de política monetária e a avaliação pros-
Parágrafo único. Os resultados obtidos pelo Banco
pectiva da inflação.
Central do Brasil, consideradas as receitas e des-
pesas de todas as suas operações, serão, a partir
Cabe ao CMN, portanto: de 1º de janeiro de 1988, apurados pelo regime de
competência e transferidos para o Tesouro Nacio-
z Fixar as metas e os respectivos intervalos de nal, após compensados eventuais prejuízos de exer-
tolerância para a inflação anual. cícios anteriores.

Para este ano de 2021, a meta foi fixada em 3,75%, Esse é o artigo que criou o Banco Central, suceden-
com intervalo de tolerância de 1,50%. do a antiga Superintendência da Moeda e do Crédito
Já para o ano de 2022, a meta foi fixada em 3,50%, (SUMOC).
com intervalo de tolerância de 1,50%. Destaca-se também que o resultado obtido pelo
Bacen em suas operações é transferido ao Tesouro
z Escolher, mediante proposta do Ministro de Esta- Nacional, compondo o resultado primário do Governo
do da Fazenda (atual Ministro de Estado da Eco- Central.
nomia), o índice de preços a ser adotado como
referência para o cumprimento da meta. Art. 9º Compete ao Banco Central da República do
Brasil cumprir e fazer cumprir as disposições que
Atualmente, adota-se o Índice de Preços ao Con- lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as nor-
sumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Bra- mas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional.
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Caso a meta não seja cumprida, o Presidente do Como sabemos, o Banco Central é (enquanto enti-
Banco Central do Brasil divulgará publicamente as dade supervisora do SFN responsável pela implemen-
razões do descumprimento, por meio de carta aberta tação das políticas monetária, creditícia e cambial)
ao Ministro de Estado da Fazenda (atual Ministro da subordinado às determinações da lei e do Conselho
Economia). Monetário Nacional.
Na sequência, temos os arts. 10 e 11, que definem
BANCO CENTRAL DO BRASIL as competências do Banco Central. Há alguns incisos
que estão desatualizados e outros que merecem com-
O Banco Central (Bacen ou BC) é uma autarquia plementação. Acompanhe nos tópicos a seguir.
federal vinculada — mas não subordinada — ao
Ministério da Economia, criada pela Lei nº 4.595, de BANCO EMISSOR
31 de dezembro de 1964. É a entidade supervisora dos
mercados monetário, de crédito e de câmbio. Sua mis- Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
são é “assegurar a estabilidade do poder de compra da República do Brasil:
da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condi-
Assim, o Banco Central é o responsável pelo con- ções e limites autorizados pelo Conselho Monetário
94 trole da inflação, atuando para regular a quantidade Nacional
II - Executar os serviços do meio-circulante; Art. 2º [...]
I - o atraso acumulado de 15% (quinze por cento)
A lei definiu que cabe ao Conselho Monetário das quantidades contratadas, por denominação, de
Nacional (CMN) autorizar a emissão de moeda, e ao papel-moeda ou de moeda metálica.
Banco Central emiti-la. Ao BC também cabe executar
os serviços do meio circulante, sendo responsável pela EXECUTOR DA POLÍTICA MONETÁRIA E BANCO
emissão, distribuição e controle do dinheiro nacional. DOS BANCOS
Para entendermos esse ponto, é necessário pri-
meiro conhecermos o “ciclo do dinheiro”. Pense que Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
o dinheiro (cédulas e notas) nada mais é do que um da República do Brasil:
produto industrializado como outro qualquer; assim, [...]
ele precisa ser produzido. III - determinar o recolhimento de até cem por cen-
No Brasil, o dinheiro é produzido pela Casa da to do total dos depósitos à vista e de até sessenta
Moeda do Brasil (CMB), que é uma empresa pública. por cento de outros títulos contábeis das institui-
ções financeiras, seja na forma de subscrição de
O BC, portanto, contrata a Casa da Moeda para que
Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou com-
fabrique o dinheiro brasileiro, e paga por isso. Você
pra de títulos da Dívida Pública Federal, seja atra-
já deve ter ouvido a frase “dinheiro custa dinheiro”.
vés de recolhimento em espécie, em ambos os casos
E custa mesmo! entregues ao Banco Central do Brasil, a forma e
Entretanto, é fundamental compreender que condições por ele determinadas, podendo:
a fabricação das cédulas e moedas e a emissão do a) adotar percentagens diferentes em função:
dinheiro são dois processos diferentes. 1. das regiões geoeconômicas;
O conceito de emissão de moeda não está rela- 2. das prioridades que atribuir às aplicações;
cionado à impressão de papel moeda. Emitir moeda 3. da natureza das instituições financeiras;
significa ampliar a base monetária, que é o total de b) determinar percentuais que não serão recolhi-
dinheiro em circulação na economia, e que considera dos, desde que tenham sido reaplicados em finan-
tanto cédulas e moedas emitidas quanto as reservas ciamentos à agricultura, sob juros favorecidos e
que os bancos possuem no Banco Central. Ou seja, um outras condições por ele fixadas.
crédito em conta de Reservas Bancárias pode emitir IV - receber os recolhimentos compulsórios de que
moeda sem que para isso tenha ocorrido impressão trata o inciso anterior e, ainda, os depósitos volun-
de papel moeda. tários à vista das instituições financeiras, nos ter-
O dinheiro, enquanto o Banco Central não o emi- mos do inciso III e § 2° do art. 19.
te (ou seja, não o contabiliza como parte do meio cir- V - realizar operações de redesconto e empréstimo
culante e o coloca à disposição do público), é apenas com instituições financeiras públicas e privadas,
consoante remuneração, limites, prazos, garantias,
papel impresso. Ele não passa a valer automatica-
formas de negociação e outras condições estabele-
mente após a sua fabricação, mas somente após a sua
cidos em regulamentação por ele editada;
emissão.
[...]
O monopólio da emissão pertence ao BC. Uma vez
XII - efetuar, como instrumento de política mone-
emitido, o dinheiro será distribuído aos bancos, que tária, operações de compra e venda de títulos
fazem encomendas de numerário ao Banco Central. públicos federais, consoante remuneração, limites,
Ao mesmo tempo, o BC preocupa-se com o aspecto prazos, formas de negociação e outras condições
físico do dinheiro em circulação. A Autoridade Mone- estabelecidos em regulamentação por ele editada,
tária recolhe e retira de circulação cédulas e moedas sem prejuízo do disposto no art. 39 da Lei Comple-
sem condições de uso. É o chamado “saneamento” mentar nº 101, de 4 de maio de 2000;
do meio circulante, que compreende as atividades [...]
de recebimento, conferência, seleção e troca, pelo § 3º O Banco Central do Brasil informará previa-
Bacen, de cédulas e moedas danificadas, que serão mente ao Conselho Monetário Nacional sobre o
destruídas. deferimento de operações na forma estabelecida no
Esses são os serviços do meio circulante. O dinhei- inciso V do caput deste artigo, sempre que identifi-
ro “novo” (cédulas e moedas), após emitido, precisa car a possibilidade de impacto fiscal relevante.
ser distribuído aos bancos para “circular”. Da mesma
forma, o dinheiro “velho” (sujo, rasgado, rabiscado) Nesses trechos, a lei traz funções do BC enquanto
precisa ser retirado de circulação. executor da política monetária, talvez a principal fun-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Essas competências retratam uma das funções ção de um banco central. Além disso, há funções que
clássicas do Banco Central: a de banco emissor, aque- também o classificam como o banco dos bancos.
le que possui o monopólio da emissão. Através da execução da política monetária, o Ban-
A Lei nº 13.416, de 23 de fevereiro de 2017, autori- co Central controla os meios de pagamento, o crédito
zou o Banco Central do Brasil a adquirir papel-moeda e a taxa de juros.
e moeda metálica fabricados fora do país por fornece- Em situações de recessão, o Bacen adota uma polí-
dor estrangeiro. tica monetária expansionista, aumentando a liquidez
A condição imposta pela norma é de que haja e a oferta de moeda, estimulando o crédito, o consumo
situação de emergência, caracterizada quando hou- e o investimento.
ver inviabilidade ou fundada incerteza quanto ao Já em situações de avanço inflacionário, o Banco
atendimento da demanda de cédulas e moedas pela Central adotará uma política monetária contracionis-
Casa da Moeda. ta ou restritiva, diminuindo a liquidez e aumentando
O inciso I, do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 13.416, de a taxa de juros.
2017, traz um exemplo de situação de emergência Os instrumentos de política monetária fazem
para a aquisição de papel-moeda e moeda metálica parte do nosso conteúdo, e serão apresentados mais
fabricados por fornecedor estrangeiro: adiante. 95
EXECUTOR DA POLÍTICA CAMBIAL internacionais do país, representa o Brasil junto a
organismos internacionais e recebe em depósito as
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central disponibilidades de caixa da União.
da República do Brasil: O Banco Central não concede empréstimos ao
[...] Tesouro Nacional e não pode financiar déficits fiscais.
VII - Efetuar o controle dos capitais estrangeiros, Isso já ocorreu no passado, mas está proibido desde a
nos termos da lei; Constituição de 1988.
[...] Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
XV - efetuar, como instrumento de política cambial, Complementar nº 101, de 2000) também proibiu que
operações de compra e venda de moeda estrangei- o Banco Central emita títulos da dívida pública. Só o
ra e operações com instrumentos derivativos no
Tesouro Nacional emite títulos públicos.
mercado interno, consoante remuneração, limites,
Essas medidas foram de extrema importância para
prazos, formas de negociação e outras condições
tornar clara a separação entre as atividades da auto-
estabelecidos em regulamentação por ele editada.
[...]
ridade monetária (BC), responsável pelas políticas
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- monetária e cambial; e da autoridade fiscal (Secre-
blica do Brasil; taria do Tesouro Nacional — STN), responsável pela
[...] condução da política fiscal.
III - Atuar no sentido do funcionamento regular
do mercado cambial, da estabilidade relativa das SUPERVISOR DO SISTEMA FINANCEIRO
taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de paga-
mentos, podendo para esse fim comprar e vender Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
ouro e moeda estrangeira, bem como realizar ope- da República do Brasil:
rações de crédito no exterior, inclusive as referentes [...]
aos Direitos Especiais de Saque, e separar os mer- VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas
cados de câmbio financeiro e comercial; formas;
[...]
Toda regulação do mercado de câmbio também IX - Exercer a fiscalização das instituições financei-
é efetuada pelo BC. É o Banco Central que executa a ras e aplicar as penalidades previstas;
política cambial do país. X - Conceder autorização às instituições financei-
ras, a fim de que possam:
A responsabilidade pela normatização das opera-
a) funcionar no País;
ções da política cambial, das reservas e das demais
b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependên-
atribuições da área financeira externa é do CMN. A cias, inclusive no exterior;
execução da política cambial cabe ao BC. Para isso, c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou
o Bacen mantém ativos em ouro, títulos e moedas encampadas;
estrangeiras para atuação nos mercados de câmbio, d) praticar operações de câmbio, crédito real e
que compõem as reservas internacionais do país, de venda habitual de títulos da dívida pública fede-
forma a contribuir para a sustentabilidade das con- ral, estadual ou municipal, ações Debêntures,
tas externas e evitar variações excessivas no valor do letras hipotecárias e outros títulos de crédito ou
Real frente às demais moedas. mobiliários;
e) ter prorrogados os prazos concedidos para
BANQUEIRO DO GOVERNO funcionamento;
f) alterar seus estatutos.
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central g) alienar ou, por qualquer outra forma, transferir
da República do Brasil: o seu controle acionário.
[...] [...]
VIII - Ser depositário das reservas oficiais de ouro e XI - Estabelecer condições para a posse e para o
moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque exercício de quaisquer cargos de administração
e fazer com estas últimas todas e quaisquer opera- de instituições financeiras privadas, assim como
ções previstas no Convênio Constitutivo do Fundo para o exercício de quaisquer funções em órgãos
Monetário Internacional; consultivos, fiscais e semelhantes, segundo nor-
[...] mas que forem expedidas pelo Conselho Monetário
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- Nacional;
blica do Brasil; [...]
I - Entender-se, em nome do Governo Brasilei- XIII - Determinar que as matrizes das instituições
ro, com as instituições financeiras estrangeiras e financeiras registrem os cadastros das firmas que
internacionais; operam com suas agências há mais de um ano.
II - Promover, como agente do Governo Federal, a [...]
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o
colocação de empréstimos internos ou externos,
inciso X deste artigo, com base nas normas estabe-
podendo, também, encarregar-se dos respectivos
lecidas pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco
serviços;
Central da República do Brasil, estudará os pedidos
[...]
que lhe sejam formulados e resolverá conceder ou
recusar a autorização pleiteada, podendo incluir
No inciso VIII, do art. 10, e nos incisos I e II, do art. as cláusulas que reputar convenientes ao interesse
11, surgem competências que colocam o Banco Cen- público.
tral no exercício de outra função clássica: a de ban- § 2º Observado o disposto no parágrafo anterior, as
queiro do governo. instituições financeiras estrangeiras dependem de
Como banqueiro do governo, o Banco Central autorização do Poder Executivo, mediante decreto,
atua nos leilões de títulos públicos federais em para que possam funcionar no País.
96 nome do Tesouro Nacional, administra as reservas [...]
Os incisos VI, IX, X, XI e XIII trazem atribuições da § 1º No exercício das atribuições a que se refere o
função de supervisor do sistema financeiro. Lem- inciso IX do artigo 10 desta lei, o Banco Central do
bra-se de que parte da missão do BC é assegurar um Brasil poderá examinar os livros e documentos das
sistema financeiro sólido e eficiente? No cumprimen- pessoas naturais ou jurídicas que detenham o con-
to dessa missão, o BC é responsável por autorizar trole acionário de instituição financeira, ficando
entidades a funcionar, regular o seu funcionamento e essas pessoas sujeitas ao disposto no artigo 44, §
executar a fiscalização, supervisão e monitoramento 8º, desta lei.
das entidades e de suas operações. [...]
Atualmente, essa supervisão tem ênfase na avalia-
ção dos riscos assumidos pelas entidades e na qualida- Trata-se de uma prerrogativa do BC no exercício
de dos controles existentes para mitigar esses riscos. da atribuição de supervisor do sistema financeiro: ter
Especialmente em operações que envolvam parti- acesso a quaisquer documentos que julgar necessá-
cipação estrangeira, a autorização para aquisição de rios para o exercício da função. A própria Lei nº 4.595,
participação societária em instituições financeiras de 1964, prevê que a negativa de atendimento será
nacionais, o aumento de participação já existente ou considerada como embaraço à fiscalização, sujeito à
a instalação de nova instituição financeira dependem pena de multa, sem prejuízo de outras medidas e san-
de autorização via decreto presidencial. Ou seja, no ções cabíveis.
caso de instituições estrangeiras, é o Presidente da
República, e não o Banco Central, quem autoriza a Art. 11 [...]
operação no Brasil. § 2º O Banco Central da República do Brasil ins-
talará delegacias, com autorização do Conselho
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- Monetário Nacional, nas diferentes regiões geo-eco-
blica do Brasil; nômicas do País, tendo em vista a descentralização
[...] administrativa para distribuição e recolhimento da
VII - Exercer permanente vigilância nos mercados moeda e o cumprimento das decisões adotadas pelo
financeiros e de capitais sobre empresas que, direta mesmo Conselho ou prescritas em lei.
ou indiretamente, interfiram nesses mercados e em
relação às modalidades ou processos operacionais O Banco Central possui, além da sede em Brasília,
que utilizem; DF, representações em outras nove capitais brasilei-
[...] ras. Essa capilaridade facilita principalmente as ativi-
dades relacionadas ao meio circulante.
O inciso VII, do art. 11, reforça o papel do BC como
supervisor do sistema financeiro. Art. 12 O Banco Central da República do Brasil ope-
Destaque para o fato de que, atualmente, o mer- rará exclusivamente com instituições financeiras
cado de capitais é supervisionado pela Comissão de públicas e privadas, vedadas operações bancárias
Valores Mobiliários (CVM), e não pelo BC. de qualquer natureza com outras pessoas de direito
público ou privado, salvo as expressamente autori-
OUTRAS ATRIBUIÇÕES zadas por lei.
Art. 13 Os encargos e serviços de competência do
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- Banco Central, quando por ele não executados dire-
blica do Brasil; tamente, serão contratados de preferência com o
[...] Banco do Brasil S. A., exceto nos casos especialmen-
VI - Regular a execução dos serviços de compensa- te autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.
ção de cheques e outros papéis; Art. 14 Revogado.
[...] Art. 15 O regimento interno do Banco Central da
República do Brasil, a que se refere o inciso XXVII,
A compensação de cheques entre instituições do art. 4º, desta lei, prescreverá as atribuições do
financeiras é um serviço regulado pelo Banco Central. Presidente e dos Diretores e especificará os casos
A execução do serviço é atribuição do Banco do que dependerão de deliberação da Diretoria, a qual
Brasil, que o realiza por através da Centralizadora da será tomada por maioria de votos, presentes no
Compensação de Cheques (Compe). mínimo o Presidente ou seu substituto eventual e
A competência do Banco do Brasil para executar dois outros Diretores, cabendo ao Presidente tam-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

a compensação está definida na própria Lei nº 4.595, bém o voto de qualidade.


de 1964, em seu artigo 19. Vejamos: “Ao Banco do Bra- Parágrafo único. A Diretoria se reunirá, ordina-
sil S. A. competirá precipuamente, sob a supervisão do riamente, uma vez por semana, e, extraordinaria-
Conselho Monetário Nacional e como instrumento de mente, sempre que necessário, por convocação do
execução da política creditícia e financeira do Governo Presidente ou a requerimento de, pelo menos, dois
Federal [...]”. de seus membros.

Art. 11 [...] O Regimento Interno do Banco Central dispõe


VIII - Prover, sob controle do Conselho Monetário que a Diretoria Colegiada é composta por até nove
Nacional, os serviços de sua Secretaria. membros, um dos quais o Presidente, todos nomea-
dos pelo Presidente da República, entre brasileiros de
O Banco Central do Brasil é a Secretaria-Executiva ilibada reputação e notória capacidade em assuntos
do CMN, sendo responsável por organizar e assesso- econômico-financeiros, após aprovação pelo Senado
rar suas reuniões. Federal. São demissíveis ad nutum, o que significa que
são cargos de livre nomeação e exoneração, a juízo da
Art. 11 [...] autoridade competente. 97
Atualmente, o Bacen possui oito diretorias, ocu- Tanto as operações que ocorrem no mercado de
pando todos os nove cargos previstos (Presidente + 8 valores mobiliários quanto os seus participantes são
Diretores). regulados pela Comissão de Valores Mobiliários. A
CVM tem, portanto, o objetivo de fiscalizar, normati-
Art. 16 Constituem receita do Banco Central do zar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores
Brasil as rendas: mobiliários no Brasil.
I - de operações financeiras e de outras aplicações Cabe à CVM ser a “gerente” desse mercado. Nenhu-
de seus recursos; ma distribuição pública de valores mobiliários (ações,
II - das operações de câmbio, de compra e venda debêntures etc.) será efetivada no mercado sem pré-
de ouro e de quaisquer outras operações em moeda vio registro na Comissão de Valores Mobiliários.
estrangeira; A CVM mantém registros das autorizações:
III - eventuais, inclusive as derivadas de multas e de
juros de mora aplicados por força do disposto na z Para emissões públicas de valores mobiliários,
legislação em vigor. z Para negociação na bolsa;
z Para negociação no mercado de balcão, organiza-
Por fim, o art. 16 aponta as receitas do Banco Cen- do ou não.
tral. O resultado obtido pelo Bacen em suas operações
é transferido ao Tesouro Nacional e integra o resulta- Somente os valores mobiliários emitidos por com-
do primário do Governo Central. panhia registrada na CVM podem ser negociados na
bolsa e no mercado de balcão.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS — CVM
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criada
pela Lei nº 6.385, de 1976, é a entidade supervisora A Comissão de Valores Mobiliários foi instituída
do SFN responsável pelo mercado de capitais. A CVM como entidade autárquica em regime especial, vin-
observa, no exercício de suas atribuições, as orienta- culada ao Ministério da Economia, com personalidade
ções gerais fixadas pelo Conselho Monetário Nacional jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade
(CMN), órgão normativo máximo do SFN. administrativa independente, ausência de subordina-
É importante relembrar o conceito de intermedia- ção hierárquica, mandato fixo e estabilidade para seus
ção financeira inserido no tópico Sistema Nacional dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária,
Financeiro. conforme disposto no art. 5º, da Lei nº 6.385, de 1976.
O mercado de capitais tem como objetivo canali- De acordo com o art. 6º da mesma lei, a CVM é
administrada por um Colegiado composto por um Pre-
zar recursos de médio e longo prazo para agentes
sidente e quatro Diretores, nomeados pelo Presidente
deficitários que necessitem de recursos financeiros
da República, depois de aprovados pelo Senado Federal,
para realizar investimentos produtivos. Esses agen-
dentre pessoas de ilibada reputação e reconhecida com-
tes buscam esses recursos através da venda de títu- petência em matéria de mercado de capitais.
los e valores mobiliários. Por isso, o mercado de O § 1º, do art. 6º, da Lei nº 6.385, de 1976, dispõe
capitais também é chamado de mercado de valores que o mandato dos dirigentes da CVM é de cinco anos,
mobiliários. vedada a recondução, devendo ser renovado a cada ano
O mercado de valores mobiliários é, portanto, o um quinto dos membros do Colegiado. Ou seja, a cada
segmento do sistema financeiro que viabiliza a trans- ano, um dos dirigentes deverá ser afastado e dar lugar
ferência de recursos de maneira direta entre agentes a um novo membro, a ser nomeado pelo Presidente da
econômicos deficitários e superavitários. Nesse mer- República após a aprovação pelo Senado.
cado, as instituições financeiras, responsáveis pela No curso do mandato, os dirigentes da CVM somen-
intermediação, geralmente atuam como meras pres- te o perderão em virtude de renúncia, de condenação
tadoras de serviço. judicial transitada em julgado ou de processo admi-
Se você, por acaso, resolver investir seu décimo- nistrativo disciplinar.
-terceiro em ações de uma companhia aberta (aque- Os §§2º e seguintes do art. 6º apresentam as hipóte-
la que tem seus valores imobiliários admitidos para ses em que os dirigentes da CMV perderão o mandato.
negociação em Bolsa de Valores — por exemplo, a Vejamos:
Petrobrás), procurará uma instituição financeira para
intermediar essa operação. Ao realizar a compra das § 2º Os dirigentes da Comissão somente perderão
ações, você se tornará um acionista da empresa (um o mandato em virtude de renúncia, de condenação
de seus sócios), e não um credor de uma instituição judicial transitada em julgado ou de processo admi-
financeira, como se tivesse feito um depósito na pou- nistrativo disciplinar.
pança. Dessa forma, você estará financiando direta- § 3º Sem prejuízo do que prevêem a lei penal e a lei de
improbidade administrativa, será causa da perda do
mente a empresa com recursos de longo prazo, que
mandato a inobservância, pelo Presidente ou Dire-
poderão ser utilizados para expansão das atividades,
tor, dos deveres e das proibições inerentes ao cargo.
construção de fábricas, investimento em inovação etc.
§ 4º Cabe ao Ministro de Estado da Fazenda ins-
Por isso, um dos objetivos estratégicos da CVM taurar o processo administrativo disciplinar, que
é estimular a formação de poupança e a sua aplica- será conduzido por comissão especial, competindo
ção em valores mobiliários. A teoria econômica afir- ao Presidente da República determinar o afasta-
ma que o mercado de capitais é fundamental para o mento preventivo, quando for o caso, e proferir o
desenvolvimento econômico, pois permite a captação julgamento.
de recursos que serão utilizados para a ampliação de § 5º No caso de renúncia, morte ou perda de man-
atividades empresariais, gerando riqueza, emprego e dato do Presidente da Comissão de Valores Mobi-
renda. liários, assumirá o Diretor mais antigo ou o mais
idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem pre-
98 juízo de suas atribuições.
§ 6º No caso de renúncia, morte ou perda de man- Atenção! Somente os valores mobiliários de emis-
dato de Diretor, proceder-se-á à nova nomeação são de companhia registrada na Comissão de Valores
pela forma disposta nesta Lei, para completar o Mobiliários podem ser negociados no mercado de
mandato do substituído. valores mobiliários. Da mesma forma, nenhuma dis-
tribuição pública de valores mobiliários será efetiva-
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS da no mercado sem prévio registro na Comissão de
Valores Mobiliários.
Nos termos da legislação vigente, o exercício das Além disso, dependem de prévia autorização da
atribuições da CVM tem como objetivos: CVM o exercício das atividades de distribuição e de
emissão no mercado, mediação ou corretagem de
z Estimular a formação de poupança e sua aplicação operações com valores mobiliários e compensação e
em valores mobiliários; liquidação de operações com valores mobiliários.
z Promover a expansão e o funcionamento eficiente
e regular do mercado de ações e estimular as apli- PODER PUNITIVO
cações permanentes em ações do capital social de
companhias abertas sob controle de capitais priva- Quanto à apuração de práticas legais, cabe salien-
dos nacionais; tar que a CVM não tem competência para determinar
z Assegurar e fiscalizar o funcionamento eficiente o ressarcimento de eventuais prejuízos sofridos pelos
dos mercados regulamentados de valores mobiliá- investidores em decorrência da ação ou omissão de
rios (bolsas de valores, mercado de balcão e bolsas agentes do mercado.
de Mercadorias e Futuros); As providências adotadas pela CVM com relação a
z Proteger os titulares de valores mobiliários e os casos concretos limitam-se à esfera administrativa,
investidores do mercado contra: de acordo com as atribuições que lhe foram conferi-
das pela Lei nº 6.385, de 1976.
„ Emissões irregulares de valores mobiliários; No entanto, caso o investidor sinta-se lesado em
„ Atos ilegais de administradores e acionistas das decorrência da ação ou omissão de agentes do mer-
companhias abertas, ou de administradores de cado, pode recorrer ao Poder Judiciário e, no curso de
carteira de valores mobiliários; ação judicial, provocar a atuação da CVM na função
de amicus curiae (amigo da corte, em latim), provo-
„ O uso de informação relevante não divulgada
cando sua manifestação técnica sobre o caso específi-
no mercado de valores mobiliários.
co em julgamento.
Em relação ao seu poder punitivo, a Lei nº 6.385,
z Evitar ou coibir modalidades de fraude ou mani-
de 1976, em seu art. 11 define que a CVM poderá
pulação destinadas a criar condições artificiais de impor aos infratores das normas cujo cumprimento
demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários lhe caiba fiscalizar as seguintes penalidades, isoladas
negociados no mercado; ou cumulativamente:
z Assegurar o acesso do público a informações sobre
os valores mobiliários negociados e as companhias Art. 11 [...]
que os tenham emitido; I - advertência;
z Assegurar a observância de práticas comerciais II - multa;
equitativas no mercado de valores mobiliários; III - revogado
z Fazer cumprir a Lei nº 6.404, de 1976, chamada de IV - inabilitação temporária, até o máximo de 20
Lei das Sociedade Anônimas (S/A), em relação aos (vinte) anos, para o exercício de cargo de admi-
participantes do mercado de valores mobiliários; nistrador ou de conselheiro fiscal de companhia
z Realizar atividades de credenciamento e fiscali- aberta, de entidade do sistema de distribuição ou de
outras entidades que dependam de autorização ou
zação dos participantes do mercado de valores
registro na Comissão de Valores Mobiliários;
mobiliários;
V - suspensão da autorização ou registro para
z Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas e o exercício das atividades de que trata esta Lei;
os fundos de investimento; VI - inabilitação temporária, até o máximo de 20
z Apurar, mediante inquérito administrativo, atos (vinte) anos, para o exercício das atividades de
ilegais e práticas não-equitativas de administra- que trata esta lei (atuação no mercado de valores
dores, membros do conselho fiscal e acionistas de mobiliários);
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

companhias abertas, de intermediários e de quais- VII - proibição temporária, até o máximo de 20


quer participantes do mercado de valores mobiliá- (vinte) anos, de praticar determinadas ativida-
rios, aplicando as penalidades previstas em lei. des ou operações, para os integrantes do sistema
de distribuição ou de outras entidades que depen-
dam de autorização ou registro na Comissão de
A esfera de competência da CVM, portanto, abran-
Valores Mobiliários;
ge as companhias de capital aberto e incentivadas,
VIII - proibição temporária, até o máximo de 10
fundos de investimento, ofertas públicas de valores (dez) anos, de atuar, direta ou indiretamente, em
mobiliários e as instituições participantes do sistema uma ou mais modalidades de operação no mercado
de distribuição, assim como os clientes e investidores de valores mobiliários.
que operam no mercado de valores mobiliários.
Além disso, o auditor independente, para exercer Quanto à aplicação de multas, o § 1º, do art. 11, da
atividade no âmbito do mercado de valores mobi- Lei nº 6.385, de 1976, prevê que deve-se observar, para
liários, está sujeito ao registro na CVM. As demons- fins de dosimetria, os princípios da proporcionalidade e
trações financeiras das companhias abertas serão da razoabilidade, a capacidade econômica do infrator e
obrigatoriamente submetidas à auditoria por audito- os motivos que justifiquem sua imposição, e não deverá
res independentes registrados na CVM. exceder o maior destes valores: 99
Art. 11 [...] realizações de obras e serviços e concessões de ser-
§ 1º [...] viços públicos, no âmbito da administração pública
I - R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais); ou federal, estadual, distrital e municipal e das entida-
II - o dobro do valor da emissão ou da operação des da administração pública indireta.
irregular; ou § 14 Os créditos oriundos de condenação do ape-
III - 3 (três) vezes o montante da vantagem econô- nado ao pagamento de indenização em ação civil
mica obtida ou da perda evitada em decorrência do pública movida em benefício de investidores e
ilícito; ou demais credores do apenado e os créditos do Fun-
IV - o dobro do prejuízo causado aos investidores do Garantidor de Crédito (FGC) ou de outros meca-
em decorrência do ilícito. nismos de ressarcimento aprovados pelo Banco
§ 2º Nas hipóteses de reincidência, poderá ser apli- Central do Brasil ou pela Comissão de Valores
cada multa de até o triplo dos valores fixados no § Mobiliários, se houver, preferirão aos créditos
1º deste artigo. oriundos da aplicação da penalidade de multa.
[...] § 15 Em caso de falência, liquidação extrajudicial
§ 5º A Comissão de Valores Mobiliários, após aná- ou qualquer outra forma de concurso de credores
lise de conveniência e oportunidade, com vistas a do apenado, os créditos da Comissão de Valores
atender ao interesse público, poderá deixar de ins- Mobiliários oriundos da aplicação da penalidade
taurar ou suspender, em qualquer fase que preceda de multa de que trata o inciso II do caput deste arti-
a tomada da decisão de primeira instância, o pro- go serão subordinados.
cedimento administrativo destinado à apuração de
infração prevista nas normas legais e regulamen- Créditos subordinados são aqueles que, em caso de
tares cujo cumprimento lhe caiba fiscalizar, se o insolvência de devedor (quando o devedor não dispõe
investigado assinar Termo de Compromisso no de recursos financeiros para cumprir sua obrigação
qual se obrigue a: de pagar), serão pagos por último.
I - cessar a prática de atividades ou atos considera-
As penalidades impostas são passíveis de recurso
dos ilícitos pela Comissão de Valores Mobiliários; e
II - corrigir as irregularidades apontadas, inclusive
para o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
indenizando os prejuízos. Nacional (CRSFN).
§ 6º O Termo de Compromisso não importará con-
fissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimen-
CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA
to de ilicitude da conduta analisada. FINANCEIRO NACIONAL — CRSFN
§ 7º O Termo de Compromisso deverá ser publica-
do no sítio eletrônico da CVM, com discriminação O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
do prazo para cumprimento das obrigações even- Nacional (CRSFN) tem previsão no Decreto nº 9.889, de
tualmente assumidas, e constituirá título executivo 27 de junho de 2019. Trata-se de um órgão colegiado,
extrajudicial. de segundo grau, integrante da estrutura do Ministé-
§ 8º Não cumpridas as obrigações no prazo, a CVM rio da Economia, e que tem por finalidade julgar, em
dará continuidade ao procedimento administrati- última instância administrativa, os recursos contra as
vo anteriormente suspenso, para a aplicação das sanções aplicadas pelo Bacen e pela CVM e, nos pro-
penalidades cabíveis. cessos de lavagem de dinheiro, as sanções aplicadas
§ 9º Serão considerados, na aplicação de penalida- pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras
des previstas, o arrependimento eficaz e o arrepen- (COAF), pela Superintendência de Seguros Privados
dimento posterior, ou a circunstância de qualquer
(SUSEP) e pelas demais autoridades competentes.
pessoa, espontaneamente, confessar ilícito ou pres-
Sabe-se que o Banco Central, ao exercer sua função
tar informações relativas à sua materialidade.
[...] de supervisor do sistema financeiro, é responsável
pela fiscalização das instituições financeiras. No exer-
Por arrependimento eficaz entende-se aquele em cício dessa competência, ele pode aplicar penalidades
que sujeito que praticou a infração atua no sentido às instituições financeiras, às demais instituições por
de impedir a efetivação do ato ilícito. Já o arrependi- ele supervisionadas e aos integrantes do Sistema de
mento posterior consiste na reparação voluntária do Pagamentos Brasileiro.
dano causado pela prática da infração. O Bacen também pode punir pessoas físicas ou
jurídicas que:
§ 11 A multa aplicada pela inexecução de ordem
da Comissão de Valores Mobiliários, nos termos do
z Exerçam, sem a devida autorização, atividade
inciso II do caput e do inciso IV do § 1º do art. 9º sujeita à sua supervisão ou à sua vigilância;
desta Lei, independentemente do processo adminis- z Prestem serviço de auditoria independente para as
trativo previsto no inciso V do caput do art. 9º desta instituições que ele supervisiona;
Lei, não excederá, por dia de atraso no seu cumpri- z Atuem como administradores, membros da dire-
mento, o maior destes valores: toria, do conselho de administração, do conselho
I - 1/1.000 (um milésimo) do valor do faturamento fiscal, do comitê de auditoria e de outros órgãos
total individual ou consolidado do grupo econô- previstos no estatuto ou no contrato social de insti-
mico, obtido no exercício anterior à aplicação da tuição por ele supervisionada.
multa; ou
II - R$ 100.000,00 (cem mil reais). O Bacen pode aplicar as seguintes penalidades:
§ 12 Da decisão que aplicar a multa prevista no
parágrafo anterior caberá recurso voluntário, no Lei nº 13.506, de 2017
prazo de dez dias, ao Colegiado da Comissão de
Valores Mobiliários, sem efeito suspensivo. Art. 5º [...]
§ 13 Adicionalmente, pode haver ainda a proibição I - admoestação pública (advertência pública que
de contratar, por até de 5 (cinco) anos, com insti- consiste na publicação de notícia sobre a imposição
tuições financeiras oficiais; e de participar de lici- da pena e do texto especificado na decisão condena-
100 tação que tenha por objeto aquisições, alienações, tória no site do Banco Central);
II - multa;
III - proibição de prestar determinados serviços para as instituições mencionadas no caput do art. 2º desta
Lei (instituições financeiras, as demais instituições supervisionadas pelo Banco Central do Brasil e os integrantes do
Sistema de Pagamentos Brasileiro);
IV - proibição de realizar determinadas atividades ou modalidades de operação;
V - inabilitação para atuar como administrador e para exercer cargo em órgão previsto em estatuto ou
em contrato social de pessoa mencionada no caput do art. 2º desta Lei;
VI - cassação de autorização para funcionamento.

No caso da Comissão de Valores Mobiliários (CMV), tivemos conhecimento sobre o seu poder punitivo. Em
ambos os casos, estamos falando de punições que ocorrem na esfera administrativa e que são passíveis de recur-
sos a uma segunda e última instância, que é o CRSFN.

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO

O CRSFN é um órgão paritário. Isso significa que é composto por um número igual de representantes de
órgãos governamentais e de representantes de entidades representativas do mercado financeiro e de capitais.
Todos os conselheiros titulares e suplentes são designados pelo Ministro de Estado da Economia, com man-
dato de três anos, renovável por igual período por até duas vezes. Os conselheiros devem ter competência
reconhecida e conhecimentos especializados nas matérias de competência do CRSFN.
O CRSFN é constituído por dezesseis conselheiros, sendo oito membros (quatro titulares e respectivos suplen-
tes) indicados por órgãos governamentais (conforme quadro a seguir) e oito (quatro titulares e respectivos suplen-
tes) indicados em lista tríplice por entidades representativas dos mercados financeiro e de capitais.
A composição do CRSFN foi definida pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 246, de 2 de maio de 2011, alte-
rada pela Portaria nº 423, de 29 de agosto de 2011, e está demonstrada a seguir:

REPRESENTANTES DE ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS


Responsável pela indicação Número de Conselheiros
Ministério da Economia 4 (sendo 2 titulares e 2 suplentes)
Comissão de Valores Mobiliários 2 (sendo 1 titular e 1 suplente)
Banco Central do Brasil (BACEN) 2 (sendo 1 titular e 1 suplente)

REPRESENTANTES DE ENTIDADES REPRESENTATIVAS DO MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS


Indicação de membro titular Indicação de membro suplente
Conselho Consultivo do Ramo Crédito da Organização das
Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN)
Cooperativas Brasileiras (OCB/CECO)
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Fi- Associação Brasileira de Administradores de Consórcio
nanceiros e de Capitais (ANBIMA) (ABAC)
Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras
de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias Associação de Investidores no Mercado de Capitais (AMEC)
(ANCORD)
Associação Brasileira das Empresas de Capital Aberto
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON)
(ABRASCA)

Preside o CRSFN um dos conselheiros indicados pelo Ministério da Economia, assim designado pelo
Ministro. O Vice-presidente do Conselho é designado pelo Ministro de Estado da Economia dentre os conselheiros
indicados pelas entidades privadas representativas dos mercados financeiro e de capitais.
Mais recentemente, a Portaria do Ministério da Fazenda (MF) nº 352, de 24 de julho de 2018 (art. 2º), definiu
que as indicações do setor público para a composição do CRSFN recairão sobre servidores públicos com mais
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

de trinta anos de idade, que possuam formação superior, reconhecida capacidade técnica e pelo menos 5
(cinco) anos de experiência profissional nas matérias relacionadas à competência do CRSFN.
Já as indicações das entidades representativas dos mercados financeiro e de capitais deverão compor
lista tríplice e recairão sobre brasileiros natos ou naturalizados que possuam mais de 30 anos de idade, formação
superior, reconhecida capacidade técnica, notório conhecimento especializado nas matérias de competência do
CRSFN e pelo menos 10 anos de atuação nos mercados financeiros ou de capitais, segundo o art. 3º da Portaria
352, de 2018.

ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS

De acordo com o disposto no Decreto nº 9.889/2019, compete ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
Nacional julgar, em última instância administrativa, os recursos contra:

z Decisões cautelares do Banco Central;


z Ato que determinar o cancelamento do registro especial na Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil
S/A. (CACEX) e na Secretaria da Receita Federal; 101
z Penalidades impostas pela Comissão de Valores (S/A) e possuir a palavra “Banco” em sua denomina-
Mobiliários; ção social. Além disso, nenhum estabelecimento ban-
z Das decisões do Coaf relativas às aplicações de cário privado pode usar, em sua denominação social,
penas administrativas ao Conselho de Recursos do a palavra “Central”.
Sistema Financeiro Nacional; Entre seus principais produtos e serviços estão:
z Penalidades impostas por decisões proferidas pelo
Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valo- z Depósitos à vista (conta-corrente);
res Mobiliários em função de infrações às normas z Depósitos a prazo (CDBs e RDBs) e de poupança;
legais e regulamentares que regem o sistema de z Operações de crédito de curto e médio prazos;
pagamentos; z Desconto de títulos (duplicatas);
z Decisões do Banco Central do Brasil: z Cartão de crédito;
z Referentes à desclassificação e à descaracterização z Crédito Rotativo (o famoso “cheque especial”);
de operações de crédito rural; z Conta Garantida (espécie de “cheque especial”
z Relacionadas à retificação de informações, à apli- para pessoas jurídicas);
cação de custos financeiros associados ao recolhi- z Crédito rural;
mento compulsório, ao encaixe obrigatório e ao z Captação de recursos para repasse (linhas de cré-
direcionamento obrigatório de recursos; dito com recursos do BNDES por exemplo);
z Decisões das autoridades competentes relativas à z Operações acessórias e prestação de serviços (cus-
aplicação das sanções de que trata a Lei nº 9.613, tódia de valores por exemplo).
de 1998, que dispõe sobre os crimes de “lavagem”
ou ocultação de bens, direitos e valores. CAIXAS ECONÔMICAS

Caixas econômicas são instituições financeiras


BANCOS COMERCIAIS públicas constituídas sob a forma de empresas públi-
cas. Exercem atividades típicas de banco comercial,
Se eu pedisse a você que pensasse em uma institui- mas têm como prioridade institucional a concessão
ção financeira, muito provavelmente, o que lhe viria de empréstimos e financiamentos de programas e
à cabeça é um banco comercial. São essas instituições projetos de natureza social.
que desenvolvem a atividade bancária clássica, mais Tais instituições podem captar recursos atra-
comum no nosso dia a dia. vés de depósitos à vista, depósitos de poupança e
Os bancos comerciais são instituições financeiras, depósitos a prazo (Certificados de Depósito Bancário
privadas ou públicas, que têm a captação de depósitos — CDBs — e Recibos de Depósito Bancário — RDBs).
à vista como sua atividade típica, o que os classifica São, portanto, instituições financeiras bancárias ou
como instituição financeira bancária ou monetá- monetárias.
ria. Depósito à vista é aquele recebido em contas de No passado, alguns estados tiveram as próprias
depósitos popularmente conhecidas como “contas caixas econômicas, como a Nossa Caixa, do Estado de
correntes”. São Paulo, e a Caixa Econômica Estadual do Rio Gran-
As contas correntes, portanto, constituem o produ- de do Sul.
to utilizado pelos bancos para a captação dos depósi- Atualmente, a única em atividade é a Caixa
tos à vista, uma captação a custo zero, já que os bancos Econômica Federal (Caixa), empresa pública
não remuneram esses recursos. Seu objetivo principal federal vinculada ao Ministério da Economia. Como
é a intermediação entre agentes econômicos supe- instituição participante do Sistema Financeiro Nacio-
ravitários e deficitários, possibilitando o acesso a nal (SFN), sujeita-se às normas e decisões dos órgãos
recursos de crédito (empréstimos e financiamentos) normativos do SFN e à supervisão e fiscalização do
de curto e médio prazos ao comércio, à indústria, às Banco Central.
empresas prestadoras de serviços, às pessoas físicas, A Caixa tem forte presença na execução de polí-
ou seja, a terceiros em geral. ticas públicas patrocinadas pelo Governo Federal,
especialmente em programas e ações que beneficiam,
prioritariamente, a população de baixa renda, com
destaque para as áreas de habitação e saneamento.
Importante! Ainda, integra o Sistema Brasileiro de Poupança e
Saiba distinguir empréstimos de financiamen- Empréstimo (SBPE), que tem por finalidade promo-
tos: os recursos obtidos através de um emprés- ver o financiamento imobiliário em geral por meio da
timo não têm destinação específica. Já no captação e do direcionamento dos recursos de depósi-
financiamento, há uma destinação específica tos de poupança.
Compõem o SBPE os bancos múltiplos com car-
para os recursos tomados, como, por exemplo,
teira de crédito imobiliário; as caixas econômicas; as
a aquisição de um veículo ou de um bem imóvel. sociedades de crédito imobiliário; as associações de
Por isso é que se fala em “financiamento da casa poupança e empréstimo; as cooperativas de crédito
própria”, “financiamento de veículo” e “emprés- autorizadas a captar depósitos de poupança. Mais
timo pessoal” — nos dois primeiros dizeres, o adiante, trataremos dos bancos múltiplos, das socie-
recurso tem um destino específico; no terceiro, dades de crédito imobiliário e das associações de pou-
não. pança e empréstimo.
A Caixa também é gestora dos recursos do Fun-
do de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e de
Os bancos comerciais também podem captar outros fundos do Sistema Financeiro de Habita-
depósitos a prazo (Certificados de Depósito Bancário ção (SFH). O SFH é destinado a facilitar e promover
— CDBs — e Recibos de Depósito Bancário — RDBs) a construção e a aquisição da casa própria ou mora-
e depósitos de poupança. Obrigatoriamente, devem dia, especialmente pelas classes de menor renda da
102 ser constituídos sob a forma de sociedade anônima população.
Ainda, a Caixa é responsável pelo Programa de São três os tipos de cooperativas:
Integração Social (PIS) e pelo Seguro-Desemprego. Ela
administra e detém o monopólio de venda das loterias z Cooperativas Singulares: São as constituídas pelo
federais e das operações de penhor civil, e por fim, número mínimo de vinte pessoas, sendo permi-
atua como operadora de programas sociais do gover- tida a admissão de pessoas jurídicas que tenham
no, como o Bolsa Família, o FIES e o Programa Minha por objeto atividades econômicas correlatas às de
Casa Minha Vida. pessoa física, ou, ainda, aquelas sem fins lucrati-
Um dos principais objetivos da Caixa é receber depó- vos. As cooperativas singulares caracterizam-se
sitos da economia popular com o propósito de incentivar pela prestação direta de serviços aos associados;
e educar a população brasileira nos hábitos da poupan-
z Cooperativas Centrais ou Federações de Coope-
ça e fomentar o crédito em todas as regiões do país.
rativas: São as constituídas de, no mínimo, três
singulares filiadas. As cooperativas centrais e
COOPERATIVAS DE CRÉDITO federações de cooperativas objetivam organizar,
em comum e em maior escala, os serviços econô-
Cooperativa de crédito é uma instituição financei- micos e assistenciais de interesse das filiadas, inte-
ra formada pela associação de pessoas para prestar grando e orientando suas atividades, bem como
serviços financeiros exclusivamente aos seus asso- facilitando a utilização recíproca dos serviços.
ciados. Os cooperados são ao mesmo tempo donos e Para a prestação de serviços de interesse comum,
usuários da cooperativa, participando de sua gestão e é permitida a constituição de cooperativas centrais
usufruindo de seus produtos e serviços. às quais se associem outras cooperativas de objeto
Nas cooperativas de crédito, os associados encon- e finalidades diversas;
tram os principais serviços disponíveis nos bancos, z Confederações de Cooperativas Centrais: São
como depósitos à vista (conta corrente), aplicações as constituídas por pelo menos três cooperativas
financeiras, cartão de crédito, empréstimos e finan-
centrais ou federações de cooperativas, da mes-
ciamentos. Os associados têm poder igual de voto,
ma ou de diferentes modalidades. As confedera-
independentemente da sua cota de participação no
ções de cooperativas têm por objetivo orientar e
capital social da cooperativa. O cooperativismo não
coordenar as atividades das filiadas, nos casos em
visa lucros. Os direitos e deveres de todos são iguais,
que o vulto dos empreendimentos transcender o
e a adesão é livre e voluntária.
âmbito de capacidade ou conveniência de atuação
das centrais e das federações.
Importante! As instituições financeiras constituídas sob a for-
Desde 2019, as cooperativas de crédito também ma de cooperativas de crédito submetem-se — além
podem captar depósitos de poupança. Os recur- da legislação sobre as sociedades cooperativas, em
sos captados podem ser destinados a operações especial à Lei nº 5.764, de 1971 — à Lei Complemen-
de crédito rural e para a concessão de financia- tar nº 130, de 2009, que dispôs sobre o Sistema Nacio-
nal de Crédito Cooperativo, e à legislação do Sistema
mentos imobiliários. Essas são alterações recen-
Financeiro Nacional.
tes nas normas, por isso, atente-se a elas. De acordo com a Lei Complementar nº 130, de
2009, as cooperativas de crédito destinam-se, pre-
Por meio da cooperativa de crédito, o cidadão tem cipuamente, a prover, por meio da mutualidade, a
prestação de serviços financeiros a seus associados,
a oportunidade de obter atendimento personalizado
sendo-lhes assegurado o acesso aos instrumentos do
para suas necessidades. O resultado positivo da coo-
mercado financeiro.
perativa é conhecido como sobra, e é repartido entre
Instituições financeiras constituídas sob a forma
os cooperados em proporção com as operações que
de cooperativas de crédito deverão conter em sua
cada associado realiza com a cooperativa. Assim, os
denominação a expressão “cooperativa de crédito”,
ganhos voltam para a comunidade dos cooperados.
sendo vedada a utilização da expressão “Banco”.
No entanto, assim como partilha das sobras, o coo- Cooperativas de crédito são, portanto, instituições
perado está sujeito a participar do rateio de eventuais financeiras formadas pela associação de pessoas para
perdas, em ambos os casos na proporção dos serviços prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus
usufruídos. associados.
As cooperativas de crédito (e só as de crédito) são A captação de recursos e a concessão de crédi-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

autorizadas e supervisionadas pelo Banco Central, tos e garantias devem ser restritas aos associados,
ao contrário dos outros ramos do cooperativismo, tais ressalvados:
como transporte, educação e agropecuária.
Importante destacar que as cooperativas poderão z A captação de recursos dos Municípios, de seus
adotar por objeto qualquer gênero de serviço, opera- órgãos ou entidades e das empresas por eles
ção ou atividade. Ou seja, cooperativas de crédito não controladas;
são a única espécie do gênero cooperativas. Existem z As operações realizadas com outras instituições
também cooperativas agrícolas, cooperativas habita- financeiras;
cionais, cooperativas de pesca etc. z Os recursos obtidos de pessoas jurídicas, em cará-
As cooperativas devem possuir área de admissão ter eventual, a taxas favorecidas ou isentos de
de associados limitada às possibilidades de reunião, remuneração.
controle, operações e prestação de serviços. Essa área
geográfica de atuação deve estar expressamente defi- Além disso, as cooperativas de créditos, nos termos
nida no projeto e no estatuto social. No caso das coo- de legislação específica, poderão ter acesso a recursos
perativas de crédito, cabe ao Banco Central aprovar oficiais para o financiamento das atividades de seus
ou não a área de atuação. associados. 103
Porém, excetuando-se a captação de recursos e a escala, os serviços econômicos e assistenciais de inte-
concessão de créditos e garantias, é permitida a pres- resse das filiadas, integrando e orientando suas ati-
tação de outros serviços de natureza financeira e vidades, bem como facilitando a utilização recíproca
afins a associados e a não associados. dos serviços.
Geralmente são encontrados nas cooperativas de
crédito os principais serviços disponíveis nos bancos, BANCOS COMERCIAIS COOPERATIVOS E BANCOS
como conta corrente (depósitos à vista), poupança, MÚLTIPLOS COOPERATIVOS
aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos,
cobrança e custódia. Destaque para as operações de A Resolução do Conselho Monetário Nacional nº
crédito rural em favor de associados produtores rurais. 2788, de 2000, permitiu às cooperativas centrais de
Como podem captar depósitos à vista, as cooperati- crédito que constituam bancos comerciais ou ban-
vas de crédito, portanto, são instituições financeiras cos múltiplos que fiquem sob seu controle acionário.
bancárias ou monetárias. Essas instituições devem incluir a expressão “Banco
Portanto, as cooperativas de crédito podem con- Cooperativo” em sua denominação social.
ceder crédito e captar depósitos à vista, a prazo As cooperativas centrais de crédito integrantes do
(apenas RDB) e de poupança dos respectivos asso- grupo controlador do banco cooperativo devem deter,
ciados, realizar recebimentos e pagamentos por conta no mínimo, 51% das ações com direito a voto da insti-
de terceiros, realizar operações com outras institui- tuição. No caso de banco múltiplo, este deve possuir,
ções financeiras e obter recursos de pessoas jurídicas, obrigatoriamente, carteira comercial.
em caráter eventual, a taxas favorecidas ou isentas de Em resumo, portanto, bancos cooperativos são
remuneração, além de outras operações. bancos controlados por cooperativas centrais de
Os depósitos em cooperativas de crédito têm a crédito, que atuam com as mesmas prerrogativas de
proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo bancos comerciais e, no caso de bancos múltiplos, das
de Crédito (FGCoop). Esse fundo garante os depósi- demais carteiras que possuírem.
tos e os créditos mantidos nas cooperativas singula- Curiosidade: hoje, existem apenas dois bancos
res de crédito em caso de intervenção ou liquidação cooperativos no Brasil: o Sicredi, com presença mar-
extrajudicial dessas instituições. O valor limite dessa cante na região Sul; e o Bancoob, muito atuante no
proteção é o mesmo em vigor para os depositantes de Centro-Oeste.
bancos via Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
O total de créditos de cada pessoa contra a mesma BANCOS DE INVESTIMENTO
cooperativa será garantido até o valor de R$ 250.000,00
(duzentos e cinquenta mil reais). Devem ser somados Bancos de investimento são instituições financei-
todos os créditos de cada credor identificado pelo CPF ras privadas especializadas em operações estrutura-
ou CNPJ na mesma cooperativa. Nas contas conjuntas, das para empresas. Essas operações podem envolver
o valor de garantia é limitado a R$ 250.000,00 ou ao participação societária de caráter temporário, finan-
saldo da conta, quando inferior a esse limite, dividi- ciamento da atividade produtiva para suprimento de
do pelo número de titulares, sendo o crédito do valor capital fixo e de giro e administração de recursos.
garantido feito de forma individual. Tais instituições devem ser, obrigatoriamente,
O capital social das cooperativas de crédito é sub- constituídas sob a forma de sociedade anônima e,
dividido em quotas-partes, que são subscritas e inte- em sua denominação, adotar a expressão “Banco de
gralizadas pelos associados. Investimento”.
A integralização das quotas-partes do capital de De acordo com a Resolução CMN nº 2.624, de 1999,
cooperativa de crédito, tanto na constituição quanto aos bancos de investimento também é permitido:
nas subscrições posteriores, deve ser sempre feita em
moeda corrente, não podendo ser feita com bens ou Resolução CMN nº 2.624, de 1999
mediante retenção de determinada percentagem do Art. 1º [...]
valor do movimento financeiro de cada associado. § 2º [...]
Esses associados são, ao mesmo tempo, donos e I - praticar operações de compra e venda, por con-
usuários da cooperativa, participando de sua gestão e ta própria ou de terceiros, de metais preciosos, no
usufruindo de seus produtos e serviços. mercado físico, e de quaisquer títulos e valores
A administração da cooperativa será exercida mobiliários, nos mercados financeiros e de capitais;
por uma diretoria ou por um conselho de adminis- II - operar em bolsas de mercadorias e de futuros,
tração, composto, em qualquer dos casos, exclusiva- bem como em mercados de balcão organizados, por
mente de associados eleitos pela assembleia geral, conta própria e de terceiros;
com mandato máximo de quatro anos, sendo obriga- III - operar em todas as modalidades de concessão
tória a renovação, no caso de conselho de administra- de crédito para financiamento de capital fixo e de
ção, de no mínimo 1/3 (um terço) dos seus membros, giro;
IV - participar do processo de emissão, subscrição
observado que, caso o cálculo resulte em número fra-
para revenda e distribuição de títulos e valores
cionário, deve ser considerado o número inteiro ime-
mobiliários;
diatamente superior.
V - operar em câmbio, mediante autorização espe-
No entanto, as cooperativas de crédito com con- cífica do Banco Central do Brasil;
selho de administração podem criar diretoria exe- VI - coordenar processos de reorganização e rees-
cutiva a ele subordinada, na qualidade de órgão truturação de sociedades e conglomerados, finan-
estatutário composto por pessoas físicas associadas ceiros ou não, mediante prestação de serviços de
ou não, indicadas por aquele conselho. consultoria, participação societária e/ou concessão
As cooperativas singulares de crédito poderão de financiamentos ou empréstimos;
constituir cooperativas centrais de crédito com o VII - realizar outras operações autorizadas pelo
104 objetivo de organizar, em comum acordo e em maior Banco Central do Brasil.
A mesma Resolução prevê que os bancos de inves- pessoal técnico, podendo, para este fim, patrocinar
timento podem captar através de: programas de assistência técnica, preferencialmen-
te através de empresas e entidades especializadas.
Art. 2º [...]
I - depósitos a prazo, com ou sem emissão de certi- A mesma Resolução prevê que os Bancos de Desen-
ficado (CDBs e RDBs); volvimento são instituições que operam basicamen-
II - recursos oriundos do exterior, inclusive por te com empréstimos e financiamentos, e que só
meio de repasses interbancários; podem fornecer apoio financeiro a:
III - repasse de recursos oficiais;
IV - depósitos interfinanceiros (DIs); e Art. 19 [...]
V - outras formas de captação autorizadas pelo I - Pessoas físicas residentes e domiciliadas no
Banco Central do Brasil. País, desde que os recursos concedidos sejam vin-
culados à execução de projeto aprovado pelo banco
Bancos de Investimento não são instituições ban- e/ou à realização de capital social, ou à aquisição
cárias, portanto não oferecem contas-correntes, não do controle acionário de empresas cujas atividades
podem captar depósitos à vista e não têm o poder tenham importância para a economia estadual ou
de criar moeda bancária ou escritural. Podem, porém, regional;
manter contas, sem juros e não movimentáveis por II - Pessoas jurídicas de direito privado, sedia-
cheque, relativas a recursos de terceiros recebidos das no País [...];
para aplicação em títulos e valores mobiliários e III - Pessoas jurídicas de direito público ou enti-
outros ativos financeiros e/ou modalidades operacio- dade direta ou indiretamente por elas controladas.
nais disponíveis nos mercados financeiro e de capi-
tais. Essas contas são utilizadas, exclusivamente, para Além de empréstimos e financiamentos, os Ban-
a movimentação dessas aplicações. cos de Desenvolvimento podem efetuar investimen-
tos (subscrição de ações ou debêntures para revenda
BANCOS DE DESENVOLVIMENTO no mercado, garantia de subscrição, participação no
capital social de empresas) e operações de arrenda-
Bancos de Desenvolvimento são instituições mento mercantil.
financeiras públicas não federais que têm como Os Bancos de Desenvolvimento podem captar
objetivo principal proporcionar o suprimento opor- recursos através de (art. 28):
tuno e adequado dos recursos necessários ao finan-
ciamento, a médio e longo prazos, de programas e z Depósitos a prazo fixo (prazo nunca inferior a
projetos que visem a promover o desenvolvimento 360 dias);
econômico e social de seus Estados. z Operações de crédito, assim entendidas as prove-
Excepcionalmente, quando o empreendimento nientes de empréstimos e financiamentos obtidos
visar benefícios de interesse comum, os bancos de no país ou no exterior, na forma da legislação e
desenvolvimento podem prestar assistência a progra- regulamentação vigentes;
mas e projetos desenvolvidos em estado limítrofe à z Operações de crédito ou contribuições do setor
sua área de atuação. público federal, estadual ou municipal;
São constituídos sob a forma de Sociedade Anô- z Emissão ou endosso de cédulas hipotecárias,
nima e adotam em sua denominação, obrigatória e bem como endosso de títulos hipotecários previs-
privativamente, a expressão “Banco de Desenvolvi- tos em lei para o crédito rural;
mento” seguida do nome do Estado em que tenham z Letras financeiras.
sede.
De acordo com a Resolução CMN nº 394, de 1976, O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
os bancos de desenvolvimento podem apoiar iniciati- e Social (BNDES) é uma empresa pública federal, e não
vas que visem a:
um banco de desenvolvimento.
Note que, por definição, Bancos de Desenvolvi-
Art. 5º [...]
mento são instituições financeiras públicas não fede-
I - Ampliar a capacidade produtiva da econo-
mia, mediante implantação, expansão e/ou reloca-
rais. Portanto, o BNDES, apesar de atuar como banco
lização de empreendimentos; de desenvolvimento, não recebe essa classificação. No
II - Incentivar a melhoria da produtividade, entanto, o BNDES é instituição integrante do Sistema
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

por meio de reorganização, racionalização, moder- Financeiro Nacional e, como tal, é supervisionado
nização de empresas e formação de estoques - em pelo Banco Central.
níveis técnicos adequados - de matérias primas e de
produtos finais, ou por meio da formação de empre- SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
sas de comercialização integrada; INVESTIMENTO (FINANCEIRAS)
III - Assegurar melhor ordenação de setores
da economia regional e o saneamento de empre- As Sociedades de Crédito, Financiamento e Inves-
sas por meio de incorporação, fusão, associação, timento (SCFI), mais conhecidas como “financeiras”,
assunção de controle acionário e de acervo e/ou
são instituições privadas que fornecem emprésti-
liquidação ou consolidação de passivo ou ativo
mos e financiamentos para a aquisição de bens, ser-
onerosos;
IV - Incrementar a produção rural por meio de viços e capital de giro. Em suma, emprestam recursos
projetos integrados de investimentos destinados à que possibilitam às pessoas efetuarem compras a pra-
formação de capital fixo ou semifixo; e zo de eletrodomésticos, carros, entre outros.
V - Promover a incorporação e o desenvolvi- Tal operação é popularmente conhecida como Cré-
mento de tecnologia de produção, o aperfeiçoa- dito Direto ao Consumidor (CDC). Além disso, essas
mento gerencial, a formação e o aprimoramento de instituições podem conceder empréstimos pessoais. 105
Cumpre mencionar que existem financeiras independentes — que atuam sem qualquer vínculo com outra
instituição financeira — e financeiras que fazem parte de conglomerados financeiros, atuando como um braço de
um grande banco. Há, ainda, financeiras que fazem parte de conglomerados econômicos e operam como braço
financeiro de grupos comerciais ou industriais. É o caso de financeiras que pertencem a lojas de departamento
ou montadoras de veículos.
Sabe quando você está em uma loja de departamento e o(a) vendedor(a) pergunta se você tem o cartão da loja?
Esse, geralmente, é um serviço da Financeira daquele grupo, a qual financia as suas aquisições através do cartão.
As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento também operam em nichos que, normalmente, não
são atendidos pelos conglomerados bancários, principalmente nos empréstimos e financiamentos com caracterís-
ticas específicas e/ou risco mais elevado, como no caso do financiamento de veículos usados.
As financeiras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e, em sua denominação social, deve
constar a expressão “Crédito, Financiamento e Investimento”. Trata-se de instituições financeiras supervisiona-
das pelo Banco Central.
Vale destacar que não é possível abrir uma conta corrente em uma SCFI. Logo, elas não captam depósitos à
vista. As financeiras captam recursos por meio de:

z Certificados de Depósitos Bancários — CDB;


z Recibos de Depósitos Bancários — RDB;
z Depósitos Interfinanceiros — DI;
z Depósitos a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Créditos — DPGE;
z Letras de Câmbio;
z Letra de Crédito do Agronegócio — LCA;
z Letra Financeira — LF;
z Letra Imobiliária Garantida — LIG;
z Operações compromissadas;
z Operações de cessão de créditos.

Importante!
As financeiras foram autorizadas a captar recursos por meio de Certificados de Depósitos Bancários (CDB)
pela Resolução CMN nº 4.812, de 30 de abril de 2020. Trata-se de alteração recente e relevante, pois tem
cheiro de prova!

SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (SAM)

As Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM) têm como principal operação o arrendamento de bens
móveis e imóveis. Esses bens são adquiridos pela SAM, que, em seguida, os “aluga” para os clientes, chamados de
arrendatários, mediante o pagamento de prestações chamadas de contraprestações. Assim, o cliente arrenda-
tário tem a posse e o direito ao uso do bem sem, no entanto, possuir sua propriedade.
A lógica disso está no fato de que o lucro de uma atividade produtiva não depende da propriedade dos bens de
produção, mas sim da sua utilização. Assim, uma empresa não precisa ser dona de seu maquinário, por exemplo,
precisa apenas explorá-lo para produzir e gerar receitas.
Há outros fatores que podem ser vantajosos na opção pelo arrendamento mercantil, especialmente relaciona-
dos a questões tributárias.
A operação de arrendamento mercantil é conhecida como leasing. O leasing, portanto, assemelha-se a uma
locação; o cliente, ao final do contrato, tem as opções de renová-lo, de adquirir o bem ou de devolvê-lo à empresa.
As Sociedades de Arrendamento Mercantil devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, e em
sua denominação social deve constar a expressão “Arrendamento Mercantil”.
A constituição e o funcionamento das Sociedades de Arrendamento Mercantil dependem de autorização do
Banco Central do Brasil.
Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central e realizem operações com características de um financiamento,
essas sociedades não são consideradas instituições financeiras, mas sim entidades equiparadas a instituições
financeiras.
As operações de arrendamento mercantil podem ser divididas em duas modalidades principais: leasing
financeiro e leasing operacional.
A diferença básica é que no leasing financeiro o prazo é usualmente maior e o arrendatário tem a possibili-
dade de adquirir o bem pelo valor residual garantido (VRG), predeterminado em contrato. Ao final do leasing
financeiro, em geral o cliente já terá pago a maior parte do valor do bem, não sendo a devolução, embora possível,
financeiramente vantajosa.
No leasing operacional, o preço para o exercício da opção de compra é o valor de mercado do bem arren-
dado. Não há previsão de pagamento de VRG.
Há outros tipos de leasing, como o leaseback (o cliente arrendatário é o próprio fornecedor do bem) e o leasing
importação (arrendamento de bens fabricados no exterior, adquiridos pela Sociedade de Arrendamento Mercan-
til diretamente do fornecedor estrangeiro, para uso de arrendatário brasileiro).
106 O quadro a seguir demonstra as principais diferenças entre o leasing financeiro e o leasing operacional.
CARACTERÍSTICAS LEASING FINANCEIRO LEASING OPERACIONAL
2 anos para bens com vida útil ≤ 5 anos
Prazo mínimo de duração 90 dias
3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor Residual Garantido (VRG) Permitido Não permitido
Opção de compra Pactuada no contrato, normalmente pelo VRG Conforme valor de mercado
Por conta do arrendatário ou da SAM,
Manutenção do bem Por conta do cliente arrendatário
conforme contrato
Total dos pagamentos, incluindo VRG, deve A soma dos pagamentos devidos no
Pagamentos garantir à SAM o retorno financeiro da aplica- contrato não pode exceder 90% do
ção (valor pago pelo bem + juros) valor do bem

Além de recursos próprios, as Sociedades de Arrendamento Mercantil podem captar recursos através de:

z Empréstimos contraídos no exterior;


z Empréstimos e financiamentos de instituições financeiras nacionais, inclusive de repasses de recursos
externos;
z Recursos de instituições financeiras oficiais, destinados a repasses de programas específicos;
z Colocação de debêntures de emissão pública ou particular e de notas promissórias destinadas à oferta
pública (lembre-se: Sociedades de Arrendamento Mercantil não são instituições financeiras, são equiparadas
a instituições financeiras. Por isso, podem emitir debêntures);
z Cessão de contratos de arrendamento mercantil, bem como dos direitos creditórios deles decorrentes;
z Depósitos interfinanceiros.

SOCIEDADES CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS (CTVM) E SOCIEDADES DISTRIBUIDORAS DE


TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS (DTVM)

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) e Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valo-
res Mobiliários (DTVM) são instituições que atuam no mercado financeiro e de capitais e, também, no mercado
cambial, intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de
recursos.
Até 2009, havia uma diferença básica entre essas instituições: somente as Corretoras eram autorizadas a ope-
rar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados organizados de Bolsa de Valores. As Distri-
buidoras necessitavam contratar os serviços de uma Corretora, para efetuar suas operações no mercado de ações.
Ocorre que, naquele ano, uma decisão conjunta do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários —
CVM (Decisão Conjunta 17/2009) — autorizou as Distribuidoras a operar diretamente em Bolsas de Valores,
eliminando a principal diferença entre as corretoras e as distribuidoras, as quais, hoje, podem realizar, pratica-
mente, as mesmas operações. Por essa razão, iremos estudá-las conjuntamente.
Corretoras e Distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços, como plataformas de investi-
mento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes de investimentos, financiamento para compra
de ações (conta margem) e administração e custódia de títulos e valores mobiliários de seus clientes.
Repare que Corretoras e Distribuidoras não captam ou repassam recursos diretamente aos seus clientes.
Elas atuam como prestadoras de serviços, intermediando as negociações e cobrando comissões e taxas por essa
prestação de serviço. Por isso, são também conhecidas como instituições auxiliares do SFN.
As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de
responsabilidade limitada. Trata-se de instituições que dependem de autorização do Banco Central para sua
constituição e funcionamento.
Ainda, para operarem no mercado de valores mobiliários, também precisam de prévia e expressa auto-
rização da Comissão de Valores Mobiliários que, como se sabe, é a entidade supervisora do SFN responsável
pelo mercado de valores mobiliários.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Deste modo, Corretoras e Distribuidoras são supervisionadas e fiscalizadas tanto pelo Banco Central quan-
to pela Comissão de Valores Mobiliários. As Bolsas de Valores também têm competência para fiscalizar as
operações realizadas por essas instituições.
As principais atividades das corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários são:

z Comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;


z Operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de terceiros;
z Intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado;
z Operar em Bolsas de Valores;
z Administrar carteiras e custodiar títulos e valores mobiliários;
z Subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;
z Exercer funções de agente fiduciário;
z Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
z Intermediar operações de compra e venda de moeda estrangeira, além de outras operações no mercado de
câmbio;
z Praticar operações de compra e venda de metais preciosos no mercado físico por conta própria e de terceiros; 107
z Realizar operações compromissadas; A área de atuação da SCI é o financiamento
z Praticar operações de conta margem; para construção de habitações, a abertura de crédi-
z Emprestar títulos e valores mobiliários inte- to para compra ou construção de casa própria e o
grantes das respectivas carteiras aos seus comiten- financiamento de capital de giro a empresas incor-
tes, exclusivamente para oferta de garantia; poradoras, produtoras e distribuidoras de material de
z Emitir moeda eletrônica; construção.
z Prestar serviços de intermediação e de assesso- As Sociedades de Crédito Imobiliário não captam
ria ou assistência técnica em operações e ativida- recursos do público. Elas apenas repassam recur-
des nos mercados financeiro e de capitais. sos captados por outras instituições pertencentes
ao Sistema Financeiro de Habitação.
Como vimos, operações de conta margem são
Por conta disso, atuam de forma mais limitada,
financiamentos para a compra de ações que as Cor-
voltando-se para operações específicas, como o pro-
retoras e Distribuidoras podem conceder aos seus
grama Minha Casa, Minha Vida.
clientes. Com exceção das operações de conta mar-
gem, é vedado a Corretoras e Distribuidoras realizar
operações que caracterizem, sob qualquer forma, a ASSOCIAÇÕES DE POUPANÇA E EMPRÉSTIMO
concessão de financiamentos, empréstimos ou adian- (APE)
tamentos a seus clientes, inclusive através da cessão
de direitos. As Associações de Poupança e Empréstimo (APE)
são instituições constituídas sob a forma de socieda-
BOLSA DE VALORES de civil, sendo de propriedade comum de seus asso-
ciados. Sua atuação é de âmbito regional, restrita à
BOLSAS DE MERCADORIAS E FUTUROS determinada região.
Elas foram criadas para facilitar aos associados
Embora a legislação não impeça a criação de
a aquisição da casa própria e captar, incentivar
outras bolsas, hoje há no Brasil uma única instituição
e disseminar a poupança. Os depositantes tornam-
que concentra as operações típicas de Bolsas de Valo-
-se associados da instituição e são considerados seus
res e as operações típicas de Bolsas de Mercadorias e
acionistas. Por isso, não recebem rendimentos e, sim,
Futuros, a B3 — Brasil, Bolsa, Balcão.
dividendos.
Sabemos que os mercados organizados de valores
mobiliários devem ser estruturados, mantidos e fisca- As APE fazem parte do Sistema Financeiro da
lizados por Entidades Administradoras, autorizadas Habitação (SFH). De acordo com o Decreto-lei nº 70,
pela CVM, que podem se constituir como sociedade de 1966, as APE têm como marcantes características:
anônima ou associação.
As Bolsas de Mercadorias e Futuros têm regras e Art. 2º [...]
características similares às bolsas de valores. Ambas I - a formação de vínculo societário, para todos os
são reguladas pela Lei nº 6.385, de 1976, e pela Instru- efeitos legais, através de depósitos em dinheiro efe-
tuados por pessoas físicas interessadas em delas
ção CVM nº 461, de 2007.
participar;
O que, então, as diferencia? A diferença é o que
II - a distribuição aos associados, como dividendos,
se negocia em cada uma delas.
da totalidade dos resultados líquidos operacionais,
Enquanto nas bolsas de valores são negociadas
uma vez deduzidas as importâncias destinadas à
ações e outros valores mobiliários de renda variável,
constituição dos fundos de reserva e de emergência
nas bolsas de mercadorias e futuros negociam-se e a participação da administração nos resultados
derivativos, que têm esse nome pois derivam de um das associações.
ativo subjacente.

DERIVATIVOS DERIVATIVOS Os recursos dos depositantes são, assim, classifi-


AGROPECUÁRIOS FINANCEIROS cados no patrimônio líquido da associação, e não no
passivo exigível.
Açúcar Ouro Os associados podem participar da APE de duas
Boi Gordo Índices (Ibovespa, IBrX-50 formas básicas: ao adquirir financiamento imo-
etc.) biliário ou ao depositar seu dinheiro para formar
Café Arábica Taxa de Câmbio (dólar, poupança.
euro etc.) Suas operações ativas (aplicação de recursos) são,
basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário e
Etanol Taxas de Juro (DI, cambial,
ao SFH, através de financiamentos imobiliários.
IGP-M, IPCA etc.)
Já as operações passivas, de captação de recursos,
Soja Títulos da Dívida Externa além dos depósitos de poupança, são constituídas de:

SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (SCI) z Letras Hipotecárias (LH);


z Repasses e refinanciamentos contraídos no país;
Sociedades de Crédito Imobiliário são instituições z Empréstimos e financiamentos contraídos no
financeiras integrantes do Sistema Financeiro de exterior;
Habitação (SFH) especializadas em operações de z Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
financiamento imobiliário. z Depósitos interfinanceiros.
São constituídas sob a forma de sociedade anô-
nima, devendo constar em sua denominação social a As APEs compõem o Sistema Brasileiro de Poupan-
expressão “crédito imobiliário”. São supervisionadas ça e Empréstimo (SBPE) e são supervisionadas pelo
108 pelo Banco Central. Banco Central.
Hoje, a Poupex (Associação de Poupança e Emprés- III - Estipular índices e demais condições técni-
timo) é a única APE em funcionamento. Como foi dito, cas sôbre tarifas, investimentos e outras relações
as APEs têm, por definição, âmbito de atuação regio- patrimoniais a serem observadas pelas Sociedades
nal. No entanto, curiosamente, a Poupex tem a parti- Seguradoras;
cularidade de atuar em âmbito nacional. Ela é gerida IV - Fixar as características gerais dos contra-
pela Fundação Habitacional do Exército (FHE). tos de seguros;
V - Fixar normas gerais de contabilidade e
CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS estatística a serem observadas pelas Sociedades
– CNSP Seguradoras;
VI - delimitar o capital das sociedades segura-
O Decreto-Lei nº 73, de 1966, instituiu o Sistema doras e dos resseguradores;
Nacional de Seguros Privados, tendo sido integrado VII - Estabelecer as diretrizes gerais das opera-
pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), ções de resseguro;
pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e VIII - Disciplinar as operações de co-seguro;
pelas sociedades seguradoras, resseguradores, socie- IX - Prescrever os critérios de constituição das
dades de capitalização, entidades abertas de previdên- Sociedades Seguradoras, com fixação dos limites
cia complementar e corretores de seguros habilitados. legais e técnicos das operações de seguro;
O mercado de seguros privados, portanto, englo- X - Disciplinar a corretagem de seguros e a pro-
ba basicamente três segmentos: fissão de corretor;
XI - Decidir sobre sua própria organização, elabo-
rando o respectivo Regimento Interno;
z O mercado de seguros propriamente dito;
XII - Regular a organização, a composição e o
z O mercado de contratos e títulos de capitalização;
funcionamento de suas Comissões Consultivas;
z O mercado de previdência complementar aberta.
XIII - Regular a instalação e o funcionamento
das Bolsas de Seguro;
O segmento de seguros privados é o ramo do mer- XIV - Fixar as condições de constituição e extinção
cado que oferece coberturas contra riscos. Esse seg- de entidades autorreguladoras do mercado de cor-
mento abarca os setores de seguros e de resseguros. retagem, sua forma jurídica, seus órgãos de admi-
O segmento de capitalização celebra contratos em nistração e a forma de preenchimento de cargos
que o cliente contratante compra um título ou depo- administrativos;
sita, periodicamente, valores que poderão ser resga- XV - Regular o exercício do poder disciplinar das
tados, com juros, ao final de um prazo determinado, entidades autorreguladoras do mercado de corre-
durante o qual o contratante concorrerá a prêmios. tagem sobre seus membros, inclusive do poder de
Já o segmento de previdência complementar aber- impor penalidades e de excluir membros; e
ta comercializa planos de previdência privada, uma XVI - Disciplinar a administração das entidades
espécie de poupança para aposentadoria. autorreguladoras do mercado de corretagem e a
O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) fixação de emolumentos, comissões e quaisquer
é o órgão normativo responsável por estabelecer outras despesas cobradas por tais entidades, quan-
as diretrizes e normas da política de seguros pri- do for o caso.
vados. Trata-se de órgão colegiado, que exerce as
competências de regulação, normatização e coor- Outro importante dispositivo é o Decreto nº 4.986,
denação das atividades de seguros, resseguros, de 2004, que dispõe sobre o Conselho Nacional de Segu-
previdência complementar aberta e capitalização. ros Privados (CNSP), suas atribuições, composição e
Neste ponto, cumpre recordar no que consiste o Con- designação dos membros. A última definição sobre a
selho Monetário Nacional (CMN). Trata-se de um órgão composição do CNSP foi publicada por essa norma.
normativo apenas, não constituindo um órgão execu- Tal Decreto prevê que o CNSP é composto pelos
tivo. Formular a política da moeda e do crédito, obje- seguintes integrantes:
tivando o progresso econômico e social do país, é sua
principal atribuição. Então, tudo que a ele se referir rela- Decreto nº 4.986, de 2004
cionar-se-á à emissão de normas, à definição de regras.
O CNSP está para o mercado de seguros pri- Art. 2º O CNSP é integrado pelos seguintes membros:
vados assim como o CMN está para os mercados I - Ministro de Estado da Fazenda, ou seu representante;
monetário, creditício, cambial e de capitais. É o II - representante do Ministério da Justiça;
“chefão do pedaço”, aquele que dita as regras, que diz III - representante do Ministério da Previdência
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

como as coisas devem funcionar e aquilo que pode e o Social;


que não pode ser feito quando se trata das atividades IV - Superintendente da Superintendência de Segu-
por ele reguladas: seguros, resseguros, previdência ros Privados - SUSEP;
complementar aberta e capitalização. V - representante do Banco Central do Brasil; e
VI - representante da Comissão de Valores Mobiliá-
Vejamos a disposição do Decreto-Lei nº 73, de 1966,
rios - CVM.
no que concerne às competências privativas do CNSP:

Art. 32 É criado o Conselho Nacional de De acordo com o § 1º, do art. 2º, do Decreto nº
Seguros Privados - CNSP, ao qual compete 4.986, de 2004, o Ministro de Estado da Fazenda será o
privativamente: presidente do CNSP e, na ausência deste, será suprido
I - Fixar as diretrizes e normas da política de pelo Superintendente da SUSEP. Vejamos:
seguros privados;
II - Regular a constituição, organização, funciona- Art. 2º [...]
mento e fiscalização dos que exercerem atividades § 1º O CNSP será presidido pelo Ministro de Estado
subordinadas a êste Decreto-Lei, bem como a apli- da Fazenda e, na sua ausência, pelo Superintenden-
cação das penalidades previstas; te da SUSEP. 109
Cabe ao Secretário Especial de Fazenda do z Promover a estabilidade dos mercados sob sua
Ministério da Economia a competência para assistir jurisdição, assegurando sua expansão e o funcio-
ao Ministro de Estado na supervisão e na coordenação namento das entidades que neles operem;
das atividades do CNSP. z Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que
integram o mercado;
Art. 3º Os membros do CNSP, titulares e suplentes, z Disciplinar e acompanhar os investimentos daque-
serão designados em ato do Ministro de Estado da las entidades, em especial os efetuados em bens
Fazenda, mediante indicação dos Ministros a que garantidores de provisões técnicas;
estejam vinculados e dos Presidentes dos órgãos z Cumprir e fazer cumprir as deliberações do
integrantes do Conselho, conforme o caso. CNSP e exercer as atividades que por este forem
Art. 4º Os membros do CNSP deverão ter forma- delegadas;
ção universitária, reputação ilibada e reconhecida z Prover os serviços de Secretaria Executiva do
competência. CNSP.

O quórum mínimo das sessões do CNSP é de quatro A Susep é administrada por um Conselho Dire-
membros e as decisões são tomadas por maioria sim- tor, composto pelo Superintendente e por quatro
ples. Vejamos: Diretores.

Art. 6º O quórum mínimo das sessões do CNSP é SOCIEDADES DE CAPITALIZAÇÃO


de quatro membros, sendo as decisões tomadas por
maioria simples.
As sociedades de capitalização são entidades cons-
tituídas sob a forma de sociedades anônimas, que
O Presidente das sessões do CNSP terá, além do seu negociam contratos (títulos de capitalização) que
próprio voto, o voto de qualidade, conforme o art. 7º. têm por objeto o pagamento — que pode ser men-
sal, periódico ou único — de prestações em dinheiro
Art. 7º O Presidente das sessões do CNSP terá, além
pelo contratante (subscritor). Esse contratante terá,
do seu próprio voto, o de qualidade.
depois de cumprido o prazo contratado, o direito de
resgatar, em parte ou na totalidade, os valores depo-
SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS
sitados corrigidos por uma taxa de juros estabeleci-
— SUSEP da contratualmente.
Adicionalmente, quando previsto, o contratante
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) terá o direito de concorrer a sorteios de prêmios.
é a entidade supervisora responsável pelo contro- O Título de Capitalização é um produto em que
le e pela fiscalização dos mercados de seguro, pre- parte dos pagamentos realizados pelo subscritor é
vidência complementar aberta, capitalização e usada para formar um capital (daí o nome “capita-
resseguro. lização”), segundo cláusulas e regras aprovadas e
Ela atua sempre executando as orientações do mencionadas no próprio título (Condições Gerais do
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). É, por- Título), que será pago em moeda corrente num prazo
tanto, um órgão executivo. máximo estabelecido.
A Susep está para os mercados que controla e fisca- O restante dos valores dos pagamentos é usado
liza assim como o Banco Central está para os mercados para custear os sorteios, quase sempre previstos nes-
monetário, creditício e cambial. É órgão supervisor e, se tipo de produto, e as despesas administrativas das
como tal, atua de forma preventiva e reativa, zelando sociedades de capitalização.
pelo cumprimento das determinações do CNSP. O Título de Capitalização pode prever a faculdade
Sendo uma autarquia federal vinculada ao Minis- de conversão dos valores de resgate e/ou prêmios de
tério da Economia, a Susep foi criada pelo Decreto-Lei sorteio em eventuais bens e/ou serviços. No entan-
nº 73, de 1966. Sua missão institucional é “desenvol- to, o titular sempre terá direito ao recebimento em
ver os mercados supervisionados, assegurando sua dinheiro, se assim o desejar.
estabilidade e os direitos do consumidor.” A capitalização, portanto, é o processo de aplica-
As principais atribuições da Susep são: ção de uma importância a uma determinada taxa de
juros, com a possibilidade de ganho adicional por
z Fiscalizar a constituição, organização, funciona- meio de sorteios. As aplicações retornarão corrigidas
mento e operação das Sociedades Seguradoras, de ao cliente, no todo ou em parte, ao fim do plano.
Capitalização, Entidades de Previdência Privada Trata-se, na prática, de uma combinação de pou-
Aberta e Resseguradores, na qualidade de execu- pança programada e sorteio.
tora da política traçada pelo CNSP; O título prevê os pagamentos a serem realizados
z Atuar no sentido de proteger a captação de pou- pelo subscritor. Cada pagamento apresenta, em geral,
pança popular que se efetua através das operações três componentes: Cota de Capitalização, Cota de Sor-
de seguro, previdência privada aberta, de capitali- teio e Cota de Carregamento.
zação e resseguro; A Cota de Capitalização representa o percentual
z Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores de cada pagamento que será destinado à constituição
dos mercados supervisionados; do capital. Em geral, não representa a totalidade do
z Promover o aperfeiçoamento das instituições e pagamento, pois, como dito, há também uma parce-
dos instrumentos operacionais a eles vinculados, la destinada a custear os sorteios e outra destinada
com vistas à maior eficiência do Sistema Nacio- aos carregamentos (custos) da Sociedade de Capitali-
nal de Seguros Privados e do Sistema Nacional de zação. Esse capital também é chamado de provisão
110 Capitalização; matemática para resgate.
A Cota de Sorteio tem como finalidade custear os O Conselho Nacional de Previdência Comple-
prêmios que são distribuídos em cada série. Por exem- mentar (CNPC) é o órgão normativo que tem por
plo, se em uma série de 100.000 títulos com pagamento função estabelecer diretrizes e regular o regime de
único os prêmios de sorteios totalizarem 10.000 vezes previdência complementar operado pelas Entidades
o valor desse pagamento, a cota de sorteio será de 10% Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs).
(10.000/100.000), isto é, cada título colabora com 10% de Vejamos a disposição do Decreto nº 7.123, de 2010,
seu pagamento para custear os sorteios. A cota de sorteio que discorre sobre o CNPC e sobre a Câmara de Recur-
deverá ser informada nas Condições Gerais do Título. sos da Previdência Complementar (CRPC):
A Cota de Carregamento deverá cobrir os custos
de despesas com corretagem, colocação e administra- Art. 2º Ao CNPC, colegiado integrante da estrutu-
ção do título de capitalização, emissão, atendimento ra básica do Ministério da Previdência Social, cabe
ao cliente, desenvolvimento de sistemas, lucro da exercer a função de órgão regulador do regime de
Sociedade de Capitalização e cota de contingência, previdência complementar operado pelas entidades
quando for o caso. fechadas de previdência complementar.
Cabe à Superintendência de Seguros Privados
(Susep) fiscalizar a constituição, o funcionamento e O CNPC é composto pelo Ministro de Estado da
as operações das Sociedades de Capitalização. Todo Previdência Social, que o preside, e por mais oito
novo produto a ser lançado no mercado deve ser sub- integrantes com direito a voto e mandato de 2 anos,
metido previamente à Susep, sendo a sua comerciali- permitida uma recondução. Vejamos:
zação condicionada à aprovação do órgão. As peças
publicitárias do produto, por sua vez, devem conter o Art. 6º O CNPC será integrado pelo Ministro de
número do processo aprovado pelo órgão fiscalizador. Estado da Previdência Social, que o presidirá,
e por um representante de cada um dos seguintes
Dica indicados, todos com direito a voto:
I - Superintendência Nacional de Previdência Com-
O Conselho Nacional de Seguros Privados plementar - Previc;
(CNSP) é o órgão responsável pela definição da II - Secretaria de Políticas de Previdência Comple-
política normativa de capitalização, ficando a mentar do Ministério da Previdência Social;
cargo da Susep a execução dessa política. III - Casa Civil da Presidência da República;
IV - Ministério da Fazenda;
As reservas técnicas das companhias que operam V - Ministério do Planejamento, Orçamento e
no setor — constituídas para garantir a capacidade da Gestão;
Sociedade de Capitalização de efetuar os pagamentos VI - entidades fechadas de previdência
de resgate e de sorteio aos titulares dos planos de capi- complementar;
talização — são igualmente supervisionadas pela VII - patrocinadores e instituidores de planos de
Susep. benefícios das entidades fechadas de previdência
Assim como no caso das Sociedades Segurado- complementar; e
ras, os ativos financeiros garantidores vinculados às VIII - participantes e assistidos de planos de
reservas técnicas das Sociedades de Capitalização são benefícios das entidades fechadas de previdência
definidos conforme diretrizes estabelecidas pelo Con- complementar.
selho Monetário Nacional (CMN), que estabelece em
quais modalidades de ativos (renda fixa, renda variá- São 5 representantes do Poder Público e 3 indi-
vel, imóveis etc.) os recursos poderão estar alocados e cados pelas entidades fechadas de previdência com-
o percentual máximo de concentração para cada uma plementar, pelos patrocinadores e instituidores de
dessas modalidades. planos de benefícios das entidades fechadas de pre-
Novamente, isso não muda o fato de que o Conse- vidência complementar e pelos participantes e assis-
lho Nacional de Seguros Privados é o órgão norma- tidos de planos de benefícios das referidas entidades.
tivo responsável pelo mercado de seguros privados,
que engloba os planos de capitalização. Art. 6º [...]
§ 1º O Presidente do CNPC exercerá, além do voto
CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA ordinário, o voto de qualidade no caso de empate.
COMPLEMENTAR — CNPC § 2º O CNPC deliberará por maioria simples, pre-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

sentes pelo menos cinco dos seus membros.


§ 3º Na qualidade de Presidente do CNPC, o Ministro
O Regime de Previdência Complementar (RPC)
de Estado da Previdência Social terá como suplente,
é composto por dois segmentos: o aberto, operado
pela ordem, o Secretário-Executivo do Ministério, o
pelas entidades abertas de previdência complemen-
Secretário de Políticas de Previdência Complemen-
tar, e o fechado, operado pelas entidades fechadas de
tar e um dos demais dirigentes da respectiva Secre-
previdência complementar.
taria expressamente designado pelo Ministro.
As entidades abertas de previdência complemen-
tar têm como órgão normativo o CNSP e, como entida-
Observe a ordem de suplentes do Presidente do
de supervisora, a Susep.
CNPC:
Porém, existe ainda o segmento fechado da previ-
dência complementar, voltado para empregados de
Um dos demais
uma empresa ou grupo, servidores públicos e inte- Presidente do
dirigentes da
CNPC Secretário de
grantes de associações ou entidades de classe. É o (Ministro de
Secretário-
Políticas de
respectiva
Executivo do Secretaria
ramo dos “fundos de pensão”, como são tradicional- Estado da Ministério
Previdência
expressamente
Complementar
mente chamadas as entidades fechadas de previdên- Previdência
Social)
designado pelo
Ministro
cia complementar. 111
SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA VII - nomear administrador especial de plano de
COMPLEMENTAR — PREVIC benefícios específico, podendo atribuir-lhe poderes
de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma
A Superintendência Nacional de Previdência Com- da lei;
plementar (Previc) é a entidade supervisora respon- VIII - promover a mediação e a conciliação entre
sável pela fiscalização e supervisão das atividades entidades fechadas de previdência complementar e
entre estas e seus participantes, assistidos, patroci-
das entidades fechadas de previdência comple-
nadores ou instituidores, bem como dirimir os lití-
mentar e pela execução das políticas para o regime
gios que lhe forem submetidos na forma da Lei no
de previdência complementar fechada.
9.307, de 23 de setembro de 1996;
A Previc é uma autarquia vinculada ao Ministério IX - enviar relatório anual de suas atividades ao
da Previdência Social. Ela tem foro no Distrito Fede- Ministério da Previdência Social e, por seu inter-
ral, porém, sua atuação é estendida a todo território médio, ao Presidente da República e ao Congresso
nacional. Nacional; e
Vejamos a disposição da Lei nº 12.154, de 23 de X - adotar as demais providências necessárias ao
dezembro de 2009, que cria a Superintendência Nacio- cumprimento de seus objetivos.
nal de Previdência Complementar (Previc):
Vejamos a estrutura básica da Previc, prevista no
Art. 1º Fica criada a Superintendência Nacional de art. 3º desta Lei.
Previdência Complementar - PREVIC, autarquia
de natureza especial, dotada de autonomia ESTRUTURA BÁSICA DA PREVIC
administrativa e financeira e patrimônio pró-
prio, vinculada ao Ministério da Previdência Diretoria
Social, com sede e foro no Distrito Federal e atua- Procuradoria Federal
ção em todo o território nacional.
Parágrafo único. A Previc atuará como entidade Coordenações-Gerais
de fiscalização e de supervisão das atividades das Ouvidoria
entidades fechadas de previdência complementar
Corregedoria
e de execução das políticas para o regime de pre-
vidência complementar operado pelas entidades
fechadas de previdência complementar, observadas A Previc é dirigida por uma Diretoria Colegiada
as disposições constitucionais e legais aplicáveis. composta por 1 Diretor-Superintendente e 4 Direto-
res. Vejamos a disposição da lei:
O art. 2º, da Lei nº 12.154, de 2009, disciplina as
competências do Previc. Trata-se de um tópico de Art. 4º A Previc será administrada por uma Direto-
grande importância para seu concurso. Vejamos: ria Colegiada composta por 1 (um) Diretor-Superin-
tendente e 4 (quatro) Diretores, escolhidos dentre
Art. 2º Compete à Previc: pessoas de ilibada reputação e de notória compe-
I - proceder à fiscalização das atividades das tência, a serem indicados pelo Ministro de Estado
entidades fechadas de previdência complementar e da Previdência Social e nomeados pelo Presidente
de suas operações; da República.
II - apurar e julgar infrações e aplicar as penalida-
des cabíveis; ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA
III - expedir instruções e estabelecer procedimentos COMPLEMENTAR OU PRIVADA
para a aplicação das normas relativas à sua área
de competência, de acordo com as diretrizes do O Regime de Previdência Complementar (RPC)
Conselho Nacional de Previdência Complementar, tem por finalidade proporcionar uma proteção pre-
a que se refere o inciso XVIII do art. 29 da Lei no videnciária adicional àquela oferecida pelo Regime
10.683, de 28 de maio de 2003; Geral de Previdência Social (RGPS) ou pelos Regimes
IV - autorizar:
Próprios de Previdência Social (RPPS), para os quais
a) a constituição e o funcionamento das entidades
as contribuições dos trabalhadores são obrigatórias.
fechadas de previdência complementar, bem como
No RPC, o benefício será pago com base nas reser-
a aplicação dos respectivos estatutos e regulamen-
vas acumuladas ao longo dos anos de contribuição,
tos de planos de benefícios;
ou seja, o que o participante contribui hoje formará
b) as operações de fusão, de cisão, de incorpora-
a poupança que será utilizada no futuro para o paga-
ção ou de qualquer outra forma de reorganização
mento de seu benefício. Esse sistema é conhecido
societária, relativas às entidades fechadas de previ-
dência complementar;
como Regime de Capitalização.
c) a celebração de convênios e termos de adesão
Um detalhe para o qual vale atentar-se é que par-
por patrocinadores e instituidores, bem como as ticipante é a pessoa física que contrata ou adere a
retiradas de patrocinadores e instituidores; e um plano. Esse participante, quando passar a receber
d) as transferências de patrocínio, grupos de par- os benefícios sob a forma de renda, será chamado de
ticipantes e assistidos, planos de benefícios e assistido.
reservas entre entidades fechadas de previdência O RPC é composto por dois segmentos: o aber-
complementar; to, operado pelas entidades abertas de previdência
V - harmonizar as atividades das entidades fecha- complementar, e o fechado, operado pelas entidades
das de previdência complementar com as normas e fechadas de previdência complementar, cada qual
políticas estabelecidas para o segmento; com suas especificidades e características.
VI - decretar intervenção e liquidação extrajudicial As entidades abertas de previdência comple-
das entidades fechadas de previdência complemen- mentar ou privada são constituídas unicamente sob
tar, bem como nomear interventor ou liquidante, a forma de Sociedades Anônimas e têm por objeti-
112 nos termos da lei; vo principal instituir e operar planos de benefícios
de caráter previdenciário, concedidos em forma de ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA
renda continuada ou pagamento único, acessíveis a COMPLEMENTAR OU PRIVADA
quaisquer pessoas físicas.
A função de órgão regulador e de órgão fiscaliza- As Entidades Fechadas de Previdência Comple-
dor são exercidas pelo Ministério da Economia, por mentar (EFPCs), conhecidas popularmente como
intermédio do Conselho Nacional de Seguros Privados “fundos de pensão”, são entidades sem fins lucra-
(CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados tivos, constituídas pelo patrocinador ou instituidor
(Susep), respectivamente.
sob a forma de sociedade civil ou fundação de direi-
Porém, entidades abertas de previdência comple-
to privado. Elas têm por objetivo a administração e
mentar também são obrigadas a constituir reservas
técnicas que garantam o cumprimento de suas obri- execução de planos de benefícios de natureza pre-
gações futuras. Os ativos financeiros garantidores videnciária para participantes que possuam vínculo
vinculados a essas provisões são definidos confor- empregatício ou associativo com empresas, órgãos
me diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário públicos, sindicatos e/ou associações representativas.
Nacional (CMN), que estabelece em quais modalidades Os planos de benefícios administrados por essas
de ativos (renda fixa, renda variável, imóveis etc.) os entidades podem garantir, além da complementação
recursos poderão estar alocados e o percentual máximo à aposentadoria, proteção contra eventos não progra-
de concentração para cada uma dessas modalidades2. mados, como morte, doença, invalidez, dentre outros,
As entidades abertas de previdência complemen- a depender do regulamento do plano.
tar ou privada são operadas pelas Entidades Abertas Nos planos instituídos por empresas ou entes
de Previdência Complementar (EAPC) e Segurado- governamentais para seus trabalhadores ou servido-
ras do ramo Vida. res, estes são denominados patrocinados, e a empre-
As EAPC são responsáveis por ofertar planos de
sa, por sua vez, é chamada de patrocinadora. Já as
previdência privada para quaisquer consumidores
associações e entidades de classe que oferecerem pla-
individuais (pessoas físicas). Os principais planos ofer-
tados são o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e o nos são chamadas instituidoras.
Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL). As EFPCs constituídas por patrocinadores são
Para que suas atividades sejam realizadas em con- mantidas pelas contribuições do empregador e do
formidade com a lei, existem órgãos que asseguram empregado, que são revertidas aos respectivos planos
sua confiabilidade. O principal órgão de fiscalização de benefícios. Esses recursos são investidos e retor-
da Previdência Complementar Aberta é a Superinten- nam ao empregado, na forma de renda, no momento
dência de Seguros Privados (Susep). Existem outros da aposentadoria.
órgãos de fiscalização que atuam de forma a assegu- Quando os planos são oferecidos por associações
rar maior confiabilidade ao segmento aberto de previ- ou entidades de classe, o processo ocorre da mesma
dência complementar. maneira, mas as contribuições serão feitas apenas
Vejamos quais são esses órgãos, de acordo com a pelos associados.
Secretaria de Previdência3: O art. 31, da Lei Complementar nº 109, de 29 de
maio de 2001, remete a quem as entidades fechadas
z Secretaria de Política Econômica — SPE, órgão são acessíveis. Observe a literalidade da lei:
singular que possui, dentre suas atribuições, fomen-
tar a inovação e modernização dos mercados de cré-
Art. 31 As entidades fechadas são aquelas acessí-
dito, capitais, seguros e previdência complementar;
veis, na forma regulamentada pelo órgão regulador
z Superintendência de Seguros Privados — Susep,
e fiscalizador, exclusivamente:
autarquia que fiscaliza e regulariza as empresas de
I - aos empregados de uma empresa ou grupo de
seguro, de previdência complementar aberta, capi-
empresas e aos servidores da União, dos Estados,
talização e resseguros no Brasil;
do Distrito Federal e dos Municípios, entes denomi-
z Conselho Nacional de Seguros Privados —
CNSP, órgão responsável por fixar as diretrizes e nados patrocinadores; e
normas da política de seguros privados no Brasil, II - aos associados ou membros de pessoas jurídicas
além de, entre outras funções, regular a constitui- de caráter profissional, classista ou setorial, deno-
ção, organização, funcionamento e fiscalização minadas instituidores.
dos que exercem atividades subordinadas ao Siste-
ma Nacional de Seguros Privados (SNSP) e fixar as Vejamos também outras disposições de grande
características gerais dos contratos de seguro, pre- relevância para seu concurso:
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

vidência privada aberta, capitalização e resseguro;


z Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Art. 31 [...]
Seguros Privados, de Previdência Aberta e de § 1º As entidades fechadas organizar-se-ão sob a
Capitalização — CRSNSP, órgão colegiado de forma de fundação ou sociedade civil, sem fins
segundo grau do Segmento Aberto de Previdência lucrativos.
Complementar cuja finalidade é julgar, em última § 2º As entidades fechadas constituídas por insti-
instância administrativa, os recursos contra as san- tuidores referidos no inciso II do caput deste artigo
ções aplicadas à EAPC pela Susep. deverão, cumulativamente:
I - terceirizar a gestão dos recursos garantidores
Desse modo, entende-se que os investimentos das reservas técnicas e provisões mediante a con-
realizados na Previdência Privada são um ambiente tratação de instituição especializada autorizada
seguro, atestando a sua confiabilidade por meio dos a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou outro
órgãos mencionados. órgão competente;

2 Ministério do Trabalho e Previdência. O que é Previdência Complementar. Disponível em: https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/


previdencia-complementar/mais-informacoes/o-que-previdncia-complementar. Acesso em: 13 set. 2021.
3 Idem. 113
II - ofertar exclusivamente planos de benefícios na II - não ter sofrido condenação criminal transitada
modalidade contribuição definida, na forma do em julgado; e
parágrafo único do art. 7o desta Lei Complementar. III - não ter sofrido penalidade administrativa por
§ 3º Os responsáveis pela gestão dos recursos de infração da legislação da seguridade social ou
que trata o inciso I do parágrafo anterior deverão como servidor público.
manter segregados e totalmente isolados o seu
patrimônio dos patrimônios do instituidor e da Como nos demais casos — apesar de terem o Con-
entidade fechada. selho Nacional de Previdência Complementar como
§ 4º Na regulamentação de que trata o caput, órgão normativo — em relação à aplicação dos
o órgão regulador e fiscalizador estabelecerá o
recursos garantidores dos planos de benefícios,
tempo mínimo de existência do instituidor e o seu
as Entidades Fechadas de Previdência Complementar
número mínimo de associados.
devem seguir diretrizes estabelecidas pelo Conselho
Monetário Nacional.
As entidades fechadas podem ser qualificadas das
De mesmo modo que a Entidades Abertas de Pre-
formas apresentadas no art. 34, da Lei Complementar
vidência Complementar, as Entidades Fechadas de
nº 109, de 2001, bem como em outras formas definidas
Previdência Complementar também se submetem a
pelo órgão regulador e fiscalizador. Vejamos:
uma fiscalização, de modo que seja assegurada maior
Art. 34 As entidades fechadas podem ser qualifica-
confiabilidade no segmento.
das da seguinte forma, além de outras que possam Existem alguns órgãos4 que realizam tais
ser definidas pelo órgão regulador e fiscalizador: atividades:
I - de acordo com os planos que administram:
a) de plano comum, quando administram plano z Subsecretaria do Regime de Previdência Comple-
ou conjunto de planos acessíveis ao universo de mentar — SURPC
participantes; e z Superintendência Nacional de Previdência
b) com multiplano, quando administram plano Complementar — Previc, autarquia responsável
ou conjunto de planos de benefícios para diver- pela aprovação, acompanhamento, supervisão
sos grupos de participantes, com independência e fiscalização das atividades das EFPC;
patrimonial; z Conselho Nacional de Previdência Complementar —
II - de acordo com seus patrocinadores ou CNPC, órgão colegiado responsável pela regulação
instituidores:
das atividades e operações das EFPC;
a) singulares, quando estiverem vinculadas a ape-
z Câmara de Recursos da Previdência Complementar
nas um patrocinador ou instituidor; e
b) multipatrocinadas, quando congregarem mais — CRPC, órgão colegiado de segunda e última ins-
de um patrocinador ou instituidor. tância recursal administrativa do Segmento Fecha-
do de Previdência Complementar com competência
para julgar os processos administrativos instaura-
Importante! dos pela Previc.

As EFPCs são autônomas, possuem persona-


lidade jurídica própria, e seu patrimônio não se
mistura com o dos patrocinadores ou instituido-
res, sendo segregado por plano de benefícios.
MERCADO FINANCEIRO E SEUS
DESDOBRAMENTOS (MERCADOS
MONETÁRIO, DE CRÉDITO, DE CAPITAIS
A estrutura organizacional para funcionamento de
uma EFPC é estabelecida em seu estatuto; ela é com- E CAMBIAL)
posta por, no mínimo, Conselho Deliberativo, Conse-
lho Fiscal e Diretoria Executiva. Acompanhe: Em uma economia de mercado, há diversos agen-
tes econômicos — governos, empresas e famílias —
Art. 35. As entidades fechadas deverão manter tomando a todo momento decisões relacionadas à
estrutura mínima composta por conselho delibera- produção e ao consumo.
tivo, conselho fiscal e diretoria-executiva. Enquanto alguns consomem menos do que pro-
§ 1º O estatuto deverá prever representação dos duzem, e conseguem formar uma poupança dispo-
participantes e assistidos nos conselhos deliberati- nível para a utilização de terceiros, outros consomem
vo e fiscal, assegurado a eles no mínimo um terço mais do que conseguem produzir em determinado
das vagas. período, e precisam utilizar os recursos daqueles
§ 2º Na composição dos conselhos deliberativo e que pouparam.
fiscal das entidades qualificadas como multipa- Independente das razões que motivam cada uma
trocinadas, deverá ser considerado o número de
dessas decisões individuais, de alguma maneira essa
participantes vinculados a cada patrocinador ou
transferência de recursos dos poupadores para os
instituidor, bem como o montante dos respectivos
patrimônios.
tomadores precisa ser viabilizada.
§ 3º Os membros do conselho deliberativo ou do Se cada poupador tivesse que encontrar um toma-
conselho fiscal deverão atender aos seguintes dor de recursos com as mesmas necessidades de volu-
requisitos mínimos: me e prazo, para a realização de um empréstimo,
I - comprovada experiência no exercício de ativida- muito provavelmente nenhum negócio se concretiza-
des nas áreas financeira, administrativa, contábil, ria, já que as demandas dos agentes podem ser bem
jurídica, de fiscalização ou de auditoria; distintas.
4 Ministério do Trabalho e Previdência. O que é Previdência Complementar. Disponível em: https://www.gov.br/previdencia/pt-br/assuntos/
114 previdencia-complementar/mais-informacoes/o-que-previdncia-complementar. Acesso em: 13 set. 2021.
Com o tempo, e para suprir essa demanda do mer- O mercado de crédito é fundamental para o bom
cado, foram nascendo instituições para intermediar funcionamento da economia, na medida em que as
essas operações, ou seja, pegar emprestado daqueles instituições financeiras assumem dois papéis decisi-
que poupam e emprestar para os demais, atendendo, vos. De um lado, atuam como centralizadoras de ris-
ao mesmo tempo, às necessidades de volume financei- cos, reduzindo a exposição dos aplicadores a perdas
ro e prazo de cada um. e otimizando as análises de crédito. De outro, fun-
Da mesma forma, desenvolveram-se instrumen- cionam como um elo entre milhões de agentes com
tos e também sistemas, regras e procedimentos para expectativas muito distintas em relação a prazos e
organizar, controlar e desenvolver esse mercado. A volumes de recursos. Um agente pode, por exemplo,
todo esse sistema, chamamos de Sistema Financeiro. querer aplicar R$ 1.000,00 por um ano. Entretanto,
Assim, o Sistema Financeiro pode ser caracteri- pode não encontrar uma contraparte (um agente defi-
zado como o conjunto de instituições e instrumentos citário) que deseje obter um empréstimo com as mes-
que possibilitam e facilitam o fluxo financeiro entre os mas condições.
poupadores e os tomadores de recursos na economia. Com o papel desempenhado pela instituição finan-
Não é difícil perceber a importância desse siste- ceira, esse problema se reduz. Se o sistema financei-
ma para o correto funcionamento e crescimento eco- ro inexiste ou existe de forma ineficiente, muitas das
nômico de um país. Se, por exemplo, determinada necessidades de aplicações e empréstimos de recur-
empresa, que necessita de recursos para a realização sos ficam sem atendimento, ou seja, não são atendi-
de investimentos para a produção, não conseguir cap- das pelo mercado, o que inevitavelmente causa uma
tá-los de forma eficiente, provavelmente ela não rea- freada brusca na economia. Quantas vezes você já
lizará o investimento, deixando de empregar e gerar viu reportagens com empreendedores reclamando da
renda. dificuldade no acesso ao crédito?
Esse fluxo, todavia, não ocorre sempre entre os Entretanto, em alguns casos, o mercado de
mesmos tipos de agentes e com as mesmas caracterís- crédito não é capaz de suprir as necessidades de
ticas operacionais. Ele pode diferir em razão do pra- financiamento dos agentes. Isso pode ocorrer, por
zo, do tipo de instrumento utilizado para formalizar a exemplo, quando um determinado agente, em geral
operação, da assunção de riscos, entre outros aspectos uma empresa, deseja um volume de recursos muito
que, com o passar do tempo, foram delimitando o que superior ao que uma instituição poderia, sozinha,
se convencionou chamar de mercados financeiros. emprestar.
A classificação dos mercados (mercados monetá- Além disso, pode acontecer de os custos dos
rio, de crédito, de câmbio e de capitais) ajuda a com- empréstimos no mercado de crédito (juros) serem
preender um pouco mais cada um desses mercados e demasiadamente altos, de forma a inviabilizar os
suas peculiaridades, seus riscos e suas vantagens. investimentos pretendidos. Surgiu, com isso, o que é
As transferências de recursos a curtíssimo pra- conhecido como Mercado de Capitais, ou Mercado
zo, em geral de apenas um dia, como, por exemplo, de Valores Mobiliários.
as realizadas entre as próprias instituições financei- No Mercado de Valores Mobiliários, em geral, os
ras ou entre elas e o Banco Central, são realizadas no investidores emprestam recursos diretamente aos
chamado mercado monetário. Trata-se de um mer- agentes deficitários, quase sempre empresas. Caracte-
cado utilizado basicamente para controle da liquidez riza-se por negócios de médio e longo prazo, nos quais
da economia, no qual o Banco Central intervém para são negociados títulos chamados de Valores Mobiliários.
condução da Política Monetária. Como exemplo, podemos citar as ações, que repre-
Já o mercado de câmbio opera em um nicho espe- sentam parcela do capital social de Sociedades Anôni-
cífico, em que agentes têm a necessidade de contra- mas, e as debêntures, que representam títulos de dívida
tar operações que envolvem moedas estrangeiras, ou dessas mesmas sociedades.
porque compram ou vendem de/para outros países, Nesse mercado, as instituições financeiras atuam,
ou porque procuram proteção. basicamente, como prestadoras de serviços, assesso-
Há também as operações em que as instituições rando as empresas no planejamento das emissões de
financeiras captam recursos dos agentes superavitá- valores mobiliários, ajudando na colocação deles para
rios e, por sua conta e risco, emprestam esses recursos o público investidor, facilitando o processo de formação
para os agentes deficitários, característica do chama- de preços e a liquidez, assim como criando condições
do mercado de crédito. adequadas para as negociações secundárias.
Esse mercado é o mais tradicional, e é utilizado As instituições financeiras não assumem a obriga-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

pelas pessoas físicas e empresas, quando utilizam ção pelo cumprimento das obrigações estabelecidas e
os bancos para realizar empréstimos e financiamen- formalizadas nesse mercado. Assim, a responsabilidade
tos diversos. Quando uma pessoa (física ou jurídica) pelo pagamento dos juros e principal de uma debênture,
utiliza recursos do cheque especial, financia um car- por exemplo, é da empresa emissora, e não da institui-
ro, uma máquina ou um imóvel, ela está operando no ção financeira que a tenha assessorado ou participado
mercado de crédito. do processo de colocação dos títulos no mercado.
Nele, as instituições financeiras participantes têm São participantes desse mercado, por exemplo, os
como atividade principal a intermediação financei- Bancos de Investimento, as Corretoras e Distribuidoras
ra propriamente dita. Essas operações caracterizam- de Títulos e Valores Mobiliários, as entidades adminis-
-se, em geral, por operações de curto e médio prazo, tradoras de mercado de bolsa e balcão, além de diversos
formalizadas por contratos e nas quais as instituições outros prestadores de serviços.
financeiras assumem os riscos de inadimplência da No que diz respeito ao Mercado de Valores Mobiliá-
operação. São exemplos de instituições participantes rios, com o passar do tempo, foi sendo criada toda uma
desse mercado os bancos comerciais e as sociedades estrutura normativa e operacional para permitir que as
de crédito, financiamento e investimento, as conheci- operações fossem realizadas cada vez mais com segu-
das “financeiras”. rança, transparência e eficiência. Nesse sentido, foram 115
editadas, em 1976, a Lei nº 6.385, que disciplina o merca- Dentro do que chamamos de Open Banking está a
do de capitais e cria a Comissão de Valores Mobiliários, prática da colaboração entre instituições bancárias
e a Lei nº 6.404, que disciplina as Sociedades Anônimas, tradicionais com startups, fintechs e empresas de tec-
conhecida como Lei das S.A. nologia. Essas parcerias resultam em soluções e apli-
Evidentemente, essas leis foram sofrendo alterações no cações inovadoras.
decorrer dos anos, de forma que o arcabouço jurídico do E isso só acontece por que as Interfaces de Progra-
mercado fosse se adaptando à nova realidade em que ele mação de Aplicativos (APIs) permitem que terceiros
se inseria. Da mesma forma, foram sendo criados outros acessem informações financeiras com eficiência, o
mecanismos que acabaram por contribuir com o desenvol- que promove o desenvolvimento de novos aplicativos
vimento, como o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro. e serviços. Elas também facilitam a coleta e a análises
Ainda, algumas instituições privadas, em um esforço sofisticadas de volumes exponenciais de dados.
de autorregulação, também criaram regras que colabo- APIs abertas são ótimas oportunidades para criar
raram fundamentalmente para o que hoje é o Mercado novos modelos de negócios bancários, iniciando o tão
de Valores Mobiliários. necessário processo de Transformação Digital, res-
ponsável por tirar as instituições financeiras da área
de conforto e guiá-las rumo a estratégias fundamenta-
das em user-centric.
OS BANCOS NA ERA DIGITAL: O Open Banking propõe elaboração de produtos e
ATUALIDADE, TENDÊNCIAS E serviços online, 100% digitais que geram vantagens
para o usuário final. Sim, a ideia não é resolver o pro-
DESAFIOS blema do banco e de seus desenvolvedores, mas o do
seu consumidor.
INTERNET BANKING Idealmente, uma estratégia de Open Banking deve
A ligação entre o computador do cliente e o com- resultar em uma melhor experiência para os consumi-
putador do banco, é o que basicamente se define como dores. A diferença entre o conceito e outras estratégias
Home Banking. rotineiras no mercado é o novo cenário criado por ele,
em que correntistas acessam serviços e funcionalida-
Para que houvesse uma redução de custos de interme-
des do banco a partir de sites e aplicativos terceiros.
diação financeira, os bancos concluíram que havia neces-
A instituição financeira deixa de existir apenas
sidade de reduzir o trânsito e a fila de clientes nas agências.
em seus próprios domínios e passa a ter contato com
Esse é o motivo para o aprimoramento dos Bancos
seu cliente em outros espaços digitais, ampliando sua
24 horas, onde se dá o atendimento remoto – fora das
atuação, público, portfólio de serviços e tempo de
agências – da clientela.
contato.
Esse tipo de atendimento se utiliza da rede ban-
A plataforma de API aberta do banco deve ser
co 24 horas (saques, depósitos, pagamento de con-
capaz de conectar o correntista, mais especificamente
tas, solicitação de entrega de talões de cheques etc.),
os dados dele, à outras plataformas de sua escolha. O
empresas tipo balcão eletrônico, cartões magnéticos
poder de escolha é do usuário, o de conexão de dados
em redes de postos de gasolina, redes de lojas.
é da instituição financeira.
Pode-se, então, obter uma integração dos requisi-
Fonte: https://www.mjvinnovation.com/pt-br/blog/open-banking/
tos de conveniência, segurança, eficácia e relaciona-
mento, exigidos pelo conceito de remote bank.
A segurança na transmissão de dados é garan-
tia pelo perfil que o banco, concede por meio de
uma palavra-chave-password que limita o acesso às NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS
informações.
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
Já há algum tempo, com o surgimento de bancos
contabilidade/remote-banking-(banco-virtual)/24984 digitais e fintechs, o sistema financeiro vem passando
por uma revolução, com uso intenso de tecnologia, e
MOBILE BANKING inovando no oferecimento de produtos e serviços e na
forma de se relacionar com os clientes.
Banco móvel (às vezes utilizado o termo em inglês A atuação do Banco Central tem se pautado em
mobile banking) são ferramentas que disponibilizam criar condições propícias para a evolução do mercado
alguns serviços tipicamente bancários através de dis- de pagamentos e o desenvolvimento de novos modelos
positivos móveis, como um celular. de negócios. Isso envolve considerar os impactos tanto
“Mobile Banking (operação bancária móvel) refere- sobre as instituições que já estão no mercado quanto
-se à disposição e vantagem dos serviços da operação sobre o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional
bancária e financeiros com a ajuda dos dispositivos e do Sistema de Pagamentos Brasileiro, demandando a
móveis da telecomunicação. A variedade de serviços adequação do ambiente regulatório e da supervisão.
oferecidos pode incluir facilidades para realizar ope- Uma pluralidade de modelos de negócio de Insti-
rações bancárias e transações do mercado acionário, tuições de Pagamento já se encontra no mercado e,
para administrar clientes e para ter acesso a informa- dentre eles, destacam-se os que atuam como centra-
ções personalizadas.” lizadores financeiros, os focados em nichos e os que
Serviços de informação, por outro lado, pode ser agregam valor ao serviço financeiro.
oferecido como um módulo independente.
No modelo de negócio que atua como centraliza-
OPEN BANKING dor financeiro, busca-se agregar produtos ao servi-
ço original de acordo com as necessidades de seus
Se fôssemos traduzir ipsis litteris, Open Banking clientes. Entre as soluções oferecidas, estão a conta
significaria Banco Aberto. Mas esse é um termo que digital, a automatização de operações financeiras, a
remete aos métodos de Inovação Aberta pensados conciliação de pagamentos, a verificação de recebi-
116 exclusivamente para o setor bancário. mentos e os serviços de transferência.
O objetivo principal da instituição com esse modelo é Além do Sandbox, na área de fomento à inovação o
estabelecer-se como uma prestadora de serviços, solu- Banco Central também possui outro projeto de extre-
ções e plataformas, de maneira que ela possa se manter ma importância: o Laboratório de Inovações Finan-
como gestora financeira central de seus clientes. A ren- ceiras e Tecnológicas (LIFT). Observe as diferenças
tabilidade dessas instituições está atrelada à capacidade entre o Sandbox e o LIFT na tabela a seguir:
de diferenciação dos produtos e serviços complemen-
tares aos de pagamento, fidelizando e obtendo receitas Diferenças entre o Sandbox Regulatório e o LIFT
adicionais correspondentes aos serviços prestados.
Por sua vez, as instituições que usam os modelos SANDBOX LIFT
de negócio focados em nichos buscam direcionar seus
produtos e serviços de acordo com delineamentos Acompanha projetos ino-
Acompanha o desenvol-
demográficos específicos. A viabilidade desses mode- vadores já amadurecidos,
vimento da aplicação da
los baseia-se no desenvolvimento de novas tecnolo- mas nos quais há a neces-
tecnologia ou do modelo
gias e de configurações regulamentares favoráveis ao sidade de validar o modelo
de negócio de projetos
oferecimento de serviços em menor escala, tais como de negócio por meio de
em maturação
a interoperabilidade. sua implementação efetiva
Por fim, os modelos que utilizam os serviços finan-
Não permite que os partici-
ceiros como agregação de valor permitem a adição Possibilita aos participan-
pantes forneçam produtos
de serviços tipicamente bancários — como serviços tes fornecer produtos e
ou serviços a clientes reais
de pagamento, cartões de crédito e aplicativos de ges- serviços a clientes reais
no ambiente do laboratório
tão financeira — à prestação dos serviços principais
de um determinado ramo econômico não financeiro, O projeto deve ser apresen- O projeto pode ser apre-
como aplicativos de transporte, comércios ou serviços tado por pessoa jurídica sentado também por pes-
de entrega. formalmente constituída soas físicas
Dessa forma, ramos que operavam necessariamen-
te com a contratação de uma instituição financeira
atualmente já começam a oferecer meios de pagamen-
to fornecidos por instituições de pagamento. Consta-
ta-se que, para atingir esse objetivo, as instituições de FINTECHS, STARTUPS E BIG TECHS
pagamento geralmente optam por realizar parcerias
com instituições financeiras ou, alternativamente, FINTECHS
constituem instituições financeiras, que podem reali-
Fintechs são as startups que criam inovações no
zar operações de crédito, formando um conglomerado
setor financeiro, baseados em tecnologia. Elas têm
prudencial liderado pela instituição de pagamento.
sido uma aposta dos bancos tradicionais para acele-
Além disso, nos últimos meses, com a implementa-
rar a inovação tecnológica e se inserir na era digital.
ção do PIX, em novembro de 2020, e com o início do
Os bancos beneficiam-se da interação com essas
processo de implantação do Open Banking, a partir de
empresas disruptivas pela facilidade e agilidade na
fevereiro de 2021, essas mudanças vêm se tornando
criação e aprimoramento de produtos e serviços.
cada vez mais profundas.
Enquanto as FinTechs veem nessa parceria, uma
De acordo com o Banco Central, o Open Banking
maneira de validar o negócio, receber investimentos
incentivará a inovação e o surgimento de novos e ganhar experiência.
modelos de negócio que ofereçam aos clientes uma Além disso, os bancos possuem uma base ampla,
experiência mais fácil, ágil, segura e conveniente, consolidada e crescente de clientes e oferecem estabi-
processo que deverá favorecer a inclusão e educação lidade, confiança e experiência em atender à regula-
financeiras da população. mentação do Sistema Financeiro Nacional.
Espera-se que o fluxo mais transparente de infor- No Brasil, diversas instituições financeiras têm
mações entre as instituições favoreça a definição de promovido programas que dialogam com as FinTechs.
melhores políticas de crédito e a oferta de serviços O Bradesco, por exemplo, criou em 2014 o programa
mais adequados aos diferentes perfis de clientes e de InovaBra, que promove a interação do banco com
segmentos da sociedade. Também é esperado que as startups com potencial de desenvolvimento de negó-
inovações que vão surgir facilitem a comparação de cios e produtos relacionados a serviços financeiros.
produtos e serviços ofertados pelas diferentes insti- Dentro desse ecossistema, foi criado, em 2017, o Ino-
tuições participantes e a programação financeira das vaBra habitat, do qual a Simply é uma das empresas
pessoas.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

participantes. Um espaço onde empresas, startups,


Em paralelo a todas essas transformações, o Ban- investidores, mentores e empreendedores geram
co Central também instituiu o Sandbox Regulatório, novos negócios e buscam soluções inovadoras com
que é um ambiente no qual entidades são autorizadas base no networking e na colaboração.
pelo BC a testar, por período determinado, projetos Outro exemplo dessa interação é o Cubo, um espa-
e soluções inovadoras na área financeira ou de paga- ço de coworking lançado pelo Itaú em parceria com
mento, observando um conjunto específico de dis- a Redpoint, localizado na zona sul de São Paulo. Ele
posições regulamentares que amparam a realização comporta e apoia até cinquenta startups, sendo seis
controlada e delimitada de suas atividades. delas, FinTechs.
Os objetivos do Sandbox Regulatório são estimu- O banco digital representa uma evolução na for-
lar a inovação e a diversidade de modelos de negó- ma de se relacionar com o cliente tendo como base
cio, incentivar a concorrência entre os fornecedores a inovação tecnológica. Ou seja, busca uma relação
de produtos e serviços financeiros e atender às diver- mais personalizada e próxima do consumidor a fim
sas necessidades dos usuários, no âmbito do Sistema de atender uma nova geração de clientes mais exigen-
Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos tes e conectados.
Brasileiro, assegurando a higidez (segurança) desses Fonte: http://blog.simply.com.br/banco-digital-desafio-setor-
sistemas. financeiro/ 117
STARTUP
SISTEMA DE BANCOS-SOMBRA
Startup significa o ato de começar algo, normal- (SHADOW BANKING)
mente relacionado com companhias e empresas que
estão no início de suas atividades e que buscam explo- O shadow banking, também conhecido em portu-
rar atividades inovadoras no mercado. guês como “sistema bancário sombra”, é um con-
Empresas startup são jovens e buscam a inovação junto de operações e intermediários financeiros que
em qualquer área ou ramo de atividade, procurando fornecem crédito em todo o sistema financeiro glo-
desenvolver um modelo de negócio escalável e que bal de forma “informal”.
seja repetível. Ou seja, por meio de uma série de atividades
Um modelo de negócio é a forma como a empre- paralelas ao sistema bancário, algumas instituições
sa gera valor para os clientes. Um modelo escalável e agentes conseguem realizar financiamentos de for-
e repetível significa que, com o mesmo modelo eco- ma indireta, sem passar por nenhuma supervisão ou
nômico, a empresa vai atingir um grande número de
regulação.
clientes e gerar lucros em pouco tempo, sem haver um
Dentre os intermediários não-regulamentados que
aumento significativo dos custos.
podem fazer parte do shadow banking estão os:
BIG TECHS
z Bancos de investimento;
z Fundos de hedge;
As Big Techs são as grandes empresas de tecnologia
z Operações com derivativos e títulos securitizados;
que desenvolveram serviços inovadores e disruptivos
z Fundos do mercado monetário;
e, com isso, puderam crescer de uma forma muito ágil z Companhias de seguros;
e dinâmica, o que lhes atribuiu um amplo domínio do z Fundos de capital privado;
mercado em que atuam. z Fundos de direitos creditórios;
Estamos falando de empresas como Facebook, z Factorings e fomentadoras mercantis;
Amazon, Apple, Netflix e Google. Nos últimos anos, as z Empréstimos descentralizados (peer-to-peer lending).
Big Techs passaram a fazer parte do dia a dia de prati-
camente todos nós. Conectando usuários e/ou criando Por que o Shadow Banking Existe?
plataformas de serviços, essas empresas transforma-
ram nosso cotidiano. E, naturalmente, elas não vão Instituições que praticam o shadow banking geral-
parar por aí. mente servem como intermediários entre credores
Uma tendência já observada é a atuação das Big e tomadores de empréstimos, fornecendo crédito e
Techs no setor financeiro. A entrada dessas grandes capital para investidores e corporações.
empresas de tecnologia nesse nicho pode gerar ganhos Mas como essas instituições não são bancárias, elas
de eficiência e fomentar a inclusão social, além de tra- não recebem depósitos tradicionais como um banco
zer novos e complexos trade-offs (trocas) entre esta- tradicional. Por isso, muitas operações feitas por essas
bilidade financeira, competição e proteção de dados. instituições possuem maiores riscos de mercado, de
Cumpre destacar que essa tendência está ocorren- crédito e de liquidez, além de não possuir uma reser-
do de forma rápida. Iniciando-se pela área de paga- va de capital para servir como garantia.
mentos, deve expandir-se para empréstimos, seguros Mas com o desenvolvimento dos mercados glo-
e outros produtos financeiros, diretamente ou em par- bais e a estruturação de operações cada vez mais
ceria com instituições financeiras. complexas, o shadow banking passou a desempenhar
As Big Techs possuem uma grande base de con- um papel cada vez mais relevante em todo o sistema
sumidores, fácil acesso a informações e modelos de financeiro. De acordo com estudos da área, estima-se
negócio robustos. Essas diferenças podem ser um que em 2015 existiam 92 trilhões de dólares em os ati-
grande desafio para a regulação de seus serviços, em vos financeiros não bancários circulando pelo mundo.
comparação com o que hoje se faz em relação aos ban-
cos por exemplo.
O fato é que todo esse processo de transformação
digital pelo qual estamos passando abre espaço para O DINHEIRO NA ERA DIGITAL E A
que provedores de busca na internet, serviços de tele-
comunicação, mídias sociais, e-commerce, armazena-
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO
mento e soluções tecnológicas e entrega e transporte SISTEMA FINANCEIRO: BLOCKCHAIN,
por aplicativo possam, também, oferecer produtos BITCOIN E DEMAIS CRIPTOMOEDAS
e serviços financeiros, seja associando-se a institui-
ções financeiras autorizadas ou pleiteando a própria Moedas Virtuais
autorização.
Recentemente, o Banco Central autorizou, oficial- As chamadas “moedas virtuais” ou “moedas crip-
mente, o funcionamento do Facebook Pay, sistema tográficas” são representações digitais de valor que
de pagamentos por meio do WhatsApp. As operado- não são emitidas por Banco Central ou outra autorida-
ras Visa e Mastercard receberam autorizações de dois de monetária. O seu valor decorre da confiança depo-
arranjos de pagamentos, para transferências e depó- sitada nas suas regras de funcionamento e na cadeia
sitos e para operações pré-pagas, em que o cliente de participantes.
abastece uma carteira virtual com dinheiro para, pos- Veremos agora algumas perguntas quando fala-
118 teriormente, gastá-lo. mos de moedas virtuais:
O Banco Central do Brasil regula as “moedas Dessa forma, você pode acessar essa base de dados
virtuais”? pelo seu computador e ver uma negociação que ocor-
reu entre duas pessoas: uma na China e outra na Ale-
Não. As “moedas virtuais” não são emitidas, garan- manha, por exemplo.
tidas ou reguladas pelo Banco Central. Possuem for- Os detalhes sobre quem são os envolvidos não é
ma, denominação e valor próprios, ou seja, não se possível saber, pois tudo é criptografado. Mas você
trata de moedas oficiais, a exemplo do real. sabe que aquela transação ocorreu e que ela está gra-
As “moedas virtuais” não devem ser confundidas vada na blockchain para sempre.
com “moedas eletrônica”, prevista na legislação. Moe- E falamos para sempre no sentido literal. Afinal,
das eletrônicas se caracterizam como recursos em não é possível desfazer ou alterar uma transação após
reais mantidos em meio eletrônico que permitem ao ela ser inserida no sistema. Ou seja, não dá para voltar
usuário realizar pagamentos. atrás caso tenha se arrependido de vender seus Bit-
coins. Ficou mais claro agora o que é blockchain?
O Banco Central do Brasil autoriza o funcionamento
das empresas que negociam “moedas virtuais” e/ Dica
ou guardam chaves, senhas ou outras informações
cadastrais dos usuários, empresas conhecidas como Blockchain é uma cadeia de blocos, daí o nome,
“exchanges”? que fazem parte de um sistema de registro cole-
tivo. Isso quer dizer que as informações não
Não. Essas empresas não são reguladas, autoriza- estão guardadas em um lugar só, pois em vez
das ou supervisionadas pelo Banco Central. Não há de estarem armazenadas em um único compu-
legislação ou regulamentação específica sobre o tema tador, todas as informações da blockchain estão
no Brasil. distribuídas entre os diversos computadores
O cidadão que decidir utilizar os serviços presta- ligados a ela.
dos por essas empresas deve estar ciente dos riscos Fonte: https://blog.toroinvestimentos.com.br/bitcoin-blockchain-o-
de eventuais fraudes ou outras condutas de negó- que-e
cio inadequadas, que podem resultar em perdas
patrimoniais. Mineração de Criptomoeda

É possível realizar compras de bens ou serviços no Na rede Bitcoin, cada bloco possui diversas transa-
Brasil utilizando “moedas virtuais”? ções e sua transmissão acontece a cada dez minutos
quando alguém descobre um “quebra-cabeças”.
A compra e venda de bens ou de serviços depende O sistema Bitcoin utiliza o “Secure Hashing Algori-
de acordo entre as partes, inclusive quanto à forma thm 256” (ou SHA-256), algoritmo que fornece valores
de pagamento. No caso de utilização de “moedas vir- a partir de um conjunto alfanumérico, usando uma
tuais”, as partes assumem todo o risco associado. função matemática e criptográfica.
São cálculos quase impossíveis de se realizar, pois
Qual o risco para o cidadão se as moedas virtuais exigem uma rapidez além do normal. Assim, foram
forem utilizadas para atividades ilícitas? criados hardwares de mineração para solucionar
esses cálculos.
Se utilizada em atividades ilícitas, o cidadão pode O objetivo desses hardwares é solucionar os algo-
estar sujeito à investigação por autoridades públicas. ritmos matemáticos e, assim, conseguir um espaço
no blockchain para registrar suas transações com as
As “moedas virtuais” podem ser utilizadas como bitcoins.
investimento? Blockchains são conhecidos por serem extrema-
mente seguros e praticamente não hackeáveis. Isso
A compra e a guarda de “moedas virtuais” estão porque usam “mecanismos de consenso” que, basica-
sujeitas aos riscos de perda de todo o capital investido, mente, são regras que definem a forma (justa) em que
além da variação de seu preço. O cidadão que investir uma rede cripto deve funcionar.
em “moedas virtuais” deve também estar ciente dos Os dois principais mecanismos de consenso exis-
riscos de fraudes. tentes em blockchains são proof-of-work (PoW) e proo-
f-of-stake (PoS).
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

É permitido realizar transferência internacional O algoritmo proof-of-work garante a segurança da


utilizando “moedas virtuais”? rede blockchain pela mineração de criptomoedas —
processo em que poder computacional é aplicado para
Não. Transferências internacionais devem ser fei- encontrar uma solução matemática complicada que
tas por instituições autorizadas pelo Banco Central a dá o direito de transmissão de um bloco de transações.
operar no mercado de câmbio, que devem observar as Esse é o algoritmo de consenso utilizado pelas
normas cambiais. redes Bitcoin, Ethereum (por enquanto), Bitcoin
Fonte: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/
Cash, Monero e demais blockchains que utilizam a
perguntasfrequentes-respostas/faq_moedasvirtuais mineração cripto para garantir sua segurança.
Assim, aqueles que tiverem as máquinas de mine-
BlockChain ração mais potentes têm mais chances de encontrar
essa solução matemática mais rápido e garantir a
O BlockChain espécie de banco de dados, onde segurança e confiabilidade do blockchain.
ficam armazenadas todas as informações sobre as Porém, PoW é criticado, pois a mineração cripto
transações de Bitcoins. O mais legal é que este grande não é algo sustentável, já que milhares de máqui-
arquivo é acessível a todos os usuários. nas precisam estar ligadas ao mesmo tempo, em 119
uma grande competição tecnológica, a fim de obter IX – realização de operações de câmbio de respon-
a recompensa fornecida pelo protocolo a cada trans- sabilidade da instituição contratante […]
missão de bloco (atualmente, de 6,25 BTC). E isso custa Parágrafo único […] serviços complementares de
muita energia elétrica, que polui o meio ambiente. coleta de informações cadastrais e de documenta-
Outro mecanismo muito conhecido e que visa subs- ção, bem como controle e processamento de dados;
tituir o insustentável modelo PoW é proof-of-stake.
Em vez de solucionar um quebra-cabeça matemá- […] relativamente a:
tico, um nó (participante da rede) garante o direito de
transmitir o bloco de transações à rede com base na I - compra e venda de moeda estrangeira em espé-
quantia que está “bloqueada” (aplicada) na rede, ou cie, cheque ou cheque de viagem, bem como carga
seja, a quantia em staking de seus criptoativos. de moeda estrangeira em cartão pré-pago, limita-
das ao valor equivalente a US$3 mil dólares dos
Quando soluciona o quebra-cabeça da rede, recebe
Estados Unidos por operação;
uma recompensa na forma do token principal da rede.
II – execução ativa ou passiva de ordem de paga-
Porém, se fizer algo de errado, uma parte de seus crip-
mento relativa a transferência unilateral do ou
toativos em staking pode ser “queimada”, como um
para o exterior limitada ao valor equivalente a US$
tipo de punição para maus agentes. 3 mil dólares dos Estados Unidos por operação;
(Fonte: moneytimes.com.br-Daniela do Nascimento) III – recepção e encaminhamento de propostas de
operações de câmbio.

O correspondente não pode efetuar qualquer


CORRESPONDENTES BANCÁRIOS cobrança por sua iniciativa. Somente as tarifas pre-
vistas na tabela da instituição contratante, elaborada
Os correspondentes são empresas contratadas por de acordo com a regulamentação em vigor, podem ser
instituições financeiras e demais instituições autori- cobradas. Não pode ser cobrado do cliente qualquer
zadas pelo Banco Central para a prestação de serviços outro valor pelo serviço prestado.
de atendimento aos clientes e usuários dessas insti- Para ser correspondente não é necessário ter auto-
tuições. Entre os correspondentes mais conhecidos, rização do Banco Central. A contratação do correspon-
encontram-se as lotéricas e o banco postal. As pró- dente é de responsabilidade da instituição financeira
prias instituições financeiras e demais autorizadas a contratante. A contratação de empresa para a presta-
funcionar pelo Banco Central podem ser contratadas ção dos serviços acima referidos deve ser comunicada
como correspondentes. ao Banco Central pela instituição contratante.
De acordo com a Resolução CMN nº 3.954, de 2011, A comunicação é realizada mediante registro no
o correspondente atua por conta e sob as diretrizes sistema de Informações sobre Entidades de Interesse
da instituição contratante, que assume inteira respon- do Banco Central (Unicad), em que são cadastrados
sabilidade pelo atendimento prestado aos clientes e dados referentes à identificação da empresa contrata-
usuários por meio do contratado, à qual cabe garantir da, serviços executados e respectivas datas, bem como
a integridade, a confiabilidade, a segurança e o sigi- dados cadastrais das instalações do correspondente.
lo das transações realizadas por meio do contratado, A responsabilidade pelas operações do correspon-
bem como o cumprimento da legislação e da regula- dente é da instituição que o contratou. Os correspon-
mentação relativa a essas transações. dentes devem informar ao público sua condição de
A regulamentação permite aos correspondentes prestador de serviços à instituição contratante, com
oferecer os seguintes serviços: descrição dos produtos e serviços oferecidos, os tele-
fones dos serviços de atendimento e de ouvidoria da
Art. 8º […] instituição financeira contratante, por meio de painel
I – recepção e encaminhamento de propostas de visível, mantido nos locais onde seja prestado aten-
abertura de contas de depósitos à vista, a prazo e dimento aos clientes e usuários, e por outras formas,
de poupança mantidas pela instituição contratante; caso necessário para esclarecimento do público.
II – realização de recebimentos, pagamentos e
transferências eletrônicas visando à movimenta-
ção de contas de depósitos de titularidade de clien-
tes mantidas pela instituição contratante;
III – recebimentos e pagamentos de qualquer natu- SISTEMA DE PAGAMENTOS
reza, e outras atividades decorrentes de contratos e INSTANTÂNEOS (PIX)
convênios de prestação de serviços mantidos pela
instituição contratante com terceiros (água, luz, RESOLUÇÃO BCB Nº 1, DE 12 DE AGOSTO DE 2020
telefone, etc);
IV – execução ativa e passiva de ordens de paga- A participação no PIX é obrigatória para as insti-
mento cursadas por intermédio da instituição con-
tuições financeiras e para as instituições de pagamen-
tratante por solicitação de clientes e usuários;
to autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
V – recepção e encaminhamento de propostas refe-
rentes a operações de crédito e de arrendamento
Brasil com mais de quinhentas mil contas de clientes
mercantil de concessão da instituição contratante; ativas, consideradas as contas de depósito à vista, as
VI – recebimentos e pagamentos relaciona- contas de depósito de poupança e as contas de paga-
dos a letras de câmbio de aceite da instituição mento pré-pagas.
contratante; Consideram-se contas de clientes ativas as contas
VIII – recepção e encaminhamento de propostas de de depósito à vista, as contas de depósito de poupança
fornecimento de cartões de crédito de responsabili- e as contas de pagamento pré-pagas não encerradas.
120 dade da instituição contratante; É facultada a adesão ao PIX:
I - das demais instituições financeiras e instituições No total existem 5 chaves possíveis:
de pagamento
II - da Secretaria do Tesouro Nacional, na condição z Seu CPF ou CNPJ;
de ente governamental. z Seu número de telefone;
z Seu e-mail;
z Chave aleatória;
Importante! z Pix Copia e Cola.
As instituições de pagamento que optarem por
Eu posso ter várias chaves cadastradas na mesma
aderir ao PIX, e não se enquadrarem nos crité- conta, mas nunca várias contas vinculadas a mesma
rios previstos na regulamentação em vigor para chave, pois a chave só poderá abrir uma conta de
serem autorizadas a funcionar pelo Banco Cen- cliente.
tral do Brasil, serão consideradas integrantes do
Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) a partir
do momento em que apresentarem pedido de
adesão ao PIX.
MOEDA E POLÍTICA MONETÁRIA:
POLÍTICAS MONETÁRIAS
Os processos e estruturas de governança do PIX
CONVENCIONAIS E NÃO-
devem garantir:
CONVENCIONAIS (QUANTITATIVE
I - a representatividade e a pluralidade de institui- EASING)
ções e de segmentos participantes;
II - o acesso não discriminatório; e DIVISÃO DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS
III - a mitigação de conflitos de interesse.
O Fórum Pix é um comitê consultivo permanente z Política Fiscal: Arrecadações menos despesas do
que tem como objetivo subsidiar o Banco Central do
fluxo do orçamento do governo;
Brasil na definição das regras e dos procedimentos
z Política Cambial: Controle indireto das taxas de
que disciplinam o funcionamento do Pix.
O Fórum Pix é integrado por: câmbio e da balança de pagamentos;
I - participantes do arranjo, individualmente ou por meio z Política Creditícia: Influência nas taxas de juros
de associações representativas de âmbito nacional; do mercado, através da taxa Selic;
II - provedores e potenciais provedores de serviços z Política de Rendas: Controle do salário mínimo
de tecnologia da informação, nacional e dos preços dos produtos em geral;
III - usuários pagadores e recebedores, por meio de z Política Monetária: Controle do volume de meio
associações representativas de âmbito nacional; e circulante disponível no país e controle do poder
IV - câmaras e prestadores de serviços de compen- multiplicador do dinheiro escritural.
sação e de liquidação que ofertem mecanismos de
provimento de liquidez no âmbito do Pix. Política Fiscal

A Coordenação do Fórum Pix será Exercida pelo A política fiscal reflete o conjunto de medidas pelas
Banco Central do Brasil. quais o governo arrecada receitas e realiza despe-
sas de modo a cumprir três funções: a estabilização
Compete ao Coordenador do Fórum Pix: macroeconômica, a redistribuição da renda e a alo-
cação de recursos. A função estabilizadora consiste na
I - apresentar, por iniciativa própria ou a partir de promoção do crescimento econômico sustentado, com
sugestão de participante, propostas de acréscimos baixo desemprego e estabilidade de preços. A função
ou de alterações de regras que possam ensejar a redistributiva visa assegurar a distribuição equitativa
necessidade de alteração no Regulamento do Pix, da renda. Por fim, a função alocativa consiste no for-
quando referentes a temas que impactem a atuação necimento eficiente de bens e serviços públicos, com-
dos participantes e seus correspondentes modelos pensando as falhas de mercado.
de negócio;
Os resultados da política fiscal podem ser avalia-
II - analisar e responder as contribuições dos parti-
dos sob diferentes ângulos, que podem focar na men-
cipantes do Fórum Pix acerca das propostas de que
trata o inciso I;
suração da qualidade do gasto público, bem como
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

III - definir os temas a serem discutidos pelo Fórum identificar os impactos da política fiscal no bem-estar
Pix; dos cidadãos.
IV - definir a periodicidade das reuniões do Fórum Pix; Para tanto, o governo se utiliza de estratégias como
V - decidir sobre a constituição de grupos de tra- elevar ou reduzir impostos, pois, além de sensibilizar
balho temáticos, com objeto delimitado, de forma seus cofres públicos, busca aumentar ou reduzir o
permanente ou por prazo determinado, e sobre a volume de recursos no mercado quando for necessário.
composição, a coordenação, os produtos, os prazos A política fiscal consiste em basicamente dois obje-
e as diretrizes de atuação desses grupos; tivos: primeiro, ser uma fonte de receitas ou de gastos
VI - decidir sobre a constituição de comitês, inclu- para o governo, na medida em que reduz seus impos-
sive de autorregulação, sua composição e objeto de tos para estimular ou desestimular o consumo. Segun-
atuação; e do, quando o governo usa a emissão de títulos públicos
VII - coordenar a atuação das entidades envolvidas emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional, para
no encaminhamento das soluções aprovadas. comercializá-los e arrecadar dinheiro para cobrir
seus gastos e cumprir suas metas de arrecadação.
Os clientes que desejarem usar o sistema PIX pre- O governo tem metas de arrecadação, que muitas
cisam cadastrar uma chave de acesso a uma conta vezes precisam de uma “forcinha” através da comer-
específica em uma ou mais instituições financeiras. cialização de títulos públicos federais no mercado 121
financeiro. Segundo o art. 164 da Constituição Federal, é Dentro dessa balança de pagamentos, há uma
vedado ao Banco Central financiar o tesouro com recur- outra chamada Balança Comercial, que busca esta-
sos próprios, este busca capitalizar o governo comer- bilizar o volume de importações e exportações den-
cializando os títulos emitidos pela Secretaria do Tesouro. tro do Brasil. Essa política visa equilibrar o volume de
Desta forma, o governo consegue não só arrecadar moedas estrangeiras dentro do Brasil para que seus
recursos como, também, enxugar ou irrigar o mercado valores não pesem tanto na apuração da inflação, pois
de dinheiro, pois quando o Banco Central vende títulos as moedas estrangeiras estão muito presentes em nos-
públicos federais, retira dinheiro de circulação e entrega so dia a dia.
títulos aos investidores. Já quando o Banco Central com- Como o governo não pode interferir no câmbio
pra títulos de volta, devolve recursos ao sistema finan- brasileiro de forma direta, uma vez que o câmbio bra-
ceiro, além de diminuir a dívida pública do governo. sileiro é flutuante, o governo busca estimular expor-
Como isso funciona? O governo vive em uma que- tações e desestimular importações quando o volume
da de braços constante, pois precisa arrecadar mais de moeda estrangeira estiver menor dentro do Brasil.
do que ganha, mas não pode deixar de gastar, pois Da mesma forma, caso o volume de moeda estrangei-
precisa estimular a economia. Então, a saída é arreca- ra dentro do Brasil aumente demais, causando sua
dar impostos e, quando estes não forem suficientes, o desvalorização exagerada, o governo busca estimular
governo se endivida. Quando o governo emite títulos importações para reestabelecer o equilíbrio.
públicos federais, ele se endivida, pois os títulos públi- Mas por que o governo estimularia a valorização
cos são acompanhados de uma remuneração, uma taxa de uma moeda estrangeira no Brasil? Ao estimular
de juros, que recebeu o nome do sistema que adminis- a valorização de uma moeda estrangeira, atraímos
tra e registra essas operações de compra e venda. Esse investidores, além de tornar o cenário mais salutar
sistema chama-se Sistema Especial de Liquidação e para os exportadores, que são os que produzem rique-
Custódia (SELIC). Esse sistema deu o nome a taxa de zas e empregos dentro do Brasil. Dessa forma, ao se
juros dos títulos, chamada de taxa SELIC. utilizar da política cambial, o governo busca estabili-
Essa taxa de juros é o famoso juro da dívida públi- zar a balança de pagamentos e estimular ou desesti-
ca, porque o governo deve considerá-lo como despesa mular exportações e importações.
e endividamento. Logo, a emissão destes títulos, bem
como o aumento da taxa SELIC, devem ser cautelosos Política Creditícia
para evitar excessos de endividamento, acarretando
dificuldades em fechar o caixa no fim do ano. Conjunto de normas ou critérios que cada insti-
Esse fechamento de caixa pode resultar em duas tuição financeira utiliza para financiar ou emprestar
situações. Uma chamamos de superávit e a outra, de recursos a seus clientes, mas sobre a supervisão do
déficit. governo, que controla os estímulos a concessão de
Resultado fiscal primário é a diferença entre as crédito. Cada instituição deve desenvolver uma políti-
receitas primárias e as despesas primárias durante ca de crédito coordenada, para encontrar o equilíbrio
um determinado período. O resultado fiscal nominal, entre as necessidades de vendas e, concomitantemen-
ou resultado secundário, por sua vez, é o resultado te, sustentar uma carteira a receber de alta qualidade.
primário acrescido do pagamento líquido de juros. Essa política sofre constante influência do poder
Assim, fala-se que o governo obtém superávit fiscal governamental, pois o governo se utiliza de sua taxa
quando as receitas excedem as despesas em dado básica de referência, a taxa SELIC, para conduzir as
taxas de juros das instituições financeiras para cima
período; por outro lado, há déficit quando as receitas
ou para baixo.
são menores do que as despesas.
Se o governo eleva suas taxas de juros, é sinal de
No Brasil, a política fiscal é conduzida com alto
que os bancos em geral seguirão seu raciocínio e ele-
grau de responsabilidade fiscal. O uso equilibrado dos
varão suas taxas também, gerando uma obstrução a
recursos públicos visa a redução gradual da dívida
contratação de crédito pelos clientes tomadores ou
líquida como percentual do PIB, de forma a contri-
gastadores. Já se o governo tende a diminuir a taxa
buir com a estabilidade, o crescimento e o desenvol- SELIC, os bancos em geral tendem a seguir essa dimi-
vimento econômico do país. Mais especificamente, a nuição, recebendo estímulos a contratação de crédito
política fiscal busca a criação de empregos, o aumento para os tomadores ou gastadores.
dos investimentos públicos e a ampliação da rede de
seguridade social, com ênfase na redução da pobreza Política de Rendas
e da desigualdade.
A política de rendas consiste na interferência do
Política Cambial governo nos preços e salários praticados pelo mer-
cado. No intuito de atender a interesses sociais, o
É o conjunto de ações governamentais diretamen- governo tem a capacidade de interferir nas forças do
te relacionadas ao comportamento do mercado de mercado e impedir o seu livre funcionamento. É o que
câmbio, inclusive no que se refere à estabilidade rela- ocorre quando o governo realiza um tabelamento de
tiva das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de preços com o objetivo de controlar a inflação.
pagamentos. Ressaltamos que, atualmente, o governo brasileiro
A política cambial busca estabilizar a balança de interfere tabelando o valor do salário-mínimo; entre-
pagamentos tentando manter em equilíbrio seus com- tanto, quanto aos preços dos diversos produtos no
ponentes, que são: a conta corrente, que registra as país, não há interferência direta do governo.
entradas e saídas devidas ao comércio de bens e ser-
viços, bem como pagamentos de transferências; e a Política Monetária
conta capital e financeira. Também são componentes
dessa conta os capitais compensatórios: empréstimos É a atuação de autoridades monetárias sobre
oferecidos pelo FMI e contas atrasadas (débitos venci- a quantidade de moeda em circulação, de crédito e
122 dos no exterior). das taxas de juros controlando a liquidez global do
sistema econômico. Essa é a mais importante política econômica traçada pelo governo. Nela, estão contidas as
manobras que surtem efeitos mais eficazmente na economia.
A política monetária influencia diretamente a quantidade de dinheiro circulando no país e, consequentemente,
a quantidade de dinheiro no nosso bolso.
Existem dois principais tipos de política monetária a serem adotados pelo governo: a política restritiva, ou
contracionista, e a política expansionista.
A política monetária expansiva consiste em aumentar a oferta de moeda, reduzindo a taxa de juros básica e
estimulando investimentos. Essa política é adotada em épocas de recessão, ou seja, épocas em que a economia está
parada e ninguém consome, produzindo uma estagnação completa do setor produtivo. Com essa medida, o governo
espera estimular o consumo e gerar mais empregos.
Ao contrário, a política monetária contracionista consiste em reduzir a oferta de moeda, aumentando
assim a taxa de juros e reduzindo os investimentos. Essa modalidade da política monetária é aplicada quando
a economia está sofrendo alta inflação, visando reduzir a procura por dinheiro e o consumo causando, conse-
quentemente, uma diminuição no nível de preços dos produtos.
Esta política monetária é rigorosamente elaborada pelas autoridades monetárias brasileiras, utilizando-se dos
seguintes instrumentos, todos regulamentados e executados pelo Banco Central do Brasil:

z Mercado Aberto

Também conhecido como Open Market, operações com títulos públicos são mais um dos instrumentos dispo-
níveis de política monetária. Esse instrumento, considerado um dos mais eficazes, consegue equilibrar a oferta de
moeda e regular a taxa de juros em curto prazo.
A compra e venda dos títulos públicos, emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional, se dá pelo Banco Central
através de Leilões Formais e Informais. De acordo com a necessidade de expandir ou reter a circulação de moedas
do mercado, as autoridades monetárias competentes resgatam ou vendem esses títulos.
Se existe a necessidade de diminuir a taxa de juros e aumentar a circulação de moedas, o Banco Central com-
pra (resgata) títulos públicos que estejam em circulação. Se a necessidade for inversa, ou seja, aumentar a taxa de
juros e diminuir a circulação de moedas, o Banco Central vende (oferta) os títulos disponíveis.
Portanto, os títulos públicos são considerados ativos de renda fixa, tornando-se uma boa opção de investimen-
to para a sociedade.
Outra finalidade dos títulos públicos é a de captar recursos para o financiamento da dívida pública, bem como
financiar atividades do Governo Federal, como por exemplo, Educação, Saúde e Infraestrutura.
Os leilões dos títulos públicos são de responsabilidade do BACEN, que credencia Instituições Financeiras cha-
madas de dealers ou líderes de mercado, para que façam efetivamente o leilão dos títulos. Nesse caso, temos o leilão
informal ou Go Around, pois nem todas as instituições são classificadas como dealers.
Os leilões formais são aqueles em que todas as instituições financeiras, credenciadas pelo BACEN, podem
participar do leilão dos títulos, mas sempre sob o comando deste.
Além dessas formas de o governo participar do mercado de capitais, existe o Tesouro Direto, forma que o
governo encontrou que aproxima as pessoas físicas e jurídicas em geral, ou não financeiras, da compra de títulos
públicos. O tesouro direto é um sistema controlado pelo BACEN para que a pessoa física ou jurídica comum possa
comprar títulos do governo dentro de sua própria casa ou escritório.
Os títulos públicos possuem, hoje, 5 tipos diferentes com características que lhe concedem rentabilidades dis-
tintas. A seguir, vamos conhecer quais são os títulos:

TÍTTULOS PÚBLICOS FEDERAIS

Nome Anterior Nome Atual Rentabilidade

Deságio sobre o valor nominal


LTN Tesouro Prefixado
Títulos sem CUPOM, ou seja, com (prefixado)
pagamento de juros somente no
LFT Tesouro Selic SELIC (pós-fixado)
vencimento.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

NTN – B (Principal) Tesouro IPCA Juros + IPCA

Tesouro IPCA com Juros


NTN-B Juros + IPCA
Semestrais
Títulos com CUPOM
Tesouro Prefixado com Deságio sobre o valor nominal
NTN-F
Juros Semestrais (prefixado)

Os juros semestrais significam que a cada semestre o governo paga a você os juros devidos, mas apenas os
juros, o principal, que é o valor que você investiu, ele só devolve no final do prazo, belezinha?! Esse pagamento de
juros semestrais, nós chamamos de CUPOM.

z Redesconto ou Empréstimo de Liquidez

Outro instrumento de controle monetário é o Redesconto Bancário, no qual o Banco Central concede “emprés-
timos” às instituições financeiras a taxas acima das praticadas no mercado. 123
Os chamados empréstimos de assistência à liquidez são utilizados pelos bancos somente quando existe
uma insuficiência de caixa (fluxo de caixa), ou seja, quando a demanda de recursos depositados não cobre suas
necessidades.
Quando a intenção do Banco Central é de injetar dinheiro no mercado, ele baixa a taxa de juros para estimular
os bancos a pegar esses empréstimos. Os bancos, por sua vez, terão mais disponibilidade de crédito para oferecer
ao mercado; consequentemente, a economia aquece.
Quando o Banco Central tem por necessidade retirar dinheiro do mercado, as taxas de juros concedidas para
esses empréstimos são altas, desestimulando os bancos a pegá-los. Dessa forma, os bancos que precisam cumprir
com suas necessidades imediatas enxugam as linhas de crédito, disponibilizando menos crédito ao mercado; com
isso, a economia desacelera.
Vale ressaltar que o Banco Central é proibido, pela Constituição Brasileira, de emprestar dinheiro a qualquer
outra instituição que não seja uma instituição financeira. As operações de Redesconto do Banco Central podem
ser:

„ Intradia, destinadas a atender necessidades de liquidez das instituições financeiras ao longo do dia. É o
chamado Redesconto a juros zero;
„ De um dia útil, destinadas a satisfazer necessidades de liquidez decorrentes de descasamento de curtíssi-
mo prazo no fluxo de caixa de instituição financeira;
„ De até quinze dias úteis, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse quarenta e
cinco dias úteis, destinadas a satisfazer necessidades de liquidez provocadas pelo descasamento de curto
prazo no fluxo de caixa de instituição financeira e que não caracterizem desequilíbrio estrutural;
„ De até noventa dias corridos, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse cento e
oitenta dias corridos, destinadas a viabilizar o ajuste patrimonial de instituição financeira com desequilí-
brio estrutural.

Atenção! Entende-se por operação intradia a compra com compromisso de revenda, em que a compra e a cor-
respondente revenda ocorrem no próprio dia entre a instituição financeira tomadora e o Banco Central.
Todas as operações feitas pelo BACEN são compromissadas, ou seja, a outra parte que contrata com o BACEN
assume compromissos com ele para desfazer a operação assim que o BACEN solicitar.
Sobre a Compra com Compromisso de Revenda, temos algumas observações que aparecem nas provas. Podem
ser objeto de Redesconto do Banco Central, na modalidade de compra com compromisso de revenda, os seguintes
ativos de titularidade de instituição financeira, desde que não haja restrições a sua negociação:

„ Títulos públicos federais registrados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic, que inte-
grem a posição de custódia própria da instituição financeira;
„ Outros títulos e valores mobiliários, créditos e direitos creditórios, preferencialmente com garantia real,
e outros ativos.

Importante!
As operações intradia e de um dia útil aceitam como garantia exclusivamente os títulos públicos federais; as
demais podem ter como garantia qualquer título aceito como garantia pelo BACEN.

z Recolhimento Compulsório

Um dos instrumentos de Política Monetária utilizado pelo governo para aquecer ou esfriar a economia. É um
depósito obrigatório feito pelos bancos junto ao Banco Central.
Parte de todos os depósitos que são efetuados à vista, ou seja, os depósitos das contas correntes, tanto de livre
movimentação como de não livre movimentação pelo cliente, depósitos a prazo e demais depósitos feitos pela
população, junto aos bancos, vão para o Banco Central. O Banco Central fixa essa taxa de recolhimento. Essa taxa
é variável, de acordo com os interesses do governo em acelerar ou não a economia.
Isso porque, ao reduzir o nível do recolhimento, sobram mais recursos nas mãos dos bancos para serem
emprestados aos clientes, com isso, gerando maior volume de recursos no mercado. Já quando os níveis do reco-
lhimento aumentam, as instituições financeiras reduzem seu volume de recursos, liberando menos crédito e,
consequentemente, reduzindo o volume de recursos no mercado.
O recolhimento compulsório tem por finalidade aumentar ou diminuir a circulação de moeda no país. Quando
o governo precisa diminuir a circulação de moedas no país, o Banco Central aumenta a taxa do compulsório, pois,
dessa forma, as instituições financeiras terão menos crédito disponível para população; portanto, a economia
acaba encolhendo.
Ocorre o inverso quando o governo precisa aumentar a circulação de moedas no país. A taxa do compulsório
diminui e, com isso, as instituições financeiras fazem um depósito menor junto ao Banco Central. Assim, os bancos
comerciais ficam com mais moeda disponível e, consequentemente, aumentam suas linhas de crédito. Com mais
dinheiro em circulação, há o aumento de consumo e a economia tende a crescer.
As instituições financeiras podem fazer transferências voluntárias, de recursos oriundos de depósitos à vista;
porém, o depósito compulsório é obrigatório, porque os valores que são recolhidos ao Banco Central são remu-
124 nerados por ele para que a instituição financeira não tenha prejuízos com os recursos parados junto ao BACEN.
O recolhimento pode ser feito em espécie (papel
moeda), através de transferências eletrônicas para Importante!
contas mantidas pelas instituições financeiras junto ao
BACEN ou até mesmo através de compra e venda de títu-
Não confunda Sistema Selic com Taxa Selic.
los públicos federais. Além disso, o Recolhimento Com-
pulsório pode variar em função das seguintes situações: Sistema Selic x Taxa Selic

� Regiões Geoeconômicas;
z Prioridades de aplicações, ou seja, necessidade do
O Copom - Comitê de Política
governo;
Monetária do BC - determina
z Natureza das instituições financeiras.
a meta da taxa Selic
Redação dada pelo Del nº 1.959, de 14/09/82) adequada para assegurar a
estabilidade de preço
Os valores dos Recolhimentos Compulsórios são
estabelecidos pelo BACEN da seguinte forma:

DETERMINAR COMPULSÓRIO SOBRE DEPÓSITO À O BC é o gestor do Selic e atua


VISTA no mercado aberto para que a
média das taxas acordadas em
Até 100%
operações compromissadas
DETERMINAR COMPULSÓRIO SOBRE DEMAIS TÍ- com prazo de um dia útil entre
TULOS CONTÁBEIS E FINANCEIROS as instituições financeira (IFs)
Até 60% situe-se próxima da meta
definida pelo Copom
Os instrumentos de política monetária citados aci-
ma são importantes armas para execução do quantita- O Selic é a infraestrutura do
tive easing ou flexibilidade quantitativa. mercado financeiro para
compra e venda de títulos
QUANTITATIVE EASING públicos federais

Quantitative easing (QE) pode ser definido como Em cada negociação, o Selic em
transações de compra de ativos, tanto públicos quan- tempo real transfere os títulos
to privados, em larga escala, executadas pelo Banco para o comprador e determina o
Central com o objetivo de estimular a demanda agre- crédito na conta do vendedor
gada, seja por meio da ampliação das reservas ban-
cárias, seja por meio da injeção de liquidez direta no
setor privado.
Após a crise de 2008, o QE ganhou grande espaço
na política monetária mundial.
A taxa Selic é a taxa média
O quantitative easing tem o objetivo de atuar sobre
das operações
a taxa de juros de longo prazo. Assim, tecnicamente,
compromissadas com prazo
o QE é a compra de títulos de longo prazo pelo Banco
de um dia útil ocorridas
Central com o objetivo de atuar diretamente sobre a
diariamente no Selic
taxa de juros de longo prazo.
Isso acontece quando o Banco Central perde a
capacidade de atuar sobre as taxas de curto prazo
a fim de afetar as de longo prazo com o objetivo de,
assim, gerar algum estímulo na economia. Fonte: site do Banco Central.

TAXA SELIC E OPERAÇÕES COMPROMISSADAS O Sistema Selic é fundamental em possíveis casos


de falência ou insolvência de instituições financeiras. A
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

O Selic é o sistema no qual se efetua a custódia e se liquidação bruta em tempo real (LBTR) — as opera-
faz o registro das transações com títulos públicos ções são liquidadas uma a uma por seus valores brutos
federais. Esse sistema é gerido pelo Banco Central e em tempo real — e o registro das transações com títu-
constitui uma infraestrutura do mercado financei- los públicos federais em seu banco de dados pode coibir
ro (IMF). Como infraestrutura, o Selic faz parte do Sis- fraudes e prevenir o contágio em outras instituições.
tema de Pagamentos Brasileiros (SPB).
Atualmente, o sistema Selic possui: O DEBATE SOBRE OS DEPÓSITOS REMUNERADOS
DOS BANCOS COMERCIAIS NO BANCO CENTRAL
z Aproximadamente, 500 participantes; DO BRASIL
z Em torno de 160 mil clientes individualizados;
z 8 tipos de títulos distribuídos em cerca de 380 ven- No último mês de julho, foi sancionada a Lei nº
cimentos, que estão depositados e equivalem a 14.185, de 2021, que autoriza o Banco Central a
99% da carteira de títulos públicos federais; receber depósitos voluntários remunerados das
z Mensalmente, cerca de 40 leilões de títulos para o instituições financeiras. Objetiva dar ao Bacen uma
Tesouro Nacional, que movimentam um montante nova ferramenta para o controle da moeda, que tenha
de R$ 78 bilhões. impacto menor sobre o montante da dívida pública. 125
A operação com depósitos voluntários a prazo é Quando o BC precisa enxugar liquidez do mercado
realizada para enxugar a liquidez de moeda na econo- interbancário, ou seja, absorver as reservas em exces-
mia, e assim não permitir que as taxas de juros cobra- so dos bancos comerciais, ele vende os títulos da car-
das nos empréstimos interbancários sejam menores teira livre para os bancos comerciais por intermédio
do que a taxa básica de referência da economia, a das operações compromissadas, que nada mais são do
Taxa Selic. O depósito voluntário a prazo, portanto, que uma venda de títulos de sua própria carteira com
pode ser considerado um novo instrumento de exe- compromisso de recomprar os mesmos títulos ao final
cução da política monetária. de um determinado período de tempo. Sendo assim,
Primeiramente, vamos entender o motivo da cria- ao vender os títulos por intermédio de operações
ção dos depósitos remunerados. compromissadas, o Banco Central está aumentando
Quando há excesso de liquidez (dinheiro em circu- a quantidade de títulos da dívida pública nas mãos
lação) no mercado, e essa liquidez se mostra superior do mercado financeiro e, dessa forma, aumentando a
à demanda por recursos existentes, o BC tem que ope- dívida bruta do governo.
rar sobre esse excesso de oferta de moeda. Não atuar Com o Banco Central podendo substituir as ope-
nesse manejo da liquidez permitiria que as taxas das rações compromissadas pelos depósitos voluntários,
operações interbancárias caíssem abaixo do patamar então as reservas (recursos) excedentes dos bancos
da Selic, o que levaria o Banco Central a perder seu comerciais poderão ser depositadas diretamente no
poder de determinar a taxa real de juros. próprio Bacen sem que seja necessária a venda de títu-
Para que, cotidianamente, as taxas de juros convir- los da dívida pública para arrecadá-las, ou seja, sem
jam para o patamar estipulado na Taxa Selic, o Ban- que ocorra um aumento da Dívida bruta do governo.
co Central “enxuga” essa liquidez, vendendo títulos Desta forma, as operações de regulação de liquidez
da dívida pública do Tesouro Nacional e recolhendo, do Banco Central não terão nenhum impacto na dívi-
como pagamento esse recurso excedente dos bancos. da pública, cuja dinâmica passará a depender exclusi-
Lembre-se: como o Banco Central não pode emitir vamente do déficit do Tesouro Nacional.
títulos, ele utiliza títulos do Tesouro Nacional para
isso. São as chamadas “operações compromissadas”.
No entanto, ao fazer isso, o estoque da dívida públi-
ca brasileira eleva-se. Isso porque nosso indicador de
dívida é incapaz de separar o que são títulos públi- ORÇAMENTO PÚBLICO, TÍTULOS
cos lançados para o Estado financiar suas despesas DO TESOURO NACIONAL E DÍVIDA
correntes e o que são lançamentos de títulos públicos PÚBLICA
para o exercício da política monetária.
Até o advento dos depósitos voluntários a prazo, o Segundo o site do Ministério da Economia:
Banco Central administrava a quantidade de dinheiro
no sistema bancário exclusivamente por meio da ven- O orçamento público é o instrumento de planeja-
da com compromisso de recompra dos títulos públicos mento que estima as receitas que o governo espe-
de sua carteira, as operações compromissadas. Com os ra arrecadar ao longo do próximo ano e, com base
depósitos voluntários, o BC ganha maior autonomia, nelas, autoriza um limite de gastos a ser realizado
uma vez que deixa de depender exclusivamente des- com tais recursos.
sas operações, para regular a liquidez bancária e, con- Essa programação orçamentária consta na Lei
sequentemente, manter a taxa básica de juros (Selic) Orçamentária Anual (LOA), elaborada com base
próxima da meta fixada pelo Comitê de Política Mone- nas metas e prioridades do Governo definidas na
tária (Copom). Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Não se trata de uma inovação brasileira. Bancos É a LDO que estabelece a ligação entre o Plano Plu-
Centrais de reconhecida reputação técnica, como o rianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Federal Reserve Bank dos Estados Unidos, o Banco da Ao englobar receitas e despesas, o orçamento é peça
Inglaterra e o Banco Central Europeu, contam com fundamental para o equilíbrio das contas públicas
depósitos remunerados entre seus instrumentos de e indica para a sociedade as prioridades definidas
administração da liquidez. pelo governo, como, por exemplo, gastos com edu-
Os depósitos voluntários têm diversas característi- cação, saúde e segurança pública.
cas favoráveis, como efetividade na absorção de recur-
sos livres no sistema bancário, simplicidade, baixo Ou seja, o que acontece no Brasil não é diferente
custo operacional e fácil entendimento pelos agentes do que acontece em uma família, é necessário definir
financeiros. No entanto, as facilidades dos depósitos o orçamento e planejar os gastos de acordo com suas
voluntários não significam o abandono das operações prioridades.
compromissadas com títulos de emissão do Tesouro
Nacional. Elas continuarão a ser o principal instrumen- DÍVIDA PÚBLICA
to utilizado pelo Banco Central na gestão da liquidez.
No entanto, alguns analistas criticam a criação dos Para entendermos corretamente o conceito de
depósitos voluntários a prazo argumentando de que Dívida Pública, temos que entender o conceito de Défi-
o mesmo permitiria uma redução artificial, puramen- cit Público, sendo:
te contábil, na dívida bruta do governo. Isso porque,
conforme a metodologia de cálculo da dívida adotada Déficit Público
pelo Bacen, a chamada “carteira livre de títulos”, ou
seja, os títulos da dívida pública que não estão sen- O governo, como toda família, possui receitas e
do utilizados pelo Banco Central nas operações com- despesas, e, como toda família, geralmente o gover-
promissadas, não são contabilizados como parte da no apresenta mais Despesas do que Receitas, dessa
126 dívida. maneira tem-se:
CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS
Déficit = Gastos - Receitas
De maneira geral, os gastos públicos podem ser
Quanto maior o gasto em relação às receitas, subdivididos em quatro categorias, sendo elas:
maior o Déficit, de maneira contrária, quanto maior
as Receitas em relação aos gastos, tem-se Superávit. z Consumo do Governo: Salários do Funcionalis-
O Déficit Público tem relação direta com a Dívida mo, Consumo Corrente etc;
Pública, sendo assim: z Investimento do Governo;
z Transferências ao Setor Privado: Como Subsídios
Quanto Mais Elevado o déficit público, Maior o au- às Empresas;
mento da dívida z Juros da Dívida.

De forma geral, a Dívida Pública consiste no esto-


MANEIRAS DE MENSURAÇÃO DO DÉFICIT PÚBLICO
que total de recursos de terceiros utilizados para
De maneira geral, existem três maneiras de se financiar o déficit público.
medir o déficit público. Vamos analisar as 3 de forma
resumida: TÍTULOS PÚBLICOS

Déficit Nominal São títulos emitidos pelo próprio governo para


angariar recursos, na prática é a forma do governo “te
Todas as despesas e receitas incorridas pelo gover- pedir dinheiro emprestado”. Para que você empres-
no em determinado período. Como o próprio nome te esse recurso ao governo é necessário que o mesmo
diz, o cálculo é feito pelo valor nominal, ou seja, não te garanta alguma vantagem financeira na forma de
há o cálculo da inflação. Lembre-se, o Déficit Nomi- juros.
nal não considera a inflação do período. Os títulos públicos não possuem garantia do FGC,
porém são considerados muito seguros, pois o gover-
Déficit Primário no brasileiro costuma honrar sua dívida atualmente.
Lembre-se que os Títulos Públicos não contam com a
Para se medir o Déficit Primário, os pagamentos e
Garantia do FGC.
recebimentos de juros são excluídos da Medida. Lem-
Entre os títulos públicos existem duas modalida-
bre-se, no cálculo do Déficit Primário não se conside-
des: os títulos sem cupom e os títulos com cupom.
ram as despesas com juros, amortizações da dívida
Títulos sem cupom pagam seus juros apenas no
pública, entre outras despesas e receitas financeiras.
vencimento dos títulos; enquanto títulos com cupom
O principal motivo de retirar as despesas financei-
pagam no vencimento e juros periódicos (trimestrais,
ras é evidenciar de forma concreta a fonte primária de
semestrais etc).
aumento da dívida pública. É necessário saber que o
Déficit Primário é a fonte primária da dívida pública.

Déficit Operacional Importante!


Títulos Sem Cupom pagam juros Apenas no ven-
É o “Déficit Real” por assim dizer, neste cálculo, é
cimento dos títulos.
deduzido do déficit efeitos da inflação e do pagamento
de juros da dívida. Lembre-se que o Déficit Operacio- Títulos Com Cupom pagam juros Periódicos.
nal deduz a Inflação e o Pagamento de Juros de seu
cálculo. A rentabilidade de títulos com o sem cupom costu-
mam ser bem parecidas, mudando apenas a frequên-
NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO
cia de pagamento.
Como uma família, o Brasil também necessita de
financiamento para suas atividades, a maneira mais Títulos sem Cupom
usual de País financiar suas atividades é por meio da
Emissão de Títulos Públicos, em resumo: São títulos públicos sem cupom: CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

z A maneira mais óbvia de financiar este déficit é z LFT – Letra Financeira do Tesouro (Tesouro Dire-
tomando recursos emprestados do setor privado, to Selic): Pós Fixado, atrelado à SELIC. Por ser pós
por meio da venda de títulos públicos; fixado é recomendado em cenários de alta de SELIC;
z Os títulos públicos não podem ser adquiridos dire- z LTN – Letra do Tesouro Nacional: Pré Fixado, o
tamente pelo BACEN; investidor já sabe no momento da contratação a
z Os Títulos Públicos são referenciados pela taxa rentabilidade do papel;
SELIC; z NTN-B (Principal): Notas do Tesouro Nacional Série
z Quando o governo precisa de financiamento, nor- B. Título atrelado à inflação (IGPM ou IPCA) bom
malmente sobe a taxa SELIC, o que causa um maior para o investidor que quer proteger seu ganho real.
interesse por títulos públicos;
z Um Aumento da Taxa SELIC, tira moeda da Eco- Títulos com Cupom
nomia, já que os investidores tendem a preferir
comprar títulos. São títulos públicos com cupom:

Lembre-se que um aumento da taxa Selic tende a z NTN-B: Atrelada a Inflação (IPCA ou IGPM);
diminuir a inflação e Vice e Versa. z NTN F: Pré-Fixado. 127
PRODUTOS BANCÁRIOS: PROGRAMAS SOCIAIS E BENEFÍCIOS DO TRABALHADOR
NOÇÕES DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO, CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR, CRÉDITO RURAL, POUPANÇA,
CAPITALIZAÇÃO, PREVIDÊNCIA, CONSÓRCIO, INVESTIMENTOS E SEGUROS

Cartão de Crédito

Consistem, basicamente, em uma linha de crédito rotativo, onde o cliente compra com o cartão e pode pagar
de uma só vez ou parcelado.
Conforme for pagando as faturas, o crédito vai sendo liberado novamente e pode ser reutilizado.
As atividades de emissão de cartão de crédito exercidas por instituições financeiras estão sujeitas à regula-
mentação baixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central do Brasil, nos termos dos arts.
4º e 10 da Lei 4.595, de 1964. Todavia, nos casos em que a emissão do cartão de crédito não tem a participação
de instituição financeira, não se aplica a regulamentação do CMN e do Banco Central.
Vale lembrar que existem as instituições de pagamento, que nada mais são do que instituições não financei-
ras que operam recebendo e processando os pagamentos dos cartões dos clientes. Estas instituições se submetem
a regulamentação do CMN e do Bacen.
Hoje no Brasil prevalece a Circular 3.885/2018 que exige solicitação de autorização para funcionamento de
instituições de pagamento, que incluem as administradoras de cartões de crédito, apenas se ultrapassarem o
parâmetro de 500 milhões de reais em transações comuns ou 50 milhões em transações pré-pagas.
Desta forma, não há uma regra que o Bacen autoriza funcionamento de administradoras de cartão, ficando
obrigatório apenas as que ultrapassarem os parâmetros acima.

TIPOS DE INSTITUIÇÃO DE PAGAMENTO


Gerencia conta de pagamento do tipo pré- Exemplo: emissores dos cartões de vale-
Emissor de moeda eletrônica -paga, na qual os recursos devem ser de- -refeição e cartões pré-pagos em moeda
positados previamente. nacional.
Gerencia conta de pagamento do tipo
Exemplo: instituições não financeiras emis-
Emissor de instrumento de pa- pós-paga, na qual os recursos são de-
soras de cartão de crédito (o cartão de cré-
gamento pós-pago positados para pagamento de débitos já
dito é o instrumento de pagamento).
assumidos.
Não gerencia conta de pagamento, mas Exemplo: instituições que assinam con-
Credenciador habilita estabelecimentos comerciais para trato com o estabelecimento comercial
a aceitação de instrumento de pagamento. para aceitação de cartão de pagamento.
Não gerencia conta de pagamento, mas Exemplo: instituições que assinam con-
Credenciador habilita estabelecimentos comerciais para trato com o estabelecimento comercial
a aceitação de instrumento de pagamento. para aceitação de cartão de pagamento.
Uma mesma instituição de pagamento pode atuar em mais de uma modalidade (Fonte: bcb.gov.br)

Tipos de Cartão de Crédito

Existem duas categorias de cartão de crédito: básico e diferenciado. O cartão básico é aquele utilizado
somente para pagamentos de bens e serviços em estabelecimentos credenciados. Já o cartão diferenciado
é aquele cartão que, além de permitir a utilização na sua função clássica de pagamentos de bens e serviços, está
associado a programas de benefício e/ou recompensas, ou seja, oferece benefícios adicionais, como programas
de milhagem, seguro de viagem, desconto na compra de bens e serviços, atendimento personalizado no exterior
etc.
O cartão de crédito básico é de oferecimento obrigatório pelas instituições emissoras de cartão de crédito,
quando possuem o produto cartão de crédito em seu portifólio. Esse cartão básico pode ser nacional ou interna-
cional, mas o valor da anuidade do cartão básico deve ser menor do que o valor da anuidade do cartão diferen-
ciado, por este motivo o cartão básico não tem direito a participar de programas de recompensas oferecidos
pela instituição emissora.
Existem ainda os Retailer Cards, que são cartões de loja que só podem ser usados na rede da loja especifica,
por exemplo: Renner e Riachuelo. E os Co-Branded Cards, que são cartões de crédito que fazem parcerias com
outras empresas de grande nome no mercado, exemplo: Itaú TAM fidelidade.
Além dessas classificações, o Banco Central, através da resolução CMN nº 4.549, adicionou uma outra classifi-
cação quanto ao pagamento dos valores das faturas que são: cartão com rotativo regular e cartão com rotativo
não regular.
O rotativo regular: Pagamento apenas do mínimo e não parcela o restante, situação em que adere ao crédito
rotativo regular, em que se sujeita o titular do cartão ao pagamento dos juros e dos encargos financeiros previstos
em contrato, sendo vedada a cobrança de juros adicionais punitivos (comissão de permanência).
O rotativo não regular: Pagamento de valor inferior ao mínimo, sem parcelamento: cliente fica inadimplen-
te, podendo ser aplicados os procedimentos previstos no contrato para situações de inadimplemento: juros do
crédito rotativo (por dia de atraso sobre a parcela vencida ou sobre o saldo devedor não liquidado); multa de 2%
sobre o principal; e juros de mora de 1% ao mês. Atenção! O prazo máximo de utilização de crédito rotativo é de
128 30 dias, até o vencimento da fatura subsequente.
Tarifas Cobradas

Os bancos só podem cobrar 5 tarifas, consideradas prioritárias, referentes à prestação de serviços de car-
tão de crédito: anuidade, emissão de segunda via do cartão, tarifa para uso na função saque (nacional ou
internacional), para uso do cartão no pagamento de contas e no pedido de avaliação emergencial do limite
de crédito.
Podem ser cobradas ainda tarifas pela contratação de serviços de envio de mensagem automática relativa
à movimentação ou lançamento na conta de pagamento vinculado ao cartão de crédito, pelo fornecimento de
plástico de cartão de crédito em formato personalizado, e ainda pelo fornecimento emergencial de segunda
via de cartão de crédito. Esses serviços são considerados “diferenciados” pela regulamentação.
Todas essas tarifas devem estar previstas em contrato e são cobradas exclusivamente pela administradora do
cartão.

Importante!
Atualmente não existe valor mínimo para pagamento de fatura de cartão de crédito, ficando as instituições
financeiras livres para decidir qual o valor mínimo para o pagamento das faturas pelos clientes.

Vale destacar que caso o cliente não pague a fatura por completo, o saldo devedor será financiado pelo Banco e
não pela administradora do cartão, e cabe ao Banco oferecer ao cliente opções de parcelamento alternativas mais
baratas que os juros cobrados no rotativo do cartão. Da mesma forma, caso o cliente queira parcelar uma fatura,
pois está incapaz de efetuar o pagamento total, quem parcelará será o Banco e não a administradora do cartão,
pois estas estão proibidas pelo Bacen a realizarem tal operação.

Na verdade, os financiamentos são feitos por bancos, pois administradoras de cartão de crédito são proibidas de
financiar seus clientes. Nesses casos, o detentor do cartão de crédito aparecerá no SCR como cliente do banco, que é
o real financiador da operação intermediada pela administradora de cartão de crédito.

Fonte: FAQ Sistema de Informação de Crédito – BACEN

Com base nisto que aprendemos, é bom saber que para que o cartão funcione, é preciso uma estrutura comple-
ta de instituições financeiras, credenciadores, bandeiras e estabelecimentos. Mas quem é quem?
Instituições Financeiras ou Emissor: É o banco ou uma instituição não bancária que fornece o cartão de
crédito e/ou débito para o cliente (titular do cartão). É quem se relaciona com o titular do cartão, estabelecendo
os limites de crédito, enviando o cartão para utilização, emitindo as faturas e aprovando as compras realizadas
nas lojas.
Credenciador: Responsável pela filiação dos estabelecimentos comerciais para uso de cartões nas operações
de venda. É responsável pelo fornecimento e manutenção dos equipamentos de captura, a transmissão dos dados
das transações eletrônicas e os créditos em conta corrente do estabelecimento comercial.
Estabelecimento Credenciado: Empresa de qualquer porte, incluindo o empreendedor individual ou profis-
sional autônomo que aceita o sistema de cartões com suas respectivas bandeiras nas vendas de bens ou serviços.
Bandeira: É quem licencia a marca para o emissor e para o credenciador e coordena o sistema de aprovação,
compensação e liquidação dos créditos. A Visa, Mastercard, Diners Club e American Express são exemplos de ban-
deiras internacionais e a Hipercard, Elo, Sorocred, Sicred são bandeiras nacionais ou regionais

Cartão BNDES
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

O Cartão BNDES é um produto que, baseado no conceito de cartão de crédito, visa financiar os investimentos
dos Micro Empreendedores Individuais (MEI), Micro Empresas e das micro, pequenas e médias empresas
de controle nacional.
Podem obter o Cartão BNDES as MPMEs (com faturamento bruto anual de até R$ 300 milhões), (caso a
empresa pertença a grupo ou conglomerado, o faturamento bruto total de todas as participantes deve ser somado
e não pode exceder o limite de 300 milhões), sediadas no País, de controle nacional, que exerçam atividade
econômica compatíveis com as Políticas Operacionais e de Crédito do BNDES e que estejam em dia com o INSS,
FGTS, RAIS e tributos federais.
O cartão BNDES Agro é também um produto baseado no conceito de cartão de crédito, entretanto é voltado
apenas para pessoas físicas e visa financiar investimentos em produtos rurais em seus negócios.
O portador do Cartão BNDES poderá comprar exclusivamente os itens expostos no Portal de Operações do
Cartão BNDES (www.cartaobndes.gov.br) por fornecedores previamente credenciados.
As 11 Instituições financeiras emissoras atuais do Cartão BNDES são: 129
Banco do
Brasil
Banco
Sicredi do
Nordeste

Sicoob Santander

Emissores

Itaú Banestes

Caixa Banrisul

BRDE Bradesco

Bandeiras de cartão de crédito: Cabal, Elo, MasterCard e Visa.

As condições financeiras em vigor são: Limite de crédito de até R$ 2 milhões por cartão, por banco
emissor.

z Prazo de parcelamento de 3 a 48 meses. 


z Taxa de juros pré-fixada (informada na página inicial do Portal).

Obs. 1: O limite de crédito de cada cliente será atribuído pelo banco emissor do cartão, após a respectiva aná-
lise de crédito. Uma empresa pode obter um Cartão BNDES de cada bandeira por banco emissor, podendo somar
seus limites numa única transação. 
Obs. 2: O cliente pode obter um Cartão BNDES em quantos bancos emissores ele desejar. Caso um banco emis-
sor trabalhe com mais de uma bandeira de cartão de crédito, o cliente poderá ter, nesse banco, um Cartão
BNDES de cada bandeira, desde que a soma dos limites não ultrapasse R$2 milhões.
Tarifa de Abertura de Crédito (TAC): Os bancos estão autorizados a cobrar a TAC desde que esta não exceda 2%
do limite de crédito concedido. OF (Imposto sob Operação Financeira) no cartão BNDES agora pode ser cobrado,
devido ao Decreto Nº 8.511 de agosto de 2015.

Crédito Rural

É uma linha de crédito barata, com taxas determinadas por legislação que buscam ajudar aos produtores
rurais e suas cooperativas em suas atividades. Beneficiários:

z Produtor rural (pessoa física ou jurídica);


z Cooperativa de produtores rurais;
z Pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, dedique-se a uma das seguintes atividades:

„ Pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou certificadas;


„ Pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões;
„ Prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive para proteção
do solo;
„ Prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais;
„ Medição de lavouras;
„ Atividades florestais.

130 Cuidado! Sindicatos rurais estão fora, ou seja, não podem ser beneficiários do crédito rural.
Pode ser concedido, com finalidades especiais, Taxa de Juros
crédito rural a pessoa física ou jurídica que se dedi-
que à exploração da pesca e da aquicultura, com A taxa de juros máxima admitida no crédito rural
é de 6% a.a. (seis por cento), podendo ser reduzidas a
fins comerciais, incluindo-se os armadores de pes-
critério da instituição financeira e escalonada confor-
ca. (Resolução BACEN 4.106/2012)
me origem dos recursos dos Fundos Constitucionais
O tomador do crédito está sujeito à fiscalização da
(FNE, FNO e FCO).
Instituição Financeira.
Quais são os limites de financiamento?
Da origem dos Recursos

Controlados/Obrigatórios: são controlados por O limite de crédito de custeio rural, por benefi-
ciário, em cada safra e em todo o Sistema Nacional
Lei, ou seja, exige-se que sejam repassados ao crédi-
de Crédito Rural (SNCR), é de R$3.000.000,00 (três
to rural.
milhões de reais), devendo ser considerados, na apu-
Caso os bancos descumpram esta exigência, ração desse limite, os créditos de custeio tomados com
pagam multa e o valor desta multa será revertida recursos controlados, exceto aqueles tomados no
em recursos ao credito rural. âmbito dos fundos constitucionais de financiamento
regional ou aqueles cuja origem do recurso sejam as
z Os recursos obrigatórios (decorrentes da exigibili- Letras de Crédito do Agronegócio.
dade de depósito à vista); Nas operações de investimento, o limite de crédi-
z Os das Operações Oficiais de Crédito sob supervi- to dependerá do objeto a ser adquirido e da disponibi-
são do Ministério da Economia; lidade da instituição financeira, pois é vedado utilizar
z Os de qualquer fonte destinados ao crédito recursos controlados/obrigatórios para operações de
rural na forma da regulação aplicável, quando investimentos, exceto se disposto em norma específi-
ca, que são as linhas que utilizam recursos da Poupan-
sujeitos à subvenção da União, sob a forma de
ça Rural e de linhas de crédito do BNDES. Além disso
equalização de encargos financeiros, inclusive os
devem ser observados os seguintes prazos:
recursos administrados pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); z Investimento fixo: 12 (doze) anos;
z Os oriundos da poupança rural, quando aplicados z Investimento semifixo: 6 (seis) anos, exceto
segundo as condições definidas para os recursos quando se tratar de aquisição de animais para
obrigatórios; reprodução ou cria, cujo prazo será de até 5 (cin-
z Os dos fundos constitucionais de financiamento co) anos, incluído até 12 (doze) meses de carência.
regional;
z Os do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Fun- Para a comercialização o valor máximo será libera-
café). do de acordo com a garantia ofertada que poderá ser de
até 4,5 milhões se as garantias forem de Nota Promis-
z Letra de Crédito do Agro Negócio/LCA. (Novo!)
sória Rural ou uma Duplicata Rural, podendo chegar
Não controlados: todos os demais. O banco capta a 25 milhões para Financiamento Especial de Estoca-
gem (FEE) de sementes, com recursos controlados.
se quiser e empresta como quiser.
Para o crédito de industrialização limite do cré-
Quais são as modalidades da operação? Resolução dito para as operações de industrialização, ao ampa-
ro dos recursos controlados, é de R$1.500.000,00 (um
CMN 4.899/21
milhão e quinhentos mil reais) por tomador, em cada
ano agrícola e em todo o SNCR, onde, no mínimo, 50%
Custeio: destina-se a cobrir despesas normais dos
(cinquenta por cento) da produção a ser beneficiada
ciclos produtivos como aquisição de bens e insumos,
ou processada deve ser de produção própria do pro-
suplemento do capital de trabalho, além de atender às dutor rural, da cooperativa de produção ou de asso-
pessoas dedicadas à extração de produtos vegetais. (é ciados; podendo chegar a 400 milhões, com recursos
comprar insumos para plantar grãos, vegetais, etc.). dos fundos constitucionais, se tomado por cooperati-
Investimentos: destina-se às aplicações em bens vas de produção agropecuárias
ou serviços, cujo desfrute se estenda por vários
períodos de produção. (Modernização) O que é Nota Promissória Rural?
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Comercialização: destina-se a assegurar ao pro-


dutor ou cooperativas os recursos necessários à Título de crédito, utilizado nas vendas a prazo
colocação de seus produtos no mercado, podendo de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril,
compreender a pré-comercialização, os descontos quando efetuadas diretamente por produtores rurais
de Nota Promissória Rural, Duplicatas Rurais e o ou por suas cooperativas; nos recebimentos, pelas
cooperativas, de produtos da mesma natureza entre-
Empréstimo do Governo Federal (EGF).
gues pelos seus cooperados, e nas entregas de bens de
Crédito de industrialização: destina-se a pro-
produção ou de consumo, feitas pelas cooperativas
dutor rural para industrialização de produtos agro- aos seus associados. O devedor é, geralmente, pessoa
pecuários em sua propriedade rural, desde que, no física.
mínimo, 50% (cinquenta por cento) da produção a ser
beneficiada ou processada seja de produção própria; O que é Duplicata Rural?
e a cooperativas, na forma definida no Manual do Cré-
dito Rural, desde que, no mínimo, 50% (cinquenta por Nas vendas a prazo de quaisquer bens de natu-
cento) da produção a ser beneficiada ou processada reza agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetua-
seja de produção própria ou de associados. das diretamente por produtores rurais ou por suas 131
cooperativas, poderá ser utilizada também, como títu- z Prêmio de seguro rural, observadas as normas divul-
lo do crédito, a duplicata rural. Emitida a duplicata gadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados;
rural pelo vendedor, este ficará obrigado a entregá-la z Sanções pecuniárias, as famosas MULTAS por
ou a remetê-la ao comprador, que a devolverá depois descumprimento de normas, que acabam virando
de assiná-la. O devedor é, geralmente, pessoa jurídica. recursos para o crédito rural.
z Prêmios em contratos de opção de venda, do mes-
Como pode ser liberado o crédito rural? mo produto agropecuário objeto do financiamento
de custeio ou comercialização, em bolsas de merca-
De uma só vez ou em parcelas, por caixa ou em dorias e futuros nacionais, e taxas e emolumentos
conta de depósitos, de acordo com as necessidades do referentes a essas operações de contratos de opção.
empreendimento, devendo sua utilização obedecer a
cronograma de aquisições e serviços. Nenhuma outra despesa pode ser exigida do
Para liberação do crédito rural a instituição finan- mutuário, salvo o exato valor de gastos efetuados à
ceira pode exigir um projeto, podendo este ser dis- sua conta pela instituição financeira ou decorrente de
pensado caso haja garantias de Notas Promissórias expressas disposições legais. Cuidaso! A Alíquota do
Rurais ou Duplicatas Rurais. IOF é zero, mas existe um IOF adicional de 0,38%
Os objetivos do crédito rural são: sobre o Crédito Rural.

z Estimular os investimentos rurais efetuados pelos Quando deve ser realizada a fiscalização do crédito
produtores ou por suas cooperativas; rural?
z Favorecer o oportuno e adequado custeio da
Deve ser efetuada nos seguintes momentos:
produção e a comercialização de produtos
agropecuários; z Crédito de custeio agrícola: antes da época previs-
z Fortalecer o setor rural; ta para colheita;
z Incentivar a introdução de métodos racionais z Empréstimo do Governo Federal (EGF): no curso
no sistema de produção, visando ao aumento de da operação;
produtividade, à melhoria do padrão de vida das z Crédito de custeio pecuário: pelo menos uma vez
populações rurais e à adequada utilização dos
no curso da operação, em época que seja possível
recursos naturais;
verificar sua correta aplicação;
z Propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e
z Crédito de investimento para construções, refor-
regularização de terras pelos pequenos produ-
mas ou ampliações de benfeitorias: até a conclusão
tores, posseiros e arrendatários e trabalhadores
do cronograma de execução, previsto no projeto;
rurais;
z Demais financiamentos: até 60 (sessenta) dias após
z Desenvolver atividades florestais e pesqueiras;
cada utilização, para comprovar a realização das
z Estimular a geração de renda e o melhor uso da
obras, serviços ou aquisições.
mão-de-obra na agricultura familiar.
Cabe ao fiscal verificar a correta aplicação dos
As garantias da operação: recursos orçamentários, o desenvolvimento das ati-
vidades financiadas e a situação das garantias, se
z Penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou houver.
cedular;
z Alienação fiduciária; FINANCIAMENTOS À EXPORTAÇÃO E
z Hipoteca comum ou cedular; IMPORTAÇÃO – BNDES
z Aval ou fiança;
z Seguro rural ou ao amparo do Programa de Garan- Financiamentos à importação - são linhas de
tia da Atividade Agropecuária (Proagro); (Isento de crédito captadas no exterior para financiamento aos
IOF) importadores por um prazo negociado com o banco.
z Proteção de preço futuro da commodity agrope- Podem ser obtidas pelo importador com o banqueiro
cuária, inclusive por meio de penhor de direitos, no exterior ou com o banco brasileiro.
contratual ou cedular; Financiamentos à exportação - são linhas de cré-
z Outras que o Conselho Monetário Nacional admitir. dito que podem ser com recursos do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
A que tipo de despesas está sujeito o crédito rural? dos bancos nacionais e do Tesouro Nacional, já que é
de interesse do país que ocorra a exportação para que
z Remuneração financeira (taxa de juros); ocorra a entrada de divisas no país.
z Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Entre as linhas de financiamento, podemos citar:
Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e
Valores Mobiliários (IOF); 1. ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio - For-
z Custo de prestação de serviços; ma de antecipação de receita para exportadores que
z As previstas no Programa de Garantia da Ativida- já tenha fechado o contrato de venda e que, portan-
de Agropecuária (Proagro); to, já tenham uma data prevista para o embarque das
mercadorias e posterior ingresso das divisas.
O Proagro é o Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária. É um programa do governo federal que O contrato de câmbio  será negociado com um
garante o pagamento de financiamentos rurais quan- banco local, que adianta ao exportador os reais equi-
do a lavoura sofrer danos provocados por eventos cli- valentes ao valor da exportação. O contrato de câmbio
máticos adversos ou causados por doenças e pragas pode ser encerrado, também, sem liquidação financei-
132 sem controle. ra. É quando o ACC vira um ACE.
2. ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues - o pagamento de uma indenização ou multa pelo não
Com o embarque das mercadorias e a entrega dos cumprimento de uma obrigação de fazer ou de não
documentos, o ACC poderá ser contabilmente trans- fazer do afiançado. A fiança é uma garantia dada em
formado em ACE ou, no caso do exportador não ter contratos, ou seja, diferentemente do aval, a fiança
feito ACC, o ACE pode ser solicitado em até 60 dias exige um contrato para ser formalizada.
após o embarque. Na fiança, existem três figuras distintas:

ACE é, portanto, um financiamento após o embar- z O Fiador: aquele que se obriga a cumprir a obriga-
que das mercadorias com a entrega de documentos ção, caso o devedor não o faça;
e depende da necessidade do exportador em esten- z O Afiançado: é o devedor principal da obrigação
der o prazo de pagamento para seus compradores originária da fiança,
(importadores). z O Beneficiário: é o credor, aquele a favor do qual
a obrigação deve ser cumprida.
GARANTIAS DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
A fiança, em relação ao crédito, representa uma
As Garantias de operações de crédito existem como obrigação subsidiária, ou seja, ela só existe até o
uma forma de proteção para os bancos e credores em limite estabelecido e somente pode ser cobrada
geral que querem garantir o pagamento, por parte do caso o devedor não pague a dívida afiançada.
devedor, de compromissos assumidos por este para A fiança é subsidiária, o que permite o direito
com os credores. As garantias possuem dois grandes de ordem na execução da dívida, ou seja, o fiador,
grupos: Fidejussórias e as Reais. ou codevedor, só efetivamente será executado após
As garantias Fidejussórias são relacionadas a pes- cobrança ao devedor principal.
soas, ou seja, a garantia passa a ser uma pessoa física Para ser solidária, ou seja, para que o fiador possa
ou jurídica. Já as garantias Reais envolvem bem ou ser compelido a pagar, independentemente de o deve-
direitos que são dados em garantia do cumprimento dor já ter ou não sido acionado para fazê-lo, deverá
de alguma obrigação, por exemplo: veículos, imóveis, conter cláusula específica.
títulos de crédito e até direitos de crédito. A fiança pode ser dada por qualquer pessoa capaz
física ou jurídica. Quando o fiador, pessoa física for
Garantias Fidejussórias casado, é obrigatório o consentimento do cônjuge.
Na avaliação dos bens do(s) fiador (es) não se con-
Do prefixo latino “fides”, fé, sinceridade, crença, ta o bem de família – único imóvel residencial – por
confiança, crédito, esse tipo de garantia está baseada força da impenhorabilidade prevista na Lei 8.009/90
na fidelidade do garantidor em cumprir a obrigação,
e no Código Civil. Esse bem de família somente pode
caso o devedor não o faça e, de outro lado, na confian-
responder pela dívida se for recebido em garantia
ça do credor, no retorno de seu crédito, seja por parte
hipotecária.
do devedor ou por parte do garantidor.
Fiança Bancária: Nada mais é do que um contra-
Nessa garantia, a assinatura do garantidor será a
to por meio do qual o banco, que é o fiador, garante
garantia do cumprimento das obrigações assumidas
o cumprimento da obrigação de seus clientes (afian-
pelo devedor, ou até mesmo os bens pessoais do
çado) e poderá ser concedido em diversas modalida-
garantidor respondem pelo cumprimento da dívida
des de operações e em operações ligadas ao comércio
do devedor. Nesta categoria, estão o aval e a fiança.
internacional.
A fiança nada mais é do que uma obrigação escri-
z Aval: Ato pelo qual alguém, pela aposição de sua
ta, acessória, assumida pelo banco, e que, por se tratar
assinatura no verso ou anverso de um título de
crédito, declara-se responsável solidariamente de uma garantia e não de uma operação de crédito,
com o devedor pelo pagamento da quantia expres- está isenta do IOF.
sa no título. Os Bancos somente poderão prestar fiança que
tenha perfeita caracterização do valor em moeda
Ou seja, o Aval é uma garantia dada em Títulos de nacional e vencimento, ou seja, o prazo de validade
Crédito e é solidária, ou seja, tanto o devedor como da fiança.
seu garantidor, o avalista, podem ser executados pelo Além disso, os bancos não poderão contratar fian-
credor na ordem que este preferir. Desta forma, dize- ças que acumulem valor superior a 5 vezes o montan-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

mos que o aval é avacalhado, ou seja, bagunçado e te dos seus capitais realizados e reservas livres, bem
sem ordem de execução. como as fianças não poderão, isoladamente, superar
O novo Código Civil exige a autorização do cônju- a metade da soma dos recursos livres e dos capitais
ge, casado sob o regime de comunhão parcial e total realizados.
de bens, para a prestação de aval, sob pena de invali- É vedado aos bancos:
dade das respectivas garantias.
No aval, o garantidor promete pagar a dívida, caso z A assunção de responsabilidades por aval ou
o devedor não o faça. Vencido o título, o credor pode outorga de aceite;
cobrar indistintamente do devedor ou do avalista. z A concessão de fiança ou qualquer outra garantia
O aval é uma garantia tipicamente cambiária, ou seja, que possa, direta ou indiretamente, ensejar aos
não vale em contrato, somente pode ser passado favorecidos a obtenção de empréstimos em geral,
em títulos de crédito e o avalista se responsabiliza ou o levantamento de recursos junto ao público;
apenas pelo valor expresso no título avalizado. z A concessão de aval ou fiança em moeda estran-
Fiança Pessoal: É um contrato por meio do qual geira ou que envolva risco de variação de taxas
alguém, chamado fiador, garante o cumprimento da de câmbio, exceto quando se tratar de operações
obrigação do devedor, caso este não o faça, ou garante ligadas ao comércio exterior. 133
A prestação de fiança pela Caixa Econômica Fede- z Dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a
ral depende de prévia e expressa autorização deste venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou
Banco Central, em cada caso. As Sociedades de Crédi- por ele autorizada.
to, Financiamento e Investimentos não poderão pres-
tar fiança nem aval. Alienação Fiduciária: É a garantia representa-
As informações anteriores não se aplicam aos ban- da pela transferência da propriedade resolúvel
cos privados de investimento ou de desenvolvimento, do bem móvel para o credor fiduciante, ficando o
os quais ficam regulados, no particular, pela Resolu- devedor fiduciário na posse direta desse bem, na
ção nº 18, de 18 de fevereiro de 1966. As demais Insti- condição de fiel depositário, até o cumprimento total
tuições Financeiras, inclusive Cooperativas de Crédito das obrigações.
e Seção de Crédito das Cooperativas Mistas, não pode- Essa garantia veio resolver o problema das Socie-
dades Financeiras que, ao financiar a aquisição de
rão outorgar aceite, fiança ou aval.
bens móveis, utilizava-se de institutos obsoletos para
garantir o pagamento da obrigação. Esta garantia é
Garantias Reais
típica em financiamento de bens duráveis.
Para o credor, esse tipo de garantia trouxe a novi-
Como vimos na garantia pessoal, os bens gerais do dade de, caso o devedor não liquide sua obrigação
garantidor asseguram o cumprimento da obrigação. no vencimento, poderá requerer a ação de busca e
Já na garantia real (do latim res=coisa), o devedor ou apreensão do bem alienado e, após se apossar des-
garantidor destaca um bem específico que garantirá se, vendê-lo a terceiros, aplicando o valor de venda
o ressarcimento do credor, na hipótese de inadim- no pagamento de seu crédito, ou seja, com a alienação
plência do devedor. Diante da hipótese de inadimple- fiduciária, o bem pode ser executado sem o tramite
mento do devedor, o credor pode oferecer à venda o judicial completo, bastando o devedor ser declara-
bem onerado, pagando-se com o preço obtido, devol- do irremediavelmente insolvente, ou seja, não vai
vendo ao devedor a diferença entre o valor da dívida pagar de jeito nenhum.
e o preço alcançado na venda. Caso o preço da venda No entanto, convém salientar que o credor não
não baste para a liquidação da dívida, o devedor pode ficar com o bem objeto da garantia, devendo
continua obrigado ao pagamento da diferença. vendê-lo, utilizando-se do valor da venda na liquida-
O credor com garantia real não necessita habilitar- ção da operação.
-se em concordata do devedor, visto que o bem garan- Hipoteca – Direito real de garantia, constituído
tidor da operação já está destacado em sua garantia. sobre imóvel do devedor ou de terceiros, sem tirá-
Na hipótese de falência, vendido o objeto garantidor, -lo da posse direta do proprietário, objetivando sujei-
primeiramente o credor é pago e, restando algum tá-lo ao pagamento da dívida.
valor, é esse distribuído entre os credores quirogra- Ou seja, diferentemente da alienação fiduciária,
fários. Se o valor da venda não for suficiente para o aqui o devedor dá o bem em garantia, mas continua
o dono dele, ou seja, não há transferência de pro-
ressarcimento do credor, esse deverá habilitar-se no
priedade do devedor para o credor, mas apenas a
processo de falência pela diferença, na qualidade de
sinalização de que aquele imóvel é uma garantia de
credor quirografário.
uma operação de crédito e, caso ele seja vendido, o
valor arrecadado será voltado preferencialmente a
Penhor quitação da dívida contraída.
A hipoteca pode ser formalizada em um Instru-
Penhor Mercantil – Contrato acessório e formal, mento à parte ou por cláusula adjeta a contratos de
em que o devedor, ou outra pessoa por ele, entrega empréstimos, mas em qualquer caso é obrigatória a
ao credor um ou vários bens móveis, como garantia averbação na matrícula do imóvel junto ao Cartório
de obrigação. de Registro de Imóveis.
Quando o imóvel for de propriedade de pessoa
física casada, é obrigatório o comparecimento de seu
Importante! cônjuge na hipoteca.
Finalmente, convém salientar que toda garan-
O bem, objeto dessa garantia, obrigatoriamente
tia é acessória de uma obrigação principal e que,
fica na posse do banco ou de quem este indi- portanto, com a extinção da obrigação principal, a
car como fiel depositário. A Propriedade é do garantia deixa de existir. Por outro lado, a garantia
devedor! se prende somente à obrigação garantida, não poden-
do, por ato unilateral do credor se estender a outra
obrigação, ainda que as partes sejam as mesmas.
O contrato lastreado por garantia de penhor mer-
cantil é levado a registro no Cartório de Títulos e FUNDO GARANTIDOR DO CRÉDITO
Documentos, para que surta os efeitos legais contra
terceiros. A origem/propriedade do bem a ser penho- Em agosto de 1995, através da Resolução 2.197,
rado é comprovada através de documentação hábil. de 31/08/1995, o Conselho Monetário Nacional - CMN
De acordo com o Código Civil, extingue-se o penhor: autoriza a “constituição de entidade privada, sem fins
lucrativos, destinada a administrar mecanismos de
z Extinguindo-se a obrigação; proteção a titulares de créditos contra instituições
z Perecendo a coisa; financeiras”.
z Renunciando o credor; Em novembro de 1995, o Estatuto e Regulamento
z Confundindo-se na mesma pessoa as qualidades da nova entidade são aprovados. Cria-se, portanto,
134 de credor e de dono da coisa; o Fundo Garantidor de Créditos - FGC, associação
civil sem fins lucrativos, com personalidade jurí- A contribuição ordinária é de 0,01% e as espe-
dica de direito privado, através da Resolução 2.211, ciais, para garantir os DPGEs (Depósitos a Prazo com
de 16/11/1995. Garantia Especial) de 0,02% com garantias reais e
O FGC tem por objetivos prestar garantia de crédi- 0,03% sem garantias reais. Essas garantias reais, são
tos contra instituições dele associadas, nas situações bens ofertados em garantia pela instituição financeira
de: para cobrir eventuais problemas de liquidez.
Atenção, pois as Letras Imobiliárias não são mais
z Decretar da intervenção ou da liquidação extraju- garantidas pelo FGC.
dicial de instituição associada; A regra padrão é que o FGC garante os depósitos
z Reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil,
até 250 mil reais por CPF/conta ou conglomerado
do estado de insolvência de instituição associada
financeiro, entretanto para o DPGE – Depósitos a Pra-
que, nos termos da legislação em vigor, não estiver
zo com Garantia Especial do FGC – a garantia é de até
sujeita aos regimes referidos no item anterior.
40 milhões de reais, o que o torna especial. Vale des-
Integra também o objeto do FGC, consideradas tacar que nesta modalidade de investimentos não se
as finalidades de contribuir para a manutenção da admite conta conjunta, mas apenas individual, desta
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e pre- forma não há de se falar em dividir os 40 milhões para
venção de crise sistêmica bancária, a contratação de 2 ou mais pessoas na mesma conta.
operações de assistência ou de suporte financeiro, Essa modalidade de depósitos exige valor míni-
incluindo operações de liquidez com as instituições mo inicial de 1 milhão de reais e prazo mínimo de 12
associadas, diretamente ou por intermédio de empre- meses e máximo de 24 meses.
sas por estas indicadas, inclusive com seus acionistas Algumas mudanças que ocorreram no FGC em
controladores. 2017.

Critérios para Pagamento COMO ERA


Garantia de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ e conglomera-
O pagamento é realizado por CPF/CNPJ e por insti-
do financeiro, em depósitos cobertos pelo Fundo Garan-
tuição financeira ou conglomerado.
tidor de Créditos e emitidos por instituições associadas
à entidade.
Limite de Cobertura Ordinária
Não havia teto para garantia paga pelo FGC por CPF ou
Até R$250.000,00 por CPF, por conta ou conglome- CNPJ em qualquer período.
rado financeiro. Se a conta possuir mais de um titular, Investidores não-residentes não contavam com a garan-
o valor de 250 mil será dividido pelo número de titu- tia do FGC.
lares, ou seja, não são 250 mil por cada, mas sim por
COMO FICOU
todos, ok?
Limite permanece inalterado.
Adesão Compulsória Teto de R$ 1 milhão por CPF ou CNPJ, a cada período de
4 anos, para a garantia paga pelo FGC.
A adesão das instituições financeiras e as associa- Investidores não-residentes passam a contar com a ga-
ções de poupança e empréstimo em funcionamento rantia, para investimentos elegíveis.
no País - não contemplando as cooperativas de crédito
e as seções de crédito das cooperativas, é realizada de
forma compulsória. As autorizações do Banco Central O FGCOOP – Fundo Garantidor do Cooperativismo
do Brasil para funcionamento de novas instituições
financeiras estão condicionadas à adesão ao FGC. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou
O FGC possui norma legal que explicita os critérios resolução que estabelece a forma de contribuição
e limites de proteção ao Sistema Financeiro Nacional das instituições associadas ao Fundo Garantidor do
- Resolução 4.222, de 23 de maio de 2013. Cooperativismo de Crédito (FGCoop), bem como
aprova seu estatuto e regulamento. Conforme previs-
Depósitos Garantidos to na Resolução nº 4.150, de 30/10/2012, esse fundo
terá como instituições associadas todas as cooperati-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

z Depósitos à vista (contas correntes) vas singulares de crédito do Brasil e os bancos coo-
z Depósitos de poupança; perativos integrantes do Sistema Nacional de Crédito
z Depósitos a prazo CDB e RDB; Cooperativo (SNCC).
z Depósitos mantidos em contas não movimentáveis
De acordo com seu estatuto, o FGCoop tem por
por cheques destinadas a salários;
objetivo prestar garantia de créditos nos casos de
z Letras de câmbio;
decretação de intervenção ou de liquidação extraju-
z Letras hipotecárias;
z Letras de crédito imobiliário; dicial de instituição associada, até o limite de R$250
z Letras de crédito do agronegócio (LCA); mil reais por pessoa, bem como contratar operações
z Operações compromissadas que têm como objeti- de assistência, de suporte financeiro e de liquidez com
vo títulos emitidos após 8 de março de 2012 por essas instituições.
empresa ligada. A contribuição mensal ordinária das instituições
associadas ao Fundo será de 0,01% dos saldos das
Para que o fundo possua recursos, são necessárias obrigações garantidas, que abrangem as mesmas
contribuições MENSAIS das instituições que fizeram modalidades protegidas pelo Fundo Garantidor de
adesão ao FGC. Créditos dos bancos, o FGC. 135
Importante!
As Cooperativas de Crédito e os Bancos Cooperativos não fazem mais parte do FGC, apenas fazem parte do
FGCOOP. O FGCOOP (Fundo Garantidor do Cooperativismo) que tem as mesmas coberturas do FGC, mesmos
critérios e mesmos objetivos.

NOÇÕES DE MERCADO DE CAPITAIS


O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de propor-
cionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É constituído pelas
bolsas de valores, sociedades corretoras distribuidoras e outras instituições financeiras autorizadas.
Anteriormente, quando falamos de autoridades monetárias, vimos uma delas como principal supervisora e
reguladora do mercado de valores mobiliários, a CVM.
A CVM é a principal autarquia responsável por garantir o adequado funcionamento do mercado de valores
mobiliários. Logo, para que qualquer companhia possa operar nesse mercado, dependerá de autorização prévia
da CVM para realizar suas atividades.
Para que Serve o Mercado de Valores Mobiliários?
Em alguns casos, o mercado de crédito não é capaz de suprir as necessidades de financiamento dos agentes ou
das empresas. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando um determinado agente, em geral uma empresa, deseja
um volume de recursos muito superior ao que uma instituição poderia, sozinha, emprestar. Além disso, pode
acontecer de os custos dos empréstimos no mercado de crédito, em virtude dos riscos assumidos pelas instituições
nas operações, serem demasiadamente altos, de forma a inviabilizar os investimentos pretendidos. Surgiu, com
isso, o que é conhecido como Mercado de Capitais, ou Mercado de Valores Mobiliários.
No Mercado de Valores Mobiliários, em geral, os investidores emprestam recursos diretamente aos agentes defi-
citários, como as empresas. Caracteriza-se por negócios de médio e longo prazo, nos quais são negociados títulos
chamados de Valores Mobiliários. Como exemplo, podemos citar as ações, que representam parcela do capital
social de sociedades anônimas, e as debêntures, que representam títulos de dívida dessas mesmas sociedades.
Nesse mercado, as instituições financeiras atuam, basicamente, como prestadoras de serviços, assessorando
as empresas no planejamento das emissões de valores mobiliários, ajudando na colocação deles para o público in-
vestidor, facilitando o processo de formação de preços e a liquidez, assim como criando condições adequadas pa-
ra as negociações secundárias. Elas não assumem a obrigação pelo cumprimento das obrigações estabelecidas e
formalizadas nesse mercado. Assim, a responsabilidade pelo pagamento dos juros e principal de uma debênture,
por exemplo, é da emissora, e não da instituição financeira que a tenha assessorado ou participado do processo
de colocação dos títulos no mercado. São participantes desse mercado, como exemplo, os Bancos de Investimento,
as Corretoras e Distribuidoras de títulos e Valores Mobiliários, as entidades administradoras de mercado de bolsa
e balcão, além de diversos outros prestadores de serviços.
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são:

z Ações – ou de empréstimos tomados, via mercado, por empresas;


z Debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição;
z Commercial papers ou Notas Promissórias Comerciais, que permitem a circulação de capital para custear o
desenvolvimento econômico.

O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos de subscrição de valores mobiliá-
rios, certificados de depósitos de ações e demais derivados autorizados à negociação pela CVM.
Esses títulos são papéis que valem dinheiro, ou seja, são uma forma de uma empresa ou companhia arrecadar
dinheiro, na forma de aquisição de novos sócios ou credores. Isso decorre do fato de que, muitas vezes, arrecadar
dinheiro através da emissão de títulos é mais barato para a empresa do que contratar empréstimos em institui-
ções financeiras.

EMPRESAS E COMPANHIAS

As Companhias são as empresas que são emissoras dos papéis negociados no mercado de capitais. Essas
empresas têm um objetivo em comum: captar recursos em larga escala e de forma mais lucrativa. Para que isso
ocorra, as empresas devem solicitar à CVM autorização para emitir e comercializar seus papéis.
Essas empresas são chamadas Sociedades Anônimas ou, simplesmente, S/A. Ao adotarem esse tipo de consti-
tuição, elas passam a ter uma quantidade de sócios maior do que teriam se fossem empresas de responsabilidade
limitada – LTDA, por exemplo.
Estas S/As podem ser constituídas de forma aberta ou fechada. Vejamos as diferenças:
As S/A abertas admitem negociação dos seus títulos nos mercados abertos, como Bolsa e Balcão Organizado;
já as fechadas só podem ter seus papéis negociados restritamente entre pessoas da própria empresa ou próximas
136 à empresa.
COMPANHIAS
Abertas Fechadas

Características
Atuam nas bolsas de valores ou mercados de bal- Nº de cotistas limitados a 20 patrimônio pequeno não operam em
cão organizados bolsas de valores ou balcões organizados

NEGOCIAÇÕES DE PAPÉIS

Para as Companhias Abertas, que admitem negociação de seus papéis no mercado público, há distribuição em
dois tipos de mercados: o primário e o secundário.
Oferta pública de distribuição, primária ou secundária, é o processo de colocação, junto ao público, de certo
número de títulos e valores mobiliários para venda. Envolve desde o levantamento das intenções do mercado
em relação aos valores mobiliários ofertados até a efetiva colocação junto ao público, incluindo a divulgação de
informações, o período de subscrição, entre outras etapas.
As ofertas podem ser primárias ou secundárias. Quando a empresa vende novos títulos e os recursos dessas
vendas vão para o caixa da empresa, as ofertas são chamadas de primárias.
Por outro lado, quando não envolvem a emissão de novos títulos, caracterizando apenas a venda de ações já
existentes – em geral dos sócios que querem “desinvestir” ou reduzir a sua participação no negócio – e os recursos
vão para os vendedores e não para o caixa da empresa, a oferta é conhecida como secundária (block trade).
Além disso, quando a empresa está realizando a sua primeira oferta pública, ou seja, quando está abrindo
o seu capital, a oferta recebe o nome de oferta pública inicial ou IPO (do termo em inglês, Inicial Public Offer).
Quando a empresa já tem o capital aberto e já realizou a sua primeira oferta, as emissões seguintes são conhe-
cidas como ofertas subsequentes ou, no termo em inglês, follow on.

z Mercado Primário
„ Oferta Pública Inicial – IPO (títulos novos);
„ Sensibilizam o caixa da empresa;
„ Pode ter valor nominal ou valor de mercado.

z Mercado Secundário
„ Negociação dos títulos já emitidos anteriormente;
„ Não sensibiliza o caixa da empresa;
„ Os papéis terão seu valor apenas pelo valor de mercado.

A Lei 6385/1976, que disciplina o mercado de capitais, estabelece que nenhuma emissão pública de valores
mobiliários poderá ser distribuída no mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários, apesar
de lhe conceder a prerrogativa de dispensar o registro em determinados casos, e delega competência para a CVM
disciplinar as emissões.
Além disso, exemplifica algumas situações que caracterizam a oferta como pública, por exemplo: a utilização
de listas ou boletins, folhetos, prospectos ou anúncios destinados ao público; a negociação feita em loja, escritório
ou estabelecimento aberto ao público, entre outros.
Em regra, toda oferta pública deve ser registrada na CVM. Porém, o registro poderá ser dispensado consi-
derando as características específicas da oferta em questão, como, por exemplo, a oferta pública de valores
mobiliários de emissão de empresas de pequeno porte e de microempresas, assim definidas em lei, que são
dispensadas automaticamente do registro para ofertas de até R$ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil
reais) em cada período de 12 meses, desde que observadas as condições estabelecidas nos §§ 4º ao 8º, do art. 5º,
da instrução CVM 400/03.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

As ofertas públicas devem ser realizadas por intermédio de instituições integrantes do sistema de distribui-
ção de valores mobiliários, como os bancos de investimento, corretoras ou distribuidoras. Essas instituições
poderão se organizar em consórcios com o fim específico de distribuir os valores mobiliários no mercado e/ou
garantir a subscrição da emissão, sempre sob a organização de uma instituição líder, que assume responsabi-
lidades específicas. Para participar de uma oferta pública, o investidor precisa ser cadastrado em uma dessas
instituições.
Essas instituições integrantes do Sistema de Distribuição de Valores Mobiliários são os chamados agentes subs-
critores ou agentes underwhiters. Esses agentes realizam a subscrição dos títulos, ou seja, assinam embaixo
atestando a procedência dos papéis, por isso o nome underwhiting.
Esse evento pode ser dividido em 3 tipos:

z Underwhiting Firme: Modalidade de lançamento na qual a instituição financeira, ou consórcio de institui-


ções, subscreve a emissão total, encarregando-se, por sua conta e risco, de colocá-la no mercado junto aos
investidores individuais (público) e institucionais. Nesse tipo de operação, no caso de um eventual fracasso,
a empresa já recebeu integralmente o valor correspondente às ações emitidas. O risco é inteiramente do
underwriter (intermediário financeiro que executa uma operação de underwriting). 137
O fato de uma emissão ser colocada por meio de Em resumo, as Bolsas de Valores compreendem
underwriting firme oferece uma garantia adicional ao um ambiente que pode ser físico ou eletrônico. Nele,
investidor, porque, se as instituições financeiras do são realizadas negociações entre investidores e entre
consórcio estão dispostas a assumir o risco da opera- companhias e investidores. Entretanto, pelo fato de as
ção, é porque confiam no êxito do lançamento, uma empresas que operam na Bolsa serem grandes demais e
vez que não há interesse de sua parte em imobilizar possuírem uma tradição, aquelas que estão começando
recursos por muito tempo; têm dificuldade para serem tão atrativas quanto elas.
Pensando nisso, a CVM autorizou a criação de
z Underwhiting Best Efforts (Melhores Esforços): Mercados de Balcão, que são, também, ambientes
Modalidade de lançamento de ações na qual a virtuais nos quais empresas menores podem nego-
instituição financeira assume apenas o compro- ciar seus títulos com mais facilidade. Vale dizer que
misso de fazer o melhor esforço para colocar o o Mercado de Balcão pode ser Organizado ou Não
máximo de uma emissão junto à sua clientela, nas Organizado.
melhores condições possíveis e em um determina-
do período de tempo. As dificuldades de colocação
das ações irão se refletir diretamente na empresa Organizado Não Organizado
emissora. Nesse caso, o investidor deve proceder a
uma avaliação mais cuidadosa, tanto das perspec-
tivas da empresa quanto das instituições financei- Utiliza
ras encarregadas do lançamento; exclusivamente o Não existe sistema
Sistema Eletrônico padrão
z Residual ou stand-by underwriting: Nessa for- de Negociação
ma de subscrição pública, a instituição financeira
não se responsabiliza, no momento do lançamen- Supervisiona a Não existe padrão
to, pela integralização total das ações emitidas. Liquidação dos na supervisão dos
Há um comprometimento, entre a instituição e a papéis papéis
empresa emitente, de negociar as novas ações jun-
to ao mercado durante certo tempo findo, no qual Em resumo, o Mercado de Balcão Organizado tem
poderá ocorrer a subscrição total, por parte da ins- normas e é bastante confiável. Já o Não Organizado é
tituição, ou a devolução, à sociedade emitente, das uma verdadeira bagunça.
ações que não foram absorvidas pelos investidores Tradicionalmente, o Mercado de Balcão é um
individuais e institucionais. mercado de títulos sem local físico definido para
a realização das transações que são feitas por tele-
Aspectos Operacionais do underwriting: A fone entre as instituições financeiras. Ele é chamado
decisão de emitir ações, seja pela oferta pública, seja de Organizado quando se estrutura como um sistema
para abertura ou aumento do capital, pressupõe que de negociação de títulos e valores mobiliários, poden-
a sociedade ofereça certas condições de atratividade do estar organizado como um sistema eletrônico de
econômica, bem como supõe um estudo da conjuntu- negociação por terminais, que interliga as institui-
ra econômica global a fim de evitar que não obtenha ções credenciadas em todo o Brasil, processando suas
êxito por falta de senso de oportunidade. É preciso ordens de compra e venda e fechando os negócios
que se avaliem, pelo menos, os seguintes aspectos: eletronicamente.
existência de um clima de confiança nos resultados da O Mercado de Balcão Organizado é um ambien-
economia, estudo setorial, estabilidade política, infla- te administrado por instituições autorreguladoras,
ção controlada, mercado secundário e motivações que propiciam sistemas informatizados e regras
para oferta dos novos títulos. para a negociação de títulos e valores mobiliários.
Essas instituições são autorizadas a funcionar pela
MERCADOS DE ATUAÇÃO DAS COMPANHIAS CVM e por ela são supervisionadas.
Atualmente, a maior administradora de balcão
No mercado organizado de valores mobiliários, organizado do país era a CETIP. Atualmente, ela foi
temos a criação de mecanismos, sistemas e regulamen- comprada pela BM & F Bovespa e, hoje, compõe a
tos que propiciam a existência de um ambiente segu- B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).
ro para que os investidores negociem seus recursos e
movimentem a economia do país. No Brasil, existem Quais os Títulos Negociados no Mercado de Balcão
dois tipos de mercado organizado, que são as Bolsas Organizado?
de Valores e os Balcões Organizados de negociação.
O Mercado de Balcão Organizado pode admitir a
� Bolsas de Valores: negociação somente as ações de companhias aber-
tas com registro para negociação em mercado de
„ Ambiente no qual se negociam os papéis das balcão organizado. As debêntures de emissão de
S/A abertas; companhias abertas podem ser negociadas simulta-
„ Podem ser Sociedades civis sem fins lucrativos neamente em Bolsa de Valores e Mercado de Bal-
ou S/A com fins lucrativos; cão Organizado desde que cumpram os requisitos de
„ Opera via pregão eletrônico, não havendo mais ambos os mercados.
o pregão viva voz, que era chamado presen- Conforme vimos, antes de ter seus títulos nego-
cial. Agora, as transações são feitas por telefone ciados no mercado primário, a companhia deverá
através dos escritórios das instituições finan- requerer o registro de companhia aberta junto à
ceiras autorizadas; CVM e, neste momento, deverá especificar onde seus
„ Registra, supervisiona e divulga as execuções títulos serão negociados no mercado secundário, se
138 dos negócios e as suas liquidações. em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.
Essa decisão é muito importante, pois, uma vez As Bolsas de Valores também são responsáveis por
concedido o registro para negociação em mercado administrar o mercado secundário de ações, debêntu-
de balcão organizado, este só pode ser alterado com res e outros títulos e valores mobiliários. Na verdade,
um pedido de mudança de registro junto à CVM. ainda que não haja nenhum limite de quantidade ou
A companhia aberta é responsável por divulgar tamanho de ativos para uma companhia abrir o capi-
para a entidade administradora do Mercado de Bal- tal e listar seus valores para negociação em bolsas de
valores, em geral, as empresas listadas em bolsas de
cão Organizado todas as informações financeiras e
valores são companhias de grande porte.
atos ou fatos relevantes sobre suas operações. A enti-
Isso prejudica a “visibilidade” de empresas de
dade administradora do Mercado de Balcão Organi- menor porte e, de certa forma, a própria liquidez dos
zado, por sua vez, irá disseminar essas informações ativos emitidos por essas companhias. Por isso, em
através de seus sistemas eletrônicos ou impressos muitos países, há segmentos especiais e/ou mercados
para todo o público. segregados especializados para a negociação de ações
No Mercado de Balcão Organizado, a companhia e outros títulos emitidos por empresas de menor porte.
aberta pode requerer a listagem de seus títulos atra- Ao mesmo tempo, no Brasil, no Mercado de Balcão
vés de seu intermediário financeiro ou este poderá Organizado é admitido um conjunto mais amplo de
requerer a listagem independentemente da vontade intermediários do que em Bolsas de Valores, o que
da companhia. Por exemplo, se o intermediário pos- pode aumentar o grau de exposição de companhias
suir uma grande quantidade de ações de uma deter- de médio porte ou novas empresas ao mercado.
Assim, o objetivo da regulamentação do mercado
minada companhia, ele poderá requerer a listagem da
de balcão organizado é ampliar o acesso ao mer-
mesma e negociar esses ativos no Mercado de Balcão
cado para novas companhias, criando um segmento
Organizado. Nesse caso, a entidade administradora do voltado à negociação de valores emitidos por empre-
Mercado de Balcão Organizado disseminará as infor- sas que não teriam, em bolsas de valores, o mesmo
mações que a companhia aberta tiver encaminhado grau de exposição e visibilidade.
à CVM. Para os investidores, a principal diferença entre
Além de ações e debêntures, no mercado de balcão as operações realizadas em bolsas de valores e aque-
organizado, são negociados diversos outros títulos, las realizadas no mercado de balcão organizado é
tais como: que, nesse último, não existe um fundo de garantia
Bônus de subscrição; que respalde suas operações.
O fundo de garantia é mantido pelas bolsas com a
z Índices representativos de carteira de ações; finalidade exclusiva de assegurar aos investidores o
z Opções de compra e venda de valores mobiliários; ressarcimento de prejuízos decorrentes de execução
infiel de ordens por parte de uma corretora membro,
z Direitos de subscrição;
entrega de valores mobiliários ilegítimos ao investi-
z Recibos de subscrição;
dor, decretação de liquidação extrajudicial da corre-
z Quotas de fundos fechados de investimento, tora de valores, entre outras.
incluindo os fundos imobiliários e os fundos de Uma segunda diferença refere-se aos procedi-
investimento em direitos creditórios; mentos especiais que as bolsas de valores devem
z Certificados de investimento audiovisual; adotar no caso de variação significativa de preços
z Certificados de recebíveis imobiliários. ou no caso de uma oferta, representando uma quanti-
dade significativa de ações. Nesses casos, as bolsas de
Sistemática do Mercado Organizado valores devem interromper a negociação do ativo.
Para as companhias, a regra para se tornar uma
companhia aberta é a mesma, independentemente de
1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa
buscar uma listagem em bolsa de valores ou no mer-
A empresa decide Busca autorização A empresa decide cado de balcão organizado.
tornar-se Companhia junto à CVM, para em qual mercado de
– se S/A aberta ou entrar nos mercados atuação deseja estar
S/A fechada de atuação
Importante!
CVM Autoriza Mercado de Balcão
Não pode haver negociação simultânea de uma
Se S/A Aberta
ou não Organizado mesma ação de uma mesma companhia em bol-
sa de valores e em instituições administradoras
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

do Mercado de Balcão Organizado.


Vale destacar que a companhia pode trocar de
mercado. Todavia, como se trata de uma grande buro-
MERCADO DE AÇÕES
cracia que envolve recomprar todos os papéis em
circulação em um mercado para poder migrar para
Dentro do Mercado de Capitais, está o mercado
o outro, a CVM editou a IN CVM 400, a qual dita as mais procurado e utilizado, que é o Mercado de Ações.
regras para a mudança de mercado de atuação. Nele, são comercializados os papéis mais conhecidos
Para as ações, é proibida a comercialização em no mundo dos negócios, os quais tornam o seu possui-
ambos os mercados simultaneamente. Já para as dor um sócio da companhia emitente.
debêntures, é permitida a negociação simultânea nos O mercado de ações consiste na negociação, em
dois mercados. mercado primário ou secundário, das ações gera-
das por empresas que desejam captar dinheiro de
Qual a diferença entre uma Bolsa de Valores e as uma forma mais barata. Neste sentido, ação pode
entidades que administram o Mercado de Balcão ser entendida como a menor parcela do capital
Organizado? social das companhias ou sociedades anônimas. É, 139
portanto, um título patrimonial e, como tal, concede aos seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deveres
de um sócio no limite das ações possuídas.
Uma ação é um valor mobiliário expressamente previsto no inciso I, do art. 2º, da Lei 6.385/1976. No entanto,
apesar de todas as companhias ou sociedades anônimas terem o seu capital dividido em ações, somente as ações
emitidas por companhias registradas na CVM, chamadas companhias abertas, podem ser negociadas publicamen-
te no mercado de valores mobiliários.
Atualmente, as ações são predominantemente escriturais, mantidas em contas de depósito, em nome dos
titulares, sem emissão de certificado, em instituição contratada pela companhia para a prestação desse serviço, em
que a propriedade é comprovada pelo “Extrato de Posição Acionária”. As ações devem ser sempre nominativas,
não mais sendo permitida a emissão e a negociação de ações ao portador ou endossáveis.

Espécies de Ações

As ações podem ser de diferentes espécies, conforme os direitos que concedem a seus acionistas. O Estatuto
Social das Companhias, que é um conjunto de regras que deve ser cumprido pelos administradores e acionistas,
define as características de cada espécie de ações, que podem ser:

z Ação Ordinária (sigla ON – Ordinária Nominativa)

Sua principal característica é conferir ao seu titular o direito a voto nas Assembleias de acionistas;

z Ação Preferencial (sigla PN – Preferencial Nominativa)

Normalmente, o Estatuto retira dessa espécie de ação o direito de voto. Em contrapartida, concede outras
vantagens, tais como prioridade na distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, podendo, ainda,
possuir prioridades específicas se admitidas à negociação no mercado.
As ações preferenciais podem ser divididas em classes, tais como, classe “A”, “B” etc. Os direitos de cada classe
constam do Estatuto Social.
As ações preferenciais têm o direito de receber dividendos ao menos 10% a mais que as ordinárias. Vale
observar que, em regra, elas não possuem direito a voto ou, quando o tem, ele é restrito. Isso porque existem dois
casos em que as ações preferenciais adquirem direito a voto temporário, quais sejam:

z Quando a empresa passar mais de três anos sem distribuir lucros;


z Quando houver votação para eleição dos membros do Conselho Administrativo da companhia.

ORDINÁRIAS PREFERENCIAIS FRUIÇÃO OU GOZO


Voto Lucro Ex.: Ações
51% controlador � Pelo menos, 10% maior que as ordinárias Ações que foram compradas de volta pelo emi-
� Se a empresa passar mais de 3 anos sem dar tente, mas que o titular recebeu um novo títu-
lucro, essas ações adquirem o direito ao voto lo representativo do valor que é negociável e
endossável.

Características das Ações

z Quanto ao valor:

„ Nominais: o valor da ação vai descrito na escritura de emissão no momento do lançamento;


„ Não nominais: o valor da ação será dito pelo mercado, mas não pode ser inferior ao valor dado na emissão
das ações (essa manobra é mais arriscada, porém pode dar maior retorno).

z Quanto à forma:

„ Nominativas: há o registro do nome do proprietário no cartório de registro de valores mobiliários e a


emissão física do certificado;
„ Nominativas Escriturais: não há a emissão física do certificado, mas apenas o registro no Livro de Regis-
tros de Acionistas; as ações são representadas por um saldo em conta.

Obs.: ações ao portador não são mais permitidas no Brasil desde 1999, pois eram alvo de muita lavagem de
dinheiro.

Importante!
Termo que pode aparecer na prova:
� Blue Chips: Ações de primeira linha, de grandes empresas e, por isso, possuem muita segurança e tradição.
São ações usadas como referência para índices econômicos.
140
z Quanto à remuneração das ações: aos acionistas o valor acumulado na conta de
Reservas, poderá fazê-lo na forma de Bonifica-
Elas podem ser remuneradas de quatro formas: ção, podendo efetuar o pagamento em espécie
ou com a distribuição de novas ações. É impor-
„ Dividendos: compreendem a parcela do lucro tante destacar que, atualmente, as empresas
líquido que, após a aprovação da Assembleia não mais distribuem bonificação na forma de
Geral Ordinária, será alocada aos acionistas da dinheiro, pois preferem fidelizar ainda mais os
companhia. O montante dos dividendos deve- sócios, dando-lhes mais ações.
rá ser dividido entre as ações existentes, para Ações Preferenciais e Distribuição de Dividendos
sabermos quanto será devido aos acionistas a
cada ação por eles detida. A Lei das S.A. permite que uma sociedade emita ações
preferenciais, que podem ter seu direito de voto suprimi-
Para garantir a efetividade do direito do acionista do ou restrito por disposição do estatuto social da compa-
ao recebimento de dividendos, a Lei das S.A. prevê o nhia. Em contrapartida, tais ações deverão receber uma
sistema do dividendo obrigatório, de acordo com o vantagem econômica em relação às ações ordinárias.
qual as companhias são obrigadas a, havendo lucro, Além disso, a Lei permite que as companhias aber-
destinar parte dele aos acionistas a título de divi- tas tenham várias classes de ações preferenciais, que
dendo. Porém, a referida Lei confere às companhias conferirão a seus titulares vantagens diferentes entre
liberdade para estabelecer, em seus estatutos sociais, si. Nesse caso, os titulares de tais ações poderão com-
o percentual do lucro líquido do exercício, que deverá parecer às Assembleias Gerais da companhia, bem
ser distribuído anualmente aos acionistas, desde que como opinar sobre as matérias objetos de deliberação,
o faça com “precisão e minúcia” e não sujeite a deter- mas não poderão votar.
minação do seu valor ao exclusivo arbítrio de seus As vantagens econômicas a serem conferidas às
administradores e acionistas controladores. ações preferenciais em troca dos direitos políticos
suprimidos, conforme dispõe a Lei, poderão consistir
Caso o Estatuto seja omisso, os acionistas terão
em prioridade de distribuição de dividendo, fixo ou
direito a recebimento do dividendo obrigatório
mínimo, prioridade no reembolso do capital, com prê-
equivalente a 50% do lucro líquido ajustado nos ter-
mio ou sem ele, ou a cumulação dessas vantagens (art.
mos do art. 202, da Lei das S.A;
17, caput e incisos I a III, da Lei das S.A.).
Dividendos fixos são aqueles cujo valor se encon-
„ Ganhos de Capital: Ocorrem quando um inves- tra devidamente quantificado no Estatuto, seja em
tidor compra uma ação por um preço baixo e montante certo em moeda corrente, seja em percen-
vende a mesma ação por um preço mais alto, ou tual certo do capital, do valor nominal da ação ou,
seja, realiza um ganho; ainda, do valor do patrimônio líquido da ação. Nessa
„ Bônus de Subscrição: Quando alguém adquire hipótese, tem o acionista direito apenas a tal valor, ou
ações, passa a ser titular de uma fração do capi- seja, uma vez atingido o montante determinado no
tal social de uma companhia. Todavia, quando o Estatuto, as ações preferenciais com direito ao divi-
capital é aumentado e novas ações são emitidas, dendo fixo não participam dos lucros remanescentes,
as ações até então detidas por tal acionista pas- que serão distribuídos entre ações ordinárias e prefe-
sam a representar uma fração menor do capital, renciais de outras classes se houver.
ainda que o valor em moeda seja o mesmo. Dividendo mínimo é aquele também previamen-
te quantificado no Estatuto, seja com base em montan-
Para evitar que ocorra essa diminuição na partici- te certo em moeda corrente, seja em percentual certo
pação percentual detida pelo acionista no capital da do capital, do valor nominal da ação ou, ainda, do
companhia, a Lei assegura a todos os acionistas, como valor do patrimônio líquido da ação. Porém, ao con-
um direito essencial, a preferência na subscrição trário das ações com dividendo fixo, as que fazem jus
das novas ações que vierem a ser emitidas em um ao dividendo mínimo participam dos lucros remanes-
aumento de capital (art. 109, inciso IV, da Lei das S.A.), centes após assegurado às ordinárias dividendo igual
na proporção de sua participação no capital, anterior- ao mínimo. Assim, após a distribuição do dividendo
mente ao aumento proposto. mínimo às ações preferenciais, às ações ordinárias
Da mesma forma, os acionistas também terão caberá igual valor. O remanescente do lucro distribuí-
direito de preferência nos casos de emissão de títu- do será partilhado entre ambas as espécies de ações
los conversíveis em ações, tais como debêntures em igualdade de condições.
conversíveis e bônus de subscrição.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

O dividendo fixo ou mínimo assegurado às ações


Neste período, o acionista deverá manifestar sua preferenciais pode ser cumulativo ou não. Sendo
intenção de subscrever as novas ações emitidas no cumulativo, no caso de a companhia não ter obtido
âmbito do aumento de capital ou dos títulos conver- lucros durante o exercício em montante suficiente
síveis em ações, conforme o caso. Caso não o faça, o para pagar integralmente o valor dos dividendos fixos
direito de preferência caducará. ou mínimos, o valor faltante será acumulado para os
Alternativamente, caso não deseje participar do exercícios posteriores. Essa prerrogativa depende de
aumento, o acionista pode ceder seu direito de prefe- expressa previsão estatutária.
rência (art. 171, § 6º, da Lei das S.A.). Da mesma forma No caso das companhias abertas que tenham ações
que as ações, o direito de subscrevê-las pode ser livre- negociadas no mercado, as ações preferenciais deve-
mente negociado, inclusive em Bolsa de Valores; rão conferir aos seus titulares ao menos uma das
vantagens a seguir (art. 17, § 1º, da Lei 6.404/1964,
„ Bonificação: Ao longo das atividades, a Com- Lei das S/A.):
panhia poderá destinar parte dos lucros sociais
para a constituição de uma conta de “Reser- � Direito a participar de uma parcela correspon-
vas” (termo contábil). Caso a companhia quei- dente a, no mínimo, 25% do lucro líquido do
ra, em exercício social posterior, distribuir exercício, sendo que, desse montante, garante-se 141
um dividendo prioritário de, pelo menos, 3% do valor do patrimônio líquido da ação e, ainda, o direito de
participar de eventual saldo desses lucros distribuídos, em igualdade de condições com as ordinárias, depois
de ter sido assegurado a elas dividendo igual ao mínimo prioritário;
z Direito de receber dividendos, pelo menos, 10% maiores que os pagos às ações ordinárias;
z Direito de serem incluídas na oferta pública em decorrência de eventual alienação de controle.

Com relação aos direitos dos acionistas, existem algumas situações que as bancas de concursos gostam de
cobrar em prova e, por isso são importantes.
Quando a empresa realiza Sobra no Caixa, ou seja, Lucro, ela pode comprar ações de acionistas minoritários,
pois, assim, concentrará mais o valor das ações. A esse evento chamamos de amortização de ações. O persona-
gem que mais ganha nessa história é o Controlador, pois, como ele detém 51% das ações, seu poder ficará maior,
já que o número de acionistas ou de ações diminui, aumentando seu percentual.
A CVM, vendo esse aumento de poder do controlador, baixou a Instrução Normativa nº 10, que, em outras
palavras, diz que a recompra de ações, uma vez feita, finda por aumentar o poder do controlador da empresa.
Entretanto, essas ações que foram recompradas devem permanecer em tesouraria por, no máximo, 90 dias e,
depois, devem ser revendidas ou canceladas.
Ou seja, a CVM está limitando esse aumento de poder do controlador, para evitar que os acionistas mino-
ritários percam sua participação na administração da empresa.
Quanto à mudança de controlador – o acionista majoritário, que detém 51% das ações – a CVM também edita
norma que regula essa troca, para evitar prejuízos aos acionistas minoritários. É a IN CVM 400 que diz que, para a
troca do controlador, o novo controlador deve garantir que, caso queira fechar o capital da S/A, deverá comprar
as ações dos minoritários por, ao menos, 80% do valor pago pelas ações do controlador anterior. Fazendo
isso, a CVM garante que os acionistas minoritários não terão prejuízos, pois o novo controlador poderia comprar
as ações a um preço bem mais baixo do que pagou pelas do controlador anterior. É preciso dizer que, para que
isso ocorra, deve haver uma concordância mínima entre os acionistas gerais. A esse princípio chamamos de
tag along.
Existem, ainda, manobras que o mercado de capitais faz, as quais geram impacto sobre o valor das ações no
mercado e sua capacidade de comercialização. Vejamos:

z Desdobramento ou Split

É uma estratégia utilizada pelas empresas com o principal objetivo de melhorar a liquidez de suas ações.
Acontece quando as cotações estão muito elevadas, o que dificulta a entrada de novos investidores no mercado.
Imagine que uma ação é cotada ao valor de R$ 150, com lote padrão de 100 ações. Para comprar um lote des-
sas ações, o investidor teria que desembolsar R$ 15.000, que é uma quantia considerável para a maior parte dos
investidores (pessoa física).
Desdobrando suas ações na razão de 1 para 3, cada ação dessa empresa seria multiplicada por 3. Assim, quem
possuísse 100 ações, passaria a possuir 300 ações. O valor da cotação seria dividido por 3, ou seja, passaria de R$
150 para R$ 50.
Na prática, o desdobramento de ações não altera, de forma alguma, o valor do investimento ou o valor da
empresa. É apenas uma operação de multiplicação de ações e divisão dos preços, para aumentar a liquidez das
ações. Agora, depois do desdobramento, o investidor que quisesse adquirir um lote de ações da empresa, gastaria
apenas R$ 5.000. Note que o investidor que possuía 100 ações cotadas a R$ 150, com um valor total de R$ 15.000,
ainda possui os mesmos R$ 15.000, porém distribuídos em 300 ações cotadas a R$ 50.
Com as ações mais baratas, mais investidores se interessam em comprá-las. Isso pode fazer com que as cota-
ções subam em curto prazo, devido à maior entrada de investidores no mercado, porém não há como prever se
isso irá ou não acontecer. A companhia também pode utilizar os desdobramentos como parte de sua estratégia de
governança corporativa, para mostrar atenção e facilitar a entrada de novos acionistas minoritários.
Os desdobramentos podem acontecer em qualquer razão. No entanto, as mais comuns são de 1 para 2, de 1
para 3 e de 1 para 4 ações.

z Grupamento ou Inplit

Exatamente oposto ao desdobramento, o grupamento serve para melhorar a liquidez e os preços das ações
quando estão cotadas a preços muito baixos no mercado.
Imagine uma empresa com ações cotadas na bolsa a R$ 10, com lote padrão de 100 ações. A empresa julga,
baseada em seu histórico e seu posicionamento estratégico, que suas ações estão cotadas por um valor muito bai-
xo no mercado e aprova, em assembleia geral, que fará um grupamento na razão de 5 para 1. Ou seja, cada cinco
ações passarão a ser apenas uma ação e os preços serão multiplicados por 5.
Antes do grupamento, o investidor que possuísse 100 ações cotadas a R$ 10 teria o valor total de R$ 1.000. Após
o grupamento, o mesmo investidor passaria a ter 20 ações (100/5) cotadas a R$ 50, ou seja, continuaria possuindo
os mesmos R$ 1.000 investidos. O grupamento, assim como o desdobramento, não altera em absolutamente nada
o valor do investimento.
Um dos objetivos do grupamento de ações é tentar diminuir a volatilidade dos ativos. Assim, R$ 1,00 de varia-
ção em um ativo cotado a R$ 10,00 significa 10% de variação. Já em um ativo cotado a R$ 50,00, representa apenas
2%. É importante ressaltar que nada garante se isso irá ou não acontecer.
Outro objetivo do grupamento pode estar atrelado ao planejamento estratégico da companhia e a suas práticas
de governança corporativa. As cotações de suas ações podem estar intimamente ligadas à percepção de valor da
142 empresa por parte dos investidores.
DESDOBRAMENTO OU SPLIT GRUPAMENTO OU INPLIT

� Manobra feita para tornar as ações mais baratas e atra-


tivas para novos investidores � Manobra feita para tornar as ações mais caras e, aparen-
� Diminui o valor das ações, mas mantém o valor aplicado temente, elevar seu valor
pelo investidor � Aumenta valor das ações, mas mantém o valor aplicado
� Aumenta a quantidade de ações do investidor
� Não altera o capital do investidor � Diminui a quantidade de ações
� Aumenta a liquidez das ações, pois ficam mais baratas e � Não altera o capital do investidor
fáceis de serem comercializadas

Mercado à Vista de Ações

O mercado à vista de ações é aquele no qual ocorrem as negociações deste papel de forma imediata, ou seja,
nele, você pode comprar e vender uma ação no mesmo dia. O comprador realiza o pagamento (liquidação
financeira) e o vendedor entrega as ações objeto da transação (liquidação física) em D+2 (dois dias) – liqui-
dação física e financeira –, ou seja, no segundo dia útil após a realização do negócio. Nesse mercado, os preços
são formados em pregão em negociações realizadas no sistema eletrônico de negociação.
No mercado à vista de ações, temos:

� Operações imediatas ou de curto prazo;


z Operacionalizado na Bolsa de Valores;
z Sistema eletrônico de negociação;
z Câmara de liquidação de ações – antiga CBLC.

Hoje, o mercado à vista de ações é coordenado pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Dentro dele, temos a compra
e venda de ações quase que instantaneamente, pois é nele que ocorrem as negociações diárias do mercado de
capitais.
Durante o dia, temos o pregão que, atualmente, é eletrônico, funcionando das 10h às 18h. Ele nada mais é do
que a B3 coordenando a compra e venda dessas ações.
Após seu fechamento, que ocorre às 18h, não se pode mais realizar nenhuma transação no ambiente.

Importante!
Até 2019, existia o After Market, que era um curto espaço de tempo em que os investidores poderiam realizar
negociações fora do horário regular da Bolsa. Todavia, com a modificação do horário de fechamento para
18h, em 2020, o After Market foi extinto.

Quando funcionava, o After Market era uma reabertura para que as pessoas que não pudessem negociar no
mercado no horário regular conseguissem participar, assegurando práticas equitativas ao mercado. Das 17h30
às 17h45, ocorria a pré-abertura desse mercado, no qual só podiam ser canceladas operações feitas no horário
normal. Das 17h45 às 18h, podiam ser feitas transações no mercado, mas somente com papéis que já haviam
sido comercializados no dia, então não se podia lançar títulos novos no After Market.
Existia, ainda, um limite máximo e mínimo para as operações – 2% para mais ou para menos, além de limite
de valor. Nele, eram executadas ordens simples tais como compra e venda, execução ou cancelamento de compra
ou venda, além de dar ordem a mercado.
As ordens podiam ser dadas:

z A Mercado: quando especifica a quantidade e as características do que vai ser comprado ou vendido (exe-
cutar na hora);
z Limitada: executar a preço igual ou melhor do que o especificado;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

z Administrada: a mesma a mercado, mas, nesse caso, fica a critério da intermediadora decidir o melhor
momento;
z ON-STOP: define o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser executada;
z Casada: ordem de venda de um e compra do outro (ambas executadas ao mesmo tempo).

DÁ A ORDEM

� Investidor

EXECUTA A ORDEM

� CTVM
� DTVM
� Banco de Investimentos
143
REALIZA A ORDEM

� After Market
� Sistema de negociação eletrônico

As ordens diurnas que estivessem no sistema pendentes, sujeitavam-se aos limites de negociação do After
Market. O sistema rejeitava ordens de compra superiores ao limite e ordens de venda a preço inferior ao limite.
A variação permitida era de 2% para mais ou para menos, além de ter um limite de operações de R$ 100 mil por
investidor (já somado ao que ele havia feito no pregão regular).
Os negócios feitos na B3 devem ser divulgados em D+1. A liquidação física das compras e vendas de ações
deve ser até D+2, a qual ocorre quando o vendedor entrega as ações à Câmara de liquidação de ações.
A liquidação financeira das ações compradas ou vendidas é, também, em D+2. Esta ocorre quando é feito o
débito na conta do comprador e, ao mesmo tempo, é entregue a ação fisicamente ao comprador.

Lei 6.404 (art. 64) – DEBÊNTURES

O que são debêntures?

São valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazo, que asseguram a seus detentores
(debenturistas) o direito de crédito contra a companhia emissora. Essa companhia emissora pode ser uma S/A
aberta ou fechada, mas somente as abertas podem negociar suas debêntures no mercado das bolsas ou bal-
cão, pois nas fechadas, as debêntures nem precisam de registro na CVM, pois é algo fechado, restrito. Lembre-
-se de que, para operar na Bolsa ou no Mercado de Balcão, as coisas precisam vir a público. Então, uma empresa
fechada não tem vontade de vir a público, somente as abertas.
Até agora, você já sabe que existem duas pessoas nesse processo de debêntures.
Vejamos:

Agente fiduciário viabiliza

Companhia que emite a Debênture e Investidor do Mercado que deseja


deseja captar recursos emprestar seu dinheiro ao emissor
(Envia a Debênture) em troca de juros previamente pactuados
(Envia o Dinheiro)

Agente underwritter

Para essa debênture ter validade, ela precisa apresentar alguns requisitos legais, pois, acima de tudo, se trata
de um contrato e, como tal, precisa de algumas especificações. Vejamos quais são elas:

z Deve constar o nome debênture com a indicação da espécie e suas garantias;


z Nº de emissão, série e ordem;
z Data da emissão;
z Vencimento (determinado ou indeterminado – perpétua – e se poderá ou não ter seu prazo de vencimento
antecipado);
z O índice que vai ser usado para corrigir o valor da debênture. (ex.: CDI, IPCA, IGP-M);
z Quantidade de debêntures que irão ser emitidas (limitada ao capital próprio da empresa);
z Valor nominal da debênture (ou valor de face);
z As condições para conversão ou permuta e seus respectivos prazos;
z Se a debênture terá garantias ou não (e, se tiver, quais serão). Tais garantias podem ser:

„ Real: a mais valiosa, pois a garantia existe fisicamente (hipoteca, penhor, caução, bens determinados);
„ Flutuante: não existe um bem específico; a garantia é uma parte do patrimônio da empresa (até 70% do
valor do capital social);
„ Quirografária: nenhuma garantia ou privilégio (a garantia em caso de falência será o que sobrar e se
sobrar alguma coisa);
„ Subordinada: em caso de falência, oferece preferência apenas sobre o crédito dos acionistas.

Agora, você já sabe o que é necessário para fazer uma debênture, quem pode emitir e quais as garantias que
podem ser usadas ou não. Porém, de que forma é possível materializar, ou seja, transformar essa debênture
em algo que se possa ver? Existem duas formas para isso. Vejamos o esquema a seguir:

z Nominativas

„ Título físico;
144 „ Registrado na CETIP;
„ Emite o certificado; z Proteção do debenturista;
„ Registro no Livro de Registro de Debêntures z Executar garantias reais da emissora;
Nominativas. z Requerer falência da emissora.

z Nominativas Escriturais Vale dizer que o agente fiduciário pode reque-


rer essas situações para garantir ao debenturista o
„ Informação Eletrônica; recebimento dos créditos.
„ CETIP registra e custodia; São Agentes Fiduciários os Bancos Múltiplos, os
„ Não emite certificado; Bancos de Investimento, CTVM e DTVM. Quanto aos
„ Registro no Livro de Registro de Debêntures tipos ou classes de debêntures, podem ser:
Nominativas.
z Simples: Um simples direito de crédito contra a
emissora ou empresa;
z Conversíveis: podem ser trocadas por ações da
Importante! empresa emitente das debêntures;
z Existe prazo máximo para que o debenturista
� A escritura da debênture é obrigatória, mas a decida se irá querer converter em ações ou não e,
emissão do certificado é facultativa; nesse prazo, a empresa não pode mudar nada nos
� Não é comum o debenturista solicitar o certifi- seus papéis;
cado da debênture, mas, se solicitá-lo, a empre- z Permutáveis ou não conversíveis: é a opção que
sa deve emiti-lo; o debenturista tem de trocar as debêntures por
� As Debêntures só podem ser emitidas por ins- ações de outras companhias, depois de haver
tituições que não sejam instituições financeiras. passado um prazo mínimo.

Já quanto à remuneração, pode-se ter:


Quanto aos prazos das debêntures, que devem
z Juros (fixos ou variáveis);
constar na escritura da emissão, podem ser:
Aqui, atente-se ao fato de que as Sociedades de
z Determinado: prazo fixado na emissão da debênture; Arrendamento Mercantil e as Companhias Hipote-
z Indeterminado ou perpétua: via de regra, não cárias só podem remunerar a juros pela TBF – Taxa
tem prazo de vencimento, mas esse prazo pode ser Básica Financeira;
decretado pelo agente fiduciário quando ocorrer
inadimplência no pagamento dos juros ou dissolu- z Participação nos Lucros;
ção do emitente, a empresa; z Prêmio de Reembolso: não pode ser atrelado, inde-
z Antecipado: xado a TR, TBF ou TJLP.

Medição dos Riscos nas Debêntures


„ Antes do resgate: deve constar na escritura o
prazo para resgate e a possibilidade de isso z Alta qualidade: baixa taxa de retorno;
ocorrer; z Baixa qualidade: alta taxa de retorno.
„ Antes do vencimento: quando ocorrer um
colapso no mercado ou o agente fiduciário vir Basta lembrar que quanto mais risco, mais grana;
que o debenturista corre algum risco. quanto menos risco, menos grana.

As Ofertas das Debêntures


Agente Fiduciário
z Pública
A Lei 6.404/76 estabelece que a escritura de emis-
são, por instrumento público ou particular, de debên- „ Público em geral;
tures distribuídas ou admitidas à negociação no „ Há registro na CVM;
mercado terá, obrigatoriamente, a intervenção de „ Assembléia Geral ou Conselho Administrativo
agente fiduciário dos debenturistas. O agente fiduciá- decidem;
rio é quem representa a comunhão dos debenturistas „ Agente Fiduciário;
perante a companhia emissora, com deveres específi- z Privada
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

cos de defender os direitos e interesses dos debentu-


ristas, entre outros citados na Lei. „ Grupo restrito de investidores;
Para tanto, possui poderes próprios também atri- „ Não há registro na CVM.
buídos pela Lei para, na hipótese de inadimplência
da companhia emissora, declarar, observadas as Os Mercados das Debêntures
condições da escritura de emissão, antecipadamen-
te, vencidas as debêntures e cobrar o seu principal e
acessórios, executar garantias reais ou, se não existi- Primário Secundário
� Debêntures já
rem, requerer a falência da companhia, entre outros. existentes
� Emissão pela 1ª vez
Esse personagem viabiliza a operação de compra � Compra e venda por
das debêntures, por parte do debenturista, e a venda, investidores

por parte da empresa emissora, ou seja, ele interme-


dia a situação. Além disso, o agente fiduciário deve, � Balcão Organizado
(Sistema Nacional
� Influi no caixa da
acima de tudo, proteger o debenturista. Para isso, ele empresa
de Debêntures -
administrado pela
representa o debenturista em caso de colapso do CETIP S/A)
mercado, ou para: 145
Commercial Papers À margem da lei, funciona um segmento denomi-
nado Mercado Paralelo. São ilegais os negócios rea-
Commercial Papers são títulos, papéis que lizados nesse mercado, bem como a posse de moeda
valem dinheiro. São uma aplicação. Parecem muito estrangeira oriunda de atividades ilícitas.
com as debêntures e com as notas promissórias que
estudamos no tópico sobre Títulos de Crédito (a famo- Quem Opera no Mercado de Câmbio?
sa amarelinha).
São títulos de curto prazo, que têm prazo míni- Bancos Múltiplos, Comerciais, de Investimentos,
mo de 30 dias e máximo de 360 dias, emitidos por de Desenvolvimento, CEF, SCFI, CTVM, DTVM, Agên-
instituições não financeiras, ou seja, as instituições cias de Fomento e Corretoras de Câmbio são institui-
financeiras estão fora, pois podem captar recursos ções habilitadas a operarem no Mercado de Câmbio.
de outras maneiras. Então, o Commercial Paper serve Cabe destacar que apenas os Bancos e a CEF,
para captar recursos no mercado interno, pois cons- exceto os Bancos de Desenvolvimento, podem operar
titui uma promessa de pagamento na qual incidem livremente nele. Já algumas instituições operam com
juros a favor do investidor. restrições, ou seja, não podem fazer qualquer opera-
ção, mas somente as especificadas pelo BACEN. São
elas:
Importante!
As debêntures podem ser emitidas para fora z Bancos de Desenvolvimento;
z Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento;
do país com garantia real de bens situados no
z Agências de Fomento.
Brasil. Já os Commercial Papers não podem.
Eles podem ser emitidos apenas para dentro do
Com exceção dessas três, as demais podem reali-
Brasil.
zar todas as operações do Mercado de Câmbio, embo-
ra algumas tenham restrições de valor, mas não de
operações. As sociedades corretoras de títulos e valo-
res mobiliários, as sociedades distribuidoras de títu-
los e valores mobiliários e as sociedades corretoras de
NOÇÕES DE MERCADO DE CÂMBIO: câmbio têm algumas restrições quanto ao valor das
INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A operações:
OPERAR E OPERAÇÕES BÁSICAS
� Operações de câmbio com clientes para liquidação
O que é Câmbio? pronta de até US$ 300 mil ou o seu equivalente em
outras moedas;
Câmbio é a operação de troca de moeda de um z Operações no mercado interbancário (arbitra-
país pela moeda de outro país. Por exemplo, quando gens no país) e por meio de banco autorizado a
um turista brasileiro vai viajar para o exterior e pre- operar no mercado de câmbio (arbitragem com o
cisa de moeda estrangeira, o agente autorizado pelo exterior).
Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe
do turista brasileiro a moeda nacional e entrega-lhe Além desses agentes, o Banco Central também con-
(vende-lhe) a moeda estrangeira. Já quando um turis- cedia autorização para agências de turismo e meios
ta estrangeiro quer converter moeda estrangeira em de hospedagem de turismo para operarem no Merca-
reais, o agente autorizado a operar no mercado de do de Câmbio. Atualmente, não se concede mais auto-
câmbio compra a moeda estrangeira do turista estran- rização para esses agentes, permanecendo, ainda,
geiro, entregando-lhe os reais correspondentes. apenas aquelas agências de turismo cujos proprietá-
No Brasil, o mercado de câmbio é o ambiente rios pediram ao Banco Central autorização para cons-
no qual se realizam as operações de câmbio entre tituírem instituição autorizada a operar em câmbio.
os agentes autorizados pelo Banco Central e entre Enquanto o Banco Central está analisando tais pedi-
estes e seus clientes, diretamente ou por meio de dos, as agências de turismo ainda autorizadas podem
seus correspondentes. Esse mercado é regulamen- continuar a realizar operações de compra e venda de
tado e fiscalizado pelo Banco Central e compreen- moeda estrangeira em espécie, cheques e cheques de
de as operações de compra e de venda de moeda viagem relativamente a viagens internacionais.
estrangeira, as operações em moeda nacional entre Em resumo:
residentes, domiciliados ou com sede no país e resi-
dentes, domiciliados ou com sede no exterior e as z Os meios de hospedagem não podem mais operar
operações com ouro-instrumento cambial realiza- câmbio de jeito nenhum;
das por intermédio das instituições autorizadas a z As agências de turismo que pediram autorização
operar no mercado de câmbio pelo Banco Central, ao BACEN continuam até que ele decida se elas
diretamente ou por meio de seus correspondentes. ficam efetivamente ou não.
Incluem-se, no mercado de câmbio brasileiro, as
operações relativas aos recebimentos, pagamentos e Ainda, as Instituições Financeiras podem contratar
transferências do e para o exterior, mediante a utili- correspondentes para operar câmbio por elas. Nesse
zação de cartões de uso internacional, bem como as caso, teríamos um plano B para as agências de Turis-
operações referentes às transferências financeiras mo que tiverem seus pedidos negados pelo BACEN,
postais internacionais, inclusive vales postais e reem- pois, se elas se filiarem a uma Instituição Financeira,
146 bolsos postais internacionais. não mais precisarão da autorização deste.
Pela Resolução nº 4.811/20, as operações realizadas contraparte na operação agente autorizado a
pelos correspondentes são de total responsabilidade operar no mercado de cambio, observada a legali-
da instituição contratante, devendo ela estabelecer dade da transação, tendo como base a fundamenta-
as regras e condutas que os correspondentes deverão ção econômica e as responsabilidades definidas na
seguir, quais sejam: respectiva documentação.

z Execução ativa ou passiva de ordem de pagamento Neste sentido, pode-se dizer que qualquer pessoa
relativa à transferência unilateral (ex.: manuten- física ou jurídica pode comprar e vender moeda
ção de residentes, transferência de patrimônio, estrangeira desde que a outra parte na operação de
prêmios em eventos culturais e esportivos) do ou câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a
para o exterior, limitada ao valor equivalente a operar no Mercado de Câmbio (ou seu corresponden-
U$$ 3 mil dólares dos Estados Unidos, em espé- te para tais operações) e que seja observada a regu-
cie e 1 mil dólares por operação; lamentação em vigor, incluindo a necessidade de
z Compra e venda de moeda estrangeira em espécie, identificação em todas as operações.
cheque ou cheque de viagem, bem como carga de É dispensado o respaldo documental das opera-
moeda estrangeira em cartão pré-pago, limitada ao ções de valor até o equivalente a US$ 10 mil, preser-
valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados vando-se, no entanto, a necessidade de identificação
Unidos, por operação e em espécie 1 mil dólares;
do cliente.
z Recepção e encaminhamento de propostas de
operações de câmbio. REGIMES DE TAXAS DE CÂMBIO FIXAS,
FLUTUANTES E REGIMES INTERMEDIÁRIOS
A ECT – Empresa de Correios e Telégrafos do Bra-
sil – também é autorizada pelo Banco Central a rea-
Uma Banda Cambial é a forma como um país defi-
lizar operações com vales postais internacionais,
ne suas taxas de câmbio, quer sejam fixas ou livres,
emissivos e receptivos, destinadas a atender compro-
ou, até mesmo, flutuantes. Até 2005, existiam duas
missos diversos, tais como: manutenção de pessoas
físicas, contribuições previdenciárias, aposentadorias bandas cambiais, a Livre e a Flutuante. A primeira,
e pensões, aquisição de medicamentos para uso parti- por exemplo, vinha dos empréstimos e envios de
cular, pagamento de aluguel de veículos, multas, doa- dinheiro do Brasil para fora e vice-versa.
ções. Por meio dos vales postais internacionais, a ECT No entanto, operar com duas bandas cambiais era
também pode dar curso a recebimentos ou pagamen- muito burocrático, pois cada uma tinha suas especi-
tos conduzidos sob a sistemática de câmbio simplifi- ficações. Então, em 2005, ficou instituída, no Brasil, a
cado de exportação ou de importação, observado o banda cambial, que foi resultante da junção das ban-
limite de US$ 50 mil, ou seu equivalente em outras das Livre e Flutuante. Aqui, vale lembrar que, como
moedas, por operação. o Governo intervém indiretamente no mercado, com-
prando e vendendo moeda, essa flutuação recebeu o
� Memorize os limites elencados pelo resumo a nome de flutuação suja.
seguir:
As Operações no Mercado de Câmbio
„ CTVM, DTVM e Corretoras de Câmbio: 300 mil As operações mais comuns são:
dólares por operação;
„ Empresa de Correios e Telégrafos: 50 mil dóla- z Compra e Venda de moeda estrangeira;
res por operação; z Arbitragem (operação em que há a compra de
„ Correspondentes Bancários e Agências de moeda estrangeira com outra moeda estrangeira);
Turismo ainda em operação: 1 mil dólares por z Exportação e Importação.
operação – em contrapartida, em espécie – e 3
mil dólares em operações escriturais (Resolu- Como se Efetivam as Trocas de Moedas?
ção nº 4.811/20).
As trocas de moedas podem ser:

Importante! z Manuais: em espécie;


z Sacadas: quando não existe o dinheiro vivo, mas,
As instituições são obrigadas a informar o VET – sim, papéis que valem dinheiro.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Valor Efetivo Total nas operações.


Isso deve-se ao fato de que nas operações de Quando falamos de câmbio, pensamos, também,
câmbio há custos embutidos como: nas taxas cambiais, ou seja, nas taxas que revelam
� Tarifa de Conversão das moedas quanto uma moeda vale em relação a outra moeda.
� IOF – Imposto sobre Operações Financeiras Entre elas, as mais comuns são:
Vale destacar que o IOF é um imposto que incide
z Taxa Repasse ou Cobertura: feita entre os Bancos
sobre quase todas as operações financeiras.
e o BACEN;
z Dólar Pronto: para as operações com entrega em
Resolução nº 3.568/2008 com Alterações até 48 horas ou D+2;
Posteriores pela Resolução nº 4.811/20 z PTAX: Média das compras e vendas de moedas
estrangeiras entre as Instituições Financeiras den-
Art. 8º As pessoas Físicas e Jurídicas podem tro do país – sempre em dólar americano. Essa é a
comprar e vender moeda estrangeira ou realizar taxa de câmbio que é divulgada diariamente pelo
transferências internacionais em reais, de qual- Banco Central e serve de referência para várias
quer natureza, sem limitação de valor, sendo operações no mercado cambial. 147
TAXAS DE CÂMBIO NOMINAIS E REAIS, IMPACTOS Neste sentido, o exportador pede ao banco o adian-
DAS TAXAS DE CÂMBIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES tamento do valor, em reais, correspondente ao contra-
E IMPORTAÇÕES, DIFERENCIAL DE JUROS to de câmbio. Assim, além de obter um financiamento
INTERNO E EXTERNO, PRÊMIOS DE RISCO, FLUXO competitivo para a produção da mercadoria a ser
DE CAPITAIS E SEUS IMPACTOS SOBRE AS TAXAS exportada, o exportador também fixa a taxa de câm-
DE CÂMBIO bio da sua operação.
Cabe destacar que o ACC pode ser realizado em
A Taxa de Câmbio Nominal indica o preço do ati- algumas exportações de serviços e, ainda, em até 360
vo financeiro, enquanto que a Taxa de Câmbio Real dias antes do embarque da mercadoria. A liquidação
indica o preço relativo entre duas moedas, o que per- da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
mite medir a competitividade relativa entre os dois to efetuado pelo importador, acompanhado do paga-
países em questão. mento dos juros devidos pelo exportador, ou pode
Em resumo, a taxa nominal é o preço de um ativo
ser feita com encadeamento com um financiamento
limpo e seco, sem nenhuma interferência. Já o valor
pós-embarque.
real é o preço do ativo comparado entre duas moedas
– dessa forma, é possível saber quanto aquele deter-
minado ativo vale em um país e noutro. z ACE – Adiantamento Sobre Cambiais Entregues: O
ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues – é
A Forma de Materializar as Operações de Câmbio: O um mecanismo similar ao ACC, só que contratado
Contrato de Câmbio na fase de comercialização ou pós-embarque.

Contrato de câmbio é o documento que forma- Após o embarque dos bens, o exportador entrega
liza a operação de compra ou de venda de moeda os documentos da exportação e as cambiais (saques)
estrangeira. da operação ao banco e celebra um contrato de câm-
Nele, são estabelecidas as características e as condi- bio para liquidação futura. Então, o exportador pede
ções sob as quais se realiza a operação de câmbio, reve- ao banco o adiantamento do valor, em reais, corres-
lando informações relativas à moeda estrangeira que pondente ao contrato de câmbio. Assim, além de obter
um cliente está comprando ou vendendo, à taxa contra-
um financiamento competitivo para conceder prazo
tada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos
de pagamento ao importador, o exportador também
nomes do comprador e do vendedor. Os contratos de
fixa a taxa de câmbio da sua operação.
câmbio devem ser registrados no Sistema Câmbio pelo
agente autorizado a operar no mercado de câmbio. O ACE pode ser contratado com prazo de até 390
Nas operações de compra ou de venda de moeda dias após o embarque da mercadoria. A liquidação
estrangeira de até US$ 10 mil, ou seu equivalente em da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
outras moedas estrangeiras, não é obrigatória a for- to efetuado pelo importador, acompanhado do paga-
malização do contrato de câmbio. O agente do merca- mento dos juros devidos pelo exportador.
do de câmbio deve identificar seu cliente e registrar a
operação no Sistema Câmbio.
ACC ACE
O Contrato de Câmbio deve conter alguns requisitos Adiantamento Sob Contrato Adiantamento Sob Contrato
legais para ter validade, devendo ser registrado no de Câmbio de Exportação
SISBACEN, constando:

z Qual a moeda em questão; Pré-Embarque Pós-Embarque


z A taxa cobrada;
� Financia a mercadoria a ser � Antecipa os recursos
z O valor correspondente em moeda nacional; exportada a serem recebidos do
z Nome do comprador e do vendedor. � Deve ser contratado até 360
Comprador
dias antes do embarque da � Deve ser feito até 390 dias
mercadoria posteriores ao embarque da
mercadoria
Importante!
Até 10 mil dólares não é necessário o Contrato
de Câmbio. No entanto, o registro da operação é O pagamento é feito quando O pagamento da operação
no embarque da mercadoria deverá ser feito quando o
obrigatório (Circular Bacen nº 3.825/17). ou no ingresso do dinheiro importador enviar os recursos
pago pelo importador

Existem 10 (dez) tipos de Contratos de Câmbio. A


seguir, listaremos os que são mais comumente cobra- Tanto no ACC quanto no ACE, os limites de finan-
dos em prova. Vejamos: ciamento são de até 100% do valor das mercadorias e
não incidem IOF sobre essas operações, por se trata-
z ACC – Adiantamento Sobre Contrato De Câmbio rem de incentivos à exportação.
As operações de Exportação e Importação devem
O ACC é um dos mais conhecidos e utilizados meca- ser registradas em um sistema chamado SISCOMEX –
nismos de financiamento à exportação. Trata-se de Sistema de Comércio Exterior. Esse Sistema é utilizado
financiamento na fase de produção ou pré-embarque. em conjunto pela SECEX (Secretaria de Comércio Exte-
Para realizar um ACC, o exportador deve procurar rior), pela Secretaria da Receita Federal e pelo BACEN,
um banco comercial autorizado a operar em câmbio. para fiscalizar a entrada e a saída de recursos do Brasil
Tendo limite de crédito com o banco, o exportador cele- para o exterior e vice-versa, trazendo vários benefícios
bra com este um contrato de câmbio no valor corres- aos processos de exportação e importação, quais sejam:
pondente às exportações que deseja financiar, ou seja, o
contrato de câmbio é celebrado antes mesmo do expor- z Harmonização de conceitos e uniformização de
148 tador receber do importador o pagamento de sua venda. códigos dos processos;
z Ampliação de pontos de atendimento; O que é Posição de Câmbio Vendida?
z Eliminação de coexistências de controles e siste-
mas paralelos de coleta de dados; A posição de câmbio vendida é o saldo em moeda
z Diminuição, simplificação e padronização de do- estrangeira registrado em nome de uma instituição
cumentos; autorizada que tenha efetuado vendas, prontas ou
z Agilidade nos processos e diminuição dos custos para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu-
administrativos. los e documentos que as representem e de ouro-ins-
trumento cambial em valores superiores às compras.
O SISCOMEX é um sistema e, como tal, é neces-
sário que as pessoas se cadastrem nele para ope- O que é Prêmio de Risco?
rar. Existem 4 (quatro) tipos de cadastros para o seu
acesso. Para melhor explicar isso, retomaremos alguns
Vejamos: conceitos já estudados.
Sabemos que a taxa de câmbio é livremente pac-
z Habilitação ordinária: destinada à pessoa jurí-
dica que atue habitualmente no comércio exte- tuada entre os agentes autorizados a operar no mer-
rior. Nesta modalidade, a empresa está sujeita ao cado de câmbio ou entre estes e seus clientes, podendo
acompanhamento da Receita Federal com base as operações de câmbio ser contratadas para liquida-
na análise prévia da sua capacidade econômica e ção pronta ou futura. Neste sentido, temos a possibi-
financeira; lidade de realizar operações com vencimento futuro,
ou seja, a operação só será finalizada em uma data
Obs.: essa é a modalidade mais completa de habi- previamente acordada entre as partes.
litação, a qual permite aos operadores realizar qual- Ocorre que, no caso de operações interbancárias,
quer tipo de operação. Quando o volume de suas a termo (contrato), as partes devem observar que, nas
operações for incompatível com a capacidade econô-
operações para liquidação pronta ou futura, a taxa de
mica e financeira evidenciada, a empresa estará sujei-
câmbio deve refletir exclusivamente o preço da moe-
ta a procedimento especial de fiscalização.
da negociada para a data da contratação da operação
z Habilitação simplificada: destinada às pessoas de câmbio, sendo facultada a pactuação de prêmio
físicas, às empresas públicas e às sociedades de ou bonificação nas operações para liquidação futura.
economia mista – entidades sem fins lucrativos; Esse prêmio a que o Banco Central se refere no Capí-
z Habilitação especial: destinada aos órgãos da tulo 1, da série “Regulamento do Mercado de Câmbio
Administração Pública direta, autarquias, fun- e Capitais Internacionais”, é o Prêmio de Risco. Ele
dações públicas, órgãos públicos autônomos e nada mais é que um viés (uma tendência) entre a taxa
organismos internacionais; de câmbio no mercado futuro e a esperança do câm-
z Habilitação restrita: destinada à pessoa física ou bio no futuro.
jurídica que tenha operado anteriormente no
Por fim, vale lembrar que podemos analisar o Prê-
comércio exterior exclusivamente para realização
mio de Risco, comparando a paridade coberta dos
de consulta ou retificação de declaração.
juros à paridade descoberta destes.
No mercado de Câmbio temos, também, as ope-
rações de Remessas. As remessas são operações de
envio de recursos para o exterior, por meio de ordens
de pagamento (cheque, ordem por conta, fax, internet, DINÂMICA DO MERCADO: OPERAÇÕES
cartões de crédito). Em suma, são formas de enviar
dinheiro para fora do país através de instituições. NO MERCADO INTERBANCÁRIO E
Existem remessas do Exterior para o Brasil e vice- MERCADO BANCÁRIO: OPERAÇÕES DE
-versa. Elas podem ser:
TESOURARIA, VAREJO BANCÁRIO E
z Em espécie: por Instituição Financeira ou pelo RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO
ECT;
z Via cartão de crédito: seguem a mesma lógica da Crédito é um conceito presente no dia a dia das
remessa em espécie, entretanto o pagamento é fei- pessoas e empresas, mais do que possamos imaginar
to por cartão de crédito. a princípio. Todos nós estamos continuamente às vol-
O que é Posição de Câmbio? tas com o dilema de uma equação simples: a constante
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

combinação de nossos recursos finitos com o conjun-


A posição de câmbio é representada pelo saldo to de nossas imaginações e necessidades infinitas,
das operações de câmbio (compra e venda de moeda gerando desta forma a procura por Crédito.
estrangeira, de títulos e documentos que os represen- Por outro lado, a Política de Crédito de um banco é
tem e de ouro-instrumento cambial) prontas ou para um assunto de extrema importância para o concessor
liquidação futura realizadas pelas instituições autori- de crédito, pois fornece instrumentos que auxiliam
zadas pelo Banco Central do Brasil a operar no merca- na hora da decisão de emprestar ou não, funcionando
do de câmbio. como orientadores da concessão.
O que é Posição de Câmbio Comprada? E como a literatura técnica define crédito?

A posição de câmbio comprada é o saldo em moe- Crédito é todo ato de vontade ou disposição de
da estrangeira registrado em nome de uma instituição alguém de destacar ou ceder, temporariamen-
autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou te, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a
para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu- expectativa de que esta parcela volte a sua posse
los e documentos que as representem e de ouro-ins- integralmente, após decorrido o tempo estipula-
trumento cambial em valores superiores às vendas. do. (Wolfgang Kurt Schrickel) 149
Em outras palavras: “crédito é a expectativa gera- Regra geral, a taxa de juro pode ser fixa ou variá-
da através da disponibilidade de uma quantia em vel sendo que a primeira permite maiores níveis de
dinheiro para uma pessoa, dentro de um espaço de segurança para o consumidor, pois permite saber
tempo limitado”. antecipadamente o valor de todos os reembolsos. Já a
Para uma instituição financeira, a palavra crédito segunda reflete a evolução do mercado, sendo que, o
é sinônima de confiança. A atividade bancária funda- consumidor terá ganhos, se a variação for para menos
menta-se nesse princípio, que envolve a instituição e terá gastos adicionais se a variação for para mais.
propriamente dita, seu universo de clientes, empre- De igual modo, a finalidade e garantia associada
gados e o público em geral. Afinal, confiança é um ao pedido de crédito define o prêmio ou juros que
sentimento, uma convicção que se constrói ao longo terá de suportar, pois, considera-se que o crédito ao
do tempo, através de acontecimentos e experiências consumo ou crédito de consumo, como os cartões de
reais, da lisura, probidade, pontualidade, honestidade crédito ou crédito pessoal, possuem maiores taxas de
de propósitos, cumprimento de regulamentos e com- juro que os créditos hipotecários para compra de casa,
promissos assumidos. denominados créditos habitacionais.
O banco, no exercício da sua função principal, que Assim sendo, o prêmio ou os juros surgem como
é a de intermediar recursos de terceiros, promover a as variáveis determinantes do valor do dinheiro no
captação de riquezas e poupanças, apoia-se nos prin- tempo, pois permite atualizar e compensar as Enti-
cípios da segurança e confiança para consolidação de dades financiadoras do custo em conceder o crédito
um relacionamento construtivo. em detrimento de outras opções de investimento.
São 3 os elementos fundamentais do crédito, O prêmio ou juros está igualmente condicionado
sendo eles: Montante; Prazo e Prêmio ou Juros. à finalidade e garantia da operação, pois este será tão
elevado quanto menor a importância da necessidade,
z Montante (é a “bufunfa” de fato, é o R$ que a ins- menor o valor da garantia ou maior nível de risco da
tituição vai liberar para você) operação.
É da conjugação destes três elementos que surge a
É o capital ou dinheiro do crédito. É o valor que prestação do crédito, pois esta é a junção do capital,
irá receber emprestado para a satisfação das suas prazo e os juros.
necessidades que, posteriormente, terá que devolver A prestação terá maior ou menor valor a depender
à Entidade Financiadora, o banco. da taxa de juros e o tempo do empréstimo, mantendo-
No entanto, são as necessidades ou finalidades -se o capital constante.
que determinam o montante do crédito, pois, não Em outras palavras, o reembolso do montante
é aceitável, solicitar um crédito de montante elevado financiado pode ser efetuado mediante o pagamento
para comprar um carro. de prestações que serão determinadas em função do
É igualmente aceitável que o risco que a Entidade tempo e do prazo.
Financeira está disposta a correr pela concessão de Fonte: http://www.artigonal.com/credito-artigos/3-elementos-
determinado montante seja condicionado a um cola- fundamentais-do-credito-3840068.html
teral ou garantia que lhe proporcionará a segurança
ou conforto para disponibilização desse montante. Tendo por base a confiança, a concessão de crédito
Assim sendo, o montante, de grosso modo, está con- também é baseada em dois elementos fundamentais:
dicionado pela finalidade, risco e garantias associadas.
z A vontade do devedor de liquidar suas obrigações
z Prazo (é o tempo para devolver o dinheiro ao
dentro das normas contratuais estabelecidas;
banco acrescido dos juros da operação)
z A habilidade do devedor de assim fazê-lo, ou seja,
Período no qual o montante terá que ser resti- de pagar.
tuído à Entidade Financeira, este varia de acordo
com as preferências e necessidades subjacentes ao A vontade de pagar pode ser colocada sob o título
pedido de crédito. A título de exemplo, não é conside- Caráter, enquanto que a habilidade para pagar pode
rado correto, proporcionar um crédito para comprar ser nominada tanto como Capacidade, quanto como
carro com um prazo demasiado alargado, pois se con- Capital e Condições.
sidera que o prazo de 4 a 6 anos é um período aceitá-
vel para este tipo de crédito. PRINCIPAIS MODALIDADES DE CRÉDITO
De igual modo, a garantia do crédito surge nova-
mente como variável determinante na definição Para nossa prova consideramos mercado de crédito
do prazo do empréstimo, pois, oferece-se como cola- tudo relacionado a crédito, entretanto vamos salientar
teral o penhor de um depósito a prazo, então pode- os tipos que nossa banca mais gosta de cobrar. Lem-
rá negociar o prazo do seu crédito permitindo maior brando que quando uma instituição financeira está
flexibilidade. liberando recursos, ela se encontra na posição Ativa,
Assim sendo, o prazo apresenta-se flexível e rela- ou seja, está liberando dinheiro para um deficitário e
ciona-se com a finalidade do crédito e a garantia este deficitário deverá devolver o recurso ao banco,
associada. acrescentando uma taxa de juros pactuada entre as
partes. As principais operações ativas são:
z Prêmio ou Juros (é o famoso pagamento que
você dá à instituição para ela te emprestar o
dinheiro) z O CDC – Crédito Direto ao Consumidor

Surge como compensação pela antecipação do Esta modalidade de crédito é a mais comum, pois é
montante necessário para a satisfação das necessidades direcionada para diversas áreas, como: Automático,
de consumo ou bem-estar. Do ponto de vista das Entida- Turismo, Salário/ Consignação (30% da renda, debi-
des Financiadoras ou Bancos é considerado o lucro, ou tado do contracheque) e o CDC para bens de consu-
150 a variável que carrega a parte dos lucros. mo duráveis: carros, motos etc.
Admite garantias reais ou fidejussórias, ou até Trata-se, na verdade, de um instrumento que dila-
mesmo sem garantias. Obs.: Existe ainda o CDC-I (Cré- ta o prazo de pagamento de compra sem envolver o
dito Direto ao Consumidor com Interveniência) que é vendedor (fornecedor).
realizado quando o vendedor é o fiador ou avalista do O título a pagar funciona como “lastro” para o
cliente na operação, ou seja, o banco fornece crédito banco financiar o cliente que irá lhe pagar em data
ao cliente, pois o vendedor está assumindo o risco da futura pré-combinada, acrescido de juros e IOF, sem
operação junto ao banco, para que este libere o recur- incidência imediata da CPMF no empréstimo. Como o
so parcelado ao cliente. Vendor, este produto também exige um contrato mãe
definido as condições básicas da operação que será
z Hot Money efetivada quando do envio ao banco dos contratos-fi-
lhos, com as planilhas dos dados dos pagamentos que
Inicialmente uma aplicação financeira de curto serão financiados.
prazo, com alta rentabilidade. Trazido para o Brasil,
ganhou fama por ser uma linha de crédito destinada z Adiantamentos ou Descontos
a Pessoas Jurídicas.
Prazo de 1 até 29 dias, mas normalmente se con- Consistem basicamente em adiantar ao cliente
trata por até 10 dias. ou credor, um valor referente a um crédito que este
Para sanar problemas momentâneos de fluxo de receberá somente em uma data futura. Logo, aquele
caixa. crédito já contará no caixa do cliente ou da empresa.
Adaptável às mudanças bruscas nas taxas de O banco, por não ser mãe do cliente, cobra uma taxa
juros por ter como principal característica o curto de juros, que dimunui do valor de face do título, ou
prazo. valor nominal.
Exemplo: Um cliente possui um título, que tem
z Vendor Finance valor de face, valor escrito, de R$ 1.000,00. De posse
desse título o cliente vai até o banco e solicita ao ban-
É uma operação de financiamento de vendas co que adiante a ele o valor referente àquele título. O
baseadas no princípio da cessão de crédito, que per- banco cobra uma taxa de juros que diminui do valor
mite a uma empresa vender seu produto a prazo e de face do título um determinado valor, exemplo: o
receber o pagamento à vista. banco irá cobrar R$200,00 pela antecipação. Logo, o
A operação de Vendor supõe que a empresa com- banco faz o crédito na conta do cliente no valor de
pradora seja cliente tradicional da vendedora, pois R$800,00. O banco fica com a custódia do papel, e
será esta que irá assumir o risco do negócio junto ao quando o devedor pagar o título, o banco ficará com
banco. o valor de R$1.000,00. Lucrando, assim, R$200,00 na
A empresa vendedora transfere seu crédito ao operação.
banco e este, em troca de uma taxa de intermediação, Esses títulos podem ser boleto, cartões de cré-
paga o vendedor à vista e financia o comprador. dito, cheques pré-datados, duplicatas e notas
A principal vantagem para a empresa vendedora é promissórias.
a de que, como a venda não é financiada diretamente Quando falamos de desconto de duplicatas, che-
por ela, a base de cálculo para a cobrança de impostos, ques ou notas promissórias, temos alguns detalhes:
comissões de vendas e royalties, no caso de licença de Caso os títulos não sejam pagos pelo devedor, o
fabricação, torna-se menor. banco tem direito de regresso contra o credor, ou
É uma modalidade de financiamento de vendas cedente. Ou seja, se o devedor não pagar o banco vai
para empresas na qual quem contrata o crédito é atrás do cliente (credor), para que este efetue o paga-
o vendedor do bem, mas quem paga o crédito é o mento ao banco.
comprador. Assim, as empresas vendedoras deixam
de financiar os clientes, elas próprias, e dessa forma z Leasing ou Arrendamento Mercantil – Principal
param de recorrer aos empréstimos de capital de giro produto das Sociedades de Arrendamento Mercan-
nos bancos ou aos seus recursos próprios para não se til (S.A.M), o leasing é um contrato denominado na
descapitalizarem e/ou pressionarem seu caixa. legislação brasileira como “arrendamento mer-
Como em todas as operações de crédito, ocorre a cantil”. As partes desse contrato são denominadas
incidência do IOF, sobre o valor do financiamento, “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam,
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

que é calculado proporcionalmente ao período do de um lado, um banco ou sociedade de arrenda-


financiamento. mento mercantil, o arrendador, e, de outro, o clien-
A operação é formalizada com a assinatura de um te, o arrendatário.
convênio, com direito de regresso entre o banco e a
empresa vendedora (fornecedora), e de um Contrato O objeto do contrato é a aquisição, por parte do
de Abertura de Crédito entre as três partes (empresa arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário
vendedora, banco e empresa compradora). para sua utilização. O arrendador é, portanto, o
proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto,
durante a vigência do contrato, são do arrendatário.
z Compror Finance Residindo aí a principal vantagem do leasing, pois o
arrendatário, ou seja o cliente que irá usar o bem, o
Existe uma operação inversa ao Vendor, denomi- utilizará sem necessariamente ter sua propriedade, o
nada Compror, que ocorre quando pequenas indús- que em um financiamento comum não será possível,
trias vendem para grandes lojas comerciais. Neste pois o cliente estaria comprando o bem e não apenas
caso, em vez de o vendedor (indústria) ser o fiador alugando. Desta forma, o Leasing é um serviço e, por
do contrato, o próprio comprador é que funciona isso, não incide sobre suas operações o IOF, mas sim o
como tal. Imposto Sobre Serviço, o ISS. 151
O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de
propriedade do arrendador. Esta opção deve ser indicada no momento da contratação.
Caso o cliente deseje/almeje ficar com o bem no final, deverá pagar ao Arrendador o Valor Residual Garantido
(VRG) que nada mais é do que um valor de mercado do bem. Este VRG pode ser diluído nas parcelas do aluguel durante
todo o contrato se assim for pactuado.
Duas das principais vantagens do Leasing são:

z A não incidência de IOF, e sim de ISS, o que torna a operação mais barata;
z A possibilidade, para as Pessoas Jurídicas, de deduzir do Imposto de Renda como despesa operacional as
parcelas do Leasing.

Como nos Empréstimos Normais é Possível Quitar o Leasing Antes do Prazo Definido no Contrato?

Sim. Caso a quitação seja realizada após os prazos mínimos previstos na legislação e na regulamentação (art.
8º do Regulamento anexo à Resolução CMN 2.309, de 1996), o contrato não perde as características de arrenda-
mento mercantil. Entretanto, caso realizada antes dos prazos mínimos estipulados, o contrato perde sua caracte-
rização legal de arrendamento mercantil e a operação passa a ser classificada como de compra e venda a prazo
(art. 10 do citado Regulamento).
Nesse caso, as partes devem arcar com as consequências legais e contratuais que essa descaracterização pode
acarretar.

Bem objeto do
leasing

Arrendatário
Arrendador (Banco)
(Cliente)
Proprietário
Usuário

Deve vender o
bem após o fim do
Pode optar por ficar
contrato caso o
com o bem no final
cliente não o adquira
no final

QUADRO RESUMO
Leasing financeiro Leasing operacional
2 anos para bens com vida útil < 5 anos
Prazo mínimo de duração do leasing 90 dias
3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor residual garantido - VRG Permitido Não permitido
Pactuada no início do contrato, normalmente
Opção de compra Conforme valor de mercado
igual ao VRG
Por conta do arrendatário ou da
Manutenção do bem Por conta do arrendatário (cliente)
arrendadora
Total dos pagamentos, incluindo o VRG, deve- O somatório de todos os paga-
rá garantir à arrendadora o retorno financeiro mentos devidos no contrato não
Pagamentos
da aplicação, incluindo juros sobre o recurso poderá exceder 90% do valor do
empregado para a aquisição do bem bem arrendado
Valor pré-fixado no contrato para exercer a opção de compra (Fonte: Banco Central)

OBS. 1: Os bens que podem ser arrendados são móveis ou imóveis, nacionais ou estrangeiros. Para os estran-
geiros é necessário que estes estejam em uma lista elaborada pelo CMN.
OBS. 2: Sale and Leaseback (Apenas para bens Imóveis): tipo de Leasing em que o dono de um imóvel o
vende para uma Sociedade de Arrendamento, e no mesmo contrato a Sociedade de Arrendamento arrenda o bem
para o vendedor, entretanto esta modalidade só é possível no leasing financeiro e só para Pessoas Jurídicas.
OBS. 3: Os bens objetos de arrendamento mercantil – Leasing, não podem ser arrendados ao próprio fabricante do
bem, ou seja, por exemplo: A Embraer que fabrica aviões no Brasil, não pode arrendar seus aviões para si.

Consórcio

152
Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídi- Isso significa que, quanto mais alta a linha, mais
cas em grupo, com prazo de duração e número de cotas remuneração o mercado está exigindo para investir
previamente determinados, promovida por adminis- no Brasil. Por essa razão, momentos de incertezas
tradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a internas costumam elevar a curva. Além disso, quan-
seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de to mais à direita está um ponto da linha no gráfico,
bens ou serviços, por meio de autofinanciamento. maior o prazo a que ele se refere.
A administradora de consórcios é a pessoa jurídica
“A curva de juros é uma das formas de a gente
prestadora de serviços com objeto social principal volta-
compreender como os investidores estão enxergan-
do à administração de grupos de consórcio, constituída
sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima. do o risco de se investir no Brasil, considerando que,
A adesão de um consorciado a um grupo de con- quanto maior o prazo, maior o risco e maior vai ser a
sórcio se dá mediante assinatura de contrato de par- taxa exigida”, comenta Perez. “Por isso que, natural-
ticipação. Nesse contrato, devem estar previstos os mente, as taxas menores ficam em prazos mais curtos
direitos e os deveres das partes, tais como a descrição e vai crescendo até a parte mais longa da curva, que é
do bem a que o contrato está referenciado e seu res- onde observamos taxas e prazos mais altos.”
pectivo preço (que será adotado como referência para
o valor do crédito e para o cálculo das parcelas men- TAXAS DE JUROS NOMINAIS E REAIS
sais do consorciado). No contrato deve haver, ainda,
as condições para concorrer à contemplação por sor- Nominal ou Aparente
teio, bem como as regras da contemplação por lance.
O interesse do grupo de consórcio prevalece sobre As Taxas Aparentes, também chamadas de taxas
o interesse individual do consorciado. Os grupos de
nominais, são aquelas divulgadas pelo mercado. Ima-
consórcio caracterizam-se como sociedade não perso-
gine uma propaganda sobre uma aplicação financei-
nificada com patrimônio próprio, o qual não deve ser
confundido com o patrimônio dos demais grupos nem ra a respeito de um CDB com prazo de aplicação de
com o da administradora. ​ 2 (dois) anos e rendimento de 10% ao bimestre, capi-
Contemplação no consórcio: talizados mensalmente. Esse período corresponde à
taxa aparente ou nominal. Note que se trata de uma
z A contemplação é atribuição de crédito ao consor- taxa de juros em que a unidade de tempo da taxa (ao
ciado para a aquisição de bem ou serviço; bimestre) não é coincidente com a unidade de tempo
z As contemplações podem ocorrer por meio de sor- do período de capitalização (mensal).
teios ou lances;
z A contemplação por lance somente pode ocorrer
depois de efetuadas as contemplações por sorteio Dica
ou se estas não forem realizadas por insuficiência Nas fórmulas matemáticas de Juros Compostos,
de recursos do grupo de consórcio; não se pode utilizar a Taxa Nominal ou Aparente.
z Uma vez contemplado, o consorciado terá a facul-
dade de escolher o fornecedor e o bem desde que
respeitada a categoria em que o contrato estiver Real
referenciado;
z O fato de a administradora eventualmente ser vin- A Taxa Real representa a remuneração do capital
culada a alguma concessionária, revendedora ou em unidades de poder aquisitivo, ou seja, ela repre-
montadora de bens não pode restringir a liberda- senta as taxas que despontam após ser efetuado o des-
de de escolha do consorciado. conto da inflação.
Para calcular a taxa real, usamos a fórmula:
O Banco Central (BC) é responsável pela normati-
zação, autorização, supervisão e controle das ativida- (1 + ia) = (1 + ir) + (1 + ii)
des do sistema de consórcios, com foco na eficiência e
solidez das administradoras e cumprimento da regu-
Onde,
lamentação específica.
As questões inerentes às relações de consumo
entre clientes e usuários das instituições financeiras z ia = taxa aparente
e das administradoras de consórcio estão sujeitas ao z ir = taxa real
Código de Defesa do Consumidor, cabendo aos órgãos z ii = inflação
integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consu-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

midor (SNDC) fazer a mediação dessas questões. Exemplo prático: Após 12 (doze) meses, um inves-
As administradoras de consórcio devem remeter tidor teve 25% de rendimento. Sabendo que, nesse
periodicamente ao BC informações contábeis e não- período, a inflação foi de 7%, calcule a taxa real do
-contábeis sobre as operações de consórcio. investimento.

(1 + 0,25) = (1 + ir) x (1 + 0,07)


(1 + ir) = 1,25/1,07
TAXAS DE JUROS DE CURTO PRAZO E ir = 1,17 – 1
A CURVA DE JUROS ir = 0,17
ir = 17%
“A curva de juros nada mais é do que uma repre-
sentação gráfica das taxas de juros exigidas ou espe- Perceba que a taxa real reflete, com maior preci-
radas pelo mercado para determinados prazos no são, o ganho real de um investimento, por considerar
próprio mercado futuro”, explica Eduardo Perez, ana- a perda com a desvalorização causada pela inflação
lista de investimentos da Easynvest by Nubank. do período. 153
GARANTIAS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: AVAL; FIANÇA; PENHOR
MERCANTIL; ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA; HIPOTECA; FIANÇAS BANCÁRIAS
AVAL, FIANÇA, PENHOR MERCANTIL, ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, HIPOTECA, FIANÇAS BANCÁRIAS

O Papel das Garantias

Pode-se dizer, de maneira direta, que as garantias têm por objetivo dar maior segurança, maior proteção, às opera-
ções de crédito. A garantia é, portanto, algo acessório à obrigação principal, que é a obrigação de pagar do devedor.
Em regra, como toda garantia é acessória a uma obrigação principal, com a extinção da obrigação principal (ou
seja, com o pagamento da dívida), a garantia também se extingue, deixa de existir.
Aparentemente, pode parecer que essa “segurança” dada pela garantia, na realidade, só é vantajosa para quem
empresta. Para os tomadores de recursos, a exigência de garantia muitas vezes soa como uma dificuldade a mais na
obtenção de crédito. Entretanto, observando atentamente, você perceberá que a existência de uma garantia é vantajosa
para ambos os lados da operação.
Não há dúvidas de que para o credor (aquele que empresta recursos), a garantia significa uma maior probabilidade
de receber aquilo que lhe é devido. Afinal, a garantia ofertada pelo cliente em uma operação reduz o chamado risco de
crédito.
De acordo a Resolução CMN nº 4.557, de 2017, define-se o risco de crédito como a possibilidade de ocorrência de
perdas associadas a:

Art. 21 [...]
I - não cumprimento pela contraparte de suas obrigações nos termos pactuados;
II - desvalorização, redução de remunerações e ganhos esperados em instrumento financeiro decorrentes da deteriora-
ção da qualidade creditícia da contraparte, do interveniente ou do instrumento mitigador;
III - reestruturação de instrumentos financeiros; ou
IV - custos de recuperação de exposições caracterizadas como ativos problemáticos.

Em resumo, o risco de crédito é o risco que a instituição financeira tem de não receber, de que seu cliente fique
inadimplente.
As perdas com a inadimplência são um dos principais elementos na formação do custo do crédito. Quanto maior a
inadimplência de uma determinada linha de crédito, maior será a taxa de juros cobrada pela instituição financeira de
seus clientes.
Porém, diversos fatores podem potencializar ou mitigar o efeito da inadimplência sobre o custo do crédito; entre eles,
a existência de garantias oferecidas pelo tomador de crédito. As garantias estão diretamente relacionadas à capacidade
das instituições financeiras de recuperar a dívida não paga.
Entretanto, para o devedor (aquele que toma recursos emprestados) também há vantagens. Oferecer uma garantia
facilita o acesso ao crédito e torna esse crédito mais barato.
Quantas vezes você já viu reportagens sobre as absurdas taxas de juros cobradas pelos bancos? Diversas, com certeza.
E quais são sempre os exemplos citados? Certamente, os juros do cartão de crédito e os juros do cheque especial. Eis que
o motivo principal é o fato de que nessas operações não há garantias.
Por mais que também sejam altos, os juros do financiamento da casa própria ou do financiamento de veículos, por
exemplo, são muito menores.
O Banco Central lança regularmente um documento chamado “Relatório de Economia Bancária”. No relatório lan-
çado em meados de 2019, relativo ao ano de 2018, o Bacen analisou, dentre outros assuntos, a relação entre garantias e
taxas de juros das operações de crédito a pessoas físicas.
Foram encontradas evidências de que operações de crédito com garantias têm taxas de juros significativamente
menores. Adicionalmente, observou-se que, quanto maior a qualidade da garantia fornecida pelo tomador de crédito,
menor a taxa de juros cobrada.
Fonte: site do Banco Central.

Para melhor compreensão do tema, é interessante diferenciar as garantias pessoais ou fidejussórias das
garantias reais.

Garantias Pessoais ou Fidejussórias X Garantias Reais

A garantia pessoal (ou fidejussória) é a garantia dada por uma terceira pessoa, que se responsabiliza pela obriga-
ção de honrar o compromisso estabelecido caso o devedor deixe de cumpri-lo. Ou seja, um terceiro — que não está na
relação principal entre credor e devedor — assume a responsabilidade pelo pagamento da dívida caso o devedor
principal fique inadimplente.
É uma garantia baseada na confiança que merece o garantidor — em seu caráter, sua honradez, sua “boa
fama”, e, logicamente, na sua capacidade de honrar o compromisso caso o devedor não honre. O Direito prevê
dois tipos de garantias pessoais: a fiança e o aval.
Por sua vez, uma garantia real dá ao credor o direito de se fazer pagar pelo valor ou pelos rendimentos de
certos e determinados bens, móveis ou imóveis, do próprio devedor ou de terceiros.
Nosso edital cobra três modalidades de garantia real: a hipoteca, o penhor mercantil e a alienação fiduciá-
154 ria. A seguir, detalharemos cada um deles.
Relatório de Economia Bancária 2018
Garantias e diferenças nas taxas de juros de crédito

Modalidades Crédito pessoal Crédito pessoal


Rotativas não consignado não consignado Consignado Veículos Imobiliário
sem garantia com garantia
Medidas mensais do periodo
entre jan/16 e dez/18
**Taxas de juros anuais
Operação com garantia
(crédito imobiliário e
financeiro de veículos)
possuem taxas de juros
menores

Fiança

A fiança é uma garantia fidejussória firmada por contrato em que uma ou mais pessoas se obrigam, perante
o credor, a satisfazer uma obrigação, caso o devedor não a cumpra. Ela representa uma forma de garantia que
poderá efetivar-se mediante a entrega de bens móveis ou imóveis.
Há dois contratos: o principal, entre o devedor e o credor, e um acessório, entre o fiador e o devedor
(afiançado).
A fiança é formal, e deve sempre ser dada por escrito, não admitindo interpretação extensiva (além do estabe-
lecido expressamente no contrato). O contrato definirá claramente as condições da fiança. Isso quer dizer que não
se admite a fiança verbal, e que a fiança deverá ser interpretada restritivamente. Surgindo alguma dúvida, deve-
-se interpretar a questão favoravelmente ao fiador, parte vulnerável em regra, presumindo-se a sua boa-fé objetiva.
Porém, em contratos bancários com renovação periódica e automática, a fiança também é prorrogada, mesmo
sem autorização expressa do fiador, desde que a prorrogação esteja prevista em cláusula contratual.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

São três os personagens na fiança:

z Fiador: Aquele que presta a fiança, que se obriga a satisfazer a obrigação caso o devedor não o faça;
z Afiançado: O devedor principal;
z Credor (beneficiário): Aquele que detém o direito de crédito.

A fiança é uma garantia acessória e subsidiária, ou seja, o fiador só está obrigado no caso do afiançado (devedor prin-
cipal) não cumprir a obrigação. É uma garantia que somente pode ser estipulada em contratos. Não há fiança em títulos
de crédito.
Vejamos os principais artigos do Código Civil (Lei nº 10.406, de 2002) a respeito da fiança:

Art. 818 Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este
não a cumpra.
Art. 819 A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Art. 820 Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade.
Art. 821 As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, não será demandado senão depois que se
fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor. 155
Art. 822 Não sendo limitada, a fiança compreenderá Tem-se, portanto, três personagens na relação de
todos os acessórios da dívida principal, inclusive as aval:
despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 823 A fiança pode ser de valor inferior ao da z Avalista: Aquele que presta o aval;
obrigação principal e contraída em condições menos z Avalizado: Aquele que recebe o aval, o devedor
onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for principal;
mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da z Credor (beneficiário): Aquele que detém o direito
obrigação afiançada. de crédito.
Art. 824 As obrigações nulas não são suscetíveis de
fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapa- O aval pode ser lançado no próprio título ou em
cidade pessoal do devedor. folha de alongamento (pedaço de papel anexado ao
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo título de crédito). A simples assinatura no título é sufi-
não abrange o caso de mútuo feito a menor. ciente para configurar o aval.
Art. 825 Quando alguém houver de oferecer fiador, O aval é uma garantia solidária, ou seja, o avalis-
o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for ta é coobrigado. De acordo com o art. 899, do Código
pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha Civil, o avalista equipara-se àquele cujo nome indi-
de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para
car, ou seja, o avalista se obriga no mesmo nível do
cumprir a obrigação.
avalizado.
Art. 826 Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz,
A responsabilidade do avalista é tamanha que ele
poderá o credor exigir que seja substituído.
responde pela obrigação que garantiu em pé de igual-
[...]
dade com o devedor principal, sendo facultado ao cre-
Art. 838 O fiador, ainda que solidário, ficará
dor exigir, simultaneamente, do devedor e do avalista
desobrigado:
o pagamento da obrigação vencida. O avalista pode,
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder mora-
inclusive, ser acionado para pagar antes do avalizado,
tória ao devedor;
o devedor principal.
II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação
A obrigação do avalista é independente da obriga-
nos seus direitos e preferências;
III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar ami-
ção do avalizado. Diz-se que o aval é autônomo. A
gavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigação do avalista é mantida, ainda que a obriga-
obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo ção que ele garantiu seja nula.
por evicção. O aval em branco ocorre quando há a simples
[...] assinatura do avalista no título, sem especificar
Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum quem é o avalizado. O aval em preto ocorre quando
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto feito, declarando o nome do avalizado. No caso de
no regime da separação absoluta: aval prestado por pessoas físicas casadas, é neces-
[...] sária a autorização do cônjuge, exceto no regime de
III - prestar fiança ou aval. separação absoluta de bens.
O avalista possui o chamado direito de regresso.
Aval Deste modo, caso ele pague a obrigação, poderá, pos-
teriormente, cobrá-la do avalizado.
O aval é uma garantia pessoal de pagamento, for- Por fim, cabe destacar que o aval pode ser dado
mal e solidária, dada por um terceiro, o avalista. mesmo após o vencimento do título de crédito, pois,
Consiste, pois, na assinatura desse terceiro em desde que seja antes do protesto do título, ainda
um título de crédito, responsabilizando-se pelo seu assim, será válido.
pagamento, solidariamente com o devedor ou com Vejamos os artigos do Código Civil (Lei nº 10.406,
de 2002) sobre o aval:
qualquer outro coobrigado (endossante ou até mes-
mo outro avalista). Ou seja, o avalista, pessoa física
Art. 897 O pagamento de título de crédito, que con-
ou jurídica, garante o pagamento de um título de
tenha obrigação de pagar soma determinada, pode
crédito que foi emitido ou endossado pelo avalizado. ser garantido por aval.
Um título pode ter mais de um avalista. Nesse caso, Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
todos são solidários com o avalizado no cumprimen- Art. 898 O aval deve ser dado no verso ou no anver-
to da obrigação. Mesmo havendo mais de um avalis- so do próprio título.
ta, o pagamento da obrigação por um deles libera os § 1° Para a validade do aval, dado no anverso do
demais da obrigação. título, é suficiente a simples assinatura do avalista.
O aval é uma garantia específica dos títulos cam- § 2° Considera-se não escrito o aval cancelado.
biais (aqueles passíveis de transferência para outras Art. 899 O avalista equipara-se àquele cujo nome
pessoas), que se aplica exclusivamente a títulos de indicar; na falta de indicação, ao emitente ou deve-
dor final.
crédito.
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regres-
Estamos falando, basicamente, de cheques, letras
so contra o seu avalizado e demais coobrigados
de câmbio, notas promissórias e duplicatas. anteriores.
§ 2° Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda
Dica que nula a obrigação daquele a quem se equipara,
a menos que a nulidade decorra de vício de forma.
Duplicata: Título de crédito em que o comprador Art. 900 O aval posterior ao vencimento produz os
se obriga a pagar dentro do prazo estipulado o mesmos efeitos do anteriormente dado.
156 valor contido na fatura. [...]
Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, Tem o credor direito a verificar o estado das coisas
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por
outro, exceto no regime da separação absoluta: si ou por pessoa que credenciar.
[...] As coisas empenhadas continuam em poder do
III - prestar fiança ou aval. devedor, que as deve guardar e conservar.
No penhor mercantil, temos dois personagens:
Hipoteca
z Devedor;
A hipoteca é uma garantia real que recai, geral- z Credor pignoratício, beneficiário da garantia.
mente, sobre imóveis de propriedade do devedor
ou de terceiros. No entanto, bens móveis de grande Art. 1.433 O credor pignoratício tem direito:
valor também podem ser objeto de hipoteca, como I - à posse da coisa empenhada;
máquinas agrícolas, aeronaves, navios etc. II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas
Assim como na alienação fiduciária, que será vista devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo
mais adiante, a posse do bem móvel ou imóvel hipo- ocasionadas por culpa sua;
tecado permanece com o devedor. Por outro lado, na III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido
hipoteca, não há a transferência da propriedade do por vício da coisa empenhada;
bem ao credor. O devedor retém o bem, apenas gra- IV - a promover a execução judicial, ou a venda ami-
vando-o para garantia de uma obrigação, permane- gável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe
autorizar o devedor mediante procuração;
cendo, portanto, com o direito de aliená-lo (vendê-lo),
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que
ou mesmo de ofertá-lo como garantia ao pagamento
se encontra em seu poder;
de outra dívida sua ou de terceiros. VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia
Trata-se de uma garantia que abrange todas as autorização judicial, sempre que haja receio fundado
acessões (os aumentos), melhoramentos ou constru- de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, deven-
ções do imóvel. O credor não a perde, caso o bem seja do o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada
alienado. Para o credor, a hipoteca consiste em um pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou
direito real em coisa alheia. oferecendo outra garantia real idônea.
A hipoteca deve ser registrada no Cartório de
Registro de Imóveis do município em que se localiza o O credor não pode ser constrangido (obrigado) a
imóvel hipotecado. No caso de bens móveis, o registro devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes
deve ser feito nos órgãos competentes (Registro Aero- de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimen-
náutico, Registro de Propriedade Marítima etc.) to do proprietário, determinar que seja vendida apenas
O credor é chamado de credor hipotecário e o uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente
devedor, de devedor hipotecário. A hipoteca é feita para o pagamento do credor, conforme o art. 1.434.
mediante contrato acessório e formal.
É nula a cláusula que proíbe o proprietário de ven- Art. 1.436 Extingue-se o penhor:
der imóvel hipotecado. No entanto, o contrato pode I - extinguindo-se a obrigação;
definir que vencerá o crédito hipotecário, caso o imó- II - perecendo a coisa;
vel seja vendido. III - renunciando o credor;
O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de
hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do credor e de dono da coisa;
mesmo ou de outro credor. V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a
venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele
Salvo no caso de insolvência do devedor, o credor
autorizada.
da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá
Art. 1.437 Produz efeitos a extinção do penhor depois
executar o imóvel antes de vencida a primeira. de averbado o cancelamento do registro, à vista da res-
pectiva prova.
Penhor Mercantil
Alienação Fiduciária
O penhor mercantil, também chamado de
penhor industrial, é a entrega de um bem móvel A alienação fiduciária em garantia é o contrato pelo
para garantia de uma dívida. Podem ser objeto de qual o devedor (fiduciante), como garantia de uma dívi-
penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumen- da, pactua a transferência da propriedade fiduciária de
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

tos, instalados e em funcionamento, com os acessó- bem móvel ou imóvel ao credor (fiduciário) de acordo
rios ou sem eles; animais utilizados na indústria; sal e com cláusula resolutiva.
bens destinados à exploração das salinas; produtos de A cláusula resolutiva pode ser expressa ou tácita (não
suinocultura; animais destinados à industrialização consta no contrato e, para se fazer valer, é necessária
de carnes e derivados; matérias-primas e produtos interpelação judicial). Tem previsão no art. 475 do Código
industrializados. Civil.
Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil,
mediante instrumento público ou particular, registra- Art. 475 A parte lesada pelo inadimplemento pode
do no Cartório de Registro de Imóveis da circunscri- pedir a resolução (fim) do contrato, se não preferir
ção onde estiverem situadas as coisas empenhadas. exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
O devedor não pode, sem o consentimento por casos, indenização por perdas e danos.
escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou
mudar-lhes a situação, nem delas dispor. Para o credor, a propriedade fiduciária é um direito
O devedor que, anuindo o credor, alienar as coi- real em coisa própria. O devedor, no entanto, permanece
sas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma com a posse do bem. Ou seja, continua utilizando e usu-
natureza, que ficarão sub-rogados no penhor. fruindo do bem. 157
Cumprindo a obrigação, o devedor retoma a proprie- Um exemplo de lavagem é a compra de obras de
dade do bem. Caso o devedor não honre a obrigação, a arte para revenda com dinheiro obtido por meio do
posse do bem é transferida para o credor. tráfico ilícito de drogas.
A alienação fiduciária é comumente utilizada como Uma das grandes novidades trazidas pela Lei nº
garantia em financiamentos para aquisição de bens 9.613/98 é que, antes dela, apenas o tráfico de drogas
móveis, como veículos, por exemplo. No entanto, ela poderia configurar um crime antecedente que pudes-
também pode ser utilizada em financiamentos imobiliá- se gerar a lavagem de dinheiro. Com sua entrada em
rios (bens imóveis). vigência, outros crimes podiam ser antecedentes da
Os dois personagens da alienação fiduciária, portan- lavagem. Em 2012, a Lei nº 12.683/12 alterou a Lei nº
to, são: 9.613/98, de modo que, hoje, qualquer infração penal
(crime ou contravenção, como, por exemplo, o jogo do
z Fiduciante (devedor); bicho) podem ser considerados crimes antecedentes
para a lavagem.
z Fiduciário (credor).
CONCEITO E FORMAS DE LAVAGEM
A alienação fiduciária em garantia não tem por
finalidade a transmissão da propriedade ou da pos- Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, ori-
se do bem ao credor, mas sim a constituição de uma gem, localização, disposição, movimentação ou
garantia contra a inadimplência do devedor. Por isso, propriedade de bens, direitos ou valores prove-
é um contrato acessório. nientes, direta ou indiretamente, de infração
O credor, portanto, é o proprietário e possuidor indi- penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
reto ou mediato do bem, enquanto o devedor fica com a Pena – reclusão, de 3 a 10 anos, e multa.
posse direta ou imediata, sendo seu usuário e depositário.
A propriedade por parte do credor é limitada, somen- O art. 1º traz o conceito de lavagem de dinheiro (ou
capitais). De maneira simples, temos que a lavagem
te sendo exercida para os fins previstos na lei, e é reso-
de dinheiro consiste no ato ou atos praticados com a
lúvel, pois retorna automaticamente para o devedor
finalidade de dar aparência lícita a bens, direitos ou
fiduciante no momento em que for cumprida integral-
valores que tenham origem na prática de uma infra-
mente a obrigação.
ção penal (crime ou contravenção).
Veja que os núcleos do tipo (verbos) são ocultar e
Fianças Bancárias dissimular. Se o agente pratica os dois, dentro do mes-
mo contexto, responde por um único crime.
A fiança bancária é um produto bancário disponibi- A lavagem é chamada de “crime parasitário”.
lizado a clientes que necessitam oferecer garantia para Observe bem que a lavagem (que é crime) tem relação
obrigações assumidas perante terceiros. com a prática de uma infração (crime ou contraven-
Através da fiança bancária, o banco emissor da carta ção) anterior. De acordo com o art. 1º, o julgamento
de fiança garante as obrigações de seu cliente. O banco é, independe do processo e do julgamento das infrações
portanto, o fiador, e o cliente, o afiançado. penais antecedentes.
A fiança bancária pode ser usada para: Neste sentido, para que seja punível a lavagem,
deve haver um fato típico e ilícito anterior. No entan-
z Obtenção de empréstimos e financiamentos; to, não é necessária a condenação no crime anterior,
z Habilitação em concorrência pública; somente será excluída a lavagem. Ou seja, se a infra-
z Locações; ção penal antecedente foi atípica (fato inexistente) e,
z Adiantamento por encomenda de bens. por isso, não constituir infração penal, ou, ainda, se
houve causa que excluísse a ilicitude, não há como o
A grande vantagem da fiança bancária é a de não agente responder por lavagem de dinheiro.
comprometer o caixa ou os bens do cliente. Seguindo com o nosso estudo, incorrerá na mes-
ma, pena prevista no caput do art. 1º, quem pratica as
condutas que estão no art. 1º, § 1º:

§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar


CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO: ou dissimular a utilização de bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal
CONCEITO E ETAPAS
I - os converte em ativos lícitos;
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou
PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM
recebe em garantia, guarda, tem em depósito,
DE DINHEIRO: LEI Nº 9.613/98 E SUAS ALTERAÇÕES
movimenta ou transfere;
III - importa ou exporta bens com valores não
Também conhecida como Lei de Lavagem de correspondentes aos verdadeiros.
Capitais, a Lei nº 9.613/98 visa combater a ocultação
ou dissimulação de bens ou valores que tenham sido O inciso I trata da hipótese de a lavagem dar-se
obtidos de forma ilícita (frutos de infrações penais). com a conversão dos bens, direitos ou valores em ati-
O termo lavagem diz respeito à necessidade de se
vos lícitos, como, por exemplo, ações na Bolsa. Por esse
dar aparência de legalidade — “lavar” o dinheiro ili-
viés, pode-se falar na chamada “lavagem em cadeia”
citamente obtido (“sujo”). A expressão tem origem no
direito estadunidense, “money laundering”, com a des- (lavagem da lavagem), que é a ocultação ou dissimu-
coberta de que criminosos, na década 1920, usavam lação de bens, dinheiro ou valores, provenientes de
lavanderias para esconder a origem criminosa de lavagens anteriores (neste caso, o delito antecente é
bens (alguns países utilizam a expressão “branquea- outra lavagem). Um exemplo da lavagem em cadeia
mento de capitais”, mas seu uso não é muito aceito, seria a aplicação, na Bolsa de Valores, de rendimentos
158 tendo em vista a conotação racista). obtidos numa lavagem anterior.
O inciso II trata da figura do receptador dos bens, z Formas de colaboração (alternativas) (art. 1º, §
direitos ou valores. Já o inciso III cuida da hipótese espe- 5º, Lei nº 9.613/98)
cífica de lavagem por meio de operações de importação
e exportação. O parágrafo 2º do artigo 1º apresenta
Apuração de infrações
outras hipóteses equiparadas à lavagem de dinheiro:

§ 2º Incorre ainda, na mesma pena quem: Identificação de Autores, Coautores e Partícipes


I – Utiliza, na atividade econômica ou financei-
ra, bens, direitos ou valores provenientes da
Localização dos Bens, Direitos ou Valores
infração penal;
II - participa de grupo, associação ou escri-
tório tendo conhecimento de que sua atividade Colaborando, o indivíduo tem a possibilidade de
principal ou secundária é dirigida à prática de cri- obter os seguintes benefícios (“prêmios”; daí se cha-
mes previstos nesta Lei. mar de colaboração premiada).

O inciso I do § 2º pune a lavagem no exercício de z Benefícios ao colaborador na lavagem de


atividade econômica ou financeira e o inciso II pune a dinheiro (art. 1º, § 5º, Lei nº 9.613/98)
associação para fins de lavagem de capitais.

§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágra- Diminuição da pena de 1 a 2/3 e fixação


fo único do art. 14 do Código Penal. do regime inicial aberto ou semiaberto

O § 3º traz importante disposição no sentido de Substituição da pena privativa de


que é punível a tentativa de lavagem de capitais. libertada por pena restritiva de direitos
§ 4º A pena será aumentada de um a dois ter-
ços, se os crimes definidos nesta Lei forem come- Perdão judicial (causa extintiva
tidos de forma reiterada ou por intermédio de de punibilidade)
organização criminosa.
Esses benefícios aplicam-se somente à colaboração
O art.1º, § 4º traz uma causa de aumento de pena
premiada nos crimes de lavagem de dinheiro.
(de 1/3 a 2/3) se os crimes previstos na Lei de Lavagem
Existem outras formas de colaboração premiada
forem cometidos: previstas em outras leis (como a Lei de Organizações
Criminosas por exemplo), que oferecem ao colabora-
z De forma reiterada; ou
dor outros “prêmios” (como o não oferecimento de
z Por intermédio de organização criminosa.
denúncia).
Dica AÇÃO CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE AGENTES
O conceito de organização criminosa se encon-
tra na Lei nº 12.850/13. § 6º Para a apuração do crime de que trata este
artigo, admite-se a utilização da ação controlada
e da infiltração de agentes.
Já vimos que existe hipótese de aumento de pena
nos crimes de lavagem. E será que existe alguma hipó-
A fim de efetivar a apuração do crime de lavagem
tese de diminuição? Sim, ela se encontra prevista no
de dinheiro, a Lei admite a utilização dos meios espe-
art. 1º, § 5º da Lei nº 9.613/98. ciais de investigação da ação controlada (situação
excepcional na qual o flagrante, que deve ser imedia-
COLABORAÇÃO PREMIADA to, é retardado para que se consiga descobrir outros
sujeitos envolvidos na prática do delito, reunindo-se
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois provas mais robustas ou, ainda, recuperando-se o pro-
terços e ser cumprida em regime aberto ou duto ou proveito do crime — é chamado de flagrante
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá- prorrogado, retardado ou diferido) e da infiltração
-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena res- de agentes (prevista no art. 10 da Lei de Organiza-
tritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe ções Criminosas, que tem como objetivo permitir que
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

colaborar espontaneamente com as autoridades, policiais ingressem legalmente em organizações cri-


prestando esclarecimentos que conduzam à apu- minosas, utilizando-se de identidades falsas, a fim de
ração das infrações penais, à identificação dos investigar suas atividades).
autores, coautores e partícipes, ou à localização Uma das formas de ação controlada é a conhecida
dos bens, direitos ou valores objeto do crime. “entrega vigiada”, prevista no Decreto nº 5.015/04, que
consiste na permissão de remessas internacionais ilíci-
Para ser beneficiado pela colaboração premiada, o tas ou suspeitas, feitas com o conhecimento e controle
indivíduo deve colaborar, a qualquer tempo (ou seja, na das autoridades com o objetivo de permitir a colheita
fase investigatória ou processual), de uma das três formas de mais provas e a identificação dos envolvidos.
previstas (basta uma; os requisitos não são cumulativos):
DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS
I - conduzir à apuração das infrações penais;
II - conduzir à identificação de autores, coautores A partir do art. 2º, a Lei nº 9.613/98 passa a tra-
e partícipes; ou tar de disposições que se aplicam ao proceso criminal
III - conduzir à localização dos bens, direitos ou da lavagem de dinheiro. Veremos, a seguir, os pontos
valores objeto do crime. mais relevantes. 159
O primeiro ponto que merece destaque diz respei- Art. 7º São efeitos da condenação, além dos
to à competência. Os crimes de lavagem, via de regra, previstos no Código Penal:
são de competência da Justiça Estadual. I - a perda, em favor da União - e dos Estados,
Excepcionalmente, a competência será da Justiça nos casos de competência da Justiça Estadual -, de
Federal, nas hipóteses do inciso III do art. 2°, quais todos os bens, direitos e valores relacionados,
sejam: direta ou indiretamente, à prática dos crimes
previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados
para prestar a fiança, ressalvado o direito do
z Crimes praticados contra o sistema financeiro e a
lesado ou de terceiro de boa-fé;
ordem econômico-financeira; II - a interdição do exercício de cargo ou fun-
z Crimes praticados em detrimento de bens, serviços ção pública de qualquer natureza e de diretor, de
ou interesses da União ou de suas entidades autár- membro de conselho de administração ou de
quicas ou empresas públicas; gerência das pessoas jurídicas referidas no art.
z Quando a infração penal antecedente for de com- 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de
petência da Justiça Federal. liberdade aplicada.
§ 1º A União e os Estados, no âmbito de suas com-
Por sua vez, o art. 4º prevê a possibilidade de o juiz, petências, regulamentarão a forma de destinação
de ofício, a requerimento ou mediante represen- dos bens, direitos e valores cuja perda houver sido
tação do delegado de polícia (ouvido o Ministério declarada, assegurada, quanto aos processos de
Público), desde que haja indícios suficientes de infra- competência da Justiça Federal, a sua utilização
ção penal, decretar, em 24 horas, medidas assecura- pelos órgãos federais encarregados da prevenção,
tórias de bens direitos ou valores do investigado do combate, da ação penal e do julgamento dos cri-
mes previstos nesta Lei, e, quanto aos processos de
ou acusado, ainda que estejam em nome de terceiros,
competência da Justiça Estadual, a preferência dos
se constituam instrumento, produto ou proveito dos
órgãos locais com idêntica função.
crimes de lavagem ou de crimes antecedentes. § 2º Os instrumentos do crime sem valor econômi-
As medidas assecuratórias são aquelas que asse- co cuja perda em favor da União ou do Estado for
guram o direito do ofendido e a responsabilização decretada serão inutilizados ou doados a museu
pecuniária do criminoso. As medidas assecuratórias criminal ou a entidade pública, se houver interesse
possíveis são o sequestro, a hipoteca legal e o arresto. na sua conservação.

Medidas Assecuratórias O art. 7º estabelece, como efeito da condenação,


a perda de todos os bens e valores ligados direta ou
z Sequestro: indiretamente aos crime de lavagem, preservando o
direito do lesado ou terceiro de boa-fé. Por exemplo,
É a decisão judicial, bem como a consequente se o crime antecedente for um roubo, o bem ou valor
retenção por depósito da coisa litigiosa em mãos de é devolvido ao legítimo dono.
O dispositivo estabelece, ainda, que, se os condena-
terceiros estranhos à lide, com o fim de preservar o
dos forem funcionários públicos ou diretores, mem-
direito sobre ela (Mirabete).
bros de conselho de administração ou de gerente das
Na esfera penal, o sequestro é a retenção de bem
pessoas jurídicas elencadas no art. 9º (Bolsa de Valo-
imóvel ou móvel, havido com os proventos da infra-
res, seguradoras, administradoras de cartão de crédi-
ção, com o fim de assegurar as obrigações civis deste to, empresas de leasing etc), estes ficarão interditados
- (Magalhães Noronha). de exercerem seus cargos ou funções pelo dobro de
tempo da pena privativa de liberdade imposta.
z Hipoteca Legal: Vamos fazer alguns exercícios agora?

Art. 134 A hipoteca legal sobre os imóveis do indi- CIRCULAR Nº 3.978, DE 23 DE JANEIRO DE 2020 E
ciado poderá ser requerida pelo ofendido em qual- CARTA CIRCULAR Nº 4.001, DE 29 DE JANEIRO DE
quer fase do processo, desde que haja certeza da 2020 E SUAS ALTERAÇÕES
infração e indícios suficientes da autoria.
A presente circular lista procedimentos de com-
O dispositivo recai sobre os bens imóveis e serve pliance, ou seja, de controles internos para que se
para assegurar a reparação do dano. previna o crime de lavagem de dinheiro. De maneira
geral, temos que a circular:
z Arresto: Dispõe sobre a política, os procedimentos e os
controles internos a serem adotados pelas insti-
Art. 137 Se o responsável não possuir bens imó- tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central
veis ou os possuir de valor insuficiente, poderão do Brasil visando à prevenção da utilização do
ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, sistema financeiro para a prática dos crimes
nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e
imóveis. Recai sobre o patrimônio lícito ou ilíci- valores de que trata a Lei nº 9.613, de 3 de março de
to do sujeito e tornam indisponível. Ou seja, se o 1998, e de financiamento do terrorismo, previsto na
investigado com o lucro obtido por meio da prática Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.
de crime de contrabando, adquiriu um veículo, este
pode ser sequestrado. Lembre-se de que todas as instituições autori-
zadas a funcionar pelo Banco Central devem adotar
EFEITOS DA CONDENAÇÃO esta circular. Trata-se de uma circular extensa, com
muito detalhamento técnico. Nosso objetivo neste
O art. 7º estabelece alguns efeitos da condenação tópico será extrair desse documento os pontos que
por crimes de lavagem, além dos que constam no mais acreditamos que possam ser cobrados em prova.
160 Código Penal: Então, vamos lá:
Art. 1º Esta circular dispõe sobre a política, os DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À
procedimentos e os controles internos a serem LAVAGEM DE DINHEIRO
adotados pelas instituições autorizadas a fun-
cionar pelo Banco Central do Brasil visando à Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º devem
prevenção da utilização do sistema financeiro para dispor de estrutura de governança visando a assegu-
a prática dos crimes de “lavagem” ou ocultação rar o cumprimento da política referida no art. 2º e
de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº dos procedimentos e controles internos de preven-
9.613, de 3 de março de 1998, e de financiamento ção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260, de 16 de terrorismo previstos nesta circular.
março de 2016.
Parágrafo único. Para os fins desta circular, os cri-
mes referidos no caput serão denominados generi-
Dica
camente “lavagem de dinheiro” e “financiamento Governança tem a ver com boas práticas
do terrorismo”. administrativas.

POLÍTICA DE PREVENÇÃO As instituições devem indicar formalmente ao


Banco Central do Brasil diretor responsável, nos ter-
Art. 2º As instituições mencionadas no art. 1º mos do art. 9º. Esse diretor pode desempenhar outras
devem implementar e manter política formulada funções na instituição, contanto que isso não gere
com base em princípios e diretrizes que busquem conflito de interesses.
prevenir a sua utilização para as práticas de lava-
gem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. AVALIAÇÃO INTERNA DE RISCO

A política de prevenção ao crime de lavagem de Art. 10 As instituições referidas no art. 1º devem


realizar avaliação interna com o objetivo de iden-
dinheiro, de acordo com o parágrafo único do art. 2º
tificar e mensurar o risco de utilização de
desta Circular, deve ser adequada ao perfil:
seus produtos e serviços na prática da lavagem de
dinheiro e do financiamento do terrorismo.
z Dos clientes, da instituição e dos funcionários, par-
ceiros e prestadores; Sem segredos, a avaliação interna:
z Das operações, transações, produtos e serviços.
z Resumidamente, essa política de prevenção deve z Deve considerar o perfil das operações e das pes-
contemplar, conforme disposição do art. 3º: soas envolvidas;
z Diretrizes para definir responsabilidades, proce- z Deve ser documentada e aprovada;
dimentos, avaliação interna do risco, promoção da z As categorias de risco devem ser definidas para
cultura organizacional, seleção correta de funcio- maior possibilidade de mitigação;
nários etc.; z Pode ser realizada de forma centralizada em ins-
z Diretrizes para implementar procedimentos de tituição do conglomerado prudencial e do sistema
coleta, verificação, registro, monitoramento, comu- cooperativo de crédito, nos termos do art. 11.
nicação ao Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF), entre outras. PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER OS
CLIENTES
Segundo o inciso III do art. 3º, é necessário o com- Art. 13 As instituições mencionadas no art. 1º
prometimento da alta administração com a efetivi- devem implementar procedimentos destinados a
dade e a melhoria contínua da política. conhecer seus clientes, incluindo procedimentos
De acordo com o art. 4º, admite-se a adoção de polí- que assegurem a devida diligência na sua identifi-
tica de prevenção à lavagem de dinheiro e ao finan- cação, qualificação e classificação
ciamento do terrorismo única por conglomerado § 1º Os procedimentos referidos no caput devem ser
prudencial e por sistema cooperativo de crédito. Essa compatíveis com:
política de prevenção deve ser: I - o perfil de risco do cliente, contemplando medi-
das reforçadas para clientes classificados em cate-
z Documentada, aprovada pelo Conselho ou Direto- gorias de maior risco, de acordo com a avaliação
ria e mantida atualizada; interna de risco referida no art. 10;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

z Divulgada aos envolvidos em linguagem II - a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao


financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º; e
compreensível.
III - a avaliação interna de risco de que trata o art. 10.
Nos termos literais dos arts. 6º e 7º: É importante notar que os procedimentos devem
ser formalizados em manual específico, que deve ser
Art. 6º A política referida no art. 2º deve ser divul- aprovado pela diretoria da instituição e mantido atua-
gada aos funcionários da instituição, parceiros e lizado, de acordo com os parágrafos 2º e 3º do art. 13.
prestadores de serviços terceirizados, mediante lin-
guagem clara e acessível, em nível de detalhamento Identificação dos Clientes
compatível com as funções desempenhadas e com a
sensibilidade das informações. Art. 16 As instituições referidas no art. 1º devem
Art. 7º A política referida no art. 2º deve ser: adotar procedimentos de
I - documentada; identificação que permitam verificar e validar a
II - aprovada pelo conselho de administração ou, se identidade do cliente.
inexistente, pela diretoria da instituição; e § 1º Os procedimentos referidos no caput devem
III - mantida atualizada. incluir a obtenção, a verificação 161
e a validação da autenticidade de informações de As instituições devem classificar seus clientes:
identificação do cliente, inclusive, se
necessário, mediante confrontação dessas infor- z Nas categorias de risco definidas na avaliação
mações com as disponíveis em bancos de dados de interna de risco;
caráter público e privado. z Usando como base as informações obtidas nos pro-
§ 2º No processo de identificação do cliente devem cedimentos de qualificação.
ser coletados, no mínimo:
I - o nome completo, o endereço residencial e o Essa classificação deve ser revista sempre que
número de registro no Cadastro houver alterações no perfil do cliente.
de Pessoas Físicas (CPF), no caso de pessoa natu- Segundo o art. 23, é vedado às instituições iniciar
ral; e relação de negócios sem que os procedimentos de iden-
II - a firma ou denominação social, o endereço tificação e de qualificação do cliente estejam concluídos.
da sede e o número de registro no Admite-se, por um período máximo de 30 dias, o
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), início da relação de negócios em caso de insuficiên-
no caso de pessoa jurídica. cia de informações relativas à qualificação do clien-
te, desde que não haja prejuízo aos procedimentos de
Se o cliente for do exterior, desobriga-se o CPF. Se a monitoramento e seleção, de acordo com o parágrafo
empresa for com sede no exterior, desobriga-se o CNPJ. único do mesmo artigo.

Qualificação dos Clientes Identificação e da Qualificação do Beneficiário Final

Art. 24 Os procedimentos de qualificação do cliente


Art. 18 As instituições mencionadas no art. 1º
pessoa jurídica devem incluir a análise da cadeia de
devem adotar procedimentos que permitam quali-
participação societária até a identificação da pes-
ficar seus clientes por meio da coleta, verificação e
soa natural caracterizada como seu beneficiário
validação de informações, compatíveis com o perfil final, observado o disposto no art. 25. [...]
de risco do cliente e com a natureza da relação de
negócio. É também considerado beneficiário final o repre-
sentante, inclusive o procurador e o preposto, que
As instituições deverão avaliar sempre: exerça o comando sobre as atividades da pessoa jurí-
dica. Esse procedimento não é necessário em relação
z A capacidade financeira do cliente; às pessoas jurídicas constituídas sob a forma de com-
z O perfil de risco. panhia aberta ou entidade sem fins lucrativos e as
cooperativas.
A qualificação do cliente deve ser reavaliada e
sempre atualizada. Art. 25 As instituições mencionadas no art. 1º devem
estabelecer valor mínimo de referência de participa-
z Pontos de Atenção na Qualificação ção societária para a identificação de beneficiário
final.
Nos termos do art. 19, os procedimentos de qua- § 1º o valor mínimo de referência de partici-
lificação devem incluir a verificação da condição do pação societária de que trata o caput deve ser
cliente como: estabelecido com base no risco e não pode ser
superior a 25% (vinte e cinco por cento), consi-
„ Pessoa politicamente exposta: Detentores de derada, em qualquer caso, a participação dire-
mandato, ocupantes de cargos de natureza espe- ta e a indireta.
cial, tais como ministros e altas autoridades § 2º o valor de referência de que trata o caput
públicas; deve ser justificado e documentado no manual
„ Familiar: Parentes até o segundo grau; de procedimentos referido no art. 13, § 2º.
„ Estreito colaborador: Pessoa conhecida por
ter qualquer tipo de estreita relação com pessoa Qualificação como Pessoa Exposta Politicamente
exposta politicamente.
Art. 27 As instituições mencionadas no art. 1º devem
Para esses clientes, devem ser adotados procedi- implementar procedimentos que permitam qualifi-
mentos de qualificação compatíveis com sua condição. car seus clientes como pessoa exposta politicamente.

Classificação dos Clientes Consideram-se pessoas expostas politicamente, entre


outros:
Art. 20 As instituições mencionadas no art. 1º
devem classificar seus clientes nas categorias de Art. 27 [...]
risco definidas na avaliação interna de risco men- § 1º Consideram-se pessoas expostas politicamente:
cionada no art. 10, com base nas informações obti- I - os detentores de mandatos eletivos dos Poderes
das nos procedimentos de qualificação do cliente Executivo e Legislativo da União;
referidos no art. 18. II - os ocupantes de cargo, no Poder Executivo da
Parágrafo único. A classificação mencionada no União, de:
caput deve ser: a) Ministro de Estado ou equiparado;
I - realizada com base no perfil de risco do cliente e b) Natureza Especial ou equivalente;
na natureza da relação de negócio; c) presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalen-
II - revista sempre que houver alterações no per- tes, de entidades da administração pública indireta; e
fil de risco do cliente e na natureza da relação de d) Grupo Direção e Assessoramento Superiores
162 negócio. (DAS), nível 6, ou equivalente;
III - os membros do Conselho Nacional de Justi- I - nome;
ça, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais II - tipo e número do documento de viagem e respec-
Superiores, dos Tribunais Regionais Federais, dos tivo país emissor; e
Tribunais Regionais do Trabalho, dos Tribunais III - organismo internacional de que seja represen-
Regionais Eleitorais, do Conselho Superior da Jus- tante para o exercício de funções específicas no
tiça do Trabalho e do Conselho da Justiça Federal; país, quando for o caso.
IV - os membros do Conselho Nacional do Ministério § 3º No caso de operações envolvendo pessoa jurí-
Público, o Procurador-Geral da República, o Vice- dica com domicílio ou sede no exterior desobrigada
-Procurador-Geral da República, o Procurador-Geral de inscrição no cnpj, na forma definida pela secre-
do Trabalho, o Procurador-Geral da Justiça Militar, taria da receita federal do brasil, as instituições
os Subprocuradores-Gerais da República e os Procu- devem incluir no registro as seguintes informações:
radores Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito I - nome da empresa; e
Federal; II - número de identificação ou de registro da
V - os membros do Tribunal de Contas da União, o Pro- empresa no respectivo país de origem.
curador-Geral e os Subprocuradores-Gerais do Minis-
tério Público junto ao Tribunal de Contas da União; Registro de Operações de Pagamento, Recebimento
VI - os presidentes e os tesoureiros nacionais, ou e Transferência de Recursos
equivalentes, de partidos políticos;
VII - os Governadores e os Secretários de Estado e Art. 30 No caso de operações relativas a pagamen-
do Distrito Federal, os Deputados Estaduais e Dis- tos, recebimentos e transferências de recursos, por
tritais, os presidentes, ou equivalentes, de entidades meio de qualquer instrumento, as instituições refe-
da administração pública indireta estadual e distri- ridas no art. 1º devem incluir nos registros men-
tal e os presidentes de Tribunais de Justiça, Tribu- cionados no art. 28 as informações necessárias à
nais Militares, Tribunais de Contas ou equivalentes identificação da origem e do destino dos recursos.
dos Estados e do Distrito Federal; e
VIII - os Prefeitos, os Vereadores, os Secretários As instituições devem incluir nos registros:
Municipais, os presidentes, ou equivalentes, de enti-
dades da administração pública indireta municipal
z Identificação da origem;
e os Presidentes de Tribunais de Contas ou equiva- z Identificação do destino dos recursos.
lentes dos Municípios.
§ 3º Para fins do cumprimento do disposto no caput,
§ 2º São também consideradas expostas politica-
devem ser incluídas no registro das operações, no
mente as pessoas que, no exterior, sejam:
mínimo, as seguintes informações, quando couber:
I - chefes de estado ou de governo;
I - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ
II - políticos de escalões superiores;
do remetente ou sacado;
III - ocupantes de cargos governamentais de esca-
II - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ
lões superiores;
do recebedor ou beneficiário;
IV - oficiais-generais e membros de escalões supe-
III - códigos de identificação, no sistema de liquida-
riores do Poder Judiciário;
ção de pagamentos ou de transferência de fundos,
V - executivos de escalões superiores de empresas
das instituições envolvidas na operação; e
públicas; ou
IV - números das dependências e das contas envol-
VI - dirigentes de partidos políticos.
vidas na operação
REGISTRO DE OPERAÇÕES
Registro das Operações em Espécie
Disposições Gerais
Art. 33 No caso de operações com utilização de
As instituições devem manter registros de todas recursos em espécie de valor individual superior
as operações realizadas, produtos e serviços contrata- a r$2.000,00 (dois mil reais), as instituições referi-
dos, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, das no art. 1º devem incluir no registro, além das
recebimentos e transferências de recursos, nos ter- informações previstas nos arts. 28 e 30, o nome e o
mos do art. 28 desta Circular: respectivo número de inscrição no cpf do portador
dos recursos.
Art. 28 [...] Art. 34 No caso de operações de depósito ou apor-
§ 1º os registros referidos no caput devem conter, te em espécie de valor individual igual ou superior
no mínimo, as seguintes informações sobre cada a r$50.000,00 (cinquenta mil reais), as instituições
operação: referidas no art. 1º devem incluir no registro, além
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

I - tipo; das informações previstas nos arts. 28 e 30:


II - valor, quando aplicável; I - o nome e o respectivo número de inscrição no cpf ou
III - data de realização; no cnpj, conforme o caso, do proprietário dos recursos;
IV - nome e número de inscrição no cpf ou no cnpj II - o nome e o respectivo número de inscrição no
do titular e do beneficiário da operação, no caso de cpf do portador dos recursos; e
pessoa residente ou sediada no país; e III - a origem dos recursos depositados ou aportados.
V - canal utilizado.
Segundo o parágrafo único do art. 34, na hipótese
Registro de Operações Envolvendo Pessoa do de recusa do cliente ou do portador dos recursos em
Exterior prestar a informação, a instituição deve registrar o
Art. 28 [...]
fato e utilizar essa informação nos procedimentos de
§ 2º No caso de operações envolvendo pessoa natu- monitoramento.
ral residente no exterior desobrigada de inscrição
no cpf, na forma definida pela secretaria da receita Art. 35 No caso de operações de saque, inclusi-
federal do brasil, as instituições devem incluir no ve as realizadas por meio de cheque ou ordem de
registro as seguintes informações: pagamento, de valor individual igual ou superior 163
a R$50.000,00 (cinquenta mil reais), as instituições Art. 39 As instituições referidas no art. 1º devem
referidas no art. 1º devem incluir no registro, além implementar procedimentos de monitoramento e sele-
das informações previstas nos arts. 28 e 30: ção que permitam identificar operações e situações
I - o nome e o respectivo número de inscrição no que possam indicar suspeitas de lavagem de dinheiro
CPF ou no CNPJ, conforme o caso, do destinatário e de financiamento do terrorismo, especialmente:
dos recursos; I - as operações realizadas e os produtos e ser-
II - o nome e o respectivo número de inscrição no viços contratados que, considerando as partes
envolvidas, os valores, as formas de realização, os
CPF do portador dos recursos;
instrumentos utilizados ou a falta de fundamento
III - a finalidade do saque; e
econômico ou legal, possam configurar a existência
IV - o número do protocolo referido no art. 36, § 2º, de indícios de lavagem de dinheiro ou de financia-
inciso II mento do terrorismo, inclusive:
a) as operações realizadas ou os serviços presta-
Perceba que saques de grande valor podem indi- dos que, por sua habitualidade, valor ou forma,
car operações suspeitas, daí a necessidade de registro configurem artifício que objetive burlar os proce-
das operações. Os saques de grande valor também dimentos de identificação, qualificação, registro,
não possuem a obrigatoriedade de estarem disponí- monitoramento e seleção previstos nesta Circular;
veis de imediato nos bancos; dessa forma, deve haver b) as operações de depósito ou aporte em espécie,
solicitação de provisionamento com, no mínimo, 3 saque em espécie, ou pedido de provisionamento
para saque que apresentem indícios de ocultação
dias úteis de antecedência, das operações de valor
ou dissimulação da natureza, da origem, da locali-
igual ou superior a R$ 50.000,00. zação, da disposição, da movimentação ou da pro-
As instituições devem: priedade de bens, direitos e valores;
c) as operações realizadas e os produtos e serviços
Art. 36 [...] contratados que, considerando as partes e os valo-
I - possibilitar a solicitação de provisionamento por res envolvidos, apresentem incompatibilidade com
meio do sítio eletrônico da instituição na internet e a capacidade financeira do cliente, incluindo a ren-
das agências ou Postos de Atendimento; da, no caso de pessoa natural, ou o faturamento, no
II - emitir protocolo de atendimento ao cliente ou caso de pessoa jurídica, e o patrimônio;
ao sacador não cliente, no qual devem ser infor- d) as operações com pessoas expostas politica-
mados o valor da operação, a dependência na qual mente de nacionalidade brasileira e com represen-
deverá ser efetuado o saque e a data programada tantes, familiares ou estreitos colaboradores de
para o saque; e pessoas expostas politicamente;
III - registrar, no ato da solicitação de provisiona- e) as operações com pessoas expostas politicamen-
mento, as informações indicadas no art. 35, confor- te estrangeiras;
me o caso. f) os clientes e as operações em relação aos quais
não seja possível identificar o beneficiário final;
Atenção: é vedado postergar saques em espécie de g) as operações oriundas ou destinadas a países ou
contas de depósitos à vista de valor igual ou inferior a territórios com deficiências estratégicas na imple-
R$5.000,00, admitida a postergação para o expediente mentação das recomendações do Grupo de Ação
seguinte de saques de valor superior ao estabelecido. Financeira (Gafi);
h) as situações em que não seja possível manter atua-
MONITORAMENTO, SELEÇÃO E ANÁLISE DE lizadas as informações cadastrais de seus clientes; e
OPERAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS II - as operações e situações que possam indicar
suspeitas de financiamento do terrorismo.
As instituições devem implementar procedimen-
tos de monitoramento, seleção e análise de operações Em suma, podemos destacar que as instituições
e situações com o objetivo de identificar e dispensar devem implementar procedimentos em operações
especial atenção às suspeitas de lavagem de dinhei- que possam indicar suspeitas, especialmente:
ro e de financiamento do terrorismo, nos termos do
caput do art. 38. Lembre-se de que operações suspei- z Operações atípicas que envolvam valor suspeito
tas requerem maior atenção. ou forma de operacionalização suspeita, tais como
Os procedimentos devem: depósitos e saques fracionados;
z Operações de depósito ou saque em espécie que
Art. 38 [...]
I - ser compatíveis com a política de prevenção apresentem indícios de ocultação ou dissimulação;
à lavagem de dinheiro e ao financiamento do z Operações com pessoas expostas politicamente
terrorismo de que trata o art. 2º; de nacionalidade brasileira e estrangeira;
II - ser definidos com base na avaliação interna z Clientes e operações em relação aos quais não seja
de risco de que trata o art. 10; possível identificar o beneficiário final;
III - considerar a condição de pessoa exposta z Operações oriundas ou destinadas a países ou
politicamente, nos termos do art. 27, bem como territórios com deficiências estratégicas na imple-
a condição de representante, familiar ou estreito mentação das recomendações do Grupo de Ação
colaborador da pessoa exposta politicamente, nos Financeira (Gafi).
termos do art. 19; e
IV - estar descritos em manual específico, apro- O período para a execução dos procedimentos de
vado pela diretoria da instituição. monitoramento e de seleção das operações e situações
Monitoramento e Seleção de Operações e Situações suspeitas não pode exceder o prazo de 45 dias, contados a
Suspeitas partir da data de ocorrência da operação ou da situação.
Todas as instituições, nos termos do art. 40, devem
Existem diversos procedimentos que as institui- assegurar que os sistemas utilizados no monitoramento
ções devem implementar. Essas hipóteses estão elen- e na seleção de operações e situações suspeitas conte-
cadas no art. 39 desta Circular. Vejamos o dispositivo nham informações detalhadas das operações. As institui-
164 na íntegra: ções também devem manter documentação detalhada
Os procedimentos de monitoramento e seleção A comunicação da operação ou situação suspeita
podem ser realizados de forma centralizada em insti- ao Coaf deve ser realizada até o dia útil seguinte ao da
tuição do conglomerado prudencial e do sistema coo- ocorrência da operação. As comunicações alteradas
perativo de crédito. ou canceladas após o quinto dia útil seguinte ao da
sua realização devem ser acompanhadas de justifica-
Procedimentos de Análise de Operações e Situações tiva da ocorrência.
Suspeitas
Art. 53 As comunicações referidas nos arts. 48 e 49
Art. 43 As instituições referidas no art. 1º devem devem especificar, quando for o caso, se a pessoa
implementar procedimentos de análise das opera- objeto da comunicação:
ções e situações selecionadas por meio dos proce- I - é pessoa exposta politicamente ou representante,
dimentos de monitoramento e seleção de que trata familiar ou estreito colaborador dessa pessoa;
o art. 39, com o objetivo de caracterizá-las ou não II - é pessoa que, reconhecidamente, praticou ou
como suspeitas de lavagem de dinheiro e de finan- tenha intentado praticar atos terroristas ou deles
ciamento do terrorismo. participado ou facilitado o seu cometimento; e
III - é pessoa que possui ou controla, direta ou indi-
retamente, recursos na instituição, no caso do inci-
Esquematicamente:
so II.

z As instituições devem implementar procedimentos


As instituições que não tiverem efetuado comu-
de análise das operações e situações selecionadas
nicações ao Coaf em cada ano civil deverão prestar
por meio dos procedimentos de monitoramento e declaração, até dez dias úteis após o encerramento do
seleção. O prazo para essa análise é de 45 dias con- referido ano, atestando a não ocorrência de operações
tados da operação; ou situações passíveis de comunicação.
z É vedada a contratação de terceiros para a reali-
zação da análise. PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER
FUNCIONÁRIOS, PARCEIROS E PRESTADORES DE
PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO AO COAF SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
Art. 48 As instituições referidas no art. 1º devem Art. 56 As instituições mencionadas no art. 1º
comunicar ao Coaf as operações ou situações sus- devem implementar procedimentos destinados a
peitas de lavagem de dinheiro e de financiamento conhecer seus funcionários, parceiros e prestado-
do terrorismo. res de serviços terceirizados, incluindo procedi-
§ 1º A decisão de comunicação da operação ou mentos de identificação e qualificação.
situação ao Coaf deve:
I - ser fundamentada com base nas informações
Nos termos do art. 60, as instituições, na celebração
contidas no dossiê mencionado no art. 43, § 2º;
II - ser registrada de forma detalhada no dossiê
de contratos com terceiros não sujeitos à autorização
mencionado no art. 43, § 2º; e para funcionar do Banco Central do Brasil, participan-
III - ocorrer até o final do prazo de análise referido tes de arranjo de pagamento do qual a instituição tam-
no art. 43, § 1º. bém participe, devem:
§ 2º A comunicação da operação ou situação
suspeita ao Coaf deve ser realizada até o dia útil Art. 60 [...]
seguinte ao da decisão de comunicação. I - obter informações sobre o terceiro que permitam
compreender a natureza de sua atividade e a sua
O prazo referido no inciso III do art. 48 será de reputação;
45 dias da operação. A comunicação da operação ou II - verificar se o terceiro foi objeto de investigação
ou de ação de autoridade supervisora relacionada
situação suspeita ao Coaf deve ser realizada até o dia
com lavagem de dinheiro ou com financiamento do
útil seguinte ao da decisão de comunicação.
terrorismo;
III - certificar que o terceiro tem licença do institui-
Comunicação de Operações em Espécie dor do arranjo para operar, quando for o caso;
IV - conhecer os controles adotados pelo terceiro
Art. 49 As instituições mencionadas no art. 1º relativos à prevenção à lavagem de dinheiro e ao
devem comunicar ao Coaf:
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

financiamento do terrorismo; e
I - as operações de depósito ou aporte em espécie V - dar ciência do contrato ao diretor mencionado
ou saque em espécie de valor igual ou superior a no art. 9º.
r$50.000,00 (cinquenta mil reais);
II - as operações relativas a pagamentos, recebi-
DISPOSIÇÕES FINAIS
mentos e transferências de recursos, por meio de
qualquer instrumento, contra pagamento em espé-
cie, de valor igual ou superior a r$50.000,00 (cin- As disposições finais estão dispostas no capítu-
quenta mil reais); e lo XII desta circular nº 3.078. Podemos sintetizar as
III - a solicitação de provisionamento de saques em informações mais importantes nos itens seguintes:
espécie de valor igual ou superior a r$50.000,00
(cinquenta mil reais) de que trata o art. 36. z Percebe-se que toda a circular é repetitiva no sen-
tido de que os procedimentos devem ser contro-
Dica lados sempre para evitar as ocorrências que a
circular se destina a prevenir;
A Circular deixa como “gatilho” o valor de R$ z Devem ser adotadas medidas de avaliação da efe-
50.000,00 em variadas situações. tividade dos controles previstos nesta circular. 165
CIRCULAR 4.001/2020 z Resistência ao fornecimento de informações neces-
sárias para o início de relacionamento ou para a
Esta é uma circular de texto repetitivo, pois trata- atualização cadastral;
-se de uma lista de operações e situações que podem z Oferecimento de informação falsa ou de difícil
configurar indícios de ocorrência dos crimes de “lava- verificação;
gem” ou ocultação de bens, direitos e valores. z Abertura, movimentação de contas ou realização
Esta circular possui apenas dois artigos, sendo o art. de operações por detentor de procuração ou de
1º responsável por listar as operações e situações descri- qualquer outro tipo de mandato;
tas acima. Não é interessante incluir todas as disposições z Cadastramento de várias contas em uma mesma
do artigo; deste modo, selecionamos as mais pertinentes data, ou em curto período, com depósitos de valo-
para sua prova e a simplificamos, sem que se perca o sen- res idênticos ou aproximados;
tido original e sem suprir as informações necessárias. z Operações em que não seja possível identificar o
Por ser uma lista, o mais importante é compreen- beneficiário final;
der sua essência, que busca citar quais operações z Incompatibilidade da atividade econômica ou fa-
podem ser consideradas suspeitas, entendendo que a turamento informados com o padrão apresentado
“relação” apresentada na circular é exemplificativa. por clientes com o mesmo perfil.
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES DE
EM ESPÉCIE COM A UTILIZAÇÃO DE CONTAS DE
INVESTIMENTO NO PAÍS
DEPÓSITOS OU PAGAMENTO

z Depósitos atípicos em relação à atividade econô- z Operações ou conjunto de operações de compra ou


mica do cliente ou incompatíveis com a sua capa- de venda de ativos financeiros a preços incompa-
cidade financeira; tíveis com os praticados no mercado;
z Movimentações em espécie por clientes que nor- z Operações atípicas que resultem em elevados
malmente não depositam em espécie; ganhos para os agentes intermediários, em despro-
z Fragmentação de depósitos, saques em espécie, porção com a natureza dos serviços efetivamente
que possam burlar o valor total da operação; prestados;
z Depósitos ou aportes em espécie em contas de clien- z Investimentos significativos em produtos de baixa
tes que exerçam atividade comercial relacionada rentabilidade e liquidez;
com negociação de bens de luxo ou alto valor; z Resgates de investimentos no curtíssimo prazo.
z Depósitos com cédulas em mal estado de
conservação; SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES DE
z Depósitos para troca de grandes quantidades de CRÉDITO NO PAÍS
cédulas de pequeno valor;
z Depósitos em espécie relevantes em contas de servi- Operações de crédito relacionam-se a emprés-
dores públicos ou pessoas politicamente expostas. timos tomados. Em geral, são atípicas as seguintes
situações:
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES
EM ESPÉCIE E CARTÕES PRÉ-PAGOS EM MOEDA z Operações de crédito no país liquidadas com recur-
ESTRANGEIRA sos aparentemente incompatíveis com a situação
financeira do cliente;
Essas situações são extremamente similares àque- z Operação de crédito no país seguida de remessa de
las em moeda nacional, sendo: recursos ao exterior que demonstrem atipicidade;
z Depósitos atípicos em relação à atividade econô- z Operações de crédito no país, simultâneas ou con-
mica do cliente ou incompatíveis com a sua capa- secutivas, liquidadas antecipadamente ou em pra-
cidade financeira; zo muito curto;
z Movimentações em espécie por clientes que nor- z Concessão de garantias de operações de crédito no
malmente não depositam em espécie; país por terceiros não relacionados ao tomador.
z Fragmentação de depósitos, saques em espécie,
que possam burlar o valor total da operação; SITUAÇÕES RELACIONADAS COM A
z Negociações de moeda estrangeira, realizadas por MOVIMENTAÇÃO DE RECURSOS ORIUNDOS DE
diferentes pessoas, não relacionadas entre si, que CONTRATOS COM O SETOR PÚBLICO
informem os mesmos dados de origem/destino;
z Negociações envolvendo taxas de câmbio com va- z Movimentações atípicas relacionadas a patrocí-
riação significativa em relação às praticadas pelo nio, propaganda, marketing, consultorias, assesso-
mercado; rias e capacitação;
z Utilização de diversas fontes de recursos para car- z Movimentações atípicas de recursos por organiza-
ga e recarga de cartões pré-pagos; ções sem fins lucrativos;
z Depósitos com cédulas em mal estado de conservação; z Movimentações atípicas de recursos por pessoa
z Depósitos para troca de grandes quantidades de natural ou jurídica relacionadas a licitações.
cédulas de pequeno valor.
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM ATIVIDADES
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM A INTERNACIONAIS
IDENTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE CLIENTES
z Operações com pessoas que não apliquem ou apli-
Aqui, são situações relativas ao fornecimento de quem insuficientemente as recomendações do
dados pelos clientes para sua identificação e qualifi- Grupo de Ação contra a Lavagem de Dinheiro e o
166 cação, tais como: Financiamento do Terrorismo (Gafi);
z Operações complexas e com custos mais ele- CONSIDERAÇÕES FINAIS
vados que visem a dificultar o rastreamento dos
recursos; Como visto, tratam-se de exemplos que podem
z Pagamentos de importação e recebimentos de expor- indicar lavagem de dinheiro ou financiamento ao ter-
tação, antecipados ou não, por empresa sem tradição rorismo. Como a lista repete-se em vários fatores, é
ou cuja capacidade financeira seja incompatível; importante compreender a lógica da situação.
z Transferências unilaterais atípicas;
z Exportações ou importações aparentemente fic-
tícias ou com indícios de superfaturamento ou
subfaturamento;
z Pagamentos de frete ou de outros serviços que apre-
AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA
sentem indícios de atipicidade ou de incompatibilidade;
z Transações em uma mesma data, ou em curto z O que é o Sistema Brasileiro de Autorregulação
período, de valores idênticos ou aproximados; Bancária?
z Transferências relacionadas a investimentos não
convencionais. A auto regulação bancária é um sistema de normas
criado pelo próprio setor bancário, com o propósito bási-
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM FUNCIONÁRIOS, co de criar um ambiente ainda mais favorável à realiza-
PARCEIROS E PRESTADORES DE SERVIÇOS ção dos 4 (quatro) grandes princípios que o orientam:
TERCEIRIZADOS
„ Ética e Legalidade: adotar condutas benéficas
Neste tópico, estão situações relacionadas aos ope- à sociedade, ao funcionamento do mercado e
radores, sendo estes funcionários, parceiros, presta- ao meio-ambiente; respeitar a livre concorrên-
dores etc. São elas: cia e a liberdade de iniciativa; atuar em con-
formidade com a legislação vigente e com as
z Alteração inusitada nos padrões de vida e de com- normas da auto regulação;
portamento do empregado, do parceiro ou de pres- „ Respeito ao Consumidor: tratar o consumi-
tador de serviços terceirizados, sem causa aparente; dor de forma justa e transparente, com atendi-
z Qualquer negócio realizado de modo diverso ao mento cortês e digno; assistir o consumidor na
procedimento formal da instituição por funcionário; avaliação dos produtos e serviços adequados
z Fornecimento de auxílio ou informações, remu-
às suas necessidades e garantir a segurança e a
nerados ou não, a cliente em prejuízo do programa
confidencialidade de seus dados pessoais; con-
de prevenção à lavagem de dinheiro.
ceder crédito de forma responsável e incenti-
SITUAÇÕES RELACIONADAS A CAMPANHAS var o uso consciente do crédito;
ELEITORAIS „ Comunicação Eficiente: fornecer informações
de forma precisa, adequada, clara e oportuna,
z Recebimento de doações, em contas (eleitorais ou proporcionando condições para o consumidor
não) de candidatos ou partidos políticos, de valo- tomar decisões conscientes e bem informadas;
res que desrespeitem as vedações ou extrapolem a comunicação com o consumidor, por qual-
os limites definidos na legislação em vigor; quer veículo, pessoalmente ou mediante ofer-
z Uso incompatível com as exigências regulatórias tas ou anúncios publicitários, deve ser feita de
do fundo eleitoral;
modo a informá-lo sobre os aspectos relevantes
z Transferências, a partir das contas de candidatos,
para pessoas naturais ou jurídicas cuja ativida- do relacionamento com a Signatária;
de não guarde aparente relação com contas de „ Melhoria Contínua: aperfeiçoar padrões de con-
campanha. duta, elevar a qualidade dos produtos, níveis de
segurança e a eficiência dos serviços.
SITUAÇÕES RELACIONADAS A BNDU E OUTROS
ATIVOS Nesse Sistema, os bancos estabelecem uma série
de compromissos de conduta que, em conjunto com as
BNDU é a sigla para Bens Não de Uso Próprio, ou
diversas outras normas aplicáveis às suas atividades, con-
seja, um ativo que é adquirido apenas para venda,
tribuirão para que o mercado funcione de forma ainda
sendo exemplos de situações atípicas:
mais eficaz, clara e transparente, em benefício não só do
z Negociação para pessoas naturais ou jurídicas sem próprio setor, mas de todos os envolvidos nesse processo
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

capacidade financeira; – os consumidores e a sociedade como um todo.


z Negociação mediante pagamento em espécie;
z Negociação por preço significativamente superior z Como esse Sistema vai interferir no relaciona-
ao de avaliação; mento entre bancos e consumidores?
z Negociação de outro ativo não financeiro em bene-
fício de terceiros. O propósito maior do Sistema de Autorregulação
Bancária é promover a melhoria contínua da qualida-
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES
REALIZADAS EM MUNICÍPIOS LOCALIZADOS EM de do relacionamento entre os bancos signatários do
REGIÕES DE RISCO Sistema e os consumidores (pessoa física). Assim, ao
contribuir para um melhor funcionamento do setor,
z Operação atípica em municípios localizados em os consumidores deverão ser diretamente beneficia-
regiões de fronteira; dos por esse processo.
z Operação atípica em municípios localizados em
regiões de extração mineral; z Como será monitorada e avaliada a conduta dos
z Operação atípica em municípios localizados em bancos, para que se saiba quem está, de fato,
outras regiões de risco. cumprindo as normas do Sistema? 167
O monitoramento das condutas dos bancos, para Art. 3º As normas da auto regulação abrangem
que se avalie e assegure sua efetiva adequação a todas todos os produtos e serviços ofertados ou dispo-
as normas da autorregulação será feito pela Diretoria nibilizados pelas Signatárias a qualquer pessoa
de Autorregulação – criada pelo próprio Código de física, cliente ou não cliente (o “consumidor”).
Autorregulação Bancária, na estrutura da Febraban,
para essa finalidade específica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Para cumprir essa sua missão, a Diretoria de Autor-
regulação trabalhará com os seguintes procedimentos: https://www.autorregulacaobancaria.com.br/.
Acesso em 4 de jul. 2021.
„ Relatórios de Conformidade: documento que
cada banco signatário do Sistema deverá preen-
cher a cada semestre, indicando e demonstrando
seus pontos de adequação, bem como as ações
que esteja tomando, ou que virá a tomar, para SIGILO BANCÁRIO: LEI
completa adequação de quaisquer condutas que,
de alguma forma, apresentem qualquer desa- COMPLEMENTAR Nº 105/2001 E SUAS
juste, em relação ao disposto nas normas do ALTERAÇÕES
Sistema;
„ Relatório de Ouvidoria: os bancos signatários A lei em estudo neste tópico é bem “pequena”. Sen-
deverão enviar à Diretoria de Autorregulação do assim, listaremos os principais artigos, tecendo os
os mesmos relatórios de Ouvidoria que reme- comentários necessários.
tem ao Banco Central do Brasil;
„ Central de Atendimento: fornecer acesso à Art. 1º As instituições financeiras conservarão
população a um sistema para registro de ocor- sigilo em suas operações ativas e passivas e ser-
rências que os consumidores identifiquem viços prestados.
como desajustes com as normas da Autorre- § 1º São consideradas instituições financeiras, para
gulação. Esse sistema, que não se volta ao tra- os efeitos desta Lei Complementar:
tamento ou solução de problemas individuais, I - os bancos de qualquer espécie;
tem por finalidade específica propiciar um II - distribuidoras de valores mobiliários;
monitoramento amplo do mercado por parte III - corretoras de câmbio e de valores mobiliários;
da Diretoria de Autorregulação, no sentido de IV - sociedades de crédito, financiamento e investimentos;
avaliar o efetivo cumprimento das normas do V - sociedades de crédito imobiliário;
Sistema sob a perspectiva do público. VI - administradoras de cartões de crédito;
z O Sistema de Autorregulação poderá ajudar a VII - sociedades de arrendamento mercantil;
resolver algum problema pessoal/individual VIII - administradoras de mercado de balcão organizado;
que o consumidor venha experimentando junto IX - cooperativas de crédito;
a algum dos bancos signatários? X - associações de poupança e empréstimo;
XI - bolsas de valores e de mercadorias e futuros;
Sim. Caso autorizado pelo consumidor, o Sistema de XII - entidades de liquidação e compensação;
Autorregulação Bancária enviará a demanda ao canal XIII - outras sociedades que, em razão da natureza
de atendimento responsável do próprio banco signatá- de suas operações, assim venham a ser considera-
rio reclamado. A Instituição reclamada será responsá- das pelo Conselho Monetário Nacional.
vel por responder diretamente o caso em até 15 dias.
Perceba que este primeiro artigo apenas lista as
z Quando eu identificar que algum banco não entidades que são definidas como instituições finan-
está cumprindo as regras, eu posso noticiar o ceiras, sem complicações até aqui.
Sistema quanto a isso? Como me manifestar? É importante salientar que as empresas de fomen-
to comercial ou factoring obedecerão às normas
Sim. Você não apenas pode se manifestar como, aplicáveis às instituições financeiras.
na verdade, é esperado que você o faça. Esses regis-
tros não serão individualmente respondidos, nem isso NÃO VIOLAÇÃO DO DEVER DE SIGILO
gerará, de imediato ou necessariamente, alguma san-
ção ao(s) banco(s) apontado(s). No entanto, eles serão De acordo com o § 3º do art. 1º, não constitui viola-
uma fonte preciosa de monitoramento da atuação de ção do dever de sigilo:
cada agente do Sistema, para que possamos melhor
z Troca de informações entre instituições financei-
conferir se, de fato, as normas da Autorregulação
ras, para fins cadastrais;
estão sendo corretamente cumpridas.
z Fornecimento de informações constantes de cadas-
Dentre os vários normativos que a FEBRABAN
tro de emitentes de cheques sem provisão de fun-
editou a respeito da Autorregulação Bancária, desta-
dos e de devedores inadimplentes, a entidades de
camos alguns pontos que podem ser abordados nas
proteção ao crédito;
suas provas.
z Fornecimento das informações de identificação de
Vejamos:
contribuintes à Receita Federal;
CÓDIGO DE AUTO-REGULAÇÃO BANCÁRIA z Comunicação, às autoridades competentes, da prá-
tica de ilícitos penais ou administrativos;
Art. 2º As normas da auto regulação não se z Revelação de informações sigilosas com o consen-
sobrepõe, mas se harmonizam à legislação vigente, timento expresso dos interessados;
destacadamente ao código de Defesa do Consumi- z Fornecimento de dados financeiros e de pagamen-
dor, às leis e normas especificamente direcionadas tos, relativos a operações de crédito e obrigações
ao sistema bancário e à execução de atividades dele- de pagamento adimplidas, para formação de his-
168 gadas pelo setor público a instituições financeiras. tórico de crédito.
QUEBRA DE SIGILO a) a fiscalização de filiais e subsidiárias de
instituições financeiras estrangeiras, em funciona-
Art. 1º [...] mento no Brasil e de filiais e subsidiárias, no exte-
§ 4º A quebra de sigilo poderá ser decretada, rior, de instituições financeiras brasileiras;
quando necessária para apuração de ocorrência b) a cooperação mútua e o intercâmbio de
de qualquer ilícito, em qualquer fase do inqué- informações para a investigação de atividades ou
rito ou do processo judicial, e especialmente nos operações que impliquem aplicação, negociação,
seguintes crimes: ocultação ou transferência de ativos financeiros e
I - de terrorismo; de valores mobiliários relacionados com a prática
II - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes de condutas ilícitas.
ou drogas afins;
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições Note que podem ser firmados convênios para
ou material destinado a sua produção; supervisão.
IV - de extorsão mediante seqüestro;
V - contra o sistema financeiro nacional; SIGILO JUDICIAL
VI - contra a Administração Pública;
VII - contra a ordem tributária e a previdência social; Art. 3º Serão prestadas pelo Banco Central do Bra-
VIII - lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, sil, pela Comissão de Valores Mobiliários e pelas
direitos e valores; instituições financeiras as informações ordena-
IX - praticado por organização criminosa. das pelo Poder Judiciário, preservado o seu
Art. 2º O dever de sigilo é extensivo ao Banco Central do caráter sigiloso mediante acesso restrito às
Brasil, em relação às operações que realizar e às infor- partes, que delas não poderão servir-se para
mações que obtiver no exercício de suas atribuições. fins estranhos à lide.

Outras Especificações Sobre o Sigilo A “quebra de sigilo” será efetuada apenas para
assuntos relacionados à lide
Art. 2º [...]
§ 1º O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, § 1º Dependem de prévia autorização do Poder
aplicações e investimentos mantidos em institui- Judiciário a prestação de informações e o for-
ções financeiras, não pode ser oposto ao Banco necimento de documentos sigilosos solicita-
Central do Brasil: dos por comissão de inquérito administrativo
I - no desempenho de suas funções de fiscalização, destinada a apurar responsabilidade de servidor
compreendendo a apuração, a qualquer tempo, de público por infração praticada no exercício de suas
ilícitos praticados por controladores, administra- atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
dores, membros de conselhos estatutários, gerentes, ções do cargo em que se encontre investido.
mandatários e prepostos de instituições financeiras; § 2º Nas hipóteses do § 1º, o requerimento de que-
II - ao proceder a inquérito em instituição financei- bra de sigilo independe da existência de pro-
ra submetida a regime especial. cesso judicial em curso.

O sigilo não pode justificar que o Banco Central do Não é necessário processo judicial em curso para
Brasil deixe de supervisionar o sistema financeiro. que possa ser autorizada a quebra de sigilo para pro-
cesso administrativo.
§ 2º As comissões encarregadas dos inquéritos a
que se refere o inciso II do § 1º poderão examinar § 3º Além dos casos previstos neste artigo o Banco
quaisquer documentos relativos a bens, direi- Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobi-
tos e obrigações das instituições financeiras, liários fornecerão à Advocacia-Geral da União as
de seus controladores, administradores, membros informações e os documentos necessários à defesa
de conselhos estatutários, gerentes, mandatários e da União nas ações em que seja parte.
prepostos, inclusive contas correntes e operações
com outras instituições financeiras. Para inquérito administrativo, o poder judiciário
deve autorizar a prestação de informações.
De acordo com o § 2º, o Banco Central tem acesso
irrestrito, em regra, à supervisão do SFN. INFORMAÇÕES AO PODER LEGISLATIVO

§ 3º O disposto neste artigo aplica-se à Comissão Art. 4º O Banco Central do Brasil e a Comissão de
de Valores Mobiliários, quando se tratar de fis- Valores Mobiliários, nas áreas de suas atribuições,
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

calização de operações e serviços no mercado e as instituições financeiras fornecerão ao Poder


de valores mobiliários, inclusive nas instituições Legislativo Federal as informações e os docu-
financeiras que sejam companhias abertas. mentos sigilosos que, fundamentadamente, se
fizerem necessários ao exercício de suas respecti-
Da mesma forma, a CVM, como entidade supervi- vas competências constitucionais e legais.
sora, tem as mesmas prerrogativas do Banco Central, § 1º As comissões parlamentares de inquérito,
relativas a sua área de atuação. no exercício de sua competência constitucional e
legal de ampla investigação, obterão as informa-
§ 4º O Banco Central do Brasil e a Comissão de ções e documentos sigilosos de que necessita-
Valores Mobiliários, em suas áreas de competên- rem, diretamente das instituições financeiras, ou
cia, poderão firmar convênios: por intermédio do Banco Central do Brasil ou da
I - com outros órgãos públicos fiscalizadores de Comissão de Valores Mobiliários.
instituições financeiras, objetivando a realização § 2º As solicitações de que trata este artigo deve-
de fiscalizações conjuntas, observadas as respecti- rão ser previamente aprovadas pelo Plenário
vas competências; da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
II - com bancos centrais ou entidades fiscaliza- ou do plenário de suas respectivas comissões parla-
doras de outros países, objetivando: mentares de inquérito. 169
O poder legislativo, para suas atribuições institu- levantamento do sigilo junto às instituições
cionais, tem acesso aos dados financeiros protegidos financeiras de informações e documentos relati-
por sigilo. vos a bens, direitos e obrigações de pessoa física ou
jurídica submetida ao seu poder disciplinar.
INFORMAÇÕES À ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Parágrafo único. O Banco Central do Brasil e a
Comissão de Valores Mobiliários, manterão
Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive permanente intercâmbio de informações acer-
quanto à periodicidade e aos limites de valor, os
ca dos resultados das inspeções que realizarem, dos
critérios segundo os quais as instituições finan-
inquéritos que instaurarem e das penalidades que
ceiras informarão à administração tributária
da União, as operações financeiras efetuadas pelos aplicarem, sempre que as informações forem neces-
usuários de seus serviços. sárias ao desempenho de suas atividades.
§ 1º Consideram-se operações financeiras, para os
efeitos deste artigo: SIGILO EM CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA
I - depósitos à vista e a prazo, inclusive em conta
de poupança; Art. 9º Quando, no exercício de suas atribuições, o
II - pagamentos efetuados em moeda corrente ou Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores
em cheques;
Mobiliários verificarem a ocorrência de crime
III - emissão de ordens de crédito ou documentos
assemelhados; definido em lei como de ação pública, ou indícios
IV - resgates em contas de depósitos à vista ou a da prática de tais crimes, informarão ao Ministé-
prazo, inclusive de poupança; rio Público, juntando à comunicação os documentos
V - contratos de mútuo; necessários à apuração ou comprovação dos fatos.
VI - descontos de duplicatas, notas promissórias e § 1º A comunicação de que trata este artigo será efe-
outros títulos de crédito; tuada pelos Presidentes do Banco Central do Brasil
VII - aquisições e vendas de títulos de renda fixa ou e da Comissão de Valores Mobiliários, admitida
variável;
delegação de competência, no prazo máximo de
VIII - aplicações em fundos de investimentos;
IX - aquisições de moeda estrangeira; quinze dias, a contar do recebimento do processo,
X - conversões de moeda estrangeira em moeda com manifestação dos respectivos serviços jurídicos.
nacional;
XI - transferências de moeda e outros valores para Nesses casos, a comunicação ao MP será feita em
o exterior; até 15 dias.
XII - operações com ouro, ativo financeiro;
XIII - operações com cartão de crédito; § 2º Independentemente do disposto no caput des-
XIV - operações de arrendamento mercantil; e
te artigo, o Banco Central do Brasil e a Comis-
XV - quaisquer outras operações de natureza seme-
lhante que venham a ser autorizadas pelo Banco são de Valores Mobiliários comunicarão aos
Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários órgãos públicos competentes as irregularida-
ou outro órgão competente. des e os ilícitos administrativos de que tenham
conhecimento, ou indícios de sua prática, anexan-
O artigo apenas lista quais operações devem ser do os documentos pertinentes.
disponíveis aos órgãos de Administração Tributária.
Não se incluem entre as informações as operações DISPOSIÇÕES FINAIS
financeiras efetuadas pelas administrações direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Art. 10 A quebra de sigilo, fora das hipóteses
dos Municípios.
autorizadas nesta Lei Complementar, constitui
Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tribu- crime e sujeita os responsáveis à pena de reclu-
tários da União, dos Estados, do Distrito Federal são, de um a quatro anos, e multa, aplicando-
e dos Municípios somente poderão examinar -se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de
documentos, livros e registros de instituições outras sanções cabíveis.
financeiras, inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando hou- Lembre-se de que a quebra de sigilo, fora das hipó-
ver processo administrativo instaurado ou
teses estudadas, constitui crime, com pena de reclu-
procedimento fiscal em curso e tais exames
sejam considerados indispensáveis pela autoridade são de 1 a 4 anos e multa.
administrativa competente.
Parágrafo único. O resultado dos exames, as Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
informações e os documentos a que se refere este omitir, retardar injustificadamente ou prestar
artigo serão conservados em sigilo, observada a falsamente as informações requeridas nos ter-
legislação tributária. mos desta Lei Complementar.
Art. 11 O servidor público que utilizar ou viabi-
Ou seja, a Administração Tributária necessita de lizar a utilização de qualquer informação obti-
um processo em curso para examinar dados financei-
da em decorrência da quebra de sigilo de que
ros sigilosos.
trata esta Lei Complementar responde pes-
Art. 7º Sem prejuízo do disposto no § 3º do art. soal e diretamente pelos danos decorrentes, sem
2º, a Comissão de Valores Mobiliários, instau- prejuízo da responsabilidade objetiva da entidade
rado inquérito administrativo, poderá soli- pública, quando comprovado que o servidor agiu de
170 citar à autoridade judiciária competente o acordo com orientação oficial.
Art. 6º As atividades de tratamento de dados pes-
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS soais deverão observar a boa-fé e os seguintes
princípios:
(LGPD): LEI Nº 13.709, DE 14 DE I - finalidade: realização do tratamento para propó-
AGOSTO DE 2018 E SUAS ALTERAÇÕES sitos legítimos, específicos, explícitos e informados
ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior
A Lei Geral de Proteção de Dados constitui uma de forma incompatível com essas finalidades;
“Lei Seca”, ou seja, não há tanta doutrina ou jurispru- II - adequação: compatibilidade do tratamento
dência envolvida. Para fins de prova, cabe-nos conhe- com as finalidades informadas ao titular, de acordo
cer os pormenores dessa Lei, buscando os principais com o contexto do tratamento;
pontos que podem vir a ser cobrados. III - necessidade: limitação do tratamento ao
mínimo necessário para a realização de suas fina-
lidades, com abrangência dos dados pertinentes,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
proporcionais e não excessivos em relação às fina-
lidades do tratamento de dados;
A Lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais,
inclusive nos meios digitais:
Por “necessidade” (inciso III), entende-se a limita-
ção do tratamento ao mínimo necessário, de modo
z Por Pessoa Física;
a resguardar os dados dos cidadãos e das empresas.
z Por Pessoa Jurídica de Direito Público ou Privado.
IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consul-
ta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração
Importante! do tratamento, bem como sobre a integralidade de
Essa Lei tem o objetivo de proteger os direitos seus dados pessoais;
fundamentais de liberdade e de privacidade, V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares,
de exatidão, clareza, relevância e atualização dos
além de abranger todos os Entes Federativos.
dados, de acordo com a necessidade e para o cum-
primento da finalidade de seu tratamento;
Vejamos o que dispõe o art. 1º dessa Lei. VI - transparência: garantia, aos titulares, de
informações claras, precisas e facilmente acessíveis
sobre a realização do tratamento e os respectivos
Art. 1º Esta lei dispõe sobre o tratamento de dados
agentes de tratamento, observados os segredos
pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa
comercial e industrial;
natural ou por pessoa jurídica de direito público
VII - segurança: utilização de medidas técnicas e
ou privado, com o objetivo de proteger os direitos
administrativas aptas a proteger os dados pessoais
fundamentais de liberdade e de privacidade e o
de acessos não autorizados e de situações aciden-
livre desenvolvimento da personalidade da pessoa
tais ou ilícitas de destruição, perda, alteração,
natural.
comunicação ou difusão;
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta
VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir
lei são de interesse nacional e devem ser observadas
a ocorrência de danos em virtude do tratamento de
pela união, estados, distrito federal e municípios.
dados pessoais;
IX - não discriminação: impossibilidade de rea-
FUNDAMENTOS
lização do tratamento para fins discriminatórios
ilícitos ou abusivos;
Art. 2º a disciplina da proteção de dados pessoais X - responsabilização e prestação de contas:
tem como fundamentos: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas
I - o respeito à privacidade; eficazes e capazes de comprovar a observância e
II - a autodeterminação informativa; o cumprimento das normas de proteção de dados
III - a liberdade de expressão, de informação, de pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
comunicação e de opinião;
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da
ÁREA DE ATUAÇÃO
imagem;
V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a
inovação; Aplica-se a qualquer operação, independentemen-
te do meio, do país de sua sede ou do país onde este-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa


do consumidor; e jam localizados os dados, desde que:
VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento
da personalidade, a dignidade e o exercício da cida- z A operação de tratamento seja realizada no terri-
dania pelas pessoas naturais. tório nacional;

Perceba que os fundamentos estão ligados aos Apesar de independer do país sede da pessoa físi-
direitos dos cidadãos e das empresas de manterem o ca ou jurídica, a operação deve ser feita em território
sigilo de seus dados. nacional, para que entre na abrangência da Lei.

PRINCÍPIOS z A atividade de tratamento tenha, por objetivo, a


oferta ou fornecimento de bens ou serviços ou o
Os princípios, os quais devem ser observados nas tratamento de dados de indivíduos;
atividades de tratamento de dados pessoais, nor-
teiam-se pela boa-fé e precisam atender aos demais A Atividade tem que ter ligação com oferta ou for-
princípios elencados no art. 6º. Vejamos: necimento de serviços. 171
z Se consideram coletados, no território nacional, os O controlador de dados que obtiver consentimento
dados pessoais cujo titular nele se encontre no para compartilhar com outros controladores deverá
momento da coleta. obter outro consentimento. Este deverá ser fornecido
por escrito ou por outro meio que demonstre a mani-
Esses são os termos do art. 3º, da Lei 13.709/18. festação de vontade do titular.
Vejamos:
II - para o cumprimento de obrigação legal ou regu-
latória pelo controlador;
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de
III - pela administração pública, para o tratamento
tratamento realizada por pessoa natural ou por
e uso compartilhado de dados necessários à execu-
pessoa jurídica de direito público ou privado, inde-
ção de políticas públicas previstas em leis e regu-
pendentemente do meio, do país de sua sede ou do
lamentos ou respaldadas em contratos, convênios
país onde estejam localizados os dados, desde que:
ou instrumentos congêneres, observadas as dispo-
I - a operação de tratamento seja realizada no ter-
sições do Capítulo IV desta Lei;
ritório nacional;
IV - para a realização de estudos por órgão de pes-
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a
quisa, garantida, sempre que possível, a anoni-
oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o mização dos dados pessoais;
tratamento de dados de indivíduos localizados no V - quando necessário para a execução de contrato
território nacional; ou (Redação dada pela Lei nº ou de procedimentos preliminares relacionados a
13.853, de 2019) Vigência contrato do qual seja parte o titular, a pedido do
III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham titular dos dados;
sido coletados no território nacional. VI - para o exercício regular de direitos em pro-
cesso judicial, administrativo ou arbitral, esse
NÃO APLICAÇÃO DA LEI último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setem-
bro de 1996 (Lei de Arbitragem) ;
Atente-se às previsões do art. 4º, pois há grandes VII - para a proteção da vida ou da incolumida-
chances de serem cobradas em prova. de física do titular ou de terceiro;
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de procedimento realizado por profissionais de saúde,
dados pessoais: serviços de saúde ou autoridade sanitária;
I - realizado por pessoa natural para fins exclusiva- IX - quando necessário para atender aos inte-
mente particulares e não econômicos; resses legítimos do controlador ou de terceiro,
II - realizado para fins exclusivamente: exceto no caso de prevalecerem direitos e liberda-
a) jornalístico e artísticos; ou des fundamentais do titular que exijam a proteção
b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. dos dados pessoais; ou
7º e 11 desta Lei; X - para a proteção do crédito, inclusive quanto
ao disposto na legislação pertinente.
§ 1º Revogado
A partir da leitura desse dispositivo, percebe-se
§ 2º Revogado
que apenas os dados econômicos e financeiros rela- § 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é
cionados a fornecimento ou à oferta de serviços público deve considerar a finalidade, a boa-fé e o inte-
submetem-se à aplicação dessa lei. resse público que justificaram sua disponibilização.

III - realizado para fins exclusivos de: A regra é de que os dados pessoais devem ser tra-
a) segurança pública; tados apenas quando necessário.
b) defesa nacional;
c) segurança do Estado; ou § 4º É dispensada a exigência do consentimento
d) atividades de investigação e repressão de previsto no caput deste artigo para os dados torna-
infrações penais; ou dos manifestamente públicos pelo titular, resguar-
IV - provenientes de fora do território nacional e dados os direitos do titular e os princípios previstos
que não sejam objeto de comunicação, uso compar- nesta Lei.
tilhado de dados com agentes de tratamento brasilei-
ros ou objeto de transferência internacional de dados É dispensada a exigência do consentimento para os
com outro país que não o de proveniência, desde que o dados tornados manifestamente públicos pelo titular.
país de proveniência proporcione grau de proteção de
§ 5º O controlador que obteve o consentimento refe-
dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei.
rido no inciso I do caput deste artigo que necessitar
comunicar ou compartilhar dados pessoais com
outros controladores deverá obter consentimento
Importante! específico do titular para esse fim, ressalvadas as
hipóteses de dispensa do consentimento previstas
Dados pessoais, não econômicos, ou ligados à
nesta Lei.
segurança nacional para fins de investigação
não se submetem a essa lei. Cabe ao controlador o ônus da prova de que o
consentimento foi obtido em conformidade com o dis-
posto dessa Lei.
TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
§ 6º A eventual dispensa da exigência do consen-
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente timento não desobriga os agentes de tratamento
poderá ser realizado nas seguintes hipóteses: das demais obrigações previstas nesta Lei, espe-
I - mediante o fornecimento de consentimento cialmente da observância dos princípios gerais e da
172 pelo titular; garantia dos direitos do titular.
O titular tem direito ao acesso facilitado às infor- TÉRMINO DO TRATAMENTO DE DADOS
mações sobre o tratamento de seus dados.
Art. 15 O término do tratamento de dados pessoais
LEGÍTIMO INTERESSE DO CONTROLADOR ocorrerá nas seguintes hipóteses:
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de
Art. 10 O legítimo interesse do controlador somen- que os dados deixaram de ser necessários ou perti-
te poderá fundamentar tratamento de dados pes- nentes ao alcance da finalidade específica almejada;
soais para finalidades legítimas, consideradas a II - fim do período de tratamento;
partir de situações concretas, que incluem, mas não III - comunicação do titular, inclusive no exercício
se limitam a: de seu direito de revogação do consentimento con-
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e forme disposto no § 5º do art. 8º desta lei, resguar-
II - proteção, em relação ao titular, do exercício dado o interesse público; ou
regular de seus direitos ou prestação de serviços IV - determinação da autoridade nacional, quando
que o beneficiem, respeitadas as legítimas expecta- houver violação ao disposto nesta lei.
tivas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
nos termos desta Lei. ELIMINAÇÃO DOS DADOS

Quando o tratamento for baseado no legítimo inte- Art. 16 Os dados pessoais serão eliminados após o
resse do controlador, somente os dados pessoais estri- término de seu tratamento, no âmbito e nos limites
tamente necessários para a finalidade pretendida técnicos das atividades, autorizada a conservação
para as seguintes finalidades:
poderão ser tratados, nos termos do § 1º, do art. 10.
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
TRATAMENTO DE DADOS SENSÍVEIS pelo controlador;
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre
De acordo com o art. 11, o tratamento de dados pes- que possível, a anonimização dos dados pessoais;
III - transferência a terceiro, desde que respeitados
soais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes
os requisitos de tratamento de dados dispostos nes-
hipóteses:
ta Lei; ou
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu aces-
z Quando o titular ou seu responsável legal consen-
so por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
tir, de forma específica e destacada (I, art. 11);
z Sem fornecimento de consentimento do titular,
DIREITOS DO TITULAR
apenas para situações emergenciais, tais como: pro-
teção da vida e incolumidade física (II, art. 11). Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade
de seus dados pessoais e garantidos os direitos funda-
TRATAMENTOS DE DADOS ANÔNIMOS
mentais de liberdade, de intimidade e de privacidade.
Art. 12 Os dados anonimizados não serão conside-
rados dados pessoais para os fins desta Lei, salvo Art. 18 O titular dos dados pessoais tem direito a
quando o processo de anonimização ao qual foram obter do controlador, em relação aos dados do titu-
submetidos for revertido, utilizando exclusivamen- lar por ele tratados, a qualquer momento e median-
te requisição:
te meios próprios, ou quando, com esforços razoá-
I - confirmação da existência de tratamento;
veis, puder ser revertido.
II - acesso aos dados;
§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar
III - correção de dados incompletos, inexatos ou
em consideração fatores objetivos, tais como cus- desatualizados;
to e tempo necessários para reverter o processo de IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados
anonimização, de acordo com as tecnologias dispo- desnecessários, excessivos ou tratados em descon-
níveis, e a utilização exclusiva de meios próprios. formidade com o disposto nesta Lei;
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como dados V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de
pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para serviço ou produto, mediante requisição expres-
formação do perfil comportamental de determinada sa, de acordo com a regulamentação da autorida-
pessoa natural, se identificada. de nacional, observados os segredos comercial e
industrial;
Os dados anonimizados (relativos a determinado VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

titular que não possa ser identificado) não serão con- consentimento do titular, exceto nas hipóteses pre-
vistas no art. 16 desta Lei;
siderados dados pessoais, salvo quando o processo de
VII - informação das entidades públicas e privadas
anonimização ao qual foram submetidos for revertido. com as quais o controlador realizou uso comparti-
lhado de dados;
TRATAMENTO DE DADOS DE CRIANÇAS E VIII - informação sobre a possibilidade de não for-
ADOLESCENTES necer consentimento e sobre as consequências da
negativa;
Art. 14 O tratamento de dados pessoais de crian- IX - revogação do consentimento, nos termos do §
ças e de adolescentes deverá ser realizado em seu 5º do art. 8º desta Lei.
melhor interesse, nos termos deste artigo e da legis-
lação pertinente.
Importante!
O tratamento de dados pessoais de crianças deve- É garantido ao titular dos dados a portabilidade
rá ser realizado com o consentimento específico por, a outro fornecedor.
pelo menos, um dos pais ou pelo responsável legal. 173
CONFIRMAÇÃO DE EXISTÊNCIA OU ACESSO AOS II – Vetado;
DADOS III - nos casos em que os dados forem acessíveis
publicamente, observadas as disposições desta Lei.
Art. 19 A confirmação de existência ou o acesso IV - quando houver previsão legal ou a transferên-
a dados pessoais serão providenciados, mediante cia for respaldada em contratos, convênios ou ins-
requisição do titular: trumentos congêneres;
I - em formato simplificado, imediatamente; ou V - na hipótese de a transferência dos dados obje-
tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
Perceba que, em formato simplificado, é de forma
irregularidades, ou proteger e resguardar a segu-
imediata.
rança e a integridade do titular dos dados, desde
II - por meio de declaração clara e completa, que que vedado o tratamento para outras finalidades.
indique a origem dos dados, a inexistência de
registro, os critérios utilizados e a finalidade do O Poder Público poderá transferir os dados pes-
tratamento, observados os segredos comercial e soais constantes de bases de dados a entidades priva-
industrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) das somente:
dias, contado da data do requerimento do titular.
z Em casos de execução descentralizada de ativida-
Nessa hipótese, o prazo é de 15 dias do requerimento. de pública que exija a transferência;
z Em casos em que os dados forem acessíveis publi-
OUTRAS DISPOSIÇÕES camente;
z Quando houver previsão legal ou a transferência
z O titular dos dados tem direito a solicitar a revi-
são de decisões tomadas unicamente com base em for respaldada em contratos, convênios ou instru-
tratamento automatizado de dados pessoais que mentos congêneres;
afetem seus interesses (art. 20); z Na hipótese de a transferência dos dados obje-
z Os dados pessoais referentes ao exercício regular tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
de direitos pelo titular não podem ser utilizados irregularidades.
em seu prejuízo (art. 21);
z A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares RESPONSABILIDADE
de dados poderá ser exercida em juízo individual Art. 31 Quando houver infração a esta Lei em decor-
ou coletivamente (art. 22). rência do tratamento de dados pessoais por órgãos
públicos, a autoridade nacional poderá enviar infor-
TRATAMENTO DE DADOS PELO PODER PÚBLICO
me com medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
De acordo com o art. 23, o tratamento de dados pes-
Perceba que são citadas apenas “Medidas Cabí-
soais pelas pessoas jurídicas de direito público deverá
ser realizado para o atendimento de sua finalidade veis”, sem maiores detalhamentos.
pública, à persecução do interesse público, com o obje- Art. 32 A autoridade nacional poderá solicitar a
tivo de executar as competências legais ou cumprir as agentes do poder público a publicação de relatórios
atribuições legais do serviço público, desde que: de impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a
adoção de padrões e de boas práticas para os trata-
Art. 23 [...] mentos de dados pessoais pelo poder público.
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exer-
cício de suas competências, realizam o tratamento
TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS
de dados pessoais, fornecendo informações claras e
atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
procedimentos e as práticas utilizadas para a exe- Art. 33 A transferência internacional de dados pes-
cução dessas atividades, em veículos de fácil aces- soais somente é permitida nos seguintes casos:
so, preferencialmente em seus sítios eletrônicos; I - para países ou organismos internacionais que
III - seja indicado um encarregado quando realiza- proporcionem grau de proteção de dados pessoais
rem operações de tratamento de dados pessoais, adequado ao previsto nesta lei;
nos termos do art. 39 desta Lei; e II - quando o controlador oferecer e comprovar
garantias de cumprimento dos princípios, dos direi-
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mis- tos do titular e do regime de proteção de dados pre-
ta que explorem atividade econômica terão o mes- vistos nesta lei, na forma de:
mo tratamento que particulares. a) cláusulas contratuais específicas para determi-
nada transferência;
Art. 26 O uso compartilhado de dados pessoais b) cláusulas-padrão contratuais;
pelo Poder Público deve atender a finalidades espe- c) normas corporativas globais;
cíficas de execução de políticas públicas e atribui- d) selos, certificados e códigos de conduta regular-
ção legal pelos órgãos e pelas entidades públicas, mente emitidos;
respeitados os princípios de proteção de dados pes- III - quando a transferência for necessária para a
soais elencados no art. 6º desta Lei. cooperação jurídica internacional entre órgãos
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a enti- públicos de inteligência, de investigação e de per-
dades privadas dados pessoais constantes de secução, de acordo com os instrumentos de direito
bases de dados a que tenha acesso, exceto: internacional;
I - em casos de execução descentralizada de ativida- IV - quando a transferência for necessária para a
de pública que exija a transferência, exclusivamente proteção da vida ou da incolumidade física do titu-
para esse fim específico e determinado, observado lar ou de terceiro;
o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de V - quando a autoridade nacional autorizar a
174 2011 (Lei de Acesso à Informação); transferência;
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao
Importante! titular dos dados:
I - o operador responde solidariamente pelos
Sendo autorizada pela autoridade, a transferên- danos causados pelo tratamento quando descum-
cia pode ser executada. prir as obrigações da legislação de proteção de
dados ou quando não tiver seguido as instruções
lícitas do controlador, hipótese em que o opera-
VI - quando a transferência resultar em compromis-
dor equipara-se ao controlador, salvo nos casos de
so assumido em acordo de cooperação internacional;
VII - quando a transferência for necessária para a exclusão previstos no art. 43 desta lei;
execução de política pública ou atribuição legal do II - os controladores que estiverem diretamente
serviço público, sendo dada publicidade nos termos envolvidos no tratamento do qual decorreram
do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; danos ao titular dos dados respondem solida-
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu con- riamente, salvo nos casos de exclusão previstos no
sentimento específico e em destaque para a trans- art. 43 desta lei.
ferência, com informação prévia sobre o caráter
internacional da operação, distinguindo claramen- NÃO RESPONSABILIZAÇÃO
te esta de outras finalidades; ou
IX - quando necessário para atender as hipóteses Art. 43 Os agentes de tratamento só não serão res-
previstas nos incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei. ponsabilizados quando provarem:
I - que não realizaram o tratamento de dados pes-
AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
soais que lhes é atribuído;
Controlador e Operador II - que, embora tenham realizado o tratamento de
dados pessoais que lhes é atribuído, não houve vio-
Art. 37 O controlador e o operador devem manter lação à legislação de proteção de dados; ou
registro das operações de tratamento de dados pes- III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do
soais que realizarem, especialmente quando basea- titular dos dados ou de terceiro.
do no legítimo interesse.
O tratamento de dados pessoais será irregular
Quando em legítimo interesse, essa necessidade é quando deixar de observar a legislação ou quando
reforçada.
não fornecer a segurança que o titular deles espera.
Art. 38 A autoridade nacional poderá determinar
ao controlador que elabore relatório de impacto à SEGURANÇA E BOAS PRÁTICAS
proteção de dados pessoais, inclusive de dados sen-
síveis, referente a suas operações de tratamento de Art. 46 Os agentes de tratamento devem adotar
dados, nos termos de regulamento, observados os medidas de segurança, técnicas e administrativas
segredos comercial e industrial. aptas a proteger os dados pessoais de acessos não
autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de
O Operador deverá realizar o tratamento segundo destruição, perda, alteração, comunicação ou qual-
as instruções fornecidas pelo controlador. quer forma de tratamento inadequado ou ilícito. [...]
Art. 47 Os agentes de tratamento ou qualquer
ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS
outra pessoa que intervenha em uma das fases
PESSOAIS
do tratamento obriga-se a garantir a segurança
O controlador deverá indicar encarregado pelo tra- da informação prevista nesta Lei em relação aos
tamento de dados pessoais. Esse encarregado terá sua dados pessoais, mesmo após o seu término.
identidade e as informações divulgadas publicamente. Art. 48 O controlador deverá comunicar à autori-
dade nacional e ao titular a ocorrência de incidente
Art. 41 O controlador deverá indicar encarregado de segurança que possa acarretar risco ou dano
pelo tratamento de dados pessoais. relevante aos titulares.
§ 1º A identidade e as informações de contato do
encarregado deverão ser divulgadas publicamen- Cabe frisar que deverão ser adotadas boas práticas
te, de forma clara e objetiva, preferencialmente no de governança na proteção dos dados. As regras de
sítio eletrônico do controlador. boas práticas e de governança deverão ser publicadas
§ 2º As atividades do encarregado consistem em: e atualizadas periodicamente e poderão ser reconhe-
I - aceitar reclamações e comunicações dos titula- cidas e divulgadas pela autoridade nacional.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

res, prestar esclarecimentos e adotar providências;


II - receber comunicações da autoridade nacional e
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
adotar providências;
III - orientar os funcionários e os contratados da
entidade a respeito das práticas a serem tomadas Art. 52 Os agentes de tratamento de dados, em
em relação à proteção de dados pessoais; e razão das infrações cometidas às normas previstas
IV - executar as demais atribuições determina- nesta Lei, ficam sujeitos às seguintes sanções admi-
das pelo controlador ou estabelecidas em normas nistrativas aplicáveis pela autoridade nacional:
complementares. (Vigência)
I - advertência, com indicação de prazo para ado-
Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos ção de medidas corretivas;
II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do
Art. 42 O controlador ou o operador que, em razão faturamento da pessoa jurídica de direito privado,
do exercício de atividade de tratamento de dados grupo ou conglomerado no Brasil no seu último
pessoais, causar a outrem dano patrimonial, moral, exercício, excluídos os tributos, limitada, no total,
individual ou coletivo, em violação à legislação de a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) por
proteção de dados pessoais, é obrigado a repará-lo. infração; 175
III - multa diária, observado o limite total a que se IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de trata-
refere o inciso II; mento de dados realizado em descumprimento à
IV - publicização da infração após devidamente legislação, mediante processo administrativo que
apurada e confirmada a sua ocorrência; assegure o contraditório, a ampla defesa e o direito
V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a de recurso; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
infração até a sua regularização; V - apreciar petições de titular contra controlador
VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere após comprovada pelo titular a apresentação de
a infração; reclamação ao controlador não solucionada no
X - suspensão parcial do funcionamento do banco prazo estabelecido em regulamentação; (Incluído
de dados a que se refere a infração pelo período pela Lei nº 13.853, de 2019)
máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual VI - promover na população o conhecimento das
período, até a regularização da atividade de trata- normas e das políticas públicas sobre proteção de
mento pelo controlador; dados pessoais e das medidas de segurança; (Incluí-
XI - suspensão do exercício da atividade de trata- do pela Lei nº 13.853, de 2019)
mento dos dados pessoais a que se refere a infração VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas
pelo período máximo de 6 (seis) meses, prorrogável nacionais e internacionais de proteção de dados pes-
por igual período; soais e privacidade; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XII - proibição parcial ou total do exercício de ativi- VIII - estimular a adoção de padrões para serviços
dades relacionadas a tratamento de dados e produtos que facilitem o exercício de controle dos
titulares sobre seus dados pessoais, os quais deve-
rão levar em consideração as especificidades das
As sanções poderão ser agravadas em decorrência
atividades e o porte dos responsáveis; (Incluído
de reincidência, má-fé, entre outras situações. pela Lei nº 13.853, de 2019)
IX - promover ações de cooperação com autorida-
AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS des de proteção de dados pessoais de outros paí-
(ANPD) ses, de natureza internacional ou transnacional;
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Disposições Gerais X - dispor sobre as formas de publicidade das ope-
rações de tratamento de dados pessoais, respeita-
Art. 55-A Fica criada, sem aumento de despesa, a dos os segredos comercial e industrial; (Incluído
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), pela Lei nº 13.853, de 2019)
órgão da administração pública federal, integrante XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades
da Presidência da República. do poder público que realizem operações de trata-
mento de dados pessoais informe específico sobre o
âmbito, a natureza dos dados e os demais detalhes
z A natureza jurídica da ANPD é transitória;
do tratamento realizado, com a possibilidade de
z É assegurada autonomia técnica e decisória à
emitir parecer técnico complementar para garan-
ANPD. tir o cumprimento desta Lei; (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)
Composição XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de
suas atividades; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
Art. 55-C A ANPD é composta de: XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre
I - conselho diretor, órgão máximo de direção; proteção de dados pessoais e privacidade, bem
II - conselho nacional de proteção de dados pes- como sobre relatórios de impacto à proteção de
soais e da privacidade; dados pessoais para os casos em que o tratamen-
III - corregedoria; to representar alto risco à garantia dos princípios
Iv - ouvidoria; gerais de proteção de dados pessoais previstos nes-
V - órgão de assessoramento jurídico próprio; e ta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
VI - unidades administrativas e unidades especiali- XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade
zadas necessárias à aplicação do disposto nesta lei. em matérias de interesse relevante e prestar con-
tas sobre suas atividades e planejamento; (Incluído
O Conselho Diretor da ANPD será composto por 5 pela Lei nº 13.853, de 2019)
(cinco) Diretores – incluindo o Diretor Presidente –, XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no
todos eles com mandato de 4 (quatro) anos. Os mem- relatório de gestão a que se refere o inciso XII do
bros serão escolhidos pelo Presidente da República e caput deste artigo, o detalhamento de suas receitas
por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal. e despesas; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
XVI - realizar auditorias, ou determinar sua rea-
Competências lização, no âmbito da atividade de fiscalização de
que trata o inciso IV e com a devida observância do
Art. 55-J Compete à ANPD: (Incluído pela Lei nº disposto no inciso II do caput deste artigo, sobre o
13.853, de 2019) tratamento de dados pessoais efetuado pelos agen-
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos termos tes de tratamento, incluído o poder público; (Incluí-
da legislação;(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) do pela Lei nº 13.853, de 2019)
II - zelar pela observância dos segredos comercial e XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso
industrial, observada a proteção de dados pessoais com agentes de tratamento para eliminar irregulari-
e do sigilo das informações quando protegido por dade, incerteza jurídica ou situação contenciosa no
lei ou quando a quebra do sigilo violar os funda- âmbito de processos administrativos, de acordo com
mentos do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº o previsto no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro
13.853, de 2019) de 1942; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019)
III - elaborar diretrizes para a Política Nacional XVIII - editar normas, orientações e procedimentos
de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade; simplificados e diferenciados, inclusive quanto aos pra-
176 (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) zos, para que microempresas e empresas de pequeno
porte, bem como iniciativas empresariais de caráter Competências
incremental ou disruptivo que se autodeclarem star-
tups ou empresas de inovação, possam adequar-se a Art. 58-B Compete ao Conselho Nacional de Prote-
esta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) ção de Dados Pessoais e da Privacidade:
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos I - propor diretrizes estratégicas e fornecer subsí-
seja efetuado de maneira simples, clara, acessível e dios para a elaboração da Política Nacional de Pro-
adequada ao seu entendimento, nos termos desta Lei teção de Dados Pessoais e da Privacidade e para a
e da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto atuação da ANPD;
do Idoso); (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) II - elaborar relatórios anuais de avaliação da exe-
XX - deliberar, na esfera administrativa, em cará- cução das ações da Política Nacional de Proteção
ter terminativo, sobre a interpretação desta Lei, as de Dados Pessoais e da Privacidade;
suas competências e os casos omissos; (Incluído III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD;
pela Lei nº 13.853, de 2019) IV - elaborar estudos e realizar debates e audiên-
XXI - comunicar às autoridades competentes as cias públicas sobre a proteção de dados pessoais e
infrações penais das quais tiver conhecimento; da privacidade; e
(Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o dados pessoais e da privacidade à população.
descumprimento do disposto nesta Lei por órgãos e
entidades da administração pública federal; (Incluí-
do pela Lei nº 13.853, de 2019)
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras
públicas para exercer suas competências em seto- LEGISLAÇÃO ANTICORRUPÇÃO:
res específicos de atividades econômicas e governa- LEI Nº 12.846/2013 E DECRETO Nº
mentais sujeitas à regulação; e (Incluído pela Lei nº
13.853, de 2019)
8.420/2015 E SUAS ALTERAÇÕES
XXIV - implementar mecanismos simplificados,
inclusive por meio eletrônico, para o registro de LEI N° 12.846/2013
reclamações sobre o tratamento de dados pessoais
em desconformidade com esta Lei. A Lei Anticorrupção dispõe sobre a responsabiliza-
ção administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prá-
A Lei prevê várias competências à ANPD. No en- tica de atos contra a administração pública, em âmbito
tanto, listaremos, a seguir, aquelas que julgamos mais nacional ou estrangeiro. Foi criada para combater mais
pertinentes para fins de prova. Vejamos: atos lesivos praticados por empresas aos entes públi-
cos, especialmente em licitações e contratos.
z Compete à ANPD A Lei prevê a responsabilização objetiva adminis-
trativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
„ Zelar pela proteção dos dados pessoais, nos ter- contra a administração pública, nacional ou estran-
mos da legislação; geira, nos termos do art. 1º.
„ Promover e elaborar estudos sobre as práti- Para um melhor esclarecimento o exposto, veja-
cas nacionais e internacionais de proteção de mos a íntegra do art. 1º:
dados pessoais e privacidade;
„ Ouvir os agentes de tratamento e a sociedade Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização
em matérias de interesse relevante e prestar objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas
contas sobre suas atividades e planejamento; pela prática de atos contra a administração públi-
„ Garantir que o tratamento de dados de idosos ca, nacional ou estrangeira.
seja efetuado de maneira simples, clara, acessí- Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às
vel e adequada ao seu entendimento; sociedades empresárias e às sociedades simples,
„ Comunicar aos órgãos de controle interno o personificadas ou não, independentemente da for-
descumprimento do disposto nessa Lei por ma de organização ou modelo societário adotado,
bem como a quaisquer fundações, associações de
órgãos e entidades da Administração Pública
entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras,
Federal.
que tenham sede, filial ou representação no terri-
tório brasileiro, constituídas de fato ou de direito,
É recomendável a leitura do art. 55-J, o qual dispõe
ainda que temporariamente.
sobre as competências da ANPD.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE DADOS SUJEITOS ATIVOS


PESSOAIS E DA PRIVACIDADE
O parágrafo único do art. 1º dispõe a respeito dos
Composição sujeitos ativos desta lei. Aplica-se o disposto nesta Lei às:

O Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais z Sociedades empresárias, personificadas ou não;


e da Privacidade é composto de 23 representantes. z Sociedades simples, personificadas ou não;
z Fundações ou associações de entidades ou pessoas;
z Sociedades estrangeiras com sede, filial ou repre-
Importante!
sentação no território brasileiro.
Acreditamos não ser necessário saber a compo-
sição completa para fins de prova. No entanto, As sociedades que podem ser enquadradas nesta
caso queira conhecê-la, ela está disposta no art. lei independem do modelo societário adotado, sendo
58-A da lei em estudo. enquadradas quando constituídas de fato ou de direi-
to, ainda que temporariamente. 177
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabili- Esta responsabilidade é até o limite do patrimô-
zadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e nio transferido, não sendo aplicáveis outras sanções,
civil, pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não. fraude, devidamente comprovados.

Trata-se de uma lei “enxuta”, sendo interessante, RESPONSABILIDADE EM EMPRESAS


para fins de estudos, entender a letra da lei e “deco- CONSORCIADAS
rar” alguns pontos.
Serão solidariamente responsáveis ao pagamento
RESPONSABILIZAÇÃO DOS DIRIGENTES da multa e a reparação do dano as:

Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não z Sociedades controladoras ou controladas;


exclui a responsabilidade individual de seus diri-
z Sociedades coligadas;
gentes ou administradores ou de qualquer pessoa
z Sociedades consorciadas.
natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.

ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Atente-se ao fato de que qualquer pessoa, dirigen-
NACIONAL/ESTRANGEIRA
te ou não, autora, coautora ou partícipe do ato lesivo,
será responsabilizada.
O art. 5º desta Lei aponta os atos lesivos à adminis-
É importante ainda salientar que, independente-
tração. Não há segredos, pois são atos muito parecidos
mente da responsabilização individual, a pessoa jurí-
com os previstos na lei de Improbidade Administrativa.
dica em si também será responsabilizada, uma vez
Constituem atos lesivos à administração pública,
que a responsabilidade é objetiva. É o que aponta o
nacional ou estrangeira, aqueles que:
§ 1º do art. 3º:
z Atentem contra o patrimônio público nacional ou
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada inde-
estrangeiro;
pendentemente da responsabilização individual
z Atentem contra princípios da administração pública;
das pessoas naturais referidas no caput.
z Atentem contra os compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil.
Segundo o § 2º do art. 3º, os dirigentes ou admi-
nistradores somente serão responsabilizados por atos
ilícitos na medida da sua culpabilidade. Dica
Mais importante do que “decorar” todos os atos
RESPONSABILIZAÇÃO EM FUSÃO, CISÃO E lesivos, é entender que qualquer ato que atente
INCORPORAÇÃO contra esses três tópicos anteriores será enqua-
drado para fins desta lei.
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídi-
ca na hipótese de alteração contratual, transfor-
São exemplos de atos lesivos:
mação, incorporação, fusão ou cisão societária.
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a
Art. 5º [...]
responsabilidade da sucessora será restrita à
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
obrigação de pagamento de multa e reparação
te, vantagem indevida a agente público, ou a tercei-
integral do dano causado, até o limite do patri- ra pessoa a ele relacionada;
mônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as II - comprovadamente, financiar, custear, patroci-
demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de nar ou de qualquer modo subvencionar a prática
atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
incorporação, exceto no caso de simulação ou evi- III - comprovadamente, utilizar-se de interposta
dente intuito de fraude, devidamente comprovados. pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, seus reais interesses ou a identidade dos beneficiá-
coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as rios dos atos praticados;
consorciadas serão solidariamente responsá- IV - no tocante a licitações e contratos:
veis pela prática dos atos previstos nesta Lei, a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
restringindo-se tal responsabilidade à obrigação ção ou qualquer outro expediente, o caráter compe-
de pagamento de multa e reparação integral titivo de procedimento licitatório público;
do dano causado. b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de
qualquer ato de procedimento licitatório público;
A responsabilidade subsiste caso a pessoa jurídica c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de
que cometa o ato lesivo: fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer
tipo;
z Passe por alterações no contrato; d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
z Passe por transformação ou incorporação; e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa
jurídica para participar de licitação pública ou
z Passe por fusão ou cisão societária.
celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo
Quando houver fusão ou incorporação, a respon- fraudulento, de modificações ou prorrogações de
sabilidade da sucessora será restrita à: contratos celebrados com a administração públi-
ca, sem autorização em lei, no ato convocatório da
z Obrigação de pagamento de multa; licitação pública ou nos respectivos instrumentos
178 z Reparação integral do dano causado. contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-fi- z Publicação extraordinária da decisão condenatória.
nanceiro dos contratos celebrados com a adminis-
tração pública; Art. 6º [...]
V - dificultar atividade de investigação ou fiscali- § 5º A publicação extraordinária da decisão conde-
zação de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou
natória ocorrerá na forma de extrato de sentença,
intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização a expensas da pessoa jurídica, em meios de comu-
do sistema financeiro nacional. nicação de grande circulação na área da prática da
infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua
DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA falta, em publicação de circulação nacional, bem
ESTRANGEIRA como por meio de afixação de edital, pelo prazo
mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabele-
Art. 5º [...] cimento ou no local de exercício da atividade, de
§ 1º Considera-se administração pública estran- modo visível ao público, e no sítio eletrônico na
geira os órgãos e entidades estatais ou representa- rede mundial de computadores.
ções diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer
nível ou esfera de governo, bem como as pessoas A intenção dessa sanção é justamente expor a pes-
jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público de país estrangeiro.
soa jurídica infratora, para que seus negócios fiquem
prejudicados, ações tenham queda, percam investido-
Esquematicamente temos a administração pública res etc.
estrangeira dividida em:
APLICAÇÃO DAS SANÇÕES
z Órgãos e entidades estatais de país estrangeiro;
z Representações diplomáticas de país estrangeiro; Art. 6º [...]
z Pessoas jurídicas controladas pelo poder público § 1º As sanções serão aplicadas fundamenta-
de país estrangeiro. damente, isolada ou cumulativamente, de acordo
com as peculiaridades do caso concreto e com a
Segundo o § 2º do art. 5º, equiparam-se à adminis- gravidade e natureza das infrações.
tração pública estrangeira as organizações públicas
internacionais. Lembre-se de que as sanções podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente.
AGENTE PÚBLICO ESTRANGEIRO
Art. 6º [...]
Art. 5º [...] § 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para será precedida da manifestação jurídica ela-
os fins desta Lei, quem, ainda que transitoriamen- borada pela Advocacia Pública ou pelo órgão
te ou sem remuneração, exerça cargo, emprego de assistência jurídica, ou equivalente, do ente
ou função pública em órgãos, entidades estatais ou público.
em representações diplomáticas de país estrangeiro,
assim como em pessoas jurídicas controladas, direta
Segundo o § 3º do art. 6º, a aplicação das sanções
ou indiretamente, pelo poder público de país estran-
geiro ou em organizações públicas internacionais. previstas não exclui a obrigação da reparação inte-
gral do dano causado.
Nesse ponto, a Lei 12846/2013 trata das sanções
aplicáveis na esfera administrativa. Vejamos o art. 6º: AGRAVANTES E ATENUANTES DAS SANÇÕES

Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às Art. 7º Serão levados em consideração na aplica-
pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos ção das sanções:
atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções: I - a gravidade da infração;
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do
último exercício anterior ao da instauração do pro- A vantagem pretendida com o ato ilícito, mesmo
cesso administrativo, excluídos os tributos, a qual
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

que não tenha se efetivado, será considerada como


nunca será inferior à vantagem auferida, quando
for possível sua estimação; e “tentativa”.
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
III - a consumação ou não da infração;
Esquematicamente, temos: IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
V - o efeito negativo produzido pela infração;
z Multa de 0,1% a 20% do faturamento bruto do VI - a situação econômica do infrator;
último exercício anterior ao da instauração do VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apura-
processo administrativo, excluídos os tributos. ção das infrações;
VIII - a existência de mecanismos e procedimen-
Quando for possível estimar a vantagem auferida tos internos de integridade, auditoria e incentivo
pela empresa, decorrente do ato lesivo, a multa nunca à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva
será inferior à vantagem auferida. de códigos de ética e de conduta no âmbito da pes-
Caso não seja possível estimar o Faturamento Bru- soa jurídica;
to da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 a R$ IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa
60.000.000,00. (§ 4º do art. 6º). jurídica com o órgão ou entidade pública lesados; 179
PROCESSO ADMINISTRATIVO DE É importante destacar que a comissão, após a conclu-
RESPONSABILIZAÇÃO são do procedimento administrativo, dará conhecimento
ao Ministério Público, para apuração de eventuais delitos.
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo
administrativo para apuração da responsabilidade de PRAZO DO PROCESSO
pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada
órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo Art. 10 [...]
e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provo- § 3º A comissão deverá concluir o processo no pra-
cação, observados o contraditório e a ampla defesa. zo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data
da publicação do ato que a instituir e, ao final, apre-
Estes Poderes poderão agir de ofício ou mediante sentar relatórios sobre os fatos apurados e even-
provocação, sempre observados o contraditório e a tual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo
ampla defesa. de forma motivada as sanções a serem aplicadas.

§ 1º A competência para a instauração e o julga- A comissão deverá concluir o processo no prazo de


mento do processo administrativo de apuração de 180 dias contados da data da publicação do ato que
responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser a instituir, prazo que pode ser prorrogado, desde
delegada, vedada a subdelegação. que por motivo fundamentado. Ao final do prazo, a
comissão deve apresentar relatórios sobre os fatos
A instauração de processo administrativo específi- apurados e eventual responsabilidade da pessoa jurí-
co de reparação integral do dano não prejudica a apli- dica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem
cação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei. aplicadas.
Um ponto que merece destaque nesta legislação
diz respeito à desconsideração da personalidade jurí- DEFESA
dica, presente no art. 14 desta Lei. Vejamos:
Art. 11 No processo administrativo para apuração
Art. 14 A personalidade jurídica poderá ser de responsabilidade, será concedido à pessoa jurí-
desconsiderada sempre que utilizada com abu- dica prazo de 30 (trinta) dias para defesa, con-
so do direito para facilitar, encobrir ou dissi- tados a partir da intimação.
mular a prática dos atos ilícitos previstos nesta
Lei ou para provocar confusão patrimonial, sendo Atente-se ao prazo de 30 dias para a defesa.
estendidos todos os efeitos das sanções apli-
cadas à pessoa jurídica aos seus administra- COMPETÊNCIA DA CONTROLADORIA GERAL DA
dores e sócios com poderes de administração, UNIÃO
observados o contraditório e a ampla defesa.
Art. 8º [...]
Dica § 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Con-
troladoria-Geral da União - CGU terá competência
Lembre-se de que muitas “empresas alvo” des- concorrente para instaurar processos adminis-
ta lei são grandes conglomerados dotados de trativos de responsabilização de pessoas jurí-
muita influência e poder econômico. Logo, a dicas ou para avocar os processos instaurados
com fundamento nesta Lei, para exame de sua regu-
possibilidade de a personalidade jurídica ser
laridade ou para corrigir-lhes o andamento.
desconsiderada, em caso de abuso de seu poder,
garante maior lisura ao processo. A CGU terá competência concorrente, podendo
avocar os processos no âmbito do Poder Executivo
COMISSÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Federal
Também é válido salientar que compete à Contro-
Art. 10 O processo administrativo para apuração
ladoria-Geral da União (CGU) a apuração, o processo e
da responsabilidade de pessoa jurídica será con-
duzido por comissão designada pela autoridade
o julgamento dos atos ilícitos previstos nesta Lei prati-
instauradora e composta por 2 (dois) ou mais cados contra a administração pública estrangeira.
servidores estáveis. Nos termos do art. 9º:
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de represen-
tação judicial, ou equivalente, a pedido da comissão a Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União
que se refere o caput, poderá requerer as medidas judi- - CGU a apuração, o processo e o julgamento dos
ciais necessárias para a investigação e o processamen- atos ilícitos previstos nesta Lei, praticados contra
to das infrações, inclusive de busca e apreensão. a administração pública estrangeira, observado o
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Comba-
autoridade instauradora que suspenda os efeitos do te da Corrupção de Funcionários Públicos Estran-
ato ou processo objeto da investigação. geiros em Transações Comerciais Internacionais,
promulgada pelo Decreto nº 3.678, de 30 de novem-
Em suma, para efetuar seus trabalhos, a comissão bro de 2000.
poderá:
RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL
z Requerer medidas judiciais necessárias para a
investigação; Como as esferas são independentes, cabe lembrar
z Requerer procedimentos como busca e apreensão; que a responsabilização na esfera administrativa não
z Propor medidas cautelares que suspendam os efei- afasta a possibilidade de sua responsabilização na
180 tos do ato ou processo objeto da investigação. esfera judicial.
São sanções da esfera judicial: z Em caso de órgão da administração direta, do seu
Ministro de Estado.
Art. 19 [...]
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que A competência será exercida de ofício ou median-
representem vantagem ou proveito direta ou indi- te provocação e poderá ser delegada, sendo vedada a
retamente obtidos da infração, ressalvado o direito subdelegação.
do lesado ou de terceiro de boa-fé;
Instauração
É ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé. Art. 4º a autoridade competente para instauração
do par, ao tomar ciência da possível ocorrência de
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; ato lesivo à administração pública federal, em sede
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; de juízo de admissibilidade e mediante despacho
fundamentado, decidirá:
Esta será determinada quando a pessoa jurídica,
I - pela abertura de investigação preliminar;
de forma habitual, facilitar, promover, ocultar ou dis-
II - pela instauração de par; ou
simular ato ilícito.
III - pelo arquivamento da matéria.
IV - proibição de receber incentivos, subsídios,
Esquematicamente, podemos definir que a autori-
subvenções, doações ou empréstimos de órgãos
ou entidades públicas e de instituições financeiras dade competente, ao tomar ciência, decidirá pelo(a):
públicas ou controladas pelo poder público, pelo
z Abertura da investigação preliminar
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco)
anos.
A investigação preliminar terá caráter sigiloso e
As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada não punitivo e será conduzida por comissão composta
ou cumulativa. por dois ou mais servidores efetivos, ou empregados
A condenação torna certa a obrigação de reparar, públicos (§ 1º, Art. 4º). O prazo da investigação será de
integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor 60 dias, prorrogáveis por mais 60 (§ 4º, Art. 4º);
será apurado em posterior liquidação, se não constar
expressamente da sentença. z Instauração do PAR

Art. 5º No ato de instauração do PAR, a autorida-


PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
de designará comissão, composta por dois ou mais
Art. 19 [...] servidores estáveis, que avaliará fatos e circunstân-
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública cias conhecidos e intimará a pessoa jurídica para,
ou órgão de representação judicial, ou equivalente, no prazo de trinta dias, apresentar defesa escrita e
do ente público poderá requerer a indisponibili- especificar eventuais provas que pretende produzir.
dade de bens, direitos ou valores necessários à
garantia do pagamento da multa ou da repara- A comissão será composta por dois ou mais servi-
ção integral do dano causado, conforme previsto dores estáveis ou empregados públicos, preferencial-
no art. 7º, ressalvado o direito do terceiro de boa-fé. mente, com mais de 3 anos de serviço. O prazo para
intimados apresentarem defesa escrita é de 30 dias,
Essas previsões tratam-se de medidas cautelares somados a estes o prazo de 10 dias para possíveis ale-
para garantir que os danos sejam reparados e a multa, gações finais.
paga.
Vale ressaltar que serão recusadas provas ilíci-
DECRETO N° 8420/2015 tas, impertinentes, desnecessárias, protelatórias ou
intempestivas;
O Decreto nº 8.420/15 regulamenta a Lei Anticor-
rupção, apresentando-a de modo detalhado, porém, z Arquivamento da matéria.
sem inovar no ordenamento jurídico. Trata-se de um
“decreto seco”, ou seja, não há tanta doutrina ou juris- Disposições Gerais sobre o PAR
prudência envolvida.
Art. 8º A pessoa jurídica poderá acompanhar o PAR
Ademais, como decretos costumam ser técnicos e
por meio de seus representantes legais ou procurado-
muito literais, é de suma importância, para um melhor
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

res, sendo-lhes assegurado amplo acesso aos autos.


aproveitamento de seus estudos, que você possua
conhecimentos a respeito da Lei nº 12.846/2013. Parágrafo único. É vedada a retirada dos autos da
repartição pública, sendo autorizada a obtenção de
RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA cópias mediante requerimento.
Art. 9º O prazo para a conclusão do par não exce-
A apuração da Responsabilidade Administrativa derá cento e oitenta dias, admitida prorrogação
será efetuada por meio de Processo Administrativo de por meio de solicitação do presidente da comissão
Responsabilização (PAR) nos termos do art. 6º desse à autoridade instauradora, que decidirá de forma
Decreto. fundamentada.

Competência (Art. 3º) COMPETÊNCIAS DA COMISSÃO


A competência para a instauração e julgamento A comissão poderá:
do PAR é:
Art. 9º[...]
z Da autoridade máxima da entidade em face da § 2º A comissão, para o devido e regular exercício
qual foi praticado o ato lesivo; de suas funções, poderá: 181
I - propor à autoridade instauradora a suspensão Art. 16 Caso os atos lesivos apurados envolvam
cautelar dos efeitos do ato ou do processo objeto da infrações administrativas à Lei nº 8.666, de 1993,
investigação; ou a outras normas de licitações e contratos da
II - solicitar a atuação de especialistas com notório administração pública e tenha ocorrido a apuração
conhecimento, de órgãos e entidades públicos ou de conjunta prevista no art. 12, a pessoa jurídica tam-
outras organizações, para auxiliar na análise da bém estará sujeita a sanções administrativas que
matéria sob exame; e tenham como efeito restrição ao direito de partici-
III - solicitar ao órgão de representação judicial ou par em licitações ou de celebrar contratos com a
equivalente dos órgãos ou entidades lesados que administração pública, a serem aplicadas no par.
requeira as medidas necessárias para a investiga-
ção e o processamento das infrações, inclusive de
Em resumo, as pessoas jurídicas estão sujeitas às
busca e apreensão, no País ou no exterior.
seguintes sanções administrativas:
Da decisão administrativa sancionadora, cabe
pedido de reconsideração com efeito suspensivo, no z Multa;
prazo de 10 dias, contados da data de publicação da z Publicação Extraordinária da Decisão Administra-
decisão. (Art. 11) tiva Sancionadora;
z Proibição de Participar de Licitações ou Contratar com
z O pedido de reconsideração deve ser considerado a Administração Pública (se o ilícito tiver relação).
em até 30 dias;
z Caso não apresente pedido de reconsideração, o Multa
sancionado deve cumprir as sanções também no
prazo de 30 dias. O cálculo da multa relaciona-se com o Faturamen-
to Bruto do Último Exercício, o qual varia de 1% a 5%.
COMPETÊNCIAS DA CGU

Art. 13 A Controladoria-Geral da União possui, Importante!


no âmbito do Poder Executivo federal, competência:
I - concorrente para instaurar e julgar PAR; e Lembre-se de que a multa pode variar de acordo
II - exclusiva para avocar os processos instaura- com o valor do contrato ou da situação.
dos para exame de sua regularidade ou para cor-
rigir-lhes o andamento, inclusive promovendo a
aplicação da penalidade administrativa cabível. Da multa, serão subtraídas porcentagens no caso de:
§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá exer-
cer, a qualquer tempo, a competência prevista Art. 18 [...]
no caput, se presentes quaisquer das seguintes I - um por cento no caso de não consumação da
circunstâncias: infração;
I - caracterização de omissão da autoridade origi- II - um e meio por cento no caso de comprova-
nariamente competente; ção de ressarcimento pela pessoa jurídica dos
II - inexistência de condições objetivas para sua danos a que tenha dado causa;
realização no órgão ou entidade de origem; III - um por cento a um e meio por cento para o
III - complexidade, repercussão e relevância da grau de colaboração da pessoa jurídica com a
matéria; investigação ou a apuração do ato lesivo, inde-
IV - valor dos contratos mantidos pela pessoa jurí-
pendentemente do acordo de leniência;
dica com o órgão ou entidade atingida; ou
IV - dois por cento no caso de comunicação espon-
V - apuração que envolva atos e fatos relacionados
tânea pela pessoa jurídica antes da instaura-
a mais de um órgão ou entidade da administração
ção do PAR acerca da ocorrência do ato lesivo; e
pública federal.
§ 2º Ficam os órgãos e entidades da administração V - um por cento a quatro por cento para compro-
pública obrigados a encaminhar à Controladoria-Ge- vação de a pessoa jurídica possuir e aplicar
ral da União todos os documentos e informações que um programa de integridade, conforme os parâ-
lhes forem solicitados, incluídos os autos originais metros estabelecidos no Capítulo IV.
dos processos que eventualmente estejam em curso.
Art. 14 Compete à Controladoria-Geral da União Na ausência de fatores ou se a subtração resultar
instaurar, apurar e julgar PAR pela prática de em 0% ou menos, mesmo assim, haverá multa, nos
atos lesivos à administração pública estrangei- termos do art. 19, na razão de:
ra, o qual seguirá, no que couber, o rito procedimen-
tal previsto neste Capítulo. z 0,1% do Faturamento Bruto do Último Exercício;
z R$ 6.000,00 caso não seja possível utilizar o Fatu-
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DOS ramento Bruto.
ENCAMINHAMENTOS JUDICIAIS
z Limites da Multa (Art. 20, § 1º)
Disposições Gerais
Em qualquer hipótese, o valor final da multa terá
Art. 15 As pessoas jurídicas estão sujeitas às seguin-
tes sanções administrativas, nos termos do art. 6º da como limite:
lei nº 12.846, de 2013:
I - multa; e z Mínimo: 0,1% ou R$ 6.000 – o que for maior;
II - publicação extraordinária da decisão adminis- z Máximo: 20% do Faturamento ou 3x o Valor da
182 trativa sancionadora. Vantagem auferida ou pretendida.
Impossibilidade de Auferir o Faturamento Cobrança da Multa Aplicada

Art. 22 Caso não seja possível utilizar o critério do A multa aplicada ao final do PAR será integralmen-
valor do faturamento bruto da pessoa jurídica no ano te recolhida pela pessoa jurídica sancionada no prazo
anterior ao da instauração ao PAR, os percentuais 30 dias. Caso não seja paga, esta será inscrita em dívi-
dos fatores indicados nos art. 17 e art. 18 incidirão: da ativa (Art. 25).
I - sobre o valor do faturamento bruto da pessoa
jurídica, excluídos os tributos, no ano em que ocor- ACORDO DE LENIÊNCIA
reu o ato lesivo, no caso de a pessoa jurídica não
ter tido faturamento no ano anterior ao da instau- Art. 28 O acordo de leniência será celebrado com
ração ao PAR; as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos
II - sobre o montante total de recursos recebidos atos lesivos previstos na Lei nº 12.846, de 2013, e dos
pela pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano em ilícitos administrativos previstos na Lei nº 8.666, de
que ocorreu o ato lesivo; ou 1993, e em outras normas de licitações e contratos,
III - nas demais hipóteses, sobre o faturamento com vistas à isenção ou à atenuação das respec-
anual estimável da pessoa jurídica, levando em tivas sanções, desde que colaborem efetivamente
consideração quaisquer informações sobre a sua com as investigações e o processo administrati-
situação econômica ou o estado de seus negócios, vo, devendo resultar dessa colaboração:
tais como patrimônio, capital social, número de I - a identificação dos demais envolvidos na infra-
empregados, contratos, dentre outras. ção administrativa, quando couber; e
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas no caput, II - a obtenção célere de informações e documentos
o valor da multa será limitado entre R$ 6.000,00 que comprovem a infração sob apuração.
(seis mil reais) e R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões Art. 29 Compete à Controladoria-Geral da União
celebrar acordos de leniência no âmbito do Poder
de reais).
Executivo federal e nos casos de atos lesivos contra
a administração pública estrangeira.
Neste sentido, caso não seja possível utilizar o cri-
tério do valor do Faturamento Bruto, será utilizado o
Deveres da Pessoa Jurídica
valor do faturamento do ano corrente caso não haja
faturamento no exercício anterior: Art. 30 A pessoa jurídica que pretenda celebrar
acordo de leniência deverá:
z Sobre o montante total de recursos recebidos pela I - ser a primeira a manifestar interesse em coope-
pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano em que rar para a apuração de ato lesivo específico, quan-
ocorreu o ato lesivo; do tal circunstância for relevante;
z Sobre o faturamento estimável nas demais hipóteses. II - ter cessado completamente seu envolvimento
no ato lesivo a partir da data da propositura do
Nessas hipóteses, o valor será limitado entre R$ acordo;
III - admitir sua participação na infração administrativa
6.000,00 (seis mil reais) e R$ 60.000.000,00 (sessenta
IV - cooperar plena e permanentemente com as
milhões de reais).
investigações e o processo administrativo e compa-
Com a assinatura do Acordo de Leniência, a mul- recer, sob suas expensas e sempre que solicitada,
ta aplicável será reduzida, conforme a fração nele aos atos processuais, até o seu encerramento; e
pactuada, observados os limites legais. (Art. 23) V - fornecer informações, documentos e elementos
que comprovem a infração administrativa.
Publicação Extraordinária da Decisão Administrativa
Sancionadora A proposta do Acordo de Leniência poderá ser
feita até a conclusão do relatório a ser elaborado no
Art. 24 A pessoa jurídica sancionada administrativa- PAR. Vejamos a íntegra do art. 31:
mente pela prática de atos lesivos contra a adminis-
tração pública, nos termos da Lei nº 12.846, de 2013, Art. 31 A proposta de celebração de acordo de
publicará a decisão administrativa sancionadora na leniência poderá ser feita de forma oral ou escrita,
forma de extrato de sentença, cumulativamente: oportunidade em que a pessoa jurídica proponente
I - em meio de comunicação de grande circulação declarará expressamente que foi orientada a respei-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

na área da prática da infração e de atuação da pes- to de seus direitos, garantias e deveres legais e de que
soa jurídica ou, na sua falta, em publicação de cir- o não atendimento às determinações e solicitações
culação nacional; da Controladoria-Geral da União durante a etapa de
II - em edital afixado no próprio estabelecimento negociação importará a desistência da proposta.
ou no local de exercício da atividade, em localidade § 1º A proposta apresentada receberá tratamento
que permita a visibilidade pelo público, pelo prazo sigiloso e o acesso ao seu conteúdo será restrito
mínimo de trinta dias; e aos servidores especificamente designados pela
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo de trinta dias Controladoria-Geral da União para participar da
negociação do acordo de leniência, ressalvada a
e em destaque na página principal do referido sítio.
possibilidade de a proponente autorizar a divulga-
ção ou compartilhamento da existência da propos-
Dica ta ou de seu conteúdo, desde que haja anuência da
Controladoria-Geral da União.
A sanção, aqui, é “envergonhar” a empresa, fazen-
§ 2º Poderá ser firmado memorando de entendimen-
do-a admitir o seu ato de corrupção. A publica- tos entre a pessoa jurídica proponente e a Controla-
ção será feita às expensas da pessoa jurídica doria-Geral da União para formalizar a proposta e
sancionada. definir os parâmetros do acordo de leniência. 183
§ 3º Uma vez proposto o acordo de leniência, a PROGRAMA DE INTEGRIDADE
Controladoria-Geral da União poderá requisitar os
autos de processos administrativos em curso em O Programa de Integridade consiste no conjunto
outros órgãos ou entidades da administração públi- de mecanismos e procedimentos internos de integri-
ca federal relacionados aos fatos objeto do acordo. dade, auditoria e incentivo à denúncia de irregula-
ridades com o objetivo de detectar e sanar desvios,
Em suma, a proposta apresentada:
fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados con-
z Receberá tratamento sigiloso; tra a Administração pública, nacional ou estrangeira,
z O acesso ao seu conteúdo será restrito aos servido- de acordo com o art. 41.
res especificamente designados pela Controlado-
ria-Geral da União para participar da negociação Parâmetros do Programa de Integridade
do Acordo de Leniência.
O programa de integridade será avaliado, quanto a
Pode haver a divulgação desde que autorizada sua existência e aplicação, de acordo com os parâme-
pela proponente e com anuência da CGU. tros elencados no artigo 42.
Vejamos:
Art. 32 A negociação a respeito da proposta do
acordo de leniência deverá ser concluída no pra- Art. 42 [...]
zo de cento e oitenta dias, contado da data de I - comprometimento da alta direção da pessoa jurí-
apresentação da proposta. dica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio
Parágrafo único. A critério da Controladoria-Geral visível e inequívoco ao programa;
da União, poderá ser prorrogado o prazo estabele- II - padrões de conduta, código de ética, políticas e
cido no caput, caso presentes circunstâncias que o procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os
exijam. empregados e administradores, independentemen-
te de cargo ou função exercidos;
A negociação do Acordo de Leniência deve ser con-
III - padrões de conduta, código de ética e políticas
cluída em até 180 dias, prazo que pode ser prorrogado
de integridade estendidas, quando necessário, a
a critério da CGU. terceiros, tais como, fornecedores, prestadores de
serviço, agentes intermediários e associados;
Art. 33 Não importará em reconhecimento da
IV - treinamentos periódicos sobre o programa de
prática do ato lesivo investigado a proposta
integridade;
de acordo de leniência rejeitada, da qual não se
V - análise periódica de riscos para realizar adapta-
fará qualquer divulgação, ressalvado o disposto no
ções necessárias ao programa de integridade;
§ 1º do art. 31.
VI - registros contábeis que reflitam de forma com-
Art. 34 A pessoa jurídica proponente poderá
pleta e precisa as transações da pessoa jurídica;
desistir da proposta de acordo de leniência a
VII - controles internos que assegurem a pronta ela-
qualquer momento que anteceda a assinatura
boração e confiabilidade de relatórios e demonstra-
do referido acordo.
ções financeiros da pessoa jurídica;
Até a celebração do Acordo de Leniência pelo VIII - procedimentos específicos para prevenir frau-
Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da des e ilícitos no âmbito de processos licitatórios,
na execução de contratos administrativos ou em
União, a identidade da pessoa jurídica signatária do
qualquer interação com o setor público, ainda que
Acordo não será divulgada ao público, salvo se autori-
intermediada por terceiros, tal como pagamento de
zada sua divulgação.
tributos, sujeição a fiscalizações, ou obtenção de
autorizações, licenças, permissões e certidões;
Cumprimento do Acordo de Leniência
IX - independência, estrutura e autoridade da instân-
Art. 40 Uma vez cumprido o acordo de leniência cia interna responsável pela aplicação do programa
pela pessoa jurídica colaboradora, serão declara- de integridade e fiscalização de seu cumprimento;
dos em favor da pessoa jurídica signatária, nos ter- X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e
mos previamente firmados no acordo, um ou mais amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e
dos seguintes efeitos: de mecanismos destinados à proteção de denuncian-
I - isenção da publicação extraordinária da tes de boa-fé;
decisão administrativa sancionadora; XI - medidas disciplinares em caso de violação do
II - isenção da proibição de receber incentivos, programa de integridade;
subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de XII - procedimentos que assegurem a pronta inter-
órgãos ou entidades públicos e de instituições finan- rupção de irregularidades ou infrações detectadas
ceiras públicas ou controladas pelo Poder Público; e a tempestiva remediação dos danos gerados;
III - redução do valor final da multa aplicável, XIII - diligências apropriadas para contratação e,
observado o disposto no art. 23; ou conforme o caso, supervisão, de terceiros, tais como,
IV - isenção ou atenuação das sanções adminis- fornecedores, prestadores de serviço, agentes inter-
trativas previstas nos art. 86 a art. 88 da Lei nº 8.666, mediários e associados;
de 1993, ou de outras normas de licitações e contratos. XIV - verificação, durante os processos de fusões,
aquisições e reestruturações societárias, do cometi-
mento de irregularidades ou ilícitos ou da existência
Importante! de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas envolvidas;
XV - monitoramento contínuo do programa de inte-
Os efeitos do Acordo de Leniência serão estendi- gridade visando seu aperfeiçoamento na prevenção,
dos às pessoas jurídicas que integrarem o mes- detecção e combate à ocorrência dos atos lesivos
mo grupo econômico desde que tenham firmado previstos no art. 5º da lei nº 12.846, de 2013; e
o Acordo em conjunto. (Parágrafo Único, Art. 40). XVI - transparência da pessoa jurídica quanto a
184 doações para candidatos e partidos políticos.
§ 1º na avaliação dos parâmetros de que trata este artigo, serão considerados o porte e especificidades
da pessoa jurídica, tais como:
I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
II - a complexidade da hierarquia interna e a quantidade de departamentos, diretorias ou setores;
III - a utilização de agentes intermediários como consultores ou representantes comerciais;
IV - o setor do mercado em que atua;
V - os países em que atua, direta ou indiretamente;
VI - o grau de interação com o setor público e a importância de autorizações, licenças e permissões governamentais
em suas operações;
VII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que integram o grupo econômico; e
VIII - o fato de ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte.

Na avaliação de microempresas e empresas de pequeno porte, serão reduzidas as formalidades, bem como
algumas não serão exigidas.

CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INIDÔNEAS E SUSPENSAS E DO CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS


PUNIDAS

Art. 43 O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS conterá informações referentes às sanções
administrativas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição ao direito de participar de licitações
ou de celebrar contratos com a administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais:
I - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a administração pública,
conforme disposto no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993;
II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública, conforme disposto no inciso
IV do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993;
III - impedimento de licitar e contratar com União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme disposto no
art. 7º da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002;
IV - impedimento de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme disposto no
art. 47 da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011;
V - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a administração pública,
conforme disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; e
VI - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública, conforme disposto no inciso
V do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011.

Dos incisos do art. 43, podemos extrair as seguintes informações:

z Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração Pública;


z Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública;
z Suspensão temporária ou impedimento de participação em licitação e de contratar com a Administração
Pública.

CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS (CNEP)

Art. 45 O Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP conterá informações referentes:


I - às sanções impostas com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013; e
II - ao descumprimento de acordo de leniência celebrado com fundamento na Lei nº 12.846, de 2013.
Parágrafo único. As informações sobre os acordos de leniência celebrados com fundamento na Lei nº 12.846, de
2013, serão registradas no CNEP após a celebração do acordo, exceto se causar prejuízo às investigações ou ao
processo administrativo.

Exclusão do Cadastro

Art. 47 A exclusão dos dados e informações constantes do CEIS ou do CNEP se dará:


I - com fim do prazo do efeito limitador ou impeditivo da sanção; ou
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

II -mediante requerimento da pessoa jurídica interessada, após cumpridos os seguintes requisitos, quando
aplicáveis:

ÉTICA APLICADA
ÉTICA, MORAL, VALORES E VIRTUDES

O ponto inicial desta matéria precisa de uma distinção que comumente passa batido: a diferença de ética e
moral. Você precisa de certezas firmes e objetivas para realizar a sua prova.
Ética é uma área da filosofia. É um estudo amplo, universal e atemporal. Seu objeto de estudo são princípios
fundamentais das ações e do comportamento humano. A moral, por sua vez, é uma construção social. Sendo assim,
está condicionada a sociedade que a cerca, que a contém. A moral tem um aspecto muito mais objetivo e representa
um momento e uma cultura. 185
Alguns autores trazem ética e moral como sinônimos, mas você precisa ter muito cuidado pois, apesar de
serem semelhantes e abordarem a “mesma coisa” por perspectivas diferentes, as bancas dos concursos estabele-
cem distinções entre esses termos.
Pronto! Temos uma distinção clara:

Princípios
Universal,
ÉTICA atemporal
fundamentais ações
do comportamento

Construção Representa um
MORAL social, ligada a momento e uma
sua sociedade cultura

A ética tem um caráter científico, por isso, suas mudanças e aplicações ocorrem de outra forma. Sua estabilida-
de é muito maior e suas aplicações alcançam uma universalidade. Em algum momento espera-se que mudanças
em conceitos éticos ocorrerão, mas para execução de provas de concurso o conceito de universalidade e estabili-
dade é adequado.
Agora que já conseguimos separar algumas caraterísticas de moral e ética, vamos aproveitar o êxito e nos
aprofundar um pouco nos seus conceitos. Para fazer isso vamos usar um pouco de etimologia.
É conveniente analisar no estudo da Ética sua etimologia. Assim, ética é uma palavra que vem do termo grego
ethos, que quer dizer “modo de ser”, “costume” ou “hábito”. A origem da palavra nos remete instantaneamente para
o cerne de seu conceito que, apesar da dificuldade de estabelecer um significado único, nos envia a um conjunto
de princípios morais ou valores que dão condição a convivência humana em sociedade. Em seguida temos a origem
do termo moral, que tem origem no latim e seria “mos” que tem o mesmo significado de ethos e que deu origem à
palavra “moral”.
A Moral varia no tempo, a depender da conjuntura social. Até o Século XIX, por exemplo, considerava-se nor-
mal que crianças trabalhassem em fábricas. Hoje, além de temos uma legislação especial (Estatuto da Criança e do
Adolescente) que protege essas crianças, a sociedade entendeu a necessidade de tratamento diferenciado a esse
grupo vulnerável.

Feitas essas distinções e estabelecidos alguns conceitos simples, vamos preparar uma tabela bastante objetiva
que vai ajudar nas revisões sobre esse ponto cobrado nas provas.

ÉTICA MORAL

Estudo filosófico, universal e atemporal, basea-


DEFINIÇÃO Sua aplicação está voltada para a prática.
do em princípios.

Não encontra limitações no tempo ou no espa- Seu alcance está condicionado ao local em que se
ALCANCE
ço. É um estudo filosófico e científico. aplica e ao período cultural em que é observada.

Fica relacionada à reflexão, com caráter


BASE A Moral Transforma a reflexão em ação.
especulativo.

As provas de concurso costumam cobrar essa matéria com questões que trazem expressões como: “bom compor-
tamento”, “boa conduta” ou “o bem”, e que acabam confundido o candidato na hora de definir se estão tratando de
ética ou moral pois, apesar das distinções que já estudamos, o limiar de diferenças é tênue.
Assim, certifique-se de qual concepção está sendo cobrada com base nos fundamentos apresentados nas ques-
tões, lembrando que a moral se funda nos costumes e tradições, enquanto a ética se baseia na razão e na reflexão.

Referências

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995.

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª tiragem. SP: Martins Fontes (2003).

Os princípios

Podemos conceber os princípios como sendo alicerces, base para formação dos valores que tem sua origem
186 nos aspectos econômicos, políticos e sociais. Então, podemos os definir como juízos de valor.
Eles são abstratos e possuem indefinição, mas orientam a intepretação da regra. Vejamos um exemplo que a
Constituição apresenta:

Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:   

A Constituição, no caput de seu artigo 37, elenca princípios, mas não apresenta uma medida para cumpri-
mento de cada princípio. A norma, nesse momento, não define quais os limites da legalidade, impessoalidade,
publicidade ou eficiência. Por isso, os princípios são abstratos. Esse papel de definir “os limites de aplicação” dos
princípios e de apresentá-los como valores será exercido em um nível seguinte por meio das regras ou normas a
serem estabelecidas.
Nas palavras de Francisco Amaral (2017):

[...] são pensamentos diretores de uma regulamentação jurídica, critérios para a ação e para a constituição de normas e de
institutos jurídicos [...] Como diretrizes gerais e básicas, servem também para fundamentar e dar unidade a um sistema ou
a uma instituição.

Dica
Regras são prescrições de conduta claras e objetivas. Já os princípios são juízos abstratos de valor que orientam a
interpretação e a aplicação das regras.
A distinção entre princípios e regras traduz uma distinção entre dois tipos de normas.

Valores e virtudes

O Direito recepciona em nosso ordenamento jurídico os valores éticos e morais apontando-os como diretrizes impor-
tantes e como meios de aplicação das normas. Assim, o direito deve ser interpretado muito além das chamadas normas
jurídicas, devendo incorporar a moral em voga naquele momento ao ordenamento jurídico.
Os valores podem ser facilmente exemplificados, mas sua definição é mais complexa. Por exemplo, a vida é um
valor muito importante em nossa sociedade, juntamente com a liberdade e a propriedade. Se vocês repararem,
verão que existe uma relação entre os princípios e as expressões valor, direito, norma e regra.
Inicialmente estabelecemos um princípio: impessoalidade, por exemplo. Em seguida temos que impessoalidade é
a igualdade no tratamento dos cidadãos. A igualdade é um valor e vamos respeitá-lo. Nesse momento só nos faltaria
determinar uma norma de conduta, uma regra para seguirmos. Essa definição de valor é feita informando as pessoas
dos riscos em descumprir a impessoalidade. Ou seja, trazendo esses conceitos para a prática, desrespeitar a impes-
soalidade é uma improbidade administrativa, que configura crime e possui pena. Nesse momento temos um prin-
cípio consistente, um valor definido e uma norma apresentada.

Impessoalidade é um princípio.

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Igualdade é um valor.

deriva uma norma de conduta.

= descumprir a impessoalidade é
improbidade administrativa. Disso
187
Lei de improbidade
Impessoalidade:
Administrativa:
Princípios
garantia de princípio

Princípio Regra Valor


Os princípios são
� � O papel de definir � Os princípios são
juízos de valor, ou será exercido em juízos de valor, ou
seja, são abstratos e um nível seguinte seja, são abstratos e
possuem indefinição através das regras possuem indefinição

Pronto! Definimos os conceitos de princípios e valores e relacionamos esses pontos ao Direito que é o campo
onde vamos aplicá-los.

Referências

AMARAL, Francisco. Direito Civil. Introdução. 5. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2017.

NOÇÕES DE ÉTICA EMPRESARIAL E PROFISSIONAL

Primeiramente, vale destacar que “Ética” é uma palavra originária do grego “Ethos”, que acarreta a noção de
caráter. Para os gregos antigos, este termo carregava a noção de uma percepção individual, no qual devia ser clara
e confortável, guiando o Homem no “Bem agir”.
Já a ética empresarial, ou ainda ética das organizações, é o comportamento da empresa referente à sua condu-
ta ética, ou seja, quando ela age em conformidade aos princípios morais preconizados na sociedade.
Neste sentido, inferimos que a ética empresarial funciona como os pilares morais e de relacionamento defini-
dos dentro da organização para o seu modo de atuação no mercado, diante de seus clientes, funcionários, parcei-
ros e até mesmo concorrentes. Assim, a atuação ética empresarial é aquela na qual está de acordo com os valores
estabelecidos.
Desse modo, a orientação humanística da ética empresarial é caracterizada por um conjunto de ações, projetos e
valores tendo como valor principal a vida humana, ou seja, ao bem estar social do ser humano.
O debate da ética empresarial abrange e questiona inúmeros aspectos da administração das organizações e
de suas relações com a sociedade.
De forma didática, podemos classificar a sua abrangência em quatro categorias (ou níveis):

ABRANGÊNCIA DA ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO

Nível Social Nível do Stakeholder

Na administração e políticas internas Nível Individual

z Nível Social da Ética

As questões éticas relacionam-se com o papel e os efeitos das organizações na sociedade em geral.
São exemplos das questões éticas envolvidas nesse nível:

„ É justo os altos executivos terem seus salários muito maiores do que os trabalhadores operacionais?
„ Pode-se aceitar a influência das empresas privadas nos pleitos eleitorais?

z Nível do Stakeholder

Stakeholder (ou em português, parte interessada) são pessoas associadas diretamente ou indiretamente à
organização ou que sofrem alguma influência em suas decisões.
São exemplos das questões éticas envolvidas neste nível:

„ Quais são as obrigações da organização com relação ao impacto ambiental sobre as comunidades?
„ Quais são as obrigações da empresa em informar os riscos de seus produtos para o consumidor final? Ex.:
tabaco.

z Ética na administração e política internas

Neste nível, a discussão sobre a ética tem seu foco especialmente nas relações entre a organização e seus
empregados.
188 São exemplos das questões éticas envolvidas neste nível:
„ Quais são as obrigações da empresa com seu funcionário?
„ Que participação os empregados devem ter nas decisões que afetam a empresa?

z Nível Individual

No plano individual, as questões éticas dizem respeito de como as pessoas devem tratar-se uma as outras.
São exemplos das questões éticas envolvidas neste nível:

„ Quais os direitos as pessoas têm como trabalhadores e seres humanos?


„ Que normas de conduta devem orientar as decisões que envolvem e afetam outras pessoas?

Afinal, todo este debate sobre a abrangência da ética na Administração, tem como objetivo a transformação da
empresa em uma organização íntegra.
E o que é uma organização íntegra?
O professor Marcelo Coimbra nos ensina que: “uma organização íntegra é aquela que consegue manter, em
cada uma das suas decisões, atividades ou ações uma coerência com a sua identidade, nunca perdendo de vista os
valores que a inspiram e os objetivos que ela deve perseguir, transformando-os em ação concreta”.
Atualmente, devido à complexidade das relações entre as partes envolvidas, o termo Compliance, inerente à
ética empresarial, vem ganhando destaque.
O termo compliance tem sua origem no verbo no idioma inglês to comply, que significa agir de acordo com as
diretrizes estabelecidas, especificações ou legislação, ou seja, a organização deve empenhar-se em cumprir e fazer
cumprir as regras internas e externas na qual regem suas atividades.
Na prática, cada vez mais é exigido das organizações uma conduta ética, transparente e responsável perante
toda a sociedade, não sendo mais aceitas atitudes e ações sem a devida integridade.

Importante!
Estar em compliance é estar em conformidade com as leis e regulamentos (externos e internos), com o obje-
tivo de evitar fraudes, ilícitos e desvios de conduta.

Certamente, você aluno, deve estar se indagando que esses conceitos inerentes à ética são abstratos e de difícil
aplicação no dia a dia da organização. Como, então, aplicar isso no cotidiano da empresa? A resposta se dá por
meio do famoso Código de Ética, nosso próximo assunto!

A GESTÃO DA ÉTICA NAS EMPRESAS PÚBLICAS E PRIVADAS

O principal mecanismo para implantar a gestão da ética de modo eficiente, tanto nas empresas privadas, tanto
nas empresas públicas é com a elaboração e implantação do Código de Ética e/ou conduta.
Como sabemos: documentar é preciso! Assim, o código de ética é o documento utilizado para traduzir o com-
portamento esperado de todos os funcionários, inclusive de dirigentes, gerentes, parceiros comerciais.
De forma simples, o código de ética estabelece regras essenciais que devem ser observados por todos, sem
exceção, além de poder prever sanções para os funcionários que o infringirem.
Em regra, inicia-se com uma mensagem da autoridade máxima (o presidente), e posteriormente encontra-se
os princípios e valores adotados pela organização, além do estabelecimento de direitos, deveres, obrigações e
vedações, abordando diversos outros tópicos relevantes, tais como: responsabilidade social, conflito de interesses,
políticas de proteção de dados, diversidade e inclusão, etc.
Normalmente, as organizações optam por produzir códigos de ética sucintos e de fácil compreensão, favore-
cendo assim a sua difusão, leitura e aplicação.
Na tabela abaixo, trazemos algumas características essenciais na elaboração de um código de ética e/ou
conduta:

SUGESTÕES PARA ELABORAÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA


CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

� Redigido de forma clara, objetiva e, se possível, coloquial


� Linguagem simples e direta, evitando dar margem a dupla interpretação
� Aprovado pela alta administração
� Revisado e alterando periodicamente com participação ativa dos funcionários

A maioria das ações inerentes à gestão da ética nas empresas privadas são compatíveis com as empresas
estatais (empresa pública e sociedade de economia mista). Dessa maneira, a principal diferença não está nas fer-
ramentas, e sim no modo como são formalizadas.
Na gestão privada é possível implantar as políticas de integridade de forma mais célere, aplicando as ações
necessárias para empresa. Já na gestão pública, respeitando o princípio da legalidade, as ações não podem ser
pautadas pela vontade da administração ou dos agentes públicos, mas sim deve-se obrigatoriamente respei-
tar a vontade da Lei.

189
É importante ressaltar que, o princípio da legalidade impõe que o agente público observe, fielmente, todos os
requisitos expressos na Lei.
Nessa lógica, na Administração Pública, a conduta ética é objeto de diversos dispositivos legais, por exemplo:

z Art. 37, da Constituição Federal de 1988:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência

z Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

Decreto nº 1.171/1994

O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somen-
te entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas prin-
cipalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
Federal.

z Lei das Estatais (Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista)

Lei nº 13.303/2016

Art. 9º § 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre:
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da sociedade de economia mista, bem como orientações sobre
a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude;
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação do Código de Conduta e Integridade;
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias internas e externas relativas ao descumprimento
do Código de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e obrigacionais;
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias;
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código de Conduta e Integridade;
VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre Código de Conduta e Integridade, a empregados e
administradores, e sobre a política de gestão de riscos, a administradores.

Outro assunto que entrou para a agenda empresarial, e assim também pode ser cobrado em sua prova, é o
debate da responsabilidade social da empresa.
A responsabilidade social empresarial consiste no conjunto de iniciativas que objetiva o desenvolvimento
sustentável, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista social e ambiental.
Nesta perspectiva, é de suma importância o foco na dimensão ética de suas relações com as partes envol-
vidas, bem como a qualidade dos impactos da organização sobre a sociedade e o meio ambiente.
Para facilitar o entendimento, esquematizamos os principais pontos na figura a seguir:

Responsabilidade Social Empresarial

� Econômico
Desenvolvimento � Social
Sustentável � Ambiental

Outro assunto já cobrado em concursos, é sobre o modelo inicial de responsabilidade social empresarial
desenvolvido por Carroll, no qual se estabelecem as dimensões da responsabilidade social empresarial em for-
ma de uma pirâmide:

190
Responsabilidade
Discricionária

Responsabilidade Ética

Responsabilidade Legal

Responsabilidade
Econômica

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Carroll apud Machado Filho (2020).

Veremos agora cada uma das etapas da pirâmide:

z Responsabilidade Econômica: Envolve as obrigações da empresa de ser produtiva e rentável;


z Responsabilidade Legal: Consiste nas expectativas que a própria sociedade tem de que as empresas cum-
pram suas obrigações de acordo com o arcabouço legal existente;
z Responsabilidade Ética: Consiste em ter um comportamento que a sociedade espera da empresa, agindo com
equidade, justiça e imparcialidade, além de respeitar os direitos individuais;
z Responsabilidade Discricionária (ou filantrópica): Vai além das funções básicas tradicionalmente esperadas
e diz respeito ao envolvimento da empresa com questões relacionadas à melhoria do ambiente social.

Atualmente, com os inúmeros casos de corrupção tanto na iniciativa privada quanto na esfera pública, o com-
portamento ético tornou-se central nos debates nas organizações.
Dessa maneira, a tendência é que as organizações (públicas e privadas) mais transparentes tenham mais cre-
dibilidades em seus relacionamentos sociais e empresariais.
Com isso, a criação e a manutenção de um ambiente ético nas organizações contribuem para o fomento de
uma cultura focada na integridade, na qual permite a participação de todos os atores envolvidos, buscando elimi-
nar possíveis fraudes e corrupções. Por fim, inferimos, que para o sucesso da organização é fundamental o alinha-
mento de sua estrutura organizacional, a fim de atender a princípios éticos e com respeito à legislação nacional, de
modo a que a função social da organização seja efetivamente cumprida.

CÓDIGO DE ÉTICA, DE CONDUTA E POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DA CAIXA


ECONÔMICA FEDERAL

Atenção! Para auxiliar nos seus estudos, disponibilizamos, na área do aluno, em nosso site, o material sobre
“Código de Ética, de Conduta e Política de Responsabilidade Socioambiental da Caixa Econômica Federal”.
O passo a passo para acessar os materiais complementares encontra-se na página 6 desse livro. Você pode, tam-
bém, acessá-los no site da Caixa Econômica Federal.

LEI Nº 7.998/1990 (PROGRAMA DESEMPREGO E ABONO SALARIAL - BENEFICIÁRIOS


E CRITÉRIOS PARA SAQUE)
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

OBJETIVO DA LEI

A Constituição Federal de 1988, no inciso II, do art. 7º, enumera como direitos sociais dos trabalhadores urba-
nos e rurais o seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário, além de prever o salário-família e o
auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda (inciso IV, do art. 201, da CF).
O objetivo da Lei nº 7.998, de 1990, é regular o programa do seguro-desemprego, o abono salarial e, também,
instituir o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

PROGRAMA DE SEGURO-DESEMPREGO

O seguro-desemprego é um benefício previdenciário que possui previsão no inciso II, do art. 7º, e inciso III, do
art. 201, ambos da CF. É pago por alguns meses em dinheiro e destina-se aos trabalhadores urbanos e rurais que
foram dispensados sem justa causa (sem motivo).

191
O seguro-desemprego tem natureza jurídica de z No caso de terceira solicitação ao seguro-desem-
benefício previdenciário, haja vista que uma das fina- prego: A cada 6 (seis) meses de contrato, imedia-
lidades precípuas da Previdência Social é a proteção tamente anteriores à data da dispensa sem justa
ao trabalhador em situação de desemprego involun- causa, o trabalhador fará jus ao benefício. Essa
tário. O benefício em questão objetiva assegurar o regra aplica-se às solicitações posteriores de segu-
sustento do desempregado, bem como almeja a reco- ro-desemprego, se houver.
locação do trabalhador no mercado de trabalho.
O seguro-desemprego é direito pessoal e intransfe- Veja o que dispõe o art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990:
rível do trabalhador, podendo ser requerido a partir
Art. 3º Terá direito à percepção do seguro-desem-
do sétimo dia subsequente à rescisão do contrato
prego o trabalhador dispensado sem justa causa
de trabalho, conforme prevê o art. 6º, da Lei nº 7.998,
que comprove:
de 1990.
I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de
Para avançarmos nos estudos, é importante
pessoa física a ela equiparada, relativos a:
conhecer os conceitos de direito pessoal e direito a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18
intransferível: (dezoito) meses imediatamente anteriores à data
de dispensa, quando da primeira solicitação;
z Direito Pessoal: Garantia que é devida ao traba- b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze)
lhador (pessoa física) e que, via de regra, somente meses imediatamente anteriores à data de dispen-
pode ser paga a ele; sa, quando da segunda solicitação; e
z Direito Intransferível: Garantia devida ao traba- c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente ante-
lhador e que não pode ser transferida a outrem. riores à data de dispensa, quando das demais
solicitações;
O art. 2º, da Lei nº 7.998, de 1990, traz a finalidade
do programa de seguro desemprego. Vejamos: Esquematizando, pode-se organizar o direito ao
seguro-desemprego na seguinte tabela:
Art. 2º [...]
I - prover assistência financeira temporária ao tra- QUANTIDADE MESES ANTES
balhador desempregado em virtude de dispensa DE SALÁRIOS DA DISPENSA
sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalha-
dor comprovadamente resgatado de regime de tra- 1ª VEZ Doze 18 meses
balho forçado ou da condição análoga à de escravo;
II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preser- 2ª VEZ Nove 12 meses
vação do emprego, promovendo, para tanto, ações
3ª VEZ E DEMAIS Seis 6 meses
integradas de orientação, recolocação e qualifica-
ção profissional.
Em 24 de agosto de 2001, foi editada pelo Presi-
dente da República a Medida Provisória nº 2.164-41,
A Lei nº 7.998, de 1990, protege, de forma especial,
que alterou e incluiu diversos dispositivos na Lei nº
os trabalhadores que foram submetidos a regime de
7.998, de 1990. Entre eles, está o art. 8º-C, que estabe-
trabalho forçado ou reduzido a condição análoga
à de escravo. Tais trabalhadores serão resgatados e lece uma regra distinta no tocante à habilitação para
terão direito à percepção de três parcelas de segu- receber o seguro-desemprego.
ro-desemprego no valor de um salário mínimo cada
(art. 2º-C, da Lei nº 7.998, de 1990). Dica
Além disso, terão qualificação profissional e reco- Medida Provisória (MP): Ato normativo emanado
locação no mercado de trabalho, por meio do Sistema pelo Presidente da República nos casos de rele-
Nacional de Emprego (SINE), na forma estabelecida vância e urgência. Apesar de a medida provisória
pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo não ser uma lei propriamente dita, ela entra em
ao Trabalhador (CODEFAT) (§ 1º, do art. 2º-C, da Lei
vigor (produz efeitos) imediatamente. Contudo,
nº 7.998, de 1990).
ela deve ser submetida a um controle posterior,
Um dos pontos mais relevantes da Lei sobre o
seguro-desemprego é saber quem tem direito à per- que é realizado pelo Congresso Nacional. Caso
cepção. Nesse sentido, é necessário que o trabalhador não seja convertida em lei dentro do prazo legal,
tenha sido dispensado sem justa causa (imotivada- a medida provisória perderá a sua eficácia, ou
mente), ou seja, sem motivo pelo empregador, que seja, os seus efeitos jurídicos.
pode ser pessoa jurídica ou física equiparada à pessoa
jurídica. Essa medida provisória traz uma característica
Como contraprestação pela atividade prestada, muito peculiar, pois continua vigente mesmo sem ter
deve ter percebido como salário (art. 3º, da Lei nº sido convertida em lei. Isso se deve ao fato de que a
7.998, de 1990): Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de
2001, no seu art. 2º dispôs expressamente que as medi-
z No caso de primeira solicitação ao seguro-desem- das provisórias que foram editadas antes da publica-
prego: O trabalhador deve ter recebido pelo menos ção dessa Emenda continuam em vigor até que outra
12 (doze) meses de salário, nos últimos 18 meses medida provisória as revogue de forma expressa.
antes da dispensa sem justa causa; Como não sobreveio outra medida provisória
z No caso de segunda solicitação ao seguro-desem- revogando a MP nº 2.164-41, tem-se que esta continua
prego: O trabalhador deve ter recebido pelo menos vigente. Nesse sentido, veja o que dispõe o art. 8º-C, da
9 (nove) meses de salário, nos últimos 12 meses Lei nº 7.998, de 1990, e o art. 2º, da Emenda Constitu-
192 antes da dispensa sem justa causa; cional nº 32, respectivamente:
Art. 8º-C (Lei nº 7.998/1990) Para efeito de habili- da frequência do trabalhador segurado em curso
tação ao Seguro-Desemprego, desconsiderar-se-á o de formação inicial e continuada ou qualificação
período de suspensão contratual de que trata o art. profissional, com carga horária mínima de 160
476-A da CLT, para o cálculo dos períodos de que (cento e sessenta) horas.
tratam os incisos I e II do art. 3º desta Lei. (Incluído É do próprio Poder Executivo a responsabilida-
pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) de pela definição dos critérios e requisitos para a
Art. 2º (MP nº 32) As medidas provisórias edita- concessão da assistência financeira (§ 1º, do art. 3º) do
das em data anterior à da publicação desta emen-
Programa de Seguro-Desemprego, conforme prevê o §
da continuam em vigor até que medida provisória
2º, do art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990.
ulterior as revogue explicitamente ou até delibera-
ção definitiva do Congresso Nacional.
Agora que já estudamos quem possui o direito de
receber o seguro-desemprego, atente-se ao próximo
parágrafo, pois ele será essencial para compreender
Veja que o art. 8º-C, da Lei nº 7.998, de 1990, remete
o número de parcelas às quais trabalhador fará jus.
ao art. 476-A, da Consolidação das Leis do Trabalho
O benefício do seguro-desemprego será conce-
(CLT), que trata da suspensão do contrato de trabalho
dido ao trabalhador variando entre 3 a 5 parcelas
para participação em curso ou programa de qualifi-
(meses), de forma contínua ou alternada. Contudo,
cação profissional. Nos termos do art. 8º-C, para fins
a Lei nº 7.998, de 1990, estabeleceu critérios para a
apuração do direito ao seguro-desemprego, será des-
determinação do número de parcelas que, no caso do
considerado o período que durou a suspensão (art.
máximo de parcelas, deverá observar os 36 (trinta e
3º, da Lei nº 7.998, de 1990).
seis) meses anteriores à dispensa.
Veja o que dispõe o art. 476-A, da CLT:
Através disso, conclui-se que, para estabelecer o
número de parcelas às quais trabalhador tem direi-
Art. 476-A O contrato de trabalho poderá ser sus-
penso, por um período de dois a cinco meses, para
to, deve-se, necessariamente, analisar os últimos 36
participação do empregado em curso ou progra- meses de tempo de serviço antes da dispensa sem jus-
ma de qualificação profissional oferecido pelo ta causa.
empregador, com duração equivalente à suspensão Salienta-se, ainda, que é vedado computar o tem-
contratual, mediante previsão em convenção ou po de serviço de vínculo empregatício anterior que já
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal tenha ensejado o recebimento do seguro-desemprego
do empregado, observado o disposto no art. 471 pelo trabalhador. Vejamos:
desta Consolidação.
Art. 4º O benefício do seguro-desemprego será con-
Além disso, é preciso preencher os requisitos dos cedido ao trabalhador desempregado, por período
incisos III a VI, do art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990: máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de
forma contínua ou alternada, a cada período aqui-
Art. 3º [...] sitivo, contados da data de dispensa que deu
[...] origem à última habilitação, cuja duração será
III - não estar em gozo de qualquer benefício pre- definida pelo Conselho Deliberativo do Fundo de
videnciário de prestação continuada, previsto no Amparo ao Trabalhador (Codefat).
Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, [...]
excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplemen- § 2º A determinação do período máximo men-
tar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de cionado no caput observará a seguinte relação
1976, bem como o abono de permanência em servi- entre o número de parcelas mensais do benefício
ço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973; do seguro-desemprego e o tempo de serviço do
IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; e trabalhador nos 36 (trinta e seis) meses que
V - não possuir renda própria de qualquer natureza antecederem a data de dispensa que originou
suficiente à sua manutenção e de sua família. o requerimento do seguro-desemprego, vedado o
VI - matrícula e frequência, quando aplicável, nos cômputo de vínculos empregatícios utilizados
termos do regulamento, em curso de formação ini- em períodos aquisitivos anteriores:
cial e continuada ou de qualificação profissional
habilitado pelo Ministério da Educação, nos termos Feitos esses apontamentos, é importante mencio-
do art. 18 da Lei no 12.513, de 26 de outubro de nar que o número de parcelas às quais o trabalha-
2011, ofertado por meio da Bolsa-Formação Traba- dor faz jus está estritamente ligado à quantidade de
lhador concedida no âmbito do Programa Nacional requerimentos de seguro-desemprego, uma vez que
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), os incisos I, II, e III, do § 2º, do art. 4º, estabelecem
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

instituído pela Lei no 12.513, de 26 de outubro de critérios distintos para as primeira, segunda e terceira
2011, ou de vagas gratuitas na rede de educação solicitações.
profissional e tecnológica. É importante observar também a regra contida no
§ 2º, do art. 4º, da Lei nº 7.998, de 1990, que estabele-
Atenção! Na apuração dos requisitos para se habi- ce a observância obrigatória do tempo de serviço do
litar ao seguro desemprego, não se considera a sus- trabalhador, qual seja, os 36 (trinta e seis) meses, para
pensão do contrato de trabalho realizada com o fim fins dos requerimentos elencados a seguir:
aperfeiçoamento do trabalhador em curso ou progra-
ma de qualificação profissional, conforme arts. 3º e z Primeiro Requerimento (primeira vez que solicita
8º-C, da Lei 7.998, de 1990, combinados com o 476-A, o seguro-desemprego)
da CLT.
Vale mencionar que, de acordo com o § 1º, do art. Se for a primeira vez que o trabalhador faz o
3º, da Lei nº 7.998, de 1990, a União poderá condicionar requerimento do seguro-desemprego, existem duas
o recebimento da assistência financeira do Programa possibilidades:
de Seguro-Desemprego à comprovação da matrícula e
193
„ O trabalhador receberá quatro parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23
meses, nos últimos 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
„ O trabalhador receberá 5 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 24 meses, nos últimos 36 meses
anteriores à data da sua dispensa.

Art. 4º [...]
§ 2º [...]
I - para a primeira solicitação
a) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência;
b) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência;

z Segundo Requerimento

Se for a segunda vez que o trabalhador faz o requerimento de seguro-desemprego, existem três possibilidades:

„ O trabalhador receberá 3 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 9 meses e, no máximo, 11 meses,
nos últimos 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
„ O trabalhador receberá 4 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23
meses, nos últimos 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
„ O trabalhador receberá 5 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 24 meses, nos últimos 36 meses
anteriores à data da sua dispensa.

Art. 4º [...]
§ 2º [...]
II - para a segunda solicitação:
a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 9 (nove) meses e, no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência;
c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência;

z Terceiro Requerimento e Posteriores

Se for a terceira vez ou posterior que o trabalhador faz o requerimento do seguro-desemprego, existem três
possibilidades:

„ O trabalhador receberá 3 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 6 meses e, no máximo, 11 meses,
no período de 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
„ O trabalhador receberá 4 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23
meses, no período de 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
„ O trabalhador receberá 5 parcelas, caso tenha trabalhado, no mínimo, 24 meses, no período de 36 meses
anteriores à data da sua dispensa.

Art. 4º [...]
§ 2º [...]
III - a partir da terceira solicitação:
a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 6 (seis) meses e, no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou
c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência.

Para fins de fixação do número de parcelas, especificamente no tocante à contagem dos meses, é importante
esclarecer que a fração igual ou superior a quinze dias será considerada como um mês integral.
Ex.: Maria trabalhava na empresa X e foi dispensada imotivadamente com 11 meses e 15 dias de serviço. Sabe-se
que essa é a quinta vez que ela solicita o seguro-desemprego. Nesse caso, Maria teria direito a quantas parcelas? Con-
siderando que, para fins de fixação da quantidade de parcelas do seguro-desemprego, a fração de 15 dias é tida como
um mês inteiro, então, hipoteticamente, Maria trabalhou por 12 meses e, por isso, tem direito a 4 parcelas, conforme
a alínea “b”, do inciso III, do § 2º, do art. 4º, assim como o seu § 3º.
Vejamos:

Art. 4º [...]
§ 2º [...]
III - a partir da terceira solicitação:
[...]
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a
ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou
194
[...]
§ 3º A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os
efeitos do § 2º.

Acompanhe a tabela a seguir, que compila algumas informações importantes:

VÍNCULO
PARCELAS PERÍODO DE REFERÊNCIA
EMPREGATÍCIO

Quatro 12 a 23 meses � O período de referência é fixado pela data da


1ª VEZ dispensa. Assim, conta-se os 36 meses, de maneira
Cinco 24 meses ou mais retroativa, da data da dispensa
Três 9 a 11 meses � O período de vínculo empregatício é contado, de
forma retroativa, a partir da data do período de refe-

36 MESES
2ª VEZ Quatro 12 a 23 meses rência, que coincide com a data da dispensa
� Para fins de fixação do número de parcelas às
Cinco 24 meses ou mais quais o trabalhador faz jus, a fração igual ou supe-
Três 6 a 11 meses rior a 15 dias é considerada como um 1 mês inteiro
� Atenção! Para fins de fixação do número de
3º VEZ E DEMAIS Quatro 12 a 23 meses parcelas que o trabalhador tem direito, é vedado
computar vínculo empregatício anterior que já foi
Cinco 24 meses ou mais objeto de requerimento de desemprego

Sobre a fixação do valor do benefício, o art. 3º, da Lei 7.998, de 1990, estabelece que ela se dará por Bônus do
Tesouro Nacional (BTN), devendo ser calculado segundo 3 (três) faixas salariais. Vejamos:

Art. 5º O valor do benefício será fixado em Bônus do Tesouro Nacional (BTN), devendo ser calculado segundo 3 (três)
faixas salariais, observados os seguintes critérios:
I - até 300 (trezentos) BTN, multiplicar-se-á o salário médio dos últimos 3 (três) meses pelo fator 0,8 (oito décimos);
II - de 300 (trezentos) a 500 (quinhentos) BTN aplicar-se-á, até o limite do inciso anterior, a regra nele contida e, no
que exceder, o fator 0,5 (cinco décimos);
III - acima de 500 (quinhentos) BTN, o valor do benefício será igual a 340 (trezentos e quarenta) BTN.
§ 1º Para fins de apuração do benefício, será considerada a média dos salários dos últimos 3 (três) meses anteriores
à dispensa, devidamente convertidos em BTN pelo valor vigente nos respectivos meses trabalhados.
§ 2º O valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo.
§ 3º No pagamento dos benefícios, considerar-se-á:
I - o valor do BTN ou do salário mínimo do mês imediatamente anterior, para benefícios colocados à disposição do
beneficiário até o dia 10 (dez) do mês;
II - o valor do BTN ou do salário mínimo do próprio mês, para benefícios colocados à disposição do beneficiário após
o dia 10 (dez) do mês.

Sobre o Bônus do Tesouro Nacional (BTN), é imperioso esclarecer que ele foi criado pela Lei nº 7.777, de 19 de
junho de 1989, e tem previsão no art. 5º dessa. Vejamos:

Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá autorizar a emissão de Bônus do Tesouro Nacional - BTN, destinados a prover
o Tesouro Nacional de recursos necessários à manutenção do equilíbrio orçamentário ou para a realização de ope-
rações de crédito por antecipação da receita, observados os limites legalmente fixados.
§ 1º Os BTN terão as seguintes características:
a) prazo: até vinte e cinco anos;
b) remuneração: juros máximos de doze por cento ao ano, calculados sobre o valor nominal, atualizado monetaria-
mente e pagos semestralmente;
c) valor nominal: NCz$ 1,00 (um cruzado novo), em fevereiro de 1989;
d) forma de colocação: oferta pública, com a realização de leilões, podendo ser colocados ao par, com ágio ou
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

deságio;
e) modalidade: nominativa-transferível.
§ 2º O valor nominal dos BTN será atualizado mensalmente pelo IPC.
§ 3º O Ministro da Fazenda poderá autorizar a emissão de BTN contendo cláusula alternativa de opção, por ocasião
do resgate, pela atualização cambial com base na variação da cotação do dólar norte-americano, fixada pelo Banco
Central do Brasil.
§ 4º Os BTN, a partir de seu vencimento, terão poder liberatório para pagamento de impostos federais, de responsa-
bilidade de seu detentor ou de terceiros, pelo valor atualizado de acordo com os §§ 2º e 3º.
§ 5º Os BTN serão emitidos preferencialmente sob a forma escritural, com registro em sistema centralizado de
liquidação e custódia, dos direitos creditórios, das cessões desses direitos, bem assim dos resgates do principal e
dos juros.
§ 6º A negociação dos BTN far-se-á fora das Bolsas de Valores, no mercado aberto, por intermédio de instituições
autorizadas a operar nos mercados financeiros e de capitais, na forma das Leis nºs 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
e 4.728, de 14 de julho de 1965.
§ 7º Fica o Ministro da Fazenda autorizado a celebrar convênios e contratos para a emissão, colocação e resgate
dos BTN.
195
No entanto, apesar de a Lei nº 7.998, de 11 de janei- Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos
ro de 1990, ainda prever expressamente no art. 5º I a III deste artigo, será suspenso por um período
que o valor do benefício do seguro-desemprego será de 2 (dois) anos, ressalvado o prazo de carência, o
fixado em Bônus do Tesouro Nacional, tem-se que direito do trabalhador à percepção do seguro-de-
tal disposição se encontra parcialmente revogada no semprego, dobrando-se este período em caso de
tocante ao BTN, porque o BTN foi extinto pela Lei nº reincidência.
8.177, de 1991. Vejamos:
Visto sobre o Seguro-Desemprego, passemos agora
Art. 3º Ficam extintos a partir de 1º de fevereiro para o estudo do Programa de Qualificação Profissional.
de 1991:
I - o BTN Fiscal instituído pela Lei n° 7.799, de 10 PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
de julho de 1989;
II - o Bônus do Tesouro Nacional (BTN) de que Com o objetivo de contribuir com os trabalhado-
trata o art. 5° da Lei n° 7.777, de 19 de junho de res na busca ou preservação do emprego, instituiu-se
1989, assegurada a liquidação dos títulos em circu- a Bolsa de Qualificação Profissional. Segundo os arts.
lação, nos seus respectivos vencimentos; 2 e 2º-A, temos:

Sabendo da extinção do BTN, surge então uma Art. 2º [...]


dúvida acerca de como será fixado o valor do bene- II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preser-
fício de seguro-desemprego. Para entender melhor, é vação do emprego, promovendo, para tanto, ações
importante observar a redação do inciso V, do art. 19, integradas de orientação, recolocação e qualifica-
da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990. Vejamos: ção profissional.
Art. 2º-A Para efeito do disposto no inciso II do art.
Art. 19 Compete ao Codefat gerir o FAT e deliberar 2º, fica instituída a bolsa de qualificação profis-
sobre as seguintes matérias: sional, a ser custeada pelo Fundo de Amparo ao
[...] Trabalhador - FAT, à qual fará jus o trabalhador
V - propor o aperfeiçoamento da legislação que estiver com o contrato de trabalho suspenso
relativa ao seguro-desemprego e ao abono sala- em virtude de participação em curso ou pro-
rial e regulamentar os dispositivos desta Lei no grama de qualificação profissional oferecido
âmbito de sua competência; pelo empregador, em conformidade com o disposto
em convenção ou acordo coletivo celebrado para
O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao este fim.
Trabalhador (CODEFAT) que, atualmente, conforme a
Medida Provisória nº 1.058, de 27 de julho de 2021, No tocante ao programa de qualificação profissio-
integra a estrutura básica do Ministério do Trabalho e nal, é importante levantar as hipóteses de suspensão
Previdência, ficou incumbido de propor o aperfeiçoa- e de impedimento. Neste sentido, vejamos:
mento da legislação relativa ao seguro-desemprego
e ao abono salarial, assim como de regulamentá-las. Art. 7º-A O pagamento da bolsa de qualificação
Logo, tem-se que a concessão do seguro-desemprego profissional será suspenso se ocorrer a rescisão
poderá ser suspensa (paralisada) nas seguintes hipó- do contrato de trabalho.
[...]
teses (art. 7º, da Lei nº 7.998, de 1990):
Art. 8º-A O benefício da bolsa de qualificação pro-
fissional será cancelado nas seguintes situações:
Art. 7º [...]
I - fim da suspensão contratual e retorno ao
I - admissão do trabalhador em novo emprego;
trabalho;
II - início de percepção de benefício de prestação
II - por comprovação de falsidade na prestação das
continuada da Previdência Social, exceto o auxílio-
informações necessárias à habilitação;
-acidente, o auxílio suplementar e o abono de per-
III - por comprovação de fraude visando à percep-
manência em serviço;
ção indevida da bolsa de qualificação profissional;
III - início de percepção de auxílio-desemprego.
IV - por morte do beneficiário.
IV - recusa injustificada por parte do trabalhador
desempregado em participar de ações de recolo-
cação de emprego, conforme regulamentação do Por fim, encerrando os assuntos acerca do Pro-
Codefat. grama de Qualificação Profissional, o art. 8º-B, da Lei
nº 7.998, de 1990, estabelece uma regra especial que
Além das hipóteses de suspensão, há hipóteses que é aplicável ao trabalhador que, durante a percepção
farão com que o benefício do seguro-desemprego seja da bolsa de qualificação profissional, estiver com o
cancelado, conforme estabelece o art. 8º, da Lei nº seu contrato suspenso. Nesse caso, se o trabalhador
7.998, de 1990: for dispensado no decorrer do período da suspensão
ou, ainda, nos três meses seguintes ao término da sus-
Art. 8º O benefício do seguro-desemprego será pensão, o empregador deverá indenizá-lo na forma
cancelado: prevista na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)
I - pela recusa, por parte do trabalhador desempre- e, além disso, precisará arcar com uma multa no valor
gado, de outro emprego condizente com sua qualifi- integral do último salário recebido pelo trabalhador.
cação e remuneração anterior; Veja o que dispõem o art. 8º-B, da Lei nº 7.998, de
II - por comprovação de falsidade na prestação das 1990, e o art. 476, da Consolidação das Leis do Traba-
informações necessárias à habilitação; lho, respectivamente:
III - por comprovação de fraude visando à percep-
ção indevida do benefício do seguro-desemprego; Art. 8º-B (Lei nº 7.998/1990) Na hipótese prevista
IV - por morte do segurado. no § 5º do art. 476-A da Consolidação das Leis do
196 Trabalho - CLT, as parcelas da bolsa de qualificação
profissional que o empregado tiver recebido serão É imperioso esclarecer que quando se estabelece
descontadas das parcelas do benefício do Seguro- um direito que implica gastos, é necessário que se
-Desemprego a que fizer jus, sendo-lhe garanti- estabeleça também a fonte para o sustentar — neste
do, no mínimo, o recebimento de uma parcela do caso, por meio das contribuições sociais.
Seguro-Desemprego. Conforme consta no aludido dispositivo, o Progra-
ma de Integração Social (PIS) foi criado pela Lei Com-
Art. 476-A (CLT) O contrato de trabalho poderá plementar nº 7, de 1970, e o Programa de Formação do
ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, Patrimônio do Servidor Público (PASEP) por meio da
para participação do empregado em curso ou pro- Lei Complementar nº 08, de 1970.
grama de qualificação profissional oferecido pelo É importante ressaltar que o PIS e o PASEP, à épo-
empregador, com duração equivalente à suspensão ca, eram contribuições sociais isoladas. Contudo, com
contratual, mediante previsão em convenção ou o advento da Lei Complementar nº 26, de 1975, elas
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal
foram unificadas, passando, então, a contribuição a
do empregado, observado o disposto no art. 471
ser denominada PIS-Pasep.
desta Consolidação.
As contribuições do Programa de Integração Social
[...]
(PIS) eram pagas pelas empresas, ao passo que as do
§ 5º Se ocorrer a dispensa do empregado no trans-
curso do período de suspensão contratual ou nos Programa de Formação do Patrimônio do Servidor
três meses subsequentes ao seu retorno ao traba- Público (PASEP) eram pagas pela União, pelos Estados,
lho, o empregador pagará ao empregado, além das pelo Distrito Federal, pelos Municípios e suas autar-
parcelas indenizatórias previstas na legislação quias, empresas públicas, sociedades de economia
em vigor, multa a ser estabelecida em convenção mista e fundações.
ou acordo coletivo, sendo de, no mínimo, cem por Naquela época, os valores arrecadados pelo PIS-Pa-
cento sobre o valor da última remuneração mensal sep destinavam-se à formação de um fundo (Fundo de
anterior à suspensão do contrato. Participação PIS-Pasep). Assim, cada trabalhador, seja
empregado celetista ou servidor público, fazia jus a
PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL uma cota do PIS-Pasep, pela qual eram depositados os
valores de forma mensal. A situação manteve-se assim
Suspensão Cancelamento até o dia 4 de outubro de 1988, pois em 5 de outubro
de 1988 foi promulgada a Constituição Federal de 1988,
Conceito: Trata-se do in- � Pelo decurso do tempo,
que, entre outras coisas, alterou essa situação.
tervalo de tempo em que ou seja, pelo fim da sus-
A Constituição Federal de 1988 criou o Fundo de
o trabalhador não traba- pensão do contrato, com
Amparo ao Trabalhador (FAT), bem como deter-
lha e também não recebe o consequente retorno do
minou que as verbas e arrecadações do Programa
salário trabalhador ao trabalho
de Integração Social e do Programa de Formação do
Vamos à hipótese:
� Se, durante o decurso Patrimônio do Servidor Público (PIS-Pasep), a partir
� A bolsa de qualificação
da bolsa, ficar comprova- daquela data, seriam destinadas ao financiamento do
será suspensa se houver Programa de Seguro-Desemprego e ao pagamento do
a rescisão do contrato de do que as informações
prestadas quando da ha- Abono Salarial.
trabalho do trabalhador Importante! A Emenda Constitucional nº 103, de
Atenção! Se, durante o bilitação são falsas
2019, alterou o art. 239, da CF, inserindo que as arre-
período de suspensão ou � Se for comprovado cadações do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
nos três meses seguin- fraude visando o recebi- também servirão para financiar “outras ações da
tes do retorno às suas mento indevido da bolsa previdência social”.
atividades, o trabalhador de forma indevida Em virtude das alterações promovidas pela Cons-
for dispensado, o empre- tituição de 1988, os valores arrecadados pela contri-
gador arcará com todas � Pela morte do trabalha- buição social “PIS-Pasep” (que antes eram depositados
as verbas rescisórias do dor beneficiário diretamente na conta dos cotistas que integravam o
trabalhador e, além disso, Fundo de Participação PIS-Pasep) passaram a se des-
será multado tinar ao FAT.
Além dos destinatários previstos na CF, a Lei nº
ABONO SALARIAL 7.998, de 1990, prevê:

O abono salarial anual é um direito, pago em Art. 10 É instituído o Fundo de Amparo ao Traba-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

dinheiro, garantido aos trabalhadores públicos ou lhador (FAT), vinculado ao Ministério do Traba-
privados, que se encontra previsto no art. 239, da lho e Emprego, destinado ao custeio do Programa
Constituição Federal. O direito à percepção ao abono de Seguro-Desemprego, ao pagamento do abono
encontra-se regulado no art. 9º, da Lei nº 7.998, de salarial e ao financiamento de programas de
1990. Vejamos: educação profissional e tecnológica e de desen-
volvimento econômico.
Art. 239 A arrecadação decorrente das contribui-
ções para o Programa de Integração Social, Com a nova destinação das arrecadações, a partir
criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setem- da Constituição Federal de 1988, ficaram estabeleci-
bro de 1970, e para o Programa de Formação do
das duas situações:
Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei
Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, pas-
sa, a partir da promulgação desta Constituição, a z Os valores do Fundo de Participação PIS-Pasep
financiar, nos termos que a lei dispuser, o progra- que já estavam depositados nas contas individuais
ma do seguro-desemprego, outras ações da pre- dos cotistas foram mantidos, contudo, o saque dos
vidência social e o abono de que trata o § 3º deste valores só era autorizado em algumas hipóteses
artigo. previstas em lei. 197
A Lei nº 13.932, de 2019, alterou a Lei Comple- sentido estrito, possuem força de lei ordinária. Como
mentar 26, autorizando, então, o saque integral. possuem força de lei ordinária, tem-se que não pos-
Entretanto, a Lei nº 13.932, de 2019, é uma lei ordi- suem força normativa para alterar/extinguir leis com-
nária, e, via de regra, leis ordinárias não alteram leis plementares, mas tão somente leis ordinárias. Ocorre
complementares. que a Lei Complementar nº 26, de 1975, é anterior à
Aqui, existe uma excepcionalidade: a Lei Comple- Constituição Federal de 1988, e ela recepcionou a Lei
mentar nº 26 é de 1975, ou seja, de antes da Consti- Complementar nº 26 apenas com status de lei ordiná-
tuição Federal de 1988. Contudo, a CF recepcionou a ria. Isso tornou, por conseguinte, possível a edição de
Lei Complementar (ou seja, transportou a Lei Comple- Medida Provisória.
mentar da Constituição anterior). Nesse caso, a CF de
1988 recepcionou-a com status de lei ordinária, por Feitos esses apontamentos, vamos aos requisitos
isso, foi possível que a Lei 13.932, de 2019, alterasse para o recebimento do abono salarial anual. O art. 9º,
uma lei complementar. da Lei nº 7.998 de 1990, traz os seguintes requisitos:

Dica Art. 9º É assegurado o recebimento de abono sala-


rial anual, no valor máximo de 1 (um) salário-
Recepção: Fenômeno jurídico pelo qual uma -mínimo vigente na data do respectivo pagamento,
nova constituição traz uma lei que estava que aos empregados que:
estava vigente na constituição anterior. I - tenham percebido, de empregadores que contri-
buem para o Programa de Integração Social (PIS)
Art. 4º [...] ou para o Programa de Formação do Patrimônio
§ 1º Fica disponível a qualquer titular da conta indi- do Servidor Público (Pasep), até 2 (dois) salários
vidual dos participantes do PIS-Pasep o saque inte- mínimos médios de remuneração mensal no perío-
gral do seu saldo a partir de 19 de agosto de 2019. do trabalhado e que tenham exercido atividade
remunerada pelo menos durante 30 (trinta) dias no
z Os novos valores arrecadados foram arrecadados ano-base;
II - estejam cadastrados há pelo menos 5 (cinco)
com a contribuição do PIS-Pasep: Serão utilizados
anos no Fundo de Participação PIS-Pasep ou no
para financiar o programa seguro-desemprego, o
Cadastro Nacional do Trabalhador.
abono salarial e outras ações da previdência social.
Para auxiliar a compreensão do artigo em ques-
Cumpre ressaltar que em 7 de abril de 2020 foi edi-
tão, faz-se necessário esclarecer o que se entende por
tada a Medida Provisória nº 946, que, dentre outros
ano-base. Em suma, o termo ano-base é usado para
assuntos, extinguiu o Fundo de Participação PIS-Pa-
produzir a ideia de qual será o ano utilizado como
sep e transferiu os recursos nele contidos para o patri-
referência, que, neste caso, será o ano anterior ao do
mônio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
que se recebe o abono salarial.
Não confunda: a Medida Provisória em questão
extinguiu o Fundo de Participação PIS-Pasep, e não o
Abono Salarial. REQUISITOS PARA RECEBIMENTO
A propósito, Fundo Participação PIS-Pasep e Abo- Ter trabalhado de carteira assinada por, no mínimo,
no Salarial não se confundem. Fundo de Participação 30 dias no ano anterior
era a forma pela qual o PIS-Pasep era aplicado antes
da Constituição Federal de 1988. Naquela época, os Ter recebido, na média, até dois salários mínimos
trabalhadores recebiam cotas do PIS-Pasep em suas mensais (no ano anterior)
contas individuais.
Já o abono salarial anual é um direito, pago em Estar inscrito no PIS-Pasep ou cadastro nacional do
trabalhador há pelo menos cinco anos
dinheiro, garantido aos trabalhadores públicos ou
privados.
Lembre-se, ainda, de que, com a entrada em vigor É importante reforçar que, para fazer jus ao bene-
da Constituição Federal de 1988, os valores que já fício, é necessário que o trabalhador tenha recebido,
estavam nas contas dos trabalhadores cotistas foram em média, até dois salários mínimos.
mantidos; contudo, as hipóteses de saque foram limi- Acompanhe o seguinte:
tadas às hipóteses da lei.
A verdade é que, apesar da Lei nº 13.932, de 11 Art. 9º [...]
de dezembro de 2019, já ter liberado os valores inte- § 1º No caso de beneficiários integrantes do Fundo
grais das contas individuais dos trabalhadores cotis- de Participação PIS-Pasep, serão computados no
tas do Fundo de Participação PIS-Pasep, grande parte valor do abono salarial os rendimentos proporcio-
do dinheiro ainda não tinha sido sacado. Por isso, em nados pelas respectivas contas individuais.
razão da relevância e urgência (requisitos autoriza-
dos da Medida Provisória) desencadeada pela pande- Conforme consta do caput do art. 9º, da Lei nº
mia do Corona Vírus, foi possível a edição da Medida 7.998, de 1990, o valor máximo é de um salário míni-
Provisória nº 946, de 2020, que extinguiu o Fundo de mo. O montante do abono salarial é calculado na
Participação do PIS-Pasep e transferiu o patrimô- proporção de 1/12 (um doze avos) do valor do salá-
nio nele contido para o Fundo de Garantia do Tempo rio-mínimo vigente na data do respectivo pagamento,
de Serviço (FGTS), injetando, assim, na economia o multiplicado pelo número de meses trabalhados no
dinheiro que estava ali parado. ano anterior. Logo, para que o trabalhador receba o
Atenção! Há uma peculiaridade interessante sobre valor máximo (um salário mínimo), é necessário que
a Medida Provisória nº 946, de 7 de abril de 2020. Via ele tenha trabalhado por 12 meses durante o ano-base
198 de regra, as medidas provisórias, que não são leis em (ano anterior).
Salienta-se que, para fins de cálculo do montante O FAT é um fundo contábil e de natureza financei-
do abono salarial ao qual fará jus o trabalhador, a fra- ra, constituído pelos seguintes recursos:
ção de dias de trabalho igual ou superior a 15 dias será
considerada com um mês inteiro, ou seja, como 1/12 Art. 11 [...]
avos. I - o produto da arrecadação das contribuições
De acordo com o § 4º, do art. 9º: devidas ao PIS e ao Pasep;
II - o produto dos encargos devidos pelos contri-
Art. 9º [...] buintes, em decorrência da inobservância de suas
§ 4º O valor do abono salarial será emitido em obrigações;
unidades inteiras de moeda corrente, com a suple- III - a correção monetária e os juros devidos pelo
mentação das partes decimais até a unidade inteira agente aplicador dos recursos do fundo, bem como
imediatamente superior. pelos agentes pagadores, incidentes sobre o saldo
dos repasses recebidos;
Por sua vez, o art. 9º-A traz as formas de pagamento: IV - o produto da arrecadação da contribuição adi-
cional pelo índice de rotatividade, de que trata o §
4º do art. 239 da Constituição Federal.
Art. 9º-A O abono será pago pelo Banco do Brasil
V - outros recursos que lhe sejam destinados.
S.A. e pela Caixa Econômica Federal mediante:
I - depósito em nome do trabalhador;
II - saque em espécie; ou Gestão
III - folha de salários.
§ 1º Ao Banco do Brasil S.A. caberá o pagamento A gestão do Fundo de Amparo ao Trabalhador é
aos servidores e empregados dos contribuintes responsabilidade do Conselho Deliberativo do Fun-
mencionados no art. 14 do Decreto-Lei nº 2.052, de do de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), compos-
3 de agosto de 1983, e à Caixa Econômica Federal, to por representação de trabalhadores, empregadores
aos empregados dos contribuintes a que se refere o e órgãos e entidades governamentais. Portanto, per-
art. 15 desse Decreto-Lei. ceba que a comissão do Conselho é mista. A responsa-
§ 2º As instituições financeiras pagadoras man- bilidade pela nomeação dos integrantes é do próprio
terão em seu poder, à disposição das autoridades Ministério do Trabalho.
fazendárias, por processo que possibilite sua ime-
diata recuperação, os comprovantes de pagamen- Art. 18 É instituído o Conselho Deliberativo do
tos efetuados. Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT,
composto por representação de trabalhadores,
Para compreender o disposto no § 1º, do art. 9º-A, é empregadores e órgãos e entidades governamen-
preciso observar a redação dos arts. 14 e 15, do Decre- tais, na forma estabelecida pelo Poder Executivo.
to-Lei nº 2.052, de 3 de agosto de 1983. Vejamos:
É importante saber de quem é a responsabilidade
Art. 14 São participantes contribuintes do PASEP: pela indicação dos representantes dos trabalhado-
I - a União, os Estados, o Distrito Federal, os Terri- res e dos empregadores. Por isso, criamos a seguinte
tórios e Municípios; tabela:
II - as autarquias em geral, inclusive quaisquer enti-
dades criadas por lei federal com atribuições de fis-
calização do exercício de profissões liberais; REPRESENTANTES DOS Centrais Sindicais e Confe-
III - as empresas públicas e suas subsidiárias; TRABALHADORES derações de Trabalhadores
IV - as sociedades de economia mista e suas
REPRESENTANTES DOS
subsidiárias; Confederações
V - as fundações instituídas, mantidas ou supervi-
EMPREGADORES
sionadas pelo Poder Público;
Art. 15 São participantes contribuintes do PIS as
pessoas jurídicas de direito privado, bem como as Importante!
que lhes são equiparadas pela legislação do impos-
to sobre a renda e as definidas como empregadoras Os membros do CODEFAT não são remunerados.
pela legislação trabalhista, inclusive entidades de
fins não lucrativos e condomínios em edificações,
não compreendidas em quaisquer dos itens do art. O CODEFAT possuirá diversas atribuições e caberá
14 anterior. a ele deliberar sobre as seguintes matérias:
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR Art. 19 [...]


I - (Vetado).
O art. 10, da Lei nº 7.998, de 1990, conceitua o Fun- II - aprovar e acompanhar a execução do Plano de
do de Amparo ao Trabalhador, além de especificar o Trabalho Anual do Programa do Seguro-Desempre-
Ministério ao qual está vinculado. go e do abono salarial e os respectivos orçamentos;
III - deliberar sobre a prestação de conta e os relató-
Art. 10 É instituído o Fundo de Amparo ao Traba- rios de execução orçamentária e financeira do FAT;
lhador (FAT), vinculado ao Ministério do Trabalho IV - elaborar a proposta orçamentária do FAT, bem
e Emprego , destinado ao custeio do Programa de como suas alterações;
Seguro-Desemprego, ao pagamento do abono sala- V - propor o aperfeiçoamento da legislação relativa
rial e ao financiamento de programas de educação ao seguro-desemprego e ao abono salarial e regula-
profissional e tecnológica e de desenvolvimento mentar os dispositivos desta Lei no âmbito de sua
econômico. competência;
VI - decidir sobre sua própria organização, elabo-
rando seu regimento interno; 199
VII - analisar relatórios do agente aplicador quan- Vamos à análise de cada um dos princípios expres-
to à forma, prazo e natureza dos investimentos sos no caput dispositivo em comento.
realizados; No princípio da legalidade o agente público está
VIII - fiscalizar a administração do fundo, podendo restringido ao que a lei o autoriza a fazer (compe-
solicitar informações sobre contratos celebrados tência de atuação), ou seja, deve atuar somente den-
ou em vias de celebração e quaisquer outros atos; tro dos limites estabelecidos em lei, assim, quando o
IX - definir indexadores sucedâneos no caso de agente pratica um ato que não está previsto em lei,
extinção ou alteração daqueles referidos nesta Lei; este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente
X - baixar instruções necessárias à devolução de público recebe vantagem econômica de qualquer
parcelas do benefício do seguro-desemprego, inde- natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
vidamente recebidas;
ou a prática de jogos de azar.
XI - propor alteração das alíquotas referentes às
No princípio da impessoalidade (ou princípio da
contribuições a que alude o art. 239 da Constitui-
finalidade) o agente público sempre deve prezar pela
ção Federal, com vistas a assegurar a viabilidade
defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia
econômico-financeira do FAT;
XII - (Vetado);
(tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun-
XIII - (Vetado); ções públicas.
XIV - fixar prazos para processamento e envio ao Já o princípio da moralidade está relacionado à
trabalhador da requisição do benefício do seguro- ideia de boa fé e probidade, sendo que o agente deve
-desemprego, em função das possibilidades técnicas atuar buscando o interesse público e evitar se valer do
existentes, estabelecendo-se como objetivo o prazo cargo público e do poder incumbido para se promover
de 30 (trinta) dias; ou atender algum interesse individual.
XV - (Vetado); No que tange ao princípio da publicidade, este
XIV - (Vetado); exige que a atuação do poder público seja transparen-
XVII - deliberar sobre outros assuntos de interesses te e com acesso à informação a toda população, sendo
do FAT. que as informações devem ser claras e publicadas no
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade
FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES (editais) conforme a lei de acesso à informação, assim
os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos
A responsabilidade pela fiscalização do Progra- agentes públicos.
ma de Seguro-Desemprego e do abono salarial é do No que concerne aos princípios, o princípio da efi-
Ministério do Trabalho e as penalidades são impos- ciência, como o próprio nome já demonstra, refere-se
tas pelas Delegacias Regionais do Trabalho. à atuação da administração pública com presteza e da
Se o trabalhador infringir a lei e houver percebi- maneira mais eficiente possível, por exemplo, a pres-
do indevidamente parcela de seguro-desemprego teza do agente público no atendimento em um hospi-
sujeitar-se-á à compensação automática do débi- tal, objetivando garantir o atendimento mais rápido
to com o novo benefício, na forma e no percentual possível aos pacientes, garantindo a estes o acesso ao
definidos por resolução do CODEFAT. Contudo, o ato médico e medicamentos de maneira eficiente.
administrativo de compensação automática poderá
ser objeto de impugnação, no prazo de 10 (dez) dias, z Princípios implícitos
pelo trabalhador, por meio de requerimento de revi-
são simples. Ainda, além dos princípios expressos no art. 37 da
Constituição, a Administração Pública também deve
observar os da supremacia do interesse público,
princípio da razoabilidade, princípio da propor-
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da
ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha-
FEDERAL (PRINCÍPIOS madas de “princípios implícitos” que, apesar de não
estarem expressos na Constituição, também devem
CONSTITUCIONAIS DA
ser observados pela Administração Pública.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: Os princípios implícitos são obtidos por meio de
PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí-
citos no texto mesmo não aparecendo expressamente.
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está
PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA) escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele
também pode ser observado a partir do que dispõe o
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA ADMINISTRAÇÃO inciso LXXVIII, art. 5° da CF, vejamos:
PÚBLICA
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra-
Os princípios específicos da Administração Pública tivo, são assegurados a razoável duração do pro-
estão fundamentados no caput do art. 37 da Constitui- cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
ção, são os chamados princípios constitucionais explí- tramitação. 
citos da administração pública, vejamos:
Referente ao princípio da razoabilidade e pro-
Art. 37 A administração pública direta e indireta porcionalidade o agente público quando vai agir
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do deve praticar os atos de forma proporcional, para evi-
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos tar os excessos, serve de limite para os atos discricio-
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- nários. Por exemplo, inciso VII do art. 132 da Lei nº
200 de, publicidade e eficiência [...]. Lei 8.112/90, prevê a demissão do servidor público em
caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso z Empresa: “[...] pessoa jurídica, nos termos da legis-
das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali- lação do Imposto de Renda [...]”.
sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso z Empregado: “[...] todo aquele assim definido pela
de força física em alguns casos, sendo que esta não é Legislação Trabalhista.”
uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto.
Já o princípio da supremacia do interesse público Cabe mencionar, ainda, que a legislação trabalhis-
se refere ao interesse público, devendo este sempre ta (CLT) define empregado como toda pessoa física que
sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse prestar serviços de natureza não eventual a emprega-
dor, sob a dependência deste e mediante salário.
da sociedade prevalece sobre o interesse individual.
A participação dos trabalhadores avulsos, assim
Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de
definidos os que prestam serviços a diversas empre-
2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação
sas, sem relação empregatícia, no Programa de Inte-
pelo poder público para que ocorresse o isolamento gração Social, far-se-á nos termos do Regulamento a
(lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu ser baixado, de acordo com o art. 11 desta Lei, confor-
direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala- me o § 2º, art. 1º, da lei em estudo.
midade pública decretada, note que, o interesse da Em seu art. 2º, a lei estabelece a forma como fun-
coletividade deve ser sempre observado e ter prefe- cionará o PIS:
rência em relação ao direito do particular.
No que tange ao princípio da autotutela, esse Art. 2º O Programa de que trata o artigo anterior
se refere ao poder que a Administração Pública tem será executado mediante Fundo de Participação,
para anular seus próprios atos, ou seja, não depende constituído por depósitos efetuados pelas empresas
do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas. na Caixa Econômica Federal.
Por exemplo, a Previdência Social defere a con-
cessão de benefício previdenciário (por força de uma O dispositivo traz, em seu parágrafo único, que
a Caixa Econômica Federal — daqui em diante CEF
interpretação errônea) a um determinado cidadão,
— poderá, também, celebrar convênios com estabe-
entretanto após identificar o erro à própria Previdên-
lecimentos da rede bancária nacional, para o fim de
cia Social pode cancelar esse benefício.
receber tais depósitos.
Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem
por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia Art. 3º O Fundo de Participação será constituído
de que o agente público irá desempenhar sua função por duas parcelas:
observando as diretrizes da Administração Pública. a) a primeira, mediante dedução do Imposto de
Renda devido, na forma estabelecida no § 1º deste
artigo, processando-se o seu recolhimento ao Fun-
PRINCÍPIOS DA do juntamente com o pagamento do Imposto de
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Renda;
b) a segunda, com recursos próprios da empresa,
EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS calculados com base no faturamento, como segue:
1) no exercício de 1971, 0,15%;
Expressos art. 37 CF/88 2) no exercício de 1972, 0,25%;
“L I M P E” 3) no exercício de 1973, 0,40%;
� Supremacia do Inte- 4) no exercício de 1974 e subseqüentes, 0,50%.
z Legalidade; resse Público;
z Impessoalidade; � Razoabilidade; CONSTITUIÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO
z Moralidade; z Proporcionalidade;
z Publicidade; z Autotutela; PRIMEIRA SEGUNDA
z Eficiência. z Segurança Jurídica.

O Agente público deve observar os princípios Mediante dedução


administrativos explícitos do art. 37 da CF e também do Imposto de Com recursos próprios da em-
os princípios implícitos da Administração Pública, Renda devido presa calculados com base no
sendo que a não observância do mesmo resultará em faturamento:
responsabilização criminal, civil e administrativa. Processando-se o � No exercício de 1971 — 0,15%
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

seu recolhimento ao � No exercício de 1972 — 0,25%


fundo juntamente � No exercício de 1973 — 0,40%
com o pagamento � No exercício de 1974 — 0,50%
do Imposto de � Subsequentes — 0,50%
LEI COMPLEMENTAR Nº 7/1970 (PIS) Renda

O texto de lei inicia-se, trazendo o seu objeto, que


é a criação/instituição do Programa de Integração
Social — PIS. A dedução em questão será feita sem prejuízo do
direito de utilização dos incentivos fiscais previstos na
Art. 1º É instituído, na forma prevista nesta Lei, o legislação em vigor e calculada com base no valor do
Programa de Integração Social, destinado a promo- Imposto de Renda devido, nas seguintes proporções
ver a integração do empregado na vida e no desen- (alíneas “a”, “b” e “c”, § 1º, do art. 3º):
volvimento das empresas.
No § 1º, do art. 1º, nota-se as definições de empresa z No exercício de 1971 — 2%
e empregado para os fins trazidos na lei. Vejamos: z No exercício de 1972 — 3% 201
z No exercício de 1973 — 5%
z Nos subsequentes — 5% PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NO FUNDO

§ 2º As instituições financeiras, sociedades segu-


radoras e outras empresas que não realizam ope- Mediante depósitos efetuados
rações de vendas de mercadorias participarão do em contas individuais
Programa de Integração Social com uma contribui-
ção ao Fundo de Participação de recursos próprios
de valor idêntico do que for apurado na forma do
parágrafo anterior. 50% do valor 50% do valor

Segundo a lei em questão, o Conselho Nacional


Dividido em partes
poderá alterar até 50% (cinquenta por cento), para Dividido em partes
proporcionais aos
mais ou para menos, os percentuais de contribuição proporcionais ao
quinquênios de
de que trata o § 2º, do art. 3º, tendo em vista a propor- montante de salários
serviços prestados
cionalidade das contribuições. recebidos no período
pelo empregado
O art. 3º ainda dispõe sobre outras circunstâncias
pontuais em relação à contribuição, como se pode § 1º Para os fins deste artigo, a Caixa Econômi-
observar: ca Federal, com base nas Informações fornecidas
pelas empresas, no prazo de 180 (cento e oitenta)
Art. 3º [...] dias, contados da publicação desta Lei, organizará
§ 3º As empresas a título de incentivos fiscais este- um Cadastro-Geral dos participantes do Fundo, na
jam isentas, ou venham a ser isentadas, do paga- forma que for estabelecida em regulamento.
mento do Imposto de Renda, contribuirão para o
Fundo de Participação, na base de cálculo como se O dispositivo estabelece, ainda, condições de pena-
aquele tributo fosse devido, obedecidas as percenta- lidades, como se pode observar:
gens previstas neste artigo.
§ 4º As entidades de fins não lucrativos, que tenham § 2º A omissão dolosa de nome de empregado entre
empregados assim definidos pela legislação traba- os participantes do Fundo sujeitará a empresa a
lhista, contribuirão para o Fundo na forma da lei. multa, em benefício do Fundo, no valor de 10 (dez)
meses de salários, devidos ao empregado cujo nome
§ 5º A Caixa Econômica Federal resolverá os casos
houver sido omitido.
omissos, de acordo com os critérios fixados pelo
§ 3º Igual penalidade será aplicada em caso de
Conselho Monetário Nacional.
declaração falsa sobre o valor do salário e do tem-
po de serviço do empregado na empresa.
No art. 5º, percebe-se a competência da CEF para
a emissão da caderneta de participação para cada Conforme mencionado, os arts. 8º e 9º foram
empregado com movimentação referente aos arts. 8º revogados pela Lei Complementar 26, de 1975, que
e 9º, os quais foram revogados. unificou o PIS e o PASEP. No entanto, as disposições
contidas nesses dispositivos foram refletidas nos
Art. 5º A Caixa Econômica Federal emitirá, em arts. 3º e 4º da referida lei. Vejamos:
nome de cada empregado, uma Caderneta de Par-
ticipação - Programa de Integração Social - movi- Art. 3º Após a unificação determinada no art. 1º,
mentável na forma dos arts. 8º e 9º desta Lei. as contas individuais dos participantes passarão a
ser creditadas:
z A efetivação dos depósitos no Fundo correspon- a) pela correção monetária anual do saldo credor,
obedecidos os índices aplicáveis às Obrigações Rea-
dente à contribuição com recursos da empresa
justáveis do Tesouro Nacional (ORTN);
será processada mensalmente a partir de 1º de b) pelos juros mínimos de 3% (três por cento) cal-
julho de 1971 (art. 6º); culados anualmente sobre o saldo credor corrigido;
z A contribuição de julho será calculada com base c) pelo resultado líquido adicional das operações
no faturamento de janeiro; a de agosto, com base realizadas com recursos do PIS-PASEP, deduzi-
no faturamento de fevereiro; e assim sucessiva- das as despesas administrativas e as provisões de
mente (parágrafo único, do art. 6º). reserva cuja constituição seja indispensável.
Art. 4º As importâncias creditadas nas contas indi-
viduais dos participantes do PIS-PASEP são ina-
A participação dos empregados é definida no art. 7º:
lienáveis, impenhoráveis e, ressalvado o disposto
nos parágrafos deste artigo, indisponíveis por seus
Art. 7º A participação do empregado no Fundo titulares.”
far-se-á mediante depósitos efetuados em contas
individuais abertas em nome de cada empregado, Avançando nosso estudo, o art. 10 dispõe sobre
obedecidos os seguintes critérios: a natureza das obrigações decorrentes da presente
a) 50% (cinqüenta por cento) do valor destinado legislação.
ao Fundo será dividido em partes proporcionais ao
montante de salários recebidos no período); Art. 10 As obrigações das empresas, decorrentes
b) os 50% (cinqüenta por cento) restantes serão desta Lei, são de caráter exclusivamente fiscal,
divididos em partes proporcionais aos qüinqüênios não gerando direitos de natureza trabalhis-
202 de serviços prestados pelo empregado. ta nem incidência de qualquer contribuição
previdenciária em relação a quaisquer presta- Conforme prevê o § 1º, do art. 2º, o FGTS será com-
ções devidas, por lei ou por sentença judicial, ao posto pelos seguintes recursos incorporados:
empregado.
Parágrafo único - As importâncias incorporadas RECURSOS INCORPORADOS AO FGTS
ao Fundo não se classificam como rendimento do
trabalho, para qualquer efeito da legislação tra- Eventuais saldos apurados dos resultados financeiros
balhista, de Previdência Social ou Fiscal e não se auferidos pela Caixa Econômica Federal no período
incorporam aos salários ou gratificações, nem entre o repasse dos bancos e o depósito nas contas
estão sujeitas ao imposto sobre a renda e proventos vinculadas dos trabalhadores
de qualquer natureza.
Dotações orçamentárias específicas
A lei estabelece, ainda, prazos e regras de transição: Resultados das aplicações dos recursos do FGTS

Art. 11 Dentro de 120 (cento e vinte) dias, a contar Multas, correção monetária e juros moratórios devidos
da vigência desta Lei, a Caixa Econômica Federal
submeterá à aprovação do Conselho Monetário Demais receitas patrimoniais e financeiras
Nacional o regulamento do Fundo, fixando as nor-
mas para o recolhimento e a distribuição dos recur-
sos, assim como as diretrizes e os critérios para a A responsabilidade por reger o FGTS será de um
sua aplicação. Conselho Curador composto por representação de
Parágrafo único - O Conselho Monetário Nacional trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades
pronunciar-se-á, no prazo de 60 (sessenta) dias, a governamentais. A presidência caberá a um repre-
contar do seu recebimento, sobre o projeto de regu- sentante do Ministério do Trabalho e Previdência.
lamento do Fundo. Vejamos:

Por fim, elenca os casos de não aplicabilidade da Art. 3º O FGTS será regido por normas e diretrizes
estabelecidas por um Conselho Curador, composto
mesma, quais sejam:
por representação de trabalhadores, empregado-
res e órgãos e entidades governamentais, na forma
z Entidades da Administração Pública: estabelecida pelo Poder Executivo.
§ 1º A Presidência do Conselho Curador será exer-
„ Direta e indireta; cida por representante do Ministério do Trabalho e
„ Federal, estadual, municipal ou do DF. Previdência.

Art. 12 As disposições desta Lei não se aplicam a Quanto aos representantes dos trabalhadores e
quaisquer entidades integrantes da Administra- dos empregadores e seus suplentes, quem os nomeia é
ção Pública federal, estadual ou municipal, dos o próprio Poder Executivo; o mandato será de 2 (dois)
Territórios e do Distrito Federal, Direta ou Indire- anos e poderá ser reconduzido apenas uma vez.
ta adotando-se, em todos os níveis, para efeito de
conceituação, como entidades da Administração Art. 3º [...]
Indireta, os critérios constantes dos Decretos - Leis § 3º Os representantes dos trabalhadores e dos
nºs 200, de 25 de fevereiro de 1967, e 900, de 29 de empregadores e seus suplentes serão indicados
setembro de 1969. pelas respectivas centrais sindicais e confederações
nacionais, serão nomeados pelo Poder Executivo,
terão mandato de 2 (dois) anos e poderão ser
reconduzidos uma única vez, vedada a perma-
nência de uma mesma pessoa como membro titu-
LEI Nº 8.036/1990 (FGTS): lar, como suplente ou, de forma alternada, como
POSSIBILIDADES E CONDIÇÕES DE titular e suplente, por período consecutivo supe-
rior a 4 (quatro) anos no Conselho.
UTILIZAÇÃO/SAQUE
Uma vez por bimestre, o Conselho Curador fará
CERTIFICADO DE REGULARIDADE DO FGTS, GUIA reuniões ordinárias, sendo possível a convocação
DE RECOLHIMENTO (GRF)
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

de reunião extraordinária por qualquer membro. As


reuniões serão públicas, bem como gravadas e trans-
A Constituição Federal de 1988, no inciso III, do art. mitidas ao vivo por meio do sítio do FGTS na internet.
7º, prevê que são direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço § 4ºO Conselho Curador reunir-se-á ordinariamen-
(FGTS) e outros que visem à melhoria de sua condição te, a cada bimestre, por convocação de seu Presi-
social. dente. Esgotado esse período, não tendo ocorrido
convocação, qualquer de seus membros poderá
A Lei nº 8.036, de 1990, é responsável por dis-
fazê-la, no prazo de 15 (quinze) dias. Havendo
por e instituir o FGTS. Vejamos pelo que o FGTS é
necessidade, qualquer membro poderá convocar
constituído: reunião extraordinária, na forma que vier a ser
regulamentada pelo Conselho Curador.
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das § 4º-A As reuniões do Conselho Curador serão públi-
contas vinculadas a que se refere esta lei e outros cas, bem como gravadas e transmitidas ao vivo por
recursos a ele incorporados, devendo ser aplica- meio do sítio do FGTS na internet, o qual também
dos com atualização monetária e juros, de modo a possibilitará acesso a todas as gravações que tive-
assegurar a cobertura de suas obrigações. rem sido efetuadas dessas reuniões, resguardada 203
a possibilidade de tratamento sigiloso de matérias
assim classificadas na forma da lei.
GESTOR DA APLICAÇÃO AGENTE OPERADOR

Órgão do Poder Executivo Caixa Econômica Federal


As decisões que forem tomadas durante as reu- responsável pela política (CEF)
niões serão públicas e o Presidente terá voto de de habitação
qualidade. O voto de qualidade é aquele empregado
como critério de desempate nas decisões que ocorrem
O art. 5º apresenta as competências do Conselho
nos colegiados. Caso haja despesas porventura exigi-
das para o comparecimento às reuniões do Conselho, Curador. Veja:
o ônus será das respectivas entidades representadas.
Art. 5º Ao Conselho Curador do FGTS compete:
Vejamos:
I - estabelecer as diretrizes e os programas de alo-
§ 5º As decisões do Conselho serão tomadas com a cação de todos os recursos do FGTS, de acordo com
presença da maioria simples de seus membros, ten- os critérios definidos nesta lei, em consonância com
do o Presidente voto de qualidade. a política nacional de desenvolvimento urbano e as
§ 6º As despesas porventura exigidas para o com- políticas setoriais de habitação popular, saneamen-
parecimento às reuniões do Conselho constituirão
to básico e infra-estrutura urbana estabelecidas
ônus das respectivas entidades representadas.
§ 7º As ausências ao trabalho dos representantes pelo Governo Federal;
dos trabalhadores no Conselho Curador, decorren- II - acompanhar e avaliar a gestão econômica
tes das atividades desse órgão, serão abonadas, e financeira dos recursos, bem como os ganhos
computando-se como jornada efetivamente traba- sociais e o desempenho dos programas aprovados;
lhada para todos os fins e efeitos legais.
III - apreciar e aprovar os programas anuais e plu-
rianuais do FGTS;
De acordo com o § 7º, do art. 3º, as ausências ao
IV - aprovar as demonstrações financeiras do FGTS,
trabalho dos representantes dos trabalhadores no
Conselho Curador, decorrentes das atividades desse com base em parecer de auditoria externa indepen-
órgão, serão abonadas, computando-se como jorna- dente, antes de sua publicação e encaminhamento
da efetivamente trabalhada para todos os fins e efei- aos órgãos de controle, bem como da distribuição
tos legais. de resultados;
Um questionamento interessante é se aos mem- V - adotar as providências cabíveis para a correção
bros do Conselho Curador, enquanto representantes de atos e fatos do gestor da aplicação e da CEF que
dos trabalhadores, efetivos e suplentes, será assegura-
prejudiquem o desempenho e o cumprimento das
da a estabilidade no emprego. A resposta é sim. Vejam
finalidades no que concerne aos recursos do FGTS;
o que orienta o § 9º, do art. 3º:
VI - dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas
§ 9º Aos membros do Conselho Curador, enquanto regulamentares, relativas ao FGTS, nas matérias de
representantes dos trabalhadores, efetivos e suplen- sua competência;
tes, é assegurada a estabilidade no emprego, VII - aprovar seu regimento interno;
da nomeação até um ano após o término do VIII - fixar as normas e valores de remuneração do
mandato de representação, somente podendo
agente operador e dos agentes financeiros;
ser demitidos por motivo de falta grave, regular-
mente comprovada através de processo sindical. IX - fixar critérios para parcelamento de recolhi-
mentos em atraso;
Para ser membro do Conselho Curador do FGTS, X - fixar critério e valor de remuneração para o
alguns requisitos serão obedecidos: exercício da fiscalização;
XI - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as
§ 10 Os membros do Conselho Curador do FGTS decisões proferidas pelo Conselho, bem como as
serão escolhidos dentre cidadãos de reputação
contas do FGTS e os respectivos pareceres emitidos.
ilibada e de notório conhecimento, e deverão ser
atendidos os seguintes requisitos: XII - fixar critérios e condições para compensação
I - ter formação acadêmica superior; e entre créditos do empregador, decorrentes de depó-
II - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibili- sitos relativos a trabalhadores não optantes, com
dade previstas nas alíneas “a” a “q” do inciso I do contratos extintos, e débitos resultantes de compe-
caput do art. 1º da Lei Complementar nº 64, de 18 tências em atraso, inclusive aqueles que forem obje-
de maio de 1990.
to de composição de dívida com o FGTS.
Quanto aos recursos do FGTS, o gestor da aplica- XIII - em relação ao Fundo de Investimento do Fun-
ção será o órgão do Poder Executivo responsável pela do de Garantia do Tempo de Serviço - FI-FGTS:
política de habitação, e caberá à Caixa Econômica a) aprovar a política de investimento do FI-FGTS
Federal (CEF) o papel de agente operador, nos ter- por proposta do Comitê de Investimento;
mos do art. 4º: b) decidir sobre o reinvestimento ou distribuição
dos resultados positivos aos cotistas do FI-FGTS,
Art. 4º O gestor da aplicação dos recursos do FGTS
será o órgão do Poder Executivo responsável pela em cada exercício;
política de habitação, e caberá à Caixa Econômica c) definir a forma de deliberação, de funcionamento
204 Federal (CEF) o papel de agente operador. e a composição do Comitê de Investimento;
d) estabelecer o valor da remuneração da Caixa Conselho Curador, o qual observará, no mínimo, os
Econômica Federal pela administração e gestão do custos por atividades, os ganhos de escala e pro-
FI-FGTS, inclusive a taxa de risco; dutividade, os avanços tecnológicos e a remune-
e) definir a exposição máxima de risco dos investi- ração praticada por outros fundos no mercado de
mentos do FI-FGTS; capitais, excluídos da base de cálculo aqueles cuja
f) estabelecer o limite máximo de participação dos administradora receba remuneração específica, e
recursos do FI-FGTS por setor, por empreendimen- incluirão:
to e por classe de ativo, observados os requisitos I - os serviços de fiscalização, as atividades de arre-
técnicos aplicáveis; cadação, de cobrança administrativa e de emissão
g) estabelecer o prazo mínimo de resgate das cotas de certidões;
e de retorno dos recursos à conta vinculada, obser- II - os serviços de cobrança judicial dos créditos ins-
vado o disposto no § 19 do art. 20 desta Lei; critos em dívida ativa;
h) aprovar o regulamento do FI-FGTS, elaborado III - os serviços contratados pela Secretaria Execu-
pela Caixa Econômica Federal; e tiva para suporte às ações e decisões do Conselho
i) autorizar a integralização de cotas do FI-FGTS Curador e do Comitê de Auditoria e Riscos, bem
pelos trabalhadores, estabelecendo previamente os como os valores despendidos com terceiros;
limites globais e individuais, parâmetros e condi- IV - a capacitação dos gestores.
ções de aplicação e resgate.
XIV - (revogado); Além disso, o limite de custos e despesas não
XV - autorizar a aplicação de recursos do FGTS em incluirá taxas de risco de crédito e demais custos e
outros fundos de investimento, no mercado de capi- despesas devidos ao agente operador e aos agentes
tais e em títulos públicos e privados, com base em financeiros e, será, em cada exercício, de até 0,04%
proposta elaborada pelo agente operador, devendo (quatro centésimos por cento) do valor dos ativos do
o Conselho Curador regulamentar as formas e con-
FGTS ao final do exercício anterior, nos termos do
dições do investimento, vedado o aporte em fundos
§ 6º, do art. 5º.
nos quais o FGTS seja o único cotista;
XVI - estipular limites às tarifas cobradas pelo
Quanto à taxa de administração do FGTS devida
agente operador ou pelos agentes financeiros na ao agente operador, dispõem os § 8º e § 9º, do art. 5º:
intermediação da movimentação dos recursos da
conta vinculada do FGTS, inclusive nas hipóteses Art. 5º [...]
de que tratam os incisos V, VI e VII do caput do art. § 8º A taxa de administração do FGTS devida ao
20 desta Lei. agente operador não será superior a 0,5% (cinco
décimos por cento) ao ano do valor total dos ati-
O Conselho Curador será assistido por um Comitê de vos do Fundo.
Auditoria e Riscos e poderá ser assistido regularmen- § 9º A taxa de administração de que trata a alí-
te por pessoas naturais ou jurídicas especializadas em nea “d” do inciso XIII (Fundo de Investimento
planejamento, em gestão de investimentos, em avaliação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
de programas e políticas, em tecnologia da informação FI-FGTS) do caput deste artigo não será superior
a 0,5% (cinco décimos por cento) ao ano do valor
ou em qualquer outra especialização julgada necessária
total dos ativos do FI-FGTS.
para subsidiá-lo no exercício de suas atribuições.
As despesas decorrentes ficarão a cargo do FGTS,
nos termos do § 1º e 2º, do art. 5º: O Gestor de Aplicação do FGTS terá competên-
cias específicas, inseridas pelo art. 6º, da Lei nº 8.036,
Art. 5º [...] de 1990. Veja:
§ 1º O Conselho Curador será assistido por um
Comitê de Auditoria e Riscos, constituído na forma Art. 6º Ao gestor da aplicação compete:
do Regimento Interno, cujas atribuições e condições I - praticar todos os atos necessários à gestão da
abrangerão, no mínimo, aquelas estipuladas nos aplicação do Fundo, de acordo com as diretrizes e
arts. 24 e 25, §§ 1º a 3º, da Lei nº 13.303, de 30 de programas estabelecidos pelo Conselho Curador;
junho de 2016, ao Comitê de Auditoria Estatutário II - expedir atos normativos relativos à alocação dos
das empresas públicas e sociedades de economia recursos para implementação dos programas apro-
mista que forem aplicáveis, ainda que por simila- vados pelo Conselho Curador;
ridade, ao FGTS, e cujas despesas serão custeadas III - elaborar orçamentos anuais e planos pluria-
pelo Fundo, por meio de sua Secretaria Executiva, nuais de aplicação dos recursos, discriminados por
observado o disposto no § 3º deste artigo. região geográfica, e submetê-los até 31 de julho ao
§ 2º O Conselho Curador poderá ser assistido Conselho Curador do FGTS;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

regularmente por pessoas naturais ou jurídicas IV - acompanhar a execução dos programas de habi-
especializadas em planejamento, em gestão de tação popular, saneamento básico e infraestrutura
investimentos, em avaliação de programas e polí- urbana previstos no orçamento do FGTS e imple-
ticas, em tecnologia da informação ou em qualquer mentados pela CEF, no papel de agente operador;
outra especialização julgada necessária para sub- V - submeter à apreciação do Conselho Curador as
sidiá-lo no exercício de suas atribuições, e as despe- contas do FGTS;
sas decorrentes ficarão a cargo do FGTS, observado VI - subsidiar o Conselho Curador com estudos téc-
o disposto no § 3º deste artigo. nicos necessários ao aprimoramento operacional
dos programas de habitação popular, saneamento
Os custos e as despesas incorridos pelo FGTS não básico e infra-estrutura urbana;
poderão superar limite a ser estabelecido pelo Con- VII - definir as metas a serem alcançadas nos pro-
selho Curador. Vejamos a disposição legal: gramas de habitação popular, saneamento básico e
infra-estrutura urbana.
Art. 5º [...]
§ 3º Os custos e despesas incorridos pelo FGTS É importante ressaltar o que caberá ao Ministério
não poderão superar limite a ser estabelecido pelo da Saúde, segundo o art. 6º-A: 205
Art. 6º-A Caberá ao Ministério da Saúde regula- I - Garantias:
mentar, acompanhar a execução, subsidiar o a) hipotecária;
Conselho Curador com estudos técnicos neces- b) caução de Créditos hipotecários próprios, relati-
sários ao seu aprimoramento operacional e vos a financiamentos concedidos com recursos do
definir as metas a serem alcançadas nas opera- agente financeiro;
ções de crédito destinadas às entidades hospita- c) caução dos créditos hipotecários vinculados aos
lares filantrópicas, bem como a instituições que imóveis objeto de financiamento;
atuem no campo para pessoas com deficiência, sem d) hipoteca sobre outros imóveis de propriedade do
fins lucrativos, que participem de forma comple- agente financeiro, desde que livres e desembaraça-
mentar do Sistema Único de Saúde (SUS). dos de quaisquer ônus;
e) cessão de créditos do agente financeiro, deriva-
O agente operador do FGTS é a Caixa Econômica dos de financiamentos concedidos com recursos
Federal, que deverá dar pleno cumprimento aos pro- próprios, garantidos por penhor ou hipoteca;
gramas anuais em andamento, aprovados pelo Con- f) hipoteca sobre imóvel de propriedade de terceiros;
selho Curador; eventuais alterações somente poderão g) seguro de crédito;
ser processadas mediante prévia anuência daquele h) garantia real ou vinculação de receitas, inclusive
colegiado. Terá como atribuições previstas no art. 7º: tarifárias, nas aplicações contratadas com pessoa
jurídica de direito público ou de direito privado a
Art. 7º À Caixa Econômica Federal, na qualidade ela vinculada;
de agente operador, cabe: i) aval em nota promissória;
I - centralizar os recursos do FGTS, manter e con- j) fiança pessoal;
trolar as contas vinculadas, e emitir regularmente l) alienação fiduciária de bens móveis em garantia;
os extratos individuais correspondentes às contas m) fiança bancária;
vinculadas e participar da rede arrecadadora dos n) consignação de recebíveis, exclusivamente para
recursos do FGTS; operações de crédito destinadas às entidades hospi-
II - expedir atos normativos referentes aos proce- talares filantrópicas, bem como a instituições que
dimentos administrativo-operacionais dos bancos atuam no campo para pessoas com deficiência, e
depositários, dos agentes financeiros, dos emprega- sem fins lucrativos que participem de forma com-
dores e dos trabalhadores, integrantes do sistema plementar do Sistema Único de Saúde (SUS), em
do FGTS; percentual máximo a ser definido pelo Ministério
III - definir procedimentos operacionais necessários da Saúde; e
à execução dos programas estabelecidos pelo Con- o) outras, a critério do Conselho Curador do FGTS;
selho Curador, com base nas normas e diretrizes de II - correção monetária igual à das contas
aplicação elaboradas pelo gestor da aplicação; vinculadas;
IV - elaborar as análises jurídica e econômico-fi- III - taxa de juros média mínima, por projeto,
nanceira dos projetos de habitação popular, infra- de 3 (três) por cento ao ano;
-estrutura urbana e saneamento básico a serem IV - prazo máximo de trinta anos.
financiados com recursos do FGTS;
V - emitir Certificado de Regularidade do FGTS;
Acompanhe também os parágrafos do art. 9º, com
VI - elaborar as demonstrações financeiras do FGTS,
atenção especial para o disposto no § 2º:
incluídos o Balanço Patrimonial, a Demonstração
do Resultado do Exercício e a Demonstração de Flu-
xo de Caixa, em conformidade com as Normas Con- Art. 9º [...]
tábeis Brasileiras, e encaminhá-las, até 30 de abril § 1º A rentabilidade média das aplicações deverá
do exercício subsequente, ao gestor de aplicação; ser suficiente à cobertura de todos os custos incor-
VII - implementar atos emanados do gestor da ridos pelo Fundo e ainda à formação de reserva téc-
aplicação relativos à alocação e à aplicação dos nica para o atendimento de gastos eventuais não
recursos do FGTS, de acordo com as diretrizes esta- previstos, e caberá ao agente operador o risco de
belecidas pelo Conselho Curador; crédito.
VIII - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) § 2º Os recursos do FGTS deverão ser aplicados em
IX - garantir aos recursos alocados ao FI-FGTS, em habitação, em saneamento básico, em infraes-
cotas de titularidade do FGTS, a remuneração apli- trutura urbana e em operações de crédito desti-
cável às contas vinculadas, na forma do caput do nadas às entidades hospitalares filantrópicas, bem
art. 13 desta Lei. como a instituições que atuam no campo para pes-
X - realizar todas as aplicações com recursos do FGTS soas com deficiência, e sem fins lucrativos que parti-
por meio de sistemas informatizados e auditáveis; cipem de forma complementar do SUS, desde que as
XI - colocar à disposição do Conselho Curador, disponibilidades financeiras sejam mantidas em volu-
em formato digital, as informações gerenciais que me que satisfaça as condições de liquidez e de remu-
estejam sob gestão do agente operador e que sejam neração mínima necessária à preservação do poder
necessárias ao desempenho das atribuições daque- aquisitivo da moeda.
le colegiado. § 3º O programa de aplicações deverá destinar:
I - no mínimo, 60% (sessenta por cento) para investi-
Para aplicação dos recursos do FGTS, deverão ser mentos em habitação popular; e,
obedecidos critérios fixados pelo Conselho Curador II - 5% (cinco por cento) para operações de crédito
do FGTS, desde que sejam preenchidos os seguintes destinadas às entidades hospitalares filantrópicas,
requisitos: bem como a instituições que atuam no campo para
pessoas com deficiência, e sem fins lucrativos que par-
Art. 9º As aplicações com recursos do FGTS serão ticipem de forma complementar do SUS.
realizadas exclusivamente segundo critérios fixa-
dos pelo Conselho Curador do FGTS e em operações Dentre as aplicações do FGTS, é obrigatório o seguin-
206 que preencham os seguintes requisitos: te destino:
z No mínimo, 60%: Investimentos em habitação Art. 13 [...]
popular; § 5º O Conselho Curador autorizará a distribuição
z 5%: Operações de crédito destinadas às entidades de parte do resultado positivo auferido pelo
hospitalares filantrópicas. FGTS, mediante crédito nas contas vinculadas
de titularidade dos trabalhadores, observadas
Em 2018, a Lei n° 13.778, de 2018, determinou que as seguintes condições, entre outras a seu critério:
algumas condições específicas precisarão ser observa- I - a distribuição alcançará todas as contas vincula-
das que apresentarem saldo positivo em 31 de dezem-
das nas operações de crédito destinadas às entidades
bro do exercício-base do resultado auferido, inclusive
hospitalares filantrópicas, bem como a instituições que
as contas vinculadas de que trata o art. 21 desta Lei;
atuem no campo para pessoas com deficiência, e sem II - a distribuição será proporcional ao saldo de
fins lucrativos que participem de forma complementar cada conta vinculada em 31 de dezembro do exer-
do SUS. Veja o disposto no § 10, do art. 9º: cício-base e deverá ocorrer até 31 de agosto do ano
seguinte ao exercício de apuração do resultado; e
Art. 9º [...]
§ 10 Nas operações de crédito destinadas às entidades Uma das perguntas mais relevantes sobre o FGTS
hospitalares filantrópicas, bem como a instituições
é: qual o percentual descontado da remunera-
que atuam no campo para pessoas com deficiência,
ção dos trabalhadores? Segundo o art. 15, todos os
e sem fins lucrativos que participem de forma com-
empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia
plementar do SUS, serão observadas as seguintes
condições: 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada,
I - a taxa de juros efetiva não será superior àquela a importância correspondente a 8 (oito) por cento
cobrada para o financiamento habitacional na moda- da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
lidade pró-cotista ou a outra que venha a substituí-la; cada trabalhador. Vejamos a disposição da lei:
II - a tarifa operacional única não será superior a
0,5% (cinco décimos por cento) do valor da operação; Art. 15 Para os fins previstos nesta lei, todos os
e empregadores ficam obrigados a depositar, até o
III - o risco das operações de crédito ficará a cargo dos dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vin-
agentes financeiros de que trata o § 9º deste artigo. culada, a importância correspondente a 8 (oito)
por cento da remuneração paga ou devida, no mês
É responsabilidade do Conselho Curador fixar dire- anterior, a cada trabalhador, incluídas na remune-
trizes e estabelecer critérios técnicos para as aplicações ração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458
dos recursos do FGTS com o objetivo de: exigir a partici- da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei
nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modifica-
pação dos contratantes de financiamentos nos investi-
ções da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
mentos a serem realizados; assegurar o cumprimento,
por parte dos contratantes inadimplentes, das obriga-
Os parágrafos do art. 15 e o art. 16 conceituam
ções decorrentes dos financiamentos obtidos; evitar
empregador, trabalhador e diretor. Reunimos as
distorções na aplicação entre as regiões do país, conside-
informações na tabela a seguir, de modo que facilite
rando, para tanto, a demanda habitacional, a população
seu estudo. Acompanhe:
e outros indicadores sociais. Vejamos:

Art. 10 O Conselho Curador fixará diretrizes e estabe- A pessoa física ou a pessoa jurídi-
lecerá critérios técnicos para as aplicações dos recur- ca de direito privado ou de direito
sos do FGTS, visando: público, da administração pública
I - exigir a participação dos contratantes de financia- direta, indireta ou fundacional de
mentos nos investimentos a serem realizados; qualquer dos Poderes, da União,
II - assegurar o cumprimento, por parte dos contra- dos Estados, do Distrito Federal e
tantes inadimplentes, das obrigações decorrentes dos dos Municípios, que admitir traba-
financiamentos obtidos; lhadores a seu serviço, bem assim
III - evitar distorções na aplicação entre as regiões do EMPREGADOR
aquele que, regido por legislação
País, considerando para tanto a demanda habitacio- especial, encontrar-se nessa con-
nal, a população e outros indicadores sociais. dição ou figurar como fornecedor
ou tomador de mão-de-obra, in-
Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão dependente da responsabilidade
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

corrigidos monetariamente com base nos parâme- solidária e/ou subsidiária a que
tros fixados para atualização dos saldos dos depósitos eventualmente venha obrigar-se (§
de poupança e capitalização juros de 3 (três) por cen- 1º, art. 15)
to ao ano. O saldo das contas vinculadas é garantido
pelo Governo Federal, podendo ser instituído seguro Toda pessoa física que prestar ser-
especial para esse fim, nos termos do caput do art. 13: viços a empregador, a locador ou
tomador de mão-de-obra, excluídos
Art. 13 Os depósitos efetuados nas contas vincula- TRABALHADOR os eventuais, os autônomos e os
das serão corrigidos monetariamente com base nos servidores públicos civis e militares
parâmetros fixados para atualização dos saldos sujeitos a regime jurídico próprio (§
dos depósitos de poupança e capitalização juros de 2º, art. 15)
(três) por cento ao ano.
Aquele que exerça cargo de admi-
nistração previsto em lei, estatuto
Atente-se ao fato de que é possível a distribuição DIRETOR
ou contrato social, independente
entre os trabalhadores do lucro promovido pelo FGTS.
da denominação do cargo (art. 16)
Conforme o § 5º, do art. 13, temos que: 207
É importante mencionar que os contratos de XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus
aprendizagem terão a alíquota reduzida para dois dependentes for acometido de neoplasia maligna.
por cento. (Incluído pela Lei nº 8.922, de 1994)
De acordo com o art. 20, a conta vinculada do tra- XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Pri-
balhador no FGTS poderá ser movimentada, median- vatização, regidos pela Lei nº 6.385, de 7 de dezem-
te as situações previstas nos incisos do artigo. Vejamos: bro de 1976, permitida a utilização máxima de 50
% (cinqüenta por cento) do saldo existente e dispo-
nível em sua conta vinculada do Fundo de Garan-
Art. 20 A conta vinculada do trabalhador no FGTS
tia do Tempo de Serviço, na data em que exercer
poderá ser movimentada nas seguintes situações:
a opção. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) (Vide
I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de
Decreto nº 2.430, 1997)
culpa recíproca e de força maior;
XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art.
dependentes for portador do vírus HIV; (Incluído
484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
aprovada pelo Decreto- Lei no 5.452, de 1o de maio
XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus
de 1943;
dependentes estiver em estágio terminal, em razão
II - extinção total da empresa, fechamento de quais-
de doença grave, nos termos do regulamento;
quer de seus estabelecimentos, filiais ou agências,
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de
supressão de parte de suas atividades, declaração de
2001)
nulidade do contrato de trabalho nas condições do
XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou
art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador indi-
superior a setenta anos. (Incluído pela Medida Pro-
vidual sempre que qualquer dessas ocorrências impli-
visória nº 2.164-41, de 2001)
que rescisão de contrato de trabalho, comprovada
XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravida-
por declaração escrita da empresa, suprida, quando
de decorra de desastre natural, conforme disposto
for o caso, por decisão judicial transitada em julgado; em regulamento, observadas as seguintes condi-
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; ções: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a) o trabalhador deverá ser residente em áreas
a seus dependentes, para esse fim habilitados peran- comprovadamente atingidas de Município ou do
te a Previdência Social, segundo o critério adotado Distrito Federal em situação de emergência ou em
para a concessão de pensões por morte. Na falta de estado de calamidade pública, formalmente reco-
dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da nhecidos pelo Governo Federal; (Incluído pela Lei
conta vinculada os seus sucessores previstos na lei nº 10.878, de 2004)
civil, indicados em alvará judicial, expedido a requeri- b) a solicitação de movimentação da conta vincu-
mento do interessado, independente de inventário ou lada será admitida até 90 (noventa) dias após a
arrolamento; publicação do ato de reconhecimento, pelo Governo
V - pagamento de parte das prestações decorrentes Federal, da situação de emergência ou de estado de
de financiamento habitacional concedido no âmbito calamidade pública; e (Incluído pela Lei nº 10.878,
do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que: de 2004)
a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) c) o valor máximo do saque da conta vinculada
anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma será definido na forma do regulamento.
empresa ou em empresas diferentes; XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respei-
b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, tado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5o
durante o prazo de 12 (doze) meses; desta Lei, permitida a utilização máxima de 30%
c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (trinta por cento) do saldo existente e disponível na
(oitenta) por cento do montante da prestação; data em que exercer a opção. (Redação dada pela
VI - liquidação ou amortização extraordinária do Lei nº 12.087, de 2009)
saldo devedor de financiamento imobiliário, obser- XVIII - quando o trabalhador com deficiência,
vadas as condições estabelecidas pelo Conselho por prescrição, necessite adquirir órtese ou pró-
Curador, dentre elas a de que o financiamento seja tese para promoção de acessibilidade e de inclu-
concedido no âmbito do SFH e haja interstício míni- são social. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
mo de 2 (dois) anos para cada movimentação; (Vigência)
VII - pagamento total ou parcial do preço de aqui- XIX - pagamento total ou parcial do preço de aqui-
sição de moradia própria, ou lote urbanizado de sição de imóveis da União inscritos em regime de
interesse social não construído, observadas as ocupação ou aforamento, a que se referem o art. 4o
seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº da Lei no 13.240, de 30 de dezembro de 2015, e o art.
11.977, de 2009) 16-A da Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, res-
a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 pectivamente, observadas as seguintes condições:
(três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
mesma empresa ou empresas diferentes; a) o mutuário deverá contar com o mínimo de três
b) seja a operação financiável nas condições vigen- anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma
tes para o SFH; empresa ou em empresas diferentes; (Incluído pela
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos Lei nº 13.465, de 2017)
ininterruptos fora do regime do FGTS; (Redação b) seja a operação financiável nas condições vigen-
dada pela Lei nº 13.932, de 2019) tes para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive ou ainda por intermédio de parcelamento efetua-
o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei do pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU),
nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974; mediante a contratação da Caixa Econômica Fede-
X - suspensão total do trabalho avulso por período ral como agente financeiro dos contratos de parce-
igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada lamento; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
por declaração do sindicato representativo da cate- c) sejam observadas as demais regras e condições
208 goria profissional. estabelecidas para uso do FGTS.
XX - anualmente, no mês de aniversário do traba- II - 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte
lhador, por meio da aplicação dos valores constan- ao do vencimento da obrigação.
tes do Anexo desta Lei, observado o disposto no art. § 3º Para efeito de levantamento de débito para
20-D desta Lei; com o FGTS, o percentual de 8% (oito por cento)
XXI - a qualquer tempo, quando seu saldo for infe- incidirá sobre o valor acrescido da TR até a data da
rior a R$ 80,00 (oitenta reais) e não houver ocor- respectiva operação.
rido depósitos ou saques por, no mínimo, 1 (um)
ano, exceto na hipótese prevista no inciso I do § 5º Os seguintes pontos são considerados infrações
do art. 13 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932, de pela Lei nº 8.036, de 1990:
2019) (Vigência)
XXII - quando o trabalhador ou qualquer de seus Art. 23 [...]
dependentes for, nos termos do regulamento, pes- § 1º Constituem infrações para efeito desta lei:
soa com doença rara, consideradas doenças raras I - não depositar mensalmente o percentual referente
aquelas assim reconhecidas pelo Ministério da Saú- ao FGTS, bem como os valores previstos no art. 18 des-
de, que apresentará, em seu sítio na internet, a rela- ta Lei, nos prazos de que trata o § 6º do art. 477 da
ção atualizada dessas doenças. (Incluído pela Lei nº Consolidação das Leis do Trabalho - CLT;
13.932, de 2019) II - omitir as informações sobre a conta vinculada do
trabalhador;
O titular de contas vinculadas do FGTS estará III - apresentar as informações ao Cadastro Nacional
do Trabalhador, dos trabalhadores beneficiários, com
sujeito a somente às seguintes sistemáticas de saque:
erros ou omissões;
saque-rescisão ou saque-aniversário. O titular de
IV - deixar de computar, para efeito de cálculo dos depó-
contas vinculadas do FGTS estará sujeito originalmen-
sitos do FGTS, parcela componente da remuneração;
te à sistemática de saque-rescisão e poderá optar por V - deixar de efetuar os depósitos e os acréscimos
alterá-la, sendo que a primeira opção pela sistemática legais, após ser notificado pela fiscalização; e
de saque-aniversário poderá ser feita a qualquer tem- VI - deixar de apresentar, ou apresentar com erros ou
po e terá efeitos imediatos. Vejamos os dispositivos: omissões, as informações de que trata o art. 17-A des-
ta Lei e as demais informações legalmente exigíveis.
Art. 20-A O titular de contas vinculadas do FGTS
estará sujeito a somente uma das seguintes siste-
máticas de saque:
I - saque-rescisão; ou
II - saque-aniversário.
PRODUTOS: ABERTURA E
[...] MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS:
Art. 20-B O titular de contas vinculadas do FGTS DOCUMENTOS BÁSICOS
estará sujeito originalmente à sistemática de
saque-rescisão e poderá optar por alterá-la, obser- Bom pessoal, muitos de nós já fomos a algum ban-
vado o disposto no art. 20-C desta Lei. [...] co, alguma vez, para abrir, ou assistir alguém abrir
uma conta. A conta que abrimos no banco nada mais
Se o empregador não realizar os depósitos previs- é do que um contrato, e como tal precisa de regras e
tos no prazo fixado, responderá pela incidência da de orientações sobre sua forma.
Taxa Referencial (TR) sobre a importância correspon- Lembrando que esse contrato é composto por uma
dente, que será cobrada por dia de atraso, tomando-se ficha-proposta e um cartão de assinatura.
por base o índice de atualização das contas vinculadas A ficha-proposta deve conter no mínimo: Qua-
do FGTS. lificação do depositante, endereço residencial e
A multa referida será cobrada nas condições que comercial completos, telefone com DDD, referencias
se seguem: pessoais, data da abertura da conta e o número dessa
conta, e a assinatura do depositante.
z 5% (cinco por cento) no mês de vencimento da Estas orientações estão contidas na Resolução
obrigação; CMN nº 4753/2019, que dita às regras básicas que
z 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do devem nortear as Instituições Financeiras quando da
vencimento da obrigação. Abertura e manutenção de contas de depósito.
Então vamos ver o que o CMN e o BACEN têm dito
sobre isso:
Art. 22 O empregador que não realizar os depósi-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

tos previstos nesta Lei, no prazo fixado no art. 15, No caso de pessoa física:
responderá pela incidência da Taxa Referencial –
TR sobre a importância correspondente. z Documento de identificação (carteira de identifica-
§ 1º Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, ção ou equivalente, como, por exemplo, a carteira
incidirão, ainda, juros de mora de 0,5% a.m. (cin- nacional de habilitação, passaporte, CTPS, carrei-
co décimos por cento ao mês) ou fração e multa, ras de órgão de classe);
sujeitando-se, também, às obrigações e sanções z Inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF);
previstas no Decreto-Lei no 368, de 19 de dezembro z Comprovante de residência.
de 1968.
§ 2º A incidência da TR de que trata o caput deste Para que exista uma pessoa física, basta que esta
artigo será cobrada por dia de atraso, tomando-se nasça com vida. Ela se extingue com a morte do
por base o índice de atualização das contas vincu- indivíduo.
ladas do FGTS.
§ 2º-A A multa referida no § 1º deste artigo será No caso de pessoa jurídica:
cobrada nas condições que se seguem:
I - 5% (cinco por cento) no mês de vencimento z Documento de constituição da empresa (contrato
da obrigação; social e registro na junta comercial); 209
z Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica z Devolução de cheque sem provisão de fundos na
(CNPJ); segunda apresentação;
z Documentos que qualifiquem e autorizem os z Devolução de cheque por conta encerrada;
representantes, mandatários ou prepostos a movi- z Devolução de cheque por pratica espúria. (práti-
mentar a conta. cas ilegais).
z Para que uma Pessoa Jurídica de direito Privado
exista é necessário que o contrato social seja regis- Veremos com mais detalhes mais a frente.
trado na JUNTA COMERCIAL do Estado onde a Sobre as tarifas que podem ser cobradas na sua
empresa se situa. conta veja:
z Nos casos de Partidos Políticos deve-se registrar Quando se fala em serviços do Banco, lembramos
o estatuto no TSE – Tribunal Superior Eleitoral. que são 4 categorias de serviços:
(estes são pessoas jurídicas de direito privado).
z As pessoas jurídicas podem ser também de direito z Serviços essenciais: aqueles que não podem ser
Público Interno: União, Estados, Distrito Federal e cobrados
Municípios; Autarquias e Fundações Públicas. (são
criados por Lei) „ Emissão da primeira via do cartão de débito.
z Existem ainda as de Direito Público Externo: que (segundas vias, exceto nos casos decorrentes de
são os territórios e entidades governamentais no perda, roubo, furto, danificação e outros moti-
exterior. vos não imputáveis a Instituição emitente);
„ 4 saques durante o mês. (No caso de poupança
A pessoa jurídica extingue-se com a dissolução são 2 saques por mês);
desta, mediante acordo entre os sócios ou por decreto „ Até 10 folhas de cheque durante o mês;
judicial, exceto para as públicas, que serão por meios „ 2 extratos por mês;
específicos. „ Até dia 28 de fevereiro de cada ano o banco
Além disso, a instituição financeira pode estabe- deve enviar ao cliente um extrato consolida-
lecer critérios próprios para abertura de conta de do, mostrando seus rendimentos no ano ante-
depósito, desde que seguidos os procedimentos pre- rior, geralmente para fins de Imposto de Renda;
vistos na regulamentação vigente (Resolução CMN „ 2 Transferências entre contas da mesma insti-
4753/2019). tuição por mês. (No caso da poupança 2 transfe-
Ou seja, as instituições Financeiras podem exigir rências entre contas de mesma titularidade);
outros documentos ou termos para abrir esta conta, „ Consultas via internet;
mas desde que não firam a resolução acima. „ Prestação de qualquer serviço por meios eletrô-
Ex.: Depósito Inicial e comprovante de rendimentos. nicos, no caso de contas cujos contratos prevejam
Vamos compreender sobre a ficha-proposta agora. utilizar exclusivamente meios eletrônicos;
Esta deve conter no mínimo: „ Compensação de cheques.

z Condições para fornecimento de talonário de z Serviços prioritários: O banco é obrigado a for-


cheques; necer um pacote básico destes serviços priori-
z Necessidade de comunicação pelo depositante, tários, que são aqueles relacionados a contas de
por escrito, de qualquer mudança de endereço ou depósitos, transferências de recursos, operações
número de telefone ou no cadastro; de crédito e de arrendamento mercantil, cartão
z Condições para inclusão do nome do depositante de crédito básico e cadastro, somente podendo ser
no Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundos cobrados os serviços constantes da Lista de Servi-
(CCF); ços da Tabela I anexa à Resolução CMN 3.919, de
z Informação de que os cheques liquidados, uma 2010, devendo ainda ser observados a padroni-
vez microfilmados, poderão ser destruídos; zação, as siglas e os fatos geradores da cobrança,
(estas microfilmagens devem permanecer por no também estabelecidos por meio da citada Tabela I;
mínimo 10 anos no arquivo); z Serviços especiais: aqueles cuja legislação e
z Tarifas de serviços, incluindo a informação sobre regulamentação específicas definem as tarifas
serviços que não podem ser cobrados; e as condições em que aplicáveis, a exemplo
z Saldo médio mínimo exigido para manutenção dos serviços referentes ao crédito rural, ao Siste-
da conta se houver essa exigência. ma Financeiro da Habitação (SFH), ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), ao Fundo
PIS/PASEP, às chamadas “contas-salário”, bem
Importante! como às operações de microcrédito de que trata a
A Ficha-Proposta somente poderá ser microfil- Resolução CMN 4.000, de 2011;
mada depois de transcorridos no mínimo cinco z Serviços diferenciados: aqueles que podem ser
anos, a contar do início do relacionamento com cobrados desde que explicitadas ao cliente ou ao
o cliente. usuário as condições de utilização e de pagamento.

No encerramento da conta é necessário tomar


É facultado à instituição financeira abrir, man- alguns cuidados:
ter ou encerrar contas de depósito caso o cliente
esteja inscrito no CCF – Cadastro de Emitente de Che- z Pode ser encerrada por ambas as partes, cliente
ques sem Fundos. ou banco, desde de que acompanhada de aviso
O cliente será incluído no CCF nas seguintes prévio, por meio de carta registrada ou meio
210 condições: eletrônico;
z Informar se há cheques a serem compensados, z Capacidade de fato (capacidade de exercício ou
pois havendo, o banco pode ser negar encerrar de agir): é a aptidão adquirida pela pessoa que já
a conta, sem a devida comprovação de que eles pode exercer os direitos e cumprir as obrigações
foram liquidados; pessoalmente, sem a ajuda, representação ou as-
z Devolver as folhas de cheque restantes ou decla- sistência legal de terceiros. Exemplo: A pessoa
rar que as inutilizou; maior de idade e sem impedimentos legais.
z Deixar depositado na conta valores para com-
pensar débitos e compromissos assumidos na Por sua vez, quem não possui capacidade plena é
relação do cliente com o banco. denominado incapaz, sendo todos os casos de incapa-
cidade taxativamente previstos em lei, posto que são
exceções. A incapacidade poderá ser:
Atente para algumas informações:
z Incapacidade relativa: não impede a pessoa de
z Pessoas Físicas com idade entre 16 e 18 anos, não realizar os atos da vida civil, mas estes ficam de-
emancipadas, podem ter conta de depósitos, e pendendo da confirmação do chamado assistente
acesso a crédito também, desde que na abertura (estes incapazes são assistidos). É o caso dos maio-
ou na assinatura do contrato sejam assistidas por res de 16 anos e menores de 18 anos;
seus responsáveis legais!; z Incapacidade absoluta: impede que a pessoa
z Já as Pessoas Físicas com idade inferior a 16 anos, exerça seus direitos pessoalmente, sendo neces-
podem ter contas de depósitos, e devem ser repre- sário um representante legal – vale lembrar que
sentadas por seus representantes legais; esses incapazes são representados. É o caso, por
z Pessoas Físicas com Deficiência Visual podem exemplo, dos menores de 16 anos.
ter contas de depósitos, e até firmar contratos de
empréstimo, desde que sejam assistidas por duas Os Absolutamente Incapazes
testemunhas e que o contrato seja lido em voz
alta; De acordo com o art. 3º, do Código Civil, somente
z Os residentes e domiciliados no exterior podem os menores de 16 anos são absolutamente incapazes.
ter conta no Brasil, mas as movimentações ocor- Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer
ridas em tais contas caracterizam ingressos ou saí- pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
das de recursos no Brasil e, quando em valor igual (dezesseis) anos.
ou superior a R$10 mil, estão sujeitas a comprova-
ção documental, registro no sistema informatizado Nessa faixa etária, encontram-se crianças e ado-
do Banco Central e identificação da proveniência lescentes, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente
e destinação dos recursos, da natureza dos paga- (ECA) considera criança até os 12 anos de idade e, ado-
mentos e da identidade dos depositantes e dos lescente, até os 18 (Art. 2º, do ECA). Assim, os absoluta-
beneficiários das transferências efetuadas. (Lem- mente incapazes, isto é, os menores de 16 anos, apesar
brando que só instituições autorizadas a operar de terem a capacidade de direito, não possuem a capa-
com câmbio podem ter esse tipo de conta). cidade de fato, de modo que não poderão exercer seus
direitos de forma pessoal, necessitando de represen-
tação legal. Do contrário, os atos praticados por eles,
pessoalmente, serão nulos. Segundo o art. 1.634, VII,
do Código, cabe aos pais (ou tutor) a representação
PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA: dos filhos até os 16 anos – primeiramente, aos pais e,
CAPACIDADE E INCAPACIDADE CIVIL, na ausência desses, ao tutor (art. 1.728, Código Civil5).
Todavia, embora não possa exercer pessoalmente
REPRESENTAÇÃO E DOMICÍLIO os atos da vida civil, a criança tem direito de escolha
ou, ao menos, de influenciar as decisões que digam
DA PESSOA FÍSICA respeito a própria vida. Isso porque o art. 16, do ECA
(Lei nº 8.069/90) prediz que a criança e o adolescente
Com base no texto do art. 1º, do Código Civil, “Toda têm direito à opinião, expressão, liberdade de cren-
pessoa é capaz [...]”, pode-se entender que a pessoa, ao ça e culto, participação da vida familiar. Ademais, os
nascer com vida, possui não somente o direito à perso- arts. 45, § 2º e 28, § 1º, do ECA preveem, inclusive, o
nalidade, como também à capacidade “[...] de exercer consentimento do adotado (criança ou adolescente).
direitos e deveres na ordem civil”. Porém, assim como Conclui-se, então, que, embora o menor de 16 anos
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

ocorre com a personalidade, a capacidade sofrerá limi- seja incapaz, ele possui discernimento reconhecido
tações. Logo, a capacidade é a medida da personalida- para algumas situações.
de, pois define os limites de seu exercício. As espécies
de capacidade, portanto, podem ser subdividas em: Os Relativamente Incapazes

Como vimos, os relativamente incapazes são aque-


z Capacidade de direito (capacidade jurídica ou de les que já podem praticar determinados atos da vida
gozo): que é a aptidão com a qual todos nascem civil pessoalmente, mas para alguns ainda precisam de
para adquirir direitos e contrair obrigações. Porém, um assistente. No entanto, o Código Civil apresenta um
ela não é plena, pois seu titular apresenta limita- rol (taxativo) um pouco maior em seu art. 4º. Vejamos:
ções de forma que não pode exercer seus direitos
pessoalmente. Exemplo: menor de idade, o qual Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos
depende de acompanhamento dos pais na vida civil ou à maneira de os exercer: 
para realizar negócios jurídicos, como um contrato; I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

5  Art. 1.728 Os filhos menores são postos em tutela:


I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. 211
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;  e praticar atos gerais de gestão ao seu patrimônio6.
III - aqueles que, por causa transitória ou perma- Sendo assim, fora as hipóteses do art. 1.782, o pródigo
nente, não puderem exprimir sua vontade;  poderá agir sem curador.
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será
A Mudança de Concepção quanto à Pessoa com
regulada por legislação especial.
Deficiência
Os maiores de 16 e menores de 18 anos serão assis-
É interessante observar que, com o Estatuto da
tidos pelos pais ou, na ausência deles, por um TUTOR. O
Pessoa com Deficiência, houve mudança no trata-
menor manifestará sua vontade a qual deverá ser con-
mento dado às pessoas com enfermidade ou doença
firmada pelo assistente. Quando houver conflito entre
mental e àquelas que, por causa transitória ou perma-
a vontade do assistente e do menor, poderá o juiz dar o
nente, não possam exprimir sua vontade, pois, antes,
consentimento se entender que a recusa do assistente é
todos elas eram consideradas absolutamente incapa-
injustificada. Exemplo: Art. 1.517 c/c Art. 1.519.
zes. Isso porque a Lei 13.146/15 revogou os incisos I ao
Cabe ressaltar que alguns atos podem ser realiza- II do art. 3º, do Código Civil. Por consequência, haverá
dos pelo maior de 16 anos sem assistência: capacidade plena dessas pessoas até a constatação de
incapacidade relativa (pelo procedimento de curate-
z Podem ser testemunha (Art. 228, I); la), não sendo mais uma condição verificada automa-
z Mandatário – representante com procuração (Art. 666); ticamente pela existência de alguma deficiência.
z Podem redigir testamento (Art. 1.860, p. único); O curador irá assistir o incapaz em seus atos civis
z Podem votar (Art. 14, II, c, CF). patrimoniais. Todavia, ele poderá realizar alguns atos
sem o curador, como: casar-se; exercer direitos sexuais
O caso dos ébrios habituais (alcóolatras) e dos e reprodutivos; exercer o direito ao planejamento
viciados em tóxicos afeta apenas aqueles que possuem familiar (escolher o número de filhos); conservar sua
o vício incontrolável a ponto de gerar transtornos fertilidade, vedada a esterilização compulsória; exer-
mentais. Para se tornarem relativamente incapazes, cer guarda, tutela, curatela e adoção.
porém, deverão ser submetidos a um processo judi- Vejamos a previsão do art. 6º, da Lei 13.146/15:
cial de curatela (Art. 1.767, III) cuja sentença determi-
nará um curador. Somente com a interdição que os Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade
viciados dependem de assistência de um curador para civil da pessoa, inclusive para:
praticarem determinados atos da vida civil. I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
Art. 1.767 Estão sujeitos a curatela: III - exercer o direito de decidir sobre o número
[...] de filhos e de ter acesso a informações adequadas
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a este-
Também serão considerados relativamente incapa- rilização compulsória;
zes aqueles que, por causa transitória ou permanente, V - exercer o direito à família e à convivência fami-
não puderem exprimir sua vontade. Trata-se de com- liar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e
prometimento das faculdades mentais, sendo que a
à adoção, como adotante ou adotando, em igualda-
pessoa não possui uma correta percepção da realidade.
de de oportunidades com as demais pessoas.
Quem definirá a ausência do discernimento será o juiz,
através do procedimento da CURATELA (Art.1.767, I).
Em todas as hipóteses referentes à incapacidade
Art. 1.767 Estão sujeitos a curatela: relativa, a consequência de agir sem assistência (Art.
[...] 171, I)7 é de o ato ser anulável (não tendo validade,
I - aqueles que, por causa transitória ou permanen- mas podendo, ainda, ser sanado).
te, não puderem exprimir sua vontade.
A Capacidade do Idoso e do Índio
Finalmente, a última hipótese prevista de incapa-
cidade relativa refere-se aos pródigos, que são aque- Como se observa, em nenhuma das hipóteses vis-
les que dilapidam o próprio patrimônio, em prejuízo tas até aqui faz menção à incapacidade relacionada
próprio. Porém, enquanto não forem submetidos ao ao envelhecimento. Isso porque a senilidade, a idade
processo de curatela (Art. 1.767, V, Código Civil) eles avançada por si só, não compromete o discernimento
ainda serão considerados absolutamente capazes de da pessoa, sendo necessária a comprovação judicial
praticar todos os atos da vida civil. da incapacidade.
O parágrafo único do art. 4º, do Código Civil, deter-
Art. 1.767 Estão sujeitos a curatela: mina que os índios (ou silvícolas) terão sua capacida-
[...] de regulada pela legislação especial – a Lei 6.001 de
V - os pródigos. 1973. A FUNAI (Fundação Nacional dos Índios) é o
ente que promove a plena proteção do índio.
No entanto, após a sentença judicial que declarar
o estado de prodigalidade, o pródigo será privado dos Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos
atos relativos ao seu patrimônio (Art. 1.782), quais ou à maneira de os exercer: 
sejam: emprestar, negociar, pagar, vender, hipotecar [...]

6  Art. 1.782 A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser
demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.
7  Art. 171 Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
212 I - por incapacidade relativa do agente;
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

O índio não integrado à sociedade deverá ser sempre representado pela FUNAI. O índio não integrado é aquele
que não fala o português, nem tem contato com a sociedade urbana. Portanto, ante a ausência de representação
do índio não integrado (art. 8º da Lei 6.001/73) o ato será nulo:

Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena
quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.

Os índios integrados submetem-se às regras do Código Civil (Art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 6.001/73) e pra-
ticam, pessoalmente, os atos da vida civil sendo plenamente capazes.
Cabe, aqui, relembrarmos a diferença entre capacidade, incapacidade relativa e incapacidade absoluta. Veja-
mos o quadro a seguir:

QUADRO COMPARATIVO: CAPACIDADE X INCAPACIDADE RELATIVA X INCAPACIDADE ABSOLUTA


INCAPACIDADE
CAPACIDADE PLENA INCAPACIDADE RELATIVA
ABSOLUTA
Direito pleno de exercer di- São aqueles que já podem pra- Trata dos menores de 16
reitos e deveres, sem repre- ticar determinados atos da vida anos, os quais não podem
DEFINIÇÃO sentante ou assistente, de civil pessoalmente, mas, para praticar atos pessoalmente
forma a responder comple- outros, precisam de um assis- sem um representante legal.
tamente por seus atos. tente. (Art. 4º, do CC). (Art. 3º, do CC).

A Cessação da Incapacidade

A incapacidade cessará pela:

z Maioridade;
z Cessação dos motivos da curatela;
z Pela emancipação.

De acordo com o Código Civil, não havendo qualquer das hipóteses do art. 4º, aos dezoito anos, quando o sujei-
to atinge a maioridade civil, ele também adquire a capacidade plena – de exercício. Vejamos:

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos
da vida civil.

Como consequência, poderá realizar todos os atos da vida civil sem representação ou assistência, não se sub-
metendo ao poder familiar e, ainda, responderá, pessoalmente, por seus atos, ou seja, passará a responder, penal-
mente, pelos crimes cometidos.
Na hipótese dos relativamente incapazes que estejam sob curatela, a incapacidade cessará quando cessar a
causa que a determinou (Art. 756, do CPC8).
Todavia, o parágrafo único, do art. 5º, prevê situações nas quais a incapacidade cessará antes mesmo de atin-
gida a maioridade. Vejamos:

Art. 5º [...]
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

III - pelo exercício de emprego público efetivo;


IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o
menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

A cessação da incapacidade, antes mesmo de atingida a maioridade, é denominada emancipação. Esse é o


ato pelo qual o menor adquire capacidade plena, podendo realizar pessoalmente seus atos, sem representação
ou assistência. No entanto, vale lembrar que mesmo que tais consequências sejam idênticas às da maioridade, o
sujeito continua sendo menor, isto é, ainda se sujeita ao ECA e continua sendo inimputável, não podendo res-
ponder penalmente pelos crimes cometidos. Ademais, a emancipação, em regra, é definitiva e irrevogável.
Ainda em conformidade com o parágrafo único, do art. 5º, são espécies de emancipação:

z Emancipação voluntária: ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro (morto ou não
registrado), mediante instrumento público. Esse tipo de emancipação possui, como requisitos, o menor pos-
suir 16 anos completos e o ato ser realizado por meio de instrumento público (lavrado em cartório);
8  Art. 756 Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. 213
z Emancipação judicial: ocorre por sentença judi- 974, do CC, o menor incapaz poderá exercer atividade
cial, após ser ouvido o tutor. Será realizada essa de empresa (estabelecimento próprio) apenas sendo
modalidade de emancipação, através de proces- representado.
so judicial, em caso de um menor tutelado ou de
recusa injustificável dos pais (ou de um deles) em Art. 974 Poderá o incapaz, por meio de represen-
conceder a emancipação. Nos termos do art. 1.690, tante ou devidamente assistido, continuar a empre-
parágrafo único, do Código Civil: sa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus
pais ou pelo autor de herança.
Art. 1.690 Compete aos pais, e na falta de um deles
ao outro, com exclusividade, representar os filhos
menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até Neste sentido, a ideia de estabelecimento civil ou
completarem a maioridade ou serem emancipados. comercial deve ser compreendida nas hipóteses em
Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum que o menor age como profissional liberal (ex.: ele-
as questões relativas aos filhos e a seus bens; haven- tricista, professor, cantor etc.). A relação de emprego
do divergência, poderá qualquer deles recorrer ao poderá existir a partir dos 16 anos quando se pode
juiz para a solução necessária. estabelecer contrato regular (Art. 403, da CLT).
No caso de o menor ser tutelado, deverá ocorrer a
z Responsabilidade civil dos pais pelos atos do
oitiva do tutor (quer-se evitar que o tutor se desonere
emancipado
do múnus por capricho). A emancipação será registra-
da no cartório de pessoas naturais, conforme prevê o
art. 29, IV, da Lei 6.015 de 1973: Os pais são civilmente responsáveis de forma obje-
tiva (mesmo sem o elemento do dolo ou da culpa)
Art. 29 Serão registrados no registro civil de pes- pelos atos civis de seus filhos (Art. 928, CC), sendo essa
soas naturais: responsabilidade subsidiária.
IV - as emancipações;
z O menor emancipado
� Emancipação legal: se dá em razão de um deter-
minado acontecimento somado ao de ter 16 anos Como o menor emancipado pratica seus atos sem
completos. Também deverá ser registrada no car- representação ou assistência, o STJ tem o entendi-
tório de pessoas naturais. Nos termos do art. 91, mento de que a emancipação por outorga dos pais
parágrafo único, da Lei 6.015 de 1973: não afasta a responsabilidade pelos atos do menor,
ou seja, em casos de emancipação voluntária, os pais
Art. 91 [...] responderão de forma solidária pelos atos do menor:
Parágrafo único. Antes do registro, a emancipação, “A emancipação voluntária, diversamente da operada
em qualquer caso, não produzirá efeito.
por força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos
pais pelos atos praticados por seus filhos menores”.
São hipóteses de emancipação legal: o casamen-
(STJ – AgRg no Ag: 1239557 RJ 2009/0195859 – 0, Rela-
to, o exercício de emprego público efetivo, a colação
tor: Ministra Maria Isabel Galloti Data de Julgamento:
de grau em curso de ensino superior, a existência de
09/10/2012, T4, Quarta Turma, Data de publicação: DJe
estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência
de relação de emprego, desde que, em função deles, o 17/10/2012).
menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria. DA PESSOA JURÍDICA
Atente-se à emancipação legal por casamento.
Com a Lei 13.811/2019 ficou vedado, em qualquer O título II do Código Civil (CC) trata das pessoas
caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil. jurídicas. Seu significado é explicado da seguinte for-
Por se tratar de uma alteração recente, redobre sua ma pela doutrinadora Maria Helena Diniz “a pessoa
atenção, pois pode ser objeto de sua prova. jurídica é verdadeira unidade de pessoas naturais
Algumas breves considerações devem ser feitas, ou de patrimônios, que visa à consecução de certos
ainda, quanto às hipóteses de emancipação legal. Pri- fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de
meiramente, o divórcio não devolve a incapacidade direitos e obrigações”9
ao menor. Em segundo lugar, a hipótese de emanci- Esse conceito pode ser melhor entendido com a lei-
pação pelo exercício de emprego público efetivo pare- tura dos tipos de pessoa jurídica elencados pelo Códi-
ce inviável, pois depende de lei que expressamente go Civil (arts. 40, 41, 42 e 44, do CC). Segundo esses
autorize o menor a ser investido em cargo público. No dispositivos, a pessoa jurídica poderá ser de direito
entanto, a Lei Federal dos Servidores Públicos (Art. 5º, público (interno ou externo) ou de direito privado.
V, da Lei 8.112, de 1990) estabelece a idade mínima de Vejamos:
18 anos como requisito para a investidura.
Em relação à colação de grau em curso de ensino z Pessoas jurídicas de direito público: União, Estados,
superior, mesmo sendo difícil em razão da longa dura- Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias,
ção dos cursos de ensino fundamental e médio, a Lei inclusive as associações públicas e as demais entida-
de Diretrizes Básicas da Educação (Lei 9.394, de 1996) des de caráter público criadas por lei (interno); Esta-
admite a abreviação da duração de cursos dos alunos dos estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas
extraordinários e não existe idade mínima prevista pelo direito internacional público (externo);
para essa conclusão abreviada. z Pessoas jurídicas de direito privado: Associa-
Finalmente, quanto à última hipótese, entende-se ções, sociedades, fundações, organizações religio-
por economia própria aquela que atende à subsistên- sas, partidos políticos, empresas individuais de
cia do sujeito e de seus dependentes. Segundo o art. responsabilidade limitada.
214 9 (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral do Direito Civil. 32ª Ed. São Paulo: Saraiva, Vol. 1, 2015, p. 243).
Conforme o Enunciado 144 da III Jornada de Direi- indicado nos atos constitutivos. Quando houver
to Civil do Conselho da Justiça Federal: “A relação das diversos estabelecimentos (§ 1º do art. 75), todos
pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44, serão considerados domicílios. É importante, nesse
incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva”. (Conselho contexto, mencionar a súmula 363 do STF: a pes-
da Justiça Federal. Jornadas de direito civil I, III, IV e V: soa jurídica de Direito privado pode ser demanda-
enunciados aprovados. Coordenador científico: Minis- da no domicílio da agência ou do estabelecimento
tro Ruy Rosado de Aguiar Júnior. Brasília: Conselho da em que se praticou o ato, independente se ali fun-
Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 2012). ciona a diretoria ou administração;
Ademais, o art. 41 também deixou em aberto outras z A pessoa jurídica pode ser extinta pelos seguintes
possibilidades de pessoas jurídicas de direito público motivos: I) pelo decurso do prazo, se for determina-
interno ao declarar “[...] as demais entidades de caráter do; II) pela deliberação dos membros; III) pela fal-
público criadas por lei”. (Art. 41, V, CC). ta de pluralidade de membros (exemplo: morte de
sócios); IV) quando a finalidade foi atingida ou se tor-
REGRAS GERAIS nou impossível. Exemplo: associação criada com o
fim de angariar fundos para uma formatura, porém
Primeiramente, é importante explicar que, por esco- o curso é fechado pelo MEC; tem-se: fim a atingir
lha didática, neste capítulo nem sempre haverá transcri- (formatura) versus fim impossível (fechamento do
ção do Código Civil. Porém, para melhor aproveitamento curso pelo MEC); V) pelo não cumprimento da fun-
de seu estudo, esteja com ele ao lado para conferir todos ção social: desvio de fins, abuso de direito; VI) outras
os artigos à medida em que forem citados. possibilidades previstas no ato constitutivo. Em qual-
A partir da análise das disposições gerais do Título II quer caso, deverá ser providenciada a averbação da
do Código (arts. 40 -52, do CC), podemos observar algu- dissolução (§ 1º do art. 51 do CC);
mas características comuns das pessoas jurídicas: z Os bens pertencentes à pessoa jurídica de fins não
econômicos que se extingue seguirão para outras
z Existe para o direito como uma realidade ideal e entidades de mesmo fim.
não corporal (art. 45, CC);
z A existência de uma organização de pessoas ou
patrimônio para determinado fim com a observân- Importante!
cia das condições legais, tais como registro dos atos
O marco definidor da atribuição da personali-
constitutivos (art. 45, CC);
dade jurídica é o registro do ato constitutivo no
z O ato constitutivo é o documento básico da socieda-
de (estatuto ou contrato), o qual deverá ser registra- órgão competente (art. 45), logo, diferentemente
do no órgão competente como Cartório de Registro das pessoas naturais, as pessoas jurídicas não
de Pessoas Jurídicas, Junta Comercial etc.; necessariamente ganharão personalidade “ao
z A partir do registro, a pessoa jurídica adquire capa- nascerem”, mas sim a partir do registro de seu
cidade e poderá, pois, contrair direitos e deveres ato constitutivo.
jurídicos;
z A pessoa jurídica não possui todos os direitos da
personalidade, mas apenas aqueles que lhe são CLASSIFICAÇÃO
compatíveis (art. 52, do CC), tais como o nome, a
honra, a imagem. Logo, a proteção não é da pes- Quanto à Estrutura Interna
soa jurídica em si, mas da atividade das pessoas
naturais que está por traz daquela. Fala-se em uma z As corporações
tutela avançada da pessoa humana. Nesse sentido
é a Súmula 227 do STJ: “a Pessoa Jurídica pode ser São compostas por agrupamento de pessoas, liga-
vítima do dano moral”; das por um sentimento comum, o chamado affec-
z Personalidade da pessoa jurídica é distinta da de tio societatis. São suas modalidades: sociedades e
seus instituidores, seu patrimônio é separado do associações:
patrimônio de seus membros;
z Em casos de desvio de finalidade da pessoa jurí- „ Sociedades
dica ou de confusão do patrimônio da pessoa
jurídica com a de seus membros, permite-se a des- Caracterizam-se por almejar lucro, podendo ser
consideração da personalidade jurídica, a partir sociedade simples ou sociedade empresária.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

da qual será possível atingir os bens dos membros A sociedade será simples (art. 966, parágrafo úni-
(art. 50, CC); co) se a atividade for intelectual, científica, cultural,
z A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo ou passi- literária ou artística, tais como escola, sociedade de
vo em atos civis e criminais. Por exemplo, as pes- advogados, sociedade de dentistas. Seu registro será
soas jurídicas podem receber herança (art. 1799, no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas (art. 114,
II), podem sofrer violação à honra (art. 52), podem II da Lei de Registros Públicos – LRP).
praticar crimes ambientais (Lei 9.605/1998). No A sociedade será empresária (art. 966, caput) se
entanto, a pessoa jurídica não pode exercer ato assumir feições de sociedade empresarial, relaciona-
privativo da pessoa natural, como, por exemplo, da com atividade econômica organizada para a pro-
casar; dução ou a circulação de bens e serviços. Seu registro
z O domicílio da pessoa jurídica é o local onde fun- ocorrerá na Junta Comercial.
cionam suas diretorias e administrações ou onde A diferença entre sociedade simples e empresária
o ato constitutivo indicar. O domicílio da pessoa está na complexidade estrutural da empresa e de
jurídica de direito privado pode ser o lugar (art. sua atividade desenvolvida. Será ou não empresária
75, IV): I) da administração e direção; II) o local conforme o grau de organização que apresente.
215
„ As associações A exclusão de um associado, nos termos do art.
57 do Código Civil, só é possível se houver justa cau-
São pessoas jurídicas que não têm finalidade lucra- sa e procedimento que assegure o direito de defesa e
tiva, nos termos do art. 53 do Código Civil. São cons- recurso, de acordo com a previsão no Estatuto.
tituídas pela reunião de pessoas que visam alcançar O órgão máximo de decisão de uma associação é
determinado fim. chamado de Assembleia Geral. Ela tem caráter perma-
As atividades das associações podem ser culturais, nente e reúne todos os associados. O art. 60 do Código
esportivas, acadêmicas, protetiva de direitos, profis- Civil diz que a assembleia pode ser realizada perio-
sionais ou qualquer outra que não tenha por natureza dicamente, conforme previsão no Estatuto ou por
a obtenção de lucro. requerimento de 20% dos associados.
Isso não significa que as associações não poderão As decisões da Assembleia Geral serão tomadas
ter ganhos financeiros. Ou seja, elas podem receber com base na maioria dos votos presentes, salvo pre-
doação, cobrar por trabalhos desenvolvidos, promo- visão diversa especificada no Estatuto Social. São de
ver eventos para arrecadação de dinheiro. No entan- competência exclusiva da Assembleia Geral: a) a deci-
to, qualquer valor deverá ser revertido ao exercício são sobre destituição de administradores da associa-
da atividade associativa. Não se admite a partilha des- ção e b) a alteração do estatuto.
ses valores entre os associados. Em caso de dissolução da associação, vale a leitura
As associações são regidas pelo estatuto social, que do art. 61 do Código Civil. Observe o destino do patri-
é uma espécie de lei orgânica, de modo a vincular os mônio remanescente, bem como a possibilidade de
associados presentes e futuros. O registro é feito no devolução das contribuições dos associados:
Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, nos termos
do art. 114, I da Lei 6015/73. O art. 54 menciona o Art. 61 Dissolvida a associação, o remanescente
que precisa conter o estatuto, sob pena de nulidade. do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se
Vejamos: for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no
parágrafo único do art. 56, será destinado à entida-
Art. 54 Sob pena de nulidade, o estatuto das de de fins não econômicos designada no estatuto,
associações conterá: ou, omisso este, por deliberação dos associados, à
I - a denominação, os fins e a sede da associação; instituição municipal, estadual ou federal, de
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclu- fins idênticos ou semelhantes.
são dos associados; § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por
III - os direitos e deveres dos associados; deliberação dos associados, podem estes, antes da
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; destinação do remanescente referida neste artigo,
V – o modo de constituição e de funcionamento dos receber em restituição, atualizado o respectivo
órgãos deliberativos; valor, as contribuições que tiverem prestado ao
VI - as condições para a alteração das disposições patrimônio da associação.
estatutárias e para a dissolução. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Dis-
VII – a forma de gestão administrativa e de aprova- trito Federal ou no Território, em que a associa-
ção das respectivas contas. ção tiver sede, instituição nas condições indicadas
neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio
se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito
Em regra, por força do art. 55 do Código Civil, todos
Federal ou da União.
os associados devem ter o mesmo status na associa-
ção. No entanto, pode-se prever, no estatuto, catego-
rias distintas de associados. Assim, pode ser que um z Figuras diversas
associado seja liberado de pagar contribuições.
Outra característica importante diz respeito à Entre as pessoas jurídicas, existem figuras denomi-
intransmissibilidade da qualidade de associado, salvo nadas “diversas”, a saber:
se o estatuto trouxer norma diversa. Eis a previsão do
art. 56 do Código Civil: „ Sindicatos: O enunciado 142 do Conselho da
Justiça Federal (CJF) trata os sindicatos como de
Art. 56 A qualidade de associado é intransmissível, sendo de natureza associativa. No entanto, por
se o estatuto não dispuser o contrário. tratarem de temas referentes ao interesse cole-
Parágrafo único. Se o associado for titular de quo- tivo, seu tratamento é dado pela Constituição
ta ou fração ideal do patrimônio da associação, a Federal e Consolidação das Leis do Trabalho
transferência daquela não importará, de per si, (CLT). Os doutrinadores falam que o sindicato
na atribuição da qualidade de associado ao adqui- seria uma associação sui generis;
rente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do „ ONGs: Fazem gestão de interesses sociais e
estatuto. surgem ao lado do Estado para a promoção de
direitos fundamentais como saúde, educação,
Cada associado deve contribuir proporcional- lazer etc. Por terem caráter público, serão regu-
mente com as despesas da associação, na forma dos lamentados pelo direito Administrativo e pelas
estatutos, independentemente de usar ou não os bene- regras associativas do direito civil. É o chama-
fícios das atividades associativas. do terceiro setor;
O STJ já decidiu no sentido de que o não-filiado a „ Fundos: São universalidade de recursos atre-
uma associação não pode ser compelido a pagar por lada a certas despesas e considerados entes
despesas associativas, salvo se beneficiar-se da ativi- despersonalizados;
dade, sob pena de configurar o enriquecimento sem „ Maçonaria, Rotary: Associação civil;
causa. Nesse sentido são os REsp 1.280.871-SP e REsp „ Condomínio: Considerado ente despersonali-
216 1.439.163-SP. zado, não sendo sujeito de direitos.
z As fundações dos responsáveis por gerir e representar a fundação;
não haver contrariedade dos fins previstos originaria-
Segundo Stolze e Pamplona: “as fundações resul- mente; alteração será submetida à provação do Minis-
tam da afetação de bens livres, por testamento ou tério Público em 45 dias.
escritura pública, que faz o seu instituidor, especifi-
cando o fim para o qual se destina” (2019, p. 126). „ Finalidades da fundação
Uma característica importante das fundações é a
inalienabilidade dos bens. Exceção é quando a ven- O Código Civil aborda ainda as finalidades (art.62,
da do bem for indispensável para a existência ou parágrafo único) das fundações, quais sejam: assistên-
continuidade das atividades da fundação. Nesse caso, cia social; cultura, defesa e conservação do patrimônio
o bem deverá ser vendido e substituído por outro histórico e artístico; educação; saúde; segurança ali-
(exemplo: imóvel em ruína). mentar e nutricional; defesa, preservação e conserva-
São exemplos de fundações: Fundação Roberto ção do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
Marinho (atuação nas áreas ambiental, educacional sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de
e cultural, Telecurso, projetos para conservação do tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
patrimônio, Canal Futura, Globo Ecologia etc); Funda- gestão, produção e divulgação de informações e conhe-
ção Bradesco (criada pelo Banco Bradesco para pro- cimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da
jetos sociais, especialmente de educação); Fundação cidadania, da democracia e dos direitos humanos; ati-
Getúlio Vargas (destinada ao ensino e pesquisa). vidades religiosas.

„ Fases de criação (art. 62): Afetação de bens, „ Dissolução das fundações


criação de estatuto e fiscalização do Ministério
Público. A dissolução da fundação (art. 69, caput, do CC)
será possível quando ela se tornar ilícita, impossível,
Uma fundação é criada a partir da afetação de sua finalidade, inútil, e também poderá o Ministério
bens livres. Em outras palavras, pela destinação de Público pedir a sua dissolução, sendo que os bens
certos bens desimpedidos através de escritura pública remanescentes deverão ser destinados a outra fun-
ou de testamento. Veja-se a previsão do Código Civil: dação que desempenhe atividade semelhante. Em
pormenores:
Art. 64 Constituída a fundação por negócio jurídico Finalidade ilícita: Aquela que desvia dos seus fins
entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe originais;
a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens Finalidade impossível: Por intercorrência de um
dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em fator novo. Exemplo: fundação que não recebe verbas
nome dela, por mandado judicial. para o seu sustento;
Finalidade inútil: O objeto da fundação foi cum-
Ademais, a elaboração do estatuto poderá ser feita prido. Exemplo: ajudar as vítimas da enchente após o
pelo próprio instituidor ou por terceiro. No entanto, restabelecimento de todas as famílias.
se for destinada a terceiro, este deverá fazê-la no pra-
zo determinado em estatuto ou no prazo de 180 dias. QUANTO ÀS FUNÇÕES EXERCIDAS
Havendo descumprimento, o Ministério Público fará
o estatuto: Pessoas Jurídicas de Direito Público
Art. 65 Aqueles a quem o instituidor cometer a apli-
São marcadas pela presença do Poder Público e
cação do patrimônio, em tendo ciência do encargo,
são subdivididas em:
formularão logo, de acordo com as suas bases
(artigo 62), o estatuto da fundação projetada, sub-
metendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade z Pessoas jurídicas de direito público interno (art.
competente, com recurso ao juiz. 41): União, Estados, Município e DF;
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado z Pessoas jurídicas de direito público externo (art.
no prazo assinado pelo instituidor, ou, não haven- 42): Regidas pelo direito internacional público e
do prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência envolvem instituições como UNESCO, UNICEF, OIT,
caberá ao Ministério Público. ONU.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

A aprovação do estatuto deverá passar pelo crivo Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44)
do Ministério Público (artigo 66, do CC), tendo em vis-
ta o interesse social presente. Assim, nos termos do Nascem da vontade de particulares. São as funda-
art. 66 do Código Civil, a fiscalização da fundação com- ções, corporações, organizações religiosas e os parti-
petirá sempre ao Ministério Público correspondente, dos políticos.
isto é, ao Ministério Público Federal. As organizações religiosas e os partidos políticos não
Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Territó- se submetem às regras das associações, por essas serem
rio, caberá o encargo ao Ministério Público Estadual, muito complexas e burocráticas. Assim, não se subme-
inclusive de cada estado no caso de as atividades se tem aos requisitos do art. 53 ao 61 do Código Civil.
estenderem por mais de um estado. Exemplo: pode-se excluir um membro da igreja?
Como qualquer pessoa jurídica a criação da per- O que seria a justa causa, nessa hipótese? Assim, não
sonalidade da pessoa jurídica da fundação se dará há lei que defina o que são as organizações religiosas,
na fase de registro no Cartório de Registro de Pes- nem a forma de seus estatutos.
soas Jurídicas. Esse estatuto poderá passar por alte- Os partidos políticos, por sua vez, são regulamen-
ração (art. 67, CC), desde que obedeça aos seguintes tados pela Lei 9096/95 e seus estatutos devem ter
requisitos: Deliberação de, no mínimo, dois terços registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 217
Desconsideração da Personalidade Jurídica

Como abordado nas regras gerais deste tópico, a pessoa jurídica responde por suas dívidas com seu próprio
patrimônio. Logo, há uma blindagem patrimonial dos membros, que não são, em regra, atingidos. Porém, dado
os crescentes abusos pelos membros que passaram a usar a estrutura da empresa para prática de fraudes, houve
a necessidade de coibir tais práticas, retirando a blindagem existente através da criação do instituto jurídico da
desconsideração da personalidade jurídica.
A previsão está no art. 50 do Código Civil e a intenção do instituto é atingir o patrimônio dos membros da pessoa
jurídica que cometeram abuso, sem extingui-la.
Hipóteses de cabimento: a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica ocorrerá quando configurada o
abuso do direito. Tal abuso pode se manifestar pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.

z Desvio de finalidade: “[...] é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza”. (art. 50, parágrafo 1º). É a fuga dos objetivos da pessoa jurídica, deixando
um rastro de prejuízo a terceiros ou a outros membros. Exemplo: usar a pessoa jurídica para aplicar golpes
z Confusão patrimonial: Quando o membro utiliza o patrimônio da pessoa jurídica para realizar pagamentos
pessoais, atentando contra a regra da separação de patrimônios entre pessoa jurídica e pessoa física. Exemplo:
abre-se uma empresa de carros e usa-se os carros para fins particulares, retira-se dinheiro do caixa para pagar
dívidas pessoais etc. Veja a previsão do parágrafo 2º do art. 50 do CC:

Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I -
cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência
de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III -
outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

A desconsideração da personalidade é um procedimento judicial que ocorrerá mediante requerimento da


parte lesada ou do Ministério Público. O art. 50, em sua parte final, esclarece que a desconsideração atingirá os
bens dos administradores ou dos sócios da empresa que direta ou indiretamente foram beneficiados pelo abuso.

Importante!
Para o Código Civil, o encerramento irregular das atividades da empresa devedora não leva, por si só, a des-
consideração da personalidade jurídica para atingir o patrimônio de seus membros. É necessário provar o
abuso do direito. No entanto, quando a relação envolver direito do consumidor, meio ambiente ou direito
tributário, o encerramento irregular das atividades da empresa admite, por si só, a desconsideração da per-
sonalidade jurídica.

DOMICÍLIO

O domicílio é mais um dos atributos que definem a pessoa natural. Seu conceito se encontra no art. 70, do CC:

Art. 70 O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

Logo, é o local de sua residência com a intenção de ali permanecer. Em outras palavras, o domicílio é a sede
da pessoa natural, portanto, pode abranger o País, o Estado, a Cidade ou o logradouro. Por ânimo definitivo enten-
de-se a intenção de residir por tempo indeterminado neste local e de ali desenvolver suas principais atividades.
Nesse sentido, de acordo com o art. 72, do CC, o domicílio também é o local de atividade profissional da pessoa
natural. Vejamos:

Art. 72 É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é
exercida.

Mas, qual a importância da definição do domicílio?

z Determinar o local onde a pessoa exercerá direitos e cumprirá obrigações (art. 327, do CC);
z Determinar onde será proposta a ação (art. 46, do CPC), por exemplo.

É de ressaltar, porém, as diferenças entre os conceitos de residência, domicílio e morada para não serem con-
fundidos. Observe o quadro:

RESIDÊNCIA DOMICÍLIO MORADA OU ESTADIA

É a residência onde a pessoa habita


É o lugar onde a pessoa se estabe- É o local onde a pessoa se estabelece
com caráter de permanência, rea-
lece habitualmente. Exemplo: uma provisoriamente. Exemplo: estadia
lizando os atos principais da vida
casa de campo onde se passam os por seis meses em São Paulo para
privada. Obs.: o domicílio abrange a
finais de semana fazer um curso de aperfeiçoamento
residência
218
Domicílio Múltiplo, Ocasional ou Aparente e encontrar imediatamente subordinado; o do marí-
Mudança de Domicílio timo, onde o navio estiver matriculado; e o do pre-
so, o lugar em que cumprir a sentença.
Em relação ao domicílio, deve-se estar atento
a algumas situações que envolvem o tema. Dessa z Domicílio Profissional (art. 72, do CC): quanto às
maneira: atividades referentes à profissão, será considerado
domicílio o lugar onde a pessoa a exerce. Haven-
z Domicílio Múltiplo (art. 71 do CC): quando a do multiplicidade de domicílios profissionais, será
pessoa mantém várias residências onde vive alter- considerado domiciliado em cada um deles, para
nadamente. Neste caso, será considerado como efeitos de se dirimir conflitos referentes às respec-
domicílio dessa pessoa qualquer um dos domicí- tivas atividades.
lios. É o que prevê o art. 71, do CC: Art. 72 É também domicílio da pessoa natural,
quanto às relações concernentes à profissão, o
Art. 71 Se, porém, a pessoa natural tiver diversas lugar onde esta é exercida.
residências, onde, alternadamente, viva, conside- Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em
rar-se-á domicílio seu qualquer delas. lugares diversos, cada um deles constituirá domicí-
lio para as relações que lhe corresponderem.
z Domicílio Ocasional ou Aparente (art. 73, do
CC): ocorre quando a pessoa não tem residência z Domicílio especial ou foro de eleição (art. 78, do
habitual. Logo, será considerado seu domicílio CC): é o domicílio escolhido por contratantes para
aquele onde for encontrada. Exemplo: nômades, cumprirem as obrigações do contrato assinado:
ciganos, artistas circenses.
Art. 78 Nos contratos escritos, poderão os contra-
Art. 73 Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, tantes especificar domicílio onde se exercitem e
que não tenha residência habitual, o lugar onde for cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
encontrada.

z Mudança de Domicílio (art. 74, do CC): é a trans-


ferência de residência com a intenção manifesta SISTEMA DE PAGAMENTOS
de mudar seu domicílio de forma definitiva: BRASILEIRO
Art. 74 Muda-se o domicílio, transferindo a resi- O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) com-
dência, com a intenção manifesta de o mudar.
preende as entidades, os sistemas e os procedimentos
relacionados ao processamento e à liquidação de ope-
Como provar o ânimo definitivo? Por meio dos rações de transferência de fundos, de operações com
atos praticados pela pessoa, como comunicação a ter- moeda estrangeira ou com ativos financeiros e valores
ceiros, pela alteração de correspondências, contratos, mobiliários, chamados, coletivamente, de entidades
aquisição de bens, etc. É o que se depreende do pará- operadoras de Infraestruturas do Mercado Financeiro
grafo único, do art. 74, do CC: (IMF). Além das IMF, alguns arranjos e instituições
de pagamento também integram o SPB.
Art. 74. [...] Parágrafo único. A prova da intenção Zelar pelo funcionamento normal, seguro e efi-
resultará do que declarar a pessoa às municipali- ciente do sistema de pagamentos é função essencial
dades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, de um banco central. Tal função tem como objetivo
se tais declarações não fizer, da própria mudança, primordial garantir a eficiência e a segurança no uso
com as circunstâncias que a acompanharem. de instrumentos de pagamento por meio dos quais a
moeda é movimentada.
Modalidades de Domicílio Como forma de atingir esses objetivos, o BC tem as
competências de regulamentar e exercer a vigilância
Existem três formas de domicílio: o voluntário, o e a supervisão sobre os sistemas de compensação e de
necessário, determinado pela lei e o profissional. Veja- liquidação, os arranjos e as instituições de pagamento.
mos as definições: Vamos conhecer um pouco mais sobre esse universo?

z Domicílio Voluntário: é aquele escolhido livre- HISTÓRICO


CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

mente pela pessoa. Trata-se de exercício de liber-


dade, sendo a regra; Inicialmente, é importante compreender como ope-
z Domicílio Necessário ou Legal: é aquele deter- rava o Sistema Financeiro Nacional antes do surgimen-
minado pela Lei para algumas pessoas específicas, to do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
nos termos do parágrafo único do art. 76 do Código Os bancos têm no Banco Central (Bacen) uma con-
Civil. As hipóteses indicam sujeitos que, necessa- ta denominada Reservas Bancárias, que funciona
riamente, deverão ser encontrados em certo local. de forma similar a uma conta corrente. Nessa conta
Vejamos: é processada toda a movimentação financeira diária
entre os bancos, decorrente de operações próprias ou
Art. 76 Têm domicílio necessário o incapaz, o ser- de seus clientes.
vidor público, o militar, o marítimo e o preso. Antes do surgimento do novo SPB, às 7 horas da
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu manhã de cada dia útil, eram lançados nas contas
representante ou assistente; o do servidor público, Reservas Bancárias das instituições financeiras, os
o lugar em que exercer permanentemente suas fun- resultados financeiros (positivos ou negativos) apura-
ções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha dos nos diversos mercados de títulos e valores mobi-
ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se liários nas negociações dos dias anteriores. 219
Estamos falando dos resultados de operações com podiam agir de forma menos prudente, acreditando
ações, derivativos, títulos privados etc., além do resul- que, caso necessitassem, seriam “socorridos” pelo
tado da compensação, entre os bancos, dos valores Banco Central.
pagos pelas pessoas físicas e jurídicas por intermédio Grandes bancos, como o Nacional, o Bamerindus
de cheques e DOC (Documentos de Crédito). e o Econômico, que eram bancos expressivos, con-
O único resultado que era lançado no mesmo dia correntes de grandes nomes que continuam na ativa
das operações era aquele informado pelo Selic, relati- hoje, foram liquidados (quebraram) na segunda meta-
vo às negociações com títulos públicos federais. Mes- de da década de 1990.
mo assim, esse lançamento era realizado às 23h, após
Em junho de 2001, o balanço do Banco Central
o encerramento dos mercados.
indicava saldo devedor nas contas Reservas Bancá-
O que ocorria era que, ainda que o banco não
dispusesse de saldo suficiente em sua conta para rias de R$ 12,3 bilhões decorrentes de lançamentos
satisfazer os pagamentos previstos para as 7h, o Ban- não rejeitados, embora as instituições não dispuses-
co Central honrava a liquidação das obrigações, e sem de liquidez suficiente ou de garantias para ofere-
o banco passava a apresentar saldo negativo na conta cer em um empréstimo.
Reservas Bancárias. Perceba: é como se os bancos pos- Com esse percurso histórico, conseguimos com-
suíssem um “cheque especial” com limite infinito preender qual era o cenário antes do surgimento
junto ao Banco Central. Ainda que não tivessem recur- do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Veja a seguir
sos disponíveis em sua conta Reservas Bancárias, seus quais foram as mudanças implementadas em sua
compromissos eram liquidados. reestruturação.
Esse saldo negativo normalmente era regulariza-
do às 23h, pois os bancos mantinham títulos públicos MEDIDAS ADOTADAS NA REESTRUTURAÇÃO DO
federais em volume suficiente para o adequado geren- SISTEMA DE PAGAMENTOS
ciamento de seu caixa. Ou seja, se a conta Reservas
Bancárias ficasse negativa, o banco vendia títulos A reestruturação do Sistema de Pagamentos Bra-
públicos federais ao longo do dia e, às 23h, regula-
sileiro (SPB) compreendeu um conjunto de medidas
rizava sua situação, deixando de apresentar saldo
para solucionar os graves problemas existentes que
devedor.
foram expostos aqui.
A soma dos saldos negativos nas contas Reser-
Os principais riscos assumidos pelo Banco Cen-
vas Bancárias, entre as 7h e às 23h de cada dia, era
tral no antigo Sistema de Pagamentos eram o risco de
um risco privado (dos bancos) assumido diaria-
crédito e o risco de liquidez. As instituições deten-
mente pelo Banco Central. Ou seja, indiretamente,
era assumido por toda a sociedade. toras de contas Reservas Bancárias no Banco Central
Por outro lado, se o Banco Central rejeitasse os lan- comandavam as ordens de transferências de recursos
çamentos de um banco para evitar a existência de sal- sem que houvesse checagem automática da suficiên-
do negativo em sua conta Reservas Bancárias, estaria cia dos saldos na conta, ficando tal conferência para o
transferindo a falta de liquidez (dinheiro) desse banco final do dia e pelo valor líquido (compensação multi-
para o resto do sistema financeiro e para a clientela lateral dos saldos comandados ao longo do dia).
do sistema bancário. Sim, porque se um banco não Assim, se uma contraparte na operação não hon-
honrasse seus débitos, outros bancos deixariam rasse o compromisso de transferência do fundo por
de receber os recursos que tinham a receber desse motivo de falta de liquidez momentânea (risco de
banco. liquidez) ou insolvência (risco de crédito), o Banco
Isso poderia gerar o que se costuma chamar de Central, desempenhando a função de mantenedor do
“crise sistêmica”, com a quebra sucessiva de ins- equilíbrio do sistema financeiro, assumia o papel de
tituições financeiras — um “efeito dominó” — e a fornecedor de liquidez e crédito do sistema. O Banco
interrupção da cadeia de pagamentos do setor real Central, portanto, assumia o papel, involuntário, de
da economia, seguida, invariavelmente, de recessão garantidor das operações cursadas no âmbito do
econômica. O risco de crise sistêmica era algo que o Sistema de Pagamentos.
Banco Central precisava evitar a qualquer custo. As câmaras de compensação (sistemas de liqui-
Dessa forma, era comum que, quando o problema dação de operações com títulos públicos, títulos pri-
de liquidez de um determinado banco fosse grave, vados, cheques, operações de câmbio etc.) liquidavam
o Banco Central sustentasse esse banco por meio de diretamente na conta Reservas Bancárias no Banco
empréstimos, a fim de evitar o risco sistêmico. Central. Também não havia críticas quanto à insufi-
ciência de saldo. Nesse caso, o Banco Central assu-
Dica mia os riscos decorrentes da operação, dado que as
câmaras não possuíam mecanismos de gerenciamen-
Há uma expressão comum no mercado financei- to de riscos capazes de suprir a insolvência de seus
ro sobre isso: “too big to fail” (“grande demais participantes.
para quebrar”, em português). Esse é também o Portanto, havia um cenário complexo, com o Ban-
nome de um filme de 2011 que aborda a crise co Central atuando principalmente como fornecedor
do sistema financeiro norte-americano de 2008. de liquidez caso as instituições bancárias detentoras
Fica a sugestão para assisti-lo, pois irá te ajudar de conta Reservas Bancárias não honrassem as suas
a compreender um pouco mais como funciona o ordens de transferências de recursos ao final do dia,
sistema financeiro. fosse devido à falta de liquidez, à insolvência, a frau-
des ou mesmo por problemas operacionais.
Essa situação propiciava o chamado risco moral Diante disso, na construção do novo Sistema de
(moral hazard), que surge quando um agente econô- Pagamentos Brasileiro, que passou a operar em 22
mico muda seu comportamento de acordo com o con- de abril de 2002, diversas medidas passaram a ser
220 texto da transação econômica. Nesse caso, os bancos adotadas:
z Revisão da base legal do Sistema de Pagamen- z Dotaram o país de um sistema de pagamentos
tos Brasileiro, com a edição da Lei nº 10.214, de moderno;
27 de março de 2001, que disciplinou a atuação z Reduziram a percepção de risco do país;
das câmaras e dos prestadores de serviços de com- z Permitiram maior atratividade para o capital externo;
pensação e de liquidação no âmbito do sistema de z Geraram ganhos de eficiência à economia.
pagamentos brasileiro. Dentre os pontos discipli-
nados pela Lei, pode-se destacar a previsão da Além disso, surgiu para o cidadão comum a possi-
compensação multilateral e a criação de prote- bilidade de transferir recursos de sua conta corrente
ção jurídica para a execução segura das garan- para conta de outra pessoa em banco diferente do seu,
tias aportadas nas câmaras de compensação; em agência de qualquer localidade do país, sendo o
z Monitoramento, em tempo real, do saldo de recurso imediatamente disponível para o destinatá-
cada conta Reservas Bancárias, não sendo admi- rio, através da Transferência Eletrônica Disponível
tido, a partir do dia 24 de junho de 2002, saldo (TED).
devedor em qualquer momento do dia;
z Oferta de empréstimo ponte diário (redescon- ESTRUTURA DO NOVO SISTEMA DE PAGAMENTOS
to intradia), mediante operações de compra, pelo BRASILEIRO (SPB)
Banco Central, de títulos públicos federais dos
bancos, que são recomprados do Banco Central no O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) com-
próprio dia, registrando-se em tempo real o resul- preende as entidades, os sistemas e os procedi-
tado financeiro na conta Reservas Bancárias. Isso mentos relacionados com o processamento e a
garante a oferta da liquidez necessária para o liquidação de operações de transferência de fun-
fluxo normal dos pagamentos ao longo do dia, sem dos e de operações com moeda estrangeira ou com
riscos para o Banco Central; ativos financeiros e valores mobiliários, chamados,
z Implantação de sistema de troca de fundos com coletivamente, de entidades operadoras de Infraes-
liquidação bruta em tempo real, que processa truturas do Mercado Financeiro (IMF).
ordens de transferência eletrônica de fundos entre Além das IMF, alguns arranjos e instituições de
bancos, inclusive as por conta de clientes. Essas pagamento também integram o SPB.
ordens, uma vez processadas pelo sistema, passa- O Banco Central exerce a função de zelar pelo fun-
ram a gozar dos atributos de irrevogabilidade e cionamento normal, seguro e eficiente do sistema de
incondicionalidade, isto é, uma vez processadas, pagamentos. Tal função tem como objetivo primordial
não podem ser desfeitas (não há estorno). Assim, garantir a eficiência e a segurança no uso de instru-
passou a existir alternativa segura aos cheques e mentos de pagamento por meio dos quais nossa moe-
documentos de crédito para a realização de paga- da é movimentada.
mentos de grande valor (é o surgimento da Trans- Assim, o Banco Central tem as competências de
ferência Eletrônica Disponível — TED); regulamentar e exercer a vigilância e a supervisão
z Criação, pelo setor privado, de rede de teleco- sobre os sistemas de compensação e de liquidação, os
municações dedicada exclusivamente ao siste- arranjos e as instituições de pagamento.
ma financeiro e operada sob rígidos padrões de As IMF desempenham um papel fundamental para
segurança e confiabilidade definidos pelo Banco o sistema financeiro e para a economia de uma for-
Central; ma geral. É importante que os mercados financeiros
z Assunção do risco privado pelo setor privado, confiem na qualidade e na continuidade dos serviços
com a definição de regras mais rígidas para as prestados pelas IMF. Seu funcionamento adequado é
câmaras de compensação privadas, que adota- essencial para a estabilidade financeira e condição
ram adequados mecanismos de gerenciamento necessária para proteger os canais de execução da
de riscos, como o estabelecimento de limites para política monetária.
os bancos com base no recebimento prévio de Cabe ao Banco Central atuar no sentido de promo-
garantias. Se o Banco Central rejeita lançamento ver sua solidez, seu normal funcionamento e seu con-
na conta Reservas Bancárias de um banco que não tínuo aperfeiçoamento.
disponha de liquidez suficiente, a câmara executa No caso dos pagamentos de varejo, o Banco Central
as garantias que lhe tenham sido entregues pelo direciona suas ações no sentido de promover a inte-
banco inadimplente e honrará os pagamentos cor- roperabilidade, a inovação, a solidez, a eficiência,
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

respondentes, com fundamento na Lei 10.214, de a competição e o acesso não discriminatório aos
2001. Outra consequência foi que os participantes serviços e às infraestruturas. Além disso, o Bacen zela
tiveram que conhecer e gerenciar melhor os riscos pelo atendimento às necessidades dos usuários finais
a que estavam expostos nessas câmaras; e pela inclusão financeira.
z Adoção de mecanismo indutor à oferta, pelos
bancos, de novos produtos à clientela, que per- INFRAESTRUTURAS DO MERCADO FINANCEIRO
mitiram a migração dos pagamentos de maior (IMF)
valor, à época realizados por cheques e documen-
tos de crédito, para instrumentos de pagamento São integrantes do SPB os seguintes serviços:
eletrônico adequadamente estruturados.
z Serviço de compensação de cheques;
Podemos dizer que as medidas mencionadas, entre z Serviços de compensação e liquidação de ordens
outros aspectos positivos: eletrônicas de débito e de crédito, de transfe-
rência de fundos e de outros ativos financeiros;
z Retiraram riscos privados do setor público; z Serviços de compensação e de liquidação de opera-
z Fortaleceram o sistema financeiro; ções com títulos e valores mobiliários; 221
z Serviços de compensação e de liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros;
z Serviços de depósito centralizado e de registro de ativos financeiros e de valores mobiliários.

Todas as entidades que prestam esses serviços são denominadas Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF).
O tráfego de informações entre as IMF ocorre através da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN).
A RSFN, portanto, é a estrutura de comunicação de dados que tem por finalidade amparar o tráfego de
informações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional.

Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF) e Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN)

Fonte: site do Banco Central.

AUTORIZAÇÃO, SUPERVISÃO E REGULAÇÃO

No Brasil, qualquer IMF, para funcionar, está sujeita à autorização e à supervisão do Banco Central.
Na função de supervisão, cabe ao Banco Central assegurar que as IMF em operação no Brasil sejam adminis-
tradas consistentemente com os objetivos de interesse público, mantendo a estabilidade financeira e reduzin-
do o risco sistêmico.
Cabe, ainda, ao Bacen, seguindo diretrizes dadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o papel de regu-
lador, juntamente com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nas suas respectivas esferas de competência.
Como regulador, portanto, o Banco Central atua no sentido de converter as políticas estabelecidas em regras a
serem aplicadas pelas IMF.
Além disso, ele busca adequar as normas brasileiras, quando relevante, ao que recomendam os organismos
internacionais, como é o caso do Comitê de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado do Banco de Compensações
Internacionais (CPMI/BIS) e do Comitê Técnico da Organização Internacional de Comissões de Valores (TC/IOSCO).

GESTÃO E OPERAÇÃO

Além da supervisão e da regulação, o Banco Central também atua como provedor de serviços de liquidação.
Nesse papel, o Banco Central é o responsável pela gestão e operação das seguintes IMF:

z Sistema de Transferência de Reservas (STR);


z Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI);
z Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

O STR e o SPI são sistemas de pagamento (transferências de fundos). O Selic é um sistema de liquidação de
ativos e um depositário central que opera a maioria dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, além de
ser o responsável pelo eventual registro de ônus e gravames sobre tais títulos.
222 Neste momento, vamos falar sobre o STR e o SPI.
SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE RESERVAS (STR)

O Sistema de Transferência de Reservas (STR) é o coração do Sistema de Pagamentos Brasileiro, pois é onde
ocorre a liquidação final de todas as obrigações financeiras no Brasil.
A transferência de fundos no STR é irrevogável, isto é, só é possível “desfazer” uma transação por meio de
outra transação no sentido contrário. Além disso, para garantir a solidez do sistema, no STR não há possibilidade
de lançamentos a descoberto. Ou seja, não se admite saldo negativo.
O STR é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, as operações são liquidadas
uma a uma por seus valores brutos em tempo real.

Estrutura do STR

Fonte: site do Banco Central.

SISTEMA DE PAGAMENTOS INSTANTÂNEOS (SPI)

O Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) é a infraestrutura centralizada e única para liquidação de paga-
mentos instantâneos entre instituições distintas no Brasil.
“Pagamentos instantâneos” te lembra alguma coisa? Sim! O SPI é a infraestrutura de liquidação financeira do
Pix.
A operação do SPI, gerida pelo Banco Central, teve início em novembro de 2020.
O SPI é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, que processa e liquida transa-
ção por transação. Uma vez liquidadas, as transações são irrevogáveis.
Os pagamentos instantâneos são liquidados com lançamentos nas contas de propósito específico que as insti-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

tuições que são participantes diretos do sistema mantêm no Bacen, denominadas Contas Pagamento Instantâneo
(Contas PI). Para garantir a solidez do sistema, não há possibilidade de lançamentos a descoberto, isso é, não se
admite saldo negativo nas Contas PI.
Existem duas modalidades de participação na infraestrutura de liquidação do SPI:

z Participantes diretos, aqueles que farão a liquidação das transações diretamente no SPI;
z Participantes indiretos, cujas transações serão liquidadas por intermédio de um participante direto ou liqui-
dante especial.

Bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas que sejam participan-
tes do Pix deverão, obrigatoriamente, ser participantes diretos do SPI. As demais instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central que sejam participantes do Pix podem optar por serem participantes diretos ou
indiretos do SPI.
As instituições de pagamento sem autorização de funcionamento do Banco Central (aquelas para as quais não
há essa exigência) e que sejam participantes do Pix devem, necessariamente, ser participantes indiretos do SPI. 223
Formas de acesso ao SPI

Fonte: site do Banco Central.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO – 2018) Em certo país, a propensão marginal a consumir é igual a 0,8; o Produto Interno Bruto (PIB,) é
igual a 1000 unidades monetárias; a base monetária é igual a 100 unidades monetárias; a formação bruta de capital
fixo é de 20% do PIB, ou seja, 200 unidades monetárias anuais; a taxa de inflação é de 10% ao ano; e os meios de paga-
mento totalizam 300 unidades monetárias.
Desses dados, conclui-se que a(o):

a) Inflação está em trajetória ascendente.


b) Exportação excede a importação.
c) Velocidade renda da circulação da moeda é 5.
d) Multiplicador da base monetária é 3.
e) País se encontra em recessão.

2. (CESGRANRIO – 2016) Quando o Banco Central de determinada economia expandiu a base monetária em 20%, a
oferta monetária aumentou em 15%.
Desse fato deduz-se que, nessa economia, o multiplicador da base monetária:

a) É constante.
b) É negativo.
c) É menor que 1.
d) Aumentou com o aumento da base monetária.
e) Diminuiu com o aumento da base monetária.

3. (CESGRANRIO – 2018) De acordo com a legislação brasileira, a fixação das metas de inflação anuais, bem como de
seus respectivos intervalos de tolerância, é da competência do(a):

a) Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil.


b) Conselho Monetário Nacional.
c) Banco do Brasil.
d) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
e) Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

4. (CESGRANRIO – 2015) Sr. X é gerente de uma agência bancária. Ele recebe o cliente, Sr. W, conhecido empresário do
ramo da construção civil, com inúmeras aplicações financeiras na agência. Com o passar do tempo, gerente e cliente
tornam-se amigos e confidentes. Em determinado dia, o empresário lhe confidencia ter recebido uma proposta de um
conhecido para legalizar valores que ele recebia, sem declarar à Receita Federal, e que adviriam de atividades não
224 autorizadas pela lei.
Diante desse fato, o gerente adverte seu cliente de 9. (CESGRANRIO – 2015) A Caixa Econômica Federal
que, caso acolhesse a proposta, estaria realizando, é uma instituição bancária sob a forma de empre-
em termos de lavagem de dinheiro, o que caracteriza a sa pública, a qual exerce um papel fundamental no
etapa de: desenvolvimento urbano e da justiça social no Brasil.
Com forte atuação no financiamento habitacional, a
a) Ocultação. Caixa não atua como:
b) Conclusão.
c) Multiplicação. a) Sociedade de crédito imobiliário.
d) Integração. b) Agente do Governo Federal nos mercados financeiros
e) Manutenção. e de capitais.
c) Agência de fomento de desenvolvimento.
5. (CESGRANRIO – 2018) Atua como operador do Siste- d) Agente operador e financeiro do FGTS.
ma Financeiro Nacional a(o): e) Banco comercial.

10. (CESGRANRIO – 2018) Considere o texto a seguir.


a) Bolsa de Mercadorias e Futuros.
b) CMN. O bom desempenho dos grandes bancos em meio à
c) Susep. pior recessão da história brasileira comprovou a soli-
d) Previc. dez do sistema financeiro do país, porém colocou sob
e) Banco Central do Brasil. os holofotes o poder de mercado dessas instituições
— que não era desconhecido, mas se mostrou maior do
6. (CESGRANRIO – 2015) As instituições financeiras que que se podia imaginar. Se na crise de 2008, os bancos
captam recursos para serem repassados às pessoas americanos e europeus viram seus resultados despen-
físicas e às pessoas jurídicas na forma de emprésti- carem, as cinco maiores instituições do país absor-
mos, através da emissão de certificado de depósito veram mais de R$360 bilhões em calotes no crédito
bancário – CDB, são as(os) desde 2014, sem que sua rentabilidade, sempre entre
as maiores do setor em comparações internacionais,
a) Corretoras de títulos e valores mobiliários. fosse substancialmente afetada. Mesmo após a perda
b) Fundos de investimento. com inadimplência e todos os outros custos, inclusi-
c) Sociedades de arrendamento mercantil. ve tributários, o lucro somado desse grupo de bancos
d) Distribuidoras de títulos e valores mobiliários. atingiu R$244 bilhões entre 2014 e 2017 (...). “Aqui, os
e) Bancos comerciais. bancos têm domínio da oferta de crédito. Com isso,
não há competição forte”, diz Alberto Borges Matias,
7. (CESGRANRIO – 2018) Na configuração atual do Sis- professor aposentado da USP e presidente do Instituto
tema Financeiro Nacional, a instância máxima de deci- de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad).
são é da alçada do(a):
MOREIRA, T; TORRES, F. Crise coloca sob holofotes poder de
a) Banco Central do Brasil. mercado dos bancos. Valor Econômico, 21 mar. 2018, p.C4.
Adaptado.
b) Comissão de Valores Mobiliários.
c) Conselho Monetário Nacional.
d) Banco do Brasil. De acordo com o texto, a despeito da grave recessão
e) Ministério da Fazenda. ocorrida no período 2015-2016 e das perdas com ina-
dimplência, o principal fator que explica a elevada ren-
8. (CESGRANRIO – 2015) A autonomia operacional do tabilidade dos principais bancos que atuam no Brasil,
Banco Central (BC) tem sido um tema de debate entre no período recente, foi a(o):
os economistas. Nesse sentido, muitos analistas con-
sideram que a condução da política monetária, atribui- a) Ausência de regulação do sistema bancário brasileiro.
ção do BC, pode eventualmente sofrer interferência b) Elevada concentração bancária.
de instâncias superiores do governo, em especial, no c) Elevada taxa de juros incidente sobre os recursos cap-
estabelecimento da meta inflacionária. tados pelos bancos.
Tal conclusão deriva do fato de que o estabelecimento d) Elevado percentual dos depósitos compulsórios exigi-
dessa meta é atribuição: dos pelo Banco Central.
e) Elevado custo de tributação bancária.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

a) Unicamente do presidente do BC, que pode sofrer


pressões para estimular uma meta mais elevada. 11. (CESGRANRIO – 2018) Desde janeiro de 2018, os
b) Do Conselho Monetário Nacional (CMN), formado novos contratos de empréstimos do Banco Nacional
pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, Orça- de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
mento e Gestão e pelo presidente do BC. destinados a financiar os investimentos das empresas
c) Da equipe econômica definida pelo presidente da brasileiras, passaram a ser corrigidos pela:
República, que anualmente se reúne para fixar a meta
inflacionária, e o BC que deve persegui-la através da a) Taxa de juros neutra.
política de juros. b) London Interbank Offered Rate (LIBOR).
d) Do presidente do BC e dos bancos públicos, dentre c) Taxa de longo prazo (TLP).
eles o Banco do Brasil, que definem as taxas de infla- d) Taxa de juros de longo prazo (TJLP).
ção para um prazo de dois anos. e) Taxa de juros básica de curto prazo (Selic).
e) Do Comitê de Política Monetária (Copom), que define
a meta inflacionária anualmente e a meta da taxa de 12. (CESGRANRIO – 2018) Para um investidor interessado
juros a ser alcançada para que a taxa de inflação con- em aplicar seus recursos financeiros no mercado de
virja para sua meta. ações, sua rentabilidade será positivamente afetada 225
pela tendência de valorização das ações na bolsa de 15. (CESGRANRIO – 2018) As empresas nacionais e
valores. O Ibovespa, índice que acompanha a variação estrangeiras que avaliam os riscos de entidades gover-
média das cotações das ações negociadas na BM&F namentais e privadas, e de seus projetos de investi-
Bovespa é um dos mais importantes indicadores do mento, são importantes porque alteram, com as suas
comportamento do mercado acionário brasileiro, sen- classificações de risco, diversas variáveis da economia.
do utilizado como indicador do comportamento médio Dentre as variáveis listadas abaixo, aquela que não
do mercado. sofre alteração é(são) o(s)
Considerando-se que o Ibovespa venha mostrando
tendência média de alta nos últimos meses, o evento a) Volume de fundos disponíveis para as empresas e
que, supondo tudo o mais constante, poderia represen- para os governos.
tar uma reversão abrupta dessa tendência e desenca- b) Balanço de pagamentos e o crescimento econômico
dear resultados negativos no índice nos movimentos dos países.
seguintes é a(o): c) Fluxos de capitais internacionais.
d) Recursos naturais da economia.
a) Aumento da lucratividade média das companhias bra-
e) Prêmios de risco cobrados pelos empréstimos.
sileiras de capital aberto.
b) Aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, para
níveis superiores aos esperados pelo mercado. 9 GABARITO
c) Continuidade do processo de recuperação econômica
brasileira. 1 D
d) Redução das taxas de desemprego no Brasil.
e) Redução das taxas de juros reais no Brasil. 2 E

3 B
13. (CESGRANRIO – 2018) No Brasil, quando o Comitê de
Política Monetária do Banco Central do Brasil fixa a 4 A
meta anual para a taxa de juros básica de curto prazo
da economia, tal meta é perseguida mediante compra 5 A
e venda de títulos públicos por parte da autoridade 6 E
monetária, cujo processamento é efetivado pelo (a):
7 C
a) Sistema de Compensação Bancária.
b) Sistema Brasileiro de Pagamentos. 8 B
c) Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos 9 C
Privados.
d) Sistema Especial de Liquidação e Custódia. 10 B
e) Sistema Geral do Mercado Aberto.
11 C
14. (CESGRANRIO – 2018) Com o objetivo de evitar crises 12 B
financeiras, o Banco Central do Brasil tem adotado,
nas últimas décadas, diversos mecanismos visando 13 D
a compatibilizar as normas do Sistema Financeiro 14 D
Nacional com os requisitos emanados dos chama-
dos Acordos de Capital da Basileia, que estabelecem 15 D
regras do Banco de Compensações Internacionais
(BIS, na sigla em inglês) para assegurar a estabilidade
financeira internacional. Desde o final da década de
1980, foram emitidos os Acordos da Basileia I (1988), ANOTAÇÕES
Basileia II (2004) e Basileia III (2010).
No caso do Acordo da Basileia III, concebido após a
crise financeira global de 2008, as normas introduzi-
das e já implementadas pelo Banco Central do Brasil
foram ainda mais rígidas, porque:

a) Impuseram proibições aos bancos de transacionarem


nos mercados de derivativos, altamente vulneráveis a
especulações financeiras.
b) Estabeleceram mecanismos de supervisão bancária
prudencial e disciplina do mercado bancário.
c) Fixaram exigências de capital para riscos de crédito e
de mercado, bem como para risco operacional.
d) Adotaram maiores exigências adicionais de capital
principal, incluindo procedimentos para o cálculo da
parcela dos ativos ponderados pelo risco referente às
exposições ao risco de crédito.
e) Estabeleceram mecanismos de supervisão do proces-
226 so de avaliação da adequação de capital dos bancos.
Cuidado, não necessariamente dados expressos
em números serão quantitativos, eles podem também
ser qualitativos, como RG, CPF, CNPJ, CEP, CNAE (clas-
sificação nacional de atividades econômicas), geral-
mente esse tipo de código ou classificação é feito em
PROBABILIDADE E números. Ex: queremos saber a quantidade de empre-
sas que atuam em cada setor, podemos usar a CNAE,
ESTATÍSTICA que é um número, para separar a quantidade de mer-
cados, farmácias, postos de combustíveis etc.
Os dados qualitativos podem ser:

z Ordinais: são aqueles que podem ser ordenados,


REPRESENTAÇÃO TABULAR E como mês, nível de escolaridade, tamanho de rou-
GRÁFICA pa (P, M, G) entre outros. Ex: o nível de escolari-
dade pode ser dividido em ensino fundamental,
CONCEITOS ensino médio, ensino superior, pós-graduação. Por
mais que seja um dado qualitativo, a gente conse-
gue colocar isso em ordem, pois sabemos que pri-
A estatística é a parte da matemática que se dedi-
meiro vem o ensino fundamental, depois o ensino
ca à análise, apresentação e interpretação de dados
médio e assim por diante. Da mesma forma o mês,
coletados. Esses dados são coletados dentro de uma
sabemos que primeiro vem janeiro, depois feverei-
população, que é o conjunto total dos elementos a
ro até chegar em dezembro;
serem estudados (podem ser pessoas, objetos etc.).
z Nominais: são aqueles que não podem ser orde-
Dessa população, podemos coletar os dados de duas nados, como sexo, estado civil entre outros. Ex:
maneiras: podemos dividir os estados civis em casado, união
estável, solteiro, viúvo... claramente não temos uma
� Censo: quando são coletados os dados de toda a ordem entre essas opções.
população; e
� Mostra: é um subconjunto da população, da qual Os dados quantitativos podem ser:
são coletados dados para, posteriormente, fazer
uma inferência sobre a população (inferência z Discretos: são aqueles dados que possuem um
estatística). conjunto finito de valores, como a quantidade de
acertos em uma prova de múltipla escolha, a quan-
Ex.: na eleição, todas as pessoas aptas a votar são tidade será apenas números inteiros, 0, 1, 2, 3 e
assim por diante, ou
a população. Quando uma empresa é contratada para
z Contínuos: são aqueles que possuem uma esca-
fazer uma pesquisa de intenção de voto, eles selecio-
la contínua de valor como tempo, comprimento
nam uma amostra dessa população, fazem as pergun-
etc. Ex: vamos considerar a variável altura. Entre
tas predeterminadas pela pesquisa, e com os dados
os dados 1,70m e 1,71m existe uma infinidade de
das respostas fazem uma inferência de como a popu-
números.
lação toda irá votar.
Um dos ramos da estatística é a estatística descri- NORMAS DE APRESENTAÇÃO TABULAR
tiva, onde estudaremos 4 tipos de medidas descritivas:
Modelo de uma Tabela
z As medidas de tendência central que são medi-
das que indicam a posição dos dados, como média, Para que serve, e como montar uma tabela?
mediana, moda e quartis (também chamadas de

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


Uma tabela deve ser composta por diversas linhas
medidas de posição); e colunas, sendo que devemos ter um título (normal-
z As medidas de dispersão que medem o grau de mente na primeira linha da tabela), e vários dados
variabilidade dos elementos de um conjunto, como organizados nas linhas e colunas seguintes.
desvio-padrão, variância, amplitude; Geralmente, na primeira linha, depois do título,
teremos as classes que serão retratadas nas linhas,
z A assimetria da curva; e ex.: Estados, Siglas, População, Área etc. Nas linhas
seguintes teremos os dados da tabela, onde teremos
z O achatamento da curva, chamado de curtose.
em uma mesma linha o Estado, relacionando sua
sigla, sua população, sua área etc. Vejamos o exemplo
dessa tabela citada.
Importante!
Essas duas últimas (assimetria e curtose) também INFORMAÇÕES DOS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE
são conhecidas como medidas de distribuição.
ESTADO SIGLA POPULAÇÃO ÁREA (KM2)

Os dados de uma amostra podem ser qualitativos, Minas Gerais MG 21.292.666 586.522
que são aqueles dados não numéricos, como sexo, Espírito Santo ES 4.064.052 46.095
nacionalidade, avaliação nominal (bom, regular,
ruim) etc., ou quantitativos, que são dados expres- Rio de Janeiro RJ 17.366.189 43.780
sos em números, que podem ser objeto de contagens,
São Paulo SP 45.919.049 248.222
medições como altura, peso etc. 227
Analisando a tabela, podemos concluir que Minas
ESPÉCIES QUE HABITAM A REGIÃO –
Gerais (MG) é o maior estado da Região Sudeste, pois
ÚLTIMOS 3 ANOS
tem a maior área, mas que o estado de São Paulo é o
mais populoso, por ter uma população maior que os QUANTIDADE OBSERVADA
outros. ESPÉCIE
2018 2019 2020
O importante é olhar uma tabela e entender quais
dados podemos extrair com o que está apresentado nela. Onça 30 38 45
As tabelas mais utilizadas na estatística são as Tamanduá 60 65 75
tabelas de frequência, conforme apresentamos no
item de média aritmética para dados agrupados. Lobo 30 90 107
Anta 50 80 90
Tipos de Séries Estatísticas
Séries Temporais
As séries estatísticas são as diversas maneiras de
apresentar os dados desejados em forma de tabela, o De todas as séries, uma das mais importantes é a
objetivo das séries estatísticas é organizar os dados
série temporal, que corresponde a um conjunto de
observados e mostrá-los de maneira organizada, faci-
litando sua compreensão. observações de uma variável ao longo do tempo, ou
Temos vários tipos séries estatísticas, mas vamos seja, uma sequência de dados numéricos em ordem
destacar algumas mais importantes: sucessiva, que geralmente (mas não necessariamente)
ocorre em intervalos uniformes. Ex.: uma série que
z Séries Temporais: é um conjunto de observações mostra a quantidade de picolés vendidos por uma sor-
de uma variável ao longo do tempo, ou seja, uma veteria mensalmente ao longo de um ano.
sequência de dados numéricos em ordem sucessi- Podemos definir exemplos de séries temporais e
va. Nesse tipo de série o que varia é o tempo, mas o de séries não temporais:
fato e o local de observação são fixos;
z Séries Geográficas: é um conjunto de observações
de uma variável em diferentes locais. Nesse tipo de SÉRIES NÃO
SÉRIES TEMPORAIS
série o que varia é o local (região) da observação, TEMPORAIS
mas o tempo e o fato observado são fixos. Ex.: Série diária da temperatura Temperaturas de várias ci-
na cidade de São Paulo ao dades em um mesmo dia,
POPULAÇÃO DOS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE longo de um ano. ou períodos diferentes.
Quantidade de furtos no
ESTADO POPULAÇÃO Quantidade de furtos
ano de 2018 nas diferen-
anuais em Cuiabá.
Minas Gerais 21.292.666 tes capitais do país.
Salários dos funcionários
Espírito Santo 4.064.052 Salário de um funcionário
de uma empresa no mes-
ao longo do ano.
Rio de Janeiro 17.366.189 mo mês.

São Paulo 45.919.049 As séries temporais são importantes para identifi-


car padrões de variáveis no tempo, para que se possa
z Séries Específicas: é um conjunto de observações tentar prever possíveis danos no futuro. Para descre-
de uma variável com diferentes categorias (espé- ver séries temporais, são utilizados modelos de pro-
cies). Nesse tipo de variável o que varia são as cate- cessos estocásticos, que são processos controlados por
gorias observadas, mas o tempo e o local são fixos. leis probabilísticas.
Ex.: queremos analisar a quantidade de animais Uma série temporal pode ser decomposta em três
diferentes que habitam uma certa região de prote- séries temporais: tendência, sazonalidade e uma com-
ção florestal. Nesse caso a tabela será classificada ponente aleatória (nível).
pelas espécies observadas na região de interesse
em um mesmo intervalo de tempo.
z Tendência: é o comportamento de longo prazo
na série, podendo ser determinístico (quando
ESPÉCIES QUE HABITAM A REGIÃO EM 2020 os valores da série podem ser descritos por uma
função matemática) e podendo ser estocástico
QUANTIDADE (aquele cujo estado é indeterminado, com origem
ESPÉCIE
OBSERVADA em  eventos  aleatórios). Ex.: Quando analisamos
Onça 45 a população brasileira ao longo dos anos (vamos
supor uma série com 100 anos), vemos que a cada
Tamanduá 75 ano esse valor aumenta, nem sempre em uma mes-
ma proporção, mas podemos notar uma tendência
Lobo 107
de crescimento;
Anta 90 z Sazonalidade: é um padrão regular que ocorre
na série temporal. Uma série temporal é sazonal
z Séries Conjugadas (Mistas): nesse tipo de séries quando fenômenos que ocorrem durante o tempo
vamos conjugar dois tipos de séries em uma mes- se repetem em um mesmo período de tempo, ou
ma tabela. Ex.: vamos conjugar a tabela específi- seja, ocorrem sempre em uma mesma hora, todos
ca acima, com uma série temporal, mostrando a os dias, ou em um mesmo mês, todos os anos. Ex.:
quantidade de cada espécie observada ao longo um aumento nas vendas de uma loja de roupas em
228 dos últimos 3 anos. dezembro em todos os anos (período do Natal);
z Aleatório: é o que não pode ser explicado pela ten-
Série Temporal Estacionária e Observações
dência e sazonalidade, ou seja, é o resíduo, sendo
que a aleatoriedade não pode ser determinística
(descrito por uma função matemática) e será sem-
pre estocástica;
z Ciclo: Longas ondas, mais ou menos regulares, em
torno de uma linha de tendência.

Outro ponto importante é a estacionariedade da


série temporal.
Dizemos que uma série temporal é estacionária
quando suas observações no tempo se posicionam
aleatoriamente ao redor de uma média constante,
transparecendo um equilíbrio estável.

Série Temporal Estacionária e Observações A seguir, algumas questões comentadas de bancas


diversas para que você veja como o assunto estudado
já foi abordado em provas:

1. (FCC – 2018) Em séries temporais, as oscilações


aproximadamente regulares em torno da tendência

a) são típicas de séries muito curtas, como dados dentro


de um mês.
b) dão a direção global dos dados.
c) podem ser decorrentes de fenômenos naturais e
socioeconômicos.
d) caracterizam uma série sem variável residual.
e) determinam o componente não sistemático.

Vamos analisar cada alternativa, mas iremos ver


que 4 são totalmente incorretas, e uma delas é um
pouco vaga, mas, mesmo assim correta, é mais fácil
Podemos notar que uma série estacionária se man- chegar na resposta por eliminação:
tém sempre em torno de uma média, que representa- Alternativa a) Essas oscilações em torno da ten-
mos pela linha preta central na figura a seguir. dência são características de séries temporais, e
acontecem tanto para séries longas quanto curtas.
Alternativa incorreta.
Alternativa b) Essa direção global é exatamente a
Série Temporal Estacionária
tendência, e não as oscilações em torno dela. Alter-
nativa incorreta.
Alternativa c) Exatamente, a tendência é o compor-
tamento a longo prazo, entretanto os valores não
serão exatamente os considerados em uma certa
função matemática, tendo sempre uma pequena

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


variação, que são essas oscilações em torno da
tendência. Essas variações podem ocorrer por inú-
meros fatores, dentre eles fenômenos naturais e
socioeconômicos. Alternativa correta.
Alternativa d) Essas oscilações são caracteriza-
das pelos resíduos, ou seja, variáveis residuais que
fazem com que os valores observados sejam próxi-
mo, mas não idênticos aos valores previstos, por-
tanto essas oscilações. Alternativa incorreta.
Alternativa e) Essas oscilações são naturais das obser-
vações, o comportamento sistemático de uma observa-
Uma série pode ser estacionária por um período
ção se caracteriza pelo erro sistemático de observações,
curto, ou por um período longo, o modelo ARIMA por exemplo, quando anotamos o horário de certas
pode descrever séries estacionárias e séries não esta- observações, mas o relógio utilizado está com 1 hora de
cionárias que não apresentam um comportamento atraso. Alternativa incorreta. Resposta: Letra C.
totalmente aleatório, ou seja, uma não estacionarie-
dade homogênea, que é quando uma série é estacio- 2. (IBADE – 2017) Considerando uma série temporal, é
nária, flutuando ao redor de um nível, por um certo correto afirmar que a tendência indica:
tempo, depois muda de nível e flutua ao redor desse a) comportamento sazonal a curto prazo.
novo nível, e depois muda novamente de nível e assim b) ciclos de altas e quedas periódicas de valores a curto
por diante. prazo. 229
c) comportamento independente dos dados a longo, curto e médio prazo.
d) comportamento a longo prazo.
e) somente se há um outlier conhecido como ponto influente.

Por definição sabemos que a tendência caracteriza o comportamento a longo prazo. Resposta: Letra D.

GRÁFICOS E DIAGRAMAS

Para representar os dados coletados existem vários tipos de gráficos usados na estatística. Muitos deles são conheci-
dos e sempre aparecem em reportagens, jornais etc. Vamos mostrar alguns dos principais tipos de gráficos:

Caixa Box-plot

A caixa box-plot (muito cobrado) é um gráfico que nos mostra a distribuição de frequência, e é formado pelos
quartis e pelos valores extremos.

Mediana Valor máximo


Valor mínimo Q1 (Q2) Q3
(limite inferior) (limite superior)

Dados
discrepantes

-20 -10 0 10 20 30 40 50

Vemos que a caixa é formada pelos 3 quartis, que no caso seriam aproximadamente: Q1 = 0, Q2 = 20 e Q3 = 30.
Os dados extremos seriam aproximadamente -15 e 40, portanto amplitude seria: 40 – (–15) = 40 + 15 = 55.
As duas bolinhas significam dados discrepantes (outliers), que seriam dados que fogem do padrão do restante
dos dados. Os dados discrepantes são aqueles que superam em 1,5 vezes o intervalo interquartílico (diferença
entre Q3 e Q1).
No nosso exemplo:

Q3 – Q1 = 30 – 0 = 30
1,5 · 30 = 45

Os dados discrepantes serão aqueles que forem inferiores a 45 unidades de Q1, ou superiores a 45 unidades
de Q3.
Limite inferior: 0 – 45 = - 45
Limite superior: 30 + 45 = 75
Portanto, serão dados discrepantes os que tiverem valores inferiores a – 45 ou os superiores a 75.

Gráfico de Barras e Colunas

Esses dois tipos de gráficos na verdade são basicamente os mesmos, a diferença é que no gráfico de barras, as
barras/colunas são horizontais e no gráfico de colunas, as barras/colunas são verticais. Normalmente esses gráfi-
cos são usados para representar dados qualitativos ordinais e quantitativos discretos.

5
4
3
2
1
0
1 2 3 4
ria ia ia ia
go or go
r r
te t eg te go
Ca te
Ca Ca Ca

Categoria 4
Categoria 3
Categoria 2
Categoria 1
0 2 4 6
230
No gráfico de colunas o eixo horizontal traz os
dados qualitativos, ou quantitativos discretos, e o eixo Grau de Instrução
vertical traz as frequências (quantidades) de cada
categoria. Já no gráfico de barras o eixo vertical traz
os dados qualitativos ou quantitativos discretos, e o
eixo horizontal traz as frequências de cada categoria. Pós-Graduação
Vamos supor um gráfico de colunas, no qual que- 6%
remos saber a quantidade de pessoas com diferentes
graus de escolaridade em um determinado concurso. Ensino Ensino
Superior Fundamental
25% 38%
Grau de Instrução dos Candidatos
Ensino
600
Médio
500 31%
400
300
200
100
0
or Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior
io ri ção
no éd e ua
si M Sup d Pós-Graduação 6%
o ra
En in o
s-G
ns sin
E En Pó
Desse gráfico, podemos ver que, na pesquisa, o
grau de instrução predominante é o Ensino Funda-
mental, com 38%, e o mais raro é a Pós-Graduação,
Nesse tipo de gráfico vemos que não é possível com 6%. Também é um gráfico em que temos a moda
falar em média ou mediana, mas podemos usar como
como medida de tendência central.
medida de tendência central a moda, que nesse caso
seria o Ensino Superior, que é o grau de instrução que
mais se repete no gráfico. Histograma

Gráfico de Dispersão O histograma é um dos principais gráficos da esta-


tística, ele é muito utilizado para demonstrar a distri-
Estudaremos melhor esse tipo de gráfico quando buição de frequência de dados quantitativos contínuos.
falarmos de correlação, mas, irei apresentar como ele O histograma  é formado por colunas ou barras
é feito, e quando é usado. (retângulos) de um conjunto de dados e dividido em
O gráfico de dispersão, ou diagrama de dispersão, é classes uniformes ou não uniformes. Sendo que a
uma associação entre pares de dados quantitativos, nor- base do retângulo representa uma classe e a altura do
malmente são usados para entender a correlação entre retângulo representa a quantidade ou a frequência
duas variáveis. Nele, vamos verificar as duas variáveis
absoluta com que o valor da classe ocorre no conjunto
e colocar esses pontos em um plano cartesiano.
de dados.
Vamos fazer um gráfico de dispersão com as variá-
veis peso e altura de um grupo de 6 pessoas:
Peso de bagagens
despachadas no Voo X da
ALTURA 1,7 1,72 1,9 1,56 1,64 1,82 Companhia Aérea Alfa
30

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


PESO 75 81 87 52 70 90
25
Frequência

Altura x Peso 20

100 15
90 10
80
5
70
60 0
50 10 20 30 40 50 60
40
1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 Peso, em Kg

Podemos ver que cada ponto representa o par A tabela nos mostra que a maior parte das baga-
peso/altura de um indivíduo, mas discutiremos isso gens possui entre 30 e 35 kg, mas existem malas desde
mais profundamente posteriormente. 0 a 60 kg.
Gráfico de Setores (Pizza)
Gráfico Pictórico
O gráfico de setores normalmente é usado para apre-
sentar dados qualitativos como setores de um círculo O gráfico pictórico não é propriamente um tipo
(pedaços de uma pizza). Normalmente os dados são apre- específico de gráfico. Na verdade, o gráfico pictórico
sentados em percentuais, sendo que o total é 100% (360º). pode ser representado por um gráfico de barras, de 231
colunas, de linhas, ente outros. A grande característica Quando estamos tratando de média de dados de
desse gráfico é que, para chamar mais a atenção, são uma população representamos pela letra grega μ
usadas figuras (imagens) na composição do gráfico. (mi), já quando estamos tratando de média de dados
Esse tipo de gráfico é muito usado em jornais e de uma amostra, representamos por x.
telejornais, pois proporciona uma comunicação mais
rápida e com precisão de entendimento. Nesse tipo de Média Aritmética Simples
gráfico as figuras são, ao mesmo tempo, os dados esta-
tísticos e indicam a proporcionalidade desses dados. A média aritmética simples é a que estamos mais
acostumados no dia a dia, ela é dada pela soma dos
valores dos dados que queremos saber, dividido pela
quantidade desses dados.

Soma
Média =
Quantidade

Dinamarca
Soma = Média x Quantidade

Em linguagem matemática isso é dado por:

xi
x= / para dados de uma amostra.
N
Ou:
Podemos notar que esse gráfico nada mais é que
um gráfico de barras, mas, pelo fato de o gráfico mos- xi
μ= / para dados de uma população.
trar a quantidade de consumo anual de sorvete em N
diferentes países, ao invés de se colocar as barras,
Onde: / Xi é o somatório dos dados X1, X2, X3...XN,
foi colocada uma espátula de tomar sorvete, em um
e N é a quantidade de dados da amostra/população.
tamanho proporcional ao da barra, e ao lado do gráfi-
Cada dado é representado por Xi.
co foi colocada uma imagem de sorvetes. Vamos supor que, na faculdade, teremos 4 provas
da disciplina de Estatística. Para calcular a média final
basta somar as 4 notas e dividir por 4.
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0;
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL 7,0; 5,0; 8,0.
(MÉDIA, MEDIANA, MODA, MEDIDAS DE Soma
POSIÇÃO, MÍNIMO E MÁXIMO) Média =
Quantidade
6+7+5+8
MÉDIA Média =
4
Existem 3 tipos de média: a mais cobrada é a média 26
aritmética (simples ou ponderada), mas temos tam- Média =
4
bém a média geométrica e a média harmônica. Média = 6,5
Como veremos adiante, a média é o primeiro
momento de uma distribuição. Ex: Em uma faculdade a quantidade de alunos
Temos duas formas de apresentação de dados para matriculados em cada curso está apresentada na tabe-
que seja calculada a média, a mais comum é a apre- la a seguir:
sentação de vários dados não agrupados, onde são
listados vários valores. Por exemplo, em uma prova a
lista de notas de todos os alunos separadamente são CURSO QUANTIDADE DE ALUNOS
dados não agrupados. A outra forma de apresenta-
ção é através de dados agrupados, nesse caso, vamos Direito 55
pensar no mesmo exemplo, mas, ao invés de termos
Contabilidade 24
todas as notas diretamente, receberemos uma lista
dizendo que, 5 pessoas tiraram de 0 a 2, outras 7 tira- Estatística 35
ram de 2 a 4, mais 15 tiraram de 4 a 6, outras 10 de 6 a
8 e os 3 restantes tiraram de 8 a 10, normalmente isso Física ?
é apresentado em uma tabela.
A média do número de alunos matriculados por
NOTA QUANTIDADE DE ALUNOS curso é 38,5. Nesse caso, qual a quantidade de alunos
matriculados em Física?
0–2 5 A média de alunos matriculados por curso é dada
pela soma dos alunos de cada curso dividido pela
2–4 7
quantidade de cursos, onde a média foi dada, e é 38,5,
4–6 15 e o total de cursos é 4.
Sabemos que a fórmula da média é:
6–8 10
Soma
8 – 10 3 Média =
232 Quantidade
Soma O preço médio do total de garrafas compradas foi
38,5 =
4 de R$ 5,50. Qual o valor unitário da garrafa da marca C?
Soma = 38,5 · 4 Para achar a média, temos que somar o valor de
Soma = 154 todas as garrafas, sendo que para cada marca foi com-
prada uma quantidade diferente de garrafas. Para
A soma dos alunos matriculados é 154, e vamos resolver esse tipo de questão vamos incluir mais uma
chamar o número de alunos matriculados em Física coluna na tabela, que é a multiplicação do valor unitá-
de X. rio com a quantidade de garrafas.

55 + 24 + 35 + X = 154
QUANTIDADE PREÇO
114 + X = 154 TIPOS QXP
DE GARRAFAS UNITÁRIO
X = 154 – 114
X = 40 A 5 R$ 3,80 5 · 3,8 = 19
B 8 R$ 6,00 8 · 6 = 48
Portanto, são 40 alunos matriculados em Física.
C 15 ? 15 · X
Média Aritmética Ponderada D 6 R$ 5,00 6 . 5 = 30

A média ponderada é muito parecida com a média 19 + 48 + 15 · x + 30


Média =
simples, mas nela são colocados pesos diferentes para 5 + 8 + 15 + 6
alguns dados. Essa média é muito utilizada em provas. Sabemos que a média dos valores foi R$ 5,50,
Vamos pensar no mesmo exemplo da média sim- portanto:
ples. Supondo que, na faculdade, teremos 4 provas
de Estatística, mas a prova 3 tem peso 2 e a prova 4 97 + 15 · x
5,5 =
tem peso 3. Para calcular a média ponderada temos 34
que somar todas as notas, mas, as notas que têm pesos
devem ser somadas conforme seu peso, ou seja, se 5,5 · 34 = 97 + 15 · X
for peso 2 temos que multiplicar essa nota por 2, se 187 = 97 + 15 · X
for peso 3 temos que multiplicar essa nota por 3. E na 15 · X = 187 – 97
quantidade temos que considerar o peso também. 15 · X = 90
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0; 90
7,0; 5,0 (peso 2); 8,0 (peso 3). Nesse caso, a quantidade X=
de notas que vamos considerar deve ser 7, pois as pro- 15
vas 1 e 2 têm peso 1, a prova 3 é peso 2, e a prova 4 é X=6
peso 3. Portanto: 1 + 1 + 2 + 3 = 7. Logo o Preço Unitário da Marca C é R$ 6,00.
Agora vamos ver um exemplo em que os dados
Soma
Média = são dados em classes. Vamos pensar no exemplo que
Quantidade demos anteriormente, das notas dos alunos, sendo
6 + 7+ 2 · 5 + 8 · 3 que 5 pessoas tiraram de 0 a 2, outras 7 tiraram de 2
Média =
7 a 4, mais 15 tiraram de 4 a 6, outras 10 de 6 a 8 e os 3
6 + 7 + 10 + 24 restantes tiraram de 8 a 10.
Média =
7
47
Média = NOTA QUANTIDADE DE ALUNOS
7
Média = 6,71 0 |– 2 5

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


2 |– 4 7
Média Aritmética para Dados Agrupados
4 |– 6 15
Podemos ter duas formas de apresentação de 6 |– 8 10
dados, uma que nos traz o dado e a frequência que
esse dado ocorre, e outra que dá um intervalo (que 8 |– 10 3
chamamos de classe) e a frequência de dados dessa
classe, ambas apresentadas no formato de tabela. A barra (|) normalmente mostra que o dado limite
Vamos mostrar um exemplo para cada tipo de apre- entre as classes pertence àquela classe, ou seja, a nota
sentação de dados: 2 estaria no limite entre a 1ª e a 2ª classe, nesse caso
por conta da barra vamos considerar que a nota 2 per-
z Ex: Em um evento foram compradas 4 marcas dife- tencente à 2ª classe.
rentes de água, conforme a tabela. Para achar a média nesse caso vamos fazer prati-
camente a mesma coisa do exemplo anterior, mas o
valor da classe que iremos usar é o ponto médio de
QUANTIDADE DE cada classe, ou seja, basta fazer a média da classe.
TIPOS PREÇO UNITÁRIO
GARRAFAS Cada classe tem uma variação de 2 pontos, portan-
A 5 R$ 3,80 to a média de cada classe será:
B 8 R$ 6,00
0+2
C 15 ?
Classe 1: =1
D 6 R$ 5,00 2
233
2+4 QUANTIDADE
Classe 2: =3 NOTA FREQ. RELATIVA
DE ALUNOS
2
0 |– 2 5 5÷40 = 0,125 = 12,5%
4+6 2 |– 4 7 7÷40 = 0,175 = 17,5%
Classe 3: =5
2 4 |– 6 15 15÷40 = 0,375 = 37,5%

6 |– 8 10 10÷40 = 0,250 = 25%


6+8
Classe 4: =7 8 |– 10 3 3÷40 = 0,075 = 7,5%
2
TOTAL 40 1 = 100%
8 + 10
Classe 5: =9 Média Geométrica
2
A média geométrica, μG, é dada por:

N
QUANTIDADE DE PONTO MÉDIO μG = √ X1 · X2 · X3 ..... XN
NOTA
ALUNOS DA CLASSE
Fazendo um paralelo com a média aritmética, na
0 |– 2 5 1
média geométrica ao invés de somarmos os dados,
2 |– 4 7 3 vamos multiplicar, e ao invés de dividirmos pela
quantidade de dados observados (N), vamos fazer a
4 |– 6 15 5 raiz enésima dessa quantidade.
6 |– 8 10 7 Média Harmônica
8 |– 10 3 9
A média harmônica, μH, é dada por:

Agora basta fazer a coluna da multiplicação da frequên- N


μH = / 1 , ou seja:
cia (quantidade de alunos) pelo ponto médio da classe. X1
N
μH =
PONTO QUANT.
QUANTIDADE 1 1 1 1
NOTA MÉDIO DA X PONTO
DE ALUNOS + + + ....+
CLASSE MÉDIO X1 X2 X3 XN
0 |– 2 5 1 5x1=5
Fazendo um paralelo com a média aritmética, na
2 |– 4 7 3 7 x 3 = 21 média harmônica vamos inverter os termos, a quantida-
4 |– 6 15 5 15 x 5 = 75 de de dados observados (N) fica no numerador (em cima)
e a soma fica no denominador (embaixo). A diferença
6 |– 8 10 7 10 x 7 = 70 é que a soma não é dos dados propriamente, e sim, do
inverso dos dados, ou seja, um sobre o valor observado.
8 |– 10 3 9 3 x 9 = 27
Dificilmente vemos uma questão cobrar o cálculo
das médias geométrica e harmônica, mas, uma proprie-
Como temos toda a sala, estamos falando de popu- dade que é mais cobrada é a comparação das médias
lação, e a média é dada por μ. aritmética, geométrica e harmônica. Precisamos saber
que a média aritmética é a maior, depois a média geo-
métrica e, por fim, a média harmônica que é a menor.
5 + 21 + 75 + 70 + 27
μ= μA > μG > μH
5 + 7 + 15 + 10 + 3
Hora de treinar o que aprendemos na teoria com
198 exercícios comentados de diversas bancas. Vamos lá!
μ=
40
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018-ADAPTADA) A tabela a
μ = 4,95 seguir mostra a distribuição das idades dos 30 alunos
Portanto, a nota média da classe foi 4,95. de uma sala de aula.

A frequência apresentada em um exercício pode Idade (em anos) 10 11 12 13 14


ser absoluta ou relativa. A frequência absoluta é a
quantidade total, no nosso exemplo é a quantidade de Número de alunos 14 8 3 4 1
alunos que tiraram tais notas. A frequência relativa
Nesse caso, a média de idade dos alunos dessa sala é
é a razão ou percentual entre a quantidade daquele
igual a 11 anos.
dado e o total, portanto a soma da frequência relativa
234 de todas as classes resulta sempre em 1. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Na primeira linha temos a idade e na segunda temos Ex: Dado os valores observados: 3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8,
a quantidade de alunos com cada idade (frequência). 9, 10. A moda é o 8 pois aparece 3 vezes.
Veja que normalmente fazemos esse tipo de questão Para dados não agrupados é tranquilo de achar a
com os dados dispostos em colunas, e aqui estão em moda, mas quando temos dados agrupados com inter-
linhas, portanto basta acrescentar uma linha da valos de classes não sabemos exatamente qual valor
freq. x idade. dentro daquela classe mais se repete, para isso temos
3 métodos para achar a moda: moda bruta, moda de
IDADE NÚMERO DE Pearson e moda de Czuber.
IDADE X FREQ
(EM ANOS) ALUNOS A moda bruta nada mais é que o valor médio da
classe modal.
10 14 10x14=140 Ex:
11 8 11x8=88

12 3 12x3=36 QUANTIDADE DE
NOTA
ALUNOS
13 4 13x4=52
0 |– 2 5
14 1 14x1=14
2 |– 4 7

140 + 88 + 36 + 52 + 14 4 |– 6 15
Média =
14 + 8 + 3 + 4 + 1 6 |– 8 10

8 |- 10 3
330
Média =
30 A classe modal é a que tem a maior frequência, ou
seja, a que possui 15 alunos, que é a classe que vai de
Média = 11 anos 4 a 6. Assim, pelo método da moda bruta, a moda será
Resposta: Certo. a média da classe, ou seja, a média entre os limites da
classe (4 e 6):
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo em vista que, dia-
riamente, a Polícia Fede­ral apreende uma quantidade
X, em kg, de drogas em determinado aeroporto do Bra- 4+6
Mo =
sil, e considerando os dados hipotéticos da tabela a 2
seguir, que apresenta os valores observados da variá-
vel X em uma amostra aleatória de 5 dias de apreen- 10
sões no citado aeroporto, julgue o item 2. Mo =
2

DIA Mo = 5

X (QUANTIDADE 1 2 3 4 5 A moda de Pearson é dada pela fórmula:


DIÁRIA DE DROGAS
APREENDIDAS, EM 10 22 18 22 28 Mo = 3 · Md – 2 · x
KG)
Portanto, para achar a moda pelo método de Pear-
A mediana das quantidades X observadas na amostra son, é preciso achar a mediana (Md) e a média arit-

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


em questão foi igual a 18 kg. mética (x).
A moda de Czuber é dada pela Fórmula de Czuber:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
d1
A mediana é a medida central da nossa amostra, entre- Mo = L + h ·
tanto, para achar esse valor os dados precisam estar d1 + d2
em ordem crescente. Vamos ordenar nossos dados para
poder achar a mediana, sendo que o total de dados são 5. Onde: L é o limite inferior da classe modal (classe
10, 18, 22, 22, 28 com maior frequência);
A mediana será o 3º elemento, ou seja, 22. Resposta: h é a amplitude da classe (diferença entre os extre-
Errado. mos da classe);
d1 é a diferença entre a frequência da classe modal
MODA, MEDIANA E QUARTIS com a classe anterior;
d2 é a diferença entre a frequência da classe modal
Moda com a classe posterior.
Veja que na fórmula de Czuber a classe anterior é
Quando dizemos que uma roupa está na moda, isso mais importante que a classe posterior à classe modal,
quer dizer que muita gente está usando esse tipo de pois d1 aparece embaixo e em cima, e o L é o limi-
roupa. A moda (Mo) na estatística é exatamente isso, te inferior da classe modal. Vamos entender com um
é aquele dado que mais se repete na população ou na exemplo:
amostra, ou seja, o dado com maior frequência. Dada a distribuição de frequência. 235
QUANTIDADE DE 6+8 14
NOTA Md = = =7
ALUNOS
2 2
0 |– 2 5

2 |– 4 7 Para dados não agrupados é tranquilo de achar a


mediana, mas quando temos dados agrupados com
4 |– 6 15 intervalos de classes não sabemos exatamente qual
valor dentro daquela classe será o central, para isso
6 |– 8 10
vamos fazer uma regra de três para achar esse valor,
8 |- 10 3 esse método é chamado de interpolação linear.
Dada a distribuição de frequência:
Para achar a moda vamos usar a Fórmula de Czu-
ber. A classe modal é a classe com maior frequência,
NOTA QUANTIDADE DE ALUNOS
portanto das notas entre 4 e 6, que tem 15 alunos.
Portanto: 0 |– 2 5
L = 4 (limite inferior) 2 |– 4 7
h = 2 (intervalo da classe: 6 – 4 = 2)
d1 = 8 (diferença de frequência entre a classe 4 |– 6 15
modal e a classe anterior: 15-7 = 8)
d2 = 5 (diferença de frequência entre a classe 6 |– 8 10
modal e a classe posterior: 15-10 = 5) 8 |- 10 3

d1
Mo = L + h · O total de observações nessa população é 40. Portan-
d1 + d2 to, a mediana estará entre o 20 e o 21, mas para fazer a
conta vamos usar o termo inferior, portanto o 20º.
8 A mediana estará na terceira classe, pois até a
Mo = 4 + 2 · segunda temos 12 alunos (5 + 7), e ao final da terceira
8+5
já teremos 27 alunos, portanto o 20º termo estará den-
8 tro da 3ª classe (4 a 6).
Mo = 4 + 2 · Como disse anteriormente, até a classe anterior
13 temos 12 alunos, para chegar a nossa mediana, que
é o 20º termo, faltam 8 alunos. Portanto, vamos fazer
16 uma regra de 3, onde a classe mediana tem 15 alunos
Mo = 4 + em uma variação de 2 pontos, portanto para 8 alunos
13
a variação de pontos será X.
Mo = 4 + 1,23
Mo = 5,23
Frequência (alunos) Variação dentro da classe
Mediana
15 2
A mediana (Md) é o valor que divide os dados em 8 X
duas partes iguais, ou seja, ao relacionar os dados em
ordem crescente é o dado que fica na posição central. 15 · X = 2 · 8
Ex: Dado os valores observados: 3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8, 15 · X = 16
9, 10, 14.
Temos 11 dados nessa amostra, portanto o 6º valor 16
X=
é o valor central, pois, temos 5 valores antes dele e 5 15
depois, portanto a mediana é 8.
X = 1,06
3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8, 9, 10, 14
Portanto, o 8º termo da 3ª classe (que é a nossa
Quando temos número ímpar de observações, a mediana) está 1,06 acima do limite inferior da classe
mediana será o próprio valor, mas quando tivermos mediana, que é 4.
uma quantidade par de dados, não teremos um valor
central, nesse caso vamos fazer a média entre os dois Md = 4 + 1,06 = 5,06
valores centrais.
Quartis
Vamos pensar nos seguintes dados: 3, 4, 5, 6, 6, 8,
8, 8, 9, 10 Assim como a mediana divide os dados em duas
Aqui temos 10 dados, e para dividirmos nossa partes iguais, os quartis dividem em  4 partes iguais.
amostra em duas partes iguais vamos separar entre Portanto, teremos 3 quartis (Q1, Q2 e Q3).
o 6 e o 8, restando 5 dados para cada lado. Portanto, a O primeiro quartil (Q1) divide 25% dos dados antes
mediana será a média entre 6 e 8. dele e 75% dos dados depois, o segundo quartil (Q2)
divide 50% dos dados de um lado e 50% de outro, e o
terceiro quartil (Q3) divide 75% dos dados antes dele
236
3, 4, 5, 6, 6, / 8, 8, 8, 9, 10 e 25% depois. Entre cada quartil temos 25% dos dados.
Alguém mais atento pode me falar, “mas se o Q2 O desvio em si não diz muita coisa e é dificilmente
divide os dados restando 50% para cada lado ele é a cobrado, mas é importante para entendermos o des-
mediana!”. Exatamente isso, o Q2 é a própria mediana. vio médio e o desvio padrão (esse sim muito cobrado).
Vamos supor uma amostra com 20 dados:
Desvio Médio
(5) (5) (5) (5)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 A soma de todos os desvios de uma amostra resulta
Q1 Q2 Q3 em 0, vejamos o exemplo a seguir, de uma amostra
5,5 10,5 15,5 com 4 dados: 4, 6, 8, 10

4 + 6 + 8 + 10 28
Existem ainda os: x= =
4 4
z Decis, que têm essa mesma ideia dos quartis, mas
x=7
dividem a população/amostra em 10 partes iguais,
portanto teremos 9 decis, ficando 10% da amostra Portanto os desvios são:
em cada parte, e ;
4: D = 4 – 7 = -3
z Percentis, que dividem a população/amostra em
6: D = 6 – 7 = -1
100 partes iguais, portanto teremos 99 percentis,
8: D = 8 – 7 = 1
ficando 1% da amostra em cada parte. Por exem-
10: D = 10 – 7 = 3
plo, o P10 significa que temos 10% dos dados a
esquerda, e o restante (90%) a direita. Soma dos desvios: - 3 – 1 + 1 + 3 = 0

Portanto, para acharmos o desvio médio vamos


utilizar o somatório dos módulos dos desvios e dividir
DISPERSÃO (AMPLITUDE, AMPLITUDE pela quantidade de dados. Utilizamos os módulos por-
que se usássemos os valores normais a soma daria 0.
INTERQUARTIL, VARIÂNCIA,
DESVIO PADRÃO E COEFICIENTE DE / Xi - X
DM = n para dados de uma amostra.
VARIAÇÃO)
Ou:
AMPLITUDE / Xi - n
DM = n para dados de uma população.
A amplitude é a diferença entre o maior valor e o
menor valor da lista de dados, vamos supor a lista: 3, Ex: Vamos usar o mesmo exemplo:
6, 10, 12, 14, 20. A amplitude será: 4: D = 4 – 7 = -3
6: D = 6 – 7 = -1
Ampl = Xmáx - Xmín 8: D = 8 – 7 = 1
Ampl = 20 – 3 = 17 10: D = 10–7 = 3

DESVIO QUARTÍLICO Os módulos serão: 3, 1, 1 e 3.

3+1+1+3
O desvio quartílico, que também podemos chamar
DM =
de amplitude semi-interquartílica, é a diferença entre 4

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


o 3º quartil e o 1º quartil dividido por 2.
8
DM =
Q3 - Q1 4
DQ =
2 DM = 2

Variância
Intervalo Quartílico
Falamos que a média é o primeiro momento de
O intervalo quartílico é diferente do desvio quartí-
uma distribuição, já a variância é chamada do segun-
lico (intervalo semi-interquartílico), o intervalo quartí-
do momento de uma distribuição.
lico é apenas a diferença entre o quartil 3 e o quartil 1.
A variância é uma medida de dispersão que mostra o
quão distante cada valor desse conjunto está da média.
IQ = Q3 – Q1 Na variância teremos pela primeira vez uma dife-
DESVIO rença na fórmula quando consideramos uma popu-
lação e uma amostra. Até agora, as fórmulas eram
Desvio é a diferença entre um dado qualquer de sempre iguais, mudávamos apenas a representação
uma amostra/população (Xi) e a média desses dados da média (de μ para x ).
(μ/ x). Em uma população a variância é representada por
σ2 (sigma ao quadrado), já para uma amostra a variân-
D = Xi - x cia é representada por S2. 237
Para uma amostra: / _Xi - ni2
Para uma população: σ = n
/ ^Xi - X h2
S2 = n-1
Quando tivermos dados agrupados, basta multipli-
Para uma população: car cada parênteses pela frequência da classe.

/ _Xi - n i2 / f^Xi - X h2 / faXi -n k2


σ2 = n s= ou σ =
n -1 n
Podemos perceber que para uma amostra vamos
dividir por “n-1” e para uma população vamos dividir Coeficiente de Variação
por N. Usamos N (maiúsculo e minúsculo) para ilus-
trar que em uma população a quantidade de dados O coeficiente de variação (ou coeficiente de variação
é maior que na amostra, mas os dois “enes” querem de Pearson) é a divisão do desvio padrão pela média.
dizer a mesma coisa, ou seja, a quantidade de dados.
Quando temos a variância populacional, podemos S
Para uma amostra: CV =
calcular a variância amostral aplicando um fator de X
correção, que é: v
Para uma população: CV = n
n
Propriedades
n-1
Vamos pensar num conjunto de dados do salário
n de uma determinada empresa. Com esses valores
S2 = σ2 · podemos calcular a média, mediana, desvio padrão,
n-1
variância etc.
Em determinado momento o dono da empresa
Quando tivermos dados agrupados, basta multipli- resolve dar um aumento de 10% para todos os funcio-
car cada parênteses pela frequência da classe. nários, ou seja, multiplicando o salário de todos por 1,1.
Nesse caso, o que acontecerá com esses dados estatísti-
/ f^Xi - X h2 cos? Ou então, o dono resolve aumentar R$ 100,00 no
S2 = n -1 salário de cada um, ou seja, somar 100,00 em todos os
dados, o que acontecerá com esses dados estatísticos?
ou Quando multiplicamos todos os salários por uma
/ f_Xi - n i2 constante qualquer (1,1 por exemplo), a média será alte-
σ2 = n -1 rada na mesma ordem, ou seja, para achar a nova média
multiplicaremos a média anterior pela mesma constante
Existe uma outra forma de calcular a variância, (1,1). A mesma coisa ocorre para a mediana, a moda e o
que em boa parte dos casos é mais rápida, que é a desvio padrão. A única grandeza diferente é a variância,
diferença entre a média dos quadrados e o quadra-
que será multiplicada pelo quadrado dessa constante,
do da média.
pois lembremos que ela é o quadrado do desvio padrão.
Em resumo, ao multiplicar os dados por uma cons-
σ2 = x2 – (x)2
tante k, os dados estatísticos serão alterados da seguinte
Ou seja, basta elevar todos os dados ao quadrado maneira:
e calcular a média desses valores, e subtrair disso a
média dos dados ao quadrado. FORMA DE CHEGAR AO
DADO ESTATÍSTICO
NOVO VALOR
Desvio Padrão
Média (µ) µ.k
O desvio padrão nos dá a noção de quão disper-
sos são os dados da amostra, quanto menor o desvio Mediana (Md) Md . k
padrão, mais concentrado em torno da média aritmé- Moda (Mo) Mo . k
tica estão os dados, quanto maior o desvio padrão,
mais dispersos esses dados. Desvio padrão (σ) σ. k
O desvio padrão é a raiz da variância, portanto a
fórmula e as considerações sobre população e amostra Variância (σ )2
σ2 . k2
são as mesmas, apenas vamos fazer a raiz do resultado.
Quando somamos todos os salários por uma constan-
Desvio padrão = √Variância te qualquer (100 por exemplo), a média será alterada na
mesma ordem, ou seja, para achar a nova média soma-
Em uma população, o desvio padrão é representa-
remos a média anterior pela mesma constante. A mes-
da por σ (sigma), já para uma amostra o desvio padrão
ma coisa ocorre para a mediana e a moda. Entretanto
é representado por S.
as medidas de dispersão, desvio padrão e variância não
serão alteradas pela soma de uma constante.
/ ^Xi - X h2
Para uma amostra: s = n -1 Assim o resumo dos valores, após a soma dos dados
238 pela constante k, é:
FORMA DE CHEGAR AO Para iniciar essa teoria, vamos partir de alguns con-
DADO ESTATÍSTICO ceitos importantíssimos para a probabilidade:
NOVO VALOR

Média (µ) µ+k z Experimento aleatório: é o evento que pode ter


diferentes resultados, quando repetidos nas mesmas
Mediana (Md) Md + k condições, ou seja, não sabemos o resultado, mas
podemos saber quais são os resultados possíveis de
Moda (Mo) Mo + k serem obtidos. Ex.: o lançamento de um dado é um
Desvio padrão (σ) Não muda experimento aleatório, sabemos que pode cair 1,2, 3,
4, 5 ou 6, mas não sabemos qual exatamente irá cair
Variância (σ )2
Não muda naquele lançamento específico;
z Ponto amostral: é qualquer um dos resultados pos-
Resumindo, quando somamos k a todos os elementos síveis no experimento aleatório. Ex.: No lançamento
de uma série de dados, e/ou quando multiplicamos por k do dado, se o dado cair com a face 1 para cima é um
todos os elementos de uma série de dados: ponto amostral, assim como todas as outras faces, 2,
3, 4, 5 e 6;
MULTIPLICAÇÃO z Espaço amostral: é o conjunto de todos os resultados
SOMA DE UMA
DE UMA
CONSTANTE K possíveis do experimento aleatório, é dado pela letra
CONSTANTE K
S. Ex.: No lançamento do dado, o espaço amostral é:
NOVA MÉDIA/ S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Nesse caso, dizemos que o número
MEDIANA/ Soma k Multiplica por k de elementos do espaço amostral é dado por n(S), por-
MODA tanto, nesse exemplo n(S) = 6. A definição do espaço
amostral é um passo muito importante na resolução
NOVO DESVIO Multiplica pelo dos exercícios de probabilidade. Em muitas questões,
Não altera
PADRÃO módulo de k para definirmos o espaço amostral será usada a aná-
lise combinatória;
NOVA
Não altera Multiplica por k2
VARIÂNCIA z Evento: é um subconjunto do espaço amostral. O
evento será representado por uma letra maiúscula, A,
Vantagens e Desvantagens da Média Aritmética e o número de elementos do evento é dado por n(A).
Ex.: No lançamento do dado, se quisermos um resulta-
A média aritmética é, com certeza, o parâmetro esta- do ímpar, temos 3 opções: 1, 3 e 5. Portanto, represen-
tístico mais conhecido pela grande maioria das pessoas, tamos isso da seguinte maneira: A = {1, 3, 5} e n(A) = 3,
pois é muito usada desde os primeiros anos de escola, e pois o conjunto A possui 3 elementos. Quando temos
em muitos casos no dia a dia da população, até pela facili- um subconjunto vazio (), dizemos que é um even-
dade de ser calculada. to impossível, já que ele nunca poderá ocorrer. Já
Entretanto, levando em conta que a média aritmética quando temos o subconjunto S, ele é igual ao espaço
é uma medida estatística (medida de tendência central), amostral e chamamos de evento certo, pois ele, com
assim como a mediana e a moda, por exemplo, ela tem certeza, irá ocorrer.
suas vantagens e desvantagens, ao compararmos com
Resumindo:
essas outras duas medidas.
z Experimento aleatório: lançamento do dado;
VANTAGENS DESVANTAGENS z Ponto amostral: a face que caiu virada pra cima;
Extremamente indicada É muita influenciada z Espaço amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e n(S) = 6;
para dados em que os pelos valores extremos, z Evento A: obter um resultado maior que 4: A = {5, 6}
e n(A) = 2;

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


valores sejam simétricos podendo causar uma
em relação ao valor cen- distorção caso a distribui- z Evento impossível: obter o resultado 7. B = {} e n(B)=0;
tral (Curva Normal) ção seja assimétrica. z Evento certo: obter resultado maior que 0 e menor
Não traz informações que 7; C = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e n(C)=6.
Indicada para comparar sobre a quantidade de A probabilidade de ocorrer o evento A, representada
conjuntos de dados que dados acima ou abaixo por P(A), em um experimento aleatório é a divisão entre
guardem semelhança da média, bem como não número de elementos de A, n(A), pelo número de ele-
entre si. é possível saber o valor mentos do espaço amostral n(S). Em outras palavras,
mais frequente. dizemos que é a divisão do número de casos favorá-
veis, n(A), pelo número de casos possíveis, n(S).

n (A)
CÁLCULO DE PROBABILIDADE E P(A) =
TEOREMA DE BAYES n (S)

CONCEITOS
Onde:
A probabilidade é a parte da Matemática que calcula P(A) é a probabilidade de acontecer o evento A;
a “chance” (probabilidade) de que algo aconteça, como, n(A): é o número de elementos favoráveis que fazem
por exemplo, jogar na Mega-Sena e ganhar, ou então, de parte do evento A;
chutar uma questão no concurso e acertar. n(S): é o número de elementos do espaço amostral S. 239
Agora, vamos conhecer uma questão já cobrada em Ex.: Quando temos dois eventos complementares, isso
concursos públicos e que ilustra bem o assunto: sempre acontece, pois a probabilidade de um evento
acontecer somado com a probabilidade desse evento
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Considere a seguinte não acontecer será sempre 1. Você fez uma aposta na
informação para responder à questão: a Prefeitura do vitória do seu time, temos apenas dois eventos possí-
Município de São Paulo (PMSP) é subdividida em 32 sub- veis, ou seu time ganha, ou seu time não ganha (per-
prefeituras e cada uma dessas subprefeituras administra de ou empata), é impossível acontecer as duas coisas.
vários distritos. Esses eventos, portanto, são complementares.
A tabela a seguir, relativa ao ano de 2010, mostra as popu-
lações dos quatro distritos que formam certa região admi- Intersecção de Eventos (regra do E)
nistrativa do município de São Paulo.
Quando um exercício pede a probabilidade de acon-
tecer um evento E um outro evento qualquer, temos a
Distrito População (em 2010) probabilidade da intersecção de dois eventos P(A⋂B). A
fórmula é dada por:
Alto de Pinheiros 43.000

Itaim Bibi 92.500 P(A e B) = P(A) · P(B|A)

Jardim Paulista 89.000 Onde:


P(B|A) significa a probabilidade de ocorrer B, sendo
Pinheiros 65.500 que A já ocorreu.
Ex.: Qual a probabilidade de retirar dois ases de um
Total 290.000
baralho de cartas, sem que haja reposição das cartas.
Apesar de o exercício não colocar o “e”, temos uma
Considerando-se a tabela apresentada, é correto afirmar intersecção de eventos aí, já que queremos retirar uma
que, se, em 2010, um habitante dessa região administra- ás (A1), E depois, mais um Ás (A2). O total de cartas do
tiva tivesse sido selecionado ao acaso, a chance de esse baralho é 52 e o total de ases é 4.
habitante ser morador do distrito Jardim Paulista seria
4
superior a 29% e inferior a 33%. A probabilidade de sair o primeiro ás é: ,
52
( ) CERTO  ( ) ERRADO
pois o total de eventos possíveis é 52, e o total de even-
tos favoráveis é 4.
A probabilidade é a divisão do número total de casos
A probabilidade de sair o segundo ás, dado que já saiu
favoráveis pelo total de casos possíveis. Os casos favo-
ráveis são os moradores do Jardim Paulista (89.000) e 3
um ás, é , pois agora temos apenas 3 ases e 51 cartas.
o total de casos possíveis é 290.000, ou seja, o total de
51
habitantes nessa população. Logo, a probabilidade de
selecionar um habitante do Jardim Paulista “P(JP)” é: Portanto, a probabilidade de sortear dois ases é

89.000 P(A1 e A2) = P(A1) · P(A2|A1)


P(JP) =
290.000 4 3
P(A1 e A2) = (simplificando o 4 com o 52, e
P(JP) = 0,3068 = 30,68%. Resposta: Certo. 52 · 51

AXIOMAS DA PROBABILIDADE o 3 com 51)


1 1
Axiomas são verdades inquestionáveis, ou seja, con- P(A1 e A2) = ·
13 17
ceitos fundamentais da probabilidade, também conheci-
do como axiomas de Kolmogorov. 1
Os axiomas da probabilidade são 3: P(A1 e A2) =
221
z A probabilidade de um evento acontecer está entre 1
(evento certo – 100%) e 0 (evento impossível – 0%); ≤ 1
Logo, a probabilidade de retirar dois ases é .
P(A) ≤ 1;
221
z A soma das probabilidades de todos os eventos do
espaço amostral é igual a 1: P(S) = P(A) + P(B) + P(C)
= 1 para um espaço amostral onde os únicos eventos Eventos Independentes
possíveis são A, B e C;
Ex.: No lançamento de uma moeda, são dois eventos Dizemos que dois eventos são independentes quando
possíveis, podendo sair cara ou sair coroa. A probabi- a ocorrência de um não interfere na probabilidade do
lidade de cada um dos eventos é ½, portanto, a soma outro.
entre eles é ½ + ½ = 1; Um exemplo fácil de assimilar é no lançamento suces-
z Se A e B forem eventos mutuamente excludentes, ou sivo de um dado. Se no primeiro lançamento eu tiro 3,
seja, se um ocorre o outro não ocorre, não havendo quando vou lançar o segundo dado, a probabilidade de
intersecção entre eles, a soma das probabilidades de tirar qualquer coisa foi alterada? Não. A probabilidade de
cada evento é a probabilidade da união dos dois even- tirar qualquer número específico será sempre 1/6, logo,
tos, que será 1. podemos dizer que esses eventos são independentes.
Agora, vamos pensar no nosso exemplo do tópico
240 P(AB) = P(A) + P(B), quando AB é vazio (θ). anterior, retirando dois ases de um baralho.
z Se tirarmos duas cartas em sequência, sem reposição Esses dois eventos são mutuamente exclusivos,
da carta retirada, a probabilidade de retirar um ás na pois os dois eventos não podem ocorrer ao mesmo
segunda tentativa é diferente da primeira, uma vez tempo, mas não são complementares, pois pode acon-
que já foi retirada uma carta, mudando o nosso espa- tecer um empate também. Portanto, se o Palmeiras
ço amostral e mudando o número total de eventos não ganhou, não podemos dizer necessariamente que
favoráveis, portanto, esses eventos são dependentes; ele perdeu.
Obviamente, dois eventos complementares ou dois
z Se retirarmos duas cartas em sequência, com reposi-
eventos mutuamente excludentes são dependentes,
ção da carta retirada, a probabilidade de retirar um ás
pois um evento altera a probabilidade do outro.
na segunda tentativa é a mesma que na primeira, pois
o total de cartas não foi alterado nem o total de ases, União de Dois Eventos (Regra do OU)
portanto, esses eventos são independentes.
Quando um evento pede a probabilidade de acon-
Na maioria dos casos conseguimos concluir se os tecer um evento OU outro, temos a probabilidade da
eventos são independentes ou dependentes, mas em união de dois eventos P(A∪B). A fórmula é dada por:
alguns casos, pelo relato, não é possível sabermos. Nesse
caso, sabemos que quando os eventos são independentes, P(A ou B) = P(A) + P(B) – P(A e B)
a probabilidade de B ocorrer, sabendo que A já ocorreu
Ou, usando os símbolos:
“P(B|A)”, é igual a probabilidade de B ocorrer: “P(B)”.
P(A∪B) = P(A) + P(B) – P(A∩B)
P(B|A) = P(B).
z Quando dois eventos são dependentes, sabemos
Da mesma forma, P(A|B) = P(A). que:
Portanto, podemos dizer que os eventos A e B são
independentes se, e somente se, ocorrer: P(A⋂B) = P(A) . P(B|A)
P(A∪B) = P(A) + P(B) - P(A) . P(B|A)
P(A e B) = P(A) . P(B)
z Quando temos dois eventos independentes, sabe-
mos que:
Eventos Mutuamente Exclusivos
P(A⋂B) = P(A) . P(B)
Dizemos que dois eventos são mutuamente exclusi- P(A∪B) = P(A) + P(B) - P(A) . P(B)
vos quando não podem ocorrer ao mesmo tempo, ou seja,
quando um ocorre, o outro não ocorre. z Quando temos dois eventos mutuamente exclusi-
Portanto, quando dois eventos são mutuamente vos, sabemos que:
exclusivos:
P(A⋂B) = 0
z P(A|B) = 0; A probabilidade de “A” ocorrer, sabendo
P(A∪B) = P(A) + P(B)
que “B” já ocorreu, é zero;
z P(B|A) = 0; A probabilidade de “B” ocorrer, sabendo
que “A” já ocorreu, é zero; Importante!
z P(A e B) = 0; A probabilidade de A e B ocorrerem ao Eventos dependentes: P(A∪B) = P(A) + P(B) -
mesmo tempo é zero. P(A) · P(B|A)
Eventos independentes: P(A∪B) = P(A) + P(B) -
Os eventos complementares são sempre mutuamente P(A) · P(B)
exclusivos, mas os eventos mutuamente exclusivos nem Eventos mutuamente exclusivos: P(A∪B) = P(A)
sempre são complementares, apesar de ambos não acon- + P(B)

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


tecerem ao mesmo tempo. Para os eventos serem mutua-
mente exclusivos, basta que eles não possam ocorrer ao
mesmo tempo. Para ser complementar, quando um não Ex.: Vamos considerar os eventos A e B quaisquer,
ocorre, o outro obrigatoriamente tem que ocorrer. A pertencentes a um mesmo espaço amostral, em um expe-
probabilidade de ocorrer o evento A é P(A), e seu com- rimento aleatório. Considerando que P(A) = 0,30, vamos
plementar é não A, representado por Ā, sendo que a pro- julgar essas 4 afirmações:
babilidade de acontecer Ā é P(Ā).
z P(B) = 0,6 e P(A⋂B) = 0.30, se A e B forem
Exemplo 1: No lançamento de um dado independentes;

Evento A: sair um número par; Para os eventos serem independentes: P(A⋂B) = P(A)
Evento B: sair um número ímpar. . P(B)
P(A) = 0,3; P(B) = 0,6; P(A⋂B) = 0,18
Esses dois eventos são mutuamente exclusivos e P(A⋂B) = P(A) . P(B)
complementares, pois os dois não podem acontecer 0,18 = 0,3 . 0,6
ao mesmo tempo, e se o resultado não for ímpar, tem 0,18 = 0,18 (CERTO)
que ser par.
z P(B) = 0,6 e P(A∪B) = 0,7, se A e B forem
independentes;
Exemplo 2: Jogo do Palmeiras
Para os eventos serem independentes: P(A∪B) = P(A)
Evento A: O Palmeiras ganhou o jogo; + P(B) - P(A) · P(B)
Evento B: O Palmeiras perdeu o jogo. P(A) = 0,3; P(B) = 0,6; P(A∪B) = 0,7 241
P(A∪B) = P(A) + P(B) - P(A) · P(B)
0,7 = 0,3 + 0,6 - 0,3.0,6
0,7 = 0,9 – 0,18
0,7 = 0,72 (ERRADO)

z P(B) = 0,75, se A e B forem mutuamente exclusivos;

Para os eventos serem mutuamente exclusivos: P(A∪B) = P(A) + P(B)


P(A) = 0,3; P(B) = 0,75;
P(A∪B) = P(A) + P(B)
P(A∪B) = 0,3 + 0,75
P(A∪B) = 1,05

A probabilidade nunca pode ser maior que 1, portanto, item errado.

z P(A∪B) = 0,15, se A e B forem mutuamente exclusivos;

Para os eventos serem mutuamente exclusivos: P(A∪B) = P(A) + P(B)


P(A) = 0,3; P(A∪B) = 0,15;
P(A∪B) = P(A) + P(B)
0,15 = 0,3 + P(B) (passando o 0,3 para o outro lado do igual com sinal trocado).
P(B) = 0,15 – 0,3
P(B) = - 0,15
A probabilidade nunca pode ser negativa, portanto, item errado.

PROBABILIDADE – TEOREMA DE BAYES

Usamos o Teorema de Bayes quando conhecemos as probabilidades condicionais da forma P(B|A) e queremos cal-
cular a probabilidade condicional da forma P(A|B), ou seja, conhecemos as probabilidades com o evento B, a posteriori,
e desejamos conhecer as probabilidades para esse evento a priori. De maneira geral, com n eventos Ai e conhecendo
P(B|Ai), a probabilidade de algum evento Am, condicionada ao evento B, P(Am|B), é:

P (B|Am) ‧ P (Am)
P (Am|B) =
P (B|A1) ‧ P (A1) + P (B|A2) ‧ P (A2) + ⋯ + P (B|An) ‧ P (An)

Vejamos um exemplo para facilitar o entendimento:


Uma cidade sede do interior possui três varas trabalhistas. A 1ª Vara, comporta 50% das ações trabalhistas, a 2ª Vara
comporta 30% e a 3ª Vara as 20% restantes. As porcentagens de ações trabalhistas oriundas da atividade agropecuária
são 3%, 4% e 5% para a 1ª, 2ª e 3ª Varas, respectivamente. Escolhe-se uma ação trabalhista aleatoriamente e constata-se
ser originária da atividade agropecuária. A probabilidade dessa ação ser da 1ª Vara trabalhista é, aproximadamente:

a) 0,5312.
b) 0,3332.
c) 0,1241.
d) 0,4909.
e) 0,4054.

Para resolvermos a questão, é imperativo notar que as proporções das ações de atividade agropecuária para cada
uma das varas são a probabilidade a posteriori e que a questão quer saber a probabilidade de uma ação ser da 1ª Vara,
ou seja, um evento a priori.
Utilizando o Teorema de Bayes, P(V1|A) é dado por:

P(A|V1) ‧ P(V1)
P(V1|A) =
P(A|V1) ‧ P(V1) + P(A|V2) ‧ P(V2) + P(A|V3) ‧ P(V3)

Temos os seguintes dados extraídos da questão:

z A 1ª Vara comporta 50% das ações: P(V1) = 0,5;


z A 2ª Vara comporta 30% das ações: P(V2) = 0,3;
z A 3ª Vara comporta 20% das ações: P(V3) = 0,2;
242 z As percentagens: V1 = 3%, V2 = 4% e V3 = 5%
Logo,

P(A|V1) = 0,03, P(A|V2) = 0,04 e P(A|V3) = 0,05.

Substituindo esses valores na fórmula do Teorema de Bayes, temos:

0,03 ‧ 0,5 0,015 0,015


P(V1|A) = = = ≅ 0,4054
0,03 ‧ 0,5 + 0,04 ‧ 0,3 + 0,05 ‧ 0,2 0,015 + 0,012 + 0,01 0,037

Podemos concluir, portanto, que a resposta é a alternativa E.

Dica
O Teorema de Bayes está interligado à probabilidade condicional de dois eventos, ou seja, mostra a relação
entre uma probabilidade condicional e a sua inversa.

PROBABILIDADE CONDICIONAL
Já discutimos um pouco sobre isso, mas existe uma fórmula muito comum nas questões de concurso, que pode
ser usada para questões com Probabilidade.
Lembre-se de que a probabilidade condicional é aquela em que queremos a probabilidade de ocorrer um
evento, dado que um outro evento já ocorreu.
Por exemplo, vamos supor que eu retirei uma carta de um baralho (que tem 52 cartas).
A probabilidade de eu retirar uma dama (Q) é: 4/52, uma vez que temos 4 damas em 52 cartas possíveis.

P(Q) = 4/52 = 0,076 = 7,6%

Agora, a probabilidade de eu retirar uma carta de copas (♥) é: 13/52, uma vez que temos 13 cartas de copas e
52 cartas possíveis.

P(♥) = 13/52 = 0,25 = 25%

Indo mais além, a probabilidade de eu retirar uma dama de copas, ou seja, retirar uma dama e que seja de
copas, será 1/52, pois só temos uma dama de copas no baralho.

P(Q♥) = 1/52 = 0,019 = 1,9%

Agora sim, vamos chegar à fórmula muito usada da Probabilidade Condicional. Vamos supor que eu queira
saber a probabilidade de tirar uma dama, dado que a carta retirada é de copas. Ou seja, existe uma condição, eu já
sei que a carta é de copas, portanto, meu espaço amostral, nesse caso, será apenas as cartas de copas do baralho,
ou seja, 13. Pensando diretamente, a probabilidade é 1/13 = 7,7%, mas muitas vezes não é tão fácil de enxergar
como nesse caso, portanto, existe uma fórmula para resolver essa questão.

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


P(A∩B)
P(A|B) =
P(B)

Ou seja, a probabilidade de ocorrer A, uma vez que B já ocorreu, é a probabilidade da intersecção entre A e B,
dividido pela probabilidade de B.
Nesse nosso caso, iríamos dividir a probabilidade de ocorrer uma dama de copas: P(Q♥) = 1,9%, pela probabi-
lidade de sair uma carta de copas: P(♥) = 25%.

1,9

P(Q|♥) = 25 = 7,6%

Agora, treine o que aprendeu com questões comentadas já cobradas em concursos públicos e que tratam do
assunto:

1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Em um espaço de probabilidades, as probabilidades de ocorrerem os eventos indepen-


dentes A e B são, respectivamente, P(A) = 0,3 e P(B) = 0,5. Nesse caso, P(B/A) = 0,2.

( ) CERTO  ( ) ERRADO 243


Queremos saber a probabilidade de ocorrer B, dado 2 2 4 1
que A já ocorreu. Portanto, vamos usar a fórmula P(B) . P(A|B) = · = =
da probabilidade condicional. Nesse caso, o evento 4 3 12 3
que já ocorreu é o A, portanto, ele vem depois da
barra (|) e será o denominador: 1º mente (A) E 2º não mente (B) OU 1º não mente (B)
E 2º mente (A)
P(B∩A)
P(B|A) = Agora, basta somar as duas probabilidades, pois,
P(A) irá acontecer uma coisa ou outra, ou seja, se acon-
Pelo fato dos eventos A e B serem independentes, tecer uma coisa com certeza não acontecerá a outra
sabemos que: (eventos mutuamente exclusivos).
P(B∩A) = P(A) · P(B) – valores dados no enunciado.
P(B∩A) = 0,3 · 0,5
Portanto, a probabilidade condicional é: 1 1 2
+ = = 0,666 = 66,6%
P(B∩A) 3 3 3
P(B|A) = A segunda forma de resolver é:
P(A)
De 4 pessoas, temos que escolher 2, portanto, o
total de possibilidades é dado pela combinação de
0,3 · 0,5
P(B|A) = 4 pegando 2.
0,3
P(B|A) = 0,5. Resposta: Errado. 4!
C4,2 =
2! · 2!
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram 4 · 3 · 2!
interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No C4,2 =
depoimento, com relação à responsabilização pela 2 · 2!
prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
C4,2 = 2 . 3
que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria. A partir
dessa situação, julgue o item a seguir. Considerando C4,2 = 6
que a conclusão ao final do interrogatório tenha sido
a de que apenas dois deles mentiram, mas que não Das 6 opções, as favoráveis são aquelas em que são
fora possível identificá-los, escolhendo-se ao acaso escolhidos 1 que mente e 1 que não mente, portanto,
dois entre os quatro para novos depoimentos, a proba- não serão favoráveis apenas quando forem escolhi-
bilidade de apenas um deles ter mentido no primeiro dos juntos os 2 que mentem, ou juntos os 2 que não
interrogatório é superior a 0,5. mentem. Portanto, o total de casos desfavoráveis é
igual a 2, logo, o número de casos favoráveis é 4.
( ) CERTO  ( ) ERRADO

Vamos ver duas formas de resolver esse tipo de 4 2


P(A) = = = 0,666 = 66,6%. Resposta: Certo.
exercício.
6 3
São 4 suspeitos, sendo que, 2 mentem e 2 não men-
tem. Vamos escolher 2 ao acaso, e queremos a possi-
bilidade de escolher 1 que mente e 1 que não mente.
Podemos escolher isso de duas formas: 1º mente (A)
E 2º não mente (B) OU 1º não mente (B) E 2º mente CORRELAÇÃO LINEAR SIMPLES
(A). Resposta: Certo.
1º mente (A) E 2º não mente (B) CORRELAÇÃO DE DUAS VARIÁVEIS
A probabilidade de escolher um que mente, com os 4
à disposição, é: P(A) = 2/4. Considerando duas variáveis quaisquer, essas
Saindo um que mente, restam 3 à disposição, sendo variáveis podem ter um grau de correlação entre elas,
que 2 falam a verdade, a probabilidade de escolher que chamamos de coeficiente de correlação linear,
um que fala a verdade é: P(B|A) = 2/3. que pode ser representado por ρ(rho) ou R.
1º mente (A) E 2º não mente (B): O coeficiente de correlação pode variar entre -1 e 1.
2 2 4 1 E ele pode ser representado por um gráfico de disper-
P(A) . P(B|A) = · = = são, onde um eixo é a variável X e o outro a variável Y.
4 3 12 3
0 < R ≤ 1: Correlação positiva – enquanto uma variá-
1º não mente (B) e 2º mente (A) vel aumenta a outra também aumenta. Ex: Vamos con-
siderar as variáveis altura e peso. Normalmente, quanto
A probabilidade de escolher um que não mente, com
maior a altura, maior o peso. Podemos dizer que, quanto
os 4 à disposição, é: P(B) = 2/4.
Saindo um que não mente, restam 3 à disposição, mais próximo de 1, mais forte será a correlação positi-
sendo que 2 mentem. A probabilidade de escolher va, e, quanto mais próximo de zero, menos relacionada
um que mente é: P(A|B) = 2/3. estarão as variáveis. Chamamos a correlação igual a 1 de
244 1º não mente (B) e 2º mente (A): perfeita, cujos dados resultam em uma reta.
Y Y Y
TEMPERATURA Nº DE FURTOS

17° 2

18° 3
X X X
Correlação positiva Correlação positiva Correlação positiva 25° 6
entre X e Y forte entre X e Y entre perfeita X e Y
24° 7
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/
bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20 20° 5
Anne% 20de_2015_1.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021
30° 10
-1 ≤ R < 0: Correlação negativa – enquanto uma
variável aumenta, a outra diminui. Ex.: Considerando 28° 8
a variável temperatura e a variável venda de choco- 20° 4
late quente. Quanto maior a temperatura do ambien-
te menor será a venda de chocolate quente. Podemos 32° 10
dizer que, quanto mais próximo de -1, mais forte será
33° 12
a correlação negativa, e, quanto mais próximo de
zero, menos relacionada estarão as variáveis. Assim *Dados não verídicos
como na positiva, temos uma correlação negativa per-
feita quando R = -1. Olhando os dados podemos até notar que nos dias
mais quentes o número de furtos aumenta, mas vamos
Y Y Y colocar isso em um gráfico de coordenadas, no eixo x
vamos colocar a temperatura, e no eixo y os furtos,
para visualizar melhor. Cada coluna da nossa tabela
é um par ordenado: (17,2), (18,3), (25,6), (24,7) e assim
por diante. Vamos colocar um ponto no gráfico para
X X X
cada par ordenado para visualizar essa correlação.
Correlação negativa Correlação negativa Correlação negativa
entre X e Y forte entre X e Y entre perfeita X e Y Furto
10
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/ 9
bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20
8
Anne% 20de_2015_1.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021.
7
z R = 0: Correlação nula – as variáveis não são cor- 6
relacionadas. 5
4
Y
3
2
1
X °C
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Não há correlação
entre X e Y
Podemos ver que existe uma correlação entre as
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/ variáveis, pois pelo gráfico vemos que conforme uma
bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20 variável aumenta a outra aumenta também, mas

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


Anne% 20de_2015_1.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021. podemos ver que não é algo exato, não forma uma
linha perfeita (casos em que R = 1). A regressão linear
O coeficiente de correlação linear é dado pela ra- tem o intuito de definir uma função que defina essa
zão entre a covariância de X e Y e o produto dos des- correlação entre as variáveis e a regressão mais usada
vios-padrão de cada variável. é a linear, a qual definiremos uma função linear para
explicar essa correlação. Basicamente faremos uma
Cov (X, Y) linha reta resumindo esses dados:
R= vX·vY
Furto
REGRESSÃO LINEAR 10
9
O coeficiente de correlação de Pearson (R) é o coe- 8
ficiente que mostra o grau de dependência entre duas 7
variáveis, também podemos achar o R através dos pares
6
ordenados formados por cada ponto das duas variáveis.
5
Vamos imaginar que queremos saber se duas variá-
4
veis aleatórias quaisquer estão correlacionadas, como
por exemplo o aumento da temperatura e a quantidade 3

de furtos na Baixada Santista aos finais de semana. Para 2


isso são coletados a quantidade de furtos registrados em 1
10 dias (5 finais de semanas) e a temperatura média em °C
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
cada um desses dias, e chegamos na seguinte tabela: 245
O coeficiente de correlação pode ser calculado pela Do coeficiente de correlação de Pearson podemos
seguinte fórmula, sendo X e Y as duas variáveis alea- achar o Coeficiente de Determinação (CD) ou coe-
tórias que queremos analisar a correlação: ficiente de explicação, que mede o percentual da
variação de Y que é explicado pela variação de X.
n · ⅀ X · Y - ⅀ X · ⅀Y
R= CD = R2
√n · (⅀X²) - (⅀X)² · √n · (⅀Y²) - (⅀Y)²
No nosso exemplo:

Vamos achar o R do nosso exemplo, sendo tempe- CD = 0,982 = 0,96


ratura X e nº de furtos Y e o número de dados n = 10
(10 dias de observação): Portanto 96% da variação de X é explicada pela varia-
ção de Y e os outros 4% de variação têm outros motivos.

X Y X.Y X2 Y2
Importante!
17 2 34 289 4
Correlação: mede o grau de relação (-1 ≤ R ≤ 1);
18 3 54 324 9
Regressão: dá uma função que relaciona as
25 6 150 625 36 variáveis.

24 7 168 576 49
A regressão linear é a definição de uma função
20 5 100 400 25 que relacione as duas variáveis X e Y. Vamos padro-
30 10 300 900 100 nizar que Y é a variável dependente, e X é a variável
independente. Como no nosso exemplo, a temperatu-
28 8 224 784 64 ra (X) é uma variável independente pois ela não sofre
influência do número de furtos, e o número de fur-
20 4 80 400 16
tos (Y) é a variável dependente, pois ela sim sofrerá
32 10 320 1024 100 influência da temperatura (X). Por ser uma função
linear ela terá essa cara:
33 12 396 1089 144
Y=a.X+b

TOTAL Y é a variável dependente, que varia de acordo


]Rg 247 67 1826 6411 547
com o X, X é a variável independente, “a” é o coefi-
ciente angular que acompanha o X, e “b” é o coeficien-
te linear (intercepto), que é o termo independente,
10 · 1826 - 247 · 67 que vem sozinho.
R= Para achar essa função vamos utilizar o método
√10 · 6411 - 247² · √10 · 547 - 67² dos mínimos quadrados.
18.260 - 16.549 Para achar o valor do coeficiente angular (“a”)
R= vamos usar a fórmula:

cov ^ X, Yh
√64.110 - 61.009 · √5.470 - 4.489
1.711 a=
R= Var (x)
√3.101 · √981 Que podemos extrapolar para:
1.711 n·⅀X·Y-⅀X·⅀Y
R=
a=
55,69 · 31,32
n · (⅀X²) - (⅀X)²
1.711
R= ou
1.744,21
n·⅀X·Y-nX·Y
R = 0,98 a=
n · ⅀X² - n(X)²
Com isso, vemos que o R está muito próximo de 1, o que
caracteriza uma correlação muito forte entre as variáveis. Onde X é a média dos dados de X e Y é a média dos
Temos que fazer uma observação importante. A dados de Y.
correlação nem sempre tem efeito de causa e conse- Para achar o b (coeficiente linear), vamos usar as
quência, pois, o fato de aumentar a temperatura não médias de X e Y.
faz com que os bandidos queiram roubar mais, na Y = a. X + b
verdade o aumento da temperatura faz com que mais Muitas vezes, podemos ver Y = a + bx, isso é a
pessoas queiram ir para a praia se refrescar, e nesse mesma coisa, só temos que tomar cuidado para não
momento os bandidos enxergam uma melhor oportu- confundir, pois, nesse caso, usaremos a fórmula para
nidade para praticar seus delitos, por isso o aumento. achar o b. A fórmula é usada para achar o coeficiente
Portanto apesar das variáveis estarem correlaciona- angular (que acompanha o X), independente do nome
246 das elas não são causa e consequência. dado a ele.
ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) E ANÁLISE DE
A B C
RESÍDUOS
PACIENTE 1 29 17 11
A análise de variância (da sigla em inglês ANOVA)
é usada para comparar médias de populações diferen- PACIENTE 2 28 18 12
tes, com a finalidade de descobrir se as médias de certo
PACIENTE 3 28 18 11
parâmetro entre populações são iguais ou não, possibi-
litando comparar 3 ou mais grupos de uma só vez. PACIENTE 4 31 19 12
A ANOVA nos mostra se as diferenças amostrais
observadas são reais, ou seja, causadas por uma dife- PACIENTE 5 32 20 14
rença da população observada, ou casuais, ou seja,
causadas pelo acaso por conta da aleatoriedade na Analisando os dados, vemos que a variação dentro
escolha da amostra. de cada grupo é pequena e a variação entre os grupos
Para aplicarmos a ANOVA, as amostras devem ser é grande, portanto, nesse caso, rejeitaríamos H0 e con-
aleatórias e independentes, as populações devem pos- cluiríamos que a variação realmente é causada pela
suir distribuição normal, e as variâncias populacio- diferença da droga.
nais devem ser iguais (não rigorosamente iguais, mas Olhando essa tabela com poucos dados e uma dife-
próximas). rença gritante, é fácil de deduzirmos isso, mas nem
Para entender melhor, vamos utilizar um exemplo sempre é assim fácil de enxergar, por isso são usados
simples. Vamos supor que queremos testar o tempo de vários cálculos e índices para se chegar a essa conclu-
resposta de 3 drogas diferentes para o tratamento de são. Lembrando que a ANOVA só irá nos mostrar se
uma doença (remédios A, B e C). Para isso, vamos apli- existe diferença ou não entre os grupos, mas não irá
car cada droga em 5 pacientes diferentes, e cronome- mostrar qual dos grupos (drogas, no nosso exemplo)
trar o tempo de resposta, ou seja, o tempo necessário diverge dos demais.
para a eliminação dos sintomas. Para concluirmos sobre a hipótese nula vamos
Ao realizarmos a ANOVA iremos comparar a usar o teste F, que é a razão entre a variância entre os
variância entre os grupos e a variância dentro de grupos pela variância dentro dos grupos:
cada grupo. Queremos saber se os tempos médios de
respostas para cada droga são iguais, portanto, a hipó-
tese nula será: 2
Sentre (variância entre os grupos)
F= 2 =
H0: μ1 = μ2 = μ3 ... Sdentro (variância dentro dos grupos)
H1: A hipótese alternativa indicará que pelo menos
uma das médias é diferente. Para calcularmos as variâncias vamos usar a soma
de quadrados de desvios. São 3 somas que temos que
Realizadas as medições dos tempos de respostas, saber: a soma de quadrados total (SQT), a soma de
em minutos, temos: quadrados entre grupos ou soma de quadrados de
tratamentos ou soma dos quadrados do modelo (SQE,
A B C SQTrat ou SQM) e a soma de quadrados dentro dos gru-
pos ou soma de quadrados dos resíduos ou soma de
PACIENTE 1 9 10 9
quadrados dos erros (SQD, SQRes ou SQErro). Muito cui-
PACIENTE 2 12 14 13 dado com essas siglas, em cada lugar elas aparecem
de uma maneira, por isso, tenham em mente que a
PACIENTE 3 18 19 17 “entre grupos” – SQE – é a do modelo, ou da regressão
PACIENTE 4 24 23 26 ou outro nome que remeta ao modelo da regressão

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


linear, já a “dentro dos grupos” – SQD - é o erro, ou
PACIENTE 5 36 38 35 resíduos, ou algo relacionado a isso, já o SQT é o total.
Uma boa notícia é que geralmente os exercícios
MÉDIA 19,8 20,8 20
fornecem os valores de SQT, SQE e SQD. A SQtotal é a
soma das outras duas:
A média geral das 15 observações é dada por: X =
20,2. SQtotal = SQentre + SQdentro
Podemos notar que as médias amostrais para cada
remédio são diferentes umas das outras. O que a ANO- Para achar as variâncias, que também chamamos
VA quer analisar é se essas médias populacionais são nesse caso de quadrados médios (QM), temos que
iguais ou não, ou seja, se essa diferença nas médias dividir o SQ pelos graus de liberdade. Cada SQ terá
amostrais se deve apenas aos fatores aleatórios da uma quantidade de graus de liberdade diferente.
amostra selecionada ou se essa diferença se deve à Os graus de liberdade são dados por:
qualidade do remédio mesmo.
Entre os grupos: gl1 ou glentre = k – 1
Analisando os dados, vemos que a variação dentro
Dentro dos grupos: gl2 ou gldentro = n – k
de cada grupo é grande, e a variação entre os grupos
Total: gltotal = n – 1
não tem muita diferença, portanto, nesse caso, aceita-
ríamos H0 e concluiríamos que a variação é causada Sendo que: k é a quantidade de grupos; e n é a
pela diferença da amostra mesmo. quantidade de observações totais (de todos os grupos)
Por outro lado, podemos ter os seguintes dados das Assim como vimos nas SQs, o grau de liberdade
medições: total é dado pela soma de gl1 e gl2: 247
gltotal = n – k + (k – 1) Esse é o valor do F crítico, se o F encontrado for
gltotal = n – 1 maior que 3,89, ele está localizado depois do Fcrítico,
portanto rejeitamos H0, e concluímos que pelo menos
A quantidade de graus de liberdade do modelo (entre) uma das médias é diferente. Ou seja, quando o F
é a quantidade de variáveis explicativas do modelo. encontrado é maior que o Fcrítico rejeitamos H0, pois o
No nosso exemplo temos 3 grupos (remédios A, B valor estará na área cinza do gráfico. Já quando o F
e C), portanto k = 3, e para cada grupo temos 5 pacien- encontrado é menor que o Fcrítico aceitamos H0, pois o
tes, portanto o total de amostras é 15, logo: n = 15. valor estará na área branca do gráfico.
Assim:
gl1 ou glentre = 3 – 1 = 2
gl2 ou gldentro = 15 – 3 = 12
gltotal = 15 – 1 = 14 a

Podemos ver que a soma de gl1 e gl2 resulta no gltotal. Fa (v1 , v2)
Portanto, as variâncias ou quadrados médios (QM)
são dados por: Com os valores da ANOVA podemos achar também
o Coeficiente de Determinação (CD), ou R2, que é
QMT ou S2Total =
SQT dado por:
n-1

SQE R2 =
QME ou S2Entre =
k-1

SQD Outro valor da regressão que podemos encontrar


QMD ou S2Dentro = utilizando os dados da tabela da ANOVA é o coeficiente
n-k
angular do modelo de regressão (que chamamos de “a”
Assim podemos achar o valor do teste F. anteriormente). Esse valor é dado por:

2
S entre QME
F= 2 = a2 =
S dentro QMD

O modo de usar a tabela F não é muito diferente das


Onde SQE é a soma dos quadrados entre as amos-
outras que já vimos, mas temos uma tabela para cada
tras, ou do modelo, e ⅀ (Xi - X)2 é a soma dos quadrados
nível de significância (1 - α), e para usá-la vamos precisar das diferenças entres os valores da amostra e a média,
da quantidade de graus de liberdade entre e dentro. termo que aparece na definição de variância da amos-
Vamos ver a tabela do teste F para um nível de sig- tra no começo deste material (estatística descritiva).
nificância de 95%. Nas colunas temos a quantidade de
graus de liberdade entre gl1, que na tabela está como Hora de praticar o que aprendeu com questões
v1, e nas linhas temos a quantidade de graus de liber- comentadas de bancas variadas o assunto estudado:
dade dentro (gl2, que na tabela está como v2). Portan-
to, vamos olhar o valor na coluna 2 e na linha 12. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Ao avaliar o efeito das varia-
ções de uma grandeza X sobre outra grandeza Y por meio
Α = 0,05 de uma regressão linear da forma P̂ = α̂ + β̂ X, um analista,
V1 1 2 3 4 5 10 15 25 30 60
usando o método dos mínimos quadrados, encontrou, a
partir de 20 amostras, os seguintes somatórios (calcula-
1 161,5 199,5 215,7 224,6 230,2 241,9 246 249,3 250,1 252,2 dos sobre os vinte valores de cada variável):
2 18,51 19 19,16 19,25 19,3 19,4 19,43 19,46 19,46 19,48
∑X = 300; ∑Y = 400; ∑X2 = 6.000; ∑Y2 = 12.800 e ∑(XY) =
8.400
3 10,13 9,55 9,28 9,12 9,01 8,79 8,70 8,63 8,62 8,57 A partir desses resultados, julgue o item a seguir.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Para X = 10, a estimativa de Y é Ŷ = 12.

10 4,96 4,10 3,71 3,48 3,33 2,98 2,85 2,73 2,7 2,62 ( ) CERTO ( ) ERRADO
V2 12 4,84 3,98 3,59 3,36 3,2 2,85 2,72 2,6 2,57 2,49 Levando em consideração que temos 20 amostras,
12 4,75 3,89 3,49 3,26 3,11 2,75 2,62 2,5 2,47 2,38 podemos achar a média de Ŷ e a média de X, tendo
em vista os somatórios dados no enunciado.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 400
60 4 3,15 2,76 2,53 2,37 1,99 1,84 1,69 1,65 1,53 Y = 20
Y = 20
120 3,92 3,07 2,68 2,45 2,29 1,91 1,75 1,60 1,55 1,43 Média de X.
∞ 3,84 3 2,61 2,37 2,21 1,83 1,67 1,51 1,46 1,32 300
X = 20
X = 15
Portanto, para um nível de significância de 95% Vamos achar o valor do coeficiente angular , usando
248 temos: F(2,12) = 3,89. os valores dados no enunciado.
n · ⅀ X · Y - ⅀ X · ⅀Y POPULAÇÃO E AMOSTRA
β̂=
n · ⅀ X² - (⅀X)²
AMOSTRA

20 · 8400 - 300 · 400 É comum ouvirmos por aí pessoas que dizem não
β̂ = acreditar em pesquisas como Ibope, Datafolha entre
20 · 6000 - (300)² outras, com o argumento de que nunca foi entrevistado
por esses órgãos e que não conhecem nenhuma pessoa
que tenha sido consultada também. Ora, consultar a
168.000 - 120.000
população toda acerca de algum assunto é muito cus-
β̂ =
120.000 - 90.000 toso e demandaria um tempo muito grande. Por isso,
para se chegar a essa estimativa, esse tipo de pesquisa
é realizado em parte da população.
48.000 Para analisar parâmetros estatísticos de uma popu-
β̂ = lação é necessário selecionar uma amostra a partir de
30.000 técnicas de amostragem. Dessa amostra são extraídos
dados estatísticos, que serão estudados e analisados, e
β̂ = 1,6 então, generalizados para toda a população por meio
da Inferência Estatística.
Assim podemos achar o valor do coeficiente linear,
α̂. AMOSTRAGEM
Y = α̂ + β̂
20 = α̂ + 1,6 . 15 POPULAÇÃO
20 = α̂ + 24
α̂ = 20 – 24
α̂ = –4 AMOSTRA

Portanto a regressão fica: = -4 + 1,6.X


AMOSTRA
Se X = 10;
Y = -4 + 1,6 . 10
Y = - 4 + 16
Y = 12
Resposta: Certo.
INFERÊNCIA
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Considerando-se que, em
uma regressão múltipla de dados estatísticos, a soma Quando vamos tratar de inferência estatística, o
dos quadrados da regressão seja igual a 60.000 e a nosso conjunto de dados a ser analisado são os dados
soma dos quadrados dos erros seja igual a 15.000, é extraídos das amostras da população. Para isso, a
correto afirmar que o coeficiente de determinação — amostra selecionada deve ser representativa da
R2 — é igual a população.
Uma amostra não representativa é uma amostra
a) 0,75. viciada, que chamamos de vício de amostragem. Uti-
b) 0,25. lizando esse tipo de amostra chegaríamos a um resul-
c) 0,50.
tado que não corresponde à realidade.
d) 0,20.
e) 0,80. Ex.: Queremos saber a quantidade de torcedores

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


de cada time na cidade de São Paulo, portanto nossa
Sabemos que R é dado por:
2
população é o total de habitantes de São Paulo. Vamos
SQE supor que a amostra selecionada para responder fos-
R2 = se feita na porta do estádio do Palmeiras em dia de
SQT jogo. Nesse caso, praticamente 100% dos entrevista-
O SQE é a soma dos quadrados da regressão ou do dos se declarariam palmeirenses, o que, claramente,
modelo (Entre amostras), e o SQT é a soma do SQE está incorreto, pois a escolha da amostra foi realizada
com o SQD, soma dos quadrados dos erros (Dentro de forma incorreta.
da amostra).
SQT = 60.000 + 15.000 Conceitos importante:
SQT = 75.000
z População objeto: é a população total que temos o
60.000 interesse de obter informações;
R2 = z Unidade elementar (unidade amostral): é a uni-
75.000 dade (indivíduo) da população que será observa-
da (analisada), pode ser uma pessoa, uma peça de
60 uma produção etc.
R2 =
z Amostra: é o subconjunto da população.
75
z Censo: análise de todos os elementos da população.
R = 0,8
2 z Erro amostral: é a diferença entre o resultado
Resposta: Letra E. amostral para o resultado populacional. 249
Existem várias formas de se determinar uma z Uniforme: escolhendo, por exemplo, 10 pessoas
amostra da população a ser estudada, que se dividem de cada estrato, ou;
em dois grandes grupos: z Proporcional: obedecendo a representatividade
de cada estrato na população, por exemplo, divi-
PROBABILÍSTICAS NÃO-PROBABILÍSTICAS
dindo os estratos entre homem e mulher, se 30%
Quando os elementos da da minha população é mulher e 70% de homens,
população não possuem minha amostra será formada por 30% de mulheres
Quando todos os ele-
a mesma probabilidade e 70% de homens.
mentos da população
de serem escolhidos, pois
possuem a mesma proba-
dependem do critério do Conglomerado
bilidade de serem selecio-
pesquisador. Esse método
nados. Só nas amostras
tem uma desvantagem Consiste em dividir uma população em conglome-
probabilísticas podem ser
por não ser possível fazer
utilizados os métodos de rado (subgrupos) como: quarteirões, famílias, orga-
inferências sobre a popu-
inferência. Alguns exem- nizações, agências, edifícios etc., selecionar de forma
lação. Apesar disso, ainda
plos são a amostra aleató- aleatória simples alguns dos conglomerados e anali-
é um método muito utiliza-
ria simples, a sistemática, sar todos os elementos do subgrupo escolhido. Nesse
do. Alguns exemplos são
a estratificada e amostra tipo de amostra as pessoas de cada conglomerado não
a amostra por conveniên-
por conglomerado. necessariamente precisam ter características comuns,
cia, intencional, amostra
por cotas e voluntários. como na estratificada.

AMOSTRA PROBABILÍSTICAS Importante!


Aleatória Simples As bancas geralmente tentam confundir as
amostras estratificada e por conglomerado, mas
É o método mais utilizado, que consiste na escolha é bem fácil de diferenciar as duas.
aleatória dos indivíduos de uma determinada popula- Na amostra estratificada, a população é dividida
ção que formarão a amostra. Um detalhe importante em grupos e, de todos os grupos, são seleciona-
desse método é que é preciso conhecer os dados de dos alguns elementos de forma aleatória.
toda a população para, a partir de uma listagem, por
Já na amostra por conglomerado, a popula-
exemplo, sejam definidos aleatoriamente os indiví-
duos estudados. ção é dividida em grupos, e são selecionados
Ex.: Em uma sala de aula com 100 alunos quere- alguns grupos, que terão todos os elementos
mos escolher 15 para responderem a uma pesquisa analisados.
de satisfação dos professores. Portanto, a partir da
lista dos 100 alunos da sala, selecionamos 15 aleato-
AMOSTRA NÃO-PROBABILÍSTICAS
riamente, enumerando cada aluno e fazendo um sor-
teio, como um bingo, por exemplo, ou até por algum Aleatória Acidental ou por Conveniência
sistema específico randômico, como a funcionalidade
Random do Excel. Esse tipo de amostra é a menos rigorosa de todas,
usado nas pesquisas de opinião, quando os entrevista-
Sistemática dores ficam em lugares com grande fluxo de pessoas,
como mercado, metrô e calçadões, para fazer teste de
É uma variação da amostragem aleatória simples, produtos, entrevistando pessoas ao acaso de forma
na qual a partir da população ordenada (lista) esco- acidental.
lhemos um critério para fazer a seleção.
Ex.: Em uma fábrica que produz um certo objeto, Intencional
a cada 10 peças produzidas retiramos uma para com-
São selecionadas pessoas que os pesquisadores jul-
por nossa amostra, a fim de detectar possíveis erros
gam ser relevantes para a pesquisa, como no caso da
de produção.
amostra aleatória, mas com alguns filtros. Ex: Em uma
pesquisa sobre conforto de bonés, o entrevistador
Estratificada
conversa apenas com pessoas que usam boné na rua.
Consiste em dividir a população em grupos meno- Por Cotas
res homogêneos, que chamamos de estratos, de forma
que os elementos de cada estrato sejam mais homo- Essa amostra é parecida com as probabilísticas
gêneos (pouca variabilidade) e os estratos sejam mais estratificada e conglomerado, pois é necessário divi-
heterogêneos (grande variabilidade). Os estratos dir a população em grupos e determinar a proporção
devem ser mutuamente exclusivos, ou seja, cada indi- da população de cada grupo, e fixar cotas que serão
víduo deverá estar em apenas 1 estrato. Esses estratos extraídas de cada grupo proporcionalmente às classes
podem ser divididos em idade, renda mensal, classe consideradas. A diferença é que usamos esse tipo de
social, sexo, entre outros. amostra quando não existe uma listagem da popula-
Dividida a população em estratos, é selecionada de ção alvo.
forma aleatória simples parte dos elementos de cada Ex: pesquisa eleitoral, no caso definem o percen-
estrato. tual de pessoas em cada faixa de idade a ser entre-
Essa escolha dos elementos de cada estrato pode vistada, e escolhem as pessoas de forma acidental até
250 ser feita de maneira: completar cada grupo de idade.
Voluntários
E( ) = µ
São pessoas que se voluntariam a participar da
pesquisa. Ex.: teste de novos remédios, nos quais pes- Já a variância do estimador é dada pela variância
soas se voluntariam para serem cobaias. populacional dividido pelo tamanho da amostra.

DISTRIBUIÇÕES AMOSTRAIS

Após a realização das amostragens, e das pesquisas Var( ) =


que queremos realizar, teremos amostras com dados
sobre os assuntos de interesse da pesquisa. Com esses Sendo uma amostra aleatória simples (X1, X2, ..., Xn),
dados das amostras em mãos, faremos a inferência de tamanho n, de uma população representada por
sobre os dados da população. Os dados extraídos das uma variável aleatória normal X (ou seja, com média
pesquisas podem ser: média, desvio-padrão, variân- µ e variância σ2, simbolizada por N(µ,σ2)), então a dis-
cia, proporção dentre outros valores.
tribuição amostral da média amostral X também será
Conforme vimos nas distribuições de probabilida-
des das variáveis aleatórias (discretas e contínuas),
esses modelos probabilísticos são baseados em alguns normal, e sua média será µ e sua variância será .
parâmetros (como exemplo, o λ na distribuição de
Poisson) que na prática são desconhecidos, assim pre-
Simbolicamente temos: X ∼ N(µ;σ2) ⇒ ∼ N(µ; )
cisamos estimar esses parâmetros com base nessas
amostras aleatórias.
Vamos considerar uma população, de tamanho N O desvio padrão da distribuição amostral é cha-
(que pode ser uma população infinita), representada mado de erro padrão (EP( ) ou s), e o erro padrão da
por uma variável X. Dessa população será sorteada média é dado por:
uma amostra aleatória simples de tamanho “n”. Cada
sorteio de um elemento dá origem a uma variável
aleatória que chamaremos de Xi, sendo que todos os EP( ) =
sorteios são independentes e possuem a mesma dis-
tribuição de X.
Já o erro padrão da proporção amostral é dado por:
Portanto, uma amostra aleatória simples da variá-
vel X é um conjunto de variáveis aleatórias X1, X2, ...,
Xn, identicamente distribuídas.
Os valores da população são chamados de parâ- s=
metros, já os valores encontrados nas amostras são
chamados de estimadores. Portanto, quando falar-
A estimativa da variância da proporção amostral
mos de um estimador, estaremos nos referindo a um
valor amostral, já quando falarmos em parâmetros, é dada por:
estaremos nos referindo a um valor populacional.
Os parâmetros da população podem ser vários,
s2 =
mas, os mais comuns são a média, a variância, o
desvio-padrão e a proporção. Vamos simbolizar um
Outra coisa muito cobrada é a fração amostral (f),
parâmetro qualquer por θ. Já os estimadores são as
que nada mais é que o tamanho da amostra (n) dividi-
estimativas para esses parâmetros, e, para simbolizar
do pelo tamanho da população (N).
que estamos tratando de um estimador, colocamos
um ^ sobre o símbolo do parâmetro ( ).
Quando vamos usar os valores encontrados em f=

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


uma amostra aleatória, podemos ter erros em relação
ao parâmetro populacional, portanto definimos esse Não podemos esquecer que quando temos uma
erro como a diferença do estimador para o parâmetro população finita e uma amostra sem reposição, temos
real da população. que multiplicar o estimador pelo fator de correção:

. Já nos casos de população finita com reposição,


e= –θ
ou nos casos de população infinita não é necessário
aplicar o fator de correção.
Chamamos esse erro de viés, ou vício, portanto,
Os bons estimadores possuem quatro proprieda-
quando temos um estimador não-viesado, esse erro
des características:
é 0, portanto: = θ. Isso significa que um estimador
não-viesado é igual ao parâmetro populacional. z Suficiência – o estimador é suficiente se a infor-
Nas distribuições amostrais, assim como nas mação tirada da amostra consegue mostrar tudo o
estimativas de máxima verossimilhança, a média que for possível sobre o parâmetro desconhecido,
populacional (parâmetro) pode ser dada pela média ou seja, qualquer outra informação não acarretará
amostral (estimador), isso está associado ao Teorema uma melhora da informação sobre o parâmetro.
Central do Limite, ou seja, podemos dizer que esses z Não viés – esse já falamos anteriormente, é quan-
parâmetros são não-viesados. Assim como a propor- do o erro na medida é nulo: e = – θ.
ção amostral também é um parâmetro não-viesado, z Consistência – considera que aumentando o tama-
e podem ser usados como proporção populacional. nho da amostra, as estimativas tenderão ao valor
Portanto: desconhecido do parâmetro. 251
z Eficiência – o estimador será mais eficiente quan- sensação de segurança nos voos internacionais. Foram
do o erro quadrático médio (variância do erro) for entrevistados 1.000 passageiros, alocando-se a amos-
o menor possível. tra de acordo com o continente de origem de cada um
— África, América do Norte (AN), América do Sul (AS),
Pratiquemos, por fim, com exercícios comentados Ásia/Oceania (A/O) ou Europa. Na tabela seguinte, N é
de diversas bancas que, em suas provas, já cobraram o tamanho populacional de passageiros em voos inter-
do conteúdo estudado. nacionais no período de interesse da pesquisa; n é o
tamanho da amostra por origem; P é o percentual dos
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um estudo acerca do tem- passageiros entrevistados que se manifestaram satis-
po (x, em anos) de guarda de autos findos em deter- feitos no que se refere à sensação de segurança.
minada seção judiciária considerou uma amostragem
ORIGEM N N P
aleatória estratificada. A população consiste de uma
listagem de autos findos, que foi segmentada em qua- África 100.000 100 80
tro estratos, segundo a classe de cada processo (as NA 300.000 300 70
classes foram estabelecidas por resolução de autori-
AS 100.000 100 90
dade judiciária.) A tabela a seguir mostra os tamanhos
populacionais (N) e amostrais (n), a média amostral A/O 300.000 300 80
(x̂) e a variância amostral dos tempos (s2) correspon- Europa 200.000 200 80
dentes a cada estrato.
Total 1.000.000 1.000 Ppop
TAMANHOS TAMANHOS
ESTRA- Em cada grupo de origem, os passageiros entrevis-
POPULACIONAIS AMOS- x̂ S2
TOS tados foram selecionados por amostragem aleatória
(N) TRAIS (N)
simples. A última linha da tabela mostra o total popu-
A 30.000 300 20 3 lacional no período da pesquisa, o tamanho total da
B 40.000 400 15 16 amostra e Ppop representa o percentual populacional
C 50.000 500 10 5 de passageiros satisfeitos. A partir dessas informa-
ções, julgue o item a seguir.
D 80.000 800 5 8 Na situação apresentada, o desenho amostral é conhe-
total 200.000 2.000 - - cido como amostragem aleatória por conglomerados,
visto que a população de passageiros foi dividida por
grupos de origem.
Considerando que o objetivo do estudo seja estimar o
tempo médio populacional (em anos) de guarda dos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
autos findos, julgue o item a seguir.
A estimativa do tempo médio populacional da guarda Na amostragem por conglomerado a população é
dos autos findos é maior ou igual a 12 anos. dividida em grupos menores, que são selecionados
de forma aleatória simples e todos os elementos do
( ) CERTO  ( ) ERRADO grupo selecionado são analisados.
Nesse caso foram selecionados estratos (continen-
Para achar o tempo médio temos que achar a média te de origem) e selecionados de forma aleatória
dentre todos os grupos, para isso vamos precisar mul- simples os elementos entrevistados, portanto uma
tiplicar a coluna N pela coluna x̂, para encontrar a amostragem estratificada. Resposta: Errado.
soma total, e dividir pelo tamanho populacional todo.
INTERVALO DE CONFIANÇA
TAMANHOS TAMANHOS
ESTRATOS POPULACIONAIS AMOSTRAIS S2
Sempre que selecionamos uma amostra para cal-
x̂ N ‧ x̂
(N) (N) cular estimadores e obter parâmetros da população
(média, variância, proporção etc.), teremos um erro
20 x 30.000 =
A 30.000 300 20 3 embutido nesse valor.
600.000
Imaginemos uma população que tem uma média
B 40.000 400 15
15 . 40.000 =
16
de altura μ, e, ao analisarmos uma amostra dessa popu-
600.000 lação, encontremos uma média . Essa média amostral
10 . 50.000 = é um bom parâmetro para definirmos a média popu-
C 50.000 500 10 5
500.000 lacional, mas a média amostral encontrada não será
totalmente idêntica à populacional, sempre teremos
5 . 80.000 =
D 80.000 800 5
400.000
8 um erro aleatório. Nesse caso temos que quantificar o
erro construindo um intervalo de confiança.
Total 200.000 2.000 - 2.100.000 -
x=μ±e
E(X) = 2.100.000
200.000
Encontrando esse intervalo de confiança definire-
E(X) =
21
2 mos um grau de incerteza associado a nossa estimativa.
E(X) = 10,5 anos Resposta: Errado. Para achar os intervalos de confiança, vamos con-
siderar variáveis que possuem distribuição normal, e
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma pesquisa realizada vamos utilizar as tabelas da normal padrão (Z), assim
com passageiros estrangeiros que se encontravam como t de Student e qui-quadrado. Voltaremos a usar
em determinado aeroporto durante um grande even- o nível de significância, que aqui pode ser chamado
252 to esportivo no país teve como finalidade investigar a de coeficiente de confiança.
O erro aleatório dos estimadores encontrado na Quando não sabemos o valor do desvio padrão
amostra, em geral, estará atrelado ao grau de con- populacional e tivermos uma amostra pequena (geral-
fiança (1 - α) que queremos e do tamanho da amostra mente até 30 observações), podemos usar a tabela t de
selecionada. Student, nesse caso a fórmula será um pouco diferente.
Vamos supor que uma população tenha média de
idade de 43 anos, e ao selecionarmos uma amostra s
vamos querer um erro de no máximo 1 ano, assim tere- X ± t0 .
√n
mos que ter uma amostra de n elementos para isso.
Definido o erro, a média da amostra terá que resul-
tar em: 43 ± 1, ou seja, um intervalo limitado a: [42 ; 44]. Nesse caso: “X” é a média amostral; “S” é o desvio
Nesse caso temos que selecionar uma amostra que padrão amostral; “n” é o tamanho da amostra; “t0”
nos dê uma média amostral entre 42 e 44 anos. também chamado de tn – 1, α/2, que é o valor na tabela t
Nesse intervalo o erro é de 1 ano, pois estamos de Student, atrelada ao nível de confiança, e ao núme-
variando 1 ano acima da média e 1 ano abaixo da ro de graus de liberdade (n – 1) da amostra.
média. Por outro lado, a amplitude desse intervalo é Quando temos uma população, com desvio padrão
de 2 anos, pois 44 – 42 = 2. Assim podemos dizer que constante, e para um mesmo grau de confiança, o erro
a amplitude de um intervalo de confiança é o dobro será menor quanto maior for o tamanho da amostra.
do erro. Considerando duas amostras diferentes (n1 e n2) de
uma mesma população (mesmo desvio padrão popu-
lacional), e um grau de confiança igual para as amos-
A = 2.e
tras (mesmo Z0) temos que:
INTERVALO DE CONFIANÇA PARA MÉDIA
e1 . √n1= e2 . √n2
Quando sabemos o valor do desvio padrão popula-
INTERVALO DE CONFIANÇA PARA PROPORÇÃO
cional (σ), o erro é dado por:
Assim como construímos o intervalo de confian-
σ
e = Z0 . √n ça para a média, podemos construir um intervalo de
confiança para a proporção populacional, com base
na proporção da amostra. Na proporção temos uma
Sendo que: “e” é o erro; “σ” é o desvio padrão popu- variável com distribuição binomial, onde temos ape-
lacional; “n” é o tamanho da amostra; “Z0” também nas duas opções: ou um evento ocorre (sucesso) ou
chamado de Zα/2, que é o valor na curva normal padro- não ocorre (fracasso).
nizada, atrelada ao nível de confiança da amostra. Da mesma forma que vimos anteriormente, a pro-
Obs.: O valor mais clássico, que algumas bancas porção amostral terá um erro aleatório, que nesse
até exigem que você saiba de cabeça, é o coeficiente caso é dado por:
de confiança de 95%, ou seja,

1 - α = 0,95
α = 0,05 = 5%
e = Z0 .
√ p‧q
n

Portanto ao olharmos na tabela (aquela mesma da Sendo que: “e” é o erro; “p” é a proporção amos-
curva normal padronizada) o valor de Z0,005/2 = Z0,025 =
tral para o caso favorável; “q” é “1 – p”, ou seja, a pro-
1,96, pois P(-1,96<Z<1,96) = 0,95, ou 95%.
porção dos casos desfavoráveis; “n” é o tamanho da
Logo, quando tivermos um nível de confiança de 95%
amostra; “Z0” também chamado de Z α/2, que é o valor
podemos usar diretamente o valor de Z0 = 1,96, mas, caso
na curva normal padronizada, atrelada ao nível de
o exercício forneça os dados, é sempre bom conferir.

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


confiança da amostra.
Da fórmula do erro, podemos multiplicar os lados Multiplicando os lados por 2, teremos:
por 2, assim teremos:

2.e = 2 . Z0 .
σ
√n
A = 2 . Z0 .
√ p‧q
n

Sabemos que “2e” é a amplitude do intervalor de Com base na fórmula do erro, vamos chegar que o
confiança, portanto: intervalo de confiança para a proporção é dado por:


σ p‧q
A = 2 . Z0 . p ± Z0 .
√n n

Com base na fórmula do erro, vamos chegar que o


Para qualquer um dos intervalos de confiança
intervalo de confiança para a média é dado por:
(média e proporção) são dois tipos de exercício que
se repetem mais, sendo um para achar o intervalo de
σ
X ± Z0 . confiança e outro para achar o tamanho da amostra.
√n Para achar o tamanho da amostra, vamos usar a fór-
mula do erro para média ou proporção, e para achar o
Sendo que: intervalo de confiança vamos usar a fórmula do inter-
X é a média amostral valo de confiança da média ou da proporção. 253
}
TESTE DE HIPÓTESE
H0: μ = k
bilateral
Um dos métodos de avaliação da inferência esta- H1: μ ≠ k
tística é chamado de Teste de Hipótese. Consiste em

}
considerar uma hipótese para um parâmetro Popula-
H0: μ = k H0: μ = k H0: μ ≤ k H0: μ ≤ k
cional (pode ser média, proporção etc.) e a partir dos
ou ou ou unilateral
dados recolhidos da amostra, testar se essa hipótese
deve ser aceita ou rejeitada. H1: μ > k H1: μ < k H1: μ > k H1: μ < k
Por se tratar de uma decisão com base na análise
de uma amostra, a decisão nunca terá 100% de certe- Dos conceitos ligados à lateralidade falarei mais
za, sempre teremos um percentual de erro estatísti- para frente, mas já adianto aqui que, quando a hipó-
co embutido nessa decisão, que é dado em um valor tese alternativa tiver sinal de ≠, o teste será bilateral,
e quando a hipótese alternativa tiver sinal de < ou >, o
percentual.
teste será unilateral.
Ex.: temos uma população e queremos saber a média
Como estamos partindo de uma amostra para esti-
de idade (μ). Vamos supor que, por algum motivo, a mar os dados de uma população, podemos incorrer
gente acredite que a média seja de 35 anos. Para testar em dois tipos de erros, os quais chamamos de erro
se esse é realmente o valor, vamos tirar uma amostra tipo I e erro tipo II. Como falei anteriormente, o teste é
da população e achar a média da amostra, ou média baseado na hipótese nula (H0), portanto os dois tipos
amostral (X ou μX), e, suponhamos que a média amos- de erros serão baseados em H0.
tral encontrada foi de 33. Assim vamos fazer um teste
de hipótese com base no valor da média amostral para ERRO TIPO I ERRO TIPO II
testar se a média populacional realmente pode ser 35.
Quando rejeitamos H0 (e Quando aceitamos H0 (e
As hipóteses podem ser simples, quando ela espe-
consequentemente acei- consequentemente rejei-
cifica completamente a distribuição da população
tamos H1) sendo que a H0 tamos H1) sendo que H0 é
(exemplo: H: µ = 0), ou composta, quando ela não é verdade na realidade. falsa na realidade.
especifica completamente a distribuição da popula-
ção (exemplo: H: µ > 0, ou H: µ < 0).
Para calcular o desvio padrão amostral (σX) e a Ex.: Em uma linha de produção, a média de pro-
variância amostral (σX)2 a partir do valor populacio- dutos com defeito fabricados a cada dia é 1,5. Esse é
nal usamos: um parâmetro populacional, mas, vamos considerá-lo
desconhecido (como normalmente é). Vamos fazer
um teste de hipótese, no qual nossa hipótese nula será
σ2 σ que a média populacional é no máximo 2 (o que mos-
Variância: (σX)2 = Desvio-padrão: σX =
n n tra que na realidade o teste deveria ser aceito, pois a
média populacional é 1,5). Assim:
A hipótese criada será sempre para a população e
H0: μ ≤ 2
nunca para a amostra, os principais parâmetros usa-
H1: μ > 2
dos nas hipóteses são:
Supondo que ao realizar o teste fosse constata-
μ: média populacional do que o mesmo foi rejeitado, o que significa que a
p: proporção populacional hipótese nula foi rejeitada. Assim, o teste foi rejeita-
σ: desvio-padrão populacional do quando na verdade deveria ter sido aceito, pois a
σ2: variância populacional hipótese nula era verdadeira. Nesse caso realizamos
o erro tipo I.
Quando vamos fazer o teste de hipótese temos que Agora imagine que a média populacional fosse na
criar duas hipóteses: a hipótese nula (H0), que geral- verdade 3, e, ao realizar o teste, como realizado ante-
mente é uma hipótese simples, e a hipótese alter- riormente, ele fosse aceito. Nesse caso o teste deveria
nativa (H1 ou HA), que geralmente é uma hipótese ter sido rejeitado uma vez que a média populacional
composta. Essas duas hipóteses são complementares, é maior que 2. Assim teremos cometido o erro tipo II.
A probabilidade de cometer o erro tipo I é dada
ou seja, se uma é verdadeira a outra será falsa, e elas
por α, que chamamos de nível de significância (que
não podem possuir elementos em comum.
normalmente é dado no exercício). A probabilidade de
cometer o erro tipo II é dada por β, e associado a isso
HIPÓTESE temos o poder do teste, que é “1 – β”, ou seja, a pro-
HIPÓTESE NULA babilidade de rejeitar H0 quando ela realmente é falsa.
ALTERNATIVA
Fique atento à tabela a seguir:
É a base do nosso teste A hipótese alternativa é
e ela normalmente terá o complemento da hipó-
um sinal de igualdade, tese nula, e geralmente REALIDADE
podendo ser: =, ≤ ou ≥. não tem o sinal de igual, H0 VERDADEIRA H0 FALSA
podendo ser: ≠, < ou >.
ACEITAR H0 Decisão correta (1 – α) Erro do tipo II (β)
Dito isso, vamos citar alguns exemplos de forma- DECISÃO Decisão correta
Erro do tipo I (α) (nível
ção de hipóteses, considerando que k é um número REJEITAR H0 de significância) (1 – β) (poder do
teste)
254 real (k ∈ R):
Em um teste, quando queremos diminuir a proba- As fórmulas para média são:
bilidade de cometer o erro tipo I, estaremos aumen-
tando a probabilidade de cometer o erro tipo II. A
única forma de minimizar os dois erros é aumen- X–μ
Zobs =
tando o tamanho da amostra. Podemos concluir que σ
quanto maior a amostra menor a chance de erro, mas √n
ele nunca será zero, a não ser que a nossa amostra
seja grande o suficiente, ou seja, a própria população.
O nível de significância é o que define a aceitação Onde σ é o desvio-padrão populacional.
ou rejeição do teste. Para poder analisar esse valor
vamos usar a distribuição normal. Vamos supor que X–μ
α = 1%, ou seja, a probabilidade de cometer o erro tipo tobs =
I é de 1%. S
Temos 3 opções diferentes de forma de montar a √n
distribuição.
Onde S é o desvio-padrão amostral.
z Teste unilateral à esquerda: Podemos calcular também o Zobs para proporção:

p̂ – p
Zobs =


p ‧ (1 – p)

α n

Em que: p é a proporção populacional e p̂ é a proporção


amostral.
Zert A probabilidade de encontrarmos valores da
amostra abaixo do Zobs é chamado de P-valor.
z Teste unilateral à direita: Ex.: caso o valor encontrado para Zobs seja -1, a pro-
babilidade de encontrarmos um valor menor que -1 é
dada pela tabela da normal padrão, e essa probabili-
dade é chamada de P-valor.

z Fazer o gráfico (unilateral esquerda ou direita ou


bilateral). Para saber qual gráfico usaremos vamos
α considerar o sinal da hipótese alternativa.

Zert

z Teste bilateral: α

Zert

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


α α z Achar o valor crítico, que pode ser observado na
2 2 tabela da normal padrão (ou dado no exercício). E
vamos encontrar o valor de Z que deixe a probabi-
lidade do nível de significância na região crítica.
- Zert Zert
z Marcar o Zobs no gráfico.
As regiões cinzas são chamadas de Região Crítica z Avaliar a aceitação e rejeição de H0.
(RC) ou região de rejeição, e a parte branca é chama-
da de região de aceitação. Se Zobs está dentro da Região Crítica, então rejeita-
Para resolver uma questão de teste de hipótese mos H0.
vamos seguir 6 passos: Se Zobs está fora da Região Crítica, então aceitamos H0.

z Escrever as hipóteses: Algumas dicas importantes:


Quanto menor for o P-valor mais chance de
Hipótese nula: H0. (utilizar os sinais =, ≥ ou ≤)
rejeitar o H0.
Hipótese alternativa: H1. (utilizar os sinais ≠, > ou <)
Se p-valor ≤ α, rejeitamos H0 em favor de H1.
z Calcular o valor observado ou estatística do tes- Se p-valor > α, não rejeitamos H0 em favor de H1.
te (Zobs, tobs), que é o valor que iremos usar ao final Quando não sabemos o valor do desvio-padrão
para fazer a comparação com a região crítica. populacional, vamos usar o teste t de Student. Para
isso temos que saber apenas duas coisas: usar a tabela
Para calcular esse valor vamos utilizar a tabela da e que a quantidade de graus de liberdade é: gl = n – 1
normal padrão para o Z, ou a tabela t de Student. (como vimos nas distribuições). 255
Hora de, com os exercícios comentados de bancas
p̂ – p
diversas, por a teoria em prática. Vamos lá! Zobs =


p ‧ (1 – p)
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Por meio de uma pesqui-
n
sa, estimou-se que, em uma população, o percentual p
de famílias endividadas era de 57%. Esse resultado foi
p̂ – 0,6
observado com base em uma amostra aleatória sim- -2 =
ples de 600 famílias.

0,6 ‧ (1 – 0,6)
Nessa situação, considerando a hipótese nula H0: p
600
≥ 60%, a hipótese alternativa H1: p < 60% e P(Z ≤ 2)
= 0,977, em que Z representa a distribuição normal
padrão, bem como sabendo que o teste se baseia na p̂ – 0,6
-2 =
aproximação normal, assinale a opção correta, a res-

0,6 ‧ 0,4
peito desse teste de hipóteses.
600
a) O erro do tipo II representa a probabilidade de se rejei-
p̂ – 0,6
tar a hipótese nula, uma vez que, na realidade, p = 60%. -2 =
b) Com nível de significância α = 2,3%, a regra de decisão

0,24
do teste é rejeitar a hipótese nula caso o percentual de 600
famílias endividadas na amostra seja inferior a 56%.
c) Trata-se de um teste unilateral à direita. p̂ – 0,6
-2 =
d) A estatística do teste foi igual ou superior a 1.
e) A hipótese nula deve ser rejeitada caso a probabilida- √0,0004
de de ocorrência de erro do tipo I seja igual ou inferior p̂ – 0,6
-2 =
a 0,01.
0,02
p̂ - 0,6 = - 0,04
Vamos escrever os dados apresentados e depois
p̂ = 0,6 – 0,04
analisar cada alternativa.
p̂ = 0,56
p̂ = 57%.
p̂ = 56%
n = 600
H0: p ≥ 60%
H1: p < 60%
Alternativa a) Como a proporção na realidade é 60% (2,3%)
e a nossa hipótese nula diz que p ≥ 60%, a hipótese 0,023
nula é na realidade verdadeira. Caso no teste essa 0,9 77
hipótese seja rejeitada, estaremos cometendo o erro
tipo I, que é quando rejeitamos H0 quando ele na ver-
dade é verdadeiro. O erro tipo II é quando aceitamos 56%
H0 quando ele é falso. Alternativa incorreta.
Alternativa b) Vamos fazer o teste de hipótese Portanto, para p < 56% estaremos na Região Crítica
seguindo os passos. da curva, portanto temos que rejeitar H0. Alternati-
1- H0: p ≥ 60% va correta.
H1: p < 60% Alternativa c) O teste é unilateral a esquerda. Alter-
O 2º passo não faremos, pois não queremos o Zobs, nativa incorreta.
mas sim o valor da média amostral que está na fór- Alternativa d) A estatística do teste (Zobs) é dada por:
mula do Z.
3 - Para saber o gráfico que vamos usar, precisamos
olhar o sinal do H1, que é p < 60%. Como o sinal é <, p̂ – p
Zobs =
vamos usar o gráfico unilateral à esquerda.

p ‧ (1 – p)
4 - O nível de significância é 2,3%, portanto a região
crítica tem 2,3%, ou seja, 0,023, na região branca n
temos 1 – 0,023 = 0,977. O exercício informa que P(Z
0,57 – 0,6
≤ 2) = 0,977, por simetria, sabemos que P(Z ≥ -2) = Zobs =
0,977, ou seja:

0,6 ‧ (1 – 0,6)
600
– 0,03
(2,3%) Zobs =
0,023 0,02
0,9 77 Zobs = - 1,5

O valor é menor que 1. Alternativa incorreta.


–2 Alternativa e) Sabemos que a RC para Z = -2 é de
2,3%, ou seja, o nível de significância.
Portanto, Zcrit = -2 Caso a o nível de significância fosse 1%, a região
5 – O valor que delimita a RC é -2, voltando ao passo seria menor ainda. Pelo gráfico abaixo, a região cin-
2, vamos achar qual o valor da média amostral que za escuro seria = 1%, e a região compreendida pela
256 resulta em Z = -2. soma das áreas cinzas seria = 2,3%. Como o Zobs é
-1,5, ele fica à direita do -2. Considerado apenas a
0,06
área cinza escura o ponto -1,5 está fora da RC, por- Zobs =
tanto temos que aceitar H0. Alternativa incorreta.

0,04 ‧ 0,96
10,000

0,06
Zobs = (essa raiz foi dada no enunciado)


0,0384
10,000

-2 -1,5 0,06
Zobs =
0,002
Resposta: Letra B.
Zobs = 30
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em uma fábrica de ferra- Passos 3, 4 e 5 – Desenhar o gráfico, encontrar o Zcrit
gens, o departamento de controle de qualidade realizou
e marcar o Zobs:
testes na linha de produção de parafusos. Os testes ocor-
reram em dois campos: comprimento dos parafusos e Temos um teste bilateral com nível de significância
frequência com que esse comprimento fugia da medida de 5%, portanto em cada lado teremos 2,5%, assim
padrão. Historicamente, o comprimento médio desses vamos considerar Φ(2) = 0,975, sendo o Zcrit o -2 e o 2.
parafusos é 3 cm, e o desvio padrão observado é 0,3 cm.
Foram avaliados 10.000 parafusos durante uma sema-
na. Desses, 1.000 fugiram às especificações técnicas da
gerência: o comprimento do parafuso deveria variar de 2,4
cm a 3,6 cm. O chefe da linha de produção, porém, insiste
em afirmar que, em média, 4% da produção de parafusos
fogem às especificações. O departamento de controle de 2,5% 2,5%
qualidade assume que os comprimentos dos parafusos
têm distribuição normal.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item subse- – Zcrit Zcrit Zobs
quente, considerando que Φ(1) = 0,841, Φ(1,65) = 0,95, –2 2 30
Φ(2) = 0,975 e Φ(2,5) = 0,994, em que Φ(z) é a função distri-
buição normal padronizada acumulada, e que 0,002 seja
Como o Zobs está na região crítica, vamos rejeitar H0.


0,0384
valor aproximado para Resposta: Certo.
10.000
.
Com base nos dados apresentados, pode-se rejeitar,
com significância de 5%, a afirmação do chefe da linha
de produção. HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO – 2013) A tabela a seguir apresenta a
( ) CERTO  ( ) ERRADO
distribuição dos clientes de uma determinada agência
bancária classificados segundo o perfil do investidor
Na amostra de 10.000 parafusos, 1.000 fugiram às
especificações, o que corresponde a 10%, portanto, em: conservadores, moderados e arrojados.
10% dos parafusos estão fora das especificações. O

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


chefe diz que, em média, apenas 4% (0,04) fogem às CLASSIFICAÇÃO DOS FREQUÊNCIA
especificações. Assim temos os seguintes dados: CLIENTES ABSOLUTA
p̂ = 0,1 (proporção amostral)
Total 11.000
n = 10.000
Passo 1 – Escrever hipóteses: Conservadores 3.300
As hipóteses são:
H0: p = 0,04 Moderados 5.400
H1: p ≠ 0,04
Arrojados 2.300
Temos um teste bilateral.
Passo 2 – calcular o Zobs:
Vamos calcular o Zobs. Considere as medidas estatísticas: média, moda,
mediana, variância e desvio padrão.
p̂ – p Para análise da classificação dos clientes, é possível
Zobs = determinar a:


p ‧ (1 – p)
n a) Moda, apenas.
b) Média e a mediana, apenas.
0,1 – 0,04 c) Média, a moda e a mediana, apenas.
Zobs = d) Média, a variância e o desvio padrão, apenas.


0,04 ‧ 0,96
e) Média, a moda, a mediana, a variância e o desvio
10,000 padrão. 257
2. (CESGRANRIO – 2014) Observe as afirmações a seguir relativas a histograma e a gráfico de ramo e folha.

I. Histogramas serão mais úteis do que gráfico de ramo e folha para mostrar quaisquer observações que estejam bem
afastadas da maioria dos dados, se os gráficos forem construídos com um número suficiente de intervalos de classe.
II. Se um gráfico de ramo e folha ou um histograma utilizar uma escala muito expandida, apresentará o comportamento
de um gráfico de pontos, em vez de mostrar as densidades relativas dos dados.
III. Na construção de um modelo estatístico para o processo que descreve os dados, o histograma pode sugerir uma
função matemática cuja curva se ajusta bem ao histograma.

Está correto apenas o que se afirma em

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e III.
e) II e III.

3. (CESGRANRIO – 2018) Em uma avaliação na qual é atribuído grau de zero a dez, um hotel obteve média 8 em quarenta
e nove avaliações. O avaliador seguinte atribuiu ao hotel nota zero. Para que a média de notas do hotel passe a ser
maior que 8, será necessário, no mínimo, a avaliação de mais quantos hóspedes?

a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

4. (CESGRANRIO – 2014) A seguir são apresentadas estatísticas das notas brutas obtidas pelos candidatos em um
concurso público:

Média aritmética: 78

Variância: 100

A nota de cada candidato foi transformada em nota padronizada, calculada considerando-se a seguinte fórmula:

Nota bruta do candidato − Média aritmética das notas brutas


Nota padronizada = 50 + 5 ×
Desvio padrão das notas brutas
A média das notas padronizadas é

a) 0.
b) 28.
c) 50.
d) 55.
e) 78.

5. (CESGRANRIO – 2010) As notas finais dos alunos de determinado curso estão representadas no gráfico a seguir.

16
Número de alunos

12

0 1,0 5,0 6,0 7,0 8,0 Nota Final

A média da turma foi, aproximadamente:

a) 5,8.
b) 6,0.
c) 6,2.
d) 6,4.
258 e) 6,6.
6. (CESGRANRIO – 2018) Sabe-se que 30% dos clientes de c) 35.
um banco são do sexo masculino e os 70% restantes são d) 45.
do sexo feminino. Entre os clientes do sexo masculino, a e) 55.
média do tempo de vínculo com o banco é igual a 4 anos
e, entre os clientes do sexo feminino, é igual a 6 anos. 9. (CESGRANRIO – 2013) Seja X uma variável aleatória
Considerando-se todos os clientes, de ambos os com distribuição normal cuja média é μ e o desvio
sexos, qual é a média do tempo de vínculo de cada um padrão é σ.
com o banco? Se Y = 2X - 1 tem distribuição normal com média 5 e
variância 20, o coeficiente de variação populacional σ :
a) 5 anos. μ
b) 5,3 anos.
√42
c) 6 anos. a)
6
d) 5,4 anos.
e) 5,7 anos. b) √21
6
7. (CESGRANRIO – 2010) Considere que tenha sido reali- √5
c)
zado um levantamento do tempo gasto para o abaste- 3
cimento dos carros em um posto de combustíveis. Foi √39
escolhida aleatoriamente uma amostra de 4 carros em d)
9
um determinado posto e observado o tempo que gas-
e) 4√5
tavam para abastecer. O resultado, em minutos, foi o
9
seguinte: 5; 2; 10 e 5. Qual a média harmônica do tempo
gasto para o abastecimento dos carros neste posto? 10. (CESGRANRIO – 2018) Há dez anos a média das ida-
des, em anos completos, de um grupo de 526 pessoas
a) 0,05.
era de 30 anos, com desvio padrão de 8 anos.
b) 0,25.
Considerando-se que todas as pessoas desse grupo
c) 1.
estão vivas, o quociente entre o desvio padrão e a
d) 4.
média das idades, em anos completos, hoje, é:
e) 5,5.
a) 0,45.
8. (CESGRANRIO – 2012) A figura a seguir apresenta a
b) 0,42.
curva de permanência de vazões decrescentes construí-
c) 0,20.
da com os dados de vazões observados na foz de uma
d) 0,27.
bacia hidrográfica. A tabela mostra os dados usados
e) 0,34.
para obtenção da curva de permanência. Baseando-se
nesses dados, qual o valor, em m3/s, da vazão modal? 11. (CESGRANRIO – 2012) Numa distribuição assimétrica
positiva, os valores da média, da moda e da mediana
Curva de Permanência são tais que:
90
80 a) Moda < mediana < média.
70 b) Moda < média < mediana.
60 c) Média < moda < mediana.
Vazões

50 d) Média < mediana < moda.


40 e) Mediana < média < moda.
30
20 12. (CESGRANRIO – 2018) Para montar uma fração, deve-
10 -se escolher, aleatoriamente, o numerador no con-

NOÇÕES DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA


0 junto N = {1,3,7,10} e o denominador no conjunto D
0 500 1000 1500 2000
= {2,5,6,35}. Qual a probabilidade de que essa fração
Frequência
represente um número menor do que 1(um)?
INTERVALO DE VAZÃO FREQUÊNCIA a) 50%
M3/S ACUMULADA b) 56,25%
0-10 1822 c) 25%
d) 75%
0-20 1712 e) 87,5%

20-30 1450 13. (CESGRANRIO – 2018) Em uma fábrica existem três


máquinas (M1, M2 e M3) que produzem chips. As
30-40 1070
máquinas são responsáveis pela produção de 20%,
40-50 620 30% e 50% dos chips, respectivamente. Os percen-
tuais de chips defeituosos produzidos pelas máquinas
50-60 380 M1, M2 e M3 são 5%, 4% e 2%, respectivamente. Ao se
retirar aleatoriamente um chip, constata-se que ele é
60-70 180
defeituoso; então, a probabilidade de ele ter sido pro-
70-80 60 duzido pela máquina M1 é de, aproximadamente:

a) 15. a) 0,025.
b) 25. b) 0,032. 259
c) 0,31.
11 A
d) 0,55.
e) 0,78. 12 B

14. (CESGRANRIO – 2011) Utilize as informações da 13 C


reportagem a seguir para responder à questão.
14 B
SÃO PAULO. Quatro entre nove brasileiros já têm com-
putador em casa ou no trabalho. (...) É o que revela a 15 D
22ª Pesquisa do Centro de Tecnologia de Informação
Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (...). De acordo
com o levantamento, existem 85 milhões de computa-
dores no Brasil. No ano passado, foram vendidos 14,6
milhões de unidades. (...)
ANOTAÇÕES
Jornal O Globo, Rio de Janeiro, p. 27, 20 abr. 2011.

Considere que a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas


foi feita entrevistando pessoas e perguntando se pos-
suíam, ou não, computador. Suponha que, dentre os
entrevistados que declararam ainda não ter computa-
dor, três em cada cinco tenham a intenção de adquiri-
-lo nos próximos 12 meses.
Escolhendo-se, ao acaso, uma das pessoas que parti-
ciparam da pesquisa, a probabilidade de que a pessoa
escolhida não tenha computador mas pretenda adqui-
rir um nos próximos 12 meses é de, aproximadamente,

a) 24%
b) 33%
c) 40%
d) 52%
e) 60%

15. (CESGRANRIO – 2013) João e Maria estão enfrentan-


do dificuldades em algumas disciplinas do 1º ano do
Ensino Médio. A probabilidade de João ser reprovado
é de 20%, e a de Maria é de 40%.
Considerando-se que João e Maria são independen-
tes, qual é a probabilidade de que um ou outro seja
reprovado?

a) 0.
b) 0,2.
c) 0,4.
d) 0,52.
e) 0,6.

9 GABARITO

1 A

2 E

3 E

4 C

5 E

6 D

7 D

8 C

9 C

10 C
260
z Nível Operacional: Nível de execução da organi-
zação no intuito de realizar tarefas do dia a dia. A
figura encontrada é a do executor; procure guar-
dar a ideia da execução das tarefas nesse nível e
assim ficará mais fácil resolver as questões rela-
ATENDIMENTO cionadas ao tema.

BANCÁRIO Agora que já expusemos os níveis organizacionais,


podemos avançar no tema e compreender os tipos de
planejamento.

TIPOS DE PLANEJAMENTO
NOÇÕES DE ESTRATÉGIA
EMPRESARIAL
Este é um assunto que merece destaque em nos- Estratégico
so estudo e requer atenção por parte do candidato
que almeja a aprovação no concurso, pois se trata do
planejamento estratégico das organizações. Primeira- Tático
mente, explicaremos alguns conceitos relacionados
ao tema. Iniciaremos falando a respeito dos níveis
organizacionais. Operacional

NÍVEIS ORGANIZACIONAIS

Observe no fluxograma a seguir os níveis organi-


z Planejamento Estratégico: O mais importante
zacionais.
para seu estudo – aliás, os títulos deste capítulo
são voltados a ele. O planejamento estratégico tem
como escopo a análise da organização como um
Estratégico Institucional
“todo”, pois visa compreender o ambiente interno
e externo, o que significa fazer análises para alcan-
ce dos objetivos organizacionais. O planejamento
Tático Departamental Gerencial
é a longo prazo e sua abordagem é geral/global,
realizado no nível institucional e pelos executivos/
diretores da organização.

Operacional Execução
Não Cuidado! Apesar de ser realizado pelo nível ins-
Administrativo
titucional, todos da organização estarão envolvidos.
Reflita sobre o seguinte: como ele é um planejamen-
to que se inicia lá no “topo”, ele vai descendo para
Agora, precisamos entender cada um deles:
os demais níveis e, por isso, há um envolvimento de
todos. É interessante, pois é aqui que tudo acontece:
z Nível Estratégico: É o nível institucional, pois en-
as decisões gerais da organização, escolhas das estra-
globa toda a organização e, consequentemente, te-
tégias, a definição da missão, visão e dos valores ins-
rá uma abordagem ampla no intuito de analisar
titucionais. Perceba como todos, de uma certa forma,
a organização como um todo. O nível estratégico
acabam se envolvendo.
também pode ser chamado de alto ou global e, nes- Veja um exemplo de questão que, mesmo não sen-
se nível, estão os altos executivos, diretores da or- do da banca organizadora do certame, ilustra bem
ganização. O tipo de planejamento é o estratégico, como o assunto pode ser cobrado:
que veremos mais para frente;
(CESPE-CEBRASPE – 2011) Acerca de planejamento
Dica estratégico, julgue o item a seguir.
ATENDIMENTO BANCÁRIO

O planejamento deve sempre visar aos objetivos máxi-


Algumas palavras-chave para ter em mente
mos da empresa.
quando uma questão se referir ao nível estraté-
gico: global, geral, todo, amplo, ambientes, inter- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
no e externo, diretores, executivos, alto escalão,
cúpula. A questão está certa, porque o planejamento estra-
tégico é o geral/todo da organização e, portanto,
z Nível Tático: É o nível departamental ou setorial os objetivos também serão estratégicos. A banca
que se preocupa com o planejamento a médio pra- examinadora usou o termo “máximo”, tudo certo
zo e busca enfatizar a situações ocorridas na uni- e sem problemas, já que a ideia de ser um objetivo
dade gerencial. A figura visualizada nesse nível é amplo foi alcançado. Por enquanto, estamos trazen-
o gerente, e o destaque é fazer com que as pessoas do ideias relacionadas aos tipos de planejamento.
sejam bem lideradas, com o propósito de fazer fun- Mais para frente, trataremos de maneira específica
cionar o departamento da organização; do planejamento estratégico. 261
z Planejamento Tático: Visa criar plano a médio prazo e a sua abordagem é setorial ou departamental. Como
verificamos anteriormente, o nível intermediário é que se preocupa com o planejamento tático. Aqui, você
sempre avaliará da seguinte forma: o planejamento é feito por gerentes e coordenadores visando objetivos de
médio prazo, pois a abordagem é por unidade e setorial ou departamental;
z Planejamento Operacional: Aqui, a abordagem é de execução, pois visa realizar as tarefas que ocorrem na
organização. Nesse caso, teremos a figura dos supervisores/executores estabelecendo os objetivos e metas
operacionais; vale lembrar que elas são mais minuciosas e detalhadas porque estão voltadas para uma tarefa
específica.

Novamente, mais um exemplo para entendermos como o tema já foi abordado em provas de concursos:

(CESPE-CEBRASPE – 2008) Um plano que abranja o procedimento de recepção de segurados do INSS e as programa-
ções de tempo de espera para cada caso, visando à melhoria da qualidade do serviço de atendimento, é exemplo de
planejamento estratégico.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

A questão está errada. Veja só, o enunciado menciona “procedimento”, recepcionar segurados, preocupação com
tempo de espera e atendimento. Fica nítida a ideia de execução de uma tarefa e, portanto, o planejamento é ope-
racional. A questão não serve para fecharmos o bloco, nem para ilustrar sua banca examinadora, mas ajuda
para fixarmos melhor os conceitos relacionados aos temas abordados até aqui. Vamos seguindo em frente.

TIPO DE CONTEÚDO DO ESCOPO E


TEMPO FOCO
PLANEJAMENTO PLANO ABRANGÊNCIA
Estratégico Longo Prazo Amplo e Genérico Toda Organização Efetividade
Tático Médio Prazo Pouco Detalhado Setor ou Área Eficácia
Operacional Curto Prazo Detalhado Atividades / Tarefas Eficiência
Fonte: Planejamento Governamental, Atlas, 2011, Ampliado.

Agora que já temos uma noção dos tipos de planejamento, precisamos compreender as funções administra-
tivas. Se estamos tratando de noções de estratégia empresarial, devemos compreender como ocorre o processo
organizacional.

Dica
Processo Organizacional / Processo Administrativo (Administração): o mesmo que funções administrativas.

FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

As funções da Administração são quatro: Planejamento, Organização, Direção e Controle. Vejamos a seguir
detalhadamente cada uma delas:

Planejamento

Visa definir os objetivos, metas e estratégias. Tem como foco reduzir as incertezas, pois trata de previsão do
futuro. Cuidado! Ele não elimina as incertezas, mas as reduz. O futuro é incerto e, portanto, nem sempre é possível
ter todas as informações e dados. Lembre-se de que, quando tratamos de planejamento, é preciso coletar dados e
informações, pois são eles que dão sustentação para um bom planejamento.
Vamos aproveitar e verificar quais conceitos temos a respeito de objetivo, meta e estratégia, para compreender
melhor o planejamento:

z Objetivo: Tudo aquilo que se pretende alcançar ou onde se deseja chegar. Um bom exemplo de objetivo é “ser
aprovado(a) no concurso público da Caixa Econômica Federal”. O objetivo deve ser claro, concreto e necessita
de prazo, não importando se esse prazo será curto, médio ou longo;
z Meta: Também pode ser entendida como algo que se pretende alcançar, mas é mais minuciosa e detalhada em
comparação ao objetivo. Exemplo de meta: ser aprovado(a) em primeiro lugar no concurso público da Caixa
Econômica Federal. Reparou em uma mudança aí? O termo “primeiro lugar” qualificou nosso objetivo. Essa é
a ideia da meta: ser mais minuciosa ou detalhada, trazer quantificação e qualificação do objetivo;
z Estratégias: São os caminhos, meios, métodos, para se chegar ao objetivo ou à meta e, para isso, a organização
262 necessitará fazer uma análise antes e aí sim escolher a melhor estratégia.
Organização ANÁLISE DE MERCADO

Essa função visa implementar, implantar e alocar É chegado o momento de nos envolvermos de vez
os recursos da organização. Portanto, aquilo que foi nos conceitos ligados às estratégias empresariais.
planejado precisar ser implantado e, para isso, a fun- Queremos relembrar um assunto abordado anterior-
ção organização tem como foco a distribuição e divi- mente, tratando do planejamento estratégico, lembra-
são do trabalho. -se? O planejamento estratégico é o mais abrangente
e, consequentemente, tudo que for decidido será rele-
Direção vante para toda a organização. Estamos retornando a
É a parte da coordenação da organização no intui- esse assunto para compreendermos que é no planeja-
to de harmonizar o planejamento com a execução, o mento estratégico que ocorre a análise de mercado.
que levará, muitas vezes, a fazer ajustes necessários Interessante perceber o seguinte: para escolha do
para que realmente as coisas aconteçam. Aqui tam- melhor caminho, primeiro faz-se uma análise e então,
posteriormente, define-se o plano.
bém ocorrerá a liderança e motivação, afinal de con-
Tudo se inicia com o diagnóstico estratégico (aliás,
tas as pessoas precisam ser treinadas, capacitadas e
atente-se ao uso do termo “diagnóstico” utilizado nes-
devem ser motivadas a cumprir o planejamento. A
sa situação, pois nos remete a ir ao médico e, antes
figura do líder faz-se importante nesse momento.
de ele receitar qualquer “remédio”, primeiro pedirá
Controle exames/diagnósticos). Assim, o intuito do diagnósti-
co é compreender as potencialidades e deficiências
Pode-se dizer que o controle é cíclico e necessita de da organização, ou seja, identificar quais são os pon-
quatro etapas: tos fortes e fracos da organização e também analisar
as oportunidades e ameaças. Pontos fortes e fracos
z Definir um padrão de desempenho: Para seguir e fazem parte das variáveis internas e oportunidades e
alcançar um determinado objetivo, é preciso estar ameaças, das variáveis externas.
no rumo, e é aí que entra o padrão de desempenho; Para isso, a organização utilizará uma ferramenta
z Acompanhar o desempenho: Essa etapa conta chamada SWOT. O termo SWOT é um acrônimo/asso-
com o monitoramento, ou seja, acompanha se tudo ciação vindo da língua inglesa que significa Strengths,
está sendo feito conforme foi definido; Weaknesses, Opportunities e Threats.
z Avaliação de desempenho: Já esta é uma etapa Claro que vamos traduzir para facilitar a nossa
voltada a um processo “posteriori”, pois leva em vida. SWOT = FOFA: Forças (Strengths), Fraquezas
consideração avaliar os resultados obtidos; (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Amea-
z Ação corretiva: Etapa necessária quando se verifica ças (Threats).
que há certos desvios, gaps ou lacunas no processo. Dividimos a análise em duas partes:

Mais uma vez, trazemos uma titulo de exemplo z Análise interna: Forças e Fraquezas (são controláveis);
para compreendermos como o assunto já foi aborda- z Análise externa: Oportunidades e Ameaças (não
do em provas. Acompanhe a seguir: são controláveis).
(CCV-UFC – 2013) Sobre as funções de Planejamento,
Organização, Direção e Controle, assinale a alternativa
correta.
Importante!
Variáveis internas são controláveis por fazerem
a) O planejamento é a função que faz a distribuição de tare- parte do escopo da organização, estão próxi-
fas e dos recursos entre os membros da organização. mas e, por isso, é mais fácil fazer alterações ou
b) O controle relaciona-se com as atividades de liderar,
mudanças.
motivar e coordenar as pessoas em uma organização.
Variáveis externas não são controláveis, pois
c) A direção é a função que assegura que as tarefas
estão “fora” da organização e não tem como a
estão sendo desenvolvidas através do monitoramento
e avaliação das atividades instituição fazer alterações, podendo somente
d) Essas funções da administração foram primeiramente monitorar para se aproveitar das oportunidades e
definidas por Henry Likert, na sua obra “Princípios de minimizar os problemas advindos das ameaças.
Administração Científica”.
e) A função de planejamento consiste na especificação
� Forças � Oportunidades
de objetivos a serem atingidos e na definição de estra- � Pontos Fortes � Variável
ATENDIMENTO BANCÁRIO

tégias para alcançá-los. � Fortalezas externa


� Variável
interna
Essa é uma questão típica que inverte os conceitos
das funções administrativas. Na alternativa A, é
mencionado o planejamento, mas a função correta é F O
a função organização. A alternativa B também está
errada, pois a função de liderar, motivar e coorde-
nar é a direção. Já a alternativa C trata de monitorar
e avaliar e o correto nesse caso é o controle, e não
a direção. A alternativa D menciona um autor, mas
na verdade o autor que trouxe conceitos de processo � Fraquezas
F A � Ameaças
� Ponto Fraco � Variável
organizacional foi Henry Fayol na obra “14 Princí- � Variável externa
pios da Administração”. Finalmente, a alternativa E interna

está correta, pois realmente o planejamento define


objetivos, metas e estratégias. Resposta: Letra E. 263
Pense em situações que ocorrem dentro de uma FORÇAS COMPETITIVAS
organização. Exemplo: A empresa X comprou um
novo equipamento (ponto forte), porém os colabo- 05 Forças Competitivas de “Porter”
radores não foram treinados para usufruir da nova
tecnologia (ponto fraco). A organização percebe que z Poder dos consumidores
momento é complicado, porque os clientes não têm
poder de compra (ameaça), mas o mercado está rea- „ Negociação, barganha;
gindo com o anúncio do governo de redução das taxas „ Identificar o cliente potencial.
de impostos (oportunidade).
Viu só as situações que trouxemos como exemplo? z Poder dos Fornecedores
Pode acontecer isso em uma questão, ou seja, a neces-
sidade de analisar a situação para conseguir marcar a „ Negociação;
alternativa correta. Aproveitando, que tal ver na prá- „ Estabelecer prazos de entrega e de pagamento;
tica como isso já foi abordado? „ Único ou múltiplos.

(CESPE-CEBRASPE – 2008) Um exemplo de ameaça z Atuação da Concorrência


no âmbito do INSS, de acordo com a análise SWOT,
seria o caso em que os técnicos que realizam os cál- „ Conhecer os concorrentes e suas estratégias;
culos e projeções atuariais não tivessem formação „ Benchmarking;
necessária para realizar corretamente essa atividade. „ Rivalidade e Disputa pelo Consumidor;
„ Concorrentes numerosos e semelhantes.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Ameaça de novos entrantes
Analisando o enunciado, chegamos à conclusão
de que a falta de formação é um ponto fraco e não „ Possíveis concorrentes que estão emergindo no
uma ameaça, como afirmado. Por isso, o item está mercado.
errado.
z Produtos Substitutos
Outra ferramenta que pode ser utilizada para
fazer uma análise é a Balanced Scorecard (BSC), meto- „ Substituir produtos por outros;
dologia desenvolvida para medição do desempenho „ Produtos que aparentemente seriam de outra
de aspectos financeiros e não financeiros. áreas, mas que podem ser utilizados como
A ideia é utilizar indicadores e assim aferir resulta- substitutos. Exemplo: Um quadro e uma planta,
dos de maneira equilibrada do ponto de vista de várias apesar de aparentemente serem de mercados
perspectivas ou dimensões. A organização conseguirá diferentes, podem competir entre si.
fazer análises de seus aspectos financeiros, processos
internos, aprendizado e crescimento e clientes. O modelo foi criado em 1979 por Michael Porter,
professor da Harvard Business School. Naquele ano,
ele publicou um artigo na revista de Harvard que
apresentou suas ideias: “Como as forças competitivas
Recursos moldam a estratégia”.

Estratégias Genéricas de “Porter” (Michael Eugene


Porter)

As estratégias genéricas de Porter visam à escolha


Visão e
Clientes
Estratégia
Processos da estratégia dentro de três possibilidades.

z Estratégia de Custo: A organização escolhe ter


um baixo custo e repassa para o cliente a um va-
lor acessível;
z Estratégia de Diferenciação: A ideia é agregar
Aprendizado valor ao cliente, aquilo que se torna um diferen-
cial competitivo para os clientes. Exemplo: status,
conveniência e outros;
z Estratégia do Enfoque: A organização dará enfo-
Partimos do princípio de que não adianta somente que a um nicho de mercado mais segmentado,
medir o aspecto financeiro, é preciso também anali- ofertando produtos ou serviços para um determi-
sar outras perspectivas. Por isso, a organização deve nado tipo de cliente específico. Exemplo: loja de
compreender como andam seus processos internos roupas tamanho EXGG.
(conjunto de ações/atividades) e o quanto está apren-
dendo com o mercado (inclusive concorrentes) e tam- Matriz de Ansoff
bém com seus clientes.
Após a organização examinar seus pontos fortes, Outra estratégia que pode ser utilizada pelas orga-
fracos, suas oportunidades e ameaças, o passo seguin- nizações visa a escolher a estratégia conforme o pro-
264 te é fazer o prognóstico, ou seja, escolher a estratégia. duto/serviço e mercado.
z Produto Tradicional e Mercado Tradicional: Estratégia de Penetração;
z Produto Novo e Mercado Tradicional: Estratégia de Desenvolvimento de Produto;
z Produto Tradicional e Mercado Novo: Estratégia de Desenvolvimento de Mercado;
z Produto Novo e Mercado Novo: Estratégia de Diversificação.

Produtos/Serviços

Desenvolvimento
Penetração
de Produto

Desenvolvimento
Diversificação
de Mercado

Estratégias de acordo com as Variáveis

A organização escolherá as suas estratégias conforme as variáveis internas e externas. Em algum momento,
podemos ter mais oportunidades em relação às ameaças ou mais ameaças que oportunidades; também poderá
acontecer de ter mais pontos fortes que pontos fracos ou mais pontos fracos que pontos fortes.
A junção das variáveis será determinante para escolha das estratégias. Predominância das variáveis:

z Oportunidades e Pontos Fortes: Estratégia de Desenvolvimento;


z Oportunidades e Pontos Fracos: Estratégia de Crescimento;
z Ameaças e Pontos Fortes: Estratégia de Manutenção;
z Ameaças e Pontos Fracos: Estratégia de Sobrevivência.

� Oportunidades � Oportunidades +
+ Fortalezas Fraquezas

Desenvolvimento Crescimento

Manutenção Sobrevivência
� Ameaças � Ameaças +
+ Fortalezas Fraquezas

IMAGEM INSTITUCIONAL
ATENDIMENTO BANCÁRIO

Se tem algo importante para uma organização é criar uma imagem institucional e fazer com que os stakehol-
ders ao seu redor entendam o seu propósito. Stakeholder significa partes interessadas, ou seja, todos que de
alguma forma estão ligados ou relacionados com a organização. Exemplos: colaboradores, gestores, acionistas,
gerentes, consumidores, fornecedores, governo e outros.

Dica
Provavelmente, um sinônimo para stakeholder em uma prova de concurso seja atores ou clientes. Vale res-
saltar o seguinte: o termo “cliente” é abrangente, pois entende-se como cliente o público externo e interno.
� Cliente interno: colaboradores, gerentes;
� Cliente externo: consumidores, fornecedores.
Talvez seja estranho pensar colaborador e fornecedor como clientes, mas veja que a ideia é satisfazer as
necessidades de todos, por isso a concepção de que todos são clientes. Aliás, quando uma organização
compreende isso, sem sombra de dúvidas estará conquistando a excelência. 265
Retornando para o assunto imagem institucional. A organização, por meio do seu planejamento estratégico,
definirá sua missão, visão e seus valores.

z Missão: Razão de existência, razão de ser da organização, o seu propósito. A missão institucional é atemporal,
logo, não está atrelada ao futuro e, sim, ao presente. Todos os dias a organização deve cumprir a sua missão;
z Visão: Onde a organização deseja chegar, alcançar, ser ou estar. Diferentemente da missão, a visão é temporal.
Estipula-se um prazo para que seja alcançado o desejável. Não confunda visão com objetivo, apesar de faze-
rem menção ao que se espera alcançar. A visão tem como parâmetro o reconhecimento, ser reconhecida pelo
seu público. Já o objetivo é voltado para si;
z Valores: Princípios norteadores da organização, aquilo que tem importância ou significado e se visa demons-
trar para os stakeholders.

Veja, a seguir, a imagem contendo exemplo de missão, visão e valores da Caixa:

Estratégia Corporativa
Fortalecer a orientação ao cliente, reforçar a qualidade no Atendimento e intensificar a
Experiência Digital são as premissas que fundamentam a estratégia corporativa da CAIXA.

Nosso Propósito
Ser o banco de todos os brasileiros.

Nossa Visão

Ser o maior parceiro dos brasileiros, reconhecido pela


capacidade de transformação, com eficiência e
rentabilidade.

A estratégia para o alcance da visão está centrada nos objetivos e ações de gestão, que
buscam flexibilidade, competitividade e simplicidade, além de manter os princípios da
governança e incentivar a adoção de práticas socioambientais com impacto positivo em
todos os negócios.

Nossos valores
Os valores que guiam nossas ações são:
� Ética
� Foco no Cliente
� Integridade
� Meritocracia
� Responsabilidade Socioambiental
(Disponível em: <https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/apresentacao/Paginas/default.aspx>)

266
IDENTIDADE E POSICIONAMENTO

A identidade tem como propósito dar uma personalidade que seja única à organização e isso passa também pela sua
missão, visão e seus valores. Isso, no entanto, vai além, pois requer que o público seja capaz de guardar facilmente as suas
características, como logomarca, cores, produtos e serviços oferecidos.
Se te perguntarmos qual é a cor predominante da Caixa Econômica Federal, temos certeza absoluta de que você já
respondeu e até já se lembrou da marca. Essa é a ideia de identidade e posicionamento. A organização visa com isso ter
características marcantes e personalizadas, assim as pessoas lembrarão facilmente quando precisarem de um produto
ou serviço.
A Caixa já fez e continua fazendo grandes publicidades para se posicionar no mercado.

(Disponível em: <http://www.portaldapropaganda.com.br/noticias/12967/o-que-e-que-a-caixa-tem-nova-campanha-da-caixa-criada-pela-heads/>)

(Disponível em: <https://inscricao.pro.br/feirao-da-caixa-2021/>)

Quando uma organização investe na sua identidade e no seu posicionamento, a tendência é que em um determinado
momento as pessoas conseguirão identificá-la facilmente e isso a levará a outros patamares de desempenho. Para tanto,
é preciso ter um diferencial competitivo; aliás, competitividade é a alma do negócio bem sucedido. Para que uma organi-
zação seja competitiva no mercado, é preciso ter um diferencial.
Uma das atuações da Caixa dentro do seu planejamento estratégico é atuar mais fortemente em criar laços e vínculos
com seus stakeholders. Em se tratando de produtos, podemos observar a crescente no mercado da área digital; portanto,
a instituição percebe a necessidade de, nesse sentido, melhorar cada vez mais seu posicionamento.
Devemos mencionar também que o tema passa também pela cultura organizacional. Cultura é um conjunto de hábi-
tos e costumes que são compartilhados pelos membros da organização. A cultura também pode ser entendida como
conjunto de crenças e valores.
ATENDIMENTO BANCÁRIO

SEGMENTAÇÃO DE MERCADO
A meta da segmentação de mercado é escolher um determinado grupo de consumidores que possuam neces-
sidades iguais ou, pelo menos, parecidas. A organização fará uma oferta para o público segmentado, visando
melhor assertividade.
Neste sentido, o intuito é dividir em grupos potenciais clientes com desejos e comportamento de compras
semelhantes. Segundo Philip Kotler (1998): “através da segmentação a empresa poderá fazer melhores trabalhos
frente à concorrência, dedicando-se a fatias de mercado que tenham melhores condições de atender”.

267
Para isso, é preciso estudar a participação que a organização tem no mercado e entender os seus concorrentes.
A prática do “benchmarking” pode ser uma excelente ferramenta para esse processo.
O benchmarking competitivo é muito utilizado para entender as estratégias dos concorrentes. Por meio dele,
compara-se os resultados e apropria-se das melhores práticas, buscando melhorá-las.
Depois de compreender o mercado, é preciso separar os clientes por grupos. Dessa maneira, a organização
saberá como atuar e obter resultados satisfatórios.

Níveis de Segmentação

z Marketing de Massa: o objetivo desse tipo de segmentação é ofertar algo que seja possível para um grande
público. Os produtos estarão em todos os lugares, desde em uma conveniência, em um bairro de classe alta,
até em uma mercearia ou ponto de vendas na periferia. Exemplo: produtos de higiene, refrigerantes e outros;
z Marketing de Segmento: Visa ter um grupo ainda grande de consumidores, porém um pouco mais específico
se compararmos com o marketing de massa. Vale lembrar que as pessoas/clientes são diferentes, pois suas
necessidades e desejos dizem respeito aos seus hábitos;
z Marketing de Nicho: Ainda mais restrito ao ser comparado aos dois tipos anteriores. Nele, os segmentos são
divididos em subsegmentos. A organização torna-se especialista numa determinada necessidade do cliente;
z Marketing Local: a preocupação está voltada às necessidades regionais, as quais, por sua vez, são diferentes
das de outros locais. Consequentemente, a organização precisará rever seus produtos e serviços, para oferecer
melhores produtos aos seus possíveis clientes. Como exemplo, imagine uma rede de lanches, atuando em um
mercado no qual as pessoas não consomem carne bovina. Será necessário, então, que a organização se adapte,
para oferecer o produto certo;
z Marketing Individual: é o tipo de marketing direcionado aos consumidores de maneira individual. A ideia é
trabalhar de modo personalizado para cada cliente. Pode ser chamado de “marketing one by one” ou “marke-
ting um a um”.

Massa
Níveis de Segmentação

Segmento

Nicho

Local

Individual

Modalidades de Segmentação

z Geográfica: o mercado é segmentado por região. Cada localidade tem a sua cultura e seus valores, fazendo-se
importante verificar como será feito o marketing, a fim de que tais valores não sejam afetados. Neste sentido,
a organização buscará uma forma de trabalhar com o marketing, estudando o acesso para se chegar no local,
bem como o transporte. O intuito é descobrir a acessibilidade.

Outra situação que podemos elencar é o centro de compras. Imagine, por exemplo, você montar um negócio
em um local onde as pessoas não têm acesso. Normalmente, as pessoas vão para um “centro de compras” e, mes-
mo que os custos sejam altos, ainda vale a pena;

z Demográfica: são situações ligadas à idade e, neste sentido, o marketing verifica o público idade. Leva-se em
consideração o ciclo de vida, o domicílio e o sexo;
z Comportamental: leva-se em consideração a frequência de compra, quando as pessoas compram e onde com-
pram. Também se verifica a lealdade do consumidor e o que ele costuma comprar com mais frequência.

Uma outra análise feita é a expectativa de vida das pessoas e o estilo de vida (psicográfica). Lembre-se de
que expectativa de vida é diferente de ciclo de vida. No comportamento, também se estuda o interesse, o uso do
dinheiro, as amizades e os relacionamentos;

z Socioeconômica: o critério utilizado é a renda. Um ótimo exemplo que podemos citar é o marketing digital.
Uma organização que fará uma campanha no Facebook, Instagram ou Google, com certeza, descobrirá a faixa
de quanto o seu público ganha e, assim, encontrará o cliente certo para o seu produto. Vale destacar que o grau
de instrução das pessoas também é verificado nessa modalidade, assim como o seu status, nível de ocupação
e migração;
z Benefícios: é aquilo que os clientes procuram. Um bom exemplo a ser citado é quando o cliente se preocupa
com a qualidade do produto ou serviço, bem como se o produto oferece prestígio a ele e um atendimento de
qualidade, demonstrando o grau de satisfação;
z Personalidade: aqui, são verificadas as suas bases culturais, atitudes e valores. Podemos dizer que, nessa
268 modalidade, é verificado o conjunto de crenças do cliente;
z Caracterização Econômica: a variação de mercado, o tamanho da empresa, o tamanho do mercado e a
demanda são fatores importantes para se levar em consideração no momento da segmentação.

GEOGRÁFICA DEMOGRÁFICA COMPORTAMENTAL SOCIOECONÔMICA BENEFÍCIOS


Local Idade Frequência Renda Qualidade
Região Sexo Lealdade Instrução Satisfação
Transporte Domicílio Expectativa Status Atendimento
Concentração Ciclo de Vida Estilo de Vida Ocupação Serviço

AÇÕES PARA AUMENTAR O VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE


Inicialmente, é preciso entender a respeito do significado de valor percebido pelo cliente, o que, talvez, para
muitos, não seja tão evidente assim. Valor é a expectativa do cliente quanto aos benefícios do produto ou serviço
em comparação aos custos ou quantia real paga. Neste sentido, pode-se compreender que a quantia real paga não
corresponde somente ao custo em termos de dinheiro, mas, sim, à soma dos custos de tempo, energia psíquica e
física despendidos para adquirir um produto ou serviço.

Importante!
O valor entregue ao cliente constitui a seguinte equação: VEC = VT – CT
Em que VEC corresponde ao valor entregue ao cliente;
VT corresponde ao valor total;
CT corresponde ao custo total.

O valor entregue ao cliente é igual ao valor total para o cliente menos o custo total para o cliente. O valor total
para o cliente pode ser entendido como o conjunto de benefícios esperados pelo cliente, ou seja, a imagem, o valor
pessoal, o valor dos serviços, o próprio valor do produto e quaisquer outros benefícios que agreguem valor sob a
ótica do cliente.

Valor do Produto

Valor dos Serviços


Valor Total

Valor do Pessoal

Valor da Imagem

Já o custo total vai além do monetário, como é o caso do custo de tempo. Quando necessitamos de adquirir um
bem ou serviço, calculamos o tempo que será gasto para isso. Um bom exemplo a ser citado é quando você fica na
fila do caixa do banco para pagar uma conta – situação na qual cinco minutos parecem uma eternidade. Agora,
se você tiver que aguardar duas horas ou mais para que o gerente do banco o(a) atenda, para que consiga um
financiamento imobiliário, você nem perceberá o tempo passar.
Outros custos levados em consideração são as energias psíquica e física. A primeira diz respeito ao gasto psi-
cológico para a tomada de decisão numa situação conflitante de escolhas e a segunda diz respeito ao gasto físico
ATENDIMENTO BANCÁRIO

para encontrar o produto/marca ideal, para suprir a sua necessidade.

Monetário

Tempo
Custo Total

Energia Física

Energia Psíquica

269
Aqui, cabe-nos um questionamento: como é possí- z Qualidade no local: Veja como o item é importan-
vel aumentar o valor percebido pelo cliente? te, você chegar no destino/local e reparar como
Pode-se, por exemplo: todas as coisas estão no seu devido lugar. A orga-
nização é um fator determinante, assim como
z Melhorar os benefícios do produto ou serviço: des- a limpeza e o ambiente arejado. É um fator tão
sa maneira, aumentará o valor total; importante que podemos pegar como exemplo as
z Reduzir os cursos não monetários (tempo, ener- agências bancárias, normalmente bem organiza-
gias psíquica e física); das, arejadas e limpas. Isso fará com que você se
z Reduzir os custos monetários. sinta bem no ambiente;
z Experiência dos colaboradores: é outro fator
É fato que a organização necessita de obter a importante dento dos aspectos que influenciam os
satisfação do cliente. Para Hoffman e K. Douglas, tal clientes, reparamos muito e é perceptível também;
satisfação: z Desempenho: Nem sempre o colaborador terá a
experiência, mas você perceberá se ele está procu-
É alcançada quando suas percepções satisfazem ou rando ter o melhor desempenho possível e assim
excedem suas expectativas. A satisfação, propicia- entregar um atendimento de qualidade;
da por um produto, serviço ou sentimento é função z Organização no atendimento: Não tem coisa pior
direta do desempenho percebido e das expectativas. você se deparar com um atendimento desorgani-
Se o desempenho ficar distante das expectativas, o zado. Imagine a situação de chegar a uma agência
cliente ficará insatisfeito. Se atender às suas expec- bancária e não saber ao certo quando será atendi-
tativas, ficará satisfeito. Se exceder às expectativas do ou simplesmente perceber situações de pessoas
ficará altamente satisfeito ou encantado. (2001, p.
sendo atendidas primeiro, mesmo que tenham
28)
chegado à agência depois de você;
z Opinião de outros clientes: Este é o item mais
Conforme se vê, não é tão simples conseguir tal
relevante sobre a experiência que o cliente terá
feito. No entanto, é algo necessário no mundo dos
com a organização. Normalmente, compramos ou
negócios. As organizações precisam concentrar-se nos
deixamos de comprar pelo simples fato de ouvir o
clientes, em suas reais necessidades, sendo o seu foco
que os outros têm a dizer sobre a organização.
total. Somente assim conseguirão alcançar a satisfa-
ção do cliente.

Qualidade no Local Experiência

GESTÃO DA EXPERIÊNCIA DO CLIENTE


O cliente avaliará a todo momento a experiência
para com a organização que lhe presta o serviço ou
oferece o produto e muito provavelmente as duas
situações de maneira simultânea, pois quando se
adquire um produto você também terá um serviço,
nem que seja somente no momento da compra, como
é o caso do atendimento.
Assim, inicia-se uma gestão voltada à melhoria
da experiência do cliente perante a empresa. Para
melhor entendimento, faz-se necessário conceituar o
atendimento.
Atendimento: é um serviço oferecido com ou sem
produto.
Por exemplo, a maioria das empresas disponibili-
zam, em suas plataformas on-line, recursos de atendi-
mento ao consumidor para que, se houver dúvidas, ele
possa entrar em contato com o setor de suporte para
a resolução do problema. O cliente, por sua vez, espe-
ra que o seu problema seja resolvido e, quando isso Além dos fatores, algumas competências são
ocorre, considera-se um atendimento com excelência/ necessárias quando se trata de atendimento ao públi-
qualidade. co para que a experiência do cliente melhore.
É de suma importância fazer o que estiver ao
alcance, visando solucionar problemas sejam corri- z Confiança: É preciso criar um laço de confiança
queiros ou inusitados. e isso claro não se consegue da noite para o dia, o
O atendimento também procura ajudar o cliente estreitamento ocorre à medida que a organização
nos mais variados momentos de maneira sempre res- soluciona os problemas do cliente, sejam corri-
peitosa com educação e cortesia. É preciso ter uma queiros ou inusitados;
escuta ativa, pois o cliente deseja, entre outras coisas, z Fidelidade: Como consequência, o cliente torna-se
atenção. fiel e sempre procurará fazer negócios com a orga-
Existem certos fatores que influenciam tanto na nização. Um bom exemplo disso é o fato de, ao ir
expectativa do cliente como na experiência com a ao shopping, você acabar escolhendo, geralmente,
270 organização. Vejamos: o mesmo local para almoçar;
z Comunicação: Deve ser clara e precisa, utilizar Imagine que você conheça o trabalho dos outros
termos que sejam entendidos por todos. A empa- departamentos e inicia no seu setor. Ao conhecer as
tia (colocar-se no lugar do outro) contribuirá para outras etapas ou estágios, poderá repassar as informa-
o sucesso no momento de se comunicar com o ções ao cliente, informando-o como será daqui para
cliente; frente. O cliente ficará satisfeito e não será “pego de
z Organização: Mais uma vez este assunto, pois a surpresa”.
ordem levará à organização e consequentemente Outro requisito importante é se apresentar de
melhorará a experiência do cliente; forma adequada, inclusive no quesito de se vestir de
z Atenção: Imagine chegar a um local para ser aten- acordo com a função. As organizações, principalmen-
dido e simplesmente ser ignorado pelo pessoal da te a rede bancária, vêm se modernizando de maneira
linha de frente. Isso, sem dúvidas, deixará o clien- muito rápida no uso da tecnologia e seus colaboradores
te insatisfeito e irritado. Dar atenção é primordial necessitam também ter conhecimento das novas tecno-
para melhorar a experiência do cliente e requer logias para uma melhor fluidez de dados e informações.
uma escuta ativa, ou seja, saber ouvir. Aliás, é mais
importante ouvir do que falar;
z Agilidade: Ninguém gosta de passar minutos ou
horas, dependendo do que está sendo entregue,
aguardando ser atendido ou esperando uma solu- APRENDIZAGEM E SUSTENTABILIDADE
ção para o problema. Pense em quando você vai ORGANIZACIONAL
até uma agência bancária e pega uma fila na inten-
ção de pagar uma conta – cada minuto ali será uma APRENDIZAGEM
eternidade. Por isso o atendimento deve ser ágil,
perfeito e eficaz. A aprendizagem é um processo contínuo que
envolve tanto a organização quanto os colaboradores.
O colaborador precisa ser treinado para que este-
Confiança Fidelidade Comunicação ja capacitado no exercício de suas tarefas diárias. Esse
treinamento consiste em um processo de aprendi-
zagem a curto prazo. Isso porque ele é conduzido a
executar uma tarefa, seja ela complexa ou não. Ao ser
treinado, adquirirá conhecimento (o saber), desen-
volverá uma habilidade ou a melhorará caso já tenha
Agilidade Atenção Organização
uma (o saber fazer), além de mudar de atitude, ou
seja, mudará a ação para fazer algo (querer fazer).
Idalberto Chiavenato afirma que o treinamento
Portanto, para a melhoria da experiência do clien- pelo qual o colaborador passa
te é preciso desenvolver nele a confiança, criar meios
para se sinta seguro na hora de fechar negócios e, para É o processo educacional de curto prazo aplicado de
isso, a organização ou a pessoa que está o atendendo maneira sistemática e organizada através do qual
deverá corresponder às suas expectativas/necessida- as pessoas aprendem conhecimentos, habilidades e
des. Saber se comunicar, ser articulado e ter comu- competências em função de objetivos definidos. O
nicabilidade. Comunicabilidade é fazer-se entender treinamento envolve a transmissão de conhecimen-
e tome cuidado para não confundir com ser comuni- tos específicos relativos ao trabalho, atitudes frente
cativo, pois nem sempre ser comunicativo fará você a aspectos da organização, da tarefa e do ambiente
se fazer entender. Uma pessoa pode ser tímida e falar e desenvolvimento de habilidades e competências.
pouco, mas toda vez que repassar uma informação Qualquer tarefa, seja complexa ou simples, é neces-
conseguir ser clara e objetiva. sário treinamento. (2006)

O treinamento tem, como foco, o desempenho e


Dica
visa transferir competências. Na verdade, o indivíduo,
Para não confundir: normalmente, já possui certas competências, mas pre-
Comunicabilidade: Fazer com que as pessoas cisa adquirir outras (competências necessárias) para
entendam a mensagem de forma clara e precisa. o preenchimento de lacunas (gaps).
Comunicativo: Gostar de conversar, de se comu- É relevante mencionar o desenvolvimento, que
ATENDIMENTO BANCÁRIO

nicar com as pessoas. também faz parte da aprendizagem. No entanto, este


servirá a médio e a longo prazo. Pode-se dizer que o
É preciso estar sempre em alerta em relação às desenvolvimento está voltado para as carreiras e, não,
demandas dos clientes, saber lidar com todas as infor- para as tarefas.
mações que chegam e por muitas vezes dominar a A organização, de igual modo, está em constante
tensão dos problemas que inevitavelmente acontece- processo de aprendizagem, pois seus métodos entram
rão, ou seja, ter paciência e tolerância para domar as em entropia (envelhecimento), algo que é normal. O
emoções. que não pode ser normal é a organização continuar
Hoje em dia, precisamos não só ter conhecimen- na “mesmice”, pois vivem em um sistema aberto
to do trabalho que exercemos, mas também a capa- e, por isso, necessitam de interagir com o ambiente
cidade de resolver problemas diversos. Por isso, é em busca de transformações e melhorias. O ambien-
necessário participar de eventos como treinamentos e te ao qual a organização pertence está em constante
palestras, e assim aumentar o nível de conhecimento mudança e isso requer uma atitude rápida e dinâmica
para melhorar as habilidades ou desenvolver novas. por parte dos gestores. 271
Ademais, é importante destacar que a gestão de Para Gro Harlem Brundlant, Primeira-Ministra da
negócios depende de outras ciências para melhorar o Noruega, a sustentabilidade é o
seu desempenho. O termo “sistema”, por exemplo, vem
da Biologia. Entende-se, nessa ciência, que os sistemas [...] desenvolvimento que satisfaz as necessidades
envelhecem e, quando estão prestes a desaparecer presentes, sem comprometer a capacidade das
(morrer), eles se transformam. Neste sentido, as orga- gerações futuras de suprir suas próprias necessida-
nizações, que são, também, consideradas sistemas, pas- des”. (Relatório de Brundlant, 1987)
sam por um processo de transformação, em busca da
O Relatório de Brundtland é um documento no
entropia negativa (renovação, rejuvenescimento), para
qual se tinha como objetivo disseminar o desenvolvi-
continuarem sobrevivendo no mundo dos negócios.
mento sustentável. Aliás, o nome propriamente dito
do documento é “Our Common Future” – “Nosso Futu-
Dica ro Comum”.
Entropia: envelhecimento;
Entropia negativa: revitalização, renovação,
Social
rejuvenescimento.

É possível que a organização aprenda, inclusive,


com o seu concorrente. Aliás, o concorrente deve
ser uma fonte inspiradora de aprendizagem para Tripé da
qualquer organização. Chamamos esse processo de Sustentabilidade
benchmarking. O benchmarking é uma forma de
aprendizagem, pois visa comparar os resultados e
imitar as melhorias práticas. Sendo assim, se a organi-
zação calculou que o concorrente tem melhores resul- Financeiro Ambiental
tados, deverá compreender como alcançar ou mesmo
ultrapassar esses resultados. A comparação entre
uma organização e outra (concorrente) chamamos de
Benchmarking Competitivo. É importante dizer que as organizações podem
melhorar a gestão voltada à sustentabilidade fazendo
SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL uso dos 5R´S. Vejamos:

z Repensar: é analisar como está o consumo da


Há a necessidade – e, não, a obrigatoriedade – de a
organização, se realmente todos os insumos, mate-
organização desenvolver-se no campo da sustentabi-
riais e produtos são essenciais;
lidade. Isso significa melhorar os meios de produção,
z Reduzir: é verificar o que comprar, quando comprar e
levando-se em conta as possíveis maneiras reduzir a
que quantidade, visando sempre conseguir a redução;
produção de resíduos. A forma da qual as organiza-
ções tratam da gestão dos recursos servirá como con- z Reaproveitar: não descartar nada sem, antes,
dutor rumo à sustentabilidade. analisar a sua possível reutilização;
Logo no planejamento estratégico da organização, z Reciclar: antes da reciclagem, há o reaproveita-
deve-se inserir a sustentabilidade, buscando um com- mento – memorize essa ordem. No caso da recicla-
portamento socioeconômico alinhado às ideias de outros gem, é de suma importância separar de maneira
atores, como o governo, parceiros de negócios, clientes, correta, para uma melhor eficiência. As organiza-
fornecedores e o público interno. Sem contar que o ções costumam possuir lugares específicos para
envolvimento da organização com o tema em questão cada item reciclado;
melhorará a sua imagem perante à sociedade, sendo, z Recusar: é a recusa de produtos danosos ao meio
portanto, uma forma de oportunidade de negócios. ambiente e de fazer negócios com fornecedores
No entanto, é bom frisar que a sustentabilidade vai que não se preocupam com o tipo de produto que
além do pensamento voltado às oportunidades de negó- comercializam.
cio, pois deve ser uma preocupação genuína por parte
da organização, com o intuito de melhorar, a cada dia, a
vida das pessoas que, direta ou indiretamente, tenham
ligação com ela. Estas podem ser chamadas de “sta-
keholders” ou, simplesmente, “partes interessadas”.
Essa relação com os públicos interno e externo pas- Reduzir Reutilizar
sa por muitos desafios. A organização precisa saber
lidar com a população (comunidade), com grupos
ambientalistas e órgãos de controle (governamentais).
A sustentabilidade tem, como base, o tripé social,
5R
ambiental e financeiro. A organização precisa ser
socialmente desejável, mas sem deixar de obter lucros Recusar Reciclar
e de se preocupar, ao mesmo tempo, com o meio
ambiente. Não é uma tarefa tão simples, pois requer
uma boa estratégia e nada acontece de maneira ime-
diata. Imagine, por exemplo, uma organização que Repensar
atuará na melhoria ambiental. Pode ser que, no início,
haja mais gastos que economia, pois novas tecnolo- Fonte: https://www.ecoplasticossp.com.br/posts/?dt=5-rs-mudar-os-
gias serão necessárias, gerando custos. Neste sentido, habitos-e-pensar-no-meio-ambiente-b29SMFUyLzV1YUhPK2k3ckNE
272 a economia virá com o tempo. VUpJdz09
No Brasil, tivemos a Rio-92, que juntou os países A CAIXA divulga anualmente seu desempenho eco-
numa Conferência Mundial sobre meio ambiente e nômico, social e ambiental por meio do Relatório de
desenvolvimento sustentável dos países. A reunião, Sustentabilidade, que, desde 2008, é elaborado seguin-
que ficou conhecida como Eco-92, ocorreu 20 (vinte) do as orientações da Global Reporting Initiative (GRI).
anos depois da reunião em Estocolmo, quando os paí- No Relatório é possível encontrar informações conci-
ses se reuniram, entendendo a importância de políti- sas, transparentes e confiáveis sobre projetos, progra-
cas voltadas à sustentabilidade. mas, resultados e estratégias realizadas pelo banco.
Na Rio-92, foi lançado o documento “Agenda 21”, O objetivo do Relatório de Sustentabilidade é
que trata de um plano que objetiva o alcance do divulgar os principais  projetos, iniciativas e resulta-
desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 faz alusão, dos alcançados ao longo do ano nas dimensões social,
justamente, ao século 21, no intuito de entregar um ambiental e econômica, considerados relevantes  aos
mundo sustentável para as próximas gerações. públicos envolvidos com a empresa, garantindo a
Em 2012, tivemos o Rio + 20, mais uma reunião que qualidade, a asseguração necessária e o padrão de
ocorreu na cidade do Rio de Janeiro e visava verificar comparabilidade com o mercado.
os avanços relacionados aos 20 (vinte) anos depois da Tópicos econômico-financeiros, socioambientais
primeira reunião ocorrida em 1992. e de governança são apresentados de acordo com
sua relevância, considerando os temas prioritários
Atualmente, temos a Agenda 2030 que tem, como
mapeados em consulta aos seus públicos de relacio-
foco principal, a erradicação da pobreza. O nome do
namento. Entre eles estão as ações de relacionamen-
documento é “Transformando o nosso mundo”. A
to com empregados e clientes; projetos de inovação
Agenda 2030 foi concebida em 2015 no encontro em
e inclusão social; iniciativas relacionadas à transpa-
Nova Iorque.
rência, ética, conformidade e combate à corrupção; e
Como podemos perceber, há uma real preocupação
contribuições da CAIXA para a proteção e conserva-
relacionada à sustentabilidade, mesmo que seja difícil
ção ambiental. 
de obter resultados satisfatórios em todos os setores da
sociedade. Deste modo, as organizações têm um papel
Governança em Responsabilidade Socioambiental
importantíssimo para a concretização dos objetivos.
Em suas práticas de governança, a Caixa busca
SUSTENTABILIDADE DA CAIXA manter um olhar atento às oportunidades futuras.
O compromisso da Caixa com a sustentabilidade está
Pactos e Compromissos expresso em sua missão e em seus objetivos empresa-
riais, que vislumbram a atuação da empresa como um
Os compromissos e os pactos voluntários da Caixa agente financeiro de promoção da cidadania e de polí-
somados às suas políticas internas norteiam a atuação ticas públicas para o desenvolvimento sustentável do
sustentável da empresa e permeiam os relacionamen- País, em parceria estratégica com o Estado brasileiro. 
tos com o público interno e externo. A Caixa possui um Comitê Delegado para tratar de
temas de Sustentabilidade e Responsabilidade Socioam-
z Pacto global: iniciativa voluntária que tem o obje- biental (RSA). Este Comitê, composto por dirigentes da
tivo de mobilizar a comunidade empresarial para empresa, é um órgão autônomo, de natureza estratégi-
a adoção, em suas práticas de negócios, de valores ca e de caráter deliberativo e propositivo, com atuação
fundamentais e internacionalmente aceitos nas em âmbito nacional. Cabe ao Comitê articular diversas
áreas de direitos humanos, relações de trabalho, áreas da Caixa no processo de desenvolvimento, de
meio ambiente e combate à corrupção, refletidos implantação, de avaliação e de acompanhamento da
em dez princípios. Essa iniciativa conta com a par- RSA e do investimento social privado na Instituição de
ticipação de agências das Nações Unidas, empre- forma alinhada aos seus negócios.
sas, sindicatos, organizações não governamentais A CAIXA dispõe, ainda, de Política de Responsabi-
e demais parceiros necessários para a construção lidade Socioambiental, a qual, por meio de seus prin-
de um mercado global mais inclusivo e igualitário. cípios e diretrizes, compromete toda a empresa, sua
gestão e governança, na tarefa de incorporar o tema
aos negócios e relacionamentos da CAIXA com suas
Política de Responsabilidade Socioambiental
partes interessadas.
A Caixa busca integrar aspectos de sustentabilida-
Gestão Ambiental na Caixa
de ao seu planejamento e às suas operações, baliza-
ATENDIMENTO BANCÁRIO

da pela Política de Responsabilidade Socioambiental


Eficiência e modernidade para uma gestão susten-
(PRSA), instituída em 2015.
tável alinhada ao mercado são os principais objetivos
O objetivo da PRSA é assegurar a atuação sustentá- nesse quesito.
vel do banco e suas subsidiárias a partir da integração A Caixa, buscando minimizar os impactos das suas
das dimensões social e ambiental em sua estratégia, operações no meio ambiente, buscar faze o uso racio-
garantindo a incorporação dos princípios e diretrizes nal, eficiente e sustentável dos recursos naturais.
desta política nos negócios, nos processos e nos rela-
cionamentos com as partes interessadas. z Eficiência Energética: com inovação e tecnologia,
a CAIXA desenvolveu o programa de eficiência
Relatórios de Sustentabilidade energética integrada, o LuxCAIXA. Com ele, o ban-
co reduz o consumo de energia utilizando fontes
São modos de disponibilizar os principais resul- de energia renováveis, minimizando os impactos
tados da CAIXA nas dimensões ambiental, social e no meio ambiente e aperfeiçoando a eficiência dos
econômica. resultados financeiros. 273
O Programa contempla investimento para: z Integridade: as medidas de integridade que con-
duzem a CAIXA são baseadas no Programa de Inte-
z Troca de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de gridade, na Política Anticorrupção e em Códigos de
LED; Conduta.
z Implantação de usinas fotovoltaicas em agências e
prédios administrativos do banco, sendo líder nacio-
nal na quantidade de potência instalada de geração
fotovoltaica para consumo na própria unidade;
z Avaliação da eficiência no consumo pelo luxCERTI-
CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS
FICA (certificação interna), identificando as agên-
Para tratar do tema, precisarei, primeiro, comen-
cias com economia máxima de energia elétrica
tar sobre o setor bancário, pois, nele, há muita com-
dentro do ciclo analisado;
petitividade, não é mesmo? Basicamente, os bancos
z Implantação de ação para o desligamento remoto e
oferecem produtos e serviços bem semelhantes, sen-
automatizado de computadores;
do o marketing bancário algo necessário.
z Desenvolvimento de edital para locação de fazen-
Nesse momento, você deve estar se perguntando o
das fotovoltaicas;
que isso tem a ver com as características do serviço. Ini-
z Implantação de sistema departamental (LOG-RN) cialmente, é preciso que saiba que, em termos comuns
para a gestão do consumo e dispêndio de recur- de comparação, os termos produto e serviço consti-
sos naturais (água e energia), com interface para tuem coisas diferentes. Os bancos, apesar de oferece-
pagamento; rem produtos, necessitam de um ótimo serviço, para
z Estudos para migração ao mercado livre de energia. persuadir (influenciar) o cliente. Neste sentido, o mar-
keting bancário é bem diferente dos de outros setores.
Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa O marketing diferencial dos bancos é a imateriali-
dade de seus produtos. Como exemplo, imagine uma
Para contribuir com uma economia de baixo car- venda de seguros. O cliente, normalmente, fecha o
bono, reconhecendo o impacto ambiental gerado pelas seguro, por causa do contato personalizado que terá
operações, a Caixa elabora e reporta anualmente seu com a empresa, ou seja, pelo contato pessoal. Eviden-
Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, moni- temente, outros aspectos são também importantes,
torando seus resultados e propondo ações mitigadoras. como: o layout, o ambiente, os recursos físicos e tudo
O inventário segue as diretrizes do Painel Intergo- o que se possa ter uma noção de tangibilidade. Aliás,
vernamental para as Mudanças do Clima (IPCC) e as esse é o “tchan” do diferencial no serviço: pegar algo
diretrizes do GHG Protocol, além de passar por audito- que é intangível e deixá-lo mais tangível.
ria externa anualmente, desde 2013, com o objetivo de Após essa breve introdução, vamos ao tema!
garantir a confiabilidade dos dados informados. A ela-
boração de um inventário completo, bem como a sub- O QUE É PRODUTO?
missão a uma verificação externa proporcionam à Caixa
o Selo Ouro do Programa Brasileiro GHG Protocol. Produto é algo material, tangível, estocável, dura-
douro. Algo que apresenta aspectos de tangibilidade,
Voluntariado isto é, você pode pegar, sentir, apalpar. Imagine o seu
desejo de trocar de celular. Você vai à loja e solicita
O Programa Voluntários Caixa foi criado com o o modelo ao atendente. Com certeza, revirará o pro-
objetivo de incentivar ações que promovam a cida- duto. Fará alguns testes, verificará o layout, as cores,
dania, a inclusão social, a sustentabilidade e a res- o painel e, assim, por diante. Isso tudo é experimen-
ponsabilidade socioambiental, contribuindo para o tação. Com esse exemplo, buscamos mostrar que os
desenvolvimento social e capacitação de pessoas. produtos são mais facilmente experimentados, dife-
O programa conecta pessoas e potencializa ações rentemente dos serviços.
integradas que beneficiam toda a sociedade.  Ele é
baseado em uma plataforma virtual que permite que Intangibilidade
os empregados criem ações individuais ou coletivas,
incluam conteúdos formativos e informativos, divul- z Não são vistos ou provados antes de serem adqui-
guem ações realizadas, comentem e compartilhem ridos, pois a experimentação é difícil de ocorrer.
fotos postadas por outros usuários. Aliás, usamos outras maneiras de experimentar,
Qualquer pessoa pode acessar a plataforma vir- como o visual do local ou a decoração, mas, ain-
tual, mas algumas ações são restritas aos inscritos no da assim, é complicado de experimentar antes.
Programa. Vamos pensar, como exemplo, em um corte de
cabelo. Você nunca cortou o cabelo na “Barbea-
Ética e Integridade ria do Manuel” e foi até lá pela primeira vez. Você
só vai ter certeza de que o corte de cabelo é bom
Conheça as medidas, os valores e os princípios que depois de cortar, não é mesmo? O que provavel-
norteiam a atuação da CAIXA: mente você faria é ficar atento ao redor, buscando
a sensação de experimentação.
z Ética: os valores e princípios estão contidos no Códi-
go de Ética da instituição e, vale destacar também, o Os serviços podem ser ideias ou conceitos e, por
papel da Comissão de Ética, como órgão autônomo isso, são intangíveis. Por muitas vezes, compramos ou
que orienta o banco, na gestão da ética, na apuração adquirimos algo pela reputação da organização. Veja
274 de infringências aos valores e muito mais. a importância de um atendimento personalizado;
Inseparabilidade país em vários sentidos. Deming frisava a neces-
sidade de produção de alta qualidade. Esse pen-
z Serviços, diferentemente de produtos, são consu- samento estava em consonância com a filosofia
midos no momento em que são criados, portan- japonesa; aliás, faz jus à filosofia Kaizen, que bus-
to de maneira simultânea e não são separados no ca a melhoria constante – sendo o PDCA um ciclo,
instante em que é oferecido. Podemos dizer que é
logo, ele também é contínuo/constante.
indissociável. Tomemos, como exemplo, uma aula
presencial. Caso você acabe perdendo a aula, não
terá como voltar. Mesmo que você combine com PDCA: Plan, Do, Check e Act
o professor de repetir essa aula, ela nunca será a
mesma, pois são muitas variáveis que influenciam „ Plan (Planejar): Primeira fase do ciclo e visa
o momento de realização de uma aula; estabelecer objetivos e metas. É preciso tam-
bém escolher os métodos adequados para o
Variabilidade alcance dos resultados;
„ Do (Executar): A ideia é colocar em prática os
z Diferentemente dos produtos, que são homogê- planos traçados. A implementação ou implan-
neos, os serviços são heterogêneos, pois não têm tação do plano necessita oferecer treinamento
uma certa uniformidade. O serviço é único e, cada aos funcionários nas atividades que deverão
vez que é feito, a entrega será diferente. Aqui, executar;
serve o exemplo da aula também: por mais que a „ Check (Avaliação): Checagem dos resultados
organização se esforce para entregar um serviço ou processo de avaliar resultados tendo em vis-
igual, nunca será. A variabilidade ocorre da com- ta a melhoria relacionada à eficiência, eficácia
binação tanto de quem está entregando o serviço e efetividade;
quanto do cliente. É um resultado da interação das „ Act (Ação): Depois do processo de avaliação,
partes; é hora de tomar uma decisão. Se estiver tudo
funcionando conforme o planejado, pode-se
Perecibilidade padronizar o processo; caso contrário, haverá
ações corretivas.
z Os serviços devem ser consumidos assim que são
criados/produzidos, simplesmente pelo fato de
não ser mais possível a sua utilização. Não é esto- Plan
cável/armazenável e não será feito de maneira
antecipada.

Imateriais
Act Do

Bancários Inseparáveis
Produtos
Prestação de Check
Variáveis
Serviços

Perecíveis
z Os 6 E’s do Desempenho: Eficiência, eficácia, efe-
tividade, execução, economicidade e excelência.

„ Eficiência: Utilização dos recursos da maneia


GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS certa. É fazer mais com menos. Está ligado aos
meios e métodos utilizados pela organização;
Quando se fala em qualidade em serviços, precisa- „ Eficácia: Alcance de resultados, objetivos da
mos pensar, primeiramente, no cliente. Ele é o foco organização. Imagine que o banco tem como
de tudo, e as organizações devem identificar o que objetivo conquistar 1000 novos clientes no pró-
ximo mês. No final do processo, verificará se o
o satisfaz e também o que possa ser capaz de gerar
resultado foi alcançado;
insatisfação.
ATENDIMENTO BANCÁRIO

„ Efetividade: Ações que causam impacto; tam-


Partindo desse pressuposto, fica mais fácil imagi-
bém podem ser entendidas como alcance de
nar como as organizações procuram agir no seu dia a
resultados, mas é outra concepção ao compa-
dia para continuar se relacionando com os já clientes rarmos com a eficácia. Os resultados, nesse
e atrair novos. caso, são os dos clientes. A ação da organização
Nessa situação, algumas ferramentas voltadas à conseguiu satisfazer o seu público e os objeti-
qualidade podem ser usadas no intuito de melhorar vos do cliente foram alcançados;
a qualidade em serviços. Acompanhe algumas delas „ Execução: Realização de uma tarefa. Assume
a seguir: papel importante medir o índice de execução
de um determinado processo da organização;
z Ciclo PDCA: Ferramenta de gestão também conhe- „ Economicidade: Refere-se ao fato de se conse-
cida como Ciclo de Deming, pois faz alusão ao teó- guir realmente economia. Exemplo: adquirir
rico William Edwards Deming, estatístico que fez matéria-prima ou determinado produto pelo
muito sucesso após a Segunda Guerra Mundial no menor ônus possível dentro do padrão de qua-
Japão por ter contribuído com a retomada daquele lidade esperado; 275
„ Excelência: Um dos pontos chaves, pois a exce- Dentro do contexto de técnicas de vendas, encon-
lência está atrelada à qualidade. Entregar algo tramos os elementos que as compõem, que são: pré-
que, do ponto de vista do cliente, consiga satis- -venda, venda e pós-vendas. Pode-se dizer que são
fazer as suas necessidades e expectativas. três grandes fases, pois dentro delas existem certas
etapas que, de acordo com Kotler, são: prospecção,
Definir se o produto ou serviço é de qualidade, no pré-abordagem, abordagem, demonstração, fecha-
final das contas, é tarefa do cliente. Algo será entendi- mento e acompanhamento.
do como qualidade, do ponto de vista do cliente, quan-
do satisfaz à necessidade de quem está adquirindo.
Prospecção ou Qualificação
z Vantagem Competitiva: As organizações estão
em constante competitividade e a tendência é que

7 Etapas de Venda Kotler


Pré-abordagem
ela só aumente com o passar do tempo. Para ser
competitivo no mercado, é preciso entregar algo,
Abordagem
sempre do ponto de vista do cliente, de valor. Des-
sa maneira, a organização se diferenciará dos seus
concorrentes e, assim, conseguirá destaque no Demonstração do Produto ou Serviço
mercado que atua. Logo, ser competitivo é visar
ser “único”, ter um diferencial, algo que seja difí- Fechamento
cil de copiar e sustentável ao longo do tempo. Se a
organização faz algo que é de fácil imitação, deixa
Acompanhamento ou Avaliação
de ser um diferencial;
z Os 5 R’s da Gestão da Qualidade em Serviços:
É hora de nos aprofundarmos no assunto e enten-
„ Relevância: O quanto o produto ou serviço é dermos melhor as três grandes fases:
importante para o cliente. O agente comercial
entra no conceito crucial de ser um consultor
PRÉ-VENDA
para o cliente ao demonstrar o quanto deter-
minado produto ou serviço será benéfico e
vantajoso; Nessa fase, teremos uma série de ações voltadas à
„ Reconhecimento: Tem como critério ser esti- direção da venda, que pode ser compreendida como
mado, único, diferente. Imagine um atendi- uma maneira de preparação, como observamos ante-
mento diferenciado, personalizado. O cliente riormente na etapa de planejamento.
se sentirá valorizado e único; Aqui, verifica-se quais são os clientes de maior
„ Receptividade: Nada como uma boa recepção, potencial, suas necessidades e motivações, estuda-se o
receber o cliente da melhor maneira possível, comportamento de compra, a melhor forma de chegar
com educação, cortesia, gentileza e ofertando o até ele (abordagem) e quais são os concorrentes que
melhor atendimento possível; atuam.
„ Responsividade: Repassar informações de Olhando para as 7 etapas de acordo com Kotler,
todas as fases do processo gerando, assim, con- chegamos à conclusão de que, nessa fase, trata-se das
fiabilidade. Os clientes esperam isso, pois que-
três primeiras.
rem se manter informados de todas as etapas.
„ Relacionamento: Interação contínua e dura-
doura. A ideia crucial é não vender produtos Prospecção
ou prestar ser serviço “somente uma vez” e sim
obter a fidelidade do cliente para que consiga A prospecção visa identificar possíveis clientes
fazer negócios sucessivas vezes. e, para isso, a organização precisará “ir atrás” deles,
encontrá-los.
É bom saliente que nem toda pessoa (lead) é um
cliente potencial. Para ser entendido como cliente
potencial, é preciso ter certos requisitos, como: neces-
TÉCNICAS DE VENDAS sidade de comprar, autoridade de comprar e poder
aquisitivo.
Tratar sobre vendas é pensar em como ofere-
cer um produto ou serviço para o cliente; portanto,
haverá necessidade de negociação. Aliás, a ideia de Dica
negociar passa pela situação de ganha-ganha, pois, Lead: Termo utilizado no mundo do marketing
as partes (cliente e empresa) devem se beneficiar. No
digital que indica um possível cliente. É alguém
caso da negociação, observamos um conjunto de ações
que forneceu informações de contato – pode ser
(etapas) que vão desde o planejamento até o controle,
auxiliando no processo geral de vendas. nome e telefone, nome e e-mail ou até mesmo
Vejamos então as etapas: as três informações. Normalmente, as pessoas
deixam seu contato em troca de algo.
z Planejamento: Preparação para o processo de ven-
das. Estabelecer objetivos e metas; Pré-Abordagem
z Organização: Compreende a abertura do processo
da venda, a apresentação do produto/serviço (de- Esta é a etapa da busca de informações possíveis:
monstração), o tratamento das objeções e o fecha- quem são as pessoas que tomam decisões e quais as
mento da venda; suas características, e dos estudos focados em com-
276 z Controle: Avaliação dos resultados e pós-vendas. preender a melhor maneira de abordagem.
Abordagem
NOÇÕES DE MARKETING DIGITAL
Indica como será feita a abordagem ao cliente: de
maneira pessoal (visita), por telefonema, contato pela MARKETING DIGITAL
internet ou via redes sociais (Messenger, WhatsApp e
outros). Ainda podemos pensar em outra hipótese – Hoje em dia as instituições bancárias tem suas
mala direta – encaminhar uma mensagem persuasiva atividades majoritariamente vinculadas aos meios
para o cliente, podendo ser por e-mail (mais usual na digitais, seja por meio do Mobile Bank, ou do Internet
atualidade) ou via correio (cada vez mais raro). Banking. As atividades remotas representam, além de
maior celeridade nas relações bancárias, maior aces-
VENDA sibilidade para os clientes.
Nada mais natural que as ações de marketing dos
Fase em que haverá a apresentação, propriamente bancos estejam voltadas para os meios digitais. Tal
dita, do produto ou serviço ao cliente. É aqui que ocorre situação gera novos desafios para as instituições ban-
a necessidade de se descobrir os aspectos e fatores deter- cárias, pois não existe o apoio físico das agências e de
minantes que podem levar o cliente a fechar negócio.
correspondentes bancários para a criação de espaços
Existem certos pontos que visam estimular o
publicitários, por meio de banners, folhetos, cartazes
cliente a comprar. É o caso do custo, dos serviços que
etc.
serão prestados, do resultado esperado, da tecnolo-
O Marketing Digital, por sua vez, caracteriza-se
gia, segurança e até mesmo responsabilidade social e
ambiental. por ser 100% intangível, trazendo a necessidade de
utilização de estratégias diferenciadas, como geração
z Demonstração de leads; técnica de copywriting; gatilhos mentais;
inbound marketing.
Ferramenta utilizada na apresentação de vendas. Segue os principais meios de Marketing Digital
Prepara-se a apresentação, a participação e quanto de utilizado pelas instituições:
impacto ela vai causar. Entretanto, deve-se tomar muito
cuidado para não colocar tudo a perder, como fazer com- z Sites das instituições bancárias;
parações com concorrentes de maneira depreciativa. z Sites de terceiros;
Lembre-se de que a apresentação é o momento de z E-mail Marketing;
valorizar o que o produto ou serviço tem de melhor, z Formulários;
levando o cliente a um estágio de atenção, interesse, z Vídeos Institucionais;
desejo e ação. Esses são entendidos como os estágios z Mobile Banking;
mentais do comprador, e quem tem a tarefa de condu- z Internet Banking;
zir a esses estágios é o negociador (vendedor). z Pop-ups em sites.

„ Atenção: Saber, conhecer ou ter noção de que Tanto os Bancos Comerciais, tradicionais instituições
o produto ou serviço existe; que possuem agências e estruturas físicas, quanto os
„ Interesse: Importante passo no qual se faz com novos Bancos Digitais, que nasceram intangíveis e 100%
que o possível cliente se concentre nos benefí- on-line, quando estabelecem relações de e-commerce
cios do produto/serviço; (instituições que possuem praça de atendimento, como
„ Desejo: Despertar a vontade de obter os benefí- agências bancárias, mas que também são intangíveis) e
cios agora já conhecidos; e-business (instituições que tem todas as atividades vol-
„ Ação: Atitude de comprar o bem ou serviço. tadas ao meio digital e que não existem fisicamente),
utilizam no Marketing Digital os mesmos canais apre-
z Tratamento das Objeções sentados acima.

Para lidar com as objeções, é preciso manter a GERAÇÃO DE LEADS


tranquilidade e jamais encará-las como uma reação
de cunho pessoal. As objeções fazem parte do processo
Considerando as ações de pré-vendas no Marketing
de vendas e contribuem para o próprio fechamento.
Digital, aquelas que tem como objetivo a prospecção
e a qualificação de novo clientes, a geração de Leads
z Fechamento
representa uma das principais práticas para tal rela-
ção, pois demonstra o interesse inicial do futuro clien-
O negociador deve conduzir o cliente a fechar
ATENDIMENTO BANCÁRIO

te no produto ou serviço oferecido pela instituição


negócio e uma das melhores formas para fazer isso
é ser direto e claro. Alguns negociadores/vendedores bancária, por meio do contato realizado pela internet.
pecam na hora crucial da venda, pois fazem mui-
Site do Banco
to “rodeio” e não levam o cliente a fechar. É preciso
encorajar o cliente a fechar o negócio. Apresentação do
conteúdo
PÓS-VENDAS
Formulário
É chegado o momento de cumprir aquilo que foi Geração de
prometido na apresentação do produto ou serviço. Leads
O acompanhamento faz-se importante e inclui fazer
pesquisas de satisfação para obter feedback e, assim,
melhorar todo o processo. Lembre-se de que esse é
um processo cíclico, contínuo e dinâmico. Prospecção 277
Ao longo do desenvolvimento da internet, foram z E-mails;
criadas várias formas de geração de leads, desde apre- z Blogs;
sentação de conteúdo multimídia, como disponibili- z Notícias em sites;
zação de vídeos na internet (no Youtube), em que se z Pop-ups em sites.
oferecem conteúdos auxiliares, tendo como exemplo
um texto ou disponibilização de planilha de contro- GATILHOS MENTAIS
le de gastos pessoais, onde esse conteúdo é oferecido
mediante o cadastro do interessado e seus dados são Os gatilhos mentais representam os elementos
enviados para a instituição que apresenta o conteúdo. ocultos ou subjetivos que são apresentados para os
Porém, existem outras formas de desenvolvimento consumidores, tanto nos espaços digitais das institui-
de geração de Leads, como as que seguem a seguir: ções bancárias, como em sites de produtos ou serviços
que não tenham relação direta com os bancos, para
z Formulários presentes nos e-mails marketing; que o consumidor saia da zona de conforto e apresen-
z Captação de interesse do cliente como em oferta por te desejo real de concretizar a sua compra.
e-mail de análise para aquisição de cartão de crédito; Os gatilhos mentais podem ser frases em locais estra-
z Aumento da relevância do site da instituição ban- tégicos, exemplos de experiências bem sucedidas, ou até
cária nos motores de busca, como o Google; mesmo imagens que estimulem o desejo de compra.
z Oferta de produtos ou serviços gratuitos, agrega- Principais formas de geração de gatilhos mentais:
dos à atividade bancária, como controle de gastos
pessoais ou planejamento de investimentos; z Novidade;
z Autoridade;
z Cursos on-line de educação financeira por meio de
z Prova Social;
cadastro prévio.
z Escassez;
TÉCNICAS DE COPYWRITING
Dica
Desenvolvimento de técnicas de Copywriting repre-
senta a persuasão do cliente para gerar o desejo da Os gatilhos mentais não apresentam nenhuma
compra, por meio de palavras chave e de gatilhos men- relação com propaganda subliminar ou quais
tais, em que tal necessidade é apresentada ao cliente. outros métodos de persuasão que tenham a
A utilização de tais termos e palavras chave são intenção de gerar a compra por meio de métodos
fundamentais para que seja gerada a persuasão por que hoje são condenáveis pelas boas práticas do
parte do cliente, com palavras utilizadas nos momen- mercado.
tos adequados, para o público correto, por meio de
canais de comunicação específicos, com palavras cha- z Urgência.
ves diferenciadas, em mídias diferenciadas, para que
o mesmo produto ou serviço seja apresentado de for- PROCESSO DO GATILHO MENTAL
ma direcionada.
Por exemplo, o mesmo produto ou serviço bancá-
rio que é apresentado no Instagram, uma rede social
de imagens massiva e generalizada, pode utilizar téc-
nicas de copywriting diferenciadas daquelas que são
utilizadas para um site de uma Fintech do sistema Cliente Contato com Geração do
financeiro, local em que o público é diferenciado e desinformado o gatilho interesse inicial
navegando na relacionado ao para a realção de
mais voltado para as relações mais avançadas de pro- internet produto compra
dutos e serviços bancários.

ETAPAS DE VENDAS EM QUE COPYNWRITING PODE


GERAR A AÇÃO DA COMPRA

� Geração por meio do Copywriting da atenção


do clinte para o início da relação de oferta do INBOUND MARKETING
A produto ou serviço
O InboUnd Marketing ou Marketing de atração
� Desenvolvmento do interesse por meio da representa uma técnica diferenciada de apresentação
Persuasão para que o cliente dê um passo à do produto ou serviço, não utilizando propaganda
I frente e desenvolva a relação inicial de compra direta e espaços adquiridos em sites comerciais, mas
sim através da oferta de conteúdo de qualidade dis-
� Geração do desejo, que e o desenvolvimento ponibilizado gratuitamente, onde o contato do cliente
do momento exato em que a persuasão levou com a instituição bancária e estabelecida inicialmente.
D o cliente até o contato com a instituição. A intenção do método de Marketing de Atração é
de que o cliente, inicialmente, perceba a qualidade
da instituição bancária, por meio da produção de tal
conteúdo autoral e de acesso massivo para todos que
Canais digitais em que as instituições bancárias se tenham interesse.
utilizam de técnicas de Copynwriting: Após a relação inicial do cliente com a instituição,
devido ao método do InboUnd Marketing, é gerada
z Pop-up; a apresentação de outro produto ou serviço vincula-
z Grupos de discussão; do ao que é apresentado qualitativamente de forma
278 z Anúncios; gratuita.
Métodos de InboUnd Marketing: Não podemos esquecer que você se tornará um
negociador e, como tal, não poderá deixar-se levar
z Cursos gratuitos em plataformas como o Youtube; por condutas contrárias à ética, como corrupção, pro-
z Seminários exclusivos por meio de programas de pinas, benesses ou favores imorais. Ainda, há que se
videoconferência como o Google Meet; levar em consideração o complience da organização
– termo em inglês que pode ser traduzido como “estar
em conformidade com as regras e diretrizes da organi-
zação”, o qual visa dar segurança, minimizando riscos
ÉTICA E CONDUTA PROFISSIONAL EM inerentes. A busca é pela garantia do cumprimento
das regras estabelecidas, sejam de normas internas ou
VENDAS
de leis que regem a conduta das organizações.
Para adentrarmos no assunto, em primeiro lugar,
Pontualidade
é necessário compreender o termo ética. A Ética é

Etiqueta Empresarial
uma ciência oriunda da Filosofia. Ética vem do termo
Comportamento
“ethos”, que significa usos ou costumes, compreen-
dendo, também, conduta, caráter e atitude. Não se
confunde, portanto, com a moral, a qual está mais
relacionada à prática, que, por sua vez, é influenciada Vestimenta
pelo meio. Ética, pois, é adquirida pelo estudo.
Jogo de Cintura e Respeito

Ética Moral CÓDIGO DE ÉTICA DA CAIXA

A Caixa tem seu próprio Código de Ética. Vejamos


seus principais pontos.
+ Ampla e
+ Restrita Respeito
Abrangente

Na Caixa, as pessoas são tratadas com ética e res-


Universal Princípios e peito. Repudia-se todas as atitudes de preconceito
Cultural e Costumes
Valores relacionadas à origem, raça, gênero, cor, idade, reli-
gião, credo, classe social, incapacidade física e quais-
Prática, Mutável e quer outras formas de discriminação.
Teórica, Duradoura e Respeita-se e valoriza-se os clientes e seus direitos
Influenciada pelo
Adquirida pelo estudo
meio de consumidores, com a prestação de informações
corretas, cumprimento dos prazos acordados e ofere-
O indivíduo é um ser muito complexo. Cada um de cimento de alternativa para satisfação de suas neces-
nós tem uma forma de pensar e agir que, em algum sidades de negócios com a Caixa. O sigilo e a segurança
momento, pode ser certa ou errada. Essa complexi- das informações são sempre preservados.
dade passa a ser crucial, para que tenhamos um con- Preserva-se a dignidade de dirigentes, empregados
junto de regras (escritas ou não escritas) no intuito de e parceiros, em qualquer circunstância, com a deter-
mantermo-nos no caminho. minação de eliminar qualquer situação de provoca-
Neste sentido, pode-se dizer que necessitamos de ção e constrangimento no ambiente de trabalho.
normas e imperativos morais, para que nossas deci- Os patrocínios estabelecidos atentam para o res-
sões sejam pautadas de maneira mais sólida. Ainda, peito aos costumes, tradições e valores da sociedade,
o que é certo para mim, pode ser errado para você. bem como a preservação do meio ambiente.
Cada um de nós possui uma linha de pensamento, a
qual pode ser convergente ou divergente em algum Honestidade
momento. Portanto, as regras são importantes para
criar uma linha de padrão na conduta tida como ideal. No exercício profissional, os interesses da Caixa
As organizações tendem a possuir um conjunto de estão em 1º lugar na mente de seus empregados e diri-
regras, a fim de nortear o colaborador no dia a dia. Na gentes, em detrimento de interesses pessoais, de gru-
Administração Pública, temos leis e códigos capazes de pos ou de terceiros, de forma a resguardar a lisura dos
ATENDIMENTO BANCÁRIO

orientar o agente público. Por exemplo, o Código de Ética seus processos e de sua imagem.
da Administração Pública Federal – Decreto 1.171/94 – tra- Os negócios, os recursos da sociedade e os recur-
ta de regras, deveres e vedações, com o intuito de demons- sos dos fundos e programas que administramos são
trar ao agente público como deve ser a sua conduta, tanto geridos com honestidade, oferecendo oportunidades
no exercício da função como também fora dela. iguais nas transações e relações de emprego.
A boa conduta passa pela importância da etiqueta Não se admite qualquer relacionamento ou prática
empresarial, definindo qual deve ser a postura ade- desleal de comportamento que resulte em conflito de
quada mediante tantas situações que podem ocorrer. interesses e que esteja em desacordo com o mais alto
Por sua vez, etiqueta empresarial passa pelo bom padrão ético, ou ainda, que fragilize a imagem da Caixa.
comportamento e educação, cerimoniais importantes Atitudes que privilegiem fornecedores e pres-
no trato entre as pessoas. A pontualidade, o comporta- tadores de serviços, sob qualquer pretexto, são
mento, a forma de vestir, o jogo de cintura e o respeito condenadas, assim como a solicitação de doações,
são instrumentos que devem ser levados em conside- contribuições de bens materiais ou valores a parcei-
ração pelos profissionais de vendas. ros comerciais ou institucionais em nome da Caixa. 279
Compromisso Como observamos anteriormente, o cliente terá
uma determinada experiência e a sua percepção deve
Os dirigentes, empregados e parceiros têm compro- ser maior que a expectativa; dessa maneira, conquis-
misso permanente com o cumprimento das leis, das taremos o cliente e, com isso, a sua fidelidade, haja vis-
normas e dos regulamentos internos e externos que ta o que move o atendimento hoje é o relacionamento.
regem a instituição, sempre com o mais elevado padrão Existem certos pontos interessantes que serão
ético no exercício de suas atribuições profissionais. benéficos para se manter um padrão de qualidade,
O relacionamento com clientes, fornecedores, cor- claro que sem “engessar” o atendimento, já que ele
respondentes, coligadas, controladas, patrocinadas, é um serviço e você já conhece as características que
associações e entidades de classe são pautados pelos norteiam o serviço.
princípios do Código de Ética. O atendimento tem certas utilidades, a começar:
O compromisso de oferecer produtos e serviços de
qualidade que atendam ou superem as expectativas z Recepcionar: É o primeiro momento com o cliente
dos nossos clientes é sempre uma prioridade. e, portanto, deve causar uma boa impressão. Nesse
A participação voluntária em atividades sociais quesito, é importante o cumprimento adequado,
destinadas a resgatar a cidadania do povo brasileiro como: bom dia, boa tarde, boa noite. Trate-o pelo
é amplamente incentivada. nome e use as expressões de senhor ou senhora
(independente da idade);
Transparência z Informar: Todos nós esperamos receber informa-
ções compreensíveis e concisas de forma correta.
As relações da Caixa com os segmentos da socie- Se você não souber uma determinada informa-
dade são pautadas no princípio da transparência e na ção, peça um instante para obtê-la e a repasse ao
adoção de critérios técnicos. cliente;
Como empresa pública, o comprometimento com z Orientação: Um dos papéis da linha de atendi-
a prestação de contas das atividades, dos recursos por mento é orientar o cliente, seja nos próximos pas-
nós geridos e com a integridade dos nossos controles sos ou nas situações do momento;
é essencial. z Amenizar: É de responsabilidade também do pes-
Aos clientes, parceiros comerciais, fornecedores e soal da linha de frente acalmar o cliente em um
à mídia dispensa-se tratamento equânime na dispo- momento de tensão. Assim, é preciso saber lidar
nibilidade de informações claras e tempestivas, por com uma situação de conflito e “destempero”;
meio de fontes autorizadas e no estrito cumprimento z Agilidade: O cliente tem pressa e, a depender do
dos normativos a que estamos subordinados. tipo de serviço de que necessita, será menos fle-
Aos empregados são oferecidas oportunidades de xível ainda. Então, a rapidez no atendimento é
ascensão profissional com critérios claros e do conhe- imprescindível;
cimento de todos. z Comunicação: É o elo entre as partes, por isso, é
Valoriza-se o processo de comunicação interna, preciso reduzir os possíveis ruídos para que haja
disseminando informações relevantes relacionadas entendimento no que está sendo repassado.
aos negócios e às decisões corporativas.
Você percebeu a necessidade de certos padrões
Responsabilidade para manter no “eixo” o atendimento? Com isso, a
organização conseguirá alcançar os objetivos do aten-
As ações da instituição são pautadas nos precei- dimento e do relacionamento interpessoal, como: a
tos e valores éticos, de forma a resguardar a Caixa de satisfação dos clientes, a diferenciação, o aumento
ações e atitudes inadequadas à sua missão e imagem e de clientes, a boa interação e, claro, a qualidade no
a não prejudicar ou comprometer dirigentes e empre- atendimento.
gados, direta ou indiretamente.
Zela-se pela proteção do patrimônio público, com a MARKETING DE RELACIONAMENTO
adequada utilização das informações, dos bens, equi-
pamentos e demais recursos colocados à disposição O foco do marketing de relacionamento está nos
para a gestão eficaz dos negócios. clientes já existentes. É claro que toda organização
A preservação ambiental nos projetos desenvolvi- deseja conquistar novos clientes, mas apostar em
dos pela instituição é sempre objetivada, uma vez que uma relação permanente e duradoura fará até mes-
a vida depende diretamente da qualidade do meio mo com que a organização consiga uma economia nos
ambiente. seus gastos de marketing e publicidade de maneira
Além disso, a proteção contra qualquer forma de surpreendente.
represália ou discriminação profissional como forma Para que uma empresa possa ter seu foco nos
de preservar os valores da Caixa é sempre garantida. clientes já existentes e não somente na angariação de
novos, conseguir apostar no marketing relacional e
fidelizar seus clientes, deverá ter em atenção alguns
pontos: conhecer bem o cliente, saber comunicar
e escutar as suas necessidades e reconhecer a sua
PADRÕES DE QUALIDADE NO fidelidade.
ATENDIMENTO AOS CLIENTES Problemas com relacionamento e atendimento
existirão, mas é preciso afastar os fatores que podem
Quando o assunto é cliente, você já sabe que preci- potencializar a perda de clientes, que normalmente
sa entregar algo de valor para ele. Satisfazer às neces- ocorrem por negligência em alguma área.
sidades e atender às expectativas dele deve ser o foco No atendimento, as negligências são conhecidas
280 das organizações. como sete pecados capitais:
z Apatia: Relacionada à indiferença no tratamento,
sem demonstração de interesse; COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
z Má vontade: Falta de ação ou atitude por parte do E SUA RELAÇÃO COM VENDAS E
atendente; NEGOCIAÇÃO
z Frieza: Atendimento entendido como distante,
sem observar os desejos do cliente; O comportamento do consumidor pode ser compreen-
z Desdém: Quando o atendente demonstra um dido como um estudo que tem como objetivo analisar os
“ar” de superioridade e trata o cliente com certo sentimentos e as percepções que direcionam o possí-
vel cliente a comprar. As decisões tomadas pelo cliente
desprezo; baseiam-se nessas duas situações (sentimentos e percep-
z Robotismo: Atendimento engessado; ções). Portanto, é crucial que a organização seja efetiva
z Apego às normas: Atendimento sem flexibilidade; e saiba lidar com as dificuldades do dia a dia. Podemos
z Jogo de Responsabilidade: Quando o atendente entender esse processo como uma jornada, avançando
não assume a responsabilidade e “joga” para os um passo de cada vez para fazer com que o cliente tome a
demais ou outros setores. decisão de adquirir o produto ou o serviço.
Os gestores devem, por meio da gestão estratégica
e do marketing, estudar o comportamento dos clien-
tes ou potenciais clientes. O propósito é compreender
possíveis mudanças e, consequentemente, nivelar as
UTILIZAÇÃO DE CANAIS REMOTOS ações de vendas para que o cliente continue compran-
do da organização.
PARA VENDAS
O comportamento de compra complexo envolve
Como hoje em dia as vendas, tanto em bancos um processo de três etapas. Primeiro, o comprador
digitais, quanto em bancos comerciais, são baseadas, desenvolve crenças sobre o produto. Segundo, ele
majoritariamente, em canais online, a utilização de desenvolve atitudes sobre o produto. Terceiro, ele
recursos como o Internet Banking, mobile Banking, ou faz uma escolha refletida. (KOTLER, 2000, p. 199)
mesmo canais de atendimento em outros sites, em que Há todo um processo envolvido e, para garantir o
as instituições bancárias se utilizam desses sites para sucesso, é preciso usar certas etapas para fazer com
oferecer soluções remotas representa grande parte da que o cliente crie uma relação com o processo de ven-
lucratividade do setor bancário. das e negociação.
Nesse sentido, métodos como a geração de leeds, os Deve-se, primeiramente, fazer com que o cliente per-
chamados gatilhos mentais, a computação cognitiva, ceba a existência de um problema (às vezes, o cliente
a inteligência artificial aplicada ao setor bancário e desconhece o seu próprio problema). Após o reconhe-
a vendas além do aprendizado de máquina, são ele- cimento, é preciso que a área de vendas e negociação
mentos fundamentais para que os recursos mobile e desenvolva um trabalho capaz de mostrar que a organi-
zação solucionará o problema. Quando já se tem a con-
os recursos digitais e remotos de atendimento sejam
sideração da solução, entra-se na fase de ativar gatilhos
eficientes na venda.
mentais, como urgência e exclusividade. Por fim, vem a
Pode-se considerar, como canais remotos, os pró- decisão de compra, pois o cliente já compreende o seu
prios aplicativos das instituições bancárias, nos quais próprio problema e também que existe uma solução;
ocorre a chamada relação entre interface e venda com agora, cabe às vendas e à negociação oferecer o produto
o cliente. Inclusive, muitas vezes, essa relação é estabe- ou serviço que atenda a essa necessidade.
lecida de forma mecanizada, seja por meio de robôs, O que fará um cliente fechar com uma organiza-
seja por meio de chats previamente estabelecidos. É ção ou outra é a diferenciação, ou seja, entregar algo
evidente que a venda é feita não da interação cognitiva que realmente agregue valor, buscando sempre o
através do aplicativo, e sim do relacionamento direto dinamismo nas ações e enfatizando o relacionamento
do cliente com o escriturário, o que é muito mais efi- interpessoal entre vendedores e clientes.
ciente, e tem um percentual muito maior de finalização Vínculos sociais e a amizade recíproca entre com-
de vendas, afinal o vendedor tem capacidade maior de pradores e vendedores têm um resultado favorável
persuasão para superar as objeções apresentadas pelo para as empresas de venda, tanto no lado financeiro,
cliente no relacionamento, situação que muitas vezes quanto na confiança com cliente, no compromisso e
um robô não consegue solucionar. na cooperação nos negócios, sendo importante um
bom atendimento ao cliente. (DURZET, 2007, p. 98).
ATENDIMENTO BANCÁRIO

CANAIS REMOTOS DE VENDAS


Podemos perceber que a venda vai depender do
relacionamento que ocorre entre os dois (cliente e
vendedor); por isso, o vendedor deve demonstrar
empatia, saber ouvir, ter boa capacidade de se rela-
cionar com as pessoas, aparentar-se bem e possuir
Relação de excelente capacidade de negociação. Além disso, pre-
cisa conhecer bem o produto ou serviço que negocia e
compra
Canal saber lidar com todos os tipos de emoções.
remoto
oferecido
Escriturário ao clinete
Relacionamento Negociação Venda
ou Chat Boot

281
POLÍTICA DE RELACIONAMENTO COM Ética

O CLIENTE
Responsabilidade

RESOLUÇÃO Nº 4.539, DE 24 DE NOVEMBRO DE


2016 Transparência

Princípios
Inicialmente, cabe destacar que o Banco Central Diligência
do Brasil – BACEN –, de acordo com o seu endereço
eletrônico institucional, é o guardião dos valores do
Segurança
Brasil. Ele constitui uma autarquia de natureza espe-
cial criada pela Lei nº 4.595, de 1964 e com autonomia
estabelecida pela Lei Complementar nº 179, de 2021. Competência
Como o BACEN é uma autarquia, pode-se dizer que
ela possui autonomia nas suas funções, não sendo Não obstante à necessidade de observação dos
subordinada a nenhum outro órgão público. Ela pos- princípios presentes no art. 2º, o art. 3º aponta outras
sui diversas atribuições, como a de responsabilidade providências que devem ser observadas e garantidas.
pela estabilidade da economia brasileira e a de regula- Vejamos:
mentação do sistema financeiro brasileiro1.
Art. 3º A observância do disposto no art. 2º requer,
A Resolução em estudo dispõe acerca dos prin- entre outras, as seguintes providências:
cípios e da política institucional de relacionamento I - promover cultura organizacional que incenti-
entre clientes e usuários de produtos e de serviços ve relacionamento cooperativo e equilibrado
financeiros, sendo, por isso, de suma importância com clientes e usuários;
para o concurso almejado. Para o estudo dela, é bom II - dispensar tratamento justo e equitativo a
que o leitor tenha contato com a legislação pura, pois clientes e usuários; e
III - assegurar a conformidade e a legitimidade
as bancas costumam cobrar a literalidade da lei.
de produtos e de serviços.
O art. 1º, da Resolução nº 4.539, de 2016, dispõe Parágrafo único. O tratamento justo e equitativo a
sobre o relacionamento entre clientes e usuários. clientes e usuários de que trata o inciso II do caput
Vejamos: abrange, inclusive:
I - a prestação de informações a clientes e
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre princípios usuários de forma clara e precisa, a respeito de
a serem observados no relacionamento com produtos e serviços;
clientes e usuários e sobre a elaboração e imple- II - o atendimento a demandas de clientes e usuá-
rios de forma tempestiva; e
mentação de política institucional de relaciona-
III - a inexistência de barreiras, critérios ou proce-
mento com clientes e usuários de produtos e de
dimentos desarrazoados para a extinção da rela-
serviços pelas instituições financeiras e demais ins- ção contratual relativa a produtos e serviços, bem
tituições autorizadas a funcionar pelo Banco Cen- como para a transferência de relacionamento para
tral do Brasil. outra instituição, a pedido do cliente.
§ 1º O disposto nesta Resolução não se aplica às
administradoras de consórcio e às instituições de
pagamento, que devem seguir as normas editadas Importante!
pelo Banco Central do Brasil no exercício de sua
O inciso II, do art. 3º, aponta que as demandas de
competência legal.
clientes e usuários deverão ser atendidas de forma
§ 2º Para efeito desta Resolução, o relacionamento
tempestiva. Esse tema é polêmico e está relacio-
com clientes e usuários abrange as fases de pré-
nado à “Lei da fila” (Lei Estadual 7.878, de 1999), a
-contratação, de contratação e de pós-contratação
qual regulamenta o tempo de espera pelos atendi-
de produtos e de serviços.
mentos. A Resolução em estudo não faz menção
ao horário e tempo de atendimento, mas dispõe
Pela leitura do dispositivo, podemos identificar
que ele deve ser realizado de forma tempestiva.
que a Resolução estipula que a relação entre clientes e
usuários deve ser pautada em princípios norteadores.
Esses princípios estão dispostos no art. 2º dessa Reso- O art. 4º dispõe sobre a elaboração e implementa-
lução. Vejamos: ção da Política Institucional de Relacionamento com
Clientes e Usuários. Vejamos:
Art. 2º As instituições de que trata o art. 1º, no rela-
Art. 4º As instituições de que trata o art. 1º devem
cionamento com clientes e usuários de produtos e
elaborar e implementar política institucional de
de serviços, devem conduzir suas atividades com
relacionamento com clientes e usuários que con-
observância de princípios de ética, responsabili- solide diretrizes, objetivos estratégicos e valores
dade, transparência e diligência, propiciando organizacionais, de forma a nortear a condução de
a convergência de interesses e a consolidação de suas atividades em conformidade com o disposto
imagem institucional de credibilidade, segurança no art. 2º.
e competência. § 1º A política de que trata o caput deve:

1 BONA, André. BACEN: o que é e o que faz o Banco Central do Brasil? Disponível em: https://andrebona.com.br/bacen-o-que-e-e-o-que-faz-o-
282 banco-central-do-brasil/. Acesso em: 24 jun. 2021.
I - ser aprovada pelo conselho de administração ou, Art. 6º Em relação à política institucional de rela-
na sua ausência, pela diretoria da instituição; cionamento com clientes e usuários, as instituições
II - ser objeto de avaliação periódica; de que trata o art. 1º devem instituir mecanismos
III - definir papéis e responsabilidades no âmbito da de acompanhamento, de controle e de mitigação de
instituição; riscos com vistas a assegurar:
IV - ser compatível com a natureza da instituição e I - a implementação das suas disposições;
com o perfil de clientes e usuários, bem como com II - o monitoramento do seu cumprimento, inclusive
as demais políticas instituídas; por meio de métricas e indicadores adequados;
V - prever programa de treinamento de emprega- III - a avaliação da sua efetividade; e
dos e prestadores de serviços que desempenhem IV - a identificação e a correção de eventuais
atividades afetas ao relacionamento com clientes e deficiências.
usuários; § 1º Os mecanismos de que trata o caput devem
VI - prever a disseminação interna de suas dispo- ser submetidos a testes periódicos pela auditoria
sições; e interna, consistentes com os controles internos da
VII - ser formalizada em documento específico. instituição.
§ 2º Admite-se que a política de que trata o caput § 2º Os dados, os registros e as informações relati-
seja unificada por: vas aos mecanismos de controle, processos, testes e
I - conglomerado; ou trilhas de auditoria devem ser mantidos à disposi-
II - sistema cooperativo de crédito. ção do Banco Central do Brasil pelo prazo mínimo
§ 3º As instituições que não constituírem política de cinco anos.
própria em decorrência da faculdade prevista no §
2º devem formalizar a decisão em reunião do con- Para que haja fiscalização do cumprimento das
selho de administração ou da diretoria. normas e diretrizes principiológicas estabelecidas por
§ 4º O documento de que trata o inciso VII do § 1º essa Resolução, o art. 7º destaca que deverá ser indica-
deve ser mantido à disposição do Banco Central do do um diretor responsável pela observância dos dis-
Brasil. positivos dessa Resolução.

Por sua vez, o art. 5º dispõe sobre o gerenciamen- Art. 7º As instituições de que trata o art. 1º devem
to da Política Institucional mencionada no artigo indicar diretor responsável pela observância do
anterior. disposto nesta Resolução.
Art. 8º Fica o Banco Central do Brasil autoriza-
Art. 5º As instituições devem assegurar a consis- do a baixar as normas e a adotar as medidas jul-
tência de rotinas e de procedimentos operacionais gadas necessárias à execução do disposto nesta
afetos ao relacionamento com clientes e usuários, Resolução.
bem como sua adequação à política institucional
de relacionamento de que trata o art. 4º, inclusive Chegamos ao fim da Resolução nº 4.539, de 2016.
quanto aos seguintes aspectos: Por isso, reforçamos que é de suma importância que
I - concepção de produtos e de serviços; você, futuro(a) técnico(a) bancário(a) da Caixa Eco-
II - oferta, recomendação, contratação ou distribui- nômica Federal, tenha em mente a disposição literal
ção de produtos ou serviços; dos artigos mencionados aqui, uma vez que a banca
III - requisitos de segurança afetos a produtos e a examinadora pode misturar a redação dos artigos de
serviços; modo a confundir e a induzir o candidato ao erro.
IV - cobrança de tarifas em decorrência da presta-
ção de serviços;
V - divulgação e publicidade de produtos e de
serviços;
VI - coleta, tratamento e manutenção de informa- RESOLUÇÃO CMN Nº 4.860, DE 23 DE
ções dos clientes em bases de dados; OUTUBRO DE 2020
VII - gestão do atendimento prestado a clientes e
usuários, inclusive o registro e o tratamento de
A presente Resolução CMN nº 4.860, de 2020, dispõe
demandas;
sobre a constituição e o funcionamento de componente
VIII - mediação de conflitos;
IX - sistemática de cobrança em caso de inadimple- organizacional de ouvidoria pelas instituições autori-
mento de obrigações contratadas; zadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (Bacen).
X - extinção da relação contratual relativa a produ- A intenção da Resolução é explicitada no art. 1º:
tos e serviços;
ATENDIMENTO BANCÁRIO

XI - liquidação antecipada de dívidas ou de Art. 1º Esta Resolução disciplina a constituição e


obrigações; o funcionamento de componente organizacional de
XII - transferência de relacionamento para outra ouvidoria pelas instituições que especifica.
instituição, a pedido do cliente; e
XIII - eventuais sistemas de metas e incentivos O art. 2º aponta quais instituições devem consti-
ao desempenho de empregados e de terceiros que tuir as ouvidorias:
atuem em seu nome.
§ 1º Com relação ao disposto nos incisos I e II do Art. 2º O componente organizacional de ouvidoria
caput, e em observância ao art. 3º, parágrafo único, deve ser constituído pelas instituições autoriza-
inciso I, as instituições devem estabelecer o perfil das a funcionar pelo Banco Central do Brasil que
dos clientes que compõem o público-alvo para os tenham clientes pessoas naturais, inclusive empre-
produtos e serviços disponibilizados, considerando sários individuais, ou pessoas jurídicas classifica-
suas características e complexidade. das como microempresas e empresas de pequeno
§ 2º O perfil referido no § 1º deve incluir informa- porte, nos termos da Lei Complementar nº 123, de
ções relevantes para cada produto ou serviço. 14 de dezembro de 2006. 283
Parágrafo único. Ficam dispensados de constituir Art. 5º É admitido o compartilhamento de ouvi-
ouvidoria os bancos comerciais sob controle doria pelas instituições, observadas as seguintes
societário de bolsas de valores, de bolsas de mer- situações e regras:
cadorias e futuros ou de bolsas de valores e de mer- I - a instituição integrante de conglomerado com-
cadorias e futuros que desempenhem exclusivamente posto por pelo menos duas instituições autorizadas
funções de liquidante e custodiante central, prestando a funcionar pelo Banco Central do Brasil pode com-
serviços às bolsas e aos agentes econômicos res- partilhar a ouvidoria constituída em qualquer das
ponsáveis pelas operações nelas cursadas. instituições autorizadas a funcionar;
II - a instituição não enquadrada no disposto no
De acordo com o caput do art. 2º, a ouvidoria deverá
inciso I do caput pode compartilhar a ouvidoria
ser constituída pelas instituições esquematizadas a seguir:
constituída:
a) em empresa ligada, conforme definição de que
trata o § 1º; ou
Instituições autorizadas a
b) na associação de classe a que seja filiada ou na
funcionar pelo Banco Central
bolsa de valores ou bolsa de mercadorias e futuros
do Brasil, que tenham como
ou bolsa de valores e de mercadorias e futuros nas
clientes
quais realize operações;
III - a cooperativa singular de crédito filiada a coo-
perativa central pode compartilhar a ouvidoria
constituída na respectiva cooperativa central, con-
federação de cooperativas de crédito ou banco do
Pessoas Pessoas
sistema cooperativo; e
Jurídicas Naturais
IV - a cooperativa singular de crédito não filiada a
cooperativa central pode compartilhar a ouvidoria
constituída em cooperativa central, federação de
cooperativas de crédito, confederação de cooperati-
z Microempresas Incluindo os vas de crédito ou associação de classe da categoria.
de pequeno porte empresários § 1º Para efeito do disposto no inciso II, alínea «a»,
z Microempresas individuais do caput, consideram-se ligadas entre si as institui-
ções autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil e as empresas não autorizadas a funcionar
Logo em seguida, temos o importantíssimo Capítu- pelo Banco Central do Brasil:
lo II desta Resolução, “Da finalidade”, que aponta as I - as quais uma participe com 10% (dez por cento) ou
finalidades que deverão ser alcançadas pela ouvido- mais do capital da outra, direta ou indiretamente; e
ria. Vejamos: II - as quais acionistas com 10% (dez por cento) ou
mais do capital de uma participem com 10% (dez
Art. 3º A ouvidoria tem por finalidade: por cento) ou mais do capital da outra, direta ou
I - atender em última instância as demandas dos indiretamente.
clientes e usuários de produtos e serviços que não § 2º O disposto no inciso II, alínea «b», do caput,
tiverem sido solucionadas nos canais de aten- não se aplica a bancos comerciais, bancos múl-
dimento primário da instituição; e tiplos, caixas econômicas, sociedades de crédito,
II - atuar como canal de comunicação entre a
financiamento e investimento, associações de pou-
instituição e os clientes e usuários de produtos
e serviços, inclusive na mediação de conflitos. pança e empréstimo e sociedades de arrendamento
Parágrafo único. Para efeitos desta Resolução, con- mercantil que realizem operações de arrendamento
sidera-se primário o atendimento habitual realiza- mercantil financeiro.
do em quaisquer pontos ou canais de atendimento, § 3º O disposto nos incisos II, alínea «b», e IV, do
incluídos os correspondentes no País e o Serviço de caput, somente se aplica a associação de classe ou
Atendimento ao Consumidor (SAC) de que trata o bolsa que possuir código de ética ou de autorregu-
Decreto nº 6.523, de 31 de julho de 2008. lação efetivamente implantado, ao qual a institui-
ção tenha aderido.
Perceba que o inciso I do art. 3º aponta que as ouvi-
dorias somente irão atender as demandas em última
O capítulo IV da Resolução trata especificamen-
instância, o que quer dizer que as demandas deverão
te do funcionamento das ouvidorias, incluindo suas
passar primeiramente por outros meios e canais de
atendimento primário da instituição e, somente caso atribuições, formas de funcionamento, seus deveres,
estas não puderem ser solucionadas, então serão des- entre outras atribuições. Inicialmente, de acordo com
tinadas às ouvidorias. o disposto no art. 6º, a ouvidoria deverá abranger as
Já o capítulo III desta Resolução trata da organiza- seguintes atividades:
ção e estrutura da ouvidoria:

Art. 4º A estrutura da ouvidoria deve ser compatí- ATIVIDADES DAS OUVIDORIAS (ART. 6º)
vel com a natureza e a complexidade dos produtos, I - atender, registrar, instruir, analisar e dar tratamento
serviços, atividades, processos e sistemas de cada formal e adequado às demandas dos clientes e usuá-
instituição. rios de produtos e serviços
Parágrafo único. A ouvidoria não pode estar vin-
culada a componente organizacional da ins- II - prestar esclarecimentos aos demandantes acerca
tituição que configure conflito de interesses do andamento das demandas, informando o prazo pre-
ou de atribuições, a exemplo das unidades res- visto para resposta
ponsáveis por negociação de produtos e serviços,
gestão de riscos, auditoria interna e conformidade III - encaminhar resposta conclusiva para a demanda no
284 (compliance). prazo previsto
ATIVIDADES DAS OUVIDORIAS (ART. 6º) Parágrafo único. As informações relativas às
demandas recebidas pela ouvidoria devem perma-
IV - manter o conselho de administração, ou, na sua
necer registradas no sistema mencionado no inci-
ausência, a diretoria da instituição, informado sobre os
so I pelo prazo mínimo de cinco anos, contados da
problemas e deficiências detectados no cumprimento
data da protocolização da ocorrência.
de suas atribuições e sobre o resultado das medidas
adotadas pelos administradores para solucioná-los
O capítulo V trata das exigências formais que ver-
sam sobre as ouvidorias e engloba pontos específi-
Dentre as atividades realizadas pela ouvidoria está
cos, como formulação do estatuto ou contrato social,
o atendimento adequado às demandas dos clientes e
usuários de produtos e serviços. Esse atendimento designação de responsáveis, designação de nomes do
deverá atender os critérios expostos a seguir: ouvidor, entre outras disposições. Neste momento, é
importante o contato com a legislação pura, vez que,
Art. 6º [...] usualmente, as bancas cobram a literalidade da lei.
§ 1º O atendimento prestado pela ouvidoria: Realizamos destaques na legislação para que tornem
I - deve ser identificado por meio de número de a leitura mais fluida e de fácil memorização:
protocolo, o qual deve ser fornecido ao demandante;
II - deve ser gravado, quando realizado por tele- Art. 8º O estatuto ou o contrato social, conforme a
fone, e, quando realizado por meio de documento natureza jurídica da sociedade, deve dispor, de for-
escrito ou por meio eletrônico, arquivada a res- ma expressa, sobre os seguintes aspectos:
pectiva documentação; e I - a finalidade, as atribuições e as atividades
III - pode abranger:
da ouvidoria;
a) excepcionalmente, as demandas não recepciona-
II - os critérios de designação e de destituição do
das inicialmente pelos canais de atendimento pri-
ouvidor;
mário; e
b) as demandas encaminhadas pelo Banco Central III - o tempo de duração do mandato do ouvi-
do Brasil, por órgãos públicos ou por outras entida- dor, fixado em meses; e
des públicas ou privadas. IV - o compromisso formal no sentido de:
§ 2º O prazo de resposta para as demandas não a) criar condições adequadas para o funcionamen-
pode ultrapassar dez dias úteis, podendo ser pror- to da ouvidoria, bem como para que sua atuação
rogado, excepcionalmente e de forma justificada, seja pautada pela transparência, independên-
uma única vez, por igual período, limitado o núme- cia, imparcialidade e isenção; e
ro de prorrogações a 10% (dez por cento) do total b) assegurar o acesso da ouvidoria às informa-
de demandas no mês, devendo o demandante ser ções necessárias para a elaboração de resposta
informado sobre os motivos da prorrogação. adequada às demandas recebidas, com total apoio
administrativo, podendo requisitar informações e
Já o art. 7º se refere às outras instituições que documentos para o exercício de suas atividades no
devem atender aos critérios elencados. São essas ins- cumprimento de suas atribuições.
tituições aquelas autorizadas a funcionar pelo Banco § 1º Os aspectos mencionados no caput devem ser
Central do Brasil que tenham clientes pessoas natu- incluídos no estatuto ou no contrato social na pri-
rais, inclusive empresários individuais, ou pessoas meira alteração que ocorrer após a constituição da
jurídicas classificadas como microempresas e empre- ouvidoria.
sas de pequeno porte, vide art. 2º desta Resolução. § 2º As alterações estatutárias ou contratuais exigi-
das por esta Resolução relativas às instituições que
Art. 7º As instituições referidas no art. 2º devem: optarem pela faculdade prevista no art. 5º, incisos
I - manter sistema de informações e de controle I e III, podem ser promovidas somente pela institui-
das demandas recebidas pela ouvidoria, de forma a: ção que constituir a ouvidoria.
a) registrar o histórico de atendimentos, as infor- § 3º As instituições que não constituírem ouvidoria
mações utilizadas na análise e as providências ado- própria em decorrência da faculdade prevista no
tadas; e art. 5º, incisos II e IV, devem ratificar a decisão na
b) controlar o prazo de resposta; primeira assembleia geral ou na primeira reunião
II - dar ampla divulgação sobre a existência da
de diretoria realizada após tal decisão.
ouvidoria, sua finalidade, suas atribuições e for-
mas de acesso, inclusive nos canais de comunica-
ção utilizados para difundir os produtos e serviços; Retomando novamente o conceito e as instituições
III - garantir o acesso gratuito dos clientes e dos referidas no art. 2º (instituições autorizadas a funcio-
ATENDIMENTO BANCÁRIO

usuários ao atendimento da ouvidoria, por meio nar pelo Banco Central do Brasil que tenham clientes
de canais ágeis e eficazes, inclusive por telefone, pessoas naturais, inclusive empresários individuais,
cujo número deve ser: ou pessoas jurídicas classificadas como microempre-
a) divulgado e mantido atualizado em local sas e empresas de pequeno porte), o art. 9º dita que
visível ao público no recinto das suas dependên- essas instituições deverão designar os nomes do ouvi-
cias e nas dependências dos correspondentes no
dor e do direito responsável pela ouvidoria:
País, bem como nos respectivos sítios eletrônicos
na internet, acessível pela sua página inicial;
b) informado nos extratos, comprovantes, inclusive Art. 9º As instituições referidas no art. 2º devem desig-
eletrônicos, contratos, materiais de propaganda e nar perante o Banco Central do Brasil os nomes do
de publicidade e demais documentos que se desti- ouvidor e do diretor responsável pela ouvidoria.
nem aos clientes e usuários; e § 1º O diretor responsável pela ouvidoria pode
c) inserido e mantido permanentemente atua- desempenhar outras funções na instituição,
lizado em sistema de registro de informações inclusive a de ouvidor, exceto a de diretor de admi-
do Banco Central do Brasil. nistração de recursos de terceiros. 285
§ 2º Nos casos dos bancos comerciais, bancos múl- Parágrafo único. O relatório de que trata o caput
tiplos, caixas econômicas, sociedades de crédito, deve ser encaminhado à auditoria interna, ao comi-
financiamento e investimento, associações de pou- tê de auditoria, quando constituído, e ao conselho
pança e empréstimo e sociedades de arrendamento de administração ou, na sua ausência, à diretoria
mercantil que realizem operações de arrendamento da instituição.
mercantil financeiro, que estejam sujeitos à obri-
Art. 13 As instituições referidas no art. 2º devem
gatoriedade de constituição de comitê de audito-
ria, na forma da regulamentação, o ouvidor não divulgar semestralmente, nos respectivos sítios
poderá desempenhar outra função, exceto a de eletrônicos na internet, as informações relativas às
diretor responsável pela ouvidoria. atividades desenvolvidas pela ouvidoria, inclusi-
§ 3º Nas situações em que o ouvidor desempe- ve os dados relativos à avaliação direta da quali-
nhe outra atividade na instituição, essa atividade dade do atendimento de que trata o art. 16.
não pode configurar conflito de interesses ou de Art. 14 O Banco Central do Brasil poderá estabele-
atribuições. cer o conteúdo, a forma, a periodicidade e o prazo
Art. 10. Nas hipóteses previstas no art. 5º, incisos I, de remessa de dados e de informações relativos às
III e IV, o ouvidor deve: atividades da ouvidoria.
I - responder por todas as instituições que compar-
tilharem a ouvidoria; e
II - integrar os quadros da instituição que constituir A avaliação direta da qualidade do atendimento
a ouvidoria. mencionada no art. 13 é uma ferramenta de satisfa-
ção dos usuários e clientes, que avaliam o atendimen-
Para auxiliar seu entendimento, vejamos esque- to prestado pela ouvidoria.
maticamente o disposto no art. 10, incluindo os incisos Seguindo o estudo da Resolução CMN nº 4.860, de
do art. 5º mencionados: 2020, o capítulo VII trata da certificação, ou seja, ocor-
rerá um exame de certificação para que os integrantes
Ouvidor deve: da ouvidoria que realizam as atividades do art. 6º des-
ta Resolução sejam considerados aptos. Acompanhe a
z I - a instituição integrante de conglomerado com-
seguir:
posto por pelo menos duas instituições autoriza-
das a funcionar pelo Banco Central do Brasil pode
Art. 15 As instituições referidas no art. 2º devem
compartilhar a ouvidoria constituída em qualquer
adotar providências para que os integrantes da
das instituições;
z III - a cooperativa singular de crédito filiada à coo- ouvidoria que realizem as atividades mencionadas
perativa central pode compartilhar a ouvidoria no art. 6º sejam considerados aptos em exame de
constituída na respectiva cooperativa central, con- certificação organizado por entidade de reconheci-
federação de cooperativas de crédito ou branco do da capacidade técnica.
sistema cooperativo; § 1º O exame de certificação deve abranger, no
z IV - a cooperativa singular de credito não filiada mínimo, temas relativos à ética, aos direitos do
à cooperativa central pode compartilhar a ouvi- consumidor e à mediação de conflitos.
doria constituída em cooperativa central, federa- § 2º A designação de integrantes da ouvidoria refe-
ção de cooperativas de crédito, confederação de ridos no caput fica condicionada à comprovação de
cooperativas de crédito ou associação de classe da aptidão no exame de certificação, além do atendi-
categoria: mento às demais exigências desta Resolução.
§ 3º As instituições referidas no caput devem asse-
„ I - responder por todas as instituições que com- gurar a capacitação permanente dos integrantes da
partilharem a ouvidoria; ouvidoria em relação aos temas mencionados no § 1º.
„ II - integrar os quadros da instituição que cons- § 4º O diretor responsável pela ouvidoria sujeita-se
tituir a ouvidoria. à formalidade prevista no caput, caso exerça a fun-
ção de ouvidor.
Art. 11 Para cumprimento do disposto no caput do § 5º Nas hipóteses previstas no art. 5º, incisos II e IV,
art. 9º, nas hipóteses previstas no art. 5º, inciso II, aplica-se o disposto neste artigo aos integrantes da
as instituições referidas no art. 2º devem:
ouvidoria da associação de classe, entidade ou empre-
I - designar perante o Banco Central do Brasil ape-
sa que realize as atividades mencionadas no art. 6º.
nas o nome do respectivo diretor responsável pela
ouvidoria; e
II - informar o nome do ouvidor, que deverá ser o do O capítulo VIII, por sua vez, traz a necessidade de
ouvidor da associação de classe, da bolsa de valo- avaliação direta da qualidade do atendimento pres-
res, da bolsa de mercadorias e futuros ou da bolsa tado pela ouvidoria. Esse assunto já foi brevemente
de valores e de mercadorias e futuros, ou da entida- abordado quando tratamos do art. 13. Observe como
de ou empresa que constituir a ouvidoria.
será realizada a avaliação direta de qualidade:
Por fim, o capítulo VI trata da prestação de
Art. 16 As instituições referidas no art. 2º devem
informações e formas de divulgação das atividades
implementar instrumento de avaliação direta da
desenvolvidas:
qualidade do atendimento prestado pela ouvi-
Art. 12 O diretor responsável pela ouvidoria deve doria a clientes e usuários.
elaborar relatório semestral quantitativo e Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se somente
qualitativo referente às atividades desenvolvidas aos bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos
pela ouvidoria, nas datas-base de 30 de junho e 31 de investimento, caixas econômicas e sociedades
286 de dezembro. de crédito, financiamento e investimento.
Art. 20 O número do telefone para acesso gratuito
Bancos à ouvidoria e os dados relativos ao diretor respon-
comerciais sável pela ouvidoria e ao ouvidor devem ser inseri-
dos e mantidos permanentemente atualizados em
sistema de registro de informações do Banco Cen-
tral do Brasil.
Bancos Parágrafo único. O disposto no caput deve ser
Múltiplos observado, inclusive, pela instituição que não cons-
tituir componente de ouvidoria próprio em decor-
rência da faculdade prevista no art. 5º.
Art. 21 O Banco Central do Brasil poderá adotar as
Bancos de medidas necessárias à execução do disposto nesta
investimento Resolução.

Avaliação de Qualidade
do atendimento Caixas
prestado pela Ouvidoria RESOLUÇÃO Nº 3.694/2009 E
econômicas
aplica-se a ALTERAÇÕES
Por se tratar de um ato normativo extremamente
reduzido e com uma alta probabilidade de – se inci-
Sociedades dente em sua prova – ser cobrada a letra seca do texto,
de crédito abordaremos em sua totalidade os dispositivos expos-
tos para um estudo completo.
Esta resolução disporá sobre a prevenção de riscos
na contratação de operações e na prestação de serviços
Sociedades de por parte de instituições financeiras e demais instituições
Financiamento autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
As instituições financeiras, bem como as autoriza-
das a funcionar pelo Bacen, deverão assegurar algu-
mas garantias, as quais encontram-se elencadas nos
Sociedades de
incisos do art. 1º:
Investimento
I - a adequação dos produtos e serviços oferta-
dos ou recomendados às necessidades, interesses e
Art. 17 A avaliação direta da qualidade do atendi- objetivos dos clientes e usuários;
mento de que trata o art. 16 deve ser: II - a integridade, a confiabilidade, a segurança e o
I - estruturada de forma a obter notas entre 1 e 5, sigilo das transações realizadas, bem como a legi-
sendo 1 o nível de satisfação mais baixo e 5 o nível timidade das operações contratadas e dos serviços
de satisfação mais alto; prestados;
II - disponibilizada ao cliente ou usuário em III - a prestação das informações necessárias
até um dia útil após o encaminhamento da à livre escolha e à tomada de decisões por par-
resposta conclusiva de que trata o art. 6º, inciso te de clientes e usuários, explicitando, inclusive,
III, e § 2º; e direitos e deveres, responsabilidades, custos ou
III - concluída em até cinco dias úteis após o ônus, penalidades e eventuais riscos existentes na
prazo de que trata o inciso II. execução de operações e na prestação de serviços;
Art. 18 Os dados relativos à avaliação mencionada
É importante ressaltar que, a relação do inciso
no art. 16 devem ser:
supracitado com o § único do art. 1º:
I - armazenados de forma eletrônica, em ordem
cronológica, permanecendo à disposição do Ban- Parágrafo único. Para fins do cumprimento do dis-
co Central do Brasil pelo prazo de cinco anos, posto no inciso III, no caso de abertura de conta de
contados da data da avaliação realizada pelo depósitos ou de conta de pagamento, deve ser forne-
cliente ou usuário; e cido também prospecto de informações essenciais,
II - remetidos ao Banco Central do Brasil, na explicitando, no mínimo, as regras básicas, os ris-
forma por ele definida. cos existentes, os procedimentos para contratação
ATENDIMENTO BANCÁRIO

e para rescisão, as medidas de segurança, inclusive


As disposições finais da Resolução CMN nº 4.860, de em caso de perda, furto ou roubo de credenciais, e
2020, estão inseridas no capítulo IX. Podemos destacar a periodicidade e forma de atualização pelo cliente
as seguintes informações: de seus dados cadastrais.
IV - o fornecimento tempestivo ao cliente ou usuá-
z O relatório e a documentação, bem como a gra- rio de contratos, recibos, extratos, comprovantes
vação telefônica do atendimento realizado pelas e outros documentos relativos a operações e a
serviços;
ouvidorias, deverão permanecer à disposição do
V - a utilização de redação clara, objetiva e ade-
Bacen pelo prazo mínimo de 5 anos; quada à natureza e à complexidade da opera-
z O número de telefone da ouvidoria, os dados do ção ou do serviço, em contratos, recibos, extratos,
diretor responsável e os dados do ouvidor deve- comprovantes e documentos destinados ao público,
rão ser inseridos e mantidos permanentemente de forma a permitir o entendimento do conteúdo e
atualizados em sistema de registro de informa- a identificação de prazos, valores, encargos, multas,
ções do Banco Central do Brasil. datas, locais e demais condições; 287
VI - a possibilidade de tempestivo cancelamento de É possível visualizar, ao longo da história, que as pes-
contratos; soas com deficiência foram encaradas de quatro modos
VII - a formalização de título adequado estipulan- diferentes, conforme cada período temporal. A primeira
do direitos e obrigações para abertura, utilização e fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi-
manutenção de conta de pagamento pós-paga; ciência, pois simbolizavam a impureza, o pecado, ou, até
VIII - o encaminhamento de instrumento de mesmo, o castigo divino. A segunda foi a fase marcada
pagamento ao domicílio do cliente ou usuário pela invisibilidade das pessoas com deficiência. Dela,
ou a sua habilitação somente em decorrência de decorreu a terceira fase, marcada pelo assistencialismo
sua expressa solicitação ou autorização; e pautada na perspectiva médica e biológica de que a
IX - a identificação dos usuários finais benefi- deficiência era uma patologia e, como tal, deveria ser
ciários de pagamento ou transferência em demons- curada. Por fim, a quarta fase voltou-se para os direitos
trativos e faturas do pagador, inclusive nas situações humanos, despontando os direitos à inclusão social, com
em que o serviço de pagamento envolver instituições ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
participantes de diferentes arranjos de pagamento. em que ela está inserida.
Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
O art. 2º trata da regularização da publicidade das fruto de uma construção histórica. A partir de 1993,
informações prestadas pelas instituições financeiras e a nomenclatura mudou para portadores de necessi-
instituições autorizadas a funcionar segundo o Bacen. dades especiais, pessoas com necessidades especiais,
pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou
Art. 2º As instituições referidas no art. 1º devem pessoas com deficiência.
divulgar, em suas dependências e nas dependên- Como consequência dessas mudanças no modo de
cias dos estabelecimentos onde seus produtos são ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever
ofertados, em local visível e em formato legível, de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o
informações relativas a situações que impliquem pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili-
recusa à realização de pagamentos ou à recep- tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com
ção de cheques, fichas de compensação, docu- autonomia e participação.
mentos, inclusive de cobrança, contas e outros. Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção
internacional, exigindo dos Estados um tratamento
Por fim, o art. 3º traz a sistemática quanto às veda- especializado para proteção aos direitos das pessoas
ções impostas a essas instituições. Vejamos: com deficiência. Entre os instrumentos de proteção
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi-
Art. 3º É vedado às instituições referidas no art. 1º tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta
recusar ou dificultar, aos clientes e usuários de convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado
seus produtos e serviços, o acesso aos canais de ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009
atendimento convencionais, inclusive guichês de pelo Decreto nº 6.949.
caixa, mesmo na hipótese de oferecer atendimento A importância do Decreto nº 6.949/2009 é imensa,
alternativo ou eletrônico. uma vez que ele foi o primeiro tratado internacional
§ 1º O disposto no caput não se aplica às depen- de direitos humanos a adotar a norma do artigo 5º, §
dências exclusivamente eletrônicas nem à pres- 3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o mesmo
tação de serviços de cobrança e de recebimento rito de aprovação cabível para as emendas constitu-
decorrentes de contratos ou convênios que preve- cionais (aprovação em cada Casa do Congresso Nacio-
jam canais de atendimento específicos. nal, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
§ 2º A opção pela prestação de serviços por respectivos membros).
meios alternativos aos convencionais é admi-
Como resultado, tal decreto passou a ter status de
tida desde que adotadas as medidas necessá-
norma constitucional (mesmo valor normativo das
rias para preservar a integridade, a confiabilidade,
normas colocadas na Constituição Federal mesmo
a segurança e o sigilo das transações realizadas,
sem fazer parte dela). Por esta razão, o Brasil necessi-
assim como a legitimidade dos serviços presta-
tou promover alterações legislativas para “assegurar e
dos, em face dos direitos dos clientes e dos usuá-
promover o pleno exercício de todos os direitos huma-
rios, devendo as instituições informá-los dos riscos
nos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
existentes.
com deficiência”, em conformidade com o item 1 da
Convenção.
Assim, foi editada, em 6 de julho de 2015, a Lei
nº 13.146, com o objetivo de dar cumprimento à
Convenção.
LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA Antes de iniciar nosso estudo, é preciso ter em men-
PESSOA COM DEFICIÊNCIA (ESTATUTO te que, para melhor compreender a Lei nº 13.146/2015,
é primordial entender sua estrutura e identificar as
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA) ideias mais importantes da legislação, uma vez que as
bancas tendem a cobrar o que se denomina “literali-
LEI Nº 13.146, DE 06 DE JULHO, DE 2015 dade das ideias”, ou seja, os pontos principais de cada
artigo com base em sua estrutura, não havendo, para
A proteção dos direitos das pessoas com deficiên- tanto, a necessidade de decorá-los. Considerando os
cia, tanto no Brasil como no mundo, é algo bem recen- concursos anteriores, o estudo deve ter especial aten-
te. Na realidade, a preocupação da sociedade com essa ção à parte relativa aos crimes e infrações administra-
parcela da população faz parte de um discurso atual, tivas por ser esse o ponto mais cobrado pelas bancas
resultado da forma como essas pessoas passaram a examinadoras.
288 ser percebidas. Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
NOÇÕES SOBRE O DIREITO DA PESSOA COM estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psi-
DEFICIÊNCIA cológicos e pessoais; a limitação no desempenho de
atividades e a restrição de participação. O parágrafo
A Lei nº 13.146/2015 é dividida em duas par- segundo, por sua vez, estabelece que compete ao Poder
tes: geral e especial. A parte geral tem como base os Executivo a criação dos instrumentos normativos para a
princípios da Convenção sobre os Direitos das Pes- verificação da deficiência.
soas com Deficiência, disciplinando, além desses, os
direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
Já a parte especial é composta dos meios de proteção, Importante
quais sejam: o acesso à Justiça e reconhecimento igual
perante a lei e aos crimes e infrações administrativas. A competência é do Poder Executivo e não do
Poder Legislativo.

Lei nº 13.146/2015 O artigo 3º apresenta outros conceitos para aplica-


ção e entendimento da legislação. São eles: acessibili-
dade; desenho universal; tecnologia assistiva ou ajuda
técnica; barreiras; comunicação; adaptações razoá-
Parte geral veis; elemento de urbanização; mobiliário urbano;
Parte especial pessoa com mobilidade reduzida; residências inclusi-
princípios e direitos vas; moradia para a vida independente da pessoa com
meio de proteção deficiência; atendente pessoal; profissional de apoio
fundamentais
escolar; acompanhante.
Iniciando pela parte geral, os artigos de 1º a 3º da z Acessibilidade: possibilidade e condição de alcan-
mencionada Lei introduzem o tema, estabelecendo ce para utilização, com segurança e autonomia, de
suas disposições gerais. De acordo com o artigo 1º, o espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edi-
objetivo da legislação é assegurar e promover o exer- ficações, transportes, informação e comunicação,
cício dos direitos e das liberdades fundamentais da inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
pessoa com deficiência em iguais condições com os outros serviços e instalações abertos ao público, de
demais, de modo a garantir sua inclusão social e cida- uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
dania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei nº zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
13.146/2015 decorre da Convenção (juntamente com ciência ou com mobilidade reduzida.
seus protocolos), sendo incorporada no ordenamento
jurídico brasileiro com status de Emenda Constitucio- Observe que a palavra-chave para entender o con-
nal, conforme explanado. ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu-
O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes- lar com autonomia em espaços públicos e privados
soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia
pessoa com deficiência aquela que possui impedi- para utilizar a tecnologia).
mento de longo prazo, sendo este de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu- z Desenho universal: concepção de produtos,
ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici- ambientes, programas e serviços a serem usados
pação plena e efetiva na sociedade em igualdades por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
de condições com as demais pessoas. ção ou de projeto específico, incluindo os recursos
de tecnologia assistiva.

Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve


Impedimento de longo prazo
ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
te de ter ou não alguma deficiência.
Pessoa com Natureza física, mental, z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
Deficiência intelectual ou sensorial equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem pro-
Causar barreiras ou obstruir mover a funcionalidade, relacionada à atividade e
sua participação plena e à participação da pessoa com deficiência ou com
ATENDIMENTO BANCÁRIO

efetiva na sociedade em mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,


igualdades de condições com independência, qualidade de vida e inclusão social.
as demais pessoas
Trata-se, aqui, da possibilidade de adaptar deter-
minado produto ou serviço às necessidades da pessoa
Além de conceituar pessoas com deficiência, o artigo com deficiência, para que possa exercê-lo de forma
2º trouxe, em seus parágrafos, a maneira como deve autônoma.
ser procedida a avaliação para caracterizar essas
pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que a avalia- z Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
ção será realizada por uma equipe multiprofissional comportamento que limite ou impeça a participa-
e interdisciplinar, de modo a considerar os aspectos ção social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o
que permeiam o indivíduo (todo o contexto social). Para exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberda-
determinar ou não a deficiência, a equipe analisará de de movimento e de expressão, à comunicação,
três enfoques: biológico, psicológico e social, conside- ao acesso à informação, à compreensão, à circula-
rando, para tanto, os impedimentos nas funções e nas ção com segurança, entre outros, classificadas em: 289
„ Barreiras urbanísticas: as existentes nas vias z Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que
e nos espaços públicos e privados abertos ao tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimen-
público ou de uso coletivo; tação, permanente ou temporária, gerando redução
„ Barreiras arquitetônicas: as existentes nos edi- efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordena-
fícios públicos e privados; ção motora ou da percepção, incluindo idoso, gestan-
„ Barreiras nos transportes: as existentes nos sis- te, lactante, pessoa com criança de colo e obeso.
temas e meios de transportes; z Residências inclusivas: unidades de oferta do
„ Barreiras nas comunicações e na informação: Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assis-
qualquer entrave, obstáculo, atitude ou com- tência Social (SUAS) localizadas em áreas residen-
portamento que dificulte ou impossibilite a ciais da comunidade, com estruturas adequadas,
expressão ou o recebimento de mensagens e que possam contar com apoio psicossocial para o
de informações por intermédio de sistemas de atendimento das necessidades da pessoa acolhida,
comunicação e de tecnologia da informação; destinadas a jovens e adultos com deficiência, em
situação de dependência, que não dispõem de condi-
„ Barreiras atitudinais: atitudes ou comporta-
ções de autossustentabilidade e com vínculos fami-
mentos que impeçam ou prejudiquem a par-
liares fragilizados ou rompidos.
ticipação social da pessoa com deficiência em
igualdade de condições e oportunidades com as
As residências inclusivas têm caráter de assis-
demais pessoas;
tência para aquelas pessoas com deficiência que são
„ Barreiras tecnológicas: as que dificultam ou
dependentes, porém não possuem vínculos familiares
impedem o acesso da pessoa com deficiência às capazes de lhes dar suporte.
tecnologias.
z Moradia para a vida independente da pessoa
Por barreiras entende-se qualquer obstáculo que com deficiência: moradia com estruturas adequa-
impeça ou limite a participação social da pessoa com das capazes de proporcionar serviços de apoio cole-
deficiência. As barreiras podem estar nos espaços tivos e individualizados que respeitem e ampliem
públicos e privados de uso coletivo (urbanísticas), o grau de autonomia de jovens e adultos com
nas edificações (arquitetônicas), nos transportes, nas deficiência.
comunicações, nas atitudes (atitudinais) e na dificul-
dade de acesso às tecnologias (tecnológicas). Diferentemente da residência inclusiva, a mora-
dia proporciona serviços de apoio ao deficiente que
z Comunicação: forma de interação dos cidadãos que ampliarão o seu grau de autonomia.
abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a
Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização z Atendente pessoal: pessoa, membro ou não da
de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de família, que, com ou sem remuneração, assiste ou
comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo- presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com
sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, deficiência no exercício de suas atividades diárias,
escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi-
digitalizados e os modos, meios e formatos aumen- cados com profissões legalmente estabelecidas.
tativos e alternativos de comunicação, incluindo as z Profissional de apoio escolar: pessoa que exerce
tecnologias da informação e das comunicações. atividades de alimentação, higiene e locomoção do
z Adaptações razoáveis: adaptações, modificações e estudante com deficiência e atua em todas as ativi-
ajustes necessários e adequados que não acarretem dades escolares nas quais se fizer necessária, em
ônus desproporcional e indevido, quando requeri- todos os níveis e modalidades de ensino, em insti-
dos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa tuições públicas e privadas, excluídas as técnicas
com deficiência possa gozar ou exercer, em igualda- ou os procedimentos identificados com profissões
de de condições e oportunidades com as demais pes- legalmente estabelecidas.
z Acompanhante: aquele que acompanha a pessoa
soas, todos os direitos e liberdades fundamentais.
com deficiência, podendo ou não desempenhar as
z Elemento de urbanização: quaisquer componen-
funções de atendente pessoal.
tes de obras de urbanização, tais como os referen-
tes a pavimentação, saneamento, encanamento
Os artigos 4º a 9º tratam do tema igualdade e não
para esgotos, distribuição de energia elétrica e de
discriminação, consubstanciados no princípio da
gás, iluminação pública, serviços de comunicação,
promoção da igualdade presente na Convenção sobre
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e Direitos das Pessoas com Deficiência. Para tanto, o §
os que materializam as indicações do planejamento 1º do artigo 4º preocupou-se em definir discrimina-
urbanístico. ção em razão da deficiência como toda forma de
z Mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes distinção, restrição ou exclusão, quer por ação quer
nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adi- por omissão, com o objetivo de impedir, prejudicar ou
cionados aos elementos de urbanização ou de edifi- anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e
cação, de forma que sua modificação ou seu traslado das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência.
não provoque alterações substanciais nesses ele- Inclui-se, ainda, como forma de discriminação, a recu-
mentos, tais como semáforos, postes de sinalização sa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tec-
e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às nologias assistivas, tanto pelo próprio Estado, como
telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, pelo particular.
marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de Para facilitar na fixação desse conceito, vamos
290 natureza análoga. esquematizá-lo para você:
Distinção em razão da deficiência

Distinção
Restrição
Exclusão

Ação Omissão

impedir, prejudicar ou anular o


reconhecimento ou o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais
de pessoa com deficiência.

Importante esclarecer que a igualdade trazida pela Lei nº 13.146/2015 não é impositiva, ou seja, as ações afir-
mativas constante da Lei não são obrigatórias às pessoas com deficiência, pois, se elas não quiserem se beneficiar
dos direitos elencados, não serão obrigadas. Por exemplo: a pessoa com deficiência não é obrigada a se inscrever
para as vagas reservadas, podendo concorrer às vagas de ampla concorrência se assim desejar.
O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa com deficiência, de modo a afastar toda forma de tortura ou
outro mecanismo de redução da dignidade da pessoa humana ao assegurar a proteção contra negligência, discri-
minação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante. Seu parágra-
fo único traz um importante conceito: especialmente vulneráveis. Considerando que a pessoa com deficiência já
é vulnerável e, por esta razão, merece a proteção especial, maior deve ser a proteção das crianças, adolescentes,
mulheres e idosos quando estes possuem deficiência.
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que concedeu às pessoas com deficiência plena capacidade para o
exercício de seus direitos, inclusive para:

z Casar ou constituir união estável;


z Exercer direitos sexuais e reprodutivos;
z Exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodu-
ção e planejamento familiar;
z Conservar sua fertilidade, sendo proibida a esterilização compulsória;
z Exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária;
z Exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de opor-
tunidades com as demais pessoas.

Dica
Até a entrada em vigor da Lei nº 13.146/2015, as pessoas com deficiência eram tidas, em regra, como abso-
luta ou relativamente incapazes pelo Código Civil. Atualmente, a regra é que elas são plenamente capazes, só
sendo consideradas relativamente incapazes se, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade.

O artigo 7º trouxe o dever de vigilância geral aplicável a todas as pessoas. Em decorrência dele, podem comu-
nicar às autoridades qualquer tipo de ameaça ou violação aos direitos da pessoa com deficiência. Ressalta-se que
seu parágrafo único dispõe que, uma vez verificado pelos juízes e tribunais ofensa à Lei, o Ministério Público deve
ser informado para que adote as providências para o devido cumprimento da Lei, inclusive na forma penal.
ATENDIMENTO BANCÁRIO

O artigo 8º estabelece que é dever Estado, da sociedade e da família assegurar a efetivação dos direitos
das pessoas com deficiência.
Encerrando a parte relativa à igualdade, o 9º dispõe sobre o atendimento prioritário, com as finalidades de:

z Proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;


z Atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;
z Disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade
de condições com as demais pessoas;
z Disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte coletivo de passageiros e
garantia de segurança no embarque e no desembarque;
z Acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;
z Recebimento de restituição de imposto de renda;
z Tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos
os atos e diligências. 291
Importante
Com exceção da restituição de imposto de renda e da tramitação processual prioritária, todos os demais
itens relativos ao atendimento prioritário são extensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao
seu atendente pessoal. Como consequência, o acompanhante tem direito à preferência de atendimento, ao
socorro, entre outros.

Os artigos 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas com deficiência e são eles que vamos estudar neste momento:

Vida

Habitação e
Reabilitação

Saúde

Educação

Moradia

Direitos Trabalho
Fundamentais

Assistência Social

Previdência Social

Cultura, esporte,
turismo e lazer

Transporte

Mobilidade

O direito à vida encontra-se previsto nos artigos 10 ao 13 da Lei nº 13.146/2015 e dele decorrem os demais
direitos, pois, sem a vida, não existiria nenhum outro. O direito à vida é inviolável, sendo, inclusive, garantido
constitucionalmente a todas as pessoas. Por conseguinte, a pessoa com deficiência tem o direito de lutar pela sua
vida, competindo ao Estado o dever de adotar toda e qualquer medida para assegurar seu pleno exercício.
Importante assinalar que a pessoa com deficiência não é obrigada a ser submetida a qualquer espécie de
tratamento ou intervenção forçada, haja vista que é indispensável seu livre consentimento para a realização de
qualquer procedimento, exceto nos casos de atendimento de emergência em saúde e risco de morte e nos casos
em que se encontra impossibilitada de manifestar a sua vontade. Por possui curador, este supre o seu consenti-
mento (aplica-se apenas às pessoas submetidas ao instituto da Curatela).
Verifica-se, ainda, que compete ao Poder Público a proteção das pessoas com deficiência em situações de vul-
nerabilidade, em especial, aquelas em situações de risco, como nos casos de estado de emergência ou calamidade
pública.
O direito à habilitação e reabilitação está disciplinado nos artigos 14 ao 17, dizendo respeito à garantia de se
adotar medidas que promovam a recuperação física, cognitiva e psicológica, bem como a proteção, à reabilitação
e a reinserção social das pessoas com deficiência.
Esse direito relaciona-se, diretamente, com a questão da saúde, de modo a envolver a atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS) e do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ambos respon-
sáveis por prestar informações e orientações adequadas com relação às políticas públicas disponíveis, de modo a
favorecer a plena participação das pessoas com deficiência.
O direito à saúde encontra-se estabelecido nos artigos 18 a 26. Trata-se de um direito universal, pois estabele-
ce garantias às pessoas de modo geral, estando, também, arrolado na Constituição Federal como um direito social.
Salienta-se que o direito à saúde da pessoa com deficiência contempla o acesso a um atendimento integral, ou
seja, em todos os níveis de complexidade, seja de caráter preventivo ou para fins de tratamento, sem qualquer dis-
criminação ou custos adicionais, com direito ao acompanhante, em ambientes acessíveis, sem se submeter a qual-
quer tipo de discriminação ou violência, estabelecendo, portanto, o acesso igualitário.
O direito à educação está previsto nos artigos 27 ao 30, além de fazer parte do rol dos direitos sociais, previs-
tos no artigo 6º da Constituição Federal de 1988. Na Lei nº 13.146/2015, o direito à educação deve ser garantido por
meio de um sistema educacional inclusivo, que deve atender, com qualidade e de modo satisfatório, as pessoas
com deficiência. O objetivo desse sistema inclusivo é evitar a segregação dessas pessoas, a fim de superar as difi-
culdades que advenham dessa condição e favorecer a sua integração na comunidade.

292
Dica a responsabilidade de desenvolver um plano específi-
co de medidas, a ser renovado no período de quatro
É a escola que deve se adaptar ao aluno, buscan-
anos, para facilitar a criação e promoção dessas tec-
do compreender suas necessidades e caracterí-
nologias. Além disso, tais procedimentos deverão ser
sitcas e não o contrário.
avaliados, pelo menos, a cada dois anos.
O direito à participação na vida pública e políti-
O direito à moradia, cuja previsão encontra-se
nos artigos 31 ao 33, tem, como objetivo, garantir o ca, previsto no artigo 76, guarda relação com o exer-
máximo de autonomia e dignidade à pessoa com defi- cício da cidadania das pessoas com deficiência. A elas
ciência. Trata-se de um direito contemplado na Decla- são garantidos os direitos inerentes a sua capacida-
ração Universal de Direitos Humanos, competindo ao de eleitoral ativa e passiva. Para a promoção de tais
Poder Público sua promoção e efetiva concretização. medidas de acessibilidade, a competência cabe aos
O direito ao trabalho, disciplinado nos artigos 34 Tribunais Regionais Eleitorais.
e 35, tem, como característica, o fato de ser incluso. Por último, também é estabelecido, na Lei nº
Como consequência, permite-se que a pessoa com 13.146/2015, o direito à ciência e tecnologia. Ele está
deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto previsto nos artigos 77 e 78 e tem, como escopo, esti-
à profissão ou ao trabalho que deseje desempenhar. mular a criação de cursos de pós-graduação na área
O direito à assistência social encontra-se con- de tecnologia assistiva, bem como o desenvolvimen-
templado nos artigos 39 ao 40, além de fazer parte to de outras ações com o objetivo de formar recursos
do rol dos direitos sociais previstos no artigo 6º da humanos qualificados e estruturar as diretrizes dessa
Constituição Federal de 1988. A assistência social faz área de conhecimento.
parte do subsistema da Seguridade Social, juntamen- A partir do artigo 78, inicia-se a parte especial.
te com a saúde e a previdência social. Por assistência Nela, constam disposições acerca do direito de acesso
social entende-se o conjunto de medidas instituciona- à Justiça, o reconhecimento igualitário perante a lei e
lizadas de assistência gratuita a ser prestada a quem a tipificação de determinadas condutas, como crimes
dela necessitar. São seus objetivos: habilitar e reabi- ou infrações. No que tange ao acesso à Justiça, compe-
litar as pessoas com deficiência; reintegrá-las à vida te ao Poder Público realizar as adaptações e propor-
comunitária; garantir um benefício mensal àque- cionar os recursos de tecnologia assistiva necessários
les que não têm meios de prover a sua manutenção para a plena participação da pessoa com deficiência
(hipossuficiente). no âmbito do Poder Judiciário.
O direito à previdência social, também integran- Quanto ao reconhecimento igualitário perante a
te do subsistema da Seguridade Social, encontra-se lei, é reflexo do que já encontra disciplinado na Cons-
previsto no artigo 41. Trata de garantir à pessoa com tituição Federal. Por conseguinte, a Lei nº 13.146/2015
deficiência segurada do Regime Geral de Previdência
visa garantir à pessoa com deficiência o pleno exercí-
Social (RGPS) o direito à aposentadoria nos termos
cio de suas capacidades.
da Lei Complementar nº 142 de 8 de maio de 2013 —
redução de até́ 10 (dez) anos de contribuição, confor-
CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
me o grau da deficiência aferido em avaliação médica
e social.
Os crimes e as infrações administrativas estão dis-
O direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao
lazer está estabelecido nos artigos 42 ao 45, tendo, postos nos artigo 88 a 91. Dos crimes elencados, ape-
como um de seus principais objetivos, a promoção nas o do artigo 91 tem, como pena, a detenção. Todos
isonômica à inclusão e participação da pessoa com os demais apresentam pena de reclusão.
deficiência na vida em sociedade em todos os seus Detenção e reclusão são modalidades de penas pri-
aspectos. vativas de liberdade.
Ressalta-se que é proibida a cobrança de valor A pena de reclusão é aplicada a condenações mais
maior pelo ingresso de pessoas com deficiência. severas, por ser a única a admitir o regime inicial de
O direito ao transporte e à mobilidade está disci- cumprimento fechado. Essa modalidade admite os
plinado nos artigos 46 ao 52. Tal direito objetiva com- três regimes de cumprimento: fechado, semiaberto e
bater, de modo concreto, a manifestação de barreiras aberto.
na vida da pessoa com deficiência. Já a pena de detenção é aplicada a condenações
O direito à acessibilidade encontra-se previsto mais leves, uma vez que o regime inicial de cum-
nos artigos 53 ao 62. Seu objetivo é conceder igualda- primento será o semiaberto. A detenção admite os
de de condições e acesso, liberdade, autonomia e inde- regimes de cumprimento semiaberto e aberto, não
ATENDIMENTO BANCÁRIO

pendência às pessoas com deficiência, competindo ao admitindo o fechado.


Poder Público amoldar e adaptar todas as suas esfe- Vamos ao estudo dos crimes:
ras com o objetivo de garantir tratamento igualitário
a todas as pessoas, de modo a eliminar as possíveis Art. 88 Praticar, induzir ou incitar discrimina-
barreiras impostas a elas. ção de pessoa em razão de sua deficiência:
O direito ao acesso à informação e à comunica- Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
ção está disposto nos artigos 63 ao 73 da Lei. Trata-se
de dispositivos cujo escopo é ampliar a ideia de acessi- O crime do artigo 88 pode ser praticado de três
bilidade à informação, de maneira a contemplar qual- modos:
quer serviço ou produto.
Os artigos 74 e 75 referem-se à tecnologia assis- I. Participação direta do agente na conduta deli-
tiva, conceituando-a como qualquer forma de apoio tuosa: Aqui, o agende age de modo a discriminar a
necessário à promoção da autonomia e independên- pessoa em razão de sua deficiência. A conduta está
cia da pessoa com deficiência. Cabe ao Poder Público no verbo praticar; 293
II. Participação indireta do agente na conduta deli- § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
tuosa ao criar “na cabeça de outra pessoa” a ideia determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedi-
de que ela pratique a discriminação: Aqui, temos do deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena
dois agentes, um que desperta a atenção de outro de desobediência:
para a prática do crime e outro que, efetivamente, I – recolhimento ou busca e apreensão dos exempla-
pratica o crime. A conduta está no verbo induzir; res do material discriminatório;
III. Participação indireta do agente na conduta II – interdição das respectivas mensagens ou pági-
delituosa ao reforçar ou encorajar uma pes- nas de informação na internet.
soa a praticar a discriminação: Diferentemente
da conduta de induzir, aqui, a pessoa instigada já O parágrafo terceiro dispõe a consequência do
tinha a intenção de discriminar, havendo apenas crime cometido por intermédio de meios de comu-
um reforço/encorajamento. Temos, também, dois
nicação social ou de publicação de qualquer nature-
agentes, um que reforça e outro que pratica. A con-
za. Trata-se de medida para evitar a propagação da
duta está no verbo instigar.
discriminação, uma vez que, verificada a ocorrência
de discriminação da pessoa com deficiência por estes
Direta - praticar
meios, é possível, ao juiz, após ouvido o Ministério
Art. 88 - Condutas

Público ou a pedido deste, determinar o recolhimento


de todo o material em que está descrita a discrimina-
ção. No caso de divulgação em site de internet, pode-se
Indireta - induzir
determinar a retirada do ar da página ou do conteúdo.

§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito


da condenação, após o trânsito em julgado da deci-
Indireta - instigar são, a destruição do material apreendido.

Outro ponto importante desse dispositivo é rela- Por fim, o parágrafo quarto refere-se ao que irá
tivo ao conceito de discriminar. Entende-se como acontecer com o material apreendido ou bloqueado.
discriminação toda distinção, exclusão ou restrição Após o trânsito em julgado da decisão (quando esgo-
baseada na deficiência, objetivando impedir ou obs- tou todos os meios de defesa e não há mais recurso
tar o exercício pleno de direitos. cabível), todo o material apreendido será destruído.

§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a víti- Art. 89 Apropriar-se de ou desviar bens, proven-
ma encontrar-se sob cuidado e responsabilidade tos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer
do agente. outro rendimento de pessoa com deficiência:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de causa de
aumento de pena. Trata-se do fato de o agente, que pra- O crime tipificado no artigo 89 pode ser praticado
ticou uma das condutas elencadas, ser o responsável de dois modos: por apropriação ou por desvio. Enten-
(legal ou não) por aquele que sofreu a discriminação. O de-se por apropriação quando o agente faz da coisa
aumento de 1/3 da pena decorre da proximidade e do alheia como se fosse sua, ou seja, apodera-se de bem,
dever de cuidado para com a pessoa com deficiência. proventos, pensões, benefícios ou qualquer outro ren-
São exemplos: pais, tutores, curadores, guardiões, pro- dimento da pessoa com deficiência. Já no desvio, o
fessores, médicos, cuidadores, entre outros. agente dá um destino diferente ao bem, proventos,
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput des- pensões, benefícios ou qualquer outro rendimento da
te artigo é cometido por intermédio de meios de pessoa com deficiência. As duas condutas são punidas
comunicação social ou de publicação de qual- com pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
quer natureza:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um
terço) se o crime é cometido:
O parágrafo segundo é uma qualificadora do cri- I – por tutor, curador, síndico, liquidatário, inven-
me. Ela diz respeito ao meio utilizado para a prática tariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou
da conduta, pois, ao ser cometido por intermédio de II – por aquele que se apropriou em razão de ofício
meios de comunicação social ou de publicação de ou de profissão.
qualquer natureza, a conduta atinge mais visibilida-
de, chegando ao conhecimento de um número maior O parágrafo único apresenta uma hipótese de cau-
de pessoas. sa de aumento de pena de 1/3 no caso de o agente que
praticou a conduta ser o responsável (legal) da pessoa
com deficiência ou ter se aproveitado de ofício ou pro-
Importante fissão para o cometimento do crime.
A qualificadora altera o patamar da pena (penas Art. 90 Abandonar pessoa com deficiência em
mínima e máxima constantes do tipo penal — hospitais, casas de saúde, entidades de abrigamen-
preceito secundário) em razão de novas elemen- to ou congêneres:
tares acrescentadas, o que faz com que ele seja Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
um tipo derivado autônomo ou independente. multa.
Por outro lado, a causa de aumento (majorante) Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não
é apenas uma hipótese para que a pena possa prover as necessidades básicas de pessoa com defi-
294 ser aumentada. ciência quando obrigado por lei ou mandado.
O artigo 90 tipifica o crime de abandono de pes- A nova redação dada ao artigo acrescentou ao inci-
soa com deficiência, de modo a dar amparo e pro- so I a conduta de cobrar valores adicionais por parte
teção a essas pessoas, por vezes incapazes de zelar da instituição de ensino. Exemplos clássicos são as
por sua vida. Refere-se ao fato de o agente deixar de mensalidades diferenciadas para alunos autistas
prestar assistência, mesmo quando possui o dever de (com valores a mais). O inciso II refere-se à discrimi-
cuidado e proteção. nação com relação a emprego, trabalho ou promoção.
O inciso III ao atendimento médico e ambulatorial. O
Art. 91 Reter ou utilizar cartão magnético, qual- inciso IV à omissão de dados quando estes são essen-
quer meio eletrônico ou documento de pessoa com ciais à propositura de ação civil pública ou quando
deficiência destinados ao recebimento de benefícios, houver requisição.
proventos, pensões ou remuneração ou à realiza- A Lei nº 13.146/2015 acrescentou parágrafos ao
ção de operações financeiras, com o fim de obter artigo 8º da Lei nº 7.853/89, estabelecendo causas de
vantagem indevida para si ou para outrem: aumento de pena ao crime.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, Por fim, importante mencionar que todos os cri-
e multa. mes disciplinados pela mencionada Lei são crimes de
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, compete
terço) se o crime é cometido por tutor ou curador. ao Ministério Público promover a ação independente-
mente da vontade da vítima.
O crime do artigo 91 pode ser praticado por duas
condutas: retenção ou utilização. Ocorre quando o
agente fica na posse ou utiliza-se de cartão magnéti-
co ou meio eletrônico ou documento pessoal, com a
finalidade de obter vantagem indevida para si ou para CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO
outrem. Exemplo: utilização de carteira de passe livre CONSUMIDOR
em transporte coletivo com a intenção de não pagar
a passagem. Trata-se de crime mais brando do que o LEI Nº 8.078, DE 1990
do artigo 89, pois, aqui, o objetivo não é prejudicar a
pessoa com deficiência, mas aferir vantagem com a A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conhe-
sua situação. cida como Código de Defesa do Consumidor (CDC),
Cumpre mencionar, por necessário, que a Lei nº estabeleceu as regras de proteção ao consumidor. Sua
13.146/2015 alterou o crime previsto no artigo 8º da edição foi necessária, porque, até a promulgação da
Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas Constituição Federal de 1988 (CF/88), os adquirentes
com deficiência. Vejamos: de produtos e serviços não possuíam normas pró-
prias, tendo que fundamentar a defesa de seus direi-
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 tos no antigo Código Civil de 1916 e nas seguintes
(dois) a 5 (cinco) anos e multa: legislações: Decreto nº 869/1938 (Lei de Crimes Contra
I – recusar, cobrar valores adicionais, suspender, a Economia Popular); Decreto-Lei nº 22.626/1943 (Lei
procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de da Usura); Lei Delegada nº 4/1962, que cuida da inter-
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer venção estatal no domínio econômico para a garantia
curso ou grau, público ou privado, em razão de sua de distribuição de produtos de primeira necessidade;
deficiência; Lei nº 4.137/1962 (Lei de Repressão do Poder Econô-
II – obstar inscrição em concurso público ou acesso mico), que instituiu o Sistema Brasileiro de Defesa da
de alguém a qualquer cargo ou emprego público, Concorrência e criou o CADE – Conselho Administra-
em razão de sua deficiência; tivo de Defesa Econômica, estruturado, atualmente,
III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promo- pela Lei nº 12.529/2011.
ção à pessoa em razão de sua deficiência; Com a CF/88, a defesa do consumidor adquiriu
IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou um novo patamar. Ao mesmo tempo em que a defe-
deixar de prestar assistência médico-hospitalar e sa do consumidor passou a ser tida como um direi-
ambulatorial à pessoa com deficiência; to fundamental, tornou-se, também, um princípio da
V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar execu- ordem econômica. Para tanto, foi o próprio legislador
ção de ordem judicial expedida na ação civil a que constituinte que determinou a elaboração de um códi-
alude esta Lei; go para a defesa do consumidor. Assim, o Congresso
VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos Nacional elaborou a Lei nº 8.078/90 e deu efetividade
indispensáveis à propositura da ação civil pública ao comando constitucional para inaugurar um novo
objeto desta Lei, quando requisitados. microssistema de proteção.
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com
ATENDIMENTO BANCÁRIO

deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é Dica


agravada em 1/3 (um terço).
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios Sabe o porquê de estudar o CDC para o concur-
subjetivos para indeferimento de inscrição, de so almejado? Porque o CDC é aplicado às ins-
aprovação e de cumprimento de estágio probatório tituições financeiras. É neste sentido a Súmula
em concursos públicos não exclui a responsabilida- 297, do Superior Tribunal de Justiça: “O Código
de patrimonial pessoal do administrador público de Defesa do Consumidor é aplicável às institui-
pelos danos causados. ções financeiras”.
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou
dificulta o ingresso de pessoa com deficiência em O CDC é uma norma relativamente enxuta, com-
planos privados de assistência à saúde, inclusive posta por 119 (cento e dezenove) artigos estruturados
com cobrança de valores diferenciados. em seis títulos. Em concursos públicos, a cobrança
§ 4º Se o crime for praticado em atendimento de do CDC envolve, basicamente, os tópicos conceituais;
urgência e emergência, a pena é agravada em 1/3 as hipóteses de aplicabilidade e a própria letra da lei
(um terço). (legislação “seca”). 295
Antes de iniciar o estudo, no entanto, é preciso ter Em síntese, o CDC estabelece normas que vão regular
em mente que, para melhor compreendê-la, é primor- os contratos de consumo e limitar a autonomia da von-
dial entender sua estrutura e identificar as ideias mais tade, além de impossibilitar a renúncia do consumidor
importantes da legislação. Por essa razão, é extre- quanto aos direitos estabelecidos na lei, salvo os casos
mamente importante ler o texto de lei e tentar com- de expressa disposição em sentido contrário. Vale lem-
preender os pontos mais importantes dos artigos, sem brar que normas de ordem pública são aquelas que
precisar, contudo, decorá-los. revestem valores importantes para toda a coletividade,
Feitas essas considerações iniciais, bons estudos! isto é, que transcendem aos interesses particulares.
Observa-se, no entanto, que, para que exista a rela-
TÍTULO I – DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR ção de consumo, é preciso o requisito subjetivo, ou seja,
a presença de um consumidor e de um fornecedor,
Os direitos do consumidor compreendem o pri- além do requisito objetivo, isto é, uma relação que diga
meiro título do CDC. Eles se encontram disciplinados respeito ao fornecimento de um produto ou serviço.
do art. 1º ao art. 60. Vejamos cada um deles:

Art. 1 O presente código estabelece normas de pro- Relação Jurídica de


teção e defesa do consumidor, de ordem pública Consumo
e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso
XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.
48 de suas Disposições Transitórias.
Elementos subjetivos:
Elemento objetivo:
O art. 1º, do CDC, reporta-se a três dispositivos Consumidor e
Produto ou Serviço
constitucionais. A primeira proteção encontra-se no Fornecedor
art. 5º, XXXII, da CF/882, isto é, no Título “Dos Direitos e
Garantias Fundamentais”. Assim sendo, a proteção ao
consumidor constitui um dos direitos e deveres indi- Para tanto, o CDC traz os seguintes conceitos nos
viduais e coletivos. Como consequência, a defesa do arts. 2º e 3º: consumidor, fornecedor, produto e servi-
consumidor promovida por meio do Estado é uma das ço. Vejamos tais conceitos:
denominadas cláusulas pétreas.
Trata-se, portanto, de matéria que não pode ser Art. 2 Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como des-
objeto de modificação por meio de qualquer proposta
tinatário final.
de Emenda Constitucional tendente a abolir ou esva-
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a cole-
ziar a defesa dos direitos do consumidor.
tividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
A segunda proteção encontra-se no art. 170, da
haja intervindo nas relações de consumo.
CF/883, de modo que a defesa do consumidor consti- Art. 3 Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
tuiu um dos princípios pelo qual a ordem econômica pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
brasileira é estabelecida. Assim, a defesa do consumi- como os entes despersonalizados, que desenvolvem
dor é princípio de ação política do Estado brasileiro, atividade de produção, montagem, criação, cons-
uma vez que legitima a adoção de políticas protetivas trução, transformação, importação, exportação,
para o consumidor. Como consequência, o Estado distribuição ou comercialização de produtos ou
poderá intervir na ordem econômica fundamentado prestação de serviços.
na defesa e interesses dos consumidores. § 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
Por fim, o art. 48, do Ato das Disposições Constitu- material ou imaterial.
cionais Transitórias, estabeleceu o prazo de 120 (cento e § 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mer-
vinte) dias da promulgação da CF/88 para que o Congres- cado de consumo, mediante remuneração, inclusi-
so Nacional elaborasse o Código de Defesa do Consumi- ve as de natureza bancária, financeira, de crédito
dor. Trata-se, portanto, de uma resposta legal protetiva. e securitária, salvo as decorrentes das relações de
Embora a CF/88 tenha estabelecido o prazo para caráter trabalhista.
elaboração do CDC, observa-se que o prazo temporal
estabelecido pelo legislador constituinte não foi obser- O caput do art. 2º traz o conceito de consumidor
vado, uma vez que o Código foi promulgado em 11 de em sentido estrito, que comporta três elementos:
setembro de 1990 e sua entrada em vigor ocorreu em
11 de março de 1991. z Elemento Subjetivo: pessoa física ou jurídica;
Além de se reportar a estes dispositivos constitu- z Elemento Objetivo: que adquire ou utiliza produ-
cionais, o art. 1º, do CDC, estabelece que as normas to ou serviço;
de proteção ao consumidor são de ordem pública e z Elemento Teleológico: como destinatário final.
interesse social, ou seja, são normas cogentes (obri-
gatórias), que não podem ser afastadas ou modifica- Portanto, consumidor é toda pessoa física ou jurí-
das pela vontade das partes e que, ao mesmo tempo dica, independentemente se brasileira ou não, que
em que buscam trazer equilíbrio na relação jurídica, adquire ou utiliza um produto ou serviço na qualida-
equalizam a diferença entre consumidor e fornecedor. de de destinatário final.
2  Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXII - o Estado promoverá, na
forma da lei, a defesa do consumidor.
3  Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
296 V - defesa do consumidor.
Importante! Os §§ 1º e 2º, do art. 3º, trazem os conceitos dos obje-
tos da relação de consumo, ou seja, de produto e servi-
O conceito de consumidor abrange não só o
ço. Por produto, entende-se qualquer bem, seja móvel
adquirente, como também o usuário de produtos ou imóvel, material ou imaterial, podendo ser forneci-
ou serviços colocados no mercado de consumo. do de forma remunerada ou não (ex.: amostra grátis).
As normas sobre as classificações dos bens não
estão no CDC, mas no Código Civil.
Cumpre mencionar, ainda, que o ponto central do
Por serviço, entende-se qualquer atividade for-
conceito envolve compreender e delimitar o âmbi-
necida no mercado de consumo por meio de remu-
to de incidência da expressão destinatário final,
ou seja, distinguir relação de consumo e a relação neração, seja ela direta ou indireta. A remuneração
empresarial. Nesse sentido, três correntes dominam indireta ocorre quando o custo do serviço já está
os debates. A primeira é a corrente objetiva ou mar- embutido no preço de outro produto ou serviço ofer-
xista, que dá à expressão “destinatário final” a maior tado pelo estabelecimento, como, por exemplo, no
amplitude possível ao considerar o adquirente como caso de serviços de estacionamento em supermerca-
destinatário fático do produto ou serviço, por ter reti- dos e shoppings ou o oferecimento de lavagem de veí-
rado este do mercado, sendo indiferente se o destina- culos em estacionamentos ou postos de combustível.
tário adquiriu o produto ou serviço com finalidades Portanto, há a incidência do CDC mesmo em caso de
lucrativas ou não, como, por exemplo, a empresa que prestação de serviços aparentemente gratuitos.
compra couro para produzir sapatos. Sobre serviço, cumpre mencionar, ainda, que,
A segunda corrente é a corrente subjetiva ou quando a prestação de serviços se dá com pessoalida-
finalista, que considera consumidor somente aque- de e subordinação, aplica-se a Consolidação das Leis
le não profissional que adquire produto ou contrata do Trabalho (CLT) e, não, o CDC, por se tratar de rela-
serviço, de modo a esgotar em si mesmo o consumo, ção de trabalho. Já no caso dos profissionais liberais,
sem qualquer finalidade lucrativa, como, por exem- em regra, eles podem ser enquadrados como fornece-
plo, a pessoa que adquire o sapato. Por fim, a terceira dores de serviços, ressalvando-se sua responsabiliza-
corrente é a finalista mitigada ou mista, que opta ção mediante aferição de culpa nos termos do art. 14,
por analisar o caso concreto, para enquadrar como § 4º, do CDC, que será explicado à frente.
destinatário final, como, por exemplo, o motorista de
caminhão quando adquire o veículo ou a costureira Política Nacional das Relações de Consumo
quando adquire a máquina de costura. Cabe destacar,
por fim, que a teoria finalista mitigada leva em consi- A Política Nacional das Relações de Consumo é tra-
deração a vulnerabilidade, conceito que será estuda- tada nos arts. 4º e 5º, do CDC. Vejamos os dispositivos:
do posteriormente.
Se o caput traz o conceito de consumidor em senti- Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consu-
do estrito, o Parágrafo Único estabelece o conceito de mo tem por objetivo o atendimento das necessida-
consumidor em sentido coletivo, de modo a equipa- des dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
rar ao consumidor a coletividade de pessoas, mesmo saúde e segurança, a proteção de seus interesses
que indetermináveis, que aja intervindo nas relações econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
de consumo, como, por exemplo, no caso de compra bem como a transparência e harmonia das relações
de um alimento por uma pessoa, para ser consumido de consumo, atendidos os seguintes princípios:
por diversas outras em sua residência, de modo que, I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumi-
se todos sofrem lesão em decorrência do produto, dor no mercado de consumo;
todos serão consumidores por equiparação, por terem II - ação governamental no sentido de proteger efe-
intervindo na relação de consumo, mesmo que sem tivamente o consumidor:
firmar o contrato de consumo. a) por iniciativa direta;
A finalidade do conceito é garantir a proteção cole- b) por incentivos à criação e desenvolvimento de
tiva do consumidor, de modo a ampliar a abrangência associações representativas;
do CDC para além do consumidor individualmente c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
considerado na sua relação com o fornecedor, uma d) pela garantia dos produtos e serviços com
vez que se trata de interesse que transcende ao indi- padrões adequados de qualidade, segurança, dura-
víduo, ou seja, interesse difuso, coletivo e individual bilidade e desempenho.
homogêneo dos consumidores, conforme veremos III - harmonização dos interesses dos participan-
pela leitura do texto do art. 81, do CDC. Atente-se ao tes das relações de consumo e compatibilização
fato de que o art. 17 traz o conceito de consumidor da proteção do consumidor com a necessidade
de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
bystander e o art. 29, o conceito de consumidor em
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda
sentido amplo, exposto ou virtual. Portanto, são
ATENDIMENTO BANCÁRIO

a ordem econômica (art. 170, da Constituição Fede-


mais dois dispositivos que ampliam o conceito de con-
ral), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas
sumidor e serão tratados posteriormente.
relações entre consumidores e fornecedores;
Por outro lado, o caput do art. 3º conceitua for- IV - educação e informação de fornecedores e con-
necedor como aquele que desenvolve a atividade sumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
profissional no mercado de consumo com habitua- vistas à melhoria do mercado de consumo;
lidade, especialização e com finalidade econômica. V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios
Trata-se, portanto, de um conceito amplo que engloba eficientes de controle de qualidade e segurança de
as seguintes espécies: produtor, montador, criador, produtos e serviços, assim como de mecanismos
fabricante, construtor, transformador, importador, alternativos de solução de conflitos de consumo;
exportador, distribuidor, comerciante e o prestador VI - coibição e repressão eficientes de todos os abu-
de serviços. sos praticados no mercado de consumo, inclusive
O núcleo do conceito de fornecedor é a atividade a concorrência desleal e utilização indevida de
desempenhada, ou seja, somente é considerado forne- inventos e criações industriais das marcas e nomes
cedor aquele que exerce a atividade de forma profis- comerciais e signos distintivos, que possam causar
sional, com habitualidade e com finalidade econômica. prejuízos aos consumidores; 297
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; O quarto princípio é o Princípio da Conscientiza-
VIII - estudo constante das modificações do merca- ção, ou seja, o CDC impõe, como diretrizes da Políti-
do de consumo. ca Nacional das Relações de Consumo, a educação e
a informação tanto do fornecedor, como do consu-
O art. 4º estabelece os objetivos da Política Nacio- midor. Por conscientização, entende-se a busca tan-
nal e enumera os princípios aplicáveis a sua elabo- to pela educação formal, como, por exemplo, com a
ração e planejamento. Em síntese, os objetivos da
inclusão do tema nas grades curriculares das escolas,
Política Nacional das Relações de Consumo são cinco:
como na educação informal, como, por exemplo, nas
ações dos Procons ou das associações civis.
z Atendimento das necessidades dos consumidores;
O quinto princípio estabelecido no art. 4º, do CDC,
z Respeito a sua dignidade, saúde e segurança;
z Proteção de seus interesses econômicos; é o Princípio do Incentivo à Autoiniciativa. Trata-se
z Melhoria da sua qualidade de vida; do incentivo à criação de meios eficientes de contro-
z Transparência e harmonia das relações de consumo. le de qualidade e segurança de produtos e serviços
pelos fornecedores, além do incentivo aos mecanis-
Com relação aos princípios elencados no dispo- mos alternativos de solução de conflitos, tais como os
sitivo, o primeiro deles é o Princípio do Reconhe- métodos extrajudiciais de solução de controvérsias,
cimento da Vulnerabilidade e da Proteção do como a arbitragem, mediação e conciliação.
Consumidor. Explicando melhor: o consumidor é O sexto princípio é o Princípio da Coibição do
a parte mais frágil da relação de consumo, pois, em Abuso, que se refere à obrigação do Estado de coibir
regra, o fornecedor possui situação econômica supe- e reprimir os abusos praticados no mercado de consu-
rior, além de deter conhecimentos científicos, técnicas mo, como, por exemplo, a concorrência desleal e a uti-
de elaboração do produto e execução do serviço, entre lização indevida de inventos e criações industriais de
outros. Por essa razão, o consumidor ocupa posição de marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que
vulnerabilidade, de modo que, para equilibrar a rela- possam causar prejuízos aos consumidores.
ção jurídica de consumo, o CDC trata de forma desi- O sétimo princípio previsto é o Princípio da Racio-
gual fornecedor e consumidor. nalização e Melhoria dos Serviços Públicos, ou seja,
A vulnerabilidade pode ocorrer por fatores fáticos,
os serviços devem ser prestados de modo adequado
técnicos ou jurídicos. A vulnerabilidade fática refe-
e racional. Esse princípio será retomado quando for
re-se à própria situação socioeconômica do consumi-
analisado o art. 22, do CDC, que trata da obrigatorieda-
dor face ao fornecedor, ou seja, em razão do poder
de de os serviços serem fornecidos de forma adequa-
econômico do fornecedor ou do monopólio ou essen-
da, eficiente, segura e, no caso de serviço essencial, de
cialidade do produto oferecido. A vulnerabilidade
técnica está relacionada ao processo de elaboração, modo contínuo por parte dos órgãos públicos ou por
fabricação ou prestação, uma vez que o consumidor, intermédio de suas concessionárias.
por não fazer parte desse processo, não detém conhe- O oitavo e último princípio disposto no art. 4º, do
cimento pleno sobre o produto ou serviço. Por fim, a CDC, é o Princípio do Estudo Constante das Modifi-
vulnerabilidade jurídica está ligada ao desconheci- cações do Mercado de Consumo, ou seja, a necessi-
mento do consumidor com relação aos efeitos da obri- dade de constante averiguação da evolução de oferta
gação que contrai junto ao fornecedor ou aos casos de produtos e serviços no mercado de consumo em
de contratos de adesão, que, por ser produzido unila- decorrência do desenvolvimento de novas tecnologias
teralmente pelo fornecedor, não há possibilidade de ou de novos hábitos.
discussão de suas cláusulas pelo consumidor. Por outro lado, o art. 5º, do CDC, estabelece os ins-
O segundo princípio é o Princípio da Intervenção trumentos a serem utilizados na sua execução da polí-
Estatal, que impõe a atuação do Estado no sentido de tica Nacional das Relações de Consumo. São eles:
proteger o consumidor. Tal proteção pode ser feita
por iniciativa direta, como, por exemplo, no caso de I - manutenção de assistência jurídica, integral e
criação dos Serviços de Proteção ao Consumidor (Pro- gratuita para o consumidor carente;
con); por incentivos à criação e ao desenvolvimento II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa
de associações representativas, de modo a oportuni- do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
zar a organização dos consumidores; por meio da pre- III - criação de delegacias de polícia especializadas
sença do Estado no mercado de consumo, como nos no atendimento de consumidores vítimas de infra-
casos das atividades essenciais ou que digam respeito ções penais de consumo;
ao interesse público; pela garantia dos produtos e ser- IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Cau-
viços com padrões adequados de qualidade, seguran- sas e Varas Especializadas para a solução de lití-
ça, durabilidade e desempenho, de maneira a atender gios de consumo;
não só às necessidades dos consumidores, como a pró- V - concessão de estímulos à criação e desenvolvi-
pria viabilidade de inserção de produtos e serviços no mento das Associações de Defesa do Consumidor.
mercado em razão dos padrões de exigência. VI - instituição de mecanismos de prevenção e tra-
O terceiro princípio tratado no art. 4º do CDC é o tamento extrajudicial e judicial do superendivida-
Princípio da Harmonização dos Interesses. Tal prin- mento e de proteção do consumidor pessoa natural;
cípio busca equacionar os interesses dos participantes (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
das relações de consumo, de modo a compatibilizar a VII - instituição de núcleos de conciliação e media-
proteção do consumidor com a necessidade de desen- ção de conflitos oriundos de superendividamento.
volvimento econômico e tecnológico do fornecedor. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
Em síntese, busca viabilizar os princípios nos quais se
funda a ordem econômica com o equilíbrio nas rela- Pode-se dizer que se trata de um rol meramente
298 ções entre consumidor e fornecedor. exemplificativo.
Dos Direitos Básicos do Consumidor O inciso II, do art. 6º, do CDC, trata do direito à edu-
cação e divulgação sobre consumo adequado, uma
Os arts. 6º e 7º, do CDC, trazem os direitos funda- vez que é direito do consumidor a educação e a divul-
mentais do consumidor. Trata-se, portanto, dos prin- gação sobre consumo adequado dos produtos e servi-
cípios que regem as relações de consumo, tais como ços, visando que as escolhas sejam realizadas de modo
proteção à vida, saúde e segurança, educação e infor- correto e sem artimanhas. O dispositivo engloba, ain-
mação, não abusividade, equilíbrio contratual, pre- da, o dever de assegurar a liberdade de decidir e o aces-
venção e reparação integral, entre outros. so em igualdade de condições a outros consumidores.
O inciso III estabelece o direito à informação, de
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: modo a garantir ao consumidor que sejam prestadas
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os
as informações adequadas e claras sobre os diferentes
riscos provocados por práticas no fornecimento
produtos e serviços, sendo dever do fornecedor a sua
de produtos e serviços considerados perigosos ou
nocivos; prestação. O dever de informação refere-se à especifi-
II - a educação e divulgação sobre o consumo ade- cação correta de quantidade, característica, composi-
quado dos produtos e serviços, asseguradas a liber- ção, qualidade, tributos incidentes e preço, além dos
dade de escolha e a igualdade nas contratações; riscos que podem apresentar o produto ou serviço.
III - a informação adequada e clara sobre os dife-
rentes produtos e serviços, com especificação cor-
reta de quantidade, características, composição, Importante!
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem; São desdobramentos do direito à informação a
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e garantia da cognoscibilidade prevista no art. 46,
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou des- do CDC, e as regras de redação dos contratos de
leais, bem como contra práticas e cláusulas abu- adesão trazidas nos §§ 3º e 4º, art. 54, do CDC.
sivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que O inciso IV trata do direito a não abusividade, ou
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua seja, a proteção contra a publicidade enganosa e abu-
revisão em razão de fatos supervenientes que as siva, contra métodos comerciais coercitivos ou des-
tornem excessivamente onerosas; leais, assim como contra práticas e cláusulas abusivas
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patri- ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.
moniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Os conceitos de publicidade enganosa e abusiva,
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrati- inclusive por omissão, estão previstos no art. 37, do
vos com vistas à prevenção ou reparação de danos CDC. O elenco das práticas abusivas foi exemplifica-
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou
do no art. 39. Por fim, a garantia de não exposição a
difusos, assegurada a proteção Jurídica, adminis-
qualquer tipo de situação vexatória, constrangimento
trativa e técnica aos necessitados;
ou ameaça no caso de inadimplência encontra-se dis-
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusi-
ciplinada no art. 42 e o rol das cláusulas contratuais
ve com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for veros- consideradas abusivas no art. 51, do CDC.
símil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, O inciso V do art. 6º, do CDC, estabelece o direito
segundo as regras ordinárias de experiências; ao equilíbrio contratual. Por equilíbrio contratual
IX - (Vetado); entende-se a garantia de modificação de cláusulas
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços contratuais que estabeleçam prestações despropor-
públicos em geral. cionais ou sua revisão em razão de fatos superve-
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, nientes que as tornem excessivamente onerosas. Esse
de educação financeira e de prevenção e tratamen- direito também é denominado de princípio da modi-
to de situações de superendividamento, preservado ficação das prestações desproporcionais ou princípio
o mínimo existencial, nos termos da regulamenta- da preservação.
O inciso VI, do art. 6°, do CDC trata do direito à
ção, por meio da revisão e da repactuação da dívi-
da, entre outras medidas;
prevenção e reparação integral, de modo a impor a
XII - a preservação do mínimo existencial, nos ter-
completa reparação de danos patrimoniais e morais,
mos da regulamentação, na repactuação de dívidas
e na concessão de crédito;
quer individuais, coletivos ou difusos. Por esse direito,
XIII - a informação acerca dos preços dos produ- depreende-se que o CDC veda o tarifamento de inde-
tos por unidade de medida, tal como por quilo, por nização por dano moral nos contratos de consumo,
ou seja, cabe ao juiz, no caso concreto, estabelecer os
ATENDIMENTO BANCÁRIO

litro, por metro ou por outra unidade, conforme o


caso. valores indenizatórios com base nas características.
Parágrafo único. A informação de que trata o inci- O inciso VII estabelece o direito ao acesso à Jus-
so III do caput deste artigo deve ser acessível à tiça. Portanto, ao consumidor é assegurado o acesso
pessoa com deficiência, observado o disposto em aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à
regulamento. prevenção ou reparação de danos.
Esse princípio deve ser conjugado com o art. 5º, do
O inciso I, do art. 6º, do CDC, estabelece o direito CDC, que prevê, como instrumentos de execução da
de proteção à vida, saúde e segurança como direito Política Nacional das Relações de Consumo, a institui-
fundamental contra os riscos provocados por práticas ção ou a manutenção de assistência jurídica, integral
no fornecimento de produtos e serviços considerados e gratuita para o consumidor carente, a instituição
perigosos ou nocivos. Conforme será visto a seguir, de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor
os arts. 8º a 11 são destinados à proteção à saúde e e a criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas
à segurança do consumidor e à responsabilização do e Varas Especializadas para a solução de litígios de
fornecedor pelos acidentes de consumo. consumo. 299
O inciso VIII, do art. 6º, do CDC, dispõe sobre o Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços poten-
direito à facilitação da defesa dos direitos, mani- cialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segu-
festada por diversos mecanismos, tais como a soli- rança deverá informar, de maneira ostensiva e
dariedade passiva na reparação de danos (art. 7º), adequada, a respeito da sua nocividade ou periculo-
a responsabilização objetiva por fato do produto ou sidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas
serviço (arts. 12 e 14), a vedação à denunciação da cabíveis em cada caso concreto.
lide (art. 88), a prerrogativa da propositura da ação no
domicílio do consumidor-autor (art. 101, inciso I, do A Lei nº 13.486/17 inseriu os dois parágrafos cons-
CDC) e a possibilidade de inversão do ônus da prova. tantes do art. 8º, do CDC. O primeiro trata da obriga-
Por fim, o inciso X estabelece o direito à adequa- ção do fabricante de produto industrial de prestar
da e eficaz prestação dos serviços públicos. as informações relativas à segurança por meio de
Já nos termos do art. 7º, do CDC, os direitos estabe- impressos apropriados que o acompanhem. Já o
lecidos pela norma não excluem outros decorrentes segundo trata da exigência de higienização dos equi-
de tratados ou convenções internacionais, da legis- pamentos e utensílios utilizados no fornecimento de
lação interna ordinária, de regulamentos expedidos produtos ou serviços, informando ostensiva e adequa-
pelas autoridades administrativas competentes, bem damente sobre eventual risco de contaminação.
como dos que derivem dos princípios gerais do direi- O art. 10 trata da hipótese de a periculosidade ou
to, analogia, costumes e equidade. nocividade do produto ou serviço extrapolar o razoá-
vel. Nesse caso, o CDC veda expressamente a sua colo-
Art. 7º Os direitos previstos neste código não
cação no mercado, como, por exemplo, nos casos de
excluem outros decorrentes de tratados ou conven-
medicamentos proibidos em que os efeitos colaterais
ções internacionais de que o Brasil seja signatário,
da legislação interna ordinária, de regulamentos superam os benefícios trazidos.
expedidos pelas autoridades administrativas com- No entanto, existem casos em que esse risco só
petentes, bem como dos que derivem dos princípios é detectado após a colocação do produto ou serviço
gerais do direito, analogia, costumes e equidade. no mercado. Nessa hipótese, o fornecedor é obriga-
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, do a comunicar o fato imediatamente às autoridades
todos responderão solidariamente pela reparação competentes e aos consumidores, mediante anúncios
dos danos previstos nas normas de consumo. publicitários, veiculados na imprensa, rádio e televi-
são, às suas expensas.
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção
e da Reparação dos Danos Art. 10 O fornecedor não poderá colocar no mer-
cado de consumo produto ou serviço que sabe ou
Com relação à qualidade do produto e serviço, à
deveria saber apresentar alto grau de nocividade
prevenção e à reparação dos danos, os arts. 8º a 11 tra-
ou periculosidade à saúde ou segurança.
tam da Proteção à Saúde e Segurança, estabelecendo
as regras preventivas. § 1º O fornecedor de produtos e serviços que, pos-
teriormente à sua introdução no mercado de con-
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mer- sumo, tiver conhecimento da periculosidade que
cado de consumo não acarretarão riscos à saúde apresentem, deverá comunicar o fato imediatamen-
ou segurança dos consumidores, exceto os conside- te às autoridades competentes e aos consumidores,
rados normais e previsíveis em decorrência de sua mediante anúncios publicitários.
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, § 2º Os anúncios publicitários a que se refere o § ante-
em qualquer hipótese, a dar as informações neces- rior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão,
sárias e adequadas a seu respeito. às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabri-
§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de pericu-
cante cabe prestar as informações a que se refere
losidade de produtos ou serviços à saúde ou segu-
este artigo, através de impressos apropriados que
devam acompanhar o produto. rança dos consumidores, a União, os Estados, o
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos Distrito Federal e os Municípios deverão informá-
e utensílios utilizados no fornecimento de produtos -los a respeito.
ou serviços, ou colocados à disposição do consumi-
dor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, Trata-se do chamado recall.
quando for o caso, sobre o risco de contaminação. Se por um lado o CDC busca privilegiar a prevenção,
por outro, sabe-se que danos podem ocorrer. Por esse
Observa-se que o art. 8º traz a regra de que o pro-
duto ou o serviço da relação de consumo não devem motivo que um dos direitos fundamentais do consumi-
acarretar risco à saúde ou à segurança dos consumi- dor é a reparação integral, sendo que a responsabilida-
dores. No entanto, existem riscos considerados nor- de é solidária, conforme estudado no inciso VI, do art.
mais e previsíveis, que são da própria natureza de 6º e Parágrafo Único, do art. 7º, respectivamente. Assim
determinados produtos ou serviços, como, por exem- sendo, o CDC dedicou seção própria para disciplinar a
plo, uma serra ou um processador de alimentos, que responsabilidade civil do fornecedor/prestador.
podem trazer determinado risco no seu manuseio.
Existe, também, produto ou serviço cujo grau de
periculosidade ou de nocividade é mais acentuada,
tais como no caso dos agrotóxicos ou dos serviços de
Importante!
dedetização. Nesses casos, face à utilidade gerada com A responsabilidade pode ser apurada em três
sua colocação no mercado, é necessário que o produto
esferas: civil, penal e administrativa. O CDC tra-
ou serviço seja acompanhado de informações ostensi-
vas e adequadas sobre sua nocividade e periculosida- ta, nos arts. 12 a 25, da responsabilidade civil,
de, sem prejuízo de outras medidas no caso concreto, ou seja, da responsabilidade de indenizar caso a
300 nos termos do art. 9º. conduta gere um dano ao consumidor.
Antes de iniciar o estudo sobre a responsabilida- Complementando o caput do art. 12, o § 1º concei-
de civil do fornecedor, é preciso distinguir o vício e tua como produto defeituoso aquele cujo risco excede
o fato do produto ou serviço. Vício refere-se a uma ao esperado. Portanto, são aqueles que extrapolam
impropriedade ou inadequação do objeto de consumo os riscos normais do produto em si, ou seja, aos ris-
quanto a sua qualidade ou quantidade, atingindo a cos decorrentes da própria natureza do produto, ten-
do em consideração sua apresentação, uso e riscos
esfera econômica do consumidor, como, por exemplo,
razoáveis e a época em que foi colocado em circula-
um aparelho eletrônico que não liga ou não funciona ção, como, por exemplo, triturador de alimentos com
adequadamente ou um alimento embalado como 1 a hélice solta, bateria de celular com sobrecarga ou
(um) quilo, mas que contém somente 900 (novecentos) automóvel cujo airbag não funciona adequadamente.
gramas. Fato diz respeito ao denominado acidente de Em contrapartida, o § 2º exclui do conceito de
consumo, ou seja, um defeito no produto ou serviço defeito o produto ou serviço que é colocado no mer-
que vai atingir a saúde ou a segurança do consumidor, cado quando existe outro de melhor qualidade. Expli-
como, por exemplo, um aparelho eletrônico montado cando melhor: o fato de existirem computadores ou
de forma errada e que pode explodir ou um alimento telefones celulares com novas tecnologias não torna
os produtos anteriores defeituosos.
contaminado.
O § 3º, por sua vez, trata das hipóteses de excluden-
Os arts. 12, 13, 14 e 17 tratam da responsabilidade te de responsabilidade. Assim, para afastar sua obri-
civil pelo fato do produto ou serviço: gação de indenizar, deve o fornecedor provar que:
Art. 12 O fabricante, o produtor, o construtor, z Não colocou o produto no mercado, como, por exem-
nacional ou estrangeiro, e o importador respon- plo, nos casos decorrentes de falsificação do produto;
dem, independentemente da existência de culpa, z Embora tenha colocado o produto no mercado, o
pela reparação dos danos causados aos consumido- defeito inexiste, ou seja, que o produto foi devida-
res por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, mente fabricado ou o serviço regularmente prestado;
construção, montagem, fórmulas, manipulação, z A culpa é exclusiva do consumidor ou de tercei-
apresentação ou acondicionamento de seus pro- ro, como, por exemplo, o aparelho quando é utili-
dutos, bem como por informações insuficientes ou zado em voltagem incorreta e pega fogo.
inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a
O art. 13 trata da responsabilidade objetiva do
segurança que dele legitimamente se espera, levan-
comerciante. Como regra, o acidente de consumo
do-se em consideração as circunstâncias relevan-
ocorre por um defeito no processo de fabricação do
tes, entre as quais: produto. Deste modo, quando se trata de fato do pro-
I - sua apresentação; duto, diferente do que ocorre com o vício, a responsa-
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se bilidade principal é sempre do fabricante, construtor,
esperam; produtor ou importador, respondendo o comerciante
III - a época em que foi colocado em circulação. apenas quando o fabricante, o construtor, o produtor
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo ou o importador não puderem ser identificados ou,
fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado podendo, não o são de fato.
no mercado. Geralmente, é o caso dos produtos “in natura”, isto
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou é, aqueles colocados no mercado sem processos indus-
importador só não será responsabilizado quando triais ou de transformação, como uma refeição servi-
provar: da em restaurante ou a venda de cereais a granel no
I - que não colocou o produto no mercado; varejo. Também há responsabilidade do comerciante
II - que, embora haja colocado o produto no merca- no caso de o produto fornecido sem identificação cla-
do, o defeito inexiste; ra do seu fabricante, produtor, construtor ou impor-
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
tador. Por fim, há a responsabilidade no caso de má
conservação do produto, como nas hipóteses de pro-
z Tipos de Responsabilidade Civil no CDC: duto com lacre violado ou mau acondicionado.

„ Responsabilidade objetiva (3 elementos): Con- Art. 13 O comerciante é igualmente responsável,


duta (ação ou omissão) + Dano (resultado) + Nexo nos termos do artigo anterior, quando:
de Causalidade (a conduta gerou o resultado); I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o impor-
„ Responsabilidade subjetiva (4 elementos): tador não puderem ser identificados;
Conduta (ação ou omissão) + Dano (resultado) + II - o produto for fornecido sem identificação cla-
Nexo de Causalidade (a conduta gerou o resul- ra do seu fabricante, produtor, construtor ou
tado) + Culpa em sentido amplo (dolo ou culpa). importador;
III - não conservar adequadamente os produtos
perecíveis.
ATENDIMENTO BANCÁRIO

O art. 12, do CDC, trata do fato do produto ao atri- Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento
buir a responsabilidade objetiva do fabricante, ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso
produtor, construtor (nacional ou estrangeiro) ou contra os demais responsáveis, segundo sua parti-
importador pelos danos causados aos consumidores cipação na causação do evento danoso.
por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, cons-
trução, montagem, fórmulas, manipulação, apresen-
tação ou acondicionamento de seus produtos, bem Importante!
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua utilização e seus riscos. Trata-se, portanto, Em decorrência da dificuldade de prova, o Pará-
de produto defeituoso, cuja responsabilidade inde- grafo Único, do art. 13, estabelece a possibilidade
pende da existência de culpa. de o consumidor ingressar com a demanda em
Observa-se que o art. 12 é bem abrangente, uma face de todos os integrantes da cadeia de produ-
vez que busca atingir toda a cadeia produtiva, isto é, ção/fornecimento por meio de ação regressiva,
desde a concepção do produto até a sua divulgação. de modo a resolver entre si a questão em confor-
Assim, trata-se de rol meramente exemplificativo. midade com sua participação no evento danoso. 301
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, indepen- z Aparelho celular que explode com terceiro que
dentemente da existência de culpa, pela reparação não aquele que comprou o aparelho;
dos danos causados aos consumidores por defeitos z Avião que cai em uma residência e mata, além de
relativos à prestação dos serviços, bem como por seus passageiros, os moradores do local.
informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.
Art. 17 Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar, aos consumidores todas as vítimas do evento.
levando-se em consideração as circunstâncias rele-
vantes, entre as quais: Os arts. 18 a 25 tratam da responsabilidade civil
I - o modo de seu fornecimento; pelo vício do produto ou serviço. Vejamos:
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele
se esperam; Art. 18 Os fornecedores de produtos de consumo
III - a época em que foi fornecido. duráveis ou não duráveis respondem solidariamen-
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela te pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
adoção de novas técnicas. tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsa- que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
bilizado quando provar: como por aqueles decorrentes da disparidade, com
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; a indicações constantes do recipiente, da embala-
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. gem, rotulagem ou mensagem publicitária, respei-
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais tadas as variações decorrentes de sua natureza,
liberais será apurada mediante a verificação de podendo o consumidor exigir a substituição das
culpa. partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de
O art. 14, do CDC, trata da responsabilidade obje- trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativa-
tiva do fornecedor do serviço. Assim como ocorre mente e à sua escolha:
com o produto, o acidente de consumo decorrente I - a substituição do produto por outro da mesma
de fato ou vício do serviço impõe, também, a respon- espécie, em perfeitas condições de uso;
sabilização do fornecedor, independentemente da II - a restituição imediata da quantia paga, mone-
existência de culpa, pela reparação dos danos causa- tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
dos aos consumidores pela existência de defeito ou perdas e danos;
informações insuficientes ou inadequadas. Exemplo: III - o abatimento proporcional do preço.
serviço de dedetização com aplicação de veneno em § 2º Poderão as partes convencionar a redução
dosagem acima do recomendado, de modo a causar ou ampliação do prazo previsto no § anterior, não
intoxicação ao consumidor. podendo ser inferior a sete nem superior a cento e
O § 1º, do art. 14, que traz o conceito de serviço oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula
defeituoso, ou seja, aquele que não fornece a segu- de prazo deverá ser convencionada em separado,
por meio de manifestação expressa do consumidor.
rança esperada ao consumidor, tendo em vista as cir-
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das
cunstâncias relevantes, entre as quais o modo do seu alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em
fornecimento, o resultado e risco que dele são espera- razão da extensão do vício, a substituição das par-
dos e a época em que foi fornecido. Exemplo: ausência tes viciadas puder comprometer a qualidade ou
de informação adequada sobre a profundidade de características do produto, diminuir-lhe o valor ou
uma piscina em um hotel, causando lesão ao hóspede se tratar de produto essencial.
que mergulhou no local. § 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa
O § 2º, do art. 14, é semelhante ao do art. 13. do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível
Enquanto este se refere ao produto, aquele trata da a substituição do bem, poderá haver substituição
evolução das técnicas de execução de um serviço. por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
Assim, não se pode considerar defeituoso o serviço mediante complementação ou restituição de even-
somente pelo fato de existirem técnicas mais moder- tual diferença de preço, sem prejuízo do disposto
nos incisos II e III do § 1º deste artigo.
nas para sua execução.
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura,
Já o § 3º, do art. 14, trata das hipóteses de exclu-
será responsável perante o consumidor o fornece-
dentes de responsabilidade. De acordo com o dor imediato, exceto quando identificado claramen-
dispositivo, o fornecedor de serviços não será respon- te seu produtor.
sabilizado se provar que, tendo prestado o serviço, o § 6º São impróprios ao uso e consumo:
defeito inexiste ou a culpa é exclusiva do consumidor I - os produtos cujos prazos de validade estejam
ou de terceiro. vencidos;
O § 4º traz uma exceção à responsabilidade obje- II - os produtos deteriorados, alterados, adultera-
tiva do prestador de serviço, ou seja, a responsabi- dos, avariados, falsificados, corrompidos, frauda-
lidade subjetiva do profissional liberal. Portanto, dos, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda,
deve ser apurada a culpa dos profissionais liberais aqueles em desacordo com as normas regulamen-
para imputar a responsabilidade. Exemplo: serviço tares de fabricação, distribuição ou apresentação;
prestado por um médico em seu consultório, a res- III - os produtos que, por qualquer motivo, se reve-
lem inadequados ao fim a que se destinam.
ponsabilidade é subjetiva, devendo verificar se houve
Art. 19 Os fornecedores respondem solidariamente
negligência, imprudência ou imperícia.
pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
Por fim, o art. 17 traz a noção de consumidor respeitadas as variações decorrentes de sua natu-
para proteger todas as vítimas do evento. Trata-se do reza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
denominado consumidor bystander, ou seja, aque- constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
la vítima que não participou diretamente do negócio, ou de mensagem publicitária, podendo o consumi-
mas sofreu as consequências do evento danoso. São dor exigir, alternativamente e à sua escolha:
302 exemplos: I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida; Portanto, deve-se pedir a troca do produto, o res-
III - a substituição do produto por outro da mesma sarcimento do valor pago ou a diminuição do seu
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; preço.
IV - a restituição imediata da quantia paga, mone- O consumidor não precisa aguardar o prazo legal
tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais para fazer uso dessas alternativas se, em razão da
perdas e danos.
extensão do vício, a substituição das partes viciadas
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do
artigo anterior.
puder comprometer a qualidade ou características do
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quan- produto, diminuir-lhe o valor ou tratar-se de produto
do fizer a pesagem ou a medição e o instrumento essencial.
utilizado não estiver aferido segundo os padrões O art. 19, do CDC, trata do vício de quantidade do
oficiais. produto, ou seja, aquele decorrente de variação não
tolerável de conteúdo em relação às indicações cons-
Observa-se que os dois primeiros artigos (18 e tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
19) tratam dos vícios do produto, ou seja, produtos mensagem publicitária. Exemplo: produto alimentício
que, em razão da qualidade ou quantidade, se tornem cujo peso não atinja ao informado na embalagem.
impróprios ou inadequados ao consumo ou lhes dimi- Ao consumidor, cabe optar por uma destas alter-
nuam o valor, assim como por aqueles decorrentes de nativas:
disparidade. Exemplo: computador cuja memória ou
processador é inferior ao informado nas suas especi- z Abatimento proporcional do preço;
ficações técnicas ou produto com quantidade inferior z Complementação do peso ou medida;
ao especificado na embalagem. Semelhante ao fato do z Substituição do produto por outro da mesma espé-
produto, a responsabilidade civil por vício do produ- cie, ou por produto diverso, mediante complemen-
to também é objetiva, recaindo tanto sobre produtos tação ou restituição de eventual diferença de preço;
duráveis como não duráveis. z Restituição imediata da quantia paga.
A durabilidade do produto ou serviço está relacio-
O art. 20 do CDC disciplina a responsabilidade pelos
nada à expectativa de sua utilidade para com o consu- serviços com vício de qualidade, ou seja, aquele vício
midor. Assim, considera-se produto durável aquele que o torne impróprio ao consumo ou que lhe diminua
que não se consuma imediatamente, possuindo vida o valor, como, por exemplo, aqueles decorrentes de dis-
útil com duração razoável, tais como, automóveis, paridade com relação à oferta publicitária. Disciplina,
celulares, computadores; já os serviços duráveis são ainda, a responsabilidade pelos serviços impróprios,
aqueles cujos efeitos são por prazo também razoáveis, isto é, aqueles que se mostram inadequados para o fim
tais como reforma ou pintura de imóvel ou assistência que dele se espera, assim como aquele que não atende
técnica de eletrodoméstico, entre outros. às normas regulamentares de prestabilidade, tais como
Em contrapartida, produtos não duráveis são serviço de funilaria de automóvel que descasca na se-
aqueles cujo consumo importa em destruição imedia- mana seguinte à realização; planos de prestadoras de te-
ta da substância ou em lapso temporal muito peque- lefonia móvel com serviço indisponível; planos de saúde
no, tais como os gêneros alimentícios e os produtos de sem cobertura prevista, entre outros. Nesses casos, pode
higiene pessoal; serviços não duráveis são aqueles o consumidor optar pelas seguintes alternativas: reexe-
que perduram por um prazo bem curto, tais como ser- cução dos serviços, sem custo adicional ou realização
viços de transporte, lavagem de automóvel, manicure, deste por terceiro capacitado, por conta e risco do forne-
entre outros. cedor; restituição imediata da quantia paga; abatimento
De acordo com o caput do art. 18, complementado proporcional do preço.
por seu § 6º, são considerados impróprios ao uso e
Art. 20 O fornecedor de serviços responde pelos
consumo os produtos cujos prazos de validade este-
vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
jam vencidos; os produtos deteriorados, alterados,
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, aqueles decorrentes da disparidade com as indica-
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ções constantes da oferta ou mensagem publicitá-
ainda, aqueles em desacordo com as normas regula- ria, podendo o consumidor exigir, alternativamente
mentares de fabricação, distribuição ou apresentação; e à sua escolha:
os produtos que, por qualquer motivo, se revelem ina- I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
dequados ao fim a que se destinam. São exemplos: os quando cabível;
produtos perecíveis, tais como alimentos, cujo prazo II - a restituição imediata da quantia paga, mone-
se encontra fora da validade ou brinquedo falsificado tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
ou que não atenda às normas técnicas de fabricação perdas e danos;
ATENDIMENTO BANCÁRIO

ou segurança. III - o abatimento proporcional do preço.


No caso de vício de qualidade do produto, o § 1º § 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada
estabelece ao fornecedor o prazo de trinta dias para a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
sanar o vício. Já ao consumidor cabe optar por uma
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem
destas possibilidades: inadequados para os fins que razoavelmente deles
se esperam, bem como aqueles que não atendam as
z Pedir a substituição do produto por outro da mes- normas regulamentares de prestabilidade.
ma espécie, em perfeitas condições de uso, ou por
produto diverso mediante complementação ou Dica
restituição de eventual diferença de preço;
z Pedir a restituição imediata da quantia paga, mo- Não há, no CDC, previsão expressa de vício de
netariamente atualizada, sem prejuízo de even- quantidade do serviço. No entanto, aplica-se, por
tuais perdas e danos; analogia, o artigo do CDC que trata do vício de
z Pedir o abatimento proporcional do preço. quantidade do produto. 303
O art. 22 trata dos serviços públicos, sejam estes Complementando o art. 24, o art. 25 do CDC veda a
prestados pelos órgãos públicos diretamente ou indi- exoneração ou atenuação da garantia legal por meio
retamente pelas empresas concessionárias, permis- de contrato, ou seja, o fato de não estar previsto em
sionárias ou autorizadas. contrato não retira a garantia do produto. Exemplo, o
A responsabilidade pelos serviços públicos é obje- fato de um estacionamento fixar placas dizendo que
tiva e deve o serviço ser fornecido de modo adequado,
não se responsabiliza pelo veículo não o exime de sua
eficiente, seguro e, no caso de serviço essencial, como
responsabilidade.
serviço de água, iluminação e segurança pública, por
exemplo, de forma contínua.
Art. 25 É vedada a estipulação contratual de cláu-
Art. 22 Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, sula que impossibilite, exonere ou atenue a obri-
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer gação de indenizar prevista nesta e nas seções
outra forma de empreendimento, são obrigados a anteriores.
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, § 1º Havendo mais de um responsável pela causação
quanto aos essenciais, contínuos. do dano, todos responderão solidariamente pela
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
total ou parcial, das obrigações referidas neste arti-
§ 2º Sendo o dano causado por componente ou peça
go, serão as pessoas jurídicas compelidas a cum-
incorporada ao produto ou serviço, são responsá-
pri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código. veis solidários seu fabricante, construtor ou impor-
tador e o que realizou a incorporação.
Nos termos do art. 23, do CDC, o fato de o forne-
cedor desconhecer o vício de qualidade por inade- Os arts. 26 e 27 do CDC estabelecem as regras sobre
quação dos produtos e serviços não o exime de sua decadência e prescrição. Assim:
responsabilidade.
Art. 26 O direito de reclamar pelos vícios aparentes
Art. 23 A ignorância do fornecedor sobre os vícios ou de fácil constatação caduca em:
de qualidade por inadequação dos produtos e servi- I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de ser-
ços não o exime de responsabilidade. viço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de
O art. 24 trata da garantia legal de adequação do serviço e de produtos duráveis.
produto ou serviço. Explicando melhor, a garantia § 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a
decorre de lei e independe de termo expresso, ou seja, partir da entrega efetiva do produto ou do término
ela é assegurada ao consumidor independentemente da execução dos serviços.
de o fornecedor estipular que não se responsabiliza § 2º Obstam a decadência:
por vício no serviço ou produto. I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e ser-
Art. 24 A garantia legal de adequação do produto viços até a resposta negativa correspondente, que
ou serviço independe de termo expresso, vedada a deve ser transmitida de forma inequívoca;
exoneração contratual do fornecedor. II - (Vetado).
III - a instauração de inquérito civil, até seu encer-
São modalidades de garantia: ramento.
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decaden-
z Garantia legal
cial inicia-se no momento em que ficar evidenciado
o defeito.
„ É obrigatória;
Art. 27 Prescreve em cinco anos a pretensão à
„ Independe de termo expresso;
reparação pelos danos causados por fato do pro-
„ Vedada exoneração do fornecedor;
duto ou do serviço prevista na Seção II deste Capí-
„ 30 dias produtos e serviços não duráveis;
tulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
„ 90 dias produtos e serviços duráveis.
conhecimento do dano e de sua autoria.
Parágrafo único. (Vetado).
z Garantia contratual
Inicialmente, cumpre mencionar que o CDC traz
„ Não é obrigatória;
a responsabilidade do fornecedor para os casos de
„ Depende de termo expresso;
vícios aparentes ou de fácil constatação e não
„ É complementar à garantia legal.
somente para os vícios ocultos. Para tanto, o prazo
decadencial é de 30 (trinta) dias para bens não durá-
Portanto, quem fixa a garantia legal é o CDC. Já as
veis ou 90 (noventa) dias para bens duráveis. Assim,
partes podem fixar a garantia contratual, que é com-
plementar a legal. Deste modo, este prazo começa a o consumidor possui 30 dias para reclamar de um
valer após expirado o prazo da garantia legal. Exem- alimento ou medicamento e 90 dias para reclamar de
plo: se para determinado produto a garantia legal é de um eletrodoméstico ou eletrônico.
30 (trinta) dias, mas o fornecedor concede 7 (sete) dias Nos termos do art. 26, § 1º, o prazo decadencial
de garantia contratual. Na realidade, serão 37 (trinta tem início com a entrega efetiva do produto ou do tér-
e sete) dias no total. mino da execução do serviço. Isto significa dizer que
se um objeto, por exemplo, é comprado como presen-
O prazo de garantia legal não está no art. 24. Ele é te, o prazo só começa a fluir com a entrega ao presen-
304 expresso no art. 26. teado e não com a data da compra.
Importante! Além disso, resguarda o consumidor no caso de
atos culposos graves, tais como a má administração,
Este dispositivo é aplicado no caso de vício apa-
que levem à falência, insolvência ou extinção da pes-
rente ou de fácil constatação, ou seja, aquele que soa jurídica, permitindo também a desconsideração
pode ser facilmente detectado. Caso se trate de da pessoa jurídica.
vício oculto, o prazo decadencial terá início no A desconsideração da personalidade jurídica pre-
momento em que ficar evidenciado o defeito, vista no CDC é diferente da disposta no Código Civil.
com conformidade com o § 3º. A do CDC é chamada teoria menor; sua amplitude é
maior que a do CC, tendo em vista que ao consumi-
dor não é necessário fazer prova quanto ao abuso de
O § 2º do art. 26 traz as hipóteses de obstaculização direito, fraude ou confusão patrimonial.
da decadência. São elas: reclamação formulada pelo
consumidor até a resposta negativa do fornecedor e Das Práticas Comerciais
a instauração de inquérito civil a cargo do Ministério
As práticas comerciais estão disciplinadas nos
Público, até seu encerramento. Portanto, nestas hipó-
arts. 29 a 45, de modo a envolver a oferta, a publici-
teses não computa o prazo. dade, as práticas abusivas, as regras para cobrança de
Se a decadência tem por efeito extinguir o direito, dívidas e o tratamento dos dados dos consumidores.
a prescrição visa extinguir a ação. A prescrição para O art. 29 trata das disposições gerais e traz o con-
o fato do produto ou serviço encontra-se disciplina- ceito de consumidor em sentido amplo, exposto ou
da no art. 27 do CDC. Assim, o prazo para que o consu- virtual. Assim:
midor ingresse com a ação para reparação dos danos
causados por fato do produto ou do serviço prescreve Art. 29 Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equi-
em 5 (cinco) anos, contados a partir do conhecimento param-se aos consumidores todas as pessoas deter-
do dano e de sua autoria. mináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

VÍCIO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO: Observa-se, portanto, que o art. 29 é mais uma das
INADEQUAÇÃO COM OS FINS ESPERADOS hipóteses que amplia o conceito de consumidor. Tra-
ta-se de equiparar ao consumidor do art. 2º a todas
30 produtos e serviços não as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas
duráveis previstas no CDC, ou seja, os consumidores em poten-
Decadência
90 para produtos e servi- cial que, embora não tenham concretizado a relação
ços duráveis de consumo, encontram-se exposto às práticas do
mercado, tais como oferta e publicidade.
Fato do produto ou do serviço – acidente de consumo
As regras acerca da oferta são tratadas nos arts. 30
Prescrição 5 anos a 35 do CDC. Vejamos os dispositivos:

O art. 28 do CDC trata da Desconsideração da Per- Art. 30 Toda informação ou publicidade, suficien-
temente precisa, veiculada por qualquer forma ou
sonalidade Jurídica:
meio de comunicação com relação a produtos e ser-
Art. 28 O juiz poderá desconsiderar a personali- viços oferecidos ou apresentados, obriga o fornece-
dade jurídica da sociedade quando, em detrimento dor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra
do consumidor, houver abuso de direito, excesso o contrato que vier a ser celebrado.
de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou vio-
lação dos estatutos ou contrato social. A descon- O princípio da vinculação da oferta está previsto
sideração também será efetivada quando houver no art. 30 do CDC. Por oferta, entende-se toda e qual-
falência, estado de insolvência, encerramento ou quer manifestação de vontade do fornecedor com o
inatividade da pessoa jurídica provocados por má objetivo de externar sua intenção de contratar e as
administração. condições deste negócio jurídico. Em síntese, é uma
§ 1º(Vetado). espécie de informação pré-contratual.
§ 2º As sociedades integrantes dos grupos societá- A oferta possui as seguintes características:
rios e as sociedades controladas, são subsidiaria-
mente responsáveis pelas obrigações decorrentes z Deve abranger toda informação ou publicidade,
deste código. desde que suficientemente precisa, de modo a
§ 3º As sociedades consorciadas são solidariamen- identificar o produto ou serviço ofertado pelo for-
te responsáveis pelas obrigações decorrentes deste
necedor, e veiculada por qualquer forma ou meio
código.
ATENDIMENTO BANCÁRIO

de comunicação, como, por exemplo, jornal, televi-


§ 4º As sociedades coligadas só responderão por
culpa.
são, folheto, cartaz, entre outros;
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa z A oferta obriga o fornecedor a cumprir integralmen-
jurídica sempre que sua personalidade for, de algu- te a oferta veiculada. Exemplo: ofertou produto a R$
ma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 100,00 (cem reais), mesmo que alegue que o valor
causados aos consumidores. correto seria R$ 130,00 (cento e trinta), é obrigado a
cumprir intregalmente a oferta, pouco importando a
Trata-se da possibilidade de atingir o patrimônio alegação de que o anúncio saiu com erro.
particular das pessoas que compõem o quadro socie-
tário de determinada empresa, sempre que haja des- Fornecedor fez a oferta e vinculou, sua responsabi-
vio de finalidade ou abuso de direito em relação à lidade é objetiva, ou seja, independe de culpa/dolo na
autonomia patrimonial conferida à pessoa jurídica. oferta errada, salvo no caso de a oferta possuir erro
Assim, o art. 28 busca resguardar a situação do con- grosseiro, patente e identificável, como, por exemplo,
sumidor frente aos atos dolosos do fornecedor, quer vinculou o produto por R$ 100,00 (cem reais), mas ele
abusivos quer fraudulentos quer ilícitos. custa R$ 1.000,00 (um mil). 305
z A oferta integra o contrato que vier a ser celebrado, Art. 32 Os fabricantes e importadores deverão
mesmo que não constante expressamente do teor assegurar a oferta de componentes e peças de repo-
das cláusulas contratuais. Exemplo: no momento sição enquanto não cessar a fabricação ou impor-
da oferta o vendedor afirma ao consumidor que na tação do produto.
aquisição do veículo terá tanque cheio, ou seja, a Parágrafo único. Cessadas a produção ou importa-
ção, a oferta deverá ser mantida por período razoá-
concessionária se compromete a entregá-lo com o
vel de tempo, na forma da lei.
tanque de combustível completo, mesmo que isso
não conste do contrato a ser celebrado.
O CDC não estabelece um prazo para que o fornece-
dor e/ou importador continuem com o dever de repo-
Art. 31 A oferta e apresentação de produtos ou
sição das peças. No entanto, tanto a doutrina como a
serviços devem assegurar informações corretas,
jurisprudência entendem que o critério a ser utilizado é
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
o da vida útil do bem. Portanto, se a durabilidade média
sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade deste equipamento é de 5 (cinco) anos, ele é obrigado a
e origem, entre outros dados, bem como sobre os ofertar ao mercado peças de reposição por este prazo.
riscos que apresentam à saúde e segurança dos O art. 33 trata da oferta ou venda por telefone ou
consumidores. reembolso postal. Seu objetivo é garantir a transparên-
Parágrafo único. As informações de que trata este cia nas relações de consumo, de modo que haja a correta
artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao identificação do fabricante e do seu domicílio empresa-
consumidor, serão gravadas de forma indelével. rial tanto na embalagem, publicidade ou em todos os
seus impressos. Já o seu Parágrafo Único proíbe a publi-
O art. 31, por sua vez, trata das características da cidade de bens e serviços por telefone, quando a chama-
oferta e do modo de apresentação dos produtos e ser- da for onerosa ao consumidor que a original. Exemplo:
viços. São característica da oferta: operadora de celular que liga para oferecer um determi-
nado produto ao cliente quando este se encontra fora da
área de cobertura gratuita, de modo a pagar pela cha-
z Informação correta, ou seja, verdadeira, não po-
mada realizada pela própria operadora.
dendo ser engnosa;
Art. 33 Em caso de oferta ou venda por telefone ou
Puffing é uma técnica admitida no ordenamento reembolso postal, deve constar o nome do fabrican-
juridico em que há um exagero publicitário, denomi- te e endereço na embalagem, publicidade e em todos
nado dolus bônus. Exemplo: “melhor hamburger do os impressos utilizados na transação comercial.
mundo!”, “melhor sorvete que existe”. No entanto, Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e
esta técnica só é permitida se a informação que cons- serviços por telefone, quando a chamada for onero-
ta na mensagem for um dado subjetivo, isto é, aquele sa ao consumidor que a origina.
que varia de pessoa para pessoa. Portanto, pode ser
melhor hamburger do mundo para Fulano e não ser O art. 34 do CDC trata da responsabilidade pelos
para Beltrano. atos dos prepostos ou representantes autônomos.
Assim, o fornecedor é solidariamente responsável
z Informação clara e de entendimento de imediato; pelos atos de seus agentes.
z Informação precisa e exata. Exemplo: pacote com
20kg; Art. 34 O fornecedor do produto ou serviço é soli-
z Informação ostensiva, sendo fácil percepção e ca- dariamente responsável pelos atos de seus prepos-
pitação; tos ou representantes autônomos.
z Informação em língua portuguesa;
Por fim, o art. 35 estabelece as opções que tem o
consumidor diante da recusa do fornecedor em cum-
Importante! prir a oferta veiculada. Neste caso, pode o consumi-
dor, alternativamente e à sua livre escolha, optar por
É possível a utilização de Língua Estrangeira exigir o cumprimento forçado da oferta; aceitar outro
para produtos e serviços importados, porém de produto/serviço equivalente; rescindir o contrato.
forma excepcional.
Art. 35 Se o fornecedor de produtos ou serviços
recusar cumprimento à oferta, apresentação ou
z Informação indelével, ou seja, que não se apaga com publicidade, o consumidor poderá, alternativamen-
o tempo; te e à sua livre escolha:
z Informação legível (visível). I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos
termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço
Quanto ao modo de apresentação, os produtos
equivalente;
ou serviços devem conter as características, qualida- III - rescindir o contrato, com direito à restituição
des, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de quantia eventualmente antecipada, monetaria-
de validade e origem, entre outros dados, tais como mente atualizada, e a perdas e danos.
sobre os riscos que apresentam à saúde ou à seguran-
ça do consumidor. Uma das espécies de oferta é a publicidade. Ofer-
O art. 32 estabelece que os fabricantes e importado- ta é gênero do qual comporta toda e qualquer decla-
res deverão assegurar peças para reposição. Exemplo: ração de vontade voltada à celebração da relação de
o fabricante disponibiliza um determinado equipa- consumo, ao passo que publicidade é a informação
mento elétrico no mercado e, mesmo que modernize que promove comercialmente o produto ou serviço.
tal equipamento, deverá continuar a disponibilizar as As normas que disciplinam a publicidade são trata-
306 peças para reposição deste na versão antiga. das nos arts. 36 a 38 do CDC. Vejamos os dispositivos:
Art. 36 A publicidade deve ser veiculada de tal for- Por fim, o art. 38 estabelece o princípio da inversão
ma que o consumidor, fácil e imediatamente, a iden- do ônus da prova. Assim, em caso de dúvida acerca da
tifique como tal. publicidade, cabe ao fornecedor provar que a publici-
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de dade não é enganosa ou abusiva.
seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder,
para informação dos legítimos interessados, os
Das Práticas Abusivas
dados fáticos, técnicos e científicos que dão susten-
tação à mensagem.
Art. 37 É proibida toda publicidade enganosa ou As regras sobre as práticas abusivas encontram-
abusiva. -se nos arts. 39 a 41 do CDC. Vejamos os dispositivos:
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informa-
ção ou comunicação de caráter publicitário, intei- Art. 39 É vedado ao fornecedor de produtos ou ser-
ra ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro viços, dentre outras práticas abusivas:
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em I - condicionar o fornecimento de produto ou de ser-
erro o consumidor a respeito da natureza, carac- viço ao fornecimento de outro produto ou serviço,
terísticas, qualidade, quantidade, propriedades, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
origem, preço e quaisquer outros dados sobre pro- II - recusar atendimento às demandas dos consumido-
dutos e serviços. res, na exata medida de suas disponibilidades de esto-
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade dis- que, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
criminatória de qualquer natureza, a que incite à III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicita-
violência, explore o medo ou a superstição, se apro- ção prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer
veite da deficiência de julgamento e experiência da serviço;
criança, desrespeita valores ambientais, ou que IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do con-
seja capaz de induzir o consumidor a se compor- sumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conheci-
tar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde mento ou condição social, para impingir-lhe seus
ou segurança. produtos ou serviços;
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é V - exigir do consumidor vantagem manifestamente
enganosa por omissão quando deixar de informar excessiva;
sobre dado essencial do produto ou serviço. VI - executar serviços sem a prévia elaboração de
§ 4º (Vetado). orçamento e autorização expressa do consumidor,
Art. 38 O ônus da prova da veracidade e correção ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores
da informação ou comunicação publicitária cabe a entre as partes;
quem as patrocina. VII - repassar informação depreciativa, referente a
ato praticado pelo consumidor no exercício de seus
Assim, a publicidade é a prática utilizada para a direitos;
promoção de bens e serviços colocados no mercado, VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer
produto ou serviço em desacordo com as normas
com o objetivo de dar conhecimento ao consumidor
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
da sua existência e convencê-lo a adquiri-lo. Nos ter-
normas específicas não existirem, pela Associação
mos do art. 37, a publicidade deve se pautar pelo prin- Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
cípio da boa-fé, sendo proibida publicidade enganosa credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
ou abusiva. Por conseguinte, o consumidor deve ter Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
consciência do que se trata a publicidade ao ser expos- IX - recusar a venda de bens ou a prestação de ser-
to a ela, sendo vedada a publicidade subliminar, isto viços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los
é, aquela oculta. mediante pronto pagamento, ressalvados os casos
de intermediação regulados em leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou
Importante! serviços.
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de
A publicidade subliminar ou oculta fere o princí- 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando
pio da identificação da publicidade. da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento
de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo
O § 1º do art. 37 traz o conceito de publicidade inicial a seu exclusivo critério.
enganosa. Por publicidade enganosa entende-se aque- XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso
la que induz o consumidor a erro, independentemen- do legal ou contratualmente estabelecido.
te de ter sido a intenção do fornecedor de enganar ou XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos
não o consumidor. comerciais ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autoridade admi-
ATENDIMENTO BANCÁRIO

Portanto, a responsabilidade do fornecedor por


uma publicidade enganosa é objetiva. Exemplos de nistrativa como máximo.
publicidade enganosa: pacote turístico que afirma Parágrafo único. Os serviços prestados e os produ-
contemplar o aéreo e a hospedagem e, no momento tos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipó-
tese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras
da estadia, o consumidor é surpreendido com a infor-
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
mação de que a hospedagem não está contemplada ou
o fornecedor que não informa na embalagem que o O art. 39 do CDC traz, em seus incisos, rol exempli-
produto contém glúten e lactose e o consumidor que o ficativo das práticas abusivas na relação de consumo.
adquiriu é alergico e acaba sofendo danos. No inciso I trata do condicionamento no forneci-
Já o § 2º do art. 37 traz um rol exemplificativo mento do produto ou serviço ao fornecimento de
do que considera como publicidade abusiva, tais outro produto ou serviço, ou seja, a denominada
como a publicidade discriminatória; a exploradora venda casada. Exemplo: concessão de empréstimo
do medo ou superstição; a incitadora de violência; a bancário condicionado a aquisição de seguro de vida,
antiambiental; a indutora de insegurança; a dirigida consulta oftalmológica condicionada à compra dos
a crianças. óculos, entre outros. 307
O inciso I do art. 39 também impede o fornecedor O inciso IX trata do intermediário obrigatório,
de obrigar o consumidor a adquirir uma quantidade isto é, a recusa à venda de bens/serviços diretamen-
mínima ou máxima de um determinado produto. Por te a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto
esta razão, as promoções de aquisição de mais de um pagamento, ressalvando nos casos em que a interme-
produto, como, por exemplo, as promoções “leve 2 diação é regulamentada por lei. Portanto, o disposi-
pelo preço de 1” são de caráter facultativo e não obri- tivo afasta a figura do intermediário obrigatório em
gatório, pois é permitido ao consumidor a alternati- casos em que a lei não faz tal exigência.
O inciso X trata da elevação de preço sem justa
va de efetuar a aquisição de apenas um produto da
causa, isto é, a elevação de preços sem justificativa,
espécie, abrindo mão do desconto oferecido, se for o
como, por exemplo, no caso do álcool em gel no início
caso. Quanto a limitação máxima de quantidades de da pandemia da COVID-19.
produtos, esta só é possível em situações justificá- O inciso XII trata do prazo para cumprimento de
veis, como, por exemplo, nos casos de adversida- obrigação, de modo a vedar que o fornecedor deixe
des climáticas ou em hipótese de racionamento de de estipular prazo para o cumprimento de sua obriga-
determinado produto. ção ou fixe tal prazo a seu critério exclusivo. Exemplo,
O inciso II do art. 39 trata da recusa imotivada ao construtoras que deixam de fixar prazo para conclu-
atendimento de demanda do consumidor, ou seja, são das obras.
recusar o fornecimento de um determinado produ- O inciso XIII dispõe sobre o reajuste, de forma a
to/serviço quer em relação aos consumidores de um proibir o reajuste contratual por meio da aplicação de
modo geral, quer em relação a um consumidor espe- fórmula ou índice diverso do legal ou contratualmen-
cífico. Exemplo: ter um determinado produto em esto- te estabelecido. Exemplo: reajuste de planos de saúde
fora do pactuado ou do permitido pela lei.
que, mas recusar vendê-lo a um consumidor por ter
Por fim, o inciso XIV trata do ingresso em estabe-
com ele problemas de ordem pessoal. lecimentos comerciais. De acordo com o dispositivo,
O inciso III trata do fornecimento não solicita- constitui prática abusiva permitir o ingresso de um
do do produto ou serviço, como, por exemplo, ban- número maior ao máximo permitido de consumido-
co que disponibiliza crédito em conta do correntista res em estabelecimentos comerciais ou de serviços.
como forma de ofertar empréstimo ou produto que é Portanto, a fixação de lotação máxima fixada pela
enviado ou entregue ao consumidor, sem solicitação autoridade está relacionada à segurança.
prévia.
O fornecimento não solicitado não se confunde Art. 40 O fornecedor de serviço será obrigado a
entregar ao consumidor orçamento prévio discri-
com amostras grátis, uma vez que neste caso, o con-
minando o valor da mão-de-obra, dos materiais e
sumidor não tem a obrigação de pagar pelo produto equipamentos a serem empregados, as condições
ou serviço. de pagamento, bem como as datas de início e tér-
O inciso IV trata do abuso da condição de espe- mino dos serviços.
cial vulnerabilidade, de modo a proibir que o for- § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado
necedor prevaleça da vulnerabilidade ou ignorância terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu
recebimento pelo consumidor.
do consumidor para forçar a aquisição do produto ou
§ 2º Uma vez aprovado pelo consumidor, o orça-
serviço. Atenção: trata-se de condição de vulnerabili- mento obriga os contraentes e somente pode ser
dade para o mercado de consumo, como nos casos de alterado mediante livre negociação das partes.
idade, conhecimento, condição social, entre outros. § 3º O consumidor não responde por quaisquer ônus
O inciso V dispõe acerca da exigência de vanta- ou acréscimos decorrentes da contratação de servi-
gem excessiva. Deste modo, é proibido ao fornecedor ços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
exigir vantagem manifestamente excessiva do consu-
O art. 40 do CDC estabelece as regras acerca do
midor. Exemplo: plano de saúde que exige troca de
orçamento prévio que deve ser entregue pelo forne-
categoria para manter paciente em UTI. Basta a mera
cedor. Neste, devem estar discriminandos: valor da
exigência, não sendo, portanto, necessária a concreti- mão-de-obra, valor dos materiais e equipamentos a
zação da vantagem pleiteada. serem utilizados, as condições para pagamento e as
O inciso VI refere-se à execução de serviço sem datas de início e término.
orçamento e autorização. Assim sendo, não é possí- O § 1º trata da validade deste, ou seja, o orçamento
vel a execução de serviços pelo fornecedor sem a pré- é válido pelo prazo de 10 (dez) dias, contados do rece-
via elaboração de orçamento e autorização expressa bimento pelo consumidor, sendo, no entanto, possível
do consumido. a estipulação de forma diversa.
O inciso VI é complementado pelo art. 40 do CDC, O § 2º do art. 40 estabelece que, no caso de aprova-
que trata do conteúdo, validade e efeitos do orçamen- ção do orçamento prévio pelo consumidor, este vincu-
to prévio elaborado pelo fornecedor. lará fornecedor e consumidor, podendo ser alterado
O inciso VII trata do repasse de informações apenas pela vontade das partes.
depreciativas referente ao consumidor ou a ato pra- O § 3º trata do ônus ou acréscimos decorrentes da
ticado por este no exercício de seus direitos, com o contratação de serviços de terceiros não previstos no
objetivo de garantir a devida utilização dos bancos de orçamento prévio. Este é de responsabilidade do for-
dados e cadastros de consumidores. Exemplo: criar necedor e não do consumidor.
uma lista de “maus pagadores”. Finalizando a parte atinente as práticas abusivas,
O inciso VIII estabelece as regras acerca da obser- o art. 41 trata do tabelamento de preços para o for-
vação das normas técnicas, ou seja, se há norma necimento de produtos ou serviços. Portanto, é dever
técnica expedida pelos órgãos oficiais competentes do fornecedor respeitar os limites oficiais sob pena
regulamentando o fornecimento de produto/serviço, de responder pela restituição da quantia recebida em
compete ao fornecedor respeitá-la, sob pena de carac- excesso, monetariamente atualizada, ou de ter o negó-
308 terização de prática abusiva. cio desfeito pelo consumidor.
Art. 41 No caso de fornecimento de produtos ou de § 6o Todas as informações de que trata o caput des-
serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabe- te artigo devem ser disponibilizadas em formatos
lamento de preços, os fornecedores deverão respei- acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência,
tar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, mediante solicitação do consumidor.
responderem pela restituição da quantia recebida
em excesso, monetariamente atualizada, podendo o O art. 43 traz os direitos básicos dos consumido-
consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do res, que são:
negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

As normas acerca da cobrança de dívida estão discipli- z Direito ao acesso, ou seja, a saber quais são as
nadas nos arts. 42 e 42-A do CDC. Vejamos os dispositivos: informações existentes em cadastros, fichas e
registo de dados pessoais e de consumo, além de
Art. 42 Na cobrança de débitos, o consumidor ina- acesso às fontes que originaram tais informações;
dimplente não será exposto a ridículo, nem será z Direito à exclusão, isto é, de a informação negativa
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou não perdurar por período superior a 5 (cinco) anos;
ameaça. z Direito à retificação, ou seja, de ter retificado dado
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quan- incorreto constante dos arquivos de consumo;
tia indevida tem direito à repetição do indébito, z Direito à comunicação, isto é, de ser comunicado
por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, quando seus dados forem inseridos nos arquivos
acrescido de correção monetária e juros legais, sal- de consumo.
vo hipótese de engano justificável.
Art. 42-A Em todos os documentos de cobrança de
débitos apresentados ao consumidor, deverão cons-
O art. 44 do CDC disciplina acerca do chamado
tar o nome, o endereço e o número de inscrição no cadastro de reclamações fundamentadas, que é uma
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro espécie de banco de dados de maus fornecedores.
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor
do produto ou serviço correspondente. Art. 44 Os órgãos públicos de defesa do consumidor
manterão cadastros atualizados de reclamações
O art. 42 disciplina a cobrança de dívidas. De fundamentadas contra fornecedores de produtos e
acordo com o dispositivo, o consumidor não poderá serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente.
A divulgação indicará se a reclamação foi atendida
ser submetido a qualquer tipo de constrangimento
ou não pelo fornecedor.
ou ameaça, como no caso de cobrança vexatória ou
§ 1º É facultado o acesso às informações lá constantes
invasiva (carro de som anunciando o nome dos ina-
para orientação e consulta por qualquer interessado.
dimplentes de uma empresa, por exemplo), cobrança § 2º Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mes-
efetuada em local indevido ou por meio que possibili- mas regras enunciadas no artigo anterior e as do
te o conhecimento de terceiros (cobrança por meio de Parágrafo Único do art. 22 deste código.
publicação em rede social, por exemplo).
Semelhante ao art. 940 do Código Civil, o Parágrafo Da Proteção Contratual
Único do art. 42 impõe a restituição em dobro daqui-
lo que o consumidor pagou em excesso em razão da
Na sequência, os arts. 46 a 54 estabelecem as regras
cobrança indevida, acrescido de correção monetária
sobre a Proteção Contratual no Código de Defesa do
e juros legais, exceto nos casos de engano justificável.
Consumidor. Trata-se de um rol com cláusulas consi-
Por fim, o art. 42-A traz as regras acerca de como
deradas abusivas, além de estabelecer o conceito e os
deve ser procedida a cobrança.
requisitos para a validade e eficácia dos contratos de
Com relação aos bancos de dados e cadastro de
adesão. Vejamos os dispositivos gerais:
consumidores, suas regras estão dispostas nos arts.
43 a 44 do CDC. Vejamos os dispositivos:
Art. 46 Os contratos que regulam as relações de
consumo não obrigarão os consumidores, se não
Art. 43 O consumidor, sem prejuízo do disposto no
art. 86, terá acesso às informações existentes em lhes for dada a oportunidade de tomar conheci-
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de mento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as instrumentos forem redigidos de modo a dificultar
suas respectivas fontes. a compreensão de seu sentido e alcance.
§ 1º Os cadastros e dados de consumidores devem
ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem As normas gerais de proteção contratual têm iní-
de fácil compreensão, não podendo conter infor-
mações negativas referentes a período superior a cio no art. 46 do CDC, que traz a denominada garan-
tia de cognoscibilidade. Trata-se do desdobramento
ATENDIMENTO BANCÁRIO

cinco anos.
§ 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados do direito à informação disciplinado no inciso III do
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por art. 6º do CDC. Como consequência, o contrato não
escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
§ 3º O consumidor, sempre que encontrar inexati- obrigará o consumidor se, ao emitir sua declaração
dão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua de vontade, este não possuir conhecimento prévio do
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo clausulado, como nos casos em que a falta de clareza
de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos even- impede a exata compreensão do conteúdo. O contrato
tuais destinatários das informações incorretas.
§ 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a con- obrigará apenas o fornecedor.
sumidores, os serviços de proteção ao crédito e congê- O art. 47 trata da interpretação mais favorável
neres são considerados entidades de caráter público. ao consumidor. Isso ocorre devido ao fato de ele ser
§ 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de a parte vulnerável da relação de consumo.
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quais-
quer informações que possam impedir ou dificultar Art. 47 As cláusulas contratuais serão interpreta-
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. das de maneira mais favorável ao consumidor. 309
O art. 48 do CDC disciplina as declarações de von- z Ser padronizada;
tade constantes de escritos particulares, recibos e z Esclarecer em que consiste a garantia, a forma, o
pré-contratos. Nesses casos, toda proposta ou decla- prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os
ração constante desses escritos particulares obriga- ônus a cargo do consumidor;
rão os fornecedores. Assim sendo, caso o fornecedor z Ser entregue ao consumidor devidamente preen-
entregue um orçamento prévio ao consumidor, ele chido pelo fornecedor, no ato do fornecimento;
estará obrigado a prestar o serviço pelo modo e pelo z Estar acompanhada de manual de instrução, de
preço orçado. instalação e uso do produto em linguagem didáti-
ca, com ilustrações.
Art. 48 As declarações de vontade constantes de
escritos particulares, recibos e pré-contratos rela- Ainda com relação à proteção contratual, os arts.
tivos às relações de consumo vinculam o fornece- 51 a 53 estabelecem as regras acerca das cláusulas
dor, ensejando inclusive execução específica, nos abusivas. Vejamos os dispositivos:
termos do art. 84 e parágrafos.
Art. 49 O consumidor pode desistir do contrato, no Art. 51 São nulas de pleno direito, entre outras, as
prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre produtos e serviços que:
que a contratação de fornecimento de produtos e I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a respon-
serviços ocorrer fora do estabelecimento comer- sabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
cial, especialmente por telefone ou a domicílio.
natureza dos produtos e serviços ou impliquem
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direi-
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
to de arrependimento previsto neste artigo, os valo-
consumo entre o fornecedor e o consumidor pes-
res eventualmente pagos, a qualquer título, durante
soa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
situações justificáveis;
monetariamente atualizados.
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembol-
so da quantia já paga, nos casos previstos neste
O art. 49 estabelece o instituto do direito ao arre- código;
pendimento, ou seja, o prazo de reflexão para com- III - transfiram responsabilidades a terceiros;
pras realizadas fora do estabelecimento comercial. IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
Seus requisitos são: abusivas, que coloquem o consumidor em desvan-
tagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
z Exercício do direito potestativo4 dentro do prazo boa-fé ou a eqüidade;
legal; V - (Vetado);
z Contratação ocorrida fora do estabelecimento VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em pre-
comercial. Exemplo: por telefone, internet, catálo- juízo do consumidor;
gos, entre outros. VII - determinem a utilização compulsória de
arbitragem;
O prazo legal para arrependimento é de 7 dias, VIII - imponham representante para concluir ou
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
contados da assinatura do contrato ou do ato de rece-
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou
bimento do produto ou serviço.
não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamen-
Dica te, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato
Não se trata de qualquer inadequação por vício unilateralmente, sem que igual direito seja conferi-
do produto ou serviço, mas do direito do consu- do ao consumidor;
midor de desistir da relação contratual. Não se XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos
demanda motivos ou explicações, desde que de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito
obedecido o prazo legal e a condição de ter sido lhe seja conferido contra o fornecedor;
a aquisição realizada fora do estabelecimento XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilate-
ralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
comercial. após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de nor-
Art. 50 A garantia contratual é complementar à mas ambientais;
legal e será conferida mediante termo escrito. XV - estejam em desacordo com o sistema de prote-
Parágrafo único. O termo de garantia ou equiva- ção ao consumidor;
lente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira XVI - possibilitem a renúncia do direito de indeniza-
adequada em que consiste a mesma garantia, bem ção por benfeitorias necessárias.
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, deven- vantagem que:
do ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo I - ofende os princípios fundamentais do sistema
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado jurídico a que pertence;
de manual de instrução, de instalação e uso do pro- II - restringe direitos ou obrigações fundamentais
duto em linguagem didática, com ilustrações. inerentes à natureza do contrato, de tal modo a
ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
O art. 50 do CDC trata da garantia contratual, ou III - se mostra excessivamente onerosa para o con-
seja, aquela que complementa a garantia legal discipli- sumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do
nada no art. 26, sendo facultativa e conferida median- contrato, o interesse das partes e outras circuns-
te termo escrito, observados os seguintes requisitos: tâncias peculiares ao caso.

310 4  Direito incontroverso e que não cabe discussões.


§ 2º A nulidade de uma cláusula contratual abusi- § 1º A inserção de cláusula no formulário não desfi-
va não invalida o contrato, exceto quando de sua gura a natureza de adesão do contrato.
ausência, apesar dos esforços de integração, decor- § 2º Nos contratos de adesão admite-se cláusu-
rer ônus excessivo a qualquer das partes. la resolutória, desde que a alternativa, cabendo a
§ 3º (Vetado). escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto
§ 4º É facultado a qualquer consumidor ou entida- no § 2º do artigo anterior.
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigi-
de que o represente requerer ao Ministério Público
dos em termos claros e com caracteres ostensivos e
que ajuíze a competente ação para ser declarada legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao
a nulidade de cláusula contratual que contrarie o corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão
disposto neste código ou de qualquer forma não pelo consumidor.
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obriga- § 4º As cláusulas que implicarem limitação de direi-
ções das partes. to do consumidor deverão ser redigidas com desta-
Art. 52 No fornecimento de produtos ou serviços que que, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
envolva outorga de crédito ou concessão de financia- § 5º (Vetado)
mento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: O contrato de adesão é uma das modalidades de
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente comercialização e comunicação em massa. Trata-se
nacional; do instrumento colocado à disposição pelo fornecedor
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva para conferir agilidade às transações comerciais, ou
anual de juros; seja, negócios jurídicos em larga escala, por meio de
III - acréscimos legalmente previstos; estipulações uniformes e sem a possibilidade de nego-
IV - número e periodicidade das prestações; ciação por parte do consumidor, como, por exemplo,
V - soma total a pagar, com e sem financiamento. nos contratos bancários, contratos de seguro, contra-
§ 1º As multas de mora decorrentes do inadimple- tos de planos de saúde. O conceito de contrato de ade-
mento de obrigações no seu termo não poderão ser são é trazido no art. 54 do CDC.
superiores a dois por cento do valor da prestação. Características do contrato de adesão:
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação ante-
cipada do débito, total ou parcialmente, mediante z Predeterminação: O consumidor não participa da
redução proporcional dos juros e demais acréscimos. composição das cláusulas do contrato, pois são pre-
§ 3º (Vetado). viamente estabelecidas pelo fornecedor ou pela auto-
Art. 53 Nos contratos de compra e venda de móveis ridade competente;
ou imóveis mediante pagamento em prestações, z Uniformidade: Não possui variação significativa
bem como nas alienações fiduciárias em garantia, de um contrato para outro;
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas z Rigidez contratual: É estável.
que estabeleçam a perda total das prestações pagas
em benefício do credor que, em razão do inadimple- Cumpre salientar que, nos termos do § 1º do art.
mento, pleitear a resolução do contrato e a retoma- 54, a mera inserção de cláusula não tem o condão de
da do produto alienado. descaracterizar o contrato de adesão. Assim sendo,
§ 1º (Vetado). pequenas modificações não são capazes de retirar seu
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de pro- caráter de adesão.
dutos duráveis, a compensação ou a restituição O § 2º, por sua vez, estabelece a possibilidade de
das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá cláusula resolutória no contrato de adesão, desde que
descontada, além da vantagem econômica auferida alternativa e a escolha seja do consumidor.
com a fruição, os prejuízos que o desistente ou ina- O § 3º trata das regras aplicadas aos contratos
dimplente causar ao grupo. de adesão, que são redação em termos claros e com
§ 3º Os contratos de que trata o caput deste artigo caracteres ostensivos e legíveis e tamanho da fonte
serão expressos em moeda corrente nacional. não inferior ao corpo 12.
Por fim, é possível nos contratos de adesão a pre-
Em síntese, as cláusulas abusivas são todas aque- visão de cláusulas restritivas de direitos do consu-
las que vão de encontro à proteção do CDC. Por essa midor. No entanto, estas devem constar de maneira
razão, o rol trazido pelo art. 51 é meramente exempli- compreensível e de fácil percepção ao consumidor.
ficativo. A consequência para uma cláusula abusiva é
a sua nulidade, de modo a conservar o negócio jurídi- Das Sanções Administrativas
co, mas declarar nula a cláusula, retirando-a da rela-
ção contratual e garantindo a manutenção dos demais Os arts. 55 a 60 tratam do poder de polícia, ou seja,
termos, salvo impossibilidade. da função administrativa para promover o interesse
comum por meio da atividade estatal de disciplinar e
ATENDIMENTO BANCÁRIO

A nulidade da cláusula abusiva, por ser de pleno


restringir determinadas ações. Vejamos os dispositivos:
direito, pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, salvo
em casos de contratos bancários. Nesse caso, aplica-se
Art. 55 A União, os Estados e o Distrito Federal, em
a Súmula nº 381 do Superior Tribunal de Justiça: “Nos caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de
contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de atuação administrativa, baixarão normas relativas
ofício, da abusividade das cláusulas”. à produção, industrialização, distribuição e consu-
O art. 54, por sua vez, disciplina os contratos de mo de produtos e serviços.
adesão: § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios fiscalizarão e controlarão a produ-
Art. 54 Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas ção, industrialização, distribuição, a publicidade
tenham sido aprovadas pela autoridade competen- de produtos e serviços e o mercado de consumo,
te ou estabelecidas unilateralmente pelo fornece- no interesse da preservação da vida, da saúde,
dor de produtos ou serviços, sem que o consumidor da segurança, da informação e do bem-estar do
possa discutir ou modificar substancialmente seu consumidor, baixando as normas que se fizerem
conteúdo. necessárias. 311
§ 2º (Vetado). V - proibição de fabricação do produto;
§ 3º Os órgãos federais, estaduais, do Distrito VI - suspensão de fornecimento de produtos ou
Federal e municipais com atribuições para fiscali- serviço;
zar e controlar o mercado de consumo manterão VII - suspensão temporária de atividade;
comissões permanentes para elaboração, revisão VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
e atualização das normas referidas no § 1º, sen- IX - cassação de licença do estabelecimento ou de
do obrigatória a participação dos consumidores e atividade;
fornecedores. X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento,
§ 4º Os órgãos oficiais poderão expedir notificações de obra ou de atividade;
aos fornecedores para que, sob pena de desobediên- XI - intervenção administrativa;
cia, prestem informações sobre questões de interesse XII - imposição de contrapropaganda.
do consumidor, resguardado o segredo industrial. Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo
serão aplicadas pela autoridade administrativa,
no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplica-
O art. 55 trata do poder de regulamentação e das cumulativamente, inclusive por medida cau-
fiscalização. De acordo com o caput do dispositivo, telar, antecedente ou incidente de procedimento
compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal, administrativo.
de modo concorrente, elaborar as normas relativas
à produção, industrialização, distribuição e ao con- O art., 56, por sua vez, trata das sanções admi-
sumo de produtos e serviços. Por se tratar de compe- nistrativas. Observa-se que são três as espécies de
tência “conjunta”, a União deve cuidar das normas de sanções:
caráter geral, isto é, aplicadas a todo o país, reservan-
do aos Estados e ao Distrito Federal as normas de inte- z Sanções pecuniárias: Multas que decorrem do não
resse regional. adimplemento dos deveres relativos ao consumo;
O Brasil é uma federação, o que significa dizer que z Sanções objetivas ou reais (incidem no produ-
existe uma divisão interna do poder. A CF/88 estabe- to ou serviço): Apreensão, inutilização do pro-
leceu como seus entes federativos a União Federal, os duto, cassação do registro do produto, proibição
Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios, de fabricação e suspensão de fornecimento de
cada qual com autonomia e discricionariedade, além produtos/serviços;
de possibilidade de se organizarem e legislarem. Deste z Sanções subjetivas (vinculadas à atividade): In-
modo, compete à União estabelecer as regras do Esta- terdição, total ou parcial, de estabelecimento, de
do brasileiro como um todo, tendo como parâmetro a obra ou atividade; suspensão temporária da ati-
CF/88. Se à União cabem as diretrizes de âmbito nacio- vidade; revogação de concessão ou permissão de
nal, aos Estados compete traçar as normas regionais; uso; cassação de licença do estabelecimento ou de
ao Distrito Federal, regras distritais e os Municípios, atividade; intervenção administrativa; imposição
as regras locais. de contrapropaganda, entre outros.
Já o § 1º do art. 55 estabelece que os entes da fede-
ração, além de criar normas sobre as relações de O parágrafo único do art. 56 trata da responsabi-
consumo, exercerão seu poder de polícia para fiscali- lidade administrativa do fornecedor. Ele estabele-
zação e controle da produção, industrialização, distri- ce que tais sanções serão aplicadas pela autoridade
buição, publicidade de produtos e serviços e mercado administrativa em conformidade com sua atribuição.
Essas sanções podem ser aplicadas cumulativamen-
de consumo. O objetivo da atividade estatal é preser-
te ou não. Podem, também, ser aplicadas de manei-
var os direitos básicos do consumidor, ou seja, sua
ra antecedente ou incidente no procedimento
vida, saúde, segurança, informação e bem-estar.
administrativo.
O § 3º trata da atribuição de fiscalização e controle
Além da responsabilidade administrativa, o forne-
do mercado de consumo. Por essa razão, o dispositivo cedor poderá responder tanto civilmente como penal-
estabelece que os entes da federação deverão manter mente por seus atos.
comissões permanentes para elaboração, revisão e Quanto aos arts. 57 a 60, eles estabelecem a forma
atualização das normas regulatórias. de aplicação de cada uma das sanções administrativas:
No entanto, para que essa atividade seja efetiva,
estabelece, ainda, a composição de tais comissões. Art. 57 A pena de multa, graduada de acordo com
Assim, será obrigatória a participação tanto dos con- a gravidade da infração, a vantagem auferida e a
sumidores quanto dos fornecedores, para que os dois condição econômica do fornecedor, será aplicada
lados da relação de consumo possam tratar de seus mediante procedimento administrativo, revertendo
interesses. para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de
Por fim, o § 4º do art. 55 dispõe acerca da possibili- julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para
dade de notificação dos fornecedores, para que estes os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao
prestem informações sobre questões de interesse do consumidor nos demais casos.
Parágrafo único. A multa será em montante não
consumidor, resguardado o segredo industrial.
inferior a duzentas e não superior a três milhões de
vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir),
Art. 56 As infrações das normas de defesa do con- ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
sumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguin- Art. 58 As penas de apreensão, de inutilização de
tes sanções administrativas, sem prejuízo das de produtos, de proibição de fabricação de produtos, de
natureza civil, penal e das definidas em normas suspensão do fornecimento de produto ou serviço,
específicas: de cassação do registro do produto e revogação da
I - multa; concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela
II - apreensão do produto; administração, mediante procedimento administra-
III - inutilização do produto; tivo, assegurada ampla defesa, quando forem cons-
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão tatados vícios de quantidade ou de qualidade por
312 competente; inadequação ou insegurança do produto ou serviço.
Art. 59 As penas de cassação de alvará de licença, a) Risco percebido.
de interdição e de suspensão temporária da ativi- b) Imaterialidade.
dade, bem como a de intervenção administrativa, c) Tangibilidade.
serão aplicadas mediante procedimento adminis- d) Automação.
trativo, assegurada ampla defesa, quando o forne- e) Invariabilidade.
cedor reincidir na prática das infrações de maior
gravidade previstas neste código e na legislação de
4. (CESGRANRIO – 2015) Segundo dados recentes, a
consumo.
contratação de seguros pessoais no Brasil — incluindo
§ 1º A pena de cassação da concessão será aplicada
à concessionária de serviço público, quando violar seguro de vida, de viagem, contra acidentes pessoais,
obrigação legal ou contratual. bem como seguro educacional — somou R$ 6,9 bilhões
§ 2º A pena de intervenção administrativa será em prêmios no primeiro trimestre de 2015. Esse mon-
aplicada sempre que as circunstâncias de fato desa- tante representa elevação de 11,6%, em comparação
conselharem a cassação de licença, a interdição ou com o mesmo período de 2014, e se deve, segundo
suspensão da atividade. especialistas do setor, à mudança da visão dos brasi-
§ 3º Pendendo ação judicial na qual se discuta leiros a respeito de suas responsabilidades no futuro.
a imposição de penalidade administrativa, não
Segundo os especialistas, os brasileiros passam por
haverá reincidência até o trânsito em julgado da
sentença. um momento de mudança de valores e se preocupam
Art. 60 A imposição de contrapropaganda será mais com o futuro.
cominada quando o fornecedor incorrer na prática Do ponto de vista da análise do macroambiente de
de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do marketing, o mercado de seguros foi afetado por
art. 36 e seus §, sempre às expensas do infrator. mudanças no ambiente:
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo res-
ponsável da mesma forma, freqüência e dimensão a) Tecnológico.
e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espa- b) Sociocultural.
ço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício
c) Natural.
d) Econômico.
e) Demográfico.
HORA DE PRATICAR! 5. (CESGRANRIO – 2013) A carteira de clientes é o prin-
1. (CESGRANRIO – 2014) A qualidade é um objetivo de cipal ativo de uma agência bancária. Portanto, na
desempenho que, caso não atendido, pode gerar cus- relação com os clientes, é essencial nortear-se pelo
tos para as empresas. São exemplos de custos gera- seguinte princípio:
dos pela falta de qualidade nos processos de uma
empresa: a) A responsabilidade pelo bom atendimento bancário é
unicamente da área comercial da agência bancária.
a) Treinamento, manutenção preventiva e inspeção de b) Os clientes que necessitam de crédito bancário devem
produto. ter um atendimento bancário inferior aos clientes que
b) Teste de matéria-prima, rotatividade e comprometi- têm investimentos nas agências bancárias.
mento da imagem. c) Todos os clientes devem ter o mesmo tipo de atendi-
c) Retrabalho, desperdício de matéria-prima e treinamento. mento bancário, mesmo possuindo diferentes solicita-
d) Processamento de devoluções, desperdício de maté- ções de serviços bancários.
ria-prima e comprometimento da imagem. d) Qualquer tipo de agência bancária deve dar mais
e) Mensuração e teste de matéria-prima, inspeção de importância ao atendimento aos clientes pessoas físi-
produto e retrabalho. cas do que aos clientes pessoas jurídicas.
e) O bom relacionamento com todos os clientes deve
2. (CESGRANRIO – 2012) Para medir o resultado das ser feito independentemente do retorno financeiro que
propagandas em diversas mídias, como tevês e revis- esses clientes proporcionam à agência bancária.
tas de opinião, os bancos necessitam de um feedback,
que pode ser adquirido pela realização de: 6. (CESGRANRIO – 2015) Em relação às mensagens
empregadas na promoção e venda de produtos e ser-
a) Análise da concorrência. viços, incluindo os bancários, não devem ser feitas
ATENDIMENTO BANCÁRIO

b) Campanhas persuasivas. ofertas de ação negativa.


c) Orçamentos cruzados.
São ofertas de ação negativa aquelas que:
d) Marketing direto.
e) Pesquisas de mercado.
a) Esclarecem o que não é fornecido na prestação do
serviço.
3. (CESGRANRIO – 2013) Os produtos bancários têm
certas características que os diferenciam dos demais b) Exigem uma manifestação de não aceitação pelo
produtos comercializados no mercado. cliente.
Um a de suas características é determinada pela c) Impactam os clientes que não fazem parte do público-
ausência de clareza ou precisão quando de sua oferta, -alvo da empresa.
que repercute na falta de compreensão e na dificulda- d) São dirigidas especificamente ao público da terceira
de de o cliente elaborar mentalmente aquele produto idade.
que está sendo a ele ofertado. e) Utilizam mensagens subliminares para convencimen-
Essa característica está relacionada à(ao) sua(seu): to do público. 313
7. (CESGRANRIO – 2010) Gerentes de banco devem ser a) Orientação às operadoras de telemarketing para não
capazes de convencer os membros de sua equipe de ofertarem novos produtos para clientes que tiverem
que eles podem aumentar o desempenho da agência declarado expressamente esse desejo.
trabalhando mais ou sendo treinados para atuar de b) Utilização de dados sobre a movimentação da con-
maneira mais adequada. No entanto, essa estratégia ta-corrente para envio de propostas oportunas para
fica prejudicada se as vendas forem influenciadas por: empréstimos.
c) Monitoramento dos hábitos de consumo dos clien-
a) Aumento de propaganda. tes para dar-lhes informações sobre as vantagens de
b) Crescimento econômico. empresas parceiras.
c) Liderança de mercado. d) Oferecimento de informações sobre a cobrança de
d) Confiança do consumidor. impostos que impactam os investimentos da família.
e) Ações da concorrência. e) Revisão dos financiamentos dos clientes preferenciais
quando os juros baixam, informando-lhes os novos
8. (CESGRANRIO – 2015) Apesar de ainda não poder ser valores a serem pagos.
caracterizado tecnicamente como um oligopólio, o
mercado bancário brasileiro apresenta uma tendência 12. (CESGRANRIO – 2013) O processo de vendas tem-
crescente de concentração, e os bancos que operam -se transformado, ao longo do tempo, em função da
no varejo não apresentam diferenciação de seus pro- crescente competição existente no mercado entre
dutos e serviços. empresas de mesmo setor. Em função disso, o foco
Considerando uma situação em que os correntistas pes- da administração de vendas também mudou.
soas físicas têm informações plenas a respeito do merca- Hoje, em função do mercado, o foco dessa área é
do de serviços bancários, a equipe de vendas deve ter em no(a):
vista que a disposição de o comprador individual pagar
por um bem ou um serviço é definida com base em: a) Produção, estabelecendo metas de vendas que ultra-
passem sua capacidade produtiva.
a) Preços de mercado praticados para o bem ou serviço. b) Orçamento, proporcionando a expectativa de ganhos
b) Informações apresentadas em peças publicitárias do futuros em função das vendas a serem realizadas.
próprio banco. c) Cliente, avaliando suas necessidades e expectativas
c) Históricos de compras e contratos anteriores. em relação aos produtos ofertados.
d) Comparações subjetivas em termos de benefícios. d) Território de vendas, delimitando assim a atuação de
e) Avaliações a respeito de suas próprias necessidades e cada vendedor, que concentrará seus esforços na área
desejos. para ele determinada.
e) Vendedor, visando a aumentar os ganhos do profissio-
9. (CESGRANRIO – 2013) No momento da venda, ao apre- nal, já que seu salário é a comissão sobre as vendas
sentar um serviço bancário, o funcionário deve levar em realizadas.
conta o conceito de custo total para o cliente. Esse con-
ceito envolve, além das condições financeiras do servi- 13. (CESGRANRIO – 2013) Um funcionário de um banco,
ço que se pretende adquirir, outros fatores, tais como: preocupado em atingir as metas estabelecidas pela
sua gerência, precisava vender alguns produtos bancá-
a) Tempo e energia física e psicológica. rios em pouco tempo. Tentando atingir a meta estabe-
b) Prazo e condições de pagamento. lecida, ele procurou algumas informações sobre como
c) Vantagens esperadas. melhorar seu desempenho no processo de vendas.
d) Necessidades e desejos. A informação de como proceder no processo de ven-
e) Imagem funcional e psicológica. das, que contribuirá positivamente para a melhoria de
seu desempenho, é:
10. (CESGRANRIO – 2015) O setor bancário tem como
prática utilizar o serviço de telemarketing para a ofer- a) Minimizar as informações passadas aos clientes
ta de produtos e serviços aos seus clientes atuais e sobre os riscos envolvidos em cada um dos produtos
potenciais. Em uma análise sobre essa prática, cor- oferecidos.
relacionando as informações existentes sobre o pro- b) Oferecer os produtos aos clientes, independentemen-
cesso de vendas e as reclamações dos clientes, foi te de seus perfis já que, ao categorizar os clientes,
identificado que estes têm rejeição a serem contata- estaria discriminando-os.
dos pelo banco via telemarketing. Eles preferem que o c) Falar mais do que ouvir, durante a abordagem inicial,
canal de comunicação com o banco esteja disponível exaltando os benefícios de cada um dos produtos.
para que possam entrar em contato quando sentirem d) Mostrar conhecimento em relação aos produtos,
necessidade ou desejo de fazê-lo. porém não mencionar a política do banco e as formas
Com base na análise feita, verifica-se que os clientes pre- de cobrança referentes aos produtos, já que esses
ferem, como canal de comunicação com o banco, o(a): detalhes tomam o tempo do cliente.
e) Buscar informações essenciais sobre os clientes com
a) Marketing ativo. perspectiva de negócios, antes e durante a interação
b) Comunicação proativa. no processo de compra e venda.
c) Marketing direto.
d) Telemarketing receptivo. 14. (CESGRANRIO – 2015) O cross-selling é uma técni-
e) Marketing de resposta. ca de vendas que incrementa o relacionamento dos
clientes com os bancos. Qual das situações a seguir
11. (CESGRANRIO – 2015) Uma instituição financeira representa um exemplo de cross-selling?
pretende implantar um treinamento para aumentar as
vendas sugestivas junto aos clientes cadastrados no a) Ao monitorar os hábitos de compra dos clientes, o
seu banco de dados. Um exemplo de ação de venda gerente identifica o perfil de cada grupo de correntista
314 sugestiva é o(a): e segmenta toda a carteira da agência.
b) Com base nas informações sobre a família do cliente,
provenientes de um empréstimo junto ao banco, seu
gerente oferece um seguro residencial.
c) Informações pertinentes sobre o impacto dos impos-
tos nos investimentos disponíveis são apresentadas
ao cliente no internet banking.
d) Os clientes preferenciais são selecionados para que a
equipe da agência possa efetuar ligações telefônicas
agradecendo o relacionamento com o banco.
e) Uma série de vantagens em empresas conveniadas,
tais como clínicas, academias e cursos de língua, é
oferecida para os clientes especiais.

15. (CESGRANRIO – 2015) Na ocasião do atendimento,


seja na definição do preço e das condições de venda,
seja na aceitação ou não da proposta, é inaceitável a(o):

a) Discriminação de qualquer pessoa com base em raça,


cor, religião.
b) Divisão dos correntistas com base na capacidade de
investimento.
c) Omissão de informações importantes sobre a vida
particular do atendente.
d) Separação dos clientes por idade, sexo, renda ou esta-
do civil.
e) Discernimento em relação à condição financeira do
cliente.

9 GABARITO

1 D

2 E

3 B

4 B

5 E

6 B

7 E

8 A

9 A

10 D

11 B

12 C

13 E

14 B

15 A
ATENDIMENTO BANCÁRIO

ANOTAÇÕES

315
ANOTAÇÕES

316

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