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BANCÁRIO-PCD
teoria e exercícios
< Língua Portuguesa
< Matemática Financeira
< Conhecimentos Bancários
< Noções de Probabilidade e Estatística
< Atendimento Bancário
< Conhecimentos de Informática (On-line)
Caixa Econômica Federal
Técnico Bancário - PcD
NV-002ST-21
Cód.: 7908428800925
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Gabriela Coelho
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS • Felipe Pacheco, Sirlo Oliveira, Kaká, Filipe Garcia, Samara Kich e Bruno
Oliveira
Edição:
Setembro/2021
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BÔNUS:
• Curso On-line.
à Língua Portuguesa - Pontuação
à Matemática Financeira - Juros Simples e Compostos, Valor Presente e Valor Futuro,
Descontos e Tipos de Taxas de Juros
à Conhecimentos Bancários - Noções de Mercado de Câmbio; Noções de Mercados de
Capitais; Os Bancos na Era Digital
à Noções De Probabilidade E Estatística - Amostragem - Definições; Tabelas - Distribui-
ção de Frequências
à Conhecimentos De Informática - MS-Office Excel 365: Função SE; MS-Office Excel 365:
Função PROCV; MS-Office Excel 365: função PROCH
à Atendimento Bancário - Noções de Estratégia Empresarial
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
• Conhecimentos de Informática.
• Redação Oficial e Discursiva.
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LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS........................................................................... 11
TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 16
ORTOGRAFIA OFICIAL........................................................................................................................ 21
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 22
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 55
MATEMÁTICA FINANCEIRA..........................................................................................75
CONCEITOS GERAIS........................................................................................................................... 75
EQUIVALÊNCIA FINANCEIRA............................................................................................................................76
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS.........................................................................................................................76
PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS.......................................................................................................................78
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS..................................................................................85
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL: ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL......... 85
INTERNET BANKING........................................................................................................................................116
MOBILE BANKING............................................................................................................................................116
OPEN BANKING...............................................................................................................................................116
CORRESPONDENTES BANCÁRIOS.................................................................................................120
AUTORREGULAÇÃO BANCÁRIA......................................................................................................167
ÉTICA APLICADA..............................................................................................................................185
PROBABILIDADE CONDICIONAL.....................................................................................................243
POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................................................................249
FORÇAS COMPETITIVAS................................................................................................................................264
IMAGEM INSTITUCIONAL...............................................................................................................................265
IDENTIDADE E POSICIONAMENTO................................................................................................................267
SEGMENTAÇÃO DE MERCADO........................................................................................................267
Intangibilidade................................................................................................................................................. 274
Inseparabilidade.............................................................................................................................................. 275
Variabilidade.................................................................................................................................................... 275
Perecibilidade.................................................................................................................................................. 275
PÓS-VENDAS...................................................................................................................................................277
GERAÇÃO DE LEADS.......................................................................................................................................277
TÉCNICAS DE COPYWRITING.........................................................................................................................278
GATILHOS MENTAIS.......................................................................................................................................278
INBOUND MARKETING....................................................................................................................................278
LEI Nº 8.078/1990...........................................................................................................................................295
Por isso, convidamos você a estudar com afinco e
dedicação. Não se esqueça de praticar seus conheci-
mentos realizando a seleção de exercícios finais.
O trecho em destaque na citação do escritor Lima Esse é o conhecimento basilar para a compreen-
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías são e decodificação do texto, pois envolve o reco-
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento nhecimento das formas linguísticas estabelecidas
indutivo compõe a interpretação e decodificação de socialmente por uma comunidade linguística, ou seja,
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- envolve o reconhecimento das regras de uma língua.
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, É importante salientar que as regras de reconhe-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- cimento sobre o funcionamento da língua não são,
ção cronológica de um texto. necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
A propriedade vocabular leva o cé- que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
PROCURE rebro a aproximar as palavras que bo-objeto (SVO) etc.
SINÔNIMOS têm maior associação com o tema Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
do texto linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
Os conectivos (conjunções, pre- sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
ATENÇÃO AOS posições, pronomes) são marca- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
CONECTIVOS dores claros de opiniões, espaços o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
físicos e localizadores textuais Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
A dedução
Conhecimento de Mundo
Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acessado em: 12/10/2020. Vale ressaltar que existem uma multiplicidade de
estilos de referência que variam de acordo com o mate-
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e rial a ser referenciado.
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- As referências também são muito comuns em textos
lidade textual. jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais
documentos que sirvam de embasamento teórico.
Paráfrase
Citação
A paráfrase é uma estratégia intertextual que con-
siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o A citação também é um tipo de intertextualidade
qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada explícita e diz respeito às formas de citação de uma
um tipo de intertextualidade temática. obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan-
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é do utilizamos as palavras de outros autores, devemos
a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição
versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada
carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do
autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a
de Luís Vaz de Camões.
citação passa a ser indireta.
Independente da maneira como citamos em um tex-
Monte Castelo – Legião Urbana
to, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras
citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que
Ainda que eu falasse a língua dos homens
também seguem o padrão estabelecido pela ABNT.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria. É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade z Citação direta:
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece [...] A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor
I carta de São Paulo aos Coríntios
(BOAVENTURA, 2004, p. 81).
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que z Citação indireta:
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de trabalho acadêmico é diretamente proporcional
à credibilidade das fontes utilizadas, por isso é
maneira tal que transportasse os montes, e não
necessário atentar-se para os diversos tipos de
tivesse amor, nada seria [...]
citação aqui mencionados.
11 Soneto – Luis Vaz de Camões
Dica
Amor é um fogo que arde sem se ver, A citação indireta é um tipo de paráfrase.
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente, Alusão
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; A alusão é um intertexto que faz referência a uma
é um andar solitário entre a gente; obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci-
é nunca contentar se de contente; mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí-
14 é um cuidar que ganha em se perder. cita ou implícita.
Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um ver- Tradução
dadeiro presente de grego.
A expressão “presente de grego” faz alusão aos A tradução é uma espécie de paráfrase para mui-
fatos da Guerra de Tróia, em que os gregos fingiram tos autores, pois, como sabemos, há palavras e expres-
presentear os troianos com um cavalo de madeira
sões que só existem na língua de origem do escritor
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
invadir a cidade de Tróia e destruí-la por dentro. original. Dessa forma, a tradução de textos em línguas
diferentes é uma aproximação de sentidos, construída
Epígrafe a partir das leituras e do ponto de vista do tradutor.
Muitos escritores brasileiros são considerados como
A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní- “literatura complexa” por manterem em seus textos
cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê- expressões tão brasileiras que se tornam difíceis de
micos ou de outros gêneros para manter uma relação
expressar em outras línguas. É o caso do mineiro de
dessa citação com o assunto abordado na obra.
Por exemplo, no início deste capítulo, poderíamos Cordisburgo, Guimarães Rosa, que apresenta uma
ter colocado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras linguagem peculiar repleta de neologismos, como os
repetidas, mas quais são as palavras que nunca são destacados a seguir:
ditas” (trecho da música Quase sem querer da banda
Legião Urbana), para iniciar nosso debate sobre inter-
textualidade e as possibilidades de escrevermos algo
Enxadachim: Designa um trabalhador do cam-
completamente inédito em nosso contexto atual.
po, que luta pela sobrevivência. A palavra reúne
“enxada” e “espadachim”.
Bricolagem Taurophtongo: Significa mugido, sendo a pala-
vra uma junção de dois termos gregos, relativos
A bricolagem é um tipo de intertextualidade que a touro (táuros) e ao som da sala (phtoggos).
atua explicitamente no texto, pois se trata da mescla de Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e
vários elementos advindos de vários textos ou de várias “(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa
obras de arte em geral. Assim, a principal característica que, de tão bêbada, chega a engatinhar.
da bricolagem é o uso de outros fragmentos textuais Velvo: Adaptação do inglês velvet, que signi-
para a formação de uma nova composição textual. fica “veludo”. Na linguagem de Guimarães
Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor Rosa, é o nome dado para uma planta de folhas
I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu aveludadas.
um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz, Circuntristeza: Como a própria palavra sugere,
para compor a letra da música. refere-se à “tristeza circundante”.
“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen-
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acessado em: 16/10/2020.
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao
calor amoroso que saía delas, como um corpo res- Diante desse complexo léxico, como traduzir
sequido que se estira num banho lépido; Sentia um expressões que até para um brasileiro pode ser difícil
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe
compreender? Por isso, a tradução é um texto inter-
que entrava enfim uma existência superiormente
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito textual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafrasear
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma trechos cuja complexidade só poderia ser alcançada
se cobria de um luxo radioso de sensações.” por falantes nativos.
Eça de Queirós – O Primo Basílio
Pastiche
Amor I Love You – Marisa Monte
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
Deixa eu dizer que te amo
um modelo estrutural serve para inspirar um novo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
Isso me ajuda a viver típico deste último era o programa de TV “Os trapa-
[...] lhões”, que se inspirava em que o modelo humorístico
Meu peito agora dispara criado pelo trio “Os três patetas”, na década de 1960.
Vivo em constante alegria O pastiche também é comum em textos imagéticos,
LÍNGUA PORTUGUESA
TIPOLOGIA TEXTUAL
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estruturais,
relativamente autônomas, organizadas em frases”.
Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero
discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predominância de narra-
ções (contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação
do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.).
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a
seguinte figura, que demonstra como podemos identificar os tipos textuais e suas principais características, tendo
em vista que cada sequência textual apresenta características próprias que pouco ou nada sofrem em alterações,
mantendo uma estrutura linguística quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias
(Narrativo, Descritivo, Expositivo, Instrucional e Argumentativo).
Gênero Textual
A partir dessa imagem, podemos identificar que a orientação gramatical mantida pelas frases apresenta mar-
cas linguísticas, assinalando o tipo textual predominante que o texto deve manter, organizado pelas marcas do
gênero textual ao qual o texto pertence.
TIPO TEXTUAL
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no texto. Tam-
bém é chamado de sequência textual
GÊNERO TEXTUAL
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente
Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a existência de predominância de algumas sequências em
detrimento de outras, de acordo com o texto.
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo suas principais característi-
cas e marcas linguísticas.
Narrativo
Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo de contar uma his-
tória, narrar um fato. Por isso, precisam manter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão de algumas
estratégias, como a organização dos fatos a partir de marcadores temporais e espaciais, a inclusão de um momen-
to de tensão (chamado de clímax) e um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
16 1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrativo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles:
z Situação inicial: Envolve a “quebra” de um equilíbrio, o que demanda uma situação conflituosa;
z Complicação: Desenvolvimento da tensão apresentada inicialmente;
z Ações (para o clímax): Acontecimentos que ampliam a tensão;
z Resolução: Momento de solução da tensão;
z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre a resolução;
z Moral: Apresentação de valores morais que a história possa ter apresentado.
Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...”. Vamos
lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identificar outros pontos do tipo textual narrativo.
Essas sete marcas que definem o tipo textual narrativo podem ser resumidas em marcas de organização lin-
guística que são caracterizadas por:
Importante!
LÍNGUA PORTUGUESA
Os gêneros textuais que são predominantemente narrativos apresentam outras tipologias textuais em sua com-
posição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamente por uma sequência textual. Por isso,
devemos sempre identificar as marcas linguísticas que são predominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e espaciais. São formas
linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físico ou temporal em
textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da histó-
ria, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atualmente, naquele
dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante aprendermos
a identificar os principais tipos de narrador de um texto: 17
Narrador: Também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que compõem o texto
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não participa das ações
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não participa das ações,
porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa
Alguns gêneros conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas são notícia, diário, conto, fábula,
entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos não significa
que não possam apresentar outras sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial atentar-se às marcas
que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas
mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.
Descritivo
O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utilizam esse tipo
textual geralmente utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos de textos
cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista de compras.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito de
alguns aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil.
“Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo,
assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam
mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e
todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés;
e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.”
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021.
Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc.).
A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo utilizado para manter a comunicação entre a Corte
Portuguesa e os navegadores.
Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e,
aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio a seguir:
Expositivo
O texto expositivo visa a apresentar fatos e ideias a fim de deixar explícito o tema principal do texto. Nesse tipo
textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas e citações diretas e indiretas que servem
para embasar o assunto tratado pelo texto. Para ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA
z Após os ditongos (encontro de duas vogais). z O “C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de
“S”) apenas com as vogais “e” e “i”:
Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo,
encaixe, paixão, frouxo Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema.
Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho;
z O “S” tem sempre som de /z/ quando está entre
z Após as sílabas “en” e “me”. vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva-
das de uma palavra com “S” no início passam a ser
Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar, enxu- escritas com “SS”, mantendo o som de /s/:
gar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano, enxovalho.
Algumas palavras formadas por prefixação (pre- Ex.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir
fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente, – Prosseguir.
encharcar etc.).
Exceção: mecha (de cabelo); z O “SS” é utilizado somente entre vogais:
z Em palavras de origem indígena e africana e pala- Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível.
vras inglesas aportuguesadas.
Emprego do C e QU
Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante;
É comum encontrarmos algumas palavras que
Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo, nos colocam na dúvida: usar C ou QU? Pois existem
palavras que podem ser escritas tanto de uma forma,
LÍNGUA PORTUGUESA
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- z Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras
te americano (não é subjetivo; posicionado após o palavras. A partir deles, é possível formar novos
substantivo; derivado de substantivo; não existe a termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- z Derivados: São palavras que derivam de verbos
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
roteiro carnavalesco. rengo etc.;
z Simples: Apresentam um único radical. Ex.: por-
Variação de Grau tuguês, escuro, honesto etc.;
z Compostos: Formados a partir da união de dois ou
O adjetivo pode variar em dois graus: compara- mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas amarelo-ouro etc.
respectivas categorias.
Dica
z Grau comparativo: Exprime a característica de
O plural dos adjetivos simples é realizado da
um ser, comparando-o com outro da mesma classe
mesma forma que o plural dos substantivos.
nos seguintes sentidos:
Plural dos Adjetivos Compostos
Igualdade: Compara elementos colocando-os
em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos tes regras:
quanto simplórios;
Superioridade: Compara, evidenciando um z Invariável:
elemento como superior ao outro. Mais do que,
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente Adjetivos compostos por azul-marinho, azul-ce-
do que o dinheiro; leste, azul-ferrete;
Inferioridade: Compara, evidenciando um ele- Locuções formadas de cor + de + substantivo,
mento como inferior ao outro. Menos do que, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
do que mulheres. quesa, camisas amarelo-ouro.
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo Os adjetivos pátrios, também conhecidos como
absoluto analítico). gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade
de seres e objetos.
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de
sintético);
um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama-
zonense, fluminense, cearense.
Característica de um ser relacionada com Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é for-
outros indivíduos da mesma classe: Superla- mado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usa-
tivo relativo, que pode ser de superioridade (o do para designar profissões. O gentílico que designa
mais) ou de inferioridade (o menos). nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que
comercializavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a
Ex.: O candidato é o mais humilde dos concorren- alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar
26 tes? (Superlativo relativo de superioridade). os nascidos em nosso país.
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém, decorar
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
LÍNGUA PORTUGUESA
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê? 27
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso. Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passi-
vidade, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
28 Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
GRAU -
SUPERLATIVO Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.
PRONOMES
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles: 29
PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).
Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: Designa a pessoa a quem se fala (relativo a 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções sociais
que designam:
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquiduques e seus respectivos femininos;
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos graduados, oficiais até o posto de coronel, tratamento cerimo-
nioso a comerciantes importantes;
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
30 z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): Bispos.
Os exemplos apresentados fazem referência a pronomes de tratamento e suas respectivas designações sociais
conforme indica o Manual de Redação oficial da Presidência da República. Portanto, essas designações devem ser
seguidas com atenção quando o gênero textual abordado for um gênero oficial.
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tratamento é importante destacar que o plural de algumas abre-
viaturas é feito com letras dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na maioria das abreviaturas
terminadas com a letra a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meritíssimo Juiz;
z O tratamento dispensado ao Presidente da República nunca deve ser abreviado.
Pronomes Indefinidos
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pessoa do
discurso. Os pronomes indefinidos podem variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:
PRONOMES INDEFINIDOS3
Variáveis Invariáveis
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém
Todo, toda, todos, todas Quem
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Certo, certa, certos, certas Nada
Vários, várias Cada
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Tanto, tanta, tantos, tantas
Qualquer, quaisquer
Qual, quais
Um, uma, uns, umas
As palavras certo e bastante serão pronomes indefinidos quando vierem antes do substantivo, e serão adje-
tivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido).
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefinido. Por
isso, atente-se ao seguinte:
z Bastante (pronome indefinido): Concorda com o substantivo, indicando grande, porém incerta, quantidade
de algo.
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes Demonstrativos
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e apontam elementos a que se referem as pessoas do discurso
(1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.
Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
mesmo horário.
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).
z Passado:
Pretérito imperfeito: Ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
z Futuro:
Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + Verbo principal particípio.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
cipal no particípio.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
z Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
como um advérbio ou um adjetivo.
z Particípio: Marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
z Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:
Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina.
Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.
Dica
LÍNGUA PORTUGUESA
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.
Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
z Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar: 35
PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO
Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram
z Irregulares: Os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:
z Anômalos: Esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.
z Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:
z Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover. 37
z Pronominais: Esses verbos apresentam um pro- Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go,
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal. -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classi-
É importante lembrar que esses pronomes não ficado em particípio regular e irregular, sendo
apresentam função sintática. Predominantemen- as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se. A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
ticípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com
PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO os verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do par-
— INDICATIVO — INDICATIVO ticípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos /
Eu me sento Sentei-me
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se Infinitivo: Marca as conjugações verbais.
Nós nos sentamos Sentamo-nos
AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
Vós vos sentais Sentastes-vos passear);
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer,
pôr);
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir,
z Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblí-
sair).
quo átono reflexivo, funcionando sintaticamen-
te como objeto direto ou indireto. Nesses verbos,
o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo Dica
tempo. Ex.: Ela se veste mal. Nós nos cumprimen- O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga-
tamos friamente. ção, pois origina-se do verbo “poer”.
z Impessoais: Verbos que designam fenômenos da O mesmo acontece com verbos que que deste
natureza, como chover, trovejar, nevar etc. derivam.
O verbo haver, com sentido de existir ou mar- Vozes Verbais
cando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.:
Havia muitos candidatos e poucas vagas. Há dois As vozes verbais definem o papel do sujeito na
anos, fui aprovado em concurso público. oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
Os verbos ser e estar também são verbos impes- verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
soais quando designam fenômeno climático ou tempo.
Ex.: Está muito quente! / Era tarde quando chegamos. z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação
O verbo ser para indicar hora, distância ou data verbal.
concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, Ex.: O policial deteve os bandidos.
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
co. Ex.: Faz anos que estudo pintura. Aqui faz muito z Passiva: O sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação
calor. verbal.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classifica-se como sujeito inexistente. Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintá- passiva analítica;
tico ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já Detiveram-se os criminosos — passiva sintética.
é natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer,
podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mes-
bons anos que não vejo Mariana”. mo tempo, pois pratica e recebe a ação verbal.
z Tempo: Viver por muitos anos. Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru-
tas = Substituição.
“Sem” Ao invés de chegar molhado, chegou cedo =
Oposição.
z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
dinheiro.
Combinações e Contrações
“Sob”
As preposições podem se ligar a outras palavras de
z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. outras classes gramaticais por meio de dois processos:
Pedro II; combinação e contração.
6 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020. 41
Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu- z Preposição “em”:
ma redução.
a + o = ao Com artigo definido:
a + os = aos
Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem em + a(s)= na, nas
redução. em + o(s)= no, nos
Veja a lista a seguir7, que apresenta as preposições
que se contraem e suas devidas formas: Com pronome demonstrativo:
Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei. z Causal: Iniciam a oração dando ideia de causa.
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
O gato era o preferido, não só da filha, senão de uma vez que, como (equivale a porque) etc.
toda família.
Ex.: Como não choveu, a represa secou.
z Adversativa: Colocam informações em oposição,
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre- z Consecutiva: Iniciam a oração expressando ideia
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de
modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
A culpa não foi a população, senão dos vereadores Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
LÍNGUA PORTUGUESA
z Alternativas: Ligam orações com ideias que não Ex.: Corria como um touro.
acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou, Ela dança tanto quanto Carlos.
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
z Conformativa: Expressam a conformidade de
Ex.: Estude ou vá para a festa. uma ideia com a da oração principal. Conforme,
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. como, segundo, de acordo com, consoante etc. 43
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
Amanhã chove, segundo informa a previsão do Isso).
tempo.
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
z Concessiva: Iniciam uma oração com uma ideia
substantivas e, consequentemente, em períodos
contrária à da oração principal. Embora, conquan-
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que compostos.
etc.
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não tives- quê? Isso).
se gostado.
Trabalhava, por mais que a perna doesse. z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante.
z Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
que, a menos que, somente se etc. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
(errado).
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondido Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
sua mensagem.
Posso lhe ajudar, caso necessite. INTERJEIÇÕES
pronome.
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural,
não se referindo a nenhuma palavra determi-
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
nada no contexto.
Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.
Sujeito: O povo
Entende-se que alguém passou cedo.
Núcleo do sujeito: povo
Colocando-se verbos sem complemento direto
z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído (intransitivos, transitivos diretos ou de ligação)
de dois ou mais termos. na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro-
As luzes e as cores são bem visíveis. nome se, que atua como índice de indetermina-
Sujeito: As luzes e as cores ção do sujeito.
Núcleo do sujeito: luzes/cores Ex.: Não se vê com a neblina. 47
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Para determinar o predicado, basta separar o
condição. sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração Dias)
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
são impessoais e normalmente representam fenôme- Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná. Classificação do Predicado
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão. A classificação do predicado depende do significa-
Há dois anos esse restaurante abriu. do e do tipo de verbo que apresenta.
Importante notar que não há preposição entre z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, mas um estado momentâneo ou permanente que
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. o predicativo do sujeito.
Precisa-se de cabelo. z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina- Ex.: O garoto está bastante feliz.
ção “-se”. Verbo de ligação: está.
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
z Voz passiva analítica (sujeito paciente) Ex.: Seu batom é muito forte.
Ex.: A minha saia azul está rasgada. Verbo de ligação: é.
Predicativo do sujeito: muito forte.
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
ça da partícula -se.
Predicado Verbal
PREDICADO
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
mos essenciais na oração, há casos em que a oração
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em demais termos do predicado.
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é O verbo do predicado pode ser classificado em
impossível existir uma oração sem sujeito. transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
O predicado pode ser: tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” ge um complemento não preposicionado, o objeto
(José de Alencar) direto.
Predicado: seguem sua marcha Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei- Noel Rosa
to (oração sem sujeito): Verbo Transitivo Direto: Fazer.
Ex.: Chove pouco nesta época do ano. Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
48 Predicado: Chove pouco nesta época do ano. Verbo Transitivo Direto: trouxe.
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- O que é o predicativo do objeto?
vo indireto tem como necessidade o complemen- É o termo que confere uma característica, uma
to acompanhado de uma preposição para fazer qualidade, ao que se refere.
sentido. A formação do predicativo do objeto se dá por um
Ex.: Nós acreditamos em você. adjetivo ou por um substantivo.
Verbo transitivo indireto: acreditamos Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Preposição: em Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Verbo transitivo indireto: obedeceu Predicativo do objeto: vitoriosa
Preposição: a (a + os) Para facilitar a identificação do predicativo do
Ex.: Os professores concordaram com isso. objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Verbo transitivo indireto: concordaram centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Preposição: com fica é relacionar o predicativo ao nome.
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o O filme foi proveitoso.
verbo de sentido incompleto que exige dois com- Ela era vitoriosa.
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
indireto (com preposição). dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- ligação (foi e era, respectivamente).
tras.” (Machado de Assis)
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
Objeto direto 1: anedotas
Objeto indireto 1: lhe São vocábulos que se agregam a determinadas
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia estruturas para torná-las completas. De acordo com
Objeto direto 2: outras a gramática da língua portuguesa, esses termos são
Objeto indireto 2: lhe. divididos em:
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
Complementos Verbais
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
oração. São termos que completam o sentido de verbos
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. transitivos diretos e transitivos indiretos.
Verbo intransitivo: adormeciam.
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
panhado de preposição.
Predicado Verbo-Nominal Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
Ocorre quando há dois núcleos significativos: O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um aqueles)
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
transitivo, predicativo do objeto). Pronomes e sua relação com o objeto direto
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
Verbo intransitivo: parou pre exercem função de objeto direto, os pronomes
Predicativo do sujeito: atento oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer
essa função sintática.
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é quem? A minha pessoa”)
considerado predicativo do sujeito. Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
(= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) Convidaram-na para o almoço de despedida.
Verbo intransitivo: marchou (= “Convidaram quem? Ela”)
Predicativo do sujeito: desorientado Depois de terem nos recebido, abriram a caixa.
(= “Receberam quem? Nós”)
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- esse algo é o objeto direto)
do de Assis) Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
Verbo transitivo direto: achou feminino definido)
Objeto direto: o raciocínio
Predicativo do objeto: exato z Objeto Direto Preposicionado
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, preposição no seu complemento, algumas palavras
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos requerem o uso da preposição para não perder o sen-
concluir que temos um caso de predicativo do obje- tido de “alvo” do sujeito.
to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros
o sujeito. facultativos. 49
Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Preposição: z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
Não entendo nem a ele nem a ti. uma mensagem.
Respeitava-se aos mais antigos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro. COMPLEMENTO NOMINAL
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
feita.” (Ciro dos Anjos) Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Exemplos com Ocorrência Facultativa de Preposição: ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
presença de um complemento nominal nos contextos
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
do do nome.
le templo.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
A escultura atrai a todos os visitantes. Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Para melhor identificar um complemento nomi-
pedestal. nal, siga a instrução:
Ao povo ninguém engana. Nome + preposição + quem ou quê
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Como diferenciar complemento nominal de com-
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- plemento verbal?
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre- Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
sente para indicar parte de um todo, quando assim (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa diretamente ao verbo “obedecia”)
bebeu uma porção da água, e não ela toda. Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado. Agente da Passiva
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
Andrade) lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
raramente, da preposição de.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
z Objeto direto interno: Representado por palavra
ser, estar, viver, andar, ficar.
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
mesmo significado.
Termos Acessórios da Oração
Ex.: Riu um riso aterrador.
Dormiu o sono dos justos. Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
ra básica da oração, são importantes para compreen-
Como diferenciar objeto direto de sujeito? são do enunciado porque trazem informações novas.
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) Esses termos são chamados acessórios da oração.
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
O objeto direto pode ser passado para a voz passi- Adjunto Adnominal
va analítica e se transforma em sujeito.
Os jogos da seleção foram ignorados. São termos que acompanham o substantivo,
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
z Objeto indireto: É complemento verbal regido de especificar o elemento representado pelo substantivo.
preposição obrigatória, que se liga diretamente a Categorias morfológicas que podem funcionar
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa como adjunto adnominal:
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da z Artigos
casa 260. z Adjetivos
Gosto de ti, meu nobre. z Numerais
Não troque o certo pelo duvidoso. z Pronomes
z Locuções adjetivas
Vamos insistir em promover o novo romance de
ficção.
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto.
Objeto Indireto e o Uso de Pronomes Pessoais
Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus.
Pode ser representado pelos seguintes pronomes O novo regulamento originou a revolta dos
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro- funcionários.
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes
indireto, já que sempre ocorrem com preposição. exercem essa função sintática quando assumem
50 Ex.: Você escreveu esta carta para mim? valor de pronomes possessivos.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com- Aposto: filha de D. Raimunda
plemento nominal? Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras.
Quando o adjunto adnominal for representado Aposto: Machado de Assis.
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga Classifica-se nas seguintes categorias:
a dica:
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Será adjunto adnominal: se o substantivo ao Separa-se do substantivo a que se refere por uma
qual se liga for concreto. pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
Ex.: A casa da idosa desapareceu. ou dois-pontos.
Se indicar posse ou o agente daquilo que Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
expressa o substantivo abstrato. ontem, acabaram de voltar de férias.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada. Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
Será complemento nominal: se indicar o alvo � Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
daquilo que expressa o substantivo. foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
foi respeitada. Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
Notava-se o amor pelo seu trabalho. riachos.
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância.
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
Adjunto Adverbial
malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Termo representado por advérbios, locuções
estavam empolgados com a feira.
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas -Bissau, países africanos onde se fala português.
circunstâncias.
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
z Tempo: Quero que ele venha logo; Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
rumo.
z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
z Modo: O dia começou alegremente; � Circunstancial: Exprime uma característica
circunstancial.
z Intensidade: Almoçou pouco;
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
z Causa: Ela tremia de frio; apropriadas.
z Companhia: Venha jantar comigo;
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
roupas; especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; substantivos próprios.
z Finalidade: Vivia para o trabalho; Exs.: O mês de abril.
O rio Amazonas.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez; Meu primo José.
z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui; fato expresso pela oração, ou uma palavra que
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã; condensa.
z Origem: Descendia de nobres. Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
preocupação.
Não confunda! O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de ideia que não me agrada.
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio- � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
LÍNGUA PORTUGUESA
é incurável.
roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. Dica
z Orações subordinadas substantivas reduzidas: Como diferenciar as orações subordinadas adje-
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica tivas restritivas das orações subordinadas adjeti-
no infinitivo. vas explicativas?
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras. Ele visitará o irmão que mora em Recife.
z Orações subordinadas substantivas subjetivas: (restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
exercem a função de sujeito. O verbo da oração visitar apenas o que mora em Recife)
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe- (explicativa, pois ele tem apenas um irmão que
rir a nenhum termo na oração. mora em Recife) 53
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem [para fixar outros] – 2ª oração
uma circunstância relativa a um fato expresso em [que os rodeiam] – 3ª oração
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
São introduzidas por conjunções subordinativas ção (M. de Assis)
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
tes grupos: Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
� Orações subordinadas adverbiais causais: são
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
que, visto que etc.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
que ficamos sem gasolina. Orações Reduzidas
� Orações subordinadas adverbiais comparati- z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
que a importada. iniciadas por conjunções;
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- por pronomes relativos;
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, conectivos;
por mais que, se bem que etc.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
prepositiva.
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
contanto que, a menos que etc. conjunção
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
� Orações subordinadas adverbiais conformati- (desenvolvida)
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun- O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
do, consoante.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos. Orações Reduzidas de Infinitivo
Períodos Mistos
Uso de Vírgula
1ª oração 2ª oração 3ª oração
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem. funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
verbo verbo verbo orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
qualquer ambiguidade.
1ª oração: oração coordenada assindética. Quando se trata de separar termos de uma mesma
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
relação a 1ª oração e principal em relação a 3ª oração.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta � Para separar os termos de mesma função.
em relação a 2ª oração. Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
Resumindo: período composto por coordenação e z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
subordinação. enumeração.
As orações subordinadas são coordenadas entre si, Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
ligadas ou não por conjunção. arrastado pelo tsunami.
z Orações subordinadas substantivas coordena- � Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
das entre si já apareceu na frase) do verbo.
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
LÍNGUA PORTUGUESA
meus pais, nem que culpe meus parentes. Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
Oração principal: Espero filmes de terror.
Oração coordenada 1: que você não me culpe
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais � Para separar palavras ou locuções explicativas,
Oração coordenada 3: nem que culpe meus retificativas.
parentes. Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
anos.
� Para separar datas e nomes de lugar.
Importante! Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
O segredo para classificar as orações é per- � Para separar as conjunções coordenativas, exceto
ceber os conectivos (conjunções e pronomes e, nem, ou.
relativos). Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. 55
A vírgula é facultativa quando a expressão de Dois-pontos
tempo, modo ou lugar não for uma expressão, mas
uma palavra só. Exemplos: Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. não foi concluída.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço Servem para:
em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / � Introduzir uma citação (discurso direto).
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, respostas”.
ficou com sono durante a aula. � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia distributivo ou uma oração subordinada substan-
amanhã, se não chover. tiva apositiva.
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações sores, jornalistas, médicos.
� Aparece após uma interjeição. � Para incluir num texto uma observação de nature-
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. za elucidativa.
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos. Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
marcar uma ênfase. que pareça, o texto original é assim mesmo.
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
metros em 20 segundos!!! do.” (Machado de Assis)
Ex.: ― Estou ciente de que... Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
― Pode dizer... desceu as escadas apressadamente.
� Indicar partes suprimidas de um texto. Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
desceu as escadas apressadamente. (Também pode vel segundo as normas da ABNT)
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.) Asterisco
� Para sugerir prolongamento da fala.
� É colocado à direita e no canto superior de uma
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
� Para indicar hesitação. de rodapé. 57
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo Embora não existam regras muito definidas sobre
triste acrescido do sufixo -eza*. a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
vo, o que origina um novo substantivo. lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio.
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
nhado aos responsáveis.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto Define-se como a adaptação em gênero e número
é, cuja existência é provável, mas não comprovada. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Ex.: Parecer, do latim *parescere. o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- adjetivos, numerais).
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
gênero e número com o nome a que se referem.
da gramática.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro.
Muro alto. / Muros altos.
Uso da Barra
Casos com Adjetivos
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
z Com função de adjunto adnominal: quando o
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
ver após os substantivos, poderá concordar com
substituída pela conjunção “ou”.
as somas desses ou com o elemento mais próximo.
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. Encontrei colégios e faculdades ótimos.
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
ção das conjunções e/ou. Há casos em que o adjetivo concordará apenas
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
e/ou escritos. tencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
ção entre si.
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
(plural/singular). minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
O carro atingiu os 220 km/h. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
� Para separar os versos de poesias, quando escritos Existem complicadas regras e conceitos.
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas Quando houver apenas um substantivo qualifica-
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
barras para indicar a separação das estrofes.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
francesa e alemã.
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
não foi escrita na sua totalidade.
língua inglesa, a francesa e a alemã.
Ex.: a/c = aos cuidados de;
s/ = sem
z Com função de predicativo do sujeito
� Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
fração. com a soma dos elementos.
Ex.: 1/3 = um terço Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
� Nas datas. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
Ex.: 31/03/1983 sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
� Nos números de telefone. quanto com o nome mais próximo.
Ex.: 225 03 50/51/52 Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
vam abandonados a casa e o quintal.
� Nos endereços. Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232 to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
� Na indicação de dois anos consecutivos. substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
(substitui-se por “eles”)
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua. Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
58 Ex.: /s/ existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
então é um adjunto adnominal. to é pseudo-objetivo.
� Muito / bastante
z Com função de predicativo do objeto
Quando modificam o substantivo: concordam com
ele.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Quando modificam o verbo: invariáveis.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
dância com o termo mais próximo. irritados.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e tante irritados.
seus subordinados. Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
Algumas Convenções tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
Flexão Apenas do Segundo Elemento Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
sujeito.
� Nos substantivos compostos formados por tema Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
verbal ou palavra invariável + substantivo ou exorbitante.
adjetivo:
bate-papo – bate-papos; Diferentes situações:
quebra-cabeça – quebra-cabeças;
arranha-céu – arranha-céus;
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
ex-namorado – ex-namorados;
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
vice-presidente – vice-presidentes.
multidão gritou entusiasmada.
� Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento: z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
zum-zum – zum-zuns; bo posterior ao pronome relativo concorda com o
tico-tico – tico-ticos; antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
lufa-lufa – lufa-lufas; Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
reco-reco – reco-recos. z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
� Nos substantivos compostos grafados ligada- verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
60 mente, sem hífen: quem resolveu a questão.
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos da escola soou dez badaladas)
nós quem resolvemos a questão.
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
dem-se casas de veraneio aqui.
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
interessada.
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
essa questão. verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- Majestade está preocupada?
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, Suas Excelências precisam de algo?
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
ver artigo definido antes de uma palavra plura- exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados Concordância Verbal com o Sujeito Composto
Unidos continuam uma potência.
Estados Unidos continua uma potência. � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- ticais diferentes
de de Santos fica em São Paulo.”) Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Importante! Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem.
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
verbo fica no singular ou no plural. � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. ou nenhum
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
ter o espírito esportivo.
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
singular
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
Mais de um aluno compareceu à aula.
davam. (preferencialmente no singular)
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
� Gradação entre os núcleos do sujeito
A expressão mais de um tem particularidades: Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo me acalmar. (preferencialmente no singular)
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: � Núcleos do sujeito no infinitivo
Mais de um irmão se abraçaram. Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. mitivo (nada, tudo, ninguém)
Mais de um aluno, mais de um professor esta- Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
vam presentes.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
z Quando o sujeito é formado po um número per- nem um nem outro
centual ou fracionário, o verbo concorda com o Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
numerado ou com o número inteiro, mas pode � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
concordar com o especificador dele. Se o numeral Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
vier precedido de um determinante, o verbo con- foco nos estudos.
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é bem como, assim como, tanto quanto
viver bem. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
LÍNGUA PORTUGUESA
CONOTAÇÃO
Parônimos
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Fazia calor no Rio, 40 graus e qualquer coisa, quase
se fosse substituído o pronome eu pelo pronome nós, 41. No dia seguinte, os jornais diriam que fora o mais
quente deste verão que inaugura o século e o milênio.
no trecho do Texto I “Eu sou mesmo exagerado”, como
Cheguei ao Santos Dumont, o vôo estava atrasado,
ficaria o verbo destacado?
decidi engraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rio,
são raros esses engraxates, só existem nos aeropor-
a) “Nós é mesmo exagerados”. tos e em poucos lugares avulsos.
b) “Nós somos mesmo exagerados”. Sentei-me naquela espécie de cadeira canônica, de
c) “Nós era mesmo exagerados”. coro de abadia pobre, que também pode parecer o tro-
d) “Nós sereis mesmo exagerados”. no de um rei desolado de um reino desolante.
70 e) “Nós sois mesmo exagerados”.
O engraxate era gordo e estava com calor — o que me No que diz respeito a problemas de visibilidade, não
pareceu óbvio. Elogiou meus sapatos, cromo italiano, há muito o que fazer. O ponto é que o calor também
fabricante ilustre, os Rosseti. Uso-o pouco, em parte pode comprometer bastante a viagem: cientistas já
para poupá-lo, em parte porque quando posso estou demonstraram que o desempenho das aeronaves é
sempre de tênis. pior em dias extremamente quentes. Isso porque o
Ofereceu-me o jornal que eu já havia lido e começou seu aumento da temperatura atmosférica faz a densidade
ofício. Meio careca, o suor encharcou-lhe a testa e a cal- do ar diminuir, o que prejudica toda a aerodinâmica
va. Pegou aquele paninho que dá brilho final nos sapatos do veículo.
e com ele enxugou o próprio suor, que era abundante. A sustentação que as asas do avião garantem depen-
Com o mesmo pano, executou com maestria aqueles de da densidade do ar. Quanto menor for a densidade
movimentos rápidos em torno da biqueira, mas a todo do ar, mais rápido um avião tem que acelerar na hora da
instante o usava para enxugar-se — caso contrário, o decolagem para compensar a perda de estabilidade.
suor inundaria o meu cromo italiano. O problema é que, para conseguir uma velocidade
E foi assim que a testa e a calva do valente filho do povo maior, é necessária uma pista com tamanho suficien-
ficaram manchadas de graxa e o meu sapato adquiriu te para a tarefa. Corre-se o risco, nos locais onde o
um brilho de espelho à custa do suor alheio. Nunca tive trecho de asfalto é curto demais, de que o avião não
sapatos tão brilhantes, tão dignamente suados. adquira velocidade adequada para deslanchar de vez
Na hora de pagar, alegando não ter nota menor, dei- sem problemas de sustentação. A principal forma que
xei-lhe um troco generoso. Ele me olhou espantado, as torres de controle têm para garantir que isso não
retribuiu a gorjeta me desejando em dobro tudo o que aconteça é diminuir o peso da aeronave — seja retiran-
eu viesse a precisar nos restos dos meus dias. do carga, combustível ou material humano mesmo.
Saí daquela cadeira com um baita sentimento de culpa. Os efeitos dessa restrição de peso podem pesar no
Que diabo, meus sapatos não estavam tão sujos assim, bolso das companhias aéreas e mudar operações pelo
por míseros tostões, fizera um filho do povo suar para mundo todo. A conta é bem simples: menos passagei-
ganhar seu pão. Olhei meus sapatos e tive vergonha ros nos voos significa menos dinheiro para as com-
daquele brilho humano, salgado como lágrima. panhias aéreas. Os primeiros a sofrer com os cortes
CONY, C. H. In: NESTROVSKI, A. (Org.). Figuras do Brasil – 80 autores são voos mais longos. Conectar pontos distantes do
em 80 anos de Folha. São Paulo: Publifolha. 2001. p. 319. globo só vale a pena se o roteiro for cumprido com o
máximo de aproveitamento. A tendência, então, é que
Em “fizera um filho do povo suar para ganhar seu pão”, os voos maiores sejam remanejados para momentos
o termo em destaque assume o sentido de menos quentes do dia. E como nada vem sozinho, a
alteração de rotas e duração dos voos, pode, eventual-
a) rumo mente, aumentar também o consumo de combustível.
b) trabalho O resto você já sabe. O serviço fica mais caro, passam
c) desconto a existir menos opções, os aeroportos operam além
d) imposto da capacidade e o caos aéreo se torna maior.
e) retribuição Para completar o pacote, o calor poderá influenciar até
mesmo no famoso “medo de avião”. Isso porque a ele-
11. (CESGRANRIO – 2017) vação das temperaturas tornará as turbulências mais
frequentes e intensas. Uma pesquisa publicada neste
Como o aquecimento global está atrapalhando a ano mostrou que turbulências severas vão aumentar
aviação 149% e os chacoalhões moderados crescerão até 94%
nos próximos anos. Culpa do aumento na quantidade
No mês passado, dezenas de voos foram cancelados de ventos de alta altitude, que ganham força com o
nos EUA por causa do calor. Veja porque isso se torna- calor.
rá cada vez mais comum. ELER, G. Como o aquecimento global está atrapalhando a aviação.
5 ago. 2017. Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/
Com a temperatura na casa dos 48 ºC — e uma sensa- como-o-aquecimento-global-esta-atrapalhando-a-aviacao/>. Acesso
ção térmica que supera fácil os 50 ºC —, é complicado em: 12 ago. 2017. Adaptado.
levar a vida normalmente. Sair de casa é pedir para
começar a suar e desidratar a uma velocidade digna Ao contrário do período composto por coordenação,
de ambiente desértico. Seja muito bem-vindo ao verão o período composto por subordinação apresenta ao
de Phoenix, capital do Arizona, onde o ar-condicionado menos uma oração sintaticamente dependente de
é seu amigo mais inseparável. outra. O seguinte período configura-se como compos-
Por lá, as temperaturas altas não impactam só as to por subordinação:
contas de luz. A onda de calor anormal que o sudoes-
LÍNGUA PORTUGUESA
te dos EUA enfrentou recentemente causou também a) “Como o aquecimento global está atrapalhando a avia-
outro problema, menos usual: o cancelamento de ção” (Título do texto)
dezenas de voos comerciais. É isso mesmo. Em julho b) “No mês passado, dezenas de voos foram cancelados
passado, aviões foram impedidos de deixar o Sky Har- nos EUA por causa do calor.” (Subtítulo do texto)
bor, aeroporto internacional da cidade, pelo simples c) “Por lá, as temperaturas altas não impactam só as
motivo de estar quente demais. contas de luz.”
Mesmo quem não é do ramo sabe que aeronaves d) “A sustentação que as asas do avião garantem depen-
foram criadas para operar sob algumas condições de da densidade do ar.”
climáticas específicas. Por causa disso, vira e mexe e) “Os efeitos dessa restrição de peso podem pesar no
mudanças de tempo muito bruscas como nevascas bolso das companhias aéreas e mudar operações pelo
e neblinas intensas as impedem de decolar — atra- mundo todo.”
sando as viagens e aumentando a impaciência dos
clientes. 71
12. (CESGRANRIO – 2018) A pontuação foi utilizada de Glossário:
acordo com as exigências da norma-padrão da língua Mobilidade urbana – É a facilidade de locomoção das
portuguesa em: entre as diferentes zonas de uma cidade.
Acessibilidade urbana – É a garantia de condições às
a) A escassez e a contaminação da água causam, por ano pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
a morte de cinco milhões de crianças em todo o planeta. reduzida.
b) A maior parte da água existente no planeta, que é de
água salgada, precisa ser dessalinizada para servir à De acordo com a norma-padrão da língua portugue-
população. sa, o acento grave indicativo da crase é obrigatório na
c) A precária rede de distribuição de água na Amazônia palavra destacada em:
impede, que muitas pessoas tenham acesso adequa-
do a esse precioso líquido. a) A falta de transporte coletivo traz problemas para as
d) Os racionamentos tornaram-se mais urgentes e pessoas que vivem na periferia.
necessários à medida que, a água não é tão abundan- b) O centro das cidades foi o primeiro espaço a sofrer
te quanto parece. com o aumento dos carros.
e) Uma boa parte da população mundial, não conta com c) O automóvel acabou por se confirmar como a forma
um abastecimento de água de boa qualidade. de transporte dominante.
d) Os espaços centrais passaram a ser ocupados somen-
13. (CESGRANRIO – 2018) A regência do verbo destacado te nos horários de trabalho.
está de acordo com as exigências da norma-padrão da e) Os governos devem buscar soluções adequadas as
língua portuguesa em: necessidades das pessoas.
9 GABARITO
1 C
2 A
3 D
4 D
5 C
6 B
7 B
8 B
9 B
10 E
11 D
12 B
13 C
14 E
15 A
ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA
73
74
Exemplo:
Investimento de R$ 50.000,00 no dia de hoje para
recebimento de R$ 120.000,00 daqui a 10 anos.
120.000,00
MATEMÁTICA Hoje
| | | | | | | | | | | ano
FINANCEIRA 50.000,00
5 10
Operações Financeiras
Propriedade Fundamental da Equivalência de Capitais É bem comum aparecerem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
A equivalência permanecerá válida para qualquer Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
data a partir de uma determinada data focal quando te exemplo:
dois capitais são equivalentes.
Em matemática financeira, sempre que quisermos 2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
comparar dois capitais, devemos transportá-los para uma
mesma data (a uma mesma taxa de juros), pois assim Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
podemos constatar se são iguais (equivalentes) ou não. dizer que temos uma sequência que, de um número
para outro, devemos somar 2 unidades e também
podemos notar que temos a sequência que, de um
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
SEQUÊNCIAS — LEI DE FORMAÇÃO DE 1° Sequência: 2, 4, 6, 8,...
SEQUÊNCIAS E DETERMINAÇÃO DE 2° Sequência: 5, 10, 15, 20, ...
SEUS ELEMENTOS
PROGRESSÕES ARITMÉTICAS
Esse tema é cobrado de uma maneira que pode
parecer fácil como também pode ser complicado. Uma progressão aritmética é aquela em que os
Descobrir a lei de formação ou padrão da sequência termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
é o seu principal objetivo, pois nas questões sobre tante, normalmente representada pela letra r.
sequências/raciocínio sequencial, você será apresen-
tado a um conjunto de dados dispostos de acordo com � Termo inicial: valor do primeiro número que
alguma “regra” implícita, alguma lógica de formação. compõe a sequência;
O desafio é exatamente descobrir essa “regra” para, z Razão: regra que permite, a partir de um termo,
com isso, encontrar outros termos daquela mesma obter o seguinte.
sequência.
Veja o exemplo: Observe o exemplo:
A primeira pergunta que podemos fazer para Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9 e assim suces-
achar a lei de formação é: os números estão aumen- sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
tando ou diminuindo? são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as gressões aritméticas, é importante você saber obter o
operações de soma ou multiplicação entre os termos. termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
Veja no exemplo colocado acima: 2, 4, 6, 8,.. Do primei- a seguir.
ro termo para o segundo, somamos o número dois e
depois repetimos isso. Termo Geral da PA
an = a1 + (n-1)r a) 25.
a200 = 1 + (200-1)2 b) 26.
a200 = 1 + 2x199 c) 27.
a200 = 1 + 198 d) 28.
a200 = 199 e) 24.
a) 0,5% a) 140.000,00
b) 3,8% b) 120.000,00
c) 4,6% c) 115.200,00
d) 5,0% d) 100.000,00
e) 5,6% e) 86.000,00
83
12. ( CESGRANRIO – 2018) Um equipamento, que pode- b) constante
ria ser comprado por 100 milhões de reais à vista, c) radial
foi financiado por meio de dois pagamentos semes- d) alemão
trais sucessivos. O primeiro, no valor de 55 milhões de e) francês
reais, foi pago seis meses após a compra; o segundo,
no valor de 60,5 milhões de reais, foi pago 12 meses
após a compra.
O valor mais próximo da taxa anual equivalente cobra-
da nesse financiamento é igual a 9 GABARITO
a) 15,5% 1 D
b) 16,1%
c) 20,0% 2 E
d) 21,0%
e) 22,5% 3 A
4 A
13. ( CESGRANRIO – 2012) Um produto é vendido à vista
com 10% de desconto ou a prazo em dois pagamen- 5 B
tos, sendo o primeiro no ato da compra e o segundo
2 meses após a compra. Qual é, aproximadamente, a 6 B
taxa mensal de juros no pagamento a prazo? 7 E
Dado: √5 ≈ 2,24 8 A
9 D
a) 10%
b) 11% 10 C
c) 12%
d) 24% 11 D
e) 25%
12 D
14. (CESGRANRIO – 2015) Arthur contraiu um financia- 13 C
mento para a compra de um apartamento, cujo valor
à vista é de 200 mil reais, no Sistema de Amortização 14 B
Constante (SAC), a uma taxa de juros de 1% ao mês,
15 E
com um prazo de 20 anos. Para reduzir o valor a ser
financiado, ele dará uma entrada no valor de 50 mil
reais na data da assinatura do contrato. As prestações
começam um mês após a assinatura do contrato e
são compostas de amortização, juros sobre o saldo ANOTAÇÕES
devedor do mês anterior, seguro especial no valor
de 75 reais mensais fixos no primeiro ano e despesa
administrativa mensal fixa no valor de 25 reais.
A partir dessas informações, o valor, em reais, da
segunda prestação prevista na planilha de amortiza-
ção desse financiamento, desconsiderando qualquer
outro tipo de reajuste no saldo devedor que não seja a
taxa de juros do financiamento, é igual a
a) 2.087,25
b) 2.218,75
c) 2.175,25
d) 2.125,00
e) 2.225,00
84 a) misto
a ter uma dívida, um passivo, uma obrigação com o
banco. Torno-me, portanto, um devedor. Já o banco
passa a ter um direito, um crédito a receber, um ativo
para ele que é o credor.
CONHECIMENTOS
BANCÁRIOS
A CF trouxe, portanto, uma função social ao SFN — promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos inte-
resses da coletividade — que está diretamente ligada a uma adequada intermediação financeira e, certamente, propicia
desenvolvimento, geração de emprego e de renda.
Como ocorre, na prática, a intermediação financeira?
Vamos simplificar: quando você exagera nas compras de Natal e falta grana para pagar as contas em janeiro, ou
quando resolve que, mesmo sem grana, não vai ficar em casa no carnaval, uma alternativa é ir ao banco e solicitar um
empréstimo.
Todos nós, pessoas físicas, empresas, governos, somos agentes econômicos. No exemplo narrado, você era um agente
econômico deficitário, ou tomador de recursos, que recorreu ao SFN, para obter recursos que outro agente econômico
entregou aos cuidados de alguma instituição financeira em troca de uma remuneração oriunda da aplicação de uma taxa
de juros sobre o capital entregue. Esse era o agente econômico superavitário ou doador de recursos.
É importante compreender que, em regra, o banco não empresta o dinheiro dele, mas empresta o dinheiro dos outros.
Ou seja, o que o sistema financeiro faz é possibilitar que aqueles que precisam de recursos consigam acesso aos recursos
daqueles que os tem em excesso.
Isso é a intermediação financeira. Porém, essa intermediação não pode ser feita assim, de qualquer jeito, por qual-
quer um. Afinal, estamos lidando com dinheiro e sabemos como isso complica as coisas. Então, há a necessidade de que
exista uma estrutura bem definida, normatizada e regulada para tocar essa engrenagem, para fazer essa roda girar.
Essa estrutura é a própria estrutura do Sistema Financeiro Nacional, a qual você conhecerá a seguir.
Nós podemos dividir o Sistema Financeiro Nacional em três níveis de atuação. A melhor maneira de visualizar isso é
utilizando a forma pela qual o Banco Central demonstra a organização do SFN:
Entidades Fechadas da
Banco e Administradoras de Bolsa Seguradora e
previdência Complementar
Caixa Econômica consórcios de valores Resseguradores
(fundo de Pensão)
86
É imprescindível que você observe a figura horizontalmente. Perceba que, à esquerda, rótulos identificam
três níveis de atuação: órgãos normativos, supervisores e operadores.
No primeiro nível, temos os órgãos normativos. São eles que definem o regramento geral a ser seguido pelo
mercado. Porém, entenda que eles não são órgãos executores, não possuem uma estrutura física nem são servido-
res de quadro próprio. Eles apenas ditam as regras.
Veremos que, na realidade, todos esses órgãos normativos são Conselhos, colegiados compostos por diferen-
tes autoridades ligadas ao mercado que se pretende normatizar e regular e que se reúnem periodicamente. Eles
determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema.
No segundo nível, temos as entidades supervisoras. São autarquias federais que cumprem e fazem cumprir
aquele regramento estabelecido pelos órgãos normativos.
Aqui, sim, existe toda uma estrutura física e um quadro de servidores trabalhando em prol de um sistema
financeiro sólido e eficiente, em benefício da sociedade. As entidades supervisoras trabalham para que os inte-
grantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos.
Por fim, tempos os operadores. São as instituições financeiras, públicas e privadas, que atuam nos diversos
ramos do SFN, promovendo a intermediação financeira e oferecendo produtos e serviços aos seus consumidores.
É com os operadores que temos contato no nosso dia a dia.
Eles constituem a parte mais visível do sistema financeiro. Os operadores são as instituições que ofertam ser-
viços financeiros, no papel de intermediários.
Vamos fazer um paralelo, para tentar simplificar o entendimento. Pense em uma empresa qualquer, uma loja
de roupas por exemplo. Vamos imaginar que a loja tenha a seguinte estrutura organizacional:
Dono
Gerente A Gerente B
Vários comércios possuem uma estrutura parecida com essa. Há um dono (o “chefão”), que diz como as coisas
devem funcionar; gerentes, que cuidam para que as coisas saiam como o patrão quer; demais funcionários, que
executam o trabalho propriamente dito.
Guarde esse paralelo na sua memória. Isso vai te ajudar a entender os papéis de cada um dos órgãos e institui-
ções do SFN e, como consequência, a resolver questões de prova.
Pense da seguinte forma: os órgãos normativos são os donos, os “chefões” do SFN. Eles ditam as regras, dizem
como as coisas devem funcionar e aquilo que pode e o que não pode ser feito.
Como dito, não são entidades, pois não possuem uma estrutura e quadro próprio de servidores. São Conselhos,
órgãos formados por diferentes autoridades que se reúnem periodicamente para elaborar o regramento de suas
áreas de competência. Como não são órgãos executivos, não costumam executar tarefas, apenas dizem como elas
devem ser feitas. São como os patrões: apenas dão ordens.
Já as instituições supervisoras — o segundo nível — são os “gerentes”. Eles trabalham, zelando para que os
operadores cumpram o que foi determinado pelos órgãos normativos, ou seja, tomam conta de sua atuação. São
órgãos executivos e fiscalizadores. Como os gerentes, eles ficam de olho no que os operadores fazem.
Por fim, os operadores são os vendedores, os que estão na frente da loja. É com eles que os clientes têm contato
direto. Eles querem vender seus produtos e serviços; querem faturar, lucrar, e, para isso, precisam atender as
demandas de seus clientes.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Importante!
Existe uma outra classificação, mais antiga e já pouco utilizada, que divide o Sistema Financeiro Nacional em
dois subsistemas: o subsistema normativo e o subsistema operativo (ou operacional ou de intermediação).
Nessa divisão, órgãos normativos e entidades supervisoras formam, conjuntamente, o subsistema normati-
vo, enquanto os operadores compõem o subsistema operativo, operacional ou de intermediação.
Essa classificação já foi objeto de prova e, por isso, vale a pena memorizá-la.
Por fim, veja como o próprio Banco Central, em seu site, define a organização e a estrutura do SFN:
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e instituições que promovem
a intermediação financeira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de recursos. É por meio do sistema
financeiro que as pessoas, as empresas e o governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e
realizam seus investimentos.
87
Segmentação do Sistema Financeiro Nacional
Voltaremos à figura utilizada pelo Banco Central, para demonstrar a organização do SFN, porém, dessa vez, a
analisaremos verticalmente:
Orgãos normativos Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros privados Previdância Fechada
Entidades Fechadas da
Banco e Administradoras de Bolsa Seguradora e
previdência Complementar
Caixa Econômica consórcios de valores Resseguradores
(fundo de Pensão)
z Dependendo de suas atividades corretoras e distribuidoras também são fiscalizadas pela CVM
z As Instituições de Pagamento não compõem o SFN, mas são reguladas e fiscalizadas pelo BCB, conforme dire-
trizes estabelecidas pelo CMN
Repare que a figura está segmentada em três colunas: moeda, crédito, capitais e câmbio; seguros privados;
e previdência fechada.
No primeiro nível, temos 3 (três) órgãos normativos: o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacio-
nal de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Cada um deles enca-
beça uma dessas três colunas. Isso significa que cada um desses Conselhos determina as regras gerais (diretrizes)
dos mercados sob sua responsabilidade.
Neste ponto, vale recordar o que cada um deles faz:
z Conselho Monetário Nacional: O CMN define as regras para os mercados monetário, de crédito, de câmbio e
de capitais. É responsável por fixar as diretrizes e normas das políticas monetária, creditícia e cambial;
z Conselho Nacional de Seguros Privados: O CNSP fixa as diretrizes e normas para os mercados de seguros
privados, que abrangem os setores de seguros, resseguros, capitalização e previdência complementar aberta;
z Conselho Nacional de Previdência Complementar: O CNPC é órgão normativo que regula regimes de pre-
vidência complementar operados por entidades fechadas de previdência complementar, os chamados fundos
de pensão.
Dica
88 Órgãos normativos são sempre Conselhos.
No segundo nível, abaixo dos órgãos normativos, Art. 3º A política do Conselho Monetário Nacional
estão os supervisores, também chamados de entida- objetivará: [...]
des ou instituições supervisoras. São as entidades que IV - Orientar a aplicação dos recursos das insti-
atuam de forma preventiva e reativa para o cumpri- tuições financeiras, quer públicas, quer privadas;
mento das regras emitidas pelos órgãos normativos. tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do
São elas: País, condições favoráveis ao desenvolvimento har-
mônico da economia nacional;
z O Banco Central do Brasil (BCB), que é respon-
sável pelos mercados monetário, de crédito e de O CMN define regras gerais de atuação para os
câmbio; diversos tipos de instituições financeiras, estabele-
z A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é cendo os segmentos em que podem atuar. Pode ainda
responsável pelo mercado de capitais; diferenciar certas regras conforme as regiões do país,
z A Superintendência de Seguros Privados
buscando diminuir desigualdades regionais.
(Susep), que é responsável pelo mercado de segu-
ros privados;
Art. 3º [...]
z A Superintendência Nacional de Previdência
V - Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e
Complementar (Previc), que é responsável pelas
dos instrumentos financeiros, com vistas à maior
entidades fechadas de previdência.
eficiência do sistema de pagamentos e de mobiliza-
Finalmente, no último e terceiro nível, vemos os ção de recursos;
operadores do SFN. Essas são as instituições, públicas
e privadas, que executam a intermediação financei- O CMN deve buscar também o aperfeiçoamento
ra, atuando diretamente com o público. São os bancos das instituições financeiras e de seus produtos e servi-
comerciais, a Caixa Econômica, os bancos de investi- ços, objetivando facilitar e fortalecer a intermediação
mento, as sociedades de arrendamento mercantil, as financeira.
corretoras, as distribuidoras de títulos e valores mobi-
liários etc. Art. 3º [...]
Existem diversos tipos de instituições operadoras VI - Zelar pela liquidez e solvência das instituições
no SFN, que também costumam atuar de forma seg- financeiras;
mentada. Neste sentido, pode-se afirmar que, como
regra geral, cada tipo de instituição financeira opera A liquidez e a solvência das instituições financei-
produtos específicos, diferentemente dos produtos ras impactam na segurança e no grau de confiabilida-
operados por outros tipos de IF. de do Sistema Financeiro Nacional. Trata-se, portanto,
Ao longo do nosso estudo, conheceremos os opera- de permanente preocupação do CMN.
dores do sistema financeiro.
Art. 3º [...]
VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia,
orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e
ÓRGÃOS NORMATIVOS E externa.
INSTITUIÇÕES SUPERVISORAS,
O CMN é, portanto, o grande coordenador das polí-
EXECUTORAS E OPERADORAS ticas econômicas do país.
Lembre-se: O CMN é um órgão apenas normati-
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o princi- vo, não é um órgão executivo. Formular a política da
pal órgão normativo do Sistema Financeiro Nacional moeda e do crédito, objetivando o progresso econômi-
(SFN), e tem, conforme o previsto no art. 2º da Lei nº co e social do país, é sua principal atribuição. Então,
4.595, de 1964, a finalidade de formular a política da tudo que a ele se referir estará relacionado à emissão
moeda e do crédito, objetivando o progresso econômi-
de normas, à definição de regras.
co e social do país.
Atente-se, sempre, ao verbo utilizado na questão.
O CMN é responsável pelas diretrizes e normas
Verbos de ação (fazer, executar, efetuar, realizar, fis-
das políticas monetária, creditícia e cambial. É ele,
calizar) geralmente não se enquadram nas atividades
portanto, que coordena a política macroeconômica do
do CMN, que não possui atividades executivas e, sim,
governo.
dá ordens, por ser o “chefe”.
Nosso primeiro passo será conhecer os seus objeti-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Para este ano de 2021, a meta foi fixada em 3,75%, Esse é o artigo que criou o Banco Central, suceden-
com intervalo de tolerância de 1,50%. do a antiga Superintendência da Moeda e do Crédito
Já para o ano de 2022, a meta foi fixada em 3,50%, (SUMOC).
com intervalo de tolerância de 1,50%. Destaca-se também que o resultado obtido pelo
Bacen em suas operações é transferido ao Tesouro
z Escolher, mediante proposta do Ministro de Esta- Nacional, compondo o resultado primário do Governo
do da Fazenda (atual Ministro de Estado da Eco- Central.
nomia), o índice de preços a ser adotado como
referência para o cumprimento da meta. Art. 9º Compete ao Banco Central da República do
Brasil cumprir e fazer cumprir as disposições que
Atualmente, adota-se o Índice de Preços ao Con- lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as nor-
sumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Bra- mas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional.
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Caso a meta não seja cumprida, o Presidente do Como sabemos, o Banco Central é (enquanto enti-
Banco Central do Brasil divulgará publicamente as dade supervisora do SFN responsável pela implemen-
razões do descumprimento, por meio de carta aberta tação das políticas monetária, creditícia e cambial)
ao Ministro de Estado da Fazenda (atual Ministro da subordinado às determinações da lei e do Conselho
Economia). Monetário Nacional.
Na sequência, temos os arts. 10 e 11, que definem
BANCO CENTRAL DO BRASIL as competências do Banco Central. Há alguns incisos
que estão desatualizados e outros que merecem com-
O Banco Central (Bacen ou BC) é uma autarquia plementação. Acompanhe nos tópicos a seguir.
federal vinculada — mas não subordinada — ao
Ministério da Economia, criada pela Lei nº 4.595, de BANCO EMISSOR
31 de dezembro de 1964. É a entidade supervisora dos
mercados monetário, de crédito e de câmbio. Sua mis- Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
são é “assegurar a estabilidade do poder de compra da República do Brasil:
da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, nas condi-
Assim, o Banco Central é o responsável pelo con- ções e limites autorizados pelo Conselho Monetário
94 trole da inflação, atuando para regular a quantidade Nacional
II - Executar os serviços do meio-circulante; Art. 2º [...]
I - o atraso acumulado de 15% (quinze por cento)
A lei definiu que cabe ao Conselho Monetário das quantidades contratadas, por denominação, de
Nacional (CMN) autorizar a emissão de moeda, e ao papel-moeda ou de moeda metálica.
Banco Central emiti-la. Ao BC também cabe executar
os serviços do meio circulante, sendo responsável pela EXECUTOR DA POLÍTICA MONETÁRIA E BANCO
emissão, distribuição e controle do dinheiro nacional. DOS BANCOS
Para entendermos esse ponto, é necessário pri-
meiro conhecermos o “ciclo do dinheiro”. Pense que Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
o dinheiro (cédulas e notas) nada mais é do que um da República do Brasil:
produto industrializado como outro qualquer; assim, [...]
ele precisa ser produzido. III - determinar o recolhimento de até cem por cen-
No Brasil, o dinheiro é produzido pela Casa da to do total dos depósitos à vista e de até sessenta
Moeda do Brasil (CMB), que é uma empresa pública. por cento de outros títulos contábeis das institui-
ções financeiras, seja na forma de subscrição de
O BC, portanto, contrata a Casa da Moeda para que
Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou com-
fabrique o dinheiro brasileiro, e paga por isso. Você
pra de títulos da Dívida Pública Federal, seja atra-
já deve ter ouvido a frase “dinheiro custa dinheiro”.
vés de recolhimento em espécie, em ambos os casos
E custa mesmo! entregues ao Banco Central do Brasil, a forma e
Entretanto, é fundamental compreender que condições por ele determinadas, podendo:
a fabricação das cédulas e moedas e a emissão do a) adotar percentagens diferentes em função:
dinheiro são dois processos diferentes. 1. das regiões geoeconômicas;
O conceito de emissão de moeda não está rela- 2. das prioridades que atribuir às aplicações;
cionado à impressão de papel moeda. Emitir moeda 3. da natureza das instituições financeiras;
significa ampliar a base monetária, que é o total de b) determinar percentuais que não serão recolhi-
dinheiro em circulação na economia, e que considera dos, desde que tenham sido reaplicados em finan-
tanto cédulas e moedas emitidas quanto as reservas ciamentos à agricultura, sob juros favorecidos e
que os bancos possuem no Banco Central. Ou seja, um outras condições por ele fixadas.
crédito em conta de Reservas Bancárias pode emitir IV - receber os recolhimentos compulsórios de que
moeda sem que para isso tenha ocorrido impressão trata o inciso anterior e, ainda, os depósitos volun-
de papel moeda. tários à vista das instituições financeiras, nos ter-
O dinheiro, enquanto o Banco Central não o emi- mos do inciso III e § 2° do art. 19.
te (ou seja, não o contabiliza como parte do meio cir- V - realizar operações de redesconto e empréstimo
culante e o coloca à disposição do público), é apenas com instituições financeiras públicas e privadas,
consoante remuneração, limites, prazos, garantias,
papel impresso. Ele não passa a valer automatica-
formas de negociação e outras condições estabele-
mente após a sua fabricação, mas somente após a sua
cidos em regulamentação por ele editada;
emissão.
[...]
O monopólio da emissão pertence ao BC. Uma vez
XII - efetuar, como instrumento de política mone-
emitido, o dinheiro será distribuído aos bancos, que tária, operações de compra e venda de títulos
fazem encomendas de numerário ao Banco Central. públicos federais, consoante remuneração, limites,
Ao mesmo tempo, o BC preocupa-se com o aspecto prazos, formas de negociação e outras condições
físico do dinheiro em circulação. A Autoridade Mone- estabelecidos em regulamentação por ele editada,
tária recolhe e retira de circulação cédulas e moedas sem prejuízo do disposto no art. 39 da Lei Comple-
sem condições de uso. É o chamado “saneamento” mentar nº 101, de 4 de maio de 2000;
do meio circulante, que compreende as atividades [...]
de recebimento, conferência, seleção e troca, pelo § 3º O Banco Central do Brasil informará previa-
Bacen, de cédulas e moedas danificadas, que serão mente ao Conselho Monetário Nacional sobre o
destruídas. deferimento de operações na forma estabelecida no
Esses são os serviços do meio circulante. O dinhei- inciso V do caput deste artigo, sempre que identifi-
ro “novo” (cédulas e moedas), após emitido, precisa car a possibilidade de impacto fiscal relevante.
ser distribuído aos bancos para “circular”. Da mesma
forma, o dinheiro “velho” (sujo, rasgado, rabiscado) Nesses trechos, a lei traz funções do BC enquanto
precisa ser retirado de circulação. executor da política monetária, talvez a principal fun-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Essas competências retratam uma das funções ção de um banco central. Além disso, há funções que
clássicas do Banco Central: a de banco emissor, aque- também o classificam como o banco dos bancos.
le que possui o monopólio da emissão. Através da execução da política monetária, o Ban-
A Lei nº 13.416, de 23 de fevereiro de 2017, autori- co Central controla os meios de pagamento, o crédito
zou o Banco Central do Brasil a adquirir papel-moeda e a taxa de juros.
e moeda metálica fabricados fora do país por fornece- Em situações de recessão, o Bacen adota uma polí-
dor estrangeiro. tica monetária expansionista, aumentando a liquidez
A condição imposta pela norma é de que haja e a oferta de moeda, estimulando o crédito, o consumo
situação de emergência, caracterizada quando hou- e o investimento.
ver inviabilidade ou fundada incerteza quanto ao Já em situações de avanço inflacionário, o Banco
atendimento da demanda de cédulas e moedas pela Central adotará uma política monetária contracionis-
Casa da Moeda. ta ou restritiva, diminuindo a liquidez e aumentando
O inciso I, do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 13.416, de a taxa de juros.
2017, traz um exemplo de situação de emergência Os instrumentos de política monetária fazem
para a aquisição de papel-moeda e moeda metálica parte do nosso conteúdo, e serão apresentados mais
fabricados por fornecedor estrangeiro: adiante. 95
EXECUTOR DA POLÍTICA CAMBIAL internacionais do país, representa o Brasil junto a
organismos internacionais e recebe em depósito as
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central disponibilidades de caixa da União.
da República do Brasil: O Banco Central não concede empréstimos ao
[...] Tesouro Nacional e não pode financiar déficits fiscais.
VII - Efetuar o controle dos capitais estrangeiros, Isso já ocorreu no passado, mas está proibido desde a
nos termos da lei; Constituição de 1988.
[...] Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
XV - efetuar, como instrumento de política cambial, Complementar nº 101, de 2000) também proibiu que
operações de compra e venda de moeda estrangei- o Banco Central emita títulos da dívida pública. Só o
ra e operações com instrumentos derivativos no
Tesouro Nacional emite títulos públicos.
mercado interno, consoante remuneração, limites,
Essas medidas foram de extrema importância para
prazos, formas de negociação e outras condições
tornar clara a separação entre as atividades da auto-
estabelecidos em regulamentação por ele editada.
[...]
ridade monetária (BC), responsável pelas políticas
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- monetária e cambial; e da autoridade fiscal (Secre-
blica do Brasil; taria do Tesouro Nacional — STN), responsável pela
[...] condução da política fiscal.
III - Atuar no sentido do funcionamento regular
do mercado cambial, da estabilidade relativa das SUPERVISOR DO SISTEMA FINANCEIRO
taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de paga-
mentos, podendo para esse fim comprar e vender Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central
ouro e moeda estrangeira, bem como realizar ope- da República do Brasil:
rações de crédito no exterior, inclusive as referentes [...]
aos Direitos Especiais de Saque, e separar os mer- VI - Exercer o controle do crédito sob todas as suas
cados de câmbio financeiro e comercial; formas;
[...]
Toda regulação do mercado de câmbio também IX - Exercer a fiscalização das instituições financei-
é efetuada pelo BC. É o Banco Central que executa a ras e aplicar as penalidades previstas;
política cambial do país. X - Conceder autorização às instituições financei-
ras, a fim de que possam:
A responsabilidade pela normatização das opera-
a) funcionar no País;
ções da política cambial, das reservas e das demais
b) instalar ou transferir suas sedes, ou dependên-
atribuições da área financeira externa é do CMN. A cias, inclusive no exterior;
execução da política cambial cabe ao BC. Para isso, c) ser transformadas, fundidas, incorporadas ou
o Bacen mantém ativos em ouro, títulos e moedas encampadas;
estrangeiras para atuação nos mercados de câmbio, d) praticar operações de câmbio, crédito real e
que compõem as reservas internacionais do país, de venda habitual de títulos da dívida pública fede-
forma a contribuir para a sustentabilidade das con- ral, estadual ou municipal, ações Debêntures,
tas externas e evitar variações excessivas no valor do letras hipotecárias e outros títulos de crédito ou
Real frente às demais moedas. mobiliários;
e) ter prorrogados os prazos concedidos para
BANQUEIRO DO GOVERNO funcionamento;
f) alterar seus estatutos.
Art. 10 Compete privativamente ao Banco Central g) alienar ou, por qualquer outra forma, transferir
da República do Brasil: o seu controle acionário.
[...] [...]
VIII - Ser depositário das reservas oficiais de ouro e XI - Estabelecer condições para a posse e para o
moeda estrangeira e de Direitos Especiais de Saque exercício de quaisquer cargos de administração
e fazer com estas últimas todas e quaisquer opera- de instituições financeiras privadas, assim como
ções previstas no Convênio Constitutivo do Fundo para o exercício de quaisquer funções em órgãos
Monetário Internacional; consultivos, fiscais e semelhantes, segundo nor-
[...] mas que forem expedidas pelo Conselho Monetário
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- Nacional;
blica do Brasil; [...]
I - Entender-se, em nome do Governo Brasilei- XIII - Determinar que as matrizes das instituições
ro, com as instituições financeiras estrangeiras e financeiras registrem os cadastros das firmas que
internacionais; operam com suas agências há mais de um ano.
II - Promover, como agente do Governo Federal, a [...]
§ 1º No exercício das atribuições a que se refere o
colocação de empréstimos internos ou externos,
inciso X deste artigo, com base nas normas estabe-
podendo, também, encarregar-se dos respectivos
lecidas pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco
serviços;
Central da República do Brasil, estudará os pedidos
[...]
que lhe sejam formulados e resolverá conceder ou
recusar a autorização pleiteada, podendo incluir
No inciso VIII, do art. 10, e nos incisos I e II, do art. as cláusulas que reputar convenientes ao interesse
11, surgem competências que colocam o Banco Cen- público.
tral no exercício de outra função clássica: a de ban- § 2º Observado o disposto no parágrafo anterior, as
queiro do governo. instituições financeiras estrangeiras dependem de
Como banqueiro do governo, o Banco Central autorização do Poder Executivo, mediante decreto,
atua nos leilões de títulos públicos federais em para que possam funcionar no País.
96 nome do Tesouro Nacional, administra as reservas [...]
Os incisos VI, IX, X, XI e XIII trazem atribuições da § 1º No exercício das atribuições a que se refere o
função de supervisor do sistema financeiro. Lem- inciso IX do artigo 10 desta lei, o Banco Central do
bra-se de que parte da missão do BC é assegurar um Brasil poderá examinar os livros e documentos das
sistema financeiro sólido e eficiente? No cumprimen- pessoas naturais ou jurídicas que detenham o con-
to dessa missão, o BC é responsável por autorizar trole acionário de instituição financeira, ficando
entidades a funcionar, regular o seu funcionamento e essas pessoas sujeitas ao disposto no artigo 44, §
executar a fiscalização, supervisão e monitoramento 8º, desta lei.
das entidades e de suas operações. [...]
Atualmente, essa supervisão tem ênfase na avalia-
ção dos riscos assumidos pelas entidades e na qualida- Trata-se de uma prerrogativa do BC no exercício
de dos controles existentes para mitigar esses riscos. da atribuição de supervisor do sistema financeiro: ter
Especialmente em operações que envolvam parti- acesso a quaisquer documentos que julgar necessá-
cipação estrangeira, a autorização para aquisição de rios para o exercício da função. A própria Lei nº 4.595,
participação societária em instituições financeiras de 1964, prevê que a negativa de atendimento será
nacionais, o aumento de participação já existente ou considerada como embaraço à fiscalização, sujeito à
a instalação de nova instituição financeira dependem pena de multa, sem prejuízo de outras medidas e san-
de autorização via decreto presidencial. Ou seja, no ções cabíveis.
caso de instituições estrangeiras, é o Presidente da
República, e não o Banco Central, quem autoriza a Art. 11 [...]
operação no Brasil. § 2º O Banco Central da República do Brasil ins-
talará delegacias, com autorização do Conselho
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- Monetário Nacional, nas diferentes regiões geo-eco-
blica do Brasil; nômicas do País, tendo em vista a descentralização
[...] administrativa para distribuição e recolhimento da
VII - Exercer permanente vigilância nos mercados moeda e o cumprimento das decisões adotadas pelo
financeiros e de capitais sobre empresas que, direta mesmo Conselho ou prescritas em lei.
ou indiretamente, interfiram nesses mercados e em
relação às modalidades ou processos operacionais O Banco Central possui, além da sede em Brasília,
que utilizem; DF, representações em outras nove capitais brasilei-
[...] ras. Essa capilaridade facilita principalmente as ativi-
dades relacionadas ao meio circulante.
O inciso VII, do art. 11, reforça o papel do BC como
supervisor do sistema financeiro. Art. 12 O Banco Central da República do Brasil ope-
Destaque para o fato de que, atualmente, o mer- rará exclusivamente com instituições financeiras
cado de capitais é supervisionado pela Comissão de públicas e privadas, vedadas operações bancárias
Valores Mobiliários (CVM), e não pelo BC. de qualquer natureza com outras pessoas de direito
público ou privado, salvo as expressamente autori-
OUTRAS ATRIBUIÇÕES zadas por lei.
Art. 13 Os encargos e serviços de competência do
Art. 11 Compete ainda ao Banco Central da Repú- Banco Central, quando por ele não executados dire-
blica do Brasil; tamente, serão contratados de preferência com o
[...] Banco do Brasil S. A., exceto nos casos especialmen-
VI - Regular a execução dos serviços de compensa- te autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.
ção de cheques e outros papéis; Art. 14 Revogado.
[...] Art. 15 O regimento interno do Banco Central da
República do Brasil, a que se refere o inciso XXVII,
A compensação de cheques entre instituições do art. 4º, desta lei, prescreverá as atribuições do
financeiras é um serviço regulado pelo Banco Central. Presidente e dos Diretores e especificará os casos
A execução do serviço é atribuição do Banco do que dependerão de deliberação da Diretoria, a qual
Brasil, que o realiza por através da Centralizadora da será tomada por maioria de votos, presentes no
Compensação de Cheques (Compe). mínimo o Presidente ou seu substituto eventual e
A competência do Banco do Brasil para executar dois outros Diretores, cabendo ao Presidente tam-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
No caso da Comissão de Valores Mobiliários (CMV), tivemos conhecimento sobre o seu poder punitivo. Em
ambos os casos, estamos falando de punições que ocorrem na esfera administrativa e que são passíveis de recur-
sos a uma segunda e última instância, que é o CRSFN.
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO
O CRSFN é um órgão paritário. Isso significa que é composto por um número igual de representantes de
órgãos governamentais e de representantes de entidades representativas do mercado financeiro e de capitais.
Todos os conselheiros titulares e suplentes são designados pelo Ministro de Estado da Economia, com man-
dato de três anos, renovável por igual período por até duas vezes. Os conselheiros devem ter competência
reconhecida e conhecimentos especializados nas matérias de competência do CRSFN.
O CRSFN é constituído por dezesseis conselheiros, sendo oito membros (quatro titulares e respectivos suplen-
tes) indicados por órgãos governamentais (conforme quadro a seguir) e oito (quatro titulares e respectivos suplen-
tes) indicados em lista tríplice por entidades representativas dos mercados financeiro e de capitais.
A composição do CRSFN foi definida pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 246, de 2 de maio de 2011, alte-
rada pela Portaria nº 423, de 29 de agosto de 2011, e está demonstrada a seguir:
Preside o CRSFN um dos conselheiros indicados pelo Ministério da Economia, assim designado pelo
Ministro. O Vice-presidente do Conselho é designado pelo Ministro de Estado da Economia dentre os conselheiros
indicados pelas entidades privadas representativas dos mercados financeiro e de capitais.
Mais recentemente, a Portaria do Ministério da Fazenda (MF) nº 352, de 24 de julho de 2018 (art. 2º), definiu
que as indicações do setor público para a composição do CRSFN recairão sobre servidores públicos com mais
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
de trinta anos de idade, que possuam formação superior, reconhecida capacidade técnica e pelo menos 5
(cinco) anos de experiência profissional nas matérias relacionadas à competência do CRSFN.
Já as indicações das entidades representativas dos mercados financeiro e de capitais deverão compor
lista tríplice e recairão sobre brasileiros natos ou naturalizados que possuam mais de 30 anos de idade, formação
superior, reconhecida capacidade técnica, notório conhecimento especializado nas matérias de competência do
CRSFN e pelo menos 10 anos de atuação nos mercados financeiros ou de capitais, segundo o art. 3º da Portaria
352, de 2018.
ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
De acordo com o disposto no Decreto nº 9.889/2019, compete ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro
Nacional julgar, em última instância administrativa, os recursos contra:
autorizadas e supervisionadas pelo Banco Central, tos e garantias devem ser restritas aos associados,
ao contrário dos outros ramos do cooperativismo, tais ressalvados:
como transporte, educação e agropecuária.
Importante destacar que as cooperativas poderão z A captação de recursos dos Municípios, de seus
adotar por objeto qualquer gênero de serviço, opera- órgãos ou entidades e das empresas por eles
ção ou atividade. Ou seja, cooperativas de crédito não controladas;
são a única espécie do gênero cooperativas. Existem z As operações realizadas com outras instituições
também cooperativas agrícolas, cooperativas habita- financeiras;
cionais, cooperativas de pesca etc. z Os recursos obtidos de pessoas jurídicas, em cará-
As cooperativas devem possuir área de admissão ter eventual, a taxas favorecidas ou isentos de
de associados limitada às possibilidades de reunião, remuneração.
controle, operações e prestação de serviços. Essa área
geográfica de atuação deve estar expressamente defi- Além disso, as cooperativas de créditos, nos termos
nida no projeto e no estatuto social. No caso das coo- de legislação específica, poderão ter acesso a recursos
perativas de crédito, cabe ao Banco Central aprovar oficiais para o financiamento das atividades de seus
ou não a área de atuação. associados. 103
Porém, excetuando-se a captação de recursos e a escala, os serviços econômicos e assistenciais de inte-
concessão de créditos e garantias, é permitida a pres- resse das filiadas, integrando e orientando suas ati-
tação de outros serviços de natureza financeira e vidades, bem como facilitando a utilização recíproca
afins a associados e a não associados. dos serviços.
Geralmente são encontrados nas cooperativas de
crédito os principais serviços disponíveis nos bancos, BANCOS COMERCIAIS COOPERATIVOS E BANCOS
como conta corrente (depósitos à vista), poupança, MÚLTIPLOS COOPERATIVOS
aplicações financeiras, empréstimos e financiamentos,
cobrança e custódia. Destaque para as operações de A Resolução do Conselho Monetário Nacional nº
crédito rural em favor de associados produtores rurais. 2788, de 2000, permitiu às cooperativas centrais de
Como podem captar depósitos à vista, as cooperati- crédito que constituam bancos comerciais ou ban-
vas de crédito, portanto, são instituições financeiras cos múltiplos que fiquem sob seu controle acionário.
bancárias ou monetárias. Essas instituições devem incluir a expressão “Banco
Portanto, as cooperativas de crédito podem con- Cooperativo” em sua denominação social.
ceder crédito e captar depósitos à vista, a prazo As cooperativas centrais de crédito integrantes do
(apenas RDB) e de poupança dos respectivos asso- grupo controlador do banco cooperativo devem deter,
ciados, realizar recebimentos e pagamentos por conta no mínimo, 51% das ações com direito a voto da insti-
de terceiros, realizar operações com outras institui- tuição. No caso de banco múltiplo, este deve possuir,
ções financeiras e obter recursos de pessoas jurídicas, obrigatoriamente, carteira comercial.
em caráter eventual, a taxas favorecidas ou isentas de Em resumo, portanto, bancos cooperativos são
remuneração, além de outras operações. bancos controlados por cooperativas centrais de
Os depósitos em cooperativas de crédito têm a crédito, que atuam com as mesmas prerrogativas de
proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo bancos comerciais e, no caso de bancos múltiplos, das
de Crédito (FGCoop). Esse fundo garante os depósi- demais carteiras que possuírem.
tos e os créditos mantidos nas cooperativas singula- Curiosidade: hoje, existem apenas dois bancos
res de crédito em caso de intervenção ou liquidação cooperativos no Brasil: o Sicredi, com presença mar-
extrajudicial dessas instituições. O valor limite dessa cante na região Sul; e o Bancoob, muito atuante no
proteção é o mesmo em vigor para os depositantes de Centro-Oeste.
bancos via Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
O total de créditos de cada pessoa contra a mesma BANCOS DE INVESTIMENTO
cooperativa será garantido até o valor de R$ 250.000,00
(duzentos e cinquenta mil reais). Devem ser somados Bancos de investimento são instituições financei-
todos os créditos de cada credor identificado pelo CPF ras privadas especializadas em operações estrutura-
ou CNPJ na mesma cooperativa. Nas contas conjuntas, das para empresas. Essas operações podem envolver
o valor de garantia é limitado a R$ 250.000,00 ou ao participação societária de caráter temporário, finan-
saldo da conta, quando inferior a esse limite, dividi- ciamento da atividade produtiva para suprimento de
do pelo número de titulares, sendo o crédito do valor capital fixo e de giro e administração de recursos.
garantido feito de forma individual. Tais instituições devem ser, obrigatoriamente,
O capital social das cooperativas de crédito é sub- constituídas sob a forma de sociedade anônima e,
dividido em quotas-partes, que são subscritas e inte- em sua denominação, adotar a expressão “Banco de
gralizadas pelos associados. Investimento”.
A integralização das quotas-partes do capital de De acordo com a Resolução CMN nº 2.624, de 1999,
cooperativa de crédito, tanto na constituição quanto aos bancos de investimento também é permitido:
nas subscrições posteriores, deve ser sempre feita em
moeda corrente, não podendo ser feita com bens ou Resolução CMN nº 2.624, de 1999
mediante retenção de determinada percentagem do Art. 1º [...]
valor do movimento financeiro de cada associado. § 2º [...]
Esses associados são, ao mesmo tempo, donos e I - praticar operações de compra e venda, por con-
usuários da cooperativa, participando de sua gestão e ta própria ou de terceiros, de metais preciosos, no
usufruindo de seus produtos e serviços. mercado físico, e de quaisquer títulos e valores
A administração da cooperativa será exercida mobiliários, nos mercados financeiros e de capitais;
por uma diretoria ou por um conselho de adminis- II - operar em bolsas de mercadorias e de futuros,
tração, composto, em qualquer dos casos, exclusiva- bem como em mercados de balcão organizados, por
mente de associados eleitos pela assembleia geral, conta própria e de terceiros;
com mandato máximo de quatro anos, sendo obriga- III - operar em todas as modalidades de concessão
tória a renovação, no caso de conselho de administra- de crédito para financiamento de capital fixo e de
ção, de no mínimo 1/3 (um terço) dos seus membros, giro;
IV - participar do processo de emissão, subscrição
observado que, caso o cálculo resulte em número fra-
para revenda e distribuição de títulos e valores
cionário, deve ser considerado o número inteiro ime-
mobiliários;
diatamente superior.
V - operar em câmbio, mediante autorização espe-
No entanto, as cooperativas de crédito com con- cífica do Banco Central do Brasil;
selho de administração podem criar diretoria exe- VI - coordenar processos de reorganização e rees-
cutiva a ele subordinada, na qualidade de órgão truturação de sociedades e conglomerados, finan-
estatutário composto por pessoas físicas associadas ceiros ou não, mediante prestação de serviços de
ou não, indicadas por aquele conselho. consultoria, participação societária e/ou concessão
As cooperativas singulares de crédito poderão de financiamentos ou empréstimos;
constituir cooperativas centrais de crédito com o VII - realizar outras operações autorizadas pelo
104 objetivo de organizar, em comum acordo e em maior Banco Central do Brasil.
A mesma Resolução prevê que os bancos de inves- pessoal técnico, podendo, para este fim, patrocinar
timento podem captar através de: programas de assistência técnica, preferencialmen-
te através de empresas e entidades especializadas.
Art. 2º [...]
I - depósitos a prazo, com ou sem emissão de certi- A mesma Resolução prevê que os Bancos de Desen-
ficado (CDBs e RDBs); volvimento são instituições que operam basicamen-
II - recursos oriundos do exterior, inclusive por te com empréstimos e financiamentos, e que só
meio de repasses interbancários; podem fornecer apoio financeiro a:
III - repasse de recursos oficiais;
IV - depósitos interfinanceiros (DIs); e Art. 19 [...]
V - outras formas de captação autorizadas pelo I - Pessoas físicas residentes e domiciliadas no
Banco Central do Brasil. País, desde que os recursos concedidos sejam vin-
culados à execução de projeto aprovado pelo banco
Bancos de Investimento não são instituições ban- e/ou à realização de capital social, ou à aquisição
cárias, portanto não oferecem contas-correntes, não do controle acionário de empresas cujas atividades
podem captar depósitos à vista e não têm o poder tenham importância para a economia estadual ou
de criar moeda bancária ou escritural. Podem, porém, regional;
manter contas, sem juros e não movimentáveis por II - Pessoas jurídicas de direito privado, sedia-
cheque, relativas a recursos de terceiros recebidos das no País [...];
para aplicação em títulos e valores mobiliários e III - Pessoas jurídicas de direito público ou enti-
outros ativos financeiros e/ou modalidades operacio- dade direta ou indiretamente por elas controladas.
nais disponíveis nos mercados financeiro e de capi-
tais. Essas contas são utilizadas, exclusivamente, para Além de empréstimos e financiamentos, os Ban-
a movimentação dessas aplicações. cos de Desenvolvimento podem efetuar investimen-
tos (subscrição de ações ou debêntures para revenda
BANCOS DE DESENVOLVIMENTO no mercado, garantia de subscrição, participação no
capital social de empresas) e operações de arrenda-
Bancos de Desenvolvimento são instituições mento mercantil.
financeiras públicas não federais que têm como Os Bancos de Desenvolvimento podem captar
objetivo principal proporcionar o suprimento opor- recursos através de (art. 28):
tuno e adequado dos recursos necessários ao finan-
ciamento, a médio e longo prazos, de programas e z Depósitos a prazo fixo (prazo nunca inferior a
projetos que visem a promover o desenvolvimento 360 dias);
econômico e social de seus Estados. z Operações de crédito, assim entendidas as prove-
Excepcionalmente, quando o empreendimento nientes de empréstimos e financiamentos obtidos
visar benefícios de interesse comum, os bancos de no país ou no exterior, na forma da legislação e
desenvolvimento podem prestar assistência a progra- regulamentação vigentes;
mas e projetos desenvolvidos em estado limítrofe à z Operações de crédito ou contribuições do setor
sua área de atuação. público federal, estadual ou municipal;
São constituídos sob a forma de Sociedade Anô- z Emissão ou endosso de cédulas hipotecárias,
nima e adotam em sua denominação, obrigatória e bem como endosso de títulos hipotecários previs-
privativamente, a expressão “Banco de Desenvolvi- tos em lei para o crédito rural;
mento” seguida do nome do Estado em que tenham z Letras financeiras.
sede.
De acordo com a Resolução CMN nº 394, de 1976, O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
os bancos de desenvolvimento podem apoiar iniciati- e Social (BNDES) é uma empresa pública federal, e não
vas que visem a:
um banco de desenvolvimento.
Note que, por definição, Bancos de Desenvolvi-
Art. 5º [...]
mento são instituições financeiras públicas não fede-
I - Ampliar a capacidade produtiva da econo-
mia, mediante implantação, expansão e/ou reloca-
rais. Portanto, o BNDES, apesar de atuar como banco
lização de empreendimentos; de desenvolvimento, não recebe essa classificação. No
II - Incentivar a melhoria da produtividade, entanto, o BNDES é instituição integrante do Sistema
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
por meio de reorganização, racionalização, moder- Financeiro Nacional e, como tal, é supervisionado
nização de empresas e formação de estoques - em pelo Banco Central.
níveis técnicos adequados - de matérias primas e de
produtos finais, ou por meio da formação de empre- SOCIEDADES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E
sas de comercialização integrada; INVESTIMENTO (FINANCEIRAS)
III - Assegurar melhor ordenação de setores
da economia regional e o saneamento de empre- As Sociedades de Crédito, Financiamento e Inves-
sas por meio de incorporação, fusão, associação, timento (SCFI), mais conhecidas como “financeiras”,
assunção de controle acionário e de acervo e/ou
são instituições privadas que fornecem emprésti-
liquidação ou consolidação de passivo ou ativo
mos e financiamentos para a aquisição de bens, ser-
onerosos;
IV - Incrementar a produção rural por meio de viços e capital de giro. Em suma, emprestam recursos
projetos integrados de investimentos destinados à que possibilitam às pessoas efetuarem compras a pra-
formação de capital fixo ou semifixo; e zo de eletrodomésticos, carros, entre outros.
V - Promover a incorporação e o desenvolvi- Tal operação é popularmente conhecida como Cré-
mento de tecnologia de produção, o aperfeiçoa- dito Direto ao Consumidor (CDC). Além disso, essas
mento gerencial, a formação e o aprimoramento de instituições podem conceder empréstimos pessoais. 105
Cumpre mencionar que existem financeiras independentes — que atuam sem qualquer vínculo com outra
instituição financeira — e financeiras que fazem parte de conglomerados financeiros, atuando como um braço de
um grande banco. Há, ainda, financeiras que fazem parte de conglomerados econômicos e operam como braço
financeiro de grupos comerciais ou industriais. É o caso de financeiras que pertencem a lojas de departamento
ou montadoras de veículos.
Sabe quando você está em uma loja de departamento e o(a) vendedor(a) pergunta se você tem o cartão da loja?
Esse, geralmente, é um serviço da Financeira daquele grupo, a qual financia as suas aquisições através do cartão.
As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento também operam em nichos que, normalmente, não
são atendidos pelos conglomerados bancários, principalmente nos empréstimos e financiamentos com caracterís-
ticas específicas e/ou risco mais elevado, como no caso do financiamento de veículos usados.
As financeiras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima e, em sua denominação social, deve
constar a expressão “Crédito, Financiamento e Investimento”. Trata-se de instituições financeiras supervisiona-
das pelo Banco Central.
Vale destacar que não é possível abrir uma conta corrente em uma SCFI. Logo, elas não captam depósitos à
vista. As financeiras captam recursos por meio de:
Importante!
As financeiras foram autorizadas a captar recursos por meio de Certificados de Depósitos Bancários (CDB)
pela Resolução CMN nº 4.812, de 30 de abril de 2020. Trata-se de alteração recente e relevante, pois tem
cheiro de prova!
As Sociedades de Arrendamento Mercantil (SAM) têm como principal operação o arrendamento de bens
móveis e imóveis. Esses bens são adquiridos pela SAM, que, em seguida, os “aluga” para os clientes, chamados de
arrendatários, mediante o pagamento de prestações chamadas de contraprestações. Assim, o cliente arrenda-
tário tem a posse e o direito ao uso do bem sem, no entanto, possuir sua propriedade.
A lógica disso está no fato de que o lucro de uma atividade produtiva não depende da propriedade dos bens de
produção, mas sim da sua utilização. Assim, uma empresa não precisa ser dona de seu maquinário, por exemplo,
precisa apenas explorá-lo para produzir e gerar receitas.
Há outros fatores que podem ser vantajosos na opção pelo arrendamento mercantil, especialmente relaciona-
dos a questões tributárias.
A operação de arrendamento mercantil é conhecida como leasing. O leasing, portanto, assemelha-se a uma
locação; o cliente, ao final do contrato, tem as opções de renová-lo, de adquirir o bem ou de devolvê-lo à empresa.
As Sociedades de Arrendamento Mercantil devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima, e em
sua denominação social deve constar a expressão “Arrendamento Mercantil”.
A constituição e o funcionamento das Sociedades de Arrendamento Mercantil dependem de autorização do
Banco Central do Brasil.
Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central e realizem operações com características de um financiamento,
essas sociedades não são consideradas instituições financeiras, mas sim entidades equiparadas a instituições
financeiras.
As operações de arrendamento mercantil podem ser divididas em duas modalidades principais: leasing
financeiro e leasing operacional.
A diferença básica é que no leasing financeiro o prazo é usualmente maior e o arrendatário tem a possibili-
dade de adquirir o bem pelo valor residual garantido (VRG), predeterminado em contrato. Ao final do leasing
financeiro, em geral o cliente já terá pago a maior parte do valor do bem, não sendo a devolução, embora possível,
financeiramente vantajosa.
No leasing operacional, o preço para o exercício da opção de compra é o valor de mercado do bem arren-
dado. Não há previsão de pagamento de VRG.
Há outros tipos de leasing, como o leaseback (o cliente arrendatário é o próprio fornecedor do bem) e o leasing
importação (arrendamento de bens fabricados no exterior, adquiridos pela Sociedade de Arrendamento Mercan-
til diretamente do fornecedor estrangeiro, para uso de arrendatário brasileiro).
106 O quadro a seguir demonstra as principais diferenças entre o leasing financeiro e o leasing operacional.
CARACTERÍSTICAS LEASING FINANCEIRO LEASING OPERACIONAL
2 anos para bens com vida útil ≤ 5 anos
Prazo mínimo de duração 90 dias
3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor Residual Garantido (VRG) Permitido Não permitido
Opção de compra Pactuada no contrato, normalmente pelo VRG Conforme valor de mercado
Por conta do arrendatário ou da SAM,
Manutenção do bem Por conta do cliente arrendatário
conforme contrato
Total dos pagamentos, incluindo VRG, deve A soma dos pagamentos devidos no
Pagamentos garantir à SAM o retorno financeiro da aplica- contrato não pode exceder 90% do
ção (valor pago pelo bem + juros) valor do bem
Além de recursos próprios, as Sociedades de Arrendamento Mercantil podem captar recursos através de:
Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) e Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valo-
res Mobiliários (DTVM) são instituições que atuam no mercado financeiro e de capitais e, também, no mercado
cambial, intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de
recursos.
Até 2009, havia uma diferença básica entre essas instituições: somente as Corretoras eram autorizadas a ope-
rar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados organizados de Bolsa de Valores. As Distri-
buidoras necessitavam contratar os serviços de uma Corretora, para efetuar suas operações no mercado de ações.
Ocorre que, naquele ano, uma decisão conjunta do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários —
CVM (Decisão Conjunta 17/2009) — autorizou as Distribuidoras a operar diretamente em Bolsas de Valores,
eliminando a principal diferença entre as corretoras e as distribuidoras, as quais, hoje, podem realizar, pratica-
mente, as mesmas operações. Por essa razão, iremos estudá-las conjuntamente.
Corretoras e Distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços, como plataformas de investi-
mento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes de investimentos, financiamento para compra
de ações (conta margem) e administração e custódia de títulos e valores mobiliários de seus clientes.
Repare que Corretoras e Distribuidoras não captam ou repassam recursos diretamente aos seus clientes.
Elas atuam como prestadoras de serviços, intermediando as negociações e cobrando comissões e taxas por essa
prestação de serviço. Por isso, são também conhecidas como instituições auxiliares do SFN.
As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de
responsabilidade limitada. Trata-se de instituições que dependem de autorização do Banco Central para sua
constituição e funcionamento.
Ainda, para operarem no mercado de valores mobiliários, também precisam de prévia e expressa auto-
rização da Comissão de Valores Mobiliários que, como se sabe, é a entidade supervisora do SFN responsável
pelo mercado de valores mobiliários.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Deste modo, Corretoras e Distribuidoras são supervisionadas e fiscalizadas tanto pelo Banco Central quan-
to pela Comissão de Valores Mobiliários. As Bolsas de Valores também têm competência para fiscalizar as
operações realizadas por essas instituições.
As principais atividades das corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários são:
Art. 32 É criado o Conselho Nacional de De acordo com o § 1º, do art. 2º, do Decreto nº
Seguros Privados - CNSP, ao qual compete 4.986, de 2004, o Ministro de Estado da Fazenda será o
privativamente: presidente do CNSP e, na ausência deste, será suprido
I - Fixar as diretrizes e normas da política de pelo Superintendente da SUSEP. Vejamos:
seguros privados;
II - Regular a constituição, organização, funciona- Art. 2º [...]
mento e fiscalização dos que exercerem atividades § 1º O CNSP será presidido pelo Ministro de Estado
subordinadas a êste Decreto-Lei, bem como a apli- da Fazenda e, na sua ausência, pelo Superintenden-
cação das penalidades previstas; te da SUSEP. 109
Cabe ao Secretário Especial de Fazenda do z Promover a estabilidade dos mercados sob sua
Ministério da Economia a competência para assistir jurisdição, assegurando sua expansão e o funcio-
ao Ministro de Estado na supervisão e na coordenação namento das entidades que neles operem;
das atividades do CNSP. z Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que
integram o mercado;
Art. 3º Os membros do CNSP, titulares e suplentes, z Disciplinar e acompanhar os investimentos daque-
serão designados em ato do Ministro de Estado da las entidades, em especial os efetuados em bens
Fazenda, mediante indicação dos Ministros a que garantidores de provisões técnicas;
estejam vinculados e dos Presidentes dos órgãos z Cumprir e fazer cumprir as deliberações do
integrantes do Conselho, conforme o caso. CNSP e exercer as atividades que por este forem
Art. 4º Os membros do CNSP deverão ter forma- delegadas;
ção universitária, reputação ilibada e reconhecida z Prover os serviços de Secretaria Executiva do
competência. CNSP.
O quórum mínimo das sessões do CNSP é de quatro A Susep é administrada por um Conselho Dire-
membros e as decisões são tomadas por maioria sim- tor, composto pelo Superintendente e por quatro
ples. Vejamos: Diretores.
pelas pessoas físicas e empresas, quando utilizam ção pelo cumprimento das obrigações estabelecidas e
os bancos para realizar empréstimos e financiamen- formalizadas nesse mercado. Assim, a responsabilidade
tos diversos. Quando uma pessoa (física ou jurídica) pelo pagamento dos juros e principal de uma debênture,
utiliza recursos do cheque especial, financia um car- por exemplo, é da empresa emissora, e não da institui-
ro, uma máquina ou um imóvel, ela está operando no ção financeira que a tenha assessorado ou participado
mercado de crédito. do processo de colocação dos títulos no mercado.
Nele, as instituições financeiras participantes têm São participantes desse mercado, por exemplo, os
como atividade principal a intermediação financei- Bancos de Investimento, as Corretoras e Distribuidoras
ra propriamente dita. Essas operações caracterizam- de Títulos e Valores Mobiliários, as entidades adminis-
-se, em geral, por operações de curto e médio prazo, tradoras de mercado de bolsa e balcão, além de diversos
formalizadas por contratos e nas quais as instituições outros prestadores de serviços.
financeiras assumem os riscos de inadimplência da No que diz respeito ao Mercado de Valores Mobiliá-
operação. São exemplos de instituições participantes rios, com o passar do tempo, foi sendo criada toda uma
desse mercado os bancos comerciais e as sociedades estrutura normativa e operacional para permitir que as
de crédito, financiamento e investimento, as conheci- operações fossem realizadas cada vez mais com segu-
das “financeiras”. rança, transparência e eficiência. Nesse sentido, foram 115
editadas, em 1976, a Lei nº 6.385, que disciplina o merca- Dentro do que chamamos de Open Banking está a
do de capitais e cria a Comissão de Valores Mobiliários, prática da colaboração entre instituições bancárias
e a Lei nº 6.404, que disciplina as Sociedades Anônimas, tradicionais com startups, fintechs e empresas de tec-
conhecida como Lei das S.A. nologia. Essas parcerias resultam em soluções e apli-
Evidentemente, essas leis foram sofrendo alterações no cações inovadoras.
decorrer dos anos, de forma que o arcabouço jurídico do E isso só acontece por que as Interfaces de Progra-
mercado fosse se adaptando à nova realidade em que ele mação de Aplicativos (APIs) permitem que terceiros
se inseria. Da mesma forma, foram sendo criados outros acessem informações financeiras com eficiência, o
mecanismos que acabaram por contribuir com o desenvol- que promove o desenvolvimento de novos aplicativos
vimento, como o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro. e serviços. Elas também facilitam a coleta e a análises
Ainda, algumas instituições privadas, em um esforço sofisticadas de volumes exponenciais de dados.
de autorregulação, também criaram regras que colabo- APIs abertas são ótimas oportunidades para criar
raram fundamentalmente para o que hoje é o Mercado novos modelos de negócios bancários, iniciando o tão
de Valores Mobiliários. necessário processo de Transformação Digital, res-
ponsável por tirar as instituições financeiras da área
de conforto e guiá-las rumo a estratégias fundamenta-
das em user-centric.
OS BANCOS NA ERA DIGITAL: O Open Banking propõe elaboração de produtos e
ATUALIDADE, TENDÊNCIAS E serviços online, 100% digitais que geram vantagens
para o usuário final. Sim, a ideia não é resolver o pro-
DESAFIOS blema do banco e de seus desenvolvedores, mas o do
seu consumidor.
INTERNET BANKING Idealmente, uma estratégia de Open Banking deve
A ligação entre o computador do cliente e o com- resultar em uma melhor experiência para os consumi-
putador do banco, é o que basicamente se define como dores. A diferença entre o conceito e outras estratégias
Home Banking. rotineiras no mercado é o novo cenário criado por ele,
em que correntistas acessam serviços e funcionalida-
Para que houvesse uma redução de custos de interme-
des do banco a partir de sites e aplicativos terceiros.
diação financeira, os bancos concluíram que havia neces-
A instituição financeira deixa de existir apenas
sidade de reduzir o trânsito e a fila de clientes nas agências.
em seus próprios domínios e passa a ter contato com
Esse é o motivo para o aprimoramento dos Bancos
seu cliente em outros espaços digitais, ampliando sua
24 horas, onde se dá o atendimento remoto – fora das
atuação, público, portfólio de serviços e tempo de
agências – da clientela.
contato.
Esse tipo de atendimento se utiliza da rede ban-
A plataforma de API aberta do banco deve ser
co 24 horas (saques, depósitos, pagamento de con-
capaz de conectar o correntista, mais especificamente
tas, solicitação de entrega de talões de cheques etc.),
os dados dele, à outras plataformas de sua escolha. O
empresas tipo balcão eletrônico, cartões magnéticos
poder de escolha é do usuário, o de conexão de dados
em redes de postos de gasolina, redes de lojas.
é da instituição financeira.
Pode-se, então, obter uma integração dos requisi-
Fonte: https://www.mjvinnovation.com/pt-br/blog/open-banking/
tos de conveniência, segurança, eficácia e relaciona-
mento, exigidos pelo conceito de remote bank.
A segurança na transmissão de dados é garan-
tia pelo perfil que o banco, concede por meio de
uma palavra-chave-password que limita o acesso às NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS
informações.
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
Já há algum tempo, com o surgimento de bancos
contabilidade/remote-banking-(banco-virtual)/24984 digitais e fintechs, o sistema financeiro vem passando
por uma revolução, com uso intenso de tecnologia, e
MOBILE BANKING inovando no oferecimento de produtos e serviços e na
forma de se relacionar com os clientes.
Banco móvel (às vezes utilizado o termo em inglês A atuação do Banco Central tem se pautado em
mobile banking) são ferramentas que disponibilizam criar condições propícias para a evolução do mercado
alguns serviços tipicamente bancários através de dis- de pagamentos e o desenvolvimento de novos modelos
positivos móveis, como um celular. de negócios. Isso envolve considerar os impactos tanto
“Mobile Banking (operação bancária móvel) refere- sobre as instituições que já estão no mercado quanto
-se à disposição e vantagem dos serviços da operação sobre o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional
bancária e financeiros com a ajuda dos dispositivos e do Sistema de Pagamentos Brasileiro, demandando a
móveis da telecomunicação. A variedade de serviços adequação do ambiente regulatório e da supervisão.
oferecidos pode incluir facilidades para realizar ope- Uma pluralidade de modelos de negócio de Insti-
rações bancárias e transações do mercado acionário, tuições de Pagamento já se encontra no mercado e,
para administrar clientes e para ter acesso a informa- dentre eles, destacam-se os que atuam como centra-
ções personalizadas.” lizadores financeiros, os focados em nichos e os que
Serviços de informação, por outro lado, pode ser agregam valor ao serviço financeiro.
oferecido como um módulo independente.
No modelo de negócio que atua como centraliza-
OPEN BANKING dor financeiro, busca-se agregar produtos ao servi-
ço original de acordo com as necessidades de seus
Se fôssemos traduzir ipsis litteris, Open Banking clientes. Entre as soluções oferecidas, estão a conta
significaria Banco Aberto. Mas esse é um termo que digital, a automatização de operações financeiras, a
remete aos métodos de Inovação Aberta pensados conciliação de pagamentos, a verificação de recebi-
116 exclusivamente para o setor bancário. mentos e os serviços de transferência.
O objetivo principal da instituição com esse modelo é Além do Sandbox, na área de fomento à inovação o
estabelecer-se como uma prestadora de serviços, solu- Banco Central também possui outro projeto de extre-
ções e plataformas, de maneira que ela possa se manter ma importância: o Laboratório de Inovações Finan-
como gestora financeira central de seus clientes. A ren- ceiras e Tecnológicas (LIFT). Observe as diferenças
tabilidade dessas instituições está atrelada à capacidade entre o Sandbox e o LIFT na tabela a seguir:
de diferenciação dos produtos e serviços complemen-
tares aos de pagamento, fidelizando e obtendo receitas Diferenças entre o Sandbox Regulatório e o LIFT
adicionais correspondentes aos serviços prestados.
Por sua vez, as instituições que usam os modelos SANDBOX LIFT
de negócio focados em nichos buscam direcionar seus
produtos e serviços de acordo com delineamentos Acompanha projetos ino-
Acompanha o desenvol-
demográficos específicos. A viabilidade desses mode- vadores já amadurecidos,
vimento da aplicação da
los baseia-se no desenvolvimento de novas tecnolo- mas nos quais há a neces-
tecnologia ou do modelo
gias e de configurações regulamentares favoráveis ao sidade de validar o modelo
de negócio de projetos
oferecimento de serviços em menor escala, tais como de negócio por meio de
em maturação
a interoperabilidade. sua implementação efetiva
Por fim, os modelos que utilizam os serviços finan-
Não permite que os partici-
ceiros como agregação de valor permitem a adição Possibilita aos participan-
pantes forneçam produtos
de serviços tipicamente bancários — como serviços tes fornecer produtos e
ou serviços a clientes reais
de pagamento, cartões de crédito e aplicativos de ges- serviços a clientes reais
no ambiente do laboratório
tão financeira — à prestação dos serviços principais
de um determinado ramo econômico não financeiro, O projeto deve ser apresen- O projeto pode ser apre-
como aplicativos de transporte, comércios ou serviços tado por pessoa jurídica sentado também por pes-
de entrega. formalmente constituída soas físicas
Dessa forma, ramos que operavam necessariamen-
te com a contratação de uma instituição financeira
atualmente já começam a oferecer meios de pagamen-
to fornecidos por instituições de pagamento. Consta-
ta-se que, para atingir esse objetivo, as instituições de FINTECHS, STARTUPS E BIG TECHS
pagamento geralmente optam por realizar parcerias
com instituições financeiras ou, alternativamente, FINTECHS
constituem instituições financeiras, que podem reali-
Fintechs são as startups que criam inovações no
zar operações de crédito, formando um conglomerado
setor financeiro, baseados em tecnologia. Elas têm
prudencial liderado pela instituição de pagamento.
sido uma aposta dos bancos tradicionais para acele-
Além disso, nos últimos meses, com a implementa-
rar a inovação tecnológica e se inserir na era digital.
ção do PIX, em novembro de 2020, e com o início do
Os bancos beneficiam-se da interação com essas
processo de implantação do Open Banking, a partir de
empresas disruptivas pela facilidade e agilidade na
fevereiro de 2021, essas mudanças vêm se tornando
criação e aprimoramento de produtos e serviços.
cada vez mais profundas.
Enquanto as FinTechs veem nessa parceria, uma
De acordo com o Banco Central, o Open Banking
maneira de validar o negócio, receber investimentos
incentivará a inovação e o surgimento de novos e ganhar experiência.
modelos de negócio que ofereçam aos clientes uma Além disso, os bancos possuem uma base ampla,
experiência mais fácil, ágil, segura e conveniente, consolidada e crescente de clientes e oferecem estabi-
processo que deverá favorecer a inclusão e educação lidade, confiança e experiência em atender à regula-
financeiras da população. mentação do Sistema Financeiro Nacional.
Espera-se que o fluxo mais transparente de infor- No Brasil, diversas instituições financeiras têm
mações entre as instituições favoreça a definição de promovido programas que dialogam com as FinTechs.
melhores políticas de crédito e a oferta de serviços O Bradesco, por exemplo, criou em 2014 o programa
mais adequados aos diferentes perfis de clientes e de InovaBra, que promove a interação do banco com
segmentos da sociedade. Também é esperado que as startups com potencial de desenvolvimento de negó-
inovações que vão surgir facilitem a comparação de cios e produtos relacionados a serviços financeiros.
produtos e serviços ofertados pelas diferentes insti- Dentro desse ecossistema, foi criado, em 2017, o Ino-
tuições participantes e a programação financeira das vaBra habitat, do qual a Simply é uma das empresas
pessoas.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
É possível realizar compras de bens ou serviços no Na rede Bitcoin, cada bloco possui diversas transa-
Brasil utilizando “moedas virtuais”? ções e sua transmissão acontece a cada dez minutos
quando alguém descobre um “quebra-cabeças”.
A compra e venda de bens ou de serviços depende O sistema Bitcoin utiliza o “Secure Hashing Algori-
de acordo entre as partes, inclusive quanto à forma thm 256” (ou SHA-256), algoritmo que fornece valores
de pagamento. No caso de utilização de “moedas vir- a partir de um conjunto alfanumérico, usando uma
tuais”, as partes assumem todo o risco associado. função matemática e criptográfica.
São cálculos quase impossíveis de se realizar, pois
Qual o risco para o cidadão se as moedas virtuais exigem uma rapidez além do normal. Assim, foram
forem utilizadas para atividades ilícitas? criados hardwares de mineração para solucionar
esses cálculos.
Se utilizada em atividades ilícitas, o cidadão pode O objetivo desses hardwares é solucionar os algo-
estar sujeito à investigação por autoridades públicas. ritmos matemáticos e, assim, conseguir um espaço
no blockchain para registrar suas transações com as
As “moedas virtuais” podem ser utilizadas como bitcoins.
investimento? Blockchains são conhecidos por serem extrema-
mente seguros e praticamente não hackeáveis. Isso
A compra e a guarda de “moedas virtuais” estão porque usam “mecanismos de consenso” que, basica-
sujeitas aos riscos de perda de todo o capital investido, mente, são regras que definem a forma (justa) em que
além da variação de seu preço. O cidadão que investir uma rede cripto deve funcionar.
em “moedas virtuais” deve também estar ciente dos Os dois principais mecanismos de consenso exis-
riscos de fraudes. tentes em blockchains são proof-of-work (PoW) e proo-
f-of-stake (PoS).
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
A Coordenação do Fórum Pix será Exercida pelo A política fiscal reflete o conjunto de medidas pelas
Banco Central do Brasil. quais o governo arrecada receitas e realiza despe-
sas de modo a cumprir três funções: a estabilização
Compete ao Coordenador do Fórum Pix: macroeconômica, a redistribuição da renda e a alo-
cação de recursos. A função estabilizadora consiste na
I - apresentar, por iniciativa própria ou a partir de promoção do crescimento econômico sustentado, com
sugestão de participante, propostas de acréscimos baixo desemprego e estabilidade de preços. A função
ou de alterações de regras que possam ensejar a redistributiva visa assegurar a distribuição equitativa
necessidade de alteração no Regulamento do Pix, da renda. Por fim, a função alocativa consiste no for-
quando referentes a temas que impactem a atuação necimento eficiente de bens e serviços públicos, com-
dos participantes e seus correspondentes modelos pensando as falhas de mercado.
de negócio;
Os resultados da política fiscal podem ser avalia-
II - analisar e responder as contribuições dos parti-
dos sob diferentes ângulos, que podem focar na men-
cipantes do Fórum Pix acerca das propostas de que
trata o inciso I;
suração da qualidade do gasto público, bem como
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
III - definir os temas a serem discutidos pelo Fórum identificar os impactos da política fiscal no bem-estar
Pix; dos cidadãos.
IV - definir a periodicidade das reuniões do Fórum Pix; Para tanto, o governo se utiliza de estratégias como
V - decidir sobre a constituição de grupos de tra- elevar ou reduzir impostos, pois, além de sensibilizar
balho temáticos, com objeto delimitado, de forma seus cofres públicos, busca aumentar ou reduzir o
permanente ou por prazo determinado, e sobre a volume de recursos no mercado quando for necessário.
composição, a coordenação, os produtos, os prazos A política fiscal consiste em basicamente dois obje-
e as diretrizes de atuação desses grupos; tivos: primeiro, ser uma fonte de receitas ou de gastos
VI - decidir sobre a constituição de comitês, inclu- para o governo, na medida em que reduz seus impos-
sive de autorregulação, sua composição e objeto de tos para estimular ou desestimular o consumo. Segun-
atuação; e do, quando o governo usa a emissão de títulos públicos
VII - coordenar a atuação das entidades envolvidas emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional, para
no encaminhamento das soluções aprovadas. comercializá-los e arrecadar dinheiro para cobrir
seus gastos e cumprir suas metas de arrecadação.
Os clientes que desejarem usar o sistema PIX pre- O governo tem metas de arrecadação, que muitas
cisam cadastrar uma chave de acesso a uma conta vezes precisam de uma “forcinha” através da comer-
específica em uma ou mais instituições financeiras. cialização de títulos públicos federais no mercado 121
financeiro. Segundo o art. 164 da Constituição Federal, é Dentro dessa balança de pagamentos, há uma
vedado ao Banco Central financiar o tesouro com recur- outra chamada Balança Comercial, que busca esta-
sos próprios, este busca capitalizar o governo comer- bilizar o volume de importações e exportações den-
cializando os títulos emitidos pela Secretaria do Tesouro. tro do Brasil. Essa política visa equilibrar o volume de
Desta forma, o governo consegue não só arrecadar moedas estrangeiras dentro do Brasil para que seus
recursos como, também, enxugar ou irrigar o mercado valores não pesem tanto na apuração da inflação, pois
de dinheiro, pois quando o Banco Central vende títulos as moedas estrangeiras estão muito presentes em nos-
públicos federais, retira dinheiro de circulação e entrega so dia a dia.
títulos aos investidores. Já quando o Banco Central com- Como o governo não pode interferir no câmbio
pra títulos de volta, devolve recursos ao sistema finan- brasileiro de forma direta, uma vez que o câmbio bra-
ceiro, além de diminuir a dívida pública do governo. sileiro é flutuante, o governo busca estimular expor-
Como isso funciona? O governo vive em uma que- tações e desestimular importações quando o volume
da de braços constante, pois precisa arrecadar mais de moeda estrangeira estiver menor dentro do Brasil.
do que ganha, mas não pode deixar de gastar, pois Da mesma forma, caso o volume de moeda estrangei-
precisa estimular a economia. Então, a saída é arreca- ra dentro do Brasil aumente demais, causando sua
dar impostos e, quando estes não forem suficientes, o desvalorização exagerada, o governo busca estimular
governo se endivida. Quando o governo emite títulos importações para reestabelecer o equilíbrio.
públicos federais, ele se endivida, pois os títulos públi- Mas por que o governo estimularia a valorização
cos são acompanhados de uma remuneração, uma taxa de uma moeda estrangeira no Brasil? Ao estimular
de juros, que recebeu o nome do sistema que adminis- a valorização de uma moeda estrangeira, atraímos
tra e registra essas operações de compra e venda. Esse investidores, além de tornar o cenário mais salutar
sistema chama-se Sistema Especial de Liquidação e para os exportadores, que são os que produzem rique-
Custódia (SELIC). Esse sistema deu o nome a taxa de zas e empregos dentro do Brasil. Dessa forma, ao se
juros dos títulos, chamada de taxa SELIC. utilizar da política cambial, o governo busca estabili-
Essa taxa de juros é o famoso juro da dívida públi- zar a balança de pagamentos e estimular ou desesti-
ca, porque o governo deve considerá-lo como despesa mular exportações e importações.
e endividamento. Logo, a emissão destes títulos, bem
como o aumento da taxa SELIC, devem ser cautelosos Política Creditícia
para evitar excessos de endividamento, acarretando
dificuldades em fechar o caixa no fim do ano. Conjunto de normas ou critérios que cada insti-
Esse fechamento de caixa pode resultar em duas tuição financeira utiliza para financiar ou emprestar
situações. Uma chamamos de superávit e a outra, de recursos a seus clientes, mas sobre a supervisão do
déficit. governo, que controla os estímulos a concessão de
Resultado fiscal primário é a diferença entre as crédito. Cada instituição deve desenvolver uma políti-
receitas primárias e as despesas primárias durante ca de crédito coordenada, para encontrar o equilíbrio
um determinado período. O resultado fiscal nominal, entre as necessidades de vendas e, concomitantemen-
ou resultado secundário, por sua vez, é o resultado te, sustentar uma carteira a receber de alta qualidade.
primário acrescido do pagamento líquido de juros. Essa política sofre constante influência do poder
Assim, fala-se que o governo obtém superávit fiscal governamental, pois o governo se utiliza de sua taxa
quando as receitas excedem as despesas em dado básica de referência, a taxa SELIC, para conduzir as
taxas de juros das instituições financeiras para cima
período; por outro lado, há déficit quando as receitas
ou para baixo.
são menores do que as despesas.
Se o governo eleva suas taxas de juros, é sinal de
No Brasil, a política fiscal é conduzida com alto
que os bancos em geral seguirão seu raciocínio e ele-
grau de responsabilidade fiscal. O uso equilibrado dos
varão suas taxas também, gerando uma obstrução a
recursos públicos visa a redução gradual da dívida
contratação de crédito pelos clientes tomadores ou
líquida como percentual do PIB, de forma a contri-
gastadores. Já se o governo tende a diminuir a taxa
buir com a estabilidade, o crescimento e o desenvol- SELIC, os bancos em geral tendem a seguir essa dimi-
vimento econômico do país. Mais especificamente, a nuição, recebendo estímulos a contratação de crédito
política fiscal busca a criação de empregos, o aumento para os tomadores ou gastadores.
dos investimentos públicos e a ampliação da rede de
seguridade social, com ênfase na redução da pobreza Política de Rendas
e da desigualdade.
A política de rendas consiste na interferência do
Política Cambial governo nos preços e salários praticados pelo mer-
cado. No intuito de atender a interesses sociais, o
É o conjunto de ações governamentais diretamen- governo tem a capacidade de interferir nas forças do
te relacionadas ao comportamento do mercado de mercado e impedir o seu livre funcionamento. É o que
câmbio, inclusive no que se refere à estabilidade rela- ocorre quando o governo realiza um tabelamento de
tiva das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de preços com o objetivo de controlar a inflação.
pagamentos. Ressaltamos que, atualmente, o governo brasileiro
A política cambial busca estabilizar a balança de interfere tabelando o valor do salário-mínimo; entre-
pagamentos tentando manter em equilíbrio seus com- tanto, quanto aos preços dos diversos produtos no
ponentes, que são: a conta corrente, que registra as país, não há interferência direta do governo.
entradas e saídas devidas ao comércio de bens e ser-
viços, bem como pagamentos de transferências; e a Política Monetária
conta capital e financeira. Também são componentes
dessa conta os capitais compensatórios: empréstimos É a atuação de autoridades monetárias sobre
oferecidos pelo FMI e contas atrasadas (débitos venci- a quantidade de moeda em circulação, de crédito e
122 dos no exterior). das taxas de juros controlando a liquidez global do
sistema econômico. Essa é a mais importante política econômica traçada pelo governo. Nela, estão contidas as
manobras que surtem efeitos mais eficazmente na economia.
A política monetária influencia diretamente a quantidade de dinheiro circulando no país e, consequentemente,
a quantidade de dinheiro no nosso bolso.
Existem dois principais tipos de política monetária a serem adotados pelo governo: a política restritiva, ou
contracionista, e a política expansionista.
A política monetária expansiva consiste em aumentar a oferta de moeda, reduzindo a taxa de juros básica e
estimulando investimentos. Essa política é adotada em épocas de recessão, ou seja, épocas em que a economia está
parada e ninguém consome, produzindo uma estagnação completa do setor produtivo. Com essa medida, o governo
espera estimular o consumo e gerar mais empregos.
Ao contrário, a política monetária contracionista consiste em reduzir a oferta de moeda, aumentando
assim a taxa de juros e reduzindo os investimentos. Essa modalidade da política monetária é aplicada quando
a economia está sofrendo alta inflação, visando reduzir a procura por dinheiro e o consumo causando, conse-
quentemente, uma diminuição no nível de preços dos produtos.
Esta política monetária é rigorosamente elaborada pelas autoridades monetárias brasileiras, utilizando-se dos
seguintes instrumentos, todos regulamentados e executados pelo Banco Central do Brasil:
z Mercado Aberto
Também conhecido como Open Market, operações com títulos públicos são mais um dos instrumentos dispo-
níveis de política monetária. Esse instrumento, considerado um dos mais eficazes, consegue equilibrar a oferta de
moeda e regular a taxa de juros em curto prazo.
A compra e venda dos títulos públicos, emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional, se dá pelo Banco Central
através de Leilões Formais e Informais. De acordo com a necessidade de expandir ou reter a circulação de moedas
do mercado, as autoridades monetárias competentes resgatam ou vendem esses títulos.
Se existe a necessidade de diminuir a taxa de juros e aumentar a circulação de moedas, o Banco Central com-
pra (resgata) títulos públicos que estejam em circulação. Se a necessidade for inversa, ou seja, aumentar a taxa de
juros e diminuir a circulação de moedas, o Banco Central vende (oferta) os títulos disponíveis.
Portanto, os títulos públicos são considerados ativos de renda fixa, tornando-se uma boa opção de investimen-
to para a sociedade.
Outra finalidade dos títulos públicos é a de captar recursos para o financiamento da dívida pública, bem como
financiar atividades do Governo Federal, como por exemplo, Educação, Saúde e Infraestrutura.
Os leilões dos títulos públicos são de responsabilidade do BACEN, que credencia Instituições Financeiras cha-
madas de dealers ou líderes de mercado, para que façam efetivamente o leilão dos títulos. Nesse caso, temos o leilão
informal ou Go Around, pois nem todas as instituições são classificadas como dealers.
Os leilões formais são aqueles em que todas as instituições financeiras, credenciadas pelo BACEN, podem
participar do leilão dos títulos, mas sempre sob o comando deste.
Além dessas formas de o governo participar do mercado de capitais, existe o Tesouro Direto, forma que o
governo encontrou que aproxima as pessoas físicas e jurídicas em geral, ou não financeiras, da compra de títulos
públicos. O tesouro direto é um sistema controlado pelo BACEN para que a pessoa física ou jurídica comum possa
comprar títulos do governo dentro de sua própria casa ou escritório.
Os títulos públicos possuem, hoje, 5 tipos diferentes com características que lhe concedem rentabilidades dis-
tintas. A seguir, vamos conhecer quais são os títulos:
Os juros semestrais significam que a cada semestre o governo paga a você os juros devidos, mas apenas os
juros, o principal, que é o valor que você investiu, ele só devolve no final do prazo, belezinha?! Esse pagamento de
juros semestrais, nós chamamos de CUPOM.
Outro instrumento de controle monetário é o Redesconto Bancário, no qual o Banco Central concede “emprés-
timos” às instituições financeiras a taxas acima das praticadas no mercado. 123
Os chamados empréstimos de assistência à liquidez são utilizados pelos bancos somente quando existe
uma insuficiência de caixa (fluxo de caixa), ou seja, quando a demanda de recursos depositados não cobre suas
necessidades.
Quando a intenção do Banco Central é de injetar dinheiro no mercado, ele baixa a taxa de juros para estimular
os bancos a pegar esses empréstimos. Os bancos, por sua vez, terão mais disponibilidade de crédito para oferecer
ao mercado; consequentemente, a economia aquece.
Quando o Banco Central tem por necessidade retirar dinheiro do mercado, as taxas de juros concedidas para
esses empréstimos são altas, desestimulando os bancos a pegá-los. Dessa forma, os bancos que precisam cumprir
com suas necessidades imediatas enxugam as linhas de crédito, disponibilizando menos crédito ao mercado; com
isso, a economia desacelera.
Vale ressaltar que o Banco Central é proibido, pela Constituição Brasileira, de emprestar dinheiro a qualquer
outra instituição que não seja uma instituição financeira. As operações de Redesconto do Banco Central podem
ser:
Intradia, destinadas a atender necessidades de liquidez das instituições financeiras ao longo do dia. É o
chamado Redesconto a juros zero;
De um dia útil, destinadas a satisfazer necessidades de liquidez decorrentes de descasamento de curtíssi-
mo prazo no fluxo de caixa de instituição financeira;
De até quinze dias úteis, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse quarenta e
cinco dias úteis, destinadas a satisfazer necessidades de liquidez provocadas pelo descasamento de curto
prazo no fluxo de caixa de instituição financeira e que não caracterizem desequilíbrio estrutural;
De até noventa dias corridos, podendo ser recontratadas desde que o prazo total não ultrapasse cento e
oitenta dias corridos, destinadas a viabilizar o ajuste patrimonial de instituição financeira com desequilí-
brio estrutural.
Atenção! Entende-se por operação intradia a compra com compromisso de revenda, em que a compra e a cor-
respondente revenda ocorrem no próprio dia entre a instituição financeira tomadora e o Banco Central.
Todas as operações feitas pelo BACEN são compromissadas, ou seja, a outra parte que contrata com o BACEN
assume compromissos com ele para desfazer a operação assim que o BACEN solicitar.
Sobre a Compra com Compromisso de Revenda, temos algumas observações que aparecem nas provas. Podem
ser objeto de Redesconto do Banco Central, na modalidade de compra com compromisso de revenda, os seguintes
ativos de titularidade de instituição financeira, desde que não haja restrições a sua negociação:
Títulos públicos federais registrados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic, que inte-
grem a posição de custódia própria da instituição financeira;
Outros títulos e valores mobiliários, créditos e direitos creditórios, preferencialmente com garantia real,
e outros ativos.
Importante!
As operações intradia e de um dia útil aceitam como garantia exclusivamente os títulos públicos federais; as
demais podem ter como garantia qualquer título aceito como garantia pelo BACEN.
z Recolhimento Compulsório
Um dos instrumentos de Política Monetária utilizado pelo governo para aquecer ou esfriar a economia. É um
depósito obrigatório feito pelos bancos junto ao Banco Central.
Parte de todos os depósitos que são efetuados à vista, ou seja, os depósitos das contas correntes, tanto de livre
movimentação como de não livre movimentação pelo cliente, depósitos a prazo e demais depósitos feitos pela
população, junto aos bancos, vão para o Banco Central. O Banco Central fixa essa taxa de recolhimento. Essa taxa
é variável, de acordo com os interesses do governo em acelerar ou não a economia.
Isso porque, ao reduzir o nível do recolhimento, sobram mais recursos nas mãos dos bancos para serem
emprestados aos clientes, com isso, gerando maior volume de recursos no mercado. Já quando os níveis do reco-
lhimento aumentam, as instituições financeiras reduzem seu volume de recursos, liberando menos crédito e,
consequentemente, reduzindo o volume de recursos no mercado.
O recolhimento compulsório tem por finalidade aumentar ou diminuir a circulação de moeda no país. Quando
o governo precisa diminuir a circulação de moedas no país, o Banco Central aumenta a taxa do compulsório, pois,
dessa forma, as instituições financeiras terão menos crédito disponível para população; portanto, a economia
acaba encolhendo.
Ocorre o inverso quando o governo precisa aumentar a circulação de moedas no país. A taxa do compulsório
diminui e, com isso, as instituições financeiras fazem um depósito menor junto ao Banco Central. Assim, os bancos
comerciais ficam com mais moeda disponível e, consequentemente, aumentam suas linhas de crédito. Com mais
dinheiro em circulação, há o aumento de consumo e a economia tende a crescer.
As instituições financeiras podem fazer transferências voluntárias, de recursos oriundos de depósitos à vista;
porém, o depósito compulsório é obrigatório, porque os valores que são recolhidos ao Banco Central são remu-
124 nerados por ele para que a instituição financeira não tenha prejuízos com os recursos parados junto ao BACEN.
O recolhimento pode ser feito em espécie (papel
moeda), através de transferências eletrônicas para Importante!
contas mantidas pelas instituições financeiras junto ao
BACEN ou até mesmo através de compra e venda de títu-
Não confunda Sistema Selic com Taxa Selic.
los públicos federais. Além disso, o Recolhimento Com-
pulsório pode variar em função das seguintes situações: Sistema Selic x Taxa Selic
� Regiões Geoeconômicas;
z Prioridades de aplicações, ou seja, necessidade do
O Copom - Comitê de Política
governo;
Monetária do BC - determina
z Natureza das instituições financeiras.
a meta da taxa Selic
Redação dada pelo Del nº 1.959, de 14/09/82) adequada para assegurar a
estabilidade de preço
Os valores dos Recolhimentos Compulsórios são
estabelecidos pelo BACEN da seguinte forma:
Quantitative easing (QE) pode ser definido como Em cada negociação, o Selic em
transações de compra de ativos, tanto públicos quan- tempo real transfere os títulos
to privados, em larga escala, executadas pelo Banco para o comprador e determina o
Central com o objetivo de estimular a demanda agre- crédito na conta do vendedor
gada, seja por meio da ampliação das reservas ban-
cárias, seja por meio da injeção de liquidez direta no
setor privado.
Após a crise de 2008, o QE ganhou grande espaço
na política monetária mundial.
A taxa Selic é a taxa média
O quantitative easing tem o objetivo de atuar sobre
das operações
a taxa de juros de longo prazo. Assim, tecnicamente,
compromissadas com prazo
o QE é a compra de títulos de longo prazo pelo Banco
de um dia útil ocorridas
Central com o objetivo de atuar diretamente sobre a
diariamente no Selic
taxa de juros de longo prazo.
Isso acontece quando o Banco Central perde a
capacidade de atuar sobre as taxas de curto prazo
a fim de afetar as de longo prazo com o objetivo de,
assim, gerar algum estímulo na economia. Fonte: site do Banco Central.
O Selic é o sistema no qual se efetua a custódia e se liquidação bruta em tempo real (LBTR) — as opera-
faz o registro das transações com títulos públicos ções são liquidadas uma a uma por seus valores brutos
federais. Esse sistema é gerido pelo Banco Central e em tempo real — e o registro das transações com títu-
constitui uma infraestrutura do mercado financei- los públicos federais em seu banco de dados pode coibir
ro (IMF). Como infraestrutura, o Selic faz parte do Sis- fraudes e prevenir o contágio em outras instituições.
tema de Pagamentos Brasileiros (SPB).
Atualmente, o sistema Selic possui: O DEBATE SOBRE OS DEPÓSITOS REMUNERADOS
DOS BANCOS COMERCIAIS NO BANCO CENTRAL
z Aproximadamente, 500 participantes; DO BRASIL
z Em torno de 160 mil clientes individualizados;
z 8 tipos de títulos distribuídos em cerca de 380 ven- No último mês de julho, foi sancionada a Lei nº
cimentos, que estão depositados e equivalem a 14.185, de 2021, que autoriza o Banco Central a
99% da carteira de títulos públicos federais; receber depósitos voluntários remunerados das
z Mensalmente, cerca de 40 leilões de títulos para o instituições financeiras. Objetiva dar ao Bacen uma
Tesouro Nacional, que movimentam um montante nova ferramenta para o controle da moeda, que tenha
de R$ 78 bilhões. impacto menor sobre o montante da dívida pública. 125
A operação com depósitos voluntários a prazo é Quando o BC precisa enxugar liquidez do mercado
realizada para enxugar a liquidez de moeda na econo- interbancário, ou seja, absorver as reservas em exces-
mia, e assim não permitir que as taxas de juros cobra- so dos bancos comerciais, ele vende os títulos da car-
das nos empréstimos interbancários sejam menores teira livre para os bancos comerciais por intermédio
do que a taxa básica de referência da economia, a das operações compromissadas, que nada mais são do
Taxa Selic. O depósito voluntário a prazo, portanto, que uma venda de títulos de sua própria carteira com
pode ser considerado um novo instrumento de exe- compromisso de recomprar os mesmos títulos ao final
cução da política monetária. de um determinado período de tempo. Sendo assim,
Primeiramente, vamos entender o motivo da cria- ao vender os títulos por intermédio de operações
ção dos depósitos remunerados. compromissadas, o Banco Central está aumentando
Quando há excesso de liquidez (dinheiro em circu- a quantidade de títulos da dívida pública nas mãos
lação) no mercado, e essa liquidez se mostra superior do mercado financeiro e, dessa forma, aumentando a
à demanda por recursos existentes, o BC tem que ope- dívida bruta do governo.
rar sobre esse excesso de oferta de moeda. Não atuar Com o Banco Central podendo substituir as ope-
nesse manejo da liquidez permitiria que as taxas das rações compromissadas pelos depósitos voluntários,
operações interbancárias caíssem abaixo do patamar então as reservas (recursos) excedentes dos bancos
da Selic, o que levaria o Banco Central a perder seu comerciais poderão ser depositadas diretamente no
poder de determinar a taxa real de juros. próprio Bacen sem que seja necessária a venda de títu-
Para que, cotidianamente, as taxas de juros convir- los da dívida pública para arrecadá-las, ou seja, sem
jam para o patamar estipulado na Taxa Selic, o Ban- que ocorra um aumento da Dívida bruta do governo.
co Central “enxuga” essa liquidez, vendendo títulos Desta forma, as operações de regulação de liquidez
da dívida pública do Tesouro Nacional e recolhendo, do Banco Central não terão nenhum impacto na dívi-
como pagamento esse recurso excedente dos bancos. da pública, cuja dinâmica passará a depender exclusi-
Lembre-se: como o Banco Central não pode emitir vamente do déficit do Tesouro Nacional.
títulos, ele utiliza títulos do Tesouro Nacional para
isso. São as chamadas “operações compromissadas”.
No entanto, ao fazer isso, o estoque da dívida públi-
ca brasileira eleva-se. Isso porque nosso indicador de
dívida é incapaz de separar o que são títulos públi- ORÇAMENTO PÚBLICO, TÍTULOS
cos lançados para o Estado financiar suas despesas DO TESOURO NACIONAL E DÍVIDA
correntes e o que são lançamentos de títulos públicos PÚBLICA
para o exercício da política monetária.
Até o advento dos depósitos voluntários a prazo, o Segundo o site do Ministério da Economia:
Banco Central administrava a quantidade de dinheiro
no sistema bancário exclusivamente por meio da ven- O orçamento público é o instrumento de planeja-
da com compromisso de recompra dos títulos públicos mento que estima as receitas que o governo espe-
de sua carteira, as operações compromissadas. Com os ra arrecadar ao longo do próximo ano e, com base
depósitos voluntários, o BC ganha maior autonomia, nelas, autoriza um limite de gastos a ser realizado
uma vez que deixa de depender exclusivamente des- com tais recursos.
sas operações, para regular a liquidez bancária e, con- Essa programação orçamentária consta na Lei
sequentemente, manter a taxa básica de juros (Selic) Orçamentária Anual (LOA), elaborada com base
próxima da meta fixada pelo Comitê de Política Mone- nas metas e prioridades do Governo definidas na
tária (Copom). Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Não se trata de uma inovação brasileira. Bancos É a LDO que estabelece a ligação entre o Plano Plu-
Centrais de reconhecida reputação técnica, como o rianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
Federal Reserve Bank dos Estados Unidos, o Banco da Ao englobar receitas e despesas, o orçamento é peça
Inglaterra e o Banco Central Europeu, contam com fundamental para o equilíbrio das contas públicas
depósitos remunerados entre seus instrumentos de e indica para a sociedade as prioridades definidas
administração da liquidez. pelo governo, como, por exemplo, gastos com edu-
Os depósitos voluntários têm diversas característi- cação, saúde e segurança pública.
cas favoráveis, como efetividade na absorção de recur-
sos livres no sistema bancário, simplicidade, baixo Ou seja, o que acontece no Brasil não é diferente
custo operacional e fácil entendimento pelos agentes do que acontece em uma família, é necessário definir
financeiros. No entanto, as facilidades dos depósitos o orçamento e planejar os gastos de acordo com suas
voluntários não significam o abandono das operações prioridades.
compromissadas com títulos de emissão do Tesouro
Nacional. Elas continuarão a ser o principal instrumen- DÍVIDA PÚBLICA
to utilizado pelo Banco Central na gestão da liquidez.
No entanto, alguns analistas criticam a criação dos Para entendermos corretamente o conceito de
depósitos voluntários a prazo argumentando de que Dívida Pública, temos que entender o conceito de Défi-
o mesmo permitiria uma redução artificial, puramen- cit Público, sendo:
te contábil, na dívida bruta do governo. Isso porque,
conforme a metodologia de cálculo da dívida adotada Déficit Público
pelo Bacen, a chamada “carteira livre de títulos”, ou
seja, os títulos da dívida pública que não estão sen- O governo, como toda família, possui receitas e
do utilizados pelo Banco Central nas operações com- despesas, e, como toda família, geralmente o gover-
promissadas, não são contabilizados como parte da no apresenta mais Despesas do que Receitas, dessa
126 dívida. maneira tem-se:
CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS
Déficit = Gastos - Receitas
De maneira geral, os gastos públicos podem ser
Quanto maior o gasto em relação às receitas, subdivididos em quatro categorias, sendo elas:
maior o Déficit, de maneira contrária, quanto maior
as Receitas em relação aos gastos, tem-se Superávit. z Consumo do Governo: Salários do Funcionalis-
O Déficit Público tem relação direta com a Dívida mo, Consumo Corrente etc;
Pública, sendo assim: z Investimento do Governo;
z Transferências ao Setor Privado: Como Subsídios
Quanto Mais Elevado o déficit público, Maior o au- às Empresas;
mento da dívida z Juros da Dívida.
z A maneira mais óbvia de financiar este déficit é z LFT – Letra Financeira do Tesouro (Tesouro Dire-
tomando recursos emprestados do setor privado, to Selic): Pós Fixado, atrelado à SELIC. Por ser pós
por meio da venda de títulos públicos; fixado é recomendado em cenários de alta de SELIC;
z Os títulos públicos não podem ser adquiridos dire- z LTN – Letra do Tesouro Nacional: Pré Fixado, o
tamente pelo BACEN; investidor já sabe no momento da contratação a
z Os Títulos Públicos são referenciados pela taxa rentabilidade do papel;
SELIC; z NTN-B (Principal): Notas do Tesouro Nacional Série
z Quando o governo precisa de financiamento, nor- B. Título atrelado à inflação (IGPM ou IPCA) bom
malmente sobe a taxa SELIC, o que causa um maior para o investidor que quer proteger seu ganho real.
interesse por títulos públicos;
z Um Aumento da Taxa SELIC, tira moeda da Eco- Títulos com Cupom
nomia, já que os investidores tendem a preferir
comprar títulos. São títulos públicos com cupom:
Lembre-se que um aumento da taxa Selic tende a z NTN-B: Atrelada a Inflação (IPCA ou IGPM);
diminuir a inflação e Vice e Versa. z NTN F: Pré-Fixado. 127
PRODUTOS BANCÁRIOS: PROGRAMAS SOCIAIS E BENEFÍCIOS DO TRABALHADOR
NOÇÕES DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO, CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR, CRÉDITO RURAL, POUPANÇA,
CAPITALIZAÇÃO, PREVIDÊNCIA, CONSÓRCIO, INVESTIMENTOS E SEGUROS
Cartão de Crédito
Consistem, basicamente, em uma linha de crédito rotativo, onde o cliente compra com o cartão e pode pagar
de uma só vez ou parcelado.
Conforme for pagando as faturas, o crédito vai sendo liberado novamente e pode ser reutilizado.
As atividades de emissão de cartão de crédito exercidas por instituições financeiras estão sujeitas à regula-
mentação baixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central do Brasil, nos termos dos arts.
4º e 10 da Lei 4.595, de 1964. Todavia, nos casos em que a emissão do cartão de crédito não tem a participação
de instituição financeira, não se aplica a regulamentação do CMN e do Banco Central.
Vale lembrar que existem as instituições de pagamento, que nada mais são do que instituições não financei-
ras que operam recebendo e processando os pagamentos dos cartões dos clientes. Estas instituições se submetem
a regulamentação do CMN e do Bacen.
Hoje no Brasil prevalece a Circular 3.885/2018 que exige solicitação de autorização para funcionamento de
instituições de pagamento, que incluem as administradoras de cartões de crédito, apenas se ultrapassarem o
parâmetro de 500 milhões de reais em transações comuns ou 50 milhões em transações pré-pagas.
Desta forma, não há uma regra que o Bacen autoriza funcionamento de administradoras de cartão, ficando
obrigatório apenas as que ultrapassarem os parâmetros acima.
Existem duas categorias de cartão de crédito: básico e diferenciado. O cartão básico é aquele utilizado
somente para pagamentos de bens e serviços em estabelecimentos credenciados. Já o cartão diferenciado
é aquele cartão que, além de permitir a utilização na sua função clássica de pagamentos de bens e serviços, está
associado a programas de benefício e/ou recompensas, ou seja, oferece benefícios adicionais, como programas
de milhagem, seguro de viagem, desconto na compra de bens e serviços, atendimento personalizado no exterior
etc.
O cartão de crédito básico é de oferecimento obrigatório pelas instituições emissoras de cartão de crédito,
quando possuem o produto cartão de crédito em seu portifólio. Esse cartão básico pode ser nacional ou interna-
cional, mas o valor da anuidade do cartão básico deve ser menor do que o valor da anuidade do cartão diferen-
ciado, por este motivo o cartão básico não tem direito a participar de programas de recompensas oferecidos
pela instituição emissora.
Existem ainda os Retailer Cards, que são cartões de loja que só podem ser usados na rede da loja especifica,
por exemplo: Renner e Riachuelo. E os Co-Branded Cards, que são cartões de crédito que fazem parcerias com
outras empresas de grande nome no mercado, exemplo: Itaú TAM fidelidade.
Além dessas classificações, o Banco Central, através da resolução CMN nº 4.549, adicionou uma outra classifi-
cação quanto ao pagamento dos valores das faturas que são: cartão com rotativo regular e cartão com rotativo
não regular.
O rotativo regular: Pagamento apenas do mínimo e não parcela o restante, situação em que adere ao crédito
rotativo regular, em que se sujeita o titular do cartão ao pagamento dos juros e dos encargos financeiros previstos
em contrato, sendo vedada a cobrança de juros adicionais punitivos (comissão de permanência).
O rotativo não regular: Pagamento de valor inferior ao mínimo, sem parcelamento: cliente fica inadimplen-
te, podendo ser aplicados os procedimentos previstos no contrato para situações de inadimplemento: juros do
crédito rotativo (por dia de atraso sobre a parcela vencida ou sobre o saldo devedor não liquidado); multa de 2%
sobre o principal; e juros de mora de 1% ao mês. Atenção! O prazo máximo de utilização de crédito rotativo é de
128 30 dias, até o vencimento da fatura subsequente.
Tarifas Cobradas
Os bancos só podem cobrar 5 tarifas, consideradas prioritárias, referentes à prestação de serviços de car-
tão de crédito: anuidade, emissão de segunda via do cartão, tarifa para uso na função saque (nacional ou
internacional), para uso do cartão no pagamento de contas e no pedido de avaliação emergencial do limite
de crédito.
Podem ser cobradas ainda tarifas pela contratação de serviços de envio de mensagem automática relativa
à movimentação ou lançamento na conta de pagamento vinculado ao cartão de crédito, pelo fornecimento de
plástico de cartão de crédito em formato personalizado, e ainda pelo fornecimento emergencial de segunda
via de cartão de crédito. Esses serviços são considerados “diferenciados” pela regulamentação.
Todas essas tarifas devem estar previstas em contrato e são cobradas exclusivamente pela administradora do
cartão.
Importante!
Atualmente não existe valor mínimo para pagamento de fatura de cartão de crédito, ficando as instituições
financeiras livres para decidir qual o valor mínimo para o pagamento das faturas pelos clientes.
Vale destacar que caso o cliente não pague a fatura por completo, o saldo devedor será financiado pelo Banco e
não pela administradora do cartão, e cabe ao Banco oferecer ao cliente opções de parcelamento alternativas mais
baratas que os juros cobrados no rotativo do cartão. Da mesma forma, caso o cliente queira parcelar uma fatura,
pois está incapaz de efetuar o pagamento total, quem parcelará será o Banco e não a administradora do cartão,
pois estas estão proibidas pelo Bacen a realizarem tal operação.
Na verdade, os financiamentos são feitos por bancos, pois administradoras de cartão de crédito são proibidas de
financiar seus clientes. Nesses casos, o detentor do cartão de crédito aparecerá no SCR como cliente do banco, que é
o real financiador da operação intermediada pela administradora de cartão de crédito.
Com base nisto que aprendemos, é bom saber que para que o cartão funcione, é preciso uma estrutura comple-
ta de instituições financeiras, credenciadores, bandeiras e estabelecimentos. Mas quem é quem?
Instituições Financeiras ou Emissor: É o banco ou uma instituição não bancária que fornece o cartão de
crédito e/ou débito para o cliente (titular do cartão). É quem se relaciona com o titular do cartão, estabelecendo
os limites de crédito, enviando o cartão para utilização, emitindo as faturas e aprovando as compras realizadas
nas lojas.
Credenciador: Responsável pela filiação dos estabelecimentos comerciais para uso de cartões nas operações
de venda. É responsável pelo fornecimento e manutenção dos equipamentos de captura, a transmissão dos dados
das transações eletrônicas e os créditos em conta corrente do estabelecimento comercial.
Estabelecimento Credenciado: Empresa de qualquer porte, incluindo o empreendedor individual ou profis-
sional autônomo que aceita o sistema de cartões com suas respectivas bandeiras nas vendas de bens ou serviços.
Bandeira: É quem licencia a marca para o emissor e para o credenciador e coordena o sistema de aprovação,
compensação e liquidação dos créditos. A Visa, Mastercard, Diners Club e American Express são exemplos de ban-
deiras internacionais e a Hipercard, Elo, Sorocred, Sicred são bandeiras nacionais ou regionais
Cartão BNDES
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
O Cartão BNDES é um produto que, baseado no conceito de cartão de crédito, visa financiar os investimentos
dos Micro Empreendedores Individuais (MEI), Micro Empresas e das micro, pequenas e médias empresas
de controle nacional.
Podem obter o Cartão BNDES as MPMEs (com faturamento bruto anual de até R$ 300 milhões), (caso a
empresa pertença a grupo ou conglomerado, o faturamento bruto total de todas as participantes deve ser somado
e não pode exceder o limite de 300 milhões), sediadas no País, de controle nacional, que exerçam atividade
econômica compatíveis com as Políticas Operacionais e de Crédito do BNDES e que estejam em dia com o INSS,
FGTS, RAIS e tributos federais.
O cartão BNDES Agro é também um produto baseado no conceito de cartão de crédito, entretanto é voltado
apenas para pessoas físicas e visa financiar investimentos em produtos rurais em seus negócios.
O portador do Cartão BNDES poderá comprar exclusivamente os itens expostos no Portal de Operações do
Cartão BNDES (www.cartaobndes.gov.br) por fornecedores previamente credenciados.
As 11 Instituições financeiras emissoras atuais do Cartão BNDES são: 129
Banco do
Brasil
Banco
Sicredi do
Nordeste
Sicoob Santander
Emissores
Itaú Banestes
Caixa Banrisul
BRDE Bradesco
As condições financeiras em vigor são: Limite de crédito de até R$ 2 milhões por cartão, por banco
emissor.
Obs. 1: O limite de crédito de cada cliente será atribuído pelo banco emissor do cartão, após a respectiva aná-
lise de crédito. Uma empresa pode obter um Cartão BNDES de cada bandeira por banco emissor, podendo somar
seus limites numa única transação.
Obs. 2: O cliente pode obter um Cartão BNDES em quantos bancos emissores ele desejar. Caso um banco emis-
sor trabalhe com mais de uma bandeira de cartão de crédito, o cliente poderá ter, nesse banco, um Cartão
BNDES de cada bandeira, desde que a soma dos limites não ultrapasse R$2 milhões.
Tarifa de Abertura de Crédito (TAC): Os bancos estão autorizados a cobrar a TAC desde que esta não exceda 2%
do limite de crédito concedido. OF (Imposto sob Operação Financeira) no cartão BNDES agora pode ser cobrado,
devido ao Decreto Nº 8.511 de agosto de 2015.
Crédito Rural
É uma linha de crédito barata, com taxas determinadas por legislação que buscam ajudar aos produtores
rurais e suas cooperativas em suas atividades. Beneficiários:
130 Cuidado! Sindicatos rurais estão fora, ou seja, não podem ser beneficiários do crédito rural.
Pode ser concedido, com finalidades especiais, Taxa de Juros
crédito rural a pessoa física ou jurídica que se dedi-
que à exploração da pesca e da aquicultura, com A taxa de juros máxima admitida no crédito rural
é de 6% a.a. (seis por cento), podendo ser reduzidas a
fins comerciais, incluindo-se os armadores de pes-
critério da instituição financeira e escalonada confor-
ca. (Resolução BACEN 4.106/2012)
me origem dos recursos dos Fundos Constitucionais
O tomador do crédito está sujeito à fiscalização da
(FNE, FNO e FCO).
Instituição Financeira.
Quais são os limites de financiamento?
Da origem dos Recursos
Controlados/Obrigatórios: são controlados por O limite de crédito de custeio rural, por benefi-
ciário, em cada safra e em todo o Sistema Nacional
Lei, ou seja, exige-se que sejam repassados ao crédi-
de Crédito Rural (SNCR), é de R$3.000.000,00 (três
to rural.
milhões de reais), devendo ser considerados, na apu-
Caso os bancos descumpram esta exigência, ração desse limite, os créditos de custeio tomados com
pagam multa e o valor desta multa será revertida recursos controlados, exceto aqueles tomados no
em recursos ao credito rural. âmbito dos fundos constitucionais de financiamento
regional ou aqueles cuja origem do recurso sejam as
z Os recursos obrigatórios (decorrentes da exigibili- Letras de Crédito do Agronegócio.
dade de depósito à vista); Nas operações de investimento, o limite de crédi-
z Os das Operações Oficiais de Crédito sob supervi- to dependerá do objeto a ser adquirido e da disponibi-
são do Ministério da Economia; lidade da instituição financeira, pois é vedado utilizar
z Os de qualquer fonte destinados ao crédito recursos controlados/obrigatórios para operações de
rural na forma da regulação aplicável, quando investimentos, exceto se disposto em norma específi-
ca, que são as linhas que utilizam recursos da Poupan-
sujeitos à subvenção da União, sob a forma de
ça Rural e de linhas de crédito do BNDES. Além disso
equalização de encargos financeiros, inclusive os
devem ser observados os seguintes prazos:
recursos administrados pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); z Investimento fixo: 12 (doze) anos;
z Os oriundos da poupança rural, quando aplicados z Investimento semifixo: 6 (seis) anos, exceto
segundo as condições definidas para os recursos quando se tratar de aquisição de animais para
obrigatórios; reprodução ou cria, cujo prazo será de até 5 (cin-
z Os dos fundos constitucionais de financiamento co) anos, incluído até 12 (doze) meses de carência.
regional;
z Os do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Fun- Para a comercialização o valor máximo será libera-
café). do de acordo com a garantia ofertada que poderá ser de
até 4,5 milhões se as garantias forem de Nota Promis-
z Letra de Crédito do Agro Negócio/LCA. (Novo!)
sória Rural ou uma Duplicata Rural, podendo chegar
Não controlados: todos os demais. O banco capta a 25 milhões para Financiamento Especial de Estoca-
gem (FEE) de sementes, com recursos controlados.
se quiser e empresta como quiser.
Para o crédito de industrialização limite do cré-
Quais são as modalidades da operação? Resolução dito para as operações de industrialização, ao ampa-
ro dos recursos controlados, é de R$1.500.000,00 (um
CMN 4.899/21
milhão e quinhentos mil reais) por tomador, em cada
ano agrícola e em todo o SNCR, onde, no mínimo, 50%
Custeio: destina-se a cobrir despesas normais dos
(cinquenta por cento) da produção a ser beneficiada
ciclos produtivos como aquisição de bens e insumos,
ou processada deve ser de produção própria do pro-
suplemento do capital de trabalho, além de atender às dutor rural, da cooperativa de produção ou de asso-
pessoas dedicadas à extração de produtos vegetais. (é ciados; podendo chegar a 400 milhões, com recursos
comprar insumos para plantar grãos, vegetais, etc.). dos fundos constitucionais, se tomado por cooperati-
Investimentos: destina-se às aplicações em bens vas de produção agropecuárias
ou serviços, cujo desfrute se estenda por vários
períodos de produção. (Modernização) O que é Nota Promissória Rural?
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
z Estimular os investimentos rurais efetuados pelos Quando deve ser realizada a fiscalização do crédito
produtores ou por suas cooperativas; rural?
z Favorecer o oportuno e adequado custeio da
Deve ser efetuada nos seguintes momentos:
produção e a comercialização de produtos
agropecuários; z Crédito de custeio agrícola: antes da época previs-
z Fortalecer o setor rural; ta para colheita;
z Incentivar a introdução de métodos racionais z Empréstimo do Governo Federal (EGF): no curso
no sistema de produção, visando ao aumento de da operação;
produtividade, à melhoria do padrão de vida das z Crédito de custeio pecuário: pelo menos uma vez
populações rurais e à adequada utilização dos
no curso da operação, em época que seja possível
recursos naturais;
verificar sua correta aplicação;
z Propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e
z Crédito de investimento para construções, refor-
regularização de terras pelos pequenos produ-
mas ou ampliações de benfeitorias: até a conclusão
tores, posseiros e arrendatários e trabalhadores
do cronograma de execução, previsto no projeto;
rurais;
z Demais financiamentos: até 60 (sessenta) dias após
z Desenvolver atividades florestais e pesqueiras;
cada utilização, para comprovar a realização das
z Estimular a geração de renda e o melhor uso da
obras, serviços ou aquisições.
mão-de-obra na agricultura familiar.
Cabe ao fiscal verificar a correta aplicação dos
As garantias da operação: recursos orçamentários, o desenvolvimento das ati-
vidades financiadas e a situação das garantias, se
z Penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou houver.
cedular;
z Alienação fiduciária; FINANCIAMENTOS À EXPORTAÇÃO E
z Hipoteca comum ou cedular; IMPORTAÇÃO – BNDES
z Aval ou fiança;
z Seguro rural ou ao amparo do Programa de Garan- Financiamentos à importação - são linhas de
tia da Atividade Agropecuária (Proagro); (Isento de crédito captadas no exterior para financiamento aos
IOF) importadores por um prazo negociado com o banco.
z Proteção de preço futuro da commodity agrope- Podem ser obtidas pelo importador com o banqueiro
cuária, inclusive por meio de penhor de direitos, no exterior ou com o banco brasileiro.
contratual ou cedular; Financiamentos à exportação - são linhas de cré-
z Outras que o Conselho Monetário Nacional admitir. dito que podem ser com recursos do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
A que tipo de despesas está sujeito o crédito rural? dos bancos nacionais e do Tesouro Nacional, já que é
de interesse do país que ocorra a exportação para que
z Remuneração financeira (taxa de juros); ocorra a entrada de divisas no país.
z Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Entre as linhas de financiamento, podemos citar:
Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e
Valores Mobiliários (IOF); 1. ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio - For-
z Custo de prestação de serviços; ma de antecipação de receita para exportadores que
z As previstas no Programa de Garantia da Ativida- já tenha fechado o contrato de venda e que, portan-
de Agropecuária (Proagro); to, já tenham uma data prevista para o embarque das
mercadorias e posterior ingresso das divisas.
O Proagro é o Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária. É um programa do governo federal que O contrato de câmbio será negociado com um
garante o pagamento de financiamentos rurais quan- banco local, que adianta ao exportador os reais equi-
do a lavoura sofrer danos provocados por eventos cli- valentes ao valor da exportação. O contrato de câmbio
máticos adversos ou causados por doenças e pragas pode ser encerrado, também, sem liquidação financei-
132 sem controle. ra. É quando o ACC vira um ACE.
2. ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues - o pagamento de uma indenização ou multa pelo não
Com o embarque das mercadorias e a entrega dos cumprimento de uma obrigação de fazer ou de não
documentos, o ACC poderá ser contabilmente trans- fazer do afiançado. A fiança é uma garantia dada em
formado em ACE ou, no caso do exportador não ter contratos, ou seja, diferentemente do aval, a fiança
feito ACC, o ACE pode ser solicitado em até 60 dias exige um contrato para ser formalizada.
após o embarque. Na fiança, existem três figuras distintas:
ACE é, portanto, um financiamento após o embar- z O Fiador: aquele que se obriga a cumprir a obriga-
que das mercadorias com a entrega de documentos ção, caso o devedor não o faça;
e depende da necessidade do exportador em esten- z O Afiançado: é o devedor principal da obrigação
der o prazo de pagamento para seus compradores originária da fiança,
(importadores). z O Beneficiário: é o credor, aquele a favor do qual
a obrigação deve ser cumprida.
GARANTIAS DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
A fiança, em relação ao crédito, representa uma
As Garantias de operações de crédito existem como obrigação subsidiária, ou seja, ela só existe até o
uma forma de proteção para os bancos e credores em limite estabelecido e somente pode ser cobrada
geral que querem garantir o pagamento, por parte do caso o devedor não pague a dívida afiançada.
devedor, de compromissos assumidos por este para A fiança é subsidiária, o que permite o direito
com os credores. As garantias possuem dois grandes de ordem na execução da dívida, ou seja, o fiador,
grupos: Fidejussórias e as Reais. ou codevedor, só efetivamente será executado após
As garantias Fidejussórias são relacionadas a pes- cobrança ao devedor principal.
soas, ou seja, a garantia passa a ser uma pessoa física Para ser solidária, ou seja, para que o fiador possa
ou jurídica. Já as garantias Reais envolvem bem ou ser compelido a pagar, independentemente de o deve-
direitos que são dados em garantia do cumprimento dor já ter ou não sido acionado para fazê-lo, deverá
de alguma obrigação, por exemplo: veículos, imóveis, conter cláusula específica.
títulos de crédito e até direitos de crédito. A fiança pode ser dada por qualquer pessoa capaz
física ou jurídica. Quando o fiador, pessoa física for
Garantias Fidejussórias casado, é obrigatório o consentimento do cônjuge.
Na avaliação dos bens do(s) fiador (es) não se con-
Do prefixo latino “fides”, fé, sinceridade, crença, ta o bem de família – único imóvel residencial – por
confiança, crédito, esse tipo de garantia está baseada força da impenhorabilidade prevista na Lei 8.009/90
na fidelidade do garantidor em cumprir a obrigação,
e no Código Civil. Esse bem de família somente pode
caso o devedor não o faça e, de outro lado, na confian-
responder pela dívida se for recebido em garantia
ça do credor, no retorno de seu crédito, seja por parte
hipotecária.
do devedor ou por parte do garantidor.
Fiança Bancária: Nada mais é do que um contra-
Nessa garantia, a assinatura do garantidor será a
to por meio do qual o banco, que é o fiador, garante
garantia do cumprimento das obrigações assumidas
o cumprimento da obrigação de seus clientes (afian-
pelo devedor, ou até mesmo os bens pessoais do
çado) e poderá ser concedido em diversas modalida-
garantidor respondem pelo cumprimento da dívida
des de operações e em operações ligadas ao comércio
do devedor. Nesta categoria, estão o aval e a fiança.
internacional.
A fiança nada mais é do que uma obrigação escri-
z Aval: Ato pelo qual alguém, pela aposição de sua
ta, acessória, assumida pelo banco, e que, por se tratar
assinatura no verso ou anverso de um título de
crédito, declara-se responsável solidariamente de uma garantia e não de uma operação de crédito,
com o devedor pelo pagamento da quantia expres- está isenta do IOF.
sa no título. Os Bancos somente poderão prestar fiança que
tenha perfeita caracterização do valor em moeda
Ou seja, o Aval é uma garantia dada em Títulos de nacional e vencimento, ou seja, o prazo de validade
Crédito e é solidária, ou seja, tanto o devedor como da fiança.
seu garantidor, o avalista, podem ser executados pelo Além disso, os bancos não poderão contratar fian-
credor na ordem que este preferir. Desta forma, dize- ças que acumulem valor superior a 5 vezes o montan-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
mos que o aval é avacalhado, ou seja, bagunçado e te dos seus capitais realizados e reservas livres, bem
sem ordem de execução. como as fianças não poderão, isoladamente, superar
O novo Código Civil exige a autorização do cônju- a metade da soma dos recursos livres e dos capitais
ge, casado sob o regime de comunhão parcial e total realizados.
de bens, para a prestação de aval, sob pena de invali- É vedado aos bancos:
dade das respectivas garantias.
No aval, o garantidor promete pagar a dívida, caso z A assunção de responsabilidades por aval ou
o devedor não o faça. Vencido o título, o credor pode outorga de aceite;
cobrar indistintamente do devedor ou do avalista. z A concessão de fiança ou qualquer outra garantia
O aval é uma garantia tipicamente cambiária, ou seja, que possa, direta ou indiretamente, ensejar aos
não vale em contrato, somente pode ser passado favorecidos a obtenção de empréstimos em geral,
em títulos de crédito e o avalista se responsabiliza ou o levantamento de recursos junto ao público;
apenas pelo valor expresso no título avalizado. z A concessão de aval ou fiança em moeda estran-
Fiança Pessoal: É um contrato por meio do qual geira ou que envolva risco de variação de taxas
alguém, chamado fiador, garante o cumprimento da de câmbio, exceto quando se tratar de operações
obrigação do devedor, caso este não o faça, ou garante ligadas ao comércio exterior. 133
A prestação de fiança pela Caixa Econômica Fede- z Dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a
ral depende de prévia e expressa autorização deste venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou
Banco Central, em cada caso. As Sociedades de Crédi- por ele autorizada.
to, Financiamento e Investimentos não poderão pres-
tar fiança nem aval. Alienação Fiduciária: É a garantia representa-
As informações anteriores não se aplicam aos ban- da pela transferência da propriedade resolúvel
cos privados de investimento ou de desenvolvimento, do bem móvel para o credor fiduciante, ficando o
os quais ficam regulados, no particular, pela Resolu- devedor fiduciário na posse direta desse bem, na
ção nº 18, de 18 de fevereiro de 1966. As demais Insti- condição de fiel depositário, até o cumprimento total
tuições Financeiras, inclusive Cooperativas de Crédito das obrigações.
e Seção de Crédito das Cooperativas Mistas, não pode- Essa garantia veio resolver o problema das Socie-
dades Financeiras que, ao financiar a aquisição de
rão outorgar aceite, fiança ou aval.
bens móveis, utilizava-se de institutos obsoletos para
garantir o pagamento da obrigação. Esta garantia é
Garantias Reais
típica em financiamento de bens duráveis.
Para o credor, esse tipo de garantia trouxe a novi-
Como vimos na garantia pessoal, os bens gerais do dade de, caso o devedor não liquide sua obrigação
garantidor asseguram o cumprimento da obrigação. no vencimento, poderá requerer a ação de busca e
Já na garantia real (do latim res=coisa), o devedor ou apreensão do bem alienado e, após se apossar des-
garantidor destaca um bem específico que garantirá se, vendê-lo a terceiros, aplicando o valor de venda
o ressarcimento do credor, na hipótese de inadim- no pagamento de seu crédito, ou seja, com a alienação
plência do devedor. Diante da hipótese de inadimple- fiduciária, o bem pode ser executado sem o tramite
mento do devedor, o credor pode oferecer à venda o judicial completo, bastando o devedor ser declara-
bem onerado, pagando-se com o preço obtido, devol- do irremediavelmente insolvente, ou seja, não vai
vendo ao devedor a diferença entre o valor da dívida pagar de jeito nenhum.
e o preço alcançado na venda. Caso o preço da venda No entanto, convém salientar que o credor não
não baste para a liquidação da dívida, o devedor pode ficar com o bem objeto da garantia, devendo
continua obrigado ao pagamento da diferença. vendê-lo, utilizando-se do valor da venda na liquida-
O credor com garantia real não necessita habilitar- ção da operação.
-se em concordata do devedor, visto que o bem garan- Hipoteca – Direito real de garantia, constituído
tidor da operação já está destacado em sua garantia. sobre imóvel do devedor ou de terceiros, sem tirá-
Na hipótese de falência, vendido o objeto garantidor, -lo da posse direta do proprietário, objetivando sujei-
primeiramente o credor é pago e, restando algum tá-lo ao pagamento da dívida.
valor, é esse distribuído entre os credores quirogra- Ou seja, diferentemente da alienação fiduciária,
fários. Se o valor da venda não for suficiente para o aqui o devedor dá o bem em garantia, mas continua
o dono dele, ou seja, não há transferência de pro-
ressarcimento do credor, esse deverá habilitar-se no
priedade do devedor para o credor, mas apenas a
processo de falência pela diferença, na qualidade de
sinalização de que aquele imóvel é uma garantia de
credor quirografário.
uma operação de crédito e, caso ele seja vendido, o
valor arrecadado será voltado preferencialmente a
Penhor quitação da dívida contraída.
A hipoteca pode ser formalizada em um Instru-
Penhor Mercantil – Contrato acessório e formal, mento à parte ou por cláusula adjeta a contratos de
em que o devedor, ou outra pessoa por ele, entrega empréstimos, mas em qualquer caso é obrigatória a
ao credor um ou vários bens móveis, como garantia averbação na matrícula do imóvel junto ao Cartório
de obrigação. de Registro de Imóveis.
Quando o imóvel for de propriedade de pessoa
física casada, é obrigatório o comparecimento de seu
Importante! cônjuge na hipoteca.
Finalmente, convém salientar que toda garan-
O bem, objeto dessa garantia, obrigatoriamente
tia é acessória de uma obrigação principal e que,
fica na posse do banco ou de quem este indi- portanto, com a extinção da obrigação principal, a
car como fiel depositário. A Propriedade é do garantia deixa de existir. Por outro lado, a garantia
devedor! se prende somente à obrigação garantida, não poden-
do, por ato unilateral do credor se estender a outra
obrigação, ainda que as partes sejam as mesmas.
O contrato lastreado por garantia de penhor mer-
cantil é levado a registro no Cartório de Títulos e FUNDO GARANTIDOR DO CRÉDITO
Documentos, para que surta os efeitos legais contra
terceiros. A origem/propriedade do bem a ser penho- Em agosto de 1995, através da Resolução 2.197,
rado é comprovada através de documentação hábil. de 31/08/1995, o Conselho Monetário Nacional - CMN
De acordo com o Código Civil, extingue-se o penhor: autoriza a “constituição de entidade privada, sem fins
lucrativos, destinada a administrar mecanismos de
z Extinguindo-se a obrigação; proteção a titulares de créditos contra instituições
z Perecendo a coisa; financeiras”.
z Renunciando o credor; Em novembro de 1995, o Estatuto e Regulamento
z Confundindo-se na mesma pessoa as qualidades da nova entidade são aprovados. Cria-se, portanto,
134 de credor e de dono da coisa; o Fundo Garantidor de Créditos - FGC, associação
civil sem fins lucrativos, com personalidade jurí- A contribuição ordinária é de 0,01% e as espe-
dica de direito privado, através da Resolução 2.211, ciais, para garantir os DPGEs (Depósitos a Prazo com
de 16/11/1995. Garantia Especial) de 0,02% com garantias reais e
O FGC tem por objetivos prestar garantia de crédi- 0,03% sem garantias reais. Essas garantias reais, são
tos contra instituições dele associadas, nas situações bens ofertados em garantia pela instituição financeira
de: para cobrir eventuais problemas de liquidez.
Atenção, pois as Letras Imobiliárias não são mais
z Decretar da intervenção ou da liquidação extraju- garantidas pelo FGC.
dicial de instituição associada; A regra padrão é que o FGC garante os depósitos
z Reconhecimento, pelo Banco Central do Brasil,
até 250 mil reais por CPF/conta ou conglomerado
do estado de insolvência de instituição associada
financeiro, entretanto para o DPGE – Depósitos a Pra-
que, nos termos da legislação em vigor, não estiver
zo com Garantia Especial do FGC – a garantia é de até
sujeita aos regimes referidos no item anterior.
40 milhões de reais, o que o torna especial. Vale des-
Integra também o objeto do FGC, consideradas tacar que nesta modalidade de investimentos não se
as finalidades de contribuir para a manutenção da admite conta conjunta, mas apenas individual, desta
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e pre- forma não há de se falar em dividir os 40 milhões para
venção de crise sistêmica bancária, a contratação de 2 ou mais pessoas na mesma conta.
operações de assistência ou de suporte financeiro, Essa modalidade de depósitos exige valor míni-
incluindo operações de liquidez com as instituições mo inicial de 1 milhão de reais e prazo mínimo de 12
associadas, diretamente ou por intermédio de empre- meses e máximo de 24 meses.
sas por estas indicadas, inclusive com seus acionistas Algumas mudanças que ocorreram no FGC em
controladores. 2017.
z Depósitos à vista (contas correntes) vas singulares de crédito do Brasil e os bancos coo-
z Depósitos de poupança; perativos integrantes do Sistema Nacional de Crédito
z Depósitos a prazo CDB e RDB; Cooperativo (SNCC).
z Depósitos mantidos em contas não movimentáveis
De acordo com seu estatuto, o FGCoop tem por
por cheques destinadas a salários;
objetivo prestar garantia de créditos nos casos de
z Letras de câmbio;
decretação de intervenção ou de liquidação extraju-
z Letras hipotecárias;
z Letras de crédito imobiliário; dicial de instituição associada, até o limite de R$250
z Letras de crédito do agronegócio (LCA); mil reais por pessoa, bem como contratar operações
z Operações compromissadas que têm como objeti- de assistência, de suporte financeiro e de liquidez com
vo títulos emitidos após 8 de março de 2012 por essas instituições.
empresa ligada. A contribuição mensal ordinária das instituições
associadas ao Fundo será de 0,01% dos saldos das
Para que o fundo possua recursos, são necessárias obrigações garantidas, que abrangem as mesmas
contribuições MENSAIS das instituições que fizeram modalidades protegidas pelo Fundo Garantidor de
adesão ao FGC. Créditos dos bancos, o FGC. 135
Importante!
As Cooperativas de Crédito e os Bancos Cooperativos não fazem mais parte do FGC, apenas fazem parte do
FGCOOP. O FGCOOP (Fundo Garantidor do Cooperativismo) que tem as mesmas coberturas do FGC, mesmos
critérios e mesmos objetivos.
O mercado de capitais abrange, ainda, as negociações com direitos e recibos de subscrição de valores mobiliá-
rios, certificados de depósitos de ações e demais derivados autorizados à negociação pela CVM.
Esses títulos são papéis que valem dinheiro, ou seja, são uma forma de uma empresa ou companhia arrecadar
dinheiro, na forma de aquisição de novos sócios ou credores. Isso decorre do fato de que, muitas vezes, arrecadar
dinheiro através da emissão de títulos é mais barato para a empresa do que contratar empréstimos em institui-
ções financeiras.
EMPRESAS E COMPANHIAS
As Companhias são as empresas que são emissoras dos papéis negociados no mercado de capitais. Essas
empresas têm um objetivo em comum: captar recursos em larga escala e de forma mais lucrativa. Para que isso
ocorra, as empresas devem solicitar à CVM autorização para emitir e comercializar seus papéis.
Essas empresas são chamadas Sociedades Anônimas ou, simplesmente, S/A. Ao adotarem esse tipo de consti-
tuição, elas passam a ter uma quantidade de sócios maior do que teriam se fossem empresas de responsabilidade
limitada – LTDA, por exemplo.
Estas S/As podem ser constituídas de forma aberta ou fechada. Vejamos as diferenças:
As S/A abertas admitem negociação dos seus títulos nos mercados abertos, como Bolsa e Balcão Organizado;
já as fechadas só podem ter seus papéis negociados restritamente entre pessoas da própria empresa ou próximas
136 à empresa.
COMPANHIAS
Abertas Fechadas
Características
Atuam nas bolsas de valores ou mercados de bal- Nº de cotistas limitados a 20 patrimônio pequeno não operam em
cão organizados bolsas de valores ou balcões organizados
NEGOCIAÇÕES DE PAPÉIS
Para as Companhias Abertas, que admitem negociação de seus papéis no mercado público, há distribuição em
dois tipos de mercados: o primário e o secundário.
Oferta pública de distribuição, primária ou secundária, é o processo de colocação, junto ao público, de certo
número de títulos e valores mobiliários para venda. Envolve desde o levantamento das intenções do mercado
em relação aos valores mobiliários ofertados até a efetiva colocação junto ao público, incluindo a divulgação de
informações, o período de subscrição, entre outras etapas.
As ofertas podem ser primárias ou secundárias. Quando a empresa vende novos títulos e os recursos dessas
vendas vão para o caixa da empresa, as ofertas são chamadas de primárias.
Por outro lado, quando não envolvem a emissão de novos títulos, caracterizando apenas a venda de ações já
existentes – em geral dos sócios que querem “desinvestir” ou reduzir a sua participação no negócio – e os recursos
vão para os vendedores e não para o caixa da empresa, a oferta é conhecida como secundária (block trade).
Além disso, quando a empresa está realizando a sua primeira oferta pública, ou seja, quando está abrindo
o seu capital, a oferta recebe o nome de oferta pública inicial ou IPO (do termo em inglês, Inicial Public Offer).
Quando a empresa já tem o capital aberto e já realizou a sua primeira oferta, as emissões seguintes são conhe-
cidas como ofertas subsequentes ou, no termo em inglês, follow on.
z Mercado Primário
Oferta Pública Inicial – IPO (títulos novos);
Sensibilizam o caixa da empresa;
Pode ter valor nominal ou valor de mercado.
z Mercado Secundário
Negociação dos títulos já emitidos anteriormente;
Não sensibiliza o caixa da empresa;
Os papéis terão seu valor apenas pelo valor de mercado.
A Lei 6385/1976, que disciplina o mercado de capitais, estabelece que nenhuma emissão pública de valores
mobiliários poderá ser distribuída no mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários, apesar
de lhe conceder a prerrogativa de dispensar o registro em determinados casos, e delega competência para a CVM
disciplinar as emissões.
Além disso, exemplifica algumas situações que caracterizam a oferta como pública, por exemplo: a utilização
de listas ou boletins, folhetos, prospectos ou anúncios destinados ao público; a negociação feita em loja, escritório
ou estabelecimento aberto ao público, entre outros.
Em regra, toda oferta pública deve ser registrada na CVM. Porém, o registro poderá ser dispensado consi-
derando as características específicas da oferta em questão, como, por exemplo, a oferta pública de valores
mobiliários de emissão de empresas de pequeno porte e de microempresas, assim definidas em lei, que são
dispensadas automaticamente do registro para ofertas de até R$ 2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil
reais) em cada período de 12 meses, desde que observadas as condições estabelecidas nos §§ 4º ao 8º, do art. 5º,
da instrução CVM 400/03.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
As ofertas públicas devem ser realizadas por intermédio de instituições integrantes do sistema de distribui-
ção de valores mobiliários, como os bancos de investimento, corretoras ou distribuidoras. Essas instituições
poderão se organizar em consórcios com o fim específico de distribuir os valores mobiliários no mercado e/ou
garantir a subscrição da emissão, sempre sob a organização de uma instituição líder, que assume responsabi-
lidades específicas. Para participar de uma oferta pública, o investidor precisa ser cadastrado em uma dessas
instituições.
Essas instituições integrantes do Sistema de Distribuição de Valores Mobiliários são os chamados agentes subs-
critores ou agentes underwhiters. Esses agentes realizam a subscrição dos títulos, ou seja, assinam embaixo
atestando a procedência dos papéis, por isso o nome underwhiting.
Esse evento pode ser dividido em 3 tipos:
Espécies de Ações
As ações podem ser de diferentes espécies, conforme os direitos que concedem a seus acionistas. O Estatuto
Social das Companhias, que é um conjunto de regras que deve ser cumprido pelos administradores e acionistas,
define as características de cada espécie de ações, que podem ser:
Sua principal característica é conferir ao seu titular o direito a voto nas Assembleias de acionistas;
Normalmente, o Estatuto retira dessa espécie de ação o direito de voto. Em contrapartida, concede outras
vantagens, tais como prioridade na distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, podendo, ainda,
possuir prioridades específicas se admitidas à negociação no mercado.
As ações preferenciais podem ser divididas em classes, tais como, classe “A”, “B” etc. Os direitos de cada classe
constam do Estatuto Social.
As ações preferenciais têm o direito de receber dividendos ao menos 10% a mais que as ordinárias. Vale
observar que, em regra, elas não possuem direito a voto ou, quando o tem, ele é restrito. Isso porque existem dois
casos em que as ações preferenciais adquirem direito a voto temporário, quais sejam:
z Quanto ao valor:
z Quanto à forma:
Obs.: ações ao portador não são mais permitidas no Brasil desde 1999, pois eram alvo de muita lavagem de
dinheiro.
Importante!
Termo que pode aparecer na prova:
� Blue Chips: Ações de primeira linha, de grandes empresas e, por isso, possuem muita segurança e tradição.
São ações usadas como referência para índices econômicos.
140
z Quanto à remuneração das ações: aos acionistas o valor acumulado na conta de
Reservas, poderá fazê-lo na forma de Bonifica-
Elas podem ser remuneradas de quatro formas: ção, podendo efetuar o pagamento em espécie
ou com a distribuição de novas ações. É impor-
Dividendos: compreendem a parcela do lucro tante destacar que, atualmente, as empresas
líquido que, após a aprovação da Assembleia não mais distribuem bonificação na forma de
Geral Ordinária, será alocada aos acionistas da dinheiro, pois preferem fidelizar ainda mais os
companhia. O montante dos dividendos deve- sócios, dando-lhes mais ações.
rá ser dividido entre as ações existentes, para Ações Preferenciais e Distribuição de Dividendos
sabermos quanto será devido aos acionistas a
cada ação por eles detida. A Lei das S.A. permite que uma sociedade emita ações
preferenciais, que podem ter seu direito de voto suprimi-
Para garantir a efetividade do direito do acionista do ou restrito por disposição do estatuto social da compa-
ao recebimento de dividendos, a Lei das S.A. prevê o nhia. Em contrapartida, tais ações deverão receber uma
sistema do dividendo obrigatório, de acordo com o vantagem econômica em relação às ações ordinárias.
qual as companhias são obrigadas a, havendo lucro, Além disso, a Lei permite que as companhias aber-
destinar parte dele aos acionistas a título de divi- tas tenham várias classes de ações preferenciais, que
dendo. Porém, a referida Lei confere às companhias conferirão a seus titulares vantagens diferentes entre
liberdade para estabelecer, em seus estatutos sociais, si. Nesse caso, os titulares de tais ações poderão com-
o percentual do lucro líquido do exercício, que deverá parecer às Assembleias Gerais da companhia, bem
ser distribuído anualmente aos acionistas, desde que como opinar sobre as matérias objetos de deliberação,
o faça com “precisão e minúcia” e não sujeite a deter- mas não poderão votar.
minação do seu valor ao exclusivo arbítrio de seus As vantagens econômicas a serem conferidas às
administradores e acionistas controladores. ações preferenciais em troca dos direitos políticos
suprimidos, conforme dispõe a Lei, poderão consistir
Caso o Estatuto seja omisso, os acionistas terão
em prioridade de distribuição de dividendo, fixo ou
direito a recebimento do dividendo obrigatório
mínimo, prioridade no reembolso do capital, com prê-
equivalente a 50% do lucro líquido ajustado nos ter-
mio ou sem ele, ou a cumulação dessas vantagens (art.
mos do art. 202, da Lei das S.A;
17, caput e incisos I a III, da Lei das S.A.).
Dividendos fixos são aqueles cujo valor se encon-
Ganhos de Capital: Ocorrem quando um inves- tra devidamente quantificado no Estatuto, seja em
tidor compra uma ação por um preço baixo e montante certo em moeda corrente, seja em percen-
vende a mesma ação por um preço mais alto, ou tual certo do capital, do valor nominal da ação ou,
seja, realiza um ganho; ainda, do valor do patrimônio líquido da ação. Nessa
Bônus de Subscrição: Quando alguém adquire hipótese, tem o acionista direito apenas a tal valor, ou
ações, passa a ser titular de uma fração do capi- seja, uma vez atingido o montante determinado no
tal social de uma companhia. Todavia, quando o Estatuto, as ações preferenciais com direito ao divi-
capital é aumentado e novas ações são emitidas, dendo fixo não participam dos lucros remanescentes,
as ações até então detidas por tal acionista pas- que serão distribuídos entre ações ordinárias e prefe-
sam a representar uma fração menor do capital, renciais de outras classes se houver.
ainda que o valor em moeda seja o mesmo. Dividendo mínimo é aquele também previamen-
te quantificado no Estatuto, seja com base em montan-
Para evitar que ocorra essa diminuição na partici- te certo em moeda corrente, seja em percentual certo
pação percentual detida pelo acionista no capital da do capital, do valor nominal da ação ou, ainda, do
companhia, a Lei assegura a todos os acionistas, como valor do patrimônio líquido da ação. Porém, ao con-
um direito essencial, a preferência na subscrição trário das ações com dividendo fixo, as que fazem jus
das novas ações que vierem a ser emitidas em um ao dividendo mínimo participam dos lucros remanes-
aumento de capital (art. 109, inciso IV, da Lei das S.A.), centes após assegurado às ordinárias dividendo igual
na proporção de sua participação no capital, anterior- ao mínimo. Assim, após a distribuição do dividendo
mente ao aumento proposto. mínimo às ações preferenciais, às ações ordinárias
Da mesma forma, os acionistas também terão caberá igual valor. O remanescente do lucro distribuí-
direito de preferência nos casos de emissão de títu- do será partilhado entre ambas as espécies de ações
los conversíveis em ações, tais como debêntures em igualdade de condições.
conversíveis e bônus de subscrição.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Com relação aos direitos dos acionistas, existem algumas situações que as bancas de concursos gostam de
cobrar em prova e, por isso são importantes.
Quando a empresa realiza Sobra no Caixa, ou seja, Lucro, ela pode comprar ações de acionistas minoritários,
pois, assim, concentrará mais o valor das ações. A esse evento chamamos de amortização de ações. O persona-
gem que mais ganha nessa história é o Controlador, pois, como ele detém 51% das ações, seu poder ficará maior,
já que o número de acionistas ou de ações diminui, aumentando seu percentual.
A CVM, vendo esse aumento de poder do controlador, baixou a Instrução Normativa nº 10, que, em outras
palavras, diz que a recompra de ações, uma vez feita, finda por aumentar o poder do controlador da empresa.
Entretanto, essas ações que foram recompradas devem permanecer em tesouraria por, no máximo, 90 dias e,
depois, devem ser revendidas ou canceladas.
Ou seja, a CVM está limitando esse aumento de poder do controlador, para evitar que os acionistas mino-
ritários percam sua participação na administração da empresa.
Quanto à mudança de controlador – o acionista majoritário, que detém 51% das ações – a CVM também edita
norma que regula essa troca, para evitar prejuízos aos acionistas minoritários. É a IN CVM 400 que diz que, para a
troca do controlador, o novo controlador deve garantir que, caso queira fechar o capital da S/A, deverá comprar
as ações dos minoritários por, ao menos, 80% do valor pago pelas ações do controlador anterior. Fazendo
isso, a CVM garante que os acionistas minoritários não terão prejuízos, pois o novo controlador poderia comprar
as ações a um preço bem mais baixo do que pagou pelas do controlador anterior. É preciso dizer que, para que
isso ocorra, deve haver uma concordância mínima entre os acionistas gerais. A esse princípio chamamos de
tag along.
Existem, ainda, manobras que o mercado de capitais faz, as quais geram impacto sobre o valor das ações no
mercado e sua capacidade de comercialização. Vejamos:
z Desdobramento ou Split
É uma estratégia utilizada pelas empresas com o principal objetivo de melhorar a liquidez de suas ações.
Acontece quando as cotações estão muito elevadas, o que dificulta a entrada de novos investidores no mercado.
Imagine que uma ação é cotada ao valor de R$ 150, com lote padrão de 100 ações. Para comprar um lote des-
sas ações, o investidor teria que desembolsar R$ 15.000, que é uma quantia considerável para a maior parte dos
investidores (pessoa física).
Desdobrando suas ações na razão de 1 para 3, cada ação dessa empresa seria multiplicada por 3. Assim, quem
possuísse 100 ações, passaria a possuir 300 ações. O valor da cotação seria dividido por 3, ou seja, passaria de R$
150 para R$ 50.
Na prática, o desdobramento de ações não altera, de forma alguma, o valor do investimento ou o valor da
empresa. É apenas uma operação de multiplicação de ações e divisão dos preços, para aumentar a liquidez das
ações. Agora, depois do desdobramento, o investidor que quisesse adquirir um lote de ações da empresa, gastaria
apenas R$ 5.000. Note que o investidor que possuía 100 ações cotadas a R$ 150, com um valor total de R$ 15.000,
ainda possui os mesmos R$ 15.000, porém distribuídos em 300 ações cotadas a R$ 50.
Com as ações mais baratas, mais investidores se interessam em comprá-las. Isso pode fazer com que as cota-
ções subam em curto prazo, devido à maior entrada de investidores no mercado, porém não há como prever se
isso irá ou não acontecer. A companhia também pode utilizar os desdobramentos como parte de sua estratégia de
governança corporativa, para mostrar atenção e facilitar a entrada de novos acionistas minoritários.
Os desdobramentos podem acontecer em qualquer razão. No entanto, as mais comuns são de 1 para 2, de 1
para 3 e de 1 para 4 ações.
z Grupamento ou Inplit
Exatamente oposto ao desdobramento, o grupamento serve para melhorar a liquidez e os preços das ações
quando estão cotadas a preços muito baixos no mercado.
Imagine uma empresa com ações cotadas na bolsa a R$ 10, com lote padrão de 100 ações. A empresa julga,
baseada em seu histórico e seu posicionamento estratégico, que suas ações estão cotadas por um valor muito bai-
xo no mercado e aprova, em assembleia geral, que fará um grupamento na razão de 5 para 1. Ou seja, cada cinco
ações passarão a ser apenas uma ação e os preços serão multiplicados por 5.
Antes do grupamento, o investidor que possuísse 100 ações cotadas a R$ 10 teria o valor total de R$ 1.000. Após
o grupamento, o mesmo investidor passaria a ter 20 ações (100/5) cotadas a R$ 50, ou seja, continuaria possuindo
os mesmos R$ 1.000 investidos. O grupamento, assim como o desdobramento, não altera em absolutamente nada
o valor do investimento.
Um dos objetivos do grupamento de ações é tentar diminuir a volatilidade dos ativos. Assim, R$ 1,00 de varia-
ção em um ativo cotado a R$ 10,00 significa 10% de variação. Já em um ativo cotado a R$ 50,00, representa apenas
2%. É importante ressaltar que nada garante se isso irá ou não acontecer.
Outro objetivo do grupamento pode estar atrelado ao planejamento estratégico da companhia e a suas práticas
de governança corporativa. As cotações de suas ações podem estar intimamente ligadas à percepção de valor da
142 empresa por parte dos investidores.
DESDOBRAMENTO OU SPLIT GRUPAMENTO OU INPLIT
O mercado à vista de ações é aquele no qual ocorrem as negociações deste papel de forma imediata, ou seja,
nele, você pode comprar e vender uma ação no mesmo dia. O comprador realiza o pagamento (liquidação
financeira) e o vendedor entrega as ações objeto da transação (liquidação física) em D+2 (dois dias) – liqui-
dação física e financeira –, ou seja, no segundo dia útil após a realização do negócio. Nesse mercado, os preços
são formados em pregão em negociações realizadas no sistema eletrônico de negociação.
No mercado à vista de ações, temos:
Hoje, o mercado à vista de ações é coordenado pela B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Dentro dele, temos a compra
e venda de ações quase que instantaneamente, pois é nele que ocorrem as negociações diárias do mercado de
capitais.
Durante o dia, temos o pregão que, atualmente, é eletrônico, funcionando das 10h às 18h. Ele nada mais é do
que a B3 coordenando a compra e venda dessas ações.
Após seu fechamento, que ocorre às 18h, não se pode mais realizar nenhuma transação no ambiente.
Importante!
Até 2019, existia o After Market, que era um curto espaço de tempo em que os investidores poderiam realizar
negociações fora do horário regular da Bolsa. Todavia, com a modificação do horário de fechamento para
18h, em 2020, o After Market foi extinto.
Quando funcionava, o After Market era uma reabertura para que as pessoas que não pudessem negociar no
mercado no horário regular conseguissem participar, assegurando práticas equitativas ao mercado. Das 17h30
às 17h45, ocorria a pré-abertura desse mercado, no qual só podiam ser canceladas operações feitas no horário
normal. Das 17h45 às 18h, podiam ser feitas transações no mercado, mas somente com papéis que já haviam
sido comercializados no dia, então não se podia lançar títulos novos no After Market.
Existia, ainda, um limite máximo e mínimo para as operações – 2% para mais ou para menos, além de limite
de valor. Nele, eram executadas ordens simples tais como compra e venda, execução ou cancelamento de compra
ou venda, além de dar ordem a mercado.
As ordens podiam ser dadas:
z A Mercado: quando especifica a quantidade e as características do que vai ser comprado ou vendido (exe-
cutar na hora);
z Limitada: executar a preço igual ou melhor do que o especificado;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
z Administrada: a mesma a mercado, mas, nesse caso, fica a critério da intermediadora decidir o melhor
momento;
z ON-STOP: define o nível de preço a partir do qual a ordem deve ser executada;
z Casada: ordem de venda de um e compra do outro (ambas executadas ao mesmo tempo).
DÁ A ORDEM
� Investidor
EXECUTA A ORDEM
� CTVM
� DTVM
� Banco de Investimentos
143
REALIZA A ORDEM
� After Market
� Sistema de negociação eletrônico
As ordens diurnas que estivessem no sistema pendentes, sujeitavam-se aos limites de negociação do After
Market. O sistema rejeitava ordens de compra superiores ao limite e ordens de venda a preço inferior ao limite.
A variação permitida era de 2% para mais ou para menos, além de ter um limite de operações de R$ 100 mil por
investidor (já somado ao que ele havia feito no pregão regular).
Os negócios feitos na B3 devem ser divulgados em D+1. A liquidação física das compras e vendas de ações
deve ser até D+2, a qual ocorre quando o vendedor entrega as ações à Câmara de liquidação de ações.
A liquidação financeira das ações compradas ou vendidas é, também, em D+2. Esta ocorre quando é feito o
débito na conta do comprador e, ao mesmo tempo, é entregue a ação fisicamente ao comprador.
São valores mobiliários representativos de dívida de médio e longo prazo, que asseguram a seus detentores
(debenturistas) o direito de crédito contra a companhia emissora. Essa companhia emissora pode ser uma S/A
aberta ou fechada, mas somente as abertas podem negociar suas debêntures no mercado das bolsas ou bal-
cão, pois nas fechadas, as debêntures nem precisam de registro na CVM, pois é algo fechado, restrito. Lembre-
-se de que, para operar na Bolsa ou no Mercado de Balcão, as coisas precisam vir a público. Então, uma empresa
fechada não tem vontade de vir a público, somente as abertas.
Até agora, você já sabe que existem duas pessoas nesse processo de debêntures.
Vejamos:
Agente underwritter
Para essa debênture ter validade, ela precisa apresentar alguns requisitos legais, pois, acima de tudo, se trata
de um contrato e, como tal, precisa de algumas especificações. Vejamos quais são elas:
Real: a mais valiosa, pois a garantia existe fisicamente (hipoteca, penhor, caução, bens determinados);
Flutuante: não existe um bem específico; a garantia é uma parte do patrimônio da empresa (até 70% do
valor do capital social);
Quirografária: nenhuma garantia ou privilégio (a garantia em caso de falência será o que sobrar e se
sobrar alguma coisa);
Subordinada: em caso de falência, oferece preferência apenas sobre o crédito dos acionistas.
Agora, você já sabe o que é necessário para fazer uma debênture, quem pode emitir e quais as garantias que
podem ser usadas ou não. Porém, de que forma é possível materializar, ou seja, transformar essa debênture
em algo que se possa ver? Existem duas formas para isso. Vejamos o esquema a seguir:
z Nominativas
Título físico;
144 Registrado na CETIP;
Emite o certificado; z Proteção do debenturista;
Registro no Livro de Registro de Debêntures z Executar garantias reais da emissora;
Nominativas. z Requerer falência da emissora.
z Execução ativa ou passiva de ordem de pagamento Neste sentido, pode-se dizer que qualquer pessoa
relativa à transferência unilateral (ex.: manuten- física ou jurídica pode comprar e vender moeda
ção de residentes, transferência de patrimônio, estrangeira desde que a outra parte na operação de
prêmios em eventos culturais e esportivos) do ou câmbio seja agente autorizado pelo Banco Central a
para o exterior, limitada ao valor equivalente a operar no Mercado de Câmbio (ou seu corresponden-
U$$ 3 mil dólares dos Estados Unidos, em espé- te para tais operações) e que seja observada a regu-
cie e 1 mil dólares por operação; lamentação em vigor, incluindo a necessidade de
z Compra e venda de moeda estrangeira em espécie, identificação em todas as operações.
cheque ou cheque de viagem, bem como carga de É dispensado o respaldo documental das opera-
moeda estrangeira em cartão pré-pago, limitada ao ções de valor até o equivalente a US$ 10 mil, preser-
valor equivalente a US$ 3 mil dólares dos Estados vando-se, no entanto, a necessidade de identificação
Unidos, por operação e em espécie 1 mil dólares;
do cliente.
z Recepção e encaminhamento de propostas de
operações de câmbio. REGIMES DE TAXAS DE CÂMBIO FIXAS,
FLUTUANTES E REGIMES INTERMEDIÁRIOS
A ECT – Empresa de Correios e Telégrafos do Bra-
sil – também é autorizada pelo Banco Central a rea-
Uma Banda Cambial é a forma como um país defi-
lizar operações com vales postais internacionais,
ne suas taxas de câmbio, quer sejam fixas ou livres,
emissivos e receptivos, destinadas a atender compro-
ou, até mesmo, flutuantes. Até 2005, existiam duas
missos diversos, tais como: manutenção de pessoas
físicas, contribuições previdenciárias, aposentadorias bandas cambiais, a Livre e a Flutuante. A primeira,
e pensões, aquisição de medicamentos para uso parti- por exemplo, vinha dos empréstimos e envios de
cular, pagamento de aluguel de veículos, multas, doa- dinheiro do Brasil para fora e vice-versa.
ções. Por meio dos vales postais internacionais, a ECT No entanto, operar com duas bandas cambiais era
também pode dar curso a recebimentos ou pagamen- muito burocrático, pois cada uma tinha suas especi-
tos conduzidos sob a sistemática de câmbio simplifi- ficações. Então, em 2005, ficou instituída, no Brasil, a
cado de exportação ou de importação, observado o banda cambial, que foi resultante da junção das ban-
limite de US$ 50 mil, ou seu equivalente em outras das Livre e Flutuante. Aqui, vale lembrar que, como
moedas, por operação. o Governo intervém indiretamente no mercado, com-
prando e vendendo moeda, essa flutuação recebeu o
� Memorize os limites elencados pelo resumo a nome de flutuação suja.
seguir:
As Operações no Mercado de Câmbio
CTVM, DTVM e Corretoras de Câmbio: 300 mil As operações mais comuns são:
dólares por operação;
Empresa de Correios e Telégrafos: 50 mil dóla- z Compra e Venda de moeda estrangeira;
res por operação; z Arbitragem (operação em que há a compra de
Correspondentes Bancários e Agências de moeda estrangeira com outra moeda estrangeira);
Turismo ainda em operação: 1 mil dólares por z Exportação e Importação.
operação – em contrapartida, em espécie – e 3
mil dólares em operações escriturais (Resolu- Como se Efetivam as Trocas de Moedas?
ção nº 4.811/20).
As trocas de moedas podem ser:
Contrato de câmbio é o documento que forma- Após o embarque dos bens, o exportador entrega
liza a operação de compra ou de venda de moeda os documentos da exportação e as cambiais (saques)
estrangeira. da operação ao banco e celebra um contrato de câm-
Nele, são estabelecidas as características e as condi- bio para liquidação futura. Então, o exportador pede
ções sob as quais se realiza a operação de câmbio, reve- ao banco o adiantamento do valor, em reais, corres-
lando informações relativas à moeda estrangeira que pondente ao contrato de câmbio. Assim, além de obter
um cliente está comprando ou vendendo, à taxa contra-
um financiamento competitivo para conceder prazo
tada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos
de pagamento ao importador, o exportador também
nomes do comprador e do vendedor. Os contratos de
fixa a taxa de câmbio da sua operação.
câmbio devem ser registrados no Sistema Câmbio pelo
agente autorizado a operar no mercado de câmbio. O ACE pode ser contratado com prazo de até 390
Nas operações de compra ou de venda de moeda dias após o embarque da mercadoria. A liquidação
estrangeira de até US$ 10 mil, ou seu equivalente em da operação ocorre com o recebimento do pagamen-
outras moedas estrangeiras, não é obrigatória a for- to efetuado pelo importador, acompanhado do paga-
malização do contrato de câmbio. O agente do merca- mento dos juros devidos pelo exportador.
do de câmbio deve identificar seu cliente e registrar a
operação no Sistema Câmbio.
ACC ACE
O Contrato de Câmbio deve conter alguns requisitos Adiantamento Sob Contrato Adiantamento Sob Contrato
legais para ter validade, devendo ser registrado no de Câmbio de Exportação
SISBACEN, constando:
A posição de câmbio comprada é o saldo em moe- Crédito é todo ato de vontade ou disposição de
da estrangeira registrado em nome de uma instituição alguém de destacar ou ceder, temporariamen-
autorizada que tenha efetuado compras, prontas ou te, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a
para liquidação futura, de moeda estrangeira, de títu- expectativa de que esta parcela volte a sua posse
los e documentos que as representem e de ouro-ins- integralmente, após decorrido o tempo estipula-
trumento cambial em valores superiores às vendas. do. (Wolfgang Kurt Schrickel) 149
Em outras palavras: “crédito é a expectativa gera- Regra geral, a taxa de juro pode ser fixa ou variá-
da através da disponibilidade de uma quantia em vel sendo que a primeira permite maiores níveis de
dinheiro para uma pessoa, dentro de um espaço de segurança para o consumidor, pois permite saber
tempo limitado”. antecipadamente o valor de todos os reembolsos. Já a
Para uma instituição financeira, a palavra crédito segunda reflete a evolução do mercado, sendo que, o
é sinônima de confiança. A atividade bancária funda- consumidor terá ganhos, se a variação for para menos
menta-se nesse princípio, que envolve a instituição e terá gastos adicionais se a variação for para mais.
propriamente dita, seu universo de clientes, empre- De igual modo, a finalidade e garantia associada
gados e o público em geral. Afinal, confiança é um ao pedido de crédito define o prêmio ou juros que
sentimento, uma convicção que se constrói ao longo terá de suportar, pois, considera-se que o crédito ao
do tempo, através de acontecimentos e experiências consumo ou crédito de consumo, como os cartões de
reais, da lisura, probidade, pontualidade, honestidade crédito ou crédito pessoal, possuem maiores taxas de
de propósitos, cumprimento de regulamentos e com- juro que os créditos hipotecários para compra de casa,
promissos assumidos. denominados créditos habitacionais.
O banco, no exercício da sua função principal, que Assim sendo, o prêmio ou os juros surgem como
é a de intermediar recursos de terceiros, promover a as variáveis determinantes do valor do dinheiro no
captação de riquezas e poupanças, apoia-se nos prin- tempo, pois permite atualizar e compensar as Enti-
cípios da segurança e confiança para consolidação de dades financiadoras do custo em conceder o crédito
um relacionamento construtivo. em detrimento de outras opções de investimento.
São 3 os elementos fundamentais do crédito, O prêmio ou juros está igualmente condicionado
sendo eles: Montante; Prazo e Prêmio ou Juros. à finalidade e garantia da operação, pois este será tão
elevado quanto menor a importância da necessidade,
z Montante (é a “bufunfa” de fato, é o R$ que a ins- menor o valor da garantia ou maior nível de risco da
tituição vai liberar para você) operação.
É da conjugação destes três elementos que surge a
É o capital ou dinheiro do crédito. É o valor que prestação do crédito, pois esta é a junção do capital,
irá receber emprestado para a satisfação das suas prazo e os juros.
necessidades que, posteriormente, terá que devolver A prestação terá maior ou menor valor a depender
à Entidade Financiadora, o banco. da taxa de juros e o tempo do empréstimo, mantendo-
No entanto, são as necessidades ou finalidades -se o capital constante.
que determinam o montante do crédito, pois, não Em outras palavras, o reembolso do montante
é aceitável, solicitar um crédito de montante elevado financiado pode ser efetuado mediante o pagamento
para comprar um carro. de prestações que serão determinadas em função do
É igualmente aceitável que o risco que a Entidade tempo e do prazo.
Financeira está disposta a correr pela concessão de Fonte: http://www.artigonal.com/credito-artigos/3-elementos-
determinado montante seja condicionado a um cola- fundamentais-do-credito-3840068.html
teral ou garantia que lhe proporcionará a segurança
ou conforto para disponibilização desse montante. Tendo por base a confiança, a concessão de crédito
Assim sendo, o montante, de grosso modo, está con- também é baseada em dois elementos fundamentais:
dicionado pela finalidade, risco e garantias associadas.
z A vontade do devedor de liquidar suas obrigações
z Prazo (é o tempo para devolver o dinheiro ao
dentro das normas contratuais estabelecidas;
banco acrescido dos juros da operação)
z A habilidade do devedor de assim fazê-lo, ou seja,
Período no qual o montante terá que ser resti- de pagar.
tuído à Entidade Financeira, este varia de acordo
com as preferências e necessidades subjacentes ao A vontade de pagar pode ser colocada sob o título
pedido de crédito. A título de exemplo, não é conside- Caráter, enquanto que a habilidade para pagar pode
rado correto, proporcionar um crédito para comprar ser nominada tanto como Capacidade, quanto como
carro com um prazo demasiado alargado, pois se con- Capital e Condições.
sidera que o prazo de 4 a 6 anos é um período aceitá-
vel para este tipo de crédito. PRINCIPAIS MODALIDADES DE CRÉDITO
De igual modo, a garantia do crédito surge nova-
mente como variável determinante na definição Para nossa prova consideramos mercado de crédito
do prazo do empréstimo, pois, oferece-se como cola- tudo relacionado a crédito, entretanto vamos salientar
teral o penhor de um depósito a prazo, então pode- os tipos que nossa banca mais gosta de cobrar. Lem-
rá negociar o prazo do seu crédito permitindo maior brando que quando uma instituição financeira está
flexibilidade. liberando recursos, ela se encontra na posição Ativa,
Assim sendo, o prazo apresenta-se flexível e rela- ou seja, está liberando dinheiro para um deficitário e
ciona-se com a finalidade do crédito e a garantia este deficitário deverá devolver o recurso ao banco,
associada. acrescentando uma taxa de juros pactuada entre as
partes. As principais operações ativas são:
z Prêmio ou Juros (é o famoso pagamento que
você dá à instituição para ela te emprestar o
dinheiro) z O CDC – Crédito Direto ao Consumidor
Surge como compensação pela antecipação do Esta modalidade de crédito é a mais comum, pois é
montante necessário para a satisfação das necessidades direcionada para diversas áreas, como: Automático,
de consumo ou bem-estar. Do ponto de vista das Entida- Turismo, Salário/ Consignação (30% da renda, debi-
des Financiadoras ou Bancos é considerado o lucro, ou tado do contracheque) e o CDC para bens de consu-
150 a variável que carrega a parte dos lucros. mo duráveis: carros, motos etc.
Admite garantias reais ou fidejussórias, ou até Trata-se, na verdade, de um instrumento que dila-
mesmo sem garantias. Obs.: Existe ainda o CDC-I (Cré- ta o prazo de pagamento de compra sem envolver o
dito Direto ao Consumidor com Interveniência) que é vendedor (fornecedor).
realizado quando o vendedor é o fiador ou avalista do O título a pagar funciona como “lastro” para o
cliente na operação, ou seja, o banco fornece crédito banco financiar o cliente que irá lhe pagar em data
ao cliente, pois o vendedor está assumindo o risco da futura pré-combinada, acrescido de juros e IOF, sem
operação junto ao banco, para que este libere o recur- incidência imediata da CPMF no empréstimo. Como o
so parcelado ao cliente. Vendor, este produto também exige um contrato mãe
definido as condições básicas da operação que será
z Hot Money efetivada quando do envio ao banco dos contratos-fi-
lhos, com as planilhas dos dados dos pagamentos que
Inicialmente uma aplicação financeira de curto serão financiados.
prazo, com alta rentabilidade. Trazido para o Brasil,
ganhou fama por ser uma linha de crédito destinada z Adiantamentos ou Descontos
a Pessoas Jurídicas.
Prazo de 1 até 29 dias, mas normalmente se con- Consistem basicamente em adiantar ao cliente
trata por até 10 dias. ou credor, um valor referente a um crédito que este
Para sanar problemas momentâneos de fluxo de receberá somente em uma data futura. Logo, aquele
caixa. crédito já contará no caixa do cliente ou da empresa.
Adaptável às mudanças bruscas nas taxas de O banco, por não ser mãe do cliente, cobra uma taxa
juros por ter como principal característica o curto de juros, que dimunui do valor de face do título, ou
prazo. valor nominal.
Exemplo: Um cliente possui um título, que tem
z Vendor Finance valor de face, valor escrito, de R$ 1.000,00. De posse
desse título o cliente vai até o banco e solicita ao ban-
É uma operação de financiamento de vendas co que adiante a ele o valor referente àquele título. O
baseadas no princípio da cessão de crédito, que per- banco cobra uma taxa de juros que diminui do valor
mite a uma empresa vender seu produto a prazo e de face do título um determinado valor, exemplo: o
receber o pagamento à vista. banco irá cobrar R$200,00 pela antecipação. Logo, o
A operação de Vendor supõe que a empresa com- banco faz o crédito na conta do cliente no valor de
pradora seja cliente tradicional da vendedora, pois R$800,00. O banco fica com a custódia do papel, e
será esta que irá assumir o risco do negócio junto ao quando o devedor pagar o título, o banco ficará com
banco. o valor de R$1.000,00. Lucrando, assim, R$200,00 na
A empresa vendedora transfere seu crédito ao operação.
banco e este, em troca de uma taxa de intermediação, Esses títulos podem ser boleto, cartões de cré-
paga o vendedor à vista e financia o comprador. dito, cheques pré-datados, duplicatas e notas
A principal vantagem para a empresa vendedora é promissórias.
a de que, como a venda não é financiada diretamente Quando falamos de desconto de duplicatas, che-
por ela, a base de cálculo para a cobrança de impostos, ques ou notas promissórias, temos alguns detalhes:
comissões de vendas e royalties, no caso de licença de Caso os títulos não sejam pagos pelo devedor, o
fabricação, torna-se menor. banco tem direito de regresso contra o credor, ou
É uma modalidade de financiamento de vendas cedente. Ou seja, se o devedor não pagar o banco vai
para empresas na qual quem contrata o crédito é atrás do cliente (credor), para que este efetue o paga-
o vendedor do bem, mas quem paga o crédito é o mento ao banco.
comprador. Assim, as empresas vendedoras deixam
de financiar os clientes, elas próprias, e dessa forma z Leasing ou Arrendamento Mercantil – Principal
param de recorrer aos empréstimos de capital de giro produto das Sociedades de Arrendamento Mercan-
nos bancos ou aos seus recursos próprios para não se til (S.A.M), o leasing é um contrato denominado na
descapitalizarem e/ou pressionarem seu caixa. legislação brasileira como “arrendamento mer-
Como em todas as operações de crédito, ocorre a cantil”. As partes desse contrato são denominadas
incidência do IOF, sobre o valor do financiamento, “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam,
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
z A não incidência de IOF, e sim de ISS, o que torna a operação mais barata;
z A possibilidade, para as Pessoas Jurídicas, de deduzir do Imposto de Renda como despesa operacional as
parcelas do Leasing.
Como nos Empréstimos Normais é Possível Quitar o Leasing Antes do Prazo Definido no Contrato?
Sim. Caso a quitação seja realizada após os prazos mínimos previstos na legislação e na regulamentação (art.
8º do Regulamento anexo à Resolução CMN 2.309, de 1996), o contrato não perde as características de arrenda-
mento mercantil. Entretanto, caso realizada antes dos prazos mínimos estipulados, o contrato perde sua caracte-
rização legal de arrendamento mercantil e a operação passa a ser classificada como de compra e venda a prazo
(art. 10 do citado Regulamento).
Nesse caso, as partes devem arcar com as consequências legais e contratuais que essa descaracterização pode
acarretar.
Bem objeto do
leasing
Arrendatário
Arrendador (Banco)
(Cliente)
Proprietário
Usuário
Deve vender o
bem após o fim do
Pode optar por ficar
contrato caso o
com o bem no final
cliente não o adquira
no final
QUADRO RESUMO
Leasing financeiro Leasing operacional
2 anos para bens com vida útil < 5 anos
Prazo mínimo de duração do leasing 90 dias
3 anos para bens com vida útil > 5 anos
Valor residual garantido - VRG Permitido Não permitido
Pactuada no início do contrato, normalmente
Opção de compra Conforme valor de mercado
igual ao VRG
Por conta do arrendatário ou da
Manutenção do bem Por conta do arrendatário (cliente)
arrendadora
Total dos pagamentos, incluindo o VRG, deve- O somatório de todos os paga-
rá garantir à arrendadora o retorno financeiro mentos devidos no contrato não
Pagamentos
da aplicação, incluindo juros sobre o recurso poderá exceder 90% do valor do
empregado para a aquisição do bem bem arrendado
Valor pré-fixado no contrato para exercer a opção de compra (Fonte: Banco Central)
OBS. 1: Os bens que podem ser arrendados são móveis ou imóveis, nacionais ou estrangeiros. Para os estran-
geiros é necessário que estes estejam em uma lista elaborada pelo CMN.
OBS. 2: Sale and Leaseback (Apenas para bens Imóveis): tipo de Leasing em que o dono de um imóvel o
vende para uma Sociedade de Arrendamento, e no mesmo contrato a Sociedade de Arrendamento arrenda o bem
para o vendedor, entretanto esta modalidade só é possível no leasing financeiro e só para Pessoas Jurídicas.
OBS. 3: Os bens objetos de arrendamento mercantil – Leasing, não podem ser arrendados ao próprio fabricante do
bem, ou seja, por exemplo: A Embraer que fabrica aviões no Brasil, não pode arrendar seus aviões para si.
Consórcio
152
Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídi- Isso significa que, quanto mais alta a linha, mais
cas em grupo, com prazo de duração e número de cotas remuneração o mercado está exigindo para investir
previamente determinados, promovida por adminis- no Brasil. Por essa razão, momentos de incertezas
tradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a internas costumam elevar a curva. Além disso, quan-
seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de to mais à direita está um ponto da linha no gráfico,
bens ou serviços, por meio de autofinanciamento. maior o prazo a que ele se refere.
A administradora de consórcios é a pessoa jurídica
“A curva de juros é uma das formas de a gente
prestadora de serviços com objeto social principal volta-
compreender como os investidores estão enxergan-
do à administração de grupos de consórcio, constituída
sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima. do o risco de se investir no Brasil, considerando que,
A adesão de um consorciado a um grupo de con- quanto maior o prazo, maior o risco e maior vai ser a
sórcio se dá mediante assinatura de contrato de par- taxa exigida”, comenta Perez. “Por isso que, natural-
ticipação. Nesse contrato, devem estar previstos os mente, as taxas menores ficam em prazos mais curtos
direitos e os deveres das partes, tais como a descrição e vai crescendo até a parte mais longa da curva, que é
do bem a que o contrato está referenciado e seu res- onde observamos taxas e prazos mais altos.”
pectivo preço (que será adotado como referência para
o valor do crédito e para o cálculo das parcelas men- TAXAS DE JUROS NOMINAIS E REAIS
sais do consorciado). No contrato deve haver, ainda,
as condições para concorrer à contemplação por sor- Nominal ou Aparente
teio, bem como as regras da contemplação por lance.
O interesse do grupo de consórcio prevalece sobre As Taxas Aparentes, também chamadas de taxas
o interesse individual do consorciado. Os grupos de
nominais, são aquelas divulgadas pelo mercado. Ima-
consórcio caracterizam-se como sociedade não perso-
gine uma propaganda sobre uma aplicação financei-
nificada com patrimônio próprio, o qual não deve ser
confundido com o patrimônio dos demais grupos nem ra a respeito de um CDB com prazo de aplicação de
com o da administradora. 2 (dois) anos e rendimento de 10% ao bimestre, capi-
Contemplação no consórcio: talizados mensalmente. Esse período corresponde à
taxa aparente ou nominal. Note que se trata de uma
z A contemplação é atribuição de crédito ao consor- taxa de juros em que a unidade de tempo da taxa (ao
ciado para a aquisição de bem ou serviço; bimestre) não é coincidente com a unidade de tempo
z As contemplações podem ocorrer por meio de sor- do período de capitalização (mensal).
teios ou lances;
z A contemplação por lance somente pode ocorrer
depois de efetuadas as contemplações por sorteio Dica
ou se estas não forem realizadas por insuficiência Nas fórmulas matemáticas de Juros Compostos,
de recursos do grupo de consórcio; não se pode utilizar a Taxa Nominal ou Aparente.
z Uma vez contemplado, o consorciado terá a facul-
dade de escolher o fornecedor e o bem desde que
respeitada a categoria em que o contrato estiver Real
referenciado;
z O fato de a administradora eventualmente ser vin- A Taxa Real representa a remuneração do capital
culada a alguma concessionária, revendedora ou em unidades de poder aquisitivo, ou seja, ela repre-
montadora de bens não pode restringir a liberda- senta as taxas que despontam após ser efetuado o des-
de de escolha do consorciado. conto da inflação.
Para calcular a taxa real, usamos a fórmula:
O Banco Central (BC) é responsável pela normati-
zação, autorização, supervisão e controle das ativida- (1 + ia) = (1 + ir) + (1 + ii)
des do sistema de consórcios, com foco na eficiência e
solidez das administradoras e cumprimento da regu-
Onde,
lamentação específica.
As questões inerentes às relações de consumo
entre clientes e usuários das instituições financeiras z ia = taxa aparente
e das administradoras de consórcio estão sujeitas ao z ir = taxa real
Código de Defesa do Consumidor, cabendo aos órgãos z ii = inflação
integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consu-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
midor (SNDC) fazer a mediação dessas questões. Exemplo prático: Após 12 (doze) meses, um inves-
As administradoras de consórcio devem remeter tidor teve 25% de rendimento. Sabendo que, nesse
periodicamente ao BC informações contábeis e não- período, a inflação foi de 7%, calcule a taxa real do
-contábeis sobre as operações de consórcio. investimento.
Pode-se dizer, de maneira direta, que as garantias têm por objetivo dar maior segurança, maior proteção, às opera-
ções de crédito. A garantia é, portanto, algo acessório à obrigação principal, que é a obrigação de pagar do devedor.
Em regra, como toda garantia é acessória a uma obrigação principal, com a extinção da obrigação principal (ou
seja, com o pagamento da dívida), a garantia também se extingue, deixa de existir.
Aparentemente, pode parecer que essa “segurança” dada pela garantia, na realidade, só é vantajosa para quem
empresta. Para os tomadores de recursos, a exigência de garantia muitas vezes soa como uma dificuldade a mais na
obtenção de crédito. Entretanto, observando atentamente, você perceberá que a existência de uma garantia é vantajosa
para ambos os lados da operação.
Não há dúvidas de que para o credor (aquele que empresta recursos), a garantia significa uma maior probabilidade
de receber aquilo que lhe é devido. Afinal, a garantia ofertada pelo cliente em uma operação reduz o chamado risco de
crédito.
De acordo a Resolução CMN nº 4.557, de 2017, define-se o risco de crédito como a possibilidade de ocorrência de
perdas associadas a:
Art. 21 [...]
I - não cumprimento pela contraparte de suas obrigações nos termos pactuados;
II - desvalorização, redução de remunerações e ganhos esperados em instrumento financeiro decorrentes da deteriora-
ção da qualidade creditícia da contraparte, do interveniente ou do instrumento mitigador;
III - reestruturação de instrumentos financeiros; ou
IV - custos de recuperação de exposições caracterizadas como ativos problemáticos.
Em resumo, o risco de crédito é o risco que a instituição financeira tem de não receber, de que seu cliente fique
inadimplente.
As perdas com a inadimplência são um dos principais elementos na formação do custo do crédito. Quanto maior a
inadimplência de uma determinada linha de crédito, maior será a taxa de juros cobrada pela instituição financeira de
seus clientes.
Porém, diversos fatores podem potencializar ou mitigar o efeito da inadimplência sobre o custo do crédito; entre eles,
a existência de garantias oferecidas pelo tomador de crédito. As garantias estão diretamente relacionadas à capacidade
das instituições financeiras de recuperar a dívida não paga.
Entretanto, para o devedor (aquele que toma recursos emprestados) também há vantagens. Oferecer uma garantia
facilita o acesso ao crédito e torna esse crédito mais barato.
Quantas vezes você já viu reportagens sobre as absurdas taxas de juros cobradas pelos bancos? Diversas, com certeza.
E quais são sempre os exemplos citados? Certamente, os juros do cartão de crédito e os juros do cheque especial. Eis que
o motivo principal é o fato de que nessas operações não há garantias.
Por mais que também sejam altos, os juros do financiamento da casa própria ou do financiamento de veículos, por
exemplo, são muito menores.
O Banco Central lança regularmente um documento chamado “Relatório de Economia Bancária”. No relatório lan-
çado em meados de 2019, relativo ao ano de 2018, o Bacen analisou, dentre outros assuntos, a relação entre garantias e
taxas de juros das operações de crédito a pessoas físicas.
Foram encontradas evidências de que operações de crédito com garantias têm taxas de juros significativamente
menores. Adicionalmente, observou-se que, quanto maior a qualidade da garantia fornecida pelo tomador de crédito,
menor a taxa de juros cobrada.
Fonte: site do Banco Central.
Para melhor compreensão do tema, é interessante diferenciar as garantias pessoais ou fidejussórias das
garantias reais.
A garantia pessoal (ou fidejussória) é a garantia dada por uma terceira pessoa, que se responsabiliza pela obriga-
ção de honrar o compromisso estabelecido caso o devedor deixe de cumpri-lo. Ou seja, um terceiro — que não está na
relação principal entre credor e devedor — assume a responsabilidade pelo pagamento da dívida caso o devedor
principal fique inadimplente.
É uma garantia baseada na confiança que merece o garantidor — em seu caráter, sua honradez, sua “boa
fama”, e, logicamente, na sua capacidade de honrar o compromisso caso o devedor não honre. O Direito prevê
dois tipos de garantias pessoais: a fiança e o aval.
Por sua vez, uma garantia real dá ao credor o direito de se fazer pagar pelo valor ou pelos rendimentos de
certos e determinados bens, móveis ou imóveis, do próprio devedor ou de terceiros.
Nosso edital cobra três modalidades de garantia real: a hipoteca, o penhor mercantil e a alienação fiduciá-
154 ria. A seguir, detalharemos cada um deles.
Relatório de Economia Bancária 2018
Garantias e diferenças nas taxas de juros de crédito
Fiança
A fiança é uma garantia fidejussória firmada por contrato em que uma ou mais pessoas se obrigam, perante
o credor, a satisfazer uma obrigação, caso o devedor não a cumpra. Ela representa uma forma de garantia que
poderá efetivar-se mediante a entrega de bens móveis ou imóveis.
Há dois contratos: o principal, entre o devedor e o credor, e um acessório, entre o fiador e o devedor
(afiançado).
A fiança é formal, e deve sempre ser dada por escrito, não admitindo interpretação extensiva (além do estabe-
lecido expressamente no contrato). O contrato definirá claramente as condições da fiança. Isso quer dizer que não
se admite a fiança verbal, e que a fiança deverá ser interpretada restritivamente. Surgindo alguma dúvida, deve-
-se interpretar a questão favoravelmente ao fiador, parte vulnerável em regra, presumindo-se a sua boa-fé objetiva.
Porém, em contratos bancários com renovação periódica e automática, a fiança também é prorrogada, mesmo
sem autorização expressa do fiador, desde que a prorrogação esteja prevista em cláusula contratual.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
z Fiador: Aquele que presta a fiança, que se obriga a satisfazer a obrigação caso o devedor não o faça;
z Afiançado: O devedor principal;
z Credor (beneficiário): Aquele que detém o direito de crédito.
A fiança é uma garantia acessória e subsidiária, ou seja, o fiador só está obrigado no caso do afiançado (devedor prin-
cipal) não cumprir a obrigação. É uma garantia que somente pode ser estipulada em contratos. Não há fiança em títulos
de crédito.
Vejamos os principais artigos do Código Civil (Lei nº 10.406, de 2002) a respeito da fiança:
Art. 818 Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este
não a cumpra.
Art. 819 A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Art. 820 Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade.
Art. 821 As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, não será demandado senão depois que se
fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor. 155
Art. 822 Não sendo limitada, a fiança compreenderá Tem-se, portanto, três personagens na relação de
todos os acessórios da dívida principal, inclusive as aval:
despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 823 A fiança pode ser de valor inferior ao da z Avalista: Aquele que presta o aval;
obrigação principal e contraída em condições menos z Avalizado: Aquele que recebe o aval, o devedor
onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for principal;
mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da z Credor (beneficiário): Aquele que detém o direito
obrigação afiançada. de crédito.
Art. 824 As obrigações nulas não são suscetíveis de
fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapa- O aval pode ser lançado no próprio título ou em
cidade pessoal do devedor. folha de alongamento (pedaço de papel anexado ao
Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo título de crédito). A simples assinatura no título é sufi-
não abrange o caso de mútuo feito a menor. ciente para configurar o aval.
Art. 825 Quando alguém houver de oferecer fiador, O aval é uma garantia solidária, ou seja, o avalis-
o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for ta é coobrigado. De acordo com o art. 899, do Código
pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha Civil, o avalista equipara-se àquele cujo nome indi-
de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para
car, ou seja, o avalista se obriga no mesmo nível do
cumprir a obrigação.
avalizado.
Art. 826 Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz,
A responsabilidade do avalista é tamanha que ele
poderá o credor exigir que seja substituído.
responde pela obrigação que garantiu em pé de igual-
[...]
dade com o devedor principal, sendo facultado ao cre-
Art. 838 O fiador, ainda que solidário, ficará
dor exigir, simultaneamente, do devedor e do avalista
desobrigado:
o pagamento da obrigação vencida. O avalista pode,
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder mora-
inclusive, ser acionado para pagar antes do avalizado,
tória ao devedor;
o devedor principal.
II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação
A obrigação do avalista é independente da obriga-
nos seus direitos e preferências;
III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar ami-
ção do avalizado. Diz-se que o aval é autônomo. A
gavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigação do avalista é mantida, ainda que a obriga-
obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo ção que ele garantiu seja nula.
por evicção. O aval em branco ocorre quando há a simples
[...] assinatura do avalista no título, sem especificar
Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum quem é o avalizado. O aval em preto ocorre quando
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto feito, declarando o nome do avalizado. No caso de
no regime da separação absoluta: aval prestado por pessoas físicas casadas, é neces-
[...] sária a autorização do cônjuge, exceto no regime de
III - prestar fiança ou aval. separação absoluta de bens.
O avalista possui o chamado direito de regresso.
Aval Deste modo, caso ele pague a obrigação, poderá, pos-
teriormente, cobrá-la do avalizado.
O aval é uma garantia pessoal de pagamento, for- Por fim, cabe destacar que o aval pode ser dado
mal e solidária, dada por um terceiro, o avalista. mesmo após o vencimento do título de crédito, pois,
Consiste, pois, na assinatura desse terceiro em desde que seja antes do protesto do título, ainda
um título de crédito, responsabilizando-se pelo seu assim, será válido.
pagamento, solidariamente com o devedor ou com Vejamos os artigos do Código Civil (Lei nº 10.406,
de 2002) sobre o aval:
qualquer outro coobrigado (endossante ou até mes-
mo outro avalista). Ou seja, o avalista, pessoa física
Art. 897 O pagamento de título de crédito, que con-
ou jurídica, garante o pagamento de um título de
tenha obrigação de pagar soma determinada, pode
crédito que foi emitido ou endossado pelo avalizado. ser garantido por aval.
Um título pode ter mais de um avalista. Nesse caso, Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
todos são solidários com o avalizado no cumprimen- Art. 898 O aval deve ser dado no verso ou no anver-
to da obrigação. Mesmo havendo mais de um avalis- so do próprio título.
ta, o pagamento da obrigação por um deles libera os § 1° Para a validade do aval, dado no anverso do
demais da obrigação. título, é suficiente a simples assinatura do avalista.
O aval é uma garantia específica dos títulos cam- § 2° Considera-se não escrito o aval cancelado.
biais (aqueles passíveis de transferência para outras Art. 899 O avalista equipara-se àquele cujo nome
pessoas), que se aplica exclusivamente a títulos de indicar; na falta de indicação, ao emitente ou deve-
dor final.
crédito.
§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regres-
Estamos falando, basicamente, de cheques, letras
so contra o seu avalizado e demais coobrigados
de câmbio, notas promissórias e duplicatas. anteriores.
§ 2° Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda
Dica que nula a obrigação daquele a quem se equipara,
a menos que a nulidade decorra de vício de forma.
Duplicata: Título de crédito em que o comprador Art. 900 O aval posterior ao vencimento produz os
se obriga a pagar dentro do prazo estipulado o mesmos efeitos do anteriormente dado.
156 valor contido na fatura. [...]
Art. 1.647 Ressalvado o disposto no art. 1.648, Tem o credor direito a verificar o estado das coisas
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por
outro, exceto no regime da separação absoluta: si ou por pessoa que credenciar.
[...] As coisas empenhadas continuam em poder do
III - prestar fiança ou aval. devedor, que as deve guardar e conservar.
No penhor mercantil, temos dois personagens:
Hipoteca
z Devedor;
A hipoteca é uma garantia real que recai, geral- z Credor pignoratício, beneficiário da garantia.
mente, sobre imóveis de propriedade do devedor
ou de terceiros. No entanto, bens móveis de grande Art. 1.433 O credor pignoratício tem direito:
valor também podem ser objeto de hipoteca, como I - à posse da coisa empenhada;
máquinas agrícolas, aeronaves, navios etc. II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas
Assim como na alienação fiduciária, que será vista devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo
mais adiante, a posse do bem móvel ou imóvel hipo- ocasionadas por culpa sua;
tecado permanece com o devedor. Por outro lado, na III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido
hipoteca, não há a transferência da propriedade do por vício da coisa empenhada;
bem ao credor. O devedor retém o bem, apenas gra- IV - a promover a execução judicial, ou a venda ami-
vando-o para garantia de uma obrigação, permane- gável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe
autorizar o devedor mediante procuração;
cendo, portanto, com o direito de aliená-lo (vendê-lo),
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que
ou mesmo de ofertá-lo como garantia ao pagamento
se encontra em seu poder;
de outra dívida sua ou de terceiros. VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia
Trata-se de uma garantia que abrange todas as autorização judicial, sempre que haja receio fundado
acessões (os aumentos), melhoramentos ou constru- de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, deven-
ções do imóvel. O credor não a perde, caso o bem seja do o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada
alienado. Para o credor, a hipoteca consiste em um pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou
direito real em coisa alheia. oferecendo outra garantia real idônea.
A hipoteca deve ser registrada no Cartório de
Registro de Imóveis do município em que se localiza o O credor não pode ser constrangido (obrigado) a
imóvel hipotecado. No caso de bens móveis, o registro devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes
deve ser feito nos órgãos competentes (Registro Aero- de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimen-
náutico, Registro de Propriedade Marítima etc.) to do proprietário, determinar que seja vendida apenas
O credor é chamado de credor hipotecário e o uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente
devedor, de devedor hipotecário. A hipoteca é feita para o pagamento do credor, conforme o art. 1.434.
mediante contrato acessório e formal.
É nula a cláusula que proíbe o proprietário de ven- Art. 1.436 Extingue-se o penhor:
der imóvel hipotecado. No entanto, o contrato pode I - extinguindo-se a obrigação;
definir que vencerá o crédito hipotecário, caso o imó- II - perecendo a coisa;
vel seja vendido. III - renunciando o credor;
O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de
hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do credor e de dono da coisa;
mesmo ou de outro credor. V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a
venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele
Salvo no caso de insolvência do devedor, o credor
autorizada.
da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá
Art. 1.437 Produz efeitos a extinção do penhor depois
executar o imóvel antes de vencida a primeira. de averbado o cancelamento do registro, à vista da res-
pectiva prova.
Penhor Mercantil
Alienação Fiduciária
O penhor mercantil, também chamado de
penhor industrial, é a entrega de um bem móvel A alienação fiduciária em garantia é o contrato pelo
para garantia de uma dívida. Podem ser objeto de qual o devedor (fiduciante), como garantia de uma dívi-
penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumen- da, pactua a transferência da propriedade fiduciária de
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
tos, instalados e em funcionamento, com os acessó- bem móvel ou imóvel ao credor (fiduciário) de acordo
rios ou sem eles; animais utilizados na indústria; sal e com cláusula resolutiva.
bens destinados à exploração das salinas; produtos de A cláusula resolutiva pode ser expressa ou tácita (não
suinocultura; animais destinados à industrialização consta no contrato e, para se fazer valer, é necessária
de carnes e derivados; matérias-primas e produtos interpelação judicial). Tem previsão no art. 475 do Código
industrializados. Civil.
Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil,
mediante instrumento público ou particular, registra- Art. 475 A parte lesada pelo inadimplemento pode
do no Cartório de Registro de Imóveis da circunscri- pedir a resolução (fim) do contrato, se não preferir
ção onde estiverem situadas as coisas empenhadas. exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
O devedor não pode, sem o consentimento por casos, indenização por perdas e danos.
escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou
mudar-lhes a situação, nem delas dispor. Para o credor, a propriedade fiduciária é um direito
O devedor que, anuindo o credor, alienar as coi- real em coisa própria. O devedor, no entanto, permanece
sas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma com a posse do bem. Ou seja, continua utilizando e usu-
natureza, que ficarão sub-rogados no penhor. fruindo do bem. 157
Cumprindo a obrigação, o devedor retoma a proprie- Um exemplo de lavagem é a compra de obras de
dade do bem. Caso o devedor não honre a obrigação, a arte para revenda com dinheiro obtido por meio do
posse do bem é transferida para o credor. tráfico ilícito de drogas.
A alienação fiduciária é comumente utilizada como Uma das grandes novidades trazidas pela Lei nº
garantia em financiamentos para aquisição de bens 9.613/98 é que, antes dela, apenas o tráfico de drogas
móveis, como veículos, por exemplo. No entanto, ela poderia configurar um crime antecedente que pudes-
também pode ser utilizada em financiamentos imobiliá- se gerar a lavagem de dinheiro. Com sua entrada em
rios (bens imóveis). vigência, outros crimes podiam ser antecedentes da
Os dois personagens da alienação fiduciária, portan- lavagem. Em 2012, a Lei nº 12.683/12 alterou a Lei nº
to, são: 9.613/98, de modo que, hoje, qualquer infração penal
(crime ou contravenção, como, por exemplo, o jogo do
z Fiduciante (devedor); bicho) podem ser considerados crimes antecedentes
para a lavagem.
z Fiduciário (credor).
CONCEITO E FORMAS DE LAVAGEM
A alienação fiduciária em garantia não tem por
finalidade a transmissão da propriedade ou da pos- Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, ori-
se do bem ao credor, mas sim a constituição de uma gem, localização, disposição, movimentação ou
garantia contra a inadimplência do devedor. Por isso, propriedade de bens, direitos ou valores prove-
é um contrato acessório. nientes, direta ou indiretamente, de infração
O credor, portanto, é o proprietário e possuidor indi- penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
reto ou mediato do bem, enquanto o devedor fica com a Pena – reclusão, de 3 a 10 anos, e multa.
posse direta ou imediata, sendo seu usuário e depositário.
A propriedade por parte do credor é limitada, somen- O art. 1º traz o conceito de lavagem de dinheiro (ou
capitais). De maneira simples, temos que a lavagem
te sendo exercida para os fins previstos na lei, e é reso-
de dinheiro consiste no ato ou atos praticados com a
lúvel, pois retorna automaticamente para o devedor
finalidade de dar aparência lícita a bens, direitos ou
fiduciante no momento em que for cumprida integral-
valores que tenham origem na prática de uma infra-
mente a obrigação.
ção penal (crime ou contravenção).
Veja que os núcleos do tipo (verbos) são ocultar e
Fianças Bancárias dissimular. Se o agente pratica os dois, dentro do mes-
mo contexto, responde por um único crime.
A fiança bancária é um produto bancário disponibi- A lavagem é chamada de “crime parasitário”.
lizado a clientes que necessitam oferecer garantia para Observe bem que a lavagem (que é crime) tem relação
obrigações assumidas perante terceiros. com a prática de uma infração (crime ou contraven-
Através da fiança bancária, o banco emissor da carta ção) anterior. De acordo com o art. 1º, o julgamento
de fiança garante as obrigações de seu cliente. O banco é, independe do processo e do julgamento das infrações
portanto, o fiador, e o cliente, o afiançado. penais antecedentes.
A fiança bancária pode ser usada para: Neste sentido, para que seja punível a lavagem,
deve haver um fato típico e ilícito anterior. No entan-
z Obtenção de empréstimos e financiamentos; to, não é necessária a condenação no crime anterior,
z Habilitação em concorrência pública; somente será excluída a lavagem. Ou seja, se a infra-
z Locações; ção penal antecedente foi atípica (fato inexistente) e,
z Adiantamento por encomenda de bens. por isso, não constituir infração penal, ou, ainda, se
houve causa que excluísse a ilicitude, não há como o
A grande vantagem da fiança bancária é a de não agente responder por lavagem de dinheiro.
comprometer o caixa ou os bens do cliente. Seguindo com o nosso estudo, incorrerá na mes-
ma, pena prevista no caput do art. 1º, quem pratica as
condutas que estão no art. 1º, § 1º:
Art. 134 A hipoteca legal sobre os imóveis do indi- CIRCULAR Nº 3.978, DE 23 DE JANEIRO DE 2020 E
ciado poderá ser requerida pelo ofendido em qual- CARTA CIRCULAR Nº 4.001, DE 29 DE JANEIRO DE
quer fase do processo, desde que haja certeza da 2020 E SUAS ALTERAÇÕES
infração e indícios suficientes da autoria.
A presente circular lista procedimentos de com-
O dispositivo recai sobre os bens imóveis e serve pliance, ou seja, de controles internos para que se
para assegurar a reparação do dano. previna o crime de lavagem de dinheiro. De maneira
geral, temos que a circular:
z Arresto: Dispõe sobre a política, os procedimentos e os
controles internos a serem adotados pelas insti-
Art. 137 Se o responsável não possuir bens imó- tuições autorizadas a funcionar pelo Banco Central
veis ou os possuir de valor insuficiente, poderão do Brasil visando à prevenção da utilização do
ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, sistema financeiro para a prática dos crimes
nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e
imóveis. Recai sobre o patrimônio lícito ou ilíci- valores de que trata a Lei nº 9.613, de 3 de março de
to do sujeito e tornam indisponível. Ou seja, se o 1998, e de financiamento do terrorismo, previsto na
investigado com o lucro obtido por meio da prática Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.
de crime de contrabando, adquiriu um veículo, este
pode ser sequestrado. Lembre-se de que todas as instituições autori-
zadas a funcionar pelo Banco Central devem adotar
EFEITOS DA CONDENAÇÃO esta circular. Trata-se de uma circular extensa, com
muito detalhamento técnico. Nosso objetivo neste
O art. 7º estabelece alguns efeitos da condenação tópico será extrair desse documento os pontos que
por crimes de lavagem, além dos que constam no mais acreditamos que possam ser cobrados em prova.
160 Código Penal: Então, vamos lá:
Art. 1º Esta circular dispõe sobre a política, os DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À
procedimentos e os controles internos a serem LAVAGEM DE DINHEIRO
adotados pelas instituições autorizadas a fun-
cionar pelo Banco Central do Brasil visando à Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º devem
prevenção da utilização do sistema financeiro para dispor de estrutura de governança visando a assegu-
a prática dos crimes de “lavagem” ou ocultação rar o cumprimento da política referida no art. 2º e
de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº dos procedimentos e controles internos de preven-
9.613, de 3 de março de 1998, e de financiamento ção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260, de 16 de terrorismo previstos nesta circular.
março de 2016.
Parágrafo único. Para os fins desta circular, os cri-
mes referidos no caput serão denominados generi-
Dica
camente “lavagem de dinheiro” e “financiamento Governança tem a ver com boas práticas
do terrorismo”. administrativas.
financiamento do terrorismo; e
I - as operações de depósito ou aporte em espécie V - dar ciência do contrato ao diretor mencionado
ou saque em espécie de valor igual ou superior a no art. 9º.
r$50.000,00 (cinquenta mil reais);
II - as operações relativas a pagamentos, recebi-
DISPOSIÇÕES FINAIS
mentos e transferências de recursos, por meio de
qualquer instrumento, contra pagamento em espé-
cie, de valor igual ou superior a r$50.000,00 (cin- As disposições finais estão dispostas no capítu-
quenta mil reais); e lo XII desta circular nº 3.078. Podemos sintetizar as
III - a solicitação de provisionamento de saques em informações mais importantes nos itens seguintes:
espécie de valor igual ou superior a r$50.000,00
(cinquenta mil reais) de que trata o art. 36. z Percebe-se que toda a circular é repetitiva no sen-
tido de que os procedimentos devem ser contro-
Dica lados sempre para evitar as ocorrências que a
circular se destina a prevenir;
A Circular deixa como “gatilho” o valor de R$ z Devem ser adotadas medidas de avaliação da efe-
50.000,00 em variadas situações. tividade dos controles previstos nesta circular. 165
CIRCULAR 4.001/2020 z Resistência ao fornecimento de informações neces-
sárias para o início de relacionamento ou para a
Esta é uma circular de texto repetitivo, pois trata- atualização cadastral;
-se de uma lista de operações e situações que podem z Oferecimento de informação falsa ou de difícil
configurar indícios de ocorrência dos crimes de “lava- verificação;
gem” ou ocultação de bens, direitos e valores. z Abertura, movimentação de contas ou realização
Esta circular possui apenas dois artigos, sendo o art. de operações por detentor de procuração ou de
1º responsável por listar as operações e situações descri- qualquer outro tipo de mandato;
tas acima. Não é interessante incluir todas as disposições z Cadastramento de várias contas em uma mesma
do artigo; deste modo, selecionamos as mais pertinentes data, ou em curto período, com depósitos de valo-
para sua prova e a simplificamos, sem que se perca o sen- res idênticos ou aproximados;
tido original e sem suprir as informações necessárias. z Operações em que não seja possível identificar o
Por ser uma lista, o mais importante é compreen- beneficiário final;
der sua essência, que busca citar quais operações z Incompatibilidade da atividade econômica ou fa-
podem ser consideradas suspeitas, entendendo que a turamento informados com o padrão apresentado
“relação” apresentada na circular é exemplificativa. por clientes com o mesmo perfil.
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES
SITUAÇÕES RELACIONADAS COM OPERAÇÕES DE
EM ESPÉCIE COM A UTILIZAÇÃO DE CONTAS DE
INVESTIMENTO NO PAÍS
DEPÓSITOS OU PAGAMENTO
Outras Especificações Sobre o Sigilo A “quebra de sigilo” será efetuada apenas para
assuntos relacionados à lide
Art. 2º [...]
§ 1º O sigilo, inclusive quanto a contas de depósitos, § 1º Dependem de prévia autorização do Poder
aplicações e investimentos mantidos em institui- Judiciário a prestação de informações e o for-
ções financeiras, não pode ser oposto ao Banco necimento de documentos sigilosos solicita-
Central do Brasil: dos por comissão de inquérito administrativo
I - no desempenho de suas funções de fiscalização, destinada a apurar responsabilidade de servidor
compreendendo a apuração, a qualquer tempo, de público por infração praticada no exercício de suas
ilícitos praticados por controladores, administra- atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
dores, membros de conselhos estatutários, gerentes, ções do cargo em que se encontre investido.
mandatários e prepostos de instituições financeiras; § 2º Nas hipóteses do § 1º, o requerimento de que-
II - ao proceder a inquérito em instituição financei- bra de sigilo independe da existência de pro-
ra submetida a regime especial. cesso judicial em curso.
O sigilo não pode justificar que o Banco Central do Não é necessário processo judicial em curso para
Brasil deixe de supervisionar o sistema financeiro. que possa ser autorizada a quebra de sigilo para pro-
cesso administrativo.
§ 2º As comissões encarregadas dos inquéritos a
que se refere o inciso II do § 1º poderão examinar § 3º Além dos casos previstos neste artigo o Banco
quaisquer documentos relativos a bens, direi- Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobi-
tos e obrigações das instituições financeiras, liários fornecerão à Advocacia-Geral da União as
de seus controladores, administradores, membros informações e os documentos necessários à defesa
de conselhos estatutários, gerentes, mandatários e da União nas ações em que seja parte.
prepostos, inclusive contas correntes e operações
com outras instituições financeiras. Para inquérito administrativo, o poder judiciário
deve autorizar a prestação de informações.
De acordo com o § 2º, o Banco Central tem acesso
irrestrito, em regra, à supervisão do SFN. INFORMAÇÕES AO PODER LEGISLATIVO
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se à Comissão Art. 4º O Banco Central do Brasil e a Comissão de
de Valores Mobiliários, quando se tratar de fis- Valores Mobiliários, nas áreas de suas atribuições,
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Perceba que os fundamentos estão ligados aos Apesar de independer do país sede da pessoa físi-
direitos dos cidadãos e das empresas de manterem o ca ou jurídica, a operação deve ser feita em território
sigilo de seus dados. nacional, para que entre na abrangência da Lei.
III - realizado para fins exclusivos de: A regra é de que os dados pessoais devem ser tra-
a) segurança pública; tados apenas quando necessário.
b) defesa nacional;
c) segurança do Estado; ou § 4º É dispensada a exigência do consentimento
d) atividades de investigação e repressão de previsto no caput deste artigo para os dados torna-
infrações penais; ou dos manifestamente públicos pelo titular, resguar-
IV - provenientes de fora do território nacional e dados os direitos do titular e os princípios previstos
que não sejam objeto de comunicação, uso compar- nesta Lei.
tilhado de dados com agentes de tratamento brasilei-
ros ou objeto de transferência internacional de dados É dispensada a exigência do consentimento para os
com outro país que não o de proveniência, desde que o dados tornados manifestamente públicos pelo titular.
país de proveniência proporcione grau de proteção de
§ 5º O controlador que obteve o consentimento refe-
dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei.
rido no inciso I do caput deste artigo que necessitar
comunicar ou compartilhar dados pessoais com
outros controladores deverá obter consentimento
Importante! específico do titular para esse fim, ressalvadas as
hipóteses de dispensa do consentimento previstas
Dados pessoais, não econômicos, ou ligados à
nesta Lei.
segurança nacional para fins de investigação
não se submetem a essa lei. Cabe ao controlador o ônus da prova de que o
consentimento foi obtido em conformidade com o dis-
posto dessa Lei.
TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
§ 6º A eventual dispensa da exigência do consen-
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente timento não desobriga os agentes de tratamento
poderá ser realizado nas seguintes hipóteses: das demais obrigações previstas nesta Lei, espe-
I - mediante o fornecimento de consentimento cialmente da observância dos princípios gerais e da
172 pelo titular; garantia dos direitos do titular.
O titular tem direito ao acesso facilitado às infor- TÉRMINO DO TRATAMENTO DE DADOS
mações sobre o tratamento de seus dados.
Art. 15 O término do tratamento de dados pessoais
LEGÍTIMO INTERESSE DO CONTROLADOR ocorrerá nas seguintes hipóteses:
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou de
Art. 10 O legítimo interesse do controlador somen- que os dados deixaram de ser necessários ou perti-
te poderá fundamentar tratamento de dados pes- nentes ao alcance da finalidade específica almejada;
soais para finalidades legítimas, consideradas a II - fim do período de tratamento;
partir de situações concretas, que incluem, mas não III - comunicação do titular, inclusive no exercício
se limitam a: de seu direito de revogação do consentimento con-
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e forme disposto no § 5º do art. 8º desta lei, resguar-
II - proteção, em relação ao titular, do exercício dado o interesse público; ou
regular de seus direitos ou prestação de serviços IV - determinação da autoridade nacional, quando
que o beneficiem, respeitadas as legítimas expecta- houver violação ao disposto nesta lei.
tivas dele e os direitos e liberdades fundamentais,
nos termos desta Lei. ELIMINAÇÃO DOS DADOS
Quando o tratamento for baseado no legítimo inte- Art. 16 Os dados pessoais serão eliminados após o
resse do controlador, somente os dados pessoais estri- término de seu tratamento, no âmbito e nos limites
tamente necessários para a finalidade pretendida técnicos das atividades, autorizada a conservação
para as seguintes finalidades:
poderão ser tratados, nos termos do § 1º, do art. 10.
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
TRATAMENTO DE DADOS SENSÍVEIS pelo controlador;
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, sempre
De acordo com o art. 11, o tratamento de dados pes- que possível, a anonimização dos dados pessoais;
III - transferência a terceiro, desde que respeitados
soais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes
os requisitos de tratamento de dados dispostos nes-
hipóteses:
ta Lei; ou
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu aces-
z Quando o titular ou seu responsável legal consen-
so por terceiro, e desde que anonimizados os dados.
tir, de forma específica e destacada (I, art. 11);
z Sem fornecimento de consentimento do titular,
DIREITOS DO TITULAR
apenas para situações emergenciais, tais como: pro-
teção da vida e incolumidade física (II, art. 11). Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade
de seus dados pessoais e garantidos os direitos funda-
TRATAMENTOS DE DADOS ANÔNIMOS
mentais de liberdade, de intimidade e de privacidade.
Art. 12 Os dados anonimizados não serão conside-
rados dados pessoais para os fins desta Lei, salvo Art. 18 O titular dos dados pessoais tem direito a
quando o processo de anonimização ao qual foram obter do controlador, em relação aos dados do titu-
submetidos for revertido, utilizando exclusivamen- lar por ele tratados, a qualquer momento e median-
te requisição:
te meios próprios, ou quando, com esforços razoá-
I - confirmação da existência de tratamento;
veis, puder ser revertido.
II - acesso aos dados;
§ 1º A determinação do que seja razoável deve levar
III - correção de dados incompletos, inexatos ou
em consideração fatores objetivos, tais como cus- desatualizados;
to e tempo necessários para reverter o processo de IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados
anonimização, de acordo com as tecnologias dispo- desnecessários, excessivos ou tratados em descon-
níveis, e a utilização exclusiva de meios próprios. formidade com o disposto nesta Lei;
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como dados V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de
pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados para serviço ou produto, mediante requisição expres-
formação do perfil comportamental de determinada sa, de acordo com a regulamentação da autorida-
pessoa natural, se identificada. de nacional, observados os segredos comercial e
industrial;
Os dados anonimizados (relativos a determinado VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
titular que não possa ser identificado) não serão con- consentimento do titular, exceto nas hipóteses pre-
vistas no art. 16 desta Lei;
siderados dados pessoais, salvo quando o processo de
VII - informação das entidades públicas e privadas
anonimização ao qual foram submetidos for revertido. com as quais o controlador realizou uso comparti-
lhado de dados;
TRATAMENTO DE DADOS DE CRIANÇAS E VIII - informação sobre a possibilidade de não for-
ADOLESCENTES necer consentimento e sobre as consequências da
negativa;
Art. 14 O tratamento de dados pessoais de crian- IX - revogação do consentimento, nos termos do §
ças e de adolescentes deverá ser realizado em seu 5º do art. 8º desta Lei.
melhor interesse, nos termos deste artigo e da legis-
lação pertinente.
Importante!
O tratamento de dados pessoais de crianças deve- É garantido ao titular dos dados a portabilidade
rá ser realizado com o consentimento específico por, a outro fornecedor.
pelo menos, um dos pais ou pelo responsável legal. 173
CONFIRMAÇÃO DE EXISTÊNCIA OU ACESSO AOS II – Vetado;
DADOS III - nos casos em que os dados forem acessíveis
publicamente, observadas as disposições desta Lei.
Art. 19 A confirmação de existência ou o acesso IV - quando houver previsão legal ou a transferên-
a dados pessoais serão providenciados, mediante cia for respaldada em contratos, convênios ou ins-
requisição do titular: trumentos congêneres;
I - em formato simplificado, imediatamente; ou V - na hipótese de a transferência dos dados obje-
tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
Perceba que, em formato simplificado, é de forma
irregularidades, ou proteger e resguardar a segu-
imediata.
rança e a integridade do titular dos dados, desde
II - por meio de declaração clara e completa, que que vedado o tratamento para outras finalidades.
indique a origem dos dados, a inexistência de
registro, os critérios utilizados e a finalidade do O Poder Público poderá transferir os dados pes-
tratamento, observados os segredos comercial e soais constantes de bases de dados a entidades priva-
industrial, fornecida no prazo de até 15 (quinze) das somente:
dias, contado da data do requerimento do titular.
z Em casos de execução descentralizada de ativida-
Nessa hipótese, o prazo é de 15 dias do requerimento. de pública que exija a transferência;
z Em casos em que os dados forem acessíveis publi-
OUTRAS DISPOSIÇÕES camente;
z Quando houver previsão legal ou a transferência
z O titular dos dados tem direito a solicitar a revi-
são de decisões tomadas unicamente com base em for respaldada em contratos, convênios ou instru-
tratamento automatizado de dados pessoais que mentos congêneres;
afetem seus interesses (art. 20); z Na hipótese de a transferência dos dados obje-
z Os dados pessoais referentes ao exercício regular tivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
de direitos pelo titular não podem ser utilizados irregularidades.
em seu prejuízo (art. 21);
z A defesa dos interesses e dos direitos dos titulares RESPONSABILIDADE
de dados poderá ser exercida em juízo individual Art. 31 Quando houver infração a esta Lei em decor-
ou coletivamente (art. 22). rência do tratamento de dados pessoais por órgãos
públicos, a autoridade nacional poderá enviar infor-
TRATAMENTO DE DADOS PELO PODER PÚBLICO
me com medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
De acordo com o art. 23, o tratamento de dados pes-
Perceba que são citadas apenas “Medidas Cabí-
soais pelas pessoas jurídicas de direito público deverá
ser realizado para o atendimento de sua finalidade veis”, sem maiores detalhamentos.
pública, à persecução do interesse público, com o obje- Art. 32 A autoridade nacional poderá solicitar a
tivo de executar as competências legais ou cumprir as agentes do poder público a publicação de relatórios
atribuições legais do serviço público, desde que: de impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a
adoção de padrões e de boas práticas para os trata-
Art. 23 [...] mentos de dados pessoais pelo poder público.
I - sejam informadas as hipóteses em que, no exer-
cício de suas competências, realizam o tratamento
TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS
de dados pessoais, fornecendo informações claras e
atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
procedimentos e as práticas utilizadas para a exe- Art. 33 A transferência internacional de dados pes-
cução dessas atividades, em veículos de fácil aces- soais somente é permitida nos seguintes casos:
so, preferencialmente em seus sítios eletrônicos; I - para países ou organismos internacionais que
III - seja indicado um encarregado quando realiza- proporcionem grau de proteção de dados pessoais
rem operações de tratamento de dados pessoais, adequado ao previsto nesta lei;
nos termos do art. 39 desta Lei; e II - quando o controlador oferecer e comprovar
garantias de cumprimento dos princípios, dos direi-
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mis- tos do titular e do regime de proteção de dados pre-
ta que explorem atividade econômica terão o mes- vistos nesta lei, na forma de:
mo tratamento que particulares. a) cláusulas contratuais específicas para determi-
nada transferência;
Art. 26 O uso compartilhado de dados pessoais b) cláusulas-padrão contratuais;
pelo Poder Público deve atender a finalidades espe- c) normas corporativas globais;
cíficas de execução de políticas públicas e atribui- d) selos, certificados e códigos de conduta regular-
ção legal pelos órgãos e pelas entidades públicas, mente emitidos;
respeitados os princípios de proteção de dados pes- III - quando a transferência for necessária para a
soais elencados no art. 6º desta Lei. cooperação jurídica internacional entre órgãos
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a enti- públicos de inteligência, de investigação e de per-
dades privadas dados pessoais constantes de secução, de acordo com os instrumentos de direito
bases de dados a que tenha acesso, exceto: internacional;
I - em casos de execução descentralizada de ativida- IV - quando a transferência for necessária para a
de pública que exija a transferência, exclusivamente proteção da vida ou da incolumidade física do titu-
para esse fim específico e determinado, observado lar ou de terceiro;
o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de V - quando a autoridade nacional autorizar a
174 2011 (Lei de Acesso à Informação); transferência;
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao
Importante! titular dos dados:
I - o operador responde solidariamente pelos
Sendo autorizada pela autoridade, a transferên- danos causados pelo tratamento quando descum-
cia pode ser executada. prir as obrigações da legislação de proteção de
dados ou quando não tiver seguido as instruções
lícitas do controlador, hipótese em que o opera-
VI - quando a transferência resultar em compromis-
dor equipara-se ao controlador, salvo nos casos de
so assumido em acordo de cooperação internacional;
VII - quando a transferência for necessária para a exclusão previstos no art. 43 desta lei;
execução de política pública ou atribuição legal do II - os controladores que estiverem diretamente
serviço público, sendo dada publicidade nos termos envolvidos no tratamento do qual decorreram
do inciso I do caput do art. 23 desta Lei; danos ao titular dos dados respondem solida-
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu con- riamente, salvo nos casos de exclusão previstos no
sentimento específico e em destaque para a trans- art. 43 desta lei.
ferência, com informação prévia sobre o caráter
internacional da operação, distinguindo claramen- NÃO RESPONSABILIZAÇÃO
te esta de outras finalidades; ou
IX - quando necessário para atender as hipóteses Art. 43 Os agentes de tratamento só não serão res-
previstas nos incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei. ponsabilizados quando provarem:
I - que não realizaram o tratamento de dados pes-
AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
soais que lhes é atribuído;
Controlador e Operador II - que, embora tenham realizado o tratamento de
dados pessoais que lhes é atribuído, não houve vio-
Art. 37 O controlador e o operador devem manter lação à legislação de proteção de dados; ou
registro das operações de tratamento de dados pes- III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do
soais que realizarem, especialmente quando basea- titular dos dados ou de terceiro.
do no legítimo interesse.
O tratamento de dados pessoais será irregular
Quando em legítimo interesse, essa necessidade é quando deixar de observar a legislação ou quando
reforçada.
não fornecer a segurança que o titular deles espera.
Art. 38 A autoridade nacional poderá determinar
ao controlador que elabore relatório de impacto à SEGURANÇA E BOAS PRÁTICAS
proteção de dados pessoais, inclusive de dados sen-
síveis, referente a suas operações de tratamento de Art. 46 Os agentes de tratamento devem adotar
dados, nos termos de regulamento, observados os medidas de segurança, técnicas e administrativas
segredos comercial e industrial. aptas a proteger os dados pessoais de acessos não
autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de
O Operador deverá realizar o tratamento segundo destruição, perda, alteração, comunicação ou qual-
as instruções fornecidas pelo controlador. quer forma de tratamento inadequado ou ilícito. [...]
Art. 47 Os agentes de tratamento ou qualquer
ENCARREGADO PELO TRATAMENTO DE DADOS
outra pessoa que intervenha em uma das fases
PESSOAIS
do tratamento obriga-se a garantir a segurança
O controlador deverá indicar encarregado pelo tra- da informação prevista nesta Lei em relação aos
tamento de dados pessoais. Esse encarregado terá sua dados pessoais, mesmo após o seu término.
identidade e as informações divulgadas publicamente. Art. 48 O controlador deverá comunicar à autori-
dade nacional e ao titular a ocorrência de incidente
Art. 41 O controlador deverá indicar encarregado de segurança que possa acarretar risco ou dano
pelo tratamento de dados pessoais. relevante aos titulares.
§ 1º A identidade e as informações de contato do
encarregado deverão ser divulgadas publicamen- Cabe frisar que deverão ser adotadas boas práticas
te, de forma clara e objetiva, preferencialmente no de governança na proteção dos dados. As regras de
sítio eletrônico do controlador. boas práticas e de governança deverão ser publicadas
§ 2º As atividades do encarregado consistem em: e atualizadas periodicamente e poderão ser reconhe-
I - aceitar reclamações e comunicações dos titula- cidas e divulgadas pela autoridade nacional.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às Art. 7º Serão levados em consideração na aplica-
pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos ção das sanções:
atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções: I - a gravidade da infração;
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do
último exercício anterior ao da instauração do pro- A vantagem pretendida com o ato ilícito, mesmo
cesso administrativo, excluídos os tributos, a qual
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Art. 22 Caso não seja possível utilizar o critério do A multa aplicada ao final do PAR será integralmen-
valor do faturamento bruto da pessoa jurídica no ano te recolhida pela pessoa jurídica sancionada no prazo
anterior ao da instauração ao PAR, os percentuais 30 dias. Caso não seja paga, esta será inscrita em dívi-
dos fatores indicados nos art. 17 e art. 18 incidirão: da ativa (Art. 25).
I - sobre o valor do faturamento bruto da pessoa
jurídica, excluídos os tributos, no ano em que ocor- ACORDO DE LENIÊNCIA
reu o ato lesivo, no caso de a pessoa jurídica não
ter tido faturamento no ano anterior ao da instau- Art. 28 O acordo de leniência será celebrado com
ração ao PAR; as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos
II - sobre o montante total de recursos recebidos atos lesivos previstos na Lei nº 12.846, de 2013, e dos
pela pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano em ilícitos administrativos previstos na Lei nº 8.666, de
que ocorreu o ato lesivo; ou 1993, e em outras normas de licitações e contratos,
III - nas demais hipóteses, sobre o faturamento com vistas à isenção ou à atenuação das respec-
anual estimável da pessoa jurídica, levando em tivas sanções, desde que colaborem efetivamente
consideração quaisquer informações sobre a sua com as investigações e o processo administrati-
situação econômica ou o estado de seus negócios, vo, devendo resultar dessa colaboração:
tais como patrimônio, capital social, número de I - a identificação dos demais envolvidos na infra-
empregados, contratos, dentre outras. ção administrativa, quando couber; e
Parágrafo único. Nas hipóteses previstas no caput, II - a obtenção célere de informações e documentos
o valor da multa será limitado entre R$ 6.000,00 que comprovem a infração sob apuração.
(seis mil reais) e R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões Art. 29 Compete à Controladoria-Geral da União
celebrar acordos de leniência no âmbito do Poder
de reais).
Executivo federal e nos casos de atos lesivos contra
a administração pública estrangeira.
Neste sentido, caso não seja possível utilizar o cri-
tério do valor do Faturamento Bruto, será utilizado o
Deveres da Pessoa Jurídica
valor do faturamento do ano corrente caso não haja
faturamento no exercício anterior: Art. 30 A pessoa jurídica que pretenda celebrar
acordo de leniência deverá:
z Sobre o montante total de recursos recebidos pela I - ser a primeira a manifestar interesse em coope-
pessoa jurídica sem fins lucrativos no ano em que rar para a apuração de ato lesivo específico, quan-
ocorreu o ato lesivo; do tal circunstância for relevante;
z Sobre o faturamento estimável nas demais hipóteses. II - ter cessado completamente seu envolvimento
no ato lesivo a partir da data da propositura do
Nessas hipóteses, o valor será limitado entre R$ acordo;
III - admitir sua participação na infração administrativa
6.000,00 (seis mil reais) e R$ 60.000.000,00 (sessenta
IV - cooperar plena e permanentemente com as
milhões de reais).
investigações e o processo administrativo e compa-
Com a assinatura do Acordo de Leniência, a mul- recer, sob suas expensas e sempre que solicitada,
ta aplicável será reduzida, conforme a fração nele aos atos processuais, até o seu encerramento; e
pactuada, observados os limites legais. (Art. 23) V - fornecer informações, documentos e elementos
que comprovem a infração administrativa.
Publicação Extraordinária da Decisão Administrativa
Sancionadora A proposta do Acordo de Leniência poderá ser
feita até a conclusão do relatório a ser elaborado no
Art. 24 A pessoa jurídica sancionada administrativa- PAR. Vejamos a íntegra do art. 31:
mente pela prática de atos lesivos contra a adminis-
tração pública, nos termos da Lei nº 12.846, de 2013, Art. 31 A proposta de celebração de acordo de
publicará a decisão administrativa sancionadora na leniência poderá ser feita de forma oral ou escrita,
forma de extrato de sentença, cumulativamente: oportunidade em que a pessoa jurídica proponente
I - em meio de comunicação de grande circulação declarará expressamente que foi orientada a respei-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
na área da prática da infração e de atuação da pes- to de seus direitos, garantias e deveres legais e de que
soa jurídica ou, na sua falta, em publicação de cir- o não atendimento às determinações e solicitações
culação nacional; da Controladoria-Geral da União durante a etapa de
II - em edital afixado no próprio estabelecimento negociação importará a desistência da proposta.
ou no local de exercício da atividade, em localidade § 1º A proposta apresentada receberá tratamento
que permita a visibilidade pelo público, pelo prazo sigiloso e o acesso ao seu conteúdo será restrito
mínimo de trinta dias; e aos servidores especificamente designados pela
III - em seu sítio eletrônico, pelo prazo de trinta dias Controladoria-Geral da União para participar da
negociação do acordo de leniência, ressalvada a
e em destaque na página principal do referido sítio.
possibilidade de a proponente autorizar a divulga-
ção ou compartilhamento da existência da propos-
Dica ta ou de seu conteúdo, desde que haja anuência da
Controladoria-Geral da União.
A sanção, aqui, é “envergonhar” a empresa, fazen-
§ 2º Poderá ser firmado memorando de entendimen-
do-a admitir o seu ato de corrupção. A publica- tos entre a pessoa jurídica proponente e a Controla-
ção será feita às expensas da pessoa jurídica doria-Geral da União para formalizar a proposta e
sancionada. definir os parâmetros do acordo de leniência. 183
§ 3º Uma vez proposto o acordo de leniência, a PROGRAMA DE INTEGRIDADE
Controladoria-Geral da União poderá requisitar os
autos de processos administrativos em curso em O Programa de Integridade consiste no conjunto
outros órgãos ou entidades da administração públi- de mecanismos e procedimentos internos de integri-
ca federal relacionados aos fatos objeto do acordo. dade, auditoria e incentivo à denúncia de irregula-
ridades com o objetivo de detectar e sanar desvios,
Em suma, a proposta apresentada:
fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados con-
z Receberá tratamento sigiloso; tra a Administração pública, nacional ou estrangeira,
z O acesso ao seu conteúdo será restrito aos servido- de acordo com o art. 41.
res especificamente designados pela Controlado-
ria-Geral da União para participar da negociação Parâmetros do Programa de Integridade
do Acordo de Leniência.
O programa de integridade será avaliado, quanto a
Pode haver a divulgação desde que autorizada sua existência e aplicação, de acordo com os parâme-
pela proponente e com anuência da CGU. tros elencados no artigo 42.
Vejamos:
Art. 32 A negociação a respeito da proposta do
acordo de leniência deverá ser concluída no pra- Art. 42 [...]
zo de cento e oitenta dias, contado da data de I - comprometimento da alta direção da pessoa jurí-
apresentação da proposta. dica, incluídos os conselhos, evidenciado pelo apoio
Parágrafo único. A critério da Controladoria-Geral visível e inequívoco ao programa;
da União, poderá ser prorrogado o prazo estabele- II - padrões de conduta, código de ética, políticas e
cido no caput, caso presentes circunstâncias que o procedimentos de integridade, aplicáveis a todos os
exijam. empregados e administradores, independentemen-
te de cargo ou função exercidos;
A negociação do Acordo de Leniência deve ser con-
III - padrões de conduta, código de ética e políticas
cluída em até 180 dias, prazo que pode ser prorrogado
de integridade estendidas, quando necessário, a
a critério da CGU. terceiros, tais como, fornecedores, prestadores de
serviço, agentes intermediários e associados;
Art. 33 Não importará em reconhecimento da
IV - treinamentos periódicos sobre o programa de
prática do ato lesivo investigado a proposta
integridade;
de acordo de leniência rejeitada, da qual não se
V - análise periódica de riscos para realizar adapta-
fará qualquer divulgação, ressalvado o disposto no
ções necessárias ao programa de integridade;
§ 1º do art. 31.
VI - registros contábeis que reflitam de forma com-
Art. 34 A pessoa jurídica proponente poderá
pleta e precisa as transações da pessoa jurídica;
desistir da proposta de acordo de leniência a
VII - controles internos que assegurem a pronta ela-
qualquer momento que anteceda a assinatura
boração e confiabilidade de relatórios e demonstra-
do referido acordo.
ções financeiros da pessoa jurídica;
Até a celebração do Acordo de Leniência pelo VIII - procedimentos específicos para prevenir frau-
Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da des e ilícitos no âmbito de processos licitatórios,
na execução de contratos administrativos ou em
União, a identidade da pessoa jurídica signatária do
qualquer interação com o setor público, ainda que
Acordo não será divulgada ao público, salvo se autori-
intermediada por terceiros, tal como pagamento de
zada sua divulgação.
tributos, sujeição a fiscalizações, ou obtenção de
autorizações, licenças, permissões e certidões;
Cumprimento do Acordo de Leniência
IX - independência, estrutura e autoridade da instân-
Art. 40 Uma vez cumprido o acordo de leniência cia interna responsável pela aplicação do programa
pela pessoa jurídica colaboradora, serão declara- de integridade e fiscalização de seu cumprimento;
dos em favor da pessoa jurídica signatária, nos ter- X - canais de denúncia de irregularidades, abertos e
mos previamente firmados no acordo, um ou mais amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e
dos seguintes efeitos: de mecanismos destinados à proteção de denuncian-
I - isenção da publicação extraordinária da tes de boa-fé;
decisão administrativa sancionadora; XI - medidas disciplinares em caso de violação do
II - isenção da proibição de receber incentivos, programa de integridade;
subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de XII - procedimentos que assegurem a pronta inter-
órgãos ou entidades públicos e de instituições finan- rupção de irregularidades ou infrações detectadas
ceiras públicas ou controladas pelo Poder Público; e a tempestiva remediação dos danos gerados;
III - redução do valor final da multa aplicável, XIII - diligências apropriadas para contratação e,
observado o disposto no art. 23; ou conforme o caso, supervisão, de terceiros, tais como,
IV - isenção ou atenuação das sanções adminis- fornecedores, prestadores de serviço, agentes inter-
trativas previstas nos art. 86 a art. 88 da Lei nº 8.666, mediários e associados;
de 1993, ou de outras normas de licitações e contratos. XIV - verificação, durante os processos de fusões,
aquisições e reestruturações societárias, do cometi-
mento de irregularidades ou ilícitos ou da existência
Importante! de vulnerabilidades nas pessoas jurídicas envolvidas;
XV - monitoramento contínuo do programa de inte-
Os efeitos do Acordo de Leniência serão estendi- gridade visando seu aperfeiçoamento na prevenção,
dos às pessoas jurídicas que integrarem o mes- detecção e combate à ocorrência dos atos lesivos
mo grupo econômico desde que tenham firmado previstos no art. 5º da lei nº 12.846, de 2013; e
o Acordo em conjunto. (Parágrafo Único, Art. 40). XVI - transparência da pessoa jurídica quanto a
184 doações para candidatos e partidos políticos.
§ 1º na avaliação dos parâmetros de que trata este artigo, serão considerados o porte e especificidades
da pessoa jurídica, tais como:
I - a quantidade de funcionários, empregados e colaboradores;
II - a complexidade da hierarquia interna e a quantidade de departamentos, diretorias ou setores;
III - a utilização de agentes intermediários como consultores ou representantes comerciais;
IV - o setor do mercado em que atua;
V - os países em que atua, direta ou indiretamente;
VI - o grau de interação com o setor público e a importância de autorizações, licenças e permissões governamentais
em suas operações;
VII - a quantidade e a localização das pessoas jurídicas que integram o grupo econômico; e
VIII - o fato de ser qualificada como microempresa ou empresa de pequeno porte.
Na avaliação de microempresas e empresas de pequeno porte, serão reduzidas as formalidades, bem como
algumas não serão exigidas.
Art. 43 O Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS conterá informações referentes às sanções
administrativas impostas a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem restrição ao direito de participar de licitações
ou de celebrar contratos com a administração pública de qualquer esfera federativa, entre as quais:
I - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a administração pública,
conforme disposto no inciso III do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993;
II - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública, conforme disposto no inciso
IV do caput do art. 87 da Lei nº 8.666, de 1993;
III - impedimento de licitar e contratar com União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme disposto no
art. 7º da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002;
IV - impedimento de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, conforme disposto no
art. 47 da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011;
V - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a administração pública,
conforme disposto no inciso IV do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; e
VI - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública, conforme disposto no inciso
V do caput do art. 33 da Lei nº 12.527, de 2011.
Exclusão do Cadastro
II -mediante requerimento da pessoa jurídica interessada, após cumpridos os seguintes requisitos, quando
aplicáveis:
ÉTICA APLICADA
ÉTICA, MORAL, VALORES E VIRTUDES
O ponto inicial desta matéria precisa de uma distinção que comumente passa batido: a diferença de ética e
moral. Você precisa de certezas firmes e objetivas para realizar a sua prova.
Ética é uma área da filosofia. É um estudo amplo, universal e atemporal. Seu objeto de estudo são princípios
fundamentais das ações e do comportamento humano. A moral, por sua vez, é uma construção social. Sendo assim,
está condicionada a sociedade que a cerca, que a contém. A moral tem um aspecto muito mais objetivo e representa
um momento e uma cultura. 185
Alguns autores trazem ética e moral como sinônimos, mas você precisa ter muito cuidado pois, apesar de
serem semelhantes e abordarem a “mesma coisa” por perspectivas diferentes, as bancas dos concursos estabele-
cem distinções entre esses termos.
Pronto! Temos uma distinção clara:
Princípios
Universal,
ÉTICA atemporal
fundamentais ações
do comportamento
Construção Representa um
MORAL social, ligada a momento e uma
sua sociedade cultura
A ética tem um caráter científico, por isso, suas mudanças e aplicações ocorrem de outra forma. Sua estabilida-
de é muito maior e suas aplicações alcançam uma universalidade. Em algum momento espera-se que mudanças
em conceitos éticos ocorrerão, mas para execução de provas de concurso o conceito de universalidade e estabili-
dade é adequado.
Agora que já conseguimos separar algumas caraterísticas de moral e ética, vamos aproveitar o êxito e nos
aprofundar um pouco nos seus conceitos. Para fazer isso vamos usar um pouco de etimologia.
É conveniente analisar no estudo da Ética sua etimologia. Assim, ética é uma palavra que vem do termo grego
ethos, que quer dizer “modo de ser”, “costume” ou “hábito”. A origem da palavra nos remete instantaneamente para
o cerne de seu conceito que, apesar da dificuldade de estabelecer um significado único, nos envia a um conjunto
de princípios morais ou valores que dão condição a convivência humana em sociedade. Em seguida temos a origem
do termo moral, que tem origem no latim e seria “mos” que tem o mesmo significado de ethos e que deu origem à
palavra “moral”.
A Moral varia no tempo, a depender da conjuntura social. Até o Século XIX, por exemplo, considerava-se nor-
mal que crianças trabalhassem em fábricas. Hoje, além de temos uma legislação especial (Estatuto da Criança e do
Adolescente) que protege essas crianças, a sociedade entendeu a necessidade de tratamento diferenciado a esse
grupo vulnerável.
Feitas essas distinções e estabelecidos alguns conceitos simples, vamos preparar uma tabela bastante objetiva
que vai ajudar nas revisões sobre esse ponto cobrado nas provas.
ÉTICA MORAL
Não encontra limitações no tempo ou no espa- Seu alcance está condicionado ao local em que se
ALCANCE
ço. É um estudo filosófico e científico. aplica e ao período cultural em que é observada.
As provas de concurso costumam cobrar essa matéria com questões que trazem expressões como: “bom compor-
tamento”, “boa conduta” ou “o bem”, e que acabam confundido o candidato na hora de definir se estão tratando de
ética ou moral pois, apesar das distinções que já estudamos, o limiar de diferenças é tênue.
Assim, certifique-se de qual concepção está sendo cobrada com base nos fundamentos apresentados nas ques-
tões, lembrando que a moral se funda nos costumes e tradições, enquanto a ética se baseia na razão e na reflexão.
Referências
Os princípios
Podemos conceber os princípios como sendo alicerces, base para formação dos valores que tem sua origem
186 nos aspectos econômicos, políticos e sociais. Então, podemos os definir como juízos de valor.
Eles são abstratos e possuem indefinição, mas orientam a intepretação da regra. Vejamos um exemplo que a
Constituição apresenta:
Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte:
A Constituição, no caput de seu artigo 37, elenca princípios, mas não apresenta uma medida para cumpri-
mento de cada princípio. A norma, nesse momento, não define quais os limites da legalidade, impessoalidade,
publicidade ou eficiência. Por isso, os princípios são abstratos. Esse papel de definir “os limites de aplicação” dos
princípios e de apresentá-los como valores será exercido em um nível seguinte por meio das regras ou normas a
serem estabelecidas.
Nas palavras de Francisco Amaral (2017):
[...] são pensamentos diretores de uma regulamentação jurídica, critérios para a ação e para a constituição de normas e de
institutos jurídicos [...] Como diretrizes gerais e básicas, servem também para fundamentar e dar unidade a um sistema ou
a uma instituição.
Dica
Regras são prescrições de conduta claras e objetivas. Já os princípios são juízos abstratos de valor que orientam a
interpretação e a aplicação das regras.
A distinção entre princípios e regras traduz uma distinção entre dois tipos de normas.
Valores e virtudes
O Direito recepciona em nosso ordenamento jurídico os valores éticos e morais apontando-os como diretrizes impor-
tantes e como meios de aplicação das normas. Assim, o direito deve ser interpretado muito além das chamadas normas
jurídicas, devendo incorporar a moral em voga naquele momento ao ordenamento jurídico.
Os valores podem ser facilmente exemplificados, mas sua definição é mais complexa. Por exemplo, a vida é um
valor muito importante em nossa sociedade, juntamente com a liberdade e a propriedade. Se vocês repararem,
verão que existe uma relação entre os princípios e as expressões valor, direito, norma e regra.
Inicialmente estabelecemos um princípio: impessoalidade, por exemplo. Em seguida temos que impessoalidade é
a igualdade no tratamento dos cidadãos. A igualdade é um valor e vamos respeitá-lo. Nesse momento só nos faltaria
determinar uma norma de conduta, uma regra para seguirmos. Essa definição de valor é feita informando as pessoas
dos riscos em descumprir a impessoalidade. Ou seja, trazendo esses conceitos para a prática, desrespeitar a impes-
soalidade é uma improbidade administrativa, que configura crime e possui pena. Nesse momento temos um prin-
cípio consistente, um valor definido e uma norma apresentada.
Impessoalidade é um princípio.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Igualdade é um valor.
= descumprir a impessoalidade é
improbidade administrativa. Disso
187
Lei de improbidade
Impessoalidade:
Administrativa:
Princípios
garantia de princípio
Pronto! Definimos os conceitos de princípios e valores e relacionamos esses pontos ao Direito que é o campo
onde vamos aplicá-los.
Referências
Primeiramente, vale destacar que “Ética” é uma palavra originária do grego “Ethos”, que acarreta a noção de
caráter. Para os gregos antigos, este termo carregava a noção de uma percepção individual, no qual devia ser clara
e confortável, guiando o Homem no “Bem agir”.
Já a ética empresarial, ou ainda ética das organizações, é o comportamento da empresa referente à sua condu-
ta ética, ou seja, quando ela age em conformidade aos princípios morais preconizados na sociedade.
Neste sentido, inferimos que a ética empresarial funciona como os pilares morais e de relacionamento defini-
dos dentro da organização para o seu modo de atuação no mercado, diante de seus clientes, funcionários, parcei-
ros e até mesmo concorrentes. Assim, a atuação ética empresarial é aquela na qual está de acordo com os valores
estabelecidos.
Desse modo, a orientação humanística da ética empresarial é caracterizada por um conjunto de ações, projetos e
valores tendo como valor principal a vida humana, ou seja, ao bem estar social do ser humano.
O debate da ética empresarial abrange e questiona inúmeros aspectos da administração das organizações e
de suas relações com a sociedade.
De forma didática, podemos classificar a sua abrangência em quatro categorias (ou níveis):
As questões éticas relacionam-se com o papel e os efeitos das organizações na sociedade em geral.
São exemplos das questões éticas envolvidas nesse nível:
É justo os altos executivos terem seus salários muito maiores do que os trabalhadores operacionais?
Pode-se aceitar a influência das empresas privadas nos pleitos eleitorais?
z Nível do Stakeholder
Stakeholder (ou em português, parte interessada) são pessoas associadas diretamente ou indiretamente à
organização ou que sofrem alguma influência em suas decisões.
São exemplos das questões éticas envolvidas neste nível:
Quais são as obrigações da organização com relação ao impacto ambiental sobre as comunidades?
Quais são as obrigações da empresa em informar os riscos de seus produtos para o consumidor final? Ex.:
tabaco.
Neste nível, a discussão sobre a ética tem seu foco especialmente nas relações entre a organização e seus
empregados.
188 São exemplos das questões éticas envolvidas neste nível:
Quais são as obrigações da empresa com seu funcionário?
Que participação os empregados devem ter nas decisões que afetam a empresa?
z Nível Individual
No plano individual, as questões éticas dizem respeito de como as pessoas devem tratar-se uma as outras.
São exemplos das questões éticas envolvidas neste nível:
Afinal, todo este debate sobre a abrangência da ética na Administração, tem como objetivo a transformação da
empresa em uma organização íntegra.
E o que é uma organização íntegra?
O professor Marcelo Coimbra nos ensina que: “uma organização íntegra é aquela que consegue manter, em
cada uma das suas decisões, atividades ou ações uma coerência com a sua identidade, nunca perdendo de vista os
valores que a inspiram e os objetivos que ela deve perseguir, transformando-os em ação concreta”.
Atualmente, devido à complexidade das relações entre as partes envolvidas, o termo Compliance, inerente à
ética empresarial, vem ganhando destaque.
O termo compliance tem sua origem no verbo no idioma inglês to comply, que significa agir de acordo com as
diretrizes estabelecidas, especificações ou legislação, ou seja, a organização deve empenhar-se em cumprir e fazer
cumprir as regras internas e externas na qual regem suas atividades.
Na prática, cada vez mais é exigido das organizações uma conduta ética, transparente e responsável perante
toda a sociedade, não sendo mais aceitas atitudes e ações sem a devida integridade.
Importante!
Estar em compliance é estar em conformidade com as leis e regulamentos (externos e internos), com o obje-
tivo de evitar fraudes, ilícitos e desvios de conduta.
Certamente, você aluno, deve estar se indagando que esses conceitos inerentes à ética são abstratos e de difícil
aplicação no dia a dia da organização. Como, então, aplicar isso no cotidiano da empresa? A resposta se dá por
meio do famoso Código de Ética, nosso próximo assunto!
O principal mecanismo para implantar a gestão da ética de modo eficiente, tanto nas empresas privadas, tanto
nas empresas públicas é com a elaboração e implantação do Código de Ética e/ou conduta.
Como sabemos: documentar é preciso! Assim, o código de ética é o documento utilizado para traduzir o com-
portamento esperado de todos os funcionários, inclusive de dirigentes, gerentes, parceiros comerciais.
De forma simples, o código de ética estabelece regras essenciais que devem ser observados por todos, sem
exceção, além de poder prever sanções para os funcionários que o infringirem.
Em regra, inicia-se com uma mensagem da autoridade máxima (o presidente), e posteriormente encontra-se
os princípios e valores adotados pela organização, além do estabelecimento de direitos, deveres, obrigações e
vedações, abordando diversos outros tópicos relevantes, tais como: responsabilidade social, conflito de interesses,
políticas de proteção de dados, diversidade e inclusão, etc.
Normalmente, as organizações optam por produzir códigos de ética sucintos e de fácil compreensão, favore-
cendo assim a sua difusão, leitura e aplicação.
Na tabela abaixo, trazemos algumas características essenciais na elaboração de um código de ética e/ou
conduta:
A maioria das ações inerentes à gestão da ética nas empresas privadas são compatíveis com as empresas
estatais (empresa pública e sociedade de economia mista). Dessa maneira, a principal diferença não está nas fer-
ramentas, e sim no modo como são formalizadas.
Na gestão privada é possível implantar as políticas de integridade de forma mais célere, aplicando as ações
necessárias para empresa. Já na gestão pública, respeitando o princípio da legalidade, as ações não podem ser
pautadas pela vontade da administração ou dos agentes públicos, mas sim deve-se obrigatoriamente respei-
tar a vontade da Lei.
189
É importante ressaltar que, o princípio da legalidade impõe que o agente público observe, fielmente, todos os
requisitos expressos na Lei.
Nessa lógica, na Administração Pública, a conduta ética é objeto de diversos dispositivos legais, por exemplo:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
Decreto nº 1.171/1994
O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somen-
te entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas prin-
cipalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
Federal.
Lei nº 13.303/2016
Art. 9º § 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre:
I - princípios, valores e missão da empresa pública e da sociedade de economia mista, bem como orientações sobre
a prevenção de conflito de interesses e vedação de atos de corrupção e fraude;
II - instâncias internas responsáveis pela atualização e aplicação do Código de Conduta e Integridade;
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias internas e externas relativas ao descumprimento
do Código de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética e obrigacionais;
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que utilize o canal de denúncias;
V - sanções aplicáveis em caso de violação às regras do Código de Conduta e Integridade;
VI - previsão de treinamento periódico, no mínimo anual, sobre Código de Conduta e Integridade, a empregados e
administradores, e sobre a política de gestão de riscos, a administradores.
Outro assunto que entrou para a agenda empresarial, e assim também pode ser cobrado em sua prova, é o
debate da responsabilidade social da empresa.
A responsabilidade social empresarial consiste no conjunto de iniciativas que objetiva o desenvolvimento
sustentável, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista social e ambiental.
Nesta perspectiva, é de suma importância o foco na dimensão ética de suas relações com as partes envol-
vidas, bem como a qualidade dos impactos da organização sobre a sociedade e o meio ambiente.
Para facilitar o entendimento, esquematizamos os principais pontos na figura a seguir:
� Econômico
Desenvolvimento � Social
Sustentável � Ambiental
Outro assunto já cobrado em concursos, é sobre o modelo inicial de responsabilidade social empresarial
desenvolvido por Carroll, no qual se estabelecem as dimensões da responsabilidade social empresarial em for-
ma de uma pirâmide:
190
Responsabilidade
Discricionária
Responsabilidade Ética
Responsabilidade Legal
Responsabilidade
Econômica
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Carroll apud Machado Filho (2020).
Atualmente, com os inúmeros casos de corrupção tanto na iniciativa privada quanto na esfera pública, o com-
portamento ético tornou-se central nos debates nas organizações.
Dessa maneira, a tendência é que as organizações (públicas e privadas) mais transparentes tenham mais cre-
dibilidades em seus relacionamentos sociais e empresariais.
Com isso, a criação e a manutenção de um ambiente ético nas organizações contribuem para o fomento de
uma cultura focada na integridade, na qual permite a participação de todos os atores envolvidos, buscando elimi-
nar possíveis fraudes e corrupções. Por fim, inferimos, que para o sucesso da organização é fundamental o alinha-
mento de sua estrutura organizacional, a fim de atender a princípios éticos e com respeito à legislação nacional, de
modo a que a função social da organização seja efetivamente cumprida.
Atenção! Para auxiliar nos seus estudos, disponibilizamos, na área do aluno, em nosso site, o material sobre
“Código de Ética, de Conduta e Política de Responsabilidade Socioambiental da Caixa Econômica Federal”.
O passo a passo para acessar os materiais complementares encontra-se na página 6 desse livro. Você pode, tam-
bém, acessá-los no site da Caixa Econômica Federal.
OBJETIVO DA LEI
A Constituição Federal de 1988, no inciso II, do art. 7º, enumera como direitos sociais dos trabalhadores urba-
nos e rurais o seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário, além de prever o salário-família e o
auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda (inciso IV, do art. 201, da CF).
O objetivo da Lei nº 7.998, de 1990, é regular o programa do seguro-desemprego, o abono salarial e, também,
instituir o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
PROGRAMA DE SEGURO-DESEMPREGO
O seguro-desemprego é um benefício previdenciário que possui previsão no inciso II, do art. 7º, e inciso III, do
art. 201, ambos da CF. É pago por alguns meses em dinheiro e destina-se aos trabalhadores urbanos e rurais que
foram dispensados sem justa causa (sem motivo).
191
O seguro-desemprego tem natureza jurídica de z No caso de terceira solicitação ao seguro-desem-
benefício previdenciário, haja vista que uma das fina- prego: A cada 6 (seis) meses de contrato, imedia-
lidades precípuas da Previdência Social é a proteção tamente anteriores à data da dispensa sem justa
ao trabalhador em situação de desemprego involun- causa, o trabalhador fará jus ao benefício. Essa
tário. O benefício em questão objetiva assegurar o regra aplica-se às solicitações posteriores de segu-
sustento do desempregado, bem como almeja a reco- ro-desemprego, se houver.
locação do trabalhador no mercado de trabalho.
O seguro-desemprego é direito pessoal e intransfe- Veja o que dispõe o art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990:
rível do trabalhador, podendo ser requerido a partir
Art. 3º Terá direito à percepção do seguro-desem-
do sétimo dia subsequente à rescisão do contrato
prego o trabalhador dispensado sem justa causa
de trabalho, conforme prevê o art. 6º, da Lei nº 7.998,
que comprove:
de 1990.
I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de
Para avançarmos nos estudos, é importante
pessoa física a ela equiparada, relativos a:
conhecer os conceitos de direito pessoal e direito a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18
intransferível: (dezoito) meses imediatamente anteriores à data
de dispensa, quando da primeira solicitação;
z Direito Pessoal: Garantia que é devida ao traba- b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze)
lhador (pessoa física) e que, via de regra, somente meses imediatamente anteriores à data de dispen-
pode ser paga a ele; sa, quando da segunda solicitação; e
z Direito Intransferível: Garantia devida ao traba- c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente ante-
lhador e que não pode ser transferida a outrem. riores à data de dispensa, quando das demais
solicitações;
O art. 2º, da Lei nº 7.998, de 1990, traz a finalidade
do programa de seguro desemprego. Vejamos: Esquematizando, pode-se organizar o direito ao
seguro-desemprego na seguinte tabela:
Art. 2º [...]
I - prover assistência financeira temporária ao tra- QUANTIDADE MESES ANTES
balhador desempregado em virtude de dispensa DE SALÁRIOS DA DISPENSA
sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalha-
dor comprovadamente resgatado de regime de tra- 1ª VEZ Doze 18 meses
balho forçado ou da condição análoga à de escravo;
II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preser- 2ª VEZ Nove 12 meses
vação do emprego, promovendo, para tanto, ações
3ª VEZ E DEMAIS Seis 6 meses
integradas de orientação, recolocação e qualifica-
ção profissional.
Em 24 de agosto de 2001, foi editada pelo Presi-
dente da República a Medida Provisória nº 2.164-41,
A Lei nº 7.998, de 1990, protege, de forma especial,
que alterou e incluiu diversos dispositivos na Lei nº
os trabalhadores que foram submetidos a regime de
7.998, de 1990. Entre eles, está o art. 8º-C, que estabe-
trabalho forçado ou reduzido a condição análoga
à de escravo. Tais trabalhadores serão resgatados e lece uma regra distinta no tocante à habilitação para
terão direito à percepção de três parcelas de segu- receber o seguro-desemprego.
ro-desemprego no valor de um salário mínimo cada
(art. 2º-C, da Lei nº 7.998, de 1990). Dica
Além disso, terão qualificação profissional e reco- Medida Provisória (MP): Ato normativo emanado
locação no mercado de trabalho, por meio do Sistema pelo Presidente da República nos casos de rele-
Nacional de Emprego (SINE), na forma estabelecida vância e urgência. Apesar de a medida provisória
pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo não ser uma lei propriamente dita, ela entra em
ao Trabalhador (CODEFAT) (§ 1º, do art. 2º-C, da Lei
vigor (produz efeitos) imediatamente. Contudo,
nº 7.998, de 1990).
ela deve ser submetida a um controle posterior,
Um dos pontos mais relevantes da Lei sobre o
seguro-desemprego é saber quem tem direito à per- que é realizado pelo Congresso Nacional. Caso
cepção. Nesse sentido, é necessário que o trabalhador não seja convertida em lei dentro do prazo legal,
tenha sido dispensado sem justa causa (imotivada- a medida provisória perderá a sua eficácia, ou
mente), ou seja, sem motivo pelo empregador, que seja, os seus efeitos jurídicos.
pode ser pessoa jurídica ou física equiparada à pessoa
jurídica. Essa medida provisória traz uma característica
Como contraprestação pela atividade prestada, muito peculiar, pois continua vigente mesmo sem ter
deve ter percebido como salário (art. 3º, da Lei nº sido convertida em lei. Isso se deve ao fato de que a
7.998, de 1990): Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de
2001, no seu art. 2º dispôs expressamente que as medi-
z No caso de primeira solicitação ao seguro-desem- das provisórias que foram editadas antes da publica-
prego: O trabalhador deve ter recebido pelo menos ção dessa Emenda continuam em vigor até que outra
12 (doze) meses de salário, nos últimos 18 meses medida provisória as revogue de forma expressa.
antes da dispensa sem justa causa; Como não sobreveio outra medida provisória
z No caso de segunda solicitação ao seguro-desem- revogando a MP nº 2.164-41, tem-se que esta continua
prego: O trabalhador deve ter recebido pelo menos vigente. Nesse sentido, veja o que dispõe o art. 8º-C, da
9 (nove) meses de salário, nos últimos 12 meses Lei nº 7.998, de 1990, e o art. 2º, da Emenda Constitu-
192 antes da dispensa sem justa causa; cional nº 32, respectivamente:
Art. 8º-C (Lei nº 7.998/1990) Para efeito de habili- da frequência do trabalhador segurado em curso
tação ao Seguro-Desemprego, desconsiderar-se-á o de formação inicial e continuada ou qualificação
período de suspensão contratual de que trata o art. profissional, com carga horária mínima de 160
476-A da CLT, para o cálculo dos períodos de que (cento e sessenta) horas.
tratam os incisos I e II do art. 3º desta Lei. (Incluído É do próprio Poder Executivo a responsabilida-
pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) de pela definição dos critérios e requisitos para a
Art. 2º (MP nº 32) As medidas provisórias edita- concessão da assistência financeira (§ 1º, do art. 3º) do
das em data anterior à da publicação desta emen-
Programa de Seguro-Desemprego, conforme prevê o §
da continuam em vigor até que medida provisória
2º, do art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990.
ulterior as revogue explicitamente ou até delibera-
ção definitiva do Congresso Nacional.
Agora que já estudamos quem possui o direito de
receber o seguro-desemprego, atente-se ao próximo
parágrafo, pois ele será essencial para compreender
Veja que o art. 8º-C, da Lei nº 7.998, de 1990, remete
o número de parcelas às quais trabalhador fará jus.
ao art. 476-A, da Consolidação das Leis do Trabalho
O benefício do seguro-desemprego será conce-
(CLT), que trata da suspensão do contrato de trabalho
dido ao trabalhador variando entre 3 a 5 parcelas
para participação em curso ou programa de qualifi-
(meses), de forma contínua ou alternada. Contudo,
cação profissional. Nos termos do art. 8º-C, para fins
a Lei nº 7.998, de 1990, estabeleceu critérios para a
apuração do direito ao seguro-desemprego, será des-
determinação do número de parcelas que, no caso do
considerado o período que durou a suspensão (art.
máximo de parcelas, deverá observar os 36 (trinta e
3º, da Lei nº 7.998, de 1990).
seis) meses anteriores à dispensa.
Veja o que dispõe o art. 476-A, da CLT:
Através disso, conclui-se que, para estabelecer o
número de parcelas às quais trabalhador tem direi-
Art. 476-A O contrato de trabalho poderá ser sus-
penso, por um período de dois a cinco meses, para
to, deve-se, necessariamente, analisar os últimos 36
participação do empregado em curso ou progra- meses de tempo de serviço antes da dispensa sem jus-
ma de qualificação profissional oferecido pelo ta causa.
empregador, com duração equivalente à suspensão Salienta-se, ainda, que é vedado computar o tem-
contratual, mediante previsão em convenção ou po de serviço de vínculo empregatício anterior que já
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal tenha ensejado o recebimento do seguro-desemprego
do empregado, observado o disposto no art. 471 pelo trabalhador. Vejamos:
desta Consolidação.
Art. 4º O benefício do seguro-desemprego será con-
Além disso, é preciso preencher os requisitos dos cedido ao trabalhador desempregado, por período
incisos III a VI, do art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990: máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de
forma contínua ou alternada, a cada período aqui-
Art. 3º [...] sitivo, contados da data de dispensa que deu
[...] origem à última habilitação, cuja duração será
III - não estar em gozo de qualquer benefício pre- definida pelo Conselho Deliberativo do Fundo de
videnciário de prestação continuada, previsto no Amparo ao Trabalhador (Codefat).
Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, [...]
excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplemen- § 2º A determinação do período máximo men-
tar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de cionado no caput observará a seguinte relação
1976, bem como o abono de permanência em servi- entre o número de parcelas mensais do benefício
ço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973; do seguro-desemprego e o tempo de serviço do
IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; e trabalhador nos 36 (trinta e seis) meses que
V - não possuir renda própria de qualquer natureza antecederem a data de dispensa que originou
suficiente à sua manutenção e de sua família. o requerimento do seguro-desemprego, vedado o
VI - matrícula e frequência, quando aplicável, nos cômputo de vínculos empregatícios utilizados
termos do regulamento, em curso de formação ini- em períodos aquisitivos anteriores:
cial e continuada ou de qualificação profissional
habilitado pelo Ministério da Educação, nos termos Feitos esses apontamentos, é importante mencio-
do art. 18 da Lei no 12.513, de 26 de outubro de nar que o número de parcelas às quais o trabalha-
2011, ofertado por meio da Bolsa-Formação Traba- dor faz jus está estritamente ligado à quantidade de
lhador concedida no âmbito do Programa Nacional requerimentos de seguro-desemprego, uma vez que
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), os incisos I, II, e III, do § 2º, do art. 4º, estabelecem
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
instituído pela Lei no 12.513, de 26 de outubro de critérios distintos para as primeira, segunda e terceira
2011, ou de vagas gratuitas na rede de educação solicitações.
profissional e tecnológica. É importante observar também a regra contida no
§ 2º, do art. 4º, da Lei nº 7.998, de 1990, que estabele-
Atenção! Na apuração dos requisitos para se habi- ce a observância obrigatória do tempo de serviço do
litar ao seguro desemprego, não se considera a sus- trabalhador, qual seja, os 36 (trinta e seis) meses, para
pensão do contrato de trabalho realizada com o fim fins dos requerimentos elencados a seguir:
aperfeiçoamento do trabalhador em curso ou progra-
ma de qualificação profissional, conforme arts. 3º e z Primeiro Requerimento (primeira vez que solicita
8º-C, da Lei 7.998, de 1990, combinados com o 476-A, o seguro-desemprego)
da CLT.
Vale mencionar que, de acordo com o § 1º, do art. Se for a primeira vez que o trabalhador faz o
3º, da Lei nº 7.998, de 1990, a União poderá condicionar requerimento do seguro-desemprego, existem duas
o recebimento da assistência financeira do Programa possibilidades:
de Seguro-Desemprego à comprovação da matrícula e
193
O trabalhador receberá quatro parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23
meses, nos últimos 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
O trabalhador receberá 5 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 24 meses, nos últimos 36 meses
anteriores à data da sua dispensa.
Art. 4º [...]
§ 2º [...]
I - para a primeira solicitação
a) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência;
b) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência;
z Segundo Requerimento
Se for a segunda vez que o trabalhador faz o requerimento de seguro-desemprego, existem três possibilidades:
O trabalhador receberá 3 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 9 meses e, no máximo, 11 meses,
nos últimos 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
O trabalhador receberá 4 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23
meses, nos últimos 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
O trabalhador receberá 5 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 24 meses, nos últimos 36 meses
anteriores à data da sua dispensa.
Art. 4º [...]
§ 2º [...]
II - para a segunda solicitação:
a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 9 (nove) meses e, no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência;
c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência;
Se for a terceira vez ou posterior que o trabalhador faz o requerimento do seguro-desemprego, existem três
possibilidades:
O trabalhador receberá 3 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 6 meses e, no máximo, 11 meses,
no período de 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
O trabalhador receberá 4 parcelas, caso tenha trabalhado por, no mínimo, 12 meses e, no máximo, 23
meses, no período de 36 meses anteriores à data da sua dispensa;
O trabalhador receberá 5 parcelas, caso tenha trabalhado, no mínimo, 24 meses, no período de 36 meses
anteriores à data da sua dispensa.
Art. 4º [...]
§ 2º [...]
III - a partir da terceira solicitação:
a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 6 (seis) meses e, no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou
c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela
equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência.
Para fins de fixação do número de parcelas, especificamente no tocante à contagem dos meses, é importante
esclarecer que a fração igual ou superior a quinze dias será considerada como um mês integral.
Ex.: Maria trabalhava na empresa X e foi dispensada imotivadamente com 11 meses e 15 dias de serviço. Sabe-se
que essa é a quinta vez que ela solicita o seguro-desemprego. Nesse caso, Maria teria direito a quantas parcelas? Con-
siderando que, para fins de fixação da quantidade de parcelas do seguro-desemprego, a fração de 15 dias é tida como
um mês inteiro, então, hipoteticamente, Maria trabalhou por 12 meses e, por isso, tem direito a 4 parcelas, conforme
a alínea “b”, do inciso III, do § 2º, do art. 4º, assim como o seu § 3º.
Vejamos:
Art. 4º [...]
§ 2º [...]
III - a partir da terceira solicitação:
[...]
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a
ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou
194
[...]
§ 3º A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os
efeitos do § 2º.
VÍNCULO
PARCELAS PERÍODO DE REFERÊNCIA
EMPREGATÍCIO
36 MESES
2ª VEZ Quatro 12 a 23 meses rência, que coincide com a data da dispensa
� Para fins de fixação do número de parcelas às
Cinco 24 meses ou mais quais o trabalhador faz jus, a fração igual ou supe-
Três 6 a 11 meses rior a 15 dias é considerada como um 1 mês inteiro
� Atenção! Para fins de fixação do número de
3º VEZ E DEMAIS Quatro 12 a 23 meses parcelas que o trabalhador tem direito, é vedado
computar vínculo empregatício anterior que já foi
Cinco 24 meses ou mais objeto de requerimento de desemprego
Sobre a fixação do valor do benefício, o art. 3º, da Lei 7.998, de 1990, estabelece que ela se dará por Bônus do
Tesouro Nacional (BTN), devendo ser calculado segundo 3 (três) faixas salariais. Vejamos:
Art. 5º O valor do benefício será fixado em Bônus do Tesouro Nacional (BTN), devendo ser calculado segundo 3 (três)
faixas salariais, observados os seguintes critérios:
I - até 300 (trezentos) BTN, multiplicar-se-á o salário médio dos últimos 3 (três) meses pelo fator 0,8 (oito décimos);
II - de 300 (trezentos) a 500 (quinhentos) BTN aplicar-se-á, até o limite do inciso anterior, a regra nele contida e, no
que exceder, o fator 0,5 (cinco décimos);
III - acima de 500 (quinhentos) BTN, o valor do benefício será igual a 340 (trezentos e quarenta) BTN.
§ 1º Para fins de apuração do benefício, será considerada a média dos salários dos últimos 3 (três) meses anteriores
à dispensa, devidamente convertidos em BTN pelo valor vigente nos respectivos meses trabalhados.
§ 2º O valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo.
§ 3º No pagamento dos benefícios, considerar-se-á:
I - o valor do BTN ou do salário mínimo do mês imediatamente anterior, para benefícios colocados à disposição do
beneficiário até o dia 10 (dez) do mês;
II - o valor do BTN ou do salário mínimo do próprio mês, para benefícios colocados à disposição do beneficiário após
o dia 10 (dez) do mês.
Sobre o Bônus do Tesouro Nacional (BTN), é imperioso esclarecer que ele foi criado pela Lei nº 7.777, de 19 de
junho de 1989, e tem previsão no art. 5º dessa. Vejamos:
Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá autorizar a emissão de Bônus do Tesouro Nacional - BTN, destinados a prover
o Tesouro Nacional de recursos necessários à manutenção do equilíbrio orçamentário ou para a realização de ope-
rações de crédito por antecipação da receita, observados os limites legalmente fixados.
§ 1º Os BTN terão as seguintes características:
a) prazo: até vinte e cinco anos;
b) remuneração: juros máximos de doze por cento ao ano, calculados sobre o valor nominal, atualizado monetaria-
mente e pagos semestralmente;
c) valor nominal: NCz$ 1,00 (um cruzado novo), em fevereiro de 1989;
d) forma de colocação: oferta pública, com a realização de leilões, podendo ser colocados ao par, com ágio ou
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
deságio;
e) modalidade: nominativa-transferível.
§ 2º O valor nominal dos BTN será atualizado mensalmente pelo IPC.
§ 3º O Ministro da Fazenda poderá autorizar a emissão de BTN contendo cláusula alternativa de opção, por ocasião
do resgate, pela atualização cambial com base na variação da cotação do dólar norte-americano, fixada pelo Banco
Central do Brasil.
§ 4º Os BTN, a partir de seu vencimento, terão poder liberatório para pagamento de impostos federais, de responsa-
bilidade de seu detentor ou de terceiros, pelo valor atualizado de acordo com os §§ 2º e 3º.
§ 5º Os BTN serão emitidos preferencialmente sob a forma escritural, com registro em sistema centralizado de
liquidação e custódia, dos direitos creditórios, das cessões desses direitos, bem assim dos resgates do principal e
dos juros.
§ 6º A negociação dos BTN far-se-á fora das Bolsas de Valores, no mercado aberto, por intermédio de instituições
autorizadas a operar nos mercados financeiros e de capitais, na forma das Leis nºs 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
e 4.728, de 14 de julho de 1965.
§ 7º Fica o Ministro da Fazenda autorizado a celebrar convênios e contratos para a emissão, colocação e resgate
dos BTN.
195
No entanto, apesar de a Lei nº 7.998, de 11 de janei- Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos
ro de 1990, ainda prever expressamente no art. 5º I a III deste artigo, será suspenso por um período
que o valor do benefício do seguro-desemprego será de 2 (dois) anos, ressalvado o prazo de carência, o
fixado em Bônus do Tesouro Nacional, tem-se que direito do trabalhador à percepção do seguro-de-
tal disposição se encontra parcialmente revogada no semprego, dobrando-se este período em caso de
tocante ao BTN, porque o BTN foi extinto pela Lei nº reincidência.
8.177, de 1991. Vejamos:
Visto sobre o Seguro-Desemprego, passemos agora
Art. 3º Ficam extintos a partir de 1º de fevereiro para o estudo do Programa de Qualificação Profissional.
de 1991:
I - o BTN Fiscal instituído pela Lei n° 7.799, de 10 PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
de julho de 1989;
II - o Bônus do Tesouro Nacional (BTN) de que Com o objetivo de contribuir com os trabalhado-
trata o art. 5° da Lei n° 7.777, de 19 de junho de res na busca ou preservação do emprego, instituiu-se
1989, assegurada a liquidação dos títulos em circu- a Bolsa de Qualificação Profissional. Segundo os arts.
lação, nos seus respectivos vencimentos; 2 e 2º-A, temos:
O abono salarial anual é um direito, pago em Art. 10 É instituído o Fundo de Amparo ao Traba-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
dinheiro, garantido aos trabalhadores públicos ou lhador (FAT), vinculado ao Ministério do Traba-
privados, que se encontra previsto no art. 239, da lho e Emprego, destinado ao custeio do Programa
Constituição Federal. O direito à percepção ao abono de Seguro-Desemprego, ao pagamento do abono
encontra-se regulado no art. 9º, da Lei nº 7.998, de salarial e ao financiamento de programas de
1990. Vejamos: educação profissional e tecnológica e de desen-
volvimento econômico.
Art. 239 A arrecadação decorrente das contribui-
ções para o Programa de Integração Social, Com a nova destinação das arrecadações, a partir
criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setem- da Constituição Federal de 1988, ficaram estabeleci-
bro de 1970, e para o Programa de Formação do
das duas situações:
Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei
Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, pas-
sa, a partir da promulgação desta Constituição, a z Os valores do Fundo de Participação PIS-Pasep
financiar, nos termos que a lei dispuser, o progra- que já estavam depositados nas contas individuais
ma do seguro-desemprego, outras ações da pre- dos cotistas foram mantidos, contudo, o saque dos
vidência social e o abono de que trata o § 3º deste valores só era autorizado em algumas hipóteses
artigo. previstas em lei. 197
A Lei nº 13.932, de 2019, alterou a Lei Comple- sentido estrito, possuem força de lei ordinária. Como
mentar 26, autorizando, então, o saque integral. possuem força de lei ordinária, tem-se que não pos-
Entretanto, a Lei nº 13.932, de 2019, é uma lei ordi- suem força normativa para alterar/extinguir leis com-
nária, e, via de regra, leis ordinárias não alteram leis plementares, mas tão somente leis ordinárias. Ocorre
complementares. que a Lei Complementar nº 26, de 1975, é anterior à
Aqui, existe uma excepcionalidade: a Lei Comple- Constituição Federal de 1988, e ela recepcionou a Lei
mentar nº 26 é de 1975, ou seja, de antes da Consti- Complementar nº 26 apenas com status de lei ordiná-
tuição Federal de 1988. Contudo, a CF recepcionou a ria. Isso tornou, por conseguinte, possível a edição de
Lei Complementar (ou seja, transportou a Lei Comple- Medida Provisória.
mentar da Constituição anterior). Nesse caso, a CF de
1988 recepcionou-a com status de lei ordinária, por Feitos esses apontamentos, vamos aos requisitos
isso, foi possível que a Lei 13.932, de 2019, alterasse para o recebimento do abono salarial anual. O art. 9º,
uma lei complementar. da Lei nº 7.998 de 1990, traz os seguintes requisitos:
Art. 11 Dentro de 120 (cento e vinte) dias, a contar Multas, correção monetária e juros moratórios devidos
da vigência desta Lei, a Caixa Econômica Federal
submeterá à aprovação do Conselho Monetário Demais receitas patrimoniais e financeiras
Nacional o regulamento do Fundo, fixando as nor-
mas para o recolhimento e a distribuição dos recur-
sos, assim como as diretrizes e os critérios para a A responsabilidade por reger o FGTS será de um
sua aplicação. Conselho Curador composto por representação de
Parágrafo único - O Conselho Monetário Nacional trabalhadores, empregadores e órgãos e entidades
pronunciar-se-á, no prazo de 60 (sessenta) dias, a governamentais. A presidência caberá a um repre-
contar do seu recebimento, sobre o projeto de regu- sentante do Ministério do Trabalho e Previdência.
lamento do Fundo. Vejamos:
Por fim, elenca os casos de não aplicabilidade da Art. 3º O FGTS será regido por normas e diretrizes
estabelecidas por um Conselho Curador, composto
mesma, quais sejam:
por representação de trabalhadores, empregado-
res e órgãos e entidades governamentais, na forma
z Entidades da Administração Pública: estabelecida pelo Poder Executivo.
§ 1º A Presidência do Conselho Curador será exer-
Direta e indireta; cida por representante do Ministério do Trabalho e
Federal, estadual, municipal ou do DF. Previdência.
Art. 12 As disposições desta Lei não se aplicam a Quanto aos representantes dos trabalhadores e
quaisquer entidades integrantes da Administra- dos empregadores e seus suplentes, quem os nomeia é
ção Pública federal, estadual ou municipal, dos o próprio Poder Executivo; o mandato será de 2 (dois)
Territórios e do Distrito Federal, Direta ou Indire- anos e poderá ser reconduzido apenas uma vez.
ta adotando-se, em todos os níveis, para efeito de
conceituação, como entidades da Administração Art. 3º [...]
Indireta, os critérios constantes dos Decretos - Leis § 3º Os representantes dos trabalhadores e dos
nºs 200, de 25 de fevereiro de 1967, e 900, de 29 de empregadores e seus suplentes serão indicados
setembro de 1969. pelas respectivas centrais sindicais e confederações
nacionais, serão nomeados pelo Poder Executivo,
terão mandato de 2 (dois) anos e poderão ser
reconduzidos uma única vez, vedada a perma-
nência de uma mesma pessoa como membro titu-
LEI Nº 8.036/1990 (FGTS): lar, como suplente ou, de forma alternada, como
POSSIBILIDADES E CONDIÇÕES DE titular e suplente, por período consecutivo supe-
rior a 4 (quatro) anos no Conselho.
UTILIZAÇÃO/SAQUE
Uma vez por bimestre, o Conselho Curador fará
CERTIFICADO DE REGULARIDADE DO FGTS, GUIA reuniões ordinárias, sendo possível a convocação
DE RECOLHIMENTO (GRF)
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
regularmente por pessoas naturais ou jurídicas IV - acompanhar a execução dos programas de habi-
especializadas em planejamento, em gestão de tação popular, saneamento básico e infraestrutura
investimentos, em avaliação de programas e polí- urbana previstos no orçamento do FGTS e imple-
ticas, em tecnologia da informação ou em qualquer mentados pela CEF, no papel de agente operador;
outra especialização julgada necessária para sub- V - submeter à apreciação do Conselho Curador as
sidiá-lo no exercício de suas atribuições, e as despe- contas do FGTS;
sas decorrentes ficarão a cargo do FGTS, observado VI - subsidiar o Conselho Curador com estudos téc-
o disposto no § 3º deste artigo. nicos necessários ao aprimoramento operacional
dos programas de habitação popular, saneamento
Os custos e as despesas incorridos pelo FGTS não básico e infra-estrutura urbana;
poderão superar limite a ser estabelecido pelo Con- VII - definir as metas a serem alcançadas nos pro-
selho Curador. Vejamos a disposição legal: gramas de habitação popular, saneamento básico e
infra-estrutura urbana.
Art. 5º [...]
§ 3º Os custos e despesas incorridos pelo FGTS É importante ressaltar o que caberá ao Ministério
não poderão superar limite a ser estabelecido pelo da Saúde, segundo o art. 6º-A: 205
Art. 6º-A Caberá ao Ministério da Saúde regula- I - Garantias:
mentar, acompanhar a execução, subsidiar o a) hipotecária;
Conselho Curador com estudos técnicos neces- b) caução de Créditos hipotecários próprios, relati-
sários ao seu aprimoramento operacional e vos a financiamentos concedidos com recursos do
definir as metas a serem alcançadas nas opera- agente financeiro;
ções de crédito destinadas às entidades hospita- c) caução dos créditos hipotecários vinculados aos
lares filantrópicas, bem como a instituições que imóveis objeto de financiamento;
atuem no campo para pessoas com deficiência, sem d) hipoteca sobre outros imóveis de propriedade do
fins lucrativos, que participem de forma comple- agente financeiro, desde que livres e desembaraça-
mentar do Sistema Único de Saúde (SUS). dos de quaisquer ônus;
e) cessão de créditos do agente financeiro, deriva-
O agente operador do FGTS é a Caixa Econômica dos de financiamentos concedidos com recursos
Federal, que deverá dar pleno cumprimento aos pro- próprios, garantidos por penhor ou hipoteca;
gramas anuais em andamento, aprovados pelo Con- f) hipoteca sobre imóvel de propriedade de terceiros;
selho Curador; eventuais alterações somente poderão g) seguro de crédito;
ser processadas mediante prévia anuência daquele h) garantia real ou vinculação de receitas, inclusive
colegiado. Terá como atribuições previstas no art. 7º: tarifárias, nas aplicações contratadas com pessoa
jurídica de direito público ou de direito privado a
Art. 7º À Caixa Econômica Federal, na qualidade ela vinculada;
de agente operador, cabe: i) aval em nota promissória;
I - centralizar os recursos do FGTS, manter e con- j) fiança pessoal;
trolar as contas vinculadas, e emitir regularmente l) alienação fiduciária de bens móveis em garantia;
os extratos individuais correspondentes às contas m) fiança bancária;
vinculadas e participar da rede arrecadadora dos n) consignação de recebíveis, exclusivamente para
recursos do FGTS; operações de crédito destinadas às entidades hospi-
II - expedir atos normativos referentes aos proce- talares filantrópicas, bem como a instituições que
dimentos administrativo-operacionais dos bancos atuam no campo para pessoas com deficiência, e
depositários, dos agentes financeiros, dos emprega- sem fins lucrativos que participem de forma com-
dores e dos trabalhadores, integrantes do sistema plementar do Sistema Único de Saúde (SUS), em
do FGTS; percentual máximo a ser definido pelo Ministério
III - definir procedimentos operacionais necessários da Saúde; e
à execução dos programas estabelecidos pelo Con- o) outras, a critério do Conselho Curador do FGTS;
selho Curador, com base nas normas e diretrizes de II - correção monetária igual à das contas
aplicação elaboradas pelo gestor da aplicação; vinculadas;
IV - elaborar as análises jurídica e econômico-fi- III - taxa de juros média mínima, por projeto,
nanceira dos projetos de habitação popular, infra- de 3 (três) por cento ao ano;
-estrutura urbana e saneamento básico a serem IV - prazo máximo de trinta anos.
financiados com recursos do FGTS;
V - emitir Certificado de Regularidade do FGTS;
Acompanhe também os parágrafos do art. 9º, com
VI - elaborar as demonstrações financeiras do FGTS,
atenção especial para o disposto no § 2º:
incluídos o Balanço Patrimonial, a Demonstração
do Resultado do Exercício e a Demonstração de Flu-
xo de Caixa, em conformidade com as Normas Con- Art. 9º [...]
tábeis Brasileiras, e encaminhá-las, até 30 de abril § 1º A rentabilidade média das aplicações deverá
do exercício subsequente, ao gestor de aplicação; ser suficiente à cobertura de todos os custos incor-
VII - implementar atos emanados do gestor da ridos pelo Fundo e ainda à formação de reserva téc-
aplicação relativos à alocação e à aplicação dos nica para o atendimento de gastos eventuais não
recursos do FGTS, de acordo com as diretrizes esta- previstos, e caberá ao agente operador o risco de
belecidas pelo Conselho Curador; crédito.
VIII - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) § 2º Os recursos do FGTS deverão ser aplicados em
IX - garantir aos recursos alocados ao FI-FGTS, em habitação, em saneamento básico, em infraes-
cotas de titularidade do FGTS, a remuneração apli- trutura urbana e em operações de crédito desti-
cável às contas vinculadas, na forma do caput do nadas às entidades hospitalares filantrópicas, bem
art. 13 desta Lei. como a instituições que atuam no campo para pes-
X - realizar todas as aplicações com recursos do FGTS soas com deficiência, e sem fins lucrativos que parti-
por meio de sistemas informatizados e auditáveis; cipem de forma complementar do SUS, desde que as
XI - colocar à disposição do Conselho Curador, disponibilidades financeiras sejam mantidas em volu-
em formato digital, as informações gerenciais que me que satisfaça as condições de liquidez e de remu-
estejam sob gestão do agente operador e que sejam neração mínima necessária à preservação do poder
necessárias ao desempenho das atribuições daque- aquisitivo da moeda.
le colegiado. § 3º O programa de aplicações deverá destinar:
I - no mínimo, 60% (sessenta por cento) para investi-
Para aplicação dos recursos do FGTS, deverão ser mentos em habitação popular; e,
obedecidos critérios fixados pelo Conselho Curador II - 5% (cinco por cento) para operações de crédito
do FGTS, desde que sejam preenchidos os seguintes destinadas às entidades hospitalares filantrópicas,
requisitos: bem como a instituições que atuam no campo para
pessoas com deficiência, e sem fins lucrativos que par-
Art. 9º As aplicações com recursos do FGTS serão ticipem de forma complementar do SUS.
realizadas exclusivamente segundo critérios fixa-
dos pelo Conselho Curador do FGTS e em operações Dentre as aplicações do FGTS, é obrigatório o seguin-
206 que preencham os seguintes requisitos: te destino:
z No mínimo, 60%: Investimentos em habitação Art. 13 [...]
popular; § 5º O Conselho Curador autorizará a distribuição
z 5%: Operações de crédito destinadas às entidades de parte do resultado positivo auferido pelo
hospitalares filantrópicas. FGTS, mediante crédito nas contas vinculadas
de titularidade dos trabalhadores, observadas
Em 2018, a Lei n° 13.778, de 2018, determinou que as seguintes condições, entre outras a seu critério:
algumas condições específicas precisarão ser observa- I - a distribuição alcançará todas as contas vincula-
das que apresentarem saldo positivo em 31 de dezem-
das nas operações de crédito destinadas às entidades
bro do exercício-base do resultado auferido, inclusive
hospitalares filantrópicas, bem como a instituições que
as contas vinculadas de que trata o art. 21 desta Lei;
atuem no campo para pessoas com deficiência, e sem II - a distribuição será proporcional ao saldo de
fins lucrativos que participem de forma complementar cada conta vinculada em 31 de dezembro do exer-
do SUS. Veja o disposto no § 10, do art. 9º: cício-base e deverá ocorrer até 31 de agosto do ano
seguinte ao exercício de apuração do resultado; e
Art. 9º [...]
§ 10 Nas operações de crédito destinadas às entidades Uma das perguntas mais relevantes sobre o FGTS
hospitalares filantrópicas, bem como a instituições
é: qual o percentual descontado da remunera-
que atuam no campo para pessoas com deficiência,
ção dos trabalhadores? Segundo o art. 15, todos os
e sem fins lucrativos que participem de forma com-
empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia
plementar do SUS, serão observadas as seguintes
condições: 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada,
I - a taxa de juros efetiva não será superior àquela a importância correspondente a 8 (oito) por cento
cobrada para o financiamento habitacional na moda- da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a
lidade pró-cotista ou a outra que venha a substituí-la; cada trabalhador. Vejamos a disposição da lei:
II - a tarifa operacional única não será superior a
0,5% (cinco décimos por cento) do valor da operação; Art. 15 Para os fins previstos nesta lei, todos os
e empregadores ficam obrigados a depositar, até o
III - o risco das operações de crédito ficará a cargo dos dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vin-
agentes financeiros de que trata o § 9º deste artigo. culada, a importância correspondente a 8 (oito)
por cento da remuneração paga ou devida, no mês
É responsabilidade do Conselho Curador fixar dire- anterior, a cada trabalhador, incluídas na remune-
trizes e estabelecer critérios técnicos para as aplicações ração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458
dos recursos do FGTS com o objetivo de: exigir a partici- da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei
nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modifica-
pação dos contratantes de financiamentos nos investi-
ções da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
mentos a serem realizados; assegurar o cumprimento,
por parte dos contratantes inadimplentes, das obriga-
Os parágrafos do art. 15 e o art. 16 conceituam
ções decorrentes dos financiamentos obtidos; evitar
empregador, trabalhador e diretor. Reunimos as
distorções na aplicação entre as regiões do país, conside-
informações na tabela a seguir, de modo que facilite
rando, para tanto, a demanda habitacional, a população
seu estudo. Acompanhe:
e outros indicadores sociais. Vejamos:
Art. 10 O Conselho Curador fixará diretrizes e estabe- A pessoa física ou a pessoa jurídi-
lecerá critérios técnicos para as aplicações dos recur- ca de direito privado ou de direito
sos do FGTS, visando: público, da administração pública
I - exigir a participação dos contratantes de financia- direta, indireta ou fundacional de
mentos nos investimentos a serem realizados; qualquer dos Poderes, da União,
II - assegurar o cumprimento, por parte dos contra- dos Estados, do Distrito Federal e
tantes inadimplentes, das obrigações decorrentes dos dos Municípios, que admitir traba-
financiamentos obtidos; lhadores a seu serviço, bem assim
III - evitar distorções na aplicação entre as regiões do EMPREGADOR
aquele que, regido por legislação
País, considerando para tanto a demanda habitacio- especial, encontrar-se nessa con-
nal, a população e outros indicadores sociais. dição ou figurar como fornecedor
ou tomador de mão-de-obra, in-
Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão dependente da responsabilidade
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
corrigidos monetariamente com base nos parâme- solidária e/ou subsidiária a que
tros fixados para atualização dos saldos dos depósitos eventualmente venha obrigar-se (§
de poupança e capitalização juros de 3 (três) por cen- 1º, art. 15)
to ao ano. O saldo das contas vinculadas é garantido
pelo Governo Federal, podendo ser instituído seguro Toda pessoa física que prestar ser-
especial para esse fim, nos termos do caput do art. 13: viços a empregador, a locador ou
tomador de mão-de-obra, excluídos
Art. 13 Os depósitos efetuados nas contas vincula- TRABALHADOR os eventuais, os autônomos e os
das serão corrigidos monetariamente com base nos servidores públicos civis e militares
parâmetros fixados para atualização dos saldos sujeitos a regime jurídico próprio (§
dos depósitos de poupança e capitalização juros de 2º, art. 15)
(três) por cento ao ano.
Aquele que exerça cargo de admi-
nistração previsto em lei, estatuto
Atente-se ao fato de que é possível a distribuição DIRETOR
ou contrato social, independente
entre os trabalhadores do lucro promovido pelo FGTS.
da denominação do cargo (art. 16)
Conforme o § 5º, do art. 13, temos que: 207
É importante mencionar que os contratos de XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus
aprendizagem terão a alíquota reduzida para dois dependentes for acometido de neoplasia maligna.
por cento. (Incluído pela Lei nº 8.922, de 1994)
De acordo com o art. 20, a conta vinculada do tra- XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Pri-
balhador no FGTS poderá ser movimentada, median- vatização, regidos pela Lei nº 6.385, de 7 de dezem-
te as situações previstas nos incisos do artigo. Vejamos: bro de 1976, permitida a utilização máxima de 50
% (cinqüenta por cento) do saldo existente e dispo-
nível em sua conta vinculada do Fundo de Garan-
Art. 20 A conta vinculada do trabalhador no FGTS
tia do Tempo de Serviço, na data em que exercer
poderá ser movimentada nas seguintes situações:
a opção. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) (Vide
I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de
Decreto nº 2.430, 1997)
culpa recíproca e de força maior;
XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art.
dependentes for portador do vírus HIV; (Incluído
484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
aprovada pelo Decreto- Lei no 5.452, de 1o de maio
XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus
de 1943;
dependentes estiver em estágio terminal, em razão
II - extinção total da empresa, fechamento de quais-
de doença grave, nos termos do regulamento;
quer de seus estabelecimentos, filiais ou agências,
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de
supressão de parte de suas atividades, declaração de
2001)
nulidade do contrato de trabalho nas condições do
XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou
art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador indi-
superior a setenta anos. (Incluído pela Medida Pro-
vidual sempre que qualquer dessas ocorrências impli-
visória nº 2.164-41, de 2001)
que rescisão de contrato de trabalho, comprovada
XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravida-
por declaração escrita da empresa, suprida, quando
de decorra de desastre natural, conforme disposto
for o caso, por decisão judicial transitada em julgado; em regulamento, observadas as seguintes condi-
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; ções: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a) o trabalhador deverá ser residente em áreas
a seus dependentes, para esse fim habilitados peran- comprovadamente atingidas de Município ou do
te a Previdência Social, segundo o critério adotado Distrito Federal em situação de emergência ou em
para a concessão de pensões por morte. Na falta de estado de calamidade pública, formalmente reco-
dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da nhecidos pelo Governo Federal; (Incluído pela Lei
conta vinculada os seus sucessores previstos na lei nº 10.878, de 2004)
civil, indicados em alvará judicial, expedido a requeri- b) a solicitação de movimentação da conta vincu-
mento do interessado, independente de inventário ou lada será admitida até 90 (noventa) dias após a
arrolamento; publicação do ato de reconhecimento, pelo Governo
V - pagamento de parte das prestações decorrentes Federal, da situação de emergência ou de estado de
de financiamento habitacional concedido no âmbito calamidade pública; e (Incluído pela Lei nº 10.878,
do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que: de 2004)
a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) c) o valor máximo do saque da conta vinculada
anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma será definido na forma do regulamento.
empresa ou em empresas diferentes; XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respei-
b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, tado o disposto na alínea i do inciso XIII do art. 5o
durante o prazo de 12 (doze) meses; desta Lei, permitida a utilização máxima de 30%
c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (trinta por cento) do saldo existente e disponível na
(oitenta) por cento do montante da prestação; data em que exercer a opção. (Redação dada pela
VI - liquidação ou amortização extraordinária do Lei nº 12.087, de 2009)
saldo devedor de financiamento imobiliário, obser- XVIII - quando o trabalhador com deficiência,
vadas as condições estabelecidas pelo Conselho por prescrição, necessite adquirir órtese ou pró-
Curador, dentre elas a de que o financiamento seja tese para promoção de acessibilidade e de inclu-
concedido no âmbito do SFH e haja interstício míni- são social. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
mo de 2 (dois) anos para cada movimentação; (Vigência)
VII - pagamento total ou parcial do preço de aqui- XIX - pagamento total ou parcial do preço de aqui-
sição de moradia própria, ou lote urbanizado de sição de imóveis da União inscritos em regime de
interesse social não construído, observadas as ocupação ou aforamento, a que se referem o art. 4o
seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº da Lei no 13.240, de 30 de dezembro de 2015, e o art.
11.977, de 2009) 16-A da Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, res-
a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 pectivamente, observadas as seguintes condições:
(três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
mesma empresa ou empresas diferentes; a) o mutuário deverá contar com o mínimo de três
b) seja a operação financiável nas condições vigen- anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma
tes para o SFH; empresa ou em empresas diferentes; (Incluído pela
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos Lei nº 13.465, de 2017)
ininterruptos fora do regime do FGTS; (Redação b) seja a operação financiável nas condições vigen-
dada pela Lei nº 13.932, de 2019) tes para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive ou ainda por intermédio de parcelamento efetua-
o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei do pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU),
nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974; mediante a contratação da Caixa Econômica Fede-
X - suspensão total do trabalho avulso por período ral como agente financeiro dos contratos de parce-
igual ou superior a 90 (noventa) dias, comprovada lamento; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
por declaração do sindicato representativo da cate- c) sejam observadas as demais regras e condições
208 goria profissional. estabelecidas para uso do FGTS.
XX - anualmente, no mês de aniversário do traba- II - 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte
lhador, por meio da aplicação dos valores constan- ao do vencimento da obrigação.
tes do Anexo desta Lei, observado o disposto no art. § 3º Para efeito de levantamento de débito para
20-D desta Lei; com o FGTS, o percentual de 8% (oito por cento)
XXI - a qualquer tempo, quando seu saldo for infe- incidirá sobre o valor acrescido da TR até a data da
rior a R$ 80,00 (oitenta reais) e não houver ocor- respectiva operação.
rido depósitos ou saques por, no mínimo, 1 (um)
ano, exceto na hipótese prevista no inciso I do § 5º Os seguintes pontos são considerados infrações
do art. 13 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932, de pela Lei nº 8.036, de 1990:
2019) (Vigência)
XXII - quando o trabalhador ou qualquer de seus Art. 23 [...]
dependentes for, nos termos do regulamento, pes- § 1º Constituem infrações para efeito desta lei:
soa com doença rara, consideradas doenças raras I - não depositar mensalmente o percentual referente
aquelas assim reconhecidas pelo Ministério da Saú- ao FGTS, bem como os valores previstos no art. 18 des-
de, que apresentará, em seu sítio na internet, a rela- ta Lei, nos prazos de que trata o § 6º do art. 477 da
ção atualizada dessas doenças. (Incluído pela Lei nº Consolidação das Leis do Trabalho - CLT;
13.932, de 2019) II - omitir as informações sobre a conta vinculada do
trabalhador;
O titular de contas vinculadas do FGTS estará III - apresentar as informações ao Cadastro Nacional
do Trabalhador, dos trabalhadores beneficiários, com
sujeito a somente às seguintes sistemáticas de saque:
erros ou omissões;
saque-rescisão ou saque-aniversário. O titular de
IV - deixar de computar, para efeito de cálculo dos depó-
contas vinculadas do FGTS estará sujeito originalmen-
sitos do FGTS, parcela componente da remuneração;
te à sistemática de saque-rescisão e poderá optar por V - deixar de efetuar os depósitos e os acréscimos
alterá-la, sendo que a primeira opção pela sistemática legais, após ser notificado pela fiscalização; e
de saque-aniversário poderá ser feita a qualquer tem- VI - deixar de apresentar, ou apresentar com erros ou
po e terá efeitos imediatos. Vejamos os dispositivos: omissões, as informações de que trata o art. 17-A des-
ta Lei e as demais informações legalmente exigíveis.
Art. 20-A O titular de contas vinculadas do FGTS
estará sujeito a somente uma das seguintes siste-
máticas de saque:
I - saque-rescisão; ou
II - saque-aniversário.
PRODUTOS: ABERTURA E
[...] MOVIMENTAÇÃO DE CONTAS:
Art. 20-B O titular de contas vinculadas do FGTS DOCUMENTOS BÁSICOS
estará sujeito originalmente à sistemática de
saque-rescisão e poderá optar por alterá-la, obser- Bom pessoal, muitos de nós já fomos a algum ban-
vado o disposto no art. 20-C desta Lei. [...] co, alguma vez, para abrir, ou assistir alguém abrir
uma conta. A conta que abrimos no banco nada mais
Se o empregador não realizar os depósitos previs- é do que um contrato, e como tal precisa de regras e
tos no prazo fixado, responderá pela incidência da de orientações sobre sua forma.
Taxa Referencial (TR) sobre a importância correspon- Lembrando que esse contrato é composto por uma
dente, que será cobrada por dia de atraso, tomando-se ficha-proposta e um cartão de assinatura.
por base o índice de atualização das contas vinculadas A ficha-proposta deve conter no mínimo: Qua-
do FGTS. lificação do depositante, endereço residencial e
A multa referida será cobrada nas condições que comercial completos, telefone com DDD, referencias
se seguem: pessoais, data da abertura da conta e o número dessa
conta, e a assinatura do depositante.
z 5% (cinco por cento) no mês de vencimento da Estas orientações estão contidas na Resolução
obrigação; CMN nº 4753/2019, que dita às regras básicas que
z 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do devem nortear as Instituições Financeiras quando da
vencimento da obrigação. Abertura e manutenção de contas de depósito.
Então vamos ver o que o CMN e o BACEN têm dito
sobre isso:
Art. 22 O empregador que não realizar os depósi-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
tos previstos nesta Lei, no prazo fixado no art. 15, No caso de pessoa física:
responderá pela incidência da Taxa Referencial –
TR sobre a importância correspondente. z Documento de identificação (carteira de identifica-
§ 1º Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, ção ou equivalente, como, por exemplo, a carteira
incidirão, ainda, juros de mora de 0,5% a.m. (cin- nacional de habilitação, passaporte, CTPS, carrei-
co décimos por cento ao mês) ou fração e multa, ras de órgão de classe);
sujeitando-se, também, às obrigações e sanções z Inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF);
previstas no Decreto-Lei no 368, de 19 de dezembro z Comprovante de residência.
de 1968.
§ 2º A incidência da TR de que trata o caput deste Para que exista uma pessoa física, basta que esta
artigo será cobrada por dia de atraso, tomando-se nasça com vida. Ela se extingue com a morte do
por base o índice de atualização das contas vincu- indivíduo.
ladas do FGTS.
§ 2º-A A multa referida no § 1º deste artigo será No caso de pessoa jurídica:
cobrada nas condições que se seguem:
I - 5% (cinco por cento) no mês de vencimento z Documento de constituição da empresa (contrato
da obrigação; social e registro na junta comercial); 209
z Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica z Devolução de cheque sem provisão de fundos na
(CNPJ); segunda apresentação;
z Documentos que qualifiquem e autorizem os z Devolução de cheque por conta encerrada;
representantes, mandatários ou prepostos a movi- z Devolução de cheque por pratica espúria. (práti-
mentar a conta. cas ilegais).
z Para que uma Pessoa Jurídica de direito Privado
exista é necessário que o contrato social seja regis- Veremos com mais detalhes mais a frente.
trado na JUNTA COMERCIAL do Estado onde a Sobre as tarifas que podem ser cobradas na sua
empresa se situa. conta veja:
z Nos casos de Partidos Políticos deve-se registrar Quando se fala em serviços do Banco, lembramos
o estatuto no TSE – Tribunal Superior Eleitoral. que são 4 categorias de serviços:
(estes são pessoas jurídicas de direito privado).
z As pessoas jurídicas podem ser também de direito z Serviços essenciais: aqueles que não podem ser
Público Interno: União, Estados, Distrito Federal e cobrados
Municípios; Autarquias e Fundações Públicas. (são
criados por Lei) Emissão da primeira via do cartão de débito.
z Existem ainda as de Direito Público Externo: que (segundas vias, exceto nos casos decorrentes de
são os territórios e entidades governamentais no perda, roubo, furto, danificação e outros moti-
exterior. vos não imputáveis a Instituição emitente);
4 saques durante o mês. (No caso de poupança
A pessoa jurídica extingue-se com a dissolução são 2 saques por mês);
desta, mediante acordo entre os sócios ou por decreto Até 10 folhas de cheque durante o mês;
judicial, exceto para as públicas, que serão por meios 2 extratos por mês;
específicos. Até dia 28 de fevereiro de cada ano o banco
Além disso, a instituição financeira pode estabe- deve enviar ao cliente um extrato consolida-
lecer critérios próprios para abertura de conta de do, mostrando seus rendimentos no ano ante-
depósito, desde que seguidos os procedimentos pre- rior, geralmente para fins de Imposto de Renda;
vistos na regulamentação vigente (Resolução CMN 2 Transferências entre contas da mesma insti-
4753/2019). tuição por mês. (No caso da poupança 2 transfe-
Ou seja, as instituições Financeiras podem exigir rências entre contas de mesma titularidade);
outros documentos ou termos para abrir esta conta, Consultas via internet;
mas desde que não firam a resolução acima. Prestação de qualquer serviço por meios eletrô-
Ex.: Depósito Inicial e comprovante de rendimentos. nicos, no caso de contas cujos contratos prevejam
Vamos compreender sobre a ficha-proposta agora. utilizar exclusivamente meios eletrônicos;
Esta deve conter no mínimo: Compensação de cheques.
ocorre com a personalidade, a capacidade sofrerá limi- seja incapaz, ele possui discernimento reconhecido
tações. Logo, a capacidade é a medida da personalida- para algumas situações.
de, pois define os limites de seu exercício. As espécies
de capacidade, portanto, podem ser subdividas em: Os Relativamente Incapazes
6 Art. 1.782 A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser
demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.
7 Art. 171 Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
212 I - por incapacidade relativa do agente;
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
O índio não integrado à sociedade deverá ser sempre representado pela FUNAI. O índio não integrado é aquele
que não fala o português, nem tem contato com a sociedade urbana. Portanto, ante a ausência de representação
do índio não integrado (art. 8º da Lei 6.001/73) o ato será nulo:
Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena
quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.
Os índios integrados submetem-se às regras do Código Civil (Art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 6.001/73) e pra-
ticam, pessoalmente, os atos da vida civil sendo plenamente capazes.
Cabe, aqui, relembrarmos a diferença entre capacidade, incapacidade relativa e incapacidade absoluta. Veja-
mos o quadro a seguir:
A Cessação da Incapacidade
z Maioridade;
z Cessação dos motivos da curatela;
z Pela emancipação.
De acordo com o Código Civil, não havendo qualquer das hipóteses do art. 4º, aos dezoito anos, quando o sujei-
to atinge a maioridade civil, ele também adquire a capacidade plena – de exercício. Vejamos:
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos
da vida civil.
Como consequência, poderá realizar todos os atos da vida civil sem representação ou assistência, não se sub-
metendo ao poder familiar e, ainda, responderá, pessoalmente, por seus atos, ou seja, passará a responder, penal-
mente, pelos crimes cometidos.
Na hipótese dos relativamente incapazes que estejam sob curatela, a incapacidade cessará quando cessar a
causa que a determinou (Art. 756, do CPC8).
Todavia, o parágrafo único, do art. 5º, prevê situações nas quais a incapacidade cessará antes mesmo de atin-
gida a maioridade. Vejamos:
Art. 5º [...]
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
z Emancipação voluntária: ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro (morto ou não
registrado), mediante instrumento público. Esse tipo de emancipação possui, como requisitos, o menor pos-
suir 16 anos completos e o ato ser realizado por meio de instrumento público (lavrado em cartório);
8 Art. 756 Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. 213
z Emancipação judicial: ocorre por sentença judi- 974, do CC, o menor incapaz poderá exercer atividade
cial, após ser ouvido o tutor. Será realizada essa de empresa (estabelecimento próprio) apenas sendo
modalidade de emancipação, através de proces- representado.
so judicial, em caso de um menor tutelado ou de
recusa injustificável dos pais (ou de um deles) em Art. 974 Poderá o incapaz, por meio de represen-
conceder a emancipação. Nos termos do art. 1.690, tante ou devidamente assistido, continuar a empre-
parágrafo único, do Código Civil: sa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus
pais ou pelo autor de herança.
Art. 1.690 Compete aos pais, e na falta de um deles
ao outro, com exclusividade, representar os filhos
menores de dezesseis anos, bem como assisti-los até Neste sentido, a ideia de estabelecimento civil ou
completarem a maioridade ou serem emancipados. comercial deve ser compreendida nas hipóteses em
Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum que o menor age como profissional liberal (ex.: ele-
as questões relativas aos filhos e a seus bens; haven- tricista, professor, cantor etc.). A relação de emprego
do divergência, poderá qualquer deles recorrer ao poderá existir a partir dos 16 anos quando se pode
juiz para a solução necessária. estabelecer contrato regular (Art. 403, da CLT).
No caso de o menor ser tutelado, deverá ocorrer a
z Responsabilidade civil dos pais pelos atos do
oitiva do tutor (quer-se evitar que o tutor se desonere
emancipado
do múnus por capricho). A emancipação será registra-
da no cartório de pessoas naturais, conforme prevê o
art. 29, IV, da Lei 6.015 de 1973: Os pais são civilmente responsáveis de forma obje-
tiva (mesmo sem o elemento do dolo ou da culpa)
Art. 29 Serão registrados no registro civil de pes- pelos atos civis de seus filhos (Art. 928, CC), sendo essa
soas naturais: responsabilidade subsidiária.
IV - as emancipações;
z O menor emancipado
� Emancipação legal: se dá em razão de um deter-
minado acontecimento somado ao de ter 16 anos Como o menor emancipado pratica seus atos sem
completos. Também deverá ser registrada no car- representação ou assistência, o STJ tem o entendi-
tório de pessoas naturais. Nos termos do art. 91, mento de que a emancipação por outorga dos pais
parágrafo único, da Lei 6.015 de 1973: não afasta a responsabilidade pelos atos do menor,
ou seja, em casos de emancipação voluntária, os pais
Art. 91 [...] responderão de forma solidária pelos atos do menor:
Parágrafo único. Antes do registro, a emancipação, “A emancipação voluntária, diversamente da operada
em qualquer caso, não produzirá efeito.
por força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos
pais pelos atos praticados por seus filhos menores”.
São hipóteses de emancipação legal: o casamen-
(STJ – AgRg no Ag: 1239557 RJ 2009/0195859 – 0, Rela-
to, o exercício de emprego público efetivo, a colação
tor: Ministra Maria Isabel Galloti Data de Julgamento:
de grau em curso de ensino superior, a existência de
09/10/2012, T4, Quarta Turma, Data de publicação: DJe
estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência
de relação de emprego, desde que, em função deles, o 17/10/2012).
menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria. DA PESSOA JURÍDICA
Atente-se à emancipação legal por casamento.
Com a Lei 13.811/2019 ficou vedado, em qualquer O título II do Código Civil (CC) trata das pessoas
caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil. jurídicas. Seu significado é explicado da seguinte for-
Por se tratar de uma alteração recente, redobre sua ma pela doutrinadora Maria Helena Diniz “a pessoa
atenção, pois pode ser objeto de sua prova. jurídica é verdadeira unidade de pessoas naturais
Algumas breves considerações devem ser feitas, ou de patrimônios, que visa à consecução de certos
ainda, quanto às hipóteses de emancipação legal. Pri- fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de
meiramente, o divórcio não devolve a incapacidade direitos e obrigações”9
ao menor. Em segundo lugar, a hipótese de emanci- Esse conceito pode ser melhor entendido com a lei-
pação pelo exercício de emprego público efetivo pare- tura dos tipos de pessoa jurídica elencados pelo Códi-
ce inviável, pois depende de lei que expressamente go Civil (arts. 40, 41, 42 e 44, do CC). Segundo esses
autorize o menor a ser investido em cargo público. No dispositivos, a pessoa jurídica poderá ser de direito
entanto, a Lei Federal dos Servidores Públicos (Art. 5º, público (interno ou externo) ou de direito privado.
V, da Lei 8.112, de 1990) estabelece a idade mínima de Vejamos:
18 anos como requisito para a investidura.
Em relação à colação de grau em curso de ensino z Pessoas jurídicas de direito público: União, Estados,
superior, mesmo sendo difícil em razão da longa dura- Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias,
ção dos cursos de ensino fundamental e médio, a Lei inclusive as associações públicas e as demais entida-
de Diretrizes Básicas da Educação (Lei 9.394, de 1996) des de caráter público criadas por lei (interno); Esta-
admite a abreviação da duração de cursos dos alunos dos estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas
extraordinários e não existe idade mínima prevista pelo direito internacional público (externo);
para essa conclusão abreviada. z Pessoas jurídicas de direito privado: Associa-
Finalmente, quanto à última hipótese, entende-se ções, sociedades, fundações, organizações religio-
por economia própria aquela que atende à subsistên- sas, partidos políticos, empresas individuais de
cia do sujeito e de seus dependentes. Segundo o art. responsabilidade limitada.
214 9 (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral do Direito Civil. 32ª Ed. São Paulo: Saraiva, Vol. 1, 2015, p. 243).
Conforme o Enunciado 144 da III Jornada de Direi- indicado nos atos constitutivos. Quando houver
to Civil do Conselho da Justiça Federal: “A relação das diversos estabelecimentos (§ 1º do art. 75), todos
pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44, serão considerados domicílios. É importante, nesse
incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva”. (Conselho contexto, mencionar a súmula 363 do STF: a pes-
da Justiça Federal. Jornadas de direito civil I, III, IV e V: soa jurídica de Direito privado pode ser demanda-
enunciados aprovados. Coordenador científico: Minis- da no domicílio da agência ou do estabelecimento
tro Ruy Rosado de Aguiar Júnior. Brasília: Conselho da em que se praticou o ato, independente se ali fun-
Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 2012). ciona a diretoria ou administração;
Ademais, o art. 41 também deixou em aberto outras z A pessoa jurídica pode ser extinta pelos seguintes
possibilidades de pessoas jurídicas de direito público motivos: I) pelo decurso do prazo, se for determina-
interno ao declarar “[...] as demais entidades de caráter do; II) pela deliberação dos membros; III) pela fal-
público criadas por lei”. (Art. 41, V, CC). ta de pluralidade de membros (exemplo: morte de
sócios); IV) quando a finalidade foi atingida ou se tor-
REGRAS GERAIS nou impossível. Exemplo: associação criada com o
fim de angariar fundos para uma formatura, porém
Primeiramente, é importante explicar que, por esco- o curso é fechado pelo MEC; tem-se: fim a atingir
lha didática, neste capítulo nem sempre haverá transcri- (formatura) versus fim impossível (fechamento do
ção do Código Civil. Porém, para melhor aproveitamento curso pelo MEC); V) pelo não cumprimento da fun-
de seu estudo, esteja com ele ao lado para conferir todos ção social: desvio de fins, abuso de direito; VI) outras
os artigos à medida em que forem citados. possibilidades previstas no ato constitutivo. Em qual-
A partir da análise das disposições gerais do Título II quer caso, deverá ser providenciada a averbação da
do Código (arts. 40 -52, do CC), podemos observar algu- dissolução (§ 1º do art. 51 do CC);
mas características comuns das pessoas jurídicas: z Os bens pertencentes à pessoa jurídica de fins não
econômicos que se extingue seguirão para outras
z Existe para o direito como uma realidade ideal e entidades de mesmo fim.
não corporal (art. 45, CC);
z A existência de uma organização de pessoas ou
patrimônio para determinado fim com a observân- Importante!
cia das condições legais, tais como registro dos atos
O marco definidor da atribuição da personali-
constitutivos (art. 45, CC);
dade jurídica é o registro do ato constitutivo no
z O ato constitutivo é o documento básico da socieda-
de (estatuto ou contrato), o qual deverá ser registra- órgão competente (art. 45), logo, diferentemente
do no órgão competente como Cartório de Registro das pessoas naturais, as pessoas jurídicas não
de Pessoas Jurídicas, Junta Comercial etc.; necessariamente ganharão personalidade “ao
z A partir do registro, a pessoa jurídica adquire capa- nascerem”, mas sim a partir do registro de seu
cidade e poderá, pois, contrair direitos e deveres ato constitutivo.
jurídicos;
z A pessoa jurídica não possui todos os direitos da
personalidade, mas apenas aqueles que lhe são CLASSIFICAÇÃO
compatíveis (art. 52, do CC), tais como o nome, a
honra, a imagem. Logo, a proteção não é da pes- Quanto à Estrutura Interna
soa jurídica em si, mas da atividade das pessoas
naturais que está por traz daquela. Fala-se em uma z As corporações
tutela avançada da pessoa humana. Nesse sentido
é a Súmula 227 do STJ: “a Pessoa Jurídica pode ser São compostas por agrupamento de pessoas, liga-
vítima do dano moral”; das por um sentimento comum, o chamado affec-
z Personalidade da pessoa jurídica é distinta da de tio societatis. São suas modalidades: sociedades e
seus instituidores, seu patrimônio é separado do associações:
patrimônio de seus membros;
z Em casos de desvio de finalidade da pessoa jurí- Sociedades
dica ou de confusão do patrimônio da pessoa
jurídica com a de seus membros, permite-se a des- Caracterizam-se por almejar lucro, podendo ser
consideração da personalidade jurídica, a partir sociedade simples ou sociedade empresária.
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
da qual será possível atingir os bens dos membros A sociedade será simples (art. 966, parágrafo úni-
(art. 50, CC); co) se a atividade for intelectual, científica, cultural,
z A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo ou passi- literária ou artística, tais como escola, sociedade de
vo em atos civis e criminais. Por exemplo, as pes- advogados, sociedade de dentistas. Seu registro será
soas jurídicas podem receber herança (art. 1799, no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas (art. 114,
II), podem sofrer violação à honra (art. 52), podem II da Lei de Registros Públicos – LRP).
praticar crimes ambientais (Lei 9.605/1998). No A sociedade será empresária (art. 966, caput) se
entanto, a pessoa jurídica não pode exercer ato assumir feições de sociedade empresarial, relaciona-
privativo da pessoa natural, como, por exemplo, da com atividade econômica organizada para a pro-
casar; dução ou a circulação de bens e serviços. Seu registro
z O domicílio da pessoa jurídica é o local onde fun- ocorrerá na Junta Comercial.
cionam suas diretorias e administrações ou onde A diferença entre sociedade simples e empresária
o ato constitutivo indicar. O domicílio da pessoa está na complexidade estrutural da empresa e de
jurídica de direito privado pode ser o lugar (art. sua atividade desenvolvida. Será ou não empresária
75, IV): I) da administração e direção; II) o local conforme o grau de organização que apresente.
215
As associações A exclusão de um associado, nos termos do art.
57 do Código Civil, só é possível se houver justa cau-
São pessoas jurídicas que não têm finalidade lucra- sa e procedimento que assegure o direito de defesa e
tiva, nos termos do art. 53 do Código Civil. São cons- recurso, de acordo com a previsão no Estatuto.
tituídas pela reunião de pessoas que visam alcançar O órgão máximo de decisão de uma associação é
determinado fim. chamado de Assembleia Geral. Ela tem caráter perma-
As atividades das associações podem ser culturais, nente e reúne todos os associados. O art. 60 do Código
esportivas, acadêmicas, protetiva de direitos, profis- Civil diz que a assembleia pode ser realizada perio-
sionais ou qualquer outra que não tenha por natureza dicamente, conforme previsão no Estatuto ou por
a obtenção de lucro. requerimento de 20% dos associados.
Isso não significa que as associações não poderão As decisões da Assembleia Geral serão tomadas
ter ganhos financeiros. Ou seja, elas podem receber com base na maioria dos votos presentes, salvo pre-
doação, cobrar por trabalhos desenvolvidos, promo- visão diversa especificada no Estatuto Social. São de
ver eventos para arrecadação de dinheiro. No entan- competência exclusiva da Assembleia Geral: a) a deci-
to, qualquer valor deverá ser revertido ao exercício são sobre destituição de administradores da associa-
da atividade associativa. Não se admite a partilha des- ção e b) a alteração do estatuto.
ses valores entre os associados. Em caso de dissolução da associação, vale a leitura
As associações são regidas pelo estatuto social, que do art. 61 do Código Civil. Observe o destino do patri-
é uma espécie de lei orgânica, de modo a vincular os mônio remanescente, bem como a possibilidade de
associados presentes e futuros. O registro é feito no devolução das contribuições dos associados:
Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, nos termos
do art. 114, I da Lei 6015/73. O art. 54 menciona o Art. 61 Dissolvida a associação, o remanescente
que precisa conter o estatuto, sob pena de nulidade. do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se
Vejamos: for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no
parágrafo único do art. 56, será destinado à entida-
Art. 54 Sob pena de nulidade, o estatuto das de de fins não econômicos designada no estatuto,
associações conterá: ou, omisso este, por deliberação dos associados, à
I - a denominação, os fins e a sede da associação; instituição municipal, estadual ou federal, de
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclu- fins idênticos ou semelhantes.
são dos associados; § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por
III - os direitos e deveres dos associados; deliberação dos associados, podem estes, antes da
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; destinação do remanescente referida neste artigo,
V – o modo de constituição e de funcionamento dos receber em restituição, atualizado o respectivo
órgãos deliberativos; valor, as contribuições que tiverem prestado ao
VI - as condições para a alteração das disposições patrimônio da associação.
estatutárias e para a dissolução. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Dis-
VII – a forma de gestão administrativa e de aprova- trito Federal ou no Território, em que a associa-
ção das respectivas contas. ção tiver sede, instituição nas condições indicadas
neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio
se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito
Em regra, por força do art. 55 do Código Civil, todos
Federal ou da União.
os associados devem ter o mesmo status na associa-
ção. No entanto, pode-se prever, no estatuto, catego-
rias distintas de associados. Assim, pode ser que um z Figuras diversas
associado seja liberado de pagar contribuições.
Outra característica importante diz respeito à Entre as pessoas jurídicas, existem figuras denomi-
intransmissibilidade da qualidade de associado, salvo nadas “diversas”, a saber:
se o estatuto trouxer norma diversa. Eis a previsão do
art. 56 do Código Civil: Sindicatos: O enunciado 142 do Conselho da
Justiça Federal (CJF) trata os sindicatos como de
Art. 56 A qualidade de associado é intransmissível, sendo de natureza associativa. No entanto, por
se o estatuto não dispuser o contrário. tratarem de temas referentes ao interesse cole-
Parágrafo único. Se o associado for titular de quo- tivo, seu tratamento é dado pela Constituição
ta ou fração ideal do patrimônio da associação, a Federal e Consolidação das Leis do Trabalho
transferência daquela não importará, de per si, (CLT). Os doutrinadores falam que o sindicato
na atribuição da qualidade de associado ao adqui- seria uma associação sui generis;
rente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do ONGs: Fazem gestão de interesses sociais e
estatuto. surgem ao lado do Estado para a promoção de
direitos fundamentais como saúde, educação,
Cada associado deve contribuir proporcional- lazer etc. Por terem caráter público, serão regu-
mente com as despesas da associação, na forma dos lamentados pelo direito Administrativo e pelas
estatutos, independentemente de usar ou não os bene- regras associativas do direito civil. É o chama-
fícios das atividades associativas. do terceiro setor;
O STJ já decidiu no sentido de que o não-filiado a Fundos: São universalidade de recursos atre-
uma associação não pode ser compelido a pagar por lada a certas despesas e considerados entes
despesas associativas, salvo se beneficiar-se da ativi- despersonalizados;
dade, sob pena de configurar o enriquecimento sem Maçonaria, Rotary: Associação civil;
causa. Nesse sentido são os REsp 1.280.871-SP e REsp Condomínio: Considerado ente despersonali-
216 1.439.163-SP. zado, não sendo sujeito de direitos.
z As fundações dos responsáveis por gerir e representar a fundação;
não haver contrariedade dos fins previstos originaria-
Segundo Stolze e Pamplona: “as fundações resul- mente; alteração será submetida à provação do Minis-
tam da afetação de bens livres, por testamento ou tério Público em 45 dias.
escritura pública, que faz o seu instituidor, especifi-
cando o fim para o qual se destina” (2019, p. 126). Finalidades da fundação
Uma característica importante das fundações é a
inalienabilidade dos bens. Exceção é quando a ven- O Código Civil aborda ainda as finalidades (art.62,
da do bem for indispensável para a existência ou parágrafo único) das fundações, quais sejam: assistên-
continuidade das atividades da fundação. Nesse caso, cia social; cultura, defesa e conservação do patrimônio
o bem deverá ser vendido e substituído por outro histórico e artístico; educação; saúde; segurança ali-
(exemplo: imóvel em ruína). mentar e nutricional; defesa, preservação e conserva-
São exemplos de fundações: Fundação Roberto ção do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
Marinho (atuação nas áreas ambiental, educacional sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de
e cultural, Telecurso, projetos para conservação do tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
patrimônio, Canal Futura, Globo Ecologia etc); Funda- gestão, produção e divulgação de informações e conhe-
ção Bradesco (criada pelo Banco Bradesco para pro- cimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da
jetos sociais, especialmente de educação); Fundação cidadania, da democracia e dos direitos humanos; ati-
Getúlio Vargas (destinada ao ensino e pesquisa). vidades religiosas.
A aprovação do estatuto deverá passar pelo crivo Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44)
do Ministério Público (artigo 66, do CC), tendo em vis-
ta o interesse social presente. Assim, nos termos do Nascem da vontade de particulares. São as funda-
art. 66 do Código Civil, a fiscalização da fundação com- ções, corporações, organizações religiosas e os parti-
petirá sempre ao Ministério Público correspondente, dos políticos.
isto é, ao Ministério Público Federal. As organizações religiosas e os partidos políticos não
Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Territó- se submetem às regras das associações, por essas serem
rio, caberá o encargo ao Ministério Público Estadual, muito complexas e burocráticas. Assim, não se subme-
inclusive de cada estado no caso de as atividades se tem aos requisitos do art. 53 ao 61 do Código Civil.
estenderem por mais de um estado. Exemplo: pode-se excluir um membro da igreja?
Como qualquer pessoa jurídica a criação da per- O que seria a justa causa, nessa hipótese? Assim, não
sonalidade da pessoa jurídica da fundação se dará há lei que defina o que são as organizações religiosas,
na fase de registro no Cartório de Registro de Pes- nem a forma de seus estatutos.
soas Jurídicas. Esse estatuto poderá passar por alte- Os partidos políticos, por sua vez, são regulamen-
ração (art. 67, CC), desde que obedeça aos seguintes tados pela Lei 9096/95 e seus estatutos devem ter
requisitos: Deliberação de, no mínimo, dois terços registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 217
Desconsideração da Personalidade Jurídica
Como abordado nas regras gerais deste tópico, a pessoa jurídica responde por suas dívidas com seu próprio
patrimônio. Logo, há uma blindagem patrimonial dos membros, que não são, em regra, atingidos. Porém, dado
os crescentes abusos pelos membros que passaram a usar a estrutura da empresa para prática de fraudes, houve
a necessidade de coibir tais práticas, retirando a blindagem existente através da criação do instituto jurídico da
desconsideração da personalidade jurídica.
A previsão está no art. 50 do Código Civil e a intenção do instituto é atingir o patrimônio dos membros da pessoa
jurídica que cometeram abuso, sem extingui-la.
Hipóteses de cabimento: a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica ocorrerá quando configurada o
abuso do direito. Tal abuso pode se manifestar pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
z Desvio de finalidade: “[...] é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza”. (art. 50, parágrafo 1º). É a fuga dos objetivos da pessoa jurídica, deixando
um rastro de prejuízo a terceiros ou a outros membros. Exemplo: usar a pessoa jurídica para aplicar golpes
z Confusão patrimonial: Quando o membro utiliza o patrimônio da pessoa jurídica para realizar pagamentos
pessoais, atentando contra a regra da separação de patrimônios entre pessoa jurídica e pessoa física. Exemplo:
abre-se uma empresa de carros e usa-se os carros para fins particulares, retira-se dinheiro do caixa para pagar
dívidas pessoais etc. Veja a previsão do parágrafo 2º do art. 50 do CC:
Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I -
cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência
de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e III -
outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
Importante!
Para o Código Civil, o encerramento irregular das atividades da empresa devedora não leva, por si só, a des-
consideração da personalidade jurídica para atingir o patrimônio de seus membros. É necessário provar o
abuso do direito. No entanto, quando a relação envolver direito do consumidor, meio ambiente ou direito
tributário, o encerramento irregular das atividades da empresa admite, por si só, a desconsideração da per-
sonalidade jurídica.
DOMICÍLIO
O domicílio é mais um dos atributos que definem a pessoa natural. Seu conceito se encontra no art. 70, do CC:
Art. 70 O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Logo, é o local de sua residência com a intenção de ali permanecer. Em outras palavras, o domicílio é a sede
da pessoa natural, portanto, pode abranger o País, o Estado, a Cidade ou o logradouro. Por ânimo definitivo enten-
de-se a intenção de residir por tempo indeterminado neste local e de ali desenvolver suas principais atividades.
Nesse sentido, de acordo com o art. 72, do CC, o domicílio também é o local de atividade profissional da pessoa
natural. Vejamos:
Art. 72 É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é
exercida.
z Determinar o local onde a pessoa exercerá direitos e cumprirá obrigações (art. 327, do CC);
z Determinar onde será proposta a ação (art. 46, do CPC), por exemplo.
É de ressaltar, porém, as diferenças entre os conceitos de residência, domicílio e morada para não serem con-
fundidos. Observe o quadro:
respondentes, com fundamento na Lei 10.214, de a competição e o acesso não discriminatório aos
2001. Outra consequência foi que os participantes serviços e às infraestruturas. Além disso, o Bacen zela
tiveram que conhecer e gerenciar melhor os riscos pelo atendimento às necessidades dos usuários finais
a que estavam expostos nessas câmaras; e pela inclusão financeira.
z Adoção de mecanismo indutor à oferta, pelos
bancos, de novos produtos à clientela, que per- INFRAESTRUTURAS DO MERCADO FINANCEIRO
mitiram a migração dos pagamentos de maior (IMF)
valor, à época realizados por cheques e documen-
tos de crédito, para instrumentos de pagamento São integrantes do SPB os seguintes serviços:
eletrônico adequadamente estruturados.
z Serviço de compensação de cheques;
Podemos dizer que as medidas mencionadas, entre z Serviços de compensação e liquidação de ordens
outros aspectos positivos: eletrônicas de débito e de crédito, de transfe-
rência de fundos e de outros ativos financeiros;
z Retiraram riscos privados do setor público; z Serviços de compensação e de liquidação de opera-
z Fortaleceram o sistema financeiro; ções com títulos e valores mobiliários; 221
z Serviços de compensação e de liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros;
z Serviços de depósito centralizado e de registro de ativos financeiros e de valores mobiliários.
Todas as entidades que prestam esses serviços são denominadas Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF).
O tráfego de informações entre as IMF ocorre através da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN).
A RSFN, portanto, é a estrutura de comunicação de dados que tem por finalidade amparar o tráfego de
informações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional.
No Brasil, qualquer IMF, para funcionar, está sujeita à autorização e à supervisão do Banco Central.
Na função de supervisão, cabe ao Banco Central assegurar que as IMF em operação no Brasil sejam adminis-
tradas consistentemente com os objetivos de interesse público, mantendo a estabilidade financeira e reduzin-
do o risco sistêmico.
Cabe, ainda, ao Bacen, seguindo diretrizes dadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o papel de regu-
lador, juntamente com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nas suas respectivas esferas de competência.
Como regulador, portanto, o Banco Central atua no sentido de converter as políticas estabelecidas em regras a
serem aplicadas pelas IMF.
Além disso, ele busca adequar as normas brasileiras, quando relevante, ao que recomendam os organismos
internacionais, como é o caso do Comitê de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado do Banco de Compensações
Internacionais (CPMI/BIS) e do Comitê Técnico da Organização Internacional de Comissões de Valores (TC/IOSCO).
GESTÃO E OPERAÇÃO
Além da supervisão e da regulação, o Banco Central também atua como provedor de serviços de liquidação.
Nesse papel, o Banco Central é o responsável pela gestão e operação das seguintes IMF:
O STR e o SPI são sistemas de pagamento (transferências de fundos). O Selic é um sistema de liquidação de
ativos e um depositário central que opera a maioria dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, além de
ser o responsável pelo eventual registro de ônus e gravames sobre tais títulos.
222 Neste momento, vamos falar sobre o STR e o SPI.
SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE RESERVAS (STR)
O Sistema de Transferência de Reservas (STR) é o coração do Sistema de Pagamentos Brasileiro, pois é onde
ocorre a liquidação final de todas as obrigações financeiras no Brasil.
A transferência de fundos no STR é irrevogável, isto é, só é possível “desfazer” uma transação por meio de
outra transação no sentido contrário. Além disso, para garantir a solidez do sistema, no STR não há possibilidade
de lançamentos a descoberto. Ou seja, não se admite saldo negativo.
O STR é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, as operações são liquidadas
uma a uma por seus valores brutos em tempo real.
Estrutura do STR
O Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) é a infraestrutura centralizada e única para liquidação de paga-
mentos instantâneos entre instituições distintas no Brasil.
“Pagamentos instantâneos” te lembra alguma coisa? Sim! O SPI é a infraestrutura de liquidação financeira do
Pix.
A operação do SPI, gerida pelo Banco Central, teve início em novembro de 2020.
O SPI é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, que processa e liquida transa-
ção por transação. Uma vez liquidadas, as transações são irrevogáveis.
Os pagamentos instantâneos são liquidados com lançamentos nas contas de propósito específico que as insti-
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
tuições que são participantes diretos do sistema mantêm no Bacen, denominadas Contas Pagamento Instantâneo
(Contas PI). Para garantir a solidez do sistema, não há possibilidade de lançamentos a descoberto, isso é, não se
admite saldo negativo nas Contas PI.
Existem duas modalidades de participação na infraestrutura de liquidação do SPI:
z Participantes diretos, aqueles que farão a liquidação das transações diretamente no SPI;
z Participantes indiretos, cujas transações serão liquidadas por intermédio de um participante direto ou liqui-
dante especial.
Bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas que sejam participan-
tes do Pix deverão, obrigatoriamente, ser participantes diretos do SPI. As demais instituições autorizadas a
funcionar pelo Banco Central que sejam participantes do Pix podem optar por serem participantes diretos ou
indiretos do SPI.
As instituições de pagamento sem autorização de funcionamento do Banco Central (aquelas para as quais não
há essa exigência) e que sejam participantes do Pix devem, necessariamente, ser participantes indiretos do SPI. 223
Formas de acesso ao SPI
HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO – 2018) Em certo país, a propensão marginal a consumir é igual a 0,8; o Produto Interno Bruto (PIB,) é
igual a 1000 unidades monetárias; a base monetária é igual a 100 unidades monetárias; a formação bruta de capital
fixo é de 20% do PIB, ou seja, 200 unidades monetárias anuais; a taxa de inflação é de 10% ao ano; e os meios de paga-
mento totalizam 300 unidades monetárias.
Desses dados, conclui-se que a(o):
2. (CESGRANRIO – 2016) Quando o Banco Central de determinada economia expandiu a base monetária em 20%, a
oferta monetária aumentou em 15%.
Desse fato deduz-se que, nessa economia, o multiplicador da base monetária:
a) É constante.
b) É negativo.
c) É menor que 1.
d) Aumentou com o aumento da base monetária.
e) Diminuiu com o aumento da base monetária.
3. (CESGRANRIO – 2018) De acordo com a legislação brasileira, a fixação das metas de inflação anuais, bem como de
seus respectivos intervalos de tolerância, é da competência do(a):
4. (CESGRANRIO – 2015) Sr. X é gerente de uma agência bancária. Ele recebe o cliente, Sr. W, conhecido empresário do
ramo da construção civil, com inúmeras aplicações financeiras na agência. Com o passar do tempo, gerente e cliente
tornam-se amigos e confidentes. Em determinado dia, o empresário lhe confidencia ter recebido uma proposta de um
conhecido para legalizar valores que ele recebia, sem declarar à Receita Federal, e que adviriam de atividades não
224 autorizadas pela lei.
Diante desse fato, o gerente adverte seu cliente de 9. (CESGRANRIO – 2015) A Caixa Econômica Federal
que, caso acolhesse a proposta, estaria realizando, é uma instituição bancária sob a forma de empre-
em termos de lavagem de dinheiro, o que caracteriza a sa pública, a qual exerce um papel fundamental no
etapa de: desenvolvimento urbano e da justiça social no Brasil.
Com forte atuação no financiamento habitacional, a
a) Ocultação. Caixa não atua como:
b) Conclusão.
c) Multiplicação. a) Sociedade de crédito imobiliário.
d) Integração. b) Agente do Governo Federal nos mercados financeiros
e) Manutenção. e de capitais.
c) Agência de fomento de desenvolvimento.
5. (CESGRANRIO – 2018) Atua como operador do Siste- d) Agente operador e financeiro do FGTS.
ma Financeiro Nacional a(o): e) Banco comercial.
3 B
13. (CESGRANRIO – 2018) No Brasil, quando o Comitê de
Política Monetária do Banco Central do Brasil fixa a 4 A
meta anual para a taxa de juros básica de curto prazo
da economia, tal meta é perseguida mediante compra 5 A
e venda de títulos públicos por parte da autoridade 6 E
monetária, cujo processamento é efetivado pelo (a):
7 C
a) Sistema de Compensação Bancária.
b) Sistema Brasileiro de Pagamentos. 8 B
c) Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos 9 C
Privados.
d) Sistema Especial de Liquidação e Custódia. 10 B
e) Sistema Geral do Mercado Aberto.
11 C
14. (CESGRANRIO – 2018) Com o objetivo de evitar crises 12 B
financeiras, o Banco Central do Brasil tem adotado,
nas últimas décadas, diversos mecanismos visando 13 D
a compatibilizar as normas do Sistema Financeiro 14 D
Nacional com os requisitos emanados dos chama-
dos Acordos de Capital da Basileia, que estabelecem 15 D
regras do Banco de Compensações Internacionais
(BIS, na sigla em inglês) para assegurar a estabilidade
financeira internacional. Desde o final da década de
1980, foram emitidos os Acordos da Basileia I (1988), ANOTAÇÕES
Basileia II (2004) e Basileia III (2010).
No caso do Acordo da Basileia III, concebido após a
crise financeira global de 2008, as normas introduzi-
das e já implementadas pelo Banco Central do Brasil
foram ainda mais rígidas, porque:
Os dados de uma amostra podem ser qualitativos, Minas Gerais MG 21.292.666 586.522
que são aqueles dados não numéricos, como sexo, Espírito Santo ES 4.064.052 46.095
nacionalidade, avaliação nominal (bom, regular,
ruim) etc., ou quantitativos, que são dados expres- Rio de Janeiro RJ 17.366.189 43.780
sos em números, que podem ser objeto de contagens,
São Paulo SP 45.919.049 248.222
medições como altura, peso etc. 227
Analisando a tabela, podemos concluir que Minas
ESPÉCIES QUE HABITAM A REGIÃO –
Gerais (MG) é o maior estado da Região Sudeste, pois
ÚLTIMOS 3 ANOS
tem a maior área, mas que o estado de São Paulo é o
mais populoso, por ter uma população maior que os QUANTIDADE OBSERVADA
outros. ESPÉCIE
2018 2019 2020
O importante é olhar uma tabela e entender quais
dados podemos extrair com o que está apresentado nela. Onça 30 38 45
As tabelas mais utilizadas na estatística são as Tamanduá 60 65 75
tabelas de frequência, conforme apresentamos no
item de média aritmética para dados agrupados. Lobo 30 90 107
Anta 50 80 90
Tipos de Séries Estatísticas
Séries Temporais
As séries estatísticas são as diversas maneiras de
apresentar os dados desejados em forma de tabela, o De todas as séries, uma das mais importantes é a
objetivo das séries estatísticas é organizar os dados
série temporal, que corresponde a um conjunto de
observados e mostrá-los de maneira organizada, faci-
litando sua compreensão. observações de uma variável ao longo do tempo, ou
Temos vários tipos séries estatísticas, mas vamos seja, uma sequência de dados numéricos em ordem
destacar algumas mais importantes: sucessiva, que geralmente (mas não necessariamente)
ocorre em intervalos uniformes. Ex.: uma série que
z Séries Temporais: é um conjunto de observações mostra a quantidade de picolés vendidos por uma sor-
de uma variável ao longo do tempo, ou seja, uma veteria mensalmente ao longo de um ano.
sequência de dados numéricos em ordem sucessi- Podemos definir exemplos de séries temporais e
va. Nesse tipo de série o que varia é o tempo, mas o de séries não temporais:
fato e o local de observação são fixos;
z Séries Geográficas: é um conjunto de observações
de uma variável em diferentes locais. Nesse tipo de SÉRIES NÃO
SÉRIES TEMPORAIS
série o que varia é o local (região) da observação, TEMPORAIS
mas o tempo e o fato observado são fixos. Ex.: Série diária da temperatura Temperaturas de várias ci-
na cidade de São Paulo ao dades em um mesmo dia,
POPULAÇÃO DOS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE longo de um ano. ou períodos diferentes.
Quantidade de furtos no
ESTADO POPULAÇÃO Quantidade de furtos
ano de 2018 nas diferen-
anuais em Cuiabá.
Minas Gerais 21.292.666 tes capitais do país.
Salários dos funcionários
Espírito Santo 4.064.052 Salário de um funcionário
de uma empresa no mes-
ao longo do ano.
Rio de Janeiro 17.366.189 mo mês.
Por definição sabemos que a tendência caracteriza o comportamento a longo prazo. Resposta: Letra D.
GRÁFICOS E DIAGRAMAS
Para representar os dados coletados existem vários tipos de gráficos usados na estatística. Muitos deles são conheci-
dos e sempre aparecem em reportagens, jornais etc. Vamos mostrar alguns dos principais tipos de gráficos:
Caixa Box-plot
A caixa box-plot (muito cobrado) é um gráfico que nos mostra a distribuição de frequência, e é formado pelos
quartis e pelos valores extremos.
Dados
discrepantes
-20 -10 0 10 20 30 40 50
Vemos que a caixa é formada pelos 3 quartis, que no caso seriam aproximadamente: Q1 = 0, Q2 = 20 e Q3 = 30.
Os dados extremos seriam aproximadamente -15 e 40, portanto amplitude seria: 40 – (–15) = 40 + 15 = 55.
As duas bolinhas significam dados discrepantes (outliers), que seriam dados que fogem do padrão do restante
dos dados. Os dados discrepantes são aqueles que superam em 1,5 vezes o intervalo interquartílico (diferença
entre Q3 e Q1).
No nosso exemplo:
Q3 – Q1 = 30 – 0 = 30
1,5 · 30 = 45
Os dados discrepantes serão aqueles que forem inferiores a 45 unidades de Q1, ou superiores a 45 unidades
de Q3.
Limite inferior: 0 – 45 = - 45
Limite superior: 30 + 45 = 75
Portanto, serão dados discrepantes os que tiverem valores inferiores a – 45 ou os superiores a 75.
Esses dois tipos de gráficos na verdade são basicamente os mesmos, a diferença é que no gráfico de barras, as
barras/colunas são horizontais e no gráfico de colunas, as barras/colunas são verticais. Normalmente esses gráfi-
cos são usados para representar dados qualitativos ordinais e quantitativos discretos.
5
4
3
2
1
0
1 2 3 4
ria ia ia ia
go or go
r r
te t eg te go
Ca te
Ca Ca Ca
Categoria 4
Categoria 3
Categoria 2
Categoria 1
0 2 4 6
230
No gráfico de colunas o eixo horizontal traz os
dados qualitativos, ou quantitativos discretos, e o eixo Grau de Instrução
vertical traz as frequências (quantidades) de cada
categoria. Já no gráfico de barras o eixo vertical traz
os dados qualitativos ou quantitativos discretos, e o
eixo horizontal traz as frequências de cada categoria. Pós-Graduação
Vamos supor um gráfico de colunas, no qual que- 6%
remos saber a quantidade de pessoas com diferentes
graus de escolaridade em um determinado concurso. Ensino Ensino
Superior Fundamental
25% 38%
Grau de Instrução dos Candidatos
Ensino
600
Médio
500 31%
400
300
200
100
0
or Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior
io ri ção
no éd e ua
si M Sup d Pós-Graduação 6%
o ra
En in o
s-G
ns sin
E En Pó
Desse gráfico, podemos ver que, na pesquisa, o
grau de instrução predominante é o Ensino Funda-
mental, com 38%, e o mais raro é a Pós-Graduação,
Nesse tipo de gráfico vemos que não é possível com 6%. Também é um gráfico em que temos a moda
falar em média ou mediana, mas podemos usar como
como medida de tendência central.
medida de tendência central a moda, que nesse caso
seria o Ensino Superior, que é o grau de instrução que
mais se repete no gráfico. Histograma
Altura x Peso 20
100 15
90 10
80
5
70
60 0
50 10 20 30 40 50 60
40
1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 Peso, em Kg
Podemos ver que cada ponto representa o par A tabela nos mostra que a maior parte das baga-
peso/altura de um indivíduo, mas discutiremos isso gens possui entre 30 e 35 kg, mas existem malas desde
mais profundamente posteriormente. 0 a 60 kg.
Gráfico de Setores (Pizza)
Gráfico Pictórico
O gráfico de setores normalmente é usado para apre-
sentar dados qualitativos como setores de um círculo O gráfico pictórico não é propriamente um tipo
(pedaços de uma pizza). Normalmente os dados são apre- específico de gráfico. Na verdade, o gráfico pictórico
sentados em percentuais, sendo que o total é 100% (360º). pode ser representado por um gráfico de barras, de 231
colunas, de linhas, ente outros. A grande característica Quando estamos tratando de média de dados de
desse gráfico é que, para chamar mais a atenção, são uma população representamos pela letra grega μ
usadas figuras (imagens) na composição do gráfico. (mi), já quando estamos tratando de média de dados
Esse tipo de gráfico é muito usado em jornais e de uma amostra, representamos por x.
telejornais, pois proporciona uma comunicação mais
rápida e com precisão de entendimento. Nesse tipo de Média Aritmética Simples
gráfico as figuras são, ao mesmo tempo, os dados esta-
tísticos e indicam a proporcionalidade desses dados. A média aritmética simples é a que estamos mais
acostumados no dia a dia, ela é dada pela soma dos
valores dos dados que queremos saber, dividido pela
quantidade desses dados.
Soma
Média =
Quantidade
Dinamarca
Soma = Média x Quantidade
xi
x= / para dados de uma amostra.
N
Ou:
Podemos notar que esse gráfico nada mais é que
um gráfico de barras, mas, pelo fato de o gráfico mos- xi
μ= / para dados de uma população.
trar a quantidade de consumo anual de sorvete em N
diferentes países, ao invés de se colocar as barras,
Onde: / Xi é o somatório dos dados X1, X2, X3...XN,
foi colocada uma espátula de tomar sorvete, em um
e N é a quantidade de dados da amostra/população.
tamanho proporcional ao da barra, e ao lado do gráfi-
Cada dado é representado por Xi.
co foi colocada uma imagem de sorvetes. Vamos supor que, na faculdade, teremos 4 provas
da disciplina de Estatística. Para calcular a média final
basta somar as 4 notas e dividir por 4.
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0;
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL 7,0; 5,0; 8,0.
(MÉDIA, MEDIANA, MODA, MEDIDAS DE Soma
POSIÇÃO, MÍNIMO E MÁXIMO) Média =
Quantidade
6+7+5+8
MÉDIA Média =
4
Existem 3 tipos de média: a mais cobrada é a média 26
aritmética (simples ou ponderada), mas temos tam- Média =
4
bém a média geométrica e a média harmônica. Média = 6,5
Como veremos adiante, a média é o primeiro
momento de uma distribuição. Ex: Em uma faculdade a quantidade de alunos
Temos duas formas de apresentação de dados para matriculados em cada curso está apresentada na tabe-
que seja calculada a média, a mais comum é a apre- la a seguir:
sentação de vários dados não agrupados, onde são
listados vários valores. Por exemplo, em uma prova a
lista de notas de todos os alunos separadamente são CURSO QUANTIDADE DE ALUNOS
dados não agrupados. A outra forma de apresenta-
ção é através de dados agrupados, nesse caso, vamos Direito 55
pensar no mesmo exemplo, mas, ao invés de termos
Contabilidade 24
todas as notas diretamente, receberemos uma lista
dizendo que, 5 pessoas tiraram de 0 a 2, outras 7 tira- Estatística 35
ram de 2 a 4, mais 15 tiraram de 4 a 6, outras 10 de 6 a
8 e os 3 restantes tiraram de 8 a 10, normalmente isso Física ?
é apresentado em uma tabela.
A média do número de alunos matriculados por
NOTA QUANTIDADE DE ALUNOS curso é 38,5. Nesse caso, qual a quantidade de alunos
matriculados em Física?
0–2 5 A média de alunos matriculados por curso é dada
pela soma dos alunos de cada curso dividido pela
2–4 7
quantidade de cursos, onde a média foi dada, e é 38,5,
4–6 15 e o total de cursos é 4.
Sabemos que a fórmula da média é:
6–8 10
Soma
8 – 10 3 Média =
232 Quantidade
Soma O preço médio do total de garrafas compradas foi
38,5 =
4 de R$ 5,50. Qual o valor unitário da garrafa da marca C?
Soma = 38,5 · 4 Para achar a média, temos que somar o valor de
Soma = 154 todas as garrafas, sendo que para cada marca foi com-
prada uma quantidade diferente de garrafas. Para
A soma dos alunos matriculados é 154, e vamos resolver esse tipo de questão vamos incluir mais uma
chamar o número de alunos matriculados em Física coluna na tabela, que é a multiplicação do valor unitá-
de X. rio com a quantidade de garrafas.
55 + 24 + 35 + X = 154
QUANTIDADE PREÇO
114 + X = 154 TIPOS QXP
DE GARRAFAS UNITÁRIO
X = 154 – 114
X = 40 A 5 R$ 3,80 5 · 3,8 = 19
B 8 R$ 6,00 8 · 6 = 48
Portanto, são 40 alunos matriculados em Física.
C 15 ? 15 · X
Média Aritmética Ponderada D 6 R$ 5,00 6 . 5 = 30
N
QUANTIDADE DE PONTO MÉDIO μG = √ X1 · X2 · X3 ..... XN
NOTA
ALUNOS DA CLASSE
Fazendo um paralelo com a média aritmética, na
0 |– 2 5 1
média geométrica ao invés de somarmos os dados,
2 |– 4 7 3 vamos multiplicar, e ao invés de dividirmos pela
quantidade de dados observados (N), vamos fazer a
4 |– 6 15 5 raiz enésima dessa quantidade.
6 |– 8 10 7 Média Harmônica
8 |– 10 3 9
A média harmônica, μH, é dada por:
12 3 12x3=36 QUANTIDADE DE
NOTA
ALUNOS
13 4 13x4=52
0 |– 2 5
14 1 14x1=14
2 |– 4 7
140 + 88 + 36 + 52 + 14 4 |– 6 15
Média =
14 + 8 + 3 + 4 + 1 6 |– 8 10
8 |- 10 3
330
Média =
30 A classe modal é a que tem a maior frequência, ou
seja, a que possui 15 alunos, que é a classe que vai de
Média = 11 anos 4 a 6. Assim, pelo método da moda bruta, a moda será
Resposta: Certo. a média da classe, ou seja, a média entre os limites da
classe (4 e 6):
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo em vista que, dia-
riamente, a Polícia Federal apreende uma quantidade
X, em kg, de drogas em determinado aeroporto do Bra- 4+6
Mo =
sil, e considerando os dados hipotéticos da tabela a 2
seguir, que apresenta os valores observados da variá-
vel X em uma amostra aleatória de 5 dias de apreen- 10
sões no citado aeroporto, julgue o item 2. Mo =
2
DIA Mo = 5
d1
Mo = L + h · O total de observações nessa população é 40. Portan-
d1 + d2 to, a mediana estará entre o 20 e o 21, mas para fazer a
conta vamos usar o termo inferior, portanto o 20º.
8 A mediana estará na terceira classe, pois até a
Mo = 4 + 2 · segunda temos 12 alunos (5 + 7), e ao final da terceira
8+5
já teremos 27 alunos, portanto o 20º termo estará den-
8 tro da 3ª classe (4 a 6).
Mo = 4 + 2 · Como disse anteriormente, até a classe anterior
13 temos 12 alunos, para chegar a nossa mediana, que
é o 20º termo, faltam 8 alunos. Portanto, vamos fazer
16 uma regra de 3, onde a classe mediana tem 15 alunos
Mo = 4 + em uma variação de 2 pontos, portanto para 8 alunos
13
a variação de pontos será X.
Mo = 4 + 1,23
Mo = 5,23
Frequência (alunos) Variação dentro da classe
Mediana
15 2
A mediana (Md) é o valor que divide os dados em 8 X
duas partes iguais, ou seja, ao relacionar os dados em
ordem crescente é o dado que fica na posição central. 15 · X = 2 · 8
Ex: Dado os valores observados: 3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8, 15 · X = 16
9, 10, 14.
Temos 11 dados nessa amostra, portanto o 6º valor 16
X=
é o valor central, pois, temos 5 valores antes dele e 5 15
depois, portanto a mediana é 8.
X = 1,06
3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8, 9, 10, 14
Portanto, o 8º termo da 3ª classe (que é a nossa
Quando temos número ímpar de observações, a mediana) está 1,06 acima do limite inferior da classe
mediana será o próprio valor, mas quando tivermos mediana, que é 4.
uma quantidade par de dados, não teremos um valor
central, nesse caso vamos fazer a média entre os dois Md = 4 + 1,06 = 5,06
valores centrais.
Quartis
Vamos pensar nos seguintes dados: 3, 4, 5, 6, 6, 8,
8, 8, 9, 10 Assim como a mediana divide os dados em duas
Aqui temos 10 dados, e para dividirmos nossa partes iguais, os quartis dividem em 4 partes iguais.
amostra em duas partes iguais vamos separar entre Portanto, teremos 3 quartis (Q1, Q2 e Q3).
o 6 e o 8, restando 5 dados para cada lado. Portanto, a O primeiro quartil (Q1) divide 25% dos dados antes
mediana será a média entre 6 e 8. dele e 75% dos dados depois, o segundo quartil (Q2)
divide 50% dos dados de um lado e 50% de outro, e o
terceiro quartil (Q3) divide 75% dos dados antes dele
236
3, 4, 5, 6, 6, / 8, 8, 8, 9, 10 e 25% depois. Entre cada quartil temos 25% dos dados.
Alguém mais atento pode me falar, “mas se o Q2 O desvio em si não diz muita coisa e é dificilmente
divide os dados restando 50% para cada lado ele é a cobrado, mas é importante para entendermos o des-
mediana!”. Exatamente isso, o Q2 é a própria mediana. vio médio e o desvio padrão (esse sim muito cobrado).
Vamos supor uma amostra com 20 dados:
Desvio Médio
(5) (5) (5) (5)
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 A soma de todos os desvios de uma amostra resulta
Q1 Q2 Q3 em 0, vejamos o exemplo a seguir, de uma amostra
5,5 10,5 15,5 com 4 dados: 4, 6, 8, 10
4 + 6 + 8 + 10 28
Existem ainda os: x= =
4 4
z Decis, que têm essa mesma ideia dos quartis, mas
x=7
dividem a população/amostra em 10 partes iguais,
portanto teremos 9 decis, ficando 10% da amostra Portanto os desvios são:
em cada parte, e ;
4: D = 4 – 7 = -3
z Percentis, que dividem a população/amostra em
6: D = 6 – 7 = -1
100 partes iguais, portanto teremos 99 percentis,
8: D = 8 – 7 = 1
ficando 1% da amostra em cada parte. Por exem-
10: D = 10 – 7 = 3
plo, o P10 significa que temos 10% dos dados a
esquerda, e o restante (90%) a direita. Soma dos desvios: - 3 – 1 + 1 + 3 = 0
3+1+1+3
O desvio quartílico, que também podemos chamar
DM =
de amplitude semi-interquartílica, é a diferença entre 4
Variância
Intervalo Quartílico
Falamos que a média é o primeiro momento de
O intervalo quartílico é diferente do desvio quartí-
uma distribuição, já a variância é chamada do segun-
lico (intervalo semi-interquartílico), o intervalo quartí-
do momento de uma distribuição.
lico é apenas a diferença entre o quartil 3 e o quartil 1.
A variância é uma medida de dispersão que mostra o
quão distante cada valor desse conjunto está da média.
IQ = Q3 – Q1 Na variância teremos pela primeira vez uma dife-
DESVIO rença na fórmula quando consideramos uma popu-
lação e uma amostra. Até agora, as fórmulas eram
Desvio é a diferença entre um dado qualquer de sempre iguais, mudávamos apenas a representação
uma amostra/população (Xi) e a média desses dados da média (de μ para x ).
(μ/ x). Em uma população a variância é representada por
σ2 (sigma ao quadrado), já para uma amostra a variân-
D = Xi - x cia é representada por S2. 237
Para uma amostra: / _Xi - ni2
Para uma população: σ = n
/ ^Xi - X h2
S2 = n-1
Quando tivermos dados agrupados, basta multipli-
Para uma população: car cada parênteses pela frequência da classe.
n (A)
CÁLCULO DE PROBABILIDADE E P(A) =
TEOREMA DE BAYES n (S)
CONCEITOS
Onde:
A probabilidade é a parte da Matemática que calcula P(A) é a probabilidade de acontecer o evento A;
a “chance” (probabilidade) de que algo aconteça, como, n(A): é o número de elementos favoráveis que fazem
por exemplo, jogar na Mega-Sena e ganhar, ou então, de parte do evento A;
chutar uma questão no concurso e acertar. n(S): é o número de elementos do espaço amostral S. 239
Agora, vamos conhecer uma questão já cobrada em Ex.: Quando temos dois eventos complementares, isso
concursos públicos e que ilustra bem o assunto: sempre acontece, pois a probabilidade de um evento
acontecer somado com a probabilidade desse evento
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Considere a seguinte não acontecer será sempre 1. Você fez uma aposta na
informação para responder à questão: a Prefeitura do vitória do seu time, temos apenas dois eventos possí-
Município de São Paulo (PMSP) é subdividida em 32 sub- veis, ou seu time ganha, ou seu time não ganha (per-
prefeituras e cada uma dessas subprefeituras administra de ou empata), é impossível acontecer as duas coisas.
vários distritos. Esses eventos, portanto, são complementares.
A tabela a seguir, relativa ao ano de 2010, mostra as popu-
lações dos quatro distritos que formam certa região admi- Intersecção de Eventos (regra do E)
nistrativa do município de São Paulo.
Quando um exercício pede a probabilidade de acon-
tecer um evento E um outro evento qualquer, temos a
Distrito População (em 2010) probabilidade da intersecção de dois eventos P(A⋂B). A
fórmula é dada por:
Alto de Pinheiros 43.000
Evento A: sair um número par; Para os eventos serem independentes: P(A⋂B) = P(A)
Evento B: sair um número ímpar. . P(B)
P(A) = 0,3; P(B) = 0,6; P(A⋂B) = 0,18
Esses dois eventos são mutuamente exclusivos e P(A⋂B) = P(A) . P(B)
complementares, pois os dois não podem acontecer 0,18 = 0,3 . 0,6
ao mesmo tempo, e se o resultado não for ímpar, tem 0,18 = 0,18 (CERTO)
que ser par.
z P(B) = 0,6 e P(A∪B) = 0,7, se A e B forem
independentes;
Exemplo 2: Jogo do Palmeiras
Para os eventos serem independentes: P(A∪B) = P(A)
Evento A: O Palmeiras ganhou o jogo; + P(B) - P(A) · P(B)
Evento B: O Palmeiras perdeu o jogo. P(A) = 0,3; P(B) = 0,6; P(A∪B) = 0,7 241
P(A∪B) = P(A) + P(B) - P(A) · P(B)
0,7 = 0,3 + 0,6 - 0,3.0,6
0,7 = 0,9 – 0,18
0,7 = 0,72 (ERRADO)
Usamos o Teorema de Bayes quando conhecemos as probabilidades condicionais da forma P(B|A) e queremos cal-
cular a probabilidade condicional da forma P(A|B), ou seja, conhecemos as probabilidades com o evento B, a posteriori,
e desejamos conhecer as probabilidades para esse evento a priori. De maneira geral, com n eventos Ai e conhecendo
P(B|Ai), a probabilidade de algum evento Am, condicionada ao evento B, P(Am|B), é:
P (B|Am) ‧ P (Am)
P (Am|B) =
P (B|A1) ‧ P (A1) + P (B|A2) ‧ P (A2) + ⋯ + P (B|An) ‧ P (An)
a) 0,5312.
b) 0,3332.
c) 0,1241.
d) 0,4909.
e) 0,4054.
Para resolvermos a questão, é imperativo notar que as proporções das ações de atividade agropecuária para cada
uma das varas são a probabilidade a posteriori e que a questão quer saber a probabilidade de uma ação ser da 1ª Vara,
ou seja, um evento a priori.
Utilizando o Teorema de Bayes, P(V1|A) é dado por:
P(A|V1) ‧ P(V1)
P(V1|A) =
P(A|V1) ‧ P(V1) + P(A|V2) ‧ P(V2) + P(A|V3) ‧ P(V3)
Dica
O Teorema de Bayes está interligado à probabilidade condicional de dois eventos, ou seja, mostra a relação
entre uma probabilidade condicional e a sua inversa.
PROBABILIDADE CONDICIONAL
Já discutimos um pouco sobre isso, mas existe uma fórmula muito comum nas questões de concurso, que pode
ser usada para questões com Probabilidade.
Lembre-se de que a probabilidade condicional é aquela em que queremos a probabilidade de ocorrer um
evento, dado que um outro evento já ocorreu.
Por exemplo, vamos supor que eu retirei uma carta de um baralho (que tem 52 cartas).
A probabilidade de eu retirar uma dama (Q) é: 4/52, uma vez que temos 4 damas em 52 cartas possíveis.
Agora, a probabilidade de eu retirar uma carta de copas (♥) é: 13/52, uma vez que temos 13 cartas de copas e
52 cartas possíveis.
Indo mais além, a probabilidade de eu retirar uma dama de copas, ou seja, retirar uma dama e que seja de
copas, será 1/52, pois só temos uma dama de copas no baralho.
Agora sim, vamos chegar à fórmula muito usada da Probabilidade Condicional. Vamos supor que eu queira
saber a probabilidade de tirar uma dama, dado que a carta retirada é de copas. Ou seja, existe uma condição, eu já
sei que a carta é de copas, portanto, meu espaço amostral, nesse caso, será apenas as cartas de copas do baralho,
ou seja, 13. Pensando diretamente, a probabilidade é 1/13 = 7,7%, mas muitas vezes não é tão fácil de enxergar
como nesse caso, portanto, existe uma fórmula para resolver essa questão.
Ou seja, a probabilidade de ocorrer A, uma vez que B já ocorreu, é a probabilidade da intersecção entre A e B,
dividido pela probabilidade de B.
Nesse nosso caso, iríamos dividir a probabilidade de ocorrer uma dama de copas: P(Q♥) = 1,9%, pela probabi-
lidade de sair uma carta de copas: P(♥) = 25%.
1,9
P(Q|♥) = 25 = 7,6%
Agora, treine o que aprendeu com questões comentadas já cobradas em concursos públicos e que tratam do
assunto:
17° 2
18° 3
X X X
Correlação positiva Correlação positiva Correlação positiva 25° 6
entre X e Y forte entre X e Y entre perfeita X e Y
24° 7
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/
bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20 20° 5
Anne% 20de_2015_1.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021
30° 10
-1 ≤ R < 0: Correlação negativa – enquanto uma
variável aumenta, a outra diminui. Ex.: Considerando 28° 8
a variável temperatura e a variável venda de choco- 20° 4
late quente. Quanto maior a temperatura do ambien-
te menor será a venda de chocolate quente. Podemos 32° 10
dizer que, quanto mais próximo de -1, mais forte será
33° 12
a correlação negativa, e, quanto mais próximo de
zero, menos relacionada estarão as variáveis. Assim *Dados não verídicos
como na positiva, temos uma correlação negativa per-
feita quando R = -1. Olhando os dados podemos até notar que nos dias
mais quentes o número de furtos aumenta, mas vamos
Y Y Y colocar isso em um gráfico de coordenadas, no eixo x
vamos colocar a temperatura, e no eixo y os furtos,
para visualizar melhor. Cada coluna da nossa tabela
é um par ordenado: (17,2), (18,3), (25,6), (24,7) e assim
por diante. Vamos colocar um ponto no gráfico para
X X X
cada par ordenado para visualizar essa correlação.
Correlação negativa Correlação negativa Correlação negativa
entre X e Y forte entre X e Y entre perfeita X e Y Furto
10
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/ 9
bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20
8
Anne% 20de_2015_1.pdf>. Acesso em: 10 set. 2021.
7
z R = 0: Correlação nula – as variáveis não são cor- 6
relacionadas. 5
4
Y
3
2
1
X °C
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
Não há correlação
entre X e Y
Podemos ver que existe uma correlação entre as
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/ variáveis, pois pelo gráfico vemos que conforme uma
bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20 variável aumenta a outra aumenta também, mas
X Y X.Y X2 Y2
Importante!
17 2 34 289 4
Correlação: mede o grau de relação (-1 ≤ R ≤ 1);
18 3 54 324 9
Regressão: dá uma função que relaciona as
25 6 150 625 36 variáveis.
24 7 168 576 49
A regressão linear é a definição de uma função
20 5 100 400 25 que relacione as duas variáveis X e Y. Vamos padro-
30 10 300 900 100 nizar que Y é a variável dependente, e X é a variável
independente. Como no nosso exemplo, a temperatu-
28 8 224 784 64 ra (X) é uma variável independente pois ela não sofre
influência do número de furtos, e o número de fur-
20 4 80 400 16
tos (Y) é a variável dependente, pois ela sim sofrerá
32 10 320 1024 100 influência da temperatura (X). Por ser uma função
linear ela terá essa cara:
33 12 396 1089 144
Y=a.X+b
cov ^ X, Yh
√64.110 - 61.009 · √5.470 - 4.489
1.711 a=
R= Var (x)
√3.101 · √981 Que podemos extrapolar para:
1.711 n·⅀X·Y-⅀X·⅀Y
R=
a=
55,69 · 31,32
n · (⅀X²) - (⅀X)²
1.711
R= ou
1.744,21
n·⅀X·Y-nX·Y
R = 0,98 a=
n · ⅀X² - n(X)²
Com isso, vemos que o R está muito próximo de 1, o que
caracteriza uma correlação muito forte entre as variáveis. Onde X é a média dos dados de X e Y é a média dos
Temos que fazer uma observação importante. A dados de Y.
correlação nem sempre tem efeito de causa e conse- Para achar o b (coeficiente linear), vamos usar as
quência, pois, o fato de aumentar a temperatura não médias de X e Y.
faz com que os bandidos queiram roubar mais, na Y = a. X + b
verdade o aumento da temperatura faz com que mais Muitas vezes, podemos ver Y = a + bx, isso é a
pessoas queiram ir para a praia se refrescar, e nesse mesma coisa, só temos que tomar cuidado para não
momento os bandidos enxergam uma melhor oportu- confundir, pois, nesse caso, usaremos a fórmula para
nidade para praticar seus delitos, por isso o aumento. achar o b. A fórmula é usada para achar o coeficiente
Portanto apesar das variáveis estarem correlaciona- angular (que acompanha o X), independente do nome
246 das elas não são causa e consequência. dado a ele.
ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) E ANÁLISE DE
A B C
RESÍDUOS
PACIENTE 1 29 17 11
A análise de variância (da sigla em inglês ANOVA)
é usada para comparar médias de populações diferen- PACIENTE 2 28 18 12
tes, com a finalidade de descobrir se as médias de certo
PACIENTE 3 28 18 11
parâmetro entre populações são iguais ou não, possibi-
litando comparar 3 ou mais grupos de uma só vez. PACIENTE 4 31 19 12
A ANOVA nos mostra se as diferenças amostrais
observadas são reais, ou seja, causadas por uma dife- PACIENTE 5 32 20 14
rença da população observada, ou casuais, ou seja,
causadas pelo acaso por conta da aleatoriedade na Analisando os dados, vemos que a variação dentro
escolha da amostra. de cada grupo é pequena e a variação entre os grupos
Para aplicarmos a ANOVA, as amostras devem ser é grande, portanto, nesse caso, rejeitaríamos H0 e con-
aleatórias e independentes, as populações devem pos- cluiríamos que a variação realmente é causada pela
suir distribuição normal, e as variâncias populacio- diferença da droga.
nais devem ser iguais (não rigorosamente iguais, mas Olhando essa tabela com poucos dados e uma dife-
próximas). rença gritante, é fácil de deduzirmos isso, mas nem
Para entender melhor, vamos utilizar um exemplo sempre é assim fácil de enxergar, por isso são usados
simples. Vamos supor que queremos testar o tempo de vários cálculos e índices para se chegar a essa conclu-
resposta de 3 drogas diferentes para o tratamento de são. Lembrando que a ANOVA só irá nos mostrar se
uma doença (remédios A, B e C). Para isso, vamos apli- existe diferença ou não entre os grupos, mas não irá
car cada droga em 5 pacientes diferentes, e cronome- mostrar qual dos grupos (drogas, no nosso exemplo)
trar o tempo de resposta, ou seja, o tempo necessário diverge dos demais.
para a eliminação dos sintomas. Para concluirmos sobre a hipótese nula vamos
Ao realizarmos a ANOVA iremos comparar a usar o teste F, que é a razão entre a variância entre os
variância entre os grupos e a variância dentro de grupos pela variância dentro dos grupos:
cada grupo. Queremos saber se os tempos médios de
respostas para cada droga são iguais, portanto, a hipó-
tese nula será: 2
Sentre (variância entre os grupos)
F= 2 =
H0: μ1 = μ2 = μ3 ... Sdentro (variância dentro dos grupos)
H1: A hipótese alternativa indicará que pelo menos
uma das médias é diferente. Para calcularmos as variâncias vamos usar a soma
de quadrados de desvios. São 3 somas que temos que
Realizadas as medições dos tempos de respostas, saber: a soma de quadrados total (SQT), a soma de
em minutos, temos: quadrados entre grupos ou soma de quadrados de
tratamentos ou soma dos quadrados do modelo (SQE,
A B C SQTrat ou SQM) e a soma de quadrados dentro dos gru-
pos ou soma de quadrados dos resíduos ou soma de
PACIENTE 1 9 10 9
quadrados dos erros (SQD, SQRes ou SQErro). Muito cui-
PACIENTE 2 12 14 13 dado com essas siglas, em cada lugar elas aparecem
de uma maneira, por isso, tenham em mente que a
PACIENTE 3 18 19 17 “entre grupos” – SQE – é a do modelo, ou da regressão
PACIENTE 4 24 23 26 ou outro nome que remeta ao modelo da regressão
Podemos ver que a soma de gl1 e gl2 resulta no gltotal. Fa (v1 , v2)
Portanto, as variâncias ou quadrados médios (QM)
são dados por: Com os valores da ANOVA podemos achar também
o Coeficiente de Determinação (CD), ou R2, que é
QMT ou S2Total =
SQT dado por:
n-1
SQE R2 =
QME ou S2Entre =
k-1
2
S entre QME
F= 2 = a2 =
S dentro QMD
10 4,96 4,10 3,71 3,48 3,33 2,98 2,85 2,73 2,7 2,62 ( ) CERTO ( ) ERRADO
V2 12 4,84 3,98 3,59 3,36 3,2 2,85 2,72 2,6 2,57 2,49 Levando em consideração que temos 20 amostras,
12 4,75 3,89 3,49 3,26 3,11 2,75 2,62 2,5 2,47 2,38 podemos achar a média de Ŷ e a média de X, tendo
em vista os somatórios dados no enunciado.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 400
60 4 3,15 2,76 2,53 2,37 1,99 1,84 1,69 1,65 1,53 Y = 20
Y = 20
120 3,92 3,07 2,68 2,45 2,29 1,91 1,75 1,60 1,55 1,43 Média de X.
∞ 3,84 3 2,61 2,37 2,21 1,83 1,67 1,51 1,46 1,32 300
X = 20
X = 15
Portanto, para um nível de significância de 95% Vamos achar o valor do coeficiente angular , usando
248 temos: F(2,12) = 3,89. os valores dados no enunciado.
n · ⅀ X · Y - ⅀ X · ⅀Y POPULAÇÃO E AMOSTRA
β̂=
n · ⅀ X² - (⅀X)²
AMOSTRA
20 · 8400 - 300 · 400 É comum ouvirmos por aí pessoas que dizem não
β̂ = acreditar em pesquisas como Ibope, Datafolha entre
20 · 6000 - (300)² outras, com o argumento de que nunca foi entrevistado
por esses órgãos e que não conhecem nenhuma pessoa
que tenha sido consultada também. Ora, consultar a
168.000 - 120.000
população toda acerca de algum assunto é muito cus-
β̂ =
120.000 - 90.000 toso e demandaria um tempo muito grande. Por isso,
para se chegar a essa estimativa, esse tipo de pesquisa
é realizado em parte da população.
48.000 Para analisar parâmetros estatísticos de uma popu-
β̂ = lação é necessário selecionar uma amostra a partir de
30.000 técnicas de amostragem. Dessa amostra são extraídos
dados estatísticos, que serão estudados e analisados, e
β̂ = 1,6 então, generalizados para toda a população por meio
da Inferência Estatística.
Assim podemos achar o valor do coeficiente linear,
α̂. AMOSTRAGEM
Y = α̂ + β̂
20 = α̂ + 1,6 . 15 POPULAÇÃO
20 = α̂ + 24
α̂ = 20 – 24
α̂ = –4 AMOSTRA
DISTRIBUIÇÕES AMOSTRAIS
1 - α = 0,95
α = 0,05 = 5%
e = Z0 .
√ p‧q
n
Portanto ao olharmos na tabela (aquela mesma da Sendo que: “e” é o erro; “p” é a proporção amos-
curva normal padronizada) o valor de Z0,005/2 = Z0,025 =
tral para o caso favorável; “q” é “1 – p”, ou seja, a pro-
1,96, pois P(-1,96<Z<1,96) = 0,95, ou 95%.
porção dos casos desfavoráveis; “n” é o tamanho da
Logo, quando tivermos um nível de confiança de 95%
amostra; “Z0” também chamado de Z α/2, que é o valor
podemos usar diretamente o valor de Z0 = 1,96, mas, caso
na curva normal padronizada, atrelada ao nível de
o exercício forneça os dados, é sempre bom conferir.
2.e = 2 . Z0 .
σ
√n
A = 2 . Z0 .
√ p‧q
n
Sabemos que “2e” é a amplitude do intervalor de Com base na fórmula do erro, vamos chegar que o
confiança, portanto: intervalo de confiança para a proporção é dado por:
√
σ p‧q
A = 2 . Z0 . p ± Z0 .
√n n
}
considerar uma hipótese para um parâmetro Popula-
H0: μ = k H0: μ = k H0: μ ≤ k H0: μ ≤ k
cional (pode ser média, proporção etc.) e a partir dos
ou ou ou unilateral
dados recolhidos da amostra, testar se essa hipótese
deve ser aceita ou rejeitada. H1: μ > k H1: μ < k H1: μ > k H1: μ < k
Por se tratar de uma decisão com base na análise
de uma amostra, a decisão nunca terá 100% de certe- Dos conceitos ligados à lateralidade falarei mais
za, sempre teremos um percentual de erro estatísti- para frente, mas já adianto aqui que, quando a hipó-
co embutido nessa decisão, que é dado em um valor tese alternativa tiver sinal de ≠, o teste será bilateral,
e quando a hipótese alternativa tiver sinal de < ou >, o
percentual.
teste será unilateral.
Ex.: temos uma população e queremos saber a média
Como estamos partindo de uma amostra para esti-
de idade (μ). Vamos supor que, por algum motivo, a mar os dados de uma população, podemos incorrer
gente acredite que a média seja de 35 anos. Para testar em dois tipos de erros, os quais chamamos de erro
se esse é realmente o valor, vamos tirar uma amostra tipo I e erro tipo II. Como falei anteriormente, o teste é
da população e achar a média da amostra, ou média baseado na hipótese nula (H0), portanto os dois tipos
amostral (X ou μX), e, suponhamos que a média amos- de erros serão baseados em H0.
tral encontrada foi de 33. Assim vamos fazer um teste
de hipótese com base no valor da média amostral para ERRO TIPO I ERRO TIPO II
testar se a média populacional realmente pode ser 35.
Quando rejeitamos H0 (e Quando aceitamos H0 (e
As hipóteses podem ser simples, quando ela espe-
consequentemente acei- consequentemente rejei-
cifica completamente a distribuição da população
tamos H1) sendo que a H0 tamos H1) sendo que H0 é
(exemplo: H: µ = 0), ou composta, quando ela não é verdade na realidade. falsa na realidade.
especifica completamente a distribuição da popula-
ção (exemplo: H: µ > 0, ou H: µ < 0).
Para calcular o desvio padrão amostral (σX) e a Ex.: Em uma linha de produção, a média de pro-
variância amostral (σX)2 a partir do valor populacio- dutos com defeito fabricados a cada dia é 1,5. Esse é
nal usamos: um parâmetro populacional, mas, vamos considerá-lo
desconhecido (como normalmente é). Vamos fazer
um teste de hipótese, no qual nossa hipótese nula será
σ2 σ que a média populacional é no máximo 2 (o que mos-
Variância: (σX)2 = Desvio-padrão: σX =
n n tra que na realidade o teste deveria ser aceito, pois a
média populacional é 1,5). Assim:
A hipótese criada será sempre para a população e
H0: μ ≤ 2
nunca para a amostra, os principais parâmetros usa-
H1: μ > 2
dos nas hipóteses são:
Supondo que ao realizar o teste fosse constata-
μ: média populacional do que o mesmo foi rejeitado, o que significa que a
p: proporção populacional hipótese nula foi rejeitada. Assim, o teste foi rejeita-
σ: desvio-padrão populacional do quando na verdade deveria ter sido aceito, pois a
σ2: variância populacional hipótese nula era verdadeira. Nesse caso realizamos
o erro tipo I.
Quando vamos fazer o teste de hipótese temos que Agora imagine que a média populacional fosse na
criar duas hipóteses: a hipótese nula (H0), que geral- verdade 3, e, ao realizar o teste, como realizado ante-
mente é uma hipótese simples, e a hipótese alter- riormente, ele fosse aceito. Nesse caso o teste deveria
nativa (H1 ou HA), que geralmente é uma hipótese ter sido rejeitado uma vez que a média populacional
composta. Essas duas hipóteses são complementares, é maior que 2. Assim teremos cometido o erro tipo II.
A probabilidade de cometer o erro tipo I é dada
ou seja, se uma é verdadeira a outra será falsa, e elas
por α, que chamamos de nível de significância (que
não podem possuir elementos em comum.
normalmente é dado no exercício). A probabilidade de
cometer o erro tipo II é dada por β, e associado a isso
HIPÓTESE temos o poder do teste, que é “1 – β”, ou seja, a pro-
HIPÓTESE NULA babilidade de rejeitar H0 quando ela realmente é falsa.
ALTERNATIVA
Fique atento à tabela a seguir:
É a base do nosso teste A hipótese alternativa é
e ela normalmente terá o complemento da hipó-
um sinal de igualdade, tese nula, e geralmente REALIDADE
podendo ser: =, ≤ ou ≥. não tem o sinal de igual, H0 VERDADEIRA H0 FALSA
podendo ser: ≠, < ou >.
ACEITAR H0 Decisão correta (1 – α) Erro do tipo II (β)
Dito isso, vamos citar alguns exemplos de forma- DECISÃO Decisão correta
Erro do tipo I (α) (nível
ção de hipóteses, considerando que k é um número REJEITAR H0 de significância) (1 – β) (poder do
teste)
254 real (k ∈ R):
Em um teste, quando queremos diminuir a proba- As fórmulas para média são:
bilidade de cometer o erro tipo I, estaremos aumen-
tando a probabilidade de cometer o erro tipo II. A
única forma de minimizar os dois erros é aumen- X–μ
Zobs =
tando o tamanho da amostra. Podemos concluir que σ
quanto maior a amostra menor a chance de erro, mas √n
ele nunca será zero, a não ser que a nossa amostra
seja grande o suficiente, ou seja, a própria população.
O nível de significância é o que define a aceitação Onde σ é o desvio-padrão populacional.
ou rejeição do teste. Para poder analisar esse valor
vamos usar a distribuição normal. Vamos supor que X–μ
α = 1%, ou seja, a probabilidade de cometer o erro tipo tobs =
I é de 1%. S
Temos 3 opções diferentes de forma de montar a √n
distribuição.
Onde S é o desvio-padrão amostral.
z Teste unilateral à esquerda: Podemos calcular também o Zobs para proporção:
p̂ – p
Zobs =
√
p ‧ (1 – p)
α n
Zert
z Teste bilateral: α
Zert
√
p ‧ (1 – p)
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Por meio de uma pesqui-
n
sa, estimou-se que, em uma população, o percentual p
de famílias endividadas era de 57%. Esse resultado foi
p̂ – 0,6
observado com base em uma amostra aleatória sim- -2 =
ples de 600 famílias.
√
0,6 ‧ (1 – 0,6)
Nessa situação, considerando a hipótese nula H0: p
600
≥ 60%, a hipótese alternativa H1: p < 60% e P(Z ≤ 2)
= 0,977, em que Z representa a distribuição normal
padrão, bem como sabendo que o teste se baseia na p̂ – 0,6
-2 =
aproximação normal, assinale a opção correta, a res-
√
0,6 ‧ 0,4
peito desse teste de hipóteses.
600
a) O erro do tipo II representa a probabilidade de se rejei-
p̂ – 0,6
tar a hipótese nula, uma vez que, na realidade, p = 60%. -2 =
b) Com nível de significância α = 2,3%, a regra de decisão
√
0,24
do teste é rejeitar a hipótese nula caso o percentual de 600
famílias endividadas na amostra seja inferior a 56%.
c) Trata-se de um teste unilateral à direita. p̂ – 0,6
-2 =
d) A estatística do teste foi igual ou superior a 1.
e) A hipótese nula deve ser rejeitada caso a probabilida- √0,0004
de de ocorrência de erro do tipo I seja igual ou inferior p̂ – 0,6
-2 =
a 0,01.
0,02
p̂ - 0,6 = - 0,04
Vamos escrever os dados apresentados e depois
p̂ = 0,6 – 0,04
analisar cada alternativa.
p̂ = 0,56
p̂ = 57%.
p̂ = 56%
n = 600
H0: p ≥ 60%
H1: p < 60%
Alternativa a) Como a proporção na realidade é 60% (2,3%)
e a nossa hipótese nula diz que p ≥ 60%, a hipótese 0,023
nula é na realidade verdadeira. Caso no teste essa 0,9 77
hipótese seja rejeitada, estaremos cometendo o erro
tipo I, que é quando rejeitamos H0 quando ele na ver-
dade é verdadeiro. O erro tipo II é quando aceitamos 56%
H0 quando ele é falso. Alternativa incorreta.
Alternativa b) Vamos fazer o teste de hipótese Portanto, para p < 56% estaremos na Região Crítica
seguindo os passos. da curva, portanto temos que rejeitar H0. Alternati-
1- H0: p ≥ 60% va correta.
H1: p < 60% Alternativa c) O teste é unilateral a esquerda. Alter-
O 2º passo não faremos, pois não queremos o Zobs, nativa incorreta.
mas sim o valor da média amostral que está na fór- Alternativa d) A estatística do teste (Zobs) é dada por:
mula do Z.
3 - Para saber o gráfico que vamos usar, precisamos
olhar o sinal do H1, que é p < 60%. Como o sinal é <, p̂ – p
Zobs =
vamos usar o gráfico unilateral à esquerda.
√
p ‧ (1 – p)
4 - O nível de significância é 2,3%, portanto a região
crítica tem 2,3%, ou seja, 0,023, na região branca n
temos 1 – 0,023 = 0,977. O exercício informa que P(Z
0,57 – 0,6
≤ 2) = 0,977, por simetria, sabemos que P(Z ≥ -2) = Zobs =
0,977, ou seja:
√
0,6 ‧ (1 – 0,6)
600
– 0,03
(2,3%) Zobs =
0,023 0,02
0,9 77 Zobs = - 1,5
0,06
Zobs = (essa raiz foi dada no enunciado)
√
0,0384
10,000
-2 -1,5 0,06
Zobs =
0,002
Resposta: Letra B.
Zobs = 30
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em uma fábrica de ferra- Passos 3, 4 e 5 – Desenhar o gráfico, encontrar o Zcrit
gens, o departamento de controle de qualidade realizou
e marcar o Zobs:
testes na linha de produção de parafusos. Os testes ocor-
reram em dois campos: comprimento dos parafusos e Temos um teste bilateral com nível de significância
frequência com que esse comprimento fugia da medida de 5%, portanto em cada lado teremos 2,5%, assim
padrão. Historicamente, o comprimento médio desses vamos considerar Φ(2) = 0,975, sendo o Zcrit o -2 e o 2.
parafusos é 3 cm, e o desvio padrão observado é 0,3 cm.
Foram avaliados 10.000 parafusos durante uma sema-
na. Desses, 1.000 fugiram às especificações técnicas da
gerência: o comprimento do parafuso deveria variar de 2,4
cm a 3,6 cm. O chefe da linha de produção, porém, insiste
em afirmar que, em média, 4% da produção de parafusos
fogem às especificações. O departamento de controle de 2,5% 2,5%
qualidade assume que os comprimentos dos parafusos
têm distribuição normal.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item subse- – Zcrit Zcrit Zobs
quente, considerando que Φ(1) = 0,841, Φ(1,65) = 0,95, –2 2 30
Φ(2) = 0,975 e Φ(2,5) = 0,994, em que Φ(z) é a função distri-
buição normal padronizada acumulada, e que 0,002 seja
Como o Zobs está na região crítica, vamos rejeitar H0.
√
0,0384
valor aproximado para Resposta: Certo.
10.000
.
Com base nos dados apresentados, pode-se rejeitar,
com significância de 5%, a afirmação do chefe da linha
de produção. HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO – 2013) A tabela a seguir apresenta a
( ) CERTO ( ) ERRADO
distribuição dos clientes de uma determinada agência
bancária classificados segundo o perfil do investidor
Na amostra de 10.000 parafusos, 1.000 fugiram às
especificações, o que corresponde a 10%, portanto, em: conservadores, moderados e arrojados.
10% dos parafusos estão fora das especificações. O
√
p ‧ (1 – p)
n a) Moda, apenas.
b) Média e a mediana, apenas.
0,1 – 0,04 c) Média, a moda e a mediana, apenas.
Zobs = d) Média, a variância e o desvio padrão, apenas.
√
0,04 ‧ 0,96
e) Média, a moda, a mediana, a variância e o desvio
10,000 padrão. 257
2. (CESGRANRIO – 2014) Observe as afirmações a seguir relativas a histograma e a gráfico de ramo e folha.
I. Histogramas serão mais úteis do que gráfico de ramo e folha para mostrar quaisquer observações que estejam bem
afastadas da maioria dos dados, se os gráficos forem construídos com um número suficiente de intervalos de classe.
II. Se um gráfico de ramo e folha ou um histograma utilizar uma escala muito expandida, apresentará o comportamento
de um gráfico de pontos, em vez de mostrar as densidades relativas dos dados.
III. Na construção de um modelo estatístico para o processo que descreve os dados, o histograma pode sugerir uma
função matemática cuja curva se ajusta bem ao histograma.
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e III.
e) II e III.
3. (CESGRANRIO – 2018) Em uma avaliação na qual é atribuído grau de zero a dez, um hotel obteve média 8 em quarenta
e nove avaliações. O avaliador seguinte atribuiu ao hotel nota zero. Para que a média de notas do hotel passe a ser
maior que 8, será necessário, no mínimo, a avaliação de mais quantos hóspedes?
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
4. (CESGRANRIO – 2014) A seguir são apresentadas estatísticas das notas brutas obtidas pelos candidatos em um
concurso público:
Média aritmética: 78
Variância: 100
A nota de cada candidato foi transformada em nota padronizada, calculada considerando-se a seguinte fórmula:
a) 0.
b) 28.
c) 50.
d) 55.
e) 78.
5. (CESGRANRIO – 2010) As notas finais dos alunos de determinado curso estão representadas no gráfico a seguir.
16
Número de alunos
12
a) 5,8.
b) 6,0.
c) 6,2.
d) 6,4.
258 e) 6,6.
6. (CESGRANRIO – 2018) Sabe-se que 30% dos clientes de c) 35.
um banco são do sexo masculino e os 70% restantes são d) 45.
do sexo feminino. Entre os clientes do sexo masculino, a e) 55.
média do tempo de vínculo com o banco é igual a 4 anos
e, entre os clientes do sexo feminino, é igual a 6 anos. 9. (CESGRANRIO – 2013) Seja X uma variável aleatória
Considerando-se todos os clientes, de ambos os com distribuição normal cuja média é μ e o desvio
sexos, qual é a média do tempo de vínculo de cada um padrão é σ.
com o banco? Se Y = 2X - 1 tem distribuição normal com média 5 e
variância 20, o coeficiente de variação populacional σ :
a) 5 anos. μ
b) 5,3 anos.
√42
c) 6 anos. a)
6
d) 5,4 anos.
e) 5,7 anos. b) √21
6
7. (CESGRANRIO – 2010) Considere que tenha sido reali- √5
c)
zado um levantamento do tempo gasto para o abaste- 3
cimento dos carros em um posto de combustíveis. Foi √39
escolhida aleatoriamente uma amostra de 4 carros em d)
9
um determinado posto e observado o tempo que gas-
e) 4√5
tavam para abastecer. O resultado, em minutos, foi o
9
seguinte: 5; 2; 10 e 5. Qual a média harmônica do tempo
gasto para o abastecimento dos carros neste posto? 10. (CESGRANRIO – 2018) Há dez anos a média das ida-
des, em anos completos, de um grupo de 526 pessoas
a) 0,05.
era de 30 anos, com desvio padrão de 8 anos.
b) 0,25.
Considerando-se que todas as pessoas desse grupo
c) 1.
estão vivas, o quociente entre o desvio padrão e a
d) 4.
média das idades, em anos completos, hoje, é:
e) 5,5.
a) 0,45.
8. (CESGRANRIO – 2012) A figura a seguir apresenta a
b) 0,42.
curva de permanência de vazões decrescentes construí-
c) 0,20.
da com os dados de vazões observados na foz de uma
d) 0,27.
bacia hidrográfica. A tabela mostra os dados usados
e) 0,34.
para obtenção da curva de permanência. Baseando-se
nesses dados, qual o valor, em m3/s, da vazão modal? 11. (CESGRANRIO – 2012) Numa distribuição assimétrica
positiva, os valores da média, da moda e da mediana
Curva de Permanência são tais que:
90
80 a) Moda < mediana < média.
70 b) Moda < média < mediana.
60 c) Média < moda < mediana.
Vazões
a) 15. a) 0,025.
b) 25. b) 0,032. 259
c) 0,31.
11 A
d) 0,55.
e) 0,78. 12 B
a) 24%
b) 33%
c) 40%
d) 52%
e) 60%
a) 0.
b) 0,2.
c) 0,4.
d) 0,52.
e) 0,6.
9 GABARITO
1 A
2 E
3 E
4 C
5 E
6 D
7 D
8 C
9 C
10 C
260
z Nível Operacional: Nível de execução da organi-
zação no intuito de realizar tarefas do dia a dia. A
figura encontrada é a do executor; procure guar-
dar a ideia da execução das tarefas nesse nível e
assim ficará mais fácil resolver as questões rela-
ATENDIMENTO cionadas ao tema.
TIPOS DE PLANEJAMENTO
NOÇÕES DE ESTRATÉGIA
EMPRESARIAL
Este é um assunto que merece destaque em nos- Estratégico
so estudo e requer atenção por parte do candidato
que almeja a aprovação no concurso, pois se trata do
planejamento estratégico das organizações. Primeira- Tático
mente, explicaremos alguns conceitos relacionados
ao tema. Iniciaremos falando a respeito dos níveis
organizacionais. Operacional
NÍVEIS ORGANIZACIONAIS
Operacional Execução
Não Cuidado! Apesar de ser realizado pelo nível ins-
Administrativo
titucional, todos da organização estarão envolvidos.
Reflita sobre o seguinte: como ele é um planejamen-
to que se inicia lá no “topo”, ele vai descendo para
Agora, precisamos entender cada um deles:
os demais níveis e, por isso, há um envolvimento de
todos. É interessante, pois é aqui que tudo acontece:
z Nível Estratégico: É o nível institucional, pois en-
as decisões gerais da organização, escolhas das estra-
globa toda a organização e, consequentemente, te-
tégias, a definição da missão, visão e dos valores ins-
rá uma abordagem ampla no intuito de analisar
titucionais. Perceba como todos, de uma certa forma,
a organização como um todo. O nível estratégico
acabam se envolvendo.
também pode ser chamado de alto ou global e, nes- Veja um exemplo de questão que, mesmo não sen-
se nível, estão os altos executivos, diretores da or- do da banca organizadora do certame, ilustra bem
ganização. O tipo de planejamento é o estratégico, como o assunto pode ser cobrado:
que veremos mais para frente;
(CESPE-CEBRASPE – 2011) Acerca de planejamento
Dica estratégico, julgue o item a seguir.
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Novamente, mais um exemplo para entendermos como o tema já foi abordado em provas de concursos:
(CESPE-CEBRASPE – 2008) Um plano que abranja o procedimento de recepção de segurados do INSS e as programa-
ções de tempo de espera para cada caso, visando à melhoria da qualidade do serviço de atendimento, é exemplo de
planejamento estratégico.
A questão está errada. Veja só, o enunciado menciona “procedimento”, recepcionar segurados, preocupação com
tempo de espera e atendimento. Fica nítida a ideia de execução de uma tarefa e, portanto, o planejamento é ope-
racional. A questão não serve para fecharmos o bloco, nem para ilustrar sua banca examinadora, mas ajuda
para fixarmos melhor os conceitos relacionados aos temas abordados até aqui. Vamos seguindo em frente.
Agora que já temos uma noção dos tipos de planejamento, precisamos compreender as funções administra-
tivas. Se estamos tratando de noções de estratégia empresarial, devemos compreender como ocorre o processo
organizacional.
Dica
Processo Organizacional / Processo Administrativo (Administração): o mesmo que funções administrativas.
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS
As funções da Administração são quatro: Planejamento, Organização, Direção e Controle. Vejamos a seguir
detalhadamente cada uma delas:
Planejamento
Visa definir os objetivos, metas e estratégias. Tem como foco reduzir as incertezas, pois trata de previsão do
futuro. Cuidado! Ele não elimina as incertezas, mas as reduz. O futuro é incerto e, portanto, nem sempre é possível
ter todas as informações e dados. Lembre-se de que, quando tratamos de planejamento, é preciso coletar dados e
informações, pois são eles que dão sustentação para um bom planejamento.
Vamos aproveitar e verificar quais conceitos temos a respeito de objetivo, meta e estratégia, para compreender
melhor o planejamento:
z Objetivo: Tudo aquilo que se pretende alcançar ou onde se deseja chegar. Um bom exemplo de objetivo é “ser
aprovado(a) no concurso público da Caixa Econômica Federal”. O objetivo deve ser claro, concreto e necessita
de prazo, não importando se esse prazo será curto, médio ou longo;
z Meta: Também pode ser entendida como algo que se pretende alcançar, mas é mais minuciosa e detalhada em
comparação ao objetivo. Exemplo de meta: ser aprovado(a) em primeiro lugar no concurso público da Caixa
Econômica Federal. Reparou em uma mudança aí? O termo “primeiro lugar” qualificou nosso objetivo. Essa é
a ideia da meta: ser mais minuciosa ou detalhada, trazer quantificação e qualificação do objetivo;
z Estratégias: São os caminhos, meios, métodos, para se chegar ao objetivo ou à meta e, para isso, a organização
262 necessitará fazer uma análise antes e aí sim escolher a melhor estratégia.
Organização ANÁLISE DE MERCADO
Essa função visa implementar, implantar e alocar É chegado o momento de nos envolvermos de vez
os recursos da organização. Portanto, aquilo que foi nos conceitos ligados às estratégias empresariais.
planejado precisar ser implantado e, para isso, a fun- Queremos relembrar um assunto abordado anterior-
ção organização tem como foco a distribuição e divi- mente, tratando do planejamento estratégico, lembra-
são do trabalho. -se? O planejamento estratégico é o mais abrangente
e, consequentemente, tudo que for decidido será rele-
Direção vante para toda a organização. Estamos retornando a
É a parte da coordenação da organização no intui- esse assunto para compreendermos que é no planeja-
to de harmonizar o planejamento com a execução, o mento estratégico que ocorre a análise de mercado.
que levará, muitas vezes, a fazer ajustes necessários Interessante perceber o seguinte: para escolha do
para que realmente as coisas aconteçam. Aqui tam- melhor caminho, primeiro faz-se uma análise e então,
posteriormente, define-se o plano.
bém ocorrerá a liderança e motivação, afinal de con-
Tudo se inicia com o diagnóstico estratégico (aliás,
tas as pessoas precisam ser treinadas, capacitadas e
atente-se ao uso do termo “diagnóstico” utilizado nes-
devem ser motivadas a cumprir o planejamento. A
sa situação, pois nos remete a ir ao médico e, antes
figura do líder faz-se importante nesse momento.
de ele receitar qualquer “remédio”, primeiro pedirá
Controle exames/diagnósticos). Assim, o intuito do diagnósti-
co é compreender as potencialidades e deficiências
Pode-se dizer que o controle é cíclico e necessita de da organização, ou seja, identificar quais são os pon-
quatro etapas: tos fortes e fracos da organização e também analisar
as oportunidades e ameaças. Pontos fortes e fracos
z Definir um padrão de desempenho: Para seguir e fazem parte das variáveis internas e oportunidades e
alcançar um determinado objetivo, é preciso estar ameaças, das variáveis externas.
no rumo, e é aí que entra o padrão de desempenho; Para isso, a organização utilizará uma ferramenta
z Acompanhar o desempenho: Essa etapa conta chamada SWOT. O termo SWOT é um acrônimo/asso-
com o monitoramento, ou seja, acompanha se tudo ciação vindo da língua inglesa que significa Strengths,
está sendo feito conforme foi definido; Weaknesses, Opportunities e Threats.
z Avaliação de desempenho: Já esta é uma etapa Claro que vamos traduzir para facilitar a nossa
voltada a um processo “posteriori”, pois leva em vida. SWOT = FOFA: Forças (Strengths), Fraquezas
consideração avaliar os resultados obtidos; (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Amea-
z Ação corretiva: Etapa necessária quando se verifica ças (Threats).
que há certos desvios, gaps ou lacunas no processo. Dividimos a análise em duas partes:
Mais uma vez, trazemos uma titulo de exemplo z Análise interna: Forças e Fraquezas (são controláveis);
para compreendermos como o assunto já foi aborda- z Análise externa: Oportunidades e Ameaças (não
do em provas. Acompanhe a seguir: são controláveis).
(CCV-UFC – 2013) Sobre as funções de Planejamento,
Organização, Direção e Controle, assinale a alternativa
correta.
Importante!
Variáveis internas são controláveis por fazerem
a) O planejamento é a função que faz a distribuição de tare- parte do escopo da organização, estão próxi-
fas e dos recursos entre os membros da organização. mas e, por isso, é mais fácil fazer alterações ou
b) O controle relaciona-se com as atividades de liderar,
mudanças.
motivar e coordenar as pessoas em uma organização.
Variáveis externas não são controláveis, pois
c) A direção é a função que assegura que as tarefas
estão “fora” da organização e não tem como a
estão sendo desenvolvidas através do monitoramento
e avaliação das atividades instituição fazer alterações, podendo somente
d) Essas funções da administração foram primeiramente monitorar para se aproveitar das oportunidades e
definidas por Henry Likert, na sua obra “Princípios de minimizar os problemas advindos das ameaças.
Administração Científica”.
e) A função de planejamento consiste na especificação
� Forças � Oportunidades
de objetivos a serem atingidos e na definição de estra- � Pontos Fortes � Variável
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Produtos/Serviços
Desenvolvimento
Penetração
de Produto
Desenvolvimento
Diversificação
de Mercado
A organização escolherá as suas estratégias conforme as variáveis internas e externas. Em algum momento,
podemos ter mais oportunidades em relação às ameaças ou mais ameaças que oportunidades; também poderá
acontecer de ter mais pontos fortes que pontos fracos ou mais pontos fracos que pontos fortes.
A junção das variáveis será determinante para escolha das estratégias. Predominância das variáveis:
� Oportunidades � Oportunidades +
+ Fortalezas Fraquezas
Desenvolvimento Crescimento
Manutenção Sobrevivência
� Ameaças � Ameaças +
+ Fortalezas Fraquezas
IMAGEM INSTITUCIONAL
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Se tem algo importante para uma organização é criar uma imagem institucional e fazer com que os stakehol-
ders ao seu redor entendam o seu propósito. Stakeholder significa partes interessadas, ou seja, todos que de
alguma forma estão ligados ou relacionados com a organização. Exemplos: colaboradores, gestores, acionistas,
gerentes, consumidores, fornecedores, governo e outros.
Dica
Provavelmente, um sinônimo para stakeholder em uma prova de concurso seja atores ou clientes. Vale res-
saltar o seguinte: o termo “cliente” é abrangente, pois entende-se como cliente o público externo e interno.
� Cliente interno: colaboradores, gerentes;
� Cliente externo: consumidores, fornecedores.
Talvez seja estranho pensar colaborador e fornecedor como clientes, mas veja que a ideia é satisfazer as
necessidades de todos, por isso a concepção de que todos são clientes. Aliás, quando uma organização
compreende isso, sem sombra de dúvidas estará conquistando a excelência. 265
Retornando para o assunto imagem institucional. A organização, por meio do seu planejamento estratégico,
definirá sua missão, visão e seus valores.
z Missão: Razão de existência, razão de ser da organização, o seu propósito. A missão institucional é atemporal,
logo, não está atrelada ao futuro e, sim, ao presente. Todos os dias a organização deve cumprir a sua missão;
z Visão: Onde a organização deseja chegar, alcançar, ser ou estar. Diferentemente da missão, a visão é temporal.
Estipula-se um prazo para que seja alcançado o desejável. Não confunda visão com objetivo, apesar de faze-
rem menção ao que se espera alcançar. A visão tem como parâmetro o reconhecimento, ser reconhecida pelo
seu público. Já o objetivo é voltado para si;
z Valores: Princípios norteadores da organização, aquilo que tem importância ou significado e se visa demons-
trar para os stakeholders.
Estratégia Corporativa
Fortalecer a orientação ao cliente, reforçar a qualidade no Atendimento e intensificar a
Experiência Digital são as premissas que fundamentam a estratégia corporativa da CAIXA.
Nosso Propósito
Ser o banco de todos os brasileiros.
Nossa Visão
A estratégia para o alcance da visão está centrada nos objetivos e ações de gestão, que
buscam flexibilidade, competitividade e simplicidade, além de manter os princípios da
governança e incentivar a adoção de práticas socioambientais com impacto positivo em
todos os negócios.
Nossos valores
Os valores que guiam nossas ações são:
� Ética
� Foco no Cliente
� Integridade
� Meritocracia
� Responsabilidade Socioambiental
(Disponível em: <https://www.caixa.gov.br/sobre-a-caixa/apresentacao/Paginas/default.aspx>)
266
IDENTIDADE E POSICIONAMENTO
A identidade tem como propósito dar uma personalidade que seja única à organização e isso passa também pela sua
missão, visão e seus valores. Isso, no entanto, vai além, pois requer que o público seja capaz de guardar facilmente as suas
características, como logomarca, cores, produtos e serviços oferecidos.
Se te perguntarmos qual é a cor predominante da Caixa Econômica Federal, temos certeza absoluta de que você já
respondeu e até já se lembrou da marca. Essa é a ideia de identidade e posicionamento. A organização visa com isso ter
características marcantes e personalizadas, assim as pessoas lembrarão facilmente quando precisarem de um produto
ou serviço.
A Caixa já fez e continua fazendo grandes publicidades para se posicionar no mercado.
Quando uma organização investe na sua identidade e no seu posicionamento, a tendência é que em um determinado
momento as pessoas conseguirão identificá-la facilmente e isso a levará a outros patamares de desempenho. Para tanto,
é preciso ter um diferencial competitivo; aliás, competitividade é a alma do negócio bem sucedido. Para que uma organi-
zação seja competitiva no mercado, é preciso ter um diferencial.
Uma das atuações da Caixa dentro do seu planejamento estratégico é atuar mais fortemente em criar laços e vínculos
com seus stakeholders. Em se tratando de produtos, podemos observar a crescente no mercado da área digital; portanto,
a instituição percebe a necessidade de, nesse sentido, melhorar cada vez mais seu posicionamento.
Devemos mencionar também que o tema passa também pela cultura organizacional. Cultura é um conjunto de hábi-
tos e costumes que são compartilhados pelos membros da organização. A cultura também pode ser entendida como
conjunto de crenças e valores.
ATENDIMENTO BANCÁRIO
SEGMENTAÇÃO DE MERCADO
A meta da segmentação de mercado é escolher um determinado grupo de consumidores que possuam neces-
sidades iguais ou, pelo menos, parecidas. A organização fará uma oferta para o público segmentado, visando
melhor assertividade.
Neste sentido, o intuito é dividir em grupos potenciais clientes com desejos e comportamento de compras
semelhantes. Segundo Philip Kotler (1998): “através da segmentação a empresa poderá fazer melhores trabalhos
frente à concorrência, dedicando-se a fatias de mercado que tenham melhores condições de atender”.
267
Para isso, é preciso estudar a participação que a organização tem no mercado e entender os seus concorrentes.
A prática do “benchmarking” pode ser uma excelente ferramenta para esse processo.
O benchmarking competitivo é muito utilizado para entender as estratégias dos concorrentes. Por meio dele,
compara-se os resultados e apropria-se das melhores práticas, buscando melhorá-las.
Depois de compreender o mercado, é preciso separar os clientes por grupos. Dessa maneira, a organização
saberá como atuar e obter resultados satisfatórios.
Níveis de Segmentação
z Marketing de Massa: o objetivo desse tipo de segmentação é ofertar algo que seja possível para um grande
público. Os produtos estarão em todos os lugares, desde em uma conveniência, em um bairro de classe alta,
até em uma mercearia ou ponto de vendas na periferia. Exemplo: produtos de higiene, refrigerantes e outros;
z Marketing de Segmento: Visa ter um grupo ainda grande de consumidores, porém um pouco mais específico
se compararmos com o marketing de massa. Vale lembrar que as pessoas/clientes são diferentes, pois suas
necessidades e desejos dizem respeito aos seus hábitos;
z Marketing de Nicho: Ainda mais restrito ao ser comparado aos dois tipos anteriores. Nele, os segmentos são
divididos em subsegmentos. A organização torna-se especialista numa determinada necessidade do cliente;
z Marketing Local: a preocupação está voltada às necessidades regionais, as quais, por sua vez, são diferentes
das de outros locais. Consequentemente, a organização precisará rever seus produtos e serviços, para oferecer
melhores produtos aos seus possíveis clientes. Como exemplo, imagine uma rede de lanches, atuando em um
mercado no qual as pessoas não consomem carne bovina. Será necessário, então, que a organização se adapte,
para oferecer o produto certo;
z Marketing Individual: é o tipo de marketing direcionado aos consumidores de maneira individual. A ideia é
trabalhar de modo personalizado para cada cliente. Pode ser chamado de “marketing one by one” ou “marke-
ting um a um”.
Massa
Níveis de Segmentação
Segmento
Nicho
Local
Individual
Modalidades de Segmentação
z Geográfica: o mercado é segmentado por região. Cada localidade tem a sua cultura e seus valores, fazendo-se
importante verificar como será feito o marketing, a fim de que tais valores não sejam afetados. Neste sentido,
a organização buscará uma forma de trabalhar com o marketing, estudando o acesso para se chegar no local,
bem como o transporte. O intuito é descobrir a acessibilidade.
Outra situação que podemos elencar é o centro de compras. Imagine, por exemplo, você montar um negócio
em um local onde as pessoas não têm acesso. Normalmente, as pessoas vão para um “centro de compras” e, mes-
mo que os custos sejam altos, ainda vale a pena;
z Demográfica: são situações ligadas à idade e, neste sentido, o marketing verifica o público idade. Leva-se em
consideração o ciclo de vida, o domicílio e o sexo;
z Comportamental: leva-se em consideração a frequência de compra, quando as pessoas compram e onde com-
pram. Também se verifica a lealdade do consumidor e o que ele costuma comprar com mais frequência.
Uma outra análise feita é a expectativa de vida das pessoas e o estilo de vida (psicográfica). Lembre-se de
que expectativa de vida é diferente de ciclo de vida. No comportamento, também se estuda o interesse, o uso do
dinheiro, as amizades e os relacionamentos;
z Socioeconômica: o critério utilizado é a renda. Um ótimo exemplo que podemos citar é o marketing digital.
Uma organização que fará uma campanha no Facebook, Instagram ou Google, com certeza, descobrirá a faixa
de quanto o seu público ganha e, assim, encontrará o cliente certo para o seu produto. Vale destacar que o grau
de instrução das pessoas também é verificado nessa modalidade, assim como o seu status, nível de ocupação
e migração;
z Benefícios: é aquilo que os clientes procuram. Um bom exemplo a ser citado é quando o cliente se preocupa
com a qualidade do produto ou serviço, bem como se o produto oferece prestígio a ele e um atendimento de
qualidade, demonstrando o grau de satisfação;
z Personalidade: aqui, são verificadas as suas bases culturais, atitudes e valores. Podemos dizer que, nessa
268 modalidade, é verificado o conjunto de crenças do cliente;
z Caracterização Econômica: a variação de mercado, o tamanho da empresa, o tamanho do mercado e a
demanda são fatores importantes para se levar em consideração no momento da segmentação.
Importante!
O valor entregue ao cliente constitui a seguinte equação: VEC = VT – CT
Em que VEC corresponde ao valor entregue ao cliente;
VT corresponde ao valor total;
CT corresponde ao custo total.
O valor entregue ao cliente é igual ao valor total para o cliente menos o custo total para o cliente. O valor total
para o cliente pode ser entendido como o conjunto de benefícios esperados pelo cliente, ou seja, a imagem, o valor
pessoal, o valor dos serviços, o próprio valor do produto e quaisquer outros benefícios que agreguem valor sob a
ótica do cliente.
Valor do Produto
Valor do Pessoal
Valor da Imagem
Já o custo total vai além do monetário, como é o caso do custo de tempo. Quando necessitamos de adquirir um
bem ou serviço, calculamos o tempo que será gasto para isso. Um bom exemplo a ser citado é quando você fica na
fila do caixa do banco para pagar uma conta – situação na qual cinco minutos parecem uma eternidade. Agora,
se você tiver que aguardar duas horas ou mais para que o gerente do banco o(a) atenda, para que consiga um
financiamento imobiliário, você nem perceberá o tempo passar.
Outros custos levados em consideração são as energias psíquica e física. A primeira diz respeito ao gasto psi-
cológico para a tomada de decisão numa situação conflitante de escolhas e a segunda diz respeito ao gasto físico
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Monetário
Tempo
Custo Total
Energia Física
Energia Psíquica
269
Aqui, cabe-nos um questionamento: como é possí- z Qualidade no local: Veja como o item é importan-
vel aumentar o valor percebido pelo cliente? te, você chegar no destino/local e reparar como
Pode-se, por exemplo: todas as coisas estão no seu devido lugar. A orga-
nização é um fator determinante, assim como
z Melhorar os benefícios do produto ou serviço: des- a limpeza e o ambiente arejado. É um fator tão
sa maneira, aumentará o valor total; importante que podemos pegar como exemplo as
z Reduzir os cursos não monetários (tempo, ener- agências bancárias, normalmente bem organiza-
gias psíquica e física); das, arejadas e limpas. Isso fará com que você se
z Reduzir os custos monetários. sinta bem no ambiente;
z Experiência dos colaboradores: é outro fator
É fato que a organização necessita de obter a importante dento dos aspectos que influenciam os
satisfação do cliente. Para Hoffman e K. Douglas, tal clientes, reparamos muito e é perceptível também;
satisfação: z Desempenho: Nem sempre o colaborador terá a
experiência, mas você perceberá se ele está procu-
É alcançada quando suas percepções satisfazem ou rando ter o melhor desempenho possível e assim
excedem suas expectativas. A satisfação, propicia- entregar um atendimento de qualidade;
da por um produto, serviço ou sentimento é função z Organização no atendimento: Não tem coisa pior
direta do desempenho percebido e das expectativas. você se deparar com um atendimento desorgani-
Se o desempenho ficar distante das expectativas, o zado. Imagine a situação de chegar a uma agência
cliente ficará insatisfeito. Se atender às suas expec- bancária e não saber ao certo quando será atendi-
tativas, ficará satisfeito. Se exceder às expectativas do ou simplesmente perceber situações de pessoas
ficará altamente satisfeito ou encantado. (2001, p.
sendo atendidas primeiro, mesmo que tenham
28)
chegado à agência depois de você;
z Opinião de outros clientes: Este é o item mais
Conforme se vê, não é tão simples conseguir tal
relevante sobre a experiência que o cliente terá
feito. No entanto, é algo necessário no mundo dos
com a organização. Normalmente, compramos ou
negócios. As organizações precisam concentrar-se nos
deixamos de comprar pelo simples fato de ouvir o
clientes, em suas reais necessidades, sendo o seu foco
que os outros têm a dizer sobre a organização.
total. Somente assim conseguirão alcançar a satisfa-
ção do cliente.
Imateriais
Act Do
Bancários Inseparáveis
Produtos
Prestação de Check
Variáveis
Serviços
Perecíveis
z Os 6 E’s do Desempenho: Eficiência, eficácia, efe-
tividade, execução, economicidade e excelência.
Atenção: Saber, conhecer ou ter noção de que Tanto os Bancos Comerciais, tradicionais instituições
o produto ou serviço existe; que possuem agências e estruturas físicas, quanto os
Interesse: Importante passo no qual se faz com novos Bancos Digitais, que nasceram intangíveis e 100%
que o possível cliente se concentre nos benefí- on-line, quando estabelecem relações de e-commerce
cios do produto/serviço; (instituições que possuem praça de atendimento, como
Desejo: Despertar a vontade de obter os benefí- agências bancárias, mas que também são intangíveis) e
cios agora já conhecidos; e-business (instituições que tem todas as atividades vol-
Ação: Atitude de comprar o bem ou serviço. tadas ao meio digital e que não existem fisicamente),
utilizam no Marketing Digital os mesmos canais apre-
z Tratamento das Objeções sentados acima.
Etiqueta Empresarial
uma ciência oriunda da Filosofia. Ética vem do termo
Comportamento
“ethos”, que significa usos ou costumes, compreen-
dendo, também, conduta, caráter e atitude. Não se
confunde, portanto, com a moral, a qual está mais
relacionada à prática, que, por sua vez, é influenciada Vestimenta
pelo meio. Ética, pois, é adquirida pelo estudo.
Jogo de Cintura e Respeito
orientar o agente público. Por exemplo, o Código de Ética seus processos e de sua imagem.
da Administração Pública Federal – Decreto 1.171/94 – tra- Os negócios, os recursos da sociedade e os recur-
ta de regras, deveres e vedações, com o intuito de demons- sos dos fundos e programas que administramos são
trar ao agente público como deve ser a sua conduta, tanto geridos com honestidade, oferecendo oportunidades
no exercício da função como também fora dela. iguais nas transações e relações de emprego.
A boa conduta passa pela importância da etiqueta Não se admite qualquer relacionamento ou prática
empresarial, definindo qual deve ser a postura ade- desleal de comportamento que resulte em conflito de
quada mediante tantas situações que podem ocorrer. interesses e que esteja em desacordo com o mais alto
Por sua vez, etiqueta empresarial passa pelo bom padrão ético, ou ainda, que fragilize a imagem da Caixa.
comportamento e educação, cerimoniais importantes Atitudes que privilegiem fornecedores e pres-
no trato entre as pessoas. A pontualidade, o comporta- tadores de serviços, sob qualquer pretexto, são
mento, a forma de vestir, o jogo de cintura e o respeito condenadas, assim como a solicitação de doações,
são instrumentos que devem ser levados em conside- contribuições de bens materiais ou valores a parcei-
ração pelos profissionais de vendas. ros comerciais ou institucionais em nome da Caixa. 279
Compromisso Como observamos anteriormente, o cliente terá
uma determinada experiência e a sua percepção deve
Os dirigentes, empregados e parceiros têm compro- ser maior que a expectativa; dessa maneira, conquis-
misso permanente com o cumprimento das leis, das taremos o cliente e, com isso, a sua fidelidade, haja vis-
normas e dos regulamentos internos e externos que ta o que move o atendimento hoje é o relacionamento.
regem a instituição, sempre com o mais elevado padrão Existem certos pontos interessantes que serão
ético no exercício de suas atribuições profissionais. benéficos para se manter um padrão de qualidade,
O relacionamento com clientes, fornecedores, cor- claro que sem “engessar” o atendimento, já que ele
respondentes, coligadas, controladas, patrocinadas, é um serviço e você já conhece as características que
associações e entidades de classe são pautados pelos norteiam o serviço.
princípios do Código de Ética. O atendimento tem certas utilidades, a começar:
O compromisso de oferecer produtos e serviços de
qualidade que atendam ou superem as expectativas z Recepcionar: É o primeiro momento com o cliente
dos nossos clientes é sempre uma prioridade. e, portanto, deve causar uma boa impressão. Nesse
A participação voluntária em atividades sociais quesito, é importante o cumprimento adequado,
destinadas a resgatar a cidadania do povo brasileiro como: bom dia, boa tarde, boa noite. Trate-o pelo
é amplamente incentivada. nome e use as expressões de senhor ou senhora
(independente da idade);
Transparência z Informar: Todos nós esperamos receber informa-
ções compreensíveis e concisas de forma correta.
As relações da Caixa com os segmentos da socie- Se você não souber uma determinada informa-
dade são pautadas no princípio da transparência e na ção, peça um instante para obtê-la e a repasse ao
adoção de critérios técnicos. cliente;
Como empresa pública, o comprometimento com z Orientação: Um dos papéis da linha de atendi-
a prestação de contas das atividades, dos recursos por mento é orientar o cliente, seja nos próximos pas-
nós geridos e com a integridade dos nossos controles sos ou nas situações do momento;
é essencial. z Amenizar: É de responsabilidade também do pes-
Aos clientes, parceiros comerciais, fornecedores e soal da linha de frente acalmar o cliente em um
à mídia dispensa-se tratamento equânime na dispo- momento de tensão. Assim, é preciso saber lidar
nibilidade de informações claras e tempestivas, por com uma situação de conflito e “destempero”;
meio de fontes autorizadas e no estrito cumprimento z Agilidade: O cliente tem pressa e, a depender do
dos normativos a que estamos subordinados. tipo de serviço de que necessita, será menos fle-
Aos empregados são oferecidas oportunidades de xível ainda. Então, a rapidez no atendimento é
ascensão profissional com critérios claros e do conhe- imprescindível;
cimento de todos. z Comunicação: É o elo entre as partes, por isso, é
Valoriza-se o processo de comunicação interna, preciso reduzir os possíveis ruídos para que haja
disseminando informações relevantes relacionadas entendimento no que está sendo repassado.
aos negócios e às decisões corporativas.
Você percebeu a necessidade de certos padrões
Responsabilidade para manter no “eixo” o atendimento? Com isso, a
organização conseguirá alcançar os objetivos do aten-
As ações da instituição são pautadas nos precei- dimento e do relacionamento interpessoal, como: a
tos e valores éticos, de forma a resguardar a Caixa de satisfação dos clientes, a diferenciação, o aumento
ações e atitudes inadequadas à sua missão e imagem e de clientes, a boa interação e, claro, a qualidade no
a não prejudicar ou comprometer dirigentes e empre- atendimento.
gados, direta ou indiretamente.
Zela-se pela proteção do patrimônio público, com a MARKETING DE RELACIONAMENTO
adequada utilização das informações, dos bens, equi-
pamentos e demais recursos colocados à disposição O foco do marketing de relacionamento está nos
para a gestão eficaz dos negócios. clientes já existentes. É claro que toda organização
A preservação ambiental nos projetos desenvolvi- deseja conquistar novos clientes, mas apostar em
dos pela instituição é sempre objetivada, uma vez que uma relação permanente e duradoura fará até mes-
a vida depende diretamente da qualidade do meio mo com que a organização consiga uma economia nos
ambiente. seus gastos de marketing e publicidade de maneira
Além disso, a proteção contra qualquer forma de surpreendente.
represália ou discriminação profissional como forma Para que uma empresa possa ter seu foco nos
de preservar os valores da Caixa é sempre garantida. clientes já existentes e não somente na angariação de
novos, conseguir apostar no marketing relacional e
fidelizar seus clientes, deverá ter em atenção alguns
pontos: conhecer bem o cliente, saber comunicar
e escutar as suas necessidades e reconhecer a sua
PADRÕES DE QUALIDADE NO fidelidade.
ATENDIMENTO AOS CLIENTES Problemas com relacionamento e atendimento
existirão, mas é preciso afastar os fatores que podem
Quando o assunto é cliente, você já sabe que preci- potencializar a perda de clientes, que normalmente
sa entregar algo de valor para ele. Satisfazer às neces- ocorrem por negligência em alguma área.
sidades e atender às expectativas dele deve ser o foco No atendimento, as negligências são conhecidas
280 das organizações. como sete pecados capitais:
z Apatia: Relacionada à indiferença no tratamento,
sem demonstração de interesse; COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
z Má vontade: Falta de ação ou atitude por parte do E SUA RELAÇÃO COM VENDAS E
atendente; NEGOCIAÇÃO
z Frieza: Atendimento entendido como distante,
sem observar os desejos do cliente; O comportamento do consumidor pode ser compreen-
z Desdém: Quando o atendente demonstra um dido como um estudo que tem como objetivo analisar os
“ar” de superioridade e trata o cliente com certo sentimentos e as percepções que direcionam o possí-
vel cliente a comprar. As decisões tomadas pelo cliente
desprezo; baseiam-se nessas duas situações (sentimentos e percep-
z Robotismo: Atendimento engessado; ções). Portanto, é crucial que a organização seja efetiva
z Apego às normas: Atendimento sem flexibilidade; e saiba lidar com as dificuldades do dia a dia. Podemos
z Jogo de Responsabilidade: Quando o atendente entender esse processo como uma jornada, avançando
não assume a responsabilidade e “joga” para os um passo de cada vez para fazer com que o cliente tome a
demais ou outros setores. decisão de adquirir o produto ou o serviço.
Os gestores devem, por meio da gestão estratégica
e do marketing, estudar o comportamento dos clien-
tes ou potenciais clientes. O propósito é compreender
possíveis mudanças e, consequentemente, nivelar as
UTILIZAÇÃO DE CANAIS REMOTOS ações de vendas para que o cliente continue compran-
do da organização.
PARA VENDAS
O comportamento de compra complexo envolve
Como hoje em dia as vendas, tanto em bancos um processo de três etapas. Primeiro, o comprador
digitais, quanto em bancos comerciais, são baseadas, desenvolve crenças sobre o produto. Segundo, ele
majoritariamente, em canais online, a utilização de desenvolve atitudes sobre o produto. Terceiro, ele
recursos como o Internet Banking, mobile Banking, ou faz uma escolha refletida. (KOTLER, 2000, p. 199)
mesmo canais de atendimento em outros sites, em que Há todo um processo envolvido e, para garantir o
as instituições bancárias se utilizam desses sites para sucesso, é preciso usar certas etapas para fazer com
oferecer soluções remotas representa grande parte da que o cliente crie uma relação com o processo de ven-
lucratividade do setor bancário. das e negociação.
Nesse sentido, métodos como a geração de leeds, os Deve-se, primeiramente, fazer com que o cliente per-
chamados gatilhos mentais, a computação cognitiva, ceba a existência de um problema (às vezes, o cliente
a inteligência artificial aplicada ao setor bancário e desconhece o seu próprio problema). Após o reconhe-
a vendas além do aprendizado de máquina, são ele- cimento, é preciso que a área de vendas e negociação
mentos fundamentais para que os recursos mobile e desenvolva um trabalho capaz de mostrar que a organi-
zação solucionará o problema. Quando já se tem a con-
os recursos digitais e remotos de atendimento sejam
sideração da solução, entra-se na fase de ativar gatilhos
eficientes na venda.
mentais, como urgência e exclusividade. Por fim, vem a
Pode-se considerar, como canais remotos, os pró- decisão de compra, pois o cliente já compreende o seu
prios aplicativos das instituições bancárias, nos quais próprio problema e também que existe uma solução;
ocorre a chamada relação entre interface e venda com agora, cabe às vendas e à negociação oferecer o produto
o cliente. Inclusive, muitas vezes, essa relação é estabe- ou serviço que atenda a essa necessidade.
lecida de forma mecanizada, seja por meio de robôs, O que fará um cliente fechar com uma organiza-
seja por meio de chats previamente estabelecidos. É ção ou outra é a diferenciação, ou seja, entregar algo
evidente que a venda é feita não da interação cognitiva que realmente agregue valor, buscando sempre o
através do aplicativo, e sim do relacionamento direto dinamismo nas ações e enfatizando o relacionamento
do cliente com o escriturário, o que é muito mais efi- interpessoal entre vendedores e clientes.
ciente, e tem um percentual muito maior de finalização Vínculos sociais e a amizade recíproca entre com-
de vendas, afinal o vendedor tem capacidade maior de pradores e vendedores têm um resultado favorável
persuasão para superar as objeções apresentadas pelo para as empresas de venda, tanto no lado financeiro,
cliente no relacionamento, situação que muitas vezes quanto na confiança com cliente, no compromisso e
um robô não consegue solucionar. na cooperação nos negócios, sendo importante um
bom atendimento ao cliente. (DURZET, 2007, p. 98).
ATENDIMENTO BANCÁRIO
281
POLÍTICA DE RELACIONAMENTO COM Ética
O CLIENTE
Responsabilidade
Princípios
Inicialmente, cabe destacar que o Banco Central Diligência
do Brasil – BACEN –, de acordo com o seu endereço
eletrônico institucional, é o guardião dos valores do
Segurança
Brasil. Ele constitui uma autarquia de natureza espe-
cial criada pela Lei nº 4.595, de 1964 e com autonomia
estabelecida pela Lei Complementar nº 179, de 2021. Competência
Como o BACEN é uma autarquia, pode-se dizer que
ela possui autonomia nas suas funções, não sendo Não obstante à necessidade de observação dos
subordinada a nenhum outro órgão público. Ela pos- princípios presentes no art. 2º, o art. 3º aponta outras
sui diversas atribuições, como a de responsabilidade providências que devem ser observadas e garantidas.
pela estabilidade da economia brasileira e a de regula- Vejamos:
mentação do sistema financeiro brasileiro1.
Art. 3º A observância do disposto no art. 2º requer,
A Resolução em estudo dispõe acerca dos prin- entre outras, as seguintes providências:
cípios e da política institucional de relacionamento I - promover cultura organizacional que incenti-
entre clientes e usuários de produtos e de serviços ve relacionamento cooperativo e equilibrado
financeiros, sendo, por isso, de suma importância com clientes e usuários;
para o concurso almejado. Para o estudo dela, é bom II - dispensar tratamento justo e equitativo a
que o leitor tenha contato com a legislação pura, pois clientes e usuários; e
III - assegurar a conformidade e a legitimidade
as bancas costumam cobrar a literalidade da lei.
de produtos e de serviços.
O art. 1º, da Resolução nº 4.539, de 2016, dispõe Parágrafo único. O tratamento justo e equitativo a
sobre o relacionamento entre clientes e usuários. clientes e usuários de que trata o inciso II do caput
Vejamos: abrange, inclusive:
I - a prestação de informações a clientes e
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre princípios usuários de forma clara e precisa, a respeito de
a serem observados no relacionamento com produtos e serviços;
clientes e usuários e sobre a elaboração e imple- II - o atendimento a demandas de clientes e usuá-
rios de forma tempestiva; e
mentação de política institucional de relaciona-
III - a inexistência de barreiras, critérios ou proce-
mento com clientes e usuários de produtos e de
dimentos desarrazoados para a extinção da rela-
serviços pelas instituições financeiras e demais ins- ção contratual relativa a produtos e serviços, bem
tituições autorizadas a funcionar pelo Banco Cen- como para a transferência de relacionamento para
tral do Brasil. outra instituição, a pedido do cliente.
§ 1º O disposto nesta Resolução não se aplica às
administradoras de consórcio e às instituições de
pagamento, que devem seguir as normas editadas Importante!
pelo Banco Central do Brasil no exercício de sua
O inciso II, do art. 3º, aponta que as demandas de
competência legal.
clientes e usuários deverão ser atendidas de forma
§ 2º Para efeito desta Resolução, o relacionamento
tempestiva. Esse tema é polêmico e está relacio-
com clientes e usuários abrange as fases de pré-
nado à “Lei da fila” (Lei Estadual 7.878, de 1999), a
-contratação, de contratação e de pós-contratação
qual regulamenta o tempo de espera pelos atendi-
de produtos e de serviços.
mentos. A Resolução em estudo não faz menção
ao horário e tempo de atendimento, mas dispõe
Pela leitura do dispositivo, podemos identificar
que ele deve ser realizado de forma tempestiva.
que a Resolução estipula que a relação entre clientes e
usuários deve ser pautada em princípios norteadores.
Esses princípios estão dispostos no art. 2º dessa Reso- O art. 4º dispõe sobre a elaboração e implementa-
lução. Vejamos: ção da Política Institucional de Relacionamento com
Clientes e Usuários. Vejamos:
Art. 2º As instituições de que trata o art. 1º, no rela-
Art. 4º As instituições de que trata o art. 1º devem
cionamento com clientes e usuários de produtos e
elaborar e implementar política institucional de
de serviços, devem conduzir suas atividades com
relacionamento com clientes e usuários que con-
observância de princípios de ética, responsabili- solide diretrizes, objetivos estratégicos e valores
dade, transparência e diligência, propiciando organizacionais, de forma a nortear a condução de
a convergência de interesses e a consolidação de suas atividades em conformidade com o disposto
imagem institucional de credibilidade, segurança no art. 2º.
e competência. § 1º A política de que trata o caput deve:
1 BONA, André. BACEN: o que é e o que faz o Banco Central do Brasil? Disponível em: https://andrebona.com.br/bacen-o-que-e-e-o-que-faz-o-
282 banco-central-do-brasil/. Acesso em: 24 jun. 2021.
I - ser aprovada pelo conselho de administração ou, Art. 6º Em relação à política institucional de rela-
na sua ausência, pela diretoria da instituição; cionamento com clientes e usuários, as instituições
II - ser objeto de avaliação periódica; de que trata o art. 1º devem instituir mecanismos
III - definir papéis e responsabilidades no âmbito da de acompanhamento, de controle e de mitigação de
instituição; riscos com vistas a assegurar:
IV - ser compatível com a natureza da instituição e I - a implementação das suas disposições;
com o perfil de clientes e usuários, bem como com II - o monitoramento do seu cumprimento, inclusive
as demais políticas instituídas; por meio de métricas e indicadores adequados;
V - prever programa de treinamento de emprega- III - a avaliação da sua efetividade; e
dos e prestadores de serviços que desempenhem IV - a identificação e a correção de eventuais
atividades afetas ao relacionamento com clientes e deficiências.
usuários; § 1º Os mecanismos de que trata o caput devem
VI - prever a disseminação interna de suas dispo- ser submetidos a testes periódicos pela auditoria
sições; e interna, consistentes com os controles internos da
VII - ser formalizada em documento específico. instituição.
§ 2º Admite-se que a política de que trata o caput § 2º Os dados, os registros e as informações relati-
seja unificada por: vas aos mecanismos de controle, processos, testes e
I - conglomerado; ou trilhas de auditoria devem ser mantidos à disposi-
II - sistema cooperativo de crédito. ção do Banco Central do Brasil pelo prazo mínimo
§ 3º As instituições que não constituírem política de cinco anos.
própria em decorrência da faculdade prevista no §
2º devem formalizar a decisão em reunião do con- Para que haja fiscalização do cumprimento das
selho de administração ou da diretoria. normas e diretrizes principiológicas estabelecidas por
§ 4º O documento de que trata o inciso VII do § 1º essa Resolução, o art. 7º destaca que deverá ser indica-
deve ser mantido à disposição do Banco Central do do um diretor responsável pela observância dos dis-
Brasil. positivos dessa Resolução.
Por sua vez, o art. 5º dispõe sobre o gerenciamen- Art. 7º As instituições de que trata o art. 1º devem
to da Política Institucional mencionada no artigo indicar diretor responsável pela observância do
anterior. disposto nesta Resolução.
Art. 8º Fica o Banco Central do Brasil autoriza-
Art. 5º As instituições devem assegurar a consis- do a baixar as normas e a adotar as medidas jul-
tência de rotinas e de procedimentos operacionais gadas necessárias à execução do disposto nesta
afetos ao relacionamento com clientes e usuários, Resolução.
bem como sua adequação à política institucional
de relacionamento de que trata o art. 4º, inclusive Chegamos ao fim da Resolução nº 4.539, de 2016.
quanto aos seguintes aspectos: Por isso, reforçamos que é de suma importância que
I - concepção de produtos e de serviços; você, futuro(a) técnico(a) bancário(a) da Caixa Eco-
II - oferta, recomendação, contratação ou distribui- nômica Federal, tenha em mente a disposição literal
ção de produtos ou serviços; dos artigos mencionados aqui, uma vez que a banca
III - requisitos de segurança afetos a produtos e a examinadora pode misturar a redação dos artigos de
serviços; modo a confundir e a induzir o candidato ao erro.
IV - cobrança de tarifas em decorrência da presta-
ção de serviços;
V - divulgação e publicidade de produtos e de
serviços;
VI - coleta, tratamento e manutenção de informa- RESOLUÇÃO CMN Nº 4.860, DE 23 DE
ções dos clientes em bases de dados; OUTUBRO DE 2020
VII - gestão do atendimento prestado a clientes e
usuários, inclusive o registro e o tratamento de
A presente Resolução CMN nº 4.860, de 2020, dispõe
demandas;
sobre a constituição e o funcionamento de componente
VIII - mediação de conflitos;
IX - sistemática de cobrança em caso de inadimple- organizacional de ouvidoria pelas instituições autori-
mento de obrigações contratadas; zadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil (Bacen).
X - extinção da relação contratual relativa a produ- A intenção da Resolução é explicitada no art. 1º:
tos e serviços;
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Art. 4º A estrutura da ouvidoria deve ser compatí- ATIVIDADES DAS OUVIDORIAS (ART. 6º)
vel com a natureza e a complexidade dos produtos, I - atender, registrar, instruir, analisar e dar tratamento
serviços, atividades, processos e sistemas de cada formal e adequado às demandas dos clientes e usuá-
instituição. rios de produtos e serviços
Parágrafo único. A ouvidoria não pode estar vin-
culada a componente organizacional da ins- II - prestar esclarecimentos aos demandantes acerca
tituição que configure conflito de interesses do andamento das demandas, informando o prazo pre-
ou de atribuições, a exemplo das unidades res- visto para resposta
ponsáveis por negociação de produtos e serviços,
gestão de riscos, auditoria interna e conformidade III - encaminhar resposta conclusiva para a demanda no
284 (compliance). prazo previsto
ATIVIDADES DAS OUVIDORIAS (ART. 6º) Parágrafo único. As informações relativas às
demandas recebidas pela ouvidoria devem perma-
IV - manter o conselho de administração, ou, na sua
necer registradas no sistema mencionado no inci-
ausência, a diretoria da instituição, informado sobre os
so I pelo prazo mínimo de cinco anos, contados da
problemas e deficiências detectados no cumprimento
data da protocolização da ocorrência.
de suas atribuições e sobre o resultado das medidas
adotadas pelos administradores para solucioná-los
O capítulo V trata das exigências formais que ver-
sam sobre as ouvidorias e engloba pontos específi-
Dentre as atividades realizadas pela ouvidoria está
cos, como formulação do estatuto ou contrato social,
o atendimento adequado às demandas dos clientes e
usuários de produtos e serviços. Esse atendimento designação de responsáveis, designação de nomes do
deverá atender os critérios expostos a seguir: ouvidor, entre outras disposições. Neste momento, é
importante o contato com a legislação pura, vez que,
Art. 6º [...] usualmente, as bancas cobram a literalidade da lei.
§ 1º O atendimento prestado pela ouvidoria: Realizamos destaques na legislação para que tornem
I - deve ser identificado por meio de número de a leitura mais fluida e de fácil memorização:
protocolo, o qual deve ser fornecido ao demandante;
II - deve ser gravado, quando realizado por tele- Art. 8º O estatuto ou o contrato social, conforme a
fone, e, quando realizado por meio de documento natureza jurídica da sociedade, deve dispor, de for-
escrito ou por meio eletrônico, arquivada a res- ma expressa, sobre os seguintes aspectos:
pectiva documentação; e I - a finalidade, as atribuições e as atividades
III - pode abranger:
da ouvidoria;
a) excepcionalmente, as demandas não recepciona-
II - os critérios de designação e de destituição do
das inicialmente pelos canais de atendimento pri-
ouvidor;
mário; e
b) as demandas encaminhadas pelo Banco Central III - o tempo de duração do mandato do ouvi-
do Brasil, por órgãos públicos ou por outras entida- dor, fixado em meses; e
des públicas ou privadas. IV - o compromisso formal no sentido de:
§ 2º O prazo de resposta para as demandas não a) criar condições adequadas para o funcionamen-
pode ultrapassar dez dias úteis, podendo ser pror- to da ouvidoria, bem como para que sua atuação
rogado, excepcionalmente e de forma justificada, seja pautada pela transparência, independên-
uma única vez, por igual período, limitado o núme- cia, imparcialidade e isenção; e
ro de prorrogações a 10% (dez por cento) do total b) assegurar o acesso da ouvidoria às informa-
de demandas no mês, devendo o demandante ser ções necessárias para a elaboração de resposta
informado sobre os motivos da prorrogação. adequada às demandas recebidas, com total apoio
administrativo, podendo requisitar informações e
Já o art. 7º se refere às outras instituições que documentos para o exercício de suas atividades no
devem atender aos critérios elencados. São essas ins- cumprimento de suas atribuições.
tituições aquelas autorizadas a funcionar pelo Banco § 1º Os aspectos mencionados no caput devem ser
Central do Brasil que tenham clientes pessoas natu- incluídos no estatuto ou no contrato social na pri-
rais, inclusive empresários individuais, ou pessoas meira alteração que ocorrer após a constituição da
jurídicas classificadas como microempresas e empre- ouvidoria.
sas de pequeno porte, vide art. 2º desta Resolução. § 2º As alterações estatutárias ou contratuais exigi-
das por esta Resolução relativas às instituições que
Art. 7º As instituições referidas no art. 2º devem: optarem pela faculdade prevista no art. 5º, incisos
I - manter sistema de informações e de controle I e III, podem ser promovidas somente pela institui-
das demandas recebidas pela ouvidoria, de forma a: ção que constituir a ouvidoria.
a) registrar o histórico de atendimentos, as infor- § 3º As instituições que não constituírem ouvidoria
mações utilizadas na análise e as providências ado- própria em decorrência da faculdade prevista no
tadas; e art. 5º, incisos II e IV, devem ratificar a decisão na
b) controlar o prazo de resposta; primeira assembleia geral ou na primeira reunião
II - dar ampla divulgação sobre a existência da
de diretoria realizada após tal decisão.
ouvidoria, sua finalidade, suas atribuições e for-
mas de acesso, inclusive nos canais de comunica-
ção utilizados para difundir os produtos e serviços; Retomando novamente o conceito e as instituições
III - garantir o acesso gratuito dos clientes e dos referidas no art. 2º (instituições autorizadas a funcio-
ATENDIMENTO BANCÁRIO
usuários ao atendimento da ouvidoria, por meio nar pelo Banco Central do Brasil que tenham clientes
de canais ágeis e eficazes, inclusive por telefone, pessoas naturais, inclusive empresários individuais,
cujo número deve ser: ou pessoas jurídicas classificadas como microempre-
a) divulgado e mantido atualizado em local sas e empresas de pequeno porte), o art. 9º dita que
visível ao público no recinto das suas dependên- essas instituições deverão designar os nomes do ouvi-
cias e nas dependências dos correspondentes no
dor e do direito responsável pela ouvidoria:
País, bem como nos respectivos sítios eletrônicos
na internet, acessível pela sua página inicial;
b) informado nos extratos, comprovantes, inclusive Art. 9º As instituições referidas no art. 2º devem desig-
eletrônicos, contratos, materiais de propaganda e nar perante o Banco Central do Brasil os nomes do
de publicidade e demais documentos que se desti- ouvidor e do diretor responsável pela ouvidoria.
nem aos clientes e usuários; e § 1º O diretor responsável pela ouvidoria pode
c) inserido e mantido permanentemente atua- desempenhar outras funções na instituição,
lizado em sistema de registro de informações inclusive a de ouvidor, exceto a de diretor de admi-
do Banco Central do Brasil. nistração de recursos de terceiros. 285
§ 2º Nos casos dos bancos comerciais, bancos múl- Parágrafo único. O relatório de que trata o caput
tiplos, caixas econômicas, sociedades de crédito, deve ser encaminhado à auditoria interna, ao comi-
financiamento e investimento, associações de pou- tê de auditoria, quando constituído, e ao conselho
pança e empréstimo e sociedades de arrendamento de administração ou, na sua ausência, à diretoria
mercantil que realizem operações de arrendamento da instituição.
mercantil financeiro, que estejam sujeitos à obri-
Art. 13 As instituições referidas no art. 2º devem
gatoriedade de constituição de comitê de audito-
ria, na forma da regulamentação, o ouvidor não divulgar semestralmente, nos respectivos sítios
poderá desempenhar outra função, exceto a de eletrônicos na internet, as informações relativas às
diretor responsável pela ouvidoria. atividades desenvolvidas pela ouvidoria, inclusi-
§ 3º Nas situações em que o ouvidor desempe- ve os dados relativos à avaliação direta da quali-
nhe outra atividade na instituição, essa atividade dade do atendimento de que trata o art. 16.
não pode configurar conflito de interesses ou de Art. 14 O Banco Central do Brasil poderá estabele-
atribuições. cer o conteúdo, a forma, a periodicidade e o prazo
Art. 10. Nas hipóteses previstas no art. 5º, incisos I, de remessa de dados e de informações relativos às
III e IV, o ouvidor deve: atividades da ouvidoria.
I - responder por todas as instituições que compar-
tilharem a ouvidoria; e
II - integrar os quadros da instituição que constituir A avaliação direta da qualidade do atendimento
a ouvidoria. mencionada no art. 13 é uma ferramenta de satisfa-
ção dos usuários e clientes, que avaliam o atendimen-
Para auxiliar seu entendimento, vejamos esque- to prestado pela ouvidoria.
maticamente o disposto no art. 10, incluindo os incisos Seguindo o estudo da Resolução CMN nº 4.860, de
do art. 5º mencionados: 2020, o capítulo VII trata da certificação, ou seja, ocor-
rerá um exame de certificação para que os integrantes
Ouvidor deve: da ouvidoria que realizam as atividades do art. 6º des-
ta Resolução sejam considerados aptos. Acompanhe a
z I - a instituição integrante de conglomerado com-
seguir:
posto por pelo menos duas instituições autoriza-
das a funcionar pelo Banco Central do Brasil pode
Art. 15 As instituições referidas no art. 2º devem
compartilhar a ouvidoria constituída em qualquer
adotar providências para que os integrantes da
das instituições;
z III - a cooperativa singular de crédito filiada à coo- ouvidoria que realizem as atividades mencionadas
perativa central pode compartilhar a ouvidoria no art. 6º sejam considerados aptos em exame de
constituída na respectiva cooperativa central, con- certificação organizado por entidade de reconheci-
federação de cooperativas de crédito ou branco do da capacidade técnica.
sistema cooperativo; § 1º O exame de certificação deve abranger, no
z IV - a cooperativa singular de credito não filiada mínimo, temas relativos à ética, aos direitos do
à cooperativa central pode compartilhar a ouvi- consumidor e à mediação de conflitos.
doria constituída em cooperativa central, federa- § 2º A designação de integrantes da ouvidoria refe-
ção de cooperativas de crédito, confederação de ridos no caput fica condicionada à comprovação de
cooperativas de crédito ou associação de classe da aptidão no exame de certificação, além do atendi-
categoria: mento às demais exigências desta Resolução.
§ 3º As instituições referidas no caput devem asse-
I - responder por todas as instituições que com- gurar a capacitação permanente dos integrantes da
partilharem a ouvidoria; ouvidoria em relação aos temas mencionados no § 1º.
II - integrar os quadros da instituição que cons- § 4º O diretor responsável pela ouvidoria sujeita-se
tituir a ouvidoria. à formalidade prevista no caput, caso exerça a fun-
ção de ouvidor.
Art. 11 Para cumprimento do disposto no caput do § 5º Nas hipóteses previstas no art. 5º, incisos II e IV,
art. 9º, nas hipóteses previstas no art. 5º, inciso II, aplica-se o disposto neste artigo aos integrantes da
as instituições referidas no art. 2º devem:
ouvidoria da associação de classe, entidade ou empre-
I - designar perante o Banco Central do Brasil ape-
sa que realize as atividades mencionadas no art. 6º.
nas o nome do respectivo diretor responsável pela
ouvidoria; e
II - informar o nome do ouvidor, que deverá ser o do O capítulo VIII, por sua vez, traz a necessidade de
ouvidor da associação de classe, da bolsa de valo- avaliação direta da qualidade do atendimento pres-
res, da bolsa de mercadorias e futuros ou da bolsa tado pela ouvidoria. Esse assunto já foi brevemente
de valores e de mercadorias e futuros, ou da entida- abordado quando tratamos do art. 13. Observe como
de ou empresa que constituir a ouvidoria.
será realizada a avaliação direta de qualidade:
Por fim, o capítulo VI trata da prestação de
Art. 16 As instituições referidas no art. 2º devem
informações e formas de divulgação das atividades
implementar instrumento de avaliação direta da
desenvolvidas:
qualidade do atendimento prestado pela ouvi-
Art. 12 O diretor responsável pela ouvidoria deve doria a clientes e usuários.
elaborar relatório semestral quantitativo e Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se somente
qualitativo referente às atividades desenvolvidas aos bancos comerciais, bancos múltiplos, bancos
pela ouvidoria, nas datas-base de 30 de junho e 31 de investimento, caixas econômicas e sociedades
286 de dezembro. de crédito, financiamento e investimento.
Art. 20 O número do telefone para acesso gratuito
Bancos à ouvidoria e os dados relativos ao diretor respon-
comerciais sável pela ouvidoria e ao ouvidor devem ser inseri-
dos e mantidos permanentemente atualizados em
sistema de registro de informações do Banco Cen-
tral do Brasil.
Bancos Parágrafo único. O disposto no caput deve ser
Múltiplos observado, inclusive, pela instituição que não cons-
tituir componente de ouvidoria próprio em decor-
rência da faculdade prevista no art. 5º.
Art. 21 O Banco Central do Brasil poderá adotar as
Bancos de medidas necessárias à execução do disposto nesta
investimento Resolução.
Avaliação de Qualidade
do atendimento Caixas
prestado pela Ouvidoria RESOLUÇÃO Nº 3.694/2009 E
econômicas
aplica-se a ALTERAÇÕES
Por se tratar de um ato normativo extremamente
reduzido e com uma alta probabilidade de – se inci-
Sociedades dente em sua prova – ser cobrada a letra seca do texto,
de crédito abordaremos em sua totalidade os dispositivos expos-
tos para um estudo completo.
Esta resolução disporá sobre a prevenção de riscos
na contratação de operações e na prestação de serviços
Sociedades de por parte de instituições financeiras e demais instituições
Financiamento autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
As instituições financeiras, bem como as autoriza-
das a funcionar pelo Bacen, deverão assegurar algu-
mas garantias, as quais encontram-se elencadas nos
Sociedades de
incisos do art. 1º:
Investimento
I - a adequação dos produtos e serviços oferta-
dos ou recomendados às necessidades, interesses e
Art. 17 A avaliação direta da qualidade do atendi- objetivos dos clientes e usuários;
mento de que trata o art. 16 deve ser: II - a integridade, a confiabilidade, a segurança e o
I - estruturada de forma a obter notas entre 1 e 5, sigilo das transações realizadas, bem como a legi-
sendo 1 o nível de satisfação mais baixo e 5 o nível timidade das operações contratadas e dos serviços
de satisfação mais alto; prestados;
II - disponibilizada ao cliente ou usuário em III - a prestação das informações necessárias
até um dia útil após o encaminhamento da à livre escolha e à tomada de decisões por par-
resposta conclusiva de que trata o art. 6º, inciso te de clientes e usuários, explicitando, inclusive,
III, e § 2º; e direitos e deveres, responsabilidades, custos ou
III - concluída em até cinco dias úteis após o ônus, penalidades e eventuais riscos existentes na
prazo de que trata o inciso II. execução de operações e na prestação de serviços;
Art. 18 Os dados relativos à avaliação mencionada
É importante ressaltar que, a relação do inciso
no art. 16 devem ser:
supracitado com o § único do art. 1º:
I - armazenados de forma eletrônica, em ordem
cronológica, permanecendo à disposição do Ban- Parágrafo único. Para fins do cumprimento do dis-
co Central do Brasil pelo prazo de cinco anos, posto no inciso III, no caso de abertura de conta de
contados da data da avaliação realizada pelo depósitos ou de conta de pagamento, deve ser forne-
cliente ou usuário; e cido também prospecto de informações essenciais,
II - remetidos ao Banco Central do Brasil, na explicitando, no mínimo, as regras básicas, os ris-
forma por ele definida. cos existentes, os procedimentos para contratação
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Distinção
Restrição
Exclusão
Ação Omissão
Importante esclarecer que a igualdade trazida pela Lei nº 13.146/2015 não é impositiva, ou seja, as ações afir-
mativas constante da Lei não são obrigatórias às pessoas com deficiência, pois, se elas não quiserem se beneficiar
dos direitos elencados, não serão obrigadas. Por exemplo: a pessoa com deficiência não é obrigada a se inscrever
para as vagas reservadas, podendo concorrer às vagas de ampla concorrência se assim desejar.
O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa com deficiência, de modo a afastar toda forma de tortura ou
outro mecanismo de redução da dignidade da pessoa humana ao assegurar a proteção contra negligência, discri-
minação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante. Seu parágra-
fo único traz um importante conceito: especialmente vulneráveis. Considerando que a pessoa com deficiência já
é vulnerável e, por esta razão, merece a proteção especial, maior deve ser a proteção das crianças, adolescentes,
mulheres e idosos quando estes possuem deficiência.
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que concedeu às pessoas com deficiência plena capacidade para o
exercício de seus direitos, inclusive para:
Dica
Até a entrada em vigor da Lei nº 13.146/2015, as pessoas com deficiência eram tidas, em regra, como abso-
luta ou relativamente incapazes pelo Código Civil. Atualmente, a regra é que elas são plenamente capazes, só
sendo consideradas relativamente incapazes se, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir
sua vontade.
O artigo 7º trouxe o dever de vigilância geral aplicável a todas as pessoas. Em decorrência dele, podem comu-
nicar às autoridades qualquer tipo de ameaça ou violação aos direitos da pessoa com deficiência. Ressalta-se que
seu parágrafo único dispõe que, uma vez verificado pelos juízes e tribunais ofensa à Lei, o Ministério Público deve
ser informado para que adote as providências para o devido cumprimento da Lei, inclusive na forma penal.
ATENDIMENTO BANCÁRIO
O artigo 8º estabelece que é dever Estado, da sociedade e da família assegurar a efetivação dos direitos
das pessoas com deficiência.
Encerrando a parte relativa à igualdade, o 9º dispõe sobre o atendimento prioritário, com as finalidades de:
Os artigos 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas com deficiência e são eles que vamos estudar neste momento:
Vida
Habitação e
Reabilitação
Saúde
Educação
Moradia
Direitos Trabalho
Fundamentais
Assistência Social
Previdência Social
Cultura, esporte,
turismo e lazer
Transporte
Mobilidade
O direito à vida encontra-se previsto nos artigos 10 ao 13 da Lei nº 13.146/2015 e dele decorrem os demais
direitos, pois, sem a vida, não existiria nenhum outro. O direito à vida é inviolável, sendo, inclusive, garantido
constitucionalmente a todas as pessoas. Por conseguinte, a pessoa com deficiência tem o direito de lutar pela sua
vida, competindo ao Estado o dever de adotar toda e qualquer medida para assegurar seu pleno exercício.
Importante assinalar que a pessoa com deficiência não é obrigada a ser submetida a qualquer espécie de
tratamento ou intervenção forçada, haja vista que é indispensável seu livre consentimento para a realização de
qualquer procedimento, exceto nos casos de atendimento de emergência em saúde e risco de morte e nos casos
em que se encontra impossibilitada de manifestar a sua vontade. Por possui curador, este supre o seu consenti-
mento (aplica-se apenas às pessoas submetidas ao instituto da Curatela).
Verifica-se, ainda, que compete ao Poder Público a proteção das pessoas com deficiência em situações de vul-
nerabilidade, em especial, aquelas em situações de risco, como nos casos de estado de emergência ou calamidade
pública.
O direito à habilitação e reabilitação está disciplinado nos artigos 14 ao 17, dizendo respeito à garantia de se
adotar medidas que promovam a recuperação física, cognitiva e psicológica, bem como a proteção, à reabilitação
e a reinserção social das pessoas com deficiência.
Esse direito relaciona-se, diretamente, com a questão da saúde, de modo a envolver a atuação do Sistema
Único de Saúde (SUS) e do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ambos respon-
sáveis por prestar informações e orientações adequadas com relação às políticas públicas disponíveis, de modo a
favorecer a plena participação das pessoas com deficiência.
O direito à saúde encontra-se estabelecido nos artigos 18 a 26. Trata-se de um direito universal, pois estabele-
ce garantias às pessoas de modo geral, estando, também, arrolado na Constituição Federal como um direito social.
Salienta-se que o direito à saúde da pessoa com deficiência contempla o acesso a um atendimento integral, ou
seja, em todos os níveis de complexidade, seja de caráter preventivo ou para fins de tratamento, sem qualquer dis-
criminação ou custos adicionais, com direito ao acompanhante, em ambientes acessíveis, sem se submeter a qual-
quer tipo de discriminação ou violência, estabelecendo, portanto, o acesso igualitário.
O direito à educação está previsto nos artigos 27 ao 30, além de fazer parte do rol dos direitos sociais, previs-
tos no artigo 6º da Constituição Federal de 1988. Na Lei nº 13.146/2015, o direito à educação deve ser garantido por
meio de um sistema educacional inclusivo, que deve atender, com qualidade e de modo satisfatório, as pessoas
com deficiência. O objetivo desse sistema inclusivo é evitar a segregação dessas pessoas, a fim de superar as difi-
culdades que advenham dessa condição e favorecer a sua integração na comunidade.
292
Dica a responsabilidade de desenvolver um plano específi-
co de medidas, a ser renovado no período de quatro
É a escola que deve se adaptar ao aluno, buscan-
anos, para facilitar a criação e promoção dessas tec-
do compreender suas necessidades e caracterí-
nologias. Além disso, tais procedimentos deverão ser
sitcas e não o contrário.
avaliados, pelo menos, a cada dois anos.
O direito à participação na vida pública e políti-
O direito à moradia, cuja previsão encontra-se
nos artigos 31 ao 33, tem, como objetivo, garantir o ca, previsto no artigo 76, guarda relação com o exer-
máximo de autonomia e dignidade à pessoa com defi- cício da cidadania das pessoas com deficiência. A elas
ciência. Trata-se de um direito contemplado na Decla- são garantidos os direitos inerentes a sua capacida-
ração Universal de Direitos Humanos, competindo ao de eleitoral ativa e passiva. Para a promoção de tais
Poder Público sua promoção e efetiva concretização. medidas de acessibilidade, a competência cabe aos
O direito ao trabalho, disciplinado nos artigos 34 Tribunais Regionais Eleitorais.
e 35, tem, como característica, o fato de ser incluso. Por último, também é estabelecido, na Lei nº
Como consequência, permite-se que a pessoa com 13.146/2015, o direito à ciência e tecnologia. Ele está
deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto previsto nos artigos 77 e 78 e tem, como escopo, esti-
à profissão ou ao trabalho que deseje desempenhar. mular a criação de cursos de pós-graduação na área
O direito à assistência social encontra-se con- de tecnologia assistiva, bem como o desenvolvimen-
templado nos artigos 39 ao 40, além de fazer parte to de outras ações com o objetivo de formar recursos
do rol dos direitos sociais previstos no artigo 6º da humanos qualificados e estruturar as diretrizes dessa
Constituição Federal de 1988. A assistência social faz área de conhecimento.
parte do subsistema da Seguridade Social, juntamen- A partir do artigo 78, inicia-se a parte especial.
te com a saúde e a previdência social. Por assistência Nela, constam disposições acerca do direito de acesso
social entende-se o conjunto de medidas instituciona- à Justiça, o reconhecimento igualitário perante a lei e
lizadas de assistência gratuita a ser prestada a quem a tipificação de determinadas condutas, como crimes
dela necessitar. São seus objetivos: habilitar e reabi- ou infrações. No que tange ao acesso à Justiça, compe-
litar as pessoas com deficiência; reintegrá-las à vida te ao Poder Público realizar as adaptações e propor-
comunitária; garantir um benefício mensal àque- cionar os recursos de tecnologia assistiva necessários
les que não têm meios de prover a sua manutenção para a plena participação da pessoa com deficiência
(hipossuficiente). no âmbito do Poder Judiciário.
O direito à previdência social, também integran- Quanto ao reconhecimento igualitário perante a
te do subsistema da Seguridade Social, encontra-se lei, é reflexo do que já encontra disciplinado na Cons-
previsto no artigo 41. Trata de garantir à pessoa com tituição Federal. Por conseguinte, a Lei nº 13.146/2015
deficiência segurada do Regime Geral de Previdência
visa garantir à pessoa com deficiência o pleno exercí-
Social (RGPS) o direito à aposentadoria nos termos
cio de suas capacidades.
da Lei Complementar nº 142 de 8 de maio de 2013 —
redução de até́ 10 (dez) anos de contribuição, confor-
CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
me o grau da deficiência aferido em avaliação médica
e social.
Os crimes e as infrações administrativas estão dis-
O direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao
lazer está estabelecido nos artigos 42 ao 45, tendo, postos nos artigo 88 a 91. Dos crimes elencados, ape-
como um de seus principais objetivos, a promoção nas o do artigo 91 tem, como pena, a detenção. Todos
isonômica à inclusão e participação da pessoa com os demais apresentam pena de reclusão.
deficiência na vida em sociedade em todos os seus Detenção e reclusão são modalidades de penas pri-
aspectos. vativas de liberdade.
Ressalta-se que é proibida a cobrança de valor A pena de reclusão é aplicada a condenações mais
maior pelo ingresso de pessoas com deficiência. severas, por ser a única a admitir o regime inicial de
O direito ao transporte e à mobilidade está disci- cumprimento fechado. Essa modalidade admite os
plinado nos artigos 46 ao 52. Tal direito objetiva com- três regimes de cumprimento: fechado, semiaberto e
bater, de modo concreto, a manifestação de barreiras aberto.
na vida da pessoa com deficiência. Já a pena de detenção é aplicada a condenações
O direito à acessibilidade encontra-se previsto mais leves, uma vez que o regime inicial de cum-
nos artigos 53 ao 62. Seu objetivo é conceder igualda- primento será o semiaberto. A detenção admite os
de de condições e acesso, liberdade, autonomia e inde- regimes de cumprimento semiaberto e aberto, não
ATENDIMENTO BANCÁRIO
Outro ponto importante desse dispositivo é rela- Por fim, o parágrafo quarto refere-se ao que irá
tivo ao conceito de discriminar. Entende-se como acontecer com o material apreendido ou bloqueado.
discriminação toda distinção, exclusão ou restrição Após o trânsito em julgado da decisão (quando esgo-
baseada na deficiência, objetivando impedir ou obs- tou todos os meios de defesa e não há mais recurso
tar o exercício pleno de direitos. cabível), todo o material apreendido será destruído.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a víti- Art. 89 Apropriar-se de ou desviar bens, proven-
ma encontrar-se sob cuidado e responsabilidade tos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer
do agente. outro rendimento de pessoa com deficiência:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de causa de
aumento de pena. Trata-se do fato de o agente, que pra- O crime tipificado no artigo 89 pode ser praticado
ticou uma das condutas elencadas, ser o responsável de dois modos: por apropriação ou por desvio. Enten-
(legal ou não) por aquele que sofreu a discriminação. O de-se por apropriação quando o agente faz da coisa
aumento de 1/3 da pena decorre da proximidade e do alheia como se fosse sua, ou seja, apodera-se de bem,
dever de cuidado para com a pessoa com deficiência. proventos, pensões, benefícios ou qualquer outro ren-
São exemplos: pais, tutores, curadores, guardiões, pro- dimento da pessoa com deficiência. Já no desvio, o
fessores, médicos, cuidadores, entre outros. agente dá um destino diferente ao bem, proventos,
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput des- pensões, benefícios ou qualquer outro rendimento da
te artigo é cometido por intermédio de meios de pessoa com deficiência. As duas condutas são punidas
comunicação social ou de publicação de qual- com pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
quer natureza:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um
terço) se o crime é cometido:
O parágrafo segundo é uma qualificadora do cri- I – por tutor, curador, síndico, liquidatário, inven-
me. Ela diz respeito ao meio utilizado para a prática tariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou
da conduta, pois, ao ser cometido por intermédio de II – por aquele que se apropriou em razão de ofício
meios de comunicação social ou de publicação de ou de profissão.
qualquer natureza, a conduta atinge mais visibilida-
de, chegando ao conhecimento de um número maior O parágrafo único apresenta uma hipótese de cau-
de pessoas. sa de aumento de pena de 1/3 no caso de o agente que
praticou a conduta ser o responsável (legal) da pessoa
com deficiência ou ter se aproveitado de ofício ou pro-
Importante fissão para o cometimento do crime.
A qualificadora altera o patamar da pena (penas Art. 90 Abandonar pessoa com deficiência em
mínima e máxima constantes do tipo penal — hospitais, casas de saúde, entidades de abrigamen-
preceito secundário) em razão de novas elemen- to ou congêneres:
tares acrescentadas, o que faz com que ele seja Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
um tipo derivado autônomo ou independente. multa.
Por outro lado, a causa de aumento (majorante) Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não
é apenas uma hipótese para que a pena possa prover as necessidades básicas de pessoa com defi-
294 ser aumentada. ciência quando obrigado por lei ou mandado.
O artigo 90 tipifica o crime de abandono de pes- A nova redação dada ao artigo acrescentou ao inci-
soa com deficiência, de modo a dar amparo e pro- so I a conduta de cobrar valores adicionais por parte
teção a essas pessoas, por vezes incapazes de zelar da instituição de ensino. Exemplos clássicos são as
por sua vida. Refere-se ao fato de o agente deixar de mensalidades diferenciadas para alunos autistas
prestar assistência, mesmo quando possui o dever de (com valores a mais). O inciso II refere-se à discrimi-
cuidado e proteção. nação com relação a emprego, trabalho ou promoção.
O inciso III ao atendimento médico e ambulatorial. O
Art. 91 Reter ou utilizar cartão magnético, qual- inciso IV à omissão de dados quando estes são essen-
quer meio eletrônico ou documento de pessoa com ciais à propositura de ação civil pública ou quando
deficiência destinados ao recebimento de benefícios, houver requisição.
proventos, pensões ou remuneração ou à realiza- A Lei nº 13.146/2015 acrescentou parágrafos ao
ção de operações financeiras, com o fim de obter artigo 8º da Lei nº 7.853/89, estabelecendo causas de
vantagem indevida para si ou para outrem: aumento de pena ao crime.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, Por fim, importante mencionar que todos os cri-
e multa. mes disciplinados pela mencionada Lei são crimes de
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, compete
terço) se o crime é cometido por tutor ou curador. ao Ministério Público promover a ação independente-
mente da vontade da vítima.
O crime do artigo 91 pode ser praticado por duas
condutas: retenção ou utilização. Ocorre quando o
agente fica na posse ou utiliza-se de cartão magnéti-
co ou meio eletrônico ou documento pessoal, com a
finalidade de obter vantagem indevida para si ou para CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO
outrem. Exemplo: utilização de carteira de passe livre CONSUMIDOR
em transporte coletivo com a intenção de não pagar
a passagem. Trata-se de crime mais brando do que o LEI Nº 8.078, DE 1990
do artigo 89, pois, aqui, o objetivo não é prejudicar a
pessoa com deficiência, mas aferir vantagem com a A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conhe-
sua situação. cida como Código de Defesa do Consumidor (CDC),
Cumpre mencionar, por necessário, que a Lei nº estabeleceu as regras de proteção ao consumidor. Sua
13.146/2015 alterou o crime previsto no artigo 8º da edição foi necessária, porque, até a promulgação da
Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas Constituição Federal de 1988 (CF/88), os adquirentes
com deficiência. Vejamos: de produtos e serviços não possuíam normas pró-
prias, tendo que fundamentar a defesa de seus direi-
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 tos no antigo Código Civil de 1916 e nas seguintes
(dois) a 5 (cinco) anos e multa: legislações: Decreto nº 869/1938 (Lei de Crimes Contra
I – recusar, cobrar valores adicionais, suspender, a Economia Popular); Decreto-Lei nº 22.626/1943 (Lei
procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de da Usura); Lei Delegada nº 4/1962, que cuida da inter-
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer venção estatal no domínio econômico para a garantia
curso ou grau, público ou privado, em razão de sua de distribuição de produtos de primeira necessidade;
deficiência; Lei nº 4.137/1962 (Lei de Repressão do Poder Econô-
II – obstar inscrição em concurso público ou acesso mico), que instituiu o Sistema Brasileiro de Defesa da
de alguém a qualquer cargo ou emprego público, Concorrência e criou o CADE – Conselho Administra-
em razão de sua deficiência; tivo de Defesa Econômica, estruturado, atualmente,
III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promo- pela Lei nº 12.529/2011.
ção à pessoa em razão de sua deficiência; Com a CF/88, a defesa do consumidor adquiriu
IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou um novo patamar. Ao mesmo tempo em que a defe-
deixar de prestar assistência médico-hospitalar e sa do consumidor passou a ser tida como um direi-
ambulatorial à pessoa com deficiência; to fundamental, tornou-se, também, um princípio da
V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar execu- ordem econômica. Para tanto, foi o próprio legislador
ção de ordem judicial expedida na ação civil a que constituinte que determinou a elaboração de um códi-
alude esta Lei; go para a defesa do consumidor. Assim, o Congresso
VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos Nacional elaborou a Lei nº 8.078/90 e deu efetividade
indispensáveis à propositura da ação civil pública ao comando constitucional para inaugurar um novo
objeto desta Lei, quando requisitados. microssistema de proteção.
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com
ATENDIMENTO BANCÁRIO
O art. 12, do CDC, trata do fato do produto ao atri- Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento
buir a responsabilidade objetiva do fabricante, ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso
produtor, construtor (nacional ou estrangeiro) ou contra os demais responsáveis, segundo sua parti-
importador pelos danos causados aos consumidores cipação na causação do evento danoso.
por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, cons-
trução, montagem, fórmulas, manipulação, apresen-
tação ou acondicionamento de seus produtos, bem Importante!
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua utilização e seus riscos. Trata-se, portanto, Em decorrência da dificuldade de prova, o Pará-
de produto defeituoso, cuja responsabilidade inde- grafo Único, do art. 13, estabelece a possibilidade
pende da existência de culpa. de o consumidor ingressar com a demanda em
Observa-se que o art. 12 é bem abrangente, uma face de todos os integrantes da cadeia de produ-
vez que busca atingir toda a cadeia produtiva, isto é, ção/fornecimento por meio de ação regressiva,
desde a concepção do produto até a sua divulgação. de modo a resolver entre si a questão em confor-
Assim, trata-se de rol meramente exemplificativo. midade com sua participação no evento danoso. 301
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, indepen- z Aparelho celular que explode com terceiro que
dentemente da existência de culpa, pela reparação não aquele que comprou o aparelho;
dos danos causados aos consumidores por defeitos z Avião que cai em uma residência e mata, além de
relativos à prestação dos serviços, bem como por seus passageiros, os moradores do local.
informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.
Art. 17 Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar, aos consumidores todas as vítimas do evento.
levando-se em consideração as circunstâncias rele-
vantes, entre as quais: Os arts. 18 a 25 tratam da responsabilidade civil
I - o modo de seu fornecimento; pelo vício do produto ou serviço. Vejamos:
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele
se esperam; Art. 18 Os fornecedores de produtos de consumo
III - a época em que foi fornecido. duráveis ou não duráveis respondem solidariamen-
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela te pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
adoção de novas técnicas. tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsa- que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
bilizado quando provar: como por aqueles decorrentes da disparidade, com
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; a indicações constantes do recipiente, da embala-
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. gem, rotulagem ou mensagem publicitária, respei-
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais tadas as variações decorrentes de sua natureza,
liberais será apurada mediante a verificação de podendo o consumidor exigir a substituição das
culpa. partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de
O art. 14, do CDC, trata da responsabilidade obje- trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativa-
tiva do fornecedor do serviço. Assim como ocorre mente e à sua escolha:
com o produto, o acidente de consumo decorrente I - a substituição do produto por outro da mesma
de fato ou vício do serviço impõe, também, a respon- espécie, em perfeitas condições de uso;
sabilização do fornecedor, independentemente da II - a restituição imediata da quantia paga, mone-
existência de culpa, pela reparação dos danos causa- tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
dos aos consumidores pela existência de defeito ou perdas e danos;
informações insuficientes ou inadequadas. Exemplo: III - o abatimento proporcional do preço.
serviço de dedetização com aplicação de veneno em § 2º Poderão as partes convencionar a redução
dosagem acima do recomendado, de modo a causar ou ampliação do prazo previsto no § anterior, não
intoxicação ao consumidor. podendo ser inferior a sete nem superior a cento e
O § 1º, do art. 14, que traz o conceito de serviço oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula
defeituoso, ou seja, aquele que não fornece a segu- de prazo deverá ser convencionada em separado,
por meio de manifestação expressa do consumidor.
rança esperada ao consumidor, tendo em vista as cir-
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das
cunstâncias relevantes, entre as quais o modo do seu alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em
fornecimento, o resultado e risco que dele são espera- razão da extensão do vício, a substituição das par-
dos e a época em que foi fornecido. Exemplo: ausência tes viciadas puder comprometer a qualidade ou
de informação adequada sobre a profundidade de características do produto, diminuir-lhe o valor ou
uma piscina em um hotel, causando lesão ao hóspede se tratar de produto essencial.
que mergulhou no local. § 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa
O § 2º, do art. 14, é semelhante ao do art. 13. do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível
Enquanto este se refere ao produto, aquele trata da a substituição do bem, poderá haver substituição
evolução das técnicas de execução de um serviço. por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
Assim, não se pode considerar defeituoso o serviço mediante complementação ou restituição de even-
somente pelo fato de existirem técnicas mais moder- tual diferença de preço, sem prejuízo do disposto
nos incisos II e III do § 1º deste artigo.
nas para sua execução.
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura,
Já o § 3º, do art. 14, trata das hipóteses de exclu-
será responsável perante o consumidor o fornece-
dentes de responsabilidade. De acordo com o dor imediato, exceto quando identificado claramen-
dispositivo, o fornecedor de serviços não será respon- te seu produtor.
sabilizado se provar que, tendo prestado o serviço, o § 6º São impróprios ao uso e consumo:
defeito inexiste ou a culpa é exclusiva do consumidor I - os produtos cujos prazos de validade estejam
ou de terceiro. vencidos;
O § 4º traz uma exceção à responsabilidade obje- II - os produtos deteriorados, alterados, adultera-
tiva do prestador de serviço, ou seja, a responsabi- dos, avariados, falsificados, corrompidos, frauda-
lidade subjetiva do profissional liberal. Portanto, dos, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda,
deve ser apurada a culpa dos profissionais liberais aqueles em desacordo com as normas regulamen-
para imputar a responsabilidade. Exemplo: serviço tares de fabricação, distribuição ou apresentação;
prestado por um médico em seu consultório, a res- III - os produtos que, por qualquer motivo, se reve-
lem inadequados ao fim a que se destinam.
ponsabilidade é subjetiva, devendo verificar se houve
Art. 19 Os fornecedores respondem solidariamente
negligência, imprudência ou imperícia.
pelos vícios de quantidade do produto sempre que,
Por fim, o art. 17 traz a noção de consumidor respeitadas as variações decorrentes de sua natu-
para proteger todas as vítimas do evento. Trata-se do reza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
denominado consumidor bystander, ou seja, aque- constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
la vítima que não participou diretamente do negócio, ou de mensagem publicitária, podendo o consumi-
mas sofreu as consequências do evento danoso. São dor exigir, alternativamente e à sua escolha:
302 exemplos: I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida; Portanto, deve-se pedir a troca do produto, o res-
III - a substituição do produto por outro da mesma sarcimento do valor pago ou a diminuição do seu
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; preço.
IV - a restituição imediata da quantia paga, mone- O consumidor não precisa aguardar o prazo legal
tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais para fazer uso dessas alternativas se, em razão da
perdas e danos.
extensão do vício, a substituição das partes viciadas
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do
artigo anterior.
puder comprometer a qualidade ou características do
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quan- produto, diminuir-lhe o valor ou tratar-se de produto
do fizer a pesagem ou a medição e o instrumento essencial.
utilizado não estiver aferido segundo os padrões O art. 19, do CDC, trata do vício de quantidade do
oficiais. produto, ou seja, aquele decorrente de variação não
tolerável de conteúdo em relação às indicações cons-
Observa-se que os dois primeiros artigos (18 e tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
19) tratam dos vícios do produto, ou seja, produtos mensagem publicitária. Exemplo: produto alimentício
que, em razão da qualidade ou quantidade, se tornem cujo peso não atinja ao informado na embalagem.
impróprios ou inadequados ao consumo ou lhes dimi- Ao consumidor, cabe optar por uma destas alter-
nuam o valor, assim como por aqueles decorrentes de nativas:
disparidade. Exemplo: computador cuja memória ou
processador é inferior ao informado nas suas especi- z Abatimento proporcional do preço;
ficações técnicas ou produto com quantidade inferior z Complementação do peso ou medida;
ao especificado na embalagem. Semelhante ao fato do z Substituição do produto por outro da mesma espé-
produto, a responsabilidade civil por vício do produ- cie, ou por produto diverso, mediante complemen-
to também é objetiva, recaindo tanto sobre produtos tação ou restituição de eventual diferença de preço;
duráveis como não duráveis. z Restituição imediata da quantia paga.
A durabilidade do produto ou serviço está relacio-
O art. 20 do CDC disciplina a responsabilidade pelos
nada à expectativa de sua utilidade para com o consu- serviços com vício de qualidade, ou seja, aquele vício
midor. Assim, considera-se produto durável aquele que o torne impróprio ao consumo ou que lhe diminua
que não se consuma imediatamente, possuindo vida o valor, como, por exemplo, aqueles decorrentes de dis-
útil com duração razoável, tais como, automóveis, paridade com relação à oferta publicitária. Disciplina,
celulares, computadores; já os serviços duráveis são ainda, a responsabilidade pelos serviços impróprios,
aqueles cujos efeitos são por prazo também razoáveis, isto é, aqueles que se mostram inadequados para o fim
tais como reforma ou pintura de imóvel ou assistência que dele se espera, assim como aquele que não atende
técnica de eletrodoméstico, entre outros. às normas regulamentares de prestabilidade, tais como
Em contrapartida, produtos não duráveis são serviço de funilaria de automóvel que descasca na se-
aqueles cujo consumo importa em destruição imedia- mana seguinte à realização; planos de prestadoras de te-
ta da substância ou em lapso temporal muito peque- lefonia móvel com serviço indisponível; planos de saúde
no, tais como os gêneros alimentícios e os produtos de sem cobertura prevista, entre outros. Nesses casos, pode
higiene pessoal; serviços não duráveis são aqueles o consumidor optar pelas seguintes alternativas: reexe-
que perduram por um prazo bem curto, tais como ser- cução dos serviços, sem custo adicional ou realização
viços de transporte, lavagem de automóvel, manicure, deste por terceiro capacitado, por conta e risco do forne-
entre outros. cedor; restituição imediata da quantia paga; abatimento
De acordo com o caput do art. 18, complementado proporcional do preço.
por seu § 6º, são considerados impróprios ao uso e
Art. 20 O fornecedor de serviços responde pelos
consumo os produtos cujos prazos de validade este-
vícios de qualidade que os tornem impróprios ao
jam vencidos; os produtos deteriorados, alterados,
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, aqueles decorrentes da disparidade com as indica-
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ções constantes da oferta ou mensagem publicitá-
ainda, aqueles em desacordo com as normas regula- ria, podendo o consumidor exigir, alternativamente
mentares de fabricação, distribuição ou apresentação; e à sua escolha:
os produtos que, por qualquer motivo, se revelem ina- I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
dequados ao fim a que se destinam. São exemplos: os quando cabível;
produtos perecíveis, tais como alimentos, cujo prazo II - a restituição imediata da quantia paga, mone-
se encontra fora da validade ou brinquedo falsificado tariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
ou que não atenda às normas técnicas de fabricação perdas e danos;
ATENDIMENTO BANCÁRIO
VÍCIO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO: Observa-se, portanto, que o art. 29 é mais uma das
INADEQUAÇÃO COM OS FINS ESPERADOS hipóteses que amplia o conceito de consumidor. Tra-
ta-se de equiparar ao consumidor do art. 2º a todas
30 produtos e serviços não as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas
duráveis previstas no CDC, ou seja, os consumidores em poten-
Decadência
90 para produtos e servi- cial que, embora não tenham concretizado a relação
ços duráveis de consumo, encontram-se exposto às práticas do
mercado, tais como oferta e publicidade.
Fato do produto ou do serviço – acidente de consumo
As regras acerca da oferta são tratadas nos arts. 30
Prescrição 5 anos a 35 do CDC. Vejamos os dispositivos:
O art. 28 do CDC trata da Desconsideração da Per- Art. 30 Toda informação ou publicidade, suficien-
temente precisa, veiculada por qualquer forma ou
sonalidade Jurídica:
meio de comunicação com relação a produtos e ser-
Art. 28 O juiz poderá desconsiderar a personali- viços oferecidos ou apresentados, obriga o fornece-
dade jurídica da sociedade quando, em detrimento dor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra
do consumidor, houver abuso de direito, excesso o contrato que vier a ser celebrado.
de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou vio-
lação dos estatutos ou contrato social. A descon- O princípio da vinculação da oferta está previsto
sideração também será efetivada quando houver no art. 30 do CDC. Por oferta, entende-se toda e qual-
falência, estado de insolvência, encerramento ou quer manifestação de vontade do fornecedor com o
inatividade da pessoa jurídica provocados por má objetivo de externar sua intenção de contratar e as
administração. condições deste negócio jurídico. Em síntese, é uma
§ 1º(Vetado). espécie de informação pré-contratual.
§ 2º As sociedades integrantes dos grupos societá- A oferta possui as seguintes características:
rios e as sociedades controladas, são subsidiaria-
mente responsáveis pelas obrigações decorrentes z Deve abranger toda informação ou publicidade,
deste código. desde que suficientemente precisa, de modo a
§ 3º As sociedades consorciadas são solidariamen- identificar o produto ou serviço ofertado pelo for-
te responsáveis pelas obrigações decorrentes deste
necedor, e veiculada por qualquer forma ou meio
código.
ATENDIMENTO BANCÁRIO
As normas acerca da cobrança de dívida estão discipli- z Direito ao acesso, ou seja, a saber quais são as
nadas nos arts. 42 e 42-A do CDC. Vejamos os dispositivos: informações existentes em cadastros, fichas e
registo de dados pessoais e de consumo, além de
Art. 42 Na cobrança de débitos, o consumidor ina- acesso às fontes que originaram tais informações;
dimplente não será exposto a ridículo, nem será z Direito à exclusão, isto é, de a informação negativa
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou não perdurar por período superior a 5 (cinco) anos;
ameaça. z Direito à retificação, ou seja, de ter retificado dado
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quan- incorreto constante dos arquivos de consumo;
tia indevida tem direito à repetição do indébito, z Direito à comunicação, isto é, de ser comunicado
por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, quando seus dados forem inseridos nos arquivos
acrescido de correção monetária e juros legais, sal- de consumo.
vo hipótese de engano justificável.
Art. 42-A Em todos os documentos de cobrança de
débitos apresentados ao consumidor, deverão cons-
O art. 44 do CDC disciplina acerca do chamado
tar o nome, o endereço e o número de inscrição no cadastro de reclamações fundamentadas, que é uma
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro espécie de banco de dados de maus fornecedores.
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor
do produto ou serviço correspondente. Art. 44 Os órgãos públicos de defesa do consumidor
manterão cadastros atualizados de reclamações
O art. 42 disciplina a cobrança de dívidas. De fundamentadas contra fornecedores de produtos e
acordo com o dispositivo, o consumidor não poderá serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente.
A divulgação indicará se a reclamação foi atendida
ser submetido a qualquer tipo de constrangimento
ou não pelo fornecedor.
ou ameaça, como no caso de cobrança vexatória ou
§ 1º É facultado o acesso às informações lá constantes
invasiva (carro de som anunciando o nome dos ina-
para orientação e consulta por qualquer interessado.
dimplentes de uma empresa, por exemplo), cobrança § 2º Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mes-
efetuada em local indevido ou por meio que possibili- mas regras enunciadas no artigo anterior e as do
te o conhecimento de terceiros (cobrança por meio de Parágrafo Único do art. 22 deste código.
publicação em rede social, por exemplo).
Semelhante ao art. 940 do Código Civil, o Parágrafo Da Proteção Contratual
Único do art. 42 impõe a restituição em dobro daqui-
lo que o consumidor pagou em excesso em razão da
Na sequência, os arts. 46 a 54 estabelecem as regras
cobrança indevida, acrescido de correção monetária
sobre a Proteção Contratual no Código de Defesa do
e juros legais, exceto nos casos de engano justificável.
Consumidor. Trata-se de um rol com cláusulas consi-
Por fim, o art. 42-A traz as regras acerca de como
deradas abusivas, além de estabelecer o conceito e os
deve ser procedida a cobrança.
requisitos para a validade e eficácia dos contratos de
Com relação aos bancos de dados e cadastro de
adesão. Vejamos os dispositivos gerais:
consumidores, suas regras estão dispostas nos arts.
43 a 44 do CDC. Vejamos os dispositivos:
Art. 46 Os contratos que regulam as relações de
consumo não obrigarão os consumidores, se não
Art. 43 O consumidor, sem prejuízo do disposto no
art. 86, terá acesso às informações existentes em lhes for dada a oportunidade de tomar conheci-
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de mento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as instrumentos forem redigidos de modo a dificultar
suas respectivas fontes. a compreensão de seu sentido e alcance.
§ 1º Os cadastros e dados de consumidores devem
ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem As normas gerais de proteção contratual têm iní-
de fácil compreensão, não podendo conter infor-
mações negativas referentes a período superior a cio no art. 46 do CDC, que traz a denominada garan-
tia de cognoscibilidade. Trata-se do desdobramento
ATENDIMENTO BANCÁRIO
cinco anos.
§ 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados do direito à informação disciplinado no inciso III do
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por art. 6º do CDC. Como consequência, o contrato não
escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
§ 3º O consumidor, sempre que encontrar inexati- obrigará o consumidor se, ao emitir sua declaração
dão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua de vontade, este não possuir conhecimento prévio do
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo clausulado, como nos casos em que a falta de clareza
de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos even- impede a exata compreensão do conteúdo. O contrato
tuais destinatários das informações incorretas.
§ 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a con- obrigará apenas o fornecedor.
sumidores, os serviços de proteção ao crédito e congê- O art. 47 trata da interpretação mais favorável
neres são considerados entidades de caráter público. ao consumidor. Isso ocorre devido ao fato de ele ser
§ 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de a parte vulnerável da relação de consumo.
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quais-
quer informações que possam impedir ou dificultar Art. 47 As cláusulas contratuais serão interpreta-
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. das de maneira mais favorável ao consumidor. 309
O art. 48 do CDC disciplina as declarações de von- z Ser padronizada;
tade constantes de escritos particulares, recibos e z Esclarecer em que consiste a garantia, a forma, o
pré-contratos. Nesses casos, toda proposta ou decla- prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os
ração constante desses escritos particulares obriga- ônus a cargo do consumidor;
rão os fornecedores. Assim sendo, caso o fornecedor z Ser entregue ao consumidor devidamente preen-
entregue um orçamento prévio ao consumidor, ele chido pelo fornecedor, no ato do fornecimento;
estará obrigado a prestar o serviço pelo modo e pelo z Estar acompanhada de manual de instrução, de
preço orçado. instalação e uso do produto em linguagem didáti-
ca, com ilustrações.
Art. 48 As declarações de vontade constantes de
escritos particulares, recibos e pré-contratos rela- Ainda com relação à proteção contratual, os arts.
tivos às relações de consumo vinculam o fornece- 51 a 53 estabelecem as regras acerca das cláusulas
dor, ensejando inclusive execução específica, nos abusivas. Vejamos os dispositivos:
termos do art. 84 e parágrafos.
Art. 49 O consumidor pode desistir do contrato, no Art. 51 São nulas de pleno direito, entre outras, as
prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre produtos e serviços que:
que a contratação de fornecimento de produtos e I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a respon-
serviços ocorrer fora do estabelecimento comer- sabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
cial, especialmente por telefone ou a domicílio.
natureza dos produtos e serviços ou impliquem
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direi-
renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
to de arrependimento previsto neste artigo, os valo-
consumo entre o fornecedor e o consumidor pes-
res eventualmente pagos, a qualquer título, durante
soa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
situações justificáveis;
monetariamente atualizados.
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembol-
so da quantia já paga, nos casos previstos neste
O art. 49 estabelece o instituto do direito ao arre- código;
pendimento, ou seja, o prazo de reflexão para com- III - transfiram responsabilidades a terceiros;
pras realizadas fora do estabelecimento comercial. IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
Seus requisitos são: abusivas, que coloquem o consumidor em desvan-
tagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
z Exercício do direito potestativo4 dentro do prazo boa-fé ou a eqüidade;
legal; V - (Vetado);
z Contratação ocorrida fora do estabelecimento VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em pre-
comercial. Exemplo: por telefone, internet, catálo- juízo do consumidor;
gos, entre outros. VII - determinem a utilização compulsória de
arbitragem;
O prazo legal para arrependimento é de 7 dias, VIII - imponham representante para concluir ou
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
contados da assinatura do contrato ou do ato de rece-
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou
bimento do produto ou serviço.
não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamen-
Dica te, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato
Não se trata de qualquer inadequação por vício unilateralmente, sem que igual direito seja conferi-
do produto ou serviço, mas do direito do consu- do ao consumidor;
midor de desistir da relação contratual. Não se XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos
demanda motivos ou explicações, desde que de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito
obedecido o prazo legal e a condição de ter sido lhe seja conferido contra o fornecedor;
a aquisição realizada fora do estabelecimento XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilate-
ralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
comercial. após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de nor-
Art. 50 A garantia contratual é complementar à mas ambientais;
legal e será conferida mediante termo escrito. XV - estejam em desacordo com o sistema de prote-
Parágrafo único. O termo de garantia ou equiva- ção ao consumidor;
lente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira XVI - possibilitem a renúncia do direito de indeniza-
adequada em que consiste a mesma garantia, bem ção por benfeitorias necessárias.
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, deven- vantagem que:
do ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo I - ofende os princípios fundamentais do sistema
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado jurídico a que pertence;
de manual de instrução, de instalação e uso do pro- II - restringe direitos ou obrigações fundamentais
duto em linguagem didática, com ilustrações. inerentes à natureza do contrato, de tal modo a
ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
O art. 50 do CDC trata da garantia contratual, ou III - se mostra excessivamente onerosa para o con-
seja, aquela que complementa a garantia legal discipli- sumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do
nada no art. 26, sendo facultativa e conferida median- contrato, o interesse das partes e outras circuns-
te termo escrito, observados os seguintes requisitos: tâncias peculiares ao caso.
9 GABARITO
1 D
2 E
3 B
4 B
5 E
6 B
7 E
8 A
9 A
10 D
11 B
12 C
13 E
14 B
15 A
ATENDIMENTO BANCÁRIO
ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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